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Características dos exames histopatológicos: coleta, fixação, desidratação, clarificação, inclusão, uso do
micrótomo e principais técnicas de coloração de amostras histopatológicas. Padrões de atividade celular.
Lesões celulares irreversíveis (necrose).
PROPÓSITO
Compreender os exames histopatológicos é importante para entender os fundamentos do teste e garantir
o preparo do material de forma que conserve as estruturas teciduais da região a ser analisada e fornecer
um diagnóstico preciso. Conhecer os padrões de atividade celular e os tipos de necrose é essencial para
entender as alterações celulares nas principais lesões dos processos patológicos.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
MÓDULO 2
MÓDULO 3
A partir da análise microscópica de preparados de tecidos foi possível estudar a arquitetura tecidual
normal e verificar as alterações encontradas em processos patológicos. Além disso, as técnicas
histológicas permitem estabelecer o diagnóstico de malignidade e benignidade de uma lesão, definir os
tipos de câncer, o estadiamento, complementar o exame citopatológico no diagnóstico do câncer do colo
do útero e é o padrão-ouro (técnica de referência) para detectar rejeições, toxicidade e disfunções nos
transplantes.
Você sabia que essa técnica pode ser feita a partir de tecidos de organismos vivos ou mortos, com
diferentes etapas como coleta, fixação dos tecidos, processamento, inclusão, microtomia e diferentes
tipos de coloração? Você imagina como é realizado o corte do tecido para análise microscópica? Como
devemos preparar o tecido para não alterar a estrutura tecidual? Será que a coloração dos preparados
histopatológicos tem o mesmo fundamento do que os usados nas preparações citopatológicas? Após a
coloração, como observamos as células metabolicamente ativas e as células com alterações teciduais
irreversíveis, como acontece na necrose?
Vamos juntos nessa jornada conhecer sobre os fundamentos dos testes histopatológicos e verificar
algumas alterações celulares nos processos patológicos gerais.
MÓDULO 1
Os exames histopatológicos têm como objetivo principal a análise microscópica de um determinado tecido
para verificar possíveis alterações e anormalidade, observando toda a arquitetura tecidual.
De forma diferente, no exame histopatológico é possível averiguar a extensão ou a invasão tecidual no
caso de uma lesão maligna.
Esse exame é um teste de extrema tecnicidade, invasivo, traumático e faz-se necessária anestesia local
ou geral para a coleta das amostras. Além disso, ele demanda uma série de etapas importantes, com a
exigência de tempo e mão de obra para a preparação dos tecidos para a análise no microscópio e
interpretação dos resultados. Após a coleta do material, é necessária uma série de etapas para a
preparação do tecido. São elas: fixação, processamento histológico (dividido em desidratação,
impregnação e clarificação), inclusão (formação dos blocos), cortes em pequenas secções e a preparação
para a coloração. Ao longo desse módulo, vamos conhecer cada uma dessas etapas, vamos juntos?
A coleta é feita por um médico, com a coleta de amostras de organismos vivos por meio de biópsias ou
cirurgia (Figura 1). As biópsias podem ser realizadas por diferentes técnicas dependendo da localização
anatômica, morfológica, tamanho e profundidade da lesão. Dentre as técnicas, destacam-se a biopsia
incisional (remove um pedaço do tecido lesado), excisional (remove todo o tecido lesado), curetagem,
“tesoura” ou punção. Além disso, podem ser coletadas também amostras de indivíduos post mortem pela
necrópsia.
Para a coleta são utilizados materiais cirúrgicos como pinças, lâminas, bisturi e etc. Devido à fragilidade
dos tecidos, todo o processo deve ser feito com extremo cuidado, usando os instrumentos corretos para
cada tipo de órgão, evitando a danificação do tecido e algumas alterações estruturais que poderiam
simular uma lesão. Um exemplo clássico é a agressão do tecido conjuntivo fibroso quando a coleta é feita
com auxílio de uma pinça com “dentes”. Esse instrumento é inadequado para coleta nesse tipo de tecido,
pois provoca uma lesão patológica semelhante à da necrose fibroide.
COLETA
É importante ressaltar que toda coleta de material biológico deve ser feita com os equipamentos de
proteção individual (luvas, máscara, jalecos e óculos de proteção). O descarte desses materiais deve ser
realizado como resíduo infectante e deve seguir as normas de descarte de resíduo da instituição.
COLETA
É importante ressaltar que toda coleta de material biológico deve ser feita com os equipamentos de
proteção individual (luvas, máscara, jalecos e óculos de proteção). O descarte desses materiais deve ser
realizado como resíduo infectante e deve seguir as normas de descarte de resíduo da instituição.
ATENÇÃO
Todo o material coletado deverá conter a identificação correta do paciente, data da coleta e da assinatura do
médico responsável. O material deve ser seguido do pedido, que deve contemplar a descrição da biópsia,
suspeita diagnóstica, assinatura e carimbo do médico. Nas coletas que visem um diagnóstico, é necessária a
análise dos aspectos macroscópicos como cor, tamanho e aparência do material coletado. Esses dados
auxiliam na análise histopatológica e na conclusão diagnóstica.
FIXAÇÃO DO MATERIAL
Após a remoção do organismo, a amostra coletada deve ser imediatamente colocada em líquido fixador
para manter a arquitetura e constituição química dos tecidos. Essa etapa é conhecida como a fixação,
uma das etapas mais importantes das técnicas histológicas (Figura 2).
Figura 2: Foto ilustrativa da diferença nas características macroscópicas no tecido antes e depois da
etapa da fixação.
A fixação consiste na utilização de procedimentos químicos ou físicos para bloquear o sistema enzimático
capaz de destruir o tecido (autólise). Ela tem como objetivo:
Garantir que as amostras coletadas estejam muito próximas da realidade encontrada no paciente.
Facilitar a entrada de substâncias que serão utilizadas nas próximas etapas dos exames
histológicos.
AUTÓLISE
Destruição do tecido vivo ou morto pelas enzimas do próprio organismo; autodigestão do tecido. Após a
retirada do organismo de uma amostra tecidual ou a morte do organismo, os tecidos deixam de ser
oxigenados, o que gera um acúmulo de dióxido de carbono (CO2). O acúmulo de CO2 gera uma
instabilidade da membrana lisossômica com o extravasamento das enzimas proteolíticas que passam a
agir sobre a matéria orgânica, digerindo, assim, as células que compõem os tecidos.
Na literatura, existe uma série de fixadores e protocolos de fixação que podem ser utilizados, não
existindo um fixador ideal.
Existem fixadores que são melhores para verificar determinadas estruturas celulares.
Enquanto outros são excelentes para preservar a estrutura antigênica (importante na análise imuno-
histoquímica).
Entretanto, mesmo com as especificidades de cada um, os fixadores podem trazer inúmeras
desvantagens como a variação na qualidade de colorações histoquímicas e imuno-histoquímicas, perda
molecular, inchaço ou retração dos tecidos, interferência na análise bioquímica, entre outros fatores. O
fixador ideal seria uma única solução que poderia ser utilizada para todas as análises, que tivesse um
baixo potencial de modificação dos tecidos, preservasse as estruturas bioquímicas e apresentasse um
alto e rápido poder de penetração. Mas como essa não é a realidade dos laboratórios histopatológicos, é
essencial saber o tipo de análise e material que será coletado para escolher o melhor fixador.
Os mecanismos com os quais os fixadores agem são diferentes e não muito bem elucidados, mas,
basicamente, eles atuam por mecanismos físicos (calor, temperatura, agitação molecular e ondas
eletromagnéticas), químicos (a partir de substâncias químicas isoladas ou em forma de mistura) ou pela
associação dos dois processos. Vamos conhecê-los?
FIXAÇÃO FÍSICA
A fixação física mais utilizada é o congelamento do tecido. Essa técnica é muito empregada para o
diagnóstico rápido durante uma cirurgia. O congelamento torna o tecido rígido e pronto para ser
seccionado (clivado em unidades menores) em aparelhos próprios (micrótomos para tecidos congelados,
chamados de criostato ou criomicrótomo), pulando as etapas do processamento histológico e inclusão
realizadas após a fixação química (vamos estudar mais a frente essas etapas).
A fixação do tecido por congelamento é importante também para o estudo histoquímico de enzimas e
outras proteínas, pois o congelamento não inativa as proteínas em suas conformações naturais e local de
origem. Além disso, os cortes por congelamento são ideais para o estudo de lipídeos, pois o tecido
encontra-se pronto para a clivagem, pulando a etapa de clarificação, na qual os tecidos são imersos em
solventes como xilol. É importante ressaltar que, nessa etapa, faz-se necessário o tratamento da amostra
com uma substância crioprotetora, como o etilenoglicol, pois liga-se à água intracelular e evita a
cristalização intra e extracelular.
FIXAÇÃO QUÍMICA
A fixação química é o processo mais utilizado. Ela consiste na utilização de substâncias químicas
(sozinha ou uma mistura de substâncias) que realizam ligações químicas com sítios das biomoléculas.
Antigamente, a fixação química era dividida em duas categorias, os fixadores não coagulantes e os
fixadores coagulantes.
Os fixadores não coagulantes são categorizados dessa forma porque possuem a capacidade de ligar-
se às proteínas do tecido precipitando-as, formando um gel transparente e evitando, assim, a sua
desnaturação. Os fixadores formam uma amarração sobre as macromoléculas tissulares ao ligar-se às
proteínas (ocorrendo ligações cruzadas entre os componentes estruturais). Os fixadores capazes de
manter estas ligações são denominados de aditivos. As substância mais utilizadas como fixadores não
coagulantes são o formaldeído (conhecido como fixador universal), teróxido de ósmio, acroleína e o
glutaraldeído.
XILOL
SAIBA MAIS
O mecanismo de ação dos fixadores químicos não é bem elucidado, mas sabe-se que formaldeído e
glutaraldeído são fixadores não coagulantes, pois reagem com os grupos aminas (NH2) das proteínas. No
caso do glutaraldeído, sua ação fixadora é reforçada por ser um aldeído com duas carbonilas (dialdeido), o
que possibilita uma ligação cruzada entre as proteínas da célula e da matriz extracelular, tornando-as
insolúveis e formando um gel.
EXEMPLO
Para a fixação de materiais que serão analisados na microscopia eletrônica, em que são necessárias uma
fixação que melhor define as estruturas celulares e a matriz, pode ser utilizada uma solução de glutaraldeído
tamponado seguida por uma segunda fixação em tetróxido de ósmio. O tetróxido de ósmio atua na proteção
das lipoproteínas naturais dos tecidos, evitando sua ruptura e coagulação.
Existe uma variabilidade de moléculas que podem atuar como fixadores. Atualmente, elas são
classificadas segundo Leong (1996).
Classificação segundo
Tipo de fixador
Leong
Agentes desnaturantes ou
Metanol, etanol, aceton e ácido acético.
coagulantes de proteínas
ATENÇÃO
O preparo de soluções fixadoras deve ser feito em capela de exaustão. A manipulação do formaldeído ou de
soluções contendo essa substância deve ser feita com auxílio de luvas, máscara com filtro próprio para
vapores orgânicos, em local arejado e com exaustão. Além disso, por serem muito voláteis e sensíveis à luz,
as soluções contendo formaldeído devem ser guardadas ao abrigo da luz em vidro âmbar firmemente
fechado. A inalação deste composto pode causar irritação nos olhos, nas mucosas e no trato respiratório
superior. Em altas concentrações, pode causar bronquite, pneumonia ou laringite. Este composto é
classificado como carcinogênico e teratogênico. O formaldeído é tóxico quando ingerido, inalado ou em
contato com a pele.
Fixadores Características
Solução isotônica.
Quadro 02: Principais fixadores aldeídos utilizados nas técnicas histológicas e suas características.
Será que existem fatores que afetam a fixação, ou apenas o tempo decorrido entre a coleta e a fixação?
Diversos fatores afetam a fixação, esses fatores podem ser observados no quadro a seguir (Quadro 3).
Espessura do tecido
Estocagem apropriada
pH do fixador
A fixação de órgãos metabolicamente ativos deve ser realizada antes do que de outros, pois eles são os
primeiros a sofrer autólise. Quanto mais delgado o fragmento, mais rápida será a penetração do fixador. O
ideal é que a clivagem ocorra antes da fixação, mas nem sempre isso é possível e, dependendo do tipo
de fixador, pode ocorrer até três horas depois do início da fixação. Para os fragmentos que forem
encapsulados antes da fixação, a capa deve ser retirada.
SAIBA MAIS
A clivagem do material visa à diminuição da espessura do tecido. O ideal é formar tecidos com espessura
entre 3 e 5mm. No momento do corte, os fragmentos devem ser orientados e colocados em cassetes, o que
facilita a orientação na hora da leitura dos fragmentos no microscópio. No caso de peças sólidas, o corte
deve ser feito no maior diâmetro e suas faces devem ser paralelas e planas. Nas peças ocas, deve ser
seccionado de forma perpendicular às superfícies e o tecido muscular deve acompanhar as fibras.
O volume de fixador deve ser de 10 a 20 vezes o volume do material coletado e o recipiente para ser
estocado deve ser largo, pois facilita o acesso aos fragmentos. Além disso, os fragmentos costumam
aumentar de volume após a fixação.
Assista ao vídeo e conheça duas técnicas de descalcificação, assim como a importância dos cuidados a
serem tomados.
Com o material devidamente fixado como ele pode ser transformado em pequenas fatias que possibilitem
sua observação no microscópio?
PROCESSAMENTO HISTOLÓGICO
DESIDRATAÇÃO
Após a fixação, o material biológico ainda contém 85% de água. A água é imiscível nas substâncias
utilizadas para a inclusão, ou seja, formação dos blocos para posterior corte no micrótomo. Dessa forma,
uma grande quantidade de água não permitiria a penetração dessa substância no tecido, sendo
necessário a desidratação. A desidratação permite a retirada de água dos tecidos e do fixador de forma
gradual. Para isso, os cortes são colocados em concentrações crescentes de etanol (70%, 80%, 95% e
álcool absoluto). Durante essa etapa, a peça recupera sua cor natural e diminui de tamanho, mas a
estrutura tecidual ainda é preservada. É importante que o volume de solução desidratante seja vinte
vezes o volume do material coletado e que a desidratação seja feita em um recipiente largo, com agitação
e renovação do álcool.
CLARIFICAÇÃO
Etapa também conhecida como diafanização. Essa etapa consiste na substituição do líquido desidratante
nos tecidos por uma solução que tenha afinidade pela substância utilizada nas próximas etapas, pois as
substâncias usadas para a formação do bloco (como a parafina), além de imiscíveis em água também são
insolúveis em álcool. Para isso, o xilol é o solvente mais empregado, mas também pode ser utilizado
toluol, benzeno, óleo de cedro e os solventes universais: acetato butílico, dióxido dietileno e benzoato
metílico. À medida que temos a substituição do desidratante pelo xilol, a peça vai ficando mais clara.
IMPREGNAÇÃO
Consiste na infiltração dos espaços internos do tecido com a mesma substância que será utilizada para a
formação do bloco. A substância utilizada deve ter afinidade pelo solvente usado na clarificação; ser
capaz de solidificar de maneira controlada; ser fluida para penetrar nos espaços internos do tecido e
depois endurecer para formar o bloco; e oferecer a rigidez necessária para realização dos cortes. As
substâncias mais usadas nessa etapa são a parafina e a resina, mas também pode ser usado ágar,
gelatina, parafina plástica, goma arábica, polietilenoglicol, parafina esterificada e celoidina (altamente
inflamável). A impregnação com a parafina deve ser realizada em estufa a 60°C, pois, nessa temperatura,
a parafina é liquida. Os fragmentos serão transportados de uma parafina a outra em intervalos de tempo
predeterminados.
ETANOL
Podem ser utilizadas outras substâncias como álcoois butílico, isopropílico e metílico, a acetona, o éter, o
clorofórmio e o óxido propileno.
XILOL
Cuidado, o xilol é altamente tóxico e cancerígeno deve ser manipulado com os equipamentos de proteção
individual e dentro de uma capela de exaustão.
60°C
A temperatura da parafina pode afetar depois as próximas etapas. Uma temperatura alta leva a um
aumento da rigidez do tecido e dificuldade na secção e uma temperatura mais baixa impede a
impregnação da peça.
INCLUSÃO
Figura 4: Inclusão das amostras nos blocos de parafina. (A) orientação dos seguimentos no molde. (B)
Fragmento orientado no molde embebido em parafina líquida. (C e D) Fotos de blocos de parafina
contendo fragmentos de pele, a epiderme (setas) orienta a inclusão de forma paralela.
Essa etapa consiste em formar um bloco rígido e maleável que permita a secção do tecido sem a sua
destruição. Para isso, após o processamento histológico, as amostras devem ser imediatamente incluídas
em uma substância líquida (a mesma utilizada na fase de impregnação) e ser solidificadas. As amostras
que foram impregnadas com parafina devem ser colocadas em um molde (normalmente metálico), com
auxílio de uma pinça aquecida, com parafina líquida. O tecido deve ser colocado na parte central do
molde com a parte a ser seccionada para baixo. Para evitar a formação de bolhas, as amostras devem
ser colocadas durante o aquecimento do líquido. Após o resfriamento, os blocos são obtidos (Figura 4). A
orientação é essencial para a demonstração correta da morfologia do tecido a ser analisado e para evitar
a destruição tecidual no momento do corte. Órgãos tubulares devem ser incluídos no plano transversal,
enquanto fragmentos de tecidos longos devem ser dispostos longitudinalmente. Depois da inclusão, se as
etapas de processamento não forem realizadas de forma correta, os blocos ficam opacos e
esbranquiçados. Se houver demora entre a impregnação e a inclusão, os blocos ficam quebradiços e
retraídos, pela variação de temperatura.
MICROTOMIA
Figura 5: Microtomia das amostras. (A) Foto de um micrótomo para corte tecidos, mostrando suas
partes. (B) Esquema ilustrando as fitas formadas durante o corte dos blocos. (C) Esquema ilustrando as
fitas sendo colocadas no banho maria com auxílio de uma pinça. (D) As fitas sendo pescadas
“capturadas” no banho maria com auxílio de uma lâmina.
Com as amostras incluídas em blocos, esses são acondicionados em banhos de gelo, para ficar bem
rígidos. Em seguida, eles são seccionados em um aparelho específico, chamado de micrótomo, para
originar fatias finas, delgadas, uniformes, sequenciais e com espessura entre 4 a 6 µm que possibilitam a
passagem de luz e visualização das estruturas no microscópio.
Os blocos prontos são colocados no aparelho e os cortes devem ser realizados de acordo micrótomo
utilizado. À medida que o bloco é cortado, vão sendo produzidas fitas que devem ser colocadas
delicadamente, com auxílio de uma pinça, em um banho-maria (temperatura de 40°C), para que elas se
distendam na água e não formem bordas. Com os cortes prontos, as fitas são pescadas com lâminas
limpas e desengorduradas e colocadas na estufa a 60 °C (Figura 5 B, C e D).
MICRÓTOMO
O micrótomo é composto de corpo, porta bloco, porta objeto e navalha (Figura 5 A). Há vários tipos de
micrótomo, como o criostato, o micrótomo de congelação, o ultramicrótomo, o do tipo serra, rotatório e o
vibratório e diferentes tipos de navalhas. O micrótomo mais utilizado em rotina de laboratório são os
rotatórios (Tipo Minot). Fonte: JUNQUEIRA & CARNEIRO, 2015
SAIBA MAIS
Após a preparação das lâminas, podem-se utilizar adesivos, sendo os mais utilizados a albumina de Mayer, a
gelatina e celoidina para evitar que o material seja perdido na próxima etapa (como a coloração). Problemas
durante essa etapa podem ocorrer em decorrência de processamento errado ou de problemas na navalha.
Uma navalha não muito bem afiada pode gerar cortes pregueados. Cortes fragmentados podem ser resultado
da inclusão com a parafina muito quente, não remoção do líquido clarificante e do álcool e muita exposição
ao clarificante.
MORDENTE
Elemento, metal ou íons de metal, que se liga covalentemente ao corante e facilita a ligação do corante
ao tecido, normalmente o ferro ou alumínio.
SAIBA MAIS
A hematoxilina um corante natural (extraído de uma planta Haemotoxylon campechianum), que também
pode ser sintetizado. Na verdade, esse corante não é capaz de corar os tecidos isoladamente, o que cora é
sua forma oxidada, a hemateína, que tem pouca afinidade pelos tecidos, sendo necessária a utilização de um
mordente. “Existem diferentes tipos de hematoxilina, mas a mais usada são as de hemalúnem, cujo mordente
é o alumínio (exemplos: hematoxilina de Mayer, Harris e Gill). Elas podem ser utilizadas de forma regressiva
(primeiro faz a hipercoloração para depois retirar o excesso de corante) ou progressiva (coloração feita
progressivamente, sem necessidade de tirar o excesso de corante)¹
HEMATOXILINA
Existem diferentes tipos de hematoxilina, mas as mais usadas são as de hemalúnem, cujo mordente é o
alumínio (exemplos: hematoxilina de Mayer, Harris e Gill). Elas podem ser utilizadas de forma regressiva
(primeiro faz a hipercoloração para depois retirar o excesso de corante) ou progressiva (coloração feita
progressivamente, sem necessidade de tirar o excesso de corante).
No quadro 4, estão descritos alguns exemplos dessas colorações e quando utilizar cada uma.
HE, Tricomática
Feulgen, de Masson,
Papanicolau, tricomática
Shorr, Núcleo e PAS de Gomori,
Glicoproteínas Tecido
Giemsa, citoplasma (Periodic Goldner,
neutras conjuntivo
azul de as células Acid Shiff) picrossirius
toluidina, red,
metil green- reticulina de
pironina Gomori
PAS -
Giemsa, Tecido
Fontana- alcian blue
Melanócitos Proteoglicanos reticulina de linfoide e
Masson em pH 1,0
Gomori mieloide
ou pH2,5
Violeta
Células do Glicoproteínas
cresil, azul PAS, Tecido
sistema não Sudan black
de toluidina, Reticulina adiposo
nervoso coagulantes
Golgi (Prata)
AB-
Colorações
safranina,
tricromáticas,
Geimsa, Fibras do Resorcina
Mastócitos e PAS - alcian Tecido
azul de sistema fucsina de
eosinófilos blue em pH cartilaginoso
toluidina, elástico Weirgert
1,0 ou pH
sirius red em
2,5
pH 10,2
Treponema
Inclusões Warthin- pallidun,
Grocott e Fungos de
HE virais, Starry, Leptospira,
PAS forma geral
Helmintos Giemsa Helicobacter
pylori
Independentemente da técnica escolhida, antes de iniciar a coloração, faz-se necessário uma série de
etapas que visam retirar a parafina da lâmina (ou a substância utilizada para a inclusão), uma vez que a
maioria dos corantes são soluções aquosas.
As lâminas são imersas em xilol seguida de uma hidratação, com banhos em concentrações
decrescentes em álcool, ou seja 100%, 95%, 80%, 70%.
No fim, usa-se água destilada, deixando o material preparado para receber o corante em soluções
aquosas.
Em seguida, as amostras devem ser coradas, desidratadas (com concentrações crescentes de álcool) e
clarificadas com xilol e, em seguida, as lâminas devem ser preparadas para a leitura no microscópio
(montagem ou selagem da lâmina).
ÁGUA DESTILADA
Se o corante estiver diluído em solução alcóolica, a hidratação deve ser interrompida no banho com álcool
70%.
SELAGEM
A selagem é a preparação da lâmina para a leitura, com a colocação de uma lamínula de vidro e uma
substância para fixar a lamínula à lâmina, normalmente são usadas resinas, como bálsamo do Canadá ou
Enttelan. No momento da selagem, deve-se evitar a entrada de ar, o que causaria bolhas.
No método histoquímico para detecção de enzimas ou proteínas (histoenzimáticos), a detecção pode ser
feita de forma indireta, utilizando o substrato dessa enzima em investigação. Para isso, o material
coletado é posto em contato com o substrato da enzima. Se ela estiver presente, pode haver uma
interação substrato-enzima, o que gera um produto. Em seguida, é colocada uma substância marcadora
que reage com o produto da reação enzimática. Esse produto precipita e se deposita no local da reação,
possibilitando a visualização microscópica. Ao examinar um desses cortes ao microscópio, é possível
observar as células (ou organelas) cobertas com um material colorido ou elétron-denso.
Figura 6: Método Histoquímico para detecção de enzimas ou proteínas (histoenziáticos).
FOSFATASE
PEROXIDASE
DESIDROGENASES
localiza mitocôndrias.
Essa técnica utiliza anticorpos para a identificação de um determinado antígeno. A coleta e os passos
seguintes do material a ser estudado obedecem aos mesmos etapas do material colhido para diagnóstico de
rotina hematoxilina & eosina (HE), mas, após a confecção das lâminas, essas devem ser secas em ar
ambiente.
O reconhecimento de antígeno e de anticorpo tem alta afinidade, mas não gera cor. Assim, para a
detecção do complexo antígeno e anticorpo, os anticorpos devem estar complexados com marcadores
(substâncias que emitem luz), normalmente substâncias cromógenas, a fluoróforos, radioisótopos ou
ouro coloidal. Existem dois tipos de métodos de reconhecimento, o direto e o indireto.
SUBSTÂNCIAS CROMÓGENAS
Substâncias que não apresentam cor, mas, depois de uma reação química (oxidação), produzem uma
cor. Elas são formadas pela associação de um anel aromático com cromóforos (substâncias capazes de
absorver energia ou luz visível e emitir uma luz em determinado comprimento de onda).
FLUORÓFOROS
São moléculas capazes de absorver um fóton em determinado comprimento de onda, excitar um elétron
para um estado de energia mais alto e retornar ao estado original. Quando retorna ao estado de energia
original, a molécula emite a energia absorvida com um fóton fluorescente.
RADIOISÓTOPOS
Radioisótopos ou isótopos radioativos. Isótopos são elementos que apresentam o mesmo número de
prótons, mas com números de massa e nêutrons diferentes. Os átomos de isótopos radioativos são muito
instáveis, seus núcleos liberam radiação e partículas eletromagnéticas de alta energia para a forma mais
estável do átomo, em um fenômeno conhecido como decaimento radioativo. A capacidade de emissão de
radiação dos isótopos radioativos é amplamente explorada na área médica.
Figura 7: Métodos imuno-histoquímicos. Em (A) método direto, em (B) método indireto pela utilização
do complexo biotina-estreptavidina-peroxidase.
Uma técnica bastante difundida é a hibridização in situ, que consiste na técnica de hibridização aplicada
diretamente nos cortes de tecido e células, esfregaços ou cromossomos de células mitótica. Essa técnica
permite verificar a localização de um cromossoma, se a célula tem a presença de determinada molécula
de DNA ou se determinado gene está sendo transcrito.
As lâminas que contêm os cortes de tecido, células ou cromossomos são inicialmente aquecidas para
separar as cadeias duplas de seu DNA.
Em seguida, uma solução contendo a sonda (um segmento de cadeia simples de DNA ou a um segmento
de RNA que sejam complementares à sequência que desejamos analisar marcado) é colocado sobre a
amostra em um tempo suficiente para realizar a hibridização.
Depois de lavar a lâmina, a localização da sonda ligada à sua sequência complementar é revelada pelo
marcador utilizado identificado por imunocitoquímica, pois, normalmente, a sonda é marcada por um
isótopo radioativo (que pode ser localizado por radioautografia) ou um nucleotídio modificado
(digoxigenina) (Figura 08).
RADIOAUTOGRAFIA
A radioautografia é a técnica que permite a localização de substâncias radioativas nos tecidos. Essa
técnica baseia-se no efeito da radiação sobre uma emulsão fotográfica. Após a lavagem da lâmina, ela é
posta em contato com a película fotográfica e, depois de um tempo, a película é revelada. Os pontos
negros correspondem aos locais em que houve a hibridização, ou seja, a sonda ligada à sequência que
está sendo investigada.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 2
A atividade geral das células pode ser classificada em quatro categorias: euplasia, retroplasia, proplasia e
neoplasia maligna. Vamos conhecer cada uma dessas categorias.
EUPLASIA
O estado normal ou saudável de determinado tipo celular ou tecido é chamado de euplasia. Nessas
células, as características citoplasmáticas e nucleares são bem estabelecidas. O citoplasma remete ao
grau de diferenciação celular. Geralmente, o citoplasma é abundante e está disperso de forma uniforme,
com o núcleo em uma posição central. Nas colorações utilizadas, tanto nas técnicas histopatológicas
como nas citopatológicas de rotina, não é possível verificar as organelas citoplasmáticas, sendo
necessário usar algumas colorações especiais. À medida que a célula sofre maturação, é possível
observar a diferenciação funcional das células, ou seja, presença de cílios, produção de muco e de
queratina. Além disso, a basófila diminui, pois a síntese de proteínas e a concentração de RNA no
citoplasma regridem.
COLORAÇÕES UTILIZADAS
Corantes básicos:
São corantes catiônicos (carga elétrica positiva) e apresentam afinidade por constituintes celulares ácidos
(carga elétrica negativa), como RNA e DNA. As estruturas coradas por esse tipo de corante são
chamadas de basófilas. Exemplo de corante: hematoxilina.
Corante ácidos:
São corantes aniônicos (carga elétrica negativa) e apresentam afinidade por constituintes celulares
básicos (carga elétrica positiva), como citoplasma e matriz extracelular. As estruturas coradas por esse
tipo de corante são chamadas de acidófilas. Exemplo de corante: eosina.
MEMBRANA NUCLEAR
Na microscopia óptica não é possível visualizar a membrana nuclear, o que é observado é a membrana
cromatínica. A membrana cromatínica consiste nos depósitos de cromatina aderidas ao folheto interno da
membrana nuclear. Assim a quantidade de cromatina determina a sua espessura.
Figura 9: Fotos de células euplásicas de esfregaços cervicovaginais (coloração de Papanicolau,
aumento 400x).
Nas células euplásicas, a membrana cromatínica é espessa e uniforme. A cromatina apresenta grânulos
arredondados regularmente distribuída. O nucléolo, quando presente, cora-se em rosa (eosinofílico) e,
normamalmente, aparece em apenas um núcleo. A multinucleação (presença de mais de um núcleo)
ocorre apenas sob situações e condições especificas. Quando há mais de um núcleo, esses são similares
entre si. Mulheres na menopausa podem apresentar histiócitos multinucelados no epitélio atrófico sem
causa aparente.
CROMATINA
A cromatina é um conjunto de fios, cada um deles formado por uma longa molécula de DNA associado a
proteínas (histonas) e ao RNA. Essa forma fica presente na célula quando não há divisão celular. Quando
a célula entra em processo de divisão celular, no lugar da cromatina aparecem corpúsculos condensados
facilmente observáveis no microscópio, chamados de cromossomos. Antes das células se dividirem, o
cromossomo se duplica, aparecendo dois filamentos compactos (cromátides) ligados por uma região
chamada centrômero.
NUCLÉOLO
A presença de nucléolos indica a atividade de síntese proteica na célula. O número de nucléolos por
núcleo varia de acordo com o tipo de célula, mas geralmente permanece constante para um mesmo tipo
de célula.
RETROPLASIA
A retroplasia representa um estado de diminuição de atividade de uma célula ou tecido que geralmente
está relacionado ao próprio envelhecimento fisiológico ou resultados de uma agressão, como traumas,
substâncias tóxicas, diminuição ou interrupção da irrigação sanguínea, agentes patogênicos e agentes
físicos (calor ou irradiação). A morfologia das células retroplásicas depende do tipo, intensidade ou
duração de um estímulo.
Figura 10: Fotos de células retroplásicas com algumas modificações citoplasmáticas e nucleares.
Na figura (Figura 10), podemos ver algumas características nucleares e citoplasmáticas das células
retroplásicas.
No citoplasma dessas células, são observadas diferentes alterações, como a desnaturação de proteínas,
acúmulo de lipídeos, o que torna o citoplasma granular, turvo, espumoso ou vacuolizado, e o acúmulo de
água, que torna o citoplasma opaco (condição observada quando há problemas no transporte de água
pela membrana plasmática). O citoplasma degenerado pode aparecer condensado difusamente ou
focalmente em forma de um anel periférico com uma coloração diferente na área mais interna
(perinuclear). Além disso, a membrana plasmática pode-se romper e ter o extravasamento do conteúdo
citoplasmático.
O núcleo apresenta cromatina granular com os limites borrados (mal definidos), cariopicnose, edema
nuclear, cariorrexe, cariólise, núcleos desnudos e vacuolização nuclear.
Retração do núcleo. O núcleo torna-se escuro, não podendo distinguir os grânulos de cromatina. Na
degeneração aguda, o contorno nuclear é borrado. Na regeneração crônica, o núcleo é bem limitado.
Exemplo: Células escamosas superficiais da ectocérvie que, devido ao envelhecimento normal da célula,
apresentam picnose nuclear (intensa coloração da cromatina tornando o núcleo intensamente escuro).
Acúmulo de água no núcleo (tumefação turva). O núcleo fica com o conteúdo diluído e com o aspecto de
pouco corado (hipocromasia).
Corresponde à fragmentação e dispersão do núcleo no citoplasma. Em um primeiro momento, o núcleo
se condensa e depois se fragmenta em massas redondas, de tamanhos variados, espalhados no
citoplasma íntegro. Essa alteração é associada a uma degeneração rápida. Exemplo: Padrão nuclear de
células após a radioterapia.
Alteração em que o núcleo quase desaparece. Nesse caso, ocorre digestão da cromatina, ficando quase
imperceptível. Às vezes, ficando apenas uma sombra (núcleo fantasmas). Exemplo: Essa alteração pode
ser resultado da tumefação turva (entrada de água no núcleo) ou na hiperqueratose (acúmulo de grânulos
de queratina nas células escamosas superficiais).
Numerosos núcleos sem a membrana plasmática, que conservam a sua estrutura finamente granular da
cromatina e a membrana nuclear bem definida e regular. Exemplo: Durante a confecção dos esfregaços,
algumas células mais delicadas podem romper a membrana citoplasmática. Na atrofia pós-menopausa,
esse padrão também é comum.
Quando presentes, os vacúolos são pequenos e redondos e estão agrupados ou isolados. A presença de
vacúolos no núcleo é observada em uma regeneração rápida como acontece na radioterapia.
PROPLASIA
A proplasia representa um estado de aumento da atividade de uma célula ou tecido. Esse aumento da
atividade biológica é devido a uma resposta a estímulos externos, reparação, aumento da atividade
secretória e preparação da célula para a divisão celular.
Figura 11: Fotos de células com aumento da atividade celular (proplasia) com algumas modificações
nucleares.
NEOPLASIA
Antes de vermos propriamente em neoplasia maligna, vamos entender o que é neoplasia e diferenciar
seus tipos.
Neoplasia significa um novo crescimento. Ela é definida como uma massa anormal de tecido com o
crescimento celular descontrolado capaz de persistir mesmo após a interrupção dos estímulos.
SAIBA MAIS
Nos dias atuais, o termo tumor também significa neoplasia. Antigamente o termo “tumor” foi utilizado para
indicar o processo de tumefação que ocorria durante a inflamação e um traumatismo, mas, atualmente, esse
termo tem sido utilizado apenas como sinônimo da neoplasia.
Em uma célula normal, o ciclo celular corresponde a uma sequência de eventos ordenados que
permitem a duplicação de uma célula (Figura 12). O ciclo celular é altamente controlado por um grupo de
proteínas chamadas de ciclinas, em pontos específicos do ciclo, que visam a identificação de defeitos e
reparos, garantindo que cada célula-filha receba um conjunto completo de informação genética, idêntico
ao da célula-mãe (Figura 12). Quando não for possível o reparo do dano, as ciclinas destravam uma série
de sinalizações celulares com ativação de várias enzimas que levam a célula à apoptose (morte celular
programada).
CICLO CELULAR
A fase G1 representa a fase pós-mitótica, quando ocorre o crescimento celular, com alta síntese proteica,
duplicação das organelas e preparação da célula para duplicação do DNA. A fase S é a fase de
duplicação do DNA. A fase G2 é a fase pré-mitótica com crescimento celular, aumento da síntese proteica
e preparação para a mitose. Fase M é a fase de mitose, em que, a partir de uma célula, irão surgir duas
idênticas. Além dessas quatro fases, a célula (quando for altamente especializada, como neurônios, ou
não apresentar todos os fatores para a sua renovação) entra na fase G0, um estado de repouso ou
“latência”. Em qualquer momento, caso haja nutrientes necessários e estímulos (fatores de crescimento),
a célula pode sair do estado de repouso G0 e entrar novamente no ciclo celular. Quando a célula for
altamente especializada, como os neurônios, o retorno ao ciclo celular não acontece, não havendo
renovação celular no caso de morte. Normalmente, quanto mais diferenciada a célula, menor será a
capacidade proliferativa. Na figura 12, estão demostrados também os pontos de controle do ciclo.
As neoplasias são classificadas como benignas e malignas. Porém, independentemente do tipo, todos os
processos neoplásicos apresentam dois componentes básicos:
Estroma (suporte), composto por vasos sanguíneos e tecido conjuntivo.
Figura 13: Ilustração mostrando a diferença entre uma neoplasia benigna e maligna no miométrio.
O que diferencia os tipos de neoplasia são as características celulares, taxa de crescimento, modo de
crescimento, capacidade de invadir e formar metástases em outros órgãos e potencial para causar a
morte. No Quadro 5 e na Figura 13, podemos ver as principais diferenças entre a neoplasia benigna e
maligna.
SAIBA MAIS
Pólipo: crescimento de tecido que se projeta a partir de uma superfície mucosa, como a do intestino,
normalmente indica uma neoplasia benigna, mas os pólipos podem dar origem a neoplasias malignas.
Pólipos adenomatosos são considerados precursores de adenocarcinomas do cólon” Fonte: (GROSSMAN,
PORTH, 2019).
Agora, vamos juntos nos aprofundar em cada tipo de neoplasia?
BENIGNAS
Neoplasias benignas recebem o nome por adição do sufixo oma + nome do tecido do parênquima que
deu origem ao crescimento. Exemplo: Osteoma: neoplasia benigna do tecido ósseo. Adenoma: neoplasia
benigna do tecido epitelial glandular.
As neoplasias benignas apresentam células bem diferenciadas muito parecidas com as células do tecido
de origem, ficando difícil a sua distinção. Apresentam o crescimento por expansão, sem invadir os tecidos
vizinhos. Normalmente, são encapsulados por tecido conjuntivo (cápsula fibrosa), o que facilita a sua
remoção cirúrgica. Esse tipo de neoplasia dificilmente ameaça a vida, apenas em alguns casos onde há
alteração de funções vitais ou então compreensão de órgãos vitais. Durante a análise histopatológica dos
tecidos, as neoplasias benignas podem se diferenciar das células do tecido normal pelo crescimento de
células neoplásicas, como uma massa distinta (Figura 14).
Figura 14: Tumor benigno do miométrio (leiomioma). Esse tumor bem diferenciado apresenta fibras
musculares esqueléticas entrelaçadas (setas) bem semelhantes a aparência das células musculares lisas
normais.
MALIGNAS
Seguem a classificação parecida com a neoplasia benigna, mas com algumas expressões adicionais.
Carcinoma: neoplasia maligna do tecido epitelial em qualquer uma das três camadas germinativas,
exemplo: adenocarcinoma: neoplasia maligna do tecido epitelial glandular.
Figura 15: Fotos mostrando algumas alterações celulares nas neoplasias malignas.
As células de tumores malignos apresentam uma variedade de modificações celulares, com variação na
forma e tamanho (pleomorfismo) celular. As células dentro do mesmo tumor não são uniformes, variando
desde células pequenas com um aspecto indiferenciado até células tumorais gigantes, muitas vezes
maiores do que as suas vizinhas. O núcleo apresenta um tamanho desproporcional para o tamanho da
célula, com forma variável e irregular, cromatina grosseira e agregada, normalmente com maior coloração
hipercromática (mais escura que o normal), os nucléolos são maiores do que os normais e o número de
cromossomos é anormal (aneuploidia). Nas neoplasias com células indiferenciadas, há um aumento das
mitoses, com o maior aparecimento de células em divisão celular, mas as mitoses são atípicas ou bizarras
(com fusos mitóticos triplos, quadripolares ou multipolares) (Figura 15).
Figura 16: Esquema mostrando de metástase de células neoplásicas. Carcinoma in situ é uma lesão
pré-invasiva localizada.
O crescimento das neoplasias malignas é acompanhado por infiltração progressiva, invasão e destruição
do tecido adjacente, ficando pouco demarcado em relação ao tecido normal, sendo muito difícil a remoção
cirúrgica dessas células. As células malignas são capazes de sintetizar fatores de crescimentos,
moléculas de adesão, enzimas proteolíticas e hormônios que facilitam sua invasão nos tecidos
adjacentes. A disseminação acontece por invasão direta e extensão, semeadura das células cancerígenas
na cavidade (lançam as células nos espaços ocos do organismo, como cavidade peritoneal, pleural,
pericárdica e espaços articulares) e metástases (através da disseminação de células sanguíneas no
sistema sanguíneo e linfático) (Figura 16).
Além dessa classificação, os tumores sólidos são classificados quanto ao tamanho e à extensão de sua
disseminação para os linfonodos regionais e na presença ou ausência de metástase, pelo estadiamento.
O sistema de estadiamento mais utilizado é o preconizado pela União Internacional para o Controle do
Câncer (UICC), denominado Sistema TNM de Classificação dos Tumores Malignos. Nessa classificação,
o “T” indica tumor primário, que é categorizado de 0 a 4 de acordo com seu tamanho, T0 indica lesão in
situ, T1 corresponde a tumor de até 2 cm na sua maior dimensão, T2 representa tumor de mais de 2 cm,
não ultrapassando 5 cm de sua extensão.
Para o diagnóstico das neoplasias, diversas abordagens de amostragem existem, como a excisão,
biópsia, aspiração por agulha fina e esfregaços citológicos. A partir dessas amostras, podem ser
realizados estudos histoquímicos para avaliação das alterações da morfologia das células e tecidos e
estudos imuno-histoquímicos, que ajudam na classificação dos tumores, pois o padrão de expressão de
proteínas é bem diferente entre o tecido normal e o tecido neoplásico, ajudando o diagnóstico e a
classificação dos tumores.
Assista ao vídeo para conhecer alguns casos clínicos de atividade normal e alterada.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 3
TIPOS DE NECROSE
Nas células com padrão de atividade celular ou tecidual normal (euplasia), vários fatores são capazes de
gerar uma alteração no metabolismo, proliferação, especialização das células e gerar uma variedade de
alterações na morfologia e no padrão de atividade celular. Esses fatores alteram o equilíbrio fisiológico da
célula (homeostase) e, como resposta, o organismo pode apresentar uma adaptação ou uma lesão
celular reversível ou irreversível.
A adaptação consiste em uma resposta estrutural e funcional reversível a uma injuria ou condição
fisiológica, como a gestação, que pode levar a um aumento do número de células (hipertrofia), diminuição
do número de células (atrofia), aumento do tamanho da célula (hiperplasia), metaplasia e displasia.
Quando o estímulo é eliminado, as células podem retornar ao seu estado normal.
METAPLASIA
Substituição de um tipo de tecido celular por outro. Está associado a processos de dado, reparo e
regeneração tecidual. Exemplo: metaplasia escamosa que acontece no colo do útero.
DISPLASIA
Termo que indica um “crescimento desordenado”. Ela pode ser encontrada em epitélios. As células
apresentam várias modificações estruturais, como pleomorfismo e núcleos hipercromáticos, com figuras
mitóticas e com a estrutura tecidual desordenada, não ficando apenas restrito à camada basal. Nos
epitélios, quando as alterações são marcantes em toda a estrutura (sem transpassar a membrana basal),
é classificada como uma neoplasia pré-invasiva, chamada de carcinoma in situ. Quando rompe a
membrana basal, ele passa a ser um tumor invasivo.
No entanto, quando as células sofrerem mutações prejudiciais ao seu funcionamento normal, não são
supridas com os nutrientes essenciais, são expostas a agentes ou estímulos nocivos e têm os limites das
respostas adaptativas excedidos, ocorre uma sequência de eventos que levam à lesão celular, que pode
ser reversível ou irreversível. As lesões celulares irreversíveis levam à morte celular (Figuras 17 e 18).
Figura 17: Esquema dos tipos de respostas celulares ao estresse (privação de nutrientes e irrigação
sanguínea) e estímulo lesivo.
Figura 18: Esquema da relação do miocárdio normal, hipertrófico (em resposta a uma adaptação
celular) e com uma lesão irreversível (necrose).
As lesões celulares podem ocorrer por diferentes fatores, dentre eles, agentes biológicos, fatores
nutricionais, radiação, agentes físicos (traumatismos, variação de temperatura, exposição ambiental e
lesão por forças elétricas) e agentes químicos (exposição a substâncias químicas prejudiciais). O
mecanismo pelo qual esses agentes causam danos é complexo, mas existem descritos pelo menos três
mecanismos principais. São eles:
Gerando diminuição da síntese proteica, deposição de lipídeos, diminuição das reservas de glicogênio,
aumento da permeabilidade da membrana celular e acúmulo de líquidos intracelulares (tumefação).
Que gera uma ativação enzimática inadequada danificando o citoesqueleto, membrana plasmática e
organelas celulares, além de gerar a fragmentação da cromatina e provocar um aumento da depleção de
ATP.
ATENÇÃO
Nos estágios iniciais ou nas lesões leves, as alterações morfológicas e funcionais das células são reversíveis
se o estímulo for retirado. Nessa lesão, ocorre alterações no citoesqueleto e em algumas organelas, há
alteração na membrana citoplasmática, alterando o influxo de íons (bomba de sódio e potássio) e água, o
que gera tumefação celular (edema), degeneração gordurosa (acúmulo de lipídios em vacúolos) e uma
redução da fosforilação oxidativa, com diminuição na concentração de ATP e energia (Figura 20). Quando os
danos são persistentes, as lesões passam a ser irreversíveis, levando à morte celular, que pode ocorrer por
dois mecanismos distintos: a apoptose ou necrose.
APOPTOSE
A apoptose representa a morte celular programada, um processo altamente regulado por várias vias
genéticas que visa a eliminação de células danificadas.
É importante destacar que a apoptose não ocorre apenas nos casos de lesão celular, mas também
em funções normais da célula como envelhecimento celular. Na apoptose, ocorre a dissolução do
DNA, rápida remoção dos restos celulares pelos fagócitos, fragmentação da célula sem perda da
integridade celular e extravasamento do conteúdo citoplasmático e não gera uma resposta
inflamatória.
NECROSE
A necrose é o padrão de morte celular encontrada em diversos tipos de agressões, como trauma,
infecções, exposição a substâncias tóxicas e isquemia.
Figura 19: Esquema demostrando as principais diferenças nas células que sofrem morte por necrose
e apoptose.
As mortes celulares por necrose e apoptose apresentam várias diferenças que podem ser observadas no
Quadro 06 e na Figura 19.
Picnose → de cariorrexe →
Núcleo Fragmentação
cariólise
Membrana Intacta, mas com a estrutura alterada
Rompida
plasmática (orientação dos lipídeos de membrana)
Quadro 6: Principais diferenças entre a necrose (morte celular “acidental”) e apoptose (morte celular
programada).
E como são as são as alterações na morfologia do núcleo e citoplasma das células que sofreram
necrose?
Figura 20: Alterações morfológicas nas lesões reversíveis (B) e na necrose (C). Foto de cortes
histológicos de tubos renais, corado por HE. (A) O epitélio normal dos túbulos renais.
A célula que sofre necrose apresenta várias alterações na morfologia citoplasmática e nuclear. Nos
tecidos corados por hematoxilina eosina, as células apresentam uma maior eosinofilia, atribuídas à perda
de RNA citoplasmático (que se liga a hematoxilina) e à desnaturação de proteínas (que se coram com a
eosina). O citoplasma torna-se vacuolado pela perda de organelas digeridas pelas enzimas lisossômicas
e o DNA pode aparecer três alterações, a cariólise (que reflete a perda de DNA pela degradação
enzimática via endonucleases), picnose (retração celular nuclear e aumento da basofilia) e cariorrexe
(fragmentação do núcleo picnótico). Após dois dias, o núcleo pode desaparecer completamente (Figura
20). As células mortas por necrose podem ser substituídas por grandes massas de fosfolipídios,
chamados de figuras de mielina (Figura 19).
SAIBA MAIS
As alterações celulares muitas vezes não são perceptíveis ao microscópio óptico durante horas depois da
morte celular. Quando um número de células morre por necrose em um determinado tecido ou órgão,
classificamos esse como tecido necrosado. Os tecidos necrosados sofrem diferentes padrões morfológicos
e, de acordo com esses padrões, as necroses são classificadas em caseosa, coagulação, liquefação e
fibrinóide. A análise histopatológica dos tecidos necrosados auxilia no diagnóstico das doenças.
Vamos conhecer cada um desse tipo de necrose e descobrir os diferentes padrões morfológicos que cada
uma dessas necroses causa nos tecidos.
NECROSE DE COAGULAÇÃO
A necrose de coagulação é a forma de necrose ocasionada após a isquemia (diminuição total ou parcial
da irrigação sanguínea) desencadeada por obstrução de um vaso, com o comprometimento das funções
metabólicas celulares, pela hipóxia ou anoxia, falta de nutrientes e não eliminação de excretas. Esse tipo
de necrose ocorre em todos os órgãos do tecido, menos no cérebro, onde ocorre a necrose liquefativa. A
área do tecido com a necrose de coagulação recebe o nome de infarto. A obstrução dos vasos pode
ocorrer através de um êmbolo, um trombo, uma doença da parede arterial ou uma pressão externa ao
vaso.
Figura 21: Alterações macroscópicas e microscópicas característicos da necrose de coagulação.
Essa necrose é desencadeada em tecidos com uma diminuição na irrigação sanguínea, que não
apresente outras rotas alternativas para suprir as necessidades das células, levando a uma acidose. A
diminuição do pH provoca a desnaturação das enzimas e das proteínas estruturais da célula, originando a
lesão hipóxica. Macroscopicamente, a área afetada fica esbranquiçada e cercada por uma auréola
avermelhada, que consiste em uma região mais irrigada (hiperemia) como uma tentativa do organismo
para compensar a falta de irrigação da área afetada (Figura 21).
A análise microscópica exibe a arquitetura do tecido morto intacta, mostrando uma aparência firme. Esse
fato ocorre provavelmente pela desnaturação parcial das proteínas estruturais e das enzimas
proteolíticas, evitando a lise das células mortas. Como resultado, aparecem citoplasma eosinófilico e
núcleo com picnose pela degradação enzimática do DNA e condensação da cromatina, cariorrexe pela
fragmentação nuclear ou cariólise pelo esmaecimento nuclear, devido à dissolução da cromatina pela
ação das enzimas desoxirribonucleases e ribonucleases e pelo desaparecimento do núcleo. Depois de
dias ou semanas, as células mortas são fagocitadas por leucócitos, que são os responsáveis pela
remoção delas (via enzimas lisossômicas dos leucócitos), revelando também a presença de um infiltrado
leucocitário na análise microscópica (Figura 21).
NECROSE CASEOSA
A necrose caseosa é um tipo de necrose de coagulação, em que as células mortas são mantidas por
tempo indeterminado. Essa necrose é comum nos focos de infecção da tuberculose (infecção causada
pela Mycobacterium tuberculosis), mas pode ser observada também na histoplasmose (infecção fúngica
por Histoplasma capsulatum), na paracoccidioidomicose (infecção fúngica por Paracoccidioides
brasiliensis) e na tularemia (infecção bacteriana por Francisella tularensis). Esses microrganismos
causam processos inflamatórios crônicos no organismo denominados granulomas, que evoluem para a
necrose do tecido (necrose caseosa). Os granulomas são um conjunto de macrófagos que tentam
envolver o patógeno, evitando que esses agentes atinjam os tecidos subsequentes sadios e causem a
sua disseminação. Os granulomas apresentam alterações em sua morfologia e são conhecidos como
células gigantes e epitelióides.
Essa necrose é característica de tecidos ricos em adipócitos, como o cérebro e suprarrenal, mas também
pode ocorrer na mucosa gástrica. No tecido nervoso central após a hipóxia, de forma diferente ao infarto
do miocárdio, não acontece a parada completa da irrigação, mas uma redução na circulação que é
suficiente para matar o neurônio, mas sem impedir a chegada de fagócitos, monócitos do sangue e
macrófagos presentes no tecido (provenientes da micróglia) que são os responsáveis por remover o
tecido necrótico. Em cortes histológicos de tecido, é verificada uma tumefação do neurônio, com aumento
da eosinofilia citoplasmática, aumento do número de células endoteliais e de leucócitos, que são
conhecidos como células grânulos-adiposas e que apresentam o citoplasma claro e granuloso. (Figura
20).
SAIBA MAIS
Além disso, essa necrose é observada após infecções por patógenos, como fungos e bactérias, pois, como
resposta a esses antígenos, há o recrutamento de leucócitos. Os leucócitos (macrófagos e neutrófilos), ao
fagocitarem os antígenos, liberam suas enzimas proteolíticas, que, além de agir nos microrganismos, acabam
matando indiretamente as células do tecido e as próprias células do sistema imunológico, formando um
material purulento amarelado basicamente composto de restos celulares, patógenos mortos (pus), isso se
traduz macroscopicamente pelo amolecimento do tecido (Figura 23).
NECROSE FIBRINÓIDE
A necrose fibrinóide é uma forma especial de necrose observada nas reações imunológicas na qual os
complexos antígenos-anticorpos (imunocomplexos) são depositados nas paredes arteriais e na
hipertensão arterial maligna.
Nas reações imunológicas, ocorre a deposição dos imunocomplexos na parede arterial, com ativação do
sistema complemento (um conjunto de proteínas que fazem parte do sistema imunológico inato e auxiliam
na eliminação dos microrganismos). O sistema complemento, quando ativado, causa lesão direta em
algumas células. Essa lesão recruta os leucócitos (macrófagos e neutrófilos via quimiocinas), aumentando
a lesão tecidual e causando um extravasamento das proteínas plasmáticas e fibrinogênio. O fibrinogênio,
um conjunto de proteínas solúveis, é convertido em vários filamentos denominados de fibrina, que
passam a recobrir toda a lesão, formando a substância fibrinóide (células necrosadas, fibrina e
imunocomplexos). O termo utilizado pelos patologistas como “fibrinóide” quer dizer semelhante à fibrina.
Nessa necrose, o tecido fibrinóide apresenta um aspecto hialino, ou seja, homogêneo, amorfo, de aspecto
granuloso ou filamentoso e com coloração rosa brilhante (Figura 24).
Existem também outras necroses que não são um padrão específico de morte celular, mas que o termo é
comumente utilizado na prática. São elas:
NECROSE GANGRENOSA
Termo aplicado quando um membro (normalmente a perna) é perdido por falta de suprimento sanguíneo
(necrose tipicamente de coagulação). Gangrenas úmidas é o termo utilizado quando a necrose de
coagulação é sobreposta à necrose liquefativa devido à ação enzimática de bactérias e leucócitos
recrutados para o tecido.
NECROSE GAMOSA
Termo utilizado para a necrose que acontece após os granulomas da sífilis terciária (gomas sifilíticas,
infecção pela bactéria Treponema pallidum). Macroscopicamente, tem uma aparência compacta, como
uma goma de borracha e microscopicamente se assemelha à necrose caseosa.
NECROSE LÍTICA
Causada nos hepatócitos por lise ou esfacelamento devido às infecções virais (hepatites) nos hepatócitos
ou pelas enzimas proteolíticas liberadas pela Entamoeba histolytica.
ESTEATONECROSE
Necrose nas células adiposas. Essa necrose é identificada usualmente na pancreatite, quando há o
extravasamento das enzimas pancreáticas. As lipases atuam sobre os triglicerídeos, liberando ácidos
graxos e glicerol. Os ácidos graxos dispensados apresentam saponificação e geram manchas com
aparência de depósito de vela ou resíduos branqueados.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo desse tema, entendemos toda a preparação dos tecidos para análise histopatológica,
explorando os fundamentos e importância de cada uma das etapas. A preparação inclui as etapas de
coleta, fixação, processamento histológico (desidratação, clarificação, impregnação), inclusão, a secção
dos tecidos (microtomia) e coloração. Foi mencionado também algumas técnicas mais especificas, como
imuno-histoquimica e hibridização in situ, que surgem como alternativas para pesquisa de proteínas e
material genético com alta especificidade. Além disso, foram verificadas as características citoplasmáticas
e nucleares de uma célula normal (euplasia) e suas principais alterações morfológicas durante alteração
no padrão de atividade (retroplasia, proplasia e neoplasias malignas) e nas lesões irreversíveis
característicos das patologias, a necrose. Dependendo do tipo de necrose, os tecidos apresentam
características morfológicas muito definidas e podem ser classificadas como necrose de coagulação,
fibrinóide, liquefação e caseosa. O conhecimento do padrão de atividade celular e as alterações
morfológicas encontradas nos diferentes tipos de necrose vão auxiliar o diagnóstico das principais
doenças.
PODCAST
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
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CAMILLO, C.S. et al. Caderno de Histologia: texto e atlas. Natal: UFRN. 2017.
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TIMM, L.L. Técnicas rotineiras de preparação e análise de lâminas histopatológicas. In: Caderno La
Salle XI, Canoas, v.2, nº 1, 231 - 239, 2005. Consultado em meio eletrônico em: 15 jul. 2020.
EXPLORE+
Para melhorar o entendimento de cada etapa da preparação dos tecidos para análise, visite a
página Histopatologia do colo uterino – atlas digital, que conta com fotos e vídeos de todo o
processamento dos tecidos, destacando a inclusão das amostras e a realização dos cortes
histológicos no micrómetro.
Para compreender mais sobre a classificação das neoplasias malignas sólidas pelo estadiamento,
importante para a liberação de laudos com essas alterações morfológicas, acesse o artigo
Estadiamento do Curso de Especialização em Atenção Básica em Saúde da Família - UFMG e o
site do INCA.
CONTEUDISTA
Luciana da Silva Santos
CURRÍCULO LATTES