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APOSTILA CONTABILIDADE FINANCEIRA

CONTABILIDADE: A LINGUAGEM DOS NEGÓCIOS............................................................................................5


OS DIFERENTES TIPOS DE CONTABILIDADE .................................................................................................................5
CONVERGÊNCIA CONTÁBIL............................................................................................................................................6
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS....................................................................................................................................6
OBRIGATORIEDADES.......................................................................................................................................................7
BALANÇO PATRIMONIAL (BP).......................................................................................................................................8
Estrutura do Balanço Patrimonial............................................................................................................................8
Ativos, Passivos e Patrimônio Líquido......................................................................................................................9
Circulante e Não Circulante......................................................................................................................................9
Principais Ativos, Passivos e Elementos do Patrimônio Líquido...........................................................................10
Ligações com Outras Demonstrações Contábeis....................................................................................................10
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DE EXERCÍCIO (DRE)..........................................................................................11
Divisão da DRE........................................................................................................................................................11
EBITDA....................................................................................................................................................................12
DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA (DFC)........................................................................................................13
Divisão da DFC........................................................................................................................................................13
Método Direto e Indireto..........................................................................................................................................14
REGIME DE CAIXA E REGIME DE COMPETÊNCIA.......................................................................................................18
PERDA PARA CRÉDITO DE LIQUIDAÇÃO DUVIDOSA (“PCLD”)................................................................................19
ESTOQUE........................................................................................................................................................................19
Primeiro que Entra, Primeiro que Sai (“PEPS”) ou First In First Out (“FIFO”)...............................................20
Média Ponderada Móvel (“MPM”).........................................................................................................................20
ATIVO BIOLÓGICO........................................................................................................................................................20
INSTRUMENTOS FINANCEIROS......................................................................................................................................21
ATIVOS IMOBILIZADOS E IMPAIRMENT........................................................................................................................26
IMOBILIZADO........................................................................................................................................................26
ATIVO QUALIFICÁVEL........................................................................................................................................26
DEPRECIAÇÃO......................................................................................................................................................27
VENDA DO IMOBILIZADO..................................................................................................................................28
IMPAIRMENT.........................................................................................................................................................29
INTANGÍVEIS.............................................................................................................................................................30
Amortização..............................................................................................................................................................31
Combinação de Negócios.........................................................................................................................................31
PROPRIEDADE PARA INVESTIMENTO..............................................................................................................35
MÉTODO DA EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL (“MEP”)...............................................................................36
PROVISÕES E PASSIVOS CONTINGENTES.......................................................................................................39

Versão: 29/09/21
ARRENDAMENTO (LEASING).........................................................................................................................................40
RECEITA.........................................................................................................................................................................45
DIVIDENDOS...................................................................................................................................................................46
ANÁLISE DE BALANÇOS................................................................................................................................................46
Análise Vertical e Horizontal...................................................................................................................................47
Análise de Indicadores.............................................................................................................................................48
Indicadores de Liquidez...........................................................................................................................................48
Indicadores de Alavancagem Financeira................................................................................................................49
Indicadores de Lucratividade...................................................................................................................................49
Indicadores de Giro..................................................................................................................................................52
ANATOMIA DA RENTABILIDADE...................................................................................................................................53
ROA: Retorno sobre os Ativos ou Return on Assets........................................................................................53
Ativo Líquido.......................................................................................................................................................54
Despesa Financeira Líquida...............................................................................................................................54
Custo da dívida (“Kd”).......................................................................................................................................54
ROI (Retorno sobre os Ativos Próprios) ou Return on Investments..............................................................54
ROE: Retorno sobre o Patrimônio Líquido ou Return on Equity.................................................................55
Spread...................................................................................................................................................................55
Proporção Passivo Financeiro/PL......................................................................................................................56
Contribuição da alavancagem............................................................................................................................56
Grau de Alavancagem Financeira (“GAF”).....................................................................................................56
IMPOSTOS......................................................................................................................................................................56

Versão: 29/09/21
Siglas e Abreviaturas

AGO Assembleia Geral Ordinária


BP Balanço Patrimonial
CA Ativos Financeiros mensurados ao custo amortizado
CCL Capital Circulante Líquido
CFC Conselho Federal de Contabilidade
CMV Custo das Mercadorias Vendidas
COFINS Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social
CNPJ Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica
CPP Contribuição Patronal Previdenciária
CPV Custo dos Produtos Vendidos
CSLL Contribuição Social sobre o Lucro Líquido
CVM Comissão de Valores Mobiliários
DRA Demonstração do Resultado Abrangente
DRE Demonstração do Resultado do Exercício
DFs Demonstrações Contábeis ou Demonstrações Financeiras
DFC Demonstração dos Fluxos de Caixa
DMPL Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido
DVA Demonstração dos Valores Adicionados
EBIT Earnings Before Interests and Taxes
EBITDA Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization
FGTS Fundo de Garantia por Tempo de Serviço
FIFO First In First Out
GAF Grau de Alavancagem Financeira
IASB International Accounting Standards Board
ICMS Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de
Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação
IE Imposto de Exportação
IFRS International Financial Reporting Standards
II Imposto de Importação
IOF Imposto sobre Operações Financeiras
IPI Imposto sobre Produtos Industrializados
IRPJ Imposto de Renda da Pessoa Jurídica
IRRF Imposto de Renda da Pessoa Física
ISS Imposto Sobre Serviços
ITR Imposto sobre a Propriedade Rural
Kd Custo da dívida
LAIR Lucro antes do Imposto de Renda e da Contribuição Social

Versão: 29/09/21
MEI Microempreendedor Individual
MEP Método de Equivalência Patrimonial
MPM Média Ponderada Móvel
PCLD Perda para Créditos de Liquidação Duvidosa
PEPS Primeiro que Entra, Primeiro que Sai
PIS Programa de Integração Social
PMPC Prazo Médio de Pagamento das Compras
PMRV Prazo Médio de Recebimento pelas Vendas
PMRE Prazo Médio de Renovação dos Estoques
PL Patrimônio Líquido: Total dos Ativos subtraído do Total dos Passivos
P&D Pesquisa e Desenvolvimento
ROA Retorno dos Ativos ou, em inglês, Return on Assets
ROE Retorno do Patrimônio Líquido ou, em inglês, Return on Equity
ROI Retorno sobre os Ativos Próprios ou, em inglês, Return on Investments
TJLP Taxa de Juros de Longo Prazo
REP Resultado de Equivalência Patrimonial
SPPJ Somente Pagamentos de Principal e Juros
S.A. Sociedade Anônima
VJORA Ativos Financeiros mensurados ao valor justo por meio de outros resultados abrangentes
VJR Ativos Financeiros mensurados ao valor justo por meio dos resultados

Versão: 29/09/21
Contabilidade: a linguagem dos negócios
A contabilidade visa reduzir a assimetria de informações entre as empresas e os usuários das informações
contábeis. O processo contábil consiste na transformação de registros de eventos econômicos e financeiros em
informação contábil útil aos diversos usuários. As demonstrações contábeis (ou demonstrações financeiras)
possuem a função de serem espelhos da realidade econômico-financeira das entidades, fornecendo informações
que proporcionam suporte à tomada de decisão e à avaliação por parte de seus usuários (bancos, investidores,
concorrentes, governo, clientes, fornecedores etc.).

Os Diferentes Tipos de Contabilidade


Contabilidade Financeira ou Contabilidade Societária: tem a finalidade de comunicar, a quem possa
interessar, a situação econômico-financeira de uma determinada entidade. As demonstrações contábeis auxiliam
investidores e credores na tomada de decisão. Para que as demonstrações contábeis de uma entidade possam ser
comparáveis com as de outras entidades, a elaboração destas deve seguir as normas contábeis divulgadas pelo
Conselho Federal de Contabilidade (“CFC”) e pelo International Accounting Standards Board (“IASB”). Isso
proporciona a comparabilidade das informações entre as entidades. As demonstrações contábeis das entidades que
negociam suas ações em bolsa são divulgadas trimestralmente. Essas informações devem ser, obrigatoriamente,
examinadas por profissionais independentes da entidade, os auditores externos.

Contabilidade Fiscal/Tributária: tem como objetivo apurar o imposto de renda e a contribuição social que as
empresas devem ao governo. Seguem as regras do Fisco e Receita Federal.

Contabilidade Gerencial: esta possui a finalidade de alinhar os interesses da empresa entre os diversos
funcionários. É utilizada para estabelecer as inúmeras metas da companhia, assim como seu planejamento. Por
não serem publicadas não há necessidade de serem regulamentadas, permitindo uma maior flexibilização na sua
elaboração e estrutura. São utilizadas para a tomada de decisão interna. Fazer ou comprar. Ponto de equilíbrio.
Rentabilidade por cliente e produto, entre outras possibilidades de geração de informações para análise.

Versão: 29/09/21
Convergência Contábil
A convergência contábil foi um movimento iniciado na Europa, a fim de criar um padrão de normas contábeis,
que fossem válidas em todos os países. Com isso, o IASB, uma organização internacional, sem fins lucrativos,
que passou a redigir as IFRS (International Financial Reporting Standards), regras contábeis válidas
internacionalmente. Para cada assunto contábil (leasing; combinação de negócios; reconhecimento de receitas;
imobilizado etc.) há uma IFRS específica.

O Brasil passou a adotar estas normas em 2010. Para isso aprovou a lei 11.638/07, que trouxe os conceitos
internacionais de contabilização. As IFRSs foram traduzidas para o português pelo CPC e passaram a ser
utilizadas para a elaboração das demonstrações financeiras. A adoção de tais normas possibilitou maior
investimento de capital estrangeiro nas companhias brasileiras, por elaborarem uma demonstração financeira em
linguagem universal, além da redução do custo de capital, em função da transparência vinda da harmonização.

A troca das regulamentações promoveu inúmeras dificuldades, em primeira instância. As companhias tiveram que
investir em treinamentos para seus funcionários das áreas contábeis, assim como criar uma maior comunicação
interna para que as demonstrações financeiras pudessem ser elaboradas, alterações em processos, sistemas etc.

Demonstrações Financeiras
As grandes empresas publicam balanços (demonstrações financeiras ou demonstrações contábeis) trimestralmente
e anualmente. A demonstração financeira de uma entidade é estruturada por sete demonstrações contábeis e
diversos relatórios e pareceres de auditores, como da própria empresa. As Demonstrações Contábeis (ou
“Demonstrações Financeiras” ou “DFs”) são compostas por:
 Balanço Patrimonial (BP): demonstração que apresenta o patrimônio da companhia em uma
determinada data, explicitando seus ativos, passivos e seu patrimônio líquido. Reflete as decisões de
investimento e financiamento da empresa.
 Demonstração do Resultado de Exercício (DRE): demonstração que explica o resultado da empresa
durante um determinado exercício. Reflete os resultados gerados pelas decisões de investimento e de
financiamento tomadas pelos gestores. `
 Demonstração dos Resultados Abrangentes (DRA): é uma importante ferramenta de análise gerencial,
pois, respeitando o princípio de competência de exercícios, atualiza o capital próprio dos sócios, através
do registro no patrimônio líquido (e não no resultado) das receitas e despesas incorridas, porém de
realização financeira “incerta”, uma vez que decorrem de investimentos de longo prazo, sem data prevista
de resgate ou outra forma de alienação.
 Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC): demonstração que explica todos os fluxos de caixa da
empresa durante um determinado exercício (obrigatória a partir da lei n. 11.638/07). A DFC indica quais
foram as saídas e entradas de dinheiro no caixa durante o período e o resultado desse fluxo.
 Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL): demonstração que explica as variações
do patrimônio líquido da empresa durante um determinado exercício.

Versão: 29/09/21
 Demonstração dos Valores Adicionados (DVA): demonstração que explica a formação de riqueza da
companhia durante seu exercício e como esta foi distribuída. A DVA se parece com a DRE,
diferenciando, porém, de que forma é distribuída a riqueza gerada (pessoal, taxas e impostos,
remuneração de capitais de terceiros e remunerações de capitais próprios).
 Notas Explicativas: as notas explicativas servem para complementar informações relativas às diversas
outras demonstrações contábeis, como por exemplo, de que bancos concederam novos empréstimos,
quais são suas participações societárias, e assim por diante.

Obs.: O BP é a única demonstração contábil que não é zerada na elaboração de futuras demonstrações
financeiras. Ele tem a função de mostrar o patrimônio acumulado da empresa. Isso ocorre uma vez que
todas as outras demonstrações explicam ocorrências durante o período de exercício. O BP é apenas uma
“fotografia” do patrimônio da empresa, na data que foi redigida a demonstração financeira (quanto a
companhia possuía de caixa na determinada data, por exemplo). As outras demonstrações mostram a
“movimentação” do período.

A empresa pode divulgar, em seu site de relações com investidores, uma série de informações e análises sobre
seus números contábeis. Geralmente divulga o relatório da administração, onde comenta o desempenho do ano e
perspectivas futuras.

Ainda é divulgado o relatório dos auditores independentes (opinião de auditoria). Uma firma de auditoria é
contratada para validar as DFs preparadas pela empresa. O auditor verifica se a DF é um espelho da realidade
econômica da instituição e se está sendo feita de acordo com as normas contábeis. Um relatório sem ressalva
promove transparência e credibilidade para as demonstrações contábeis.

Obrigatoriedades
A elaboração e a publicação das demonstrações financeiras dependem do porte da companhia, assim como segue:
 As companhias de sociedade anônima (S.A.) de capital aberto devem adotar CPCs, ter auditoria e
publicar as demonstrações trimestrais e anuais da controladora e do consolidado.
 Companhias de grande porte (faturamento superior a R$300 milhões ou ativo total superior a R$240
milhões) devem adotar CPCs, ter auditoria, porém não são obrigados a publicar.
 Companhias de pequeno e médio porte devem adotar todos CPCs ou apenas um CPC específico para
pequenas e médias empresas, sem necessidade de ser auditada ou publicada.

Muitas companhias abertas julgam injusto o modelo descrito acima, argumentando que desta forma se encontram
em desvantagem, pelo fato de competirem diretamente com empresas de grande porte, que não têm a obrigação
de publicar seus balanços (Exemplo: Natura e Boticário).

Versão: 29/09/21
Balanço Patrimonial (BP)
Estrutura do Balanço Patrimonial
O Balanço Patrimonial tem como função demonstrar o patrimônio de uma empresa em uma determinada data
(e.g. 31 de dezembro) e pode ser dividido em duas partes, assim como mostra a figura:

Ativos Passivos

A parte esquerda (os Ativos) representa como foram aplicados os recursos à disposição da empresa, enquanto a
parte direita (os Passivos) representa a origem destes recursos. Considerando que um dos lados é a origem dos
recursos e o outro a sua aplicação (Aplicação = Origem), podemos concluir que ambos os lados serão
obrigatoriamente iguais (Ativos = Passivos).

Para compreender melhor este processo, vamos supor que queremos abrir um negócio. Para isso, decidimos
investir $200, utilizando nosso dinheiro, e fazemos, ainda, um empréstimo de $500 (vamos desconsiderar a
incidência dos juros). Temos, portanto, $700 à nossa disposição. Assim como ilustra a figura, os recursos
disponíveis da empresa se encontram no lado direito do BP. Decidimos aplicar estes recursos, deixando $400 no
caixa e $300 na compra de uma loja. O caixa e a loja estarão contabilizados na parte esquerda do balanço.

Ativos Passivos
Caixa $ 400 Empréstimo $ 500

Loja $ 300 Capital Próprio $ 200

Total $ 700 Total $ 700

A parte direita do balanço é dividida em passivos e Patrimônio Líquido (PL). Passivos são os recursos de
terceiros e o PL são os recursos próprios. Utilizando o exemplo anterior, o PL da empresa seria os $200 que
decidimos aplicar do nosso bolso. O recurso vindo de terceiros é o empréstimo de $500, já que esta quantia não
veio nem dos sócios, nem da empresa em si, mas de um terceiro à empresa.

Com isso, nosso balanço está dividido em três partes: Ativos, Passivos e Patrimônio Líquido. A equação contábil
citada antes (lado esquerdo = lado direito) passa a ser escrita como Ativo = Passivo + Patrimônio Líquido.
Total Ativos = $700
Total Passivos = $500
Total PL = $200
$700 = $500 + $200

Versão: 29/09/21
Ativos Passivos
Caixa R$ 400 Empréstimo R$ 500
Patrimônio Líquido
Loja R$ 300 Capital social R$ 200
Total R$ 700 Total R$ 700

A empresa tem a sua disposição R$ 700, deste valor R$ 200 foram aportados pelos sócios e R$ 500 são
empréstimos de terceiros. A empresa aplicou os R$ 700, deixando R$ 400 no caixa e comprando uma loja de R$
300. Logo, seu PL é de R$ 200. Com isso, a empresa tem R$ 700 de bens e R$ 500 de dívidas. Note que o PL
“não existe”. O que existe na empresa são os seus bens (dinheiro e loja) no ativo e uma dívida com bancos no
passivo. O PL é apenas uma abstração (PL = ativo – passivo).

Ativos, Passivos e Patrimônio Líquido


Agora que sabemos como é estruturado um BP, vamos entender o que, de fato, são ativos, passivos e PL.
 Ativos: são recursos controlados pela empresa para gerar benefícios econômicos futuros. Estes podem ser
terrenos, lojas, máquinas, prédios, patentes, direitos, caixa, aplicações financeiras ou participações
societárias.
 Passivos: são as obrigações que a empresa tem com outras diversas entidades, como bancos ou
fornecedores. Se uma empresa decide comprar R$ 100 de matérias primas, a prazo, para produzir seus
produtos, a empresa teria uma obrigação de pagar no futuro seu fornecedor. Portanto o valor de R$ 100 se
torna um passivo, deixando de ser quando a empresa pagar o seu fornecedor.
 Patrimônio Líquido: se encontra todo o capital próprio da empresa, ou seja, o capital dos sócios, suas
reservas e o lucro acumulado. Se um sócio decide investir em uma empresa, injetando capital, este vai
contribuir para um aumento do PL, mais precisamente, na linha do BP chamada de “capital social”.

Circulante e Não Circulante


Os ativos e passivos são divididos em circulantes e não circulantes. O termo circulante indica tudo aquilo que
circula no período de um ano da data do balanço. Portanto, ativos circulantes são recursos que se transformam em
benefícios econômicos dentro de um ano da data em que o BP foi elaborado. Passivos circulantes são as
obrigações que vencem dentro de um ano da data do BP.

Um exemplo de ativo circulante pode ser o estoque da Lojas Renner S.A., que dentro do ano letivo movimenta
dinheiro para a companhia. Um empréstimo de curto prazo pode ser um exemplo de passivo circulante. A divisão
é dada da seguinte forma:
Passivo Circulante
Ativo Circulante
Passivo Não Circulante
Ativo Não Circulante Patrimônio Líquido

Versão: 29/09/21
Principais Ativos, Passivos e Elementos do Patrimônio Líquido
Dentre os principais ativos circulantes temos o caixa, o estoque, as aplicações financeiras de curto prazo, as
contas a receber (apenas se a conta a ser recebida seja dentro de um ano), no caso de empresas industriais,
atacadistas e varejistas. Entre os outros ativos de curto prazo, usualmente de menor expressão, incluem-se as
despesas antecipadas, os créditos tributários, entre outros.
Os principais ativos não circulantes são:
 Realizável a longo prazo: são aqueles ativos que gerarão benefícios econômicos em prazo
superior a um ano. Pode ser: aplicações financeiras de longo prazo, contas a receber de longo
prazo e até mesmo estoques, como no caso de construtoras.
 Imobilizado: são os bens utilizados pela empresa e que geralmente não são vendidos. Pode ser:
lojas, móveis, carros ou prédios.
 Intangíveis: são recursos não corpóreos que são utilizados e não há a intenção de serem vendidos,
e.g. softwares, patentes ou direitos de concessão.
 Investimentos: estes são divididos em dois tipos distintos: participações societárias ou
propriedades para investimento. As participações societárias são compras de participações
estratégicas em coligadas, controladas e joint-ventures. As propriedades para investimento podem
ser a compra de um terreno para que o mesmo se valorize 1, ou a construção de edifícios para
alugar a terceiros.

Os passivos dependem da sua data de vencimento para serem classificados como circulantes ou não circulantes.
No entanto, os mais importantes passivos são contas a pagar, fornecedores, empréstimos, juros a pagar e impostos
a recolher a pagar.

Os elementos do PL mais importantes são capital social (capital injetado pelos sócios), lucro acumulado (lucro
acumulado durante o exercício) e reservas de lucro (lucro não distribuído).

Ligações com Outras Demonstrações Contábeis


O BP possui ligações com outras demonstrações contábeis como a DFC, DRE e com a DMPL. Qualquer variação
do ativo caixa, localizado nos ativos circulantes, é explicada pela DFC, qualquer variação do lucro acumulado,
componente do PL, é explicada pela DRE, e qualquer variação do PL é explicada pela DMPL.

1
A compra de um terreno a fim de que ele se valorize não deve ser confundido como um imobilizado, uma vez que o terreno não está
sendo utilizado pela companhia.

Versão: 29/09/21
DRE

(+) Receitas

(-) Despesas

(=) Lucro

DFC

(+) Recebimentos

(-) Pagamentos

(=) Var Caixa

DMPL
PL inicial
(+) Aumento de Capital
(+) Lucro
(-) Dividendos
(=) PL Final

Demonstração do Resultado de Exercício (DRE)


Divisão da DRE
(+) Receita
(-) CMV
(=) Lucro Bruto
(-) Despesas administrativas
(-) Despesas com vendas
(+/-) Resultado com equivalência patrimonial
(=) EBIT
(-) Despesas financeiras
(+) Receitas financeiras
(=) LAIR
(-) Despesas com IRPJ e CSLL
(=) Lucro Líquido

Enquanto o BP representa uma “foto” das decisões de investimento e de financiamento em uma determinada data,
a DRE representa um “filme” dos resultados gerados pelas decisões durante um determinado período. A DRE
possui a função de explicar o lucro líquido de uma determinada empresa ao longo do exercício, tendo relação

Versão: 29/09/21
direta com o lucro acumulado no BP. A cada período é feita uma nova DRE. No PL, caso não haja dividendos, o
lucro acumulado corresponderá ao somatório de todos os lucros líquidos, de todas as DREs, da empresa.
 Receita: Receita bruta menos devoluções, abatimentos e impostos sobre as vendas (ICMS, IPI, PIS,
COFINS e ISS). Esta linha também é conhecida como receita líquida.
 CMV: gasto para a fabricação de um produto (matéria prima, embalagens, mão de obra direta,
depreciação e amortização) ou custo de aquisição em empresas comerciais.
 Lucro Bruto: lucro resultante da atividade principal (Receita menos CMV).
 Despesa administrativa: salários dos funcionários das áreas administrativos, energia elétrica, despesa
com depreciação de ativo imobilizados, despesa com amortização de softwares etc.
 Despesa com vendas: frete para entrega, publicidade, comissão de vendedor, despesa com depreciação
da frota de veículos de entrega, despesa com amortização de software de análises de clientes, expectativa
de inadimplência etc.
 REP (Resultado de Equivalência Patrimonial): apresenta o valor do percentual de participação sobre o
resultado do exercício de uma participação societária.
 EBIT: representa os ganhos que a empresa tem com sua operação principal, considerando todas as
despesas operacionais. O EBIT é usado para analisar como está sendo a operação principal da entidade
em um determinado exercício. É o lucro operacional.
 Despesa financeira: juros de empréstimos e variação cambial.
 Receita financeira: juros de aplicações financeiras e variação cambial.
 LAIR: lucro advindo da operação principal da empresa somado ao lucro das operações financeiras
(pagamentos de juros ou ganhos financeiros). Essa métrica é influenciada, também, pela estrutura de
capital da empresa.
 IRPJ e CSLL: imposto de renda e contribuição social. Pode haver a linha de imposto diferido em função
das diferenças temporárias entre o lucro do IFRS (contabilidade financeira) e o lucro da Receita Federal
(contabilidade tributária).
 Ganho/Perda com Operações Descontinuadas: esta é uma linha que nem sempre fará parte da DRE.
Estes ganhos, ou perdas, estão relacionados à venda de ativos (na maioria não circulantes) que não fazem
mais parte da operação da empresa. Por exemplo: despesas referentes a um produto que parou de ser
comercializado/fabricado.
 Lucro Líquido: última linha da DRE, apresenta o resultado de um determinado exercício. Demonstra o
lucro advindo da operação, considerando a estrutura de capital e os impactos tributários. É a base de
cálculo de dividendo.

EBITDA
O EBITDA (Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization) é utilizado por muitos para analisar
o potencial de geração de caixa operacional de uma companhia. É uma medida que reflete a capacidade de
geração de caixa operacional da empresa que seria então utilizado para amortizar dívidas, para cobrir as despesas
financeiras decorrentes do endividamento, para realizar investimentos e para remunerar os sócios e o governo.

Versão: 29/09/21
Para isso, ajusta-se o Lucro Líquido, desconsiderando as despesas que não impactam o caixa, como depreciações
e amortizações. São desconsideradas questões não ligadas a operação da empresa (despesas e receitas financeiras)
e fatores específicos da realidade de um determinado país (IRPJ e CSLL). Entretanto, não há uma regra única
para a construção dessa medida, assim como seu uso não é livre de desvios e erros de interpretação.

Muitas empresas procuram desconsiderar outros gastos, que julgam não terem relação com a geração de caixa,
para apresentar um melhor EBITDA (e.g. despesas de impairment e provisões). Por esse motivo, a CVM
(Comissão de Valores Mobiliários) obriga a apresentação de um EBITDA tradicional, deixando facultativo um
segundo, chamado “Ajustado”. O cálculo do EBITDA pode ser comumente feito de duas maneiras:
EBITDA: EBIT + despesa de depreciação e amortização.
EBITDA: Lucro líquido + despesa financeira – receita financeira + despesa de depreciação + despesa de
amortização + impostos e contribuições sociais.

Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC)


Divisão da DFC
A DFC possui a função de detalhar o quanto, e de que forma, variou o caixa da companhia em um determinado
período de exercício, analisando seus recebimentos e pagamentos. Segundo o CPC03(R2), as informações sobre
os fluxos de caixa de uma entidade são úteis para proporcionar aos usuários das demonstrações contábeis uma
base para avaliar a capacidade de a entidade gerar caixa e equivalentes de caixa e as necessidades da entidade
para utilizar esses recursos.

Essas informações, quando combinadas com as informações das demais demonstrações financeiras, auxiliam o
analista a avaliar não só a capacidade dos gestores de gerar lucro, mas também de materializá-lo no caixa da
empresa. Uma empresa pode ser lucrativa, mas ao mesmo tempo pode estar quebrada devido à insuficiência de
caixa. Por outro lado, uma empresa pode ter prejuízo, mas, simultaneamente, gerar caixa suficiente para manter o
giro da operação.

A DFC deve apresentar os fluxos de caixa durante o período classificados por atividades operacionais, de
investimento e de financiamento, conforme abaixo. A última linha da demonstração é o valor do saldo atual do
caixa (mesmo valor do BP) da empresa, ou seja, a variação do caixa somada ao seu valor inicial.

(+) Caixa Líquido Atividades Operacionais


(+) Caixa Líquido Atividades de Investimento
(+) Caixa Líquido Atividades de Financiamento
(=) Variação do Caixa
Saldo Inicial
Saldo Final

Versão: 29/09/21
 Atividades Operacionais: são as atividades relacionadas à operação da companhia, que impactam o
caixa (operações do dia a dia da empresa). Recebimentos de clientes, pagamento de fornecedores,
pagamento de salários, podem ser exemplos de tais atividades. O caixa operacional requer um maior
enfoque, uma vez que explicita de que forma a operação da companhia vem gerando caixa. De forma
genérica, as atividades operacionais estão relacionadas à compra e venda de ativos circulantes, assim
como pagamentos de alguns passivos circulantes (fornecedores, por exemplo).
 Atividades de Investimento: são as atividades relacionadas a operações que não ocorrem com
frequência. Segundo o CPC03(R2), a divulgação em separado dos fluxos de caixa decorrentes das
atividades de investimento é importante porque tais fluxos de caixa representam a extensão em que
dispêndios de recursos são feitos pela entidade com a finalidade de gerar receitas e fluxos de caixa no
futuro. Vendas e compra de imobilizados, intangíveis, participações societárias, aplicações financeiras,
podem ser alguns exemplos. De forma genérica, as atividades de investimento estão relacionadas à
compra e venda de ativos não circulantes.
 Atividades de Financiamento: são atividades relacionadas ao financiamento da empresa, de forma que
impacte o caixa. Segundo o CPC03(R2), a divulgação separada dos fluxos de caixa decorrentes das
atividades de financiamento é importante por ser útil para prever as exigências sobre futuros fluxos de
caixa pelos fornecedores de capital à entidade. Pagamentos de empréstimos e dividendos, assim como
contrações de empréstimos e aportes de capital social, são exemplos de possíveis atividades de
financiamento. De maneira genérica, estas atividades estão relacionadas à variação de passivos não
circulantes e à variação de certos componentes do PL.

Método Direto e Indireto


A elaboração da DFC pode ser feita, na atividade operacional, pelo método direito ou indireto. A diferença entre
os dois é a forma como é registrada a “Atividade Operacional”. A entidade deve divulgar os fluxos de caixa das
atividades operacionais, usando:
(a) o método direto, segundo o qual as principais classes de recebimentos brutos e desembolsos brutos são
apresentadas; ou
(b) o método indireto, segundo o qual o lucro líquido ou prejuízo é ajustado pelos efeitos de:
(i) mudanças ocorridas no período nos estoques e nas contas operacionais a receber e a pagar;
(ii) itens que não afetam o caixa; e
(iii) todos os outros itens cujos efeitos sobre o caixa sejam fluxos de caixa decorrentes das atividades de
investimento ou de financiamento.

Versão: 29/09/21
O método direto registra os recebimentos e os pagamentos das atividades operacionais com as respectivas
entradas e saídas de caixa, como se fosse um “extrato bancário”. No intuito de esclarecer a afirmação acima,
vamos a pensar em um simples exemplo: a empresa ABC Ltda. recebeu R$200 de seus clientes em uma venda,
comprou R$170 em estoque e comprou R$800 em imobilizado. Ainda, tomou emprestado R$120 de um banco e
recebeu R$500 em aporte de capital. Como dito anteriormente, a DFC pelo método direto, em sua atividade
operacional, é contabilizada como um extrato bancário, portanto a contabilização do nosso exemplo seria da
seguinte forma:

Caixa Líquido Atividades Operacionais R$ 30


Recebimento de Clientes R$ 200
Pagamento de Fornecedores R$ (170)
Caixa Líquido Atividades de Investimento R$ (800)
Compra Imobilizado R$ (800)
Caixa Líquido Atividades de Financiamento R$ 620
Tomada de Empréstimo Bancário R$ 120
Aporte de Capital Social R$ 500
Variação do Caixa R$ (150)
Saldo Inicial R$ -
Saldo Final R$ (150)

O método indireto, diferente do anterior, possui a finalidade de compreender os prazos médios da companhia,
sendo possível elaborar a DFC, utilizando apenas os saldos apresentados no BP e na DRE. Por este método, a
atividade operacional não é contabilizada utilizando a ideia de “extrato bancário”, mas sim, a de geração de caixa
pelo lucro líquido e pela variação de ativos e passivos, como veremos a seguir. Para elaborá-la (lembrando que
vale apenas para a atividade operacional da DFC) deve-se seguir três passos:

Versão: 29/09/21
1. Ajustar o lucro líquido, desconsiderando despesas e receitas que não impactam o caixa, como
depreciações, REP (uma vez que o que impacta o caixa são dividendos), resultados financeiros,
impairment, como outros.
2. Contabilizar a variação dos ativos operacionais (contas a receber, estoque etc.) invertendo seu sinal. A
inversão do sinal ocorre quando do aumento de um determinado ativo, significando um impacto negativo
no caixa. Para esclarecer, vamos analisar alguns exemplos. Um aumento do estoque, mantendo a
operação da empresa constante, significa que esta pagou para comprar mais estoque. Um aumento no
ativo “contas a receber”, mantendo a operação constante, significa que a companhia está vendendo mais a
prazo, deixando de receber à vista, a empresa está perdendo caixa.
3. Contabilizar a variação de passivos operacionais (fornecedores, aluguel a pagar etc.) mantendo seu sinal
igual. O aumento de um passivo significa que a empresa está deixando de pagar as respectivas contas,
mantendo a operação constante. A diminuição de um passivo, mantendo a operação constante, significa
que a companhia está quitando dívidas, impactando o caixa negativamente. Por este motivo o sinal das
variações é mantido.

Desta forma é possível analisar de que maneira a companhia está gerando caixa com seus prazos médios. É
possível verificar se o prazo médio de recebimento pelas vendas (“PMRV”) está aumentando ou não, se o prazo
médio de pagamento das compras (“PMPC”) aos fornecedores está em queda ou em alta, assim como diversos
outros prazos. Com isso, a compreensão da operação da empresa se torna mais clara. Utilizando os dados das
demonstrações contábeis abaixo, vamos elaborar a DFC pelo método indireto.

Balanço Patrimonial
Ativos Passivos
X0 X1 X0 X1
Caixa - 210 Empréstimos - 100
Clientes (contas a receber) 30 90 Salários a Pagar 5 18
Estoque 70 20 Fornecedores 15 12
Imobilizado 100 150 Patrimônio Líquido
Depreciação - (20) Capital Social 180 200
Lucro Acumulado - 120
Total 200 450 200 450

Versão: 29/09/21
DFC Método Indireto DRE X1
Atividade Operacional 140 Receita 270
Lucro Líquido 120 CMV (100)
Lucro Ajustado pela depreciação 140 Desp. com Salários (30)
Variação Clientes (60) Desp. com Depreciação (20)
Variação Estoque 50 Lucro Líquido 120
Variação Salários a Pagar 13
Variação Fornecedores (3)
Atividade de Investimento (50)
Compra Imobilizado (50)
Atividade Financiamento 120
Aquisição Empréstimo 100
Aporte de Capital 20
Variação de Caixa 210
Saldo Inicial -
Saldo Final 210

No método indireto basta recorrer ao lucro líquido da DRE e ajustá-lo, desconsiderando despesas que não
impactam no caixa, portanto iremos desconsiderar a depreciação de R$20 na DRE. Com isso obtemos o lucro
ajustado, agora basta calcular as variações dos ativos e passivos operacionais.

As linhas “estoque” e “clientes” (contas a receber) são ativos operacionais, portanto é necessário calcular as suas
variações e inverter o sinal. Feito o cálculo, podemos compreender como a companhia está gerando seu caixa,
com seus respectivos prazos médios. Vemos que as contas a receber aumentaram, portanto, a empresa está
vendendo mais a prazo, ou seja, seu PMRV aumentou, gerando uma perda de caixa, já que a companhia recebe
menos a vista. Seu estoque reduziu, ela vendeu uma parte dele, seu prazo de venda diminuiu, a companhia está
girando mais seu estoque.

Por fim, temos que calcular as variações dos passivos operacionais da empresa, no caso utilizaremos os “salários
a pagar” e “fornecedores”, mantendo o sinal das variações positivo. O primeiro passivo citado cresceu em R$ 13,
demonstrando que a companhia ganhou R$ 13 em atrasar seu pagamento de salários, o PMPC aumentou, a
empresa agora demora mais tempo para pagar seus funcionários. O segundo passivo variou negativamente,
deixando claro que neste exercício ela pagou R$ 3 aos seus fornecedores. O PMPC diminuiu, a companhia paga
mais rápido seus fornecedores, perdendo, portanto, na sua atividade operacional. Para as outras atividades, basta
contabilizar estas da mesma maneira que é feita na DFC, usando o método direto.

O CPC03(R2) recomenda que as companhias elaborarem a DFC pelo método direto, por ser mais simples a sua
compreensão. As empresas, porém, preferem contabilizar os fluxos de caixa pelo método indireto. Isso ocorre por

Versão: 29/09/21
dois motivos, em particular. O primeiro se dá pela dificuldade dos contadores em ter acesso às informações de
outras áreas da companhia, para elaborar a DFC pelo método direto, como as contas a receber e a pagar. O
segundo se dá por uma das normas contábeis, que diz ser obrigatório a apresentação da DFC pelo método indireto
nas notas explicativas, caso a companhia apresente sua DFC pelo método direto; norma que não vale caso
contrário (se a empresa elaborar sua DFC pelo método indireto, não é necessário que apresente uma nota
explicativa com o método direto).

Regime de Caixa e Regime de Competência


Segundo o CPC26(R1), a entidade deve elaborar as suas demonstrações contábeis, exceto para a demonstração
dos fluxos de caixa, utilizando-se do regime de competência. Existe uma diferença nas contabilizações da DFC e
da DRE: a primeira segue o regime de caixa, enquanto a segunda, o regime de competência.

O regime de caixa consiste em contabilizar os pagamentos e recebimentos, portanto as efetivas entradas e saídas
de caixa do período. Por sua vez, a DRE contabiliza o uso dos recursos da companhia (despesas) e a transferência
dos produtos e serviços aos clientes (receitas), independente se for a prazo ou à vista.

Vamos supor que recebemos R$100 de um cliente, porém, ainda não entregamos o produto. Este valor será
contabilizado na DFC, dado que entrou R$100 no caixa. Na DRE não haverá a contabilização da receita, uma vez
que não transferimos o risco (o produto) ao cliente.

Vamos, agora, pensar em uma revendedora de tênis. A empresa comprou R$100 em produtos, sendo 30% à vista,
e os vendeu por R$270, sendo 80% à vista. Como os produtos foram vendidos, o risco foi transferido aos seus
clientes, a DRE contabilizará R$270 de receita. Da mesma forma, os recursos (os produtos) já foram usados nesta
venda, podendo assim contabilizar os R$100 como CMV da empresa. No entanto, o caixa contabilizará apenas as
entradas e saídas à vista da companhia. Desta maneira, será contabilizado na DFC 30% de R$100 (R$30) e 80%
de R$270 (R$216). Segue abaixo uma ilustração das contabilizações feitas:

DRE DFC
Receita 270 Recebimento de Clientes 216
(100
CMV ) Pagamento de Fornecedores (30)
Lucro Líquido 170 Saldo Final 186

Visando esclarecer melhor o regime de competência, vamos nos utilizar de um último exemplo. Pensemos em um
contrato de uma emissora de televisão com um time de futebol. Neste contrato a rede televisiva paga à vista o
time para poder transmitir suas partidas, durante os finais de semana. Podemos assimilar a operação do time como
um serviço que este presta à emissora.

Versão: 29/09/21
O time, assim que receber o dinheiro da emissora, poderá contabilizar o valor na DFC. Mas a contabilização na
DRE deve ser feita (apropriada) por competência, ao longo do tempo, a medida em que o serviço é prestado e os
jogos realizados.

Perda para Crédito de Liquidação Duvidosa (“PCLD”)


A PCLD é uma expectativa de inadimplência, calculada pela empresa, em função de suas vendas a prazo. Para a
contabilizar a PCLD, deve-se criar uma linha negativa no ativo circulante, abaixo da linha de “contas a receber”,
chamada PCLD e lá colocar o valor correspondente a porcentagem das vendas a prazo que se espera não receber.
Como contrapartida, colocar o mesmo valor de forma negativa na DRE como uma despesa com vendas.
Consequentemente, essa quantia vai incidir no lucro acumulado. A PCLD, por ser um valor subjetivo, é usada por
algumas empresas como instrumento de suavização de lucro, ou seja, como instrumento para deixá-lo constante.

Exemplo: Venda a prazo de R$100.


Balanço Patrimonial DRE
Ativo Passivo e PL Receita 100
Contas a receber 100
Lucro acumulado 100

Considerando uma expectativa de inadimplência de 20%, temos:


Balanço Patrimonial DRE
Ativo Passivo e PL Receita 100
Contas a receber 100 (-) Despesa de venda (20)
(-) PCLD (20) Lucro acumulado 80

Exemplo: A empresa X estimada a PCLD por R$20. Um de seus clientes declara falência, deixando de pagar um
valor de R$16. Como essa quantia está dentro do valor estimado, não haverá impacto na DRE da empresa X. Para
contabilizar esse caso, deve-se somar R$16 na conta redutora do ativo PCLD e em contrapartida, subtrair R$16
das contas a receber.
Balanço Patrimonial DRE
Ativo Passivo e PL Receita 100
Contas a receber 84 (-) Despesa de venda (20)
(-) PCLD (4) Lucro acumulado 80

Estoque
O reconhecimento do estoque é diferente em uma empresa comercial e uma empresa industrial. No caso de um
comércio, o estoque corresponde ao custo de aquisição do produto que vai ser vendido, por exemplo: em uma
empresa que vende camisetas, o estoque é o preço de aquisição das camisetas que foram adquiridas e serão
vendidas. Já em uma indústria, o estoque corresponde ao custo de todos os aspectos ligados a produção do que
será vendido, ou seja, materiais diretos, mão de obra direta, custos indiretos de fabricação (energia elétrica da

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fábrica, por exemplo), entre outros. Por exemplo: o salário de um funcionário que trabalha na produção entra no
estoque; em um comércio, esse valor entraria em despesa administrativa, na DRE.

O valor do estoque impactará a DRE quando a venda do produto ocorrer. Neste momento, este vai negativamente
para o CMV. Há três métodos de mensuração do CMV, os quais veremos a seguir.

Primeiro que Entra, Primeiro que Sai (“PEPS”) ou First In First Out (“FIFO”)
O PEPS, abreviação de “primeiro que entra, primeiro que sai” ou FIFO (First In, First Out), é uma forma de
contabilização em que à medida que ocorrem as saídas, a baixa no estoque é realizada a partir das primeiras
compras, que é equivalente a consumir primeiro as unidades produzidas/adquiridas antes, ou seja, a primeira
unidade a entrar no estoque é a primeira a ser utilizada no processo de produção ou a ser vendida.

Média Ponderada Móvel (“MPM”)


A MPM é uma forma de contabilização em que os estoques devem ter um controle permanentemente atualizado a
cada aquisição da entidade, de modo que a baixa no estoque seja calculada com base no preço médio do ativo
estocado. Também é conhecido como custo médio.
Exemplo:

Mensuração Subsequente dos Estoques


Após registrar os estoques, deve-se analisar se o valor O valor dos estoques é mensurado levando em conta o
menor valor entre o valor de custo e o valor realizável líquido (valor de mercado). Se um estoque foi adquirido
por $100 e tenha um preço de venda estimado de $70, deve-se diminuir o valor do estoque e contabilizar uma
perda na DRE de $30.

Ativo Biológico
Ativo biológico é um animal e/ou uma planta, vivos. Exemplo: gado, café no pé de café, floresta de eucalipto. O
ativo biológico deve ser mensurado ao valor justo de cada período de competência.
Exemplo: conforme o pé de café for evoluindo, seu valor no ativo, “ativo biológico”, vai aumentando. A
contrapartida é um ganho na DRE.

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O produto agrícola colhido de ativos biológicos da entidade deve ser mensurado ao valor justo, menos a despesa
de venda, no momento da colheita. O valor assim atribuído representa o custo, e deve ser contabilizado no
estoque.
O estoque deve ser contabilizado pelo valor do valor justo dos ativos biológicos na data de corte. Que passa a ser
o seu valor de custo.
Exemplo: no momento da colheita do café, o ativo biológico passa a ser estoque. E o valor justo do pé de café na
hora do corte, passa a ser o custo do estoque.

Instrumentos Financeiros

Classificação de Ativos Financeiros


A IFRS9 prevê três classificações distintas para os ativos financeiros, as quais têm por base tanto o modelo de
negócios da entidade para o gerenciamento desses ativos quanto as suas características dos fluxos de caixa
contratuais do ativo:
(i) ativos financeiros mensurados ao custo amortizado (“CA”);
(ii) ativos financeiros mensurados ao valor justo por meio de outros resultados abrangentes (“VJORA”); e
(iii) ativos financeiros mensurados ao valor justo por meio dos resultados (“VJR”).

O diagrama abaixo apresenta a visão geral da classificação de ativos financeiro nas principais categorias de
mensuração, assim como as opções de apresentação e designação:

Ativos financeiros mensurados ao custo amortizado


Um ativo financeiro é classificado como mensurado ao custo amortizado caso (i) atenda ao critério de “somente
principal e juros”; e (ii) seja mantido em um modelo de negócios cujo objetivo seja o de manter o ativo financeiro
para obtenção de fluxos de caixa contratuais.

Versão: 29/09/21
Ativos financeiros mensurados ao valor justo por meio de outros resultados abrangentes
Um ativo financeiro é classificado como mensurado ao VJORA caso (i) atenda ao critério de “somente principal e
juros”; e (ii) seja mantido em um modelo de negócios cujo objetivo seja tanto o de manter o ativo financeiro para
obter fluxos de caixa contratuais como para venda.

Ativos financeiros mensurados ao valor justo por meio do resultado


Todos os outros ativos financeiros, ou seja, aqueles que não atendam aos critérios de classificação como
mensurados ao custo amortizado ou ao VJORA, são classificados como mensurados ao VJR, com as mudanças no
valor justo reconhecidas no resultado.

Uma entidade pode designar um ativo financeiro irrevogavelmente ao VJR no reconhecimento inicial,
caso isso possa eliminar ou reduzir significativamente uma inconsistência de mensuração ou de reconhecimento,
ou seja, um “descasamento contábil”, que de outra forma, resultaria da mensuração de ativos ou passivos ou do
reconhecimento de ganhos ou perdas sobre eles em bases diferentes.

Avaliação dos fluxos de caixa contratuais: critério de “somente pagamentos de principal e juros” (SPPJ)

Um dos critérios para determinar se um ativo financeiro poderia ser classificado como mensurado ao custo
amortizado ou ao valor justo por meio de outros resultados abrangentes é a possibilidade de mensurá-lo a partir da
apropriação de juros, utilizando sua taxa de juros efetiva, o que só é possível quando os fluxos de caixa do ativo
financeiro atendem ao critério de SPPJ, ou seja, quando os termos contratuais do ativo financeiro originam fluxos
de caixa que sejam somente pagamentos de principal e juros, sem remunerar outros riscos que não aqueles
comuns a uma operação de crédito, tais como o valor do dinheiro no tempo, representado pela taxa de juros livre
de risco, e o risco de crédito.

A IFRS9 estabelece uma série de itens a serem observados para definir se um ativo atende ou não ao conceito de
SPPJ, destacando como pontos críticos:
o Cláusulas contratuais que introduzam exposição a riscos ou volatilidade não relacionada ao
acordo básico de empréstimo;
o Remuneração alavancada;
o Moedas diferentes entre principal e/ou juros;
o Remunerações variáveis relacionadas a outros fatores que não o valor do dinheiro no tempo, o
poder de compra da moeda e o risco de crédito;
o Cláusulas de pré-pagamento e/ou extensão que podem ocasionar em oscilação relevante no valor
do ativo e que, de alguma forma, não correspondam a pagamentos de principal e juros;
o Títulos com opção de conversão;
o Ativos Subordinados.

Versão: 29/09/21
Avaliação do modelo de negócios
Modelo de negócios refere-se à maneira pela qual uma entidade administra seu ativo financeiro para gerar fluxos
de caixa. Assim, o modelo de negócios determina se os fluxos de caixa serão resultantes da obtenção dos fluxos
de caixa contratados, da venda do ativo financeiro ou de ambos.

A avaliação do modelo de negócios é necessária para os ativos financeiros que atendem ao critério de “somente
principal e juros” para determinar se eles atendem aos critérios de classificação na categoria de ativos financeiros
mensurados ao custo amortizado ou ao valor justo por meio de outros resultados abrangentes.

Ativos financeiros que não atendem ao critério de “somente principais e juros” são classificados ao valor justo
por meio do resultado, independentemente do seu modelo de negócios, exceto investimentos em instrumentos de
patrimônio, para os quais uma entidade pode eleger a mensuração ao valor justo por meio de outros resultados
abrangentes.

Contabilização
Custo Amortizado
Suponha um título classificado como custo amortizado, adquirido por $900 e que tenha obtido um rendimento de
$50 dentro de um período.
Pela compra do título: aumento de aplicações financeiras e redução de caixa e equivalentes de caixa, no valor de
$900.
Pela apropriação dos rendimentos: aumento de aplicações financeiras e aumento de receita financeira, no valor de
$50.

VJORA
Suponha um título classificado como VJORA, adquirido por $900 e que tenha obtido um rendimento de $50
dentro de um período. Seu valor justo corresponde a $910.
Pela compra do título: aumento de aplicações financeiras e redução de caixa e equivalentes de caixa, no valor de
$900.
Pela apropriação dos rendimentos: aumento de aplicações financeiras e aumento de receita financeira, no valor de
$50.
Pelo ajuste a valor justo: redução de aplicações financeiras e redução de outros resultados abrangentes
(patrimônio líquido), no valor de $40.

VJR
Suponha um título classificado como VJR, adquirido por $900 e que tenha obtido um rendimento de $50 dentro
de um período. Seu valor justo corresponde a $910.
Pela compra do título: aumento de aplicações financeiras e redução de caixa e equivalentes de caixa, no valor de
$900.

Versão: 29/09/21
Pela apropriação dos rendimentos: aumento de aplicações financeiras e aumento de receita financeira, no valor de
$50.
Pelo ajuste a valor justo: redução de aplicações financeiras e aumento de perda com valor justo de ativo
financeiro (resultado), no valor de $40.

Classificação de Passivos Financeiros


De acordo com o IFRS9, com exceções de alguns itens, todos os passivos financeiros devem ser classificados
como mensurados ao custo amortizado. As exceções são mensuradas ao valor justo, e:

● o valor da mudança no valor justo do passivo atribuível a mudanças no risco de crédito desse passivo será

apresentado em outros resultados abrangentes (patrimônio líquido).

● o valor remanescente da mudança no valor justo do passivo será apresentado no resultado.

Redução ao valor recuperável (“impairment”) de ativos financeiros


O modelo de perdas esperadas é apresentado pela IFRS9. Por este modelo prospectivo, não será mais necessário
que um evento de perda ocorra antes do reconhecimento da perda por redução no valor recuperável e, assim, em
geral, todos os ativos financeiros incluirão uma provisão para perdas.

Perdas de crédito esperadas são o valor presente de todas as insuficiências de caixa ao longo da vida esperada do
instrumento financeiro e incluem:

Eventos passados
+
Modelo de perdas Condições atuais
esperadas
+

Previsão de condições econômicas futuras

As perdas de crédito podem ser mensuradas através de duas abordagens:


 Abordagem geral
O modelo utiliza uma abordagem dupla, em que a provisão é mensurada para:
- Perdas de crédito esperadas para 12 meses; ou
- Perdas de crédito esperadas para a vida inteira.
A base de mensuração normalmente depende se houve um aumento significativo no risco de crédito desde o
reconhecimento inicial.

Exemplo:
Uma empresa concedeu um empréstimo no valor de $1 milhão, a uma taxa de juros (TEJ) de 5%. Os juros são
pagos anualmente e o principal devolvido na última parcela.

Versão: 29/09/21
Cenário 1: crédito em Estágio 1
• Probabilidade de inadimplência (PD 12-meses) = 0,5%
• Perda dada a inadimplência (LGD) = 25%
• Exposição na inadimplência (EAD) = 1.050.000 ($1.000.000 x 1,05)

EL = Expected Loss (Perda Esperada)

PD x LGD x EAD PD = Probability of default (Probabilidade de default)


EL 
(1 i)n LGD = Loss given defaut (Perda dado o default)

EAD = Exposure at default (Esposição ao default)

1. 050. 000 x 0,5% x 25%


PEcenário 1 =
(1+0,05)1
PE cenário 1 =$ 1. 250

A perda esperada será no valor de $1.250.

 Abordagem simplificada
Uma abordagem simplificada está disponível para recebíveis comerciais, ativos contratuais e recebíveis de
arrendamentos, permitindo ou exigindo o reconhecimento das perdas de crédito esperadas para a vida inteira do
instrumento.
Exemplo:
Uma empresa comercial possui recebíveis no valor bruto de $500.000, ao final de 20X4. Uma análise criteriosa
de tais recebíveis é apresentada a seguir:
• Um de seus clientes, “Devedor A”, declarou falência durante o ano de 20X4. O valor devido por tal
cliente é de $2.200 e a empresa não tem expectativas de recuperação.
• O detalhamento dos recebíveis é apresentado abaixo:

A perda esperada será no valor de $12.323.

Versão: 29/09/21
Ativos Imobilizados e Impairment

IMOBILIZADO
De acordo com o CPC27, os ativos imobilizados são itens tangíveis utilizáveis por mais do que um ano e que
sejam detidos para uso na produção ou fornecimento de mercadorias ou serviços ou para fins administrativos.
Exemplos: móveis, equipamentos, instalações, terrenos, veículos, edifícios etc.

Os custos diretamente associados a permitir o funcionamento dos imobilizados, tais como, custos de preparação
do local, de entrega, montagem, instalação, são contabilizados no próprio ativo. Sendo assim, esses gastos são
capitalizados (ou seja, passam a integrar o custo dos ativos imobilizados).

Pode-se concluir, que o valor do ativo não é só o valor de aquisição em si, mas todos os gastos para colocá-lo em
funcionamento. Manutenção com valor alto, que aumenta os benefícios econômicos futuros do ativo são ativos.
Nos demais casos, despesa.

Exemplo:
Compra de máquina $100
Gastos de preparação do local $20
Ativo Passivo e PL
Caixa -120

Imobilizado 120

Os salários de funcionários que trabalham diretamente para a construção de um imobilizado podem ser
capitalizados durante o período de construção. Depois que o imobilizado ficou pronto, os novos salários são
contabilizados como despesa, e o imobilizado (custo de aquisição + de preparação + salário) passa a ser
depreciado.

ATIVO QUALIFICÁVEL
Segundo o CPC20, ativo qualificável é aquele que, necessariamente, leva um período de tempo substancial para
ficar pronto para seu uso ou venda pretendidos. Durante o período de construção de um ativo qualificável, os
juros, referentes a empréstimos tomados para financiá-lo, são capitalizados, ou seja, ao invés de aumentarem as
despesas financeiras, aumentam o valor do ativo. Os juros capitalizados vão para a DRE via depreciação, quando
o imobilizado já estiver em funcionamento.

Exemplo:
Aquisição de empréstimo e compra de imobilizado: $100

Versão: 29/09/21
Juros do período: $10
Ativo Passivo e PL

Empréstimos a pagar 100


Imobilizado 110 Juros a pagar 10

DEPRECIAÇÃO
O valor depreciável do ativo imobilizado é calculado através da subtração do custo do ativo de seu valor residual
(valor que o bem terá após a sua vida útil). O valor depreciável dividido pela vida útil do bem, nos mostra o
quanto ele deprecia por ano. A vida útil, por sua vez, depende de cada empresa, da estimativa do tempo de
funcionamento do bem.

A contabilização das despesas com depreciação vai depender das operações da entidade. Se for um comércio,
deve-se criar uma linha negativa embaixo do imobilizado chamada “DEPRECIAÇÃO ACUMULADA” e lá
contabilizar o valor depreciado. Em contrapartida, contabilizar esse valor, negativamente na DRE como despesa
administrativa.

Já se for uma indústria e o imobilizado estiver ligado ao processo produtivo, a depreciação é contabilizada na
linha depreciação acumulada e como contrapartida vai, positivamente, para o estoque. O estoque, por sua vez,
deixa de ser ativo e vai para a DRE na hora da venda da mercadoria como CPV (“Custo dos Produtos Vendidos”).

Observação: Com algumas exceções, como as pedreiras e os locais usados como aterro, os terrenos têm vida útil
ilimitada e, portanto, não são depreciados.

Exemplo:
Compra à vista de matéria prima $100, imobilizado administrativo $80, imobilizado industrial $60.
Ativo Passivo e PL
Caixa (240)
Estoque 100
Imobilizado da administração 80
(-) Depreciação acumulada
Imobilizado da produção 60
(-) Depreciação acumulada

Versão: 29/09/21
Após um tempo, imobilizados se depreciaram em 10%.

Após um tempo, venda, a prazo, de metade do estoque, por $300.

VENDA DO IMOBILIZADO
Quando o imobilizado é vendido, o dinheiro de sua venda entra no caixa e o imobilizado e sua depreciação no
ativo zeram. De acordo com o CPC27, os ganhos ou perdas decorrentes da venda de um item do ativo imobilizado
devem ser determinados pela diferença entre o valor líquido da venda e o valor contábil do item. Se o bem é
vendido por mais do que ele vale, na DRE é contabilizado um ganho.

Exemplo:
Ativo adquiro por $100, com 25% de depreciação
Ativo Passivo e PL
Caixa -100

Imobilizado 100 Lucro acumulado -25


(-) Depreciação acumulada -25

Imobilizado é vendido por $120


Ganho: $120 – ($100 - $25) = $45
Lucro acumulado: -$25 + $45 = $20

Versão: 29/09/21
IMPAIRMENT
Periodicamente a empresa deve avaliar se os ativos perderam benefícios econômicos futuros. Exemplo, um
terreno sofreu desvalorização em função do aumento de violência da região. Uma máquina perdeu valor por
mudanças no plano estratégico da administração.

Para se verificar a ocorrência ou não de um impairment é necessário a realização de um teste de recuperabilidade,


ou seja, a avaliação do grau de recuperabilidade dos ativos de uma entidade. O teste consiste na comparação entre
o custo do ativo e seu valor recuperável (estimativa de quanto o ativo gera de benefícios econômicos futuros por
uso ou venda).

Para calcular o valor recuperável deve-se calcular o valor de uso e o valor de venda. O valor de uso é geralmente
uma projeção de fluxos de caixa futuros, trazidas a valor presente, relacionada ao uso do ativo ao longo do tempo.
O valor de venda é geralmente o valor que se consegue obter pela venda do ativo. O valor recuperável é o maior
entre uso ou venda.

Sempre que o valor contábil (valor pelo qual o ativo está contabilizado líquido da depreciação) for maior que o
valor recuperável, há impairment e é necessário mudar o valor do ativo no balanço patrimonial. Para isso,
primeiramente, diminuir o valor do imobilizado até chegar no valor recuperável e adicionar esse valor
negativamente na DRE como despesa de impairment ou despesa administrativa.
OBS: É possível fazer a reversão do impairment até no máximo o seu valor contábil inicial. Assim, aumentar o
valor do imobilizado no BP e colocar na DRE como “receita por reversão de impairment”.
OBS2: Ágio é o único ativo que não pode sofrer reversão de impairment.

Exemplo:
Valor contábil: $100
Valor em uso: $60
Valor de venda: $70
Valor recuperável: $70 (maior entre $60 e $70)

Logo, foi percebido impairment de $30, em um terreno adquirido por $100.


ATIVO PASSIVO
CX: (100) PL
IMOB. LA: (30)
TERRENO- 100- (30)
TOTAL: (30) TOTAL: (30)

Versão: 29/09/21
DRE
Despesa administrativa: Impairment- (30)
LL: (30)

Versão: 29/09/21
Após algum tempo, o valor recuperável do terreno passou a ser $80.
ATIVO PASSIVO
CX: (100) PL
Imobilizado: terreno: 100 - (30) + 10 LA:(20)
Total: (20) TOTAL: (20)

DRE
Despesa administrativa de impairment: (30)
Receita por reversão de impairment: 10
Prejuízo do período: (20)

INTANGÍVEIS
O intangível é um ativo não monetário, identificável e sem substância física. Para que o ativo seja considerado um
intangível ele deve respeitar cinco premissas e estas são: ser identificável (separado ou vendido ou transferido),
controlado pela empresa (a empresa recebe os benefícios da atividade e restringe o acesso a terceiros), geradores
de benefício econômico futuro (aumento de receita ou diminuição de despesa), provável chance de gerar esse
benefício e, por último, ter seu preço/custo bem definido. Os intangíveis, estão sujeitos ao teste de impairment,
alguns são amortizados (depreciação do intangível), e não sofrem reavaliação.

Caso especiais: é intangível ou não?


1. Como contabilizar uma marca? Se a marca for criada internamente, não deve ser contabilizada.
Entretanto, se ela tiver sido comprada, deve ser contabilizada pelo preço de compra. Por não ter
vida útil definida, marca comprada não é amortizada.
2. Como contabilizar os gastos com pesquisa e desenvolvimento (“P&D”)? Uma vez que a
“pesquisa” nada mais é que uma investigação inicial em busca de um novo conhecimento
científico, os custos consequentes dela sempre serão contabilizados como despesas
administrativas. Já o “desenvolvimento”, se refere à aplicação dos resultados da pesquisa e se o
estudo for gerar benefícios econômico futuro provável, ele deve ser contabilizado como
intangível. Caso contrário, despesa.
3. Como contabilizar uma lista de clientes? Uma lista de clientes é baseada no relacionamento e
fidelidade do cliente com a empresa e, uma vez que se trata de algo que não pode ser nem
mensurado e nem controlado, não deve ser tratado como ativo intangível. Esse relacionamento
com o cliente não é contabilizado.
4. Como contabilizar gastos com treinamento? Gastos com treinamento não podem ser
considerados ativos intangíveis, pois ele não pode ser controlado pela empresa. Este, por sua vez,
é tratado como uma despesa administrativa.
5. Como contabilizar capital intelectual? Capital intelectual, ou seja, sinergia entre os funcionários
de uma empresa, não pode ser considerado uma ativo intangível pois ele não pode nem ser
controlado e nem mensurado. Não é contabilizado.

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Exemplos de ativos intangíveis: software, concessões, direitos de exploração, direito autoral.

Amortização
A perda de valor do intangível ao longo do tempo recebe o nome de amortização. Esta segue os mesmos
processos contábeis que a depreciação. Logo abaixo do ativo intangível é criada uma conta redutora no BP
chamada de amortização acumulada e na DRE se contabiliza uma despesa de amortização.

Combinação de Negócios
É uma transação em que uma adquirente obtém controle de um ou mais negócios, ou seja, é uma junção de
entidades ou atividades numa única entidade de reporte. Além disso, a empresa adquirente deverá consolidar a
adquirida. Esse tema é tratado pelo CPC15(R1), com referência ao IFRS3.
Importante que, para haver combinação de negócios, dois fatores são fundamentais: “controle” e “negócio”.
• Controle: O investidor controla a investida quando está exposto a, ou tem direitos sobre, retornos
variáveis decorrentes do seu envolvimento com a investida e tem a capacidade de afetar esses retornos
por meio de seu poder sobre a investida.

• Negócio: conjunto integrado de atividades e ativos capaz de ser conduzido e gerenciado para gerar
retorno, na forma de dividendos, redução de custos ou outros benefícios econômicos, diretamente a seus
investidores ou outros proprietários, membros ou participantes. Note: não necessariamente corresponde a
aquisição de uma empresa em si (pode ser alguma divisão).

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Abaixo seguem alguns exemplos:
Exemplo 1:

Exemplo 2:

Quando há uma combinação de negócios sob o escopo do CPC15, ou seja, uma empresa adquirindo o controle
sobre um ou mais negócios, deve-se aplicar o que chamamos de método de aquisição, exceto quando a
combinação envolva entidades ou negócios sob controle comum (entre empresas do mesmo grupo econômico).
O método de aquisição consiste em 5 etapas:
1. Identificar o adquirente.
2. Determinar a data de aquisição.
3. Reconhecer e mensurar os ativos identificáveis adquiridos e os passivos assumidos.
4. Reconhecer e mensurar a participação de não controladores na adquirida.
5. Reconhecer e mensurar o goodwill ou deságio.

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Detalhando cada etapa, temos o seguinte:
1) Identificar o adquirente
O primeiro passo do método de aquisição consiste em identificar uma das partes dessa combinação de negócios
como adquirente, a qual é a entidade que obtém o controle de outros negócios (a adquirida).

2) Determinação da data de aquisição


Data de aquisição é a data em que o adquirente obtém efetivamente o controle da adquirida. Normalmente
coincide com a data em que o adquirente transfere o montante dado em troca do controle (“data de fechamento”).
No caso de a data de aquisição ser diferente da data de fechamento, deve estar escrito em contrato prévio.
Importante ressaltar que a data de aquisição depende da aprovação nas assembleias e da agência reguladora.

3) Reconhecimento e mensuração dos ativos líquidos adquiridos


Todos os ativos identificáveis e os passivos assumidos em uma combinação de negócios são mensurados pelos
respectivos valores justos na data da aquisição, mesmo quando não estejam reconhecidos no balanço da adquirida
(como pode ocorrer com ativos intangíveis e até mesmo com passivos contingentes – afinal eles normalmente
entram e influenciam no valor da negociação e não devem ficar computados no valor do goodwill).
As condições gerais para reconhecimento dos ativos e passivos identificáveis são:
A. Os ativos e passivos devem atender às definições de ativo e passivo da Estrutura Conceitual.
B. Devem fazer parte do que o adquirente e a adquirida trocam na operação de combinação de negócios,
sendo muito importante determinar quais ativos e passivos fazem parte da combinação de negócios.
Diante dessas duas condições, temos algumas consequências, tais como:
 A adquirente deverá reconhecer todas as obrigações que atendem a definição de passivo,
independentemente de ser contingente ou não. A classificação como possível, provável ou remota
prevista no CPC25 não é aplicável para o reconhecimento dos passivos assumidos. Na negociação, essas
obrigações, mesmo que remotas, influenciam o preço da transação.
 Gastos que a adquirente espera, porém não está obrigada a incorrer no futuro, tais como plano de encerrar
alguma atividade da adquirida, realocar ou desligar empregados ou uma provisão para reestruturação
futura, não constituem obrigação presente decorrente de eventos passados e, portanto, não constituem um
passivo da adquirida na data da aquisição, não devendo ser reconhecidos na aplicação do método de
aquisição.
 Os custos diretamente relacionados à aquisição (custos de transação) devem ser contabilizados como
despesa do período em que forem incorridos.
 Ativos identificáveis adquiridos e os passivos assumidos serão reconhecidos como parte da aplicação do
método de aquisição mesmo que eles não tenham sido reconhecidos anteriormente nas demonstrações da
adquirida.
o Ativos intangíveis identificáveis: marcas, patentes, direitos de exploração etc. que podem não ter
sido reconhecidos por terem sido gerados internamente.

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o Inclui passivos contingentes, desde que atenda definição de passivo e possa ser mensurado com
confiabilidade.

Das condições de classificação dos ativos identificáveis adquiridos e passivos assumidos, a adquirente deve
classificá-los ou designá-los da forma necessária para aplicar subsequentemente outros pronunciamentos do
CPC, sendo que a classificação deve ser feita com base nos termos contratuais, nas condições econômicas,
nas políticas contábeis ou operacionais etc.

Como regra geral de mensuração, a adquirente deve mensurar os ativos identificáveis adquiridos e os passivos
assumidos pelos respectivos valores justos da data da aquisição. Sendo valor justo “o preço que seria recebido
pela venda de um ativo ou que seria pago pela transferência de um passivo em uma transação não forçada
entre participantes do mercado na data de mensuração”.

4) Reconhecimento e mensuração da participação de não controladores


Participação de não controladores é “a parte do patrimônio líquido da controlada não atribuível direta ou
indiretamente à controladora”.
• Critérios para reconhecimento:

Vejamos o exemplo abaixo:


• A empresa A adquire 75% (60.000 ações) de participação na empresa B e pagou $360.000
• A empresa B pagou $6 por ação.
• O valor da ação na data da aquisição era de $5
• Ativos líquidos identificáveis de B: $300.000
Participação dos acionistas não controladores a valor justo:
= (60.000/0,75) - 60.000 = 20.000 ações* $5 = $100.000
Participação dos acionistas não controladores pela parte nos ativos líquidos:
=$300.000*0,25 = $75.000
• No 2º caso = goodwill reconhecido representa apenas a participação do adquirente

5) Reconhecimento e mensuração do goodwill ou deságio


Goodwill = contraprestação transferida + participação de não controladores + valor justo de participação anterior
– ativos líquidos adquiridos
Se > 0 = Goodwill

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Se < 0 = Deságio
“Um ativo que representa benefícios econômicos futuros resultantes dos ativos adquiridos em combinação de
negócios, os quais não são individualmente identificados e separadamente reconhecidos”. (Apêndice A do
CPC15)

Exemplo simples: Há duas empresas, a A e a B. A combinação de negócios seria a compra da B pela A (A


compra B).
Suponha que A compre a empresa B por $100.
Na data da compra, a empresa B possuía em seu BP um ativo de $60 e um passivo de $40. Logo o PL contábil de
B era de $20.
Quando há essa combinação, a empresa adquirente contrata um consultor para calcular o valor justo da empresa
adquirida mais o valor de seus ativos intangíveis não reconhecidos.
Na data da compra, a empresa B possui ativos mensurados a valor justo de $70 e passivos mensurados a valor
justo de $55. Logo o seu PL a valor justo é de $15.
A empresa B possuía um forte relacionamento com clientes e marcas geradas internamente. Tais intangíveis não
podiam ser contabilizados. Mas foram avaliados a valor justo por $8.
Logo a empresa B tem valor de $15 + $8 = $23
Como a empresa A pagou $100 pela empresa B que vale $23, houve um goodwill, ágio por expectativa de
rentabilidade futura, de $77.
Esse ágio é contabilizado no ativo intangível do BP consolidado (A+B), não é amortizado e sim testado
anualmente para impairment.

Ágio = Valor pago – Valor justo (PL) – Intangíveis não reconhecidos


Caso a empresa A tenha comprado a empresa B por um valor inferior aos $23, haveria deságio e teria que ser
computado um “ganho por compra vantajosa” e a diferença seria contabilizada na DRE como uma receita.

PROPRIEDADE PARA INVESTIMENTO


Uma Propriedade para Investimento é um ativo que é contabilizado no grupo de investimento, dentro do ativo não
circulante. Este ativo se caracteriza por ser um recurso que a empresa possui, mas que não utiliza no dia a dia de
suas atividades, utilizando-a como fonte de renda (alugando) ou como investimento futuro, por exemplo um
terreno comprado com intuito de valorizá-lo. Não há a intenção de venda.

Quando uma empresa constrói um edifício que não é utilizado pela mesma, com objetivo de alugar para terceiros,
o valor gasto para a construção desse edifício fica contabilizado no grupo de Investimentos dentro da Propriedade
para Investimento. Já o aluguel recebido entra como ativo circulante.
O segundo caso acontece quando a empresa compra um terreno em que ela não constrói nada e também não tem a
intenção de vender, ela acredita na valorização do terreno no futuro. Portanto o valor pago por esse terreno é
contabilizado dentro do grupo de Investimentos nas Propriedades para Investimento.

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Em ambos os exemplos caso a empresa deseje vender suas propriedades para investimento, estas deverão ser
reclassificadas como Ativo não Circulante Disponível Para a Venda.

Segundo o CPC28, são propriedades para investimento, comumente, os terrenos mantidos para uso futuro e ainda
indeterminado ou mantidos para valorização imobiliária, os imóveis mantidos para aluguel como nos shoppings
centres ou outros etc. Não são propriedades para investimento, por exemplo, os imóveis construídos ou em
construção para venda no decurso ordinário das atividades da entidade (entidades de exploração do ramo
imobiliário ou de construção civil), as propriedades ocupadas por empregados (mesmo que alugadas a eles) etc.
No caso de propriedade mantida para prestação de serviços, ela também não é classificada como propriedade para
investimento, como no caso de um hotel.

Existem dois métodos para a contabilização da propriedade para investimento:


Custo: a propriedade para investimento pode ser contabilizada no ativo da empresa por seu valor de
custo, quanto se pagou por ele, seja pela construção (ou compra) do edifício ou pela compra do terreno. O
aumento do valor da propriedade não pode ser contabilizado, mas a redução deve ser contabilizada
obrigatoriamente, via impairment. Caso a propriedade esteja em uso, deve ser contabilizada a depreciação
(terreno não se deprecia). Além disso, caso a empresa opte pelo método do Custo, é necessário divulgar
uma nota explicativa em que apresente o valor justo do ativo.

Valor justo: a propriedade para investimento pode ser contabilizada no ativo da empresa por seu valor
justo (valor de mercado). Se a empresa opta por esse método, variações no valor da propriedade devem
ser contabilizadas. Nesta contabilização, se ocorre um aumento de valor, ele deve aparecer na DRE, como
uma receita, e no caso de uma redução, como uma despesa. Como o valor justo já leva em conta o
desgaste da propriedade, não é necessário contabilizar a depreciação no balanço, ela já está embutida no
valor justo.

A propriedade para investimento deve ser mensurada inicialmente pelo seu custo. O CPC28 permite que a
entidade escolha, após o registro inicial, o método do valor justo ou o método do custo para avaliar as
propriedades para investimento consistentemente no decurso do tempo (exceção no caso de arrendatário que
utiliza o imóvel como propriedade para investimento, quando o valor justo é obrigatório).

MÉTODO DA EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL (“MEP”)


Participações Societárias: As Participações Societárias ocorrem quando a empresa compra ações de outra e
empresa, e participa das decisões estratégicas e na tomada de decisões, diferente das Aplicações Financeiras
quando o intuito é apenas compra de ações sem participação na gestão.

Sob o método da equivalência patrimonial, os resultados e as variações patrimoniais das empresas controladas e
coligadas são reconhecidos, quando são incorridos, na DRE e no balanço da investidora ou controladora. O valor
do investimento que essa última possui na empresa controlada ou coligada é calculado no final do exercício, em

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função da porcentagem de participação em seu capital. O acréscimo periódico ou a variação desta conta de
investimento decorrente do lucro gerado pela controlada ou coligada é registrado, como contrapartida, na conta de
resultado de equivalência patrimonial, na DRE da controladora.

Quando ocorrer a distribuição dos lucros (dividendos) das empresas investidas, as contrapartidas contábeis na
controladora serão:
- Redução na conta investimento (Ativo Não Circulante) e aumento em seu caixa ou em dividendos a receber
(Ativo Circulante).

Para fazer a contabilização da Participação Societária criaremos um exemplo onde a empresa “A” comprou 30%
da empresa “B” que tinha Patrimônio Líquido de “$100”. No primeiro momento o dinheiro sai do caixa ($30) e
entra dentro do grupo de Ativo Não Circulante no grupo de Investimentos. É criado um ativo chamado
Participação Societária, com o valor gasto na compra $30.

Caso a empresa “B” tenha um lucro igual à $50, no ano seguinte, é necessária a realização do MEP.
Primeiramente as Participações Societárias aumentariam em $15, que é 30% do lucro de $50, em contrapartida na
DRE é criada uma linha chamada REP em que entram os $15.

Caso a empresa “B” decida pagar 30% dos lucros em forma de dividendos, portanto é descontado da linha de
Participação Societária o valor de ($4,5), que é o 30% do valor total que a empresa pagará de dividendos (0,3 x
0,3 x 50), caso a empresa “B” já tenha pagado seus dividendos, entra $4,5 no Caixa da empresa “A”, caso o
contrário, é criada uma linha dentro do Ativo Circulante chamada de Dividendos à Receber no valor de $4,5.
Abaixo está a montada a contabilização da operação, tomando como base o fato de a empresa “B” já ter pagado
os dividendos.

Ativo DRE
Caixa -25,5 REP 15
Investimentos 40,5
Participação Societária 40,5

Segue um “resumo” do que se deve fazer para contabilizar a Participação Societária:

MEP A
Lucro (B) + Participação Societária
+ REP (na DRE)
Dividendo (B) - Participação Societária
+ Caixa ou dividendos a receber

Versão: 29/09/21
Empresa Controlada
Nessa situação, uma empresa denominada de Controladora detém o controle de outra (controlada) por ser a
principal responsável pela tomada de decisões. Esta empresa Controladora precisa apresentar nas suas
demonstrações financeiras, duas demonstrações contábeis, a individual e a consolidada.

O investidor controla a investida quando está exposto a, ou tem direitos sobre, retornos variáveis decorrentes de
seu envolvimento com a investida e tem a capacidade de afetar esses retornos por meio de seu poder sobre a
investida. Assim, o investidor controla a investida se, e somente se, o investidor possuir todos os atributos
seguintes:

 Poder sobre a investida;


 Exposição a, ou direitos sobre, retornos variáveis decorrentes de seu envolvimento com a investida;
 A capacidade de utilizar seu poder sobre a investida para afetar o valor de seus retornos.
 1ª Demonstração Contábil – Demonstração da Controladora, denominada demonstração individual.
Contém as informações referentes à controladora. A participação societária na empresa controlada é
contabilizada pelo método da equivalência patrimonial.
 2ª Demonstração Contábil – Demonstração Consolidada, a demonstração contábil do grupo econômico.
Contém as informações da controladora e controlada. Os ativos, passivos, receitas e despesas da empresa
controladora são somados a 100% dos ativos, passivos, receitas e despesas da empresa controlada.

A participação societária e o REP da empresa controladora em relação à empresa controlada devem ser
zerados para que a demonstração consolidada não tenha informações duplicadas. As participações
societárias de empresas não controladas devem ser mantidas.

Devem ser zeradas, também, as transações entre as partes relacionadas, no momento de consolidação.

Antes do Lucro Líquido na DRE consolidada, deve ser criada uma linha de acionistas não
controladores, para descontar a parte do lucro líquido da controlada que não pertence à controladora.
Esse valor deve ser negativo!
No PL consolidado, deve ser criada uma linha positiva, chamada acionistas não controladores,
considerando a parte do PL da controlada que não pertence à controladora.

Importante: o PL da empresa controlada não deve ser somado ao PL da controladora.

Empresa Coligada
Influência significativa é o poder de participar nas decisões financeiras e operacionais da investida, sem controlar
de forma individual ou conjunta essas políticas. Geralmente, pode ser assumido como Influência Significativa
quando a empresa possui entre 20% e 50% das ações.
Como comprovar a influência significativa:

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 Participação nas deliberações sociais da coligada, inclusive existindo administradores comuns;
 Poder de eleger ou destituir um ou mais administradores;
 Significativa dependência econômico-financeira;
 Troca permanentemente de informações contábeis detalhadas, bem como planos de investimento
da coligada;
 Uso comum de recursos materiais, tecnológicos ou humanos da investidora.

Quando uma empresa compra ações de uma empresa filha, onde tem influência significativa nas decisões, a
empresa filha é chamada de coligada. A empresa mãe deve contabilizar a empresa coligada pelo método da
equivalência patrimonial. Não se faz consolidação de coligada.

Controle Conjunto
Nessa situação, a existência de um acordo formal estabelecido entre as empresas detentoras das ações determina
que todas as empresas controlem igualmente a joint venture, independentemente da porcentagem de participação
societária que cada uma possui. As decisões devem ser consensuais. Portanto as empresas que formam esta joint
venture apenas precisam fazer o MEP.

PROVISÕES E PASSIVOS CONTINGENTES


As empresas devem verificar a probabilidade de pagamentos futuros oriundas de obrigações presentes com
processos (civis, trabalhistas, fiscais etc.), garantias fornecidas e planos (já divulgados) de reestruturação. As
estimativas quanto aos desembolsos futuros da empresa são classificadas de acordo com suas características como
provisões ou como passivos contingentes.

Provisão: é provável (chance alta) que a empresa tenha que pagar algo no futuro, a estimativa é confiável, mas de
valor ou prazo incerto. Estas estimativas são contabilizadas no passivo como “provisões a pagar”. A contrapartida
das provisões é a contabilização de uma despesa na DRE. Caso o valor da provisão se altere, essa variação deve
ser contabilizada.

Quando do pagamento, há três caminhos possíveis:


 O advogado fez uma estimativa de pagamento de $100. A estimativa foi contabilizada como provisões a
pagar. Foi confirmado o pagamento de $100 pela decisão judicial. Zerar a provisão a pagar e descontar o
valor pago do caixa.
 O advogado fez uma estimativa de pagamento de $100. A estimativa foi contabilizada como provisões a
pagar. A decisão judicial foi de $190. Zerar a provisão a pagar, descontar o valor pago do caixa e
reconhecer como despesa administrativa (efeito negativo no resultado) a diferença entre o valor estimado
e o valor pago, de $90.
 O advogado fez uma estimativa de pagamento de $100. A estimativa foi contabilizada como provisões a
pagar. A decisão judicial foi de $80. Zerar a provisão a pagar, descontar o valor pago do caixa e

Versão: 29/09/21
reconhecer como reversão de provisão (efeito positivo no resultado) a diferença entre o valor estimado e
o valor pago, de $20.

Passivo Contingente Provável: é provável que a empresa tenha que pagar algo no futuro, mas não se consegue
calcular o valor a ser pago no futuro em bases confiáveis. Assim, não se deve contabilizar qualquer valor, deve-se
apenas elaborar uma nota explicativa. Tal caso é chamado de passivo contingente, e não é tratado como provisão.

Passivo Contingente Possível: é possível (chance média) que a empresa tenha que pagar algo no futuro.
Independentemente de ser confiável ou não estimar um valor a ser pago, não se deve fazer qualquer
contabilização (a contabilização de um % é opcional), deve-se apenas elaborar uma nota explicativa.

Passivo Contingente Remoto: a probabilidade de a empresa ter que pagar algo no futuro é remota. Assim, não se
deve fazer qualquer contabilização ou elaborar qualquer nota explicativa. A empresa até pode contabilizar uma
parte com base na probabilidade de perda, mas é opcional.

Arrendamento (Leasing)
Arrendamento é um contrato por meio do qual a arrendadora (normalmente um banco) adquire
um bem escolhido pelo arrendatário (usuário do bem), para, em seguida, alugá-lo a ele por um prazo determinado.
Ao término do contrato o arrendatário pode optar por renová-lo por mais um período, por devolver o bem
arrendado à arrendadora ou adquirir o bem. De outro modo, arrendamento é o contrato, ou parte do contrato, que
transfere o direito de usar um ativo (ativo subjacente) por um período em troca de contraprestação (excerto do
CPC06(R2)).

Em janeiro de 2016, o IASB emitiu o pronunciamento contábil “IFRS16 Leases” adotado no Brasil, sob o
CPC06(R2). Esta norma está vigente para períodos anuais iniciados a partir de 01/01/2019. A justificativa para as
mudanças na norma de leasing é que a norma anterior se baseava no nível de exposição a riscos e benefícios do
arrendador e arrendatário, o que permitia que as entidades não seguissem os interesses reais da norma. Entre as
críticas realizadas, pode-se citar: arbitrariedade, estruturação das operações com a finalidade de usufruir dos
benefícios de divulgação aplicáveis aos arrendamentos operacionais, alta complexidade, baixa comparabilidade,
exercício da opção da utilização off-balance e não reconhecimento de passivos, assimetria entre as partes do
contrato, entre outras.

Diante disso, a IFRS16 e o CPC06 (R2) veio para tentar mitigar tais problemas, principalmente no modelo
contábil da arrendatária. De fato, é a arrendatária quem sofreu mais impactos em decorrência da adoção da norma.
A não alteração do modelo das arrendadoras é comumente justificada pela boa compreensibilidade por analistas
em não ser falha comparativamente ao dos arrendatários. Assim, a nova norma trouxe poucas alterações no
tratamento contábil dos arrendadores – maiores exigências de divulgações em notas explicativas, por exemplo.

Na adoção da norma, a regra de transição que foi aplicada a partir de 2019, tem duas opções:

Versão: 29/09/21
i) Retrospectiva integral: exige que as empresas determinem o valor contábil de seus contratos de
arrendamento como se sempre tivessem sido contabilizados conforme a nova norma.
ii) Retrospectiva modificada: não exige do arrendatário que refaça a informação comparativa, devendo
reconhecer o efeito cumulativo da aplicação inicial da norma como um ajuste no patrimônio líquido,
em lucros acumulados ou reserva de lucros.

O CPC06(R2) estabelece os princípios para o reconhecimento, mensuração, apresentação e divulgação de


operações de arrendamento mercantil e exige que os arrendatários contabilizem todos os arrendamentos conforme
um único modelo de balanço patrimonial, similar à contabilização de arrendamentos financeiros nos moldes do
CPC06(R1).

Um ponto de atenção da norma refere-se à definição de um arrendamento, a saber: contrato, ou parte do contrato,
que transfere o direito de usar um ativo (ativo subjacente) por um período em troca de contraprestação. Em
relação a este ponto, é importante usar sempre a essência sobre a forma, pois o contrato pode não estar
explicitamente identificado como arrendamento e mesmo assim sê-lo. Também estarão no escopo, de forma
análoga, os contratos de aluguel.

Uma outra dúvida que poderá surgir é saber identificar se o contrato é de leasing ou de uma prestação de serviço.
A norma introduz uma linha divisória clara entre eles: os contratos de arrendamento serão trazidos para dentro do
balanço patrimonial e os contratos de prestação de serviços permanecerão fora do balanço.

Ainda sobre este ponto, são três os principais fatores para se identificar um arrendamento:
i) Tem de existir um ativo identificável: o ativo deve estar explícito em contrato ou deve ser
identificável quando fica disponível. Importante ressaltar que o arrendador não poderá ter o direito de
substituir o ativo durante o período de uso.
ii) O arrendatário obtém os benefícios econômicos do ativo durante o contrato. Esses benefícios
usufruídos se referem ao uso do ativo, o que ele produz e potenciais fluxos de caixa que resultem
desses itens, bem como o direito de subarrendar se assim o quiser, por exemplo.
iii) O arrendatário que direciona o direito de uso do ativo durante o contrato: ele gerencia e toma as
decisões sobre seu uso.

Outro ponto de atenção da norma é quanto ao prazo do arrendamento: ele deve ser o prazo não cancelável durante
o qual o arrendatário tem o direito de usar o ativo + períodos cobertos por opção de prorrogar o contrato, se o
arrendatário estiver razoavelmente certo sobre exercer essa opção + períodos cobertos por opção de rescindir o
contrato, caso o arrendatário esteja razoavelmente certo sobre não a exercer. O “razoavelmente certo” depende de
incentivos que o arrendatário tenha para exercer ou não essas opções de renovação ou rescisão, por exemplo
custos com rescisão ou devolução do ativo, natureza especializada do item, existência de benfeitorias
significativas etc.

Versão: 29/09/21
A norma inclui duas isenções de reconhecimento para os arrendatários:
i) arrendamentos de ativos de “baixo valor” (embora a norma não especifique o valor, vem se adotando
valor igual ou inferior a 5.000 dólares considerando ativos novos), como por exemplo, computadores
pessoais, tablets, pequenos mobiliários e telefones – mesmo se significativos em agregado; e
ii) arrendamentos com prazo de 12 meses ou menos.

Na data de início de um arrendamento, o arrendatário reconhece um passivo para efetuar os pagamentos (um
passivo de arrendamento) e um ativo representando o direito de usar o ativo objeto durante o prazo do
arrendamento (um ativo de direito de uso). Os arrendatários devem reconhecer separadamente as despesas com
juros sobre o passivo de arrendamento e a despesa de depreciação do ativo de direito de uso.

O reconhecimento do ativo e do passivo de arrendamento deve ocorrer na data de início do contrato de


arrendamento, sendo que a mensuração inicial do ativo deriva da mensuração do passivo. Assim, pode-se dizer
que a mensuração do ativo de direito de uso se dá pelo custo e deve ser feita considerando:
i) o valor inicial do passivo de arrendamento;
ii) pagamentos de arrendamento efetuados antes da data de início, menos incentivos recebidos;
iii) custos diretos iniciais;
iv) estimativa de custos para desmontagem e remoção do ativo subjacente que sejam de responsabilidade da
arrendatária.

A complexidade está no valor inicial do passivo de arrendamento – geralmente se usa como proxy os valores
presentes dos pagamentos futuros de arrendamento. Para isso, descontam-se os fluxos de caixa futuros à taxa
implícita do contrato, caso esta possa ser determinada. Se não puder ser determinada, usa-se a taxa incremental de
empréstimos, que é a taxa de mercado que seria cobrada para se financiar um ativo similar. Além disso, somam-se
as opções e pagamentos inevitáveis na essência, pagamentos variáveis que dependem de um índice ou taxa, valor
residual garantido, preço do exercício de compra (se a expectativa de realização for razoável) e outros
pagamentos que sejam razoavelmente certos de que ocorrerão.

Os arrendatários também deverão reavaliar o passivo do arrendamento na ocorrência de determinados eventos,


por exemplo, uma mudança no prazo do arrendamento, uma mudança nos fluxos de pagamentos futuros do
arrendamento como resultado da alteração de um índice ou taxa usada para determinar tais pagamentos. Em geral,
o arrendatário reconhecerá o valor de reavaliação do passivo de arrendamento como um ajuste ao ativo de direito
de uso.

O ponto de atenção aqui refere-se ao momento em que houver alteração no prazo do arrendamento ou na
avaliação da opção de compra do ativo subjacente: a remensuração do passivo deverá ser realizada, utilizando-se
a taxa de desconto revisada na data da remensuração.

Versão: 29/09/21
Nos casos em que a remensuração do passivo resultar de mudanças nos pagamentos em razão das mudanças em
índices (por exemplo, inflação) e taxas de desconto que servem de referência para os pagamentos, a taxa de
desconto deve permanecer a mesma do reconhecimento inicial, ou seja, a taxa de desconto permanecerá
inalterada. A única exceção neste caso ocorrerá quando a alteração nos pagamentos do contrato decorrer da
própria alteração na taxa de juros que é variável; nesta situação, a taxa de desconto deverá ser igualmente
revisada.

Tratamento Contábil:
Locatário (arrendatário): contabilizar o ativo e passivo e na DRE: despesa financeira e de depreciação.
Locador (arrendador):
– Leasing Operacional: receita linear mensal (receita x caixa)
– Leasing Financeiro: venda financiada (baixa o ativo; registra contas a receber e receita financeira).

Abaixo, verificamos o efeito contábil dessas alterações em decorrência da nova norma nas demonstrações
contábeis:
Demonstração Efeito Consequência
Balanço Patrimonial Aumenta ativo e aumenta passivo Aumenta endividamento
DRE Aumenta o lucro operacional Efeito na rentabilidade
DFC Efeito apenas indireto

Impactos em indicadores:
Há aumento do EBITDA e EBIT, principalmente para empresas que tinham maior volume de arrendamentos
classificados como operacionais antes da adoção da nova norma. Há diminuição do ROA em função do
reconhecimento dos arrendamentos no ativo. Outros indicadores, tais como alavancagem e endividamento sofrem
efeitos negativos em decorrência do reconhecimento de passivos. Covenants (cláusulas restritivas) das empresas e
a remuneração dos executivos podem ser afetadas.

Arrendamento Financeiro: reconhecimento e mensuração


Reconhecimento inicial pelo arrendatário
No começo do prazo de leasing, os arrendatários devem reconhecer, em contas contábeis específicas, os
arrendamentos mercantis financeiros como ativos e passivos nos seus balanços por quantias iguais ao valor justo
da propriedade arrendada ou, se inferior, ao valor presente dos pagamentos mínimos do arrendamento mercantil.

Sendo assim, nesse momento, teremos um reconhecimento de um ativo (referente ao item arrendado) e um
reconhecimento de um passivo no mesmo montante. A diferença no passivo entre o valor contábil reconhecido e
o montante da soma das parcelas será reconhecida como juros a apropriar. Para melhor compreensão destaco um
exemplo:

Versão: 29/09/21
Em 31/12/2019, a empresa Camila & Fábio adquiriu um caminhão por meio de um contrato de arrendamento
mercantil financeiro, para ser pago em 6 parcelas anuais e consecutivas no valor de R$ 100.000 cada, vencendo a
primeira em 31/12/2020, totalizando o montante de R$ 600.000. Sabe-se que:
1) o valor presente das prestações, na data de início do contrato, era R$ 462.000.
2) O valor justo a ser pago seria de R$ 470.000.
Conforme determina o CPC06(R1), o reconhecimento inicial a ser adotado deve ser o menor valor entre o valor
justo e o valor presente, portanto, a empresa deve adotar o valor presente. Nesse caso, a contabilização inicial
seria:
Ativo Não Circulante: Ativo Imobilizado – R$ 462.000
Passivo Circulante:
- Arrendamento a Pagar – R$ 100.000
- Juros a Transcorrer – R$ 23.000
Passivo Não Circulante:
- Arrendamento a Pagar – R$ 500.000
- Juros a Transcorrer – R$ 115.000

Mensuração subsequente pelo arrendatário


Tendo sido realizado o reconhecimento inicial, caberá ao arrendatário o reconhecimento de dois eventos: os
encargos financeiros como despesa financeira para cada período contábil e o reconhecimento da depreciação
como despesa operacional ou custo operacional.

No que tange aos encargos financeiros, estes serão apropriados segundo o regime de competência, apropriando à
conta redutora do passivo as despesas reconhecidas no período.

Assim, no exemplo dado anteriormente, a empresa aplicaria a taxa de juros do contrato sobre o valor inicialmente
reconhecido no ativo e no passivo – valor presente ou valor justo, o que for inferior.

Em relação à depreciação, a política adotada pela empresa deve ser consistente com a política dos demais ativos
depreciáveis sobre os quais se detenha a propriedade, e a depreciação reconhecida deve ser calculada de acordo
com o CPC27 (Ativo Imobilizado), ou para o caso de amortização, de acordo com o CPC04 (Ativo Intangível).

Quanto ao período depreciável, o CPC determina que, se a empresa não obtiver certeza razoável de que virá a
obter a propriedade no fim do prazo do arrendamento mercantil, o ativo deve ser totalmente depreciado durante o
prazo do arrendamento mercantil ou da sua vida útil, o que for menor.

Por outro lado, se a empresa arrendatária obtiver certeza razoável de que virá a obter a propriedade no fim do
prazo do arrendamento mercantil, o ativo deverá ser depreciado pela vida útil (período de uso esperado).

Reconhecimento pelo arrendador

Versão: 29/09/21
Os arrendadores devem reconhecer os ativos mantidos por arrendamento financeiro nos seus balanços e
apresentá-los como conta a receber por valor igual ao investimento no leasing. Um aspecto interessante é que,
como os riscos e benefícios serão transferidos pelo arrendador ao arrendatário, caberá ao arrendador reconhecer
os pagamentos recebidos parte como amortização de capital e em parte como receita financeira.

Receita
A receita é reconhecida:
 Com o passar do tempo, de uma forma a refletir o desempenho da entidade da melhor maneira possível;
ou
Em um determinado momento, quando o controle do bem ou serviço é transferido para o cliente. Definições e
termos relevantes para a norma de Receita de Contrato com Cliente (CPC47):
 Contrato: é um acordo entre duas ou mais partes que cria direitos e obrigações executáveis.
 Ativo contratual: é o direito de uma entidade a receber contrapartida em troca dos bens e serviços
transferidos para um cliente quando esse direito estiver condicionado a algo que não seja a passagem de
tempo.
 Cliente: é a parte que entrou em contato com a entidade para obter bens e serviços resultantes das
atividades ordinárias da entidade em troca de uma contrapartida.
 Obrigação de desempenho: é a promessa contratual com um cliente de transferir a ele um bem ou serviço
(ou um pacote de bens e serviços) que é distinto ou uma série de bens.
A norma estabelece uma abordagem abrangente para se determinar quando uma receita deve ser reconhecida e
por qual montante deve ser reconhecida:
1. Só é possível reconhecer a receita quando existe um contrato claro estabelecido entre o vendedor e o
cliente.
2. Só é possível reconhecer a receita quando o cliente já puder se beneficiar do bem ou serviço comprado
por conta própria ou quando, caso o produto ou serviço seja entregue em etapas, todas as etapas tiverem
sido entregues ou a promessa da entidade de transferir o bem seja identificada separadamente de outras
promessas firmadas no contrato.
3. O reconhecimento da receita depende da capacidade de determinar um preço para a transação. Isso pode
ocorrer prévia ou posteriormente.
4. O reconhecimento da receita deve levar em conta a alocação do preço da transação às obrigações de
desempenho. Só vira receita para a empresa após o cumprimento do serviço que ela se comprometeu a
prestar.
5. A receita deve ser reconhecida quando, ou à medida que, a entidade cumprir uma obrigação de
desempenho. Uma entidade reconhece a receita quando transfere o controle de um bem ou serviço para
um cliente, esse controle, no entanto, não necessariamente será transferido em um determinado momento,
podendo ser transferido ao longo do tempo. A receita, em situações em que o controle será transferido ao
longo do tempo, deve ser contabilizada ao longo desse tempo de maneira gradual.

Exemplo:

Versão: 29/09/21
Uma empresa recebeu um adiantamento de $100 para a prestação futura de um serviço. A empresa tem um
passivo, uma obrigação de prestar um serviço futuro. A receita ainda não pode ser contabilizada.
Balanço Patrimonial
Ativo Passivo e PL
Caixa 100 Receita antecipada 100

Após um tempo, o serviço foi prestado. Nesse caso a receita pode ser reconhecida. O passivo vira receita na DRE.
Balanço Patrimonial DRE
Ativo Passivo e PL Receita 100
Caixa 100 Receita antecipada 0
Lucro acumulado 100

No caso de incorporadoras imobiliárias, onde a duração de uma obra transita por mais de um exercício fiscal (ou
seja, a obrigação de performance é satisfeita ao longo do tempo), utilizasse o método de Porcentagem de
Performance (PoC) para reconhecer uma venda já efetuada.

Para apurar as receitas, verifica-se o andamento de uma obra através dos custos incorridos até o fechamento
contábil frente ao custo orçado ou custo total para o seu término. Por exemplo, se a obra custa $60 e já foram
gastos $30, então se tem 50% de obra concluída. Assim, se a unidade foi vendida por $100, na DRE será
reconhecida $50 de receitas e $30 de custos, com lucro bruto de $20.

Faz-se necessário, também, averiguar os valores recebidos frente à receita contabilizada. Ainda considerando o
exemplo citado, se o comprador efetuou pagamentos inferiores aos $50, a diferença é contabilizada no balanço
como contas a receber ou equivalente, no ativo. Entretanto, se o valor pago foi superior à receita apurada pelo
PoC, esta diferença deve ser colocada como adiantamento de clientes ou receita antecipada, no passivo.

Dividendos
Existe um dividendo mínimo a ser pago, correspondente a 25% do lucro líquido. Caso a empresa resolva pagar
além da quantidade obrigatória, a diferença entre o valor que será pago e o valor mínimo é contabilizada no PL
como “dividendo adicional proposto” e deve ser aprovada pela AGO (Assembleia Geral Ordinária). A empresa
pode escolher pagar parte do seu lucro como juros sobre capital próprio. Existe um teto para isso calculado em
função da Taxa de Juros de Longo Prazo (“TJLP”). Esse valor é dedutível para fins fiscais.

Análise de Balanços
A importância de se ter conhecimento das demonstrações financeiras se expressa na necessidade de se analisar
determinada companhia. Tais análises podem ser realizadas de inúmeras maneiras, como será explorado adiante,
sendo essencial o uso das diversas demonstrações contábeis. Em resumo, três são as análises feitas com
frequência: Análise Vertical, Horizontal e de Indicadores.

Versão: 29/09/21
Análise Vertical e Horizontal
A evolução de ativos, passivos, receitas, assim como outros, é de grande importância para se ter conhecimento da
situação da companhia e de suas estratégias. As análises horizontais e verticais geram este tipo de conhecimento.
Para explicar de maneira mais clara, nos utilizaremos, inicialmente, de um balanço patrimonial, dando ênfase
apenas aos ativos da empresa:

Ativo 2010 AV 2011 AV AH 11/10 2012 AV AH 12/11


Ativo Circulante 828 63% 603 60% -27% 504 56% -16%
Caixa 550 42% 306 30% -44% 125 14% -59%
Estoque 140 11% 210 21% 50% 300 33% 43%
Contas a receber 150 12% 90 9% -40% 30 3% -67%
(-) PCLD (20) -2% (18) -2% -10% (9) -1% -50%
Dividendos a receber 8 1% 15 1% 88% 58 6% 287%
Ativo Não Circulante 476 37% 409 40% -14% 397 44% -3%
Realizável a longo prazo 50 4% 20 2% -60% 3 0% -85%
Aplicações financeiras 50 4% 20 2% -60% 3 0% -85%
Investimento 62 5% 120 12% 94% 140 16% 17%
Participações Societárias 62 5% 120 12% 94% 140 16% 17%
Imobilizado 190 15% 180 18% -5% 170 19% -6%
Instalações 200 15% 200 20% 0% 200 22% 0%
(-) Depreciação Acumulada (10) -1% (20) -2% 100% (30) -3% 50%
Intangível 174 13% 89 9% -49% 84 9% -6%
Software 180 14% 100 10% -44% 100 11% 0%
(-) Amortização Acumulada (6) 0% (11) -1% 83% (16) -2% 45%
Total Ativo 1.304 100% 1.012 100% -22% 901 100% -11%

Seja a análise vertical, quanto a horizontal, são aplicadas a todas as demonstrações contábeis, dependendo do que
se deseja compreender. Antes de recorrermos à tabela acima, devemos explicitar o significado de cada uma das
análises.

A análise vertical consiste em descrever a proporção de determinada conta com relação ao total do argumento
em análise. Utilizando o balanço da companhia em questão, nos deparamos com uma coluna denominada “AV”,
sendo esta a coluna que representará nossa análise vertical. Nesta pode-se notar que o caixa está associado ao
valor de 42%, onde o argumento em questão é o total de ativos. Em outras palavras, vemos que o caixa representa
42% de todo o ativo. Dois anos depois, este apresenta um valor de 14%, dando a entender que novas políticas
devem estar sendo adotadas pela empresa.

A análise horizontal consiste em descrever o quanto variou determinada conta entre dois períodos distintos.
Utilizando o mesmo balanço anterior, nos deparamos com uma coluna chamada de “AH 11/10”, onde o caixa
apresenta um valor de -44%. Podemos afirmar que o caixa reduziu 44% do ano de 2010 para o ano de 2011, e em
2012, com relação a 2011, o mesmo ativo reduziu 59%. Esta contínua e forte redução do caixa, assim como a
menor participação do mesmo no total de ativos, pode indicar alguma mudança nas políticas da companhia, assim

Versão: 29/09/21
como se havia pensado anteriormente. Com a ausência das demais informações, porém, pouco pode-se concluir
desta variação no caixa.

Em essência, se enfatizam as maiores variações das maiores contas presentes. Nosso balanço possui como
maiores ativos o caixa, imobilizado, software, contas a receber e estoques, sendo o primeiro equivalente a quase
metade do total de ativos. Se nos atentarmos às suas variações, o caixa e o contas a receber tem fortes quedas,
enquanto o estoque passa a crescer e os demais citados não se alteram. Importante, também, são as participações
societárias que no último período passaram a representar 16% do total de ativos, com variações positivas em cada
ano de 94% e 17%, respectivamente.

Análise de Indicadores
Outra maneira de se gerar conhecimento sobre a situação de determinada companhia, é pela análise de seus
indicadores, se utilizando de certas contas. Estes são divididos em Indicadores de Giro, Indicadores de
Lucratividade, Indicadores de Liquidez e Indicadores de Alavancagem Financeira.

Indicadores de Liquidez
Estes fornecessem informações sobre a liquidez da companhia, se utilizando de seus ativos e passivos, geralmente
circulantes. São necessários para se compreender a situação da companhia com relação aos seus pagamentos de
curto prazo.
 Capital Circulante Líquido (“CCL”): medida que informa a capacidade de uma empresa de pagar suas
dívidas no curto prazo, mensurando a sobra ou falta de recursos. Pela análise dos ativos e passivos de
curto prazo de uma determinada empresa é possível compreender se, independentemente da sua geração
de lucros, ela enfrentará dificuldades em honrar suas obrigações no curto prazo.
CCL=Ativo Circulante−Passivo Circulante

 Liquidez Corrente: este índice fornece a proporção entre ativos e passivos circulantes, indicando a
capacidade da empresa de pagar suas dívidas no curto prazo. De forma geral, esse índice deve ser maior
que um, indicando que a empresa teria ativos ou investimentos suficientes no curto prazo (com
expectativa de se tornarem caixa) para honrar as obrigações de curto prazo.
Ativo Circulante
Índice de Liquidez Corrente=
PassivoCirculante

 Liquidez Seca: Mede a capacidade da empresa de pagar suas dívidas com seus ativos de curto prazo, com
exceção do ativo em estoque. “A cada um real que eu devo eu tenho X para receber, sem considerar o
estoque, em até um ano.”
Ativo Circulante−Estoques
Índice de Liquidez Seca=
PassivoCirculante

Versão: 29/09/21
 Liquidez Imediata: Mede a capacidade da empresa de pagar suas dívidas apenas com o caixa. Dessa
forma, o índice considera no numerador apenas os investimentos de curto prazo que não possuem
incerteza alguma, ou seja, o caixa e as aplicações financeiras. Se esse índice é maior do que 1, a empresa
consegue saldar suas dívidas de até um ano com o caixa. Se ele é menor do que 1, o valor do índice
representa a porcentagem das dívidas que a empresa é capaz de pagar em até um ano com o caixa.
Caixa+ Equivalentes de Caixa
Índice de Liquidez Imediata=
PassivoCirculante

Indicadores de Alavancagem Financeira


Tais medidas são necessárias para se compreender a situação da companhia com relação às suas obrigações, se
utilizando, de maneira geral, das contas relativas aos passivos.
 Endividamento: Mede a proporção de ativos que é financiada com o dinheiro de terceiros ou mostra
quanto a empresa tem de dívidas com terceiros (passivo circulante + passivo não circulante) para cada
real de recursos próprios (patrimônio líquido). Quando a empresa é alavancada, ela tem mais passivo do
que PL, ou seja, o índice é maior que 50%. “A cada 100 reais em ativos, x são provenientes do capital de
terceiros”.
Passivo
Índice de Endividamento=
Ativo

 Perfil da dívida: Para analisar a solvência de uma entidade, é importante conhecer os prazos de
vencimentos de suas dívidas. Assim, o perfil da dívida calcula a porcentagem de obrigações de curto
prazo entre todos os passivos, revelando quanto da dívida total (passivo circulante + passivo não
circulante) com terceiros é exigível no curto prazo (passivo circulante).
PassivoCirculante
Perfil da Dívida=
Passivo

 Índice de Cobertura de Juros: Tal índice calcula a proporção de lucro operacional em relação às despesas
financeiras. Se o EBIT for menor que a despesa financeira em módulo, existem grandes chances de a
companhia não ser capaz de saldar suas dívidas, pois a empresa tem um lucro operacional insuficiente
para cobrir as despesas. Dado tal problema, os bancos, na maioria das vezes, estabelecem clausulas
(covenants) para as empresas, que devem ser cumpridas para que os mesmos continuem a emprestar, com
esse indicador, por exemplo, tendo que ser maior que 1.
EBIT
Índice de Cobertura de Juros=
Despesas Financeiras

Indicadores de Lucratividade
Os indicadores de lucratividade são necessários para se compreender a relação entre as receitas e despesas de uma
companhia e rentabilidade de seus negócios.

Versão: 29/09/21
 Margem Bruta: Tal índice revela quanto a empresa ganha com sua atividade principal, com relação à
receita líquida. Geralmente, as empresas que vendem marcas de luxo ganham pela margem (elas
compram por menos e conseguem revender por preços muito mais elevados).
Lucro Bruto
Margem Bruta=
Receita Líquida

 Margem EBIT: Tal índice revela quanto a empresa ganha com toda a sua atividade operacional (leva em
conta não só a atividade principal, mas também as despesas administrativas, com vendas etc.), com
relação à receita líquida.
EBIT
Margem EBIT =
Receita Líquida

 Margem Líquida: Mede o quando a empresa ganha com toda a sua atividade, envolvendo as despesas
financeiras e o pagamento de impostos, com relação à receita líquida.
Lucro Líquido
Margem Líquida=
Receita Líquida

 Retorno sobre Ativos (“ROA”): mede o lucro gerado pelos ativos. Verifica se o capital proveniente tanto
do passivo quanto do PL gera lucro. “A cada 100 reais investido em ativos, X são convertidos em lucro
líquido para a empresa.”
Lucro Líquido
ROA=
Ativos

 Retorno do Patrimônio Líquido (“ROE”): mede o lucro gerado a partir dos investimentos dos sócios. “A
cada $100 investidos pelos sócios, X são convertidos em lucro líquido para a empresa”. Um ROE
negativo indica que os sócios estão tendo prejuízos. É um dos índices mais importantes, pois verifica se
está valendo a pena investir nessa companhia. O ideal é que o ROE seja superior a um determinado custo
de oportunidade.
Lucro Líquido
ROE=
Patrimônio Líquido

 Modelo DuPont: O objetivo do modelo Dupont é calcular o ROE da empresa. No entanto o cálculo é feito
de maneira que o ROE seja decomposto. Para isso parte-se do cálculo da margem líquida. Uma das
formas do sócio ganhar dinheiro na empresa é pela margem. Se a companhia consegue vender caro, se ela
administra bem suas despesas.
Lucro Líquido
Margem Líquida=
Receita

Versão: 29/09/21
Em seguida, calcula-se o giro do ativo. Uma segunda forma do acionista lucrar é pelo giro do ativo. O giro é a
velocidade com que os ativos viram receitas. Uma empresa com alto giro, investe comprando ativos e esse
investimento é revertido em mais clientela e novas vendas.
Receita
Giro dos Ativos=
Ativos

Multiplica-se a margem líquida pelo giro do ativo.


Lucro Líquido Lucro Líquido Receita
= x
Ativos Receita Ativos

O produto da operação é o ROA, deixando evidente que o lucro líquido de uma empresa é proveniente tanto dos
ganhos na margem quanto dos ganhos com giro. Os ativos de uma empresa geram benéficos pela margem (ao se
vender caro) e pelo giro (ao se vender rápido). Em seguida, calcula-se a alavancagem financeira da empresa.
Ativos
Alavancagem Financeira=
Patrimônio Líquido

“A cada 1 real de PL tem-se X reais de ativos.” A empresa é alavancada quando o passivo da mesma for maior
que o PL”. Exemplo: alavancagem financeira de 3. A cada 1 de PL há 3 de ativos. Logo haverá 2 de passivo. A
empresa compra seus ativos mais com passivo do que com PL. Geralmente, o passivo é uma fonte de recursos
mais barata para as companhias.

O ROE pode ser calculado da seguinte forma. ROE = ROA x Alavancagem. Dessa forma, a alavancagem
potencializa tanto o ganho quanto a perda dos sócios. Quanto maior a alavancagem, mais eu compro ativos com
dinheiro de terceiros, que é mais barato, maior o meu ROE. Mas se a companhia é muito alavancada e seu ROA é
negativo, seu ROE será muito negativo, o sócio perderá muito e o negócio pode ser muito arriscado.

Em seguida, multiplica-se o ROA pela alavancagem financeira.


Lucro Líquido Lucro Líquido Ativos
= x
Patrimônio Líquido Ativos Patrimônio Líquido

O produto obtido é o ROE. Desta maneira o modelo DuPont explicita que o ganho dos sócios pode ser gerado
pela margem, pelo giro e pela alavancagem financeira.
Assim:
𝑅𝑂𝐸 = 𝑀𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑎 𝑥 𝐺𝑖𝑟𝑜 𝑑𝑜 𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑥 𝐴𝑙𝑎𝑣𝑎𝑛𝑐𝑎𝑔𝑒𝑚 𝐹𝑖𝑛𝑎𝑛𝑐𝑒𝑖𝑟𝑎

O modelo DuPont mostra que o sócio pode ganhar dinheiro pela margem (vendendo caro), pelo giro (vendendo
rápido) e pela alavancagem (usando dinheiro de terceiros para comprar ativos).

Versão: 29/09/21
Indicadores de Giro
Os indicadores de giro fornecem informações relevantes em relação a intensidade em que a companhia faz uso de
seus ativos e passivos. Possui importância por analisar a periodicidade das inúmeras contas desejadas.
 Prazo Médio de Renovação do Estoque (“PMRE”): Tal índice indica quantos dias, em média, a empresa
leva para vender seus estoques – é o tempo entre a compra do estoque a venda para o cliente.
( Estoque atual+ Estoque do ano anterior )
Média(e )=
2
(Média(e)x 360)
Prazo Médio de Renovação do Estoque=
Custo de Vendas

Onde o “Custo de Vendas” é igual ao CMV em módulo.


 PMRV: este índice indica quantos dias, em média, a empresa leva para receber o dinheiro dos clientes
pelas vendas a prazo.
(Contas a receber+ Contas a receber do ano anterior )
Média(c )=
2
( Média(c )x 360)
Prazo Médio de Recebimento=
Receita

A empresa pode desejar reduzir tal prazo médio. Quando isso ocorre, no entanto, a mesma pode perder clientes
com menor poder aquisitivo.
 PMPC: este índice indica quantos dias, em média, a empresa leva para pagar seus fornecedores pelas
compras a prazo.
(Fornecedores+ Fornecedores do ano anterior)
Média ( f ) =
2
Compras=¿

( Média ( f ) x 360)
Prazo Médio de Pagamento dos Fornecedores=
Compras

 Ciclo Operacional: Tal índice indica quanto tempo a empresa leva para completar sua operação, ou seja,
quanto tempo se passa desde a compra do estoque dos fornecedores até o recebimento pelas vendas.
Quanto menor o ciclo operacional, melhor.
𝐶𝑖𝑐𝑙𝑜 𝑂𝑝𝑒𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 = 𝑃𝑀𝑅𝐸 + 𝑃𝑀𝑅𝑉

 Ciclo Financeiro: Tal índice indica quanto tempo se passou desde o pagamento dos fornecedores até o
recebimento dos clientes pelas vendas. Quanto tempo em média a empresa precisou arrumar
financiamento para suas operações. Quanto menor o ciclo de caixa, melhor. Um ciclo de caixa negativo
indica que a empresa recebe dos clientes antes de pagar os fornecedores. Apenas empresas com elevado
poder de barganha têm ciclo de caixa negativo.

Versão: 29/09/21
𝐶𝑖𝑐𝑙𝑜 Financeiro = 𝑃𝑀𝑅𝐸 + 𝑃𝑀𝑅𝑉 – 𝑃𝑀𝑃𝐶
Anatomia da Rentabilidade
Para entender a anatomia da rentabilidade, precisamos passar por alguns indicadores, a saber:

ROA: Retorno sobre os Ativos ou Return on Assets


Fórmula: Lucro Líquido/Ativo total.
Para entender o ROA, devemos lembrar da definição de ativos, os quais são recursos que geram benefícios
econômicos futuros. É importante que os ativos gerem benefícios, pois as empresas compram ativos geralmente
com o objetivo de se ter lucro proveniente deles, por exemplo: uma empresa tem estoque de mercadorias (ativo)
com o objetivo de vende-lo, por exemplo.
Supondo um ROA de 3%: a cada $100 que a empresa compra em ativos, ela tem um lucro de $3.
Limitação do ROA = quando consideramos o lucro líquido para o cálculo do indicador, é considerada também
uma linha da DRE que não tem a ver com os ativos da empresa, mas sim com os seus passivos. Essa linha é a
despesa financeira. Logo, estamos misturando retorno relativo a ativos e passivos.
Outra forma de se ver o Balanço Patrimonial:
Formemos um balanço analítico, onde o que muda é só o passivo da empresa, que dividimos em duas partes:
passivo operacional e passivo financeiro.

Passivo
Operacional

Ativo Total Passivo


Financeiro

Patrimônio
Líquido

Começamos pelo passivo financeiro, mais fácil de ser calculado: são as dívidas que a empresa tem com bancos
(empréstimos, financiamentos, debêntures etc.).
Passivo operacional é o que sobra: são dívidas do dia a dia da empresa, por exemplo, dívidas a pagar com
fornecedores por compras de estoques a prazo, uma dívida de contas a pagar (pode ser uma conta de luz, água a
pagar etc.).
Observando o BP analítico, para comprarmos todos os ativos de uma empresa, ela pode tomar recursos de três
fontes: dívidas com bancos (passivo financeiro), dívidas do dia a dia (passivo operacional) e dinheiro dos sócios
(patrimônio líquido).
Ao passivo financeiro também damos o nome de dívida bruta.

Versão: 29/09/21
Ativo Líquido
Fórmula: Ativo Líquido = Ativo total - Passivo operacional
Observando a nova organização do BP abaixo:

Passivo
Financeiro
Ativo Líquido
(Investimento)
Patrimônio
Líquido

A empresa tem diversos ativos, só que ela também tem dívidas do dia a dia a serem pagas. Por exemplo: ela
precisa pagar fornecedor porque ela comprou uma parte do estoque a prazo, precisa pagar uma conta de água, seu
imposto de renda etc. Logo, nem todo o ativo é de fato da empresa, pois ela precisa pagar essas dívidas do dia a
dia. Considerando todos os ativos da empresa e subtraindo suas dívidas do dia a dia, conseguimos descobrir
aqueles ativos que são à vista, que são os ativos próprios da empresa, também chamados de ativos líquidos.

Despesa Financeira Líquida


Fórmula: Despesa financeira líquida = despesa financeira * (1 – 34%)
Quando uma empresa tem muito empréstimo, ela também terá despesa financeira e o LAIR será mais baixo
(precisamos lembrar que o IR e a CSLL são calculados à base de 34% do LAIR). Logo, se o LAIR dessa empresa
é baixo porque ela pediu muito dinheiro emprestado, terá despesa financeira e pagará menos IR e CSLL. Ou seja,
há um lado bom de ter despesa financeira, que é pagar menos imposto. Quando calculamos a despesa financeira
líquida, estamos calculando o lado ruim da dívida, por isso consideramos o valor da despesa financeira e
multiplicamos por (1 – 0,34).

Custo da dívida (“Kd”)


Fórmula: Despesa financeira líquida em módulo/ passivo financeiro
Toda vez que uma empresa pede dinheiro emprestado para um banco, este cobra juros dela. O custo da dívida
(Kd) representa o quanto o banco cobra de juros de empréstimos por ano.
Supondo um Kd de 3%, significa que, na média, a empresa paga juros de 3% ao ano referente aos empréstimos
tomados, ou seja, 3% é o custo da dívida.

ROI (Retorno sobre os Ativos Próprios) ou Return on Investments


Fórmula: Lucro líquido – despesa financeira liquida/ ativo líquido
Lembremos da limitação do ROA e tentemos melhorar: para obter o lucro dos ativos, ou seja, o lucro que de fato
está relacionado aos ativos da empresa, temos de desprezar a despesa financeira (relativa a passivos).
Qual seria o lucro só dos ativos caso não tivéssemos a despesa financeira? Para responder a essa pergunta
calculamos: Lucro líquido – despesa financeira liquida/ ativo líquido.

Versão: 29/09/21
O ROI é bastante parecido com o ROA, mas é uma versão melhorada do ROA
Quando falamos de ROA, queremos saber se os ativos da empresa estão gerando lucro.
Quando falamos do ROI, 1. Não estamos falando de todos os ativos da empresa pois tenho também que usar uma
parte deles para pagar as dívidas do dia a dia, ou seja, estamos considerando apenas os ativos próprios (ativos
líquidos) da empresa; e 2. Não consideramos o lucro líquido pois uma parte dele não tem a ver com os ativos (que
é a despesa financeira, relacionada aos passivos da empresa).

ROE: Retorno sobre o Patrimônio Líquido ou Return on Equity


Fórmula: Lucro Líquido/PL ou ROI + contribuição da alavancagem
ROE é o retorno q o sócio tem com essa empresa.
Supondo um ROE de 14%: a cada $100 que o sócio coloca na empresa de PL essa empresa gera um lucro de $14,
ou seja, o sócio investe $100 para gerar um lucro de $14.
Considerando a fórmula ROE = ROI + contribuição da alavancagem, o sócio de uma empresa ganha de duas
formas: com ativos (com a loja tendo lucro, ou seja, tendo ROI elevado) e ganha com o passivo financeiro (toma
dívida com bancos a juros baratos, ou seja, tem a contribuição da alavancagem). Trata-se de um outro jeito de
calcular o ROE. Ao invés de considerar o LL/PL, fazemos o cálculo através de: ROI + contribuição da
alavancagem.
A interpretação do resultado de um ROE de 14% (por exemplo) é a mesma: a cada $100 que os sócios de uma
empresa nela investem, eles têm um lucro de $14. Complementamos apenas a explicação de como esse sócio
ganha esses 14%: em função de duas coisas: ativo ou passivo. Se ele tiver um ROI elevado significa que a
empresa ganha com seus ativos, ou seja, o seu negócio é rentável. E se tiver uma boa contribuição da
alavancagem, os sócios também ganham com o passivo financeiro ao tomar dívida barata.

Spread
Fórmula: ROI – Kd
Sendo o ROI o retorno que os ativos próprios de uma empresa estão gerando e o Kd o quanto a empresa paga de
juros para os bancos em relação aos empréstimos que foram tomados por ela.
Para saber se os juros são caros ou baratos, precisamos comparar o Kd com um índice chamado ROI. É esperado
que o Kd seja menor que o ROI da empresa, pois isso significaria que os ativos próprios da empresa geram um
retorno maior do que o custo da dívida que ela mantém com bancos.
O ideal é que o spread seja positivo: significa que o retorno que os ativos próprios de uma empresa estão gerando
é maior que o custo da dívida de juros com os bancos.
O ruim de ter um spread negativo numa empresa é porque neste caso os juros pagos são maiores que os ganhos
com a operação, provavelmente significa que está sendo tomado um empréstimo caro para investir numa empresa
que gera um retorno ruim.

Proporção Passivo Financeiro/PL


Fórmula: Passivo Financeiro/PL

Versão: 29/09/21
Supondo uma Proporção Passivo Financeiro/PL de 2,5, significa que a cada 1 real que os sócios colocam na
empresa no PL, ela tem $2,50 de passivo financeiro, ou então: a cada $1 que o sócio colocou na empresa ela tem
$2,50 de dívida com os bancos. Sendo maior que 1, significa que a empresa prefere comprar os ativos próprios
mais com passivo financeiro do que com PL.

Contribuição da alavancagem
Fórmula: Spread x Proporção Passivo Financeiro/PL
Contribuição da alavancagem é quanto o sócio ganha por ter passivo financeiro.
Ao contrário do que se possa imaginar, uma empresa pode se beneficiar quando tem bastante passivo financeiro
(dívidas com bancos) uma vez que ele seja barato e o spread seja positivo (a empresa lucra mais com os ativos
próprios do que precisa pagar de juros aos bancos. Nessa situação, uma empresa lucra com passivo financeiro e a
alavancagem dela contribui para o retorno do sócio porque ele tem passivos baratos.

Grau de Alavancagem Financeira (“GAF”)


Fórmula: GAF = ROE/ROI
Interpretação: GAF maior que 1 = ROE é maior que o ROI, ou seja, os sócios de uma empresa estão ganhando
mais retorno do que o lucro que os ativos próprios dessa empresa geram.
GAF maior que 1: Significa que a empresa está ganhando com passivos financeiros, ou seja, ela pede emprestado
a juros baratos. Os sócios ganham com ROI e com a contribuição da alavancagem: pedem bastante emprestado e
a juros baratos.
GAF menor que 1: Significa que embora a empresa possa estar ganhando com ROI, ela perde com contribuição
da alavancagem, ou seja, os sócios estão tomando empréstimos a juros caros diante de sua operação.

Impostos
O IRPJ é um tributo federal pago pelas pessoas jurídicas e empresas individuais domiciliadas no Brasil e que
possuam um Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (“CNPJ”), ou seja, registradas e operantes. Ele incide sobre a
arrecadação das empresas. Obs.: As organizações filantrópicas, recreativas, culturais e científicas estão isentas do
pagamento do imposto.

Não basta o Imposto de Renda de Pessoa Física (“IRPF”)? Infelizmente, não, pois é necessário também que uma
parte do dinheiro arrecadado pelas empresas seja repassado ao Governo Federal. Em síntese: a declaração de um
imposto não isenta a declaração do outro.

A CSLL é um tributo federal que incide sobre todas as Pessoas Jurídicas (PJ) domiciliadas no Brasil. Seu objetivo
é o de apoiar financeiramente a Seguridade Social.

Esse apoio à Seguridade Social diz respeito aos investimentos em serviços públicos como aposentadoria,
desemprego, direitos à saúde etc.

Versão: 29/09/21
Contabilização
São contabilizados como despesa após o LAIR:
- Se pago, sai do caixa
- Se não pago, vai para o passivo circulante

Formas de Apuração do IRPJ e da CSLL


- MEI - Microempreendedor Individual
Para quem é?
Somente para empresário individual: nenhuma sociedade pode ser Microempreendedor Individual (“MEI”):
Faturamento de até R$ 81.000.
Não ter participação em outra empresa como sócio ou titular.
No máximo um empregado contratado que receba o salário-mínimo ou o piso da categoria.
Quanto paga?

E os outros impostos?
O MEI será enquadrado no Simples Nacional e ficará isento dos tributos federais (IRPJ, PIS, COFINS, IPI e
CSLL). Paga adicionalmente, quando incidir, Imposto sobre Operações Financeiras (“IOF”), Imposto de
Importação (“II”), Imposto de Exportação (“IE”), Imposto sobre a Propriedade Rural (“ITR”), IRPJ sobre receitas
financeiras e ganho de capital, FGTS (“Fundo de Garantia por Tempo de Serviço”) e contribuição previdenciária
relativa ao empregado. Não é desobrigado à declaração de IRPJ.

- SIMPLES NACIONAL
O Simples Nacional é um regime tributário diferenciado, simplificado e favorecido
Para quem é? Para Microempresas (Receita Inferior a R$ 360.000) e Empresas de Pequeno Porte (Receita entre
R$ 360.000 a R$ 4.800.000). Precisa ser sociedade, não é para pessoa física, como no caso do MEI.

Se sócio tiver mais de uma empresa, ou se a empresa for dona de outras, receita global das empresas deve ser
considerada. Quais impostos estão incluídos nos pagamentos do Simples?
Recolhimento unificado de:
IRPJ, IPI, CSLL, PIS/COFINS, Contribuição Patronal Previdenciária (“CPP”), ICMS e ISS. Paga adicionalmente,
quando incidir, IOF, II, IE, ITR.

Versão: 29/09/21
Obs.: O Simples Nacional está dividido por anexo, a fim de diferenciar os mais diversos segmentos, segue:

Como funcionam os pagamentos?


Verificar em qual tabela a empresa se enquadra; aplicar a alíquota sobre a receita; aplicar a dedução sobre o valor
a ser recolhido, conforme tabela.
Os detalhes são, na prática, muito maiores!!
Atenção à forma de apuração e pagamento de impostos no Brasil
Complexidade

Versão: 29/09/21
Interpretações

- LUCRO PRESUMIDO
 Não possui relação com o lucro efetivo
 Lucro (base de cálculo) é um percentual sobre a receita
 Presume-se que todas as entidades possuem a mesma margem líquida por atividade
 Adições à base de cálculo
o Ganhos de capital
o Rendimentos de aplicações
o Demais receitas e os resultados positivos decorrentes de receitas não abrangidas pela receita bruta
 Pessoas Jurídicas Optantes
o Receita Bruta total menor ou igual a R$78 milhões (ou proporcional)
 Incluídos ganhos de capital
o Não obrigadas à tributação pelo lucro real

Exemplos:
 Empresa de Serviço de Transporte
o Receita Anual: $10.000.000

 Receita Anual: $10.000.000

Versão: 29/09/21
o Venda de um escritório adquirido por R$ 1.000.000, pelo valor de venda de R$ 1.500.000

- LUCRO REAL
 Forma mais completa de apuração do IRPJ/CSLL.
 Bancos, corretoras, sociedades de crédito, seguradoras, previdência privada e factoring.
 Empresas que obtém lucros ou rendimentos oriundos de capital estrangeiro.
 Empresas com benefícios fiscais do imposto.
 Optantes no primeiro pagamento por estimativa.

Lucro Real e Lucro Contábil


 Calculado a partir do lucro efetivamente apurado pela contabilidade
 Adições e exclusões ao LAIR
o Para ajustar as diferenças de critérios entre a contabilidade societária e a contabilidade fiscal
o Provisões, depreciação, valor justo, impairment, valor presente e outras
 Também ajustam a indedutibilidade de despesas
o Multas e outras
Diferença entre o IRPJ/CSLL sobre o LAIR e o IRPJ/CSLL devido:
 Diferenças Permanentes
o Diferenças devidas à dedutibilidade de despesas ou isenção de receitas permanentes
o Despesas adicionadas ou receitas excluídas que nunca serão “revertidas”

Exemplos de Fontes de Diferenças Permanentes


 Despesas
o Multas
o Brindes e Doações
o Acima do limite dedutível
o Resultado Negativo de Equivalência Patrimonial
o Alimentação de sócios, acionistas e administradores
o Despesas de leasing e depreciação não relacionados à produção e comercialização

Versão: 29/09/21
 Receitas
o Receitas de Incentivos Fiscais
o Receitas de Dividendos
o Resultado Positivo de Equivalência Patrimonial

Diferenças Temporárias
 Diferenças devidas à dedutibilidade de despesas ou isenção de receitas temporárias
 Usualmente despesas dedutíveis ou receitas tributáveis pelo regime de caixa, e não por competência
 Despesas adicionadas ou receitas excluídas serão eventualmente “revertidas”

Exemplos
 Provisões
o Dedutíveis somente quando efetivamente pagas
 Depreciação
o Dedutível conforme tabela da RFB
 Despesas de Impairment
o Dedutível somente na alienação ou baixa do ativo

Atenção:
Quando uma empresa incorre em prejuízo fiscal, ele pode ser compensado com lucros tributáveis futuros
Deve ser registrado Ativo Fiscal Diferido somente se houver expectativa de lucros futuros.

Versão: 29/09/21

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