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Sociologia - Prof.

Robson Becker Loeck

Como você vota?


O ato de votar é muito importante nas democracias representativas e, com exceção de
algumas práticas que a alargam, como por exemplo, as que ficaram conhecidas
como “orçamentos participativos”, é praticamente a única forma de participação política
utilizada por muitos dos brasileiros.
Diante dessa situação, e, ainda mais, caso nunca tenha pensado nisso,
torna-se oportuna a indagação: como você vota?
Pois bem, vamos a algumas possibilidades. Você vota em candidatos de um partido
político específico, levando em consideração aquele que defende os seus interesses e de
um coletivo, que defende, por exemplo, uma determina categoria profissional de
trabalhadores ou entidade patronal. Você, inclusive, pode ser um militante desse partido.
Não, você não é tão ligado assim a algum partido político, mas, desde sempre, ouviu na
sua família que um partido político é o melhor de todos e que seus avós sempre foram
partidários. Seus pais, pessoas em que você confia de “olho fechado”, seguem propagando
isso, e, então, nada mais lógico do que seguir votando nesse mesmo partido.
Ainda não é por aí, não é dessa forma que você define o voto. O que importa é votar em
um partido político (e seus candidatos) que defende uma “bandeira” com a qual você
concorda ou é ativista, como, por exemplo, a defesa da liberdade sexual, do meio
ambiente, da igualdade de gênero, etc.

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Sociologia - Prof. Robson Becker Loeck

Mais ou menos por aí, mas não desta forma. Você é daqueles que escolhe um partido
político e os candidatos baseado no que ouve e nas conversas que realiza no período
eleitoral, levando em consideração o que as pessoas do bairro e do seu local de trabalho
pensam. Caso acreditem em determinado partido/candidato, muito provavelmente essa
seja a melhor escolha, e você vota com eles, conforme a maioria.
Não, até o momento não se identificou como nenhuma das formas de escolha, pois você é
um daqueles brasileiros que odeia a política, acredita que todos os políticos são corruptos
e, consequentemente, que nenhum partido político presta e é digno do seu respeito. Você
está desencantado com “o sistema” e, provavelmente, diz o seguinte: “eu não voto em
partido político, eu voto é em pessoas”. Então, com exceção da escolha para a câmara
municipal de vereadores, em que de fato pode ocorrer de você conhecer o candidato (seu
vizinho, conhecido, amigo ou amigo do amigo), você, eleitor esperto que é, sai em busca
de informações sobre os candidatos e fica atento às que chegam até você pelo rádio,
televisão, internet, rede social, etc. Depois de analisar o leque de candidatos, vota
naqueles que possuem um perfil considerado adequado para atender as suas expectativas
e dar conta dos desafios governamentais a serem enfrentados.
Quase “bingo”, pois diferente do eleitor anterior, você é mais perspicaz. Também não
está preocupado com os partidos políticos, muito menos com a coletividade, mas sim,
principalmente, com o seu “bolso”. O que importa para você é saber quais dos candidatos
vão melhor lhe beneficiar, melhor vão resolver os seus “problemas econômicos”.
Bom, seja qual for o motivador do voto, uma coisa é certa para quem vota em pessoas e
não é partidário: resta a busca de informações sobre o que já fizeram ou pretendem fazer
os candidatos. E, quais os riscos para quem assim escolhe? Dependendo das fontes
utilizadas, ao invés de informação, pode decidir com base em desinformação e
manipulação, como também, se deixar influenciar pela campanha eleitoral e a propaganda
obrigatória no rádio e na televisão.
Como você vota? A resposta é muito importante, ao menos, para quem
acredita no aprimoramento da democracia.
Robson Becker Loeck é mestre em ciências sociais, especialista em política e
graduado em ciências sociais. Professor de sociologia no Vetor.

Disponível em: https://vetorpelotas.com.br/como-voce-vota/

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