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DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO
i
FUSÕES E AQUISIÇÕES: PROBLEMAS IDENTIFICADOS APÓS O
FECHAMENTO DA TRANSAÇÃO.
ii
FUSÕES E AQUISIÇÕES: PROBLEMAS IDENTIFICADOS APÓS O
FECHAMENTO DA TRANSAÇÃO
Avaliação:
BANCA EXAMINADORA:
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
iii
iv
DEDICATÓRIA
v
AGRADECIMENTOS
Agradeço o professor Claudio Pitassi pela orientação, ensinamentos nas aulas de Inovação e
Métodos Qualitativos e principalmente por ter sido uma fonte de inspiração durante o mestrado.
Muito obrigado.
Agradeço também todos os profissionais que participaram desta pesquisa que, apesar da agenda
obrigado.
vi
RESUMO
décadas, diversos estudos apontam que um grande número de transações não atingem os
objetivos econômicos esperados pelas empresas e investidores (SIROWER, 1997; KAPLAN &
WEISBACH, 1992; ADAMS & NEELY, 2000; PERRY & HERD, 2004). Entre as principais
razões para o insucesso das transações são citadas expectativas viesadas das sinergias entre as
Brasil. O estudo traz evidências que os maiores problemas se concentram em cinco etapas do
vii
ABSTRACT
Despite the growing number of mergers and acquisitions that have occurred over the past few
decades, several studies indicate that a large number of transactions do not reach the economic
objectives expected by companies and investors (SIROWER, 1997; KAPLAN & WEISBACH,
1992; ADAMS & NEELY, 2000; PERRY & HERD, 2004). Among the main reasons for the
that are not considered in the business analysis and difficulties in the post-acquisition process.
working in the mergers and acquisitions market, seeks to highlight the greatest difficulties and
risks in the merger and acquisition transactions in Brazil. The study provides evidence that the
biggest problems are concentrated in five stages of the process: strategy, negotiations, contracts,
viii
LISTA DE FIGURAS
ix
LISTA DE TABELAS
x
LISTA DE ABREVIATURAS
PE Private equity
xi
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................1
1.2 JUSTIFICATIVA....................................................................................................4
1.3 PERGUNTA..........................................................................................................4
1.4 OBJETIVOS..........................................................................................................5
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA................................................................................6
3 MÉTODO.............................................................................................................20
xii
4.1 CONCEITO DE PERFORMANCE......................................................................24
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................51
xiii
1 INTRODUÇÃO
Existem dois tipos de estratégia de crescimento nas empresas, o chamado crescimento interno,
crescimento externo, alcançado por meio de Fusões e Aquisições (DICKERSON, GIBSON, &
Importante destacar que na última década o risco inerente de operações de Fusões e Aquisições
aumentou de forma significativa em função principalmente de: i) economia global cada vez
mais integrada; ii) transações cada vez mais complexas, iii) intensificação da transformação
aumento da pressão do mercado sobre os executivos por resultados cada vez maiores e em
menor tempo.
1
Aquisições bem sucedida ser uma tarefa de grande complexidade (PERRY & HERD, 2004).
De acordo com Adams & Neely (2000), transações de Fusões e Aquisições não têm mais que
50% de chance de criar valor para os adquirentes. Em linha com essa afirmação, Henry D.
(2002) afirma que 61% das operações de Fusões e Aquisições destroem valor . Papadakis
(2007) aponta que entre 50% e 70% das transações de Fusões e Aquisições não atingem o
resultado esperado, enquanto Christensen (2011) estima que entre 70% e 90% das transações
falham. Dunbar (2014) identifica que entre 40% a 80% do volume de transações apresentam
falhas na execução do processo Fusões e Aquisições e ainda, de acordo com Bloomberg (2016),
em 2016 os processos de Fusões e Aquisições foram responsáveis pela perda de quase US$ 570
bilhões no mercado internacional, a maior quantia desde o auge da crise financeira em 2008.
Esses resultados denunciam que apesar da premissa básica da maioria das transações de Fusões
e Aquisições ser justamente a geração de valor, estatisticamente as chances disso acontecer não
são altas. Adicionalmente, mesmo quando o racional da transação (tese de investimento) não
Entre as razões apontadas como justificativa para o insucesso dessas operações temos: o
aumento da complexidade e do risco no ambiente corporativo; o fato economia global ser cada
os executivos por resultados cada vez maiores e em menor tempo. Esses fatores conjugados
postula que – em função do aumento da complexidade dos negócios, riscos e regulações – nos
aumentando assim sua importância e complexidade. Na busca do entendimento dos fatores que
2
impactam no sucesso das transações de Fusões e Aquisições, Sales & Zanini (2017) investiga
as razões que levaram a não concretização das operações. Para tanto, é proposto no estudo que
o processo de Fusões e Aquisições seja dividido em três fases conforme apresentado na Figura
1.
São consideradas como transações que falharam (não concretizadas) aquelas que tenham sido
canceladas nas fases iniciais (Fases 1 e 2) do processo de Fusão ou Aquisição, não tendo
Sales & Zanini (2017), o foco do presente estudo é analisar as dificuldades e problemas que
processo nas transações que foram concluídas e, portanto, chegaram a Fase 3 do processo,
3
Figura 2 - Ilustração do escopo do estudo
1.2 JUSTIFICATIVA
O tema abordado nesta pesquisa foi escolhido tendo em vista o crescimento e importância das
Fusões e Aquisições no ambiente de negócios observado nos últimos anos, bem como
crescimento da complexidade e riscos para investidores envolvidos nesses processos. Para que
1.448 transações anunciadas (TTR, 2020), valor maior que o PIB de alguns países da América
do Sul.
Intenciona-se que este estudo contribua para o entendimento das falhas nos processos de Fusões
4
1.3 PERGUNTA
Quais são as maiores e mais impactantes dificuldades para realização de processos de Fusões e
Aquisições no Brasil, com base na percecpção dos profissionais que atuam nesse segmento?
1.4 OBJETIVOS
O objetivo principal deste estudo é complementar a pesquisa apresentada em Sales & Zanini
(2017), visando identificar os problemas e dificuldades que aparecem nas transações de Fusões
primeiras fases que não foram identificados preliminarmente ou mesmo não foram
processo de Fusões e Aquisições que não foram citados no referencial teórico pesquisado por
ser um problema novo ou mesmo uma situação particular das transações realizadas no Brasil.
5
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
De acordo com Barney (1999), as oportunidades de crescimento exploradas pelas firmas podem
ser alcançadas através da utilização dos recursos disponíveis que são considerados raros,
valiosos e de difícil reprodução, gerando dessa forma uma vantagem competitiva para aquelas
tendo relação com sua capacidade instalada, mas sim com a capacidade da administração em
recursos externos como tecnologia, um novo produto ou negócio ou mesmo aquisição de outra
empresa. Em linha com essa visão, Dickerson e Tsakalotos (1997) argumenta que o crescimento
das empresas pode ocorrer de forma orgânica – a com a expansão de novas plantas, novos canais
operações de Fusões e Aquisições, permitido que as empresas possa obter um crescimento mais
Impusionada pela transformação digital, a última década foi marcada por mudanças
significativas e cada vez mais rápidas no ambiente de negócios. Neste contexto, a estratégia de
crescimento inorgânico via Fusões e Aquisições se tornou ainda mais relevante, visando gerar
incrementos nas receitas em períodos cada vez curtos (PORTER, 1985). Segundo Carey (2000),
para responder a estas expectativas do mercado o crescimento via Fusões e Aquisições mostra-
se mais rápido do que o crescimento orgânico, sem com isso substituir o crescimento interno e
alianças estratégicas.
6
2.1 FUSÕES E AQUISIÇÕES
De acordo com Papadakis & Thanos (2010), Fusões e Aquisições é um tema de alta
Tarba, & Brock (2009) postula que Fusões e Aquisições também é uma importante estratégia
empresarial, comum para as empresas que buscam entrar em novos mercados, superar
concorrentes ou adquirir recursos valiosos como tecnologia, recursos físicos (como uma planta
Alam, Khan & Zafar (2014) destaca a existência de diferentes razões para adoção da estratégia
de crescimento via Fusões e Aquisições, mas que o conceito básico por trás desses processos é
– em geral – a suposição de que duas empresas juntas são mais valiosas do que a soma de seus
ativos separados (sinergia). Hubbard (2013) identifica diferentes razões para adoção da
estratégia de crescimento via Fusões e Aquisições, tais como: aquisição de recursos, integração
visão de Goedhart, Koller, & Wessels (2017) as estratégias utilizadas pelas empresas que
aumentam as chances de criação de valor com Fusões e Aquisições são: melhorar o desempenho
seu negócio.
Visando aumentar as chances de sucesso nas transações de Fusões e Aquisições, Cohen &
Levinthal (1990) sugerem que as empresas efetuem uma auto avaliação sobre sua capacidade
7
absortiva – capacidade de assimilar o diferencial de valor da empresa-alvo, de aproveitar as
sinergias e colher os beneficios da operação. Em linha com essa proposição, Deng (2010)
postula que as empresas que desejam adotar Fusões e Aquisições como alternativa para
crescimento precisam ter a capacidade absortiva como base de sua estratégia corporativa.
Partindo dessas proposições, podemos inferir que Fusões e Aquisições são operações
complexas, que podem ser desencadeadas por motivações e objetivos diversos. Exigem preparo
das organizões que desejem adota-las e são cercadas de varias fontes de risco, que aparecem
desde o início das negociações até o prazo final para reclamações sobre as cláusulas de
Aquisições, Henry (2005) divide este processo em três períodos ou fases, com base em dois
pré-fechamento.
É importante destacar que outros trabalhos também organizam as diferentes tarefas do processo
de Fusões e Aquisições em três fases como por exemplo Sales & Zanini (2017): Pré-transação
deal).
De acordo com Zollo & Meier (2008), diversas são as formas de mensuração de desempenho
premissas múltiplas, complexas e com prazos diversos. Zollo & Meier (2008) postulam ainda
que existem ao menos três diferentes níveis aplicáveis à análise de uma transação e diferenças
Considerando que o desempenho em Fusões e Aquisições tem uma relação direta com o
atingimento dos objetivos definidos para transação e o racional do investimento utilizado para
sua aprovação, medi-lo pode ser uma tarefa desafiadora e complexa em função da falta de
Diversos estudos apontam que um grande número de transações não atingem os objetivos
WEISBACH, 1992; ADAMS & NEELY, 2000; PERRY & HERD, 2004). Ou seja, apesar da
premissa das transações de Fusões e Aquisições ser justamente gerar valor, estatisticamente as
chances de isso acontecer aparentemente não são altas, tornando a realização de uma transação
razões para as falhas nesses processos e o que pode ser feito para melhorar do desempenho em
futuras transações. Gomes, Angwin, & Weber (2012) postula que, a despeito do grande número
de trabalhos que concluem sobre o alto grau de insucesso em Fusões e Aquisições, essas
pesquisas em geral não são conclusivas quanto as razões desse grande número de insucessos.
Uma possivel explicação para a falta de estudos mais conclusivos decorre do fato de que os
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estudos – em geral – são fragmentados, com limitações sobre o entendimento da complexidade
Diversos trabalhos indicam problemas ocorridos em Fusões e Aquisições, permitindo que esses
sejam associados as etapas (pontos) dos processos: (i) estratégia, (ii) negociação, (iii) due
dilligence, (iv) avaliação econômia, (v) contrato de aquisição, (vi) reorganização societária,
(vii) plano de 100 dias, (viii) integração e (ix) ajuste de preço. Essas etapas – onde percebem-
se as falhas que levam ao insucesso em Fusões e Aquisições – podem ser relacionadas as três
2.4.1 Estratégia
nas transações de Fusões e Aquisições, postulando que o desempenho das operações ficam
muitas vezes aquém das expectativas em função de combinações incorretas dos candidatos
10
transações relacionadas à negócios existentes e as transações que poderiam transformar
falta de uma visão estratégica clara, o que leva as empresas a escolher o parceiro errado. Jensen
(1982) postula que muitas empresas agem prematuramente e começam a buscar acordos sem
Bruner (2005) observa que uma falha corriqueira em transações de Fusões e Aquisições é a
escolha de empresas de outras áreas de negócio, sem que haja o entendimento adequado da
complexidade dessas atividades. Harford, Humphery & Jenner (2010) argumentam que uma
possivel explicação para o erro na escolha da empresa-alvo esteja no fato que em muitos casos
os executivos destroem valor fazendo transações para preservar suas posições, poder, seus
próprios interesses. Liu, Taffler & John (2009) apontam que um fator que pode levar a escolha
errada da empresa-alvo é o excesso de confiança dos CEOs, o que pode aumentar o valor da
transação e fazer com que estes executivos subestimem os riscos de uma transação de Fusão e
2.4.2 Negociações
De acordo com Sales & Zanini (2017) um dos grandes problemas enfrentados nas negociações
proveniente da falta de governança corporativa nas empresas, fazendo com diversas transações
sejam canceladas. Esse problema é geralmente mais grave e comum em empresas de pequeno
porte ou que apresentam gestão familiar. O fato de 56% das transações no Brasil envolverem
11
Ao final das negociações iniciais, as partes assinam um documento geralmente chamado
diretrizes e premissas gerais da transação. Sales & Zanini (2017) observa que outra fonte de
superestimando o valor da transação, gerando uma expectativa de valor para o vendedor que
de informações, nas mais diferentes áreas, com o intuito de identificar fatos e riscos relevantes
que possam impactar a transação e/ou o valor do negócio. É a oportunidade para o comprador
obter mais informações sobre a empresa, bem como aperfeiçoar o modelo do novo negócio,
um maior risco, uma vez que as informações disponíveis para apoiar as negociações com a
empresa-alvo são limitadas. Howson (2003) afirma que uma due diligence bem-sucedida leva
a rodadas de negociação e, se tais negociações forem bem sucedidas, o negócio está definido.
Sales & Zanini (2017) concluíram que os resultados do processo de due diligence muitas vezes
acabam com uma transação por revelar a falta de documentação e informações sobre a empresa
e práticas de informalidade nas vendas ou no pagamento aos empregados, bem como outras
práticas de negócio questionáveis. Papadakis V. (2007) observou que uma das explicações para
1
processo de levantamento, investigação e análise de informações nas mais diferentes áreas com o intuito de
identificar fatos e riscos relevantes que possam impactar a transação e/ou o valor do negócio.
12
as empresas não alcançarem a performance planejada em transações de Fusões e Aquisções,
são falhas na due diligence, implicando que, após o fechamento das transações, riscos e outras
situações que não foram identificadas no processo de due diligence apareçam afetando o
De acordo com Business Week (2002), 61% das empresas que adquirem outras destroem valor,
principalmente porque os compradores pagam mais do que deveriam pela aquisição do negócio.
do negócio ser maior que real valor da empresa alvo. Gomes, Angwin, & Weber (2012)
postulam que para que uma transação tenha sucesso é fundamental pagar preço justo. Sales &
Aquisições é que a avaliação do negócio é muito otimista e não realista. Bruner (2005)
corrobora que o excesso de otimismo nas premissas é um problema. Liu, Taffler & John (2009)
entende que uma explicação para isso seja o excesso de confiança da administração, enquanto
Lynch & Lind (2002) aponta um excesso de otimismo na análise das sinergias entre as empresas
risco de problemas de uma empresa contaminarem outras. No Brasil este risco é ainda maior
13
reorganização societária é feita para tentar reduzir estes riscos, blindando o negócio que está
sendo vendido.
Desta forma, em grande parte das transações, existem as chamadas condições precedentes para
transação (HENRY P., 2005), que prevê a separação e delimitação do perímetro da transação.
como cisão, fusão, incorporação e etc. O problema nessas situações é o conflito de interesses
entre as partes de forma que nem sempre a melhor solução de redução do ganho de capital para
compradores.
Segundo Henry (2005), no contrato de aquisição existem uma infinidade de pontos que podem
impactar a transação em processos de Fusões e Aquisições, como por exemplo: (i) a jurisdição
onde eventuais conflitos serão resolvidos; (ii) quais leis são aplicáveis à transação, uma vez que
ela pode ocorrer considerando que comprador e ativos adquiridos podem estar em diferentes
países ou até mesmo em vários países ao mesmo tempo; (iii) a negociação e elaboração dos
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Entretanto, as definições do que é EBITDA, dívida líquida e capital de giro para efeito da
problemáticas.
Segundo Henry (2005), um dos grandes problemas é que em muitos contratos estas cláusulas
não levam em consideração diferenças de práticas contábeis (GAAP). De acordo com Sales &
Zanini (2017), outro grande problema é quando os vendedores assumem alguns riscos e adotam
práticas contábeis agressivas. Por exemplo, o comprador e vendedor podem atender às normas
duvidosa. Entretanto, o comprador pode ser mais conservador e provisionar 50% após 30 dias
de atraso, enquanto que os vendedores podem provisionar 50% apenas após 180 dias em atraso.
Um ponto relevante – que pode ajudar a coibir disputas entre comprador e vendedor – é a
documentação dos ajustes identificados durante a due diligence que deverão ser considerados
(HENRY , 2005). Adicionalmente, alguns contratos não deixam claro qual norma contábil é
válida para efeito do contrato, as normas vigentes na data da assinatura do contrato ou as normas
contábeis vigentes quando do evento futuro como o exercício de uma cláusula de opção de
seria a falta de planejamento para o processo de integração. Desta forma, para que a empresa
15
sua comunicação interna e externamente (GOMES, ANGWIN & WEBER, 2012). Em linha
com essa proposição, Perry & Herd (2004) postulam que boa comunicação com mercado é
fundamental para um bom relacionamento com stakeholders2. Nesse sentido, é fundamental ter
um plano dos 100 primeiros dias para que todos saibam exatamente o que fazer.
fiquem “tranquilos” e , após alguns dias, iniciam o processo de demissões, gerando descrédito
e desmotivação da equipe.
2.4.8 Integração
integração entre as empresas. Desta forma, para aumentar as chances de sucesso é fundamental
De acordo com Lynch & Lind (2002), uma estratégia de integração eficiente reduz riscos e
atrasos no processo. Papadakis V. (2007) advoga ser relevante envolver a média gerencia no
dos principais motivos que levam ao cancelamento de transações (Sales & Zanini, 2017;
Papadakis V., 2007; Lynch.& Lind, 2002; Perry & Herd, 2004; Bruner, 2005; Gomes, Angwin
2
Pessoa ou grupo que tem interesse em uma empresa, negócio ou indústria, podendo ou não ter feito um
investimento como por exemplo acionistas, empregados, fornecedores e clientes.
16
2.4.9 Ajuste de Preços e Outros Desdobramentos após o Fechamento da Transação
Um ponto muito sensível em processos de Fusões e Aquisições, origem de muitas disputas entre
(HENRY, 2005). Outros pontos destacados em Henry (2005) serião: i) foco de problema como
a quebra de covenants3; ii) diferentes interpretações sobre período de exercício de direitos e/ou
obrigações.
Reddy, 2016 postula que nesta fase um dos grandes problemas é a fragilidade dos relatórios
financeiros. No Brasil, isso é agravado em função de grande parte das transações de Fusões e
fragilidade em sua contabiliade e controles internos inadequados. Desta forma, é muito comum
Segundo Perry & Herd (2004), as melhoras práticas em um processo de Fusão e Aquisição são:
(i) envolver especialistas de Fusões e Aquisições; (ii) acreditar mas verificar; (iii) manter o foco
Mesmo com estas boas praticas, as evidências sugerem que não há como evitar todos os riscos
3
Cláusulas contratuais que não são garantias em si, mas têm função de garantia pois exige que o devedor fique
aderente durante a vigência do contrato à parâmetros acordados com credor no momento da captação da dívida.
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Quanto melhor for a combinação (complementariedade) e a qualidade dos especialistas
Segundo Bruner (2005), falhar em transações de Fusões e Aquisições pode impactar: (i) no
organizacional; (v) prejudicar sua reputação; e (vi) violar leis e normas éticas.
A tabela 1 apresenta um resumo com as nove etapas do processo de Fusões e Aquisições onde,
18
Etapa do processo Principais problemas
de M&A
Desempenho em Fusões e Falta de consenso sobre como medir a performance em um processo de Fusão de
Aquisições Aquisição (ZOLLO & MEIER, 2008)
[1] Estratégia Falta de visão estratégica clara da transação (PAPADAKIS V., 2007)
Escolha errada da empresa-alvo (CHRISTENSEN, 2011)
Escolher empresas de outras áreas sem entender o negócio (BRUNER, 2005)
Transações fechadas por interesse dos executivos e não da empresa (HARFORD,
HUMPHERY & JENNER, 2010)
[2] Negociações No Brasil maior parte das transações envolvem empresas familiares (DELOITTE,
2006)
Falta de Governança Corporativa e falta de informações com qualidade (SALES
& ZANINI, 2017)
[3] Due diligence Falhas na due diligence prejudicam o desempenho de Fusções e Aquisições
(PAPADAKIS, 2007)
[4] Valuation Empresas destroem valor por pagar mais que o real valor da empresa alvo
(PAPADAKIS, 2007)
Avaliações muito otimistas e não realistas (SALES & ZANINI, 2017)
Excesso de otimismo nas premissas (BRUNER, 2005)
Excesso confiança da Administração (LIU, TAFFER, & JOHN, 2009)
Cenário otimista de sinergias (LYNCH & LIND, 2002)
[5] Contratos Contratos complexos com pontos que podem impactar a transação (HENRY P.,
2005)
Contratos que não levam em consideração diferenças de práticas contábeis
(HENRY P., 2005)
Empresa-alvo com práticas contábeis agressivas (SALES & ZANINI, 2017)
Erro nas definições e fórmulas de EBITDA, dívida líquida e capital de giro
(HENRY P., 2005)
[6] Estruturação Risco de problemas de uma empresa contaminarem outras (BRUNER, 2005)
[7] Ajuste de preço, earn- Ajustes de preços e earn-out são origem de muitas disputas entre comprador e
out/opções vendedor (HENRY, 2005)
Fragilidade dos relatórios financeiros (REDDY, 2016)
[8] D+1 / 100 primeiros Falta de planejamento para o pós-fechamento e falta de planejamento
dias (PAPADAKIS V., 2007)
Comunicação interna e externa da transação (GOMES, ANGWIN & WEBER,
2012)
[9] Integração Estratégia de integração (GOMES, ANGWIN & WEBER, 2012)
Não gerenciar riscos na integração (LYNCH & LIND, 2002)
Negligenciar oportunidades de crescimento (PAPADAKIS V., 2007)
Ausência de integração cultural (PAPADAKIS V., 2007)
Tabela 1 – Resumo dos principais problemas em Fusões e Aquisições segundo revisão bibliográfica
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3 MÉTODO
Apesar da maior parte das empresas que compram outras empresas destruirem valor
e não são conclusivos, com limitações sobre o entendimento da complexidade dos processos
(GOMES, ANGWIN, & WEBER, 2012). Ou seja, os estudos sobre desempenho geralmente
são qualitativos, apontam o problema mas não detalham e identificam a sua origem.
Desta forma, este estudo procurou levantar junto aos profissionais que atuam no mercado de
referencial teórico realmente ocorrem ou não no Brasil; (ii) identificar problemas não
mencionados no referencial teórico por serem problemas novos ou mesmo locais; e (iii)
profissionais de mercado com experiência na área de Fusões e Aquisições; (iv) coleta dos dados
informações coletadas dos profissionais de mercado entre eles e com o referencial teórico; e
O método utilizado neste estudo seguiu os passos descritos em Sales & Zanini (2017), tanto em
20
Por se tratar de estudo exploratório, e a própria natureza complexa do problema de pesquisa,
optou-se por uma abordagem qualitativa e interpretativa, com o propósito não somente de
Os métodos utilizados produziriam dados de maior validade do que roteiros, graças à interação
aparecimento de novos elementos e a identificação de aspectos que não seriam capturados por
Em linha com Sales & Zanini (2017), este projeto adotou uma abordagem qualitativa com
due diligence que são contratados pelas empresas e assessores legais envolvidos nas
Conforme descrito acima, o universo são profissionais que trabalham em grandes gestoras de
recursos, bancos de investimento, empresas com histórico de Fusão ou Aquisição, bem como
Aquisição.
A escolha dos profissionas deu-se por critério de intencionalidade, uma vez que o objetivo era
Importante destacar que, por questões de saturação teórica, as entrevistas se limitaram aos 10
A coleta de dados ocorreu em duas etapas: uma pesquisa preparatória, na qual foi realizada a
fim de criar um embasamento teórico e a pesquisa de campo, na qual os dados foram obtidos
através entrevistas de profundidade com questões genéricas com profissionais que atuam no
22
O roteiro de pesquisa contemplou os pontos mais recorrentes identificados na na revisão teórica,
Fusões e Aquisições.
A generalização dos resultados obtidos nestas pesquisa são limitados em função da limitação
inerente ao próprio método utilizado, uma vez que a abordagem qualitativa é influenciada por
aspectos que não seriam capturados por instrumentos que padronizam as informações.
assessores financeiros e legais dos mais qualificados do Brasil. Desta forma, caso este pesquisa
23
4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Conforme apontado por Zollo & Meier (2008), os resultados da pesquisa confirmam que não
como em qualquer transação comercial, os objetivos dos vendores e dos compradores são
diferentes, com premissas e objetivos múltiplos que podem ser de curto, médio ou longo prazos.
“Transação bem-sucedida é aquela que atinge os objetivos de quem a imaginou. Depende muito
da tese de investimento, que pode ser uma entrada bem-sucedida em um mercado, aumentar o
EBITDA da companhia, consolidar ou adquirir uma plataforma para fazer uma consolidação
principalmente investidor estratégico, que ele fala: “Esta transação é estratégica para gente”
(AE1).
posicionamento de mercado e até mesmo impor uma barreira de entrada para outros
competidores. Segundo AE2, “Não há uma única resposta porque em qualquer transação os
Adicionalmente, AE2 nos confidencializou estar participando de uma transação onde o único
interesse do comprador é evitar que outro competidor possa adquirir um determinado ativo no
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concorrente no mercado local. “Eu estou ajudando um cliente do lado do vendedor e o único
interesse do comprador é evitar que um outro competidor possa adquirir este ativo.” (AE2).
“Performance é a geração de valor para o acionista não somente no curto prazo mas também
Para IE1, o fechamento da transação é uma primeira medida de performance de curto prazo,
entretanto, nos casos de aquisições após 2 ou 3 anos da data do investimento são feitas análises
“Em geral é muito em função de conseguir atingir o sining e em geral também o closing.
Entretanto, para aquisições é feito uma análise Pós EVTE (Pós Estudo de Viabilidade Técnico
Econômica) após 2 anos pelo menos, com viés mais de enfoque financeiro.” (IE1).
25
4.2 NOVE PRINCIPAIS PONTOS QUE IMPACTAM A TRANSAÇÃO
Segundo Bruner (2005), o erro estratégico mais comum em transações de Fusões e Aquisições
complexidade. De acordo com as informações obtidas nesta pesquisa, existem casos onde a
clientes estratégicos sem muita experiência em Fusões e Aquisições no Brasil, tais como
clientes estratégicos internacionais entrando no Brasil pela primeira vez. Este entedimento pode
“Há casos onde a aquisição foi feita sem um domínio completo da tese de investimento.”
(AE1).
“Talvez o grande problema das transações de M&A é que elas não são pensadas.
destaca como um erro estatégico comum seria a falta de uma visão estratégica clara sobre a
“Um dos problemas que pode acontecer é comprar um ativo sem ter muita certeza do que você
irá fazer e apenas gerir melhor o ativo não irá assegurar o retorno esperado.” (GPE2).
26
“Já erramos diversas teses de investimento como investir em alguns setores pré-crise e os
resultados não foram positivos. Entretanto, a outra hipótese também é verdadeira pois já
investimos em uma série de empresas que achávamos que iríamos nos dar bem por uma coisa
e acabamos nos dando bem por outras coisas, que não necessáriamente estavam em nosso
radar.” (GPE1).
Para mitigar o risco de alinhamento estratégico e uma falta de visão clara da transação é
necessário desenvolver uma tese de investimento detalhada, com um plano de negócio robusto
prevendo o que será feito, quando será feito, o crescimento do mercado e, principalmente,
validar a tese de investimento o que pode inclusive, contar com a contratação de consutorias
"Uma das maiores preocupações que temos na entrada é ter um plano de negócios muito claro
do que iremos fazer com o ativo. Para gerar o retorno esperado, uma série de coisas tem que
acontecer como fazer M&A, crescer organicamente, a margem tem aumentar, o setor tem que
crescer.” (GPE2).
vezes fazer ajustes e correções em seu planejamento estratégico, o que pode alterar as premissas
adotadas nas teses de investimento pré-fechamento. Segundo IE1: “No passado a empresa
endividamento, e a empresa passou a desinvestir dos negócios que não estavam ligados ao seu
27
Outro ponto mencionado e confirmado nesta pesquisa foi que em alguns casos a transação
acontece por motivações irracionais e interesses pessoais dos executivos que estão tocando a
operação. Segundo AE1, “Muitas vezes a transação acontece por vaidade ou por outros
falta de informações com qualidade nas empresas que estão sendo objeto de Fusões e
vendedores pode ajudar a não somente facilitar o processo de Fusões e Aquisições com também
extrair os melhores resultados para ambas as partes. Este entendimento pode ser obsevado nos
seguintes depoimentos:
“Os primeiros contato podem fazer muita diferença, principalmente quando for um processo
que não esteja sendo organizado por um banco, um processo de negociação direta entre
comprador e vendedor. Nestes casos, se as negociações forem conduzidas com a pessoa correta,
é possível criar um laço de confiança que possibilita fazer um processo de Fusões e Aquisições
mais rápido, menos traumático e, em alguns casos, pode até ser fechado por um preço mais
“A maneira como você aborda os vendedores pode abrir a porta para ter uma negociação mais
amistosa, que permita extrair melhores resultados para ambas as partes.” (AE1).
28
Entretanto, quando a transação está sendo intermediada por um assessor financeiro, a tendência
é que a relação entre comprador e vendedor fique mais distante e profissional uma vez que
deverá ser conduzida primordialmente pelos assessores financeiros. Segundo BI1, “Em
processos de M&A competitivos, este ponto fica mais difuso, até porque o primeiro acesso e as
negociações serão conduzidos pelo assessor financeiro dos vendedores e neste caso não faz
muita diferença.”
Importante destacar que a forma de negociação e a relação entre comprador e vendedor é ainda
mais relevante nos casos onde o comprador está adquirindo apenas uma participação na
empresa de forma que comprador e vendedores passarão a ser sócios no negócio. Nestes casos,
um eventual desgaste nas negociações pode impactar a relação entre os sócios após o
fechamento da transação. Segundo BI1, “Quando a transação é apenas por uma participação
negócio, a forma de conduzir as negociações é muito mais importante porque, desde o começo,
o comprador já estará ditando o jeito de como será sua administração após o fechamento do
negócio. Você não pode sentar o chicote durante seis meses na negociação e achar que depois
Nos casos onde o comprador e o vendedor serão sócios, outra questão abordada foram os riscos
de relacionados a uma discrepância muito grande de tamanho entre comprador e vendedor, onde
o acionista de pequeno porte pode não ter disponibilidade de capital para fazer frente às
tamanho entre sócios porque em caso de dificuldades no negócio, o sócio menor pode não ter
o mesmo lastro financeiro para aguentar eventuais flutuações e fazer os aportes necessários para
29
Nos casos onde o vendedor irá continuar no negócio como sócio, conselheiro e/ou executivo,
os primeiros contatos e a fase de negóciação é uma etapa muito importante também para que o
comprador possa avaliar a qualidade dos vendedores, bem como possa negociar detalhadamente
controlador para posição de minoritário e até apenas para posição de executivo. Os depoimentos
"O principal problema de investimentos de private equity é a relação com os sócios. Na nossa
experiência, a maior causa de investimentos darem errado foi problemas de governança com os
sócios. Então este é um negócio que temos um cuidado muito grande.” (GPE2).
“Nós tomamos bastante cuidado para nos proteger contratualmente no que entendemos ser
relevante. Temos nossos checklists internos e nosso processo de revisão contratual para ter
certeza de que está tudo ali contemplado. Também tomamos alguns cuidados para não esticar
a corda com coisas que não são relevantes. É um processo de puxa e empurra e de acomodações
do conselho de administração. Esta é uma mudança mais traumática que a maioria das pessoas
imaginam.” (AE2).
30
4.2.3 Due diligence
Papadakis (2007) aponta que as falhas na due diligence seriam uma das principais razões para
que as empresas não alcançacem o desempenho planejado nas transações. Esse ponto também
“Uma due diligence ajuda o comprador tanto sair de uma transação ruim como também
continuar na transação, entender exatamente onde está pisando e transformar as questões que
são levantadas em números que podem deduzir o valor do ativo, ou ser objeto de alguma
De forma geral, a due diligence básica padrão – que inclui em seu escopo procedimento nas
“As áreas tributária e trabalhista não constumam ser um problema porque o fisco de uma certa
Os entrevistados (IE1, ADV1 e AE2) também destacaram a importância de fazer uma reflexão
por comprador e de seus assessores em relação ao escopo da due diligence, sendo que, cabe ao
assessor provocar seu cliente a pensar o que é importante e o que não é importante na transação:
“Quanto mais sofisticado o comprador, maior o escopo de due diligence contratado.” (ADV2).
“Os problemas mais frequentes são mais questões operacionais e integridade dos ativos. É um
bom diagnóstivo do que você está adquirindo para depois você não ter um “Kinder Ovo” lá na
31
“Em relação ao escopo da due diligence, o acessor deve provocar o cliente dele a pensar sobre
Outro ponto também destacado foi a importãncia da due diligence dos sócios, administradores
e do próprio ativo em relação a questão de compliance uma vez que o impacto de uma
contingencia tributária e/ou trabalhista comum geralmente se limita à uma questão financeira,
enquanto que, nos casos de problemas de compliance, o ativo da transação pode ser envolvido
em um processo criminal envolvendo ministério público e mídia, que pode até colocar em risco
“Os problemas que acendem a luz amarela são as questões concorrenciais, criminais,
ambientais e regularórias. São questões que mesmo sem grandes valores de contingência,
"Todas as due diligences são importantes, mas ultimamente a questão de FCPA é algo que
“Hoje há diligencias anti-corrupção e já pegamos problemas que outros fundos não pegaram e
investiram.” (GPE1).
Pesquisas demonstram que uma parcela considerável das operações de Fusões e Aquisições
destroem valor porque os compradores pagam mais do que deveriam na transação (BUSINESS
32
Entretanto, a pesquisa efetuada com profissionais de mercado revelou que – na opinião dos
postulam que de forma geral as negociações locais estão sendo conduzidas dentro de parâmetros
“Nos últimos anos o Brasil não tem passado por transações com multiplos altos, uma vez que
o cenário é de pouca concorrência, escassez de capital e oportunidades não estão com o preço
altos.” (GPE2).
"O fluxo de caixa descontado serve para você construir um cenário, que você não sabe se é o
cenário que irá efetivamente acontecer, e ver se aquele cenário é factível. Você não pode fazer
uma única análise. Ao apresentar ao board um cenário otimista, é preciso dizer que este cenário
é otimista, pode não se materializar e, de alguma forma, ponderar quanto esse negócio irá valer
se der tudo errado, o que a gente acha que este negócio vale e qual o upside potencial que pode
ter nesse negócio. Normalmente não acontece um erro de valuation, acontece sim um erro de
Não obstante, as entrevistas confirmaram que o valuation é uma ferramenta com muitas
premissas, que pode ser manipulado e que muitas vezes é utilizado apenas para justificar o valor
33
"Valuation é uma arte e não uma ciência. Eu sempre gostei da frase de que o negócio vale o
preço que o vendedor aceita vender e o comprador aceita pagar e isso define o preço.” (AE2).
“Algumas vezes o valuation é mais utilizado mais para justificar o que acontece na negociação
junto a seus acionistas do que definir um preço. Um fluxo de caixa ajuda como um ponto de
"O comprador contrata alguém independente para montar um valuation mas quando o número
está muito diferente do número do vendedor, o próprio comprador começa a alterar as premissas
(“marretar”) para dar um número mais parecido com o número que o vendedor está pedindo e,
então, ele possa justificar para o board ou para os outros executivos que a transação tem
Outro ponto destacado é a capacidade e o conservadorismo dos gestores de private equity locais
na hora de fazer um valuation e fechar uma transação no Brasil. Seguem abaixo alguns
depoimentos:
“Em relação ao valuation, os fundos de private equity são mais conservadores, investidores
estratégicos locais são mais realistas e investidores estratégicos internacionais tentando entrar
"Isso acontece mas nós tentamos ser muito disciplinado nos preços que pagamos.” (GPE2).
34
"Do ponto de vista de capacidade de precificação, isso é um negócio que agente faz
constantemente e desta forma agente pega o que a gente projetava e confronta com o que foi
realizado. Agente tem lá as principais alavancas, agente decompoe o retorno pelas principais
No contrato de aquisição existem uma série de pontos que podem impactar a transação
“Um contrato de aquisição (“SPA”) mal feito gera um esqueleto no armário!” (AE1).
“Nos trabalhos de ajuste de preços encontramos coisas mal definidas que geram discussão.
Earn-out é uma coisa complicada porque é negociado quando o vendedor controla e empresa e
(AF1).
“Quando a negociação está difícil, uma das formas de resolver o impasse entre comprador e
vendedor e destavar a transação é inserir mais complexidade na transação como por exemplo
um ajuste de preço, ajuste de performance, earn-out vinculado a algum evento futuro e etc.”
(GPE2).
“O contrato para formalizar a transação geralmente é elaborado pelos advogados de uma das
partes e, posteriormente, enviado aos advogados da outra parte para revisão. Após uma série de
idas e vindas este documento é finalizado e enviado para os líderes da equipe compradora e
vendedora para revisão final. A documentação da transação deveria ser enviada ao assessor
35
responsável pela due diligence para que ele tivesse a oportunidade de ler e comentar se as
definições de EBITDA, dívida líquida e capital de giro fazem ou não sentido, bem como se as
fórmulas de preço, earn-out e opções de compra/venda apresentam algum tipo de erro.” (AE2).
Entretanto, seja por falta de tempo ou mesmo redução de custo com os assessores na transação,
assessores financeiros antes de sua assinatura, conforme corroborado por AE2: "Poucas vezes
e dívida líquida. A discussão dos contratos deveriam envolver um número maior de pessoas
mas isso não acontece porque os advogados querem controlar este processo e por limitação de
tempo.”
Ou seja, para reduzir o risco de erros e omissões nos documentos da transação, o ideal é: (i)
contrar assessores legais qualificados e com experiencia em Fusões e Aquisições; (ii) envolver
Segundo BI1, "Você resolve este tipo de problema contratando um advogado de primeira linha.
Normalmente estas divergências acontecem quando a companhia quer fazer o que chamamos
de economia porca. Você vai pagar US$1 bilhão em um ativo e quer economizar no advogado
disputas na execução do contrato. “A cada layer que você coloca no contrato, você dificulta
36
mais a execução do contrato depois. Hoje tentamos simplificar ao máximo a estrutura do deal4
e, cada vez que a complexidade do deal aumenta, nós reduzimos a atratividade da transação
porque sabemos que em caso de um problema de interpretação lá na frente, nosso direito estará
prejudicado.” (GPE2).
Outro ponto destacado é que, tanto comprador como vendedor concentram suas atenções no
complexidade como earn-out e cláusulas de opções são inseridas, acaba ficando em segundo
plano.
“Talvez este foco no SPA explique em parte os erros e dificuldades identificados quando da
“Embora o SPA seja muito importante, algumas vezes o acordo de acionista é deixado em
segundo plano. Entretanto, em muitas transações no longo prazo o principal documento será o
contrato, procurando evitar: (i) a utilização de demonstrações financeiras com data fora do
fechamento mensal padrão que é o último dia do mês, (ii) quando for necessário fazer um carve-
fácil apuração de custos e despesas indiretas, e (iii) deixar claro no contrato e demais
documentos o que será feito caso ocorra alguma alteração nas práticas contábeis, se na execução
4
Transação de M&A.
5
Informação financeira gerencial de uma divisão, uma unidade ou um produto.
37
do contrato serão utilizadas as práticas contábeis vigentes na data de assinatura do contrato ou
uma empresa contaminarem outras (BRUNER, 2005). Esta situação é ainda mais relevante no
Brasil em função da maior parte das transações envolverem empresas familiares (DELOITTE,
2006) e empresas com carência de boa Governança Corporativa (SALES & ZANINI, 2017).
você fizesse a transação e gerasse um goodwill6 no passado, o ágio não seria questionado se
atendido alguns aspectos formais. Entretanto, nos últimos anos o fisco fechou algumas portas e
atender as questões formais, é preciso ter uma justificativa econômica por tras de todas as ações
“Há uma tendência de se pensar apenas na estuturação para que o comprador possa se proteger
tais como a redução do ganho de capital dos vendedores e a potencial apuração de ágio. Uma
estruturação bem planejada pode, em alguns casos, até viabilizar uma transação, abrindo
alternativas para alocação de preço a vários ativos, earnout e outros, o que pode ajudar a
6
Ágio pago por expectativa de rentabilidade futura.
38
“Quando se trabalha para o vendedor, você vai tentar montar uma estrutura de forma lícita,
legal e com substântia e intuito negócial, para evitar que o vendedor pague mais imposto do
que deveria. Mas pelo lado do comprador essa preocupação é muito maior porque mesmo com
principalmente quando o vendedor é não residente ou é um FIP que está sendo liquidado. Nestes
no Brasil são feitos com muito cuidado, geralmente assessorado por profissionais com grande
experiência no assunto:
“Sempre que tiver planejamento tributário, você precisa de assessor de qualidade.” (BI1).
eventualmente atender os interesses de alguns de nossos sócios, quado podemos acomodar nós
acomodamos.” (GPE1).
A estruturação da transação “É um item que discutimos bastante, que procuramos trabalhar bem
possibilidades, uma boa comparação entre eles. No nosso caso, não costumamos ver problemas
na estruturação.” (IE1).
todas as alterações nas práticas operacionais, tributárias e trabalhistas que precisam ser
39
implementadas já nos 100 primeiros dias ou durante o processo de integração. Segundo GPE2,
"Isso no Brasil é importante. Diferente do cenário internacional, aqui no Brasil um grande parte
das empresas não está adequada do ponto de vista tributário. Ou a empresa tem informalidade
de receita, ou alocada receita errada e paga menos imposto do que deveria, ou paga funcionários
por fora do regime CLT e etc. Na maior parte das vezes que compramos empresas, há uma
Segundo Henry (2005), a origem de muitas disputas entre comprador e vendedor são os ajustes
de preço, earn-out e exercício de opções, que foi confirmada por quase todos os participantes
“Em capital de giro eu nunca vi problema. O que dá muito problema é earn-out e cláusulas de
opções.” (ADV1).
Segundo BI1, GPE1, GPE2 e ADV1, o grande foco de problema e disputas entre comprador e
vendedor é o mecanismo de earn-out. Para BI1 e ADV1, apesar de ser um mecanismo muito
importante para viabilizar o fechamento de muitas transações, na maioria das vezes o earn-out
é apurado no médio/longo prazo, e seu resultado muitas vezes pode ser influenciado por
decisões de negócio do contrador, que eventualmente beneficiam ou prejudicam uma das partes.
transações com partes relacionadas em muitos casos são questionadas por acionistas
40
“Não gostamos da estrutura de earn-out porque há espaço para gerar muita discussão, briga e
por isso tentamos evitar ao máximo de forma a deixar a estrutura o mais simples possível.”
(GPE1).
“É, (earn-out) dá problema. O earn-out é muito bom teoricamente, mas sua implementação é
difícil porque não há como garantir que a empresa será administrada com o mesmo alinhamento
“Em muitos casos, o ajuste de preço, seja pelo método “locked box7” ou “completion account8”,
acontece pouco tempo após o fechamento da transação, o que reduz o risco de disputa quando
comprador como pelo lado do vendedor, ainda estão no projeto quando do ajuste de preço e,
Para reduzir o risco de problemas na execução dos contratos, uma das recomendações feitas
entre os sócios e que evite ser influenciado por transações com partes relacionadas, práticas
"A nossa linguagem de earn-out evoluiu ao longo tempo. Hoje o earn-out é calculado em cima
do nosso controle de retorno de forma que ele não seja afetado por alterações de práticas
7
Método de ajuste de preço de M&A onde o preço é definido no início da transação.
8
Método de ajuste de preço de M&A onde o preço é calculado no final da transação.
41
contábeis, multiplo e etc. O earn-out é calculado sobre ganho de capital na saída do
investimento.“
Segundo Gomes, Angwin & Weber (2012), para que o comprador consiga atingir seus objetivos
é fundamental estabelecer as lideranças pós-aquisição e ter um plano para que todos saibam
exatamente o que fazer. Nesta pesquisa, tanto GPE1 como GPE2 corroboraram a importância
dos primeiros dias após a aquisição, e da necessidade um planejamento detalhado com todas as
providências urgentes que precisam ser tomadas, previstas no plano de negócio e fundamentais
O plano de 100 dias precisa detalhar todas as ações a serem tomadas, prazos, responsáveis e
uma rotina de gerenciamento e reporte da evolução do plano. A relevância do plano pode ser
“Nossos planos de 100 dias tem foco para acelerar a geração de valor, dado que nossa taxa de
retorno é alta, como não fazer besteira e gerar destruição de valor com a nossa entrada. Em toda
empresa temos o plano de 100 dias, com foco para fazer acontecer nosso plano de negócio,
“Isso é muito importante! Como entramos com a posição de controle, nestes 100 primeiros dias
muita coisa acontece. A nova administração assume a companhia, implementamos bônus, stock
42
option9, toda mudança de uma empresa familiar para uma empresa profissional acontece e
corrigimos as práticas fiscais para não ficar gerando contingências. Para nós, este plano de 100
dias dias é crítico e geralmente fazemos isso com apoio de uma consultoria externa que nos
auxilia não somente com o plano de 100 dias mas também com a parte de comunicação interna.”
(GPE2).
Conforme relatos acima, a percepção de GPE1 e GPE2 é que o dia da transação os 100 primeiros
dias após o fechamento da transação são fundamentais para aumentar as chances de que os
Desta forma, não indentificamos nesta pesquisa nenhum indício sobre ocorrência de um grande
Segundo IE1, “Já escutei relatos de algumas dificuldades no D+1 e nos 100 primeiros dias, mas
nada de problemas críticos ou mesmo de perda significativa ao negócio. Acho que é uma boa
modelo que fez sucesso em um projeto você pode replicar em outros projetos.”
Uma boa comunicação interna permite inclusive na redução do risco de perder capital humano,
entendimento este corroborado pelo IE1 “Uma questão é reter talentos. Com uma boa
comunicação e um bom plano você pode identificar quem são os talentos e antes de fazer o
anúncio já conversar com estes profissionais e explicar o que está mudando, que haverá uma
9
Remuneração baseada em pagamento com ações da empresa.
43
transação, que o profissional é importante para a organização. Já tratar o profissional desde o
Segundo BI1, “Eu consigo identificar eventuais problemas que podem acontecer, mas eu diria
que eles vão muito mais na linha de você ter um ERP que roda no D+1 ou ter um TSA, que é
um contrato de transição para serviços acessórios. Então é muito mais questão de garantir que
você fez tudo isso com qualidade e garantir que você fez todo checklist para garantir que a
4.2.9 Integração
Como pode ser observados nos comentários a seguir, os maiores desafios na fase de integração
"Cultura, pessoas e sistemas. Hoje a maior parte dos problemas de integração, estão no campo
"Tem a questão de pessoas que já falamos. A questão de processo é super importante sim, você
tem que unificar software, ERP e outros. Você tem que garantir a captura da sinergia na área
pesquisa não foram identificadas grandes problemas nesta área. Segundo GPE2, "Nos primeiros
12 meses, nós já alteramos os sistemas para que comportem nosso plano de negócio que, em
geral, triplica de tamanho da empresa. Precisamos de sistemas que comportem três vezes mais
44
Na medida que grande parte das transações no Brasil envolve empresas familiares, de pequeno
e médio porte, a integração cultural parece ser o maior desafio, tanto para multinacionais
investido no Brasil, como também nos casos onde o comprador é uma empresa local
"Quando pensamos na ótica de nossas empresas investidas fazendo aquisição, isso é muito mais
"Isso não se aplica somente ao Brasil, isso se aplica em qualquer lugar do mundo. Qualquer um
que trabalha em uma empresa sabe que a cultura de uma empresa é diferente de outra empresa
e isso pode dar problema. As vezes um investidor está comprando uma empresa familiar, as
talvez não tenha a mesma autonomia comparado a uma empresa similar no exterior.” (AE2).
entrevistados não relataram nenhuma outra questão que já não estivesse sendo tratada dentro
dos 9 pontos cobertos nesta pesquisa. Foram citados itens como: “problemas de comunicação
10
Corpo gerencial abaixo da alta administração da empresa.
45
Entretanto, para melhorar a performance ou reduzir o risco em transações de Fusões e
Aquisições, os participantes deram muita ênfase a importância em dois grandes pontos: [1]
estruturação da transação são fundamentais para evitar grandes erros. É importante que a
tansação esteja alinhada com a estratégia da empresa, que os objetivos e o racional estejam
Segundo IE1, “A estruturação do projeto em si, é a fase mais crítica de todas. Você precisa
pensar muito bem quais são seus objetivos, o que você quer fazer, onde você quer chegar e,
Segundo AE2, “Você tem que perguntar porque você está fazendo esta aquisição e o que te faz
perder o sono? Discutir e planejar é super importante, se você gasta 10% ou 15% do tempo
AE1, “A adoção de boas práticas é uma coisa importante. Fazer um processo técnico, isso quer
dizer uma boa due diligence, uma avaliação realmente independente, o processo de integração,
processo de Fusões e Aquisições, é a seleção e o alinhamento com os sócios. Tanto GPE1 como
GPE2 relataram que o processo de avaliação dos sócios é mais importânte para eles que a
46
avaliação do próprio negócio envolvido na transação. Segundo GPE1, “No nosso caso, o mais
importante é a qualidade dos sócios e, para isso, temos nosso próprio modelo para avaliar se
aquele vendedor é um bom sócio ou não, e se ele pode dar problema. Na nossa cabeça, a relação
societária é uma das coisas que mais destroem valor se você não tem um bom fit de pessoas.”
Além um rigoroso critério de seleção dos sócios, é importante garantir que todos estejam
totalmente alinhados com o plano de negócio a ser executado. Quanto maior for o alinhamento,
sucesso. Segundo GPE2, “O que eu acho mais importânte é um alinhamento entre gestores,
sócios e executivos, que precisam necessáriamente estar olhando na mesma direção. Quando
você faz o plano de negócio, planeja o que será feito com a companhia, valida com as
consultorias externas de estratégia, de operações e amarra o modelo com uma visão muito clara
de para onde a companhia vai, é fundamental que o gestor e os sócios estejam alinhados com
este objetivo.”
A tabela 3 resume as principais conclusões em cada uma das áreas do processo de Fusões e
Aquisições:
47
Confir. Impacto Principais Comentários
problema potenc. Conclusões Finais
Conceito de N/A N/A Não um consenso sobre uma única forma de medir Assessores financeiros e legais sem
performance performance em M&A. Performance é atingir os clara visão da tese e dos objetivos da
objetivos da tese da transação que, não transação
necessáriamente se restringe a análise econômica-
financeira.
[1] Estratégia Sim Alto Uma das coisas mais importântes em uma transação Algumas transações são feitas sem um
é validação da tese da transação e seu alinhamento domínio completo da tese do
com planejamento estratégico. É preciso ter uma investimento e em alguns casos para
visão clara da transação e do plano de negócio que atender outros interesses.
precisa ser executado para atingir os objetivos.
[2] Sim Alto O principal problema de investimentos de private A transição dos sócio controlador para
Negociações equity é a relação com os sócios. Desta forma, a acionista minoritário e/ou executivos é
escolha do sócio e as negociações sobre a muito difícil, principalmente em casos
governança são muito importantes quando envolvendo empresas familiares.
comprador e vendedor serão sócios após
fechamento da transação.
[3] Due Não Médio O processo de due diligence é uma das etapas mais Avaliar a necessidade da inclusão de
diligence importantes em uma transação de M&A. outras áreas no escopo da due diligence
Entretanto, não há registro de grandes problemas na como: operação, comercial e relação da
execução da due diligence financeiro-contábil, empresa, administração e sócios com
tributária, trabalhista e legal no Brasil. corrupção (FCPA).
[4] Valuation Não Médio No Brasil valuation não é um problema. No Valuation é uma arte e não uma ciência.
passado ocorreram alguns problemas pontuais, Algumas vezes o modelo de avaliação é
principalmente envolvendo investidores feito para chegar no valor negociado e
estratégicos internacionais. dar suporte ao valor pago.
[5] Contratos Sim Alto No Brasil os contratos estão cada vez mais Simplificar os contratos, envolver os
complexos. É comum a identificação de erros nas assessores financeiros no processo
definições ou fórmulas de EBITDA, dívida líquida, revisão dos documentos e dar um tempo
earn-out e de opção de compra/venda. razoável para revisão final reduz o risco
de erros.
[6] Não Baixo No Brasil a estruturação é muito importânte e por É importante a estruturação contemplar
Estruturação isso feita por especialistas e amplamente discutida, os ajustes necessários para adequação
inclusive com auditores e outros assessores legais. do negócio e das práticas tributárias e
Talvez por isso não foi relatado qualquer problema trabalhistas ao novo cenário após o
relevante relacionado à estruturação das transações. fechamento da transação.
[7] Aj. preço, Sim Médio É comum a discussão de alguns pontos de ajuste de Para reduzir o risco de discussões, a
earn-out/opções preço. Entretanto, as maiores discussões e disputas recomendação é alinhar o interesse de
acontecem em cláusulas de earn-out, muitas vezes comprador/vendedor e tentar simplificar
em função de transações com partes relacionadas ao máximo as cláusulas de earn-out e
ou decisões do controlador. opções de compra/venda.
[8] D+1 / 100 Não Médio Os 100 primeiros dias após o fechamento da Um planejamento detalhado com todas
primeiros dias transação são fundamentais para aumentar as as providências e mudanças urgentes
chances de que os objetivos definidos na tese de que precisam ser tomadas logo após o
investimento sejam alcançados. Entretanto, não há fechamento são fundamentais para que
relatos de grandes problemas. a tansação tenha o retorno esperado.
[9] Integração Sim Baixo TI é importante na integração mas a percepção é A parte de TI é importante para suportar
que o maior desafio no Brasil está na parte de o plano de negócio e este ponto precisa
pessoas e cultura em função da transição de ser equalizado nos primeiros 12 meses.
empresa familiar para uma gestão profissional.
Outros pontos N/A N/A Os entrevistados não relataram nenhum problema Para melhorar a performance ou reduzir
que não já estivessem dentro dos 9 pontos cobertos o risco em transações de M&A é
nesta pesquisa. importante (i) a validação da tese de
investimento seu alinhamento
estratégico, e (ii) a escolha e
alinhamento com os sócios.
O objetivo principal desta pesquisa foi complementar Sales & Zanini (2017), visando identificar
48
fechadas e concretizadas, incluindo problemas ocorridos nas primeiras fases que não foram
interromper a transação.
Com base no referencial teórico e nas respostas obtidas nas entrevistas realizadas com os
quando falamos de riscos e explicações para baixa performance nas transações, a pesquisa
indicou que no Brasil, a percepção dos profissionais da Fusões e Aquisições é que os problemas
É importante destacar que, apesar da hipótese ter sido confirmada nas 5 etapas, a percepção dos
profissionais de Fusões e Aquisições é que as etapas (i) estratégia, (ii) negociações e (iii)
contratos seriam mais críticas e que equívocos e problemas ocorridos nessas três etapas podem
Nas etapas de (iv) ajuste de preços/earn-out e (v) integração foram reportados problemas que
49
Nas áreas de (a) due diligence, (b) avaliação (valuation), (c) estruturação e (d) fechamento e
100 primeiros dias após a transação a avaliação é que – apesar de relevantes no processo de
Importante destacar que participaram desta pesquisa apenas profissionais de grandes empresas,
gestores e assessores com experiência em Fusões e Aquisições. Desta forma, uma hipotese para
inexistência de relatados de problemas relevantes nestas áreas, seria o fato dos entrevistados
recursos de menor porte poderia revalarum resultado distinto, gerando uma oportunidade para
50
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APÊNDICE A
Roteiro da pesquisa
1. Na sua visão, o que seria e como se avalia a performance das transações em relação a
estratégia da empresa?
orgânico), quando crescer (hoje ou mais tarde), em que mercado (atual ou novos mercados) e
na performance da transação?
4. Qual a importância da due diligence na transação, como este trabalho é utilizado nas
transações e quais os principais pontos da due diligence que podem afetar a performance da
transação?
6. Quais os problemas observados, durante ou após as transações, que tiveram origem nas
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7. Qual a relevância da “Estruturação” na performance da transação e a estratégia da
empresa?
importância da precisão das fórmulas e de uma boa definição de EBITDA, dívida líquida,
capital de giro?
nos 100 primeiros dias e de que forma eles impactam a transação e a estratégia da empresa?
empresa?
11. Fora os pontos já discutidos neste roteiro, há alguma outra área, algum problema
recorrente nas transações ou mesmo um problema/dificuldade não recorrente, mas que quando
12. Para finalizar, do ponto de vista estratégico, quais os pontos-chave para melhorar a
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