Você está na página 1de 269

CADERNO REVISÃO RÁPIDA POR PALAVRAS CHAVES1

Sumário
DIREITO CIVIL................................................................................................................................................................ 5

ASPECTOS INICIAIS.................................................................................................................................................. 5

PARTE GERAL ........................................................................................................................................................... 6

RESPONSABILIDADE CIVIL ...................................................................................................................................... 8

DIREITO DE FAMÍLIA................................................................................................................................................. 9

ALIMENTOS ............................................................................................................................................................. 12

PROCESSO CIVIL ........................................................................................................................................................ 13

TEMAS RELEVANTES ............................................................................................................................................. 13

Publicidade dos atos processuais .................................................................................................................... 14

RACISMO ..................................................................................................................................................................... 27

CONVENÇÃO INTERNAMERICANA CONTRA O RACISMO ................................................................................... 27

CONSTITUCIONAL....................................................................................................................................................... 30

TEMAS IMPORTANTES RELACIONADOS A COVID ............................................................................................... 30

FEDERALISMO ........................................................................................................................................................ 30

SEPARAÇÃO DE PODERES.................................................................................................................................... 30

CONSTITUCIONALISMO ......................................................................................................................................... 30

OUTRAS MODALIDADES DE CONSTITUCIONALISMO ......................................................................................... 31

NEOCONSTITUCIONALISMO .................................................................................................................................. 31

TEMAS IMPORTANTES NO NEOCONSTITUCIONALISMO .................................................................................... 32

PAPEIS DA SUPREMA CORTE - BARROSO........................................................................................................... 33

PODER CONSTITUINTE .......................................................................................................................................... 33

CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES ............................................................................................................... 35

SENTIDO DAS CONSTITUIÇÕES ............................................................................................................................ 36

NORMAS CONSTITUCIONAIS................................................................................................................................. 38

INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL.................................................................................................................... 38

PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL ........................................................................................ 39

CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE – ASPECTOS GERAIS ........................................................................ 40

1 Atualizado em 25.06.2022
CONTROLE DIFUSO................................................................................................................................................ 41

CONTROLE CONCENTRADO ................................................................................................................................. 42

AÇÕES DE CONTROLE CONCENTRADO .............................................................................................................. 44

CONTROLE CONCENTRADO NO TJ/DF................................................................................................................. 45

JURIS IMPORTANTES SOBRE CONTROLE ........................................................................................................... 45

SENTENÇAS INTERMEDIÁRIAS ............................................................................................................................. 46

CONTROLE DE NORMAS ORÇAMENTÁRIAS ........................................................................................................ 46

PODER LEGISLATIVO ............................................................................................................................................. 47

PROCESSO LEGISLATIVO...................................................................................................................................... 50

MINISTÉRIO PÚBLICO ............................................................................................................................................ 51

DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS ........................................................................................................... 52

DIREITO PENAL ........................................................................................................................................................... 58

SISTEMAS PENAIS .................................................................................................................................................. 58

PRINCÍPIOS ............................................................................................................................................................. 60

CONFLITO APARENTE DE NORMAS ..................................................................................................................... 62

FATO TÍPICO ........................................................................................................................................................... 64

DOLO E CULPA ....................................................................................................................................................... 68

CONCURSO DE AGENTES ..................................................................................................................................... 71

PLURALIDADE DE DELITOS ................................................................................................................................... 73

TEORIA GERAL DA PENA ....................................................................................................................................... 75

PENAL PARTE ESPECIAL ........................................................................................................................................... 81

CRIMES CONTRA A PESSOA ................................................................................................................................. 81

CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL ............................................................................................................. 90

LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL ............................................................................................................................... 100

LEI MARIA DA PENHA .......................................................................................................................................... 100

LEI DE DROGAS .................................................................................................................................................... 108

CRIMES AMBIENTAIS ............................................................................................................................................... 117

CRIMES DO ECA ....................................................................................................................................................... 118

CRIMES EM LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS ............................................................................. 118

RACISMO ............................................................................................................................................................... 120


ESTATUTO DO DESARMAMENTO ....................................................................................................................... 121

CRIMES HEDIONDOS ........................................................................................................................................... 125

CRIMES DO CTB ................................................................................................................................................... 125

LAVAGEM DE DINHEIRO ...................................................................................................................................... 127

INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA .......................................................................................................................... 128

CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA ................................................................................................. 130

TORTURA .............................................................................................................................................................. 130

PROCESSO PENAL ................................................................................................................................................... 130

DOGMATICA PENAL COM PERSPECTIVA DE GÊNERO ..................................................................................... 130

PARTE INTRODUTÓRIA ........................................................................................................................................ 131

INQUÉRITO POLICIAL ........................................................................................................................................... 134

ANPP ...................................................................................................................................................................... 136

AÇÃO PENAL ......................................................................................................................................................... 136

AÇÃO CIVIL EX DELICTO ...................................................................................................................................... 138

JURISDIDÃO E COMPETÊNCIA ............................................................................................................................ 139

ATOS PROCESSUAIS ........................................................................................................................................... 144

ATOS DO JUÍZ ....................................................................................................................................................... 144

QUESTÕES E PROCESSOS INCIDENTES ........................................................................................................... 146

PROVAS ................................................................................................................................................................. 148

TÉCNICAS ESPECIAIS DE INVESTIGAÇÃO ......................................................................................................... 152

PRISÕES E MEDIDAS CAUTELARES ................................................................................................................... 155

PROCEDIMENTO COMUM .................................................................................................................................... 157

TRIBUNAL DO JÚRI ............................................................................................................................................... 159

NULIDADES ........................................................................................................................................................... 168

RECURSOS ........................................................................................................................................................... 172

DIREITO COLETIVO................................................................................................................................................... 175

PONTOS INTRODUTÓRIOS .................................................................................................................................. 175

MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO.............................................................................................................. 182

AÇÃO CIVIL PÚBLICA ............................................................................................................................................ 187

AÇÃO POPULAR .................................................................................................................................................... 213


URBANÍSTICO............................................................................................................................................................ 217

URBANÍSTICO ....................................................................................................................................................... 217

LEI DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA ............................................................................................................ 218

ECA ........................................................................................................................................................................ 226

AMBIENTAL ................................................................................................................................................................ 232

AMBIENTAL ........................................................................................................................................................... 232

DIREITO DO CONSUMIDOR ...................................................................................................................................... 237

ASPECTOS GERAIS .............................................................................................................................................. 237

DIREITO ADMINISTRATIVO....................................................................................................................................... 243

INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................ 243

REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO ................................................................................................................. 244

ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ................................................................................................. 247

ATOS ADMINISTRATIVOS..................................................................................................................................... 249

PODERES ADMINISTRATIVOS ............................................................................................................................. 250

Agentes públicos: agentes políticos/ servidores públicos/ particulares em colaboração .......................................... 251

SERVIÇO PÚBLICO ............................................................................................................................................... 257

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO ............................................................................................................ 259

INTERVENÇÃO DO ESTADO NO DOMINIO ECONOMICO ................................................................................... 263

PROCESSO ADMINISTRATIVO............................................................................................................................. 264

CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO ........................................................................................................................ 265

INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE ................................................................................................ 266

LICITAÇÃO E CONTRATOS .................................................................................................................................. 269


DIREITO CIVIL
ASPECTOS INICIAIS
Diálogo das fontes. Desenvolvida na Alemanha por ERIK JAYME e trazida ao brasil por Cláudia Lima Marques.
(Diante do “Big bag legislativo de Ricardo Lorenzetti”). É a aplicação simultânea, coerente e coordenada das plúrimas
fontes legislativas convergentes. As fontes possuem influências recíprocas, com a aplicação conjunta das normas ao
mesmo tempo e ao mesmo caso. Há uma conexão interdisciplinar.
➢ Diálogo sistemático de coerência: Quando uma lei serve da base conceitual para outra.
➢ Diálogo de complementariedade: aplicação coordenada de duas lei (se complementam)
➢ Diálogo de subsidiariedade: uma complementa a outra de forma indireta.
➢ Diálogo de influência recíproca sistemática: influência do sistema geral no especial e vice-versa.
Por conta do diálogo das fontes, o STJ as vezes aplica o prazo prescricional do CC (10 anos) no lugar do prazo de 5
anos do CDC. Ex: repetição de indébito de tarifa de água e esgoto.
CDC aplica-se a concessionária tendo em vista o regime de direito privado, e a cobrança de tarifa e não de taxa.
Estatuto jurídico do patrimônio Mínimo. Despatrimonialização do direito civil e a repersonalização. Dignidade da
pessoa humana. LUIZ EDSON FACHIN. Trata-se de um patrimônio mínimo para cada ser humano para que possa
exercer os demais direitos de modo digno. (Ampliação da impenhorabilidade do bem de família para pessoas solteiras).
Princípio do MÍNIMO existencial.
OBS: BEM DE FAMÍLIA → A impenhorabilidade do bem de família decorre dos direitos fundamentais à dignidade da
pessoa humana e à moradia, de forma que as exceções previstas na legislação não comportam interpretação
extensiva.

Sistema aberto do Código Civil. Eticidade, solidariedade e operabilidade.


➢ A ETICIDADE é o rompimento com o patrimonialismo. O Ser humano é visto como um fim em si mesmo. É o
afastamento do tecnicismo que no lugar de valorizar as formalidades, reconhece os valores éticos de todo
ordenamento. Valoração de condutas éticas / boa-fé.
➢ SOCIALIDADE. Superação do caráter individualista que imperava no cc/16. Função social dos institutos.
➢ OPERABILIDADE. Simplicidade. Efetividade, por meio do sistema de cláusulas gerais.
Cláusulas gerais X conceito jurídico indeterminado. Na cláusula geral, tanto o conteúdo quanto a consequências
não está definido especificamente na lei. No conceito jurídico indeterminado, a dúvida estão no conteúdo, todavia, a
consequência está delimitada na lei.
MIGUEL REALE criou a teoria do conhecimento e da essência jurídica, a ONTOGNOSEOLOGIA jurídica (- teoria do
conhecimento-que são elementos que possibilitam a compreensão como um todo, quando estudados em unidade
integradas). O papel do direito é buscado no enfoque subjetivo e do enfoque objetivo, por meio do culturalismo jurídico
e da teoria tridimensional do direito.
Culturalismo jurídico: plano subjetivo. Foco no aplicador do direito. Três vetores para orientarem a decisões. 1- A
cultura; 2- a experiência e 3- a história, entendidas do ponto de vista do julgador e do ponto de vista da sociedade.
Teoria tridimensional do direito- plano objetivo: o direito é Fato, valor e norma. Na análise de conceitos jurídicos
abertos, o julgador deverá analisar o fato e, por meio de seus valores e da sociedade, aplicar a norma de acordo com
seus limites, interpretando-a sistematicamente.
A teoria tridimensional é usada para aplicar o direito e preencher as cláusulas gerais.
A norma é o elemento centra da ontognoseologia (teoria do conhecimento) criada por REALE.

Artigo 489 do CPC (hipóteses em que não se considera fundamentada a decisão). Muitas delas são cláusulas gerais.
No cc/16, concebido conforme teoria de Kelsen, a norma era a base de um sistema fechado e estático. (Juiz como a
boca da lei). Na teoria de Reale, deve haver uma conjugação do fato, do valor e da norma em um sistema aberto e
dinâmico com constante diálogo.
PARTE GERAL
DIREITOS DA PERSONALIDADE
➢ Conforme Francisco Amaral, direitos da personalidade são direitos subjetivos que tem por objeto os bens e
valores essenciais da pessoa, no seu aspecto físico, moral e intelectual.
➢ Personalidade é a possibilidade de ser titular de direitos e deveres como sujeito de direitos, em relações
jurídicas iluminadas pela dignidade humana.
➢ Capacidade de fato (de exercício): possibilidade de as pessoas exercerem, por si próprias, isto é, sem
representante ou assistência, os atos da vida civil.
➢ Capacidade plena: capacidade de direito (Personalidade) e de fato.
➢ A capacidade de fato, pressupõe a capacidade de direito (de todo ser humano). A recíproca não ocorre,
podemos ter capacidade de direito, sem a capacidade de fato.
➢ Incapacidade de direito? Não existe no ordenamento jurídico. Todos que nascem com vida são dotados de
direitos.
➢ Pequenos atos negociais praticados por crianças: Os atos são válidos, são atos socialmente típicos, baseados
na lógica do razoável, na boa-fé. São ATOS-FATOS: não exigem a capacidade.
➢ O surdo e o mudo são capazes quando puderem exprimir sua vontade. A regra é a capacidade.
➢ O condenado criminalmente não perde sua capacidade civil, embora, possa ter seus direitos políticos
suspensos.
➢ DIREITO AO ESQUECIMENTO: STF em repercussão geral decidiu que não há amparo. Deve vir previsto de
maneira pontual em lei.
INÍCIO DA PERSONALIDADE JURÍDICA:
➢ TEORIA NATALISTA: A personalidade jurídica começa com o nascimento com vida. CC/02. Não teria direitos,
mas expectativas de direito.
➢ TEORIA CONCEPCIONISTA: Nascituro é tem direitos reconhecidos desde a concepção. STJ.
➢ TEORIA da PERSONALIDADE CONDICIONAL: a personalidade começa com o nascimento com vida, mas
os direitos do nascituro estão sob condição suspensiva (direitos eventuais) – crítica: direito à personalidade
não pode ficar sob condição suspensiva.

STF/2018: IDENTIDADE DE GÊNERO é manifestação da própria personalidade da pessoa humana, cabe ao estado
apenas declará-la e não constituí-la. Reconheceu-se, assim, aos transgêneros o direito o direito de alteração do
nome e do gênero diretamente no cartório, independentemente de cirurgia de transgenitalização ou tratamento
hormonais. A resolução do CNJ determina idade de 18 anos completos.
Princípio da inalterabilidade relativa do nome (erros gráficos/ adoção/ prenomes ridículos/ proteção a testemunha)
TEORIAS SOBRE O NOME
➢ Teoria da propriedade: segundo esta concepção, o nome integra o patrimônio da pessoa. Essa teoria é
aplicada no caso dos nomes empresariais. No que tange à pessoa natural, o nome é mais do que o mero
aspecto patrimonial, consistindo, na verdade, em direito da personalidade.
➢ Teoria negativista: afirma que o nome não é um direito, mas apenas uma forma de designação das pessoas.
A doutrina relata que era a posição adotada por Clóvis Beviláqua.
➢ Teoria do estado: sustenta que o nome é um elemento do estado da pessoa natural.
➢ Teoria do direito da personalidade: o nome é um direito da personalidade. É a teoria adotada pelo CC (art.
16): “toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome”.

NOME SOCIAL: decreto que autoriza o uso do nome social na administração pública.
HATE SPEECH – DISCURSO DE ÓDIO: é a expressão contra determinado grupo (religioso / étnico/ regional, etc) x
Liberdade de expressão. O direito a liberdade de expressão não consagra o direito à incitação ao racismo.
RETIRADAS DE ÓRGÃOS, PÓS MORTE, PRINCÍPIO DO CONSENSO AFIRMATIVO, precisa de autorização da
família.
TRATAMENTO x RELIGIÃO: Requisitos para negar tratamento com base em crença: 1-capacidade civil plena (não
admitindo representação ou assistência); 2-manifestação de vontade livre, consciente e informada; 3- oposição que
diga respeito exclusivamente à própria pessoa do declarante.

PROTEÇÃO: A tutela mais adequada ao direito da personalidade é a tutela preventiva e não a repressiva. Tutela
inibitória. Art.12

PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA
➢ Direitos prestacionais e direito potestativo: Agnelo Amorim Filho. Direitos potestativos são declarações
unilaterais de vontade que alteram a situação jurídica de outrem.
➢ Apenas os direitos a uma prestação que estão sujeito à prescrição. Não é o direito em si que prescreve, mas
a pretensão. Os direitos potestativos, por sua vez, estariam sujeitos à decadência.
➢ Prescrição: pretensões condenatórias.
➢ Decadência: pretensões constitutivas.
Conforme pontes de Miranda, as ações são divididas em 5: declaratória/ constitutiva/ condenatória/ mandamentais e
executivas.
Qual é o dies a quo do prazo prescricional da pretensão compensatória dos danos morais? TEORIA DA ACTIO
NATA.
A determinação do termo inicial dos prazos prescricionais demanda, inicialmente, a distinção entre os conceitos de
direito subjetivo e de pretensão.
Pretensão é o poder de exigir um comportamento positivo ou negativo da outra parte da relação jurídica. Trata-se, a
rigor, do chamado grau de exigibilidade do direito, nascendo, portanto, tão logo este se torne exigível. Desse modo,
pode-se observar que, antes do advento da pretensão, já existe direito e dever, mas em situação estática.
Assim, visando o encobrimento da eficácia da pretensão, a prescrição, como consequência lógica, possui como termo
inicial do transcurso de seu prazo o nascimento dessa posição jurídica (a pretensão).
A propósito, a doutrina bem assevera que a ideia-chave é mesmo a de exigibilidade, acentuando que não se pode falar
em "inércia" quando o direito subjetivo ainda não pode se fazer valer, de modo que o prazo prescricional só tem início
no dia em que o direito poderia ter sido exercitado: "É óbvio que se a vítima não pode exigir (por razões de direito ou
de fato), não há inércia punível com o encobrimento da pretensão, pela prescrição.
Daí a tão propalada teoria da actio nata - haurida dos trabalhos de Friedrich Carl Freiherr von Savigny - segundo a
qual os prazos prescricionais se iniciariam no exato momento do surgimento da pretensão.
➢ art. 189 foi que "violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição". Viés
objetivo.
➢ No âmbito jurisprudencial, o STJ passou a admitir que, em determinadas hipóteses, o início dos prazos
prescricionais deveria ocorrer a partir da ciência do nascimento da pretensão por seu titular, no que ficou
conhecido como o viés subjetivo da teoria da actio nata. Essa adoção é excepcional. Ex. indenização por
incapacidade permanente; Ex. Súmula 278, STJ. Adoção do viés subjetivo em algumas hipóteses legais, ex.
art. 27 do CDC;
➢ Viés objetivo → data do nascimento da pretensão.
Critérios: Assim, ainda que de modo não exaustivo e não cumulativo, pode-se concluir que são critérios que indicam
a tendência de adoção do viés subjetivo da teoria da actio nata: a) a submissão da pretensão a prazo
prescricional curto; b) a constatação, na hipótese concreta, de que o credor tinha ou deveria ter ciência do
nascimento da pretensão, o que deve ser apurado a partir da boa-fé objetiva e de standards de atuação do homem
médio; c) o fato de se estar diante de responsabilidade civil por ato ilícito absoluto (extracontratual); e d) a
expressa previsão legal a impor a aplicação do sistema subjetivo.
A ministra Nancy aplicou em interessante julgado que tratava de nomeação por deputado de um funcionário fantasma,
sem que essa pessoa soubesse que seu nome estava sendo utilizado para tal fim.
PESSOA JURÍDICA
Teoria que justificam a existências da pessoa jurídica:
➢ TEORIA DA REALIDADE TÉCNICA (adotada pelo cc): as PJ são entes reais, com atuação social
reconhecida, que possuí personalidade conferida pelo direito (construção técnica)
➢ TEORIA DA FICÇÃO JURÍDICA DE SAVIGNY: as pessoas jurídicas são criadas por uma ficção legal.
➢ TEORIA DA REALIDADE ORGÂNICA: a pessoa jurídica tem identidade organizacional própria.
O ordenamento jurídico, quanto a constituição da pessoa jurídica, adotou o sistema das disposições normativas, que
depende da inscrição do ato constitutivo no registro competente para haver personalidade jurídica.
➢ TEORIA DA APARÊNCIA: o art.47 não afasta a aplicação da teoria da aparência. Boa-fé objetiva, deveres de
cooperação, transparência, lealdade, informação.
➢ TEORIA DA APARÊNCIA X TEORIA ULTRA VIRES: segundo a teoria ultra vires, os atos praticados fora dos
poderes delimitados pela pessoa jurídica são nulos, não vinculando a PJ. Não responde por atos praticados
com excesso de poder. A teoria da aparência atenua a teoria ultra vires
DANOS INSTITUCIONAIS: para essa corrente, a pessoa jurídica não pode sofrer danos morais, mas sim os danos
institucionais.
DESCONSIDERAÇÃO EXPANSIVA DA PERSONALIDADE JURÍDICA: possibilidade de desconsiderar uma pessoa
jurídica para atingir personalidade de sócio oculto (escondido na empresa controladora).
➢ A administração pública pode desconsiderar a personalidade jurídica para fins de sanções administrativas,
desde que garantido o administrado o contraditório e a ampla defesa. DESCONSIDERAÇÃO
ADMINISTRATIVA e não judicial.
DESCONSIDERAÇÃO INDIRETA: desconsidera a personalidade da empresa controlada para responsabilizar a
empresa controladora por ato praticados por aquela de modo abusivo ou fraudulento.

NEGÓCIO JURÍDICO
➢ Simulação → nulidade absoluta → não submete a prescrição ou decandência;
➢ Fraude contra credores: a) a anterioridade do crédito; b) a comprovação de prejuízo ao credor (eventus
damni); c) que o ato jurídico praticado tenha levado o devedor à insolvência e d) o conhecimento, pelo
terceiro adquirente, do estado de insolvência do devedor (scientia fraudis).
➢ Convalidação (ex tunc/ ratificar negócio realizado / não é possível convalidar negócio nulo) x Renovação
(novo negócio/ ex nunc / é possível renovar negócio nulo)

RESPONSABILIDADE CIVIL
CDC – Responsabilidade por erro médico
• Obrigação de meio x Obrigação de resultado (art. 14, §4º, CDC) – Sempre subjetiva, a de resultado pode
ocasionar inversão do ônus da prova (culpa presumida);
• A responsabilidade dos hospitais, no que tange à atuação dos médicos contratados que neles laboram, é
subjetiva, dependendo da demonstração de culpa do profissional, não se podendo, portanto, excluir a culpa
do médico e responsabilizar objetivamente o hospital. ATENÇÃO: STJ → Nos processos em que a
responsabilização solidária do hospital depender da apuração de culpa do médico em procedimento que
causou danos ao paciente, é possível, excepcionalmente, a denunciação da lide pelo estabelecimento, para
que o profissional passe a integrar o polo passivo da ação.
• Na hipótese de responsabilidade civil de médicos pela morte de paciente em atendimento custeado pelo SUS
incidirá o prazo do art. 1º-C da Lei nº 9.494/97, segundo o qual prescreverá em cinco anos a pretensão de
obter indenização; A participação complementar da iniciativa privada - seja das pessoas jurídicas, seja dos
respectivos profissionais - na execução de atividades de saúde caracteriza-se como serviço público indivisível
e universal (uti universi), o que afasta, por conseguinte, a incidência das regras do CDC. Logo, não se aplica
o prazo prescricional do art. 27 do CDC, mas sim o do art. 1º-C da Lei nº 9.494/97.
• União não tem legitimidade passiva em demanda que envolve erro médico e SUS → De acordo com a Lei
8.080/90, a responsabilidade pela fiscalização dos hospitais credenciados ao SUS é do Município, a quem
compete responder em tais casos.
• Em procedimento cirúrgico para fins estéticos, conquanto a obrigação seja de resultado, não se vislumbra
responsabilidade objetiva pelo insucesso da cirurgia, mas mera presunção de culpa médica, o que importa a
inversão do ônus da prova, cabendo ao profissional elidi-la de modo a exonerar-se da responsabilidade
contratual pelos danos causados ao paciente, em razão do ato cirúrgico. STJ

DIREITO DE FAMÍLIA
A FAMÍLIA CONTEMPORÂNEA é IGUALITÁRIA, DEMOCRÁTICA E PLURAL. ART. 229, CF
Como regra, as normas de direito de família se situam dentro do direito privado, decorrente da autonomia privada.
Eventualmente, pode ser norma de direito público, cogente, quando se trata de questões existenciais. Ex: bem de
família.
CONCEITO DO ARTIGO 226: conceito aberto sendo uma CLÁUSULA GERAL DE INCLUSÃO.
➢ Estão admitidas, no direito de família, todas as entidades formadas por pessoas humanas e BASEADAS NO
AFETO, na ética e na solidariedade recíproca (não taxatividade). Princípio da pluralidade das entidades
familiares.
DESPATRIMONIALIZAÇÃO DO DIREITO PRIVADO. Eficácia horizontal. Constitucionalização do direito civil.
TEORIA DO DESAMOR: abandono afetivo paterno-filial. Juris em tese: O abandono afetivo de filho, em regra,
não gera dano moral indenizável, podendo, em hipóteses excepcionais, se comprovada a ocorrência de ilícito
civil que ultrapasse o mero dissabor, ser reconhecida a existência do dever de indenizar. (Tendo em vista que o
ordenamento jurídico não prevê obrigatoriedade de sentimentos que normalmente vinculam pais aos filhos).
As hipóteses excepcionais que admitem a indenização ocorrem porque o ordenamento jurídico prevê o “dever de
cuidado” o qual compreende a obrigação de convivência e um “núcleo mínimo de cuidados parentais que, para
além de mero cumprimento da lei, garantam aos filhos, ao menos quanto à afetividade, condições para uma adequada
formação psicológica e inserção social." (caso que reconheceu: relatoria da Ministra Nancy Andrighi)
DIREITO DE BUSCA À FELICIDADE que decorre da dignidade da pessoa humana. POSSIBILIDADE
MULTIPARENTALIDADE e igualdade entre a paternidade socioafetiva e a biológica. No campo do direito de
família, a dignidade da pessoa humana confere ao indivíduo a possibilidade de que ele escolha o formato de família
que ele quiser, de acordo com as suas relações afetivas interpessoais, mesmo que elas não estejam previstas em lei.
O direito à busca da felicidade faz com que o indivíduo seja o centro do ordenamento jurídico-político que deverá
reconhecer que ele tem a capacidade de autodeterminação, de autossuficiência e a liberdade de escolher seus próprios
objetivos. O Estado deve atuar para garantir que essas capacidades próprias sejam respeitadas. Transportando-se
para o Direito de Família, o direito à busca da felicidade funciona como um escudo do ser humano em face das
tentativas do Estado de enquadrar a sua realidade familiar em modelos pré-concebidos pela lei.
PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE FAMILIAR.
IGUALDADE ENTRE CÔNJUGES: Despatriarcalização do direito de família. Art. 226, §5º, da CF + 1511, cc; Família
democrática → regime de colaboração;
PRINCÍPIO DA NÃO INTERVENÇÃO (1.513). Direito de família Mínimo. Como regra, está dentro da autonomia
privada. Ponderação → maior interesse da criança/adolescente;
➢ A intervenção estatal só será legítima quando fundamentada na proteção dos sujeitos de direito, notadamente,
do vulneráveis (menores/ idosos). Privatização da família. DESINTITUCIONALIZAÇÃO DA FAMÍLIA.
PRINCÍPIO DO MAIOR INTERESSE DA CRIANÇA/ADOLESCENTE → art. 227, caput, CF + 1583 e 1584, do CC + 3
do ECA;
PRINCÍPIO DA AFETIVIDADE, que decorre da dignidade da pessoa humana e da SOLIDARIEDADE.
DESBIOLOGIZAÇÃO DA PATERNIDADE → parentalidade socioafetiva → A possibilidade de cumulação da
paternidade socioafetiva com a biológica contempla especialmente o princípio constitucional da igualdade dos
filhos (art. 227, § 6º, da CF). MULTIPARENTALIDADE STF reconheceu em repercussão geral;

POSSE DE ESTADO DE FILHO. Parentesco civil. Decorre da afetividade. As partes se relacionam como se fossem
unidas pelo vínculo da filiação.
PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL DA FAMÍLIA. Ex: reconhecimento do direito de visita dos avós. Reconhecimento
da união estável, em caso de casamento formalmente válido, mas em que há separação de fato.
A BOA-FÉ OBJETIVA se aplica ao direito de família, conforme Nancy Andrigui.
Perda de uma chance no direito de família? Modalidade de dano que caracteriza pela subtração de uma
oportunidade futura de obtenção de um benefício ou de evitar um prejuízo. Perda verossímil de uma oportunidade de
lograr uma vantagem futura ou impedir uma perda. Ex: esconder do genitor a existência de um filho.
FAMÍLIA ANAPARENTAL. Sérgio Resende de Barros. Família sem pais. Aplicação da proteção do bem de família ao
imóvel que reside duas irmãs solteiras.
FAMÍLIA HOMOAFETIVA. Maria Berenice. (direito a orientação sexual como direito personalíssimo, inerente à pessoa
humana).
FAMÍLIA MOSAICO OU PLURIPARENTAL. Decorre de vários casamentos, uniões estáveis, de várias origens.
Proibida na estrutura do nosso ordenamento.
FAMÍLIA MONOPARENTAL: formada por um dois pais e o descendente.
FAMÍLIA EUDEMONISTA: caracterizada pela busca da felicidade pessoal e solidária de cada um dos seus membros.
RESPONSABILIDADE PARENTAL: Alienação parental/ síndrome das falsas memórias/ Síndrome de medeia.
DESACORDO MORAIS RAZOÁVEL: são matérias complexas, polêmicas, que comportam soluções antagônicas,
havendo fundamentação razoável para ambas alternativas. Só é legítima quando contraposto teses
constitucionais protegida. Não pode ser invocada para negar direitos.
NATUREZA JURÍDICA DO CASAMENTO. Teoria institucionalista (casamento é uma instituição- Maria Helena
Diniz). Teoria contratualista (casamento é um contrato de natureza especial, por possuir regras e princípios próprios).
Teoria eclética. Casamento, no conteúdo, é uma instituição e na formação é um contrato.
PRINCÍPIO DO CASAMENTO: princípio da monogamia/ princípio da liberdade de escolha (autonomia privada) /
princípio da comunhão plena de vida.
O impedimento matrimonial pode ser reconhecido de ofício. A declaração de nulidade de casamento não pode
ser. Depende de ação própria. Princípio da não intervenção. Polêmica: nulidade é de ordem pública e pode ser
reconhecida de ofício (minoritária). Objeto de cobrança pela FCC na prova do MPPE/2014.
AÇÃO ANULATÓRIA DE CASAMENTO. AÇÃO CONSTITUTIVA NEGATIVA. O MP não tem legitimidade, podendo
ser promovida apenas pelos interessados, em virtude da relação de família, ou de parentesco.
PRINCÍPIOS DOS REGIMES DE BENS: princípio da autonomia privada / princípio da indivisibilidade do regime (regime
único para ambos cônjuges) / princípio da variedade de regime de bens/ princípio da mutabilidade justificada.
PACTO ANTENUPCIAL: natureza jurídica de contrato (Maria Helena Diniz), podendo aplicar a função social do
contrato e a boa-fé objetiva. A nulidade do pacto não atinge o casamento que será regido pelo regime legal. Podem
conter cláusulas existências desde que não violem a dignidade da pessoa humana, a igualdade e solidariedade
familiar. Ex: regra sobre a boa convivência do casal.
SEPARAÇÃO JUDICIAL – DIVÓRCIO INDIRETO. Permanência no sistema? STJ/2017: A emenda do divórcio só
excluiu o requisito temporal, não extinguindo o instituto da separação judicial. CPC/15 manteve o instituto. Autonomia
privada. Sistema dualista OPCIONAL. Futura reconciliação. / Repercussão geral reconhecida em 2019.
Espécies de Guarda:
GUARDA COMPARTILHADA. Origem. Segunda fase de goiás. Melhor guarda. REGRA
Possuí origem no COMMON LAW do direito inglês, com grandes avanços nos EUA. Fortalecida pela convenção de
Nova Iorque sobre direito das crianças (ONU/1989). 1583, §1º. Em outras palavras, a guarda compartilhada é a regra,
independentemente de concordância entre os genitores acerca de sua necessidade ou oportunidade. STJ → Pode
ser fixada ainda que os pais residam em cidades ou países distintos;
GUARDA ALTERNADA: exercício exclusivo da guarda pelo genitor que se encontra na companhia do filho. A criança
não tem estabilidade, podendo gerar confusões psicológicas. Guarda pingue-pongue.
GUARDA UNILATERAL: a guarda é deferida a um dos genitores, sendo que houve possuí em seu favor a
regulamentação do direito de visita. Artt. 1.583, §1º, cc.
GUARDA DA NIDAÇÃO/ANINHAMENTO: o filho permanece da mesma residência que vivia com ambos os pais, e
os pais revezam na sua companhia.
Pode fixar ASTREINTES em caso de descumprimento do regime de visita.
A coabitação não é elemento essencial para a caracterização da união estável.
O STF não reconhece união estável paralela ao casamento. Concubinato.
Uniões estáveis plúrimas ou paralela. Ocorre quando uma pessoa vive vários relacionamentos que podem ser tidos
como uniões estáveis ao mesmo tempo. 3 correntes:
1- Nenhum relacionamento vai constituir união estável, a união deve ser exclusiva, conforme o princípio da
monogamia. M.H.D /STJ.
2- O primeiro relacionamento a existir deve ser tratado como união estável, enquanto os demais devem ser
considerados uniões estáveis putativas, em caso de boa-fé do cônjuge. Aplica-se por analogia o 1561.
3- Todos são uniões estáveis pela valoração do afeto que deve guiar o direito de família. M.B.D.

Curatela → ação de interdição: art. 747 CPC → Rol de legitimados taxativo, mas a ordem não é preferencial →
legitimação concorrente, se mais de um legitimado tem um litisconsórcio ativo e facultativo;
Obs.: não confundir o curador do interditando, que é nomeado ao final, caso a ação seja julgada procedente
(art. 755, I, do CPC/2015), com o curador especial, que é designado logo no início da ação e unicamente para
resguardar os interesses processuais do interditando. Apesar de o nome ser parecido, são figuras completamente
diferentes. O curador à lide é um instituto processual, que só existe enquanto perdurar o processo. O curador do
interditando é uma figura de direito material, que vai surgir caso a ação de interdição seja julgada procedente.
Natureza da sentença de interdição
A sentença que determina a interdição:
• declara a incapacidade de exercício de uma pessoa e
• cria, para o incapaz, situação jurídica nova: a impossibilidade de atuar por si só na vida civil e a consequente
necessidade de representação por um curador.
BEM DE FAMÍLIA: Direito à moradia (art. 6º CF); norma cogente e de ordem pública; CONVENCIONAL (arts. 1.711
a 1.722 do CC) → impenhorabilidade relativa; só protege de dividas subsequentes; legal (Lei 8.009/90); BEM DE
FAMÍLIA LEGAL → impenhorável; matéria de ordem pública; exceções no art. 3º da lei 8.009/90 → rol taxativo; STF
(Tema 1127) é constitucional a penhora do bem de família do fiador de contrato de locação seja residencial ou
comercial. Direito a moradia x Autonomia da vontade; Proporcionalidade; (STJ acompanhou o entendimento);
OBS: caução imobiliária não é fiança, não pode penhorar, interpretação é restritiva; Hipoteca → não abarca a garantia
de dívida em favor de terceiro, tem que ter sido revertida em benefício da entidade familiar; Não precisa estar
registrada; impenhorabilidade é irrenunciável; Penhora de fração ideal → se o imóvel puder ser desmembrado sem
ser descaracterizado (residência de família). Utilização abusiva do direito à proteção do bem de família viola o princípio
da boa-fé objetiva. Pode ser alegada até a arrematação, mas está sujeito a preclusão consumativa quando houver
decisão sobre o tema; Pensão alimentícia → vinculo familiar ou de indenização por ato ilícito;
➔ Por outro lado, não é cabível a penhora de bem de família para o pagamento de indenização por ato ilícito,
salvo se decorrente de ilícito previamente reconhecido como crime na esfera penal. Isso porque aí se
enquadrará no inciso VI do art. 3º.
➔ O bem de família é IMPENHORÁVEL quando for dado em garantia real de dívida por um dos sócios da pessoa
jurídica, cabendo ao credor o ônus da prova de que o proveito se reverteu à entidade familiar.
➔ O bem de família é PENHORÁVEL quando os únicos sócios da empresa devedora são os titulares do imóvel
hipotecado, sendo ônus dos proprietários a demonstração de que não se beneficiaram dos valores auferidos.
OBS: Taxas e contribuições condominiais → pode penhorar; Exceção: condomínio de fato (contribuições criadas por
associações de moradores → divida fundada em direito pessoal, possui vinculo com o serviço contratado ou posto a
disposição do associado e não com o bem);
Súmula 449-STJ: A vaga de garagem que possui matrícula própria no registro de imóveis não constitui bem de
família para efeito de penhora.
Súmula 364-STJ: O conceito de impenhorabilidade de bem de família abrange também o imóvel pertencente a
pessoas solteiras, separadas e viúvas.
Súmula 205-STJ: A Lei 8.009/90 aplica-se à penhora realizada antes de sua vigência.
Súmula 486-STJ: É impenhorável o único imóvel residencial do devedor que esteja locado a terceiros, desde que a
renda obtida com a locação seja revertida para a subsistência ou a moradia da sua família.
➔ STJ tem alargado esse entendimento para abranger também o imóvel comercial, cujo aluguel seja revertido
em benefício da entidade familiar;

ALIMENTOS
➢ Princípio do melhor interesse e da proteção integral da C/A.
➢ Princípio da proteção absoluta.
➢ Princípio da dignidade da pessoa humana.
➢ Interesse indisponível → irrenunciáveis → OBS: Credor pode renunciar alimentos pretéritos devidos e não
prestados. Irrenunciabilidade atinge o direito e não seu exercício.
➢ Alimentos possuem caráter imediato.
➢ Pressuposto: Binômio necessidade/ possibilidade (alguns autores, incluem a proporcionalidade e
razoabilidade)
COVID: possibilidade de penhora dos bens do devedor, sem necessidade de converter o rito da prisão civil para a
constrição patrimonial, enquanto durar a impossibilidade de prisão civil em razão da pandemia do COVID. Interpretação
sistemática-teleológica para equilibrar as relações jurídicas entre as partes.

➢ PATRIMÔNIO MÍNIMO.
➢ A igualdade entre filhos não tem natureza absoluta e inflexível. Trata-se igualmente os iguais, e desigualmente
ou desiguais na medida da desigualdade.
➢ A doutrina admite renúncia aos alimentos em divórcio. Capacidade.
➢ Permite compensação, de forma excepcional, quando configurar enriquecimento sem causa (art. 884) do
alimentando. Mitigação do princípio da não compensação dos alimentos (art. 1707). Despesa igualmente de
natureza alimentar.
CLASSIFICAÇÃO:
➢ Legais/Legítimos:
➢ Voluntários/Negociais:
➢ Indenizatórios: em razão de ato ilícito. Fundamento → responsabilidade civil, art. 948, II, CC.

➢ Distingue obrigação alimentar propriamente dita e obrigação de prejuízo decorrente de ato ilícito,
somente no primeiro caso é cabível prisão civil do devedor → STJ. Apenas alimentos legais (que decorrem
do vínculo familiar, admite prisão civil). PRISÃO CIVIL → art. 5º, LXVII, CF, medida excepcional e taxativa,
qualquer interpretação ampliativa é inconstitucional;
➢ Princípio da atualidade. Prazo prescricional de 2 anos.
➢ Alimentos in natura x alimentos impróprios (pensões/ dinheiro).
➢ Atualização = STJ: INPC;
➢ O que ENTRA NO CÁLCULO: Hora extra, 13º salário e terço constitucional de férias. NÃO ENTRA:
participação nos lucros e resultados, aviso prévio, auxílio alimentação; diárias de viagem e tempo de espera
indenizado;

DIREITOS REAIS

PROCESSO CIVIL
TEMAS RELEVANTES
Constituição como referencial marco de validação, ordenação, disciplina e interpretação para o NCPC;
PRINCÍPIOS
Devido processo legal (art. 5°, LIV, CF)
 Supra-princípio, norteador de todos os demais.
 Justamente por isso, não possui conceito determinado, fechado ou excludente.
 Duas dimensões ou aspectos:
a) Formal – impõe ao juiz a observância dos princípios processuais na condução do procedimento.
b) Material, como fator limitador do poder de legislar e garantia dos direitos fundamentais. Campo para
aplicação dos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade.
 Atualmente, o devido processo legal vem associado à ideia de um processo justo, com ampla participação
das partes e efetiva proteção de seus direitos (diretriz que pode ser vista no NCPC).
Contraditório
 Art. 5°, LV, CF/88.
 Art. 21, § 2°, da Lei 9.307/96 – Lei da Arbitragem.
 Concepção moderna: contraditório = informação + possibilidade de reação + po-der de influência
(expressamente previsto no art. 369, NCPC: “...influir eficazmente na convicção do juiz”).
 Contraditório apresenta-se como instrumento para evitar surpresa às partes.
Dispositivo e inquisitivo (inquisitório)
Sistema dispositivo Sistema inquisitivo Sistema MISTO

puro puro
Participação do juiz é Juiz é a figura central do Adotado no Brasil, prepondera o
condicionado à vontade das processo. princípio dispositivo.
partes.
As partes definem a existência e Liberdade do juiz é ampla e Inércia de jurisdição + impulsão de
a extensão do processo. irrestrita. ofício (2°, NCPC).

Motivação das decisões: Art. 93, IX, CF/88; Art. 489, NCPC.
Isonomia:
 Não se esgota num aspecto formal. Por isso, alguns sujeitos, seja pela sua qualidade, seja pela natureza do
direito que discutem em juízo, têm algumas prerrogativas que diferenciam seu tratamento processual dos
demais sujeitos (ex: inversão do ônus da prova existe também quando o MP é o autor da ação defendendo os
consumidores).
Publicidade dos atos processuais
• Art. 93, IX e X, NCPC.
• Publicidade é a regra.
• Há mitigações à publicidade (impropriamente chamadas de “segredo de justiça”):
a) Quando o exija o interesse público ou social;
b) Quando o processo verse sobre casamento, separação de corpos, divórcio, separação, união estável,
filiação, alimentos e guarda de crianças e adolescentes;
c) Quando constem dados protegidos pelo direito constitucional à intimidade;
d) Quando o processo verse sobre arbitragem (confidencialidade estipulada na arbitragem e provada
perante o juízo).
• É a mais eficaz forma de controle dos atos processuais praticados por todos os sujeitos do processo.

Economia processual
• Deve ser compreendido em 2 aspectos:
✓ Sistêmico: busca de mais resultados com a prática do mínimo de atos processuais. São instrumentos:
as ações coletivas, litisconsórcio, ampliação do rol de precedentes vinculantes.
✓ Endoprocessual: busca evitar a repetição de atos processuais (ex: prova emprestada).
Instrumentalidade das formas
• A formalidade proporciona segurança jurídica.
• Não obstante, o princípio da instrumentalidade das formas busca aproveitar o ato processual viciado,
permitindo-se a geração de seus efeitos, ainda que se reconheça a existência do desrespeito à formal legal.
• Por isso, guarda relação estreita com o princípio da economia processual.
• A incidência do princípio da instrumentalidade independe da natureza da nulidade observada, nada
importando se absoluta ou relativa (ex: condiciona-se ao efetivo prejuízo o reconhecimento da nulidade do
processo em que não há participação do MP, nas hipóteses em que o Parquet deveria obrigatoriamente
oficiar).
• Manifestações do princípio no NCPC:
✓ Art. 188: Os atos e os termos processuais independem de forma determinada, salvo quando a lei
expressamente a exigir, considerando-se válidos os que, realizados de outro modo, lhe
preencham a finalidade essencial.
✓ Art. 277: Quando a lei prescrever determinada forma, o juiz considerará válido o ato se, realizado
de outro modo, lhe alcançar a finalidade.
✓ Art. 283: O erro de forma do processo acarreta unicamente a anulação dos atos que não possam ser
aproveitados, devendo ser praticados os que forem necessários a fim de se observarem as
prescrições legais.§ único. Dar-se-á o aproveitamento dos atos praticados desde que não resulte
prejuízo à defesa de qualquer parte.
Razoável duração do processo
• Art. 5°, LXXVIII, CF/88.
• Art. 4°, NCPC: “...incluída a atividade satisfativa”.
• Duração razoável ≠ Celeridade do procedimento.
• Critérios para aferir a razoável duração:
✓ Complexidade da demanda;
✓ Comportamento das partes;
✓ Relevância do direito para a vida da parte prejudicada pela excessiva demora do processo
(critério elaborado pela Corte Europeia de Direitos Humanos, aplicável à realidade brasileira, como no
caso da ação de alimentos, em que a demora pode sacrificar até mesmo a vida do alimentando).
• O que ocorre se o processo não tramitar em tempo razoável? Daniel Assumpção entende possível a
responsabilidade do Estado pelo ressarcimento dos danos experimentados pela parte.
• Alguns institutos criados na busca pela razoável duração do processo:
✓ Julgamento antecipado do mérito;
✓ Procedimento sumaríssimo;
✓ Julgamento de improcedência liminar;
✓ Prova emprestada;
✓ Processo sincrético;
✓ Julgamento dos RE e REsp repetitivos;
✓ IRDR;
✓ Tutela de evidência;
✓ Aumento da eficácia vinculante de precedentes e súmula.
1.10. Cooperação
• Art. 6°, NCPC - Cooperação para que se obtenha decisão...
✓ de mérito
✓ justae
✓ efetiva.
• Abrange todos os sujeitos processuais.
• Deveres do juiz decorrentes do princípio da cooperação: PECA
1. Esclarecimento – juiz deve ouvir as partes sempre que alguma manifestação processual se
apresente obscura;
2. Consulta–juiz deve ouvir as partes antes de proferir a decisão;
3. Prevenção – juiz deve indicar eventuais deficiências e franquear a devida correção (ex: Art. 321,
NCPC: juiz deve indicar com precisão o que precisa ser corrigido ou completado).
4. Auxílio – eliminar obstáculos que impeçam suas faculdades processuais;
1.11. Boa-fé e lealdade processual
• Art. 5°, NCPC – Boa-fé objetiva: independe da existência de boas ou más intenções.
• Subprincípios (conceitos parcelares):
1. Supressio: fenômeno aplicável ao processo quando se perde um poder processual em razão de seu
não exercício por tempo suficiente para incutir na parte contrária a confiança legítima de que esse
poder não mais será exercido (ex: “nulidade de algibeira”).
2. Surrectio: surgimento de um direito em razão do comportamento negligente da outra parte.
3. Tu quoque: sujeito viola norma jurídica e, depois, tenta tirar proveito da situação em benefício próprio.
Aplicado ao processo, significa que a parte não pode criar dolosamente situações de vícios
processuais para, depois, tentar tirar proveito de tal situação. Ex: art. 276, NCPC – a nulidade não
pode ser requerida pela parte que lhe deu causa.
4. Exceptio doli: conceituada como a defesa da parte contra ações dolosas da parte contrária (boa-fé
como defesa).
5. Venire contra factum proprium: impede que determinada pessoa exerça direito do qual é titular
contrariando um comportamento anterior.
✓ Também se aplica ao juiz, inclusive em processos distintos (ex: não pode indeferir dilação
probatória e depois julgar improcedente por falta de provas, nem, sem justificativa, adotar
entendimentos contraditórios para uma mesma situação).
6. Duty to mitigate de loss: a parte prejudicada tem o dever de não agravar seu próprio prejuízo (ex:
conduta da parte que abandona a busca pelo direito material, para muito tempo depois, pleitear multa
milionária a título de astreintes).
1.12. Primazia no julgamento do mérito
• O julgamento de mérito é o fim normal do processo/fase de conhecimento.
• No entanto, em algumas situações nem sempre isso é possível, devendo o sistema conviver com o chamado
fim anômalo do processo, por meio da sentença terminativa (art. 415, NCPC).
• Com a primazia do julgamento do mérito, busca-se a solução definitiva da crise jurídica.
• Por tudo isso, cabe ao juiz tomar todas as medidas possíveis para evitar a necessidade de prolatar uma
sentença terminativa.
• Manifestações no NCPC:
✓ Art. 6°, NCPC: Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo
razoável, decisão de mérito justa e efetiva.
✓ Art. 282, § 2°, NCPC. Quando puder decidir o méritoa favor da parte a quem aproveite a decretação
da nulidade, o juiz não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprir-lhe a falta.
✓ Arts. 139, IX; 317 e 319, §§ 1°, 2° e 3°; 932, § único; 1007, §§ 2° e 4°, NCPC: oportunidade para o
saneamento de vícios, inclusive na fase recursal.
✓ Art. 485, § 7°: efeito regressivo da apelação contra sentença terminativa.
Ondas renovatórias do Processo Civil
 Mauro Cappelletti e Bryan Garth; enfoque no acesso à justiça
1ª “Assistência Judiciária” DP, assistência integral.
“Representação dos interesses difusos Necessidade de criação de instrumentos adequados

em juízo” à tutela coletiva.
Ex: Juizados como via p/ que questões de menor
3ª “O enfoque do acesso à Justiça”
complexidade acessem a Justiça.

JUSTIÇA MULTIPORTAS: Segundo a concepção atual, a conciliação, a mediação e a arbitragem integram, em


conjunto com a jurisdição, um novo modelo que é chamado de “Justiça Multiportas”. A origem dessa expressão “Justiça
Multiportas” remonta os estudos do Professor Frank Sander, da Faculdade de Direito de Harvard, que mencionava,
já em 1976, a necessidade de existir um Tribunal Multiportas, ou “centro abrangente de justiça”.
A ideia geral da Justiça Multiportas é, portanto, a de que a atividade jurisdicional estatal não é a única nem a
principal opção das partes para colocarem fim ao litígio, existindo outras possibilidades de pacificação social.
Assim, para cada tipo de litígio existe uma forma mais adequada de solução. A jurisdição estatal é apenas mais
uma dessas opções.
Como o CPC/2015 prevê expressamente a possibilidade da arbitragem (art. 3, §1º) e a obrigatoriedade, como regra
geral, de ser designada audiência de mediação ou conciliação (art. 334, caput), vários doutrinadores afirmam que o
novo Código teria adotado o modelo ou sistema multiportas de solução de litígios (multi-door system).
O direito brasileiro, a partir da Resolução nº 125/2010 do Conselho Nacional de Justiça e com o Código de
Processo Civil de 2015, caminha para a construção de um processo civil e sistema de justiça multiportas, com cada
caso sendo indicado para o método ou técnica mais adequada para a solução do conflito. O Judiciário deixa de ser
um lugar de julgamento apenas para ser um local de resolução de disputas. Trata-se de uma importante mudança
paradigmática. Não basta que o caso seja julgado; é preciso que seja conferida uma solução adequada que faça
com que as partes saiam satisfeitas com o resultado.” (CUNHA, Leonardo Carneiro da. A Fazenda Pública em
Juízo. 13ª ed., Rio de Janeiro: Forense, p. 637).
Marco Aurélio Peixoto e Renata Peixoto, citando a lição de Rafael Alves de Almeida, Tânia Almeida e Mariana
Hernandez Crespo apontam as vantagens do sistema multiportas:
a) o cidadão assumiria o protagonismo da solução de seu problema, com maior comprometimento e
responsabilização acerca dos resultados;
b) estimulo à autocomposição;
c) maior eficiência do Poder Judiciário, porquanto caberia à solução jurisdicional apenas os casos mais
complexos, quando inviável a solução por outros meios ou quando as partes assim o desejassem;
d) transparência, ante o conhecimento prévio pelas partes acerca dos procedimentos disponíveis para a
solução do conflito.

Equivalentes jurisdicionais
Autotutela Solução extrajudicial do conflito por vontade unilateral de uma das partes.
Transação Concessões mútuas.
Autocomposição Submissão Parte reconhece direito daquele que deduz uma pretensão.
Renúncia Titular do pretenso direito a ele renuncia espontaneamente.
Técnica não estatal de solução de conflitos pela qual um terceiro se coloca entre os
Mediação
contendores e tenta conduzi-los a uma solução autocomposta.
• Técnica de solução de conflitos mediante a qual os conflitantes buscam em uma
terceira pessoa, de sua confiança técnica, a solução amigável e imparcial do conflito.
• Há controvérsias, mas Didier afirma que é jurisdição (há definitividade).
• Cláusula compromissória e compromisso arbitral.
• Sentença arbitral não precisa ser homologada: é título executivo judicial.
Convenção de • Árbitro pode decidir, mas não tem poder p/ tomar qualquer providência executiva.
arbitragem • Não pode haver controle judicial do mérito da sentença arbitral, apenas de sua
validade e dentro de 90 dias a partir da intimação.
• É possível com o Poder Público.
• A sentença arbitral pode revestir-se de eficácia condenatória, declarativa e
constitutiva, mas não terá jamais caráter mandamental ou executivo.

• Visa obter das partes em litígio um acordo, mediante concessões mútuas.


• Sempre intermediada por um terceiro, que pode ser o próprio juiz ou um conciliador.
Conciliação
• Possui forte carga indutiva, uma vez que o terceiro atua sugerindo soluções.

Aplicação da norma Processual no Tempo


O processo deve ser considerado em sua inteireza, somente podendo a
Sistema da unidade
ele aplicar-se uma mesma lei, do seu início até o seu fim, ainda que nesse
processual
interregno ocorram alterações legislativas.
O processo é dividido em etapas praticamente autônomas, logo aplicaria
Sistema das fases
a lei antiga a etapa em execução e a lei nova seria aplicada nas etapas
processuais
subsequentes.
Os atos processuais realizados sob a égide da antiga norma
Sistema do isolamento dos permanecem vigentes, aplicando-se a nova lei aos demais atos. Assim,
atos processuais conforme o princípio do isolamento dos atos processuais, a norma
Adotado no Brasil processual aplica-se imediatamente aos processos em curso, no ponto
(Art. 14, NCPC) em que estiverem, não retroagindo aos atos processuais realizados ou
às situações jurídicas consolidadas na vigência da lei anterior.
JURISDIÇÃO
Conceito
• Jurisdição como poder: interferência ou ingerência na esfera jurídica dos cidadãos, jurisdição é manifestação
da soberania estatal;
• Função: conjunto de atribuições que são dados aos órgãos que compõem a estrutura organizacional judiciária;
(falando de função típica)
• Atividade: complexo de atos coordenados que se viabilizam por meio do processo em seus mais diversos
procedimentos;
Escopos (Objetivos)
• Social: pacificação dos conflitos;
• Jurídico; aplicação do ordenamento jurídico;
o Regras;
o Princípios;
o Jurisprudência qualificada (vinculante do art. 927);
• Doutrina fala ainda: escopo educacional; escopo político (jurisdição na construção do regime democrático);
Princípios e características
• Inafastabilidade do controle jurisdicional: Art. 5, XXXV, CF c/c art. 3º do CPC;
o Concepção formal: garantir o acesso, a porta de entrada (justiça gratuita, juizados especiais);
o Concepção da efetividade do processo: porta de saída, alguns doutrinadores vão falar em processo
justo. Não quer ofertar apenas o acesso, mas acesso a uma jurisdição efetiva, em tempo razoável,
observando as garantias fundamentais;
▪ Concessão de medidas liminares (evitando a ocorrência dos efeitos deletérios do tempo,
aqui existe uma ideia de efetividade);
o Jurisdição condicionada: condicionantes para o exercício da jurisdição
▪ Esgotamento das vias administrativas - justiça desportiva (art. 217, §1º, CF);
▪ Habeas data: L. 9.507/97: requerimento e recusa administrativa ao acesso as informações;
▪ Benefícios previdenciários: depende de requerimento do interessado ao INSS (STF).
➔ Não prevalece quando o entendimento da administração é notória e reiteradamente
contra a pretensão;
➔ Exigência de prévio requerimento não se confunde com esgotamento!
▪ STJ, INFO 553: ação cautelar de exibição de documentos precisa da comprovação de prévio
pedido à instituição financeira não atendida em prazo razoável;
▪ L. 11.417/06: sumula vinculante que a administração não segue cabe reclamação, porém
somente após esgotamento das vias administrativas;
• Inércia ou demanda: art. 2º, CPC;
o OBS: é possível jurisdição de ofício: ex. procedimento de restauração dos autos;
o Intimamente ligado ao p. da imparcialidade;
• Desinteresse:
o O juízo se encontra em posição equidistante das partes não podendo apresentar interesse no sucesso
ou insucesso de qualquer delas, a jurisdição é desinteressada;
• Substitutividade:
o Inibe a autodefesa; Jurisdição substitui a vontade das partes;
• Definitividade:
o Possibilidade de a decisão judicial se tornar intangível, dá-se pela possibilidade de formação de coisa
julgada; Imunização dos efeitos dos atos já realizados que em seu maior grau resulta na coisa julgada
material;
o Jurisdição sem definitividade:
▪ Art. 304, §6º CPC: estabilização dos efeitos da tutela antecipada (não fará coisa julgada);
• Secundariedade:
o Essa função só vai ser exercida diante do insucesso das partes na solução dos seus conflitos de forma
espontânea e pacífica;
o A primariedade é das próprias partes interessadas;
• Indelegabilidade:
o Aspecto externo: os órgãos que compõem o judiciário não podem delegar suas funções a órgãos de
outros poderes;
o Aspecto interno: impossibilidade de delegação de funções para órgãos do próprio poder judiciário;
o Exceções:
▪ Art. 972: ação rescisória é sempre de competência dos tribunais, mas o relator pode delegar
a competência para ouvir testemunhas ao juiz de primeiro grau (delegabilidade interna);
▪ Art. 93, XI, CF: delegação de funções administrativas e jurisdicionais do pleno para o Órgão
Especial;
▪ Delegação aos servidores para pratica de atos de administração e de mero expediente;
▪ Art. 102, I, m, CF: STF pode delegar atos executivos para órgãos inferiores;
• Indeclinabilidade: art. 140, CPC e art. 4º da LINDB (dever de julgar, proibição do non linquet)
o Jurisdição é poder-dever, a partir do momento que é quebrada a inércia o juiz não somente tem o
poder de julgar, mas tem o dever de julgar;
o OBS: o juiz só julga por equidade se a lei autorizar;
• Territorialidade:
o Jurisdição é uma e indivisível: soberania estatal.
o Para fins de racionalização da função jurisdicional, a legislação estabelece limites territoriais para o
exercício legitimo da jurisdição, e cada órgão somente pode atuar dentro desse limite;
o Normas de competência;
o Posso falar que expedição de precatória é uma exceção a esse princípio? NÃO. O juiz quando emite
uma carta precatória não está delegando função, está fazendo uma solicitação.
• Inevitabilidade:
o Jurisdição como manifestação da soberania estatal é de sujeição obrigatória;
o As partes devem submeter-se ao decidido pelo órgão jurisdicional;
• Juízo natural: art. 5º, XXXVII e LIII, CF.
o Proibição da instituição de tribunal de exceção: criados posteriormente ao fato para beneficiar ou
prejudicar quem está sendo processado;
o Autoridade competente = autoridade investida (investidura);
o Livre distribuição de processos;
o Deslocamento de competência em razão de criação de vara especializada não configura ofensa ao p.
do juiz natural - STF;
• Improrrogabilidade:
o Legislação infraconstitucional não pode alterar o esquema de competência estabelecido na CF;
Espécies
• Especial e comum
• Penal e civil
• Inferior e superior – em grau de recurso

Exercida de maneira originária

• Jurisdição de direito e de equidade: A primeira aplica o ordenamento jurídico, a segunda o juiz não está
vinculado a critérios de legalidade estrita.
• Jurisdição contenciosa e voluntária:
o Contenciosa: onde há lide;
o Jurisdição voluntária: grande divergência sobre o que seja;
▪ Corrente clássica (administrativista) MAJ: a jurisdição voluntária é função jurisdicional
apenas pelo aspecto orgânico, não existe lide e portanto o que o Estado está fazendo é
apenas a administração pública de interesses privados;
➔ Sem substutividade: não tem essa ideia aqui.
➔ Não tem partes (só há interessados);
➔ Sem definitividade (não há coisa julgada material em jurisdição voluntária);
➔ Predomina a jurisdição de equidade2;
▪ Corrente revisionista (jurisdicionalista):
➔ Lide não é pressuposto da jurisdição, existem outros escopos da jurisdição que não
apenas o social.
➔ O conceito de partes não pressupõe litigiosidade, há partes sim, não necessariamente
eles precisam estar em contenda. Parte é sujeito da relação processual;
➔ Existe definitividade sim, só poderá ser alterada a decisão se houver alteração na
situação de fato ou de direito;

2 STJ: Não se aplica aos atos procedimentais. É limitada ao ato de decidir. REsp. 623.047/2005.
AÇÃO
Conceito: Um direito subjetivo fundamental público de requerer o exercício da jurisdição. Esse requerimento será
primeiramente contra o Estado, em face de um réu.
TEORIAS DA AÇÃO:
a) Teoria Imanentista - confundia ação com o próprio direito material. Tal teoria não consegue entender o direito
de ação como direito autônomo. Lembre-se de que "imanente" significa o que faz parte de algo. Direito de ação
não é autônomo, nem independente.
b) Teoria Concretista - dizia que só tinha ação quem fosse titular efetivo do direito postulado, o que então
dependeria da procedência do pedido. Reconhece-se, pois, a autonomia do direito de ação, mas não a sua
independência. Direito de ação é autônomo, mas não é independente.
c) Teoria Abstrata - apregoava que o direito de ação não está condicionado à existência do direito material e
independe do preenchimento de certas condições. Fala-se, aqui, em um direito de ação abstrato, amplo, genérico
e incondicionado.
d) Teoria Eclética (Liebman)- ação consiste no direito a um julgamento de mérito ou, mais propriamente, a uma
resposta de mérito, que somente ocorrerá, no caso concreto, se estiverem preenchidas determinadas condições.
Para a teoria eclética, o direito de ação existe independentemente do direito material. Ademais, a sentença fundada
na ausência das condições da ação é meramente terminativa, não produzindo coisa julgada material. Parece ter
sido a opção do CPC/73 e do NCPC.
e) Teoria da Asserção ("in statu assertionis" ou teoria "della prospettazione") - para demandar em juízo é
necessário ter interesse e legitimidade, mas a verificação das condições da ação deve ser feita em abstrato, pela
narrativa formulada na inicial, presumindo-se que aquilo que dela consta é verdadeiro. Exatamente por isso,
recomenda aos magistrados, na fase postulatória, não se aprofundarem no exame de preliminares, porque o que
ficar provado depois desta fase, ou seja, após a citação e ao longo do processo, é matéria de mérito. Parece ter
sido a opção do STJ.
Condições da ação
• Com o NCPC, ainda existe a categoria das condições da ação? Há duas correntes:
a) Posição minoritária (Didier). Para essa posição não existem mais as condições da ação. Era também a
posição defendida por Ovídio Baptista. No novo CPC elas são pressupostos processuais de validade. Em
suma, p/ Didier, existe o binômio da ação: os pressupostos processuais e o mérito.
b) Posição majoritária (Alexandre Câmara, Talimini, Theodoro Jr, entre outros): Para essa posição continuam
existindo as condições da ação. Se olharmos o art. 17 do NCPC, percebe-se que ainda se exige interesse
processual e legitimidade para que se possa postular em juízo. Confirmando essa posição, é possível citar
também o art. 485, inciso VI, do NCPC. Para a maioria, fala-se em trinômio da ação: pressupostos
processuais, condições da ação e mérito.

TUTELAS PROVISÓRIAS
 é aquela concedida antes da tutela definitiva, em caráter provisório, com base em uma cognição sumária.
 será sempre substituída por uma tutela definitiva, que a confirmará, revogará ou modificará.
Espécies
1) Tutela provisória de urgência: Probabilidade do direito + perigo de dano/risco ao resultado útil do processo.
 Cautelar e antecipada
ANTECIPADA (satisfativa): o órgão julgador antecipa aquele direito ou bem da vida que o autor espera
conseguir ao final do processo.
CAUTELAR: o órgão julgador confere uma medida para assegurar aquele direito ou bem da vida que o
requerente espera obter ao fim do processo.
 Antecedente e incidental
INCIDENTAL: é aquela que é deferida no curso do processo. A tutela incidental pode ser cautelar ou
antecipada.
ANTECEDENTE: é aquela “formulada antes que o pedido principal tenha sido apresentado ou, ao menos,
antes que ele tenha sido apresentado com a argumentação completa.” (ob. cit., p. 727). A tutela antecedente
também pode ser cautelar ou antecipada.
2) Tutela provisória de evidência: Independe da demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do
processo.

Ônus da prova: Ônus da prova é a regra que atribui a uma das partes o ônus de suportar a falta de prova de um
determinado fato. Ônus imperfeito (possibilidade de que ocorra uma desvantagem para a parte; P. da comunhão das
provas);
 Ônus subjetivo: quem é responsável pela produção; trata-se de informar as partes quem será prejudicado com
a não produção da prova: autor ou réu.
 Ônus objetivo: regra de julgamento a ser aplicada ao juiz no momento de proferir a sentença, caso a prova se
mostre inexistente ou insuficiente;
Regras de distribuição do ônus da prova: art. 373 do CPC
As regras do ônus da prova são regras de aplicação subsidiária. Só podem ser aplicadas se não houver mais como
produzir prova e o juiz ainda estiver em estado de dúvida. Evitar o non linquet.
 O sistema processual brasileiro adotou, como regra, a TEORIA DA DISTRIBUIÇÃO ESTÁTICA DO ÔNUS
DA PROVA, segundo a qual cabe ao autor provar o fato constitutivo do direito e ao réu cabe provar o fato
impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. É uma regra de julgamento.
 DISTRIBUIÇÃO DIVERSA DO ÔNUS DA PROVA: pode ser decorrente de acordo entre as partes, da lei ou
de decisão judicial; STJ é uma regra de instrução, respeito ao contraditório.
Ocorre quando as partes combinam entre si que não seguirão as regras
gerais dos incisos do art. 373, adotando um outro arranjo. É um exemplo
de negócio jurídico processual. Art. 373, §3º, CPC; Em regra admissível.
Exceções:
Inversão convencional
a) recair sobre direito indisponível da parte;
b) tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito.
c) a inversão for estabelecida em detrimento do consumidor (art. 51, VI,
do CDC).
Ocorre quando a lei determina que, em certas situações, haverá uma
Inversão legal regra de ônus da prova diferente do art. 373 do CPC. Na inversão legal
do ônus da prova, a lei cria uma presunção relativa de determinado fato.
Ocorre quando o juiz, diante das peculiaridades do caso concreto, altera
a regra geral prevista nos incisos do art. 373 do CPC. A requerimento ou
de ofício. Art. 373, §§1º e 2º; 3 situações:
1) nos casos previstos em lei. Ex: art. 6º, VIII, do CDC.
2) quando for impossível ou extremamente difícil cumprir o
Inversão judicial
encargo previsto no caput do art. 373. (evitar que a parte tenha
que produzir uma prova unilateralmente diabólica.)
3) quando a inversão gerar maior facilidade de obtenção da
prova do fato contrário(decisão fundamentada + momento
processual adequado).

Inversão do ônus da prova no CDC


O art. 6º, VIII, do CDC permite a inversão judicial do ônus da prova em duas hipóteses:
a) quando for verossímil a alegação do consumidor; ou
b) quando o consumidor for hipossuficiente.
• as duas situações acima são alternativas, ou seja, a inversão ocorrerá quando a alegação do consumidor for
verossímil ou quando o consumidor for hipossuficiente;
• trata-se de inversão ope iudicis (a critério do juiz), ou seja, não se trata de inversão automática por força de lei (ope
legis);
• pode ser concedida de ofício ou a requerimento da parte;
• a inversão sempre ocorre em benefício do consumidor, isto é, nunca pode ser contrária a ele.
• a inversão do ônus da prova de que trata o art. 6º, VIII, do CDC é regra de instrução, devendo a decisão judicial que
determiná-la ser proferida preferencialmente na fase de saneamento do processo ou, pelo menos, assegurar à parte
a quem não incumbia inicialmente o encargo a reabertura de oportunidade para manifestar-se nos autos (STJ. 2ª
Seção. EREsp 422778-SP, Rel. para o acórdão Min. Maria Isabel Gallotti julgado em 29/2/2012).

Inversão do ônus da prova x distribuição dinâmica do ônus da prova (parte da doutrina diferencia)
Inversão do ônus da prova Distribuição dinâmica do ônus da prova
É uma mudança prévia e abstrata das regras de É uma mudança das regras de ônus da prova que
ônus da prova. se dá no caso concreto, com base na análise de
quem está em melhores condições de produzir a
prova.
O juiz não tem ampla liberdade na distribuição do Há uma ingerência mais ampla do juiz na
ônus da prova. Não existe a possibilidade de se distribuição do ônus da prova entre as partes que
inverter o ônus de apenas um fato, por exemplo. permitirá, inclusive, o exame e a distribuição de
cada fato específico isoladamente.
Ex: art. 6º, VIII, do CDC. Ex: hipóteses 2 e 3 do § 1º do art. 373 do CPC (veja
novamente acima).

PROVA DIABÓLICA
OBS: Prova diabólica é aquela impossível ou excessivamente difícil de ser produzida.
Ainda segundo as lições de Didier, Braga e Oliveira, a prova diabólica pode ser de duas espécies:
Prova unilateralmente diabólica Prova bilateralmente diabólica
Ocorre quando a prova é diabólica para a parte que Ocorre quando a prova é diabólica para ambas as
tinha o ônus de produzi-la (segundo as regras do partes, ou seja, é impossível ou muito difícil para
art. 373 do CPC), no entanto, é uma prova possível ambas as partes.
de ser juntada pela outra parte.
Neste caso, o juiz poderá inverter o ônus, Neste caso, não haverá inversão do ônus por conta
determinando que a prova seja produzida pela outra da prova diabólica.
parte que não tinha inicialmente o ônus de juntá-la. Não se pode simplesmente transferir a prova
Isso está previsto no § 1º do art. 373. diabólica de uma parte para a outra.
§ 1º (...) diante de peculiaridades da causa § 2º A decisão prevista no § 1º deste artigo não
relacionadas à impossibilidade ou à excessiva pode gerar situação em que a desincumbência do
dificuldade de cumprir o encargo nos termos do encargo pela parte seja impossível ou
caput (...) poderá o juiz atribuir o ônus da prova de excessivamente difícil.
modo diverso (...)
SENTENÇA
Quanto ao conteúdo
 Meramente declaratória: Aquela cujo conteúdo é a declaração da existência, inexistência ou o modo de ser de
uma relação jurídica de direito material.
 Constitutiva: Aquela cujo conteúdo é a criação, extinção ou modificação de uma relação jurídica.
 Condenatória: Aquela que além de declarar a existência do direito material, imputa ao réu o cumprimento de
uma prestação de fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar quantia certa, c/ o objetivo de resolver a crise
jurídica de inadimplemento.
Quanto a resolução do mérito
Não resolvem o mérito.
Logo, a parte pode propor nova ação.
Previstas no art. 485, NCPC:
I. Indeferimento da inicial
II. Paralisação por mais de 1 ano, por negligência das partes;
III. Abandono da causa pelo autor por mais de 30 dias;
PEREMPÇÃO: autor dá causa, por 3 vezes, a sentença fundada em
abandono...
- não pode propor nova ação;
- mas pode alegar em defesa o seu direito.
Sentenças terminativas IV. Ausência de pressupostos processuais;
V. Perempção, litispendência e coisa julgada;
IV, V, VI e IX: juiz pode VI. Ausência de legitimidade e interesse;
conhecer de ofício, em VII. Reconhecimento da convenção de arbitragem;
qualquer tempo e grau de VIII. Desistência da ação (OBS: não confundir com renúncia).
jurisdição. IX. Morte da parte + ação intransmissível por lei.
X. Demais casos do NCPC.
Interposta apelação, o juiz pode retratar-se em qualquer dos casos (§7°).
Resolvem o mérito, formando coisa julgada material.
Previstas no art. 485, NCPC:
I. Acolhe ou rejeita pedido da ação/reconvenção;
II. Prescrição ou decadência;
Sentenças definitivas III. Homologação:
a) Do reconhecimento da procedência do pedido formulado na
ação/reconvenção;
b) Da transação;
c) Da renúncia à pretensão formulada na ação/reconvenção.

Princípio da congruência (correlação ou adstrição)


• Art. 492, NCPC. É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem como condenar a
parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado.
• Exceções:
1. Pedidos implícitos,
2. Fungibilidade,
3. Tutela pelo resultado prático equivalente ao do adimplemento (497, NCPC e 84, CDC).
Distinguishing x Overruling
a) Overruling: superação do precedente, que perde sua força persuasiva ou vinculante para que outra
interpretação seja atribuída.
i. Express Overruling: superação expressa do precedente.
ii. Implied Overruling: superação tácita do precedente.
b) Distinguishing: estabelecida a "ratio decidendi", verificar-se-á se aquilo que está sendo julgado tem
referibilidade com o precedente firmado. Pergunta-se: aquilo que está sendo apreciado e o precedente que foi
firmado possuem a mesma razão? Se não houver semelhança, a parte demonstrará as diferenças e o Tribunal não
aplicará o precedente ao objeto da demanda sob análise.
c) Overriding: superação parcial do precedente. Não se trata de substituir o precedente, mas de limitar sua
incidência.
d) Override: reação legislativa, também chamada de ativismo congressual, utilizado para evitar a fossilização
da Constituição.
e) Prospective overruling: imposição de eficácia ex nunc à superação do precedente. Nesse caso, o
precedente superado produz efeitos para os casos anteriores - ainda não julgados -, mas não servirá de paradigma
para casos futuros.
f) Retrospective overruling: superação do precedente com eficácia ex tunc.

OBS: Julgamento das ações relativas às prestações de fazer, não fazer e de entregar coisa
Ordem preferencial de concessão da tutela jurisdicional
Tutela específica
Tutela pelo resultado prático equivalente
Indenização por perdas e danos
Somente se...
a. Autor requerer,
b. Impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado prático
equivalente.

COISA JULGADA: qualidade da sentença que torna seus efeitos imutáveis e indiscutíveis;
Coisa julgada formal e coisa julgada material
Coisa julgada formal ou preclusão máxima
• É o atributo da decisão imodificável por qualquer meio processual dentro do processo em que foi proferida.
• É fenômeno endoprocessual.
• Toda sentença produz coisa julgada formal, o que ocorre com seu trânsito em julgado.
Coisa julgada material
• É o atributo da decisão imodificável e indiscutível para além dos limites do processo em que foi proferida,
pela via do recurso ou da remessa necessária.
• É fenômeno extraprocessual.
• Somente as sentenças (1) de mérito proferidas mediante (2) cognição exauriente produzem coisa julgada
material.
Função negativa e função positiva da coisa julgada
a. Função negativa: impede que a mesma causa seja enfrentada judicialmente em novo processo.
b. Função positiva: vincula o juiz ao que já foi decidido em demanda anterior com decisão protegida pela coisa
julgada.
Limites da coisa julgada
Limites objetivos
• Somente o dispositivo transita em julgado;
• A coisa julgada se dá nos “limites da questão principal expressamente decidida” (503, NCPC).
➔Exceção
• Questão prejudicial expressa e incidentalmente decidida no processo, se...
✓ Dessa resolução depender o julgamento do mérito,
✓ Tiver havido contraditório prévio e efetivo,
✓ Juízo tiver competência em razão da matéria e da pessoa para resolvê-la como questão principal.
Limites subjetivos
• Todos os sujeitos – partes, terceiros interessados e desinteressados – suportam os efeitos da coisa julgada,
que os atinge de forma diferente:
a) As PARTES ficam vinculadas;
b) Os TERCEIROS INTERESSADOS sofrem os efeitos jurídicos;
c) Os TERCEIROS DESINTERESSADOS sofrem seus efeitos naturais.
Obs. Em regra, nenhuma espécie de
terceiro suporta a coisa julgada
material.
Eficácia preclusiva da coisa julgada (art. 508, NCPC)
• Com o trânsito em julgado, consideram deduzidas e repelidas todas as alegações e as defesas que a parte
poderia opor tanto ao acolhimento quanto à rejeição do pedido.
Atinge autor e réu.
Relativização da coisa Julgada
 Coisa julgada inconstitucional: busca afastar a coisa julgada de sentenças de mérito transitadas em julgado
que tenham como fundamento norma declarada inconstitucional pelo STF; Fundamento: art. 525, §12 e 535,
§5º, do CPC;
 Coisa julgada injusta inconstitucional: busca afastar a coisa julgada às sentenças que produzam extrema
injustiça, em afronta clara e inaceitável a valores constitucionais essenciais ao estado democrático de direito;
Quando haveria uma coisa julgada injusta inconstitucional? Seriam sentenças impossíveis de gerar efeitos, pois
contrariam valores jurídicos essenciais do sistema, a exemplo:
a) Afronta a razoabilidade e proporcionalidade;
b) Ofensa a moralidade administrativa (absurda lesão ao Estado);
c) Afronta ao valor justo da indenização por desapropriação;
d) Afronta a direitos fundamentais do homem;
e) Afronta ao meio ambiente equilibrado;
STJ já reconheceu a possibilidade de em uma ACP modificar valor de indenização em desapropriação cuja sentença
já havia transitado em julgado há mais de 2 anos.
ATENÇÃO: Investigação de paternidade decididas sem DNA. STJ já decidiu que a flexibilização da coisa julgada de
depende de a decisão transitada em julgado ser resultado da ausência ou insuficiência de provas. STF admite a
relativização da coisa julgada nos casos em que não foi realizado o exame de DNA na demanda anterior → dignidade
da pessoa humana, direito à informação genética.
TEORIA DO PRECEDENTE JUDICIAL
Aproximação entre o sistema romano-germanico e o common law
Espécies/graus de eficácia dos precedentes judiciais
DANIEL ASSUMPÇÃO
ÉSPECIE EFICÁCIA SIGNIFICADO
• Contr. concentrado de O desrespeito de qualquer deles, por qualquer decisão
const., Eficácia judicial, proferida em qualquer instância, autoriza o manejo
• SV vinculante da reclamação constitucional
• IRDR GRANDE
• IAC
• RE e REsp repetitivos Eficácia Até admitem reclamação constitucional, mas após o
• RE com RG vinculante exaurimento das instâncias ordinárias.
reconhecida MÉDIA
• Súm. STF e STJ Não admitem reclamação constitucional.
• Orientação do órgão Eficácia
especial ou do plenário vinculante
dos respectivos PEQUENA
Tribunais

Ratio decidendi e obiter dicta


RATIO DECIDENDI OBITER DICTA
É o núcleo do precedente, seus fundamentos Argumentos jurídicos prescindíveis, marginais,
determinantes. paralelos.
É exatamente o que vincula. Por isso, não vinculam.

O papel do Ministério Público na formação dos precedentes: A importância do MP na formação dos precedentes
obrigatórios foi considerada pelo legislador ao prever a sua intervenção nos incidentes de resolução de demandas
repetitivas (art. 976, §2º) e nos incidentes de assunção de competência (art. 947, §1º).

RACISMO
CONVENÇÃO INTERNAMERICANA CONTRA O RACISMO
Status de emenda constitucional!
TEORIA DO IMPACTO DESPROPORCIONAL: “A DISCRIMINAÇÃO INDIRETA é mais sutil: consiste na adoção de
critério aparentemente neutro (e, então, justificável), mas que, na situação analisada, possui impacto negativo
desproporcional em relação a determinado segmento vulnerável. A discriminação indireta levou à consolidação da
TEORIA DO IMPACTO DESPROPORCIONAL, pela qual é vedada toda e qualquer conduta (inclusive legislativa) que,
ainda que não possua intenção de discriminação, gere, na prática, efeitos negativos sobre determinados grupos ou
indivíduos” (RAMOS, André de Carvalho. Curso de direitos humanos..., Saraiva, 2021).

Espécies:
RACISMO INDIVIDUALISTA: O racismo individualista trata o racismo como uma espécie de “patologia” social. Um
fenômeno ético ou psicológico de caráter individual ou coletivo, atribuído a grupos isolados; ou ainda, uma
“irracionalidade”, cuja providência mais adequada a ser tomada é no campo jurídico (sanção penal ou civil). Não haveria
sociedades ou instituições racistas, mas indivíduos racistas, que agem isoladamente ou em grupo. O racismo é notado
na forma de discriminação direta.
RACISMO INSTITUCIONAL: O racismo institucional é o resultado do mau funcionamento das instituições, que passam
a atuar em uma dinâmica que confere, ainda que indiretamente, desvantagens e privilégios a partir da raça.
Admite-se aqui, portanto, o racismo como discriminação indireta. Por serem as instituições lugares de produção de
sujeitos é necessário que haja medidas de “correção” dos mecanismos institucionais, como ações afirmativas que
aumentem a representatividade de minorias raciais e que alterem a lógica interna dos processos decisórios.

RACISMO ESTRUTUTAL: O racismo estrutural é uma decorrência da própria estrutura social, ou seja, do modo “normal”
com que se constituem as relações políticas, econômicas, jurídicas e até familiares, não sendo uma patologia social
e nem um desarranjo institucional. Aqui, considera-se que comportamentos individuais e processos institucionais são
derivados de uma sociedade cujo racismo é regra e não exceção. Nesse caso, além de medidas que coíbam o
racismo individual e institucionalmente, torna-se imperativo pensar sobre mudanças profundas nas relações sociais,
políticas e econômicas. Pela complexidade das ligações que apresenta com a política, a economia e o direito, é
importante falar mais sobre o racismo estrutural.

RACISMO RECREATIVO: A expressão foi cunhada por Adilson José Moreira. O racismo recreativo é uma política
cultural que referenda por meio do humor a ideia de que negros não são atores sociais competentes. Isso permite que
pessoas brancas hostilizem minorias sociais sem perder uma imagem social positiva. Vera Verão – a bicha preta,
Mussum o bêbado. etc.

TABELA RESUMO
#LINK: Igualdade material, igualdade formal e igualdade como reconhecimento; Função contramajoritária da STF;
CONSTITUCIONAL
TEMAS IMPORTANTES RELACIONADOS A COVID
REQUISIÇÃO PELA UNIÃO DE INSUMOS DE ESTADO – ACO 3463
➢ Não pode!
➢ Fundamentos da requisição administrativa: arts. 5º, XXIII e 170, III, da CF e ainda art. 5º, XXV: DI PIETRO –
Instrumento unilateral e auto executório, independe da aquiescência do particular e da previa intervenção do
poder judiciário; em regra é oneroso sendo a indenização a posteriori;
➢ Todos os entes podem lançar mão da requisição, independente de autorização do ministério da saúde;
➢ Porém, o STF entende que a requisição administrativa NÃO PODE se voltar contra bem ou serviço de outro
ente federativo → interferência na autonomia; ressalvadas as situações fundadas no estado de defesa (art.
136, 1º, II, CF) e no estado de sítio (art. 13, VII) → SISTEMAS CONSTITUCIONAIS DE CRISE;
➢ Competência material dos Estados → saúde → art. 23, II, CF.

FEDERALISMO
➢ Dual/ clássico: separação rígida das funções.
➢ Cooperativo: surge com o estado social, as novas atribuições do estado.
➢ Federação: Brasil em 1891. Critério: princípio da predominância do interesse
➢ Federalismo do equilíbrio: equilíbrio na distribuição de competência.
➢ Federalismo horizontal: rígida distribuição. Vertical: competência comum - CONDOMÍNIO LEGISLATIVO.
➢ EUA: por adotar o dual, desenvolve a teoria dos poderes implícitos.
➢ Federalismo de 3ª grau: CF/88 com os municípios. Tríplice esfera normativa.

SEPARAÇÃO DE PODERES
➢ Aristóteles “Política” - três funções (mas ainda era numa única pessoa)
➢ Montesquieu: separação orgânica de poderes “dos espíritos das leis’ (além da separação de funções, seria
dividida em 3 órgãos distintos, independentes e harmônicos (lembrar do contexto – liberalismo – superação
do absolutismo)
➢ Liberalismo: rígida separação dos poderes
➢ Benjamin Constant: quarto poder neutro. Não confundir com o poder moderador.
➢ Freios e contrapesos (check and balances). Interpenetração dos poderes;
➢ Finalidade: preservar a liberdade individual, combatendo a concentração de poder. Sua base encontra-se na
tese da existência de nexo causal entre divisão de poder e liberdade individual. Persegue esse objetivo de 2
maneiras: a) impondo colaboração e consenso de várias autoridades estatais no processo de tomada de
decisão; b) estabelecendo mecanismos de fiscalização e responsabilização recíprocas → desenho de freios
e contrapesos.
➢ Estados modernos → adoção da teoria de Montesquieu de forma abrandada → a separação não é absoluta
→ funções típicas e atípicas.
➢ Canotilho: dupla dimensão: positiva é a separação dos poderes e negativa: limites e controle.

CONSTITUCIONALISMO
Sarmento divide: 1- antigo/ medieval 2- moderno 2- pós moderno
➢ Antigo/ medieval: hebreus – Grécia e Roma
➢ Moderno: inglês/ francês e o americano (em duas fases: liberal e social)
MODERNO: superação do absolutismo. Iluminismo. Contenção do poder por meio da separação dos poderes.
Garantias individuais (direitos negativos). Legitimação do governo por meio do consentimento dos governados.
➔ Inglês: revolução gloriosa em 1668. Destituição da dinastia stuart e supremacia do parlamento. Respeito as
tradições constitucionais: inexistência de documento único que consolide a constituição. COMMON LAW.
➔ Evolução gradual e histórica sem rompimento abrupto.
➔ Francês: revolução em 1789 e a constituição em 1791.
TEORIA DO PODER CONSTITUINTE: Sieyès “o que é o terceiro estado”? o poder constituinte tem
como titular a nação, sem quaisquer limites pelo ordenamento passado. A nação é permanente
durante o tempo, não se confunde com os povos.
Constituição escrita. Com protagonismo no poder legislativo. Constituição como proclamação
política e não norma jurídica.
A Revolução francesa derruba a monarquia e traz os ideais: de liberdade/ igualdade e fraternidade.
➔ Norte americano: constituição em 1787. Instituição do presidencialismo. E o sistema de freios e contrapesos
associados a separação de poderes. A constituição é vista como norma jurídica (controle de
constitucionalidade: marbury X Madison 1803). Instituto do judicial review.
CONSTITUCIONALISMO LIBERAL: a proteção dos direitos fundamentais consiste na limitação do poder. Direitos
negativos. Separação dos poderes. Estado mínimo que confiava na “mão invisível do mercado”. Igualdade formal dos
indivíduos.
CONSTITUCIONALISMO SOCIAL: Lênin: melhor capitalismo selvagem do que o capitalismo do estado de bem social.
Pressão social da classe trabalhadora. Políticas públicas retributivas.
Flexibilização da separação dos poderes: antes era separação dos poderes estativa e passa a ser separação dos
poderes dinâmica (atuação do poder público na seara social e econômica).
Federalismo cooperativo.
Constituição mexicana de 1917
Constituição de Weimar de 1919

OUTRAS MODALIDADES DE CONSTITUCIONALISMO


CONSTITUCIONALISMO TRANSNACIONAL / SUPRANACIONAL (diferente do constitucionalismo
transconstitucional de Marcelo neves):
➔ Transnacional (ou supranacional): uma constituição aplicável para vários países. Cada país abre mão de
parcela de sua soberania. Decorre da globalização. EX: União Europeia.
➔ Direito comum a todos os estados.
CONSTITUCIONALISMO GLOBAL: CONSTITUCIONALISMO MULTINÍVEL. Elaboração de um documento
materialmente constitucional que seria parâmetro de validade das demais constituições. (em vários níveis).
CONSTITUCIONALISMO AUTORITÁRIO: MARK TUSHNET. Trata-se de constitucionalismo em que os ocupantes
do poder, sobre o manto do discurso democrático e constitucional, exercem o poder de forma autoritária.

NEOCONSTITUCIONALISMO
FORÇA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO – HESSE
➢ Regras e princípios com novo tratamento hermenêutico
➢ Constitucionalização do direito: efeito expansivo da constituição. Filtragem constitucional com interpretação
de todas as normas a luz da CF.
➢ Legislativo e executivo: limite a discricionariedade.
➢ Judiciário: parâmetro para o controle de constitucionalidade.
➢ Particulares: eficácia horizontal dos direitos fundamentais.
➢ Influência da ética e da moral
➢ Judicialização da política e das relações sociais. Conflito entre princípios constitucionais deu espaço a
ponderação.
➢ Força normativa dos princípios
MARCO HISTÓRICO: pós segunda guerra e formação dos estados democráticos de direito. Brasil: CF/88 com a
redemocratização após regime de ditadura.
MARCO FILOSÓFICO: superação do jusnaturalismo e fracasso do positivismo. Pós positivimos: além da
legalidade estrita sem desprezar o direito posto. Teoria dos direitos fundamentais fundamentada na dignidade da
pessoa humana.
MARCO TEÓRICO: força normativa da constituição de Konrad Hesse. Filtragem constitucional dos demais
ramos do direito. A constituição deixa de ser mero documento político para ser verdadeira norma jurídica. Mínimo
necessário surge como de observância obrigatória pelo intérprete. Constituição invasora com um catálogo de direitos
fundamentais.
Diferença de judicialização x ativismo judicial: Barroso - a judicialização decorre da constituição analítica e do
controle de constitucionalidade, ou seja, a judicialização decorre do constituinte e não do judiciário. O ativismo,
por sua vez, decorre da postura do intérprete que atua de modo proativo ao interpretar a constituição.
Daniel sarmento: diante da abertura de boa parte do texto constitucional, quem a interpreta também participa da sua
criação: PODER CONSTITUINTE PERMANENTE.

CRÍTICA AO NECONSTITUCIONALISMO: Sarmento


➢ Excesso do poder judiciário
➢ Uso excessivo dos princípios em detrimento das regras e da subsunção
➢ Perigo da PANCONSTITUCIONALIZAÇÃO: excessiva constitucionalização do direito que pode gerar um viés
antidemocrátivo, uma vez que se a constituição decidir e definir tudo, não sobra espaço para o legislador
ordinário. Assim sendo, os representantes do povo seriam meros executores de medidas já impostas pela
constituição, oq atentaria ao regime democrático.

Neconstitucionalismo X pós-positivismo:
➢ Semelhança: surgem no pós-guerra.
➢ Diferença: o pós-positivismo defende a conexão necessária do direito com a moral.
➢ Neconstitucionalismo é o modelo de organização jurídica política do estado democrático de direito.

TEMAS IMPORTANTES NO NEOCONSTITUCIONALISMO


DIFICULDADE CONTRAMAJORITÁRIA: é o modelo de revisão judicial no qual se invalida a vontade do povo,
materializada no trabalho legislativo, ou seja, a palavra final dada por juízes que não possuem legitimidade
democrática.
CONSTITUCIONALISMO POPULAR: o povo e não os juízes seriam os melhores e mais adequados intérpretes da
constituição, as decisões deveriam ser tomadas pelo povo.
Christine Bateup defende o diálogo constitucional: compartilhamento entre o poder judiciário e as instâncias políticas.
CONSTITUCIONALISMO DEMOCRÁTICO: maior protagonismo dos demais intérpretes da constituição sem retirar a
importância do poder judiciário. A decisão só será legítima se levar em consideração valores democráticos que pautam
a questão. Para decidir temas polêmicos, as cortes devem se valer de audiências públicas, amicus curiae.
DIREITO DE RESISTÊNCIA: modalidade de DESOBEDIÊNCIA CIVIL. Trata-se de conduta do cidadão, ativa ou
passiva, a ato ou lei que ofendem a ordem constitucional ou a direitos fundamentais. Decorre da cláusula da
constituição que admite outros direitos e garantias fundamentais (5º,§2º). Princípio da proporcionalidade e da
solidariedade. Direito fundamental implícito.

SUPERAÇÃO LEGISLATIVA- MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL PELA VIA LEGISLATIVA:


➢ O STF não tem a última palavra. Sociedade aberta dos intérpretes da constituição. O efeito vinculante não
atinge o legislativo na sua atividade típica.
➢ FUX. Em caso de emenda constitucional, o controle incide sobre os limites do poder de reforma. Ato
infraconstitucional: nasce com presunção iuris tantum de inconstitucionalidade, maior ônus argumentativo do
legislador ordinário.
➢ Superação da supremacia judicial para a democracia deliberativa, com os diálogos institucionais. A
interpretação sempre estaria aberta a debates públicos.
➢ A mutação constitucional pela via legislativa ocorre quando por, meio de ato primário, muda-se a interpretação
dada a alguma norma constitucional.

PAPEIS DA SUPREMA CORTE - BARROSO


PAPEL CONTRAMAJORITÁRIO: trata-se da possibilidade de invalidação de atos do poder legislativo, que é
dotado de legitimidade popular, por juízes que que jamais receberam um voto popular. Marco: decisão do juiz
Marshall no caso marbury X Madison em 1803.
➢ Fundamentos para esse papel: 1- proteção dos direitos fundamentais que não podem ser suprimidos
por decisões majoritárias. 2- A suprema corte age como sentinela dos direitos fundamentais contra o
risco da tirania da maioria, evitando-se a opressão das minorias. O conceito de democracia supera a
ideia de governo da maioria, exigindo a incorporação de valores fundamentais, dimensão substantiva da
democracia, que inclui igualdade, liberdade e justiça.
PAPEL REPRESENTATIVO: crise da legitimidade. São decisões da corte que estão mais alinhadas a vontade
popular do que a e lei ou ato normativo editado pelo parlamento. As escolhas políticas do parlamento nem sem
reflete o sentimento da maioria. A crise de legitimidade/ representatividade do parlamento, levou a expansão do
judiciário.
➢ Motivos: os julgadores possuem qualificação técnica e são investidos por meio de concurso público, o que
afasta de decisões política. Além das garantias de vitaliciedade. Há também a inércia da jurisdição, além da
motivação das decisões. Nessas situações, as decisões não serão contramajoritárias, serão
representativas da vontade popular. BARROSO CHAMA DE: decisões CONTRALEGISLATIVAS ou
CONTRAPARLAMENTAR.
PAPEL ILUMINISTA: é o papel do judiciário no sentido de empurrar a história na direção do progresso social. O
termo iluminista é usada para identificar decisões que, apesar de não ser a vontade popular, nem a vontade do
congresso, são tidas como justas, corretas e legítimas.
➢ Casos: BROWN X BOARD OF EDUCATION

PODER CONSTITUINTE
Origem do poder constituinte originário: Sieyès com a obra “o que é o terceiro estado”.
Originário:
➢ Histórico: primeira constituição de tudo.
➢ Revolucionário: constituições posteriores.
➢ Poder de direito: fundamento no direito natural, anterior e superior, ao direito positivo.
➢ Poder de fato: o fundamento está em si próprio.
➢ Poder ilimitado? Teoria positivista. Teoria jusnaturalista. Teoria sociológica.
➢ Retroatividade mínima: efeitos futuros de fatos passados.
➢ Retroatividade média: pretensões vencidas e não pagas antes da norma.
➢ Retroatividade máxima: atinge fatos consumados.
Derivado (reformador / decorrente/ revisor).
REFORMADOR: alteração formal.
➢ PEC popular: corrente de José Afonso da Silva. Se o povo é titular do poder, é possível interpretar de forma
ampliativa a iniciativa popular não apenas para leis, mas para PEC. (A estadual pode!)
➢ Limites temporais: veda-se a reforma durante determinado tempo. Constituição do Império de 1824 (4 anos
da promulgação). A cf/88, na majoritária, não tem limites temporais. Não confundir com limites circunstanciais.
➢ Núcleo essencial: conjunto de características sem a qual o instituto deixaria de existir.
➢ E os direitos sociais? Corrente 1: não são cláusulas pétreas por não ter previsão expressa e por ser direitos
prestacionais dependem de recursos disponíveis não podendo ser imodificável. Corrente 2: são pétreas pq
implementam a dignidade da pessoa humana e os demais fundamentos da república.
➢ Não é possível ampliar, por emenda, o rol de cláusula pétreas. Apenas o originário pode condicionar o
reformador. O reformador não pode condicionar o reformador. Mas podem inserir direitos que já estão
abrangidos pela cláusula pétrea. Ex: novo direito fundamental.
➢ Limites implícitos: Titular do poder; Vedação da dupla reforma ou dupla revisão.
➢ República: a previsão do voto direito implica na república (monarquia não a voto).
➢ STF: princípio da anterioridade tributária. Princípio da anterioridade eleitoral. Princípio da isonomia tributária.
PODER CONSTITUINTE DIFUSO = MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL.
➢ Processo informal de alteração da constituição. Altera o sentido e não o texto.
➢ Mutação constitucional inconstitucional? É a atribuição a uma norma constitucional de uma interpretação que
seja contrária aos valores consagradas pela constituição.
➢ Limites a mutação constitucional: o próprio texto e o sistema de valores constitucionais.
DECORRENTE.
Fundamentos para que os municípios não possuam poder derivado decorrente:
➢ Interpretação literal da cf que não dispôs sobre constituição aos municípios;
➢ Não se pode ter um poder constituinte decorrente de outro poder constituinte decorrente (DUPLO GRAU DE
IMPOSIÇÃO LEGISLATIVA)
Normas de reprodução obrigatória que limita o poder constituinte decorrente - LIMITES
➢ Princípios estabelecidos: limitações vedatórias (normas que estabelecem obrigações de não fazer aos
estados membros) e as limitações mandatórias (estabelecem obrigações positivas ao estado) PRE
ORGANIZAÇÃO E COMPETÊNCIAS. Normas que estabelecem a organização da federação e são de
reprodução obrigatória pelos estados-membros.
➢ Princípios sensíveis: são princípios tão importantes que, segundo PONTES DE MIRANDA, uma vez violados
traz como consequência a reação mais dura para a federação: a intervenção. Exclusivamente no artigo 34,
VII, CF.
➢ Princípios extensíveis: FCC → normas centrais comuns a U/E/DF/M. integram a estrutura da federação
brasileira, modo de ser do estado federal. Se projetando obrigatoriamente a todos os entes da federação.
(Constituição total –nacional- é diferente de constituição federal. Autonomia legislativa; Conforme Kelsen, a
constituição nacional, diz respeito a todas as normas referentes aos entes políticos federados, regula atividade
de todos os entes políticos com força vinculante nacional. Agora, a constituição federal, seria aquelas normas
que regulam apenas os interesses da união). 77 CF/ 85,§3º. Princípios orçamentários. Normas sobre processo
legislativo (59/69) o poder constituinte decorrente não pode criar novas espécies legislativas. SEPARAÇÃO
DE PODERES.
OBS: Separação de poderes → controle exercido pelo legislativo sobre o executivo, decorrente do sistema de freios
e contrapesos, é essencialmente a posteriori.
OBS: Principio republicano → usado tanto para justificar a temporariedade dos mandatos, mudança dos governos
(proíbe o prefeito itinerante) quanto também para justificar a responsabilização dos governantes (art. 34, VII, “a”, da
CF) sendo principio constitucional sensível. STF. Em virtude disso, não é permitida a reprodução do art. 51, I, da CF.
OBS: Princípio democrático,→ impede o afastamento automático do governador com o recebimento da denúncia
pelo STJ. Não pode reproduzir o art. 81, §1º, I, da CF. Esse afastamento pode ser decidido pelo STJ em sede de
medida cautelar.

PODER CONSTITUINTE DECORRE NO DISTRITO FEDERAL: A sua lei orgânica abrange tanto matéria de
constituição estadual, quanto matéria de lei orgânica municipal. Nas matérias estaduais, a lei orgânica do DF tem
natureza constitucional.
➢ STF: CELSO DE MELLO: a lei orgânica do DF deve ser parâmetro de constitucionalidade, sendo um
verdadeiro estatuto constitucional.
(Sujeita a um único grau).
➢ A lei orgânica do DF EQUIVALE AS CONSTITUIÇÕES ESTADUAIS. Assim, é parâmetro de
constitucionalidade das leis distritais perante o TJ. (será inconstitucionalidade e não ilegalidade, conforme as
demais leis orgânicas dos municípios).
E os territórios federais? Não tem poder constituinte decorrente pq não possuem autonomia política, são autarquias
territorias da UNIÃO (descentralização). Quem possui autonomia politica é a união. Ademais, são criados por meio de
LC federal e não lei orgânica. (At.11 do ADCT).
PODER CONSTITUCIONAL INTERTEMPORAL
➢ Constituição nova x constituição anterior.
➢ Revogação.
➢ Desconstitucionalização: normas constitucionais materialmente compatíveis permanecem com status
infraconstitucional. (Previsão expressa. Não ocorreu com CF/88).
➢ Vacatio constitutionis: período que a constituição nova não entrou em vigor ainda, sendo mantida a constituição
anterior. Pode ser parcial (art. 34 da ADCT).
➢ Em relação as normas infraconstitucionais: Princípio da continuidade do ordenamento jurídico, evita-se o
vácuo legislativo.
➢ Norma materialmente constitucional: Recepção. A nova constituição passa a ser o novo fundamento de
constitucionalidade da lei recepcionada. A lei recepcionada assume o status normativo exigido pela nova
constituição (CTN).
➢ Constitucionalidade superveniente: Norma era inconstitucional, de acordo com o parâmetro da época da
sua criação, mas com a constituição nova passa a ser constitucional. Não admitido.
➢ Compatibilidade formal no aspecto orgânico: competência legislativa transferida para ente diverso. Não
admite a FEDERALIZAÇÃO de normas estaduais e municipais. O inverso é admitido, manutenção das normas
federais enquanto não editadas as estaduais e municipais.
➢ ADCT é norma constitucional, servindo de parâmetro para controle.

CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES


Conteúdo: formal (Schmitt lei constitucional) X Material (normas constitutivas do estado- schmitt: constituição).
Estabilidade: rígida / semirrígida ou semiflexível / flexível / imutável.
➢ Toda as constituições brasileiras foram rígidas (salvo a de 1824-império, que foi semi).
➢ Constituições fixas ou silenciosas: só pode ser modificada pelo mesmo poder que a criou (constituinte
originário). Valor histórico.
➢ Constituições transitoriamente flexíveis.
Forma: escrita (documento único) X não escrita (costumeira)
Elaboração: histórica (processo lento e contínuo baseado na história e tradições) X dogmática (sempre escrita.
Dogmas estruturais).
Origem: promulgada/ outorgada / cesarista.
➢ Promulgação é ato solene que integra a fase final do processo, correto seria “constituição democrática”.
➢ Cesarista: produzida sem participação popular, mas submetida a referendo.
Extensão: sintética x Analítica.
Quanto a ideologia: ortodoxa (uma ideologia) X eclética.
FINALIDADE: balanço/ garantia/ e dirigente.
➢ Garantia (abstencionista ou negativa): estado liberal
➢ Balanço: estado socialista. Realiza um balando entre planificações realizadas e explica as em curso.
➢ Dirigente: estado social. Normas programáticas.
Quanto ao papel: Virgílio Afonso da Silva. Análise atribuída ao legislador ordinário.
➢ Constituição- Lei: a norma constitucional está no mesmo nível da norma infraconstitucional. Sem supremacia.
➢ Constituição fundamento (constituição total): reduzido espaço ao legislador ordinário.
➢ Constituição moldura: a constituição serve de limite para a atividade legislativa. Nem tudo está predefinido
pela constituição.
Constituição Dúctil (maleável/ suave/ elástico) Gustavo Zagrebelsky. Sociedade plural. Pluralismo ideológico,
moral, político, econômico. A constituição deve ser aberta para garantir o desenvolvimento de uma sociedade plural e
democrática.
Classificação ontológica (correspondência com a realidade) Karl Loewenstein. NORMATIVA/ NOMINAIS/
SEMÂNTICAS.

SENTIDO DAS CONSTITUIÇÕES


Sentido sociológico. Lassale. A constituição escrita equivale a mera folha de papel. E a verdadeira constituição que
corresponde aos fatores reais de poder.
Sentido político- Schmitt. Constituição x lei constitucional.
Sentido jurídico–Kelsen. A constituição é considerada norma pura, sem qualquer fundamentação sociológica ou
filosófica.
➢ Sentido lógico-jurídico: norma fundamental hipotética, fundamento lógico transcendental de validade da
constituição jurídica-positiva. Não é posta pelo ordenamento, mas pressuposta. Fundamentar todo o sistema
e fechar o sistema.
➢ Sentido positivo-jurídico: a constituição propriamente dita, que fundamenta todo ordenamento.
Sentido culturalista: a constituição é produto da cultura. Aspectos econômicos, sociais, jurídicos, filosóficos.
Constituição dirigente (canotilho) x constitucionalismo moralmente reflexivo: De início, com o estado social,
surgem as normas programáticas que exige uma postura ativa do estado para efetivar esses direitos. Posteriormente,
sobretudo levando-se em conta a sucessão de emendas sofridas na Constituição de Portugal e evidenciando alguns
entraves na doutrina do dirigismo constitucional (problemas de inclusão, referência, reflexibilidade, universalização,
materialização do direito e reinvenção do território estatal), Canotilho reviu a sua teoria, reconstruindo-a, com o escopo
de admitir maior abertura da Constituição à deliberações democráticas, abarcando, também, a ideia de legitimidade
procedimental, sustentada (de diferentes formas e fundamentos) por doutrinadores como Habermas e Luhmann. É
nesse novo contexto que Canotilho passa a aproximar-se da ideia de constitucionalismo moralmente reflexivo,
o qual busca o equilíbrio da pré-ordenação e da pós-ordenação, entre a força dirigente e a força dialógica,
vocacionando à sensibilidade contextual dos fundamentos da Teoria da Constituição. Visa substituir o direito
dirigente e ineficaz por uma nova proposta na modernidade, em uma perspectiva mais reflexiva e menos impositiva.
As constituições modernas, diante da globalização, estão unidas, com deslocamento do dirigismo constitucional para
os tratados internacionais.
NIKLAS LUHMANN: Teoria sistêmica da sociedade: a sociedade é constituída de vários sistemas (político/ direito/
religião/ ciência.), e cada sistema assume uma linguagem própria a partir de um processo de codificação. Cada sistema
é fechado e se organiza a partir de seu código. Os acontecimentos externo a esse sistema são separado por uma
diferenciação binária funcional (direito / não direito).
➢ Acoplamento estrutural: choque de dois sistemas.
➢ A constituição é um acoplamento estrutural do sistema do direito e do sistema da política. Para a política, a
constituição é instrumento de legitimação da vontade soberana. Para o direito, é elemento de fundação das
normas.
Teoria discursiva do direito e do estado democrático – Habermas. Democracia deliberativa e procedimentalista.
Possibilidade de legitimar e reconstruir o sistema pela via procedimental discursiva. O procedimento democrático e os
direitos fundamentais são elementos cooriginários e equiprimordiais, que se complementam, não se podendo concebê-
los um sem o outro.
➢ O sistema de direito garante a autonomia privada X o princípio discursivo democrático que compreende a
autonomia pública, que garante a legitimidade do procedimento legislativo, conferindo direitos iguais de
comunicação e participação. Os sujeitos devem se reconhecer como autores das normas em que são
submetidos.
➢ A cooriginalidade (duas facetas) entre autonomia pública e privada constituem o sistema de direito que
garantem uma série de direitos subjetivos. Elas se complementam.
➢ Para Habermas, a ordem jurídica é legítima na medida que garante tanto a autonomia privada, quanto a
autonomia pública por serem cooriginárias.
Constitucionalismo abusivo – David landau. Uso de instituto democráticos para ceifar o pluralismo de um país. Uso
indevido de mecanismos constitucionais para atacar a democracia constitucional.
➢ Uso de emendas constitucionais para manter determinado grupo social e político do poder.
Constitucionalismo abusivo estrutural.
➢ Uso de técnicas em desacordo com as diretrizes democráticas (constitucionalismo abusivo episódico).
Accountability vertical: se dá entre a população e o Estado, referindo-se ao controle que aquela exerce sobre os
agentes públicos e os governos e é relacionada à capacidade da população de votar e de se manifestar de forma livre,
tendo como exemplo o voto e a ação popular;
Accountability horizontal: se dá entre entes ou órgãos estatais, ocorrendo quando um poder, órgão, agência
reguladora, etc., fiscaliza o outro;
Accountability societal: se dá entre a sociedade civil organizada e entes ou órgãos estatais, em que aquela,
muitas vezes representada por ONG’s, sindicatos, associações, etc., fiscaliza os agentes públicos e o os governos,
exercendo “pressão” legítima sobre a Administração Pública.
Haberle - Sociedade aberta de intérprete da constituição.
➢ Sociedade fechada: interpretação dada apenas por magistrados. Contraria o Estado democrático de direito.
Cada sujeito é destinatário da norma e igualmente intérprete em um processo ativo de construção de seu
sentido.
Força normativa da constituição-HESSE: Hesse não concorda com lassale (que afirma que a constituição consistiria
nos fatores reais de poder, a constituição expressa as relações de poder nele dominante). Para hesse, esse
pensamento reduziria a constituição para justificar as forças dominantes da sociedade (lasse nega a constituição
jurídica). Hesse defende, pois, a força normativa da constituição, que deve ser entendida como ordem jurídica
fundamenta.
Constituição simbólica de Marcelo neves: Todas as normas jurídicas são dotadas de uma carga simbólica que
convivem com a natureza normativa-jurídica. O problema ocorre quando a dimensão simbólica prevalece.
➢ Compromisso dilatório: a legislação surge, não para resolver o problema, que diante do cenário político, é
sabidamente ineficaz. A intenção é postergar a solução para o futuro.
➢ Confirmação de valores sociais de um grupo contra outro grupo: a função é consagrar a “vitória legislativa”
para determinado grupo.
➢ Legislação- álibi: o estado age para acalmar a sociedade, mas sem resultado prático.

Constitucionalização simbólica: sentido positivo e sentido negativo. O negativo ocorre o déficit de concretizar
as normas constitucionais. E o positivo é seu papel ideológico-político que encobre problemas sociais e
impede a transformação efetiva da sociedade.

Transconsititucionalismo de Marcelo neves (não confundir com constituição supranacional):


O transconstitucionalismo é o entrelaçamento de diversas ordens jurídicas diversas em torno dos mesmos problemas
constitucionais. EX: Pacto de San josé da costa rica x cf/88 com prisão civil do depositário infiel.
Nesses casos de colisão, Marcelo neves defende que não é possível uma imposição fechada de qual deve prevalecer,
devendo haver um diálogo constitucional.
Marcelo neves adota a teoria do ponto cego: usada para buscar a reciprocidade mediante diálogos
constitucionais (um aprender com o outro).
NORMAS CONSTITUCIONAIS
EFICÁCIA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS- José Afonso da Silva: Plena (direta, imediata e integral) /contida
(direta, imediata, mas não integral) e limitada (indireta/ mediata e reduzida).
As limitadas (possuem eficácia jurídica imediata: ab-rogativa/ de interpretação) se subdividem em:
➢ Normas de eficácia limitada programática - normas fim: traçam tarefas, fins e programas a serem cumpridas
pelo Estado.
➢ Normas de eficácia limitada de princípio institutivo: ordenam a organização de órgãos e estruturas, podendos
ser: impositivas (determina obrigatoriamente o cumprimento) e facultativas.
➢ M.H.D acresenta normas de eficácia absoluta: cláusulas pétreas.
➢ Normas de eficácia exaurida de Uadi Lammêgo bulos.
➢ Ávila: os postulados não são normas, mas metanormas, que estabelecem a estrutura de aplicação de outras
normas. ( ex: ponderação/ concordância prática e proibição de excesso).
Preâmbulo: Haberle “pontes do tempo” que estabelecem origens, sentimentos e desejos. Não possuí força normativa
e não pode servir de parâmetro para controle de constitucionalidade.
➢ Irrelevância jurídica / tese da plena eficácia/ relevância jurídica indireta.
➢ Não é de reprodução obrigatório do estado membro.
Elementos da constituição 5:
1- Elemento orgânico: estrutura do estado.
2- Elementos formais de aplicabilidade: ADCT/ preâmbulo.
3- Elementos de estabilização: Controle de constitucionalidade/ intervenção federal.
4- Elementos socioideologico: direitos sociais.
5- Elemento limitativos: direitos e garantias fundamentais/ direitos da nacionalidade / direitos políticos.

INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL
JOGOS DE LINGUAGEM: o significado de uma palavra somente pode aparecer diante de um contexto.
Circo hermenêutico de Gadamer: compreensão da hermenêutica a partir de um diálogo, de perguntas e respostas
no qual o intérprete participa ouvindo o que o texto diz. Desse diálogo, surge a compreensão, que é seguida da
aplicação. O momento de interpretar, compreender e aplicar são simultâneos (giro hermenêutico).
ALEXY: as características das regras é a subsunção, a dos princípios é a ponderação, pois, podem ser cumpridos
em diversos graus (admitem relativização).
Clássico (Savigny):
1- Gramatical- literal- filosófico: conteúdo semântico das palavras.
2- Lógico: analisa o contexto.
3- Sistemático: unidade do ordenamento jurídico. Análise de todo o sistema.
4- Histórico: sentido da lei buscado no processo legislativo.
5- Teleológico e sociológico: finalidade da norma
Interpretação em Kelsen: critério da validade da norma jurídica. Se a interpretação for válida de acordo com a norma
superior, ela pode ser aplicada. O ato de escolher qual das interpretações válidas será aplicada é discricionário do
aplicador. Há uma moldura que permite o aplicador identificar quais interpretações são válidas e quais não são.
“Giro decisionista”: o direito passa a ser aquilo que o juiz diz que é, como criação exclusiva do magistrado.
Positivismo Exclusivista – Inclusivista e Não positivismo:
➢ Exclusivista: separação entre direito e moral, o direito nunca poderá considerar questões morais.
➢ Inclusivistas: o conceito de direito pode incluir os preceitos morais, mas não é necessário.
➢ Não positivistas: a moralidade está necessariamente incluída no conceito de direito.
PÓS POSITIVISMO JURÍDICO: Pós segunda guerra. Fortalecimento da jurisdição constitucional, com
mecanismos fortes de defesa dos direitos e garantias fundamentais em face do legislador ordinário.
A constituição passa a ser vista como verdadeira norma jurídica que limita o legislativo, controlando e
invalidando leis.
CONSTITUCIONALIZAÇÃO DA ORDEM JURÍDICA: nova leitura das normas e dos institutos do direito.
O judiciário ganha protagonismo, deixando de ser “mera boca da lei”.
MÉTODO TÓPICO-PROBLEMÁTICO: do caso concreto para a norma. A interpretação constitucional é dotada de
caráter prático.
MÉTODO HERMENÊUTICO-CONCRETIZADOR: Parte da constituição para o problema. Círculo hermenêutico: Na
atividade interpretativa, o interprete vale de suas pré-compreensões sobre o tema para obter o sentido da norma, além
de atuar como mediador entre a norma e o contexto que ela se encontra, transformando a interpretação em um
movimento de ir e vi (círculo).
MÉTODO CIENTÍFICO- ESPIRITUAL/ SOCIOLÓGICO: a interpretação deve se aproximar do sistema cultural e
valores do povo.
MÉTODO JURÍDICO-ESTRUTURANTE: diferencia norma jurídica do texto jurídico. O texto jurídico é aquele
expresso na constituição, a norma, por sua vez, é a concretização do texto expresso. O texto não possui
normatividade, mas apenas validade. O texto é ponto de partida (a ponta do iceberg)

PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL


PRINCÍPIO DA UNIDADE DA CONSTITUIÇÃO: compreensão global da constituição. Evitando-se contradições.
(Barroso: com base nesse princípio, não existe hierarquia entre as normas constitucionais).
PRINCÍPIO DA CONCORDÂNCIA PRÁTICA (DA HARMONIZAÇÃO): Decorre da unidade. Em caso de conflito, deve
evitar o sacrifício total de uns dos bens.
PRINCÍPIO DA MÁXIMA EFETIVIDADE E PRINCÍPIO DA FORÇA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO.
PRINCÍPIO DA CORREÇÃO FUNCIONAL/ DA CONFORMIDADE/ DA JUSTEZA: princípio da separação dos
poderes. Nenhuma interpretação pode usurpar a competência. Limitador do ativismo judicial.
INTERPRETAÇÃO CONFORME A CONSTITUIÇÃO: se situa no âmbito do controle de constitucionalidade e não
apenas no âmbito das regras de interpretação. Não pode contrariar o sentido literal da norma (atua como
legislador negativo, não pode atuar como legislador positivo).
CORRENTE INTERPRETATIVISTA: o intérprete se limita ao sentido expresso da norma, sob pena de violação do
princípio democrático. Busca a intenção dos criadores da constituição.
NÃO INTERPRETATIVISTA: preza pela concretização dos direitos fundamentais do que a interpretação formalista.
Ronald Dworkin e a teoria da integridade: o direito é fruto da história e da moralidade. Todos que pertencem a uma
mesma sociedade compartilham os mesmos conjuntos de direitos e deveres básicos, inclusive o direito de participar
da atribuição de sentido a esses direitos (interpretar).
No caso de conflito entre direito individual e direito coletivo: prevalece os direitos individuais.
Metáfora do romance em cadeia: o juiz é autor de um capítulo de uma longa obra coletiva. Assim, ele está vinculado
ao passado (lendo tudo o que aconteceu) para continuar a tarefa de redigir o próximo capitulo (integridade). A
integridade exige que cada caso seja compreendido como parte de uma história encadeada.
Nega a discricionariedade judicial. As decisões devem ser baseadas em argumentos de princípio e não em
argumentos de política.
MINIMALISMO JUDICIAL: crítica ao judicial Review. O congresso é o espaço democrático correto para dar soluções
finais aos casos. Ao judiciário cabe apenas resolver o caso concreto com decisões estreitas e rasas. As decisões não
podem visar o futuro.
MAXIMALISMO: decisões judiciais que estabelecem regras para o futuro e justificativas teóricas.
PRINCÍPIOS X REGRAS:
Canotilho (usando a Alexy e Dworkin) sintetiza as diferenças:
➢ Grau de abstração: os princípios possuem elevado grau de abstração. Ao passo que as regras possuem
baixo grau de abstração.
➢ Grau de determinabilidade de aplicação no caso concreto: os princípios por serem vagos e indeterminados
precisam de mediação (legislador/ juiz) para ser aplicado no caso concreto. As regras podem ser aplicadas de
forma direta.
➢ Princípios são normas estruturantes no ordenamento jurídico.
➢ Os princípios são fundamentos das regras (base das regras).

Dworkin: as regras são aplicadas no modo tudo ou nada (retirando uma regra do ordenamento em caso de conflito),
salvo nos casos de “cláusula de exceção”.
Conforme Alexy, os princípios são normas prima facie, havendo uma dimensão de peso em caso de conflito,
usando o mecanismo da proporcionalidade. São normas que obrigam sua realização na maior medida do possível
diante do caso concreto, mandamento de otimização.
DERROTABILIDADE – HUMBERTO ÁVILA: critica o critério do tudo ou nada e o critério da maior medida do possível
dos princípios. Para ele, os princípios, por não determinarem diretamente uma conduta, depende de para concretização
de um ato institucional mais intenso. Enquanto as regras, por prescreverem condutas, dependem do ato menos intenso.
As regras dependem de um processo argumentativo mais complexo. Defende o sopesamento também entre as regras.
Derrotabilidade: condições que podem derrotar as regras, mesmo que estejam presentes seus requisitos necessários
e suficientes. A norma jurídica é afastada em determinado fato por ser com ela incompatível.
Ávila defende que em caso de conflito entre regra e princípio, a regra deve prevalecer diante de sua função decisiva
(trincheira das regras).
Proporcionalidade e razoabilidade: a proporcionalidade é mais complexa que a razoabilidade por exigir mais que
uma análise entre o meio e o fim. A proporcionalidade se desenvolve a partir de 3 sub-regras: ALEXY.
➢ Necessidade- não tem outro meio menos gravoso.
➢ Adequação- para atingir o fim
➢ Proporcionalidade em sentido estrito- ato adequado e necessário. Trata-se do sopesamento entre os direitos
fundamentais em colisão.
Critica a teoria de Alexy: separação dos poderes.
O princípio da proporcionalidade não está expresso da CF. É tratado dentro do princípio do devido processo legal
na dimensão substantiva.
PROPORCIONALIDADE COMO PROIBIÇÃO DA PROTEÇÃO DEFICIENTE: tradicionalmente, é usado para coibir
excessos estatal. Mas o estado tb deve atuar positivamente na proteção dos direitos e garantias fundamentais. Assim,
há violação dos princípios em casos de omissão, em que o estado deixa de agir em prol dos direitos e garantias
fundamentais.

CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE – ASPECTOS GERAIS


É a verificação da compatibilidade vertical entre a norma/ ato com a constituição.
A presunção de constitucionalidade advém do princípio democrático e da separação dos poderes.
Princípio da contemporaneidade: Relação de contemporaneidade entre o ato impugnado e a constituição de
parâmetro.
Critérios para o controle de constitucionalidade: supremacia da constituição / higidez da constituição/ órgão
competente.
Parâmetro. Bloco de constitucionalidade, oriundo do direito francês, e possuí duas acepções (restrita: ao texto
constitucional) e ampla: texto constitucional + normas materialmente constitucionais fora do texto.
Constituições:
➢ 1824: sem controle. Poder moderador. Supremacia do parlamento.
➢ 1891: controle difuso e concreto
➢ 1934: difuso e concreto. Resolução suspensiva do senado e FULL BENCH- reserva do plenário.
Representação interventiva. MS
➢ 1937: constituição polaca. CLÁUSULA NÃO OBSTANTE (o presidente podia submeter a declaração de
inconstitucionalidade ao congresso que por 2/3 poderia restabelecer a validade da lei.)
➢ 1946: Emenda 16/65 que cria a representação de inconstitucionalidade (atual ADI), exclusiva do PGR e institui
o controle concentrado de constitucionalidade.
➢ 1967: cria a cautelar na representação de inconstitucionalidade, o controle da lei municipal em face da CE.
➢ 1988: amplia o rol dos legitimados/ ADPF/ ADO E MI/ ampliação dos remédios constitucionais para o coletivo.
ADC criada pela emenda de 93. Sumula vinculante e repercussão geral em RE criadas pela reforma do
judiciário. Reclamação constitucional. ADI ESTADUAL.
Modelos de controle (3):
➢ Americano: controle feito pelo poder judiciário. Controle difuso (Marbury X Madison). Nulidade. Decisão
declaratória.
➢ Francês: controle político preventivo sob os projetos de leis através do conselho constitucional.
➢ Austríaco: Kelsen- judiciário atua como legislador negativo. O tribunal constitucional que deveria fazer o
controle concentrado e abstrato. Anulabilidade. Decisão constitutiva.

CONTROLE DIFUSO
CONTROLE DIFUSO DE CONSTITUCIONALIDADE: Tb chamado de controle pela via de exceção ou incidental ou
de defesa
➢ Origem em 1803, nos EUA, com o caso Marbury X Madison, em que o juiz Marshall determinou que uma
norma infraconstitucional não poderia prevalecer sobre a constituição. Atribuindo, assim, força normativa da
constituição. O judicial review compete a qualquer magistrado diante do caso concreto, com decisão de efeitos
ex tunc. (A origem do controle concentrado ocorre com Hans Kelsen e seu sistema de validade de normas, a
ser realizado por uma corte constitucional especializada, com efeitos EX NUNC- prospectivos).
➢ Difuso: introduzido na 1891 e mantida em todas as constituições subsequentes.
➢ Conceito: É aquele realizado por qualquer juiz diante do caso concreto, por ser prejudicial ao exame de mérito.
A constitucionalidade pode ser questionada em qualquer ação como CAUSA DE PEDIR e não como pedido.
Pode ser reconhecida de ofício pelo juiz/ tribunal.
Cláusula de reserva de plenário: também chamada de cisão funcional horizontal de competência. O plenário julga
apenas a questão de inconstitucionalidade e devolve ao tribunal para julgar a questão de mérito.
Não se aplica à cláusula:
➢ Ao próprio STF
➢ Ação declaratória de constitucionalidade (presunção de constitucionalidade das leis)
➢ Interpretação conforme a constituição
➢ Recepção
➢ Juízes monocráticos
Efeitos do difuso: a inconstitucionalidade declarada incidental não transita em julgado (limite objetivo), nem afeta 3
(limite subjetivo).
Abstrativização do controle difuso. (objetivação. Dessubjetivação):
Expressão de fredie Didier, consiste na possibilidade de conferir efeito erga omnes nas decisões proferidas em
controle de constitucionalidade difuso.
Fundamentos:
➢ Suspensão do senado federal (ex nunc);
➢ Repercussão geral (reforma do judiciário) nos recursos extraordinários que maximizaram uma feição objetiva
ao recurso.
➢ Mutação constitucional do artigo 52,X da CF. Controle difuso- concreto:

Seria uma releitura do artigo 52, X, por meio da mutação constitucional, de modo que toda as decisões do plenário, no
âmbito de jurisdição constitucional, teriam, por si só, eficácia erga omnes e vinculante. Sendo que a função do senado
seria em conferir publicidade.
Essa tese, incialmente (2014) foi rejeitada pela maioria dos ministros do STF, sendo defendida, até então, pelo Ministro
Gilmar Mendes.
Críticas: separação dos poderes/ não há mutação, mas verdadeira mudança do texto constitucional.
Em 2017, a tese voltou a ser ventilada na ADI que julgou a lei federal que permite o uso de amianto de modo
excepcional. O STF declarou, de modo incidental, a inconstitucionalidade da lei federal, com efeito erga omnes e
vinculante, sem necessidade de atuação do senado federal.
Com essa decisão, O STF acaba adotando, ainda que não de forma expressa, a transcendência dos motivos
determinantes da decisão. Com efeito, há vinculação dos fundamentos da decisão e não do dispositivo (que decidirá
o caso concreto). Expressamente o STF não adota essa tese para que não possa julgar as reclamações com base na
ratio decidendi.
Peculiaridade desse caso: não era uma ação de controle difuso, era uma ação de controle concentrado (que busca a
inconstitucionalidade das leis estaduais) em que o STF decidiu, incidentalmente, pela inconstitucionalidade da lei
federal. Não houve, assim, uma abstrativização do controle difuso, pq tomada dentro do controle concentrado de
constitucionalidade.
Possibilidade de modulação dos efeitos no controle difuso (caso mira estrela).
O quórum exigido para modulação de efeitos, não é necessário quando se tratar de recepção.

CONTROLE CONCENTRADO
Não podem ser objeto de controle concentrado:
➢ Súmula (ocorre que, em decisão recente, o STF admitiu ADPF contra súmula, quando esta apresentar caráter
geral e abstrato. Pois, cumpre o requisito da subsidiariedade);
➢ Decretos regulamentares e atos normativos secundários.
➢ Normas constitucionais originárias (não adota a tese de normas constitucionais inconstitucionais).
➢ Atos estatais de efeitos concretos: o STF, tradicionalmente, não admite por falta de generalidade e abstração.
Mudança de entendimento com ADI 4048
➢ Atos normativos já revogados ou com eficácia exaurida: se o exaurimento ocorrer durante a ação, como regra,
o STF extingue por perda do objeto. Exceção: (fraude processual / julgamento realizado sem que o STF tenha
sido comunicado/ repetição em outra norma de igual conteúdo);
➢ Contra lei distrital no exercício da competência municipal.
➢ Matéria interna corporis do poder legislativo.
O presidente da República pode ajuizar ADI contra lei que acabou de sancionar: fundamento é a inconstitucionalidade
progressiva: no momento da sanção, era constitucional. Posteriormente, por razões políticas, econômica, morais, ficou
inconstitucional.
Partido político: legitimidade verificada no momento do ajuizamento da ação. Apenas diretório nacional.
Confederação sindical: STF- pelo menos, em 3 federações para ser considerado confederação.
Entidade de classe: categoria de cunho profissional. Entidade estudantil não tem legitimidade.
Âmbito nacional: 1/3 pelo menos da federação (9 estados).
Mudança de entendimento: admite associação de associação como legitimado.
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE:
Cabe contra medida provisória, por te força de lei, mas desde que em plena vigência.
STF: lei ou ato normativo estadual e federal em face da CF (ato distrital na competência estadual);
TJ: lei estadual ou municipal em face da CE.
Simultaneus processus: coexistência de ADI no STF e no TJ, sendo a ADI estadual julgada primeiro: se o
parâmetro for norma constitucional de reprodução obrigatória pelo estado, subsiste a legitimidade do STF para julgar
a ADI.
Como regra, o TJ deve suspender o processo (suspensão prejudicial do processo) - Causa especial de suspensão do
processo na justiça local.
Se o STF julgar pela constitucionalidade, a ação poderá continuar no TJ local, pois, a lei poderá ser inconstitucional
em face da CE.
Se o STF julgar pela inconstitucionalidade, a ação do TJ deve ser extinta sem julgamento do mérito.
Princípio da adstrição: ADI tem causa de pedir aberta, não vinculando a fundamentação jurídica invocada. Todavia,
é adstrito ao pedido, exceto:
➢ Inconstitucionalidade por arrastamento.
➢ Declaração incidental de uma norma que não foi objeto da ADI (amianto)- causa de pedir aberta;
Como regra, o AGU defende a norma. Exceto: 1- houver caso análogo no STF que reconheceu a inconstitucionalidade;
2- Subscrever a ADI; 3- contrariar interesse da União.
Recorrível a decisão denegatória de ingresso no feito como amicus curiae.
É possível a impugnação recursal por parte de terceiro, quando denegada sua participação na qualidade de amicus
curiae. STF. 6/8/2020 (Info 985).
Tanto a decisão do Relator que ADMITE como a que INADMITE o ingresso do amicus curiae é irrecorrível (STF.
17/10/2018. Info 920).
A pessoa física não tem representatividade adequada para intervir como amicus curiae na ADI.
Natureza jurídica do amicus curiae: majoritária. Modalidade sui generis de intervenção de terceiro (anômala).
Efeitos da medida cautelar: erga omnes. Ex nunc (não retroativos), salvo se determinar no tribunal. A Concessão da
cautelar torna válida a lei anterior (efeito represtinatório temporário) evitando-se o vácuo legislativo.
Efeito súplice/ ambivalente da ADI e ADC.
Reação legislativa. Fossilização do legislativo. Ativismo legislativo. Última palavra provisória. Separação dos
poderes.
Produz efeitos a partir da publicação, ainda que não transitada em julgado.
Efeito represtinatório indesejado: Diante do efeito represtinatório tácito, a lei anterior voltará a vigência, salvo se
houver pedido expresso para que também seja declarada inconstitucional.
Sentenças inconstitucionais: transitadas em julgadas com base em lei declarada inconstitucional pelo STF
posteriormente. Rescisória. NCPC (a coisa julgada não é absoluta, o legislador ordinário pode indicar situações que
relativiza).
Interpretação conforme a constituição: trata-se de técnica de controle de constitucionalidade, com a finalidade
de conferir a norma jurídica de significados plúrimos o sentido que mais se coaduna com a constituição,
afastando as demais interpretações.
Ao declarar a inconstitucionalidade, o STF atua como legislador negativo, não podendo assumir a posição de
legislador positivo, criando normas jurídicas diversas do texto constitucional. Assim, a interpretação conforme tem
limite no próprio texto, que não pode ser distorcido para criar norma diversa. Efeitos vinculantes e erga omnes.
Declaração de inconstitucionalidade parcial sem redução do texto:
➢ Enquanto que a interpretação conforme visa salvar uma interpretação de uma norma. A declaração de
inconstitucionalidade sem redução do texto, ao contrário, visa extirpar do ordenamento determinada
interpretação. Declara a inconstitucionalidade de uma hipótese, sem redução do texto, a norma permanece
válida e eficaz.
Declaração de constitucionalidade com redução do texto: princípio da parcelaridade. Apenas parte é inconstitucional.
Declara de inconstitucionalidade sem pronúncia de nulidade: o STF declara a inconstitucionalidade, mas não
pronuncia a nulidade. Princípio da proporcionalidade, segurança jurídica. O estado de inconstitucionalidade
agravaria ainda mais o ordenamento jurídico.
ATENÇÃO:
INCONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE
Acepção tradicional (entrada em vigor de uma Acepção moderna (lei que sofreu um
nova CF e leis anteriores incompatíveis) processo de inconstitucionalização)
Significa que a lei ou ato normativo impugnado Significa que uma lei ou ato normativo que foi
por meio de ADI deve ser posterior ao texto da considerado constitucional pelo STF pode, com
CF/88 invocado como parâmetro. o tempo e as mudanças verificadas no cenário
Assim, se a lei ou ato normativo for anterior à CF/88 jurídico, político, econômico e social do país,
e com ela incompatível, não se pode dizer que há
uma inconstitucionalidade. Nesse caso, o que tornar-se inconstitucional em um novo exame
existe é a não-recepção da lei pela Constituição do tema.
atual. Assim, inconstitucionalidade superveniente, nesse
Logo, nesse sentido, afirma-se que não existe no sentido, ocorre quando a lei (ou ato normativo)
Brasil inconstitucionalidade superveniente para se torna-se inconstitucional com o passar do
explicar que a lei anterior à 1988 e que seja tempo e as mudanças ocorridas na sociedade.
contrária à atual CF não pode taxada como Não há aqui uma sucessão de Constituições. A lei
“inconstitucional”. era harmônica com a atual CF e, com o tempo,
torna-se incompatível com o mesmo Texto
Constitucional.
Não é admitida no Brasil. É admitida no Brasil.

AÇÕES DE CONTROLE CONCENTRADO


ADO - POR OMISSÃO.
➢ A omissão viola os princípios da proibição do retrocesso/ da dignidade da pessoa humana/ do mínimo
existencial.
➢ Contra normas de eficácia limitada.
➢ Omissão parcial: pode propriamente dita: quando a lei existe, mas é insuficiente para garantir os direitos
constitucionais.
➢ Relativa: a lei existe, é suficiente, mas não atinge todos que deveriam ser atingidos.
➢ Não há fungibilidade entre ADO e MI: pedidos diversos.
➢ A manifestação do AGU é facultativa pq não há lei para se defender, salvo se parcial.
➢ Omissão do legislativo: tradicionalmente, o STF adotava a tese não concretista, em que reconhece a mora e
da ciência ao legislador.
TEORIA CONCRETISTA: 1- direta: de plano o judiciário regula a matéria. 2- Intermediária: concede o prazo, e
posteriormente, regula a matéria. A concretista intermediária pode ser Geral: a regulamentação alcança todos;
ou Individual: inter partes.

ADC
➢ Confirmar a constitucionalidade de uma lei FEDERAL. A presunção iuris tantum passa a ser Juris et de Jure.
➢ Legitimidade da ADI e da ADC igualdas na reforma do judiciário.
➢ Requisito da controvérsia judicial relevante.
ADPF
Preceito fundamental. Duas correntes:
1- Não tem diferenças entre normas constitucionais e preceitos fundamentais (toda as normas da constituição
são preceitos fundamentais);
2- Majoritária. Nem todas as normas da constituição são preceitos fundamentais.
Conceito: entendidos como normas materialmente constitucionais que fazem parte da constituição formal, sendo
o núcleo constitutivo do estado e da sociedade, inclusive, com preceitos implícitos.
Cabe contra decisão judicial que viola preceito fundamental por meia decisão sem base legal ou por meio de
interpretação judicial.
Não cabe:
➢ Contra veto (ato político. Lembrar da ADPF de 2021);
➢ Contra PEC;
➢ Contra decisão transitada em julgado;
➢ Não pacífico: mas cabe contra ato revogado;
Exemplos de preceito fundamental
Na ADPF 405 MC/RJ, a Min. Rosa Weber afirmou que poderiam ser considerados preceitos fundamentais:
•a separação e independência entre os Poderes;
•o princípio da igualdade;
•o princípio federativo;

•a garantia de continuidade dos serviços públicos;


•os princípios e regras do sistema orçamentário (art. 167, VI e X, da CF/88)
•o regime de repartição de receitas tributárias (arts. 34, V e 158, III e IV; 159, §§ 3º e 4º; e 160 da CF/88;
•a garantia de pagamentos devidos pela Fazenda Pública em ordem cronológica de apresentação de precatórios (art.
100 da CF/88).

ADI- INTERVENTIVA
Parâmetro será os princípios sensíveis.
Pode ser contra conduta concreta/ ato normativo/ comissivo/ omissivo.
Via de regra, processo objetivo não tem sujeito passivo. NO caso da interventiva, há sujeito passivo. Trata-se de um
controle concentrado in concreto.

CONTROLE CONCENTRADO NO TJ/DF


O TJ pode exercer o controle abstrato de constitucionalidade de leis municipais utilizando como parâmetro a
constituição federal, desde que seja norma de reprodução obrigatória pelo estado.
Nesse caso, há possibilidade de recurso extraordinário: A decisão do STF nesse RE será vinculante e erga omnes.
➢ Normas de reprodução obrigatória/ Pré ordenação / absolvição compulsória:
➢ Normas de imitação: não são de reprodução obrigatória, mas pode ser repetida pelo estado.
➢ Normas remissivas: normas per relationem. Normas que não regulamentam de forma direta, remetendo a
regulamentação a outras normas.

JURIS IMPORTANTES SOBRE CONTROLE


Alteração do parâmetro, com ação em curso, não prejudica. Não adota a constitucionalidade superveniente.
É possível celebrar acordo em ADPF. Se houver um conflito intersubjetivo subjacente (implícito) que comporta solução
por meio da autocomposição. Efetividade a prestação jurisdicional.
Se houve alteração da lei impugnada, o autor da ADI deve aditar a PI demonstrando que o vício na nova lei persiste.
Conversão da MP em lei, antes que a ADI seja julgada, não perde o objeto.
Modelo introverso e Extroverso da legitimidade da ADI: Introverso ocorre quando apenas órgãos públicos possuem
legitimidade. Extroverso quando entidade de caráter privado também possuem legitimidade.
É possível converter o julgamento de cautelar de ADI em julgamento de mérito: existência de quórum para tanto e
elementos de instrução do processo. Segurança jurídica.
A análise da ADI é bifásica: primeiro analisa a declaração de inconstitucionalidade e depois sobre a modulação dos
efeitos.
Inconstitucionalidade por arrastamento horizontal e vertical: horizontal quando existe relação de dependência entre a
lei declarada inconstitucionais e as demais leis do mesmo sistema normativo conexa a ela. Vertical ocorre quando a
lei declarada inconstitucional arrasta outra lei conexa, mas com diferença de hierarquia (lei e decreto regulamentar da
lei).
A CE não pode prever, por inconstitucionalidade, que a declaração de constitucionalidade abstrata depende, para
gerar efeito erga omnes, de suspensão pela assembleia legislativa.
Controle de constitucionalidade concreto: ADI interventiva/ ADPF incidental. Controle concentrado no STF, mas que
partem de um caso concreto.
Princípio da adstrição: STF está atrelado ao objeto impugnado (exceção a inconstitucionalidade por arrastamento). No
que tange ao parâmetro, o STF não estão vinculado, tendo em vista que é causa de pedir aberta.
Inconstitucionalidade desvairada/ chapada/ enlouquecida: evidente, flagrante, manifesta, não havendo dúvidas sobre
o vício.
Inconstitucionalidade circunstancial: dentro de um caso específico.
CONTROLE DE CONVENCIONALIDADE: compatibilidade entre as normas ne direito e interno e as convenções sobre
direitos humanos ratificadas e em vigor no país. O parâmetro será o tratado internacional que verse sobre direitos
humanos ratificado pelo Brasil. Pode ser realizado por qualquer órgão jurisdicional. Suscitado como preliminar em um
caso concreto. Pode ser reconhecido de ofício. Efeito inter partes.
Para o controle concentrado, parte da doutrina entende ser necessário mudança no art.102 da CF para incluir o controle
de convencionalidade.
MATÉRIA ORÇAMENTÁRIA
➢ STF: inconstitucionalidade de normas que excluam a participação do Chefe do poder executivo em processo
legislativo envolvendo discussão sobre patamar mínimo de alocação de recursos → aumentar o investimento
em educação → sem participação do GOV → Viola o art, 165 e 167, separação de poderes e devido processo
legislativo orçamentário;

SENTENÇAS INTERMEDIÁRIAS
SENTENÇAS INTERMEDIÁRIAS: são decisões que relativizam o binômio “constitucionalidade /
inconstitucionalidade”.
Espécies de sentenças intermediárias: Sentenças normativas (manipulativas) X Sentenças transitivas ou
transnacional
Sentença normativa (manipulativa): criam normas jurídicas com efeito erga omnes.
Espécies:
➢ Sentença aditiva: a corte declara a inconstitucionalidade da lei, não pelo que expressa, mas pelo que omite.
Alarga-se, desta forma, o âmbito de incidência da lei. A norma era inconstitucional por insuficiência e passa a
ser constitucional pelo seu alargamento.
➢ Sentença substitutiva: o tribunal declara a inconstitucionalidade de parte da lei e a substitui por outra disciplina
legislativa mais apropriada com o texto constitucional.
➢ Sentença interpretativa: determinam a interpretação compatível com a constituição;
➢ Aditiva de princípios: (sentença de delegação). Sentenças que, diante da omissão legislativa, traçam um
princípio a ser introduzido fixando um prazo ao legislador.
Sentenças transitivas:
➢ Sentença de inconstitucionalidade sem efeito ablativo: (ablativo = retirar). Reconhece a inconstitucionalidade
da norma, mas não a retira do ordenamento, pois a retirada causaria mais danos que sua permanência.
(Declaração de inconstitucionalidade sem pronúncia de nulidade).
➢ Sentença de inconstitucionalidade com efeito ablativo diferida: Modulação dos efeitos
➢ Sentença de apelo: declaração de inconstitucionalidade de norma ainda constitucional. Constitucionalidade
provisória/ progressiva.
➢ Sentenças de aviso: sinalizam uma mudança de entendimento da corte no futuro. Prospective overruling.

CONTROLE DE NORMAS ORÇAMENTÁRIAS


Princípio da força normativa mínima dos orçamentos públicos.
➢ Vinculação Mínima do poder executivo ao orçamento anual como um todo: Segundo essa tese, caberia ao
Poder Executivo ao menos motivar o descumprimento da despesa prevista no orçamento aprovado
pelo Poder Legislativo, de forma a proporcionar o controle social dos atos do Poder Executivo na
execução orçamentária. Sendo assim, não seria permitido ao legislador ordinário traçar qualquer distinção,
quanto ao aspecto da vinculação, entre as normas oriundas de emendas parlamentares e aquelas
remanescentes do projeto encaminhado pelo Poder Executivo.
➢ As normas objeto da ação direta de inconstitucionalidade possuem natureza temporária, pois são destinadas
a elaboração da LOA de determinando exercício financeiro, estabelecendo diretrizes para atividade
administrativa e financeira do estado durante o exercício que se refere. 165,§2º. Art. 4º e 9 ºda lei 101/200.
➢ A lei orçamentária é ESPÉCIE NORMATIVA DE EFICÁCIA LIMITADA no tempo, que compreende o período
no momento em que é editada até o final do exercício financeiro subsequente, período em que o orçamento
elaborado sob sua orientação encontra-se em vigor.
➢ Por foça da simetria, as normas constitucionais orçamentárias aplica-se ao DF.
➢ Esse entendimento também é aplicado por esta Corte aos casos de perda de eficácia do ato impugnado em
razão do exaurimento do comando normativo nele contido, tal como ocorre no caso em análise: Exaurimento
da eficácia jurídico-normativa da lei impugnada. 5. Incabível ação direta de inconstitucionalidade contra lei que
já exauriu sua eficácia jurídico-normativa. Ação direta de inconstitucionalidade prejudicada”.
➢ Objeto do controle concentrado de constitucionalidade somente pode ser o ato estatal de conteúdo normativo,
em regime de plena vigência. A cessação superveniente da vigência da norma estatal impugnada em sede de
ação direta de inconstitucionalidade, enquanto fato jurídico que se revela apto a gerar a extinção do processo
de fiscalização abstrata, tanto pode decorrer da sua revogação pura e simples como do exaurimento de sua
eficácia, tal como sucede nas hipóteses de normas legais de caráter temporário”
➢ É possível a impugnação, em sede de controle abstrato de constitucionalidade, de leis orçamentárias.
Assim, é cabível a propositura de ADI contra lei orçamentária, lei de diretrizes orçamentárias e lei de abertura
de crédito extraordinário.
STF. Plenário. ADI 5449 MC-Referendo/RR, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 10/3/2016 (Info 817).
➢ A incompatibilidade entre os termos do dispositivo impugnado e os padrões da lei de responsabilidade fiscal
(Lei Federal Complementar 101/00) não se resume a uma crise de legalidade. Traduz, em verdade, um
problema de envergadura maior, a envolver a indevida apropriação de competências da União, em especial a
de conceber limites de despesas com pessoal ativo e inativo (art. 169, caput, da CF), controvérsia que
comporta solução na via da ação direta de inconstitucionalidade.

PODER LEGISLATIVO
As IMUNIDADES PARLAMENTARES surgem na Inglaterra como forma de conter a monarquia: liberdade de
palavra e liberdade contra prisão arbitrária. Ambas são extensíveis aos Deputados Estaduais, art. 27, §1º, CF. A ALE
pode rejeitar prisão preventiva e medidas cautelares impostas pelo judiciário → simetria art. 53, §2º c/c art. 27, §1º.
Medidas cautelares aos vereadores → não precisa submeter à câmara.
➢ Imunidade material: Desde CF/1824 (a imunidade civil só foi prevista na emenda de 2001). Natureza jurídica:
Divergência (exclusão de tipicidade/ exclusão de pena/ excludente do delito). Eficácia temporal absoluta.
➢ Imunidade Formal: quanto ao processo; quantos as prisões e medidas cautelares.
Prisão dos parlamentares em caso de trânsito em julgado da sentença penal. Embora não expressamente
previsto, estaríamos diante de uma anomalia institucional, em que a constituição não poderia ser aplicada contra ela
mesma.
Medidas cautelares impostas aos parlamentares: fundamento. Inafastabilidade do judiciário. As imunidades não
são absolutas. Outros membros dos poderes executivos e judiciário podem sofrer medidas cautelas, não havendo
razão para não se aplicar ao legislativo. → Todavia, conferiu interpretação conforme a constituição, para determinar
quer, se a medida cautelar importar direta ou indiretamente no exercício do mandato, deve ser submetida à
deliberação da casa em 24 horas.
FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO: o STF aplicou a técnica de redução teleológica ou técnica da
dissociação, que consiste em reduzir o campo de aplicação da norma para algumas hipóteses fáticas previstas
por ela, a fim de compatibilizar com o sistema.
➔ Marco para o fim do foro: final da instrução processual, despacho com intimação das alegações finais.
Em regra, as autoridades com foro por prerrogativa podem ser indiciadas, exceção:
➔ Magistrados;
➔ Membros do MP.
Nos demais casos, apesar ser possível o indiciamento, é indispensável autorização do tribunal competente para
indiciamento.

CPI IMPORTANTE!!!
➢ Podem afastar o sigilo bancário/ fiscal e de registros telefônicos de forma direta. Excetuadas as CPI
municipal que depende de autorização do judiciário (reserva de jurisdição). Princípio da colegialidade
para afastar o sigilo;
➢ O investigado pode se recusar a comparecer na sessão da CPI na qual seria ouvido? 1ª corrente: SIM.
É facultativo. Se decidir comparecer, ele terá direito: a) ao silêncio; b) à assistência de advogado; c) de não
prestar compromisso de dizer a verdade; d) de não sofrer constrangimentos. A CPI não pode determinar a sua
condução coercitiva. 2ª corrente: NÃO. O comparecimento do investigado perante a CPI para ser ouvido é
compulsório. Mas terá os mesmos direitos supramencionados. Caso o investigado não compareça, a CPI
poderia determinar a sua condução coercitiva. Como a teses empataram, prevalece a decisão mais favorável
ao paciente. Assim, concedeu a ordem de habeas corpus para transformar a compulsoriedade de
comparecimento em facultatividade.

Reserva de jurisdição:
Expedir mandado de prisão;
Mandado de busca e apreensão;

Interferência do Judiciário em procedimentos legislativos → STF: a) para assegurar o cumprimento da


Constituição Federal; b) para proteger direitos fundamentais; ou c) para resguardar os pressupostos de funcionamento
da democracia e das instituições republicanas. Questões estritamente políticas: autocontenção!
Limites formais e materiais da CPI:
➢ Formais: fato determinado/ quórum /prazo certo. Se preenchido tem que permitir, direito público subjetivo da
minoria. Sua criação configura prerrogativa político-jurídica das minorias parlamentares → direito de oposição
e fiscalização garantidos pela CF; Cláusula do Estado democrático de direito; Pesos e contrapesos.
➢ Materiais: separação dos poderes/ estado democrático/ reserva constitucional de jurisdição/ direitos e
garantias fundamentais. NÃO SE ADMITE CPI SOBRE MATÉRIAS PERTINENTES A: a) câmara dos
Deputados; b) atribuições do poder judiciário; c) Estados (Regimento Interno do Senado);
➢ Respeitar o postulado da colegialidade;

PROCESSO LEGISLATIVO
PRINCÍPIO DA SIMETRIA: as regras de processo legislativo prevista na CF/88 são de reprodução obrigatórias nos
estados/ DF/ Municípios.
CONTROLE PREVENTIVO DE CONSTITUCIONALIDADE PELO JUDICIÁRIO: MS impetrado por congressistas para
garantir o direito líquido e certo ao devido processo legislativo. O encerramento do processo legislativo (lei em vigor),
prejudica o MS. ATENÇÃO: Esse controle de for emenda parlamentar pode analisar material (se ofende cláusula
pétrea) e formal (se observa o devido processo legislativo; se for de projeto de lei analisa apenas a submissão ao
devido processo legislativo;

Fase introdutória/ fase constitutiva/ fase complementar (promulgação).

EMENDAS CONSTITUCIONAIS
➢ Limites materiais, circunstanciais, formais.
➢ Não existe iniciativa privativa (reservada) para a propositura de emendas à Constituição Federal. OBS: Na
constituição estadual existe! Não pode tratar nem por emenda de matéria de iniciativa privativa! STF.

MEDIDAS PROVISÓRIAS:
➢ Relevância e urgência são conceitos jurídicos indeterminados, que estão dentro da discricionariedade
administrativa do presidente. O STF entende que, de forma excepcional, poderá controlar esses requisitos
quando a ausência dos pressupostos for evidente, a fim de evitar abuso de poder, sem violar a separação
dos poderes.
➢ Não há sanção ou veto, salvo se houver modificação no texto original.
➢ Antes da emenda de 32/01, era possível a reedição de MP não apreciadas pelo CN.
➢ Interpretação conforme a constituição, no que tange ao regime de urgência, para que o sobrestamento
atingisse apenas matérias passíveis de regramento por medida provisória. Excluindo, então: emenda à CF/
complementar/ decreto legislativo/ resolução/ leis ordinárias de matérias vedadas a MP.
➢ CONTRABANDO LEGISLATIVO: emendas da MP de matérias estranhas àquela tratada pela MP. Falta de
pertinência temática. Houve modulação dos efeitos pelo STF.
➢ Análise pela comissão mista que não estava sendo seguido pelo CN, por meio de “direito costumeiro
inconstitucional”. Houve modulação dos efeitos da decisão. Precisa passar por essa comissão mista! Emissão
de parecer é etapa obrigatória no processo constitucional de conversão dessa espécie normativa em lei
ordinária.
➢ Rejeição expressa: não alcança o quórum para a sua aprovação;
➢ Rejeição tácita: não apreciada no prazo de 60+60.
➢ Efeito da rejeição da MP: A MP rejeitada perde eficácia desde a edição (ex tunc- retroativos). Se não houver
regulamentação, por meio de decreto legislativo, parte da doutrina entende que os efeitos se modificam,
deixam de ser ex tunc e passam a ser ex nunc. Segunda corrente: o efeito é o mesmo (ex tunc), o que ocorrerá
é que os atos praticados com base na MP continuarão por ela sendo regidos.
➢ O que acontece se uma lei objeto de ADI é revogada por medida provisória, a ADI perde o objeto? NÃO!
Somente se a MP for convertida em lei. Eficácia suspensiva da MP.

Controle de constitucionalidade sobre medidas provisórias?


➢ O STF entende que haverá controle de constitucionalidade sobre medidas provisórias porque trata-se de
espécie normativa, com força de lei, capaz de vincular condutas.
➢ No que tange a inconstitucionalidade material, haverá uma análise do conteúdo da MP frente a CF/88.
➢ No que tange a constitucionalidade formal, o STF admite apenas excepcionalmente: a
inconstitucionalidade formal diz respeito a relevância e urgência, que poderá ser apreciado em caso de desvio
de finalidade/ abuso do poder de legislar.
➢ O STF entendeu, ainda, que em caso de vício formal a conversão em lei não convalidará o vício.
➢ O presidente não pode retirar de apreciação MP já editada e em vigor. Todavia, poderá editar uma MP ab-
rogadora (para extirpar a MP já editada). A MP 2 que será agora analisada suspende a MP anterior. Se a MP2
for aprovada, a MP1 é extirpada. Se a MP2 for rejeitada, a MP paralisada volta a viger e será apreciada pelo
congresso.
➢ MP não revoga lei, apenas suspende.
➢ MP nos estados membros: previsão na CE, com respeito as normas da CR/88.

STF: A proteção ao meio ambiente é um limite material implícito a edição de MP, ainda que não conste
expressamente no art.62. Só é possível para abarcar normas favoráveis. Apenas por meio de lei formal com amplo
debate parlamentar e participação da sociedade civil. Proibição do retrocesso socioambiental. Afetação do núcleo
essencial do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.

MINISTÉRIO PÚBLICO
É cláusula Pétrea? Pode ser objeto de reforma? Pode suprimir garantias?
Cláusula pétrea implícita. Parte integrante da identidade básica da constituição. De forma geral, a doutrina reconhece
que estão dispersas no texto constitucional. Princípios fundamentais/ titularidade do poder constituinte originário- povo/
parágrafos que tratam sobre os requisitos do processo legislativo. / Vedação a Dupla revisão ou dupla reforma/ forma
republicana de governo. Sistema presidencialista (divergência, parte da doutrina entende que é possível adotar o
parlamentarismo, em caso plebiscito).
E o MP? Fundamentos:
➢ Natureza jurídica do MP: somente com a cf/88 ganhou status fora dos outros poderes. Capítulo diverso.
Barroso entente que o MP é um quarto poder (mas é minoritário). Trata-se de verdadeiro garantista da
sociedade. Não está atrelado a nenhum dos poderes.
➢ Conforme gregório Assagra, o MP é uma instituição permanente, se é permanente é insuscetível de supressão
com reforma constitucional.
➢ Ademais, a CF define que o MP é responsável pela defesa da ordem jurídica e do regime democrático (cláusula
pétrea por excelência);
➢ Instituição garantia: garante os direitos individuais.
➢ Ele é cláusula pétrea implícita apenas enquanto instituição formal ou também do ponto de vista das suas
garantias;
➢ Essas garantias e prerrogativas são garantias que auxiliam a atuação independente do órgão.
Representaria, na essência, a supressão do MP no aspecto material.
Evolução do MP:
➢ As raízes remotas do MP podem ser tidas com o funcionário real do Egito, com função de castigar os rebeldes
e proteger os pacíficos.
➢ Todavia, foi com a França que o MP foi instucionalizado em 1302. Em 1690 os membros do parquet passaram
a ter vitaliciedade. Outros autores defendem que o MP só passou a ter o perfil como o atual, com a revolução
francesa.
No brasil: primeiros traços do MP brasileiro advêm do direito lusitano antigo. Ordenações afonsinas e manoelinas e
filipinas.
➢ 1824: Não houve menção ao MP. Surgiu com o Código criminal de 1832, eram livremente escolhidos e
demitidos.
➢ 1891: Refere-se apenas a figura do PGR que era designado dentro os ministros do STF
➢ 1934: O MP foi institucionalizado como órgão de cooperação das atividades governamentais. PGR era
livremente escolhido pelo PR com aprovação do senado. Havia estabilidade dos membros, e o ingresso era
por concurso.
➢ 1937: Apenas menção ao PGR.
➢ 1946: faz referência expresa ao Ministério Público em título próprio (artigos 125 a 128) sem vinculação aos
poderes.
➢ 1967: realocou o MP dentro da estrutura do poder judiciário.
➢ 69: Voltou com o MP para dentro do poder executivo.
➢ 1988: Fora da estrutura dos demais poderes.
PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS: UNIDADE/ INDIVISIBILIDADE/ INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL.
 Unidade: um só chefe, como instituição única, divisão apenas funcional;
 Indivisibilidade: substituição entre os membros.
 Independência funcional: na função fim, os membros não se submetem a hierarquia, podendo agir
conforme a consciência dentro dos parâmetros da constituição. A hierarquia é administrativa.
GARANTIAS INSTITUCIONAIS: AUTONOMIA FUNCIONAL/ AUTONOMIA ADMINISTRATIVA E AUTONOMIA
FINANCEIRA.

DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS


ESTADO DE COISAS INCONSTITUCIONAL: Sistema prisional- ADPF 347-STF / a corte declara que um “estado de
coisas” é inconstitucional, devido a atos comissivos e omissivos praticados pelas instituições públicas que provoca um
quadro insuportável de violação massiva e generalizada dos direitos fundamentais. Sendo que apenas a
transformação estruturada do poder público pode combater a inconstitucionalidade reconhecida → A corte terá o papel
de coordenar e intervir na formulação de políticas públicas, alocação de recursos públicos e estabelecer medidas
concretas para superação desse estado inconstitucional. LITÍGIO ESTRUTURAL, com execução complexa.
ATIVISMO JUDICIAL ESTRUTURAL. DIÁLOGO INSTITUCIONAL.
______________________________________________________________________________________
CARACTERÍSTICAS DOS DF:
➢ Universalidade: Igualdade. Sem discriminação.
➢ Historicidade.
➢ Relatividade/limitabilidade: salvo direito de não ser torturado e de não ser escravizado (parte da doutrina
entende como absolutos) - TEORIA INTERNA (são limitados independentemente da existência de outro
direito. Imanente). TEORIA EXTERNA (são limitados quando comparados a outros direitos);
➢ Imprescritibilidade. Exceção: direito da propriedade, como direito fundamental, prescreve.
➢ Inalienabilidade;
➢ Irrenunciável;
➢ PROIBIÇÃO DO RETROCESSO - EFEITO CLIQUET: impedem a revogação de normas que garantem o
direito fundamental ou de políticas públicas que o enfraquece.
______________________________________________________________________________________
DIMENSÕES/GERAÇÕES:
➢ PRIMEIRA: DIREITOS NEGATIVOS. Direitos de resistência. Estado autoritário para o estado de direito;
➢ SEGUNDA: DIREITOS DE IGUALDADE. Com demanda positiva do Estado. Estado de bem-estar social.
Revolução industrial;
➢ TERCEIRA: FRATERNIDADE. Direitos de titularidade difusa ou coletiva;
➢ QUARTA: DIREITOS DE GLOBALIZAÇÃO E UNIVERSALIZAÇÃO. Democracia direta, pluralismo,
informação. Biotecnologia;
➢ QUINTA: PAZ (BONAVIDES);
➢ SEXTA: DIREITO À ÁGUA POTÁVEL;
______________________________________________________________________________________
QUATRO STATUS DE JELLINEK: FUNÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS.
➔ STATUS PASSIVO: SUJEIÇÃO DO INDIVÍDUO FRENTE AO ESTADO (ordens e proibições).
➔ STATUS ATIVO: PARTICIPAÇÃO POLÍTICA. Participação na vontade política estatal.
➔ STATUS NEGATIVO: EXIGE ABSTENÇÃO DO ESTADO. Direitos negativos.
➔ STATUS POSITIVO: EXIGE UMA POSTURA ATIVA DO ESTADO. Direito a prestações.
_____________________________________________________________________________________
DIMENSÃO SUBJETIVA E OBJETIVA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS:
➢ DIMENSÃO SUBJETIVA: os direitos fundamentais outorgam aos seus titulares direitos subjetivos de
serem exercidos em face do estado ou de particular ofensor.
➢ DIMENSÃO OBJETIVA: são a base do estado democrático de direito. Com EFICÁCIA IRRADIANTE para
todo o ordenamento jurídico. DEVERES DE PROTEÇÃO DO ESTADO (incumbe aos órgãos estatais
assegurar níveis suficientes de proteção → dupla vertente: vedação de omissões e proibição de uma proteção
ineficiente. Filtro dos direitos fundamentais. Combate a proteção deficiente. (marco histórico com a
decisão da corte constitucional da Alemanha no caso Luth). FUNÇÃO ORGANIZATÓRIA E
PROCEDIEMNTAL → eficácia se irradia sobre as normas procedimentais de modo que sejam interpretadas
e aplicadas de forma a auxiliar na efetivação da proteção dos direitos fundamentais, implica ainda que os
direitos fundamentais dependem da criação pelo Estado de órgãos e estruturas incumbidos da tutela e
promoção de tais direitos;
_____________________________________________________________________________________
EFICÁCIA HORIZONTAL
➢ EFICÁCIA INDIRETA OU MEDIATA: para ser aplicado entre particulares, precisa da intermediação do
legislador.
➢ EFICÁCIA DIRETA OU IMEDIATA: Podem ser aplicados sem intermediação legislativa para sua
concretização.

EFICÁCIA DIAGONAL: é a aplicação dos direitos fundamentais entre particulares, em relações caracterizadas pelo
desequilíbrio entre as partes (assimetria substancial). Consumidor. Trabalho.
______________________________________________________________________________________
LIMITES DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS: IMPORTANTE!
Restrição imediata: limitado pela constituição
Restrição mediata: limitada pelo legislador ordinário.
➢ TEORIA INTERNA: Não há possibilidade de restringir direitos fundamentais, porque qualquer limitação ocorre
“dentro” do próprio direito, não havendo limitações externas. Teoria dos limites imanentes.
➢ TEORIA EXTERNA: há possibilidade de limitações externas ao direito individual. Critério da
proporcionalidade. Essa restrição deve ser limitada: “teoria limite dos limites”: proteção do núcleo
essencial do direito fundamental. Caiu no simulado do Themas!

Apenas lei formal pode limitar direito fundamental → Norma geral e abstrata (veda-se limitações casuísticas);
Núcleo essencial e princípio da proporcionalidade → o núcleo essencial é parcela do conteúdo do direito
fundamental sem o qual perde sua eficácia mínima. Proibição da proteção deficiente.
RESERVA DO POSSÍVEL E POLÍTICAS PÚBLICAS → REGRA: não pode ser oposta à efetivação de direitos
fundamentais → Democracia é, além da vontade da maioria, a realização dos direitos fundamentais. Direito a
acessibilidade enquadra-se no mínimo existencial;
➢ Vaga em creche → Município (art. 208, IV, CF e 211, §2º, CF).
______________________________________________________________________________________
DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA: qualidade intrínseca ao ser humano que o garante condições materiais
mínimas de sobrevivência e o protege de todo e qualquer tratamento degradante e discriminatório. Kant - o homem
como um fim em si mesmo.
É um SOBREPRINCÍPIO (meta-princípio) que irradia valores e vetores para todos os demais diretos fundamentais.
• AUTONOMIA DA VONTADE: elemento ético da dignidade da pessoa humana, possibilidade de o indivíduo
fazer escolhas existências (autodeterminação).

DIREITO AO MÍNIMO EXISTENCIAL. DIREITO AO RECONHECIMENTO → Dignidade como reconhecimento.


• IGUALDADE DE GÊNERO: Convenção sobre eliminação de todas as formas de discriminação contra a
mulher. Lei Maria da Penha. Incorporação da cirurgia de transgenitalização ao SUS.
VER a ADI da transfusão de sangue dos homossexuais!
___________________________________________________________________________________
DIREITO À VIDA
Direito de estar vivo e direito à vida digna.
 ADPF 54 - FETO ANENCÉFALO: liberdade da mulher. Sofrimento psicológico. Autodeterminação. Direito à
saúde, direito sexuais e reprodutivos da mulher. Interpretação conforme a constituição. Interrupção terapêutica
do parto. Princípio da proporcionalidade. “cárcere privado em seu próprio corpo”.
 ADI 3510 – CÉLULAS TRONCO EMBRIONÁRIA:
 HC 124,306 INTERRUPÇÃO VOLUNTÁRIA DA GESTAÇÃO NO PRIMEIRO TRISMESTRE:
Conceito de vida adotado no Brasil → morte encefálica (Lei de transplantes).

Distanásia /Eutanásia/Ortotanásia:
DISTANÁSIA EUTANÁSIA ORTOTANÁSIA
Morte lenta e com sofrimento, Eutanásia ativa - indireta: Eutanásia passiva: morte no
diante do uso de tratamento que abreviação da vida de doentes em tempo adequado não combatida
prolonga a vida em pacientes estado terminal para fins de por métodos extraordinário e
terminais. Excesso de medidas diminuição de sua dor. Crime de desproporcionais como na
terapêuticas. Respeito à vontade homicídio privilegiado no CP. distanásia.
do paciente.

______________________________________________________________________________________
PRINCÍPIO DA ISONOMIA
1ª fase: IGUALDADE FORMAL. Igualde perante a lei. não pode haver privilégios e tratamentos discriminatórios.
Igualdade perante lei → comando ao aplicador do direito (juiz e adm.). Igualdade na lei → comando ao legislador.
Art. 5º
2º fase: IGUALDADE MATERIAL. Redistribuição de riqueza e poder e, em última análise, por justiça social. Mais do
que a igualdade perante a lei, deve-se assegurar algum grau de igualdade perante a vida. art. 3º, I e III, da CF/88
3º fase: IGUALDADE COMO RECONHECIMENTO. respeito que se deve ter para com as minorias, sua identidade e
suas diferenças, sejam raciais, religiosas, sexuais ou quaisquer outras. Injustiça cultural ou simbólica. art. 3º, IV, da
CF/88
AÇÕES AFIRMATIVAS: são medidas especiais e concretas que asseguram o desenvolvimento e proteção de
determinados grupos, a fim de garantir a igualdade material, visando o pleno exercício da dignidade da pessoa
humana e dos direitos fundamentais. Correção de distorções históricas. OBS: Art. 1º, VI, do Estatuto da igualdade
Racial.
A igualdade é perseguida, por meio de ações ativas do estado, que promove políticas públicas e iniciativas
concretas em favor do grupo desfavorecido.
PRECEDENTES MARCANTES
 COTAS RACIAIS – ADPF 186 e ADC 41 → igualdade na dimensão material e como reconhecimento.-→
justiça distributiva → não precisa de lei formal (art. 51 da LDB)
 PROUNI
 LEI MARIA DA PENHA
Instrumentos para promoção de igualdade material:
Políticas de cunho universalista Políticas de ações afirmativas
Destinadas a número indeterminado de indivíduos. Destinadas a atingir grupos sociais determinados,
Ex: melhoria do ensino universal gratuito. por meio da atribuição de certas vantagens, por
tempo limitado, para permitir a suplantação de
desigualdades ocasionadas por situações
históricas particulares.
Ex: cotas raciais em universidades.

TEORIA DO IMPACTO DESPROPORCIONAL: ocorre em casos que as violações à igualdade não são flagrantes.
A norma é abstrata e geral e, no plano normativo, reproduz o princípio da igualdade. Contudo, quando aplicada,
desfavorece sistematicamente uma minoria estigmatizada. Analisa-se o efeito concreto dos atos que, em princípio,
seriam neutros.
______________________________________________________________________________________
ACESSO À JUSTIÇA
Ondas de acesso à justiça – Capelletti e Garth
➢ PRIMEIRA ONDA: acesso das pessoas economicamente desfavorecidas ao judiciário. Justiça gratuita/
defensoria pública.
➢ SEGUNDA ONDA: proteção aos direitos supraindividuais. Meio ambiente. Processo coletivo, enxerga
necessidade de buscar a proteção de direitos coletivamente;
➢ TERCEIRA ONDA: Efetividade. Meios extrajudiciais de resolução de conflito. Multiportas. Arbitragem.
Conciliação. Mediação.
______________________________________________________________________________________
CULTURA DO ESTUPRO X PATRIARCADO X FEMINISMO:
Patriarcado é o sistema sociopolítico em que o gênero masculino e a heterossexualidade têm supremacia sobre o
gênero feminino e sobre outras orientações sexuais.
O Feminismo e o movimento social que busca igualdade política, social e jurídica entre homens e mulheres.
A cultura do estupro é aceitação como natural da violência sexual contra a mulheres que, por meio do discurso
patriarcal e sexista, em processo de objetificação do corpo feminino, justifica a conduta do agressor e culpa a vítima.
______________________________________________________________________________________
LIBERDADE DA MANIFESTAÇÃO DO PENSAMENTO (art. 5, IV e V)
Assegura-se a liberdade de expressão → se provoca dano material, moral ou à imagem → direito de resposta +
indenização.
➢ DISCURSO DE ÓDIO → abrange? NÃO. Discurso de ódio x proselitismo religioso;
➢ Tatuagem x Concursos públicos → regra é a não proibição, a menos que o conteúdo vá de encontro a
valores constitucionais;
➢ Lei municipal que proíbe material IDEOLOGIA DE GÊNERO → Viola a liberdade de aprender, ensinar,
pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber (art. 206, II, CF/88); pluralismo de ideias e de concepções
pedagógicas (art. 206, III); contraria ainda um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil,
que é a promoção do bem de todos sem preconceitos (art. 3º, IV, CF/88); não cumpre com o dever estatal de
promover políticas de inclusão e de igualdade, contribuindo para a manutenção da discriminação com base
na orientação sexual e identidade de gênero.
DIREIRO DE RESPOSTA x PUBLICAÇÃO DA SENTENÇA → São diversos!
Direito de Resposta Publicação da sentença
disciplinado pela Lei nº 13.188/2015, tem contornos é instituto diverso. Nessa, não se objetiva assegurar
específicos, constituindo um direito conferido ao à parte o direito de divulgar a sua versão dos fatos,
ofendido de esclarecer, de mão própria, no mesmo mas, em vez disso, dá-se ao público o conhecimento
veículo de imprensa, os fatos divulgados a seu da existência e do teor de uma decisão judicial a
respeito na reportagem questionada, apresentando respeito da questão.
a sua versão da notícia ao público.
OBS: o exercício de tal pretensão em juízo, afigura-
se necessária e imprescindível a instauração de
procedimento extrajudicial/administrativo prévio, no
prazo decadencial de 60 dias, nos termos do art. 3º

 Porta dos Fundos → é mera crítica e sátira → acesso é voluntário e controlado pelo usuário →
classificação indicativa cumprida; → proibição de censura numa sociedade democrática e pluralista;
______________________________________________________________________________________
LIBERDADE DE CONSCIENCIA, CRENÇA E CULTO
 Ensino religioso nas escolas → pode! Matricula facultativa e qualquer religião.
 Feriados religiosos → cultural;
 Casamento perante autoridades religiosas
 Transfusão de sangue e testemunhas de Jeová: BARROSO → Dignidade como autonomia (regra);
Dignidade como heteronomia (estado intervindo para proteger o indivíduo) → o primeiro prevalece,
mas será preciso: a) sujeito; b) consentimento livre e informado;
 Curandeirismo → é crime;
 Crucifixo em repartições públicas
 Imunidade religiosa → não abrange a maçonaria! É uma filosofia;
 Guarda sabática
 Sacrifício de animais em cultos de religiões de matriz africana → Conflito com normas ambientais e de
proteção aos animais; prevalece a liberdade de culto + patrimônio cultural imaterial.
 Restrições de atividades religiosas COVID-19 → Estados e Municípios podem!

DIREITO À EDUCAÇÃO (art. 6º, caput + 205, CF)


 Verbas do FUNDEB para combate a pandemia → NÃO PODE! ADI 6490 → possuem destinação vinculada
a finalidades específicas, todas voltadas exclusivamente à área educacional;
 ADPF 706 → É inconstitucional decisão judicial que, sem considerar as circunstâncias fáticas efetivamente
demonstradas, deixa de sopesar os reais efeitos da pandemia em ambas as partes contratuais, e determina a
concessão de descontos lineares em mensalidades de cursos prestados por instituições de ensino superior
→ Ofende a livre iniciativa e isonomia;
 DESPESAS DESTINADAS A MANUTENÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO ENSINO (art. 70 e 71 da LDBE)
→ encargos previdenciários de inativos NÃO podem ser considerados para fins do 212 da CF →
inconstitucional lei estadual que preveja isso. ADI 5719;
DIREITO À SAÚDE (Art. 6º + 194 + 196 CF)
 É possível obrigar o Estado a fornecer MEDICAMENTO OFF LABEL? REGRA: NÃO! Excepcionalmente,
será possível se uso fora da bula (off label) tenha sido autorizado pela ANVISA. (art. 19-T, da Lei 8.080/90 +
art. 21, Decreto 8.077/2013); ATENÇÃO: Saúde suplementar: em regra, o plano de saúde não pode negar
tratamento prescrito pelo médico, mesmo sendo off label.
 O Poder Judiciário pode determinar que o Poder Público forneça REMÉDIOS QUE NÃO ESTÃO
PREVISTOS NA LISTA DO SUS? SIM → REQUISITOS: a) Comprovação, por meio de laudo médico
fundamentado e circunstanciado expedido por médico que assiste o paciente, da imprescindibilidade ou
necessidade do medicamento, assim como da ineficácia, para o tratamento da moléstia, dos fármacos
fornecidos pelo SUS; b) incapacidade financeira de arcar com o custo do medicamento prescrito; c)
existência de registro do medicamento na ANVISA, observados os usos autorizados pela agência.
 Ressarcimento a hospital particular que atende paciente do SUS por decisão judicial → Tabela da ANS;
 E no caso de remédio que não POSSUI REGISTRO na ANVISA, o poder judiciário pode determinar seu
fornecimento? SIM → REQUISITOS: a) o medicamento é imprescindível para o tratamento; não é possível
a sua substituição por outro similar constante das listas oficiais de dispensação e dos protocolos de intervenção
terapêutica do SUS (Tema 1161) além dos fixados no TEMA 500:
1. O Estado não pode ser obrigado a fornecer medicamentos experimentais.
2. A ausência de registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) impede, como regra
geral, o fornecimento de medicamento por decisão judicial.
3. É possível, EXCEPCIONALMENTE, a concessão judicial de medicamento sem registro
sanitário, em caso de MORA IRRAZOÁVEL DA ANVISA EM APRECIAR O PEDIDO (prazo superior
ao previsto na Lei 13.411/2016), quando preenchidos três requisitos:
a) a existência de pedido de registro do medicamento no Brasil (salvo no caso de medicamentos
órfãos para doenças raras e ultrarraras);
b) a existência de registro do medicamento em renomadas agências de regulação no exterior;
c) a inexistência de substituto terapêutico com registro no Brasil.
4. As ações que demandem fornecimento de medicamentos sem registro na Anvisa deverão
necessariamente ser propostas em face da União.
 RG Tema 818:APLICAÇÃO DE RECURSOS MÍNIMOS NA ÁREA DA SAÚDE (art. 198, §2º, III, CF) → a
exigência decorre diretamente da CF → pode ser exigida do Município pelo juiz e pode usar meios coercitivos
típicos para cumprir a decisão.
 Requisição administrativa de seringas e agulhas → União vc Municípios e Estados → Não pode!
Interferência indevida na autonomia um do outro.
 VACINAÇÃO COMPULSÓRIA x VACINAÇÃO FORÇADA → vacinação compulsória não significa vacinação
forçada, por exigir sempre o consentimento do usuário, podendo, contudo, ser implementada por meio de
medidas indiretas, as quais compreendem, dentre outras, a restrição ao exercício de certas atividades ou à
frequência de determinados lugares, desde que previstas em lei.
 Os pais não podem recusar a vacinação dos filhos → incluído no programa nacional de imunização →
determinação pela U/E/D/M com base em consenso médico-científico. → Não se caracteriza violação à
liberdade de consciência e de convicção filosófica dos pais ou responsáveis, nem tampouco ao poder familiar
FUNDAMENTOS: VACINAÇÃO DOS FILHOS – REPERCUSSÃO GERAL – TEMA 1103
a) o Estado pode, em situações excepcionais, proteger as pessoas mesmo contra a sua vontade (DIGNIDADE COMO
VALOR COMUNITÁRIO);
b) a vacinação é importante para a proteção de toda a sociedade, não sendo legítimas escolhas individuais que afetem
gravemente direitos de terceiros (NECESSIDADE DE IMUNIZAÇÃO COLETIVA); e
c) o poder familiar não autoriza que os pais, invocando convicção filosófica, coloquem em risco a saúde dos filhos
(MELHOR INTERESSE DA CRIANÇA).
DIREITO À INFORMAÇÃO/CERTIDÃO
 certidões requeridas ao Poder Judiciário que forem voltadas para a defesa de direitos ou o esclarecimento de
situação de interesse pessoal → IMUNIDADE TRIBUTÁRIA → se dor para o próprio requerente presume a
finalidade → interesse indireto ou de terceiro tem que comprovar a finalidade.
DIREITOS POLÍTICOS
 O instituto da “candidatura nata” é incompatível com a Constituição Federal de 1988, tanto por violar a isonomia
entre os postulantes a cargos eletivos como, sobretudo, por atingir a autonomia partidária (art. 5º, “caput”, e
art. 17 da CF/88). Indivíduo que já ocupa cargo eletivo não tem direito subjetivo de ser escolhido pelo partido
como candidato a reeleição.

SIGILO DE DADOS
 REQUISIÇÃO DE INFORMAÇÕES BANCÁRIAS PELO MP → Titularidade pública → PODE! → interesse
da sociedade → poderes do MP 129, VIII, CF → compreende o acesso aos registros das operações
sucessivas, ainda que envolva particulares.
 FISCO → quebra de sigilo → art. 6º da LC 105/2011 → transferência de sigilo →
DIREITO DE PROPRIEDADE
 Impenhorabilidade de imóvel rural → seja enquadrado como pequena propriedade rural, nos termos definidos
pela lei; seja trabalhado pela família
DIREITOS RELACIONADOS ÀS PENAS
 É inconstitucional lei estadual que proíba que a Administração Pública contrate empresa cujo diretor, gerente
ou empregado tenha sido condenado por crime ou contravenção relacionados com a prática de atos
discriminatórios → viola os princípios da intransmissibilidade da pena, da responsabilidade pessoal e
do devido processo legal.
 Condenação transitada → não pode ser vigilante! OBS: se for inquéritos e ações penais em curso pode!
 Suspensão de direitos políticos do art. 15, III, CF → Aplica para condenados a PPL e PRD;

DIREITO PENAL
SISTEMAS PENAIS
SISTEMA CLÁSSICO: LISZT, BELING, HADBRUSH. (SISTEMA LISZT-BELING).
➢ Regras das ciências naturais.
➢ Influência do positivismo filosófico de Comte que defende a superioridade do pensamento científico.
➢ Método de investigação próprio das ciências naturais, trazendo conceito causal naturalístico → movimento
corporal que muda a realidade exterior.
➢ Dolo e culpa compõe a culpabilidade (elementos internos)
➢ Ação e antijuridicidade compõe os elementos externos.
➢ Teoria Psicológica da culpabilidade. Elementos psicológicos analisados na culpabilidade.
➢ Teoria do tipo avalorado: Beling concebeu a teoria de um tipo avalorado, puramente descritivo, sem
elementos valorativos do tipo.
➢ O injusto era objetivo e formal.
➢ CRÍTICA: não diferencia conduta dolosa da culposa, pois são analisadas objetivamente. Não explica os crimes
omissivos próprios, os formais e de mera conduta, pois, exige a modificação do mundo exterior.
SISTEMA NEOCLÁSSICO – NEOKANTISTA: MEZGER.
➢ O positivismo passa a ser criticado, e começa a sobressair as “ciências do espírito”.
➢ Dois movimentos filosóficos: 1- historicismo: que diferencia as ciências naturais das ciências do espírito de
acordo com objeto e 2- neokantismo: também faz a diferenciação, mas de acordo com o método.
➢ Escola de baden: RADBRUCH – rompimento com o positivismo naturalista. Os conceitos, em penal, foram
preenchidos referencias VALORATIVAS, e a culpabilidade passa a ser encarada sob a perspectiva da
censurabilidade, reprovabilidade, JUÍZO NORMATIVO DA VALORAÇÃO.
➢ Ao lado das ciências naturais, existem as ciências espirituais ou culturais.
➢ Teoria Psicológica-normativa da culpabilidade: Mayer. Dolo e culpa na culpabilidade. DOLO NORMATIVO
→ com a consciência da ilicitude.
➢ Substituição do método que utilizava a observação e a descrição, pelo baseado na compreensão e valoração;
➢ NÃO HÁ ROMPIMENTO COM O CAUSALISMO.
➢ A culpabilidade é acrescida de: IMPUTABILIDADE E EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA.

SISTEMA FINALISTA: WELZEL EM 1930 COM A OBRA “CAUSALIDADE E AÇÃO”


➢ Deslocamento do elemento psicológico para dentro da ação humana penalmente relevante, elemento que se
encontra dentro do fato típico.
➢ Toda ação humana é destinada a uma finalidade que poderia ser ilícita (dolo) ou lícita, mas perpetrada
mediante a ausência de observância de um dever objetivo de cuidado (culpa).
➢ TEORIA NORMATIVA DA CULPABILIDADE. O elemento psicológico passa a integrar o fato típico.
Ademais, a (potencial) consciência da ilicitude, que estava no dolo, passa a ser elemento autônoma da
culpabilidade. (DOLO NATURAL → sem necessidade de verificar consciência de ilicitude que será analisada
na culpabilidade).
➢ A culpabilidade passa a ser composta apenas por elementos normativos: imputabilidade, potencial consciência
da ilicitude, exigibilidade de conduta diversa.
➢ Adotada por Luiz Flávio Gomes
➢ Adotada na reforma de 1984 do Código Penal.
➢ Conduta: comportamento humano consciente dirigido a um fim.
➢ CRÍTICA: crimes culposos, pois não há finalidade da ação ao resultado naturalístico involuntário. Para rebater
a crítica, welzel cria a teoria cibernética. Que leva em conta o controle da vontade, que está presente tanto
nos crimes culposos, como nos dolosos.

SISTEMA FUNCIONALISTA: ROXIN. JAKOBS.


➢ Existem teorias funcionalistas, não há apenas um funcionalismo. O ponto em comum entre eles: rejeição à
construção do direito penal a partir de dados ontológicos (ação, causalidade, estrutura) devendo-se
guiar pelas finalidades do direito penal.
➢ Funcionalismo orientado para fins de política criminal (roxin) e funcionalismo sistêmico de jokobs.

FUNCIONALISMO ORIENTADO PARA FINS DE POLÍTICA CRIMINAL (ROXIN) ESCOLA DE MUNIQUE


➢ A dogmática penal deve ser orientada pela política-criminal.
➢ A função do direito penal reside na tutela subsidiária dos bens jurídicos, ou seja, tutela apenas os bens
jurídicos imprescindíveis à convivência pacífica entre os homens. Não admitindo, desta forma, a punição de
condutas meramente imorais ou que não ultrapassem a esfera do próprio agente.
➢ A teoria do bem jurídico confirma que a limitação do poder punitivo do estado não pode ser apenas formal,
consubstanciado na elaboração de uma lei. As limitações impostas pelo princípio da legalidade, apesar de ser
fundamental, é insuficiente. É necessário haver LIMITES MATERIAIS a atuação do legislador.
➢ Roxin rechaça a função retributiva da pena, aceitando sua função de prevenção especial e geral.
➢ Roxin entende que a estrutura do crime seria: tipicidade e antijurididicidade, e RESPONSABILIDADE. (A
RESPONSABILIDADE seria formada: da culpabilidade + função preventiva da pena). O autor da ação típica e
antijurídica deveria ser merecedor da pena.

FUNCIONALISMO RADICIAL/ SISTÊMICO – ESCOLA DE BONN (JOKOBS):


➢ Influência da teoria dos sistemas de Niklas Luhmann.
➢ Desenvolve a ideia de EXPECTATIVAS NORMATIVAS, comportamento conforme a norma. Havendo
infração ocorre a frustação da norma, de modo que a punição se impõe como forma de confirmá-la. A pena
restaura a garantia da norma. A higidez na expectativa da norma que deve ser considerada como bem jurídico
a ser protegido pelo direito penal.

FUNCIONALISMO DO CONTROLE SOCIAL/ FUNCIONALISMO FORMALIZADOR. ESCOLA DE FRANKFURT -


HASSAMER.
➢ Para hassamer há uma crise em todo o direito penal, assim, como refletir sobre sua supressão.
➢ O autor defende as missões irrenunciáveis da culpabilidade: possibilidade de imputação subjetiva,
exclusão de responsabilidade por azar, valoração da participação interna no resultado externo, garantia da
proporcionalidade nas consequências jurídicas do crime. Não aceita a ideia de reprovabilidade da
culpabilidade.

FUNCIONALISMO REDUCIONISTA/ OU DE CONTENÇÃO - ZAFFARONI


➢ o pensamento do autor se aproxima de uma perspectiva abolicionista razão pela qual é identificado como
“minimalista radical”. É A TEORIA AGNÓSTICA DA PENA: a pena não tem fundamento jurídico, apenas
político. A FUNÇÃO DO DIREITO PENAL É IMPOR LIMITES À ARBITRARIEDADE PUNITIVA DO ESTADO.
Seria a imposição do estado democrático ao lugar do estado de polícia.

PRINCÍPIOS
LEGALIDADE
➢ Art. 5, XXXIX, CF + art. 1º, CP. Origem: Magna Carta do rei João sem Terra; Contrato Social de Locke –
limitação ao poder punitivo estatal;
➢ Para definição de crime e cominação de pena é necessária uma lei.
➢ Legalidade x Reserva legal seria mais restrita, abrangeria só lei ordinária e complementar;
➢ Vedação a edição de MP sobre direito penal incriminador;
➢ Funções: LEI ESTRITA (do poder legislativo/ proibida analogia contra o réu); LEI ESCRITA (proíbe o costume
incriminador); LEI CERTA (proibição de criação de tipos penais vagos e indeterminados – p. da taxatividade);
LEI PRÉVIA (princípio da anterioridade).
➢ OBS: não basta lei sob aspecto formal, é necessário que haja conformidade com o quadro valorativo adotado
pela CF e TIDH – validade no aspecto material.

FRAGMENTARIEDADE
➢ Não é todo bem jurídico que merece proteção do direito penal, mas apenas os mais relevantes para a
sociedade e só em relação aos ataques mais intoleráveis;

SUBSIDIARIEDADE
➢ Direito penal é ultima ratio só atua de forma subsidiária -quando os demais ramos forem insuficientes;
➢ Direito penal deve ser meio necessário de proteção do bem jurídico;
➢ Parte da doutrina trata a fragmentariedade e subsidiariedade como expressões do p. da intervenção
mínima – FCC entende assim!!!!!

OFENSIVIDADE
➢ Não há crime sem ofensa a bem jurídico;
➢ Opera uma das funções do bem jurídico que é de limitar o exercício do direito de punir;
➢ Estado não pode estabelecer padrão moral para o indivíduo;
➢ FUNÇÕES: Proibição da incriminação de uma atitude interna (não se pune cogitação nem atos
preparatórios – em regra); Proibição da incriminação de uma conduta que não exceda o âmbito do
próprio autor (p. da alteridade); Proibição da incriminação de simples estados ou condições existenciais
(direito penal do autor deve ser abolido – vadiagem 59, LCP); Proibição da incriminação de condutas
desviadas que não causem dano ou perigo de dano a qualquer BJ (não protege a moral).
➢ Crimes de perigo abstrato: não há inconstitucionalidade, é meio de proteção de BJ supraindividuais e
coletivos → direito penal preventivo → se exercido dentro da proporcionalidade. STF

INSIGNIFICÂNCIA
➢ Incide na tipicidade material (desvalor da conduta e da lesão);
➢ Instrumento de interpretação restritiva do tipo penal;
➢ Infração bagatelar imprópria: ocorre o injusto penal, mas a pena é desnecessária → p. da irrelevância penal
do fato;
➢ Critérios STF: Mínima ofensividade da conduta do agente; Nenhuma periculosidade social da ação;
Reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento; Inexpressividade da lesão jurídica provocada –
MARI.
Princípio da Insignificância na Jurisprudência:

CULPABILIDADE
➢ Culpabilidade como elemento do crime ou pressuposto de aplicação da pena;
➢ Culpabilidade como medição da pena: art. 59, CP.
➢ Culpabilidade como princípio da responsabilidade subjetiva: sujeito só responde se sua conduta ofensiva for
dolosa ou culposa. BITTENCOURT →Consequências: a) não há responsabilidade penal objetiva; b) a
responsabilidade é pelo fato; c) culpabilidade é a medida da pena;

EXCLUSIVA PROTEÇÃO DE BENS JURÍDICOS


➢ Decorre do princípio da ofensividade

MATERIALIZAÇÃO DO FATO
➢ Direito penal do fato (fato lesivo a bem jurídico de terceiro) x Direito penal do autor;
➢ Decorre do p. da ofensividade e da culpabilidade;

PESSOALIDADE OU INTRANSCENDÊNCIA
➢ Art. 5, XLV: pena deve ser aplicada somente ao autor; com a morte do agente a sanção se resolve;
➢ Efeitos secundários extrapenais: subsistem, herdeiros respondem até o limite da herança;

HUMANIDADE
➢ Veda penas cruéis e infamantes e qualquer consequência indelével do delito;

ADEQUAÇÃO SOCIAL
➢ Welzel → principio de hermenêutica → uma conduta socialmente adequada não pode ser típica;

PROPORCIONALIDADE
PROIBIÇÃO DE EXCESSO
➢ Limitação do poder estatal → adequação entre os meios empregados e os fins a serem alcançados;
PROTEÇÃO NEGATIVA;
➢ 3 ACEPÇÕES: 1) proporcionalidade como um principio geral do direito (impõe ao operador uma busca
constante pelo equilíbrio entre os interesses em conflito); 2) proporcionalidade como “limite dos limites”
aos direitos fundamentais; 3) proporcionalidade como critério estrutural para a determinação do
conteúdo dos direitos fundamentais, vinculante para o legislador;
➢ COMPOSIÇÃO: a) ADEQUAÇÃO (a medida adotada deve ser adequada para alcançar os fins pretendidos);
b) NECESSIDADE (insubstituível - o direito penal só atua diante da insuficiência dos demais ramos de controle
social); c) PROPORCIONALIDADE EM SENTIDO ESTRITO (os benefícios alcançados devem ser maiores
que o custo da restrição do direito); No direito penal tem que respeitar as 3!
➢ Juris: inconstitucionalidade do art. 44 da LD;
PROIBIÇÃO DA PROTEÇÃO DEFICIENTE
➢ Garantismo positivo; o Estado também será omisso quando se omite ou não adota medidas suficientes para
garantir a proteção de direitos fundamentais;
➢ Mandados implícitos de criminalização – RE 418.376 – confisco no tráfico de drogas → o crime não deve
compensar;

CONFLITO APARENTE DE NORMAS

PRINCÍPIOS PARA SOLUCIONAR O CONFLITO APARENTE DE NORMAS PENAIS


São pressupostos do conflito aparente de normas:

UNICIDADE DE FATO;
PLURALIDADE DE NORMAS;
VIGÊNCIA SIMULTÂNEA DAS NORMAS.
Atua no plano concreto. O crime tipificado pela lei subsidiária, além de menos grave do
que o narrado pela lei primária, dele também difere quanto à forma de execução, já que
corresponde a uma parte deste. Em outras palavras, a figura subsidiária está inserida
na principal. No princípio da subsidiariedade a comparação sempre deve ser
Subsidiariedade efetuada no caso concreto, buscando-se a aplicação da lei mais grave. A
subsidiariedade pode ser tanto expressa (por exemplo, disparo de arma de fogo), como
tácita.
- Relação de continente conteúdo
- O tipo primário prevalece sobre o subsidiário
- Incide no plano concreto
Atua no PLANO ABSTRATO, ou seja, para saber qual lei é geral e qual é especial,
prescinde-se da análise do fato praticado. Pouco importa também a quantidade de
sanção penal reservada para as infrações penais. A comparação entre as leis não se
faz da mais grave para a menos grave, pois a lei específica pode narrar um ilícito penal
Especialidade mais rigoroso ou mais brando.
- Relação de gênero e espécie
- O tipo especial prevalece sobre o geral
- Incide no plano abstrato (único dentre os quatros princípios)
Atua no PLANO CONCRETO. Difere-se da subsidiariedade em dois aspectos. Na regra
da subsidiariedade, em função do fato concreto praticado, comparam-se as leis
para saber qual é a aplicável. Na consunção, sem buscar auxílio nas leis,
comparam-se os fatos, apurando-se que o mais amplo, completo e grave consome
os demais. O fato principal absorve o acessório, sobrando apenas a lei que o
disciplina. Lei consuntiva é aquela que define o todo, o fato mais amplo. Lei consumida
define a parte, o fato menos amplo. A CONSUNÇÃO É APLICADA NOS CASOS DE
Consunção CRIMES PROGRESSIVOS, NA PROGRESSÃO CRIMINOSA OU NOS ATOS
Ou IMPUNÍVEIS (antefato impunível e post factum impunível). Na subsidiariedade, o
Absorção constrangimento ilegal só pode ser praticado se houver a ameaça. Um crime está
obrigatoriamente dentro do outro, a ameaça é elemento do constrangimento ilegal.
Na consunção, tomemos como exemplo a lesão corporal e o homicídio. A lesão
corporal não é um elemento do homicídio. O homicídio pode ser praticado por outro
modo que não a lesão corporal. Um crime não está obrigatoriamente dentro do
outro, comparam-se os fatos.
A aplicação do PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO pressupõe a existência de ilícitos penais
(delitos-meio) que funcionem como fase de preparação ou de execução de outro
crime (delito-fim), com evidente vínculo de dependência ou subordinação entre eles;
- Relação de meio e fim
- O crime fim absorve o crime meio
- Incide no plano concreto

Obs.1: Um crime não pode ser absorvido por uma contravenção penal;
Obs.2: Quando o falso se exaure no descaminho, sem mais potencialidade lesiva, é por
este absorvido, como crime-fim, condição que não se altera por ser menor a pena a este
cominada. STJ. 3ª Seção. REsp 1.378.053-PR, Rel. Min. Nefi Cordeiro, j. em 10/8/2016
(Info 587).
Obs.3: - Súmula nº 17, STJ: “Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais
potencialidade lesiva, é por este absorvido.”
Podemos falar em princípio da consunção nas seguintes hipóteses:
a) Crime Progressivo
b) Progressão Criminosa
Crime Progressivo Progressão Criminosa
Aquele em que para alcançar seu Ocorre quando há mutação do dolo
intento, deve o agente do agente (é o chamado DOLO
obrigatoriamente violar norma de CUMULATIVO), que inicialmente
caráter menos grave, ou seja, passar quer praticar um delito menos grave
por um crime menos grave, chamado e após consumá-lo, decide praticar
CRIME de PASSAGEM. um crime de maior gravidade.
O agente desde o início quer o crime O agente primeiro quer o crime
mais grave. menos grave, e depois de consumá-
lo, decide executar o crime mais
grave.

c) Fatos Impuníveis
c.1) Antefactum Impunível: funcionam como meio de execução do tipo principal;
c.2) Atos Simultâneos Impuníveis
c.3) Postfactum Impunível: mesmo bem jurídico e mesma vítima;
Se refere aos crimes plurinucleares ou de conteúdo variado, ou seja, aqueles crimes
que apresentam VÁRIOS VERBOS, a exemplo do artigo 33, caput, da Lei nº 11.343/06.
A prática de mais de uma dessas condutas configura crime único, podendo a pena
Alternatividade ser majorada em razão dos vários núcleos praticados na fase da dosimetria da pena. É
também chamado de “tipo penal misto alternativo”.
#NÃOCONFUNDIR com o princípio da alteridade, segundo o qual não se deve punir
condutas que prejudicam apenas o próprio agente. Ex: autolesão.
BIZU: SECA ou CASE
FATO TÍPICO
CONDUTA HUMANA penalmente relevante que se enquadra em um modelo abstrato incriminador. (Crime
praticado por pessoa jurídica: conduta perpetrada por ente moral como exceção a conduta humana, criada
normativamente).
FATO TÍPICO ILICITUDE CULPABILIDADE
Conduta Imputabilidade
Resultado Potencial consciência da ilicitude
Nexo causal Exigibilidade de cond. diversa
Tipicidade
• Objetiva: tipicidade
formal + tipicidade
material.
• Subjetiva;

ELEMENTOS: CONDUTA/ NEXO CAUSAL / RESULTADO/ TIPICIDADE


Conduta: dolo e culpa são elementos psicológicos ou subjetivos da conduta.
TEORIAS DA AÇÃO:
➢ Teoria causal/ naturalista/ mecanicista/ causalismo: comportamento humano voluntário que modifica o
mundo exterior. Dolo e culpa não integram a conduta, mas a culpabilidade. O fato típico depende apenas da
conduta, do resultado, do nexo e da tipicidade, não importando se houve ou não dolo/culpa.
➢ Teoria final da ação: a conduta humana é dirigida a um fim. Esse fim pode se ilícito (conduta dolosa) ou o
lícito, mas com inobservância do dever objetivo de cuidado (culposa).
➢ Teoria cibernética da ação: teoria elaborada por Welzel para rebater os críticos da teoria finalista, no que
tange aos crimes culposos. Que leva em conta o controle da vontade, que está presente tanto nos crimes
culposos, como nos dolosos.
➢ Teoria social da ação: desenvolvida por WESSELS. Não nega as demais teorias, mas acrescenta a
relevância social da conduta. Conduta é comportamento humano com transcendência social. Se a conduta
for socialmente adequada e aceita pelo meio social não deve ser tipificada. Raiz do princípio da adequação
social. Não é aceita no Brasil, que permitiria que costumes revogassem lei (dessuetudo). O dolo tem dupla
posição- DUPLA VALORAÇÃO DO DOLO- é uma mistura da ação causalista com a ação finalista. O dolo será
analisado na conduta e na culpabilidade. Vantagem: o elemento social permite que o judiciário suprima o vácuo
criado com o tempo entre a realidade jurídica e a realidade social. Crítica: o conceito “socialmente relevante”
é indeterminado.
➢ Teoria pessoal da ação – Roxin: a ação é manifestação da personalidade. De acordo com cirino, trata-se de
conceito capaz de abranger todo acontecimento atribuível ao centro da ação psíquico-espiritual do homem.
Excluindo qualquer acontecimento não dominado ou dominável pelo homem.
➢ Teoria negativa da ação: rechaça a ideia de um conceito pré-jurídico de conduta. Ação é a evitável não
evitação do resultado na posição de garantidor. Princípio da evitabilidade, deslocando o foco para as condutas
omissivas.
➢ Teoria da ação comunicativa: Habermas. Para ele, a comunicação livre, racional e crítica constituiria uma
superação da razão do iluminismo. O princípio democrático não seria a vontade da maioria, mas sim um
discurso racional entre indivíduos iguais que normatizam as regras jurídicas a partir da “liberdade
comunicativa”.
➢ Teoria da ação significativa: Vivés Anton. Influenciado pela teoria da ação comunicativa. (Defensor no brasil
Paulo Busato). A ação não é o que as pessoas fazem, mas o sentido que é atribuído ao que fazem. Os fatos
acontecem, e as ações significam. A ação é definida a partir da norma e não de um concepção pré-jurídica.
AS AÇÕES NÃO EXISTEM ANTES DAS NORMAS.
➢ Teoria técnico-jurídica da ação: Francisco Assis Toledo. Concilia os pontos positivos das teorias clássicas/
finalista e social. Comportamento humano dominado ou dominável pela vontade, dirigido para lesão ou para
o perigo de lesão de um bem jurídico. OU para causar uma lesão previsível a um bem jurídico.

EXCLUSÃO DA CONDUTA: movimentos reflexos/ caso fortuito e força maior? / Coação física irresistível- vis absoluta/
Estado de inconsciência. (Não se confunde com ação de curto circuito que consiste na ação imediata, explosiva, sem
planejamento. Revide imediato).

RESULTADO:
RESULTADO JURÍDICO = lesão ou perigo de lesão o bem jurídico tutelado.
RESULTADO MATERIAL = modificação do mundo exterior.
Não há resultado naturalísticos: crimes tentados/ crimes formais/ crimes de mera conduta/ crimes omissivos
próprios.
CRIMES DE DUPLO RESULTADO: ?

NEXO CAUSAL- RELAÇÃO DE CAUSALIDADE: vínculo que une conduta e resultado.


➢ Apenas em crimes materiais e crimes omissivos impróprios. Não havendo nexo causal nos crimes formais ou
de mera conduta ou de tentativa branca.
1) Teoria da EQUIVALÊNCIA DOS ANTECEDENTES CAUSAIS/ conditio sine qua non/ causalidade simples/
condição generalizadora/ teoria da equipolência: Criada por Julius Glaser e desenvolvida por Von Buri. Causa é
ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido quando e como ocorreu.
➢ Para se verificar se é causa, usa-se o processo de eliminação hipotética de THYRÉN. Crítica do regresso
infinito. O limite dessa teoria seria o dolo e culpa = CAUSALIDADE SUBJETIVA.
2) Teoria da CAUSALIDADE ADEQUADA/ PROPORCIONADA: Von Kries. Causa é condição necessária e
adequada a determinar a produção do resultado. A ação tem que ser necessária e adequada a produção do resultado,
excluindo da conduta acontecimentos extraordinários, fortuitos, excepcionais.

ESPÉCIES DE CAUSAS: a teoria da conditio qua non não diferencia causa de concausa, de condição ou de ocasião.
➢ Causas dependentes: se inserem dentro do desdobramento causal da conduta e não excluem o nexo causal.
➢ Causas independentes: é aquele que não compõe o resultado causal da conduta produzindo, por si só, o
resultado.
Absolutamente independente: produz por si só o resultado, não se origina da conduta praticada.
Todas as causas: preexistente/ concomitantes e supervenientes, excluem o nexo causal e o agente
deve responder pelos atos, até então praticados, qual seja, tentativa.
Relativamente independente: aquela que produz o resultado por si só, mas que deriva da conduta.
Preexistente: ex: hemofílico. (Cuidado! Se o agente não souber da condição de hemofílico da vítima,
não poderá responder pelo resultado, por lhe faltar consciência acerca da situação do fato).
Concomitante: parada cardíaca provocada pelo disparo da arma. Nas duas supramencionadas:
responde pelo resultado. Aplicando a teoria da equivalência dos antecedentes, a exclusão da conduta
impediria o resultado como e quando ocorreu. Superveniente: que não produziu o resultado por si só
= o agente responde pelo resultado, com a teoria da equivalência.
Que produziu por si só o resultado = teoria da causalidade adequada. Com rompimento do nexo
causal, devendo o agente responder pelos atos praticados até então. Acidente da ambulância.
Complicações cirúrgicas, então dentro do desdobramento do tipo, motivo pelo qual não afasta o nexo
causal.
RELEVÂNCIA DA OMISSÃO: Crimes omissivos impróprios / comissivos-omissivos/ comissivos por omissão.
➢ O tipo prevê uma ação, mas a omissão do agente garantidor que devia e podia agir para evitar o resultado,
consuma o crime.
➢ No omissivo próprio, não há resultado, sendo irrelevante o resultado naturalístico e o nexo causal.

Natureza jurídica da omissão própria:


1- Existência normativa (do nada, nada surge- ex nihilo nihil fit): a omissão não tem existência do mundo
naturalístico, sendo uma construção jurídica. Pune-se o a gente que nada fez pq assim determina a lei.
2- Existência física: a omissão compõe o mundo naturalístico, apenas se distingue da ação.
3- Eclética: a omissão tem relevância no mundo naturalístico, mas com ênfase na sua natureza normativa. Majoritária.

Crimes omissivos impróprios: o garantidor devia e podia agir para evitar o resultado (nexo de evitação), ele não
tinha a obrigação de evitar o resultado, mas sim o dever de agir para tentar evitar.
➢ Adotamos o critério legal de definição do garantidor X critério Judicial (que dependeria do caso concreto).

TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA:


Roxin: surge como limite a teoria dos antecedentes causais, sem dela abdicar. Em vez da análise pura da causalidade
material, passa a analisar causalidade normativa. Não basta a causalidade material, é necessária imputação jurídica.
ESSA TEORIA APENAS APLICA-SE A CRIMES MATERIAIS. Pq? Nos crimes formais e de mera conduta, independe
de resultado e de nexo causal.
➢ Criação ou agravamento de um risco proibido;
➢ Realização desse risco no resultado;
➢ Resultado dentro do alcance do tipo.

CRIAÇÃO DO RISCO PROIBIDO: risco de lesão aos bens jurídicos tutelados pela norma. Para constatar esse risco,
Luís Greco menciona que será necessário fazer uma prognose póstuma objetiva: Prognose pq é um juízo anterior
ao crime, levando em conta os dados conhecidos no momento da conduta. Póstuma pq é feita pelo julgador após o
cometimento do fato. Objetiva pq leva em consideração um observador objetivo, prudente, cauteloso.
➢ O resultado não será imputado se o risco for permitido pelo ordenamento jurídico (sociedade de riscos).
➢ Se o agente diminuir o risco, o resultado também não será imputado.
➢ Princípio da confiança em se espera dos demais comportamentos normais e de acordo com as normas.
Excluem a criação de um risco proibido: Autocolocação da vítima em perigo; Contribuições socialmente neutras.

REALIZAÇÃO DO RISCO NO RESULTADO: Não haverá imputação se o resultado não se encontrar dentro do
desdobramento causal da conduta geradora do risco. (Na teoria da imputação objetiva, o erro médico não estaria
dentro do risco proibido causado pelo agente. O resultado foi fruto da conduta culposa do médico. O agente
responderia pela tentativa).
Posicionamento no examinador****: caso da autoria colateral e soma dos venenos: Cada autor criou um risco proibido,
mas por circunstancia alheia, esse risco não foi suficiente para produzir o resultado. Devem, então, responder pelo
risco criado, que foi a tentativa.

RESULTADO DENTRO DO TIPO: exclui: autocolocação em risco e heterocolocação em perigo.

Tipicidade: formal/ material/ conglobante de zaffaroni.


O tipo é a descrição da conduta na lei penal incriminadora.
Origem e evolução do tipo:
• Tipo avalorado (independência do tipo): Beling foi o primeiro a separar tipicidade da antijuridicidade e
culpabilidade. O tipo não possui nenhuma carga valorativa, sendo objetivo e descritivo sem qualquer indício de
antijuridicidade ou culpabilidade;
• Fase indiciária do tipo. Ratio Cognoscendi. Mayer: o tipo é indício da ilicitude.
• Fase da Ratio essenci. Matzger: tipicidade e ilicitude passam a ser vista como uma coisa só. O tipo passa a
ser a ilicitude tipificada. Teoria dos elementos negativos do tipo: toda vez que o fato for ilícito, ele será também atípico.
Criação do tipo total.

FUNÇÕES DO TIPO LEGAL:


Função garantidora: (princípio da legalidade);
Função fundamentadora: Fundamenta o poder punitivo estatal.
Função indiciária: da ilicitude;
Função seletiva: seleção dos bens jurídicos penalmente tutelados;
Função diferenciadora do erro: o erro sobre elementar do tipo exclui o dolo.
elementos
objetivos
descritivos
TIPO OBJETIVO
elementos
objetivos
normativos
TIPO PENAL

Dolo

TIPO SUBJETIVO
Elementos
subjetivos
especiais

Elementos objetivos do tipo: não se encontram no mundo Psicológico. Podem ser descritivos ou normativo (doutrina
recente: elementos objetivos científicos).
➢ Elemento objetivo descritivo: são expressões usuais conhecidas por todos.
➢ Elemento objetivo normativo: são conceitos abertos, indeterminados, que demandam uma valoração de cunho
social (cultural) ou jurídica (normativa). “ato obsceno” “ato libidinoso”;
➢ Elementos objetivos científicos: elementos oriundos das ciências naturais.
Elemento subjetivo: elemento psicológico. Elemento subjetivo específico = finalidade especial de agir. Podem ser:
Positivo: devem estar presentes para caracterizar o tipo.
Negativo: o tipo se realizará se a finalidade não estiver presente.
Elementos acidentais: qualificadora/ privilégio.
Elementos modais: Tempo, lugar ou modo de execução.

OUTRAS CLASSIFICAÇÕES
➢ Tipo fechado: A descrição da conduta é completa;
➢ Tipo Aberto: o julgador deve fazer um juízo de valor. Como regra, os tipos culposos são aberto, cabendo ao
juiz definir o que seria culpa no caso concreto. Exceção 180, §3º.
➢ Tipo normal e anormal: classificação do causalismo. Como o elemento psicológico encontra-se na
culpabilidade, alguns tipos penais eram classificados como anormais, por possuírem uma finalidade
específica.
➢ Tipo congruente/ simétricos: há simetria entre os elementos objetivos e subjetivos. Crimes materiais
consumados.
➢ Tipo incongruente/ Assimétrico: ausência de simetria entre o elemento objetivo e o subjetivo. Crimes formais/
tentados/ preterdolosos.
Tipicidade material: lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico penalmente tutelado. Princípio da insignificância (crime
de bagatela).
Tipicidade conglobante zaffaroni: Antinormatividade. Condutas fomentadas pelo próprio ordenamento não pode ser
considerada típicas. A antinormatividade é a comprovação de que a conduta típica também é proibida por todo o
ordenamento jurídico. (tipicidade = tipicidade formal + tipicidade conglobante (antinormatividade + tipicidade material).

DOLO E CULPA
Elementos subjetivos do tipo: dolo (consciência e vontade de realizar o tipo objetivo) + elementos subjetivos
especiais.
TEORIAS DO DOLO:
➔ Teoria da vontade: dolo é a vontade consciente de praticar a conduta e de produzir o resultado. Elemento
intelectivo (consciência) e volitivo (vontade). Dolo de primeiro grau.
➔ Teoria da representação: dolo é a mera previsão. Basta que o agente previsse o resultado. (Nosso
ordenamento enquadra na culpa consciente).
➔ Teoria do assentimento: há dolo quando o agente assume o risco de produzir o resultado.
➔ Teoria da probabilidade: só há dolo quando há probabilidade de ocorrer o resultado (a mera possibilidade
não o caracteriza)
➔ Teoria da indiferença (do sentimento): diferencial dolo eventual de culpa consciente. No eventual, o agente
se porta com indiferença em relação ao resultado.
ELEMENTOS DO DOLO:
➢ Elemento intelectivo: consciência. Conhecimentos dos elementos objetivos que constituem o fato típico.
Deve ter consciência do nexo causal também, isto é, saber que sua conduta irá gerar o resultado. A
consciência que se exige é fática e não sobre a ilicitude da conduta. DOLO NATURAL → não importa a
consciência da proibição.
➢ Elemento volitivo: vontade.
Pergunta: A má-fé superveniente caracteriza o dolo exigido pelo tipo penal? Não, pois o dolo deve existir
durante a realização da conduta.
Crítica às teorias ontológicas do dolo: essas teorias teriam uma concepção ontológica (ser) pois é visto como um
elemento relacionado à psique humana, ou seja, é um fenômeno real, passível de descrição, que ocorreria na psique
humana. Essa concepção ontológica vem cedendo espaço a uma concepção normativa, em que o dolo jamais foi
demonstrado empiricamente. Dolo não seria um conceito psicológico-descritivo, dolo seria uma acepção atribuída pela
norma. Atribui-se a conduta dolosa a alguém, para fins de imputação penal, ainda que não se possa demonstrar
empiricamente a existência do dolo.
➔ Dolo como vontade livre? Vontade livre e consciente: Ocorre que a vontade não é analisada no dolo, mas na
culpabilidade. Na culpabilidade, se analisa vícios na vontade (coação moral irresistível e obediência
hierárquica).
➔ Dolo sem vontade: o centro do dolo é a consciência e não a vontade. Defensor Luiz Greco: psicologicamente,
dolo é consciência. A vontade é indiferente. Não há razão para diferenciar dolo direto (1º e 2º grau) e dolo
eventual, há apenas uma fórmula de dolo, sendo o CONHECIMENTO de que a ocorrência do resultado é algo
provável.
Dolo e pena: No CP, o legislador não diferencia as penas de dolo direto e dolo eventual. É a mesma para ambos.
Dolo e identificação do crime: alguns crimes não se diferencial pela exteriorização da conduta, mas sim pelo elemento
subjetivo do agente. De modo objetivo, não há diferenças nas condutas, a distinção estará no dolo.

MODALIDADES DE DOLO:
DOLO DIRETO: de primeiro grau ou de segundo grau.
➔ DOLO DIRETO DE PRIMEIRO GRAU: consciência e vontade de produzir o resultado.
➔ DOLO DIRETO DE SEGUNDO GRAU- DOLO DE CONSEQUÊNCIAS NECESSÁRIAS: o agente não quer o
resultado, mas pratica a conduta com consciência de que aquele resultado era inevitável. O resultado é uma
consequência necessária de sua conduta.
➔ DOLO DIRETO DE TERCEIRO GRAU: dupla consequência necessária.

DOLO INDIRETO: Eventual ou alternativo.


➔ EVENTUAL: para diferenciar da culpa consciente: teoria positiva do conhecimento de FRANK.
➔ ALTERNATIVO: há mais de um resultado possível e qualquer um satisfaz o agente.

Dolo normativo/ valorado/ colorido x dolo natural/ avalorado/ acromático.


Dolo de perigo: concreto e abstrato.
➔ Nos de perigo: a consumação do crime pressupõe o perigo real, efetivamente ocorrido.
Dolo genérico: é o dolo sem finalidade específica. Vontade consciente de produzir o resultado.
Dolo específico: dolo com finalidade específica. Vontade consciente de produzir o resultado com finalidade específica.
Dolo presumido (in re ipsa): não precisaria comprovar o dolo. Responsabilidade objetiva.
Dolo geral (erro sucessivo) – aberratio causae. O dolo de uma parte da conduta se estende as demais →
ZAFFARONI (Unidade de conduta = unidade de planejamento); ROXIN (Desvio no curso causal → não essencial ou
essencial).
Dolo antecedente/ preordenado: antes da execução do crime. Não pode ensejar a responsabilidade, na medida que
o dolo deve ser atual.
Dolo atual: durante a execução da conduta.
Dolo subsequente: o agente inicia a conduta lícita e de boa-fé e depois começa a atuar com dolo de promover a
execução do crime.
Dolu Bonus: quando a conduta ocorre por relevante valor moral (por exemplo).
Dolu Malus: quando o motivo for torpe (por exemplo)
Elemento subjetivo do tipo distinto do dolo: quando o tipo exige uma finalidade específica do agente. Zaffaroni
divide em:
➔ elementos ultraintencionais e
➔ disposições internas.

Crimes ultraintencionais (de intenção ou tendência interna transcendente): Divide-se em:


Crimes de resultado cortado (resultado separado): o agente espera que o resultado externo do tipo (se situa fora
do tipo) se produza sem sua intervenção. Ex: extorsão mediante sequestro.
Crimes mutilado de dois atos (crimes imperfeitos de dois atos): o agente quer alcançar por ato próprio o resultado
fora do tipo. Ex: falsificação de moeda visando o uso da moeda falsa (resultado fora do tipo).
Crimes de tendência interna:
➔ Crimes de tendência (tendência intensificada): estupro;
➔ Crimes de expressão: não depende da intenção do agente, mas da realidade interna específica. Falso
testemunho

CULPA: consiste na inobservância do dever objetivo de cuidado que produz um resultado previsível, mas não
pretendido. A imprudência/ negligencia e imperícia são modalidades da ausência do dever objetivo de cuidado.
➔ O desvalor do resultado é idêntico ao crime doloso. A diferença está no desvalor da conduta.
➔ Os tipos culposos, em regra, são tipos abertos (diferentemente da norma penal em branco, o complemento é
a valoração do julgador).
➔ A imperícia também é chamada de “culpa profissional” ou “imprudência qualificada”. Não se confunde com
erro profissional.
Elementos do crime culposo:
➔ Conduta voluntária: há vontade de praticar a conduta.
➔ Violação do dever objetivo de cuidado: imprudência, negligencia e imperícia. (não existe crime por
inobservância regulamentar, seria uma modalidade de culpa presumida) extinta com CP de 40.
Violação do dever objetivo de cuidado e princípio da confiança: o dever objetivo de cuidado é dirigido a todas as
pessoas. Nas relações sociais, é razoável que as pessoas se comportem valendo-se de um juízo da boa-fé e na
confiança que os demais irão se comportar conforme o esperado. O agente que se vale do princípio da confiança não
viola o dever objetivo de cuidado.
➔ Nexo causal.
➔ Resultado naturalístico involuntário: sempre haverá resultado natural. Não existe crimes culposos formais ou
de mera conduta.
➔ Expressa previsão em lei (tipicidade).
➔ Previsibilidade objetiva de cuidado: o resultado produzido deve ser previsível (o agente podia ter previsto)
objetivamente (o resultado deve ser previsível de forma objetiva e não de forma subjetiva conforme corrente
majoritária). Se o resultado foi previsto ou não pelo agente, no caso concreto, é indiferente para caracterizar
o crime culpo. Só servirá para diferenciar culpa consciente da inconsciente.
Classificação de culpa:
➔ Culpa inconsciente: o agente não prevê o resultado previsível.
➔ Culpa inconsciente: o agente prevê o resultado, mas acredita que não vai ocorrer.
➔ Culpa própria: É a culpa propriamente dita.
➔ Culpa imprópria: o agente imagina situação que, se existisse, tornaria a conduta legítima. Ele quer produzir o
resultado, mas incorre em erro de tipo evitável. É o solo punido a título de culpa por razões de política criminal.
➔ Culpa direta (imediata): é aquela que o agente produziu diretamente o resultado de forma culposa.
➔ Culpa indireta (mediata): é aquela que o agente não produziu o resultado culposo diretamente. O agente
pratica roubo contra B. A vítima assustada sai correndo em via de grande movimento, é atropelada e morre.
O resultado não era desejável, mas era previsível e decorreu de conduta voluntária do agente.

Dolo eventual, culpa consciente e crimes de trânsito:


➔ O STF já reconheceu algumas vezes que embriaguez no volante constitui indício mínimo de existência de dolo
eventual quando excesso de velocidade ou dirigindo na contramão;
➔ A embriaguez do agente condutor do automóvel, sem o acréscimo de outras peculiaridades, não pode servir
como presunção de que houve dolo eventual. STJ. 6ª Turma. REsp 1689173-SC, Rel. Min. Rogério Schietti
Cruz, julgado em 21/11/2017 (Info 623).
Compensação ou concorrência de culpas:
➔ No direito penal, as culpas não se compensam. Mas o comportamento da vítima pode ser valorado na
circunstancia judicial.
➔ A culpa exclusiva da vítima não é modalidade de compensação de culpa. Nesse caso, não houve conduta
penalmente relevante por parte do agente.
➔ Graus de culpa: não influencia no enquadramento da figura típica. Pode influenciar nas circunstancias judiciais.
Culpa temerária (grosseira): algumas legislações permitem como for de agravar a reprimenda penal. A conduta do
agente, embora sem dolo, é altamente reprovável, diante da grosseira inobservância do dever objetivo de cuidado.
O projeto do novo CP (236) prevê culpa temerária para crimes de trânsito.
Crimes qualificado pelo resultado: existe uma conduta que constitui o tipo penal e outra que o qualifica ou exaspera
a pena. É gênero, do qual possuí 4 espécies:
➔ Crime preterdoloso: o agente quer praticar um crime, mas exerce, culposamente, um resultado mais gravoso
do que o planejado. Ex: lesão corporal seguida de morte. Dolo na conduta e culpa no resultado. Necessita de
previsibilidade: a conduta preterdolosa deve estar prevista em lei.
➔ Dolo na conduta e dolo no resultado: latrocínio.
➔ Culpa na conduta e culpa no resultado: tanto a conduta básica quanto a conduta agravadora estão previstas
como culposas.
➔ Culpa na conduta e dolo no resultado: o agente pratica uma conduta culposa, mas, em seguida, pratica
outra conduta dolosamente. Atropela e deixa de prestar socorro.
CONCURSO DE AGENTES
Crimes monossubjetivos (concurso eventual) x Crimes Plurissubjetivos (concurso necessário) → o concurso de
pessoas é analisado nos crimes monossubjetivos.
REQUISITOS:
➢ Pluralidade de agentes e de condutas;
➢ Relevância causal e jurídica de cada uma das condutas;
➢ Vinculo subjetivo → homogeneidade de elemento subjetivo; desnecessária prévia combinação;
➢ Identidade de infração penal → adoção da teoria monista pelo art. 29.
TEORIAS SOBRE O CONCURSO DE PESSOAS
➢ Teoria monista ou unitária → todos respondem pelo mesmo crime, na medida da culpabilidade;
➢ Teoria pluralista → haverá um crime para cada agente; adotada como exceção;
➢ Teoria dualista → um crime para os autores principais e outro crime único para os partícipes
CONCEITO DE AUTOR
➢ Conceito unitário: equipara autor e participe. Sistema clássico. Adotada nos crimes culposos. Todos que
contribuem para um resultado culposo são autores. Não existe participação culposa em crime culposo.
Fundamenta na teoria dos antecedentes causais;
➢ Conceito Extensivo: autor é aquele que enxerga o fato como próprio e participe aquele que enxerga o fato
como alheio.
➢ Conceito Restritivo: defende que há como diferenciar as contribuições dos diversos participantes já no plano
objetivo:
TEORIA FORMAL OBJETIVA: autor → núcleo do tipo. Participe → contribui sem realizar o núcleo
do tipo; OBS: Não explica a autoria mediata. Mandantes são sempre partícipes;
TEORIA OBJETIVO MATERIAL: autor causa o resultado, participe é sua condição.
TEORIA DO DOMÍNIO DO FATO: autor → tem o domínio do fato. Partícipe → não tem. Ter o domínio
do fato significa dominar o "se" e o "como" da realização delitiva. Além de ter o domínio, o autor tem
que perceber isso. Não se aplica aos crimes culposos.
Trabalha com 3 ideias de domínio:
➔ Domínio da ação (para autoria direta);
➔ Domínio da vontade (para autoria mediata); domina a vontade de um terceiro que é utilizado
como instrumento: a) mediante erro ou coação; b) por aparatos organizados de poder.
➔ Domínio funcional do fato (para coautoria): Detém o domínio funcional do fato todo aquele
que realiza uma parte essencial do plano. Uma parte do plano será essencial sempre que,
uma vez não realizada, leve ao fracasso da empreitada.
Roxin: não se aplica aos delitos de dever → crimes próprios e omissivos impróprios; também não
aplica aos crimes de mão própria. Todos são autores aqui.
ESPÉCIES DE AUTORIA
➢ DIRETA: realiza pessoalmente a ação típica;
➢ MEDIATA: situação de subordinação entre o homem de trás (autor mediato) e o instrumento; Para que haja
autoria mediata é fundamental que o instrumento realize uma conduta;
Hipóteses em que se verifica a situação de subordinação e caracteriza a autoria mediata:
➔ Instrumento atua sem tipicidade objetiva;
➔ Instrumento atua sem tipicidade subjetiva – ele está em erro de tipo provocado por terceiro –
instrumento responde a título de culpa se evitável;
➔ Instrumento atua amparado numa excludente de ilicitude, criada artificialmente pelo autor mediato;
➔ Instrumento amparado por excludente de culpabilidade;
➔ Autoria mediata por meio de aparelhos organizados de poder → o instrumento é plenamente
responsável aqui. Os aparelhos organizados de poder são estruturas de cometimento de crimes
de grandes proporções, fortemente hierarquizadas e compostas, na base, por membros fungíveis.
REQUISITOS AQUI: a) estrutura hierarquizada rígida; b) fungibilidade do instrumento; c) aparelho
totalmente desligado da ordem jurídica. ORCRIM’s. NAZISMO.
➢ AUTORIA COLETIVA ou COAUTORIA: duas ou mais pessoas dominam o fato em conjunto. Teoria formal-
objetiva → coautoria = divisão de trabalho, com cada sujeito realizando uma parte do núcleo do tipo.
➢ COAUTORIA SUCESSIVA: adesão a empreitava criminosa enquanto ela está acontecendo. Os demais
devem tomar ciência dessa adesão. Termo final → regra é a consumação (delitos formais é o exaurimento).
Responde pelos acontecimentos anteriores a sua adesão se conhecer. Exceto: crimes já consumados;
➢ AUTORIA COLATERAL: não há um liame subjetivo entre os vários agentes. Cada um responde pelo que
produzir. Se não sabe quem produziu o resultado → autoria colateral incerta → ambos respondem por
tentativa.

PARTICIPAÇÃO
Conceito → obtido por exclusão. Art. 29 → norma de extensão. Natureza jurídica de adequação típica de subordinação
mediata.

TEORIAS:
Teoria da acessoriedade mínima → pune o partícipe se o autor praticar um fato típico...
Teoria da acessoriedade média ou limitada → típico e ilícito.
Teoria da acessoriedade extrema ou máxima → típico, ilícito e culpável;
Teoria da Hiperacessoriedade → típico, ilícito, culpável e punível efetivamente.

➢ Teoria Unitária ou monista: unidade de injusto para todos os participantes. Na culpabilidade não, é na medida
de cada um! Adotou o pluralismo na culpabilidade; Teoria da acessoriedade limitada → comunhão no injusto
→ todas as causas de exclusão da tipicidade e da ilicitude que beneficiem o autor serão comunicáveis aos
coautores e partícipes;
➢ Classificação: a) moral ou material; b) por ação ou omissão (só se for garantidor);
➢ Duplo dolo na conduta do participe → deve desejar: a) contribuir para a conduta do autor; b) a consumação
do crime;
➢ Não exige acordo prévio; mero ingresso superveniente ainda que o autor desconheça;
➢ Exige homogeneidade de elemento subjetivo→ só existe participação dolosa em crime doloso. Se houver
uma contribuição culposa em crime culposo não haverá participação, mas coautoria, em virtude da
adoção da teoria unitária.

Participação de menor importância (art. 29, §1º) → aquele que dá uma contribuição fungível para o fato, isto é, é
aquele cuja contribuição pode ser substituída com facilidade por um ato de outra pessoa. ATENÇÃO: Se a participação
se encaixar em alguma das hipóteses definidas pelo art. 62 do CP, ela nunca será de menor importância.
A doutrina preconiza que, na hipótese de ações neutras, em alguns casos (não em todos), o risco criado não é
desaprovado. Ele é aprovado, porque aquela é uma ação neutra.
Critério de Roxin Critério de Jakobs Critério de Luís Greco
- Se o partícipe sabe que contribui - Usa a teoria dos papéis: se o - Critério da idoneidade da
para uma pratica delitiva; padeiro ou taxista esta realizando proibição. A participação somente
- Se o participe apenas desconfia: corretamente seu papel, sua será punível se for idônea para
usa o princípio da confiança. conduta é impunível; proteger o bem jurídico.

Participação criminal mediante ações neutras: hipóteses de condutas que, em tese, se amoldam ao tipo penal
(teoria da equivalência dos antecedentes causais), mas que não são punidas por serem consideradas normais da vida
cotidiana;
Excesso ou cooperação dolosamente distinta (art. 29, §2º) → situação em que o sujeito combina com seu
comparsa a prática de determinado crime e, no momento da realização, um deles realiza um crime mais grave, não
combinado anteriormente.
➢ Qualitativo → comparsa pratica uma conduta completamente diferente do crime anteriormente combinado;
➢ Quantitativo → sujeito combina com o comparsa a prática de um crime menos grave, mas no momento da
prática delituosa, o comparsa realiza o fato principal com circunstâncias mais graves do que as inicialmente
combinadas. Resultado previsível → responde com o aumento. Se agiu com dolo eventual (crime mais grave
era previsto e aceito) respondem igual.

Comunicabilidade das elementares e circunstancias:


➢ Elementares → sempre comunicáveis, objetivas e de caráter pessoal, desde que sejam do conhecimento do
outro agente;
➢ Circunstancias objetivas → sempre comunicáveis, se do conhece;
➢ Circunstancias subjetivas → incomunicáveis, salvo se elementares do crime e do conhecimento do outro
agente;

CASOS DE IMPUNIBILIDADE
➢ Não execução do crime;
➢ Desistência voluntária e arrependimento eficaz do autor

PLURALIDADE DE DELITOS
Espécies:
a) Concurso formal → art. 70, CP.
b) Concurso material → art. 69, CP;
c) Crime continuado (art. 71, CP);
Sistemas de aplicação da pena
a) Sistema do cúmulo material → concurso material, formal impróprio e multa;
b) Sistema do cúmulo jurídico → não há cumulação, aplica só uma pena com severidade suficiente;
c) Absorção → a pena a ser aplicada é a do delito mais grave;
d) Exasperação → pena do delito mais grave com aumento, concurso formal próprio e crime continuado;
e) Responsabilidade única e da pena progressiva única → não cumula, aumenta a responsabilidade do agente
conforme aumenta o número de infrações;
CONCURSO MATERIAL
➢ + de uma ação/omissão = dois ou mais crimes; OBS: Conduta x Ato;
➢ Material homogêneo → crimes idênticos;
➢ Material heterogêneo → crimes de espécies distintas;
➢ Fixa a pena de cada um depois soma;
CONCURSO FORMAL
➢ Uma ação/omissão = dois ou mais crimes;
➢ Formal homogêneo → mesma espécie;
➢ Formal heterogêneo → espécies distintas;
➢ Perfeito/próprio → Pode ocorrer: a) crimes culposos; b) crime doloso e crime culposo; c) crimes dolosos sem
desígnios autônomos. Sistema da exasperação; critério de aumento → quantidade de infrações → 2 = 1/6; 3
= 1/5; 4= ¼; 5 = 1/3; 6 = 1/2; OBS: concurso material benéfico;
➢ Imperfeito/Impróprio → desígnios autônomos (qualquer dolo). Sistema do cúmulo material;
CRIME CONTINUADO
➢ + de uma ação/omissão = dois ou mais crimes da mesma espécie, mesma condições de tempo, lugar, maneira
de execução e outras semelhantes;
➢ Natureza jurídica: a) teoria da unidade real ou realística (os vários comportamentos constituem delito único);
b) teoria da ficção jurídica (adotada pelo CP); c) teoria mista ou unidade jurídica (terceiro delito – crime
de concurso);
➢ Requisitos: a) pluralidade de condutas; b) pluralidade de crimes; c) similitude de circunstancias objetivas;
TEMPO = 30 DIAS; LUGAR → não precisa ser na mesma cidade; STF/STJ → defendem necessidade
de requisito subjetivo = unidade de desígnio ou liame subjetivo entre os eventos;
➢ Teorias: a) teoria puramente objetiva (análise apenas de elementos objetivos – adotada pelo CP); b)
teoria objetivo subjetiva (elemento objetivo + subjetivo – STF/STJ);
➢ Espécies: a) crime continuado do caput → é subsidiário e ocorre quando: crimes dolosos SEM
violência/G.A contra a mesma vítima ou vítimas diferentes; crimes dolosos COM violência/G.A contra
a mesma vítima; crimes culposos; b) crime continuado específico → crimes dolosos, vítimas diferentes
cometidos COM violência/G.A;
➢ Exasperação: caput → 2/3; específico → até o triplo; OBS: concurso material benéfico; aplica a pena de 1 só;

O crime continuado é uma FICÇÃO JURÍDICA, inspirada em motivos de política criminal, idealizada com o objetivo de
ajudar o réu. Ao invés de ele ser condenado pelos vários crimes, receberá a pena de somente um deles, com a
incidência de um aumento previsto na lei.
Existem TRÊS TEORIAS que foram desenvolvidas para tentar explicar a natureza jurídica da continuidade
delitiva:
a) Teoria da unidade real: afirma que todas as condutas praticadas que, por si sós, já se constituiriam em
infrações penais, são um único crime. Segundo essa teoria, para todos os efeitos, Carlos praticou apenas um único
furto.
b) Teoria da ficção jurídica: sustenta que cada uma das condutas praticadas se constitui em uma infração penal
diferente. No entanto, por ficção jurídica, esses diversos crimes são considerados, pela lei, como crime único.
Segundo essa teoria, Carlos praticou 10 furtos, entretanto, considera-se, ficticiamente, para fins de pena, que ele
cometeu apenas um.
c) Teoria mista: defende que se houver crime continuado surge um terceiro crime, resultado do próprio concurso.
Segundo essa teoria, Carlos praticou uma nova categoria de crime, chamada de furto por continuidade delitiva.
Requisitos
Para o reconhecimento do crime continuado são necessários QUATRO REQUISITOS :
1) Pluralidade de condutas (prática de duas ou mais condutas subsequentes e autônomas);
2) Pluralidade de crimes da mesma espécie (prática de dois ou mais crimes iguais);
• Segundo o STJ e o STF, quando o CP fala em crimes da mesma espécie ele exige que sejam crimes
previstos no mesmo tipo penal, protegendo igual bem jurídico. OBS: Se a pessoa pratica um roubo
simples e, em seguida, um latrocínio, igualmente, não haverá crime continuado.

3) Condições semelhantes de tempo, lugar, maneira de execução, entre outras;


• Conexão de tempo: Significa dizer que, para que haja continuidade delitiva, não pode ter se passado um
longo período de tempo entre um crime e outro.
o REGRA: 30 dias. Vale ressaltar que, em alguns outros delitos, como nos crimes contra a ordem
tributária, a jurisprudência admite que esse prazo seja maior.
• Conexão espacial: Segundo a jurisprudência, semelhantes condições de lugar significa que os delitos devem
ser praticados dentro da mesma cidade, ou, no máximo, em cidades contíguas.
• Conexão modal: Para que haja continuidade delitiva, os crimes devem ter sido praticados com o mesmo
modus operandi, ou seja, com a mesma maneira de execução (mesmos comparsas, mesmos instrumentos
etc.).
4) Unidade de desígnio.
➔ Esse quarto requisito não está previsto expressamente no art. 71 do CP. Por isso, alguns doutrinadores
afirmam que ele não é necessário. Sobre o tema, surgiram duas teorias:
o Teoria objetivo-pura: Segundo esta teoria, os requisitos para a continuidade delitiva são apenas
objetivos e estão expressamente elencados no art. 71 do CP. Daí o nome: puramente objetiva.
o Teoria Objetivo-subjetiva: De acordo com esta teoria, os requisitos para a continuidade delitiva são
de natureza tanto objetiva como subjetiva. Daí o nome da teoria: objetivo-subjetiva. Os requisitos
objetivos estão previstos no art. 71 (mesmas condições de tempo, lugar e forma de execução). O
requisito subjetivo, por sua vez, é a unidade de desígnio, ou seja, o liame volitivo entre os delitos, a
demonstrar que os atos criminosos se apresentam entrelaçados (a conduta posterior deve constituir
um desdobramento da anterior).

PONTOS RELEVANTES
➢ Prescrição: incide sobre cada um isoladamente;
➢ Competência do juizado: busca a pena máxima;
➢ SURSIS do processo: busca a pena mínima → súmula 243 STJ e 723 STF;
➢ Concorrência entre concurso formal e crime continuado: aplica só o aumento da continuidade delitiva;
ERRO NA EXECUÇÃO
➢ Miro pessoa, acerto outra pessoa;
➢ Com resultado duplo (atinge a vítima e pessoa diversa) → concurso formal; CP adota a teoria da equivalência
(responde por crime doloso consumado se o resultado produzido é tipicamente equivalente ao pretendido e é
previsível o desvio causal), o oposto é a teoria da concretização (o agente responde por tentativa + crime
culposo);
RESULTADO DIVERSO DO PRETENDIDO (art. 74)
➢ Miro pessoa, acerto coisa; Miro coisa, acerto pessoa;
➢ Se ocorre os dois resultados (pretendido e não pretendido) → concurso formal; se o segundo resultado não
foi decorrente de dolo ou culpa o agente não responde; NÃO SE APLICA se o resultado produzido era menos
grave que o visado;

TEORIA GERAL DA PENA


Pena = consequência jurídica;
SANÇÕES PENAIS → penas + medidas de segurança;
Terceira via do direito penal → reparação do dano (ROXIN);
FINALIDADES DA PENA
a) Teorias Absolutas: finalidade da pena é a retribuição do mal causado; OBS: O retribucionismo, hoje, é
utilizado em seu sentido limitativo: a pena deve ser proporcional ao injusto culpável;
b) Teorias Relativas: finalidade da pena é a prevenção de delitos; A prevenção pode operar na comunidade: é
a denominada prevenção geral; pode também operar no próprio infrator: é a prevenção especial;
PREVENÇÃO GERAL
➔ Negativa: temor que as pessoas terão a partir do exemplo de punição
➔ Positiva: reforçar, nas pessoas que não cometem delitos, a ideia de que vale a pena não os
cometer;
PREVENÇÃO ESPECIAL
➔ Negativa: neutralizar a atuação do indivíduo que seja perigoso
➔ Positiva: trabalha com a ideia de ressocialização
c) Teorias Unitárias ou Ecléticas: buscam conciliar a exigência de retribuição jurídica da pena com os fins de
prevenção geral e especial; prevalece no CP → Na etapa legislativa prevalece a prevenção geral; momento
judicial a retribuição; na execução (momento administrativo) a ressocialização;
d) Teoria negativa ou agnóstica da pena: pena é um exercício de poder que não tem função reparadora ou
retributiva nem é coerção administrativa direta; Um conceito negativo ou agnóstico de pena significa reduzi-la
a um mero ato de poder, que só tem explicação política
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
➢ Legalidade estrita ou reserva legal;
➢ Anterioridade;
➢ Aplicação da lei mais favorável;
➢ Individualização da pena: 3 momentos: cominação legal (legislador); aplicação judicial (juiz – pena concreta);
execução penal;
➢ Humanidade
➢ Pessoalidade ou intranscendencia;
➢ Suficiência da pena – art. 59, CP;
➢ Proporcionalidade: necessidade (PPL é subsidiária); adequação (apta a prevenção e retribuição);
proporcionalidade em sentido estrito (meios utilizados para os fins não devem extrapolar os limites do tolerável
→ proporção entre pena e sanção);
➢ Necessidade concreta de pena e princípio da irrelevância social do fato → bagatela imprópria;
PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE
A reclusão e a detenção apresentam pouca diferença nas consequências práticas. Vejamos algumas delas.

➢ Segundo a sistemática do Código Penal, o tratamento ambulatorial para o inimputável só seria cabível
para os crimes puníveis com detenção. Essa previsão legal foi relativizada pelo STJ, como veremos
adiante, mas ainda consta da letra da lei.
➢ O efeito secundário da incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela e curatela, somente é
aplicável aos crimes punidos com reclusão.
➢ Prioridade na ordem de execução (arts. 69 e 76 do Código Penal)
➢ Diferenças no regime inicial de cumprimento de pena;
Inexistência de vagas: manter em regime mais gravoso viola a individualização das penas e a legalidade; (i) a saída
antecipada de sentenciado no regime com falta de vagas; (ii) a liberdade eletronicamente monitorada ao
sentenciado que sai antecipadamente ou é posto em prisão domiciliar por falta de vagas; (iii) o cumprimento de
penas restritivas de direito e/ou estudo ao sentenciado que progride ao regime aberto. Até que sejam
estruturadas as medidas alternativas propostas, poderá ser deferida a prisão domiciliar ao sentenciado. Não é possível
o alojamento conjunto de presos dos regimes abertos e semiabertos com o regime fechado.
REGIME DISCIPLINAR DIFERENCIADO
➢ Natureza jurídica: i) se fundado no cometimento de falta grave, é espécie de sanção disciplinar; ii) nas
outras hipóteses, tem natureza cautelar, para impedir a concretização de riscos iminentes. É uma forma
especial de cumprimento de pena no regime fechado;
➢ não há violação aos princípios da dignidade da pessoa humana, da humanidade, da proporcionalidade e da
legalidade. Em relação ao princípio da legalidade, a resposta parece evidente, uma vez que previsto em lei.
Também a proporcionalidade não parece atingida, porque há a consideração de fatos graves a determiná-lo.
Por fim, embora muito duro, não se trata de pena cruel, que possa afetar o princípio da humanidade ou da
dignidade da pessoa humana.
ATENÇÃO
PENA DE MULTA
Correção Monetária da pena de Multa
 IPCA → desde a cessação do fasto criminoso até a efetiva condenação;
 SELIC → no caso de mora (não pagamento voluntário em 10 dias)
APLICAÇÃO DAS PENAS
A dosimetria da pena é matéria sujeita a certa discricionariedade judicial.
MODELO TRIFÁSICO – Hungria;
1) Pena base;
ATENÇÃO: É preciso tomar cuidado com o bis in idem vertical. É possível que um determinado dado
configure ao mesmo tempo uma qualificadora, uma agravante, uma causa de aumento ou uma
circunstância judicial do art. 59 do CP. Nesses casos, deve-se observar a seguinte ordem de
prioridade: (i) qualificadoras; (ii) causas de aumento ou diminuição de pena; (iii) agravantes e
atenuantes; (iv) circunstâncias judiciais;
Cada circunstância desfavorável vai ter um peso aproximado de 1/6 a 1/8 em relação ao intervalo da
pena cominada;
2) Agravantes e atenuantes;
3) Causas de aumento e de diminuição

PENA BASE
a) CULPABILIDADE: JUÍZO DE CENSURABILIDADE;
➢ Elemento do crime → juízo qualitativo;
➢ Circunstância Judicial → juízo quantitativo: grau de culpabilidade
CIRINO: parâmetros → a) grau de capacidade de entendimento da ilicitude do fato; b) grau de autodeterminação;
STJ: Intensidade do dolo → maior reprovabilidade da conduta;
STF: alegação de inconstitucionalidade: a previsão da circunstância judicial está afinada com a ideia de maior
individualização da pena. Revela ao magistrado as características pessoais do acusado, sobretudo na hipótese de
concurso de pessoas, e o grau de censura na prática do ato delitivo.

b) ANTECEDENTES;
➢ Maus antecedentes exigem condenações transitadas em julgado referentes a fatos ocorridos antes daquele
que está em julgamento, e que não sejam aptas a caracterizar reincidência;
➢ STJ, Súmula 444: É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-
base.
➢ Hipóteses: Condenações anteriores depois do prazo a que se refere o art. 64, I do CP; Condenações por
contravenções; Condenações por crimes militares ou políticos;
➢ se houver mais de uma anotação na folha de antecedentes apta a gerar reincidência, o juiz poderá usar uma
delas como agravante e as demais como maus antecedentes. Nesse caso não haverá bis in idem;

c) CONDUTA SOCIAL;
➢ forma como o réu se comporta no trabalho, em casa, na vizinhança, etc;

d) PERSONALIDADE;
➢ caracteres exclusivos de uma pessoa, parte herdada (geneticamente), parte adquirida (criação, ambiente;
➢ A jurisprudência considera dados da personalidade do agente que foram demonstrados na prática do delito
➢ É necessário estabelecer uma correlação entre o dado da personalidade que se está considerando e o crime
praticado;

e) MOTIVOS;
➢ Residual!

f) CIRCUNSTÂNCIAS E CONSEQUÊNCIAS DO CRIME;


➢ Desvalor da ação e desvalor do resultado;
➢ O exaurimento nos crimes formais, inclusive para agravar a pena, pode ser considerado como consequência
do crime;

g) COMPORTAMENTO DA VÍTIMA;
➢ Só pode ser usado em favor do réu;

AGRAVANTES → art. 61, CP


ATENUANTES→
PENAS RESTRITIVA DE DIREITO
STJ: Dessa forma, os arts. 44, § 5º, do Código Penal e 181, § 1º, e, da Lei n. 7.210/1984, não amparam a conversão
na situação em que o apenado já se encontra em cumprimento de pena privativa de liberdade e sobrevém nova
condenação em que a pena corporal foi substituída por pena alternativa. Não conta com o indispensável amparo legal
e ainda ofende a coisa julgada, tendo em vista que o benefício foi concedido em sentença definitiva e, portanto,
somente comporta a conversão nas situações expressamente previstas em lei, em especial no art. 44, §§ 4º e 5º, do
Código Penal. A pena restritiva de direitos serve como uma alternativa ao cárcere. Logo, se o julgador reputou
adequada a concessão do benefício, a situação do condenado não pode ser agravada por meio de interpretação que
amplia o alcance do § 5º do art. 44 do Código Penal em seu prejuízo, notadamente à vista da possibilidade de
cumprimento sucessivo das penas.

#LINK: Princípio ou SISTEMA NUMERUS CLAUSUS → execução penal; superlotação carcerária; desvio de
execução;
 A superlotação é exemplo claro de desvio de execução, vez que impõe à pessoa presa o sacrifício de direitos
não abarcados nos limites da sentença, de forma ilegal, inconstitucional e humanamente intolerável. O
numerus clausus, nesse sentido, atuaria como medida de contenção da superlotação e, consequentemente,
de reparação do desvio de execução;
3 possíveis modalidades de numerus clausus:
➔ Preventivo: vedação de novos ingressos no sistema penitenciário, com a consequente transformação do
encarceramento em prisão domiciliar.
➔ Direto: deferimento de indulto ou prisão domiciliar àqueles mais próximos de atingir o prazo legal para a
liberdade.
➔ Progressivo: sistema de transferências em cascata (em cadeia), com a ida de um preso do regime fechado
para o semiaberto, de outro do regime semiaberto para o aberto (ou prisão domiciliar) e, por fim, de alguém
que esteja em uma dessas modalidades para o livramento condicional (uma espécie de “livramento condicional
especial”).
EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE
➔ Art. 107: rol exemplificativo. Ex: cumprimento do SURSIS. Ex. reparação, no caso de peculato culposo, antes
da sentença irrecorrível. SUSPRO. Pagamento do tributo antes do recebimento da denúncia na 8.137.

MORTE; (a pena de reparar o dano passa aos herdeiros). Não extingue os efeitos extrapenais.
A morte da VÍTIMA poderá ser causa de extinção de punibilidade na ação penal privada personalíssima: no crime de
induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento que não seja casamento anterior.
Analogia in bonam partem: nos crimes ambientais, extinta a pessoa jurídica extingue-se a punibilidade.
ABOLITIO CRIMINIS;
PRESCRIÇÃO;
➔ Só duas hipóteses: racismo e ação de grupo armados contra a ordem constitucional e o estado democrático
de direito.
DECADÊNCIA;
PEREMPÇÃO: somente ação privada. Deixa de promover o andamento durante 30 dias seguintes.
PERDÃO ACEITO PELO OFENDIDO;
RETRATAÇÃO:
➔ A retratação do agente poderá extinguir a punibilidade. Ex: retratação nos crimes contra honra, nos casos de
calunia e difamação, se até a sentença de primeiro grau. Crime de falso testemunho retratação até sentença
de primeira instancia no processo que ocorreu o falso.
PELA RENÚNCIA AO DIREITO DE QUEIXA
PERDÃO JUDICIAL, nos casos previstos em lei.
➔ Afasta os efeitos da sentença condenatória. A sentença é DECLARATÓRIA de extinção de punibilidade não
subsistindo qualquer efeito CONDENATÓRIO.
Anistia, graça e indulto.
São formas de renúncia do estado ao direito de punir. Apesar de concedidas por lei ou por ato do executivo, só geram
extinção da punibilidade com a decisão judicial. Atingem crime de ação penal pública e PRIVADA.
➔ Anistia própria: concedida antes da condenação definitiva;
➔ Anistia imprópria: concedida APÓS o trânsito em julgado.
➔ Anistia incondicionada: não depende de qualquer ato por parte dos autores da infração.
➔ Como regra, a anistia não pode ser rejeitada, aplicada pelo juiz independentemente de aceitação, salvo a
anistia condicionada.
➔ Indulto é coletivo e espontâneo. A graça é individual e solicitada (chamada tb de indulto individual).
➔ Indulto parcial: comutação da pena. Diminuição da pena.
➔ Uma vez concedida a anistia não pode ser revogada por lei posterior. Irretroatividade da lei para prejudicar o
acusado.
➔ Anistia retira os efeitos penais, mas não inibe os efeitos extrapenais.
➔ Súmula: o indulto estingue os efeitos penais primários. Não extingue os efeitos penais secundários ou
extrapenais.
A CF considera INANFIANÇÁVEL (não pode conceder FIANÇA) e insuscetível de GRACA OU ANISTIA:
• 3 T: tráfico, Terrorismo, Tortura;
• Crimes hediondos.
GRAÇA INDULTO
ANISTIA
(ou indulto individual) (ou indulto coletivo)

É um benefício concedido pelo Congresso Concedidos por Decreto do Presidente da República.


Nacional, com a sanção do Presidente da
Apagam o efeito executório da condenação.
República (art. 48, VIII, CF/88), por meio do A atribuição para conceder pode ser delegada ao(s):
qual se “perdoa” a prática de um fato criminoso.
• Procurador Geral da República;
Normalmente, incide sobre crimes políticos,
• Advogado Geral da União;
mas também pode abranger outras espécies de
delito. • Ministros de Estado.

É concedida por meio de uma lei federal


Concedidos por meio de um Decreto.
ordinária.

Pode ser concedida: Tradicionalmente, a doutrina afirma que tais benefícios só podem
ser concedidos após o trânsito em julgado da condenação. Esse
• antes do trânsito em julgado (anistia própria);
entendimento, no entanto, está cada dia mais superado,
• depois do trânsito em julgado (anistia considerando que o indulto natalino, por exemplo, permite que
imprópria). seja concedido o benefício desde que tenha havido o trânsito em
julgado para a acusação ou quando o MP recorreu, mas não para
agravar a pena imposta (art. 5º, I e II, do Decreto 7.873/2012).

Classificação Classificação
a) Propriamente dita: quando concedida antes a) Pleno: quando extingue totalmente a pena.
da condenação.
b) Parcial: quando somente diminui ou substitui a pena
b) Impropriamente dita: quando concedida após (comutação).
a condenação.

a) Incondicionado: quando não impõe qualquer condição.


a) Irrestrita: quando atinge indistintamente
b) Condicionado: quando impõe condição para sua concessão.
todos os autores do fato punível.
b) Restrita: quando exige condição pessoal do
autor do fato punível. Ex.: exige primariedade. a) Restrito: exige condições pessoais do agente. Ex.: exige
primariedade.

b) Irrestrito: quando não exige condições pessoais do agente.


a) Incondicionada: não se exige condição para
a sua concessão.
b) Condicionada: exige-se condição para a sua
concessão. Ex.: reparação do dano.

a) Comum: atinge crimes comuns.


b) Especial: atinge crimes políticos.

Extingue os efeitos penais (principais e Só extinguem o efeito principal do crime (a sanção penal).
secundários) do crime.
Os efeitos penais secundários e os efeitos de natureza civil
Os efeitos de natureza civil permanecem permanecem íntegros.
íntegros.

O réu condenado que foi anistiado, se cometer O réu condenado que foi beneficiado por graça ou indulto, se
novo crime, não será reincidente. cometer novo crime, será reincidente.
É um benefício coletivo que, por referir-se É um benefício individual É um benefício coletivo (sem
somente a fatos, atinge apenas os que o (com destinatário certo). destinatário certo).
cometeram.
Depende de pedido do É concedido de ofício (não
sentenciado. depende de provocação).

Nos crimes conexos, a extinção de punibilidade de um deles, não impede a agravação da pena em relação ao outro
resultante da conexão.
Prescrição da Pretensão Punitiva: 4 modalidades
• Prescrição da pretensão punitiva propriamente dita;
• Prescrição da pretensão punitiva retroativa;
• Prescrição da pretensão punitiva superveniente;

Propriamente dita: regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao delito:
• 20 anos: se a pena for superior a 12 anos;
• 16 anos: superior a 8 até 12
• 12 anos: superior a 4 anos até 8
• 8 anos: superior a 2 até 4 anos.
• 4 anos: DE 1 ano até 2 anos.
• 3 anos: inferior a 1 ano.
A falta grave prescreve no menor prazo previsto na legislação penal: 3 anos.
Prescrição na medida de segurança: MS é pena sendo possível a pena ser extinta pela prescrição. A MS aplicada
ao inimputável considera o máximo da pena abstratamente cominada ao delito.
O período máximo de suspensão do prazo prescricional do art. 366 não pode ultrapassar o prazo previsto no artigo
109 do CP.
PRESCRIÇÃO e TEORIA DA PIOR DAS HIPÓTESES: no cálculo da prescrição deve ser observar as majorantes pelo
maior percentual de aumento, e as minorantes pela fração que menos reduza a reprimenda.
Prescrição das penas restritivas de direito: mesmo prazo das penas privativas de liberdade.
Prescrição da pretensão executória:
Regula-se pela pena aplicada. Aumentado de 1/3 em caso de reincidência.
O aumento incide NÃO É SOBRE A PENA, mas sobre o PRAZO PRESCRICIONAL.
Súmula: a reincidência não influi na prescrição da pretensão punitiva.
A reincidência é causa de interrupção da prescrição: apenas interrompe a prescrição da pretensão executória.
Prescrição da pena de multa: em relação a pena de multa, quando é a única aplicada, a reincidência não influi no
prazo da prescrição executória, diante do tratamento específico:
• 2 anos se for a única aplicada.
• No mesmo prazo estabelecido para a pena privativa de liberdade se for cumulativamente aplicada.

PENAL PARTE ESPECIAL


CRIMES CONTRA A VIDA E HONRA
HOMICÍDIO

A qualificadora da “paga ou promessa de recompensa” prevista no inciso I do § 2º do art. 121 do CP é aplicada,


sem dúvidas, ao executor do crime. No entanto, indaga-se: essa qualificadora também se comunica ao
mandante do crime?
1ª corrente: NÃO. A qualificadora de ter sido o delito praticado mediante paga ou promessa de recompensa é
circunstância de caráter pessoal e, portanto, incomunicável, por força do art. 30 do CP. Nesse sentido: STJ. 5ª Turma.
HC 403263/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 13/11/2018.
2ª corrente: SIM. No homicídio mercenário, a qualificadora da paga ou promessa de recompensa é elementar do tipo
qualificado, comunicando-se ao mandante do delito. Sobre o tema: STJ. 6ª Turma. AgInt no REsp 1681816/GO, Rel.
Min. Nefi Cordeiro, julgado em 03/05/2018.

Não há incompatibilidade entre o dolo eventual e o reconhecimento do meio cruel, na medida em que o
dolo do agente, direto ou indireto, não exclui a possibilidade de a prática delitiva envolver o emprego de meio
mais reprovável, como veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel (art. 121, § 2º,
III, do CP). STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1573829/SC, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em
09/04/2019. STJ. 6ª Turma. REsp 1829601-PR, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 04/02/2020 (Info 665).
O que é meio cruel? Ocorre quando o agente pratica o homicídio de uma forma que causa maior sofrimento
à vítima, mesmo sendo possível cometer o crime de um modo menos doloroso.
STJ: O fato de o agente ter praticado o crime com reiteração de golpes na vítima, ao menos em princípio e
para fins de pronúncia, é circunstância indiciária do “meio cruel”, previsto no art. 121, § 2º, III, do CP.
Emprego de Veneno (VENEFÍCIO): será qualificado apenas quando a vítima não sabe está sendo
envenenada. Caso seja forçada a ingerir o veneno, o homicídio será qualificado pelo meio cruel.
Emprego de Asfixia: pode ser:
- mecânica (enforcamento, estrangulamento, esganadura, afogamento ou sufocação);
- tóxica (produzida por gases deletérios).
Meio que possa resultar perigo comum: número indeterminado de pessoas.

Compatível - Motivo fútil


Dolo Eventual - Meio cruel
Incompatível - Traição, emboscada,
dissimulação (qualificadoras de
meio)
OBS: Há uma 2ª corrente no STJ
entendendo que é compatível.

Feminicídio Femicídio
Praticar homicídio contra mulher por “razões da Praticar homicídio contra mulher (matar mulher).
condição de sexo feminino” (por razões de gênero).
- Motivo torpe e feminicídio: inexistência de bis in idem.
Não caracteriza bis in idem o reconhecimento das qualificadoras de motivo torpe e de feminicídio no crime de
homicídio praticado contra mulher em situação de violência doméstica e familiar.
Isso se dá porque o feminicídio é uma qualificadora de ordem OBJETIVA - vai incidir sempre que o crime
estiver atrelado à violência doméstica e familiar propriamente dita, enquanto que a torpeza é de cunho
subjetivo, ou seja, continuará adstrita aos motivos (razões) que levaram um indivíduo a praticar o delito.
STJ. 6ª Turma. HC 433.898-RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 24/04/2018 (Info 625).

OBS: O crime de REMOÇÃO DE ÓRGÃOS QUALIFICADO PELO RESULTADO MORTE, previsto no art. 14, § 4º, da
Lei nº 9.434/97, não é de competência do Júri.
 O bem jurídico a ser protegido, no caso, é a incolumidade pública, a ética e a moralidade no contexto da
doação de órgãos e tecidos, além da preservação da integridade física das pessoas e do respeito à memória
dos mortos.
 Trata-se do crime do art. 14, § 4º da Lei 9.434/97 porque a finalidade era a remoção dos órgãos.
 Competência da justiça estadual: No delito do art. 14, § 4º, da Lei nº 9.434/97, a proteção da vida apresenta-
se como objeto de tutela do tipo penal de forma mediata, não se podendo dizer que se trata de crime doloso
contra a vida. É crime preterdoloso.
Homicídio na direção de veículo automotor: o simples fato do condutor do veículo estar embriagado não gera a
presunção de que tenha havido dolo eventual. Excesso de velocidade/Direção Perigosa/Dirigir na contramão = DOLO
EVENTUAL. A quem compete analisar? STJ se divide, um julgado de 2017 diz que é o juiz togado na primeira fase;
um julgado de 2021 afirma que é o júri.

ABORTO
A interrupção da gravidez no primeiro trimestre da gestação provocada pela própria gestante (art. 124) ou com o seu
consentimento (art. 126) não é crime. STF
 interpretação conforme a Constituição aos arts. 124 a 126 do Código Penal – que tipificam o crime de aborto
– para excluir do seu âmbito de incidência a interrupção voluntária da gestação efetivada no primeiro trimestre.
 Requisitos para que a tipificação de uma conduta seja compatível com a Constituição: a) este tipo penal
deverá proteger um bem jurídico relevante; b) o comportamento incriminado não pode constituir
exercício legítimo de um direito fundamental; e c) deverá haver proporcionalidade entre a ação
praticada e a reação estatal. Se determinada conduta for prevista como crime, mas não atender a algum
desses três requisitos, este tipo penal deverá ser considerado inconstitucional.
 A conduta de praticar aborto com consentimento da gestante no primeiro trimestre da gravidez não pode ser
punida como crime porque não preenche o segundo e terceiro requisitos acima expostos (letras "b" e "c").
 VIOLAÇÕES A DIREITOS FUNDAMENTAIS DAS MULHERES: Violação à autonomia da mulher (Art. 1º, III,
CF); Violação do direito à integridade física e psíquica; Violação aos direitos sexuais e reprodutivos da mulher;
Violação à igualdade de gênero;
 O reconhecimento dos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres como direitos humanos percorreu uma
longa trajetória, que teve como momentos decisivos a Conferência Internacional de População e
Desenvolvimento (CIPD), realizada em 1994, conhecida como Conferência do Cairo, e a IV Conferência
Mundial sobre a Mulher, realizada em 1995, em Pequim. Liberdade sexual feminina em sentido positivo e
emancipatório.
OBS: DISCRIMINAÇÃO SOCIAL E IMPACTO DESPROPORCIONAL SOBRE MULHERES POBRES: A tipificação
penal do aborto produz também discriminação social, já que prejudica, de forma desproporcional, as mulheres pobres,
que não têm acesso a médicos e clínicas particulares, nem podem se valer do sistema público de saúde para realizar
o procedimento abortivo.
 VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE: o princípio da razoabilidade-proporcionalidade
funciona com uma dupla dimensão, tendo por objetivo proibir os excessos e também a insuficiência.
Subprincípio da adequação: Na prática, portanto, a criminalização do aborto é ineficaz para proteger o direito
à vida do feto. Do ponto de vista penal, ela constitui apenas uma reprovação “simbólica” da conduta.
Subprincípio da necessidade: Há instrumentos que são eficazes à proteção dos direitos do feto e,
simultaneamente, menos lesivos aos direitos da mulher. Subprincípio da proporcionalidade em sentido
estrito: As restrições aos direitos fundamentais das mulheres decorrentes da criminalização são ou não
compensadas pela proteção à vida do feto? NÃO. Promove grande restrição aos DF das mulheres e promove
um grau reduzido de proteção aos direitos do feto, eis que não tem sido capaz de reduzir o número de abortos.
 OBS: Tal decisão foi tomada em sede de HC, sem efeitos erga omnes.
Aborto de feto anencéfalo → conduta ATÍPICA. ADPF 54: Não há conflito entre o direito à vida dos anencéfalos e o
direito da mulher à dignidade. Isso porque, segundo o Min. Relator, direito à vida de anencéfalo seria um termo
antitético considerando que o anencéfalo, por ser absolutamente inviável, não seria titular do direito à vida.
LESÕES CORPORAIS
 STJ: A qualificadora prevista no art. 129, § 2º, IV, do Código Penal (deformidade permanente) abrange
somente lesões corporais que resultam em danos físicos; Quando o art. 129, § 2º, IV, do CP fala em
“deformidade permanente” ele está se referindo a lesões estéticas de grande monta, capazes de causar
desconforto a quem a vê ou ao seu portador.
 A perda de dois dentes pode até gerar uma debilidade permanente (§ 1º, III), ou seja, uma dificuldade maior
da mastigação, mas não configura deformidade permanente (§ 2º, IV).
 A qualificadora “deformidade permanente” do crime de lesão corporal (art. 129, § 2º, IV, do CP) não é afastada
por posterior cirurgia estética reparadora que elimine ou minimize a deformidade na vítima. Isso porque, o fato
criminoso é valorado no momento de sua consumação, não o afetando providências posteriores, notadamente
quando não usuais (pelo risco ou pelo custo, como cirurgia plástica ou de tratamentos prolongados, dolorosos
ou geradores do risco de vida) e promovidas a critério exclusivo da vítima.

PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE

MAUS-TRATOS TORTURA-CASTIGO
(art. 136, CP) (art. 1º, II, Lei nº 9.455/97)
Crime de perigo Crime de dano
Dolo de repreensão Dolo de padecimento
Não exige intenso sofrimento físico ou mental Exige intenso sofrimento físico ou mental
Finalidade: educação, ensino, tratamento ou Finalidade: castigo, medida de caráter preventivo
custódia
Competência do JECRIM (IMPO) Competência do juízo comum

CRIMES CONTRA A HONRA

REGRA: Admite
EXCEÇÃO:
CALÚNIA -Crime de ação privada: Não foi condenado.
EXCEÇÃO DA -Crime de ação pública: Foi absolvido.
VERDADE -Fato imputado ao Presidente da República ou chefe de governo
estrangeiro
REGRA: Não admite
DIFAMAÇÃO EXCEÇÃO: se o ofendido é funcionário público e a ofensa
é relativa ao exercício de suas funções
Configura difamação a conduta do agente que publica vídeo de um discurso no qual a frase completa
do orador é editada, transmitindo a falsa ideia de que ele estava falando mal de negros e pobres. A
edição de um vídeo ou áudio tem como objetivo guiar o espectador e, quando feita com o objetivo de difamar
a honra de uma pessoa, configura dolo da prática criminosa. Vale ressaltar que esta conduta do agente, ainda
que praticada por Deputado Federal, não estará protegida pela imunidade parlamentar. STF. 1ª Turma. AP
1021/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 18/8/2020 (Info 987).

INJÚRIA RACIAL RACISMO


(art. 140, § 3º do CP) (art. 20 da Lei 7.716/89)
(alguns autores chamam de racismo impróprio)
Art. 140. Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou
ou o decoro: preconceito de raça, cor, etnia,
§ 3º Se a injúria consiste na utilização de elementos religião ou procedência nacional.
referentes a raça, cor, etnia, religião, Pena: reclusão de um a três anos e multa.
origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora
de deficiência:
Pena - reclusão de um a três anos e multa.
O agente ofende, insulta, ou seja, xinga alguém O agente pratica algum ato discriminatório que faz
utilizando elementos relacionados com a sua raça, com que a vítima fique privada de algum direito em
cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa virtude de sua raça, cor, etnia, religião ou
idosa ou portadora de deficiência. procedência nacional. Há um ato de segregação.
A ofensa é praticada contra uma PESSOA Também pode ser caracterizado mediante uma
DETERMINADA ou um GRUPO DETERMINADO de ofensa verbal (sem um ato de segregação), desde
indivíduos (exs: cinco amigos negros, árabes etc.). que a ofensa seja dirigida a todos os integrantes
de certa raça, cor, etnia, religião
etc.
A intenção do agente é atacar a honra subjetiva de A intenção é segregar a pessoa ou um grupo de
uma pessoa ou de um grupo determinado de pessoas, pessoas por conta de um dos elementos já
utilizando os elementos já mencionados. mencionados.
Ex: “seu macaco”. Ex: nesta festa não pode entrar negros.
Ex: “vocês 5 são um bando de terroristas”. Ex: todos os judeus são ladrões.
O agente visa a atingir uma pessoa determinada O agente visa a atingir um número indeterminado
ou determinável. de pessoas (todos que compõem aquela
coletividade).
O bem jurídico tutelado é a HONRA SUBJETIVA. O bem jurídico tutelado é a IGUALDADE.
Trata-se de crime de ação penal pública Trata-se de crime de ação penal pública
condicionada à representação da vítima (art. incondicionada.
145, parágrafo único, do CP).
Há polêmica se seria ou não um crime inafiançável e Não há dúvidas de que se trata de crime inafiançável
imprescritível, ou seja, se está incluído no art. 5º, XLII, e imprescritível, nos termos do art. 5º, XLII: “a prática
da CF/88. Existe uma decisão do STJ do racismo constitui crime inafiançável e
reconhecendo a imprescritibilidade: STJ. 6ª imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos
Turma. AgRg no Aresp 686965/DF, j. 18/08/2015. da lei;”
STF: Imprescritível

INJÚRIA RACIAL → IMPRESCRITÍVEL: A prática de injuria racial, prevista no art. 140, § 3º, do Código Penal, traz
em seu bojo o emprego de elementos associados aos que se definem como raça, cor, etnia, religião ou origem para
se ofender ou insultar alguém. Em ambos os casos, há o emprego de elementos discriminatórios baseados na raça
para a violação, o ataque, a supressão de direitos fundamentais do ofendido. Sendo assim, não se pode excluir o crime
de injúria racial do mandado constitucional de criminalização previsto no art. 5º, XLII, restringir-lhe indevidamente a
aplicabilidade.
Difamação pode ser praticada mediante a publicação de vídeo no qual o discurso da vítima seja editado.
O que define a natureza eleitoral de crimes contra a honra é a circunstância de a ofensa ocorrer na propaganda
eleitoral ou para fins desta. Os tipos penais dos arts. 325 e 326 do Código Eleitoral tutelam não apenas a honra
subjetiva da vítima, mas também o ambiente eleitoral, garantindo espaço ético para a veiculação das propostas dos
candidatos.
CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL
CRIME DE PERSEGUIÇÃO (ART. 147-A DO CÓDIGO PENAL)
Em que consiste o crime
Crime de perseguição (art. 147-A do Código Penal)
1) ameaçando a integridade física ou
por qualquer psicológica da vítima;
praticando
meio (presencial-
O sujeito reiteradamente pelo menos 2) restringindo a capacidade de
mente, pela
persegue (exige habitua- uma de três locomoção da vítima; ou
internet, por
a vítima... lidade) condutas 3) invadindo ou perturbando, de
telefone, por
possíveis: qualquer forma, a esfera de liberdade
carta etc.)
ou privacidade da vítima.
 Bem jurídico: A liberdade individual.
 Crime habitual. Não cabe tentativa;
 Elemento subjetivo: Dolo
 Cúmulo material Obrigatório: Desse modo, se algum ato de perseguição for feito com o emprego de violência,
o agente responderá pelo delito do art. 147-A em concurso com o crime violento.
 APPC
Stalking x Contravenção Penal de molestamento (revogada). Houve abolitio criminis?
Vamos comparar as duas infrações:
Crime de perseguição Contravenção penal de molestamento
(art. 147-A do CP) (art. 65 do DL 3.688/41)
Exige uma perseguição reiterada. Não falava expressamente em reiteração.
Contentava-se com a conduta de molestar
alguém ou perturbar-lhe a tranquilidade.
Exige que o agente tenha: Não exigia nenhuma dessas três condutas.
· ameaçado à integridade física ou psicológica da Bastava molestar alguém ou perturbar-lhe a
vítima; tranquilidade.
· restringido à sua capacidade de locomoção; ou
· invadido/perturbado a sua esfera de liberdade
ou privacidade.
1) o indivíduo está respondendo ou foi condenado por molestamento e, ao se analisar a sua conduta no caso concreto,
percebe-se que ela se adequa à descrição típica do art. 147-A do CP. Nesta primeira situação, podemos afirmar que
não houve abolitio criminis, mas sim continuidade normativo-típica. O indivíduo continuará respondendo pela
contravenção penal do art. 65.
 O princípio da continuidade normativa ocorre “quando uma norma penal é revogada, mas a mesma
conduta continua sendo crime no tipo penal revogador, ou seja, a infração penal continua tipificada em outro
dispositivo, ainda que topologicamente ou normativamente diverso do originário.” (Min. Gilson Dipp, em voto
proferido no HC 204.416/SP).
2) o indivíduo está respondendo ou foi condenado por molestamento e, ao se analisar a sua conduta no caso concreto,
percebe-se que ela não se adequa à descrição típica do art. 147-A do CP. É o caso, por exemplo, de uma pessoa que
tenha molestado uma única vez a vítima. Como não houve habitualidade, a conduta não se amolda ao art. 147-A do
CP. Nesta segunda hipótese, teremos que concluir que houve abolitio criminis, acarretando a extinção da punibilidade.
REDUÇÃO À CONDIÇÃO ANÁLOGA A DE ESCRAVO
 Competência da JF;
 NÃO É imprescindível a restrição à liberdade de locomoção dos trabalhadores.

CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO


FURTO
FURTO PRIVILEGIADO
1) Primariedade do 2) Pequeno valor da coisa
agente Furtada
O agente (criminoso) deve ser primário. Segundo a jurisprudência, para os fins do § 2º do art.
Primário é o indivíduo que não é reincidente, nos 155, coisa de pequeno valor é
termos do art. 63 do CP. aquela cujo preço, no momento do crime, não
seja superior a 1 salário-mínimo.
Furto mediante fraude x Estelionato
ESTELIONATO FURTO MEDIANTE FRAUDE
Aponta como elementos do ilícito-típico a A fraude é utilizada para iludir a atenção ou
necessidade que o indivíduo: vigilância da vítima, que acaba não percebendo que
(i) utilize-se de artifício, ardil ou outro meio de a coisa foi subtraída, ao passo
fraude; que no estelionato a fraude é anterior ao
(ii) induzido ou mantendo a vítima em erro; apossamento da coisa e é causa por sua entrega ao
(iii) obtendo vantagem ilícita. sujeito pela vítima.
Logo, é indispensável que ocorra dois resultados –
vantagem ilícita e prejuízo alheio –o dolo no
estelionato existe desde o início, ao passo que na
apropriação indébita ele é subsequente.

 O reconhecimento das qualificadoras da escalada e rompimento de obstáculo (previstas no art. 155, § 4º, I e
II, do CP) exige a realização do exame pericial, salvo nas hipóteses de inexistência ou desaparecimento de
vestígios, ou ainda se as circunstâncias do crime não permitirem a confecção do laudo.
 Destreza, para fins de furto qualificado, é a especial habilidade física ou manual que permite ao agente subtrair
bens em poder direto da vítima sem que ela perceba o furto. É o chamado “punguista”.
 Se o funcionário do banco recebe o cartão e a senha da idosa para auxiliá-la a sacar um dinheiro do caixa
eletrônico e, aproveitando a oportunidade, transfere quantias para a sua conta pessoal, tal conduta configura
o crime previsto no art. 102 do Estatuto do Idoso.

Súmulas sobre furto


Súmula 442-STJ: É inadmissível aplicar, no furto qualificado, pelo concurso de agentes, a majorante do roubo.
Súmula 511-STJ: É possível o reconhecimento do privilégio previsto no § 2º do art. 155 do CP nos casos de crime
de furto qualificado, se estiverem presentes a primariedade do agente, o pequeno valor da coisa e a
qualificadora for de ordem objetiva.
Súmula 567-STJ: Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de segurança no
interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a configuração do crime de furto.
ROUBO
TEORIAS SOBRE O MOMENTO CONSUMATIVO
DO FURTO E DO ROUBO
CONTRECTATIO Para que o crime se consuma basta o agente tocar na coisa.
O crime se consuma quando a coisa subtraída passa para o poder do agente,
AMOTIO mesmo que não haja posse mansa e pacífica e mesmo que a posse dure curto
(APPREHENSIO) espaço de tempo.
Não é necessário que o bem saia da esfera patrimonial da vítima.
ABLATIO Consuma-se quando o agente consegue levar a coisa, tirando-a da esfera
patrimonial do proprietário.
ILATIO Para que o crime se consuma, é necessário que a coisa seja levada para o local
desejado pelo agente e mantida a salvo.

Súmulas sobre roubo


Súmula 610-STF: Há crime de LATROCÍNIO, quando o homicídio se consuma, ainda que não se realize o agente
a subtração de bens da vítima.
Súmula 443-STJ: O aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de roubo circunstanciado EXIGE
FUNDAMENTAÇÃO CONCRETA, não sendo suficiente para a sua exasperação a mera indicação do número
de majorantes.
Súmula 582-STJ: Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem mediante emprego de violência
ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à perseguição imediata ao agente e recuperação da
coisa roubada, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada.

EXTORSÃO
 Crime formal;
Súmula 96-STJ: O crime de extorsão consuma-se independentemente da obtenção da vantagem indevida.

RECEPTAÇÃO
 modalidades transportar, conduzir ou ocultar, é crime permanente;
 É inaplicável o princípio da consunção entre os crimes de receptação e porte ilegal de arma de fogo por
serem delitos autônomos e de natureza jurídica distinta, devendo o agente responder por ambos os delitos
em concurso material;

ESTELIONATO
AÇÃO PENAL NO CRIME DE ESTELIONATO
ANTES DA LEI DEPOIS DA LEI 13964/19
13964/19
Ação penal pública REGRA Ação penal pública CONDICIONADA à representação da vítima
INCONDICIONADA Ação penal pública INCONDICIONADA quando a vítima for:
EXCEÇÃO I - a Administração Pública, direta ou indireta;
II - criança ou adolescente;
III - pessoa com deficiência mental; ou
IV - maior de 70 anos de idade ou incapaz.

ESTELIONATO MEDIANTE Juízo do local da OBTENÇÃO DA VANTAGEM


FALSIFICAÇÃO DE CHEQUE ILÍCITA – Sum. 48 do STJ
1) ESTELIONATO MEDIANTE EMISSÃO Foro do local do DOMICÍLIO DA VÍTIMA (2021)
DE CHEQUE SEM FUNDOS
2) ESTELIONATO MEDIANTE DEPÓSITO OU
TRANSFERÊNCIA DE VALORES

APLICAÇÃO IMEDIATA DO NOVO § 4º DO ART. 70 DO CPP INSERIDO PELA LEI 14.155/2021


 Não se aplica aos processos que já estavam em curso → perpetuatio jurisdictionis;
OBS: Houve mudança também na ação penal do crime de estelionato, agora é pública condicionada;

QUAL É A AÇÃO PENAL NO CASO DO CRIME DE ESTELIONATO?


Antes Depois da Lei nº 13.964/2019
Regra geral: Regra geral: ação pública CONDICIONADA à representação.
Ação penal pública Exceções:
INCONDICIONADA Será de ação penal incondicionada quando a vítima for:
a) a Administração Pública, direta ou indireta;
Exceções: b) criança ou adolescente;
art. 182 do CP c) pessoa com deficiência mental; ou
d) maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz.

A mudança na ação penal do crime de estelionato, promovida pela Lei 13.964/2019, retroage para alcançar os
processos penais que já estavam em curso?
 As normas que tratam sobre a “ação penal” possuem natureza híbrida, ou seja, são normas de direito
processual penal que, no entanto, também apresentam efeitos materiais (influenciam no direito penal).

MUDANÇA NA AÇÃO PENAL DO ESTELIONATO E RETROATIVIDADE


A mudança na ação penal do crime de estelionato, promovida
pela Lei 13.964/2019, retroage para alcançar os processos penais que já estavam em curso? Mesmo
que já houvesse denúncia oferecida, será necessário intimar a
vítima para que ela manifeste interesse na continuidade do processo?
1ª corrente: NÃO 2ª corrente: SIM
A retroatividade da representação prevista no § 5º do A retroatividade da representação prevista § 5º do art.
art. 171 do CP deve se restringir à fase policial. 171 alcança todos os processos em curso.
A exigência de representação no crime de estelionato, A alteração promovida pela Lei nº 13.964/2019, que
trazida pelo Pacote Anticrime, não afeta os processos introduziu o § 5º ao art. 171 do Código Penal, ao
que já estavam em curso quando entrou em vigor a condicionar o exercício da pretensão punitiva do
Lei nº 13.964/2019. Estado à representação da pessoa ofendida, deve ser
Assim, se já havia denúncia oferecida quando entrou aplicada de forma retroativa a abranger tanto as
em vigor a nova Lei, não será necessária ações penais não iniciadas quanto as ações penais
representação do ofendido. em curso até o trânsito em julgado.
Assim, mesmo que já houvesse denúncia oferecida
quando a Lei entrou em vigor, o juiz deverá intimar a
vítima para manifestar interesse na continuidade da
persecução penal, no prazo de 30 dias, sob pena de
decadência.
O novo comando normativo apresenta caráter híbrido, As normas que disciplinam a ação penal, mesmo
pois, além de incluir a representação do ofendido aquelas constantes do CPP, são de natureza mista.
como condição de procedibilidade para a persecução
penal, apresenta potencial extintivo da punibilidade,Logo, são regidas pelos princípios da retroatividade e
sendo tal alteração passível de aplicação retroativa da ultratividade
por ser mais benéfica ao réu. benéficas ao réu. Isso porque disciplinam o exercício
Contudo, além do silêncio do legislador sobre a da pretensão punitiva.
aplicação do novo entendimento aos processos A retroação do § 5º do art. 171 do Código Penal
em curso, tem-se que seus efeitos não podem atingir alcança todos os processos em curso, ainda sem
o ato jurídico perfeito e acabado (oferecimento da trânsito em julgado, sendo que essa não gera a
denúncia), de modo que a retroatividade da extinção da punibilidade automática dos processos
representação no crime de estelionato deve se em curso, nos quais a vítima não tenha se
restringir à fase policial, não alcançando o processo.
manifestado favoravelmente à persecução penal.
Do contrário, estar-se-ia conferindo efeito distinto ao
Deve-se aplicar, por analogia, a regra do art. 91 da Lei
estabelecido na nova regra, transformando-se a nº 9.099/95:
representação em condição de prosseguibilidade e Art. 91. Nos casos em que esta Lei passa a exigir
não procedibilidade. representação para a propositura da ação penal
pública, o ofendido ou seu representante legal será
intimado para oferecê-la no prazo de trinta dias, sob
pena de decadência.
STJ. 5ª Turma. HC 573.093-SC, Rel. Min. Reynaldo 2ª TURMA STF
Soares da Fonseca, j. em 09/06/2020 (Info 674). STF.
2ª Turma. ARE 1230095 AgR, Rel. Gilmar Mendes,
julgado em 24/08/2020. E 1ª TURMA DO STF

Súmulas sobre estelionato


Súmula 246-STF: Comprovado não ter havido fraude, não se configura o crime de emissão de cheque sem fundos.
Súmula 521-STF: O foro competente para o processo e julgamento dos crimes de estelionato, sob a modalidade
da emissão dolosa de cheque sem provisão de FUNDOS, é o do LOCAL onde se deu a RECUSA do pagamento
pelo sacado.
Súmula 554-STF: O pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, APÓS O RECEBIMENTO da denúncia,
NÃO OBSTA AO PROSSEGUIMENTO DA AÇÃO PENAL.
OBS: a referida súmula não se aplica ao estelionato no seu tipo fundamental (art. 171, caput) (STJ. 5ª Turma. HC
280.089-SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 18/2/2014).
Súmula 17-STJ: Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido.
Súmula 24-STJ: Aplica-se ao crime de estelionato, em que figure como vítima entidade autárquica da previdência
social, a qualificadora do § 3º, do art. 171 do Código Penal.
Súmula 48-STJ: Compete ao juízo do local da obtenção da VANTAGEM ilícita processar e julgar crime de
estelionato cometido mediante FALSIFICAÇÃO de cheque.
Súmula 73-STJ: A utilização de papel moeda grosseiramente falsificado configura, em tese, o crime de estelionato,
da competência da Justiça Estadual.
Súmula 244-STJ: Compete ao foro do local da RECUSA processar e julgar o crime de estelionato mediante cheque
sem provisão de FUNDOS.

CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL


É possível desclassificar o crime de estupro de vulnerável (art. 271-A) para a importunação sexual (art. 215-
A)?
STJ – Tema 1121: NÃO!
➢ Doutrina da proteção integral das crianças e adolescentes;
➢ A prática de qualquer ato libidinoso, compreendido como aquele destinado à satisfação da lascívia, com menor
de 14 anos, configura o delito de estupro de vulnerável (art. 217-A do CP) → não necessita de contato físico;
maior ou menor superficialidade dos atos libidinosos, a intensidade do contato ou a virulência da ação
criminosa não são critérios relevantes para a tipificação do delito em questão.
➢ Especialidade do 217-A e subsidiariedade expressa do 215-A;
Art. 215-A Art. 213 Art. 217-A
A falta de anuência da vítima não Se houver constrangimento no Nos casos de estupro de
pode consistir em nenhuma forma sentido de "obrigar" alguém à vulnerável, por outro lado, foi
de constrangimento; prática de ato de libidinagem, necessário advertir que não há
estará configurado o crime de propriamente um
estupro, ante a presença do verbo constrangimento à prática de atos
nuclear do tipo do art. 213 do CP. sexuais. Não existe sequer
presunção de constrangimento ou
de violência.
Constrangimento é elemento Constrangimento é elemento o constrangimento não é
especializante. especializante; elemento especializante do
estupro de vulnerável. O fator
especializante do art. 217-A do
CP, na sistemática da Lei n.
12.015/2009, é simplesmente a
idade da vítima: "vítima menor de
14 (catorze) anos".

➢ Desclassificar a prática de ato libidinoso com pessoa menor de 14 anos para o delito do art. 215-A do CP,
crime de médio potencial ofensivo que admite a suspensão condicional do processo, desrespeitaria ao
mandamento constitucional de criminalização do art. 227, §4º, da CRFB;
➢ O art. 19 da Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança é peremptório ao impor aos Estados a
adoção de medidas legislativas, administrativas, sociais e educacionais apropriadas para proteger a criança
contra "todas" as formas de abuso.
➢ Em verdade, a subsunção no art. 217-A do CP prestigia o princípio da proporcionalidade, notadamente no
aspecto da proibição da proteção insuficiente, bem como o princípio da proteção integral, conforme visto. Art.
6º do ECA → condição peculiar de pessoa em desenvolvimento (não afronta a isonomia);
➢ Verifique-se que a opção legislativa é pela absoluta intolerância com atos de conotação sexual com pessoas
menores de 14 anos, ainda que superficiais e não invasivos.
➢ Tanto a jurisprudência desta Corte Superior quanto a do Supremo Tribunal Federal são pacíficas em rechaçar
a pretensão de desclassificação da conduta de praticar ato libidinoso com pessoa menor de 14 anos para o
crime de importunação sexual (art. 215-A do CP).

IMPORTUNAÇÃO SEXUAL ATO OBSCENO


Art. 215-A. Praticar contra alguém e sem a sua Art. 233. Praticar ato obsceno em lugar público, ou
anuência ato libidinoso com o objetivo de satisfazer a aberto ou exposto ao público:
própria lascívia ou a de terceiro: Pena - detenção, de três
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o ato meses a um ano, ou multa.
não constitui crime mais grave.
O sujeito passivo é determinado (uma pessoa Sujeito passivo é a
determinada ou um grupo de pessoas determinado). coletividade (crime vago).
Exige-se um elemento subjetivo especial. O agente O elemento subjetivo é o dolo, não se exigindo do
pratica a conduta “com o objetivo de satisfazer a sujeito nenhuma finalidade
própria lascívia ou a de específica.
terceiro”.
A conduta não precisa ter sido praticada em lugar Para que o crime se configure, é indispensável que o
público, ou aberto ou exposto a público. ato obsceno tenha sido praticado
Ex: pode ser praticado no interior de uma casa. em lugar público, ou aberto
ou exposto ao público.
Para que o crime se configure, é indispensável que o Não importa se houve ou não anuência das pessoas
ato libidinoso tenha sido praticado contra alguém que que estavam presentes. Se o ato
não concordou com isso. A análise da anuência ou obsceno foi praticado em lugar público, ou aberto ou
não da pessoa atingida é exposto ao público, haverá o
fundamental. crime.
Infração de médio potencial Infração de menor potencial
ofensivo. ofensivo.

CORRUPÇÃO DE MENORES
CP ECA
Art. 218. Induzir alguém menor de 14 anos a Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de
satisfazer a lascívia de outrem: menor de 18 anos, com ele praticando infração
penal ou induzindo-o a praticá-la
a vítima, menor de 14 (quatorze) anos, é induzida a o agente pratica crime ou contravenção penal na
satisfazer a lascívia de outrem mediante a prática de companhia de menor de 18 (dezoito) anos, ou o induz
alguma conduta sem contato físico, meramente a praticá-lo, fazendo com que aquela pessoa, que
contemplativa. ainda não atingiu a maioridade, passe a fazer parte do
mundo do crime. Trata-se de crime formal, que não
exige resultado naturalístico para a sua consumação.

#NÃOCONFUNDA
Induzir menor de 14 anos a satisfazer a lascívia de Corrupção de Menores (art. 218)
outrem:
Induzir maior de 14 e menor de 18 anos a satisfazer a Mediação para servir a lascívia de outrem
lascívia de outrem: QUALIFICADA (art. 227, § 1º)
Induzir maior de 18 (adulto) a satisfazer a lascívia de Mediação para servir a lascívia de outrem SIMPLES
outrem: (art. 227, caput)

CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA

INCITAÇÃO AO CRIME APOLOGIA DE CRIME OU CRIMINOSO


(art. 286, CP) (art. 287, CP)
Incitar a prática de crime Enaltecer a prática de crime ou o criminoso
Aqui há menção a um fato futuro Aqui há menção a um fato passado
O crime ainda não foi praticado O crime já foi praticado
É uma instigação direta É uma instigação indireta

Associação Criminosa
#ATENÇÃO AO PREVISTO NA LEI DE CRIMES HEDIONDOS:
Art. 8º Será de três a seis anos de reclusão a pena prevista no art. 288 do Código Penal, quando se tratar de crimes
hediondos, prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins ou terrorismo. (QUALIFICADORA)
Parágrafo único. O participante e o associado que denunciar à autoridade o bando ou quadrilha, possibilitando seu
desmantelamento, terá a pena REDUZIDA de UM A DOIS TERÇOS(-1 a 2/3). (CAUSA DE DIMINUIÇÃO DE PENA).
1. A Lei nº 12.850/13 (lei de organização criminosa) alterou o nome do delito de quadrilha
ou bando para associação criminosa. Ainda, a nova lei demonstrou ser mais severa: antes
configurava o crime de quadrilha ou bando com o mínimo de 4 pessoas. Agora, precisa
de apenas 3 pessoas (irretroativa neste aspecto);
2. Crime de concurso necessário, plurissubjetivo ou plurilateral: o tipo penal reclama a
ASSOCIAÇÃO pluralidade de agentes (3 ou mais) – na espécie condutas paralelas – os agentes atuam
CRIMINOSA com o mesmo objetivo;
3. Inimputáveis (menor/doente mental) são incluídos no número legal;
4. Agente não identificado: também é computado no número legal. Basta que
elementos demonstrem a estabilidade da associação para a prática de crimes;
5. Agente que tem extinta sua punibilidade: eventual extinção da punibilidade de uns dos
sujeitos não interfere na caracterização da figura típica;
6. Agente absolvido: se a participação de um dos sujeitos ativos não é demonstrada nos
autos, vindo ele a ser absolvido, o delito estará descaracterizado, a não ser que ainda
restem três pessoas que o integrem;
7. Agentes não se conhecem: pouco importa se os agentes não se conhecem ou não
residem na mesma localidade;
8. Deve haver estabilidade e permanência, caso contrário haverá concurso de
agentes;
9. Se for para cometer contravenções penais, não incide o art. 288 do CP. Ou seja, não é
possível uma associação criminosa com o fim de cometer contravenção;
10. Impossível a associação criminosa para pratica de crimes culposos ou
preterdolosos, pois, é inviável buscar o resultado que não se deseja.

MILÍCIA ASSOCIAÇÃO ASSOCIAÇÃO ASSOCIAÇÃO ORGANIZAÇÃO


PRIVADA CRIMINOSA P/ TRÁFICO P/ GENOCÍDIO CRIMINOSA

Art. 35 - Lei nº Art. 2° - Lei nº Art. 1°, § 1° e 2º -


Previsão Art. 288-A, CP Art. 288, CP 11.343/06 2.889/56 Lei nº 12.850/13

Quant. de - 3 ou + 2 ou + + de 3 (4 ou +) 4 ou +
Agentes

Constituir, Associarem-se Associarem-se Associarem-se Promover,


organizar, integrar, três ou mais duas ou mais mais de três constituir,
manter ou custear pessoas pessoas pessoas financiar ou
Conduta organização integrar,
paramilitar, milícia pessoalmente ou
particular ou grupo por interposta
ou esquadrão de pessoa,
extermínio organização
criminosa
Apesar de Dispensa Dispensa Dispensa Pressupõe
dispensar, em regra estrutura estrutura estrutura estrutura ordenada
Estruturação apresenta divisão de ordenada e ordenada e ordenada e e divisão de
tarefas divisão de divisão de divisão de tarefas, ainda que
tarefas tarefas tarefas informalmente

A busca da A busca da A busca da A busca da Com o objetivo de


vantagem é vantagem é vantagem é vantagem é obter
Vantagem dispensável dispensável, dispensável dispensável vantagem de
porém comum qualquer natureza

Com a finalidade de Com o fim Com o fim de Com a Mediante a prática


praticar qualquer específico de praticar, finalidade de de infrações penais
dos crimes previstos cometer crimes reiteradamente praticar os cujas penas
Finalidade no CP ou não, crimes máximas sejam
qualquer dos mencionados no superiores a 4
crimes artigo anterior anos, ou de
previstos nos da lei caráter
arts. 33, caput (genocídio) transnacional
e § 1o, e 34 da
Lei

Crime Comum Metade da pena Reclusão – 3 a 8


Reclusão – 4 a 8 (Reclusão – 1 a Reclusão – 3 a comida aos anos, e multa, sem
Pena anos. 3 anos); 10 anos. delitos. prejuízo das penas
Crime Hediondo correspondentes
ou Equiparado às demais
(Reclusão – 3 a infrações penais
6 anos). praticadas.

Causas de Art. 40, I a VII, – Art. 2º, §§ 2º e 4º,


Aumento de – Art. 288, p.ú., CP Lei nº Lei nº 12.850/13
Pena 11.343/06

CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA


 não admite a aplicação do princípio da insignificância;
 não admite o instituto do arrependimento posterior;
 não há modalidade culposa.
Obs.: A falsificação de documento é também chamada de FALSIDADE MATERIAL. Art. 297
Comentários: trata-se de tipo penal subsidiário, restando caracterizado, por exemplo, quando a contrafação
ou alteração não recair sobre papel-moeda de curso legal no país, hipótese em que haveria o crime de moeda
falsa inserto no art. 289 do Código Penal, ou sobre os papéis enumerados no art. 293 do Diploma Repressivo,
quando se estaria diante do delito de falsificação de papéis públicos.
Comentários: o crime de uso de documento falso é absorvido pelo crime de falsificação de documento
público quando praticado pelo mesmo agente. No caso, o uso é mero exaurimento do
falso, vale dizer, post factum impunível.

Falsidade ideológica
Comentários: o tipo penal exprime, ainda que sem esse objetivo direto, interpretação autêntica, na medida em que
especifica as formas de cometimento da falsidade ideológica. Na falsidade ideológica, o falso recai sobre o
conteúdo. O teor não condiz com a realidade. Diferentemente, na falsidade material, o falso recai sobre o
instrumento.
O crime de falsidade ideológica requer especial fim de agir: prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a
verdade sobre fato juridicamente relevante. Trata-se de figura típica subsidiária, podendo ser praticada de forma
omissiva ou comissiva.

ART. 307 ART. 304


FALSA IDENTIDADE USO DE DOCUMENTO FALSO
Consiste na simples atribuição de falsa identidade, Aqui, há OBRIGATORIAMENTE O USO DE
SEM A UTILIZAÇÃO DE DOCUMENTO FALSO. DOCUMENTO FALSO.
Ex.: ao ser parado em uma blitz, o agente afirma que Ex.: ao ser parado em uma blitz, o agente, João Lima,
seu nome é Pedro Silva, quando, na verdade, ele é afirma que seu nome é Pedro Silva e apresenta o RG
João Lima. falsificado com este nome.

CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


Atenção
CRIME FUNCIONAL (DELICTA IN OFFICIO)
É aquele cometido por funcionário público.
CRIME FUNCIONAL CRIME FUNCIONAL
PRÓPRIO IMPRÓPRIO
A ausência da condição de servidor público torna o A ausência da condição de servidor público faz com
fato atípico (atipicidade absoluta) que o crime deixe de ser funcional e passe a ser
incriminado por outro tipo penal incriminador
(atipicidade relativa)
Súmula 599-STJ: O princípio da insignificância É INAPLICÁVEL aos crimes contra a administração pública.

EXCEÇÃO: A jurisprudência é pacífica em admitir a aplicação do princípio da insignificância ao crime de


descaminho (art. 334 do CP), que, topograficamente, está inserido no Título XI do Código Penal, que trata
sobre os crimes contra a Administração Pública. De acordo com o STJ, “a insignificância nos crimes de
descaminho tem colorido próprio, diante das disposições trazidas na Lei n. 10.522/2002”, o que não ocorre
com outros delitos, como o peculato etc. (AgRg no REsp 1346879/SC, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado
em 26/11/2013).
OBS: No STF, há julgados admitindo a aplicação do princípio mesmo em outras hipóteses além do
descaminho, como foi o caso do HC 107370, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 26/04/2011 e do HC
112388, Rel. p/ Acórdão Min. Cezar Peluso, julgado em 21/08/2012. Segundo o entendimento que prevalece
no STF, a prática de crime contra a Administração Pública, por si só, não inviabiliza a aplicação do
princípio da insignificância, devendo haver uma análise do caso concreto para se examinar se incide
ou não o referido postulado.
Peculato
PECULATO
PECULATO-APROPRIAÇÃO: tem a posse do bem em virtude do cargo e passa a agir
PRÓPRIO como dono.
PECULATO-DESVIO: tem a posse do bem em virtude do cargo e o desvia em proveito
próprio ou de terceiro.
IMPRÓPRIO PECULATO-FURTO: não tem a posse do bem, mas se vale das facilidades do cargo
para subtrair ou concorrer para subtração.
O agente não observa seu dever de cuidado, concorrendo para que outrem subtraia, desvie
ou se aproprie do bem.
CULPOSO É infração de menor potencial ofensivo, admitindo transação penal e suspensão
condicional do processo.
Se o agente reparar o dano até a sentença IRRECORRÍVEL, extingue a punibilidade;
se após isso, reduz a pena pela metade.
ESTELIONATO Apropria-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro
de outrem.
O funcionário insere ou facilita a inserção de dados falsos, altera ou exclui
ELETRÔNICO indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou banco de dados da
Administração Pública, com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou
para causar dano.

PECULATO ELETRÔNICO
Crime INSERÇÃO DE DADOS FALSOS EM SISTEMA MODIFICAÇÃO OU ALTERAÇÃO NÃO
DE INFORMAÇÕES AUTORIZADA DE SISTEMA DE
(Art. 313-A, CP) INFORMAÇÕES
(Art. 313-B, CP)
Sujeito Funcionário público AUTORIZADO Funcionário público em sentido amplo -
Ativo (crime próprio) não precisa ser autorizado
(crime próprio)
Sujeito Passivo Primário: Estado; Primário: Estado;
Secundário: Pessoa eventualmente Secundário: Pessoa eventualmente
prejudicada pelo comportamento do agente. prejudicada pelo comportamento do
agente.
Objeto Administração Pública, mais especificamente a Administração Pública, mais
Jurídico guarda de dados nos sistemas informatizados especificamente seus sistemas de
ou banco de dados. informações ou programas de
informática.

Conduta Inserir ou facilitar a inserção de dados falsos; Modificar ou alterar...


Alterar ou excluir indevidamente dados Sistema de informações ou
corretos... programa de informática.
Nos sistemas informatizados ou bancos
de dados.
Voluntariedade Dolo Dolo
+ (não se exige fim específico)
Fim específico de: obter vantagem indevida
para si ou para outrem OU causar dano

Consumação Prática de qualquer núcleo do tipo (crime formal), Prática de qualquer núcleo do tipo (crime
dispensando a obtenção da vantagem ou formal).
provocação do dano. Resultando dano para Adm ou
administrado (caso ocorra), a pena é
aumentada de 1/3 até 1/2.
Tentativa Sim, é possível Sim, é possível

Pena Reclusão, de 2 a 12 anos, e multa. Detenção, de 3 meses a 2 anos, e multa.


(Impo: aplica-se a Lei nº 9.099/95)
Ação Penal Pública incondicionada Pública incondicionada

Servidor público que utiliza temporariamente bem público para satisfazer interesse particular,
sem a intenção de se apoderar ou desviar definitivamente a coisa, comete crime?
Se o bem é infungível e não consumível: NÃO Se o bem é fungível ou consumível: SIM

Ex.: é atípica a conduta do servidor público Ex.: haverá fato típico na conduta do servidor público
federal que utilizar carro oficial para levar seu federal que utilizar dinheiro público para pagar suas
cachorro ao veterinário. contas pessoais, ainda que restitua integralmente a
Ex.2: é atípica a conduta do servidor que usa o quantia antes que descubram.
computador da repartição para fazer um trabalho
escolar.
Exceção: Se o agente é prefeito, haverá crime, porque existe expressa previsão legal nesse sentido
no art. 1º, II, do Decreto-Lei n.° 201/67: “Art. 1º São crimes de responsabilidade dos Prefeitos Municipal,
sujeitos ao julgamento do Poder Judiciário, independentemente do pronunciamento da Câmara dos
Vereadores: (...) II - utilizar-se, indevidamente, em proveito próprio ou alheio, de bens, rendas ou
serviços públicos;”
Corrupção Passiva
CORRUPÇÃO PASSIVA
PRÓPRIA IMPRÓPRIA
Prática de ato funcional ILÍCITO Prática de ato funcional LÍCITO
O agente comercializa ato ilegítimo O agente comercializa ato legítimo
Agente solicita dinheiro para não multar Agente solicita dinheiro para expedir um alvará
Obs.: É possível, segundo entendimento doutrinário predominante, a ocorrência do crime de corrupção ativa sem que
exista simultaneamente o cometimento da corrupção passiva, pois as condutas são independentes.
Relação de dependência entre as espécies de corrupção:
a) Corrupção passiva sem ativa: É possível apenas em “solicitar”, pois o particular pode não aceitar. “Receber” ou
“aceitar promessa” pressupõe um comportamento anterior do particular.
b) Corrupção ativa sem passiva: É sempre possível, pois o particular “oferece” ou “promete” e o agente
público pode não aceitar.
CONCUSSÃO Funcionário público exige vantagem indevida.
CORRUPÇÃO Funcionário público solicita, recebe ou aceita vantagem indevida.
PASSIVA
CORRUPÇÃO Particular oferece ou promete vantagem indevida a funcionário público.
ATIVA
PREVARICAÇÃO O agente viola o dever funcional para satisfazer interesse ou sentimento
pessoal, de modo que não envolve um terceiro corruptor
CORRUPÇÃO PASSIVA PREVARICAÇÃO
PRIVILEGIADA
§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou Art. 319 - RETARDAR ou DEIXAR de praticar,
retarda ato de ofício, com infração de dever indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra
funcional, cedendo a pedido ou influência de disposição expressa de lei, para satisfazer interesse
outrem. ou sentimento pessoal.
Não há satisfação de sentimento ou interesse pessoal Há satisfação de sentimento ou interesse pessoal
(motivação)
Há pedido ou influência de outrem Não há pedido ou influência de outrem
(motivação)
Pena: Detenção, de três meses a um ano, OU multa Pena: Detenção, de três meses a um ano, E multa
Ex.: Policial que não multa motorista que implora para Ex.: Policial que não multa motorista quando vê que este
que não seja multado (cedeu a pedido ou influência de usa camisa do Flamengo, mesmo time de coração do
outrem) Policial (satisfez sentimento ou interesse pessoal)

ADVOCACIA ADMINISTRATIVA CRIME FUNCIONAL CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA


(art. 321, CP) (art. 3º, III, Lei nº 8.137/90)
Patrocinar interesse privado perante a Administração Patrocinar interesse privado perante a Administração
Pública Fazendária
PATROCINAR, direta ou indiretamente, interesse privado perante a
ADVOCACIA administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário.
ADMINISTRATIVA
Crime praticado por funcionário público contra a administração em geral
SOLICITAR, EXIGIR, COBRAR ou OBTER, para si ou para outrem, vantagem
TRÁFICO DE ou promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por
INFLUÊNCIA funcionário público no exercício da função.

Crime praticado por particular contra a administração em geral.


SOLICITAR ou RECEBER dinheiro ou qualquer outra utilidade, a pretexto de
EXPLORAÇÃO DE influir em juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário de justiça,
PRESTÍGIO perito, tradutor, intérprete ou testemunha.

Crime contra a administração da justiça

OBS; ofensa contra funcionário público: ausente → crime contra a honra majorado (148, II, CP); servidor presente →
desacato;

CONTRABANDO DESCAMINHO
Tipificado no art. 334-A do CP. Tipificado no art. 334 do CP.
Consiste em “importar ou exportar mercadoria Consiste em “iludir, no todo ou em parte, o pagamento
proibida”. de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída
ou pelo consumo de mercadoria”
Corresponde à conduta de importar ou exportar Corresponde à entrada ou à saída de produtos
mercadoria PROIBIDA. PERMITIDOS, todavia elidindo o pagamento do
Obs: essa proibição pode ser absoluta ou relativa. imposto devido. É a fraude utilizada para iludir o
pagamento de impostos relacionados com a
importação ou exportação de produtos.
NÃO é uma espécie de crime tributário. É uma espécie de crime tributário.
Bem jurídico: a moralidade administrativa, a saúde e Bem jurídico protegido: interesse do Estado na
a segurança pública. O bem juridicamente tutelado vai arrecadação dos tributos. Além disso, alguns autores
além do mero valor pecuniário do imposto elidido, apontam que este crime também protege o controle
alcançando também o interesse estatal de impedir a estatal das importações e das exportações.
entrada e a comercialização de produtos proibidos em
território nacional.
É INAPLICÁVEL o princípio da insignificância. APLICA-SE o princípio da insignificância se o
Exceção: contrabando de pequena quantidade de valor do tributo cujo pagamento foi iludido não
medicamento para uso próprio (STJ EDcl no AgRg no superar R$ 20 mil (posição majoritária).
REsp 1708371/PR).
NÃO admite suspensão condicional do processo (a Admite suspensão condicional do processo (a
pena é de 2 a 5 anos). pena é de 1 a 4 anos).

APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA SONEGAÇÃO DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA


(art. 168-A) (art. 337-A, CP)

O agente recolhe os valores e não os repassa a O agente não recolhe os valores


previdência
A extinção da punibilidade depende de pagamento da A extinção da punibilidade não depende de pagamento
contribuição da contribuição
BIZU: Sonegação = Sem pagamento
SONEGAÇÃO DE - crime material, que exige o lançamento definitivo do tributo (SV nº 24);
CONTRIBUIÇÃO - o dolo é genérico;
PREVIDENCIÁRIA - prescinde de dolo específico;
- não exige qualidade especial do sujeito ativo (crime comum);
Jurisprudência: "a jurisprudência desta Corte Superior é firme no sentido de aplicação do princípio da
consunção quando o delito de falso é praticado exclusivamente para êxito do crime de sonegação de
contribuição previdenciária". [STJ, AgRg nos EAREsp 386.863/MG, Rel. Ministro
FELIX FISCHER, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 22/03/2017, DJe 29/03/2017].

"é impossível aplicar o princípio da insignificância ao crime de sonegação de contribuição previdenciária em


virtude do elevado grau de reprovabilidade da conduta. Precedentes". [STF, RHC 132706 AgR, Relator(A):
Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado em 21/06/2016, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-159
DIVULG 29-07-2016 PUBLIC 01-08-2016].

Crimes em licitações e contratos


PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE NORMATIVO-TÍPICA
Manutenção, após a revogação de determinado dispositivo legal, do caráter proibido da conduta, porém com
o deslocamento do conteúdo criminoso para outro tipo penal. A intenção do legislador, nesse caso, é que a
conduta permaneça criminosa, não que haja a abolitio criminis.
O conteúdo criminoso dos crimes previstos na Lei 8666/93 (arts. 89-99) foram deslocados para a Parte
Especial do Código Penal.

Deverão ser analisados três critérios para se verificar se o ilícito administrativo configurou também o crime
do art. 89:
1º) existência ou não de parecer jurídico autorizando a dispensa ou a inexigibilidade. A existência de parecer
jurídico é um indicativo da ausência de dolo do agente, salvo se houver circunstâncias que demonstrem o contrário.
2º) a denúncia deverá indicar a existência de especial finalidade do agente de lesar o erário ou de promover
enriquecimento ilícito.
3º) a denúncia deverá descrever o vínculo subjetivo entre os agentes. STF. 1ª Turma. Inq 3674/RJ, Rel. Min. Luiz
Fux, julgado em 7/3/2017 (Info 856).
OBS: Contratação direta fora das hipóteses legais → norma penal em branco homogênea heterovitelina (74 e 75 da
Lei 14.133/2021) cujo complemento está na lei de licitações. Não considera mais irregular a contratação direta de
escritório de advocacia, esse complemento retroage?
 NORMA PENAL EM BRANCO HOMOGÊNEA: efeitos retroativos se benéfica; (complemento da mesma
fonte normativa);
 NORMA PENAL EM BRANCO HETEROGÊNEA: efeitos retroativos se benéfica, exceto se for excepcional,
que não retroage. (complemento de outra fonte normativa).
Logo, deve-se perguntar se o complemento assume face de normalidade (retroage) ou de anormalidade (não retroage,
ultratividade da lei excepcional – art. 3ª, CP).

LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL


LEI MARIA DA PENHA
ADC nº 19 e ADI 4424 – Constitucionalidade da Lei Maria da Penha
➢ a Lei Maria da Penha promove a igualdade em seu sentido material, sem restringir de maneira
desarrazoada o direito das pessoas pertencentes ao gênero masculino.
➢ não ser desproporcional ou ilegítimo o uso do sexo como critério de diferenciação, visto que a mulher seria
eminentemente vulnerável no tocante a constrangimentos físicos, morais e psicológicos sofridos em âmbito
privado.
➢ Frisou-se que, na seara internacional, a Lei Maria da Penha seria harmônica com o disposto no art. 7º, item
“c”, da Convenção de Belém do Pará e com outros tratados ratificados pelo país.
➢ trata-se de uma ação afirmativa (discriminação positiva) em favor da mulher.
➢ Sob o enfoque constitucional, consignou-se que a norma seria corolário da incidência do princípio da proibição
de proteção insuficiente dos direitos fundamentais.
➢ O Min. Ayres Britto disse que a Lei está em consonância plena com o que denominou de “constitucionalismo
fraterno”, que seria a filosofia de remoção de preconceitos contida na Constituição Federal de 1988.
A IGUALDADE MATERIAL (igualdade perante os bens da vida, substancial, real ou fática) preconiza que as
desigualdades fáticas existentes entre as pessoas devem ser reduzidas por meio da promoção de políticas públicas e
privadas. A igualdade material também encontra previsão na CF/88 (art. 3º, III).
As AÇÕES AFIRMATIVAS são medidas especiais que têm por objetivo assegurar progresso adequado de certos
grupos raciais, sociais ou étnicos ou de indivíduos que necessitem de proteção e que possam ser necessárias
e úteis para proporcionar a tais grupos ou indivíduos igual gozo ou exercício de direitos humanos e liberdades
fundamentais (REsp 1264649/RS, Rel. Min. Humberto Martins, 2ª Turma, julgado em 01/09/2011).
➢ Art. 33, também é constitucional: Segundo o Relator, a Lei Maria da Penha não implicou obrigação, mas a
faculdade de criação dos Juizados de Violência Doméstica contra a Mulher;
➢ O mencionado artigo apenas faculta a criação desses juizados e atribui ao juiz da vara criminal a competência
cumulativa das ações cíveis e criminais envolvendo violência doméstica contra mulher ante a necessidade de
conferir tratamento uniforme especializado e célere em todo o território nacional sobre a matéria.
AOS CRIMES PRATICADOS COM VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER NÃO SE APLICA A LEI 9.099/95
➢ O STF decidiu que este art. 41 é constitucional e que, para a efetiva proteção das mulheres vítimas de violência
doméstica, foi legítima a opção do legislador de excluir tais crimes do âmbito de incidência da Lei n.° 9.099/95.
➢ Vale ressaltar que a Lei n.° 9.099/95 não se aplica nunca e para nada que se refira à Lei Maria da Penha.
➢ O STF foi além e disse que, além dos institutos despenalizadores, nenhum dispositivo da Lei n.° 9.099/95
pode ser aplicado aos crimes protegidos pela Lei Maria da Penha. Obs: o STJ interpretava este art. 41
afirmando que a inaplicabilidade da Lei n.° 9.099/95 significava apenas que os institutos despenalizadores da
Lei dos Juizados é que não poderiam ser utilizados na Lei Maria da Penha, ou seja, transação penal e
suspensão condicional do processo.
CRIME DE LESÃO CORPORAL

➢ O Plenário, por maioria, julgou procedente ação direta, proposta pelo Procurador Geral da República, para
atribuir interpretação conforme a Constituição aos arts. 12, I; 16 e 41, todos da Lei 11.340/2006, e assentar a
natureza incondicionada da ação penal em caso de crime de lesão corporal, praticado mediante violência
doméstica e familiar contra a mulher.
Para a maioria dos ministros do STF, se a ação penal fosse considerada condicionada esta circunstância acabaria por
esvaziar a proteção constitucional assegurada às mulheres.
Entendeu-se, contudo, que permanece a necessidade de representação para crimes dispostos em leis diversas da Lei
9.099/95, como o de ameaça e os cometidos contra a dignidade sexual.
OBS: É errado dizer que, com a decisão do STF, todos os crimes praticados contra a mulher, em sede de violência
doméstica, serão de ação penal incondicionada. Continuam existindo crimes praticados contra a mulher (em violência
doméstica) que são de ação penal condicionada, desde que a exigência de representação esteja prevista no Código
Penal ou em outras leis, que não a Lei n.° 9.099/95. Assim, por exemplo, a ameaça praticada pelo marido contra a
mulher continua sendo de ação pública condicionada porque tal exigência consta do parágrafo único do art. 147 do
CP. O que o STF decidiu foi que o delito de lesão corporal, ainda que leve, praticado com violência doméstica
contra a mulher, é sempre de ação penal incondicionada porque o art. 88 da Lei n.° 9.099/95 não pode ser
aplicado aos casos da Lei Maria da Penha.
Os arts. 12, I e 16, da Lei Maria da Penha não foram declarados inconstitucionais. O que o STF fez foi tão-somente
dar interpretação conforme a Constituição a estes dispositivos, confirmando que deveriam ser interpretados de acordo
com o art. 41 da Lei. Em suma, deve-se entender que a representação mencionada pelos arts. 12, I e 16 da Lei Maria
da Penha refere-se a outros delitos praticados contra a mulher e que sejam de ação penal condicionada, como é o
caso da ameaça (art. 147 do CP), não valendo para lesões corporais.

Aplicação da lei: a tutela é a mulher em situação de vulnerabilidade no âmbito familiar, caracterizado por uma
relação de poder e submissão. O gênero do agressor é irrelevante.
➔ Mãe e filha;
➔ Patroa e empregada que reside no local
➔ Entre ex-namorados
➔ Alguns tribunais aceiram na aplicação em relação aos transexuais e transgêneros.
Violência: qualquer ação omissão BASEADA NO GÊNERO que lhe cause:
• Morte;
• Lesão;
• Sofrimento físico;
• Sofrimento sexual;
• Sofrimento psicológico;
• Dano moral;
• Dano patrimonial.
Âmbito doméstico: espaço de convívio PERMANENTE com ou sem vínculo familiar.
Qualquer relação íntima de afeto, independentemente de coabitação.
A violência doméstica é uma das formas de VIOLAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS.
Formas de violência:
• Violência física;
• Violência psicológica: dano emocional e diminuição da autoestima/ degradar/ controlar suas ações/
constrangimento/ humilhação/ manipulação/isolamento/ vigilância constante/ perseguição contumaz/
chantagem, violação da intimidade/ ridicularizarão / limitação do direito de ir e vir.
• Violência sexual;
• Violência patrimonial;
• Violência moral: QUALQUER CONDUTA que configure calúnia, difamação e injúria;
Outras violências não previstas nesta lei:
➔ Violência institucional: lei mariana ferrer;
➔ Violência política: interrupção nas falas, ameaças, xingamentos e até assédio no campo político. (mudança
na lei do partido político: o estatuto deve ter normas capaz de inibir, prevenir a violência política contra a
mulher).
Medidas que o juiz poderá aplicar para preservar a integridade física e psicológica da mulher:
• Prioridade em remoção quando for servidora pública adm. Direita e indireta;
• Manutenção do vínculo empregatício por até 6 meses se for necessário afastamento.
Competência do juiz da vara da violência doméstica e não da vara do trabalho, o motivo de afastamento não advém
do vínculo trabalhista, mas da violência doméstica. A natureza jurídica é de interrupção do contrato de trabalho,
com aplicação analógica ao auxilio doença: a empresa paga nos 15 primeiros dias e o INSS paga o restante.
• Assistência judiciária: para ajuizar ação de separação judicial, divórcio, entre outros;
• Prioridade para matricular seus dependentes em instituição de ensino mais próxima de seu domicílio
(prova mediante BO ou o processo ajuizado); informações que serão sigilosa, só cabendo ao juiz, MP e o
órgão da adm.
2019: Causador do dano: deverá ressarcir ao SUS todos os custos com os serviços prestados. Esse ressarcimento
não pode gerar qualquer ônus ao patrimônio da mulher e de seus dependentes. TB NÃO servirá como atenuante ou
substituição da pena aplicada.
Inquirição da mulher em situação violência doméstica:
• Deve ser observado sua situação peculiar de pessoa em situação de violência doméstica e familiar;
• Em nenhuma hipótese terá contato direto com o investigado ou suspeito e PESSOAS a ele relacionadas;
• NÃO REVITIMIZAÇÃO: evitando-se sucessivas inquirições sobre o mesmo fato no âmbito civil, criminal e
administrativo, bem como questionamentos sobre a vida privada.
• Inquirição em ambiente adequado, considerando a idade e a gravidade da violência sofrida;
• A inquirição PODE ser intermediada por profissional especializado em violência doméstica;
• DEPOIMENTO REGISTRADO em meio eletrônico.
Providências a serem tomadas pela AUTORIDADE POLICIAL:
• Proteção policial e comunicado imediato ao MP;
• Encaminhamento da ofendida ao hospital;
• Fornecimento de transporte para a ofendida até o abrigo quando houver risco de vida;
• Se necessário acompanha-la para retirada de seus bens do local;
• A AUTORIDADE POLICIAL DEVERÁ TB: 2019- Informar a ofendida sobre os direitos conferidos nessa lei,
inclusive, de assistência judiciária visando divórcio.
Após o registro da ocorrência, deverá a autoridade policial de imediato:
• Ouvir a ofendida e registrar o BO com a representação a termo se apresentada;
• Colher todas as provas;
• Remeter ao juiz, NO PRAZO DE 48 HORAS, o expediente com o PEDIDO DA OFENDIDA PARA A
CONCESSÃO DE MEDIDAS PROTETIVAS E URGÊNCIA; (as medidas protetivas não podem ser concedidas
de ofício, depende de requerimento da ofendida ou do MP)
• Exame do corpo de delito;
• Ouvir o agressor e testemunhas
• 2019: VERIFICAR: se o agressor possui REGISTRO DE PORTE OU POSSE de arma de fogo e notificação a
instituição responsável pela concessão do registro.
ADMITE-SE, como meio de prova:
• Laudos
• Prontuários
• Fornecidos por hospitais e postos de saúde.
SENDO DISPENSÁVEL A REALIZAÇÃO DE CORPO DE DELITO PARA FINS DE COMPROVAR A MATERIALIDADE
DELITIVA. STJ: O delito de lesão corporal, no contexto da violência doméstica, dispensa exame de corpo de delito se
houver outros elementos de prova, como laudos e prontuários.
A AUTORIDADE POLICIAL poderá requisitar serviços públicos necessários a defesa da mulher.
NOVIDADE LEGISLATIVA: 12-C- Risco ATUAL OU IMINENTE a mulher e seus dependentes, o agressor será
AFASTADO DO LAR:
• Pelo juiz;
• Pelo DELEGADO se o município não tiver comarca;
• PELO POLICIAL se o município não tiver delegado disponível.
A medida q o delegado e policiais podem decretar é o afastamento do lar: devendo comunicar o juiz em 24 horas para
decidir sobre a manutenção da medida aplicada.
Qual é o instrumento cabível contra a decisão da autoridade policial que concede ou nega a medida cautelar de
urgência? HC para o juiz, caso tenha concedido;
NO CASO de risco a integridade física da ofendida ou a efetividade da medida protetiva, não será concedida liberdade
provisória.
ATENÇÃO: É válida a atuação supletiva e excepcional de delegados de polícia e de policiais a fim de afastar o
agressor do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida, quando constatado risco atual ou iminente à vida ou
à integridade da mulher em situação de violência doméstica e familiar, ou de seus dependentes, conforme o art. 12-C
inserido na Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria da Penha). STF. Plenário. ADI 6138/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes,
julgado em 23/3/2022 (Info 1048).
Argumentos para inconstitucionalidade → violação ao princípio da jurisdicionalidade → Isso porque,
tradicionalmente, o direito brasileiro considera que as medidas cautelares somente podem ser deferidas pela
autoridade judicial.; violação ao p. da isonomia.
- A inclusão dos dispositivos questionados na Lei Maria da Penha — art. 12-C, II, III e § 1º — é razoável, proporcional
e adequada.
- Está de acordo com o devido processo legal - art. 5º, XI e LIV, da CF/88; mecanismo de coibir violência no
âmbito das relações domésticas - art. 226, § 8º;
- Está de acordo com sistema internacional de proteção aos direitos humanos das mulheres e de combate à
violência contra a mulher;

ATENÇÃO – Se descumprir, não haverá crime do art. 24-A e nem desobediência! Não há crime de desobediência
quando a pessoa desatende a ordem e existe alguma lei prevendo uma sanção civil, administrativa ou
processual penal para esse descumprimento, sem ressalvar que poderá haver também a sanção criminal.
Explicando melhor:
• Se uma ordem é dada e na Lei existe a previsão de uma sanção civil ou administrativa para o caso de descumprimento
dessa ordem, não se configura o crime de desobediência.
• Exceção: haverá delito de desobediência se na Lei, além da sanção civil ou administrativa, expressamente constar
uma ressalva de que não se exclui a sanção penal.
A Lei nº 11.340/2006 prevê que o descumprimento da medida protetiva do art. 12-C gera uma consequência
processual penal (prisão preventiva) e não ressalvava a possibilidade de o agente responder também
criminalmente. Esse é o entendimento do STJ!

ATENÇÃO AINDA PARA O §2º - Proíbe a liberdade provisória


§ 2º Nos casos de risco à integridade física da ofendida ou à efetividade da medida protetiva de urgência, não será
concedida liberdade provisória ao preso. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 13.827/2019);
Tem que demonstrar o risco de maneira concreta! Deve ser interpretado de forma sistemática com as regras do CPP;
Trata-se de hipótese de Antecipação da hipótese de prisão preventiva, eis que o art. 313, III, do CPP estabelece
hipótese de prisão preventiva em virtude de descumprimento de medida protetiva, o §2º, do art. 12-C, faz é antecipar
essa hipótese ao estabelecer que se houver risco de efetividade a essa medida protetiva, será negada a liberdade
provisória;

RESUMINDO:

PROCEDIMENTOS:
• Juizado da violência doméstica e familiar contra a mulher = competência cível e criminal podem ser criados
pela união e estados;
• O juizado tem competência para a ação de divórcio ou dissolução da união estável;
• Não terá competência para a partilha dos bens;
• Prioridade de tramitação: ação de divórcio e dissolução, ainda que violência comece após o ajuizamento da
ação;
Competência dos processos CÍVEIS, por opção da ofendida:
• Do seu domicilio ou de sua residência;
• Lugar do fato;
• Domicilio do agressor
Os processos criminais, continua a regra que a competência é fixada pelo lugar de consumação (resultado)
Compete à Justiça Federal apreciar o pedido de medida protetiva de urgência decorrente de crime de ameaça
contra a mulher cometido por meio de rede social de grande alcance, quando iniciado no estrangeiro e o seu
resultado ocorrer no Brasil. STJ. 3ª Seção. CC 150712-SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, j. 10/10/18 (Info 636).
Ação pública CONDICIONADA: ex. Ameaça.
• Renúncia à representação perante o juiz (audiência)
• Não atende esse requisito a renúncia em cartório de vara, ou por meio de carta.
• Antes do RECEBIMENTO da denúncia (como regra, veda-se a retratação antes do oferecimento, mas na lei
maria da penha o prazo é o recebimento)
• Ouvido o MP.
• Toda lesão corporal é de ação pública incondicionada: leve, grave, gravíssima, dolosa CULPOSA;
• A denúncia pode ser recebida com base no depoimento da vítima, os elementos de convicção são colhidos no
curso do processo;
É VEDADO APLICAR:
• Pena de cesta básica;
• Prestação pecuniária;
• Pagamento isolado de multa;
MEDIDAS PROTETIVAS: o juiz deve no prazo de 48 horas: a pedido direto da ofendida ou do MP
ATENÇÃO: As medidas protetivas possuem a NATUREZA JURÍDICA DE MEDIDAS CAUTELARES. Art. 22, 23, 24
– rol exemplificativo (PRINCÍPIO DA ATIPICIDADE DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA);
Pressupostos: a) fumus commissi delicti: é a demonstração da existência de indícios de que houve violência
doméstica contra a mulher; b) periculum libertatis: é a existência de um risco à vítima ou a terceiros caso a medida
protetiva não seja imediatamente concedida.
• Determinar a apreensão IMEDIATA da arma de fogo sob POSSE do agressor
• Encaminhar a ofendida a assistência judiciária para ação de divórcio;
Podem ser concedidas de imediato antes de audiência das partes e DE MANIFESTAÇÃO DO MP;
PRISÃO PREVENTIVA:
• Qualquer fase do IP ou da instrução criminal;
• Decretada pelo juiz DE OFÍCIO ou a requerimento do MP ou da autoridade policial
• Finalidade de garantir a eficácia das medidas protetivas de urgências, observado o princípio da necessidade,
excepcionalidade e adequação;
• Cabe em caso de ameaça, visto que a finalidade é dar efetividade as medidas protetivas de urgências;
• Conforme previsão no CPP, será admitida a prisão preventiva se o crime envolver violência doméstica e
familiar contra mulher, criança, adoles, idoso, enfermo, deficiente, para garantir as medidas protetivas de
urgência;
• A lei não prevê prazo de validade para medidas protetivas de urgência; devendo prevalecer enquanto forem
necessárias
A ofendida deve ser notificada da entrada e saída do agressor da prisão, sem prejuízo da intimação do advogado ou
defensor constituído.
Sendo vedado que a ofendida entregue a intimação ao agressor.
MEDIDAS QUE PODEM SER APLICADAS AO AGRESSOR art. 22:
• Suspensão ou restrição do porte de armas com comunicação ao órgão competente:
A suspensão: o agente é privado de forma temporária
Restrição do porte de armas: a palavra restrição tem o sentido de limitar, diminuir, cercear. Logo, a autoridade judiciária
poderá determinar, por exemplo, que um policial porte sua arma apenas quando efetivamente em serviço, deixando-a
no local de trabalho ao final da jornada, com o que se evita que a tenha consigo no recesso do lar.
Nesse caso: o juiz comunica a corporação ou instituição sobre as medidas protetivas de urgência e determinará a
restrição do porte de armas, ficando o superior imediato responsável pelo cumprimento da ordem judicial, sob pena de
crime de prevaricação ou desobediência.

• Afastamento do lar;
• Proibição de determinadas condutas:
Aproximação da ofendida, de sua família e das testemunhas, com limite mínimo de distância;
Contato com a ofendida, familiares e testemunhas por QUALQUER MEIO DE COMUNICAÇÃO;
Frequentação de lugares a fim de preservar a integridade física e psicológica da ofendida;

• Restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores;


• Prestação de alimentos provisionais ou provisórios;
• Comparecimento do agressor a programas de recuperação e reeducação;
• Acompanhamento psicossocial do agressor
##Atenção: ##STJ: ##MPMG-2021: A manutenção de medida protetiva prevista no art. 22, inciso III, da Lei 11.340/06,
consistente em restrição ao porte de arma de fogo de uso funcional, imposta em desfavor do paciente, policial militar,
se justifica pelo fato de que estaria agredindo psicologicamente a vítima mediante o emprego do referido instrumento
bélico. Dessarte, não vislumbro, na hipótese e por ora, qualquer desproporcionalidade da medida. STJ. 5ª T., HC
455.232/RJ, Rel. Min. Felix Fischer, j. 06/11/18.
MEDIDAS DE URGÊNCIAS APLICADAS À OFENDIDA – art. 23:
• Encaminhamento a programa de proteção;
• Reconduzir ao seu domicilio após afastamento do agressor;
• Determinar o afastamento do lar sem prejuízo dos direitos, bens e guarda dos filhos e alimentos;
• Determinar a separação de corpos;
• Determinar a matricula dos dependentes em escola próxima ao domicilio ou a transferência
INDEPENDENTEMENTE DA EXISTÊNCIA DE VAGA
Quais as consequências caso o indivíduo descumpra a decisão judicial que impôs a medida protetiva de
urgência?
• é possível a execução da multa imposta;
• é possível a decretação de sua prisão preventiva (art. 313, III, do CPP);
• o agente responderá pelo crime do art. 24-A da Lei nº 11.340/2006 – A partir de 2018!

CRIME DE DESCUMPRIMENTO DE MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA: a partir de 2018


• Descumprir DECISÃO JUDICIAL que defere medida protetiva de urgência: DETENÇÃO de 3 meses a 2 anos;
• O sujeito ativo pode ser homem ou mulher, a vítima que deve ser mulher;
• Admite participação (ex: uso do irmão para entrar em contato com a vítima);
• Sujeito passivo: é o estado, não é a vítima da violência doméstica;
• As medidas protetivas de urgências são de rol exemplificativo, podendo o juiz aplicar outras. Mas o crime só
verifica se descumprir medida protetiva prevista na lei;
• RESERVA DE JURISDIÇÃO: APENAS O JUIZ PODE IMPOR;
• Trata-se de tipo especial de desobediência;
• Exige DOLO;
Inexigibilidade de conduta diversa: Uma das medidas protetivas de urgência previstas na Lei é a “prestação de
alimentos provisionais ou provisórios” à mulher (art. 22, V). Se o agente não cumpre essa medida em virtude de
impossibilidade econômica, não poderá ser punido pelo crime do art. 24-A, considerando que se trata de hipótese de
inexigibilidade de conduta diversa, que consiste em causa excludente de culpabilidade;
ANTES DE 2018, o descumprimento era desobediência?
NÃO! Podia justificar a prisão preventiva.
Quais consequências poderão ser impostas a João pelo descumprimento da medida protetiva?
· A execução da multa imposta; e
· a decretação de sua prisão preventiva (art. 313, III, do CPP).
Em 2018 a Lei nº 13.641/2018 incluiu um tipo penal específico para essa conduta;
Regra: se na Lei, houver previsão de sanção civil ou administrativa para o caso de descumprimento da ordem dada,
não se configura o crime de desobediência.
Exceção: haverá delito de desobediência se, na Lei, além da sanção civil ou administrativa, expressamente constar
uma ressalva de que não se exclui a sanção penal.
• Não se exige violência ou grave ameaça, basta o descumprimento;
• Tentativa: Em tese, é possível na modalidade comissiva. Ex: o ex-marido, mesmo estando proibido de entrar
em contato com a ex-mulher, envia-lhe uma carta, que é interceptada pela sogra.
• Ação penal pública incondicionada;
• Cabe HC contra medida protetiva de urgência;
• A configuração do crime independe da competência cível ou penal do juiz que deferiu as medidas; não são
exclusivas do processo penal;
• No caso de flagrante, SÓ O JUIZ PODE CONCEDER FIANÇA, apesar da pena máxima de 2 anos;
• Trata-se de crime afiançável
ATUAÇÃO DO MP:
• Quando não for parte, O MP INTERVIRÁ nas CAUSAS CÍVEIS E CRIMINAIS decorrentes de violência
doméstica;
• Pode requisitar força policial, serviço de saúde, educação e assistência social;
• Fiscalizar estabelecimento públicos e particulares de atendimento à mulher e adotar DE IMEDIATO MEDIDAS
ADMINISTRATIVAS OU JUDICIAIS cabíveis no tocante a qualquer irregularidade;
• Cadastrar os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher;
ASSISTENCIA JUDICIÁRIA:
• A mulher SEMPRE DEVERÁ estar acompanhada de advogado, em processo cível ou criminal, salvo para
requerer as medidas protetivas de urgência.
• Enquanto não criado o juizado, a competência cível e criminal será exercida pelas VARAS CRIMINAIS.
2019: as medidas protetivas de urgências serão registradas em banco de dados mentido e regulamento pelo CNJ, com
acesso ao MP e DP e órgãos de segurança pública e assistência social.
OS CRIMES COM VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER, INDEPENDENTEMENTE DA PENA
PRIVISTA, NÃO SE APLICA A LEI DOS JUIZADOS.
SUSPRO E TRANSAÇÃO PENAL= VEDADOS
Pode aplicar o SURSIS da PENA;
OBS: Alimentos deferidos pelos juízes do juizado podem ser processados sob o rito da prisão civil:
• A Vara Especializada da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher possui competência para o
deferimento de medida protetiva de alimentos, de natureza cível, no âmbito de ação criminal destinada a apurar
crimes de violência doméstica e familiar contra a mulher.
• Não precisa ser ratificada;
• não há qualquer razão para se aplicar o art. 308 do CPC/2015, até mesmo porque os alimentos fixados não
têm caráter cautelar, mas sim natureza satisfativa;
• art. 14 da Lei nº 11.340/2006 estabelece a competência híbrida (criminal e civil) da Vara Especializada da
Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher;
A mulher possui na Lei Maria da Penha uma proteção decorrente de direito convencional de proteção ao gênero
(tratados internacionais), que o Brasil incorporou em seu ordenamento, proteção essa que não depende da
demonstração de concreta fragilidade, física, emocional ou financeira.
É possível a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos nos casos de crimes ou contravenções
praticadas contra a mulher com violência ou grave ameaça no ambiente doméstico?
1) Crime: NÃO. Posição tanto do STJ como do STF.
2) Contravenção penal:
• 2ª Turma do STF: entende que é possível a substituição.
• 1ª Turma do STF e STJ: afirmam que também não é permitida a substituição.

ADI 4424/DF – Constitucionalidade da LMP


• A LEI MARIA DA PENHA NÃO VIOLA O PRINCÍPIO DA IGUALDADE: Ação afirmativa; princípio da proibição
de proteção insuficiente dos direitos fundamentais; constitucionalismo fraterno (remoção de preconceitos
contidas na CF);
• A PREVISÃO LEGAL SOBRE A EXISTÊNCIA DE JUIZADOS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A
MULHER É CONSTITUCIONAL: não implicou obrigação, mas a faculdade de criação dos Juizados de
Violência Doméstica contra a Mulher.
• AOS CRIMES PRATICADOS COM VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER NÃO SE APLICA A LEI
9.099/95: opção legítima do legislador;
• LESÃO CORPORAL PRATICADA CONTRA MULHER NO ÂMBITO DAS RELAÇÕES DOMÉSTICAS É
CRIME DE AÇÃO PÚBLICA INCONDICIONADA: O crime de lesões corporais está previsto no art. 129 do CP,
não diz que tal crime é de ação penal condicionada→ quando a lei não diz que determinado crime é de ação
pública condicionada, a regra é de que este delito é de ação pública incondicionada (art. 100, § 1º do CP). A
lei 9099/95 é que afirma em seu art. 88 que as lesões leves e culposas depende de representação → Mas
não se aplica a LMP por força do art. 41 → interpretação conforme para não esvaziar a proteção;

LEI DE DROGAS
ARTIGO 28: para consumo próprio: inclui quem: semeia, cultiva e colhe para consumo próprio plantas de pequena
quantidade ou produto capaz de causar dependência física ou psíquica.
Penas:
• Advertência; sobre o uso das drogas.
• Prestação de serviço à comunidade;
• Medida educativa de comparecimento à programa ou curso educativo;
STJ: É FALTA GRAVE a prática do crime do artigo 28. Não obstante a despenalização, mantendo-se a criminalização
(não foi descriminalizado).
STJ e STF: Viola o princípio da proporcionalidade a consideração de condenação anterior pelo delito do art. 28 da Lei
nº 11.343/2006, “porte de droga para consumo pessoal”, para fins de reincidência.
NÃO há pena privativa de liberdade. É modalidade excepcional de PENA RESTRITIVA DE DIREITO que não é
substitutiva de pena privativa de liberdade.
NÃO SE APLICA AS MEDIDAS CAUTELARES DO ARTI. 319.
Compete a justiça estadual julgar HC preventivo para viabilizar o uso medicinais, bem como o porte em outra unidade
da federação, se demonstrada a internacionalidade da conduta.
ANÁLISE DO JUIZ para determinar se a droga era para consumo pessoal:
• Natureza da droga;
• Quantidade da substancia apreendida;
• Local em que foi apreendida;
• Condições que ocorreu a ação;
• Condições sociais e pessoais do agente;
• Conduta e antecedentes
A prestação de serviço à comunidade e o comparecimento em programa: DURAÇÃO MÁXIMA DE 5 MESES.
EM CASO DE REINCIDÊNCIA ESPECÍFICA: 10 MESES
• Como obrigar o agente a cumprir as penas:
• Admoestação verbal;
• Multa: mínimo 40- máximo 100 dias multas. Entre 1/30 avos e até 3x o SM.
NÃO SE APLICA O PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA AO CRIME DO 28.
NÃO GERA REINCIDÊNCIA.
PRESCRIÇÃO DA PENA DO ARTIGO 28: 2 ANOS. Com as causas interruptivas do art. 107. CHAMADA DE
PRESCRIÇÃO IMPRÓPRIA. (se o agente for menor ou maior de 70 = aplica metade).
STJ: A reincidência de que trata o § 4º do art. 28 da Lei nº 11.343/2006 é a específica.
PLANTAÇÕES ILÍCITAS:
• Imediatamente destruídas pelo DELEGADO DE POLÍCIA;
• Com recolhimento de quantidade para exame pericial;
• Observando as cautelas necessárias para preservação do meio ambiente;
DISPENSADA AUTORIZAÇÃO DO SISNAMA;
E expropriação das terras com plantações ilícitas na forma da CF.
_____________________________________________________________________________________________
_______________________
DOS CRIMES
ART.33: TRÁFICO DE DROGAS - crime de natureza permanente.
TIPO PENAL DE AÇÃO MÚLTIPLA ou de conteúdo variado (várias modalidades de realização do crime e qualquer
verbo enseja a consumação.18 ações.
O artigo 33 não se aplica a interpretação analógica (quando o legislador insere uma fórmula casuística e uma
fórmula genérica). Não se permite assim: interpretação analógica.
PENA: 5 A 15 ANOS.
Decisão do STJ: o STJ incialmente exigiu para entrada em domicílio dos seguintes requisitos e fundamentos:
• Declaração assinada pela pessoa que autorizou o ingresso no domicílio;
• Testemunhas do ato;
• Registro em áudio-vídeo;
• Standard probatórios:
a) Fundadas razões (justa causa), a serem verificadas de modo objetivo que justifique a situação de fragrância na
casa;
b) Apesar de ser crime permanente não autoriza, por si só, a entrada em domicilio;
c) Apenas em casos de urgência quando a espera pelo mandado puder ocasionar a destruição ou ocultação da droga;
d) Ocasionando a ilicitude da prova e a responsabilidade dos agentes públicos.
STJ: falta de mandado não invalida busca e apreensão feita em APARTAMENTO DESABITADO. Sem sinais de
habitação, mormente com fundadas suspeitas de que o imóvel é utilizado para prática de crime permanente.
Denúncia anônima + fuga do indivíduo = não autoriza ingresso em domicilio sem mandado.
A conduta de negociar, por telefone, a entrega da droga e disponibilizar o carro que será usado para o transporte do
entorpecente enseja o crime de tráfico de drogas CONSUMADO e não tentado, ainda que polícia, por meio de
interceptação telefônica, venha apreender o produto antes que o investigado recebesse. A conduta de ADQUIRIR não
precisa de tradição e do pagamento, basta o ajuste.
Teses:
• Não se reconhece o bis in idem pela causa de aumento de pena do art. 40 “trasnacionalidade” e os verbos do
caput do art. 33 “importar e exportar”;
• Quando o agente no exercício IRREGULAR da medicina prescreve substancia caracterizada como droga,
configura o tipo do 282 do CP em CONCURSO FORMAL com o art. 33 caput; (crime 282: exercício irregular
da medicina).
NAS MESMAS PENA: 5 A 15 ANOS INCORRE – TRÁFICO EQUIPARADO:
• Matéria prima, insumo ou produto químico destinado à preparação da droga.
STJ: ATIPICIDADE da conduta de importar pequena quantidade de SEMENTES de maconha (sementes de maconha
não possuem THC. A planta está prevista na lista, mas não há previsão da semente. A semente não pode ser
considerada matéria prima ou insumo pq não é ingrediente para confecção da droga. Não se prepara a droga com a
semente da maconha, vez que não tem THC.)

• PLANTAS para a preparação de drogas;


• Utiliza LOCAL ou BEM de qualquer natureza para a prática de tráfico ilícito de drogas;
• VENDE OU ENTREGA DROGAS OU MATÉRIA PRIMA, INSUMO OU PRODUTO QUÍMICO destinado a
preparação de drogas, a AGENTE POLICIAL DISFARÇADO, quando presentes elementos probatórios
razoáveis de conduta criminal PREEXISTENTE 2019.

O pacote incluiu a figura do POLICIAL DISFARÇADO na lei de drogas e no estatuto do desarmamento.


➔ Trata-se de técnica especial de investigação que INDEPENDE DE AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. Trata-se de
atuação dissimulada do policial que, após diligencias preliminares, verifica a presença de elementos
probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente.
➔ Combate ao tráfico de “formiguinhas” = criminosos que passam a trazer consigo e transportar somente
pequenas quantidades de drogas e poucas armas, na porção estritamente encomendada, ocultando as
demais, inviabilizando a prisão em flagrante.
➔ Não trata de flagrante forjado ou preparado vez que o crime se consuma com qualquer das 18 ações do tipo.
➔ Flagrante parasitário ou acessório: que depende necessariamente da existência de elementos probatórios
de outra conduta criminosa.
➔ Técnica do policial disfarçado que não se confunde com o agente infiltrado (atuação dissimulada do policial
que se insere em grupo criminoso para coletar provas e prevenir novos delitos. Lei de drogas, lei de
organização criminosa, lei de lavagem e no ECA).
➔ Não se confunde tb com AÇÃO CONTROLADA: retardamento da ação policial que se aguarda o momento
mais eficaz à formação de prova e obtenção de informações ( drogas, organização criminosa e lavagem.)
_____________________________________________________________________________________________
_______________________
CRIME: INDUZIR, INSTIGAR OU AUXILIAR alguém ao uso indevido de drogas.
Detenção: 1 a 3 anos;
Admite SURSIS processual e substituição por PRD (a antiga lei equiparava a tráfico).
Uso compartilhado: não equiparado à hediondo.
Oferecer droga, de forma eventual e sem lucro, para pessoa de seu relacionamento para juntos consumirem: Pena de
6 meses a 1 ano de detenção. Sem prejuízo do art. 28.
Dolo específico (especial fim de agir) de consumir conjuntamente com a pessoa a quem oferece, caso contrário
configura os 33 caputs.
_____________________________________________________________________________________________
_______________________
TRÁFICO PRIVILEGIADO: traficância menor ou traficância eventual.
Requisitos CUMULATIVOS. REDUÇÃO - 1/6 a 2/3;
• Primário;
• BONS ANTECEDENTES;
• Não se dedique a atividade criminosas;
• Não integre organização criminosa.
Pode substituir por pena restritiva de direito (declarada inconstitucional pelo STF e suspendida pelo senado)
STJ: critério de diminuição: MPMG 2021
• Quantidade da droga;
• Natureza da droga (espécie da droga) observando sua maior ou menor nocividade.

Tese: A quantidade de droga usada para elevar a pena-base e concomitantemente para AFASTAR o tráfico
privilegiado, por demonstrar que o acusado se dedica atividade criminosa ou integra organização criminosas, não
configura bis in idem. (Conferir com a repercussão geral do tema 712 do STF).

Cabe a acusação comprovar a habitualidade no crime e o pertencimento a organização criminosa, não podendo
afastar o benefício por simples presunção. A natureza e quantidade não são, por si só, elementos que configurem
envolvimento em crime organizado. Sendo possível aplicar o tráfico privilegiado em condenador por TRÁFICO
TRASNACIONAL DE DROGAS.

É possível aplicar o tráfico privilegiado as “MULAS”: o simples transporte da droga não é suficiente para afirmar
sua integração em organização criminosa. O exercício da função de mula, embora indispensável para o tráfico
internacional, não traduz, por si só, adesão, em caráter estável e permanente, à estrutura de organização criminosa,
até porque esse recrutamento pode ter por finalidade um único transporte de droga.

Não se aplica SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO: De acordo com o art. 89 da Lei 9099/95, somente é
cabível a sursis processual quando a pena mínima do delito for menor ou igual a 1 ano. O tráfico privilegiado (causa
de diminuição de pena do art. 33, §4º da lei de drogas), ainda que aplicada a fração MÁXIMA para diminuir a
pena do delito do caput do art. 33, resultaria em uma pena mínima de mais de 1 ano (fração de 2/3 na redução
da pena mínima de 5 anos do tráfico = 1,67, ou seja, mais de 1 ano e meio de pena mínima). Portanto, inaplicável
a suspensão condicional do processo.
_____________________________________________________________________________________________
_______________________
Art. 34: maquinário, aparelho, instrumento ou qualquer objeto destinado à fabricação.
_____________________________________________________________________________________________
_______________________
Art. 35: ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO - associar DUAS ou + pessoas com o fim de praticar REITERADAMENTE
OU NÃO qualquer dos crimes previstos no 33 caput e 34 e 36 (financiar o crime de tráfico)
• A participação do menor pode ser considerada AO MESMO tempo para caracterizar o crime de associação
para tráfico e para agravar a pena como causa de aumento de pena pela presença de criança e adolescente;
• Réu com a função de “olheiro” e associação para tráfico: NÃO É POSSÍVEL que alguém seja condenado
pelo art. 35 (associação) e ao mesmo tempo pelo art. 37 (colaborar como informante). Nesse caso, deverá
responder apenas pelo crime de ASSOCIAÇÃO sem concurso material com o art. 37. Considerar que o
informante possa ser punido duplamente (pela associação e pela colaboração a própria associação) contraria
o princípio da SUBSIDIARIEDADE e bis in idem;
• STJ/STF: EXIGE ESTABILIDADE E PERMANÊNCIA.
• O crime de associação NÃO É HEDIONDO PQ NÃO ESTÁ PREVISTO NA LEI 8.072/90;
• Crime formal que sua consuma com a mera reunião. Ainda que sejam detidos antes do primeiro tráfico já
consumou o crime de associação. Haverá, por outro lado, concurso MATERIAL se vierem efetivamente
cometer qualquer dos crimes do art. 33.
_____________________________________________________________________________________________
_______________________
Art. 36: FINANCIAMENTO DE TRÁFICO.
• Só para aquele que não trafica!
_____________________________________________________________________________________________
_______________________
Art 37: OLHEIRO: colaborar como informante, com grupo – organização ou associação, destinados a prática de tráfico
de drogas.
_____________________________________________________________________________________________
_______________________
Art. 38: prescrever ou ministrar CULPOSAMENTE drogas sem que delas necessite o paciente ou fazer em DOSES
EXCESSIVAS.
É O ÚNICO CRIME CULPOSO NA LEI DE DROGAS.
_____________________________________________________________________________________________
_______________________
Art.39: conduzir embarcação ou aeronave após o consumo de drogas. Qualificado: transporte coletivo de passageiro.
_____________________________________________________________________________________________
_______________________
Art. 40 CAUSAS DE AUMENTO DE PENA: 1/6 A 2/3
• Transnacionalidade do delito
Aplica com a prova da destinação internacional, ainda que não consumada a transposição da fronteira.
Cometimento da dependência ou imediações de estabelecimentos:
• Prisionais;
• Ensino;
• Hospitais;
• Entidades sociais;
• Entidades culturais;
• Recreativa;
• Esportivas;
• Locais de trabalho coletivo;
• Espetáculos e diversões;
• Serviço de tratamento de dependentes de drogas ou reinserção social;
• Unidades militares;
• Unidades policiais.
• TRANSPORTE PÚBLICO.

E na dependência de igreja?
1ª corrente: informativo do STJ: não é possível diante da vedação da analogia in malam partem.
2ª corrente: 5ª turma – MG/ 2021: aplicou na dependência de igreja.
A majorante não exige que a droga passe por dentro do presídio, mas que o crime tenha ocorrido nas imediações ou
no interior.
É irrelevante se o agente visa ou não frequentadores do local vedado, basta que ocorra nas imediações. CAUSA DE
AUMENTO COM NATUREZA OBJETIVA.
• Praticado com violência, grave ameaça ou emprego de ARMA DE FOGO ou qualquer processo de
INTIMIDAÇÃO DIFUSA OU COLETIVA.
• Tráfico entre estados da federação.
•Envolver ou VISAR atingir CRIANÇA E ADOLESCENTE ou quem tenha diminuída ou suprimida a capacidade
de entendimento e determinação.
COMO FICA O CRIME DE CORRUPÇÃO DE MENORES?
➔ Se o delito praticado pelo agente e pelo menor não for previsto no art. 33 a 37: o réu responderá pelo
crime de drogas e também pelo crime do art. 244-B; (sobra o 38 e 39; conduzir aeronave com uso de drogas
e ministrar culposamente)
➔ Se o delito praticado for o 33/ 34 / 35/ 36 e 37 responderá apenas pelo crime de tráfico de drogas com
CAUSA de aumento.

• Financiar ou custear a prática do crime: causa de aumento.


_____________________________________________________________________________________________
_______________________
COLABORAÇÃO NA LEI DE DROGAS:
• Voluntariamente
• Na identificação dos demais coautores ou partícipes
• Na recuperação total ou parcial do produto do crime
• Redução de pena de 1/3 a 2/3.
• Não tem previsão de isenção de pena.
CRITÉRIO DE PREPONDERÂNCIA NA DOSIMETRIA DA PENA:
• Natureza;
• Quantidade;
• Personalidade
• Conduta social. (“conduta social da pessoa-personalidade”)

MPMG a elevada quantidade de droga não impede, por si só, o tráfico privilegiado, mas podem ser usadas para incidir
a menor fração.
A natureza e quantidade podem ser usada para fixar regime mais gravoso.
A natureza e quantidade podem ser usadas par aumentar a pena-base.
NÃO HÁ BIS IN IDEM: SE aumentar a base e ser usada para regime mais gravoso;
O grau de pureza da droga é irrelevante para fins da dosimetria.
A natureza e quantidade não podem ser usados, simultaneamente, para aumentar a pena base e para afastar o tráfico
privilegiado (primeira e terceira fase).
_____________________________________________________________________________________________
_______________________
Multa: valor do dia multa:
1/30 avos e 5 SM.
Aumento até 10X (em caso de concurso de crimes)
Os crimes previstos no 33, caput, e no §1º, no art. 34 (maquinário) a 37 (financiamento, associação e olheiro) são:
ASSOCIAÇÃO PARA TRÁFICO (35)
• INANFIANÇÁVEIS;
• Insuscetíveis de SURSIS (suspensão condicional da pena);
• GRAÇA
• INDULTO
• ANISTIA
Inconstitucionalidade da vedação da liberdade provisória. Vedação ex lege de liberdade provisória e da substituição
da PPL por PRD, devem ser analisados no caso concreto.
LIVRAMENTO CONDICIONAL:
• Cumprimento de 2/3;
• Vedado ao reincidente específico;

Art.45: isenção de pena:


• Dependência ou efeito;
• Proveniente de CASO FORTUITO OU FORÇA MAIOR
• Era ao tempo da ação INTEIRAMENTE INCAPAZ de entender o caráter ilícito do fato;
• Qualquer que tenha sido a infração praticada
Deve decorrer de caso fortuito ou força maior, ou seja, a dependência, por si só, não afasta a responsabilidade.
PROCEDIMENTO PENAL:
Art.28 para consumo próprio:
• RITO DO JECRIM;
• NÃO SE IMPORÁ PRISÃO EM FLAGRANTE;
• Devendo o autor do fato ser encaminhado ao JUÍZO COMPETENTE;
• Ou NA FALTA DO JUIZO, ASSUMIR O COMPROMISSO DE A ELE COMPARECER;
• Lavrando-se TERMO CIRCUNSTANCIADO;
• E requisitando perícias e exames médicos;
• SE AUSENTE A AUTORIDADE JUDICIAL, as providencias são tomadas pela AUTORIDADE POLICIAL;
VEDADA A DETENÇÃO DO AGENTE;
• Concluído o procedimento, o agente será liberado;
• NA TRANSAÇÃO PENAL, O MP PODE PROPOR A APLICAÇÃO IMEDIATA DE PENA PREVISTA NO ART.
28;
JURIS: STF
O autor da conduta será encaminhado DIRETAMENTE AO JUIZ, QUE IRÁ LAVRAR O TERMO (o juiz que vai lavrar
o TCO) e fará a requisição dos exames e perícias. SOMENTE, se não houver juiz, que tais providencias serão tomadas
pela autoridade policial. Essa previsão é constitucional.
O TCO e a requisição de exames não são atividade de investigação, mas mera peça informativa, com o fato e
declarações do condutor do flagrante e do autor do fato;
Não houve a descriminalização. Continua sendo crime;

Investigação dos demais crimes:


• Prisão em flagrante, o delegado comunica imediatamente ao juiz;
• E remete cópia do auto lavrado;
• Vista ao MP EM 24 HORAS;
Para lavratura do AUTO de prisão em flagrante e comprovação da materialidade do delito, BASTA LAUDO DE
CONSTATAÇÃO DA NATUREZA E QUANTIDADE DA DROGA, firmado por perito oficial ou NA FALTA DELE, POR
1(UMA) PESSOA IDÔNEA.
Recebido a cópia do auto de prisão em flagrante, o juiz deverá:
• No prazo de 10 dias, certificar a regularidade formal do laudo
• Determinar a DESTRUIÇÃO DA DROGA (mesmo antes da confecção do laudo definitivo, desde que guardado
amostra necessária para a confecção do laudo definitivo)
• Guardando amostra necessária para o laudo definitivo.
STJ: O LAUDO DEFINITIVO, EM REGRA, É INDISPENSÁVEL para a CONDENAÇÃO pelo crime de tráfico de drogas.
EM SITUAÇÕES EXCEPCIONAIS, admite-se que a comprovação da materialidade seja efeituada PELO LAUDO DE
CONSTATAÇÃO PROVISÓRIO, quando ele permita ter grau de certeza idêntica ao laudo definitivo, pois
ELABORADO POR PERITO OFICIAL, e procedimento e conclusões equivalentes.
• A DESTRUIÇÃO DA DROGA: executada pelo delegado no prazo de 15 dias na presença DO MP, E DA
AUTORIDADE SANITÁRIA;
• O local deve ser vistoriado antes e depois da destruição as drogas;

DESTRUIÇÃO DE DROGAS SEM PRISÃO EM FLAGRANTE:


• Feita por incineração no prazo de 30 dias da data da apreensão;
• Guardando-se amostra necessária para a realização do laudo definitivo;
• Plantações ilícitas = são imediatamente destruídas;

PRAZO DO IP: 30 +30/ 90+90


Após esse prazo, a autoridade policial deverá remeter o IP ao JUIZ:
• Com relatório sumário sobre os fatos E CLASSIFICAÇÃO DO DELITO, natureza da droga e quantidade;
• Sem prejuízo de outras diligencias, que deverão ser encaminhadas ao juiz até 3 dias antes da AIJ;

PROCEDIMENTOS INVESTIGATÓRIOS NA LEI DE DROGA: tudo precisa de AUTORIZAÇÃO JUDICIAL- TODOS


OS PROCEDIMENTO INVESTIGATÓRIO NA LEI DE DROGA- todos em qualquer fase da persecução penal:

INFILTRAÇÃO POR AGENTES;

NÃO ATUAÇÃO POLICIAL – ENTREGA VIGIADA: Retardamento da atuação policial, adiando a prisão em flagrante
para estabelecer vigilância sobre a circulação de drogas no território nacional; NESSE CASO, a autorização só será
concedida se for conhecido o itinerário provável e a identificação dos agentes e colaboradores.
Após receber o IP, o MP tem 10 dias para:
• Arquivar;
• Requisitar diligencias;
• Oferecer denúncia = com 5 testemunhas.
Oferecida denúncia, o juiz ordena a NOTIFICAÇÃO do acusado para oferecer DEFESA PRÉVIA em 10 dias. Se não
apresentar, nomeia defensor para apresentar em 10 dias.
STJ: violação da defesa prévia = NULIDADE RELATIVA.
Após receber a denúncia, o juiz pode DECRETAR o afastamento CAUTELAR DO DENUNCIADO DE SUAS
ATIVIDADES, SE FOR FUNCIONÁRIO PÚBLICO;
O STF abriu precedente no sentido de que o interrogatório do réu sempre deve ser o último ato da instrução.
Para evitar a revisão de julgados anteriores, fixou-se que: “a norma inscrita no art. 400 do CPP comum aplica-se, a
partir da publicação da ata do presente julgamento, aos processos penais militares, aos processos penais eleitorais e
a todos os procedimentos penais regidos por legislação especial incidindo tão somente naquelas ações penais cuja
instrução não tenha se encerrado".

APREENSÃO, ARRECADAÇÃO E DESTINAÇÃO DOS BENS DO ACUSADO- MUDANÇA PACOTE:

• A requerimento do MP ou do ASSISTENTE DA ACUSAÇÃO ou REPRESENTAÇÃO da autoridade policial


PODERÁ DECRETAR
• NO CURSO DO IP ou DA AÇÃO PENAL
• Apreensão ou outras medidas assecuratórias no caso de SUSPEITA
• DE BENS E VALORES SEJAM PRODUTO DO CRIME OU PROVEITO DO CRIME;
• NO CASO DE CITAÇÃO POR EDITAL, O JUIZ pode determinar atos conservatórios;
• A ordem de APREENSÃO ou SEQUESTRO poderá ser SUSPENSA, ouvido o MP, quando sua EXECUÇÃO
IMEDIATA PUDER COMPROMETER AS INVESTIGAÇÕES;
• Apreensão de veículos, embarcações, maquinários serão comunicados imediatamente ao juízo que, no prazo
de 30 dias, determinará a venda dos bens, salvo no caso de armas que deve obedecer ao estatuto do
desarmamento; o MP DEVE FISCALIZAR O CUMPRIMENTO DESSA DETERMINAÇÃO.
Venda por leilão assegurado 50% da avaliação.
Nesse caso, o arrematante fica isento de multas e tributos anteriores, sem prejuízo da execução fiscal contra o antigo
proprietário.
Interesse público na utilização dos bens:
• Órgãos da polícia judiciária, militar, rodoviária poderão usar;
• Mediante AUTORIZAÇÃO JUDICIÁRIA
• OUVIDO O MP
• E garantida a PRÉVIA avaliação.
• Se o bem sofrer depreciação superior da esperada em razão do transcurso do tempo e do uso, terá direito a
indenização o proprietário do bem;
NA SENTENÇA, o juiz deve DECIDIR SOBRE:
• Perdimento do produto, bem, direito ou valor apreendido;
• Levantamento dos valores
NENHUM PEDIDO DE RESTITUIÇAO SERÁ CONHECIDO SEM O COMPARECIMENTO PESSOAL DO ACUSADO.
O juiz determinará a liberação quando comprovada a LICITUDE de sua origem, mantendo a contrição sobre bens
suficiente ao pagamento dos danos, multas e custas
Bens apreendidos e não leiloados em caráter liminar, serão:
• Vendidos por meio de licitação ou doação com encargo a entidades e órgãos públicos;
• Incorporação ao patrimônio de órgão da adm. Pública;
• Destruição;
• Inutilização
Alienação por licitação na modalidade leilão assegurado 50%;
Divulgado em jornais + sítios eletrônicos, dispensado o DO.
Permite a contratação da iniciativa privada para ações de avaliação, administração e alienação dos bens;
O valor deve ser destinado ao fundo nacional de políticas de drogas, vedado a sub-rogação para multa e tributos e
encargos.

CONFISCO ALARGADO: PENA MÁXIMA SUPERIOR A 6 ANOS de RECLUSÃO:


Decretada a perda como produto ou proveito do crime, da diferença entre o valor do patrimônio do executado e o valor
compatível com o rendimento lícito.
Exige: conduta criminosa habitual, reiterada, profissional OUU sua vinculação a organização criminosa.
• Considera-se como patrimônio do executado:
• Bens de sua titularidade ou que tenha domínio e benefício DIRETO ou INDIRETO na data da infração OU
BENS RECEBIDOS PORTERIORMENTE;
• Transferidos a terceiro a título gratuito ou contraprestações irrisórias a partir do início da pratica criminal
Ilícito transnacional = justiça federal.
Súmula: lugar da apreensão da droga quando remetida pelos correios;
STJ: se o destinatário for conhecido pelo seu endereço a sumula deve ser flexibilizada e a competência será do juízo
do local de destino da droga pela facilitação da fase investigativa
Encerrado o processo penal ou arquivado o IP: o juiz de oficio ou a requerimento determinará a destruição das
amostras guardadas para contraprovas;
CRIMES AMBIENTAIS
1) Construir uma casa em uma unidade de conservação: crime do art. 64 da Lei 9.605/98 (os delitos dos arts. 40 e 48
ficam absorvidos);
O MPF argumentava que não seria possível absorver o crime do art. 40 por duas razões:
1) os bens jurídicos protegidos pelos dois tipos penais são diferentes;
2) o crime do art. 40 possui pena maior que o do art. 64.
O STJ, contudo, refutou esses argumentos:
1) Para analisar a possibilidade de absorção do crime do art. 40 da Lei nº 9.605/98 pelo do art. 64, não é
relevante a diversidade de bens jurídicos protegidos por cada tipo incriminador, conforme explica a doutrina:
“Não convence o argumento de que é impossível a absorção quando se tratar de bens jurídicos distintos. A prosperar
tal argumento, jamais se poderia, por exemplo, falar em absorção nos crimes contra o sistema financeiro (Lei n.
7.492/86), na medida em que todos eles possuem uma objetividade jurídica específica. É conhecido, entretanto, o
entendimento do TRF da 4ª Região, no sentido de que o art. 22 absorve o art. 6º da Lei nº 7.492/8612. Na verdade, a
diversidade de bens jurídicos tutelados não é obstáculo para a configuração da consunção. Inegavelmente -
exemplificando - são diferentes os bens jurídicos tutelados na invasão de domicílio para a prática de furto, e, no entanto,
somente o crime-fim (furto) é punido, como ocorre também na falsificação de documento para a prática de estelionato,
não se punindo aquele, mas somente este (Súmula 17/STJ)” (BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal
(v. 1). 26ª ed. São Paulo: Saraiva, 2020, p. 272).
2) Também é possível vislumbrar situações em que o estelionato, apenado com 1 a 5 anos de reclusão, absorve a
falsidade de documento público, cuja sanção é mais grave (2 a 6 anos de reclusão). Nem por isso fica inviabilizada a
consunção, nos exatos termos da Súmula 17 do STJ: Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais
potencialidade lesiva, é por este absorvido.

2) Não é insignificante a conduta de pescar em época proibida, e com petrechos proibidos para pesca;

3) É possível o concurso formal entre o crime do art. 2º da Lei n. 8.176/91 (que tutela o patrimônio da União, proibindo
a usurpação de suas matérias-primas), e o crime do art. 55 da Lei n. 9.605/98 (que protege o meio ambiente, proibindo
a extração de recursos minerais), não havendo conflito aparente de normas já que protegem bens jurídicos distintos.

4) Se a ré pratica o crime de poluição qualificada e não toma providências para reparar o dano, entende-se que continua
praticando ato ilícito em virtude da sua omissão, devendo, portanto, ser considerado que se trata de crime permanente.

5) Compete à Justiça Federal julgar crime ambiental praticado dentro de unidade de conservação criada por decreto
federal; Por outro lado, não haverá competência da Justiça Federal se o crime foi praticado dentro de área de proteção
ambiental criada por decreto federal, mas cuja fiscalização e administração foi delegada para outro ente federativo:

6) A assinatura do termo de ajustamento de conduta com órgão ambiental não impede a instauração de ação penal.
Isso porque vigora em nosso ordenamento jurídico o princípio da independência das instâncias penal e administrativa.

7) O delito previsto na primeira parte do art. 54 da Lei nº 9.605/98 possui natureza formal, sendo suficiente a
potencialidade de dano à saúde humana para configuração da conduta delitiva, não se exigindo, portanto, a
realização de perícia.

8) O crime previsto no art. 56, caput, da Lei nº 9.605/98 é de perigo abstrato, sendo dispensável a produção de
prova pericial para atestar a nocividade ou a periculosidade dos produtos transportados, bastando que estes
estejam elencados na Resolução nº 420/2004 da ANTT.
CRIMES DO ECA
FOTOGRAFAR CENA E ARMAZENAR FOTOGRAFIA de criança ou adolescente em poses nitidamente sensuais,
com enfoque em seus órgãos genitais, ainda que cobertos por peças de roupas, e incontroversa finalidade sexual e
libidinosa, adéquam, respectivamente, aos tipos do art. 240 e 241-B do ECA.

ART. 240 –
• Crime formal (consumação antecipada): o delito se consuma independentemente da ocorrência de um resultado
naturalístico. Assim, a ocorrência de efetivo abalo psíquico e moral sofrido pela criança ou adolescente é mero
exaurimento do crime, sendo irrelevante para a sua consumação. De igual forma, se forem filmadas mais de uma
criança ou adolescente, no mesmo contexto fático, haverá crime único.
• Crime comum: o sujeito ativo pode ser qualquer pessoa.
• Crime de subjetividade passiva própria: exige-se uma condição especial da vítima (no caso, exige-se que a vítima
seja criança ou adolescente).
• Tipo misto alternativo: o legislador descreveu duas ou mais condutas (verbos). No entanto, se o sujeito praticar
mais de um verbo, no mesmo contexto fático e contra o mesmo objeto material, responderá por um único crime,
não havendo concurso de crimes nesse caso. Logo, se o agente fotografou e filmou o ato sexual, no mesmo
contexto fático, haverá crime único.

ART. 244-B: Se a infração penal envolveu dois adolescentes, o réu deverá ser condenado por dois crimes de corrupção
de menores (art. 244-B do ECA);
O bem jurídico tutelado pelo art. 244-B do ECA é a formação moral da criança e do adolescente a fim de que eles não
ingressem ou permaneçam no mundo da criminalidade.
Súmula 500-STJ: A configuração do crime previsto no artigo 244-B do Estatuto da Criança e do Adolescente
independe da prova da efetiva corrupção do menor, por se tratar de delito formal.

CRIMES EM LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS


Art. 337-E – Contratação Direta: exige a demonstração do dolo específico de causar dano ao erário, bem como efetivo
prejuízo aos cofres públicos.
STF - Deverão ser analisados três critérios para se verificar se o ilícito administrativo configurou também o crime do
art. 89: 1º) existência ou não de parecer jurídico autorizando a dispensa ou a inexigibilidade. A existência de
parecer jurídico é um indicativo da ausência de dolo do agente, salvo se houver circunstâncias que demonstrem o
contrário; 2º) a denúncia deverá indicar a existência de especial finalidade do agente de lesar o erário ou de
promover enriquecimento ilícito; 3º) a denúncia deverá descrever o vínculo subjetivo entre os agentes (STF. 1ª
Turma. Inq 3674/RJ, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 7/3/2017. Info 856).
OBS: Ressalte-se, que o crime em apreço se refere a NORMA PENAL EM BRANCO, cuja completude depende da
integração das normas que preveem as hipóteses de dispensa e inexigibilidade de licitações, conforme o princípio da
retroatividade da lei penal mais benéfica, insculpido no art. 5º, XL, da Constituição Federal e no art. 2º do CP. Assim,
não há dúvida quanto à incidência das alterações promovidas pela Lei nº 14.133/2021 no tocante à supressão do
pressuposto de singularidade do serviço de advocacia para contratação direta.
ATENTE: A Lei nº 14.039/2020 inseriu dispositivos no Estatuto da OAB (Lei nº 8.906/94) e na Lei dos Contadores (DL
9.295/46) afirmando, expressamente, que os serviços prestados pelos advogados e profissionais de contabilidade são,
por sua natureza, técnicos e singulares, quando comprovada sua notória especialização, nos termos da lei.
Chute: Cair isso interligado com norma penal em branco e seu conceito + retroatividade da alteração do
complemento!!

Art. 337-F FRAUDE A LICITAÇÃO: NÃO É NORMA PENAL EM BRANCO → NÃO CONFUNDIR: As sucessivas
revisões dos quantitativos máximos de receita bruta para enquadramento como ME ou EPP, da LC 123/2006, para
fazer frente à inflação, não descaracterizam crimes de inserção de informação falsa em documento público, para fins
de participação em procedimento licitatório, cometidos anteriormente. Ocorre que a LC 139/2011 não tem natureza
penal, tampouco serve para complementar o sentido do art. 90 da Lei nº 8.666/93 (atual art. 337-F do CP), o
qual não veicula norma penal em branco.
Súmula 645-STJ: O crime de fraude à licitação é formal e sua consumação prescinde da comprovação do prejuízo ou
da obtenção de vantagem.
Tese 4: O crime do art. 90 da Lei n. 8.666/1993 é formal e prescinde da existência de prejuízo ao erário, haja vista que
o dano se revela pela simples quebra do caráter competitivo entre os licitantes interessados em contratar, causada
pela frustração ou pela fraude no procedimento licitatório.
BEM JURÍDICO TUTELADO - é a lisura das licitações e dos contratos com a Administração, notadamente a conduta
ética e o respeito que devem pautar o administrador em relação às pessoas que pretendem contratar com a
Administração, participando de procedimento licitatório livre de vícios que prejudiquem a igualdade, aqui entendida sob
o viés da moralidade e da isonomia administrativas (STJ REsp 1498982/SC). O crime de fraude à licitação é formal.
Isso significa que ele se consuma com a mera demonstração de que o caráter competitivo da licitação foi frustrado.
Não é necessária a demonstração de recebimento de vantagem indevida pelo agente. Não é preciso que se comprove
a ocorrência de dano ao erário.

Determinado Deputado Federal, na época em que era Secretário de Estado, contratou, sem licitação, empresa para a
realização de obras emergenciais em um ginásio. Depois de o contrato estar assinado, o Secretário celebrou termo
aditivo com a empresa para que ela fizesse a demolição e reconstrução das instalações do ginásio.
O parlamentar foi denunciado pelos crimes dos arts. 89 e 92 da Lei nº 8.666/93.
Algumas conclusões do STF no momento do recebimento da denúncia:
1) A declaração de emergência feita por Governador do Estado, por si só, não caracteriza situação que
justifique a dispensa de licitação;
2) O crime do art. 89 da Lei de Licitações não é inconstitucional nem viola o princípio da proporcionalidade; O
controle de constitucionalidade de tipos penais sob o parâmetro da ofensa ao princípio da proporcionalidade na fixação
do “quantum” abstrato da pena deve ser excepcional e comedido e, no caso, não ficou demonstrado.
3) O aditamento realizado descaracterizou o contrato original e, portanto, configura, em tese, a prática do art.
92;
4) O fato de a dispensa de licitação e de o aditamento do contrato terem sido precedidos de parecer jurídico
não é bastante para afastar o dolo caso outros elementos externos indiciem a possibilidade de desvio de
finalidade ou de conluio entre o gestor e o responsável pelo parecer.
STF. 1ª Turma. Inq 3621/MA, rel. orig. Min. Rosa Weber, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 28/3/2017
(Info 859).

Não configura bis in idem a condenação pela prática da conduta tipificada no art. 90 da Lei 8.666/1993 (fraudar o
caráter competitivo do procedimento licitatório) em concurso formal com a do art. 96, I, da mesma lei (fraudar licitação
mediante elevação arbitrária dos preços).
STJ. 5ª Turma. REsp 1315619-RJ, Rel. Min. Campos Marques (Desembargador convocado do TJ-PR), julgado em
15/8/2013 (Info 530).
RACISMO
A Lei nº 7.716/89 pode ser aplicada para punir as condutas homofóbicas e transfóbicas → ADO 26, Principais
argumentos:
Preconceito → interior;
Discriminação → exteriorização do preconceito;
RAÇA COR ETNIA RELIGIÃO PROCEDÊNCIA
NACIONAL
Conceito amplo Tonalidade, São os grupos conjunto de Interessante
pigmentação da humanos que crenças ressaltar que,
pele; apresentam relacionadas ao segundo a
aspectos comuns, divino e sagrado, doutrina, este
tais como língua, permeada por uma conceito abrange
religião e maneiras série de rituais e tanto os
de agir. códigos morais estrangeiros (ex:
derivados de tais venezuelanos,
convicções. Não se haitianos) como
inclui o ateísmo também os
nacionais que se
deslocam dentro
do país (exs:
nortistas,
nordestinos,
sulistas etc.).
Não previa o preconceito relacionado à orientação sexual: A doutrina e a jurisprudência, por sua vez, afirmavam
que o rol de elementos de preconceito e discriminação do art. 20 era taxativo. Nesse sentido: STF. 1ª Turma. Inq
3590/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 12/8/2014.

ADO e MI → A criminalização específica, conforme o partido, decorre da ordem constitucional de legislar (mandados
de criminalização) relativa ao racismo - crime previsto no art. 5º, XLII, da Constituição Federal - ou, subsidiariamente,
às discriminações atentatórias a direitos e liberdades fundamentais (art. 5º, XLI) ou, ainda, também subsidiariamente,
ao princípio da proporcionalidade na acepção de proibição de proteção deficiente (art. 5º, LIV).

O que o Supremo fez? Reconheceu a mora do CN, cientificou e também:


d) dar interpretação conforme à Constituição, em face dos mandados constitucionais de incriminação inscritos
nos incisos XLI e XLII do art. 5º da Carta Política, para enquadrar a homofobia e a transfobia, qualquer que seja a
forma de sua manifestação, nos diversos tipos penais definidos na Lei nº 7.716/89, até que sobrevenha legislação
autônoma, editada pelo Congresso Nacional, por dois motivos:
➢ porque as práticas homotransfóbicas qualificam-se como espécies do gênero racismo, na dimensão de
racismo social consagrada pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento plenário do HC 82.424/RS (caso
Ellwanger), na medida em que tais condutas importam em atos de segregação que inferiorizam membros
integrantes do grupo LGBT, em razão de sua orientação sexual ou de sua identidade de gênero;
➢ porque tais comportamentos de homotransfobia ajustam-se ao conceito de atos de discriminação e de ofensa
a direitos e liberdades fundamentais daqueles que compõem o grupo vulnerável em questão;

e) declarar que os efeitos da interpretação conforme a que se refere a alínea “d” somente se aplicarão a partir da data
em que se concluir o presente julgamento.
O QUE SERIA RAÇA? O conceito de “raça” é amplo e não está limitado a uma definição biológica. “A divisão dos seres
humanos em raças resulta de um processo de conteúdo meramente político-social.” (Min. Maurílio Correia no HC
82424, julgado pelo STF em 17/09/2003). Um exemplo disso foi o célebre julgamento do “caso Ellwanger” (HC 82424),
em setembro de 2003, quando o STF manteve a condenação imposta ao escritor gaúcho Siegfried Ellwanger por crime
de racismo contra os judeus. Naquela ocasião, o STF afastou a alegação da defesa de que os “judeus” não seriam
uma “raça”. Pode-se dizer, portanto, que o STF adotou uma espécie de conceito “social” de raça.

➢ Estado de mora inconstitucional do CN;


➢ Ausência de proteção estatal a condutas homofóbicas e transfóbicas;
➢ Existe um dever imposto pela CF/88 ao Congresso Nacional para que se crie normas de punição das condutas
discriminatórias;
➢ Há descumprimento, por inércia estatal, de norma impositiva de comportamento atribuído ao Parlamento;
➢ ADO como instrumento de concretização das cláusulas constitucionais frustradas;
➢ Racismo é um conceito aberto que abrange preconceitos contra pessoas em razão de sua orientação sexual
ou identidade de gênero;
➢ A configuração de atos homofóbicos e transfóbicos como formas contemporâneas do racismo objetiva
preservar a incolumidade dos direitos da personalidade, como a essencial dignidade da pessoa humana.
➢ Vale ressaltar que a aplicação da Lei nº 7.716/89 para condutas homofóbicas e transfóbicas resulta da
aplicação do método da interpretação conforme do conceito de raça;
➢ Não se trata de analogia: limita-se à mera subsunção de condutas homotransfóbicas aos diversos preceitos
primários de incriminação definidos em legislação penal já existente (Lei 7.716/1989), pois os atos de
homofobia e de transfobia constituem concretas manifestações de racismo, compreendido em sua dimensão
social, ou seja, o denominado racismo social;
➢ Não há ofensa à liberdade religiosa: desde que feito dentro do proselitismo religioso, não aceita os discursos
de ódio;
➢ FUNÇÃO CONTRAMAJORITÁRIA DO STF: órgão investido do poder e da responsabilidade institucional de
proteger as minorias contra eventuais excessos da maioria ou contra omissões que se tornem lesivas;
Possibilidade diante do reconhecimento da omissão
Pois bem. Ficou reconhecido que há uma mora imputável ao Congresso Nacional. O Min. Celso de Mello afirmou que
haveria duas possibilidades de o STF agir diante disso:
a) apenas cientificar o Congresso Nacional para que ele adote, em prazo razoável, as medidas necessárias à
efetivação da norma constitucional (art. 103, § 2º, c/c art. 12-H da Lei nº 9.868/99) → APELO AO LEGISLADOR; ou

b) reconhecer, imediatamente, que a homofobia e a transfobia enquadram-se, mediante interpretação conforme à


Constituição, na noção conceitual de racismo prevista na Lei nº 7.716/89.
Para o Ministro, essa postura adotada no caso da greve – que não se limita a cientificar o Congresso da mora,
fornecendo, desde logo, uma solução jurídica para o caso – é um procedimento hermenêutico realizado pelo Poder
Judiciário para extrair a necessária interpretação dos diversos diplomas legais.
O processo de interpretação dos textos legais e da Constituição não importa em usurpação das atribuições
normativas dos demais poderes da República.

ESTATUTO DO DESARMAMENTO
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
BEM JURÍDICO → Incolumidade pública;
É possível aplicar o princípio da insignificância para os crimes de posse ou porte de munição de arma de fogo?
REGRA: Não cabe, são crimes de perigo abstrato.
Exceção: STF e o STJ, a depender do caso concreto, reconhecem a possibilidade de aplicação do princípio da
insignificância para o crime de posse ou porte ilegal de pouca quantidade de munição desacompanhada da arma.

Não se reconhece a incidência excepcional do princípio da insignificância ao crime de posse ou porte ilegal de munição,
quando acompanhado de outros delitos, tais como o tráfico de drogas. STF. 1ª Turma. HC 206977 AgR, Rel. Min.
Roberto Barroso, julgado em 18/12/2021.
O simples fato de os cartuchos apreendidos estarem desacompanhados da respectiva arma de fogo não
implica, por si só, a atipicidade da conduta, de maneira que as peculiaridades do caso concreto devem ser
analisadas a fim de se aferir:
a) a mínima ofensividade da conduta do agente;
b) a ausência de periculosidade social da ação;
c) o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; e
d) a inexpressividade da lesão jurídica provocada.
No caso concreto, embora o réu tenha sido preso com apenas uma munição de uso restrito, desacompanhada de arma
de fogo, ele foi também condenado pela prática dos crimes descritos nos arts. 33 e 35, da Lei nº 11.343/2006 (tráfico
de drogas e associação para o tráfico), o que afasta o reconhecimento da atipicidade da conduta, por não estarem
demonstradas a mínima ofensividade da ação e a ausência de periculosidade social exigidas para tal finalidade. STJ.
3ª Seção. EREsp 1856980-SC, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 22/09/2021 (Info 710).

PORTE – Art. 14 (uso permitido); Art. 16 (uso restrito)

O crime de porte de arma de fogo, seja de uso permitido ou restrito, na modalidade transportar, admite participação.
STJ. 6ª Turma. REsp 1887992-PR, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 07/12/2021 (Info 721).
➢ Contudo, deve-se destacar que o crime de porte de arma de fogo, seja de uso permitido ou restrito, na
modalidade transportar, admite participação, de modo que praticam os referidos delitos não apenas aqueles
que realizam diretamente o núcleo penal transportar, mas todos aqueles que concorreram material ou
intelectualmente para esse transporte. Tem que invocar o art. 29 do CP!

OBS: Porte de arma e guardas Municipais


1º O guarda municipal pode atuar na segurança pública? Antes era feita uma interpretação restritiva do art. 144,
§8º, da CF e vedava. A Lei nº 13.022/2014 ampliou essa interpretação prevendo que as guardas municipais possam
colaborar de forma mais intensa com a segurança pública nas cidades, atuando em parceria com as Polícias Civil,
Militar e Federal.
Essa previsão é inconstitucional?
Repare que não há nenhuma inconstitucionalidade no fato de a Lei nº 13.022/2014 ter elencado situações em que as
guardas municipais possam atuar em prol da segurança pública. Isso porque:

1) a guarda municipal é um órgão que também integra o sistema de segurança pública, considerando que se
encontra prevista em um parágrafo do art. 144 da CF/88, que trata sobre o tema;
2) a atuação da guarda municipal em prol da segurança pública, na forma como foi prevista pela Lei nº
13.022/2014, é sempre conexa com as suas atribuições constitucionais ou, quando for mais ampla, ocorre em
colaboração com as Polícias.
3) o art. 5º da Lei ressalta que a guarda municipal, no exercício de suas competências, deverá respeitar as
competências dos órgãos federais e estaduais.

2º As guardas municipais possuem porte de arma de fogo?


É previsto no art. 6º, mas era cheio de limitação. O STF decidiu que É inconstitucional a restrição do porte de arma
de fogo aos integrantes de guardas municipais das capitais dos estados e dos municípios com mais de 500.000
(quinhentos mil) habitantes e de guardas municipais dos municípios com mais de 50.000 (cinquenta mil) e menos de
500.000 (quinhentos mil) habitantes, quando em serviço. Todos têm direito ao porte, independente do tamanho do
Município e de estarem em serviço.
➢ critério escolhido pela lei vai de encontro ao princípio da igualdade;
➢ A opção do Poder Público será ilegítima se for feita sem racionalidade, mesmo que não transgrida
explicitamente norma concreta e expressa da CF/88. A razoabilidade deve ser utilizada como parâmetro para
que sejam evitados, como ocorreu nesse caso, os tratamentos excessivos, inadequados.
➢ Diante de tudo que foi exposto, o STF entendeu que a solução exigível, adequada e não excessiva a ser
adotada é conceder porte de arma, de forma idêntica, a todos os integrantes das guardas civis, considerando
que eles participam, de forma efetiva, da segurança pública e tendo em vista que os índices de mortes violentas
nos diversos Municípios não estão relacionados com o número de habitantes.
Porte de arma de uso restrito e proibido

ATENÇÃO!
A Corte Especial do STJ decidiu que, uma vez realizado o registro da arma, o vencimento da autorização não
caracteriza ilícito penal, mas mera irregularidade administrativa que autoriza a apreensão do artefato e aplicação de
multa (APn n. 686/AP, Rel. Min. João Otávio de Noronha, Corte Especial, DJe de 29/10/2015).
Tal entendimento, todavia, é restrito ao delito de posse ilegal de arma de fogo de uso permitido (art. 12 da Lei
nº 10.826/2003), não se aplicando ao crime de porte ilegal de arma de fogo (art. 14), muito menos ao delito de
porte ilegal de arma de fogo de uso restrito (art. 16), cujas elementares são diversas e a reprovabilidade mais
intensa. STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp 885281-ES, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 28/04/2020 (Info
671).
VENCIMENTO DO REGISTRO
Posse ilegal de arma de fogo de uso permitido (art. 12) e posse ilegal de arma de fogo de uso restrito (art. 16)
no mesmo contexto fático: concurso de crimes
Os tipos penais dos arts. 12 e 16 da Lei nº 10.826/2003 tutelam bens jurídicos diversos e, por essa razão, deve ser
aplicado o concurso formal quando apreendidas armas ou munições de uso permitido e de uso restrito no mesmo
contexto fático.
O art. 16 do Estatuto do Desarmamento, além da paz e segurança públicas, também protege a seriedade dos
cadastros do Sistema Nacional de Armas, sendo inviável o reconhecimento de crime único, pois há lesão a bens
jurídicos diversos.

O crime de porte de arma de fogo admite o concurso de pessoas!

A conduta de portar granada de gás lacrimogêneo ou granada de gás de pimenta não se subsome (amolda) ao delito
previsto no art. 16, parágrafo único, III, da Lei nº 10.826/2003. Isso porque elas não se enquadram no conceito de
artefatos explosivos. STJ. 6ª Turma. REsp 1627028/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em
21/02/2017 (Info 599).

PORTE, VIGIA e COAÇÃO MORAL IRRESISTÍVEL


O fato de o empregador obrigar seu empregado a portar arma de fogo durante o exercício das atribuições de vigia não
caracteriza coação moral irresistível (art. 22 do CP) capaz de excluir a culpabilidade do crime de "porte ilegal
de arma de fogo de uso permitido" (art. 14 da Lei nº 10.826/2003) atribuído ao empregado que tenha sido flagrado
portando, em via pública, arma de fogo, após o término do expediente laboral, no percurso entre o trabalho e a sua
residência. STJ. 5ª Turma. REsp 1456633-RS, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 5/4/2016 (Info 581).
➢ A inexigibilidade de conduta diversa somente funciona como causa de exclusão da culpabilidade quando
proceder de forma contrária à lei se mostra como única alternativa possível diante de determinada situação.
Se há outros meios de solução do impasse, a exculpante não se caracteriza.

Magistrado que mantém sob sua guarda arma ou munição de uso restrito não comete crime.
➢ OBS: se for registro vencido é crime!
➢ OBS: Policiais civis aposentados não têm porte; No entanto, o art. 30 do Decreto nº 9.847/2019 permite que o
aposentado conserve a autorização de porte de porte de arma de fogo de sua propriedade (arma de fogo
particular — a funcional deve ser devolvida), desde que cumpridos alguns requisitos, como se submeter a
testes de avaliação psicológica, realizados de 10 em 10 anos.

ATIPICIDADE DA CONDUTA DE POSSE/PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO INEFICAZ


Para que haja condenação pelo crime de posse ou porte NÃO é necessário que a arma de fogo tenha sido apreendida
e periciada. Assim, é irrelevante a realização de exame pericial para a comprovação da potencialidade lesiva do
artefato. Isso porque os crimes previstos no arts. 12, 14 e 16 da Lei 10.826/2003 são de mera conduta ou de
perigo abstrato, cujo objeto jurídico imediato é a segurança coletiva.
No entanto, se a perícia for realizada na arma e o laudo constatar que a arma não tem nenhuma condição de
efetuar disparos não haverá crime. Para o STJ, não está caracterizado o crime de porte ilegal de arma de fogo
quando o instrumento apreendido sequer pode ser enquadrado no conceito técnico de arma de fogo, por estar
quebrado e, de acordo com laudo pericial, totalmente inapto para realizar disparos. Assim, demonstrada por laudo
pericial a total ineficácia da arma de fogo e das munições apreendidas, deve ser reconhecida a atipicidade da conduta
do agente que detinha a posse do referido artefato e das aludidas munições de uso proibido, sem autorização e em
desacordo com a determinação legal/regulamentar. STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 397473/DF, Rel. Min. Marco
Aurélio Bellizze, julgado em 19/08/2014 (Info 544). STJ. 6ª Turma. REsp 1451397-MG, Rel. Min. Maria Thereza de
Assis Moura, julgado em 15/9/2015 (Info 570).

O PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DEVE SER ABSORVIDO PELO CRIME DE HOMICÍDIO?
Depende da situação:
• Situação 1: NÃO. O crime de porte não será absorvido se ficar provado nos autos que o agente portava
ilegalmente a arma de fogo em outras oportunidades antes ou depois do homicídio e que ele não se utilizou da
arma tão somente para praticar o assassinato. Ex: a instrução demonstrou que João adquiriu a arma de fogo três
meses antes de matar Pedro e não a comprou com a exclusiva finalidade de ceifar a vida da vítima.
• Situação 2: SIM. Se não houver provas de que o réu já portava a arma antes do homicídio ou se ficar provado
que ele a utilizou somente para matar a vítima. Ex: o agente compra a arma de fogo e, em seguida, dirige-se até a
casa da vítima, e contra ela desfere dois tiros, matando-a.

Súmula 513-STJ: A abolitio criminis temporária prevista na Lei nº 10.826/2003 aplica-se ao crime de posse de arma
de fogo de uso permitido com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou
adulterado, praticado somente até 23/10/2005.

CRIMES HEDIONDOS
➢ São crimes que o legislador considerou especialmente repulsivos e que, por essa razão, recebem tratamento
penal e processual penal mais gravoso que os demais delitos.
➢ O Brasil adotou o sistema legal de definição dos crimes hediondos. Isso significa que é a lei quem define, de
forma exaustiva (taxativa, numerus clausus), quais são os crimes hediondos.
➢ É inconstitucional a fixação ex lege, com base no art. 2º, § 1º, da Lei 8.072/1990, do regime inicial fechado,
devendo o julgador, quando da condenação, ater-se aos parâmetros previstos no artigo 33 do Código Penal.

CRIMES DO CTB
ART. 305 - FUGA
➢ A omissão de socorro à vítima de acidente de trânsito, por si, não configura hipótese de dano moral in re ipsa.
➢ Para a observância da causa de aumento da pena prevista no artigo 302, § 1º, inciso III, da Lei nº 9.503/1997,
revela-se desinfluente a circunstância de a morte haver sido instantânea, não cabendo ao agente presumir o
estado de saúde da vítima e avaliar a conveniência de socorrê-la.
➢ É constitucional o tipo penal que prevê o crime de fuga do local do acidente (art. 305 do CTB) → BJ o crime
protege a administração da justiça → Crime material → NÃO OFENDE O PRINCIPIO DA NÃO
INCRIMINAÇÃO, garantido o direito ao silêncio e ressalvadas as hipóteses de exclusão da tipicidade e
antijuridicidade;
Análise da Constitucionalidade:
➢ Flexibilização do p. da vedação à autoincriminação: O legislador, ao exigir que o agente envolvido no acidente
continue no local do fato até que sejam feitos os procedimentos de identificação das pessoas e do sinistro,
“não afeta o núcleo irredutível” do direito fundamental à não autoincriminação.
➢ Obriga-se o condutor a permanecer no local, mas não a “assumir a culpa” (continua “garantido o direito ao
silêncio”);
➢ Eventual declaração de inconstitucionalidade da conduta tipificada no art. 305 do CTB, em nome de uma leitura
absoluta e irrestrita do princípio da vedação à autoincriminação, caracterizaria afronta ao princípio
constitucional da proporcionalidade em sua dimensão que proíbe a proteção deficiente.
➢ Fragilização da tutela penal;
➢ Descriminalizar o crime de fuga significaria efetivamente negar a vontade do Parlamento.
➢ Convenção de Trânsito de Viena

DEMAIS
➢ A causa de aumento prevista no art. 302, § 1º, II, do Código de Trânsito Brasileiro não exige que o agente
esteja trafegando na calçada, sendo suficiente que o ilícito ocorra nesse local;
➢ É constitucional a imposição da pena de suspensão de habilitação para dirigir veículo automotor ao motorista
profissional condenado por homicídio culposo no trânsito;
➢ O crime do art. 307 do CTB somente se verifica em caso de violação de suspensão ou proibição de dirigir
imposta por decisão judicial (não vale suspensão imposta por decisão administrativa);
➢ Crime de lesão corporal leve na direção de veículo não permite absorção do delito de embriaguez ao volante:
Não é possível reconhecer a consunção do delito previsto no art. 306, do CTB (embriaguez ao volante) pelo
crime do art. 303 (lesão corporal culposa na direção de veículo automotor). Isso porque um não é meio para
a execução do outro, sendo infrações penais autônomas que tutelam bens jurídicos distintos.
➢ Em caso de concurso formal de crimes, o perdão judicial concedido para um deles não necessariamente
deverá abranger o outro;
PERDÃO JUDICIAL
Trata-se de perdão judicial, que é uma causa de extinção da punibilidade (art. 107, IX do CP). Prevalece que o perdão
judicial apenas pode ser reconhecido no momento da sentença. A sentença concessiva do perdão judicial é
declaratória da extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório (Súmula 18-STJ). O perdão
judicial é uma causa de extinção da punibilidade de índole excepcional, de forma que somente pode ser concedido
quando presentes os seus requisitos, devendo-se analisar cada delito de per si (isoladamente), e não de forma
generalizada, como quando ocorre a pluralidade de delitos decorrentes do concurso formal de crimes. O perdão judicial
é ato de clemência do Estado que afasta a punibilidade e o efeitos condenatórios da sentença penal. Pressupõe o
preenchimento de determinados requisitos - grau de parentesco e insuportável abalo físico ou emocional.

➢ Não se aplica o instituto do arrependimento posterior (art. 16 do CP) para o homicídio culposo na direção
de veículo automotor (art. 302 do CTB) mesmo que tenha sido realizada composição civil entre o autor do
crime a família da vítima. Para que seja possível aplicar a causa de diminuição de pena prevista no art. 16 do
CP é indispensável que o crime praticado seja patrimonial ou possua efeitos patrimoniais. O arrependimento
posterior exige a reparação do dano e isso é impossível no caso do homicídio.
ARREPENDIMENTO POSTERIOR
Trata-se de um benefício ou prêmio para estimular o agente a restituir a coisa ou reparar os danos causados com sua
conduta. REQUISITOS: 1) O crime deve ter sido praticado sem violência ou grave ameaça à pessoa.; 2) O agente,
voluntariamente, deve ter reparado o dano ou restituído a coisa. 3) Essa reparação ou restituição deve ter acontecido
antes do recebimento da denúncia ou queixa. REDUÇÃO: extensão do ressarcimento (se total ou parcial) e também o
momento de sua ocorrência. comunica-se aos coautores e partícipes que não tenham participado da restituição da
coisa ou da reparação do dano. O delito do art. 302 do CTB não é um crime patrimonial ou de efeito patrimonial. O
bem jurídico por ele tutelado é a vida.

➢ Crime de dirigir sem habilitação é absorvido pela lesão corporal culposa na direção de veículo. Mesmo sendo
de Ação penal pública incondicionada, fica absorvido por um crime de ação penal pública condicionada;
Súmula 575-STJ: Constitui crime a conduta de permitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor a pessoa
que não seja habilitada, ou que se encontre em qualquer das situações previstas no art. 310 do CTB,
independentemente da ocorrência de lesão ou de perigo de dano concreto na condução do veículo. CRIME DE
PERIGO ABSTRATO.

LAVAGEM DE DINHEIRO
ORIGEM: compromisso assumido pelo Brasil no plano internacional → Convenção de Viena, Convenção de Palermo
e a Convenção de Mérida.
FASES
➔ Colocação: separação física do dinheiro dos autores do crime; é antecedida pela captação e concentração do
dinheiro;
➔ Dissimulação: multiplica as transações, objetivo de que se perda a trilha do dinheiro;
➔ Integração: dinheiro é empregado em negócios lícitos;
BEM JURÍDICO TUTELADO
➢ 1º CORRENTE: o mesmo da infração antecedente;
➢ 2ª CORRENTE: a administração da justiça, ao lado da ordem econômica e financeira;
➢ 3ª CORRENTE: ordem econômica ou socioeconômica afetada;

Jurisprudência:
➢ Na autolavagem não ocorre a consunção entre a corrupção passiva e a lavagem de dinheiro.
➢ De acordo com o STJ, a medida assecuratória de indisponibilidade de bens, prevista no art. 4º, § 4º, da Lei nº
9.613/98, pode atingir bens de origem lícita ou ilícita, adquiridos antes ou depois da infração penal, bem como
de pessoa jurídica ou familiar não denunciado, quando houver confusão patrimonial.
➢ É inconstitucional a determinação de afastamento automático de servidor público indiciado em
inquérito policial instaurado para apuração de crimes de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores.
A necessidade concreta de afastar o servidor pode ocorrer a partir de representação da autoridade policial ou
do Ministério Público, na forma de medida cautelar diversa da prisão, conforme preveem os arts. 282, § 2º, e
319, VI, do CPP. Afronta ao princípio da proporcionalidade.
O indiciamento representa a análise técnico-jurídica do Delegado de Polícia que concluiu pela probabilidade do crime
objeto da investigação. Trata-se, contudo, de um juízo prévio (pré-processual) e não vinculante. Logo, tendo em vista
as características do sistema acusatório, o Ministério Público não está obrigado a seguir o indiciamento
realizado pela autoridade policial. O ato de indiciamento não gera e não pode gerar efeitos materiais em relação ao
indiciado, já que se trata de mero ato de imputação de autoria de natureza preliminar, provisória e não vinculante ao
titular da ação penal.
Presunção de inocência → A presunção de inocência exige que a imposição de medidas coercitivas ou constritivas
aos direitos dos acusados, no decorrer de inquérito ou processo penal, seja amparada em requisitos concretos que
sustentam a fundamentação da decisão judicial impositiva, não se admitindo efeitos cautelares automáticos
ou desprovidos de fundamentação idônea.
Violação à isonomia → Isso porque ela faz uma distinção sem sentido entre acusados que foram previamente
indiciados de acusados que não foram indiciados. O inquérito policial e o indiciamento são dispensáveis, ou seja, o
MP pode oferecer a denúncia mesmo que não sejam realizados. Isso significa que a norma do art. 17-D cria uma
distinção sem sentido: os acusados que foram previamente indiciados pela autoridade policial estarão afastados de
suas funções. Por outro lado, os acusados que foram denunciados sem prévio indiciamento irão permanecer, em regra,
no exercício de seus cargos.
Existem normas jurídicas que determinam o afastamento, mas não com o mero indiciamento → Existem normas
jurídicas que determinam o afastamento, mas não com o mero indiciamento. Daí que o afastamento, considerando a
necessidade de fundamentação específica da decisão, não pode ser consequência automática prevista em lei para o
ato administrativo do indiciamento, ou mesmo o recebimento da denúncia oferecida, obedecendo-se, com isto, ao
princípio constitucional da proporcionalidade das medidas restritivas de direitos.

➢ Não se deve reconhecer a consunção entre corrupção passiva e lavagem quando a propina é recebida no
exterior por meio de transação envolvendo offshore na qual resta evidente a intenção de ocultar os valores;
➢ O mero recebimento de valores em dinheiro não tipifica o delito de lavagem, seja quando recebido pelo próprio
agente público, seja quando recebido por interposta pessoa.
➢ Pratica lavagem de dinheiro o sujeito que recebe propina por meio de depósitos bancários fracionados, em
valores que não atingem os limites estabelecidos pelas autoridades monetárias à comunicação compulsória
dessas operações.
➢ O delito de lavagem de bens, direitos ou valores (“lavagem de dinheiro”), previsto no art. 1º da Lei nº 9.613/98,
quando praticado na modalidade de ocultação, tem natureza de crime permanente. Assim, o prazo
prescricional somente tem início quando as autoridades tomam conhecimento da conduta do agente.
➢ É possível a interposição de apelação, com fundamento no art. 593, II, do CPP, contra decisão que tenha
determinado medida assecuratória prevista no art. 4º, caput, da Lei nº 9.613/98 (Lei de lavagem de Dinheiro),
a despeito da possibilidade de postulação direta ao juiz constritor objetivando a liberação total ou parcial
dos bens, direitos ou valores constritos (art. 4º, §§ 2º e 3º, da mesma Lei).

INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA
➢ A disponibilização dos arquivos com os diálogos interceptados supre a demanda da defesa quanto ao acesso
do conteúdo das interceptações, em observância às garantias constitucionais no âmbito do processo penal
democrático, não sendo viável a imposição de ônus ao Estado quanto à conversão dos arquivos digitais
contendo os elementos de prova para o formato mais conveniente para a defesa.
➢ Admite-se o uso da motivação per relationem para justificar a quebra do sigilo das comunicações telefônicas.
No entanto, as decisões que deferem a interceptação telefônica e respectiva prorrogação devem prever,
expressamente, os fundamentos da representação que deram suporte à decisão - o que constituiria meio apto
a promover a formal incorporação, ao ato decisório, da motivação reportada como razão de decidir - sob pena
de ausência de fundamento idôneo para deferir a medida cautelar.
➢ Não cabe transportar a regra do artigo 2º da Lei nº 9.296/1996 – no que inadmitida a interceptação de
comunicações telefônicas quando a prova puder ser feita por outros meios disponíveis – à obtenção dos dados
armazenados em dispositivo de telefonia.
➢ Se a autoridade policial, em decorrência de interceptações telefônicas legalmente autorizadas, tem notícia do
cometimento de novos ilícitos por parte daqueles cujas conversas foram monitoradas ou mesmo de terceiros,
é sua obrigação e dever funcional apurá-los, ainda que não possuam liame algum com os delitos cuja suspeita
originariamente ensejou a quebra do sigilo telefônico.
➢ É dever do Estado a disponibilização da integralidade das conversas advindas nos autos de forma emprestada,
sendo inadmissível a seleção pelas autoridades de persecução de partes dos áudios interceptados. O
entendimento da jurisprudência do STF e do STJ é o de que não é obrigatória a transcrição integral do
conteúdo das interceptações telefônicas. Isso não foi alterado pelo julgado acima, que trata sobre hipótese
diferente.
É inconstitucional Resolução do CNJ que proíbe o juiz de prorrogar a interceptação telefônica durante o plantão
judiciário ou durante o recesso do fim de ano
Essa previsão violou:
a) a competência dos Estados para editar suas leis de organização judiciária (art. 125, § 1º, da CF/88);
b) a competência legislativa na União para a edição de normas processuais (art. 22, I);
c) a norma constante do art. 5º, XXXV, da CF, no que respeita à inafastabilidade da jurisdição.

É constitucional a Resolução 36/2009 do CNMP, que dispõe sobre o pedido e a utilização de interceptações telefônicas,
no âmbito do Ministério Público, nos termos da Lei nº 9.296/96. A independência funcional do MP foi preservada. A
resolução não impõe uma linha de atuação ministerial, apenas promove a padronização formal mínima dos ritos
adotados nos procedimentos relacionados a interceptações telefônicas, em consonância com as regras previstas na
Lei nº 9.296/96.

CRIME ACHADO
Para o Min. Alexandre de Moraes, a prova é considerada lícita, mesmo que o “crime achado” não tenha relação (não
seja conexo) com o delito que estava sendo investigado, desde que tenham sido respeitados os requisitos
constitucionais e legais e desde que não tenha havido desvio de finalidade ou fraude.
A partir do momento em que surgem indícios de participação de detentor de prerrogativa de foro nos fatos
apurados, cumpre à autoridade judicial declinar da competência, e não persistir na prática de atos objetivando
aprofundar a investigação.
A sentença de pronúncia pode ser fundamentada em indícios de autoria surgidos, de forma fortuita, durante a
investigação de outros crimes no decorrer de interceptação telefônica determinada por juiz diverso daquele competente
para o julgamento da ação principal.
As comunicações telefônicas do investigado legalmente interceptadas podem ser utilizadas para formação de prova
em desfavor do outro interlocutor, ainda que este seja advogado do investigado.
Alguns autores fazem a seguinte distinção:

a) Serendipidade objetiva: ocorre quando, no curso da medida, surgirem indícios da prática de outro crime que não
estava sendo investigado.
b) Serendipidade subjetiva: ocorre quando, no curso da medida, surgirem indícios do envolvimento criminoso de
outra pessoa que inicialmente não estava sendo investigada. Ex: durante a interceptação telefônica instaurada para
investigar João, descobre-se que um de seus comparsas é Pedro (Deputado Federal).
Há ainda uma outra classificação que fala que a serendipidade pode ser dividida em “graus”:
a) Serendipidade de primeiro grau: é o encontro fortuito de provas quando houver conexão ou continência com o
fato que se apurava.
b) Serendipidade de segundo grau: é o encontro fortuito de provas quando não houver conexão ou continência com
o fato que se apurava.
CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA

TORTURA
➢ Somente pode ser agente ativo do crime de tortura-castigo (art. 1º, II, da Lei nº 9.455/97) aquele que detiver
outra pessoa sob sua guarda, poder ou autoridade (crime próprio).
➢ No caso de crime de tortura perpetrado contra criança em que há prevalência de relações domésticas e de
coabitação, não configura bis in idem a aplicação conjunta da causa de aumento de pena prevista no art. 1º,
§ 4º, II, da Lei nº 9.455/1997 (Lei de Tortura) e da agravante genérica estatuída no art. 61, II, "f", do Código
Penal.
➢ OBS: a prova de intenso sofrimento físico ou mental somente se aplica aos casos de tortura castigo, no caso
de tortura prova (inciso I) não exige tal requisito;
➢ A perda da função ou cargo e a interdição é efeito automático da sentença condenatória, independe de
fundamentação concreta;

PROCESSO PENAL
DOGMATICA PENAL COM PERSPECTIVA DE GÊNERO
Lei Maria da penha. Feminicídio é ápice de um conjunto de violência que já vem sendo praticada contra a mulher.
Ciclo da violência: nas relações íntimas - Fase da lua de mel. Aumento de tensão. Ataque violento.
Ondas do feminismo:
➢ 1º onda: sufragista (voto, estudo e trabalho);
➢ 2º onda: análise da condição da mulher na sociedade (construção da teoria-base sobre a opressão feminina);
➢ 3º onda: complexo das relações de gênero. Liberdade.
➢ 4º onda
Mulheres negras: maior exposição à violência de gênero (desestrutura social- tráfico de drogas, precarização laboral).
Teoria das interseccionalidade: vários fatos que se juntam ao gênero e aumenta a vulnerabilidade: classe social,
idade, religião, deficiência.
Criminologia feminista. Violência doméstica. Feminicidio. Violência sexual.
Abolicionismo penal feminista: doutrina que defende a descriminalização da violência contra a mulher, por entende
que o direito penal não é a solução. Justiça restaurativa.
Tribunais admitem a lei maria da penha aos transexuais: Mulher transgênero. Independente de cirurgia ou mudança
de nome.
Legítima defesa da honra em feminicídio proibido: Ao apreciar medida cautelar em ADPF 779, o STF decidiu que:
a) a tese da legítima defesa da honra é inconstitucional, por contrariar os princípios constitucionais da dignidade da
pessoa humana (art. 1º, III, da CF/88), da proteção à vida e da igualdade de gênero (art. 5º, da CF/88);
b) deve ser conferida interpretação conforme à Constituição ao art. 23, II e art. 25, do CP e ao art. 65 do CPP, de modo
a excluir a legítima defesa da honra do âmbito do instituto da legítima defesa; e
c) a defesa, a acusação, a autoridade policial e o juízo são proibidos de utilizar, direta ou indiretamente, a tese de
legítima defesa da honra (ou qualquer argumento que induza à tese) nas fases pré-processual ou processual penais,
bem como durante julgamento perante o tribunal do júri, sob pena de nulidade do ato e do julgamento.
STF. Plenário. ADPF 779 MC-Ref/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 13/3/2021 (Info 1009).
PARTE INTRODUTÓRIA
CONCEITOS
➢ Conjunto de normas e princípios que regulam a aplicação jurisdicional do Direito Penal → Conceito clássico
→ precisa ser complementado → Processo penal constitucional (visão garantista → processo penal como
forma de proteção de direitos fundamentais). Processo Penal justo → presunção de inocência, sistema
acusatório, convencimento motivado, proibição de provas ilícitas, fortalecimento do MP, etc.
➢ Hipótese de jurisdição necessária;
➢ Objetos secundários: estudo da ação penal e atividades investigatórias + regula a organização judiciária;
➢ Finalidades: Imediata → direito de punir + tutela dos DF; Mediata → proteção da sociedade, paz social.
➢ Competência da União. Veda MP sobre processo penal.
➢ Analogia → art. 3º CPP → pode ser in malam partem ou in bonam partem;

PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS
Presunção de Inocência – art. 5º, LVII
➢ Ônus da prova em regra cabe à acusação. Exceção → excludentes de ilicitude ou culpabilidade, extinçãp da
punibilidade e de circunstancias que mitiguem a pena.
➢ Excepcionalidade das prisões cautelares e de medidas constritivas de direitos individuais;
Igualdade processual ou paridade de armas – art. 5, caput.
➢ Partes com mesma oportunidade, requisito indispensável a efetivação do sistema acusatório;
➢ Réu não pode defender-se sozinho, salvo se for advogado (art. 263);
➢ Mitigação: favor rei → interesse do acusado prevalece à pretensão de punição estatal;
Ampla Defesa – art. 5º, LV
➢ Autodefesa (disponível) + defesa técnica (indisponível);
➢ Direito ao silêncio – art. 5º, LXIII - 1ª parte do interrogatório → não pode mentir ou calar;
➢ Direito de audiência → ser ouvido no processo; Direito de presença → estar presente nos atos processuais;
➢ Defesa técnica → ausência → magistrado intima o réu antes de nomear defensor!
➢ Súmula 707, STF.
➢ Consequências: a) apenas o réu tem direito a revisão criminal; b) dever de o juiz fiscalizar a eficiência da
defesa do réu – Súmula 523, STF;
Plenitude de defesa – art. 5º, XXXVIII, “a”
➢ Aplicado ao Tribunal do Júri;
➢ Juiz deve estar atendo a eficácia da defesa do réu;
➢ Possibilidade da defesa inovar a tese na tréplica;
➢ Possibilidade de ampliação de tempo nos debates;
Favor Rei, IN DUBIO PRO REO – art. 5º, LVII
➢ Decorre da presunção de inocência;
➢ Empate – prevalece a decisão mais favorável ao réu; Interpretação → mais favorável;
➢ Art. 386, CPP → dúvida favorece ao acusado;
➢ OBS: não tem aplicação na fase do oferecimento da denúncia e da pronúncia – in dubio pro societate – STJ;
OBS: STF ARE 1067392 – não há no processo brasileiro esse princípio;
Contraditório – art. 5º, LV.
➢ Direito de ser intimado, de se manifestar sobre fatos e provas e de interferir efetivamente no pronunciamento
do juiz;
➢ Súmula 639, STJ.
Juiz natural – art. 5º, LII
➢ Não impede criação de novas varas e remessa de processos;
Publicidade – arts. 5º, LX e XXXIII + 93, IX + 792 do CPP
➢ Exceção: defesa da intimidade ou interesse social → publicidade específica;
➢ Publicidade geral → não comporta exceções;
➢ NUNCA SEM defensor, MP e assistente de acusação;
Vedação das provas ilícitas – art. 5º, LVI
➢ Aquelas que violam normas constitucionais e legais;
➢ Teoria dos frutos da árvore envenenada → impossibilidade de utilização das provas ilícitas por derivação;
Exceção: ausência de nexo causal ou fonte independente; OBS: Teoria da proporcionalidade na apreciação
da prova ilícita → admite, excepcionalmente, em benefício do direito do réu inocente (para alguns seria
legitima defesa, estado de necessidade ou inexigibilidade de conduta diversa);
Duração razoável do Processo – art; 5º, LXXVIII
➢ Não pode implicar em restrição da parte de produzir prova e buscar a verdade real;
➢ Duração razoável das medidas cautelares;
➢ Carta precatória itinerante (art. 355, §1º, CPP);
➢ Suspensão do processo em caso de questão prejudicial – difícil solução.
➢ OBS: Regra dos 3 critérios básicos → delimitar a duração razoável com mais rigor → a) complexidade do
caso; b) atividade processual do interessado; c) conduta das autoridades judiciárias.

Devido Processo Legal – art. 5º, LIV

➢ Fundamenta a visão garantista do processo penal → instrumento de efetivação de DF;


➢ Aspecto substancial → ninguém deve ser processado senão por crime previsto e definido em lei.
Razoabilidade;
➢ Aspecto processual → ampla possibilidade de o réu produzir provas;
Não AUTOINCRIMINAÇÃO (nemo tenetur se detegere)
➢ Decorre da presunção de inocência, ampla defesa e direito ao silêncio;
➢ Art. 8º do Pacto de São José da Costa Rica → status supralegal;
➢ Intervenções corporais → não está obrigado (ex: DNA, grafotécnico, bafômetro); OBS: STJ → permite o DNA
se o material biológico já está fora do corpo e foi abandonado. Não há comportamento proativo do agente no
fornecimento da prova;
Duplo grau de jurisdição
➢ Decorre da própria estrutura do poder judiciário + ampla defesa;
➢ Art. 8º, item 2, Pacto São José;
➢ Direito de reexame da causa por órgão superior;
Juiz imparcial
➢ Decorre do juiz natural; Aquele não impedido ou suspeito;
➢ Art. 8º, item 1, Pacto São José;
Promotor Natural
➢ Decorre da inamovibilidade funcional (art. 128, §5º, I, b) + independência funcional (art. 127, §1º) + juiz natural
(art. 5º, LIII);
➢ Impedir designações casuísticas injustificadas, figura do acusador de exceção;
➢ Hipóteses de designação – art. 10, IX, Lei nº 8.625/93;
Obrigatoriedade da ação penal pública
➢ Decorre da legalidade (art. 5º, XXXIX) + Art. 129, I, CF;
➢ Mitigado: transação penal → discricionariedade regrada; colaboração premiada, acordo de leniência, ANPP,
SURSIS processual;
Vedação da dupla punição ou NE BIS IN IDEM
➢ Decorre da legalidade penal + dignidade da pessoa humana;
➢ Art. 8º, item 4, Pacto de São José;
➢ Impede que a pessoa seja processada ou condenada duas vezes pelo mesmo fato;
➢ STJ → pendencia de julgamento no exterior não impede a ação penal no Brasil;
PRINCIPIOS DO PROCESSO PENAL PROPRIAMENTE DITOS
Busca da verdade Real
Oralidade e da concentração, imediatidade e identidade física do juiz
Indivisibilidade da ação penal privada (art. 48, CPP)
Comunhão da prova
➢ Uma vez produzida, a prova pertence ao juízo, pode ser utilizada por qualquer uma das partes;
Impulso oficial
Persuasão racional ou livre convencimento motivado
➢ Dever de motivação → art. 93, IX;
➢ Exceções: Tribunal do júri; fatos que exigem necessariamente determinada prova (ex. inimputabilidade);
Lealdade Processual

SISTEMAS DE PROCESSO PENAL


➢ Origem romana;
➢ Concentração de poderes de acusar e julgar nas mãos de 1 órgão
INQUISITIVO do Estado;
➢ Confissão → rainha das provas;
➢ Sigiloso; não há debates orais; ausência de contraditório;
➢ Grécia e Roma antiga;
➢ Separação entre órgão de acusação e julgador, este é imparcial;
➢ Debates orais; liberdade de defesa e isonomia; contraditório;
ACUSATÓRIO ➢ Liberdade do réu é a regra;
➢ Art. 3-A, CPP → adoção expressa; Art. 129, I, seria o marco do
sistema acusatório do país;
➢ Juiz não pode ser protagonista da prova, mas seu destinatário final;
➢ Pós revolução Francesa;
MISTO ➢ Fase preliminar → sistema inquisitivo
➢ Fase de julgamento → sistema acusatório;

LEI PROCESSUAL PENAL NO ESPAÇO


➢ Não possui extraterritorialidade, salvo: a) território nullius; b) autorização de um determinado país; c) se houver
território ocupado em tempo de guerra; OBS: Lei de tortura também é exceção, art. 2º;
➢ OBS: TPI integra a própria jurisdição brasileira, órgão especial do judiciário nacional em sua última instancia;

LEI PROCESSUAL PENAL NO TEMPO


➢ Sistema do isolamento dos atos processuais – tempus regit actum → art. 2º, CPP;
➢ Normas hibridas → aplica a retroatividade da norma penal bem[efica;

INTERPRETAÇÃO
➢ Autêntica → procede da mesma origem da lei e tem força obrigatória. Pode vir de lei posterior, aplica
retroativamente;
➢ Jurisprudencial → em regra não possui força obrigatória. OBS para os precedentes vinculantes e súmulas;
➢ Doutrinária ou científica;
➢ Gramatical → exato significado das palavras constantes no texto legal;
➢ Sistemática → confronto lógico entre os dispositivos da lei;
➢ Lógica → raciocínio e conclusão;
➢ Histórica → contexto da votação, debates, emendas..
➢ Teleológica → procura o sentido e alcance da norma;
Analogia Interpretação Analógica Interpretação extensiva
É fonte do direito. Processo de Ocorre quando fórmulas Alarga o sentido dos termos legais
integração da norma. casuísticas inscritas em um para dar eficiência à norma. O
Situação análoga, semelhante à dispositivo são seguidas de legislador disse menos do que
outra, que não tem solução expressões genéricas, abertas, queria dizer.
expressa, é a ela aplicada. utilizando a semelhança
(analogia) para uma correta
interpretação destas últimas.

INQUÉRITO POLICIAL
Colheita de elementos de informação → justa causa.
Não está submetido ao regime das nulidades;
JUIZ DAS GARANTIAS
➢ Atuação na fase da investigação; Tutela direitos fundamentais;
➢ Até o recebimento da denúncia;
➢ Otimização da atuação jurisdicional + manter o distanciamento do juiz do processo → preservar a
imparcialidade do juiz, mantém-se ilibado o sistema acusatório;
➢ Eficácia suspensa ADI 6298;
➢ Tofolli: juiz das garantias não se aplica → a) processos de competência originária; b) tribunal do júri; c)
violência domestica e familiar contra a mulher; d) justiça eleitoral.
Polícia Judiciária: Policia Civil e Federal.
Outras Investigações Criminais: IP não é a única forma de investigação, pode haver outras desde que previstas em
lei;
➢ Crime cometido por promotor de justiça ou juiz → Inquérito é presidido pelo respectivo órgão de cúpula;
➢ Inquérito Parlamentar → presidido pela CPI; OBS: Súmula 397 STF
➢ Inquérito Policial Militar → presidido pela polícia judiciária militar;
➢ Investigação feita por agentes florestais;
➢ Investigação feita por agentes da administração pública → sindicâncias e PAD;
➢ Inquérito Civil → MP;
➢ Investigação particular → OBS: natureza não criminal, fatos de interesse privado;
➢ Investigação realizada pela comissão de inquérito do Banco Central;
➢ Inquérito administrativo para apurar infrações à ordem econômica → CADE;
Investigação Criminal Presidida pelo MP – PIC
Desfavorável Favorável
- exclusividade da investigação criminal por parte da - Interpretação sistemática: a CF quis dizer que
polícia judiciária; art. 144, §1º, IV, CF; dentre os órgãos ali previstos, apenas a PF exercer
- Falta de previsão legal que autorize o MP a realizar função de polícia judiciária da união;
investigação criminal; - a função de polícia judiciária da união não se
- Falta regulamentação; confunde com a competência para investigar crimes,
- O mesmo órgão que acusa não poderia investigar para a qual a CF não estabeleceu exclusividade;
por conta própria; - Art. 129, I, VI, VIII, IX → teoria dos poderes
- Participação do MP na investigação o tornaria implícitos → para o exercício de suas funções, o MP
parcial; poderá se valer de todos os meios indispensáveis;
- Tendência de produzir provas somente a favor da - Resolução nº 13/06 e 181/2017 do CNMP;
acusação;
Violação à paridade de armas; - Não há incompatibilidade entre investigação e
acusação;
- No processo penal o MP não é um órgão de
acusação, mas um órgão legitimado à acusação;
- STF e STJ;

Características do IP → sigiloso; não submetido as regras da nulidade; escrito; inquisitivo; oficial; oficioso;
indisponível
Formas de instauração
➢ De ofício → só se for crime de APPI;
➢ Requerimento do ofendido ou representante → requisitos do art. 5º, §1º → indeferimento: recurso
administrativo ao Chefe de Polícia ou MS; Pode fazer juízo de tipicidade. Não pode deixar de instaurar
aplicando o p. da insignificância.
➢ Por delação de terceiro ou delatio criminis: qualquer do povo. APPI;
➢ Por requisição da autoridade competente: MP ou juiz? Processo judicialiforme → não mais se sustenta.
➢ Lavratura de APF;
➢ Denuncia anônima ou Delatio criminis inqualificada → por si só não pode. A partir dela, pode a polícia realizar
diligencias preliminares para apurar a veracidade;
Informante do bem e Lei 13.608/18 → análise econômica do direito → recompensa de até 5% em caso de recuperação
de produto de crime contra a adm. pública.
Notícia do Crime: espontânea → própria autoridade policial toma conhecimento; provocada → toma conhecimento da
pratica de um delito por provocação;
Autoridades com Foro
➢ No STF → tem que ter autorização para iniciar a investigação;
➢ Demais Tribunais → não exige autorização por ausência de previsão legal; Mas será realizada sob a
supervisão do Tribunal competente;
Requisições
Art. 13-A Art. 13-B – Tráfico de Pessoas
- DELTA e MP requisita diretamente; - Sinais e meios adequados à localização;
- Dados ou informações cadastrais de vítimas e - Manifestação judicial em até 12h → clausula de
suspeitos; reserva de jurisdição temporária.

ARQUIVAMENTO DO IP
➢ Nova sistemática → deixa de ser dirigido ao juiz e fica promovido dentro do âmbito interno da instituição que
exercerá esse controle;
➢ Deixa de existir uma decisão judicial homologando o arquivamento, sendo assim, não é mais possível falar em
coisa julgada seja formal ou material;
➢ Doutrina: a promoção de arquivamento efetivada pelo MP fica submetida à preclusão;
➢ Não se admite arquivamento tácito ou implícito;
➢ Controle do arquivamento no âmbito do MP: Indicado na LOMP;
➢ Desarquivamento: ato privativo do MP;

Trancamento por meio de HC → STF: a) atipicidade da conduta; b) extinção da punibilidade; c) ausência de justa
causa para a ação penal;

O reconhecimento de pessoa, presencialmente ou por meio de fotografia, realizada na fase do IP, deve observar as
formalidades previstas no 226 do CPP: Trata-se de tema polêmico! A 5ª turma do STJ entende pacificamente que a
inobservância das formalidades do 226 não gera nulidade, sendo apenas uma recomendação legal.
A 6º turma determinou a obrigatoriedade de observar as formalidades do artigo:
• As formalidades são garantias mínimas;
• A inobservância torna o ato inválido, não podendo lastrear futura condenação;
• O juiz pode fazer o reconhecimento em juízo desde que observado as formalidades do artigo;
• O reconhecimento por fotografia, além de seguir o mesmo procedimento, deve ser visto como etapa
antecedente ao reconhecimento pessoal.

AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA
➢ Pacto de San José da Costa Rica (art. 7, item 5)
➢ Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (art. 9, item 3)
➢ Resolução 213/2015 CNJ
➢ ADPF 347
➢ Conversão de flagrante em preventiva SEM requerimento do MP → Corrente 1: literalidade do art. 310, II, do
CPP, pode. → Corrente 2: sistema acusatório, proibição de aplicação de medidas cautelares de ofício pelo
juiz no curso do inquérito (art. 282, §2º, CPP);

ANPP
CONCEITO: negócio jurídico pré-processual entre o MP e o investigado (com defensor) como alternativa à propositura
da ação penal. Justiça Consensual ou negociada.
➢ Antecedentes: Resolução 181/2017 CNMP;
➢ Justiça Multiportas: atividade jurisdicional do Estado não é a única, muito menos a principal; Outras
possibilidades de pacificação social. Otimização dos recursos públicos + efetivação da justiça multiportas com
a perspectiva restaurativa;
➢ Norma de natureza híbrida, mas de caráter predominantemente processual e de retroatividade limitada
→ aplica aos fatos ocorridos antes da Lei do PAC, desde que não recebida a denúncia;
➢ Recusa do MP em propor: investigado pede a remessa → juiz analisa e controla essa remessa se limitando a
questões relacionadas aos requisitos objetivos, não sendo legítimo o exame do mérito para fim de obstar;
ATENÇÃO: O MP não é obrigado a intimar o investigado para que recorra, eis que a nova redação do art. 28
foi suspensa, valendo a redação antiga em que não há essa exigência!
➢ Não constitui direito subjetivo do acusado → MP poderá!
➢ Juiz não pode determinar ao MP obrigação de ofertar; Se o MP entender que não cabe não precisa intimar o
investigado para recorrer;
➢ Concurso material → soma as penas mínimas; Tem que considerar eventual causas de aumento e de
diminuição;
➢ Rescisão: possível, tem que oportunizar contraditório;
➢ Cumprimento conduz a extinção da punibilidade;
➢ Recurso: recusar a homologação cabe RESE;
➢ Se o MP se nega a propor: art. 28
➢ Causa impeditiva da prescrição → art. 116, IV, CP.;
➢ Lei 8.038/90 → ANPP em processos de competência originária do STF;

O magistrado analisará a voluntariedade e legalidade. Não pode analisar o mérito (conteúdo do acordo) matéria
privativa do MP e do investigado dentro do campo da justiça penal negocial, sob pena de violação da imparcialidade e
do sistema acusatório.

AÇÃO PENAL
CONDIÇÕES DA AÇÃO → GENÉRICAS (Possibilidade jurídica do pedido + interesse de agir + legitimidade ad
causam ativa e passiva + *justa causa – duplicada e triplicada lavagem) e ESPECÍFICAS (representação do ofendido;
requisição do MJ;) OBS: Teoria da asserção → analisa no ato de recebimento da denúncia (rejeição da inicial) se ao
longo do feito ou após instrução (decisão de mérito).
➢ Legitimidade Ativa e passiva da PJ: PASSIVA → art. 225, §3º, CF; Superou a teoria da dupla imputação;
ATIVA → nos crimes em que puder figurar como ofendida (crimes contra a honra só CALÚNIA – imputação
falsa de crime ambiental e DIFAMAÇÃO).
➢ ATENÇÃO: PJ de direito público (município) pode ser sujeito ativo de crime ambiental? 1C – NÃO,
nunca um ente público pode ter como interesse uma conduta criminosa e nem dela beneficiar-se, sujeição aos
p. da adm. 2C – PODE, a lei não restringe e não poderia blindar o Estado de praticar ilícitos.
COND. PROCEDIBILIDADE COND. PROSSEGUIBILIDADE COND. OBJETIVAS DE
PUNIBILIDADE
Eminentemente processual, necessária para o Natureza material, fatos externos
vinculam o próprio exercício da prosseguimento da ação, ex. a necessários para formar o
ação penal. doença mental superveniente, injusto penal. Impede o início
tem que esperar o réu recobrar a da persecução. Ex: sentença
sanidade. CRISE DE anulatória de casamento art. 236,
INSTÂNCIA. sentença que declara a falência.

AÇÃO PENAL PÚBLICA:


➢ INCONDICIONADA – regra. PRINCIPIOS → obrigatoriedade (mitigado no JECRIM e ANPP)/
indisponibilidade/ oficialidade/ divisibilidade/ intranscendência.
Acusação geral: imputa a todos o mesmo fato; crimes de autoria coletiva admite-se imputação geral; PODE
Acusação genérica: vários fatos típicos, genericamente, a todos os integrantes da sociedade, sem que se possa
saber efetivamente quem teria agido de tal e qual maneira; NÃO PODE
ADITAMENTO: Espécies de aditamento
Quanto ao objeto:
Aditamento próprio: acréscimo de fatos ou de sujeitos;
➢ Real: disser respeito ao fato delituoso com suas qualificadoras e causas de aumento; Material: fato novo;
Legal: acréscimo de dispositivos legais penais ou processuais, altera a classificação ou o rito;
INTERROMPE A PRESCRIÇÃO.
➢ Pessoal: inclusão de coautores ou partícipes (não interrompe a prescrição); Impróprio: aquele em que,
apesar de não se acrescentar um fato novo ou outro acusado, busca-se corrigir alguma falha da
denúncia. Art. 569, CP.
Quanto á voluntariedade:
➢ Espontâneo: não há necessidade de o juiz provocar a atuação do órgão ministerial;
➢ Provocado: exercício da função anômala de fiscal do p. da obrigatoriedade, mutatio libelli;
Interrupção da prescrição: Aditamento impróprio não interrompe; Aditamento próprio real – interrompe! O pessoal
não interrompe! A prescrição diz respeito a fatos.
Procedimento do aditamento
Aditamento à queixa crime: pode ser feito tanto pelo MP quanto pelo querelante;
➢ MP: não pode incluir fatos e pessoas, apenas pode incluir circunstancias (exclusiva e personalíssima);
➢ Querelante: analisar se a omissão foi voluntária (extingue para todos) ou involuntária (concede prazo para
aditar);

➢ CONDICIONADA A REPRESENTAÇÃO (art. 24, §2ª CPP e 100, §1º, CP) →EFICÁCIA OBJETIVA DA
REPRESENTAÇÃO (adstrito ao fato representado; aos supostos autores não); 6 meses →
juiz/MP/autoridade policial. RETRATAÇÃO → até OFERECIMENTO da denúncia, exceto Maria da Penha até
o recebimento em audiência específica;
➢ Pública subsidiária da pública:
AÇÃO PENAL PRIVADA: oportunidade/ disponibilidade/ indivisibilidade/ intranscendência
Ação penal exclusivamente privada
➢ Cabe sucessão processual;
➢ Titularidade: vítima maior de 18, representante legal do menor;
➢ É a regra das ações privadas;

Ação penal privada personalíssima


➢ O direito de ação só pode ser exercido pelo ofendido;
➢ Morte da vítima – extingue a punibilidade;

Ação penal privada subsidiária da pública


➢ Art. 5º, LIX, CF; Fiscalização do exercício da ação penal pública por parte do MP; Verdadeira hipótese de
legitimação concorrente;
➢ Somente se a infração contar com ofendido determinado;
➢ Prazo decadencial de 6 meses da data em que se esgotar o prazo do MP; Trata-se de uma decadência
imprópria – MP continua podendo propor a ação penal pública; não extingue a punibilidade;
➢ MP é interveniente adesivo obrigatório;
➢ MP pode repudiar a queixa crime e oferecer denúncia substitutiva;
➢ Ação penal indireta: em caso de inercia ou negligencia o MP retoma o processo como parte principal.
Extinção da Punibilidade nas ações privadas: Decadência/Renúncia (até oferecimento da queixa)/Perdão (até o
trânsito em julgado)/Perempção.

OUTRAS ESPÉCIES DE AÇÃO PENAL:


Ação Penal popular (art. 14 e 41 da Lei 1.079/1950): modalidade de ação penal destinada a apurar crimes de
responsabilidade cometidos por determinados agentes.
Ação Penal Secundária: Trata-se de situação na qual a lei prevê que a apuração do crime será feita por determinada
modalidade de ação penal, prevendo, contudo, secundariamente, diante do surgimento de circunstancias especiais,
uma nova espécie de ação para aquela mesma infração. Ex: injúria racial (passa a ser condicionada a representação).
É diferente de legitimação concorrente (sum. 714, STF). Não confundir!
Ação de Prevenção Penal: Ação penal do inimputável do art. 26 que visa a absolvição com aplicação de medida de
segurança.
Ação Penal adesiva: conexão ou continência entre crime de ação pública e privada → denúncia e queixa →
litisconsórcio impróprio.
Ação Penal ex officio: processo judialiforme → concessão de HC de ofício (art. 654, §2º, CPP);
Ação Penal extensiva: crime complexo, se um dos que compõe é de ação pública o crime decorrente da junção o
será.

AÇÃO CIVIL EX DELICTO


Duas formas de buscar o ressarcimento:
➢ AÇÃO DE EXECUÇÃO EX DELICTO: pressupõe a existência de título executivo;
➢ AÇÃO CIVIL EX DELICTO: independe do oferecimento da peça acusatória, verdadeira ação ordinária de
indenização;
Efeitos civis da absolvição
➢ Existência de causa excludente da ilicitude real: faz coisa julgada no cível SE o ofendido tiver dado causa
a excludente; Excludente putativa ou erro na execução: não faz coisa julgada no cível; Fundada dúvida
sobre excludente: não faz. Não existir prova suficiente para a condenação: não faz coisa julgada;
➢ Sentença absolutória imprópria: nãos serve como título executivo, mas não impede o ofendido de demandar
no cível contra o representante legal; Sentença absolutória do júri: não faz coisa julgada no cível;
➢ Arquivamento do IP: em regra não faz coisa julgada no cível;
➢ Transação penal: não repercute no cível;
➢ Extinção da punibilidade por morte do agente: dever de indenizar pode ser exercido contra espólio e
herdeiros;
➢ Anistia: não repercute;
• Prescrição: não repercute, só impede a execução civil da sentença penal; pode ajuizar ação de conhecimento;
➢ Perdão judicial: não repercute;
➢ Abolitio criminis: não repercute;
Obrigação de indenizar o dano causado pelo delito como efeito genérico da sentença condenatória
➢ Cuida-se de efeito extrapenal obrigatório;
➢ Prazo que a sentença vale como título executivo extrajudicial: 3 anos;
➢ MP buscar a indenização do pobre →Inconstitucionalidade progressiva;
➢ Quantificação do montante a ser indenizado ao ofendido. Independe de pedido explicito; Fixação do valor
mínimo; DEVO REQUERER NA DENÚNCIA!
➢ Natureza do dano cuja indenização mínima pode ser fixada na sentença condenatória: material e moral.

JURISDIDÃO E COMPETÊNCIA
Jurisdição: Dizer o direito no caso concreto.
➢ Características: substitutividade; inércia; atuação do direito; imutabilidade;
➢ Princípios: investidura; indeclinabilidade; inevitabilidade; improrrogabilidade; indelegabilidade; juiz natural;
inafastabilidade; devido processo legal; unidade;
Competência: medida da jurisdição. Pode ser absoluta ou relativa;
COMPETÊNCIA ABSOLUTA → pode ensejar nulidade de atos decisórios e instrutórios;
➢ Em razão da matéria;
➢ Por prerrogativa de função;
➢ Competência funcional → leva em conta a distribuição dos atos processuais praticados. Envolve 3 critérios:
a) fase do processo; b) objeto do juízo; c) grau de jurisdição;
COMPETÊNCIA RELATIVA → admite prorrogação; nulidade apenas de atos decisórios;
➢ Competência territorial → pode ser reconhecida de ofício pelo juiz até a absolvição sumária (art. 397, CPP);
defesa pode alegar até o prazo final da resposta à acusação;
OBS: STF vem mitigando as diferenças entre a competência absoluta e relativa, a única consequência deveria ser a
remessa dos autos ao juiz competente;
COMPETÊNCIA TERRITORIAL → fixação
➢ Lugar da infração penal → art. 70 do CPP → regra geral; Teoria do resultado
➢ Domicilio do réu → norma supletiva → quando não conhecer o lugar da infração; OBS: Art. 73 do CPP, “fórum
shopping”;
➢ Natureza da infração
➢ Distribuição
➢ Conexão e continência
➢ Prevenção
➢ Prerrogativa de função

COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA MATÉRIA


➢ Tribunal do júri → competência mínima; Desclassificação → a) na pronuncia, envia ao juiz competente; b)
pelos jurados, o juiz presidente julga;
➢ Justiça eleitoral → crimes eleitorais e conexos; OBS: crime eleitoral e crime doloso contra a vida → separa;
➢ Justiça Federal → sempre expressa e taxativa; Súmula 122 do STJ; crime eleitoral x crime federal →
disjunção;
Em regra, os crimes cometidos contra as sociedades de economia mista federal são julgados pela Justiça
Estadual. Excepcionalmente, competirá à Justiça Federal julgar o delito praticado contra sociedade de economia
mista federal quando ficar demonstrado que existe interesse jurídico da União no fato. Isso ocorre nos casos em que
os delitos praticados contra a sociedade de economia mista estiverem relacionados com:
a) os serviços de concessão, autorização ou delegação da União; ou
b) se houver indícios de desvio das verbas federais recebidas por sociedades de economia mista e sujeitas à
prestação de contas perante o órgão federal. STF. 1ª Turma. RE 614115 AgR/PA, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado
em 16/9/2014 (Info 759).
Competência no caso de crimes cometidos contra agências dos Correios:
* Agência própria: competência da Justiça Federal.
* Agência franqueada: competência da Justiça Estadual.
* Agência comunitária: competência da Justiça Federal.

CONEXÃO E CONTINÊNCIA → critérios de alteração de competência;


Conexão → 2 ou + crimes
a) Por simultaneidade → ao mesmo tempo, por várias pessoas
reunidas (sem ajuste prévio);
b) Por concurso → por várias pessoas, em concurso, diverso tempo
INTERSUBJETIVA (art. 76, I)
e lugar;
c) Por reciprocidade → por varias pessoas, umas contra as outras;
crime de rixa NÃO, é crime único.
Praticadas para facilitar ou ocultar outras, ou para conseguir
CONSEQUENCIAL OU
vantagem/impunidade em relação a qualquer delas. Não há prévio
TELEOLÓGICA (art. 76, II)
ajuste, exige a presença de mais de um agente;
INSTRUMENTAL OU Quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstancias
PROBATÓRIA (art. 76, III) elementares influir na prova de outra. Pode envolver apenas um agente;

Continência → um fato criminoso engloba outro desta mesma natureza;


Concurso ou cumulação Duas ou mais pessoas acusadas da mesma infração;
subjetiva (art. 77, I)
Concurso formal ou cumulação Quando a infração for cometida nas condições previstas nos artigos 70,
objetiva (art. 77, II) 73 segunda parte, e 74 do CP → concurso formal;
➢ Se houver conexão e continência com IMPO → junta os processos embora seja possível aplicação dos
institutos despenalizadores;

FORO PREVALENTE (art. 78, CPP) → junção dos feitos em casos de conexão e continência, mas onde?
➢ Júri prevalece;
➢ Jurisdição da mesma categoria: a) infração mais grave; b) maior número de infrações; c) prevenção;
➢ Jurisdição de categorias diversas: prevalece a superior; Súmula 704 STF;
➢ Comum x Especial: prevalece a especial; OBS: Não se aplica à Justiça Militar;

Separação Obrigatória de processos


➢ Jurisdição comum x Militar;
➢ Justiça comum x Infância e juventude;
➢ Superveniência de doença mental;
➢ Fuga de um dos réus;

Separação facultativa
➢ Tempo e lugar diferenciados;
➢ Excessivo número de acusados;
➢ Motivo relevante;

Perpetuação da Jurisdição → no caso de junção, se constatada incompetência do juízo atrativo, por questões de
economia processual, o crime conexo ou continente será julgado também pelo juízo atrativo;
Exceções ao princípio da perpetuatio jurisdictionis:
a) Supressão do órgão judiciário: a lei (ou a CF) extingue o órgão judiciário (juízo) que era competente para
aquele processo.
b) b) Alteração da competência absoluta: pode acontecer de determinadas modificações do estado de fato ou de
direito alterarem as regras de competência absoluta para julgar aquele crime.
Estelionato → Mudanças
1) Estelionato praticado por meio de cheque falso (art. 171, caput, do CP): Súmula 48-STJ: Compete ao juízo
do local da obtenção da vantagem ilícita processar e julgar crime de estelionato cometido mediante falsificação
de cheque.
2) Estelionato praticado por meio de cheque sem fundo (art. 171, § 2º, VI): · Antes da Lei: a competência para
julgar seria do juízo do Rio de Janeiro (RJ), local onde se situa a agência bancária que recusou o pagamento
→ sumulas 244 STJ e 521 STF; · Depois da Lei: a competência passou a ser do local do domicílio da vítima.
É o que prevê o novo § 4º do art. 70;
3) Estelionato mediante depósito ou transferência de valores: a competência era do local onde o estelionatário
possuía a conta bancária. · Depois da Lei: a competência passou a ser do local do domicílio da vítima;
OBS: E se houver mais de uma vítima, com domicílios em locais diferentes? Prevenção.
Esse novo § 4º do art. 70 do CPP aplica-se aos inquéritos policiais que estavam em curso quando entrou em
vigor a Lei nº 14.155/2021? SIM. A nova lei é norma processual, de forma que deve ser aplicada de imediato, ainda
que os fatos tenham sido anteriores à nova lei, notadamente porque o processo ainda está em fase de inquérito policial.
Esse novo § 4º do art. 70 do CPP aplica-se aos processos penais que estavam em curso quando entrou em
vigor a Lei nº 14.155/2021? O juízo que estava processando o crime deverá remeter o feito para o juízo do
domicílio da vítima? NÃO. Vigora aqui o princípio da “perpetuatio jurisdictionis” (perpetuação da jurisdição), previsto
no art. 43 do CPC/2015 e que pode ser aplicado ao processo penal por força do art. 3º do CPP.
STJ → No crime de estelionato, não identificadas as hipóteses descritas no § 4º do art. 70 do CPP, a competência
deve ser fixada no local onde o agente delituoso obteve, mediante fraude, em benefício próprio e de terceiros, os
serviços custeados pela vítima.

Foro por prerrogativa de função → contemporaneidade + pertinência temática


Prerrogativa de função é excepcional e deve ser interpretada restritivamente
➢ As normas que estabelecem o foro por prerrogativa de função são excepcionais e devem ser interpretadas
restritivamente, não cabendo ao legislador constituinte estadual estabelecer foro por prerrogativa de função a
autoridades diversas daquelas listadas na Constituição Federal, a qual não cita Defensores Públicos nem
Procuradores.
➢ O poder dos Estados-membros de definirem, em suas constituições, a competência dos tribunais de justiça
está limitado pelos princípios da Constituição Federal (arts. 25, § 1º, e 125, § 1º).
➢ Em atenção ao princípio republicano, ao princípio do juiz natural e ao princípio da igualdade, a regra geral é
que todos devem ser processados pelos mesmos órgãos jurisdicionais. Apenas a fim de assegurar a
independência e o livre exercício de alguns cargos, admite-se a fixação do foro privilegiado.
➢ Procuradores da ALE e Delegados de Polícia também não podem ter foro por prerrogativa de função;
➢ Diante disso, é inconstitucional norma de Constituição Estadual que crie foro por prerrogativa de função para
Vereadores ou Vice-Prefeitos.
➢ OBS: é válida a previsão na Constituição Estadual de foro por prerrogativa de função para o Procurador-Geral
do Estado;
➢ O foro especial por prerrogativa de função não se estende a magistrados aposentados.
OBS:
Situação1: se a denúncia foi recebida por juízo absolutamente incompetente, pode-se dizer que houve
interrupção do prazo de prescrição? NÃO. Doutrina e jurisprudência são uniformes no sentido de que o recebimento
da denúncia por magistrado absolutamente incompetente não interrompe o curso do prazo prescricional.
Situação 2: se o vício fosse de incompetência relativa, haveria interrupção da prescrição? A denúncia recebida
por juízo relativamente incompetente interrompe a prescrição se depois for ratificada pelo juízo competente?
SIM. Pelo princípio da convalidação, o recebimento da denúncia por parte de Juízo territorialmente incompetente tem
o condão de interromper o prazo prescricional. A convalidação posterior possui natureza declaratória, servindo apenas
para confirmar a validade daquela primeira decisão.

Súmulas
Súmula 208-STJ: Compete à justiça federal processar e julgar prefeito municipal por desvio de verba sujeita a
prestação de contas perante órgão federal.
Súmula 209-STJ: Compete à justiça estadual processar e julgar prefeito por desvio de verba transferida e incorporada
ao patrimônio municipal.
Súmula 140-STJ: Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime em que o indígena figure como autor
ou vítima.
Súmula 522-STF: Salvo ocorrência de tráfico para o exterior, quando, então, a competência será da Justiça Federal,
compete a justiça dos estados o processo e o julgamento dos crimes relativos a entorpecentes.
Súmula 42-STJ: Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar as causas cíveis em que é parte sociedade
de economia mista e os crimes praticados em seu detrimento.
Súmula 546-STJ: A competência para processar e julgar o crime de uso de documento falso é firmada em razão da
entidade ou órgão ao qual foi apresentado o documento público, não importando a qualificação do órgão expedidor.
Súmula 38-STJ: Compete à Justiça Estadual Comum, na vigência da Constituição de 1988, o processo por
contravenção penal, ainda que praticada em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades.
Súmula 62-STJ: Compete à Justiça Estadual processar e julgar o crime de falsa anotação na carteira de trabalho e
previdência social, atribuído à empresa privada.
• O enunciado não foi formalmente cancelado, mas a tendência é que seja superado já que no julgamento do CC
135.200-SP, Rel. originário Min. Nefi Cordeiro, Rel. para acórdão Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 22/10/2014
(Info 554), o STJ decidiu que compete à Justiça Federal (e não à Justiça Estadual) processar e julgar o crime
caracterizado pela omissão de anotação de vínculo empregatício na CTPS (art. 297, § 4º, do CP). Esse mesmo
raciocínio pode ser aplicado para a falsa anotação na CTPS (art. 297, § 3º do CP).
Súmula 104-STJ: Compete à Justiça Estadual o processo e julgamento dos crimes de falsificação e uso de documento
falso relativo a estabelecimento particular de ensino.
Súmula 107-STJ: Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime de estelionato praticado mediante
falsificação das guias de recolhimento das contribuições previdenciárias, quando não ocorrente lesão à autarquia
federal.
Súmula 498-STF: Compete a justiça dos estados, em ambas as instâncias, o processo e o julgamento dos crimes
contra a economia popular.
Súmula vinculante 36-STF: Compete à Justiça Federal comum processar e julgar civil denunciado pelos crimes de
falsificação e de uso de documento falso quando se tratar de falsificação da Caderneta de Inscrição e Registro (CIR)
ou de Carteira de Habilitação de Amador (CHA), ainda que expedidas pela Marinha do Brasil.
Súmula 122-STJ: Compete à Justiça Federal o processo e julgamento unificado dos crimes conexos de competência
federal e estadual, não se aplicando a regra do art. 78, II, a) do Código de Processo Penal.
Súmula 147-STJ: Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes praticados contra funcionário público federal,
quando relacionados com o exercício da função.
Súmula 200-STJ: O juízo federal competente para processar e julgar acusado de crime de uso de passaporte falso é
o do lugar onde o delito se consumou.
Súmula 165-STJ: Compete à Justiça Federal processar e julgar crime de falso testemunho cometido no processo
trabalhista.
ATOS PROCESSUAIS
É possível a utilização de Whatsapp para citação do acusado, desde que adotada medidas suficientes para atestar a
autenticidade do número e a identificação do destinatário. PAS de NULLITÉ SANS GRIEF. A referida tecnologia
permite ao oficial de justiça, com quase igual precisão da verificação pessoal, aferir a autenticidade no número e da
identidade. Pode se requerer, por sua vez, o envio de foto do documento, por exemplo. A mera confirmação escrita da
identidade não é suficiente. (número + confirmação escrita+ foto)
Súmula 710 STF: no processo penal, os prazos contam-se da data da intimação e não da juntada aos autos do
mandado, da carta precatória ou de ordem (aplica-se para carta rogatória também).
Repercussão geral: em caso de inatividade processual decorrente de citação por edital, ressalvados os crimes
previstos da constituição federal como imprescritível, é constitucional limitar o período de suspensão do prazo
prescricional ao tempo de prescrição da pena máxima em abstrato, a despeito do processo permanecer suspenso.
Intimação do portal eletrônico prevalece sobre o diário da justiça.
RESOLUÇÃO DA CORTE INTERAMETICANA DE DIREITO HUMANOS que determinou o cômputo em dobro da pena
deve ser aplicado a todo o período cumprido pelo condenado no Instituto Penal Placido de sá carvalho. A corte, ao
reconhecer a situação degradante que se encontra os presos, determinou que a pena se computasse em dobro para
cada dia de privação de liberdade cumprido no presídio, desde que: não sejam crimes contra a vida ou integridade
física, crimes sexuais. As sentenças da corte possuem caráter vinculante aos estados que sejam parte (olhar os grifos
no pacto de san jose da costa rica). Os cumprimentos das decisões parte da pacta sunt servanda. Esse entendimento
deve ser aplicado a todo período cumprido no presídio e não apenas a partir da decisão.
A falta de citação gera nulidade absoluta, a deficiência nulidade relativa. O ato que decreta a nulidade da citação é
chamado de circundução.
Súmula 366 STF: Não é nula a citação por edital que indica o dispositivo da lei penal, embora não transcreva a
denúncia ou queixa, ou não resuma os fatos em que se baseia. Basta a menção ao dispositivo legal;
Doutrina majoritária não admite citação por hora certa no juizado;

ATOS DO JUÍZ
Decisões interlocutórias simples: resolvem controvérsia sem colocar fim ao processo.
Decisões interlocutórias mistas ou com força de definitiva/ sentenças formais: resolvem controvérsia colocando fim ao
processo, ou a uma fase dele, sem apreciar a pretensão punitiva. Ex: pronúncia/ exceção de coisa julgada
Sentenças definitivas: julgam a pretensão punitiva do estado.
➢ Declaratória: absolve o acusado ou julga extinta a punibilidade;
➢ Condenatória;
➢ Constitutivas: Sentença em HC que determina o trancamento do IP;
➢ Mandamentais: ordem de alvará de soltura;
➢ Executivas: pedido de sequestro;
Sentenças condicionais: são as que carecem de um acontecimento futuro e incerto: Sursis penal e livramento
condicional;
Classificação Italiana:
Sentença suicida: contradição entre a parte dispositiva e a fundamentação. NULA;
Sentença vazia: sem fundamentação;
Sentença autofágica: reconhece a imputação, mas declara extinta a punibilidade;
Sentença subjetivamente simples: proferida por juiz singular;
Sentença subjetivamente plúrima: órgão colegiado;
Sentença subjetivamente complexa: órgão colegiado heterogêneo: júri;
Sentenças brancas: o juiz remete ao tribunal um ponto controvertido de direito internacional. Viola o p. da
inafastabilidade;
Conteúdo: relatório, fundamentação e dispositivo;

EMENDATIO LIBELLI: art. 383


➢ Princípio da consubstanciação: o réu se defende dos fatos e não do direito; Súmula 337 STJ;
➢ O STF entende que o momento adequado para emendatio é na sentença, todavia, admite-se no momento de
recebimento da denúncia em benefício do réu ou para correta fixação da competência e procedimento;
➢ Cabe na fase recursal desde que não implique reformatio in pejus;

MUTATIO LIBELLI: art. 384


➢ Princípio da correlação (congruência) entre a acusação e a sentença: o fato imputado na peça
acusatória guarde perfeita correspondência com o fato reconhecido na sentença;
➢ Em caso de ampliação da tese de acusação é necessário o aditamento da denúncia por meio da mutatio libelli;
➢ Aditamento Próprio: inclusão de elementos que eram desconhecidos no momento de oferecimento da
denúncia, que surgem em função da instrução probatória, podendo ser: real ou pessoal
➢ Aditamento impróprio: não há o acréscimo de fatos novos, mas uma correção (falha) na denúncia
originária, retificando os dados relativos ao fato;
➢ Na ação penal privada: Aury Lopes entende que só é possível o aditamento impróprio até a sentença e dentro
do prazo decadencial de 06 meses. No caso de aditamento próprio, caberia nova queixa dentro do prazo de
06 meses;
➢ Juiz fica adstrito ao aditamento: afastamento da imputação alternativa superveniente. Exceção: se o
aditamento inclui apenas fato qualificador, é possível a condenação no tipo simples;
STJ: denunciado pela forma consumada, pode ser condenado pela tentada mesmo sem aditamento;
STJ: não pode desclassificar a conduta de dolosa para culposa, se não houver, nem mesmo implicitamente, a
elementar culposa do tipo penal;
➢ Recebe: HC. Não recebe: RESE;
➢ o recebimento do aditamento próprio implica em interrupção do prazo prescricional, pois equivale a uma
nova denúncia. STF/STF: interrompe somente em relação ao novo fato acrescentado.
➢ Não se aplica a ação privada pq vige o princípio da oportunidade, não estando o querelante obrigado a aditar;
➢ Não se aplica em recurso, sob pena de supressão de instância.
SENTENÇA CONDENATÓRIA:
➢ Condenação no valor mínimo para reparar o dano: sistema da confusão (cível e penal em uma única ação);
➢ Legitimidade do MP? Na ação penal pública, como regra, o MP não tem legitimidade, devendo o fendido
habitar-se como assistente e requerer, salvo vítima pobre em lugar que não tenha defensoria estruturada.
Exceção: nos casos de crimes contra o patrimônio público (deve ser feito na DENÚNCIA);
➢ Cabe apelação contra esse pedido;
➢ É norma híbrida: não pode retroagir (STF);
➢ Sentença dupla: Zaffaronni → além da pena é imposta as mazelas dos presídios;
DO JUIZ
O papel do juiz moderno: julgar com imparcialidade + tutelar direitos fundamentais; Sistema Acusatório adotado; ADI
1570 → inconstitucionalidade do juiz inquisidor; Poderes de iniciativa probatória são excepcionais + de modo
complementar; Poderes instrutórios do juiz são residuais, supletivos ou subsidiários;
Causas de impedimento → rol taxativo → presunção absoluta de parcialidade, gera nulidade absoluta; OBS: nova
→ juiz que conheceu a prova ilícita;
Suspeição → rol não taxativo; presunção relativa de parcialidade; nulidade relativa;
Incompatibilidade → lei de organização judiciária; razões de conveniência; art. 112;
Juiz sem rosto: julgamento de ORCRIM, é o juiz de primeiro grau que decide sobre a criação do órgão colegiado; Lei
12.694/12; STF é constitucional; competência para todos os atos jurisdicionais da investigação, ação penal e execução
da pena; Não ocorre atuação do juiz das garantias;
DO MINISTÉRIO PÚBLICO
Atuação como parte e de forma imparcial; Órgão legitimado à acusação;
Principio do promotor natural: decorre da inamovibilidade, independência e juiz natural; Implícito; STF já reconheceu
→ impedir designações casuísticas “acusador de exceção”;
Julgado: membro do MP estadual pode atuar em tribunais superiores; permanece com o PGR a atuação como fiscal
da lei;

ASSISTENTE DE ACUSAÇÃO
Objetivo clássico: busca de um título executivo judicial;
Objetivo moderno: auxiliar no combate a criminalidade e a promoção da justiça; interesse público; Com base nisso
admite que recorra para agravar a pena do réu; STF e STJ; só atua a partir do recebimento da denúncia; Corréu não
pode ser assistente de acusação; OBS: Defensoria pode figurar como representante do assistente de acusação, não
atua apenas em favor do polo passivo; decisão que admite ou não → irrecorrível; cabe MS;

QUESTÕES E PROCESSOS INCIDENTES


Questão Prejudicial → relacionada com o mérito da causa, necessita ser julgada antes deste.
Questão Preliminar → regular desenvolvimento do processo; pode impedir o julgamento do mérito;
Brasil → sistema eclético ou misto → diferencia questões prejudiciais homogêneas das heterogêneas;
Questão prejudicial homogênea Questão prejudicial heterogênea
Pertencem e podem ser resolvidas na mesma Referem-se a outras áreas do direito, devendo ser
jurisdição. Ex: exceção da verdade nos crimes de resolvidas por outro juízo que não o penal.
calúnia.

Questão prejudicial obrigatória Questão prejudicial facultativa


Impõe a suspensão do processo penal até que haja Permite ao juízo criminal, de acordo com seu critério,
decisão prolatada pelo juízo cível → art. 92 do CPP suspender o processo;
→ estado civil das pessoas; Há crise de instancia; - Questão que não diga respeito ao estado civil da
Curso do prazo prescricional fica suspenso; pessoa;
Cabe RESE; - a controvérsia deve esta sendo discutida em ação
Decisão proferida no cível faz coisa julgada no juízo civil já instaurada;
penal; - Decisão no cível faz coisa julgada no penal;
Art. 92, CPP. Juiz marca prazo para suspensão; Art. 93 do CPP
Questão prejudicial Total → fulmina a existência do crime;
Questão prejudicial parcial → se limita ao reconhecimento de circunstancias;

EXCEÇÕES – art. 95 a 111 do CPP


➢ Defesa indireta, visa prolongar o trâmite processual;
➢ Peremptórias → extinguem o processo SEM julgamento do mérito (absolvição de instância);
➢ Dilatórias → procrastina o feito;
Exceção de Suspeição (96 a 107, CPP) Exceção de incompetência (108 a 109, CPP)
Precede qualquer outra; Competência penal é matéria de ordem pública →
- Nulidade relativa; pode ser reconhecida de ofício (não aplica sum. 33
- Pode ser reconhecida de ofício ou requerimento; do STJ);
- Procuração com poderes especiais, ainda que seja - Momento para o juiz → até absolvição sumária;
defensoria pública (STJ); - Se for relativa → exceção apresentada no prazo
- Suspeição do juiz → TJ julga; se do MP, peritos e para resposta à acusação, sob pena de preclusão;
demais → juiz julga sem recurso; - Não suspende o curso do processo;
- Acolhimento da exceção → Não cabe recurso. HC - Deve ouvir o MP;
e MS; - Aceita → manda para o juízo competente que
ratifica os atos instrutórios e renova os decisórios
(nulidade relativa); Cabe RESE;

➢ Ilegitimidade da parte → pode ser ilegitimidade para a causa e para o processo; Acolhe? RESE; Rejeita? Não
há recurso; HC ou MS;
➢ Litispendência → rejeição → irrecorrível; se acolhe → RESE; Se for reconhecida de ofício pelo juiz →
apelação;
➢ Coisa julgada: Acolhe? RESE; se for reconhecida de ofício pelo juiz → Apelação; Não for acolhida? Não há
previsão de recurso, cabe HC ou MS;
➢ Incompatibilidade → normas de organização judiciária; Art. 112, CPP.

Restituição de coisas apreendidas (art. 118 a 124-A do CPP)


Medidas Assecuratórias
Sequestro Hipoteca Legal Arresto
- Bens móveis e imóveis - Visa assegurar a indenização do - Visa tornar indisponível bem de
adquiridos com proveito da ofendido, custas e despesas origem lícita, para garantia de
infração; processuais; futura indenização do ofendido ou
- Indícios veementes de - Bens imóveis de origem lícita! ao Estado;
proveniência ilícita dos bens; - certeza da infração + indícios - Arresto de bens imóveis → 15
- Só pode ser determinado pelo suficientes de autoria; dias para hipoteca legal;
juiz; - Só cabe na fase do processo; - Não cabe recurso. Pode impetrar
- Autuado em apartado e admite - Apelação; MS;
embargos de terceiro;
- Bem móveis → só se não
couber busca e apreensão (não
forem produtos diretos do crime e
sim proventos);
- Apelação;

BUSCA PESSOAL
STJ: O art. 244 do CPP não autoriza buscas pessoais praticadas como "rotina" ou "praxe" do policiamento ostensivo,
com finalidade preventiva e motivação exploratória, mas apenas buscas pessoais com finalidade probatória e
motivação correlata.
Incidente de falsidade
➢ Requerido por escrito; procurador com poderes especiais; pode ser reconhecida de oficio pelo juiz;
➢ Não faz coisa julgada;
➢ Decisão que decide o incidente → RESE, sem efeito suspensivo;

Incidente de insanidade mental do acusado


➢ Apurar inimputabilidade ou semi do acusado à época da infração;
➢ Juízo de ofício ou a requerimento;
➢ Na fase do IP o delegado pode representar também;
➢ Instauração → portaria do juiz → nomeia curador → suspende o processo;
➢ Não suspende o prazo prescricional;
➢ Exame médico-legal → 45 dias;
➢ Peritos reconhecem a inimputabilidade à época dos fatos → processo segue com curador;
➢ Doença mental sobreveio → processo continua suspenso até que o acusado se restabeleça, nomeando
curador; Há crise de instancia;
➢ Doença mental sobreveio no curso da execução da pena → tem que perquirir: a) doença transitória: transfere
para hospital penitenciário; b) doença permanente: converte a pena em Medida de Segurança;
➢ Decisão que determina a instauração do indigente → irrecorrível (MS); rejeita → HC;
➢ STF: é prova pericial constituída em favor da defesa, não é possível determinação compulsória;

PROVAS
TEORIA GERAL
Conceito: todo meio de se demonstrar, evidenciar uma verdade; P. da busca da verdade real;
Princípios: Proporcionalidade; Comunhão da prova; Autorresponsabilidade das partes; Oralidade; Liberdade
probatória; Favor rei;
Gerações do direito probatório:
1ª Geração: proteção constitucional apenas as áreas tangíveis e demarcáveis; a captação da imagem e da voz não
tinha proteção constitucional → Teoria proprietária (só coisas, lugares e pertences);
2ª Geração: âmbito de proteção alargado: coisas, lugares e pertences para pessoas e suas respectivas
privacidades → teoria da proteção constitucional integral;
3ª Geração: abrange as provas tecnológicas altamente invasivas, diante de seu poder devassador sua utilização
depende da análise de uma autoridade judiciária → já utilizada pelo STJ, busca exploratória em celular
apreendido;
➢ Acepções: Atividade probatória; Prova como resultado; Prova como meio;
➢ Prova x Elementos de informação

➢ Provas cautelares, não repetíveis e antecipadas: Elementos migratórios;


➢ Fonte de prova;
➢ Meios de obtenção de prova: extraprocessual, fundamento surpresa; desconformidade com o modelo
típico → ilicitude; MEIOS EXTRAORDINÁRIOS DE OBTENÇÃO DE PROVAS (técnicas especiais de
investigação) → base na restrição aos direitos e garantias do investigado;
➢ Meios de prova: endoprocessuais, perante o juiz, desconformidade com o modelo típico → nulidade
absoluta;
➢ Inversão do ônus da prova na Lei de lavagem de dinheiro → medidas assecuratórias → acusação prova
indícios e a defesa deve provar com juízo de certeza a origem lícita dos bens;
➢ Inversão do ônus da prova no confisco alargado (art. 91-A, CP);
➢ Condução coercitiva para interrogatório → art. 260, caput, do CPP → STF: Não recepcionado pela CF
→ viola o direito ao silêncio, liberdade de locomoção, não autoincriminação e presunção de inocência;
➢ Interrogatório sub-reptício: realizado sem as formalidades legais, incluindo a advertência do direito ao
silêncio;
➢ Testemunho oculto x Testemunho anônimo (agente colaborador – art. 5, II, Lei 12.850/13);
➢ Reconhecimento de pessoas e coisas (art. 226, CPP) → STF: desconformidade gera nulidade absoluta,
mesmo se refeito e confirmado o reconhecimento em juízo! Forma = garantia mínima! O réu condenado será
absolvido SALVO se houver provas da autoria que sejam independentes.
➢ Busca e apreensão: TEORIA DOS CAMPOS ABERTOS OU DA PRIMEIRA VISTA → se a prova se
encontrar a vista da autoridade dispensa mandado judicial → Requisitos: a) objeto deve estar exposto,
b) nessa situação não há qualquer expectativa legítima de privacidade;

BUSCA DOMICILIAR

ATENÇÃO TOTAL – REQUISIÇÃO DIRETA DE DADOS Á RECEITA PELO MP


➢ Proteção constitucional do sigilo bancário e legal (art. 1, LC 105/2001);
➢ Regra → autorização judicial;
➢ Fisco → pode requisitar sem autorização → art. 6 da LC 105; STF decidiu que essa previsão é constitucional
(não é quebra de sigilo, apenas transferência);
➢ A receita pode compartilhar esses dados com o MP sem necessidade de autorização judicial (prova
emprestada); dever da receita art. 83 da Lei 9.430/96; Garantia do sigilo não é absoluta → situações
excepcionais, razoáveis e proporcionais;
➢ É ILEGAL A REQUISIÇÃO, SEM AUTORIZAÇÃO JUDICIAL, DE DADOS FISCAIS PELO MINISTÉRIO
PÚBLICO → STJ → Uma coisa é órgão de fiscalização financeira, dentro de suas atribuições, identificar
indícios de crime e comunicar suas suspeitas aos órgãos de investigação para que, dentro da legalidade e de
suas atribuições, investiguem a procedência de tais suspeitas. Outra, é o órgão de investigação, a polícia ou
o Ministério Público, sem qualquer tipo de controle, alegando a possibilidade de ocorrência de algum crime,
solicitar ao COAF ou à Receita Federal informações financeiras sigilosas detalhadas sobre determinada
pessoa, física ou jurídica, sem a prévia autorização judicial.

A TEORIA DA PERDA DE UMA CHANCE pode ser aplicada quanto à produção de provas no processo penal?
SIM!
➢ Alexandre Morais da Rosa e Fernanda Mambrini Rudolfo;
➢ Segundo essa doutrina, compete ao autor da ação penal a obrigação de produzir todas as provas necessárias
à formação da convicção do julgador. Quando o Ministério Público se satisfaz em produzir o mínimo de
prova possível é na prática tirada da defesa a possibilidade de questionar a denúncia.
➢ A polícia e o Ministério Público devem buscar o que os autores chamam de comprovação externa do delito:
a prova que, sem guardar relação de dependência com a narrativa montada pela instituição estatal, seja capaz
de corroborá-la.
➢ Quando a acusação não se desincumbe desse ônus, é cabível a absolvição do acusado. Possibilidade +
omissão probatória do Estado;
➢ STJ: A investigação falha "extirpou a chance da produção de provas fundamentais para a elucidação da
controvérsia" – postura que viola o artigo 6º, III, do Código de Processo Penal, o qual impõe à autoridade
policial a obrigação de "colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas
circunstâncias".
➢ O que é prova imprescindível? Aquela que se fosse produzida poderia levar: 1) demonstrar a inocência do
acusado ou 2) confirmar a procedência da acusação;
➢ OBS: Se a prova diz respeito apenas à inocência do réu, mas sem guardar pertinência direta com a narrativa
da denúncia (porquanto incapaz de confirmar seus fatos caso produzida), é ônus exclusivo da defesa
apresentá-la.

BUSCA EXPLORATÓRIA E CAPTAÇÃO AMBIENTAL


➢ Pretende apenas efetuar o registro dos elementos no ambiente ou promover a instalação de equipamentos de
captação ambiental;
➢ Ausência de publicidade e sigilo total;
➢ Captação ambiental: atividade de captação e registro da comunicação entre pessoas presentes, de caráter
reservado, por um terceiro, com emprego de meios técnicos, utilizados em operação oculta e simultânea à
comunicação, sem o conhecimento dos interlocutores ou conhecimento de apenas um deles.
➢ Previsão: Lei nº 9.296/96;
➢ Busca exploratória em escritório de advocacia foi possível, questão MPRJ;

PODERES INSTRUTÓRIOS DO JUÍZ


➢ Art. 156, CPP; COMPLEMENTAR → não pode substituir a atividade probatória das partes; Quadro mental
paranoico/ Síndrome de Dom Casmurro; Violação do Sistema acusatório;
SISTEMAS DE AVALIAÇÃO DA PROVA
➢ Íntima convicção do magistrado;
➢ Prova tarifada
➢ Convencimento motivado → efeitos: a) não há prova com valor absoluto; b) juiz deve valorar todas as provas;
c) somente são válidas as provas constantes no processo.
SERENDIPIDADE
➢ Teoria do encontro fortuito ou casual → quando a prova de determinada infração penal é obtida a partir da
busca regularmente autorizada para a investigação de outros crimes. DOUTRINA: em regra a prova será ilícita,
só sendo lícita se houver acentuada conexão entre os dois crimes;
➢ STJ: é muito mais flexível. Pouco importa se há ou não nexo causal entre o crime apurado e o crime
descoberto, prova fortuita ou causal será sempre lícita.
➢ SERENDIPIDADE DE PRIMEIRO GRAU: Há nexo entre o crime apurado e o descoberto. Para doutrina e
jurisprudência é válida;
➢ SERENDIPIDADE DE SEGUNDO GRAU: não há nexo entre o crime apurado e o descoberto;
➢ SERENDIPIDADE OBJETIVA: descobre novo fato; SERENDIPIDADE SUBJETIVA: descobre novo agente;

PROVA ILÍCITA
➢ Teoria dos frutos da árvore envenenada;
➢ Temperamentos → Teoria da prova absolutamente independente; Teoria da descoberta inevitável;
➢ Outras: Teoria da contaminação expurgada ou conexão atenuada; Teoria da boa-fé; Teoria da
proporcionalidade ou do interesse predominante;
➢ Teoria da proporcionalidade: Alemanha; equilibrar os direitos individuais com os interesses da sociedade,
rejeita a vedação irrestrita ao uso da prova ilícita; Prova é ilícita? Ponderar os interesses em jogo para avaliar
a possibilidade de sua utilização; Vem sendo admitida de modo excepcional → benefício do réu inocente que
produz prova ilícita (alguns dizem que se trata de estado de necessidade, legitima defesa e/ou inexigibilidade
de conduta diversa; Távora → teoria da exclusão da ilicitude da prova;
➢ OBS: Teoria do cenário da bomba relógio → relativizar a proibição de tortura; Contexto do direito penal do
inimigo; Brasil veda qualquer forma de tortura (art. 5º, III) e não há autorização legal para seu uso nem na lei
de tortura nem na de terrorismo; Há prova ilícita;

PROVA EMPRESTADA
➢ Requisitos: mesmas partes / mesmo fato probando / contraditório / preenchimento dos requisitos legais da
prova.

COLABORAÇÃO PREMIADA
➢ Meio de obtenção de prova e negócio jurídico processual personalíssimo;
➢ Caráter personalíssimo: celebração por si só não atinge esfera jurídica de terceiro;
➢ Não se admite a corroboração cruzada ou recíproca (uma colaboração confirmada por outra);
➢ Art. 16, Lei 12.850 – restrição a medidas com base em colaboração;
➢ Homologação judicial: REGULARIDADE e LEGALIDADE;
➢ Delação de autoridade com foro: atrai a competência do respectivo tribunal para homologar;
➢ Possibilidade de revisão ou rescisão: efeitos entre as partes;
➢ Caráter sigiloso até recebimento da denúncia ou queixa-crime;
➢ Queen for a day → rainha por um dia → direito americano → os elementos fornecidos pelo réu ao MP
durante as tratativas não podem ser utilizados em desfavor do acusado enquanto tal acordo não for
formalizado; Princípio da lealdade processual;
➢ Ponte de diamante;

A prova da legalidade e da voluntariedade do ingresso na residência do suspeito incumbe ao estado e deve ser feita
com declaração assinada pela pessoa que autorizou o ingresso domiciliar, indicando, sempre que possível, testemunha
do ato. Em todo caso, a operação deve ser registrada em áudio-vídeo e preservada a prova enquanto durar o
processo. Fundamentos: (artigo 5 da cf- inviolabilidade do domicílio). Fixou-se o prazo de um ano para o
aparelhamento das polícias, treinamento e demais providências necessárias para adaptar as diretrizes da decisão,
que poderá implicar responsabilidade administrativa, civil e penal do agente estatal, sob pena de configurar abuso de
autoridade (22)
Descumprimento da ordem do 212: STF 1º TURMA: não cabe ao juiz, na AIJ, iniciar a inquirição das testemunhas,
cabendo apenas complementar a inquirição sobre os pontos não esclarecidos. Com a reforma de 2008, a
participação do juiz na inquirição das testemunhas foi reduzida ao mínimo possível (sistema de inquirição direta-
cross examination)
Qual a consequência da não observância: duas correntes:
• Gera nulidade absoluta do ato: STF primeira turma
• Nulidade relativa que depende de prova do prejuízo. (jurisprudência em tese do STJ)
É ilegal a quebra de sigilo telefônico mediante a habilitação de chip da autoridade policial em substituição ao do
investigado titular da linha. Não é procedimento previsto na lei 9.296. a troca de chip possibilita o pleno acesso em
tempo real às chamadas e mensagens transmitidas para a linha originária, inclusive, whatsapp, com a possibilidade
de exclusão de mensagens e envio de mensagens novas.
Aviso de Miranda: não se admite condenação com base unicamente em declarações informais prestadas a policiais
no momento da prisão em fragrante. O AVISO DE PERMANECER EM SILÊNCIO DEVE SER FEITO não apenas
pelo delegado, no momento do depoimento, mas também pelos policiais no momento da prisão em flagrante.
A falta de aviso torna ilícita a prova obtida a partir dessa confissão.
Há julgado do STJ/STF enquadrando como nulidade relativa que dependeria da prova do prejuízo.

TÉCNICAS ESPECIAIS DE INVESTIGAÇÃO


CAPTAÇÃO EM SENTIDO AMPLO: interceptação ambiental / Escuta ambiental / Gravação ambiental
Antes da Lei nº 13.964/2019 (Pacote Anticrime), para que houvesse a interceptação ou escuta ambiental era
necessária autorização judicial? Depende: Local público → não; Local de acesso restrito → sim; Já a gravação
ambiental (feita por um dos interlocutores) o entendimento era de que em regra, não dependia de autorização judicial;
E, agora, com a Lei nº 13.964/2019? continua sendo desnecessária a autorização judicial em caso de captação
ambiental realizada por um dos interlocutores. A gravação ambiental realizada por colaborador premiado, um dos
interlocutores da conversa, sem o consentimento dos outros, é lícita, ainda que obtida sem autorização judicial, e pode
ser validamente utilizada como meio de prova no processo penal.
STJ: A gravação ambiental em que advogados participam do ato, na presença do inquirido e dos representantes do
Ministério Público, inclusive se manifestando oralmente durante a sua realização, ainda que clandestina ou inadvertida,
realizada por um dos interlocutores, não configura crime, escuta ambiental, muito menos interceptação telefônica. HC
662.690 INFO 737

INFILTRAÇÃO DE AGENTES: DI+EN+IN


A doutrina aponta três características básicas que marcam o instituto:
a) a DISSIMULAÇÃO, ou seja, a ocultação da condição de agente oficial e de suas verdadeiras intenções;
b) o ENGANO, considerando que toda a operação de infiltração se apoia numa encenação que permite ao agente
obter a confiança do suspeito; e
c) a INTERAÇÃO, isto é, uma relação direta e pessoal entre o agente e o autor potencial.

O § 2º do art. 8º da Lei 9.296/96 vedou expressamente a CAPTAÇÃO AMBIENTAL DOMICILIAR? o Prof. Renato
Brasileiro de Lima vislumbra o surgimento de pelo menos 3 correntes diversas, quais sejam:
1ª Corrente 2ª Corrente 3ª Corrente
Impossibilidade de Possibilidade de instalação de Possibilidade de instalação de
instalação de dispositivo de dispositivos de captação dispositivos de captação
captação ambiental no ambiental no interior da casa, ambiental no interior da casa,
interior da casa, inclusive exclusivamente durante o dia. inclusive no período noturno.
durante o dia.
A 1ª corrente trabalha com a A 2ª corrente entende que o § “Em precedente anterior à
tese de que a ressalva 2º do art. 8º-A veda no entrada em vigor do Pacote
prevista no § 2º do art. 8º-A período noturno, admitindo- Anticrime, atinente ao
– exceto na casa – abrange se, portanto, a captação envolvimento de advogado em
toda e qualquer instalação ambiental no interior de práticas criminosas, o Supremo
de dispositivos de captações domicílio alheio durante o dia. Tribunal Federal concluiu, com
ambientais. esteio no princípio da
proporcionalidade, que, em
situações excepcionais, há
de se admitir a possibilidade da
denominada exploração de
local, de modo a permitir a
instalação de dispositivos
eletrônicos no interior da casa
– in casu, em um escritório de
advocacia –, mediante prévia
autorização judicial,
inclusive durante o período
noturno, eis que nem sempre é
possível a execução dessas
diligências durante o dia, dado
o sigilo indispensável à própria
eficácia desse meio de
obtenção de prova” (LIMA,
Renato Brasileiro de. Rejeição
de vetos ao Pacote Anticrime.
Juspodivm, 2021, p. 41/42).
Conclusão
“Resta saber, então, se esse entendimento jurisprudencial firmado com base no princípio da
proporcionalidade – vedação da proteção deficiente – será mantido ou não pela Suprema
Corte, a despeito do novel dispositivo acrescentado à Lei n. 9.296/96, sobretudo se
considerarmos que é praticamente impossível levar adiante a instalação de dispositivos de
captação ambiental de maneira sigilosa no interior da casa durante o dia, sem que seus
moradores tomem conhecimento da execução da medida, o que, na prática, acabará por
esvaziar a própria eficácia da interceptação ambiental” – ensina Renato Brasileiro de Lima
(Rejeição de vetos ao Pacote Anticrime. Juspodivm, 2021, p. 41/42).

AÇÃO CONTROLADA
Ação controlada é...
- uma técnica especial de investigação
- por meio da qual a autoridade policial ou administrativa (ex: Receita Federal, corregedorias),
- mesmo percebendo que existem indícios da prática de um ato ilícito em curso,
- retarda (atrasa, adia, posterga) a intervenção neste crime para um momento posterior,
- com o objetivo de conseguir coletar mais provas,
- descobrir coautores e partícipes da empreitada criminosa,
- recuperar o produto ou proveito da infração ou
- resgatar, com segurança, eventuais vítimas.
A ação controlada é também denominada de “flagrante prorrogado, retardado ou diferido”.
Previsão Legislativa: At. 20 da Convenção de Palermo; Art. 53 da LD; Art. 1º, 6º da Lei de lavagem; Art. 8 da
ORCRIM;
AUTORIZAÇÃO JUDICIAL
➢ da Lei de Drogas ou de Lavagem de Dinheiro: SIM. Será necessária prévia autorização judicial porque o
art. 52, II, da Lei nº 11.343/2006 e o art. 4ºB da Lei nº 9.613/98 assim o exigem.
➢ praticados por organização criminosa: NÃO. Neste caso será necessário apenas que a autoridade (policial
ou administrativa) avise o juiz que irá realização ação controlada.

PRISÕES E MEDIDAS CAUTELARES


Não é possível a conversão da prisão em flagrante em preventiva de ofício pelo juiz, mesmo quando não ocorrer
audiência de custódia. A prisão preventiva não é uma condição natural e automática da prisão em flagrante.
O posterior requerimento da autoridade policial pela prisão preventiva ou manifestação ministerial do MP favorável à
prisão preventiva suprem o vício da inobservância da formalidade de prévio requerimento. Princípio da
instrumentalidade das formas. Pas de nullité sans grief.
Rede noticie (difusão vermelha): instrumento de auxílio das autoridades no cumprimento de mandado de prisão de
indivíduos que sem encontrem no exterior ou, que estão no país, e são procurados no estrangeiro.
Apenas o flagrante próprio (STF) autoriza o ingresso no domicilio alheio sem mandado judicial.
A mera presunção, com fuga do local pelo suspeito, não gera justa causa para ingresso no domicílio.
STJ: advogado não faz jus a prisão especial se estiver suspenso da OAB.
Requisitos gerais para qualquer medida cautelar: Necessidade + adequação;
Fiança: medida de contracautela apenas na etapa do 310, III. Nas demais, é medida cautelar
MODALIDADES DE PRISÃO CAUTELAR:
TEMPORÁRIA:
➢ Em qualquer investigação criminal;
➢ O assistente da acusação não pode requerer prisão temporária;
➢ Majoritário: antes do prazo concedido, o delegado pode colocar em liberdade sem necessidade de autorização
judicial.
➢ STF: ampliação dos requisitos;

PRISÃO EM FLAGRANTE:
➢ Trata-se de prisão cautelar de natureza administrativa (sem ordem do juiz);
➢ HC: dirigida ao juiz de primeira instância;
➢ Se o juiz homologar a prisão em flagrante, ele passa a ser autoridade coatora;
➢ Natureza de ato complexo: natureza administrativa no início e judicial no final (após homologação);
➢ Admite-se prisão em flagrante, em ação penal privada, mas a lavratura do APF dependeria de manifestação
do ofendido.

ESPÉCIES DE FLAGRANTE:
➢ Flagrante próprio/ perfeito/ real/ verdadeiro;
➢ Flagrante Impróprio/ imperfeito/ irreal/ QUASE FLAGRANTE;
➢ Flagrante presumido/ ficto/ assimilado;
➢ Flagrante preparado/ crime de ensaio: Ao mesmo tempo que o provocador induz o provocado a cometer o
delito, age para evitar o resultado e impedir a consumação. Crime impossível; Sumula 145 STF;
➢ Flagrante comprovado: tráfico de drogas.
➢ Flagrante esperado;
➢ Flagrante diferido / retardado/ postergado ou ação controlada;
➢ Flagrante fracionado: os crimes continuados, por ser uma ficção jurídica, o flagrante ocorrerá em cada crime.
A doutrina majoritária não admite flagrante em crime habitual, pois, o crime habitual consuma-se através de várias
condutas em sequência, sendo um estilo de vida, não havendo precisão para determinar o flagrante.
AGENTE PROVOCADOR AGENTE INFILTRADO AGENTE DISFARÇADO
A sua atuação faz surgir a ideia ou Atuação policial lícita, pressupõe Nova técnica investigativa trazida
deliberação e leva o individuo a imersão na ORCRIM, por meio de pelo Pacote; aqui o agente não
executar o crime. interação com seus membros, possui qualquer envolvimento
É ilegal; resulta crime impossível; conquista da confiança deles, prévio com o grupo criminoso,
Sumula 145 STF; envolvimento articulado, direto, nem mesmo cativa sua confiança,
pessoal e intenso com o grupo; não provocando o acontecer
É licito; típico;
É legal.

AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA:
O juiz avalia apenas a legalidade da prisão em flagrante. A decisão proferida na audiência não faz coisa julgada
material. Se o juiz reconhece a atipicidade material, aplicando a insignificância, não a própria a ação penal em si,
valendo só para a cautelar.

Fungibilidade das medidas cautelares: se houver requerimento da parte para prisão, o juiz poderá aplicar qualquer
medida cautelar diversa da prisão (Vice-versa).

PRISÃO PREVENTIVA:
• O assistente da acusação, em 2008, passou a ter legitimidade para requerer a prisão preventiva. Entender-
se, assim, que ele possui legitimidade para recorrer da decisão concessiva de liberdade provisória;
• Fumus comissi delicti + periculum libertatis;
• O que se entende por garantia da ordem pública? Ordem na sociedade que é abalada pela prática de um
delito. O STJ admite que atos infracionais anteriores possam ser usados para justificar a manutenção da prisão
preventiva como garantia da ordem pública.
Alguns critérios orientadores:
Gravidade concreta do ato infracional;
Distancia temporal entre o ato e o crime;
Comprovação do cometimento do ato infracional anterior.

Garantia da aplicação da lei penal: a fuga do distrito da culpa, por si só, não legitima a preventiva.
O descumprimento das cautelares diversas da prisão para ensejar preventiva deve preencher os requisitos do 312,
mas conforme doutrina majoritária não precisa preencher o 313.
• Os requisitos do artigo 313 (requisitos) encerra juízo de legalidade que acarreta o relaxamento da prisão. O
312 trata de juízo de necessidade o que acarreta a revogação da prisão ou da liberdade provisória;
• Princípio da homogeneidade: ao exigir pena superior a 4 anos para garantir que o executado não pode ser
tratado de forma mais gravosa do que a pena que será condenado;
• Em regra, não cabe prisão cautelar ao crime culposo, salvo se, diante das circunstâncias pessoais do
condenado, antever a possibilidade de imposição de pena privativa de liberdade;
• Em caso de concurso formal, material e continuado, usa-se a súmula 243 em analogia (soma-se as penas
máximas no concurso material, e no formal e continuado considera a causa que mais aumenta e a que mais
diminui), também deve se considerar as qualificadoras e as causas de aumento;
• A decisão é provisória sujeita à cláusula rebus sic stantibus;

PRISÃO DOMICILIAR:
➢ Não é prisão cautelar, mas uma forma de cumprir a prisão preventiva;
➢ Decreta-se a prisão preventiva (com todos os requisitos) e, no mesmo ato, permite a substituição por prisão
domiciliar;
➢ Majoritária: aplica-se a prisão temporária;
➢ Não se confunde com a medida cautelar de recolhimento domiciliar;

OUTRAS MEDIDAS CAUTELARES:


➢ Medidas cautelares impostas a parlamentares devem ser submetidas a casa em 24 horas;
➢ O rol do 319 é taxativo, não existe poder geral de cautela;
➢ O tempo que o réu ficou submetido à medida cautelar de recolhimento domiciliar com tornozeleira pode ser
descontado da pena imposta na condenação- STJ/2021: Deve se interpretar a detração penal de forma que
favoreça o executado, em observância ao princípio da humanidade, sob pena de excesso de execução. As
restrições dessa medida se assemelham as restrições do regime semiaberto. Se o regime semiaberto importa
em detração, também o recolhimento domiciliar com monitoração eletrônica deverá gerar. “onde tem a mesma
razão, haverá o mesmo direito”. STJ afirmou que o cálculo da detração considerará a soma da quantidade de
horas efetivas de recolhimento domiciliar com monitoração eletrônica, as quais serão convertidas em dias para
o desconto da pena;
➢ A detração penal não se aplica a pena de prestação pecuniária;
➢ Detração em processos distintos? Não é possível no caso em que o crime em que se pretenda a detração
tenha sido cometido posteriormente a medida cautelar decretada, sob pena de criação de um crédito de pena.
Monitoração eletrônica e detração penal: É possível considerar o tempo submetido à medida cautelar de
recolhimento noturno, aos finais de semana e dias não úteis, supervisionados por monitoramento eletrônico,
como tempo de pena efetivamente cumprido, para detração da pena. Princípio da Humanidade. Se fosse proibida a
detração nesse caso, estaríamos diante de excesso de execução. Isso porque a medida cautelar imposta com base
no art. 319, V e IX, do CPP representou uma limitação objetiva à liberdade do réu, ainda que menos grave que a prisão.
Esse cumprimento assemelha ao semiaberto. Semiaberto autoriza detração. Onde impera a mesma razão deve
imperar o mesmo direito. STJ → rol do art. 42 do CP não é taxativo. O cálculo da detração deverá considerar a
quantidade de horas efetivas de recolhimento domiciliar.
#PLUS: Não é possível a aplicação da detração, na pena privativa de liberdade, do valor recolhido a título de
prestação pecuniária. Isso porque, a prestação pecuniária tem caráter penal e indenizatório, com consequências
jurídicas distintas da prestação de serviços à comunidade (em que se admite a detração). STJ.
É possível que haja a detração em processos criminais distintos? 1) Se a prisão cautelar foi ANTERIOR ao crime
pelo qual a pessoa foi condenada: NÃO; 2) Se a prisão cautelar foi POSTERIOR ao crime pelo qual a pessoa foi
condenada: SIM

PROCEDIMENTO COMUM
1. Noções Gerais
• Processo: → sentido amplo: combinação de atos tendentes a uma finalidade conclusiva; →sentido
restrito: instrumento por meio do qual o Estado exerce a jurisdição;
• Procedimento: modo pelo qual os diversos atos se relacionam na série constitutiva do processo;
o Fases: postulatória, instrutória, decisória e recursal.
PROCEDIMENTO
COMUM: ESPECIAL:
• Ordinário • Júri
• Sumário
• Sumaríssimo ou especial
1.1. Procedimento e devido processo penal
• O procedimento deve ser realizado em contraditório, dentro de um prazo razoável e cercado de todas as
garantias;
1.2. Violação às regras procedimentais
• Nulidade relativa – se houver prejuízo as partes;
2. Classificação do procedimento
2.1. Classificação do procedimento comum
• Ordinário: = ou + de 4 anos de PPL
• Sumário: pena máxima seja – 4 e +2
• Sumaríssimo: pena máxima não superior a 2 anos;
OBSERVAÇÕES:
• Violência doméstica e familiar contra a mulher: não cabe sumaríssimo;
• Crimes contra idoso com pena até 4 anos: aplica o procedimento sumaríssimo;
• Crimes falimentares: comum sumário;
• Organizações criminosas: ordinário

2.1.1. Concurso de crimes, qualificadoras, privilégios, causas de aumento e de diminuição de pena, agravantes
e atenuantes.
• Sempre buscar a pena máxima hipotética;
• Agravantes e atenuantes não são levadas em consideração para definição do procedimento;
3. Procedimento adequado no caso de conexão e/ou continência envolvendo infrações penais sujeitas a ritos distintos
• Verificar qual juiz vai exercer força atrativa (art. 78, CPP);
Resumo geral
 A rejeição da denúncia no jecrim enseja apelação;
 O recebimento por juiz absolutamente incompetente não interrompe a prescrição;
 Não há previsão expressa, mas a doutrina entende que, após a juntada da peça escrita do réu, o MP deve ter
5 dias para se manifestar sobre os documentos e preliminares (analogia ao tribunal do júri);
 A absolvição sumária é feita após a apresentação da resposta à acusação. Antes disso, há indeferimento ou
recebimento da denúncia;
 Contra absolvição sumária: apelação;
 O provimento da apelação do MP contra absolvição sumária: O tribunal não pode analisar o mérito para
condenar o réu sob pena de supressão de instância. Determina o retorno a primeira instância;
 Prazo da AIJ: prazo impróprio;
 Em regra, o advogado do corréu não deve estar obrigatoriamente no interrogatório do outro corréu. Exceção:
STF entendeu que é indispensável a presença da defesa técnica do delatado no interrogatório do delator. A
nulidade depende de prejuízo;
JECRIM:
 Terceira via do direito penal: Roxin- reparação dos danos; a primeira seria a pena; e a segunda seria a medida
de segurança). Para o autor, a reparação dos danos é legitimada pelo princípio da subsidiariedade;
 TCO substitui o inquérito por um procedimento mais simplificado. Mas instaurado IP não há nulidade;
 Audiência preliminar: três institutos podem ser aplicados:
 Composição civil dos danos;
 Transação penal: não é direito público subjetivo, mas dever-poder do MP. Exceção à obrigatoriedade da ação
penal (discricionariedade regrada/ obrigatoriedade mitigada); Não gera maus antecedentes. Cabe apelação
da homologação. STJ: cabe transação em crimes de ação privada cuja legitimidade é do ofendido. A doutrina
admite legitimidade do MP;
 SUSPRO: se o juiz recursar homologar o suspro: RESE (interpretação extensiva do não recebimento da
denúncia)

TRIBUNAL DO JÚRI
1. Características: Órgão especial de 1ª instancia – Justiça comum e Federal; Composto 25 jurados (7 formam o
conselho de se tença); Competência mínima: crimes dolosos contra a vida; Temporário: constituído para sessões
periódicas; Garantia do cidadão;
2. Princípios constitucionais
2.1. Plenitude de defesa
• Ampla defesa é para todos os acusados, a plenitude de defesa é uma garantia específica do júri;
• Plenitude de defesa técnica: o advogado de defesa não precisa restringir a uma atuação técnica,
pode usar argumentos extrajurídicos;
• Plenitude da autodefesa: direito de apresentar sua tese pessoal no interrogatório;
o Juiz presidente é obrigado a incluir na quesitação a tese pessoal apresentada pelo acusado;
2.2. Sigilo das votações
• Ninguém é dado saber o sentido do voto do jurado;
2.2.1. Sala especial
• Jurados, MP e defensor;
2.2.2. Incomunicabilidade dos jurados
• Violação: nulidade absoluta;
• Exclusão do conselho e multa de 1 a 10 S.M.
• Diz respeito apenas as manifestações atinentes ao processo;
• Termo final: encerramento da sessão de julgamento;
2.2.3. Votação unânime
• Reforma da Lei 11.689/2008: resposta num sentido de mais de 3 quesitos implica no resultado;
2.3. SOBERANIA DOS VEREDICTOS
• Um tribunal formado por juízes não pode modificar, no mérito, a decisão proferida pelo conselho
de sentença; não afasta a recorribilidade das decisões;
• Frederico Marques: soberania do júri x soberania dos veredictos 3;
• A soberania do veredicto dos jurados (art. 5º, XXXVIII, “c”, da CF/88) não autoriza a reformatio
in pejus indireta → se apenas o réu recorreu contra a sentença que o condenou e o Tribunal
decidiu anular a sentença, determinando que outra seja prolatada, esta nova sentença, se
também for condenatória, não pode ter uma pena superior à que foi aplicada na primeira. STF
2.3.1. Cabimento de apelação
• Em relação ao mérito do julgamento: sujeição do acusado a novo júri;
• Em relação as decisões do juiz presidente, podem ser modificadas pelo tribunal;
• Jurados decidem: existência do crime, autoria, qualificadoras e causas de aumento e de
diminuição;
2.3.2. Revisão criminal
• O tribunal pode proceder ao juízo rescindente (desconstituir a sentença do júri) e rescisório
(substituir a decisão do júri por outra do próprio tribunal); OBS: lembre que a revisão criminal é
pro réu!
2.4. Competência para julgamento dos crimes dolosos contra a vida

3 Soberania do júri: impossibilidade de outro órgão judiciário substituir ao júri na decisão de uma causa por ele proferida. Soberania dos veredictos,

por sua vez, significa que é impossível ao juiz proferir uma sentença que não tenha por base a decisão dos jurados.
• Art. 5ª, XXXVIII, “d”, CF; Competência mínima; Crimes dolosos contra a vida e conexos (salvo
militares e eleitorais);
• Não são da competência do júri:
o Latrocínio;
o Ato infracional;
o Genocídio;
o Militar da ativa das forças armadas que comete homicídio doloso contra militar da ativa das
forças armadas;
o Civil que comete crime de homicídio doloso contra militar das forças armadas em serviço em
lugar sujeito à administração militar;
o Foro por prerrogativa de função previsto na CF (SV 45);
o Crime político;
o Crime doloso contra a visa praticado por militares das forças armadas contra civis em um
dos contextos elencados pelo art. 9º, §2º, do COM;
o Automutilação ou participação em automutilação (pacote anticrime);
3. Procedimento bifásico do tribunal do júri
• Primeira: iudicium accusationis ou sumário de culpa;
• Segunda: iudicium causae;
4. JUDICIUM ACCUSATIONIS (SUMÁRIO DE CULPA)
• Intervenção apenas do juiz togado, é a fase em que se reconhece ao Estado o direito de submeter o
acusado a julgamento perante o tribunal do júri;
• P da identidade física do juiz se aplica a primeira fase;
• Inicia com o oferecimento da denúncia;
o Hipóteses de oferecimento de queixa crime:
▪ Ação penal privada subsidiária da pública;
▪ Litisconsórcio ativo decorrente da conexão (ou de continência) entre o crime doloso
contra a vida e um crime de ação penal privada; MP apresenta denúncia quanto ao crime
doloso contra a vida e o ofendido apresenta queixa crime;
• Absolvição sumária: só após a audiência de instrução e julgamento;
• Alegações orais;
• Prevalece o entendimento de que na 1ª fase do júri não há nulidade na hipótese de defesa genérica, ou
mesmo de sua omissão, desde que se verifique se tratar de estratégia da defesa;
• Nulidades: arguidas nas alegações orais;
5. IMPRONUNCIA
• Não se convencer da materialidade do fato ou da existência de indícios suficientes de autoria e
participação;
5.1. Natureza jurídica e coisa julgada
• Decisão interlocutória mista terminativa;
• Só produz coisa julgada formal;
5.2. Provas novas e oferecimento de outra peça acusatória
• Decisão de impronuncia tomada com base na cláusula rebus sic stantibus;
• Provas novas: substancialmente novas: inéditas; Formalmente novas: ganham nova versão;
• Tramitação pelo mesmo juiz – prevenção;
5.3. Infração conexa
• Remete para o juiz competente;
5.4. Despronuncia
• Pela interposição de RESE da pronúncia acatado;
5.5. Recurso
• Apelação;
• Querelante, MP, assistente de acusação;
6. DESCLASSIFICAÇÃO
• Existência de crime diverso + não ser competente para o julgamento;
• P. da livre dicção do direito; o fato ditado não é crime doloso contra a vida, então desclassifica;
• Desclassificação do 419; remete para o juiz competente;
• Desqualificação: juiz afasta qualificadora – só é possível quando manifestamente descabias em respeito
ao p. do juiz natural;
• Desclassificação de homicídio doloso por dolo eventual na direção de veículo automotor para homicídio
culposo, STJ entende que por força do juiz natural, essa análise deve ficar com o tribunal do júri;
6.1. Nova capitulação legal
• Deve o juiz sumariante se abster fixar nova capitulação legal, basta que ele aponte a inexistência de
crime doloso contra a vida;
6.2. Procedimento a ser observado pelo juiz singular
• Remete ao juiz competente, tem que renovar a instrução com base no p. da identidade física do
juiz (art. 399, §2º, CPP);
6.3. Infração conexa
• Remete ao juiz competente;
• Trata-se de uma exceção ao p. da perpetuatio jurisdictiones;
6.4. Situação do acusado preso
• O juiz competente vai analisar a necessidade de manutenção;
6.5. Recurso cabível
• RESE, art. 581, II, CPP.
• Interesse do assistente de acusação em recorrer:
o 1C: não possui interesse em recorrer da desclassificação;
o 2C: atuação do assistente no processo penal não é só em vistas a uma sentença
condenatória para satisfação de interesses patrimoniais, ele também tem interesse numa
condenação justa e proporcional ao fato perpetrado, logo, tem interesse em recorrer.
6.6. Conflito de competência
7. ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA

7.1. Inimputável do art. 26, caput, CP:


• Quando for a única tese defensiva;
• Decisão de absolvição sumária imprópria, impondo-se ao acusado o cumprimento de medida de
segurança;
• Semi-imputabilidade é causa de pronúncia;
7.2. Juízo de certeza: necessário para absolvição sumária;
7.3. Infração conexa
• A absolvição sumária pelo crime doloso contra a vida não influencia no crime conexo;
• Remete ao juiz competente;
7.4. Natureza jurídica e coisa julgada
• É decisão de mérito;
• Faz coisa julgada formal e material;
7.5. Recurso cabível
• Apelação;
7.5.1. Recurso de ofício: não é cabível
8. PRONUNCIA
• Encerra o juiz de admissibilidade da acusação;
• Convencido da materialidade e indícios suficientes de autoria;
• Fundamentada – juízo de prelibação;
8.1. Pressupostos
• Materialidade: juízo de certeza;
• Autoria e participação: indícios suficientes – apesar de não exigir certeza, exige um juízo de
probabilidade, não mera contentando com a mera possibilidade;
8.2. Natureza jurídica
• Interlocutória mista não terminativa, produz preclusão pro judicato.
8.3. Regra probatória: in dubio pro societate; OBS: STF tem entendimento de que não. STJ não cabe pronuncia
fundada exclusivamente em testemunhos indiretos.
• Materialidade: descabida a invocação do in dubio pro societate;
8.4. Fundamentação e eloquência acusatória
• Se limitar a apontar a prova da existência do crime e indícios de autoria e participação, valendo-se
de termos sóbrios e comedidos para não influenciar no animus dos jurados;
• Mero juízo de suspeita – não deve dar certeza;
8.5. Emendatio e mutatio libelli
• Emendatio: não é obrigatória a oitiva da defesa;
• Mutatio: o MP deve aditar a inicial, permitindo o exercício do contraditório;
o Não se admite na segunda fase do procedimento;
8.6. Conteúdo da pronuncia
• Materialidade, indícios de autoria, dispositivo legal em que julgar incurso o réu e especificar as
qualificadoras e causas de aumento;
o Os quesitos serão elaborados nos termos da pronuncia;
o Só as da parte especial;
• Vedado o juiz sumariante pronunciar reconhecendo causas de diminuição, salvo na hipótese de
tentativa;
• Não deve tratar de atenuantes e agravantes;
• Não pode fazer menção a concurso de crimes;
8.7. Infrações conexas
• Segue a mesma sorte que a principal;
8.8. Constatação de envolvimento de outras pessoas como autores e partícipes
• Antes da pronuncia o juiz determina o retorno dos autos ao MP se pronuncie;
8.9. Efeitos da pronúncia
• Submissão do acusado a julgamento pelo júri;
• Limitação da acusação em plenário (correlação entre pronuncia e quesitação);
• Preclusão das nulidades relativas não arguidas até a pronúncia;
• Interrupção da prescrição;
• Preclusão da decisão de pronuncia e sua imodificabilidade;
8.9.1. Decretação de prisão preventiva ou outras cautelares
8.10. Intimação da pronuncia

8.11. Recurso cabível

9. DESAFORAMENTO
• Deslocamento da competência territorial; Aplicação estrita à sessão de julgamento; Não é cabível no
sumário de culpa; Não viola o p. do juiz natural, porquanto é hipótese de excepcional deslocamento da
competência por interesse da justiça;
9.1. Legitimidade para o requerimento
• MP, assistente, querelante, acusado ou representação do juiz competente;
9.2. Momento: após a decisão de pronúncia;
9.3. Hipóteses
• Interesse da ordem pública;
• Dúvida sobre a imparcialidade do júri;
• Falta de segurança pessoal do acusado;
• Quando o julgamento não for realizado no prazo de 6 meses, contado da preclusão da decisão de
pronúncia, desde que comprovado o excesso de serviço e evidenciado que a demora não foi
provocada pela defesa.
9.4. Aceleração do julgamento
9.5. Crimes conexos e coautores
• Todos serão atingidos pelo desaforamento;
9.6. Comarca para a qual será desaforado
• Onde não existam os motivos que levaram a adoção da medida no mesmo estado (no âmbito de
competência do Tribunal);
9.7. Efeito suspensivo
• O relator poderá conceder desde que relevantes os motivos alegados;
9.8. Recursos
• Jurisprudência tem admitido HC em favor do acusado;
9.9. Reaforamento
• Não é admitido pelos regimentos internos dos tribunais, no entanto é possível novo desaforamento;
9.10. Competência para a execução provisória
• Juízo originário da causa e não o juiz sentenciante;
10. Preparação do processo para julgamento pelo Tribunal do júri
10.1. Ordenamento do processo
• Relatório: deve se abster de tecer apreciações pessoais sobre os fatos;
10.2. Ordem de julgamento
10.3. Habilitação do assistente do MP
• 5 dias antes da sessão de julgamento.
11. Organização do júri
11.1. Requisitos para ser jurado: 18 anos + notória idoneidade; Cidadão e gozo dos direitos políticos; Residir
na mesma comarca; Alfabetizado; A questão do jurado profissional.
11.2. Recusa injustificada: Multa de 1 a 10 S.M.
12. Sessão de julgamento
12.1. Reunião periódica
12.2. Ausências
12.2.1. ausência do advogado de defesa:
• justificada: adia a data somente uma vez intimando a DP;
• injustificada: será comunicado a OAB;
12.2.2. Ausência do MP: adiará
12.2.3. Ausência do acusado solto
• Justificada: adia;
• Injustificada: deverá ser realizado normalmente;
12.2.4. Ausência do acusado preso: adiado
12.2.5. Ausência do advogado do assistente de acusação: não será adiado se foi regularmente intimado;
12.2.6. Ausência do advogado do querelante: não será adiado
• APP: dará ensejo a perempção;
• APPSP: MP retoma o processo como parte principal (ação penal indireta);
12.2.7. Ausência de testemunhas
• Clausula de imprescindibilidade;
12.2.8. Ausência do juiz presidente
12.3. Verificação da presença de pelo menos 15 jurados
12.3.1. Empréstimo de jurados: STJ não induz nulidade do julgamento.
12.4. Suspeição, impedimento e incompatibilidade

12.5. Composição do conselho de sentença


12.5.1. Recusas motivadas, imotivadas e estouro de urna:
• Motivada: base é a imparcialidade do jurado, sem limites;
• Imotivada: até 3.
o Pluralidade de acusados com advogados distintos: se não houver acordo cada um terá
direito a 3;
• Estouro de urna: separa para o julgamento;
12.5.2. Tomada de compromisso dos jurados
12.6. Instrução em plenário
12.6.1. Leitura das peças
12.6.2. Interrogatório do acusado
• MP e Defensor faz as perguntas diretamente;
• Jurados: fazem por meio do juiz presidente;
12.7. Debates

 OBS: Juiz não pode unilateralmente alterar os prazos dos debates orais no Júri previstos no CPP; no
entanto, isso pode ser feito mediante acordo entre as partes: Seria uma negociação processual, o que é
previsto no art. 190 do CPC e que pode ser aplicado ao processo penal com base no art. 3º do CPP;
12.7.1. Réplica e tréplica: mera faculdade;
• Inovação na tréplica – 3 correntes:
o Não pode sob pena de violar o contraditório;
o Possível por força do p. da plenitude de defesa; STJ
o A defesa pode inovar, mas deve ser concedido tempo para a acusação depois;
12.7.2. Exibição e leitura de documento em plenário
12.7.3. Argumento de autoridade
12.7.4. Direito ao aparte
12.7.5. Sociedade indefesa

12.7.6. Acusado indefeso


• Ausência de defesa técnica: indisponível e irrenunciável.
• Desídia do defensor: MP e juiz tem o dever de fiscalizar a atuação defensiva;
• Colidencia de defesas: nulidade do feito.
13. QUESITAÇÃO
• Matéria de fato e se o acusado deve ser absolvido;
• O caráter do agente e motivos do crime não devem ser considerados para fins de formulação de quesitos
do júri, sob pena de ofensa aos princípios da presunção de inocência e do devido processo legal. STJ
13.1. Leitura dos quesitos
• Discordância deve ser manifestada na hora;
• Falta de quesito obrigatório: nulidade absoluta;
13.2. Votação
• Contradição: deve o juiz explicar aos jurados em que consiste e submeter novamente os quesitos à
votação;
13.3. Ordem dos quesitos
• Materialidade do fato
• Autoria ou participação;
• Tentativa ou desclassificação para crime da competência do júri
• O acusado deve ser absolvido?
o Essa sentença não faz coisa julgada no cível;
o STJ: Tese da legítima defesa apresentada. Jurado absolvem pelo quesito genérico de
absolvição. O juiz deve encerrar a votação e não submeter os jurados ao quesito sobre
excesso na legítima defesa.
• Causa de diminuição da pena alegada pela defesa;
• Qualificadoras e causas de aumento.
13.4. Questões diversas
• ABSOLVIÇÃO IMPRÓPRIA: absolvição com imposição de medida de segurança;
• Agravantes e atenuantes: caberá ao juiz presidente considerar;
o Não é possível o reconhecimento de circunstancia agravante simples, quando esta for
definida na lei penal como qualificadora do crime de homicídio e não tiver sido reconhecida
na decisão de pronuncia;
• Concurso de crimes: prevalece que os jurados não devem ser quesitados;
14. DESCLASSIFICAÇÃO
• Desclassificação própria: o conselho de sentença desclassifica o crime para outro delito que não é de
sua competência, porém não especifica qual seria o delito, nesse caso o juiz presidente assume total
capacidade decisória para apreciar o fato delituoso;
• Desclassificação imprópria: ocorre quando o conselho de sentença reconhece sua incompetência para
julgar o crime, mas aponta o delito cometido pelo acusado, o juiz presidente é obrigado a acatar a
decisão dos jurados, proferindo decreto condenatório pelo delito por eles indicado;
14.1. Desclassificação e IMPO: ofendido é intimado para oferecer representação;
14.2. Desclassificação e crimes conexos
• O crime conexo é julgado pelo juiz presidente;
15. Sentença
15.1. Sentença absolutória: dispensa qualquer fundamentação;
15.2. Sentença condenatória: também não há necessidade de fundamentação pelo menos em relação ao
mérito, quando a aplicação da pena, o juiz deve fundamentar;
15.2.1. Execução provisória no caso de condenação pelo júri a uma pena igual ou superior a 15 anos de
reclusão

Jurisprudência importante
Controle jurisdicional da decisão do júri. Quando a apelação contra a sentença condenatória é interposta com
fundamento no art. 593, III, "d", do CPP, o Tribunal tem o dever de analisar se existem provas de cada um dos
elementos essenciais do crime, ainda que não concorde com o peso que lhes deu o júri. Caso falte no acórdão
recorrido a indicação de prova de algum desses elementos, há duas situações possíveis: 1) ou o aresto é omisso,
por deixar de enfrentar prova relevante, incorrendo em negativa de prestação jurisdicional; 2) ou o veredito
deve ser cassado, porque nem mesmo a análise percuciente da Corte local identificou a existência de provas
daquele específico elemento. STJ. 5ª Turma. AREsp 1803562-CE, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 24/08/2021
(Info 707).
• Em outras palavras, há dois juízos distintos feitos pelo magistrado ao se debruçar sobre as provas que
embasam uma condenação por crime doloso contra a vida: O primeiro deles, de natureza antecedente,
analisa a existência das provas, e é isso que deve o Tribunal fazer ao julgar uma apelação fundada no art.
593, III, “d”, do CPP. O segundo deles, o consequente, se refere ao grau de convencimento pessoal do
julgador pelo conjunto probatório existente, a fim de aferir se é adequado ou não para condenar o réu. TJ
ou TRF, ao analisarem a apelação do art. 593, III, “d”, fazem apenas o juízo antecedente: Trata-se de uma
cognição parcial, no aspecto horizontal - já que a apelação contra sentença do tribunal do júri é de
fundamentação vinculada; e, no plano vertical, embora não seja sumária, também não é exauriente,
limitando-se a constatar se existem provas relativas à tese acatada pelos juízes leigos.
• Se o Tribunal exceder tais limites e realizar o juízo consequente, terá afrontado a soberania dos vereditos
prevista no art. 5º, XXXVIII, “c”, da Constituição da República; se, por outro lado, exagerar na postura de
autocontenção e não fizer sequer o juízo antecedente, incorrerá em nulidade por negativa de prestação
jurisdicional.

Cabe apelação com fundamento no art. 593, III, “d”, do CPP (decisão manifestamente contrária à prova dos
autos) se o júri absolver o réu?
STJ: SIM (posição pacífica).
STF: NÃO (posição majoritária). Exceção: utilização da tese de legitima defesa da honra.

É possível a pronúncia do réu por feminicídio caso o crime tenha sido cometido contra transgênero
considerando que caberá ao jurados decidirem se essa situação se enquadra, ou não, na qualificadora em tela.
IMPORTANTE!!!!

É ilegal a sentença de pronúncia fundamentada exclusivamente em elementos colhidos no IP. O princípio do


indubio pro societate não tem amparo constitucional e legal. O princípio da presunção de inocência, é norma de
tratamento, norma probatória e norma de juízo, incumbe ao órgão acusador comprovar o alegado em todas as fases
e procedimentos. Admitir a decisão de pronúncia com base exclusiva no inquérito policial a igualaria à decisão de
recebimento de denúncia. A sentença de pronúncia é baseada em toda uma primeira fase com produção probatória.
Trata-se de um arranjo que visa evitar à submissão do acusado ao conselho de sentença de forma temerária. É
inadmissível no estado democrático de direito admitir que, no processo penal, os jurados possam, por meio da íntima
convicção, condenar alguém que sequer deveria ter ido a julgamento.

Cabe apelação da decisão manifestamente contrária a prova dos autos se o júri absolver o réu? STJ, em
posição pacífica, admite. STF não admite, pelos seguintes fundamentos:
 A absolvição do réu, diante do quesito genérico de absolvição, não depende das provas ou das teses
veiculadas, diante da íntima convicção dos jurados, que podem absolver, inclusive, por clemência. Com a
reforma de 2008, inseriu-se o quesito obrigatório de absolvição genérica. Possibilidade de restrição ao recurso
acusatório. (antes de 2008, não havia dúvida que essa modalidade de recurso poderia ser aplicada tanto para
decisões condenatória como absolutórias)
Legítima defesa da honra?- ADPF se a defesa, direta ou indiretamente, usar essa tese defensiva (seja na fase pré-
processual, processual, ou julgamento do júri), estará caracterizada a nulidade da prova, do ato processual, facultando
ao titular da acusação recorrer com fundamento em nulidade posterior à denúncia. Não encontra amparo na ordem
jurídica. Aquele que pratica feminicídio ou usa de violência para reprimir um adultério não está exercendo “legítima
defesa”, não está se defendendo, mas atacando a mulher de forma desproporcional e criminosa. Trata-se de tese
arcaica que tolera e naturaliza a violência doméstica, reforçando o desvalor da vida da mulher. O estado, além de
adotar postura ativa no combate à violência doméstica, também tem o dever de não ser conivente e de não estimular
a violência doméstica e o feminicídio. (viola o direito a igualdade e o direito à vida). PONDERAÇÃO DE INTERESSE:
proibição de todas as formas de discriminação/ direito a igualdade/ direito à vida prevalecem sobre a plenitude da
defesa no júri, diante o risco sistêmico de naturalizar e tolerar a violência doméstica.

As qualificadoras de homicídio fundadas EXCLUSIVAMENTE EM DEPOIMENTO INDIRETO (Hearsay


Testimony), violam o art. 155 do CPP, que deve ser aplicado aos veredictos condenatórios do Tribunal do Júri.
Também não serve para justificar a pronúncia.

A desclassificação em decisão do Tribunal do Júri do crime de homicídio doloso tentado para o delito de
lesões corporais graves ocorrida em benefício do corréu (causador direto da colisão da que decorreram os
ferimentos suportados pela vítima) é extensível, independentemente de recurso ou nova decisão do Tribunal
Popular, a outro corréu (condutor do outro veículo) investido de igual consciência e vontade de participar da mesma
conduta e não responsável direto pelas citadas lesões. Fundamento → art. 580 do CPP, efeito extensivo. Aplica a
decisão benéfica em outras esferas e não somente na recursal.

IN DUBIO PRO SOCIETATE


• O princípio do in dubio pro societate significa que, na dúvida, havendo indícios mínimos da autoria, deve-se
dar prosseguimento à ação penal, ainda que não se tenha certeza de que o réu foi o autor do suposto delito.
• A doutrina mais moderna critica a existência desse princípio, afirmando que ele é contrário às garantias
conferidas ao réu. Apesar disso, a jurisprudência majoritária continua aplicando esse princípio em duas fases:
o No momento do recebimento da denúncia:
o Na decisão de pronúncia no procedimento do Tribunal do Júri:
A valoração racional da prova é uma imposição constitucional decorrente:
• do direito à prova (art. 5º, LV, CF/88) e
• do dever de motivação das decisões judiciais (art. 93, IX).
STANDARD PROBATÓRIO
Um pressuposto fundamental para a adoção de uma teoria racionalista da prova é a definição de standards probatórios,
que são denominados “modelos de constatação” (KNIJNIK, Danilo. A prova nos juízos cível, penal e tributário. Forense,
2007, p. 37).
Os modelos de constatação são níveis de convencimento ou de certeza, que servem de critério para que seja
proferida decisão em determinado sentido. Ex: o modelo de constatação para se condenar alguém é baseado em
provas concretas produzidas sob o crivo do contraditório e da ampla defesa no processo judicial.
OBSSSS: NÃO SE PODE DIZER QUE O STF TENHA ABANDONADO A APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DO IN DUBIO
PRO SOCIETATE NA FASE DE PRONÚNCIA.

NULIDADES
1. Noções gerais: tipicidade processual e nulidade
• Tipicidade: o aro processual deve ser praticado em consonância com a CF e as leis processuais
penais, assegurando-se às partes e a toda coletividade a existência de um processo penal justo
em consonância com o p. do devido processo legal.
• Tipicidade processual -→ segurança jurídica;
• Instrumento coercitivo para obrigar as partes a praticarem o ato conforme o modelo legal →
nulidade (espécie de sanção aplicada ao ato processual defeituoso, do que deriva sua inaptidão
para produzir efeitos);
• No processo penal, forma é garantia!
2. Espécies de irregularidades
• Leva em consideração a gravidade do defeito:
o Irregularidades ou defeitos sem consequência;
o Irregularidades ou defeitos que acarretam tão somente sanções extraprocessuais: não tem
o condão de produzir a invalidação do ato processual, porém pode dar ensejo à aplicação de
sanções extraprocessuais;
o Irregularidades ou defeitos que podem acarretar a invalidação do ato processual: atenta
contra o interesse público ou contra interesse preponderante das partes;
o Irregularidades ou defeitos que acarretam a inexistência jurídica: violação absurda ao p. do
devido processo legal.
3. Espécies de atos processuais
• Atos perfeitos: praticados me fiel observância ao modelo típico;
• Atos meramente irregulares: é válido e eficaz pois é uma irregularidade sem consequência ou com
consequência apenas extraprocessuais;
• Atos nulos: inobservância do modelo típico ou ausência de requisito indispensável para a pratica do ato.
São juridicamente existentes e produzem efeitos até que seja declarada a nulidade.
• Atos inexistentes: considerados pela doutrina como espécies de “não-ato”; O vício não convalida jamais.
4. Nulidade
• Sanção processual de ineficácia: corrente majoritária compreende nulidade como espécie de sanção
aplicada ao ato processual defeituoso, privando-o de seus efeitos regulares;
• Defeito do ato processual: corrente minoritária, aqui nulidade seria uma característica do ato processual.
4.1. Espécies de nulidades
4.1.1. Nulidade absoluta
• O vício atenta contra o interesse público na existência de um processo penal justo,
características fundamentais:
o Prejuízo presumido: são violadoras de norma protetiva de interesse público com status
constitucional, daí grande parte da doutrina entender que se trata de prejuízo presumido;
▪ Trata-se de uma presunção relativa que autoriza a inversão do ônus da prova;
▪ STF vem dizendo que precisa provar o prejuízo; o dogma legal que disciplina
as nulidades (pas de nullité sans grief) também compreende as nulidades
absolutas;
o Arguição a qualquer momento: pode alegar a qualquer momento, pelo menos até o
transito em julgado da decisão.
▪ Não podem ser sanadas ou convalidadas; ATENÇÃO: sentença absolutória
própria, as nulidades estarão convalidadas pois não admite revisão criminal pro
societate (coisa julgada pro reo);
▪ Em caso de sentença condenatória, as nulidades podem ser revisadas por
revisão criminal e HC;
▪ Tribunais superiores: seu reconhecimento está limitado temporalmente, pelo
menos em regra, às instancias recursais ordinárias – se a nulidade absoluta
não foi prequestionada no acordão recorrido, é inviável sua apreciação no RE.
• Hipóteses de nulidades absolutas:
o Nulidades cominadas no art. 564 do CPP que não estiverem sujeitas á sanação ou
convalidação;
o Quando houver violação de normas constantes na CF ou Tratados internacionais de
Direitos Humanos;
o Violação de forma prescrita em lei que visa á proteção de interesse de natureza pública.
4.1.2. Nulidade relativa
• Atenta contra norma infraconstitucional que tutela interesse preponderante das partes;
o Comprovação de prejuízo;
o Arguição oportuna sob pena de preclusão e consequente convalidação:
▪ Pelo decurso do tempo (preclusão temporal); pelo fato da parte ter aceitado
seus efeitos (preclusão lógica);
• Hipóteses:
o Nulidades cominadas no art. 564 que estiverem sujeitas à sanação ou convalidação
pelo decurso do tempo;
o Violação a forma prescrita em lei que visa à proteção de interesses preponderante das
partes;
• Momento para arguição:
NULIDADES RELATIVAS – MOMENTO DE ALEGAÇÃO
• Nulidades relativas a instrução criminal na 1ª fase do procedimento do júri → alegações
orais;
• Entre o oferecimento da peça acusatória e a citação → resposta à acusação; OBS:
inobservância do procedimento de defesa preliminar nulidade relativa;
• Após a resposta à acusação → alegações finais;
• Posteriores á pronuncia →logo depois de anunciado o julgamento e apregoada as
partes;
• Instrução criminal nos procedimentos de competência originária dos Tribunais →
alegações escritas ou sustentação oral;
• Após a prolação de decisão de primeira instancia → razões do recurso ou logo após
anunciado o julgamento;
• Julgamento em plenário, em audiência ou tribunal →imediatamente depois que
ocorrerem;

4.1.3. Anulabilidade
• Classificação minoritária;
4.2. Reconhecimento das nulidades
4.2.1. Na primeira instância
• Juiz é livre para reconhecer de ofício qualquer tipo de nulidade;
• Por mais que haja nulidade é preciso preservar o ato se não for reconhecido prejuízo (pas de
nulite sans grief), se tiver atingido sua finalidade (p. da instrumentalidade das formas).
4.2.2. Na segunda instância
• Em grau recursal, o reconhecimento de toda e qualquer nulidade pleo Tribunal está condicionado
ao efeito devolutivo;
• Nulidade relativa só pode ser arguida se não houve preclusão;
• Sumula 160 STF: É nula a decisão do Tribunal que acolhe, contra o réu, nulidade não argüida
no recurso da acusação, ressalvados os casos de recurso de ofício.
o Recurso de ofício: Tribunal é livre para conhecer qualquer nulidade;
o Recurso da acusação: livre para reconhecer qualquer nulidade em prejuízo do acusado
desde que tenha sido devolvido á apreciação do Tribunal;
o Recurso da acusação e defesa: tribunal é livre para conhecer qualquer nulidade em
benefício do acusado (p. da reformatio in mellius);
5. Princípios
5.1. P. da tipicidade das formas
• Conformidade do ato com a forma prescrita em lei;
5.2. P. do prejuízo
• Art. 563, CPP. Eventual inobservância das formas prescritas em lei só deve acarretar a invalidação
do ato processual quando a finalidade for comprometida.
• Aplicável tanto as nulidades absolutas quanto relativas;
5.3. P. da instrumentalidade das Formas
• A existência de um modelo típico não é um fim em si mesma mas para atingir determinada finalidade;
5.4. P. da eficácia dos atos processuais
• A nulidade dos atos processuais não é automática, depende da existência de pronunciamento judicial
no qual é aferida a atipicidade do ato, não consecução de sua finalidade e a causação de prejuízos
às partes;
5.5. P. da restrição processual á decretação de ineficácia
• A invalidação de um ato processual somente pode ser decretada se houver instrumento processual
adequado e se o momento ainda for oportuno;
5.6. P. da causalidade (efeito expansivo)
• A nulidade de um ato provoca a invalidação dos atos que lhe forem consequência ou decorrência;
• Essa relação de dependência é logica;
5.7. P. da conservação dos atos processuais (confinamento da nulidade)
• Deve ser preservada a validade dos atos processuais que não dependam do anterior declarado
inválido;
o Essa regra não se aplica à sessão de julgamento pelo Tribunal do Júri, que é indivisível em
face da concentração e incomunicabilidade dos jurados;
5.8. P. do interesse
• Nenhuma das partes pode arguir nulidade relativa referente a formalidade cuja observância só
interesse a parte contraria.
• Aplicável somente às nulidades relativas;
• Não se aplica ao MP;
5.9. P. da lealdade (ou da boa-fé)
• Nenhuma das partes poderá arguir nulidade a que haja dado causa ou para a qual tenha concorrido;
5.10. P. da convalidação
• Busca remover o defeito do ato, em regra aplica-se as nulidades relativas;
o Suprimento: eventuais omissões podem ser supridas;
o Retificação: uma parte do ato processual defeituoso é corrigida;
o Ratificação:
o Preclusão: fato impeditivo destinado a garantir o avanço da relação processual:
▪ Temporal: não exercício da faculdade/poder processual no prazo;
▪ Lógica: incompatibilidade da pratica de um ato em relação a outro já praticado.
▪ Consumativa: a faculdade já foi exercida;
o Prolação da sentença: a decisão de mérito for em favor da parte prejudicada pelo ato nulo,
afasta a conveniência de se proclamar a nulidade.
▪ Teoria da causa madura*;
o Coisa julgada: causa de saneamento geral;
▪ Atenção: não se aplica as causas de nulidade absoluta em favor da defesa;
RESUMÃO:
 Não incide em atos do IP (procedimento administrativo);
 Depende de reconhecimento judicial para produzir efeito;
 Ato irregular: infrações superficiais que não contaminam a forma legal. Convalidados pelo prosseguimento do
processo;
 Pas de nullité sans grief. Instrumentalidade das formas.
 Nulidade absoluta: anula os atos decisórios e instrutórios (a relativa só anula os decisórios)
 Sorteio do conselho de sentença e incomunicabilidade dos jurados: O STF decidiu que não será considerada
qualquer nulidade se a pergunta do jurado (que deveria ter sido feita por meio do juiz) for dirigida diretamente
ao MP /Defensor e o juiz interferir imediatamente, orientando que as próximas dúvidas sejam sanadas por
seus intermédio;
 Nulidade absoluta se a sentença não utiliza o sistema trifásico.
 TEORIA DO JUÍZO APARENTE (regra, admitida pelo STF): convalidação de atos decisórios praticados por
juízes posteriormente declarados incompetentes: A superveniência de circunstância fática aptas a alterar a
competência da autoridade judicial, até então desconhecidas, autoriza a preservação dos atos praticados pelo
juiz aparentemente competente.
RECURSOS

CARACTERÍSTICAS:
VOLUNTARIEDADE;
UNIRRECORRIBILIDADE: um recurso para cada decisão, salvo RE/RESP.
TEMPESTIVIDADE
TAXATIVIDADE;
NE REFORMATIO IN PEJUS: vedação de reforma da decisão de forma mais gravosa quando só uma parte tenha
recorrido:
 Reformatio in pejus direta: só a defesa recorre e a situação do réu não pode ser agravada;
 Reformatio in pejus indireta: o tribunal, em recurso só da defesa, anula a decisão e determina que outra seja
proferida. Essa segunda decisão não poderá piorar a situação do réu em relação a primeira decisão. (Ainda
que a primeira decisão venha a ser proferida por juiz absolutamente incompetente)
 Não se aplica a reformatio in pejus ao JURADOS do Tribunal do Júri: se o primeiro julgamento foi anulado, o
novo Júri poderá agravar a situação do réu (soberania dos veredictos). Se aplica ao juiz-presidente que deverá
se ater ao máximo da pena imposta no primeiro julgamento (STF e STJ).
 OBS: Em recurso exclusivo da defesa, o tribunal não pode agravar a pena, ainda que decorrente de erro
aritmético da sentença.
NON REFORMATIO IN PEJUS DIRETA NON REFORMATIO IN PEJUS INDIRETA
Assim, se houve recurso exclusivo da defesa, Significa que, anulada a primeira sentença em
o Tribunal não pode reformar o julgado virtude de recurso exclusivo da defesa, a
recorrido para piorar a situação do réu. situação do réu não pode ser prejudicada na
Súmula 160 do STF segunda sentença.
Reformatio in pejus INDIRETA e sentença originária prolatada por juízo incompetente:

1ª corrente: NÃO 2ª corrente: SIM

O juiz natural, cuja competência decorre da A non reformatio deve ser aplicada
própria CF, não pode ficar subordinado aos mesmo em caso de sentença prolatada
limites da pena fixada em decisão por juízo absolutamente incompetente.
absolutamente nula. Somente seria Mesmo nula, a primeira sentença produz
necessário observar o máximo da pena já um único efeito: limitar o máximo da pena
imposta se esta tivesse sido fixada pelo juízo que poderá ser imposta na segunda
competente. condenação.

Posição de Pacelli e Tourinho Filho. É a posição adotada pelo STJ e STF.


Non reformatio in pejus indireta e Tribunal do Júri
Como conciliar isso? Qual é o entendimento do STJ e STF?
Posição tradicional Nova posição
· Os jurados, no segundo julgamento, · Os jurados, no segundo julgamento,
podem reconhecer novas qualificadoras que realmente podem reconhecer novas
não haviam sido observadas na primeira qualificadoras que não haviam sido
decisão. observadas na primeira decisão.
Ex: no primeiro julgamento, Gustavo foi Ex: no primeiro julgamento, Gustavo foi
condenado por homicídio simples. No condenado por homicídio simples. No
segundo, poderá ser condenado por segundo, poderá ser condenado por
homicídio qualificado. homicídio qualificado.
· Se a segunda decisão dos jurados · No entanto, mesmo que os jurados, no
for idêntica à primeira decisão anterior: a segundo julgamento, condenem o réu por
pena aplicada pelo juiz -presidente na uma nova qualificadora que não havia sido
segunda sentença não poderá ser reconhecida no primeiro julgamento, ainda
superior à primeira. assim a pena fixada pelo juiz-presidente
Ex: no primeiro julgamento, Gustavo foi não pode ser superior à pena estabelecida
condenado por homicídio simples e o juiz no primeiro julgado.
fixou 8 anos de reclusão. Se no segundo Ex: no primeiro julgamento, Gustavo foi
julgamento, os jurados o condenarem por condenado por homicídio simples e o juiz
homicídio simples de novo, o máximo de fixou 8 anos de reclusão.
pena que o juiz pode aplicar é 8 anos. No segundo julgamento, os jurados o
condenaram por homicídio qualificado
· Todavia, se a segunda decisão dos (poderiam fazer isso por causa da soberania
jurados for mais gravosa que a primeira: dos veredictos).
o juiz-presidente poderá impor uma pena No entanto, mesmo tendo sido reconhecida
mais grave. uma qualificadora, o juiz-presidente não
Ex: no primeiro julgamento, Gustavo foi pode aplicar uma pena superior a 8 anos,
condenado por homicídio simples e o juiz que foi a sanção determinada na primeira
fixou 8 anos de reclusão. No segundo sentença.
julgamento, os jurados o condenaram por
homicídio qualificado. Logo, o juiz pode Esta nova posição foi adotada pela 2ª Turma
aplicar é uma pena de 12 anos ou mais. do STF no HC 89544, RelatorMin. Cezar
Peluso, julgado em 14/04/2009.

Neste Informativo, a 6ª Turma do STJ


também aderiu a este posicionamento.

Este é o entendimento eu que adotaria nas


provas de concurso público do CESPE.

Complementariedade:
Suplementariedade
Efeitos
 Efeito extensivo do recurso: estende aos demais réus;
 Efeito prodrômico da sentença penal: quando houver trânsito em julgado para a acusação, o tribunal não pode
agravar a pena do réu, em seu recurso exclusivo, ainda que decorrente de matéria de ofício.
 Devolutivo;
 Suspensivo;
 Regressivo/iterativo/diferido: devolução do feito ao mesmo órgão que prolatou a decisão para o reexame.
Pressupostos de admissibilidade: CARTA LI (Cabimento; Adequação; regularidade formal, Tempestividade, Ausência
de fatos extintivos ou modificativos do direito de recorrer, Legitimidade e interesse;
Preclusão:
 Lógica: incompatibilidade da pratica de um ato com outro já praticado.
 Consumativa: quando o ato já foi praticado
 Temporal: é o não oferecimento do recurso no prazo determinado na lei.
Princípio da fungibilidade: teoria do recurso indiferente ou teoria do “tanto vale”
Princípio da conversão: a parte não será prejudicada pelo endereçamento errado do recurso, cabendo ao tribunal
incompetente p/ o qual o recurso foi endereçado remeter os autos ao órgão competente para apreciá-lo.
Recurso invertido: É a hipótese em que o magistrado, no juízo de retratação, reforma sua decisão, resultando em
sucumbência à parte até então recorrida (que se beneficiara com a antiga decisão). Esta parte, que até então era
beneficiada passa a ser sucumbente, e interpõe recurso contra essa nova decisão proferida no juízo de retratação,
passando a atuar como recorrente. Ex: 589 do CPP; Esse segundo recurso é chamado de invertido, pq inverte as
partes;
O STF entendeu que é possível a suspensão do prazo prescricional em ações penais sobrestadas em decorrência do
reconhecimento de repercussão geral. Sendo aplicável o artigo 1.035, §5º, do CPC à esfera processual penal. Todavia,
não incide em IP, procedimento investigatório e em processo de réu preso;
STJ: em matéria criminal, não se admite recurso especial ADESIVO interposto pelo MP em RE/RESP.
Correição parcial:
 Não tem natureza de recurso, pois não visa reexaminar matéria decidida em determinado processo;
 Medida administrativa para atacar decisões judiciais abusivas que sejam fruto de erro de procedimento e que
implique tumulto processual;
 Caráter subsidiário;
 Apenas contra ato judicial;
 Dirigida à câmara, turma ou corregedoria;
 Não aplica o princípio da fungibilidade;
Revisão criminal:
 Somente em favor do réu;
 Não se sujeita a prazo preclusivo, podendo ser ajuizada a qualquer tempo.
 Decisão constitutiva negativa;
 Pode em sentença absolutória impropria;
 Majoritária + STF: MP não tem legitimidade ainda que em favor do réu.
 Pode acumular revisão criminal com indenização por erro judiciário;
O tribunal não pode aumentar a pena de multa, em recurso exclusivo da defesa, ainda que no mesmo julgado diminua
a pena privativa de liberdade. Non reformatio in pejus.
ATENÇÃO: Regras sobre julgamento da Revisão Criminal
1ª regra: a revisão criminal é sempre julgada por um Tribunal ou pela Turma Recursal.
2ª regra: se a condenação foi proferida por um juiz singular e não houve recurso, a competência para julgar a revisão
criminal será do Tribunal (ou Turma) ao qual estiver vinculado o magistrado.
3ª regra: se a condenação foi mantida (em recurso) ou proferida (em casos de competência originária - foro privativo)
pelo TJ, TRF ou Turma Recursal e contra este acórdão não foi interposto RE ou Resp, a competência para julgar a
revisão criminal será do TJ, TRF ou Turma Recursal.
4ª regra: se a condenação foi mantida ou proferida pelo TJ ou TRF e contra este acórdão foi interposto RE ou Resp,
de quem será a competência para julgar a revisão criminal?
Depende:
1) Se o RE ou o Resp não forem conhecidos: a competência será do TJ ou TRF (regra 3 acima explicada).
2) Se o RE ou Resp forem conhecidos:
2.1) Caso a revisão criminal impugne uma questão que foi discutida no RE ou no Resp: a competência será do STF
ou do STJ.
2.2) Caso a revisão criminal impugne uma questão que não foi discutida no RE ou no Resp: a competência será do TJ
ou TRF.

 Pedido de reconsideração não é recurso: não suspendem prazo, nem impede preclusão;
 Cabe HC contra a decisão que não homologa ou que homologa parcialmente a decisão de colaboração
premiada (STF). STJ: cabe apelação
DIREITO COLETIVO
PONTOS INTRODUTÓRIOS
PROCESSO ESTRUTURAL
 Origem histórica: ativismo da Suprema Corte Americana; Brown v. Board os Education of Topeka;
Inconstitucionalidade da segregação racial nas escolas e dificuldade de implementar a decisão;
 Modelo de decisão; impor ampla reformas estruturais em determinadas instituições burocráticas; objetivo de
ver atendidos determinados valores constitucionais;
 Decisão estrutural: aquela que buscasse implementar uma reforma estrutural em um ente, organização ou
instituição, com o objetivo de concretizar um direito fundamental realizar determinada política pública ou
resolver litígios complexos; norma-principio (decisão núcleo) seguidas de decisões em cascata; flexibilização
da regra da congruência;
 Problema estrutural: desconformidade estruturada; exige intervenção para reorganização;
 Processo estrutural: discussão sobre um problema estrutural; transição de estado de desconformidade
para estado ideal mediante decisões escalonadas; procedimento bifásico (reconhece e define o problema +
plano de reestruturação); marcado por flexibilidade, adoção de formas atípicas de intervenção e medidas
executivas, mecanismos de cooperação e consensualidade; Atipicidade dos meios probatórios (OBS: prova
estatística)
 Características típicas, mas não essenciais: multipolaridade; coletividade e complexidade;
 Características essenciais: problema estrutural; implementação de um estado de coisas ideal;
procedimento bifásico e flexível e consensualidade;
 Atipicidade de medidas executivas (art.139, IV e 536, §1ª); entidades de infraestrutura específica;
 Justificação: tratamento de litígios complexos, multipolares e que exigem soluções de cunho prospectivo;
 Decisões em cascata; flexibilização das normas processuais
 Não há previsão expressa no OJ brasileiro mas aplica-se;

A jurisprudência do STJ é assente no sentido de que a ação civil pública também se destina a tutelar direito individuais
homogêneos, ainda que disponíveis e divisíveis, quando há relevância social objetiva do bem jurídico tutelado ou
diante da massificação do conflito em si considerado.
Legitimidade Extraordinária por substituição x Legitimidade Extraordinária por representação
A legitimidade ordinária ocorre quando alguém busca em juízo direito próprio agindo em nome próprio.
A legitimidade extraordinária ocorre quando se busca em juízo, em nome próprio, direito alheio.
No processo coletivo, a legitimidade extraordinária pode ocorrer “por substituição” ou “por representação”. O
critério diferenciador das categorias é a necessidade, ou não, de autorização do grupo, classe ou categoria
para que o legitimado coletivo ajuíze a ação coletiva. Se não for necessária a autorização, a legitimidade
extraordinária será por substituição. Se for necessária a autorização, a legitimidade extraordinária será por
representação.
OBS: Ministério Público na tutela coletiva sempre atua por substituição.
➔ Em relação às ASSOCIAÇÕES, caso ajuízem ação coletiva na defesa dos interesses de seus associados,
a legitimidade extraordinária será por representação, sendo necessária a autorização dos associados. No
entanto, existem exceções.
➔ Em relação ao mandado de segurança coletivo e ao mandado de injunção coletivo, a associação
atuará por substituição, uma vez que as leis de regência expressamente dispensam a necessidade de
autorização para ingresso desses remédios constitucionais coletivos (art. 21 da LMS e art. 12, III, da LMI).
➔ O tema ainda possui mais um desdobramento: existem situações em que uma associação ajuíza ação
civil pública sem que esteja tutelado interesses de seus associados (exemplo: associação cujo estatuto
prevê a defesa do meio ambiente, e que ajuíza ação coletiva para a defesa desse direito difuso). Nesses
casos, o STJ entende que a associação atua por substituição, não havendo necessidade de autorização
para ingresso da demanda (STJ, 2. Seção, REsp 1.325.857/RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 30/11/2021,
inf. 720).
As associações precisam de autorização específica dos associados para ajuizar ação coletiva?
Depende:
1) Ação coletiva de rito ordinário proposta pela associação na defesa dos interesses de seus associados: SIM.
2) Ação civil pública (ação coletiva proposta na defesa de direitos difusos, coletivos ou individuais homogêneos):
NÃO.

Quando a associação ajuíza ação coletiva, ela precisa juntar aos autos autorização expressa dos
associados para a propositura dessa ação e uma lista com os nomes de todas as pessoas que
estão associadas naquele momento?
1) em caso de ação coletiva de rito ordinário 2) em caso de ação civil pública (ação coletiva
proposta pela associação na defesa dos proposta na defesa de direitos difusos, coletivos ou
interesses de seus associados: SIM individuais homogêneos): NÃO
A associação, quando ajuíza ação na defesa dos A associação, quando ajuíza ação na defesa de
interesses de seus associados, atua como direitos difusos, coletivos ou individuais
REPRESENTANTE PROCESSUAL e, por isso, é homogêneos, atua como SUBSTITUTA
obrigatória a autorização individual ou assemblear PROCESSUAL e não precisa dessa autorização.
dos associados.
Aplica-se o entendimento firmado pelo STF no RE O entendimento firmado no RE 573232/SC não foi
573232/SC (veja abaixo). pensado para esses casos.
O disposto no artigo 5º, inciso XXI, da Carta da (...) 1. Ação civil pública, ajuizada pelo Movimento
República encerra representação específica, não das Donas de Casa e Consumidores de Minas
alcançando previsão genérica do estatuto da Gerais, na qual sustenta a nulidade de cláusulas de
associação a revelar a defesa dos interesses dos contratos de arrendamento mercantil. (...)
associados. 3. Por se tratar do regime de substituição processual,
As balizas subjetivas do título judicial, a autorização para a defesa do interesse coletivo
formalizado em ação proposta por associação, é em sentido amplo é estabelecida na definição dos
definida pela representação no processo de objetivos institucionais, no próprio ato de criação
conhecimento, presente a autorização expressa da associação, sendo desnecessária nova
dos associados e a lista destes juntada à inicial. autorização ou deliberação assemblear. (...)
STF. Plenário. RE 573232/SC, rel. orig. Min. 9. As teses de repercussão geral resultadas do
Ricardo Lewandowski, red. p/ o acórdão Min. julgamento do RE 612.043/PR e do RE 573.232/SC
Marco Aurélio, julgado em 14/5/2014 tem seu alcance expressamente restringido às ações
(Repercussão Geral – Tema 82) (Info 746). coletivas de rito ordinário, as quais tratam de
interesses meramente individuais, sem índole
coletiva, pois, nessas situações, o autor se limita a
representar os titulares do direito controvertido,
atuando na defesa de interesses alheios e em nome
alheio. (...)
STJ. 3ª Turma. AgInt no REsp 1799930/MG, Rel. Min.
Nancy Andrighi, julgado em 26/08/2019.

Custas e Honorários advocatícios em ACP:


Regra: A parte que foi vencida em ação civil pública não tem o dever de pagar honorários advocatícios em
favor do autor da ação. A justificativa para isso está no princípio da simetria. Isso porque se o autor da ACP perder
a demanda, ele não irá pagar honorários advocatícios, salvo se estiver de má-fé (art. 18 da Lei nº 7.347/85). Logo,
pelo princípio da simetria, se o autor vencer a ação, também não deve ter direito de receber a verba.
EXCEÇÃO: se a ação tiver sido proposta associações e fundações privadas e a demanda tiver sido julgada
procedente, neste caso, o demandado terá sim que pagar honorários advocatícios.

A primeira dimensão do MP resolutivo diz respeito à solução resolutiva de problemas específicos, ela se volta para
o passado (ex: TAC firmado para a construção de creches quando já configurado notório déficit de vagas no
Município). Já a segunda dimensão diz respeito à fiscalização permanente de políticas públicas, assumindo uma
função mais preventiva, evitando que os problemas surjam (ex: procedimento para acompanhamento da política
carcerária do Estado, no qual podem ser feitas recomendações para que se evitem problemas futuros, como
superlotação ou rebeliões).

A produção antecipada de provas é perfeitamente compatível com a tutela coletiva. Por um lado, o Código de
Processo Civil é aplicável subsidiariamente ao microssistema de processos coletivos. Ademais, é possível o
enquadramento em qualquer hipóteses dos incisos do art. 381, por exemplo, é comum em casos coletivos complexos
que a prova deva ser feita o mais breve possível, para se evitar que algumas situações se consolidem (como danos
ambientais); a prova produzida antecipadamente pode dar subsídios para a celebração de termo de ajustamento de
conduta (autocomposição) e, ainda, a produção antecipada de provas pode ser determinante para que o legitimado
coletivo delibere pelo ajuizamento, ou não, de ação civil pública (por exemplo, no caso de indício de dano ambiental,
caso a prova produzida indique a inocorrência do dano, o membro do Ministério Público poderá arquivar o inquérito
civil). Um exemplo de produção antecipada de provas no âmbito do inquérito civil pode ser vislumbrado quando
um órgão público recusa-se a cumprir requisição do MP para realizar determinada perícia. Em que pese essa
conduta tenha repercussão criminal (art. 10 da LACP), o interesse coletivo poderá ser resguardado na esfera
cível mediante a determinação judicial para realização da perícia em sede de produção antecipada de provas.

“LITISCONSÓRCIO EXTRAPROCESSUAL" ocorre quando dois órgãos públicos firmam, conjuntamente, termo
de ajustamento de conduta (TAC) com um compromissário (AKAOUI, Fernando Referendo Vidal. Compromisso
de ajustamento de conduta ambiental. 5d. São Paulo: RT, 2015, p. 99).
 Pense-se na situação em que tanto o Ministério Público como a Defensoria Pública tomam, conjuntamente,
o compromisso de ajustamento para que uma Prefeitura Municipal promova reformas em escola em que os
alunos, majoritariamente, pertencem a famílias carentes.
 A possibilidade de litisconsórcio extraprocessual no TAC encontra respaldo na Resolução n. 179 do CNMP;
DANO ESPIRITUAL – nova categoria ao lado do dano moral. Alegada pelo MPF no caso do avião da gol que caiu
em terras indígenas – os índios tiveram que sair pq acreditam que fiavam espíritos vagantes;

Na última semana, o Min. Dias Toffoli deferiu medida cautelar na ADPF 881, para fixar a interpretação de que os
membros do Poder Judiciário e do Ministério Público, que atuem com aparo em interpretação de lei, não respondem
pelo crime de prevaricação, ainda que a posição adotada não esteja de acordo com a opinião de atores sociais e
políticos.
 a Constituição Federal assegura a autonomia e a independência funcional ao Poder Judiciário e do Ministério
Público no exercício do seu mister, sendo, portanto, uma prerrogativa indeclinável, que garante aos seus
membros a hipótese de manifestarem posições jurídico-processuais e proferirem decisões sem risco de
sofrerem ingerência ou pressões político-externas".
 Lembrou que não existe o "crime de hermeutica". A decisão busca preservar a autonomia e independência
do MP e do Judiciário, evitando manipulações políticas.
 A decisão, em verdade, realizou uma "interpretação conforme a Constituição" do art. 319 do CP.
O MP ao exercer o controle de convencionalidade deverá o fazer de forma motivada, garantido o exercício do
contraditório aos afetados.
COISA JULGADA
Quadro-resumo:
SENTENÇA DIFUSOS COLETIVOS INDIVIDUAIS HOMOG

Fará coisa julgada Fará coisa julgada Fará coisa julgada


PROCEDENTE
erga omnes. ultra partes. erga omnes.

Fará coisa julgada Fará coisa julgada Impede nova ação


erga omnes. ultra partes. coletiva.
IMPROCEDENTE COM Impede nova ação Impede nova ação O lesado pode propor
EXAME DAS PROVAS coletiva. coletiva. ação individual se não
O lesado pode propor O lesado pode propor participou da ação
ação individual. ação individual. coletiva.

Não fará coisa julgada Não fará coisa julgada Impede nova ação
erga omnes. erga omnes. coletiva.
IMPROCEDENTE POR Qualquer legitimado Qualquer legitimado O lesado pode propor
FALTA DE PROVAS pode propor nova ação pode propor nova ação ação individual se não
coletiva, desde que haja coletiva, desde que haja participou da ação
prova nova. prova nova. coletiva.

Fala-se em coisa julgada secundum eventum probationis no caso de difusos e coletivos; No DIH será secundum
eventum litis; A extensão é in utilibus.

Inconstitucionalidade do art. 16 da LACP: STF TEMA 1075 RG → eficácia subjetiva


I - É inconstitucional o art. 16 da Lei nº 7.347/85, alterada pela Lei nº 9.494/97.
II - Em se tratando de ação civil pública de efeitos nacionais ou regionais, a competência deve observar o art. 93, II,
da Lei nº 8.078/90 (CDC).
III - Ajuizadas múltiplas ações civis públicas de âmbito nacional ou regional, firma-se a prevenção do juízo que
primeiro conheceu de uma delas, para o julgamento de todas as demandas conexas.
Principais argumentos do STF:
Proteção constitucional dos interesses difusos e coletivos: A Constituição Federal de 1988 ampliou a proteção
aos interesses difusos e coletivos, não somente constitucionalizando-os, mas também prevendo importantes
instrumentos para garantir sua efetividade. (MS Coletivo, Ação Popular, constitucionalização da ACP (art. 129, III). O
art. 90 do CDC, somado ao art. 21 da LACP, estabeleceu um verdadeiro microssistema processual coletivo, com
destaque para a eficácia erga omnes da sentença proferida na ação civil pública. Esse microssistema significa que
as normas desses diplomas deverão ser aplicadas mutuamente a fim de se garantir uma proteção mais efetiva dos
interesses difusos e coletivos.
Lei nº 9.494/97 representa retrocesso na proteção dos interesses difusos e coletivos: essa modificação viola
os preceitos norteadores da tutela coletiva e atenta contra os comandos pertinentes ao amplo acesso à Justiça e
à isonomia entre os jurisdicionados.
Grave prejuízo à isonomia e a efetividade da prestação jurisdicional: A apontada limitação territorial dos efeitos
da sentença não ocorre nem no processo singular, e também, como mais razão, não pode ocorrer no processo
coletivo, sob pena de desnaturação desse salutar mecanismo de solução plural das lides; Patente, portanto, o
desrespeito aos princípios da igualdade, da eficiência, da segurança jurídica e da efetiva tutela jurisdicional.
Com a declaração de inconstitucionalidade da redação modificada do art. 16 da LACP, surge uma relevante
indagação a ser feita: de quem é a competência para julgar uma ação civil pública?
- Dano de âmbito local → local do dano (art. 2º, LACP);
- Dano de projeção regional/nacional → aplica o art. 93, II, do CDC com base no microssistema (art. 21, da LACP);
II - no foro da Capital do Estado ou no do Distrito Federal, para os danos de âmbito nacional ou regional, aplicando-
se as regras do Código de Processo Civil aos casos de competência concorrente.
Como evitar decisões conflitantes proferidas por juízos diversos em ações civis públicas que estejam
tramitando em comarcas diferentes? O ordenamento jurídico oferece um critério que impede esse problema, com
base nos art. 55, § 3º e art. 286 do CPC, além do art. 2º, parágrafo único, da Lei nº 7.347/85:

COISA JULGADA NOS DIH


1) Se a ação coletiva envolvendo direitos individuais homogêneos for julgada PROCEDENTE: a sentença fará coisa
julgada erga omnes e qualquer consumidor pode se habilitar na liquidação e promover a execução, provando
o dano sofrido.

2) Se a ação coletiva envolvendo direitos individuais homogêneos for julgada IMPROCEDENTE (não importa o
motivo):
2.a) os interessados individuais que não tiverem intervindo no processo coletivo como litisconsortes (art. 94 do
CDC) poderão propor ação de indenização a título individual. Ex: os consumidores do medicamento que não
tiverem atendido ao chamado do art. 94 do CDC e não tiverem participado da primeira ação coletiva poderão ajuizar
ações individuais de indenização contra a empresa.
2.b) não cabe a repropositura de nova ação coletiva mesmo que por outro legitimado coletivo (não importa se
ele participou ou não da primeira ação; não pode nova ação coletiva).

LIQUIDAÇÃO E EXECUÇÃO
Como os direitos individuais homogêneos protegidos em uma sentença coletiva podem ser executados?
Existem três possibilidades:
1) execução individual do art. 97 do CDC
Os direitos individuais homogêneos, por sua própria natureza, comportam execução individual na fase de
cumprimento de sentença, conforme previsto no art. 97 do CDC:
Art. 97. A liquidação e a execução de sentença poderão ser promovidas pela vítima e seus sucessores, assim
como pelos legitimados de que trata o art. 82.
Ocorre que o STJ, ao interpretar esse dispositivo, com base nas premissas acima expostas, afirma que a legitimação
prevista no art. 97 do CDC aos sujeitos elencados no art. 82 do CDC é subsidiária para a liquidação e execução
da sentença coletiva. Essa legitimidade somente surge se, passado um ano do trânsito em julgado, não houver
habilitação por parte dos beneficiários ou houver em número desproporcional ao prejuízo em questão, nos termos do
art. 100 do CDC;

2) execução “coletiva” do art. 98 (diz-se aqui que a execução é individual, mas realizada de forma coletiva);
➔ Embora o art. 98 do CDC se refira à execução da sentença coletiva, a particularidade da fase executiva
obsta a atuação dos legitimados coletivos na forma de substituição processual, pois o interesse social
que autorizaria sua atuação está vinculado ao núcleo de homogeneidade do direito do qual carece este
segundo momento.
➔ Nessa execução do art. 98, o que se tem é a perseguição de direitos puramente individuais. O objetivo é o
ressarcimento do dano individualmente experimentado, de modo que a indivisibilidade do objeto cede
lugar à sua individualização. Essa particularidade da fase de execução constitui óbice à atuação do
Ministério Público pois o interesse social, que justificaria a atuação do Parquet, à luz do art. 129, III, da
Constituição Federal, era a homogeneidade do direito que, no caso, não mais existe.
3) execução residual (fluid recovery) prevista no art. 100 (coletivo propriamente dito);
JURISPRUDÊNCIA:
 Nas ações coletivas é possível a limitação do número de substituídos em cada cumprimento de sentença,
por aplicação extensiva do art. 113, § 1º, do Código de Processo Civil.
Ministério Público
 O Ministério Público não possui legitimidade ativa ad causam para, em ação civil pública, deduzir pretensão
relativa à matéria tributária.
 O Ministério Público não tem legitimidade para promover ACP pedindo que os proprietários de imóveis sejam
desobrigados a pagar taxa em favor de associação de moradores;
 O Ministério Público tem legitimidade para a propositura de ação civil pública em defesa de direitos sociais
relacionados ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). STF Tema 850 RG
 O Ministério Público tem legitimidade para ajuizar ação civil pública que vise anular ato administrativo de
aposentadoria que importe em lesão ao patrimônio público. RG → A Constituição reserva ao MP ampla
atribuição no campo da tutela do patrimônio público, que é um interesse de cunho inegavelmente
transindividual.
 Súmula 601-STJ: O Ministério Público tem legitimidade ativa para atuar na defesa de direitos difusos,
coletivos e individuais homogêneos dos consumidores, ainda que decorrentes da prestação de serviço
público.
 MP não pode obter, em ACP, informações bancárias sobre os clientes da instituição porque estas são
protegidas pelo sigilo bancário;
 É cabível ação civil pública proposta por Ministério Público Estadual para pleitear que Município proíba
máquinas agrícolas e veículos pesados de trafegarem em perímetro urbano deste e torne transitável o anel
viário da região.
 É constitucional lei complementar estadual que afirme que somente o Procurador-Geral de Justiça poderá
ajuizar ação civil pública contra Secretários de Estado, Deputados Estaduais, Prefeitos, membros do MP ou
membros da Magistratura (STF. Plenário. ADI 1916, Rel. Min. Eros Grau, julgado em 14/04/2010).
 O Ministério Público tem legitimidade ad causam para propor ação civil pública com a finalidade de defender
interesses coletivos e individuais homogêneos dos mutuários do Sistema Financeiro da Habitação.
 O Ministério Público possui legitimidade para ajuizar ação civil pública em defesa dos direitos individuais
homogêneos dos beneficiários do seguro DPVAT, dado o interesse social qualificado presente na tutela dos
referidos direitos subjetivos.
 Conforme entendimento do STJ, o MP detém legitimidade para propor ACP que objetive a proteção do direito
à saúde de pessoa hipossuficiente, porquanto se trata de direito fundamental e indisponível, cuja relevância
interessa à sociedade.
 O Ministério Público tem legitimidade para ajuizar ação civil pública com o objetivo de garantir o acesso a
critérios de correção de provas de concurso público.
 Assim, nas perícias requeridas pelo Ministério Público nas ações civis públicas, cabe à Fazenda Pública à
qual se acha vinculado o Parquet arcar com o adiantamento dos honorários periciais. Aplica por analogia a
Súmula 232;
 O Ministério Público tem legitimidade para ajuizar ACP com o objetivo de impedir que as empresas incluam
no cadastro de inadimplentes os consumidores em débito que estejam discutindo judicialmente a dívida.
 O Ministério Público é parte legítima para propor ação civil pública com o objetivo de que o Poder Público
forneça cesta de alimentos sem glúten a portadores de doença celíaca, como medida de proteção e defesa
da saúde.
Municípios
 Município tem legitimidade ad causam para ajuizar ação civil pública em defesa de direitos consumeristas
questionando a cobrança de tarifas bancárias.
 Os entes federativos ou políticos, enquanto gestores da coisa pública e do bem comum, são, em tese,
os maiores interessados na defesa dos interesses metaindividuais, considerando que o Estado “tem por fim
o bem comum de um povo situado em um determinado território”
 No caso de ação civil pública proposta por ente político, a pertinência temática ou representatividade
adequada são presumidas. Isso porque não há dúvidas de que os entes políticos possuem, dentre suas
finalidades institucionais, a defesa coletiva dos consumidores. Trata-se, inclusive, de um comando
constitucional: art. 5º, XXXII, CF;

Associações
 Podem transacionar em ACP;
 O art. 5º, § 6º da Lei nº 7.347/85 (Lei da Ação Civil Pública) prevê que os órgãos públicos podem fazer
acordos nas ações civis públicas em curso, não mencionando as associações privadas. A existência de
previsão explícita unicamente quanto aos entes públicos diz respeito ao fato de que somente podem fazer o
que a lei determina, ao passo que aos entes privados é dado fazer tudo que a lei não proíbe.
 Uma associação que tenha fins específicos de proteção ao consumidor não possui legitimidade para o
ajuizamento de ação civil pública com a finalidade de tutelar interesses coletivos de beneficiários do seguro
DPVAT. Isso porque o seguro DPVAT não tem natureza consumerista, faltando, portanto, pertinência
temática.
 É dispensável o requisito temporal (pré-constituição há mais de um ano) para associação ajuizar ação civil
pública quando o bem jurídico tutelado for a prestação de informações ao consumidor sobre a existência de
glúten em alimentos.

OAB
 Não é possível limitar a atuação da OAB em razão de pertinência temática, uma vez que a ela corresponde
a defesa, inclusive judicial, da Constituição Federal, do Estado de Direito e da justiça social, o que,
inexoravelmente, inclui todos os direitos coletivos e difusos.

Violação de DIH podem causar danos morais coletivos?


3ª TURMA STJ → Sim. A grave lesão de interesses individuais homogêneos acarreta o comprometimento de bens,
institutos ou valores jurídicos superiores, cuja preservação é cara a uma comunidade maior de pessoas, razão pela
qual é capaz de reclamar a compensação de danos morais coletivos.
4ª TURMA→ Não. A condenação em danos morais coletivos tem natureza eminentemente sancionatória, com
parcela pecuniária arbitrada em prol de um fundo criado pelo art. 13 da LACP - fluid recovery - , ao passo que os
danos morais individuais homogêneos, em que os valores destinam-se às vítimas, buscam uma condenação
genérica, seguindo para posterior liquidação prevista nos arts. 97 a 100 do CDC.
STJ. 4ª Turma. REsp 1610821/RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 15/12/2020.

PRESCRIÇÃO
Regra geral:
O prazo para o ajuizamento da ação civil pública é de 5 anos, aplicando-se, por analogia, o prazo da ação popular
(art.21daLeinº4.717/65), considerando que as duas ações fazem parte do mesmo microssistema de tutela dos direitos
difusos (REsp1070896/SC).
Exceções:
a) a ACP para exigir o ressarcimento ao erário fundada na prática de ato doloso tipificado na Lei de Improbidade
Administrativa é imprescritível (art. 37, § 5º, CF/88).
b) a ACP em caso de danos ambientais também é imprescritível (Resp 1120117/AC).
Execução individual de sentença proferida em ação coletiva:
O prazo também é de 5 anos, contados do trânsito em julgado da sentença coletiva. Isso porque a execução
prescreve no mesmo prazo de prescrição da ação (Súmula 150-STF).
CUIDADO: O prazo de 5 (cinco) anos para o ajuizamento da ação popular não se aplica às ações coletivas de
consumo. JULGADO aqui de PE! REsp 1736091

MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO


Considerações iniciais
• Criado pela Constituição de 1934;
• Era primordialmente para defesa de direitos subjetivos;
• 1988 – previsão do MS coletivo;
• Ação constitucional: art. 5º, LXIX e LXX, CF;
Pressupostos
- Ato lesado deve ser ilegal ou ter sido praticado com abuso de poder;
- O ato deve ter causado lesão ou ameaça de lesão a direito;
- O responsável pela ilegalidade necessariamente tem que ser autoridade ou agente no exercício de atribuições
do Poder Público;
- O direito lesado deve ser líquido e certo → demonstrável de plano;
- Não cabimento de HC ou HD;
- Transindividualidade do direito → pressuposto específico;

• ATO DE AUTORIDADE:
o Aquele com conteúdo decisório, praticado por autoridade pública;
o OBS: ato praticado sob regime jurídico de direito público;
o Autoridades equiparadas:
▪ Representantes ou órgãos de partidos políticos;
▪ Administradores de entidades autárquicas;
▪ Dirigentes de pessoas jurídicas ou pessoas naturais no exercício de atribuição do poder
público;
o Não são considerados atos de autoridade:
▪ Atos de gestão comercial
o São considerados:
▪ Atos praticados em licitação – Sum. 333, STJ;
▪ Atos omissivos – omissão ilegal e abusiva;
o Autoridade coatora:
▪ Quem praticou o ato;
▪ Quem deu ordem para a sua prática;
• ILEGALIDADE OU ABUSO DE PODER:
o ILEGAL: ato contrário a lei em sentido amplo;
o ABUSIVO: ato cujo exercício seja anormal, praticado com desvio de finalidade ou com
desproporcionalidade;
• LESÃO OU AMEAÇA DE LESÃO:
o MS repressivo ou preventivo;
o OBS: ao contrário da ação popular que exige que o ato já tenha sido praticado;
• DIREITO LÍQUIDO E CERTO:
o Desnecessidade de dilação probatória – prova pré-constituída;
o Não há controvérsia fática e se há pode ser resolvida documentalmente;
o Pressuposto de natureza jurídica processual – impede a resolução do mérito;
o Súmula 625, STF: Controvérsia sobre matéria de direito não impede concessão de mandado de
segurança.
• NÃO CABIMENTO DE HC OU HD:
o Caráter subsidiário do MS;
• PRESSUPOSTO ESPECÍFICO DO MS COLETIVO:
o Salvaguarda de direito transindividuais (todas as espécies);
o Quais? Prevaleceu o entendimento ampliativo – tutela qualquer interesse coletivo em sentido
amplo (difusos, coletivos, DIH):
▪ A CF veicula norma de natureza processual; coletivo é a forma de exercício da pretensão
e não a sua natureza;
▪ MS coletivo como norma que garante direitos ao cidadão não pode ser interpretado
restritivamente;
▪ ECA admite MS coletivo para difusos, coletivos e IH – art. 212, §2º.
▪ STJ segue essa.
COMPETÊNCIA
• Normalmente segue as regras gerais;
• P. da hierarquia – importante definidor de competência no MS → Ratione autoritatis (em razão da
qualidade da autoridade) ou ratione muneris (em razão da qualidade do cargo ou função);
STF STJ
• PR, Mesas, TCU, PGR, STF; • ME, Comandantes, STJ;
• RO em MS decidido em única instancia • RO em MS decidido em única instancia
em tribunais superiores; pelos TRF, TJ, TJDFT se denegatória;

• TRF: juízes federais e próprio TRF;


• TJ: lei orgânica segue em regra a simetria;
• Juiz federal ou estadual: conforme as consequências de ordem patrimonial;
• A autoridade coatora será considerada estadual, municipal ou distrital conforme as consequências de ordem
patrimonial do ato impugnado houverem de ser suportadas por E/M/DF.
CONDIÇÕES DA AÇÃO
Legitimidade ad causam
• Legitimidade ativa: art. 5º, LXX, CF + art. 21, “caput”, LMS.
o Partidos políticos COM representação no CN;
▪ Aferição: momento da propositura;
▪ Limite objetivo – pertinência temática?
➔ Sim – interesses de natureza política de seus filiados e pertinentes às suas
finalidades partidárias (posição restritiva);
➔ Leitura do art. 21 da LMS em compasso com a CF impede a restrição de direito
fundamental por lei – não haveria pertinência (posição ampliativa);
o Organizações sindicais, entidades de classe ou associações legalmente constituídas e em
funcionamento há pelo menos UM ANO;
▪ Legalmente constituídas e em funcionamento a mais de 1 ano;
➔ Não pode ser dispensada pelo juiz como na ACP;
▪ Defesa de interesses de seus membros;
➔ Não carece de autorização especial seja individual ou assemblear (na ACP exige);
➔ Associações de entes públicos não podem defender direitos de seus
associados;
o Legitimação extraordinária – substituto processual, defende em nome próprio direito alheio, seja
quem for dos legitimados;
o Outros, segundo parte da doutrina: colegitimados do 210 do ECA, e 81 do EI, bem como os do
CDC e da LAP; MP e DP; Amplia o rol!
o O Ministério Público tem legitimidade ativa para impetrar mandado de segurança COLETIVO?
STJ: SIM. ARGUMENTOS: a) nova ordem constitucional erigiu um autêntico 'concurso de ações'
entre os instrumentos de tutela dos interesses transindividuais e, a fortiori, legitimou o Ministério
Público para o manejo dos mesmos; b) Carta Federal outorgou ao Ministério Público a incumbência
de promover a defesa dos interesses individuais indisponíveis, podendo, para tanto, exercer outras
atribuições previstas em lei, desde que compatível com sua finalidade institucional (CF/1988, arts.
127 e 129). Interpretação lógico-sistemática dos artigos 127, caput, e 129 caput da CF + art.
6º, VI, LOMPU + art. 32, I, da LOMP;
o A Defensoria Pública tem legitimidade ativa para impetrar mandado de segurança COLETIVO?
STJ: NÃO! TEMA POLÊMICO! Aqueles que defendem, fundamentam no microssistema e teoria do
diálogo das fontes; A Defensoria Pública não detém legitimidade para impetrar mandado de
segurança coletivo, não se enquadrando no rol taxativo dos artigos 5°, LXX, da CF e 21 da Lei
12.016/2009. STJ. 1ª Turma. RMS 51.949/ES, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em
23/11/2021.
• Legitimidade passiva:
o Predomina na doutrina que a ré no MS não é a autoridade coatora e sim a PJ que ela integra;
o Órgãos colegiados – presidente;
o Atos compostos – autoridade que praticou o ato principal;
o Atos complexos – todas as autoridades envolvidas no ato;
o Indicação errônea da autoridade coatora
▪ Teoria da encampação:
➔ Autoridade impetrada deve ser superior hierárquico;
➔ Prestou informações, manifestou sobre o mérito;
➔ Não importe modificação de competência absoluta;
• Interesse processual
o Não cabe MS contra lei em tese: Súmula 266 STF;
o Cabe em face de ato normativo de efeitos concretos;
o Necessidade – adequação;
ELEMENTOS DA AÇÃO, LITISCONSÓRCIO E INTERVENÇÃO DE TERCEIROS
Elementos da ação
• Partes – legitimidade ad causam;
• Causa de pedir:
o Ato de autoridade;
o Em que consiste a ilegalidade/abuso;
o A lesão ou indicativos de ameaça;
o O direito líquido e certo;
o A transindividualidade dos direitos;
• Pedido:
o sentença mandamental – objeto imediato: dispositivo contém uma ordem para ser cumprida; Bjeto
mediato → bens da vida que se buscam proteger na ação.
o PROIBIÇÃO DE PEDIDOS – art. 5º LMS:
▪ ato que caiba recurso adm. com efeito suspensivo;
▪ decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo;
➔ risco de prejuízo irreparável ou de difícil reparação e que a decisão seja
teratológica ou manifestamente abusiva;
▪ decisão judicial transitada em julgado;
▪ ato interna corporis do poder legislativo - STF;
▪ direitos difusos (parte minoritária da doutrina);
Litisconsórcio
• Admissível tanto o ativo quanto o passivo;
• Litisconsórcio ativo ulterior – limite legal: não será admissível após o despacho da petição inicial;
• Litisconsórcio passivo necessário: quando o desfazimento do ato impugnado puder atingir esfera
jurídica de terceiro; ATENÇÃO.
Intervenção de terceiros
• Em tese é possível desde que não comprometa a celeridade do processo;
CONEXÃO, CONTINÊNCIA E LITISPENDÊNCIA
• Independe de identidade de autores;
• Idênticos objetos litigiosos: litispendência;
• Objeto litigioso de um esteja contido no de outro: continência;
• Reunião de processos;
PROCEDIMENTO
• Petição e despachos iniciais: autoridade coatora + PJ que esta integra
o Indeferimento liminar:
▪ Não for o caso de MS;
▪ Faltar requisito legal;
▪ Ultrapassar o prazo decadencial de 120 dias;
o Despacho da inicial:
▪ Notificação do coator:
➔ Não tem revelia;
▪ Ciência ao órgão de representação da PJ interessada;
▪ Suspensão liminar do ato*;
➔ Fundamento relevante + risco de ineficácia;
➔ Pode ser de oficio (parte da doutrina);
➔ Não será concedida se implicar compensação de crédito tributário, entrega de
mercadorias e bens provenientes do exterior e reclassificação ou equiparação de
servidores públicos, a concessão de aumento ou extensão de vantagens ou
pagamentos de qualquer natureza → STF declarou inconstitucional ADI 4296/DF,
informativo 1021;
➔ O STF julgou inconstitucional a exigência de oitiva prévia do representante da
pessoa jurídica de direito público como condição para a concessão de liminar
em mandado de segurança coletivo, por considerar que a disposição restringe o
poder geral de cautela do magistrado. ADI 4296
➔ Impugnação:
o Agravo de instrumento ou respectivo;
o Suspensão de segurança – art 15º, LMS;
• Desistência:
o STF: pode desistir a qualquer tempo, ainda que já proferida decisão de mérito, desde que antes da
publicação do julgamento do RE, e independe da anuência da parte contrária.
• Celeridade na tramitação – prioridade sobre todos salvo HC;
ATUAÇÃO DO MP
• Atuação como parte – discutível.. Predomina no STJ que pode.
• Atuação como custos legis: art. 12, LMS;
SENTENÇA, MEIOS DE IMPUGNAÇÃO E COISA JULGADA
• Espécies de sentenças possíveis:
o Terminativa (sem resolução do mérito) Sentenças denegatórias
o Resolutiva de mérito de improcedência
o Resolutiva de mérito de procedência
• Se o MS for extinto sem resolução do mérito não haverá coisa julgada material;
• Sentença de procedência – reexame necessário;
• Peculiaridades da coisa julgada:
o Contempla todos os titulares do direito defendido no writ, não há restrição subjetiva nem
territoriais;
o Sentença de denegação só faz coisa julgada material e, portanto, impede nova ação coletiva se
fundada na inexistência de direito do autor;
o Coisa julgada no MS coletivo é secundum eventum litis e secundum eventum probationis;
Difusos Coletivos Ind. Homogêneos
Sentença de Coisa julgada erga Coisa julgada ultra Coisa julgada erga
procedência omnes partes omnes
Há coisa julgada (em
relação aos
colegitimados), mas
não é erga omnes
(não impede que as
Denegatória por Coisa julgada erga Coisa julgada ultra
vítimas que não
pretensão infundada omnes partes
ingressaram como
litisconsortes
busquem sua
reparação
individualmente).
Denegatória por
insuficiência de Não há coisa julgada Não há coisa julgada Não há coisa julgada
provas

EXECUÇÃO DE SENTENÇAS
• Crime de desobediência o não cumprimento de decisões em MS;
• Aplicação dos meios de coerção do CPC (art. 536 e ss).
• Não cabe pagamento de honorários advocatícios → STF disse que é constitucional;
• A questão da oposição: MASSON entende não ser cabível, pois o autor do writ seria colocado na condição
de réu lhe faltando legitimidade passiva;
SÚMULAS
Súmula 629-STF: A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classe em favor dos associados
independe da autorização destes.
Súmula 630-STF: A entidade de classe tem legitimação para o mandado de segurança ainda quando a pretensão
veiculada interesse apenas a uma parte da respectiva categoria.

PEDIDO DE SUSPENSÃO DE SEGURANÇA


- Um instrumento processual (incidente processual) por meio do qual as pessoas jurídicas de direito público ou o
Ministério Público requerem ao Presidente do Tribunal que for competente para o julgamento do recurso que
suspenda a execução de uma decisão, sentença ou acórdão proferidos, sob o argumento de que esse provimento
jurisdicional prolatado causa grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas.
Competência
A competência para apreciar o pedido de suspensão é do Presidente do Tribunal
que teria competência para julgar o recurso contra a decisão.
Decisão prolatada por Ex: concedida liminar por juiz federal do AM, o pedido de suspensão será
juiz de 1ª instância: julgado pelo Presidente do TRF1.
Ex2: concedida liminar por juiz de direito do AM, o pedido de suspensão será
julgado pelo Presidente do TJAM.
O pedido de suspensão será decidido pelo:
· Presidente do STF: se a matéria for constitucional.
Decisão prolatada por · Presidente do STJ: se a matéria for infraconstitucional.
membro de TJ ou
TRF: Ex: concedida liminar pelo Desembargador do TJ/AM, o pedido de suspensão
será dirigido ao Presidente do STF ou do STJ, e não ao Presidente do TJ/AM
(art. 25 da Lei nº 8.038/90).
Se a causa tiver fundamento constitucional, é possível o ajuizamento de pedido
Decisão prolatada por
de suspensão dirigido ao Presidente do STF.
membro de Tribunal
Se a causa não tiver fundamento constitucional, não há possibilidade de pedido
Superior:
de suspensão.
A suspensão de liminar e de sentença limita-se a averiguar a possibilidade de grave lesão à ordem, à segurança, à
saúde e à economia públicas. Os temas de mérito da demanda principal não podem ser examinados nessa medida,
que não substitui o recurso próprio.
Mesmo sendo vedado ao Presidente do Tribunal examinar o mérito da demanda principal, é preciso, para que se
conceda a suspensão de liminar, que haja um mínimo de plausibilidade na tese da Fazenda Pública, porque o pedido
de suspensão funciona como uma contracautela, devendo, por isso, demonstrar fumus boni iuris e periculum in mora
inverso

AÇÃO CIVIL PÚBLICA


AÇÃO CIVIL PÚBLICA
Princípios do direito processual coletivo comum
- Princípio do acesso à justiça: legitimação extraordinária como padrão (entes em nome próprio defendendo direito
alheio);
- Princípio da universalidade da jurisdição: tutela jurisdicional as massas e aos conflitos de massa;
- Princípio da participação no processo e pelo processo: participar no processo é ter assegurado o direito ao
contraditório. Participar pelo processo é utilizá-lo para influir nos destinos da nação e do Estado, empregando-
o com vistas ao seu escopo político (o que acontece no processo coletivo);
 Valorização da participação pelo processo de corpos intermediários (sindicatos e associações em
geral); outorga ao cidadão de legitimidade para fiscalizar os gatos com a coisa pública e a gestão pública do
meio ambiente.
- Princípio da economia processual: o direito deve resolver os conflitos de interesse empregando o mínimo possível
de atividades processuais;
- Principio do interesse jurisdicional no conhecimento do mérito do processo coletivo: necessidade do
abandono do formalismo excessivo. Pacificação advinda da resolução de grandes conflitos sociais – intensificação
do p. da instrumentalidade das formas; STJ já admitiu emenda a inicial mesmo após a contestação;
- Princípio da máxima prioridade jurisdicional da tutela coletiva: Razões
 Evita a proliferação de processos individuais;
 Afasta sentenças individuais conflitantes;
 Interesse social prevalece sobre o individual;
- Principio da disponibilidade motivada da ação coletiva: relevância social das ações coletivas, não pode desistir
sem motivo justo. O MP ou outro legitimado assume;
Se o MP desistir ou abandonar? O juiz pode se opor. Parte da doutrina diz que o órgão de apreciação seria
o Conselho Superior por analogia art. 9º, §4º, LACP. Outra corrente diz que aplicaria o art. 28 do CPP, indo
para o PGJ.
- Principio da não taxatividade da ação coletiva: com o art. 90 do CDC c/c art. 21 da LACP, tornou-se possível
a defesa, via ação civil pública, de direitos difusos e coletivos e quaisquer individuais homogêneos;
- Principio do máximo benefício da tutela jurisdicional coletiva comum: a imutabilidade dos efeitos da sentença
de procedência da ação coletiva beneficia as vítimas e seus sucessores, que, para proceder à liquidação e a
execução do título, em proveito individual. Transporte in utilibus da coisa julgada coletiva (art. 103, §3º, CDC).
- Principio da máxima amplitude do processo coletivo: para a defesa dos interesses coletivos em sentido amplo
são cabíveis todas as espécies de ações (conhecimento ou execução), procedimentos, provimentos (declaratório,
condenatório,, constitutivo ou mandamental), e tutelas provisórias (cautelares, antecipadas ou de evidencia).
Substrato legal – arts. 12 e 21 da LACP + arts. 83 e 90 do CDC + Art. 5º, XXXV, CF.
- Principio da obrigatoriedade da execução coletiva pelo MP: caso o autor deixe de executar a ação o MP é
obrigado a fazê-lo.
 LACP: só surge a obrigação com o trânsito em julgado;
 LAP: a obrigação existe tanto em relação a execução definitiva quanto a provisória (apenas as sentenças de
segunda instancia são passíveis de execução provisória);
 Analogia: aplica-se também as sentenças homologatórias de acordos judiciais;
- Princípio da ampla divulgação da demanda: ampla divulgação da existência da ação coletiva. Concentrar a
discussão da matéria comum na ação coletiva a fim de que:
 Quem propôs ação individual poderá optar por suspender (art. 104, CDC) ou desistir (art. 22, §1º, LMS);
 Quem não propôs ação individual pode aguardar o desfecho da ação coletiva;
- Principio da informação aos órgãos legitimados: busca estimular a propositura da ação coletiva. Qualquer
pessoa pode e o servidor público deve informar aos órgãos legitimados para ajuizar uma ação coletiva. P.
democrático da participação;
- Principio da maior coincidência entre o direito e sua realização: art. 84 do CDC, preconiza a prioridade da
tutela específica da obrigação em detrimento de outras formas de realização do direito lesado.
- Principio da integração entre LACP (art. 21) e CDC (art. 90): é certo que se criou, a partir da simbiose entre os
dois diplomas, um verdadeiro microssistema de tutela de direitos coletivos.
- Ação civil pública ou ação coletiva? Apesar das divergências doutrinárias, Masson entende que ação coletiva é
gênero que inclui todas as ações que tutelam interesses coletivos. Mazzilli → ACP seria quando ajuizada pelo MP
ou outro ente estatal, quando proposta por ente privado seria ação coletiva; Zavascki → ACP direitos transindividuais
e ação coletiva para DIH; Ações coletivas em sentido amplo (ACP; AP e MS);
- LACP: norma predominamente de natureza processual, objetiva basicamente, oferecer instrumentos processuais
aptos à efetivação judicial dos interesses difusos reconhecidos nos textos substantivos.

A influência das CLASS ACTIONS


É a ação coletiva em países do common law. Requisitos para que uma ação seja admitida como class actions:
✓ Pressuposto da comunhão de questões de fato ou de direito: esse é um ponto de influência sobre a nossa
ACP.
✓ Legitimidade ativa: a questão da representatividade que no Brasil é atribuída por lei a alguns órgãos ou
entidades;
✓ Coisa julgada: no Brasil a coisa julgada é secundum eventum littis.
✓ Pressuposto da representatividade adequada: aqui no Brasil é controlada pela lei.
✓ Opt-out e opt-in: direito de não ser atingido pela coisa julgada coletiva.
✓ Legitimação passiva: a doutrina brasileira diverge sobre essa possibilidade aqui no Brasil. DIDIER defende;
✓ Fluid recovery: art. 100 do CDC em ações ressarcitórias de direitos individuais homogêneos, caso não
ocorra a habilitação de número compatível de lesados, qualquer legitimado poderá liquidar e a indenização
será destinada ao fundo criado pelo art. 13 da LACP.
Principais influências Principais diferenças
1) O requisito de comunhão de fatos ou direitos entre 1) Ao contrário do sistema norte-americano, nossos
os interessados é presente tanto nas class actions cidadãos não têm legitimidade para propor as class
quanto em nossas ações coletivas. actions brasileiras, mas apenas certos entes públicos
e privados.
2) Em ambas, os autores atuam sem necessidade de 2) Nas class actions, a coisa julgada gera efeitos pro
autorização expressa dos interessados. et contra; nas ACPs, os efeitos são secundum
eventum litis.
3) Em ambas, os efeitos da coisa julgada podem 3) Nas class actions, a representatividade adequada
atingir os membros da classe, categoria ou grupos de é verificada ope judicis, nas ACPs pátrias, ela é ope
pessoas que não participaram pessoalmente do legis.
processo.
4) Nossas ações coletivas também adotaram um 4) O Brasil, ao contrário do que ocorre nas defendant
sistema de fluid recovery nos casos de interesses class actions, não admite a legitimação passiva
individuais homogêneos, embora com algumas coletiva (segundo a doutrina majoritária).
diferenças em relação ao sistema americano.

Condições da ação:
2.3.1. Legitimidade ad causam
2.3.1.1. Legitimidade ativa
• Art. 129, III e § 1°, CF + Art. 5°, caput e §4°, LACP + Art. 82, caput e § 1°, CDC + Art. 91, CDC.
• Sistema misto ou pluralista: entes públicos e entes privados.
• Legitimidade disjuntiva e concorrente.
• Natureza jurídica – existem 3 correntes:
a) Legitimação ordinária
b) Legitimação extraordinária ➔ jurisprudência. Quanto a legitimidade para defesa de direitos
individuais indisponíveis, há consenso doutrinário que trata-se de legitimação extraordinária. Quando
aos difusos e coletivos a doutrina diverge.
▪ Exceção: art. 5°, XXI, CF/88: “as entidades associativas, quando expressamente
autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente”.
Aqui seria uma ação coletiva de rito ordinário!
▪ Basta autorização em Assembleia.
▪ Inclui a minoria vencida na deliberação.
▪ No MS coletivo, a legitimação é extraordinária, pois o art. 5°, LXX, da CF/88 não exige
autorização dos associados. Esquematicamente:
c) Legitimação autônoma para a condução do processo ou legitimação anômala.
Tipos de interesse Correntes doutrinárias
Difusos e coletivos em sentido Legitimação Legitimação Legitimação autônoma para condução
estrito extraordinária. ordinária do processo.
(JURIS STF e
STJ)
Individuais homogêneos Legitimação extraordinária

• Representatividade adequada
✓ Em regra, adotamos o controle ope legis da representatividade adequada.
✓ No entanto, o STJ admitiu o controle da representatividade adequada pelo juiz, afastando, no
caso concreto, a legitimidade de associação que tinha estatuto desmesuradamente genérico (“...é
plenamente possível que, excepcionalmente, de modo devidamente fundamentado, o magistrado
exerça, mesmo que de ofício, o controle de idoneidade (adequação da representatividade) para
aferir/afastar a legitimação ad causam de associação”).
✓ Em regra, só possui representatividade os entes previstos na lei;
Associações: 1) constituição legal + 2) requisito temporal (1 ano de constituição) + 3)
pertinência temática;
• Legitimados
a) MP
✓ Não se exige pertinência temática do MP.
✓ É necessário, porém, verificar se a defesa dos interesses em jogo é compatível com o
perfil constitucional do MP (art. 127, caput, CF).
Interesses difusos: Pacífico na doutrina e jurisprudência
Em qualquer caso O MP sempre tem legitimidade
Interesses coletivos stricto
Correntes doutrinárias e jurisprudenciais:
sensu
Indisponíveis MP sempre tem legitimidade
O MP sempre tem Só se houver relevância social – 2ª
Disponíveis
legitimidade – 1ª Corrente corrente.
Individuais homogêneos Correntes doutrinárias e jurisprudenciais:
Indisponíveis O MP sempre tem legitimidade
Só se houver
relevância social –
MP sempre tem
Disponíveis objetiva ou Nunca tem legitimidade.
legitimidade.
subjetiva (STF,
STJ)

✓ MP está submetido ao princípio da obrigatoriedade: tem o dever de agir em defesa dos


interesses e direitos transindividuais, caso verifique a presença de seus pressupostos
(compatibilização com a garantia da independência funcional). Dever de cumprir as funções
que lhe foram constitucionalmente outorgadas;
✓ A simples existência de dano de âmbito nacional não configura, por si só, interesse federal
a atrair a atribuição do MPF.
✓ Bem da União x Patrimônio nacional
Área/bem danificado sob domínio da Patrimônio nacional (biomas do art.
União 225, § 4°, CF)
• Competência da JF. Por si só, não caracteriza interesse
• Atribuição do MPF. federal, a atrair a competência da JF e a
atribuição do MPF.
✓ A declinação de competência de uma Justiça Estadual para outra não importa
ilegitimidade ativa do MP do Estado declinante.
✓ Inaplicabilidade em matéria eleitoral do procedimento previsto na LACP; Não usa IC, TAC
nem ACP em matéria eleitoral;
b) DP
✓ Não se exige pertinência temática (significa que não há limitação a temas específicos).
✓ Mas a legitimidade deve estar atrelada ao seu perfil constitucional de atuação em prol
dos necessitados (pode, eventualmente, extravasar esse círculo).
✓ STJ reinterpretou o conceito de “necessitados”, que não mais se limita à vulnerabilidade
econômica. Fala-se, então, em vulnerabilidade jurídica, para incluir todas as categorias
socialmente estigmatizadas ou excluídas: crianças, idosos, gerações futuras etc.
c) Entes da administração direta
✓ Não se exige pertinência temática, o que não significa possibilidade de atuar ampla e
irrestritamente.
✓ Município em defesa do consumidor: pode!
d) Entes da administração indireta: autarquia, fundação, EP e SEM
✓ ECA e EI não atribuem legitimidade, embora ela possa ser extraída do microssistema.
✓ Aqui, há necessidade de pertinência temática. Força do p. da especialidade (art. 37, XIX e
XX).
 Fundação privada pode ajuizar ACP? A doutrina é dividida:
a) Fundação privada não pode ajuizar ACP
➢ Art. 5° da LACP fala de fundações ao lado dos entes que integram a
Administração indireta.
b) Fundação privada pode ajuizar ACP
➢ Art. 5° da LACP não distinguiu: trouxe apenas “fundação”.
➢ Há entes privados legitimados, ao lado dos entes públicos.
➢ 1ª Seção do STF já admitiu ACP ajuizada por fundação privada.
 OAB pode ajuizar ACP? Sim, embora não esteja no art. 5° da LACP, há previsão expressa no
Estatuto da OAB. STJ admite para qualquer direito difuso ou coletivo. Mas rechaçou a
legitimidade para propor ação de improbidade.
 Entes despersonalizados podem ajuizar ação coletiva? SIM. O art. 82, III, do CPC prevê
expressamente a legitimidade de entes da administração direta e indireta sem personalidade
jurídica. Acrescenta que a legitimidade é p/ a defesa dos interesses protegidos pelo próprio CDC.
Como se trata de uma norma integrante do microssistema, admite-se sua extensão para além
dos entes administrativos despersonalizados de defesa dos consumidores, abrangendo aquele
que tutelam, por exemplo, o meio ambiente, os idosos e as crianças. Possuem personalidade
judiciária;
b) Associações de direito privado
▪ São as associações de direito civil reguladas pelo CC.
▪ STJ admite a legitimidade da associação mesmo que seu estatuto não preveja
expressamente a finalidade de defesa de determinado direito transindividual. Basta que para
a consecução dos seus fins institucionais, seja necessária a tutela desse direito
(compatibilidade com os fins estatutários).
▪ Autorização dos associados – há duas correntes:
STF – só para ação coletiva ordinária Doutrina – Pacificou na jurisprudência
Exige autorização dos associados para a Não há necessidade de autorização dos
propositura da ação coletiva. associados.
Trata-se, portanto, de representação À semelhança dos demais legitimados, a
processual, por força do art. 5°, XXI, da legitimidade das associações tem natureza de
CF/88. substituição processual.
 Partidos políticos têm legitimidade? 2 correntes:
a) Sim, pois são espécie do gênero “associação”. Não estaria submetido ao vinculo da
pertinência temática.
b) Não, pois destinados a exercer representação política e genérica.
 Sindicatos têm legitimidade? SIM.
▪ Art. 8°, III, da CF.
▪ São espécie de associação, encontrando assento na LACP e no CDC.
▪ Sua legitimação se estende a toda a categoria, não somente aos filiados.
▪ Atua como substituto processual, desnecessária a autorização.
 As cooperativas podem atuar na tutela coletiva de seus filiados?
▪ Lei 13.806/2019 alterou a Lei das Cooperativas estabelecendo a possibilidade de
atuação como substituto processual dos cooperados em defesa de direitos coletivos.
▪ Tem que haver previsão no Estatuto;
▪ Pertinência temática: causa de pedir verse sobre atos de interesse direto dos associados,
que tenham relação com as operações de mercado da cooperativa;
▪ Exige autorização expressa dos associados;
▪ Não há previsão do requisito da previa constituição.
 Lei de mercado de valores imobiliários: evitar prejuízos ou obter reparação de danos causados
a titulares de valores e investidores, mediante ACP, MP seria o único legitimado.
 Lei Maria da Penha: a lei dispõe que possui legitimidade para atuar nesses casos, o MP e
associações. Leitura com base no microssistema permite ampliar a interpretação para abarcar os
órgãos da adm. Pública.
 Legitimidade ativa subsidiária: é o que se verifica por força da leitura do art. 5º, §3º da LACP.
Nos casos de desistência infundada ou abandono da ação, o MP ou qualquer outro legitimado
assumirá a titularidade ativa.
2.3.1.2. Legitimação passiva
• Qualquer pessoa, física ou jurídica, que seja responsável pelo dano ou pela ameaça de dano a direito difuso,
coletivo ou individual homogêneo poderá ser ré, inclusive os entes desprovidos de personalidade jurídica.
• MP pode ser réu? NÃO. Se causar dano, réu será a União ou o Estado. Seus membros, contudo, podem
perfeitamente figurar no polo passivo de uma ação coletiva.
• É possível legitimação passiva coletiva?
✓ No direito norte-americano é possível (defendant class action).
✓ No Brasil, existem 2 correntes:
Favorável Desfavorável
Art. 5°, § 2°, LACP: autoriza o Poder A substituição processual é instituto excepcional.
Público e outras associações Atentaria contra os postulados do contraditório, ampla
legitimadas se habilitarem como defesa e devido processo legal;
litisconsortes de qualquer das Também não admite reconvenção;
partes, inclusive do réu.
Arts. 81 e 82 do CPC não restringem As normas que regem a ação coletiva somente
a defesa dos interesses autorizam a legitimação extraordinária no polo ativo.
transindividuais ao polo ativo.
O juiz deveria controlar, caso a caso, Exceções:
a representatividade adequada dos 1. Embargos do executado, embargos de terceiro,
réus. ação rescisória e ação de anulação de TAC. (se
Ex: ACP ajuizada contra uma n o terceiro, executado ou parte ficaria sem
associação de moradores de um defesa de seus direitos.)
bairro que bloqueasse o acesso de 2. Dissídios coletivos de trabalho e ações
automóveis. Ou do MP buscando propostas contra sindicatos procurando
proibir o ingresso de torcida restringir o exercício abusivo do direito de greve.
organizada em estádios de futebol. STJ REsp 1.051.302

Interesse Processual
• Necessidade (é necessária a utilização da via coletiva judicial?) e adequação (o pedido é apto para afastar
a lesão ou a ameaça de lesão ao interesse transindividual narrado na causa de pedir?).
• Segue o modelo das ações em geral;
• STF já reconheceu a legitimidade do MP na a propositura de ações para anulação de benefícios fiscais.
• OBS: impugnação de atos judiciais típicos → falta interesse, ausência de necessidade. Exceção:
desconstituição eivada de vício insanável (ACP a título de querela nullitatis insanabilis) mesmo após o prazo
de rescisória; Atos judiciais atípicos podem ser objeto de ACP;

Possibilidade jurídica do pedido (OBS: deixa de ser condição da ação, análise no pedido)
• Controle de constitucionalidade: somente em caráter incidental, como causa de pedir da ACP.
• Controle judicial de políticas públicas
✓ Mínimo existencial
▪ Conceito: direito às condições mínimas de existência humana digna, cuja implementação
exige prestações positivas por parte do Estado (ex: educação fundamental, saúde básica,
saneamento básico, assistência social, meio ambiente ecologicamente equilibrado, acesso
à justiça etc).
▪ Possibilita a tutela jurisdicional imediata, sem sujeição à cláusula da reserva do possível.
✓ Demais direitos que não compõem o núcleo do mínimo existencial – há controvérsia doutrinária,
mas é possível estabelecer a seguinte distinção:
Direitos que não integram o mínimo Direitos que não integram o mínimo
existencial e possuem densidade suficiente existencial e possuem densidade fraca
É possível o controle judicial. Não é possível o controle judicial.
A reserva do possível pode ser invocada em Demandam ponderação do Legislativo e do
defesa do Poder Público, pois aqui não se está Executivo, por meio de definição de política
diante de direitos que compõem o mínimo pública específica.
existencial. Se acolhida não acarreta a
improcedência da pretensão, mas sim seu
diferimento.
1º reconhece o dever de colocar no orçamento;
2º dever de aplicar tais verbas;
• STF reconheceu legitimidade ao MP para propor ACP que vise a anular acordo que conceda benefício fiscal
a determinada empresa (defende-se, nesse caso, a integridade do erário).
• STJ decidiu que o MP tem legitimidade para propor ACP visando à imposição de sanção por improbidade
em que a questão tributária seja analisada como causa de pedir.
• Por fim, a vedação do art. 1°, § único, da LACP não alcança tarifas e preços públicos, admitindo-se a ACP.

Elementos da ACP
a) Partes
b) Causa de pedir
c) Pedido
3.1. Partes = abordado no exame da legitimidade ad causam.
3.2. Causa de pedir = fundamentos fáticos e jurídicos da ação
• Art. 1°, IV, LACP = “qualquer outro interesse difuso ou coletivo”.
• Em razão do microssistema, permite-se também interesses individuais homogêneos de quaisquer
naturezas.
3.3. Pedido
• Objeto imediato: provimento judicial
✓ Por conta do microssistema, permite-se o ajuizamento de todas as espécies de ações capazes de
propiciar tutela adequada e efetiva:
a) ACP de conhecimento:
➢ provimentos condenatórios,
➢ provimentos constitutivos,
➢ provimentos meramente declaratórios.
b) ACP executiva;
✓ Sempre que possível, a ACP deve buscar:
▪ Tutela inibitória (visa impedir a prática, a continuação ou a repetição de atos ilícitos) ou
▪ Tutela de remoção do ilícito (reintegratória), destinada à remoção dos efeitos concretos da
conduta ilícita.
✓ Se não for possível, passa-se à tutela ressarcitória:
▪ 1º) tutela específica: reparação in natura / entrega da prestação inadimplida;
▪ 2°) resultado prático equivalente;
▪ 3º) condenação em obrigação de pagar.
✓ Por não ser titular do bem jurídico tutelado, o autor coletivo não pode abrir mão de seguir a ordem
acima indicada. A importância de seguir essa escala é especialmente sentida nas ameaças ou
lesões a bens naturalmente infungíveis (ex: antiga obra de arte integrante do patrimônio histórico-
cultural).
✓ Em caso de pedido de condenação em prol de direitos individuais homogêneos, o pedido deve ser
formulado de maneira abstrata, já que o objetivo do autor é obter uma condenação genérica (95,
CDC).
• Objeto mediato: bem da vida cuja tutela se postula judicialmente.
✓ Qualquer bem que possa ser objeto de interesse difuso, coletivo ou individual homogêneo pode ser
objeto mediato do pedido, com exceção daqueles listados no art. 1°, § único, da LACP (tributos,
contribuições previdenciárias, FGTS ou outros fundos de natureza institucional cujos destinatários
possam ser individualmente determinados).
▪ STF reconheceu que o MP tem legitimidade para propor ACP que vise anular acordo que
conceda benefício fiscal a determinada empresa – integridade do erário e higidez do
processo de arrecadação tributária.
▪ STJ já decidiu que o MP tem legitimidade para propõe ACP visando à imposição de sanção
por improbidade, cuja questão tributária seja analisada na causa de pedir.
▪ STF reconheceu a legitimidade do MP para propositura de ACP em defesa de direito
individuais homogêneos afetos ao FGTS.
▪ Tal vedação não abrange as tarifas públicas (preços públicos), pois não constituem tributos,
contribuições previdenciárias, FGTS ou outros fundos.

Competência
4.1. Competência originária nos tribunais de superposição
• STF: será originariamente competente para ACP nas seguintes hipóteses:
✓ EE/OI x U/E/DF
▪ Ex: MPF em face de Itaipu Binacional.
✓ U x E/DF, E/DF x E/DF.
▪ Ex: MPE/MG em face do Ibama contra licenciamento da transposição do São Francisco.
STF reconheceu sua própria competência, vislumbrando a existência de típico conflito
federativo, por envolver projeto de grande vulto do governo da União.
✓ Todos os membros da magistratura.
✓ Contra CNJ e CNMP.
• STJ: a Constituição não prevê nenhuma hipótese.
➔ Em regra, não existe foro por prerrogativa de função para ACP (ex: a presença do Presidente da República
no polo passivo de uma ACP não atrai a competência do STF).
4.2. Competência de jurisdição
• Justiça Militar: não tem competência para ACP.
• Justiça Eleitoral: em tese é possível. TSE não admite IC nem ACP sobre questões eleitorais;
• Justiça Trabalhista: STF já reconheceu competência para julgar ACP, quando tenha como causa de pedir
o descumprimento de normas trabalhistas relativas à segurança, higiene e saúde dos trabalhadores.
IMPORTANTE! Se extrapola o âmbito dos trabalhadores (ex: chaminé que lhes causa danos à saúde e
também polui o ar da cidade), a competência será da Justiça Comum.
• Justiça Comum: Federal x Estadual
✓ Art. 109, I, CF: presença da União, autarquia ou EP federal
▪ IMPORTANTE! Em uma ação, se a hipótese fixadora da competência da JF for apenas a
natureza federal de algum dos réus, não será possível, em relação aos demais, a formação
de eventual litisconsórcio passivo na JF, tendo em vista a natureza absoluta das hipóteses
de competência ratione personae do art. 109 da CF. Nesse caso, outra demanda deverá
ser proposta em face dos demais, na Justiça Estadual (ou Distrital).
▪ Presença do MPF é suficiente para deslocar competência p/ a JF?
➢ 1ª corrente - MPF é órgão da União, de modo que caberá à JF apreciar a demanda
em que figure como parte. STF e STJ adotam essa corrente.
➢ 2ª corrente - A presença do MPF no polo ativo não basta para fixar a competência
da JF.
✓ E nas comarcas que não sejam sede de vara da JF?
▪ Art. 109, §3°, CF: autoriza que a lei atribua competência à JE;
▪ STF e STJ entenderam que o art. 2° da LACP não cumpre essa função;
▪ Logo, a JE não pode julgar ACP que, a rigor, seja de competência da JF.
✓ Não existe competência originária, nas ACPs, determinada pelo status funcional de quem ocupa o
polo passivo.

• Competência de foro
✓ Regra geral = art. 2° da LACP: local do dano
c/c
art. 93 do CDC: extensão do dano
a) local onde ocorreu – âmbito local;
b) Capital do E/DF – âmbito regional ou nacional;
✓ Embora definida com base em critério territorial, a competência regulada no art. 2° da LACP é
funcional – portanto, absoluta.
✓ Por isso, é improrrogável por vontade das partes, que não podem, num TAC por exemplo, eleger
o foro competente para as questões relacionadas com o objeto do ajuste.
✓ É majoritário na doutrina o entendimento de que a competência nas ACP voltadas à defesa de
direitos individuais homogêneos também é de natureza absoluta, por aplicação da regra contida no
art. 2° da LACP.
✓ Dano local, regional ou nacional
Extensão do dano ou do risco Competência
LOCAL = um único ou poucos foros, ainda
Juízos de quaisquer dos foros atingidos
que em Estados vizinhos
REGIONAL = muitos foros de um único
estado, sem abranger todo o território Juízos com foro na capital do Estado atingido
estadual
REGIONAL = vários estados, e,
Juízos com foro nas capitais dos Estados atingidos
eventualmente o DF, sem abranger todo o
e juízos com foro no DF (quando atingido).
território nacional
Juízos com foro nas capitais de quaisquer dos
NACIONAL = todo o território nacional
Estados e juízos com foro no DF.
✓ Regras específicas
▪ ECA = local onde ocorreu ou deva ocorrer a ação ou omissão (art. 209).
▪ EI = domicílio do idoso (art. 80)
✓ Competência de juízo
▪ Várias Varas em tese competentes – a questão vai depender da lei de organização judiciária
local;
▪ JEsp Cíveis federais: há vedação expressa (art. 3°, § 1°, I, Lei 10.259/01).
▪ JEsp Cíveis estaduais: não têm competência, a despeito de não existir vedação
expressa.

LITISCONSÓRCIO, INTERVENÇÃO DE TERCEIROS E ASSISTÊNCIA


• Litisconsórcio ativo inicial de colegitimados
✓ Lembrar que a competência é concorrente e disjuntiva.
✓ Logo, o litisconsórcio será facultativo e unitário.
CLASSIFICAÇÃO ESPÉCIES
Quanto ao polo  Ativo: há + de 1 autor
 Passivo: há + de 1 réu
 Bilateral: + de 1 autor e + de 1 réu;
Quanto ao momento de formação  Inicial: desde a propositura da ação ou
da citação dos réus;
 Ulterior: posterior a esses momentos;
Quanto aos efeitos da sentença  Unitário: a decisão de mérito,
necessariamente deve ser idêntica
para todos os litisconsortes;
 Simples: decisão de mérito puder ser
diferenciada;
Quanto a obrigatoriedade  Necessário: sua formação é
imprescindível para a propositura da
ação;
 Facultativo: se ele for dispensável;

• Litisconsórcio ativo superveniente de colegitimados (5°, § 2°, LACP)


✓ “...litisconsortes de qualquer das partes” – em tese, o litisconsórcio posterior pode ser ativo ou
passivo (brecha para a ação coletiva passiva??? Um exemplo: ACP que busca impedir a construção
de uma usina de compostagem na zona urbana, mas estudos técnicos comprovam que essa seria
a melhor solução para o meio ambiente);
✓ Qualquer legitimado poderá intervir posteriormente.
• Litisconsórcio ativo entre Ministérios Públicos (5°, § 5°, LACP: “Admitir-se-á o litisconsórcio facultativo
entre os MPs da União, do DF e dos Estados na defesa dos interesses e direitos de que cuida esta lei”)
✓ A doutrina é controversa sobre a validade desse dispositivo:
1º. É impossível o litisconsórcio: MP é uno e indivisível (litisconsórcio com ele mesmo?);
cada MP tem suas atribuições distribuídas em conformidade com o pacto federativo;
2º. É possível o litisconsórcio: unidade existe dentro de cada ramo do MP; não há óbice a
que determinado órgão do MP atue em outra esfera do PJ; não há violação ao princípio
federativo;
3º. É viável a atuação conjunta, mas não se trata de litisconsórcio (distintos representantes
de um mesmo órgão).
✓ STJ decidiu que “em ação civil pública, a formação de litisconsórcio ativo facultativo entre o MPE e
o MPF depende da demonstração de alguma razão específica que justifique a presença de
ambos na lide. STJ. 3ª Turma. REsp 1.254.428-MG, Min. João Otávio de Noronha, julgado em
2/6/2016 (Info 585).
✓ Aceito no STF.
• É possível a assistência simples de colegitimados, no polo ativo ou passivo.
• Litisconsórcio e assistência litisconsorcial de não colegitimados: difusos → via de regra não é
admissível; exceto: cidadão em ACP que poderia ser AP; Coletivos → apenas colegitimados; DIH → CDC
admite o litisconsórcio posterior de indivíduos lesados;
• Litisconsórcio passivo em ações ambientais é FACULTATIVO (STJ). Isso porque a responsabilidade
dos poluidores pelo dano ambiental é solidária.

• Denunciação da lide
✓ Em tese é possível, mas é vedada em ações movidas em face dos fornecedores quando fundadas
no fato do produto (art. 88 c/c art. 13, § único, CDC). STJ amplia a vedação e a aplica para as
demais hipóteses de responsabilidade civil por acidentes de consumo (art. 13 e 14 do CDC).
✓ STJ tem repelido a denunciação da lide nas ACP fundadas em responsabilidade objetiva do
réu, quando a denunciação invoca responsabilidade subjetiva de 3°.
• Chamamento ao processo – traz o responsável solidário para o processo.
✓ Em tese é viável.
✓ Mas não se admite quando a ação se funda na responsabilidade objetiva do réu (ex:
responsabilidade ambiental / fato do produto e do serviço nas relações de consumo).
✓ E no caso de dano ambiental? Particular demandado pode chamar o Poder Público, poluidor
indireto? NÃO!
▪ Solidariedade entre poluidor direto e indireto é estabelecida em prol da coletividade.
▪ Tendo reparado o dano, o poluidor direto não terá direito de regresso contra o Poder
Público, poluidor indireto. Responsabilizar o Poder Público equivaleria a penalizar mais uma
vez a sociedade.
▪ Se há dúvida sobre a solvibilidade do poluidor direto, pode o autor preferir processá-lo com
o Poder Público poluidor indireto. Nesse caso, se reparar o dano, o Poder Público terá direito
de regresso contra o poluidor direto.
• Oposição
✓ Hoje, no NCPC, não é intervenção de 3°, mas procedimento especial.
✓ Não é possível no processo coletivo, já que os legitimados atuam como substitutos processuais.

CONEXÃO, CONTINÊNCIA E LITISPENDÊNCIA


• Conexão e continência são perfeitamente possíveis entre ACPs, entre ACP e AP e entre ACP e MS coletivo.
✓ Um detalhe sobre a continência em ACP: não se exige identidade entre os autores da ACP, já
que eles são legitimados extraordinários! A continência configura-se, portanto, com a:
▪ coincidência de réus;
▪ coincidência da causa de pedir;
▪ objeto de uma ACP, por ser mais amplo, contém o da outra.
• Por fim, entre ACP e ação individual é possível tão somente a existência de conexão.
• Efeito da conexão ou continência: prorrogação da competência
✓ Onde serão reunidas as ações?
▪ Conexão: no juízo prevento, onde foi proposta a 1ª ação (protocolo ou distribuição).
▪ Continência: STJ vem entendendo que reunião se dá no foro do pedido mais abrangente
(ação continente). De todo modo, deve-se observar a súmula 489, STJ: JF + JE = JF.
• Por fim, é possível a litispendência entre ACPs, ou entre elas e outras ações coletivas. Vale aqui a
mesma advertência de que a identidade nos autores é desnecessária.
✓ O efeito é a extinção, sem resolução do mérito, da causa repetida.
• Litispendência: total coincidência entre os elementos identificadores de duas ou mais ações em curso; OBS:
no tocante ao polo ativo, sua identidade é desnecessária para configurar a litispendência.
✓ É fundamento para sentença terminativa;
✓ Litispendência entre ACP e outra ação coletiva propostas por autores diferentes: a melhor solução
seria a reunião de processos e não a sentença terminativa, visto que, a extinção de um deles
não impediria que seu autor interviesse no processo remanescente como assistente litisconsorcial.
• Conexão, continência e litispendência entre ACP e ações individuais:
✓ A competência de foro da ACP, de natureza absoluta, não pode ser alterada pela prevenção do
juízo onde tramita a ação individual, logo, devem ser reunidas no foro da ACP.
✓ Frequentemente essa reunião será impossível ou inoportuna quando:
▪ Causar prorrogação de competência absoluta;
▪ Dificultar o acesso do lesado à justiça, retirando sua ação individual do foro do sue domicilio;
▪ Os processos estiverem em estágios muito distantes;
▪ Importar em tumultuo de ações;
✓ O magistrado não pode suspender de ofício as ações individuais;
✓ Não é possível haver litispendência entre ações coletivas e ações individuais, por não ser viável uma
perfeita identidade entre seus três elementos;
• IRDR: isonomia e segurança jurídica; instrumento de economia processual e pacificação social; tese acolhida
será aplicada a todos os processos individuais e coletivos;

INQUÉRITO CIVIL E OUTROS MEIOS DE PROVAS


As ferramentas do MP: inquérito civil e procedimento preparatório
• Inquérito civil
✓ Procedimento investigatório exclusivo do MP (verdadeira prerrogativa constitucional),
essencialmente vocacionado à tutela dos interesses difusos e coletivos (129, III, CF), bem como
dos interesses individuais homogêneos (com o advento da sistematização da tutela coletiva pelo
CDC).
• Procedimento preparatório
✓ Outra espécie de procedimento administrativo inquisitivo, também privativo do MP, a ser instaurado
antes do IC, quando o órgão do MP, ante a dúvida sobre a existência de um fato que demande
sua atuação na área dos interesses transindividuais, ou sobre a identidade da pessoa a ser
investigada, considerar necessário colher:
1. elementos que descrevam melhor o fato a ser investigado;
2. elementos que permitam identificar a pessoa ou ente a ser investigado.
• IC não é condição de procedibilidade para a ACP.
✓ Art. 8°, § 1°, LACP: MP “poderá...”
✓ Art. 1°, § único, da Res 23/2007 do CNMP: O IC não é condição de procedibilidade para o
ajuizamento das ações a cargo do MP, nem para a realização das demais medidas de sua atribuição
própria.
• Questões importantes
✓ STJ: “não se faz necessária a prévia instauração de IC ou procedimento administrativo para que o
MP requeira informações a órgãos públicos”. As notificações, requisições e recomendações
ministeriais não estão condicionadas, portanto, à existência de IC ou procedimento
preparatório.
✓ STJ: o MP não precisa anexar à inicial da ACP TODOS os elementos colhidos no IC ou no
procedimento preparatório, desde que a instrua com documentos suficientes e indispensáveis à
propositura da ação.
• Finalidades

OBS. Excepcionalmente, é possível a instauração de IC para a defesa de determinadas espécies de interesses


meramente individuais, como acontece no caso de idosos (art. 74, I, EI) e de crianças e adolescentes (art. 201, V,
ECA).
• Tanto o IC quanto o procedimento preparatório são instaurados mediante portaria. Notícia de Fato
Resolução 174/2017 CNMP
• Conflitos de atribuição:
✓ Dentro do mesmo MP: normalmente PGJ ou CSMP;
✓ Entre MPs pertencentes a ramos diversos (ex: MPF x MPE): CNMP!
• Efeitos da instauração do IC
1. Possibilidade de o MP empregar eficazes instrumentos probatórios (requisições de informações,
documentos ou perícias; notificações; conduções coercitivas; oitivas de testemunhas; inspeções
etc);
2. Óbice, desde sua instauração até seu encerramento, à decadência do direito de o consumidor
reclamar contra os vícios aparentes ou de fácil constatação no fornecimento de produto ou serviço
(art. 26, § 2°, III, CDC).
• Se o Promotor indeferir a representação pela instauração de IC e o interessado não recorrer em 10 dias, “os
autos serão arquivados na própria origem”. Significa dizer que, nessa hipótese, a decisão não precisará ser
submetida à revisão de outro órgão do MP.
➔ IMPORTANTE: se o caso for de representação/requerimento “qualificada”, que constitua uma PEÇA DE
INFORMAÇÃO, faz-se necessária a remessa ao órgão revisor, em atenção ao que dispõe o art. 9°, § 1°, da LACP
(“Os autos do IC ou das peças de informação arquivadas serão remetidos, sob pena de se incorrer em falta grave,
no prazo de 3 dias, ao CSMP”).
➔ Hipóteses de não instauração:
o A atribuição for de outro órgão do MP (deverá remeter);
o Se já tiver dados suficientes para propor uma ACP e não for viável a celebração de compromisso de
ajustamento de conduta;
o Indeferir a notícia de fato:
▪ fato narrado não configurar lesão ou ameaça de lesão aos interesses ou direitos tutelados
pelo MP;
▪ for incompreensível;
o Arquivar: recurso em 10 dias
▪ O fato já tiver sido objeto de investigação ou de ação judicial;
▪ Lesão ao bem for manifestamente insignificante;
▪ Desprovida de elementos de prova ou de informação para o início de uma apuração e
intimado o noticiante, não complemente as informações;
▪ Quando seu objeto puder ser solucionado em atuação mais e ampla e mais resolutiva;
• Instrução do IC
✓ Notificação: ato normalmente empregado para determinar que uma pessoa compareça ao MP, a
fim de prestar depoimento ou prestar esclarecimento, sob pena de condução coercitiva ou de
responsabilização por crime de desobediência. MPSP: a LOMP-SP não autoriza a notificação e a
condução coercitiva nos PPIC do MPSP.
✓ Requisição: tem por objeto a prestação de informações ou o fornecimento de documentos. É uma
ORDEM: seu cumprimento é obrigatório.
✓ Natureza jurídica: prerrogativas constitucionais do MP;
✓ Ofícios requisitórios: Res. 23/2007 CNMP → todos devem ser fundamentados e acompanhados
da portaria;

LOMP ✓ requisitar perícias aos órgãos da Administração Pública direta, indireta ou fundacional e neles
LOMPU
realizar inspeções e diligências investigatórias.
✓ Outra ferramenta disponibilizada ao MP para instruir o IC é a realização de audiência pública.
Consiste em uma assembleia para a qual são convidadas autoridades, entidades da sociedade civil
e a comunidade interessada, e em meio à qual, segundo as regras estabelecidas pelo presidente do
inquérito, os diversos interessados podem manifestar suas considerações acerca da questão em
foco, sem vincular a conclusão do MP. Legitimação à atuação da instituição;

IMPORTANTE: algumas diligências dependerão de autorização judicial:


✓ busca e apreensão em local resguardado pela inviolabilidade domiciliar (com as ressalvas
constitucionais sobre o ingresso independente do consentimento do morador);
✓ interceptação telefônica, que NÃO poderá ser deferida para o fim de instruir ESPECIFICAMENTE
um IC ou um procedimento preparatório. Ela pode, no entanto, ser utilizada como prova emprestada
(IMPORTANTE!!!).
MP pode requisitar diretamente informações financeiras protegidas pelo sigilo bancário?
✓ O STF já decidiu ser possível ao MP requisitar diretamente informações financeiras, quando houver
envolvimento de recursos públicos nas operações investigadas.
MP pode expedir notificações, requisições, praticar outras diligencias investigatórias e expedir
recomendações independentemente da existência de prévio IC ou procedimento preparatório?
✓ O CNMP reforçou a necessidade de prévia instauração de procedimento para expedição de
requisições ao proibir a possibilidade de expedi-las na fase de “notícia de fato”. Finalidade é evitar
medidas invasivas sem que exista procedimento formalmente instaurado.
✓ Em relação as recomendações, o CNMP também exige, como regra, a prévia existência de IC,
procedimento preparatório ou administrativo, mas admite, em caso de urgência, que se expeça
previamente a recomendação, procedendo-se, posteriormente, á instauração do respectivo
procedimento.
• Arquivamento do IC
✓ É possível o arquivamento implícito? NÃO! Caso o IC tenha por objeto mais de um fato
e haja necessidade de ACP em face de apenas um deles, não basta ajuizar a ação em
face de algum e silenciar em relação aos demais, em razão do princípio da
obrigatoriedade. Nesse caso, os fatos que não forem objeto da ACP deverão ser alvo de
promoção de arquivamento (parcial) e submetidos à revisão do órgão competente.
✓ Todo arquivamento de IC ou procedimento preparatório deve ser submetido à homologação
de um órgão superior? NÃO.
▪ Arquivamentos promovidos pelo PGR não! Art. 62, IV, LOMPU.
▪ OBS. Para os arquivamentos promovidos por PGJ, a LONMP não traz previsão
idêntica, razão pela qual devem ser submetidos à revisão.
O CSMP-SP possui entendimento peculiar no que toca ao arquivamento de IC em matéria
eleitoral. Alegando que o MP Eleitoral é um órgão híbrido, aponta a necessidade de criação de
colegiados híbridos, compostos por membros do MPE e do MPF, para revisão daqueles
arquivamentos. Enquanto não criados esses colegiados, sustenta que a atribuição revisora é tanto
do CSMP Estadual como das CCR do MPF.
✓ O fato de o MP haver arquivado o IC não gera, para o investigado, direito subjetivo de não
vir a ser futuramente processado.
✓ OBS: apenas procedimentos investigatórios são sujeitos a arquivamento. Noticia de fato
não.
• Desarquivamento
✓ Dentro de 6 meses após o arquivamento do IC, se...
a) Surgirem novas provas do fato nele investigado
b) Emergir a necessidade de investigar um fato relevante, que tenha relação com
o fato nele investigado.
✓ Após esse prazo, o IC não poderá ser desarquivado, mas poderá ser instaurado um novo IC.
• Princípio da publicidade x sigilo
✓ Em regra, o IC e seu procedimento preparatório são regidos pelo princípio da publicidade
(são procedimentos administrativos, regidos, portanto, pelo art. 37 da CF).
✓ O MP pode prestar informações, inclusive aos meios de comunicação, acerca das
providências adotadas, vedando-se somente a emissão ou antecipação de juízos de
valor a respeito das apurações ainda não concluídas.
✓ Excepcionalmente, a publicidade poderá ser restringida: aplica a súmula v. 14 do STF;
▪ nos casos de sigilo legal,
▪ bem como naqueles cuja publicidade possa prejudicar as investigações.
• Princípio inquisitivo, contraditório e ampla defesa
✓ Em razão de sua natureza inquisitiva, os princípios da ampla defesa e do contraditório não
são exigíveis no IC e no procedimento preparatório.
✓ Contudo, essa regra é mitigada pela previsão de alguns meios de participação:
▪ Direito de o potencial investigado contra-arrazoar o recurso contra a decisão de
indeferimento do requerimento de instauração do IC (5°, § 3°, Res 23);
▪ Direito de ser informado sobre a instauração do IC (presente no MPSP) e de
obtenção de certidões, cópias, vista dos autos, salvo os casos de sigilo (7°);
▪ Direito existente em alguns Estados de o investigado recorrer administrativamente
ao CSMP contra a instauração de IC.
• Princípio da informalidade x rigorismo processual
✓ O IC e o procedimento preparatório são procedimentos informais, por não haver uma
sequência rigorosa de atos a ser seguida. A informalidade é apenas relativa, no entanto,
diante da previsão de algumas regras formais na Res. 23 do CNMP.
• Valor probatório
✓ A prova colhida tem valor RELATIVO, já que não foi submetida ao contraditório. Será útil,
portanto, para reforçar a prova produzida em juízo.
✓ Eventuais falhas no IC não contaminam a ACP.
✓ Pode haver compartilhamento dos elementos colhidos no IC com um IPOL ou com uma ação
penal, por exemplo.
• Conceito e natureza jurídica do IC e de seu procedimento preparatório
INQUÉRITO CIVIL PROCEDIMENTO PREPARATÓRIO
Procedimento administrativo investigatório, de Procedimento investigatório de natureza
natureza inquisitiva, informal, privativo do MP, e voltado à inquisitiva, informal, privativo do MP, cuja
coleta de subsídios para a atuação judicial ou extrajudicial instauração pode ser cabível previamente a um IC,
em defesa dos interesses transindividuais que incumbe quando não houver certeza sobre a necessidade
àquela instituição tutelar. de instauração do inquérito ou sobre a atribuição de
determinado membro do MP para instaurá-lo.
Ambos têm natureza de procedimento administrativo

• Ferramentas dos demais legitimados à ACP: requerimentos de certidões ou informações


✓ Art. 8° da LACP
✓ Art. 91 do EI.
4. Instrução ao longo do processo
• Nas ACPs são possíveis todos os meios de prova legalmente previstos e os moralmente legítimos (art.
369, NCPC).
• Inversão do ônus da prova
✓ Convencional
✓ Legal (ope legis)
✓ Judicial (ope iudicis)
OBS: Ônus da prova (subjetivo – direcionada às partes; objetivo – direcionada ao juiz, regra de julgamento); Regra
de distribuição: estática → preestabelecida em abstrato; dinâmica → quem estiver mais próximo dela e tiver maior
facilidade; a distribuição dinâmica é excepcional;
Inversão do ônus da prova: Convencional → acordo de vontade entre as partes; Legal → determinada previamente
pela lei (art. 373 do CPC e 38 do CDC); Judicial → depende de apreciação do magistrado, inverte no curso do
processo (art. 6º, VIII, CDC);

Como se dá a inversão judicial do ônus da prova no microssistema de processo coletivo?


✓ Art. 6°, CDC
▪ Aplica-se tanto à tutela individual, quanto à tutela coletiva. Direito da coletividade de consumidores
e não do autor da ação.
▪ Distribuição estática x distribuição dinâmica (caráter excepcional, quando a distribuição estática
for manifestamente injusta);
▪ Doutrina e jurisprudência já vêm defendendo inversão não apenas nas relações de consumo, mas
também na esfera de outros interesses transindividuais. É o que ocorre, por exemplo, nas ACPs
ambientais (princípio da precaução).
▪ Incidência na LACP de todas as normas processuais aplicáveis a defesa do consumidor, ainda que
não estejam no título III do CDC, por força do p. da integração.
▪ É pacífico no STJ o entendimento segundo o qual o MP, no âmbito de ação consumerista, faz jus
à inversão do ônus da prova, a considerar que o mecanismo previsto no art. 6º, VIII, do CDC busca
concretizar a melhor tutela processual possível dos direitos difusos, coletivos ou individuais
homogêneos e de seus titulares — na espécie, os consumidores —, independentemente daqueles
que figurem como autores ou réus na ação. STJ, Min. Mauro Campbell Marques, j. 2/8/2011.
▪ Não se admite a inversão do ônus da prova em ações de improbidade. STJ
▪ Tambem pode ser fundamentada na distribuição dinâmica do ônus da prova → decisão deve
ser antes do fim da instrução e a prova redirecionada deve ser possível (não se admite prova diabólica
reversa);
Regra de inversão do art. 6º VIII CDC Teoria da distribuição dinâmica do ônus da
prova
Ope iudicis; Ope iudicis;
Admitida apenas em benefício da parte Permite a inversão em prol de qualquer das partes;
consumidora; Exige hipossuficiência probatória da parte
Basta verossimilhança da alegação, independe de beneficiada pela inversão;
hipossuficiência do consumidor;

5. Particularidades procedimentais
• A ACP pode seguir qualquer espécie de procedimento previsto no NCPC, a depender da causa de pedir e
do pedido em jogo. Normalmente, segue o rito comum, mas pode processar-se por procedimento especial
(por exemplo, uma ACP de reintegração de posse).
• Para viabilizar a participação dos demais colegitimados (art. 5°, §2°, LACP), o juiz deve determinar a
publicação de um edital no órgão oficial (art. 94, CDC).
✓ A ausência de publicação do edital, contudo, não constitui nulidade apta a ensejar a extinção da
ACP.
• Tutelas provisórias
✓ Art. 12, LACP: possibilidade de concessão de mandados liminares, com ou sem justificação
prévia.
✓ As liminares na ACP devem ser lidas de acordo com o regime do NCPC:
➢ Tutela de urgência
Tutela a) Cautelar
provisória b) Antecipada
➢ Tutela de evidência: não depende de periculum in mora, só fumus boni iuris;
✓ Quando requerida a tutela antecipada, mas juridicamente impossível a tutela
específica, é licito ao juiz deferir, de oficio, liminar diversa da requerida pelo autor, para determinar
providencias que assegurem o resultado prático equivalente;
✓ Todas podem ser concedidas em sede de ACP.
✓ Fator de restrição às tutelas provisórias em ACP é o art. 16 – limites territoriais.
INCONSTITUCIONAL
✓ Oitiva prévia dos representantes judiciais da Fazenda Pública (art. 2° da Lei 8.437/92)
▪ “No MS e na ACP, a liminar será concedida, quando cabível, após a audiência do
representante judicial da pessoa jurídica de direito público, que deverá se pronunciar
no prazo de 72 horas”. Declarado inconstitucional pelo Supremo na lei de MS.
▪ Aplica-se somente às PJ de direito público.
▪ Em regra, se for desrespeitado, acarreta a nulidade da tutela.
▪ Todavia, a norma poderá ser excepcionada quando, no caso concreto, verificar-se que
seu atendimento geraria risco de dano irreparável ou de difícil reparação aos bens
que se pretende tutelar na ação (STF já se pronunciou nesse sentido).
✓ Meios de impugnação das tutelas provisórias
▪ Recurso = agravo de instrumento
▪ Ação exauriente contra tutela antecipada estabilizada;
▪ Pedido de suspensão da execução da liminar = suspensão de segurança
➢ Não tem natureza jurídica de recurso.
➢ Trata-se de incidente processual, dirigido ao Presidente do Tribunal a que competir
o julgamento do recurso contra a liminar.
• Desistência e abandono
✓ Se QUALQUER colegitimado desistir infundadamente (princípio da disponibilidade motivada da
ação coletiva) ou abandonar o processo, o MP, por força do princípio da obrigatoriedade, deverá
assumir o polo ativo. Masson entende que se o MP pode desistir fundamentadamente, pode
também deixar de assumir o polo ativo em caso de desistência ou de abandono, desde que o faça
fundamentadamente.
✓ A regra é outra para os demais colegitimados: eles PODERÃO.
✓ O MP só poderá desistir fundamentadamente. Se o juiz discordar, pode remeter ao CSMP.
✓ Nessa linha, o STJ já evitou a extinção de ACP por vício de representação da associação autora,
aplicando, por analogia, a regra que manda o MP assumir o polo ativo.
✓ Cabe reconvenção em ACP? Tema polêmico, mas entende-se que NÃO!
▪ Na maior parte das ACPs, o autor é substituto processual e legitimado a atuar nessa
condição apenas no polo ativo.
▪ Não obstante a inovação trazida pelo art. 343, §5°, do NCPC (“Se o autor for substituto
processual, o reconvinte deverá afirmar ser titular de direito em face do substituído, e a
reconvenção deverá ser proposta em face do autor, também na qualidade de substituto
processual”), entende-se que ela não se aplica à ACP, pois nela apenas se admite a
substituição no polo ativo.
▪ Masson conclui: “por ora, cremos só seja admissível a reconvenção em face do substituto
processual coletivo em casos excepcionais” (ex: sindicatos em dissídios coletivos ou em
ações p/ coibir exercício abusivo do direito de greve) Quando possam substituir os titulares
de direitos materiais em ações coletivas passivas.
▪ DIDIER defende a possibilidade;
Resolução amigável dos conflitos
FORMAS DE SOLUÇÃO CONSENSUAL:
• Recomendação: instrumento de atuação extrajudicial do MP. Persuadir o destinatário a praticar ou deixar
de praticar determinados atos. Resolução 164/2017 do CNMP;
o Instrumento de prevenção de responsabilidades ou correção de condutas.
o Pode ser expedida no bojo de um IC, procedimento preparatório ou procedimento administrativo;
o Caso não exista nenhum procedimento, só é admitida a expedição em caso de urgência.
o Preventiva ou corretiva; preliminar ou corretiva; Dirigida a qualquer pessoa física ou jurídica, de
direito público ou privado;
o PGJ – autoridades a quem compete enviar correspondências e comunicações envia a
recomendação. Não cabe a chefia valorar o conteúdo.
o Não possui caráter coercitivo;
• NEGOCIAÇÃO: controvérsias em que o MP possa atuar como parte na defesa dos direitos e interesses da
sociedade; Resolução 118/2014 do CNMP
• MEDIAÇÃO, CONCILIAÇÃO E PRATICAS RESTAURATIVAS: Aqui o MP, muito embora não possa ser
parte na defesa dos direitos em disputa, cumpre-lhe de algum modo intervir para auxiliar na resolução
pacífica da controvérsia.
o Mediação: envolvam relações jurídicas nas quais seja importante a direta e voluntária ação de
ambas as partes;
o Conciliação: situações em que seja necessária uma intervenção maior do membro do MP, do
servidor ou do voluntário;
o Praticas restaurativas: recomendadas como mecanismos de reparação ou minoração de dano bem
como a reintegração do infrator e harmonização social.
o Convenções processuais → art. 190 do CPC;
Autocomposição extrajudicial: o COMPROMISSO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA: acordos extrajudiciais
versando sobre interesses metaindividuais; Resolução 179/2017
• Previsão legal
✓ Art. 211, ECA: introdução no ordenamento.
✓ Art. 5°, § 6°, LACP: acrescentando pelo art. 113 do CDC;
✓ Lei 12.529/2011: compromisso de cessação da pratica sob investigação ou dos seus efeitos lesivos;
• Legitimação: apenas os órgãos públicos legitimados.
✓ SEM e EP podem celebrar? 2 correntes:
a. NÃO – não possuem personalidade jurídica de direito público.
b. DEPENDE
➢ Se prestadoras de serviço público: SIM
➢ Se exploradoras de atividade econômica: NÃO
✓ Associação de direito privado – recente decisão do STF
A associação privada autora de uma ação civil pública pode fazer transação com o réu e pedir a extinção do processo,
nos termos do art. 487, III, “b”, do CPC. O art. 5º, § 6º da Lei nº 7.347/85 (Lei da Ação Civil Pública) prevê que os
órgãos públicos podem fazer acordos nas ações civis públicas em curso, não mencionando as associações privadas.
Apesar disso, a ausência de disposição normativa expressa no que concerne a associações privadas não
afasta a viabilidade do acordo. Isso porque a existência de previsão explícita unicamente quanto aos entes
públicos diz respeito ao fato de que somente podem fazer o que a lei determina, ao passo que aos entes
privados é dado fazer tudo que a lei não proíbe. STF. Plenário. ADPF 165/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski,
julgado em 1º/3/2018 (Info 892).
• Ainda que apenas parte dos colegitimados possam celebrar TAC, TODOS eles podem executar o TAC
celebrado pelo órgão público. IMPORTANTE: se ninguém executar, o MP é obrigado a executar o TAC
celebrado, desde que o objeto esteja entre suas funções institucionais (princípio da obrigatoriedade).
• Natureza jurídica – trata-se de transação? Há controvérsia:
✓ SIM, embora não seja possível fazer concessões quanto ao direito material, mas apenas quanto ao
modo, tempo e lugar do cumprimento da obrigação.
✓ NÃO, pelo CC (arts. 840, 841), transação é forma de resolução de litígios em que há concessões
mútuas, o que não pode ocorrer na esfera dos interesses transindividuais. Aqui, há quem considere
uma espécie de acordo e outros que consideram um ato administrativo negocial;
✓ Resolução 179/2017: NEGÓCIO JURÍDICO.
➔ O STJ já admitiu, excepcionalmente, transação envolvendo direitos difusos, quando impossível a recondução ao
status quo ante.
• Objeto
✓ O tomador do compromisso não pode abdicar, ainda que parcialmente, do seu conteúdo (desmatou
9 ha e o compromisso se limita a 8).
✓ O compromisso deve ser formulado de maneira a fixar apenas o modo, o lugar e o tempo no qual
o dano ao interesse transindividual deve ser reparado, ou a ameaça afastada, na sua
integralidade.
✓ O TAC é um sucedâneo da ACP. Logo, a reparação financeira deve ser destinada ao fundo do art.
13 da LACP, não podendo, por exemplo, ser convertida em obrigação de natureza diversa (STJ já
decidiu pela nulidade de obrigação consubstanciada na entrega de computador a órgão ambiental).
• Cominações
✓ Têm natureza cominatória (de estímulo ao cumprimento das obrigações pactuadas), e não
compensatória.
Súmula 23 do CSMP-SP: A multa fixada em compromisso de ajustamento não deve ter caráter
compensatório, e sim cominatório, pois nas obrigações de fazer ou não fazer normalmente mais
interessa o cumprimento da obrigação pelo próprio devedor que o correspondente econômico.
✓ Pode assumir qualquer espécie:
▪ Multa diária ou multa a cada vez que se repete o inadimplemento;
▪ Obrigação de fazer;
▪ Obrigação de não fazer.
✓ Se acordo não prevê, nada impede que o juiz venha fixá-la quando o título lhe é apresentado para
execução.
• Compromisso de ajustamento de conduta tomado em IC ou em procedimento preparatório
✓ Entende-se que o MP só pode celebrar TAC no bojo de um IC ou de um procedimento preparatório.
✓ Firmado o TAC, dois caminhos podem se seguir (a depender da lei de cada MP)
▪ No MPF, o TAC já é executável desde logo, ficando o IC ou PPIC suspenso.
▪ No MPSP e no MPBA, o procedimento é o seguinte: partes celebram TAC → Promotor
promove arquivamento do IC ou do PPIC → CSMP analisa se o TAC é adequado → Autos
retornam ao Promotor, para que intime o compromissário a dar início ao cumprimento das
obrigações.
• Compromisso de ajustamento de conduta preliminar: abriga soluções parciais ou provisórias
• Complementação, impugnação e novação do compromisso
✓ Decorrem do fato de que o colegitimado não é titular do bem jurídico, mas apenas seu “portador
adequado”.
✓ Portanto, qualquer colegitimado (mesmo o que celebrou o acordo) pode buscar sua
complementação e/ou impugnação, quando o título for incompleto (suas cláusulas não protegem
a integralidade do bem jurídico) ou contiver vício insanável, por duas vias:
▪ Celebração de novo termo por qualquer órgão público legitimado;
▪ Propositura de ACP por qualquer colegitimado (STJ já reconheceu essa possibilidade).
Autocomposição judicial
• Não há previsão legal que reserve apenas aos órgãos públicos a legitimidade para celebrar autocomposição
judicial sobre interesses judiciais. Isso porque...
✓ O MP participa em toda ação coletiva;
✓ Há controle judicial, podendo o juiz deixar de homologar o acordo incompleto ou viciado.
• Mesmo que não faça parte do processo, o colegitimado pode refutar o acordo celebrado em juízo.
• Até mesmo o cidadão (em caso de ACP cujo pedido poderia ter sido formulado em AP) e o indivíduo lesado
(em caso de ACP que veicule interesse individual homogêneo), não se conformando com os termos do
acordo judicial, podem interpor recurso de terceiro prejudicado (art. 996, NCPC).
Sentença, meios de impugnação e coisa julgada
7.1.Sentença
• A ACP permite diversas espécies de sentenças (declaratórias, constitutivas e condenatórias). Entre elas,
destacam-se as sentenças condenatórias em obrigações de fazer, não fazer e/ou pagar.
• Obrigações de fazer ou não fazer
✓ 84, CDC: em ação que tenha por objeto obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela
específica da obrigação. O que é tutela específica?
▪ Aquela que mantém intacta a esfera jurídica do autor (tutela preventiva).
▪ Aquela que restitui com exatidão à situação existente antes do dano ou do ilícito (tutela
repressiva).
▪ Aquela que provê exatamente a prestação contemplada no contrato (tutela específica da
obrigação inadimplida).
✓ Ordem a ser observada pelo juiz (e pelos legitimados na hora de efetuar os pedidos):
▪ 1º) Tutela específica
▪ 2º) Resultado prático equivalente
➢ Quando a tutela específica não foi tecnicamente possível.
➢ Quando houver meio de entregar ao autor um resultado equivalente, com menos
restrições à esfera jurídica do réu (autor pede interdição da indústria poluidora,
mas os exames periciais comprovam que um sistema de tratamento de efluentes
é plenamente eficaz).
➢ Em matéria ambiental, fala-se em compensação ambiental (compensação
ecológica) OBS: só quando a recomposição do bem (tutela específica) for
tecnicamente inviável.
▪ 3°) Pagamento do equivalente em pecúnia
• Obrigação de pagar
✓ Existe em duas hipóteses
▪ Impossibilidade da tutela específica ou da que assegura resultado prático equivalente.
▪ Quando a própria tutela específica for de obrigação de pagar.
✓ No caso de direitos difusos e coletivos, a sentença fixa o valor da condenação, bem como seu
destinatário. Tem-se, assim, sentença condenatória específica.
▪ Direitos difusos: vai para um fundo federal ou estadual de reconstituição dos direitos
difusos violados. EXCEÇÃO: Caso de lesão ao erário, o valor é destinado ao patrimônio
da respectiva fazenda pública.
✓ No caso de direitos individuais homogêneos, a sentença é condenatória genérica.
7.2. Impugnação
✓ Recursos
▪ Na falta de normas especiais, os recursos serão regidos subsidiariamente pelas regras gerais do
NCPC.
▪ Logo, aplicam-se as regras sobre prazo em dobro (que, relembre-se, inclui o MP).
▪ Quanto aos efeitos, a LACP traz norma específica (art. 14):
➢ a regra é o recebimento dos recursos apenas no efeito devolutivo,
➢ mas o juiz poderá conferir efeito suspensivo, p/ evitar dano irreparável.
▪ Vale lembrar que o ECA traz regramento bem peculiar.
✓ Reexame necessário: STJ aplica tratamento da LAP (art. 19).
▪ STJ não aplica em casos de direitos individuais homogêneos, pois são acidentalmente
coletivos;
✓ Regramento do ECA: a) recursos independem de preparo; b) prazo para interpor e responder apelação é
de 10 dias; c)recursos tem preferencia de julgamento e dispensam revisor (Idosos também); d) juiz pode
exercer juízo de retratação não somente em agravos, como também em qualquer apelação.
✓ Pedido de suspensão da execução da sentença não transitada em julgado: incidente processual, art.
4º, §1º, da Lei n. 8.437/1992, visa obstar a execução de sentenças não transitadas em julgado proferidas
em ACP contra o Poder Público. Não visa reforma do mérito, simplesmente quer evitar sua execução
provisória;
7.3. Coisa julgada
• Esquema legal
Interesses Interesses Interesses individuais
difusos coletivos homogêneos
Coisa julgada Coisa julgada Coisa julgada erga omnes
Procedência
erga omnes ultra partes
Improcedência Coisa julgada Coisa julgada ➔ Há coisa julgada
por pretensão erga omnes ultra partes • p/ colegitimados,
infundada • p/ ações coletivas
Improcedência Não há coisa Não há coisa ➔ O lesado pode ajuizar demanda
por julgada julgada individual, desde que não tenha se
insuficiência de valido da faculdade do 94, CDC.
provas
Coisa julgada material é secundum Coisa julgada material é secundum
eventum litis: depende de ser a eventum litis (não é secundum
sentença favorável (procedência) ou eventum probationis). Mesmo a
desfavorável (improcedência) ao improcedência por pretensão
Regime da
autor. infundada (c/ esgotamento de
coisa julgada
Coisa julgada material é, ainda, provas) não afeta o direito de as
(Masson)
secundum eventum probationis, vítimas buscarem sua tutela
mas SOMENTE NOS CASOS DE mediante ações individuais. Ou
IMPROCEDÊNCIA. seja, no caso de improcedência, por
qualquer fundamento que seja, não
há coisa julgada erga omnes.

• Transporte in utilibus da coisa julgada: é a possibilidade de aproveitar os efeitos de uma sentença


transitada em julgado em favor de uma pretensão que não fora deduzida no mesmo processo,
bastando, para tanto, que o titular da pretensão a invoque, proceda à sua liquidação e à execução
do respectivo crédito. Pode decorrer de sentença cível ou de sentença penal.
✓ Transporte in utilibus da coisa julgada cível (§ 3° do art. 103, CDC): “[...] mas, se
procedente o pedido (da ação coletiva), beneficiarão as vítimas e seus sucessores, que
poderão proceder à liquidação e à execução, nos termos dos arts. 96 a 99. Sobre esse
artigo, existem 2 posições doutrinárias:
▪ Visão progressista (majoritária): admite que o § 3° inovou em relação ao CPC,
de modo que, mesmo sem haver sido feito pedido explícito em relação aos direitos
individuais homogêneos, os titulares desses direitos se beneficiarão da coisa
julgada de sentenças em ações sobre direitos difusos e coletivos: eles poderão,
diretamente, promover a liquidação e execução da sentença no que toca à sua
pretensão individual, necessitando comprovar, tão somente, que foram atingidos
pela situação fática descrita na decisão e qual a extensão do seu prejuízo individual.
▪ Visão conservadora (Mazzilli): o § 3° citado não inovou em relação ao regime da
coisa julgada do CPC. Logo não há falar-se em transporte in utilibus da coisa
julgada.
✓ Transporte in utilibus da coisa julgada penal (art. 103, §4°, CDC). O § 4° prevê que o
transporte in utilibus aplica-se à sentença penal condenatória. Duas observações são
importantes:
▪ O transporte somente se dá in utilibus, ou seja, apenas se a sentença penal foi
condenatória (no regime do NCPC – art. 935 – a coisa julgada penal pode
eventualmente prejudicar as vítimas, impedindo que elas rediscutam o fato na
esfera cível).
▪ O sistema do CDC somente se aplica a crimes praticados contra a coletividade
abstratamente considerada. Já as sentenças pertinentes aos delitos contra vítimas
determinadas submetem-se às regras gerais ditadas pelo art. 91, I, do CP; art. 515,
VI, do NCPC; arts. 63 e 387, IV, do CPP; e art. 1525 do CC.
Trânsito em julgado da sentença coletiva Não poderá propor ação individual, como já tem
antes de proposta a ação individual título executivo em seu favor, falta-lhe interesse
processual.
Ação individual e ação coletiva em Para poder se beneficiar da coisa julgada
andamento coletiva, deve pedir a suspensão de sua ação
no prazo de 30 dias a contar da ciência da
existência da ação coletiva.
OBS: jurisprudência tem admitido a suspensão
das ações individuais de ofício.
Trânsito em julgado da sentença individual O autor da ação individual não será beneficiado
antes da sentença coletiva pela coisa julgada coletiva sob pena de
violação à coisa julgada da sentença individual.

• Limites territoriais e subjetivos da coisa julgada (art. 16, LACP)


Art. 16. A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator,
exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá
intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova.
✓ Críticas
▪ Confusão conceitual: amplitude da coisa julgada ≠ competência
▪ Ineficácia
➢ Natureza indivisível dos interesses essencialmente coletivos, de modo que os
efeitos da sentença alcançarão os titulares de tais direitos onde quer que residam.
➢ Art. 16 da LACP é incompatível com o tratamento dos interesses individuais
homogêneos do CDC (para eles, a coisa julgada é secundum eventum litis).
➢ Em razão da competência territorial dada pelo art. 93, II, do CDC, nos casos de
danos de âmbito regional ou nacional.
▪ Inconstitucionalidade
➢ Violação ao princípio do devido processo legal substantivo (razoabilidade e
proporcionalidade): o Presidente da República, visando restringir a eficácia de ações
costumeiramente frequentadas pela Fazenda Pública e até mesmo por ele, deu azo
a sentenças judiciais conflitantes, desprezou, a um só tempo, o princípio da
igualdade e o princípio da segurança jurídica, e, ao fragmentar a tutela dos
direitos transindividuais em várias ações coletivas, agiu em detrimento do princípio
da economia processual, que havia sido aprimorado pelo microssistema
resultante da integração CDC + LACP.
✓ Entendimento do STJ
▪ Inicialmente, prevaleceu o entendimento de que a sentença, na ACP em prol de interesses
individuais e homogêneos, nos termos do art. 16 da LACP, faz coisa julgada apenas nos
limites da competência territorial do órgão prolator.
▪ A posição atual do STJ é a de que a eficácia das decisões proferidas em ACP não deve ficar
limitada ao território da competência do órgão jurisdicional que prolatou a decisão.

[...] 4. A res iudicata nas Ações Coletivas é ampla, em razão mesmo da existência da multiplicidade de
indivíduos concretamente lesados de forma difusa e indivisível, não havendo que confundir competência do
juiz que profere a sentença com o alcance e os efeitos decorrentes da coisa julgada coletiva.
5. Limitar os efeitos da coisa julgada coletiva seria um mitigar exdrúxulo da efetividade de decisão judicial
em Ação Coletiva. Mais ainda: reduzir a eficácia de tal decisão à "extensão" territorial do órgão prolator seria
confusão atécnica dos institutos que balizam os critérios de competência adotados em nossos diplomas
processuais, mormente quando - por força do normativo de regência do Mandado de Segurança (hígido neste
ponto) - a fixação do Juízo se dá (deu) em razão da pessoa que praticou o ato (ratione personae).
6. Por força do que dispõem o Código de Defesa do Consumidor e a Lei da Ação Civil Pública sobre a tutela coletiva,
sufragados pela Lei do Mandado de Segurança (art. 22), impõe-se a interpretação sistemática do art. 2º-A da Lei
9.494/1997, de forma a prevalecer o entendimento de que a abrangência da coisa julgada é determinada pelo pedido,
pelas pessoas afetadas, e de que a imutabilidade dos efeitos que uma sentença coletiva produz deriva de seu trânsito
em julgado, e não da competência do órgão jurisdicional que a proferiu.
7. Há que se respeitar, ainda, o disposto no REsp 1.243.887/PR representativo de controvérsia, porquanto naquele
julgado já se vaticinara a interpretação a ser conferida ao art. 16 da Lei da Ação Civil Pública (alterado pelo art. 2º-A
da Lei 9.494/1997), de modo a harmonizá-lo com os demais preceitos legais aplicáveis ao tema, em especial às
regras de tutela coletiva previstas no Código de Defesa do Consumidor [...].
9. Recurso Especial não conhecido. (REsp 1746416/PR, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA,
julgado em 16/08/2018, DJe 13/11/2018).

OBS. Art. 2°-A da Lei 9.494/97. Ação coletiva proposta por entidade
associativa. O STJ continua exigindo que a lista de associados seja anexada
à petição inicial, não para limitar territorialmente os efeitos da sentença, mas
para delimitar seus efeitos subjetivos, porque aqueles que se associarem
STF: passou a afastar das ACP a posteriormente ao ajuizamento da ação não terão direito a se beneficiar da
incidência do art. 2º-A da Lei 9.494/1997, tal dispositivo será aplicável somente às ações coletivas de rito ordinário,
sentença.
cuja legitimação ativa tem natureza de representação, mas não às ACP que se dá, diversamente, substituição
processual. RE 612.043
✓ 2021: DECISÃO DO STF: I - É inconstitucional o art. 16 da Lei nº 7.347/85, alterada pela Lei nº 9.494/97. II
- Em se tratando de ação civil pública de efeitos nacionais ou regionais, a competência deve observar
o art. 93, II, da Lei nº 8.078/90 (CDC). III - Ajuizadas múltiplas ações civis públicas de âmbito nacional ou
regional, firma-se a prevenção do juízo que primeiro conheceu de uma delas, para o julgamento de
todas as demandas conexas. STF. Plenário. RE 1101937/SP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
7/4/2021 (Repercussão Geral – Tema 1075) (Info 1012).
▪ Principais argumentos: 1) proteção constitucional dos interesses difusos e coletivos – CF
ampliou essa proteção, prevendo instrumento para sua efetividade; 2) Lei nº 9.494/97
representa retrocesso na proteção dos interesses difusos e coletivos; 3) grave prejuízo a
isonomia e a efetividade da prestação jurisdicional.

8. Liquidação e execução de sentenças


8.1. Direitos difusos e coletivos
• Legitimidade:
✓ Autor (“poderá”). Se for o MP, deverá.
✓ Se qualquer outro autor não executar, qualquer outro colegitimado poderá e o MP deverá (princípio
da obrigatoriedade da execução coletiva pelo MP)
• Competência
✓ Art. 516, NCPC: o mesmo juízo da ação de conhecimento.
• Procedimento – depende da espécie de obrigação a ser cumprida
✓ Obrigação de fazer/não fazer
▪ Meios sub-rogatórios: próprio PJ atua (execução direta). Ex: remoção de coisas.
▪ Medidas coercitivas: objetivo é compelir o executado a cumprir a obrigação (execução
indireta). Ex: sanções pecuniárias.
Observações:
➢ Juiz pode impor multa de ofício.
➢ Poderá também modificar seu valor ou periodicidade, assim como excluí-
la.
➢ A despeito das disposições da LACP, ECA e EI, Masson entende que a
multa fixada liminarmente ou na sentença, com o advento do NCPC, passou
a ser exigível imediatamente.
✓ Obrigação de entrega de coisa: seguirá o disposto no art. 538 do NCPC.
✓ Obrigação de pagar
▪ Contra particulares: art. 523/527 do NCPC.
▪ Contra a Fazenda Pública: regime de precatórios.
8.2. Direitos individuais homogêneos
• Diferentemente do que se dá nas execuções de obrigações de fazer ou não fazer em prol de direitos difusos,
eventuais multas diárias incidentes nas execuções individuais não revertem ao fundo de direitos difusos, mas
sim às próprias vítimas.
• Na liquidação de sentenças coletivas que geram a obrigação de indenizar os titulares de direitos individuais
homogêneos lesados, os interessados (vítimas ou sucessores) devem comprovar (liquidação imprópria, na
expressão de Dinamarco):
✓ sua própria condição de vítima do evento reconhecido na sentença;
✓ quantum debeatur.
• Legitimidade
✓ Vítima e seus sucessores;
✓ Legitimados “coletivos” do art. 82. ATENÇÃO: MP não possui legitimidade, núcleo de
homogeneidade que justifica sua atuação é circunscrito ao primeiro momento para formação da
sentença genérica – STJ → sua competência irá ressurgir no caso de não habilitação de credores
suficientes, para o fluid recovery.
• Competência
✓ Juízo da condenação;
✓ Juízo da liquidação da sentença = domicílio do autor, numa analogia com o art. 101, I, do CDC.
• Fluid recovery
✓ Quando nem todos os créditos individuais chegam a ser executados, não ocorre a habilitação de
interessados em número compatível com a gravidade do dano. Nessa hipótese, haverá um resíduo,
resultante da diferença entre o somatório global dos prejuízos individuais causados pelo réu
e o somatório dos créditos individuais efetivamente executados. Nessa hipótese, o causador
do dano será obrigado a pagar por tal resíduo.
✓ Em vez de ser destinado aos lesados, tal valor reverterá ao fundo de reconstituição dos direitos
difusos, criado pela LACP. Por tal razão, diz-se que tal reparação é fluida, no sentido de que não
se reverte concreta e individualmente às vítimas, favorecendo-as fluida e difusamente, pela
geração de um benefício a um bem conexo aos seus interesses individuais lesados.
✓ O prazo de 1 ano se inicia com o trânsito em julgado da sentença condenatória. O ideal, portanto, é
que publique-se um edital, em analogia ao art. 91 do CDC (interessante que o autor peça isso na
inicial).
✓ O prazo anual não se confunde com o prazo prescricional das pretensões individuais: enquanto não
transcorrido o prazo prescricional de sua pretensão individual, a vítima poderá promover
individualmente a liquidação e execução de seu crédito.
✓ E se, após o pagamento da indenização a título de fluid recovery, aparecerem mais vítimas sobrando
pretensões individuais? O autor do dano seria obrigado a pagar mais que o valor do dano
globalmente considerado? Não há previsão legal que solucione esse impasse, mas recomenda-se
que os autores dessas execuções supervenientes postulem o pagamento de seus créditos por meio
do fundo de reparação de direitos difusos.
9. Considerações finais
9.1. O Ministério Público como fiscal da lei
• Quando não propuser a ação, o MP deverá obrigatoriamente intervir como fiscal da lei (princípio da
obrigatoriedade).
• Nessa condição, não compete ao MP a tutela do autor ou do réu, independentemente de quem forem, mas,
isto sim, a defesa dos interesses a que a instituição está constitucionalmente vinculada.
• Caso o MP deixe de ser intimado, a nulidade do processo obedecerá a regra do art. 279 do NCPC.
• A propósito, veja-se alguns entendimentos do STJ:
✓ Desde que intimado, a recusa justificada da intervenção ministerial não gera nulidade;
✓ Não haverá nulidade se, a despeito da ausência de intimação do MP em 1° grau, seu órgão de
segunda instância foi intimado e se manifestou;
✓ Só haverá nulidade no caso de prejuízo ao interesse que incumbia ao MP proteger.
✓ O NCPC substituiu a expressão fiscal da lei por fiscal da ordem jurídica.
9.2. Não adiantamento das custas e despesas processuais (18, LACP; 87, CDC)
• O MP autor da ACP não é obrigado a antecipar honorários periciais, imputando-se tal obrigação à respectiva
Fazenda Pública (STJ). OBS: STF tem uma decisão monocrática do Min. Ricardo, aplicando a sistemática
do CPC, ou seja, o MP paga sua perícia.
9.3. Ônus da sucumbência
• A regra nas ACPs só difere no caso de improcedência da ação.
• Embora os dispositivos somente se refiram à “associação autora”, o STJ tem entendimento no sentido de
que a regra aplica-se aos demais colegitimados (inclusive o MP!), quando autores.
9.4. Oposição
• Não é possível a incidência da oposição no processo coletivo, por não ser possível aos autores das ACP
defenderem direito alheio em nome próprio no polo passivo de uma relação processual.

AÇÃO POPULAR
Considerações iniciais
• Instrumento de democracia participativa (art. 1º, parágrafo único, CF);
• Controle dos atos da administração;
• Mecanismo de tutela de interesses transindividuais: permite impugnar atos lesivos a bens difusos: patrimônio
público, moralidade administrativa e meio ambiente;
• Rito aplicável: procedimento comum com adaptações da LAP e do microssistema;
Condições da ação
Legitimidade ad causam
• Legitimidade ativa
o Cidadão – prova com titulo eleitoral;
o Não se resume ao município em que é eleitor;
o MPSP: A questão do meio ambiente: conceito amplo de cidadão englobando os estrangeiros;
o Não dispensa a capacidade postulatória
o Natureza jurídica da legitimidade ativa do cidadão:
▪ Legitimação extraordinária: defesa de direito alheio em nome próprio. Dominante;
▪ Legitimação ordinária: José Afonso da Silva, o cidadão é titular;
o Concorrente e disjuntiva;
o Representatividade adequada ope legis: lei e constituição;
o PJ não tem legitimidade para AP;
• Legitimidade passiva
Art. 6º A ação será proposta contra as pessoas públicas ou privadas e as entidades referidas no art. 1º, contra as
autoridades, funcionários ou administradores que houverem autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato
impugnado, ou que, por omissas, tiverem dado oportunidade à lesão, e contra os beneficiários diretos do mesmo.
§ 1º Se não houver benefício direto do ato lesivo, ou se for ele indeterminado ou desconhecido, a ação será
proposta somente contra as outras pessoas indicadas neste artigo.
§ 2º No caso de que trata o inciso II, item "b", do art. 4º, quando o valor real do bem for inferior ao da avaliação,
citar-se-ão como réus, além das pessoas públicas ou privadas e entidades referidas no art. 1º, apenas os
responsáveis pela avaliação inexata e os beneficiários da mesma.
Quem deve ser citado numa ação popular?
Entidades do art. 1º, cujo patrimônio seja
lesado ou ameaçado de lesão pelo ato
impugnado.
Agente(s) público(s) (autoridade, administrador,
funcionário) ligados a tal entidade, e que, com
sua conduta ativa, materializam o ato lesivo ao
patrimônio publico, moralidade administrativa e
meio ambiente, salvo no caso do art. 4º, II, b,
Responsáveis pelo ato (conduta ativa)
quando a responsabilidade for exclusiva do
avaliador.
Qualquer outra pessoa física ou jurídica que
com sua conduta ativa, dá causa a ato lesivo ao
meio ambiente ou á moralidade administrativa;
Agente(s) público(s) (autoridade, administrador,
funcionário) que com sua conduta omissiva,
materializam o ato lesivo ao patrimônio publico,
moralidade administrativa, salvo no caso do art.
4º, II, b, quando a responsabilidade for exclusiva
Responsáveis pela lesão (conduta omissiva)
do avaliador.
Qualquer outra pessoa física ou jurídica que
com sua conduta omissiva, dá causa a ato
lesivo ao meio ambiente ou á moralidade
administrativa;
Beneficiários diretos Aqueles a quem o responsável pelo ato visa
favorecer;

E quanto ao litisconsórcio passivo, temos as seguintes características:


Inicialmente necessário (mas
No que se refere ao pedido
Unitário não necessariamente
invalidatório
definitivo)
Facultativo (e, uma vez
No que se refere ao pedido incialmente formado, não
Simples
condenatório necessariamente será
definitivo).

Interesse Processual
• Quando o autor tem necessidade de buscar um provimento jurisdicional para concretizar sua pretensão, e
desde que haja adequação entre o pedido por ele deduzido e a pretensão a ser satisfeita;
• Indispensável a existência, no mínimo, de um ato capaz de gerar o dano;
• Ato invalidado pela administração:
o Se foi anulado mas a decisão administrativa que anulou não determinou que o responsável
providencie a reconstituição do patrimônio a AP deve continuar;
o Se foi revogado, aplica o anterior, desde que o ato também tenha sido ilegal, exceto no dano contra
o meio ambiente que não reclama a ilegalidade do ato;
Elementos da ação
Partes
Vide acima;
Causa de Pedir
• Ato que se pretende invalidar;
• Sua lesividade;
• LAP divide os atos por ela invalidáveis em nulos e anuláveis:
o Nulos: além de lesivos ao patrimônio público incorrem em algum dos seguintes defeitos:
▪ Incompetência;
▪ Vicio de forma;
▪ Ilegalidade do objeto;
▪ Inexistência de motivos;
▪ Desvio de finalidade
▪ Art. 4º, LAP: Lesividade presumida;
o Anuláveis: regras do direito privado;
▪ Lesivos ao patrimônio público;
▪ Vícios que os tornem invalidáveis;
o Dissenso quanto à necessária ilegalidade do ato:
▪ 1 corrente: atos devem ser lesivos e ilegais, art. 5º, LXXIII, CF, menciona ato lesivo;
Contrariedade a lei em sentido amplo, não somente alegar a violação ao p. da moralidade
administrativa;
▪ 2 corrente: ilegalidade já não é pressuposto necessário á ação popular, no caso da
moralidade administrativa e meio ambiente, basta que os atos sejam lesivos a tais
interesses, STJ:
➢ Cumprimento do p. da moralidade é dever do administrador e direito do cidadão;
➢ Moralidade administrativa tem nível constitucional;
➢ Ação popular defende interesses não só de ordem patrimonial como também de
ordem moral e cívica;
➢ O móvel da ação popular não é apenas restabelecer a legalidade, mas também
punir ou reprimir a imoralidade;
o Lesividade do ato é necessário!
Pedido
• Objeto imediato: é o provimento jurisdicional postulado na ação;
o toda AP deve ter por pedido a invalidação de um ato;
o Efetiva ocorrência do dano é dispensável;
o Admite-se pedido:
▪ declaratório de nulidade ou desconstitutivo (anulatório) em caráter preventivo, cumulado
com pedido de obrigação de fazer ou não fazer;
▪ Caso já haja dano: pedido condenatório cumulado com:
➢ Invalidação do ato + condenação em obrigação de fazer/não fazer; ou até mesmo
entregar coisa certa;
o Atos sindicáveis:
▪ Ato administrativo unilateral ou bilateral;
➢ Possuam forma de norma podem ser, exceto de forem lei em sentido formal ou
material;
➢ Atos judiciais: só atípicos;
➢ Atos administrativos discricionários? Controvertido.
• Objeto mediato
o Patrimônio público x erário: LAP usa o termo em sentido amplo
COMPETÊNCIA
• Verificar inicialmente se a competência não é de algum tribunal;
• Competência originária do STF:
o Ações em que todos os membros da magistratura sejam partes ou interessados;
o Mais da metade dos membros do tribunal estiverem impedidas;
• Competência do STJ: não se vislumbra;
• Justiças Especiais:
o Militar: só ações penais;
o Eleitoral: causas relativas ao processo eleitoral podem ter;
o Justiça trabalhista: possível;
• Justiça Federal:
o Qualidade dos interessados: União, autarquias, Empresas Públicas Federais;
o STJ: a competência da JF não compete processar e julgar ação popular, qualificando entre os réus
sociedade de economia mista não mencionada entre as entidades públicas albergadas nas
disposições do art. 109, I, da CF;
• Não há foro por prerrogativa de função na LAP;
CONEXÃO, CONTINÊNCIA E LITISPENDÊNCIA
• É possível haver entre ações populares e entre estas e ações civis públicas;
• Marco temporal da prevenção: propositura da primeira ação;
• Possível conexão entre AP e MS coletivo; continência e litispendência é discutível;
• Seria possível a reunião dessas ações?
o Algumas decisões a favor e contra;
PROVA
• Prova documental – regras específicas:
o Certidão e informações: 15 dias
▪ Negativa: interesse público devidamente justificado;
• Crime do art. 8º da LAP:
o Não fornecimento das certidões, informações, fotocópias de documentos;
PARTICULARIDADES PROCEDIMENTAIS
• Liminares:
o Possibilidade de suspensão liminar do ato lesivo (art. 5º, §1º, LAP);
o Aplicação subsidiárias do CPC;
o OBS: não se aplica as limitações das Leis 8.437/92 e 9.494/97 que incidem sobre as liminares na
CP e no MS coletivo;
▪ Liminar pode ser concedida sem audiência prévia da fazenda pública;
▪ Não estão limitadas á competência territorial do órgão prolator;
▪ Possibilidade de “suspensão de segurança” – sustar a exequibilidade das liminares
proferidas em face do poder público;
• Requisição de documentos e certidões
• Citação dos beneficiários e responsáveis
o LAP prevê a possibilidade de citação por edital dos beneficiários;
▪ 1ª Corrente: só é aplicável nas hipóteses do art. 256, CPC, ou seja, se o réu for
desconhecido e incerto ou estiver em local incerto;
▪ 2ª Corrente: mera opção a escolha do autor, STJ.
o Pode haver citação posterior, mesmo depois do saneamento do processo, desde que antes da
prolação da sentença;
• Prazo para contestar: 20 dias prorrogáveis por mais 20;
o Não há prazo em dobro para a fazenda;
• Possíveis atitudes para a entidade cujo ato é impugnado:
o Contestar o pedido - preservação do ato;
o Abster-se de contestar o pedido;
o Atuar ao lado do autor – considerando o ato lesivo ou ilegal; Depende de manifestação expressa.
o Correntes sobre a natureza jurídica da atuação da fazenda pública:
▪ Assistência simples;
▪ Assistência litisconsorcial;
• Demais peculiaridades:
o Não há incompatibilidade, a priori, com a denunciação da lide;
o Admite-se amicus curiae;
o Não é cabível reconvenção;
ATUAÇÃO DO MP
• Intimação obrigatória;
• Hely Lopes: parte pública autônoma;
• Fiscal da lei:
o Primar por que sejam observadas as normas processuais de ordem pública;
o Atingimento dos fins da ação popular;
o Atual perfil constitucional do MP: não pode impedi-lo de posicionar-se pela improcedência da ação;
• Órgão ativador da prova e auxiliar do autor popular
• Sucessor do autor – art. 9º, LAP;
o Autor desiste ou abandona;
• Outras funções:
o Recorrer nas decisões contrarias ao autor;
o Execução obrigatória da sentença;
SENTENÇA, MEIOS DE IMPUGNAÇÃO E COISA JULGADA
• Obedecem as regras do CPC;
• P. da congruência – exceção trazida pela LAP:
o Pedido condenatório implícito (perdas e danos) art. 11, LAP;
• Extinção do processo ou improcedência: reexame necessário;
• Pedido de suspensão de execução de sentença;
• Coisa julgada
o Coisa julgada material secundum eventum litis;
LIQUIDAÇÃO E EXECUÇÃO DE SENTENÇAS
• Capitulo invalidatório – cunho satisfativo;
• Capitulo condenatório – precisa ser liquidada se for ilíquida;
o Juiz competente: mesmo que decidiu a causa;
o Legitimidade: autor, terceiros e MP (passado 60 dias);
o Possibilidade de execução provisória após a publicação da condenação de segunda instancia;
Considerações Finais
• Pagamento de custas e preparo ao final;
• Réu tem que pagar custas e demais despesas;
• Lide manifestamente temerária: décuplo das custas (autor);
• Prazo: 5 anos;
o Dano ambiental: imprescritível;
• Prescrição da execução da sentença condenatória:
o 1 – se sujeita a prescrição nos termos da sumula 150 do STF;
o 2 – Especificamente no que se refere ao direito ao ressarcimento ao erário é imprescritível;

URBANÍSTICO
URBANÍSTICO
Regularização fundiária → 3 dimensões:
➢ Dimensão Urbanística: investimentos necessários para melhoria das condições de vida da população;
➢ Dimensão jurídica: instrumentos que possibilitam a aquisição da propriedade nas áreas privadas e
reconhecimento da posse nas áreas públicas;
➢ Dimensão registraria: atribuir eficácia para todos os efeitos civis;
Usucapião em loteamento irregular: Pode! Direito de propriedade declarado pela sentença (dimensão jurídica) não
se confunde com a certificação e publicidade que emerge do registro *dimensão registraria) ou com a regularidade
urbanística da ocupação levada a efeito (dimensão urbanística); STF: preenchidos os requisitos do art. 183 da
Constituição Federal, o reconhecimento do direito à usucapião especial urbana não pode ser obstado por
legislação infraconstitucional que estabeleça módulos urbanos na respectiva área em que situado o imóvel (dimensão
do lote).
LEI DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
DEFESA DO PATRIMÔNIO PÚBLICO
➢ Convenção Interamericana contra a corrupção (1996)
➢ Convenção sobre combate da corrupção de funcionários públicos estrangeiros em transações comerciais
internacionais (1997) → principal influência para a Lei n. 12.846/13 (LAE);
➢ Convenção das Nações Unidas contra a corrupção (Convenção de Mérida de 2003) → os estados partes
podem adotar medidas mais restritas → VEDAÇÃO AO RETROCESSO → Ratificada pelo Brasil em 2006;

DEFESA DA PROBIDADE COMO UM DIREITO FUNDAMENTAL → decorre da CF/88 → Efeito: convenções


internacionais com status supralegal;
➢ Principio Republicano (art. 1º, caput, da CF);
➢ Princípio Democrático (art. 1º, parágrafo único);
➢ De seus fundamentos (incisos do art. 1º);
➢ Dos objetivos fundamentais da república (art. 3º, I a IV);
➢ Prevalência dos Direitos Humanos e defesa da paz (art. 4, I e VI);
➢ Demais princípios constitucionais e administrativos previstos no art. 37, caput.
Democracia real → aquela que concretiza na vida do cidadão os direitos fundamentais. A antítese da democracia é
a corrupção;

CONVENÇÃO DE MÉRIDA → art. 65 → piso mínimo para punição dos atos de corrupção → principio da vedação
ao retrocesso;

COMBATE A CORRUPÇÃO NA CF/88:


➢ Art. 5º, LXXIII → AÇÃO POPULAR;
➢ Art. 14, §9º → Inelegibilidades;
➢ Art. 15, V → PERDA/SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS;
➢ Art. 37, §4º → mandamento constitucional de defesa da probidade;
➢ Art. 85, V → crimes de responsabilidade;
➢ Art. 129, III → MP como guardião da probidade administrativa;
➢ Princípio estruturante implícito → princípio da anticorrupção;

IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
➢ Art. 37, §4º, da CF → Lei 8.429/92;
➢ Conceito: é a deslealdade, desonestidade, má conduta, desvio moral; é o ato desonesto no trato com a coisa
pública;
➢ Bens Jurídicos tutelados pela LIA: Moralidade administrativa e patrimônio público;
➢ Conceito amplo de patrimônio público;

SUJEITO PASSIVO
➢ Administração pública direta e indireta;
➢ Entes privados que recebam subvenção, benefício ou incentivo fiscal ou creditício;
➢ Entes Privados: ou para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra no seu patrimônio ou
receita anual;
ATENÇÃO: a) LIA só incide se houver ofensa ao patrimônio da entidade; b) sanção patrimonial se limita à
repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos; c) demais sanções do art. 12 são aplicáveis
normalmente, o legislador só limitou a sanção patrimonial; OBS: Só incide a LIA se tiver lesão ao patrimônio público,
se for só ofensa a principio da administração, sem lesão, não incide.
➢ Concessionárias? Na concessão comum NÃO;
➢ PPP → NÃO;
➢ Consórcios → SIM;
➢ Conselhos de fiscalização → SIM, contribuição tem natureza parafiscal (tributária), exceto OAB;

SUJEITO ATIVO
➢ Agentes públicos;
➢ Particular: PF ou PJ que recebe recursos públicos por meio de convenio, contrato de repasse ou ajuste
administrativo equivalente;
➢ Art. 3º → norma de extensão para “pegar” o particular; → esse terceiro particular tem que agir de modo
doloso;
➢ E o beneficiário → pela atual redação só responde aquele que concorre ou induz;
ATENÇÃO: Professor Landolfo defende uma interpretação lógico sistemática. Interpretar esse art. 3º em
conformidade com o art. 17-C, VI, da LIA;
➢ Mitigação da responsabilidade de sócios, cotistas, diretores e colaboradores de PJ de direito privado → se
ele tiver concorrido para a prática do ato ímprobo e se beneficiado diretamente;

➢ Aplicação da LIA aos agentes políticos → STF → exceto o PR, todos estão sujeitos a duplo regime
sancionatório;
➢ Não alcança a PJ na hipótese em que a conduta também configurar ato lesivo à administração pública;
Revogação tácita do art. 30, I, da LAE;

NOVO ELEMENTO SUBJETIVO DO ATO DE IMPROBIDADE


Como regra, o infrator só responde por ações dolosas → Em todos os tipos.
OBS: Elemento subjetivo especial do tipo no art. 11 → norma geral, aplicável a todos → fim de obter proveito ou
benefício indevido para si ou para outra pessoa ou entidade → deve ser detalhadamente descrito na petição inicial;
➢ Regra Geral: as normas de extensão do art. 11, §1º da LIA abrange todos os atos de improbidade
administrativa previstos na LIA e em leis especiais;
➢ Exceção: os tipos de improbidade que já apresentarem elemento subjetivo especial não são alcançados por
essa regra geral, ex. art. 11, VI.

PRINCIPIOS CONSTITUCIONAIS DO DIREITO ADMINISTRATIVO SANCIONADOR


➢ Ônus probatório do MP mais gravoso → provar dolo + elemento específico;
➢ A unidade do jus puniendi do Estado → transposição de garantias penais para o direito administrativo
sancionador;
➢ Quais: legalidade, retroatividade da norma mais benéfica, individualização da pena, personalidade,
proporcionalidade, razoabilidade, isonomia, ne bis in idem, garantia da não auto-imputação de ilícitos, devido
processo legal, contraditório, ampla defesa, presunção de inocência e inadmissibilidade das provas ilícitas;
➢ STJ já aplicou a retroatividade da norma mais benéfica no âmbito do D.A.S (direito administrativo
sancionador);
As normas benéficas da LIA serão aplicadas retroativamente? A doutrina se divide
1ª Corrente: SIM → retroatividade da norma mais favorável é principio constitucional implícito do D.A.S., com
incidência determinada expressamente pela LIA (art. 1º, §4º);
2ª Corrente: NÃO → art. 5º, XXXVI (direito adquirido, ato jurídico perfeito e coisa julgada); Art. 6º da LINDB →
respeito ao ato jurídico perfeito, direito adquirido;
Tema submetido à repercussão geral no STF;

MODALIDADES DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA


➢ Enriquecimento ilícito → rol exemplificativo;
➢ Prejuízo ao erário → rol exemplificativo;
➢ Ofensa aos princípios da administração pública → rol taxativo;

OBS: a técnica legislativa era descrição genérica no caput + rol exemplificativo nos incisos, permanece assim só no
art. 9 e 10;
TENTATIVA → antes era enquadrada no art. 11, hoje não pode mais. Será levada em consideração a não
consumação na aplicação da sanção pelo juiz, como critério de dosimetria;

ENRIQUECIMENTO ILÍCITO → elementos essenciais


➢ Percepção de vantagem patrimonial;
➢ Ilicitude dessa vantagem;
➢ Conduta dolosa do agente público;
➢ Nexo causal entre o exercício funcional e a vantagem indevida;
➢ Fim de obter proveito ou benefício indevido para si ou para outra pessoa ou entidade;
➢ Inciso VII → há presunção legal de enriquecimento ilícito? 1C – Não (a LIA não prevê inversão do ônus
da prova; principio da presunção de inocência); 2C – Sim (presume-se a inidoneidade do agente público;
essa presunção é relativa; a evolução desproporcional do patrimônio é de aplicação residual; relativa
autonomia entre os incisos e o caput do art. 9, da LIA – STJ);

ATOS LESIVOS AO ERÁRIO → art. 10


➢ Tutela o patrimônio público em sentido amplo (1 corrente); Patrimônio público em sentido estrito (2 corrente
– parcela econômica);
➢ Perda patrimonial;
➢ Conduta dolosa;
➢ Nexo de causalidade entre o exercício funcional e a perda patrimonial;
➢ Elemento subjetivo especial do tipo; OBS: em alguns incisos, é inerente à própria conduta;

ATOS QUE ATENTAM CONTRA OS PRINCÍPIOS DA ADM. PÚBLICA


➢ Fechamento do rol do art. 11;
➢ Uma parte da doutrina está defendendo a inconstitucionalidade desse fechamento;
➢ Conduta dolosa do agente público;
➢ Violação dos princípios da adm. Pública a partir de uma das condutas descritas nos incisos do art. 11;
➢ Nexo causal entre o exercício funcional e a violação dos princípios;
➢ Elemento subjetivo especial;
➢ Norma residual;
➢ Lesividade relevante ao bem jurídico tutelado;
Fraude a licitação: com prejuízo ao erário (art. 10, VIII); sem dano (art. 11, V.);
OBS: Tema 1108 STJ: Contratação de servidor temporário sem concurso público. Lei local. Autorização. Dolo.
Afastamento.
Não se pode confundir improbidade com simples ilegalidade, porquanto a improbidade é ilegalidade tipificada e
qualificada pelo elemento subjetivo da conduta do agente, sendo indispensável para sua caracterização o dolo, para
a tipificação das práticas descritas nos arts. 9º e 11 da Lei n. 8.429/1992, ou que, pelo menos, seja essa conduta
eivada de culpa grave (AIA 30/AM, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, Corte Especial, DJe 28/09/2011). Tal
entendimento recebeu tratamento especial - e mais restritivo - quando da recente alteração da Lei n. 8.429/1992 pela
Lei n. 14.230/2021, que estabeleceu o dolo específico como requisito para a caracterização do ato de
improbidade administrativa, ex vi do seu art. 1º, §§ 2º e 3º, sendo necessário aferir a especial intenção desonesta
do agente de violar o bem jurídico tutelado. Antiga lei contentava com o dolo genérico, agora necessário o dolo
específico, com especial fim de agir;

REGIME SANCIONATÓRIO
➢ Art. 37, §4º, CF;
➢ Art. 12 da LIA;
➢ Só poderão ser executadas em caráter definitivo;
➢ A questão do dano moral → STJ entendia que poderia, se preenchido os requisitos: a)desprestígio causado
à entidade pública; b) sentimento de desapreço que afeta negativamente toda a coletividade (dano moral
coletivo); PÓS REFORMA: 1C – não cabe dano moral coletivo (revogação do art. 5º; nova redação do art.
12 só fala em dano patrimonial; natureza exclusivamente repressiva da LIA); 2C – Cabe dano moral coletivo
(aplicação do microssistema da tutela coletiva; tramitando a LIA sob o rito ordinário do CPC, não haveria
óbides para cumulação de pedidos numa mesma demanda);
➢ Transmissão aos herdeiros → somente reparação do dano e perdimento dos bens e valores. NÃO transmite
mais a multa civil.
NOVO REGIME PRESCRICIONAL
➢ Prazo único: 8 anos. Termo de início: a) ocorrência do fato ou b) dia que cessou o ilícito (infrações
permanentes);
➢ E no caso de continuidade delitiva LIA não traz solução, aplica a LAE, art. 25 → cessação da continuidade;
➢ Pontos positivos: uniformidade do prazo prescricional;
➢ Pontos negativos: dificulta o acesso à justiça; quebra do padrão das normas do microssistema; vai na
contramão da jurisprudência do STJ (vinha aplicando a actio nata subjetiva nas ações de improbidade);
➢ SUSPENSÃO DO PRAZO: instauração de inquérito civil ou PA do art. 14 da LIA → máximo 180 dias corridos;
pausa o prazo, recomeça de onde parou;

➢ IC para investigar improbidade: 365 dias prorrogável 1 vez;


➢ INTERRUPÇÃO DO PRAZO: art. 23, §4º.
➢ PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE: interrompida a prescrição, recomeça com a contagem pela metade.
Exame de constitucionalidade (acesso à justiça, proteção insuficiente e retrocesso); Parte da doutrina aponta
que sua incidência depende de desídia do autor. Regra processual → tempus regit actum; não aplica
retroativa, art. 14 do CPC;
➢ Imprescritibilidade da pretensão de ressarcimento ao erário: art. 37, §5º, CF + STF, STJ e doutrina
majoritária; STF restringiu em RG → ato doloso tipificado na LIA; Prescritível a reparação de danos à fazenda
pública decorrente de ilícito civil (STF);
PRETENSÃO DE RESSARCIMENTO DE DANO AO ERÁRIO - STF
Tipo de Ilícito Pretensão Ressarcitória Norma aplicável Precedente
Ilícito civil comum Prescritível Art. 206, §3º, V, CC RE 669.069
Ato doloso de Imprescritível Art. 37, §5º, CF RE 852.475
Improbidade
Irregularidade Prescritível Art. 40 da lei 6.830/80 RE 636.868
reconhecida por decisão c/c art. 174 do CTN
TC

Art. 19 da LIA – Crime de representação caluniosa → Landolfo defende que se encontra revogado desde 2020 pela
alteração no art. 339 do CP;
ATENTE:

MEDIDAS CAUTELARES NA LIA – alterações profundas


Atualmente permanece: indisponibilidade de bens (art. 16) e afastamento do agente público (art. 20, p.ú.); É possível
aplicação de outras medidas cautelares? Sim, art. 17, §6º-A, da LIA + 301 do CPC (P. da atipicidade);
➢ Legitimados: MP; PJ interessada → STF Medida cautelar na ADI 7.042/DF interpretação conforme do art.
17, caput, §§6º-A e 10-C, da LIA, legitimidade da PJ interessada (não é razoável a exclusão da fazenda
pública; fere o p. da vedação ao retrocesso no combate à corrupção);
➢ Momento: antecedente ou incidental;
Indisponibilidade dos bens – art. 16
➢ Natureza jurídica: Tutela de urgência (superação da tese do STJ de que se tratava de tutela de evidência);
MP deve provar a urgência e o perigo de demora;
➢ Pressupostos: fumus boni iuris e periculum in mora;
Teoria dos vasos comunicantes nas tutelas de urgência: considera que os pressupostos à concessão de tutela
de urgência (fumus boni iuris e periculum in mora) se comunicam. Quanto maior a probabilidade do direito, menor
será a exigência no que se diz respeito ao perigo na demora ou perigo de dano. Essa teoria é amplamente adotada
no processo civil.
➢ Dúvidas não há sobre o cabimento da indisponibilidade nos casos de enriquecimento ilícito ou lesão ao
erário, com objetivo de assegurar o futuro da sentença na recomposição do patrimônio público; Deve
observar a proporcionalidade;
➢ Cabe nos casos de violação aos princípios da administração? STJ entendia que sim, pois não visava apenas
a recomposição, mas todas as consequências financeiras, incluindo a multa civil. Nova Lei → não pode para
multa civil.
➢ Hipóteses de cabimento: 9 e 10 – SIM; art. 11 – NÃO;
➢ Limitação do valor; superação da jurisprudência de que haveria solidariedade;
➢ Limites materiais: valores até 40 S.M; Bem de família (exceto aquisição com valores de origem ilícita);
➢ Decisão que defere ou não a indisponibilidade: Agravo de instrumento;
➢ Ordem de preferência → doutrina critica;
Afastamento do agente público de suas funções
Requisitos: risco a instrução; iminente prática de novos ilícitos; Prazo: 90+90; apenas autoridade judicial;

AÇÃO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA


Art. 37, §4º da CF: positivação do p. da independência entre as instancias; natureza civil da ação de improbidade;
Problema → art. 17-D da LIA diz que não constitui ação civil. Interpretação conforme: ela é civil, mas não é ação civil
pública;
É uma espécie de ação coletiva?
➢ Pré reforma: sim, tutela interesse difuso → patrimônio público e moralidade administrativa; LIA defende
interesses transindividuais;
➢ Pós reforma: 2 entendimentos → 1C) DIDIER defende a tese de que não é; 2C) Continua sendo espécie de
ação coletiva;
Principais argumentos da PRIMEIRA CORRENTE: DIDIER → NÃO É MAIS ESPÉCIE DE AÇÃO COLETIVA:

Principais argumentos da SEGUNDA CORRENTE: CONTINUA ESPÉCIE DE AÇÃO COLETIVA → Gajardoni,


Daniel Assumpção, Zanetti: STF se inclina para essa segunda corrente, tendo citado na cautelar da ADI 7042;
Legitimidade ativa
➢ MP → extraordinária;
➢ PJ interessada MC ADI 7042 → viés punitivo (será legitimada extraordinária); quando buscar a reparação
dos danos será legitimada ordinária;
Legitimidade Passiva
➢ Agentes públicos
➢ Terceiros partícipes ou beneficiários do ato → Pessoa jurídica: somente se os atos não configurarem atos
lesivos à adm. publica com incidência da LAE; Não é litisconsórcio passivo necessário; Particular não pode
figurar sozinho no polo passivo (exceção: ANPC celebrado apenas com o agente público; provas
supervenientes; ação conexa);
➢ Sucessão processual: falecimento do agente improbo superveniente ao ajuizamento da ação; transmissíveis:
a) ressarcimento do dano; b) perdimento de bens;
Procedimento
➢ Excluída a fase de juízo de admissibilidade;
➢ Procedimento comum do CPC;
Competência
a) Competência de Jurisdição
➢ Eleitoral → não (art. 14, §10º, CF);
➢ Justiça do Trabalho → não (art. 114 da CF).
➢ Justiça Militar: da União → Não; Justiça Militar Estadual (art. 125, §4º, CF) → Sim, quando o ato de
improbidade decorrer de um ato disciplinar praticado por servidor militar estadual; dificilmente ocorre;
➢ Justiça Comum Federal na área cível: ratione personae → art. 109, I, da CF; Presença do MPF
automaticamente vai para JF? Divergência doutrinária. STF diz que inicialmente vai para JF e o juiz federal
vai avaliar se no caso concreto há interesse da União, simples presença do MPF não basta para a
permanência. STJ mesma linha, sumula 150. Incorporação ao patrimônio municipal de verba recebida
da União → 1C) Vai para JF, dever de prestar contas, aplica súmula 208 do STJ; 2C) Se o recurso já foi
incorporado ao município, não há dano à União, aplica a sumula 209 do STJ; 3C) legitimidade ativa
concorrente e disjuntiva do MPF e MPE, as sumulas 208 e 209 são de matéria penal, STJ entende.
Malversação ou desvio de verbas oriundas do FUNDEB → STF adotou uma distinção: esfera penal →
JF; esfera cível → i) quando não houver repasse de recursos federais a titulo de complementação, será a
justiça estadual; ii) quando houver repasse de recursos federais a título de complementação deve observar
a legitimidade concorrente do E/M/U; CONCLUSÃO: O MP Estadual sempre terá legitimidade para ajuizar
ação de improbidade administrativa em caso de desvio de recursos do FUNDEB;
b) Competência de Foro → Local do dano ou da PJ interessada. Art. 4º-A; OBS: Em caso de vários atos em vários
lugares do território o STJ entendeu coo competente o local alvo da maioria dos atos ímprobos, não aplicou a regra
do art. 93, II do CDC;
Petição Inicial
Indeferimento da PI → apelação, com efeito regressivo.
➢ Art. 330 do CPC; (sem resolver o mérito)
➢ Desatendimento dos requisitos do art. 17, §6º, I e II; (sem resolver o mérito)
➢ Manifesta inexistência do ato de improbidade (sentença definitiva);
Pedido
➢ Repressivo-punitiva: aplicando pena aos agentes ímprobos;
➢ Repressivo-reparatória: recomposição do patrimônio público lesado;
➢ É possível cumulação de outros pedidos de natureza diferente? 2 entendimentos: a) SIM, com base no art.
321, §1º, do CPC; b) NÃO, a AIA é exclusivamente sancionatória.
Citação e defesa do réu → 30 dias; Revelia → não gera presunção de veracidade;
Réplica: hipóteses → i) alegação de defesa de mérito indireta na contestação; ii) alegação de defesa preliminar; iii)
juntada de documentos;
Desconsideração da PJ: art. 17, §15 da LIA. Deve observar os requisitos legais.
Conversão da AIA em CP: reforça a tese de que a ação de improbidade integra o microssistema e da possibilidade
de cumulação de pedidos;
➢ Juízo de certeza quanto a atipicidade da conduta ou quanto a prescrição da pretensão punitiva;
➢ Juízo de dúvida sobre a existência de ilegalidades ou irregularidades a serem sanadas (demais pleitos);
Ônus da prova: estático; não se admite a distribuição dinâmica; possível pactuar a inversão do ônus? SIM, art. 17,
/=19º da LIA;
AUTOCOMPOSIÇÃO NA ESFERA DA IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
➢ Resolução 179/2017 do CNMP → primeira norma possibilitando; Requisitos: ressarcimento integral do dano
ao erário + aplicação de uma ou mais sanções;
ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO CÍVEL
➢ Lei 13.964/19: insere o ANPP no CPP e o ANPC na LIA → art. 17, §1º e §10-A (foi vetado) – Lei 14.230/2021
→ art. 17-B.
➢ Instrumentos de justiça negociada do Direito Sancionador → solução de conflitos por meio da
autocomposição;
➢ ANPP possui medidas alternativas que uma vez cumpridas impedem o ajuizamento da ação penal; o ANPC
é substitutivo, aceita a aplicação antecipada de sanção;
➢ Natureza jurídica: negócio jurídico material, mas também pode ostentar funcionalidades processuais;
➢ Não existe direito subjetivo ao ANPC – STJ;
➢ Não pode ser imposto ao agente improbo;
➢ Não se trata de instituto de direito premial, já que a IA não confere benefícios para aquele que o celebra;
Pressupostos do ANPC
 Reparação integral do dano;
 Perdimento dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio do agente;
 Confissão? Diálogo das fontes → art. 16, §1º, III, da LAE; art. 86, §1º, IV, Lei do CADE; Art. 28-A do CPP;
Landolfo defende como um pressuposto implícito;
 Aplicação de uma ou algumas sanções do art. 12;
 Interesse público;
Diretrizes básicas: adequada, justa e razoável (juízes do EUA – aprovação e revisão dos acordos coletivos nas Class
Actions):

Testes de fatores: parâmetros para a avaliação da resolutividade e da qualidade de atuação dos membros;
Procedimento:
➢ Oitiva do ente lesado → MP não fica vinculado;
➢ “Aprovação” do órgão de revisão ministerial em caso de ANPC extrajudicial → âmbito estadual: Conselho
Superior; âmbito federal: 5ª câmara de coordenação e revisão; Se aprovado no curso da AIA não exige essa
aprovação;
➢ Homologação judicial: SEMPRE, independente do momento da celebração.
➢ Oitiva do Tribunal de Contas: interpretada de acordo com a autonomia funcional do MP, apenas se o MP
precisar de auxilio para definição do valor do dano causado;
➢ Momento para celebração do ANPC: investigação, curso da ação ou no momento da execução da sentença;
STJ: É possível a homologação judicial de acordo de não persecução cível no âmbito da ação de improbidade
administrativa em fase recursal.
➢ Defesa técnica deve atuar desde as tratativas;
Descumprimento → impedido de celebrar novo acordo por 5 anos;
Objeto: pode incluir outras medidas em favor do interesse público; Todas as sanções do art. 12 podem ser pactuadas,
inclusive perda dos direitos políticos (não haverá renuncia ao direito fundamental por ser temporário);

Convenções Processuais: art. 190 do CPC + 15 e 17 da Res. 118/2017 do CNMP;

Legitimidade
➢ MP;
➢ PJ interessada? STF MC ADI 7042 – liminar omissa em relação a essa possibilidade;

SENTENÇA

Congruência: magistrado está adstrito ao pedido e a causa de pedir → art. 171 do CPC + art. 942;

ECA
LIÇÕES PRELIMINARES
➢ Pós-positivismo: leitura do OJ a partir da CF → art. 227; Absoluta prioridade;
➢ Código de menores; doutrina da situação irregular; crianças e adolescentes vistos como objeto de tutela;
➢ ECA: visão mais humana; doutrina da proteção integral (art. 1º); criança e adolescente como sujeito de
direito;
➢ Proteção integral; principio do melhor interesse da criança/adolescente; mecanismos voltados à tutela da
C/A;
➢ Absoluta prioridade; dever que recai sobre a família e poder público (art. 4º);
➢ Competência legislativa: concorrente, art. 24, XV, CF;

DIREITOS FUNDAMENTAIS
Dignidade da pessoa humana

Direito à vida e à saúde (art. 7 a 14)


Direito à liberdade, ao respeito e a dignidade (art. 15 a 18)
Direito à convivência familiar e comunitária (art. 19 a 52-D)
Direito a educação, cultura, ao esporte e ao lazer (art. 53 a 59)
Direito a profissionalização e a proteção no trabalho (art. 60 a 69)

Depoimento sem danos – Lei 13.431/2017


➢ Desdobramento da proteção integral;
➢ Rito cautelar: a) menor de 7 anos; b) em todos os casos de violência sexual;
Violência sob 4 aspectos:
Escuta especializada e depoimento especial → evitar a violência institucional;

POLÍTICA DE ATENDIMENTO: conjunto de medidas, ações e programas voltados ao atendimento de crianças e


adolescentes, sejam públicas ou privadas.
➢ Linhas de ações e diretrizes – art. 87 e 88; Municipalização do atendimento → entidades devem surgir no
âmbito municipal;
Entidades de Atendimento: governamentais ou não;
Governamentais Não governamentais
Presunção de idoneidade; Tem que registrar junto ao Conselho Municipal;
Inscrição do programa no conselho municipal; Autorização de funcionamento – 4 anos;
Inscrição do programa no conselho municipal;

➢ Programas de proteção → situação de risco;


➢ Colocação familiar → colocação em família substituta ou afastamentos transitórios; programa de
acolhimento familiar;
➢ Acolhimento institucional → aplicação de medidas de proteção (art. 101, VII);
Entidades de acolhimento institucional e familiar
➢ Princípios: art. 92;
➢ Crianças de 0 a 3 anos → atenção especial e diferenciada;
➢ Fiscalização: audiências concentradas, provimento 118/2021 do CNJ;
➢ Dirigente: guardião → múnus público;
Entidades voltadas à internação
➢ Obrigações: art. 94 → rol exemplificativo;
Fiscalização das entidades: Judiciário, MP e Conselhos Tutelares; acrescenta a DP;
Irregularidades: medidas aplicáveis a entidade (art. 97); providencias contra os dirigentes: advertência e multa (art.
193, §4º).
MEDIDAS DE PROTEÇÃO → crianças e adolescentes em situação de risco; providencias que visam salvaguardar
os direitos das crianças e dos adolescentes;
➢ Situação de risco: direitos ameaçados ou violados; Critério de fixação da competência da justiça da infância
e juventude;
➢ Agentes responsáveis: sociedade, Estado, pais, responsável, a própria criança/adolescente;
Princípios:

Medidas específicas de proteção – art. 101


Acolhimento
➢ Provisórias e excepcionais; visa reintegração familiar; local próximo a residência dos pais ou responsável;
➢ Esgotadas as possibilidades de reintegração → relatório ao MP para destituição do poder familiar, da tutela
ou guarda;
➢ Prazo máximo de permanência no programa é 18 meses; reavaliação no máximo a cada 3 meses;
➢ Decorre de decisão judicial; guia de acolhimento. Exceção: pode acolher, comunica ao juiz em 24h;

Pratica de ato infracional: direitos e garantias


➢ Tempo: momento da ação/omissão → Teoria da atividade;
➢ Aplicação de medida socioeducativa

➢ Internação provisória: 45 dias. STF e STJ → não pode ser prorrogado; STJ – só cabe se o ato praticado
couber internação;

Apuração de Ato infracional


Medidas socioeducativas → adolescente que comete ato infracional. Viés pedagógico.
➢ Típicas ou próprias: art. 112 I a VI;
➢ Atípicas ou impróprias: medidas de proteção aplicadas aqui;
➢ Cumulação → pode;
➢ Substituição → se for para mais grave tem que oportunizar defesa; Súmula 265 STJ; Tem que respeitar o
prazo de 3 meses do art. 122, §1º.
➢ Comprovação de autoria e materialidade; Exceções: remissão e advertência;
➢ Prescrição → súmula 338 do STJ; como faz o cálculo? Internação – 3 anos, tabela do CP → 3 prescreve
em 8, diminuído de metade por ser menor de 21 anos (art. 115 do CP) = 4 anos;
➢ P. da insignificância → aplica aos atos infracionais; possuir outros AI → STF e STJ afastam o benefício.
MODALIDADES
Advertência
➢ Admoestação verbal (art. 115); indícios de autoria + materialidade;
Reparação do dano
➢ Art. 116, adolescente ressarcir o prejuízo da vítima;
Prestação de serviços à comunidade
➢ Não é trabalho forçado; visa desenvolver o senso cívico;
Liberdade Assistida
➢ Acompanhado pela equipe interdisciplinar de uma entidade de atendimento → deve apresentar relatórios ao
juiz;
➢ Visa promover a cidadania e reinserção social;
➢ Prazo mínimo de 6 meses; não há prazo máximo →STJ – 3 anos, analogia ao tempo de internação, súmula
605;
Semiliberdade
➢ Priva e parte a liberdade; pode ser fixada desde o início ou como forma de transição para o meio aberto;
trabalho e estudo durante o dia e recolhimento noturno;
➢ Realização de atividades externas não depende de autorização judicial;
➢ Prazo → 3 anos (art. 121, §3º)
Internação
➢ Medida mais gravosa; cerceia a liberdade – art. 121;
➢ Está de acordo com instrumentos internacionais: Regras de Beijing e Regras Mínimas das Nações Unidas
para os jovens privados de liberdade → última instancia, caráter excepcional e mínima duração;
➢ Princípios: Brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento
(postulado da proteção integral – objetivo é ressocializar); STJ → proporcionalidade e atualidade (art. 100,
p.ú., VIII);
➢ Atividades externas → possível a critério da equipe técnica da entidade; saída temporária (art. 121, §1º);
➢ Internação provisória: deve ser computado no prazo de internação total;
➢ Prazo: ATENTE:

OBS: Praticou mais de 1 ato infracional → Divergência: 1C → unifica; 2C → não unifica;


➢ Hipóteses de aplicação: rol taxativo

- Ato cometido com Violência ou G.A → STJ – ainda que só tentado pode. Atente para súmula 492, STJ e 718
STF; Usuário de drogas – STF disse que não pode ser submetido a internação;
- Reiteração no cometimento de infrações graves:

- Descumprimento reiterado e injustificável da medida anteriormente imposta – regressão: prazo máximo de 3


meses (art. 122, §1º); Súmula 265 do STJ → contraditório; Lei do Sinase determina que a regressão deve ser
fundamentada em parecer técnico (art. 43, §4º, I); Possível busca e apreensão do adolescente não encontrado;
observar o devido processo legal;
Qual a consequência do descumprimento de medida socioeducativa imposta na remissão? STJ → a mesma do
descumprimento de medida imposta por sentença (regressão);

REMISSÃO
➢ OBS: Não cabe remissão no processo de execução! Limite → até a sentença;
➢ Remissão imprópria: com imposição de medida socioeducativa; Súmula 108 – aplicação de medidas
socioeducativas é exclusiva do juiz;
➢ Oferecida pelo MP → juiz discorda? Manda para o PGJ; juiz não pode modificar!
➢ Decisão que concede ou denega →apelação;

Medidas aplicáveis aos pais e responsáveis

Capítulo XIV – Conselho Tutelar

AMBIENTAL
AMBIENTAL

PRINCÍPIOS
A inversão do ônus da prova deve ser também admitida em caso de ação civil pública proposta pelo Ministério Público
pedindo a recomposição e/ou a reparação decorrente de degradação ambiental. Isso porque, por mais que o
Ministério Público não possa ser considerado hipossuficiente, ele atua em juízo como substituto processual e o titular
do direito (substituído) é a coletividade que, em se tratando de dano ambiental, é considerada hipossuficiente do
ponto de vista de conseguir produzir as provas (STJ, 2ª T., REsp 1.235.467).

PRINCIPIO DA VEDAÇÃO AO RETROCESSO AMBIENTAL:

RESPONSABILIDADE POR DANOS AMBIENTAIS


RESPONSABILIDADE CIVIL AMBIENTAL
TEORIA DO RISCO INTEGRAL é justificada pelo PRINCÍPIO DO POLUIDOR-PAGADOR → Os danos ambientais
são regidos pela teoria do risco integral, o que se justifica pelo princípio do poluidor-pagador e pela VOCAÇÃO
REDISTRIBUTIVA DO DIREITO AMBIENTAL. Art. 927 do Código Civil e art. 14, §1º, Lei 6.938/81. Evitar a
privatização dos lucros e socialização das perdas. TEMA 999 STF – Reparação dos danos ambientais é direito
fundamental indisponível e imprescritível.
Danos ambientais interinos e residuais:
Os danos interinos são danos que correspondem ao período durante o qual o ecossistema e a população ficaram e
ainda permanecerão privados de fruir plenamente dos serviços ecossistêmicos que eram prestados antes da
produção do dano. E os danos residuais são os danos que remanescem mesmo após as intervenções efetuadas
para restauração da área." ( Diretrizes para valoração de danos ambientais / Conselho Nacional do Ministério Público.
- Brasília: CNMP, 2021, p. 24)
RESPONSABILIDADE POR DANOS AMBIENTAIS
Responsabilidade CIVIL Responsabilidade Responsabilidade PENAL
ADMINISTRATIVA
Objetiva Subjetiva Subjetiva
§ 1º do art. 14 da Lei 6.938/81. Caput do art. 14 da Lei 6.938/81. É vedada a responsabilidade
penal objetiva.

A responsabilidade civil pelo dano ambiental, qualquer que seja a qualificação jurídica do degradador, público ou
privado, é de natureza objetiva, solidária e ilimitada, sendo regida pelos princípios poluidor-pagador, da reparação in
integrum, da prioridade da reparação in natura e do favor debilis, este último a legitimar uma série de técnicas de
facilitação do acesso à justiça, entre as quais se inclui a inversão do ônus da prova em favor da vítima ambiental.
STJ.
Os princípios POLUIDOR-PAGADOR, REPARAÇÃO IN INTEGRUM E PRIORIDADE DA REPARAÇÃO IN
NATURA E DO FAVOR DEBILIS são, por si sós, razões suficientes para legitimar a inversão do ônus da prova em
favor da vítima ambiental.
RESPONSABILIDADE CIVIL E PRINCIPIO DA INSIGNIFICANCIA → Inaplicável (STJ)
REQUISITOS PARA APLICAÇÃO: Consoante a jurisprudência do STF, para que possa ser aplicado o princípio da
insignificância, devem estar presentes, na análise do caso concreto: (A) MÍNIMA OFENSIVIDADE DA CONDUTA,
(B) NENHUMA PERICULOSIDADE SOCIAL DA AÇÃO, (c) REDUZIDO GRAU DE REPROVABILIDADE DO
COMPORTAMENTO e (d) INEXPRESSIVIDADE DA LESÃO JURÍDICA PROVOCADA.
Para o STJ, em se tratando de danos ambientais, não é possível falar em ínfima ofensividade ao bem jurídico
tutelado. Isso porque entende-se que TODA DEGRADAÇÃO, AINDA QUE PEQUENA, LESIONA O BEM
AMBIENTAL. Ademais, a Corte entende que a lesão à educação socioambiental afasta o requisito da mínima
lesividade da conduta. A incidência da responsabilidade civil não se esgota numa função meramente reparatória,
mas também pedagógica.
MEIO AMBIENTE COMO BEM DIFUSO: A característica do meio ambiente como bem difuso e essencial à
coletividade também obsta a aplicação do princípio da insignificância nas demandas de responsabilidade civil
ambiental. Fala-se aqui que o bem ambiental é imensurável. Daí, a violação da norma ambiental e do equilíbrio
sistêmico não comporta a ideia de inexpressividade da conduta, dado que o interesse protegido envolve toda a
sociedade.
PRINCÍPIOS DA PREVENÇÃO E PRECAUÇÃO: A defesa do meio ambiente no ordenamento jurídico brasileiro é
fundamentada nos princípios da prevenção e precaução. A função preventiva e precaucional, em matéria
ambiental, impõe que a responsabilidade civil tenha um papel condizente com a premissa constitucional
estabelecida pelo art. 225 da CF/88, segundo o qual é dever do Poder Público e da coletividade proteger e preservar
o direito para as presentes e futuras gerações. A ideia de se buscar prevenir todo e qualquer dano ambiental
não se coaduna com a postura de considerar um dano já experimentado como dispensável de reparação.
PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE: Conquanto a responsabilização civil pelo dano
ambiental não possa ser afastada, ela deve ser balizada pelos Princípios da Razoabilidade e Proporcionalidade.
Assim, em se tratando de lesão de pequena monta, ainda que permaneça a necessidade de responsabilização, esta
será temperada na dimensão quantitativa da indenização.
IMPORTANTE: Tanto o STF quanto o STJ têm admitido a incidência do princípio da insignificância no direito penal
ambiental.
STJ: É possível a aplicação do princípio da insignificância aos crimes ambientais, devendo ser analisadas as
circunstâncias específicas do caso concreto para se verificar a atipicidade da conduta em exame.

Tema IAC 13/STJ


Tese A) O direito de acesso à informação no Direito Ambiental brasileiro compreende: i) o dever de publicação,
na internet, dos documentos ambientais detidos pela Administração não sujeitos a sigilo (transparência ativa); ii) o
direito de qualquer pessoa e entidade de requerer acesso a informações ambientais específicas não publicadas
(transparência passiva); e iii) direito a requerer a produção de informação ambiental não disponível para a
Administração (transparência reativa)
Tese B) Presume-se a obrigação do Estado em favor da transparência ambiental, sendo ônus da Administração
justificar seu descumprimento, sempre sujeita a controle judicial, nos seguintes termos: i) na transparência ativa,
demonstrando razões administrativas adequadas para a opção de não publicar; ii) na transparência passiva, de
enquadramento da informação nas razões legais e taxativas de sigilo; e iii) na transparência ambiental reativa, da
irrazoabilidade da pretensão de produção da informação inexistente;
Tese C) O regime registral brasileiro admite a averbação de informações facultativas sobre o imóvel, de interesse
público, inclusive as ambientais;
Tese D) O Ministério Público pode requisitar diretamente ao oficial de registro competente a averbação de
informações alusivas a suas funções institucionais.
O acesso a informações públicas é um direito simultaneamente autônomo e funcional. Além de a prestação de contas
e controle do governo pela sociedade ser princípio básico das democracias, o direito de acesso viabiliza a
participação adequada da população na tomada de decisões coletivas e participação na coisa pública.
No regime de transparência brasileiro, vige o Princípio da Máxima Divulgação: a publicidade é regra, e o sigilo,
exceção.
Para não publicar a informação pública na internet, o Administrador deve demonstrar motivações concretas, de
caráter público e republicano, aptas a afastar a regra da transparência ativa.

DIREITO DO CONSUMIDOR
ASPECTOS GERAIS
Na constituição, há dois tratamentos: como direito fundamental (art. º, XXXII, CF) e como princípio da ordem
econômica (art. 170, V, CF). 3ª geração de direito fundamentais. O CDC não incide em contratos celebrados antes
de sua vigência, salvo nos contratos de execução diferida.
Características: Lei principiológica; Normas de ordem pública e interesse social; Microssistema Multidisciplinar.
Conceito de consumidor, duas correntes:
➢ Maximalista/ objetiva: considera consumidor o destinatário final fático (não importa a destinação econômica
do bem)
➢ Finalista/subjetiva: para ser consumidor, além de destinatário final fático, deve ser o destinatário jurídico (fim
à cadeia econômica do bem).
➢ Finalismo aprofundado/ mitigado : Adotada pelo STJ. Como regra, a jurisprudência adota a teoria finalista,
mas admite certa mitigação, se, no caso concreto, houver comprovada vulnerabilidade. (econômica/ jurídica/
técnica).
Cláudia Lima Marques elenca as principais vulnerabilidades:
➢ Vulnerabilidade econômica/ fática/real: grande poder econômico ou monopólio de uma das partes.
➢ Vulnerabilidade jurídica/ científica: falta de conhecimentos jurídicos/ de contabilidade, matemática
financeira/ economia.
➢ Vulnerabilidade técnica: ausência de conhecimento específicos sobre o produto ou serviço.
➢ Vulnerabilidade informacional: espécie de vulnerabilidade técnica. Valorização das informações na
sociedade atual.
Consumidor standard: o consumidor propriamente dito x consumidor bystandard

ÔNUS DA PROVA
CDC adotou a distribuição dinâmica;
MODIFICAÇÃO (prestações desproporcionais) x REVISÃO (fatos supervenientes que as tornam excessivamente
onerosas.

Classificação de fornecedor:
➢ Real: fabricante, produtor, construtor.
➢ Aparente: o detentor do nome, da marca colocado no produto. Risco da atividade.
➢ Presumido: importador do produto ou comerciante de produto anônimo.
➢ Equiparado: terceiro intermediário que atua frente ao consumidor.
➢ STJ: Sendo o terceiro mero patrocinador do evento, que não participou da sua organização e, assim, não
assumiu a garantia de segurança dos participantes, não pode ser enquadrado no conceito de “fornecedor”
para fins de responsabilização pelo acidente de consumo.
Aplicação do CDC:
➢ Aplica-se a entidade aberta de previdência complementar, não aplica a fechada;
➢ Aplica-se ao SFH, salvo se tiver cláusula de FCVS (fundo de compensação de variação salarial);
➢ Não se aplica aos contratos de plano de saúde administrados por entidade autogestão;
➢ Aplica-se aos empreendimentos habitacionais promovidos por sociedade cooperativa;
➢ Não se aplica a atividade notarial;
➢ Não se aplica ao DPVAT
Vulnerabilidade é atribuída a todo consumidor, trata-se de fenômeno de natureza material com presunção absoluta.
A hipossuficiência é fenômeno processual, que deverá ser analisado no caso concreto.
Hipervulnerabilidade expressão do ministro Antônio Herman Benjamin.
Funções da boa-fé objetiva: função de controle/ função integrativa (violação objetiva do contrato)/ função
interpretativa. Dever de cooperação/ lealdade e eticidade.
Contratos relacionais: criam relações jurídicas complexas de longa duração. Cláudia Limas marques denomina esses
contratos de “contratos cativos de longa duração”, pois tratam de relações contratuais que utilizam métodos de
contratação em massa, visando fornecer serviços essenciais no mercado, formada por fornecedores com uma
característica fundamental: a posição de catividade ou dependência dos consumidores”
Teoria do rompimento da base objetiva do NJ.
Possibilidade de inversão do ônus da prova em favor do MP: o consumidor do artigo 6 não pode ser entendido
apenas como parte processual, mas também como parte material.
LGPD: inversão do ônus da prova;
Diálogo das fontes → de Cláudia Lima marques (Erik Jaymes): nova técnica de soluções de antinomias;
➢ Diálogo sistemático de coerência: aplicação conjunta e simultânea, uma serve de base conceitual para a outra.
➢ Diálogo de complementariedade/ subsidiariedade: uma lei incide de forma complementar (direta) ou
subsidiária (indireta) a outra lei.
➢ Diálogo de reciprocidade: influência do sistema geral no especial e vice-versa.

Responsabilidade pelo FATO do produto e serviço


➢ Independentemente de culpa pela reparação dos danos causados a consumidores por DEFEITOS decorrentes
de produtos, bem como por INFORMAÇÕES INSUFICIENTES E INADEQUADAS sobre a utilização e riscos.
➢ Em demanda que trata sobre FATO do produto a inversão do ônus da prova decorre da lei;
➢ O CDC rompeu com o modelo BINÁRIO (contratual / extracontratual) não fazendo distinção entre
reponsabilidade contratual e responsabilidade aquilina;
➢ Teoria adotada é a teoria do RISCO DA ATIVIDADE;
Exclusão: teoria do risco mitigado;
Responsabilidade do comerciante
Somente será responsabilizado se:
a) o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser
identificados, ou
Fato do produto
b) o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante,
produtor, construtor ou importador, ou
c) não conservar adequadamente os produtos perecíveis.
CDC não faz qualquer distinção entre os fornecedores, motivo pelo qual
Fato do serviço é uníssono o entendimento de que toda a cadeia produtiva é
solidariamente responsável.
Em se tratando de responsabilidade por VÍCIO, de acordo os arts. 18 e
ss. do CDC, há responsabilidade solidária entre todos os fornecedores,
Vício do produto ou serviço
inclusive o comerciante, pouco importando se tratar de vício do produto
ou do serviço.
O que fazer quando, a um só tempo, está diante de responsabilidade por vício do produto e fato do serviço? Há
responsabilidade solidária de todos os fornecedores;
FATO VÍCIO
Vício de segurança Vício de adequação
Produto/serviço capaz de ocasionar evento danoso: Produto/serviço não corresponde a expectativa
acidente de consumo; quanto ao uso/fruição: inadequados;
Incolumidade físico-psíquica Incolumidade econômica
Prejuízo extrínseco a bem Prejuízo intrínseco
Prescrição Decadência

Responsabilidade do hospital por erro médico


a) As obrigações assumidas diretamente pelo complexo hospitalar limitam-se ao fornecimento de recursos materiais e
humanos auxiliares adequados à prestação dos serviços médicos e à supervisão do paciente, hipótese em que a
responsabilidade objetiva da instituição (por ato próprio) surge somente em decorrência de defeito no serviço prestado.
Ex: estadia do paciente (internação e alimentação), instalações, equipamentos, serviços auxiliares (enfermagem,
exames, radiologia) etc.
b) os atos técnicos praticados pelos médicos, sem vínculo de emprego ou subordinação com o hospital, são
imputados ao profissional pessoalmente, eximindo-se a entidade hospitalar de qualquer responsabilidade (artigo 14, §
4º, do CDC); e
c) quanto aos atos técnicos praticados de forma defeituosa pelos profissionais da saúde vinculados de alguma
forma ao hospital, respondem solidariamente a instituição hospitalar e o profissional responsável, apurada a sua
culpa profissional. Nesse caso, o hospital é responsabilizado indiretamente por ato de terceiro, cuja culpa deve ser
comprovada pela vítima. Demonstrada a hipossuficiência do consumidor, é possível determinar a inversão do ônus da
prova (artigo 6º, inciso VIII, do CDC).
Teoria da responsabilidade subjetiva dos profissionais liberais – CDC;
ATENÇÃO: Na hipótese de responsabilidade civil de médicos pela morte de paciente em atendimento custeado
pelo SUS incidirá o prazo do art. 1º-C da Lei nº 9.494/97, segundo o qual prescreverá em cinco anos a pretensão de
obter indenização;
OBS: União não tem legitimidade passiva em demanda que envolve erro médico e SUS; De acordo com a Lei
8.080/90, a responsabilidade pela fiscalização dos hospitais credenciados ao SUS é do Município, a quem compete
responder em tais casos.
- A inobservância do dever de informar e de obter o consentimento informado do paciente viola o direito à
autodeterminação e caracteriza responsabilidade extracontratual;
Responsabilidade civil do médico em caso de cirurgia plástica:
➢ A obrigação nas cirurgias meramente estéticas é de resultado, comprometendo-se o médico com o efeito
embelezador prometido.
➢ Embora a obrigação seja de resultado, a responsabilidade do cirurgião plástico permanece subjetiva, com
inversão do ônus da prova (responsabilidade com culpa presumida) (não é responsabilidade objetiva).
➢ O caso fortuito e a força maior, apesar de não estarem expressamente previstos no CDC, podem ser invocados
como causas excludentes de responsabilidade.

Medicamentos – Defeito → responsabilidade; risco permitido → tolera riscos normais e previsíveis;


Medicamentos são produtos de periculosidade inerente: O fornecedor de um produto que possui uma
periculosidade inerente não responde objetivamente pelo simples fato de ter colocado o produto no mercado. Para que
ele responda, é necessário que tenha violado o dever jurídico de segurança, o que se dá com a fabricação e a
inserção no mercado de um produto defeituoso. Ainda que o medicamento tenha sido a causa da morte, só haverá
responsabilidade se ficar comprovado que o produto era defeituoso
➢ Defeito de concepção técnica: erro no projeto, utilização de material inadequado ou de componente
prejudicial à saúde ou à segurança do consumidor;
➢ Defeito de fabricação: falha na produção; ou
➢ Defeito de informação: prestação de informação insuficiente ou inadequada.
Teoria do risco do desenvolvimento: O risco do desenvolvimento, entendido como aquele que não podia ser
conhecido ou evitado no momento em que o medicamento foi colocado em circulação, constitui defeito existente desde
o momento da concepção do produto, embora não perceptível a priori. Trata-se, portanto, de hipótese de fortuito
interno, que não exclui o dever de indenizar.
Teoria do risco do empreendimento: No que tange à responsabilidade do fornecedor pelo chamado “acidente de
consumo”, cumpre esclarecer que o Código de Defesa do Consumidor acolheu a chamada “teoria do risco do
empreendimento” (ou risco da atividade), segundo a qual o fornecedor responde objetivamente (ou seja, independente
da demonstração de culpa) por todos os danos causados ao consumidor pelo produto ou serviço que se revele
defeituoso. Isso se justifica porque a atividade econômica é desenvolvida, precipuamente, em benefício do fornecedor,
de modo que ele deve arcar com os riscos que decorrem dessa atividade.
Jurisprudência:
 A importunação sexual no transporte de passageiros, cometida por pessoa estranha à empresa, configura fato
de terceiro, que rompe o nexo de causalidade entre o dano e o serviço prestado pela concessionária –
excluindo, para o transportador, o dever de indenizar.
 Súmula 595-STJ: As instituições de ensino superior respondem objetivamente pelos danos suportados pelo
aluno/consumidor pela realização de curso não reconhecido pelo Ministério da Educação, sobre o qual não
lhe tenha sido dada prévia e adequada informação.
 Qual é o prazo prescricional da ação de responsabilidade civil no caso de acidente aéreo em voo doméstico?5
anos, segundo entendimento do STJ, aplicando-se o CDC. Qual é o prazo prescricional da ação de
responsabilidade civil no caso de acidente aéreo em voo internacional?2 anos, com base no art. 29 da
Convenção de Varsóvia.
 A circunstância de o adquirente não levar o veículo para conserto, em atenção a RECALL, não isenta o
fabricante da obrigação de indenizar por incêndio de veículo automotor.
 O aparecimento de grave vício em revestimento (pisos e azulejos), quando já se encontrava devidamente
instalado na residência do consumidor, configura FATO DO PRODUTO, sendo, portanto, de 5 anos o prazo
prescricional da pretensão reparatória (art. 27 do CDC).
 O hospital que realiza transfusão de sangue observando todas as cautelas exigidas por lei não é responsável
pelo fato de o paciente ter sido contaminado com hepatite C, ainda que se considere que essa contaminação
ocorreu por conta do fenômeno da janela imunológica.

Responsabilidade por vício do produto ou serviço

Jurisprudência:
 STJ: Na hipótese de responsabilidade pelo vício, a substituição do produto "por outro da mesma espécie" -
prevista no inciso I, do §1°, do art. 18, do CDC - implica a substituição por outro produto novo na data da
substituição. Ocorrendo a alienação do produto viciado, a restituição da quantia paga prevista no inciso II do
§ 1º do artigo 18 do CDC, deverá corresponder à diferença entre o valor de um produto novo na data da
alienação a terceiros e o valor recebido nesta transação.
 Em caso de vício no veículo comprado, o banco no qual foi realizado o financiamento terá responsabilidade
civil e o contrato de arrendamento mercantil poderá ser rescindido? Se foi feito com um “banco de varejo”:
NÃO. Se foi feito com um “banco de montadora”: SIM.
 Prazo prescricional em caso de vício de qualidade e de quantidade em imóvel adquirido por consumidor: 10
anos.

Repetição de indébito na relação de consumo: pode aplicar o cc (demanda), se o caso não se enquadrar no CDC
(pagamento).
 No CDC, não exige má-fé do credor (cc exige). Não exige prova do prejuízo. Proteção constitucional do
consumidor.
Seguro coletivo de vida: obrigação de prestar informação aos segurados é do estipulante (empresa que contratou).
"dano moral coletivo" -, caracteriza-se pela prática de conduta antijurídica que, de forma absolutamente injusta e
intolerável, viola valores éticos essenciais da sociedade, implicando um dever de reparação, que tem por escopo
prevenir novas condutas antissociais (função dissuasória), punir o comportamento ilícito (função sancionatório-
pedagógica) e reverter, em favor da comunidade, o eventual proveito patrimonial obtido pelo ofensor (função
compensatória indireta). DANO IN RE IPSA, dispensando a demonstração de prejuízos concretos ou de efetivo abalo
moral.
DANO MORAL COLETIVO: compreendido como o resultado de uma lesão à esfera extrapatrimonial de determinada
comunidade, ocorre quando a conduta agride, de modo injusto e intolerável o ordenamento jurídico e os valores éticos
fundamentais da sociedade em si considerada, a provocar repulsa na consciência coletiva.
 Função clássica exercida pela responsabilidade civil é, sem dúvida, a reparatória (ou indenizatória), pela
qual se atribui à responsabilidade civil a função de garantir a reparação de um prejuízo material, sob a égide
do princípio da restitutio in integrum. Mas modernamente, sob inspiração do direito norte-americano,
outras funções podem ser desempenhadas pelo instituto. Dentre essas, avultam as chamadas funções
punitiva e dissuasória. Concretamente, porém, o caso em tela integra uma das hipóteses em que se tem
como razoável a invocação da função punitiva, pois representa situação em que os danos sociais são
superiores aos danos individuais. Isso porque individualmente os danos sofridos foram ridiculamente ínfimos.
Mas na sua globalidade, configuram um dano considerável. Tratando-se de fenômeno de massa e fraudes do
gênero só são intentadas justamente por causa disso (pequenas lesões a milhares ou milhões de
consumidores) a Justiça deve decidir levando em conta tal aspecto, e não somente a faceta individual do
problema.
Direito do consumidor não diferencia responsabilidade contratual da extracontrautual: Teoria unitária da
responsabilidade.
Correção monetária do dano moral: desde o arbitramento.
 Critérios avaliados no dano moral: grau de culpa do ofensor, gravidade da ofensa e situação econômica do
ofensor e do ofendido.
 Método bifásico do ministro Tarso Sanseverino: primeiro estipula o valor base (inicial) de acordo com os
precedentes (seguindo a justiça comutativa, em que trata igualitariamente casos semelhantes). Na segunda
fase, procede-se a fixação definitiva, ajustando o valor com base no caso concreto.

Teoria do desvio produtivo do consumidor. Indenização pela perda do tempo livre: trata-se de circunstancia
intolerável em que há desídia e desrespeito aos consumidores, que são compelidos a saírem de suas rotinas, perdendo
o seu tempo, para resolver problemas criados por atos ilícitos e condutas abusivas dos fornecedores. Situações que
fogem da normalidade.
STF: a convenção de Varsóvia e montreal, em razão do artigo 178 da CF, com prevalência sobre o CDC: A convenção
limitou só os danos materiais não limitou os danos morais.
STJ:
➢ PERICULOSIDADE INERENTE OU LATENTE: pertence ao próprio produto. Não dá ensejo, como regra, a
indenização: faca de cozinha. (Não há defeito). Medicamento que adverte na bula sobre possíveis riscos e
danos a serem causados. Periculosidade inerente. Não indenização ao consumidor. Mas deve ter informação.
➢ Periculosidade adquirida: tornam-se perigosos em razão de um defeito existente;
➢ Periculosidade exagerada: são produtos com periculosidade inerente, mas que a informação aos
consumidores não mitiga o risco. São defeituosos por ficção. Ex: brinquedo com possibilidade sufocamento
da criança.
Teoria do risco do negócio (da atividade): obrigação do fornecedor em comunicar aos consumidores e autoridade
sobre produtos perigosos introduzidos no mercado (RECALL) DEVER pós-contratual. O simples recall não gera dano
in re ipsa, é necessário comprovar o dano.
Fortuito interno: é fato que se liga à organização da empresa, inerente ao risco da atividade.
Fortuito externo: Assalto a mão armada no interior do ônibus. o STJ entende que o assalto à mão armada dentro de
estacionamentos em shoppings e bancos não configura caso fortuito externo.
 Concessionária de serviço público de transporte não tem responsabilidade civil em caso de assédio sexual
cometido por terceiro em suas dependências. A importunação sexual no transporte de passageiros, cometida
por pessoa estranha à empresa, configura fato de terceiro, que rompe o nexo de causalidade entre o dano e
o serviço prestado pela concessionária – excluindo, para o transportador, o dever de indenizar. O crime era
inevitável, quando muito previsível apenas em tese, de forma abstrativa, com alto grau de generalização. Por
mais que se saiba da possibilidade de sua ocorrência, não se sabe quando, nem onde, nem como e nem quem
o praticará.
Risco de desenvolvimento: É aquele que não se sabia quando da colocação do produto no mercado. Mas que
posteriormente, diante dos avanços científicos e técnicos é descoberto. A maioria da doutrina entende que não exclui
a responsabilidade.
Teoria da perda de uma chance: Responsabilidade decorrente da perda de uma oportunidade em obter uma
vantagem ou evitar um prejuízo. O ato ilícito retira da vítima a oportunidade em ter uma situação futura melhor. A
chance deve ser real e séria.
STJ: A previsão de solidariedade prevista no art. 25, §1º, do CDC deve ser interpretada restritivamente.
PLANO DE SAÚDE
➔ Cláusula que limita o tempo de internação hospitalar: abusiva;
➔ Cláusula que limita o tempo de atendimento ambulatorial: é válida.
➔ Nulidade de cláusula contratual com a consequente repetição do indébito: enriquecimento sem causa e, por
isso, o prazo prescricional é trienal, nos termos do art. 206, § 3º, IV, do Código Civil;
➔ É decenal o prazo prescricional aplicável para o exercício da pretensão de reembolso de despesas médico-
hospitalares;
➔ Medicamentos não autorizados pela ANVISA: não pode ser obrigado;
➔ Medicamento para uso off label: obriga a cobertura;
Atenção: Rol de procedimentos e eventos em saúde suplementar é taxativo? STJ, em regra sim! Resp. 1.886.929/SP
1 - O rol de Procedimentos e Eventos em Saúde Suplementar é, em regra, taxativo;
2 - A operadora de plano ou seguro de saúde não é obrigada a arcar com tratamento não constante do rol da ANS
se existe, para a cura do paciente, outro procedimento eficaz, efetivo e seguro já incorporado ao rol;
3 - É possível a contratação de cobertura ampliada ou a negociação de aditivo contratual para a cobertura de
procedimento extra rol;
4 - Não havendo substituto terapêutico ou esgotados os procedimentos do rol da ANS, pode haver, a título
excepcional, a cobertura do tratamento indicado pelo médico ou odontólogo assistente, desde que (i) não
tenha sido indeferido expressamente, pela ANS, a incorporação do procedimento ao rol da Saúde Suplementar;
(ii) haja comprovação da eficácia do tratamento à luz da medicina baseada em evidências; (iii) haja
recomendações de órgãos técnicos de renome nacionais (como CONITEC e NATJUS) e estrangeiros; e (iv) seja
realizado, quando possível, o diálogo interinstitucional do magistrado com entes ou pessoas com expertise
técnica na área da saúde, incluída a Comissão de Atualização do rol de Procedimentos e Eventos em Saúde
Suplementar, sem deslocamento da competência do julgamento do feito para a Justiça Federal, ante a
ilegitimidade passiva ad causam da ANS.
Argumentos:
- Art. 10, § 4º, da Lei n. 9.656/1998, c/c o art. 4º, III, da Lei n. 9.961/2000, que é atribuição da ANS elaborar o rol de
procedimentos e eventos em saúde que constituirão referência básica para os fins do disposto na Lei dos Planos e
Seguros de Saúde.
- Rol mínimo e obrigatório de procedimentos e eventos em saúde constitui relevante garantia do consumidor para
assegurar direito à saúde, em preços acessíveis, contemplando a camada mais ampla e vulnerável da população.
- Não cabe ao Judiciário se substituir ao legislador, violando a tripartição de poderes e suprimindo a atribuição legal da
ANS ou mesmo efetuando juízos morais e éticos, não competindo ao magistrado a imposição dos próprios valores de
modo a submeter o jurisdicionado a amplo subjetivismo

DIREITO ADMINISTRATIVO
INTRODUÇÃO
Nepotismo: não se aplica a cargos políticos, por ter natureza política. Função administrativa é diferente da função
política.
Viola princípio da moralidade e da impessoalidade. Dispensa de lei formal para a vedação.
Administração Pública- sentido subjetivo: órgãos e entidades.
administração pública -sentido objetivo: atividade administrativa
Conceito de direito administrativo: Vários critérios:
• Critério do poder executivo: atuação exclusiva do poder executivo (crítica: legis. e judici. Também exercem
função administrativa);
• Critério do serviço público: D.A seria disciplina dos serviços públicos prestados. (Crítica: exerce outras
atividades: fomento/ poder de polícia);
• Critério das relações jurídicas: D.A regula a relação da administração com os administrados. (Despreza a
atuação no âmbito interno);
• Critério finalístico: D.A seria normas que disciplinam o poder público na consecução de seus fins;
• Critério Negativo/ Residual: pertence ao DA o que não pertencer aos demais poderes;
• Critério da Administração Pública: Hely Lopes Meirelles. Critério funcional. D.A envolve normas que
disciplinam a Adm. Pública em seu sentido objetivo e subjetivo.
Administração Extroversa: relação da adm. Com os administrados (finalística);
Administração Introversa: relação entre os entes públicos. (Instrumental).
Sistemas administrativos:
• Contencioso administrativo (FRANCÊS): o judiciário não controla os atos administrativos. Controlado pela
própria administração;
• Sistema judiciário- INGLÊS- de JURISDIÇÃO ÚNICA. Adotado.
Reforma administrativa-1990: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA GERENCIAL. PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA no texto
constitucional.
Mudanças: contrato de gestão/ agências reguladoras/ terceiro setor/ agências executivas/
PUBLICIZAÇÃO: o estado deve se limitar aos serviços públicos propriamente estatais. Os demais serviços
devem ser passados para um setor público NÃO estatal (sem fins lucrativos, orientadas para o interesse
público).
PRIVATIZAÇÃO-DESESTATIZAÇÃO: quando uma empresa pública ou uma instituição do setor público é vendida
para o setor privado. Consequências: não observar a generalidade, continuidade e modicidade. (A CF elenca
um rol de serviços exclusivos do poder público)
ESTATIZAÇÃO: monopólio estatal. Aquisição de empresas pelo estado. Controle do mercado.
FORMAS DE ADMINISTRAÇÃO:
➢ PATRIMONIALISTA: Período absolutista. Confusão entre estado e o soberano. Res publica se confundia com
res privada. Corrupção e nepotismo.
➢ ADM. BUROCRÁTICA: período liberal. Forma de combater a corrupção e o assistencialismo na administração
patrimonialista. Profissionalização dos agentes, organização hierárquica, impessoalidade e controle formal dos
atos/ controle de abusos. Críticas: autorreferência (formalismo como um fim em si mesmo), ausência de
eficiência;
➢ ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA GERENCIAL: Com o estado social e ampliação das funções do estado, a adm.
Burocrática tornou-se insuficiente. Visa reduzir custos estatais, com foco no resultado, no lugar da
burocracia.
As mudanças ocorridas influenciaram alguns institutos:
• Princípio da legalidade: LEGITIMIDADE + JURIDICIDADE (amplitude, submissão ao ordenamento jurídico);
• Controle social e democracia participativa;
• Supremacia do interesse público sobre o privado: não é + absoluto. Interesse primário e secundário;
• Processualização do direito administrativo: princípios processuais aplicados aos processos
administrativos;
• Princípio da subsidiariedade: da intervenção do estado na iniciativa privada.
ADMINISTRAÇÃO DIALÓGICA: Se contrapõe a administração monológica que é ausência de intervenção dos
administrados de forma prévia na realização das atividades administrativa. A adm. Dialógica é a forma de
participação dos administrados, notadamente, em serviços públicos, contratações de grandes empreendimentos,
que permite a colaboração a fim de legitimar a atividade administrativa. Decorre da democracia participativa e do
controle social.

REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO


Princípios do qual se originam os demais (pedras angulares): Supremacia do interesse público sobre o privado
e indisponibilidade do interesse público.
LEGALIDADE: Hely Lopes Meirelles: ao particular é permitido tudo que não é proibido pela lei, à administração é
permitido atuar apenas com base da regulação da lei.
➔ Dupla subordinação do administrador: vinculação negativa é o limite de atuação do administrador.
Vinculação positiva: a atuação deve estar autorizada pela lei.
Novas funções da legalidade advinda do estado social – Releitura → JURIDICIDADE:
➔ Legitimidade: fortalecimento do estado democrático e superação do positivismo, a legitimidade admite
o controle do ato ainda que, aparentemente, esteja de acordo com a lei. Controle da moralidade e da
finalidade pública. Fundamento: PRINCÍPIO DA SINDICABILIDADE: inafastabilidade do judiciário;
➔ Juridicidade: supera a legalidade estrita, ao vincular a administração a todo ordenamento (inclusive,
princípios). Legitimidade/ legalidade/ moralidade;
➔ Moralidade: deve pautar toda conduta da administração. STF declarou nepotismo inconstitucional, deriva da
moralidade, não precisa de lei formal.
Celso A.B de Mello apresenta como exceção ao princípio da legalidade: estado de defesa e estado de sítio.
IMPESSOALIDADE: princípio da isonomia. Vedação de utilização do cargo para interesses pessoais. Concurso
público.
➔ Teoria do órgão: os atos são imputados à adm. E não ao agente que praticou.
Princípio da finalidade: visa interesse público e não interesse particular.
MORALIDADE: ação ética, com respeito a valores jurídicos e morais.
Moralidade administrativa (bom administrador) x moralidade comum (bem e mal).
Corrupção (imoralidade administrativa). Brasil: estado de corrupção, consistente na corrupção sistemática, reiterada.
Nepotismo → Súmula vinculante 13; OBS: Toffoli definiu 4 critérios objetivos nos quais haverá nepotismo:
a) ajuste mediante designações recíprocas, quando inexistente a relação de parentesco entre a autoridade
nomeante e o ocupante do cargo de provimento em comissão ou função comissionada;
b) relação de parentesco entre a pessoa nomeada e a autoridade nomeante;
c) relação de parentesco entre a pessoa nomeada e o ocupante de cargo de direção, chefia ou assessoramento
a quem estiver subordinada e
d) relação de parentesco entre a pessoa nomeada e a autoridade que exerce ascendência hierárquica ou
funcional sobre a autoridade nomeante.
Nomeação para cargos políticos: STF → Não configura nepotismo. EXCEÇÃO: nepotismo cruzado; fraude à lei;
inequívoca falta de razoabilidade da indicação, por manifesta ausência de qualificação técnica ou inidoneidade
moral do nomeado
Inconstitucional lei estadual que preveja exceções à vedação ao nepotismo;

PUBLICIDADE: atuação transparente. Direito de petição e de certidão. Ação de ofício de divulgação de informações
de interesse público. (Fundamento: república democrática – art. 1º, p.ú; art. 37, caput, CF);
Duas formas de publicidade:
➔ Transparência ativa: transmitida de ofício pela administração.
➔ Transparência passiva: requerimento.
*Lembrar da lei de acesso à informação: O princípio da publicidade deve ser compatibilizado com os princípios da
proporcionalidade/ razoabilidade.
“CHAMADA PÚBLICA”: edital lançado pela administração com o objetivo de divulgar determinadas providências e
convocar os interessados a participarem a iniciativa.
EFICIÊNCIA: emenda. Presteza e rendimento funcional. Administração pública gerencial. Produtividade,
economicidade, qualidade, celeridade, desburocratização e flexibilização. Ligada à boa administração.
Eficiência x eficácia x efetividade:
➔ Eficiência: modo de desempenho da atividade administrativa.
➔ Eficácia: meios e instrumentos empregados na atividade da administração.
➔ Efetividade: resultado obtidos.

AUTOTUTELA: Permite invalidação e revogação de seus atos; Lei 9.784/99;


Súmula 473-STF: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais,
porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os
direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.
Súmula 346-STF: A administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos.
Súmula 633-STJ: A Lei 9.784/99, especialmente no que diz respeito ao prazo decadencial para revisão de atos
administrativos no âmbito da administração pública federal, pode ser aplicada de forma subsidiária aos Estados e
municípios se inexistente norma local e específica regulando a matéria.
➔ Prazo decadencial - Invalidação → 5 anos, EXCEÇÕES: salvo comprovada MÁ-FÉ; NÃO SE APLICA
quando o ATO AFRONTA DIRETAMENTE A CF (STF); ATENÇÃO: ADI 6019 → Em regra esse prazo e
aplicável a todos os entes, Princípio da Simetria; inconstitucional lei estadual que fixe em 10 anos →
violação ao Princípio da igualdade;
➔ Necessidade de assegurar contraditório e ampla defesa: Se a invalidação do ato administrativo repercute
no campo de interesses individuais. OBS: Tema 839 STF - Mesmo depois de terem-se passado mais de 5
anos, a Administração Pública pode anular a anistia política concedida quando se comprovar a ausência de
perseguição política, desde que respeitado o devido processo legal e assegurada a não devolução das verbas
já recebidas;
➔ Suspensão cautelar de gratificação supostamente indevida → pode com fundamento no art. 45 da Lei
9.784/99;
➔ Enunciado 20: autotutela, atos de efeitos concretos favoráveis; intimação do beneficiário para contraditório;
Heterotutela: controle dos atos da administração feita por ente diverso. Judiciário ou legislativo.
MOTIVAÇÃO é a exposição de fato e de direito que justifica o ato. O motivo é fato propriamente dito que legitima a
prática do ato.
STJ: O vício de ausência de motivação pode ser corrigido em momento posterior a edição do ato.
SEGURANÇA JURÍDICA: previsibilidade e estabilização dos atos administrativos. Consequências: vedação de
aplicação retroativa de novo entendimento e limite temporal para exercício da autotutela. Direito adquirido/ ato jurídico
perfeito. Expectativa legítima da sociedade. PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO DA CONFIANÇA. Boa-fé objetiva – venire
contra factum próprio;
➔ Aplicado também ao poder normativo da administração, que deve mitigar mudanças e entendimento com
medidas transitórias ou período de vacatio, indenização compensatória.
*Lembrar da LINDB.
➔ Não há prescrição e decadência de atos que afrontam a constituição (investidura sem concurso).
PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO NA ADM: inversão do ônus da prova em caso de dúvida de risco à coletividade.
PROPORCIONALIDADE: controle do excesso de poder. Necessidade/ Adequação/ proporcionalidade em sentido
estrito (vantagem superiores as devantagens).
CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA: mudança de entendimento!!! O tribunal de contas tem o prazo de 5 anos
para julgar a legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma, pensão, contados da chegada
do processo a corte. Por ser ato administrativo complexo, que necessita da manifestação de vontade de dois
órgãos diferentes. Com esse novo entendimento, não se aplica mais o contraditório e a ampla defesa após o
prazo de 5 anos, tendo em vista que após esse prazo, a administração não poderá mais reformar, sendo
considerado definitivamente registrado.
PRINCÍPIO DA INTRANSCENDÊNCIA DAS SANÇÕES: não podem ser impostas sanções e restrições que superem
a dimensão estritamente pessoal do infrator e atinjam pessoas que não tenham sido as causadoras do ato ilícito.
➔ 1ª acepção: quando a irregularidade foi praticada pela gestão anterior; Súmula 615-STJ: Não pode
ocorrer ou permanecer a inscrição do município em cadastros restritivos fundada em irregularidades na gestão
anterior quando, na gestão sucessora, são tomadas as providências cabíveis à reparação dos danos
eventualmente cometidos.
➔ 2ª acepção: quando a irregularidade foi praticada por uma entidade do Estado/Município ou pelos
outros Poderes que não o Executivo;
Inscrição em cadastros: 1) após tomada de contas especial – convênios, contas rejeitadas, apuração de débitos; 2)
Notificação do ente faltoso + decurso do prazo – constas não prestadas;

ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


ORGÃOS PÚBLICOS: centros de competência; desempenho de funções estatais;
Teorias sobre A MANIFESTAÇÃO DE VONTADE DA ADMINISTRAÇÃO:
➔ Teoria do mandato: o estado outorga um mandato para que seus agentes possam agir em seu nome. (Crítica:
retira a resp. do estado por atos que extrapolam as atribuições)
➔ Teoria da representação: o estado é representado por seus agentes (crítica: estado não é incapaz)
➔ Teoria do órgão- teoria da imputação volitiva: o estado manifesta sua vontade por meio dos órgãos, de modo
que ao agente público, assim agindo, a vontade é atribuída ao próprio estado.
o Por meio dessa teoria, consegue validar os atos praticado pelo “SERVIDOR DE FATO”: aquele cuja
investidura foi irregular, mas possuí aparência de legalidade. Princípio da aparência, da boa-fé,
da segurança jurídica e da presunção de legalidade e legitimidade dos atos administrativos.
USURPAÇÃO DE FUNÇÃO NÃO!
OBS*: Órgãos públicos, desprovidos de personalidade jurídica, mas que representam os poderes, podem defender em
juízo suas prerrogativas. Personalidade judiciária.

Classificação dos órgãos: 4


1- Posição: independente/ autônomo/ superiores / subalterno (IASS)
2- Estrutura: simples (não tem órgão subordinados) e compostos (deconcentração)
3- Atuação funcional: singulares/unipessoal x colegiados/ coletivos
4- Funções: ativos (prestam serviço direto) X Consultivo X Controle (fiscalização)-ACC
ADMINISTRAÇÃO INDIRETA: sujeita ao controle finalístico (tutela administrativa- vinculação- supervisão
ministerial) embora sem hierarquia.
Princípio do paralelismo das formas: criada e extinta pelo mesmo modo.
STF: É inconstitucional a exigência de que os dirigentes de entidades da administração indireta forneçam à ALE a
declaração atualizada de seus bens e de suas ocupações para serem fiscalizados pelo Parlamento. Tal situação viola
a separação de poderes.
AUTARQUIA CORPORATIVA: entidades de classe, com natureza de autarquia especial. Pessoas jurídicas de direito
público interno, com atribuição de poder de polícia. Obrigatoriedade de concurso público e licitação. Não se submetem
ao precatório
OAB é sui generes: não está obrigada a realizar concurso público, por se tratar de entidade privada. Mas se submete
a imunidade tributária. Serviço público independente, categoria ímpar.
Conselhos profissionais → podem contratar por CLT. Não impõe o regime jurídico único do art. 39. Não se sujeitam
ao regime dos precatórios. Precisa instaurar PAD para demitir servidor; Não podem propor ADI; Pode ajuizar ACP;
Fiscalizados pelo TC; Não são isentos de custas processuais;
AGÊNCIAS REGULADORAS: decorrente da privatização. Inspirada no modelo norte-americano, com ampla
independência no exercício de suas funções. *lembrar da lei das agências 13.848/2019
➔ É constitucional lei estadual que prevê a obrigatoriedade de aprovação pela assembleia dos dirigentes.
➔ É inconstitucional se determinar a destituição ocorrerá por decisão exclusiva da assembleia.
Desrespeito a quarentena: crime de advocacia administrativa e improbidade administrativa. É inconstitucional
norma de Constituição Estadual que exija prévia arguição e aprovação da Assembleia Legislativa para que o
Governador do Estado nomeie os dirigentes das autarquias e fundações públicas, os presidentes das empresas de
economia mista e assemelhados, os interventores de Municípios, bem como os titulares da Defensoria Pública e da
Procuradoria-Geral do Estado.
Função regulatória: normas complementares (sem inovação como ocorre na frança, chamada deslegalização).
Deslegalização. Legislador. Expertise. Não admitida pela CF a inovação, só complementares.
STJ: não viola a legalidade a aplicação de multa advinda da resolução das agencias reguladoras.
ADI 1668
 Impossibilidade de a ANATEL realizar busca e apreensão (o inciso XV do art. 19 é inconstitucional) diante da
violação ao disposto no princípio da inviolabilidade de domicílio, à luz do art. 5º, XI, da Constituição Federal.
 As agências reguladoras não possuem a prerrogativa de legislar em matéria de licitação. Primeiro, porque isso
viola a competência legislativa privativa da União (art. 22, XXVII, da CF/88). Segundo, porque inovar no
ordenamento jurídico não se encontra dentre os atributos que a função regulatória desses órgãos detêm, uma
vez que eles colmatam lacunas propositais de natureza técnica na legislação, mas não podem estabelecer,
de forma originária e primária, deveres e obrigações aos particulares, menos ainda exercer atividade criativa
no que concerne a modalidades licitatórias e contratuais.
FUNDAÇÃO PÚBLICA: de direito público (nasce diretamente da lei/ fundação autárquica) X de direito privado
(autorização da lei com registro de seus atos constitutivos).
Fiscalização pelo MP:
➔ corrente majoritária entende que o CC se refere apenas as fundações privadas e as fundações públicas de
direto privado.
➔ Outra parte entende que apenas as fundações privadas estariam submetidas ao MP, tendo em vista que as
fundações públicas se submetem ao controle finalístico, não necessitando da dupla fiscalização.
STF: Qualificação depende: 1) estatuto de sua criação/autorização; 2) atividade prestada;
Fundação pública com personalidade jurídica de direito privado pode adotar o regime celetista para contratação de
seus empregados
EMPRESAS ESTATAIS: empresa pública e sociedade de economia mista. Serviço não tipicamente estatal (se for
atividade típica do estado deve ser autarquia) ou exploração de uma atividade econômica.
Empresa estatal de fato: antes da CF/88 algumas empresas passaram ao controle da administração sem autorização
legislativa. São estatais apesar da irregularidade da sua instituição.
Regime jurídico híbrido: respeito aos princípios da administração.
STF: o estatuto não pode excluir a obrigatoriedade de concurso público, vez que decorre dos princípios constitucionais.
Subsidiárias: também chamadas de sociedade de economia mista se segundo grau. Controladas diretamente pela
empresa primária, mas sofre controle indireto pelo ente que criou a empresa de primeiro grau.
➔ STF: inconstitucionalidade de lei estadual/distrital que exige aprovação prévia do poder legislativo para
nomeação dos dirigentes de empresas públicas e sociedade de economia mista. (é constitucional se a
exigência for de autarquia e fundação).
Empresa pública unipessoal: capital pertence a uma única pessoa.
Empresa pública pluripessoal: capital pertence a duas ou mais pessoas políticas.
A forma da empresa pública: uma já existente em lei ou uma inédita criada pela lei que autorizou (essa criação inédita
aplica-se apenas a união, diante de sua competência exclusiva de legislar sobre comercial e civil. Os demais entes
devem adotar formas já previstas na lei).
STF ADI 5624: A alienação do controle acionário de empresas públicas e sociedades de economia mista exige
autorização legislativa e licitação. Por outro lado, não se exige autorização legislativa para a alienação do
controle de suas subsidiárias e controladas.
Precatórios → sociedade de economia mista prestadora de serviço público de natureza não concorrencial → PODE.
AUTARQUIA MULTIFEDERATIVA: consórcio público na forma de associação pública que integra a administração
indireta de todos os entes do consórcio.
Entes de cooperação- entidades paraestatais -3º setor.
Sistema S: criadas por lei para prestarem atividades de interesse público em favor de certas categorias sociais ou
profissionais (pessoas de cooperação governamental). Contribuições parafiscal. Não estão sujeitos à de licitação, mas
deve observar os princípios da adm.
STJ: Serviços sociais autônomos não devem figurar no polo passivo de ação proposta pelo contribuinte discutindo a
exigibilidade das contribuições sociais
Gozam de imunidade Tributária;
Marco regulatório: Síndrome de Inautenticidade: dificuldade de separar as autenticas entidades do terceiro setor das
entidades de interesses corporativos, com grande corrupção. Assim, surgiram as “OS” e as “OSCIP”.
QUARTO SETOR: caracterizado pela informalidade. Crime organizado/ milícias privas.

ATOS ADMINISTRATIVOS
ATO ADMINISTRATIVO: declaração do estado que produz efeitos jurídicos imediatos sob regime de direito público
sujeito a controle do judiciário X atos da administração – atos administrativos atípicos (direito privado). Manifestação
de vontade da administração.
Não se confunde com FATO ADMINISTRATIVO: decorre de fatos concretos que tem efeito no direito administrativo
(morte de servidor).
SILÊNCIO ADMINISTRATIVO: não é ato administrativo. Regra: não produz efeito, salvo silêncio qualificado.
Vinculados: COFF finalidade e forma. Convalidados FO/CO: forma e competência
TEORIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES: a validade do ato está vinculada à veracidade dos fatos descritos como
motivo do ato. Atos que não dependem de motivação, se motivados, passam a vincular a administração.
Mérito administrativo só existe no ato discricionário. No vinculado, o mérito é do legislador.
➔ Ato perfeito: completou as etapas de sua existência
➔ Ato válido: sem vício
➔ Ato eficaz: produção de efeitos.

Efeitos do ato: Típicos (aquele esperado- específico) ou ATÍPICOS (divide-se em:)


➔ Efeitos preliminares (PRODRÔMICO): efeito produzido enquanto perdura a situação de pendência do ato.
➔ Efeitos reflexos: atinge 3º não destinatário do ato. (locatário do bem desapropriado)
ATOS ABLATÓRIOS/ ABLATIVOS: restringem direitos do administrado. 4
TEORIA QUARTENÁRIA de atos revestidos de ilegalidade (Celso A.B.M): nulos/ anuláveis/ inexistente e irregular.
➔ NULO: vício insanável- ex tunc. Observância do contraditório se decorrer direito ao administrado;
➔ ANULÁVEL: sanável. Com a convalidação, terá efeito ex tunc (passa a ser regular desde o nascimento);
(fo/co- Forma e Competência).
➔ INEXISTENTE: usurpador de função pública;
➔ IRREGULARES: defeitos irrelevantes, não prejudica a validade do ato.
Ato nulo x Ato inexistente → o nulo pode ser convalidado pela prescrição; Inexistente nunca convalida e pode ser
resistido.
Convalidação: efeitos ex tunc; passa a ser regular desde seu nascimento; não pode convalidar se o ato foi impugnado
administrativa ou judicialmente; é dever.

INVALIDAÇÃO DO ATO
REVOGAÇÃO: ex nunc; conveniência administrativa. NÃO PODE REVOGAR: atos de efeitos exauridos; vinculados;
geraram direito adquirido; integrativos (preclusão administrativa); meramente administrativos;
ANULAÇÃO: administração e poder judiciário. Ex tunc. Decadência 5 anos.
CASSAÇÃO: ato nasceu regular, mas se torna irregular no momento de sua execução. Ex tunc.
CADUCIDADE: norma jurídica posterior que traz como consequência expressa ou tácita a manutenção do ato;
CONTRAPOSIÇÃO: edição de novo ato que produz efeito contraposto.
RENÚNCIA: apenas atos constitutivos, beneficiário recusa a ser detentor do direito;
RECUSA: beneficiário do ato rejeita os efeitos que ele irá produzir. Ato ainda não está produzindo efeitos!

ESPÉCIES DE ATOS ADMINISTRATIVO: normativos/ ordinatórios/ negociais/ enunciativos/ punitivos.


Atos insuscetível de revogação: Atos que exauriram seus efeitos / atos vinculado (pq não há mérito administrativo)/
atos que geram direito adquirido/ atos integrativos (atos de processo – preclusão)/ meros atos admin.
TEORIA DO FATO CONSUMADO: convalidação de uma ilegalidade pela consolidação da situação de fato, diante do
decurso do tempo e da legítima expectativa do direito. Como regra, os tribunais não aceitam sua aplicação em
situações que decorrem de decisões judiciais provisórias, admitindo algumas exceções.
REQUISITOS DO ATO:
Competência → sujeito. Sempre vinculado. Pode ser objeto de delegação e avoação.
Finalidade → resultado que se pretende alcançar. Desvio de Poder x Excesso de poder
Forma → revestir o ato. Pode convalidar;
Motivo → pressuposto de fato e de direito. Motivo x Motivação. Teoria dos motivos determinantes. Motivação tardia
(doutrina majoritária entende que não pode. STJ admite quando a lei não exige motivação em situações excepcionais.
Objeto ou conteúdo → efeito jurídico imediato que o ato produz.
ATRIBUTOS DO ATO
Presunção de Legitimidade → p. da legalidade; presunção relativa; exceção: ordem manifestamente ilegal dada ao
servidor, admite a resistência.
Imperatividade → ato se impõe a terceiros independe de sua concordância; não está presente em todos os atos (só
os de ordem/comando a particular);
Exigibilidade → exige obediência a uma obrigação já imposta pela administração por meios de instrumentos indiretos
de coação; Multa.
Autoexecutoriedade → previsão expressa em lei. Meios diretos de coerção.
Tipicidade → ato deve corresponder as figuras previamente definidas pela lei.

PODERES ADMINISTRATIVOS

PODER REGULAMENTAR
Há atos normativos, que não decorrem do poder regulamentar, mas sim do poder hierárquico: Ex: regimento interno
dos tribunais.
Atos de regulamentação de primeiro grau: regulamenta a lei.
Atos de regulamentação de segundo grau: regulamenta os de primeiro grau.
STF: Ofende os arts. 2º e 84, II, da Constituição Federal norma de legislação estadual que estabelece prazo para o
chefe do Poder Executivo apresentar a regulamentação de disposições legais.
É ínsito ao poder regulamentar atuar secundum legem (segundo a lei) e intra legem (quando a norma é muito geral e
possui lacunas que precisam ser preenchidas).
Poder Hierárquico: distribuir e escalonar as funções de seus órgãos.
Poder disciplinar: apurar infrações e aplicar penalidades. Tb exercido em face de pessoas que celebram contratos
com a adm.
PODER DE POLÍCIA: supremacia do interesse público sobre o privado. (Diferente do hierárquico que está restrito
a pessoas que possuem vínculos com a administração. O poder de polícia alcança particulares).
Ciclos do poder de polícia:
• Ordem de polícia: legislação que estabelece os limites e condições para o exercício da atividade.
• Consentimento de polícia: autorização para o exercício da atividade
• Fiscalização de polícia: verificação se as determinações estatais estão sendo seguidas.
• Sanção de polícia: punição ao desrespeito das ordens de polícia ou do consentimento de polícia.
O STJ possui entendimento de que o consentimento e a fiscalização poderiam ser delegados, os demais não poderiam
diante do poder de império do estado.
STF: nova orientação: É constitucional a delegação de poder de polícia, por meio de lei, as pessoas jurídicas de
DIREITO PRIVADO que integram a administração indireta, que prestam EXCLUSIVAMENTE serviços público de
atuação própria do estado em regime NÃO CONCORRENCIAL:
O regime jurídico híbrido das estatais que prestam serviço público em regime de monopólio é compatível com a
delegação do poder de polícia, diante da incidência de normas de direito público.
Em relação a essas estatais, não há razão para afastar o atributo da coercibilidade do ato administrativo, sob pena de
esvaziar a finalidade para qual essas entidades foram criadas.
A única fase do ciclo de polícia que é ABSOLUTAMENTE INDELEGÁVEL é a ordem de polícia; A competência
legislativa é restrita aos entes públicos previstos na constituição, sendo vedada sua delegação a pessoas jurídicas de
direito privado.
As guardas municipais, desde que autorizadas por lei municipal, têm competência para fiscalizar o trânsito, lavrar auto
de infração de trânsito e impor multas.
SÚMULAS SOBRE PODER DE POLÍCIA:
Súmula Vinculante 38: É competente o município para fixar o horário de funcionamento de estabelecimento comercial.
Súmula vinculante 49: Ofende o princípio da livre concorrência lei municipal que impede a instalação de
estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em determinada área.
Súmula 19-STJ: A fixação do horário bancário, para atendimento ao público, é da competência da União.
Súmula 312-STJ: No processo administrativo para imposição de multa de trânsito, são necessárias as notificações da
autuação e da aplicação da pena decorrente da infração.
Súmula 467-STJ: Prescreve em cinco anos, contados do término do processo administrativo, a pretensão da
Administração Pública de promover a execução da multa por infração ambiental.
Na lição de Maria Sylvia Di Pietro, a diferença entre autoexecutoriedade e exigibilidade reside no meio coercitivo. Na
exigibilidade, a Administração faz uso de meios indiretos de coerção, como multa ou outras penalidades
administrativas, enquanto na autoexecutoriedade, empregam-se meios diretos de coerção, obrigando o administrado,
pelo jus imperie, a fazer ou deixar de fazer algo.

Agentes públicos: agentes políticos/ servidores públicos/ particulares em colaboração


Princípio do concurso público: A CF/88 instituiu o “princípio do concurso público”, segundo o qual, em regra, a pessoa
somente pode ser investida em cargo ou emprego público após ser aprovada em concurso público (art. 37, II).
Exceções: a CF/88 prevê situações em que o indivíduo poderá ser admitido no serviço público mesmo sem concurso.
a) cargos em comissão (art. 37, II);
b) servidores temporários (art. 37, IX);
c) cargos eletivos;
d) nomeação de alguns juízes de Tribunais, Desembargadores, Ministros de Tribunais;

e) ex-combatentes (art. 53, I, do ADCT);


f) agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias (art. 198, § 4º).
ADI 3127: É nula a contratação de pessoal pela Administração Pública sem a observância de prévia aprovação em
concurso público, razão pela qual não gera quaisquer efeitos jurídicos válidos em relação aos empregados
eventualmente contratados, ressalvados os direitos à percepção dos salários referentes ao período trabalhado e, nos
termos do art. 19-A da Lei 8.036/90, ao levantamento dos depósitos efetuados no Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço — FGTS.

SERVIDORES TEMPORÁRIOS: Art. 37, X, CF → norma constitucional de eficácia limitada, dependendo, portanto,
de lei para produzir todos os seus efeitos. Exceção ao princípio do concurso público. Lei de cada ente deve reger
o tema; Âmbito Federal Lei 8.745/93;
STF: Segundo o Min. Joaquim Barbosa, o inciso IX do art. 37 impõe duas limitações ao administrador público:
• limitação formal: exigência de uma lei que regulamente o tema;
• limitação material: exigência de que essa lei descreva as hipóteses em que será permitida a contratação, o tempo
máximo determinado e qual é a necessidade temporária de excepcional interesse público que a justifica.
REQUISITOS PARA QUE A CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA seja válida:
• Os casos excepcionais estejam previstos em lei;
• O prazo de contratação seja predeterminado;
• A necessidade seja temporária;
• A contratação seja indispensável, sendo vedada para serviços ordinários permanentes.
• Pode ser contrato para atividades permanentes do órgão desde que para atender demanda temporária e
excepcional de interesse público.
• Apesar de contratados, julgados pela Justiça comum.
A contratação com base no inciso IX ocorre sem a realização de prévio concurso público. A lei, no entanto, pode prever
critérios e exigências a serem observadas pelo administrador no momento de contratar → art. 3, Lei 8745/93 →
Processo seletivo simplificado.
➔ OBS: A contratação para atender às necessidades decorrentes de calamidade pública, de emergência
ambiental e de emergências em saúde pública prescindirá de processo seletivo.
➔ STJ: A norma de edital que impede a participação de candidato em processo seletivo simplificado em razão
de anterior rescisão de contrato por conveniência administrativa fere o princípio da razoabilidade. Viola
isonomia e impessoalidade.
➔ Cuidado para não confundir: É constitucional a quarentena para recontratação de servidores temporários
prevista no art. 9º, III, da Lei 8.745/93 (vedação a contratação temporária do mesmo servidor antes de
decorrido 24 meses do encerramento do contrato anterior); Tese RG pelo STF. ATENTE para esse julgado
do STJ: é possível a contratação mesmo antes dos 24 meses para outra função pública e para órgão sem
relação de dependência com aquele para o qual fora contratado anteriormente.
➔ STF: atividades de caráter eventual, temporário ou excepcional, como também para o desempenho das
funções de caráter regular e permanente, desde que indispensáveis ao atendimento de necessidade
temporária de excepcional interesse público.
➔ Lei de contratação temporária não pode prever hipóteses genéricas nem a prorrogação indefinida dos
contratos;
➔ STJ: É possível a cumulação de proventos de aposentadoria de emprego público com remuneração
proveniente de exercício de “cargo” temporário. Exercem função administrativa temporária;
➔ Especificação das hipóteses emergenciais → ônus do legislador → Lei que não especifique as hipóteses
emergenciais que justificariam medidas de contratação excepcional é inconstitucional;
TEMA 551 STF: Servidores temporários não fazem jus a décimo terceiro salário e férias remuneradas acrescidas
do terço constitucional, salvo:
I) expressa previsão legal e/ou contratual em sentido contrário, ou
II) comprovado desvirtuamento da contratação temporária pela Administração Pública, em razão de sucessivas e
reiteradas renovações e/ou prorrogações.
O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço — FGTS é devido aos servidores temporários, nas hipóteses em há
declaração de nulidade do contrato firmado com a Administração Pública, consoante decidido pelo Plenário do STF,
na análise do RE 705.140-RG, Rel. Min. Teori Zavascki.
COMPETÊNCIA → Justiça comum (federal ou estadual);

SERVIDORES PÚBLICOS: justiça competente: é a natureza jurídica do vínculo vigente ao tempo da propositura da
demanda que define a justiça competente, independentemente de o direito pleiteado ter originado no período celetista.
Greve de servidores: Suspensão do vínculo funcional, salvo se decorrente de conduta Ilícita da administração e
constata a situação de abusividade. Possibilidade de acordo para compensação de horas.
➔ SERVIDOR QUE RECEBE INDEVIDAMENTE VALORES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM RAZÃO DE
ERRO ADMINISTRATIVO (TEMA 1009): “ERRO DE FATO” → STJ Tema 1009: O pagamento indevido feito
ao servidor público e que decorreu de erro administrativo está sujeito à devolução, salvo se o servidor, no caso
concreto, comprovar a sua boa-fé objetiva.
➔ SERVIDOR QUE RECEBE INDEVIDAMENTE VALORES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM RAZÃO DE
INTERPRETAÇÃO ERRÔNEA DA LEI (TEMA 531): “ERRO DE DIREITO” → Tema 531: É incabível a
restituição ao erário dos valores recebidos de boa-fé pelo servidor público em decorrência de errônea ou
inadequada interpretação da lei por parte da Administração Pública.
RESTITUIÇÃO DE VALORES RECEBIDOS
SITUAÇÃO TERÁ QUE
DEVOLVER?
1) Servidor recebe por decisão ADMINISTRATIVA depois revogada NÃO
por se constatar que houve errônea ou inadequada interpretação da STJ REsp 1244182-PB,
lei por parte da Administração Pública. Tema 531
2) Servidor que recebe indevidamente valores em decorrência de SIM,
erro administrativo da Administração (erro operacional ou de salvo se comprovar a
cálculo), que não se enquadre como interpretação errônea ou sua boa-fé objetiva
equivocada da lei pela Administração. STJ REsp
1.769.306/AL, Tema
1009
3) Servidor recebe por decisão JUDICIAL não definitiva depois SIM
reformada. (posição do STJ)
STJ EAREsp 58820-AL
4) Servidor recebe por decisão JUDICIAL não definitiva depois NÃO
reformada (obs: a reforma da liminar foi decorrência de mudança na (posição do STF)
jurisprudência).
4) Servidor recebe por sentença TRANSITADA EM JULGADO e que NÃO
posteriormente é rescindida. STJ AgRg no AREsp
463.279/RJ
5) Herdeiro que recebe indevidamente proventos do servidor SIM
aposentado depois que ele morreu. STJ AgRg no REsp
1387971-DF

TETO REMUNERATÓRIO – Art. 37, XI, CF: Além de um teto geral (nacional), o dispositivo constitucional prevê limites
específicos para o âmbito dos Estados e Municípios (chamados de subtetos).
O teto vale também para a Administração direta e indireta?
• Agentes públicos da administração direta: SEMPRE
• Agentes públicos das autarquias e fundações: SEMPRE
• Empregados públicos das empresas públicas e sociedades de economia mista: o teto somente se aplica se a empresa
pública ou a sociedade de economia mista receber recursos da União, dos Estados, do DF ou dos Municípios para
pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em geral (art. 37, § 9º).
Teto NACIONAL: subsídio dos Ministros do STF
Ninguém poderá receber acima desse valor; as Constituições estaduais e leis orgânicas podem fixar
subtetos para Estados/DF e Municípios; tais subtetos também deverão respeitar o teto nacional.
Subteto Subteto nos
Subteto nos Estados/DF
na União Municípios
Subsídio dos Existem duas opções: Subsídio do
Ministros Opção 1 (subtetos diferentes para cada um dos Poderes): Prefeito
do STF Executivo: subsídio do Governador.
Legislativo: subsídio dos Deputados Estaduais. Existem duas
Judiciário (inclui MP, Defensoria e Procuradoria): subsídio dos exceções:
Desembargadores do TJ, limitado a 90,25% do subsídio mensal, em 1) os procu-
espécie, dos Ministros do STF.* radores munici-
pais estão sub-
Opção 2 (subteto único para todos os Poderes): o valor máximo metidos ao teto
seria o subsídio dos Desembargadores do TJ, limitado a 90,25% do de 90,25% do
subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do STF.* Art. 37, §12º, CF. subsídio men-
sal, em
O subsídio dos Deputados Estaduais/Distritais seguirá regras próprias espécie, dos
(§ 2º do art. 27), não estando sujeito ao subsídio dos Desembargadores ministros do
mesmo que se adote esta 2ª opção. STF. (Subsídio
do
Vale ressaltar que quem define se o Estado-membro adotará subtetos desembargador
diferentes ou único é a Constituição estadual. O teto para o do TJ – TETO).
funcionalismo estadual somente pode ser fixado por meio de emenda
à Constituição estadual, não sendo permitido mediante lei estadual. 2) o subsídio
dos Vereadores
* A CF/88 dá a entender que os Desembargadores e os juízes está sujeito a
estaduais não poderiam nunca receber mais que 90,25% do subsídio regras
do Ministro do STF. O STF, contudo, declarou que esta interpretação é específicas
inconstitucional (STF ADI 3.854). O STF entendeu que é previstas no art.
inconstitucional estabelecer um subteto unicamente para a 29, VI, da
magistratura estadual (90,25% do STF) considerando que o inciso XI CF/88.
não prevê esse mesmo subteto para a magistratura federal. O
tratamento entre os magistrados deve ser isonômico considerando que
se trata de uma carreira nacional. Vale ressaltar, no entanto, que o
limite de 90,25% do subsídio dos Ministros do STF aplica-se sim para
os servidores do Poder Judiciário estadual (na opção 1) e para os
servidores dos três Poderes estaduais (na opção 2).

➔ Se o servidor público recebe remuneração (ou aposentadoria) mais pensão, a soma dos dois valores não pode
ultrapassar o teto;
➔ Se a pessoa acumular licitamente dois cargos públicos ela poderá receber acima do teto;
➔ O inciso XI do art. 37 disse, contudo, o seguinte: o subsídio dos membros do MP, da Defensoria Pública e da
Procuradoria não precisa respeitar o teto imposto ao Poder Executivo. Os membros dessas três carreiras
deverão estar vinculados ao teto imposto ao Poder Judiciário. OBS: Para o Ministro Luiz Fux, essa equiparação
entre o teto dos Procuradores do Estado/DF com os Procuradores Municipais somente é permitida se,
naquele Município, os Procuradores forem concursados e organizados em carreira.
➔ Incide o teto remuneratório constitucional aos substitutos interinos de serventias extrajudiciais.
PROVIMENTO: é o ato pelo qual o cargo público é preenchido, com a designação de seu titular; Existem duas formas
de provimento: originário e derivado.
Provimento originário: Provimento originário ocorre quando o indivíduo passa a ocupar o cargo público sem que
existisse qualquer vínculo anterior com o Estado.
Provimento derivado: Provimento derivado ocorre quando o indivíduo passa a ocupar determinado cargo público em
virtude do fato de ter um vínculo anterior com a Administração Pública. 3 espécies:
➢ Provimento derivado vertical: servidor muda para um cargo melhor. ascensão funcional (transposição) –
inconstitucional, e a promoção – constitucional (desenvolvimento funcional, dentro da mesma carreira);
➢ Provimento derivado horizontal: ocorre quando o servidor muda para outro cargo com atribuições,
responsabilidades e remuneração semelhantes. É o caso da readaptação (art. 24 da Lei nº 8.112/90);
➢ Provimento derivado por reingresso: ocorre quando o servidor havia se desligado do serviço público e
retorna em virtude do vínculo anterior. Exs.: reintegração, recondução, aproveitamento e reversão.
ASCENSÃO FUNCIONAL → é inconstitucional. Viola o princípio do concurso público (art. 37, II)
Constitui uma forma de “provimento derivado vertical”, ou seja, a pessoa assume um outro cargo (provimento) em
virtude de já ocupar um anterior (ou seja, derivado do primeiro), subindo no nível funcional para um cargo melhor
(vertical).
Súmula vinculante 43: É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-se,
sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que não integra a carreira
na qual anteriormente investido.
EQUIPARAÇÃO DE CARREIRA: A equiparação de carreira de nível médio a outra de nível superior constitui ascensão
funcional, vedada pelo art. 37, II, da Constituição Federal.

ACUMULAÇÃO DE CARGOS
STJ: A acumulação ilegal de cargos públicos, expressamente vedada pelo art. 37, XVI, da Constituição Federal, protrai-
se no tempo, podendo ser investigada a qualquer época, até porque os atos inconstitucionais jamais se convalidam
pelo mero decurso temporal, não havendo que se falar em decadência da pretensão da Administração.
IMPORTANTE!! 2º FASE DPE/TO CESPE.
OBS: No caso de acumulação ilegal de cargos públicos, a restituição só é devida se não houver contraprestação do
serviço, sob pena de enriquecimento sem causa.

CONCURSO PÚBLICO:
Aprovação e direito à nomeação:
LEADING CASE: RE 598.099/MS:
DIREITO À NOMEAÇÃO. CANDIDATO APROVADO DENTRO DO NÚMERO DE VAGAS PREVISTAS NO EDITAL.
Dentro do prazo de validade do concurso, a Administração poderá escolher o momento no qual se realizará a
nomeação, mas não poderá dispor sobre a própria nomeação, a qual, de acordo com o edital, passa a constituir um
direito do concursando aprovado e, dessa forma, um dever imposto ao poder público. PRINCÍPIO DA SEGURANÇA
JURÍDICA COMO PRINCÍPIO DE PROTEÇÃO À CONFIANÇA. FORÇA NORMATIVA DO PRINCÍPIO DO
CONCURSO PÚBLICO.
EXCEÇÕES nas quais o candidato não será nomeado mesmo tendo sido aprovado dentro do número de vagas:
a) SUPERVENIÊNCIA: fatos excepcionais que ensejaram a impossibilidade devem ser posteriores a publicação
do edital;
b) IMPREVISIBILIDADE: deve trata-se de circunstâncias extraordinárias e imprevisíveis à época de publicação
do edital do certame;
c) GRAVIDADE: os acontecimentos extraordinários e imprevisíveis devem ser extremamente graves, com
implicação de onerosidade excessiva;
d) NECESSIDADE: a solução drástica, que exime do dever de cumprir a obrigação, deve ser necessária. Não
houver outros meios menos gravosos para lidar com a situação.

ATENÇÃO: STJ: Pandemia, crise econômica e limite prudencial atingido para despesas com pessoal NÃO SÃO
MOTIVOS SUFICIENTES para se deixar de nomear o candidato aprovado dentro do número de vagas do concurso
público.
DESISTÊNCIA → STJ: Embora a jurisprudência do STF seja no sentido de que a desistência dos candidatos mais
bem classificados dentro do prazo de validade do certame público garante aos aprovados fora do número de vagas
o direito subjetivo à nomeação, esse entendimento não se estende aos casos de exoneração de servidor público.
Insegurança jurídica. Agora dobre a atenção: A desistência de candidato aprovado dentro do número de vagas
previsto no edital do concurso após o prazo de validade do certame, não faz surgir o direito de nomeação, por
ausência de previsão legal.
STF: Mesmo que para cadastro de reserva, a nomeação de terceirizados para idêntica função em detrimento dos
aprovados, viola a constituição, fazendo surgir o direito subjetivo à nomeação.
STJ: Surgimento de novas vagas + necessidade do provimento + inexistência de restrição orçamentária = direito
subjetivo à nomeação.
NOMEAÇÃO TARDIA: Os candidatos que foram nomeados posteriormente, por força de decisão judicial, não fazem
jus às promoções ou progressões funcionais que alcançariam caso houvesse ocorrido, a tempo e modo, a nomeação,
mesmo que a decisão possua eficácia retroativa; outrossim, não possuem direito à indenização, sob fundamento de
que deveriam ter sido investidos em momento anterior, salvo situação de arbitrariedade flagrante.

PRETERIÇÃO DE CANDIDATO → prazo prescricional 5 anos → inicia na data em que foi nomeado o outro servidor
no lugar do aprovado.

OBS: Ofende a Constituição Federal (art. 37, incisos II e III e § 2º) a nomeação de candidato após expirado o prazo de
validade do concurso. Não cabe invocar os princípios da confiança e boa fé. Contra texto constitutiocnal. Não pode
haver usucapião de constitucionalidade.

Proibição de Tatuagens
STF: inconstitucionalidade da proibição de tatuagens. Barreira arbitrária que viola o princípio da isonomia e da
proporcionalidade. Possibilidade de restrição de tatuagens que representem discriminação ou temas que ofendam
as instituições democráticas.

Regra: o STF entende pela impossibilidade de remarcação de exame físico de concurso público em razão de
problemas pessoais (como problemas temporários de saúde), diante do princípio da isonomia/ impessoalidade/
transparência/ menor custo para os cofres públicos. Há entendimento, todavia, que prevê a possibilidade de
remarcação em caso de gravidez, independentemente de previsão no edital de concurso. Proteção da maternidade
e da família. Proporcionalidade e razoabilidade. Isonomia material. Houve um distinguishing.

Teoria do fato consumado e concurso público: Não é compatível com o regime constitucional de acesso aos cargos
públicos a manutenção no cargo, sob fundamento de fato consumado, de candidato não aprovado que nele tomou
posse em decorrência de execução provisória de medida liminar ou outro provimento judicial de natureza precária,
supervenientemente revogado ou modificado. O STJ reconhece que pode haver exceções em situações
excepcionalíssimas.
➔ Não se pode cassar a aposentadoria do servidor que ingressou no serviço público por força de provimento
judicial precário e se aposentou durante o processo, antes da decisão ser reformada.

MANDADO DE SEGURANÇA e atos envolvendo concursos


Em regra, não é necessário a formação de litisconsórcio passivo necessário entre candidatos de concurso público, na
medida em que eles têm apenas expectativa de direito à nomeação.
Exceções: 1) em concurso público que se destinou à outorga de delegações de serventias extrajudiciais de Notas e
de Registro; 2) em concursos de promoção. Também será necessário: se a ação a providência judicial almejada pelo
autor resultar no atingimento de direito de terceiro, aí sim será necessária a citação desses terceiros (demais
candidatos) para que possam defender seus interesses.
➔ O termo inicial do prazo decadencial para a impetração de mandado segurança, na hipótese em que o
candidato aprovado em concurso público não é nomeado, é o término do prazo de validade do concurso.
➔ O encerramento do concurso público não acarreta a perda do objeto da ação mandamental na qual se discute
suposta ilegalidade praticada em etapa do certame.
➔ Governador é parte ilegítima em MS contra ato de concurso estadual no qual o candidato quer pontuação,
seria a banca examinadora;
➔ O STJ possui diversos precedentes afirmando que a norma editalícia, genérica e abstrata, que prevê a
apresentação de documentos que comprovem a idade limite, somente terá eficácia para alterar a posição
jurídica do candidato quando for materializada e individualizada, afastando-o do certame. Assim, o termo a
quo para a fluência do prazo decadencial é o ato administrativo que determina a eliminação do candidato, e
não a publicação do edital.
➔ TEMA 992 STF: Compete à Justiça comum processar e julgar controvérsias relacionadas à fase pré-contratual
de seleção e de admissão de pessoal e eventual nulidade do certame em face da Administração Pública, direta
e indireta, nas hipóteses em que adotado o regime celetista de contratação de pessoal.

Responsabilidade dos servidores: em razão da independência de instância podem ser condenados nas diversas
esferas, sem ofensa ao bis in idem.
Nas sanções administrativas, decorrente do poder disciplinar, o judiciário só pode anulas, mas não pode alterá-la ou
substituí-la.
A sentença penal, em algumas hipóteses, reflete na seara administrativa.
Os estados/ municípios e DF podem estabelece limites diferentes de tempo de contribuição de aposentadoria.

SERVIÇO PÚBLICO

Conceito de serviço público:


• Elemento material: serviço público é uma atividade administrativa;
• Elemento subjetivo: a titularidade do serviço público pertence ao poder público. Ainda que se admita a
delegação da execução, a titularidade permanece do poder público.
• Elemento formal: serviço público está submetido a um regime jurídico de direito público, com regras e
princípios comuns à atividade administrativa.
Princípios:
• Generalidade: Carvalho filho indica duas facetas: prestado na maior amplitude possível e diante das
mesmas condições, sem discriminação entre os beneficiários.
• Continuidade: o corte só é admitido:
 baseado em débitos atuais, relativo ao mês de consumo, inadmitido por débitos antigos.
 não pode ser por débito de usuário anterior, não é proter rem.
 no corte de órgãos públicos, é possível, mas o tribunal não admite nos casos que serviços públicos
referente a atividades essenciais ou indispensáveis à população.
 não se admite o corte por débito irrisório, sendo abuso de direito que viola a proporcionalidade e
razoabilidade, sendo cabível indenização por danos morais ao consumidor
 Não cabe em caso de fraude ao medidor de consumo apurada pela concessionária em processo
unilateral. Por outro lado, cabe o corte, se houver processo administrativo, com aviso prévio, referente ao
período de 90 dias anteriores a constatação da fraude, devendo o corte ocorrer em até 90 dias após o
vencimento do débito.
Prerrogativas do princípio da continuidade: exceção do contrato não cumprido somente após 90 dias; uso
compulsório de equipamentos e instalações da empresa.

• Modicidade: STJ na falta de hidrômetro ou defeito no seu funcionamento, a cobrança deve ser pela tarifa mínima,
sendo vedada a cobrança por estimativa.
• Mutabilidade do regime: mudança do regime de execução do serviço para adaptação ao interesse público.
Serviços próprios: prestados diretamente ou por delegação
Serviços impróprios: não são de titularidade exclusiva do estado, pode ser prestado por particular sem delegação.
CONCESSÃO: STJ- fixado o prazo do contrato de concessão, administração não pode estender sem novo processo
licitatório. Responsabilidade do ente público é subsidiária.
Vá para tabelas.
TEMA 991: Afronta o princípio da separação dos Poderes a anulação judicial de cláusula de contrato de concessão
firmado por Agência Reguladora e prestadora de serviço de telefonia que, em observância aos marcos regulatórios
estabelecidos pelo Legislador, autoriza a incidência de reajuste de alguns itens tarifários em percentual superior ao do
índice inflacionário fixado, quando este não é superado pela média ponderada de todos os itens.
 intervenção do Judiciário no âmbito regulatório deve se restringir apenas ao controle de legalidade, devendo
ser respeitadas as capacidades institucionais das entidades de regulação (no caso, a Anatel) e a
discricionariedade técnica dos atos editados.
 As agências reguladoras estão submetidas aos ditames constitucionais e legais por força do art. 21, XI, da
Constituição Federal;
 Importante destacar, por fim, que o STF já reconheceu a autonomia das agências reguladoras para a definição
das regras disciplinadoras do setor regulado, observados os limites da lei de regência, ante a complexidade
técnica dos temas envolvidos que exigem conhecimento especializado e qualificado acerca da matéria objeto
da regulação.
 A análise jurisdicional deve se limitar ao exame da legalidade ou abusividade do ato administrativo.
TEMA 854: Salvo situações excepcionais, devidamente comprovadas, o implemento de transporte público coletivo
pressupõe prévia licitação.
A concessionária não tem direito adquirido à renovação do contrato de concessão de usina hidrelétrica.
A concessionária de água e esgoto pode cobrar “tarifa de esgotamento sanitário” mesmo na hipótese em que realiza
apenas a coleta e o transporte dos dejetos sanitários, sem fazer o tratamento final dos efluentes.
Revisão judicial de política tarifária
 STF possui precedentes dizendo que "o reajuste de tarifas do serviço público é manifestação de uma política
tarifária, solução, em cada caso, de um complexo problema de ponderação entre a exigência de ajustar o
preço do serviço às situações econômicas concretas do seguimento social dos respectivos usuários ao
imperativo de manter a viabilidade econômico-financeiro do empreendimento do concessionário";
 Assim, a interferência judicial para invalidar a estipulação das tarifas de transporte público urbano não pode
ser admitida como medida liminar por violar gravemente a ordem pública.
 Os atos administrativos praticados pelo Poder Público gozam de presunção de legitimidade, sendo
considerados válidos até prova definitiva em sentido contrário.
 Violação da ordem econômica
ATENÇÃO. MUITO CUIDADO!!!: A interferência judicial para invalidar a estipulação das tarifas de transporte público
urbano viola a ordem pública, mormente nos casos em que houver, por parte da Fazenda estadual, esclarecimento de
que a metodologia adotada para fixação dos preços era técnica. STJ. Aqui a Ministra Laurita Vaz mencionou a doutrina
Chenery:
A “doutrina Chenery” (Chenerydoctrine) surgiu a partir de um julgamento da Suprema Corte norte-americana (SEC
v. CheneryCorp., 318 U.S. 80, 1943). Segundo essa teoria, o Poder Judiciário não pode anular um ato político adotado
pela Administração Pública sob o argumento de que ele não se valeu de metodologia técnica. Isso porque, em temas
envolvendo questões técnicas e complexas, os Tribunais não gozam de expertise para concluir se os critérios
adotados pela Administração são corretos ou não. Assim, as escolhas políticas dos órgãos governamentais, desde
que não sejam revestidas de reconhecida ilegalidade, não podem ser invalidadas pelo Poder Judiciário.
PPP: relicitação é o procedimento que extingue o contrato amigavelmente com nova celebração de ajuste negocial
para o empreendimento, com novos contratados, mediante licitação promovida para esse fim.
União estabelece normas gerais. O estado regras específicas.

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO

REGRA: OBJETIVA e decorre do RISCO ADMINISTRATIVO, a respeito da qual não se exige perquirir sobre
existência de culpa, conforme disciplinado pelos arts. 14 do Código de Defesa do Consumidor; 186, 192 e 927 do
Código Civil; e 37, § 6º, da Constituição Federal.
Pressupostos: ato ilícito, do dano sofrido e do nexo de causalidade entre o evento danoso e a ação ou omissão
do agente público.
 Não alberga EP e SEM exploradoras de atividade econômicas;

EVOLUÇÃO DA RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO:


• Fase da irresponsabilidade: o rei nunca erra. O estado não respondia pelos atos praticados por seus agentes.
• Teoria da responsabilidade com culpa: essa teoria diferenciava os atos de império dos atos de gestão. Os
atos de império, praticados sob o regime de direito público, revestido de prerrogativa e privilégio, não acarretava
a responsabilidade do estado. Por outro lado, os atos de gestão, que se aproximavam dos atos de direito privado,
gerariam a responsabilidade do estado.
• Teoria da culpa administrativa: teoria da culpa do serviço – teoria da culpa anônima – teoria da culpa não
individualizada: adotada no brasil nos casos de omissão do estado. O lesado deve comprovar a falta de
serviço, quando o estado tinha o dever legal de agir e não prestou o serviço ou prestou de forma insuficiente ou
prestou o serviço com atraso. OBS: STF tem entendido que até por omissão é objetiva.
• Teoria do risco administrativo: responsabilidade objetiva com excludente de responsabilidade. O estado deve
responder pelos atos em face do risco inerente à atividade pública.
• Teoria da responsabilidade integral: não admite excludente de responsabilidade.
Responsabilidade civil no Brasil:
A CF/88 admite o direito de regresso em caso de dolo ou culpa.
A LINDB, por sua vez, dispõe que ao agente público responderá por dolo ou erro grosseiro. O dispositivo acaba por
retirar a responsabilidade por atos praticados por mera culpa.
A regra geral do ordenamento brasileiro é a responsabilidade civil do Estado:
➔ objetiva: pelos atos comissivos;
➔ subjetiva: pelos atos omissivos.
Para a configuração do dever de indenizar é necessário o preenchimento dos seguintes REQUISITOS:
 ocorrência do dano (específico e anormal – p. da igualdade);
 ação ou omissão administrativa (lícita ou ilícita);
 existência de nexo causal entre o dano e a ação ou omissão administrativa; e
 ausência de causa excludente da responsabilidade estatal.
OBS: TEORIA DO DUPLO EFEITO – mesmo ato causando efeitos diversos. Anormais e específicos p uns e outros
não.
Como se adota a teoria do risco administrativo, o Estado poderá eximir-se do dever de indenizar caso prove alguma
causa EXCLUDENTE DE RESPONSABILIDADE:
 caso fortuito ou força maior;
 culpa exclusiva da vítima;
 culpa exclusiva de terceiro.
PRESCRIÇÃO: Nas ações indenizatórias ajuizadas contra a Fazenda Pública aplica-se o prazo prescricional
quinquenal previsto no Decreto nº 20.910/1932 (art. 1º), em detrimento do prazo trienal estabelecido no Código Civil
de 2002 (art. 206, § 3º, V), por se tratar de norma especial que prevalece sobre a geral.
O termo inicial do prazo prescricional para o ajuizamento de ação de indenização contra ato do Estado ocorre no
momento em que constatada a lesão e os seus efeitos, conforme o princípio da actio nata.
O que é a teoria da actio nata? No campo da responsabilidade civil, esta teoria apregoa que o prazo
prescricional para a ação de indenização se inicia na data em que se tiver o efetivo conhecimento da lesão (e
seus efeitos).
TEORIAS PRINCIPAIS:
Teoria do RISCO ADMINISTRATIVO Teoria do RISCO INTEGRAL
A responsabilidade do Estado é objetiva A responsabilidade do Estado é objetiva
(a vítima lesada não precisa provar culpa). (a vítima lesada não precisa provar culpa).
O Estado poderá eximir-se do dever de indenizar Não admite excludentes de responsabilidade.
caso prove causa excludente de responsabilidade: Mesmo que o Estado prove que houve caso fortuito,
a) caso fortuito ou força maior; força maior, culpa exclusiva da vítima ou culpa
b) culpa exclusiva da vítima; exclusiva de terceiro, ainda assim será condenado a
c) culpa exclusiva de terceiro. indenizar.
É adotada como regra no Direito brasileiro. É adotada no Direito brasileiro, de forma
excepcional, em alguns casos. A doutrina diverge
sobre quais seriam estas hipóteses.
Para fins de concurso, existe um caso no qual o STJ
já afirmou expressamente que se acolhe o risco
integral: dano ambiental (REsp 1.374.284).

Situações na jurisprudência:
 STF: O Estado possui responsabilidade civil direta, primária e objetiva pelos danos que notários e oficiais de
registro, no exercício de serviço público por delegação, causem a terceiros.
 A pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviço público possui responsabilidade civil em razão de
dano decorrente de crime de furto praticado em suas dependências, nos termos do art. 37, § 6º, da CF/88.
 Concessionária de rodovia não responde por roubo e sequestro ocorridos nas dependências de
estabelecimento por ela mantido para a utilização de usuários.
 Súmula 647-STJ: São imprescritíveis as ações indenizatórias por danos morais e materiais decorrentes de
atos de perseguição política com violação de direitos fundamentais ocorridos durante o regime militar.
 No caso em que o servidor público foi impedido irregularmente de acumular dois cargos públicos em
razão de interpretação equivocada da Administração Pública, o Estado deverá ser condenado e, na
fixação do valor da indenização, não se deve aplicar o critério referente à teoria da perda da chance, e sim o
da efetiva extensão do dano causado, conforme o art. 944 do CC.

MP 966/2020 – Responsabilidade de agentes públicos por ação e omissão em atos relacionados com a pandemia do
COVID-19
 Responsabilidade exige dolo ou erro grosseiro; OBS: A doutrina divide a culpa em três subespécies: culpa
grave, leve e levíssima – erro grosseiro = culpa grave;
 Esfera cível e administrativa;
 Responsabilidade do parecerista e do decisor devem ser analisadas de forma independente;
Para que o decisor seja responsabilizado, será necessário que fique demonstrado que ele: • tinha condições de aferir
que o parecerista agia com dolo ou erro grosseiro; ou • estivesse em conluiou com o parecerista.
 STF → interpretação conforme: erro grosseiro deve analisar: a) de standards, normas e critérios científicos e
técnicos, tal como estabelecidos por organizações e entidades internacional e nacionalmente conhecidas; bem
como b) dos princípios constitucionais da precaução e da prevenção;

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO POR EFEITOS ADVERSOS DA VACINA


 Lei n. 14.125/2021;
 Estado assina com a empresa farmacêutica e assume para si a responsabilidade e consequente indenização;
 Um ente não assume por outro; o que contrata assume.
 Estado x individuo vacinado: art. 37, §6º, CF.
Reponsabilidade por atos omissivos:
Responsabilidade por omissão
 Estado está na posição de garantidor de coisas e pessoas;
Teoria da Culpa administrativa – Subjetiva
 Regra para as omissões;
 Particular deve demonstrar: a atuação regular, normal, ordinária teria sido suficiente para evitar o dano;
 O estado estava obrigado a agir; Tinha possibilidade material de atuar; se agisse teria evitado o dano;
 Modalidades: a) inexistência do serviço; b) deficiência do serviço; c) atraso na prestação do serviço;
 Ônus da prova é do particular;
 Omissão estatal na prestação de serviços públicos obrigatórios: subjetiva em regra; Exceções: posição de
garantidor – omissão específica;
 Caso fortuito/Força maior e omissão pela falta de serviço: só exclui o dever de indenizar se o dano fosse
inevitável;
 Dano por ato de terceiros (multidões): só existe responsabilidade se demonstrar que a omissão da adm.
concorreu de forma direta para o surgimento do resultado;
STF → inclusive por atos omissivos - o Poder Público responde de forma objetiva, quando constatada a
precariedade/vício no serviço decorrente da falha no dever legal e específico de agir.
 Fuga de preso e crime praticado muito tempo depois: quebra do nexo causal. Teoria da interrupção do nexo
causal. Teoria do dano direito e imediato.
 Morte de detento: Resp. objetiva para o Estado em decorrência da sua omissão específica em cumprir o
dever especial de proteção que lhe é imposto pelo art. 5º, XLIX, da CF/88; Exceção: o Estado poderá ser
dispensado de indenizar se ele conseguir provar que a morte do detento não podia ser evitada. Neste caso,
rompe-se o nexo de causalidade entre o resultado morte e a omissão estatal.
 Suicídio de detento: Regra → objetiva; Estado poderá provar alguma causa excludente de responsabilidade.
Fux aponta situações distintas em que o detento já apresentava sinais de que poderia agir assim, nesse caso,
o estado deveria ter adotado medidas para evitar; Se foi um suicídio repentino e imprevisível, não indeniará.
No que tange a omissão, prepondera na doutrina a responsabilidade subjetiva cabendo a comprovação da culpa
na omissão. (Regime geral bifurcado de responsabilidade civil). Nem toda omissão estatal pode gerar o dever
automático de indenizar, sob pena de o transformar em um segurador universal de todos os danos.
Para afastar o dano da omissão, o STF aplica a TEORIA DO DANO DIRETO E IMEDIATO. Ou seja, apenas danos
decorrentes de forma direta e imediata da omissão poderia provocar a reponsabilidade de indenizar. (na prática, pouco
se diferencia do entendimento do STJ e da doutrina majoritária que adota a reponsabilidade subjetiva).
Na omissão não existe causalidade direta, deve ser analisado:
a) o intervalo entre fato administrativo e o fato típico (critério cronológico); e
b) o surgimento de causas supervenientes independentes (v.g., formação de quadrilha), que deram origem a
novo nexo causal, contribuíram para suprimir a relação de causa (evasão do apenado do sistema penal) e
efeito (fato criminoso).

Responsabilidade objetiva em casos de omissão na jurisprudência:


OBS: O STF reconhece a responsabilidade objetiva nos casos de omissão específica, aquele que decorre de um
dever de agir imposto na lei ou quando o estado se coloca como garante. Em casos de omissões genéricas, a
responsabilidade seria subjetiva (nesse ponto, o entendimento é o mesmo que o STJ);
STJ: O hospital que deixa de fornecer o mínimo serviço de segurança, contribuindo de forma determinante e específica
para homicídio praticado em suas dependências, responde objetivamente pela conduta omissiva. Falha no dever
jurídico de prestar segurança. RESP. 1.708.325/RS
- A causalidade no âmbito da responsabilidade civil objetiva deve ser entendida de forma normativa, uma vez que a
relevância jurídica do não-fazer está inserida na própria norma se encontra perfectibilizado o liame subjetivo entre a
conduta omissa do hospital e o evento morte.
STJ: Aplica-se igualmente ao estado o que previsto no art. 927, parágrafo único, do Código Civil, relativo à
responsabilidade civil objetiva por atividade naturalmente perigosa, irrelevante o fato de a conduta ser comissiva ou
omissiva (Morte de advogado no fórum).
Repercussão geral: para configurar a responsabilidade civil do estado por danos decorrentes de explosão de
comercio de fogos de artifício, é necessário que exista violação de um dever jurídico específico de agir, que
ocorre quando a licença for concedida sem cautelas legais, ou quando o poder público conhecer de irregularidade
praticadas pelo particular (in casu, o comércio funcionava clandestinamente, sem autorização do estado).

Mitigação da resp. Subjetiva pelo STF: A jurisprudência do STF tem entendido que também é objetiva a
responsabilidade civil decorrente de omissão, seja das pessoas jurídicas de direito público, seja das pessoas jurídicas
de direito privado prestadoras de serviço público.
o STF fixou a seguinte tese de repercussão geral: "Em caso de inobservância de seu dever específico de proteção
previsto no artigo 5°, inciso XLIX, da Constituição Federal, o Estado é responsável pela morte de detento. (o
entendimento anterior pacífico era a reponsabilidade objetiva do estado). Mas ao mencionar “o dever específico”
remete a teoria da responsabilidade por culpa administrativa, que trata dos atos decorrentes da omissão.
A doutrina admite exceção a responsabilidade subjetiva por omissão do estado:
• Teoria do risco criado ou suscitado: quando o próprio estado cria uma situação de risco e se coloca como
garante da não ocorrência desse risco (detentos no presídio).
Reponsabilidade por ATOS LEGISLATIVOS:
 A regra é a irresponsabilidade por atos legislativos, vez que sua edição, por si só, não acarreta danos
indenizáveis. Atos de soberania do estado, geral e abstrato
 Poderá gerar indenização: se a lei for declarada inconstitucional, em controle concentrado, pq o ato foi
exercido fora da competência constitucional. (STF e STJ exigem a declaração em controle concentrado. Parte
da doutrina admite em difuso).
Leis de efeitos concretos: não são gerais e abstratas. Constitui, quanto ao seu conteúdo, verdadeiro ato
administrativo.
Omissão legislativa: a jurisprudência vem se posicionando pela impossibilidade. Adotada na França e na Itália.
RESPONSABILIDADE POR ATOS JUDICIAIS: como regra, as prisões preventivas, ainda que absolvido o acusado,
não gera indenização, pois visam instrumentalizar o processo, salvo quando arbitrárias e claramente sem os requisitos
para sua decretação.
 Atuação atípica: resp. objetiva;
 Erro judiciário na seara penal – resp. objetiva;
Ação de Indenização
 Culpa recíproca – atenua;
 Valor da indenização: danos emergentes + lucros cessantes;
 Prazo prescricional: art. 1º-C, L. 9.494/97 – 5 anos;
 Ação regressiva: se não é crime nem improbidade → prescreve; se é doloso de improbidade → imprescritível;
Denunciação à lide? A pessoa jurídica pode denunciar à lide o servidor? Parte da doutrina não admite a
denunciação, pq o regime de responsabilidade é diverso do estado com servidor (subjetiva). A questão deve ser
resolvida em ação regressiva. Teoria do órgão. Duração razoável do processo para o lesado.
E o ajuizamento da ação diretamente contra o servidor? STF: não pode. Devem ser responsabilizados em ação
regressiva, conforme a CF. Teoria da dupla garantia.
Teoria da Dupla garantia: Art. 37, §6º da CF → Esse mesmo dispositivo constitucional consagra, ainda, dupla
garantia: uma, em favor do particular, possibilitando-lhe ação indenizatória contra a pessoa jurídica de direito
público, ou de direito privado que preste serviço público, dado que bem maior, praticamente certa, a possibilidade
de pagamento do dano objetivamente sofrido. Outra garantia, no entanto, em prol do servidor estatal, que somente
responde administrativa e civilmente perante a pessoa jurídica a cujo quadro funcional se vincular.
Responsabilidade por atos terroristas: teoria da culpa administrativa (omissão relevante do estado)
Reponsabilidade do estado pela perda de uma chance:
• Chance concreta e real. Alto grau de probabilidade de obter o benefício;
• Ação ou omissão do estado;
• O dano não corresponde ao valor do benefício perdida (visto que o benefício é sempre hipotético).
Corresponde a chance.
• STJ já aplicou em caso de erro de tratamento médico pelo SUS;

INTERVENÇÃO DO ESTADO NO DOMINIO ECONOMICO

Reprimir abuso do poder econômico / regular presos / controlar o abastecimento.


• Truste: domínio do mercado por uma ou algumas empresas por meio da fusão e incorporação;
• Cartel: acordo comercial;
• Dumping: preços abaixo dos custo.
• Gun jumping/ juping the gun: quando empresas que visam a concentração do mercado começam a
compartilhar informações, antes da aprovação do CADE.
Monopólio: suprime da iniciativa privada determinada atividade que será prestada apenas pelo estado, em benefício
do interesse coletivo. Não se admite o monopólio privado.
Além das hipóteses previstas na constituição, a lei ordinária pode estabelecer novas hipóteses de monopólio, como o
serviço postal.
PROCESSO ADMINISTRATIVO

STJ: Nulidade de PAD, pq o rito não admite a participação de membro do MP. Atribuição estranha as competências
do MP. Possibilidade de instauração de novo PAD.
Cada ente pode estabelecer regras próprias sobre o processo administrativo.
Recursos no processo administrativo (diferente do processo civil), decorre da autotutela podendo ser revisto de
ofício e sem impulso das partes. Pode se alegar em instância superior o que não foi alegado pelas partes.
Reexaminar matéria de fato. Produzir provas novas.
SEGURANÇA JURÍDICA: prisma objetivo (vedação da retroatividade, proteção dos atos jurídicos perfeitos); prisma
subjetivo (princípio da confiança, proteção da legítima expectativa). Prazo prescricional.
Delegação não precisa de hierarquia. Avocação precisa (avocação comum), salvo se derivada da lei (avocação legal).
Recurso administrativo/ coisa julgada administrativa e revisão:
Recurso hierárquico próprio: existe relação de hierarquia entre a autoridade recorrida e a autoridade revisora.
Recurso Hierárquico impróprio: não há hierarquia entre o órgão recorrido e o órgão revisor sendo necessária a
previsão legal para sua existência.
 O recurso pode agravar a situação do recorrente. (não se aplica a vedação da reformatio in pejus).
 Revisão do processo administrativo. Na revisão, a situação não pode ser agravada.
Espécies de recursos administrativos
 Representação: irregularidades, ilegalidades e condutas abusivas;
 Reclamação: contra ação administrativa que lhe cause lesão ou ameaça de lesão; se não houver prazo,
extingue em 1 ano;
 Pedido de reconsideração: dirigido a mesma autoridade que praticou o ato, nova analise da matéria; Súula
430 do STF → não interrompe o prazo;
 Recurso hierárquico próprio: dirigido a mesma autoridade, se não reconsidera manda para superior;
 Recurso hierárquico improprio: depende de previsão legal; autoridade/órgão estranho ao que proferiu a
decisão;
 Revisão: servidor punido para solicitar reexame da decisão, surgirem fatos novos capazes de demonstrar sua
inocência; Aqui não pode ocorrer reformatio in pejus;
Prescrição intercorrente: 9.874 - 3 anos de paralisação do processo.
PAD:
• Sistema hierárquico: apenas o superior hierárquico apura a falta e aplica pena;
• Sistema de jurisdição completa: falta e pena prevista em lei, cuja aplicação cabe a um órgão de jurisdição;
• Sistema misto (jurisdição moderna): Adotado pelo Brasil. A pena é aplicada pelo super hierárquico com
certo grau de discricionariedade na escola da pena.

Espécies de processo disciplinar:


• Verdade sabida: conhecimento pessoal e direito da infração pela autoridade competente. Não se admite por
violar o contraditório e a ampla defesa.
• Sindicância investigativa: apurar indícios de irregularidades de que teve conhecimento. Nessa, não se aplica
sanção. Não tem rito na lei.
• Sindicância acusatória: apurar autoria e irregularidade de menor gravidade, sendo mais célere para aplicar
sanção.
• PAD: rito complexo, para apurar faltas graves e aplicar a sanção disciplinar.
Para aplicar a sanção: sindicância acusatória (não é requisito para o PAD) ou PAD.
Não aplica o princípio da insignificância na esfera administrativa.
Não é obrigatória a intimação do interessado para apresentar alegações finais, após o relatório final.
O excesso de prazo só causa nulidade se demonstrado o prejuízo.
As penalidades podem ser executadas imediatamente, ainda que não transitado em julgado administrativamente.
Ato administrativo possuí autoexecutoriedade e os recursos não possuem efeito suspensivos.
Não cabe a analogia, para aplicar ao PAD a regra do crime continuado.
A autoridade julgadora pode dar tipificação jurídica diversa, sem que isso ofenda o contraditório e ampla defesa, o
acusado defende dos fatos, salvo se resultar em agravamento da pena a ser aplicada.
STJ: PAD anulado, por vício insanável, antes do julgamento, não impede que a segunda comissão opine por
penalidade mais grave (não se fala em reformatio in pejus).
STJ: decisão judicial que impede a conclusão do PAD suspender a prescrição da pretensão punitiva.

CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO
Poder de verificação e correção exercido pelos poderes legislativo, judiciário e executivo, sobre atos produzidos pela
administração. Aferir sua observância às normas e princípios de regência;
Classificação
Quanto ao momento:
 Prévio: antecede o ato;
 Concomitante ou sucessivo: durante o ato
 Subsequente corretivo: após a execução do ato. Convalidar ou declarar a nulidade.
Quanto a amplitude
 Hierárquico: resulta do escalonamento vertical dos órgãos;
 Finalístico: administração direta sobre as entidades da indireta; limites definidos em lei;
Quanto a origem:
 Interno: realizado pela própria administração;
 Controle externo: órgãos integrantes de poder distinto;
Controle externo
Controle legislativo direto Controle legislativo Controle judicial Via ação popular
indireto
Realizado pelo Exercido pelo TC, como Exercido pelos membros Controle desempenhado
parlamento através de órgão auxiliar do do poder judiciário; pelo cidadão, art. 74, §2º
seus representantes legislativo; da CF;
diretos.
CN susta atos, p.x.
CONTROLE PELA ADMINISTRAÇÃO
 Autotutela: anulação e revogação;
 Mecanismos: fiscalização hierárquica e recursos administrativos;

CONTROLE LEGISLATIVO
 Eminentemente político, clausula pétrea; art. 49, X, da CF;
 CPI → amplos poderes investigatórios;
 Controle finalístico e orçamentário;
 TC – Não pode declarar inconstitucionalidade;
 Controle de atos de concessão de aposentadoria ou pensão: STF Tema 445: Em atenção aos princípios da
segurança jurídica e da confiança legítima, os Tribunais de Contas estão sujeitos ao prazo de cinco anos para
o julgamento da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma ou pensão, a contar da
chegada do processo à respectiva Corte de Contas.
CONTROLE JUDICIAL
 A doutrina moderna administrativa defende o controle do mérito pelo judiciário, que além da legalidade estrita,
pode analisar o princípio da moralidade, impessoalidade, proporcionalidade e etc.
 Não se discute mais a possibilidade de controle do mérito administrativo, mas a intensidade;
Zonas de certeza positiva ou negativa: quando não houver dúvida por parte do juiz quando ao ato administrativo
(adequado/ inadequado), deverá proceder o controle do mérito.
Zonas de penumbra/ zona intermediária / zona de incerteza: deve abster de realizar juízo de valor, preservando a
discricionariedade administrativa.
Gustavo Binembojm: Standards (parâmetros) nível de controle pelo judiciário: + controle pelo juiz/ - controle pelo juiz;
 Direitos fundamentais (+)
 Objetividade das normas/princípios (+)
 Tecnicidade da matéria (-)
 Grau de politicidade (-)
 Grau de participação social (-)
DI PIETRO: Atos políticos; legislativos e interna corporis → atos que se sujeitam a um controle diferenciado;
 Atos políticos: afrontar principio constitucional; ofensa a direito publico subjetivo previsto na CF;
 Atos legislativos: leis de efeito concreto (verdadeiros atos)
 Atos interna corporis: em regra foge ao controle do judiciário, desde que não desobedeçam a comandos
constitucionais;

INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE


Estado liberal → Estado Social (propriedade deve se submeter a função social).
Na intervenção o Estado atinge algumas das características da propriedade, seja restringindo (intervenção restritiva),
seja suprimindo-a (intervenção supressiva);
Intervenção do estado na propriedade:
• Limitação administrativa
• Servidão administrativa
• Ocupação temporária
• Requisição administrativa
• Tombamento
• Desapropriação
LIMITAÇÃO ADMINISTRATIVA: Restrições gerais e abstratas derivadas do poder de polícia em razão do
interesse público. Se sujeitam a reserva legal pelo ente competente para legislar sobre a matéria. Como regra, não
há indenização por ser impostas a todos de forma genérica e abstrata. Todavia, nos casos que houver supressão total
da utilização da propriedade deverá haver indenização (desapropriação indireta) ou redução do valor econômico do
bem.
É indeniza a indenização se o imóvel foi adquirido após a implementação da limitação administrativa.
 As restrições ao direito de propriedade, impostas por normas ambientais, ainda que esvaziem o conteúdo
econômico, não configuram desapropriação indireta, configuram limitações administrativas;
 O prazo prescricional para exercer a pretensão de ser indenizado por limitações administrativas é de 5 anos,
nos termos do art. 10 do Decreto-Lei 3.365/1941, disposição de regência específica da matéria.
 Se, quando o proprietário adquiriu o imóvel, já havia a limitação administrativa ele não poderá pedir
indenização;
SERVIDÃO ADMINISTRATIVA: DIREITO REAL que autoriza o poder público a usar a propriedade IMÓVEL para
permitir execução de interesse público. (postes/ placas). Relação entre coisa serviente e coisa dominante. Só gera
direito a indenização em caso de ocorrência de dano.
 Não incide IR sobre o valor recebido a título de indenização pelo particular.
 Extinção: perda da coisa gravada/ desafetação da coisa dominante/ transformação da coisa que a torne
incompatível com a servidão.
 Devido à natureza real, não prescreve.
OCUPAÇÃO TEMPORÁRIA: doutrina- apenas bens imóveis. A lei de licitação prevê ocupação de equipamentos.
REQUISIÇÃO ADMINISTRATIVA: ato unilateral e autoexecutório.
 STF: é inadmissível a requisição de bens municipais pela união em situação de normalidade institucional, sem
decretação de estado defesa ou de sítio. (Autonomia municipal. Pacto federativo).
TOMBAMENTO: natureza jurídica de ato vinculado, constitutivo de obrigações para o proprietário e para o poder
público e para toda a comunidade. Um ente pode tombar o bem de outro ente (não se aplica o princípio da hierarquia
verticalizada).
 Tombamento geral: incide sobre um conjunto de bens (ex: uma cidade toda), não precisa da intimação
individual de cada um.
 Exige procedimento administrativo. De forma excepcional, na análise do caso concreto, pode gerar o dever de
indenizar, que não decorre automaticamente do tombamento.
 A responsabilidade de reparar e conservar o imóvel tombado é do proprietário, salvo quando demonstrado
que ele não dispõe de recurso para proceder à reparação.
Tombamento por meio de lei? O tombamento feito por ato legislativo é provisório, ficando o tombamento definitivo
restrito ao poder executivo. “A lei estadual ora questionada deve ser entendida apenas como declaração de
tombamento para fins de preservação de bens de interesse local, que repercutam na memória histórica, urbanística
ou cultural até que seja finalizado o procedimento subsequente”. O STF também entendeu que o tombamento
provisório por ato legislativo não precisa ser precedido de notificação prévia da União, exigência restrita ao
procedimento de tombamento definitivo promovido pelo Executivo.
DESAPROPRIAÇÃO: supressão da propriedade. Transferência compulsória da propriedade. Forma originária de
aquisição da propriedade.
A competência para declarar a desapropriação: é restrita aos entes políticos (U/E/M/DF), por meio de decreto do
chefe do executivo ou através de lei pelo parlamento.
A competência para desapropriar pode ser delegada, como, por exemplo, as concessionárias.
 Desapropriação confisco (expropriação): 243. STF: A expropriação prevista no art. 243 da Constituição
Federal pode ser afastada, desde que o proprietário comprove que não incorreu em culpa, ainda que in
vigilando ou in eligendo.
Ação de Desapropriação
 Juros compensatórios na desapropriação: fixados com o objetivo de compensar o proprietário em razão da
ocorrência de imissão provisória na posse. A) Na desapropriação direta, os juros compensatórios são contados
desde a data de imissão na posse; B) Na desapropriação indireta, os juros compensatórios incidem a partir da
ocupação, calculados sobre o valor da indenização, corrigido monetariamente (súmula 114-STJ); Taxa: 6%
a.a (0,5% ao mês); Juros incidem sobre a diferença entre 80% do preço ofertado em juízo e o valor do bem
fixado na sentença. REQUISITOS: imissão provisória; comprovação pelo proprietário de perda da renda
sofrida pela privação da posse; imóvel possuir graus de utilização superiores a zero;
 Ente desapropriante não responde por tributos anteriores à desapropriação;
 É possível que o expropriante desista da ação de desapropriação? SIM, mesmo após o transito em julgado,
desde que: a) ainda não tenha havido o pagamento integral do preço; b) o imóvel possa ser devolvido sem
que ele tenha sido alterado de forma substancial;
 Na ação de desapropriação por utilidade pública, a citação do proprietário do imóvel desapropriado dispensa
a do respectivo cônjuge.

ATENÇÃO. Tema 858 STF. DISCUSSÃO EM ACP


I - O trânsito em julgado de sentença condenatória proferida em sede de ação desapropriatória não obsta a propositura
de Ação Civil Pública em defesa do patrimônio público para discutir a dominialidade do bem expropriado, ainda que já
se tenha expirado o prazo para a Ação Rescisória;
II - Em sede de Ação de Desapropriação, os honorários sucumbenciais só serão devidos caso haja devido pagamento
da indenização aos expropriados.

Desapropriação indireta (apossamento administrativo): é aquela que se realiza sem a obediência as exigências
legais. Também ocorre quando o poder público, usando de intervenção RESTRITIVA da propriedade, acaba
suprimindo totalmente a propriedade.
O que a pessoa pode fazer caso tenha sofrido uma desapropriação indireta?
 Se o bem expropriado ainda não está sendo utilizado em nenhuma finalidade pública: pode ser proposta uma
ação possessória com o objetivo de que a pessoa mantenha ou retome a posse do bem.
 Se o bem expropriado já está afetado a uma finalidade pública: considera-se que houve fato consumado e
somente restará ao particular ajuizar uma “ação de desapropriação indireta” a fim de ser indenizado. Nesse
sentido é o art. 35 do Decreto-Lei 3.365/41;
 Ação de desapropriação indireta quando já havia restrição administrativa antes da aquisição do imóvel: em
regra o novo proprietário não pode → Nessas condições, querer agir em nome do credor primitivo, postulando
lesão que não sofreu, afronta os princípios da boa-fé objetiva, da proibição de enriquecimento sem causa e da
moralidade, representando, não o exercício de um direito, mas a invocação abusiva do direito. Exceções: a)
quando a transferência da propriedade for realizada por negócio jurídico gratuito; b) quando o adquirente for
sujeito vulnerável, na acepção de indivíduo incontestavelmente pobre ou humilde. Presunção relativa de boa-
fé, de moralidade e de inexistência de enriquecimento sem causa;
 Não configura desapropriação indireta quando o Estado se limita a realizar serviços públicos de infraestrutura
em gleba cuja invasão por particulares apresenta situação consolidada e irreversível;
 Aplicam-se às desapropriações indiretas, para a fixação de honorários advocatícios, os limites percentuais
estabelecidos no art. 27, §§ 1º e 3º, do Decreto-Lei 3.365/1941 (entre 0,5% e 5%).
Prazo prescricional da desapropriação indireta: cc/16: 20 anos, CC/02:10 anos. (regra de transição do CC).
Exceção: o prazo será de 15 anos se ficar comprovada a inexistência de obras ou serviços públicos no local.
OBS: Em ação de desapropriação indireta é cabível reparação decorrente de limitações administrativas → ambas são
ações pessoais. Instrumentalidade das formas. Primazia da solução de mérito.
STJ: a intimação do MP só é indispensável para desapropriação para fins de reforma agrária.
STJ: O expropriante pode desistir da ação, antes do pagamento integral. Cabendo ao expropriado o ônus de provar
fato impeditivo do direito de desistir.
Imissão provisória na posse: urgência + depósito do valor.
Podem ser cumulados os juros compensatórios e os juros moratórios. Os compensatórios contam-se a partir da imissão
na posse ou a partir da efetiva ocupação do imóvel no caso de desapropriação indireta. Os juros moratórios (na direita
e na indireta) contam-se o trânsito em julgado da sentença.
Direito de retrocessão: direito de o proprietário exigir o bem de volta em caso de destino diverso daquele declarado
na desapropriação, salvo em caso de tredestinação lícita.
A Adestinação, ocorre quando o bem não é destinado a qualquer fim, também gera o direito de retrocessão.
Natureza jurídica da retrocessão
• 1ª: natureza de direito real: o poder público adquire a propriedade em caráter resolúvel, uma vez não
cumprida a finalidade pública, a aquisição se resolveria e o imóvel voltaria ao expropriado. STJ
• 2ª: natureza de direito pessoal: 519 do CC.

A retrocessão só cabe ao antigo proprietário do imóvel, não abrange terceiros como os herdeiros.
Direito de extensão: direito do expropriado de exigir que a desapropriação seja completa, alcançando todo o bem
(parte não incluída no decreto de declaração), diante da inutilidade do restante da propriedade.
LICITAÇÃO E CONTRATOS
Sistema S: não estão sujeitas à licitação, observando regulamento próprio compatível com os princípio da Adm. Não
podem inovar criando hipóteses de dispensa e inexigibilidade não prevista em lei.
Parte da doutrina entende que os limites estabelecidos para uso das modalidades são normas específicas,
defendendo, assim, a autonomia dos estados/DF/ Municípios para definir forma diferente de atualização dos valores.
A modalidade do diálogo competitivo foi inspirada no “diálogo concorrencial” da união Europeia.3fases:
• Edital e pré-seleção de licitantes;
• Fase de diálogo com os licitantes pré-selecionados;
• Fase competitiva
Modalidade anômala: consulta/ chamamento público/ concurso de projetos.

Assessoramento jurídico (53), responsabilidade pelo parecer: o STF sustentou três premissas:
• É abusiva a responsabilidade do parecerista diante da alargada relação de causalidade entre o parecer e o
ato que gera lesão ao erário;
• Salvo em caso de dolo ou erro grosseiro, o advogado público não pode ser responsabilizado pelo conteúdo
do parecer de natureza meramente opinativa;
• A responsabilização poderia ocorrer quando a lei estabelece compartilhamento do poder decisão (como o
parecer vinculante);
STJ: as empresas em recuperação judicial têm o direito de participar de licitação, mesmo com a exigência da lei de
apresentar “certidão negativa de falência ou concordata”. Função social da empresa e o estímulo a atividade
econômica.
STJ: Já decidiu que não deve ser reconhecida a nulidade em processo licitatório quando a autoridade que julga o
recurso, na licitação é incompetente, mas a autoridade competente tenha homologado todo o certame posteriormente.
Built to suit: locações sob medida ou encomenda. RDD.
Contratos administrativos:
Carvalho filho divide os contratos da administração: contratos administrativos e contratos privados da administração.
Nos contratos administrativos, há incidência das regras de direito público, com suas prerrogativas e restrições. Nos
contratos privados, a administração fica no mesmo plano jurídica que a outra parte sem as prerrogativas do regime
jurídico de direito público.
STJ: não admite a retenção de pagamento por serviços prestados quando a empresa não manter a regularidade fiscal.
Essa sanção não se encontra prevista na lei, violação ao princípio da legalidade.
STJ: A inflação, no Brasil, não é álea extraordinária para possibilitar a revisão do equilíbrio econômico do contrato.
A exclusão do regime tributário do simples nacional não enseja a revisão do contrato.
Desconsideração da personalidade jurídica: STJ admite a desconsideração da personalidade jurídica para
estender os efeitos da declaração de inidoneidade à sociedade empresarial diversa, constituída com objetivo de
burlar a sanção administrativa.
Alguns elementos que podem identificar:
• Completa atividade dos sócios;
• Atuação no mesmo ramo;
• Transferência integral de acervo técnico e humano.

Você também pode gostar