Você está na página 1de 14

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) FEDERAL DO ___

JUIZADO ESPECIAL CÍVEL FEDERAL DO RIO DE JANEIRO – RJ – TRF DA


2ª REGIÃO.

ARILDO MOREIRA DA COSTA, brasileiro, mergulhador, casado, RG: 08.814.449

, constitui como sua bastante procuradora, DRA. PATRICE


DE OLIVEIRA FAGUNDES, brasileira, solteira, advogada, inscrita na
OAB/RJ sob o nº 179.884, com escritório na Rua Siqueira Campos, nº.
158/304, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ, CEP: 22.031-072 (procuração
anexada), propor a presente:

AÇÃO REVISIONAL
CORREÇÃO MONETÁRIA DE FGTS

Em face da CAIXA ECONÔMICA FEDERAL (CEF), inscrita sob o


CNPJ nº 00.360.305/0542-04, Av. Rio Branco, nº 125, Centro, Rio de
Janeiro, RJ/CEP 20040-006, pelas razões de fato e fundamentos a seguir
expostos:

Rua Siqueira Campos, 158/304, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ, CEP: 22.031.72
Dra. Patrice Fagundes: (21) 98013-5700 / Rafael Schipper: (21) 92003-3666
patricefagundes@gmail.com / rsst.previ@outlook.com / orientaprevi@gmail.com
DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

Ab Initio a parte AUTORA não pode suportar os ônus do


processo sem prejuízo do próprio sustento familiar, conforme
declaração inclusa, razão pela qual, requer que se digne Vossa
Excelência de deferir-lhe os benefícios da Justiça Gratuita.

DECLARAÇÃO DE RENÚNCIA DE VALORES EXCEDENTE A 60 SALÁRIOS


MÍNIMO

Declara a parte AUTORA para os devidos fins que renuncia valores


que excederem a 60 salário mínimos.

DOS FATOS

A parte AUTORA trabalhou em regime da CLT, como tal, possui


ou possuía conta vinculada ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço
– FGTS, conforme cópia da Carteira de Trabalho e Previdência Social em
anexo. No entanto, a Caixa Econômica Federal - CEF vem lesando o
demandante desde 1999, ao aplicar ao saldo das contas de FGTS, como
índice de correção monetária, a Taxa Referencial (TR) que ficou abaixo
do índice de inflação entre 1999 e 2013. Tal correção praticada pela CEF
gerou uma perda significativa no saldo do FGTS da parte AUTORA.

Verificada a desigualdade/desproporção entre a TR e de outro


giro, o IPCA-E e o INPC, deve ser recomposto o valor monetário perdido
pela parte AUTORA.

Rua Siqueira Campos, 158/304, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ, CEP: 22.031.72
Dra. Patrice Fagundes: (21) 98013-5700 / Rafael Schipper: (21) 92003-3666
patricefagundes@gmail.com / rsst.previ@outlook.com / orientaprevi@gmail.com
DA SUSPENSÃO DO PROCESSO ATÉ JULGAMENTO DA ADI5090

Requer a parte AUTORA que seja cumprida a decisão do Relator


da ADI5090, pela suspensão de todas as Ações Revisionais do FGTS
relacionada a aplicação da taxa TR.
Considerando a pendência da presente ADI 5090, que na qual
sinaliza a discussão sobre a rentabilidade do FGTS ainda será apreciada
pelo Supremo e, portanto, não está julgada em caráter definitivo,
estando sujeita a alteração (plausibilidade jurídica); (b) o julgamento do
tema pelo STJ e o não reconhecimento da repercussão geral pelo
Supremo, o que poderá ensejar o trânsito em julgado das decisões já
proferidas sobre o tema (perigo na demora); (c) os múltiplos
requerimentos de cautelar nestes autos; e (d) a inclusão do feito em
pauta para 13/05/2021, defiro a cautelar, para determinar a suspensão
de todos os feitos que versem sobre a matéria, até julgamento do
mérito pelo Supremo Tribunal Federal.
Por conseguinte, requer a suspensão do presente feito até
ulterior decisão a ser proferida pelo Supremo Tribunal Federal.

DOS FUNDAMENTOS DE DIREITO


O FGTS e a TR

Está em debate, a questão referente à adequação da forma de


correção dos saldos das contas vinculadas do Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço – FGTS.

Esses saldos são provenientes dos depósitos mensais, em


valor correspondente a 8% do salário, feitos em nome dos
trabalhadores e constituem a base da formação do patrimônio do
Fundo. Tal debate considera, também, os resultados econômicos
alcançados pelo Fundo, nos últimos anos, através da aplicação de seus

Rua Siqueira Campos, 158/304, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ, CEP: 22.031.72
Dra. Patrice Fagundes: (21) 98013-5700 / Rafael Schipper: (21) 92003-3666
patricefagundes@gmail.com / rsst.previ@outlook.com / orientaprevi@gmail.com
recursos “pela Caixa Econômica Federal CEF e pelos demais órgãos do
Sistema Financeiro de Habitação SFH, exclusivamente segundo critérios
fixados pelo Conselho Curador do FGTS – CCFGTS”

A correção mensal dos depósitos do FGTS compreende a


aplicação de duas taxas que correspondem a diferentes objetivos. Uma
dessas taxas diz respeito à correção monetária dos depósitos nas
contas vinculadas, através da aplicação da Taxa Referencial –TR, que é o
fator de atualização do valor monetário, vigente desde 1991. A segunda
refere-se à valorização do saldo do FGTS por meio da capitalização de
juros à taxa de 3% ao ano.

MUDANÇAS NA POLÍTICA DE CÂMBIO E IMPACTO NA TR

O FGTS sofreu impactos negativos com a piora do mercado de


trabalho na década de 1990 e, de forma inversa, impactos positivos
com a melhora verificada no grande crescimento da geração de postos
de trabalho formais já na década de 2000, especialmente após 2003.
Nos últimos anos, a arrecadação e o saldo líquido do fundo mantiveram
trajetória ascendente em ritmo superior à verificada para os saques
que, refletindo a alta rotatividade do mercado de trabalho, também
cresceram em ritmo elevado, ainda que inferior ao verificado para o
aumento da arrecadação. Desde 2000, a arrecadação líquida foi de R$
116,5 bilhões. Esse resultado foi administrado a partir da aplicação dos
recursos do FGTS em aplicações financeiras, especialmente títulos
públicos, que garantiram grande rentabilidade ao fundo; deram
segurança ao fornecimento de crédito habitacional subsidiado e
facilitaram a obtenção da recomposição das perdas de inflação e os
ganhos financeiros do fundo segundo as aplicações de mercado.

Por sua vez, o cenário de queda das taxas de juros pós 1999
acabou afetando diretamente a variação da TR. Isso teve impacto direto
sobre a rentabilidade do fundo e, por outro lado, afetou também a

Rua Siqueira Campos, 158/304, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ, CEP: 22.031.72
Dra. Patrice Fagundes: (21) 98013-5700 / Rafael Schipper: (21) 92003-3666
patricefagundes@gmail.com / rsst.previ@outlook.com / orientaprevi@gmail.com
remuneração dos cotistas. Se a composição da remuneração atual das
contas vinculadas do FGTS é de 3% (a título de capitalização) acumulada
à variação da TR (correção monetária), o movimento de queda da taxa
de juros e as modificações na fórmula do cálculo da TR afetam
negativamente a taxa, o que impacta também negativamente a
remuneração das contas vinculadas do FGTS.

O período pós-1999 é um marco importante no que diz


respeito à TR, porque no campo macroeconômico houve o fim do
regime de câmbio administrado e a adoção da taxa de câmbio
flutuante. Essa alteração tem impacto nas taxas de juros (e por
consequência na TR) porque, com o fim da necessidade de “defender” a
taxa de câmbio pré-determinada pela equipe econômica, houve uma
redução importante no patamar da taxa de juros Selic (a taxa básica da
economia brasileira).

Assim, se consideradas as taxas mensais anualizadas da Selic –


que nos anos de 1998 e 1999 foram de 25,6% e 23,0%, respectivamente
– em 2000 houve redução para 16,2%, e a partir daí, diminuiu
progressivamente até atingir 8,2% em 2012, ou seja, menos de um
terço do percentual de 1998. O Gráfico 2 mostra esse comportamento.

GRÁFICO 2
Taxa Over/Selic: Taxa anualizada com o valor acumulado das taxas
mensais
Brasil, 1995 a 2012, em % ao ano.

Rua Siqueira Campos, 158/304, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ, CEP: 22.031.72
Dra. Patrice Fagundes: (21) 98013-5700 / Rafael Schipper: (21) 92003-3666
patricefagundes@gmail.com / rsst.previ@outlook.com / orientaprevi@gmail.com
Fonte: Bacen,
Ipeadata
Elaboração: DIEESE

Além de a queda da taxa Selic resultar na diminuição de um


dos principais componentes da TR - a Taxa Básica Financeira (TBF) -,
outro elemento do cálculo da TR, o Redutor - mecanismo utilizado na
fórmula de cálculo da taxa referencial para diminuir os percentuais
resultantes da TBF – foi utilizado sequencialmente pelo Bacen para
ajustar a TR aos juros básicos da economia, afetando diretamente os
rendimentos dos cotistas.

Apesar de um escalonamento realizado em um dos itens que


compõem o Redutor da TR, segundo a resolução nº 3.550/2008 e
circular 3.455/2009, ambos do Banco Central, seu impacto não
resolveu, de forma adequada, a correção monetária da TR. Isso porque
a modificação nesse Redutor não foi na mesma proporção da queda
verificada na taxa de juros Selic e, portanto, na TBF, que é diretamente
impactada por essa taxa básica da economia brasileira. Tanto assim
que, a partir de 2008, o Banco Central estipulou uma medida indicando
que mesmo que o cálculo da TR apresentasse valores negativos, no
resultado deveria ser considerado o valor de 0%, ou seja, correção
monetária nula.

As perdas, porém, devem ser contextualizadas em relação ao


fato de o próprio BC admitir que a fórmula de cálculo da TR (que
também é utilizada para a poupança) pode ser revista em qualquer
momento. Além disso, devido a questões macroeconômicas mais
amplas, o BC pode precisar alterar o rendimento das poupanças (como
o FGTS, no caso uma poupança “compulsória”) devido à gestão da
dívida pública e à atratividade dos ativos financeiros em um cenário de
queda do patamar de taxas de juros, como ocorrido recentemente.
Portanto, supondo-se que o patamar das taxas de juros mantenha-se
como o atual, será necessário optar dentre algumas medidas:

Rua Siqueira Campos, 158/304, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ, CEP: 22.031.72
Dra. Patrice Fagundes: (21) 98013-5700 / Rafael Schipper: (21) 92003-3666
patricefagundes@gmail.com / rsst.previ@outlook.com / orientaprevi@gmail.com
 Modificar o redutor ou a fórmula de cálculo da TR; ou
 Eleger outra forma de atualização dos saldos do FGTS, a
qual deve possibilitar sua valorização, ao mesmo tempo em
que continue sendo importante fundo para a execução das
políticas habitacionais do país, permitindo o acesso a crédito
subsidiado pela população.

No gráfico 3, é possível notar a relação nas trajetórias das


taxas Selic, TBF e TR, desde 1996: aumentos ou reduções da taxa Selic
interferem diretamente nas outras duas taxas em questão.

Como já foi dito, a redução na Taxa Selic, teve impacto na Taxa


Básica Financeira (TBF), que sofreu redução, e que, por sua vez,
impactou a TR que, consequentemente, também apresentou queda.

GRÁFICO 3
Variação acumulada no ano da TR, TBF e Taxa Selic,1996-2013

Fonte: IBGE, Bacen Elaboração: DIEESE, 2013

No Gráfico 4 é possível visualizar melhor esse cenário. Em


1996, a TR ficou em 9,59%, e ainda remunerava as contas do FGTS
considerando em patamar suficiente para cobrir a inflação do período;
mas é a partir de 2000 - portanto, na sequência da mudança na política

Rua Siqueira Campos, 158/304, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ, CEP: 22.031.72
Dra. Patrice Fagundes: (21) 98013-5700 / Rafael Schipper: (21) 92003-3666
patricefagundes@gmail.com / rsst.previ@outlook.com / orientaprevi@gmail.com
cambial que teve reflexos sobre a redução da taxa de juros - a TR
começa uma trajetória de percentuais bastante baixos.

Em 2000, o percentual ficou em 2,10%, chegando em 2012 a


uma taxa de 0,29% e de 0,0% em 2013.

Nesse período – a partir de 2000, o único ano que apresentou


um percentual acima da média foi 2004 (4,65%).

Apesar de esse período registrar, na maior parte dos anos,


índices de inflação baixos (exceção para os anos de 2001, 2002 e 2003),
como a TR apresentou patamares muito baixos, a diferença entre essas
taxas, como se pode constatar no Gráfico 4, apresenta números
negativos desde 1999. Ou seja, a TR não conseguiu recompor a inflação
nos saldos das contas vinculadas do FGTS, que acumularam perdas de
1999 a 2013 de 48,3%.

GRÁFICO 4 Diferença da TR e do INPC, 1991-2013

Fonte: IBGE, Bacen Elaboração: DIEESE, 2013

Nos últimos 18 anos, apenas de 1995 a 1998 a variação anual


da TR superou a variação do INPC. Nos anos seguintes, a TR é superada
pelo INPC, com destaque para 2003, quando a diferença foi maior que
10%, como mostra Gráfico 4.

Rua Siqueira Campos, 158/304, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ, CEP: 22.031.72
Dra. Patrice Fagundes: (21) 98013-5700 / Rafael Schipper: (21) 92003-3666
patricefagundes@gmail.com / rsst.previ@outlook.com / orientaprevi@gmail.com
Quando se compara a evolução da TR, da TR acrescida de 3% e
do INPC, entre 1995 e 2012, constata-se que a remuneração das contas
do FGTS só não fica abaixo da inflação por conta do acréscimo do
percentual de 3% a título de capitalização. Entretanto, após 1999,
quando o INPC passa a superar a TR, a diferença cumulativa entre as
taxas cresceu tanto que, mesmo considerando o acréscimo dos juros
capitalizados, a correção acumulada das contas vinculadas torna-se
inferior à inflação acumulada em igual período.

GRÁFICO 4
INPC, TR e TR+3%. 1995-2012

Fonte: IBGE, Bacen Elaboração: DIEESE, 2013


DAS CONCLUSÕES

O FGTS é um fundo tipicamente parafiscal, formado por


contas de poupança individual dos trabalhadores e funding para
financiamento de investimentos em atividades específicas: habitação,
saneamento e infra-estrutura urbana.

Desde a sua origem, houve previsão legal de correção de seus


valores, com garantia da atualização monetária e a capitalização de
juros à base de 3% ao ano.

Rua Siqueira Campos, 158/304, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ, CEP: 22.031.72
Dra. Patrice Fagundes: (21) 98013-5700 / Rafael Schipper: (21) 92003-3666
patricefagundes@gmail.com / rsst.previ@outlook.com / orientaprevi@gmail.com
Em 1989, a correção do FGTS passa a ser mensal. Em 1º de
março de 1991, no âmbito de medidas econômicas voltadas para a
“desindexação da economia” a correção monetária do FGTS foi atrelada
à Taxa Referencial (TR), um novo indexador criado com base nos juros
básicos da economia, com o objetivo de romper com os indexadores
baseados na evolução dos preços.

Coube ao Banco Central fixar a TR, enquanto não foi aprovada


a metodologia para o cálculo dela. Em 27 de março, o Bacen editou
resolução que deveria ser “enviada ao conhecimento do Senado
Federal”. Nesta metodologia, havia a previsão de um redutor (R.) na
fórmula de cálculo da TR.

Devido às elevadíssimas taxas de juros praticadas, sobretudo


até 1998, as taxas fixadas para a TR ficaram próximas ou superaram os
indicadores tradicionais de inflação. A partir de 1998, o que se observa
é o crescente distanciamento da TR quando comparado ao INPC. Essa
tendência deveu-se, por um lado, à queda da taxa de juros da
economia, e, por outro, aos critérios implícitos na definição do Redutor
constante da metodologia de cálculo da TR.

Cabe aqui, na conclusão recuperar uma colocação feita no


decorrer desta petição, afirmando que, supondo-se que o patamar das
taxas de juros mantenha- se como o atual, será necessário optar por
algumas medidas:

 Modificar o redutor ou a fórmula de cálculo da TR ou


 Eleger outra forma de atualização dos saldos do FGTS
que possibilite sua valorização, ao mesmo tempo em
que continue a ser um importante fundo para a
execução das políticas habitacionais do país, com
acesso à crédito subsidiado pela população.

DO POSICIONAMENTO DOS TRIBUNAIS SUPERIORES


Rua Siqueira Campos, 158/304, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ, CEP: 22.031.72
Dra. Patrice Fagundes: (21) 98013-5700 / Rafael Schipper: (21) 92003-3666
patricefagundes@gmail.com / rsst.previ@outlook.com / orientaprevi@gmail.com
É posicionamento consolidado no STF de que a TR não serve
como correção monetária.

Ao julgar um caso de um credor do Instituto Nacional de


Seguro Social (INSS), em maio/2013, a ministra Cármen Lúcia reafirmou
a posição da Corte de que a Taxa Referencial (TR) - que remunera a
poupança - não serve para recompor a perda inflacionária da moeda.

RE 747706, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, julgado


em 13/06/2013, publicado em DJe-124 DIVULG
27/06/2013 PUBLIC 28/06/2013).

No dia 27 de maio de 2013 o ministro Castro Meira, do STJ,


proferiu decisão semelhante, favorável a uma credora da União que
teve a indenização reconhecida pela Justiça por violação de direitos
fundamentais. E foi além: determinou a aplicação do IPCA para
atualizar o valor dos precatórios. A União recorreu da decisão alegando
que a decisão do Supremo ainda não havia sido publicada. No dia 26 de
junho , a 1ª Seção do STJ rejeitou o recurso.

Importante ressaltar, entendimento recente do Supremo


Tribunal Federal, em 21/12/2020, no qual confirmou jurisprudência
dominante no sentido da inconstitucionalidade da utilização da Taxa
Referencial (TR) como índice de atualização dos débitos trabalhistas. A
matéria foi objeto do Recurso Extraordinário (RE) 1.269.353 com
repercussão geral, sendo a matéria analisada pleno Plenário Virtual sob
a sistemática da repercussão geral. O entendimento exarado fixou que,
até deliberação da questão pelo Poder Legislativo, devem ser aplicados
o IPCA-E, na fase pré-judicial, e, a partir do ajuizamento da ação, a taxa
Selic.
Importante consignar a similaridade entre os débitos
trabalhistas; a decisão do RE 1.269.353, proferida pelo STF; e o instituto
do FGTS. O FGTS é um depósito bancário destinado a formar uma

Rua Siqueira Campos, 158/304, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ, CEP: 22.031.72
Dra. Patrice Fagundes: (21) 98013-5700 / Rafael Schipper: (21) 92003-3666
patricefagundes@gmail.com / rsst.previ@outlook.com / orientaprevi@gmail.com
poupança para o trabalhador, e segundo o jurista Sergio Pinto Martins,
(Martins, 2008, p.444,448) “possui natureza jurídica de salário diferido
salário socializado, adquirido pelo trabalhador no presente para ser
utilizado no futuro.”
O FGTS se configura como um direito social do empregado,
garantido pela Constituição Federal, como um direito fundamental, no
seu art. 7º, inciso III.

Há muito a jurisprudência do STJ consolidou o entendimento


que as quantias recolhidas ao FGTS possuem natureza de contribuição
social, afastando o caráter de tributo e a aplicação das disposições
contidas no Código Tributário Nacional.

Também o TST firmou entendimento que a atualização de


recolhimento do FGTS se sujeita às regras de correção monetária e
juros previstos para os débitos trabalhistas.
Sendo assim, Excelência, é pacífico nos Tribunais Superiores
que não se aplica a TR como índice de correção.

Após o julgamento da ADIN 4357 do STF, todos os


julgamentos nos Tribunais Superiores sobre o tema, estão sendo
feitos monocraticamente.

DO PROVEITO ECONÔMICO DA LIDE

Consoante o extrato analítico da conta de FGTS da parte AUTORA,


cumpre demonstrar as perdas econômicas aqui abordadas de acordo
com a planilha anexo.

PREQUESTIONAMENTOS:

Rua Siqueira Campos, 158/304, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ, CEP: 22.031.72
Dra. Patrice Fagundes: (21) 98013-5700 / Rafael Schipper: (21) 92003-3666
patricefagundes@gmail.com / rsst.previ@outlook.com / orientaprevi@gmail.com
Requer-se, desde já, o prequestionamento dos seguintes
princípios e artigos constitucionais:

- direito a propriedade: art. 5º, XXII, da CF;


- princípio da igualdade: art. 5º, caput da CF;
- princípio da moralidade e eficiência: art. 37, caput da CF;

DOS PEDIDOS

Isto posto, pede-se:

1. Requer a concessão dos benefícios da gratuidade de justiça;

2. Requer a citação da CEF - Caixa Econômica Federal, no endereço de


sua sede, para responder no prazo legal, querendo, a presente ação.

3. Seja declarada a inconstitucionalidade da taxa TR e a falta de


razoabilidade do redutor da mesma;

4. A condenação da Ré a proceder a correção monetária dos valores


depositados em favor da parte autora, a partir de 1999, em índice
diferentes do da TR, utilizando para a correção monetária o INPC, ou
sucessivamente, IPCA-e, ou algum outro índice que efetivamente
recomponha o valor monetário, perdido pela inflação;

5. Condenar a Ré proceder essa correção desde 1999, data em que a TR


parou de recompor as perdas com a inflação;

6. Condenar a Ré no pagamento dos valores ao final apurados,


promovendo o crédito respectivo na Conta Vinculada do FGTS da
parte autora ou nos autos através de depósito judicial;

7. Condenar a ré ao pagamento de custas e honorários advocatícios no


montante de 20% do valor da causa.

8. Requer a juntada dos contratos de honorários advocatícios,


Rua Siqueira Campos, 158/304, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ, CEP: 22.031.72
Dra. Patrice Fagundes: (21) 98013-5700 / Rafael Schipper: (21) 92003-3666
patricefagundes@gmail.com / rsst.previ@outlook.com / orientaprevi@gmail.com
requerendo, ao final, antes da liberação dos valores para a conta
vinculada ao FGTS, valores esses que a ré for condenada a pagar a
parte AUTORA, que o montante pactuado no instrumento contratual
anexo seja liberado diretamente para este patrono, através de alvará,
conforme art. 22, §4º do EOAB.

PROVAS

Protesta por todos os meios de prova em Direito admitidos,


apresentando a parte AUTORA, desde já, os documentos acostados à
peça exordial, protestando, ainda, pela juntada de complementação de
extratos da conta vinculada a parte AUTORA para liquidação, bem como
por prova documental suplementar.

Requer, finalmente, a intimação da ré para juntar aos autos os extratos


da evolução dos depósitos, atualização monetária e juros creditados na
conta vinculada da parte AUTORA, posto que é a atual administradora
dos recursos do FGTS.

Para efeitos meramente fiscais dá-se à causa o valor de:


R$ 37.769,50 (trinta e sete mil, setecentos e sessenta e nove reais e
cinquenta centavos)

Termos em que,

Espera deferimento.

Rio de janeiro, 11 de outubro de 2023.

Dra. Patrice de Oliveira Fagundes

OAB/RJ: 179.884

Rua Siqueira Campos, 158/304, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ, CEP: 22.031.72
Dra. Patrice Fagundes: (21) 98013-5700 / Rafael Schipper: (21) 92003-3666
patricefagundes@gmail.com / rsst.previ@outlook.com / orientaprevi@gmail.com

Você também pode gostar