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MANUAL UFCD 0520

ELABORAÇÃO DE PLANOS PARA


LIDAR COM SITUAÇÕES DE
EMERGÊNCIA

Formador: António Pedro Silva Abril 2023


MANUAL UFCD 0520 ELABORAÇÃO DE PLANOS PARA LIDAR COM SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA

ÍNDICE

Introdução ........................................................................... 4
Âmbito do manual............................................................................................................................. 4

Objetivos ........................................................................................................................................... 4

Conteúdos programáticos ................................................................................................................. 4

Carga horária ..................................................................................................................................... 6

1.Plano de emergências - enquadramento .......................... 7


1.1.Tipos de situações de emergência .............................................................................................. 8

1.2.Natureza e consequências de cada uma das situações ............................................................ 10

2.Planear situações de emergência ................................... 15


2.1.Tipos de resposta a situações de emergência .......................................................................... 16

2.1.1.Actuar diretamente ......................................................................................................... 16

2.1.2.Utilizar os recursos disponíveis .................................................................................... 20

2.1.3.Comunicar com os outros ............................................................................................. 21

2.1.4.Procedimentos de reporte ............................................................................................. 22

2.2.Comunicação com os serviços de emergência.......................................................................... 23

2.3.Funções e as responsabilidades de outras pessoas envolvidas no processo de planeamento 24

2.3.1.Colegas ............................................................................................................................ 24

2.3.2.Especialistas da organização ....................................................................................... 24

2.3.3.Especialistas externos ................................................................................................... 24

2.3.4.Serviços de emergência ................................................................................................ 26

3.Planos de emergência ..................................................... 27


3.1.Formatos dos planos ................................................................................................................. 28

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3.1.1.Funções e responsabilidades exatas dos diferentes indivíduos e organizadores


envolvidos .................................................................................................................................. 28

3.1.2.Acções a serem tomadas por pessoas da organização........................................... 28

3.1.3.Controlo da situação (até entregue aos serviços de emergência) ......................... 29

3.2.Discussão dos planos................................................................................................................. 31

3.3.Planos de emergência flexíveis ................................................................................................. 32

3.4.Planos de emergência padrão que cumpram os requisitos ...................................................... 33

3.4.1.Legais relacionados com o evento .............................................................................. 33

3.4.2. Procedimentos da organização ................................................................................... 33

3.4.3.Reflectir as características do evento ......................................................................... 34

3.5.Considerar os: ........................................................................................................................... 35

3.5.1.Conselhos dos especialistas ........................................................................................ 35

3.5.2.Recursos disponíveis no dia do evento ...................................................................... 35

4.Planos de emergência ..................................................... 41


4.1.Como minimizar ........................................................................................................................ 42

4.1.1.Pânico............................................................................................................................... 42

4.1.2.Distúrbios no evento ...................................................................................................... 42

5.Planear a monitorização para eventuais situações de


emergência ........................................................................ 43
5.1.Monitorização e sua importância ............................................................................................. 44

5.2.Planear atividades de monitorização ........................................................................................ 45

5.2.1.O que é que deve ser monitorizado ............................................................................ 45

5.2.2.A forma como a monitorização dever ser efetuada .................................................. 45

5.2.3.Com que frequência as atividades de monitorização devem ocorrer .................... 46

6.Planear sessões de divulgação de instruções para os


funcionários ....................................................................... 47

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6.1.Quem deverá receber instruções.............................................................................................. 48

6.1.1.Funcionários da organização........................................................................................ 48

6.1.2.Outros funcionários envolvidos no evento.................................................................. 48

6.2.Sessões de divulgação de instruções para os funcionários....................................................... 49

6.2.1Quando é que os funcionários devem receber instruções ........................................ 49

6.2.2.De que forma os funcionários devem receber instruções ........................................ 49

6.2.3.Conteúdo das sessões de divulgação......................................................................... 50

Bibliografia ........................................................................ 51
Termos e condições de utilização ...Erro! Marcador não definido.

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Introdução

Âmbito do manual

O presente manual foi concebido como instrumento de apoio à unidade de formação


de curta duração nº 0520 – Elaboração de planos para lidar com situações de
emergência, de acordo com o Catálogo Nacional de Qualificações.

Objetivos

 Identificar os diferentes tipos de emergências que podem ocorrer em eventos.


 Desenvolver conjuntamente com as autoridades competentes um plano para
situações de emergência.
 Elaborar planos para verificar potenciais situações de emergência em
eventos.

Conteúdos programáticos

 Plano de emergências - enquadramento


o Tipos de situações de emergência
 - Incêndios
 - Explosões
 - Atos de terrorismo
 - Emergências médicas
 - Emergências não médicas
 - Colapso de estruturas
o Avaliação dos riscos e perigos

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o Natureza e consequências de cada uma das situações


 Planear situações de emergência
o Tipos de resposta a situações de emergência
 - Atuar diretamente
 - Utilizar os recursos disponíveis
 - Comunicar com os outros
 - Procedimentos de reporte
 - Para si
 - Por si
o Funções e as responsabilidades de outras pessoas envolvidas no
processo de planeamento
o Comunicação com os serviços de emergência
 - Colegas
 - Especialistas da organização
 - Especialistas externos
 - Serviços de emergência
 Planos de emergência
o Formatos dos planos
 - Funções e responsabilidades exatas dos diferentes indivíduos
e organizadores envolvidos
 - Ações a serem tomadas por pessoas da organização
 - Controlo da situação (até entregue aos serviços de
emergência)
o Discussão dos planos
o Planos de emergência flexíveis
o Planos de emergência padrão que cumpram os requisitos
 - Legais relacionados com o evento
 - Procedimentos da organização
 Do local onde se realiza o evento
 - Dos participantes do evento
 - Refletir as características do evento
 - Conselhos dos especialistas

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 - Recursos disponíveis no dia do evento


o Como minimizar
 - Pânico
 Distúrbios no evento
 Planear a monitorização para eventuais situações de emergência
o Monitorização e sua importância
o Planear atividades de monitorização
 - O que é que deve ser monitorizado
 - A forma como a monitorização dever ser efetuada
 - Com que frequência as atividades de monitorização devem
ocorrer
o Planear sessões de divulgação de instruções para os funcionários
 Quem deverá receber instruções
 - Funcionários da organização
 - Outros funcionários envolvidos no evento
 Sessões de divulgação de instruções para os funcionários
o - Quando é que os funcionários devem receber instruções
o - De que forma os funcionários devem receber instruções
o - Conteúdo das sessões de divulgação

Carga horária

 25 horas

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1.Plano de emergências - enquadramento

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1.1.Tipos de situações de emergência

Elaborar planos de emergência significa que você estará preparado para quaisquer
incidentes que possam ocorrer durante o evento.

Como resultado, conseguirá lidar rapidamente (e no próprio local) com pequenas


situações e alertar imediatamente os serviços de emergência adequados em
situações graves ou de grande dimensão.

Mesmo os pequenos incidentes, se não forem geridos eficazmente, podem muitas


vezes desencadear situações graves ou de grande dimensão.

Com o planeamento de emergência você terá planos de ação e de contingência que


o ajudarão a reagir às situações de forma estruturada, confiante e eficaz.

As consequências de não estar devidamente preparado para uma situação de


emergência podem ser muito graves. Uma situação de emergência pode resultar em
danos físicos graves ou em mortes entre os funcionários do evento ou entre os
participantes.

Estar adequadamente preparado significa que os seus planos têm de ser completos
e rigorosos, cobrindo todas as situações possíveis.

Que tipos de emergências podem ocorrer? Claro que isto dependerá do tipo de
evento que estiver a preparar e dos riscos envolvidos, mas algumas das situações
que devem ser consideradas incluem:
• Fogo
• Explosões
• Terrorismo
• Desastres Naturais

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• Emergências Médicas
• Emergências Não-Médicas
• Colapso de Estruturas.

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1.2.Natureza e consequências de cada uma das situações

O planeamento para lidar com situações de emergência depende da natureza da


emergência e da natureza do evento.

Por exemplo, as medidas a tomar perante um incêndio serão diferentes caso este
ocorra num evento realizado ao ar livre ou num evento realizado num local fechado,
em que poderão ficar pessoas encurraladas dentro do edifício.

Por outro lado, se descobrir um pacote suspeito num evento em que exista o risco
de ações terroristas, terá de alertar os serviços de emergência adequados. Para
planear a sua resposta terá primeiro de identificar qual é a situação de emergência
potencial e de que forma ela poderá evoluir.

Alguns exemplos da natureza de diferentes tipos de emergências:

Fogo
O risco depende do local em que é realizado o evento (interior/exterior). Se o fogo
deflagrar dentro de um edifício pode alastrar rapidamente e no pior dos cenários
bloquear as saídas do edifício.

O fumo tenderá a reduzir a visibilidade e as pessoas poderão ter dificuldades em


respirar devido aos gases libertados. Poderá gerar-se o pânico. É necessário o apoio
dos serviços de emergência.

Como agir em caso de incêndios


 Ao notar indícios de incêndio (fumos, cheiro a queimado, estalidos),
aproximar-se a uma distância segura para observar o que está queimando e
a extensão do fogo.
 Dar o alarme através do número de emergência 112.

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 Se não souber combater o fogo, ou não puder dominá-lo, sair do local,


fechando todas as portas e janelas atrás de si, mas sem trancá-las, desligar
a eletricidade e o gás.
 Verificar se existem pessoas em perigo, e tentar salvá-las sem por em risco a
sua própria vida.
 Manter-se vestido, pois a roupa protege o corpo contra o calor e a
desidratação.
 Procurar alcançar um espaço aberto através do uso de escadas. Não usar o
elevador, pois a eletricidade é normalmente cortada, podendo ficar parado,
sem contar que existe o risco dele abrir justamente no andar em chamas.
 Se não puder sair, manter-se próximo de uma janela de preferência com vista
para a rua e sinalizar sua posição.
 Fechar mas não trancar a porta e, vedar as frestas desta com um cobertor ou
tapete para não entrar fumos.
 Em caso de existência de fumos manter-se junto ao chão e utilizar um lenço
ou toalha molhada sobre o nariz e boca.
 Atirar pela janela o que puder queimar facilmente como papéis, tapetes,
cortina, mas com o cuidado para não atingir quem estiver na rua.

Cuidados a ter para evitar incêndios a partir de acidentes elétricos


 Manter as instalações em bom estado, para evitar sobrecarga, mau contacto
ou curto-circuito.
 Não usar tomadas e fios em mau estado.
 Nunca substituir fusíveis ou disjuntores por ligações diretas com arames ou
moedas.
 Não sobrecarregar as instalações elétricas com vários utensílios em
simultâneo, pois os fios aquecem e podem ocasionar um incêndio.
 Não deixar lâmpadas, velas acesas e aquecedores perto de cortinas, papéis
e outros materiais combustíveis.

Explosões

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Independentemente da causa, uma explosão pode causar fogo e o colapso da


estrutura. Os edifícios podem tornar-se instáveis. Pode gerar-se o pânico. É
necessário o apoio dos serviços de emergência.

Terrorismo
As ameaças de terrorismo, como ameaças de bombas ou gases venenosos, podem
causar diversos tipos de danos físicos e mortes caso se concretizem. É necessário
o apoio dos serviços de emergência.

Atualmente as situações de atos de terrorismo em eventos são uma preocupação


evidente, principalmente em eventos internacionais, sendo que a organização deve
tomar medidas para previr estas situações.

Entre as atitudes recomendadas sugerem-se:


 Contactar as autoridades de segurança local e nacional (caso seja necessário
estas contactam os serviços de minas e armadilhas)
 Se necessário evacuar o recinto.
 Garantir a segurança na informação sobre os trajetos dos convidados VIPs.

Desastres Naturais
Um desastre natural é uma catástrofe que ocorre por desequilíbrio da natureza. Por
vezes acontecem de uma forma tão inesperada que não existe tempo de prevenir a
situação, contudo a organização do evento deve estar atenta e informada sobre as
condições climatéricas e demais aspetos que poderão criar esta situação.

Os desastres naturais podem ser:


 Afundamento e colapso;
 Ciclones;
 Dilúvio;
 Deslizamento de terra, ou escorregamento;
 Erosão;

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 Erupção vulcânica;
 Ciclone tropical (furacão, tufão);
 Incêndio Florestal
 Inundação;
 Queda de meteoro.
 Tempestades de Gelo; de Granizo ou de Raios.
 Tornado;
 Tsunami.
 Terramoto.

A maioria destas situações podem provocar o colapso das estruturas. Pode gerar-se
o pânico. É necessário o apoio dos serviços de emergência.

Como agir em caso de sismo

No interior de um edifício:
 Não deve tentar sair do edifício;
 Não deve tentar sair pelas janelas;
 Deve afastar-se de janelas e painéis de vidro;
 Deve afastar-se de armários, prateleiras, objetos pesados e outro mobiliário
que possa cair;
 Não deve aceder às varandas;
 Não deve utilizar os elevadores.

No exterior de um edifício:
 Não deve reentrar no edifício, mantendo-se no exterior;
 Deve afastar-se de edifícios, muros, vedações, árvores, postes e cabos
elétricos;
 Deve agachar-se ou deitar-se no solo e proteger a cabeça;
 Deve ir observando o que se passa em redor, mantendo-se alerta a possíveis
perigos que o obriguem a movimentar-se.

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Emergências Médicas
Danos físicos ou súbitas doenças graves dos funcionários do evento ou dos
participantes (por exemplo ataques cardíacos) exigem uma atenção e tratamento
médico imediatos. É necessário o apoio dos serviços de emergência.

Emergências Não-Médicas
Podem incluir greves, manifestações, roubos ou vandalismo, em que serão
necessários os serviços de emergência, ou outras situações, tais como a quebra de
fornecimento de energia elétrica, em que aqueles serviços não serão necessários.

Colapso da Estrutura
Pode resultar da concentração do peso de demasiadas pessoas, provocando a
instabilidade do edifício. Pode gerar-se o pânico. É necessário o apoio dos serviços
de emergência.

Qualquer que seja a natureza da emergência, a implementação de planos de


emergência irá ajudá-lo a identificar e avaliar a situação e avisar rapidamente os
serviços de emergência adequado.

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2.Planear situações de emergência

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2.1.Tipos de resposta a situações de emergência

2.1.1.Actuar diretamente

Em pequenos incidentes você poderá ser capaz de lidar diretamente com a situação
ou delegar a tarefa a outro membro da equipa do evento. Uma intervenção direta
poderá envolver a extinção de um pequeno fogo utilizando um extintor, ou o registo
dos detalhes de um roubo que lhe seja reportado.

Pode ser feita uma intervenção direta em pequenos incidentes cuja probabilidade de
evoluírem para graves incidentes seja diminuta e quando tenha os recursos e o
conhecimento para lidar com eles. Se for feita uma intervenção direta, deve certificar-
se que ela é segura e adequada.

Os primeiros socorros só deverão ser administrados quando existir um «socorrista»


que tenha conhecimentos para lidar com a situação.

Por exemplo, uma pessoa aleijada nunca deve ser mudada de posição, exceto se
absolutamente necessário, devido ao risco de outros danos físicos..

O que deve fazer


• Utilizar técnicas de levantamento corretas quando seja necessário remover
uma pessoa ferida de uma situação de perigo
• Manter-se calmo e explicar à pessoa ferida o que vai fazer
• Colocar a pessoa ferida na posição de segurança se estiver a certeza de que
não a colocará numa situação de maior perigo
• Solicitar imediatamente assistência de um especialista
• Soltar a roupa da pessoa ferida para maior conforto
• Manter-se junto à pessoa ferida até chegar ajuda.

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O que não deve fazer


 Mover a pessoa ferida exceto se for absolutamente necessário
 Correr perigo para assistir outra pessoa
 Tentar remover objetos com os quais as vítimas tenham sido perfuradas
 Tentar reanimar alguém a não ser que tenha recebido formação sobre a forma
de o fazer
 Administrar qualquer unguento ou creme a uma pessoa queimada
 Dar à pessoa ferida alguma coisa para comer ou beber antes dela ter sido
observada por um especialista.

Por outro lado, se decidisse intervir diretamente na extinção de um pequeno fogo,


teria de obter informação sobre a causa do incêndio, sobre os materiais que foram
incendiados (em particular no caso de um fogo que liberte gases perigosos) e sobre
o tipo de extintor que seria necessário para extinguir o fogo, onde estaria este extintor
e como usá-lo.

Estar familiarizado com o layout do local do evento, com a localização das portas
corta-fogo e das saídas de emergência e dos procedimentos de evacuação, será
uma ajuda preciosa para poder intervir e gerir a situação diretamente de forma eficaz
e imediata.

Primeiro-socorro
É um tratamento inicial e temporário ministrados a acidentados e/ ou vitimas de
doenças súbita, num esforço de preservar a vida, diminuir a incapacidade e minorar
o sofrimento.

Consiste, conforme a situação, na proteção de feridas, imobilização de fraturas,


controlo de hemorragias visíveis, desobstrução das vias respiratórias, reanimação e
ventilação artificial.

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Um socorrista não substitui nem o médico nem a enfermeira, mas pode impedir toda
e qualquer ação intempestiva, alertar e ajudar, evitando o agravamento do acidente.

RESPIRAÇÃO ARTIFICIAL BOCA-NARIZ


Quem tiver uma paragem respiratória sofrerá provavelmente danos cerebrais ao fim
de cerca de quatro minutos. Com a aplicação de ventilação artificial, conhecida
vulgarmente por respiração artificial, insufla-se ar nos pulmões da vítima até esta
conseguir respirar de novo.

Procedimento:

Limpe o rosto da vítima, vire-lhe a cabeça para o lado e retire-


lhe rapidamente qualquer corpo estranho.

Coloque uma das mãos na testa e outra sob o pescoço da vítima e incline-
lhe a cabeça bem para trás para abrir as vias respiratórias.

Com uma das mãos, mantenha fechada a boca da vítima. Ponha a sua boca
sobre o nariz da vítima e faça quatro insuflações.

Retire a boca e espere que o peito da vítima se esvazie de ar. Repita. (Se a
vítima for um bebé ou uma criança pequena, deve abarcar o nariz e a boca.)

Quando a vítima começar a respirar por si, ponha-a na POSIÇÃO LATERAL DE


SEGURANÇA. CHAME UMA AMBULÂNCIA.

POSIÇÃO LATERAL DE SEGURANÇA


Exceto nos casos de suspeita de fratura da coluna vertebral ou do pescoço, vire o
corpo da vítima inconsciente, mas ainda a respirar, para a posição lateral de

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segurança, o que impedirá que sangue, saliva ou a língua obstruam as vias


respiratórias.

Procedimento:
Ajoelhe-se ao lado da vítima, volte-lhe a cabeça para si e incline-a para trás para lhe
abrir as vias respiratórias.

Estenda ao longo do corpo da vítima o braço que ficar mais perto de si. Cruze o outro
braço sobre o peito. Cruze a perna mais afastada sobre a que está mais próxima.

Ampare a cabeça da vítima com uma das mãos e com a outra agarre-a pela anca
mais afastada.

Vire a vítima de bruços, puxando-a rapidamente para si e amparando-a com os


joelhos.

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Puxe a testa da vítima para trás, de modo a que a garganta fique direita. Assim, as
vias respiratórias manter-se-ão desimpedidas, o que permite que a vitima respire
livremente.

Dobre o braço que fica mais próximo de si para lhe sustentar o tronco. Dobre a perna
mais próxima para servir de apoio ao abdómen.

Retire o outro braço de debaixo do corpo. CHAME UMA AMBULÂNCIA.

2.1.2.Utilizar os recursos disponíveis

Poderá ter outros recursos disponíveis no seu evento para lidar com pequenos
incidentes, tais como a equipa do evento, os funcionários do local do evento,
assistentes ou socorristas.

Por exemplo, se considera que existe o risco de aglomeração excessiva de pessoas


ou que poderão gerar-se situações de violência em resultado de altercação, deve

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colocar assistentes em locais estratégicos do evento para controlar as multidões e


prevenir quaisquer tipos de comportamentos agressivos.

Por outro lado, se ocorrer algum acidente médico ligeiro, como alguém tropeçar e
cortar-se, poderá recorrer a um socorrista qualificado para administrar os primeiros
socorros.

2.1.3.Comunicar com os outros

No planeamento da sua resposta a uma eventual emergência, terá necessidade de


considerar a forma como a resposta será comunicada aos funcionários do evento
que terá a responsabilidade delegada de dar assistência a estas situações.

Os meios de comunicação devem ser imediatos e eficazes, uma vez que as


consequências de atrasos poderão traduzir-se num agravamento da situação de
emergência.

Para eventos de pequena dimensão a comunicação poderá basear-se no contacto


direto, enquanto em eventos de grande dimensão será mais apropriado que os
funcionários envolvidos, tais como gestores e membros da equipa do evento ou
assistentes, disponham de rádios ou telemóveis para comunicar.

Qualquer que seja o método que decida usar para comunicar com os funcionários
do evento, as pessoas envolvidas necessitam de saber a quem devem reportar e de
quem devem receber instruções.

Além disso deve estar consciente que o tom de voz e as palavras que usar deverão
transmitir um sentido de urgência, evitando ao mesmo tempo criar o pânico ou
alarmar os seus funcionários ou os participantes.

A forma como lidar com a situação pode ajudar a manter o controlo, a minimizar o
pânico e os distúrbios e a evitar que a situação evolua para algo mais grave.

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2.1.4.Procedimentos de reporte

As linhas e meios de reporte de situações de emergência deverão ser claras para


todos os funcionários do evento.

A pessoa a quem cada um reporta depende do seu nível de autoridade no evento e


das funções que estão dentro da sua esfera de responsabilidade.

Por exemplo, os assistentes terão um assistente chefe para supervisionar o seu


trabalho e reportarão diretamente a essa pessoa. O assistente chefe reportará por
sua vez ao gestor do evento, que poderá depois mobilizar a sua equipa e informar
os serviços de emergência adequados.

Qualquer que seja o papel que cada pessoa desempenha no evento, a importância
de reportar uma situação de emergência de forma rigorosa e à pessoa correta não
deve ser subestimada.

Eventuais atrasos podem fazer com que a situação de emergência se torne mais
perigosa e fora de controlo.

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2.2.Comunicação com os serviços de emergência

Um dos membros da equipa do evento (geralmente o organizador/gestor do evento)


será responsável por reportar a emergência, se necessário, aos serviços de
emergência adequados.

Essa pessoa deverá reportar de forma rápida e clara a natureza da emergência e a


probabilidade de que a situação se agrave, o momento em que começou (se for
conhecido), a localização e as pessoas envolvidas, bem como qualquer informação
relevante, como por exemplo a existência de pessoas encurraladas por baixo de
estruturas que desmoronaram.

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2.3.Funções e as responsabilidades de outras pessoas envolvidas no


processo de planeamento

2.3.1.Colegas

A equipa do evento e outros colegas da organização podem contribuir para o


processo de planeamento de emergência. Com a sua experiência e conhecimentos
eles podem contribuir com sugestões e conselhos sobre tipos de emergências que
já tenham vivido.

O envolvimento da equipa do evento é particularmente importante, uma vez que


serão estas pessoas que estarão «no terreno» durante o evento e podem por isso
contribuir com as suas ideias para a forma como os procedimentos devem funcionar
na prática.

2.3.2.Especialistas da organização

Outros especialistas da sua organização poderão igualmente assessorar a


preparação do seu plano de emergência.

Em particular, socorristas experientes e qualificados ou o funcionário responsável


pela saúde e segurança da sua organização poderão contribuir com conselhos úteis.

Poderá igualmente receber conselhos úteis dos técnicos especializados em


questões de comunicação e segurança da sua organização.

2.3.3.Especialistas externos

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Os especialistas externos à organização devem também ser consultados na


preparação do plano de emergência.

O representante do local do evento especialista em questões de saúde e segurança


pode fornecer aconselhamento específico sobre o local do evento, designadamente
a localização das saídas e escadas de emergência, pontos de encontro em caso de
evacuação, etc.

Pode igualmente fornecer-lhe os seus próprios planos de emergência e a forma


como isso afeta o seu evento.

O assistente chefe pode informá-lo sobre o apoio que poderá receber do grupo de
assistentes e ainda aconselhá-lo sobre o número de assistentes necessários para o
evento e os locais onde eles são necessários.

Os representantes da autoridade local têm igualmente de ser envolvidos.

As autoridades responsáveis pelo planeamento, por exemplo, podem aconselhá-lo


sobre o plano do local e das estruturas, a autoridade das estradas sobre o fluxo de
tráfego, congestionamentos e vias de acesso e o responsável pelo planeamento de
emergência da autoridade local poderá fornecer orientações importantes sobre a
forma como o planeamento de emergência é feito naquela região e o fornecimento
de alojamento de emergência temporário se necessário.

Para eventos de alto nível, as empresas especializadas em questões de segurança


podem fornecer orientações sobre a prevenção de atentados bombistas e ainda cães
treinados para deteção de bombas e funcionários treinados para monitorizar o
evento.

Todas as entidades acima referidas poderão fornecer-lhe informações importantes


na sua área de especialidade, contribuindo assim para o planeamento de
emergência.

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Uma vez que se tratam de especialistas, que possuem experiência no tipo de


emergências para os quais você se está a preparar, o não cumprimento das suas
indicações poderá ter graves consequências.

2.3.4.Serviços de emergência

Os representantes dos serviços de emergência são as pessoas fundamentais para


lhe conselhos no planeamento de respostas a emergências.

Os bombeiros, os profissionais dos serviços de urgência médica e os polícias podem


dar orientações importantes nas suas áreas de especialidade sobre a forma de lidar
com diferentes tipos de situações.

Os bombeiros são responsáveis por dar aconselhamento sobre medidas de


segurança contra incêndios, as ações a empreender, os procedimentos de
evacuação e o número máximo de participantes que podem participar no evento, de
acordo com as regras de segurança contra incêndios.

A polícia é responsável por coordenar as respostas às emergências no terreno e


podem também dar conselhos sobre a organização do trânsito e sobre a forma de
lidar com comportamentos antissociais que possam resultar em violência e feridos.

Os serviços de emergência médica são responsáveis por coordenar as emergências


médicas no terreno e assegurar a ligação com os hospitais para tratamento de
feridos.

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3.Planos de emergência

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3.1.Formatos dos planos

3.1.1.Funções e responsabilidades exatas dos diferentes indivíduos e


organizadores envolvidos

Os planos devem ser preparados num formato que seja adequado aos seus
destinatários e a linguagem deve ser simples e fácil de perceber, devendo evitar-se
termos excessivamente técnicos.

Isto significa que os planos devem ser concisos, escritos e não-verbais e devem
fornecer instruções claras no que diz respeito às ações a serem tomadas e a quem
as deve tomar. Isto é, o nome da pessoa, a sua função e autoridade.

Os planos devem descrever de forma detalhada as emergências potenciais


identificadas, para permitir que cada organização ou pessoa seja capaz de planear
detalhadamente a função que irá desempenhar caso a emergência ocorra.

O plano deve ser distribuído a todos os interessados, com antecedência suficiente


para que as respetivas organizações possam efetuar os preparativos necessários.

Quaisquer revisões feitas ao plano devem ser datadas, para identificar claramente a
versão mais atualizada.

Devem ser utilizados mapas do local onde se realiza o evento, assim como outro
material de referência.

3.1.2.Acções a serem tomadas por pessoas da organização

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O plano deve incluir a atribuição de funções e responsabilidades. Aquilo que será


delegado e a quem será delegado, dependerá das competências, formação,
experiência e conhecimentos de cada especialista.

O plano deve mostrar a forma como os papéis estão ligados e que as ações
delegadas estão dentro dos limites de autoridade de cada pessoa.

Na organização de grandes eventos, as funções e responsabilidades podem ser


partilhadas com os serviços de emergência e especialistas, para obter soluções mais
eficazes.

Na equipa de planeamento devem estar representados todos os funcionários


importantes (representantes do local onde se realiza o evento, da equipa do evento,
da autoridade local e dos serviços de emergência, conforme os casos), embora esta
equipa não deva ser demasiado grande, para evitar que se torne demasiado
heterogénea.

Todas as organizações envolvidas (por exemplo os serviços de emergência, de


primeiros socorros, assistentes e funcionários do evento) devem ter papéis e
responsabilidades claramente atribuídas, devendo o plano indicar os recursos que
eles destinaram para o evento em caso de emergência.

O plano deverá ainda identificar os principais responsáveis de cada agência ou


organização, incluindo o nome, função e contactos (meios de alerta) caso não se
encontrem no local habitual.

3.1.3.Controlo da situação (até entregue aos serviços de emergência)

Alguém tem que assumir o papel de liderar a equipa de planeamento de emergência,


que pode não ser necessariamente o organizador do evento.

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Terá de ser alguém competente e com larga experiência em todas as questões


envolvidas e que pode por isso assumir uma responsabilidade geral sobre a eficácia
do plano.

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3.2.Discussão dos planos

O plano deverá receber o acordo de todos antes de ser implementado.

Para isso deverão realizar-se reuniões com todas as pessoas relevantes para obter
feedback, para negociar e introduzir eventuais emendas antes do plano ser
finalmente distribuído.

Devido ao envolvimento de tantos organismos diferentes, é essencial que exista uma


clara estrutura e atribuição de tarefas, para evitar duplicações ou omissões e que
estas tarefas sejam efetivamente atribuídas e acordadas por todos.

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3.3.Planos de emergência flexíveis

O plano deve ser flexível para poder ser usado como resposta a situações de
emergência, qualquer que seja o tipo de emergência, local onde ocorra e recursos
disponíveis no momento.

Podem ser preparadas diferentes variações do mesmo plano para cobrir aspetos
específicos, tais como o tipo ou natureza de uma emergência e as limitações ou
restrições sobre os recursos.

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3.4.Planos de emergência padrão que cumpram os requisitos

3.4.1.Legais relacionados com o evento

O plano deverá respeitar todos os requisitos legais e organizacionais. Por exemplo,


a organização responsável pela gestão do evento deverá garantir a segurança dos
seus funcionários e dos participantes no evento, não só para prevenir danos físicos
mas também para proteger a sua reputação e meios de subsistência.

Existe um requisito legal para a existência de planos de emergência em eventos de


grande dimensão.

No Reino Unido este requisito está previsto nas Management of Health and Safety
at Work Regulations (que fazem parte do Health and Safety at Work Act).

Este regulamento indica que deverão existir procedimentos para lidar com incidentes
perigosos que causem riscos eminentes.

Para eventos de grandes dimensões em que seja esperado um grande número de


visitantes num espaço fechado é também obrigatória a emissão de certificados de
segurança contra incêndios.

3.4.2. Procedimentos da organização

É ainda necessário cumprir os requisitos do local onde se realiza o evento e dos


participantes do evento, o que significa que os procedimentos previstos nos planos
de emergência do local têm de ser tomados em consideração.

Estes poderão especificar locais que sejam adequados ou não para diferentes tipos
de eventos.

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Os participantes no evento deverão certificar-se de que todas as precauções foram


tomadas para que o evento decorra em segurança.

3.4.3.Reflectir as características do evento

O plano de emergência deverá também refletir as características específicas do


evento.

Por exemplo, é natural que o tipo de emergências que poderão surgir num concerto
de música em que os participantes bebam álcool e consumam drogas seja diferente
do tipo de emergências que podem ocorrer numa feira de negócios realizada num
centro de exposições nacional e frequentada apenas por profissionais.

Uma parte essencial do planeamento de emergência é por isso a elaboração dos


perfis dos participantes (isto é, antecipar o seu comportamento provável).

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3.5.Considerar os:

3.5.1.Conselhos dos especialistas

Uma vez que as características dos diferentes eventos são tão variáveis, é essencial
incorporar todos os conselhos dados por especialistas.

Por exemplo, as organizações de proteção social, tais como grupos de apoio a


toxicodependentes e alcoólicos, poderão dar conselhos sobre a forma de lidar com
participantes que estejam sob a influência dessas substâncias.

Por outro lado, o assistente chefe poderá dar conselhos sobre o comportamento de
multidões em determinadas circunstâncias e a forma como esse comportamento
pode ser gerido.

Finalmente, os conselhos dos serviços de emergência deverão ser incorporados no


plano para que aqueles serviços possam lidar com situações de emergência de
forma eficaz.

3.5.2.Recursos disponíveis no dia do evento

Os recursos que podem ser necessários para lidar com uma situação de emergência
devem ser identificados, designadamente o local onde se encontram e como aceder
a eles.

Os recursos incluem os funcionários, a sua localização durante o evento e contactos,


e o equipamento, tais como extintores de fogo e alarmes, a sua localização e forma
de utilização.

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Deverá tomar em consideração quaisquer limitações aos recursos disponíveis e


preparar planos de contingência.

Assim, se tivesse apenas um reduzido número de funcionários disponíveis para dar


assistência numa situação de evacuação, deveria garantir que teria um sistema
sonoro ou de amplificação de som (PA) disponível para direcionar os participantes
para as saídas de emergência mais próximas.

Os planos devem ser adaptados de modo a serem eficazes quando usados de


acordo com um local ou tipo de evento específico.

Por exemplo, pode usar-se o mesmo plano de emergência para um evento no campo
ao ar livre e para um evento realizado num espaço fechado no centro da cidade.

Porém, cada um dos planos deve ser adaptado às especificidades do respetivo local,
nomeadamente a rapidez de resposta e vias de acesso dos serviços de emergência,
medidas de evacuação e formas de alerta de uma emergência aos participantes no
evento.

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ESTRUTURA-TIPO DE UM PLANO DE EMERGÊNCIA

1º Fase
● Organização dos meios humanos;
● Organização de segurança (organigramas);
● Locais de comando;
● Classificação de áreas de riscos;
● Medidas de prevenção de carácter geral;
● Função do tipo de atividade;
● Medidas de prevenção especificas, função das áreas de risco;

2º Fase - Alarme geral


● Difusão de alarme geral;
● Procedimentos de evacuação;
● Corte de fontes de energia;
● Combate;
● Operações de socorro;
● Rescaldo;
● Elaboração de relatório.

Existem igualmente uma serie de aspetos fundamentais que terão de ser


contemplados na elaboração do Plano de Emergência.

Definição dos procedimentos a cumprir por cada equipa, em função do:


● Tipo de ocorrência;
● Nível de gravidade;
● Missão;
● Dimensão da emergência.

Identificação das instruções de segurança:


● Manuais;

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● Cartazes;
● Folhetos.

Planos de formação:
● Básicos;
● Especializados.

Planta das instalações, que deve conter:


● Localização do utente;
● Localização dos extintores;
● Localização das bocas de incêndio;
● Localização dos botões de alarme;
● Caminhos de evacuação (normais/alternativos);
● Instruções gerais de segurança;
● Piso correspondente;
● Número de telefone de emergência;
● Data e entidade que a executou;
● Ponto de reunião.

Descrição da cadeia hierárquica da organização:


● Estrutura de comando;
● Competências;
● Contactos telefónicos.

A estrutura da organização de segurança do Plano de Emergência deve ser


apresentada em organograma, com a indicação de:
● Ações de emergência (o seu desenvolvimento);
● Elementos responsáveis e respetivas funções;
● Contactos internos e externos.
● Alguns dos possíveis riscos.

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Identificação dos possíveis riscos potenciadores do desencadeamento de uma


situação de emergência, de forma a:
● Possibilitar o imediato conhecimento dos riscos em causa;
● Possibilitar uma intervenção rápida e eficaz;
● Possibilitar a evacuação em segurança.

Procedimentos de prevenção
Métodos preventivos que contribuem para reduzir as ocorrências de riscos,
considerando:
● Área de risco;
● Atividade funcional e operacional;
● Tipo de equipamentos;
● Níveis de ocupação distinta;
● Nível de mobilidade dos ocupantes.

4. Procedimentos do Plano de Emergência


Os procedimentos gerais indicados por um Plano de Emergência são:
● Como atuar em caso de alarme;
● A quem contactar;
● Como comunicar com forcas de intervenção externa
● Como atuar no local;
● Que meios estão disponíveis para limitar a ocorrência;
● Como proceder para sair, deslocar ou evacuar pessoas;
● Que atitude devem as pessoas tomar em função da ocorrência;
● Quais os pontos de encontros ou espaço seguros;
● Quais os locais de evacuação.

Deve-se também ter em conta determinados condicionalismos, nomeadamente:


● Tipo de risco;
● Tipo de atividade;
● Características construtivas;
● Atividades subcontratadas;

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● Visitantes.

De seguida, verificamos outros procedimentos fundamentais a observar num Plano


de Emergência.

Alarme e alerta
 Geral: Abrange os procedimentos para ocorrências que possam afetar todo o
estabelecimento.
 Sectorial: Define os procedimentos perante uma ocorrência em área
específica.
 Local: Define os procedimentos perante uma ocorrência circunscrita ao local.

Equipas de salvamento e evacuação


● Missão a cumprir;
● Constituição;
● Funções e responsabilidade;
● Meios e equipamentos disponíveis;
● Honorário de atividade;
● Localização.

Salvamento e evacuação
● Planeamento;
● Identificação de locais seguros e pontos de encontro;
● Avaliação da mobilidade dos acidentados;
● Disponibilidade de meios.

Equipas de apoio
● Missão a cumprir;
● Constituição;
● Meios e equipamentos disponíveis;
● Conhecimento das zonas de segurança ou ponto de encontro.

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4.Planos de emergência

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4.1.Como minimizar

4.1.1.Pânico

Cada organização envolvida terá os seus próprios procedimentos e a forma de


trabalhar de cada uma poderá ser diferente.

É por isso que a existência de comunicação entre todas as partes e o acordo sobre
procedimentos de emergência para o evento é tão importante como a necessidade
de disseminar os procedimentos de reporte a todas as pessoas envolvidas.

Isto é especialmente importante quando seja necessário desencadear ações (para


responder a uma emergência) que tenham de ser implementadas por determinada
pessoa, por estarem fora dos limites de autoridade dos restantes.

Caso seja necessário proceder a uma evacuação, os procedimentos a seguir são


particularmente importantes para garantir que esta evacuação é realizada de forma
célere e utilizando corretamente as saídas de emergência.

Os efeitos da situação podem ser minimizados se a resposta for rápida, tranquila e


de forma controlada para prevenir o pânico. Se se gerar o pânico entre os
participantes, as situações serão exacerbadas, podendo ficar fora de controlo.

4.1.2.Distúrbios no evento

Dependendo do tipo de emergência que ocorra, o evento poderá não ser necessário
interromper o evento e qualquer distúrbio poderá ser minimizado vedando o acesso
às áreas em que tenha ocorrido a emergência e usando assistentes para manter
afastados os curiosos.

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5.Planear a monitorização para eventuais situações de


emergência

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5.1.Monitorização e sua importância

Monitorizar um evento para detetar eventuais situações de emergência é uma parte


importante da gestão de um evento.

A monitorização implica verificar regularmente eventuais situações de emergência e,


idealmente, lidar com elas antes que se tornem emergências reais.

Fazendo uma monitorização regular, é possível prevenir muitas emergências e


responder mais rapidamente aquelas que não se conseguem prevenir, evitando
desta forma consequências mais graves para o evento.

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5.2.Planear atividades de monitorização

5.2.1.O que é que deve ser monitorizado

A monitorização deve abranger todos os riscos identificados.

Por exemplo, os corredores e os caixotes do lixo devem ser frequentemente


verificados para garantir que não há beatas de cigarros acesas que possam provocar
um incêndio.

Se o evento tiver lugar numa zona baixa (sujeita a inundações) e o tempo estiver
incerto, a monitorização poderá envolver um contacto regular com o serviço
meteorológico para verificar se estão previstas chuvas fortes.

Para muitos eventos ao ar livre a monitorização envolve verificações regulares das


tendas e de outras estruturas, especialmente com ventos fortes.

Por outro lado, em muitos eventos realizados em espaços fechados, as


aglomerações de pessoas devem ser acompanhadas para identificar áreas em que
surjam problemas de sobrelotação.

5.2.2.A forma como a monitorização dever ser efetuada

As atividades de monitorização não podem ser deixadas ao acaso.

Elas têm de ser cuidadosamente planeadas e detalhadas para que as pessoas


responsáveis por realizar essas atividades saibam exatamente o que têm de fazer.

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Elaboram-se muitas vezes checklists cobrindo todas as diferentes atividades de


monitorização para evitar quaisquer mal-entendidos sobre aquilo que é necessário
verificar.

5.2.3.Com que frequência as atividades de monitorização devem ocorrer

As atividades de monitorização devem ser realizadas com a frequência necessária


para prevenir, na medida do possível, que emergências potenciais se transformem
em verdadeiras situações de emergência.

Uma vez mais é necessário ser flexível na forma como as atividades de


monitorização são realizadas.

A monitorização de multidões será naturalmente mais intensa durante os períodos


de maior fluxo de pessoas e a verificação de tendas será mais necessária quando
as condições atmosféricas forem adversas.

Assim, no planeamento das atividades de monitorização deverá identificar a


frequência das diversas atividades em diferentes contextos e quais as situações que
desencadeiam um aumento ou redução da frequência dessas atividades.

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6.Planear sessões de divulgação de instruções para os


funcionários

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6.1.Quem deverá receber instruções

6.1.1.Funcionários da organização

Todos os funcionários envolvidos no evento devem participar nos briefings sobre


procedimentos de emergência. Todos necessitam de ter informação básica sobre as
ações a desencadear numa eventual situação de emergência.

Por outro lado, as pessoas com responsabilidade nas atividades de monitorização e


aqueles que desempenham papéis ou têm responsabilidades especiais numa
situação de emergência irão necessitar de briefings adicionais.

Você será responsável realizar o briefing com a sua equipa e os especialistas do


local onde se realiza o evento ou outros especialistas envolvidos serão responsáveis
por fazer um briefing com os seus funcionários.

6.1.2.Outros funcionários envolvidos no evento

Quaisquer outras pessoas envolvidas no evento, designadamente funcionários de


concessões (por exemplo, de um bar de hamburgers ou de uma posto de vendas de
merchandising) terão também de participar nos briefings para desencadearem as
ações corretas em situações de emergência.

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6.2.Sessões de divulgação de instruções para os funcionários

6.2.1Quando é que os funcionários devem receber instruções

Os funcionários devem participar em briefings com antecedência suficiente para


permitir compreender de forma clara os seus papéis e responsabilidades individuais
e aquilo que necessitam de fazer numa situação de emergência.

Os funcionários devem também ter tempo suficiente para levantar questões e


clarificar quaisquer aspetos da sua função.

Contudo, os briefings não devem também ser planeados com tanta antecedência
que os funcionários esqueçam aquilo que têm de fazer quando finalmente tem lugar
o evento.

Um briefing sobre procedimentos de emergência uns dias antes do evento, seguido


de um ensaio do evento imediatamente antes de ele ter início é muitas vezes a
abordagem mais produtiva.

6.2.2.De que forma os funcionários devem receber instruções

Você será responsável por fazer o briefing da sua equipa do evento e informá-los
sobre os seus papéis e responsabilidades e ainda sobre o impacte que o seu
contributo pode ter noutras pessoas.

Os briefings podem incluir a distribuição de instruções escritas, apresentações de


equipa e/ou ensaios mas, qualquer que seja o método adotado, deverá haver espaço
para responder a questões e prestar esclarecimentos, se necessário.

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O plano dos briefings deverá também prever a definição de quem será responsável
por fazer o briefing a outras pessoas envolvidas no evento, tais como empreiteiros,
e exatamente quais as questões que esses briefings deverão abranger.

6.2.3.Conteúdo das sessões de divulgação

Os briefings deverão abranger:


• Os tipos de emergências potenciais que foram incluídas no plano
• Como identificar potenciais situações de emergência
• As atividades de monitorização planeadas para detetar quaisquer potenciais
situações de emergência o mais cedo possível
• As ações a desencadear caso ocorra uma situação de emergência, tais como
a quem deve ser reportada a situação e que intervenções diretas deverão ser
empreendidas.

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Bibliografia

AA VV., Manual de segurança, higiene e saúde no trabalho, Edição Compenditur:


Dep. recursos didácticos, s/d

Allen, John. et al. Organização e gestão de eventos. Ed. Campos, 2002

Giacaglia, Maria Cecília, Organização de eventos: teoria e prática, Ed. Thomson,


2003

Watt, David, Gestão de eventos em lazer e turismo, Ed. Bookman, 2004

Zita, Carmen, Organização de eventos – Da ideia à realidade, Editora Senac, 2008

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