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DCESH

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO, SOCIAIS E


HUMANAS

MONOGRAFIA

MASSAGEM DESPORTIVA NA PREVENÇÃO E RECUPERAÇÃO


DE LESÕES: ESTUDO DE CASO NA EQUIPA DE FUTEBOL DO
ESCALÃO JÚNIOR MASCULINO DO CLUBE NACIONAL DE
BENGUELA

ESTUDANTE: ELISA TCHANENA CABO


CURSO: CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO FÍSICA DESPORTO E MOTRICIDADE
ORIENTADOR: Lic. DANIEL EZEQUIAS GAMBA

Benguela, 2023
DCESH

MONOGRAFIA

PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE LICENCIATURA EM


CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO DESPORTO E MOTRICIDADE
HUMANA

MASSAGEM DESPORTIVA NA PREVENÇÃO E RECUPERAÇÃO


DE LESÕES: ESTUDO DE CASO NA EQUIPA DE FUTEBOL DO
ESCALÃO JÚNIOR MASCULINO DO CLUBE NACIONAL DE
BENGUELA

ESTUDANTE: ELISA TCHANENA CABO

A presente investigação foi realizada no Instituto Superior Politécnico Jean Piaget e na


equipa de futebol do escalão júnior masculino do Clube Nacional de Benguela (CNB)
EPÍGRAFE

“Habilitar de novo o individuo diminuído por qualquer motivo para os gestos que lhe são
naturais, eis uma das mais antigas preocupações dos mestres de ginástica e dos professores de
Educação Física.”

Francisco Sobral,

iii
DEDICATÓRIA

Aos meus Pais, Adriano Cabo e Constantina Cossila Cabo.


Por fazerem com que tudo valesse a pena,
Vocês são a razão da minha vida.

iv
AGRADECIMENTO

Agradecer é reconhecer. É, por diversos motivos, não esquecer de lembrar quem


(quantos?) na caminhada de alguma forma incentivaram o passo adiante. A vida é colectiva e
nada se fez agora e nem se faz sozinho. Meu eterno agradecimento a Deus, por ter me mantido
na trilha durante este período, com saúde e forças para chegar até ao final.
Da família original, reconheço o princípio, o gesto desinteressado, o múltiplo
incentivo permanente, o desejo implacável de dedicar o melhor. Por não poder nominar a todos
os entes nesse curto espaço, saibam que os guardo no coração e represento-os fazendo uma
fundamental referência:
Aos meus pais, Adriano Cabo e Constantina Cossila Cabo que deixaram de sonhar
para que eu sonhasse, por todo o esforço investido na minha formação e educação. Por depositar
toda a sua confiança e seus esforços em mim;
Por encorajar os filhos a procurar interesses intelectuais, e por me criarem e educarem para a
vida;
Aos meus irmãos, pelos apoios constantes, paciência, compreensão, incentivo silencioso e
devotado amor;
Aos meus familiares e amigos que mais do que nunca compreenderam minhas ausências e meus
atrasos.
Aos colegas da faculdade, lembro de todos que tanto me apoiaram nas horas difíceis e com
quem aprendi bastante, no entanto, é imprescindível lembrar a Aricelma Francisco, o Artur
Jaime Amado, Simião Candeeiro, Zany Paulino, Fernando Lundove, Juliana Pedrosa, Ana
Mapoia, José Bapolo e Quintino Pereira Máquina, pela amizade sincera. Nossa parceria e
cumplicidade no dia-a-dia do curso foram algo acolhedoras e inesquecíveis. Obrigada.
Aos professores do Curso, agradeço as informações e o conhecimento que partilharam
connosco. Obrigada. Aos professores Daniel Ezequias Gamba, Alda Lara, Adriano Tomás e
Fernanda Almeida, João Muhanda,
À bancada examinadora e, ao meu orientador, professor Daniel Ezequias Gamba. Obrigada pela
contribuição, leitura atenta e efetiva crítica, desde a qualificação até a defesa.
Ao professor Daniel Gamba, um especial agradecimento, pelo voto de confiança e
amizade permanente. Amigo, paciente, que vendo as minhas indefinições não deixou de apostar
em mim, desde o inicio da licenciatura até a sua conclusão na defesa.

v
Ao Clube Nacional de Benguela, em especial a sua direcção e aos atletas, pela
disponibilização, num tempo em que esta prática não é a regra.

Ao Instituto Superior Politécnico Jean Piaget, por nos permitir pleitear ser
profissional de grau Licenciatura em Ciencias de Educação Fisica, Desporto e Motricidade
Humana.

vi
ÍNDICE

EPÍGRAFE
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTO
RESUMO
ABSTRACT
INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 11
CAPITULO I –A MASSAGEM DESPORTIVA NA PREVENÇÃO E RECUPERAÇÃO DE
LESÕES .............................................................................................................................. 17
1.1. Definições de conceitos................................................................................................. 18
1.1.1. Conceito de massagem desportiva .............................................................................. 18
1.1.2. Definição de lesões desportivas .................................................................................. 19
1.2. História da massagem desportiva .................................................................................. 20
1.3. Componentes da massagem ........................................................................................... 21
1.3.1. Direcção..................................................................................................................... 21
1.3.2. Pressão ....................................................................................................................... 22
1.3.3. Ritmo ......................................................................................................................... 22
1.3.4. Duração ..................................................................................................................... 23
1.3.5. Frequência ................................................................................................................. 23
1.3.6. Meio .......................................................................................................................... 23
1.4. Técnicas de massagem desportiva ................................................................................. 24
1.4.1. Pré-competição .......................................................................................................... 24
1.4.2. Pós-competição .......................................................................................................... 24
1.4.3. Massagem restauradora .............................................................................................. 25
1.4.4. Massagem modeladora ............................................................................................... 26
1.5. Lesões desportivas mais frequentes ............................................................................... 26
1.5.1. Lesões musculares...................................................................................................... 27
1.5.2. Lesões de ligamentos ................................................................................................. 27
1.5.3. Lesões ósseas ............................................................................................................. 28
1.5.4. Lesões de menisco ..................................................................................................... 28
1.6. Prevenção e recuperação de lesões desportivas .............................................................. 29
1.6.1. Prevenção de lesões no futebol ................................................................................... 29
1.6.1. Recuperação de lesões no futebol ............................................................................... 31
vii
1.7. Importância da massagem desportiva na prevenção e recuperação de lesões na equipa de
Futebol do Escalão Júnior .................................................................................................... 33
CAPITULO II- MASSAGEM DESPORTIVA NA PREVENÇÃO E RECUPERAÇÃO DE
LESÕES: ESTUDO DE CASO NA EQUIPA DE FUTEBOL DO ESCALÃO JÚNIOR
MASCULINO DO CLUBE NACIONAL DE BENGUELA
2.1.Apresentação e interpretação do resultado das entrevistas efectuadas à equipa de futebol do
Clube Nacional de Benguela Para obtenção de dados sobre o tema: Massagem desportiva na
prevenção e recuperação de Lesões dos atletas de Futebol.................................................... 36
2.1.1.Aos Atletas ................................................................................................................. 36
2.1.2.Entrevista aos Membros da equipa Médica Futebol do Escalão Júnior do Clube Nacional
de Benguela 39
2.1.3.Entrevista dirigidas aos Treinadores de futebol do clube Nacional de Benguela........... 42
2.2.DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .............................................................................. 44
CONCLUSÕES ................................................................................................................... 46
RECOMENDAÇÕES .......................................................................................................... 48
EFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................... 49

viii
RESUMO

O presente estudo fala sobre a massagem desportiva na prevenção e recuperação de lesões aos
atletas de futebol. Um estudo dirigido à equipa de futebol do Escalão Júnior do Clube Nacional
de Benguela, uma matéria de extrema prioridade no processo do rendimento desportivo, que
tem sido alvo de muita procura no seio da comunidade desportiva. De acordo com as
constatações e justificativa, formulou-se o seguinte problema de investigação: De que forma a
massagem desportiva ajuda na prevenção e recuperação de lesões aos atletas de futebol do
Escalão Júnior do Clube Nacional de Benguela? Tem como objectivo geral: Analisar a forma
como massagem desportiva ajuda na prevenção e recuperação de lesões aos atletas de futebol
do Escalão Júnior do Clube Nacional de Benguela. Trata-se de uma pesquisa exploratória e
descritiva, seguido dos métodos análise e síntese e comparativo, com técnicas de observação e
pesquisa bibliográficas e instrumento como a entrevista. Os resultados apontam que a acção da
massagem desportiva ajuda na recuperação do corpo cansado e na reparação de micro lesões,
bem como na predisposição para o treino seguinte e é incontestavelmente indispensável, dai
que, mediante os resultados apresentados pudemos concluir que a massagem desportiva
promove aos atletas de futebol e não só, restauração das energias, rejuvenesce nos atletas
actividade tridimensional (física, psicológica e motora). O que melhora o rendimento do treino
ou do jogo seguinte.

Palavras-chaves: Massagem, Lesão, Futebol.

ix9
ABSTRACT

The present study talks about sports massage in the prevention and recovery of injuries to soccer
players. A study aimed at the junior soccer team of the Clube Nacional de Benguela, a matter
of extreme priority in the sporting performance process, which has been the target of much
demand within the sporting community. According to the findings and justification, the
following research problem was formulated: How does sports massage help in the prevention
and recovery of injuries to junior soccer players of the National Club of Benguela? It has the
general objective: To analyze how sports massage helps in the prevention and recovery of
injuries to junior soccer players of the National Club of Benguela. It is an exploratory and
descriptive research, followed by analysis and synthesis and comparative methods, with
observation techniques and bibliographical research and instrument such as the interview. The
results point out that the action of the sports massage helps in the recovery of the tired body and
in the repair of micro injuries, as well as in the predisposition for the next training and it is
indisputably essential, hence, based on the results presented, we could conclude that the sports
massage promotes to the football athletes and beyond, restoration of energy, rejuvenates three-
dimensional activity in athletes (physical, psychological and motor). Which improves the
performance of training or the next game.

Keywords: Massage, Injury, Soccer.

10x
INTRODUÇÃO

O futebol é descrito por apresentar muito contacto físico, movimentos curtos,


rápidos e não contínuos, como aceleração, desaceleração, mudanças de direcção, saltos, e é por
isso que o desporto apresenta um índice tão elevado de lesões. Takahashi, afirma que, “o futebol
da actualidade é dinâmico, ou seja, o atleta quase não pára; além disso, o número de jogos e
as horas dedicadas aos treinos aumentaram de forma significativa, e devido a isso ocorre essa
frequência de lesões musculares e osteoarticulares nos atletas”.1

A massagem pode ser definida como uma ciência que segundo Belzunce, “usa
toques cadenciados, sistemático e compressão dos músculos e tecidos por meio de várias
técnicas manuais que objectiva a manutenção ou promoção benéfica do estado do corpo, de
forma estética e terapêutica”.2 O emprego da massagem desportiva pode ser efectuado antes (a
estimulante) e depois (a relaxante), das sessões de treino.3

Diante disso, a massagem tornar-se uma prática de prevenção e melhorias de tais


lesões. Ela é capaz de aumentar a flexibilidade, aliviar a fadiga muscular, recuperar as lesões
ocasionadas pela prática e ainda ajuda a melhorar o desempenho da realização da mesma
modalidade. Acredita-se que uma boa massagem, quando aplicada de maneira correcta, pode
auxiliar de forma efectiva, fazendo com que o atleta amplie a capacidade no desempenho
desportivo. Corroborando com Glassman, a massagem também promove a quebra da dor
muscular, alívio dos espasmos musculares, aumenta a capacidade de amplitude dos
movimentos, melhora a circulação sanguínea e linfática, diminuindo a retenção de líquidos e
melhora esteticamente o tecido muscular.4

Justificação
A motivação para a abordagem deste tema é fruto de uma experiencia e reflexão
enquanto massagista e observadora das actividades desportivas em particular dos atletas de
futebol nos escalões de formação “no caso júnior” que em muitos casos tem-se verificado
nestes, más disposições físicas de actuar no jogo ou treinos que segundo nossas observações

1
Ricardo Hisayoshi TAKAHASHI, Exercícios de prevenção. Revista Tênis, ed 68, jun. 2009.
2
J. M BELZUNCE, Masaje en los Deportas,: Editora Barcelona, Barcelona, 1959, p.89.
3
C. M. URSULINO, A massagem e suas aplicações no desporto, Universidade Estadual de Campinas. Campinas,
2003, p.45.
4
Cf.: G. GLASMANN, Tratado de Fisiologia Médica, Elsevier, Rio de Janeiro, 2017, p.48.
11
deve-se a falta de massagem relaxantes bem como de recuperação de pequenas lesões agudas
adquiridas ao longo da actividade.

Assim, durante as fases de treinos aos atletas no Clube Nacional de Benguela,


fomos observando as actuações dos atletas, e entrevistando alguns treinadores do clube (anexo
I), em relação as recomendações de massagem antes e depois do jogo, e como têm reagido os
atletas quando passam por um processo de treino intenso sem a seguir uma massagem de
recuperação. Fruto das conversas com os treinadores sentimos que é imperioso estudar mais
sobre a importância da massagem desportiva na prevenção e recuperação de lesões na equipa
de futebol do escalão júnior.

Este tema é de modo geral imprescindível a comunidade desportiva e subjectivo


aos atletas do clube em questão, uma vez que vários estudos alegam que a falta de recuperação
do atleta e de prevenção de lesões pode ocasionar um baixo rendimento desportivo, e a
massagem desportiva é vista como um dos grandes procedimentos para contrapor esta falta e
consequentemente o baixo rendimento dos atletas.

Problema de investigação

Ultimamente, tem-se acreditado cada vez mais que, com a prática ou acção da
massagem desportiva na recuperação e prevenção de lesões, se pode fomentar ou obter os
fundamentos principiantes da boa prática desportiva e neste intento o treinador e o profissional
de massagem desportiva na equipa, seriam vistos como os primeiros promotores de bom
rendimento desportivo de cada atleta a partir das acções básicas de recuperação numa sondagem
dos atletas que eventualmente apresentem fadiga após os treinos em que a massagem seria a via
de ultrapassa-la.

Acredita-se que, a massagem antes e depois do jogo é um elemento indispensável


a concorrer para boa produtividade dos atletas e este factor tem sido levado muitas vezes de
forma secundária para bom rendimento desportivo.

Todo trabalho de investigação obedece necessariamente determinados padrões. A


identificação de um problema e a busca de caminhos para a sua solução envolve intrinsecamente
uma dificuldade teórica ou prática, para a qual se deve encontrar uma solução. Assim sendo,
numa só palavra queremos responder a seguinte pergunta: De que forma a massagem desportiva

12
ajuda na prevenção e recuperação de lesões aos atletas de futebol do Escalão Júnior do Clube
Nacional de Benguela?

Perguntas de investigação

Para a nossa pesquisa e com apoio a pergunta de partida elaboramos as seguintes


perguntas de investigação:

1. Que fundamentos teóricos sustentam a importância da massagem desportiva na


prevenção e recuperação de lesões?
2. Quais são as lesões mais frequentes nos atletas da equipa de futebol do Escalão
Júnior do Clube Nacional de Benguela?
3. Como a equipa de futebol do Escalão Júnior do Clube Nacional de Benguela
procede para a prevenção e recuperação de lesões dos seus atletas?
4. Que sugestão a dar à equipa de futebol do Escalão Júnior do Clube Nacional de
Benguela face a importância da massagem desportiva na prevenção e recuperação de lesões?

Objectivos
Geral: Analisar a forma como massagem desportiva ajuda na prevenção e
recuperação de lesões aos atletas de futebol do Escalão Júnior do Clube Nacional de Benguela.
Específicos:
1. Apresentar os fundamentos teóricos que sustentam a importância da massagem
desportiva na prevenção e recuperação de lesões;
2. Identificar as lesões mais frequentes nos atletas da equipa de futebol do Escalão
Júnior do Clube Nacional de Benguela;
3. Perceber como a equipa de futebol do Escalão Júnior do Clube Nacional de
Benguela tem feito para a prevenção e recuperação de lesões dos seus atletas;
4. Sugerir as estratégias de massagem desportiva à equipa de futebol do Escalão
Júnior do Clube Nacional de Benguela, face à prevenção e recuperação de lesões.

13
Metodologia de pesquisa

• Tipo de estudo

Segundo GIL, a pesquisa é definida como “o procedimento racional e sistemático


que tem como objectivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos. A pesquisa
desenvolve-se por um processo constituído de várias fases, desde a formulação do problema
até a apresentação e discussão dos resultados.5

O tipo de pesquisa que sugerimos será de natureza aplicada, isto porque segundo
Prodanov e Freitas, a pesquisa aplicada, tem como finalidade “gerar conhecimentos para
aplicação prática dirigida à solução de problemas específicos. Envolve verdades e interesses
locais”.6

Quanto aos objectivos a pesquisa será exploratória e descritiva, tendo em conta o


problema e objectivos pretendidos com a presente elaboração. A pesquisa exploratória é feita
com o objectivo de facultar uma visão geral, de tipo aproximativo, acerca de determinado facto.
Este tipo de pesquisa é realizado sobretudo quando o tema escolhido é pouco explorado.7Já a
pesquisa de tipo descritivo tem como objectivo essencial, a descrição das características de
determinada população ou fenómeno, de estabelecimento de relações entre variáveis com as
características inerentes a um estudo de caso.8

• Métodos

Desta maneira, tendo em conta o alcance dos objectivos que serão delimitados para
esta investigação, serão empregados os seguintes métodos de investigação: teórico (análise e
síntese) e empírico (comparativo).

Análise e síntese: estes dois procedimentos teóricos exercem funções importantes


na investigação científica. Análise é um procedimento teórico mediante o qual um todo
complexo se decompõe nas suas diversas partes e qualidades. A síntese estabelece mentalmente
a união entre as partes previamente analisadas possibilitam a descoberta das relações essenciais

5
António Carlos GIL, Como elaborar projectos de pesquisa, 4ª ed., Atlas, São Paulo, 2007 apud., Tatiana Engel
GERHARDT e Denise Tolfo SILVEIRA, Métodos de pesquisa, UFRGS., Porto Alegre, 2009, p.12.
6
Cleber Cristiano PR ODANOV e Ernani César de FREITAS, Metodologia do Trabalho Científico: Métodos e
Técnicas da Pesquisa e do Trabalho Académico, 2ª ed., Feevale, Novo Hamburgo, 2013, p.51.
7
Cf. António Carlos GIL, Métodos e técnicas de pesquisa social, 6ª ed, Atlas, Porto Alegre, 2008, p.28.
8
Cf. Ibidem.
14
e as características gerais entre elas. A síntese produz com base nos resultados obtidos na análise
e possibilita a sistematização do conhecimento.9

Método comparativo: “O método comparativo procede pela investigação de


indivíduos, classes, fenómenos ou factos, com vistas a ressaltar as diferenças e similaridades
entre eles”. 10Este método permitirá defender a temática de forma comparativa em relação
algumas realidades existentes da situação com relação a outras realidades e cultura.

• Técnicas

Observação: “É uma técnica que faz uso dos sentidos para a apreensão de
determinados aspectos da realidade. Consiste em ver, ouvir e examinar os factos, os fenómenos
que se pretende investigar”.11Este permitirá visualizar, observar o problema de forma mais
aproximativa de modo a constatarmos a realidade do facto em estudo. De facto, será uma
observação participativa porque é uma técnica qualitativa adequada ao investigador que
pretende compreender, num dado meio social, um fenómeno que lhe é exterior e que lhe vai
permitir integrar-se nas actividades/vivências das pessoas que nele vivem, realizando desta
forma o trabalho de campo.

Pesquisa Bibliográfica: É desenvolvido a partir de material já elaborado,


constituído principalmente de livros e artigos científicos.12Permitirá obter fundamentos teóricos
necessários para a cientificidade do estudo em causa. Esta técnica, assenta no levantamento de
diversas contribuições científicas sobre um determinado assunto ou tema, no tocante ao estado
da pesquisa: limites, avanços e contribuições.

• Instrumentos

Inquérito por questionário: é um instrumento básico da observação, no inquérito


e na entrevista. No questionário formula-se uma série de perguntas que permitem medir uma
ou mais variáveis. O questionário possibilita observar os factos através da avaliação que o

9
Cf. Amado L. CERVO e Pedro A. BERVIAN, Metodologia Científico: para uso dos estudantes universitários.
3ª ed.,McGraw-Hill, São Paulo, 1983, p. 55.
10
António Carlos GIL, Métodos e técnicas de pesquisa social, 6ªed, Atlas, 2008, p. 16.
11
Ibidem
12
Cf.: Amado L. CERVO e Pedro A. BERVIAN, Metodologia Científico: para uso dos estudantes universitários,
3ª ed., McGraw-Hill, São Paulo, 1983, p. 55.
15
inquirido ou entrevistado faz dos mesmos, limitando-se a investigação às avaliações
subjectivas. 13

Entrevista: “é uma técnica de interacção social, uma forma de diálogo


assimétrico, em que uma das partes busca obter dados e a outra se apresenta como fonte de
informação”.14 No nosso trabalho utilizaremos a entrevista estruturada.

Este tipo de entrevista consiste na abordagem de temas à questões previamente


determinadas e que são consideradas importantes para os objectivos do trabalho. Visa
determinados objectivos de trabalhos e procura o apuramento de determinados factos. As
perguntas são mais estruturadas e ordenadas. É do tipo intensivo porque centra-se num pequeno
grupo que, sem limites de tempo e com ampla liberdade expõe os seus pontos de vistas.15 Este
tipo de entrevista proporcionou-nos um contacto mais próximo e directo dos envolvidos no
problema em estudo a partir de conversas e interrogações.

13
Cf.: Cleber Cristiano PRODANOV e Ernani Cesar de FREITAS, Métodos e técnicas… cit., p.54.
14
Tatiana Engel GRHARDT e Denise Tolfo SIVEIRA, Metodologia de Pesquisa, UFRGS, Rio Grande,
Porto Alegre, 2015, p. 72.
15
Ibidem.
16
CAPÍTULO I –A MASSAGEM DESPORTIVA NA PREVENÇÃO E
RECUPERAÇÃO DE LESÕES

17
1.1. Definições de conceitos

1.1.1. Conceito de massagem desportiva


No decorrer da história, as pessoas sempre souberam que um determinado tipo de
toque as ajudava a se recuperar de exercícios e lesões. Porém a literatura médica primordial é
isenta de qualquer definição compreensível de massagem. Um dicionário médico de 1886
refere: “Massagem, originada do grego, quer dizer amassar. Significando o acto de pressionar”.

As definições de massagem desportiva variam, para McGillicuddy ‘é a aplicação


específica de técnicas de massagem, protocolos de hidroterapia, amplitude de movimentos,
procedimentos de flexibilidade e princípios de treinamento de força em atletas com o intuito
de atingir uma meta específica’’.16

Para Barnett, a massagem é definida como ‘‘a manipulação mecânica dos tecidos
do corpo com movimentos rítmicos e cadenciados, visando ao aumento do fluxo sanguíneo e
consequente redução de edema e dor, aumento da remoção de lactato sanguíneo e alívio das
dores musculares tardias’’.17

Rose, define como sendo ‘‘Uma técnica indicada para atletas amadores ou
profissionais, pois ela trabalha com a manipulação e reabilitação dos tecidos moles do corpo,
incluindo músculos, ligamentos e tendões’’.18

Em 1884, Graham, de Boston, escrevendo sobre a massagem, disse: “termo novo


amplamente aceite pelos médicos europeus e americanos para determinar um grupo de
manobras que são geralmente feitas com as mãos, como a fricção, o amassamento, a
manipulação, o rolamento e a percussão dos tecidos externos do organismo, com objectivos
tanto curativos, paliativos ou higiénicos”.19

Em 1952, Bear definiu a massagem como ‘‘termo usado para designar certas
manipulações dos tecidos moles do corpo’’.20

16
Michael McGILLICUDDY, Massagem para o desempenho desportivo, Editora: Artemed, 1ª Edição 2012.
17
A. BARNETT, Using recovery modalities between training sessions in elite athletes. Sports Medicine, Auckland,
v. 36, no. 9, p. 781-796, 2006.
18
Cláudia Mari ROSE, Massoterapia desportiva, Centro de Formação Profissional – São Carlos, Brazil,, 2016.
19
Douglas GRAHAM, Treatment by Massage: Its Mods of Application and Effects. Editions: Le Mono, 2016.
20
Gertrude BEARD; Elizabeth C. WOOD, Massage: Principles and Techniques. Publicher: Saunders, 1964.
18
Estas manipulações eram eficazmente aplicadas com as mãos e administradas com
o propósito de produzir efeitos sobre o sistema nervoso, muscular, respiratório, circulatórios
sanguíneo e linfático.21

De acordo os conceitos apresentados podemos aludir que a massagem desportiva é


uma prática que visa estimular os músculos e prepará-los para uma actividade, quanto relaxá-
los após um stress físico. Portanto, os atletas devem se preocupar em realizá-la tanto antes
quanto depois de uma prova. Uma vez que a massagem desportiva está mais focada nas
necessidades individuais do atleta O aumento do número de praticantes, aliado ao incremento
da competitividade e intensidade do exercício, contribuiu para elevar o estatuto da massagem,
agora, mais do que nunca, reconhecida como um meio privilegiado de recuperação.

1.1.2. Definição de lesões desportivas


As lesões desportivas são comuns em atletas de alta competição e em praticantes
de modalidades desportivas de forma amadora.

Segundo Veríssimo:

‘‘A lesão desportiva é geralmente uma lesão músculo-esquelética que


está associada à prática desportiva. Podem ter a sua origem numa
sobrecarga recorrente do sistema músculo-esquelético relacionado a
movimentos repetitivos realizados ao longo do tempo ou uma origem
traumática aguda’’.22
Lesão é um dano ou mal físico causado por um ferimento, impacto físico ou
doença23. Segundo Lais e Dayane:

Lesão é qualquer alteração que promova um mau funcionamento do


músculo, seja ela morfológica ou histoquímica. As principais causas
podem ser: decorrentes de traumas, práticas incorrectas de
treinamento, falta de condicionamento físico adequado e de um
aquecimento e alongamento antes do jogo; acometendo assim
principalmente os membros inferiores em 69 a 88% dos casos’’.24

21
Cf. Michael McGILLICUDDY, Massagem para o desempenho desportivo, Editora: Artemed, 1ª Edição 2012.
22
Suzana VERÍSSIMO, Lesões desportivas, tipos, tratamento e prevenção. Disponível em:
«https://www.maisquecuidar.com». Consultado aos 16 de Outubro de 2022.
23
Cf.: O. G. ARIVAN, Fisioterapia Esportiva em Alta. Disponível em:
«www.fisioterapiadesportiva.com.br/físico-desportiva». Consultado aos 18 de Outubro de 2022.
24
R. M. S.LAIS e P. M. M.DAYANA, Intervenção Fisioterapêutica nas Distensões, contusões e Lacerações
musculares. [monografia]. Goiania (GO): Faculdade Ávila; 2013.
19
Assim, podem diferenciar-se dois tipos de lesão desportiva: a aguda (resultantes de
acidente durante a prática desportiva) e a crónica, também denominada por lesão de sobrecarga
(resultante da repetição diária de um movimento específico).25

A lesão desportiva, no seu sentido mais amplo, é aquela que ocorre durante a prática
de desporto ou de exercício físico. As lesões relacionadas com o desporto podem acontecer a
qualquer pessoa, independentemente da sua experiência ou nível de condição física.

1.2. História da massagem desportiva

A ideia central do surgimento da massagem se baseia no próprio homem. No


momento em que este, ainda em sua fase primitiva, se acidentava em lutas, corridas e caçadas
e levava a mão, instintivamente, ao local da dor, assim, descobrindo o grande alívio que advinha
daqueles toques.26

Algumas das antigas civilizações já utilizavam a massagem como método


terapêutico e também como meio para aliviar dores musculares.

Nos livros sagrados dos hindus - os Vedas -, datados de 1800 a.c., se encontram
dados sobre o seu uso (Belzunce, 1959, p.43). Indianos, persas e egípcios também a utilizavam.
De acordo com Belzunce (1959), Homero se refere à massagem em seu famoso livro, a
ODISSÉIA, relatando que os atletas eram massageados com azeite a fim de aliviar a fadiga e o
cansaço. 27

As técnicas de massagem atingiram seu grau máximo de desenvolvimento na


Grécia. Devido a esse fato, Hipócrates, o pai da medicina, escreveu trabalhos importantes sobre
massagem. Além de Hipócrates, Celso, Platão e Aristóteles, grandes filósofos gregos, viam a
massagem como um meio eficaz para a cura de lesões musculares e excelente prática para
revigorar o organismo afeito aos desportos. O próprio mestre de Hipócrates, Heródikos, já
prescrevia a ginástica médica e a aplicação de massagem em casos de fractura.28

25
Ibidem.
26
Cf.: IAC, Massagem desportiva. Disponível em: «https://blog.institutoalmaconsciente.com». Consultado aos 16
de Outubro de 2022.
27
Ibidem.
28
Cf.: Carolina Maccagnani Campos URSULINO, A massagem e suas aplicações no desporto. Faculdade de
Educação Física da Universidade Estadual de Campinas. Orientação: Campinas, 2003.
20
Na Idade Média a massagem foi abandonada, pois, nessa época, se pregava o
cuidado com a alma; o cuidado com o corpo era tido como imoral, crença essa criada pelos
sacerdotes fanaticamente cristãos.

No Renascimento, Lutero, Camera no Comênio e outros pregaram o retomo da


actividade física bem como da massagem e suas práticas. No século XVII, o alemão Frederich
Hoffinan, escreveu um tratado sobre Mecanoterapia, onde diz que "o movimento é meio
terapêutico muito eficaz". Após esse trabalho de Hoffinan são divulgados, já no século XVIII,
os trabalhos do sueco Peter Henry Ling, nome mais famoso na história da massagem, mestre
de esgrima em Estocolmo, introduziu movimentos que ele sistematizou e que originaram a
massagem sueca.29

Até hoje a massagem desportiva mantém-se como uma das técnicas mais utilizadas
pelos atletas, recorrendo praticamente às mesmas manobras dessa época, ou seja, a movimentos
mais rápidos e fortes, se compararmos com a massagem estética. Desta forma é possível
estimular a eliminação do ácido láctico que se encontra acumulado nos músculos após uma
actividade intensa, provocando imensas dores nesses órgãos.

1.3. Componentes da massagem.

Os factores que devem ser considerados como componentes na aplicação das


técnicas de massagem são: a direcção do movimento, a intensidade da pressão, a frequência e
o ritmo dos movimentos, o meio a ser usado, incluindo instrumentos para além das mãos, a
posição da pessoa a tratar e da profissional, a duração e a frequência do tratamento.

1.3.1. Direcção

Até à época de Hipócrates, a literatura mostra que a direcção da massagem era


centrífuga. A contribuição de Hipócrates foi muito importante porque mostrou capacidades
incomuns, tanto no uso da massagem como em outros métodos de tratamento médico, e
defendeu que a direcção da massagem devia ser centrípeta (note-se que a circulação sanguínea
só foi descoberta por Harvey dois mil anos depois!).

29
Ibidem.
21
Ling, no começo do século XIX, defendeu o deslizamento leve na direcção
centrífuga e os movimentos com pressão maior na direcção centrípeta. Mennell, por seu lado,
disse que os movimentos profundos de massagem deviam ser feitos centripetamente para ajudar
o fluxo venoso e linfático. As técnicas de massagem do tecido conjuntivo são específicas sobre
a direcção do movimento na área em que são aplicadas.30

1.3.2. Pressão
A consideração da pressão parece ter sido importante, desde as primeiras descrições
dos movimentos de massagem, apesar de haver grande variação de opiniões de como ser
aplicada. As técnicas de massagem do tecido conjuntivo utilizam pressão firme, mas evitam a
dor.

Estudos recentes mostram que a pressão deve variar de acordo com o estado do
músculo. Se esse se encontra bastante relaxado, a pressão deve ser mais leve e suave. Já, se o
músculo se encontrar rígido, a pressão exercida deve ser mais forte e profunda, a fim de
proporcionar o relaxamento dessa musculatura.31

1.3.3. Ritmo
Ling, no século XIX, sugeriu que o ritmo da massagem deve variar de acordo com
o movimento e com a finalidade da massagem. O inglês James B. Mennell diz que na busca de
um efeito calmante, o ritmo da massagem pode ser lento. Já, na busca de uma estimulação, o
ritmo da massagem deve ser mais rápido. Ele também notou que não importa a manobra que
seja feita, ela deve ser feita ritmicamente, pois esse ritmo impõe um ritmo à circulação
sanguínea e linfática.32

Como se percebe, podemos nas modalidades desportivas utilizar a massagem


estimulante antes dos treinos e competições e a massagem desintoxicante depois, a fim de
contribuir para uma boa recuperação. Na massagem estimulante são utilizadas manobras
rápidas, pois essas estimulam e activam a circulação, preparando o atleta para o treino ou para
a competição. Já, na massagem desintoxicante são utilizados movimentos lentos e profundos,

30
Cf.: Águeda GONÇALVES, Manual Técnico de Estética: Teoria e Prática para Estética, Cosmetologia e
Massagem. Efape. Escola de Estética e Especialização profissional Ltda, 2006.
31
O. G. ARIVAN, Fisioterapia Esportiva em Alta. Disponível em: «www.fisioterapiadesportiva.com.br/fisioco-
desportiva». Consultado aos 18 de Outubro de 2022.
32
Cf.: IAC, Massagem desportiva. Disponível em: «https://blog.institutoalmaconsciente.com». Consultado aos 16
de Outubro de 2022.
22
que tem um efeito calmante, antiespasmódico e analgésico, ideais para o período pós-treino e
pós-competição, auxiliando na remoção de toxinas nos músculos.

1.3.4. Duração
De acordo com Graham, a condição da pessoa tratada e o efeito da massagem
deveriam determinar a duração do tratamento. Bucholz dizia que a duração do tratamento
depende directamente do efeito desejado. A duração do tratamento poderá ser reduzida à
medida que sua aplicação for obtendo os resultados desejados. No mínimo 5 minutos e no
máximo de 30 minutos por região e em toda superfície corporal, cerca de 60 minutos.33

Assim sendo a duração depende da área a ser tratada, do tipo de massagem, dos
efeitos buscados, da idade e condições físicas do cliente.

1.3.5. Frequência
Alguns autores mencionam a frequência dos movimentos de massagem, mas
poucos falam sobre o ritmo. Outros combinam os dois. Nos movimentos de deslizamento,
alguns autores distinguem entre a frequência do primeiro movimento e do movimento de
retorno, fazendo o movimento de retorno mais rápido, o que resulta num ritmo desigual.

Um dos erros mais comuns na massagem é fazer os movimentos muito rapidamente.


O essencial para o deslizamento superficial é os movimentos lentos, leves e rítmicos, e não
haver hesitação ou irregularidade; o tempo, entre o fim de um movimento e o início do próximo,
deve ser idêntico durante toda a manobra de deslizamento. O ritmo deve ser regular para
produzir estímulos regulares.34

Os movimentos na massagem do tecido conjuntivo devem ser realizados sem


pressa, mas não existe nenhuma norma em respeito à frequência ou ao ritmo.

1.3.6. Meio
Os escritos de Homero relatam que, desde 1000 a.C., o óleo era usado na massagem.
De acordo com a Odisseia de Homero, uma mulher bonita esfregava e untava os heróis de
guerra para relaxá-los e refrescá-los. A massagem do tecido conjuntivo requer uma massagem
seca para o tratamento efectivo. Na massagem podem ser utilizadas muitas outras substâncias,

33
Ibidem.
34
Cf.: Carolina Maccagnani Campos URSULINO, A massagem e suas aplicações no desporto. Faculdade de
Educação Física da Universidade Estadual de Campinas. Orientação: Campinas, 2003.
23
consoante se massageia o rosto ou o corpo, e sempre em função do problema específico a
tratar.35

1.4. Técnicas de massagem desportiva

1.4.1. Pré-competição
O aquecimento é a preparação do corpo para a actividade física. A massagem de
pré-competição é indicada para preparar a musculatura para o dia da competição, o atleta sente-
se mais confiante e concentrado para a prova.

A técnica de massagem pré-competição eleva a temperatura do corpo, aumentando


a actividade cardiovascular, preparando assim os músculos para o exercício, auxiliando assim
a execução de alongamentos específicos necessários para qualquer desempenho. A massagem
é realizada de forma rápida e profunda. Possui efeitos psicológicos. É um bom momento de
reforçar mensagens de optimismo e acalmar temores sobre medo de lesões e o estado dos
adversários.36

Os objectivos desta massagem são:

• Aquecer e preparar os músculos para o esforço das provas;


• Aumentar o fluxo sanguíneo local e regional;
• Aumentar a capacidade de resposta muscular;
• Aumentar a oxigenação para proporcionar ao músculo glucose e oxigénio;
• Recuperação muscular mais rápida para aumentar o rendimento desportivo.

1.4.2. Pós-competição

A fadiga muscular é a principal queixa de dores dos atletas após a competição. A


massagem terá acção desintoxicante e será feita com movimentos de amassamento lentos e
profundos. O objectivo desta massagem será de recuperar as fibras musculares, eliminando
resíduos metabólicos do corpo através da drenagem sanguínea e linfática, para acelerar a
regeneração do atleta e favorecer a nutrição celular. A Massagem Desportiva deve ser

35
Cf.: Águeda GONÇALVES, Manual Técnico de Estética: Teoria e Prática para Estética, Cosmetologia e
Massagem.Efape. Escola de Estética e Especialização profissional Ltda, 2006.
36
C.f.: P.A. ARCHER, Massagem terapêutica Desportiva. 1ª ed. brasileira. São Paulo: Manole, 2008.
24
personalizada para cada atleta e os estímulos dependem da fase de treinamento/competição e
de cada modalidade esportiva.37

A técnica, que tem ganhado cada vez mais adeptos, possui inúmeros benefícios,
entre eles:

• Melhora a fadiga e a recuperação muscular;


• Reduz aderências;
• Melhora a circulação sanguínea e o transporte de oxigénio e nutrientes para os
músculos;
• Previne lesões e reduz espasmos musculares;
• Reduz edemas e processos inflamatórios;
• Possui efeito relaxante ou estimulante no sistema nervoso central;
• Aumenta o conhecimento corporal, traz confiança e serenidade, além de diminuir a
ansiedade e melhorar a qualidade do sono.

1.4.3. Massagem restauradora

É a massagem esportiva administrada pelo menos um dia após o atleta ter realizado
o exercício ou a competição. O seu propósito é reduzir a dor, restabelecer o fluxo sanguíneo,
aumentar a amplitude de movimentos, promover a drenagem linfática e restabelecer o equilíbrio
e a sensação de bem-estar.38

A massagem restauradora estimula a circulação, restaura o comprimento de repouso


do músculo e alonga os músculos especificamente activos durante o evento.

37
C.f.: S. FRITZ, Fundamentos da massagem terapêutica. São Paulo: Manole, 2002.
38
Cf.: P.A. ARCHER, Massagem terapêutica… cit. 2008.
25
1.4.4. Massagem modeladora

É a massagem desportiva administrada fora da temporada ou quando o atleta não


está treinando intensamente. Ela pode ser profunda e agressiva, se necessário. O seu propósito
é habilitar qualquer lesão crónica, aliviar padrões de estresse comuns, aumentar a flexibilidade
e a força, assim como fortalecer os trajectos neurológicos apropriados.39

A massagem é executada com bastante pressão na região dos membros inferiores,


glúteos, coxas e abdómen, visando a eliminação de gorduras localizadas. Tem um efeito
drenante, activa a circulação e elimina toxinas. É um óptimo tratamento para aliviar a sensação
de peso nas pernas.

1.5. Lesões desportivas mais frequentes

Não é por acaso que o futebol é chamado de desporto-rei. Afinal, é a prática


desportiva mais popular e mais praticada no mundo inteiro. Pela grande exigência física,
apresenta uma elevada incidência de lesões, cuja causa está, muitas vezes, nos esforços
excessivos e repetitivos a que as estruturas músculo-esqueléticas dos praticantes de futebol são
submetidas. Além disso, os movimentos característicos da modalidade como os movimentos de
rotação nas frequentes mudanças de direcção, a explosão muscular exigidas nas súbitas
variações de velocidade e as cargas quase constantes entre atletas fazem do futebol uma
actividade desportiva de alto risco para músculos, ligamentos, ossos e tendões.40

As lesões mais frequentes nos praticantes de futebol acontecem


compreensivelmente nos membros inferiores e afectam, por ordem decrescente de incidência,
coxas, tornozelos e joelhos. No entanto, várias outras partes do corpo e estruturas músculo-
esqueléticas se encontram sujeitas a lesões.

As lesões mais comuns nos jogadores de futebol, sobretudo profissionais, são:

39
Cf.: Carolina Maccagnani Campos URSULINO, A massagem e suas aplicações no desporto. Faculdade de
Educação Física da Universidade Estadual de Campinas. Orientação: Campinas, 2003.
40
Cf.: Paul L. LIEBERT, Abordagem a lesões esportivas: prevenção e tratamento. Disponível em:
«https://www.msdmanuals.com/pt/». Consultado aos 30 de Outubro de 2022.
26
1.5.1. Lesões musculares

1.5.1.1. Entorses
Afectam sobretudo os tornozelos, que além do impacto dos movimentos dos pés e
das pernas, estão também sujeitos às irregularidades do terreno de jogo e, consequentemente,
aos maus jeitos provocados por mau posicionamento dos pés.41

1.5.1.2. Distensões musculares


Referem-se à ruptura das fibras musculares, de todo o músculo ou dos tendões
próximos associados. Ocorrem geralmente ao nível da coxa, devido aos movimentos súbitos de
extensão e de grande intensidade, necessários, por exemplo, a um remate.

1.5.1.3. Contracturas musculares


Na prática, são bloqueios ao nível dos músculos causados por um tónus muscular
excessivo. Esta tensão muscular superior ao normal, diminui a capacidade de contracção e
relaxamento dos músculos bloqueando-os numa posição anómala que dificulta ou impede os
seus movimentos naturais. Tal como os estiramentos, são frequentes nos músculos posteriores
da coxa devido a movimentos de extensão e de explosão muscular.

1.5.2. Lesões de ligamentos

1.5.2.1. Rupturas de ligamentos


Têm quase sempre origem nos chamados movimentos de rotação e podem ocorrer
em diferentes zonas das pernas, como joelhos ou tornozelos e afectar grupos ligamentares
distintos. Dividem-se em três graus, dependendo da gravidade da lesão: distensão sem ruptura
(I), ruptura parcial dos ligamentos (II) e ruptura total das fibras ligamentares (III).42

Os ligamentos afectados com mais frequência são:

• O ligamento cruzado anterior (LCA) do joelho e é das lesões mais graves no


futebol

41
Ibidem.
42
Cf.: T. C. B. BRUNO, M. C. ANÍSIA, Incidência de lesões traumato-ortopédicas na equipe do Ipatinga futebol
clube-MG. Movimentum. Revista Digital de Educação Física 2008.
27
• O ligamento colateral tibial ou medial (LCM), sendo a lesão ligamentar mais
comum.

1.5.3. Lesões ósseas

1.5.3.1. Fracturas
Resultam quase sempre de traumatismos ou impactos fortes, como confrontos ou
choques entre jogadores, de quedas ou de movimentos violentos. A tíbia, na canela, é um dos
ossos mais comummente fracturados, a par da fíbula, osso mais fino e frágil nem sempre
protegido pelo uso de caneleiras.43

As fracturas também acontecem devido a movimentos e carga repetitivos sendo,


neste caso, chamadas de fracturas de estresse. Os pés, cujos ossos são bastante finos e sujeitos
a muito peso e carga, são as zonas mais afectadas por este tipo de fractura.

1.5.3.2. Luxações
Tratam-se do deslocamento de um ou mais ossos das articulações para uma posição
anómala, ocorrendo com alguma frequência ao nível das rótulas. É súbito e persistente, podendo
ser total ou parcial, e geralmente resulta de um traumatismo/choque, directo ou indirecto, na
articulação.44

1.5.4. Lesões de menisco

1.5.4.1. Lesões nos meniscos


Os meniscos são estruturas dos joelhos que, pelas suas características, estão sujeitas
a desgaste, em maior ou menor grau, sobretudo a partir dos 40 anos, o que as torna gradualmente
mais frágeis. Lesões fruto destas circunstâncias dizem-se degenerativas.45

As lesões traumáticas, ou seja, que resultam de quedas, impactos ou carga


excessiva. Por isso, costumam também estar associadas a outras lesões, nomeadamente as

43
Cf.:Suzana VERÍSSIMO, Lesões desportivas, tipos, tratamento e prevenção. Disponível em:
«https://www.maisquecuidar.com». Consultado aos 16 de Outubro de 2022.
44
Cf.:P. P. EVANDRO, M. C. BRUNO e A. L. ALINE, Lesões nos Jogadores de Futebol Profissional do Marília
Atlético Clube: Estudo de Coorte Histórico do Campeonato Brasileiro de 2003 a 2005. Revista Brasileira de
Medicina do Esporte 2009.
45
Cf.: João Espregueira MENDES. Lesões desportivas mais frequentes no futebol. Disponível em:
«https://www.maisquecuidar.com». Consultado aos 31 de Outubro de 2022.
28
ligamentares. Caracterizam-se por dor súbita, pontual e facilmente localizável, podendo em
casos específicos impedir o movimento natural do joelho.

1.5.4.2. Pubalgia
Por actuar como o centro de gravidade do corpo, a púbis é uma das zonas mais
sobrecarregadas dos futebolistas. A pubalgia trata-se de uma inflamação nos tendões desta área
causada normalmente pelos movimentos repetitivos da prática desportiva e caracteriza-se por
uma sensação de esticão na virilha com dor associada. 46

1.6. Prevenção e recuperação de lesões desportivas

1.6.1. Prevenção de lesões no futebol


Na prevenção de futuras complicações os alongamentos passivos manuais devem
ser priorizados. Além disso, a flexibilidade é um objectivo importante em qualquer programa
de reabilitação para prevenção de lesões, melhora do desempenho funcional e os movimentos
incoordenados ou inadequados. O alongamento deverá ser executado de forma lenta e suave,
com o intuito de evitar uma rápida contracção muscular reflexa.47

A prevenção é de extrema importância, pois um programa bem elaborado de


alongamentos melhora o desempenho do atleta, visto que músculos bem alongados tendem a
aumentar a eficiência e diminuir o gasto energético no movimento. Os pontos a serem
observados para que esse programa seja bem-sucedido são: o desporto, características e a
individualidade do atleta ou grupo e as lesões alvo do programa.48

Existem algumas intervenções que podem ser de suma importância na prevenção


dessas lesões, como:

1. Bandagem/órteses: Podem ser feitas de esparadrapo, elastano e algodão ou


material rígido; e têm a função de limitar o movimento. A bandagem de esparadrapo é mais
confortável, porém, a de material rígido leva vantagem por não sofrer a interferência do suor.49

46
Ibidem.
47
Cf.: P. LARS, Lesões do Esporte – Prevenção e Tratamento. 3. ed. Barueri (SP): Manole; 2002.
48
Cf.: Ricardo Hisayoshi TAKAHASHI, TenisElbow – exercícios de prevenção. Revista Tênis, ed 68, jun. 2009.
49
Ibidem.
29
2. Exercícios de estabilização: Uma estabilização do tronco permite um melhor
desempenho dos membros, gerando assim uma melhora na transferência de força enquanto
executa o movimento. Além disso, deve-se estabilizar todas as articulações envolvidas no
movimento, pois estudos mostram efeito significativo na habilidade do atleta em criar e
transferir forças para os membros inferiores.50

3. Alongamento: Embora os benefícios do alongamento não sejam comprovados na


prevenção de lesões, deve-se sempre, inclui-lo nos programas visando o bem-estar do atleta;
aumentando a flexibilidade de estruturas encurtadas, o que trará benefícios a longo prazo. Além
disso o alongamento traz um maior conforto ao paciente, e auxilia na diminuição de aderências
teciduais.51

4. Treino sensório motor: Tem como objectivo fazer com que o atleta presencie
estímulos diferentes do que está acostumado, e assim treinar seus receptores articulares e
musculares e mandar a informação mais rápida para o cérebro para que o corpo permaneça
sempre em equilíbrio.52

5. Aquecimento: O aquecimento é essencial antes da actividade, devendo causar


um suor leve e nunca um cansaço. O objectivo é melhorar a contracção muscular durante a
prática da actividade.53

Um outro modo de se prevenir lesões é através do treino da flexibilidade, podendo


este ser activo, passivo ou combinado. No activo o atleta realiza o movimento de forma
independente; no passivo já se faz uso de equipamentos ou ajuda externa. O mais indicado é a
forma passiva, pois faz com que o atleta atinja níveis de alongamento superiores ao que atingiria
sozinho.54

A falta do aquecimento muscular também é um factor importante, pois músculos


previamente activados tendem a absorver mais energia antes de ultrapassar o limite da sua
capacidade, relativamente a músculos inactivos.

50
Cf.: J. SHINKLE, T. W. NESSE, T. J. DEMCHAK e D. M. MCMANNUS. Effect of core strength on the
measure of power in the extremities.J Strength Cond Res. 2012.
51
Cf.: Ricardo Hisayoshi TAKAHASHI, op. cit., 2009.
52
Ibidem.
53
Ibidem.
54
Cf.: F. P. EMANUEL, Lesões muscular no futebol: tipo, localização, prevenção, reabilitação e avaliação pós
lesão. [monografia]. Porto: Universidade do Porto; 2007.
30
1.6.1. Recuperação de lesões no futebol
Muitos profissionais ligados à área da medicina do desporto, baseados em
observações e experiência prática, acreditam que a massagem pode apresentar efeitos benéficos,
em se tratando de recuperação pós-exercício. Com isso, vários estudos mostram que a técnica,
apesar de muito utilizada, não tem suas reais potencialidades definidas. Isso se deve à grande
variedade de protocolos utilizados. Tais protocolos são referentes à população de estudo, tipo,
duração e pressão da técnica aplicada.

Para Cheung, Hume e Maxwell:

‘‘O aumento do fluxo sanguíneo oxigenado em áreas lesadas pode


favorecer o restabelecimento da homeostase do Ca2+ intramuscular e
a renovação mitocondrial de ATP. Rodenburgetal. (1994) observaram
uma pequena redução na dor muscular após uma combinação de
exercício excêntrico do antebraço, aquecimento, alongamento e
massagem (6 minutos de deslizamento superficial e profundo, 30
segundos de tapotagem, 5 minutos de amassamento e 1 minuto de
deslizamento profundo com intensidade decrescente). Porém, o efeito
da massagem neste estudo não pode ser isolado do efeito do
aquecimento e do alongamento’’.55
Resultados semelhantes foram demonstrados por Zainuddin, sendo que apenas 10
minutos de aplicação de massagem 3 horas pós-exercício excêntrico reduziu significativamente
dor muscular, CK e circunferência do membro, porém não apresentou efeito sobre o
desempenho muscular (força e amplitude de movimento).56

Não obstante, uma redução nos níveis de CK no sangue de participantes


massageados (deslizamento, amassamento e vibração) por 30 minutos 2 horas após o exercício
excêntrico foi relatada.57

Esses resultados confirmam os de dois estudos: o de Hilbert, Sforzo e Swensen, os


quais também encontraram redução da dor, mas nenhuma mudança na função muscular (força
ou amplitude de movimento) em 20 minutos de massagem aplicada 2 horas após o exercício

55
K. CHEUNG, P. A. HUME e L. MAXWELL, Delayedonsetmusclesoreness: treatmentstrategiesand
performance factors.Sports Medicine, Auckland, v. 33, no. 2, p. 145-164, 2003.
56
Z. ZAINUDDIN, et al. Effects of massage on delayed-onset muscle soreness, swelling, and recovery of muscle
function. Journal of Athletic Training, Dallas, v. 40, no. 3, p. 174-180, jul./sep. 2005.
57
L.L SMITH, et al, The effects of athletic massage on delayed onset muscle soreness, ereatine kinase, and
neutrophil count: a preliminary report. The Journal of Orthopaedic and Sports Physical Therapy, Alexandria, v.
19, no. 2, p. 93-99, feb. 1994.
31
excêntrico máximo,58 e o de Tiidus e Shoemaker, que também encontraram menor sensação de
dor muscular tardia, com massagem (3 horas após o exercício) do que sem tratamento em 48
horas pós-exercício excêntrico intenso.59

No entanto, não encontraram diferenças em relação à recuperação da força pós-


exercício entre a perna massageada e a perna controle em 96 horas pós-exercício. Outros
estudos não mostraram efeitos benéficos da massagem sobre a sensação de dor muscular tardia.

Weber, Servedio e Woodall não encontraram melhoras na dor muscular, tampouco


na recuperação da força pós-exercício com a aplicação de massagem imediatamente após e 24
horas depois de uma sessão de exercício excêntrico de alta intensidade.60 Da mesma forma,
Hart, Swanik e Tierney também não encontraram nenhum efeito da aplicação de três sessões
(24, 48 e 72 horas após exercício) de 5 minutos de massagem (dois ciclos de 75 segundos de
amassamento + 75 segundos de deslizamento) na redução da dor muscular.61

Esses resultados sugerem que o momento de aplicação da massagem pode ser um


factor determinante na redução dos sinais e sintomas das lesões musculares induzidas pelo
exercício. Porém, esta pode ser uma conclusão equivocada, uma vez que existem poucos
estudos que analisaram os efeitos de uma intervenção precoce. Se a massagem reduz a
percepção de dor sem o acompanhamento de uma recuperação fisiológica ou de desempenho,
o atleta pode tentar treinar com cargas além da sua capacidade actual. Isso pode levar a um
patamar inadequado de estresse, níveis indesejáveis de fadiga e maior risco de lesão.

A maioria dos estudos indica que a massagem pode ser eficaz em minimizar a
sensação de dor muscular, porém falha em demonstrar seu efeito sobre a função muscular e o
desempenho. Essa inconsistência nos resultados das pesquisas pode ser atribuída a uma série
de limitações metodológicas (treinamento inadequado do terapeuta, diferentes técnicas de
massagem utilizadas, variação no tempo e intensidade de aplicação da massagem e duração

58
J. E. HILBERT, G. A. SFORZO, e T. SWENSEN, The effects of massage on delayed onset musele soreness.
British Journal of Sports Medicine, London, v. 37, no. 1, p. 72-75, feb. 2003.
59
P. M. TIIDUS e J. K. SHOEMAKER, Effleurage massage, muscle blood flow and long term post-exercise
strength recovery. International Journal of Sports Medicine, Stuttgart, v. 16, no. 7, p. 478-483, oct. 1995.
60
M. D. WEBER, F. J. SERVEDIO, W. R. WOODALL, The effects of three modalities on delayed onset muscle
soreness. The Journal of Orthopaedic and Sports Physical Therapy, Washington, DC, v. 20, no. 5, p. 236-242, nov.
1994.
61
J. M. HART, C. B. SWANIK, R. T. TIERNEY, Effects of sport massage on limb girth and discomfort associated
with eccentric exercise. Journal of Athletic Training, Dallas, v. 40, no. 3, p. 181- 185, jul. 2005.
32
insuficiente do tratamento). Em síntese, até o presente momento, as provas não suportam a
massagem como um método totalmente eficiente na recuperação pós exercício.

1.7. Importância da massagem desportiva na prevenção e recuperação de lesões


na equipa de Futebol do Escalão Júnior

A fadiga muscular após a prática desportiva é comum entre atletas e tem


consequências que vão desde a dor, processos inflamatórios, espasmos musculares,
contracturas, fadiga até lesões mais graves. Um treino intenso pode comprometer várias
estruturas do corpo, nomeadamente tendões, ligamentos e tecidos moles, aumentando o cansaço
e exaustão física.

Ao combinar o repouso com uma massagem de relaxamento desportiva, reduzirá o


tempo necessário de descanso entre treinos e melhorará a performance a todos os níveis.

A massagem desportiva promove benefícios amplos ao atleta. O relaxamento


muscular, por exemplo, fornece bem-estar, diminui a ansiedade e o stress, melhora a qualidade
do sono. O estímulo muscular direccionado aos músculos requeridos no desporto amplia a
capacidade de performance e optimiza os movimentos. A massagem desportiva resgata efeitos
fisiológicos estruturais ao actuar sobre os tecidos conjuntivos fornecendo melhora na
flexibilidade, redução de espasmos, cãibras musculares e aderências, além de aliviar pontos de
tensão e favorecimento circulatório, redução de edema e dor. Assim, os efeitos da massagem
no campo desportivo são amplos.62

Os efeitos mecânicos da massagem podem ser definidos como as influências


directas geradas sobre os tecidos moles que estão sendo manipulados. A massagem melhora o
fluxo do retorno venoso. Com o aumento do retorno venoso viabiliza-se espaço para o fluxo
sanguíneo, pois a permeabilidade dos capilares é melhorada, aumentando assim a oferta de
nutrientes e oxigénio. Apesar de conhecidos os benefícios, poucos estudos avaliam as
especificidades da massagem desportiva em modalidades como o futebol.63

A massagem promete melhorar a circulação sanguínea e o consequente transporte


de oxigénio para os músculos, diminuindo a fadiga e cansaço extremo. A drenagem linfática

62
P. A. ARCHER, Massagem terapêutica desportiva. 1ª ed. brasileira. São Paulo: Manole, 2008.
63
M. P. CASSAR, Manual de massagem terapêutica: um guia completo de massoterapia para o estudante e para
o terapeuta. São Paulo: Manole, 2001.
33
acelera o processo de regeneração e ainda purifica o organismo através da eliminação de toxinas
e resíduos metabólicos. A técnica previne o aparecimento de cãibras, melhora a mobilidade
articular e reduz edemas e inflamações.

Para além da regeneração, a massagem é relaxante, promovendo o bom descanso


do atleta após o treino.

A frequência ideal é de pelo menos uma vez por semana. Se faz desporto de
competição, o ideal será aumentar a frequência para duas vezes semanais ou até mesmo, sempre
após os treinos. Isto poderá fazer diferença caso esteja a preparar-se para uma prova. Deverá
ser realizada por terapeutas profissionais especializados na técnica e é contra indicada em caso
de problemas de saúde como doenças cutâneas, feridas, problemas circulatórios ou lesões
agudas.64

64
S. FRITZ, Fundamentos da massagem terapêutica. São Paulo: Manole, 2002.
34
CAPÍTULO II - MASSAGEM DESPORTIVA NA PREVENÇÃO E
RECUPERAÇÃO DE LESÕES: ESTUDO DE CASO NA EQUIPA DE
FUTEBOL DO ESCALÃO JÚNIOR MASCULINO DO CLUBE
NACIONAL DE BENGUELA

35
2.1. Apresentação e interpretação do resultado das entrevistas efectuadas à
equipa de futebol do Clube Nacional de Benguela Para obtenção de dados sobre
o tema: Massagem desportiva na prevenção e recuperação de Lesões dos atletas
de Futebol.

Para os devidos efeitos, da necessidade de obtenção de dados que qualifiquem e


credibilizem o nosso trabalho de fim de Curso, focalizamos nossos estudos com o tema a cima
descrito, no Clube Nacional de Benguela e de forma a delimitarmos o mesmo tema, centramos
as nossas atenções especificamente na equipa de futebol.

Dado o teor do problema em causa, foram entrevistados três grupos entre eles:
atletas, equipa médica (fisioterapeutas) e treinadores. Para uma boa compreensão os dados são
apresentados de forma separada (1º atletas, 2º equipa médica e 3º treinadores), com o fim de
unifica-los nas discussões dos mesmos resultados.

2.1.1. Aos Atletas

No guião de entrevistas, os atletas foram designados com a letra A, assim, foram


entrevistados 20 atletas o que permitiu numerá-los, de A1 a A20.
Antes somos de salientar que, relativamente aos dados dos atletas, os mesmos
apresentam uma Média de idade de18 anos.

Quando interrogados sobre a existência de uma massagista na equipa médica,


todos responderam positivamente “Sim” (entrevistado A1 a A20).

Face afirmação positiva e no interesse de saber quais as lesões mais frequentes nos
atletas da equipa de futebol do Escalão Júnior do Clube Nacional de Benguela, os mesmos
apresentaram seguintes respostas: As lesões mais frequentes são: Joelho e tornozelo
(entrevistado A1, A12 e A16);

As lesões mais frequentes nos atletas da equipa de futebol são: Dor na virilha e no
tornozelo (entrevistado A6, A8, A14 e A15);

As lesões mais frequentes têm sido no tornozelo, dores musculares e dor nos dedos
maiores (entrevistado A3, A4 e A17);

A lesão mais frequente na equipa de júnior é o entorse (entrevistado A1, A20, A2,
A5, A7, A9, A10, A11, A13 e A18).
36
Com base nas informações prestadas pelos entrevistados, os dados apontam que
realmente acorrem muitas lesões nos atletas. Entre os atletas foi notório que a maioria sofre
principalmente de dor na região do tornozelo.

Ciente das lesões mais frequentes, apontados pelos atletas, procurou-se saber aos
mesmos quais eram os métodos de recuperação e prevenção de lesões que a equipa possui, e
obteve-se seguintes afirmações: Massagens musculares, antibióticos e recuperação com treinos
normais (entrevistados A2-A3 e A18);

Os métodos de recuperação e prevenção de lesões que têm sido alvo na equipa, são,
massagens de recuperação e banho de gelo (entrevistados A1-A10 e A19);

Os métodos de recuperação e prevenção têm sido massagem com creme e bálsamos


e gelo (entrevistados A6-A9-A17 e A16);

Os métodos de recuperação são: massagens e descanso (entrevistados A4 e A5);

O método de recuperação que temos tido é os bons aquecimentos e voltas de


corridas ao campo com passadas médias (entrevistados A7);

Os métodos de recuperação são: gelo e massagem. E os métodos de prevenção de


lesões são: alongamentos e exercícios de fortalecimento muscular (entrevistados A20);

Massagens frequentemente e treinos leves, (entrevistado A8 e A12);

Uma boa massagem na superfície lesionada (entrevistados A11);

Após a recuperação que tem sido alvo no clube é só a queixa do tornozelo


(entrevistado A14);

O método de recuperação e prevenção de lesões tem sido alvo no clube são


tornozelo e joelho (entrevistado A15);

Os métodos que têm sido alvo no clube são os primeiros socorros dos nossos
massagistas, entrevistado (A13).

De forma quase geral os atletas apontam a massagens nas suas mais diversas
técnicas (com gelo, com creme bálsamo) e um a outro vai apontando exercícios de relaxamento
como alongamento e actividades físicas moderadas como forma de recuperação activa.

37
Se por um lado os atletas apontaram os tipos de lesões mais frequentes e por outro,
os métodos de recuperação, foi possível interrogá-los sobre a forma como têm reagido apôs
uma fase de treino demasiado intenso, sem o respectivo processo de recuperação, pelo que,
obtivemos as seguintes respostas: Sentimos canseira, mal disposição e náuseas, (entrevistados
A4-A5 e A11);

Após uma fase de treino demasiado intenso sentimos dores musculares, tonturas e
cansaço físico. (entrevistados A3-A6 e A18);

Bastante desgastado sem força para qualquer outra actividade (entrevistados A8 e


A12);

Tenho reagido com bastante normalidade (entrevistados A2 e A13);

Após uma fase de treino demasiado intenso, sem o respectivo processo de


recuperação, reagimos mal e não conseguimos treinar a 100% no dia seguinte, (entrevistados
A1 e A16);

A reacção tem sido mal porque sem as massagens o corpo fica totalmente
sobrecarregado e meio pesado (entrevistados A7, A10 e A17);

Depois de uma fase de treino demasiado intenso sem o respectivo processo de


recuperação tenho reagido com muita dor muscular (entrevistados A15, A14, A9, A20 e A19).

Concernente a esta questão, podemos aferir que de modo geral, os atletas se sentem
mal, pelo que se anseia sem subterfúgio a prestação de massagistas ou fisioterapeutas na equipa,
de modo a ajudar na recuperação passiva ou na reparação de alguns tecidos lesados através da
excessiva carga de treinos subsequentes intensos.

Para confirmar mesmo tal intuição nossa, sobre a necessidade de massagistas para
os atletas, eles apresentaram em relação importância da massagem desportiva, na recuperação
e prevenção de lesões seguintes opiniões: A massagem desportiva é importante porque ajuda a
recuperar rapidamente das lesões e do cansaço (entrevistadosA5, A6, A8, A10, A11, A12 e
A14);

Sobre a importância da massagem na recuperação e prevenção de lesões digo que


ajuda a cuidar do corpo e na redução de dor, (entrevistado A13 e A14);

38
As massagens são importantes porque nos ajudam a descontrair e a relaxar os
músculos, e ajuda também o atleta a recuperar rapidamente para o dia seguinte (entrevistado
A1, A17 e A19);

A importância da massagem desportiva é que nos ajuda a manter o corpo mais


confortável e com disposição para outras actividades que se seguem (entrevistado A3 e A7);

É muito importante porque nos ajuda na rápida recuperação de lesões e também


ajuda na prevenção de futuras lesões e das lesões pequenas, (entrevistado A15, A18 e A20);

A massagem desportiva é imensamente importante porque é com a massagem que


o jogador desenvolve (entrevistado A9);

A importância da massagem desportiva na recuperação e prevenção de lesões é que


diminui a fadiga muscular, entrevistado (entrevistado A2 e A15).

Comummente percebe-se a partir das respostas que, os atletas assumem a


importância e a indispensabilidade da massagem desportiva na recuperação da fadiga e
reparação de micro lesões bem como a predisposição para o treino seguinte. Esta afirmação dos
atletas remete a pertinência do tema em estudo e sua legitimidade na busca de soluções de stress
competitivo a partir da massagem desportiva.

2.1.2. Entrevista aos Membros da equipa Médica de Futebol do Escalão Júnior do Clube
Nacional de Benguela

No guião de entrevistas para os fisioterapeutas, foram identificados com a letra F,


e foram entrevistados 4 Fisioterapeutas o que permitiu numerá-los de F1 a F4.

Relativamente a questão sobre as lesões mais frequentes nos atletas da equipa de


futebol do Escalão Júnior do Clube Nacional de Benguela, os profissionais de saúde apontam a
Contusão nos membros inferiores, entorse do tornozelo, lesão no joelho, ombro e dedos,
(entrevistado F1);

As lesões mais frequentes nos atletas da equipa de futebol do escalão júnior do


clube nacional de Benguela são: entorses no tornozelo e no joelho, (entrevistado F2);

39
Lesão da rotura dos ligamentos, lesão do tornozelo; lesão do joelho ou pedal (rotula)
e dores normal dos nervos ciáticos, (entrevistado F3);

Entorse do tornozelo e lesão no joelho (entrevistado F4).

Uma vez que os fisioterapeutas trabalham directamente com os atletas em causa,


apontam a grosso modo e não muito diferente dos atletas, lesões a nível do tornozelo e focalizam
também o joelho como parte do corpo que é lesado constantemente.

Quando se procurou saber como reagiam os atletas apôs uma fase de treino
demasiado intenso sem o respectivo processo de recuperação, os profissionais de saúde (neste
caso os Fisioterapeutas) afirmaram: Os atletas nessa fase sentem-se com muita fadiga e com
lesões musculares leves, devido o esforço (entrevistado F1);

Os atletas, após uma fase de treino demasiado intenso, sem o respectivo processo
de recuperação têm reagido com bastantes dores musculares (entrevistado F2);

Dor de fadiga dos membros superiores e inferiores, acompanhado de lesões fortes


e moderadas como cavidade lombar e outros, (entrevistado F3),
Mal (entrevistado F4).
As informações dos fisioterapeutas são relacionais ao dos atletas em pontos como
é caso do problema a nível do tornozelo, foi de extrema importância esta pergunta depois das
dos atletas de modo a encontrar um elemento comum no que confere a questão em causa. Os
fisioterapeutas apontam ainda aspecto geral verificados nos atletas, que tem a ver com lesões a
nível do Joelho.

No concernente aos métodos de recuperação e prevenção de lesões aos atletas, os


fisioterapeutas da equipa fizeram declarações de seguintes: Método de recuperação baseados
em: Exercícios activos e passivos, massagens e alguns fármacos. Método de prevenção: Crio
terapia, (entrevistado F1);

Os métodos de recuperação e prevenção de lesões que possui a equipa de futebol


do Escalão Júnior do Clube Nacional de Benguela são: têm feito banho de emersão (gelo) e
massagem de relaxamento, (entrevistado F2);

Recuperação: crio terapia com temperatura de 20c. Prevenção: demos alguns


antibióticos, usos térmicos e cuidados a manual, (entrevistado F3);

40
O método mais usado é a massagem (entrevistado F4).

Uma vez encontrada a lesão nos atletas, os fisioterapeutas mostram cada um dos
métodos diferentes de recuperação de lesões onde tem-se com maior destaque as massagens e
crio terapia que foi dito por mais de 1 fisioterapeuta.

Com finalidade de saber que opiniões os fisioterapeutas tinham sobre a acção da


massagem desportiva, na recuperação e prevenção de lesões dos seus atletas, os mesmos
afirmaram: A massagem tem a acção de alívio de dor, promove oxigenação, favorece o
relaxamento dos músculos contraídos, libara aderência, melhora a circulação sanguínea e
linfática e produz ânimo, (entrevistado F1);

Como fisioterapeuta a opinião que dou sobre a acção da massagem desportiva na


recuperação e prevenção de lesões dos meus atletas é a seguinte: A massagem desportiva, serve
como prevenção para os atletas, antes de qualquer competição e serve para preparar os músculos
antes de qualquer actividade desportiva, (entrevistado F2);

O atleta na fase de recuperação, eu como técnico evito fazer massagens profundas


ou vibratórias para não danificar outros tecidos já danificados, isto pode levar ao atleta um
estado de fadiga completa, a prevenção dos atletas deve ser muito cautelosa, sem mudança de
tratamento nem de técnico (entrevistado F3); Digo a massagem tem a acção no alivio de dor,
promove melhor circulação e libera as toxinas entre outros, (entrevistado F4).

Os dados apresentados pelos fisioterapeutas em parte coincidem e divergem entre


si, na medida em que todos eles fazem nas suas abordagens menção à recuperação muscular em
alivio de dor, por outro lado enquanto alguns apontam os efeitos das massagens como é caso
do entrevistado F1 e F2, enquanto outro aponta o que se pode fazer para o alivio de dor, caso
do entrevistado F3.

41
2.1.3. Entrevista dirigidas aos Treinadores de futebol do clube Nacional de Benguela

No guião de entrevistas, os Treinadores, foram identificados com a letra T, e foram


entrevistados em número de três treinadores o que permitiu numerá-los, de T1 a T3.

Quando confrontados com a questão da equipa de futebol do escalão júnior do clube


nacional de Benguela possuir ou não técnico massagistas, todos entrevistados (T1 a T3), foram
unânimes em afirmarem positivamente (sim).

Por outro lado, no concernente a questão das lesões mais frequentes na mesma
equipa, os treinadores responderam: As lesões mais frequentes são: distinção muscular e
entorse, (entrevistado T1);

As lesões mais frequentes são: ligamentos, tornozelos e joelho, (entrevistado T2);

Normalmente têm apresentado algumas roturas muscular e musculo preso,


entrevistado (entrevistado T3);

Os dados apresentados pelos treinadores deixaram-nos claro que os atletas têm


apresentado diversas sequelas musculares e ligamentares (articulações e ligamentos), e
problemas a nível do tornozelo como já fruto de treinos constantes na equipa.

Quando interrogados sobre a reacção dos atletas, apôs uma fase de treino demasiado
intenso, sem o respectivo processo de recuperação, os treinadores responderam:
Reagem muito mal por não cumprir com o tempo de recuperação, (entrevistado T1);
Têm reagido com algumas dores musculares e nas articulações, (entrevistado T2);
Sem o processo de recuperação a reacção tem sido má porque apresentam fadiga
total, (entrevistado T3).
Numa só palavra, podemos conferir, sem sofismar, que os atletas depois de um
treino intenso e sem devida recuperação se sentem “mal”.
A par do mal-estar dos atletas através de treino intenso e sem devida recuperação,
ao procurar saber dos treinadores sobre métodos de recuperação e prevenção de lesões que a
equipa possui, os mesmos discorreram o seguinte:
Este risco pode ser minimizado pelo aquecimento pré-treino, ou jogo o qual permite
o aumento gradual de esforço demandado a musculatura e as articulações. A maioria das sessões
de aquecimento tem a duração entre 20 á 30 minutos (entrevistado T1);

42
Os métodos de recuperação de lesões têm sido apenas massagens frequentemente
(entrevistado T2);
Utiliza-se exercícios de alongamentos dinâmicos moderados para recuperar e
prevenir futuras lesões, incluindo um acompanhamento da equipa médica do clube
(entrevistado T3).
Os dados apresentados pelos treinadores relativamente aos métodos preconizados
para recuperação de lesões divergem, onde um aponta a massagem, outro aponta exercícios
moderados e o outro ainda fala das influências dos métodos de recuperação para os atletas em
vez propriamente dos métodos que são usados para recuperação.
Na medida em que cada treinador apontava os métodos de recuperação de seus
atletas, foram também interrogados sobre as opiniões em relação a acção da massagem
desportiva na recuperação e prevenção de lesões dos seus atletas, pelo que responderam:
massagem desportiva é uma técnica muito eficaz para os atletas. Promove muitos benefícios
seja antes ou depois do treino: previne lesões, reduz espasmos musculares, alivia as dores pôs
treino (entrevistado T1);
A minha opinião é as massagens tem sido bastante produtiva para os atletas
(entrevistado T2);
A massagem desportiva tem sido uma mais-valia para os atletas visto que é um
método eficaz, tendo um contacto directo com a zona afectada, é de extrema importância (T3).
De forma muito sucinta, podemos conceber que de um modo geral os treinadores
afirmam que há muitos benefícios na massagem desportivas para a recuperação de lesões em
atletas, pelo que a sua acção no corpo cansado é indispensável.

43
2.2. Discussão dos Resultados

Após a descrição dos dados apresentados pelos três grupos da equipa de futebol
Clube Nacional de Benguela em Júnior masculino, ficou patente que a situação existente é
carente de acompanhamento de uma equipa médica, ou seja, existem entre atletas lesões ditas
agudas que precisam de assistência de um técnico de saúde onde o fisioterapeuta é visto como
elemento fundamental na manutenção e recuperação das lesões dos atletas. Como já foi
apresentado, a partir da primeira questão sobre a existência de fisioterapeutas na equipa, os dois
grupos assim destacados (atletas e treinadores) foram unânimes em responder positivamente
pela existência destes técnicos pelo que, no nosso entender são indubitavelmente indispensáveis
para o bom rendimento dos atletas.
Crendo na existência dos fisioterapeutas, uma outra questão que mereceu a nossa
atenção foi, ao procurar saber das lesões frequentes na equipa, os três grupos apresentaram
como principais lesões “A torção ou entorse do tornozelo”, como sabemos este é
uma lesão muito frequente, na qual os ligamentos são alongados até se romperem. Ela pode
ocorrer quando pisamos mal por causas do desequilíbrio corporal no solo ou relva muitas vezes
causada pela fadiga corporal, o que faz com que o pé gire para dentro devido ao peso do corpo,
comprometendo os ligamentos do lado de fora em geral, os mais acometidos. Concernente ao
desequilíbrio causados pela fadiga, na questão sobre reacção dos atletas após actividade de
treino intenso sem devida recuperação, de uma forma geral, deduzida dos três grupos, os atletas
se sentem muito mal, e este mal pode desencadear desequilíbrios motores «se não mesmo
psicomotores» que em muito termina em leões como entorses no tornozelo e distensões
musculares entre outras.
Para que se reduza consideravelmente tais leões é necessário e indispensável que se
encontre e se estude os métodos eficazes que recuperem os atletas da carga anterior para
actuação posterior; pelo que, confrontados com a questão: “Que métodos de recuperação e
prevenção de lesões possuem a equipa de futebol do Escalão Júnior do Clube Nacional de
Benguela”. De forma geral, os três grupos apontaram a massagens nas suas mais diversas
técnicas (com gelo, com creme, bálsamo etc.) e exercícios de relaxamento como alongamento
e actividades físicas moderadas como forma de recuperação activa.
Face ao teor da massagem como forma de recuperação ao stress competitivo e do
treino, os grupos entrevistados foram unânimes nas suas opiniões afirmando a importância e a
indispensabilidade na recuperação da fadiga e de micro lesões bem como a predisposição para

44
o treino seguinte. Entretanto, esta afirmação dos grupos entrevistados remete a pertinência do
tema em estudo e sua legitimidade na busca de soluções de stress competitivo a partir da
massagem desportiva.

45
CONCLUSÕES

Depois do levantamento de dados feitos no Clube Nacional de Benguela a três grupos


da equipa de futebol que exercem lá sua actividade e após análise aos resultados, cumpre-nos
concluir em função dos objectivos a que inicialmente nos propusemos, o seguinte:
1. Os estudos teóricos sustentam que a massagem desportiva promove benefícios
amplos ao atleta, na medida em que, resgata efeitos fisiológicos estruturais ao actuar sobre os
tecidos conjuntivos fornecendo melhoria na flexibilidade, redução de espasmos, cãibras
musculares e aderências, além de aliviar pontos de tensão e favorecimento circulatório, redução
de edema e dor. Assim, os efeitos da massagem no campo desportivo são amplos. Cheung,
Hume e Maxwell, afirmam que Rodenburgetal, observaram uma pequena redução na dor
muscular após uma combinação de exercício excêntrico do antebraço, aquecimento,
alongamento e massagem (6 minutos de deslizamento superficial e profundo, 30 segundos de
tapotagem, 5 minutos de amassamento e 1 minuto de deslizamento profundo com intensidade
decrescente). Porém, o efeito da massagem neste estudo não pode ser isolado do efeito do
aquecimento e do alongamento (cit.p.29). Outrossim, os entrevistados em causa, confirmaram
ser muito importante a existência de massagistas na equipa de futebol na promoção da
recuperação pós treino. (entrevistado A9, A15, A18 e A20, T1 e T3).

2. Sendo identificada directamente nos atletas da equipa de futebol do Escalão


Júnior do Clube Nacional de Benguela; e para confirmar sua veracidade os três grupos
apresentaram como principais lesões “A torção ou entorse do tornozelo”, como sabemos este é
uma lesão muito frequente, na qual os ligamentos são alongados até se romperem. Ela pode
ocorrer quando pisamos mal por causas do desequilíbrio corporal no solo e muitas vezes
causada pela fadiga corporal, o que faz com que o pé gire para dentro devido ao peso do corpo,
comprometendo os ligamentos do lado de fora em geral, os mais acometidos. Outras lesões
apresentadas foram a nível do joelho (entrevistado F1, F2, F3 e T2); distinção muscular
(entrevistado T1 e T3). Assim de forma geral podemos afirmar que as lesões mais frequentes
ocorrem a nível do Tornozelo e do joelho.

3. Para a prevenção e recuperação de lesões dos seus atletas, a equipa de futebol


acima citado, tem procurado através da equipa de fisioterapeutas métodos eficazes que
recuperem os atletas da carga anterior para actuação posterior; pelo que, confrontados com a

46
questão: “Que métodos de recuperação e prevenção de lesões possuem a equipa de futebol do
Escalão Júnior do Clube Nacional de Benguela”. De forma geral os três grupos afirmaram que
são feitas massagens nas suas mais diversas técnicas (com gelo, com creme, bálsamo etc.) e
exercícios de relaxamento como alongamento e actividades físicas moderadas como forma de
recuperação activa. Face ao teor da massagem como forma de recuperação do stresse
competitivo e do treino.

47
RECOMENDAÇÕES

Com base na análise aos resultados e nas conclusões apresentadas, recomendamos:

1- Que a direcção do Clube Nacional de Benguela, continue a apostar na


massagem desportiva, de modo a garantir uma boa performance aos seus atletas.
2- Que a equipa de fisioterapeutas afecto ao Clube Nacional de Benguela, não pare
de exercer as suas funções, pois, a saúde do Clube e dos atletas depende 100%
de vocês.
3- Face as informações obtidas aos atletas (que são elementos central da causa),
sugerimos à equipa, um diálogo constante e aconselhamento aos cuidados de
seus atletas a ter com o corpo antes e sobretudo depois dos treinos, informações
sobre as medidas cautelares no processo de recuperação de lesões e aos
treinadores mais interacções com a equipa médica.
4- Aos investigadores que outros estudos sejam feitos para aprofundamento da
temática procurando usar uma metodologia longitudinal, de forma a poder-se
acompanhar a evolução dos níveis de lesões desportivas e sua recuperação antes
e depois da prática de treino e o papel da massagem como subsídio desta
recuperação.
5- Aos leitores que têm como actividade profissional a Educação Motora ou Treino
Profissional de pessoas ou grupos, que para além do treino físico, tenham o
cuidado de reforçar psicologicamente os comportamentos associados ao
treino/sucesso competitivo. tendo em consideração os resultados evidenciados
nesse estudo que mostram que os atletas apesar do desejo pessoal de treinar e
dos incentivos da equipa acarretam e carregam consigo diversas lesões.

48
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jul./sep. 2005.

51
ANEXOS E APÊNDICES

52
ANEXO I

Eu____________________________________________________________________

Depois de ter sido completamente informado(a) sobre os objectivos e procedimentos do estudo


“Massagem Desportiva na prevenção e recuperação de lesões: Estudo de caso na Equipa de
Futebol do escalão Júnior masculino do Clube Nacional de Benguela” que está sendo
desenvolvido no âmbito da licenciatura em Ciências da Educação Física Desporto e
Motricidade Humana, declaro que concordo em colaborar neste estudo.

Por isso consinto que me seja aplicado o método, o tratamento ou questionário


proposto pelo investigador.

O investigador responsável: _____________________________________


Assinatura do voluntario: _______________________________________

53

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