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E – DRENAGEM DE RODOVIAS - OBRAS

E.1 – REVISÃO

Na primeira metade do Século XIX, Tresaguet, Metcalf, Telford e Mac Adam, redescobriram a “necessidade
de manter secos os leitores viários”, e apresentaram princípios como:
“ Enquanto o solo puder ser mantido seco, poderá suportar qualquer peso, sem deformações importantes “.
“ Se passar água através da estrada, e saturar o solo natural, esta, qualquer que seja a sua espessura,
perderá a sua capacidade de suporte e se despedaçará ” .
“ É o solo natural que realmente suportará o peso do tráfego ” .

Como conceitos populares com respeito à estrada, temos:


- Existem três maneiras de construir uma estrada: drenando, drenando, drenando.
- A boa conservação de uma estrada, se assemelha a boa conservação de uma casa - “Porão seco e cobertura
impermeável”.

E.2 - OBRAS DE TRAVESSIA

E.2.1 – GENERALIDADES

- Travessia, corresponde a uma obra de arte corrente, ou especial, destinada a transposição de um fundo de
vale, por uma via pública, de forma a permitir o livre escoamento das águas pluviais, sem risco de represamentos
causadores de inundações.
- No planejamento de cidades, a melhor maneira ecológica e econômica, consiste em observar e resguardar ao
máximo as situações que a natureza, e milhares de ano criou.
- Para tanto, deve-se raciocinar e planejar em termos de topografia e hidrografia.
- Normalmente a hidrografia, é relegada a um segundo plano, devido a custos, interesses imediatos,
investimento em obras que não aparecem ( enterradas ).

Inundações:
Como conseqüências de falta ou falha de planejamento temos como causas das inundações:

a) ocupação desordenada: corresponde ao crescimento natural de uma cidade, sem um planejamento, onde as situações
críticas estabelecidas, tem uma difícil solução econômica; é o caso de ocupação de áreas inundáveis em fundos de
vale, de áreas de maré, ...

b) Aumento do coeficiente de escoamento superficial ( C ). A fórmula, Q = C . I. A , representa a vazão de


afluência num determinado ponto, de um fundo de vale, onde:
C = coeficiente de escoamento superficial, representa a parcela de escoamento das precipitações pluviais.
Ex: Área verde C = 0,2
Área pavimentada C = 0,8 / 0,9
I = Intensidade da precipitação
A = Área da bacia que montante
Conseqüentemente, permanecendo constantes no tempo, os fatores I , A , o dimensionamento de uma travessia,
feita durante a cobertura verde, tem sua vazão aproximadamente quadruplicada, como a ocupação para a área
a montante, conseqüência – inundações.

c) Elevação das quotas de fundo: em conseqüência do assoreamento do leito dos rios, causado pelo lixo, arraste dos finos
dos revestimentos primários, arraste dos materiais de terraplenagem, ..., as cotas de fundo dos rios se elevam. A
capacidade de vazão do rio, se reduz, pela redução da sua secção e declividade. Resultado: inundações.

d) Travessias de capacidade de vazão insuficientes: provocam represamentos, provocando de imediato as inundações e


contribuindo para o a assoreamento a motante.

E.2.2 - OBRAS DE TRAVESSIAS


As travessias em fundo de vale podem ser, em função da área de bacia, e do tipo de construção:
- Pontes
- Viadutos
- Bueiros circulares
- Bueiros elípticos
- Bueiros quadrados, retangulares
- As pontes e viadutos, tem a sua super estrutura, ao nível do greide da rua.
- Os bueiros são obras enterradas, com um recobrimento, sendo suas dimensões em função da capacidade de
vazão e alturas disponíveis.
- As galerias têm a extensão da largura da estrada, ou rua, acrescidas de extensão necessária a proteção dos
taludes.

Como materiais, empregamos:


- Tubulação de concreto
- Tubulação metálica
- Tubulação em PVC
- Bueiro em alvenaria de pedra
- Bueiros celulares (simples, duplos e títulos)

Relação de abreviatura de obras de arte


P = pontes
V = viadutos
M.A A = muro de arrimo de alvenaria
M A C = muro de arrimo de concreto
B.S.T.C. = bueiro simples de tubos de concreto
B.D.T.C. = bueiro duplo de tubos de concreto
B.S.T.M. = bueiro simples de tubo metálico
B.S.T.F. = bueiro simples de tubo de ferro
B.S.C.C. = bueiro simples celular de concreto

RECOMENDAÇÕES :
- As obras das travessias em fundo de vale, devem preceder aos serviços de terraplenagem, a fim de garantir sua
continuidade.
- Embora as condições de vazão permitam diâmetros inferiores, é sempre conveniente, em travessias de altos aterros,
adotar uma dimensão mínima 0,80 m a 1,00 m, para permitir as vistorias e eventuais acessos para limpeza.
- Para condutores de até 1,20 m é conveniente o emprego de seção circular, sendo admissível estruturalmente, o
emprego de até 2,00 m de diâmetro interno.
- No entanto, quando a dimensão interna exceder a, 1,20 m é mais conveniente o emprego de sessões retangulares, de
preferência quadrada.
- As paredes de seção retangular, não devem ultrapassar a 3,00m, a fim de não aprofundar em demasia o bueiro celular, e
criar uma lâmina d'água demasiadamente alta. Recomenda-se a utilização, de bueiros celulares múltiplos.

E.3.1 - FINALIDADES

- Consiste em captar e conduzir as águas das precipitações para seu destino final, o mais rapidamente possível.
- Em estrada temos: o abaulamento, valetas, calhas, ...
- Em ruas temos: o abaulamento, as galerias, as sarjetas, as bocas de lobo, ...
- As galerias, representam nada mais que bueiros de grande extensão, e os processos de direcionamento, são
semelhantes, utilizando a fórmula de CHÉZI Q = W . V Q = vazão de afluência V = velocidade W = seção

V=C. R.I C = coeficiente de rugosidade hidráulico


R = raio hidráulico = W / P
P = perímetro molhado
I = declividade

C = R . 1/6 n = 0,011 seção retangular em concreto


n n = 0,013 seção circular em concreto

E.3.2 – RECOMENDAÇÕES

As galerias, em áreas urbanas, para pequenas vazões, são normalmente cobertas, apresentando seções circulares ou
retangulares.
Como recomendações, no planejamento, temos:
- emprego de seção circular até Ø 1,20 m.
- quando exceder Ø 1,20 m, é conveniente a seção retan-gular, de preferência quadrada, com altura máxima
de 3,00 m.
- Quando em seção em circular, os condutores deverão ser o únicos.
- As galerias retangulares, poderão ser múltiplas, e neste caso deverão ser abertas e janelas de comunicação
entre as sessões, para equilibrar as alturas de lâmina líquida, com espaçamento máximo de 50 m.
- Os condutos, que servem a uma única boca de lobo, devem ter um diâmetro mínimo de 30 cm, para evitar
entupimentos constantes.
- A velocidade máxima permissível, será de 3,50 m/s, para evitar erosão excessiva. Pode-se admitir até 6,00 m/s, se
for previsto revestimento adequado.
- A declividade da galeria, tanto quanto possível, deve ser igual ao do terreno, para termos menos escavações.
- As galerias descobertas ( a céu aberto ) não são aconselháveis nas áreas urbanas.

E . 4 – OBRAS DE DRENAGEM PROFUNDA


E.4.1 – FINALIDADES/TIPOS
Em qualquer obra de engenharia de construção, a verdadeira economia depende do seu custo final total,
considerado sobre toda sua vida útil, incluindo não somente o investimento inicial, mas também todos os custos
significativos de manutenção e reposição.
As conseqüências das falhas nas construções das travessias e da drenagem superficial, são imediatamente visíveis
por leigos.
Quanto à drenagem profunda, mesmo projetistas e construtores, frequentemente a consideram um “dispendioso
luxo”. Esta crença persiste, embora grandes gastos estão sendo necessários permanentemente, para repara e
substituir pavimentos danificados.
Estes custos crescentes de manutenção e reparos, estão relacionados a diversas causas, inclusive o crescente
tráfego de caminhões pesados, mas há pouca dúvida de que os efeitos danosos das rodas pesadas sobre os leitos
rodoviários saturados ou inundados, contribuem pesadamente para estes custos inesperados.
- As prefeituras municipais normalmente despendem maiores recursos na manutenção, que na execução de novas
obras de pavimentação.
Ex. São Paulo +/- 2/3 na manutenção, 1/3 na implantação.
- No próprio método de dimensionamento do DNER ( Profº Murillo ), o Fator Climático ( FR ), leva em conta as
variações de umidade dos materiais do pavimento, em função da média anual de chuva.
Até 800 mm/ano FR = 0,70
De 800 para 1.500 mm/ano FR = 1,40
Acima de 1.500 mm/ano FR = 1,80
- Em testes de perfuração de bases e sub-bases, em pavimentos bem e mal drenados, as condições de suporte eram
completamente diferentes, e consequentemente a vida útil remanescente da rodovia.

RESUMINDO:
A drenagem profunda contribui para o prolongamento da vida útil da obra, e a conseqüente redução de custo
final.

F - BASE / ANÁLISE ESPECÍFICA DOS TIPOS


F . 1 – DEFINIÇÃO / FINALIDADES BÁSICAS

Conforme já visto em dimensionamento dos pavimentos, distinguimos as seguintes camadas:

S u b - l e i t o : é o terreno de fundação do pavimento. No caso mais comum , estrada ou rua que já tem
tráfego há algum tempo, e a qual se pretende pavimentar, apresenta-se como a superfície irregular, exigindo
regularização, quando não houver cortes.
R e f o r ç o d o s u b - l e i t o : Camada executada no caso de pavimentos muitos espessos, com o objetivo
de reduzir a espessura da própria sub-base; ocorre, normalmente nos bordos, quando há terrenos de baixa
capacidade de suporte.
Sub-base: camada complementar à base, quando por circunstâncias técnicaa e econômicas, não
for aconselhável construir a base, diretamente sobre a regularização ou reforço do sub-leito. Segundo a r egra
geral o material constituinte da sub-base deverá ter características tecnológicas superiores às do material do reforço,
por sua vez, o material da base deverá ser de melhor qualidade que o material da sub-base.
B a s e : É a camada destinada a resistir aos esforços verticais provenientes do tráfego e distribuí-los. Na
verdade, o pavimento pode ser considerado composto de base e revestimento, sendo que a base poderá ou não
ser complementada pela sub-base e pelo reforço do sub-leito.
R e v e s t i m e n t o : Camada destinada a resistir diretamente as ações do tráfego, a impermeabilizar o
pavimento, a melhorar as condições de rolamento e a transmitir de forma atenuada, as forças do tráfego, as
camadas inferiores.
F . 2 – Base de concreto cimento
São classificadas como “concreto de cimento”, constituindo as placas de concreto, cujo o ligante é o cimento, e cuja
espessura é função da resistência à flexão; funcionam como base e revestimento ao mesmo tempo.
Desta forma, seu estudo será visto no capítulo de revestimento.

F . 3 – Base de macadame de cimento


Camada de brita de graduação aberta ( diâmetro máximo entre 50 mm e 90 mm), previamente
comprimidas, cujos vazios são posteriormente preenchidos com argamassa de cimento; encontra-se em
desuso . Corresponde a proximamente ao concreto ciclópico.

F . 4 – Base de solo cimento


Pode ser definida como uma mistura de solo, água e cimento, em proporções convenientes e previamente
determinadas. É recomendado para regiões carentes de jazidas de agregados.
O solo deve ter, no máximo 50% de silte + argila;
- argila < 20%
- LL < 40%
- IP < 18% corresponde a IG = 6.
Quanto ao processo de construção, existem 2 métodos :
- mistura no local e usinado.

F . 5 – Base de macadame hidráulico

Uma ou mais camadas de pedra britada, de fragmentos entrosados entre si, e material de enchimento,
aglutinados pela água que apresenta, após uma compactação adequada e coberta por uma capa de rolamento,
boas condições de durabilidade e trafegabilidade.
A utilização da água para facilita r a penetração do material de enchimento nos vazios da pedra britada, é
para promover a aglutinação, e que dá a este tipo de base o nome de hidráulico. O material de
enchimento se compõe de partículas menores que também se entrosam, e de elementos mais finos. A função da
água é dupla - auxilia a penetração de enchimento, e associa-se a ele, formando uma argamassa de relativo
poder ligante.
Processos de construção:
- preparo do sub-leito
- preparo da caixa da base (confinamento)
- espalhar e comprimir o agregado graúdo
- distribuição do material de enchimento ( após 1ª compressão)
- irrigação da superfície
- compressão final
O processo se repete nas camadas seguintes, até a espessura final de projeto.

F . 6 – Base de brita graduada


Pode ser definida como uma base que é resultante da mistura em usina de agregado previamente dosado contendo matéria
de enchimento e água.
O agregado deve-se enquadrar nas especificações do DNER ou de outro órgão rodoviário.
Processos de construção:
- preparo do sub-leito
- mistura homogênea e umedecida do agregado
- transporte até a pista
- distribuição do agregado, com distribuidor, sem deixar sulcos ou saliências.
- espessura máxima de cada camada não deve ser superior a 15 cm
- após a distribuição, deve-se iniciar a compactação do bordo para o centro, será concluída quando a densidade de projeto
for atingida.

F . 7 – Base de solo estabilizado granulometricamente


Consiste na utilização de solos naturais, rochas alteradas naturais, ou misturas artificiais de solos ou rochas alteradas,
ou qualquer combinação destes materiais que ofereçam, após umedecimento e compactação, boas condições de
estabilidade.
É um produto barato, mas que está sujeito a enormes variações de qualidade, exige-se assim maior cuidado na
localização das jazidas e no controle tecnológico na aplicação do material.
F . 8 – Base de macadame betuminoso
Consiste na superposição de camadas de agregados, interligadas entre si por pinturas de materiais
betuminosos. O número de camadas depende da espessura prevista em projeto; de baixo para cima, as camadas
vão sendo construídas com agregados de granulometria, da mais graúda até a mais fina.
Processo de construção:
- imprimação do sub-leito já preparado;
- distribuição da primeira camada de agregados (o mais graúdo) seguida de compressão completa
- primeira pintura betuminosa, para agregados graúdos, utiliza-se em média 1,80 l/m²
- distribuição da segunda a camada de agregados, seguida de compressão completa
- segunda pintura betuminosa
- assim, sucessivamente, vão se construindo as diversas camadas do pavimento, até a espessura prevista no projeto.

F . 9 – Base de solo cal


O uso da cal na estabilização dos solos visa atender a duas condições distintas:
a) melhoria das qualidades do solo, propiciando a estabilização com outro agente;
- trata-se de um processo de recuperação de um solo que não apresenta condições tecnológicas ou econômicas
para se estabilizado. A adição de cal pode melhorar as características de um solo, e permitir que o mesmo seja
estabilizado, por exemplo, com cimento, asfalto.
b) estabilização direta do solo, com o uso da cal;
- a aplicação da cal diretamente a um solo de boas qualidades rodoviárias, pode proporcionar as condições exigidas
para uma das camadas inferiores do pavimento, ou seja, base o sub-base.

Processo de construção:
- executa-se a mistura distribuindo a cal na pista, ou utilizando usinas.
- o equipamento, é praticamente o mesmo utilizado no solo-cal, pelo fato das reações serem mais lentas.
- o controle do tempo não é tão rígido quanto ao solo-cimento, permitindo maior espaço de tempo entre a distribuição da
cal e o término da compactação.
- para a cura da base de solo cal, deve se executar a imprimação logo após o término da compactação, evitando a
evaporação da parte superior da base

F . 10 – Base flexível por aproveitamento


Os revestimentos, em alvenaria poliédrica e a paralelepípedos, bem como os demais, devem satisfazer às finalidades
básicas abaixo:
- Capacidade de suporte
- Resistência ao desgaste
- Resistência às intempéries
- Adaptação a pequenas falhas da base
- Impermeabilidade
- Superfície uniforme
Os revestimentos, em alvenaria poliédrica e a paralelepípedos, comparativamente aos revestimentos betuminosos e
concreto de cimento (placas) se equivalem, ou superam aos mesmos nas quatro primeiras finalidades.
Não atendem aos dois últimos quesitos, ou seja, impermeabilidade e superfície uniforme. Particularmente devido a
superfície irregular, e principalmente em vias de maior velocidade, estes revestimentos são preteridos pelos usuários,
além de outros aspectos secundários como a aparência e limpeza.

G - REVESTIMENTOS
G.1 - DEFINIÇÃO / FINALIDADES BÁSICAS
É a camada que recebe diretamente a ação do trânsito, e que para tanto, deve-se atender a uma série de finalidades
e condições:
a) deve ter capacidade para suportar as cargas em tráfego, sem deslocamento, em sua superfície, base ou sub-base. Isto
é designado por estabilidade, ou como resistência mecânica.
b) o excesso de água provoca uma série de danos, conforme já visto, sendo assim um revestimento deve impedir a
infiltração superficial, devendo assim o revestimento ter a finalidade de impermeabilização superficial.
c) devem apresentar uma resistência ao desgaste provocado pelo tráfego, para aumentar sua vida útil. Uma das
finalidades básicas nos revestimentos, será portanto a resistência à abrasão.
d) a superfície de rolamento deve oferecer segurança a direção normal dos veículos, e ser suficientemente lisa
para rodar confortável com uma vida maior do veículo, portanto, outra finalidade básica será a textura superficial
adequada.
e) tempo e dinheiro, raramente permitem perfeições na preparação das camadas de suporte, é portanto conveniente
que a capa de rolamento, ou seja, o revestimento se ajuste às pequenas falhas, sem necessidade de maiores reparos.
A finalidade será portanto: flexibilidade contra as falhas da base.
G.2 - REVESTIMENTO RÍGIDO : CONCRETO DE CIMENTO

- São aqueles em que o ligante ( ou aglomerante ), é constituído de cimento, e sua espessura é função da resistência
à flexo tração das lajes.
- As placas de concreto usadas, funcionam com o base e revestimento ao mesmo tempo.
- Para o seu dimensionamento, temos que considerar os múltiplos efeitos do trânsito, e do meio exterior, que agem sobre
o pavimento.
Os pavimentos de concreto de cimento portland, estão sujeitos ao aparecimento de fissuras transversais e longitudinais,
provocadas pelas variações volumétricas do concreto, e pela combinação dos efeitos do empenamento restringido das
placas e das solicitações do tráfego.
A construção de um pavimento contínuo, desejável sob o aspecto executivo e de conforto, é inviável devido ao
fissuramento aleatório que surge devido a estas tensões internas.
O pavimento é assim dividido em placas inter-dependentes através das juntas:
- dilatação ou expansão;
- de contração ou retração;
- de articulação.

: CONCRETO DE CIMENTO (cont.)

Tipos de Juntas:
Tipo 1 - Longitudinal de construção
encaixe e barras de ligação
Tipo 2 - Transversal de retração
barras de transferência
Tipo 3 - Transversais de expansão
barras de transferência)
Tanto as juntas transversais de retração, quanto as juntas longitudinais de construção (ou de articulação), devem
ser espaçadas de tal modo que as dimensões das placas, fiquem enquadradas dentro dos limites recomendados para este
tipo de pavimentação, quais sejam:
- comprimento máximo ( L ) : entre 5,50 m e 6,00 m
- largura máxima ( B ) : entre 3,50 m e 4,00 m

Os principais são:
- ação do tráfego (centro, bordo e esquina da placa);
- esforços devido a variação da temperatura;
- esforços devido às variações de umidade do concreto e da retração.
As placas de concreto de cimento, poderão ser simples ou armadas, de acordo com o dimensionamento.

G.2.1 – JUNTAS TRANSVERSAIS

As juntas transversais são construídas no sentido da largura da placa de concreto. Os tipos principais de juntas
transversais, quanto à sua serventia, são: de retração (ou contração), de retração com barras de transferência, de
construção e expansão (ou dilatação).

- Juntas transversais de retração (ou contratação)


Sua função é, basicamente. Controlar as fissuras devidas à contração volumétrica do concreto. A junta é formada pela
criação de uma seção enfraquecida na placa de concreto, através de corte ou ranhura na superfície da placa, até uma
profundidade adequada, com o emprego de uma serra circular.

- Juntas transversais de retração com barras de transferência (ou passadores)


São juntas transversais que têm função suplementar: além de controlarem as fissuras de retração do concreto, devem
propiciar uma certa transferência de carga de uma placa à outra. A decisão de adotar ou não a junta transversal de
retração com barras de transferência é função direta do tráfego do projeto, da magnitude das cargas solicitantes e do tipo
de fundação do pavimento.

São empregadas para o controle das fissuras longitudinais devidas ao empenamento da placa de concreto; podem servir,
ao mesmo tempo, como juntas de construção. A observação de pavimentos de concreto executados sem juntas
longitudinais evidenciou o aparecimento de uma ou mais fissuras longitudinais toda vez que a largura da placa atingia um
valor igual ou superior a 4,00 m. Recomenda-se 3,75 m a distância máxima entre juntas.
G.3 – PARALELEPÍPEDOS REJUNTADOS COM CIMENTO

Consiste num pavimento executado com paralelepípedos, onde o rejuntamento com areia é substituído pela argamassa de
cimento e areia, normalmente lançado a seco, e posteriormente irrigado.
Representa um melhoramento no processo convencional, considerando:
- redução da permeabilidade nas juntas;
- melhor aderência entre as faces;
- eliminação do arraste da areia de rejuntamento, principalmente em declives acentuados;
- redução do crescimento de vegetação nas fugas em ruas de pouco trânsito.

G.4 – PROCESSOS DE APLICAÇÃO DO C. A. P. ( Cimento Asfáltico de Petróleo) e


TERMINOLOGIAS.
O C. A.P., que corresponde ao resíduo final da destilação do petróleo, constitui o aglutinante nas pavimentações
betuminosas.
O ensaio de penetração é um dos processos empregados para determinação da consistência do ligante.
Processos de aplicação: - aquecendo
- diluindo
- emulsificando

G.4.1 – AQUECENDO
Sendo o C. A.P. um material viscoso/semi-sólido, não tem condições de penetração no agregado, nem de seu
envolvimento na temperatura ambiente. Desta forma o primeiro procedimento de aplicação é o aquecimento.
O processo necessita de: maior investimento na instalação
de usinagem, maior controle tecnológico, aquecimento dos agregados, impedimento para operação em
tempo chuvoso, rapidez na operação de lançamento.

G.4.2 – DILUINDO
A sua produção é obtida, diluindo o C. A.P. em:
- Óleo residual : asfalto líquido de cura lenta ( CL )
- Querosene : asfalto líquido de cura média ( CM )
- Gasolina : asfalto líquido de cura rápida ( CR )
Em virtude do consumo de um solvente de elevado custo, em elevadas proporções, e que só atua como
agente de manipulação, e não como material aplicado, passou-se para o emprego das emulsões.

G.4.3 – EMULSIFICANDO
Constitui a mistura de duas substâncias ( C. A.P. e água ) na qual uma fica em suspensão na outra por longo
tempo, pelo adicionamento de um terceiro ingrediente, como retardador da separação.
Temos assim:
- Emulsão padrão: quando as partículas de asfalto estão dispersas em água.
- Emulsão invertida: quando as partículas da água estão dispersas no asfalto.

Os asfaltos emulsificados podem ser do tipo aniônico, ou catiônico ( conforme as moléculas de asfalto
estejam carregadas eletro negativamente ou positivamente ).
As aplicações são à temperatura ambiente (exceto no inverno rigoroso).
Uma e emulsão cura com a evaporação da água ( 60 % ), restando somente o asfalto.
Tipos de emulsões: Ruptura rápida - RR
Ruptura média - RM
Ruptura lenta - RL

G.5 – IMPRIMAÇÃO
Consiste na aplicação de uma camada de material asfáltico sobre a superfície de uma base concluída, antes da
execução de qualquer revestimento, e tem por finalidade:
- aumentar a coesão da superfície de base;
- impermeabilizar;
- promover melhor aderência entre a base e o revestimento.

Tipos de asfaltos recomendados: diluídos CM-30 e CM-70


Aplicação: Varredura: - vassoura mecânica rotativa comum
- jato de ar comprimido
Espargimento: carro-tanque com barra espargidora, e “caneta” distribuidora.
G.6 – PINTURA DE LIGAÇÃO
Consiste na aplicação de uma camada de material asfáltico sobre a superfície subjacente, e a camada
betuminosa posterior.
Tipos de asfaltos recomendados:
- Emulsões: RR-1C / RR-2C / RM-1C / RM-2C / RL-1C
- Diluídos: CR-70
Equipamentos: idem os utilizados na imprimação.

G.6 – REVESTIMENTOS BETUMINOSOS POR PENETRAÇÃO

Estes revestimentos, são igualmente denominados por tratamentos superficiais, que podem ser classificados em:
simples, duplos ou triplos.
Os tratamentos superficiais, constituem revestimentos executados “in loco” , onde o material betuminoso, é
espargido sobre o agregado espalhado e compactado uniformemente sobre a base. O material penetra diretamente nos
vazios do agregado de cima para baixo, assim denominado de penetração direta.
Na situação inversa, ou seja, executando previamente o espargi- mento, e colocando a seguir o agregado
uniformemente sobre o material asfáltico, com a compressão o referido material asfáltico penetra no agregado, de
baixo para cima, denominado de penetração invertida.

Tipos de asfaltos utilizados:


- Cimento asfáltico de penetração – CA 150-200 ( 135º - 177º )
- Asfaltos diluídos: CR 250 - CR800 - CR 3000
- Emulsões asfálticas : RR - RM

Em virtude da execução “in loco” , dispensando usinagem, acabadoras e até aquecimento, os tratamentos
superficiais constituem um tipo de revestimento mais indicado para prefeituras de pequeno porte, pois não exige
grandes investimentos iniciais.
Equipamentos convencionais, tais como: caminhão caçamba, moto-niveladora e rolos compactadores, são
normalmente de uso das prefeituras.

G.6.1 – Tratamento Superficial Simples - T.S.S.


Consiste numa única camada de agregado (3/8” a 3/16” ), lançado sobre a base imprimada, e posteriormente
compactada. Constitui assim como o revestimento final, também vulgarmente denominado de “anti-pó” ou “casca de
ovo”.

G.6.2 – Tratamento Superficial Duplo - T.S.D.

Consiste na aplicação de duas camadas, sendo a primeira camada constituída de agregado (3/4” a 3/8” ), lançado
sobre a base imprimada, e posteriormente compactada. Já a segunda camada, constituída de agregado ( 3/8” a 3/16” ), é
lançada sobre a 1ª camada imprimada, e posteriormente compactada.

G.6.3 – Tratamento Superficial Triplo - T.S.T.


Consiste na aplicação de três camadas, sendo a primeira camada constituída de agregado (1” a 3/4” ), lançado
sobre a base imprimada, e posteriormente compactada. Já a segunda camada, constituída de agregado ( 3/4” a 3/8” ), é
lançada sobre a 1ª camada imprimada, e posteriormente compactada. Já a terceira camada, constituída de agregado ( 3/8”
a 3/16” ), é lançada sobre a 2ª camada imprimada, e posteriormente compactada.

G.7 – Lama asfáltica


Consiste de uma associação, em consistência fluida, de agregados minerais, material de enchimento, emulsão asfáltica e
água, uniformemente misturada e espalhada no local à temperatura ambiente.
Usada na manutenção preventiva, isto é na conservação de pavimentos asfálticos, rejuvenescendo a superfície de
rolamento, desgastada pela ação do tráfego e do clima.
Também pode ser usada como revestimento final sobre bases estabilizadas granulometricamente, ou mesmo sobre
tratamentos superficiais.
A lama asfáltica é espalhada, em usina móvel de fluxo contínuo, com espessuras delgadas, geralmente, entre 3 a 9 mm,
não excedendo, por aplicação, o tamanho máximo do agregado da mistura. As aplicações manuais devem ser limitadas
somente a áreas inacessíveis à usina.
O cimento Portland ou a cal hidratada que atuam como material de enchimento, além de preencher os vazios do
agregado mineral graúdo, também melhoram a coesão da massa asfáltica.
Geralmente, a emulsão utilizada é a catiônica e de ruptura lenta.
Vantagens da técnica:
a) fácil execução e de elevada produtividade
b) minimiza a freqüência de interdição da via para grandes manutenções (tapa-buraco)
c) reduz a perda de agregados pela passagem do tráfego.
D) gera excelente textura superficial para pinturas de sinalização
e) corrige pequenas irregularidades superficiais
f) rejuvenesce a textura, melhorando as características estéticas e, principalmente, anti-derrapantes em vias urbanas e
secundárias.

G.8 – Micro-revestimento asfáltico ( MRA )


Assim como a lama asfáltica, o micro-revestimento também é utilizado na manutenção preventiva das vias, e como
revestimento final sobre pavimentos asfálticos e bases estabilizadas.
Nos pavimentos em que a camada de rolamento apresenta buracos ou grandes ondulações localizadas, deve-se tratá-los
isoladamente e depois aplicar o MRA em toda a sua extensão
O MRA é uma solução versátil que permite sua aplicação tanto em vias de tráfego elevado para melhoria das condições
de segurança, como se justifica em vias de tráfego local pela facilidade de execução e custo atrativo.
O MRA geralmente apresenta espessura delgada, entre 6 a 15 mm, não excedendo, por aplicação, a 1,5 vezes a
espessura equivalente para o mesmo tamanho máximo do agregado. Para espessuras superiores a 6 mm, recomenda-se sua
aplicação em duas camadas.
A qualidade do agregado mineral empregado na produção do MRA tem uma excepcional importância no desempenho
da mistura, tanto do ponto de vista de aderência pneu/pavimento como na drenagem superficial.
O controle da emulsão permite a execução do serviço à noite e liberação da pista ao tráfego em pouco tempo,
geralmente variando entre 30 minutos e uma hora, dependendo do tipo de ligante asfáltico, reatividade/superfície
específica dos agregados e das condições climáticas.
Geralmente o MRA não é compactado. Caso seja necessário em áreas tais como: estacionamentos, aeroportos e estradas
de alto tráfego, recomenda-se o emprego de rolo pneumático de 10 ton, com pressão de 50 lb/in², equipado com sistema
de aspersão de água e de limpeza de pneus.

Vantagens técnicas:
a) apresenta durabilidade superior a da lama asfáltica convencional frente ao incremento do tráfego e ações adversas do
clima;
b) oferece boas condições de drenagem superficial, de aderência e de uniformidade da superfície de rolamento
melhorando a visibilidade do usuário e os índices de conforto e de segurança (acidentes por derrapagem;
c) corrige os defeitos superficiais, através do preenchimento das trilhas-de-roda e selagem das trincas;
d) preserva a estrutura do pavimento, em função da diminuição da entrada de água e ar no pavimento.

G.10 – CALÇAMENTOS
G.10.1 – DEFINIÇÕES
Os calçamentos, constituem revestimento executados com peças de formas diversas, assentadas manualmente sobre as
respectivas bases, que podem ser : base de areia, base de macadame e base de concreto.
No Brasil Colônia, representava o único tipo de pavimentação (pé-de-moleque), ainda preservada e em uso nas
Cidades Históricas ( Ouro Preto, Parati, ...).
Em regiões onde não se dispõem de rochas ou agregados mais finos (areia) que permitam a execução das peças
(paralelepípedos, alvenaria poliédrica e blocos pré-moldados de concreto), empregam-se tijolos de argila cozida.

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