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Pobreza Como Facto Social em Moçambique
Pobreza Como Facto Social em Moçambique
Gonçalves Nicuaha
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 1
2. DESENVOLVIMENTO......................................................................................................... 3
3. CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 10
A pobreza é um facto que existe há bastante tempo em quase todas as sociedades do mundo,
possuindo diversas marcas distintivas ao longo dos tempos e causas de mesma natureza
(Napulula, 2014, p. 82). Várias questões são levantadas para definir seu conceito. Entretanto,
na tentativa de definir seu conceito, Baiocchi (s/d, p. 32), afirma que o conceito da pobreza
deve ser compreendido num contexto social, histórico e cultural. Assim sendo, não existe uma
única definição de pobreza, pois é um termo com significado dinâmico, confirma este autor.
Ravallion (1992; apud Huo, 2006, p. 6) afirma que a pobreza está associada ao facto de, numa
determinada sociedade como o mínimo razoável nessa sociedade, as pessoas não serem
capazes de atingir o nível material e de bem-estar assumido como o mínimo razoável nessa
sociedade. E, para Rocha (1996; apud Huo, 2006, p. 6) é um fenómeno complexo para o qual
não existe uma definição clara. Mas, este considera estar associada à ocorrência de carências
relativas, nas diferentes áreas da vida dos indivíduos.
Essas e várias outras tentativas de definir seu conceito indicam a dimensão do termo
“Pobreza”, que deve ser realçado para melhor compreensão do próprio termo. No entanto,
estando presente em maior índice nos países subdesenvolvidos, Moçambique, também parte
desse grupo, tem a pobreza como um facto social, que distingue sobretudo uma zona urbana
da rural. E assim sendo, neste trabalho se apresenta em linhas gerais a conceituação e
descrição da Pobreza como Facto Social em Moçambique.
1.1. Objectivos
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1.2. Metodologia
Para responder aos objetivos traçados e materializar este trabalho, para além de se consultar o
manual de Sociologia Geral disponibilizada pela UCM, foram acessados sites e consultados
manuais disponíveis online, que abordassem sobre a pobreza no geral e como facto social em
Moçambique. No entanto, para a seleção das fontes, foram consideradas como critério de
inclusão as que tratassem especificamente da conceituação da pobreza. Importa realçar que
todas as informações listadas no desenvolvimento deste trabalho, foram meramente extraídas
das fontes listadas nas referências bibliográficas, como poder-se-á verificar ao longo do
trabalho, a citação das fontes.
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2. DESENVOLVIMENTO
Várias questões são levantadas para definir o conceito de pobreza. Dentre essas questões,
temos: a pobreza deve ser definida em termos absolutos ou relativos? Deve ser considerada
como um juízo de valor? É para ser estudada apenas do ponto de vista económico ou os
aspectos não-económicos também devem ser explicados? Deve ser compreendida em relação
à estrurura sociopolítica da sociedade de que faz parte, ou vista independentemente dessa
estrutura? No entanto, com essas questões, pode-se referir que a definição da pobreza é
complexa (Romão, s/d, p. 1), como também se pode observar a seguir.
De acordo com Baiocchi (s/d, p. 32), o conceito da pobreza deve ser compreendido num
contexto social, histórico e cultural. Assim sendo, não existe uma única definição de pobreza,
pois é um termo com significado dinâmico, afirma este autor.
Ravallion (1992; apud Huo, 2006, p. 6) afirma que a pobreza está associada ao facto de, numa
determinada sociedade como o mínimo razoável nessa sociedade, as pessoas não serem
capazes de atingir o nível material e de bem-estar assumido como o mínimo razoável nessa
sociedade.
Para Rocha (1996; apud Huo, 2006, p. 6) é um fenómeno complexo para o qual não existe
uma definição clara. Mas, este considera estar associada à ocorrência de carências relativas,
nas diferentes áreas da vida dos indivíduos.
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Perante essa complexidade, Silva (2009; apud Santos & Arcoverde, 2011, p. 4), define a
pobreza em dois aspectos: pobreza absoluta – associada ao não atendimento das necessidades
mínimas para a reprodução biológica; e pobreza relativa – que diz respeito à estrutura e à
evolução do rendimento médio de um determinado país. Esta última é fundamentada pela
ideia de desigualdade de renda e de privação relativa em relação ao modo de vida dominante
em determinado contexto.
Na perspectiva de pobreza relativa, Rocha (2003; apud Santos & Arcoverde, 2011, p. 4)
aponta o fenômeno como complexo, podendo ser definido de forma genérica, como a situação
nas quais as necessidades a serem satisfeitas em função ao modo de vida predominante na
sociedade em questão, não são atendidas de forma adequada. Ao olhar sobre a pobreza, o
autor destaca diferentes perspectivas (Costa, 2008, pp. 22-25; apud Quimice, 2017, p. 33):
A pobreza do ponto de vista material que tem a ver com situações em que se verifica
uma insatisfação de necessidades materiais, após definidas as que mais interessa
considerar;
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2.2. Pobreza como fato social em Moçambique
Freitas (2010, p. 3) refere que o problema da pobreza não é apenas uma questão geral, porque,
além de ser da responsabilidade de todos, é da responsabilidade de cada um. Deste modo,
deve promover-se um conjunto de políticas sociais, de forma a promover a possibilidade dos
indivíduos definirem a sua vida e a participarem mais activamente na sociedade onde estão
integrados. É um problema que atinge o mundo inteiro, mas mais os países denominados de
“3º Mundo”, como alguns países africanos, asiáticos e sul‐americanos.
De acordo com Napulula (2014, pp. 82-83), a pobreza pode ter diversas causas, tais como:
A partir dos factores acima mencionados, Quimice (2017, p. 24) ressalta-nos o excessivo
político-partidário como um factor que condiciona outros factores que contribuem para que a
educação seja fraca, a democracia seja uma expressão nos papéis, e para que a corrupção seja
desenfreada, constituindo à liberdade, ao desenvolvimento humano, situação que contribui
para a pobreza entre a maioria dos cidadãos.
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2.2.1.2. Factores económicos
O leque de fatores económicos pelos quais a pobreza prevalece: sistema fiscal inadequado, a
própria pobreza que prejudica o investimento e desenvolvimento. Segundo Barros & Camargo
(1994; apud Quimice, 2017, p. 24), os factores que influenciam para a contínua pobreza dos
cidadãos, compreendem: falta ou fraco apoio às empresas locais; prática de comércio
informal; excessiva dívida externa, dependência externa, ou falta de auto-suficiência;
investimento no futuro – sem efeitos duradouros; instabilidade macroeconómica; baixo
salário; fraca procura criativa de novas oportunidades económicas; fraca disponibilidade de
capital humano qualificado; fraco sistema de infra-estrutura comunicacional; débil acesso aos
serviços e protecção ao meio ambiente; saneamento; segurança; fraco conhecimento
científico; fraca investigação e inovação; agricultura tradicional de fraca produtividade e
virada para o auto consumo, sendo insuficiente para as necessidades de uma população
crescente; maior número de famílias monoparentais; problemas de fome; desemprego;
debilidade das infra-estruturas económicas (rede viária, aeroportos, rede ferroviária);
exploração de matéria-prima (recursos florestais, energéticos e minérios) levada a cabo por
empresas estrangeiras e multinacionais.
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2.2.1.4. Factores de saúde, históricos e Inseguranca
São considerados de factores de saúde: o uso de drogas ou álcool, doenças mentais, SIDA,
Malaria, deficiências físicas; históricos: colonialismo, passado de autoritarismo político; e
factores de insegurança: a guerra, genocídios e crimes (Napulula, 2014, p. 82).
Entre outros factores, podem ser estes destacados como os responsáveis por outros fatores que
podemos denominar por consequências lógicas da própria pobreza, que no geral tem seus
efeitos não só ao nível da sociedade originária, mas também em outros espaços, interferindo a
própria estrutura social, consequentemente a interação social entre os indivíduos da
comunidade (Napulula, 2014, p. 83).
Actualmente, a pobreza faz-se sentir com maior impacto nos países em vias de
desenvolvimento como Moçambique, quer seja nas zonas urbanas ou rurais, afirma Napulula
(2014, p. 83). Segundo este autor, estudos publicados recentemente mostram que no país, há
tendência de aumento da pobreza cada vez mais nos centros urbanos, resultante do processo
migratório da população, que está em maior concentração no meio rural, com factores como
guerra, calamidades e atração das próprias cidades, criando nas cidades em que concentram
não só o aumento da pobreza, mas também alterações na sua estrutura social e morfologia das
próprias cidades.
Maleane & Suaiden (2010) afirmam que, várias são as perguntas que podem ser tomadas em
consideração à análise do tema sobre inclusão, exclusão social e pobreza, da disponibilidade,
acesso e exercício de direitos na sociedade da informação, seja ela urbana, industrial, rural ou
agrícola. Os mesmos autores levantam-nos a questão: “O que distingue a pobreza da exclusão
social, o que as transforma em um problema social determinante para a sociedade e para
Moçambique especialmente?
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Estas abordagens consideram a pobreza como um “estado de coisas”, ou um “produto”, que
resulta de conjuntos de “insumos” mais ou menos bem definidos (cultura, estruturas
produtivas, instituições ou recursos). Dependendo da ênfase dada por cada uma destas
abordagens, a pobreza combate-se fornecendo o “insumo” em falta, seja ele a cultura de
riqueza para substituir a cultura miserabilista dos pobres; educação e saúde para elevar o
capital individual e o valor do indivíduo no mercado; estruturas produtivas pró pobre sejam
elas “o mercado” ou “um sector” ou “uma forma de organização produtiva”; ou a igualdade
de género e outras instituições democráticas pertencentes ao pacote de boa governação
(Castel-Branco, 2010, p. 5).
Embora a pobreza seja um fenómeno aparentemente isolado, afecta toda a sociedade no geral,
certamente por ocorrer dentro de um determinado espaço e poder se alastrar para outros
espaços por diversos mecanismos e motivos (Napulula, 2014, p. 83).
É nessa expectativa que o governo moçambicano nos últimos anos tem intensificado, em seus
discursos, o problema da pobreza absoluta nesse país, em particular nos meios de
comunicação, tais como o jornal Notícias, a televisão, o rádio, relatórios de desenvolvimento
humano (Maleane & Suaiden, 2010).
Como se pode observar, que perante o objectivo da redução da pobreza expresso no Plano de
Acção para a Redução da Pobreza Absoluta 2006-2009 (PARPA II), o país evoluiu de uma
visão estritamente monetária (no PARPA I) para uma mais abrangente, que define a pobreza
como “a impossibilidade por incapacidade, ou por falta de oportunidade de indivíduos,
famílias e comunidades de terem acesso as condições mínimas, segundo as normas básicas da
sociedade”, afirma o Ministério de Planificação e Desenvolvimento (2010).
Freitas (2010, p. 3) afirma que a existência de situações de pobreza cria um círculo de ruptura
e isolamento: o pobre é visto na sociedade como alguém vulnerável, humilhante, destituído de
dignidade, de igualdade de oportunidades, autonomia e fundamentalmente promotor de uma
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ausência constante de integração social. A falta de emprego, ter um trabalho mal remunerado,
possuir uma casa sem capacidades para satisfazer as necessidades básicas, não trazem apenas
carência de recursos e impossibilidade de adquirir bens de consumo; traz também ao próprio
indivíduo uma sensação de inutilidade, incapacidade de se realizar pessoalmente.
De acordo com Selemane (2009; apud Castel-Branco, 2010, p. 10), a pobreza torna-se assunto
pessoal e deixa de ser fenómeno social, uma vez que a pessoa pobre é a culpada da sua
própria pobreza. Nunca é equacionada do ponto de vista de padrão de acumulação – será que
acelerar o crescimento económico com base na exportação em bruto de recursos naturais e na
construção de infra-estruturas de apoio à economia extractiva, associado com incentivos
fiscais enormes e redundantes, não é uma das premissas que gera mais pobreza (e mais
riqueza ao mesmo tempo), que aumenta os preços dos bens básicos de consumo, que reduz as
oportunidades e opções para o desenvolvimento articulado e diversificado do País? Esta
pergunta não é colocada porque pobreza é entendida como um problema mental e não de
economia. Portanto, os padrões de acumulação capitalista não entram na equação da pobreza.
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3. CONCLUSÃO
No entanto, por ser um facto social em Moçambique, a sociedade deve sempre buscar
mecanismos de ultrapassar esse facto. Pois, a existência de situações de pobreza cria um
círculo de ruptura e isolamento, fazendo com que o pobre seja visto na sociedade como
alguém vulnerável, humilhante, destituído de dignidade, de igualdade de oportunidades,
autonomia e fundamentalmente promotor de uma ausência constante de integração social
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4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Castigo, F., & Salvucci, V. (s/d). Estimativas e Perfil da Pobreza em Moçambique: Uma
Analise Baseada no Inquérito sobre Orçamento Familiar - IOF 2014/15.
Maleane, S. O., & Suaiden, E. J. (jul./dez. de 2010). Inclusão, exclusão social e pobreza em
Moçambique em pleno século XXI. Brasília, Brasil.
Napulula, A. F. (2014). Pobreza Como Facto Social. Em Sociologia Geral (pp. 82-83).
Universidade Católica de Moçambique.
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