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E.1 – REVISÃO
Na primeira metade do Século XIX, Tresaguet, Metcalf, Telford e Mac Adam, redescobriram a “necessidade
de manter secos os leitores viários”, e apresentaram princípios como:
“ Enquanto o solo puder ser mantido seco, poderá suportar qualquer peso, sem deformações importantes “.
“ Se passar água através da estrada, e saturar o solo natural, esta, qualquer que seja a sua espessura,
perderá a sua capacidade de suporte e se despedaçará ” .
“ É o solo natural que realmente suportará o peso do tráfego ” .
E.2.1 – GENERALIDADES
- Travessia, corresponde a uma obra de arte corrente, ou especial, destinada a transposição de um fundo de
vale, por uma via pública, de forma a permitir o livre escoamento das águas pluviais, sem risco de represamentos
causadores de inundações.
- No planejamento de cidades, a melhor maneira ecológica e econômica, consiste em observar e resguardar ao
máximo as situações que a natureza, e milhares de ano criou.
- Para tanto, deve-se raciocinar e planejar em termos de topografia e hidrografia.
- Normalmente a hidrografia, é relegada a um segundo plano, devido a custos, interesses imediatos,
investimento em obras que não aparecem ( enterradas ).
Inundações:
Como conseqüências de falta ou falha de planejamento temos como causas das inundações:
a) ocupação desordenada: corresponde ao crescimento natural de uma cidade, sem um planejamento, onde as situações
críticas estabelecidas, tem uma difícil solução econômica; é o caso de ocupação de áreas inundáveis em fundos de
vale, de áreas de maré, ...
c) Elevação das quotas de fundo: em conseqüência do assoreamento do leito dos rios, causado pelo lixo, arraste dos finos
dos revestimentos primários, arraste dos materiais de terraplenagem, ..., as cotas de fundo dos rios se elevam. A
capacidade de vazão do rio, se reduz, pela redução da sua secção e declividade. Resultado: inundações.
RECOMENDAÇÕES :
- As obras das travessias em fundo de vale, devem preceder aos serviços de terraplenagem, a fim de garantir sua
continuidade.
- Embora as condições de vazão permitam diâmetros inferiores, é sempre conveniente, em travessias de altos aterros,
adotar uma dimensão mínima 0,80 m a 1,00 m, para permitir as vistorias e eventuais acessos para limpeza.
- Para condutores de até 1,20 m é conveniente o emprego de seção circular, sendo admissível estruturalmente, o
emprego de até 2,00 m de diâmetro interno.
- No entanto, quando a dimensão interna exceder a, 1,20 m é mais conveniente o emprego de sessões retangulares, de
preferência quadrada.
- As paredes de seção retangular, não devem ultrapassar a 3,00m, a fim de não aprofundar em demasia o bueiro celular, e
criar uma lâmina d'água demasiadamente alta. Recomenda-se a utilização, de bueiros celulares múltiplos.
E.3.1 - FINALIDADES
- Consiste em captar e conduzir as águas das precipitações para seu destino final, o mais rapidamente possível.
- Em estrada temos: o abaulamento, valetas, calhas, ...
- Em ruas temos: o abaulamento, as galerias, as sarjetas, as bocas de lobo, ...
- As galerias, representam nada mais que bueiros de grande extensão, e os processos de direcionamento, são
semelhantes, utilizando a fórmula de CHÉZI Q = W . V Q = vazão de afluência V = velocidade W = seção
E.3.2 – RECOMENDAÇÕES
As galerias, em áreas urbanas, para pequenas vazões, são normalmente cobertas, apresentando seções circulares ou
retangulares.
Como recomendações, no planejamento, temos:
- emprego de seção circular até Ø 1,20 m.
- quando exceder Ø 1,20 m, é conveniente a seção retan-gular, de preferência quadrada, com altura máxima
de 3,00 m.
- Quando em seção em circular, os condutores deverão ser o únicos.
- As galerias retangulares, poderão ser múltiplas, e neste caso deverão ser abertas e janelas de comunicação
entre as sessões, para equilibrar as alturas de lâmina líquida, com espaçamento máximo de 50 m.
- Os condutos, que servem a uma única boca de lobo, devem ter um diâmetro mínimo de 30 cm, para evitar
entupimentos constantes.
- A velocidade máxima permissível, será de 3,50 m/s, para evitar erosão excessiva. Pode-se admitir até 6,00 m/s, se
for previsto revestimento adequado.
- A declividade da galeria, tanto quanto possível, deve ser igual ao do terreno, para termos menos escavações.
- As galerias descobertas ( a céu aberto ) não são aconselháveis nas áreas urbanas.
RESUMINDO:
A drenagem profunda contribui para o prolongamento da vida útil da obra, e a conseqüente redução de custo
final.
S u b - l e i t o : é o terreno de fundação do pavimento. No caso mais comum , estrada ou rua que já tem
tráfego há algum tempo, e a qual se pretende pavimentar, apresenta-se como a superfície irregular, exigindo
regularização, quando não houver cortes.
R e f o r ç o d o s u b - l e i t o : Camada executada no caso de pavimentos muitos espessos, com o objetivo
de reduzir a espessura da própria sub-base; ocorre, normalmente nos bordos, quando há terrenos de baixa
capacidade de suporte.
Sub-base: camada complementar à base, quando por circunstâncias técnicaa e econômicas, não
for aconselhável construir a base, diretamente sobre a regularização ou reforço do sub-leito. Segundo a r egra
geral o material constituinte da sub-base deverá ter características tecnológicas superiores às do material do reforço,
por sua vez, o material da base deverá ser de melhor qualidade que o material da sub-base.
B a s e : É a camada destinada a resistir aos esforços verticais provenientes do tráfego e distribuí-los. Na
verdade, o pavimento pode ser considerado composto de base e revestimento, sendo que a base poderá ou não
ser complementada pela sub-base e pelo reforço do sub-leito.
R e v e s t i m e n t o : Camada destinada a resistir diretamente as ações do tráfego, a impermeabilizar o
pavimento, a melhorar as condições de rolamento e a transmitir de forma atenuada, as forças do tráfego, as
camadas inferiores.
F . 2 – Base de concreto cimento
São classificadas como “concreto de cimento”, constituindo as placas de concreto, cujo o ligante é o cimento, e cuja
espessura é função da resistência à flexão; funcionam como base e revestimento ao mesmo tempo.
Desta forma, seu estudo será visto no capítulo de revestimento.
Uma ou mais camadas de pedra britada, de fragmentos entrosados entre si, e material de enchimento,
aglutinados pela água que apresenta, após uma compactação adequada e coberta por uma capa de rolamento,
boas condições de durabilidade e trafegabilidade.
A utilização da água para facilita r a penetração do material de enchimento nos vazios da pedra britada, é
para promover a aglutinação, e que dá a este tipo de base o nome de hidráulico. O material de
enchimento se compõe de partículas menores que também se entrosam, e de elementos mais finos. A função da
água é dupla - auxilia a penetração de enchimento, e associa-se a ele, formando uma argamassa de relativo
poder ligante.
Processos de construção:
- preparo do sub-leito
- preparo da caixa da base (confinamento)
- espalhar e comprimir o agregado graúdo
- distribuição do material de enchimento ( após 1ª compressão)
- irrigação da superfície
- compressão final
O processo se repete nas camadas seguintes, até a espessura final de projeto.
Processo de construção:
- executa-se a mistura distribuindo a cal na pista, ou utilizando usinas.
- o equipamento, é praticamente o mesmo utilizado no solo-cal, pelo fato das reações serem mais lentas.
- o controle do tempo não é tão rígido quanto ao solo-cimento, permitindo maior espaço de tempo entre a distribuição da
cal e o término da compactação.
- para a cura da base de solo cal, deve se executar a imprimação logo após o término da compactação, evitando a
evaporação da parte superior da base
G - REVESTIMENTOS
G.1 - DEFINIÇÃO / FINALIDADES BÁSICAS
É a camada que recebe diretamente a ação do trânsito, e que para tanto, deve-se atender a uma série de finalidades
e condições:
a) deve ter capacidade para suportar as cargas em tráfego, sem deslocamento, em sua superfície, base ou sub-base. Isto
é designado por estabilidade, ou como resistência mecânica.
b) o excesso de água provoca uma série de danos, conforme já visto, sendo assim um revestimento deve impedir a
infiltração superficial, devendo assim o revestimento ter a finalidade de impermeabilização superficial.
c) devem apresentar uma resistência ao desgaste provocado pelo tráfego, para aumentar sua vida útil. Uma das
finalidades básicas nos revestimentos, será portanto a resistência à abrasão.
d) a superfície de rolamento deve oferecer segurança a direção normal dos veículos, e ser suficientemente lisa
para rodar confortável com uma vida maior do veículo, portanto, outra finalidade básica será a textura superficial
adequada.
e) tempo e dinheiro, raramente permitem perfeições na preparação das camadas de suporte, é portanto conveniente
que a capa de rolamento, ou seja, o revestimento se ajuste às pequenas falhas, sem necessidade de maiores reparos.
A finalidade será portanto: flexibilidade contra as falhas da base.
G.2 - REVESTIMENTO RÍGIDO : CONCRETO DE CIMENTO
- São aqueles em que o ligante ( ou aglomerante ), é constituído de cimento, e sua espessura é função da resistência
à flexo tração das lajes.
- As placas de concreto usadas, funcionam com o base e revestimento ao mesmo tempo.
- Para o seu dimensionamento, temos que considerar os múltiplos efeitos do trânsito, e do meio exterior, que agem sobre
o pavimento.
Os pavimentos de concreto de cimento portland, estão sujeitos ao aparecimento de fissuras transversais e longitudinais,
provocadas pelas variações volumétricas do concreto, e pela combinação dos efeitos do empenamento restringido das
placas e das solicitações do tráfego.
A construção de um pavimento contínuo, desejável sob o aspecto executivo e de conforto, é inviável devido ao
fissuramento aleatório que surge devido a estas tensões internas.
O pavimento é assim dividido em placas inter-dependentes através das juntas:
- dilatação ou expansão;
- de contração ou retração;
- de articulação.
Tipos de Juntas:
Tipo 1 - Longitudinal de construção
encaixe e barras de ligação
Tipo 2 - Transversal de retração
barras de transferência
Tipo 3 - Transversais de expansão
barras de transferência)
Tanto as juntas transversais de retração, quanto as juntas longitudinais de construção (ou de articulação), devem
ser espaçadas de tal modo que as dimensões das placas, fiquem enquadradas dentro dos limites recomendados para este
tipo de pavimentação, quais sejam:
- comprimento máximo ( L ) : entre 5,50 m e 6,00 m
- largura máxima ( B ) : entre 3,50 m e 4,00 m
Os principais são:
- ação do tráfego (centro, bordo e esquina da placa);
- esforços devido a variação da temperatura;
- esforços devido às variações de umidade do concreto e da retração.
As placas de concreto de cimento, poderão ser simples ou armadas, de acordo com o dimensionamento.
As juntas transversais são construídas no sentido da largura da placa de concreto. Os tipos principais de juntas
transversais, quanto à sua serventia, são: de retração (ou contração), de retração com barras de transferência, de
construção e expansão (ou dilatação).
São empregadas para o controle das fissuras longitudinais devidas ao empenamento da placa de concreto; podem servir,
ao mesmo tempo, como juntas de construção. A observação de pavimentos de concreto executados sem juntas
longitudinais evidenciou o aparecimento de uma ou mais fissuras longitudinais toda vez que a largura da placa atingia um
valor igual ou superior a 4,00 m. Recomenda-se 3,75 m a distância máxima entre juntas.
G.3 – PARALELEPÍPEDOS REJUNTADOS COM CIMENTO
Consiste num pavimento executado com paralelepípedos, onde o rejuntamento com areia é substituído pela argamassa de
cimento e areia, normalmente lançado a seco, e posteriormente irrigado.
Representa um melhoramento no processo convencional, considerando:
- redução da permeabilidade nas juntas;
- melhor aderência entre as faces;
- eliminação do arraste da areia de rejuntamento, principalmente em declives acentuados;
- redução do crescimento de vegetação nas fugas em ruas de pouco trânsito.
G.4.1 – AQUECENDO
Sendo o C. A.P. um material viscoso/semi-sólido, não tem condições de penetração no agregado, nem de seu
envolvimento na temperatura ambiente. Desta forma o primeiro procedimento de aplicação é o aquecimento.
O processo necessita de: maior investimento na instalação
de usinagem, maior controle tecnológico, aquecimento dos agregados, impedimento para operação em
tempo chuvoso, rapidez na operação de lançamento.
G.4.2 – DILUINDO
A sua produção é obtida, diluindo o C. A.P. em:
- Óleo residual : asfalto líquido de cura lenta ( CL )
- Querosene : asfalto líquido de cura média ( CM )
- Gasolina : asfalto líquido de cura rápida ( CR )
Em virtude do consumo de um solvente de elevado custo, em elevadas proporções, e que só atua como
agente de manipulação, e não como material aplicado, passou-se para o emprego das emulsões.
G.4.3 – EMULSIFICANDO
Constitui a mistura de duas substâncias ( C. A.P. e água ) na qual uma fica em suspensão na outra por longo
tempo, pelo adicionamento de um terceiro ingrediente, como retardador da separação.
Temos assim:
- Emulsão padrão: quando as partículas de asfalto estão dispersas em água.
- Emulsão invertida: quando as partículas da água estão dispersas no asfalto.
Os asfaltos emulsificados podem ser do tipo aniônico, ou catiônico ( conforme as moléculas de asfalto
estejam carregadas eletro negativamente ou positivamente ).
As aplicações são à temperatura ambiente (exceto no inverno rigoroso).
Uma e emulsão cura com a evaporação da água ( 60 % ), restando somente o asfalto.
Tipos de emulsões: Ruptura rápida - RR
Ruptura média - RM
Ruptura lenta - RL
G.5 – IMPRIMAÇÃO
Consiste na aplicação de uma camada de material asfáltico sobre a superfície de uma base concluída, antes da
execução de qualquer revestimento, e tem por finalidade:
- aumentar a coesão da superfície de base;
- impermeabilizar;
- promover melhor aderência entre a base e o revestimento.
Estes revestimentos, são igualmente denominados por tratamentos superficiais, que podem ser classificados em:
simples, duplos ou triplos.
Os tratamentos superficiais, constituem revestimentos executados “in loco” , onde o material betuminoso, é
espargido sobre o agregado espalhado e compactado uniformemente sobre a base. O material penetra diretamente nos
vazios do agregado de cima para baixo, assim denominado de penetração direta.
Na situação inversa, ou seja, executando previamente o espargi- mento, e colocando a seguir o agregado
uniformemente sobre o material asfáltico, com a compressão o referido material asfáltico penetra no agregado, de
baixo para cima, denominado de penetração invertida.
Em virtude da execução “in loco” , dispensando usinagem, acabadoras e até aquecimento, os tratamentos
superficiais constituem um tipo de revestimento mais indicado para prefeituras de pequeno porte, pois não exige
grandes investimentos iniciais.
Equipamentos convencionais, tais como: caminhão caçamba, moto-niveladora e rolos compactadores, são
normalmente de uso das prefeituras.
Consiste na aplicação de duas camadas, sendo a primeira camada constituída de agregado (3/4” a 3/8” ), lançado
sobre a base imprimada, e posteriormente compactada. Já a segunda camada, constituída de agregado ( 3/8” a 3/16” ), é
lançada sobre a 1ª camada imprimada, e posteriormente compactada.
Vantagens técnicas:
a) apresenta durabilidade superior a da lama asfáltica convencional frente ao incremento do tráfego e ações adversas do
clima;
b) oferece boas condições de drenagem superficial, de aderência e de uniformidade da superfície de rolamento
melhorando a visibilidade do usuário e os índices de conforto e de segurança (acidentes por derrapagem;
c) corrige os defeitos superficiais, através do preenchimento das trilhas-de-roda e selagem das trincas;
d) preserva a estrutura do pavimento, em função da diminuição da entrada de água e ar no pavimento.
G.10 – CALÇAMENTOS
G.10.1 – DEFINIÇÕES
Os calçamentos, constituem revestimento executados com peças de formas diversas, assentadas manualmente sobre as
respectivas bases, que podem ser : base de areia, base de macadame e base de concreto.
No Brasil Colônia, representava o único tipo de pavimentação (pé-de-moleque), ainda preservada e em uso nas
Cidades Históricas ( Ouro Preto, Parati, ...).
Em regiões onde não se dispõem de rochas ou agregados mais finos (areia) que permitam a execução das peças
(paralelepípedos, alvenaria poliédrica e blocos pré-moldados de concreto), empregam-se tijolos de argila cozida.