Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Sumário
DIREITO CIVIL................................................................................................................................................................ 5
ASPECTOS INICIAIS.................................................................................................................................................. 5
DIREITO DE FAMÍLIA................................................................................................................................................. 9
ALIMENTOS ............................................................................................................................................................. 12
RACISMO ..................................................................................................................................................................... 27
CONSTITUCIONAL....................................................................................................................................................... 30
FEDERALISMO ........................................................................................................................................................ 30
SEPARAÇÃO DE PODERES.................................................................................................................................... 30
CONSTITUCIONALISMO ......................................................................................................................................... 30
NEOCONSTITUCIONALISMO .................................................................................................................................. 31
NORMAS CONSTITUCIONAIS................................................................................................................................. 38
INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL.................................................................................................................... 38
1 Atualizado em 25.06.2022
CONTROLE DIFUSO................................................................................................................................................ 41
PROCESSO LEGISLATIVO...................................................................................................................................... 50
PRINCÍPIOS ............................................................................................................................................................. 60
Agentes públicos: agentes políticos/ servidores públicos/ particulares em colaboração .......................................... 251
Artigo 489 do CPC (hipóteses em que não se considera fundamentada a decisão). Muitas delas são cláusulas gerais.
No cc/16, concebido conforme teoria de Kelsen, a norma era a base de um sistema fechado e estático. (Juiz como a
boca da lei). Na teoria de Reale, deve haver uma conjugação do fato, do valor e da norma em um sistema aberto e
dinâmico com constante diálogo.
PARTE GERAL
DIREITOS DA PERSONALIDADE
➢ Conforme Francisco Amaral, direitos da personalidade são direitos subjetivos que tem por objeto os bens e
valores essenciais da pessoa, no seu aspecto físico, moral e intelectual.
➢ Personalidade é a possibilidade de ser titular de direitos e deveres como sujeito de direitos, em relações
jurídicas iluminadas pela dignidade humana.
➢ Capacidade de fato (de exercício): possibilidade de as pessoas exercerem, por si próprias, isto é, sem
representante ou assistência, os atos da vida civil.
➢ Capacidade plena: capacidade de direito (Personalidade) e de fato.
➢ A capacidade de fato, pressupõe a capacidade de direito (de todo ser humano). A recíproca não ocorre,
podemos ter capacidade de direito, sem a capacidade de fato.
➢ Incapacidade de direito? Não existe no ordenamento jurídico. Todos que nascem com vida são dotados de
direitos.
➢ Pequenos atos negociais praticados por crianças: Os atos são válidos, são atos socialmente típicos, baseados
na lógica do razoável, na boa-fé. São ATOS-FATOS: não exigem a capacidade.
➢ O surdo e o mudo são capazes quando puderem exprimir sua vontade. A regra é a capacidade.
➢ O condenado criminalmente não perde sua capacidade civil, embora, possa ter seus direitos políticos
suspensos.
➢ DIREITO AO ESQUECIMENTO: STF em repercussão geral decidiu que não há amparo. Deve vir previsto de
maneira pontual em lei.
INÍCIO DA PERSONALIDADE JURÍDICA:
➢ TEORIA NATALISTA: A personalidade jurídica começa com o nascimento com vida. CC/02. Não teria direitos,
mas expectativas de direito.
➢ TEORIA CONCEPCIONISTA: Nascituro é tem direitos reconhecidos desde a concepção. STJ.
➢ TEORIA da PERSONALIDADE CONDICIONAL: a personalidade começa com o nascimento com vida, mas
os direitos do nascituro estão sob condição suspensiva (direitos eventuais) – crítica: direito à personalidade
não pode ficar sob condição suspensiva.
STF/2018: IDENTIDADE DE GÊNERO é manifestação da própria personalidade da pessoa humana, cabe ao estado
apenas declará-la e não constituí-la. Reconheceu-se, assim, aos transgêneros o direito o direito de alteração do
nome e do gênero diretamente no cartório, independentemente de cirurgia de transgenitalização ou tratamento
hormonais. A resolução do CNJ determina idade de 18 anos completos.
Princípio da inalterabilidade relativa do nome (erros gráficos/ adoção/ prenomes ridículos/ proteção a testemunha)
TEORIAS SOBRE O NOME
➢ Teoria da propriedade: segundo esta concepção, o nome integra o patrimônio da pessoa. Essa teoria é
aplicada no caso dos nomes empresariais. No que tange à pessoa natural, o nome é mais do que o mero
aspecto patrimonial, consistindo, na verdade, em direito da personalidade.
➢ Teoria negativista: afirma que o nome não é um direito, mas apenas uma forma de designação das pessoas.
A doutrina relata que era a posição adotada por Clóvis Beviláqua.
➢ Teoria do estado: sustenta que o nome é um elemento do estado da pessoa natural.
➢ Teoria do direito da personalidade: o nome é um direito da personalidade. É a teoria adotada pelo CC (art.
16): “toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome”.
NOME SOCIAL: decreto que autoriza o uso do nome social na administração pública.
HATE SPEECH – DISCURSO DE ÓDIO: é a expressão contra determinado grupo (religioso / étnico/ regional, etc) x
Liberdade de expressão. O direito a liberdade de expressão não consagra o direito à incitação ao racismo.
RETIRADAS DE ÓRGÃOS, PÓS MORTE, PRINCÍPIO DO CONSENSO AFIRMATIVO, precisa de autorização da
família.
TRATAMENTO x RELIGIÃO: Requisitos para negar tratamento com base em crença: 1-capacidade civil plena (não
admitindo representação ou assistência); 2-manifestação de vontade livre, consciente e informada; 3- oposição que
diga respeito exclusivamente à própria pessoa do declarante.
PROTEÇÃO: A tutela mais adequada ao direito da personalidade é a tutela preventiva e não a repressiva. Tutela
inibitória. Art.12
PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA
➢ Direitos prestacionais e direito potestativo: Agnelo Amorim Filho. Direitos potestativos são declarações
unilaterais de vontade que alteram a situação jurídica de outrem.
➢ Apenas os direitos a uma prestação que estão sujeito à prescrição. Não é o direito em si que prescreve, mas
a pretensão. Os direitos potestativos, por sua vez, estariam sujeitos à decadência.
➢ Prescrição: pretensões condenatórias.
➢ Decadência: pretensões constitutivas.
Conforme pontes de Miranda, as ações são divididas em 5: declaratória/ constitutiva/ condenatória/ mandamentais e
executivas.
Qual é o dies a quo do prazo prescricional da pretensão compensatória dos danos morais? TEORIA DA ACTIO
NATA.
A determinação do termo inicial dos prazos prescricionais demanda, inicialmente, a distinção entre os conceitos de
direito subjetivo e de pretensão.
Pretensão é o poder de exigir um comportamento positivo ou negativo da outra parte da relação jurídica. Trata-se, a
rigor, do chamado grau de exigibilidade do direito, nascendo, portanto, tão logo este se torne exigível. Desse modo,
pode-se observar que, antes do advento da pretensão, já existe direito e dever, mas em situação estática.
Assim, visando o encobrimento da eficácia da pretensão, a prescrição, como consequência lógica, possui como termo
inicial do transcurso de seu prazo o nascimento dessa posição jurídica (a pretensão).
A propósito, a doutrina bem assevera que a ideia-chave é mesmo a de exigibilidade, acentuando que não se pode falar
em "inércia" quando o direito subjetivo ainda não pode se fazer valer, de modo que o prazo prescricional só tem início
no dia em que o direito poderia ter sido exercitado: "É óbvio que se a vítima não pode exigir (por razões de direito ou
de fato), não há inércia punível com o encobrimento da pretensão, pela prescrição.
Daí a tão propalada teoria da actio nata - haurida dos trabalhos de Friedrich Carl Freiherr von Savigny - segundo a
qual os prazos prescricionais se iniciariam no exato momento do surgimento da pretensão.
➢ art. 189 foi que "violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição". Viés
objetivo.
➢ No âmbito jurisprudencial, o STJ passou a admitir que, em determinadas hipóteses, o início dos prazos
prescricionais deveria ocorrer a partir da ciência do nascimento da pretensão por seu titular, no que ficou
conhecido como o viés subjetivo da teoria da actio nata. Essa adoção é excepcional. Ex. indenização por
incapacidade permanente; Ex. Súmula 278, STJ. Adoção do viés subjetivo em algumas hipóteses legais, ex.
art. 27 do CDC;
➢ Viés objetivo → data do nascimento da pretensão.
Critérios: Assim, ainda que de modo não exaustivo e não cumulativo, pode-se concluir que são critérios que indicam
a tendência de adoção do viés subjetivo da teoria da actio nata: a) a submissão da pretensão a prazo
prescricional curto; b) a constatação, na hipótese concreta, de que o credor tinha ou deveria ter ciência do
nascimento da pretensão, o que deve ser apurado a partir da boa-fé objetiva e de standards de atuação do homem
médio; c) o fato de se estar diante de responsabilidade civil por ato ilícito absoluto (extracontratual); e d) a
expressa previsão legal a impor a aplicação do sistema subjetivo.
A ministra Nancy aplicou em interessante julgado que tratava de nomeação por deputado de um funcionário fantasma,
sem que essa pessoa soubesse que seu nome estava sendo utilizado para tal fim.
PESSOA JURÍDICA
Teoria que justificam a existências da pessoa jurídica:
➢ TEORIA DA REALIDADE TÉCNICA (adotada pelo cc): as PJ são entes reais, com atuação social
reconhecida, que possuí personalidade conferida pelo direito (construção técnica)
➢ TEORIA DA FICÇÃO JURÍDICA DE SAVIGNY: as pessoas jurídicas são criadas por uma ficção legal.
➢ TEORIA DA REALIDADE ORGÂNICA: a pessoa jurídica tem identidade organizacional própria.
O ordenamento jurídico, quanto a constituição da pessoa jurídica, adotou o sistema das disposições normativas, que
depende da inscrição do ato constitutivo no registro competente para haver personalidade jurídica.
➢ TEORIA DA APARÊNCIA: o art.47 não afasta a aplicação da teoria da aparência. Boa-fé objetiva, deveres de
cooperação, transparência, lealdade, informação.
➢ TEORIA DA APARÊNCIA X TEORIA ULTRA VIRES: segundo a teoria ultra vires, os atos praticados fora dos
poderes delimitados pela pessoa jurídica são nulos, não vinculando a PJ. Não responde por atos praticados
com excesso de poder. A teoria da aparência atenua a teoria ultra vires
DANOS INSTITUCIONAIS: para essa corrente, a pessoa jurídica não pode sofrer danos morais, mas sim os danos
institucionais.
DESCONSIDERAÇÃO EXPANSIVA DA PERSONALIDADE JURÍDICA: possibilidade de desconsiderar uma pessoa
jurídica para atingir personalidade de sócio oculto (escondido na empresa controladora).
➢ A administração pública pode desconsiderar a personalidade jurídica para fins de sanções administrativas,
desde que garantido o administrado o contraditório e a ampla defesa. DESCONSIDERAÇÃO
ADMINISTRATIVA e não judicial.
DESCONSIDERAÇÃO INDIRETA: desconsidera a personalidade da empresa controlada para responsabilizar a
empresa controladora por ato praticados por aquela de modo abusivo ou fraudulento.
NEGÓCIO JURÍDICO
➢ Simulação → nulidade absoluta → não submete a prescrição ou decandência;
➢ Fraude contra credores: a) a anterioridade do crédito; b) a comprovação de prejuízo ao credor (eventus
damni); c) que o ato jurídico praticado tenha levado o devedor à insolvência e d) o conhecimento, pelo
terceiro adquirente, do estado de insolvência do devedor (scientia fraudis).
➢ Convalidação (ex tunc/ ratificar negócio realizado / não é possível convalidar negócio nulo) x Renovação
(novo negócio/ ex nunc / é possível renovar negócio nulo)
RESPONSABILIDADE CIVIL
CDC – Responsabilidade por erro médico
• Obrigação de meio x Obrigação de resultado (art. 14, §4º, CDC) – Sempre subjetiva, a de resultado pode
ocasionar inversão do ônus da prova (culpa presumida);
• A responsabilidade dos hospitais, no que tange à atuação dos médicos contratados que neles laboram, é
subjetiva, dependendo da demonstração de culpa do profissional, não se podendo, portanto, excluir a culpa
do médico e responsabilizar objetivamente o hospital. ATENÇÃO: STJ → Nos processos em que a
responsabilização solidária do hospital depender da apuração de culpa do médico em procedimento que
causou danos ao paciente, é possível, excepcionalmente, a denunciação da lide pelo estabelecimento, para
que o profissional passe a integrar o polo passivo da ação.
• Na hipótese de responsabilidade civil de médicos pela morte de paciente em atendimento custeado pelo SUS
incidirá o prazo do art. 1º-C da Lei nº 9.494/97, segundo o qual prescreverá em cinco anos a pretensão de
obter indenização; A participação complementar da iniciativa privada - seja das pessoas jurídicas, seja dos
respectivos profissionais - na execução de atividades de saúde caracteriza-se como serviço público indivisível
e universal (uti universi), o que afasta, por conseguinte, a incidência das regras do CDC. Logo, não se aplica
o prazo prescricional do art. 27 do CDC, mas sim o do art. 1º-C da Lei nº 9.494/97.
• União não tem legitimidade passiva em demanda que envolve erro médico e SUS → De acordo com a Lei
8.080/90, a responsabilidade pela fiscalização dos hospitais credenciados ao SUS é do Município, a quem
compete responder em tais casos.
• Em procedimento cirúrgico para fins estéticos, conquanto a obrigação seja de resultado, não se vislumbra
responsabilidade objetiva pelo insucesso da cirurgia, mas mera presunção de culpa médica, o que importa a
inversão do ônus da prova, cabendo ao profissional elidi-la de modo a exonerar-se da responsabilidade
contratual pelos danos causados ao paciente, em razão do ato cirúrgico. STJ
DIREITO DE FAMÍLIA
A FAMÍLIA CONTEMPORÂNEA é IGUALITÁRIA, DEMOCRÁTICA E PLURAL. ART. 229, CF
Como regra, as normas de direito de família se situam dentro do direito privado, decorrente da autonomia privada.
Eventualmente, pode ser norma de direito público, cogente, quando se trata de questões existenciais. Ex: bem de
família.
CONCEITO DO ARTIGO 226: conceito aberto sendo uma CLÁUSULA GERAL DE INCLUSÃO.
➢ Estão admitidas, no direito de família, todas as entidades formadas por pessoas humanas e BASEADAS NO
AFETO, na ética e na solidariedade recíproca (não taxatividade). Princípio da pluralidade das entidades
familiares.
DESPATRIMONIALIZAÇÃO DO DIREITO PRIVADO. Eficácia horizontal. Constitucionalização do direito civil.
TEORIA DO DESAMOR: abandono afetivo paterno-filial. Juris em tese: O abandono afetivo de filho, em regra,
não gera dano moral indenizável, podendo, em hipóteses excepcionais, se comprovada a ocorrência de ilícito
civil que ultrapasse o mero dissabor, ser reconhecida a existência do dever de indenizar. (Tendo em vista que o
ordenamento jurídico não prevê obrigatoriedade de sentimentos que normalmente vinculam pais aos filhos).
As hipóteses excepcionais que admitem a indenização ocorrem porque o ordenamento jurídico prevê o “dever de
cuidado” o qual compreende a obrigação de convivência e um “núcleo mínimo de cuidados parentais que, para
além de mero cumprimento da lei, garantam aos filhos, ao menos quanto à afetividade, condições para uma adequada
formação psicológica e inserção social." (caso que reconheceu: relatoria da Ministra Nancy Andrighi)
DIREITO DE BUSCA À FELICIDADE que decorre da dignidade da pessoa humana. POSSIBILIDADE
MULTIPARENTALIDADE e igualdade entre a paternidade socioafetiva e a biológica. No campo do direito de
família, a dignidade da pessoa humana confere ao indivíduo a possibilidade de que ele escolha o formato de família
que ele quiser, de acordo com as suas relações afetivas interpessoais, mesmo que elas não estejam previstas em lei.
O direito à busca da felicidade faz com que o indivíduo seja o centro do ordenamento jurídico-político que deverá
reconhecer que ele tem a capacidade de autodeterminação, de autossuficiência e a liberdade de escolher seus próprios
objetivos. O Estado deve atuar para garantir que essas capacidades próprias sejam respeitadas. Transportando-se
para o Direito de Família, o direito à busca da felicidade funciona como um escudo do ser humano em face das
tentativas do Estado de enquadrar a sua realidade familiar em modelos pré-concebidos pela lei.
PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE FAMILIAR.
IGUALDADE ENTRE CÔNJUGES: Despatriarcalização do direito de família. Art. 226, §5º, da CF + 1511, cc; Família
democrática → regime de colaboração;
PRINCÍPIO DA NÃO INTERVENÇÃO (1.513). Direito de família Mínimo. Como regra, está dentro da autonomia
privada. Ponderação → maior interesse da criança/adolescente;
➢ A intervenção estatal só será legítima quando fundamentada na proteção dos sujeitos de direito, notadamente,
do vulneráveis (menores/ idosos). Privatização da família. DESINTITUCIONALIZAÇÃO DA FAMÍLIA.
PRINCÍPIO DO MAIOR INTERESSE DA CRIANÇA/ADOLESCENTE → art. 227, caput, CF + 1583 e 1584, do CC + 3
do ECA;
PRINCÍPIO DA AFETIVIDADE, que decorre da dignidade da pessoa humana e da SOLIDARIEDADE.
DESBIOLOGIZAÇÃO DA PATERNIDADE → parentalidade socioafetiva → A possibilidade de cumulação da
paternidade socioafetiva com a biológica contempla especialmente o princípio constitucional da igualdade dos
filhos (art. 227, § 6º, da CF). MULTIPARENTALIDADE STF reconheceu em repercussão geral;
POSSE DE ESTADO DE FILHO. Parentesco civil. Decorre da afetividade. As partes se relacionam como se fossem
unidas pelo vínculo da filiação.
PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL DA FAMÍLIA. Ex: reconhecimento do direito de visita dos avós. Reconhecimento
da união estável, em caso de casamento formalmente válido, mas em que há separação de fato.
A BOA-FÉ OBJETIVA se aplica ao direito de família, conforme Nancy Andrigui.
Perda de uma chance no direito de família? Modalidade de dano que caracteriza pela subtração de uma
oportunidade futura de obtenção de um benefício ou de evitar um prejuízo. Perda verossímil de uma oportunidade de
lograr uma vantagem futura ou impedir uma perda. Ex: esconder do genitor a existência de um filho.
FAMÍLIA ANAPARENTAL. Sérgio Resende de Barros. Família sem pais. Aplicação da proteção do bem de família ao
imóvel que reside duas irmãs solteiras.
FAMÍLIA HOMOAFETIVA. Maria Berenice. (direito a orientação sexual como direito personalíssimo, inerente à pessoa
humana).
FAMÍLIA MOSAICO OU PLURIPARENTAL. Decorre de vários casamentos, uniões estáveis, de várias origens.
Proibida na estrutura do nosso ordenamento.
FAMÍLIA MONOPARENTAL: formada por um dois pais e o descendente.
FAMÍLIA EUDEMONISTA: caracterizada pela busca da felicidade pessoal e solidária de cada um dos seus membros.
RESPONSABILIDADE PARENTAL: Alienação parental/ síndrome das falsas memórias/ Síndrome de medeia.
DESACORDO MORAIS RAZOÁVEL: são matérias complexas, polêmicas, que comportam soluções antagônicas,
havendo fundamentação razoável para ambas alternativas. Só é legítima quando contraposto teses
constitucionais protegida. Não pode ser invocada para negar direitos.
NATUREZA JURÍDICA DO CASAMENTO. Teoria institucionalista (casamento é uma instituição- Maria Helena
Diniz). Teoria contratualista (casamento é um contrato de natureza especial, por possuir regras e princípios próprios).
Teoria eclética. Casamento, no conteúdo, é uma instituição e na formação é um contrato.
PRINCÍPIO DO CASAMENTO: princípio da monogamia/ princípio da liberdade de escolha (autonomia privada) /
princípio da comunhão plena de vida.
O impedimento matrimonial pode ser reconhecido de ofício. A declaração de nulidade de casamento não pode
ser. Depende de ação própria. Princípio da não intervenção. Polêmica: nulidade é de ordem pública e pode ser
reconhecida de ofício (minoritária). Objeto de cobrança pela FCC na prova do MPPE/2014.
AÇÃO ANULATÓRIA DE CASAMENTO. AÇÃO CONSTITUTIVA NEGATIVA. O MP não tem legitimidade, podendo
ser promovida apenas pelos interessados, em virtude da relação de família, ou de parentesco.
PRINCÍPIOS DOS REGIMES DE BENS: princípio da autonomia privada / princípio da indivisibilidade do regime (regime
único para ambos cônjuges) / princípio da variedade de regime de bens/ princípio da mutabilidade justificada.
PACTO ANTENUPCIAL: natureza jurídica de contrato (Maria Helena Diniz), podendo aplicar a função social do
contrato e a boa-fé objetiva. A nulidade do pacto não atinge o casamento que será regido pelo regime legal. Podem
conter cláusulas existências desde que não violem a dignidade da pessoa humana, a igualdade e solidariedade
familiar. Ex: regra sobre a boa convivência do casal.
SEPARAÇÃO JUDICIAL – DIVÓRCIO INDIRETO. Permanência no sistema? STJ/2017: A emenda do divórcio só
excluiu o requisito temporal, não extinguindo o instituto da separação judicial. CPC/15 manteve o instituto. Autonomia
privada. Sistema dualista OPCIONAL. Futura reconciliação. / Repercussão geral reconhecida em 2019.
Espécies de Guarda:
GUARDA COMPARTILHADA. Origem. Segunda fase de goiás. Melhor guarda. REGRA
Possuí origem no COMMON LAW do direito inglês, com grandes avanços nos EUA. Fortalecida pela convenção de
Nova Iorque sobre direito das crianças (ONU/1989). 1583, §1º. Em outras palavras, a guarda compartilhada é a regra,
independentemente de concordância entre os genitores acerca de sua necessidade ou oportunidade. STJ → Pode
ser fixada ainda que os pais residam em cidades ou países distintos;
GUARDA ALTERNADA: exercício exclusivo da guarda pelo genitor que se encontra na companhia do filho. A criança
não tem estabilidade, podendo gerar confusões psicológicas. Guarda pingue-pongue.
GUARDA UNILATERAL: a guarda é deferida a um dos genitores, sendo que houve possuí em seu favor a
regulamentação do direito de visita. Artt. 1.583, §1º, cc.
GUARDA DA NIDAÇÃO/ANINHAMENTO: o filho permanece da mesma residência que vivia com ambos os pais, e
os pais revezam na sua companhia.
Pode fixar ASTREINTES em caso de descumprimento do regime de visita.
A coabitação não é elemento essencial para a caracterização da união estável.
O STF não reconhece união estável paralela ao casamento. Concubinato.
Uniões estáveis plúrimas ou paralela. Ocorre quando uma pessoa vive vários relacionamentos que podem ser tidos
como uniões estáveis ao mesmo tempo. 3 correntes:
1- Nenhum relacionamento vai constituir união estável, a união deve ser exclusiva, conforme o princípio da
monogamia. M.H.D /STJ.
2- O primeiro relacionamento a existir deve ser tratado como união estável, enquanto os demais devem ser
considerados uniões estáveis putativas, em caso de boa-fé do cônjuge. Aplica-se por analogia o 1561.
3- Todos são uniões estáveis pela valoração do afeto que deve guiar o direito de família. M.B.D.
Curatela → ação de interdição: art. 747 CPC → Rol de legitimados taxativo, mas a ordem não é preferencial →
legitimação concorrente, se mais de um legitimado tem um litisconsórcio ativo e facultativo;
Obs.: não confundir o curador do interditando, que é nomeado ao final, caso a ação seja julgada procedente
(art. 755, I, do CPC/2015), com o curador especial, que é designado logo no início da ação e unicamente para
resguardar os interesses processuais do interditando. Apesar de o nome ser parecido, são figuras completamente
diferentes. O curador à lide é um instituto processual, que só existe enquanto perdurar o processo. O curador do
interditando é uma figura de direito material, que vai surgir caso a ação de interdição seja julgada procedente.
Natureza da sentença de interdição
A sentença que determina a interdição:
• declara a incapacidade de exercício de uma pessoa e
• cria, para o incapaz, situação jurídica nova: a impossibilidade de atuar por si só na vida civil e a consequente
necessidade de representação por um curador.
BEM DE FAMÍLIA: Direito à moradia (art. 6º CF); norma cogente e de ordem pública; CONVENCIONAL (arts. 1.711
a 1.722 do CC) → impenhorabilidade relativa; só protege de dividas subsequentes; legal (Lei 8.009/90); BEM DE
FAMÍLIA LEGAL → impenhorável; matéria de ordem pública; exceções no art. 3º da lei 8.009/90 → rol taxativo; STF
(Tema 1127) é constitucional a penhora do bem de família do fiador de contrato de locação seja residencial ou
comercial. Direito a moradia x Autonomia da vontade; Proporcionalidade; (STJ acompanhou o entendimento);
OBS: caução imobiliária não é fiança, não pode penhorar, interpretação é restritiva; Hipoteca → não abarca a garantia
de dívida em favor de terceiro, tem que ter sido revertida em benefício da entidade familiar; Não precisa estar
registrada; impenhorabilidade é irrenunciável; Penhora de fração ideal → se o imóvel puder ser desmembrado sem
ser descaracterizado (residência de família). Utilização abusiva do direito à proteção do bem de família viola o princípio
da boa-fé objetiva. Pode ser alegada até a arrematação, mas está sujeito a preclusão consumativa quando houver
decisão sobre o tema; Pensão alimentícia → vinculo familiar ou de indenização por ato ilícito;
➔ Por outro lado, não é cabível a penhora de bem de família para o pagamento de indenização por ato ilícito,
salvo se decorrente de ilícito previamente reconhecido como crime na esfera penal. Isso porque aí se
enquadrará no inciso VI do art. 3º.
➔ O bem de família é IMPENHORÁVEL quando for dado em garantia real de dívida por um dos sócios da pessoa
jurídica, cabendo ao credor o ônus da prova de que o proveito se reverteu à entidade familiar.
➔ O bem de família é PENHORÁVEL quando os únicos sócios da empresa devedora são os titulares do imóvel
hipotecado, sendo ônus dos proprietários a demonstração de que não se beneficiaram dos valores auferidos.
OBS: Taxas e contribuições condominiais → pode penhorar; Exceção: condomínio de fato (contribuições criadas por
associações de moradores → divida fundada em direito pessoal, possui vinculo com o serviço contratado ou posto a
disposição do associado e não com o bem);
Súmula 449-STJ: A vaga de garagem que possui matrícula própria no registro de imóveis não constitui bem de
família para efeito de penhora.
Súmula 364-STJ: O conceito de impenhorabilidade de bem de família abrange também o imóvel pertencente a
pessoas solteiras, separadas e viúvas.
Súmula 205-STJ: A Lei 8.009/90 aplica-se à penhora realizada antes de sua vigência.
Súmula 486-STJ: É impenhorável o único imóvel residencial do devedor que esteja locado a terceiros, desde que a
renda obtida com a locação seja revertida para a subsistência ou a moradia da sua família.
➔ STJ tem alargado esse entendimento para abranger também o imóvel comercial, cujo aluguel seja revertido
em benefício da entidade familiar;
ALIMENTOS
➢ Princípio do melhor interesse e da proteção integral da C/A.
➢ Princípio da proteção absoluta.
➢ Princípio da dignidade da pessoa humana.
➢ Interesse indisponível → irrenunciáveis → OBS: Credor pode renunciar alimentos pretéritos devidos e não
prestados. Irrenunciabilidade atinge o direito e não seu exercício.
➢ Alimentos possuem caráter imediato.
➢ Pressuposto: Binômio necessidade/ possibilidade (alguns autores, incluem a proporcionalidade e
razoabilidade)
COVID: possibilidade de penhora dos bens do devedor, sem necessidade de converter o rito da prisão civil para a
constrição patrimonial, enquanto durar a impossibilidade de prisão civil em razão da pandemia do COVID. Interpretação
sistemática-teleológica para equilibrar as relações jurídicas entre as partes.
➢ PATRIMÔNIO MÍNIMO.
➢ A igualdade entre filhos não tem natureza absoluta e inflexível. Trata-se igualmente os iguais, e desigualmente
ou desiguais na medida da desigualdade.
➢ A doutrina admite renúncia aos alimentos em divórcio. Capacidade.
➢ Permite compensação, de forma excepcional, quando configurar enriquecimento sem causa (art. 884) do
alimentando. Mitigação do princípio da não compensação dos alimentos (art. 1707). Despesa igualmente de
natureza alimentar.
CLASSIFICAÇÃO:
➢ Legais/Legítimos:
➢ Voluntários/Negociais:
➢ Indenizatórios: em razão de ato ilícito. Fundamento → responsabilidade civil, art. 948, II, CC.
➢ Distingue obrigação alimentar propriamente dita e obrigação de prejuízo decorrente de ato ilícito,
somente no primeiro caso é cabível prisão civil do devedor → STJ. Apenas alimentos legais (que decorrem
do vínculo familiar, admite prisão civil). PRISÃO CIVIL → art. 5º, LXVII, CF, medida excepcional e taxativa,
qualquer interpretação ampliativa é inconstitucional;
➢ Princípio da atualidade. Prazo prescricional de 2 anos.
➢ Alimentos in natura x alimentos impróprios (pensões/ dinheiro).
➢ Atualização = STJ: INPC;
➢ O que ENTRA NO CÁLCULO: Hora extra, 13º salário e terço constitucional de férias. NÃO ENTRA:
participação nos lucros e resultados, aviso prévio, auxílio alimentação; diárias de viagem e tempo de espera
indenizado;
DIREITOS REAIS
PROCESSO CIVIL
TEMAS RELEVANTES
Constituição como referencial marco de validação, ordenação, disciplina e interpretação para o NCPC;
PRINCÍPIOS
Devido processo legal (art. 5°, LIV, CF)
Supra-princípio, norteador de todos os demais.
Justamente por isso, não possui conceito determinado, fechado ou excludente.
Duas dimensões ou aspectos:
a) Formal – impõe ao juiz a observância dos princípios processuais na condução do procedimento.
b) Material, como fator limitador do poder de legislar e garantia dos direitos fundamentais. Campo para
aplicação dos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade.
Atualmente, o devido processo legal vem associado à ideia de um processo justo, com ampla participação
das partes e efetiva proteção de seus direitos (diretriz que pode ser vista no NCPC).
Contraditório
Art. 5°, LV, CF/88.
Art. 21, § 2°, da Lei 9.307/96 – Lei da Arbitragem.
Concepção moderna: contraditório = informação + possibilidade de reação + po-der de influência
(expressamente previsto no art. 369, NCPC: “...influir eficazmente na convicção do juiz”).
Contraditório apresenta-se como instrumento para evitar surpresa às partes.
Dispositivo e inquisitivo (inquisitório)
Sistema dispositivo Sistema inquisitivo Sistema MISTO
puro puro
Participação do juiz é Juiz é a figura central do Adotado no Brasil, prepondera o
condicionado à vontade das processo. princípio dispositivo.
partes.
As partes definem a existência e Liberdade do juiz é ampla e Inércia de jurisdição + impulsão de
a extensão do processo. irrestrita. ofício (2°, NCPC).
Motivação das decisões: Art. 93, IX, CF/88; Art. 489, NCPC.
Isonomia:
Não se esgota num aspecto formal. Por isso, alguns sujeitos, seja pela sua qualidade, seja pela natureza do
direito que discutem em juízo, têm algumas prerrogativas que diferenciam seu tratamento processual dos
demais sujeitos (ex: inversão do ônus da prova existe também quando o MP é o autor da ação defendendo os
consumidores).
Publicidade dos atos processuais
• Art. 93, IX e X, NCPC.
• Publicidade é a regra.
• Há mitigações à publicidade (impropriamente chamadas de “segredo de justiça”):
a) Quando o exija o interesse público ou social;
b) Quando o processo verse sobre casamento, separação de corpos, divórcio, separação, união estável,
filiação, alimentos e guarda de crianças e adolescentes;
c) Quando constem dados protegidos pelo direito constitucional à intimidade;
d) Quando o processo verse sobre arbitragem (confidencialidade estipulada na arbitragem e provada
perante o juízo).
• É a mais eficaz forma de controle dos atos processuais praticados por todos os sujeitos do processo.
Economia processual
• Deve ser compreendido em 2 aspectos:
✓ Sistêmico: busca de mais resultados com a prática do mínimo de atos processuais. São instrumentos:
as ações coletivas, litisconsórcio, ampliação do rol de precedentes vinculantes.
✓ Endoprocessual: busca evitar a repetição de atos processuais (ex: prova emprestada).
Instrumentalidade das formas
• A formalidade proporciona segurança jurídica.
• Não obstante, o princípio da instrumentalidade das formas busca aproveitar o ato processual viciado,
permitindo-se a geração de seus efeitos, ainda que se reconheça a existência do desrespeito à formal legal.
• Por isso, guarda relação estreita com o princípio da economia processual.
• A incidência do princípio da instrumentalidade independe da natureza da nulidade observada, nada
importando se absoluta ou relativa (ex: condiciona-se ao efetivo prejuízo o reconhecimento da nulidade do
processo em que não há participação do MP, nas hipóteses em que o Parquet deveria obrigatoriamente
oficiar).
• Manifestações do princípio no NCPC:
✓ Art. 188: Os atos e os termos processuais independem de forma determinada, salvo quando a lei
expressamente a exigir, considerando-se válidos os que, realizados de outro modo, lhe
preencham a finalidade essencial.
✓ Art. 277: Quando a lei prescrever determinada forma, o juiz considerará válido o ato se, realizado
de outro modo, lhe alcançar a finalidade.
✓ Art. 283: O erro de forma do processo acarreta unicamente a anulação dos atos que não possam ser
aproveitados, devendo ser praticados os que forem necessários a fim de se observarem as
prescrições legais.§ único. Dar-se-á o aproveitamento dos atos praticados desde que não resulte
prejuízo à defesa de qualquer parte.
Razoável duração do processo
• Art. 5°, LXXVIII, CF/88.
• Art. 4°, NCPC: “...incluída a atividade satisfativa”.
• Duração razoável ≠ Celeridade do procedimento.
• Critérios para aferir a razoável duração:
✓ Complexidade da demanda;
✓ Comportamento das partes;
✓ Relevância do direito para a vida da parte prejudicada pela excessiva demora do processo
(critério elaborado pela Corte Europeia de Direitos Humanos, aplicável à realidade brasileira, como no
caso da ação de alimentos, em que a demora pode sacrificar até mesmo a vida do alimentando).
• O que ocorre se o processo não tramitar em tempo razoável? Daniel Assumpção entende possível a
responsabilidade do Estado pelo ressarcimento dos danos experimentados pela parte.
• Alguns institutos criados na busca pela razoável duração do processo:
✓ Julgamento antecipado do mérito;
✓ Procedimento sumaríssimo;
✓ Julgamento de improcedência liminar;
✓ Prova emprestada;
✓ Processo sincrético;
✓ Julgamento dos RE e REsp repetitivos;
✓ IRDR;
✓ Tutela de evidência;
✓ Aumento da eficácia vinculante de precedentes e súmula.
1.10. Cooperação
• Art. 6°, NCPC - Cooperação para que se obtenha decisão...
✓ de mérito
✓ justae
✓ efetiva.
• Abrange todos os sujeitos processuais.
• Deveres do juiz decorrentes do princípio da cooperação: PECA
1. Esclarecimento – juiz deve ouvir as partes sempre que alguma manifestação processual se
apresente obscura;
2. Consulta–juiz deve ouvir as partes antes de proferir a decisão;
3. Prevenção – juiz deve indicar eventuais deficiências e franquear a devida correção (ex: Art. 321,
NCPC: juiz deve indicar com precisão o que precisa ser corrigido ou completado).
4. Auxílio – eliminar obstáculos que impeçam suas faculdades processuais;
1.11. Boa-fé e lealdade processual
• Art. 5°, NCPC – Boa-fé objetiva: independe da existência de boas ou más intenções.
• Subprincípios (conceitos parcelares):
1. Supressio: fenômeno aplicável ao processo quando se perde um poder processual em razão de seu
não exercício por tempo suficiente para incutir na parte contrária a confiança legítima de que esse
poder não mais será exercido (ex: “nulidade de algibeira”).
2. Surrectio: surgimento de um direito em razão do comportamento negligente da outra parte.
3. Tu quoque: sujeito viola norma jurídica e, depois, tenta tirar proveito da situação em benefício próprio.
Aplicado ao processo, significa que a parte não pode criar dolosamente situações de vícios
processuais para, depois, tentar tirar proveito de tal situação. Ex: art. 276, NCPC – a nulidade não
pode ser requerida pela parte que lhe deu causa.
4. Exceptio doli: conceituada como a defesa da parte contra ações dolosas da parte contrária (boa-fé
como defesa).
5. Venire contra factum proprium: impede que determinada pessoa exerça direito do qual é titular
contrariando um comportamento anterior.
✓ Também se aplica ao juiz, inclusive em processos distintos (ex: não pode indeferir dilação
probatória e depois julgar improcedente por falta de provas, nem, sem justificativa, adotar
entendimentos contraditórios para uma mesma situação).
6. Duty to mitigate de loss: a parte prejudicada tem o dever de não agravar seu próprio prejuízo (ex:
conduta da parte que abandona a busca pelo direito material, para muito tempo depois, pleitear multa
milionária a título de astreintes).
1.12. Primazia no julgamento do mérito
• O julgamento de mérito é o fim normal do processo/fase de conhecimento.
• No entanto, em algumas situações nem sempre isso é possível, devendo o sistema conviver com o chamado
fim anômalo do processo, por meio da sentença terminativa (art. 415, NCPC).
• Com a primazia do julgamento do mérito, busca-se a solução definitiva da crise jurídica.
• Por tudo isso, cabe ao juiz tomar todas as medidas possíveis para evitar a necessidade de prolatar uma
sentença terminativa.
• Manifestações no NCPC:
✓ Art. 6°, NCPC: Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo
razoável, decisão de mérito justa e efetiva.
✓ Art. 282, § 2°, NCPC. Quando puder decidir o méritoa favor da parte a quem aproveite a decretação
da nulidade, o juiz não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprir-lhe a falta.
✓ Arts. 139, IX; 317 e 319, §§ 1°, 2° e 3°; 932, § único; 1007, §§ 2° e 4°, NCPC: oportunidade para o
saneamento de vícios, inclusive na fase recursal.
✓ Art. 485, § 7°: efeito regressivo da apelação contra sentença terminativa.
Ondas renovatórias do Processo Civil
Mauro Cappelletti e Bryan Garth; enfoque no acesso à justiça
1ª “Assistência Judiciária” DP, assistência integral.
“Representação dos interesses difusos Necessidade de criação de instrumentos adequados
2ª
em juízo” à tutela coletiva.
Ex: Juizados como via p/ que questões de menor
3ª “O enfoque do acesso à Justiça”
complexidade acessem a Justiça.
Equivalentes jurisdicionais
Autotutela Solução extrajudicial do conflito por vontade unilateral de uma das partes.
Transação Concessões mútuas.
Autocomposição Submissão Parte reconhece direito daquele que deduz uma pretensão.
Renúncia Titular do pretenso direito a ele renuncia espontaneamente.
Técnica não estatal de solução de conflitos pela qual um terceiro se coloca entre os
Mediação
contendores e tenta conduzi-los a uma solução autocomposta.
• Técnica de solução de conflitos mediante a qual os conflitantes buscam em uma
terceira pessoa, de sua confiança técnica, a solução amigável e imparcial do conflito.
• Há controvérsias, mas Didier afirma que é jurisdição (há definitividade).
• Cláusula compromissória e compromisso arbitral.
• Sentença arbitral não precisa ser homologada: é título executivo judicial.
Convenção de • Árbitro pode decidir, mas não tem poder p/ tomar qualquer providência executiva.
arbitragem • Não pode haver controle judicial do mérito da sentença arbitral, apenas de sua
validade e dentro de 90 dias a partir da intimação.
• É possível com o Poder Público.
• A sentença arbitral pode revestir-se de eficácia condenatória, declarativa e
constitutiva, mas não terá jamais caráter mandamental ou executivo.
• Jurisdição de direito e de equidade: A primeira aplica o ordenamento jurídico, a segunda o juiz não está
vinculado a critérios de legalidade estrita.
• Jurisdição contenciosa e voluntária:
o Contenciosa: onde há lide;
o Jurisdição voluntária: grande divergência sobre o que seja;
▪ Corrente clássica (administrativista) MAJ: a jurisdição voluntária é função jurisdicional
apenas pelo aspecto orgânico, não existe lide e portanto o que o Estado está fazendo é
apenas a administração pública de interesses privados;
➔ Sem substutividade: não tem essa ideia aqui.
➔ Não tem partes (só há interessados);
➔ Sem definitividade (não há coisa julgada material em jurisdição voluntária);
➔ Predomina a jurisdição de equidade2;
▪ Corrente revisionista (jurisdicionalista):
➔ Lide não é pressuposto da jurisdição, existem outros escopos da jurisdição que não
apenas o social.
➔ O conceito de partes não pressupõe litigiosidade, há partes sim, não necessariamente
eles precisam estar em contenda. Parte é sujeito da relação processual;
➔ Existe definitividade sim, só poderá ser alterada a decisão se houver alteração na
situação de fato ou de direito;
2 STJ: Não se aplica aos atos procedimentais. É limitada ao ato de decidir. REsp. 623.047/2005.
AÇÃO
Conceito: Um direito subjetivo fundamental público de requerer o exercício da jurisdição. Esse requerimento será
primeiramente contra o Estado, em face de um réu.
TEORIAS DA AÇÃO:
a) Teoria Imanentista - confundia ação com o próprio direito material. Tal teoria não consegue entender o direito
de ação como direito autônomo. Lembre-se de que "imanente" significa o que faz parte de algo. Direito de ação
não é autônomo, nem independente.
b) Teoria Concretista - dizia que só tinha ação quem fosse titular efetivo do direito postulado, o que então
dependeria da procedência do pedido. Reconhece-se, pois, a autonomia do direito de ação, mas não a sua
independência. Direito de ação é autônomo, mas não é independente.
c) Teoria Abstrata - apregoava que o direito de ação não está condicionado à existência do direito material e
independe do preenchimento de certas condições. Fala-se, aqui, em um direito de ação abstrato, amplo, genérico
e incondicionado.
d) Teoria Eclética (Liebman)- ação consiste no direito a um julgamento de mérito ou, mais propriamente, a uma
resposta de mérito, que somente ocorrerá, no caso concreto, se estiverem preenchidas determinadas condições.
Para a teoria eclética, o direito de ação existe independentemente do direito material. Ademais, a sentença fundada
na ausência das condições da ação é meramente terminativa, não produzindo coisa julgada material. Parece ter
sido a opção do CPC/73 e do NCPC.
e) Teoria da Asserção ("in statu assertionis" ou teoria "della prospettazione") - para demandar em juízo é
necessário ter interesse e legitimidade, mas a verificação das condições da ação deve ser feita em abstrato, pela
narrativa formulada na inicial, presumindo-se que aquilo que dela consta é verdadeiro. Exatamente por isso,
recomenda aos magistrados, na fase postulatória, não se aprofundarem no exame de preliminares, porque o que
ficar provado depois desta fase, ou seja, após a citação e ao longo do processo, é matéria de mérito. Parece ter
sido a opção do STJ.
Condições da ação
• Com o NCPC, ainda existe a categoria das condições da ação? Há duas correntes:
a) Posição minoritária (Didier). Para essa posição não existem mais as condições da ação. Era também a
posição defendida por Ovídio Baptista. No novo CPC elas são pressupostos processuais de validade. Em
suma, p/ Didier, existe o binômio da ação: os pressupostos processuais e o mérito.
b) Posição majoritária (Alexandre Câmara, Talimini, Theodoro Jr, entre outros): Para essa posição continuam
existindo as condições da ação. Se olharmos o art. 17 do NCPC, percebe-se que ainda se exige interesse
processual e legitimidade para que se possa postular em juízo. Confirmando essa posição, é possível citar
também o art. 485, inciso VI, do NCPC. Para a maioria, fala-se em trinômio da ação: pressupostos
processuais, condições da ação e mérito.
TUTELAS PROVISÓRIAS
é aquela concedida antes da tutela definitiva, em caráter provisório, com base em uma cognição sumária.
será sempre substituída por uma tutela definitiva, que a confirmará, revogará ou modificará.
Espécies
1) Tutela provisória de urgência: Probabilidade do direito + perigo de dano/risco ao resultado útil do processo.
Cautelar e antecipada
ANTECIPADA (satisfativa): o órgão julgador antecipa aquele direito ou bem da vida que o autor espera
conseguir ao final do processo.
CAUTELAR: o órgão julgador confere uma medida para assegurar aquele direito ou bem da vida que o
requerente espera obter ao fim do processo.
Antecedente e incidental
INCIDENTAL: é aquela que é deferida no curso do processo. A tutela incidental pode ser cautelar ou
antecipada.
ANTECEDENTE: é aquela “formulada antes que o pedido principal tenha sido apresentado ou, ao menos,
antes que ele tenha sido apresentado com a argumentação completa.” (ob. cit., p. 727). A tutela antecedente
também pode ser cautelar ou antecipada.
2) Tutela provisória de evidência: Independe da demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do
processo.
Ônus da prova: Ônus da prova é a regra que atribui a uma das partes o ônus de suportar a falta de prova de um
determinado fato. Ônus imperfeito (possibilidade de que ocorra uma desvantagem para a parte; P. da comunhão das
provas);
Ônus subjetivo: quem é responsável pela produção; trata-se de informar as partes quem será prejudicado com
a não produção da prova: autor ou réu.
Ônus objetivo: regra de julgamento a ser aplicada ao juiz no momento de proferir a sentença, caso a prova se
mostre inexistente ou insuficiente;
Regras de distribuição do ônus da prova: art. 373 do CPC
As regras do ônus da prova são regras de aplicação subsidiária. Só podem ser aplicadas se não houver mais como
produzir prova e o juiz ainda estiver em estado de dúvida. Evitar o non linquet.
O sistema processual brasileiro adotou, como regra, a TEORIA DA DISTRIBUIÇÃO ESTÁTICA DO ÔNUS
DA PROVA, segundo a qual cabe ao autor provar o fato constitutivo do direito e ao réu cabe provar o fato
impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. É uma regra de julgamento.
DISTRIBUIÇÃO DIVERSA DO ÔNUS DA PROVA: pode ser decorrente de acordo entre as partes, da lei ou
de decisão judicial; STJ é uma regra de instrução, respeito ao contraditório.
Ocorre quando as partes combinam entre si que não seguirão as regras
gerais dos incisos do art. 373, adotando um outro arranjo. É um exemplo
de negócio jurídico processual. Art. 373, §3º, CPC; Em regra admissível.
Exceções:
Inversão convencional
a) recair sobre direito indisponível da parte;
b) tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito.
c) a inversão for estabelecida em detrimento do consumidor (art. 51, VI,
do CDC).
Ocorre quando a lei determina que, em certas situações, haverá uma
Inversão legal regra de ônus da prova diferente do art. 373 do CPC. Na inversão legal
do ônus da prova, a lei cria uma presunção relativa de determinado fato.
Ocorre quando o juiz, diante das peculiaridades do caso concreto, altera
a regra geral prevista nos incisos do art. 373 do CPC. A requerimento ou
de ofício. Art. 373, §§1º e 2º; 3 situações:
1) nos casos previstos em lei. Ex: art. 6º, VIII, do CDC.
2) quando for impossível ou extremamente difícil cumprir o
Inversão judicial
encargo previsto no caput do art. 373. (evitar que a parte tenha
que produzir uma prova unilateralmente diabólica.)
3) quando a inversão gerar maior facilidade de obtenção da
prova do fato contrário(decisão fundamentada + momento
processual adequado).
Inversão do ônus da prova x distribuição dinâmica do ônus da prova (parte da doutrina diferencia)
Inversão do ônus da prova Distribuição dinâmica do ônus da prova
É uma mudança prévia e abstrata das regras de É uma mudança das regras de ônus da prova que
ônus da prova. se dá no caso concreto, com base na análise de
quem está em melhores condições de produzir a
prova.
O juiz não tem ampla liberdade na distribuição do Há uma ingerência mais ampla do juiz na
ônus da prova. Não existe a possibilidade de se distribuição do ônus da prova entre as partes que
inverter o ônus de apenas um fato, por exemplo. permitirá, inclusive, o exame e a distribuição de
cada fato específico isoladamente.
Ex: art. 6º, VIII, do CDC. Ex: hipóteses 2 e 3 do § 1º do art. 373 do CPC (veja
novamente acima).
PROVA DIABÓLICA
OBS: Prova diabólica é aquela impossível ou excessivamente difícil de ser produzida.
Ainda segundo as lições de Didier, Braga e Oliveira, a prova diabólica pode ser de duas espécies:
Prova unilateralmente diabólica Prova bilateralmente diabólica
Ocorre quando a prova é diabólica para a parte que Ocorre quando a prova é diabólica para ambas as
tinha o ônus de produzi-la (segundo as regras do partes, ou seja, é impossível ou muito difícil para
art. 373 do CPC), no entanto, é uma prova possível ambas as partes.
de ser juntada pela outra parte.
Neste caso, o juiz poderá inverter o ônus, Neste caso, não haverá inversão do ônus por conta
determinando que a prova seja produzida pela outra da prova diabólica.
parte que não tinha inicialmente o ônus de juntá-la. Não se pode simplesmente transferir a prova
Isso está previsto no § 1º do art. 373. diabólica de uma parte para a outra.
§ 1º (...) diante de peculiaridades da causa § 2º A decisão prevista no § 1º deste artigo não
relacionadas à impossibilidade ou à excessiva pode gerar situação em que a desincumbência do
dificuldade de cumprir o encargo nos termos do encargo pela parte seja impossível ou
caput (...) poderá o juiz atribuir o ônus da prova de excessivamente difícil.
modo diverso (...)
SENTENÇA
Quanto ao conteúdo
Meramente declaratória: Aquela cujo conteúdo é a declaração da existência, inexistência ou o modo de ser de
uma relação jurídica de direito material.
Constitutiva: Aquela cujo conteúdo é a criação, extinção ou modificação de uma relação jurídica.
Condenatória: Aquela que além de declarar a existência do direito material, imputa ao réu o cumprimento de
uma prestação de fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar quantia certa, c/ o objetivo de resolver a crise
jurídica de inadimplemento.
Quanto a resolução do mérito
Não resolvem o mérito.
Logo, a parte pode propor nova ação.
Previstas no art. 485, NCPC:
I. Indeferimento da inicial
II. Paralisação por mais de 1 ano, por negligência das partes;
III. Abandono da causa pelo autor por mais de 30 dias;
PEREMPÇÃO: autor dá causa, por 3 vezes, a sentença fundada em
abandono...
- não pode propor nova ação;
- mas pode alegar em defesa o seu direito.
Sentenças terminativas IV. Ausência de pressupostos processuais;
V. Perempção, litispendência e coisa julgada;
IV, V, VI e IX: juiz pode VI. Ausência de legitimidade e interesse;
conhecer de ofício, em VII. Reconhecimento da convenção de arbitragem;
qualquer tempo e grau de VIII. Desistência da ação (OBS: não confundir com renúncia).
jurisdição. IX. Morte da parte + ação intransmissível por lei.
X. Demais casos do NCPC.
Interposta apelação, o juiz pode retratar-se em qualquer dos casos (§7°).
Resolvem o mérito, formando coisa julgada material.
Previstas no art. 485, NCPC:
I. Acolhe ou rejeita pedido da ação/reconvenção;
II. Prescrição ou decadência;
Sentenças definitivas III. Homologação:
a) Do reconhecimento da procedência do pedido formulado na
ação/reconvenção;
b) Da transação;
c) Da renúncia à pretensão formulada na ação/reconvenção.
OBS: Julgamento das ações relativas às prestações de fazer, não fazer e de entregar coisa
Ordem preferencial de concessão da tutela jurisdicional
Tutela específica
Tutela pelo resultado prático equivalente
Indenização por perdas e danos
Somente se...
a. Autor requerer,
b. Impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado prático
equivalente.
COISA JULGADA: qualidade da sentença que torna seus efeitos imutáveis e indiscutíveis;
Coisa julgada formal e coisa julgada material
Coisa julgada formal ou preclusão máxima
• É o atributo da decisão imodificável por qualquer meio processual dentro do processo em que foi proferida.
• É fenômeno endoprocessual.
• Toda sentença produz coisa julgada formal, o que ocorre com seu trânsito em julgado.
Coisa julgada material
• É o atributo da decisão imodificável e indiscutível para além dos limites do processo em que foi proferida,
pela via do recurso ou da remessa necessária.
• É fenômeno extraprocessual.
• Somente as sentenças (1) de mérito proferidas mediante (2) cognição exauriente produzem coisa julgada
material.
Função negativa e função positiva da coisa julgada
a. Função negativa: impede que a mesma causa seja enfrentada judicialmente em novo processo.
b. Função positiva: vincula o juiz ao que já foi decidido em demanda anterior com decisão protegida pela coisa
julgada.
Limites da coisa julgada
Limites objetivos
• Somente o dispositivo transita em julgado;
• A coisa julgada se dá nos “limites da questão principal expressamente decidida” (503, NCPC).
➔Exceção
• Questão prejudicial expressa e incidentalmente decidida no processo, se...
✓ Dessa resolução depender o julgamento do mérito,
✓ Tiver havido contraditório prévio e efetivo,
✓ Juízo tiver competência em razão da matéria e da pessoa para resolvê-la como questão principal.
Limites subjetivos
• Todos os sujeitos – partes, terceiros interessados e desinteressados – suportam os efeitos da coisa julgada,
que os atinge de forma diferente:
a) As PARTES ficam vinculadas;
b) Os TERCEIROS INTERESSADOS sofrem os efeitos jurídicos;
c) Os TERCEIROS DESINTERESSADOS sofrem seus efeitos naturais.
Obs. Em regra, nenhuma espécie de
terceiro suporta a coisa julgada
material.
Eficácia preclusiva da coisa julgada (art. 508, NCPC)
• Com o trânsito em julgado, consideram deduzidas e repelidas todas as alegações e as defesas que a parte
poderia opor tanto ao acolhimento quanto à rejeição do pedido.
Atinge autor e réu.
Relativização da coisa Julgada
Coisa julgada inconstitucional: busca afastar a coisa julgada de sentenças de mérito transitadas em julgado
que tenham como fundamento norma declarada inconstitucional pelo STF; Fundamento: art. 525, §12 e 535,
§5º, do CPC;
Coisa julgada injusta inconstitucional: busca afastar a coisa julgada às sentenças que produzam extrema
injustiça, em afronta clara e inaceitável a valores constitucionais essenciais ao estado democrático de direito;
Quando haveria uma coisa julgada injusta inconstitucional? Seriam sentenças impossíveis de gerar efeitos, pois
contrariam valores jurídicos essenciais do sistema, a exemplo:
a) Afronta a razoabilidade e proporcionalidade;
b) Ofensa a moralidade administrativa (absurda lesão ao Estado);
c) Afronta ao valor justo da indenização por desapropriação;
d) Afronta a direitos fundamentais do homem;
e) Afronta ao meio ambiente equilibrado;
STJ já reconheceu a possibilidade de em uma ACP modificar valor de indenização em desapropriação cuja sentença
já havia transitado em julgado há mais de 2 anos.
ATENÇÃO: Investigação de paternidade decididas sem DNA. STJ já decidiu que a flexibilização da coisa julgada de
depende de a decisão transitada em julgado ser resultado da ausência ou insuficiência de provas. STF admite a
relativização da coisa julgada nos casos em que não foi realizado o exame de DNA na demanda anterior → dignidade
da pessoa humana, direito à informação genética.
TEORIA DO PRECEDENTE JUDICIAL
Aproximação entre o sistema romano-germanico e o common law
Espécies/graus de eficácia dos precedentes judiciais
DANIEL ASSUMPÇÃO
ÉSPECIE EFICÁCIA SIGNIFICADO
• Contr. concentrado de O desrespeito de qualquer deles, por qualquer decisão
const., Eficácia judicial, proferida em qualquer instância, autoriza o manejo
• SV vinculante da reclamação constitucional
• IRDR GRANDE
• IAC
• RE e REsp repetitivos Eficácia Até admitem reclamação constitucional, mas após o
• RE com RG vinculante exaurimento das instâncias ordinárias.
reconhecida MÉDIA
• Súm. STF e STJ Não admitem reclamação constitucional.
• Orientação do órgão Eficácia
especial ou do plenário vinculante
dos respectivos PEQUENA
Tribunais
O papel do Ministério Público na formação dos precedentes: A importância do MP na formação dos precedentes
obrigatórios foi considerada pelo legislador ao prever a sua intervenção nos incidentes de resolução de demandas
repetitivas (art. 976, §2º) e nos incidentes de assunção de competência (art. 947, §1º).
RACISMO
CONVENÇÃO INTERNAMERICANA CONTRA O RACISMO
Status de emenda constitucional!
TEORIA DO IMPACTO DESPROPORCIONAL: “A DISCRIMINAÇÃO INDIRETA é mais sutil: consiste na adoção de
critério aparentemente neutro (e, então, justificável), mas que, na situação analisada, possui impacto negativo
desproporcional em relação a determinado segmento vulnerável. A discriminação indireta levou à consolidação da
TEORIA DO IMPACTO DESPROPORCIONAL, pela qual é vedada toda e qualquer conduta (inclusive legislativa) que,
ainda que não possua intenção de discriminação, gere, na prática, efeitos negativos sobre determinados grupos ou
indivíduos” (RAMOS, André de Carvalho. Curso de direitos humanos..., Saraiva, 2021).
Espécies:
RACISMO INDIVIDUALISTA: O racismo individualista trata o racismo como uma espécie de “patologia” social. Um
fenômeno ético ou psicológico de caráter individual ou coletivo, atribuído a grupos isolados; ou ainda, uma
“irracionalidade”, cuja providência mais adequada a ser tomada é no campo jurídico (sanção penal ou civil). Não haveria
sociedades ou instituições racistas, mas indivíduos racistas, que agem isoladamente ou em grupo. O racismo é notado
na forma de discriminação direta.
RACISMO INSTITUCIONAL: O racismo institucional é o resultado do mau funcionamento das instituições, que passam
a atuar em uma dinâmica que confere, ainda que indiretamente, desvantagens e privilégios a partir da raça.
Admite-se aqui, portanto, o racismo como discriminação indireta. Por serem as instituições lugares de produção de
sujeitos é necessário que haja medidas de “correção” dos mecanismos institucionais, como ações afirmativas que
aumentem a representatividade de minorias raciais e que alterem a lógica interna dos processos decisórios.
RACISMO ESTRUTUTAL: O racismo estrutural é uma decorrência da própria estrutura social, ou seja, do modo “normal”
com que se constituem as relações políticas, econômicas, jurídicas e até familiares, não sendo uma patologia social
e nem um desarranjo institucional. Aqui, considera-se que comportamentos individuais e processos institucionais são
derivados de uma sociedade cujo racismo é regra e não exceção. Nesse caso, além de medidas que coíbam o
racismo individual e institucionalmente, torna-se imperativo pensar sobre mudanças profundas nas relações sociais,
políticas e econômicas. Pela complexidade das ligações que apresenta com a política, a economia e o direito, é
importante falar mais sobre o racismo estrutural.
RACISMO RECREATIVO: A expressão foi cunhada por Adilson José Moreira. O racismo recreativo é uma política
cultural que referenda por meio do humor a ideia de que negros não são atores sociais competentes. Isso permite que
pessoas brancas hostilizem minorias sociais sem perder uma imagem social positiva. Vera Verão – a bicha preta,
Mussum o bêbado. etc.
TABELA RESUMO
#LINK: Igualdade material, igualdade formal e igualdade como reconhecimento; Função contramajoritária da STF;
CONSTITUCIONAL
TEMAS IMPORTANTES RELACIONADOS A COVID
REQUISIÇÃO PELA UNIÃO DE INSUMOS DE ESTADO – ACO 3463
➢ Não pode!
➢ Fundamentos da requisição administrativa: arts. 5º, XXIII e 170, III, da CF e ainda art. 5º, XXV: DI PIETRO –
Instrumento unilateral e auto executório, independe da aquiescência do particular e da previa intervenção do
poder judiciário; em regra é oneroso sendo a indenização a posteriori;
➢ Todos os entes podem lançar mão da requisição, independente de autorização do ministério da saúde;
➢ Porém, o STF entende que a requisição administrativa NÃO PODE se voltar contra bem ou serviço de outro
ente federativo → interferência na autonomia; ressalvadas as situações fundadas no estado de defesa (art.
136, 1º, II, CF) e no estado de sítio (art. 13, VII) → SISTEMAS CONSTITUCIONAIS DE CRISE;
➢ Competência material dos Estados → saúde → art. 23, II, CF.
FEDERALISMO
➢ Dual/ clássico: separação rígida das funções.
➢ Cooperativo: surge com o estado social, as novas atribuições do estado.
➢ Federação: Brasil em 1891. Critério: princípio da predominância do interesse
➢ Federalismo do equilíbrio: equilíbrio na distribuição de competência.
➢ Federalismo horizontal: rígida distribuição. Vertical: competência comum - CONDOMÍNIO LEGISLATIVO.
➢ EUA: por adotar o dual, desenvolve a teoria dos poderes implícitos.
➢ Federalismo de 3ª grau: CF/88 com os municípios. Tríplice esfera normativa.
SEPARAÇÃO DE PODERES
➢ Aristóteles “Política” - três funções (mas ainda era numa única pessoa)
➢ Montesquieu: separação orgânica de poderes “dos espíritos das leis’ (além da separação de funções, seria
dividida em 3 órgãos distintos, independentes e harmônicos (lembrar do contexto – liberalismo – superação
do absolutismo)
➢ Liberalismo: rígida separação dos poderes
➢ Benjamin Constant: quarto poder neutro. Não confundir com o poder moderador.
➢ Freios e contrapesos (check and balances). Interpenetração dos poderes;
➢ Finalidade: preservar a liberdade individual, combatendo a concentração de poder. Sua base encontra-se na
tese da existência de nexo causal entre divisão de poder e liberdade individual. Persegue esse objetivo de 2
maneiras: a) impondo colaboração e consenso de várias autoridades estatais no processo de tomada de
decisão; b) estabelecendo mecanismos de fiscalização e responsabilização recíprocas → desenho de freios
e contrapesos.
➢ Estados modernos → adoção da teoria de Montesquieu de forma abrandada → a separação não é absoluta
→ funções típicas e atípicas.
➢ Canotilho: dupla dimensão: positiva é a separação dos poderes e negativa: limites e controle.
CONSTITUCIONALISMO
Sarmento divide: 1- antigo/ medieval 2- moderno 2- pós moderno
➢ Antigo/ medieval: hebreus – Grécia e Roma
➢ Moderno: inglês/ francês e o americano (em duas fases: liberal e social)
MODERNO: superação do absolutismo. Iluminismo. Contenção do poder por meio da separação dos poderes.
Garantias individuais (direitos negativos). Legitimação do governo por meio do consentimento dos governados.
➔ Inglês: revolução gloriosa em 1668. Destituição da dinastia stuart e supremacia do parlamento. Respeito as
tradições constitucionais: inexistência de documento único que consolide a constituição. COMMON LAW.
➔ Evolução gradual e histórica sem rompimento abrupto.
➔ Francês: revolução em 1789 e a constituição em 1791.
TEORIA DO PODER CONSTITUINTE: Sieyès “o que é o terceiro estado”? o poder constituinte tem
como titular a nação, sem quaisquer limites pelo ordenamento passado. A nação é permanente
durante o tempo, não se confunde com os povos.
Constituição escrita. Com protagonismo no poder legislativo. Constituição como proclamação
política e não norma jurídica.
A Revolução francesa derruba a monarquia e traz os ideais: de liberdade/ igualdade e fraternidade.
➔ Norte americano: constituição em 1787. Instituição do presidencialismo. E o sistema de freios e contrapesos
associados a separação de poderes. A constituição é vista como norma jurídica (controle de
constitucionalidade: marbury X Madison 1803). Instituto do judicial review.
CONSTITUCIONALISMO LIBERAL: a proteção dos direitos fundamentais consiste na limitação do poder. Direitos
negativos. Separação dos poderes. Estado mínimo que confiava na “mão invisível do mercado”. Igualdade formal dos
indivíduos.
CONSTITUCIONALISMO SOCIAL: Lênin: melhor capitalismo selvagem do que o capitalismo do estado de bem social.
Pressão social da classe trabalhadora. Políticas públicas retributivas.
Flexibilização da separação dos poderes: antes era separação dos poderes estativa e passa a ser separação dos
poderes dinâmica (atuação do poder público na seara social e econômica).
Federalismo cooperativo.
Constituição mexicana de 1917
Constituição de Weimar de 1919
NEOCONSTITUCIONALISMO
FORÇA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO – HESSE
➢ Regras e princípios com novo tratamento hermenêutico
➢ Constitucionalização do direito: efeito expansivo da constituição. Filtragem constitucional com interpretação
de todas as normas a luz da CF.
➢ Legislativo e executivo: limite a discricionariedade.
➢ Judiciário: parâmetro para o controle de constitucionalidade.
➢ Particulares: eficácia horizontal dos direitos fundamentais.
➢ Influência da ética e da moral
➢ Judicialização da política e das relações sociais. Conflito entre princípios constitucionais deu espaço a
ponderação.
➢ Força normativa dos princípios
MARCO HISTÓRICO: pós segunda guerra e formação dos estados democráticos de direito. Brasil: CF/88 com a
redemocratização após regime de ditadura.
MARCO FILOSÓFICO: superação do jusnaturalismo e fracasso do positivismo. Pós positivimos: além da
legalidade estrita sem desprezar o direito posto. Teoria dos direitos fundamentais fundamentada na dignidade da
pessoa humana.
MARCO TEÓRICO: força normativa da constituição de Konrad Hesse. Filtragem constitucional dos demais
ramos do direito. A constituição deixa de ser mero documento político para ser verdadeira norma jurídica. Mínimo
necessário surge como de observância obrigatória pelo intérprete. Constituição invasora com um catálogo de direitos
fundamentais.
Diferença de judicialização x ativismo judicial: Barroso - a judicialização decorre da constituição analítica e do
controle de constitucionalidade, ou seja, a judicialização decorre do constituinte e não do judiciário. O ativismo,
por sua vez, decorre da postura do intérprete que atua de modo proativo ao interpretar a constituição.
Daniel sarmento: diante da abertura de boa parte do texto constitucional, quem a interpreta também participa da sua
criação: PODER CONSTITUINTE PERMANENTE.
Neconstitucionalismo X pós-positivismo:
➢ Semelhança: surgem no pós-guerra.
➢ Diferença: o pós-positivismo defende a conexão necessária do direito com a moral.
➢ Neconstitucionalismo é o modelo de organização jurídica política do estado democrático de direito.
PODER CONSTITUINTE
Origem do poder constituinte originário: Sieyès com a obra “o que é o terceiro estado”.
Originário:
➢ Histórico: primeira constituição de tudo.
➢ Revolucionário: constituições posteriores.
➢ Poder de direito: fundamento no direito natural, anterior e superior, ao direito positivo.
➢ Poder de fato: o fundamento está em si próprio.
➢ Poder ilimitado? Teoria positivista. Teoria jusnaturalista. Teoria sociológica.
➢ Retroatividade mínima: efeitos futuros de fatos passados.
➢ Retroatividade média: pretensões vencidas e não pagas antes da norma.
➢ Retroatividade máxima: atinge fatos consumados.
Derivado (reformador / decorrente/ revisor).
REFORMADOR: alteração formal.
➢ PEC popular: corrente de José Afonso da Silva. Se o povo é titular do poder, é possível interpretar de forma
ampliativa a iniciativa popular não apenas para leis, mas para PEC. (A estadual pode!)
➢ Limites temporais: veda-se a reforma durante determinado tempo. Constituição do Império de 1824 (4 anos
da promulgação). A cf/88, na majoritária, não tem limites temporais. Não confundir com limites circunstanciais.
➢ Núcleo essencial: conjunto de características sem a qual o instituto deixaria de existir.
➢ E os direitos sociais? Corrente 1: não são cláusulas pétreas por não ter previsão expressa e por ser direitos
prestacionais dependem de recursos disponíveis não podendo ser imodificável. Corrente 2: são pétreas pq
implementam a dignidade da pessoa humana e os demais fundamentos da república.
➢ Não é possível ampliar, por emenda, o rol de cláusula pétreas. Apenas o originário pode condicionar o
reformador. O reformador não pode condicionar o reformador. Mas podem inserir direitos que já estão
abrangidos pela cláusula pétrea. Ex: novo direito fundamental.
➢ Limites implícitos: Titular do poder; Vedação da dupla reforma ou dupla revisão.
➢ República: a previsão do voto direito implica na república (monarquia não a voto).
➢ STF: princípio da anterioridade tributária. Princípio da anterioridade eleitoral. Princípio da isonomia tributária.
PODER CONSTITUINTE DIFUSO = MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL.
➢ Processo informal de alteração da constituição. Altera o sentido e não o texto.
➢ Mutação constitucional inconstitucional? É a atribuição a uma norma constitucional de uma interpretação que
seja contrária aos valores consagradas pela constituição.
➢ Limites a mutação constitucional: o próprio texto e o sistema de valores constitucionais.
DECORRENTE.
Fundamentos para que os municípios não possuam poder derivado decorrente:
➢ Interpretação literal da cf que não dispôs sobre constituição aos municípios;
➢ Não se pode ter um poder constituinte decorrente de outro poder constituinte decorrente (DUPLO GRAU DE
IMPOSIÇÃO LEGISLATIVA)
Normas de reprodução obrigatória que limita o poder constituinte decorrente - LIMITES
➢ Princípios estabelecidos: limitações vedatórias (normas que estabelecem obrigações de não fazer aos
estados membros) e as limitações mandatórias (estabelecem obrigações positivas ao estado) PRE
ORGANIZAÇÃO E COMPETÊNCIAS. Normas que estabelecem a organização da federação e são de
reprodução obrigatória pelos estados-membros.
➢ Princípios sensíveis: são princípios tão importantes que, segundo PONTES DE MIRANDA, uma vez violados
traz como consequência a reação mais dura para a federação: a intervenção. Exclusivamente no artigo 34,
VII, CF.
➢ Princípios extensíveis: FCC → normas centrais comuns a U/E/DF/M. integram a estrutura da federação
brasileira, modo de ser do estado federal. Se projetando obrigatoriamente a todos os entes da federação.
(Constituição total –nacional- é diferente de constituição federal. Autonomia legislativa; Conforme Kelsen, a
constituição nacional, diz respeito a todas as normas referentes aos entes políticos federados, regula atividade
de todos os entes políticos com força vinculante nacional. Agora, a constituição federal, seria aquelas normas
que regulam apenas os interesses da união). 77 CF/ 85,§3º. Princípios orçamentários. Normas sobre processo
legislativo (59/69) o poder constituinte decorrente não pode criar novas espécies legislativas. SEPARAÇÃO
DE PODERES.
OBS: Separação de poderes → controle exercido pelo legislativo sobre o executivo, decorrente do sistema de freios
e contrapesos, é essencialmente a posteriori.
OBS: Principio republicano → usado tanto para justificar a temporariedade dos mandatos, mudança dos governos
(proíbe o prefeito itinerante) quanto também para justificar a responsabilização dos governantes (art. 34, VII, “a”, da
CF) sendo principio constitucional sensível. STF. Em virtude disso, não é permitida a reprodução do art. 51, I, da CF.
OBS: Princípio democrático,→ impede o afastamento automático do governador com o recebimento da denúncia
pelo STJ. Não pode reproduzir o art. 81, §1º, I, da CF. Esse afastamento pode ser decidido pelo STJ em sede de
medida cautelar.
PODER CONSTITUINTE DECORRE NO DISTRITO FEDERAL: A sua lei orgânica abrange tanto matéria de
constituição estadual, quanto matéria de lei orgânica municipal. Nas matérias estaduais, a lei orgânica do DF tem
natureza constitucional.
➢ STF: CELSO DE MELLO: a lei orgânica do DF deve ser parâmetro de constitucionalidade, sendo um
verdadeiro estatuto constitucional.
(Sujeita a um único grau).
➢ A lei orgânica do DF EQUIVALE AS CONSTITUIÇÕES ESTADUAIS. Assim, é parâmetro de
constitucionalidade das leis distritais perante o TJ. (será inconstitucionalidade e não ilegalidade, conforme as
demais leis orgânicas dos municípios).
E os territórios federais? Não tem poder constituinte decorrente pq não possuem autonomia política, são autarquias
territorias da UNIÃO (descentralização). Quem possui autonomia politica é a união. Ademais, são criados por meio de
LC federal e não lei orgânica. (At.11 do ADCT).
PODER CONSTITUCIONAL INTERTEMPORAL
➢ Constituição nova x constituição anterior.
➢ Revogação.
➢ Desconstitucionalização: normas constitucionais materialmente compatíveis permanecem com status
infraconstitucional. (Previsão expressa. Não ocorreu com CF/88).
➢ Vacatio constitutionis: período que a constituição nova não entrou em vigor ainda, sendo mantida a constituição
anterior. Pode ser parcial (art. 34 da ADCT).
➢ Em relação as normas infraconstitucionais: Princípio da continuidade do ordenamento jurídico, evita-se o
vácuo legislativo.
➢ Norma materialmente constitucional: Recepção. A nova constituição passa a ser o novo fundamento de
constitucionalidade da lei recepcionada. A lei recepcionada assume o status normativo exigido pela nova
constituição (CTN).
➢ Constitucionalidade superveniente: Norma era inconstitucional, de acordo com o parâmetro da época da
sua criação, mas com a constituição nova passa a ser constitucional. Não admitido.
➢ Compatibilidade formal no aspecto orgânico: competência legislativa transferida para ente diverso. Não
admite a FEDERALIZAÇÃO de normas estaduais e municipais. O inverso é admitido, manutenção das normas
federais enquanto não editadas as estaduais e municipais.
➢ ADCT é norma constitucional, servindo de parâmetro para controle.
Constitucionalização simbólica: sentido positivo e sentido negativo. O negativo ocorre o déficit de concretizar
as normas constitucionais. E o positivo é seu papel ideológico-político que encobre problemas sociais e
impede a transformação efetiva da sociedade.
INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL
JOGOS DE LINGUAGEM: o significado de uma palavra somente pode aparecer diante de um contexto.
Circo hermenêutico de Gadamer: compreensão da hermenêutica a partir de um diálogo, de perguntas e respostas
no qual o intérprete participa ouvindo o que o texto diz. Desse diálogo, surge a compreensão, que é seguida da
aplicação. O momento de interpretar, compreender e aplicar são simultâneos (giro hermenêutico).
ALEXY: as características das regras é a subsunção, a dos princípios é a ponderação, pois, podem ser cumpridos
em diversos graus (admitem relativização).
Clássico (Savigny):
1- Gramatical- literal- filosófico: conteúdo semântico das palavras.
2- Lógico: analisa o contexto.
3- Sistemático: unidade do ordenamento jurídico. Análise de todo o sistema.
4- Histórico: sentido da lei buscado no processo legislativo.
5- Teleológico e sociológico: finalidade da norma
Interpretação em Kelsen: critério da validade da norma jurídica. Se a interpretação for válida de acordo com a norma
superior, ela pode ser aplicada. O ato de escolher qual das interpretações válidas será aplicada é discricionário do
aplicador. Há uma moldura que permite o aplicador identificar quais interpretações são válidas e quais não são.
“Giro decisionista”: o direito passa a ser aquilo que o juiz diz que é, como criação exclusiva do magistrado.
Positivismo Exclusivista – Inclusivista e Não positivismo:
➢ Exclusivista: separação entre direito e moral, o direito nunca poderá considerar questões morais.
➢ Inclusivistas: o conceito de direito pode incluir os preceitos morais, mas não é necessário.
➢ Não positivistas: a moralidade está necessariamente incluída no conceito de direito.
PÓS POSITIVISMO JURÍDICO: Pós segunda guerra. Fortalecimento da jurisdição constitucional, com
mecanismos fortes de defesa dos direitos e garantias fundamentais em face do legislador ordinário.
A constituição passa a ser vista como verdadeira norma jurídica que limita o legislativo, controlando e
invalidando leis.
CONSTITUCIONALIZAÇÃO DA ORDEM JURÍDICA: nova leitura das normas e dos institutos do direito.
O judiciário ganha protagonismo, deixando de ser “mera boca da lei”.
MÉTODO TÓPICO-PROBLEMÁTICO: do caso concreto para a norma. A interpretação constitucional é dotada de
caráter prático.
MÉTODO HERMENÊUTICO-CONCRETIZADOR: Parte da constituição para o problema. Círculo hermenêutico: Na
atividade interpretativa, o interprete vale de suas pré-compreensões sobre o tema para obter o sentido da norma, além
de atuar como mediador entre a norma e o contexto que ela se encontra, transformando a interpretação em um
movimento de ir e vi (círculo).
MÉTODO CIENTÍFICO- ESPIRITUAL/ SOCIOLÓGICO: a interpretação deve se aproximar do sistema cultural e
valores do povo.
MÉTODO JURÍDICO-ESTRUTURANTE: diferencia norma jurídica do texto jurídico. O texto jurídico é aquele
expresso na constituição, a norma, por sua vez, é a concretização do texto expresso. O texto não possui
normatividade, mas apenas validade. O texto é ponto de partida (a ponta do iceberg)
Dworkin: as regras são aplicadas no modo tudo ou nada (retirando uma regra do ordenamento em caso de conflito),
salvo nos casos de “cláusula de exceção”.
Conforme Alexy, os princípios são normas prima facie, havendo uma dimensão de peso em caso de conflito,
usando o mecanismo da proporcionalidade. São normas que obrigam sua realização na maior medida do possível
diante do caso concreto, mandamento de otimização.
DERROTABILIDADE – HUMBERTO ÁVILA: critica o critério do tudo ou nada e o critério da maior medida do possível
dos princípios. Para ele, os princípios, por não determinarem diretamente uma conduta, depende de para concretização
de um ato institucional mais intenso. Enquanto as regras, por prescreverem condutas, dependem do ato menos intenso.
As regras dependem de um processo argumentativo mais complexo. Defende o sopesamento também entre as regras.
Derrotabilidade: condições que podem derrotar as regras, mesmo que estejam presentes seus requisitos necessários
e suficientes. A norma jurídica é afastada em determinado fato por ser com ela incompatível.
Ávila defende que em caso de conflito entre regra e princípio, a regra deve prevalecer diante de sua função decisiva
(trincheira das regras).
Proporcionalidade e razoabilidade: a proporcionalidade é mais complexa que a razoabilidade por exigir mais que
uma análise entre o meio e o fim. A proporcionalidade se desenvolve a partir de 3 sub-regras: ALEXY.
➢ Necessidade- não tem outro meio menos gravoso.
➢ Adequação- para atingir o fim
➢ Proporcionalidade em sentido estrito- ato adequado e necessário. Trata-se do sopesamento entre os direitos
fundamentais em colisão.
Critica a teoria de Alexy: separação dos poderes.
O princípio da proporcionalidade não está expresso da CF. É tratado dentro do princípio do devido processo legal
na dimensão substantiva.
PROPORCIONALIDADE COMO PROIBIÇÃO DA PROTEÇÃO DEFICIENTE: tradicionalmente, é usado para coibir
excessos estatal. Mas o estado tb deve atuar positivamente na proteção dos direitos e garantias fundamentais. Assim,
há violação dos princípios em casos de omissão, em que o estado deixa de agir em prol dos direitos e garantias
fundamentais.
CONTROLE DIFUSO
CONTROLE DIFUSO DE CONSTITUCIONALIDADE: Tb chamado de controle pela via de exceção ou incidental ou
de defesa
➢ Origem em 1803, nos EUA, com o caso Marbury X Madison, em que o juiz Marshall determinou que uma
norma infraconstitucional não poderia prevalecer sobre a constituição. Atribuindo, assim, força normativa da
constituição. O judicial review compete a qualquer magistrado diante do caso concreto, com decisão de efeitos
ex tunc. (A origem do controle concentrado ocorre com Hans Kelsen e seu sistema de validade de normas, a
ser realizado por uma corte constitucional especializada, com efeitos EX NUNC- prospectivos).
➢ Difuso: introduzido na 1891 e mantida em todas as constituições subsequentes.
➢ Conceito: É aquele realizado por qualquer juiz diante do caso concreto, por ser prejudicial ao exame de mérito.
A constitucionalidade pode ser questionada em qualquer ação como CAUSA DE PEDIR e não como pedido.
Pode ser reconhecida de ofício pelo juiz/ tribunal.
Cláusula de reserva de plenário: também chamada de cisão funcional horizontal de competência. O plenário julga
apenas a questão de inconstitucionalidade e devolve ao tribunal para julgar a questão de mérito.
Não se aplica à cláusula:
➢ Ao próprio STF
➢ Ação declaratória de constitucionalidade (presunção de constitucionalidade das leis)
➢ Interpretação conforme a constituição
➢ Recepção
➢ Juízes monocráticos
Efeitos do difuso: a inconstitucionalidade declarada incidental não transita em julgado (limite objetivo), nem afeta 3
(limite subjetivo).
Abstrativização do controle difuso. (objetivação. Dessubjetivação):
Expressão de fredie Didier, consiste na possibilidade de conferir efeito erga omnes nas decisões proferidas em
controle de constitucionalidade difuso.
Fundamentos:
➢ Suspensão do senado federal (ex nunc);
➢ Repercussão geral (reforma do judiciário) nos recursos extraordinários que maximizaram uma feição objetiva
ao recurso.
➢ Mutação constitucional do artigo 52,X da CF. Controle difuso- concreto:
Seria uma releitura do artigo 52, X, por meio da mutação constitucional, de modo que toda as decisões do plenário, no
âmbito de jurisdição constitucional, teriam, por si só, eficácia erga omnes e vinculante. Sendo que a função do senado
seria em conferir publicidade.
Essa tese, incialmente (2014) foi rejeitada pela maioria dos ministros do STF, sendo defendida, até então, pelo Ministro
Gilmar Mendes.
Críticas: separação dos poderes/ não há mutação, mas verdadeira mudança do texto constitucional.
Em 2017, a tese voltou a ser ventilada na ADI que julgou a lei federal que permite o uso de amianto de modo
excepcional. O STF declarou, de modo incidental, a inconstitucionalidade da lei federal, com efeito erga omnes e
vinculante, sem necessidade de atuação do senado federal.
Com essa decisão, O STF acaba adotando, ainda que não de forma expressa, a transcendência dos motivos
determinantes da decisão. Com efeito, há vinculação dos fundamentos da decisão e não do dispositivo (que decidirá
o caso concreto). Expressamente o STF não adota essa tese para que não possa julgar as reclamações com base na
ratio decidendi.
Peculiaridade desse caso: não era uma ação de controle difuso, era uma ação de controle concentrado (que busca a
inconstitucionalidade das leis estaduais) em que o STF decidiu, incidentalmente, pela inconstitucionalidade da lei
federal. Não houve, assim, uma abstrativização do controle difuso, pq tomada dentro do controle concentrado de
constitucionalidade.
Possibilidade de modulação dos efeitos no controle difuso (caso mira estrela).
O quórum exigido para modulação de efeitos, não é necessário quando se tratar de recepção.
CONTROLE CONCENTRADO
Não podem ser objeto de controle concentrado:
➢ Súmula (ocorre que, em decisão recente, o STF admitiu ADPF contra súmula, quando esta apresentar caráter
geral e abstrato. Pois, cumpre o requisito da subsidiariedade);
➢ Decretos regulamentares e atos normativos secundários.
➢ Normas constitucionais originárias (não adota a tese de normas constitucionais inconstitucionais).
➢ Atos estatais de efeitos concretos: o STF, tradicionalmente, não admite por falta de generalidade e abstração.
Mudança de entendimento com ADI 4048
➢ Atos normativos já revogados ou com eficácia exaurida: se o exaurimento ocorrer durante a ação, como regra,
o STF extingue por perda do objeto. Exceção: (fraude processual / julgamento realizado sem que o STF tenha
sido comunicado/ repetição em outra norma de igual conteúdo);
➢ Contra lei distrital no exercício da competência municipal.
➢ Matéria interna corporis do poder legislativo.
O presidente da República pode ajuizar ADI contra lei que acabou de sancionar: fundamento é a inconstitucionalidade
progressiva: no momento da sanção, era constitucional. Posteriormente, por razões políticas, econômica, morais, ficou
inconstitucional.
Partido político: legitimidade verificada no momento do ajuizamento da ação. Apenas diretório nacional.
Confederação sindical: STF- pelo menos, em 3 federações para ser considerado confederação.
Entidade de classe: categoria de cunho profissional. Entidade estudantil não tem legitimidade.
Âmbito nacional: 1/3 pelo menos da federação (9 estados).
Mudança de entendimento: admite associação de associação como legitimado.
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE:
Cabe contra medida provisória, por te força de lei, mas desde que em plena vigência.
STF: lei ou ato normativo estadual e federal em face da CF (ato distrital na competência estadual);
TJ: lei estadual ou municipal em face da CE.
Simultaneus processus: coexistência de ADI no STF e no TJ, sendo a ADI estadual julgada primeiro: se o
parâmetro for norma constitucional de reprodução obrigatória pelo estado, subsiste a legitimidade do STF para julgar
a ADI.
Como regra, o TJ deve suspender o processo (suspensão prejudicial do processo) - Causa especial de suspensão do
processo na justiça local.
Se o STF julgar pela constitucionalidade, a ação poderá continuar no TJ local, pois, a lei poderá ser inconstitucional
em face da CE.
Se o STF julgar pela inconstitucionalidade, a ação do TJ deve ser extinta sem julgamento do mérito.
Princípio da adstrição: ADI tem causa de pedir aberta, não vinculando a fundamentação jurídica invocada. Todavia,
é adstrito ao pedido, exceto:
➢ Inconstitucionalidade por arrastamento.
➢ Declaração incidental de uma norma que não foi objeto da ADI (amianto)- causa de pedir aberta;
Como regra, o AGU defende a norma. Exceto: 1- houver caso análogo no STF que reconheceu a inconstitucionalidade;
2- Subscrever a ADI; 3- contrariar interesse da União.
Recorrível a decisão denegatória de ingresso no feito como amicus curiae.
É possível a impugnação recursal por parte de terceiro, quando denegada sua participação na qualidade de amicus
curiae. STF. 6/8/2020 (Info 985).
Tanto a decisão do Relator que ADMITE como a que INADMITE o ingresso do amicus curiae é irrecorrível (STF.
17/10/2018. Info 920).
A pessoa física não tem representatividade adequada para intervir como amicus curiae na ADI.
Natureza jurídica do amicus curiae: majoritária. Modalidade sui generis de intervenção de terceiro (anômala).
Efeitos da medida cautelar: erga omnes. Ex nunc (não retroativos), salvo se determinar no tribunal. A Concessão da
cautelar torna válida a lei anterior (efeito represtinatório temporário) evitando-se o vácuo legislativo.
Efeito súplice/ ambivalente da ADI e ADC.
Reação legislativa. Fossilização do legislativo. Ativismo legislativo. Última palavra provisória. Separação dos
poderes.
Produz efeitos a partir da publicação, ainda que não transitada em julgado.
Efeito represtinatório indesejado: Diante do efeito represtinatório tácito, a lei anterior voltará a vigência, salvo se
houver pedido expresso para que também seja declarada inconstitucional.
Sentenças inconstitucionais: transitadas em julgadas com base em lei declarada inconstitucional pelo STF
posteriormente. Rescisória. NCPC (a coisa julgada não é absoluta, o legislador ordinário pode indicar situações que
relativiza).
Interpretação conforme a constituição: trata-se de técnica de controle de constitucionalidade, com a finalidade
de conferir a norma jurídica de significados plúrimos o sentido que mais se coaduna com a constituição,
afastando as demais interpretações.
Ao declarar a inconstitucionalidade, o STF atua como legislador negativo, não podendo assumir a posição de
legislador positivo, criando normas jurídicas diversas do texto constitucional. Assim, a interpretação conforme tem
limite no próprio texto, que não pode ser distorcido para criar norma diversa. Efeitos vinculantes e erga omnes.
Declaração de inconstitucionalidade parcial sem redução do texto:
➢ Enquanto que a interpretação conforme visa salvar uma interpretação de uma norma. A declaração de
inconstitucionalidade sem redução do texto, ao contrário, visa extirpar do ordenamento determinada
interpretação. Declara a inconstitucionalidade de uma hipótese, sem redução do texto, a norma permanece
válida e eficaz.
Declaração de constitucionalidade com redução do texto: princípio da parcelaridade. Apenas parte é inconstitucional.
Declara de inconstitucionalidade sem pronúncia de nulidade: o STF declara a inconstitucionalidade, mas não
pronuncia a nulidade. Princípio da proporcionalidade, segurança jurídica. O estado de inconstitucionalidade
agravaria ainda mais o ordenamento jurídico.
ATENÇÃO:
INCONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE
Acepção tradicional (entrada em vigor de uma Acepção moderna (lei que sofreu um
nova CF e leis anteriores incompatíveis) processo de inconstitucionalização)
Significa que a lei ou ato normativo impugnado Significa que uma lei ou ato normativo que foi
por meio de ADI deve ser posterior ao texto da considerado constitucional pelo STF pode, com
CF/88 invocado como parâmetro. o tempo e as mudanças verificadas no cenário
Assim, se a lei ou ato normativo for anterior à CF/88 jurídico, político, econômico e social do país,
e com ela incompatível, não se pode dizer que há
uma inconstitucionalidade. Nesse caso, o que tornar-se inconstitucional em um novo exame
existe é a não-recepção da lei pela Constituição do tema.
atual. Assim, inconstitucionalidade superveniente, nesse
Logo, nesse sentido, afirma-se que não existe no sentido, ocorre quando a lei (ou ato normativo)
Brasil inconstitucionalidade superveniente para se torna-se inconstitucional com o passar do
explicar que a lei anterior à 1988 e que seja tempo e as mudanças ocorridas na sociedade.
contrária à atual CF não pode taxada como Não há aqui uma sucessão de Constituições. A lei
“inconstitucional”. era harmônica com a atual CF e, com o tempo,
torna-se incompatível com o mesmo Texto
Constitucional.
Não é admitida no Brasil. É admitida no Brasil.
ADC
➢ Confirmar a constitucionalidade de uma lei FEDERAL. A presunção iuris tantum passa a ser Juris et de Jure.
➢ Legitimidade da ADI e da ADC igualdas na reforma do judiciário.
➢ Requisito da controvérsia judicial relevante.
ADPF
Preceito fundamental. Duas correntes:
1- Não tem diferenças entre normas constitucionais e preceitos fundamentais (toda as normas da constituição
são preceitos fundamentais);
2- Majoritária. Nem todas as normas da constituição são preceitos fundamentais.
Conceito: entendidos como normas materialmente constitucionais que fazem parte da constituição formal, sendo
o núcleo constitutivo do estado e da sociedade, inclusive, com preceitos implícitos.
Cabe contra decisão judicial que viola preceito fundamental por meia decisão sem base legal ou por meio de
interpretação judicial.
Não cabe:
➢ Contra veto (ato político. Lembrar da ADPF de 2021);
➢ Contra PEC;
➢ Contra decisão transitada em julgado;
➢ Não pacífico: mas cabe contra ato revogado;
Exemplos de preceito fundamental
Na ADPF 405 MC/RJ, a Min. Rosa Weber afirmou que poderiam ser considerados preceitos fundamentais:
•a separação e independência entre os Poderes;
•o princípio da igualdade;
•o princípio federativo;
ADI- INTERVENTIVA
Parâmetro será os princípios sensíveis.
Pode ser contra conduta concreta/ ato normativo/ comissivo/ omissivo.
Via de regra, processo objetivo não tem sujeito passivo. NO caso da interventiva, há sujeito passivo. Trata-se de um
controle concentrado in concreto.
SENTENÇAS INTERMEDIÁRIAS
SENTENÇAS INTERMEDIÁRIAS: são decisões que relativizam o binômio “constitucionalidade /
inconstitucionalidade”.
Espécies de sentenças intermediárias: Sentenças normativas (manipulativas) X Sentenças transitivas ou
transnacional
Sentença normativa (manipulativa): criam normas jurídicas com efeito erga omnes.
Espécies:
➢ Sentença aditiva: a corte declara a inconstitucionalidade da lei, não pelo que expressa, mas pelo que omite.
Alarga-se, desta forma, o âmbito de incidência da lei. A norma era inconstitucional por insuficiência e passa a
ser constitucional pelo seu alargamento.
➢ Sentença substitutiva: o tribunal declara a inconstitucionalidade de parte da lei e a substitui por outra disciplina
legislativa mais apropriada com o texto constitucional.
➢ Sentença interpretativa: determinam a interpretação compatível com a constituição;
➢ Aditiva de princípios: (sentença de delegação). Sentenças que, diante da omissão legislativa, traçam um
princípio a ser introduzido fixando um prazo ao legislador.
Sentenças transitivas:
➢ Sentença de inconstitucionalidade sem efeito ablativo: (ablativo = retirar). Reconhece a inconstitucionalidade
da norma, mas não a retira do ordenamento, pois a retirada causaria mais danos que sua permanência.
(Declaração de inconstitucionalidade sem pronúncia de nulidade).
➢ Sentença de inconstitucionalidade com efeito ablativo diferida: Modulação dos efeitos
➢ Sentença de apelo: declaração de inconstitucionalidade de norma ainda constitucional. Constitucionalidade
provisória/ progressiva.
➢ Sentenças de aviso: sinalizam uma mudança de entendimento da corte no futuro. Prospective overruling.
PODER LEGISLATIVO
As IMUNIDADES PARLAMENTARES surgem na Inglaterra como forma de conter a monarquia: liberdade de
palavra e liberdade contra prisão arbitrária. Ambas são extensíveis aos Deputados Estaduais, art. 27, §1º, CF. A ALE
pode rejeitar prisão preventiva e medidas cautelares impostas pelo judiciário → simetria art. 53, §2º c/c art. 27, §1º.
Medidas cautelares aos vereadores → não precisa submeter à câmara.
➢ Imunidade material: Desde CF/1824 (a imunidade civil só foi prevista na emenda de 2001). Natureza jurídica:
Divergência (exclusão de tipicidade/ exclusão de pena/ excludente do delito). Eficácia temporal absoluta.
➢ Imunidade Formal: quanto ao processo; quantos as prisões e medidas cautelares.
Prisão dos parlamentares em caso de trânsito em julgado da sentença penal. Embora não expressamente
previsto, estaríamos diante de uma anomalia institucional, em que a constituição não poderia ser aplicada contra ela
mesma.
Medidas cautelares impostas aos parlamentares: fundamento. Inafastabilidade do judiciário. As imunidades não
são absolutas. Outros membros dos poderes executivos e judiciário podem sofrer medidas cautelas, não havendo
razão para não se aplicar ao legislativo. → Todavia, conferiu interpretação conforme a constituição, para determinar
quer, se a medida cautelar importar direta ou indiretamente no exercício do mandato, deve ser submetida à
deliberação da casa em 24 horas.
FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO: o STF aplicou a técnica de redução teleológica ou técnica da
dissociação, que consiste em reduzir o campo de aplicação da norma para algumas hipóteses fáticas previstas
por ela, a fim de compatibilizar com o sistema.
➔ Marco para o fim do foro: final da instrução processual, despacho com intimação das alegações finais.
Em regra, as autoridades com foro por prerrogativa podem ser indiciadas, exceção:
➔ Magistrados;
➔ Membros do MP.
Nos demais casos, apesar ser possível o indiciamento, é indispensável autorização do tribunal competente para
indiciamento.
CPI IMPORTANTE!!!
➢ Podem afastar o sigilo bancário/ fiscal e de registros telefônicos de forma direta. Excetuadas as CPI
municipal que depende de autorização do judiciário (reserva de jurisdição). Princípio da colegialidade
para afastar o sigilo;
➢ O investigado pode se recusar a comparecer na sessão da CPI na qual seria ouvido? 1ª corrente: SIM.
É facultativo. Se decidir comparecer, ele terá direito: a) ao silêncio; b) à assistência de advogado; c) de não
prestar compromisso de dizer a verdade; d) de não sofrer constrangimentos. A CPI não pode determinar a sua
condução coercitiva. 2ª corrente: NÃO. O comparecimento do investigado perante a CPI para ser ouvido é
compulsório. Mas terá os mesmos direitos supramencionados. Caso o investigado não compareça, a CPI
poderia determinar a sua condução coercitiva. Como a teses empataram, prevalece a decisão mais favorável
ao paciente. Assim, concedeu a ordem de habeas corpus para transformar a compulsoriedade de
comparecimento em facultatividade.
Reserva de jurisdição:
Expedir mandado de prisão;
Mandado de busca e apreensão;
PROCESSO LEGISLATIVO
PRINCÍPIO DA SIMETRIA: as regras de processo legislativo prevista na CF/88 são de reprodução obrigatórias nos
estados/ DF/ Municípios.
CONTROLE PREVENTIVO DE CONSTITUCIONALIDADE PELO JUDICIÁRIO: MS impetrado por congressistas para
garantir o direito líquido e certo ao devido processo legislativo. O encerramento do processo legislativo (lei em vigor),
prejudica o MS. ATENÇÃO: Esse controle de for emenda parlamentar pode analisar material (se ofende cláusula
pétrea) e formal (se observa o devido processo legislativo; se for de projeto de lei analisa apenas a submissão ao
devido processo legislativo;
EMENDAS CONSTITUCIONAIS
➢ Limites materiais, circunstanciais, formais.
➢ Não existe iniciativa privativa (reservada) para a propositura de emendas à Constituição Federal. OBS: Na
constituição estadual existe! Não pode tratar nem por emenda de matéria de iniciativa privativa! STF.
MEDIDAS PROVISÓRIAS:
➢ Relevância e urgência são conceitos jurídicos indeterminados, que estão dentro da discricionariedade
administrativa do presidente. O STF entende que, de forma excepcional, poderá controlar esses requisitos
quando a ausência dos pressupostos for evidente, a fim de evitar abuso de poder, sem violar a separação
dos poderes.
➢ Não há sanção ou veto, salvo se houver modificação no texto original.
➢ Antes da emenda de 32/01, era possível a reedição de MP não apreciadas pelo CN.
➢ Interpretação conforme a constituição, no que tange ao regime de urgência, para que o sobrestamento
atingisse apenas matérias passíveis de regramento por medida provisória. Excluindo, então: emenda à CF/
complementar/ decreto legislativo/ resolução/ leis ordinárias de matérias vedadas a MP.
➢ CONTRABANDO LEGISLATIVO: emendas da MP de matérias estranhas àquela tratada pela MP. Falta de
pertinência temática. Houve modulação dos efeitos pelo STF.
➢ Análise pela comissão mista que não estava sendo seguido pelo CN, por meio de “direito costumeiro
inconstitucional”. Houve modulação dos efeitos da decisão. Precisa passar por essa comissão mista! Emissão
de parecer é etapa obrigatória no processo constitucional de conversão dessa espécie normativa em lei
ordinária.
➢ Rejeição expressa: não alcança o quórum para a sua aprovação;
➢ Rejeição tácita: não apreciada no prazo de 60+60.
➢ Efeito da rejeição da MP: A MP rejeitada perde eficácia desde a edição (ex tunc- retroativos). Se não houver
regulamentação, por meio de decreto legislativo, parte da doutrina entende que os efeitos se modificam,
deixam de ser ex tunc e passam a ser ex nunc. Segunda corrente: o efeito é o mesmo (ex tunc), o que ocorrerá
é que os atos praticados com base na MP continuarão por ela sendo regidos.
➢ O que acontece se uma lei objeto de ADI é revogada por medida provisória, a ADI perde o objeto? NÃO!
Somente se a MP for convertida em lei. Eficácia suspensiva da MP.
STF: A proteção ao meio ambiente é um limite material implícito a edição de MP, ainda que não conste
expressamente no art.62. Só é possível para abarcar normas favoráveis. Apenas por meio de lei formal com amplo
debate parlamentar e participação da sociedade civil. Proibição do retrocesso socioambiental. Afetação do núcleo
essencial do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.
MINISTÉRIO PÚBLICO
É cláusula Pétrea? Pode ser objeto de reforma? Pode suprimir garantias?
Cláusula pétrea implícita. Parte integrante da identidade básica da constituição. De forma geral, a doutrina reconhece
que estão dispersas no texto constitucional. Princípios fundamentais/ titularidade do poder constituinte originário- povo/
parágrafos que tratam sobre os requisitos do processo legislativo. / Vedação a Dupla revisão ou dupla reforma/ forma
republicana de governo. Sistema presidencialista (divergência, parte da doutrina entende que é possível adotar o
parlamentarismo, em caso plebiscito).
E o MP? Fundamentos:
➢ Natureza jurídica do MP: somente com a cf/88 ganhou status fora dos outros poderes. Capítulo diverso.
Barroso entente que o MP é um quarto poder (mas é minoritário). Trata-se de verdadeiro garantista da
sociedade. Não está atrelado a nenhum dos poderes.
➢ Conforme gregório Assagra, o MP é uma instituição permanente, se é permanente é insuscetível de supressão
com reforma constitucional.
➢ Ademais, a CF define que o MP é responsável pela defesa da ordem jurídica e do regime democrático (cláusula
pétrea por excelência);
➢ Instituição garantia: garante os direitos individuais.
➢ Ele é cláusula pétrea implícita apenas enquanto instituição formal ou também do ponto de vista das suas
garantias;
➢ Essas garantias e prerrogativas são garantias que auxiliam a atuação independente do órgão.
Representaria, na essência, a supressão do MP no aspecto material.
Evolução do MP:
➢ As raízes remotas do MP podem ser tidas com o funcionário real do Egito, com função de castigar os rebeldes
e proteger os pacíficos.
➢ Todavia, foi com a França que o MP foi instucionalizado em 1302. Em 1690 os membros do parquet passaram
a ter vitaliciedade. Outros autores defendem que o MP só passou a ter o perfil como o atual, com a revolução
francesa.
No brasil: primeiros traços do MP brasileiro advêm do direito lusitano antigo. Ordenações afonsinas e manoelinas e
filipinas.
➢ 1824: Não houve menção ao MP. Surgiu com o Código criminal de 1832, eram livremente escolhidos e
demitidos.
➢ 1891: Refere-se apenas a figura do PGR que era designado dentro os ministros do STF
➢ 1934: O MP foi institucionalizado como órgão de cooperação das atividades governamentais. PGR era
livremente escolhido pelo PR com aprovação do senado. Havia estabilidade dos membros, e o ingresso era
por concurso.
➢ 1937: Apenas menção ao PGR.
➢ 1946: faz referência expresa ao Ministério Público em título próprio (artigos 125 a 128) sem vinculação aos
poderes.
➢ 1967: realocou o MP dentro da estrutura do poder judiciário.
➢ 69: Voltou com o MP para dentro do poder executivo.
➢ 1988: Fora da estrutura dos demais poderes.
PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS: UNIDADE/ INDIVISIBILIDADE/ INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL.
Unidade: um só chefe, como instituição única, divisão apenas funcional;
Indivisibilidade: substituição entre os membros.
Independência funcional: na função fim, os membros não se submetem a hierarquia, podendo agir
conforme a consciência dentro dos parâmetros da constituição. A hierarquia é administrativa.
GARANTIAS INSTITUCIONAIS: AUTONOMIA FUNCIONAL/ AUTONOMIA ADMINISTRATIVA E AUTONOMIA
FINANCEIRA.
EFICÁCIA DIAGONAL: é a aplicação dos direitos fundamentais entre particulares, em relações caracterizadas pelo
desequilíbrio entre as partes (assimetria substancial). Consumidor. Trabalho.
______________________________________________________________________________________
LIMITES DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS: IMPORTANTE!
Restrição imediata: limitado pela constituição
Restrição mediata: limitada pelo legislador ordinário.
➢ TEORIA INTERNA: Não há possibilidade de restringir direitos fundamentais, porque qualquer limitação ocorre
“dentro” do próprio direito, não havendo limitações externas. Teoria dos limites imanentes.
➢ TEORIA EXTERNA: há possibilidade de limitações externas ao direito individual. Critério da
proporcionalidade. Essa restrição deve ser limitada: “teoria limite dos limites”: proteção do núcleo
essencial do direito fundamental. Caiu no simulado do Themas!
Apenas lei formal pode limitar direito fundamental → Norma geral e abstrata (veda-se limitações casuísticas);
Núcleo essencial e princípio da proporcionalidade → o núcleo essencial é parcela do conteúdo do direito
fundamental sem o qual perde sua eficácia mínima. Proibição da proteção deficiente.
RESERVA DO POSSÍVEL E POLÍTICAS PÚBLICAS → REGRA: não pode ser oposta à efetivação de direitos
fundamentais → Democracia é, além da vontade da maioria, a realização dos direitos fundamentais. Direito a
acessibilidade enquadra-se no mínimo existencial;
➢ Vaga em creche → Município (art. 208, IV, CF e 211, §2º, CF).
______________________________________________________________________________________
DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA: qualidade intrínseca ao ser humano que o garante condições materiais
mínimas de sobrevivência e o protege de todo e qualquer tratamento degradante e discriminatório. Kant - o homem
como um fim em si mesmo.
É um SOBREPRINCÍPIO (meta-princípio) que irradia valores e vetores para todos os demais diretos fundamentais.
• AUTONOMIA DA VONTADE: elemento ético da dignidade da pessoa humana, possibilidade de o indivíduo
fazer escolhas existências (autodeterminação).
Distanásia /Eutanásia/Ortotanásia:
DISTANÁSIA EUTANÁSIA ORTOTANÁSIA
Morte lenta e com sofrimento, Eutanásia ativa - indireta: Eutanásia passiva: morte no
diante do uso de tratamento que abreviação da vida de doentes em tempo adequado não combatida
prolonga a vida em pacientes estado terminal para fins de por métodos extraordinário e
terminais. Excesso de medidas diminuição de sua dor. Crime de desproporcionais como na
terapêuticas. Respeito à vontade homicídio privilegiado no CP. distanásia.
do paciente.
______________________________________________________________________________________
PRINCÍPIO DA ISONOMIA
1ª fase: IGUALDADE FORMAL. Igualde perante a lei. não pode haver privilégios e tratamentos discriminatórios.
Igualdade perante lei → comando ao aplicador do direito (juiz e adm.). Igualdade na lei → comando ao legislador.
Art. 5º
2º fase: IGUALDADE MATERIAL. Redistribuição de riqueza e poder e, em última análise, por justiça social. Mais do
que a igualdade perante a lei, deve-se assegurar algum grau de igualdade perante a vida. art. 3º, I e III, da CF/88
3º fase: IGUALDADE COMO RECONHECIMENTO. respeito que se deve ter para com as minorias, sua identidade e
suas diferenças, sejam raciais, religiosas, sexuais ou quaisquer outras. Injustiça cultural ou simbólica. art. 3º, IV, da
CF/88
AÇÕES AFIRMATIVAS: são medidas especiais e concretas que asseguram o desenvolvimento e proteção de
determinados grupos, a fim de garantir a igualdade material, visando o pleno exercício da dignidade da pessoa
humana e dos direitos fundamentais. Correção de distorções históricas. OBS: Art. 1º, VI, do Estatuto da igualdade
Racial.
A igualdade é perseguida, por meio de ações ativas do estado, que promove políticas públicas e iniciativas
concretas em favor do grupo desfavorecido.
PRECEDENTES MARCANTES
COTAS RACIAIS – ADPF 186 e ADC 41 → igualdade na dimensão material e como reconhecimento.-→
justiça distributiva → não precisa de lei formal (art. 51 da LDB)
PROUNI
LEI MARIA DA PENHA
Instrumentos para promoção de igualdade material:
Políticas de cunho universalista Políticas de ações afirmativas
Destinadas a número indeterminado de indivíduos. Destinadas a atingir grupos sociais determinados,
Ex: melhoria do ensino universal gratuito. por meio da atribuição de certas vantagens, por
tempo limitado, para permitir a suplantação de
desigualdades ocasionadas por situações
históricas particulares.
Ex: cotas raciais em universidades.
TEORIA DO IMPACTO DESPROPORCIONAL: ocorre em casos que as violações à igualdade não são flagrantes.
A norma é abstrata e geral e, no plano normativo, reproduz o princípio da igualdade. Contudo, quando aplicada,
desfavorece sistematicamente uma minoria estigmatizada. Analisa-se o efeito concreto dos atos que, em princípio,
seriam neutros.
______________________________________________________________________________________
ACESSO À JUSTIÇA
Ondas de acesso à justiça – Capelletti e Garth
➢ PRIMEIRA ONDA: acesso das pessoas economicamente desfavorecidas ao judiciário. Justiça gratuita/
defensoria pública.
➢ SEGUNDA ONDA: proteção aos direitos supraindividuais. Meio ambiente. Processo coletivo, enxerga
necessidade de buscar a proteção de direitos coletivamente;
➢ TERCEIRA ONDA: Efetividade. Meios extrajudiciais de resolução de conflito. Multiportas. Arbitragem.
Conciliação. Mediação.
______________________________________________________________________________________
CULTURA DO ESTUPRO X PATRIARCADO X FEMINISMO:
Patriarcado é o sistema sociopolítico em que o gênero masculino e a heterossexualidade têm supremacia sobre o
gênero feminino e sobre outras orientações sexuais.
O Feminismo e o movimento social que busca igualdade política, social e jurídica entre homens e mulheres.
A cultura do estupro é aceitação como natural da violência sexual contra a mulheres que, por meio do discurso
patriarcal e sexista, em processo de objetificação do corpo feminino, justifica a conduta do agressor e culpa a vítima.
______________________________________________________________________________________
LIBERDADE DA MANIFESTAÇÃO DO PENSAMENTO (art. 5, IV e V)
Assegura-se a liberdade de expressão → se provoca dano material, moral ou à imagem → direito de resposta +
indenização.
➢ DISCURSO DE ÓDIO → abrange? NÃO. Discurso de ódio x proselitismo religioso;
➢ Tatuagem x Concursos públicos → regra é a não proibição, a menos que o conteúdo vá de encontro a
valores constitucionais;
➢ Lei municipal que proíbe material IDEOLOGIA DE GÊNERO → Viola a liberdade de aprender, ensinar,
pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber (art. 206, II, CF/88); pluralismo de ideias e de concepções
pedagógicas (art. 206, III); contraria ainda um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil,
que é a promoção do bem de todos sem preconceitos (art. 3º, IV, CF/88); não cumpre com o dever estatal de
promover políticas de inclusão e de igualdade, contribuindo para a manutenção da discriminação com base
na orientação sexual e identidade de gênero.
DIREIRO DE RESPOSTA x PUBLICAÇÃO DA SENTENÇA → São diversos!
Direito de Resposta Publicação da sentença
disciplinado pela Lei nº 13.188/2015, tem contornos é instituto diverso. Nessa, não se objetiva assegurar
específicos, constituindo um direito conferido ao à parte o direito de divulgar a sua versão dos fatos,
ofendido de esclarecer, de mão própria, no mesmo mas, em vez disso, dá-se ao público o conhecimento
veículo de imprensa, os fatos divulgados a seu da existência e do teor de uma decisão judicial a
respeito na reportagem questionada, apresentando respeito da questão.
a sua versão da notícia ao público.
OBS: o exercício de tal pretensão em juízo, afigura-
se necessária e imprescindível a instauração de
procedimento extrajudicial/administrativo prévio, no
prazo decadencial de 60 dias, nos termos do art. 3º
Porta dos Fundos → é mera crítica e sátira → acesso é voluntário e controlado pelo usuário →
classificação indicativa cumprida; → proibição de censura numa sociedade democrática e pluralista;
______________________________________________________________________________________
LIBERDADE DE CONSCIENCIA, CRENÇA E CULTO
Ensino religioso nas escolas → pode! Matricula facultativa e qualquer religião.
Feriados religiosos → cultural;
Casamento perante autoridades religiosas
Transfusão de sangue e testemunhas de Jeová: BARROSO → Dignidade como autonomia (regra);
Dignidade como heteronomia (estado intervindo para proteger o indivíduo) → o primeiro prevalece,
mas será preciso: a) sujeito; b) consentimento livre e informado;
Curandeirismo → é crime;
Crucifixo em repartições públicas
Imunidade religiosa → não abrange a maçonaria! É uma filosofia;
Guarda sabática
Sacrifício de animais em cultos de religiões de matriz africana → Conflito com normas ambientais e de
proteção aos animais; prevalece a liberdade de culto + patrimônio cultural imaterial.
Restrições de atividades religiosas COVID-19 → Estados e Municípios podem!
SIGILO DE DADOS
REQUISIÇÃO DE INFORMAÇÕES BANCÁRIAS PELO MP → Titularidade pública → PODE! → interesse
da sociedade → poderes do MP 129, VIII, CF → compreende o acesso aos registros das operações
sucessivas, ainda que envolva particulares.
FISCO → quebra de sigilo → art. 6º da LC 105/2011 → transferência de sigilo →
DIREITO DE PROPRIEDADE
Impenhorabilidade de imóvel rural → seja enquadrado como pequena propriedade rural, nos termos definidos
pela lei; seja trabalhado pela família
DIREITOS RELACIONADOS ÀS PENAS
É inconstitucional lei estadual que proíba que a Administração Pública contrate empresa cujo diretor, gerente
ou empregado tenha sido condenado por crime ou contravenção relacionados com a prática de atos
discriminatórios → viola os princípios da intransmissibilidade da pena, da responsabilidade pessoal e
do devido processo legal.
Condenação transitada → não pode ser vigilante! OBS: se for inquéritos e ações penais em curso pode!
Suspensão de direitos políticos do art. 15, III, CF → Aplica para condenados a PPL e PRD;
DIREITO PENAL
SISTEMAS PENAIS
SISTEMA CLÁSSICO: LISZT, BELING, HADBRUSH. (SISTEMA LISZT-BELING).
➢ Regras das ciências naturais.
➢ Influência do positivismo filosófico de Comte que defende a superioridade do pensamento científico.
➢ Método de investigação próprio das ciências naturais, trazendo conceito causal naturalístico → movimento
corporal que muda a realidade exterior.
➢ Dolo e culpa compõe a culpabilidade (elementos internos)
➢ Ação e antijuridicidade compõe os elementos externos.
➢ Teoria Psicológica da culpabilidade. Elementos psicológicos analisados na culpabilidade.
➢ Teoria do tipo avalorado: Beling concebeu a teoria de um tipo avalorado, puramente descritivo, sem
elementos valorativos do tipo.
➢ O injusto era objetivo e formal.
➢ CRÍTICA: não diferencia conduta dolosa da culposa, pois são analisadas objetivamente. Não explica os crimes
omissivos próprios, os formais e de mera conduta, pois, exige a modificação do mundo exterior.
SISTEMA NEOCLÁSSICO – NEOKANTISTA: MEZGER.
➢ O positivismo passa a ser criticado, e começa a sobressair as “ciências do espírito”.
➢ Dois movimentos filosóficos: 1- historicismo: que diferencia as ciências naturais das ciências do espírito de
acordo com objeto e 2- neokantismo: também faz a diferenciação, mas de acordo com o método.
➢ Escola de baden: RADBRUCH – rompimento com o positivismo naturalista. Os conceitos, em penal, foram
preenchidos referencias VALORATIVAS, e a culpabilidade passa a ser encarada sob a perspectiva da
censurabilidade, reprovabilidade, JUÍZO NORMATIVO DA VALORAÇÃO.
➢ Ao lado das ciências naturais, existem as ciências espirituais ou culturais.
➢ Teoria Psicológica-normativa da culpabilidade: Mayer. Dolo e culpa na culpabilidade. DOLO NORMATIVO
→ com a consciência da ilicitude.
➢ Substituição do método que utilizava a observação e a descrição, pelo baseado na compreensão e valoração;
➢ NÃO HÁ ROMPIMENTO COM O CAUSALISMO.
➢ A culpabilidade é acrescida de: IMPUTABILIDADE E EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA.
PRINCÍPIOS
LEGALIDADE
➢ Art. 5, XXXIX, CF + art. 1º, CP. Origem: Magna Carta do rei João sem Terra; Contrato Social de Locke –
limitação ao poder punitivo estatal;
➢ Para definição de crime e cominação de pena é necessária uma lei.
➢ Legalidade x Reserva legal seria mais restrita, abrangeria só lei ordinária e complementar;
➢ Vedação a edição de MP sobre direito penal incriminador;
➢ Funções: LEI ESTRITA (do poder legislativo/ proibida analogia contra o réu); LEI ESCRITA (proíbe o costume
incriminador); LEI CERTA (proibição de criação de tipos penais vagos e indeterminados – p. da taxatividade);
LEI PRÉVIA (princípio da anterioridade).
➢ OBS: não basta lei sob aspecto formal, é necessário que haja conformidade com o quadro valorativo adotado
pela CF e TIDH – validade no aspecto material.
FRAGMENTARIEDADE
➢ Não é todo bem jurídico que merece proteção do direito penal, mas apenas os mais relevantes para a
sociedade e só em relação aos ataques mais intoleráveis;
SUBSIDIARIEDADE
➢ Direito penal é ultima ratio só atua de forma subsidiária -quando os demais ramos forem insuficientes;
➢ Direito penal deve ser meio necessário de proteção do bem jurídico;
➢ Parte da doutrina trata a fragmentariedade e subsidiariedade como expressões do p. da intervenção
mínima – FCC entende assim!!!!!
OFENSIVIDADE
➢ Não há crime sem ofensa a bem jurídico;
➢ Opera uma das funções do bem jurídico que é de limitar o exercício do direito de punir;
➢ Estado não pode estabelecer padrão moral para o indivíduo;
➢ FUNÇÕES: Proibição da incriminação de uma atitude interna (não se pune cogitação nem atos
preparatórios – em regra); Proibição da incriminação de uma conduta que não exceda o âmbito do
próprio autor (p. da alteridade); Proibição da incriminação de simples estados ou condições existenciais
(direito penal do autor deve ser abolido – vadiagem 59, LCP); Proibição da incriminação de condutas
desviadas que não causem dano ou perigo de dano a qualquer BJ (não protege a moral).
➢ Crimes de perigo abstrato: não há inconstitucionalidade, é meio de proteção de BJ supraindividuais e
coletivos → direito penal preventivo → se exercido dentro da proporcionalidade. STF
INSIGNIFICÂNCIA
➢ Incide na tipicidade material (desvalor da conduta e da lesão);
➢ Instrumento de interpretação restritiva do tipo penal;
➢ Infração bagatelar imprópria: ocorre o injusto penal, mas a pena é desnecessária → p. da irrelevância penal
do fato;
➢ Critérios STF: Mínima ofensividade da conduta do agente; Nenhuma periculosidade social da ação;
Reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento; Inexpressividade da lesão jurídica provocada –
MARI.
Princípio da Insignificância na Jurisprudência:
CULPABILIDADE
➢ Culpabilidade como elemento do crime ou pressuposto de aplicação da pena;
➢ Culpabilidade como medição da pena: art. 59, CP.
➢ Culpabilidade como princípio da responsabilidade subjetiva: sujeito só responde se sua conduta ofensiva for
dolosa ou culposa. BITTENCOURT →Consequências: a) não há responsabilidade penal objetiva; b) a
responsabilidade é pelo fato; c) culpabilidade é a medida da pena;
MATERIALIZAÇÃO DO FATO
➢ Direito penal do fato (fato lesivo a bem jurídico de terceiro) x Direito penal do autor;
➢ Decorre do p. da ofensividade e da culpabilidade;
PESSOALIDADE OU INTRANSCENDÊNCIA
➢ Art. 5, XLV: pena deve ser aplicada somente ao autor; com a morte do agente a sanção se resolve;
➢ Efeitos secundários extrapenais: subsistem, herdeiros respondem até o limite da herança;
HUMANIDADE
➢ Veda penas cruéis e infamantes e qualquer consequência indelével do delito;
ADEQUAÇÃO SOCIAL
➢ Welzel → principio de hermenêutica → uma conduta socialmente adequada não pode ser típica;
PROPORCIONALIDADE
PROIBIÇÃO DE EXCESSO
➢ Limitação do poder estatal → adequação entre os meios empregados e os fins a serem alcançados;
PROTEÇÃO NEGATIVA;
➢ 3 ACEPÇÕES: 1) proporcionalidade como um principio geral do direito (impõe ao operador uma busca
constante pelo equilíbrio entre os interesses em conflito); 2) proporcionalidade como “limite dos limites”
aos direitos fundamentais; 3) proporcionalidade como critério estrutural para a determinação do
conteúdo dos direitos fundamentais, vinculante para o legislador;
➢ COMPOSIÇÃO: a) ADEQUAÇÃO (a medida adotada deve ser adequada para alcançar os fins pretendidos);
b) NECESSIDADE (insubstituível - o direito penal só atua diante da insuficiência dos demais ramos de controle
social); c) PROPORCIONALIDADE EM SENTIDO ESTRITO (os benefícios alcançados devem ser maiores
que o custo da restrição do direito); No direito penal tem que respeitar as 3!
➢ Juris: inconstitucionalidade do art. 44 da LD;
PROIBIÇÃO DA PROTEÇÃO DEFICIENTE
➢ Garantismo positivo; o Estado também será omisso quando se omite ou não adota medidas suficientes para
garantir a proteção de direitos fundamentais;
➢ Mandados implícitos de criminalização – RE 418.376 – confisco no tráfico de drogas → o crime não deve
compensar;
UNICIDADE DE FATO;
PLURALIDADE DE NORMAS;
VIGÊNCIA SIMULTÂNEA DAS NORMAS.
Atua no plano concreto. O crime tipificado pela lei subsidiária, além de menos grave do
que o narrado pela lei primária, dele também difere quanto à forma de execução, já que
corresponde a uma parte deste. Em outras palavras, a figura subsidiária está inserida
na principal. No princípio da subsidiariedade a comparação sempre deve ser
Subsidiariedade efetuada no caso concreto, buscando-se a aplicação da lei mais grave. A
subsidiariedade pode ser tanto expressa (por exemplo, disparo de arma de fogo), como
tácita.
- Relação de continente conteúdo
- O tipo primário prevalece sobre o subsidiário
- Incide no plano concreto
Atua no PLANO ABSTRATO, ou seja, para saber qual lei é geral e qual é especial,
prescinde-se da análise do fato praticado. Pouco importa também a quantidade de
sanção penal reservada para as infrações penais. A comparação entre as leis não se
faz da mais grave para a menos grave, pois a lei específica pode narrar um ilícito penal
Especialidade mais rigoroso ou mais brando.
- Relação de gênero e espécie
- O tipo especial prevalece sobre o geral
- Incide no plano abstrato (único dentre os quatros princípios)
Atua no PLANO CONCRETO. Difere-se da subsidiariedade em dois aspectos. Na regra
da subsidiariedade, em função do fato concreto praticado, comparam-se as leis
para saber qual é a aplicável. Na consunção, sem buscar auxílio nas leis,
comparam-se os fatos, apurando-se que o mais amplo, completo e grave consome
os demais. O fato principal absorve o acessório, sobrando apenas a lei que o
disciplina. Lei consuntiva é aquela que define o todo, o fato mais amplo. Lei consumida
define a parte, o fato menos amplo. A CONSUNÇÃO É APLICADA NOS CASOS DE
Consunção CRIMES PROGRESSIVOS, NA PROGRESSÃO CRIMINOSA OU NOS ATOS
Ou IMPUNÍVEIS (antefato impunível e post factum impunível). Na subsidiariedade, o
Absorção constrangimento ilegal só pode ser praticado se houver a ameaça. Um crime está
obrigatoriamente dentro do outro, a ameaça é elemento do constrangimento ilegal.
Na consunção, tomemos como exemplo a lesão corporal e o homicídio. A lesão
corporal não é um elemento do homicídio. O homicídio pode ser praticado por outro
modo que não a lesão corporal. Um crime não está obrigatoriamente dentro do
outro, comparam-se os fatos.
A aplicação do PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO pressupõe a existência de ilícitos penais
(delitos-meio) que funcionem como fase de preparação ou de execução de outro
crime (delito-fim), com evidente vínculo de dependência ou subordinação entre eles;
- Relação de meio e fim
- O crime fim absorve o crime meio
- Incide no plano concreto
Obs.1: Um crime não pode ser absorvido por uma contravenção penal;
Obs.2: Quando o falso se exaure no descaminho, sem mais potencialidade lesiva, é por
este absorvido, como crime-fim, condição que não se altera por ser menor a pena a este
cominada. STJ. 3ª Seção. REsp 1.378.053-PR, Rel. Min. Nefi Cordeiro, j. em 10/8/2016
(Info 587).
Obs.3: - Súmula nº 17, STJ: “Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais
potencialidade lesiva, é por este absorvido.”
Podemos falar em princípio da consunção nas seguintes hipóteses:
a) Crime Progressivo
b) Progressão Criminosa
Crime Progressivo Progressão Criminosa
Aquele em que para alcançar seu Ocorre quando há mutação do dolo
intento, deve o agente do agente (é o chamado DOLO
obrigatoriamente violar norma de CUMULATIVO), que inicialmente
caráter menos grave, ou seja, passar quer praticar um delito menos grave
por um crime menos grave, chamado e após consumá-lo, decide praticar
CRIME de PASSAGEM. um crime de maior gravidade.
O agente desde o início quer o crime O agente primeiro quer o crime
mais grave. menos grave, e depois de consumá-
lo, decide executar o crime mais
grave.
c) Fatos Impuníveis
c.1) Antefactum Impunível: funcionam como meio de execução do tipo principal;
c.2) Atos Simultâneos Impuníveis
c.3) Postfactum Impunível: mesmo bem jurídico e mesma vítima;
Se refere aos crimes plurinucleares ou de conteúdo variado, ou seja, aqueles crimes
que apresentam VÁRIOS VERBOS, a exemplo do artigo 33, caput, da Lei nº 11.343/06.
A prática de mais de uma dessas condutas configura crime único, podendo a pena
Alternatividade ser majorada em razão dos vários núcleos praticados na fase da dosimetria da pena. É
também chamado de “tipo penal misto alternativo”.
#NÃOCONFUNDIR com o princípio da alteridade, segundo o qual não se deve punir
condutas que prejudicam apenas o próprio agente. Ex: autolesão.
BIZU: SECA ou CASE
FATO TÍPICO
CONDUTA HUMANA penalmente relevante que se enquadra em um modelo abstrato incriminador. (Crime
praticado por pessoa jurídica: conduta perpetrada por ente moral como exceção a conduta humana, criada
normativamente).
FATO TÍPICO ILICITUDE CULPABILIDADE
Conduta Imputabilidade
Resultado Potencial consciência da ilicitude
Nexo causal Exigibilidade de cond. diversa
Tipicidade
• Objetiva: tipicidade
formal + tipicidade
material.
• Subjetiva;
EXCLUSÃO DA CONDUTA: movimentos reflexos/ caso fortuito e força maior? / Coação física irresistível- vis absoluta/
Estado de inconsciência. (Não se confunde com ação de curto circuito que consiste na ação imediata, explosiva, sem
planejamento. Revide imediato).
RESULTADO:
RESULTADO JURÍDICO = lesão ou perigo de lesão o bem jurídico tutelado.
RESULTADO MATERIAL = modificação do mundo exterior.
Não há resultado naturalísticos: crimes tentados/ crimes formais/ crimes de mera conduta/ crimes omissivos
próprios.
CRIMES DE DUPLO RESULTADO: ?
ESPÉCIES DE CAUSAS: a teoria da conditio qua non não diferencia causa de concausa, de condição ou de ocasião.
➢ Causas dependentes: se inserem dentro do desdobramento causal da conduta e não excluem o nexo causal.
➢ Causas independentes: é aquele que não compõe o resultado causal da conduta produzindo, por si só, o
resultado.
Absolutamente independente: produz por si só o resultado, não se origina da conduta praticada.
Todas as causas: preexistente/ concomitantes e supervenientes, excluem o nexo causal e o agente
deve responder pelos atos, até então praticados, qual seja, tentativa.
Relativamente independente: aquela que produz o resultado por si só, mas que deriva da conduta.
Preexistente: ex: hemofílico. (Cuidado! Se o agente não souber da condição de hemofílico da vítima,
não poderá responder pelo resultado, por lhe faltar consciência acerca da situação do fato).
Concomitante: parada cardíaca provocada pelo disparo da arma. Nas duas supramencionadas:
responde pelo resultado. Aplicando a teoria da equivalência dos antecedentes, a exclusão da conduta
impediria o resultado como e quando ocorreu. Superveniente: que não produziu o resultado por si só
= o agente responde pelo resultado, com a teoria da equivalência.
Que produziu por si só o resultado = teoria da causalidade adequada. Com rompimento do nexo
causal, devendo o agente responder pelos atos praticados até então. Acidente da ambulância.
Complicações cirúrgicas, então dentro do desdobramento do tipo, motivo pelo qual não afasta o nexo
causal.
RELEVÂNCIA DA OMISSÃO: Crimes omissivos impróprios / comissivos-omissivos/ comissivos por omissão.
➢ O tipo prevê uma ação, mas a omissão do agente garantidor que devia e podia agir para evitar o resultado,
consuma o crime.
➢ No omissivo próprio, não há resultado, sendo irrelevante o resultado naturalístico e o nexo causal.
Crimes omissivos impróprios: o garantidor devia e podia agir para evitar o resultado (nexo de evitação), ele não
tinha a obrigação de evitar o resultado, mas sim o dever de agir para tentar evitar.
➢ Adotamos o critério legal de definição do garantidor X critério Judicial (que dependeria do caso concreto).
CRIAÇÃO DO RISCO PROIBIDO: risco de lesão aos bens jurídicos tutelados pela norma. Para constatar esse risco,
Luís Greco menciona que será necessário fazer uma prognose póstuma objetiva: Prognose pq é um juízo anterior
ao crime, levando em conta os dados conhecidos no momento da conduta. Póstuma pq é feita pelo julgador após o
cometimento do fato. Objetiva pq leva em consideração um observador objetivo, prudente, cauteloso.
➢ O resultado não será imputado se o risco for permitido pelo ordenamento jurídico (sociedade de riscos).
➢ Se o agente diminuir o risco, o resultado também não será imputado.
➢ Princípio da confiança em se espera dos demais comportamentos normais e de acordo com as normas.
Excluem a criação de um risco proibido: Autocolocação da vítima em perigo; Contribuições socialmente neutras.
REALIZAÇÃO DO RISCO NO RESULTADO: Não haverá imputação se o resultado não se encontrar dentro do
desdobramento causal da conduta geradora do risco. (Na teoria da imputação objetiva, o erro médico não estaria
dentro do risco proibido causado pelo agente. O resultado foi fruto da conduta culposa do médico. O agente
responderia pela tentativa).
Posicionamento no examinador****: caso da autoria colateral e soma dos venenos: Cada autor criou um risco proibido,
mas por circunstancia alheia, esse risco não foi suficiente para produzir o resultado. Devem, então, responder pelo
risco criado, que foi a tentativa.
Dolo
TIPO SUBJETIVO
Elementos
subjetivos
especiais
Elementos objetivos do tipo: não se encontram no mundo Psicológico. Podem ser descritivos ou normativo (doutrina
recente: elementos objetivos científicos).
➢ Elemento objetivo descritivo: são expressões usuais conhecidas por todos.
➢ Elemento objetivo normativo: são conceitos abertos, indeterminados, que demandam uma valoração de cunho
social (cultural) ou jurídica (normativa). “ato obsceno” “ato libidinoso”;
➢ Elementos objetivos científicos: elementos oriundos das ciências naturais.
Elemento subjetivo: elemento psicológico. Elemento subjetivo específico = finalidade especial de agir. Podem ser:
Positivo: devem estar presentes para caracterizar o tipo.
Negativo: o tipo se realizará se a finalidade não estiver presente.
Elementos acidentais: qualificadora/ privilégio.
Elementos modais: Tempo, lugar ou modo de execução.
OUTRAS CLASSIFICAÇÕES
➢ Tipo fechado: A descrição da conduta é completa;
➢ Tipo Aberto: o julgador deve fazer um juízo de valor. Como regra, os tipos culposos são aberto, cabendo ao
juiz definir o que seria culpa no caso concreto. Exceção 180, §3º.
➢ Tipo normal e anormal: classificação do causalismo. Como o elemento psicológico encontra-se na
culpabilidade, alguns tipos penais eram classificados como anormais, por possuírem uma finalidade
específica.
➢ Tipo congruente/ simétricos: há simetria entre os elementos objetivos e subjetivos. Crimes materiais
consumados.
➢ Tipo incongruente/ Assimétrico: ausência de simetria entre o elemento objetivo e o subjetivo. Crimes formais/
tentados/ preterdolosos.
Tipicidade material: lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico penalmente tutelado. Princípio da insignificância (crime
de bagatela).
Tipicidade conglobante zaffaroni: Antinormatividade. Condutas fomentadas pelo próprio ordenamento não pode ser
considerada típicas. A antinormatividade é a comprovação de que a conduta típica também é proibida por todo o
ordenamento jurídico. (tipicidade = tipicidade formal + tipicidade conglobante (antinormatividade + tipicidade material).
DOLO E CULPA
Elementos subjetivos do tipo: dolo (consciência e vontade de realizar o tipo objetivo) + elementos subjetivos
especiais.
TEORIAS DO DOLO:
➔ Teoria da vontade: dolo é a vontade consciente de praticar a conduta e de produzir o resultado. Elemento
intelectivo (consciência) e volitivo (vontade). Dolo de primeiro grau.
➔ Teoria da representação: dolo é a mera previsão. Basta que o agente previsse o resultado. (Nosso
ordenamento enquadra na culpa consciente).
➔ Teoria do assentimento: há dolo quando o agente assume o risco de produzir o resultado.
➔ Teoria da probabilidade: só há dolo quando há probabilidade de ocorrer o resultado (a mera possibilidade
não o caracteriza)
➔ Teoria da indiferença (do sentimento): diferencial dolo eventual de culpa consciente. No eventual, o agente
se porta com indiferença em relação ao resultado.
ELEMENTOS DO DOLO:
➢ Elemento intelectivo: consciência. Conhecimentos dos elementos objetivos que constituem o fato típico.
Deve ter consciência do nexo causal também, isto é, saber que sua conduta irá gerar o resultado. A
consciência que se exige é fática e não sobre a ilicitude da conduta. DOLO NATURAL → não importa a
consciência da proibição.
➢ Elemento volitivo: vontade.
Pergunta: A má-fé superveniente caracteriza o dolo exigido pelo tipo penal? Não, pois o dolo deve existir
durante a realização da conduta.
Crítica às teorias ontológicas do dolo: essas teorias teriam uma concepção ontológica (ser) pois é visto como um
elemento relacionado à psique humana, ou seja, é um fenômeno real, passível de descrição, que ocorreria na psique
humana. Essa concepção ontológica vem cedendo espaço a uma concepção normativa, em que o dolo jamais foi
demonstrado empiricamente. Dolo não seria um conceito psicológico-descritivo, dolo seria uma acepção atribuída pela
norma. Atribui-se a conduta dolosa a alguém, para fins de imputação penal, ainda que não se possa demonstrar
empiricamente a existência do dolo.
➔ Dolo como vontade livre? Vontade livre e consciente: Ocorre que a vontade não é analisada no dolo, mas na
culpabilidade. Na culpabilidade, se analisa vícios na vontade (coação moral irresistível e obediência
hierárquica).
➔ Dolo sem vontade: o centro do dolo é a consciência e não a vontade. Defensor Luiz Greco: psicologicamente,
dolo é consciência. A vontade é indiferente. Não há razão para diferenciar dolo direto (1º e 2º grau) e dolo
eventual, há apenas uma fórmula de dolo, sendo o CONHECIMENTO de que a ocorrência do resultado é algo
provável.
Dolo e pena: No CP, o legislador não diferencia as penas de dolo direto e dolo eventual. É a mesma para ambos.
Dolo e identificação do crime: alguns crimes não se diferencial pela exteriorização da conduta, mas sim pelo elemento
subjetivo do agente. De modo objetivo, não há diferenças nas condutas, a distinção estará no dolo.
MODALIDADES DE DOLO:
DOLO DIRETO: de primeiro grau ou de segundo grau.
➔ DOLO DIRETO DE PRIMEIRO GRAU: consciência e vontade de produzir o resultado.
➔ DOLO DIRETO DE SEGUNDO GRAU- DOLO DE CONSEQUÊNCIAS NECESSÁRIAS: o agente não quer o
resultado, mas pratica a conduta com consciência de que aquele resultado era inevitável. O resultado é uma
consequência necessária de sua conduta.
➔ DOLO DIRETO DE TERCEIRO GRAU: dupla consequência necessária.
CULPA: consiste na inobservância do dever objetivo de cuidado que produz um resultado previsível, mas não
pretendido. A imprudência/ negligencia e imperícia são modalidades da ausência do dever objetivo de cuidado.
➔ O desvalor do resultado é idêntico ao crime doloso. A diferença está no desvalor da conduta.
➔ Os tipos culposos, em regra, são tipos abertos (diferentemente da norma penal em branco, o complemento é
a valoração do julgador).
➔ A imperícia também é chamada de “culpa profissional” ou “imprudência qualificada”. Não se confunde com
erro profissional.
Elementos do crime culposo:
➔ Conduta voluntária: há vontade de praticar a conduta.
➔ Violação do dever objetivo de cuidado: imprudência, negligencia e imperícia. (não existe crime por
inobservância regulamentar, seria uma modalidade de culpa presumida) extinta com CP de 40.
Violação do dever objetivo de cuidado e princípio da confiança: o dever objetivo de cuidado é dirigido a todas as
pessoas. Nas relações sociais, é razoável que as pessoas se comportem valendo-se de um juízo da boa-fé e na
confiança que os demais irão se comportar conforme o esperado. O agente que se vale do princípio da confiança não
viola o dever objetivo de cuidado.
➔ Nexo causal.
➔ Resultado naturalístico involuntário: sempre haverá resultado natural. Não existe crimes culposos formais ou
de mera conduta.
➔ Expressa previsão em lei (tipicidade).
➔ Previsibilidade objetiva de cuidado: o resultado produzido deve ser previsível (o agente podia ter previsto)
objetivamente (o resultado deve ser previsível de forma objetiva e não de forma subjetiva conforme corrente
majoritária). Se o resultado foi previsto ou não pelo agente, no caso concreto, é indiferente para caracterizar
o crime culpo. Só servirá para diferenciar culpa consciente da inconsciente.
Classificação de culpa:
➔ Culpa inconsciente: o agente não prevê o resultado previsível.
➔ Culpa inconsciente: o agente prevê o resultado, mas acredita que não vai ocorrer.
➔ Culpa própria: É a culpa propriamente dita.
➔ Culpa imprópria: o agente imagina situação que, se existisse, tornaria a conduta legítima. Ele quer produzir o
resultado, mas incorre em erro de tipo evitável. É o solo punido a título de culpa por razões de política criminal.
➔ Culpa direta (imediata): é aquela que o agente produziu diretamente o resultado de forma culposa.
➔ Culpa indireta (mediata): é aquela que o agente não produziu o resultado culposo diretamente. O agente
pratica roubo contra B. A vítima assustada sai correndo em via de grande movimento, é atropelada e morre.
O resultado não era desejável, mas era previsível e decorreu de conduta voluntária do agente.
PARTICIPAÇÃO
Conceito → obtido por exclusão. Art. 29 → norma de extensão. Natureza jurídica de adequação típica de subordinação
mediata.
TEORIAS:
Teoria da acessoriedade mínima → pune o partícipe se o autor praticar um fato típico...
Teoria da acessoriedade média ou limitada → típico e ilícito.
Teoria da acessoriedade extrema ou máxima → típico, ilícito e culpável;
Teoria da Hiperacessoriedade → típico, ilícito, culpável e punível efetivamente.
➢ Teoria Unitária ou monista: unidade de injusto para todos os participantes. Na culpabilidade não, é na medida
de cada um! Adotou o pluralismo na culpabilidade; Teoria da acessoriedade limitada → comunhão no injusto
→ todas as causas de exclusão da tipicidade e da ilicitude que beneficiem o autor serão comunicáveis aos
coautores e partícipes;
➢ Classificação: a) moral ou material; b) por ação ou omissão (só se for garantidor);
➢ Duplo dolo na conduta do participe → deve desejar: a) contribuir para a conduta do autor; b) a consumação
do crime;
➢ Não exige acordo prévio; mero ingresso superveniente ainda que o autor desconheça;
➢ Exige homogeneidade de elemento subjetivo→ só existe participação dolosa em crime doloso. Se houver
uma contribuição culposa em crime culposo não haverá participação, mas coautoria, em virtude da
adoção da teoria unitária.
Participação de menor importância (art. 29, §1º) → aquele que dá uma contribuição fungível para o fato, isto é, é
aquele cuja contribuição pode ser substituída com facilidade por um ato de outra pessoa. ATENÇÃO: Se a participação
se encaixar em alguma das hipóteses definidas pelo art. 62 do CP, ela nunca será de menor importância.
A doutrina preconiza que, na hipótese de ações neutras, em alguns casos (não em todos), o risco criado não é
desaprovado. Ele é aprovado, porque aquela é uma ação neutra.
Critério de Roxin Critério de Jakobs Critério de Luís Greco
- Se o partícipe sabe que contribui - Usa a teoria dos papéis: se o - Critério da idoneidade da
para uma pratica delitiva; padeiro ou taxista esta realizando proibição. A participação somente
- Se o participe apenas desconfia: corretamente seu papel, sua será punível se for idônea para
usa o princípio da confiança. conduta é impunível; proteger o bem jurídico.
Participação criminal mediante ações neutras: hipóteses de condutas que, em tese, se amoldam ao tipo penal
(teoria da equivalência dos antecedentes causais), mas que não são punidas por serem consideradas normais da vida
cotidiana;
Excesso ou cooperação dolosamente distinta (art. 29, §2º) → situação em que o sujeito combina com seu
comparsa a prática de determinado crime e, no momento da realização, um deles realiza um crime mais grave, não
combinado anteriormente.
➢ Qualitativo → comparsa pratica uma conduta completamente diferente do crime anteriormente combinado;
➢ Quantitativo → sujeito combina com o comparsa a prática de um crime menos grave, mas no momento da
prática delituosa, o comparsa realiza o fato principal com circunstâncias mais graves do que as inicialmente
combinadas. Resultado previsível → responde com o aumento. Se agiu com dolo eventual (crime mais grave
era previsto e aceito) respondem igual.
CASOS DE IMPUNIBILIDADE
➢ Não execução do crime;
➢ Desistência voluntária e arrependimento eficaz do autor
PLURALIDADE DE DELITOS
Espécies:
a) Concurso formal → art. 70, CP.
b) Concurso material → art. 69, CP;
c) Crime continuado (art. 71, CP);
Sistemas de aplicação da pena
a) Sistema do cúmulo material → concurso material, formal impróprio e multa;
b) Sistema do cúmulo jurídico → não há cumulação, aplica só uma pena com severidade suficiente;
c) Absorção → a pena a ser aplicada é a do delito mais grave;
d) Exasperação → pena do delito mais grave com aumento, concurso formal próprio e crime continuado;
e) Responsabilidade única e da pena progressiva única → não cumula, aumenta a responsabilidade do agente
conforme aumenta o número de infrações;
CONCURSO MATERIAL
➢ + de uma ação/omissão = dois ou mais crimes; OBS: Conduta x Ato;
➢ Material homogêneo → crimes idênticos;
➢ Material heterogêneo → crimes de espécies distintas;
➢ Fixa a pena de cada um depois soma;
CONCURSO FORMAL
➢ Uma ação/omissão = dois ou mais crimes;
➢ Formal homogêneo → mesma espécie;
➢ Formal heterogêneo → espécies distintas;
➢ Perfeito/próprio → Pode ocorrer: a) crimes culposos; b) crime doloso e crime culposo; c) crimes dolosos sem
desígnios autônomos. Sistema da exasperação; critério de aumento → quantidade de infrações → 2 = 1/6; 3
= 1/5; 4= ¼; 5 = 1/3; 6 = 1/2; OBS: concurso material benéfico;
➢ Imperfeito/Impróprio → desígnios autônomos (qualquer dolo). Sistema do cúmulo material;
CRIME CONTINUADO
➢ + de uma ação/omissão = dois ou mais crimes da mesma espécie, mesma condições de tempo, lugar, maneira
de execução e outras semelhantes;
➢ Natureza jurídica: a) teoria da unidade real ou realística (os vários comportamentos constituem delito único);
b) teoria da ficção jurídica (adotada pelo CP); c) teoria mista ou unidade jurídica (terceiro delito – crime
de concurso);
➢ Requisitos: a) pluralidade de condutas; b) pluralidade de crimes; c) similitude de circunstancias objetivas;
TEMPO = 30 DIAS; LUGAR → não precisa ser na mesma cidade; STF/STJ → defendem necessidade
de requisito subjetivo = unidade de desígnio ou liame subjetivo entre os eventos;
➢ Teorias: a) teoria puramente objetiva (análise apenas de elementos objetivos – adotada pelo CP); b)
teoria objetivo subjetiva (elemento objetivo + subjetivo – STF/STJ);
➢ Espécies: a) crime continuado do caput → é subsidiário e ocorre quando: crimes dolosos SEM
violência/G.A contra a mesma vítima ou vítimas diferentes; crimes dolosos COM violência/G.A contra
a mesma vítima; crimes culposos; b) crime continuado específico → crimes dolosos, vítimas diferentes
cometidos COM violência/G.A;
➢ Exasperação: caput → 2/3; específico → até o triplo; OBS: concurso material benéfico; aplica a pena de 1 só;
O crime continuado é uma FICÇÃO JURÍDICA, inspirada em motivos de política criminal, idealizada com o objetivo de
ajudar o réu. Ao invés de ele ser condenado pelos vários crimes, receberá a pena de somente um deles, com a
incidência de um aumento previsto na lei.
Existem TRÊS TEORIAS que foram desenvolvidas para tentar explicar a natureza jurídica da continuidade
delitiva:
a) Teoria da unidade real: afirma que todas as condutas praticadas que, por si sós, já se constituiriam em
infrações penais, são um único crime. Segundo essa teoria, para todos os efeitos, Carlos praticou apenas um único
furto.
b) Teoria da ficção jurídica: sustenta que cada uma das condutas praticadas se constitui em uma infração penal
diferente. No entanto, por ficção jurídica, esses diversos crimes são considerados, pela lei, como crime único.
Segundo essa teoria, Carlos praticou 10 furtos, entretanto, considera-se, ficticiamente, para fins de pena, que ele
cometeu apenas um.
c) Teoria mista: defende que se houver crime continuado surge um terceiro crime, resultado do próprio concurso.
Segundo essa teoria, Carlos praticou uma nova categoria de crime, chamada de furto por continuidade delitiva.
Requisitos
Para o reconhecimento do crime continuado são necessários QUATRO REQUISITOS :
1) Pluralidade de condutas (prática de duas ou mais condutas subsequentes e autônomas);
2) Pluralidade de crimes da mesma espécie (prática de dois ou mais crimes iguais);
• Segundo o STJ e o STF, quando o CP fala em crimes da mesma espécie ele exige que sejam crimes
previstos no mesmo tipo penal, protegendo igual bem jurídico. OBS: Se a pessoa pratica um roubo
simples e, em seguida, um latrocínio, igualmente, não haverá crime continuado.
PONTOS RELEVANTES
➢ Prescrição: incide sobre cada um isoladamente;
➢ Competência do juizado: busca a pena máxima;
➢ SURSIS do processo: busca a pena mínima → súmula 243 STJ e 723 STF;
➢ Concorrência entre concurso formal e crime continuado: aplica só o aumento da continuidade delitiva;
ERRO NA EXECUÇÃO
➢ Miro pessoa, acerto outra pessoa;
➢ Com resultado duplo (atinge a vítima e pessoa diversa) → concurso formal; CP adota a teoria da equivalência
(responde por crime doloso consumado se o resultado produzido é tipicamente equivalente ao pretendido e é
previsível o desvio causal), o oposto é a teoria da concretização (o agente responde por tentativa + crime
culposo);
RESULTADO DIVERSO DO PRETENDIDO (art. 74)
➢ Miro pessoa, acerto coisa; Miro coisa, acerto pessoa;
➢ Se ocorre os dois resultados (pretendido e não pretendido) → concurso formal; se o segundo resultado não
foi decorrente de dolo ou culpa o agente não responde; NÃO SE APLICA se o resultado produzido era menos
grave que o visado;
➢ Segundo a sistemática do Código Penal, o tratamento ambulatorial para o inimputável só seria cabível
para os crimes puníveis com detenção. Essa previsão legal foi relativizada pelo STJ, como veremos
adiante, mas ainda consta da letra da lei.
➢ O efeito secundário da incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela e curatela, somente é
aplicável aos crimes punidos com reclusão.
➢ Prioridade na ordem de execução (arts. 69 e 76 do Código Penal)
➢ Diferenças no regime inicial de cumprimento de pena;
Inexistência de vagas: manter em regime mais gravoso viola a individualização das penas e a legalidade; (i) a saída
antecipada de sentenciado no regime com falta de vagas; (ii) a liberdade eletronicamente monitorada ao
sentenciado que sai antecipadamente ou é posto em prisão domiciliar por falta de vagas; (iii) o cumprimento de
penas restritivas de direito e/ou estudo ao sentenciado que progride ao regime aberto. Até que sejam
estruturadas as medidas alternativas propostas, poderá ser deferida a prisão domiciliar ao sentenciado. Não é possível
o alojamento conjunto de presos dos regimes abertos e semiabertos com o regime fechado.
REGIME DISCIPLINAR DIFERENCIADO
➢ Natureza jurídica: i) se fundado no cometimento de falta grave, é espécie de sanção disciplinar; ii) nas
outras hipóteses, tem natureza cautelar, para impedir a concretização de riscos iminentes. É uma forma
especial de cumprimento de pena no regime fechado;
➢ não há violação aos princípios da dignidade da pessoa humana, da humanidade, da proporcionalidade e da
legalidade. Em relação ao princípio da legalidade, a resposta parece evidente, uma vez que previsto em lei.
Também a proporcionalidade não parece atingida, porque há a consideração de fatos graves a determiná-lo.
Por fim, embora muito duro, não se trata de pena cruel, que possa afetar o princípio da humanidade ou da
dignidade da pessoa humana.
ATENÇÃO
PENA DE MULTA
Correção Monetária da pena de Multa
IPCA → desde a cessação do fasto criminoso até a efetiva condenação;
SELIC → no caso de mora (não pagamento voluntário em 10 dias)
APLICAÇÃO DAS PENAS
A dosimetria da pena é matéria sujeita a certa discricionariedade judicial.
MODELO TRIFÁSICO – Hungria;
1) Pena base;
ATENÇÃO: É preciso tomar cuidado com o bis in idem vertical. É possível que um determinado dado
configure ao mesmo tempo uma qualificadora, uma agravante, uma causa de aumento ou uma
circunstância judicial do art. 59 do CP. Nesses casos, deve-se observar a seguinte ordem de
prioridade: (i) qualificadoras; (ii) causas de aumento ou diminuição de pena; (iii) agravantes e
atenuantes; (iv) circunstâncias judiciais;
Cada circunstância desfavorável vai ter um peso aproximado de 1/6 a 1/8 em relação ao intervalo da
pena cominada;
2) Agravantes e atenuantes;
3) Causas de aumento e de diminuição
PENA BASE
a) CULPABILIDADE: JUÍZO DE CENSURABILIDADE;
➢ Elemento do crime → juízo qualitativo;
➢ Circunstância Judicial → juízo quantitativo: grau de culpabilidade
CIRINO: parâmetros → a) grau de capacidade de entendimento da ilicitude do fato; b) grau de autodeterminação;
STJ: Intensidade do dolo → maior reprovabilidade da conduta;
STF: alegação de inconstitucionalidade: a previsão da circunstância judicial está afinada com a ideia de maior
individualização da pena. Revela ao magistrado as características pessoais do acusado, sobretudo na hipótese de
concurso de pessoas, e o grau de censura na prática do ato delitivo.
b) ANTECEDENTES;
➢ Maus antecedentes exigem condenações transitadas em julgado referentes a fatos ocorridos antes daquele
que está em julgamento, e que não sejam aptas a caracterizar reincidência;
➢ STJ, Súmula 444: É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-
base.
➢ Hipóteses: Condenações anteriores depois do prazo a que se refere o art. 64, I do CP; Condenações por
contravenções; Condenações por crimes militares ou políticos;
➢ se houver mais de uma anotação na folha de antecedentes apta a gerar reincidência, o juiz poderá usar uma
delas como agravante e as demais como maus antecedentes. Nesse caso não haverá bis in idem;
c) CONDUTA SOCIAL;
➢ forma como o réu se comporta no trabalho, em casa, na vizinhança, etc;
d) PERSONALIDADE;
➢ caracteres exclusivos de uma pessoa, parte herdada (geneticamente), parte adquirida (criação, ambiente;
➢ A jurisprudência considera dados da personalidade do agente que foram demonstrados na prática do delito
➢ É necessário estabelecer uma correlação entre o dado da personalidade que se está considerando e o crime
praticado;
e) MOTIVOS;
➢ Residual!
g) COMPORTAMENTO DA VÍTIMA;
➢ Só pode ser usado em favor do réu;
#LINK: Princípio ou SISTEMA NUMERUS CLAUSUS → execução penal; superlotação carcerária; desvio de
execução;
A superlotação é exemplo claro de desvio de execução, vez que impõe à pessoa presa o sacrifício de direitos
não abarcados nos limites da sentença, de forma ilegal, inconstitucional e humanamente intolerável. O
numerus clausus, nesse sentido, atuaria como medida de contenção da superlotação e, consequentemente,
de reparação do desvio de execução;
3 possíveis modalidades de numerus clausus:
➔ Preventivo: vedação de novos ingressos no sistema penitenciário, com a consequente transformação do
encarceramento em prisão domiciliar.
➔ Direto: deferimento de indulto ou prisão domiciliar àqueles mais próximos de atingir o prazo legal para a
liberdade.
➔ Progressivo: sistema de transferências em cascata (em cadeia), com a ida de um preso do regime fechado
para o semiaberto, de outro do regime semiaberto para o aberto (ou prisão domiciliar) e, por fim, de alguém
que esteja em uma dessas modalidades para o livramento condicional (uma espécie de “livramento condicional
especial”).
EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE
➔ Art. 107: rol exemplificativo. Ex: cumprimento do SURSIS. Ex. reparação, no caso de peculato culposo, antes
da sentença irrecorrível. SUSPRO. Pagamento do tributo antes do recebimento da denúncia na 8.137.
MORTE; (a pena de reparar o dano passa aos herdeiros). Não extingue os efeitos extrapenais.
A morte da VÍTIMA poderá ser causa de extinção de punibilidade na ação penal privada personalíssima: no crime de
induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento que não seja casamento anterior.
Analogia in bonam partem: nos crimes ambientais, extinta a pessoa jurídica extingue-se a punibilidade.
ABOLITIO CRIMINIS;
PRESCRIÇÃO;
➔ Só duas hipóteses: racismo e ação de grupo armados contra a ordem constitucional e o estado democrático
de direito.
DECADÊNCIA;
PEREMPÇÃO: somente ação privada. Deixa de promover o andamento durante 30 dias seguintes.
PERDÃO ACEITO PELO OFENDIDO;
RETRATAÇÃO:
➔ A retratação do agente poderá extinguir a punibilidade. Ex: retratação nos crimes contra honra, nos casos de
calunia e difamação, se até a sentença de primeiro grau. Crime de falso testemunho retratação até sentença
de primeira instancia no processo que ocorreu o falso.
PELA RENÚNCIA AO DIREITO DE QUEIXA
PERDÃO JUDICIAL, nos casos previstos em lei.
➔ Afasta os efeitos da sentença condenatória. A sentença é DECLARATÓRIA de extinção de punibilidade não
subsistindo qualquer efeito CONDENATÓRIO.
Anistia, graça e indulto.
São formas de renúncia do estado ao direito de punir. Apesar de concedidas por lei ou por ato do executivo, só geram
extinção da punibilidade com a decisão judicial. Atingem crime de ação penal pública e PRIVADA.
➔ Anistia própria: concedida antes da condenação definitiva;
➔ Anistia imprópria: concedida APÓS o trânsito em julgado.
➔ Anistia incondicionada: não depende de qualquer ato por parte dos autores da infração.
➔ Como regra, a anistia não pode ser rejeitada, aplicada pelo juiz independentemente de aceitação, salvo a
anistia condicionada.
➔ Indulto é coletivo e espontâneo. A graça é individual e solicitada (chamada tb de indulto individual).
➔ Indulto parcial: comutação da pena. Diminuição da pena.
➔ Uma vez concedida a anistia não pode ser revogada por lei posterior. Irretroatividade da lei para prejudicar o
acusado.
➔ Anistia retira os efeitos penais, mas não inibe os efeitos extrapenais.
➔ Súmula: o indulto estingue os efeitos penais primários. Não extingue os efeitos penais secundários ou
extrapenais.
A CF considera INANFIANÇÁVEL (não pode conceder FIANÇA) e insuscetível de GRACA OU ANISTIA:
• 3 T: tráfico, Terrorismo, Tortura;
• Crimes hediondos.
GRAÇA INDULTO
ANISTIA
(ou indulto individual) (ou indulto coletivo)
Pode ser concedida: Tradicionalmente, a doutrina afirma que tais benefícios só podem
ser concedidos após o trânsito em julgado da condenação. Esse
• antes do trânsito em julgado (anistia própria);
entendimento, no entanto, está cada dia mais superado,
• depois do trânsito em julgado (anistia considerando que o indulto natalino, por exemplo, permite que
imprópria). seja concedido o benefício desde que tenha havido o trânsito em
julgado para a acusação ou quando o MP recorreu, mas não para
agravar a pena imposta (art. 5º, I e II, do Decreto 7.873/2012).
Classificação Classificação
a) Propriamente dita: quando concedida antes a) Pleno: quando extingue totalmente a pena.
da condenação.
b) Parcial: quando somente diminui ou substitui a pena
b) Impropriamente dita: quando concedida após (comutação).
a condenação.
Extingue os efeitos penais (principais e Só extinguem o efeito principal do crime (a sanção penal).
secundários) do crime.
Os efeitos penais secundários e os efeitos de natureza civil
Os efeitos de natureza civil permanecem permanecem íntegros.
íntegros.
O réu condenado que foi anistiado, se cometer O réu condenado que foi beneficiado por graça ou indulto, se
novo crime, não será reincidente. cometer novo crime, será reincidente.
É um benefício coletivo que, por referir-se É um benefício individual É um benefício coletivo (sem
somente a fatos, atinge apenas os que o (com destinatário certo). destinatário certo).
cometeram.
Depende de pedido do É concedido de ofício (não
sentenciado. depende de provocação).
Nos crimes conexos, a extinção de punibilidade de um deles, não impede a agravação da pena em relação ao outro
resultante da conexão.
Prescrição da Pretensão Punitiva: 4 modalidades
• Prescrição da pretensão punitiva propriamente dita;
• Prescrição da pretensão punitiva retroativa;
• Prescrição da pretensão punitiva superveniente;
•
Propriamente dita: regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao delito:
• 20 anos: se a pena for superior a 12 anos;
• 16 anos: superior a 8 até 12
• 12 anos: superior a 4 anos até 8
• 8 anos: superior a 2 até 4 anos.
• 4 anos: DE 1 ano até 2 anos.
• 3 anos: inferior a 1 ano.
A falta grave prescreve no menor prazo previsto na legislação penal: 3 anos.
Prescrição na medida de segurança: MS é pena sendo possível a pena ser extinta pela prescrição. A MS aplicada
ao inimputável considera o máximo da pena abstratamente cominada ao delito.
O período máximo de suspensão do prazo prescricional do art. 366 não pode ultrapassar o prazo previsto no artigo
109 do CP.
PRESCRIÇÃO e TEORIA DA PIOR DAS HIPÓTESES: no cálculo da prescrição deve ser observar as majorantes pelo
maior percentual de aumento, e as minorantes pela fração que menos reduza a reprimenda.
Prescrição das penas restritivas de direito: mesmo prazo das penas privativas de liberdade.
Prescrição da pretensão executória:
Regula-se pela pena aplicada. Aumentado de 1/3 em caso de reincidência.
O aumento incide NÃO É SOBRE A PENA, mas sobre o PRAZO PRESCRICIONAL.
Súmula: a reincidência não influi na prescrição da pretensão punitiva.
A reincidência é causa de interrupção da prescrição: apenas interrompe a prescrição da pretensão executória.
Prescrição da pena de multa: em relação a pena de multa, quando é a única aplicada, a reincidência não influi no
prazo da prescrição executória, diante do tratamento específico:
• 2 anos se for a única aplicada.
• No mesmo prazo estabelecido para a pena privativa de liberdade se for cumulativamente aplicada.
Não há incompatibilidade entre o dolo eventual e o reconhecimento do meio cruel, na medida em que o
dolo do agente, direto ou indireto, não exclui a possibilidade de a prática delitiva envolver o emprego de meio
mais reprovável, como veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel (art. 121, § 2º,
III, do CP). STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1573829/SC, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em
09/04/2019. STJ. 6ª Turma. REsp 1829601-PR, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 04/02/2020 (Info 665).
O que é meio cruel? Ocorre quando o agente pratica o homicídio de uma forma que causa maior sofrimento
à vítima, mesmo sendo possível cometer o crime de um modo menos doloroso.
STJ: O fato de o agente ter praticado o crime com reiteração de golpes na vítima, ao menos em princípio e
para fins de pronúncia, é circunstância indiciária do “meio cruel”, previsto no art. 121, § 2º, III, do CP.
Emprego de Veneno (VENEFÍCIO): será qualificado apenas quando a vítima não sabe está sendo
envenenada. Caso seja forçada a ingerir o veneno, o homicídio será qualificado pelo meio cruel.
Emprego de Asfixia: pode ser:
- mecânica (enforcamento, estrangulamento, esganadura, afogamento ou sufocação);
- tóxica (produzida por gases deletérios).
Meio que possa resultar perigo comum: número indeterminado de pessoas.
Feminicídio Femicídio
Praticar homicídio contra mulher por “razões da Praticar homicídio contra mulher (matar mulher).
condição de sexo feminino” (por razões de gênero).
- Motivo torpe e feminicídio: inexistência de bis in idem.
Não caracteriza bis in idem o reconhecimento das qualificadoras de motivo torpe e de feminicídio no crime de
homicídio praticado contra mulher em situação de violência doméstica e familiar.
Isso se dá porque o feminicídio é uma qualificadora de ordem OBJETIVA - vai incidir sempre que o crime
estiver atrelado à violência doméstica e familiar propriamente dita, enquanto que a torpeza é de cunho
subjetivo, ou seja, continuará adstrita aos motivos (razões) que levaram um indivíduo a praticar o delito.
STJ. 6ª Turma. HC 433.898-RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 24/04/2018 (Info 625).
OBS: O crime de REMOÇÃO DE ÓRGÃOS QUALIFICADO PELO RESULTADO MORTE, previsto no art. 14, § 4º, da
Lei nº 9.434/97, não é de competência do Júri.
O bem jurídico a ser protegido, no caso, é a incolumidade pública, a ética e a moralidade no contexto da
doação de órgãos e tecidos, além da preservação da integridade física das pessoas e do respeito à memória
dos mortos.
Trata-se do crime do art. 14, § 4º da Lei 9.434/97 porque a finalidade era a remoção dos órgãos.
Competência da justiça estadual: No delito do art. 14, § 4º, da Lei nº 9.434/97, a proteção da vida apresenta-
se como objeto de tutela do tipo penal de forma mediata, não se podendo dizer que se trata de crime doloso
contra a vida. É crime preterdoloso.
Homicídio na direção de veículo automotor: o simples fato do condutor do veículo estar embriagado não gera a
presunção de que tenha havido dolo eventual. Excesso de velocidade/Direção Perigosa/Dirigir na contramão = DOLO
EVENTUAL. A quem compete analisar? STJ se divide, um julgado de 2017 diz que é o juiz togado na primeira fase;
um julgado de 2021 afirma que é o júri.
ABORTO
A interrupção da gravidez no primeiro trimestre da gestação provocada pela própria gestante (art. 124) ou com o seu
consentimento (art. 126) não é crime. STF
interpretação conforme a Constituição aos arts. 124 a 126 do Código Penal – que tipificam o crime de aborto
– para excluir do seu âmbito de incidência a interrupção voluntária da gestação efetivada no primeiro trimestre.
Requisitos para que a tipificação de uma conduta seja compatível com a Constituição: a) este tipo penal
deverá proteger um bem jurídico relevante; b) o comportamento incriminado não pode constituir
exercício legítimo de um direito fundamental; e c) deverá haver proporcionalidade entre a ação
praticada e a reação estatal. Se determinada conduta for prevista como crime, mas não atender a algum
desses três requisitos, este tipo penal deverá ser considerado inconstitucional.
A conduta de praticar aborto com consentimento da gestante no primeiro trimestre da gravidez não pode ser
punida como crime porque não preenche o segundo e terceiro requisitos acima expostos (letras "b" e "c").
VIOLAÇÕES A DIREITOS FUNDAMENTAIS DAS MULHERES: Violação à autonomia da mulher (Art. 1º, III,
CF); Violação do direito à integridade física e psíquica; Violação aos direitos sexuais e reprodutivos da mulher;
Violação à igualdade de gênero;
O reconhecimento dos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres como direitos humanos percorreu uma
longa trajetória, que teve como momentos decisivos a Conferência Internacional de População e
Desenvolvimento (CIPD), realizada em 1994, conhecida como Conferência do Cairo, e a IV Conferência
Mundial sobre a Mulher, realizada em 1995, em Pequim. Liberdade sexual feminina em sentido positivo e
emancipatório.
OBS: DISCRIMINAÇÃO SOCIAL E IMPACTO DESPROPORCIONAL SOBRE MULHERES POBRES: A tipificação
penal do aborto produz também discriminação social, já que prejudica, de forma desproporcional, as mulheres pobres,
que não têm acesso a médicos e clínicas particulares, nem podem se valer do sistema público de saúde para realizar
o procedimento abortivo.
VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE: o princípio da razoabilidade-proporcionalidade
funciona com uma dupla dimensão, tendo por objetivo proibir os excessos e também a insuficiência.
Subprincípio da adequação: Na prática, portanto, a criminalização do aborto é ineficaz para proteger o direito
à vida do feto. Do ponto de vista penal, ela constitui apenas uma reprovação “simbólica” da conduta.
Subprincípio da necessidade: Há instrumentos que são eficazes à proteção dos direitos do feto e,
simultaneamente, menos lesivos aos direitos da mulher. Subprincípio da proporcionalidade em sentido
estrito: As restrições aos direitos fundamentais das mulheres decorrentes da criminalização são ou não
compensadas pela proteção à vida do feto? NÃO. Promove grande restrição aos DF das mulheres e promove
um grau reduzido de proteção aos direitos do feto, eis que não tem sido capaz de reduzir o número de abortos.
OBS: Tal decisão foi tomada em sede de HC, sem efeitos erga omnes.
Aborto de feto anencéfalo → conduta ATÍPICA. ADPF 54: Não há conflito entre o direito à vida dos anencéfalos e o
direito da mulher à dignidade. Isso porque, segundo o Min. Relator, direito à vida de anencéfalo seria um termo
antitético considerando que o anencéfalo, por ser absolutamente inviável, não seria titular do direito à vida.
LESÕES CORPORAIS
STJ: A qualificadora prevista no art. 129, § 2º, IV, do Código Penal (deformidade permanente) abrange
somente lesões corporais que resultam em danos físicos; Quando o art. 129, § 2º, IV, do CP fala em
“deformidade permanente” ele está se referindo a lesões estéticas de grande monta, capazes de causar
desconforto a quem a vê ou ao seu portador.
A perda de dois dentes pode até gerar uma debilidade permanente (§ 1º, III), ou seja, uma dificuldade maior
da mastigação, mas não configura deformidade permanente (§ 2º, IV).
A qualificadora “deformidade permanente” do crime de lesão corporal (art. 129, § 2º, IV, do CP) não é afastada
por posterior cirurgia estética reparadora que elimine ou minimize a deformidade na vítima. Isso porque, o fato
criminoso é valorado no momento de sua consumação, não o afetando providências posteriores, notadamente
quando não usuais (pelo risco ou pelo custo, como cirurgia plástica ou de tratamentos prolongados, dolorosos
ou geradores do risco de vida) e promovidas a critério exclusivo da vítima.
MAUS-TRATOS TORTURA-CASTIGO
(art. 136, CP) (art. 1º, II, Lei nº 9.455/97)
Crime de perigo Crime de dano
Dolo de repreensão Dolo de padecimento
Não exige intenso sofrimento físico ou mental Exige intenso sofrimento físico ou mental
Finalidade: educação, ensino, tratamento ou Finalidade: castigo, medida de caráter preventivo
custódia
Competência do JECRIM (IMPO) Competência do juízo comum
REGRA: Admite
EXCEÇÃO:
CALÚNIA -Crime de ação privada: Não foi condenado.
EXCEÇÃO DA -Crime de ação pública: Foi absolvido.
VERDADE -Fato imputado ao Presidente da República ou chefe de governo
estrangeiro
REGRA: Não admite
DIFAMAÇÃO EXCEÇÃO: se o ofendido é funcionário público e a ofensa
é relativa ao exercício de suas funções
Configura difamação a conduta do agente que publica vídeo de um discurso no qual a frase completa
do orador é editada, transmitindo a falsa ideia de que ele estava falando mal de negros e pobres. A
edição de um vídeo ou áudio tem como objetivo guiar o espectador e, quando feita com o objetivo de difamar
a honra de uma pessoa, configura dolo da prática criminosa. Vale ressaltar que esta conduta do agente, ainda
que praticada por Deputado Federal, não estará protegida pela imunidade parlamentar. STF. 1ª Turma. AP
1021/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 18/8/2020 (Info 987).
INJÚRIA RACIAL → IMPRESCRITÍVEL: A prática de injuria racial, prevista no art. 140, § 3º, do Código Penal, traz
em seu bojo o emprego de elementos associados aos que se definem como raça, cor, etnia, religião ou origem para
se ofender ou insultar alguém. Em ambos os casos, há o emprego de elementos discriminatórios baseados na raça
para a violação, o ataque, a supressão de direitos fundamentais do ofendido. Sendo assim, não se pode excluir o crime
de injúria racial do mandado constitucional de criminalização previsto no art. 5º, XLII, restringir-lhe indevidamente a
aplicabilidade.
Difamação pode ser praticada mediante a publicação de vídeo no qual o discurso da vítima seja editado.
O que define a natureza eleitoral de crimes contra a honra é a circunstância de a ofensa ocorrer na propaganda
eleitoral ou para fins desta. Os tipos penais dos arts. 325 e 326 do Código Eleitoral tutelam não apenas a honra
subjetiva da vítima, mas também o ambiente eleitoral, garantindo espaço ético para a veiculação das propostas dos
candidatos.
CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL
CRIME DE PERSEGUIÇÃO (ART. 147-A DO CÓDIGO PENAL)
Em que consiste o crime
Crime de perseguição (art. 147-A do Código Penal)
1) ameaçando a integridade física ou
por qualquer psicológica da vítima;
praticando
meio (presencial-
O sujeito reiteradamente pelo menos 2) restringindo a capacidade de
mente, pela
persegue (exige habitua- uma de três locomoção da vítima; ou
internet, por
a vítima... lidade) condutas 3) invadindo ou perturbando, de
telefone, por
possíveis: qualquer forma, a esfera de liberdade
carta etc.)
ou privacidade da vítima.
Bem jurídico: A liberdade individual.
Crime habitual. Não cabe tentativa;
Elemento subjetivo: Dolo
Cúmulo material Obrigatório: Desse modo, se algum ato de perseguição for feito com o emprego de violência,
o agente responderá pelo delito do art. 147-A em concurso com o crime violento.
APPC
Stalking x Contravenção Penal de molestamento (revogada). Houve abolitio criminis?
Vamos comparar as duas infrações:
Crime de perseguição Contravenção penal de molestamento
(art. 147-A do CP) (art. 65 do DL 3.688/41)
Exige uma perseguição reiterada. Não falava expressamente em reiteração.
Contentava-se com a conduta de molestar
alguém ou perturbar-lhe a tranquilidade.
Exige que o agente tenha: Não exigia nenhuma dessas três condutas.
· ameaçado à integridade física ou psicológica da Bastava molestar alguém ou perturbar-lhe a
vítima; tranquilidade.
· restringido à sua capacidade de locomoção; ou
· invadido/perturbado a sua esfera de liberdade
ou privacidade.
1) o indivíduo está respondendo ou foi condenado por molestamento e, ao se analisar a sua conduta no caso concreto,
percebe-se que ela se adequa à descrição típica do art. 147-A do CP. Nesta primeira situação, podemos afirmar que
não houve abolitio criminis, mas sim continuidade normativo-típica. O indivíduo continuará respondendo pela
contravenção penal do art. 65.
O princípio da continuidade normativa ocorre “quando uma norma penal é revogada, mas a mesma
conduta continua sendo crime no tipo penal revogador, ou seja, a infração penal continua tipificada em outro
dispositivo, ainda que topologicamente ou normativamente diverso do originário.” (Min. Gilson Dipp, em voto
proferido no HC 204.416/SP).
2) o indivíduo está respondendo ou foi condenado por molestamento e, ao se analisar a sua conduta no caso concreto,
percebe-se que ela não se adequa à descrição típica do art. 147-A do CP. É o caso, por exemplo, de uma pessoa que
tenha molestado uma única vez a vítima. Como não houve habitualidade, a conduta não se amolda ao art. 147-A do
CP. Nesta segunda hipótese, teremos que concluir que houve abolitio criminis, acarretando a extinção da punibilidade.
REDUÇÃO À CONDIÇÃO ANÁLOGA A DE ESCRAVO
Competência da JF;
NÃO É imprescindível a restrição à liberdade de locomoção dos trabalhadores.
O reconhecimento das qualificadoras da escalada e rompimento de obstáculo (previstas no art. 155, § 4º, I e
II, do CP) exige a realização do exame pericial, salvo nas hipóteses de inexistência ou desaparecimento de
vestígios, ou ainda se as circunstâncias do crime não permitirem a confecção do laudo.
Destreza, para fins de furto qualificado, é a especial habilidade física ou manual que permite ao agente subtrair
bens em poder direto da vítima sem que ela perceba o furto. É o chamado “punguista”.
Se o funcionário do banco recebe o cartão e a senha da idosa para auxiliá-la a sacar um dinheiro do caixa
eletrônico e, aproveitando a oportunidade, transfere quantias para a sua conta pessoal, tal conduta configura
o crime previsto no art. 102 do Estatuto do Idoso.
EXTORSÃO
Crime formal;
Súmula 96-STJ: O crime de extorsão consuma-se independentemente da obtenção da vantagem indevida.
RECEPTAÇÃO
modalidades transportar, conduzir ou ocultar, é crime permanente;
É inaplicável o princípio da consunção entre os crimes de receptação e porte ilegal de arma de fogo por
serem delitos autônomos e de natureza jurídica distinta, devendo o agente responder por ambos os delitos
em concurso material;
ESTELIONATO
AÇÃO PENAL NO CRIME DE ESTELIONATO
ANTES DA LEI DEPOIS DA LEI 13964/19
13964/19
Ação penal pública REGRA Ação penal pública CONDICIONADA à representação da vítima
INCONDICIONADA Ação penal pública INCONDICIONADA quando a vítima for:
EXCEÇÃO I - a Administração Pública, direta ou indireta;
II - criança ou adolescente;
III - pessoa com deficiência mental; ou
IV - maior de 70 anos de idade ou incapaz.
A mudança na ação penal do crime de estelionato, promovida pela Lei 13.964/2019, retroage para alcançar os
processos penais que já estavam em curso?
As normas que tratam sobre a “ação penal” possuem natureza híbrida, ou seja, são normas de direito
processual penal que, no entanto, também apresentam efeitos materiais (influenciam no direito penal).
➢ Desclassificar a prática de ato libidinoso com pessoa menor de 14 anos para o delito do art. 215-A do CP,
crime de médio potencial ofensivo que admite a suspensão condicional do processo, desrespeitaria ao
mandamento constitucional de criminalização do art. 227, §4º, da CRFB;
➢ O art. 19 da Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança é peremptório ao impor aos Estados a
adoção de medidas legislativas, administrativas, sociais e educacionais apropriadas para proteger a criança
contra "todas" as formas de abuso.
➢ Em verdade, a subsunção no art. 217-A do CP prestigia o princípio da proporcionalidade, notadamente no
aspecto da proibição da proteção insuficiente, bem como o princípio da proteção integral, conforme visto. Art.
6º do ECA → condição peculiar de pessoa em desenvolvimento (não afronta a isonomia);
➢ Verifique-se que a opção legislativa é pela absoluta intolerância com atos de conotação sexual com pessoas
menores de 14 anos, ainda que superficiais e não invasivos.
➢ Tanto a jurisprudência desta Corte Superior quanto a do Supremo Tribunal Federal são pacíficas em rechaçar
a pretensão de desclassificação da conduta de praticar ato libidinoso com pessoa menor de 14 anos para o
crime de importunação sexual (art. 215-A do CP).
CORRUPÇÃO DE MENORES
CP ECA
Art. 218. Induzir alguém menor de 14 anos a Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de
satisfazer a lascívia de outrem: menor de 18 anos, com ele praticando infração
penal ou induzindo-o a praticá-la
a vítima, menor de 14 (quatorze) anos, é induzida a o agente pratica crime ou contravenção penal na
satisfazer a lascívia de outrem mediante a prática de companhia de menor de 18 (dezoito) anos, ou o induz
alguma conduta sem contato físico, meramente a praticá-lo, fazendo com que aquela pessoa, que
contemplativa. ainda não atingiu a maioridade, passe a fazer parte do
mundo do crime. Trata-se de crime formal, que não
exige resultado naturalístico para a sua consumação.
#NÃOCONFUNDA
Induzir menor de 14 anos a satisfazer a lascívia de Corrupção de Menores (art. 218)
outrem:
Induzir maior de 14 e menor de 18 anos a satisfazer a Mediação para servir a lascívia de outrem
lascívia de outrem: QUALIFICADA (art. 227, § 1º)
Induzir maior de 18 (adulto) a satisfazer a lascívia de Mediação para servir a lascívia de outrem SIMPLES
outrem: (art. 227, caput)
Associação Criminosa
#ATENÇÃO AO PREVISTO NA LEI DE CRIMES HEDIONDOS:
Art. 8º Será de três a seis anos de reclusão a pena prevista no art. 288 do Código Penal, quando se tratar de crimes
hediondos, prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins ou terrorismo. (QUALIFICADORA)
Parágrafo único. O participante e o associado que denunciar à autoridade o bando ou quadrilha, possibilitando seu
desmantelamento, terá a pena REDUZIDA de UM A DOIS TERÇOS(-1 a 2/3). (CAUSA DE DIMINUIÇÃO DE PENA).
1. A Lei nº 12.850/13 (lei de organização criminosa) alterou o nome do delito de quadrilha
ou bando para associação criminosa. Ainda, a nova lei demonstrou ser mais severa: antes
configurava o crime de quadrilha ou bando com o mínimo de 4 pessoas. Agora, precisa
de apenas 3 pessoas (irretroativa neste aspecto);
2. Crime de concurso necessário, plurissubjetivo ou plurilateral: o tipo penal reclama a
ASSOCIAÇÃO pluralidade de agentes (3 ou mais) – na espécie condutas paralelas – os agentes atuam
CRIMINOSA com o mesmo objetivo;
3. Inimputáveis (menor/doente mental) são incluídos no número legal;
4. Agente não identificado: também é computado no número legal. Basta que
elementos demonstrem a estabilidade da associação para a prática de crimes;
5. Agente que tem extinta sua punibilidade: eventual extinção da punibilidade de uns dos
sujeitos não interfere na caracterização da figura típica;
6. Agente absolvido: se a participação de um dos sujeitos ativos não é demonstrada nos
autos, vindo ele a ser absolvido, o delito estará descaracterizado, a não ser que ainda
restem três pessoas que o integrem;
7. Agentes não se conhecem: pouco importa se os agentes não se conhecem ou não
residem na mesma localidade;
8. Deve haver estabilidade e permanência, caso contrário haverá concurso de
agentes;
9. Se for para cometer contravenções penais, não incide o art. 288 do CP. Ou seja, não é
possível uma associação criminosa com o fim de cometer contravenção;
10. Impossível a associação criminosa para pratica de crimes culposos ou
preterdolosos, pois, é inviável buscar o resultado que não se deseja.
Quant. de - 3 ou + 2 ou + + de 3 (4 ou +) 4 ou +
Agentes
Falsidade ideológica
Comentários: o tipo penal exprime, ainda que sem esse objetivo direto, interpretação autêntica, na medida em que
especifica as formas de cometimento da falsidade ideológica. Na falsidade ideológica, o falso recai sobre o
conteúdo. O teor não condiz com a realidade. Diferentemente, na falsidade material, o falso recai sobre o
instrumento.
O crime de falsidade ideológica requer especial fim de agir: prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a
verdade sobre fato juridicamente relevante. Trata-se de figura típica subsidiária, podendo ser praticada de forma
omissiva ou comissiva.
PECULATO ELETRÔNICO
Crime INSERÇÃO DE DADOS FALSOS EM SISTEMA MODIFICAÇÃO OU ALTERAÇÃO NÃO
DE INFORMAÇÕES AUTORIZADA DE SISTEMA DE
(Art. 313-A, CP) INFORMAÇÕES
(Art. 313-B, CP)
Sujeito Funcionário público AUTORIZADO Funcionário público em sentido amplo -
Ativo (crime próprio) não precisa ser autorizado
(crime próprio)
Sujeito Passivo Primário: Estado; Primário: Estado;
Secundário: Pessoa eventualmente Secundário: Pessoa eventualmente
prejudicada pelo comportamento do agente. prejudicada pelo comportamento do
agente.
Objeto Administração Pública, mais especificamente a Administração Pública, mais
Jurídico guarda de dados nos sistemas informatizados especificamente seus sistemas de
ou banco de dados. informações ou programas de
informática.
Consumação Prática de qualquer núcleo do tipo (crime formal), Prática de qualquer núcleo do tipo (crime
dispensando a obtenção da vantagem ou formal).
provocação do dano. Resultando dano para Adm ou
administrado (caso ocorra), a pena é
aumentada de 1/3 até 1/2.
Tentativa Sim, é possível Sim, é possível
Servidor público que utiliza temporariamente bem público para satisfazer interesse particular,
sem a intenção de se apoderar ou desviar definitivamente a coisa, comete crime?
Se o bem é infungível e não consumível: NÃO Se o bem é fungível ou consumível: SIM
Ex.: é atípica a conduta do servidor público Ex.: haverá fato típico na conduta do servidor público
federal que utilizar carro oficial para levar seu federal que utilizar dinheiro público para pagar suas
cachorro ao veterinário. contas pessoais, ainda que restitua integralmente a
Ex.2: é atípica a conduta do servidor que usa o quantia antes que descubram.
computador da repartição para fazer um trabalho
escolar.
Exceção: Se o agente é prefeito, haverá crime, porque existe expressa previsão legal nesse sentido
no art. 1º, II, do Decreto-Lei n.° 201/67: “Art. 1º São crimes de responsabilidade dos Prefeitos Municipal,
sujeitos ao julgamento do Poder Judiciário, independentemente do pronunciamento da Câmara dos
Vereadores: (...) II - utilizar-se, indevidamente, em proveito próprio ou alheio, de bens, rendas ou
serviços públicos;”
Corrupção Passiva
CORRUPÇÃO PASSIVA
PRÓPRIA IMPRÓPRIA
Prática de ato funcional ILÍCITO Prática de ato funcional LÍCITO
O agente comercializa ato ilegítimo O agente comercializa ato legítimo
Agente solicita dinheiro para não multar Agente solicita dinheiro para expedir um alvará
Obs.: É possível, segundo entendimento doutrinário predominante, a ocorrência do crime de corrupção ativa sem que
exista simultaneamente o cometimento da corrupção passiva, pois as condutas são independentes.
Relação de dependência entre as espécies de corrupção:
a) Corrupção passiva sem ativa: É possível apenas em “solicitar”, pois o particular pode não aceitar. “Receber” ou
“aceitar promessa” pressupõe um comportamento anterior do particular.
b) Corrupção ativa sem passiva: É sempre possível, pois o particular “oferece” ou “promete” e o agente
público pode não aceitar.
CONCUSSÃO Funcionário público exige vantagem indevida.
CORRUPÇÃO Funcionário público solicita, recebe ou aceita vantagem indevida.
PASSIVA
CORRUPÇÃO Particular oferece ou promete vantagem indevida a funcionário público.
ATIVA
PREVARICAÇÃO O agente viola o dever funcional para satisfazer interesse ou sentimento
pessoal, de modo que não envolve um terceiro corruptor
CORRUPÇÃO PASSIVA PREVARICAÇÃO
PRIVILEGIADA
§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou Art. 319 - RETARDAR ou DEIXAR de praticar,
retarda ato de ofício, com infração de dever indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra
funcional, cedendo a pedido ou influência de disposição expressa de lei, para satisfazer interesse
outrem. ou sentimento pessoal.
Não há satisfação de sentimento ou interesse pessoal Há satisfação de sentimento ou interesse pessoal
(motivação)
Há pedido ou influência de outrem Não há pedido ou influência de outrem
(motivação)
Pena: Detenção, de três meses a um ano, OU multa Pena: Detenção, de três meses a um ano, E multa
Ex.: Policial que não multa motorista que implora para Ex.: Policial que não multa motorista quando vê que este
que não seja multado (cedeu a pedido ou influência de usa camisa do Flamengo, mesmo time de coração do
outrem) Policial (satisfez sentimento ou interesse pessoal)
OBS; ofensa contra funcionário público: ausente → crime contra a honra majorado (148, II, CP); servidor presente →
desacato;
CONTRABANDO DESCAMINHO
Tipificado no art. 334-A do CP. Tipificado no art. 334 do CP.
Consiste em “importar ou exportar mercadoria Consiste em “iludir, no todo ou em parte, o pagamento
proibida”. de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída
ou pelo consumo de mercadoria”
Corresponde à conduta de importar ou exportar Corresponde à entrada ou à saída de produtos
mercadoria PROIBIDA. PERMITIDOS, todavia elidindo o pagamento do
Obs: essa proibição pode ser absoluta ou relativa. imposto devido. É a fraude utilizada para iludir o
pagamento de impostos relacionados com a
importação ou exportação de produtos.
NÃO é uma espécie de crime tributário. É uma espécie de crime tributário.
Bem jurídico: a moralidade administrativa, a saúde e Bem jurídico protegido: interesse do Estado na
a segurança pública. O bem juridicamente tutelado vai arrecadação dos tributos. Além disso, alguns autores
além do mero valor pecuniário do imposto elidido, apontam que este crime também protege o controle
alcançando também o interesse estatal de impedir a estatal das importações e das exportações.
entrada e a comercialização de produtos proibidos em
território nacional.
É INAPLICÁVEL o princípio da insignificância. APLICA-SE o princípio da insignificância se o
Exceção: contrabando de pequena quantidade de valor do tributo cujo pagamento foi iludido não
medicamento para uso próprio (STJ EDcl no AgRg no superar R$ 20 mil (posição majoritária).
REsp 1708371/PR).
NÃO admite suspensão condicional do processo (a Admite suspensão condicional do processo (a
pena é de 2 a 5 anos). pena é de 1 a 4 anos).
Deverão ser analisados três critérios para se verificar se o ilícito administrativo configurou também o crime
do art. 89:
1º) existência ou não de parecer jurídico autorizando a dispensa ou a inexigibilidade. A existência de parecer
jurídico é um indicativo da ausência de dolo do agente, salvo se houver circunstâncias que demonstrem o contrário.
2º) a denúncia deverá indicar a existência de especial finalidade do agente de lesar o erário ou de promover
enriquecimento ilícito.
3º) a denúncia deverá descrever o vínculo subjetivo entre os agentes. STF. 1ª Turma. Inq 3674/RJ, Rel. Min. Luiz
Fux, julgado em 7/3/2017 (Info 856).
OBS: Contratação direta fora das hipóteses legais → norma penal em branco homogênea heterovitelina (74 e 75 da
Lei 14.133/2021) cujo complemento está na lei de licitações. Não considera mais irregular a contratação direta de
escritório de advocacia, esse complemento retroage?
NORMA PENAL EM BRANCO HOMOGÊNEA: efeitos retroativos se benéfica; (complemento da mesma
fonte normativa);
NORMA PENAL EM BRANCO HETEROGÊNEA: efeitos retroativos se benéfica, exceto se for excepcional,
que não retroage. (complemento de outra fonte normativa).
Logo, deve-se perguntar se o complemento assume face de normalidade (retroage) ou de anormalidade (não retroage,
ultratividade da lei excepcional – art. 3ª, CP).
➢ O Plenário, por maioria, julgou procedente ação direta, proposta pelo Procurador Geral da República, para
atribuir interpretação conforme a Constituição aos arts. 12, I; 16 e 41, todos da Lei 11.340/2006, e assentar a
natureza incondicionada da ação penal em caso de crime de lesão corporal, praticado mediante violência
doméstica e familiar contra a mulher.
Para a maioria dos ministros do STF, se a ação penal fosse considerada condicionada esta circunstância acabaria por
esvaziar a proteção constitucional assegurada às mulheres.
Entendeu-se, contudo, que permanece a necessidade de representação para crimes dispostos em leis diversas da Lei
9.099/95, como o de ameaça e os cometidos contra a dignidade sexual.
OBS: É errado dizer que, com a decisão do STF, todos os crimes praticados contra a mulher, em sede de violência
doméstica, serão de ação penal incondicionada. Continuam existindo crimes praticados contra a mulher (em violência
doméstica) que são de ação penal condicionada, desde que a exigência de representação esteja prevista no Código
Penal ou em outras leis, que não a Lei n.° 9.099/95. Assim, por exemplo, a ameaça praticada pelo marido contra a
mulher continua sendo de ação pública condicionada porque tal exigência consta do parágrafo único do art. 147 do
CP. O que o STF decidiu foi que o delito de lesão corporal, ainda que leve, praticado com violência doméstica
contra a mulher, é sempre de ação penal incondicionada porque o art. 88 da Lei n.° 9.099/95 não pode ser
aplicado aos casos da Lei Maria da Penha.
Os arts. 12, I e 16, da Lei Maria da Penha não foram declarados inconstitucionais. O que o STF fez foi tão-somente
dar interpretação conforme a Constituição a estes dispositivos, confirmando que deveriam ser interpretados de acordo
com o art. 41 da Lei. Em suma, deve-se entender que a representação mencionada pelos arts. 12, I e 16 da Lei Maria
da Penha refere-se a outros delitos praticados contra a mulher e que sejam de ação penal condicionada, como é o
caso da ameaça (art. 147 do CP), não valendo para lesões corporais.
Aplicação da lei: a tutela é a mulher em situação de vulnerabilidade no âmbito familiar, caracterizado por uma
relação de poder e submissão. O gênero do agressor é irrelevante.
➔ Mãe e filha;
➔ Patroa e empregada que reside no local
➔ Entre ex-namorados
➔ Alguns tribunais aceiram na aplicação em relação aos transexuais e transgêneros.
Violência: qualquer ação omissão BASEADA NO GÊNERO que lhe cause:
• Morte;
• Lesão;
• Sofrimento físico;
• Sofrimento sexual;
• Sofrimento psicológico;
• Dano moral;
• Dano patrimonial.
Âmbito doméstico: espaço de convívio PERMANENTE com ou sem vínculo familiar.
Qualquer relação íntima de afeto, independentemente de coabitação.
A violência doméstica é uma das formas de VIOLAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS.
Formas de violência:
• Violência física;
• Violência psicológica: dano emocional e diminuição da autoestima/ degradar/ controlar suas ações/
constrangimento/ humilhação/ manipulação/isolamento/ vigilância constante/ perseguição contumaz/
chantagem, violação da intimidade/ ridicularizarão / limitação do direito de ir e vir.
• Violência sexual;
• Violência patrimonial;
• Violência moral: QUALQUER CONDUTA que configure calúnia, difamação e injúria;
Outras violências não previstas nesta lei:
➔ Violência institucional: lei mariana ferrer;
➔ Violência política: interrupção nas falas, ameaças, xingamentos e até assédio no campo político. (mudança
na lei do partido político: o estatuto deve ter normas capaz de inibir, prevenir a violência política contra a
mulher).
Medidas que o juiz poderá aplicar para preservar a integridade física e psicológica da mulher:
• Prioridade em remoção quando for servidora pública adm. Direita e indireta;
• Manutenção do vínculo empregatício por até 6 meses se for necessário afastamento.
Competência do juiz da vara da violência doméstica e não da vara do trabalho, o motivo de afastamento não advém
do vínculo trabalhista, mas da violência doméstica. A natureza jurídica é de interrupção do contrato de trabalho,
com aplicação analógica ao auxilio doença: a empresa paga nos 15 primeiros dias e o INSS paga o restante.
• Assistência judiciária: para ajuizar ação de separação judicial, divórcio, entre outros;
• Prioridade para matricular seus dependentes em instituição de ensino mais próxima de seu domicílio
(prova mediante BO ou o processo ajuizado); informações que serão sigilosa, só cabendo ao juiz, MP e o
órgão da adm.
2019: Causador do dano: deverá ressarcir ao SUS todos os custos com os serviços prestados. Esse ressarcimento
não pode gerar qualquer ônus ao patrimônio da mulher e de seus dependentes. TB NÃO servirá como atenuante ou
substituição da pena aplicada.
Inquirição da mulher em situação violência doméstica:
• Deve ser observado sua situação peculiar de pessoa em situação de violência doméstica e familiar;
• Em nenhuma hipótese terá contato direto com o investigado ou suspeito e PESSOAS a ele relacionadas;
• NÃO REVITIMIZAÇÃO: evitando-se sucessivas inquirições sobre o mesmo fato no âmbito civil, criminal e
administrativo, bem como questionamentos sobre a vida privada.
• Inquirição em ambiente adequado, considerando a idade e a gravidade da violência sofrida;
• A inquirição PODE ser intermediada por profissional especializado em violência doméstica;
• DEPOIMENTO REGISTRADO em meio eletrônico.
Providências a serem tomadas pela AUTORIDADE POLICIAL:
• Proteção policial e comunicado imediato ao MP;
• Encaminhamento da ofendida ao hospital;
• Fornecimento de transporte para a ofendida até o abrigo quando houver risco de vida;
• Se necessário acompanha-la para retirada de seus bens do local;
• A AUTORIDADE POLICIAL DEVERÁ TB: 2019- Informar a ofendida sobre os direitos conferidos nessa lei,
inclusive, de assistência judiciária visando divórcio.
Após o registro da ocorrência, deverá a autoridade policial de imediato:
• Ouvir a ofendida e registrar o BO com a representação a termo se apresentada;
• Colher todas as provas;
• Remeter ao juiz, NO PRAZO DE 48 HORAS, o expediente com o PEDIDO DA OFENDIDA PARA A
CONCESSÃO DE MEDIDAS PROTETIVAS E URGÊNCIA; (as medidas protetivas não podem ser concedidas
de ofício, depende de requerimento da ofendida ou do MP)
• Exame do corpo de delito;
• Ouvir o agressor e testemunhas
• 2019: VERIFICAR: se o agressor possui REGISTRO DE PORTE OU POSSE de arma de fogo e notificação a
instituição responsável pela concessão do registro.
ADMITE-SE, como meio de prova:
• Laudos
• Prontuários
• Fornecidos por hospitais e postos de saúde.
SENDO DISPENSÁVEL A REALIZAÇÃO DE CORPO DE DELITO PARA FINS DE COMPROVAR A MATERIALIDADE
DELITIVA. STJ: O delito de lesão corporal, no contexto da violência doméstica, dispensa exame de corpo de delito se
houver outros elementos de prova, como laudos e prontuários.
A AUTORIDADE POLICIAL poderá requisitar serviços públicos necessários a defesa da mulher.
NOVIDADE LEGISLATIVA: 12-C- Risco ATUAL OU IMINENTE a mulher e seus dependentes, o agressor será
AFASTADO DO LAR:
• Pelo juiz;
• Pelo DELEGADO se o município não tiver comarca;
• PELO POLICIAL se o município não tiver delegado disponível.
A medida q o delegado e policiais podem decretar é o afastamento do lar: devendo comunicar o juiz em 24 horas para
decidir sobre a manutenção da medida aplicada.
Qual é o instrumento cabível contra a decisão da autoridade policial que concede ou nega a medida cautelar de
urgência? HC para o juiz, caso tenha concedido;
NO CASO de risco a integridade física da ofendida ou a efetividade da medida protetiva, não será concedida liberdade
provisória.
ATENÇÃO: É válida a atuação supletiva e excepcional de delegados de polícia e de policiais a fim de afastar o
agressor do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida, quando constatado risco atual ou iminente à vida ou
à integridade da mulher em situação de violência doméstica e familiar, ou de seus dependentes, conforme o art. 12-C
inserido na Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria da Penha). STF. Plenário. ADI 6138/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes,
julgado em 23/3/2022 (Info 1048).
Argumentos para inconstitucionalidade → violação ao princípio da jurisdicionalidade → Isso porque,
tradicionalmente, o direito brasileiro considera que as medidas cautelares somente podem ser deferidas pela
autoridade judicial.; violação ao p. da isonomia.
- A inclusão dos dispositivos questionados na Lei Maria da Penha — art. 12-C, II, III e § 1º — é razoável, proporcional
e adequada.
- Está de acordo com o devido processo legal - art. 5º, XI e LIV, da CF/88; mecanismo de coibir violência no
âmbito das relações domésticas - art. 226, § 8º;
- Está de acordo com sistema internacional de proteção aos direitos humanos das mulheres e de combate à
violência contra a mulher;
ATENÇÃO – Se descumprir, não haverá crime do art. 24-A e nem desobediência! Não há crime de desobediência
quando a pessoa desatende a ordem e existe alguma lei prevendo uma sanção civil, administrativa ou
processual penal para esse descumprimento, sem ressalvar que poderá haver também a sanção criminal.
Explicando melhor:
• Se uma ordem é dada e na Lei existe a previsão de uma sanção civil ou administrativa para o caso de descumprimento
dessa ordem, não se configura o crime de desobediência.
• Exceção: haverá delito de desobediência se na Lei, além da sanção civil ou administrativa, expressamente constar
uma ressalva de que não se exclui a sanção penal.
A Lei nº 11.340/2006 prevê que o descumprimento da medida protetiva do art. 12-C gera uma consequência
processual penal (prisão preventiva) e não ressalvava a possibilidade de o agente responder também
criminalmente. Esse é o entendimento do STJ!
RESUMINDO:
PROCEDIMENTOS:
• Juizado da violência doméstica e familiar contra a mulher = competência cível e criminal podem ser criados
pela união e estados;
• O juizado tem competência para a ação de divórcio ou dissolução da união estável;
• Não terá competência para a partilha dos bens;
• Prioridade de tramitação: ação de divórcio e dissolução, ainda que violência comece após o ajuizamento da
ação;
Competência dos processos CÍVEIS, por opção da ofendida:
• Do seu domicilio ou de sua residência;
• Lugar do fato;
• Domicilio do agressor
Os processos criminais, continua a regra que a competência é fixada pelo lugar de consumação (resultado)
Compete à Justiça Federal apreciar o pedido de medida protetiva de urgência decorrente de crime de ameaça
contra a mulher cometido por meio de rede social de grande alcance, quando iniciado no estrangeiro e o seu
resultado ocorrer no Brasil. STJ. 3ª Seção. CC 150712-SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, j. 10/10/18 (Info 636).
Ação pública CONDICIONADA: ex. Ameaça.
• Renúncia à representação perante o juiz (audiência)
• Não atende esse requisito a renúncia em cartório de vara, ou por meio de carta.
• Antes do RECEBIMENTO da denúncia (como regra, veda-se a retratação antes do oferecimento, mas na lei
maria da penha o prazo é o recebimento)
• Ouvido o MP.
• Toda lesão corporal é de ação pública incondicionada: leve, grave, gravíssima, dolosa CULPOSA;
• A denúncia pode ser recebida com base no depoimento da vítima, os elementos de convicção são colhidos no
curso do processo;
É VEDADO APLICAR:
• Pena de cesta básica;
• Prestação pecuniária;
• Pagamento isolado de multa;
MEDIDAS PROTETIVAS: o juiz deve no prazo de 48 horas: a pedido direto da ofendida ou do MP
ATENÇÃO: As medidas protetivas possuem a NATUREZA JURÍDICA DE MEDIDAS CAUTELARES. Art. 22, 23, 24
– rol exemplificativo (PRINCÍPIO DA ATIPICIDADE DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA);
Pressupostos: a) fumus commissi delicti: é a demonstração da existência de indícios de que houve violência
doméstica contra a mulher; b) periculum libertatis: é a existência de um risco à vítima ou a terceiros caso a medida
protetiva não seja imediatamente concedida.
• Determinar a apreensão IMEDIATA da arma de fogo sob POSSE do agressor
• Encaminhar a ofendida a assistência judiciária para ação de divórcio;
Podem ser concedidas de imediato antes de audiência das partes e DE MANIFESTAÇÃO DO MP;
PRISÃO PREVENTIVA:
• Qualquer fase do IP ou da instrução criminal;
• Decretada pelo juiz DE OFÍCIO ou a requerimento do MP ou da autoridade policial
• Finalidade de garantir a eficácia das medidas protetivas de urgências, observado o princípio da necessidade,
excepcionalidade e adequação;
• Cabe em caso de ameaça, visto que a finalidade é dar efetividade as medidas protetivas de urgências;
• Conforme previsão no CPP, será admitida a prisão preventiva se o crime envolver violência doméstica e
familiar contra mulher, criança, adoles, idoso, enfermo, deficiente, para garantir as medidas protetivas de
urgência;
• A lei não prevê prazo de validade para medidas protetivas de urgência; devendo prevalecer enquanto forem
necessárias
A ofendida deve ser notificada da entrada e saída do agressor da prisão, sem prejuízo da intimação do advogado ou
defensor constituído.
Sendo vedado que a ofendida entregue a intimação ao agressor.
MEDIDAS QUE PODEM SER APLICADAS AO AGRESSOR art. 22:
• Suspensão ou restrição do porte de armas com comunicação ao órgão competente:
A suspensão: o agente é privado de forma temporária
Restrição do porte de armas: a palavra restrição tem o sentido de limitar, diminuir, cercear. Logo, a autoridade judiciária
poderá determinar, por exemplo, que um policial porte sua arma apenas quando efetivamente em serviço, deixando-a
no local de trabalho ao final da jornada, com o que se evita que a tenha consigo no recesso do lar.
Nesse caso: o juiz comunica a corporação ou instituição sobre as medidas protetivas de urgência e determinará a
restrição do porte de armas, ficando o superior imediato responsável pelo cumprimento da ordem judicial, sob pena de
crime de prevaricação ou desobediência.
• Afastamento do lar;
• Proibição de determinadas condutas:
Aproximação da ofendida, de sua família e das testemunhas, com limite mínimo de distância;
Contato com a ofendida, familiares e testemunhas por QUALQUER MEIO DE COMUNICAÇÃO;
Frequentação de lugares a fim de preservar a integridade física e psicológica da ofendida;
LEI DE DROGAS
ARTIGO 28: para consumo próprio: inclui quem: semeia, cultiva e colhe para consumo próprio plantas de pequena
quantidade ou produto capaz de causar dependência física ou psíquica.
Penas:
• Advertência; sobre o uso das drogas.
• Prestação de serviço à comunidade;
• Medida educativa de comparecimento à programa ou curso educativo;
STJ: É FALTA GRAVE a prática do crime do artigo 28. Não obstante a despenalização, mantendo-se a criminalização
(não foi descriminalizado).
STJ e STF: Viola o princípio da proporcionalidade a consideração de condenação anterior pelo delito do art. 28 da Lei
nº 11.343/2006, “porte de droga para consumo pessoal”, para fins de reincidência.
NÃO há pena privativa de liberdade. É modalidade excepcional de PENA RESTRITIVA DE DIREITO que não é
substitutiva de pena privativa de liberdade.
NÃO SE APLICA AS MEDIDAS CAUTELARES DO ARTI. 319.
Compete a justiça estadual julgar HC preventivo para viabilizar o uso medicinais, bem como o porte em outra unidade
da federação, se demonstrada a internacionalidade da conduta.
ANÁLISE DO JUIZ para determinar se a droga era para consumo pessoal:
• Natureza da droga;
• Quantidade da substancia apreendida;
• Local em que foi apreendida;
• Condições que ocorreu a ação;
• Condições sociais e pessoais do agente;
• Conduta e antecedentes
A prestação de serviço à comunidade e o comparecimento em programa: DURAÇÃO MÁXIMA DE 5 MESES.
EM CASO DE REINCIDÊNCIA ESPECÍFICA: 10 MESES
• Como obrigar o agente a cumprir as penas:
• Admoestação verbal;
• Multa: mínimo 40- máximo 100 dias multas. Entre 1/30 avos e até 3x o SM.
NÃO SE APLICA O PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA AO CRIME DO 28.
NÃO GERA REINCIDÊNCIA.
PRESCRIÇÃO DA PENA DO ARTIGO 28: 2 ANOS. Com as causas interruptivas do art. 107. CHAMADA DE
PRESCRIÇÃO IMPRÓPRIA. (se o agente for menor ou maior de 70 = aplica metade).
STJ: A reincidência de que trata o § 4º do art. 28 da Lei nº 11.343/2006 é a específica.
PLANTAÇÕES ILÍCITAS:
• Imediatamente destruídas pelo DELEGADO DE POLÍCIA;
• Com recolhimento de quantidade para exame pericial;
• Observando as cautelas necessárias para preservação do meio ambiente;
DISPENSADA AUTORIZAÇÃO DO SISNAMA;
E expropriação das terras com plantações ilícitas na forma da CF.
_____________________________________________________________________________________________
_______________________
DOS CRIMES
ART.33: TRÁFICO DE DROGAS - crime de natureza permanente.
TIPO PENAL DE AÇÃO MÚLTIPLA ou de conteúdo variado (várias modalidades de realização do crime e qualquer
verbo enseja a consumação.18 ações.
O artigo 33 não se aplica a interpretação analógica (quando o legislador insere uma fórmula casuística e uma
fórmula genérica). Não se permite assim: interpretação analógica.
PENA: 5 A 15 ANOS.
Decisão do STJ: o STJ incialmente exigiu para entrada em domicílio dos seguintes requisitos e fundamentos:
• Declaração assinada pela pessoa que autorizou o ingresso no domicílio;
• Testemunhas do ato;
• Registro em áudio-vídeo;
• Standard probatórios:
a) Fundadas razões (justa causa), a serem verificadas de modo objetivo que justifique a situação de fragrância na
casa;
b) Apesar de ser crime permanente não autoriza, por si só, a entrada em domicilio;
c) Apenas em casos de urgência quando a espera pelo mandado puder ocasionar a destruição ou ocultação da droga;
d) Ocasionando a ilicitude da prova e a responsabilidade dos agentes públicos.
STJ: falta de mandado não invalida busca e apreensão feita em APARTAMENTO DESABITADO. Sem sinais de
habitação, mormente com fundadas suspeitas de que o imóvel é utilizado para prática de crime permanente.
Denúncia anônima + fuga do indivíduo = não autoriza ingresso em domicilio sem mandado.
A conduta de negociar, por telefone, a entrega da droga e disponibilizar o carro que será usado para o transporte do
entorpecente enseja o crime de tráfico de drogas CONSUMADO e não tentado, ainda que polícia, por meio de
interceptação telefônica, venha apreender o produto antes que o investigado recebesse. A conduta de ADQUIRIR não
precisa de tradição e do pagamento, basta o ajuste.
Teses:
• Não se reconhece o bis in idem pela causa de aumento de pena do art. 40 “trasnacionalidade” e os verbos do
caput do art. 33 “importar e exportar”;
• Quando o agente no exercício IRREGULAR da medicina prescreve substancia caracterizada como droga,
configura o tipo do 282 do CP em CONCURSO FORMAL com o art. 33 caput; (crime 282: exercício irregular
da medicina).
NAS MESMAS PENA: 5 A 15 ANOS INCORRE – TRÁFICO EQUIPARADO:
• Matéria prima, insumo ou produto químico destinado à preparação da droga.
STJ: ATIPICIDADE da conduta de importar pequena quantidade de SEMENTES de maconha (sementes de maconha
não possuem THC. A planta está prevista na lista, mas não há previsão da semente. A semente não pode ser
considerada matéria prima ou insumo pq não é ingrediente para confecção da droga. Não se prepara a droga com a
semente da maconha, vez que não tem THC.)
Tese: A quantidade de droga usada para elevar a pena-base e concomitantemente para AFASTAR o tráfico
privilegiado, por demonstrar que o acusado se dedica atividade criminosa ou integra organização criminosas, não
configura bis in idem. (Conferir com a repercussão geral do tema 712 do STF).
Cabe a acusação comprovar a habitualidade no crime e o pertencimento a organização criminosa, não podendo
afastar o benefício por simples presunção. A natureza e quantidade não são, por si só, elementos que configurem
envolvimento em crime organizado. Sendo possível aplicar o tráfico privilegiado em condenador por TRÁFICO
TRASNACIONAL DE DROGAS.
É possível aplicar o tráfico privilegiado as “MULAS”: o simples transporte da droga não é suficiente para afirmar
sua integração em organização criminosa. O exercício da função de mula, embora indispensável para o tráfico
internacional, não traduz, por si só, adesão, em caráter estável e permanente, à estrutura de organização criminosa,
até porque esse recrutamento pode ter por finalidade um único transporte de droga.
Não se aplica SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO: De acordo com o art. 89 da Lei 9099/95, somente é
cabível a sursis processual quando a pena mínima do delito for menor ou igual a 1 ano. O tráfico privilegiado (causa
de diminuição de pena do art. 33, §4º da lei de drogas), ainda que aplicada a fração MÁXIMA para diminuir a
pena do delito do caput do art. 33, resultaria em uma pena mínima de mais de 1 ano (fração de 2/3 na redução
da pena mínima de 5 anos do tráfico = 1,67, ou seja, mais de 1 ano e meio de pena mínima). Portanto, inaplicável
a suspensão condicional do processo.
_____________________________________________________________________________________________
_______________________
Art. 34: maquinário, aparelho, instrumento ou qualquer objeto destinado à fabricação.
_____________________________________________________________________________________________
_______________________
Art. 35: ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO - associar DUAS ou + pessoas com o fim de praticar REITERADAMENTE
OU NÃO qualquer dos crimes previstos no 33 caput e 34 e 36 (financiar o crime de tráfico)
• A participação do menor pode ser considerada AO MESMO tempo para caracterizar o crime de associação
para tráfico e para agravar a pena como causa de aumento de pena pela presença de criança e adolescente;
• Réu com a função de “olheiro” e associação para tráfico: NÃO É POSSÍVEL que alguém seja condenado
pelo art. 35 (associação) e ao mesmo tempo pelo art. 37 (colaborar como informante). Nesse caso, deverá
responder apenas pelo crime de ASSOCIAÇÃO sem concurso material com o art. 37. Considerar que o
informante possa ser punido duplamente (pela associação e pela colaboração a própria associação) contraria
o princípio da SUBSIDIARIEDADE e bis in idem;
• STJ/STF: EXIGE ESTABILIDADE E PERMANÊNCIA.
• O crime de associação NÃO É HEDIONDO PQ NÃO ESTÁ PREVISTO NA LEI 8.072/90;
• Crime formal que sua consuma com a mera reunião. Ainda que sejam detidos antes do primeiro tráfico já
consumou o crime de associação. Haverá, por outro lado, concurso MATERIAL se vierem efetivamente
cometer qualquer dos crimes do art. 33.
_____________________________________________________________________________________________
_______________________
Art. 36: FINANCIAMENTO DE TRÁFICO.
• Só para aquele que não trafica!
_____________________________________________________________________________________________
_______________________
Art 37: OLHEIRO: colaborar como informante, com grupo – organização ou associação, destinados a prática de tráfico
de drogas.
_____________________________________________________________________________________________
_______________________
Art. 38: prescrever ou ministrar CULPOSAMENTE drogas sem que delas necessite o paciente ou fazer em DOSES
EXCESSIVAS.
É O ÚNICO CRIME CULPOSO NA LEI DE DROGAS.
_____________________________________________________________________________________________
_______________________
Art.39: conduzir embarcação ou aeronave após o consumo de drogas. Qualificado: transporte coletivo de passageiro.
_____________________________________________________________________________________________
_______________________
Art. 40 CAUSAS DE AUMENTO DE PENA: 1/6 A 2/3
• Transnacionalidade do delito
Aplica com a prova da destinação internacional, ainda que não consumada a transposição da fronteira.
Cometimento da dependência ou imediações de estabelecimentos:
• Prisionais;
• Ensino;
• Hospitais;
• Entidades sociais;
• Entidades culturais;
• Recreativa;
• Esportivas;
• Locais de trabalho coletivo;
• Espetáculos e diversões;
• Serviço de tratamento de dependentes de drogas ou reinserção social;
• Unidades militares;
• Unidades policiais.
• TRANSPORTE PÚBLICO.
E na dependência de igreja?
1ª corrente: informativo do STJ: não é possível diante da vedação da analogia in malam partem.
2ª corrente: 5ª turma – MG/ 2021: aplicou na dependência de igreja.
A majorante não exige que a droga passe por dentro do presídio, mas que o crime tenha ocorrido nas imediações ou
no interior.
É irrelevante se o agente visa ou não frequentadores do local vedado, basta que ocorra nas imediações. CAUSA DE
AUMENTO COM NATUREZA OBJETIVA.
• Praticado com violência, grave ameaça ou emprego de ARMA DE FOGO ou qualquer processo de
INTIMIDAÇÃO DIFUSA OU COLETIVA.
• Tráfico entre estados da federação.
•Envolver ou VISAR atingir CRIANÇA E ADOLESCENTE ou quem tenha diminuída ou suprimida a capacidade
de entendimento e determinação.
COMO FICA O CRIME DE CORRUPÇÃO DE MENORES?
➔ Se o delito praticado pelo agente e pelo menor não for previsto no art. 33 a 37: o réu responderá pelo
crime de drogas e também pelo crime do art. 244-B; (sobra o 38 e 39; conduzir aeronave com uso de drogas
e ministrar culposamente)
➔ Se o delito praticado for o 33/ 34 / 35/ 36 e 37 responderá apenas pelo crime de tráfico de drogas com
CAUSA de aumento.
MPMG a elevada quantidade de droga não impede, por si só, o tráfico privilegiado, mas podem ser usadas para incidir
a menor fração.
A natureza e quantidade podem ser usada para fixar regime mais gravoso.
A natureza e quantidade podem ser usadas par aumentar a pena-base.
NÃO HÁ BIS IN IDEM: SE aumentar a base e ser usada para regime mais gravoso;
O grau de pureza da droga é irrelevante para fins da dosimetria.
A natureza e quantidade não podem ser usados, simultaneamente, para aumentar a pena base e para afastar o tráfico
privilegiado (primeira e terceira fase).
_____________________________________________________________________________________________
_______________________
Multa: valor do dia multa:
1/30 avos e 5 SM.
Aumento até 10X (em caso de concurso de crimes)
Os crimes previstos no 33, caput, e no §1º, no art. 34 (maquinário) a 37 (financiamento, associação e olheiro) são:
ASSOCIAÇÃO PARA TRÁFICO (35)
• INANFIANÇÁVEIS;
• Insuscetíveis de SURSIS (suspensão condicional da pena);
• GRAÇA
• INDULTO
• ANISTIA
Inconstitucionalidade da vedação da liberdade provisória. Vedação ex lege de liberdade provisória e da substituição
da PPL por PRD, devem ser analisados no caso concreto.
LIVRAMENTO CONDICIONAL:
• Cumprimento de 2/3;
• Vedado ao reincidente específico;
NÃO ATUAÇÃO POLICIAL – ENTREGA VIGIADA: Retardamento da atuação policial, adiando a prisão em flagrante
para estabelecer vigilância sobre a circulação de drogas no território nacional; NESSE CASO, a autorização só será
concedida se for conhecido o itinerário provável e a identificação dos agentes e colaboradores.
Após receber o IP, o MP tem 10 dias para:
• Arquivar;
• Requisitar diligencias;
• Oferecer denúncia = com 5 testemunhas.
Oferecida denúncia, o juiz ordena a NOTIFICAÇÃO do acusado para oferecer DEFESA PRÉVIA em 10 dias. Se não
apresentar, nomeia defensor para apresentar em 10 dias.
STJ: violação da defesa prévia = NULIDADE RELATIVA.
Após receber a denúncia, o juiz pode DECRETAR o afastamento CAUTELAR DO DENUNCIADO DE SUAS
ATIVIDADES, SE FOR FUNCIONÁRIO PÚBLICO;
O STF abriu precedente no sentido de que o interrogatório do réu sempre deve ser o último ato da instrução.
Para evitar a revisão de julgados anteriores, fixou-se que: “a norma inscrita no art. 400 do CPP comum aplica-se, a
partir da publicação da ata do presente julgamento, aos processos penais militares, aos processos penais eleitorais e
a todos os procedimentos penais regidos por legislação especial incidindo tão somente naquelas ações penais cuja
instrução não tenha se encerrado".
2) Não é insignificante a conduta de pescar em época proibida, e com petrechos proibidos para pesca;
3) É possível o concurso formal entre o crime do art. 2º da Lei n. 8.176/91 (que tutela o patrimônio da União, proibindo
a usurpação de suas matérias-primas), e o crime do art. 55 da Lei n. 9.605/98 (que protege o meio ambiente, proibindo
a extração de recursos minerais), não havendo conflito aparente de normas já que protegem bens jurídicos distintos.
4) Se a ré pratica o crime de poluição qualificada e não toma providências para reparar o dano, entende-se que continua
praticando ato ilícito em virtude da sua omissão, devendo, portanto, ser considerado que se trata de crime permanente.
5) Compete à Justiça Federal julgar crime ambiental praticado dentro de unidade de conservação criada por decreto
federal; Por outro lado, não haverá competência da Justiça Federal se o crime foi praticado dentro de área de proteção
ambiental criada por decreto federal, mas cuja fiscalização e administração foi delegada para outro ente federativo:
6) A assinatura do termo de ajustamento de conduta com órgão ambiental não impede a instauração de ação penal.
Isso porque vigora em nosso ordenamento jurídico o princípio da independência das instâncias penal e administrativa.
7) O delito previsto na primeira parte do art. 54 da Lei nº 9.605/98 possui natureza formal, sendo suficiente a
potencialidade de dano à saúde humana para configuração da conduta delitiva, não se exigindo, portanto, a
realização de perícia.
8) O crime previsto no art. 56, caput, da Lei nº 9.605/98 é de perigo abstrato, sendo dispensável a produção de
prova pericial para atestar a nocividade ou a periculosidade dos produtos transportados, bastando que estes
estejam elencados na Resolução nº 420/2004 da ANTT.
CRIMES DO ECA
FOTOGRAFAR CENA E ARMAZENAR FOTOGRAFIA de criança ou adolescente em poses nitidamente sensuais,
com enfoque em seus órgãos genitais, ainda que cobertos por peças de roupas, e incontroversa finalidade sexual e
libidinosa, adéquam, respectivamente, aos tipos do art. 240 e 241-B do ECA.
ART. 240 –
• Crime formal (consumação antecipada): o delito se consuma independentemente da ocorrência de um resultado
naturalístico. Assim, a ocorrência de efetivo abalo psíquico e moral sofrido pela criança ou adolescente é mero
exaurimento do crime, sendo irrelevante para a sua consumação. De igual forma, se forem filmadas mais de uma
criança ou adolescente, no mesmo contexto fático, haverá crime único.
• Crime comum: o sujeito ativo pode ser qualquer pessoa.
• Crime de subjetividade passiva própria: exige-se uma condição especial da vítima (no caso, exige-se que a vítima
seja criança ou adolescente).
• Tipo misto alternativo: o legislador descreveu duas ou mais condutas (verbos). No entanto, se o sujeito praticar
mais de um verbo, no mesmo contexto fático e contra o mesmo objeto material, responderá por um único crime,
não havendo concurso de crimes nesse caso. Logo, se o agente fotografou e filmou o ato sexual, no mesmo
contexto fático, haverá crime único.
ART. 244-B: Se a infração penal envolveu dois adolescentes, o réu deverá ser condenado por dois crimes de corrupção
de menores (art. 244-B do ECA);
O bem jurídico tutelado pelo art. 244-B do ECA é a formação moral da criança e do adolescente a fim de que eles não
ingressem ou permaneçam no mundo da criminalidade.
Súmula 500-STJ: A configuração do crime previsto no artigo 244-B do Estatuto da Criança e do Adolescente
independe da prova da efetiva corrupção do menor, por se tratar de delito formal.
Art. 337-F FRAUDE A LICITAÇÃO: NÃO É NORMA PENAL EM BRANCO → NÃO CONFUNDIR: As sucessivas
revisões dos quantitativos máximos de receita bruta para enquadramento como ME ou EPP, da LC 123/2006, para
fazer frente à inflação, não descaracterizam crimes de inserção de informação falsa em documento público, para fins
de participação em procedimento licitatório, cometidos anteriormente. Ocorre que a LC 139/2011 não tem natureza
penal, tampouco serve para complementar o sentido do art. 90 da Lei nº 8.666/93 (atual art. 337-F do CP), o
qual não veicula norma penal em branco.
Súmula 645-STJ: O crime de fraude à licitação é formal e sua consumação prescinde da comprovação do prejuízo ou
da obtenção de vantagem.
Tese 4: O crime do art. 90 da Lei n. 8.666/1993 é formal e prescinde da existência de prejuízo ao erário, haja vista que
o dano se revela pela simples quebra do caráter competitivo entre os licitantes interessados em contratar, causada
pela frustração ou pela fraude no procedimento licitatório.
BEM JURÍDICO TUTELADO - é a lisura das licitações e dos contratos com a Administração, notadamente a conduta
ética e o respeito que devem pautar o administrador em relação às pessoas que pretendem contratar com a
Administração, participando de procedimento licitatório livre de vícios que prejudiquem a igualdade, aqui entendida sob
o viés da moralidade e da isonomia administrativas (STJ REsp 1498982/SC). O crime de fraude à licitação é formal.
Isso significa que ele se consuma com a mera demonstração de que o caráter competitivo da licitação foi frustrado.
Não é necessária a demonstração de recebimento de vantagem indevida pelo agente. Não é preciso que se comprove
a ocorrência de dano ao erário.
Determinado Deputado Federal, na época em que era Secretário de Estado, contratou, sem licitação, empresa para a
realização de obras emergenciais em um ginásio. Depois de o contrato estar assinado, o Secretário celebrou termo
aditivo com a empresa para que ela fizesse a demolição e reconstrução das instalações do ginásio.
O parlamentar foi denunciado pelos crimes dos arts. 89 e 92 da Lei nº 8.666/93.
Algumas conclusões do STF no momento do recebimento da denúncia:
1) A declaração de emergência feita por Governador do Estado, por si só, não caracteriza situação que
justifique a dispensa de licitação;
2) O crime do art. 89 da Lei de Licitações não é inconstitucional nem viola o princípio da proporcionalidade; O
controle de constitucionalidade de tipos penais sob o parâmetro da ofensa ao princípio da proporcionalidade na fixação
do “quantum” abstrato da pena deve ser excepcional e comedido e, no caso, não ficou demonstrado.
3) O aditamento realizado descaracterizou o contrato original e, portanto, configura, em tese, a prática do art.
92;
4) O fato de a dispensa de licitação e de o aditamento do contrato terem sido precedidos de parecer jurídico
não é bastante para afastar o dolo caso outros elementos externos indiciem a possibilidade de desvio de
finalidade ou de conluio entre o gestor e o responsável pelo parecer.
STF. 1ª Turma. Inq 3621/MA, rel. orig. Min. Rosa Weber, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 28/3/2017
(Info 859).
Não configura bis in idem a condenação pela prática da conduta tipificada no art. 90 da Lei 8.666/1993 (fraudar o
caráter competitivo do procedimento licitatório) em concurso formal com a do art. 96, I, da mesma lei (fraudar licitação
mediante elevação arbitrária dos preços).
STJ. 5ª Turma. REsp 1315619-RJ, Rel. Min. Campos Marques (Desembargador convocado do TJ-PR), julgado em
15/8/2013 (Info 530).
RACISMO
A Lei nº 7.716/89 pode ser aplicada para punir as condutas homofóbicas e transfóbicas → ADO 26, Principais
argumentos:
Preconceito → interior;
Discriminação → exteriorização do preconceito;
RAÇA COR ETNIA RELIGIÃO PROCEDÊNCIA
NACIONAL
Conceito amplo Tonalidade, São os grupos conjunto de Interessante
pigmentação da humanos que crenças ressaltar que,
pele; apresentam relacionadas ao segundo a
aspectos comuns, divino e sagrado, doutrina, este
tais como língua, permeada por uma conceito abrange
religião e maneiras série de rituais e tanto os
de agir. códigos morais estrangeiros (ex:
derivados de tais venezuelanos,
convicções. Não se haitianos) como
inclui o ateísmo também os
nacionais que se
deslocam dentro
do país (exs:
nortistas,
nordestinos,
sulistas etc.).
Não previa o preconceito relacionado à orientação sexual: A doutrina e a jurisprudência, por sua vez, afirmavam
que o rol de elementos de preconceito e discriminação do art. 20 era taxativo. Nesse sentido: STF. 1ª Turma. Inq
3590/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 12/8/2014.
ADO e MI → A criminalização específica, conforme o partido, decorre da ordem constitucional de legislar (mandados
de criminalização) relativa ao racismo - crime previsto no art. 5º, XLII, da Constituição Federal - ou, subsidiariamente,
às discriminações atentatórias a direitos e liberdades fundamentais (art. 5º, XLI) ou, ainda, também subsidiariamente,
ao princípio da proporcionalidade na acepção de proibição de proteção deficiente (art. 5º, LIV).
e) declarar que os efeitos da interpretação conforme a que se refere a alínea “d” somente se aplicarão a partir da data
em que se concluir o presente julgamento.
O QUE SERIA RAÇA? O conceito de “raça” é amplo e não está limitado a uma definição biológica. “A divisão dos seres
humanos em raças resulta de um processo de conteúdo meramente político-social.” (Min. Maurílio Correia no HC
82424, julgado pelo STF em 17/09/2003). Um exemplo disso foi o célebre julgamento do “caso Ellwanger” (HC 82424),
em setembro de 2003, quando o STF manteve a condenação imposta ao escritor gaúcho Siegfried Ellwanger por crime
de racismo contra os judeus. Naquela ocasião, o STF afastou a alegação da defesa de que os “judeus” não seriam
uma “raça”. Pode-se dizer, portanto, que o STF adotou uma espécie de conceito “social” de raça.
ESTATUTO DO DESARMAMENTO
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
BEM JURÍDICO → Incolumidade pública;
É possível aplicar o princípio da insignificância para os crimes de posse ou porte de munição de arma de fogo?
REGRA: Não cabe, são crimes de perigo abstrato.
Exceção: STF e o STJ, a depender do caso concreto, reconhecem a possibilidade de aplicação do princípio da
insignificância para o crime de posse ou porte ilegal de pouca quantidade de munição desacompanhada da arma.
Não se reconhece a incidência excepcional do princípio da insignificância ao crime de posse ou porte ilegal de munição,
quando acompanhado de outros delitos, tais como o tráfico de drogas. STF. 1ª Turma. HC 206977 AgR, Rel. Min.
Roberto Barroso, julgado em 18/12/2021.
O simples fato de os cartuchos apreendidos estarem desacompanhados da respectiva arma de fogo não
implica, por si só, a atipicidade da conduta, de maneira que as peculiaridades do caso concreto devem ser
analisadas a fim de se aferir:
a) a mínima ofensividade da conduta do agente;
b) a ausência de periculosidade social da ação;
c) o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; e
d) a inexpressividade da lesão jurídica provocada.
No caso concreto, embora o réu tenha sido preso com apenas uma munição de uso restrito, desacompanhada de arma
de fogo, ele foi também condenado pela prática dos crimes descritos nos arts. 33 e 35, da Lei nº 11.343/2006 (tráfico
de drogas e associação para o tráfico), o que afasta o reconhecimento da atipicidade da conduta, por não estarem
demonstradas a mínima ofensividade da ação e a ausência de periculosidade social exigidas para tal finalidade. STJ.
3ª Seção. EREsp 1856980-SC, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 22/09/2021 (Info 710).
O crime de porte de arma de fogo, seja de uso permitido ou restrito, na modalidade transportar, admite participação.
STJ. 6ª Turma. REsp 1887992-PR, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 07/12/2021 (Info 721).
➢ Contudo, deve-se destacar que o crime de porte de arma de fogo, seja de uso permitido ou restrito, na
modalidade transportar, admite participação, de modo que praticam os referidos delitos não apenas aqueles
que realizam diretamente o núcleo penal transportar, mas todos aqueles que concorreram material ou
intelectualmente para esse transporte. Tem que invocar o art. 29 do CP!
1) a guarda municipal é um órgão que também integra o sistema de segurança pública, considerando que se
encontra prevista em um parágrafo do art. 144 da CF/88, que trata sobre o tema;
2) a atuação da guarda municipal em prol da segurança pública, na forma como foi prevista pela Lei nº
13.022/2014, é sempre conexa com as suas atribuições constitucionais ou, quando for mais ampla, ocorre em
colaboração com as Polícias.
3) o art. 5º da Lei ressalta que a guarda municipal, no exercício de suas competências, deverá respeitar as
competências dos órgãos federais e estaduais.
ATENÇÃO!
A Corte Especial do STJ decidiu que, uma vez realizado o registro da arma, o vencimento da autorização não
caracteriza ilícito penal, mas mera irregularidade administrativa que autoriza a apreensão do artefato e aplicação de
multa (APn n. 686/AP, Rel. Min. João Otávio de Noronha, Corte Especial, DJe de 29/10/2015).
Tal entendimento, todavia, é restrito ao delito de posse ilegal de arma de fogo de uso permitido (art. 12 da Lei
nº 10.826/2003), não se aplicando ao crime de porte ilegal de arma de fogo (art. 14), muito menos ao delito de
porte ilegal de arma de fogo de uso restrito (art. 16), cujas elementares são diversas e a reprovabilidade mais
intensa. STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp 885281-ES, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 28/04/2020 (Info
671).
VENCIMENTO DO REGISTRO
Posse ilegal de arma de fogo de uso permitido (art. 12) e posse ilegal de arma de fogo de uso restrito (art. 16)
no mesmo contexto fático: concurso de crimes
Os tipos penais dos arts. 12 e 16 da Lei nº 10.826/2003 tutelam bens jurídicos diversos e, por essa razão, deve ser
aplicado o concurso formal quando apreendidas armas ou munições de uso permitido e de uso restrito no mesmo
contexto fático.
O art. 16 do Estatuto do Desarmamento, além da paz e segurança públicas, também protege a seriedade dos
cadastros do Sistema Nacional de Armas, sendo inviável o reconhecimento de crime único, pois há lesão a bens
jurídicos diversos.
A conduta de portar granada de gás lacrimogêneo ou granada de gás de pimenta não se subsome (amolda) ao delito
previsto no art. 16, parágrafo único, III, da Lei nº 10.826/2003. Isso porque elas não se enquadram no conceito de
artefatos explosivos. STJ. 6ª Turma. REsp 1627028/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em
21/02/2017 (Info 599).
Magistrado que mantém sob sua guarda arma ou munição de uso restrito não comete crime.
➢ OBS: se for registro vencido é crime!
➢ OBS: Policiais civis aposentados não têm porte; No entanto, o art. 30 do Decreto nº 9.847/2019 permite que o
aposentado conserve a autorização de porte de porte de arma de fogo de sua propriedade (arma de fogo
particular — a funcional deve ser devolvida), desde que cumpridos alguns requisitos, como se submeter a
testes de avaliação psicológica, realizados de 10 em 10 anos.
O PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DEVE SER ABSORVIDO PELO CRIME DE HOMICÍDIO?
Depende da situação:
• Situação 1: NÃO. O crime de porte não será absorvido se ficar provado nos autos que o agente portava
ilegalmente a arma de fogo em outras oportunidades antes ou depois do homicídio e que ele não se utilizou da
arma tão somente para praticar o assassinato. Ex: a instrução demonstrou que João adquiriu a arma de fogo três
meses antes de matar Pedro e não a comprou com a exclusiva finalidade de ceifar a vida da vítima.
• Situação 2: SIM. Se não houver provas de que o réu já portava a arma antes do homicídio ou se ficar provado
que ele a utilizou somente para matar a vítima. Ex: o agente compra a arma de fogo e, em seguida, dirige-se até a
casa da vítima, e contra ela desfere dois tiros, matando-a.
Súmula 513-STJ: A abolitio criminis temporária prevista na Lei nº 10.826/2003 aplica-se ao crime de posse de arma
de fogo de uso permitido com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou
adulterado, praticado somente até 23/10/2005.
CRIMES HEDIONDOS
➢ São crimes que o legislador considerou especialmente repulsivos e que, por essa razão, recebem tratamento
penal e processual penal mais gravoso que os demais delitos.
➢ O Brasil adotou o sistema legal de definição dos crimes hediondos. Isso significa que é a lei quem define, de
forma exaustiva (taxativa, numerus clausus), quais são os crimes hediondos.
➢ É inconstitucional a fixação ex lege, com base no art. 2º, § 1º, da Lei 8.072/1990, do regime inicial fechado,
devendo o julgador, quando da condenação, ater-se aos parâmetros previstos no artigo 33 do Código Penal.
CRIMES DO CTB
ART. 305 - FUGA
➢ A omissão de socorro à vítima de acidente de trânsito, por si, não configura hipótese de dano moral in re ipsa.
➢ Para a observância da causa de aumento da pena prevista no artigo 302, § 1º, inciso III, da Lei nº 9.503/1997,
revela-se desinfluente a circunstância de a morte haver sido instantânea, não cabendo ao agente presumir o
estado de saúde da vítima e avaliar a conveniência de socorrê-la.
➢ É constitucional o tipo penal que prevê o crime de fuga do local do acidente (art. 305 do CTB) → BJ o crime
protege a administração da justiça → Crime material → NÃO OFENDE O PRINCIPIO DA NÃO
INCRIMINAÇÃO, garantido o direito ao silêncio e ressalvadas as hipóteses de exclusão da tipicidade e
antijuridicidade;
Análise da Constitucionalidade:
➢ Flexibilização do p. da vedação à autoincriminação: O legislador, ao exigir que o agente envolvido no acidente
continue no local do fato até que sejam feitos os procedimentos de identificação das pessoas e do sinistro,
“não afeta o núcleo irredutível” do direito fundamental à não autoincriminação.
➢ Obriga-se o condutor a permanecer no local, mas não a “assumir a culpa” (continua “garantido o direito ao
silêncio”);
➢ Eventual declaração de inconstitucionalidade da conduta tipificada no art. 305 do CTB, em nome de uma leitura
absoluta e irrestrita do princípio da vedação à autoincriminação, caracterizaria afronta ao princípio
constitucional da proporcionalidade em sua dimensão que proíbe a proteção deficiente.
➢ Fragilização da tutela penal;
➢ Descriminalizar o crime de fuga significaria efetivamente negar a vontade do Parlamento.
➢ Convenção de Trânsito de Viena
DEMAIS
➢ A causa de aumento prevista no art. 302, § 1º, II, do Código de Trânsito Brasileiro não exige que o agente
esteja trafegando na calçada, sendo suficiente que o ilícito ocorra nesse local;
➢ É constitucional a imposição da pena de suspensão de habilitação para dirigir veículo automotor ao motorista
profissional condenado por homicídio culposo no trânsito;
➢ O crime do art. 307 do CTB somente se verifica em caso de violação de suspensão ou proibição de dirigir
imposta por decisão judicial (não vale suspensão imposta por decisão administrativa);
➢ Crime de lesão corporal leve na direção de veículo não permite absorção do delito de embriaguez ao volante:
Não é possível reconhecer a consunção do delito previsto no art. 306, do CTB (embriaguez ao volante) pelo
crime do art. 303 (lesão corporal culposa na direção de veículo automotor). Isso porque um não é meio para
a execução do outro, sendo infrações penais autônomas que tutelam bens jurídicos distintos.
➢ Em caso de concurso formal de crimes, o perdão judicial concedido para um deles não necessariamente
deverá abranger o outro;
PERDÃO JUDICIAL
Trata-se de perdão judicial, que é uma causa de extinção da punibilidade (art. 107, IX do CP). Prevalece que o perdão
judicial apenas pode ser reconhecido no momento da sentença. A sentença concessiva do perdão judicial é
declaratória da extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório (Súmula 18-STJ). O perdão
judicial é uma causa de extinção da punibilidade de índole excepcional, de forma que somente pode ser concedido
quando presentes os seus requisitos, devendo-se analisar cada delito de per si (isoladamente), e não de forma
generalizada, como quando ocorre a pluralidade de delitos decorrentes do concurso formal de crimes. O perdão judicial
é ato de clemência do Estado que afasta a punibilidade e o efeitos condenatórios da sentença penal. Pressupõe o
preenchimento de determinados requisitos - grau de parentesco e insuportável abalo físico ou emocional.
➢ Não se aplica o instituto do arrependimento posterior (art. 16 do CP) para o homicídio culposo na direção
de veículo automotor (art. 302 do CTB) mesmo que tenha sido realizada composição civil entre o autor do
crime a família da vítima. Para que seja possível aplicar a causa de diminuição de pena prevista no art. 16 do
CP é indispensável que o crime praticado seja patrimonial ou possua efeitos patrimoniais. O arrependimento
posterior exige a reparação do dano e isso é impossível no caso do homicídio.
ARREPENDIMENTO POSTERIOR
Trata-se de um benefício ou prêmio para estimular o agente a restituir a coisa ou reparar os danos causados com sua
conduta. REQUISITOS: 1) O crime deve ter sido praticado sem violência ou grave ameaça à pessoa.; 2) O agente,
voluntariamente, deve ter reparado o dano ou restituído a coisa. 3) Essa reparação ou restituição deve ter acontecido
antes do recebimento da denúncia ou queixa. REDUÇÃO: extensão do ressarcimento (se total ou parcial) e também o
momento de sua ocorrência. comunica-se aos coautores e partícipes que não tenham participado da restituição da
coisa ou da reparação do dano. O delito do art. 302 do CTB não é um crime patrimonial ou de efeito patrimonial. O
bem jurídico por ele tutelado é a vida.
➢ Crime de dirigir sem habilitação é absorvido pela lesão corporal culposa na direção de veículo. Mesmo sendo
de Ação penal pública incondicionada, fica absorvido por um crime de ação penal pública condicionada;
Súmula 575-STJ: Constitui crime a conduta de permitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor a pessoa
que não seja habilitada, ou que se encontre em qualquer das situações previstas no art. 310 do CTB,
independentemente da ocorrência de lesão ou de perigo de dano concreto na condução do veículo. CRIME DE
PERIGO ABSTRATO.
LAVAGEM DE DINHEIRO
ORIGEM: compromisso assumido pelo Brasil no plano internacional → Convenção de Viena, Convenção de Palermo
e a Convenção de Mérida.
FASES
➔ Colocação: separação física do dinheiro dos autores do crime; é antecedida pela captação e concentração do
dinheiro;
➔ Dissimulação: multiplica as transações, objetivo de que se perda a trilha do dinheiro;
➔ Integração: dinheiro é empregado em negócios lícitos;
BEM JURÍDICO TUTELADO
➢ 1º CORRENTE: o mesmo da infração antecedente;
➢ 2ª CORRENTE: a administração da justiça, ao lado da ordem econômica e financeira;
➢ 3ª CORRENTE: ordem econômica ou socioeconômica afetada;
Jurisprudência:
➢ Na autolavagem não ocorre a consunção entre a corrupção passiva e a lavagem de dinheiro.
➢ De acordo com o STJ, a medida assecuratória de indisponibilidade de bens, prevista no art. 4º, § 4º, da Lei nº
9.613/98, pode atingir bens de origem lícita ou ilícita, adquiridos antes ou depois da infração penal, bem como
de pessoa jurídica ou familiar não denunciado, quando houver confusão patrimonial.
➢ É inconstitucional a determinação de afastamento automático de servidor público indiciado em
inquérito policial instaurado para apuração de crimes de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores.
A necessidade concreta de afastar o servidor pode ocorrer a partir de representação da autoridade policial ou
do Ministério Público, na forma de medida cautelar diversa da prisão, conforme preveem os arts. 282, § 2º, e
319, VI, do CPP. Afronta ao princípio da proporcionalidade.
O indiciamento representa a análise técnico-jurídica do Delegado de Polícia que concluiu pela probabilidade do crime
objeto da investigação. Trata-se, contudo, de um juízo prévio (pré-processual) e não vinculante. Logo, tendo em vista
as características do sistema acusatório, o Ministério Público não está obrigado a seguir o indiciamento
realizado pela autoridade policial. O ato de indiciamento não gera e não pode gerar efeitos materiais em relação ao
indiciado, já que se trata de mero ato de imputação de autoria de natureza preliminar, provisória e não vinculante ao
titular da ação penal.
Presunção de inocência → A presunção de inocência exige que a imposição de medidas coercitivas ou constritivas
aos direitos dos acusados, no decorrer de inquérito ou processo penal, seja amparada em requisitos concretos que
sustentam a fundamentação da decisão judicial impositiva, não se admitindo efeitos cautelares automáticos
ou desprovidos de fundamentação idônea.
Violação à isonomia → Isso porque ela faz uma distinção sem sentido entre acusados que foram previamente
indiciados de acusados que não foram indiciados. O inquérito policial e o indiciamento são dispensáveis, ou seja, o
MP pode oferecer a denúncia mesmo que não sejam realizados. Isso significa que a norma do art. 17-D cria uma
distinção sem sentido: os acusados que foram previamente indiciados pela autoridade policial estarão afastados de
suas funções. Por outro lado, os acusados que foram denunciados sem prévio indiciamento irão permanecer, em regra,
no exercício de seus cargos.
Existem normas jurídicas que determinam o afastamento, mas não com o mero indiciamento → Existem normas
jurídicas que determinam o afastamento, mas não com o mero indiciamento. Daí que o afastamento, considerando a
necessidade de fundamentação específica da decisão, não pode ser consequência automática prevista em lei para o
ato administrativo do indiciamento, ou mesmo o recebimento da denúncia oferecida, obedecendo-se, com isto, ao
princípio constitucional da proporcionalidade das medidas restritivas de direitos.
➢ Não se deve reconhecer a consunção entre corrupção passiva e lavagem quando a propina é recebida no
exterior por meio de transação envolvendo offshore na qual resta evidente a intenção de ocultar os valores;
➢ O mero recebimento de valores em dinheiro não tipifica o delito de lavagem, seja quando recebido pelo próprio
agente público, seja quando recebido por interposta pessoa.
➢ Pratica lavagem de dinheiro o sujeito que recebe propina por meio de depósitos bancários fracionados, em
valores que não atingem os limites estabelecidos pelas autoridades monetárias à comunicação compulsória
dessas operações.
➢ O delito de lavagem de bens, direitos ou valores (“lavagem de dinheiro”), previsto no art. 1º da Lei nº 9.613/98,
quando praticado na modalidade de ocultação, tem natureza de crime permanente. Assim, o prazo
prescricional somente tem início quando as autoridades tomam conhecimento da conduta do agente.
➢ É possível a interposição de apelação, com fundamento no art. 593, II, do CPP, contra decisão que tenha
determinado medida assecuratória prevista no art. 4º, caput, da Lei nº 9.613/98 (Lei de lavagem de Dinheiro),
a despeito da possibilidade de postulação direta ao juiz constritor objetivando a liberação total ou parcial
dos bens, direitos ou valores constritos (art. 4º, §§ 2º e 3º, da mesma Lei).
INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA
➢ A disponibilização dos arquivos com os diálogos interceptados supre a demanda da defesa quanto ao acesso
do conteúdo das interceptações, em observância às garantias constitucionais no âmbito do processo penal
democrático, não sendo viável a imposição de ônus ao Estado quanto à conversão dos arquivos digitais
contendo os elementos de prova para o formato mais conveniente para a defesa.
➢ Admite-se o uso da motivação per relationem para justificar a quebra do sigilo das comunicações telefônicas.
No entanto, as decisões que deferem a interceptação telefônica e respectiva prorrogação devem prever,
expressamente, os fundamentos da representação que deram suporte à decisão - o que constituiria meio apto
a promover a formal incorporação, ao ato decisório, da motivação reportada como razão de decidir - sob pena
de ausência de fundamento idôneo para deferir a medida cautelar.
➢ Não cabe transportar a regra do artigo 2º da Lei nº 9.296/1996 – no que inadmitida a interceptação de
comunicações telefônicas quando a prova puder ser feita por outros meios disponíveis – à obtenção dos dados
armazenados em dispositivo de telefonia.
➢ Se a autoridade policial, em decorrência de interceptações telefônicas legalmente autorizadas, tem notícia do
cometimento de novos ilícitos por parte daqueles cujas conversas foram monitoradas ou mesmo de terceiros,
é sua obrigação e dever funcional apurá-los, ainda que não possuam liame algum com os delitos cuja suspeita
originariamente ensejou a quebra do sigilo telefônico.
➢ É dever do Estado a disponibilização da integralidade das conversas advindas nos autos de forma emprestada,
sendo inadmissível a seleção pelas autoridades de persecução de partes dos áudios interceptados. O
entendimento da jurisprudência do STF e do STJ é o de que não é obrigatória a transcrição integral do
conteúdo das interceptações telefônicas. Isso não foi alterado pelo julgado acima, que trata sobre hipótese
diferente.
É inconstitucional Resolução do CNJ que proíbe o juiz de prorrogar a interceptação telefônica durante o plantão
judiciário ou durante o recesso do fim de ano
Essa previsão violou:
a) a competência dos Estados para editar suas leis de organização judiciária (art. 125, § 1º, da CF/88);
b) a competência legislativa na União para a edição de normas processuais (art. 22, I);
c) a norma constante do art. 5º, XXXV, da CF, no que respeita à inafastabilidade da jurisdição.
É constitucional a Resolução 36/2009 do CNMP, que dispõe sobre o pedido e a utilização de interceptações telefônicas,
no âmbito do Ministério Público, nos termos da Lei nº 9.296/96. A independência funcional do MP foi preservada. A
resolução não impõe uma linha de atuação ministerial, apenas promove a padronização formal mínima dos ritos
adotados nos procedimentos relacionados a interceptações telefônicas, em consonância com as regras previstas na
Lei nº 9.296/96.
CRIME ACHADO
Para o Min. Alexandre de Moraes, a prova é considerada lícita, mesmo que o “crime achado” não tenha relação (não
seja conexo) com o delito que estava sendo investigado, desde que tenham sido respeitados os requisitos
constitucionais e legais e desde que não tenha havido desvio de finalidade ou fraude.
A partir do momento em que surgem indícios de participação de detentor de prerrogativa de foro nos fatos
apurados, cumpre à autoridade judicial declinar da competência, e não persistir na prática de atos objetivando
aprofundar a investigação.
A sentença de pronúncia pode ser fundamentada em indícios de autoria surgidos, de forma fortuita, durante a
investigação de outros crimes no decorrer de interceptação telefônica determinada por juiz diverso daquele competente
para o julgamento da ação principal.
As comunicações telefônicas do investigado legalmente interceptadas podem ser utilizadas para formação de prova
em desfavor do outro interlocutor, ainda que este seja advogado do investigado.
Alguns autores fazem a seguinte distinção:
a) Serendipidade objetiva: ocorre quando, no curso da medida, surgirem indícios da prática de outro crime que não
estava sendo investigado.
b) Serendipidade subjetiva: ocorre quando, no curso da medida, surgirem indícios do envolvimento criminoso de
outra pessoa que inicialmente não estava sendo investigada. Ex: durante a interceptação telefônica instaurada para
investigar João, descobre-se que um de seus comparsas é Pedro (Deputado Federal).
Há ainda uma outra classificação que fala que a serendipidade pode ser dividida em “graus”:
a) Serendipidade de primeiro grau: é o encontro fortuito de provas quando houver conexão ou continência com o
fato que se apurava.
b) Serendipidade de segundo grau: é o encontro fortuito de provas quando não houver conexão ou continência com
o fato que se apurava.
CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA
TORTURA
➢ Somente pode ser agente ativo do crime de tortura-castigo (art. 1º, II, da Lei nº 9.455/97) aquele que detiver
outra pessoa sob sua guarda, poder ou autoridade (crime próprio).
➢ No caso de crime de tortura perpetrado contra criança em que há prevalência de relações domésticas e de
coabitação, não configura bis in idem a aplicação conjunta da causa de aumento de pena prevista no art. 1º,
§ 4º, II, da Lei nº 9.455/1997 (Lei de Tortura) e da agravante genérica estatuída no art. 61, II, "f", do Código
Penal.
➢ OBS: a prova de intenso sofrimento físico ou mental somente se aplica aos casos de tortura castigo, no caso
de tortura prova (inciso I) não exige tal requisito;
➢ A perda da função ou cargo e a interdição é efeito automático da sentença condenatória, independe de
fundamentação concreta;
PROCESSO PENAL
DOGMATICA PENAL COM PERSPECTIVA DE GÊNERO
Lei Maria da penha. Feminicídio é ápice de um conjunto de violência que já vem sendo praticada contra a mulher.
Ciclo da violência: nas relações íntimas - Fase da lua de mel. Aumento de tensão. Ataque violento.
Ondas do feminismo:
➢ 1º onda: sufragista (voto, estudo e trabalho);
➢ 2º onda: análise da condição da mulher na sociedade (construção da teoria-base sobre a opressão feminina);
➢ 3º onda: complexo das relações de gênero. Liberdade.
➢ 4º onda
Mulheres negras: maior exposição à violência de gênero (desestrutura social- tráfico de drogas, precarização laboral).
Teoria das interseccionalidade: vários fatos que se juntam ao gênero e aumenta a vulnerabilidade: classe social,
idade, religião, deficiência.
Criminologia feminista. Violência doméstica. Feminicidio. Violência sexual.
Abolicionismo penal feminista: doutrina que defende a descriminalização da violência contra a mulher, por entende
que o direito penal não é a solução. Justiça restaurativa.
Tribunais admitem a lei maria da penha aos transexuais: Mulher transgênero. Independente de cirurgia ou mudança
de nome.
Legítima defesa da honra em feminicídio proibido: Ao apreciar medida cautelar em ADPF 779, o STF decidiu que:
a) a tese da legítima defesa da honra é inconstitucional, por contrariar os princípios constitucionais da dignidade da
pessoa humana (art. 1º, III, da CF/88), da proteção à vida e da igualdade de gênero (art. 5º, da CF/88);
b) deve ser conferida interpretação conforme à Constituição ao art. 23, II e art. 25, do CP e ao art. 65 do CPP, de modo
a excluir a legítima defesa da honra do âmbito do instituto da legítima defesa; e
c) a defesa, a acusação, a autoridade policial e o juízo são proibidos de utilizar, direta ou indiretamente, a tese de
legítima defesa da honra (ou qualquer argumento que induza à tese) nas fases pré-processual ou processual penais,
bem como durante julgamento perante o tribunal do júri, sob pena de nulidade do ato e do julgamento.
STF. Plenário. ADPF 779 MC-Ref/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 13/3/2021 (Info 1009).
PARTE INTRODUTÓRIA
CONCEITOS
➢ Conjunto de normas e princípios que regulam a aplicação jurisdicional do Direito Penal → Conceito clássico
→ precisa ser complementado → Processo penal constitucional (visão garantista → processo penal como
forma de proteção de direitos fundamentais). Processo Penal justo → presunção de inocência, sistema
acusatório, convencimento motivado, proibição de provas ilícitas, fortalecimento do MP, etc.
➢ Hipótese de jurisdição necessária;
➢ Objetos secundários: estudo da ação penal e atividades investigatórias + regula a organização judiciária;
➢ Finalidades: Imediata → direito de punir + tutela dos DF; Mediata → proteção da sociedade, paz social.
➢ Competência da União. Veda MP sobre processo penal.
➢ Analogia → art. 3º CPP → pode ser in malam partem ou in bonam partem;
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS
Presunção de Inocência – art. 5º, LVII
➢ Ônus da prova em regra cabe à acusação. Exceção → excludentes de ilicitude ou culpabilidade, extinçãp da
punibilidade e de circunstancias que mitiguem a pena.
➢ Excepcionalidade das prisões cautelares e de medidas constritivas de direitos individuais;
Igualdade processual ou paridade de armas – art. 5, caput.
➢ Partes com mesma oportunidade, requisito indispensável a efetivação do sistema acusatório;
➢ Réu não pode defender-se sozinho, salvo se for advogado (art. 263);
➢ Mitigação: favor rei → interesse do acusado prevalece à pretensão de punição estatal;
Ampla Defesa – art. 5º, LV
➢ Autodefesa (disponível) + defesa técnica (indisponível);
➢ Direito ao silêncio – art. 5º, LXIII - 1ª parte do interrogatório → não pode mentir ou calar;
➢ Direito de audiência → ser ouvido no processo; Direito de presença → estar presente nos atos processuais;
➢ Defesa técnica → ausência → magistrado intima o réu antes de nomear defensor!
➢ Súmula 707, STF.
➢ Consequências: a) apenas o réu tem direito a revisão criminal; b) dever de o juiz fiscalizar a eficiência da
defesa do réu – Súmula 523, STF;
Plenitude de defesa – art. 5º, XXXVIII, “a”
➢ Aplicado ao Tribunal do Júri;
➢ Juiz deve estar atendo a eficácia da defesa do réu;
➢ Possibilidade da defesa inovar a tese na tréplica;
➢ Possibilidade de ampliação de tempo nos debates;
Favor Rei, IN DUBIO PRO REO – art. 5º, LVII
➢ Decorre da presunção de inocência;
➢ Empate – prevalece a decisão mais favorável ao réu; Interpretação → mais favorável;
➢ Art. 386, CPP → dúvida favorece ao acusado;
➢ OBS: não tem aplicação na fase do oferecimento da denúncia e da pronúncia – in dubio pro societate – STJ;
OBS: STF ARE 1067392 – não há no processo brasileiro esse princípio;
Contraditório – art. 5º, LV.
➢ Direito de ser intimado, de se manifestar sobre fatos e provas e de interferir efetivamente no pronunciamento
do juiz;
➢ Súmula 639, STJ.
Juiz natural – art. 5º, LII
➢ Não impede criação de novas varas e remessa de processos;
Publicidade – arts. 5º, LX e XXXIII + 93, IX + 792 do CPP
➢ Exceção: defesa da intimidade ou interesse social → publicidade específica;
➢ Publicidade geral → não comporta exceções;
➢ NUNCA SEM defensor, MP e assistente de acusação;
Vedação das provas ilícitas – art. 5º, LVI
➢ Aquelas que violam normas constitucionais e legais;
➢ Teoria dos frutos da árvore envenenada → impossibilidade de utilização das provas ilícitas por derivação;
Exceção: ausência de nexo causal ou fonte independente; OBS: Teoria da proporcionalidade na apreciação
da prova ilícita → admite, excepcionalmente, em benefício do direito do réu inocente (para alguns seria
legitima defesa, estado de necessidade ou inexigibilidade de conduta diversa);
Duração razoável do Processo – art; 5º, LXXVIII
➢ Não pode implicar em restrição da parte de produzir prova e buscar a verdade real;
➢ Duração razoável das medidas cautelares;
➢ Carta precatória itinerante (art. 355, §1º, CPP);
➢ Suspensão do processo em caso de questão prejudicial – difícil solução.
➢ OBS: Regra dos 3 critérios básicos → delimitar a duração razoável com mais rigor → a) complexidade do
caso; b) atividade processual do interessado; c) conduta das autoridades judiciárias.
INTERPRETAÇÃO
➢ Autêntica → procede da mesma origem da lei e tem força obrigatória. Pode vir de lei posterior, aplica
retroativamente;
➢ Jurisprudencial → em regra não possui força obrigatória. OBS para os precedentes vinculantes e súmulas;
➢ Doutrinária ou científica;
➢ Gramatical → exato significado das palavras constantes no texto legal;
➢ Sistemática → confronto lógico entre os dispositivos da lei;
➢ Lógica → raciocínio e conclusão;
➢ Histórica → contexto da votação, debates, emendas..
➢ Teleológica → procura o sentido e alcance da norma;
Analogia Interpretação Analógica Interpretação extensiva
É fonte do direito. Processo de Ocorre quando fórmulas Alarga o sentido dos termos legais
integração da norma. casuísticas inscritas em um para dar eficiência à norma. O
Situação análoga, semelhante à dispositivo são seguidas de legislador disse menos do que
outra, que não tem solução expressões genéricas, abertas, queria dizer.
expressa, é a ela aplicada. utilizando a semelhança
(analogia) para uma correta
interpretação destas últimas.
INQUÉRITO POLICIAL
Colheita de elementos de informação → justa causa.
Não está submetido ao regime das nulidades;
JUIZ DAS GARANTIAS
➢ Atuação na fase da investigação; Tutela direitos fundamentais;
➢ Até o recebimento da denúncia;
➢ Otimização da atuação jurisdicional + manter o distanciamento do juiz do processo → preservar a
imparcialidade do juiz, mantém-se ilibado o sistema acusatório;
➢ Eficácia suspensa ADI 6298;
➢ Tofolli: juiz das garantias não se aplica → a) processos de competência originária; b) tribunal do júri; c)
violência domestica e familiar contra a mulher; d) justiça eleitoral.
Polícia Judiciária: Policia Civil e Federal.
Outras Investigações Criminais: IP não é a única forma de investigação, pode haver outras desde que previstas em
lei;
➢ Crime cometido por promotor de justiça ou juiz → Inquérito é presidido pelo respectivo órgão de cúpula;
➢ Inquérito Parlamentar → presidido pela CPI; OBS: Súmula 397 STF
➢ Inquérito Policial Militar → presidido pela polícia judiciária militar;
➢ Investigação feita por agentes florestais;
➢ Investigação feita por agentes da administração pública → sindicâncias e PAD;
➢ Inquérito Civil → MP;
➢ Investigação particular → OBS: natureza não criminal, fatos de interesse privado;
➢ Investigação realizada pela comissão de inquérito do Banco Central;
➢ Inquérito administrativo para apurar infrações à ordem econômica → CADE;
Investigação Criminal Presidida pelo MP – PIC
Desfavorável Favorável
- exclusividade da investigação criminal por parte da - Interpretação sistemática: a CF quis dizer que
polícia judiciária; art. 144, §1º, IV, CF; dentre os órgãos ali previstos, apenas a PF exercer
- Falta de previsão legal que autorize o MP a realizar função de polícia judiciária da união;
investigação criminal; - a função de polícia judiciária da união não se
- Falta regulamentação; confunde com a competência para investigar crimes,
- O mesmo órgão que acusa não poderia investigar para a qual a CF não estabeleceu exclusividade;
por conta própria; - Art. 129, I, VI, VIII, IX → teoria dos poderes
- Participação do MP na investigação o tornaria implícitos → para o exercício de suas funções, o MP
parcial; poderá se valer de todos os meios indispensáveis;
- Tendência de produzir provas somente a favor da - Resolução nº 13/06 e 181/2017 do CNMP;
acusação;
Violação à paridade de armas; - Não há incompatibilidade entre investigação e
acusação;
- No processo penal o MP não é um órgão de
acusação, mas um órgão legitimado à acusação;
- STF e STJ;
Características do IP → sigiloso; não submetido as regras da nulidade; escrito; inquisitivo; oficial; oficioso;
indisponível
Formas de instauração
➢ De ofício → só se for crime de APPI;
➢ Requerimento do ofendido ou representante → requisitos do art. 5º, §1º → indeferimento: recurso
administrativo ao Chefe de Polícia ou MS; Pode fazer juízo de tipicidade. Não pode deixar de instaurar
aplicando o p. da insignificância.
➢ Por delação de terceiro ou delatio criminis: qualquer do povo. APPI;
➢ Por requisição da autoridade competente: MP ou juiz? Processo judicialiforme → não mais se sustenta.
➢ Lavratura de APF;
➢ Denuncia anônima ou Delatio criminis inqualificada → por si só não pode. A partir dela, pode a polícia realizar
diligencias preliminares para apurar a veracidade;
Informante do bem e Lei 13.608/18 → análise econômica do direito → recompensa de até 5% em caso de recuperação
de produto de crime contra a adm. pública.
Notícia do Crime: espontânea → própria autoridade policial toma conhecimento; provocada → toma conhecimento da
pratica de um delito por provocação;
Autoridades com Foro
➢ No STF → tem que ter autorização para iniciar a investigação;
➢ Demais Tribunais → não exige autorização por ausência de previsão legal; Mas será realizada sob a
supervisão do Tribunal competente;
Requisições
Art. 13-A Art. 13-B – Tráfico de Pessoas
- DELTA e MP requisita diretamente; - Sinais e meios adequados à localização;
- Dados ou informações cadastrais de vítimas e - Manifestação judicial em até 12h → clausula de
suspeitos; reserva de jurisdição temporária.
ARQUIVAMENTO DO IP
➢ Nova sistemática → deixa de ser dirigido ao juiz e fica promovido dentro do âmbito interno da instituição que
exercerá esse controle;
➢ Deixa de existir uma decisão judicial homologando o arquivamento, sendo assim, não é mais possível falar em
coisa julgada seja formal ou material;
➢ Doutrina: a promoção de arquivamento efetivada pelo MP fica submetida à preclusão;
➢ Não se admite arquivamento tácito ou implícito;
➢ Controle do arquivamento no âmbito do MP: Indicado na LOMP;
➢ Desarquivamento: ato privativo do MP;
Trancamento por meio de HC → STF: a) atipicidade da conduta; b) extinção da punibilidade; c) ausência de justa
causa para a ação penal;
O reconhecimento de pessoa, presencialmente ou por meio de fotografia, realizada na fase do IP, deve observar as
formalidades previstas no 226 do CPP: Trata-se de tema polêmico! A 5ª turma do STJ entende pacificamente que a
inobservância das formalidades do 226 não gera nulidade, sendo apenas uma recomendação legal.
A 6º turma determinou a obrigatoriedade de observar as formalidades do artigo:
• As formalidades são garantias mínimas;
• A inobservância torna o ato inválido, não podendo lastrear futura condenação;
• O juiz pode fazer o reconhecimento em juízo desde que observado as formalidades do artigo;
• O reconhecimento por fotografia, além de seguir o mesmo procedimento, deve ser visto como etapa
antecedente ao reconhecimento pessoal.
AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA
➢ Pacto de San José da Costa Rica (art. 7, item 5)
➢ Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (art. 9, item 3)
➢ Resolução 213/2015 CNJ
➢ ADPF 347
➢ Conversão de flagrante em preventiva SEM requerimento do MP → Corrente 1: literalidade do art. 310, II, do
CPP, pode. → Corrente 2: sistema acusatório, proibição de aplicação de medidas cautelares de ofício pelo
juiz no curso do inquérito (art. 282, §2º, CPP);
ANPP
CONCEITO: negócio jurídico pré-processual entre o MP e o investigado (com defensor) como alternativa à propositura
da ação penal. Justiça Consensual ou negociada.
➢ Antecedentes: Resolução 181/2017 CNMP;
➢ Justiça Multiportas: atividade jurisdicional do Estado não é a única, muito menos a principal; Outras
possibilidades de pacificação social. Otimização dos recursos públicos + efetivação da justiça multiportas com
a perspectiva restaurativa;
➢ Norma de natureza híbrida, mas de caráter predominantemente processual e de retroatividade limitada
→ aplica aos fatos ocorridos antes da Lei do PAC, desde que não recebida a denúncia;
➢ Recusa do MP em propor: investigado pede a remessa → juiz analisa e controla essa remessa se limitando a
questões relacionadas aos requisitos objetivos, não sendo legítimo o exame do mérito para fim de obstar;
ATENÇÃO: O MP não é obrigado a intimar o investigado para que recorra, eis que a nova redação do art. 28
foi suspensa, valendo a redação antiga em que não há essa exigência!
➢ Não constitui direito subjetivo do acusado → MP poderá!
➢ Juiz não pode determinar ao MP obrigação de ofertar; Se o MP entender que não cabe não precisa intimar o
investigado para recorrer;
➢ Concurso material → soma as penas mínimas; Tem que considerar eventual causas de aumento e de
diminuição;
➢ Rescisão: possível, tem que oportunizar contraditório;
➢ Cumprimento conduz a extinção da punibilidade;
➢ Recurso: recusar a homologação cabe RESE;
➢ Se o MP se nega a propor: art. 28
➢ Causa impeditiva da prescrição → art. 116, IV, CP.;
➢ Lei 8.038/90 → ANPP em processos de competência originária do STF;
O magistrado analisará a voluntariedade e legalidade. Não pode analisar o mérito (conteúdo do acordo) matéria
privativa do MP e do investigado dentro do campo da justiça penal negocial, sob pena de violação da imparcialidade e
do sistema acusatório.
AÇÃO PENAL
CONDIÇÕES DA AÇÃO → GENÉRICAS (Possibilidade jurídica do pedido + interesse de agir + legitimidade ad
causam ativa e passiva + *justa causa – duplicada e triplicada lavagem) e ESPECÍFICAS (representação do ofendido;
requisição do MJ;) OBS: Teoria da asserção → analisa no ato de recebimento da denúncia (rejeição da inicial) se ao
longo do feito ou após instrução (decisão de mérito).
➢ Legitimidade Ativa e passiva da PJ: PASSIVA → art. 225, §3º, CF; Superou a teoria da dupla imputação;
ATIVA → nos crimes em que puder figurar como ofendida (crimes contra a honra só CALÚNIA – imputação
falsa de crime ambiental e DIFAMAÇÃO).
➢ ATENÇÃO: PJ de direito público (município) pode ser sujeito ativo de crime ambiental? 1C – NÃO,
nunca um ente público pode ter como interesse uma conduta criminosa e nem dela beneficiar-se, sujeição aos
p. da adm. 2C – PODE, a lei não restringe e não poderia blindar o Estado de praticar ilícitos.
COND. PROCEDIBILIDADE COND. PROSSEGUIBILIDADE COND. OBJETIVAS DE
PUNIBILIDADE
Eminentemente processual, necessária para o Natureza material, fatos externos
vinculam o próprio exercício da prosseguimento da ação, ex. a necessários para formar o
ação penal. doença mental superveniente, injusto penal. Impede o início
tem que esperar o réu recobrar a da persecução. Ex: sentença
sanidade. CRISE DE anulatória de casamento art. 236,
INSTÂNCIA. sentença que declara a falência.
➢ CONDICIONADA A REPRESENTAÇÃO (art. 24, §2ª CPP e 100, §1º, CP) →EFICÁCIA OBJETIVA DA
REPRESENTAÇÃO (adstrito ao fato representado; aos supostos autores não); 6 meses →
juiz/MP/autoridade policial. RETRATAÇÃO → até OFERECIMENTO da denúncia, exceto Maria da Penha até
o recebimento em audiência específica;
➢ Pública subsidiária da pública:
AÇÃO PENAL PRIVADA: oportunidade/ disponibilidade/ indivisibilidade/ intranscendência
Ação penal exclusivamente privada
➢ Cabe sucessão processual;
➢ Titularidade: vítima maior de 18, representante legal do menor;
➢ É a regra das ações privadas;
JURISDIDÃO E COMPETÊNCIA
Jurisdição: Dizer o direito no caso concreto.
➢ Características: substitutividade; inércia; atuação do direito; imutabilidade;
➢ Princípios: investidura; indeclinabilidade; inevitabilidade; improrrogabilidade; indelegabilidade; juiz natural;
inafastabilidade; devido processo legal; unidade;
Competência: medida da jurisdição. Pode ser absoluta ou relativa;
COMPETÊNCIA ABSOLUTA → pode ensejar nulidade de atos decisórios e instrutórios;
➢ Em razão da matéria;
➢ Por prerrogativa de função;
➢ Competência funcional → leva em conta a distribuição dos atos processuais praticados. Envolve 3 critérios:
a) fase do processo; b) objeto do juízo; c) grau de jurisdição;
COMPETÊNCIA RELATIVA → admite prorrogação; nulidade apenas de atos decisórios;
➢ Competência territorial → pode ser reconhecida de ofício pelo juiz até a absolvição sumária (art. 397, CPP);
defesa pode alegar até o prazo final da resposta à acusação;
OBS: STF vem mitigando as diferenças entre a competência absoluta e relativa, a única consequência deveria ser a
remessa dos autos ao juiz competente;
COMPETÊNCIA TERRITORIAL → fixação
➢ Lugar da infração penal → art. 70 do CPP → regra geral; Teoria do resultado
➢ Domicilio do réu → norma supletiva → quando não conhecer o lugar da infração; OBS: Art. 73 do CPP, “fórum
shopping”;
➢ Natureza da infração
➢ Distribuição
➢ Conexão e continência
➢ Prevenção
➢ Prerrogativa de função
FORO PREVALENTE (art. 78, CPP) → junção dos feitos em casos de conexão e continência, mas onde?
➢ Júri prevalece;
➢ Jurisdição da mesma categoria: a) infração mais grave; b) maior número de infrações; c) prevenção;
➢ Jurisdição de categorias diversas: prevalece a superior; Súmula 704 STF;
➢ Comum x Especial: prevalece a especial; OBS: Não se aplica à Justiça Militar;
Separação facultativa
➢ Tempo e lugar diferenciados;
➢ Excessivo número de acusados;
➢ Motivo relevante;
Perpetuação da Jurisdição → no caso de junção, se constatada incompetência do juízo atrativo, por questões de
economia processual, o crime conexo ou continente será julgado também pelo juízo atrativo;
Exceções ao princípio da perpetuatio jurisdictionis:
a) Supressão do órgão judiciário: a lei (ou a CF) extingue o órgão judiciário (juízo) que era competente para
aquele processo.
b) b) Alteração da competência absoluta: pode acontecer de determinadas modificações do estado de fato ou de
direito alterarem as regras de competência absoluta para julgar aquele crime.
Estelionato → Mudanças
1) Estelionato praticado por meio de cheque falso (art. 171, caput, do CP): Súmula 48-STJ: Compete ao juízo
do local da obtenção da vantagem ilícita processar e julgar crime de estelionato cometido mediante falsificação
de cheque.
2) Estelionato praticado por meio de cheque sem fundo (art. 171, § 2º, VI): · Antes da Lei: a competência para
julgar seria do juízo do Rio de Janeiro (RJ), local onde se situa a agência bancária que recusou o pagamento
→ sumulas 244 STJ e 521 STF; · Depois da Lei: a competência passou a ser do local do domicílio da vítima.
É o que prevê o novo § 4º do art. 70;
3) Estelionato mediante depósito ou transferência de valores: a competência era do local onde o estelionatário
possuía a conta bancária. · Depois da Lei: a competência passou a ser do local do domicílio da vítima;
OBS: E se houver mais de uma vítima, com domicílios em locais diferentes? Prevenção.
Esse novo § 4º do art. 70 do CPP aplica-se aos inquéritos policiais que estavam em curso quando entrou em
vigor a Lei nº 14.155/2021? SIM. A nova lei é norma processual, de forma que deve ser aplicada de imediato, ainda
que os fatos tenham sido anteriores à nova lei, notadamente porque o processo ainda está em fase de inquérito policial.
Esse novo § 4º do art. 70 do CPP aplica-se aos processos penais que estavam em curso quando entrou em
vigor a Lei nº 14.155/2021? O juízo que estava processando o crime deverá remeter o feito para o juízo do
domicílio da vítima? NÃO. Vigora aqui o princípio da “perpetuatio jurisdictionis” (perpetuação da jurisdição), previsto
no art. 43 do CPC/2015 e que pode ser aplicado ao processo penal por força do art. 3º do CPP.
STJ → No crime de estelionato, não identificadas as hipóteses descritas no § 4º do art. 70 do CPP, a competência
deve ser fixada no local onde o agente delituoso obteve, mediante fraude, em benefício próprio e de terceiros, os
serviços custeados pela vítima.
Súmulas
Súmula 208-STJ: Compete à justiça federal processar e julgar prefeito municipal por desvio de verba sujeita a
prestação de contas perante órgão federal.
Súmula 209-STJ: Compete à justiça estadual processar e julgar prefeito por desvio de verba transferida e incorporada
ao patrimônio municipal.
Súmula 140-STJ: Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime em que o indígena figure como autor
ou vítima.
Súmula 522-STF: Salvo ocorrência de tráfico para o exterior, quando, então, a competência será da Justiça Federal,
compete a justiça dos estados o processo e o julgamento dos crimes relativos a entorpecentes.
Súmula 42-STJ: Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar as causas cíveis em que é parte sociedade
de economia mista e os crimes praticados em seu detrimento.
Súmula 546-STJ: A competência para processar e julgar o crime de uso de documento falso é firmada em razão da
entidade ou órgão ao qual foi apresentado o documento público, não importando a qualificação do órgão expedidor.
Súmula 38-STJ: Compete à Justiça Estadual Comum, na vigência da Constituição de 1988, o processo por
contravenção penal, ainda que praticada em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades.
Súmula 62-STJ: Compete à Justiça Estadual processar e julgar o crime de falsa anotação na carteira de trabalho e
previdência social, atribuído à empresa privada.
• O enunciado não foi formalmente cancelado, mas a tendência é que seja superado já que no julgamento do CC
135.200-SP, Rel. originário Min. Nefi Cordeiro, Rel. para acórdão Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 22/10/2014
(Info 554), o STJ decidiu que compete à Justiça Federal (e não à Justiça Estadual) processar e julgar o crime
caracterizado pela omissão de anotação de vínculo empregatício na CTPS (art. 297, § 4º, do CP). Esse mesmo
raciocínio pode ser aplicado para a falsa anotação na CTPS (art. 297, § 3º do CP).
Súmula 104-STJ: Compete à Justiça Estadual o processo e julgamento dos crimes de falsificação e uso de documento
falso relativo a estabelecimento particular de ensino.
Súmula 107-STJ: Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime de estelionato praticado mediante
falsificação das guias de recolhimento das contribuições previdenciárias, quando não ocorrente lesão à autarquia
federal.
Súmula 498-STF: Compete a justiça dos estados, em ambas as instâncias, o processo e o julgamento dos crimes
contra a economia popular.
Súmula vinculante 36-STF: Compete à Justiça Federal comum processar e julgar civil denunciado pelos crimes de
falsificação e de uso de documento falso quando se tratar de falsificação da Caderneta de Inscrição e Registro (CIR)
ou de Carteira de Habilitação de Amador (CHA), ainda que expedidas pela Marinha do Brasil.
Súmula 122-STJ: Compete à Justiça Federal o processo e julgamento unificado dos crimes conexos de competência
federal e estadual, não se aplicando a regra do art. 78, II, a) do Código de Processo Penal.
Súmula 147-STJ: Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes praticados contra funcionário público federal,
quando relacionados com o exercício da função.
Súmula 200-STJ: O juízo federal competente para processar e julgar acusado de crime de uso de passaporte falso é
o do lugar onde o delito se consumou.
Súmula 165-STJ: Compete à Justiça Federal processar e julgar crime de falso testemunho cometido no processo
trabalhista.
ATOS PROCESSUAIS
É possível a utilização de Whatsapp para citação do acusado, desde que adotada medidas suficientes para atestar a
autenticidade do número e a identificação do destinatário. PAS de NULLITÉ SANS GRIEF. A referida tecnologia
permite ao oficial de justiça, com quase igual precisão da verificação pessoal, aferir a autenticidade no número e da
identidade. Pode se requerer, por sua vez, o envio de foto do documento, por exemplo. A mera confirmação escrita da
identidade não é suficiente. (número + confirmação escrita+ foto)
Súmula 710 STF: no processo penal, os prazos contam-se da data da intimação e não da juntada aos autos do
mandado, da carta precatória ou de ordem (aplica-se para carta rogatória também).
Repercussão geral: em caso de inatividade processual decorrente de citação por edital, ressalvados os crimes
previstos da constituição federal como imprescritível, é constitucional limitar o período de suspensão do prazo
prescricional ao tempo de prescrição da pena máxima em abstrato, a despeito do processo permanecer suspenso.
Intimação do portal eletrônico prevalece sobre o diário da justiça.
RESOLUÇÃO DA CORTE INTERAMETICANA DE DIREITO HUMANOS que determinou o cômputo em dobro da pena
deve ser aplicado a todo o período cumprido pelo condenado no Instituto Penal Placido de sá carvalho. A corte, ao
reconhecer a situação degradante que se encontra os presos, determinou que a pena se computasse em dobro para
cada dia de privação de liberdade cumprido no presídio, desde que: não sejam crimes contra a vida ou integridade
física, crimes sexuais. As sentenças da corte possuem caráter vinculante aos estados que sejam parte (olhar os grifos
no pacto de san jose da costa rica). Os cumprimentos das decisões parte da pacta sunt servanda. Esse entendimento
deve ser aplicado a todo período cumprido no presídio e não apenas a partir da decisão.
A falta de citação gera nulidade absoluta, a deficiência nulidade relativa. O ato que decreta a nulidade da citação é
chamado de circundução.
Súmula 366 STF: Não é nula a citação por edital que indica o dispositivo da lei penal, embora não transcreva a
denúncia ou queixa, ou não resuma os fatos em que se baseia. Basta a menção ao dispositivo legal;
Doutrina majoritária não admite citação por hora certa no juizado;
ATOS DO JUÍZ
Decisões interlocutórias simples: resolvem controvérsia sem colocar fim ao processo.
Decisões interlocutórias mistas ou com força de definitiva/ sentenças formais: resolvem controvérsia colocando fim ao
processo, ou a uma fase dele, sem apreciar a pretensão punitiva. Ex: pronúncia/ exceção de coisa julgada
Sentenças definitivas: julgam a pretensão punitiva do estado.
➢ Declaratória: absolve o acusado ou julga extinta a punibilidade;
➢ Condenatória;
➢ Constitutivas: Sentença em HC que determina o trancamento do IP;
➢ Mandamentais: ordem de alvará de soltura;
➢ Executivas: pedido de sequestro;
Sentenças condicionais: são as que carecem de um acontecimento futuro e incerto: Sursis penal e livramento
condicional;
Classificação Italiana:
Sentença suicida: contradição entre a parte dispositiva e a fundamentação. NULA;
Sentença vazia: sem fundamentação;
Sentença autofágica: reconhece a imputação, mas declara extinta a punibilidade;
Sentença subjetivamente simples: proferida por juiz singular;
Sentença subjetivamente plúrima: órgão colegiado;
Sentença subjetivamente complexa: órgão colegiado heterogêneo: júri;
Sentenças brancas: o juiz remete ao tribunal um ponto controvertido de direito internacional. Viola o p. da
inafastabilidade;
Conteúdo: relatório, fundamentação e dispositivo;
ASSISTENTE DE ACUSAÇÃO
Objetivo clássico: busca de um título executivo judicial;
Objetivo moderno: auxiliar no combate a criminalidade e a promoção da justiça; interesse público; Com base nisso
admite que recorra para agravar a pena do réu; STF e STJ; só atua a partir do recebimento da denúncia; Corréu não
pode ser assistente de acusação; OBS: Defensoria pode figurar como representante do assistente de acusação, não
atua apenas em favor do polo passivo; decisão que admite ou não → irrecorrível; cabe MS;
➢ Ilegitimidade da parte → pode ser ilegitimidade para a causa e para o processo; Acolhe? RESE; Rejeita? Não
há recurso; HC ou MS;
➢ Litispendência → rejeição → irrecorrível; se acolhe → RESE; Se for reconhecida de ofício pelo juiz →
apelação;
➢ Coisa julgada: Acolhe? RESE; se for reconhecida de ofício pelo juiz → Apelação; Não for acolhida? Não há
previsão de recurso, cabe HC ou MS;
➢ Incompatibilidade → normas de organização judiciária; Art. 112, CPP.
BUSCA PESSOAL
STJ: O art. 244 do CPP não autoriza buscas pessoais praticadas como "rotina" ou "praxe" do policiamento ostensivo,
com finalidade preventiva e motivação exploratória, mas apenas buscas pessoais com finalidade probatória e
motivação correlata.
Incidente de falsidade
➢ Requerido por escrito; procurador com poderes especiais; pode ser reconhecida de oficio pelo juiz;
➢ Não faz coisa julgada;
➢ Decisão que decide o incidente → RESE, sem efeito suspensivo;
PROVAS
TEORIA GERAL
Conceito: todo meio de se demonstrar, evidenciar uma verdade; P. da busca da verdade real;
Princípios: Proporcionalidade; Comunhão da prova; Autorresponsabilidade das partes; Oralidade; Liberdade
probatória; Favor rei;
Gerações do direito probatório:
1ª Geração: proteção constitucional apenas as áreas tangíveis e demarcáveis; a captação da imagem e da voz não
tinha proteção constitucional → Teoria proprietária (só coisas, lugares e pertences);
2ª Geração: âmbito de proteção alargado: coisas, lugares e pertences para pessoas e suas respectivas
privacidades → teoria da proteção constitucional integral;
3ª Geração: abrange as provas tecnológicas altamente invasivas, diante de seu poder devassador sua utilização
depende da análise de uma autoridade judiciária → já utilizada pelo STJ, busca exploratória em celular
apreendido;
➢ Acepções: Atividade probatória; Prova como resultado; Prova como meio;
➢ Prova x Elementos de informação
BUSCA DOMICILIAR
A TEORIA DA PERDA DE UMA CHANCE pode ser aplicada quanto à produção de provas no processo penal?
SIM!
➢ Alexandre Morais da Rosa e Fernanda Mambrini Rudolfo;
➢ Segundo essa doutrina, compete ao autor da ação penal a obrigação de produzir todas as provas necessárias
à formação da convicção do julgador. Quando o Ministério Público se satisfaz em produzir o mínimo de
prova possível é na prática tirada da defesa a possibilidade de questionar a denúncia.
➢ A polícia e o Ministério Público devem buscar o que os autores chamam de comprovação externa do delito:
a prova que, sem guardar relação de dependência com a narrativa montada pela instituição estatal, seja capaz
de corroborá-la.
➢ Quando a acusação não se desincumbe desse ônus, é cabível a absolvição do acusado. Possibilidade +
omissão probatória do Estado;
➢ STJ: A investigação falha "extirpou a chance da produção de provas fundamentais para a elucidação da
controvérsia" – postura que viola o artigo 6º, III, do Código de Processo Penal, o qual impõe à autoridade
policial a obrigação de "colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas
circunstâncias".
➢ O que é prova imprescindível? Aquela que se fosse produzida poderia levar: 1) demonstrar a inocência do
acusado ou 2) confirmar a procedência da acusação;
➢ OBS: Se a prova diz respeito apenas à inocência do réu, mas sem guardar pertinência direta com a narrativa
da denúncia (porquanto incapaz de confirmar seus fatos caso produzida), é ônus exclusivo da defesa
apresentá-la.
PROVA ILÍCITA
➢ Teoria dos frutos da árvore envenenada;
➢ Temperamentos → Teoria da prova absolutamente independente; Teoria da descoberta inevitável;
➢ Outras: Teoria da contaminação expurgada ou conexão atenuada; Teoria da boa-fé; Teoria da
proporcionalidade ou do interesse predominante;
➢ Teoria da proporcionalidade: Alemanha; equilibrar os direitos individuais com os interesses da sociedade,
rejeita a vedação irrestrita ao uso da prova ilícita; Prova é ilícita? Ponderar os interesses em jogo para avaliar
a possibilidade de sua utilização; Vem sendo admitida de modo excepcional → benefício do réu inocente que
produz prova ilícita (alguns dizem que se trata de estado de necessidade, legitima defesa e/ou inexigibilidade
de conduta diversa; Távora → teoria da exclusão da ilicitude da prova;
➢ OBS: Teoria do cenário da bomba relógio → relativizar a proibição de tortura; Contexto do direito penal do
inimigo; Brasil veda qualquer forma de tortura (art. 5º, III) e não há autorização legal para seu uso nem na lei
de tortura nem na de terrorismo; Há prova ilícita;
PROVA EMPRESTADA
➢ Requisitos: mesmas partes / mesmo fato probando / contraditório / preenchimento dos requisitos legais da
prova.
COLABORAÇÃO PREMIADA
➢ Meio de obtenção de prova e negócio jurídico processual personalíssimo;
➢ Caráter personalíssimo: celebração por si só não atinge esfera jurídica de terceiro;
➢ Não se admite a corroboração cruzada ou recíproca (uma colaboração confirmada por outra);
➢ Art. 16, Lei 12.850 – restrição a medidas com base em colaboração;
➢ Homologação judicial: REGULARIDADE e LEGALIDADE;
➢ Delação de autoridade com foro: atrai a competência do respectivo tribunal para homologar;
➢ Possibilidade de revisão ou rescisão: efeitos entre as partes;
➢ Caráter sigiloso até recebimento da denúncia ou queixa-crime;
➢ Queen for a day → rainha por um dia → direito americano → os elementos fornecidos pelo réu ao MP
durante as tratativas não podem ser utilizados em desfavor do acusado enquanto tal acordo não for
formalizado; Princípio da lealdade processual;
➢ Ponte de diamante;
A prova da legalidade e da voluntariedade do ingresso na residência do suspeito incumbe ao estado e deve ser feita
com declaração assinada pela pessoa que autorizou o ingresso domiciliar, indicando, sempre que possível, testemunha
do ato. Em todo caso, a operação deve ser registrada em áudio-vídeo e preservada a prova enquanto durar o
processo. Fundamentos: (artigo 5 da cf- inviolabilidade do domicílio). Fixou-se o prazo de um ano para o
aparelhamento das polícias, treinamento e demais providências necessárias para adaptar as diretrizes da decisão,
que poderá implicar responsabilidade administrativa, civil e penal do agente estatal, sob pena de configurar abuso de
autoridade (22)
Descumprimento da ordem do 212: STF 1º TURMA: não cabe ao juiz, na AIJ, iniciar a inquirição das testemunhas,
cabendo apenas complementar a inquirição sobre os pontos não esclarecidos. Com a reforma de 2008, a
participação do juiz na inquirição das testemunhas foi reduzida ao mínimo possível (sistema de inquirição direta-
cross examination)
Qual a consequência da não observância: duas correntes:
• Gera nulidade absoluta do ato: STF primeira turma
• Nulidade relativa que depende de prova do prejuízo. (jurisprudência em tese do STJ)
É ilegal a quebra de sigilo telefônico mediante a habilitação de chip da autoridade policial em substituição ao do
investigado titular da linha. Não é procedimento previsto na lei 9.296. a troca de chip possibilita o pleno acesso em
tempo real às chamadas e mensagens transmitidas para a linha originária, inclusive, whatsapp, com a possibilidade
de exclusão de mensagens e envio de mensagens novas.
Aviso de Miranda: não se admite condenação com base unicamente em declarações informais prestadas a policiais
no momento da prisão em fragrante. O AVISO DE PERMANECER EM SILÊNCIO DEVE SER FEITO não apenas
pelo delegado, no momento do depoimento, mas também pelos policiais no momento da prisão em flagrante.
A falta de aviso torna ilícita a prova obtida a partir dessa confissão.
Há julgado do STJ/STF enquadrando como nulidade relativa que dependeria da prova do prejuízo.
O § 2º do art. 8º da Lei 9.296/96 vedou expressamente a CAPTAÇÃO AMBIENTAL DOMICILIAR? o Prof. Renato
Brasileiro de Lima vislumbra o surgimento de pelo menos 3 correntes diversas, quais sejam:
1ª Corrente 2ª Corrente 3ª Corrente
Impossibilidade de Possibilidade de instalação de Possibilidade de instalação de
instalação de dispositivo de dispositivos de captação dispositivos de captação
captação ambiental no ambiental no interior da casa, ambiental no interior da casa,
interior da casa, inclusive exclusivamente durante o dia. inclusive no período noturno.
durante o dia.
A 1ª corrente trabalha com a A 2ª corrente entende que o § “Em precedente anterior à
tese de que a ressalva 2º do art. 8º-A veda no entrada em vigor do Pacote
prevista no § 2º do art. 8º-A período noturno, admitindo- Anticrime, atinente ao
– exceto na casa – abrange se, portanto, a captação envolvimento de advogado em
toda e qualquer instalação ambiental no interior de práticas criminosas, o Supremo
de dispositivos de captações domicílio alheio durante o dia. Tribunal Federal concluiu, com
ambientais. esteio no princípio da
proporcionalidade, que, em
situações excepcionais, há
de se admitir a possibilidade da
denominada exploração de
local, de modo a permitir a
instalação de dispositivos
eletrônicos no interior da casa
– in casu, em um escritório de
advocacia –, mediante prévia
autorização judicial,
inclusive durante o período
noturno, eis que nem sempre é
possível a execução dessas
diligências durante o dia, dado
o sigilo indispensável à própria
eficácia desse meio de
obtenção de prova” (LIMA,
Renato Brasileiro de. Rejeição
de vetos ao Pacote Anticrime.
Juspodivm, 2021, p. 41/42).
Conclusão
“Resta saber, então, se esse entendimento jurisprudencial firmado com base no princípio da
proporcionalidade – vedação da proteção deficiente – será mantido ou não pela Suprema
Corte, a despeito do novel dispositivo acrescentado à Lei n. 9.296/96, sobretudo se
considerarmos que é praticamente impossível levar adiante a instalação de dispositivos de
captação ambiental de maneira sigilosa no interior da casa durante o dia, sem que seus
moradores tomem conhecimento da execução da medida, o que, na prática, acabará por
esvaziar a própria eficácia da interceptação ambiental” – ensina Renato Brasileiro de Lima
(Rejeição de vetos ao Pacote Anticrime. Juspodivm, 2021, p. 41/42).
AÇÃO CONTROLADA
Ação controlada é...
- uma técnica especial de investigação
- por meio da qual a autoridade policial ou administrativa (ex: Receita Federal, corregedorias),
- mesmo percebendo que existem indícios da prática de um ato ilícito em curso,
- retarda (atrasa, adia, posterga) a intervenção neste crime para um momento posterior,
- com o objetivo de conseguir coletar mais provas,
- descobrir coautores e partícipes da empreitada criminosa,
- recuperar o produto ou proveito da infração ou
- resgatar, com segurança, eventuais vítimas.
A ação controlada é também denominada de “flagrante prorrogado, retardado ou diferido”.
Previsão Legislativa: At. 20 da Convenção de Palermo; Art. 53 da LD; Art. 1º, 6º da Lei de lavagem; Art. 8 da
ORCRIM;
AUTORIZAÇÃO JUDICIAL
➢ da Lei de Drogas ou de Lavagem de Dinheiro: SIM. Será necessária prévia autorização judicial porque o
art. 52, II, da Lei nº 11.343/2006 e o art. 4ºB da Lei nº 9.613/98 assim o exigem.
➢ praticados por organização criminosa: NÃO. Neste caso será necessário apenas que a autoridade (policial
ou administrativa) avise o juiz que irá realização ação controlada.
PRISÃO EM FLAGRANTE:
➢ Trata-se de prisão cautelar de natureza administrativa (sem ordem do juiz);
➢ HC: dirigida ao juiz de primeira instância;
➢ Se o juiz homologar a prisão em flagrante, ele passa a ser autoridade coatora;
➢ Natureza de ato complexo: natureza administrativa no início e judicial no final (após homologação);
➢ Admite-se prisão em flagrante, em ação penal privada, mas a lavratura do APF dependeria de manifestação
do ofendido.
ESPÉCIES DE FLAGRANTE:
➢ Flagrante próprio/ perfeito/ real/ verdadeiro;
➢ Flagrante Impróprio/ imperfeito/ irreal/ QUASE FLAGRANTE;
➢ Flagrante presumido/ ficto/ assimilado;
➢ Flagrante preparado/ crime de ensaio: Ao mesmo tempo que o provocador induz o provocado a cometer o
delito, age para evitar o resultado e impedir a consumação. Crime impossível; Sumula 145 STF;
➢ Flagrante comprovado: tráfico de drogas.
➢ Flagrante esperado;
➢ Flagrante diferido / retardado/ postergado ou ação controlada;
➢ Flagrante fracionado: os crimes continuados, por ser uma ficção jurídica, o flagrante ocorrerá em cada crime.
A doutrina majoritária não admite flagrante em crime habitual, pois, o crime habitual consuma-se através de várias
condutas em sequência, sendo um estilo de vida, não havendo precisão para determinar o flagrante.
AGENTE PROVOCADOR AGENTE INFILTRADO AGENTE DISFARÇADO
A sua atuação faz surgir a ideia ou Atuação policial lícita, pressupõe Nova técnica investigativa trazida
deliberação e leva o individuo a imersão na ORCRIM, por meio de pelo Pacote; aqui o agente não
executar o crime. interação com seus membros, possui qualquer envolvimento
É ilegal; resulta crime impossível; conquista da confiança deles, prévio com o grupo criminoso,
Sumula 145 STF; envolvimento articulado, direto, nem mesmo cativa sua confiança,
pessoal e intenso com o grupo; não provocando o acontecer
É licito; típico;
É legal.
AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA:
O juiz avalia apenas a legalidade da prisão em flagrante. A decisão proferida na audiência não faz coisa julgada
material. Se o juiz reconhece a atipicidade material, aplicando a insignificância, não a própria a ação penal em si,
valendo só para a cautelar.
Fungibilidade das medidas cautelares: se houver requerimento da parte para prisão, o juiz poderá aplicar qualquer
medida cautelar diversa da prisão (Vice-versa).
PRISÃO PREVENTIVA:
• O assistente da acusação, em 2008, passou a ter legitimidade para requerer a prisão preventiva. Entender-
se, assim, que ele possui legitimidade para recorrer da decisão concessiva de liberdade provisória;
• Fumus comissi delicti + periculum libertatis;
• O que se entende por garantia da ordem pública? Ordem na sociedade que é abalada pela prática de um
delito. O STJ admite que atos infracionais anteriores possam ser usados para justificar a manutenção da prisão
preventiva como garantia da ordem pública.
Alguns critérios orientadores:
Gravidade concreta do ato infracional;
Distancia temporal entre o ato e o crime;
Comprovação do cometimento do ato infracional anterior.
Garantia da aplicação da lei penal: a fuga do distrito da culpa, por si só, não legitima a preventiva.
O descumprimento das cautelares diversas da prisão para ensejar preventiva deve preencher os requisitos do 312,
mas conforme doutrina majoritária não precisa preencher o 313.
• Os requisitos do artigo 313 (requisitos) encerra juízo de legalidade que acarreta o relaxamento da prisão. O
312 trata de juízo de necessidade o que acarreta a revogação da prisão ou da liberdade provisória;
• Princípio da homogeneidade: ao exigir pena superior a 4 anos para garantir que o executado não pode ser
tratado de forma mais gravosa do que a pena que será condenado;
• Em regra, não cabe prisão cautelar ao crime culposo, salvo se, diante das circunstâncias pessoais do
condenado, antever a possibilidade de imposição de pena privativa de liberdade;
• Em caso de concurso formal, material e continuado, usa-se a súmula 243 em analogia (soma-se as penas
máximas no concurso material, e no formal e continuado considera a causa que mais aumenta e a que mais
diminui), também deve se considerar as qualificadoras e as causas de aumento;
• A decisão é provisória sujeita à cláusula rebus sic stantibus;
PRISÃO DOMICILIAR:
➢ Não é prisão cautelar, mas uma forma de cumprir a prisão preventiva;
➢ Decreta-se a prisão preventiva (com todos os requisitos) e, no mesmo ato, permite a substituição por prisão
domiciliar;
➢ Majoritária: aplica-se a prisão temporária;
➢ Não se confunde com a medida cautelar de recolhimento domiciliar;
PROCEDIMENTO COMUM
1. Noções Gerais
• Processo: → sentido amplo: combinação de atos tendentes a uma finalidade conclusiva; →sentido
restrito: instrumento por meio do qual o Estado exerce a jurisdição;
• Procedimento: modo pelo qual os diversos atos se relacionam na série constitutiva do processo;
o Fases: postulatória, instrutória, decisória e recursal.
PROCEDIMENTO
COMUM: ESPECIAL:
• Ordinário • Júri
• Sumário
• Sumaríssimo ou especial
1.1. Procedimento e devido processo penal
• O procedimento deve ser realizado em contraditório, dentro de um prazo razoável e cercado de todas as
garantias;
1.2. Violação às regras procedimentais
• Nulidade relativa – se houver prejuízo as partes;
2. Classificação do procedimento
2.1. Classificação do procedimento comum
• Ordinário: = ou + de 4 anos de PPL
• Sumário: pena máxima seja – 4 e +2
• Sumaríssimo: pena máxima não superior a 2 anos;
OBSERVAÇÕES:
• Violência doméstica e familiar contra a mulher: não cabe sumaríssimo;
• Crimes contra idoso com pena até 4 anos: aplica o procedimento sumaríssimo;
• Crimes falimentares: comum sumário;
• Organizações criminosas: ordinário
2.1.1. Concurso de crimes, qualificadoras, privilégios, causas de aumento e de diminuição de pena, agravantes
e atenuantes.
• Sempre buscar a pena máxima hipotética;
• Agravantes e atenuantes não são levadas em consideração para definição do procedimento;
3. Procedimento adequado no caso de conexão e/ou continência envolvendo infrações penais sujeitas a ritos distintos
• Verificar qual juiz vai exercer força atrativa (art. 78, CPP);
Resumo geral
A rejeição da denúncia no jecrim enseja apelação;
O recebimento por juiz absolutamente incompetente não interrompe a prescrição;
Não há previsão expressa, mas a doutrina entende que, após a juntada da peça escrita do réu, o MP deve ter
5 dias para se manifestar sobre os documentos e preliminares (analogia ao tribunal do júri);
A absolvição sumária é feita após a apresentação da resposta à acusação. Antes disso, há indeferimento ou
recebimento da denúncia;
Contra absolvição sumária: apelação;
O provimento da apelação do MP contra absolvição sumária: O tribunal não pode analisar o mérito para
condenar o réu sob pena de supressão de instância. Determina o retorno a primeira instância;
Prazo da AIJ: prazo impróprio;
Em regra, o advogado do corréu não deve estar obrigatoriamente no interrogatório do outro corréu. Exceção:
STF entendeu que é indispensável a presença da defesa técnica do delatado no interrogatório do delator. A
nulidade depende de prejuízo;
JECRIM:
Terceira via do direito penal: Roxin- reparação dos danos; a primeira seria a pena; e a segunda seria a medida
de segurança). Para o autor, a reparação dos danos é legitimada pelo princípio da subsidiariedade;
TCO substitui o inquérito por um procedimento mais simplificado. Mas instaurado IP não há nulidade;
Audiência preliminar: três institutos podem ser aplicados:
Composição civil dos danos;
Transação penal: não é direito público subjetivo, mas dever-poder do MP. Exceção à obrigatoriedade da ação
penal (discricionariedade regrada/ obrigatoriedade mitigada); Não gera maus antecedentes. Cabe apelação
da homologação. STJ: cabe transação em crimes de ação privada cuja legitimidade é do ofendido. A doutrina
admite legitimidade do MP;
SUSPRO: se o juiz recursar homologar o suspro: RESE (interpretação extensiva do não recebimento da
denúncia)
TRIBUNAL DO JÚRI
1. Características: Órgão especial de 1ª instancia – Justiça comum e Federal; Composto 25 jurados (7 formam o
conselho de se tença); Competência mínima: crimes dolosos contra a vida; Temporário: constituído para sessões
periódicas; Garantia do cidadão;
2. Princípios constitucionais
2.1. Plenitude de defesa
• Ampla defesa é para todos os acusados, a plenitude de defesa é uma garantia específica do júri;
• Plenitude de defesa técnica: o advogado de defesa não precisa restringir a uma atuação técnica,
pode usar argumentos extrajurídicos;
• Plenitude da autodefesa: direito de apresentar sua tese pessoal no interrogatório;
o Juiz presidente é obrigado a incluir na quesitação a tese pessoal apresentada pelo acusado;
2.2. Sigilo das votações
• Ninguém é dado saber o sentido do voto do jurado;
2.2.1. Sala especial
• Jurados, MP e defensor;
2.2.2. Incomunicabilidade dos jurados
• Violação: nulidade absoluta;
• Exclusão do conselho e multa de 1 a 10 S.M.
• Diz respeito apenas as manifestações atinentes ao processo;
• Termo final: encerramento da sessão de julgamento;
2.2.3. Votação unânime
• Reforma da Lei 11.689/2008: resposta num sentido de mais de 3 quesitos implica no resultado;
2.3. SOBERANIA DOS VEREDICTOS
• Um tribunal formado por juízes não pode modificar, no mérito, a decisão proferida pelo conselho
de sentença; não afasta a recorribilidade das decisões;
• Frederico Marques: soberania do júri x soberania dos veredictos 3;
• A soberania do veredicto dos jurados (art. 5º, XXXVIII, “c”, da CF/88) não autoriza a reformatio
in pejus indireta → se apenas o réu recorreu contra a sentença que o condenou e o Tribunal
decidiu anular a sentença, determinando que outra seja prolatada, esta nova sentença, se
também for condenatória, não pode ter uma pena superior à que foi aplicada na primeira. STF
2.3.1. Cabimento de apelação
• Em relação ao mérito do julgamento: sujeição do acusado a novo júri;
• Em relação as decisões do juiz presidente, podem ser modificadas pelo tribunal;
• Jurados decidem: existência do crime, autoria, qualificadoras e causas de aumento e de
diminuição;
2.3.2. Revisão criminal
• O tribunal pode proceder ao juízo rescindente (desconstituir a sentença do júri) e rescisório
(substituir a decisão do júri por outra do próprio tribunal); OBS: lembre que a revisão criminal é
pro réu!
2.4. Competência para julgamento dos crimes dolosos contra a vida
3 Soberania do júri: impossibilidade de outro órgão judiciário substituir ao júri na decisão de uma causa por ele proferida. Soberania dos veredictos,
por sua vez, significa que é impossível ao juiz proferir uma sentença que não tenha por base a decisão dos jurados.
• Art. 5ª, XXXVIII, “d”, CF; Competência mínima; Crimes dolosos contra a vida e conexos (salvo
militares e eleitorais);
• Não são da competência do júri:
o Latrocínio;
o Ato infracional;
o Genocídio;
o Militar da ativa das forças armadas que comete homicídio doloso contra militar da ativa das
forças armadas;
o Civil que comete crime de homicídio doloso contra militar das forças armadas em serviço em
lugar sujeito à administração militar;
o Foro por prerrogativa de função previsto na CF (SV 45);
o Crime político;
o Crime doloso contra a visa praticado por militares das forças armadas contra civis em um
dos contextos elencados pelo art. 9º, §2º, do COM;
o Automutilação ou participação em automutilação (pacote anticrime);
3. Procedimento bifásico do tribunal do júri
• Primeira: iudicium accusationis ou sumário de culpa;
• Segunda: iudicium causae;
4. JUDICIUM ACCUSATIONIS (SUMÁRIO DE CULPA)
• Intervenção apenas do juiz togado, é a fase em que se reconhece ao Estado o direito de submeter o
acusado a julgamento perante o tribunal do júri;
• P da identidade física do juiz se aplica a primeira fase;
• Inicia com o oferecimento da denúncia;
o Hipóteses de oferecimento de queixa crime:
▪ Ação penal privada subsidiária da pública;
▪ Litisconsórcio ativo decorrente da conexão (ou de continência) entre o crime doloso
contra a vida e um crime de ação penal privada; MP apresenta denúncia quanto ao crime
doloso contra a vida e o ofendido apresenta queixa crime;
• Absolvição sumária: só após a audiência de instrução e julgamento;
• Alegações orais;
• Prevalece o entendimento de que na 1ª fase do júri não há nulidade na hipótese de defesa genérica, ou
mesmo de sua omissão, desde que se verifique se tratar de estratégia da defesa;
• Nulidades: arguidas nas alegações orais;
5. IMPRONUNCIA
• Não se convencer da materialidade do fato ou da existência de indícios suficientes de autoria e
participação;
5.1. Natureza jurídica e coisa julgada
• Decisão interlocutória mista terminativa;
• Só produz coisa julgada formal;
5.2. Provas novas e oferecimento de outra peça acusatória
• Decisão de impronuncia tomada com base na cláusula rebus sic stantibus;
• Provas novas: substancialmente novas: inéditas; Formalmente novas: ganham nova versão;
• Tramitação pelo mesmo juiz – prevenção;
5.3. Infração conexa
• Remete para o juiz competente;
5.4. Despronuncia
• Pela interposição de RESE da pronúncia acatado;
5.5. Recurso
• Apelação;
• Querelante, MP, assistente de acusação;
6. DESCLASSIFICAÇÃO
• Existência de crime diverso + não ser competente para o julgamento;
• P. da livre dicção do direito; o fato ditado não é crime doloso contra a vida, então desclassifica;
• Desclassificação do 419; remete para o juiz competente;
• Desqualificação: juiz afasta qualificadora – só é possível quando manifestamente descabias em respeito
ao p. do juiz natural;
• Desclassificação de homicídio doloso por dolo eventual na direção de veículo automotor para homicídio
culposo, STJ entende que por força do juiz natural, essa análise deve ficar com o tribunal do júri;
6.1. Nova capitulação legal
• Deve o juiz sumariante se abster fixar nova capitulação legal, basta que ele aponte a inexistência de
crime doloso contra a vida;
6.2. Procedimento a ser observado pelo juiz singular
• Remete ao juiz competente, tem que renovar a instrução com base no p. da identidade física do
juiz (art. 399, §2º, CPP);
6.3. Infração conexa
• Remete ao juiz competente;
• Trata-se de uma exceção ao p. da perpetuatio jurisdictiones;
6.4. Situação do acusado preso
• O juiz competente vai analisar a necessidade de manutenção;
6.5. Recurso cabível
• RESE, art. 581, II, CPP.
• Interesse do assistente de acusação em recorrer:
o 1C: não possui interesse em recorrer da desclassificação;
o 2C: atuação do assistente no processo penal não é só em vistas a uma sentença
condenatória para satisfação de interesses patrimoniais, ele também tem interesse numa
condenação justa e proporcional ao fato perpetrado, logo, tem interesse em recorrer.
6.6. Conflito de competência
7. ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA
9. DESAFORAMENTO
• Deslocamento da competência territorial; Aplicação estrita à sessão de julgamento; Não é cabível no
sumário de culpa; Não viola o p. do juiz natural, porquanto é hipótese de excepcional deslocamento da
competência por interesse da justiça;
9.1. Legitimidade para o requerimento
• MP, assistente, querelante, acusado ou representação do juiz competente;
9.2. Momento: após a decisão de pronúncia;
9.3. Hipóteses
• Interesse da ordem pública;
• Dúvida sobre a imparcialidade do júri;
• Falta de segurança pessoal do acusado;
• Quando o julgamento não for realizado no prazo de 6 meses, contado da preclusão da decisão de
pronúncia, desde que comprovado o excesso de serviço e evidenciado que a demora não foi
provocada pela defesa.
9.4. Aceleração do julgamento
9.5. Crimes conexos e coautores
• Todos serão atingidos pelo desaforamento;
9.6. Comarca para a qual será desaforado
• Onde não existam os motivos que levaram a adoção da medida no mesmo estado (no âmbito de
competência do Tribunal);
9.7. Efeito suspensivo
• O relator poderá conceder desde que relevantes os motivos alegados;
9.8. Recursos
• Jurisprudência tem admitido HC em favor do acusado;
9.9. Reaforamento
• Não é admitido pelos regimentos internos dos tribunais, no entanto é possível novo desaforamento;
9.10. Competência para a execução provisória
• Juízo originário da causa e não o juiz sentenciante;
10. Preparação do processo para julgamento pelo Tribunal do júri
10.1. Ordenamento do processo
• Relatório: deve se abster de tecer apreciações pessoais sobre os fatos;
10.2. Ordem de julgamento
10.3. Habilitação do assistente do MP
• 5 dias antes da sessão de julgamento.
11. Organização do júri
11.1. Requisitos para ser jurado: 18 anos + notória idoneidade; Cidadão e gozo dos direitos políticos; Residir
na mesma comarca; Alfabetizado; A questão do jurado profissional.
11.2. Recusa injustificada: Multa de 1 a 10 S.M.
12. Sessão de julgamento
12.1. Reunião periódica
12.2. Ausências
12.2.1. ausência do advogado de defesa:
• justificada: adia a data somente uma vez intimando a DP;
• injustificada: será comunicado a OAB;
12.2.2. Ausência do MP: adiará
12.2.3. Ausência do acusado solto
• Justificada: adia;
• Injustificada: deverá ser realizado normalmente;
12.2.4. Ausência do acusado preso: adiado
12.2.5. Ausência do advogado do assistente de acusação: não será adiado se foi regularmente intimado;
12.2.6. Ausência do advogado do querelante: não será adiado
• APP: dará ensejo a perempção;
• APPSP: MP retoma o processo como parte principal (ação penal indireta);
12.2.7. Ausência de testemunhas
• Clausula de imprescindibilidade;
12.2.8. Ausência do juiz presidente
12.3. Verificação da presença de pelo menos 15 jurados
12.3.1. Empréstimo de jurados: STJ não induz nulidade do julgamento.
12.4. Suspeição, impedimento e incompatibilidade
OBS: Juiz não pode unilateralmente alterar os prazos dos debates orais no Júri previstos no CPP; no
entanto, isso pode ser feito mediante acordo entre as partes: Seria uma negociação processual, o que é
previsto no art. 190 do CPC e que pode ser aplicado ao processo penal com base no art. 3º do CPP;
12.7.1. Réplica e tréplica: mera faculdade;
• Inovação na tréplica – 3 correntes:
o Não pode sob pena de violar o contraditório;
o Possível por força do p. da plenitude de defesa; STJ
o A defesa pode inovar, mas deve ser concedido tempo para a acusação depois;
12.7.2. Exibição e leitura de documento em plenário
12.7.3. Argumento de autoridade
12.7.4. Direito ao aparte
12.7.5. Sociedade indefesa
Jurisprudência importante
Controle jurisdicional da decisão do júri. Quando a apelação contra a sentença condenatória é interposta com
fundamento no art. 593, III, "d", do CPP, o Tribunal tem o dever de analisar se existem provas de cada um dos
elementos essenciais do crime, ainda que não concorde com o peso que lhes deu o júri. Caso falte no acórdão
recorrido a indicação de prova de algum desses elementos, há duas situações possíveis: 1) ou o aresto é omisso,
por deixar de enfrentar prova relevante, incorrendo em negativa de prestação jurisdicional; 2) ou o veredito
deve ser cassado, porque nem mesmo a análise percuciente da Corte local identificou a existência de provas
daquele específico elemento. STJ. 5ª Turma. AREsp 1803562-CE, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 24/08/2021
(Info 707).
• Em outras palavras, há dois juízos distintos feitos pelo magistrado ao se debruçar sobre as provas que
embasam uma condenação por crime doloso contra a vida: O primeiro deles, de natureza antecedente,
analisa a existência das provas, e é isso que deve o Tribunal fazer ao julgar uma apelação fundada no art.
593, III, “d”, do CPP. O segundo deles, o consequente, se refere ao grau de convencimento pessoal do
julgador pelo conjunto probatório existente, a fim de aferir se é adequado ou não para condenar o réu. TJ
ou TRF, ao analisarem a apelação do art. 593, III, “d”, fazem apenas o juízo antecedente: Trata-se de uma
cognição parcial, no aspecto horizontal - já que a apelação contra sentença do tribunal do júri é de
fundamentação vinculada; e, no plano vertical, embora não seja sumária, também não é exauriente,
limitando-se a constatar se existem provas relativas à tese acatada pelos juízes leigos.
• Se o Tribunal exceder tais limites e realizar o juízo consequente, terá afrontado a soberania dos vereditos
prevista no art. 5º, XXXVIII, “c”, da Constituição da República; se, por outro lado, exagerar na postura de
autocontenção e não fizer sequer o juízo antecedente, incorrerá em nulidade por negativa de prestação
jurisdicional.
Cabe apelação com fundamento no art. 593, III, “d”, do CPP (decisão manifestamente contrária à prova dos
autos) se o júri absolver o réu?
STJ: SIM (posição pacífica).
STF: NÃO (posição majoritária). Exceção: utilização da tese de legitima defesa da honra.
É possível a pronúncia do réu por feminicídio caso o crime tenha sido cometido contra transgênero
considerando que caberá ao jurados decidirem se essa situação se enquadra, ou não, na qualificadora em tela.
IMPORTANTE!!!!
Cabe apelação da decisão manifestamente contrária a prova dos autos se o júri absolver o réu? STJ, em
posição pacífica, admite. STF não admite, pelos seguintes fundamentos:
A absolvição do réu, diante do quesito genérico de absolvição, não depende das provas ou das teses
veiculadas, diante da íntima convicção dos jurados, que podem absolver, inclusive, por clemência. Com a
reforma de 2008, inseriu-se o quesito obrigatório de absolvição genérica. Possibilidade de restrição ao recurso
acusatório. (antes de 2008, não havia dúvida que essa modalidade de recurso poderia ser aplicada tanto para
decisões condenatória como absolutórias)
Legítima defesa da honra?- ADPF se a defesa, direta ou indiretamente, usar essa tese defensiva (seja na fase pré-
processual, processual, ou julgamento do júri), estará caracterizada a nulidade da prova, do ato processual, facultando
ao titular da acusação recorrer com fundamento em nulidade posterior à denúncia. Não encontra amparo na ordem
jurídica. Aquele que pratica feminicídio ou usa de violência para reprimir um adultério não está exercendo “legítima
defesa”, não está se defendendo, mas atacando a mulher de forma desproporcional e criminosa. Trata-se de tese
arcaica que tolera e naturaliza a violência doméstica, reforçando o desvalor da vida da mulher. O estado, além de
adotar postura ativa no combate à violência doméstica, também tem o dever de não ser conivente e de não estimular
a violência doméstica e o feminicídio. (viola o direito a igualdade e o direito à vida). PONDERAÇÃO DE INTERESSE:
proibição de todas as formas de discriminação/ direito a igualdade/ direito à vida prevalecem sobre a plenitude da
defesa no júri, diante o risco sistêmico de naturalizar e tolerar a violência doméstica.
A desclassificação em decisão do Tribunal do Júri do crime de homicídio doloso tentado para o delito de
lesões corporais graves ocorrida em benefício do corréu (causador direto da colisão da que decorreram os
ferimentos suportados pela vítima) é extensível, independentemente de recurso ou nova decisão do Tribunal
Popular, a outro corréu (condutor do outro veículo) investido de igual consciência e vontade de participar da mesma
conduta e não responsável direto pelas citadas lesões. Fundamento → art. 580 do CPP, efeito extensivo. Aplica a
decisão benéfica em outras esferas e não somente na recursal.
NULIDADES
1. Noções gerais: tipicidade processual e nulidade
• Tipicidade: o aro processual deve ser praticado em consonância com a CF e as leis processuais
penais, assegurando-se às partes e a toda coletividade a existência de um processo penal justo
em consonância com o p. do devido processo legal.
• Tipicidade processual -→ segurança jurídica;
• Instrumento coercitivo para obrigar as partes a praticarem o ato conforme o modelo legal →
nulidade (espécie de sanção aplicada ao ato processual defeituoso, do que deriva sua inaptidão
para produzir efeitos);
• No processo penal, forma é garantia!
2. Espécies de irregularidades
• Leva em consideração a gravidade do defeito:
o Irregularidades ou defeitos sem consequência;
o Irregularidades ou defeitos que acarretam tão somente sanções extraprocessuais: não tem
o condão de produzir a invalidação do ato processual, porém pode dar ensejo à aplicação de
sanções extraprocessuais;
o Irregularidades ou defeitos que podem acarretar a invalidação do ato processual: atenta
contra o interesse público ou contra interesse preponderante das partes;
o Irregularidades ou defeitos que acarretam a inexistência jurídica: violação absurda ao p. do
devido processo legal.
3. Espécies de atos processuais
• Atos perfeitos: praticados me fiel observância ao modelo típico;
• Atos meramente irregulares: é válido e eficaz pois é uma irregularidade sem consequência ou com
consequência apenas extraprocessuais;
• Atos nulos: inobservância do modelo típico ou ausência de requisito indispensável para a pratica do ato.
São juridicamente existentes e produzem efeitos até que seja declarada a nulidade.
• Atos inexistentes: considerados pela doutrina como espécies de “não-ato”; O vício não convalida jamais.
4. Nulidade
• Sanção processual de ineficácia: corrente majoritária compreende nulidade como espécie de sanção
aplicada ao ato processual defeituoso, privando-o de seus efeitos regulares;
• Defeito do ato processual: corrente minoritária, aqui nulidade seria uma característica do ato processual.
4.1. Espécies de nulidades
4.1.1. Nulidade absoluta
• O vício atenta contra o interesse público na existência de um processo penal justo,
características fundamentais:
o Prejuízo presumido: são violadoras de norma protetiva de interesse público com status
constitucional, daí grande parte da doutrina entender que se trata de prejuízo presumido;
▪ Trata-se de uma presunção relativa que autoriza a inversão do ônus da prova;
▪ STF vem dizendo que precisa provar o prejuízo; o dogma legal que disciplina
as nulidades (pas de nullité sans grief) também compreende as nulidades
absolutas;
o Arguição a qualquer momento: pode alegar a qualquer momento, pelo menos até o
transito em julgado da decisão.
▪ Não podem ser sanadas ou convalidadas; ATENÇÃO: sentença absolutória
própria, as nulidades estarão convalidadas pois não admite revisão criminal pro
societate (coisa julgada pro reo);
▪ Em caso de sentença condenatória, as nulidades podem ser revisadas por
revisão criminal e HC;
▪ Tribunais superiores: seu reconhecimento está limitado temporalmente, pelo
menos em regra, às instancias recursais ordinárias – se a nulidade absoluta
não foi prequestionada no acordão recorrido, é inviável sua apreciação no RE.
• Hipóteses de nulidades absolutas:
o Nulidades cominadas no art. 564 do CPP que não estiverem sujeitas á sanação ou
convalidação;
o Quando houver violação de normas constantes na CF ou Tratados internacionais de
Direitos Humanos;
o Violação de forma prescrita em lei que visa á proteção de interesse de natureza pública.
4.1.2. Nulidade relativa
• Atenta contra norma infraconstitucional que tutela interesse preponderante das partes;
o Comprovação de prejuízo;
o Arguição oportuna sob pena de preclusão e consequente convalidação:
▪ Pelo decurso do tempo (preclusão temporal); pelo fato da parte ter aceitado
seus efeitos (preclusão lógica);
• Hipóteses:
o Nulidades cominadas no art. 564 que estiverem sujeitas à sanação ou convalidação
pelo decurso do tempo;
o Violação a forma prescrita em lei que visa à proteção de interesses preponderante das
partes;
• Momento para arguição:
NULIDADES RELATIVAS – MOMENTO DE ALEGAÇÃO
• Nulidades relativas a instrução criminal na 1ª fase do procedimento do júri → alegações
orais;
• Entre o oferecimento da peça acusatória e a citação → resposta à acusação; OBS:
inobservância do procedimento de defesa preliminar nulidade relativa;
• Após a resposta à acusação → alegações finais;
• Posteriores á pronuncia →logo depois de anunciado o julgamento e apregoada as
partes;
• Instrução criminal nos procedimentos de competência originária dos Tribunais →
alegações escritas ou sustentação oral;
• Após a prolação de decisão de primeira instancia → razões do recurso ou logo após
anunciado o julgamento;
• Julgamento em plenário, em audiência ou tribunal →imediatamente depois que
ocorrerem;
4.1.3. Anulabilidade
• Classificação minoritária;
4.2. Reconhecimento das nulidades
4.2.1. Na primeira instância
• Juiz é livre para reconhecer de ofício qualquer tipo de nulidade;
• Por mais que haja nulidade é preciso preservar o ato se não for reconhecido prejuízo (pas de
nulite sans grief), se tiver atingido sua finalidade (p. da instrumentalidade das formas).
4.2.2. Na segunda instância
• Em grau recursal, o reconhecimento de toda e qualquer nulidade pleo Tribunal está condicionado
ao efeito devolutivo;
• Nulidade relativa só pode ser arguida se não houve preclusão;
• Sumula 160 STF: É nula a decisão do Tribunal que acolhe, contra o réu, nulidade não argüida
no recurso da acusação, ressalvados os casos de recurso de ofício.
o Recurso de ofício: Tribunal é livre para conhecer qualquer nulidade;
o Recurso da acusação: livre para reconhecer qualquer nulidade em prejuízo do acusado
desde que tenha sido devolvido á apreciação do Tribunal;
o Recurso da acusação e defesa: tribunal é livre para conhecer qualquer nulidade em
benefício do acusado (p. da reformatio in mellius);
5. Princípios
5.1. P. da tipicidade das formas
• Conformidade do ato com a forma prescrita em lei;
5.2. P. do prejuízo
• Art. 563, CPP. Eventual inobservância das formas prescritas em lei só deve acarretar a invalidação
do ato processual quando a finalidade for comprometida.
• Aplicável tanto as nulidades absolutas quanto relativas;
5.3. P. da instrumentalidade das Formas
• A existência de um modelo típico não é um fim em si mesma mas para atingir determinada finalidade;
5.4. P. da eficácia dos atos processuais
• A nulidade dos atos processuais não é automática, depende da existência de pronunciamento judicial
no qual é aferida a atipicidade do ato, não consecução de sua finalidade e a causação de prejuízos
às partes;
5.5. P. da restrição processual á decretação de ineficácia
• A invalidação de um ato processual somente pode ser decretada se houver instrumento processual
adequado e se o momento ainda for oportuno;
5.6. P. da causalidade (efeito expansivo)
• A nulidade de um ato provoca a invalidação dos atos que lhe forem consequência ou decorrência;
• Essa relação de dependência é logica;
5.7. P. da conservação dos atos processuais (confinamento da nulidade)
• Deve ser preservada a validade dos atos processuais que não dependam do anterior declarado
inválido;
o Essa regra não se aplica à sessão de julgamento pelo Tribunal do Júri, que é indivisível em
face da concentração e incomunicabilidade dos jurados;
5.8. P. do interesse
• Nenhuma das partes pode arguir nulidade relativa referente a formalidade cuja observância só
interesse a parte contraria.
• Aplicável somente às nulidades relativas;
• Não se aplica ao MP;
5.9. P. da lealdade (ou da boa-fé)
• Nenhuma das partes poderá arguir nulidade a que haja dado causa ou para a qual tenha concorrido;
5.10. P. da convalidação
• Busca remover o defeito do ato, em regra aplica-se as nulidades relativas;
o Suprimento: eventuais omissões podem ser supridas;
o Retificação: uma parte do ato processual defeituoso é corrigida;
o Ratificação:
o Preclusão: fato impeditivo destinado a garantir o avanço da relação processual:
▪ Temporal: não exercício da faculdade/poder processual no prazo;
▪ Lógica: incompatibilidade da pratica de um ato em relação a outro já praticado.
▪ Consumativa: a faculdade já foi exercida;
o Prolação da sentença: a decisão de mérito for em favor da parte prejudicada pelo ato nulo,
afasta a conveniência de se proclamar a nulidade.
▪ Teoria da causa madura*;
o Coisa julgada: causa de saneamento geral;
▪ Atenção: não se aplica as causas de nulidade absoluta em favor da defesa;
RESUMÃO:
Não incide em atos do IP (procedimento administrativo);
Depende de reconhecimento judicial para produzir efeito;
Ato irregular: infrações superficiais que não contaminam a forma legal. Convalidados pelo prosseguimento do
processo;
Pas de nullité sans grief. Instrumentalidade das formas.
Nulidade absoluta: anula os atos decisórios e instrutórios (a relativa só anula os decisórios)
Sorteio do conselho de sentença e incomunicabilidade dos jurados: O STF decidiu que não será considerada
qualquer nulidade se a pergunta do jurado (que deveria ter sido feita por meio do juiz) for dirigida diretamente
ao MP /Defensor e o juiz interferir imediatamente, orientando que as próximas dúvidas sejam sanadas por
seus intermédio;
Nulidade absoluta se a sentença não utiliza o sistema trifásico.
TEORIA DO JUÍZO APARENTE (regra, admitida pelo STF): convalidação de atos decisórios praticados por
juízes posteriormente declarados incompetentes: A superveniência de circunstância fática aptas a alterar a
competência da autoridade judicial, até então desconhecidas, autoriza a preservação dos atos praticados pelo
juiz aparentemente competente.
RECURSOS
CARACTERÍSTICAS:
VOLUNTARIEDADE;
UNIRRECORRIBILIDADE: um recurso para cada decisão, salvo RE/RESP.
TEMPESTIVIDADE
TAXATIVIDADE;
NE REFORMATIO IN PEJUS: vedação de reforma da decisão de forma mais gravosa quando só uma parte tenha
recorrido:
Reformatio in pejus direta: só a defesa recorre e a situação do réu não pode ser agravada;
Reformatio in pejus indireta: o tribunal, em recurso só da defesa, anula a decisão e determina que outra seja
proferida. Essa segunda decisão não poderá piorar a situação do réu em relação a primeira decisão. (Ainda
que a primeira decisão venha a ser proferida por juiz absolutamente incompetente)
Não se aplica a reformatio in pejus ao JURADOS do Tribunal do Júri: se o primeiro julgamento foi anulado, o
novo Júri poderá agravar a situação do réu (soberania dos veredictos). Se aplica ao juiz-presidente que deverá
se ater ao máximo da pena imposta no primeiro julgamento (STF e STJ).
OBS: Em recurso exclusivo da defesa, o tribunal não pode agravar a pena, ainda que decorrente de erro
aritmético da sentença.
NON REFORMATIO IN PEJUS DIRETA NON REFORMATIO IN PEJUS INDIRETA
Assim, se houve recurso exclusivo da defesa, Significa que, anulada a primeira sentença em
o Tribunal não pode reformar o julgado virtude de recurso exclusivo da defesa, a
recorrido para piorar a situação do réu. situação do réu não pode ser prejudicada na
Súmula 160 do STF segunda sentença.
Reformatio in pejus INDIRETA e sentença originária prolatada por juízo incompetente:
O juiz natural, cuja competência decorre da A non reformatio deve ser aplicada
própria CF, não pode ficar subordinado aos mesmo em caso de sentença prolatada
limites da pena fixada em decisão por juízo absolutamente incompetente.
absolutamente nula. Somente seria Mesmo nula, a primeira sentença produz
necessário observar o máximo da pena já um único efeito: limitar o máximo da pena
imposta se esta tivesse sido fixada pelo juízo que poderá ser imposta na segunda
competente. condenação.
Complementariedade:
Suplementariedade
Efeitos
Efeito extensivo do recurso: estende aos demais réus;
Efeito prodrômico da sentença penal: quando houver trânsito em julgado para a acusação, o tribunal não pode
agravar a pena do réu, em seu recurso exclusivo, ainda que decorrente de matéria de ofício.
Devolutivo;
Suspensivo;
Regressivo/iterativo/diferido: devolução do feito ao mesmo órgão que prolatou a decisão para o reexame.
Pressupostos de admissibilidade: CARTA LI (Cabimento; Adequação; regularidade formal, Tempestividade, Ausência
de fatos extintivos ou modificativos do direito de recorrer, Legitimidade e interesse;
Preclusão:
Lógica: incompatibilidade da pratica de um ato com outro já praticado.
Consumativa: quando o ato já foi praticado
Temporal: é o não oferecimento do recurso no prazo determinado na lei.
Princípio da fungibilidade: teoria do recurso indiferente ou teoria do “tanto vale”
Princípio da conversão: a parte não será prejudicada pelo endereçamento errado do recurso, cabendo ao tribunal
incompetente p/ o qual o recurso foi endereçado remeter os autos ao órgão competente para apreciá-lo.
Recurso invertido: É a hipótese em que o magistrado, no juízo de retratação, reforma sua decisão, resultando em
sucumbência à parte até então recorrida (que se beneficiara com a antiga decisão). Esta parte, que até então era
beneficiada passa a ser sucumbente, e interpõe recurso contra essa nova decisão proferida no juízo de retratação,
passando a atuar como recorrente. Ex: 589 do CPP; Esse segundo recurso é chamado de invertido, pq inverte as
partes;
O STF entendeu que é possível a suspensão do prazo prescricional em ações penais sobrestadas em decorrência do
reconhecimento de repercussão geral. Sendo aplicável o artigo 1.035, §5º, do CPC à esfera processual penal. Todavia,
não incide em IP, procedimento investigatório e em processo de réu preso;
STJ: em matéria criminal, não se admite recurso especial ADESIVO interposto pelo MP em RE/RESP.
Correição parcial:
Não tem natureza de recurso, pois não visa reexaminar matéria decidida em determinado processo;
Medida administrativa para atacar decisões judiciais abusivas que sejam fruto de erro de procedimento e que
implique tumulto processual;
Caráter subsidiário;
Apenas contra ato judicial;
Dirigida à câmara, turma ou corregedoria;
Não aplica o princípio da fungibilidade;
Revisão criminal:
Somente em favor do réu;
Não se sujeita a prazo preclusivo, podendo ser ajuizada a qualquer tempo.
Decisão constitutiva negativa;
Pode em sentença absolutória impropria;
Majoritária + STF: MP não tem legitimidade ainda que em favor do réu.
Pode acumular revisão criminal com indenização por erro judiciário;
O tribunal não pode aumentar a pena de multa, em recurso exclusivo da defesa, ainda que no mesmo julgado diminua
a pena privativa de liberdade. Non reformatio in pejus.
ATENÇÃO: Regras sobre julgamento da Revisão Criminal
1ª regra: a revisão criminal é sempre julgada por um Tribunal ou pela Turma Recursal.
2ª regra: se a condenação foi proferida por um juiz singular e não houve recurso, a competência para julgar a revisão
criminal será do Tribunal (ou Turma) ao qual estiver vinculado o magistrado.
3ª regra: se a condenação foi mantida (em recurso) ou proferida (em casos de competência originária - foro privativo)
pelo TJ, TRF ou Turma Recursal e contra este acórdão não foi interposto RE ou Resp, a competência para julgar a
revisão criminal será do TJ, TRF ou Turma Recursal.
4ª regra: se a condenação foi mantida ou proferida pelo TJ ou TRF e contra este acórdão foi interposto RE ou Resp,
de quem será a competência para julgar a revisão criminal?
Depende:
1) Se o RE ou o Resp não forem conhecidos: a competência será do TJ ou TRF (regra 3 acima explicada).
2) Se o RE ou Resp forem conhecidos:
2.1) Caso a revisão criminal impugne uma questão que foi discutida no RE ou no Resp: a competência será do STF
ou do STJ.
2.2) Caso a revisão criminal impugne uma questão que não foi discutida no RE ou no Resp: a competência será do TJ
ou TRF.
Pedido de reconsideração não é recurso: não suspendem prazo, nem impede preclusão;
Cabe HC contra a decisão que não homologa ou que homologa parcialmente a decisão de colaboração
premiada (STF). STJ: cabe apelação
DIREITO COLETIVO
PONTOS INTRODUTÓRIOS
PROCESSO ESTRUTURAL
Origem histórica: ativismo da Suprema Corte Americana; Brown v. Board os Education of Topeka;
Inconstitucionalidade da segregação racial nas escolas e dificuldade de implementar a decisão;
Modelo de decisão; impor ampla reformas estruturais em determinadas instituições burocráticas; objetivo de
ver atendidos determinados valores constitucionais;
Decisão estrutural: aquela que buscasse implementar uma reforma estrutural em um ente, organização ou
instituição, com o objetivo de concretizar um direito fundamental realizar determinada política pública ou
resolver litígios complexos; norma-principio (decisão núcleo) seguidas de decisões em cascata; flexibilização
da regra da congruência;
Problema estrutural: desconformidade estruturada; exige intervenção para reorganização;
Processo estrutural: discussão sobre um problema estrutural; transição de estado de desconformidade
para estado ideal mediante decisões escalonadas; procedimento bifásico (reconhece e define o problema +
plano de reestruturação); marcado por flexibilidade, adoção de formas atípicas de intervenção e medidas
executivas, mecanismos de cooperação e consensualidade; Atipicidade dos meios probatórios (OBS: prova
estatística)
Características típicas, mas não essenciais: multipolaridade; coletividade e complexidade;
Características essenciais: problema estrutural; implementação de um estado de coisas ideal;
procedimento bifásico e flexível e consensualidade;
Atipicidade de medidas executivas (art.139, IV e 536, §1ª); entidades de infraestrutura específica;
Justificação: tratamento de litígios complexos, multipolares e que exigem soluções de cunho prospectivo;
Decisões em cascata; flexibilização das normas processuais
Não há previsão expressa no OJ brasileiro mas aplica-se;
A jurisprudência do STJ é assente no sentido de que a ação civil pública também se destina a tutelar direito individuais
homogêneos, ainda que disponíveis e divisíveis, quando há relevância social objetiva do bem jurídico tutelado ou
diante da massificação do conflito em si considerado.
Legitimidade Extraordinária por substituição x Legitimidade Extraordinária por representação
A legitimidade ordinária ocorre quando alguém busca em juízo direito próprio agindo em nome próprio.
A legitimidade extraordinária ocorre quando se busca em juízo, em nome próprio, direito alheio.
No processo coletivo, a legitimidade extraordinária pode ocorrer “por substituição” ou “por representação”. O
critério diferenciador das categorias é a necessidade, ou não, de autorização do grupo, classe ou categoria
para que o legitimado coletivo ajuíze a ação coletiva. Se não for necessária a autorização, a legitimidade
extraordinária será por substituição. Se for necessária a autorização, a legitimidade extraordinária será por
representação.
OBS: Ministério Público na tutela coletiva sempre atua por substituição.
➔ Em relação às ASSOCIAÇÕES, caso ajuízem ação coletiva na defesa dos interesses de seus associados,
a legitimidade extraordinária será por representação, sendo necessária a autorização dos associados. No
entanto, existem exceções.
➔ Em relação ao mandado de segurança coletivo e ao mandado de injunção coletivo, a associação
atuará por substituição, uma vez que as leis de regência expressamente dispensam a necessidade de
autorização para ingresso desses remédios constitucionais coletivos (art. 21 da LMS e art. 12, III, da LMI).
➔ O tema ainda possui mais um desdobramento: existem situações em que uma associação ajuíza ação
civil pública sem que esteja tutelado interesses de seus associados (exemplo: associação cujo estatuto
prevê a defesa do meio ambiente, e que ajuíza ação coletiva para a defesa desse direito difuso). Nesses
casos, o STJ entende que a associação atua por substituição, não havendo necessidade de autorização
para ingresso da demanda (STJ, 2. Seção, REsp 1.325.857/RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 30/11/2021,
inf. 720).
As associações precisam de autorização específica dos associados para ajuizar ação coletiva?
Depende:
1) Ação coletiva de rito ordinário proposta pela associação na defesa dos interesses de seus associados: SIM.
2) Ação civil pública (ação coletiva proposta na defesa de direitos difusos, coletivos ou individuais homogêneos):
NÃO.
Quando a associação ajuíza ação coletiva, ela precisa juntar aos autos autorização expressa dos
associados para a propositura dessa ação e uma lista com os nomes de todas as pessoas que
estão associadas naquele momento?
1) em caso de ação coletiva de rito ordinário 2) em caso de ação civil pública (ação coletiva
proposta pela associação na defesa dos proposta na defesa de direitos difusos, coletivos ou
interesses de seus associados: SIM individuais homogêneos): NÃO
A associação, quando ajuíza ação na defesa dos A associação, quando ajuíza ação na defesa de
interesses de seus associados, atua como direitos difusos, coletivos ou individuais
REPRESENTANTE PROCESSUAL e, por isso, é homogêneos, atua como SUBSTITUTA
obrigatória a autorização individual ou assemblear PROCESSUAL e não precisa dessa autorização.
dos associados.
Aplica-se o entendimento firmado pelo STF no RE O entendimento firmado no RE 573232/SC não foi
573232/SC (veja abaixo). pensado para esses casos.
O disposto no artigo 5º, inciso XXI, da Carta da (...) 1. Ação civil pública, ajuizada pelo Movimento
República encerra representação específica, não das Donas de Casa e Consumidores de Minas
alcançando previsão genérica do estatuto da Gerais, na qual sustenta a nulidade de cláusulas de
associação a revelar a defesa dos interesses dos contratos de arrendamento mercantil. (...)
associados. 3. Por se tratar do regime de substituição processual,
As balizas subjetivas do título judicial, a autorização para a defesa do interesse coletivo
formalizado em ação proposta por associação, é em sentido amplo é estabelecida na definição dos
definida pela representação no processo de objetivos institucionais, no próprio ato de criação
conhecimento, presente a autorização expressa da associação, sendo desnecessária nova
dos associados e a lista destes juntada à inicial. autorização ou deliberação assemblear. (...)
STF. Plenário. RE 573232/SC, rel. orig. Min. 9. As teses de repercussão geral resultadas do
Ricardo Lewandowski, red. p/ o acórdão Min. julgamento do RE 612.043/PR e do RE 573.232/SC
Marco Aurélio, julgado em 14/5/2014 tem seu alcance expressamente restringido às ações
(Repercussão Geral – Tema 82) (Info 746). coletivas de rito ordinário, as quais tratam de
interesses meramente individuais, sem índole
coletiva, pois, nessas situações, o autor se limita a
representar os titulares do direito controvertido,
atuando na defesa de interesses alheios e em nome
alheio. (...)
STJ. 3ª Turma. AgInt no REsp 1799930/MG, Rel. Min.
Nancy Andrighi, julgado em 26/08/2019.
A primeira dimensão do MP resolutivo diz respeito à solução resolutiva de problemas específicos, ela se volta para
o passado (ex: TAC firmado para a construção de creches quando já configurado notório déficit de vagas no
Município). Já a segunda dimensão diz respeito à fiscalização permanente de políticas públicas, assumindo uma
função mais preventiva, evitando que os problemas surjam (ex: procedimento para acompanhamento da política
carcerária do Estado, no qual podem ser feitas recomendações para que se evitem problemas futuros, como
superlotação ou rebeliões).
A produção antecipada de provas é perfeitamente compatível com a tutela coletiva. Por um lado, o Código de
Processo Civil é aplicável subsidiariamente ao microssistema de processos coletivos. Ademais, é possível o
enquadramento em qualquer hipóteses dos incisos do art. 381, por exemplo, é comum em casos coletivos complexos
que a prova deva ser feita o mais breve possível, para se evitar que algumas situações se consolidem (como danos
ambientais); a prova produzida antecipadamente pode dar subsídios para a celebração de termo de ajustamento de
conduta (autocomposição) e, ainda, a produção antecipada de provas pode ser determinante para que o legitimado
coletivo delibere pelo ajuizamento, ou não, de ação civil pública (por exemplo, no caso de indício de dano ambiental,
caso a prova produzida indique a inocorrência do dano, o membro do Ministério Público poderá arquivar o inquérito
civil). Um exemplo de produção antecipada de provas no âmbito do inquérito civil pode ser vislumbrado quando
um órgão público recusa-se a cumprir requisição do MP para realizar determinada perícia. Em que pese essa
conduta tenha repercussão criminal (art. 10 da LACP), o interesse coletivo poderá ser resguardado na esfera
cível mediante a determinação judicial para realização da perícia em sede de produção antecipada de provas.
“LITISCONSÓRCIO EXTRAPROCESSUAL" ocorre quando dois órgãos públicos firmam, conjuntamente, termo
de ajustamento de conduta (TAC) com um compromissário (AKAOUI, Fernando Referendo Vidal. Compromisso
de ajustamento de conduta ambiental. 5d. São Paulo: RT, 2015, p. 99).
Pense-se na situação em que tanto o Ministério Público como a Defensoria Pública tomam, conjuntamente,
o compromisso de ajustamento para que uma Prefeitura Municipal promova reformas em escola em que os
alunos, majoritariamente, pertencem a famílias carentes.
A possibilidade de litisconsórcio extraprocessual no TAC encontra respaldo na Resolução n. 179 do CNMP;
DANO ESPIRITUAL – nova categoria ao lado do dano moral. Alegada pelo MPF no caso do avião da gol que caiu
em terras indígenas – os índios tiveram que sair pq acreditam que fiavam espíritos vagantes;
Na última semana, o Min. Dias Toffoli deferiu medida cautelar na ADPF 881, para fixar a interpretação de que os
membros do Poder Judiciário e do Ministério Público, que atuem com aparo em interpretação de lei, não respondem
pelo crime de prevaricação, ainda que a posição adotada não esteja de acordo com a opinião de atores sociais e
políticos.
a Constituição Federal assegura a autonomia e a independência funcional ao Poder Judiciário e do Ministério
Público no exercício do seu mister, sendo, portanto, uma prerrogativa indeclinável, que garante aos seus
membros a hipótese de manifestarem posições jurídico-processuais e proferirem decisões sem risco de
sofrerem ingerência ou pressões político-externas".
Lembrou que não existe o "crime de hermeutica". A decisão busca preservar a autonomia e independência
do MP e do Judiciário, evitando manipulações políticas.
A decisão, em verdade, realizou uma "interpretação conforme a Constituição" do art. 319 do CP.
O MP ao exercer o controle de convencionalidade deverá o fazer de forma motivada, garantido o exercício do
contraditório aos afetados.
COISA JULGADA
Quadro-resumo:
SENTENÇA DIFUSOS COLETIVOS INDIVIDUAIS HOMOG
Não fará coisa julgada Não fará coisa julgada Impede nova ação
erga omnes. erga omnes. coletiva.
IMPROCEDENTE POR Qualquer legitimado Qualquer legitimado O lesado pode propor
FALTA DE PROVAS pode propor nova ação pode propor nova ação ação individual se não
coletiva, desde que haja coletiva, desde que haja participou da ação
prova nova. prova nova. coletiva.
Fala-se em coisa julgada secundum eventum probationis no caso de difusos e coletivos; No DIH será secundum
eventum litis; A extensão é in utilibus.
2) Se a ação coletiva envolvendo direitos individuais homogêneos for julgada IMPROCEDENTE (não importa o
motivo):
2.a) os interessados individuais que não tiverem intervindo no processo coletivo como litisconsortes (art. 94 do
CDC) poderão propor ação de indenização a título individual. Ex: os consumidores do medicamento que não
tiverem atendido ao chamado do art. 94 do CDC e não tiverem participado da primeira ação coletiva poderão ajuizar
ações individuais de indenização contra a empresa.
2.b) não cabe a repropositura de nova ação coletiva mesmo que por outro legitimado coletivo (não importa se
ele participou ou não da primeira ação; não pode nova ação coletiva).
LIQUIDAÇÃO E EXECUÇÃO
Como os direitos individuais homogêneos protegidos em uma sentença coletiva podem ser executados?
Existem três possibilidades:
1) execução individual do art. 97 do CDC
Os direitos individuais homogêneos, por sua própria natureza, comportam execução individual na fase de
cumprimento de sentença, conforme previsto no art. 97 do CDC:
Art. 97. A liquidação e a execução de sentença poderão ser promovidas pela vítima e seus sucessores, assim
como pelos legitimados de que trata o art. 82.
Ocorre que o STJ, ao interpretar esse dispositivo, com base nas premissas acima expostas, afirma que a legitimação
prevista no art. 97 do CDC aos sujeitos elencados no art. 82 do CDC é subsidiária para a liquidação e execução
da sentença coletiva. Essa legitimidade somente surge se, passado um ano do trânsito em julgado, não houver
habilitação por parte dos beneficiários ou houver em número desproporcional ao prejuízo em questão, nos termos do
art. 100 do CDC;
2) execução “coletiva” do art. 98 (diz-se aqui que a execução é individual, mas realizada de forma coletiva);
➔ Embora o art. 98 do CDC se refira à execução da sentença coletiva, a particularidade da fase executiva
obsta a atuação dos legitimados coletivos na forma de substituição processual, pois o interesse social
que autorizaria sua atuação está vinculado ao núcleo de homogeneidade do direito do qual carece este
segundo momento.
➔ Nessa execução do art. 98, o que se tem é a perseguição de direitos puramente individuais. O objetivo é o
ressarcimento do dano individualmente experimentado, de modo que a indivisibilidade do objeto cede
lugar à sua individualização. Essa particularidade da fase de execução constitui óbice à atuação do
Ministério Público pois o interesse social, que justificaria a atuação do Parquet, à luz do art. 129, III, da
Constituição Federal, era a homogeneidade do direito que, no caso, não mais existe.
3) execução residual (fluid recovery) prevista no art. 100 (coletivo propriamente dito);
JURISPRUDÊNCIA:
Nas ações coletivas é possível a limitação do número de substituídos em cada cumprimento de sentença,
por aplicação extensiva do art. 113, § 1º, do Código de Processo Civil.
Ministério Público
O Ministério Público não possui legitimidade ativa ad causam para, em ação civil pública, deduzir pretensão
relativa à matéria tributária.
O Ministério Público não tem legitimidade para promover ACP pedindo que os proprietários de imóveis sejam
desobrigados a pagar taxa em favor de associação de moradores;
O Ministério Público tem legitimidade para a propositura de ação civil pública em defesa de direitos sociais
relacionados ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). STF Tema 850 RG
O Ministério Público tem legitimidade para ajuizar ação civil pública que vise anular ato administrativo de
aposentadoria que importe em lesão ao patrimônio público. RG → A Constituição reserva ao MP ampla
atribuição no campo da tutela do patrimônio público, que é um interesse de cunho inegavelmente
transindividual.
Súmula 601-STJ: O Ministério Público tem legitimidade ativa para atuar na defesa de direitos difusos,
coletivos e individuais homogêneos dos consumidores, ainda que decorrentes da prestação de serviço
público.
MP não pode obter, em ACP, informações bancárias sobre os clientes da instituição porque estas são
protegidas pelo sigilo bancário;
É cabível ação civil pública proposta por Ministério Público Estadual para pleitear que Município proíba
máquinas agrícolas e veículos pesados de trafegarem em perímetro urbano deste e torne transitável o anel
viário da região.
É constitucional lei complementar estadual que afirme que somente o Procurador-Geral de Justiça poderá
ajuizar ação civil pública contra Secretários de Estado, Deputados Estaduais, Prefeitos, membros do MP ou
membros da Magistratura (STF. Plenário. ADI 1916, Rel. Min. Eros Grau, julgado em 14/04/2010).
O Ministério Público tem legitimidade ad causam para propor ação civil pública com a finalidade de defender
interesses coletivos e individuais homogêneos dos mutuários do Sistema Financeiro da Habitação.
O Ministério Público possui legitimidade para ajuizar ação civil pública em defesa dos direitos individuais
homogêneos dos beneficiários do seguro DPVAT, dado o interesse social qualificado presente na tutela dos
referidos direitos subjetivos.
Conforme entendimento do STJ, o MP detém legitimidade para propor ACP que objetive a proteção do direito
à saúde de pessoa hipossuficiente, porquanto se trata de direito fundamental e indisponível, cuja relevância
interessa à sociedade.
O Ministério Público tem legitimidade para ajuizar ação civil pública com o objetivo de garantir o acesso a
critérios de correção de provas de concurso público.
Assim, nas perícias requeridas pelo Ministério Público nas ações civis públicas, cabe à Fazenda Pública à
qual se acha vinculado o Parquet arcar com o adiantamento dos honorários periciais. Aplica por analogia a
Súmula 232;
O Ministério Público tem legitimidade para ajuizar ACP com o objetivo de impedir que as empresas incluam
no cadastro de inadimplentes os consumidores em débito que estejam discutindo judicialmente a dívida.
O Ministério Público é parte legítima para propor ação civil pública com o objetivo de que o Poder Público
forneça cesta de alimentos sem glúten a portadores de doença celíaca, como medida de proteção e defesa
da saúde.
Municípios
Município tem legitimidade ad causam para ajuizar ação civil pública em defesa de direitos consumeristas
questionando a cobrança de tarifas bancárias.
Os entes federativos ou políticos, enquanto gestores da coisa pública e do bem comum, são, em tese,
os maiores interessados na defesa dos interesses metaindividuais, considerando que o Estado “tem por fim
o bem comum de um povo situado em um determinado território”
No caso de ação civil pública proposta por ente político, a pertinência temática ou representatividade
adequada são presumidas. Isso porque não há dúvidas de que os entes políticos possuem, dentre suas
finalidades institucionais, a defesa coletiva dos consumidores. Trata-se, inclusive, de um comando
constitucional: art. 5º, XXXII, CF;
Associações
Podem transacionar em ACP;
O art. 5º, § 6º da Lei nº 7.347/85 (Lei da Ação Civil Pública) prevê que os órgãos públicos podem fazer
acordos nas ações civis públicas em curso, não mencionando as associações privadas. A existência de
previsão explícita unicamente quanto aos entes públicos diz respeito ao fato de que somente podem fazer o
que a lei determina, ao passo que aos entes privados é dado fazer tudo que a lei não proíbe.
Uma associação que tenha fins específicos de proteção ao consumidor não possui legitimidade para o
ajuizamento de ação civil pública com a finalidade de tutelar interesses coletivos de beneficiários do seguro
DPVAT. Isso porque o seguro DPVAT não tem natureza consumerista, faltando, portanto, pertinência
temática.
É dispensável o requisito temporal (pré-constituição há mais de um ano) para associação ajuizar ação civil
pública quando o bem jurídico tutelado for a prestação de informações ao consumidor sobre a existência de
glúten em alimentos.
OAB
Não é possível limitar a atuação da OAB em razão de pertinência temática, uma vez que a ela corresponde
a defesa, inclusive judicial, da Constituição Federal, do Estado de Direito e da justiça social, o que,
inexoravelmente, inclui todos os direitos coletivos e difusos.
PRESCRIÇÃO
Regra geral:
O prazo para o ajuizamento da ação civil pública é de 5 anos, aplicando-se, por analogia, o prazo da ação popular
(art.21daLeinº4.717/65), considerando que as duas ações fazem parte do mesmo microssistema de tutela dos direitos
difusos (REsp1070896/SC).
Exceções:
a) a ACP para exigir o ressarcimento ao erário fundada na prática de ato doloso tipificado na Lei de Improbidade
Administrativa é imprescritível (art. 37, § 5º, CF/88).
b) a ACP em caso de danos ambientais também é imprescritível (Resp 1120117/AC).
Execução individual de sentença proferida em ação coletiva:
O prazo também é de 5 anos, contados do trânsito em julgado da sentença coletiva. Isso porque a execução
prescreve no mesmo prazo de prescrição da ação (Súmula 150-STF).
CUIDADO: O prazo de 5 (cinco) anos para o ajuizamento da ação popular não se aplica às ações coletivas de
consumo. JULGADO aqui de PE! REsp 1736091
• ATO DE AUTORIDADE:
o Aquele com conteúdo decisório, praticado por autoridade pública;
o OBS: ato praticado sob regime jurídico de direito público;
o Autoridades equiparadas:
▪ Representantes ou órgãos de partidos políticos;
▪ Administradores de entidades autárquicas;
▪ Dirigentes de pessoas jurídicas ou pessoas naturais no exercício de atribuição do poder
público;
o Não são considerados atos de autoridade:
▪ Atos de gestão comercial
o São considerados:
▪ Atos praticados em licitação – Sum. 333, STJ;
▪ Atos omissivos – omissão ilegal e abusiva;
o Autoridade coatora:
▪ Quem praticou o ato;
▪ Quem deu ordem para a sua prática;
• ILEGALIDADE OU ABUSO DE PODER:
o ILEGAL: ato contrário a lei em sentido amplo;
o ABUSIVO: ato cujo exercício seja anormal, praticado com desvio de finalidade ou com
desproporcionalidade;
• LESÃO OU AMEAÇA DE LESÃO:
o MS repressivo ou preventivo;
o OBS: ao contrário da ação popular que exige que o ato já tenha sido praticado;
• DIREITO LÍQUIDO E CERTO:
o Desnecessidade de dilação probatória – prova pré-constituída;
o Não há controvérsia fática e se há pode ser resolvida documentalmente;
o Pressuposto de natureza jurídica processual – impede a resolução do mérito;
o Súmula 625, STF: Controvérsia sobre matéria de direito não impede concessão de mandado de
segurança.
• NÃO CABIMENTO DE HC OU HD:
o Caráter subsidiário do MS;
• PRESSUPOSTO ESPECÍFICO DO MS COLETIVO:
o Salvaguarda de direito transindividuais (todas as espécies);
o Quais? Prevaleceu o entendimento ampliativo – tutela qualquer interesse coletivo em sentido
amplo (difusos, coletivos, DIH):
▪ A CF veicula norma de natureza processual; coletivo é a forma de exercício da pretensão
e não a sua natureza;
▪ MS coletivo como norma que garante direitos ao cidadão não pode ser interpretado
restritivamente;
▪ ECA admite MS coletivo para difusos, coletivos e IH – art. 212, §2º.
▪ STJ segue essa.
COMPETÊNCIA
• Normalmente segue as regras gerais;
• P. da hierarquia – importante definidor de competência no MS → Ratione autoritatis (em razão da
qualidade da autoridade) ou ratione muneris (em razão da qualidade do cargo ou função);
STF STJ
• PR, Mesas, TCU, PGR, STF; • ME, Comandantes, STJ;
• RO em MS decidido em única instancia • RO em MS decidido em única instancia
em tribunais superiores; pelos TRF, TJ, TJDFT se denegatória;
EXECUÇÃO DE SENTENÇAS
• Crime de desobediência o não cumprimento de decisões em MS;
• Aplicação dos meios de coerção do CPC (art. 536 e ss).
• Não cabe pagamento de honorários advocatícios → STF disse que é constitucional;
• A questão da oposição: MASSON entende não ser cabível, pois o autor do writ seria colocado na condição
de réu lhe faltando legitimidade passiva;
SÚMULAS
Súmula 629-STF: A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classe em favor dos associados
independe da autorização destes.
Súmula 630-STF: A entidade de classe tem legitimação para o mandado de segurança ainda quando a pretensão
veiculada interesse apenas a uma parte da respectiva categoria.
Condições da ação:
2.3.1. Legitimidade ad causam
2.3.1.1. Legitimidade ativa
• Art. 129, III e § 1°, CF + Art. 5°, caput e §4°, LACP + Art. 82, caput e § 1°, CDC + Art. 91, CDC.
• Sistema misto ou pluralista: entes públicos e entes privados.
• Legitimidade disjuntiva e concorrente.
• Natureza jurídica – existem 3 correntes:
a) Legitimação ordinária
b) Legitimação extraordinária ➔ jurisprudência. Quanto a legitimidade para defesa de direitos
individuais indisponíveis, há consenso doutrinário que trata-se de legitimação extraordinária. Quando
aos difusos e coletivos a doutrina diverge.
▪ Exceção: art. 5°, XXI, CF/88: “as entidades associativas, quando expressamente
autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente”.
Aqui seria uma ação coletiva de rito ordinário!
▪ Basta autorização em Assembleia.
▪ Inclui a minoria vencida na deliberação.
▪ No MS coletivo, a legitimação é extraordinária, pois o art. 5°, LXX, da CF/88 não exige
autorização dos associados. Esquematicamente:
c) Legitimação autônoma para a condução do processo ou legitimação anômala.
Tipos de interesse Correntes doutrinárias
Difusos e coletivos em sentido Legitimação Legitimação Legitimação autônoma para condução
estrito extraordinária. ordinária do processo.
(JURIS STF e
STJ)
Individuais homogêneos Legitimação extraordinária
• Representatividade adequada
✓ Em regra, adotamos o controle ope legis da representatividade adequada.
✓ No entanto, o STJ admitiu o controle da representatividade adequada pelo juiz, afastando, no
caso concreto, a legitimidade de associação que tinha estatuto desmesuradamente genérico (“...é
plenamente possível que, excepcionalmente, de modo devidamente fundamentado, o magistrado
exerça, mesmo que de ofício, o controle de idoneidade (adequação da representatividade) para
aferir/afastar a legitimação ad causam de associação”).
✓ Em regra, só possui representatividade os entes previstos na lei;
Associações: 1) constituição legal + 2) requisito temporal (1 ano de constituição) + 3)
pertinência temática;
• Legitimados
a) MP
✓ Não se exige pertinência temática do MP.
✓ É necessário, porém, verificar se a defesa dos interesses em jogo é compatível com o
perfil constitucional do MP (art. 127, caput, CF).
Interesses difusos: Pacífico na doutrina e jurisprudência
Em qualquer caso O MP sempre tem legitimidade
Interesses coletivos stricto
Correntes doutrinárias e jurisprudenciais:
sensu
Indisponíveis MP sempre tem legitimidade
O MP sempre tem Só se houver relevância social – 2ª
Disponíveis
legitimidade – 1ª Corrente corrente.
Individuais homogêneos Correntes doutrinárias e jurisprudenciais:
Indisponíveis O MP sempre tem legitimidade
Só se houver
relevância social –
MP sempre tem
Disponíveis objetiva ou Nunca tem legitimidade.
legitimidade.
subjetiva (STF,
STJ)
Interesse Processual
• Necessidade (é necessária a utilização da via coletiva judicial?) e adequação (o pedido é apto para afastar
a lesão ou a ameaça de lesão ao interesse transindividual narrado na causa de pedir?).
• Segue o modelo das ações em geral;
• STF já reconheceu a legitimidade do MP na a propositura de ações para anulação de benefícios fiscais.
• OBS: impugnação de atos judiciais típicos → falta interesse, ausência de necessidade. Exceção:
desconstituição eivada de vício insanável (ACP a título de querela nullitatis insanabilis) mesmo após o prazo
de rescisória; Atos judiciais atípicos podem ser objeto de ACP;
Possibilidade jurídica do pedido (OBS: deixa de ser condição da ação, análise no pedido)
• Controle de constitucionalidade: somente em caráter incidental, como causa de pedir da ACP.
• Controle judicial de políticas públicas
✓ Mínimo existencial
▪ Conceito: direito às condições mínimas de existência humana digna, cuja implementação
exige prestações positivas por parte do Estado (ex: educação fundamental, saúde básica,
saneamento básico, assistência social, meio ambiente ecologicamente equilibrado, acesso
à justiça etc).
▪ Possibilita a tutela jurisdicional imediata, sem sujeição à cláusula da reserva do possível.
✓ Demais direitos que não compõem o núcleo do mínimo existencial – há controvérsia doutrinária,
mas é possível estabelecer a seguinte distinção:
Direitos que não integram o mínimo Direitos que não integram o mínimo
existencial e possuem densidade suficiente existencial e possuem densidade fraca
É possível o controle judicial. Não é possível o controle judicial.
A reserva do possível pode ser invocada em Demandam ponderação do Legislativo e do
defesa do Poder Público, pois aqui não se está Executivo, por meio de definição de política
diante de direitos que compõem o mínimo pública específica.
existencial. Se acolhida não acarreta a
improcedência da pretensão, mas sim seu
diferimento.
1º reconhece o dever de colocar no orçamento;
2º dever de aplicar tais verbas;
• STF reconheceu legitimidade ao MP para propor ACP que vise a anular acordo que conceda benefício fiscal
a determinada empresa (defende-se, nesse caso, a integridade do erário).
• STJ decidiu que o MP tem legitimidade para propor ACP visando à imposição de sanção por improbidade
em que a questão tributária seja analisada como causa de pedir.
• Por fim, a vedação do art. 1°, § único, da LACP não alcança tarifas e preços públicos, admitindo-se a ACP.
Elementos da ACP
a) Partes
b) Causa de pedir
c) Pedido
3.1. Partes = abordado no exame da legitimidade ad causam.
3.2. Causa de pedir = fundamentos fáticos e jurídicos da ação
• Art. 1°, IV, LACP = “qualquer outro interesse difuso ou coletivo”.
• Em razão do microssistema, permite-se também interesses individuais homogêneos de quaisquer
naturezas.
3.3. Pedido
• Objeto imediato: provimento judicial
✓ Por conta do microssistema, permite-se o ajuizamento de todas as espécies de ações capazes de
propiciar tutela adequada e efetiva:
a) ACP de conhecimento:
➢ provimentos condenatórios,
➢ provimentos constitutivos,
➢ provimentos meramente declaratórios.
b) ACP executiva;
✓ Sempre que possível, a ACP deve buscar:
▪ Tutela inibitória (visa impedir a prática, a continuação ou a repetição de atos ilícitos) ou
▪ Tutela de remoção do ilícito (reintegratória), destinada à remoção dos efeitos concretos da
conduta ilícita.
✓ Se não for possível, passa-se à tutela ressarcitória:
▪ 1º) tutela específica: reparação in natura / entrega da prestação inadimplida;
▪ 2°) resultado prático equivalente;
▪ 3º) condenação em obrigação de pagar.
✓ Por não ser titular do bem jurídico tutelado, o autor coletivo não pode abrir mão de seguir a ordem
acima indicada. A importância de seguir essa escala é especialmente sentida nas ameaças ou
lesões a bens naturalmente infungíveis (ex: antiga obra de arte integrante do patrimônio histórico-
cultural).
✓ Em caso de pedido de condenação em prol de direitos individuais homogêneos, o pedido deve ser
formulado de maneira abstrata, já que o objetivo do autor é obter uma condenação genérica (95,
CDC).
• Objeto mediato: bem da vida cuja tutela se postula judicialmente.
✓ Qualquer bem que possa ser objeto de interesse difuso, coletivo ou individual homogêneo pode ser
objeto mediato do pedido, com exceção daqueles listados no art. 1°, § único, da LACP (tributos,
contribuições previdenciárias, FGTS ou outros fundos de natureza institucional cujos destinatários
possam ser individualmente determinados).
▪ STF reconheceu que o MP tem legitimidade para propor ACP que vise anular acordo que
conceda benefício fiscal a determinada empresa – integridade do erário e higidez do
processo de arrecadação tributária.
▪ STJ já decidiu que o MP tem legitimidade para propõe ACP visando à imposição de sanção
por improbidade, cuja questão tributária seja analisada na causa de pedir.
▪ STF reconheceu a legitimidade do MP para propositura de ACP em defesa de direito
individuais homogêneos afetos ao FGTS.
▪ Tal vedação não abrange as tarifas públicas (preços públicos), pois não constituem tributos,
contribuições previdenciárias, FGTS ou outros fundos.
Competência
4.1. Competência originária nos tribunais de superposição
• STF: será originariamente competente para ACP nas seguintes hipóteses:
✓ EE/OI x U/E/DF
▪ Ex: MPF em face de Itaipu Binacional.
✓ U x E/DF, E/DF x E/DF.
▪ Ex: MPE/MG em face do Ibama contra licenciamento da transposição do São Francisco.
STF reconheceu sua própria competência, vislumbrando a existência de típico conflito
federativo, por envolver projeto de grande vulto do governo da União.
✓ Todos os membros da magistratura.
✓ Contra CNJ e CNMP.
• STJ: a Constituição não prevê nenhuma hipótese.
➔ Em regra, não existe foro por prerrogativa de função para ACP (ex: a presença do Presidente da República
no polo passivo de uma ACP não atrai a competência do STF).
4.2. Competência de jurisdição
• Justiça Militar: não tem competência para ACP.
• Justiça Eleitoral: em tese é possível. TSE não admite IC nem ACP sobre questões eleitorais;
• Justiça Trabalhista: STF já reconheceu competência para julgar ACP, quando tenha como causa de pedir
o descumprimento de normas trabalhistas relativas à segurança, higiene e saúde dos trabalhadores.
IMPORTANTE! Se extrapola o âmbito dos trabalhadores (ex: chaminé que lhes causa danos à saúde e
também polui o ar da cidade), a competência será da Justiça Comum.
• Justiça Comum: Federal x Estadual
✓ Art. 109, I, CF: presença da União, autarquia ou EP federal
▪ IMPORTANTE! Em uma ação, se a hipótese fixadora da competência da JF for apenas a
natureza federal de algum dos réus, não será possível, em relação aos demais, a formação
de eventual litisconsórcio passivo na JF, tendo em vista a natureza absoluta das hipóteses
de competência ratione personae do art. 109 da CF. Nesse caso, outra demanda deverá
ser proposta em face dos demais, na Justiça Estadual (ou Distrital).
▪ Presença do MPF é suficiente para deslocar competência p/ a JF?
➢ 1ª corrente - MPF é órgão da União, de modo que caberá à JF apreciar a demanda
em que figure como parte. STF e STJ adotam essa corrente.
➢ 2ª corrente - A presença do MPF no polo ativo não basta para fixar a competência
da JF.
✓ E nas comarcas que não sejam sede de vara da JF?
▪ Art. 109, §3°, CF: autoriza que a lei atribua competência à JE;
▪ STF e STJ entenderam que o art. 2° da LACP não cumpre essa função;
▪ Logo, a JE não pode julgar ACP que, a rigor, seja de competência da JF.
✓ Não existe competência originária, nas ACPs, determinada pelo status funcional de quem ocupa o
polo passivo.
• Competência de foro
✓ Regra geral = art. 2° da LACP: local do dano
c/c
art. 93 do CDC: extensão do dano
a) local onde ocorreu – âmbito local;
b) Capital do E/DF – âmbito regional ou nacional;
✓ Embora definida com base em critério territorial, a competência regulada no art. 2° da LACP é
funcional – portanto, absoluta.
✓ Por isso, é improrrogável por vontade das partes, que não podem, num TAC por exemplo, eleger
o foro competente para as questões relacionadas com o objeto do ajuste.
✓ É majoritário na doutrina o entendimento de que a competência nas ACP voltadas à defesa de
direitos individuais homogêneos também é de natureza absoluta, por aplicação da regra contida no
art. 2° da LACP.
✓ Dano local, regional ou nacional
Extensão do dano ou do risco Competência
LOCAL = um único ou poucos foros, ainda
Juízos de quaisquer dos foros atingidos
que em Estados vizinhos
REGIONAL = muitos foros de um único
estado, sem abranger todo o território Juízos com foro na capital do Estado atingido
estadual
REGIONAL = vários estados, e,
Juízos com foro nas capitais dos Estados atingidos
eventualmente o DF, sem abranger todo o
e juízos com foro no DF (quando atingido).
território nacional
Juízos com foro nas capitais de quaisquer dos
NACIONAL = todo o território nacional
Estados e juízos com foro no DF.
✓ Regras específicas
▪ ECA = local onde ocorreu ou deva ocorrer a ação ou omissão (art. 209).
▪ EI = domicílio do idoso (art. 80)
✓ Competência de juízo
▪ Várias Varas em tese competentes – a questão vai depender da lei de organização judiciária
local;
▪ JEsp Cíveis federais: há vedação expressa (art. 3°, § 1°, I, Lei 10.259/01).
▪ JEsp Cíveis estaduais: não têm competência, a despeito de não existir vedação
expressa.
• Denunciação da lide
✓ Em tese é possível, mas é vedada em ações movidas em face dos fornecedores quando fundadas
no fato do produto (art. 88 c/c art. 13, § único, CDC). STJ amplia a vedação e a aplica para as
demais hipóteses de responsabilidade civil por acidentes de consumo (art. 13 e 14 do CDC).
✓ STJ tem repelido a denunciação da lide nas ACP fundadas em responsabilidade objetiva do
réu, quando a denunciação invoca responsabilidade subjetiva de 3°.
• Chamamento ao processo – traz o responsável solidário para o processo.
✓ Em tese é viável.
✓ Mas não se admite quando a ação se funda na responsabilidade objetiva do réu (ex:
responsabilidade ambiental / fato do produto e do serviço nas relações de consumo).
✓ E no caso de dano ambiental? Particular demandado pode chamar o Poder Público, poluidor
indireto? NÃO!
▪ Solidariedade entre poluidor direto e indireto é estabelecida em prol da coletividade.
▪ Tendo reparado o dano, o poluidor direto não terá direito de regresso contra o Poder
Público, poluidor indireto. Responsabilizar o Poder Público equivaleria a penalizar mais uma
vez a sociedade.
▪ Se há dúvida sobre a solvibilidade do poluidor direto, pode o autor preferir processá-lo com
o Poder Público poluidor indireto. Nesse caso, se reparar o dano, o Poder Público terá direito
de regresso contra o poluidor direto.
• Oposição
✓ Hoje, no NCPC, não é intervenção de 3°, mas procedimento especial.
✓ Não é possível no processo coletivo, já que os legitimados atuam como substitutos processuais.
LOMP ✓ requisitar perícias aos órgãos da Administração Pública direta, indireta ou fundacional e neles
LOMPU
realizar inspeções e diligências investigatórias.
✓ Outra ferramenta disponibilizada ao MP para instruir o IC é a realização de audiência pública.
Consiste em uma assembleia para a qual são convidadas autoridades, entidades da sociedade civil
e a comunidade interessada, e em meio à qual, segundo as regras estabelecidas pelo presidente do
inquérito, os diversos interessados podem manifestar suas considerações acerca da questão em
foco, sem vincular a conclusão do MP. Legitimação à atuação da instituição;
5. Particularidades procedimentais
• A ACP pode seguir qualquer espécie de procedimento previsto no NCPC, a depender da causa de pedir e
do pedido em jogo. Normalmente, segue o rito comum, mas pode processar-se por procedimento especial
(por exemplo, uma ACP de reintegração de posse).
• Para viabilizar a participação dos demais colegitimados (art. 5°, §2°, LACP), o juiz deve determinar a
publicação de um edital no órgão oficial (art. 94, CDC).
✓ A ausência de publicação do edital, contudo, não constitui nulidade apta a ensejar a extinção da
ACP.
• Tutelas provisórias
✓ Art. 12, LACP: possibilidade de concessão de mandados liminares, com ou sem justificação
prévia.
✓ As liminares na ACP devem ser lidas de acordo com o regime do NCPC:
➢ Tutela de urgência
Tutela a) Cautelar
provisória b) Antecipada
➢ Tutela de evidência: não depende de periculum in mora, só fumus boni iuris;
✓ Quando requerida a tutela antecipada, mas juridicamente impossível a tutela
específica, é licito ao juiz deferir, de oficio, liminar diversa da requerida pelo autor, para determinar
providencias que assegurem o resultado prático equivalente;
✓ Todas podem ser concedidas em sede de ACP.
✓ Fator de restrição às tutelas provisórias em ACP é o art. 16 – limites territoriais.
INCONSTITUCIONAL
✓ Oitiva prévia dos representantes judiciais da Fazenda Pública (art. 2° da Lei 8.437/92)
▪ “No MS e na ACP, a liminar será concedida, quando cabível, após a audiência do
representante judicial da pessoa jurídica de direito público, que deverá se pronunciar
no prazo de 72 horas”. Declarado inconstitucional pelo Supremo na lei de MS.
▪ Aplica-se somente às PJ de direito público.
▪ Em regra, se for desrespeitado, acarreta a nulidade da tutela.
▪ Todavia, a norma poderá ser excepcionada quando, no caso concreto, verificar-se que
seu atendimento geraria risco de dano irreparável ou de difícil reparação aos bens
que se pretende tutelar na ação (STF já se pronunciou nesse sentido).
✓ Meios de impugnação das tutelas provisórias
▪ Recurso = agravo de instrumento
▪ Ação exauriente contra tutela antecipada estabilizada;
▪ Pedido de suspensão da execução da liminar = suspensão de segurança
➢ Não tem natureza jurídica de recurso.
➢ Trata-se de incidente processual, dirigido ao Presidente do Tribunal a que competir
o julgamento do recurso contra a liminar.
• Desistência e abandono
✓ Se QUALQUER colegitimado desistir infundadamente (princípio da disponibilidade motivada da
ação coletiva) ou abandonar o processo, o MP, por força do princípio da obrigatoriedade, deverá
assumir o polo ativo. Masson entende que se o MP pode desistir fundamentadamente, pode
também deixar de assumir o polo ativo em caso de desistência ou de abandono, desde que o faça
fundamentadamente.
✓ A regra é outra para os demais colegitimados: eles PODERÃO.
✓ O MP só poderá desistir fundamentadamente. Se o juiz discordar, pode remeter ao CSMP.
✓ Nessa linha, o STJ já evitou a extinção de ACP por vício de representação da associação autora,
aplicando, por analogia, a regra que manda o MP assumir o polo ativo.
✓ Cabe reconvenção em ACP? Tema polêmico, mas entende-se que NÃO!
▪ Na maior parte das ACPs, o autor é substituto processual e legitimado a atuar nessa
condição apenas no polo ativo.
▪ Não obstante a inovação trazida pelo art. 343, §5°, do NCPC (“Se o autor for substituto
processual, o reconvinte deverá afirmar ser titular de direito em face do substituído, e a
reconvenção deverá ser proposta em face do autor, também na qualidade de substituto
processual”), entende-se que ela não se aplica à ACP, pois nela apenas se admite a
substituição no polo ativo.
▪ Masson conclui: “por ora, cremos só seja admissível a reconvenção em face do substituto
processual coletivo em casos excepcionais” (ex: sindicatos em dissídios coletivos ou em
ações p/ coibir exercício abusivo do direito de greve) Quando possam substituir os titulares
de direitos materiais em ações coletivas passivas.
▪ DIDIER defende a possibilidade;
Resolução amigável dos conflitos
FORMAS DE SOLUÇÃO CONSENSUAL:
• Recomendação: instrumento de atuação extrajudicial do MP. Persuadir o destinatário a praticar ou deixar
de praticar determinados atos. Resolução 164/2017 do CNMP;
o Instrumento de prevenção de responsabilidades ou correção de condutas.
o Pode ser expedida no bojo de um IC, procedimento preparatório ou procedimento administrativo;
o Caso não exista nenhum procedimento, só é admitida a expedição em caso de urgência.
o Preventiva ou corretiva; preliminar ou corretiva; Dirigida a qualquer pessoa física ou jurídica, de
direito público ou privado;
o PGJ – autoridades a quem compete enviar correspondências e comunicações envia a
recomendação. Não cabe a chefia valorar o conteúdo.
o Não possui caráter coercitivo;
• NEGOCIAÇÃO: controvérsias em que o MP possa atuar como parte na defesa dos direitos e interesses da
sociedade; Resolução 118/2014 do CNMP
• MEDIAÇÃO, CONCILIAÇÃO E PRATICAS RESTAURATIVAS: Aqui o MP, muito embora não possa ser
parte na defesa dos direitos em disputa, cumpre-lhe de algum modo intervir para auxiliar na resolução
pacífica da controvérsia.
o Mediação: envolvam relações jurídicas nas quais seja importante a direta e voluntária ação de
ambas as partes;
o Conciliação: situações em que seja necessária uma intervenção maior do membro do MP, do
servidor ou do voluntário;
o Praticas restaurativas: recomendadas como mecanismos de reparação ou minoração de dano bem
como a reintegração do infrator e harmonização social.
o Convenções processuais → art. 190 do CPC;
Autocomposição extrajudicial: o COMPROMISSO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA: acordos extrajudiciais
versando sobre interesses metaindividuais; Resolução 179/2017
• Previsão legal
✓ Art. 211, ECA: introdução no ordenamento.
✓ Art. 5°, § 6°, LACP: acrescentando pelo art. 113 do CDC;
✓ Lei 12.529/2011: compromisso de cessação da pratica sob investigação ou dos seus efeitos lesivos;
• Legitimação: apenas os órgãos públicos legitimados.
✓ SEM e EP podem celebrar? 2 correntes:
a. NÃO – não possuem personalidade jurídica de direito público.
b. DEPENDE
➢ Se prestadoras de serviço público: SIM
➢ Se exploradoras de atividade econômica: NÃO
✓ Associação de direito privado – recente decisão do STF
A associação privada autora de uma ação civil pública pode fazer transação com o réu e pedir a extinção do processo,
nos termos do art. 487, III, “b”, do CPC. O art. 5º, § 6º da Lei nº 7.347/85 (Lei da Ação Civil Pública) prevê que os
órgãos públicos podem fazer acordos nas ações civis públicas em curso, não mencionando as associações privadas.
Apesar disso, a ausência de disposição normativa expressa no que concerne a associações privadas não
afasta a viabilidade do acordo. Isso porque a existência de previsão explícita unicamente quanto aos entes
públicos diz respeito ao fato de que somente podem fazer o que a lei determina, ao passo que aos entes
privados é dado fazer tudo que a lei não proíbe. STF. Plenário. ADPF 165/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski,
julgado em 1º/3/2018 (Info 892).
• Ainda que apenas parte dos colegitimados possam celebrar TAC, TODOS eles podem executar o TAC
celebrado pelo órgão público. IMPORTANTE: se ninguém executar, o MP é obrigado a executar o TAC
celebrado, desde que o objeto esteja entre suas funções institucionais (princípio da obrigatoriedade).
• Natureza jurídica – trata-se de transação? Há controvérsia:
✓ SIM, embora não seja possível fazer concessões quanto ao direito material, mas apenas quanto ao
modo, tempo e lugar do cumprimento da obrigação.
✓ NÃO, pelo CC (arts. 840, 841), transação é forma de resolução de litígios em que há concessões
mútuas, o que não pode ocorrer na esfera dos interesses transindividuais. Aqui, há quem considere
uma espécie de acordo e outros que consideram um ato administrativo negocial;
✓ Resolução 179/2017: NEGÓCIO JURÍDICO.
➔ O STJ já admitiu, excepcionalmente, transação envolvendo direitos difusos, quando impossível a recondução ao
status quo ante.
• Objeto
✓ O tomador do compromisso não pode abdicar, ainda que parcialmente, do seu conteúdo (desmatou
9 ha e o compromisso se limita a 8).
✓ O compromisso deve ser formulado de maneira a fixar apenas o modo, o lugar e o tempo no qual
o dano ao interesse transindividual deve ser reparado, ou a ameaça afastada, na sua
integralidade.
✓ O TAC é um sucedâneo da ACP. Logo, a reparação financeira deve ser destinada ao fundo do art.
13 da LACP, não podendo, por exemplo, ser convertida em obrigação de natureza diversa (STJ já
decidiu pela nulidade de obrigação consubstanciada na entrega de computador a órgão ambiental).
• Cominações
✓ Têm natureza cominatória (de estímulo ao cumprimento das obrigações pactuadas), e não
compensatória.
Súmula 23 do CSMP-SP: A multa fixada em compromisso de ajustamento não deve ter caráter
compensatório, e sim cominatório, pois nas obrigações de fazer ou não fazer normalmente mais
interessa o cumprimento da obrigação pelo próprio devedor que o correspondente econômico.
✓ Pode assumir qualquer espécie:
▪ Multa diária ou multa a cada vez que se repete o inadimplemento;
▪ Obrigação de fazer;
▪ Obrigação de não fazer.
✓ Se acordo não prevê, nada impede que o juiz venha fixá-la quando o título lhe é apresentado para
execução.
• Compromisso de ajustamento de conduta tomado em IC ou em procedimento preparatório
✓ Entende-se que o MP só pode celebrar TAC no bojo de um IC ou de um procedimento preparatório.
✓ Firmado o TAC, dois caminhos podem se seguir (a depender da lei de cada MP)
▪ No MPF, o TAC já é executável desde logo, ficando o IC ou PPIC suspenso.
▪ No MPSP e no MPBA, o procedimento é o seguinte: partes celebram TAC → Promotor
promove arquivamento do IC ou do PPIC → CSMP analisa se o TAC é adequado → Autos
retornam ao Promotor, para que intime o compromissário a dar início ao cumprimento das
obrigações.
• Compromisso de ajustamento de conduta preliminar: abriga soluções parciais ou provisórias
• Complementação, impugnação e novação do compromisso
✓ Decorrem do fato de que o colegitimado não é titular do bem jurídico, mas apenas seu “portador
adequado”.
✓ Portanto, qualquer colegitimado (mesmo o que celebrou o acordo) pode buscar sua
complementação e/ou impugnação, quando o título for incompleto (suas cláusulas não protegem
a integralidade do bem jurídico) ou contiver vício insanável, por duas vias:
▪ Celebração de novo termo por qualquer órgão público legitimado;
▪ Propositura de ACP por qualquer colegitimado (STJ já reconheceu essa possibilidade).
Autocomposição judicial
• Não há previsão legal que reserve apenas aos órgãos públicos a legitimidade para celebrar autocomposição
judicial sobre interesses judiciais. Isso porque...
✓ O MP participa em toda ação coletiva;
✓ Há controle judicial, podendo o juiz deixar de homologar o acordo incompleto ou viciado.
• Mesmo que não faça parte do processo, o colegitimado pode refutar o acordo celebrado em juízo.
• Até mesmo o cidadão (em caso de ACP cujo pedido poderia ter sido formulado em AP) e o indivíduo lesado
(em caso de ACP que veicule interesse individual homogêneo), não se conformando com os termos do
acordo judicial, podem interpor recurso de terceiro prejudicado (art. 996, NCPC).
Sentença, meios de impugnação e coisa julgada
7.1.Sentença
• A ACP permite diversas espécies de sentenças (declaratórias, constitutivas e condenatórias). Entre elas,
destacam-se as sentenças condenatórias em obrigações de fazer, não fazer e/ou pagar.
• Obrigações de fazer ou não fazer
✓ 84, CDC: em ação que tenha por objeto obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela
específica da obrigação. O que é tutela específica?
▪ Aquela que mantém intacta a esfera jurídica do autor (tutela preventiva).
▪ Aquela que restitui com exatidão à situação existente antes do dano ou do ilícito (tutela
repressiva).
▪ Aquela que provê exatamente a prestação contemplada no contrato (tutela específica da
obrigação inadimplida).
✓ Ordem a ser observada pelo juiz (e pelos legitimados na hora de efetuar os pedidos):
▪ 1º) Tutela específica
▪ 2º) Resultado prático equivalente
➢ Quando a tutela específica não foi tecnicamente possível.
➢ Quando houver meio de entregar ao autor um resultado equivalente, com menos
restrições à esfera jurídica do réu (autor pede interdição da indústria poluidora,
mas os exames periciais comprovam que um sistema de tratamento de efluentes
é plenamente eficaz).
➢ Em matéria ambiental, fala-se em compensação ambiental (compensação
ecológica) OBS: só quando a recomposição do bem (tutela específica) for
tecnicamente inviável.
▪ 3°) Pagamento do equivalente em pecúnia
• Obrigação de pagar
✓ Existe em duas hipóteses
▪ Impossibilidade da tutela específica ou da que assegura resultado prático equivalente.
▪ Quando a própria tutela específica for de obrigação de pagar.
✓ No caso de direitos difusos e coletivos, a sentença fixa o valor da condenação, bem como seu
destinatário. Tem-se, assim, sentença condenatória específica.
▪ Direitos difusos: vai para um fundo federal ou estadual de reconstituição dos direitos
difusos violados. EXCEÇÃO: Caso de lesão ao erário, o valor é destinado ao patrimônio
da respectiva fazenda pública.
✓ No caso de direitos individuais homogêneos, a sentença é condenatória genérica.
7.2. Impugnação
✓ Recursos
▪ Na falta de normas especiais, os recursos serão regidos subsidiariamente pelas regras gerais do
NCPC.
▪ Logo, aplicam-se as regras sobre prazo em dobro (que, relembre-se, inclui o MP).
▪ Quanto aos efeitos, a LACP traz norma específica (art. 14):
➢ a regra é o recebimento dos recursos apenas no efeito devolutivo,
➢ mas o juiz poderá conferir efeito suspensivo, p/ evitar dano irreparável.
▪ Vale lembrar que o ECA traz regramento bem peculiar.
✓ Reexame necessário: STJ aplica tratamento da LAP (art. 19).
▪ STJ não aplica em casos de direitos individuais homogêneos, pois são acidentalmente
coletivos;
✓ Regramento do ECA: a) recursos independem de preparo; b) prazo para interpor e responder apelação é
de 10 dias; c)recursos tem preferencia de julgamento e dispensam revisor (Idosos também); d) juiz pode
exercer juízo de retratação não somente em agravos, como também em qualquer apelação.
✓ Pedido de suspensão da execução da sentença não transitada em julgado: incidente processual, art.
4º, §1º, da Lei n. 8.437/1992, visa obstar a execução de sentenças não transitadas em julgado proferidas
em ACP contra o Poder Público. Não visa reforma do mérito, simplesmente quer evitar sua execução
provisória;
7.3. Coisa julgada
• Esquema legal
Interesses Interesses Interesses individuais
difusos coletivos homogêneos
Coisa julgada Coisa julgada Coisa julgada erga omnes
Procedência
erga omnes ultra partes
Improcedência Coisa julgada Coisa julgada ➔ Há coisa julgada
por pretensão erga omnes ultra partes • p/ colegitimados,
infundada • p/ ações coletivas
Improcedência Não há coisa Não há coisa ➔ O lesado pode ajuizar demanda
por julgada julgada individual, desde que não tenha se
insuficiência de valido da faculdade do 94, CDC.
provas
Coisa julgada material é secundum Coisa julgada material é secundum
eventum litis: depende de ser a eventum litis (não é secundum
sentença favorável (procedência) ou eventum probationis). Mesmo a
desfavorável (improcedência) ao improcedência por pretensão
Regime da
autor. infundada (c/ esgotamento de
coisa julgada
Coisa julgada material é, ainda, provas) não afeta o direito de as
(Masson)
secundum eventum probationis, vítimas buscarem sua tutela
mas SOMENTE NOS CASOS DE mediante ações individuais. Ou
IMPROCEDÊNCIA. seja, no caso de improcedência, por
qualquer fundamento que seja, não
há coisa julgada erga omnes.
[...] 4. A res iudicata nas Ações Coletivas é ampla, em razão mesmo da existência da multiplicidade de
indivíduos concretamente lesados de forma difusa e indivisível, não havendo que confundir competência do
juiz que profere a sentença com o alcance e os efeitos decorrentes da coisa julgada coletiva.
5. Limitar os efeitos da coisa julgada coletiva seria um mitigar exdrúxulo da efetividade de decisão judicial
em Ação Coletiva. Mais ainda: reduzir a eficácia de tal decisão à "extensão" territorial do órgão prolator seria
confusão atécnica dos institutos que balizam os critérios de competência adotados em nossos diplomas
processuais, mormente quando - por força do normativo de regência do Mandado de Segurança (hígido neste
ponto) - a fixação do Juízo se dá (deu) em razão da pessoa que praticou o ato (ratione personae).
6. Por força do que dispõem o Código de Defesa do Consumidor e a Lei da Ação Civil Pública sobre a tutela coletiva,
sufragados pela Lei do Mandado de Segurança (art. 22), impõe-se a interpretação sistemática do art. 2º-A da Lei
9.494/1997, de forma a prevalecer o entendimento de que a abrangência da coisa julgada é determinada pelo pedido,
pelas pessoas afetadas, e de que a imutabilidade dos efeitos que uma sentença coletiva produz deriva de seu trânsito
em julgado, e não da competência do órgão jurisdicional que a proferiu.
7. Há que se respeitar, ainda, o disposto no REsp 1.243.887/PR representativo de controvérsia, porquanto naquele
julgado já se vaticinara a interpretação a ser conferida ao art. 16 da Lei da Ação Civil Pública (alterado pelo art. 2º-A
da Lei 9.494/1997), de modo a harmonizá-lo com os demais preceitos legais aplicáveis ao tema, em especial às
regras de tutela coletiva previstas no Código de Defesa do Consumidor [...].
9. Recurso Especial não conhecido. (REsp 1746416/PR, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA,
julgado em 16/08/2018, DJe 13/11/2018).
OBS. Art. 2°-A da Lei 9.494/97. Ação coletiva proposta por entidade
associativa. O STJ continua exigindo que a lista de associados seja anexada
à petição inicial, não para limitar territorialmente os efeitos da sentença, mas
para delimitar seus efeitos subjetivos, porque aqueles que se associarem
STF: passou a afastar das ACP a posteriormente ao ajuizamento da ação não terão direito a se beneficiar da
incidência do art. 2º-A da Lei 9.494/1997, tal dispositivo será aplicável somente às ações coletivas de rito ordinário,
sentença.
cuja legitimação ativa tem natureza de representação, mas não às ACP que se dá, diversamente, substituição
processual. RE 612.043
✓ 2021: DECISÃO DO STF: I - É inconstitucional o art. 16 da Lei nº 7.347/85, alterada pela Lei nº 9.494/97. II
- Em se tratando de ação civil pública de efeitos nacionais ou regionais, a competência deve observar
o art. 93, II, da Lei nº 8.078/90 (CDC). III - Ajuizadas múltiplas ações civis públicas de âmbito nacional ou
regional, firma-se a prevenção do juízo que primeiro conheceu de uma delas, para o julgamento de
todas as demandas conexas. STF. Plenário. RE 1101937/SP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
7/4/2021 (Repercussão Geral – Tema 1075) (Info 1012).
▪ Principais argumentos: 1) proteção constitucional dos interesses difusos e coletivos – CF
ampliou essa proteção, prevendo instrumento para sua efetividade; 2) Lei nº 9.494/97
representa retrocesso na proteção dos interesses difusos e coletivos; 3) grave prejuízo a
isonomia e a efetividade da prestação jurisdicional.
AÇÃO POPULAR
Considerações iniciais
• Instrumento de democracia participativa (art. 1º, parágrafo único, CF);
• Controle dos atos da administração;
• Mecanismo de tutela de interesses transindividuais: permite impugnar atos lesivos a bens difusos: patrimônio
público, moralidade administrativa e meio ambiente;
• Rito aplicável: procedimento comum com adaptações da LAP e do microssistema;
Condições da ação
Legitimidade ad causam
• Legitimidade ativa
o Cidadão – prova com titulo eleitoral;
o Não se resume ao município em que é eleitor;
o MPSP: A questão do meio ambiente: conceito amplo de cidadão englobando os estrangeiros;
o Não dispensa a capacidade postulatória
o Natureza jurídica da legitimidade ativa do cidadão:
▪ Legitimação extraordinária: defesa de direito alheio em nome próprio. Dominante;
▪ Legitimação ordinária: José Afonso da Silva, o cidadão é titular;
o Concorrente e disjuntiva;
o Representatividade adequada ope legis: lei e constituição;
o PJ não tem legitimidade para AP;
• Legitimidade passiva
Art. 6º A ação será proposta contra as pessoas públicas ou privadas e as entidades referidas no art. 1º, contra as
autoridades, funcionários ou administradores que houverem autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato
impugnado, ou que, por omissas, tiverem dado oportunidade à lesão, e contra os beneficiários diretos do mesmo.
§ 1º Se não houver benefício direto do ato lesivo, ou se for ele indeterminado ou desconhecido, a ação será
proposta somente contra as outras pessoas indicadas neste artigo.
§ 2º No caso de que trata o inciso II, item "b", do art. 4º, quando o valor real do bem for inferior ao da avaliação,
citar-se-ão como réus, além das pessoas públicas ou privadas e entidades referidas no art. 1º, apenas os
responsáveis pela avaliação inexata e os beneficiários da mesma.
Quem deve ser citado numa ação popular?
Entidades do art. 1º, cujo patrimônio seja
lesado ou ameaçado de lesão pelo ato
impugnado.
Agente(s) público(s) (autoridade, administrador,
funcionário) ligados a tal entidade, e que, com
sua conduta ativa, materializam o ato lesivo ao
patrimônio publico, moralidade administrativa e
meio ambiente, salvo no caso do art. 4º, II, b,
Responsáveis pelo ato (conduta ativa)
quando a responsabilidade for exclusiva do
avaliador.
Qualquer outra pessoa física ou jurídica que
com sua conduta ativa, dá causa a ato lesivo ao
meio ambiente ou á moralidade administrativa;
Agente(s) público(s) (autoridade, administrador,
funcionário) que com sua conduta omissiva,
materializam o ato lesivo ao patrimônio publico,
moralidade administrativa, salvo no caso do art.
4º, II, b, quando a responsabilidade for exclusiva
Responsáveis pela lesão (conduta omissiva)
do avaliador.
Qualquer outra pessoa física ou jurídica que
com sua conduta omissiva, dá causa a ato
lesivo ao meio ambiente ou á moralidade
administrativa;
Beneficiários diretos Aqueles a quem o responsável pelo ato visa
favorecer;
Interesse Processual
• Quando o autor tem necessidade de buscar um provimento jurisdicional para concretizar sua pretensão, e
desde que haja adequação entre o pedido por ele deduzido e a pretensão a ser satisfeita;
• Indispensável a existência, no mínimo, de um ato capaz de gerar o dano;
• Ato invalidado pela administração:
o Se foi anulado mas a decisão administrativa que anulou não determinou que o responsável
providencie a reconstituição do patrimônio a AP deve continuar;
o Se foi revogado, aplica o anterior, desde que o ato também tenha sido ilegal, exceto no dano contra
o meio ambiente que não reclama a ilegalidade do ato;
Elementos da ação
Partes
Vide acima;
Causa de Pedir
• Ato que se pretende invalidar;
• Sua lesividade;
• LAP divide os atos por ela invalidáveis em nulos e anuláveis:
o Nulos: além de lesivos ao patrimônio público incorrem em algum dos seguintes defeitos:
▪ Incompetência;
▪ Vicio de forma;
▪ Ilegalidade do objeto;
▪ Inexistência de motivos;
▪ Desvio de finalidade
▪ Art. 4º, LAP: Lesividade presumida;
o Anuláveis: regras do direito privado;
▪ Lesivos ao patrimônio público;
▪ Vícios que os tornem invalidáveis;
o Dissenso quanto à necessária ilegalidade do ato:
▪ 1 corrente: atos devem ser lesivos e ilegais, art. 5º, LXXIII, CF, menciona ato lesivo;
Contrariedade a lei em sentido amplo, não somente alegar a violação ao p. da moralidade
administrativa;
▪ 2 corrente: ilegalidade já não é pressuposto necessário á ação popular, no caso da
moralidade administrativa e meio ambiente, basta que os atos sejam lesivos a tais
interesses, STJ:
➢ Cumprimento do p. da moralidade é dever do administrador e direito do cidadão;
➢ Moralidade administrativa tem nível constitucional;
➢ Ação popular defende interesses não só de ordem patrimonial como também de
ordem moral e cívica;
➢ O móvel da ação popular não é apenas restabelecer a legalidade, mas também
punir ou reprimir a imoralidade;
o Lesividade do ato é necessário!
Pedido
• Objeto imediato: é o provimento jurisdicional postulado na ação;
o toda AP deve ter por pedido a invalidação de um ato;
o Efetiva ocorrência do dano é dispensável;
o Admite-se pedido:
▪ declaratório de nulidade ou desconstitutivo (anulatório) em caráter preventivo, cumulado
com pedido de obrigação de fazer ou não fazer;
▪ Caso já haja dano: pedido condenatório cumulado com:
➢ Invalidação do ato + condenação em obrigação de fazer/não fazer; ou até mesmo
entregar coisa certa;
o Atos sindicáveis:
▪ Ato administrativo unilateral ou bilateral;
➢ Possuam forma de norma podem ser, exceto de forem lei em sentido formal ou
material;
➢ Atos judiciais: só atípicos;
➢ Atos administrativos discricionários? Controvertido.
• Objeto mediato
o Patrimônio público x erário: LAP usa o termo em sentido amplo
COMPETÊNCIA
• Verificar inicialmente se a competência não é de algum tribunal;
• Competência originária do STF:
o Ações em que todos os membros da magistratura sejam partes ou interessados;
o Mais da metade dos membros do tribunal estiverem impedidas;
• Competência do STJ: não se vislumbra;
• Justiças Especiais:
o Militar: só ações penais;
o Eleitoral: causas relativas ao processo eleitoral podem ter;
o Justiça trabalhista: possível;
• Justiça Federal:
o Qualidade dos interessados: União, autarquias, Empresas Públicas Federais;
o STJ: a competência da JF não compete processar e julgar ação popular, qualificando entre os réus
sociedade de economia mista não mencionada entre as entidades públicas albergadas nas
disposições do art. 109, I, da CF;
• Não há foro por prerrogativa de função na LAP;
CONEXÃO, CONTINÊNCIA E LITISPENDÊNCIA
• É possível haver entre ações populares e entre estas e ações civis públicas;
• Marco temporal da prevenção: propositura da primeira ação;
• Possível conexão entre AP e MS coletivo; continência e litispendência é discutível;
• Seria possível a reunião dessas ações?
o Algumas decisões a favor e contra;
PROVA
• Prova documental – regras específicas:
o Certidão e informações: 15 dias
▪ Negativa: interesse público devidamente justificado;
• Crime do art. 8º da LAP:
o Não fornecimento das certidões, informações, fotocópias de documentos;
PARTICULARIDADES PROCEDIMENTAIS
• Liminares:
o Possibilidade de suspensão liminar do ato lesivo (art. 5º, §1º, LAP);
o Aplicação subsidiárias do CPC;
o OBS: não se aplica as limitações das Leis 8.437/92 e 9.494/97 que incidem sobre as liminares na
CP e no MS coletivo;
▪ Liminar pode ser concedida sem audiência prévia da fazenda pública;
▪ Não estão limitadas á competência territorial do órgão prolator;
▪ Possibilidade de “suspensão de segurança” – sustar a exequibilidade das liminares
proferidas em face do poder público;
• Requisição de documentos e certidões
• Citação dos beneficiários e responsáveis
o LAP prevê a possibilidade de citação por edital dos beneficiários;
▪ 1ª Corrente: só é aplicável nas hipóteses do art. 256, CPC, ou seja, se o réu for
desconhecido e incerto ou estiver em local incerto;
▪ 2ª Corrente: mera opção a escolha do autor, STJ.
o Pode haver citação posterior, mesmo depois do saneamento do processo, desde que antes da
prolação da sentença;
• Prazo para contestar: 20 dias prorrogáveis por mais 20;
o Não há prazo em dobro para a fazenda;
• Possíveis atitudes para a entidade cujo ato é impugnado:
o Contestar o pedido - preservação do ato;
o Abster-se de contestar o pedido;
o Atuar ao lado do autor – considerando o ato lesivo ou ilegal; Depende de manifestação expressa.
o Correntes sobre a natureza jurídica da atuação da fazenda pública:
▪ Assistência simples;
▪ Assistência litisconsorcial;
• Demais peculiaridades:
o Não há incompatibilidade, a priori, com a denunciação da lide;
o Admite-se amicus curiae;
o Não é cabível reconvenção;
ATUAÇÃO DO MP
• Intimação obrigatória;
• Hely Lopes: parte pública autônoma;
• Fiscal da lei:
o Primar por que sejam observadas as normas processuais de ordem pública;
o Atingimento dos fins da ação popular;
o Atual perfil constitucional do MP: não pode impedi-lo de posicionar-se pela improcedência da ação;
• Órgão ativador da prova e auxiliar do autor popular
• Sucessor do autor – art. 9º, LAP;
o Autor desiste ou abandona;
• Outras funções:
o Recorrer nas decisões contrarias ao autor;
o Execução obrigatória da sentença;
SENTENÇA, MEIOS DE IMPUGNAÇÃO E COISA JULGADA
• Obedecem as regras do CPC;
• P. da congruência – exceção trazida pela LAP:
o Pedido condenatório implícito (perdas e danos) art. 11, LAP;
• Extinção do processo ou improcedência: reexame necessário;
• Pedido de suspensão de execução de sentença;
• Coisa julgada
o Coisa julgada material secundum eventum litis;
LIQUIDAÇÃO E EXECUÇÃO DE SENTENÇAS
• Capitulo invalidatório – cunho satisfativo;
• Capitulo condenatório – precisa ser liquidada se for ilíquida;
o Juiz competente: mesmo que decidiu a causa;
o Legitimidade: autor, terceiros e MP (passado 60 dias);
o Possibilidade de execução provisória após a publicação da condenação de segunda instancia;
Considerações Finais
• Pagamento de custas e preparo ao final;
• Réu tem que pagar custas e demais despesas;
• Lide manifestamente temerária: décuplo das custas (autor);
• Prazo: 5 anos;
o Dano ambiental: imprescritível;
• Prescrição da execução da sentença condenatória:
o 1 – se sujeita a prescrição nos termos da sumula 150 do STF;
o 2 – Especificamente no que se refere ao direito ao ressarcimento ao erário é imprescritível;
URBANÍSTICO
URBANÍSTICO
Regularização fundiária → 3 dimensões:
➢ Dimensão Urbanística: investimentos necessários para melhoria das condições de vida da população;
➢ Dimensão jurídica: instrumentos que possibilitam a aquisição da propriedade nas áreas privadas e
reconhecimento da posse nas áreas públicas;
➢ Dimensão registraria: atribuir eficácia para todos os efeitos civis;
Usucapião em loteamento irregular: Pode! Direito de propriedade declarado pela sentença (dimensão jurídica) não
se confunde com a certificação e publicidade que emerge do registro *dimensão registraria) ou com a regularidade
urbanística da ocupação levada a efeito (dimensão urbanística); STF: preenchidos os requisitos do art. 183 da
Constituição Federal, o reconhecimento do direito à usucapião especial urbana não pode ser obstado por
legislação infraconstitucional que estabeleça módulos urbanos na respectiva área em que situado o imóvel (dimensão
do lote).
LEI DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
DEFESA DO PATRIMÔNIO PÚBLICO
➢ Convenção Interamericana contra a corrupção (1996)
➢ Convenção sobre combate da corrupção de funcionários públicos estrangeiros em transações comerciais
internacionais (1997) → principal influência para a Lei n. 12.846/13 (LAE);
➢ Convenção das Nações Unidas contra a corrupção (Convenção de Mérida de 2003) → os estados partes
podem adotar medidas mais restritas → VEDAÇÃO AO RETROCESSO → Ratificada pelo Brasil em 2006;
CONVENÇÃO DE MÉRIDA → art. 65 → piso mínimo para punição dos atos de corrupção → principio da vedação
ao retrocesso;
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
➢ Art. 37, §4º, da CF → Lei 8.429/92;
➢ Conceito: é a deslealdade, desonestidade, má conduta, desvio moral; é o ato desonesto no trato com a coisa
pública;
➢ Bens Jurídicos tutelados pela LIA: Moralidade administrativa e patrimônio público;
➢ Conceito amplo de patrimônio público;
SUJEITO PASSIVO
➢ Administração pública direta e indireta;
➢ Entes privados que recebam subvenção, benefício ou incentivo fiscal ou creditício;
➢ Entes Privados: ou para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra no seu patrimônio ou
receita anual;
ATENÇÃO: a) LIA só incide se houver ofensa ao patrimônio da entidade; b) sanção patrimonial se limita à
repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos; c) demais sanções do art. 12 são aplicáveis
normalmente, o legislador só limitou a sanção patrimonial; OBS: Só incide a LIA se tiver lesão ao patrimônio público,
se for só ofensa a principio da administração, sem lesão, não incide.
➢ Concessionárias? Na concessão comum NÃO;
➢ PPP → NÃO;
➢ Consórcios → SIM;
➢ Conselhos de fiscalização → SIM, contribuição tem natureza parafiscal (tributária), exceto OAB;
SUJEITO ATIVO
➢ Agentes públicos;
➢ Particular: PF ou PJ que recebe recursos públicos por meio de convenio, contrato de repasse ou ajuste
administrativo equivalente;
➢ Art. 3º → norma de extensão para “pegar” o particular; → esse terceiro particular tem que agir de modo
doloso;
➢ E o beneficiário → pela atual redação só responde aquele que concorre ou induz;
ATENÇÃO: Professor Landolfo defende uma interpretação lógico sistemática. Interpretar esse art. 3º em
conformidade com o art. 17-C, VI, da LIA;
➢ Mitigação da responsabilidade de sócios, cotistas, diretores e colaboradores de PJ de direito privado → se
ele tiver concorrido para a prática do ato ímprobo e se beneficiado diretamente;
➢ Aplicação da LIA aos agentes políticos → STF → exceto o PR, todos estão sujeitos a duplo regime
sancionatório;
➢ Não alcança a PJ na hipótese em que a conduta também configurar ato lesivo à administração pública;
Revogação tácita do art. 30, I, da LAE;
OBS: a técnica legislativa era descrição genérica no caput + rol exemplificativo nos incisos, permanece assim só no
art. 9 e 10;
TENTATIVA → antes era enquadrada no art. 11, hoje não pode mais. Será levada em consideração a não
consumação na aplicação da sanção pelo juiz, como critério de dosimetria;
REGIME SANCIONATÓRIO
➢ Art. 37, §4º, CF;
➢ Art. 12 da LIA;
➢ Só poderão ser executadas em caráter definitivo;
➢ A questão do dano moral → STJ entendia que poderia, se preenchido os requisitos: a)desprestígio causado
à entidade pública; b) sentimento de desapreço que afeta negativamente toda a coletividade (dano moral
coletivo); PÓS REFORMA: 1C – não cabe dano moral coletivo (revogação do art. 5º; nova redação do art.
12 só fala em dano patrimonial; natureza exclusivamente repressiva da LIA); 2C – Cabe dano moral coletivo
(aplicação do microssistema da tutela coletiva; tramitando a LIA sob o rito ordinário do CPC, não haveria
óbides para cumulação de pedidos numa mesma demanda);
➢ Transmissão aos herdeiros → somente reparação do dano e perdimento dos bens e valores. NÃO transmite
mais a multa civil.
NOVO REGIME PRESCRICIONAL
➢ Prazo único: 8 anos. Termo de início: a) ocorrência do fato ou b) dia que cessou o ilícito (infrações
permanentes);
➢ E no caso de continuidade delitiva LIA não traz solução, aplica a LAE, art. 25 → cessação da continuidade;
➢ Pontos positivos: uniformidade do prazo prescricional;
➢ Pontos negativos: dificulta o acesso à justiça; quebra do padrão das normas do microssistema; vai na
contramão da jurisprudência do STJ (vinha aplicando a actio nata subjetiva nas ações de improbidade);
➢ SUSPENSÃO DO PRAZO: instauração de inquérito civil ou PA do art. 14 da LIA → máximo 180 dias corridos;
pausa o prazo, recomeça de onde parou;
Art. 19 da LIA – Crime de representação caluniosa → Landolfo defende que se encontra revogado desde 2020 pela
alteração no art. 339 do CP;
ATENTE:
Testes de fatores: parâmetros para a avaliação da resolutividade e da qualidade de atuação dos membros;
Procedimento:
➢ Oitiva do ente lesado → MP não fica vinculado;
➢ “Aprovação” do órgão de revisão ministerial em caso de ANPC extrajudicial → âmbito estadual: Conselho
Superior; âmbito federal: 5ª câmara de coordenação e revisão; Se aprovado no curso da AIA não exige essa
aprovação;
➢ Homologação judicial: SEMPRE, independente do momento da celebração.
➢ Oitiva do Tribunal de Contas: interpretada de acordo com a autonomia funcional do MP, apenas se o MP
precisar de auxilio para definição do valor do dano causado;
➢ Momento para celebração do ANPC: investigação, curso da ação ou no momento da execução da sentença;
STJ: É possível a homologação judicial de acordo de não persecução cível no âmbito da ação de improbidade
administrativa em fase recursal.
➢ Defesa técnica deve atuar desde as tratativas;
Descumprimento → impedido de celebrar novo acordo por 5 anos;
Objeto: pode incluir outras medidas em favor do interesse público; Todas as sanções do art. 12 podem ser pactuadas,
inclusive perda dos direitos políticos (não haverá renuncia ao direito fundamental por ser temporário);
Legitimidade
➢ MP;
➢ PJ interessada? STF MC ADI 7042 – liminar omissa em relação a essa possibilidade;
SENTENÇA
Congruência: magistrado está adstrito ao pedido e a causa de pedir → art. 171 do CPC + art. 942;
ECA
LIÇÕES PRELIMINARES
➢ Pós-positivismo: leitura do OJ a partir da CF → art. 227; Absoluta prioridade;
➢ Código de menores; doutrina da situação irregular; crianças e adolescentes vistos como objeto de tutela;
➢ ECA: visão mais humana; doutrina da proteção integral (art. 1º); criança e adolescente como sujeito de
direito;
➢ Proteção integral; principio do melhor interesse da criança/adolescente; mecanismos voltados à tutela da
C/A;
➢ Absoluta prioridade; dever que recai sobre a família e poder público (art. 4º);
➢ Competência legislativa: concorrente, art. 24, XV, CF;
DIREITOS FUNDAMENTAIS
Dignidade da pessoa humana
➢ Internação provisória: 45 dias. STF e STJ → não pode ser prorrogado; STJ – só cabe se o ato praticado
couber internação;
- Ato cometido com Violência ou G.A → STJ – ainda que só tentado pode. Atente para súmula 492, STJ e 718
STF; Usuário de drogas – STF disse que não pode ser submetido a internação;
- Reiteração no cometimento de infrações graves:
REMISSÃO
➢ OBS: Não cabe remissão no processo de execução! Limite → até a sentença;
➢ Remissão imprópria: com imposição de medida socioeducativa; Súmula 108 – aplicação de medidas
socioeducativas é exclusiva do juiz;
➢ Oferecida pelo MP → juiz discorda? Manda para o PGJ; juiz não pode modificar!
➢ Decisão que concede ou denega →apelação;
AMBIENTAL
AMBIENTAL
PRINCÍPIOS
A inversão do ônus da prova deve ser também admitida em caso de ação civil pública proposta pelo Ministério Público
pedindo a recomposição e/ou a reparação decorrente de degradação ambiental. Isso porque, por mais que o
Ministério Público não possa ser considerado hipossuficiente, ele atua em juízo como substituto processual e o titular
do direito (substituído) é a coletividade que, em se tratando de dano ambiental, é considerada hipossuficiente do
ponto de vista de conseguir produzir as provas (STJ, 2ª T., REsp 1.235.467).
A responsabilidade civil pelo dano ambiental, qualquer que seja a qualificação jurídica do degradador, público ou
privado, é de natureza objetiva, solidária e ilimitada, sendo regida pelos princípios poluidor-pagador, da reparação in
integrum, da prioridade da reparação in natura e do favor debilis, este último a legitimar uma série de técnicas de
facilitação do acesso à justiça, entre as quais se inclui a inversão do ônus da prova em favor da vítima ambiental.
STJ.
Os princípios POLUIDOR-PAGADOR, REPARAÇÃO IN INTEGRUM E PRIORIDADE DA REPARAÇÃO IN
NATURA E DO FAVOR DEBILIS são, por si sós, razões suficientes para legitimar a inversão do ônus da prova em
favor da vítima ambiental.
RESPONSABILIDADE CIVIL E PRINCIPIO DA INSIGNIFICANCIA → Inaplicável (STJ)
REQUISITOS PARA APLICAÇÃO: Consoante a jurisprudência do STF, para que possa ser aplicado o princípio da
insignificância, devem estar presentes, na análise do caso concreto: (A) MÍNIMA OFENSIVIDADE DA CONDUTA,
(B) NENHUMA PERICULOSIDADE SOCIAL DA AÇÃO, (c) REDUZIDO GRAU DE REPROVABILIDADE DO
COMPORTAMENTO e (d) INEXPRESSIVIDADE DA LESÃO JURÍDICA PROVOCADA.
Para o STJ, em se tratando de danos ambientais, não é possível falar em ínfima ofensividade ao bem jurídico
tutelado. Isso porque entende-se que TODA DEGRADAÇÃO, AINDA QUE PEQUENA, LESIONA O BEM
AMBIENTAL. Ademais, a Corte entende que a lesão à educação socioambiental afasta o requisito da mínima
lesividade da conduta. A incidência da responsabilidade civil não se esgota numa função meramente reparatória,
mas também pedagógica.
MEIO AMBIENTE COMO BEM DIFUSO: A característica do meio ambiente como bem difuso e essencial à
coletividade também obsta a aplicação do princípio da insignificância nas demandas de responsabilidade civil
ambiental. Fala-se aqui que o bem ambiental é imensurável. Daí, a violação da norma ambiental e do equilíbrio
sistêmico não comporta a ideia de inexpressividade da conduta, dado que o interesse protegido envolve toda a
sociedade.
PRINCÍPIOS DA PREVENÇÃO E PRECAUÇÃO: A defesa do meio ambiente no ordenamento jurídico brasileiro é
fundamentada nos princípios da prevenção e precaução. A função preventiva e precaucional, em matéria
ambiental, impõe que a responsabilidade civil tenha um papel condizente com a premissa constitucional
estabelecida pelo art. 225 da CF/88, segundo o qual é dever do Poder Público e da coletividade proteger e preservar
o direito para as presentes e futuras gerações. A ideia de se buscar prevenir todo e qualquer dano ambiental
não se coaduna com a postura de considerar um dano já experimentado como dispensável de reparação.
PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE: Conquanto a responsabilização civil pelo dano
ambiental não possa ser afastada, ela deve ser balizada pelos Princípios da Razoabilidade e Proporcionalidade.
Assim, em se tratando de lesão de pequena monta, ainda que permaneça a necessidade de responsabilização, esta
será temperada na dimensão quantitativa da indenização.
IMPORTANTE: Tanto o STF quanto o STJ têm admitido a incidência do princípio da insignificância no direito penal
ambiental.
STJ: É possível a aplicação do princípio da insignificância aos crimes ambientais, devendo ser analisadas as
circunstâncias específicas do caso concreto para se verificar a atipicidade da conduta em exame.
DIREITO DO CONSUMIDOR
ASPECTOS GERAIS
Na constituição, há dois tratamentos: como direito fundamental (art. º, XXXII, CF) e como princípio da ordem
econômica (art. 170, V, CF). 3ª geração de direito fundamentais. O CDC não incide em contratos celebrados antes
de sua vigência, salvo nos contratos de execução diferida.
Características: Lei principiológica; Normas de ordem pública e interesse social; Microssistema Multidisciplinar.
Conceito de consumidor, duas correntes:
➢ Maximalista/ objetiva: considera consumidor o destinatário final fático (não importa a destinação econômica
do bem)
➢ Finalista/subjetiva: para ser consumidor, além de destinatário final fático, deve ser o destinatário jurídico (fim
à cadeia econômica do bem).
➢ Finalismo aprofundado/ mitigado : Adotada pelo STJ. Como regra, a jurisprudência adota a teoria finalista,
mas admite certa mitigação, se, no caso concreto, houver comprovada vulnerabilidade. (econômica/ jurídica/
técnica).
Cláudia Lima Marques elenca as principais vulnerabilidades:
➢ Vulnerabilidade econômica/ fática/real: grande poder econômico ou monopólio de uma das partes.
➢ Vulnerabilidade jurídica/ científica: falta de conhecimentos jurídicos/ de contabilidade, matemática
financeira/ economia.
➢ Vulnerabilidade técnica: ausência de conhecimento específicos sobre o produto ou serviço.
➢ Vulnerabilidade informacional: espécie de vulnerabilidade técnica. Valorização das informações na
sociedade atual.
Consumidor standard: o consumidor propriamente dito x consumidor bystandard
ÔNUS DA PROVA
CDC adotou a distribuição dinâmica;
MODIFICAÇÃO (prestações desproporcionais) x REVISÃO (fatos supervenientes que as tornam excessivamente
onerosas.
Classificação de fornecedor:
➢ Real: fabricante, produtor, construtor.
➢ Aparente: o detentor do nome, da marca colocado no produto. Risco da atividade.
➢ Presumido: importador do produto ou comerciante de produto anônimo.
➢ Equiparado: terceiro intermediário que atua frente ao consumidor.
➢ STJ: Sendo o terceiro mero patrocinador do evento, que não participou da sua organização e, assim, não
assumiu a garantia de segurança dos participantes, não pode ser enquadrado no conceito de “fornecedor”
para fins de responsabilização pelo acidente de consumo.
Aplicação do CDC:
➢ Aplica-se a entidade aberta de previdência complementar, não aplica a fechada;
➢ Aplica-se ao SFH, salvo se tiver cláusula de FCVS (fundo de compensação de variação salarial);
➢ Não se aplica aos contratos de plano de saúde administrados por entidade autogestão;
➢ Aplica-se aos empreendimentos habitacionais promovidos por sociedade cooperativa;
➢ Não se aplica a atividade notarial;
➢ Não se aplica ao DPVAT
Vulnerabilidade é atribuída a todo consumidor, trata-se de fenômeno de natureza material com presunção absoluta.
A hipossuficiência é fenômeno processual, que deverá ser analisado no caso concreto.
Hipervulnerabilidade expressão do ministro Antônio Herman Benjamin.
Funções da boa-fé objetiva: função de controle/ função integrativa (violação objetiva do contrato)/ função
interpretativa. Dever de cooperação/ lealdade e eticidade.
Contratos relacionais: criam relações jurídicas complexas de longa duração. Cláudia Limas marques denomina esses
contratos de “contratos cativos de longa duração”, pois tratam de relações contratuais que utilizam métodos de
contratação em massa, visando fornecer serviços essenciais no mercado, formada por fornecedores com uma
característica fundamental: a posição de catividade ou dependência dos consumidores”
Teoria do rompimento da base objetiva do NJ.
Possibilidade de inversão do ônus da prova em favor do MP: o consumidor do artigo 6 não pode ser entendido
apenas como parte processual, mas também como parte material.
LGPD: inversão do ônus da prova;
Diálogo das fontes → de Cláudia Lima marques (Erik Jaymes): nova técnica de soluções de antinomias;
➢ Diálogo sistemático de coerência: aplicação conjunta e simultânea, uma serve de base conceitual para a outra.
➢ Diálogo de complementariedade/ subsidiariedade: uma lei incide de forma complementar (direta) ou
subsidiária (indireta) a outra lei.
➢ Diálogo de reciprocidade: influência do sistema geral no especial e vice-versa.
Jurisprudência:
STJ: Na hipótese de responsabilidade pelo vício, a substituição do produto "por outro da mesma espécie" -
prevista no inciso I, do §1°, do art. 18, do CDC - implica a substituição por outro produto novo na data da
substituição. Ocorrendo a alienação do produto viciado, a restituição da quantia paga prevista no inciso II do
§ 1º do artigo 18 do CDC, deverá corresponder à diferença entre o valor de um produto novo na data da
alienação a terceiros e o valor recebido nesta transação.
Em caso de vício no veículo comprado, o banco no qual foi realizado o financiamento terá responsabilidade
civil e o contrato de arrendamento mercantil poderá ser rescindido? Se foi feito com um “banco de varejo”:
NÃO. Se foi feito com um “banco de montadora”: SIM.
Prazo prescricional em caso de vício de qualidade e de quantidade em imóvel adquirido por consumidor: 10
anos.
Repetição de indébito na relação de consumo: pode aplicar o cc (demanda), se o caso não se enquadrar no CDC
(pagamento).
No CDC, não exige má-fé do credor (cc exige). Não exige prova do prejuízo. Proteção constitucional do
consumidor.
Seguro coletivo de vida: obrigação de prestar informação aos segurados é do estipulante (empresa que contratou).
"dano moral coletivo" -, caracteriza-se pela prática de conduta antijurídica que, de forma absolutamente injusta e
intolerável, viola valores éticos essenciais da sociedade, implicando um dever de reparação, que tem por escopo
prevenir novas condutas antissociais (função dissuasória), punir o comportamento ilícito (função sancionatório-
pedagógica) e reverter, em favor da comunidade, o eventual proveito patrimonial obtido pelo ofensor (função
compensatória indireta). DANO IN RE IPSA, dispensando a demonstração de prejuízos concretos ou de efetivo abalo
moral.
DANO MORAL COLETIVO: compreendido como o resultado de uma lesão à esfera extrapatrimonial de determinada
comunidade, ocorre quando a conduta agride, de modo injusto e intolerável o ordenamento jurídico e os valores éticos
fundamentais da sociedade em si considerada, a provocar repulsa na consciência coletiva.
Função clássica exercida pela responsabilidade civil é, sem dúvida, a reparatória (ou indenizatória), pela
qual se atribui à responsabilidade civil a função de garantir a reparação de um prejuízo material, sob a égide
do princípio da restitutio in integrum. Mas modernamente, sob inspiração do direito norte-americano,
outras funções podem ser desempenhadas pelo instituto. Dentre essas, avultam as chamadas funções
punitiva e dissuasória. Concretamente, porém, o caso em tela integra uma das hipóteses em que se tem
como razoável a invocação da função punitiva, pois representa situação em que os danos sociais são
superiores aos danos individuais. Isso porque individualmente os danos sofridos foram ridiculamente ínfimos.
Mas na sua globalidade, configuram um dano considerável. Tratando-se de fenômeno de massa e fraudes do
gênero só são intentadas justamente por causa disso (pequenas lesões a milhares ou milhões de
consumidores) a Justiça deve decidir levando em conta tal aspecto, e não somente a faceta individual do
problema.
Direito do consumidor não diferencia responsabilidade contratual da extracontrautual: Teoria unitária da
responsabilidade.
Correção monetária do dano moral: desde o arbitramento.
Critérios avaliados no dano moral: grau de culpa do ofensor, gravidade da ofensa e situação econômica do
ofensor e do ofendido.
Método bifásico do ministro Tarso Sanseverino: primeiro estipula o valor base (inicial) de acordo com os
precedentes (seguindo a justiça comutativa, em que trata igualitariamente casos semelhantes). Na segunda
fase, procede-se a fixação definitiva, ajustando o valor com base no caso concreto.
Teoria do desvio produtivo do consumidor. Indenização pela perda do tempo livre: trata-se de circunstancia
intolerável em que há desídia e desrespeito aos consumidores, que são compelidos a saírem de suas rotinas, perdendo
o seu tempo, para resolver problemas criados por atos ilícitos e condutas abusivas dos fornecedores. Situações que
fogem da normalidade.
STF: a convenção de Varsóvia e montreal, em razão do artigo 178 da CF, com prevalência sobre o CDC: A convenção
limitou só os danos materiais não limitou os danos morais.
STJ:
➢ PERICULOSIDADE INERENTE OU LATENTE: pertence ao próprio produto. Não dá ensejo, como regra, a
indenização: faca de cozinha. (Não há defeito). Medicamento que adverte na bula sobre possíveis riscos e
danos a serem causados. Periculosidade inerente. Não indenização ao consumidor. Mas deve ter informação.
➢ Periculosidade adquirida: tornam-se perigosos em razão de um defeito existente;
➢ Periculosidade exagerada: são produtos com periculosidade inerente, mas que a informação aos
consumidores não mitiga o risco. São defeituosos por ficção. Ex: brinquedo com possibilidade sufocamento
da criança.
Teoria do risco do negócio (da atividade): obrigação do fornecedor em comunicar aos consumidores e autoridade
sobre produtos perigosos introduzidos no mercado (RECALL) DEVER pós-contratual. O simples recall não gera dano
in re ipsa, é necessário comprovar o dano.
Fortuito interno: é fato que se liga à organização da empresa, inerente ao risco da atividade.
Fortuito externo: Assalto a mão armada no interior do ônibus. o STJ entende que o assalto à mão armada dentro de
estacionamentos em shoppings e bancos não configura caso fortuito externo.
Concessionária de serviço público de transporte não tem responsabilidade civil em caso de assédio sexual
cometido por terceiro em suas dependências. A importunação sexual no transporte de passageiros, cometida
por pessoa estranha à empresa, configura fato de terceiro, que rompe o nexo de causalidade entre o dano e
o serviço prestado pela concessionária – excluindo, para o transportador, o dever de indenizar. O crime era
inevitável, quando muito previsível apenas em tese, de forma abstrativa, com alto grau de generalização. Por
mais que se saiba da possibilidade de sua ocorrência, não se sabe quando, nem onde, nem como e nem quem
o praticará.
Risco de desenvolvimento: É aquele que não se sabia quando da colocação do produto no mercado. Mas que
posteriormente, diante dos avanços científicos e técnicos é descoberto. A maioria da doutrina entende que não exclui
a responsabilidade.
Teoria da perda de uma chance: Responsabilidade decorrente da perda de uma oportunidade em obter uma
vantagem ou evitar um prejuízo. O ato ilícito retira da vítima a oportunidade em ter uma situação futura melhor. A
chance deve ser real e séria.
STJ: A previsão de solidariedade prevista no art. 25, §1º, do CDC deve ser interpretada restritivamente.
PLANO DE SAÚDE
➔ Cláusula que limita o tempo de internação hospitalar: abusiva;
➔ Cláusula que limita o tempo de atendimento ambulatorial: é válida.
➔ Nulidade de cláusula contratual com a consequente repetição do indébito: enriquecimento sem causa e, por
isso, o prazo prescricional é trienal, nos termos do art. 206, § 3º, IV, do Código Civil;
➔ É decenal o prazo prescricional aplicável para o exercício da pretensão de reembolso de despesas médico-
hospitalares;
➔ Medicamentos não autorizados pela ANVISA: não pode ser obrigado;
➔ Medicamento para uso off label: obriga a cobertura;
Atenção: Rol de procedimentos e eventos em saúde suplementar é taxativo? STJ, em regra sim! Resp. 1.886.929/SP
1 - O rol de Procedimentos e Eventos em Saúde Suplementar é, em regra, taxativo;
2 - A operadora de plano ou seguro de saúde não é obrigada a arcar com tratamento não constante do rol da ANS
se existe, para a cura do paciente, outro procedimento eficaz, efetivo e seguro já incorporado ao rol;
3 - É possível a contratação de cobertura ampliada ou a negociação de aditivo contratual para a cobertura de
procedimento extra rol;
4 - Não havendo substituto terapêutico ou esgotados os procedimentos do rol da ANS, pode haver, a título
excepcional, a cobertura do tratamento indicado pelo médico ou odontólogo assistente, desde que (i) não
tenha sido indeferido expressamente, pela ANS, a incorporação do procedimento ao rol da Saúde Suplementar;
(ii) haja comprovação da eficácia do tratamento à luz da medicina baseada em evidências; (iii) haja
recomendações de órgãos técnicos de renome nacionais (como CONITEC e NATJUS) e estrangeiros; e (iv) seja
realizado, quando possível, o diálogo interinstitucional do magistrado com entes ou pessoas com expertise
técnica na área da saúde, incluída a Comissão de Atualização do rol de Procedimentos e Eventos em Saúde
Suplementar, sem deslocamento da competência do julgamento do feito para a Justiça Federal, ante a
ilegitimidade passiva ad causam da ANS.
Argumentos:
- Art. 10, § 4º, da Lei n. 9.656/1998, c/c o art. 4º, III, da Lei n. 9.961/2000, que é atribuição da ANS elaborar o rol de
procedimentos e eventos em saúde que constituirão referência básica para os fins do disposto na Lei dos Planos e
Seguros de Saúde.
- Rol mínimo e obrigatório de procedimentos e eventos em saúde constitui relevante garantia do consumidor para
assegurar direito à saúde, em preços acessíveis, contemplando a camada mais ampla e vulnerável da população.
- Não cabe ao Judiciário se substituir ao legislador, violando a tripartição de poderes e suprimindo a atribuição legal da
ANS ou mesmo efetuando juízos morais e éticos, não competindo ao magistrado a imposição dos próprios valores de
modo a submeter o jurisdicionado a amplo subjetivismo
DIREITO ADMINISTRATIVO
INTRODUÇÃO
Nepotismo: não se aplica a cargos políticos, por ter natureza política. Função administrativa é diferente da função
política.
Viola princípio da moralidade e da impessoalidade. Dispensa de lei formal para a vedação.
Administração Pública- sentido subjetivo: órgãos e entidades.
administração pública -sentido objetivo: atividade administrativa
Conceito de direito administrativo: Vários critérios:
• Critério do poder executivo: atuação exclusiva do poder executivo (crítica: legis. e judici. Também exercem
função administrativa);
• Critério do serviço público: D.A seria disciplina dos serviços públicos prestados. (Crítica: exerce outras
atividades: fomento/ poder de polícia);
• Critério das relações jurídicas: D.A regula a relação da administração com os administrados. (Despreza a
atuação no âmbito interno);
• Critério finalístico: D.A seria normas que disciplinam o poder público na consecução de seus fins;
• Critério Negativo/ Residual: pertence ao DA o que não pertencer aos demais poderes;
• Critério da Administração Pública: Hely Lopes Meirelles. Critério funcional. D.A envolve normas que
disciplinam a Adm. Pública em seu sentido objetivo e subjetivo.
Administração Extroversa: relação da adm. Com os administrados (finalística);
Administração Introversa: relação entre os entes públicos. (Instrumental).
Sistemas administrativos:
• Contencioso administrativo (FRANCÊS): o judiciário não controla os atos administrativos. Controlado pela
própria administração;
• Sistema judiciário- INGLÊS- de JURISDIÇÃO ÚNICA. Adotado.
Reforma administrativa-1990: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA GERENCIAL. PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA no texto
constitucional.
Mudanças: contrato de gestão/ agências reguladoras/ terceiro setor/ agências executivas/
PUBLICIZAÇÃO: o estado deve se limitar aos serviços públicos propriamente estatais. Os demais serviços
devem ser passados para um setor público NÃO estatal (sem fins lucrativos, orientadas para o interesse
público).
PRIVATIZAÇÃO-DESESTATIZAÇÃO: quando uma empresa pública ou uma instituição do setor público é vendida
para o setor privado. Consequências: não observar a generalidade, continuidade e modicidade. (A CF elenca
um rol de serviços exclusivos do poder público)
ESTATIZAÇÃO: monopólio estatal. Aquisição de empresas pelo estado. Controle do mercado.
FORMAS DE ADMINISTRAÇÃO:
➢ PATRIMONIALISTA: Período absolutista. Confusão entre estado e o soberano. Res publica se confundia com
res privada. Corrupção e nepotismo.
➢ ADM. BUROCRÁTICA: período liberal. Forma de combater a corrupção e o assistencialismo na administração
patrimonialista. Profissionalização dos agentes, organização hierárquica, impessoalidade e controle formal dos
atos/ controle de abusos. Críticas: autorreferência (formalismo como um fim em si mesmo), ausência de
eficiência;
➢ ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA GERENCIAL: Com o estado social e ampliação das funções do estado, a adm.
Burocrática tornou-se insuficiente. Visa reduzir custos estatais, com foco no resultado, no lugar da
burocracia.
As mudanças ocorridas influenciaram alguns institutos:
• Princípio da legalidade: LEGITIMIDADE + JURIDICIDADE (amplitude, submissão ao ordenamento jurídico);
• Controle social e democracia participativa;
• Supremacia do interesse público sobre o privado: não é + absoluto. Interesse primário e secundário;
• Processualização do direito administrativo: princípios processuais aplicados aos processos
administrativos;
• Princípio da subsidiariedade: da intervenção do estado na iniciativa privada.
ADMINISTRAÇÃO DIALÓGICA: Se contrapõe a administração monológica que é ausência de intervenção dos
administrados de forma prévia na realização das atividades administrativa. A adm. Dialógica é a forma de
participação dos administrados, notadamente, em serviços públicos, contratações de grandes empreendimentos,
que permite a colaboração a fim de legitimar a atividade administrativa. Decorre da democracia participativa e do
controle social.
PUBLICIDADE: atuação transparente. Direito de petição e de certidão. Ação de ofício de divulgação de informações
de interesse público. (Fundamento: república democrática – art. 1º, p.ú; art. 37, caput, CF);
Duas formas de publicidade:
➔ Transparência ativa: transmitida de ofício pela administração.
➔ Transparência passiva: requerimento.
*Lembrar da lei de acesso à informação: O princípio da publicidade deve ser compatibilizado com os princípios da
proporcionalidade/ razoabilidade.
“CHAMADA PÚBLICA”: edital lançado pela administração com o objetivo de divulgar determinadas providências e
convocar os interessados a participarem a iniciativa.
EFICIÊNCIA: emenda. Presteza e rendimento funcional. Administração pública gerencial. Produtividade,
economicidade, qualidade, celeridade, desburocratização e flexibilização. Ligada à boa administração.
Eficiência x eficácia x efetividade:
➔ Eficiência: modo de desempenho da atividade administrativa.
➔ Eficácia: meios e instrumentos empregados na atividade da administração.
➔ Efetividade: resultado obtidos.
ATOS ADMINISTRATIVOS
ATO ADMINISTRATIVO: declaração do estado que produz efeitos jurídicos imediatos sob regime de direito público
sujeito a controle do judiciário X atos da administração – atos administrativos atípicos (direito privado). Manifestação
de vontade da administração.
Não se confunde com FATO ADMINISTRATIVO: decorre de fatos concretos que tem efeito no direito administrativo
(morte de servidor).
SILÊNCIO ADMINISTRATIVO: não é ato administrativo. Regra: não produz efeito, salvo silêncio qualificado.
Vinculados: COFF finalidade e forma. Convalidados FO/CO: forma e competência
TEORIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES: a validade do ato está vinculada à veracidade dos fatos descritos como
motivo do ato. Atos que não dependem de motivação, se motivados, passam a vincular a administração.
Mérito administrativo só existe no ato discricionário. No vinculado, o mérito é do legislador.
➔ Ato perfeito: completou as etapas de sua existência
➔ Ato válido: sem vício
➔ Ato eficaz: produção de efeitos.
INVALIDAÇÃO DO ATO
REVOGAÇÃO: ex nunc; conveniência administrativa. NÃO PODE REVOGAR: atos de efeitos exauridos; vinculados;
geraram direito adquirido; integrativos (preclusão administrativa); meramente administrativos;
ANULAÇÃO: administração e poder judiciário. Ex tunc. Decadência 5 anos.
CASSAÇÃO: ato nasceu regular, mas se torna irregular no momento de sua execução. Ex tunc.
CADUCIDADE: norma jurídica posterior que traz como consequência expressa ou tácita a manutenção do ato;
CONTRAPOSIÇÃO: edição de novo ato que produz efeito contraposto.
RENÚNCIA: apenas atos constitutivos, beneficiário recusa a ser detentor do direito;
RECUSA: beneficiário do ato rejeita os efeitos que ele irá produzir. Ato ainda não está produzindo efeitos!
PODERES ADMINISTRATIVOS
PODER REGULAMENTAR
Há atos normativos, que não decorrem do poder regulamentar, mas sim do poder hierárquico: Ex: regimento interno
dos tribunais.
Atos de regulamentação de primeiro grau: regulamenta a lei.
Atos de regulamentação de segundo grau: regulamenta os de primeiro grau.
STF: Ofende os arts. 2º e 84, II, da Constituição Federal norma de legislação estadual que estabelece prazo para o
chefe do Poder Executivo apresentar a regulamentação de disposições legais.
É ínsito ao poder regulamentar atuar secundum legem (segundo a lei) e intra legem (quando a norma é muito geral e
possui lacunas que precisam ser preenchidas).
Poder Hierárquico: distribuir e escalonar as funções de seus órgãos.
Poder disciplinar: apurar infrações e aplicar penalidades. Tb exercido em face de pessoas que celebram contratos
com a adm.
PODER DE POLÍCIA: supremacia do interesse público sobre o privado. (Diferente do hierárquico que está restrito
a pessoas que possuem vínculos com a administração. O poder de polícia alcança particulares).
Ciclos do poder de polícia:
• Ordem de polícia: legislação que estabelece os limites e condições para o exercício da atividade.
• Consentimento de polícia: autorização para o exercício da atividade
• Fiscalização de polícia: verificação se as determinações estatais estão sendo seguidas.
• Sanção de polícia: punição ao desrespeito das ordens de polícia ou do consentimento de polícia.
O STJ possui entendimento de que o consentimento e a fiscalização poderiam ser delegados, os demais não poderiam
diante do poder de império do estado.
STF: nova orientação: É constitucional a delegação de poder de polícia, por meio de lei, as pessoas jurídicas de
DIREITO PRIVADO que integram a administração indireta, que prestam EXCLUSIVAMENTE serviços público de
atuação própria do estado em regime NÃO CONCORRENCIAL:
O regime jurídico híbrido das estatais que prestam serviço público em regime de monopólio é compatível com a
delegação do poder de polícia, diante da incidência de normas de direito público.
Em relação a essas estatais, não há razão para afastar o atributo da coercibilidade do ato administrativo, sob pena de
esvaziar a finalidade para qual essas entidades foram criadas.
A única fase do ciclo de polícia que é ABSOLUTAMENTE INDELEGÁVEL é a ordem de polícia; A competência
legislativa é restrita aos entes públicos previstos na constituição, sendo vedada sua delegação a pessoas jurídicas de
direito privado.
As guardas municipais, desde que autorizadas por lei municipal, têm competência para fiscalizar o trânsito, lavrar auto
de infração de trânsito e impor multas.
SÚMULAS SOBRE PODER DE POLÍCIA:
Súmula Vinculante 38: É competente o município para fixar o horário de funcionamento de estabelecimento comercial.
Súmula vinculante 49: Ofende o princípio da livre concorrência lei municipal que impede a instalação de
estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em determinada área.
Súmula 19-STJ: A fixação do horário bancário, para atendimento ao público, é da competência da União.
Súmula 312-STJ: No processo administrativo para imposição de multa de trânsito, são necessárias as notificações da
autuação e da aplicação da pena decorrente da infração.
Súmula 467-STJ: Prescreve em cinco anos, contados do término do processo administrativo, a pretensão da
Administração Pública de promover a execução da multa por infração ambiental.
Na lição de Maria Sylvia Di Pietro, a diferença entre autoexecutoriedade e exigibilidade reside no meio coercitivo. Na
exigibilidade, a Administração faz uso de meios indiretos de coerção, como multa ou outras penalidades
administrativas, enquanto na autoexecutoriedade, empregam-se meios diretos de coerção, obrigando o administrado,
pelo jus imperie, a fazer ou deixar de fazer algo.
SERVIDORES TEMPORÁRIOS: Art. 37, X, CF → norma constitucional de eficácia limitada, dependendo, portanto,
de lei para produzir todos os seus efeitos. Exceção ao princípio do concurso público. Lei de cada ente deve reger
o tema; Âmbito Federal Lei 8.745/93;
STF: Segundo o Min. Joaquim Barbosa, o inciso IX do art. 37 impõe duas limitações ao administrador público:
• limitação formal: exigência de uma lei que regulamente o tema;
• limitação material: exigência de que essa lei descreva as hipóteses em que será permitida a contratação, o tempo
máximo determinado e qual é a necessidade temporária de excepcional interesse público que a justifica.
REQUISITOS PARA QUE A CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA seja válida:
• Os casos excepcionais estejam previstos em lei;
• O prazo de contratação seja predeterminado;
• A necessidade seja temporária;
• A contratação seja indispensável, sendo vedada para serviços ordinários permanentes.
• Pode ser contrato para atividades permanentes do órgão desde que para atender demanda temporária e
excepcional de interesse público.
• Apesar de contratados, julgados pela Justiça comum.
A contratação com base no inciso IX ocorre sem a realização de prévio concurso público. A lei, no entanto, pode prever
critérios e exigências a serem observadas pelo administrador no momento de contratar → art. 3, Lei 8745/93 →
Processo seletivo simplificado.
➔ OBS: A contratação para atender às necessidades decorrentes de calamidade pública, de emergência
ambiental e de emergências em saúde pública prescindirá de processo seletivo.
➔ STJ: A norma de edital que impede a participação de candidato em processo seletivo simplificado em razão
de anterior rescisão de contrato por conveniência administrativa fere o princípio da razoabilidade. Viola
isonomia e impessoalidade.
➔ Cuidado para não confundir: É constitucional a quarentena para recontratação de servidores temporários
prevista no art. 9º, III, da Lei 8.745/93 (vedação a contratação temporária do mesmo servidor antes de
decorrido 24 meses do encerramento do contrato anterior); Tese RG pelo STF. ATENTE para esse julgado
do STJ: é possível a contratação mesmo antes dos 24 meses para outra função pública e para órgão sem
relação de dependência com aquele para o qual fora contratado anteriormente.
➔ STF: atividades de caráter eventual, temporário ou excepcional, como também para o desempenho das
funções de caráter regular e permanente, desde que indispensáveis ao atendimento de necessidade
temporária de excepcional interesse público.
➔ Lei de contratação temporária não pode prever hipóteses genéricas nem a prorrogação indefinida dos
contratos;
➔ STJ: É possível a cumulação de proventos de aposentadoria de emprego público com remuneração
proveniente de exercício de “cargo” temporário. Exercem função administrativa temporária;
➔ Especificação das hipóteses emergenciais → ônus do legislador → Lei que não especifique as hipóteses
emergenciais que justificariam medidas de contratação excepcional é inconstitucional;
TEMA 551 STF: Servidores temporários não fazem jus a décimo terceiro salário e férias remuneradas acrescidas
do terço constitucional, salvo:
I) expressa previsão legal e/ou contratual em sentido contrário, ou
II) comprovado desvirtuamento da contratação temporária pela Administração Pública, em razão de sucessivas e
reiteradas renovações e/ou prorrogações.
O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço — FGTS é devido aos servidores temporários, nas hipóteses em há
declaração de nulidade do contrato firmado com a Administração Pública, consoante decidido pelo Plenário do STF,
na análise do RE 705.140-RG, Rel. Min. Teori Zavascki.
COMPETÊNCIA → Justiça comum (federal ou estadual);
SERVIDORES PÚBLICOS: justiça competente: é a natureza jurídica do vínculo vigente ao tempo da propositura da
demanda que define a justiça competente, independentemente de o direito pleiteado ter originado no período celetista.
Greve de servidores: Suspensão do vínculo funcional, salvo se decorrente de conduta Ilícita da administração e
constata a situação de abusividade. Possibilidade de acordo para compensação de horas.
➔ SERVIDOR QUE RECEBE INDEVIDAMENTE VALORES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM RAZÃO DE
ERRO ADMINISTRATIVO (TEMA 1009): “ERRO DE FATO” → STJ Tema 1009: O pagamento indevido feito
ao servidor público e que decorreu de erro administrativo está sujeito à devolução, salvo se o servidor, no caso
concreto, comprovar a sua boa-fé objetiva.
➔ SERVIDOR QUE RECEBE INDEVIDAMENTE VALORES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM RAZÃO DE
INTERPRETAÇÃO ERRÔNEA DA LEI (TEMA 531): “ERRO DE DIREITO” → Tema 531: É incabível a
restituição ao erário dos valores recebidos de boa-fé pelo servidor público em decorrência de errônea ou
inadequada interpretação da lei por parte da Administração Pública.
RESTITUIÇÃO DE VALORES RECEBIDOS
SITUAÇÃO TERÁ QUE
DEVOLVER?
1) Servidor recebe por decisão ADMINISTRATIVA depois revogada NÃO
por se constatar que houve errônea ou inadequada interpretação da STJ REsp 1244182-PB,
lei por parte da Administração Pública. Tema 531
2) Servidor que recebe indevidamente valores em decorrência de SIM,
erro administrativo da Administração (erro operacional ou de salvo se comprovar a
cálculo), que não se enquadre como interpretação errônea ou sua boa-fé objetiva
equivocada da lei pela Administração. STJ REsp
1.769.306/AL, Tema
1009
3) Servidor recebe por decisão JUDICIAL não definitiva depois SIM
reformada. (posição do STJ)
STJ EAREsp 58820-AL
4) Servidor recebe por decisão JUDICIAL não definitiva depois NÃO
reformada (obs: a reforma da liminar foi decorrência de mudança na (posição do STF)
jurisprudência).
4) Servidor recebe por sentença TRANSITADA EM JULGADO e que NÃO
posteriormente é rescindida. STJ AgRg no AREsp
463.279/RJ
5) Herdeiro que recebe indevidamente proventos do servidor SIM
aposentado depois que ele morreu. STJ AgRg no REsp
1387971-DF
TETO REMUNERATÓRIO – Art. 37, XI, CF: Além de um teto geral (nacional), o dispositivo constitucional prevê limites
específicos para o âmbito dos Estados e Municípios (chamados de subtetos).
O teto vale também para a Administração direta e indireta?
• Agentes públicos da administração direta: SEMPRE
• Agentes públicos das autarquias e fundações: SEMPRE
• Empregados públicos das empresas públicas e sociedades de economia mista: o teto somente se aplica se a empresa
pública ou a sociedade de economia mista receber recursos da União, dos Estados, do DF ou dos Municípios para
pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em geral (art. 37, § 9º).
Teto NACIONAL: subsídio dos Ministros do STF
Ninguém poderá receber acima desse valor; as Constituições estaduais e leis orgânicas podem fixar
subtetos para Estados/DF e Municípios; tais subtetos também deverão respeitar o teto nacional.
Subteto Subteto nos
Subteto nos Estados/DF
na União Municípios
Subsídio dos Existem duas opções: Subsídio do
Ministros Opção 1 (subtetos diferentes para cada um dos Poderes): Prefeito
do STF Executivo: subsídio do Governador.
Legislativo: subsídio dos Deputados Estaduais. Existem duas
Judiciário (inclui MP, Defensoria e Procuradoria): subsídio dos exceções:
Desembargadores do TJ, limitado a 90,25% do subsídio mensal, em 1) os procu-
espécie, dos Ministros do STF.* radores munici-
pais estão sub-
Opção 2 (subteto único para todos os Poderes): o valor máximo metidos ao teto
seria o subsídio dos Desembargadores do TJ, limitado a 90,25% do de 90,25% do
subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do STF.* Art. 37, §12º, CF. subsídio men-
sal, em
O subsídio dos Deputados Estaduais/Distritais seguirá regras próprias espécie, dos
(§ 2º do art. 27), não estando sujeito ao subsídio dos Desembargadores ministros do
mesmo que se adote esta 2ª opção. STF. (Subsídio
do
Vale ressaltar que quem define se o Estado-membro adotará subtetos desembargador
diferentes ou único é a Constituição estadual. O teto para o do TJ – TETO).
funcionalismo estadual somente pode ser fixado por meio de emenda
à Constituição estadual, não sendo permitido mediante lei estadual. 2) o subsídio
dos Vereadores
* A CF/88 dá a entender que os Desembargadores e os juízes está sujeito a
estaduais não poderiam nunca receber mais que 90,25% do subsídio regras
do Ministro do STF. O STF, contudo, declarou que esta interpretação é específicas
inconstitucional (STF ADI 3.854). O STF entendeu que é previstas no art.
inconstitucional estabelecer um subteto unicamente para a 29, VI, da
magistratura estadual (90,25% do STF) considerando que o inciso XI CF/88.
não prevê esse mesmo subteto para a magistratura federal. O
tratamento entre os magistrados deve ser isonômico considerando que
se trata de uma carreira nacional. Vale ressaltar, no entanto, que o
limite de 90,25% do subsídio dos Ministros do STF aplica-se sim para
os servidores do Poder Judiciário estadual (na opção 1) e para os
servidores dos três Poderes estaduais (na opção 2).
➔ Se o servidor público recebe remuneração (ou aposentadoria) mais pensão, a soma dos dois valores não pode
ultrapassar o teto;
➔ Se a pessoa acumular licitamente dois cargos públicos ela poderá receber acima do teto;
➔ O inciso XI do art. 37 disse, contudo, o seguinte: o subsídio dos membros do MP, da Defensoria Pública e da
Procuradoria não precisa respeitar o teto imposto ao Poder Executivo. Os membros dessas três carreiras
deverão estar vinculados ao teto imposto ao Poder Judiciário. OBS: Para o Ministro Luiz Fux, essa equiparação
entre o teto dos Procuradores do Estado/DF com os Procuradores Municipais somente é permitida se,
naquele Município, os Procuradores forem concursados e organizados em carreira.
➔ Incide o teto remuneratório constitucional aos substitutos interinos de serventias extrajudiciais.
PROVIMENTO: é o ato pelo qual o cargo público é preenchido, com a designação de seu titular; Existem duas formas
de provimento: originário e derivado.
Provimento originário: Provimento originário ocorre quando o indivíduo passa a ocupar o cargo público sem que
existisse qualquer vínculo anterior com o Estado.
Provimento derivado: Provimento derivado ocorre quando o indivíduo passa a ocupar determinado cargo público em
virtude do fato de ter um vínculo anterior com a Administração Pública. 3 espécies:
➢ Provimento derivado vertical: servidor muda para um cargo melhor. ascensão funcional (transposição) –
inconstitucional, e a promoção – constitucional (desenvolvimento funcional, dentro da mesma carreira);
➢ Provimento derivado horizontal: ocorre quando o servidor muda para outro cargo com atribuições,
responsabilidades e remuneração semelhantes. É o caso da readaptação (art. 24 da Lei nº 8.112/90);
➢ Provimento derivado por reingresso: ocorre quando o servidor havia se desligado do serviço público e
retorna em virtude do vínculo anterior. Exs.: reintegração, recondução, aproveitamento e reversão.
ASCENSÃO FUNCIONAL → é inconstitucional. Viola o princípio do concurso público (art. 37, II)
Constitui uma forma de “provimento derivado vertical”, ou seja, a pessoa assume um outro cargo (provimento) em
virtude de já ocupar um anterior (ou seja, derivado do primeiro), subindo no nível funcional para um cargo melhor
(vertical).
Súmula vinculante 43: É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-se,
sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que não integra a carreira
na qual anteriormente investido.
EQUIPARAÇÃO DE CARREIRA: A equiparação de carreira de nível médio a outra de nível superior constitui ascensão
funcional, vedada pelo art. 37, II, da Constituição Federal.
ACUMULAÇÃO DE CARGOS
STJ: A acumulação ilegal de cargos públicos, expressamente vedada pelo art. 37, XVI, da Constituição Federal, protrai-
se no tempo, podendo ser investigada a qualquer época, até porque os atos inconstitucionais jamais se convalidam
pelo mero decurso temporal, não havendo que se falar em decadência da pretensão da Administração.
IMPORTANTE!! 2º FASE DPE/TO CESPE.
OBS: No caso de acumulação ilegal de cargos públicos, a restituição só é devida se não houver contraprestação do
serviço, sob pena de enriquecimento sem causa.
CONCURSO PÚBLICO:
Aprovação e direito à nomeação:
LEADING CASE: RE 598.099/MS:
DIREITO À NOMEAÇÃO. CANDIDATO APROVADO DENTRO DO NÚMERO DE VAGAS PREVISTAS NO EDITAL.
Dentro do prazo de validade do concurso, a Administração poderá escolher o momento no qual se realizará a
nomeação, mas não poderá dispor sobre a própria nomeação, a qual, de acordo com o edital, passa a constituir um
direito do concursando aprovado e, dessa forma, um dever imposto ao poder público. PRINCÍPIO DA SEGURANÇA
JURÍDICA COMO PRINCÍPIO DE PROTEÇÃO À CONFIANÇA. FORÇA NORMATIVA DO PRINCÍPIO DO
CONCURSO PÚBLICO.
EXCEÇÕES nas quais o candidato não será nomeado mesmo tendo sido aprovado dentro do número de vagas:
a) SUPERVENIÊNCIA: fatos excepcionais que ensejaram a impossibilidade devem ser posteriores a publicação
do edital;
b) IMPREVISIBILIDADE: deve trata-se de circunstâncias extraordinárias e imprevisíveis à época de publicação
do edital do certame;
c) GRAVIDADE: os acontecimentos extraordinários e imprevisíveis devem ser extremamente graves, com
implicação de onerosidade excessiva;
d) NECESSIDADE: a solução drástica, que exime do dever de cumprir a obrigação, deve ser necessária. Não
houver outros meios menos gravosos para lidar com a situação.
ATENÇÃO: STJ: Pandemia, crise econômica e limite prudencial atingido para despesas com pessoal NÃO SÃO
MOTIVOS SUFICIENTES para se deixar de nomear o candidato aprovado dentro do número de vagas do concurso
público.
DESISTÊNCIA → STJ: Embora a jurisprudência do STF seja no sentido de que a desistência dos candidatos mais
bem classificados dentro do prazo de validade do certame público garante aos aprovados fora do número de vagas
o direito subjetivo à nomeação, esse entendimento não se estende aos casos de exoneração de servidor público.
Insegurança jurídica. Agora dobre a atenção: A desistência de candidato aprovado dentro do número de vagas
previsto no edital do concurso após o prazo de validade do certame, não faz surgir o direito de nomeação, por
ausência de previsão legal.
STF: Mesmo que para cadastro de reserva, a nomeação de terceirizados para idêntica função em detrimento dos
aprovados, viola a constituição, fazendo surgir o direito subjetivo à nomeação.
STJ: Surgimento de novas vagas + necessidade do provimento + inexistência de restrição orçamentária = direito
subjetivo à nomeação.
NOMEAÇÃO TARDIA: Os candidatos que foram nomeados posteriormente, por força de decisão judicial, não fazem
jus às promoções ou progressões funcionais que alcançariam caso houvesse ocorrido, a tempo e modo, a nomeação,
mesmo que a decisão possua eficácia retroativa; outrossim, não possuem direito à indenização, sob fundamento de
que deveriam ter sido investidos em momento anterior, salvo situação de arbitrariedade flagrante.
PRETERIÇÃO DE CANDIDATO → prazo prescricional 5 anos → inicia na data em que foi nomeado o outro servidor
no lugar do aprovado.
OBS: Ofende a Constituição Federal (art. 37, incisos II e III e § 2º) a nomeação de candidato após expirado o prazo de
validade do concurso. Não cabe invocar os princípios da confiança e boa fé. Contra texto constitutiocnal. Não pode
haver usucapião de constitucionalidade.
Proibição de Tatuagens
STF: inconstitucionalidade da proibição de tatuagens. Barreira arbitrária que viola o princípio da isonomia e da
proporcionalidade. Possibilidade de restrição de tatuagens que representem discriminação ou temas que ofendam
as instituições democráticas.
Regra: o STF entende pela impossibilidade de remarcação de exame físico de concurso público em razão de
problemas pessoais (como problemas temporários de saúde), diante do princípio da isonomia/ impessoalidade/
transparência/ menor custo para os cofres públicos. Há entendimento, todavia, que prevê a possibilidade de
remarcação em caso de gravidez, independentemente de previsão no edital de concurso. Proteção da maternidade
e da família. Proporcionalidade e razoabilidade. Isonomia material. Houve um distinguishing.
Teoria do fato consumado e concurso público: Não é compatível com o regime constitucional de acesso aos cargos
públicos a manutenção no cargo, sob fundamento de fato consumado, de candidato não aprovado que nele tomou
posse em decorrência de execução provisória de medida liminar ou outro provimento judicial de natureza precária,
supervenientemente revogado ou modificado. O STJ reconhece que pode haver exceções em situações
excepcionalíssimas.
➔ Não se pode cassar a aposentadoria do servidor que ingressou no serviço público por força de provimento
judicial precário e se aposentou durante o processo, antes da decisão ser reformada.
Responsabilidade dos servidores: em razão da independência de instância podem ser condenados nas diversas
esferas, sem ofensa ao bis in idem.
Nas sanções administrativas, decorrente do poder disciplinar, o judiciário só pode anulas, mas não pode alterá-la ou
substituí-la.
A sentença penal, em algumas hipóteses, reflete na seara administrativa.
Os estados/ municípios e DF podem estabelece limites diferentes de tempo de contribuição de aposentadoria.
SERVIÇO PÚBLICO
• Modicidade: STJ na falta de hidrômetro ou defeito no seu funcionamento, a cobrança deve ser pela tarifa mínima,
sendo vedada a cobrança por estimativa.
• Mutabilidade do regime: mudança do regime de execução do serviço para adaptação ao interesse público.
Serviços próprios: prestados diretamente ou por delegação
Serviços impróprios: não são de titularidade exclusiva do estado, pode ser prestado por particular sem delegação.
CONCESSÃO: STJ- fixado o prazo do contrato de concessão, administração não pode estender sem novo processo
licitatório. Responsabilidade do ente público é subsidiária.
Vá para tabelas.
TEMA 991: Afronta o princípio da separação dos Poderes a anulação judicial de cláusula de contrato de concessão
firmado por Agência Reguladora e prestadora de serviço de telefonia que, em observância aos marcos regulatórios
estabelecidos pelo Legislador, autoriza a incidência de reajuste de alguns itens tarifários em percentual superior ao do
índice inflacionário fixado, quando este não é superado pela média ponderada de todos os itens.
intervenção do Judiciário no âmbito regulatório deve se restringir apenas ao controle de legalidade, devendo
ser respeitadas as capacidades institucionais das entidades de regulação (no caso, a Anatel) e a
discricionariedade técnica dos atos editados.
As agências reguladoras estão submetidas aos ditames constitucionais e legais por força do art. 21, XI, da
Constituição Federal;
Importante destacar, por fim, que o STF já reconheceu a autonomia das agências reguladoras para a definição
das regras disciplinadoras do setor regulado, observados os limites da lei de regência, ante a complexidade
técnica dos temas envolvidos que exigem conhecimento especializado e qualificado acerca da matéria objeto
da regulação.
A análise jurisdicional deve se limitar ao exame da legalidade ou abusividade do ato administrativo.
TEMA 854: Salvo situações excepcionais, devidamente comprovadas, o implemento de transporte público coletivo
pressupõe prévia licitação.
A concessionária não tem direito adquirido à renovação do contrato de concessão de usina hidrelétrica.
A concessionária de água e esgoto pode cobrar “tarifa de esgotamento sanitário” mesmo na hipótese em que realiza
apenas a coleta e o transporte dos dejetos sanitários, sem fazer o tratamento final dos efluentes.
Revisão judicial de política tarifária
STF possui precedentes dizendo que "o reajuste de tarifas do serviço público é manifestação de uma política
tarifária, solução, em cada caso, de um complexo problema de ponderação entre a exigência de ajustar o
preço do serviço às situações econômicas concretas do seguimento social dos respectivos usuários ao
imperativo de manter a viabilidade econômico-financeiro do empreendimento do concessionário";
Assim, a interferência judicial para invalidar a estipulação das tarifas de transporte público urbano não pode
ser admitida como medida liminar por violar gravemente a ordem pública.
Os atos administrativos praticados pelo Poder Público gozam de presunção de legitimidade, sendo
considerados válidos até prova definitiva em sentido contrário.
Violação da ordem econômica
ATENÇÃO. MUITO CUIDADO!!!: A interferência judicial para invalidar a estipulação das tarifas de transporte público
urbano viola a ordem pública, mormente nos casos em que houver, por parte da Fazenda estadual, esclarecimento de
que a metodologia adotada para fixação dos preços era técnica. STJ. Aqui a Ministra Laurita Vaz mencionou a doutrina
Chenery:
A “doutrina Chenery” (Chenerydoctrine) surgiu a partir de um julgamento da Suprema Corte norte-americana (SEC
v. CheneryCorp., 318 U.S. 80, 1943). Segundo essa teoria, o Poder Judiciário não pode anular um ato político adotado
pela Administração Pública sob o argumento de que ele não se valeu de metodologia técnica. Isso porque, em temas
envolvendo questões técnicas e complexas, os Tribunais não gozam de expertise para concluir se os critérios
adotados pela Administração são corretos ou não. Assim, as escolhas políticas dos órgãos governamentais, desde
que não sejam revestidas de reconhecida ilegalidade, não podem ser invalidadas pelo Poder Judiciário.
PPP: relicitação é o procedimento que extingue o contrato amigavelmente com nova celebração de ajuste negocial
para o empreendimento, com novos contratados, mediante licitação promovida para esse fim.
União estabelece normas gerais. O estado regras específicas.
REGRA: OBJETIVA e decorre do RISCO ADMINISTRATIVO, a respeito da qual não se exige perquirir sobre
existência de culpa, conforme disciplinado pelos arts. 14 do Código de Defesa do Consumidor; 186, 192 e 927 do
Código Civil; e 37, § 6º, da Constituição Federal.
Pressupostos: ato ilícito, do dano sofrido e do nexo de causalidade entre o evento danoso e a ação ou omissão
do agente público.
Não alberga EP e SEM exploradoras de atividade econômicas;
Situações na jurisprudência:
STF: O Estado possui responsabilidade civil direta, primária e objetiva pelos danos que notários e oficiais de
registro, no exercício de serviço público por delegação, causem a terceiros.
A pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviço público possui responsabilidade civil em razão de
dano decorrente de crime de furto praticado em suas dependências, nos termos do art. 37, § 6º, da CF/88.
Concessionária de rodovia não responde por roubo e sequestro ocorridos nas dependências de
estabelecimento por ela mantido para a utilização de usuários.
Súmula 647-STJ: São imprescritíveis as ações indenizatórias por danos morais e materiais decorrentes de
atos de perseguição política com violação de direitos fundamentais ocorridos durante o regime militar.
No caso em que o servidor público foi impedido irregularmente de acumular dois cargos públicos em
razão de interpretação equivocada da Administração Pública, o Estado deverá ser condenado e, na
fixação do valor da indenização, não se deve aplicar o critério referente à teoria da perda da chance, e sim o
da efetiva extensão do dano causado, conforme o art. 944 do CC.
MP 966/2020 – Responsabilidade de agentes públicos por ação e omissão em atos relacionados com a pandemia do
COVID-19
Responsabilidade exige dolo ou erro grosseiro; OBS: A doutrina divide a culpa em três subespécies: culpa
grave, leve e levíssima – erro grosseiro = culpa grave;
Esfera cível e administrativa;
Responsabilidade do parecerista e do decisor devem ser analisadas de forma independente;
Para que o decisor seja responsabilizado, será necessário que fique demonstrado que ele: • tinha condições de aferir
que o parecerista agia com dolo ou erro grosseiro; ou • estivesse em conluiou com o parecerista.
STF → interpretação conforme: erro grosseiro deve analisar: a) de standards, normas e critérios científicos e
técnicos, tal como estabelecidos por organizações e entidades internacional e nacionalmente conhecidas; bem
como b) dos princípios constitucionais da precaução e da prevenção;
Mitigação da resp. Subjetiva pelo STF: A jurisprudência do STF tem entendido que também é objetiva a
responsabilidade civil decorrente de omissão, seja das pessoas jurídicas de direito público, seja das pessoas jurídicas
de direito privado prestadoras de serviço público.
o STF fixou a seguinte tese de repercussão geral: "Em caso de inobservância de seu dever específico de proteção
previsto no artigo 5°, inciso XLIX, da Constituição Federal, o Estado é responsável pela morte de detento. (o
entendimento anterior pacífico era a reponsabilidade objetiva do estado). Mas ao mencionar “o dever específico”
remete a teoria da responsabilidade por culpa administrativa, que trata dos atos decorrentes da omissão.
A doutrina admite exceção a responsabilidade subjetiva por omissão do estado:
• Teoria do risco criado ou suscitado: quando o próprio estado cria uma situação de risco e se coloca como
garante da não ocorrência desse risco (detentos no presídio).
Reponsabilidade por ATOS LEGISLATIVOS:
A regra é a irresponsabilidade por atos legislativos, vez que sua edição, por si só, não acarreta danos
indenizáveis. Atos de soberania do estado, geral e abstrato
Poderá gerar indenização: se a lei for declarada inconstitucional, em controle concentrado, pq o ato foi
exercido fora da competência constitucional. (STF e STJ exigem a declaração em controle concentrado. Parte
da doutrina admite em difuso).
Leis de efeitos concretos: não são gerais e abstratas. Constitui, quanto ao seu conteúdo, verdadeiro ato
administrativo.
Omissão legislativa: a jurisprudência vem se posicionando pela impossibilidade. Adotada na França e na Itália.
RESPONSABILIDADE POR ATOS JUDICIAIS: como regra, as prisões preventivas, ainda que absolvido o acusado,
não gera indenização, pois visam instrumentalizar o processo, salvo quando arbitrárias e claramente sem os requisitos
para sua decretação.
Atuação atípica: resp. objetiva;
Erro judiciário na seara penal – resp. objetiva;
Ação de Indenização
Culpa recíproca – atenua;
Valor da indenização: danos emergentes + lucros cessantes;
Prazo prescricional: art. 1º-C, L. 9.494/97 – 5 anos;
Ação regressiva: se não é crime nem improbidade → prescreve; se é doloso de improbidade → imprescritível;
Denunciação à lide? A pessoa jurídica pode denunciar à lide o servidor? Parte da doutrina não admite a
denunciação, pq o regime de responsabilidade é diverso do estado com servidor (subjetiva). A questão deve ser
resolvida em ação regressiva. Teoria do órgão. Duração razoável do processo para o lesado.
E o ajuizamento da ação diretamente contra o servidor? STF: não pode. Devem ser responsabilizados em ação
regressiva, conforme a CF. Teoria da dupla garantia.
Teoria da Dupla garantia: Art. 37, §6º da CF → Esse mesmo dispositivo constitucional consagra, ainda, dupla
garantia: uma, em favor do particular, possibilitando-lhe ação indenizatória contra a pessoa jurídica de direito
público, ou de direito privado que preste serviço público, dado que bem maior, praticamente certa, a possibilidade
de pagamento do dano objetivamente sofrido. Outra garantia, no entanto, em prol do servidor estatal, que somente
responde administrativa e civilmente perante a pessoa jurídica a cujo quadro funcional se vincular.
Responsabilidade por atos terroristas: teoria da culpa administrativa (omissão relevante do estado)
Reponsabilidade do estado pela perda de uma chance:
• Chance concreta e real. Alto grau de probabilidade de obter o benefício;
• Ação ou omissão do estado;
• O dano não corresponde ao valor do benefício perdida (visto que o benefício é sempre hipotético).
Corresponde a chance.
• STJ já aplicou em caso de erro de tratamento médico pelo SUS;
STJ: Nulidade de PAD, pq o rito não admite a participação de membro do MP. Atribuição estranha as competências
do MP. Possibilidade de instauração de novo PAD.
Cada ente pode estabelecer regras próprias sobre o processo administrativo.
Recursos no processo administrativo (diferente do processo civil), decorre da autotutela podendo ser revisto de
ofício e sem impulso das partes. Pode se alegar em instância superior o que não foi alegado pelas partes.
Reexaminar matéria de fato. Produzir provas novas.
SEGURANÇA JURÍDICA: prisma objetivo (vedação da retroatividade, proteção dos atos jurídicos perfeitos); prisma
subjetivo (princípio da confiança, proteção da legítima expectativa). Prazo prescricional.
Delegação não precisa de hierarquia. Avocação precisa (avocação comum), salvo se derivada da lei (avocação legal).
Recurso administrativo/ coisa julgada administrativa e revisão:
Recurso hierárquico próprio: existe relação de hierarquia entre a autoridade recorrida e a autoridade revisora.
Recurso Hierárquico impróprio: não há hierarquia entre o órgão recorrido e o órgão revisor sendo necessária a
previsão legal para sua existência.
O recurso pode agravar a situação do recorrente. (não se aplica a vedação da reformatio in pejus).
Revisão do processo administrativo. Na revisão, a situação não pode ser agravada.
Espécies de recursos administrativos
Representação: irregularidades, ilegalidades e condutas abusivas;
Reclamação: contra ação administrativa que lhe cause lesão ou ameaça de lesão; se não houver prazo,
extingue em 1 ano;
Pedido de reconsideração: dirigido a mesma autoridade que praticou o ato, nova analise da matéria; Súula
430 do STF → não interrompe o prazo;
Recurso hierárquico próprio: dirigido a mesma autoridade, se não reconsidera manda para superior;
Recurso hierárquico improprio: depende de previsão legal; autoridade/órgão estranho ao que proferiu a
decisão;
Revisão: servidor punido para solicitar reexame da decisão, surgirem fatos novos capazes de demonstrar sua
inocência; Aqui não pode ocorrer reformatio in pejus;
Prescrição intercorrente: 9.874 - 3 anos de paralisação do processo.
PAD:
• Sistema hierárquico: apenas o superior hierárquico apura a falta e aplica pena;
• Sistema de jurisdição completa: falta e pena prevista em lei, cuja aplicação cabe a um órgão de jurisdição;
• Sistema misto (jurisdição moderna): Adotado pelo Brasil. A pena é aplicada pelo super hierárquico com
certo grau de discricionariedade na escola da pena.
CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO
Poder de verificação e correção exercido pelos poderes legislativo, judiciário e executivo, sobre atos produzidos pela
administração. Aferir sua observância às normas e princípios de regência;
Classificação
Quanto ao momento:
Prévio: antecede o ato;
Concomitante ou sucessivo: durante o ato
Subsequente corretivo: após a execução do ato. Convalidar ou declarar a nulidade.
Quanto a amplitude
Hierárquico: resulta do escalonamento vertical dos órgãos;
Finalístico: administração direta sobre as entidades da indireta; limites definidos em lei;
Quanto a origem:
Interno: realizado pela própria administração;
Controle externo: órgãos integrantes de poder distinto;
Controle externo
Controle legislativo direto Controle legislativo Controle judicial Via ação popular
indireto
Realizado pelo Exercido pelo TC, como Exercido pelos membros Controle desempenhado
parlamento através de órgão auxiliar do do poder judiciário; pelo cidadão, art. 74, §2º
seus representantes legislativo; da CF;
diretos.
CN susta atos, p.x.
CONTROLE PELA ADMINISTRAÇÃO
Autotutela: anulação e revogação;
Mecanismos: fiscalização hierárquica e recursos administrativos;
CONTROLE LEGISLATIVO
Eminentemente político, clausula pétrea; art. 49, X, da CF;
CPI → amplos poderes investigatórios;
Controle finalístico e orçamentário;
TC – Não pode declarar inconstitucionalidade;
Controle de atos de concessão de aposentadoria ou pensão: STF Tema 445: Em atenção aos princípios da
segurança jurídica e da confiança legítima, os Tribunais de Contas estão sujeitos ao prazo de cinco anos para
o julgamento da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma ou pensão, a contar da
chegada do processo à respectiva Corte de Contas.
CONTROLE JUDICIAL
A doutrina moderna administrativa defende o controle do mérito pelo judiciário, que além da legalidade estrita,
pode analisar o princípio da moralidade, impessoalidade, proporcionalidade e etc.
Não se discute mais a possibilidade de controle do mérito administrativo, mas a intensidade;
Zonas de certeza positiva ou negativa: quando não houver dúvida por parte do juiz quando ao ato administrativo
(adequado/ inadequado), deverá proceder o controle do mérito.
Zonas de penumbra/ zona intermediária / zona de incerteza: deve abster de realizar juízo de valor, preservando a
discricionariedade administrativa.
Gustavo Binembojm: Standards (parâmetros) nível de controle pelo judiciário: + controle pelo juiz/ - controle pelo juiz;
Direitos fundamentais (+)
Objetividade das normas/princípios (+)
Tecnicidade da matéria (-)
Grau de politicidade (-)
Grau de participação social (-)
DI PIETRO: Atos políticos; legislativos e interna corporis → atos que se sujeitam a um controle diferenciado;
Atos políticos: afrontar principio constitucional; ofensa a direito publico subjetivo previsto na CF;
Atos legislativos: leis de efeito concreto (verdadeiros atos)
Atos interna corporis: em regra foge ao controle do judiciário, desde que não desobedeçam a comandos
constitucionais;
Desapropriação indireta (apossamento administrativo): é aquela que se realiza sem a obediência as exigências
legais. Também ocorre quando o poder público, usando de intervenção RESTRITIVA da propriedade, acaba
suprimindo totalmente a propriedade.
O que a pessoa pode fazer caso tenha sofrido uma desapropriação indireta?
Se o bem expropriado ainda não está sendo utilizado em nenhuma finalidade pública: pode ser proposta uma
ação possessória com o objetivo de que a pessoa mantenha ou retome a posse do bem.
Se o bem expropriado já está afetado a uma finalidade pública: considera-se que houve fato consumado e
somente restará ao particular ajuizar uma “ação de desapropriação indireta” a fim de ser indenizado. Nesse
sentido é o art. 35 do Decreto-Lei 3.365/41;
Ação de desapropriação indireta quando já havia restrição administrativa antes da aquisição do imóvel: em
regra o novo proprietário não pode → Nessas condições, querer agir em nome do credor primitivo, postulando
lesão que não sofreu, afronta os princípios da boa-fé objetiva, da proibição de enriquecimento sem causa e da
moralidade, representando, não o exercício de um direito, mas a invocação abusiva do direito. Exceções: a)
quando a transferência da propriedade for realizada por negócio jurídico gratuito; b) quando o adquirente for
sujeito vulnerável, na acepção de indivíduo incontestavelmente pobre ou humilde. Presunção relativa de boa-
fé, de moralidade e de inexistência de enriquecimento sem causa;
Não configura desapropriação indireta quando o Estado se limita a realizar serviços públicos de infraestrutura
em gleba cuja invasão por particulares apresenta situação consolidada e irreversível;
Aplicam-se às desapropriações indiretas, para a fixação de honorários advocatícios, os limites percentuais
estabelecidos no art. 27, §§ 1º e 3º, do Decreto-Lei 3.365/1941 (entre 0,5% e 5%).
Prazo prescricional da desapropriação indireta: cc/16: 20 anos, CC/02:10 anos. (regra de transição do CC).
Exceção: o prazo será de 15 anos se ficar comprovada a inexistência de obras ou serviços públicos no local.
OBS: Em ação de desapropriação indireta é cabível reparação decorrente de limitações administrativas → ambas são
ações pessoais. Instrumentalidade das formas. Primazia da solução de mérito.
STJ: a intimação do MP só é indispensável para desapropriação para fins de reforma agrária.
STJ: O expropriante pode desistir da ação, antes do pagamento integral. Cabendo ao expropriado o ônus de provar
fato impeditivo do direito de desistir.
Imissão provisória na posse: urgência + depósito do valor.
Podem ser cumulados os juros compensatórios e os juros moratórios. Os compensatórios contam-se a partir da imissão
na posse ou a partir da efetiva ocupação do imóvel no caso de desapropriação indireta. Os juros moratórios (na direita
e na indireta) contam-se o trânsito em julgado da sentença.
Direito de retrocessão: direito de o proprietário exigir o bem de volta em caso de destino diverso daquele declarado
na desapropriação, salvo em caso de tredestinação lícita.
A Adestinação, ocorre quando o bem não é destinado a qualquer fim, também gera o direito de retrocessão.
Natureza jurídica da retrocessão
• 1ª: natureza de direito real: o poder público adquire a propriedade em caráter resolúvel, uma vez não
cumprida a finalidade pública, a aquisição se resolveria e o imóvel voltaria ao expropriado. STJ
• 2ª: natureza de direito pessoal: 519 do CC.
A retrocessão só cabe ao antigo proprietário do imóvel, não abrange terceiros como os herdeiros.
Direito de extensão: direito do expropriado de exigir que a desapropriação seja completa, alcançando todo o bem
(parte não incluída no decreto de declaração), diante da inutilidade do restante da propriedade.
LICITAÇÃO E CONTRATOS
Sistema S: não estão sujeitas à licitação, observando regulamento próprio compatível com os princípio da Adm. Não
podem inovar criando hipóteses de dispensa e inexigibilidade não prevista em lei.
Parte da doutrina entende que os limites estabelecidos para uso das modalidades são normas específicas,
defendendo, assim, a autonomia dos estados/DF/ Municípios para definir forma diferente de atualização dos valores.
A modalidade do diálogo competitivo foi inspirada no “diálogo concorrencial” da união Europeia.3fases:
• Edital e pré-seleção de licitantes;
• Fase de diálogo com os licitantes pré-selecionados;
• Fase competitiva
Modalidade anômala: consulta/ chamamento público/ concurso de projetos.
Assessoramento jurídico (53), responsabilidade pelo parecer: o STF sustentou três premissas:
• É abusiva a responsabilidade do parecerista diante da alargada relação de causalidade entre o parecer e o
ato que gera lesão ao erário;
• Salvo em caso de dolo ou erro grosseiro, o advogado público não pode ser responsabilizado pelo conteúdo
do parecer de natureza meramente opinativa;
• A responsabilização poderia ocorrer quando a lei estabelece compartilhamento do poder decisão (como o
parecer vinculante);
STJ: as empresas em recuperação judicial têm o direito de participar de licitação, mesmo com a exigência da lei de
apresentar “certidão negativa de falência ou concordata”. Função social da empresa e o estímulo a atividade
econômica.
STJ: Já decidiu que não deve ser reconhecida a nulidade em processo licitatório quando a autoridade que julga o
recurso, na licitação é incompetente, mas a autoridade competente tenha homologado todo o certame posteriormente.
Built to suit: locações sob medida ou encomenda. RDD.
Contratos administrativos:
Carvalho filho divide os contratos da administração: contratos administrativos e contratos privados da administração.
Nos contratos administrativos, há incidência das regras de direito público, com suas prerrogativas e restrições. Nos
contratos privados, a administração fica no mesmo plano jurídica que a outra parte sem as prerrogativas do regime
jurídico de direito público.
STJ: não admite a retenção de pagamento por serviços prestados quando a empresa não manter a regularidade fiscal.
Essa sanção não se encontra prevista na lei, violação ao princípio da legalidade.
STJ: A inflação, no Brasil, não é álea extraordinária para possibilitar a revisão do equilíbrio econômico do contrato.
A exclusão do regime tributário do simples nacional não enseja a revisão do contrato.
Desconsideração da personalidade jurídica: STJ admite a desconsideração da personalidade jurídica para
estender os efeitos da declaração de inidoneidade à sociedade empresarial diversa, constituída com objetivo de
burlar a sanção administrativa.
Alguns elementos que podem identificar:
• Completa atividade dos sócios;
• Atuação no mesmo ramo;
• Transferência integral de acervo técnico e humano.