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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL

FEDERAL DE BARRA DO PIRAÍ - RJ.

CLAUDIA LÚCIA OZÓRIO AFONSO BRANDÃO, brasileira, casada, aposentada, portadora da CI


nº.0869360302 expedida pelo Detran/RJ, inscrita no CPF/MF sob o nº. 959.865.107-04, com endereço
eletrônico: claudialuciaafonso1965@gmail.com, residente e domiciliada na TV Padre Gomes Leal, nº. 17
casa 01, Bairro Belo Horizonte, Valença, RJ, CEP: 27.600-000, vem por meio deste propor:

AÇÃO REVISIONAL DE ÍNDICE DE CORREÇÃO DO FUNDO DE GARANTIA POR TEMPO DE


SERVIÇO – FGTS

Em face do BANCO CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, instituição financeira sob a forma de


empresa pública, inscrita no CNPJ/ME sob o nº. 00.360.305/0945-08, situada Praça Visconde do Rio
Preto, nº 222 - Centro, Valença - RJ, 27600-000, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.

I. DOS FATOS E DO DIREITO:

A autora exerceu a função de balconista no período de 02/05/1983 a 05/02/1984.


Outro contrato de trabalho da autora foi exercido como balconista no período de 01/10/1984 a 07/01/2000.
Outro contrato de trabalho exercido como balconista foi exercido no período de 01/06/2000 a 10/12/2000.
Outro contrato de trabalho exercido como balconista foi exercido no período de 01/03/2001 a 02/05/2007.
Outro contrato de trabalho exercido como auxiliar de escritório foi exercido no período de 02/10/2007 a
12/02/2008.
Outro contrato de trabalho exercido como balconista foi exercido no período de 13/03/2008 a 31/12/2012.
Juntamos à presente as cópias da carteira de trabalho e dos extratos do FGTS obtidos na agência da CEF
bem como a planilha demonstrativa.
Os depósitos efetuados no FGTS sofreram correção pela TR (Taxa Referencial), índice que até a presente
data atualiza os saldos das contas fundiárias. Ocorre que a TR não corrige a variação inflacionária da
moeda, não servindo como índice a ser aplicado.
A Taxa Referencial (TR) foi índice capaz de refletir a inflação ocorrida na economia brasileira por
significativo período de tempo, durante o qual não havia quaisquer razões para se opor a sua aplicação.
Não é, contudo, a realidade desde janeiro de 1999, a partir de quando o índice deixou de espelhar a
desvalorização da moeda, e, portanto, deixou de haver a correção monetária prevista em lei. Por ser
oportuno, e para demonstrar a inaplicabilidade da TR para fins de correção monetária, comparem-se os
índices mensais da TR, do IPCA-E e do INPC, a partir de 01/01/1999 até 31/12/2013, respectivamente:

Fonte da tabela: http://gustavoborceda.jusbrasil.com.br/artigos/112171446/parteiianova-ação-revisional-do-


fgts-par...

Além de dispor que a TR seria o índice utilizado para correção da poupança, a Lei nº. 8.177/91 também
dispôs que tal taxa seria aplicada para fins de correção dos depósitos do FGTS, conforme previsto no seu
art. 17:
“Art.17 - A partir de fevereiro de 1991, os saldos das contas do Fundo
de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) passam a ser remunerados pela
taxa aplicável à remuneração básica dos depósitos de poupança com data de
aniversário no dia 1º, observada a periodicidade mensal para remuneração.
Parágrafo único. As taxas de juros previstas na legislação em vigor do FGTS
são mantidas e consideradas como adicionais à remuneração prevista neste
artigo”.
Conforme se depreende da leitura do artigo acima, ficou determinado que os saldos das contas do FGTS
passassem a ser corrigidos conforme a taxa aplicável aos depósitos de poupança, ou seja, a TR, mantidas
as taxas de juros previstas na legislação própria do FGTS, qual seja, a taxa de 3% de juros anuais,
conforme já exposto.

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R. Srg. Vitor Hugo, 161 - Fátima, R. Cel Leite Pinto, 40 - Centro, RJ-145, Rodovia Benjamin Ielpo,
Valença - RJ, 27600-000 Valença - RJ, 27600-000 20510, Valença - RJ, 27600-000
(24)2453-0700 (24)2453-1333 (24)99229-5134
Não se pode discutir, portanto, que é legal a aplicação da TR como índice de correção dos saldos do
FGTS. De fato, há lei vigente que prevê tal aplicação. No entanto, há que se analisar, de fato, se a
legalidade é capaz de afastar o fato de que o índice previsto na norma não é capaz de corrigir
monetariamente de fato o saldo dos depósitos de FGTS, como expressamente previsto na Lei 8.036/90,
nos seus artigos 2º e 13:
“Art. 2º - O FGTS é constituído pelos saldos das contas vinculadas a
que se refere esta lei e outros recursos a ele incorporados, devendo ser
aplicados com atualização monetária e juros, de modo a assegurar a
cobertura de suas obrigações”.
“Art. 13- Os depósitos efetuados nas contas vinculadas serão
corrigidos monetariamente com base nos parâmetros fixados para
atualização dos saldos dos depósitos de poupança e capitalização juros de
(três) por cento ao ano”.
A Lei, portanto, dispõe que o fundo deverá ser corrigido
monetariamente e a correção monetária não representa qualquer acréscimo,
mas simples recomposição do valor da moeda corroído pelo processo
inflacionário (STJ, REsp nº 1.191.868, 2ª Turma, Rel. Min. Eliana Calmon, j.
15/06/2010 e p. 22/06/2010).
Inquestionável a desigualdade/desproporção entre a TR e de outra
banda, o INPC!
Veja-se: com a TR ostentando seus índices praticamente zerados
desde o ano de 2009, os saldos das contas do FGTS acabaram sendo
remunerados tão somente pelos juros anuais de 3% previstos na Lei
nº.8.036/90. Ou seja, os juros que deveriam, supostamente, remunerar o
capital, não são sequer suficientes para repor o poder de compra
perdido pela inflação acumulada, não havendo, portanto, correção
monetária nenhuma.,
Tem-se, em resumo, que a Lei nº. 8.036/90, lei específica do FGTS,
determina que ao saldo de suas contas deva ser obrigatoriamente aplicado
índice de correção monetária. Não sendo a Taxa Referencial (TR), índice
disposto pela Lei nº.8.177/91, hábil a atualizar monetariamente tais saldos, e
estando tal índice em lei não específica do FGTS, entende-se que como
inconstitucional a utilização da TR para tal fim, subsistindo a necessidade de
aplicar-se índice de correção monetária que reflita a inflação do período, tal
como prevê a Lei nº. 8.036/90. Nesse sentido, o índice que atualmente tem
refletido a variação inflacionária brasileira é o INPC.
O INPC/IBGE foi criado inicialmente com o objetivo de orientar os
reajustes de salários dos trabalhadores.
O Sistema Nacional de Preços ao Consumidor - SNIPC efetua a
produção contínua e sistemática de índices de preços ao consumidor tendo
como unidade de coleta estabelecimentos comerciais e de prestação de
serviços, concessionária de serviços públicos e domicílios (para levantamento
de aluguel e condomínio).

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A população objetivo do INPC abrange as famílias com rendimentos
mensais compreendidos entre 1 (hum) e 5 (cinco) salários-mínimos
(aproximadamente 50% das famílias brasileiras), cujo chefe é assalariado em
sua ocupação principal e residente nas áreas urbanas das regiões, qualquer
que seja a fonte de rendimentos, e demais residentes nas áreas urbanas das
regiões metropolitanas abrangidas: Regiões metropolitanas de Belém,
Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo,
Curitiba e Porto Alegre, Brasília e município de Goiânia.
Calculado pelo IBGE entre os dias 1º e 30 de cada mês, compõe-se
do cruzamento de dois parâmetros: a pesquisa de preços nas onze regiões
de maior produção econômica, cruzada com a Pesquisa de Orçamento
Familiar (POF).
Alterações Significativas em janeiro/2012: A partir de janeiro/2012 o
INPC passou a ser calculado com base nos valores de despesa obtidos na
Pesquisa de Orçamentos Familiares - POF 2008-2009. A POF é realizada a
cada cinco anos pelo IBGE em todo o território brasileiro o que permite
atualizar os pesos (participação relativa do valor da despesa de um item
consumido em relação à despesa total) dos produtos e serviços nos
orçamentos das famílias. De julho de 2006 à dezembro de 2011 a base dos
índices de preços ao consumidor era a POF de 2002-2003.
Outra mudança importante: Até 31.12.2011 eram consideradas no
cálculo as famílias com rendimento de 1 a 6 salários mínimos. A partir de
01.01.2012 isso diminuiu (de 1 a 5 salários mínimos) em função da elevação
real da renda do brasileiro evitando, assim, desvirtuação da faixa salarial.
Diante dos fatos narrados requer a procedência total dos pedidos, no
sentido de que o índice a ser utilizado para correção dos depósitos fundiários
no período de janeiro de 1999 a outubro de 2013 seja o INPC, acrescidos de
juros de mora de 1% ao mês contado da citação até a data do efetivo
pagamento, totalizando a quantia de R$ 24.388,29.

II. DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS


II.I. DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA:

Requer a GRATUIDADE DE JUSTIÇA, tendo em vista que o autor não possui condições financeiras para
arcar com as despesas provenientes de custas judiciais e honorários advocatícios, conforme
documentação em anexo: declaração de hipossuficiência econômica e comprovante de situação cadastral
perante a Receita Federal. Ampara-se no art. 5º, LXXIV da CF/88 e nos arts. 98 a 102 do CPC.

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II.II. PRELIMINARMENTE - DA SUSPENSÃO ATÉ O JULGAMENTO DO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL SOBRE A ADIN 5090:

Em 2014, o partido Solidariedade moveu a Ação Direta de Inconstitucionalidade, com a justificativa de


que a correção atual com a TR gera perdas ao trabalhador. Desde o final de 2017, o índice está em 0 e é
menor que a inflação desde 1999, quando foi criada.
Os ministros do STF, no julgamento em 2020, declararam a TR como inadequada, com 8 votos
favoráveis. No entanto, a decisão final foi adiada na época. O índice, além de servir como atualização do
FGTS, é uma taxa de juros de referência também para correção de empréstimos e poupança.
Levantamento do IFGT (Instituto Fundo de Garantia do Trabalhador) aponta que, considerando o INPC
(Índice de Preços Nacional ao Consumidor) para essa correção ao invés da TR, as perdas acumuladas
desde janeiro de 1999 chegam a R$ 538 bilhões.
Diante da conclusão dos autos ao Relator desde 12/07/2022, requer que a prolação da presente sentença
aguarde a decisão do Supremo Tribunal Federal.

III. DOS PEDIDOS:

Diante de todo o exposto, requer:

a) A concessão dos benefícios da GRATUIDADE DE JUSTIÇA, tendo em vista que o autor não
possui condições financeiras para arcar com despesas provenientes de custas judiciais e
honorários advocatícios, com base nos arts. 98 a 102 do CPC;

b) A citação da CEF, através de seu representante legal, para oferecer contestação e comparecer à
audiência designada, sob pena de confissão e revelia; conforme art. 344 do CPC;

c) c) O sobrestamento do presente feito para que a sentença de mérito seja prolatada após o
julgamento pelo Supremo Tribunal Federal da ADIN nº. 5090;

d) A aplicação do índice INPC sobre os valores referentes aos depósitos fundiários no período de
janeiro de 1999 a outubro de 2013;

e) A condenação do Banco réu ao pagamento dos valores apurados na planilha em anexo, qual seja,
R$ 24.388,29, correspondentes à correção dos valores dos depósitos fundiários de titularidade da autora,
no período de janeiro de 1999 a outubro de 2013, acrescidos de juros de mora de 1% ao mês contado da
citação até o efetivo pagamento;

f) A condenação da CEF ao pagamento dos honorários advocatícios, no importe de 20%;

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R. Srg. Vitor Hugo, 161 - Fátima, R. Cel Leite Pinto, 40 - Centro, RJ-145, Rodovia Benjamin Ielpo,
Valença - RJ, 27600-000 Valença - RJ, 27600-000 20510, Valença - RJ, 27600-000
(24)2453-0700 (24)2453-1333 (24)99229-5134
g) A procedência da presente ação.

IV. DO VALOR DA CAUSA


Dá-se à causa o valor de R$ 24.388,29 (Vinte e quatro mil trezentos e oitenta e oito reais e vinte e
nove centavos), para efeitos fiscais.

V. DAS PROVAS

Protesta por todos os meios de prova em direito admitidas, em especial, documental e pericial.

Termos em que pede deferimento, para que se alcance a JUSTIÇA!

Local. Data.

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R. Srg. Vitor Hugo, 161 - Fátima, R. Cel Leite Pinto, 40 - Centro, RJ-145, Rodovia Benjamin Ielpo,
Valença - RJ, 27600-000 Valença - RJ, 27600-000 20510, Valença - RJ, 27600-000
(24)2453-0700 (24)2453-1333 (24)99229-5134

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