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EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DO____JUIZADO

ESPECIAL CÍVEL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO RIO DE


JANEIRO.

CLEBER CAMILO DE FREITAS, brasileiro, casado,


aposentado, portador do documento de Registro Geral n.º 031670227 IFP/RJ,
e do Cadastro de Pessoa Física n.º 434.094.827-68, residente e domiciliado na
Travessa Cenira Campos, 21, Senador Camará, Rio de Janeiro/RJ, CEP
21.843-651, vem respeitosamente perante Vossa Excelência, por meio de seus
advogados com procuração e endereço anexo, para fins do artigo 39, inciso I
do Código de Processo Civil, com fundamento na legislação vigente e com
suporte na pacífica jurisprudência dos tribunais, propõe a presente

AÇÃO ORDINÁRIA REVISIONAL DA CORREÇÃO DO FGTS

contra a CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, pessoa jurídica de direito público,


inscrita no CNPJ/MF sob o n.º 00.360.305/0001-04, com sede na SBS Quadra
04, Bloco A, lote 3/4, Asa Sul, CEP: 70.092-900, Brasília, DF gestora do Fundo
de Garantia por Tempo de Serviço - FGTS, com sua SUCURSAL junto à
Avenida Rio Branco, nº 174, Centro, CEP 20.040-003, Rio de Janeiro/RJ,
conforme razões e pedidos a seguir articulados:

Avenida Franklin Roosevelt, nº 39, Sala 1413, Centro, Rio de Janeiro – RJ.
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Telefone: + 55 21 4109-9800 / 99447-8144
I- DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA
1. A parte Autora não pode suportar os ônus do processo
sem prejuízo do próprio sustento e de sua família, consoante declaração em
anexo, razão pela qual, requer que se digne Vossa Excelência de deferir-lhe os
benefícios da Justiça Gratuita, com arrimo na lei 1.060/1950.

III - DOS FATOS

2. A parte autora é titular de conta do FGTS de números


387871 e 2007464, conforme se demonstram os extratos analíticos anexos.

3. Entre 1991 e 2013, tudo que foi corrigido pela TR ficou


abaixo do índice de inflação. Somente nos anos de 1992, 1994, 1995, 1996,
1997 e 1998, a TR ficou acima dos índices de inflação. Isso causou uma perda
na conta do FGTS do autor.

4. Veja as perdas/ganhos anuais em relação ao INPC-IBGE.

ANO DIFERENÇA ANO DIFERENÇA


1999 -2,49% 2006 -0,75
2000 -3,02% 2007 -3,53%
2001 -6,54% 2008 -4,55%
2002 -10,40% 2009 -3,27%
2003 -5,20% 2010 -5,43%
2004 -4,07% 2011 -4,59%
2005 -2,11% 2012 5,56%

5. Sendo assim, a parte autora tem sofrido sérios prejuízos


econômicos, com uma perda financeira que perfaz o valor aproximado de R$
31.180,92 (trinta e um mil cento e oitenta reais e noventa e dois centavos) tudo
em conformidade com a planilha de cálculo em anexo o qual deve ser
recomposto pelo Judiciário.

IV- DO DIREITO

IV.I - O FGTS E A TR

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6. Está em debate, a questão referente à adequação da
forma de correção dos saldos das contas vinculadas do Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço – FGTS. A correção mensal dos depósitos do FGTS
compreende a aplicação de duas taxas que correspondem a diferentes
objetivos:

7. A primeira dessas taxas diz respeito à correção


monetária dos depósitos nas contas vinculadas, através da aplicação da
Taxa Referencial –TR, que é o fator de atualização do valor monetário,
vigente desde 1991. A segunda refere-se à valorização do saldo do FGTS
por meio da capitalização de juros à taxa de 3% ao ano. conforme
estabelecido em lei (lei 8.036/90).

IV.II - A TAXA REFERENCIAL: NOVO INDEXADOR CRIADO EM 1991

8. A Taxa Referencial (TR) foi instituída na economia


brasileira no bojo da Lei Nº 8.177, de 31/03/1991 - que ficou conhecida como
Plano Collor II – e teve como objetivo estabelecer regras para a desindexação
da economia. À época, foi extinto um conjunto de indexadores que corrigiam os
valores de contratos, fundos financeiros, fundos públicos, bem como as dívidas
com a União, entre outros.

9. Assim, foram extintos, a partir de 1º de fevereiro de 1991,


o Bônus do Tesouro Nacional (BTN) Fiscal, instituído pela Lei 7.799 de
10/07/89; o BTN referente à Lei 7.777, de 19/06/89; o Maior Valor de
Referência (MVR) e as “demais unidades de conta assemelhadas que são
atualizadas, direta ou indiretamente, por índice de preço”, conforme o artigo 3º
da Lei em questão.

10. Simultaneamente, o artigo 4º determinou que “a partir da


vigência da medida provisória que deu origem a esta lei, a Fundação Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística deixará de calcular o Índice de Reajuste de
Valores Fiscais (IRVF) e o Índice da Cesta Básica (ICB), mantido o cálculo do
Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).”

11. Alternativamente a estes indexadores extintos, o Banco


Central (Bacen) passou a ter a incumbência de divulgar a Taxa Referencial

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(TR) sendo o seu cálculo referenciado na “...remuneração mensal média líquida
de impostos, dos depósitos a prazo fixo captados nos bancos comerciais,
bancos de investimentos, bancos múltiplos com carteira comercial ou de
investimentos, caixas econômicas, ou dos títulos públicos federais, estaduais e
municipais, de acordo com metodologia a ser aprovada pelo Conselho
Monetário Nacional, no prazo de 60 dias, e enviada ao conhecimento do
Senado Federal.”

12. A Lei determinou o prazo de 60 dias para o


desenvolvimento da metodologia do cálculo da TR pelo Bacen. Durante este
prazo, cabia ao Bacen “fixar” e divulgar a TR para cada dia útil. A nova
orientação sobre os mecanismos de correção indicava o rompimento com os
índices baseados em preços, com os novos indicadores passando a ser
elaborados a partir da remuneração dos ativos financeiros praticados por
instituições bancárias conforme previsto na nova metodologia de determinação
da TR.

13. Particular importância teve a definição metodológica de


criação de um Redutor aplicado no cálculo para determinação da TR. A
Resolução nº 1.805, de 27 de março de 1991, fixa o redutor em 2,0% e
explicita que: “A TR para o dia de referência será calculada deduzindo-se da
média móvel ajustada das taxas os efeitos decorrentes da tributação e da taxa
real histórica de juros da economia, representados por taxa bruta mensal...” .

14. Desta forma, desde a sua origem, a fórmula de cálculo da


TR comporta um fator Redutor que é arbitrado pelo Bacen.

15. No Gráfico 1, observam-se as médias anuais da relação


das TRs com as taxas básicas financeiras (TBFs), no período de 1995 à 2012.
Como se vê, a curva é declinante, indicando a queda da TR em relação à TBF.
Este declínio vai se acentuando com o passar do tempo, indicando que a TR
aproximou-se de zero, em 2012. Neste ano, em seis meses, observou-se uma
TR igual a zero. Também até o momento, em 2013, todas as taxas mensais da
TR foram zero, podendo assim permanecer no restante do ano.

GRÁFICO 01
Relação entre TR e TBF – média anual

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Fonte: Bacen
Elaboração DIEESE

IV.III - MUDANÇAS NA POLÍTICA DE CÂMBIO E IMPACTO NA TR

16. O FGTS sofreu impactos negativos com a piora do


mercado de trabalho na década de 1990 e, de forma inversa, impactos
positivos com a melhora verificada no grande crescimento da geração de
postos de trabalho formais já na década de 2000, especialmente após 2003.
Nos últimos anos, a arrecadação e o saldo líquido do fundo mantiveram
trajetória ascendente em ritmo superior à verificada para os saques que,
refletindo a alta rotatividade do mercado de trabalho, também cresceram em
ritmo elevado, ainda que inferior ao verificado para o aumento da arrecadação.
Desde 2000, a arrecadação líquida foi de R$ 116,5 bilhões. Esse resultado foi
administrado a partir da aplicação dos recursos do FGTS em aplicações
financeiras, especialmente títulos públicos, que garantiram grande rentabilidade
ao fundo; deram segurança ao fornecimento de crédito habitacional subsidiado
e facilitaram a obtenção da recomposição das perdas de inflação e os ganhos
financeiros do fundo segundo as aplicações de mercado.

17. Por sua vez, o cenário de queda das taxas de juros pós-
1999 acabou afetando diretamente a variação da TR. Isso teve impacto direto
sobre a rentabilidade do fundo e, por outro lado, afetou também a remuneração
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dos cotistas. Se a composição da remuneração atual das contas vinculadas do
FGTS é de 3% (a título de capitalização) acumulada à variação da TR
(correção monetária), o movimento de queda da taxa de juros e as
modificações na fórmula do cálculo da TR afetam negativamente a taxa, o que
impacta também negativamente a remuneração das contas vinculadas do
FGTS.

18. O período pós-1999 é um marco importante no que diz


respeito à TR, porque no campo macroeconômico houve o fim do regime de
câmbio administrado e a adoção da taxa de câmbio flutuante. Essa alteração
tem impacto nas taxas de juros (e por consequência na TR) porque, com o fim
da necessidade de “defender” a taxa de câmbio pré-determinada pela equipe
econômica, houve uma redução importante no patamar da taxa de juros Selic
(a taxa básica da economia brasileira).

19. Assim, se consideradas as taxas mensais anualizadas da


Selic – que nos anos de 1998 e 1999 foram de 25,6% e 23,0%,
respectivamente – em 2000 houve redução para 16,2%, e a partir daí, diminuiu
progressivamente até atingir 8,2% em 2012, ou seja, menos de um terço do
percentual de 1998. O Gráfico 2 mostra esse comportamento.

GRÁFICO 2
Taxa Over/Selic: Taxa anualizada com o valor acumulado das taxas mensais,
Brasil, 1995 a 2012, em % ao ano.

Fonte: Bacen, Ipeadata


Elaboração: DIEESE

20. Além de a queda da taxa Selic resultar na diminuição de


um dos principais componentes da TR - a Taxa Básica Financeira (TBF) -,
outro elemento do cálculo da TR, o Redutor - mecanismo utilizado na fórmula
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de cálculo da taxa referencial para diminuir os percentuais resultantes da TBF –
foi utilizado sequencialmente pelo Bacen para ajustar a TR aos juros básicos
da economia, afetando diretamente o rendimentos dos cotistas.

21. Apesar de um escalonamento realizado em um dos itens


que compõem o Redutor da TR, segundo a resolução nº 3.550/2008 e circular
3.455/2009, ambos do Banco Central, seu impacto não resolveu, de forma
adequada, a correção monetária da TR. Isso porque a modificação nesse
Redutor não foi na mesma proporção da queda verificada na taxa de juros Selic
e, portanto, na TBF, que é diretamente impactada por essa taxa básica da
economia brasileira. Tanto assim que, a partir de 2008, o Banco Central
estipulou uma medida indicando que mesmo que o cálculo da TR apresentasse
valores negativos, no resultado deveria ser considerado o valor de 0%., ou
seja, correção monetária nula.

22. As perdas, porém, devem ser contextualizadas em


relação ao fato de o próprio BC admitir que a fórmula de cálculo da TR (que
também é utilizada para a poupança) pode ser revista em qualquer momento.
Além disso, devido a questões macroeconômicas mais amplas, o BC pode
precisar alterar o rendimento das poupanças (como o FGTS, no caso uma
poupança “compulsória”) devido à gestão da dívida pública e à atratividade dos
ativos financeiros em um cenário de queda do patamar de taxas de juros, como
ocorrido recentemente. Portanto, supondo-se que o patamar das taxas de juros
mantenha-se como o atual, será necessário optar dentre algumas medidas:

 Modificar o redutor ou a fórmula de cálculo da TR; ou


 Eleger outra forma de atualização dos saldos do FGTS, a qual deve
possibilitar sua valorização, ao mesmo tempo em que continue sendo
importante fundo para a execução das políticas habitacionais do país,
permitindo o acesso a crédito subsidiado pela população.

23. No gráfico 3, é possível notar a relação nas trajetórias das


taxas Selic, TBF e TR, desde 1996: aumentos ou reduções da taxa Selic
interferem diretamente nas outras duas taxas em questão.

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24. Como já foi dito, a redução na Taxa Selic, teve impacto na
Taxa Básica Financeira (TBF), que sofreu redução, e que, por sua vez,
impactou a TR que, consequentemente, também apresentou queda.

GRÁFICO 3
Variação acumulada no ano da TR, TBF e Taxa Selic,1996-
2013

Fonte: IBGE, Bacen


Elaboração: DIEESE, 2013

25. No Gráfico 4 é possível visualizar melhor esse cenário.


Em 1996, a TR ficou em 9,59%, e ainda remunerava as contas do FGTS
considerando em patamar suficiente para cobrir a inflação do período; mas é a
partir de 2000 - portanto, na seqüência da mudança na política cambial que
teve reflexos sobre a redução da taxa de juros - que a TR começa uma
trajetória de percentuais bastante baixos. Em 2000, o percentual ficou em
2,10%, chegando em 2012 a uma taxa de 0,29% e de 0,0% em 2013. Nesse
período – a partir de 2000, o único ano que apresentou um percentual acima da
média foi 2004 (4,65%).

26. Apesar de esse período registrar, na maior parte dos


anos, índices de inflação baixos (exceção para os anos de 2001, 2002 e 2003),
como a TR apresentou patamares muito baixos, a diferença entre essas taxas,
como se pode constatar no Gráfico 4, apresenta números negativos desde
1999. Ou seja, a TR não conseguiu recompor a inflação nos saldos das contas
vinculadas do FGTS, que acumularam perdas de 1999 a 2013 de 48,3%.

GRÁFICO 4
Diferença da TR e do INPC, 1991-2013

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Fonte: IBGE, Bacen
Elaboração: DIEESE, 2013

27. Nos últimos 18 anos, apenas de 1995 a 1998 a variação


anual da TR superou a variação do INPC. Nos anos seguintes, a TR é
superada pelo INPC, com destaque para 2003, quando a diferença foi maior
que 10%, como mostra Gráfico 4.

28. Quando se compara a evolução da TR, da TR acrescida


de 3% e do INPC, entre 1995 e 2012, constata-se que a remuneração das
contas do FGTS só não fica abaixo da inflação por conta do acréscimo do
percentual de 3% a título de capitalização. Entretanto, após 1999, quando o
INPC passa a superar a TR, a diferença cumulativa entre as taxas cresceu
tanto que, mesmo considerando o acréscimo dos juros capitalizados, a
correção acumulada das contas vinculadas torna-se inferior à inflação
acumulada em igual período.

GRÁFICO 4
INPC,TR e TR+3%. 1995-2012

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Fonte: IBGE, Bacen
Elaboração: DIEESE, 2013

IV.IV - DESEMPENHO FINANCEIRO DO FGTS E REMUNERAÇÃO DOS


COTISTAS

29. O desempenho da economia, desde a década passada,


refletiu-se positivamente no mercado de trabalho brasileiro. São diversos os
indicadores que revelam essa situação de melhoria, pois houve um significativo
crescimento do emprego; aumento real do salário médio da economia;
recuperação do poder de compra do salário mínimo; aumento da formalização
do emprego, entre outros fatores.

30. O ambiente de crescimento econômico também surtiu


efeito positivo sobre o desempenho do FGTS, devido à vinculação direta de
sua arrecadação com o emprego formalizado e o nível dos rendimentos da
economia. No tocante aos valores da arrecadação bruta do FGTS, observa-se
que ela quase dobra quando se compara o resultado de 2012 e 1999, anos em
que corresponderam a R$ 83,03 bilhões e R$ 42,02 bilhões. Por sua vez, os
saques, nestes mesmos anos, cresceram 53%, correspondendo a R$ 65,05
bilhões e R$ 42,54 bilhões. Observe-se que o valor do saque, em 1999, supera
um pouco o valor da arrecadação, indicando um resultado líquido negativo no
ano.

31. Conforme se vê no Gráfico 6, nos anos de 1997 e 1998,


estes resultados também foram negativos. A partir de 2000, a arrecadação
líquida torna-se positiva e crescente representando um indicador positivo do
desempenho do FGTS.

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GRÁFICO 6
Evolução da arrecadação Real do FGTS (R$ bilhões de 2012)

32. O significativo desempenho financeiro do FGTS também


pode ser visto através da evolução do Patrimônio Líquido registrado no período
de 1999 a 2012, como mostra o Quadro 1, no qual se observa que o
crescimento apresentado em seu valor real, que foi de 164%, no período.

QUADRO 1
FGTS: Patrimônio Líquido(*)

Anos Patrimônio Líquido Anos Patrimônio Líquido


1999 17,72 2006 30.00
2000 19,65 2007 30,72
2001 18,86 2008 35.20
2002 19,03 2009 36,81
2003 23,12 2010 40,74
2004 26,64 2011 43,45
2005 28.70 2012 46,79
Fonte: FGTS
Elaboração DIEESE
Nota: (*) em reais 2012-IPCA

33. Com base em estudo elaborado pela Consultoria


Legislativa do Senado, valendo-se de informações fornecidas pela CEF é
possível confrontar o retorno recebido pelo FGTS e retorno pago aos cotistas,
entre 2000 e 2011 (Quadro 2).

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34. No quadro 2, ficam evidentes as diferenças entre o
retorno das aplicações do FGTS, e o retorno dos cotistas indicando claramente
“que há uma forte discrepância entre o rendimento do Fundo e o rendimento
dos cotistas.” Ou seja, o rendimento das aplicações dos recursos do fundo é
bem superior ao rendimento pago aos titulares do fundo. Além disso, o quadro
mostra também que o rendimento dos cotistas (Juros +TR) tem sido inferior à
inflação no período.

V - CONCLUSÕES

35. Conforme se observou nos argumentos acima, o FGTS é


um fundo tipicamente parafiscal, formado por contas de poupança individual
dos trabalhadores e funding (consolidação financeira das dívidas de curto
prazo num prazo adequado à maturação do investimento e sua amortização)
para financiamento de investimentos em atividades específicas: habitação,
saneamento e infra estrutura urbana.

36. Desde a sua origem, houve previsão legal de correção de


seus valores, com garantia da atualização monetária e a capitalização de juros
à base de 3% ao ano.

37. Em 1989, a correção do FGTS passa a ser mensal. Em 1º


de março de 1991, no âmbito de medidas econômicas voltadas para a
“desindexação da economia” a correção monetária do FGTS foi atrelada à
Taxa Referencial (TR), um novo indexador criado com base nos juros básicos
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da economia, com o objetivo de romper com os indexadores baseados na
evolução dos preços.

38. Coube ao Banco Central fixar a TR, enquanto não foi


aprovada a metodologia para o cálculo dela. Em 27 de março, o Bacen editou
resolução que deveria ser “enviada ao conhecimento do Senado Federal”.
Nesta metodologia, havia a previsão de um redutor (R.) na fórmula de cálculo
da TR.

39. Devido às elevadíssimas taxas de juros praticadas,


sobretudo até 1998, as taxas fixadas para a TR ficaram próximas ou superaram
os indicadores tradicionais de inflação. A partir de 1998, o que se observa é o
crescente distanciamento da TR quando comparado ao INPC. Essa tendência
deveu-se, por um lado, à queda da taxa de juros da economia, e, por outro, aos
critérios implícitos na definição do Redutor constante da metodologia de cálculo
da TR.

40. Cabe aqui, na conclusão recuperar uma colocação feita


no decorrer desta petição, afirmando que, supondo-se que o patamar das taxas
de juros mantenha-se como o atual, será necessário optar por algumas
medidas:

 Modificar o redutor ou a fórmula de cálculo da TR ou


 Eleger outra forma de atualização dos saldos do FGTS que possibilite
sua valorização, ao mesmo tempo em que continue a ser um importante
fundo para a execução das políticas habitacionais do país, com acesso
à crédito subsidiado pela população.

V.I - DO POSICIONAMENTO DOS TRIBUNAIS SUPERIORES

41. É posicionamento consolidado no STF de que a TR não


serve como correção monetária.

42. Ao julgar um caso de um credor do Instituto Nacional de


Seguro Social (INSS), em maio/2013, a ministra Cármen Lúcia reafirmou a
posição da Corte de que a Taxa Referencial (TR) - que remunera a poupança -
não serve para recompor a perda inflacionária da moeda.
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DECISÃO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL.
“ÍNDICE OFICIAL DE REMUNERAÇÃO BÁSICA DA CADERNETA
DE POUPANÇA”: INCONSTITUCIONALIDADE DA EXPRESSÃO.
ACÓRDÃO RECORRIDO DISSONANTE DA JURISPRUDÊNCIA DO
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. ÍNDICE DE CORREÇÃO
MONETÁRIA: OFENSA CONSTITUCIONAL INDIRETA. RECURSO
PARCIALMENTE PROVIDO. Relatório 1. Recurso extraordinário
interposto com base na alínea a do inc. III do art. 102 da Constituição
da República contra julgado do Tribunal Regional Federal da 4ª
Região, que decidiu: “AGRAVO DE INSTRUMENTO.
PREVIDENCIÁRIO. EXECUÇÃO. PRECATÓRIO/RPV
COMPLEMENTAR. EC N. 62/2009. ART. 100, § 12, DA CF.
CONSTITUCIONALIDADE. INCIDÊNCIA IMEDIATA. 1. O § 12 do
artigo 100 da Constituição Federal, introduzido pela EC n. 62, de
09/11/2009 (publicada em 10/12/2009), tem aplicação imediata aos
feitos de natureza previdenciária, sendo constitucional. 2.
Entendimento firmado no sentido de que a TR mostra-se válida como
índice de correção monetária. 3. Nada impede o legislador
constitucional ou infraconstitucional de dispor sobre correção
monetária e taxa de juros e, em se tratando de relação de direito
público, não há óbice a incidência imediata da lei, desde que
respeitado período anterior à vigência da nova norma (vedação à
retroatividade), pois não existe direito adquirido a regime jurídico” (fl.
68). 2. O Agravante alega que o Tribunal a quo teria contrariado os
arts. 1º, inc. III, 5º, caput e incs. XXII, XXXVI, e 37, caput, da
Constituição da República. Argumenta que: “A EC n. 62/2009, em seu
art. 1º, § 12, instituiu que ‘A partir da promulgação desta Emenda
Constitucional, a atualização de valores de requisitórios , após sua
expedição, até o efetivo pagamento, independentemente de sua
natureza, será feita pelo índice oficial de remuneração básica da
caderneta de poupança, e, para fins de compensação da mora,
incidirão juros simples no mesmo percentual de juros indecentes
sobre a caderneta de poupança, ficando excluída a incidência de
juros compensatórios’. Como se sabe, o índice de remuneração
básico da poupança é a Taxa Referencial – TR, índice controlado
pelo Estado, e utilizado como instrumento de controle da economia –
vide os sucessivos índices mensais zerados, a fim de controle de
aporte de capital nas poupanças. Tanto a TR não se presta como
índice de correção monetária, que o STF já decidiu nesse sentido: ‘A
taxa referencial (TR) não é índice de correção monetária (...) não
constitui índice que reflita a variação do poder aquisitivo da
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moeda’ (ADI 493-0/DF, Relator Min. Moreira Alves, Plenário, DJ
4.9.1992). (...) Assim sendo, texto tão danoso ao cidadão não poderá
ser tolerado pelo Judiciário, merecendo a declaração de
inconstitucionalidade do § 12 do artigo 100 da Constituição Federal,
adicionado pela EC n. 62/2009. (...) Assim, declarada a
inconstitucionalidade do índice aplicado ao precatório pago nos autos,
deve ser tomado como vigente e aplicado ao caso concreto o índice
IPCA-E” (fls. 72-73). Apreciada a matéria trazida na espécie,
DECIDO. 3. Razão jurídica assiste, em parte, ao Recorrente. O
Desembargador Relator no Tribunal Regional Federal da 4ª Região
afirmou: “Quando da análise do pedido de efeito suspensivo, foi
proferida a seguinte decisão: ‘(...) Firmou-se na 3ª Seção deste
Tribunal o entendimento de que a Lei n. 11.960, de 29/06/2009
(publicada em 30/06/2009), que alterou o art. 1º-F da Lei n. 9.494/97,
determinando a incidência nos débitos da Fazenda Pública, para fins
de atualização monetária, remuneração do capital e compensação da
mora, uma única vez, até o efetivo pagamento, dos índices oficiais de
remuneração básica e juros da caderneta de poupança, aplica-se
imediatamente aos feitos de natureza previdenciária, sendo
constitucional. Não há razão para tratamento diferenciado em relação
ao § 12 do artigo 100 da Constituição Federal, introduzido pela EC n.
62, de 09/11/2009 (publicada em 10/12/2009), que trata
especificamente da situação a atualização de valores de requisitórios,
após sua expedição, até o efetivo pagamento. A Taxa Referencial,
segundo entendeu o Superior Tribunal de Justiça, pode ser utilizada
como índice de correção monetária. O que não se mostra possível é
sua substituição em pactos já firmados, de modo a violar o direito
adquirido e o ato jurídico perfeito. A Súmula n. 295 do Superior
Tribunal de Justiça, a propósito, enuncia: A Taxa Referencial (TR) é
indexador válido para contratos posteriores à Lei n. 8.177/91, desde
que pactuada. Colhe-se da jurisprudência desta Corte: (...). A
situação dos autos é um pouco diversa, pois se discute sobre a
incidência imediata de norma que dispôs sobre os acréscimos
aplicáveis aos débitos previdenciários. Apropriada, contudo, a
aplicação do entendimento de que a TR mostra-se válida como índice
de correção monetária. Por outro lado, nada impede o legislador
constitucional ou infraconstitucional de dispor sobre correção
monetária e taxa de juros. Em se tratando de relação de direito
público, nada obsta a incidência imediata da lei, desde que respeitado
período anterior à vigência da nova norma (vedação à retroatividade),
pois não existe direito adquirido a regime jurídico. Assim, tratando-se
de norma nova que dispôs, para o futuro, sobre os acréscimos

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aplicáveis a créditos previdenciários, não se cogita de violação à
cláusula constitucional que assegura o direito de propriedade (art. 5º,
XXII, CF), ou mesmo àquela que protege o direito adquirido e o ato
jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, CF). Como não se cogita de violação
do princípio da isonomia, certo que situações díspares podem
receber tratamento diferenciado, de modo que a utilização de
indexadores diversos, mas idôneos, para atualização de créditos de
naturezas diversas, não contraria o artigo 5º, caput, da Constituição
Federal. Da mesma forma, como a norma produz efeitos para o
futuro, não está a ofender a coisa julgada (art. 5º, inciso XXXVI CF),
certo que a coisa julgada somente incide em relação às situações
especificamente na decisão judicial, de modo que a definição do
índice de correção monetária referente a período posterior não está
forrada ao advento de mudança normativa. Consigno, por fim, que a
norma que validamente dispõe sobre os acréscimos aplicáveis a
débito do poder público evidentemente não está a violar os princípios
da moralidade e da eficiência (art. 37 da CF). Oportuna a referência a
precedentes do Superior Tribunal de Justiça: (...). Segue em sentido
assemelhado precedente do Supremo Tribunal Federal que espelha a
posição daquela Corte: ‘Agravo regimental em agravo de instrumento.
2. Execução contra a Fazenda Pública. Juros de mora. Art. 1º-F da
Lei n. 9.494/97, com redação dada pela MP n. 2.180-35/2001. 3.
Entendimento pacífico desta Corte no sentido de que a MP n. 2.180-
35/2001 tem natureza processual. Aplicação imediata aos processos
em curso. 4. Agravo regimental a que se nega provimento’ (AgR no AI
n. 776.497. Relator: Min. GILMAR MENDES Julgamento: 15/02/2011.
Órgão Julgador: Segunda Turma STF). Diante de todo o exposto,
defiro o pedido de efeito suspensivo’. Não havendo novos elementos
a ensejar a alteração do entendimento acima esboçado, deve o
mesmo ser mantido por seus próprios fundamentos, dada a sua
adequação ao caso concreto” (fls. 66-67 v. - grifos nossos). O
acórdão recorrido destoa da jurisprudência deste Supremo Tribunal,
que declarou a inconstitucionalidade da expressão “índice oficial de
remuneração básica da caderneta de poupança”, constante do § 12
do art. 100 da Constituição da República (acrescentado pela Emenda
Constitucional n. 62/2009): “o Tribunal julgou procedente a ação para
declarar a inconstitucionalidade da expressão ‘na data de expedição
do precatório’, contida no § 2º; os §§ 9º e 10; e das expressões
‘índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança’ e
‘independentemente de sua natureza’, constantes do § 12, todos
dispositivos do art. 100 da CF, com a redação dada pela EC n.
62/2009, vencidos os Ministros Gilmar Mendes, Teori Zavascki e Dias

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Toffoli. Votou o Presidente, Ministro Joaquim Barbosa” (ADI 4.357,
Relator o Ministro Luiz Fux, Plenário, DJe n. 59/2013, de 2.4.2013 –
grifos nossos). 4. Quanto à determinação do índice a ser aplicado na
correção monetária do precatório, trata-se de matéria a ser decidida
com base em norma infralegal (Resolução n. 122/2010 do Conselho
da Justiça Federal), não afeta a este Supremo Tribunal: “AGRAVO
REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. TRIBUTÁRIO.
PRECATÓRIO. ATUALIZAÇÃO. ÍNDICE DE CORREÇÃO. A
REPERCUSSÃO GERAL NÃO DISPENSA O PREENCHIMENTO
DOS DEMAIS REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE DOS
RECURSOS. ART. 323 DO RISTF C.C. ART. 102, III, § 3º, DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL.
OFENSA REFLEXA. REEXAME DE MATÉRIA FÁTICO-
PROBATÓRIA. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA N. 279 DO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL. INVIABILIDADE DO RECURSO
EXTRAORDINÁRIO. (...). 3. Deveras, entendimento diverso do
adotado pelo acórdão recorrido – como deseja o recorrente – quanto
ao índice de correção monetária adequado para a atualização do
valor do presente precatório, demandaria a análise da legislação
infraconstitucional que disciplina a espécie (Resolução n. 115/2010,
do CNJ), bem como o reexame do contexto fático-probatório
engendrado nos autos, o que inviabiliza o extraordinário, a teor do
Enunciado da Súmula n. 279 do Supremo Tribunal Federal, que
interdita a esta Corte, em sede de recurso extraordinário, sindicar
matéria fática, ‘verbis’: (...). (Precedentes: RE n 404.801-AgR, Relator
o Ministro Cezar Peluso, 1ª Turma, Dj de 04.03.05; AI n. 466.584-
AgR, Relator o Ministro Nelson Jobim, 2ª Turma, DJ de 21.05.04,
entre outros). 4. ‘In casu’, o acórdão originariamente recorrido
assentou: ‘AGRAVO DE INSTRUMENTO – PRECATÓRIO – NÃO
INCIDÊNCIA DE JUROS DE MORA – INTELIGÊNCIA DA SÚMULA
17, DO STF – ATUALIZAÇÃO – ÍNDICE DE REMUNERAÇÃO DA
CADERNETA DE POUPANÇA – RECURSO PARCIALMENTE
PROVIDO. 1) É vedada a incidência de juros no cálculo da
atualização dos valores de precatórios, exceto se houver mora no seu
pagamento (STF: Súmula Vinculante n. 17). 2) Após o advento da
emenda Constitucional n. 62/2009, a atualização de valores de
precatórios, após sua expedição, até o efetivo pagamento,
independentemente de sua natureza, passou a ser feita pelo índice
oficial de remuneração básica da caderneta de poupança (CF/88: art.
100, § 12º). 3) Recurso conhecido e parcialmente provido’. 5. Agravo
regimental a que se nega provimento” (RE 684.571-AgR, Relator o
Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, DJe 30.10.2012 – grifos nossos).

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5. Pelo exposto, dou parcial provimento a este recurso extraordinário
(art. 557, § 1º-A, do Código de Processo Civil e art. 21, § 2º, do
Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal) para reafirmar a
inconstitucionalidade da expressão “índice oficial de remuneração
básica da caderneta de poupança”, constante do § 12 do art. 100 da
Constituição da República e determinar que o Tribunal de origem
julgue como de direito quanto à aplicação de outro índice que não a
taxa referencial (TR). Publique-se. Brasília, 13 de junho de 2013.
Ministra CÁRMEN LÚCIA Relatora (RE 747706, Relator(a): Min.
CÁRMEN LÚCIA, julgado em 13/06/2013, publicado em DJe-124
DIVULG 27/06/2013 PUBLIC 28/06/2013)

43. No dia 27 de maio de 2013, o ministro Castro Meira, do


STJ, proferiu decisão semelhante, favorável a uma credora da União que teve
a indenização reconhecida pela Justiça por violação de direitos fundamentais.
E foi além: determinou a aplicação do IPCA para atualizar o valor dos
precatórios. A União recorreu da decisão alegando que a decisão do Supremo
ainda não havia sido publicada. No dia 26 de junho, a 1ª Seção do STJ rejeitou
o recurso.

EXECUÇÃO EM MANDADO DE SEGURANÇA Nº 11.761 - DF


(2008/0132683-2) RELATOR : MINISTRO PRESIDENTE DA
PRIMEIRA SEÇÃO EXEQUENTE : HELIANA CALMON DOS REIS
INÁCIO DE SOUZAADVOGADO : MARCELO PIRES TORREÃO E
OUTRO(S)EXECUTADO : UNIÃO DECISÃO A Coordenadoria de
Execução Judicial-CEJU prestou a seguinte informação:Transitada
em julgado a decisão que homologou os cálculos apresentados pela
União nos embargos à execução e remetidos os autos a esta
Unidade, conforme decisão de fl. 124 dos embargos, procedeu-se
atualização da conta de liquidação.Apurou-se como devido à
exequente, em abril/2013, o valor de R$ 971.061,57 (novecentos e
setenta e um mil, sessenta e um reais e cinquenta e sete centavos),
conforme demonstrado na planilha anexa.No cálculo do quantum
debeatur foram mantidos os critérios empregados na conta elaborada
pela União e homologada na decisão de fls. 40-43 dos embargos,
quais sejam:" Incidência de juros de mora no percentual de 0,5% ao
mês, até o trânsito em julgado dos embargos, ocorrido em
agosto/2011;" Correção monetária pelo IPCA-E/IBGE.Destaque-se

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que estendeu-se a utilização do IPCA-E para atualização da conta até
a data corrente, tendo em vista ter sido esse o índice empregado na
conta homologada e, ainda, porque o Supremo Tribunal Federal, no
julgamento da ADI 4357, acórdão pendente de publicação, julgou
parcialmente inconstitucional o § 12 no tocante às expressões "índice
oficial de remuneração básica da caderneta de poupança" e
"independentemente de sua natureza" e, por arrastamento, essas
mesmas expressões constantes no art. 1°-F da lei n. 9.494/1997,
alterado pelo art. 5° da lei n. 11.960/2009 (Ata n° 5, de 14/3/2013,
publicada no DJe n. 59, de 1/4/2013), excluindo, desse modo, a Taxa
Referencial - TR como fator de atualização das condenações
impostas à Fazenda Pública.Registre-se, ainda, que nessa ADI
também foi declarada a inconstitucionalidade dos §§ 9° e 10 do art.
100 da Constituição Federal, que tratam da compensação de débitos
dos beneficiários de precatórios junto á Fazenda Pública
devedora.Diante do exposto, submetemos estes autos à
consideração de Vossa Excelência com a proposição de que sejam
intimadas as partes para se manifestarem sobre o cálculo atualizado
por esta Unidade para expedição do respectivo precatório (e-STJ fl.
343).Instadas, as partes manifestaram-se. A exequente aprovou os
cálculos (e-STJ fl. 352), enquanto a União discordou no ponto em que
"foi considerada a variação do IPCA-e para correção monetária para
todo o período quanto o correto seria aplicar a variação da TR a partir
de julho de 2009, nos termos da Lei 11.960/2009 e Manual de
Cálculos da Justiça Federal" (e-STJ fl. 355).É o relatório.
Decido.Corretos são os cálculos apresentados pela CEJU, porquanto,
além de ter sido o IPCA-E o índice empregado na conta homologada,
olvida-se a União de que o Supremo Tribunal Federal, na ADI
4.357/DF, em 14.3.2013, declarou a inconstitucionalidade, por
arrasto, das expressões "independentemente de sua natureza" (para
efeito de correção monetária) e "índices oficiais de remuneração
básica", contidos no art. 1º F da Lei 9.494/97, com a redação da Lei
11.960/2009. Significa dizer que, no tocante à correção monetária,
mesmo a partir de julho/2009, continuará sendo adotado o IPCA-
E/IBGE, e não mais o índice previsto no Manual de Orientação de
Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal.Ante o exposto,
expeça o precatório nos termos da planilha de cálculos elaborada
pela CEJU às e-STJ fls. 343-344.(Ministro CASTRO MEIRA,
31/05/2013)

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44. Sendo assim, Excelência, é pacífico nos Tribunais
Superiores que não se aplica a TR como índice de correção. Após o
julgamento da ADIN 4357 do STF, todos os julgamentos nos Tribunais
Superiores sobre o tema, estão sendo feitos monocraticamente.

45. Exemplificando, segue julgado do início de setembro de


2013.

PREVIDENCIÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. CONDENAÇÃO IMPOSTA


À FAZENDA PÚBLICA. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA. ART. 5º
DA LEI N. 11.960/09, QUE ALTEROU O ART. 1º-F DA LEI N. 9.494/97.
REMUNERAÇÃO BÁSICA DA CADERNETA DE POUPANÇA.
DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL POR
ARRASTAMENTO (ADIN 4.357/DF). ÍNDICE DE CORREÇÃO
MONETÁRIA APLICÁVEL: IPCA. AGRAVO CONHECIDO. RECURSO
ESPECIAL PARCIALMENTE PROVIDO.
(...) 57. É como voto. Como se vê, a Suprema Corte declarou
inconstitucional a expressão "índice oficial de remuneração básica da
caderneta de poupança" contida no § 12 do art. 100 da CF/88. Assim
entendeu porque a taxa básica de remuneração da poupança não
mede a Documento: 30836174 - Despacho / Decisão - Site certificado -
DJe: 06/09/2013 Página 12 de 15.

Superior Tribunal de Justiça inflação acumulada do período e, portanto,


não pode servir de parâmetro para a correção monetária a ser aplicada
aos débitos da Fazenda Pública.
Igualmente reconheceu a inconstitucionalidade da expressão
"independentemente de sua natureza" quando os débitos fazendários
ostentarem natureza tributária. Isso porque, quando credora a Fazenda
de dívida de natureza tributária, incidem os juros pela taxa SELIC como
compensação pela mora, devendo esse mesmo índice, por força do
princípio da equidade, ser aplicado quando for ela devedora nas
repetições de indébito tributário.Como o art. 1º-F da Lei 9.494/99, com
redação da Lei 11.960/09, praticamente reproduz a norma do § 12 do
art. 100 da CF/88, o Supremo declarou a inconstitucionalidade parcial,
por arrastamento, desse dispositivo legal. A norma dispunha o
seguinte:"Art. 1º-F. Nas condenações impostas à Fazenda Pública,
independentemente de sua natureza e para fins de atualização
monetária, remuneração do capital e compensação da mora, haverá a
incidência uma única vez, até o efetivo pagamento, dos índices oficiais
de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança."

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Assim, qualquer que fosse a natureza da condenação imposta à
Fazenda Pública, a dívida fazendária estaria sujeita a incidência, uma
única vez, para fins de atualização monetária juros de mora, dos
índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta
de poupança. A partir da declaração de inconstitucionalidade parcial do
art. 5º da Lei 11.960/09:(a) a correção monetária das dívidas
fazendárias deve observar índices que reflitam a inflação acumulada do
período, a ela não se aplicando os índices de remuneração básica da
caderneta de poupança; e(b) os juros moratórios serão equivalentes
aos índices oficiais de remuneração básica e juros aplicáveis à
caderneta de poupança, exceto quando a dívida ostentar natureza
tributária, para a qual prevalecerão as regras específicas.Vale ressaltar
que o Relator da ADIn no Supremo, Min. Ayres Britto, não especificou
qual deveria ser o índice de correção monetária adotado.Todavia, há
importante referência no voto vista do Min. Luiz Fux, quando Sua
Excelência aponta para o IPCA (Índice de Preços Documento:
30836174 - Despacho / Decisão - Site certificado - DJe: 06/09/2013
Página 13 de 15 Superior Tribunal de Justiçaao Consumidor Amplo),
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, e para o IPC (Índice
de Preços ao Consumidor) da Fundação Getúlio Vargas.Por sua
pertinência, destaca-se o seguinte fragmento do voto vista:A inflação,
por outro lado, é fenômeno econômico insuscetível de captação
apriorística. O máximo que se consegue é estimá-la para certo período,
mas jamais fixá-la de antemão. Daí por que os índices criados
especialmente para captar o fenômeno inflacionário são sempre
definidos em momentos posteriores ao período analisado, como ocorre
com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e o Índice de
Preços ao Consumidor (IPC), divulgado pela Fundação Getúlio Vargas
(FGV). A razão disso é clara: a inflação é sempre constatada em
apuração ex post, de sorte que todo índice definido ex ante é incapaz
de refletir a efetiva variação de preços que caracteriza a inflação. É o
que ocorre na hipótese dos autos. A prevalecer o critério adotado pela
EC nº 62/09, os créditos inscritos em precatórios seriam atualizados
por índices pré-fixados e independentes da real flutuação de preços
apurada no período de referência. Assim, o índice oficial de
remuneração da caderneta de poupança não é critério adequado para
refletir o fenômeno inflacionário.Creio que o IPCA, por ser mais
abrangente que o IPC, melhor reflete a inflação acumulada do período
e serve de norte seguro para a atualização das condenações impostas
à Fazenda Pública.Assim, no caso concreto, como a condenação
imposta à Fazenda não é de natureza tributária – o crédito reclamado

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tem origem na incorporação de quintos pelo exercício de função de
confiança entre abril de 1998 e setembro de 2001 –, os juros
moratórios devem ser calculados com base no índice oficial de
remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança, nos
termos da regra do art. 1º-F da Lei 9.494/99, com redação da Lei
11.960/09.Já a correção monetária, por força da declaração de
inconstitucionalidade parcial do art. 5º da Lei 11.960/09, deverá ser
calculada com base no IPCA, índice que melhor reflete a inflação
acumulada do período. Ante o exposto, com fundamento no art. 544, §
4º, II, "c", do CPC, conheço do agravo e dou parcial provimento ao
recurso especial, a fim de consignar que Documento: 30836174 -
Despacho / Decisão - Site certificado - DJe: 06/09/2013 Página 14 de
15 Superior Tribunal de Justiça o art. 1º-F da Lei 9.494/97, com a
redação dada pela Lei 11.960/2009, deve ser aplicado sem distinção a
todas as demandas judiciais em trâmite, a partir de sua vigência,
ressaltando-se que a correção monetária deve ser calculada com base
no IPCA. AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 1.423.183 - SC
(2011/0153560-4) RELATOR : MINISTRO HUMBERTO MARTINS -
STJ

46. Destacamos que desde a sua origem, o FGTS teve


previsão legal de correção de seus valores, com garantia da atualização
monetária e a capitalização de juros à base de 3% ao ano, fato que não ocorre
quando é utilizado a TR.

V.II - DA AUTENTICIDADE DOS DOCUMENTOS


47. Os patronos da parte autora declaram a autenticidade de
toda documentação ora anexada em cópia reprográfica.

VI - DOS PEDIDOS

Ante ao exposto, vem requerer a V. Exa.:


I. Que seja deferido o benefício de Justiça Gratuita;

II. A condenação da Ré a proceder a correção monetária dos valores


depositados em favor da parte autora, a partir de 1999, em índice diferentes do
da TR, utilizando para a correção monetária o INPC em conformidade com a

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planilha de cálculos em anexo, ou sucessivamente, IPCA-e, ou algum outro
índice que efetivamente recomponha o valor monetário, perdido pela inflação.

III. Condenar a Ré proceder essa correção desde 1999, data em que a TR


parou de recompor as perdas com a inflação;

IV. Condenar a Ré no pagamento dos valores ao final apurados,


promovendo o crédito respectivo na Conta Vinculada do FGTS da parte autora.

V. Caso a parte autora tenha sacado os valores depositados em sua conta


vinculada do FGTS, que seja determinada o deposito dos valores ao final
apurado, em conta judicial, para posterior levantamento para parte autora, por
meio de alvará judicial, alvará que fica desde logo requerido.

VI. Condenar a ré ao pagamento de custas processuais e honorários


advocatícios no montante de 30% do valor da condenação.

Requerimentos:

VII. Requer a citação da CEF - Caixa Econômica Federal, no endereço de


sua sede, para responder no prazo legal, querendo, a presente ação.

VIII. Requer a juntada dos contratos de honorários advocatícios, requerendo,


ao final, antes da liberação dos valores para a conta vinculada ao FGTS,
valores esses que a ré for condenada a pagar ao autor, que o montante
pactuado no instrumento contratual anexo seja liberado diretamente para este
patrono, através de alvará, conforme art. 22, § 4º do EOAB.

IX. Requer que sejam as futuras intimações/publicações feitas em nome da


DRA. CATARINA SOUZA DA SILVA, DR. HAMILTON NOVAIS JUNIOR; E
DRA. YASMIN ARAUJO VALERIO DE SOUZA regularmente inscritos na
Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Rio de Janeiro – OAB/RJ,
respectivamente sob os números 179.905, 181.873 e 178.361 e com endereço
profissional na Avenida Franklin Roosevelt, nº 39, Sala 1.413 – Edifício
Portugal, – Rio de Janeiro/RJ, CEP 20.021-120, anotando-se o nome destes
patronos na contracapa dos autos, a fim de se evitar eventuais nulidades.

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VI - DAS PROVAS

Apresenta parte Autora, desde já, os documentos acostados à peça exordial,


protestando, ainda, pela juntada de novos documentos e de complementação
de extratos da conta vinculada da parte Autora para liquidação.

Requer, finalmente, a intimação da ré para juntar aos autos os extratos da


evolução dos depósitos, atualização monetária e juros creditados na
conta vinculada da parte autora, posto que é a atual administradora dos
recursos do FGTS.

VII - DO VALOR DA CAUSA

Para efeitos meramente fiscais dá-se à causa o valor de R$ 31.180,92 (trinta e


um mil cento e oitenta reais e noventa e dois centavos).
Nestes termos,

Pede deferimento.

Rio de Janeiro, 27 de janeiro de 2015.

CATARINA SOUZA DA SILVA HAMILTON NOVAIS JUNIOR


OAB/RJ 179.905 OAB/RJ 181.873

YASMIN ARAUJO VALERIO DE SOUZA


OAB/RJ 178.361

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