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Artigo de Revisão

Etiologia da restrição de crescimento intrauterino (RCIU)


Intrauterine growth restriction etiology (IUGR)

RESUMO
Artur da Rocha Moreira Neto1 A restrição de crescimento intra-uterino ocorre quando o feto não atinge
José Carlos Martins Córdoba1
José Carlos Peraçoli2
o tamanho esperado ou determinado pelo seu potencial genético, sendo
identificada clinicamente quando o peso fetal está abaixo do percentil
10 para a idade gestacional. Essa definição é a mais utilizada na litera-
tura. A restrição de crescimento fetal é um problema clínico comum,
associado ao aumento da morbidade e mortalidade perinatal sendo re-
conhecida em 7% a 15% das gestações. O objetivo dessa revisão foi re-
lacionar os fatores envolvidos na etiologia da restrição de crescimento
intra-uterino, por meio de revisão bibliográfica da literatura nas bases
de dados medline, pubmed, scielo, além de livros, com ênfase nos últi-
mos 10 anos. A análise da literatura permite concluir que, são múltiplos
os fatores relacionados a essa intercorrência, abrangendo fatores mater-
nos, placentários e fetais. Importante ressaltar que esses diferentes fato-
res podem atuar concomitantemente, alguns são preveníveis e muitos
deles estão intimamente relacionados com o estado socioeconômico e
cultural da população. Assim, as causas e incidência de RCIU são dife-
1
Escola Superior de Ciências da Saúde/ rentes segundo a população estudada.
FEPECS da Secretaria de Estado de Saúde
do Distrito Federal. Brasília-DF, Brasil. Palavras-chave: Restrição de crescimento intrauterino; Etiologia;
2
Departamento de Ginecologia e Morbidade; Mortalidade perinatal.
Obstetrícia da Faculdade de Medicina de
Botucatu/UNESP. Botucatu-SP, Brasil.

ABSTRACT
Intrauterine growth restriction (IUGR) happens when the fetus does not
reach the expected size or determined by its genetic potential. It is clini-
cally identified when the fetal weight is below the 10th percentile for the
gestational age. This definition is frequently used in the literature. Fetal
growth restriction is a common clinical problem that is associated with
the increase in perinatal morbidity and mortality, and is reported in 7 to
Correspondência 15% of pregnancies. The objective of this review is to describe the fac-
Artur da Rocha Moreira Neto tors involved in the etiology of intrauterine growth restriction, by using
SQS 113, bloco B, apartamento 304, the bibliographic review of the literature on the databases of Medline,
Asa Sul, Brasília-DF. 70376-020, Brasil.
drarturdarocha@ibest.com.br Pubmed, Scielo, and also books, with emphasis on the past 10 years.

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Moreira Neto AR et al.

The analysis of the consulted materials shows that there are many fac-
tors associated with this condition, including maternal, placental and
fetal factors. It´s important to highlight that these different factors can
act concomitantly, some of them are predictable, and many of them are
intimately related with the socioeconomic and cultural status of the po-
pulation. Thus, the causes and incidence of IUGR vary according to the
study population.

Keywords: Intrauterine growth restriction; Etiology; Morbidity;


Perinatal mortality.

No início da vida fetal o principal determinante do crescimento é o ge-


noma, porém, nas fases posteriores o crescimento é influenciado por fa-
tores hormonais, imunológicos, vasculares, nutricionais e ambientais1.
A ocorrência de qualquer distúrbio em um desses fatores pode resultar
na restrição do crescimento fetal2. Portanto, o crescimento intrauterino
é influenciado pelo potencial genético e controlado pelo meio no qual
o feto está inserido. Entretanto, os dois principais fatores que impedem
o crescimento fetal são a nutrição inadequada e a capacidade uterina
insuficiente3.

Definição

Battaglia e Lubchenco4 definiram recém-nascido Incidência


pequeno para a idade gestacional (PIG) quando o
peso fetal encontra-se abaixo do percentil 10 para Segundo a literatura, a incidência de RCIU é in-
a idade gestacional, sendo essa definição a mais fluenciada por diversos fatores. Assim, nos países
utilizada na literatura. É importante afirmar que, desenvolvidos a incidência é menor do que nos
alguns recém-nascidos PIG, classificados como países subdesenvolvidos, variando também se-
constitucionalmente pequenos e que apresentam gundo as características culturais e socioeconômi-
curva de crescimento com distribuição normal, cas num mesmo país5. A incidência também varia
não apresentam os estigmas da restrição patológi- segundo os critérios de definição e as configura-
ca de crescimento, sendo apenas biologicamente ções das curvas de normalidade2. De modo geral,
menores5. Portanto, em algumas situações é difí- pode-se afirmar que a RCIU é um problema clíni-
cil diferenciar fetos com restrição de crescimento co comum, reconhecido em 7% a 15% das gesta-
intra-uterino (RCIU) de fetos PIG saudáveis. ções10. No Brasil está estimada entre 10% e 15%
(MS, 2000).
Alguns autores definem RCIU usando esse mes-
mo conceito, porém empregam os percentis 5 ou Morbidade e mortalidade fetal
3 para o diagnóstico, aumentando assim a sensi-
bilidade6,7. A restrição de crescimento intra-uterino está asso-
ciada ao aumento das taxas de morbidade e mor-
Essas diferentes definições de RCIU baseiam-se na talidade perinatal. Em países desenvolvidos, em-
distribuição de peso e idade gestacional compara- bora a principal causa de mortalidade neonatal
das à curvas-padrão da população, sendo neces- seja a prematuridade, a RCIU é a segunda causa,
sário se determinar curvas específicas para cada constituindo um dos maiores desafios a redução
população, pois o crescimento fetal pode ser in- da sua frequência, determinar sua etiologia, redu-
fluenciado por fatores como raça, sexo, classe so- zir as dificuldades de detecção e introduzir algum
cial e altitude8,9. tratamento11.

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Etiologia da RCIU

A morbidade perinatal é cinco vezes maior para ferência abdominal, uma vez que o fígado, princi-
os fetos com RCIU, em decorrência da maior fre- pal órgão afetado tem seu crescimento prejudica-
qüência de hipoxia, aspiração de mecônio, hipo- do pelo maior consumo de glicogênio, caracteri-
glicemia, hipocalcemia, policitemia, hipotermia, zando os fetos como magros, com estatura normal
hemorragia pulmonar e prejuízo no desenvolvi- e pólo cefálico proporcionalmente grande. Nessa
mento neuropsicomotor12. fase de hiperplasia ocorre redução da oferta de nu-
trientes que determina redistribuição dos fluxos
A restrição de crescimento intra-uterino influen- sanguíneos para privilegiar órgãos como cérebro,
ciará o desenvolvimento do indivíduo no período coração e supra-renais. Podem apresentar hipóxia
pós-natal, repercutindo sobre o estado nutricional e hipoglicemia.
na infância13. Mais ainda, existem evidências que
nascer pequeno para a idade gestacional está asso- Tipo III – Intermediário ou misto: responde por
ciado ao aumento de risco de desenvolver doenças 5% a 10% dos casos, sendo conseqüente a proces-
cardiovasculares e diabetes na vida futura14. sos de agressão tanto na fase de hiperplasia quanto
na de hipertrofia do crescimento celular. Os prin-
Classificação cipais fatores etiológicos são desnutrição mater-
na e consumo de drogas ilícitas, álcool, fumo e
Lin e Santolaya-Forgas (1998)15 dividem o cresci- cafeína. O diagnóstico clínico do tipo III é difícil,
mento celular fetal em três fases consecutivas: de sendo geralmente os RN classificados como tipo
hiperplasia, presente nas primeiras 16 semanas e I ou II.
que se caracteriza por aumento do número de cé-
lulas; de hiperplasia e hipertrofia celular, presente Prognóstico
entre a 16ª e 32ª semanas e de hipertrofia, pre-
sente após a 32ª semana e caracterizada princi- A restrição de crescimento intra-uterino exerce in-
palmente pela deposição de gordura resultante do fluência sobre as taxas de mortalidade e morbidade
metabolismo do glicogênio. infantil17.

Considerando-se o fator causal, a idade gestacional A morbidade de recém-nascidos que apresentam


em que ocorre a agressão e os órgãos acometidos, RCIU pode determinar transtornos a curto, médio
os recém-nascidos com RCIU são classificados em e longo prazo, além de predispor a doenças crô-
três tipos16: nicas na vida adulta. Portanto, essa intercorrência
afeta não apenas o futuro do recém-nascido, mas
Tipo I – Simétrico ou intrínseco ou proporcional também a sociedade.
ou hipoplásico: ocorre em 20% dos casos, sen-
do decorrente de fatores etiológicos que atuam no Assim, é conhecido que a RCIU predispõe ao de-
início da gravidez, na fase de hiperplasia celular, senvolvimento de aterosclerose e hipertensão na
reduzindo o número de células dos órgãos. Tem vida adulta18.
evolução crônica e os principais fatores etiológi-
cos são as infecções maternas (TORCH), as altera- Fatores etiológicos
ções cromossômicas e as malformações congêni-
tas. Os fetos constitucionalmente pequenos tam- A causa mais comum de RCIU (80% a 90% dos ca-
bém apresentam crescimento simétrico, ou seja, sos), passível de ação preventiva e terapêutica no
são proporcionalmente pequenos, o que pode di- futuro, é o déficit de passagem de nutrientes e oxi-
ficultar o diagnóstico diferencial. Geralmente não gênio através da placenta para o feto19. Portanto, o
apresentam hipóxia neonatal. transporte e o metabolismo placentário são fun-
damentais para a nutrição e oxigenação do feto,
Tipo II – Assimétrico ou desproporcional: ocorre atuando a placenta como um órgão limite entre as
em 75% dos casos, sendo geralmente decorren- condições maternas e as necessidades fetais.
te de insuficiência placentária. A agressão ocor-
re desde o início do 3.º trimestre da gravidez, na Existem múltiplos fatores etiológicos de restri-
fase de hipertrofia celular, determinando déficit ção de crescimento fetal, envolvendo mecanismos
no crescimento celular (hipotrofia). Como conse- complexos, que dificultam a compreensão da sua
qüência observa-se desproporção entre o cresci- fisiopatologia. Dentre eles destacam-se os mater-
mento do pólo cefálico e do tronco e membros. nos, fetais e placentários20.
Essa desproporção resulta da redução da circun-

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Moreira Neto AR et al.

Fatores maternos: idade, raça, altura, baixo ní- Estado nutricional


vel socioeconômico e cultural, má adaptação
cardiovascular, transtornos do estado nutricional, A desnutrição materna é a causa mais freqüente
baixo peso pré-gestacional ou ganho insuficiente de RCIU nos países subdesenvolvidos. Se a desnu-
de peso durante a gestação, altitude elevada, pa- trição for crônica, antecedendo a gestação, a fre-
ridade, duração da gestação, tabagismo, abuso de qüência de recém-nascidos de baixo peso será de
álcool, uso de drogas ilícitas ou teratogênicas, ci- 40%, devido à prematuridade ou RCIU. A morta-
rurgia bariátrica, hemoglobinopatias, anemias, do- lidade desses recém-nascidos é quatro vezes maior
enças hipertensivas, diabetes complicado por vas- durante o primeiro ano de vida20.
culopatias, lúpus eritematoso sistêmico, doenças
renais crônicas, trombofilias, cardiopatias cianóti- Os transtornos alimentares também estão associa-
cas, doenças intersticiais pulmonares e irradiação. dos com aumento de nove vezes nas taxas de res-
trição do crescimento fetal23.
Fatores fetais: o crescimento fetal é determina-
do primariamente pelo potencial genético, que Mulheres constitucionalmente pequenas normal-
pode ser bloqueado, modificado ou desviado por mente têm filhos menores. A gestação de mulhe-
um conjunto de fatores que atuam sobre o meta- res com índice de massa corporal médio ou baixo
bolismo fetal e o processo organogenético, redu- ou baixo ganho de peso durante a gestação pode
zindo a taxa de utilização de nutrientes por uni- se associar com RCIU24.
dade de peso e diminuindo permanentemente o
número de células. Isso ocorre nas condições ge- Atividade física
néticas como as síndromes de Down, de Edwards,
de Patau, de Turner e nas triploidias, além das O esforço físico vigoroso é apontado como fator
situações de mosaicismos placentários, doenças determinante de desfecho indesejado da gestação
gênicas como a síndrome de Cornelia de Lange. como baixo peso ao nascer, prematuridade e res-
Também estão relacionadas entre as causas fetais trição de crescimento intra-uterino17,25,26. Segundo
as infecções como toxoplasmose, rubéola, citome- Takito et al.27, tanto o excesso quanto o déficit de
galovírus, herpes, sífilis e malária. atividade física determinam aumento de risco de
resultados indesejados na gravidez. Admite-se que
Fatores placentários: a insuficiência vascular ute- a inatividade (sedentarismo) assim como a prática
roplacentária diminui o fluxo e determina o RCIU de exercícios físicos vigorosos prolongados é pre-
por mecanismos como redução da pressão de per- judicial para o crescimento do feto.
fusão, aumento da resistência vascular placentá-
ria e diminuição da superfície vascular de trocas. Doença vascular
Pode ocorrer em condições como artéria umbi-
lical única, anormalidade uterina (útero bicorno, A doença vascular crônica, principalmente quan-
septado), anormalidade do sítio de implantação do complicada por pré-eclâmpsia, na maioria das
(placenta prévia), placenta circunvalada, inserção vezes causa restrição de crescimento fetal28. Assim,
velamentosa de cordão umbilical, tumores (corio- em estudo caracterizado por alteração da doppler-
angioma), síndrome de transfusão fetal, mosaico velocimetria da artéria uterina, mostrou-se que a
placentário e infartos da placenta. doença vascular materna está associada com au-
mento das taxas de pré-eclâmpsia, de RN peque-
no para a idade gestacional e de parto pré-termo
FATORES MATERNOS (inferior a 34 semanas)29.

Baixa condição socioeconômica e cultural


Alterações circulatórias
Segundo um estudo realizado em mulheres
Britânicas, mães desfavorecidas socialmente ge- Materna
ram crianças menores21. Um estudo sueco verifi-
cou que a falta de recursos psicossociais aumenta A gravidez modifica substancialmente a fisiolo-
o risco de crianças com RCIU22. gia do organismo materno, aumentando o débito
cardíaco em 30% a 40% do valor pré-gravídico.
A adaptação cardiovascular materna deve permi-
tir a perfusão uterina necessária para satisfazer as

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Etiologia da RCIU

necessidades de desenvolvimento e crescimento A leptina afeta o transporte de ácidos graxos e ami-


fetal, proporcionando o transporte de nutrientes noácidos transplacentários, agindo como estimu-
e oxigênio para a placenta e o feto30. lador de crescimento do pâncreas e modulando o
conteúdo de gordura do organismo fetal40,41.
Placentária
Os hormônios prolactina, lactogênio placentário
A circulação da placenta humana é hemocorial, na humano (hPL) e de crescimento placentário (GH)
qual a capacidade de transporte é o principal de- têm papel central na adaptação materna à gravi-
terminante na transferência de nutrientes da mãe dez. O peso fetal na metade e no final da gestação
para o feto, que depende da expansão da área de correlaciona-se diretamente com as concentrações
superfície das vilosidades trofoblásticas placentá- do hPL e do GH no plasma materno e fetal. Em
rias e do aumento da concentração de proteínas, gestações complicadas por restrição de crescimen-
aminoácidos e ácidos graxos. No segundo trimes- to fetal detecta-se diminuição nas concentrações
tre, cerca de 40% de oxigênio e 70% de glicose desses hormônios42.
chegam ao útero pela circulação materna, sendo
consumidos pelas atividades de transporte pla- Adrenomedulina, um peptídeo vasoativo produ-
centário, ficando o restante disponível para a nu- zido pela placenta, encontra-se em concentração
trição fetal 31,32. elevada no sangue venoso do cordão umbilical de
RN com restrição de crescimento, quando com-
Fetal parado com RN controle. Esse hormônio está re-
lacionado com o início do desenvolvimento de hi-
A proporção de nutrientes disponível para o feto pertensão arterial em adultos.
aumenta progressivamente com a evolução da
gestação31,32. A circulação fetal fornece nutriente Fator genético
preferencialmente para o fígado (70% a 80%)33,
para o coração, cujo fluxo sanguíneo rico em nu- Contribui com 30% a 70% da variabilidade do
trientes dentro do átrio direito privilegia o miocár- peso do concepto ao nascer. Combinações de po-
dio e para o cérebro34. limorfismos genéticos comuns refletem defeitos
de crescimento pré-natal e pós-natal. No entan-
O ducto venoso é importante no fornecimento de to, um defeito do gene principal é mais freqüen-
sangue umbilical adequadamente oxigenado dire- te em crianças pequenas para a idade gestacional
tamente para o coração sem passar pelo fígado35. que nas que alcançam o crescimento adequado43.
Na metade da gestação um terço do débito cardí-
aco é direcionado para a placenta, havendo redu- Infertilidade
ção do mesmo para um quinto no termo. No fi-
nal da gestação aumenta a re-circulação de sangue Gestantes com história de infertilidade, com ou
umbilical no organismo fetal36. sem tratamento prévio, têm maior risco de recém-
-nascidos pequenos para a idade gestacional44.
Assim, o crescimento e desenvolvimento fetal são
dependentes da oferta adequada de oxigênio e Diabetes pré-gestacional
substratos (glicose e aminoácidos) pela circulação
materna, via placenta. Alguns aminoácidos não A possibilidade de ocorrer restrição de crescimen-
são liberados para o feto, porém são metaboliza- to fetal em gestante diabética aumenta com o de-
dos pela placenta resultando em alta concentração senvolvimento de nefropatia e retinopatia prolife-
na mesma37, 38. rativa, principalmente quando associadas45.

Fatores endócrinos Anemia

O crescimento fetal e placentário é controlado e De modo geral, anemia materna não determina
regulado pela combinação de substrato e sinali- restrição de crescimento fetal, mas este pode estar
zador do sistema endócrino. Os fatores de cresci- associado nos casos de anemia falciforme e outras
mento tipo insulina I e II são importantes estimu- anemias hereditárias46,47.
ladores do crescimento fetal, sendo liberados pelo
pâncreas fetal após exposição à glicose e estimula-
ção de aminoácidos39.

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Moreira Neto AR et al.

Doença Renal mento fetal. As evidências mostraram limitações


ou foram inadequadas para afirmar com certeza a
Nefropatias crônicas estão frequentemente asso- causalidade do pesticida com resultados indesejá-
ciadas com restrição de crescimento fetal48. veis. O estudo conclui que há necessidade de se
conhecer todos os constituintes e contaminantes
Infecções maternas e fetais do pesticida para se tirar conclusões válidas53.

Estima-se que doenças infecciosas fetais estão re- Trombofilias


lacionadas com 5% a 10% dos casos de RCIU. A
infecção, geralmente primária, comumente asso- Evidências indicam que, mulheres que tiveram fi-
ciada à RCIU é causada por infecções virais con- lhos com restrição de crescimento intra-uterino
gênitas crônicas como citomegalovírus, quando grave, no segundo trimestre da gravidez, apresen-
ocorre antes da 20ª semana de gravidez. Infecções tam alta prevalência de trombofilias hereditárias
causadas por rubéola e parvovírus também po- ou adquiridas54.
dem prejudicar o crescimento fetal quando ocor-
rem precocemente9. Entre as trombofilias, duas classes de anticorpos
antifosfolípides – anticorpo anticardiolipina e an-
Hepatites tipo A e B estão associadas ao parto ticorpo anticoagulante lúpico, estão associados
pré-termo, mas podem também prejudicar o cres- com a restrição de crescimento fetal.
cimento fetal49.
Outros autores não encontraram resultados des-
A toxoplasmose é a protozoose mais comumente favoráveis (início de pré-eclâmpsia precoce, óbi-
associada à restrição de crescimento fetal50. to fetal) associados a esses anticorpos, sendo que
Infante-Rivard et al.55 e Rodger et al.56 não encon-
Drogas com efeitos teratogênicos traram associação entre mutações trombolíticas e
RCIU abaixo do percentil 10.
Inúmeras drogas e substâncias químicas podem
comprometer negativamente o crescimento fetal. Assim, a associação entre RCIU e trombofilia é
Quando teratogênicas podem atuar antes que a controversa. Essa associação foi verificada em mu-
organogênese esteja completa. O consumo de ci- lheres que tiveram RCIU grave, mas não em casos
garros, opiáceos e drogas afins, álcool e cocaína de menor gravidade. Martinelli et al.57 compara-
pode determinar a restrição de crescimento fetal, ram mulheres com histórico de RCIU definido por
por efeito direto ou por reduzir a ingestão de ali- peso abaixo do percentil 10 e mulheres multíparas
mentos pela mãe. com intercorrências durante a gravidez. Entre as
que tiveram restrição de crescimento intrauterino,
Vedmededovska et al.51 mostram que as alterações 13% apresentaram fator V de Leiden comparado
patológicas microscópicas e macroscópicas da com 2,2% no grupo controle (OR=5,9; IC 95%:
placenta estão diretamente associadas à redução 1,2-29,4).
do fluxo sanguíneo placentário, devido a danos
vasculares que podem ser responsáveis pela res- Outro estudo de revisão avaliou o valor preditivo
trição do crescimento fetal. Esses danos ocorrem dos anticorpos antifosfolípideos antibeta2 glico-
principalmente em mulheres tabagistas. Por isso, proteína1, anticardiolipina e anticoagulante lúpi-
recomenda-se que as mulheres deixem de fumar co para ocorrência de complicações gestacionais.
durante a gravidez e melhor ainda, antes da ocor- Conclui haver consenso para triagem de anticor-
rência da mesma. pos antifosfolípideos em complicações obstétricas
como RCIU58.
O consumo de cafeína durante a gravidez também
está associado à restrição de crescimento fetal, de- Fatores placentários
vido à expressão fenotípica da enzima que atrasa
o metabolismo da cafeína52. A função placentária é fundamental para o cres-
cimento fetal. Assim, a insuficiência vascular pla-
Em um estudo de revisão, abordando a associação centária, causando hipoxia da placenta, é causa
de pesticidas e saúde infantil, avaliou-se a expo- importante de restrição do crescimento intraute-
sição pré e pós-natal a efeitos adversos de desen- rino59,60.
volvimento, principalmente a restrição de cresci-

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Etiologia da RCIU

Diferentes fatores angiogênicos manifestam-se na to fetal. Entretanto, ainda necessita-se de estudos


placenta, sendo que suas concentrações circulan- mais amplos para confirmar e quantificar a impor-
tes na circulação materna podem ser marcadores tância da hereditariedade.
da função placentária. Especificamente, o fator de
crescimento placentário (PIGF), a tirosina quina- Gestação múltipla
se-1 solúvel (FIt-1) e a endoglina solúvel podem
indicar o papel da atividade angiogênica em rela- Gestação múltipla tende a manifestar redução de
ção à restrição de crescimento fetal61,62. crescimento de um ou ambos os fetos, quando
comparados com fetos de gestação única. De fato,
Anormalidades placentárias podem causar restri- a gestação múltipla se associa com prematuridade
ção do crescimento fetal, destacando-se a implan- e RCIU, detectando-se esta entre 15% a 30% das
tação anormal da placenta63 e alterações estrutu- mesmas. É mais frequente em gestações monoco-
rais da mesma (artéria umbilical única, inserção riônicas complicadas pela síndrome da transfusão
velamentosa do cordão, placenta bilobada e co- feto-fetal9.
rioangioma)64.
A complexidade de fatores implicados na etiologia
Fatores fetais de RCIU e que podem atingir os compartimentos
maternos, placentários e fetais, e principalmente a
Malformações congênitas dificuldade em se impedir sua ocorrência, torna a
RCIU motivo de preocupação entre obstetras e ne-
Em um estudo com mais de 13.000 recém-nasci- onatologistas, uma vez que ainda é elevado o ris-
dos, portadores de anomalias estruturais impor- co de morbidade e mortalidade perinatal, apesar
tantes, 22% também apresentavam restrição de dos avanços na assistência neonatal. Sua freqüên-
crescimento65. Como exemplo específico, Towers cia varia na literatura, segundo o conceito adota-
e Carr66, analisando gestações complicadas por do, sendo maior nos países em desenvolvimento.
gastrosquise identificaram peso ao nascer abaixo Mais ainda, o conhecimento de repercussões da
do percentil 10 em 38% por cento e abaixo do RCIU na vida adulta desses RN é motivo de maio-
percentil 3 em 19%. res estudos e investimentos para a melhor com-
preensão dessas intercorrências evitando, assim,
Aneuplodias cromossômicas medidas intempestivas. Essas doenças na vida
adulta parecem ser programadas na vida intraute-
Fetos com trissomia dos cromossomos 13, 18 e rina e sua prevenção deve ser iniciada na gestação
21 apresentam freqüentemente restrição do cres- e continuar durante a infância.
cimento fetal. Na trissomia dos cromossomos 13
e 22 o grau de restrição é menor que na trissomia A prevenção de RCIU, apesar de sua limitação,
do cromossomo 1867. melhora a qualidade de vida desde o nascimento
até a idade adulta. Gestante com fatores de risco
Nas síndromes de Turner e de Klinefelter a ocor- significativos necessita de uma maior atenção no
rência de restrição de crescimento fetal é insigni- pré-natal em relação ao crescimento fetal, princi-
ficante68. palmente através de ecografias seriadas para se fa-
zer o reconhecimento de padrões simétricos e as-
Genética simétricos de crescimento fetal limitado.

Diversos estudos avaliaram a função dos polimor-


fismos genéticos da mãe e do feto, e sua relação
com a restrição de crescimento fetal. Engel et al.69
encontraram uma variante SHMT1(1420)T na
via de metabolismo de folato, que compromete a
concentração de homocisteína, resultando em re-
cém-nascidos PIG. Outros polimorfismos de gene
metabólico materno (CYP1A1, STT1, GSTM1) fo-
ram considerados como reguladores do risco de
restrição de crescimento fetal em mães tabagis-
tas70. Stonek et al.71 identificaram o gene MTHFR
C677T como marcador de restrição de crescimen-

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Moreira Neto AR et al.

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Este artigo faz parte da Dissertação intitulada: “Caracteristicas da mães adolescentes e de seus recém-
-nascidos de baixo peso em três Hospitais Regionais do Distrito Federal” apresentada em 2011 ao
Programa de Pós-Graduação em Ginecologia, Obstetrícia e Mastologia da Faculdade de Medicina de
Botucatu – Unesp, Projeto MINTER (FMB-UNESP/ESCS-FEPECS-DF).

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