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RECEITA FEDERAL
DO BRASIL

Analista-Tributário
VOLUME.2

EDITAL Nº 1 - RFB, DE 2
DE DEZEMBRO DE 2023

CÓD: SL-046DZ-22
7908433230656
INTRODUÇÃO

Como passar em um concurso público?


Todos nós sabemos que é um grande desafio ser aprovado em concurso público, dessa maneira é muito importante o concurseiro
estar focado e determinado em seus estudos e na sua preparação. É verdade que não existe uma fórmula mágica ou uma regra de como
estudar para concursos públicos, é importante cada pessoa encontrar a melhor maneira para estar otimizando sua preparação.

Algumas dicas podem sempre ajudar a elevar o nível dos estudos, criando uma motivação para estudar. Pensando nisso, a Solução
preparou esta introdução com algumas dicas que irão fazer toda a diferença na sua preparação.

Então mãos à obra!


• Esteja focado em seu objetivo: É de extrema importância você estar focado em seu objetivo: a aprovação no concurso. Você vai ter
que colocar em sua mente que sua prioridade é dedicar-se para a realização de seu sonho;

• Não saia atirando para todos os lados: Procure dar atenção a um concurso de cada vez, a dificuldade é muito maior quando você
tenta focar em vários certames, pois as matérias das diversas áreas são diferentes. Desta forma, é importante que você defina uma
área e especializando-se nela. Se for possível realize todos os concursos que saírem que englobe a mesma área;

• Defina um local, dias e horários para estudar: Uma maneira de organizar seus estudos é transformando isso em um hábito,
determinado um local, os horários e dias específicos para estudar cada disciplina que irá compor o concurso. O local de estudo não
pode ter uma distração com interrupções constantes, é preciso ter concentração total;

• Organização: Como dissemos anteriormente, é preciso evitar qualquer distração, suas horas de estudos são inegociáveis. É
praticamente impossível passar em um concurso público se você não for uma pessoa organizada, é importante ter uma planilha
contendo sua rotina diária de atividades definindo o melhor horário de estudo;

• Método de estudo: Um grande aliado para facilitar seus estudos, são os resumos. Isso irá te ajudar na hora da revisão sobre o assunto
estudado. É fundamental que você inicie seus estudos antes mesmo de sair o edital, buscando editais de concursos anteriores. Busque
refazer a provas dos concursos anteriores, isso irá te ajudar na preparação.

• Invista nos materiais: É essencial que você tenha um bom material voltado para concursos públicos, completo e atualizado. Esses
materiais devem trazer toda a teoria do edital de uma forma didática e esquematizada, contendo exercícios para praticar. Quanto mais
exercícios você realizar, melhor será sua preparação para realizar a prova do certame;

• Cuide de sua preparação: Não são só os estudos que são importantes na sua preparação, evite perder sono, isso te deixará com uma
menor energia e um cérebro cansado. É preciso que você tenha uma boa noite de sono. Outro fator importante na sua preparação, é
tirar ao menos 1 (um) dia na semana para descanso e lazer, renovando as energias e evitando o estresse.

A motivação é a chave do sucesso na vida dos concurseiros. Compreendemos que nem sempre é fácil, e às vezes bate aquele desânimo
com vários fatores ao nosso redor. Porém tenha garra ao focar na sua aprovação no concurso público dos seus sonhos.

Como dissemos no começo, não existe uma fórmula mágica, um método infalível. O que realmente existe é a sua garra, sua dedicação
e motivação para realizar o seu grande sonho de ser aprovado no concurso público. Acredite em você e no seu potencial.

A Solução tem ajudado, há mais de 36 anos, quem quer vencer a batalha do concurso público. Vamos juntos!

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ÍNDICE

Direito Constitucional
1. Teoria Geral do Estado ............................................................................................................................................................. 09
2. Os poderes do Estado e as respectivas funções . ...................................................................................................................... 11
3. Teoria geral da Constituição. Conceito. Origens. Conteúdo. Estrutura. Classificação. Tipos de Constituição. Poder constituin-
te................................................................................................................................................................................................... 19
4. Supremacia da Constituição ..................................................................................................................................................... 24
5. Constituição. Interpretação e controle de constitucionalidade. Normas constitucionais e inconstitucionais. Competência dos
tribunais. Efeitos da decisão no controle de constitucionalidade ............................................................................................. 25
6. Emenda, reforma e revisão constitucional ............................................................................................................................... 27
7. Hierarquia das normas jurídicas ............................................................................................................................................... 29
8. Os princípios constitucionais. Dos princípios fundamentais da Constituição da República Federativa do Brasil ........................ 29
9. Dos direitos e garantias fundamentais ..................................................................................................................................... 30
10. Da organização do Estado político administrativo ....................................................................................................................... 41
11. Da Administração Pública. Dos servidores públicos civis ............................................................................................................. 45
12. A organização dos Poderes .......................................................................................................................................................... 48
13. O Poder Legislativo. A fiscalização contábil, financeira e orçamentária. O Controle Externo e os Sistemas de Controle Interno.
Tribunal de Contas da União ........................................................................................................................................................ 49
14. O Poder Executivo. O Presidente e o Vice-Presidente da República. As atribuições do Presidente da República. A responsabi-
lidade do Presidente da República. Os Ministros de Estado ........................................................................................................ 49
15. O Poder Judiciário. Disposições Gerais. O Supremo Tribunal Federal. O Superior Tribunal de Justiça ....................................... 49
16. O Ministério Público ................................................................................................................................................................. 49
17. A defesa do Estado e das instituições democráticas .................................................................................................................... 52
18. Da tributação e do orçamento. Sistema Tributário Nacional. Das finanças públicas. Do orçamento .......................................... 53
19. Da ordem econômica e financeira ............................................................................................................................................ 67
20. Da ordem social ....................................................................................................................................................................... 74
21. Das disposições gerais .................................................................................................................................................................. 76
22. Das disposições constitucionais transitórias ............................................................................................................................. 78

Direito Administrativo
1. Administração pública: princípios básicos. ................................................................................................................................ 105
2. Poderes administrativos: poder hierárquico, poder disciplinar, poder regulamentar, poder de polícia, uso e abuso do
poder. ................................................................................................................................................................................. 108
3. Ato administrativo: conceito, requisitos e atributos; anulação, revogação e convalidação; discricionariedade e
vinculação. ................................................................................................................................................................................ 114
4. Organização administrativa: administração direta e indireta; centralizada e descentralizada; autarquias, fundações,
empresas públicas, sociedades de economia mista. .................................................................................................................. 125
5. Consórcios públicos (Lei nº 11.107/2005). ................................................................................................................................ 128
6. Órgãos públicos: conceito, natureza e classificação. .................................................................................................................. 131
7. Servidores públicos: cargo, emprego e função públicos. ........................................................................................................... 131
8. Lei nº 8.112/1990 (Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis da União e alterações): disposições preliminares;
provimento, vacância, remoção, redistribuição e substituição; direitos e vantagens: vencimento e remuneração, vantagens,
férias, licenças, afastamentos, direito de petição; regime disciplinar: deveres e proibições, acumulação, responsabilidades,
penalidades; processo administrativo disciplinar. ...................................................................................................................... 142
9. Processo administrativo (Lei nº 9.784/1999).............................................................................................................................. 168
10. Controle e responsabilização da administração: controle administrativo; controle judicial; controle legislativo. .................... 173
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ÍNDICE

11. Responsabilidade extracontratual do Estado. . .......................................................................................................................... 178


12. Improbidade Administrativa (Lei nº 8.429/1992). ..................................................................................................................... 182
13. Nova Lei de Licitações e Contratos da Administração Pública (Lei nº 14.133/2021). ................................................................ 190
14. Serviços públicos. Conceito, pressupostos constitucionais, regime jurídico, princípios do serviço público, usuário,
titularidade. Delegação de serviço público: autorização, permissão e concessão. . .................................................................. 208
15. Bens públicos: regime jurídico, classificação, administração, aquisição e alienação, utilização por terceiros: autorização
de uso, permissão de uso, concessão de uso, concessão de direito real de uso e cessão de uso. Intervenção do Estado
na propriedade: desapropriação, servidão administrativa, tombamento, requisição administrativa, ocupação temporária,
limitação administrativa. ............................................................................................................................................................ 219
16. Terceiro Setor: Entes paraestatais. ............................................................................................................................................. 222
17. Lei Geral de Proteção a Dados (Lei nº13.709/2018)................................................................................................................... 222

Direito Tributário
1. Competência Tributária............................................................................................................................................................... 241
2. Limitações Constitucionais do Poder de Tributar......................................................................................................................... 241
3. Imunidades.................................................................................................................................................................................. 243
4. Princípios Constitucionais Tributários. Fontes do Direito Tributário............................................................................................ 244
5. Conceito e Classificação dos Tributos.......................................................................................................................................... 246
6. Tributos de Competência da União.............................................................................................................................................. 249
7. Tributos de Competência dos Estados......................................................................................................................................... 250
8. Tributos de Competência dos Municípios.................................................................................................................................... 252
9. Simples......................................................................................................................................................................................... 253
10. Legislação Tributária.................................................................................................................................................................... 255
11. Vigência da Legislação Tributária. Aplicação da Legislação Tributária. Interpretação e Integração da Legislação Tributária...... 258
12. Obrigação Tributária Principal e Acessória. Fato Gerador da Obrigação Tributária. Sujeição Ativa e Passiva. Solidariedade.
Capacidade Tributária. Domicílio Tributário. Responsabilidade Tributária. Conceito. Responsabilidade dos Sucessores.
Responsabilidade de Terceiros. Responsabilidade por Infrações................................................................................................. 259
13. Crédito Tributário. Conceito. Constituição do Crédito Tributário. Lançamento. Modalidades de Lançamento. Hipóteses de
alteração do lançamento. Suspensão da Exigibilidade do Crédito Tributário. Modalidades. Extinção do Crédito Tributário.
Modalidades. Pagamento Indevido. Exclusão do Crédito Tributário. Modalidades. Garantias e Privilégios do Crédito
Tributário..................................................................................................................................................................................... 263
14. Administração Tributária. Fiscalização. Dívida Ativa. Certidões Negativas.................................................................................. 271
15. Sigilo Fiscal................................................................................................................................................................................... 273
16. Processo Administrativo Fiscal (Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972)............................................................................. 275

Direito Previdenciário
1. Aspectos teóricos e conceituais da Seguridade Social e Previdência Social................................................................................ 295
2. Seguridade Social. Origem e evolução legislativa no Brasil. Conceituação. Organização e princípios constitucionais................ 296
3. Legislação previdenciária. Conteúdo, fontes, autonomia. Aplicação das normas previdenciárias. Vigência, hierarquia,
interpretação e integração. Orientação dos tribunais superiores............................................................................................... 303
4. Regime Geral de Previdência Social. Princípios e objetivos......................................................................................................... 308
5. O Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS)..................................................................................................................... 309
6. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, em seu enfoque jurídico, atualizada até a data do edital (Lei do custeio)....................... 310

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ÍNDICE

7. Segurados obrigatórios. Filiação e inscrição. Conceito, características e abrangência de: empregado, empregado doméstico,
empresário, contribuinte individual, equiparado ao contribuinte individual, microempreendedor individual (MEI),
trabalhador avulso e segurado especial e Segurado facultativo.................................................................................................. 330
8. Conceito, características, filiação e inscrição de: Dependentes................................................................................................... 338
9. Trabalhadores excluídos do Regime Geral................................................................................................................................... 340
10. Empresa e empregador doméstico: conceito previdenciário...................................................................................................... 340
11. Financiamento da seguridade social. Receitas da União. Receitas das contribuições sociais: dos segurados, das empresas, do
empregador doméstico, do produtor rural, do clube de futebol profissional, de concursos de prognósticos e de outras fontes.
Salário de contribuição. Conceito. Parcelas integrantes e parcelas não integrantes. Limites mínimo e máximo. Salário-base:
enquadramento, fracionamento, progressão e regressão. Proporcionalidade. Reajustamento. Arrecadação e recolhimento
das contribuições destinadas à seguridade social. Obrigações da empresa e demais contribuintes. Prazo de recolhimento.... 341
12. Responsabilidade solidária: conceito, natureza jurídica e características. Aplicação na construção civil, na cessão de mão de
obra e em grupo econômico........................................................................................................................................................ 349
13. Isenções e parcelamentos de contribuições: requisitos, manutenção e perda........................................................................... 351
14. Crimes contra a seguridade social............................................................................................................................................... 352
15. Infrações à legislação previdenciária........................................................................................................................................... 356

Contabilidade Geral
1. Contabilidade. Conceito, objeto, objetivos, campo de atuação e usuários da informação contábil. Princípios ................... 363
2. Normas Brasileiras de Contabilidade emanadas pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC) ......................................... 365
3. Conceitos, forma de avaliação, evidenciação, natureza, espécie e estrutura ....................................................................... 367
4. Atos e fatos administrativos .................................................................................................................................................. 368
5. Livros contábeis obrigatórios ................................................................................................................................................ 369
6. Documentação contábil ........................................................................................................................................................ 370
7. Variação do patrimônio líquido. Receita, despesa, ganhos e perdas. Itens Patrimoniais. Conteúdo, conceitos, estrutura,
formas de avaliação e classificação dos itens patrimoniais do ativo, do passivo e do patrimônio líquido ........................... 370
8. Apuração dos resultados . ..................................................................................................................................................... 374
9. Regimes de apuração ............................................................................................................................................................ 377
10. Caixa ...................................................................................................................................................................................... 377
11. competência . ........................................................................................................................................................................ 377
12. Escrituração contábil ............................................................................................................................................................. 378
13. Lançamentos contábeis ......................................................................................................................................................... 382
14. Contas patrimoniais, resultado ............................................................................................................................................. 385
15. Fatos contábeis. Permutativos, modificativos e mistos . ....................................................................................................... 387
16. Demonstrações contábeis ..................................................................................................................................................... 387
17. Balanço patrimonial, demonstração do resultado do exercício, demonstração de lucros ou prejuízos acumulados, de-
monstração das mutações do patrimônio líquido, demonstração dos fluxos de caixa e demonstração do valor adiciona-
do .......................................................................................................................................................................................... 398
18. Notas explicativas às demonstrações contábeis. Conteúdo, forma de apresentação e exigências legais de informações.... 402
19. Ajustes, classificações e avaliações dos itens patrimoniais exigidos pelas novas práticas contábeis adotadas no Brasil trazidas
pela Lei Federal nº 11.638/07 e suas alterações e Lei Federal nº 11.941/09 e suas alterações ............................................... 403
20. Estoques. Tipos de inventários, critérios e métodos de avaliação .............................................................................................. 404
21. Apuração do custo das mercadorias vendidas, tratamento contábil dos tributos incidentes em operações de compras e ven-
das . ............................................................................................................................................................................................. 413

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ÍNDICE

Material Digital:
Legislação Tributária
1. Imposto sobre a Importação. Princípios e regras constitucionais aplicáveis ao imposto. Fato gerador. Contribuinte. Base de
cálculo. Apuração. Imposto sobre a Exportação. Princípios e regras constitucionais aplicáveis ao imposto. Fato gerador.
Contribuinte. Base de cálculo. Apuração. Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural. Princípios e regras constitucionais
aplicáveis ao imposto. Competência e sujeito ativo. Fato gerador. Contribuinte. Base de cálculo. Apuração. Imposto sobre
Produtos Industrializados. Princípios e regras constitucionais aplicáveis ao imposto. Fato gerador. Contribuinte. Base de
cálculo. Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários - IOF. Princípios
e regras constitucionais aplicáveis ao imposto. Fato gerador. Contribuinte. Base de cálculo. Apuração.................................... 05
2. Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza. Princípios e regras constitucionais aplicáveis ao imposto. Critérios
orientadores. Renda e Proventos. Conceito. Disponibilidade Econômica ou jurídica. Acréscimo patrimonial........................... 07
3. Tributação das pessoas físicas. Fato Gerador. Contribuintes. Responsáveis. Base de cálculo. Deduções. Tributação exclusiva.
Sistema de bases correntes. Recolhimento mensal obrigatório (carnê-leão). Tributação Definitiva. Ajuste Anual..................... 08
4. Tributação das pessoas jurídicas. Fato gerador. Contribuintes. Responsáveis. Base de cálculo. Despesas dedutíveis e
indedutíveis. Lucro real. Lucro presumido. Lucro arbitrado. Lucros, rendimentos e ganhos de capital obtidos no exterior.
Preço de transferência. Investimentos em sociedades coligadas e controladas avaliados pelo método do patrimônio líquido.
Reorganizações societárias. Tributação na fonte. Regime de caixa e regime de competência. Apuração................................... 12
5. Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico incidente sobre a importação e a comercialização de petróleo e seus
derivados, gás natural e seus derivados, e álcool etílico combustível - Cide-Combustíveis (Lei nº 10.336, de 19 de dezembro de
2001). Princípios e regras constitucionais aplicáveis à contribuição. Fato gerador. Contribuinte. Base de cálculo. Apuração... 21
6. Contribuição de Intervenção de Domínio Econômico destinada a financiar o Programa de Estímulo à Interação Universidade-
Empresa para o Apoio à Inovação (Lei nº 10.168, de 29 de dezembro de 2000). Princípios e regras constitucionais aplicáveis
à contribuição. Fato gerador. Contribuinte. Base de cálculo. Apuração...................................................................................... 25

Legislação Aduaneira
1. Jurisdição Aduaneira. Território Aduaneiro. Portos, Aeroportos e Pontos de Fronteira Alfandegados. Alfandegamento.
Recintos Alfandegados. Administração Aduaneira...................................................................................................................... 29
2. Controle Aduaneiro de Veículos.................................................................................................................................................. 31
3. Impostos, Taxas e Contribuições na Importação e na Exportação. Imposto de Importação. Incidência. Fato Gerador. Base de
Cálculo. Cálculo. Contribuintes e Responsáveis. Pagamento e Depósito. Restituição e Compensação. Isenções e Reduções.
Imunidade de livros, jornais e periódicos e do papel destinado à sua impressão....................................................................... 33
4. Imposto de Exportação. Incidência. Fato Gerador. Base de Cálculo. Cálculo. Contribuintes. Pagamento. Isenções. Incentivos
Fiscais na Exportação................................................................................................................................................................... 40
5. Imposto sobre Produtos Industrializados vinculados à Importação. Incidência. Fato Gerador. Base de Cálculo. Cálculo.
Contribuinte. Prazo de Recolhimento. Isenções. Imunidades de Livros, Jornais e Periódicos e do Papel Destinado à sua
Impressão. Suspensão do Pagamento......................................................................................................................................... 42
6. Contribuição para o PIS/PASEP-Importação e da COFINS-Importação. Incidência. Fato Gerador. Base de Cálculo. Contribuintes
e Responsáveis Solidários. Isenções. Pagamento. Suspensão do Pagamento. Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS na
Importação de Cigarros................................................................................................................................................................ 44
7. Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico - Combustíveis (CIDECombustíveis). Incidência. Fato Gerador.
Contribuinte e Responsável Solidário. Base de Cálculo. Alíquota. Pagamento. Isenções............................................................ 56
8. Taxa de Utilização do Siscomex.................................................................................................................................................... 58

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ÍNDICE

9. Regimes Aduaneiros Especiais e Aplicados em Áreas Especiais. Trânsito Aduaneiro. Admissão Temporária. Admissão
Temporária para Aperfeiçoamento Ativo. Drawback. Entreposto Aduaneiro. Regime de Entreposto Aduaneiro sob Controle
Aduaneiro Informatizado - Recof. Regime Aduaneiro Especial de Importação de Insumos Destinados a Industrialização por
Encomenda de Produtos Classificados nas Posições 8701 a 8705 da NCM - Recom. Exportação Temporária. Exportação
Temporária para Aperfeiçoamento Passivo. Regime Aduaneiro Especial de Exportação e de Importação de Bens Destinados
às Atividades de Pesquisa e Lavra das Jazidas de Petróleo e Gás Natural - Repetro. Regime Aduaneiro Especial de Importação
de Petróleo Bruto e seus Derivados - Repex. Regime Tributário para Incentivo à Modernização e à Ampliação da Estrutura
Portuária - Reporto. Loja Franca. Depósito Especial. Depósito Afiançado. Depósito Alfandegado Certificado. Regimes
Aduaneiros Aplicados em Áreas Especiais. Zona Franca de Manaus. Áreas de Livre Comércio. Zonas de Processamento de
Exportação (ZPE).......................................................................................................................................................................... 59
10. Controle Aduaneiro de Mercadorias. Despacho Aduaneiro. Despacho de Importação. Despacho de Exportação. Casos
Especiais. Revisão Aduaneira. Normas Especiais. Mercadorias provenientes de naufrágio e outros acidentes. Abandono
de Mercadoria ou de Veículo. Avaria, Extravio e Acréscimo. Mercadorias presumidas idênticas. Tráfego Postal. Tráfego de
Cabotagem................................................................................................................................................................................... 63
11. Infrações e Penalidades Aduaneiras. Pena de perdimento. Multas. Sanções Administrativas. Relevação de penalidades.
Representação Fiscal para Fins Penais. Infrações praticadas pelos Órgãos da Administração Pública........................................ 75
12. Crédito Tributário, Processo Fiscal e Controle Administrativo Específico da Área Aduaneira. Crédito Tributário. Lançamento
de ofício. Acréscimos Legais. Decadência e Prescrição. Termo de Responsabilidade.................................................................. 76
13. Processo Fiscal. Processo de determinação e exigência de crédito tributário. Processo de perdimento. Processo de aplicação
de penalidade pelo transporte rodoviário de mercadoria sujeita a pena de perdimento. Processo de aplicação de sanções
administrativas aos intervenientes nas operações de comércio exterior. Processos de aplicação e de exigências dos direitos
antidumping e compensatórios. Processos de consulta.............................................................................................................. 77
14. Controle Administrativo Específico. Destinação de mercadorias. Controle de processos e de declarações. Atividades
relacionadas aos serviços aduaneiros.......................................................................................................................................... 80
15. Fundo Especial de Desenvolvimento e Aperfeiçoamento das Atividades de Fiscalização (FUNDA F)......................................... 80

Atenção
• Para estudar o Material Digital acesse sua “Área do Aluno” em nosso site ou faça o resgate
do material seguindo os passos da página 2.
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DIREITO CONSTITUCIONAL

de Janeiro, Organização Simões Editora, 1958). Por vários motivos,


TEORIA GERAL DO ESTADO sobretudo por considerações interesseiras e imediatistas dos que
não desejavam que fossem claramente revelados os verdadeiros
fundamentos do poder a obra notável de Maquiavel sofreu restri-
Teoria Geral do Estado ções e deturpações durante vários séculos, sendo objeto, por isso,
Fixando-se, em largos traços, a noção de Teoria Geral do Es- de apreciações apaixonadas, que prejudicaram a análise objetiva de
tado, pode-se dizer que ela é uma disciplina de síntese, que siste- sua contribuição.
matiza conhecimentos jurídicos, filosóficos, sociológicos, políticos, Hoje, entretanto, sobretudo na Itália, já se estuda seriamente a
históricos, antropológicos, econômicos, psicológicos, valendo-se de obra maquiaveliana, havendo um reconhecimento generalizado de
tais conhecimentos para buscar o aperfeiçoamento do Estado, con- sua extraordinária importância, uma vez que, apesar dos obstáculos
cebendo-o ao mesmo tempo, como um fato social e uma ordem, e da condenação veemente, ela foi o marco inicial e de inevitável
que procura atingir os seus fins com eficácia e com justiça1. influência na colocação da exigência de enfoque objetivo dos fatos
Esta disciplina, como tal, é realmente nova, só aparecendo nos políticos.
fins do século XIX. Entretanto, já na antiguidade greco-romana se
encontram estudos que modernamente estariam no âmbito da Te- Vieram, depois, autores como Hobbes, Montesquieu, Rousse-
oria Geral do Estado, como ocorre com escritos de, entre outros, au, influenciados pela ideia de um Direito Natural, mas procurando
Platão, Aristóteles e Cícero, aos quais, evidentemente, falta o rigor o fundamento esse direito, assim como da organização social do
exigido pelas modernas concepções científicas. poder político, na própria natureza humana e na vida social, como
Não há, nesses escritos, uma separação nítida entre a realidade verdadeiros precursores da antropologia cultural aplicada ao estu-
observada e a realidade idealizada, havendo preocupação acentua- do do Estado.
da pela indicação da melhor forma de convivência social. Finalmente, no século XIX vai desenvolver-se especialmente na
Durante a Idade Média também se encontram muitos traba- Alemanha, um trabalho de sistematização jurídica dos fenômenos
lhos que, pelo menos em boa parte, podem ser considerados como políticos. Teve especial importância a obra de Gerber, “Fundamen-
situados no âmbito da Teoria Geral do Estado. Assim, por exemplo, tos de um Sistema de Direito Político Alemão”, aparecida em 1865,
muitos dos escritos de Santo Agostinho e Santo Tomás de Aquino, outro que iria exercer grande influência sobre notável alemão Ge-
os quais, embora fundamentalmente opostos sob muitos aspectos, org Jellinek a quem se deve, afinal, a criação de uma Teoria Geral
têm em comum a preocupação de justificar a ordem existente, a do Estado, como disciplina autônoma, tendo por objeto o conheci-
partir de considerações de natureza teológica. mento do Estado.
Já no fim da Idade Média começam a surgir os primeiros sinais A obra fundamental de Jellinek intitulada precisamente “Teoria
de reação a esse irrealismo como se verifica, por exemplo, na obra Geral do Estado”, foi publicada pela primeira vez no ano de 1900,
de Marsílio de Pádua, “Defensor Pacis”, aparecida em 1324, onde alcançando, desde logo, notável repercussão.
chega a ser preconizada a separação, com independência recíproca, A obra de Jellinek foi traduzida para várias línguas, tendo-se di-
da Igreja e do Estado. vulgado no Brasil especialmente as seguintes edições: L’État Moder-
A grande revolução nos estudos políticos, com o abandono dos ne et son Droit, edição francesa em dois volumes, de 1911; Teoria
fundamentos teológicos e a busca de generalizações a partir da pró- Generale deIlo Stato, edição italiana de 1921, com uma valiosíssima
pria realidade, ocorre com Maquiavel, no início do século XVI. introdução escrita por V. E. Orlando; uma edição argentina sob o
Sem ignorar os valores humanos, inclusive os valores morais e título Teoría General dei Estado, do ano de 1954, contendo um pró-
religiosos, o notável florentino faz uma observação aguda de tudo logo bastante elucidativo, de autoria de Fernando de los Rios Urruti.
quanto ocorria na sua época em termos de organização e atuação Apesar de ser uma obra clássica, de permanente atualidade,
do Estado. Ao mesmo passo em que observa e vive, como Secretá- não foi até agora editada em português. Exemplo dessa tendência
rio da República de Florença, a intimidade dos fenômenos políticos, é justamente a obra de Marcello Caetano, que recebeu o título de
Maquiavel, dotado de vasta cultura histórica, também procede a Manual de Ciência Política e Direito Constitucional.
comparações no tempo. Depois disso, foram bastante intensificados os estudos sobre o
Dessa forma, conjugando fatos de épocas diversas, chega a ge- Estado, notando-se, porém, que não ocorreu a uniformização quan-
neralizações universais, criando assim a possibilidade de uma ciên- to ao nome da disciplina. Assim é que, na Itália, através da obra
cia política. magistral de V. E. Orlando, foi extremamente desenvolvido o Diritto
Um excelente estudo sobre Maquiavel, suas ideias fundamen- Pubblico Generale, surgindo mais recentemente a designação Dot-
tais e suas inovações metodológicas, foi publicado por Lauro Esco- trina dello Stato, ambas ocupando-se dos temas propostos pela Te-
rel, intitulado Introdução ao Pensamento Político de Maquiavel (Rio oria Geral do Estado.
1 https://estudeidireito.files.wordpress.com/2016/03/dalmo-de-abreu-dallari-
-elementos-da-teoria-geral-do-estado.pdf

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Na França, tornaram-se correntes as denominações Théorie c) a terceira das grandes correntes é a que reúne os autores
Générale de l’Etate Doctrine de l’État, prevalecendo na Espanha a que só admitem e só consideram o Estado como realidade normati-
designação Derecho Político, para os estudos relativos ao Estado. va, criado pelo direito para realizar fins jurídicos, afirmando-se um
Em Portugal, como esclarece Marcello Caetano a denominação formalismo jurídico que só estuda o Estado a partir de considera-
Direito Político englobava, de início, a parte referente ao Estado e ções técnico-formais.
a que mais tarde se destacou como Direito Constitucional, havendo Todas essas orientações extremadas conduziram a conclusões
agora uma tendência, a que aderiu o próprio Marcello Caetano, no unilaterais e imperfeitas, como era inevitável, prejudicando ou qua-
sentido de se considerar a parte inicial abrangida pela Ciência Política. se anulando o interesse prático dos estudos. Reagindo a isso, surgiu
No Brasil, os estudos relativos ao Estado foram primeiramente uma nova orientação, que procura efetuar uma síntese dinâmica
incluídos como parte inicial da disciplina Direito Público e Consti- daquelas três direções fundamentais, adotando uma posição que
tucional. Por volta do ano de 1940 ocorreu o desdobramento em Miguel Reale chama de culturalismo realista.
Teoria Geral do Estado e Direito Constitucional. Entre os autores que compreenderam a necessidade de se con-
Recentemente, seguindo a mesma tendência já observada em siderar o Estado como um todo dinâmico, passível de ser observado
Portugal, e sob influência de grande número de obras de autores nor- sob vários ângulos, mas sempre conservando uma unidade indis-
te-americanos chegadas ao Brasil, bem como pelo estreitamento das sociável, sima-se o italiano Alexandre Groppali, que, com clareza
relações entre as universidades brasileiras e as dos Estados Unidos da e precisão, indica o objeto da Doutrina do Estado através de uma
América, inúmeros professores e autores de Teoria Geral do Estado tríplice perspectiva, que, segundo ele, compreende três doutrinas
passaram a identificar esta disciplina com a Ciência Política. que se integram compondo a Doutrina do Estado e que são as se-
Para efeito de currículo, algumas universidades passaram a dar guintes:
ao curso de Teoria Geral do Estado a denominação Direito Consti- a) doutrina sociológica, que estuda a gênese do Estado e sua
tucional I, o que nos parece uma impropriedade, uma vez que, em- evolução;
bora havendo estreita relação entre ambas as disciplinas, a Teoria b) doutrina jurídica, que se ocupa da organização e personifi-
Geral do Estado e o Direito Constitucional não se confundem, tendo cação do Estado;
cada uma o seu objeto próprio, sendo mais conveniente, do ponto c) doutrina justificativa, que cuida dos fundamentos e dos fins
de vista científico e didático, mantê-las autônomas. do Estado.
Concebido como um sujeito ativo, o Estado age através de indi-
víduos e grupos organizados de pessoas, que tomam e implemen- Assim, pois, verifica-se que, não obstante a possibilidade de se
tam decisões em nome do Estado e que, ao decidir, alegam que são destacar, para fins meramente didáticos, um ou outro aspecto do
agentes ou órgãos do Estado. Estado, a Teoria Geral do Estado sempre o considera na totalidade
Basta isso para se perceber que para a formação do jurista con- de seus aspectos, apreciando-o como um conjunto de fatos integra-
temporâneo o estudo da Teoria do Estado é indispensável. O Estado dos numa ordem e ligados a fundamentos e fins, em permanente
é universalmente reconhecido como pessoa jurídica, que expressa movimento.
sua vontade através de determinadas pessoas ou determinados ór- Veja-se, a esse respeito, a obra de Miguel Reale intitulada Teo-
gãos. ria do Direito e do Estado. Nessa obra o antigo mestre da Universi-
Nesse dado é que se apoiam todas as teorias que sustentam a dade de São Paulo aborda os temas fundamentais do Estado segun-
limitação jurídica do poder do Estado, bem como o reconhecimen- do a perspectiva do culturalismo realista, compreendendo o Estado
to do Estado como sujeito de direitos e de obrigações jurídicas. O na totalidade de seus aspectos e considerando indissociáveis as três
poder do Estado é, portanto, poder jurídico, sem perder seu caráter ordens de apreciação: a filosófica, a sociológica e a jurídica.
político. A obra de Alexandre Groppali foi publicada em português, em
tradução de Paulo Edmur de Souza Queiroz, pela Editora Saraiva de
Objeto da Teoria Geral do Estado São Paulo.
Quanto ao objeto da Teoria Geral do Estado pode-se dizer, de Pela própria multiplicidade de aspectos que a Teoria Geral do
maneira ampla, que é o estudo do Estado sob todos os aspectos, in- Estado deve considerar verifica-se a impossibilidade de adoção de
cluindo a origem, a organização, o funcionamento e as finalidades, um método único. Conforme o ângulo que esteja sendo enfocado
compreendendo-se no seu âmbito tudo o que se considere existin- haverá um método mais adequado, utilizando-se a indução para a
do no Estado e influindo sobre ele. obtenção de generalizações a partir de fatos considerados isolada-
O que é importante observar, porém, é que o Estado, poden- mente, a dedução, sobretudo para a explicação de fatos particula-
do ser abordado de diferentes perspectivas, apresenta-se como um res ou para a fixação de perspectivas, e o método analógico para
objeto diverso, segundo o ponto de vista do observador. estudos comparativos.
É possível, entretanto, fazer-se um agrupamento das múltiplas Mas, como é óbvio, seja qual for o método aplicado em qual-
orientações, reduzindo-as a três diretrizes fundamentais: quer momento, os resultados obtidos deverão ser integrados numa
a) uma orientação que se poderia identificar com uma Filosofia síntese, podendo perfeitamente ocorrer que de uma lei geral, obti-
do Estado, enfatizando a busca de uma justificativa para o Estado da por indução, tirem-se deduções que irão explicar outros fenôme-
em função dos valores éticos da pessoa humana, acabando por se nos, havendo, portanto, uma associação permanente de métodos,
distanciar excessivamente da realidade concreta e por colocar em assim como os próprios fenômenos estão sujeitos a uma interação
plano nitidamente inferior as preocupações de ordem pragmática; causal, uma vez que a vida social está sempre submetida a um pro-
b) uma segunda orientação coloca-se em sentido oposto, pro- cesso dialético, o que faz da realidade social uma permanente cria-
curando ser eminentemente realista, dando absoluta preponderân- ção.
cia aos fatos concretos, considerados completamente à parte de
qualquer fator abstrato, aproximando-se muito de uma Sociologia
do Estado;

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Formas de Estado - Estado Unitário, Confederação e Federa- Chefe de Estado e Chefe de Governo
ção O Brasil adota o presidencialismo, que tem unificadas na figura
A forma de Estado relaciona-se com o modo de exercício do po- do Presidente da República as funções do Chefe de Estado e Chefe
der político em função do território do Estado. Verifica-se no caso de Governo. Portanto, o Poder Executivo brasileiro é monocrático.
concreto se há, ou não, repartição regional do exercício de poderes Como chefe de Estado, o presidente representa o país nas suas re-
autônomos, podendo ser criados, a partir dessa lógica, um modelo lações internacionais e como chefe de governo exerce a liderança
de Estado unitário ou um Estado Federado2. nacional, gerindo o país política e administrativamente.
O presidente será eleito por maioria absoluta de votos, não
Estado Unitário computados os em branco e os nulos. Entende-se por maioria ab-
Também chamado de Estado Simples, é aquele dotado de um soluta, mais que a metade, o número subsequente à metade, ou
único centro com capacidade legislativa, administrativa e judiciá- a metade +1 do número total de votantes. Quando o candidato
ria, do qual emanam todos os comandos normativos e no qual se mais votado não alcança a maioria absoluta, realiza-se segundo tur-
concentram todas as competências constitucionais (exemplos: Uru- no entre os dois mais votados. A maioria absoluta é diferente da
guai, e Brasil Colônia, com a Constituição de 1824, até a Proclama- maioria simples, que consiste no maior resultado da votação, inde-
ção da República, com a Constituição de 1891). pendentemente de exigência de quórum percentual relacionado à
O Estado Unitário pode ser classificado em: quantidade total de votantes
a) Estado unitário puro ou centralizado: casos em que haverá
somente um Poder Executivo, um Poder Legislativo e um Poder Ju- — Atribuições e responsabilidades do presidente da Repúbli-
diciário, exercido de forma central; ca
b) Estado unitário descentralizado: casos em que haverá a for- Como chefe de Governo e Estado, compete ao Presidente da
mação de entes regionais com autonomia para exercer questões República as atribuições e responsabilidades trazidas nos artigos
administrativas ou judiciárias fruto de delegação, mas não se con- 84, CF.
cede a autonomia legislativa que continua pertencendo exclusiva- Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
mente ao poder central. I - nomear e exonerar os Ministros de Estado;
II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção
Estado Federativo – Federação superior da administração federal;
Também chamados de federados, complexos ou compostos, III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos
são aqueles em que as capacidades judiciária, legislativa e admi- nesta Constituição;
nistrativa são atribuídas constitucionalmente a entes regionais, que IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como
passam a gozar de autonomias próprias (e não soberanias). expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução;
Nesse caso, as autonomias regionais não são fruto de delega- V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;
ção voluntária, como ocorre nos Estados unitários descentralizados, VI - dispor, mediante decreto, sobre: (Redação dada pela Emen-
mas se originam na própria Constituição, o que impede a retirada da Constitucional nº 32, de 2001).
de competências por ato voluntário do poder central. a) organização e funcionamento da administração federal,
quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção
Confederação de órgãos públicos; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 32, de
Se caracteriza por uma reunião dissolúvel de Estados sobera- 2001).
nos, que se unem por meio de um tratado internacional. Aqui, per- b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos; (In-
cebe-se o traço marcante da Confederação, ou seja, a dissolubilida- cluída pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001).
de do pacto internacional pelos Estados soberanos que o integram, VII - manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus
a partir de um juízo interno de conveniência. representantes diplomáticos;
VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujei-
O Federalismo Brasileiro tos a referendo do Congresso Nacional;
Possui disposição legal no Artigo 18 da CF/88. IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio;
X - decretar e executar a intervenção federal;
XI - remeter mensagem e plano de governo ao Congresso Na-
OS PODERES DO ESTADO E AS RESPECTIVAS FUNÇÕES cional por ocasião da abertura da sessão legislativa, expondo a si-
tuação do País e solicitando as providências que julgar necessárias;
XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se ne-
PODER EXECUTIVO cessário, dos órgãos instituídos em lei;
O Poder Executivo é o órgão constitucional cuja função princi- XIII - exercer o comando supremo das Forças Armadas, nomear
pal é a prática dos atos de chefia de estado, de governo e de admi- os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, promo-
nistração, mas de forma atípica, também legisla através da edição ver seus oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que lhes são
de Medidas Provisórias e julga contenciosos administrativos. privativos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23,
Art. 76. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da Repú- de 02/09/99)
blica, auxiliado pelos Ministros de Estado. XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Minis-
tros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, os Go-
vernadores de Territórios, o Procurador-Geral da República, o pre-
sidente e os diretores do banco central e outros servidores, quando
determinado em lei;
XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Ministros do
2 DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Concursos.
2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier. Tribunal de Contas da União;
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XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nesta Consti- A mesa diretora tem funções administrativas sobre o funciona-
tuição, e o Advogado-Geral da União; mento da Casa, e o presidente da mesa é o responsável pelo proces-
XVII - nomear membros do Conselho da República, nos termos so legislativo. É ele quem organiza a pauta das reuniões e, portanto,
do art. 89, VII; decide quais assuntos serão examinados pelo plenário. Tem o poder
XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o Conselho de obstruir as decisões do Executivo ou os projetos de lei dos par-
de Defesa Nacional; lamentares se não os colocar em votação. A mesa do Congresso
XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autori- Nacional é presidida pelo presidente do Senado.
zado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele, quando ocor- As comissões podem ser permanentes, definidas pelos respec-
rida no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas condições, tivos regimentos internos, com o poder para discutir e votar alguns
decretar, total ou parcialmente, a mobilização nacional; projetos de lei sem passar pelo plenário, e temporárias, criadas
XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Congres- para tratar de assuntos específicos. As comissões também podem
so Nacional; realizar audiências públicas com entidades da sociedade civil, con-
XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas; vocar autoridades e cidadãos para prestar informações.
XXII - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que O Plenário é a instância máxima e soberana no Legislativo para
forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele per- qualquer decisão. Nas votações, a decisão de cada um dos parla-
maneçam temporariamente; mentares é influenciada por vários fatores, dentre eles o programa
XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o pro- do partido político ao qual cada parlamentar é filiado e os compro-
jeto de lei de diretrizes orçamentárias e as propostas de orçamento missos assumidos com as chamadas bases eleitorais.
previstos nesta Constituição;
XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de — Funcionamento e atribuições
sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, as contas refe-
rentes ao exercício anterior; Atribuições e competência do Congresso Nacional
XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma A maioria das pessoas se preocupa muito com as eleições para
da lei; os cargos do Executivo, dando menos importância aos Deputados
XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos termos Federais, Estaduais, Senadores e Vereadores municipais, entretan-
do art. 62; to, a esses representantes competem uma função típica tão impor-
XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta Constituição. tante quanto a de governar e administrar: a legislatura. São eles os
Parágrafo único. O Presidente da República poderá delegar as responsáveis por pensarem e fazerem as leis que regem todo o país
atribuições mencionadas nos incisos VI, XII e XXV, primeira parte, e são aplicadas pelo Poder Judiciário.
aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao Compete ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente
Advogado-Geral da União, que observarão os limites traçados nas da República, nos termos do art. 48, CF, dispor sobre todas as maté-
respectivas delegações. rias de competência da União, especialmente sobre:
— Sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas;
Requisitos de elegibilidade do Presidente e Vice-Presidente — Plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual,
— Ser brasileiro nato; operações de crédito, dívida pública e emissões de curso forçado;
— Estar no gozo dos direitos políticos; — Fixação e modificação do efetivo das Forças Armadas;
— Ter mais de trinta e cinco anos; — Planos e programas nacionais, regionais e setoriais de de-
— Não ser inelegível; senvolvimento;
— Possuir filiação partidária. — Limites do território nacional, espaço aéreo e marítimo e
bens do domínio da União;
Ordem de sucessão presidencial no caso de impedimento ou — Incorporação, subdivisão ou desmembramento de áreas de
vacância: Territórios ou Estados, ouvidas as respectivas Assembleias Legisla-
Em caso de impedimento ou vacância do cargo de Presidente, tivas;
este será substituído pelo: Vice-presidente, Presidente da Câmara — Transferência temporária da sede do Governo Federal;
dos Deputados, Presidente do Senado Federal e Presidente do Su- — Concessão de anistia;
premo Tribunal Federal, nesta ordem. — Organização administrativa, judiciária, do Ministério Público
e da Defensoria Pública da União e dos Territórios, e organização ju-
Poder Legislativo diciária e do Ministério Público do Distrito Federal (EC n. 69/2012);
— Criação, transformação e extinção de cargos, empregos e
— Estrutura funções públicas, observado o que estabelece o art. 84, VI, “b”, já
O Poder Legislativo no Brasil é bicameral, ou seja, composto que, quando vagos os cargos ou funções públicas, caberá ao Presi-
por duas casas: a Câmara dos Deputados e o Senado Federal, a pri- dente, mediante decreto, dispor sobre a extinção;
meira constituída por representantes do povo e a segunda, por re- — Criação e extinção de Ministérios e órgãos da Administração
presentantes dos Estados-Membros e do Distrito Federal (LENZA, Pública (confira, também, o art. 88 da CF/88, alterado pela EC n.
2019). Câmara e Senado formam o Congresso Nacional. 32/2001);
Já o Poder Legislativo em âmbito estadual, municipal, distrital — Telecomunicações e radiodifusão;
e dos Territórios Federais, é do tipo unicameral, composto por uma — Matéria financeira, cambial e monetária, instituições finan-
única casa legislativa, sendo a Assembleia Legislativa, composta pe- ceiras e suas operações;
los Deputados Estaduais, em âmbito estadual, e a Câmara Munici- — Moeda, seus limites de emissão e montante da dívida mo-
pal, composta pelos Vereadores em âmbito municipal. biliária federal;
As casas Legislativas são geralmente formadas por três instân-
cias: mesa diretora, comissões e plenário.
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— Fixação do subsídio dos Ministros do STF, observado o que II - proceder à tomada de contas do Presidente da República,
dispõem os arts. 39, § 4º; 150, II; 153, III; e 153, § 2.º, I (LENZA, quando não apresentadas ao Congresso Nacional dentro de sessen-
2019, p. 886). ta dias após a abertura da sessão legislativa;
III - elaborar seu regimento interno;
Também compete exclusivamente ao Congresso Nacional, nos IV – dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, cria-
termos do art. 49, CF: ção, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de
— Resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos in- seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remune-
ternacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao ração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes
patrimônio nacional; orçamentárias; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19,
— Autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a ce- de 1998).
lebrar a paz, a permitir que forças estrangeiras transitem pelo terri- V - eleger membros do Conselho da República, nos termos do
tório nacional ou nele permaneçam temporariamente, ressalvados art. 89, VII.
os casos previstos em lei complementar (cf. LC n. 90/97, com as
alterações introduzidas pela LC n. 149/2015); O Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados e
— Autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se do Distrito Federal e tem a mesma relevância e força dada à Câmara
ausentarem do País, quando a ausência exceder a quinze dias; dos Deputados.
— Aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autori- Segundo Lenza (2019) cada Estado e o Distrito Federal elegerão
zar o estado de sítio, ou suspender qualquer uma dessas medidas; 3 Senadores, sendo que cada Senador será eleito com 2 suplentes
— Sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem para o mandato de 8 anos, portanto, duas legislaturas. São requisi-
do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa; tos para a candidatura dos Senadores: ser brasileiro nato ou natura-
— Mudar temporariamente sua sede; lizado, maior de 35 anos, estar em pleno exercício dos direitos po-
— Fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais e os Se- líticos; ter domicílio eleitoral na circunscrição; alistamento eleitoral
nadores, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4.º, 150, II, e filiação partidária.
153, III, e 153, § 2.º, I;
— Fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:
República e dos Ministros de Estado, observado o que dispõem os I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da Re-
arts. 37, XI, 39, § 4.º, 150, II, 153, III, e 153, § 2.º, I; pública nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de
— Julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica
República e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles (Redação dada
governo; pela Emenda Constitucional nº 23, de 02/09/99);
— Fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas II processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal,
Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da administração os membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacio-
indireta; nal do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Ad-
— Zelar pela preservação de sua competência legislativa em vogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade (Redação
face da atribuição normativa dos outros Poderes; dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004);
— Apreciar os atos de concessão e renovação de concessão de III - aprovar previamente, por voto secreto, após arguição pú-
emissoras de rádio e televisão; blica, a escolha de:
— Escolher dois terços dos membros do Tribunal de Contas da a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição;
União; b) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo Pre-
— Aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a ativida- sidente da República;
des nucleares; c) Governador de Território;
— Autorizar referendo e convocar plebiscito; d) Presidente e diretores do banco central;
— Autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveita- e) Procurador-Geral da República;
mento de recursos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas mine- f) titulares de outros cargos que a lei determinar;
rais; IV - aprovar previamente, por voto secreto, após arguição em
— Aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras sessão secreta, a escolha dos chefes de missão diplomática de ca-
públicas com área superior a dois mil e quinhentos hectares (LEN- ráter permanente;
ZA, 2019, p. 887). V - autorizar operações externas de natureza financeira, de in-
teresse da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e
Competências privativas da Câmara dos Deputados e do Se- dos Municípios;
nado Federal VI - fixar, por proposta do Presidente da República, limites glo-
As matérias de competência privativa dos Deputados Federais bais para o montante da dívida consolidada da União, dos Estados,
não dependerão de sanção presidencial, nos termos do art. 48, do Distrito Federal e dos Municípios;
caput, CF e estão previstas no art. 51, CF. Tais atribuições, geram VII - dispor sobre limites globais e condições para as operações
espécies normativas materializadas por meio de resoluções. de crédito externo e interno da União, dos Estados, do Distrito Fede-
ral e dos Municípios, de suas autarquias e demais entidades contro-
Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Deputados: ladas pelo Poder Público federal;
I - autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de VIII - dispor sobre limites e condições para a concessão de ga-
processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e os rantia da União em operações de crédito externo e interno;
Ministros de Estado; IX - estabelecer limites globais e condições para o montante da
dívida mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

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X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada As hipóteses da iniciativa são: geral, concorrente, privativa, po-
inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal; pular, conjunta, do art. 67 e a parlamentar ou extraparlamentar. De
XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a exone- maneira ampla, a CF atribui competência às seguintes pessoas e aos
ração, de ofício, do Procurador-Geral da República antes do término órgãos, conforme prevê o art. 61, caput (iniciativa geral): qualquer
de seu mandato; Deputado Federal ou Senador da República; Comissão da Câmara
XII - elaborar seu regimento interno; dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional; Pre-
XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, sidente da República; Supremo Tribunal Federal; Tribunais Superio-
criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções res; Procurador-Geral da República e cidadãos (LENZA, 2019).
de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva re- A fase constitutiva expressa a conjugação de vontades do legis-
muneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de dire- lativo (deliberação parlamentar - discussão e votação) e do executi-
trizes orçamentárias (Redação dada pela Emenda Constitucional nº vo (deliberação executiva - sanção ou veto). A discussão e votação
19, de 1998); dos projetos de lei de iniciativa do Presidente da República, do Su-
XIV - eleger membros do Conselho da República, nos termos premo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, bem como os
do art. 89, VII. projetos de iniciativa concorrente dos Deputados ou de Comissões
XV - avaliar periodicamente a funcionalidade do Sistema Tribu- da Câmara, os de iniciativa do Procurador-Geral da República e, na-
tário Nacional, em sua estrutura e seus componentes, e o desempe- turalmente, os de iniciativa popular terão início na Câmara dos De-
nho das administrações tributárias da União, dos Estados e do Dis- putados, sendo esta, portanto, a casa iniciadora e o Senado Federal,
trito Federal e dos Municípios (Incluído pela Emenda Constitucional em todas essas hipóteses lembradas, a casa revisora. Perante o Se-
nº 42, de 19.12.2003). nado Federal são propostos somente os projetos de lei de iniciativa
Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II, funcio- dos Senadores ou de Comissões do Senado, funcionando, nesses
nará como Presidente o do Supremo Tribunal Federal, limitando-se casos, a Câmara dos Deputados como casa revisora (LENZA, 2019).
a condenação, que somente será proferida por dois terços dos vo- Ainda segundo Lenza (2019), terminada a fase de discussão
tos do Senado Federal, à perda do cargo, com inabilitação, por oito e votação, aprovado o projeto de lei, deverá ele ser encaminhado
anos, para o exercício de função pública, sem prejuízo das demais para a apreciação do Chefe do Executivo para sanção, concordân-
sanções judiciais cabíveis. cia, ou veto, discordância total ou parcial. A sanção poderá ser ex-
pressa ou tácita e representa o momento em que o projeto de lei
— Processo legislativo se transforma em lei, para promulgação. Em caso de discordância,
O processo legislativo é o conjunto de regras constitucional- poderá o Presidente da República vetar o projeto de lei, total ou
mente previstas para elaboração das normas e leis previstas no art. parcialmente, no prazo de 15 dias úteis, contados da data do rece-
59, CF, pelo Poder Legislativo. bimento. O veto deverá ser sempre expresso e justificado, podendo
ser considerado inconstitucional (veto jurídico), ou contrário ao in-
Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de: teresse público (veto político). O veto é irretratável, porém, relativo,
I - emendas à Constituição; podendo ser derrubado em sessão conjunta da Câmara e do Sena-
II - leis complementares; do, dentro de 30 dias a contar de seu recebimento, pelo voto da
III - leis ordinárias; maioria absoluta dos Deputados e Senadores.
IV - leis delegadas; A fase final ou complementar do processo legislativo compre-
V - medidas provisórias; ende a promulgação e a publicação. A promulgação é o ato de vali-
VI - decretos legislativos; dade da lei, ainda não eficaz. E a publicação é o ato de se dar publi-
VII - resoluções. cidade a nova lei, inserindo o conteúdo do texto no Diário Oficial.
Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elaboração, Com a publicação se estabelece o momento da obrigatoriedade
redação, alteração e consolidação das leis. do cumprimento da lei. Em regra, a lei começa a vigorar em todo
o país, 45 dias depois de sua publicação, nos termos da Lei de In-
O processo legislativo brasileiro é o indireto ou representativo, trodução às Normas do Direito Brasileiro. Excepcionalmente, a Lei
pelo qual o povo escolhe seus mandatários (parlamentares), que também pode entrar em vigor na data de sua publicação.
receberão de forma autônoma poderes para decidir sobre os as-
suntos de sua competência constitucional. Há quatro espécies de — Fiscalização contábil, financeira e orçamentária
processos ou procedimentos legislativos, o comum ou ordinário, o A fiscalização contábil, financeira e orçamentária dos órgãos da
sumário, os especiais e os especialíssimos. União e da Administração Pública são de competência interna do
O processo legislativo ordinário se destina à elaboração das leis sistema de controle de cada Poder e externo, do Congresso Nacio-
ordinárias, caracterizando-se pela sua maior extensão. O processo nal, com auxílio do Tribunal de Contas.
legislativo sumário, difere-se do ordinário apenas pela existência de
prazo para que o Congresso Nacional delibere sobre determinado Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, ope-
assunto. Os processos legislativos especiais são estabelecidos para racional e patrimonial da União e das entidades da administração
a elaboração das emendas à Constituição, leis complementares, leis direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade,
delegadas, medidas provisórias, decretos-legislativos e resoluções. aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo
E, o especialíssimo é previsto para leis financeiras e orçamentárias. Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de
São basicamente três as etapas ou fases do processo legislativo controle interno de cada Poder.
brasileiro, havendo divergências doutrinárias: a iniciativa, a consti- Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurí-
tutiva, que compreende a deliberação parlamentar, com a discus- dica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou
são e votação, e a deliberação executiva, através da sanção ou veto, administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União
e a complementar, que compreende a promulgação e a publicação.

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DIREITO CONSTITUCIONAL
responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de nature- § 2º Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de
za pecuniária (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de noventa dias, não efetivar as medidas previstas no parágrafo ante-
1998). rior, o Tribunal decidirá a respeito.
§ 3º As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito
O Tribunal de Contas da União é o órgão auxiliar e de orienta- ou multa terão eficácia de título executivo.
ção do Poder Legislativo, embora autônomo e a ele não subordina- § 4º O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional, trimestral
do, praticando atos de natureza administrativa, concernentes, ba- e anualmente, relatório de suas atividades.
sicamente, à fiscalização. Deve, portanto, examinar rotineiramente Art. 72. A Comissão mista permanente a que se refere o art.
as contas públicas, nos termos do art. 71 e seguintes da Constitui- 166, §1º, diante de indícios de despesas não autorizadas, ainda que
ção Federal: sob a forma de investimentos não programados ou de subsídios não
aprovados, poderá solicitar à autoridade governamental responsá-
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, vel que, no prazo de cinco dias, preste os esclarecimentos necessá-
será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual rios.
compete: § 1º Não prestados os esclarecimentos, ou considerados estes
I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da insuficientes, a Comissão solicitará ao Tribunal pronunciamento
República, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em conclusivo sobre a matéria, no prazo de trinta dias.
sessenta dias a contar de seu recebimento; § 2º Entendendo o Tribunal irregular a despesa, a Comissão,
II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis se julgar que o gasto possa causar dano irreparável ou grave lesão
por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e in- à economia pública, proporá ao Congresso Nacional sua sustação.
direta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas Art. 73. O Tribunal de Contas da União, integrado por nove Mi-
pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa nistros, tem sede no Distrito Federal, quadro próprio de pessoal e
a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao jurisdição em todo o território nacional, exercendo, no que couber,
erário público; as atribuições previstas no art. 96.
III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de § 1º Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão nomea-
admissão de pessoal, a qualquer título, na administração direta e dos dentre brasileiros que satisfaçam os seguintes requisitos:
indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder I - mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de
Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em idade;
comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas II - idoneidade moral e reputação ilibada;
e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o III - notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e
fundamento legal do ato concessório; financeiros ou de administração pública;
IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, IV - mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva ati-
do Senado Federal, de Comissão técnica ou de inquérito, inspeções vidade profissional que exija os conhecimentos mencionados no in-
e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, ope- ciso anterior.
racional e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes § 2º Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão esco-
Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais entidades referidas no lhidos:
inciso II; I - um terço pelo Presidente da República, com aprovação do
V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais Senado Federal, sendo dois alternadamente dentre auditores e
de cujo capital social a União participe, de forma direta ou indireta, membros do Ministério Público junto ao Tribunal, indicados em lista
nos termos do tratado constitutivo; tríplice pelo Tribunal, segundo os critérios de antiguidade e mere-
VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela cimento;
União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos II - dois terços pelo Congresso Nacional.
congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município; § 3° Os Ministros do Tribunal de Contas da União terão as mes-
VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacio- mas garantias, prerrogativas, impedimentos, vencimentos e van-
nal, por qualquer de suas Casas, ou por qualquer das respectivas tagens dos Ministros do Superior Tribunal de Justiça, aplicando-se-
Comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, -lhes, quanto à aposentadoria e pensão, as normas constantes do
operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspe- art. 40 (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998).
ções realizadas; § 4º O auditor, quando em substituição a Ministro, terá as mes-
VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de des- mas garantias e impedimentos do titular e, quando no exercício das
pesa ou irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, que demais atribuições da judicatura, as de juiz de Tribunal Regional
estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao dano Federal.
causado ao erário; Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário mante-
IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as pro- rão, de forma integrada, sistema de controle interno com a finali-
vidências necessárias ao exato cumprimento da lei, se verificada dade de:
ilegalidade; I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano pluria-
X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, co- nual, a execução dos programas de governo e dos orçamentos da
municando a decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal; União;
XI - representar ao Poder competente sobre irregularidades ou II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à
abusos apurados. eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimo-
§ 1º No caso de contrato, o ato de sustação será adotado dire- nial nos órgãos e entidades da administração federal, bem como
tamente pelo Congresso Nacional, que solicitará, de imediato, ao da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado;
Poder Executivo as medidas cabíveis. III - exercer o controle das operações de crédito, avais e garan-
tias, bem como dos direitos e haveres da União;
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DIREITO CONSTITUCIONAL
IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional.
§ 1º Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciência
ao Tribunal de Contas da União, sob pena de responsabilidade solidária.
§ 2º Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou
ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União.

Embora tenha o nome de Tribunal, é órgão administrativo que não exerce função judicial. Entretanto, apesar de não ser órgão judicial,
o cumprimento de suas decisões é obrigatório. O Tribunal de Contas pode responsabilizar entidades e agentes por débitos irregulares e
aplicar multas, nos termos da lei, decisões, essas, que têm eficácia de título executivo. Pode determinar também que se adotem as provi-
dências necessárias ao exato cumprimento da lei.
A aprovação de contas pelo Tribunal de Contas não afasta o seu exame pelo Legislativo ou pelo Judiciário.
O modelo federal deverá ser seguido pelos Estados-membros, Distrito Federal e Municípios, inclusive em relação à composição e
modo de investidura dos respectivos conselheiros, respeitando-se as proporcionalidades de escolha entre o Poder Executivo e o Poder
Legislativo, nos mesmos moldes da Constituição Federal.

Art. 75. As normas estabelecidas nesta seção aplicam-se, no que couber, à organização, composição e fiscalização dos Tribunais de
Contas dos Estados e do Distrito Federal, bem como dos Tribunais e Conselhos de Contas dos Municípios.
Parágrafo único. As Constituições estaduais disporão sobre os Tribunais de Contas respectivos, que serão integrados por sete Conse-
lheiros.

— Comissões parlamentares de inquérito


De modo geral, as comissões parlamentares são organismos instituídos em cada Câmara, para uma determinada finalidade, como
estudar e examinar as proposições legislativas e apresentar pareceres. As CPIs são comissões investigativas temporárias, destinadas a
averiguação e apuração de fato certo e determinado e estão disciplinadas no art. 58, § 3.º, da CF/88, na Lei n. 1.579/52 (alterada pelas Leis
10.679/2003 e 13.367/2016), na Lei n. 10.001/2000, na LC n. 105/2001 e nos Regimentos Internos das Casas Legislativas.
As CPIs serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento
de 1/3 da totalidade de seus membros, com indicação precisa do fato a ser apurado na investigação parlamentar e do prazo certo para o
desenvolvimento e conclusão dos trabalhos.
Além de ouvir testemunhas e investigados as CPIs podem determinar quebra do sigilo fiscal, bancário e de dados, inclusive telefônicos.

Poder Judiciário

— Disposições gerais
Mais do que o Poder incumbido da função e prestação jurisdicional, é o Poder Judiciário o guardião da Constituição e garantidor dos
direitos fundamentais. A função jurisdicional só pode ser desempenhada pelo Poder Judiciário, único poder capaz de produzir decisões
que venham se revestir da força de coisa julgada.
O Judiciário não é subordinado ao governo e suas principais características são a independência, autonomia a imparcialidade, funda-
mentais para que a lei possa ser aplicada ao caso concreto até mesmo em desfavor do governo e da administração.
A função típica do Poder Judiciário é a prestação jurisdicional, mas este também exerce funções atípicas, legislativas, como a edição
de normas regimentais de seus órgãos, e administrativas, como a concessão de férias aos seus membros e serventuários e o provimento
dos cargos de juiz de carreira na respectiva jurisdição.
Para garantir a independência do exercício da jurisdição, os membros do Poder judiciário gozam de algumas garantias, tais como:
vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de vencimentos.

— Órgãos do poder judiciário


Conforme art. 92, CF são órgãos do Poder Judiciário:
— Supremo Tribunal Federal (STF);
— Conselho Nacional de Justiça (CNJ);
— Superior Tribunal de Justiça (STJ);
— Tribunal Superior do Trabalho (TST);
— Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais (TRFs);
— Tribunais e Juízes do Trabalho (TRTs);
— Tribunais e Juízes Eleitorais (TREs);
— Tribunais e Juízes Militares (TJM);
— Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios (TJs).

O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional de Justiça e os Tribunais Superiores têm sede na Capital Federal e jurisdição em
todo o território nacional.

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DIREITO CONSTITUCIONAL
O CNJ é um órgão do Poder Judiciário, entretanto, goza de autonomia e independência e não está hierarquicamente subordinado a
nenhum outro órgão de nenhuma das instâncias. Também não está acima do STF ou abaixo dele, pois exerce a fiscalização dos atos de
todos os outros órgãos e o controle disciplinar de todos os membros do Judiciário.

O STF é o órgão máximo e a mais alta instância do Judiciário brasileiro. É o guardião da Constituição Federal.

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente:
a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de
lei ou ato normativo federal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993),
b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus próprios Mi-
nistros e o Procurador-Geral da República;
c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e
da Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de
missão diplomática de caráter permanente; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999).
d) o habeas corpus, sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas anteriores; o mandado de segurança e o habeas data
contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do
Procurador-Geral da República e do próprio Supremo Tribunal Federal;
e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e a União, o Estado, o Distrito Federal ou o Território;
f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o Distrito Federal, ou entre uns e outros, inclusive as respectivas enti-
dades da administração indireta;
g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro;
i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou quando o coator ou o paciente for autoridade ou funcionário cujos atos
estejam sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma jurisdição em uma única ins-
tância; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 22, de 1999).
j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus julgados;
l) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões;
m) a execução de sentença nas causas de sua competência originária, facultada a delegação de atribuições para a prática de atos
processuais;
n) a ação em que todos os membros da magistratura sejam direta ou indiretamente interessados, e aquela em que mais da metade
dos membros do tribunal de origem estejam impedidos ou sejam direta ou indiretamente interessados;
o) os conflitos de competência entre o Superior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais, entre Tribunais Superiores, ou entre estes e
qualquer outro tribunal;
p) o pedido de medida cautelar das ações diretas de inconstitucionalidade;
q) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição do Presidente da República, do Congresso
Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da União, de
um dos Tribunais Superiores, ou do próprio Supremo Tribunal Federal;
r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e contra o Conselho Nacional do Ministério Público; (Incluída pela Emenda Constitu-
cional nº 45, de 2004).
II - julgar, em recurso ordinário:

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a) o habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas data e Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os
o mandado de injunção decididos em única instância pelos Tribunais princípios estabelecidos nesta Constituição.
Superiores, se denegatória a decisão; § 1º A competência dos tribunais será definida na Constituição
b) o crime político; do Estado, sendo a lei de organização judiciária de iniciativa do Tri-
III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas bunal de Justiça.
em única ou última instância, quando a decisão recorrida: § 2º Cabe aos Estados a instituição de representação de incons-
a) contrariar dispositivo desta Constituição; titucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou municipais
b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; em face da Constituição Estadual, vedada a atribuição da legitima-
c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face ção para agir a um único órgão.
desta Constituição. § 3º A lei estadual poderá criar, mediante proposta do Tribunal
d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal. (In- de Justiça, a Justiça Militar estadual, constituída, em primeiro grau,
cluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004). pelos juízes de direito e pelos Conselhos de Justiça e, em segundo
§ 1º A arguição de descumprimento de preceito fundamental, grau, pelo próprio Tribunal de Justiça, ou por Tribunal de Justiça Mi-
decorrente desta Constituição, será apreciada pelo Supremo Tri- litar nos Estados em que o efetivo militar seja superior a vinte mil
bunal Federal, na forma da lei. (Transformado em § 1º pela Emen- integrantes (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de
da Constitucional nº 3, de 17/03/93). 2004).
§ 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supre- § 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os
mo Tribunal Federal, nas ações diretas de inconstitucionalidade e militares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e as
nas ações declaratórias de constitucionalidade produzirão eficácia ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a com-
contra todos e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos petência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal com-
do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas petente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da
esferas federal, estadual e municipal. (Redação dada pela Emenda graduação das praças (Redação dada pela Emenda Constitucional
Constitucional nº 45, de 2004). nº 45, de 2004).
§ 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá demons- § 5º Compete aos juízes de direito do juízo militar processar
trar a repercussão geral das questões constitucionais discutidas e julgar, singularmente, os crimes militares cometidos contra civis
no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a ad- e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, cabendo ao
missão do recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação Conselho de Justiça, sob a presidência de juiz de direito, processar e
de dois terços de seus membros. (Incluída pela Emenda Constitu- julgar os demais crimes militares. (Incluído pela Emenda Cons-
cional nº 45, de 2004). titucional nº 45, de 2004).
§ 6º O Tribunal de Justiça poderá funcionar descentralizada-
Por sua vez, o STJ é a corte jurisdicional responsável por unifor- mente, constituindo Câmaras regionais, a fim de assegurar o pleno
mizar a interpretação da lei federal em todo o Brasil, composta por acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo.
33 ministros. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004).
Segundo dados do próprio site do STJ (2021), é de sua res- § 7º O Tribunal de Justiça instalará a justiça itinerante, com a
ponsabilidade a solução definitiva dos casos civis e criminais que realização de audiências e demais funções da atividade jurisdicio-
não envolvam matéria constitucional nem a justiça especializada. nal, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de
O principal tipo de processo julgado pelo STJ é o recurso especial, equipamentos públicos e comunitários (Incluído pela Emenda Cons-
que serve fundamentalmente para que o tribunal resolva interpre- titucional nº 45, de 2004).
tações divergentes sobre um determinado dispositivo de lei.
É ainda de responsabilidade do STJ resolver crimes de autori- — Conselho Nacional de Justiça (CNJ)
dades, magistrados e políticos, federalizar processos de grande vio- Segundo conceitua o próprio site do CNJ (2021), o Conselho
lação de Direitos Humanos, julgar habeas corpus, habeas data ou Nacional de Justiça (CNJ) é uma instituição pública que visa aperfei-
mandado de segurança, contra ato ilegal de governadores, desem- çoar o trabalho do sistema judiciário brasileiro, principalmente no
bargadores ou conselheiros de tribunais de contas e outras autori- que diz respeito ao controle e à transparência administrativa e pro-
dades, bem como habeas corpus e mandados de segurança nega- cessual, desenvolvendo políticas judiciárias que promovam a efeti-
dos em 2ª instância pelos Tribunais de Justiça ou Tribunais Federais. vidade e a unidade do Poder Judiciário, orientadas para os valores
É também responsável pela administração da Justiça Federal e por de justiça e paz social, impulsionando cada vez mais a efetividade
solucionar conflitos de competência entre Tribunais. Todas as suas da Justiça brasileira.
competências estão expressas no art. 105, CF (STJ, 2021).
Já os Tribunais de Justiça compreendem a 2ª instância do ju- Composição
diciário brasileiro e os juízes estaduais ou juízes de direito corres- Criado com a Emenda Constitucional nº 45, o Conselho Nacio-
pondem à primeira instância da Justiça comum. Cada estado tem nal de Justiça é composto por 15 (quinze) membros com mandato
seu tribunal. Os tribunais são também responsáveis pelos Juizados de 2 (dois) anos, admitida 1 (uma) recondução, nos termos do art.
Especiais Cíveis e Criminais suas Turmas recursais, regidos pela Lei 103-B, CF, sendo: o Presidente do Supremo Tribunal Federal; um
9099/1995, e os Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cida- Ministro do Superior Tribunal de Justiça, indicado pelo respectivo
dania – CEJUSCs. Em sede de 1ª instância, os juízes de direito são os tribunal; um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, indicado
responsáveis pelas diversas varas, espalhadas nas comarcas. Cada pelo respectivo tribunal; um desembargador de Tribunal de Justiça,
tribunal será responsável por sua organização estrutural. indicado pelo Supremo Tribunal Federal; um juiz estadual, indicado
pelo Supremo Tribunal Federal; um juiz de Tribunal Regional Fede-
ral, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça; um juiz federal, indi-
cado pelo Superior Tribunal de Justiça; um juiz de Tribunal Regional
do Trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho; um juiz
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DIREITO CONSTITUCIONAL
do trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho; um mem- • Constituição Jurídica
bro do Ministério Público da União, indicado pelo Procurador-Geral Fundada nas lições de Hans Kelsen, em 1934, é aquela que se
da República; um membro do Ministério Público estadual, escolhi- constitui em norma hipotética fundamental pura, que traz funda-
do pelo Procurador-Geral da República dentre os nomes indicados mento transcendental para sua própria existência (sentido lógico-
pelo órgão competente de cada instituição estadual; dois advoga- -jurídico), e que, por se constituir no conjunto de normas com mais
dos, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do alto grau de validade, deve servir de pressuposto para a criação das
Brasil; dois cidadãos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, demais normas que compõem o ordenamento jurídico (sentido ju-
indicados um pela Câmara dos Deputados e outro pelo Senado Fe- rídico-positivo).
deral. É sempre presidido pelo Presidente do STF. Na concepção jurídico-positiva de Hans Kelsen, a Constituição
ocupa o ápice da pirâmide normativa, servindo como paradigma
Competências máximo de validade para todas as demais normas do ordenamento
— Elaborar projetos, propostas ou estudos sobre matérias de jurídico.
competência do CNJ e apresentá-los nas sessões plenárias ou reu- Ou seja, as leis e os atos infralegais são hierarquicamente
niões de Comissões, observada a pauta fixada pelos respectivos inferiores à Constituição e, por isso, somente serão válidos se não
Presidentes; contrariarem as suas normas.
— Requisitar de quaisquer órgãos do Poder Judiciário, do CNJ e Abaixo, segue a imagem ilustrativa da Pirâmide Normativa:
de outras autoridades competentes as informações e os meios que
considerem úteis para o exercício de suas funções; Pirâmide Normativa
— Propor à Presidência a constituição de grupos de trabalho ou
Comissões necessários à elaboração de estudos, propostas e proje-
tos a serem apresentados ao Plenário do CNJ;
— Propor a convocação de técnicos, especialistas, representan-
tes de entidades ou autoridades para prestar os esclarecimentos
que o CNJ entenda convenientes;
— Pedir vista dos autos de processos em julgamento;
— Participar das sessões plenárias para as quais forem regular-
mente convocados;
— Despachar, nos prazos legais, os requerimentos ou expe-
dientes que lhes forem dirigidos;
— Desempenhar as funções de Relator nos processos que lhes
forem distribuídos (CNJ, 2021).

TEORIA GERAL DA CONSTITUIÇÃO. CONCEITO. ORI-


GENS. CONTEÚDO. ESTRUTURA. CLASSIFICAÇÃO. TIPOS Como Normas Infraconstitucionais entendem-se as Leis Com-
DE CONSTITUIÇÃO. PODER CONSTITUINTE plementares e Ordinárias;
Como Normas Infralegais entendem-se os Decretos, Portarias,
Instruções Normativas, Resoluções, etc.
Conceito de Constituição
A Constituição é a norma suprema que rege a organização de Constitucionalismo
um Estado Nacional. Canotilho define o constitucionalismo como uma teoria (ou
Por não haver na doutrina um consenso sobre o conceito de ideologia) que ergue o princípio do governo limitado indispensável
Constituição, faz-se importante o estudo das diversas concepções à garantia dos direitos em dimensão estruturante da organização
que o englobam. Então vejamos: político-social de uma comunidade.
Neste sentido, o constitucionalismo moderno representará
• Constituição Sociológica uma técnica específica de limitação do poder com fins garantísticos.
Idealizada por Ferdinand Lassalle, em 1862, é aquela que deve O conceito de constitucionalismo transporta, assim, um claro
traduzir a soma dos fatores reais de poder que rege determinada juízo de valor. É, no fundo, uma teoria normativa da política, tal
nação, sob pena de se tornar mera folha de papel escrita, que não como a teoria da democracia ou a teoria do liberalismo.
corresponde à Constituição real. Partindo, então, da ideia de que o Estado deva possuir uma
Constituição, avança-se no sentido de que os textos constitucionais
• Constituição Política contêm regras de limitação ao poder autoritário e de prevalência
Desenvolvida por Carl Schmitt, em 1928, é aquela que decorre dos direitos fundamentais, afastando-se a visão autoritária do an-
de uma decisão política fundamental e se traduz na estrutura do tigo regime.
Estado e dos Poderes e na presença de um rol de direitos funda-
mentais. As normas que não traduzirem a decisão política funda- Poder Constituinte Originário, Derivado e Decorrente - Refor-
mental não serão Constituição propriamente dita, mas meras leis ma (Emendas e Revisão) e Mutação da Constituição
constitucionais. Canotilho afirma que o poder constituinte tem suas raízes em
uma força geral da Nação. Assim, tal força geral da Nação atribui ao
povo o poder de dirigir a organização do Estado, o que se conven-
cionou chamar de poder constituinte.

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a solução para o seu concurso!
DIREITO CONSTITUCIONAL
Munido do poder constituinte, o povo atribui parcela deste a em exame, ao passo que a interpretação consiste em desvendar o
órgãos estatais especializados, que passam a ser denominados de real significado da norma. É, enfim, a ciência da interpretação das
Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário). normas constitucionais.
Portanto, o poder constituinte é de titularidade do povo, mas A interpretação das normas constitucionais é realizada a partir
é o Estado, por meio de seus órgãos especializados, que o exerce. da aplicação de um conjunto de métodos hermenêuticos desenvol-
vidos pela doutrina e pela jurisprudência. Vejamos cada um deles:
• Poder Constituinte Originário
É aquele que cria a Constituição de um novo Estado, • Método Hermenêutico Clássico
organizando e estabelecendo os poderes destinados a reger os Também chamado de método jurídico, desenvolvido por Ernest
interesses de uma sociedade. Não deriva de nenhum outro poder, Forsthoff, considera a Constituição como uma lei em sentido amplo,
não sofre qualquer limitação na órbita jurídica e não se subordina a logo, a arte de interpretá-la deverá ser realizada tal qual a de uma
nenhuma condição, por tudo isso é considerado um poder de fato lei, utilizando-se os métodos de interpretação clássicos, como, por
ou poder político. exemplo, o literal, o lógico-sistemático, o histórico e o teleológico.
→ Literal ou gramatical: examina-se separadamente o sentido
• Poder Constituinte Derivado de cada vocábulo da norma jurídica. É tida como a mais singela for-
Também é chamado de Poder instituído, de segundo grau ou ma de interpretação, por isso, nem sempre é o mais indicado;
constituído, porque deriva do Poder Constituinte originário, encon- → Lógico-sistemático: conduz ao exame do sentido e do alcan-
trando na própria Constituição as limitações para o seu exercício, ce da norma de forma contextualizada ao sistema jurídico que inte-
por isso, possui natureza jurídica de um poder jurídico. gra. Parte do pressuposto de que a norma é parcela integrante de
um todo, formando um sistema jurídico articulado;
• Poder Constituinte Derivado Decorrente → Histórico: busca-se no momento da produção normativa o
É a capacidade dos Estados, Distrito Federal e unidades da verdadeiro sentido da lei a ser interpretada;
Federação elaborarem as suas próprias Constituições (Lei Orgânica), → Teleológico: examina o fim social que a norma jurídica pre-
no intuito de se auto-organizarem. O exercente deste Poder são as tendeu atingir. Possui como pressuposto a intenção do legislador ao
Assembleias Legislativas dos Estados e a Câmara Legislativa do Dis- criar a norma.
trito Federal.
• Método Tópico-Problemático
• Poder Constituinte Derivado Reformador Este método valoriza o problema, o caso concreto. Foi ideali-
Pode editar emendas à Constituição. O exercente deste Poder zado por Theodor Viehweg. Ele interpreta a Constituição tentando
é o Congresso Nacional. adaptar o problema concreto (o fato social) a uma norma consti-
tucional. Busca-se, assim, solucionar o problema “encaixando” em
• Mutação da Constituição uma norma prevista no texto constitucional.
A interpretação constitucional deverá levar em consideração
todo o sistema. Em caso de antinomia de normas, buscar-se-á a so- • Método Hermenêutico-Concretizador
lução do aparente conflito através de uma interpretação sistemáti- Seu principal mentor foi Konrad Hesse. Concretizar é aplicar a
ca, orientada pelos princípios constitucionais. norma abstrata ao caso concreto.
Este método reconhece a relevância da pré-compreensão do
Assim, faz-se importante diferenciarmos reforma e mutação intérprete acerca dos elementos envolvidos no texto constitucional
constitucional. Vejamos: a ser desvendado.
→ Reforma Constitucional seria a modificação do texto consti- A reformulação desta pré-compreensão e a subsequente re-
tucional, através dos mecanismos definidos pelo poder constituinte leitura do texto normativo, com o posterior contraponto do novo
originário (emendas), alterando, suprimindo ou acrescentando ar- conteúdo obtido com a realidade social (movimento de ir e vir) de-
tigos ao texto original. ve-se repetir continuamente até que se chegue à solução ótima do
→ Mutações Constitucionais não seria alterações físicas, pal- problema. Esse movimento é denominado círculo hermenêutico ou
páveis, materialmente perceptíveis, mas sim alterações no significa- espiral hermenêutica.
do e sentido interpretativo de um texto constitucional. A transfor-
mação não está no texto em si, mas na interpretação daquela regra • Método Científico-Espiritual
enunciada. O texto permanece inalterado. Desenvolvido por Rudolf Smend. Baseia-se no pressuposto de
que o intérprete deve buscar o espírito da Constituição, ou seja, os
As mutações constitucionais, portanto, exteriorizam o caráter valores subjacentes ao texto constitucional.
dinâmico e de prospecção das normas jurídicas, através de proces- É um método marcadamente sociológico que analisa as normas
sos informais. Informais no sentido de não serem previstos dentre constitucionais a partir da ordem de valores imanentes do texto
aquelas mudanças formalmente estabelecidas no texto constitucio- constitucional, a fim de alcançar a integração da Constituição com
nal. a realidade social.

Métodos de Interpretação Constitucional • Método Normativo-Estruturante


A hermenêutica constitucional tem por objeto o estudo e a Pensado por Friedrich Muller, parte da premissa de que não há
sistematização dos processos aplicáveis para determinar o sentido uma identidade entre a norma jurídico-constitucional e o texto nor-
e o alcance das normas constitucionais. É a ciência que fornece a mativo. A norma constitucional é mais ampla, uma vez que alcança
técnica e os princípios segundo os quais o operador do Direito po- a realidade social subjacente ao texto normativo.
derá apreender o sentido social e jurídico da norma constitucional

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DIREITO CONSTITUCIONAL
Assim, compete ao intérprete identificar o conteúdo da norma • Princípio da Presunção de Constitucionalidade das Leis
constitucional para além do texto normativo. Daí concluir-se que a Segundo ele, presumem-se constitucionais as leis e atos nor-
norma jurídica só surge após a interpretação do texto normativo. mativos primários até que o Poder Judiciário os declare inconstitu-
cionais. Ou seja, gozam de presunção relativa.
Princípios de Interpretação Constitucional
• Princípio da Simetria
• Princípio da Unidade da Constituição Deste princípio extrai-se que, as Constituições Estaduais, a Lei
O texto constitucional deve ser interpretado de forma a evitar Orgânica do Distrito Federal e as Leis Orgânicas Municipais devem
contradições internas (antinomias), sobretudo entre os princípios seguir o modelo estatuído na Constituição Federal.
constitucionais estabelecidos. O intérprete deve considerar a Cons-
tituição na sua totalidade, harmonizando suas aparentes contradi- • Princípio dos Poderes Implícitos
ções. Segundo a teoria dos poderes implícitos, para cada dever ou-
torgado pela Constituição Federal a um determinado órgão, são im-
• Princípio do Efeito Integrador plicitamente conferidos amplos poderes para o cumprimento dos
Traduz a ideia de que na resolução dos problemas jurídico- objetivos constitucionais.
-constitucionais deve-se dar primazia aos critérios que favoreçam a
unidade político-social, uma vez que a Constituição é um elemento Classificação das Constituições
do processo de integração comunitária.
• Quanto à Origem
• Princípio da Máxima Efetividade a) Democrática, Promulgada ou Popular: elaborada por legíti-
Também chamado de princípio da eficiência, ou princípio da mos representantes do povo, normalmente organizados em torno
interpretação efetiva, reza que a interpretação constitucional deve de uma Assembleia Constituinte;
atribuir o sentido que dê maior efetividade à norma constitucional b) Outorgada: Imposta pela vontade de um poder absolutista
para que ela cumpra sua função social. ou totalitário, não democrático;
É hoje um princípio aplicado a todas as normas constitucionais, c) Cesarista, Bonapartista, Plebiscitária ou Referendária: Cria-
sendo, sobretudo, aplicado na interpretação dos direitos da por um ditador ou imperador e posteriormente submetida à
fundamentais. aprovação popular por plebiscito ou referendo.

• Princípio da Justeza • Quanto ao Conteúdo


Também chamado de princípio da conformidade funcional, a) Formal: compõe-se do que consta em documento solene;
estabelece que os órgãos encarregados da interpretação constitu- b) Material: composta por regras que exteriorizam a forma de
cional não devem chegar a um resultado que subverta o esquema Estado, organizações dos Poderes e direitos fundamentais, poden-
organizatório e funcional traçado pelo legislador constituinte. do ser escritas ou costumeiras.
Ou seja, não pode o intérprete alterar a repartição de funções
estabelecida pelos Poderes Constituintes originário e derivado. • Quanto à Forma
a) Escrita ou Instrumental: formada por um texto;
• Princípio da Harmonização a.i) Escrita Legal – formada por um texto oriundo de documen-
Este princípio também é conhecido como princípio da concor- tos esparsos ou fragmentados;
dância prática, e determina que, em caso de conflito aparente entre a.ii) Escrita Codificada – formada por um texto inscrito em do-
normas constitucionais, o intérprete deve buscar a coordenação e cumento único.
a combinação dos bens jurídicos em conflito, de modo a evitar o b) Não Escrita: identificada a partir dos costumes, da jurispru-
sacrifício total de uns em relação aos outros. dência predominante e até mesmo por documentos escritos.

• Princípio da Força Normativa da Constituição • Quanto à Estabilidade, Mutabilidade ou Alterabilidade


Neste princípio o interprete deve buscar a solução hermenêu- a) Imutável: não prevê nenhum processo para sua alteração;
tica que possibilita a atualização normativa do texto constitucional, b) Fixa: só pode ser alterada pelo Poder Constituinte Originário;
concretizando sua eficácia e permanência ao longo do tempo. c) Rígida: o processo para a alteração de suas normas é mais
difícil do que o utilizado para criar leis;
• Princípio da Interpretação conforme a Constituição d) Flexível: o processo para sua alteração é igual ao utilizado
Este princípio determina que, em se tratando de atos norma- para criar leis;
tivos primários que admitem mais de uma interpretação (normas e) Semirrígida ou Semiflexível: dotada de parte rígida e parte
polissêmicas ou plurissignificativas), deve-se dar preferência à in- flexível.
terpretação legal que lhe dê um sentido conforme a Constituição. • Quanto à Extensão
a) Sintética: regulamenta apenas os princípios básicos de um
• Princípio da Supremacia Estado, organizando-o e limitando seu poder, por meio da estipula-
Nele, tem-se que a Constituição Federal é a norma suprema, ção de direitos e garantias fundamentais;
haja vista ser fruto do exercício do Poder Constituinte originário. b) Analítica: vai além dos princípios básicos e dos direitos fun-
Essa supremacia será pressuposto para toda interpretação jurídi- damentais, detalhando também outros assuntos, como de ordem
co-constitucional e para o exercício do controle de constituciona- econômica e social.
lidade.

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• Quanto à Finalidade
a) Garantia: contém proteção especial às liberdades públicas;
b) Dirigente: confere atenção especial à implementação de programas pelo Estado.

• Quanto ao Modo de Elaboração


a) Dogmática: sistematizada a partir de ideias fundamentais;
b) Histórica: de elaboração lenta, pois se materializa a partir dos costumes, que se modificam ao longo do tempo.

• Quanto à Ideologia
a) Ortodoxa: forjada sob a ótica de somente uma ideologia;
b) Eclética: fundada em valores plurais.

• Quanto ao Valor ou Ontologia (Karl Loewestein)


a) Normativa: dotada de valor jurídico legítimo;
b) Nominal: sem valor jurídico, apenas social;
c) Semântica: tem importância jurídica, mas não valoração legítima, pois é criada apenas para justificar o exercício de um Poder não
democrático.

Classificação da Constituição da República Federativa do Brasil


Democrática, Promulgada ou Formal Escrita Rígida Analítica Dirigente Dogmática Eclética Normativa
Popular

Classificação das Normas Constitucionais


– Normas Constitucionais de Eficácia Plena: Possuem aplicabilidade imediata, direta e integral.
– Normas Constitucionais de Eficácia Contida: Possuem aplicabilidade imediata, direta, mas não integral.
– Normas Constitucionais de Eficácia Limitada Definidoras de Princípios Institutivos: Possuem aplicabilidade indireta, dependem de
lei posterior para dar corpo a institutos jurídicos e aos órgãos ou entidades do Estado, previstos na Constituição.
– Normas Constitucionais de Eficácia Limitada Definidoras de Princípios Programáticos: Possuem aplicabilidade indireta, estabele-
cem programas, metas, objetivos a serem desenvolvidos pelo Estado, típicas das Constituições dirigentes.
– Normas Constitucionais de Eficácia Absoluta: Não podem ser abolidas nem mesmo por emenda à Constituição Federal.
– Normas Constitucionais de Eficácia Exaurida: Possuem aplicabilidade esgotada.
– Normas Constitucionais de Eficácia Negativa
→ Impedem a recepção das normas infraconstitucionais pré-constitucionais materialmente incompatíveis, revogando-as;
→ Impedem que sejam produzidas normas ulteriores que contrariem os programas por ela estabelecidos. Serve, assim, como parâ-
metro para o controle de constitucionalidade;
→ Obrigam a atuação do Estado no sentido de conferir eficácia aos programas estatuídos no texto constitucional.

História Constitucional Brasileira

• Constituição de 18243
Primeira Constituição brasileira, a Constituição Política do Império do Brasil foi outorgada por Dom Pedro I, em 25 de março de 1824.
Instalava-se um governo monárquico, hereditário, constitucional e representativo.
Além dos três Poderes, Legislativo, Judiciário e Executivo, havia ainda o Poder Moderador. O Poder Legislativo era exercido pela As-
sembleia Geral, composta de duas câmaras: a dos senadores, cujos membros eram vitalícios e nomeados pelo Imperador dentre integran-
tes de uma lista tríplice enviada pela Província, e a dos deputados, eletiva e temporária.
Nesta Constituição destacaram-se: o fortalecimento da figura do Imperador com a criação do Poder Moderador acima dos outros
Poderes; a indicação pelo Imperador dos presidentes que governariam as províncias; o sistema eletivo indireto e censitário, com o voto
restrito aos homens livres e proprietários e subordinado a seu nível de renda.
Em 1834 foi promulgado o Ato Adicional, que criava as Assembleias Legislativas provinciais e suprimia o Poder Moderador, só restau-
rado em 1840, com a Emenda Interpretativa do Ato Adicional.
Foi a constituição que vigorou por maior tempo, 65 anos.

• Constituição de 1891
Foi promulgada pelo Congresso Constitucional, o mesmo que elegeu Deodoro da Fonseca como Presidente. Tinha caráter liberal e
federalista, inspirado na tradição republicana dos Estados Unidos.
Instituiu o presidencialismo, concedeu grande autonomia aos estados da federação e garantiu a liberdade partidária.
Estabeleceu eleições diretas para a Câmara, o Senado e a Presidência da República, com mandato de quatro anos. Estabeleceu o voto
universal e não-secreto para homens acima de 21 anos e vetava o mesmo a mulheres, analfabetos, soldados e religiosos; determinou a
separação oficial entre o Estado e a Igreja Católica; instituiu o casamento civil e o habeas corpus; aboliu a pena de morte e extinguiu o
Poder Moderador.
3 https://www2.camara.leg.br/a-camara/visiteacamara/cultura-na-camara/copy_of_museu/publicacoes/arquivos-pdf/Constituicoes%20Brasileiras-PDF.pdf
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DIREITO CONSTITUCIONAL
Também nesta Constituição ficou estabelecida, em seu artigo • Constituição de 1967
terceiro, uma zona de 14.400 Km² no Planalto Central, para a futura Foi promulgada pelo Congresso Nacional durante o governo
Capital Federal. Castelo Branco.
A Constituição de 1891 vigorou por 39 anos. Oficializava e institucionalizava a ditadura do Regime Militar de
1964. Foi por muitos denominada de “Super Polaca”.
• Constituição de 1934 Conservou o bipartidarismo criado pelo Ato Adicional n° 2. Es-
Foi promulgada pela Assembleia Constituinte no primeiro go- tabeleceu eleições indiretas, por meio do Colégio Eleitoral, para a
verno do Presidente Getúlio Vargas e preservou a essência do mo- presidência da República, com quatro anos de mandato.
delo liberal da Constituição anterior. Foram incorporadas nas suas Disposições Transitórias os dispo-
Garantiu maior poder ao governo federal; instituiu o voto obri- sitivos do Ato Institucional n° 5 (AI-5), de 1968, dando permissão ao
gatório e secreto a partir dos 18 anos e o voto feminino, já instituí- presidente para, dentre outros, fechar o Congresso, cassar manda-
dos pelo Código Eleitoral de 1932; fixou um salário mínimo; intro- tos e suspender direitos políticos. Permitiu aos governos militares
duziu a organização sindical mantida pelo Estado. total liberdade de legislar em matéria política, eleitoral, econômica
Criou o mandado de segurança. Sob a rubrica “Da Ordem Eco- e tributária.
nômica e Social”, explicitava que deveria possibilitar “a todos exis- Desta forma, o Executivo acabou por substituir, na prática, o
tência digna” e sob a rubrica “Da família, da Educação e da Cultura” Legislativo e o Judiciário. Sofreu algumas reformas como a emen-
proclamava a educação “direito de todos”. da Constitucional nº 1, de 1969, outorgada pela Junta Militar. Tal
Mudou também o enfoque da democracia individualista para emenda se apresenta como um “complemento” às leis e regula-
a democracia social. Estabeleceu os critérios acerca da criação da mentações da Constituição de 1967.
Justiça do Trabalho e da Justiça Eleitoral. O Poder Legislativo seria Embora seja denominada por alguns como Constituição, já que
exercido pela Câmara dos Deputados com colaboração do Senado, promulgou um texto reformulado a partir da Constituição de 1967,
sendo aquela constituída por representantes eleitos pela popula- muitos são os que não a veem como tal. A verdade é que, a par-
ção e por organizações de caráter profissional e trabalhista. tir desta emenda, ficam mais claras as características políticas da
A Constituição de 1934 vigorou por 3 anos. ditadura militar. Continuava em vigor o Ato Institucional nº 5 e os
demais atos institucionais anteriormente baixados.
• Constituição de 1937 A Constituição de 1967 autorizava a expedição de decretos-lei,
No início de novembro de 1937, tropas da polícia militar do a nomeação de senadores pelas Assembleias Legislativas, a pror-
Distrito Federal cercaram o Congresso e impediram a entrada dos rogação do mandato presidencial para seis anos e a alteração da
parlamentares. No mesmo dia, Vargas apresentou uma nova fase proporcionalidade de deputados no Congresso.
política e a entrada em vigor de nova Carta Constitucional. Começa- A Constituição de 1967 vigorou por 21 anos.
va oficialmente o “Estado Novo”. Deu-se a supressão dos partidos
políticos e a concentração de poder nas mãos do chefe supremo. • Constituição de 1988
A Carta de 1937 possuía clara inspiração nos modelos fascistas Atualmente em vigor, a Constituição de 1988 foi promulgada
europeus, institucionalizando o regime ditatorial do Estado Novo. no governo de José Sarney. Foi elaborada por uma Assembleia
Ficaria conhecida como “Polaca”, devido a certas semelhanças com Constituinte, legalmente convocada e eleita e a primeira a permitir
a Constituição Polonesa de 1935. a incorporação de emendas populares.
Extinguiu o cargo de vice-presidente, suprimiu a liberdade po- O Presidente da Assembleia Nacional Constituinte, Ulysses Gui-
lítico partidária e anulou a independência dos Poderes e a autono- marães, ao entregá-la à nação, chamou-a de “Constituição Cidadã”.
mia federativa. Seus pontos principais são a República representativa, federati-
Essa Constituição permitiu a cassação da imunidade parlamen- va e presidencialista. Os direitos individuais e as liberdades públicas
tar, a prisão e o exílio de opositores. Instituiu a eleição indireta para são ampliados e fortalecidos. É garantida a inviolabilidade do direito
presidente da República, com mandato de seis anos; a pena de à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.
morte e a censura prévia nos meios de comunicação. Manteve os O Poder Executivo mantém sua forte influência, permitindo a
direitos trabalhistas. edição de medidas provisórias com força de lei (vigorantes por um
A Constituição de 1937 vigorou por 8 anos. mês, passíveis de serem reeditadas enquanto não forem aprovadas
ou rejeitadas pelo Congresso).
• Constituição de 1946 O voto se torna permitido e facultativo a analfabetos e maiores
Promulgada durante o governo do presidente Eurico Gaspar de 16 anos. A educação fundamental é apresentada como obrigató-
Dutra, foi elaborada sob os auspícios da derrota dos regimes totali- ria, universal e gratuita.
tários na Europa ao término da Segunda Guerra Mundial, refletia a Também são abordados temas como o dever da defesa do
redemocratização do Estado brasileiro. meio ambiente e de preservação de documentos, obras e outros
Restabeleceu os direitos individuais, extinguindo a censura e a bens de valor histórico, artístico e cultural, bem como os sítios ar-
pena de morte. Devolveu a independência dos três poderes, a au- queológicos.
tonomia dos estados e municípios e a eleição direta para presidente Reformas constitucionais começaram a ser votadas pelo Con-
da República, com mandato de cinco anos. gresso Nacional a partir de 1992. Algumas das principais medidas
Em 1961 sofreu importante reforma com a adoção do parla- abrem para a iniciativa privada atividades antes restritas à esfera de
mentarismo. Foi posteriormente anulada pelo plebiscito de 1963, ação do Estado, esvaziando, de certa forma, o poder e a influência
que restaurava o regime presidencialista. estatais em determinados setores.
A Constituição de 1946 vigorou por 21 anos.

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DIREITO CONSTITUCIONAL
A iniciativa privada, nacional ou internacional, recebe autoriza- Segundo a clássica lição de Kelsen o ordenamento jurídico pode
ção para explorar a pesquisa, a lavra e a distribuição dos derivados ser representado por uma pirâmide, sendo que no topo dela estão
de petróleo, as telecomunicações e o gás encanado. As empresas as normas constitucionais (Constituição Federal e demais normas
estrangeiras adquirem o direito de exploração dos recursos mine- materialmente constitucionais), as quais são consideradas normas
rais e hídricos. de validade dos demais atos normativos do sistema, que se encon-
Na esfera política ocorrem mudanças na organização e regras tram hierarquicamente abaixo daquelas.
referentes ao sistema eleitoral; o mandato do presidente da Repú- Para uma compreensão mais simples devemos analisar o orde-
blica é reduzido de cinco para quatro anos e, em 1997, é aprovada namento jurídico brasileiro de cima para baixo, sendo que no topo
a emenda que permite a reeleição do presidente da República, de da pirâmide encontram-se as normas constitucionais e todos os de-
governadores e prefeitos. Os candidatos processados por crime co- mais atos normativos hierarquicamente abaixo daquelas. Portanto,
mum não podem ser eleitos, e os parlamentares submetidos a pro- somente podemos dizer que uma norma é constitucional se ela es-
cesso que possa levar à perda de mandato e à inelegibilidade não tiver em harmonia com as normas constitucionais.
podem renunciar para impedir a punição. Atualmente há uma tendência de ampliar o conteúdo do parâ-
metro de constitucionalidade, com aquilo que a doutrina vem cha-
Constituições Brasileiras mando de bloco de constitucionalidade (ou paradigma de controle).
Através desse instituto a doutrina moderna afirma que o parâmetro
Outorgadas Promulgadas de constitucionalidade não se limita apenas pelas normas cons-
1824 – Constituição do Brasil- 1891 – 1ª Constituição da tantes da Constituição Federal e sim também pelas leis com valor
Império República constitucional formal, pelos tratados e convenções internacionais
1937 – Imposta por Getúlio 1934 – Influenciada pela sobre direitos humanos aprovados nos termos do § 3º do art. 5º da
Vargas Constituição de Weimar CF, bem como pelo conjunto de preceitos e princípios, explícitos ou
(Alemanha – 1919). implícitos, decorrentes da própria Carta Magna.
Evidenciou os direitos Em virtude da supremacia da Constituição é que surge o insti-
fundamentais de 2ª geração tuto do controle de constitucionalidade o qual, de forma didática,
1967 – Imposta após o Golpe 1946 – Redemocratização do pode ser conceituado como sendo a verificação de compatibilidade
Militar de 1964 Brasil após a era Vargas vertical entre as normas constitucionais e os demais atos normati-
vos que se encontram hierarquicamente abaixo delas.
* EC nº1/1969 – Imposta pela 1988 – Atual Carta Política O controle de constitucionalidade é um instrumento de tutela
ditadura
e proteção do princípio da supremacia da Constituição, buscando
manter a harmonia do ordenamento jurídico.
Referências Bibliográficas:
Destaque-se que somente é possível falar que uma norma é
BORTOLETO, Leandro; e LÉPORE, Paulo. Noções de Direito
constitucional ou não se ela foi editada e promulgada após a Cons-
Constitucional e de Direito Administrativo. Coleção Tribunais e
tituição Federal em vigor à época. Se uma norma tiver sido editada
MPU. Salvador: Editora JusPODIVM.
sob a égide de uma Constituição Federal já revogada e estiver em
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas
consonância com o atual regramento constitucional, dizemos que
e Concursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier.
ela foi recepcionada, sendo que continuará a viger.
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 11 edição
De outro vértice, se aquela norma estiver em desacordo com
– São Paulo: Editora Método.
a nova Constituição Federal dizemos que ela não foi recepcionada
pela nova ordem (sendo extirpada tacitamente do ordenamento ju-
rídico), sendo incorreto dizer que ela é inconstitucional.
SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO Portanto, tecnicamente, o parâmetro para se afirmar se a nor-
ma infraconstitucional é ou não constitucional é a Constituição Fe-
deral vigente ao tempo em que aquela entrou em vigor. Ressalte-se,
A Constituição Federal é o instrumento normativo através do contudo, que não raras vezes doutrina e jurisprudência, afastando-
qual se disciplina a criação das denominadas regras essenciais do -se do termo técnico, acabam por utilizar as expressões em questão
Estado, organiza os entes estatais, bem como elenca o procedimen- de forma indiscriminada.
to legislativo4. Importante consignar que em virtude da globalização e das re-
Em virtude dessas características resta cristalina a posição hie- gras de Direito Internacional, surgiu o instituto denominado con-
rárquica preeminente das normas constitucionais → Princípio da trole de convencionalidade, que é a verificação de compatibilidade
Supremacia da Constituição Federal. entre a legislação nacional e as normas de proteção internacional
Destaque-se, contudo, que somente será possível se falar em (tratados e convenções internacionais) ratificadas pelo Governo
controle de constitucionalidade naqueles países que adotem, quan- brasileiro e em vigor no país.
to à estabilidade, uma constituição do tipo rígida. Isso porque, se as Continuando a análise do presente tópico, após o advento da
normas constitucionais forem flexíveis, não existirá procedimento EC n.º 45/04 e a inserção do § 3º ao art. 5º de nossa Constituição
diferenciado das demais espécies normativas, sendo que no caso Federal, a doutrina e jurisprudência passaram a conceber status di-
seria realizado, apenas e tão somente, um controle de legalidade ferenciado para os tratados e convenções internacionais que forem
das normas, levando-se em conta, especialmente, o critério da tem- integrados ao nosso ordenamento, a depender da matéria e forma
poralidade. de votação.

4 https://www.editorajuspodivm.com.br/cdn/arquivos/8713b4e79cb9270ec-
c075bfab3b84b2a.pdf
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DIREITO CONSTITUCIONAL
Em se tratando de tratados e convenções internacionais sobre Repercussão Geral
direitos humanos e que foram inseridos em nosso ordenamento
observando-se as regras de votação atinentes às Emendas Consti- • Efeitos da Decisão
tucionais (§ 3º do art. 5º, da CF), eles terão status de normas cons- A princípio, pode-se afirmar que os efeitos da decisão em con-
titucionais. trole difuso de constitucionalidade realizado por juízes monocráti-
De outro vértice, se os tratados e convenções internacionais fo- cos e tribunais, inclusive o próprio STF, são inter partes (alcançando
rem inseridos em nosso ordenamento pátrio segundo as regras de apenas o autor e o réu), e ex tunc (não retroativos).
votação comum, eles ganharão status de norma supralegal, encon- Contudo, em se tratando especificamente de julgamento de re-
trando-se acima das leis ordinárias e complementares, mas abaixo curso extraordinário (RE) pelo STF, deve-se observar qual o regime a
das normas de natureza constitucional. que se submete, se anterior ou posterior ao requisito da repercussão
geral da matéria constitucional guerreada (Artigo 102, § 3º, da CF).

CONSTITUIÇÃO. INTERPRETAÇÃO E CONTROLE DE Recurso Extraordinário


CONSTITUCIONALIDADE. NORMAS CONSTITUCIONAIS Se o RE é anterior à exigência da repercussão geral, os efeitos
E INCONSTITUCIONAIS. COMPETÊNCIA DOS TRIBU- da decisão proferida nesta ação seguirão a regra geral, vale dizer,
NAIS. EFEITOS DA DECISÃO NO CONTROLE DE CONS- serão inter parte e ex tunc.
TITUCIONALIDADE No entanto, ainda haverá a possibilidade da extensão dos efei-
tos da decisão a terceiros não integrantes da relação jurídico-pro-
cessual primitiva, por meio da suspensão da execução da lei pelo
É a atividade de fiscalização da validade e conformidade das Senado Federal, nos termos do Artigo 52, X, da CF.
leis e atos do Poder Público à vista de uma Constituição rígida, De outra banda, se o julgamento do RE obedece à sistemática
desenvolvida por um ou vários órgãos constitucionalmente trazida pelo regime da repercussão geral, a decisão passa a produzir
designados. É, em síntese, um conjunto de atos tendentes a garantir eficácia erga omnes (alcançando todos que se encontram na mes-
a supremacia formal da Constituição. ma situação jurídica).
Como a Constituição Federal (Artigo 102, § 3º) passa a exigir
Controle Preventivo: Comissões de Constituição e Justiça e do recorrente a demonstração da repercussão geral das questões
Veto Jurídico constitucionais discutidas, vale dizer, que o interesse da demanda
transcenda os meros interesses particulares, nada mais razoável
• Momento do Controle de Constitucionalidade que a questão constitucional guerreada, alcance efeitos extra par-
Quanto ao momento, o controle de constitucionalidade pode tes.
ser preventivo (a priori) ou repressivo (a posteriori). Nesse contexto, as razões de decidir do STF que levaram à
declaração de inconstitucionalidade da lei transcendem às partes
No Controle Preventivo, fiscaliza-se a validade do projeto de envolvidas para assumir uma eficácia generalizada – erga omnes,
lei com o fim de se evitar que seja inserida no ordenamento jurídi- independentemente de Resolução do Senado.
co uma norma incompatível com a Constituição. Pode ser realizado É o que se denomina transcendência dos motivos determinan-
por todos os Poderes da República. tes da decisão no controle difuso de constitucionalidade.

Controle Repressivo do Poder Legislativo Súmula Vinculante


No caso do Controle Repressivo, fiscaliza-se a validade de uma As decisões proferidas pelo STF no controle difuso de consti-
norma já inserida no ordenamento jurídico. tucionalidade não são dotadas de força vinculante em relação ao
Procura-se expurgar do Direito Posto norma que contraria for- Poder Judiciário, tampouco perante a Administração Pública.
mal e/ou materialmente o texto constitucional, seu fundamento de No intuito de conferir autoridade às decisões relevantes do
validade. Pretório Excelso, a Emenda Constitucional nº 45/2004 criou a figura
Pode, também, ser realizado pelos três Poderes da República, da Súmula Vinculante, nos termos do Artigo 103-A, da CF:
bem assim pelo Tribunal de Contas da União. Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por
provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros,
Controle Repressivo do Poder Judiciário: o Controle Difuso ou após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar sú-
Aberto mula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito
A legitimação ativa no controle difuso é ampla, uma vez que vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à ad-
qualquer das partes (autor e réu) poderá levantar a questão consti- ministração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e
tucional, bem assim o membro do Ministério Público que oficie no municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na
feito ou, ainda, o próprio magistrado de ofício. forma estabelecida em lei.
§ 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação
• Competência do Controle Difuso e a eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja
No âmbito do controle difuso, qualquer juiz ou tribunal do País controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a
dispõe de competência para declarar a inconstitucionalidade das administração pública que acarrete grave insegurança jurídica e
leis e dos atos normativos. relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica.
No entanto, quando o processo chega às instâncias superio- § 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei,
res, um órgão fracionário do tribunal não possui esta competência a aprovação, revisão ou cancelamento de súmula poderá ser
(princípio da reserva de plenário, prescrito no Artigo 97, da CF). provocada por aqueles que podem propor a ação direta de
inconstitucionalidade.

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§ 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a decretos legislativos, resoluções, tratados internacionais não equi-
súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar, caberá reclamação parados às emendas, decretos autônomos, regimentos internos dos
ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a procedente, anulará tribunais, Constituições Estaduais e Lei Orgânica do Distrito Federal.
o ato administrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, e
determinará que outra seja proferida com ou sem a aplicação da Ação Declaratória de Constitucionalidade – ADC
súmula, conforme o caso. A Ação Declaratória de Constitucionalidade – ADC foi criada
pela Emenda Constitucional nº 3/1993, no intuito de se outorgar
Requisitos para aprovação de uma Súmula Vinculante a certos legitimados (Artigo 103, I a IX, da CF), o poder de requerer
ao STF o reconhecimento da constitucionalidade de uma norma
Quórum de 2/3 dos membros do STF (mínimo de oito minis- federal, para encerrar, definitivamente, relevante controvérsia ju-
tros); dicial sobre sua validade, haja vista que a decisão do STF nessa ação
Reiteradas decisões sobre matéria constitucional; produzirá eficácia erga omnes e efeito vinculante em relação aos
Controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a demais órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública direta
Administração Pública que acarrete grave insegurança jurídica e e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal.
relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica.
• Legitimação Ativa
Ação Direta de Inconstitucionalidade Genérica - ADI ou ADIN Podem propor ADC os mesmos legitimados da ADI (Artigo 103,
A Ação Direta de Inconstitucionalidade Genérica – ADI, ou, tão I ao IX, da CF).
somente, Ação Direta de Inconstitucionalidade, tem por fim retirar
do ordenamento jurídico uma lei ou ato normativo federal ou esta- • Objeto
dual que desrespeita a Constituição Federal. A ADC só se presta para a aferição da constitucionalidade de
leis e atos normativos federais (Artigo 102, I, a, da CF).
• Legitimação Ativa Não se admite, em sede de ADC, a aferição da constitucionali-
Podem propor ADI um dos legitimados pela Constituição Fede- dade de normas estaduais, distritais e municipais.
ral enumerados no Artigo 103, I ao IX:
Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental –
e a ação declaratória de constitucionalidade: ADPF
I - o Presidente da República; Determina a Constituição Federal que a arguição de descumpri-
II - a Mesa do Senado Federal; mento de preceito fundamental (ADPF) será apreciada pelo STF, na
III - a Mesa da Câmara dos Deputados; forma da lei (Artigo 102, § 1º).
IV a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa A expressão “na forma da lei” demonstra tratar-se de uma nor-
do Distrito Federal; ma constitucional de eficácia limitada, no caso, definidora de princí-
V o Governador de Estado ou do Distrito Federal; pio institutivo, que foi regulamentada pela Lei nº 9.882/99.
VI - o Procurador-Geral da República;
VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; • Legitimação Ativa
VIII - partido político com representação no Congresso Nacio- Poderão impetrar a ADPF os mesmos legitimados para proposi-
nal; tura da ADI (Artigo 103, I a IX, da CF).
IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito na-
cional. • Objeto
De acordo com o Artigo 1º, da Lei nº 9.882/99, será cabível a
O quadro abaixo traz dicas para memorização de tal legitima- ADPF em três hipóteses distintas, a saber:
ção: a) para evitar lesão a preceito fundamental, resultante de ato
do Poder Público (ADPF autônoma preventiva);
Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade b) para reparar lesão a preceito fundamental, resultante de
3 autoridades → Presidente da República, Governadores, PGR ato do Poder Público (ADPF autônoma repressiva);
3 mesas → Mesa do Senado Federal, Mesa da Câmara dos De- c) diante de relevante controvérsia constitucional sobre lei ou
putados, Mesas das Assembleias Legislativas ato normativo federal, estadual ou municipal, incluídos os anterio-
3 instituições → Conselho Federal da OAB, partido político com res à Constituição Federal de 1988 (ADPF incidental).
representação no Congresso Nacional, confederação sindical ou en-
tidade de classe de âmbito nacional Conceito de Preceito Fundamental
Apesar de não haver um delineamento objetivo do que sejam
• Objeto preceitos fundamentais, tarefa que cabe à Suprema Corte, a doutri-
Por força de determinação constitucional, podem ser objeto de na identifica como preceitos fundamentais na Constituição:
ADI, leis e atos normativos federais e estaduais (Artigo 102, I, a, a) os princípios fundamentais do Título I (Artigos 1º ao 4º);
da CF). b) os direitos e garantias fundamentais (espalhados por todo o
texto constitucional);
Podem ser objeto de ADI c) os princípios constitucionais sensíveis (Artigo 34, VII);
Emendas constitucionais de reforma, emendas constitucionais d) as cláusulas pétreas (Artigo 60, § 4º);
de revisão, tratados internacionais equipados às emendas, leis or- e) as limitações materiais implícitas.
dinárias, leis complementares, leis delegadas, medidas provisórias,

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a solução para o seu concurso!
DIREITO CONSTITUCIONAL
• Modalidades de ADPF Reclamação Constitucional
Da leitura do Artigo 1º, da Lei nº 9.882/99, percebemos a exis- A fim de garantir a autoridade da decisão proferida pelo STF,
tência de duas modalidades de ADPF: em sede de controle concentrado de constitucionalidade, a Excelsa
a) arguição autônoma (com natureza de ação, que tem por fim Corte admite o ajuizamento de reclamação, nos termos do Artigo
evitar ou reparar lesão a preceito fundamental); 102, I, “l” , da CF (competência originária do STF), desde que o ato
b) arguição incidental (que pressupõe a existência de uma judicial que se alega tenha desrespeitado a decisão do STF não te-
ação original). nha sido transitado em julgado
Para se ter um exemplo da amplitude da perspectiva do insti-
Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão – ADO tuto da reclamação, havendo efeito vinculante perante até mesmo
A Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão – ADO é a Administração Pública, temos sustentado a possibilidade de ajui-
medida que tem por fim tornar efetivas, certas normas constitu- zamento de Reclamação em face de ato de Prefeito que contraria
cionais, por meio do reconhecimento da inconstitucionalidade da decisão proferida pelo STF com caráter vinculante.
omissão do legislador infraconstitucional quanto ao seu dever de Nessa linha de ampliação do instituto da reclamação, destaca-
regulamentar dispositivos constitucionais (Artigo 103, § 2º, da CF). mos o Artigo 103-A, § 3º, da CF (já disposto aqui anteriormente).
Nessas circunstâncias, um dos legitimados (Artigo 103, I ao IX,
da CF) poderá propor ADO perante o STF, para que reconheça a in- • Natureza Jurídica do Instituto da Reclamação
constitucionalidade da mora do órgão encarregado de regulamen- Trata-se a reclamação de verdadeiro exercício constitucional
tar determinadas normas constitucionais. de direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direito ou
A hipótese mais comum de inconstitucionalidade por omissão contra a ilegalidade ou abuso de poder (Artigo 5º, XXXIV, a, da CF).
é a da não edição de ato legislativo necessário à plena eficácia da Assim, a reclamação nada mais é do que um instrumento de
norma constitucional. Nada obsta, contudo, a possibilidade da pró- caráter mandamental e natureza constitucional.
pria Constituição exigir direta e imediatamente a tomada de medi-
das administrativas concretas necessárias à sua inteira efetividade, Referências Bibliográficas:
exigíveis independentemente da edição de leis, o que não impede BORTOLETO, Leandro; e LÉPORE, Paulo. Noções de Direito Constitu-
a impetração da aludida ação em face da ausência do ato adminis- cional e de Direito Administrativo. Coleção Tribunais e MPU. Salvador:
trativo regulamentador. Editora JusPODIVM.
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Con-
• Legitimação Ativa cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier.
Podem propor a ADO os mesmos legitimados à propositura da
ADI (Artigo 103, I a IX, da CF).
EMENDA, REFORMA E REVISÃO CONSTITUCIONAL
• Objeto
De igual forma à ADI, na ADO só poderão ser impugnadas omis-
sões do legislador federal e estadual quanto ao seu dever constitu- Emendas à constituição
cional de legislar, bem assim do Distrito Federal, desde que referen- A Emenda à Constituição é uma das formas de se exercer o Po-
te ao exercício de atribuição estadual. der Constituinte de Reforma, sempre que houver necessidade em
As omissões de órgãos municipais não se sujeitam à impugna- alterar a Constituição Federal, seja incluindo, seja suprimindo dis-
ção por meio da ADO perante o STF. positivos constitucionais. Ou seja, a adaptação da Constituição Fe-
deral em vigor à realidade é feita através das denominadas Emen-
Ação Direta de Inconstitucionalidade Interventiva das Constitucionais .
No Brasil, a regra é o exercício da plena autonomia de um ente Através da utilização das Emendas Constitucionais é possível
federado. No entanto, a autonomia dos Estados, do Distrito Federal adequar a CF à realidade social. O art. 60 e parágrafos da CF tratam
e dos Municípios poderá ser temporariamente afastada, nas hipó- sobre as Emendas Constitucionais, dispositivos esses de leitura obri-
teses excepcionais em que a Constituição Federal admite o proces- gatória àqueles que estão se preparando aos concursos públicos.
so de intervenção de um ente federativo sobre outro. Ressalte-se que as formas de correção de previsão são:
A representação interventiva, também denominada de Ação • Mutação Constitucional (que é a mudança de interpretação
Direta de Inconstitucionalidade Interventiva (Artigo 36, III, da CF), é da CF, sem que tenha havido alteração formal);
a ação destinada a aferir legitimidade ao processo de intervenção, • Art. 2º do ADCT (foi o plebiscito ocorrido em 1993);
que pode ocorrer em duas hipóteses constitucionais: • Art. 3.º do ADCT (revisão constitucional).
a) ofensa aos princípios constitucionais sensíveis (Artigo 34, VII,
da CF); Reforma e Revisão Constitucionais
b) recusa à execução de lei federal (Artigo 34, VI, da CF). Conquanto a constituição seja concebida para perdurar no
tempo, é inquestionável a evolução dos fatos sociais, o que reclama
Nestas duas situações, a intervenção federal dependerá de pro- ajustes nas normas inseridas pelo poder constituinte. Em virtude
vimento pelo Supremo Tribunal Federal de representação interven- disso, a própria Constituição prevê a possibilidade de ser alterada,
tiva proposta pelo procurador-geral da República. por um poder previamente estabelecido, para se adequar à reali-
A Lei nº 12.562/2011, veio regulamentar o inciso III do Artigo dade social.
36 da CF, dispondo sobre o processo e julgamento da representação Sendo a sociedade dinâmica, torna-se imprescindível que as
interventiva perante o Supremo Tribunal Federal. normas também evoluam paralelamente, vez que se não houves-
se essa possibilidade haveriam inevitáveis prejuízos à evolução da
sociedade. Em virtude disso, é que se admite que a Constituição
seja alterada a fim de se regenerar, de preservar sua essência, fa-
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DIREITO CONSTITUCIONAL
zendo-se com que as normas obsoletas sejam extirpadas do orde- A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:
namento jurídico, sendo substituídas por outras mais adequadas à a) De um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Depu-
conformação da sociedade. tados ou do Senado Federal;
Esse poder de reforma, é criado pelo Poder Constituinte Ori- b) Do Presidente da República;
ginário, o qual estabelece o tipo de procedimento, bem como as c) De mais da metade das Assembleias Legislativas das unida-
limitações a serem observadas. É de se destacar que todas as ve- des da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria
zes que houver necessidade em se alterar, adicionar ou suprimir relativa de seus membros.
dispositivos na Constituição Federal, será possível exercer o poder
de reforma, observando-se os procedimentos constitucionais pre- Ressalte-se que a limitação formal está relacionada à fase ini-
estabelecidos. ciadora do processo de elaboração dos atos normativos, sendo que
Frise-se que esse poder de reforma abrange tanto o poder de nesse caso somente os legitimados supra poderão propor uma PEC,
emenda (Emendas à Constituição – art. 60 da CF), quanto a revisão sob pena de ser reconhecida a inconstitucionalidade da nova nor-
do texto (Revisão Constitucional – art. 3º do ADCT). ma constitucional, por vício de iniciativa.
Conquanto as Emendas à Constituição e a Revisão Constitu- Destaque-se que o texto constitucional não prevê a iniciativa
cional sejam espécies do gênero poder de reforma, é importante popular de proposta de Emenda Constitucional. Não obstante isso,
que não se confundam ambos os institutos. Isso porque, segundo há quem defensa a sua possibilidade.
o próprio art. 3º do Ato das Disposições Constitucionais Transitó- Ao lado dos limites formais subjetivos encontram-se os limites
rias previu que a Revisão Constitucional seria “realizada após cin- formais objetivos, os quais estão previstos nos parágrafos 2º, 3º e
co anos, contados da promulgação da Constituição, pelo voto da 5º do art. 60 da Constituição Federal. Esses limites dizem respeito
maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão às demais fases do processo legislativo.
unicameral”. A proposta de Emenda à Constituição será discutida e votada
Da análise desse dispositivo denota-se que a maneira de al- em cada casa do Congresso Nacional, em dois turnos, consideran-
teração constitucional, naquele momento, foi feita de uma forma do-se aprovada se obtiver, em ambos três quintos dos votos dos
mais simples e célere em relação à tramitação de uma Emenda respectivos membros. Portanto, para a aprovação de uma PEC exi-
Constitucional. Em que pese o texto não tenha sido claro se essa ge-se um quórum qualificado de votação, bem como duplo turno
revisão constitucional seria realizada uma única vez ou não, doutri- de votação, diversamente do que ocorre com a votação dos demais
na e jurisprudência majoritárias afirmam categoricamente que ela atos normativos, em que o quórum é simples, assim como ocorre
somente poderia ser exercida em uma única oportunidade, como com o turno de votação (necessidade de se passar apenas uma vez
de fato se deu. em cada uma das casas).
De outro vértice, as Emendas à Constituição poderão ser uti- Uma vez aprovada a Emenda Constitucional será promulgada
lizadas a qualquer momento, sempre que houver necessidade em pelas Mesas dos Deputados e do Senado, com o respectivo número
se modificar o texto constitucional e adequá-lo à realidade social. de ordem. Trata-se de uma regra diversa para promulgação dos de-
Outra forma de se alterar a Constituição Federal é através da mais atos normativos, haja vista que nesses casos compete ao Pre-
denominada mutação constitucional, que consiste em um processo sidente da República, com exceção do caso previsto no art. 66, § 5º,
informal de alteração constitucional, resultante de uma evolução da CF. Assim sendo, o Chefe do Poder Executivo Federal não partici-
dos costumes, dos valores da sociedade, das pressões exercidas pe- pa da votação, nem da promulgação das Emendas Constitucionais.
las novas exigências econômico-sociais, dentre outros fatos. Ainda no presente ponto, cumpre mencionar a limitação pre-
vista no § 5º do art. 60 que diz que a matéria constante de proposta
EM SÍNTESE de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto
Tanto as Emendas à Constituição quanto a Revisão Constitucio- de nova proposta na mesma sessão legislativa (período anual em
nal são processos formais de alteração das normas constitucionais, que o Congresso Nacional se reúne, com início em 02/2 e recesso
sendo que as primeiras poderão ser exercidas a qualquer tempo, a partir de 17/7, retornando em 01/8 e encerramento em 22/12).
ao passo que a revisão constitucional em um momento específico É de se destacar que a regra de repropositura de PEC prejudi-
(cf. art. 3 ° do ADCT). A mutação constitucional, por sua vez, é um cada é diferente das demais espécies normativas, vez que nessas
processo informal de alteração das normas constitucionais. a matéria constante de projeto de lei rejeitado somente poderá
constituir objeto de novo projeto, na mesma sessão legislativa, me-
https://www.editorajuspodivm.com.br/cdn/arquivos/8713b4e- diante proposta da maioria absoluta dos membros de qualquer das
79cb9270ecc075bfab3b84b2a.pdf Casas do Congresso Nacional, ex. do art. 67 da CF.
Portanto, pelo texto constitucional, é inadmissível que haja
Limitação do poder de revisão a repropositura de PEC na mesma sessão legislativa, ainda que a
O Poder de Revisão, por ser derivado, é um poder que encontra maioria qualificada dos parlamentares votem nesse sentido.
limitações na própria Constituição Federal, estando sujeito a limites Superada a questão das limitações formais, passaremos agora
de ordem formal (ou procedimental), material e circunstancial. O a analisar os denominados limites materiais. O Poder Constituinte
primeiro deles diz respeito aos limites formais, que são divididos Originário estabeleceu que algumas matérias são intangíveis, sendo
em subjetivos e objetivos. essas denominadas de cláusulas pétreas (cerne duro ou cerne fixo
Os limites formais subjetivos estão previstos nos incisos I, II e da Constituição).
III do art. 60 da CF, e dizem respeito aos legitimados para a pro-
positura das Propostas de Emenda à Constituição (PEC). A própria
Constituição delineia quem tem a competência para apresentar
uma proposta de alteração de seu texto.

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a solução para o seu concurso!
DIREITO CONSTITUCIONAL
Pela regra da Constituição Federal
“Não será objeto de deliberação a proposta de emenda ten-
dente a abolir:
I – a forma federativa do Estado;
II – o voto direto, secreto, universal e periódico;
III – a separação dos Poderes; e,
IV – os direitos e garantias individuais”.

Essas são as denominadas cláusulas pétreas.


Uma vez iniciado qualquer Projeto de Emenda Constitucional
que tenda a violar quaisquer dos princípios descritos nos incisos
em questão, é possível que sejam manuseadas ações para que seja https://pt.scribd.com/document/217563779/Analise-do-Principio-hie-
feito controle jurisdicional da observância dessas restrições. rarquico-das-Normas-2-Word-97
Não obstante o fato de o constituinte ter estabelecido expres-
samente as cláusulas pétreas, admite-se que as limitações mate- Ou seja, as leis e os atos infralegais são hierarquicamente in-
riais não estão exaustivamente enumeradas nesse dispositivo em feriores à Constituição e, por isso, somente serão válidos se não
comento, sendo possível falar em cláusulas pétreas implícitas. Além contrariarem as suas normas.
dessas limitações vistas até agora, temos ainda as denominadas li-
mitações circunstanciais, que são aquelas situações em que, uma Como Normas Infraconstitucionais entendem-se as Leis Com-
vez presentes, proíbem a modificação da Constituição. plementares e Ordinárias;
Como Normas Infralegais entendem-se os Decretos, Portarias,
Não é possível que se emende a Constituição Federal em três Instruções Normativas, Resoluções, etc.
circunstâncias:
→ na vigência de intervenção federal; As normas imediatamente abaixo da Constituição (infraconsti-
→ na vigência de estado de defesa; tucionais) e dos tratados internacionais sobre direitos humanos são
→ na vigência de estado de sítio (art.60, § 1º, da CF). as leis (complementares, ordinárias e delegadas), as medidas pro-
visórias, os decretos legislativos, as resoluções legislativas, os trata-
A razão dessa proibição é que nas três circunstâncias o país dos internacionais em geral incorporados ao ordenamento jurídico
está passando por momentos de instabilidade e quaisquer altera- e os decretos autônomos.
ções poderiam abalar os princípios de nossa ordem constitucional, Finalmente, abaixo das leis encontram-se as normas infrale-
em virtude especialmente da falta de livre deliberação dos órgãos gais. Elas são normas secundárias, não tendo poder de gerar direi-
constituintes. tos, nem, tampouco, de impor obrigações. Não podem contraria as
Por fim, é de se deixar consignado que, embora não haja previ- normas primárias, sob pena de invalidade. É o caso dos decretos re-
são constitucional nesse sentido, já houve em nossa história (mais gulamentares, portarias, das instruções normativas, dentre outras.
especificadamente na Constituição de 1824) a denominada restri-
ção temporal (limitação temporal), que vedava emendas durante
certos períodos (no caso, antes de quatro anos da outorga do texto OS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS. DOS PRINCÍPIOS
constitucional). FUNDAMENTAIS DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FE-
DERATIVA DO BRASIL

HIERARQUIA DAS NORMAS JURÍDICAS


— Princípios fundamentais
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, consti-
Hierarquia das Normas
tui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
Como é sabido, o ordenamento jurídico brasileiro é construído
I - a soberania;
de forma a obedecer a uma hierarquia das normas. Para compreen-
II - a cidadania
der bem o Direito Constitucional, é fundamental que a estudemos.
III - a dignidade da pessoa humana;
O jurista austríaco Hans Kelsen foi o teórico que desenvolveu a
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; (Vide Lei
ideia de uma pirâmide jurídica para fundamentar a sua teoria.
nº 13.874, de 2019).
Teoria esta, que foi baseada na ideia de que as normas jurídicas
V - o pluralismo político.
inferiores (normas fundadas) retiram seu fundamento da validade
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por
das normas jurídicas superiores (normas fundantes).
meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta
A pirâmide de Kelsen tem a Constituição com seu vértice/ápice
Constituição.
(topo), por ser esta, fundamento de validade de todas as demais
normas do sistema. Assim, nenhuma norma do ordenamento jurí-
Os princípios fundamentais da Constituição Federal de 1988
dico pode se opor à Constituição: ela é superior a todas as demais
estão previstos no art. 1º da Constituição e são:
normas jurídicas, as quais são, por isso mesmo, denominadas infra-
A soberania, poder político supremo, independente interna-
constitucionais.
cionalmente e não limitado a nenhum outro na esfera interna. É o
No segundo patamar encontram-se as leis; no terceiro, os de-
poder do país de editar e reger suas próprias normas e seu ordena-
cretos, atos normativos, deliberações, instruções normativas, den-
mento jurídico.
tre outros atos regulamentadores.

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a solução para o seu concurso!
DIREITO CONSTITUCIONAL
A cidadania é a condição da pessoa pertencente a um Estado,
dotada de direitos e deveres. O status de cidadão é inerente a todo DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
jurisdicionado que tem direito de votar e ser votado.
A dignidade da pessoa humana é valor moral personalíssimo
inerente à própria condição humana. Fundamento consistente no — Gerações de Direitos Fundamentais (Teoria de Vasak):
respeito pela vida e integridade do ser humano e na garantia de Direitos Fundamentais de 1ª Geração: liberdade individual – di-
condições mínimas de existência com liberdade, autonomia e igual- reitos civis e políticos;
dade de direitos. Direitos Fundamentais de 2ª Geração: igualdade – direitos so-
Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, pois é atra- ciais e econômicos;
vés do trabalho que o homem garante sua subsistência e contribui Direitos Fundamentais de 3ª Geração: fraternidade ou solida-
para com a sociedade. Por sua vez, a livre iniciativa é um princípio riedade – direitos transindividuais, difusos e coletivos.
que defende a total liberdade para o exercício de atividades econô-
micas, sem qualquer interferência do Estado. — Direitos e deveres individuais e coletivos
O pluralismo político que decorre do Estado democrático de Os direitos e deveres individuais e coletivos são todos aqueles
Direito e permite a coexistência de várias ideias políticas, consubs- previstos nos incisos do art. 5º da Constituição Federal, que trazem
tanciadas na existência multipartidária e não apenas dualista. O alguns dos direitos e garantias fundamentais.
Brasil é um país de política plural, multipartidária e diversificada e
não apenas pautada nos ideais dualistas de esquerda e direita ou Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qual-
democratas e republicanos. quer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros re-
Importante mencionar que união indissolúvel dos Estados, Mu- sidentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
nicípios e do Distrito Federal é caracterizada pela impossibilidade igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
de secessão, característica essencial do Federalismo, decorrente da
impossibilidade de separação de seus entes federativos, ou seja, o Princípio da igualdade entre homens e mulheres:
vínculo entre União, Estados, Distrito Federal e Municípios é indis- I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos
solúvel e nenhum deles pode abandonar o restante para se trans- termos desta Constituição;
formar em um novo país. Como o próprio nome diz, o princípio prega a igualdade de di-
Quem detém a titularidade do poder político é o povo. Os go- reitos e deveres entre homens e mulheres.
vernantes eleitos apenas exercem o poder que lhes é atribuído pelo
povo. Princípio da legalidade e liberdade de ação:
Além de ser marcado pela união indissolúvel dos Estados e II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma
Municípios e do Distrito Federal, a separação dos poderes estatais coisa senão em virtude de lei;
– Executivo, Legislativo e Judiciário é também uma característica Como ser livre, todo ser humano só está obrigado a fazer ou
do Estado Brasileiro. Tais poderes gozam, portanto, de autonomia e não fazer algo que esteja previsto em lei.
independência no exercício de suas funções, para que possam atuar
em harmonia. Vedação de práticas de tortura física e moral, tratamento de-
Fundamentos, também chamados de princípios fundamentais sumano e degradante:
(art. 1º, CF), são diferentes dos objetivos fundamentais da Repú- III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desu-
blica Federativa do Brasil (art. 3º, CF). Assim, enquanto os funda- mano ou degradante;
mentos ou princípios fundamentais representam a essência, cau- É vedada a prática de tortura física e moral, e qualquer tipo
sa primária do texto constitucional e a base primordial de nossa de tratamento desumano, degradante ou contrário à dignidade
República Federativa, os objetivos estão relacionados à destinação, humana, por qualquer autoridade e também entre os próprios
ao que se pretende, às finalidades e metas traçadas no texto cons- cidadãos. A vedação à tortura é uma cláusula pétrea de nossa
titucional que a República Federativa do Estado brasileiro anseia Constituição e ainda crime inafiançável na legislação penal
alcançar. brasileira.
O Estado brasileiro é democrático porque é regido por normas
democráticas, pela soberania da vontade popular, com eleições Liberdade de manifestação do pensamento e vedação do ano-
livres, periódicas e pelo povo, e de direito porque pauta-se pelo nimato, visando coibir abusos e não responsabilização pela veicu-
respeito das autoridades públicas aos direitos e garantias funda- lação de ideias e práticas prejudiciais:
mentais, refletindo a afirmação dos direitos humanos. Por sua vez, IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o ano-
o Estado de Direito caracteriza-se pela legalidade, pelo seu sistema nimato;
de normas pautado na preservação da segurança jurídica, pela se- A Constituição Federal pôs fim à censura, tornando livre a mani-
paração dos poderes e pelo reconhecimento e garantia dos direitos festação do pensamento. Esta liberdade, entretanto, não é absoluta
fundamentais, bem como pela necessidade do Direito ser respeito- não podendo ser abusiva ou prejudicial aos direitos de outrem. Daí,
so com as liberdades individuais tuteladas pelo Poder Público. a vedação do anonimato, de forma a coibir práticas prejudiciais sem
identificação de autoria, o que não impede, contudo, a apuração de
crimes de denúncia anônima.

Direito de resposta e indenização:


V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo,
além da indenização por dano material, moral ou à imagem;

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DIREITO CONSTITUCIONAL
O direito de resposta é um meio de defesa assegurado à pes- Acesso à informação:
soa física ou jurídica ofendida em sua honra, e reputação, conceito, XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguar-
nome, marca ou imagem, sem prejuízo do direito de indenização dado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional;
por dano moral ou material. O direito à informação é assegurado constitucionalmente, ga-
rantido o sigilo da fonte.
Liberdade religiosa e de consciência:
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo Liberdade de locomoção, direito de ir e vir:
assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na for- XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz,
ma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permane-
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência cer ou dele sair com seus bens;
religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva; Todos são livres para entrar, circular, permanecer ou sair do ter-
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença re- ritório nacional em tempos de paz.
ligiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para
eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir Direito de reunião:
prestação alternativa, fixada em lei; XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em lo-
O Brasil é um Estado laico, que não possui uma religião oficial, cais abertos ao público, independentemente de autorização, desde
mas que adota a liberdade de crença e de pensamento, assegurada que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o
a variedade de cultos, a proteção dos locais religiosos e a não priva- mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade com-
ção de direitos em razão da crença pessoal. petente;
A escusa de consciência é o direito que toda pessoa possui de Os cidadãos podem se reunir livremente em praças e locais de
se recusar a cumprir determinada obrigação ou a praticar determi- uso comum do povo, desde que não venham a interferir ou atrapa-
nado ato comum, por ser ele contrário às suas crenças religiosas ou lhar outra reunião designada anteriormente para o mesmo local.
à sua convicção filosófica ou política, devendo então cumprir uma
prestação alternativa, fixada em lei. Liberdade de associação:
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada
Liberdade de expressão e proibição de censura: a de caráter paramilitar;
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, cientí- XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de coope-
fica e de comunicação, independentemente de censura ou licença; rativas independem de autorização, sendo vedada a interferência
Aqui, temos uma vez mais consubstanciada a liberdade de ex- estatal em seu funcionamento;
pressão e a vedação da censura. XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvi-
das ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-
Proteção à imagem, honra e intimidade da pessoa humana: -se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a perma-
imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano necer associado;
material ou moral decorrente de sua violação; XXI - as entidades associativas, quando expressamente auto-
Com intuito da proteção, a Constituição Federal tornou inviolá- rizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou
vel a imagem, a honra e a intimidade pessoa humana, assegurando extrajudicialmente;
o direito à reparação material ou moral em caso de violação. No Brasil, é plena a liberdade de associação e a criação de as-
sociações e cooperativas para fins lícitos, não podendo sofrer inter-
Proteção do domicílio do indivíduo: venção do Estado. Nossa Segurança Nacional e Defesa Social é atri-
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo buição exclusiva do Estado, por isso, as associações paramilitares
penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagran- (milícias, grupos ou associações civis armadas, normalmente com
te delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, fins político-partidários, religiosos ou ideológicos) são vedadas.
por determinação judicial; (Vide Lei nº 13.105, de 2015) (Vigência).
Direito de propriedade e sua função social:
Proteção do sigilo das comunicações: XXII - é garantido o direito de propriedade;
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no úl- Além da ideia de pertencimento, toda propriedade ainda que
timo caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei es- privada deve atender a interesses coletivos, não sendo nociva ou
tabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual causando prejuízo aos demais.
penal; (Vide Lei nº 9.296, de 1996).
A Constituição Federal protege o domicílio e o sigilo das co- Intervenção do Estado na propriedade:
municações, por isso, a invasão de domicílio e a quebra de sigilo XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação
telefônico só pode se dar por ordem judicial. por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, me-
diante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos
Liberdade de profissão: previstos nesta Constituição;
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profis- XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade com-
são, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer; petente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao pro-
É livre o exercício de qualquer trabalho ou profissão. prietário indenização ulterior, se houver dano;
Essa liberdade, entretanto, não é absoluta, pois se limita às
qualificações profissionais que a lei estabelece.

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a solução para o seu concurso!
DIREITO CONSTITUCIONAL
O direito de propriedade não é absoluto. Dada a supremacia do Direito de informação, petição e obtenção de certidão junto
interesse público sobre o particular, nas hipóteses legais é permiti- aos órgãos públicos:
da a intervenção do Estado na propriedade. XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos infor-
mações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral,
Pequena propriedade rural: que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade,
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, des- ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da
de que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para sociedade e do Estado; (Regulamento) (Vide Lei nº 12.527, de 2011).
pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dis- XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do paga-
pondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento; mento de taxas:
A pequena propriedade rural é impenhorável e não responde a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direi-
por dívidas decorrentes de sua atividade produtiva. tos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa
Direitos autorais: de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal;
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, Todo cidadão, independentemente de pagamento de taxa, tem
publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdei- direito à obtenção de informações, protocolo de petição e obtenção
ros pelo tempo que a lei fixar; de certidões junto aos órgãos públicos, de acordo com suas necessi-
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: dades, salvo necessidade de sigilo.
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e
à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades Princípio da proteção judiciária ou da inafastabilidade do con-
desportivas; trole jurisdicional:
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão
obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos intér- ou ameaça a direito;
pretes e às respectivas representações sindicais e associativas; Por este princípio o, Poder Judiciário não pode deixar de apre-
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais pri- ciar as causas de lesão ou ameaça a direito que chegam até ele.
vilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às cria-
ções industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas Segurança jurídica:
e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico
desenvolvimento tecnológico e econômico do País; perfeito e a coisa julgada;
Além da Lei de Direitos Autorais, a Constituição prevê uma Direito adquirido é aquele incorporado ao patrimônio jurídico
ampla proteção às obras intelectuais: criação artística, científica, de seu titular e cujo exercício não pode mais ser retirado ou tolhido.
musical, literária etc. O Direito Autoral protege obras literárias (es- Ato jurídico perfeito é a situação ou direito consumado e defi-
critas ou orais), musicais, artísticas, científicas, obras de escultura, nitivamente exercido, sem nulidades perante a lei vigente.
pintura e fotografia, bem como o direito das empresas de rádio Coisa julgada é a matéria submetida a julgamento, cuja sen-
fusão e cinematográficas. A Constituição Federal protege ainda a tença transitou em julgado e não cabe mais recurso, não podendo,
propriedade industrial, esta difere da propriedade intelectual e não portanto, ser modificada.
é objeto de proteção da Lei de Direitos Autorais, mas sim da Lei
da Propriedade Industrial. Enquanto a proteção ao direito autoral Tribunal de exceção:
busca reprimir o plágio, a proteção à propriedade industrial busca XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
conter a concorrência desleal. O juízo ou tribunal de exceção seria aquele criado exclusiva-
mente para o julgamento de um fato específico já acontecido, onde
Direito de herança: os julgadores são escolhidos arbitrariamente. A Constituição veda
XXX - é garantido o direito de herança; tal prática, pois todos os casos devem se submeter a julgamento
XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será dos juízos e tribunais já existentes, conforme suas competências
regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos pré-fixadas.
brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal
do “de cujus”; Tribunal do Júri:
O direito de herança ou direito sucessório é ramo específico XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização
do Direito Civil que visa regular as relações jurídicas decorrentes do que lhe der a lei, assegurados:
falecimento do indivíduo, o de cujus, e a transferência de seus bens a) a plenitude de defesa;
e direitos aos seus sucessores. b) o sigilo das votações;
c) a soberania dos veredictos;
Direito do consumidor: d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do con- a vida;
sumidor;
O Direito do Consumidor é o ramo do direito que disciplina O Tribunal do Júri é o instituto jurisdicional destinado exclusi-
as relações entre fornecedores e prestadores de bens e serviços vamente para o julgamento da prática de crimes dolosos contra a
e o consumidor final, parte hipossuficiente econômica da relação vida.
jurídica. As relações de consumo, além do amparo constitucional,
encontram proteção no Código de Defesa do Consumidor e na legis-
lação civil e no Procon, órgão do Ministério Público de cada estado,
responsável por coordenar a política dos órgãos e entidades que
atuam na proteção do consumidor.
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a solução para o seu concurso!
DIREITO CONSTITUCIONAL
Princípio da legalidade, da anterioridade e da retroatividade d) prestação social alternativa;
da lei penal: e) suspensão ou interdição de direitos;
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena
sem prévia cominação legal; Pela individualização da pena, é garantida a fixação das penas,
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; observado o histórico pessoal a atuação individual, de modo que
Para ser crime, tem que estar expressamente previsto na lei pe- cada indivíduo possa receber apenas a punição que lhe é devida.
nal. Se a conduta não está prescrita no Código Penal, não é crime e
não há pena. Uma nova lei penal não retroage, não se aplica a con- Proibição de penas:
dutas praticadas antes de sua entrada em vigor, mas se a lei nova for XLVII – não haverá penas:
mais benéfica, esta sim poderá ser aplicada para beneficiar o réu. a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do
art. 84, XIX;
Princípio da não discriminação: b) de caráter perpétuo;
XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direi- c) de trabalhos forçados;
tos e liberdades fundamentais; d) de banimento;
Decorre do princípio da igualdade. e) cruéis.

Crimes inafiançáveis, imprescritíveis e insuscetíveis de graça Como afirmativa dos direitos humanos e da dignidade da pes-
e anistia: soa humana, a Constituição Federal de 1988 veda a pena de morte,
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e impres- pena perpétua, de banimento e de trabalhos forçados e cruéis.
critível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de Estabelecimentos para cumprimento de pena:
graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecen- XLVIII – a pena será cumprida em estabelecimentos distintos,
tes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hedion- de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado;
dos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que,
podendo evitá-los, se omitirem; (Regulamento). Respeito à Integridade Física e Moral dos Presos:
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de XLIX – é assegurado aos presos o respeito à integridade física
grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e e moral;
o Estado Democrático.
• Crimes inafiançáveis e imprescritíveis: Racismo e ação de Direito de permanência e amamentação dos filhos pela presi-
grupos armados contra a ordem constitucional e o Estado Demo- diária mulher:
crático; L – às presidiárias serão asseguradas condições para que pos-
• Crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça e anistia: Prá- sam permanecer com seus filhos durante o período de amamenta-
tica de Tortura, Tráfico de drogas e entorpecentes, terrorismo e cri- ção;
mes hediondos. Também em atenção à dignidade da pessoa humana, a Cons-
tituição Federal de 1988 determina que as penas sejam cumpridas
Os crimes inafiançáveis são aqueles que não admitem fiança, em diferentes tipos de estabelecimento de acordo com a gravidade
ou seja, que não dão ao acusado o direito de responder seu e natureza do delito, a idade e o sexo do apenado, respeitando-se
processo em liberdade até a sentença condenatória, mediante sua integridade física e moral, garantindo ainda à apenada mulher,
pagamento de determinada quantia pecuniária ou cumprimento o direito de permanecer com os filhos e ter condições dignas de
de determinadas obrigações; amamenta-los.
Crimes imprescritíveis são aqueles que não prescrevem e po-
dem ser julgados e punidos em qualquer tempo, independente- Extradição:
mente da data em que foram cometidos; LI – nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado,
Crimes insuscetíveis de graça e anistia são aqueles que não per- em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de
mitem a exclusão do crime com a rescisão da condenação e extin- comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e dro-
ção total da punibilidade (anistia), nem a extinção da punibilidade, gas afins, na forma da lei;
ainda que parcial (graça). LII – não será concedida extradição de estrangeiro por crime
político ou de opinião;
Princípio da intranscendência da pena: A extradição é um ato oficial de cooperação internacional que
XLV – nenhuma pena passará da pessoa do condenado, poden- consiste na entrega de uma pessoa – o extraditando, acusado ou
do a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de condenada pela prática de um ou mais crimes em território estran-
bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles geiro, ao país que o reclama. A Constituição determina que não ha-
executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido; verá extradição de brasileiro nato em nenhuma hipótese, e o natu-
A aplicação da pena deve ser sempre pessoal e não pode ser ralizado somente nas exceções previstas.
cumprida por pessoa diversa da pessoa do condenado.
Direito ao julgamento pela autoridade competente
Individualização da pena: LIII – ninguém será processado nem sentenciado senão pela au-
XLVI – a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre toridade competente;
outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade; Devido Processo Legal:
b) perda de bens; LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o
c) multa; devido processo legal;
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DIREITO CONSTITUCIONAL
Contraditório e a ampla defesa: Comunicabilidade da prisão:
LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos LXII – a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família
com os meios e recursos a ela inerentes; do preso ou à pessoa por ele indicada;
Ninguém poderá ser punido ou condenado sem o devido pro-
cesso legal, onde deverá ser assegurado, sob pena de nulidade ab- Informação ao preso:
soluta, o direito de resposta e ampla defesa, com sentença transita- LXIII – o preso será informado de seus direitos, entre os quais o
da em julgado (que não cabe mais recurso) prolatada pelo juízo ou de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da famí-
autoridade judiciária competente. lia e de advogado;

Provas ilícitas: Identificação dos responsáveis pela prisão:


LVI – são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por LXIV – o preso tem direito à identificação dos responsáveis por
meios ilícitos; sua prisão ou por seu interrogatório policial;
Provas ilícitas são aquelas obtidas por meio ilegal ou fraudulen-
to, ou que infrinja as normas e princípios básicos de direito, motivo Na ocasião de prisão, são direitos do preso a comunicação de
pelo qual não são aceitas no processo judicial. sua prisão e o local onde se encontra à sua família e ao juízo com-
petente, bem como conhecer as autoridades policiais responsáveis
Presunção de inocência: por sua prisão e interrogatório.
LVII – ninguém será considerado culpado até o trânsito em jul-
gado de sentença penal condenatória; Relaxamento da prisão ilegal:
Todo cidadão é considerado inocente até que se prove o con- LXV – a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autori-
trário, com o trânsito em julgado da sentença condenatória. dade judiciária;
O relaxamento da prisão consiste em que o acusado seja posto
Identificação criminal: em liberdade, pela incidência de alguma ilegalidade no ato de sua
LVIII – o civilmente identificado não será submetido a identifi- prisão.
cação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei; (Regulamento).
A identificação criminal será feita diante de fundada suspeita Garantia da liberdade provisória:
da validade e veracidade dos documentos cíveis apresentados ou LXVI – ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a
quando já se tem notícias reputadas a pessoa civilmente identifi- lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança;
cada sobre uso de diversos nomes e fraude em registros policiais. A liberdade provisória é o instituto processual que garante ao
acusado o direito de aguardar em liberdade o transcorrer do pro-
Ação Privada Subsidiária da Pública: cesso criminal até o trânsito em julgado de sua sentença penal con-
LIX – será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se denatória, mediante o estabelecimento ou não de determinadas
esta não for intentada no prazo legal; condições e a colaboração com as investigações.

A ação penal privada subsidiária da pública é admitida nos ca- Prisão civil:
sos em que a lei não prevê a ação como privada, mas sim como LXVII – não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável
pública (condicionada ou incondicionada). Entretanto, o Ministério pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação
Público, titular da ação penal, permanece inerte e não apresenta a alimentícia e a do depositário infiel;
denúncia no prazo legal, abrindo-se a possibilidade para que o ofen- A Constituição Federal de 1988 extinguiu, em regra, a prisão
dido, seu representante legal ou seus sucessores ingressem com a civil por dívidas, salvo a do alimentante inadimplente (pensão ali-
ação penal privada subsidiária da pública. mentícia). E, a Súmula Vinculante 25, STF tornou ilícita a prisão civil
de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito.
A publicidade dos atos processuais e o segredo de Justiça:
LX – a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais São remédios constitucionais em casos de violação de:
quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem; - Liberdade: Habeas Corpus
Em regra, todos os atos processuais são públicos, salvo o se- - Direito Líquido e certo: Mandado de Segurança
gredo de justiça, que pode ser determinado de ofício pelo juiz da - Informações: Habeas data
causa, para segurança jurídica das partes, proteção dos interesses - Preceito constitucional que necessite de norma regulamenta-
de menor, interesse social ou demanda de grande repercussão etc., dora: Mandado de Injunção
ou a requerimento justificado das partes do processo.
Habeas corpus:
Legalidade da prisão: LXVIII – conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer
LXI – ninguém será preso senão em flagrante delito ou por or- ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberda-
dem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, de de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente mi-
litar, definidos em lei; Mandado de Segurança:
Salvo flagrante delito, o cidadão só pode ser levado preso por LXIX – conceder-se-á mandado de segurança para proteger di-
autoridade policial, mediante ordem judicial escrita e devidamente reito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas
fundamentada. data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for
autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atri-
buições do Poder Público;
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a solução para o seu concurso!
DIREITO CONSTITUCIONAL
LXX – o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado É fundamental a garantia da razoável duração do processo, de
por: forma a evitar que direitos se percam no transcorrer processual
a) partido político com representação no Congresso Nacional; pela demora do Judiciário.
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legal-
mente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em Aplicabilidade das normas de direitos e garantias fundamen-
defesa dos interesses de seus membros ou associados; tais:
§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias
Mandado de Injunção: fundamentais têm aplicação imediata.
LXXI – conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta Assim, todas as normas relativas aos direitos e garantias funda-
de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e mentais são autoaplicáveis.
liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à naciona-
lidade, à soberania e à cidadania; Rol é exemplificativo:
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição
Habeas data: não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por
LXXII – conceder-se-á habeas data: ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à Federativa do Brasil seja parte.
pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados O rol dos direitos elencados no art. 5º da CF/88 não é taxativo,
de entidades governamentais ou de caráter público; mas sim exemplificativo. Os direitos e garantias ali expressos não
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo excluem outros de caráter constitucional, decorrentes de princípios
por processo sigiloso, judicial ou administrativo; constitucionais, do regime democrático, ou de tratados internacio-
nais. Assim, os direitos fundamentais podem ser esparsos, consubs-
Ação Popular: tanciados em toda legislação nacional, inclusive infraconstitucional.
LXXIII – qualquer cidadão é parte legítima para propor ação
popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de Tratados e Convenções Internacionais de Direitos Humanos
entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos
ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso
autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos
da sucumbência; membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. (Incluído
A Ação Popular é o instrumento constitucional adequado, por pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) (Atos aprovados na
meio do qual qualquer cidadão pode vir a questionar a validade de forma deste parágrafo: DLG nº 186, de 2008, DEC 6.949, de 2009,
atos que considera lesivos ao patrimônio público, à moralidade ad- DLG 261, de 2015, DEC 9.522, de 2018).
ministrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural. Com a Emenda Constitucional n° 45 de 2004, as normas de
tratados internacionais sobre direitos humanos passaram a ser re-
Assistência Judiciária: conhecidas como normas de hierarquia constitucional, porém, so-
LXXIV – o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita mente se aprovadas pelas duas casas do Congresso por 3/5 de seus
aos que comprovarem insuficiência de recursos; membros em dois turnos de votação.
Todos aqueles que não podem arcar com as custas judiciárias
sem prejuízo de seu sustento pessoal e de sua família, para se ter o Submissão à Jurisdição do Tribunal Penal Internacional:
acesso à justiça, têm direito à assistência judiciária gratuita. § 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal
Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão. (Incluído
Indenização por erro judiciário: pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004).
LXXV – o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, as-
sim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença; O Brasil se submeteu expressamente à jurisdição do Tribunal
Penal Internacional, também conhecido por Corte ou Tribunal de
Gratuidade de serviços públicos: Haia, instituído pelo Estatuto de Roma e ratificado em 20 de junho
LXXVI – são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na de 2002 pelo Brasil. A Emenda Constitucional n° 45/2004, deu a
forma da lei: (Vide Lei nº 7.844, de 1989) esta adesão força constitucional. O objetivo do TPI é identificar e
a) o registro civil de nascimento; punir autores de crimes contra a humanidade.
b) a certidão de óbito;
LXXVII – são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data, — Direitos sociais
e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania Os chamados Direitos Sociais são aqueles que visam garantir
(Regulamento). qualidade de vida, a melhoria de suas condições e o desenvolvi-
A Constituição Federal traz como direito fundamental a gratui- mento da personalidade. São meios de se atender ao princípio basi-
dade de serviços públicos – registro civil, a obtenção de certidão lar da dignidade humana e estão previstos no art. 6º, CF.
de óbito, as ações de Habeas corpus e Habeas data aos economica-
mente hipossuficientes. Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimenta-
ção, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a
Princípio da Celeridade Processual: previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assis-
LXXVIII – a todos, no âmbito judicial e administrativo, são asse- tência aos desamparados, na forma desta Constituição (Redação
gurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a dada pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015).
celeridade de sua tramitação. (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 45, de 2004).
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DIREITO CONSTITUCIONAL
Do direito ao trabalho Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS):
Os direitos relativos aos trabalhadores podem ser de duas or- III – fundo de garantia do tempo de serviço;
dens: Pode-se dizer que o FGTS é uma espécie de conta poupança
- Direitos individuais, previstos no art. 7º, CF; compulsória do trabalhador, gerida pela Caixa Econômica Federal
- Direitos coletivos dos trabalhadores, previstos nos arts. 9º a e regida pela Lei 8.036/1990. Mensalmente, o os empregador deve
11, CF. depositar nas contas vinculadas de seus funcionários o valor cor-
respondente a 8% (oito por cento) do salário de cada trabalhador.
Os direitos individuais dos trabalhadores são aqueles
destinados a proteger a relação de trabalho contra uma profunda Salário mínimo:
desigualdade, de modo a compatibilizar a função laboral com a IV – salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado,
dignidade e o bem-estar do trabalhador que é a parte hipossuficiente capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua fa-
da relação trabalhista. mília com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário,
higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação
outros que visem à melhoria de sua condição social: para qualquer fim;
O salário mínimo é o estabelecido para jornada padrão de 44 ho-
Proteção contra despedida arbitrária ou sem justa causa: ras semanais, podendo ser proporcional, em caso de jornada inferior.
I – relação de emprego protegida contra despedida arbitrária
ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá Piso salarial:
indenização compensatória, dentre outros direitos; V – piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do
Os contratos de trabalho são, em regra, por prazo indetermi- trabalho;
nado e a legislação protege a continuidade das relações laborais O piso salarial corresponde ao menor salário que determinada
contra dispensa imotivada. categoria profissional pode receber pela sua jornada de trabalho,
considerando a extensão e complexidade do trabalho desenvolvido
Seguro-Desemprego: e devendo ser sempre superior ao salário-mínimo nacional.
II – seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;
O seguro desemprego é o direito de todo trabalhador à assis- Irredutibilidadade do salário:
tência financeira temporária, que tenha prestado serviços laborais VI – irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção
a empregador e sido dispensado sem justa causa, por mais de seis ou acordo coletivo;
meses. Nos termos do art. 4º da Lei do seguro desemprego, o be- A irredutibilidade salarial garante que o empregado não venha
nefício será concedido ao trabalhador desempregado, por período a ter o seu salário reduzido arbitrariamente pelo empregador, du-
máximo variável de 3 (três) a 5 (cinco) meses, de forma contínua ou rante todo o período do contrato de trabalho. É uma garantia à es-
alternada, a cada período aquisitivo, contados da data de dispensa tabilidade econômica do trabalhador.
que deu origem à última habilitação, nos seguintes critérios:
Proteção aos que percebem remuneração variável:
SEGURO DESEMPREGO VII – garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que
percebem remuneração variável;
1ª Solicitação: Os empregados que recebem salários com valores variáveis,
Parcelas Tempo de trabalho como comissões sobre vendas etc, nunca devem receber salário in-
ferior ao mínimo. Como o salário mínimo mensal estipulado em lei
4 (quatro) 12 a 23 meses
corresponde a uma jornada laboral mensal de 220 horas, a garantia
5 (cinco) 24 meses ou mais mínima aqui estipulada terá como parâmetro o salário mínimo-hora.
2ª Solicitação: Décimo Terceiro Salário ou Gratificação Natalina:
VIII – décimo terceiro salário com base na remuneração integral
Parcelas Tempo de trabalho ou no valor da aposentadoria;
3 (três) 9 a 11 meses O 13º salário é a garantia do recebimento de um salário inte-
4 (quatro) 12 a 23 meses gral (ou proporcional ao período trabalhado, se for o caso) por oca-
sião das comemorações de final de ano a todos os trabalhadores,
5 (cinco) 24 meses ou mais aposentados e pensionistas do INSS.
3ª Solicitação:
Remuneração superior por trabalho noturno:
Parcelas Tempo de trabalho
IX – remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
3 (três) 6 a 11 meses Uma vez que a a redução do sono regular pode comprometer
4 (quatro) 12 a 23 meses a saúde, o trabalho noturno tem remuneração superior em 20% a
mais sobre a hora diurna trabalhada para os trabalhadores urbanos
5 (cinco) 24 meses ou mais
e 25%, para os trabalhadores rurais.

Considera-se trabalho noturno:


– entre às 22h de um dia até às 5h do dia seguinte para traba-
lhadores urbanos;
– entre às 21h de um dia e às 5h do dia seguinte, para os traba-
lhadores rurais da agricultura; e
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DIREITO CONSTITUCIONAL
– entre às 20h de um dia e às 4h do dia seguinte, para os traba- 10 horas diárias trabalhadas, salvo condições excepcionais. É lici-
lhadores rurais pecuária. ta também a compensação de jornada (banco de horas), quando
ao invés de receber o acréscimo salarial que lhe é devido, o tra-
Proteção do salário contra retenção dolosa: balhador passa a ter direito a usufruir a compensação das horas
X – proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua excedentes em períodos de folga para descanso e lazer, mediante o
retenção dolosa; cumprimento de alguns requisitos legais pela empregadora.
É vedada a retenção salarial dolosa, sendo permitidos apenas
os descontos salariais autorizados em Lei. Férias remuneradas:
XVII – gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um
Participação nos lucros: terço a mais do que o salário normal;
XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da re- Após um ano de trabalho efetivo (período aquisitivo), todo
muneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empre- trabalhador passa a ter direito a um período de até 30 dias para
sa, conforme definido em lei; descanso e lazer, com percebimento de salário integral, acrescido
A Participação nos Lucros e Resultados da empresa correspon- de 1/3 constitucional. As férias são concedidas a critério do empre-
de a uma recompensa pelo reconhecimento do bom desempenho gador, que após o término do período aquisitivo, tem até um ano
e produtividade, pago a todos os funcionários de determinada em- para concedê-las (período concessivo).
presa sobre o lucro excedente de determinado período de suas ati-
vidades. Licença à gestante:
XVIII – licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salá-
Salário-família: rio, com a duração de cento e vinte dias;
XII – salário-família pago em razão do dependente do trabalha- Também chamada de Licença maternidade, corresponde ao
dor de baixa renda nos termos da lei; (Redação dada pela Emenda período em que a mulher está prestes a ter um filho, acabou de
Constitucional nº 20, de 1998). ganhar um bebê ou adotou uma criança. Nesses contextos, a mu-
O salário-família é um benefício da previdência social corres- lher tem direito a permanecer afastada do seu trabalho e receber o
pondente ao valor pago ao empregado de baixa renda, que receba salário maternidade, benefício previdenciário pago à pessoa nessas
salário no valor de até R$ 1.655,98, inclusive ao doméstico e ao tra- condições. Em regra, a licença maternidade é de 120 dias, podendo
balhador avulso, e possua filhos menores de 14 anos de idade ou ser ampliado para 180 dias, nos casos em que a empregadora for
portadores de deficiência, sem limite de idade. aderente ao Programa Empresa Cidadã.

Jornada de Trabalho: Licença-paternidade:


XIII – duração do trabalho normal não superior a oito horas XIX – licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de A Licença-paternidade é período de 5 dias, que se inicia no
horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção primeiro dia útil após o nascimento da criança em que o pai tem
coletiva de trabalho; (Vide Decreto-Lei nº 5.452, de 1943). direito a afastar-se de suas atividades laborais, sem prejuízo de seu
A Constituição Federal garante ao trabalhador jornada de tra- salário. Nos casos em que a empresa esteja cadastrada no progra-
balho não superior a oito horas diárias ou quarenta e quatro horas ma Empresa Cidadã, o prazo poderá ser estendido por mais 15 dias,
semanais, facultada a compensação e a redução. totalizando 20 dias.

Jornada especial para turnos ininterruptos de revezamento: Proteção da mulher no mercado de trabalho:
XIV – jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos XX – proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante
ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva; incentivos específicos, nos termos da lei;
O trabalho em turno ininterrupto de revezamento é aquele A proteção ao trabalho da mulher é questão de ordem pública,
prestado por trabalhadores que se revezam nos postos de traba- com vias a garantir a isonomia de condições laborais. Assim, são
lho nos horários diurno e noturno. É bastante comum em empresas vedadas diferenciações arbitrárias, salvo quando a natureza da ati-
que funcionam em tempo integral, sem pausas. A jornada do traba- vidade, pública ou notoriamente o exigir. São vedadas as diferen-
lhador de turnos ininterruptos deve ser de seis horas diárias. ciações em razão do gênero para fins de remuneração, formação
profissional e possibilidades de ascensão. A proteção à gravidez,
Repouso (ou descanso) semanal remunerado (DSR): proibição de revistas íntimas ou práticas que venham a ferir a digni-
XV – repouso semanal remunerado, preferencialmente aos do- dade feminina são alguns dos exemplos de medidas de proteção do
mingos; mercado de trabalho da mulher.
O Descanso ou Repouso Semanal Remunerado corresponde a
um dia de folga semanal remunerado ao trabalhador a ser concedi- Aviso Prévio:
do preferencialmente aos domingos. XXI – aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no
mínimo de trinta dias, nos termos da lei;
Pagamentos de horas extras: Nas relações de emprego, o aviso prévio consiste na comunica-
XVI – remuneração do serviço extraordinário superior, no mí- ção da rescisão do contrato de trabalho por uma das partes, empre-
nimo, em cinqüenta por cento à do normal; (Vide Del 5.452, art. 59 gador ou empregado, que decide extingui-lo, com a antecedência
§ 1º). mínima de 30 dias. O aviso prévio pode ser trabalhado ou indeniza-
O pagamento de horas extras caracteriza-se pela remunera- do, quando concedido por qualquer uma das partes.
ção superior em, no mínimo, 50% das horas trabalhadas, além da
jornada diária, lembrando que a legislação trabalhista permite o
excedente em apenas 2 horas extraordinárias diárias, totalizando
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DIREITO CONSTITUCIONAL
Redução dos riscos do trabalho: Proteção em face da automação:
XXII – redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de XXVII – proteção em face da automação, na forma da lei;
normas de saúde, higiene e segurança; A proteção em face da automação consiste em proteger a
É dever da empregadora a redução dos riscos inerentes às classe trabalhadora do desemprego pela automação abusiva, bem
atividades desempenhadas por seus colaboradores, através do como em garantir de forma efetiva a saúde e a segurança no meio
cumprimento de todas as normas regulamentadoras de saúde, ambiente de trabalho automatizado.
higiene e segurança, bem como do fornecimento de equipamentos
de proteção individual e da exigência da execução de todas as Seguro contra acidentes de trabalho:
normas da empresa por seus funcionários, sob pena de justa causa. XXVIII – seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empre-
gador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando
Adicional por atividades penosas, insalubres ou perigosas: incorrer em dolo ou culpa;
XXIII – adicional de remuneração para as atividades penosas, O seguro contra acidentes de trabalho é uma garantia ao em-
insalubres ou perigosas, na forma da lei; pregado, às expensas do empregador, que assume os riscos da ativi-
O trabalho penoso é aquele considerado extremamente des- dade laboral, mediante pagamento de um adicional sobre folha de
gastante para a pessoa humana, em que o trabalhador depreende salários de seus empregados, com administração atribuída à Previ-
um esforço além do normal para o desempenho de suas atividades. dência Social. Tal seguro tem função de seguridade por ser destina-
Não há regulamentação de um adicional. do a beneficiários atingidos por doença ou acidente, que estejam
O trabalho insalubre é aquele em que o empregado, no exer- associados ao sistema previdenciário. O Seguro contra acidentes de
cício de suas atividades, expõe-se a qualquer agente físico, químico trabalho está regulamentado pela Lei 8.212/91.
ou biológico, nocivo à saúde, e que com o passar do tempo podem
ocasionar uma doença ocupacional. O adicional de insalubridade Ação trabalhista nos prazos prescricionais:
pode variar entre: XXIX – ação, quanto aos créditos resultantes das relações
- 10% (dez por cento) em grau mínimo; de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os
- 20% (vinte por cento) em grau médio; trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a
- 40% (quarenta por cento) em grau máximo de exposição, cal- extinção do contrato de trabalho; (Redação dada pela Emenda
culado sob o salário mínimo, nos termos da lei. Constitucional nº 28, de 2000).
A todo trabalhador é garantido o direito de propor Reclama-
São exemplos de atividades insalubres as exercidas por profis- tória (ou Reclamação) Trabalhista, dentro dos prazos processuais
sionais da saúde, radiologistas, mineradores, entre outros. legais. O prazo prescricional de uma reclamação trabalhista é de 02
E, por fim, o trabalho perigoso é aquele que envolve constante anos, a partir da rescisão do contrato de trabalho! Esse é o prazo
risco à integridade física do trabalhador. Como exemplos, temos as para que o trabalhador possa ingressar com a Ação Trabalhista. O
atividades profissionais com inflamáveis, explosivos, energia elétri- prazo prescricional de 05 anos, previsto no mesmo inciso da Consti-
ca, segurança pessoal ou patrimonial, com o uso de motocicleta, tuição, refere-se ao período cujos direitos podem ser questionados,
entre outros. O adicional de periculosidade é correspondente a ou seja, o funcionário pode reclamar apenas dos direitos corres-
30% (trinta por cento) sobre o salário-base. pondentes aos últimos 05 (cinco) anos trabalhados.
A insalubridade é diferente da periculosidade e os adicionais
não são cumulativos! Não discriminação:
XXX – proibição de diferença de salários, de exercício de fun-
Aposentadoria: ções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou
XXIV – aposentadoria; estado civil;
A aposentadoria é o benefício concedido pela Previdência So- XXXI – proibição de qualquer discriminação no tocante a salário
cial ao trabalhador segurado da previdência que preencher os requi- e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência;
sitos legais para sua concessão, consistente na prestação pecuniária
recebida mensalmente pelo aposentado, calculada conforme suas Proibição de distinção do trabalho:
contribuições à previdência ao longo de toda a sua vida laboral. XXXII – proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e
intelectual ou entre os profissionais respectivos;
Assistência aos filhos pequenos:
XXV – assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o Trabalho do menor:
nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas; XXXIII – proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006). menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis
A Constituição Federal, com vistas a proteção do trabalho dos anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; (Re-
genitores de filhos e dependentes pequenos, garante assistência dação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998).
gratuita a seus filhos e dependentes, entretanto, tal dispositivo, - De 14 a 16 anos: Só pode trabalhar na condição de aprendiz.
ainda depende de regulamentação para o seu pleno exercício. - De 16 a 18 anos: É vedado o exercício de trabalho noturno,
perigoso ou insalubre.
Reconhecimento das convenções e acordos coletivos de tra- - A partir de 18 anos: Trabalho normal.
balho:
XXVI – reconhecimento das convenções e acordos coletivos de Igualdade ao trabalhador avulso:
trabalho; XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo
Por este inciso, a Constituição Federal reconheceu as conven- empregatício permanente e o trabalhador avulso.
ções e acordos coletivos como instrumentos com força de lei entre
as partes, desde que conformes com o texto constitucional.
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DIREITO CONSTITUCIONAL
O trabalhador avulso é aquele que presta serviços a uma b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasilei-
empresa de maneira eventual e que, apesar de não possuir vínculo ra, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federa-
empregatício, possui os mesmos direitos que os trabalhadores com tiva do Brasil;
vínculo e a sua prestação de serviços deve obrigatoriamente ser in- c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe bra-
termediada por um sindicato de sua categoria. sileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira com-
petente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e
Empregados domésticos: optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhado- nacionalidade brasileira; (Redação dada pela Emenda Constitucio-
res domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, nal nº 54, de 2007).
XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII II - naturalizados:
e, atendidas as condições estabelecidas em lei e observada a sim- a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira,
plificação do cumprimento das obrigações tributárias, principais e exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas resi-
acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiarida- dência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;
des, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na Re-
a sua integração à previdência social (Redação dada pela Emenda pública Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e
Constitucional nº 72, de 2013). sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade bra-
sileira (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3,
Os Direitos Coletivos dos Trabalhadores “são aqueles exerci- de 1994).
dos pelos trabalhadores, coletivamente ou no interesse de uma co-
letividade” (LENZA, 2019, p. 2038) e compreendem: Cargos privativos do brasileiro nato: (art. 12, § 3º, CF)
§ 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:
Liberdade de Associação Profissional Sindical: prerrogativa I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
dos trabalhadores para defesa de seus interesses profissionais e II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
econômicos. III - de Presidente do Senado Federal;
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
Direito de Greve: direito de abstenção coletiva e simultânea V - da carreira diplomática;
do trabalho, de modo organizado para defesa de interesses dos VI - de oficial das Forças Armadas.
trabalhadores. Importante mencionar que serviços considerados VII - de Ministro de Estado da Defesa (Incluído pela Emenda
essenciais e inadiáveis à sociedade não podem ser paralisados to- Constitucional nº 23, de 1999).
talmente para o exercício do direito de greve. Ademais, o STF (2017)
entende que servidores que atuam diretamente na área de segu- Naturalização
rança pública não podem entrar em greve em nenhuma hipótese. A naturalização é um meio derivado, de aquisição secundária
da nacionalidade brasileira, permitida ao estrangeiro ou apátrida
Direito de Participação Laboral: assegura a participação dos que preencher determinados requisitos.
trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos Também chamado de heimatlos, o apátrida é aquele que não
em que interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de possui nenhuma nacionalidade, já o polipátrida é aquele que tem
discussão. mais de uma nacionalidade.
A Lei nº 13.445/2017, que institui a Lei de Migração trata de
Direito de Representação na Empresa: Nos termos do art. 11, diversas questões acerca da nacionalidade e do processo de natu-
CF: nas empresas de mais de duzentos empregados, é assegurada ralização, sendo vedada a diferenciação arbitrária entre brasileiros
a eleição de um representante destes com a finalidade exclusiva de natos e naturalizados.
promover-lhes o entendimento direto com os empregadores. § 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros
natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição.
— Direitos de nacionalidade
A nacionalidade é a condição de sujeito natural do Estado, que Portugueses:
pode participar dos atos pertinentes à nação. A atribuição da nacio- Aos portugueses com residência permanente no país serão
nalidade se dá por dois critérios: atribuídos os mesmos direitos dos brasileiros, desde que haja re-
Jus solis: será brasileiro todo aquele nascido em território na- ciprocidade.
cional;
Jus sanguinis: será brasileiro todo filho de nacional, mesmo Art. 12
nascido no exterior. § 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se
O Brasil adota, em regra, o critério do jus solis, mitigado por cri- houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os
térios do jus sanguinis. O art. 12 da Constituição Federal elenca os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Cons-
direitos da nacionalidade, dividindo os brasileiros em dois grandes tituição (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº
grupos: os brasileiros natos e os naturalizados. 3, de 1994).

Art. 12 São brasileiros: Perda da Nacionalidade:


I - natos: § 4º Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em
pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país; virtude de atividade nociva ao interesse nacional;
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:(Redação
dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994).
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DIREITO CONSTITUCIONAL
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei es- Alistamento eleitoral (direitos políticos ativos):
trangeira; (Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de Consiste na capacidade de votar, participar de plebiscito e re-
1994). ferendo, subscrever projeto de lei de iniciativa popular e de propor
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao ação popular e se dá através do alistamento eleitoral, obrigatório
brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para para os maiores de dezoito anos e facultativo para os maiores de
permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis; dezesseis e menores de dezoito, para os analfabetos e para os maio-
(Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994). res de setenta anos.
São inalistáveis os estrangeiros e os conscritos durante serviço
Extradição, repatriação, deportação e expulsão militar obrigatório, ou seja, aqueles que se alistaram no exército e
A extradição, repatriação, deportação e expulsão são medidas foram convocados a prestar serviço militar.
do Estado soberano para enviar uma pessoa que se encontra refu-
giada em seu território a outro Estado estrangeiro. Elegibilidade eleitoral (direitos políticos passivos):
Segundo o Ministério da Justiça (2021), a extradição é um ato Os direitos políticos passivos consistem na possibilidade de ser
de cooperação internacional que consiste na entrega de uma pes- votado, ou seja, na elegibilidade que é a capacidade eleitoral passi-
soa, acusada ou condenada por um ou mais crimes, ao país que va consistente na possibilidade de o cidadão pleitear determinados
a reclama. Não haverá extradição de brasileiro nato. Também não mandatos políticos, mediante eleição popular, desde que preenchi-
será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de dos os devidos requisitos.
opinião. § 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei:
Repatriação é medida administrativa consistente no processo I - a nacionalidade brasileira;
de devolução voluntária de uma pessoa ao seu local de origem ou II - o pleno exercício dos direitos políticos;
de cidadania, por estar impedida de permanecer em território bra- III - o alistamento eleitoral;
sileiro após determinado período. IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;
A deportação será aplicada nas hipóteses de entrada ou esta- V - a filiação partidária; Regulamento.
da irregular de estrangeiros no território nacional e a repatriação VI - a idade mínima de:
ocorre quando o clandestino é impedido de ingressar em território a) 35 anos para Presidente e Vice-Presidente da República e
nacional pela fiscalização fronteiriça e aeroportuária brasileira. Senador;
A expulsão consiste em medida administrativa de retirada com- b) 30 para Governador e Vice-Governador de Estado e do Dis-
pulsória de migrante ou visitante do território nacional, conjugada trito Federal;
com o impedimento de reingresso por prazo determinado, configu- c) 21 anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distri-
rado pela prática de crimes em território brasileiro. tal, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;
O banimento, que é a entrega de um brasileiro para julgamento d) 18 anos para Vereador.
no exterior, prática comum na época da ditadura militar, é vedado
pela Constituição. Inelegibilidades:
A Constituição não menciona exaustivamente todas hipóteses
— Direitos políticos de inelegibilidade, apenas fixa algumas. Em regra:
Os Direitos Políticos visam assegurar a participação do cidadão § 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.
na vida política e estrutural de seu Estado, garantindo-lhe o acesso
à condução da coisa pública. Abrangem o poder que qualquer ci- Há também a inelegibilidade derivada do casamento ou do pa-
dadão tem na condução dos destinos de sua coletividade, de uma rentesco com o Presidente da República, com os Governadores de
forma direta ou indireta, ou seja, sendo eleito ou elegendo repre- Estado e do Distrito Federal e com os Prefeitos, ou com quem os
sentantes junto aos poderes públicos. haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito.
Cidadania e nacionalidade são conceitos distintos, logo nacio- §7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o
nal é diferente de cidadão. A condição de nacional é um pressupos- cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau
to para a de cidadão. A cidadania em sentido estrito é o status de ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de
nacional acrescido dos direitos políticos, isto é, o poder participar Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os
do processo governamental, sobretudo pelo voto. haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se
Nos termos do art. 14 da Constituição Federal a soberania po- já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.
pular é exercida pelo sufrágio (voto) universal, direto e secreto, com
valor igual para todos. Ademais, estabelece também os instrumen- Quanto à reeleição e desincompatibilização, a Emenda Consti-
tos de participação semidireta pelo povo. tucional nº 16 trouxe a possibilidade de reeleição para o chefe dos
Plebiscito: manifestação popular do eleitorado que decide Poderes Executivos federal, estadual, distrital e municipal. Ao con-
acerca de uma determinada questão. Assim, em termos práticos, é trário do sistema americano de reeleição, que permite apenas a re-
feita uma pergunta à qual responde o eleitor. É uma consulta prévia condução por um período somente, no Brasil, após o período de um
à elaboração da lei. mandato, o governante pode voltar a se candidatar para o posto.
Referendo: manifestação popular, em que o eleitor aprova ou § 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado e do
rejeita uma atitude governamental, normalmente uma lei ou proje- Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou substi-
to de lei já existente. tuído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único
Iniciativa Popular: é o direito de uma parcela da população (1% período subsequente. (Redação dada pela Emenda Constitucional
do eleitorado) apresentar ao Poder Legislativo um projeto de lei nº 16, de 1997).
que deverá ser examinado e votado. Os eleitores também podem
usar deste instrumento em nível estadual e municipal.

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DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da Repú- nacional, a proibição de subordinação e recebimento de recursos
blica, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos financeiros de entidades ou governo estrangeiros, a vedação da uti-
devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do lização de organização paramilitar, além do dever de prestar contas
pleito. à Justiça Eleitoral e do funcionamento parlamentar de acordo com
a lei.
Por sua vez, o militar é elegível, se cumpridos alguns requisitos: De acordo com a Lei das Eleições, coligações partidárias são
§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes con- permitidas.
dições: Os partidos políticos, uma vez devidamente constituídos e re-
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se gistrados no TSE, têm direito a recursos do fundo partidário e aces-
da atividade; so gratuito ao rádio e à televisão para fins de propaganda eleitoral.
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela
autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato
da diplomação, para a inatividade. DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO POLÍTICO ADMINISTRA-
TIVO
O Mandato Eletivo pode ser impugnado:
§ 10 O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça
Eleitoral no prazo de quinze dias contados da diplomação, instruí- — Estado federal brasileiro, União, Estados, Distrito Federal,
da a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou municípios e territórios
fraude;
§ 11 A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo Estado Federal Brasileiro
de justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se temerária ou de São elementos do Estado a soberania, a finalidade, o povo e o
manifesta má-fé. território. Assim, Dalmo de Abreu Dallari (apud Lenza, 2019, p. 719)
define Estado como “a ordem jurídica soberana que tem por fim o
Suspensão e Perda dos Direitos Políticos bem comum de um povo situado em determinado território”.
A perda e a suspensão dos direitos políticos podem-se dar, Soberania é o poder político supremo e independente que o
respectivamente, de forma definitiva ou temporária. Ocorrerá a Estado detém consistente na capacidade para editar e reger suas
perda quando houver cancelamento da naturalização por sentença próprias normas e seu ordenamento jurídico.
transitada em julgado, no caso de recusa em cumprir obrigação a A finalidade consiste no objetivo maior do Estado que é o bem
todos imposta ou prestação alternativa (é o caso do serviço militar comum, conjunto de condições para o desenvolvimento integral da
obrigatório). Por sua vez, a suspensão dos direitos políticos se dá pessoa humana.
enquanto persistirem os motivos desta, ou seja, enquanto não re- Povo é o conjunto de indivíduos, em regra, com um objetivo
toma a capacidade civil, o indivíduo terá seus direitos políticos sus- comum, ligados a um determinado território pelo vínculo da nacio-
pensos; readquirindo-a, alcançará, novamente o status de cidadão. nalidade.
Também são passíveis de suspensão os condenados criminalmente Território é o espaço físico dentro do qual o Estado exerce seu
(com sentença transitado em julgado). Cumprida a pena, readqui- poder e sua soberania. Onde o povo se estabelece e se organiza
rem os direitos políticos; no caso de improbidade administrativa, a com ânimo de permanência.
suspensão será, da mesma forma, temporária. A Constituição de 1988 adotou a forma republicana de gover-
no, o sistema presidencialista de governo e a forma federativa de
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou Estado. Note tratar-se de três definições distintas.
suspensão só se dará nos casos de:
I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL:
julgado; • Forma de Estado: Federação
II - incapacidade civil absoluta; • Forma de Governo: República
III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto du- • Regime de Governo: Democrático
rarem seus efeitos; • Sistema de Governo: Presidencialismo
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação
alternativa, nos termos do art. 5º, VIII O federalismo é a forma de Estado marcado essencialmente
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º. pela união indissolúvel dos entes federativos, ou seja, pela impossi-
bilidade de secessão, separação. São entes da federação brasileira:
— Partidos Políticos a União; os Estados-Membros; o Distrito Federal e os Municípios.
Partidos políticos são associações de pessoas de ideologia e in- Brasília é a capital federal e o Estado brasileiro é considerado lai-
teresses comuns, com a finalidade de exercer o poder a partir da co, mantendo uma posição de neutralidade em matéria religiosa,
vontade popular, determinando o governo e a orientação política admitindo o culto de todas as religiões, sem qualquer intervenção.
nacional. Juridicamente, são verdadeiras instituições, pessoas jurí-
dicas de direito privado, constituídas na forma da lei civil, perante Fundamentos da República Federativa do Brasil
o Registro Civil de Pessoas Jurídicas e que gozam de imunidade e O art. 1.º enumera, como fundamentos da República Federa-
autonomia para gerir sua organização interna. tiva do Brasil:
No Brasil, o pluralismo político é um dos fundamentos da Repú- - soberania;
blica, e diferente de outras nações aqui não foi instituído o dualis- - cidadania;
mo. (direita e esquerda ou democratas e republicanos). Os partidos
políticos têm liberdade de organização partidária, sendo livres a
criação, fusão, incorporação e a sua extinção, observados o caráter
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a solução para o seu concurso!
DIREITO CONSTITUCIONAL
- dignidade da pessoa humana; Entes Federativos
- valores sociais do trabalho e da livre-iniciativa;
- pluralismo político. União
A União é o ente federativo com dupla personalidade. Inter-
Objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil namente, é uma pessoa jurídica de direito público interno, com
Os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil autonomia financeira, administrativa e política e capacidade de au-
não se confundem com os fundamentos e estão previstos no art. to-organização, autogoverno, autolegislação e autoadministração.
3.º da CF/88: Internacionalmente, a União é soberana e representa a República
- construir uma sociedade livre, justa e solidária; Federativa do Brasil a quem cabe exercer as prerrogativas da so-
- garantir o desenvolvimento nacional; berania do Estado brasileiro. Os bens da União são todos aqueles
- erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigual- elencados, no art. 20, CF.
dades sociais e regionais; São bens da União:
- promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser
sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. atribuídos;
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras,
Princípios que regem a República Federativa do Brasil nas re- das fortificações e construções militares, das vias federais de comu-
lações internacionais nicação e à preservação ambiental, definidas em lei;
O art. 4.º, CF/88 dispõe que a República Federativa do Brasil é III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de
regida nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites
- independência nacional; com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele
- prevalência dos direitos humanos; provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais;
- autodeterminação dos povos; IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros
- não intervenção; países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, exclu-
- igualdade entre os Estados; ídas, destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto aque-
- defesa da paz; las áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental federal,
- solução pacífica dos conflitos; e as referidas no art. 26, II; Redação dada pela Emenda Constitucio-
- repúdio ao terrorismo e ao racismo; nal nº 46, de 2005).
- cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona
- concessão de asilo político. econômica exclusiva;
VI - o mar territorial;
Competências VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;
Competência é o poder, normalmente legal, de uma autorida- VIII - os potenciais de energia hidráulica;
de pública para a prática de atos administrativos e tomada de deci- IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;
sões. As competências dos entes federativos podem ser: X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos
Materiais ou administrativas, que se dividem em: exclusivas e e pré-históricos;
comuns; XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.
Legislativas, que compreendem as privativas e as concorrentes,
complementares e suplementares; Como ente federativo, a União possui competências adminis-
Exclusiva, que é aquela conferida exclusivamente a um dos en- trativas que lhe são exclusivas (art. 21, CF), competências legisla-
tes federativos (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), com tivas privativas (art. 22, CF), competências administrativas comuns
exclusão dos demais. com Estados, Distrito Federal e Municípios (art. 23, CF) e competên-
Privativa, que é aquela enumerada como própria de um ente, cias legislativas concorrentes com Estados, Distrito Federal e Muni-
com possibilidade, entretanto, de delegação para outro. cípios (art. 24, CF).
Concorrente, que é a competência legislativa conferida em co-
mum a mais de um ente federativo. Competências
Na complementar, o ente federativo tem competência naqui- Comuns e Exclusivas Arts. 21 e 23, CF
Administrativas
lo que a norma federal (superior) lhe dê condição de atuar e na
suplementar, por sua vez, o ente federativo supre a competência Competências Privativas e
Arts. 22 e 24, CF
Legislativas Concorrentes
federal não exercida, porém, se esta o exercer, o ato aditado com
base na competência suplementar perde a eficácia, naquilo que lhe
for contrário. Competência administrativa exclusiva da União: art. 21, CF
Sempre que falarmos em competência comum ou exclusiva, Art. 21. Compete à União:
devemos excluir a ideia de “legislar”. Sempre que falarmos em le- I - manter relações com Estados estrangeiros e participar de
gislar, estaremos tratando necessariamente de uma competência organizações internacionais;
privativa ou concorrente. II - declarar a guerra e celebrar a paz;
III - assegurar a defesa nacional;
IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que for-
ças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele perma-
neçam temporariamente;
V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a interven-
ção federal;

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DIREITO CONSTITUCIONAL
VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material a) toda atividade nuclear em território nacional somente será
bélico; admitida para fins pacíficos e mediante aprovação do Congresso
VII - emitir moeda; Nacional;
VIII - administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar as b) sob regime de permissão, são autorizadas a comercializa-
operações de natureza financeira, especialmente as de crédito, ção e a utilização de radioisótopos para pesquisa e uso agrícolas e
câmbio e capitalização, bem como as de seguros e de previdência industriais; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 118, de
privada; 2022)
IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordena- c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção, a co-
ção do território e de desenvolvimento econômico e social; mercialização e a utilização de radioisótopos para pesquisa e uso mé-
X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional; dicos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 118, de 2022)
XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da
ou permissão, os serviços de telecomunicações, nos termos da lei, existência de culpa; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 49, de
que disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um ór- 2006)
gão regulador e outros aspectos institucionais; (Redação dada pela XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do trabalho;
Emenda Constitucional nº 8, de 15/08/95) XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exercício da
XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão atividade de garimpagem, em forma associativa.
ou permissão: XXVI - organizar e fiscalizar a proteção e o tratamento de dados
a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens; (Re- pessoais, nos termos da lei.
dação dada pela Emenda Constitucional nº 8, de 15/08/95)
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveita- Competências administrativas comuns da União, Estados, Dis-
mento energético dos cursos de água, em articulação com os Esta- trito Federal e Municípios: art. 23, CF:
dos onde se situam os potenciais hidroenergéticos; Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distri-
c) a navegação aérea, aeroespacial e a infraestrutura aeropor- to Federal e dos Municípios:
tuária; I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições
d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre por- democráticas e conservar o patrimônio público;
tos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que transponham os limi- II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garan-
tes de Estado ou Território; tia das pessoas portadoras de deficiência; (Vide ADPF 672)
e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e interna- III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor
cional de passageiros; histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais
f) os portos marítimos, fluviais e lacustres; notáveis e os sítios arqueológicos;
XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras
do Distrito Federal e dos Territórios e a Defensoria Pública dos Ter- de arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural;
ritórios; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 69, de 2012) V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação, à
(Produção de efeito) ciência, à tecnologia, à pesquisa e à inovação; (Redação dada pela
XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia penal, a polí- Emenda Constitucional nº 85, de 2015)
cia militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal, bem VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qual-
como prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a execu- quer de suas formas;
ção de serviços públicos, por meio de fundo próprio; (Redação dada VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;
pela Emenda Constitucional nº 104, de 2019) VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o abaste-
XV - organizar e manter os serviços oficiais de estatística, geo- cimento alimentar;
grafia, geologia e cartografia de âmbito nacional; IX - promover programas de construção de moradias e a me-
XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de diversões lhoria das condições habitacionais e de saneamento básico; (Vide
públicas e de programas de rádio e televisão; ADPF 672)
XVII - conceder anistia; X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginali-
XVIII - planejar e promover a defesa permanente contra as cala- zação, promovendo a integração social dos setores desfavorecidos;
midades públicas, especialmente as secas e as inundações; XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos
XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus
hídricos e definir critérios de outorga de direitos de seu uso; (Re- territórios;
gulamento) XII - estabelecer e implantar política de educação para a segu-
XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusi- rança do trânsito.
ve habitação, saneamento básico e transportes urbanos; Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a coo-
XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema nacional peração entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios,
de viação; tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbi-
XXII - executar os serviços de polícia marítima, aeroportuária to nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
e de fronteiras; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19,
de 1998) Competências Legislativas privativas da União: art. 22, CF:
XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário,
enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comér- marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;
cio de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os seguintes II - desapropriação;
princípios e condições: III - requisições civis e militares, em caso de iminente perigo e
em tempo de guerra;
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IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifu- V - produção e consumo;
são; VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, de-
V - serviço postal; fesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e
VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos controle da poluição;
metais; VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turís-
VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferência de va- tico e paisagístico;
lores; VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consu-
VIII - comércio exterior e interestadual; midor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turís-
IX - diretrizes da política nacional de transportes; tico e paisagístico;
X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tecnologia,
aérea e aeroespacial; pesquisa, desenvolvimento e inovação; (Redação dada pela Emen-
XI - trânsito e transporte; da Constitucional nº 85, de 2015)
XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia; X - criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas
XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização; causas;
XIV - populações indígenas; XI - procedimentos em matéria processual;
XV - emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de XII - previdência social, proteção e defesa da saúde; (Vide ADPF
estrangeiros; 672)
XVI - organização do sistema nacional de emprego e condições XIII - assistência jurídica e Defensoria pública;
para o exercício de profissões; XIV - proteção e integração social das pessoas portadoras de
XVII - organização judiciária, do Ministério Público do Distrito deficiência;
Federal e dos Territórios e da Defensoria Pública dos Territórios, XV - proteção à infância e à juventude;
bem como organização administrativa destes; (Redação dada pela XVI - organização, garantias, direitos e deveres das polícias civis.
Emenda Constitucional nº 69, de 2012) § 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da
XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. (Vide Lei nº 13.874,
nacionais; de 2019)
XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da poupança § 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais
popular; não exclui a competência suplementar dos Estados. (Vide Lei nº
XX - sistemas de consórcios e sorteios; 13.874, de 2019)
XXI - normas gerais de organização, efetivos, material bélico, § 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados
garantias, convocação, mobilização, inatividades e pensões das po- exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas
lícias militares e dos corpos de bombeiros militares; (Redação dada peculiaridades. (Vide Lei nº 13.874, de 2019)
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) § 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais
XXII - competência da polícia federal e das polícias rodoviária e suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário. (Vide
ferroviária federais; Lei nº 13.874, de 2019).
XXIII - seguridade social;
XXIV - diretrizes e bases da educação nacional; Estados
XXV - registros públicos; O Brasil é composto de estados federados que gozam de uma
XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza; autonomia, consubstanciada na capacidade de auto-organização,
XXVII - normas gerais de licitação e contratação, em todas as auto legislação, autogoverno e autoadministração.
modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas Os Estados podem se formar a partir de incorporação, subdi-
e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, visão ou desmembramento, que por sua vez, pode se dar por ane-
obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e xação ou formação. A incorporação ou fusão é a junção de dois ou
sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III; (Re- mais Estados para formação de um único Estado novo. A cisão ou
dação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) subdivisão é a separação de um Estado em dois ou mais Estados
XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa marítima, autônomos e independentes. E, o desmembramento consiste na
defesa civil e mobilização nacional; separação de parte de um Estado para formação de um novo Estado
XXIX - propaganda comercial. (formação) ou anexação a outro Estado já existente.
XXX - proteção e tratamento de dados pessoais. (Incluído pela As competências estaduais estão previstas no art. 25, CF e os
Emenda Constitucional nº 115, de 2022) bens dos Estados estão elencados no art. 26, CF:
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Esta- Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constitui-
dos a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas ções e leis que adotarem, observados os princípios desta Constitui-
neste artigo. ção.
§ 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes
Competência Legislativa concorrente da União, Estados e Dis- sejam vedadas por esta Constituição.
trito Federal: art. 24, CF: § 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal le- concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei,
gislar concorrentemente sobre: vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação.
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e ur- (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 5, de 1995).
banístico; (Vide Lei nº 13.874, de 2019)
II - orçamento;
III - juntas comerciais;
IV - custas dos serviços forenses;
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§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir Distrito Federal e Territórios
regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, O Distrito Federal é reconhecido como ente integrante da Fe-
constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para deração e goza de autonomia política, embora não se enquadre
integrar a organização, o planejamento e a execução de funções nem como estado-membro ou município. Sua principal função é
públicas de interesse comum. servir como sede do Governo Federal e não pode haver divisões em
Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados: municípios. O Distrito Federal não possui constituição, mas lei orgâ-
I - As águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes nica própria, que define os princípios básicos de sua organização,
e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorren- suas competências e a organização de seus poderes governamen-
tes de obras da União; tais, nos termos do art. 32, CF.
II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios,
seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da União, Municípios reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos com interstício
ou terceiros; mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços da Câmara Legisla-
III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União; tiva, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta
IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União. Constituição.
§ 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as competências
Municípios legislativas reservadas aos Estados e Municípios.
O Município, que também é um ente federado que possui au- § 2º A eleição do Governador e do Vice-Governador, observadas
tonomia administrativa (autoadministração) e política (auto-organi- as regras do art. 77, e dos Deputados Distritais coincidirá com a
zação, autogoverno e capacidade normativa própria). E, vinculado dos Governadores e Deputados Estaduais, para mandato de igual
ao Estado onde se localiza, depende na sua criação, incorporação, duração.
fusão ou desmembramento, de lei estadual dentro do período de- § 3º Aos Deputados Distritais e à Câmara Legislativa aplica-se
terminado por lei complementar federal, além da realização de ple- o disposto no art. 27.
biscito. § 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo Governo do
Sua capacidade de auto-organização consiste na possibilidade Distrito Federal, da polícia civil, da polícia penal, da polícia militar
da elaboração da lei orgânica própria. O município possui o Poder e do corpo de bombeiros militar (Redação dada pela Emenda
Executivo, exercido pelo Prefeito e o Poder Legislativo, exercido Constitucional nº 104, de 2019).
pela Câmara Municipal. Entretanto, não há Poder Judiciário na es-
fera municipal. É regido por lei orgânica, nos termos do art. 29, CF. Atualmente, não existe no Brasil nenhum Território. Com a
A Constituição prevê ainda a composição das Câmaras Municipais CF/88, os territórios de Roraima e Amapá foram transformados em
e o subsídio dos vereadores, de acordo com a quantidade de habi- Estados e Fernando de Noronha foi incorporado ao Estado de Per-
tantes do município. nambuco.
A competência dos municípios está elencada no art. 30, CF.
Art. 30. Compete aos Municípios: DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. DOS SERVIDORES PÚ-
I - legislar sobre assuntos de interesse local; BLICOS CIVIS
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem
como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de pres- — Disposições gerais
tar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei; A administração pública consiste no conjunto de meios institu-
IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação cionais, materiais, financeiros e humanos do Estado, preordenado
estadual; à realização de seus serviços, visando a satisfação das necessidades
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de conces- coletivas.
são ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o A função administrativa é institucionalmente imputada a diver-
de transporte coletivo, que tem caráter essencial; sas entidades governamentais autônomas, expressas no art. 37 da
VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e Constituição Federal.
do Estado, programas de educação infantil e de ensino fundamen-
tal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006) Administração Pública Direta e Indireta
VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e A administração direta é a administração centralizada, defini-
do Estado, serviços de atendimento à saúde da população; da como o conjunto de órgãos administrativos subordinados dire-
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territo- tamente ao Poder Executivo de cada entidade. Ex.: Ministérios, as
rial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e Forças Armadas, a Receita Federal, os próprios Poderes Executivo,
da ocupação do solo urbano; Legislativo, Judiciário etc.
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, Por sua vez, a administração indireta é a descentralizada, com-
observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual. posta por entidades personalizadas de prestação de serviço ou ex-
ploração de atividades econômicas, mas vinculadas aos Poderes
A fiscalização financeira e orçamentária dos Municípios se dá Executivos da entidade pública. Ex.: Autarquias: Agência Nacional
sob duas modalidades: controle externo, exercido pela Câmara Mu- de Aviação Civil – ANAC, Instituto Nacional de Colonização e Refor-
nicipal e o controle interno, exercido pelo próprio executivo munici- ma Agrária – INCRA e outras agências reguladoras, Universidade Fe-
pal, nos termos do art. 31, CF. deral de Alfenas – UNIFAL-MG e outras universidades federais, Cen-
tros e Institutos Federais de Educação Tecnológica, Banco Central
do Brasil – BACEN; Conselho Federal de Medicina e outros Conse-
lhos Profissionais etc; Empresas Públicas: BNDES, Caixa Econômica

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Federal, Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos etc; Sociedades VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites
de economia mista: Petrobrás, Banco do Brasil etc; Fundações pú- definidos em lei específica (Redação dada pela Emenda Constitucio-
blicas: Funai, Funasa, IBGE etc. nal nº 19, de 1998);
VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos
Princípios Específicos da Administração Pública para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de
Legalidade: todo o ato administrativo deve ser antecedido de sua admissão;
lei; IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo de-
Impessoalidade: todos atos e provimentos administrativos não terminado para atender a necessidade temporária de excepcional
são imputáveis ao agente político que o realiza, mas sim ao órgão interesse público;
ou entidade pública em nome da qual atuou.
Moralidade: impõe a obediência à lei, não só no que ela tem de O art. 37 da Constituição Federal estabelece ainda as regras
formal, mas como na sua teleologia. Não bastará ao administrador quanto a valores, limitações e formas de recebimento de remunera-
o estrito cumprimento da legalidade, devendo ele, no exercício de ção e subsídios dos servidores públicos, bem como condições sobre
sua função pública, respeitar os princípios éticos de razoabilidade acúmulo de cargos e funções:
e justiça.
Publicidade: todos os atos administrativos devem ser públicos, Art. 37.
vedado o sigilo e o segredo, salvo em hipóteses restritas que envol- X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que
vam a segurança nacional. trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados por
Eficiência: trazido pela Emenda Constitucional nº 19, este prin- lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, assegu-
cípio estabelece que os atos administrativos devem cumprir os seus rada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção de
propósitos de forma eficaz. índices (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
(Regulamento);
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, fun-
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni- ções e empregos públicos da administração direta, autárquica e
cípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, mo- fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos
ralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte (Redação Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998): mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pen-
I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos sões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente
brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra na-
como aos estrangeiros, na forma da lei; (Redação dada pela Emen- tureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos
da Constitucional nº 19, de 1998); Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite,
nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito
— Servidores públicos Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Exe-
cutivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito
Concurso Público: do Poder Legislativo e o subsidio dos Desembargadores do Tribunal
A investidura em cargo ou emprego público só se pode dar por de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos
meio de concurso público. Enquanto não há a posse, os aprovados por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supre-
têm apenas uma expectativa de direito. Não há direito adquirido mo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este
em relação ao cargo pela simples aprovação em concurso público. limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos
Defensores Públicos (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
Art. 37. 41, 19.12.2003);
II - a investidura em cargo ou emprego público depende de XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder
aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo Poder Execu-
títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou tivo;
emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer es-
cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exone- pécies remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do
ração (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998); serviço público (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19,
III - o prazo de validade do concurso público será de até dois de 1998);
anos, prorrogável uma vez, por igual período; XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público
IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de convo- não serão computados nem acumulados para fins de concessão de
cação, aquele aprovado em concurso público de provas ou de pro- acréscimos ulteriores; (Redação dada pela Emenda Constitucional
vas e títulos será convocado com prioridade sobre novos concursa- nº 19, de 1998);
dos para assumir cargo ou emprego, na carreira; XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e em-
V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por ser- pregos públicos são irredutíveis, ressalvado o disposto nos incisos XI
vidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a se- e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
rem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998);
percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atri- XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos,
buições de direção, chefia e assessoramento (Redação dada pela exceto, quando houver compatibilidade de horários, observado em
Emenda Constitucional nº 19, de 1998); qualquer caso o disposto no inciso XI (Redação dada pela Emenda
VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre asso- Constitucional nº 19, de 1998):
ciação sindical; a) a de dois cargos de professor; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998);
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DIREITO CONSTITUCIONAL
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico I - as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998); em geral, asseguradas a manutenção de serviços de atendimento
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de ao usuário e a avaliação periódica, externa e interna, da qualidade
saúde, com profissões regulamentadas; (Redação dada pela Emen- dos serviços (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998);
da Constitucional nº 34, de 2001); II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a infor-
XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e funções mações sobre atos de governo, observado o disposto no art. 5º, X e
e abrange autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de XXXIII; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) (Vide
economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta Lei nº 12.527, de 2011);
ou indiretamente, pelo poder público (Redação dada pela Emenda III - a disciplina da representação contra o exercício negligente
Constitucional nº 19, de 1998); XVIII - a administração fazendária e ou abusivo de cargo, emprego ou função na administração pública.
seus servidores fiscais terão, dentro de suas áreas de competência (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998).
e jurisdição, precedência sobre os demais setores administrativos,
na forma da lei; Improbidade Administrativa
A improbidade administrativa é espécie de ilegalidade pratica-
E também a criação de autarquias e instituição de empresas da pelo servidor, qualificada pela finalidade de atribuir situação de
públicas, fundações e sociedades de economia mista: vantagem a si ou a outrem. A Lei nº 8.429/92, chamada de Lei de
Improbidade Administrativa, disciplina este dispositivo constitucio-
Art. 37. nal, previsto no art. 37, §4º.
XIX - somente por lei específica poderá ser criada autarquia e
autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de econo- Art. 37.
mia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último § 4º Os atos de improbidade administrativa importarão a sus-
caso, definir as áreas de sua atuação (Redação dada pela Emenda pensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponi-
Constitucional nº 19, de 1998); bilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação
XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a cria- previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
ção de subsidiárias das entidades mencionadas no inciso anterior, § 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos pra-
assim como a participação de qualquer delas em empresa privada; ticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos
ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento.
Todas as obras, serviços e compras da Administração, nos ter- § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito pri-
mos do que preceitua o art. 37 da Constituição, deverão ser contra- vado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que
tadas por meio de licitação pública. seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o
direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
Art. 37. § 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restrições ao ocupante
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, de cargo ou emprego da administração direta e indireta que possi-
serviços, compras e alienações serão contratados mediante pro- bilite o acesso a informações privilegiadas (Incluído pela Emenda
cesso de licitação pública que assegure igualdade de condições a Constitucional nº 19, de 1998).
todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações § 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos
de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos ter- órgãos e entidades da administração direta e indireta poderá ser
mos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação ampliada mediante contrato, a ser firmado entre seus administra-
técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das dores e o poder público, que tenha por objeto a fixação de metas de
obrigações (Regulamento). desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) (Regulamen-
O referido art. 37, CF dispõe ainda sobre as informações na Ad- to) (Vigência) :
ministração Pública: I - o prazo de duração do contrato (Incluído pela Emenda Cons-
XXII - as administrações tributárias da União, dos Estados, do titucional nº 19, de 1998)
Distrito Federal e dos Municípios, atividades essenciais ao funciona- II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, di-
mento do Estado, exercidas por servidores de carreiras específicas, reitos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes (Incluído pela
terão recursos prioritários para a realização de suas atividades e Emenda Constitucional nº 19, de 1998);
atuarão de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de III - a remuneração do pessoal (Incluído pela Emenda Constitu-
cadastros e de informações fiscais, na forma da lei ou convênio (In- cional nº 19, de 1998);
cluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003); § 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas públicas e às
§ 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e cam- sociedades de economia mista, e suas subsidiárias, que receberem
panhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, infor- recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municí-
mativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, pios para pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em geral
símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de auto- (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998).
ridades ou servidores públicos. § 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de apo-
§ 2º A não observância do disposto nos incisos II e III implicará a sentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a re-
nulidade do ato e a punição da autoridade responsável, nos termos muneração de cargo, emprego ou função pública, ressalvados os
da lei. cargos acumuláveis na forma desta Constituição, os cargos eletivos
§ 3º A lei disciplinará as formas de participação do usuário na e os cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação e exo-
administração pública direta e indireta, regulando especialmente neração. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998): (Vide Emenda Constitucional nº 20, de 1998);

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a solução para o seu concurso!
DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 11. Não serão computadas, para efeito dos limites remunera- II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegu-
tórios de que trata o inciso XI do caput deste artigo, as parcelas de rada ampla defesa (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de
caráter indenizatório previstas em lei (Incluído pela Emenda Consti- 1998);
tucional nº 47, de 2005). III - mediante procedimento de avaliação periódica de desem-
§ 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput deste ar- penho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa
tigo, fica facultado aos Estados e ao Distrito Federal fixar, em seu (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998);
âmbito, mediante emenda às respectivas Constituições e Lei Orgâ- § 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor
nica, como limite único, o subsídio mensal dos Desembargadores estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se es-
do respectivo Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte tável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização,
e cinco centésimos por cento do subsídio mensal dos Ministros do aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com re-
Supremo Tribunal Federal, não se aplicando o disposto neste pará- muneração proporcional ao tempo de serviço (Redação dada pela
grafo aos subsídios dos Deputados Estaduais e Distritais e dos Vere- Emenda Constitucional nº 19, de 1998);
adores (Incluído pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005). § 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o ser-
§ 13. O servidor público titular de cargo efetivo poderá ser rea- vidor estável ficará em disponibilidade, com remuneração propor-
daptado para exercício de cargo cujas atribuições e responsabilida- cional ao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento em
des sejam compatíveis com a limitação que tenha sofrido em sua outro cargo (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de
capacidade física ou mental, enquanto permanecer nesta condição, 1998);
desde que possua a habilitação e o nível de escolaridade exigidos § 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é obriga-
para o cargo de destino, mantida a remuneração do cargo de ori- tória a avaliação especial de desempenho por comissão instituída
gem (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019). para essa finalidade (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de
§ 14. A aposentadoria concedida com a utilização de tempo 1998).
de contribuição decorrente de cargo, emprego ou função pública,
inclusive do Regime Geral de Previdência Social, acarretará o rom- São militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios,
pimento do vínculo que gerou o referido tempo de contribuição. os membros das polícias militares e corpos de bombeiros militares,
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) instituições organizadas com base na hierarquia e disciplina, nos
§ 15. É vedada a complementação de aposentadorias de ser- termos do art. 42, CF. Aos militares são proibidas a sindicalização e
vidores públicos e de pensões por morte a seus dependentes que a greve, em face das funções por eles desempenhadas.
não seja decorrente do disposto nos §§ 14 a 16 do art. 40 ou que
não seja prevista em lei que extinga regime próprio de previdência Art. 42. Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bom-
social (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019). beiros Militares, instituições organizadas com base na hierarquia e
disciplina, são militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Terri-
Regime Jurídico dos Servidores Públicos tórios (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998).
O regime jurídico dos servidores públicos é o conjunto de princípios § 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e
e regras destinadas à regulação das relações funcionais da administração dos Territórios, além do que vier a ser fixado em lei, as disposições
pública e seus agentes. Pode ser geral, aplicável a todos os servidores de do art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. 142, §§ 2º e 3º, cabendo
uma determinada pessoa política (da Administração Pública Federal, Es- a lei estadual específica dispor sobre as matérias do art. 142, § 3º,
tadual, Municipal, por exemplo) ou específico, como é o caso de algumas inciso X, sendo as patentes dos oficiais conferidas pelos respectivos
carreiras, como a Magistratura, Ministério Público etc. governadores (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de
O Regime Jurídico dos Servidores Públicos da União é estatu- 15/12/98).
tário e regido pela Lei nº 8.112 de 1990. Nas esferas distrital, es- § 2º Aos pensionistas dos militares dos Estados, do Distrito Fe-
taduais e municipais podem ser adotados estatutos próprios, des- deral e dos Territórios aplica-se o que for fixado em lei específica do
de compatíveis com os preceitos da Constituição Federal e da Lei respectivo ente estatal (Redação dada pela Emenda Constitucional
8.112/90. nº 41, 19.12.2003).
No regime estatutário não há relação contratual empregatícia. § 3º Aplica-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e
A Constituição Federal prevê todo o regime jurídico dos Servi- dos Territórios o disposto no art. 37, inciso XVI, com prevalência da
dores Públicos, com sistema remuneratório, regime previdenciário atividade militar (Incluído pela Emenda Constitucional nº 101, de
e regra geral de aposentadoria, nos termos do art. 40, CF. 2019).
A estabilidade é uma das garantias do serviço público, prevista
constitucionalmente. É adquirida pelo funcionário concursado após
três anos de efetivo exercício da função pública e impede que ele A ORGANIZAÇÃO DOS PODERES
seja desvinculado do serviço público arbitrariamente, a não ser por
sentença transitada em julgado ou decisão administrativa em que
lhe foi dado amplo direito de defesa, aposentadoria compulsória, Prezado candidato, o tema supracitado já foi abordado em
exoneração a pedido ou morte: tópicos anteriores.
Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os ser-
vidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de
concurso público (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19,
de 1998).
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998):
I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado (Inclu-
ído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998);
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DIREITO CONSTITUCIONAL
• O Princípio da Independência Funcional, significa que o
O PODER LEGISLATIVO. A FISCALIZAÇÃO CONTÁBIL, FI- membro do MP, quando atua em um processo, não está subordina-
NANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA. O CONTROLE EXTERNO do a ninguém, nem mesmo ao seu procurador-geral, vinculando-se,
E OS SISTEMAS DE CONTROLE INTERNO. TRIBUNAL DE tão somente, à sua consciência jurídica.
CONTAS DA UNIÃO
Garantias Institucionais do MP
a) Autonomia funcional: como sinônimo de independência
Prezado candidato, o tema supracitado já foi abordado em funcional, significa dizer que o membro do Ministério Público, no
tópicos anteriores. cumprimento de suas atribuições constitucionais e legais, não está
subordinado a ninguém, nem mesmo ao seu procurador-geral, con-
dicionando sua atuação tão somente à sua consciência jurídica;
O PODER EXECUTIVO. O PRESIDENTE E O VICE-PRESI- b) Autonomia administrativa: poder de gestão sobre a admi-
DENTE DA REPÚBLICA. AS ATRIBUIÇÕES DO PRESIDEN- nistração dos seus órgãos, bens e pessoas, segundo as normas le-
TE DA REPÚBLICA. A RESPONSABILIDADE DO PRESI-
gais pertinentes, editadas pela entidade estatal competente;
DENTE DA REPÚBLICA. OS MINISTROS DE ESTADO
c) Autonomia financeira: capacidade de elaboração da propos-
ta orçamentária e de gestão e aplicação dos recursos destinados a
prover as atividades e serviços dos órgãos do MP (Artigo 127, §§ 3º
Prezado candidato, o tema supracitado já foi abordado em
ao 6º);
tópicos anteriores.
d) Iniciativa do processo legislativo: disposto nos Artigos 127,
§ 2º e 128, § 5º, da CF;
O PODER JUDICIÁRIO. DISPOSIÇÕES GERAIS. O SUPRE- e) Vedação de promotor ad hoc: disposto no Artigo 129, § 2º,
MO TRIBUNAL FEDERAL. O SUPERIOR TRIBUNAL DE da CF;
JUSTIÇA f) Ingresso da carreira por concurso público: disposto no Arti-
go 129, § 3º, da CF;
g) Distribuição imediata de processo: disposto no Artigo 129,
Prezado candidato, o tema supracitado já foi abordado em § 5º, da CF.
tópicos anteriores.
Órgãos do MP Brasileiro
a) Ministério Público da União: formado pelo Ministério Pú-
O MINISTÉRIO PÚBLICO blico Federal, pelo Ministério Público do Trabalho, pelo Ministério
Público Militar e pelo Ministério Público do Distrito Federal e terri-
tórios;
O Capítulo IV, do Título IV, da Constituição Federal de 1988 b) Ministérios Públicos dos Estados.
cuida das Funções Essenciais à Justiça compostas pelo Ministério
Público, pela Advocacia Pública, pela Defensoria Pública e pela Ad- Observe abaixo a ilustração que demonstra de forma simples a
vocacia Privada. composição do MP Brasileiro:
Tais órgãos, que não integram a estrutura do Poder Judiciário,
mas atuam perante ele, provocam a tutela jurisdicional, haja vista
que o Judiciário não age de ofício, somente por provocação.
Vejamos abaixo o perfil constitucional de cada órgão integrante
do gênero funções essenciais à Justiça.

— Ministério Público
O Ministério Público é instituição permanente, essencial à fun-
ção jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem ju-
rídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais
indisponíveis.

Princípios Institucionais do MP
Procurador Geral da República
Segundo o Artigo 127, § 1º da CF, são princípios institucionais
Escolhido pelo Presidente, dentre os integrantes da carreira
do MP a unidade, a indivisibilidade e a independência funcional.
com mais de 35 anos, sendo seu nome indicado ao Senado, que o
• O Princípio da Unidade está afeto à ideia de que todos os
aprovará, ou não, por maioria absoluta de votos.
membros do MP integram um único órgão, possuindo uma única
Exerce mandato de 2 anos, permitindo-se reconduções suces-
estrutura e sendo chefiado por um só procurador-geral;
sivas. A cada nova recondução, deve-se submeter o nome à nova
• De acordo com o Princípio da Indivisibilidade, os membros
aprovação pelo Senado Federal.
do Ministério Público não estão vinculados aos processos nos quais
A destituição do PGR pelo Presidente da República depende de
atuam, podendo ser substituídos uns pelos outros, desde que se-
prévia autorização do Senado Federal por maioria absoluta da Casa.
jam do mesmo ramo do MP, haja vista que o ato é praticado pela
instituição e não pelo agente;

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a solução para o seu concurso!
DIREITO CONSTITUCIONAL
Procuradores Gerais de Justiça Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essen-
Os Ministérios Públicos dos estados e o Ministério Público do cial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da
Distrito Federal e territórios formarão lista tríplice dentre integran- ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e
tes da carreira, na forma da lei respectiva, para escolha de seu pro- individuais indisponíveis.
curador-geral, que será nomeado pelo Chefe do Poder Executivo § 1º São princípios institucionais do Ministério Público a
respectivo (governador dos estados e Presidente da República, no unidade, a indivisibilidade e a independência funcional.
caso do MPDFT), para um mandato de dois anos, permitida uma § 2º Ao Ministério Público é assegurada autonomia funcional e
recondução. administrativa, podendo, observado o disposto no art. 169, propor
Ademais, os procuradores-gerais nos Estados e no Distrito Fe- ao Poder Legislativo a criação e extinção de seus cargos e serviços
deral e territórios poderão ser destituídos por deliberação da maio- auxiliares, provendo-os por concurso público de provas ou de
ria absoluta do Poder legislativo, na forma da lei complementar provas e títulos, a política remuneratória e os planos de carreira; a
respectiva. lei disporá sobre sua organização e funcionamento.
§ 3º O Ministério Público elaborará sua proposta orçamentária
Garantias Funcionais do MP dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias.
De acordo com o Artigo 128, § 5º, I, da CF, os membros do MP § 4º Se o Ministério Público não encaminhar a respectiva
gozam das seguintes garantias funcionais: proposta orçamentária dentro do prazo estabelecido na lei de
a) vitaliciedade: após 2 anos de exercício, não podendo perder diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo considerará, para
o cargo senão por sentença judicial transitada em julgado; fins de consolidação da proposta orçamentária anual, os valores
b) inamovibilidade: salvo por motivo de interesse público, me- aprovados na lei orçamentária vigente, ajustados de acordo com os
diante decisão do órgão colegiado competente do MP, por voto da limites estipulados na forma do § 3º.
maioria absoluta de seus membros, assegurada ampla defesa; § 5º Se a proposta orçamentária de que trata este artigo for
c) irredutibilidade de subsídio. encaminhada em desacordo com os limites estipulados na forma
do § 3º, o Poder Executivo procederá aos ajustes necessários para
Vedações aos Membros do MP fins de consolidação da proposta orçamentária anual.
Estão elencadas no Artigo 128, II e alíneas, da CF: § 6º Durante a execução orçamentária do exercício, não
a) receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, honorá- poderá haver a realização de despesas ou a assunção de obrigações
rios, percentagens ou custas processuais; que extrapolem os limites estabelecidos na lei de diretrizes
b) exercer a advocacia; orçamentárias, exceto se previamente autorizadas, mediante a
c) participar de sociedade comercial, na forma da lei; abertura de créditos suplementares ou especiais.
d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra fun- Art. 128. O Ministério Público abrange:
ção pública, salvo uma de magistério; I - o Ministério Público da União, que compreende:
e) exercer atividade político-partidária; a) o Ministério Público Federal;
f) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribui- b) o Ministério Público do Trabalho;
ções de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas c) o Ministério Público Militar;
as exceções previstas em lei; d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios;
g) exercício da advocacia no juízo ou tribunal do qual se afas- II - os Ministérios Públicos dos Estados.
tou, antes de decorrido três anos do seu afastamento do cargo por § 1º O Ministério Público da União tem por chefe o Procurador-
razões de aposentadoria ou exoneração. Geral da República, nomeado pelo Presidente da República dentre
integrantes da carreira, maiores de trinta e cinco anos, após a
Funções Institucionais do MP aprovação de seu nome pela maioria absoluta dos membros
As funções institucionais do MP estão exemplificativamente do Senado Federal, para mandato de dois anos, permitida a
(rol não taxativo) elencadas no Artigo 129, da CF. recondução.
§ 2º A destituição do Procurador-Geral da República, por
Conselho Nacional do Ministério Público – CNMP iniciativa do Presidente da República, deverá ser precedida de
O CNMP não é um órgão que integra a estrutura do Ministé- autorização da maioria absoluta do Senado Federal.
rio Público. Trata-se de um tribunal administrativo com a função § 3º Os Ministérios Públicos dos Estados e o do Distrito Federal
de controlar a atuação administrativa e financeira do Ministério Pú- e Territórios formarão lista tríplice dentre integrantes da carreira,
blico e do cumprimento dos deveres funcionais de seus membros. na forma da lei respectiva, para escolha de seu Procurador-Geral,
Seguem abaixo as disposições constitucionais referentes ao Mi- que será nomeado pelo Chefe do Poder Executivo, para mandato
nistério Público: de dois anos, permitida uma recondução.
§ 4º Os Procuradores-Gerais nos Estados e no Distrito Federal
CAPÍTULO IV e Territórios poderão ser destituídos por deliberação da maioria
DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA absoluta do Poder Legislativo, na forma da lei complementar
(REDAÇÃO DADA PELA EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 80, DE respectiva.
2014) § 5º Leis complementares da União e dos Estados, cuja iniciativa
é facultada aos respectivos Procuradores-Gerais, estabelecerão a
SEÇÃO I organização, as atribuições e o estatuto de cada Ministério Público,
DO MINISTÉRIO PÚBLICO observadas, relativamente a seus membros:
I - as seguintes garantias:
a) vitaliciedade, após dois anos de exercício, não podendo per-
der o cargo senão por sentença judicial transitada em julgado;

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a solução para o seu concurso!
DIREITO CONSTITUCIONAL
b) inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, me- Art. 130. Aos membros do Ministério Público junto aos Tribu-
diante decisão do órgão colegiado competente do Ministério Pú- nais de Contas aplicam-se as disposições desta seção pertinentes a
blico, pelo voto da maioria absoluta de seus membros, assegurada direitos, vedações e forma de investidura.
ampla defesa; Art. 130-A. O Conselho Nacional do Ministério Público compõe-
c) irredutibilidade de subsídio, fixado na forma do art. 39, § 4º, e -se de quatorze membros nomeados pelo Presidente da República,
ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 150, II, 153, III, 153, § 2º, I; depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Fe-
II - as seguintes vedações: deral, para um mandato de dois anos, admitida uma recondução,
a) receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, honorá- sendo:
rios, percentagens ou custas processuais; I o Procurador-Geral da República, que o preside;
b) exercer a advocacia; II quatro membros do Ministério Público da União, assegurada
c) participar de sociedade comercial, na forma da lei; a representação de cada uma de suas carreiras;
d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra fun- III três membros do Ministério Público dos Estados;
ção pública, salvo uma de magistério; IV dois juízes, indicados um pelo Supremo Tribunal Federal e
e) exercer atividade político-partidária; outro pelo Superior Tribunal de Justiça;
f) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribui- V dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem
ções de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas dos Advogados do Brasil;
as exceções previstas em lei. VI dois cidadãos de notável saber jurídico e reputação ilibada,
§ 6º Aplica-se aos membros do Ministério Público o disposto indicados um pela Câmara dos Deputados e outro pelo Senado Fe-
no art. 95, parágrafo único, V. deral.
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: § 1º Os membros do Conselho oriundos do Ministério Público
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma serão indicados pelos respectivos Ministérios Públicos, na forma da lei.
da lei; § 2º Compete ao Conselho Nacional do Ministério Público o
II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos servi- controle da atuação administrativa e financeira do Ministério
ços de relevância pública aos direitos assegurados nesta Constitui- Público e do cumprimento dos deveres funcionais de seus
ção, promovendo as medidas necessárias a sua garantia; membros, cabendo lhe:
III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a pro- I zelar pela autonomia funcional e administrativa do Ministério
teção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros Público, podendo expedir atos regulamentares, no âmbito de sua
interesses difusos e coletivos; competência, ou recomendar providências;
IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou representação II zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou me-
para fins de intervenção da União e dos Estados, nos casos previstos diante provocação, a legalidade dos atos administrativos praticados
nesta Constituição; por membros ou órgãos do Ministério Público da União e dos Esta-
V - defender judicialmente os direitos e interesses das popula- dos, podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se
ções indígenas; adotem as providências necessárias ao exato cumprimento da lei,
VI - expedir notificações nos procedimentos administrativos de sem prejuízo da competência dos Tribunais de Contas;
sua competência, requisitando informações e documentos para ins- III - receber e conhecer das reclamações contra membros ou
truí-los, na forma da lei complementar respectiva; órgãos do Ministério Público da União ou dos Estados, inclusive
VII - exercer o controle externo da atividade policial, na forma contra seus serviços auxiliares, sem prejuízo da competência dis-
da lei complementar mencionada no artigo anterior; ciplinar e correicional da instituição, podendo avocar processos
VIII - requisitar diligências investigatórias e a instauração de in- disciplinares em curso, determinar a remoção ou a disponibilidade
quérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas mani- e aplicar outras sanções administrativas, assegurada ampla defesa;
festações processuais; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que IV rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disci-
compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a representação plinares de membros do Ministério Público da União ou dos Estados
judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas. julgados há menos de um ano;
§ 1º A legitimação do Ministério Público para as ações civis V elaborar relatório anual, propondo as providências que jul-
previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas mesmas gar necessárias sobre a situação do Ministério Público no País e as
hipóteses, segundo o disposto nesta Constituição e na lei. atividades do Conselho, o qual deve integrar a mensagem prevista
§ 2º As funções do Ministério Público só podem ser exercidas no art. 84, XI.
por integrantes da carreira, que deverão residir na comarca da § 3º O Conselho escolherá, em votação secreta, um Corregedor
respectiva lotação, salvo autorização do chefe da instituição. nacional, dentre os membros do Ministério Público que o integram,
§ 3º O ingresso na carreira do Ministério Público far-se-á vedada a recondução, competindo-lhe, além das atribuições que
mediante concurso público de provas e títulos, assegurada a lhe forem conferidas pela lei, as seguintes:
participação da Ordem dos Advogados do Brasil em sua realização, I receber reclamações e denúncias, de qualquer interessado,
exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de relativas aos membros do Ministério Público e dos seus serviços
atividade jurídica e observando-se, nas nomeações, a ordem de auxiliares;
classificação. II exercer funções executivas do Conselho, de inspeção e cor-
§ 4º Aplica-se ao Ministério Público, no que couber, o disposto reição geral;
no art. 93. III requisitar e designar membros do Ministério Público, dele-
§ 5º A distribuição de processos no Ministério Público será gando-lhes atribuições, e requisitar servidores de órgãos do Minis-
imediata. tério Público.
§ 4º O Presidente do Conselho Federal da Ordem dos
Advogados do Brasil oficiará junto ao Conselho.
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a solução para o seu concurso!
DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 5º Leis da União e dos Estados criarão ouvidorias do Minis- III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de
tério Público, competentes para receber reclamações e denúncias fronteiras; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de
de qualquer interessado contra membros ou órgãos do Ministério 1998)
Público, inclusive contra seus serviços auxiliares, representando di- IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária
retamente ao Conselho Nacional do Ministério Público. da União.

São cargos de Carreira da Polícia Federal o Delegado de Polícia


A DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁ- Federal, o Perito Criminal Federal, o Escrivão de Polícia Federal, o
TICAS Papiloscopista Policial Federal e o Agente de Polícia Federal.

Polícia Rodoviária Federal


— Segurança pública § 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente, organi-
A segurança pública é o poder-dever do Estado na sua auto- zado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se,
defesa e das instituições democráticas que visa garantir a ordem na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais.
e a proteção de todos os cidadãos, com a prevalência do interesse (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
público.
A segurança pública busca a defesa do Estado e das Instituições Compete à Polícia Rodoviária Federal realizar atividades de
Democráticas para preservar a ordem constitucional em momen- natureza policial envolvendo fiscalização, patrulhamento e policia-
tos de crise, internamente, contra lesões ou ameaças de direitos de mento ostensivo, atendimento e socorro às vítimas de acidentes ro-
seus cidadãos e arbitrariedades do próprio poder público, inclusive, doviários e demais atribuições relacionadas com a área operacional
e externamente contra atentados à soberania nacional. do Departamento de Polícia Rodoviária Federal.

— Organização da segurança pública Polícia Ferroviária Federal


Nos termos do art. 144, CF a Segurança Pública está organizada § 3º A polícia ferroviária federal, órgão permanente, organi-
nos seguintes órgãos: zado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se,
— Polícia Federal; na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias federais.
— Polícia Rodoviária Federal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
— Polícia Ferroviária Federal;
— Polícias Civis; Polícias Civis
— Polícias militares e corpos de bombeiros militares; § 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de car-
— Polícias penais federal, estaduais e distrital. reira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções
de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as mi-
O rol dos órgãos de Segurança Pública é taxativo e os entes litares.
federativos não podem criar novos órgãos, além dos elencados na
Constituição. Polícias militares e corpos de bombeiros militares
Embora não esteja previsto no rol do art. 144, as Guardas Mu- § 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preser-
nicipais visam a proteção do patrimônio público e sua criação nos vação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além
municípios está autorizada no § 8º do referido dispositivo. das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades
§ 8º Os Municípios poderão constituir guardas municipais des- de defesa civil.
tinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações, conforme
dispuser a lei. § 6º As polícias militares e os corpos de bombeiros militares,
forças auxiliares e reserva do Exército subordinam-se, juntamente
Polícia Federal com as polícias civis e as polícias penais estaduais e distrital, aos
A polícia federal faz parte da estrutura básica do Ministério da Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios (Re-
Justiça e é órgão permanente, organizado e mantido pela União. dação dada pela Emenda Constitucional nº 104, de 2019).
§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanen-
te, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, Polícias penais federal, estaduais e distrital
destina-se a: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de § 5º-A. Às polícias penais, vinculadas ao órgão administrador
1998) do sistema penal da unidade federativa a que pertencem, cabe a se-
I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou gurança dos estabelecimentos penais. (Redação dada pela Emenda
em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas Constitucional nº 104, de 2019).
entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras in-
frações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacio- Os serviços relacionados à segurança pública devem ser pres-
nal e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei; tados com eficiência.
II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas §7º A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos ór-
afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazen- gãos responsáveis pela segurança pública, de maneira a garantir a
dária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de compe- eficiência de suas atividades.
tência; § 9º A remuneração dos servidores policiais integrantes dos ór-
gãos relacionados neste artigo será fixada na forma do § 4º do art.
39. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

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DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 10. A segurança viária, exercida para a preservação da ordem Tributação - Sistema Tributário Nacional
pública e da incolumidade das pessoas e do seu patrimônio nas vias Vimos anteriormente, que a Tributação é o meio pelo qual o Es-
públicas: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 82, de 2014). tado, na condição de agente fiscal, vai ao “particular” e exige deste
I - compreende a educação, engenharia e fiscalização de trân- uma prestação pecuniária, que tem como objetivo, permitir que a
sito, além de outras atividades previstas em lei, que assegurem ao máquina estatal tenha condições de proporcionar os serviços públi-
cidadão o direito à mobilidade urbana eficiente; e (Incluído pela cos necessários à convivência social digna e segura.
Emenda Constitucional nº 82, de 2014) O Sistema Tributário Nacional vem positivado em parte na
II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Constituição de 1988, no Título VI, Capítulo I – artigos 145 a 162,
Municípios, aos respectivos órgãos ou entidades executivos e seus incluindo os artigos 194 e 195 que trata das contribuições a segu-
agentes de trânsito, estruturados em Carreira, na forma da lei. (In- ridade social6.
cluído pela Emenda Constitucional nº 82, de 2014). O conjunto de normas que regulam a cobrança de tributos no
território nacional vem positivado nos artigos 145, 148 e 149 da
Constituição Federal, sendo detalhado no Código Tributário Nacio-
DA TRIBUTAÇÃO E DO ORÇAMENTO. SISTEMA TRIBU- nal.
TÁRIO NACIONAL. DAS FINANÇAS PÚBLICAS. DO ORÇA- Ambos sistematizam os tributos de acordo com a base eco-
MENTO nômica, organizados e distribuídos segundo o poder tributário da
União, dos Estados, Distrito Federal e dos Municípios.

Para que o Estado cumpra seus objetivos, honrando o que está A Constituição Federal, em regra, não institui tributos, mas sim
consagrado em sua Carta Magna, é necessário que dois de seus se- estabelece a repartição de competência entre os diversos entes fe-
tores do governo funcionem de forma integrada, são eles a tributa- derativos e permite que os instituam com observância ao princípio
ção e o orçamento5. da reserva legal. A exceção fica a cargo do estabelecimento do im-
A Tributação nada mais é do que a ação do “Estado-fisco” sobre posto extraordinário, feito diretamente pela Carta Maior.
os bens do particular, é a parcela que a pessoa, seja ela física ou jurí- É com base no Sistema Tributário Nacional que a União, os
dica, presta para que a coletividade goze da tutela estatal. O Código Estados, Distrito Federal e os Municípios poderão instituir seus
Tributário Nacional define o Tributo como sendo: tributos, organizar as finanças e provê para seus contribuintes as
Art. 3˚ “Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em garantias elencadas pela Constituição Federal.
moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua san-
ção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade • Classificação de tributos
administrativa plenamente vinculada”. A Constituição Federal define quais são as espécies de tributos
cabíveis de serem cobradas junto aos seus contribuintes, segundo
Para Celso Ribeiro Bastos, “o tributo é uma prestação pecuniá- o Art. 145: “A União, os Estados, o Distrito Federal e os municípios
ria que o Estado, ou o ente público autorizado por ele, exige dos poderão instituir os seguintes tributos:
sujeitos econômicos submetidos à soberania territorial”. A partir I – impostos;
deste conceito e da definição apresentada no CTN, podemos de- II – taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela
duzir, sem o menor esforço, que de um lado temos o Estado que utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e di-
precisa dos recursos financeiros, indo buscá-los junto aos seus con- visíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição;
tribuintes, e do outro temos as pessoas, que precisam dos serviços III – contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas”.
públicos e são obrigados a pagar, geralmente em dinheiro, os tribu- (CF. 1988)
tos estabelecidos por força de lei.
É graças aos tributos arrecadados pelo Estado que ele poderá Além destes, citados acima, a C.F. diz ainda que a União poderá,
cumprir os objetivos que já destacamos neste texto, no entanto mediante lei complementar e nas hipóteses dos incisos I e II, do art.
isto só será possível se houver controle do que foi aferido e 148, instituir empréstimos compulsórios e, nos termos do art. 149
planejamento para aplicar tais recursos, é neste momento que instituir contribuições sociais.
o Orçamento ganha importância, se trata de um instrumento de
planejamento e execução das finanças públicas. • Impostos
Assim, para Celso Ribeiro Bastos, “o Orçamento é uma peça Espécie de tributo que se fundamenta no poder fiscal do Esta-
contábil que faz, de uma parte, uma previsão de despesas a serem do não sendo obrigado, por parte deste, uma contraprestação ao
realizadas pelo Estado e, de outra parte, o autoriza a efetuar a co- contribuinte, “é a prestação pecuniária exigida dos particulares, em
brança, sobretudo de impostos e também de outras fontes de re- caráter definitivo, por autoridade pública competente, cuja arreca-
cursos”. dação tem por objetivo atender às necessidades públicas”
É possível então afirmar que a Tributação e o Orçamento são
peças que trabalham juntas na engrenagem de um Estado, de modo
que, além de uma receita grandiosa e um sistema tributário forte,
é preciso que se estabeleçam diretrizes orçamentárias e metas a
serem alcançadas.

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CIONAL%20TRIBUT%C3%81RIO&text=O%20conjunto%20de%20normas%20
5 https://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=15944 que,detalhado%20no%20C%C3%B3digo%20Tribut%C3%A1rio%20Nacional.
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DIREITO CONSTITUCIONAL
Segundo a Constituição Federal os impostos, sempre que pos- Estes assumem importância essencial para a garantia da segu-
sível, terão caráter pessoal e deverão levar em consideração as con- rança jurídica e dos direitos individuais, em especial o de proprie-
dições econômicas do contribuinte, esta previsão é garantida pelo dade, evitando abusos e arbitrariedade e permitindo uma relação
§ 1º do art. 145: “Sempre que possível, os impostos terão caráter mais equilibrada entre o Fisco e o contribuinte.
pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do Destes limites podemos distinguir as vedações e os princípios
contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente constitucionais tributários.
para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados
os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os • Das vedações ao poder de tributar
rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte”. (CF. Tal limitação se sobrepõe absolutamente ao poder tributário
1988) do Estado. Estão consagrados na Constituição Federal nos art. 150,
VI, e 151, II e III.
• Taxas Notamos com os artigos supracitados que, quando se trata dos
É um tributo relacionado com a prestação de algum serviço termos destacados em suas linhas, o Estado fica impedido de de-
público para um beneficiário, ou que esteja a sua disposição, ou sempenhar seu papel de agente tributário, são circunstancias que
seja, é uma quantia em dinheiro paga ao Estado em troca de algum buscam seu respaldo no federalismo (art. 1º, caput), no pluralismo
serviço prestado por Ele. político (idem, V), e em determinados direitos individuais e cole-
Taxas são definidas como tributos instituídos em razão do po- tivos, tais quais, a liberdade intelectual (art. 5º, IV) e a liberdade
der de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços religiosa (idem, VI).
públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou pos-
tos a sua disposição. Princípios Constitucionais Tributários
Como exemplo, temos as taxas de recolhimento de lixo urbano, Os princípios também exercem funções limitadoras do poder
pedágios em rodovias estatais, taxas de iluminação pública, etc. tributário oficial, no entanto de forma mais ampla, não inviabilizam
de forma taxativa a atividade tributária, apenas determinam situa-
• Contribuição de melhoria ções e critérios que podem torná-la inconstitucional.
É um tributo sobre a valorização de imóveis do contribuinte, Conforme veremos a seguir, é possível distinguir alguns tipos
em decorrência de obras públicas realizadas, ou seja, quando de princípios constitucionais tributários, vejamos:
uma obra pública construída provoca benefícios (valorização) aos
imóveis por ela tangenciados. • Princípio da Legalidade Tributaria
Ressalte-se que neste caso a cobrança do tributo em destaque Conhecido como Reserva legal Tributária, determina que o Es-
não está vinculada às obras de melhoria e sim à valorização do bem, tado não pode criar ou majorar os tributos, senão por força de lei.
pois se a benfeitoria for realizada e o imóvel não for valorizado não Fundamenta-se no art. 150, I, que vincula o surgimento ou o au-
há de se falar em contribuição de melhoria. mento de um tributo a respectiva lei, e, genericamente, no art. 5º,
II, ao afirmar que “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer
• Empréstimos Compulsórios alguma coisa senão em virtude de lei” (CF. 1988).
Tal modalidade de tributo está previsto no art. 148 da Consti- Dessa forma, fica claro que a tributação não pode ocorrer de
tuição Federal, podendo e ser instituído pela União, mediante lei acordo com a vontade do governante, é preciso que haja um pro-
complementar, para atender despesas extraordinárias provenien- cesso legislativo criando um dispositivo legal que autorize a institui-
tes de calamidades públicas, guerras externas ou sua iminência, ou ção ou amplificação de determinado tributo.
ainda no caso de investimento público de caráter urgente e de rele-
vante interesse nacional. • Princípio da Igualdade Tributária
Este princípio nos remete à ideia de que o “Estado deve dar
• Contribuições Sociais tratamentos iguais para os iguais e desiguais para os desiguais na
Conforme disposto no art. 149 da CF, são tributos instituídos, medida de suas desigualdades”, ou seja, o Estado não pode dar
privativamente, pela União, destinados à coleta de recursos para tratamento diferenciado para contribuintes que se encontram na
certas áreas de interesse do poder público, na administração direta mesma situação.
ou indireta, ou na atividade de entes que colaboram com a admi- Esta ideia permeia as ações tributárias da União, dos Estados,
nistração. do Distrito Federal e dos Municípios, conforme podemos observar
Não deve ser utilizado apenas como instrumento de arrecada- nos artigos da CF, elencados abaixo:
ção, e sim com o objetivo de interferir na economia privada, estimu- Art. 151. É vedado à União:
lando atividades, setores econômicos ou regiões, desestimulando o I – instituir tributo que não seja uniforme em todo o Território
consumo de certos bens e produzindo, finalmente, os mais diversos Nacional ou que implique distinção ou preferência em relação a Es-
efeitos na economia. tado, ao Distrito Federal ou a município, em detrimento de outro,
admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover
• Limitações constitucionais ao poder de tributar o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico entre as diferentes
Conforme pudemos observar até o momento, a tributação é regiões do País;
uma atividade controlada pelo Estado e imposta ao particular-con- Art. 152. É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos mu-
tribuinte, no entanto, visando a proteção dos contribuintes contra nicípios estabelecer diferença tributária entre bens e serviços, de
os possíveis abusos, a Constituição Federal estabeleceu alguns limi- qualquer natureza, em razão de sua procedência ou destino.
tes a este poder de tributar.

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DIREITO CONSTITUCIONAL
Deduz-se dos aludidos textos constitucionais que a lei funda- Determina que os critérios tributários adotados pelo Estado
dora do tributo deverá tratar de forma isonômica todos os seus devem ser pautados pela racionalidade e pela coerência, afim de
destinatários, de modo a observar as peculiaridades e na medida quer haja sempre um equilíbrio entre as pretensões e atribuições
do possível, aplicar o tributo de acordo com as peculiaridades dos deste, e os direitos e garantias dos contribuintes.
contribuintes (art. 145, § 1º).
• Princípio da uniformidade
• Princípio da Irretroatividade da Lei Tributária Por este princípio a União fica proibida de instituir tributos que
Por este princípio o estado não pode cobrar tributos em rela- não sejam uniformes em todo o território nacional ou que implique
ção a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei distinção ou preferência em relação a determinado Estado, ao Dis-
instituidora ou que os tenha majorado. trito Federal ou a Município.
Trata-se de norma imprescindível à garantia da segurança jurí-
dica do contribuinte. Competência tributária
Segundo a Constituição Federal compete à União, aos Estados,
• Princípio da Anterioridade Tributária ao Distrito Federal e aos Municípios, na forma da lei, instituírem os
Visando proteger o contribuinte contra eventuais surpresas, tributos que entenderem necessários ao interesse público.
quanto a novos tributos ou valores maiores para aqueles já existen- A esta capacidade peculiar dos entes federados chamamos de
tes, este princípio proíbe a cobrança de tributos novos ou acresci- competência tributária. “Trata-se da capacidade política de emitir
dos, no mesmo exercício financeiro (ano civil, de 1˚ de janeiro a 31 tributos”.
de dezembro) em que seja publicada a respectiva lei. No texto constitucional as atribuições tributárias estão dispos-
tas do artigo 153 ao 156, tendo sido reservada à União uma parcela
• Princípio da anterioridade mitigada ou nonagesimal maior da competência tributária, os Estados e os Municípios, to-
Tal princípio estabelece que, a lei que os instituir ou aumentar davia, participam do produto da arrecadação de diversos impostos
um tributo, deve respeitar um intervalo de tempo de 90 dias, no federais. Neste contexto é possível observar alguns tipos de compe-
mínimo, antes de entrar em vigor, além de atentar ao fato de que tência, dentre os quais se destacam:
a cobrança de um novo tributo, ou a majoração de um já existente,
só pode ocorrer no exercício financeiro posterior ao da lei que o • Competência tributária privativa
instituiu. Diz respeito à competência exclusiva que cada ente federativo
Conforme determina o Art. 150, III, c, da CF, é vedado à União, possui para instituir impostos, como podemos observar nos artigos
Estados, Distrito Federal e Municípios cobrar tributos “antes de de- 153, 155 e 156, todos da Constituição Federal.
corridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que
os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b”, que • Competência tributária comum
trata do exercício financeiro. É o que podemos observar no art. 145, III, da CF, segundo ele
“a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão
• Princípio da vedação ao confisco instituir os seguintes tributos: (...) contribuição de melhoria,
Veda a utilização do poder de tributar estatal com a finalidade decorrente de obras públicas”.
confiscatória. É a competência para instituição de taxas e contribuições de
Confisco ou confiscação pode ser entendido como o ato do melhoria. Recebe o nome de comum em função de que as quatro
poder público de decretação de apreensão, adjudicação ou perda pessoas jurídicas de direito público poderão instituí-las, dentro das
de bens pertencentes ao contribuinte, sem a contrapartida de justa suas respectivas atribuições.
indenização.
Esta garantia do contribuinte diante do Estado, enquanto agen- • Competência tributária especial
te fiscal, está prevista na Constituição Federal, art. 150, IV. Diz respeito à criação de tributos tendo como fato gerador uma
circunstância excepcional, como é o caso dos empréstimos compul-
• Princípio da ilimitabilidade do tráfego de pessoas ou bens sórios, art. 148, I e II, ou quando tiver por objetivo a intervenção
Busca evitar que o Estado abuse do poder fiscal, com excessiva econômica, no caso das contribuições sociais, art. 149, todos da CF.
cobrança de tributos interestaduais ou intermunicipais, para limitar • Competência tributária residual
a liberdade de deslocamento pessoal e do patrimônio do indivíduo. Situação prevista pelo constituinte, que permitiu a possibilida-
Desta forma a CF, por meio do art. 150, V, busca proteger o de de que novos impostos fossem criados, além daqueles já previs-
direito de liberdade de locomoção do indivíduo previsto em seu art. tos nas competências privativas de União, Estados, Distrito Federal
5º, XV – “é livre a locomoção no território nacional em tempo de e Municípios. É o que observamos no art. 154, I, CF:
paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, per- “A União poderá instituir: I – mediante lei complementar, im-
manecer ou dele sair com seus bens”. postos não previstos no artigo anterior, desde que sejam não cumu-
lativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos
• Princípio da capacidade contributiva discriminados nesta Constituição”.
É o que determina o art. 145, § 1º, pois “sempre que possível,
os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a ca- • Competência tributária extraordinária
pacidade econômica do contribuinte”. É aquela referente aos impostos que podem ser criados pela
União, no caso de guerra ou de sua iminência (art. 154, II, CF).
• Princípio da razoabilidade
Exige proporção, justiça e adequação entre os meios utilizados
pelo Poder Público, no exercício de suas competências e os objeti-
vos por ela almejados.
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DIREITO CONSTITUCIONAL
Impostos da união Das finanças públicas - Do orçamento
A União tem competência privativa para legislar sobre os tribu-
tos de abrangência nacional e que são estratégicos para os interes- • Orçamento
ses da República. O outro instituto que, ao lado da tributação, permite que o Es-
Segundo o art. 153, CF, normalmente a união instituirá os se- tado possa cumprir seu papel constitucional, é o Orçamento Públi-
guintes impostos: importação de produtos estrangeiros; exporta- co, inserido no capítulo que trata da Atividade financeira do estado
ção, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados; renda (cap. II do título VI da CF).
e proventos de qualquer natureza; produtos industrializados; ope- Trata-se de uma peça contábil que além de prever despesas a
rações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores serem realizadas pelo Estado, também o autoriza a cobrar tributos
mobiliários; propriedade territorial rural; grandes fortunas, nos ter- que julgar necessário à estabilização de suas finanças.
mos de lei complementar. Segundo a Constituição Federal, art. 165, as leis orçamentárias
Excepcionalmente, conforme art. 154, CF, a união, mediante lei serão de iniciativa do poder executivo e estabelecerão o Plano Plu-
complementar, poderá instituir impostos que não foram previstos rianual, as Diretrizes Orçamentárias e os Orçamentos Anuais.
pelo art. 153, e não tenham fato gerador e base de cálculo pró- O Plano Plurianual tem a sua previsão no art. 165, §1º da Cons-
prio dos discriminados na CF, e impostos extraordinários no caso de tituição Federal, e estabelece, de forma regionalizada, diretrizes,
guerra ou na iminência desta. objetivos e metas da administração pública para as despesas de
capital e outras decorrentes e para as relativas aos programas de
Impostos dos Estados e do Distrito Federal duração continuada. No PPA estão evidenciadas as necessidades
A Constituição Federal delega aos Estados e ao Distrito Federal regionais ou setoriais, os níveis de prioridade, as fontes de recursos
autonomia para estabelecer determinados tributos dentro de sua disponíveis ou potenciais e os programas das ações de longo prazo,
circunscrição. visam à continuidade das administrações que se sucedem, para evi-
Tal capacidade está prevista no art. 155, CF, que incumbe a es- tar que a população seja prejudicada com a paralisação de obras e
tes entes da federação a competência para instituir impostos: de serviços iniciados pelo governante anterior.
transmissão causa mortis e doação de quaisquer bens ou direitos; A Lei de Diretrizes Orçamentárias, conforme o art. 165, §2º, da
sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre pres- CF, compreenderá as metas e prioridades da administração pública
tações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de federal, estabelecerá as diretrizes de política fiscal e respectivas me-
comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no tas, em consonância com trajetória sustentável da dívida pública,
exterior; e sobre a propriedade de veículos automotores. orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá sobre as
Ao Distrito Federal, nos termos do art. 147, caput, cabe tam- alterações na legislação tributária e estabelecerá a política de apli-
bém os impostos municipais. cação das agências financeiras oficiais de fomento. (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)
Impostos dos Municípios A Lei Orçamentária Anual, válida apenas para um exercício fi-
Nos termos do art. 156, a Constituição Federal delegou aos nanceiro, compreenderá o orçamento fiscal, o orçamento de inves-
Municípios a competência para instituir os impostos: sobre pro- timento e orçamento da seguridade social. Nela são programadas
priedade predial e territorial urbana; transmissão inter vivos, a ações a serem executadas a fim de viabilizar a realização do que foi
qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou planejado no Plano Plurianual e traçado na Lei de Diretrizes Orça-
acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de ga- mentárias.
rantia, bem como cessão de direitos à sua aquisição; serviços de Por fim, é imprescindível ressaltar que a Lei de Diretrizes Orça-
qualquer natureza, não compreendidos no artigo 155, II, definidos mentárias é iniciativa do Poder Executivo, que apresenta o projeto
em lei complementar. de lei ao Legislativo.
No Congresso Nacional os parlamentares, por meio da comis-
Repartição das Receitas são de orçamento, analisam a proposta orçamentária e pronun-
Conforme pudemos observar a Constituição Federal sistemati- ciam-se a favor, no todo ou em parte, ou contra. Em seguida, a
zou muito bem as competências tributárias de modo que cada ente matéria retorna ao Poder Executivo para ser sancionada ou vetada.
federativo ficou incumbido de instituir e administrar os tributos que
a lei lhe favoreceu. CF, TÍTULO VI
Percebemos também que devido à abrangência territorial e às DA TRIBUTAÇÃO E DO ORÇAMENTO
responsabilidades constitucionais a União ficou com uma parcela
maior dos impostos, sendo seguida pelos Estados e, por último, CAPÍTULO I
com capacidade tributária local, os Municípios. DO SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL
Nesta realidade, visando estabelecer um equilíbrio financeiro
entre os entes federativos a Constituição Federal estabeleceu, do SEÇÃO I
art. 157 ao 162, o sistema de repartição das receitas, “tal previsão DOS PRINCÍPIOS GERAIS
constitucional não altera a distribuição de competências, pois não
influi na privatividade do ente federativo em instituir e cobrar seus Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
próprios impostos, influindo, tão somente, na distribuição da recei- poderão instituir os seguintes tributos:
ta arrecadada”. I - impostos;
Estes artigos estabelecem as diretrizes legais para o repasse II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela
das verbas oriundas de atividade fiscal e veda, latentemente, a re- utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e
tenção ou restrição a esta entrega. divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição;
Nos termos do art. 34, V, b, a retenção infundada por parte dos III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.
Estados e do Distrito Federal pode dar causa à intervenção federal.
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DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 1º Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e § 1º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, instituirão, por meio de lei, contribuições para custeio de regime
facultado à administração tributária, especialmente para conferir próprio de previdência social, cobradas dos servidores ativos,
efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos dos aposentados e dos pensionistas, que poderão ter alíquotas
individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as progressivas de acordo com o valor da base de contribuição ou
atividades econômicas do contribuinte. dos proventos de aposentadoria e de pensões. (Redação dada pela
§ 2º As taxas não poderão ter base de cálculo própria de Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
impostos. § 1º-A. Quando houver déficit atuarial, a contribuição ordinária
Art. 146. Cabe à lei complementar: dos aposentados e pensionistas poderá incidir sobre o valor dos pro-
I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributá- ventos de aposentadoria e de pensões que supere o salário-mínimo.
ria, entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar; § 1º-B. Demonstrada a insuficiência da medida prevista no §
III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributá- 1º-A para equacionar o déficit atuarial, é facultada a instituição de
ria, especialmente sobre: contribuição extraordinária, no âmbito da União, dos servidores
a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em rela- públicos ativos, dos aposentados e dos pensionistas. (Incluído pela
ção aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos respecti- Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
vos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes; § 1º-C. A contribuição extraordinária de que trata o § 1º-B
b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tri- deverá ser instituída simultaneamente com outras medidas para
butários; equacionamento do déficit e vigorará por período determinado,
c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo pratica- contado da data de sua instituição. (Incluído pela Emenda Constitu-
do pelas sociedades cooperativas. cional nº 103, de 2019)
d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as § 2º As contribuições sociais e de intervenção no domínio
microempresas e para as empresas de pequeno porte, inclusive re- econômico de que trata o caput deste artigo:
gimes especiais ou simplificados no caso do imposto previsto no art. I - não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação;
155, II, das contribuições previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13, e da II - incidirão também sobre a importação de produtos estran-
contribuição a que se refere o art. 239. geiros ou serviços;
Parágrafo único. A lei complementar de que trata o inciso III, III - poderão ter alíquotas:
d, também poderá instituir um regime único de arrecadação dos a) ad valorem, tendo por base o faturamento, a receita bruta
impostos e contribuições da União, dos Estados, do Distrito Federal ou o valor da operação e, no caso de importação, o valor aduaneiro;
e dos Municípios, observado que: b) específica, tendo por base a unidade de medida adotada.
I - será opcional para o contribuinte; § 3º A pessoa natural destinatária das operações de importação
II - poderão ser estabelecidas condições de enquadramento di- poderá ser equiparada a pessoa jurídica, na forma da lei.
ferenciadas por Estado; § 4º A lei definirá as hipóteses em que as contribuições incidirão
III - o recolhimento será unificado e centralizado e a distribuição uma única vez.
da parcela de recursos pertencentes aos respectivos entes federa- Art. 149-A Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir
dos será imediata, vedada qualquer retenção ou condicionamento; contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do servi-
IV - a arrecadação, a fiscalização e a cobrança poderão ser com- ço de iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e III.
partilhadas pelos entes federados, adotado cadastro nacional único Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que
de contribuintes. se refere o caput, na fatura de consumo de energia elétrica.
Art. 146-A. Lei complementar poderá estabelecer critérios es-
peciais de tributação, com o objetivo de prevenir desequilíbrios da SEÇÃO II
concorrência, sem prejuízo da competência de a União, por lei, es- DAS LIMITAÇÕES DO PODER DE TRIBUTAR
tabelecer normas de igual objetivo.
Art. 147. Competem à União, em Território Federal, os im- Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao con-
postos estaduais e, se o Território não for dividido em Municípios, tribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
cumulativamente, os impostos municipais; ao Distrito Federal ca- Municípios:
bem os impostos municipais. I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça;
Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se en-
empréstimos compulsórios: contrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em
I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de ca- razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, inde-
lamidade pública, de guerra externa ou sua iminência; pendentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos
II - no caso de investimento público de caráter urgente e de re- ou direitos;
levante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, “b”. III - cobrar tributos:
Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de em- a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da
préstimo compulsório será vinculada à despesa que fundamentou vigência da lei que os houver instituído ou aumentado;
sua instituição. b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a
Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribui- lei que os instituiu ou aumentou;
ções sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido
das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto
sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. na alínea b;
146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, IV - utilizar tributo com efeito de confisco;
relativamente às contribuições a que alude o dispositivo.
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V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por II - tributar a renda das obrigações da dívida pública dos Es-
meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a co- tados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como a remune-
brança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder ração e os proventos dos respectivos agentes públicos, em níveis
Público; superiores aos que fixar para suas obrigações e para seus agentes;
VI - instituir impostos sobre: III - instituir isenções de tributos da competência dos Estados,
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; do Distrito Federal ou dos Municípios.
b) templos de qualquer culto; Art. 152. É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Mu-
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusi- nicípios estabelecer diferença tributária entre bens e serviços, de
ve suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das qualquer natureza, em razão de sua procedência ou destino.
instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos,
atendidos os requisitos da lei; SEÇÃO III
d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impres- DOS IMPOSTOS DA UNIÃO
são.
e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Bra- Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:
sil contendo obras musicais ou literomusicais de autores brasileiros I - importação de produtos estrangeiros;
e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros bem como II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou na-
os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo cionalizados;
na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser. III - renda e proventos de qualquer natureza;
§ 1º A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos IV - produtos industrializados;
previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, IV e V; e 154, II; e a vedação do V - operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos
inciso III, c, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, ou valores mobiliários;
I, II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base de cálculo dos impostos VI - propriedade territorial rural;
previstos nos arts. 155, III, e 156, I. VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar.
§ 2º A vedação do inciso VI, «a», é extensiva às autarquias e § 1º É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e
às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que os limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos
se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas enumerados nos incisos I, II, IV e V.
finalidades essenciais ou às delas decorrentes. § 2º O imposto previsto no inciso III:
§ 3º As vedações do inciso VI, «a», e do parágrafo anterior I - será informado pelos critérios da generalidade, da universa-
não se aplicam ao patrimônio, à renda e aos serviços, relacionados lidade e da progressividade, na forma da lei;
com exploração de atividades econômicas regidas pelas normas II - (Revogado)
aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja § 3º O imposto previsto no inciso IV:
contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, I - será seletivo, em função da essencialidade do produto;
nem exonera o promitente comprador da obrigação de pagar II - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em
imposto relativamente ao bem imóvel. cada operação com o montante cobrado nas anteriores;
§ 4º As vedações expressas no inciso VI, alíneas «b» e «c», III - não incidirá sobre produtos industrializados destinados ao
compreendem somente o patrimônio, a renda e os serviços, exterior.
relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas IV - terá reduzido seu impacto sobre a aquisição de bens de
mencionadas. capital pelo contribuinte do imposto, na forma da lei.
§ 5º A lei determinará medidas para que os consumidores sejam § 4º O imposto previsto no inciso VI do caput:
esclarecidos acerca dos impostos que incidam sobre mercadorias e I - será progressivo e terá suas alíquotas fixadas de forma a de-
serviços. sestimular a manutenção de propriedades improdutivas;
§ 6º Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de II - não incidirá sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei,
cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou remissão, quando as explore o proprietário que não possua outro imóvel;
relativos a impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser III - será fiscalizado e cobrado pelos Municípios que assim opta-
concedido mediante lei específica, federal, estadual ou municipal, rem, na forma da lei, desde que não implique redução do imposto
que regule exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o ou qualquer outra forma de renúncia fiscal.
correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto § 5º O ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou
no art. 155, § 2.º, XII, g. instrumento cambial, sujeita-se exclusivamente à incidência do
§ 7º A lei poderá atribuir a sujeito passivo de obrigação imposto de que trata o inciso V do «caput» deste artigo, devido
tributária a condição de responsável pelo pagamento de imposto na operação de origem; a alíquota mínima será de um por cento,
ou contribuição, cujo fato gerador deva ocorrer posteriormente, assegurada a transferência do montante da arrecadação nos
assegurada a imediata e preferencial restituição da quantia paga, seguintes termos:
caso não se realize o fato gerador presumido. I - trinta por cento para o Estado, o Distrito Federal ou o Terri-
Art. 151. É vedado à União: tório, conforme a origem;
I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o território II - setenta por cento para o Município de origem.
nacional ou que implique distinção ou preferência em relação a Es- Art. 154. A União poderá instituir:
tado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro, I - mediante lei complementar, impostos não previstos no ar-
admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o tigo anterior, desde que sejam não-cumulativos e não tenham fato
equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico entre as diferentes gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta Cons-
regiões do País; tituição;

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II - na iminência ou no caso de guerra externa, impostos ex- Estado de localização do destinatário o imposto correspondente à
traordinários, compreendidos ou não em sua competência tributá- diferença entre a alíquota interna do Estado destinatário e a alíquo-
ria, os quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas as causas ta interestadual; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 87,
de sua criação. de 2015)
a) (revogada); (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
SEÇÃO IV 87, de 2015)
DOS IMPOSTOS DOS ESTADOS E DO DISTRITO FEDERAL b) (revogada); (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
87, de 2015)
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir VIII - a responsabilidade pelo recolhimento do imposto corres-
impostos sobre: pondente à diferença entre a alíquota interna e a interestadual de
I - transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou que trata o inciso VII será atribuída: (Redação dada pela Emenda
direitos; Constitucional nº 87, de 2015)
II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre a) ao destinatário, quando este for contribuinte do imposto;
prestações de serviços de transporte interestadual e intermunici- (Incluído pela Emenda Constitucional nº 87, de 2015)
pal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se b) ao remetente, quando o destinatário não for contribuinte
iniciem no exterior; do imposto; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 87, de 2015)
III - propriedade de veículos automotores. IX - incidirá também:
§ 1º O imposto previsto no inciso I: a)sobre a entrada de bem ou mercadoria importados do ex-
I - relativamente a bens imóveis e respectivos direitos, compete terior por pessoa física ou jurídica, ainda que não seja contribuin-
ao Estado da situação do bem, ou ao Distrito Federal; te habitual do imposto, qualquer que seja a sua finalidade, assim
II - relativamente a bens móveis, títulos e créditos, compete como sobre o serviço prestado no exterior, cabendo o imposto ao
ao Estado onde se processar o inventário ou arrolamento, ou tiver Estado onde estiver situado o domicílio ou o estabelecimento do
domicílio o doador, ou ao Distrito Federal; destinatário da mercadoria, bem ou serviço;
III - terá competência para sua instituição regulada por lei com- b) sobre o valor total da operação, quando mercadorias forem
plementar: fornecidas com serviços não compreendidos na competência tribu-
a) se o doador tiver domicilio ou residência no exterior; tária dos Municípios;
b) se o de cujus possuía bens, era residente ou domiciliado ou X - não incidirá:
teve o seu inventário processado no exterior; a) sobre operações que destinem mercadorias para o exterior,
IV - terá suas alíquotas máximas fixadas pelo Senado Federal; nem sobre serviços prestados a destinatários no exterior, assegu-
§ 2º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: rada a manutenção e o aproveitamento do montante do imposto
I - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cobrado nas operações e prestações anteriores;
cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de b) sobre operações que destinem a outros Estados petróleo,
serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou inclusive lubrificantes, combustíveis líquidos e gasosos dele deriva-
outro Estado ou pelo Distrito Federal; dos, e energia elétrica;
II - a isenção ou não-incidência, salvo determinação em contrá- c) sobre o ouro, nas hipóteses definidas no art. 153, § 5º;
rio da legislação: d) nas prestações de serviço de comunicação nas modalidades
a) não implicará crédito para compensação com o montante de radiodifusão sonora e de sons e imagens de recepção livre e gra-
devido nas operações ou prestações seguintes; tuita;
b) acarretará a anulação do crédito relativo às operações an- XI - não compreenderá, em sua base de cálculo, o montante
teriores; do imposto sobre produtos industrializados, quando a operação,
III - poderá ser seletivo, em função da essencialidade das mer- realizada entre contribuintes e relativa a produto destinado à in-
cadorias e dos serviços; dustrialização ou à comercialização, configure fato gerador dos dois
IV - resolução do Senado Federal, de iniciativa do Presidente impostos;
da República ou de um terço dos Senadores, aprovada pela maioria XII - cabe à lei complementar:
absoluta de seus membros, estabelecerá as alíquotas aplicáveis às a) definir seus contribuintes;
operações e prestações, interestaduais e de exportação; b) dispor sobre substituição tributária;
V - é facultado ao Senado Federal: c) disciplinar o regime de compensação do imposto;
a) estabelecer alíquotas mínimas nas operações internas, me- d) fixar, para efeito de sua cobrança e definição do estabeleci-
diante resolução de iniciativa de um terço e aprovada pela maioria mento responsável, o local das operações relativas à circulação de
absoluta de seus membros; mercadorias e das prestações de serviços;
b) fixar alíquotas máximas nas mesmas operações para resol- e) excluir da incidência do imposto, nas exportações para o ex-
ver conflito específico que envolva interesse de Estados, mediante terior, serviços e outros produtos além dos mencionados no inciso
resolução de iniciativa da maioria absoluta e aprovada por dois ter- X, “a”;
ços de seus membros; f) prever casos de manutenção de crédito, relativamente à re-
VI - salvo deliberação em contrário dos Estados e do Distrito messa para outro Estado e exportação para o exterior, de serviços
Federal, nos termos do disposto no inciso XII, “g”, as alíquotas in- e de mercadorias;
ternas, nas operações relativas à circulação de mercadorias e nas g) regular a forma como, mediante deliberação dos Estados e
prestações de serviços, não poderão ser inferiores às previstas para do Distrito Federal, isenções, incentivos e benefícios fiscais serão
as operações interestaduais; concedidos e revogados.
VII - nas operações e prestações que destinem bens e servi- h) definir os combustíveis e lubrificantes sobre os quais o im-
ços a consumidor final, contribuinte ou não do imposto, localizado posto incidirá uma única vez, qualquer que seja a sua finalidade,
em outro Estado, adotar-se-á a alíquota interestadual e caberá ao hipótese em que não se aplicará o disposto no inciso X, b;
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i) fixar a base de cálculo, de modo que o montante do imposto § 2º O imposto previsto no inciso II:
a integre, também na importação do exterior de bem, mercadoria I - não incide sobre a transmissão de bens ou direitos incorpo-
ou serviço. rados ao patrimônio de pessoa jurídica em realização de capital,
§ 3º À exceção dos impostos de que tratam o inciso II do caput nem sobre a transmissão de bens ou direitos decorrente de fusão,
deste artigo e o art. 153, I e II, nenhum outro imposto poderá incorporação, cisão ou extinção de pessoa jurídica, salvo se, nes-
incidir sobre operações relativas a energia elétrica, serviços de ses casos, a atividade preponderante do adquirente for a compra e
telecomunicações, derivados de petróleo, combustíveis e minerais venda desses bens ou direitos, locação de bens imóveis ou arren-
do País. damento mercantil;
§ 4º Na hipótese do inciso XII, h, observar-se-á o seguinte: II - compete ao Município da situação do bem.
I - nas operações com os lubrificantes e combustíveis derivados § 3º Em relação ao imposto previsto no inciso III do caput deste
de petróleo, o imposto caberá ao Estado onde ocorrer o consumo; artigo, cabe à lei complementar:
II - nas operações interestaduais, entre contribuintes, com gás I - fixar as suas alíquotas máximas e mínimas;
natural e seus derivados, e lubrificantes e combustíveis não incluí- II - excluir da sua incidência exportações de serviços para o ex-
dos no inciso I deste parágrafo, o imposto será repartido entre os terior.
Estados de origem e de destino, mantendo-se a mesma proporcio- III – regular a forma e as condições como isenções, incentivos e
nalidade que ocorre nas operações com as demais mercadorias; benefícios fiscais serão concedidos e revogados.
III - nas operações interestaduais com gás natural e seus deri- § 4º (Revogado)
vados, e lubrificantes e combustíveis não incluídos no inciso I deste
parágrafo, destinadas a não contribuinte, o imposto caberá ao Es- SEÇÃO VI
tado de origem; DA REPARTIÇÃO DAS RECEITAS TRIBUTÁRIAS
IV - as alíquotas do imposto serão definidas mediante delibera-
ção dos Estados e Distrito Federal, nos termos do § 2º, XII, g, obser- Art. 157. Pertencem aos Estados e ao Distrito Federal:
vando-se o seguinte: I - o produto da arrecadação do imposto da União sobre renda
a) serão uniformes em todo o território nacional, podendo ser e proventos de qualquer natureza, incidente na fonte, sobre rendi-
diferenciadas por produto; mentos pagos, a qualquer título, por eles, suas autarquias e pelas
b) poderão ser específicas, por unidade de medida adotada, ou fundações que instituírem e mantiverem;
ad valorem, incidindo sobre o valor da operação ou sobre o preço II - vinte por cento do produto da arrecadação do imposto que
que o produto ou seu similar alcançaria em uma venda em condi- a União instituir no exercício da competência que lhe é atribuída
ções de livre concorrência; pelo art. 154, I.
c) poderão ser reduzidas e restabelecidas, não se lhes aplican- Art. 158. Pertencem aos Municípios:
do o disposto no art. 150, III, b. I - o produto da arrecadação do imposto da União sobre renda
§ 5º As regras necessárias à aplicação do disposto no § 4º, e proventos de qualquer natureza, incidente na fonte, sobre rendi-
inclusive as relativas à apuração e à destinação do imposto, serão mentos pagos, a qualquer título, por eles, suas autarquias e pelas
estabelecidas mediante deliberação dos Estados e do Distrito fundações que instituírem e mantiverem;
Federal, nos termos do § 2º, XII, g. II - cinquenta por cento do produto da arrecadação do imposto
§ 6º O imposto previsto no inciso III: da União sobre a propriedade territorial rural, relativamente aos
I - terá alíquotas mínimas fixadas pelo Senado Federal; imóveis neles situados, cabendo a totalidade na hipótese da opção
II - poderá ter alíquotas diferenciadas em função do tipo e uti- a que se refere o art. 153, § 4º, III;
lização. III - cinquenta por cento do produto da arrecadação do imposto
do Estado sobre a propriedade de veículos automotores licenciados
SEÇÃO V em seus territórios;
DOS IMPOSTOS DOS MUNICÍPIOS IV - vinte e cinco por cento do produto da arrecadação do im-
posto do Estado sobre operações relativas à circulação de merca-
Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre: dorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e
I - propriedade predial e territorial urbana; intermunicipal e de comunicação.
II - transmissão “inter vivos”, a qualquer título, por ato oneroso, Parágrafo único. As parcelas de receita pertencentes aos Mu-
de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais nicípios, mencionadas no inciso IV, serão creditadas conforme os
sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos seguintes critérios:
a sua aquisição; I - 65% (sessenta e cinco por cento), no mínimo, na proporção
III - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. do valor adicionado nas operações relativas à circulação de mer-
155, II, definidos em lei complementar. cadorias e nas prestações de serviços, realizadas em seus territó-
IV - (Revogado). rios; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
§ 1º Sem prejuízo da progressividade no tempo a que se refere II - até 35% (trinta e cinco por cento), de acordo com o que
o art. 182, § 4º, inciso II, o imposto previsto no inciso I poderá: dispuser lei estadual, observada, obrigatoriamente, a distribuição
I – ser progressivo em razão do valor do imóvel; de, no mínimo, 10 (dez) pontos percentuais com base em indicado-
II – ter alíquotas diferentes de acordo com a localização e o uso res de melhoria nos resultados de aprendizagem e de aumento da
do imóvel. equidade, considerado o nível socioeconômico dos educandos. (Re-
§ 1º-A O imposto previsto no inciso I do caput deste artigo não dação dada pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
incide sobre templos de qualquer culto, ainda que as entidades Art. 159. A União entregará:
abrangidas pela imunidade de que trata a alínea «b» do inciso VI
do caput do art. 150 desta Constituição sejam apenas locatárias do
bem imóvel. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 116, de 2022)
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I - do produto da arrecadação dos impostos sobre renda e dos montantes a serem repassados relacionados às respectivas
proventos de qualquer natureza e sobre produtos industrializados, cotas nos Fundos de Participação ou aos precatórios federais. (In-
50% (cinquenta por cento), da seguinte forma: (Redação dada pela cluído pela Emenda Constitucional nº 113, de 2021)
Emenda Constitucional nº 112, de 2021) Art. 161. Cabe à lei complementar:
a) vinte e um inteiros e cinco décimos por cento ao Fundo de I - definir valor adicionado para fins do disposto no art. 158,
Participação dos Estados e do Distrito Federal; parágrafo único, I;
b) vinte e dois inteiros e cinco décimos por cento ao Fundo de II - estabelecer normas sobre a entrega dos recursos de que tra-
Participação dos Municípios; ta o art. 159, especialmente sobre os critérios de rateio dos fundos
c) três por cento, para aplicação em programas de financia- previstos em seu inciso I, objetivando promover o equilíbrio socioe-
mento ao setor produtivo das Regiões Norte, Nordeste e Centro- conômico entre Estados e entre Municípios;
-Oeste, através de suas instituições financeiras de caráter regional, III - dispor sobre o acompanhamento, pelos beneficiários, do
de acordo com os planos regionais de desenvolvimento, ficando cálculo das quotas e da liberação das participações previstas nos
assegurada ao semiárido do Nordeste a metade dos recursos desti- arts. 157, 158 e 159.
nados à Região, na forma que a lei estabelecer; Parágrafo único. O Tribunal de Contas da União efetuará o cál-
d) um por cento ao Fundo de Participação dos Municípios, que culo das quotas referentes aos fundos de participação a que alude
será entregue no primeiro decêndio do mês de dezembro de cada o inciso II.
ano; Art. 162. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
e) 1% (um por cento) ao Fundo de Participação dos Municípios, divulgarão, até o último dia do mês subsequente ao da arrecadação,
que será entregue no primeiro decêndio do mês de julho de cada os montantes de cada um dos tributos arrecadados, os recursos re-
ano; cebidos, os valores de origem tributária entregues e a entregar e a
f) 1% (um por cento) ao Fundo de Participação dos Municípios, expressão numérica dos critérios de rateio.
que será entregue no primeiro decêndio do mês de setembro de Parágrafo único. Os dados divulgados pela União serão discri-
cada ano; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 112, de 2021) minados por Estado e por Município; os dos Estados, por Município.
II - do produto da arrecadação do imposto sobre produtos in-
dustrializados, dez por cento aos Estados e ao Distrito Federal, pro- CF, CAPÍTULO II
porcionalmente ao valor das respectivas exportações de produtos DAS FINANÇAS PÚBLICAS
industrializados.
III - do produto da arrecadação da contribuição de intervenção SEÇÃO I
no domínio econômico prevista no art. 177, § 4º, 29% (vinte e nove NORMAS GERAIS
por cento) para os Estados e o Distrito Federal, distribuídos na for-
ma da lei, observada a destinação a que se refere o inciso II, c, do Art. 163. Lei complementar disporá sobre:
referido parágrafo. I - finanças públicas;
§ 1º Para efeito de cálculo da entrega a ser efetuada de acordo II - dívida pública externa e interna, incluída a das autarquias,
com o previsto no inciso I, excluir-se-á a parcela da arrecadação do fundações e demais entidades controladas pelo Poder Público;
imposto de renda e proventos de qualquer natureza pertencente III - concessão de garantias pelas entidades públicas;
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, nos termos do IV - emissão e resgate de títulos da dívida pública;
disposto nos arts. 157, I, e 158, I. V - fiscalização financeira da administração pública direta e in-
§ 2º A nenhuma unidade federada poderá ser destinada direta;
parcela superior a vinte por cento do montante a que se refere o VI - operações de câmbio realizadas por órgãos e entidades da
inciso II, devendo o eventual excedente ser distribuído entre os União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
demais participantes, mantido, em relação a esses, o critério de VII - compatibilização das funções das instituições oficiais de
partilha nele estabelecido. crédito da União, resguardadas as características e condições ope-
§ 3º Os Estados entregarão aos respectivos Municípios vinte e racionais plenas das voltadas ao desenvolvimento regional.
cinco por cento dos recursos que receberem nos termos do inciso VIII - sustentabilidade da dívida, especificando: (Incluído pela
II, observados os critérios estabelecidos no art. 158, parágrafo Emenda Constitucional nº 109, de 2021)
único, I e II. a) indicadores de sua apuração; (Incluído pela Emenda Consti-
§ 4º Do montante de recursos de que trata o inciso III que cabe tucional nº 109, de 2021)
a cada Estado, vinte e cinco por cento serão destinados aos seus b) níveis de compatibilidade dos resultados fiscais com a tra-
Municípios, na forma da lei a que se refere o mencionado inciso. jetória da dívida; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de
Art. 160. É vedada a retenção ou qualquer restrição à entrega 2021)
e ao emprego dos recursos atribuídos, nesta seção, aos Estados, ao c) trajetória de convergência do montante da dívida com os li-
Distrito Federal e aos Municípios, neles compreendidos adicionais e mites definidos em legislação; (Incluído pela Emenda Constitucional
acréscimos relativos a impostos. nº 109, de 2021)
§ 1º A vedação prevista neste artigo não impede a União e os d) medidas de ajuste, suspensões e vedações; (Incluído pela
Estados de condicionarem a entrega de recursos: (Renumerado do Emenda Constitucional nº 109, de 2021)
Parágrafo único pela Emenda Constitucional nº 113, de 2021) e) planejamento de alienação de ativos com vistas à redução
I – ao pagamento de seus créditos, inclusive de suas autarquias; do montante da dívida. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
II – ao cumprimento do disposto no art. 198, § 2º, incisos II e III. 109, de 2021)
§ 2º Os contratos, os acordos, os ajustes, os convênios, os Parágrafo único. A lei complementar de que trata o inciso VIII
parcelamentos ou as renegociações de débitos de qualquer espécie, do caput deste artigo pode autorizar a aplicação das vedações pre-
inclusive tributários, firmados pela União com os entes federativos vistas no art. 167-A desta Constituição. (Incluído pela Emenda Cons-
conterão cláusulas para autorizar a dedução dos valores devidos titucional nº 109, de 2021)
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Art. 163-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Muni- II - o orçamento de investimento das empresas em que a União,
cípios disponibilizarão suas informações e dados contábeis, orça- direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com
mentários e fiscais, conforme periodicidade, formato e sistema es- direito a voto;
tabelecidos pelo órgão central de contabilidade da União, de forma III - o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as en-
a garantir a rastreabilidade, a comparabilidade e a publicidade dos tidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indi-
dados coletados, os quais deverão ser divulgados em meio eletrôni- reta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo
co de amplo acesso público. (Incluído pela Emenda Constitucional Poder Público.
nº 108, de 2020) § 6º O projeto de lei orçamentária será acompanhado de
Art. 164. A competência da União para emitir moeda será exer- demonstrativo regionalizado do efeito, sobre as receitas e despesas,
cida exclusivamente pelo banco central. decorrente de isenções, anistias, remissões, subsídios e benefícios
§ 1º É vedado ao banco central conceder, direta ou de natureza financeira, tributária e creditícia.
indiretamente, empréstimos ao Tesouro Nacional e a qualquer § 7º Os orçamentos previstos no § 5º, I e II, deste artigo,
órgão ou entidade que não seja instituição financeira. compatibilizados com o plano plurianual, terão entre suas funções
§ 2º O banco central poderá comprar e vender títulos de a de reduzir desigualdades inter-regionais, segundo critério
emissão do Tesouro Nacional, com o objetivo de regular a oferta de populacional.
moeda ou a taxa de juros. § 8º A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho
§ 3º As disponibilidades de caixa da União serão depositadas no à previsão da receita e à fixação da despesa, não se incluindo na
banco central; as dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios proibição a autorização para abertura de créditos suplementares e
e dos órgãos ou entidades do Poder Público e das empresas por contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de
ele controladas, em instituições financeiras oficiais, ressalvados os receita, nos termos da lei.
casos previstos em lei. § 9º Cabe à lei complementar:
Art. 164-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municí- I - dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a
pios devem conduzir suas políticas fiscais de forma a manter a dí- elaboração e a organização do plano plurianual, da lei de diretrizes
vida pública em níveis sustentáveis, na forma da lei complementar orçamentárias e da lei orçamentária anual;
referida no inciso VIII do caput do art. 163 desta Constituição. (In- II - estabelecer normas de gestão financeira e patrimonial da
cluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021) administração direta e indireta bem como condições para a institui-
Parágrafo único. A elaboração e a execução de planos e orça- ção e funcionamento de fundos.
mentos devem refletir a compatibilidade dos indicadores fiscais III - dispor sobre critérios para a execução equitativa, além de
com a sustentabilidade da dívida. (Incluído pela Emenda Constitu- procedimentos que serão adotados quando houver impedimentos
cional nº 109, de 2021) legais e técnicos, cumprimento de restos a pagar e limitação das
programações de caráter obrigatório, para a realização do disposto
SEÇÃO II nos §§ 11 e 12 do art. 166. (Redação dada pela Emenda Constitu-
DOS ORÇAMENTOS cional nº 100, de 2019)
§ 10. A administração tem o dever de executar as programações
Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: orçamentárias, adotando os meios e as medidas necessários, com
I - o plano plurianual; o propósito de garantir a efetiva entrega de bens e serviços à
II - as diretrizes orçamentárias; sociedade. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 100, de 2019)
III - os orçamentos anuais. § 11. O disposto no § 10 deste artigo, nos termos da lei de
§ 1º A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, diretrizes orçamentárias: (Incluído pela Emenda Constitucional nº
de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da 102, de 2019)
administração pública federal para as despesas de capital e outras I - subordina-se ao cumprimento de dispositivos constitucio-
delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração nais e legais que estabeleçam metas fiscais ou limites de despesas
continuada. e não impede o cancelamento necessário à abertura de créditos
§ 2º A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas adicionais;
e prioridades da administração pública federal, estabelecerá as II - não se aplica nos casos de impedimentos de ordem técnica
diretrizes de política fiscal e respectivas metas, em consonância devidamente justificados;
com trajetória sustentável da dívida pública, orientará a elaboração III - aplica-se exclusivamente às despesas primárias discricio-
da lei orçamentária anual, disporá sobre as alterações na legislação nárias.
tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências § 12. Integrará a lei de diretrizes orçamentárias, para o
financeiras oficiais de fomento. (Redação dada pela Emenda Cons- exercício a que se refere e, pelo menos, para os 2 (dois) exercícios
titucional nº 109, de 2021) subsequentes, anexo com previsão de agregados fiscais e a pro-
§ 3º O Poder Executivo publicará, até trinta dias após o porção dos recursos para investimentos que serão alocados na lei
encerramento de cada bimestre, relatório resumido da execução orçamentária anual para a continuidade daqueles em andamento.
orçamentária. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 102, de 2019)
§ 4º Os planos e programas nacionais, regionais e setoriais § 13. O disposto no inciso III do § 9º e nos §§ 10, 11 e 12
previstos nesta Constituição serão elaborados em consonância com deste artigo aplica-se exclusivamente aos orçamentos fiscal e da
o plano plurianual e apreciados pelo Congresso Nacional. seguridade social da União. (Incluído pela Emenda Constitucional
§ 5º A lei orçamentária anual compreenderá: nº 102, de 2019)
I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fun- § 14. A lei orçamentária anual poderá conter previsões de
dos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive despesas para exercícios seguintes, com a especificação dos
fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público; investimentos plurianuais e daqueles em andamento. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 102, de 2019)
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§ 15. A União organizará e manterá registro centralizado pelo Poder Executivo, sendo que a metade deste percentual será
de projetos de investimento contendo, por Estado ou Distrito destinada a ações e serviços públicos de saúde. (Incluído pela
Federal, pelo menos, análises de viabilidade, estimativas de custos Emenda Constitucional nº 86, de 2015)
e informações sobre a execução física e financeira. (Incluído pela § 10. A execução do montante destinado a ações e serviços
Emenda Constitucional nº 102, de 2019) públicos de saúde previsto no § 9º, inclusive custeio, será
§ 16. As leis de que trata este artigo devem observar, no computada para fins do cumprimento do inciso I do § 2º do art.
que couber, os resultados do monitoramento e da avaliação das 198, vedada a destinação para pagamento de pessoal ou encargos
políticas públicas previstos no § 16 do art. 37 desta Constituição. sociais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015)
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021) § 11. É obrigatória a execução orçamentária e financeira das
Art. 166. Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às di- programações a que se refere o § 9º deste artigo, em montante
retrizes orçamentárias, ao orçamento anual e aos créditos adicio- correspondente a 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento) da
nais serão apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacional, na receita corrente líquida realizada no exercício anterior, conforme
forma do regimento comum. os critérios para a execução equitativa da programação definidos
§ 1º Caberá a uma Comissão mista permanente de Senadores na lei complementar prevista no § 9º do art. 165. (Incluído pela
e Deputados: Emenda Constitucional nº 86, de 2015)
I - examinar e emitir parecer sobre os projetos referidos neste § 12. A garantia de execução de que trata o § 11 deste artigo
artigo e sobre as contas apresentadas anualmente pelo Presidente aplica-se também às programações incluídas por todas as emendas
da República; de iniciativa de bancada de parlamentares de Estado ou do Distrito
II - examinar e emitir parecer sobre os planos e programas na- Federal, no montante de até 1% (um por cento) da receita corrente
cionais, regionais e setoriais previstos nesta Constituição e exercer líquida realizada no exercício anterior. (Redação dada pela Emenda
o acompanhamento e a fiscalização orçamentária, sem prejuízo da Constitucional nº 100, de 2019)
atuação das demais comissões do Congresso Nacional e de suas Ca- § 13. As programações orçamentárias previstas nos §§ 11 e
sas, criadas de acordo com o art. 58. 12 deste artigo não serão de execução obrigatória nos casos dos
§ 2º As emendas serão apresentadas na Comissão mista, que impedimentos de ordem técnica. (Redação dada pela Emenda
sobre elas emitirá parecer, e apreciadas, na forma regimental, pelo Constitucional nº 100, de 2019)
Plenário das duas Casas do Congresso Nacional.
§ 3º As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou aos § 14. Para fins de cumprimento do disposto nos §§ 11 e 12
projetos que o modifiquem somente podem ser aprovadas caso: deste artigo, os órgãos de execução deverão observar, nos termos
I - sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei de da lei de diretrizes orçamentárias, cronograma para análise e
diretrizes orçamentárias; verificação de eventuais impedimentos das programações e
II - indiquem os recursos necessários, admitidos apenas os pro- demais procedimentos necessários à viabilização da execução dos
venientes de anulação de despesa, excluídas as que incidam sobre: respectivos montantes. (Redação dada pela Emenda Constitucional
a) dotações para pessoal e seus encargos; nº 100, de 2019)
b) serviço da dívida; I - (revogado); (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
c) transferências tributárias constitucionais para Estados, Mu- 100, de 2019)
nicípios e Distrito Federal; ou II - (revogado); (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
III - sejam relacionadas: 100, de 2019)
a) com a correção de erros ou omissões; ou III - (revogado); (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
b) com os dispositivos do texto do projeto de lei. 100, de 2019)
§ 4º As emendas ao projeto de lei de diretrizes orçamentárias IV - (revogado). (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
não poderão ser aprovadas quando incompatíveis com o plano 100, de 2019)
plurianual. § 15. (Revogado) (Redação dada pela Emenda Constitucional
§ 5º O Presidente da República poderá enviar mensagem ao nº 100, de 2019)
Congresso Nacional para propor modificação nos projetos a que se § 16. Quando a transferência obrigatória da União para a
refere este artigo enquanto não iniciada a votação, na Comissão execução da programação prevista nos §§ 11 e 12 deste artigo for
mista, da parte cuja alteração é proposta. destinada a Estados, ao Distrito Federal e a Municípios, independerá
§ 6º Os projetos de lei do plano plurianual, das diretrizes da adimplência do ente federativo destinatário e não integrará a
orçamentárias e do orçamento anual serão enviados pelo base de cálculo da receita corrente líquida para fins de aplicação
Presidente da República ao Congresso Nacional, nos termos da lei dos limites de despesa de pessoal de que trata o caput do art. 169.
complementar a que se refere o art. 165, § 9º. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 100, de 2019)
§ 7º Aplicam-se aos projetos mencionados neste artigo, no que § 17. Os restos a pagar provenientes das programações
não contrariar o disposto nesta seção, as demais normas relativas orçamentárias previstas nos §§ 11 e 12 poderão ser considerados
ao processo legislativo. para fins de cumprimento da execução financeira até o limite
§ 8º Os recursos que, em decorrência de veto, emenda ou de 0,6% (seis décimos por cento) da receita corrente líquida
rejeição do projeto de lei orçamentária anual, ficarem sem despesas realizada no exercício anterior, para as programações das emendas
correspondentes poderão ser utilizados, conforme o caso, median- individuais, e até o limite de 0,5% (cinco décimos por cento),
te créditos especiais ou suplementares, com prévia e específica au- para as programações das emendas de iniciativa de bancada de
torização legislativa. parlamentares de Estado ou do Distrito Federal. (Redação dada
§ 9º As emendas individuais ao projeto de lei orçamentária pela Emenda Constitucional nº 100, de 2019)
serão aprovadas no limite de 1,2% (um inteiro e dois décimos por § 18. Se for verificado que a reestimativa da receita e da
cento) da receita corrente líquida prevista no projeto encaminhado despesa poderá resultar no não cumprimento da meta de resultado
fiscal estabelecida na lei de diretrizes orçamentárias, os montantes
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previstos nos §§ 11 e 12 deste artigo poderão ser reduzidos em § 5º Pelo menos 70% (setenta por cento) das transferências
até a mesma proporção da limitação incidente sobre o conjunto especiais de que trata o inciso I do caput deste artigo deverão
das demais despesas discricionárias. (Redação dada pela Emenda ser aplicadas em despesas de capital, observada a restrição a que
Constitucional nº 100, de 2019) se refere o inciso II do § 1º deste artigo. (Incluído pela Emenda
§ 19. Considera-se equitativa a execução das programações Constitucional nº 105, de 2019)
de caráter obrigatório que observe critérios objetivos e imparciais Art. 167. São vedados:
e que atenda de forma igualitária e impessoal às emendas I - o início de programas ou projetos não incluídos na lei orça-
apresentadas, independentemente da autoria. (Incluído pela mentária anual;
Emenda Constitucional nº 100, de 2019) II - a realização de despesas ou a assunção de obrigações dire-
§ 20. As programações de que trata o § 12 deste artigo, quando tas que excedam os créditos orçamentários ou adicionais;
versarem sobre o início de investimentos com duração de mais de III - a realização de operações de créditos que excedam o mon-
1 (um) exercício financeiro ou cuja execução já tenha sido iniciada, tante das despesas de capital, ressalvadas as autorizadas mediante
deverão ser objeto de emenda pela mesma bancada estadual, a créditos suplementares ou especiais com finalidade precisa, apro-
cada exercício, até a conclusão da obra ou do empreendimento. vados pelo Poder Legislativo por maioria absoluta;
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 100, de 2019) IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou
Art. 166-A. As emendas individuais impositivas apresentadas despesa, ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos
ao projeto de lei orçamentária anual poderão alocar recursos a Es- impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinação de re-
tados, ao Distrito Federal e a Municípios por meio de: (Incluído pela cursos para as ações e serviços públicos de saúde, para manuten-
Emenda Constitucional nº 105, de 2019) ção e desenvolvimento do ensino e para realização de atividades
I - transferência especial; ou (Incluído pela Emenda Constitu- da administração tributária, como determinado, respectivamente,
cional nº 105, de 2019) pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de garantias às
II - transferência com finalidade definida. (Incluído pela Emen- operações de crédito por antecipação de receita, previstas no art.
da Constitucional nº 105, de 2019) 165, § 8º, bem como o disposto no § 4º deste artigo;
§ 1º Os recursos transferidos na forma do caput deste artigo V - a abertura de crédito suplementar ou especial sem prévia
não integrarão a receita do Estado, do Distrito Federal e dos autorização legislativa e sem indicação dos recursos corresponden-
Municípios para fins de repartição e para o cálculo dos limites da tes;
despesa com pessoal ativo e inativo, nos termos do § 16 do art. VI - a transposição, o remanejamento ou a transferência de
166, e de endividamento do ente federado, vedada, em qualquer recursos de uma categoria de programação para outra ou de um
caso, a aplicação dos recursos a que se refere o caput deste artigo órgão para outro, sem prévia autorização legislativa;
no pagamento de: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 105, de VII - a concessão ou utilização de créditos ilimitados;
2019) VIII - a utilização, sem autorização legislativa específica, de
I - despesas com pessoal e encargos sociais relativas a ativos e recursos dos orçamentos fiscal e da seguridade social para suprir
inativos, e com pensionistas; e (Incluído pela Emenda Constitucio- necessidade ou cobrir déficit de empresas, fundações e fundos, in-
nal nº 105, de 2019) clusive dos mencionados no art. 165, § 5º;
II - encargos referentes ao serviço da dívida. (Incluído pela IX - a instituição de fundos de qualquer natureza, sem prévia
Emenda Constitucional nº 105, de 2019) autorização legislativa.
§ 2º Na transferência especial a que se refere o inciso I do caput X - a transferência voluntária de recursos e a concessão de em-
deste artigo, os recursos: (Incluído pela Emenda Constitucional nº préstimos, inclusive por antecipação de receita, pelos Governos Fe-
105, de 2019) deral e Estaduais e suas instituições financeiras, para pagamento de
I - serão repassados diretamente ao ente federado beneficiado, despesas com pessoal ativo, inativo e pensionista, dos Estados, do
independentemente de celebração de convênio ou de instrumento Distrito Federal e dos Municípios.
congênere; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 105, de 2019) XI - a utilização dos recursos provenientes das contribuições so-
II - pertencerão ao ente federado no ato da efetiva transferên- ciais de que trata o art. 195, I, a, e II, para a realização de despesas
cia financeira; e (Incluído pela Emenda Constitucional nº 105, de distintas do pagamento de benefícios do regime geral de previdên-
2019) cia social de que trata o art. 201.
III - serão aplicadas em programações finalísticas das áreas de XII - na forma estabelecida na lei complementar de que trata o
competência do Poder Executivo do ente federado beneficiado, § 22 do art. 40, a utilização de recursos de regime próprio de previ-
observado o disposto no § 5º deste artigo. (Incluído pela Emenda dência social, incluídos os valores integrantes dos fundos previstos
Constitucional nº 105, de 2019) no art. 249, para a realização de despesas distintas do pagamento
§ 3º O ente federado beneficiado da transferência especial a dos benefícios previdenciários do respectivo fundo vinculado àque-
que se refere o inciso I do caput deste artigo poderá firmar contratos le regime e das despesas necessárias à sua organização e ao seu
de cooperação técnica para fins de subsidiar o acompanhamento funcionamento; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de
da execução orçamentária na aplicação dos recursos. (Incluído pela 2019)
Emenda Constitucional nº 105, de 2019) XIII - a transferência voluntária de recursos, a concessão de
§ 4º Na transferência com finalidade definida a que se refere avais, as garantias e as subvenções pela União e a concessão de
o inciso II do caput deste artigo, os recursos serão: (Incluído pela empréstimos e de financiamentos por instituições financeiras fede-
Emenda Constitucional nº 105, de 2019) rais aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios na hipótese
I - vinculados à programação estabelecida na emenda parla- de descumprimento das regras gerais de organização e de funcio-
mentar; e (Incluído pela Emenda Constitucional nº 105, de 2019) namento de regime próprio de previdência social. (Incluído pela
II - aplicados nas áreas de competência constitucional da União. Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 105, de 2019)

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XIV - a criação de fundo público, quando seus objetivos pude- c) as contratações temporárias de que trata o inciso IX do caput
rem ser alcançados mediante a vinculação de receitas orçamentá- do art. 37 desta Constituição; e (Incluído pela Emenda Constitucio-
rias específicas ou mediante a execução direta por programação nal nº 109, de 2021)
orçamentária e financeira de órgão ou entidade da administração d) as reposições de temporários para prestação de serviço mi-
pública. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021) litar e de alunos de órgãos de formação de militares; (Incluído pela
§ 1º Nenhum investimento cuja execução ultrapasse um Emenda Constitucional nº 109, de 2021)
exercício financeiro poderá ser iniciado sem prévia inclusão no V - realização de concurso público, exceto para as reposições de
plano plurianual, ou sem lei que autorize a inclusão, sob pena de vacâncias previstas no inciso IV deste caput; (Incluído pela Emenda
crime de responsabilidade. Constitucional nº 109, de 2021)
§ 2º Os créditos especiais e extraordinários terão vigência no VI - criação ou majoração de auxílios, vantagens, bônus, abo-
exercício financeiro em que forem autorizados, salvo se o ato de nos, verbas de representação ou benefícios de qualquer natureza,
autorização for promulgado nos últimos quatro meses daquele inclusive os de cunho indenizatório, em favor de membros de Po-
exercício, caso em que, reabertos nos limites de seus saldos, serão der, do Ministério Público ou da Defensoria Pública e de servidores
incorporados ao orçamento do exercício financeiro subsequente. e empregados públicos e de militares, ou ainda de seus dependen-
§ 3º A abertura de crédito extraordinário somente será tes, exceto quando derivados de sentença judicial transitada em
admitida para atender a despesas imprevisíveis e urgentes, como julgado ou de determinação legal anterior ao início da aplicação das
as decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade pública, medidas de que trata este artigo; (Incluído pela Emenda Constitu-
observado o disposto no art. 62. cional nº 109, de 2021)
§ 4º É permitida a vinculação das receitas a que se referem os VII - criação de despesa obrigatória; (Incluído pela Emenda
arts. 155, 156, 157, 158 e as alíneas “a”, “b”, “d” e “e” do inciso I e o Constitucional nº 109, de 2021)
inciso II do caput do art. 159 desta Constituição para pagamento de VIII - adoção de medida que implique reajuste de despesa obri-
débitos com a União e para prestar-lhe garantia ou contragarantia. gatória acima da variação da inflação, observada a preservação do
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021) poder aquisitivo referida no inciso IV do caput do art. 7º desta Cons-
§ 5º A transposição, o remanejamento ou a transferência de tituição; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)
recursos de uma categoria de programação para outra poderão IX - criação ou expansão de programas e linhas de financia-
ser admitidos, no âmbito das atividades de ciência, tecnologia e mento, bem como remissão, renegociação ou refinanciamento de
inovação, com o objetivo de viabilizar os resultados de projetos dívidas que impliquem ampliação das despesas com subsídios e
restritos a essas funções, mediante ato do Poder Executivo, sem subvenções; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)
necessidade da prévia autorização legislativa prevista no inciso VI X - concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de na-
deste artigo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 85, de 2015) tureza tributária. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de
§ 6º Para fins da apuração ao término do exercício financeiro 2021)
do cumprimento do limite de que trata o inciso III do caput deste § 1º Apurado que a despesa corrente supera 85% (oitenta e
artigo, as receitas das operações de crédito efetuadas no contexto cinco por cento) da receita corrente, sem exceder o percentual
da gestão da dívida pública mobiliária federal somente serão mencionado no caput deste artigo, as medidas nele indicadas
consideradas no exercício financeiro em que for realizada a respec- podem ser, no todo ou em parte, implementadas por atos do Chefe
tiva despesa. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021) do Poder Executivo com vigência imediata, facultado aos demais
Art. 167-A. Apurado que, no período de 12 (doze) meses, a re- Poderes e órgãos autônomos implementá-las em seus respectivos
lação entre despesas correntes e receitas correntes supera 95% (no- âmbitos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)
venta e cinco por cento), no âmbito dos Estados, do Distrito Federal § 2º O ato de que trata o § 1º deste artigo deve ser submetido,
e dos Municípios, é facultado aos Poderes Executivo, Legislativo e em regime de urgência, à apreciação do Poder Legislativo. (Incluído
Judiciário, ao Ministério Público, ao Tribunal de Contas e à Defen- pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)
soria Pública do ente, enquanto permanecer a situação, aplicar o § 3º O ato perde a eficácia, reconhecida a validade dos atos
mecanismo de ajuste fiscal de vedação da: (Incluído pela Emenda praticados na sua vigência, quando: (Incluído pela Emenda Consti-
Constitucional nº 109, de 2021) tucional nº 109, de 2021)
I - concessão, a qualquer título, de vantagem, aumento, reajus- I - rejeitado pelo Poder Legislativo; (Incluído pela Emenda
te ou adequação de remuneração de membros de Poder ou de ór- Constitucional nº 109, de 2021)
gão, de servidores e empregados públicos e de militares, exceto dos II - transcorrido o prazo de 180 (cento e oitenta) dias sem que
derivados de sentença judicial transitada em julgado ou de determi- se ultime a sua apreciação; ou (Incluído pela Emenda Constitucional
nação legal anterior ao início da aplicação das medidas de que trata nº 109, de 2021)
este artigo; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021) III - apurado que não mais se verifica a hipótese prevista no § 1º
II - criação de cargo, emprego ou função que implique aumento deste artigo, mesmo após a sua aprovação pelo Poder Legislativo.
de despesa; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021) (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)
III - alteração de estrutura de carreira que implique aumento § 4º A apuração referida neste artigo deve ser realizada bimes-
de despesa; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021) tralmente. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)
IV - admissão ou contratação de pessoal, a qualquer título, res- § 5º As disposições de que trata este artigo: (Incluído pela
salvadas: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021) Emenda Constitucional nº 109, de 2021)
a) as reposições de cargos de chefia e de direção que não acar- I - não constituem obrigação de pagamento futuro pelo ente
retem aumento de despesa; (Incluído pela Emenda Constitucional da Federação ou direitos de outrem sobre o erário; (Incluído pela
nº 109, de 2021) Emenda Constitucional nº 109, de 2021)
b) as reposições decorrentes de vacâncias de cargos efetivos
ou vitalícios; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)

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II - não revogam, dispensam ou suspendem o cumprimento de I - são dispensados, durante a integralidade do exercício finan-
dispositivos constitucionais e legais que disponham sobre metas fis- ceiro em que vigore a calamidade pública, os limites, as condições
cais ou limites máximos de despesas. (Incluído pela Emenda Consti- e demais restrições aplicáveis à União para a contratação de opera-
tucional nº 109, de 2021) ções de crédito, bem como sua verificação; (Incluído pela Emenda
§ 6º Ocorrendo a hipótese de que trata o caput deste artigo, Constitucional nº 109, de 2021)
até que todas as medidas nele previstas tenham sido adotadas II - o superávit financeiro apurado em 31 de dezembro do ano
por todos os Poderes e órgãos nele mencionados, de acordo com imediatamente anterior ao reconhecimento pode ser destinado à
declaração do respectivo Tribunal de Contas, é vedada: (Incluído cobertura de despesas oriundas das medidas de combate à calami-
pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021) dade pública de âmbito nacional e ao pagamento da dívida pública.
I - a concessão, por qualquer outro ente da Federação, de ga- (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)
rantias ao ente envolvido; (Incluído pela Emenda Constitucional nº § 1º Lei complementar pode definir outras suspensões,
109, de 2021) dispensas e afastamentos aplicáveis durante a vigência do estado
II - a tomada de operação de crédito por parte do ente envol- de calamidade pública de âmbito nacional. (Incluído pela Emenda
vido com outro ente da Federação, diretamente ou por intermédio Constitucional nº 109, de 2021)
de seus fundos, autarquias, fundações ou empresas estatais depen- § 2º O disposto no inciso II do caput deste artigo não se aplica
dentes, ainda que sob a forma de novação, refinanciamento ou pos- às fontes de recursos: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109,
tergação de dívida contraída anteriormente, ressalvados os finan- de 2021)
ciamentos destinados a projetos específicos celebrados na forma I - decorrentes de repartição de receitas a Estados, ao Distri-
de operações típicas das agências financeiras oficiais de fomento. to Federal e a Municípios; (Incluído pela Emenda Constitucional nº
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021) 109, de 2021)
Art. 167-B. Durante a vigência de estado de calamidade pública II - decorrentes das vinculações estabelecidas pelos arts. 195,
de âmbito nacional, decretado pelo Congresso Nacional por iniciati- 198, 201, 212, 212-A e 239 desta Constituição; (Incluído pela Emen-
va privativa do Presidente da República, a União deve adotar regime da Constitucional nº 109, de 2021)
extraordinário fiscal, financeiro e de contratações para atender às III - destinadas ao registro de receitas oriundas da arrecada-
necessidades dele decorrentes, somente naquilo em que a urgência ção de doações ou de empréstimos compulsórios, de transferências
for incompatível com o regime regular, nos termos definidos nos recebidas para o atendimento de finalidades determinadas ou das
arts. 167-C, 167-D, 167-E, 167-F e 167-G desta Constituição. (Incluí- receitas de capital produto de operações de financiamento celebra-
do pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021) das com finalidades contratualmente determinadas. (Incluído pela
Art. 167-C. Com o propósito exclusivo de enfrentamento da Emenda Constitucional nº 109, de 2021)
calamidade pública e de seus efeitos sociais e econômicos, no seu Art. 167-G. Na hipótese de que trata o art. 167-B, aplicam-se à
período de duração, o Poder Executivo federal pode adotar proces- União, até o término da calamidade pública, as vedações previstas
sos simplificados de contratação de pessoal, em caráter temporá- no art. 167-A desta Constituição. (Incluído pela Emenda Constitu-
rio e emergencial, e de obras, serviços e compras que assegurem, cional nº 109, de 2021)
quando possível, competição e igualdade de condições a todos os § 1º Na hipótese de medidas de combate à calamidade pública
concorrentes, dispensada a observância do § 1º do art. 169 na con- cuja vigência e efeitos não ultrapassem a sua duração, não se
tratação de que trata o inciso IX do caput do art. 37 desta Constitui- aplicam as vedações referidas nos incisos II, IV, VII, IX e X do caput
ção, limitada a dispensa às situações de que trata o referido inciso, do art. 167-A desta Constituição. (Incluído pela Emenda Constitu-
sem prejuízo do controle dos órgãos competentes. (Incluído pela cional nº 109, de 2021)
Emenda Constitucional nº 109, de 2021) § 2º Na hipótese de que trata o art. 167-B, não se aplica a alínea
Art. 167-D. As proposições legislativas e os atos do Poder Exe- «c» do inciso I do caput do art. 159 desta Constituição, devendo a
cutivo com propósito exclusivo de enfrentar a calamidade e suas transferência a que se refere aquele dispositivo ser efetuada nos
consequências sociais e econômicas, com vigência e efeitos restri- mesmos montantes transferidos no exercício anterior à decretação
tos à sua duração, desde que não impliquem despesa obrigatória de da calamidade. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de
caráter continuado, ficam dispensados da observância das limita- 2021)
ções legais quanto à criação, à expansão ou ao aperfeiçoamento de § 3º É facultada aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios
ação governamental que acarrete aumento de despesa e à conces- a aplicação das vedações referidas no caput, nos termos deste
são ou à ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária artigo, e, até que as tenham adotado na integralidade, estarão
da qual decorra renúncia de receita. (Incluído pela Emenda Consti- submetidos às restrições do § 6º do art. 167-A desta Constituição,
tucional nº 109, de 2021) enquanto perdurarem seus efeitos para a União. (Incluído pela
Parágrafo único. Durante a vigência da calamidade pública de Emenda Constitucional nº 109, de 2021)
âmbito nacional de que trata o art. 167-B, não se aplica o disposto Art. 168. Os recursos correspondentes às dotações orçamentá-
no § 3º do art. 195 desta Constituição. (Incluído pela Emenda Cons- rias, compreendidos os créditos suplementares e especiais, desti-
titucional nº 109, de 2021) nados aos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, do Ministério
Art. 167-E. Fica dispensada, durante a integralidade do exercí- Público e da Defensoria Pública, ser-lhes-ão entregues até o dia 20
cio financeiro em que vigore a calamidade pública de âmbito nacio- de cada mês, em duodécimos, na forma da lei complementar a que
nal, a observância do inciso III do caput do art. 167 desta Constitui- se refere o art. 165, § 9º. (Redação dada pela Emenda Constitucio-
ção. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021) nal nº 45, de 2004)
Art. 167-F. Durante a vigência da calamidade pública de âmbito § 1º É vedada a transferência a fundos de recursos financeiros
nacional de que trata o art. 167-B desta Constituição: (Incluído pela oriundos de repasses duodecimais. (Incluído pela Emenda Constitu-
Emenda Constitucional nº 109, de 2021) cional nº 109, de 2021)

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a solução para o seu concurso!
DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 2º O saldo financeiro decorrente dos recursos entregues Fundamentos da Ordem Econômica
na forma do caput deste artigo deve ser restituído ao caixa único
do Tesouro do ente federativo, ou terá seu valor deduzido das → Valorização do trabalho → Livre iniciativa
primeiras parcelas duodecimais do exercício seguinte. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021) Tomando por base essa premissa, pode-se entender que qualquer
Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo e pensionis- particular que atue explorando atividade econômica deverá respeitar
tas da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios não esses preceitos e que as condutas praticadas que possam restringi-los
pode exceder os limites estabelecidos em lei complementar. (Reda- ou afetá-los serão tidas por ilegais e sujeitas à repressão estatal.
ção dada pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021) De fato, é nisso que se baseia a possibilidade de intervenção
§ 1º A concessão de qualquer vantagem ou aumento de estatal. Em outras palavras, o ente público deverá agir sempre que
remuneração, a criação de cargos, empregos e funções ou entender que os atores do cenário econômico estejam agindo de
alteração de estrutura de carreiras, bem como a admissão ou forma a prejudicar qualquer de seus pilares de sustentação.
contratação de pessoal, a qualquer título, pelos órgãos e entidades
da administração direta ou indireta, inclusive fundações instituídas • Valorização do trabalho humano
e mantidas pelo poder público, só poderão ser feitas; Os valores sociais do trabalho estão definidos no art. 1º, IV da
I - se houver prévia dotação orçamentária suficiente para aten- Lei Maior como um dos fundamentos da República, o que demons-
der às projeções de despesa de pessoal e aos acréscimos dela de- tra, claramente, a preocupação do Constituinte em conciliar os fa-
correntes; tores de capital e trabalho como forma de atender aos preceitos da
II - se houver autorização específica na lei de diretrizes orça- justiça social.
mentárias, ressalvadas as empresas públicas e as sociedades de Partindo desta premissa, o texto constitucional não tolera com-
economia mista. portamentos que coloquem em risco a vida ou a saúde dos traba-
§ 2º Decorrido o prazo estabelecido na lei complementar lhadores ou que os reduza à condição análoga de escravo.
referida neste artigo para a adaptação aos parâmetros ali Em verdade, a Carta Magna de 1988 tem um forte papel de in-
previstos, serão imediatamente suspensos todos os repasses de tervenção nas relações de emprego, traçando garantias inafastáveis
verbas federais ou estaduais aos Estados, ao Distrito Federal e aos aos trabalhadores, com a intenção de evitar a exploração da mão de
Municípios que não observarem os referidos limites. obra pelo empresário.
§ 3º Para o cumprimento dos limites estabelecidos com base Com efeito, o art. 7º, entre outros dispositivos do texto consti-
neste artigo, durante o prazo fixado na lei complementar referida tucional detalha prerrogativas dos empregados como forma de se
no caput, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios atingir a justiça social.
adotarão as seguintes providências:
I - redução em pelo menos vinte por cento das despesas com • Liberdade de iniciativa
cargos em comissão e funções de confiança; A livre iniciativa é postulada do regime capitalista e se resume
II - exoneração dos servidores não estáveis. na possibilidade dada a todos de ingressar no mercado de produção
§ 4º Se as medidas adotadas com base no parágrafo de bens e serviços por sua conta e risco, explorando atividade eco-
anterior não forem suficientes para assegurar o cumprimento da nômica com a finalidade de obtenção de lucro, sem que, para isso,
determinação da lei complementar referida neste artigo, o servidor precise concorrer com o Estado.
estável poderá perder o cargo, desde que ato normativo motivado Este postulado fica evidente ao se verificar que o art. 170, pa-
de cada um dos Poderes especifique a atividade funcional, o órgão rágrafo único da Constituição Federal, estabelece que a todos é as-
ou unidade administrativa objeto da redução de pessoal. segurado o livre exercício de qualquer atividade econômica, sem
§ 5º O servidor que perder o cargo na forma do parágrafo ante- necessidade de autorização de órgãos públicos, à exceção dos casos
rior fará jus a indenização correspondente a um mês de remunera- previstos em lei.
ção por ano de serviço. No entanto, a intervenção estatal tem limites. O Supremo Tri-
§ 6º O cargo objeto da redução prevista nos parágrafos anterio- bunal Federal inclusive já se manifestou, em diversas situações,
res será considerado extinto, vedada a criação de cargo, emprego estipulando que a atuação estatal na economia deve respeitar os
ou função com atribuições iguais ou assemelhadas pelo prazo de limites da livre iniciativa e que os prejuízos decorrentes desta inter-
quatro anos. venção serão indenizados nos moldes do art. 37, §6º da Constitui-
§ 7º Lei federal disporá sobre as normas gerais a serem obede- ção Federal.
cidas na efetivação do disposto no § 4º.
• Princípios da ordem econômica
Além dos fundamentos elencados, a Constituição Federal con-
DA ORDEM ECONÔMICA E FINANCEIRA templou alguns princípios que devem nortear o sistema da ordem
econômica no país, a seguir indicados:
a) soberania nacional: a ordem econômica não pode desenvol-
ver-se de modo a colocar em risco a soberania nacional em face dos
Princípios Gerais da Atividade Econômica
interesses externos.
O art. 170 da Constituição da República Federativa do Brasil
b) propriedade privada e função social da propriedade: tam-
promulgada em 1988 dispõe que a ordem econômica é fundada em
bém pilares do pensamento capitalista, a atividade econômica deve
dois postulados básicos: a valorização do trabalho humano e a livre
respeitar a propriedade, devendo, no entanto, ser analisada de
iniciativa7.
acordo com os ditames do interesse público.
7 http://professor.pucgoias.edu.br/SiteDocente/admin/arquivosUpload/7771/
material/CAPITULO%20INTERVEN%C3%87%C3%83O%20DO%20ESTADO%20
NO%20DOM%C3%8DNIO%20ECONOMICO%20-%20MATHEUS%20CARVALHO.
pdf
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DIREITO CONSTITUCIONAL
c) livre concorrência: devendo o Estado permitir a atuação livre A fiscalização se manifesta por meio da verificação dos setores
dos cidadãos no cenário econômico e, ao mesmo tempo, reprimir econômicos com a intenção de evitar comportamentos abusivos
qualquer abuso que possa causar prejuízos aos menos favorecidos dos particulares, valendo-se do seu poder econômico, causando
em razão do abuso do poder econômico. prejuízos a empregados, consumidores, pequenas empresas, entre
d) defesa do consumidor: atrelado diretamente à vedação do outros hipossuficientes.
abuso por parte do fornecedor de bens e serviços que detém os O incentivo ou fomento pode ser ilustrado por medidas como
meios de produção. isenções fiscais, subsídios, aumentos de tributos de importação de
e) defesa do meio ambiente: o que traz a noção de desenvol- determinados produtos, assistência tecnológica e incentivos credi-
vimento sustentável, não se admitindo a destruição do meio am- tícios do poder público que visam a auxiliar no desenvolvimento
biente como forma de reduzir custos na produção de bens e mer- econômico e social do país.
cadorias. O planejamento, por seu turno, se apresenta por meio da es-
f) tratamento favorecido para empresas de pequeno porte: tipulação de metas a serem alcançadas pelo governo no ramo da
que é personificação do princípio da isonomia material, buscando economia.
igualar juridicamente as microempresas e empresas de pequeno É possível, então, verificar que estas atividades pautam a
porte por meio de benefícios e subvenções. intervenção direta do Estado no domínio econômico.
Enfim, esses princípios devem ser analisados de forma a se per-
ceber que o tratamento dado pelo constituinte à ordem econômica Competências para intervenção
está ligado diretamente à garantia de justiça social, o que justifica A União pode ser enxergada, dentro do sistema de partilha
toda a atuação estatal dentro deste setor. constitucional de atribuições ora vigente, a principal responsável
pelas medidas de regulação do Estado na atividade econômica.
Intervenção do Estado no Domínio Econômico Com efeito, o art. 21 da Constituição da República, ao tratar da
competência administrativa, define algumas atribuições relevantes
• Formas de atuação do estado a esta intervenção estatal no setor da economia indicadas a seguir:
A despeito da existência de algumas controvérsias acerca do a) a elaboração e a execução de planos nacionais e regionais de
tema, pode-se estabelecer que o Estado atua de duas formas na ordenação do território e de desenvolvimento econômico e social
ordem econômica. (inciso IX);
– Estado regulador: a primeira forma de atuação do ente pú- b) a fiscalização de operações financeiras, como a de crédito,
blico no domínio econômico se dá por meio da regulação das ativi- câmbio, seguros e previdência privada (inciso VIII);
dades exercidas pelos particulares. Neste contexto, atua definindo c) a reserva de função relativa ao serviço postal (inciso X);
normas de atuação, reprimindo o abuso do poder econômico e fis- d) a organização dos serviços de telecomunicações, radiodifu-
calizando as atividades exercidas pelos particulares com finalidade são, energia elétrica (incisos XI e XII);
lucrativa, como forma de evitar distorções do sistema. e) o aproveitamento energético dos cursos d’água e os serviços
– Estado executor: trata-se da segunda forma de atuação do de transportes, entre outros. (inciso XII, b, c, d, e).
Estado que, em casos excepcionais, pode explorar diretamente ati-
vidades econômicas. Com efeito, o ente estatal deixa a posição de Da mesma forma, ao tratar da competência para a edição de
controlador da atividade dos particulares para se inserir no merca- leis acerca dos temas relacionados a esta atuação, o art. 22 da Carta
do como executor direto da atividade do segundo setor. Magna atribui à União Federal, privativamente, legislar sobre:
a) o comércio exterior e interestadual (inciso VIII);
Insta salientar que o art. 173 da Carta Magna dispõe que esta b) os sistemas de poupança, captação e garantia da poupança
exploração direta de atividade econômica pelo Estado se dá como popular (inciso XIX);
forma de atingir o interesse da coletividade ou de garantir a segu- c) diretrizes da política nacional de transportes (inciso IX);
rança nacional, não se dando com finalidade lucrativa. d) jazidas, minas e outros recursos minerais (inciso XII).

• Estado regulador Em verdade, pode-se perceber que há, dentro das disposições
Conforme previamente explicitado, o ente público tem o dever constitucionais, uma supremacia da União como representante do
de atuar regulando a atividade econômica de forma a evitar atua- Estado-Regulador da ordem econômica. Todavia, cumpre informar
ções abusivas do poder econômico e proteger a sociedade da busca que o parágrafo único do art. 22, ora mencionado, determina que
desenfreada pelo lucro. Lei Complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre ques-
Assim, Estado Regulador é aquele que, através de regime in- tões especificas relacionadas às matérias hoje reservadas à União.
terventivo, se incumbe de estabelecer as regras disciplinadoras da Outrossim, ao Estado e ao Distrito Federal foram atribuídas al-
ordem econômica com o objetivo de ajustá-la aos ditames da jus- gumas funções supletivas definidas pelo art. 24 da Carta Magna que
tiça social. trata da competência legislativa concorrente entre os entes federa-
O art. 174 da Carta Magna dispõe que Como agente normativo tivos para tratar acerca de direito econômico e financeiro, produção
e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da e consumo e proteção do meio ambiente.
lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este Como sói acontecer, nestas situações, a União fica responsável
determinante para o setor público e indicativo para o setor privado. pela edição de normas gerais sobre os temas, deixando aos demais
entes federativos a legitimidade para a expedição de normas suple-
É possível destacar do texto do dispositivo transcrito que o ente mentares.
público pode se manifestar de três formas diversas na regulação Por fim, o art. 23 da Constituição Federal, ao tratar da compe-
da atividade econômica, quais sejam, a fiscalização, o incentivo e tência administrativa comum, também aponta atividades relacio-
o planejamento. nadas à intervenção estatal no domínio econômico. Desta forma,
compete a todas as entidades políticas, concorrentemente, prote-
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DIREITO CONSTITUCIONAL
ger o meio ambiente, fomentar a produção agropecuária e organi- → Segurança nacional: Trata-se de pressuposto político. O tex-
zar o abastecimento alimentar, combater as causas da pobreza e to constitucional deixa claro que se a ordem econômica conduzida
promover a integração social dos segmentos hipossuficientes. pelos particulares estiver causando algum risco à soberania do país,
fica o estado autorizado a intervir no domínio econômico, direta ou
• Estado executor indiretamente, para restabelecer a ordem.
Além da regulação da atividade econômica, por meio do tabe- → Relevante interesse coletivo: Compete à lei definir o que
lamento de preços, controle e sancionamento dos atos contrários pode ser tratado como situação de interesse coletivo relevante,
à livre concorrência, entre outras medidas, o ente público também haja vista se tratar de conceito jurídico indeterminado. Em algumas
atua diretamente na execução da atividade econômica ao lado dos situações, a própria Constituição Federal pode permitir a explora-
particulares. ção de atividade econômica direta, por considerar que se trata de
Por óbvio, as atividades primordiais do Estado são apresenta- caso no qual o interesse coletivo demanda atuação estatal.
das por meio da prestação de serviços públicos, execução de obras
e aplicação de normas de polícia. Todavia, excepcionalmente, admi- Regime das empresas estatais
te-se a exploração direta de atividade econômica, desde que respei- O art. 173, § 1º, da Constituição Federal, com redação dada
tados os limites travados na própria Constituição Federal. pela EC n. 19/1988 (Reforma Administrativa do Estado) dispõe que
É claro que o exercício estatal dessas atividades não pode a lei deverá estabelecer o estatuto jurídico da empresa pública, da
constituir-se em regra geral. sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem
Neste sentido, o Estado pode criar pessoas jurídicas a ele vincu- atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou
ladas, destinadas mais apropriadamente à execução de atividades de prestação de serviço.
econômicas. De fato, a Carta Magna, em seu art. 37, XIX, prevê a Diante da ausência de legislação específica, a atividade estatal
possibilidade de criação, mediante autorização legislativa, de em- de explorar atividade econômica vem sendo regulada por outros di-
presas públicas e sociedades de economia mista que podem atuar plomas legais, como a lei 8.666/93, a lei 10.520/02, que tratam das
explorando atividade de mercado, desde que na busca do interesse regras referentes às contratações destas entidades, entre outros.
público. Enfim, as empresas públicas e sociedades de economia mista
Pode-se, portanto, definir que o Estado executa atividade eco- poderão ser criadas, mediante a autorização de lei específica, do-
nômica por meio de entidades da Administração Indireta, integran- tadas de personalidade jurídica de direito privado, com o intuito de
te da estrutura da organização administrativa, vinculada aos entes prestação de serviços por delegação do ente federativo ou para fins
federativos por meio de controle ministerial. Trata-se de exploração de exploração de atividade econômica.
direta de atividade econômica pelo Estado. Em ambos os casos, a doutrina é pacífica no sentido de conferir
a estas entidades um regime misto, ou híbrido, no qual o direito
Exploração direta em regime de livre concorrência privado é derrogado por princípios inerentes à atuação do Estado.
A regra relativa à exploração direta de atividades econômicas
pelo Estado se encontra no art. 173 da Constituição Federal, a qual Monopólio estatal
dispõe que, ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a ex- Conforme dispõe a ciência econômica, o Monopólio configura
ploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permi- situação na qual existe apenas um fornecedor de determinado bem
tida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a ou serviço, não havendo preço de mercado, haja vista a imposição
relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei. do preço pelo monopolista.
Verifica-se, de uma leitura conjunta deste dispositivo e do art. O monopólio privado é vedado pela Constituição, uma vez que
170, IV da Carta Magna, que compete, primordialmente, a iniciativa permite a dominação do mercado e a eliminação da concorrência, o
privada a exploração de atividades econômicas, com a finalidade que pode ser considerado danoso à ordem econômica, denotando
de obtenção de lucro, razão pela qual, a possibilidade de atuação abuso de poder.
do Estado executando atividades mercantis deve ser interpretada O monopólio estatal, por seu turno, não tem finalidade lucrati-
restritivamente, por se caracterizar norma de exceção. va, sendo regulamentado no próprio texto constitucional, em situa-
Ademais, a atuação do Estado no domínio econômico, mediante ções nas quais o poder público busca proteger o interesse público.
a exploração de atividades, não pode se dar com finalidade lucrativa, Com efeito, em razão da finalidade protetiva, o monopólio do
ou seja, as empresas estatais não devem ser criadas após a análise Estado em determinadas atividades econômica encontra guarida
do cenário econômico mais favorável à obtenção de lucro pelo ente no texto da Constituição da República.
público e sim com o intuito de atender a necessidades coletivas. Enfim, pode-se considerar que o monopólio estatal tem a natu-
Com efeito, ainda que sejam criadas para fins de exploração de reza de intervenção do Estado no domínio econômico, afastando a
atividades econômicas, a finalidade destas empresas estatais deve atuação dos particulares naquela específica atividade, como forma
ser o interesse público, não sendo possível a criação de entidade de se garantir o interesse da coletividade.
com a finalidade de obtenção de lucro.
É possível que o lucro seja consequência de uma determinada Atividades monopolizadas
atividade, como ocorre em casos de exploração e venda de Conforme dispõe a Carta Magna, constituem monopólio da
derivados do petróleo, ou na atividade financeira, mas não pode União:
ser o mote de criação da entidade, nem pode condicionar seus atos. a) a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e
Dois são os pressupostos que justificam esta intervenção direta outros hidrocarbonetos fluidos
do Estado, atuando na exploração da atividade de mercado. Vejamos: b) a refinação do petróleo nacional ou estrangeiro;
c) a importação e exportação dos produtos e derivados básicos
resultantes das atividades previstas nos incisos anteriores;

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DIREITO CONSTITUCIONAL
d) o transporte marítimo do petróleo bruto de origem nacional Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a
ou de derivados básicos de petróleo produzidos no País, bem assim exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será per-
o transporte, por meio de conduto, de petróleo bruto, seus deriva- mitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional
dos e gás natural de qualquer origem; ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.
e) a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento, § 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública,
a industrialização e o comércio de minérios e minerais nucleares e da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que
seus derivados, com exceção dos radioisótopos cuja produção, co- explorem atividade econômica de produção ou comercialização de
mercialização e utilização poderão ser autorizadas sob regime de bens ou de prestação de serviços, dispondo sobre:
permissão; I - sua função social e formas de fiscalização pelo Estado e pela
f) a pesquisa e a lavra de jazidas e demais recursos minerais e sociedade;
o aproveitamento os potenciais de energia hidráulica, sendo que, II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas,
nos casos de recursos minerais, será garantido ao concessionário a inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, traba-
propriedade do produto da lavra. lhistas e tributários;
III - licitação e contratação de obras, serviços, compras e aliena-
Por fim, cumpre ressaltar que existem atividades que se sujei- ções, observados os princípios da administração pública;
tam a monopólio implícito do poder público. IV - a constituição e o funcionamento dos conselhos de admi-
Nestes casos, o art. 21 da Carta Constitucional estabelece que nistração e fiscal, com a participação de acionistas minoritários;
somente o ente público poderá exercer atividades como a emissão V - os mandatos, a avaliação de desempenho e a responsabili-
de moedas, o serviço postal; a exploração de serviços de teleco- dade dos administradores.
municação; e a exploração de serviços de radiodifusão sonora e § 2º As empresas públicas e as sociedades de economia mista
de sons e imagens; de serviços de energia Elétrica e de aprovei- não poderão gozar de privilégios fiscais não extensivos às do setor
tamento dos cursos d´água; da navegação aérea, aeroespacial e a privado.
infraestrutura aeroportuária; de serviços de transporte ferroviá- § 3º A lei regulamentará as relações da empresa pública com o
rio e aquaviário entre portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou Estado e a sociedade.
que transponham os limites de Estado ou território; de serviços de § 4º - lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à
transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros; dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao
de portos marítimos, fluviais e lacustres. aumento arbitrário dos lucros.
§ 5º A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos
Vejamos o capítulo da CF/88, referente ao tema supracitado: dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá a responsabilidade
desta, sujeitando-a às punições compatíveis com sua natureza, nos
TÍTULO VII atos praticados contra a ordem econômica e financeira e contra a
DA ORDEM ECONÔMICA E FINANCEIRA economia popular.
Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade eco-
CAPÍTULO I nômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscali-
DOS PRINCÍPIOS GERAIS DA ATIVIDADE ECONÔMICA zação, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o
setor público e indicativo para o setor privado.
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do tra- § 1º A lei estabelecerá as diretrizes e bases do planejamento
balho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos do desenvolvimento nacional equilibrado, o qual incorporará e
existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados compatibilizará os planos nacionais e regionais de desenvolvimento.
os seguintes princípios: § 2º A lei apoiará e estimulará o cooperativismo e outras
I - soberania nacional; formas de associativismo.
II - propriedade privada; § 3º O Estado favorecerá a organização da atividade garimpeira
III - função social da propriedade; em cooperativas, levando em conta a proteção do meio ambiente e
IV - livre concorrência; a promoção econômico-social dos garimpeiros.
V - defesa do consumidor; § 4º As cooperativas a que se refere o parágrafo anterior terão
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento prioridade na autorização ou concessão para pesquisa e lavra dos recursos
diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e servi- e jazidas de minerais garimpáveis, nas áreas onde estejam atuando, e
ços e de seus processos de elaboração e prestação; naquelas fixadas de acordo com o art. 21, XXV, na forma da lei.
VII - redução das desigualdades regionais e sociais; Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, direta-
VIII - busca do pleno emprego; mente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através
IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte de licitação, a prestação de serviços públicos.
constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e admi- Parágrafo único. A lei disporá sobre:
nistração no País. I - o regime das empresas concessionárias e permissionárias
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qual- de serviços públicos, o caráter especial de seu contrato e de sua
quer atividade econômica, independentemente de autorização de prorrogação, bem como as condições de caducidade, fiscalização e
órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei. rescisão da concessão ou permissão;
Art. 171. (Revogado). II - os direitos dos usuários;
Art. 172. A lei disciplinará, com base no interesse nacional, os III - política tarifária;
investimentos de capital estrangeiro, incentivará os reinvestimen- IV - a obrigação de manter serviço adequado.
tos e regulará a remessa de lucros.

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Art. 176. As jazidas, em lavra ou não, e demais recursos mine- c) ao financiamento de programas de infraestrutura de trans-
rais e os potenciais de energia hidráulica constituem propriedade portes.
distinta da do solo, para efeito de exploração ou aproveitamento, e Art. 178. A lei disporá sobre a ordenação dos transportes aéreo,
pertencem à União, garantida ao concessionário a propriedade do aquático e terrestre, devendo, quanto à ordenação do transporte
produto da lavra. internacional, observar os acordos firmados pela União, atendido o
§ 1º A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o aproveitamento princípio da reciprocidade.
dos potenciais a que se refere o «caput» deste artigo somente Parágrafo único. Na ordenação do transporte aquático, a lei
poderão ser efetuados mediante autorização ou concessão da estabelecerá as condições em que o transporte de mercadorias na
União, no interesse nacional, por brasileiros ou empresa constituída cabotagem e a navegação interior poderão ser feitos por embarca-
sob as leis brasileiras e que tenha sua sede e administração no País, ções estrangeiras.
na forma da lei, que estabelecerá as condições específicas quando Art. 179. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
essas atividades se desenvolverem em faixa de fronteira ou terras dispensarão às microempresas e às empresas de pequeno porte,
indígenas. assim definidas em lei, tratamento jurídico diferenciado, visando a
§ 2º - É assegurada participação ao proprietário do solo nos incentivá-las pela simplificação de suas obrigações administrativas,
resultados da lavra, na forma e no valor que dispuser a lei. tributárias, previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação ou re-
§ 3º A autorização de pesquisa será sempre por prazo dução destas por meio de lei.
determinado, e as autorizações e concessões previstas neste artigo Art. 180. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
não poderão ser cedidas ou transferidas, total ou parcialmente, promoverão e incentivarão o turismo como fator de desenvolvimen-
sem prévia anuência do poder concedente. to social e econômico.
§ 4º Não dependerá de autorização ou concessão o Art. 181. O atendimento de requisição de documento ou infor-
aproveitamento do potencial de energia renovável de capacidade mação de natureza comercial, feita por autoridade administrativa
reduzida. ou judiciária estrangeira, a pessoa física ou jurídica residente ou do-
Art. 177. Constituem monopólio da União: miciliada no País dependerá de autorização do Poder competente.
I - a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e
outros hidrocarbonetos fluidos; Política Urbana
II - a refinação do petróleo nacional ou estrangeiro; A Política Urbana, ou política de desenvolvimento urbano, é
III - a importação e exportação dos produtos e derivados bási- tratada no Capítulo II do Título VII – Da Ordem Econômica e Finan-
cos resultantes das atividades previstas nos incisos anteriores; ceira da Constituição da República de 1988.
IV - o transporte marítimo do petróleo bruto de origem nacio- Como política pública, materializa-se na forma de um progra-
nal ou de derivados básicos de petróleo produzidos no País, bem ma de ação governamental voltado à ordenação dos espaços ha-
assim o transporte, por meio de conduto, de petróleo bruto, seus bitáveis, abrangendo, dessa forma, tanto o planejamento quanto a
derivados e gás natural de qualquer origem; gestão das cidades8.
V - a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento, A execução da atividade urbanística, ora compreendida como
a industrialização e o comércio de minérios e minerais nucleares e a intervenção estatal voltada à ordenação dos espaços habitáveis,
seus derivados, com exceção dos radioisótopos cuja produção, co- é uma típica função pública, a ser desempenhada pela União, Esta-
mercialização e utilização poderão ser autorizadas sob regime de dos, Distrito Federal e Municípios em suas correspectivas esferas
permissão, conforme as alíneas b e c do inciso XXIII do caput do art. de competência, mediante a necessária participação da sociedade
21 desta Constituição Federal. civil, em cooperação com a iniciativa privada e demais setores da
§ 1º A União poderá contratar com empresas estatais ou sociedade e em condições isonômicas com os agentes privados na
privadas a realização das atividades previstas nos incisos I a IV deste promoção de empreendimentos e atividades relativos ao processo
artigo observadas as condições estabelecidas em lei. de urbanização.
§ 2º A lei a que se refere o § 1º disporá sobre: O protagonismo dos Municípios nesta seara é inegável, uma
I - a garantia do fornecimento dos derivados de petróleo em vez que cabe ao Poder Público Municipal, por expressa determina-
todo o território nacional; ção constitucional, a execução da política de desenvolvimento ur-
II - as condições de contratação; bano, conforme as diretrizes gerais fixadas por meio de lei federal
III - a estrutura e atribuições do órgão regulador do monopólio (CF, art. 182, caput).
da União; Entre os diplomas normativos voltados ao estabelecimento das
§ 3º A lei disporá sobre o transporte e a utilização de materiais diretrizes gerais da Política Urbana destacam-se o Estatuto da Cida-
radioativos no território nacional. de, editado em 2001 na forma da Lei Federal 10.257, e o Estatuto da
§ 4º A lei que instituir contribuição de intervenção no domínio Metrópole, editado em 2015 na forma da Lei Federal 13.089.
econômico relativa às atividades de importação ou comercialização Incumbe aos Municípios fixar, por meio dos seus respectivos
de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool Planos Diretores – editados por meio de lei municipal e obrigatórios
combustível deverá atender aos seguintes requisitos: para cidades com população superior a vinte mil habitantes – as
I - a alíquota da contribuição poderá ser: exigências fundamentais de ordenação da cidade (CF, art. 182, § 2º)
a) diferenciada por produto ou uso; bem como delimitar as áreas em que o Poder Público municipal po-
b) reduzida e restabelecida por ato do Poder Executivo, não se derá exigir, mediante lei específica, nos termos da lei federal, o ade-
lhe aplicando o disposto no art. 150, III, b; quado aproveitamento do solo urbano não edificado, não utilizado
II - os recursos arrecadados serão destinados: ou subutilizado, por meio da aplicação sucessiva dos instrumentos
a) ao pagamento de subsídios a preços ou transporte de álcool
combustível, gás natural e seus derivados e derivados de petróleo;
b) ao financiamento de projetos ambientais relacionados com a
8 https://enciclopediajuridica.pucsp.br/verbete/76/edicao-1/principios-e-ins-
indústria do petróleo e do gás; trumentos-de-politica-urbana
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enumerados no art. 182, § 4º, da Constituição, a saber: notificação III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívi-
para parcelamento, edificação ou utilização compulsórios, imposto da pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal,
predial e territorial progressivo no tempo e desapropriação-sanção. com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais
Reputa-se, assim, cumprida a função social da propriedade na e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros le-
medida em que o proprietário dê ao imóvel urbano o devido apro- gais.
veitamento, conforme as exigências fundamentais de ordenação da Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até du-
cidade apontadas pelo Plano Diretor (CF, art. 182, § 2º). zentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos, ininterrup-
A política de desenvolvimento urbano tem dois objetivos cons- tamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua
titucionais essenciais: a ordenação do pleno desenvolvimento das família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de
funções sociais da cidade, na forma que dispuser o Plano Diretor, outro imóvel urbano ou rural.
e a garantia do bem-estar de seus habitantes (CF, art. 182, caput). § 1º O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos
Ambos os objetivos guardam íntima relação com a concretiza- ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado
ção dos direitos sociais enunciados no art. 6º da Constituição da Re- civil.
pública, em especial com os direitos sociais ao trabalho, à moradia, § 2º Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor
ao transporte e ao lazer os quais, na classificação proposta pela Car- mais de uma vez.
ta de Atenas, correspondem às quatro funções essenciais da cidade. § 3º Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.
A menção à garantia do bem-estar dos habitantes da cidade
remete, ainda, ao caput do art. 225 da Constituição, que enuncia Política Agrícola, Fundiária e Reforma Agrária
o direito de todos ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, As políticas governamentais de acesso à terra no Brasil não
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, conseguem promover um pacto político de sustentação para um
impondo ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e projeto de redistribuição de terras, apesar de possuir um dos mais
preservá-lo para as presentes e futuras gerações. belos diplomas sobre a questão agrária (Lei nº. 4.504/64)9.
A conjugação entre os arts. 182 e 225 da Constituição da Re- Reforma agrária não consiste apenas na entrega da terra a
pública permite afirmar que o modelo de desenvolvimento a ser quem não a tem e a quer, precisa-se de uma reforma acoplada à
promovido pela Política Urbana Brasileira é o do desenvolvimento política agrícola, que responda aos anseios do homem sem-terra.
urbano sustentável, pautado pelo equilíbrio entre crescimento eco-
nômico, inclusão social e preservação ambiental e pela solidarieda- Na definição dos instrumentos legais para a regularização fun-
de intergeracional. diária deve-se adotar a negociação como forma de relação entre
Esta opção constitucional implícita pelo modelo de desenvolvi- planejadores, executores e ocupantes, evitando imposições e in-
mento urbano sustentável é confirmada pela enunciação explícita centivando a discussão de princípios e práticas que favoreçam a
da garantia do direito às cidades sustentáveis como diretriz geral melhoria da qualidade de vida e fortalecimento da cidadania.
da política urbana brasileira feita pelo art. 2º, inciso I, do Estatuto A reforma agrária não é contra a propriedade privada no cam-
da Cidade. po. Ao contrário, descentraliza-a democraticamente, favorecendo
as massas e beneficiando o conjunto da nacionalidade. É um im-
CF, CAPÍTULO II perativo da realidade social atual, devendo atender a função social
DA POLÍTICA URBANA da propriedade, evitando-se assim, as tensões sociais e conflitos no
campo.
Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Uma reforma agrária no País, moderada e sábia, será uma das
Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, causas principais do progresso nacional.
tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções so-
ciais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes. CF, CAPÍTULO III
§ 1º O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, DA POLÍTICA AGRÍCOLA E FUNDIÁRIA E DA REFORMA AGRÁ-
obrigatório para cidades com mais de vinte mil habitantes, é o RIA
instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão
urbana. Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social,
§ 2º A propriedade urbana cumpre sua função social quando para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cum-
atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade prindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em
expressas no plano diretor. títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real,
§ 3º As desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de
prévia e justa indenização em dinheiro. sua emissão, e cuja utilização será definida em lei.
§ 4º É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei § 1º As benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em
específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos dinheiro.
da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, § 2º O decreto que declarar o imóvel como de interesse social,
subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado para fins de reforma agrária, autoriza a União a propor a ação de
aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de: desapropriação.
I - parcelamento ou edificação compulsórios; § 3º Cabe à lei complementar estabelecer procedimento
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana pro- contraditório especial, de rito sumário, para o processo judicial de
gressivo no tempo; desapropriação.

9 https://carollinasalle.jusbrasil.com.br/artigos/155438652/politica-agricola-e-
-fundiaria-e-reforma-agraria
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§ 4º O orçamento fixará anualmente o volume total de títulos Art. 191. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou
da dívida agrária, assim como o montante de recursos para atender urbano, possua como seu, por cinco anos ininterruptos, sem opo-
ao programa de reforma agrária no exercício. sição, área de terra, em zona rural, não superior a cinquenta hecta-
§ 5º São isentas de impostos federais, estaduais e municipais res, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo
as operações de transferência de imóveis desapropriados para fins nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.
de reforma agrária. Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiridos por
Art. 185. São insuscetíveis de desapropriação para fins de re- usucapião.
forma agrária:
I - a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, Sistema Financeiro Nacional
desde que seu proprietário não possua outra; Conforme doutrina, a Constituição de 1988 regula dois siste-
II - a propriedade produtiva. mas financeiros. O primeiro é o sistema financeiro público, que
Parágrafo único. A lei garantirá tratamento especial à proprie- envolve as finanças públicas e o orçamento público, e que estão
dade produtiva e fixará normas para o cumprimento dos requisitos disciplinados do art. 163 ao art. 169.
relativos a sua função social. O segundo é o sistema financeiro para público, ou simplesmen-
Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade ru- te sistema financeiro nacional, trazido pelo art. 192, cujos incisos e
ral atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigên- parágrafos foram desconstitucionalizados10.
cia estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: O sistema financeiro nacional abrange as instituições finan-
I - aproveitamento racional e adequado; ceiras creditícias públicas e privadas, as de previdência privada, e
II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e pre- as de seguro e de capitalização, todas sujeitas a controle do poder
servação do meio ambiente; público.
III - observância das disposições que regulam as relações de O Banco Central do Brasil, apesar de autarquia federal, é tam-
trabalho; bém uma instituição financeira e integra o sistema financeiro nacio-
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e nal, tendo a supervisão deste sistema como uma de suas funções.
dos trabalhadores. A doutrina considera o Bacen um elo entre o sistema financeiro na-
Art. 187. A política agrícola será planejada e executada na for- cional e o sistema financeiro público.
ma da lei, com a participação efetiva do setor de produção, envol- Conforme art. 192 da Constituição Federal, com redação dada
vendo produtores e trabalhadores rurais, bem como dos setores de pela Emenda Constitucional nº 40/2003, o sistema financeiro nacio-
comercialização, de armazenamento e de transportes, levando em nal deve ser estruturado de forma a promover o desenvolvimento
conta, especialmente: equilibrado do País e a servir aos interesses da coletividade, em todas
I - os instrumentos creditícios e fiscais; as partes que o compõem, abrangendo as cooperativas de crédito.
II - os preços compatíveis com os custos de produção e a garan- Além disso, esse sistema será regulado por leis complementa-
tia de comercialização; res que disporão, inclusive, sobre a participação do capital estran-
III - o incentivo à pesquisa e à tecnologia; geiro nas instituições que o integram.
IV - a assistência técnica e extensão rural; A EC nº 40/2003 também revogou todos os incisos e parágrafos
V - o seguro agrícola; do art. 192, que traziam inúmeras regras constitucionais sobre o
VI - o cooperativismo; sistema financeiro nacional.
VII - a eletrificação rural e irrigação;
VIII - a habitação para o trabalhador rural. CF, CAPÍTULO IV
§ 1º Incluem-se no planejamento agrícola as atividades DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL
agroindustriais, agropecuárias, pesqueiras e florestais.
§ 2º Serão compatibilizadas as ações de política agrícola e de Art. 192. O sistema financeiro nacional, estruturado de forma
reforma agrária. a promover o desenvolvimento equilibrado do País e a servir aos
Art. 188. A destinação de terras públicas e devolutas será com- interesses da coletividade, em todas as partes que o compõem,
patibilizada com a política agrícola e com o plano nacional de refor- abrangendo as cooperativas de crédito, será regulado por leis com-
ma agrária. plementares que disporão, inclusive, sobre a participação do capi-
§ 1º A alienação ou a concessão, a qualquer título, de terras tal estrangeiro nas instituições que o integram. (Redação dada pela
públicas com área superior a dois mil e quinhentos hectares a pessoa Emenda Constitucional nº 40, de 2003)
física ou jurídica, ainda que por interposta pessoa, dependerá de I - (Revogado). (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
prévia aprovação do Congresso Nacional. 40, de 2003)
§ 2º Excetuam-se do disposto no parágrafo anterior as II - (Revogado). (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
alienações ou as concessões de terras públicas para fins de reforma 40, de 2003)
agrária. III - (Revogado) (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
Art. 189. Os beneficiários da distribuição de imóveis rurais pela 40, de 2003)
reforma agrária receberão títulos de domínio ou de concessão de a) (Revogado) (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
uso, inegociáveis pelo prazo de dez anos. 40, de 2003)
Parágrafo único. O título de domínio e a concessão de uso se- b) (Revogado) (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
rão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independen- 40, de 2003)
temente do estado civil, nos termos e condições previstos em lei. IV - (Revogado) (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
Art. 190. A lei regulará e limitará a aquisição ou o arrendamen- 40, de 2003)
to de propriedade rural por pessoa física ou jurídica estrangeira e V -(Revogado) (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
estabelecerá os casos que dependerão de autorização do Congres- 40, de 2003)
so Nacional. 10 https://direitoconstitucional.blog.br/sistema-financeiro-nacional/
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VI - (Revogado) (Redação dada pela Emenda Constitucional nº § 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a re-
40, de 2003) cuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técni-
VII - (Revogado) (Redação dada pela Emenda Constitucional nº ca exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.
40, de 2003) § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio am-
VIII - (Revogado) (Redação dada pela Emenda Constitucional nº biente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a san-
40, de 2003) ções penais e administrativas, independentemente da obrigação de
§ 1°- (Revogado) (Redação dada pela Emenda Constitucional reparar os danos causados.
nº 40, de 2003) § 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra
§ 2°- (Revogado) (Redação dada pela Emenda Constitucional do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patri-
nº 40, de 2003) mônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro
§ 3°- (Revogado) (Redação dada pela Emenda Constitucional de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, in-
nº 40, de 2003) clusive quanto ao uso dos recursos naturais. (Regulamento)
(Regulamento).
§ 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pe-
DA ORDEM SOCIAL los Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos
ecossistemas naturais.
§ 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua
A ordem social é o conjunto de preceitos que tem como base o localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser ins-
primado do trabalho e como objetivo, o bem-estar e a justiça sociais taladas.
de modo a garantir a perfeita harmonia entre o desenvolvimento § 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º
econômico e social e a dignidade da pessoa humana. Remete ao deste artigo, não se consideram cruéis as práticas desportivas que
teor do próprio art. 6º da Constituição Federal que trata dos Direi- utilizem animais, desde que sejam manifestações culturais, confor-
tos Sociais. me o § 1º do art. 215 desta Constituição Federal, registradas como
bem de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural brasi-
— Meio ambiente leiro, devendo ser regulamentadas por lei específica que assegure o
O meio ambiente é o habitat dos seres vivos e o direito ao bem-estar dos animais envolvidos (Incluído pela Emenda Constitu-
meio ambiente sustentável e ecologicamente equilibrado é precei- cional nº 96, de 2017).
to constitucional e garantia intrínseca e inerente ao próprio direito
à vida. Sobretudo atualmente, tem sido mais latente a preocupação
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente das nações com o meio ambiente. Vimos surgir nos últimos anos,
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia quali- diversas organizações não governamentais em defesa do meio am-
dade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever biente contra os atos lesivos praticados. É extremamente necessá-
de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. ria e urgente a proteção do nosso sistema ecológico para garantir
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Po- saúde e qualidade de vida à presente e futuras gerações.
der Público: Nas últimas décadas, grande foi o desenvolvimento no que tan-
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e ge à proteção ambiental, sobretudo com a criação de leis que for-
prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; (Regula- taleceram as discussões e a defesa do meio ambiente, que jamais
mento) deve deixar de ser uma preocupação não só jurídica, mas de vida
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio gené- e saúde.
tico do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipu-
lação de material genético; (Regulamento) (Regulamento) (Regula- — Família
mento) (Regulamento) A família é a base primordial da vida em sociedade. É no seio
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territo- da vida em família que o homem inicia o seu desenvolvimento, e
riais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo tem o primeiro contato com o mundo que o cerca. A ideia de família
a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, veda- também está intimamente ligada a uma vida digna.
da qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção
que justifiquem sua proteção; (Regulamento) do Estado.
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou ativida- § 1º O casamento é civil e gratuita a celebração.
de potencialmente causadora de significativa degradação do meio § 2º O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei.
ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publi- § 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união
cidade; (Regulamento) estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo
V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de a lei facilitar sua conversão em casamento. (Regulamento)
técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a § 4º Entende-se, também, como entidade familiar a comunida-
qualidade de vida e o meio ambiente; (Regulamento) de formada por qualquer dos pais e seus descendentes.
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de en- § 5º Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são
sino e a conscientização pública para a preservação do meio am- exercidos igualmente pelo homem e pela mulher.
biente; § 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio, após
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as prévia separação judicial por mais de um ano nos casos expressos
práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a em lei, ou comprovada separação de fato por mais de dois anos.
extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. (Re- § 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio. (Reda-
gulamento) ção dada Pela Emenda Constitucional nº 66, de 2010)

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§ 7º Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e VII - programas de prevenção e atendimento especializado à
da paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão criança, ao adolescente e ao jovem dependente de entorpecentes
do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e e drogas afins. (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 65,
científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma co- de 2010)
ercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas. Regulamento § 4º A lei punirá severamente o abuso, a violência e a explora-
§ 8º O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de ção sexual da criança e do adolescente.
cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a vio- § 5º A adoção será assistida pelo Poder Público, na forma da
lência no âmbito de suas relações. lei, que estabelecerá casos e condições de sua efetivação por parte
de estrangeiros.
— Criança e Adolescente § 6º Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por
As crianças constituem um grupo vulnerável que deve ser pro- adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quais-
tegido. A proteção das crianças e dos adolescentes visa o desenvol- quer designações discriminatórias relativas à filiação.
vimento de sua potencialidade plena, assegurada uma infância sau- § 7º No atendimento dos direitos da criança e do adolescente
dável, segura e digna que refletirá diretamente no desenvolvimento levar-se- á em consideração o disposto no art. 204.
social e na qualidade de vida das futuras gerações, protegendo-as § 8º A lei estabelecerá: (Incluído Pela Emenda Constitucional
de violações, negligências e exploração. nº 65, de 2010)
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegu- I - o estatuto da juventude, destinado a regular os direitos dos
rar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta priorida- jovens; (Incluído Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010)
de, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade II - o plano nacional de juventude, de duração decenal, visando
e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo à articulação das várias esferas do poder público para a execução
de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, de políticas públicas. (Incluído Pela Emenda Constitucional nº 65,
crueldade e opressão. (Redação dada Pela Emenda Constitucional de 2010)
nº 65, de 2010). Art. 228. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito
§ 1º O Estado promoverá programas de assistência integral à anos, sujeitos às normas da legislação especial.
saúde da criança, do adolescente e do jovem, admitida a partici-
pação de entidades não governamentais, mediante políticas espe- — Idoso
cíficas e obedecendo aos seguintes preceitos: (Redação dada Pela Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos
Emenda Constitucional nº 65, de 2010) menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os
I - aplicação de percentual dos recursos públicos destinados à pais na velhice, carência ou enfermidade.
saúde na assistência materno-infantil; O referido dispositivo constitucional traz o dever de reciproci-
II - criação de programas de prevenção e atendimento especia- dade entre pais e filhos.
lizado para as pessoas portadoras de deficiência física, sensorial ou Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o dever de am-
mental, bem como de integração social do adolescente e do jovem parar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comuni-
portador de deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e dade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o
a convivência, e a facilitação do acesso aos bens e serviços coleti- direito à vida.
vos, com a eliminação de obstáculos arquitetônicos e de todas as § 1º Os programas de amparo aos idosos serão executados pre-
formas de discriminação. ferencialmente em seus lares.
§ 2º A lei disporá sobre normas de construção dos logradou- § 2º Aos maiores de sessenta e cinco anos é garantida a gratui-
ros e dos edifícios de uso público e de fabricação de veículos de dade dos transportes coletivos urbanos.
transporte coletivo, a fim de garantir acesso adequado às pessoas
portadoras de deficiência. A proteção dos idosos está positivada na nossa Constituição e
§ 3º O direito a proteção especial abrangerá os seguintes as- consagrada no nosso ordenamento à luz dos princípios da solidarie-
pectos: dade e proteção. Proteger os idosos é também proteger o direito à
I - idade mínima de quatorze anos para admissão ao trabalho, vida e à dignidade humana. Assim como na infância, é também na
observado o disposto no art. 7º, XXXIII; velhice que as necessidades humanas ficam mais latentes, por isso
II - garantia de direitos previdenciários e trabalhistas; torna-se imprescindível assegurar aos idosos a participação efetiva
III - garantia de acesso do trabalhador adolescente e jovem à na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar. Nada mais
escola; (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 65, de justo para com aqueles que lutaram e contribuíram para as conquis-
2010) tas do mundo e sociedade atuais.
IV - garantia de pleno e formal conhecimento da atribuição de O envelhecimento é também um direito personalíssimo e a sua
ato infracional, igualdade na relação processual e defesa técnica proteção, um direito social, sendo obrigação do Estado garantir à
por profissional habilitado, segundo dispuser a legislação tutelar pessoa idosa um envelhecimento saudável e em condições de dig-
específica; nidade, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que per-
V - obediência aos princípios de brevidade, excepcionalidade e mitam o exercício de suas potencialidades plenas.
respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, quan- Além do texto constitucional é interessante mencionar o Estatu-
do da aplicação de qualquer medida privativa da liberdade; to do Idoso (Lei nº 10.741/2003), que entrou em vigor no dia 1º de
VI - estímulo do Poder Público, através de assistência jurídica, janeiro de 2004, em consonância com a já manifestada preocupação
incentivos fiscais e subsídios, nos termos da lei, ao acolhimento, sob brasileira em conferir proteção específica aos direitos dos idosos.
a forma de guarda, de criança ou adolescente órfão ou abandona-
do;

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a solução para o seu concurso!
DIREITO CONSTITUCIONAL
— Índio A experiência vivida pelos diversos ordenamentos constitucio-
Os índios foram os primeiros habitantes de nossas terras e tem nais, dotados de constituição escrita, atestam o caráter compro-
grande importância na formação ética e cultural da sociedade bra- missório das disposições gerais. No Brasil, todas as Constituições
sileira. A proteção aos indígenas não é apenas uma reparação à ex- previram disposições gerais, com exceção da Carta de 1937, que
trema violência colonizadora por eles sofrida, mas de preservação simplesmente enunciou o rótulo “Disposições transitórias e finais”.
de nossa própria história e identidade, já que os índios possuem Quanto à Constituição de 1988, é possível dizer que não ocor-
uma vida tradicional distinta de nossa sociedade em geral e essas reram peculiaridades no que tange à disciplina do assunto. Regis-
particularidades merecem ser preservadas. tre-se, contudo, que o presente Título IX tem servido para o cons-
Uma grande preocupação quanto à população indígena é a tituinte reformador incluir preceitos decorrentes das emendas
proteção de suas terras e garantia do seu direito de moradia, além constitucionais operadas no texto original da Constituição, alongan-
da preservação de sua cultura, costumes e tradições. do cada vez mais o rol de artigos da já extensa CF/88.
Assim, disposições Gerais referem-se àquelas normas que não
Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, se adaptam a nenhum dos títulos nos quais a Constituição se divi-
costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários so- de. Assim, seriam classificadas como uma espécie de resíduo cons-
bre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União titucional, ou normas que digam respeito à Constituição como um
demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens. todo, interessem a toda a Constituição12.
§ 1º São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por As Disposições Constitucionais Gerais encontram-se nos Arti-
eles habitadas em caráter permanente, as utilizadas para suas ati- gos 233 a 250 da CF/88, conforme segue:
vidades produtivas, as imprescindíveis à preservação dos recursos
ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias a sua re- TÍTULO IX
produção física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições. DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS GERAIS
§ 2º As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios desti-
nam-se a sua posse permanente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo Art. 233. (Revogado)
das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes. Art. 234. É vedado à União, direta ou indiretamente, assumir,
§ 3º O aproveitamento dos recursos hídricos, incluídos os po- em decorrência da criação de Estado, encargos referentes a despe-
tenciais energéticos, a pesquisa e a lavra das riquezas minerais em sas com pessoal inativo e com encargos e amortizações da dívida
terras indígenas só podem ser efetivados com autorização do Con- interna ou externa da administração pública, inclusive da indireta.
gresso Nacional, ouvidas as comunidades afetadas, ficando-lhes Art. 235. Nos dez primeiros anos da criação de Estado, serão
assegurada participação nos resultados da lavra, na forma da lei. observadas as seguintes normas básicas:
§ 4º As terras de que trata este artigo são inalienáveis e indis- I - a Assembleia Legislativa será composta de dezessete Depu-
poníveis, e os direitos sobre elas, imprescritíveis. tados se a população do Estado for inferior a seiscentos mil habitan-
§ 5º É vedada a remoção dos grupos indígenas de suas terras, tes, e de vinte e quatro, se igual ou superior a esse número, até um
salvo, «ad referendum» do Congresso Nacional, em caso de catás- milhão e quinhentos mil;
trofe ou epidemia que ponha em risco sua população, ou no inte- II - o Governo terá no máximo dez Secretarias;
resse da soberania do País, após deliberação do Congresso Nacio- III - o Tribunal de Contas terá três membros, nomeados, pelo
nal, garantido, em qualquer hipótese, o retorno imediato logo que Governador eleito, dentre brasileiros de comprovada idoneidade e
cesse o risco. notório saber;
§ 6º São nulos e extintos, não produzindo efeitos jurídicos, IV - o Tribunal de Justiça terá sete Desembargadores;
os atos que tenham por objeto a ocupação, o domínio e a posse V - os primeiros Desembargadores serão nomeados pelo Go-
das terras a que se refere este artigo, ou a exploração das riquezas vernador eleito, escolhidos da seguinte forma:
naturais do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes, ressalvado a) cinco dentre os magistrados com mais de trinta e cinco anos
relevante interesse público da União, segundo o que dispuser lei de idade, em exercício na área do novo Estado ou do Estado origi-
complementar, não gerando a nulidade e a extinção direito a inde- nário;
nização ou a ações contra a União, salvo, na forma da lei, quanto às b) dois dentre promotores, nas mesmas condições, e advoga-
benfeitorias derivadas da ocupação de boa fé. dos de comprovada idoneidade e saber jurídico, com dez anos, no
§ 7º Não se aplica às terras indígenas o disposto no art. 174, § mínimo, de exercício profissional, obedecido o procedimento fixado
3º e § 4º. na Constituição;
Art. 232. Os índios, suas comunidades e organizações são par- VI - no caso de Estado proveniente de Território Federal, os
tes legítimas para ingressar em juízo em defesa de seus direitos e cinco primeiros Desembargadores poderão ser escolhidos dentre
interesses, intervindo o Ministério Público em todos os atos do pro- juízes de direito de qualquer parte do País;
cesso. VII - em cada Comarca, o primeiro Juiz de Direito, o primeiro
Promotor de Justiça e o primeiro Defensor Público serão nomeados
pelo Governador eleito após concurso público de provas e títulos;
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS VIII - até a promulgação da Constituição Estadual, responderão
pela Procuradoria-Geral, pela Advocacia-Geral e pela Defensoria-
-Geral do Estado advogados de notório saber, com trinta e cinco
Disposições constitucionais gerais são normas jurídicas, de anos de idade, no mínimo, nomeados pelo Governador eleito e de-
acentuado caráter impessoal e abstrato, em cujo regaço se erigem missíveis “ad nutum”;
pautas de comportamento amplas, porquanto aplicáveis a situa-
ções certas, mutáveis, passageiras e até contingente11.
12 https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/35842/1/DISSERTA%-
11 https://www.coladaweb.com/direito/direito-constitucional C3%87%C3%83O%20Jos%C3%A9%20Luiz%20Marques%20Delgado.pdf
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DIREITO CONSTITUCIONAL
IX - se o novo Estado for resultado de transformação de Terri- o rendimento das contas individuais, no caso daqueles que já
tório Federal, a transferência de encargos financeiros da União para participavam dos referidos programas, até a data da promulgação
pagamento dos servidores optantes que pertenciam à Administra- desta Constituição.
ção Federal ocorrerá da seguinte forma: § 4º O financiamento do seguro-desemprego receberá uma
a) no sexto ano de instalação, o Estado assumirá vinte por cen- contribuição adicional da empresa cujo índice de rotatividade da
to dos encargos financeiros para fazer face ao pagamento dos ser- força de trabalho superar o índice médio da rotatividade do setor,
vidores públicos, ficando ainda o restante sob a responsabilidade na forma estabelecida por lei.
da União; § 5º Os programas de desenvolvimento econômico financiados
b) no sétimo ano, os encargos do Estado serão acrescidos de na forma do § 1º e seus resultados serão anualmente avaliados
trinta por cento e, no oitavo, dos restantes cinquenta por cento; e divulgados em meio de comunicação social eletrônico e
X - as nomeações que se seguirem às primeiras, para os cargos apresentados em reunião da comissão mista permanente de que
mencionados neste artigo, serão disciplinadas na Constituição Es- trata o § 1º do art. 166. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
tadual; 103, de 2019)
XI - as despesas orçamentárias com pessoal não poderão ultra- Art. 240. Ficam ressalvadas do disposto no art. 195 as atuais
passar cinquenta por cento da receita do Estado. contribuições compulsórias dos empregadores sobre a folha de sa-
Art. 236. Os serviços notariais e de registro são exercidos em lários, destinadas às entidades privadas de serviço social e de for-
caráter privado, por delegação do Poder Público. mação profissional vinculadas ao sistema sindical.
§ 1º Lei regulará as atividades, disciplinará a responsabilidade Art. 241. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
civil e criminal dos notários, dos oficiais de registro e de seus disciplinarão por meio de lei os consórcios públicos e os convênios
prepostos, e definirá a fiscalização de seus atos pelo Poder de cooperação entre os entes federados, autorizando a gestão asso-
Judiciário. ciada de serviços públicos, bem como a transferência total ou par-
§ 2º Lei federal estabelecerá normas gerais para fixação de cial de encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade
emolumentos relativos aos atos praticados pelos serviços notariais dos serviços transferidos.
e de registro. Art. 242. O princípio do art. 206, IV, não se aplica às instituições
§ 3º O ingresso na atividade notarial e de registro depende educacionais oficiais criadas por lei estadual ou municipal e existen-
de concurso público de provas e títulos, não se permitindo que tes na data da promulgação desta Constituição, que não sejam total
qualquer serventia fique vaga, sem abertura de concurso de ou preponderantemente mantidas com recursos públicos.
provimento ou de remoção, por mais de seis meses. § 1º O ensino da História do Brasil levará em conta as
Art. 237. A fiscalização e o controle sobre o comércio exterior, contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação do
essenciais à defesa dos interesses fazendários nacionais, serão exer- povo brasileiro.
cidos pelo Ministério da Fazenda. § 2º O Colégio Pedro II, localizado na cidade do Rio de Janeiro,
Art. 238. A lei ordenará a venda e revenda de combustíveis de será mantido na órbita federal.
petróleo, álcool carburante e outros combustíveis derivados de ma- Art. 243. As propriedades rurais e urbanas de qualquer região
térias-primas renováveis, respeitados os princípios desta Constitui- do País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotró-
ção. picas ou a exploração de trabalho escravo na forma da lei serão
Art. 239. A arrecadação decorrente das contribuições para o expropriadas e destinadas à reforma agrária e a programas de ha-
Programa de Integração Social, criado pela Lei Complementar nº bitação popular, sem qualquer indenização ao proprietário e sem
7, de 7 de setembro de 1970, e para o Programa de Formação do prejuízo de outras sanções previstas em lei, observado, no que cou-
Patrimônio do Servidor Público, criado pela Lei Complementar nº ber, o disposto no art. 5º.
8, de 3 de dezembro de 1970, passa, a partir da promulgação desta Parágrafo único. Todo e qualquer bem de valor econômico
Constituição, a financiar, nos termos que a lei dispuser, o progra- apreendido em decorrência do tráfico ilícito de entorpecentes e
ma do seguro-desemprego, outras ações da previdência social e o drogas afins e da exploração de trabalho escravo será confiscado
abono de que trata o § 3º deste artigo. (Redação dada pela Emenda e reverterá a fundo especial com destinação específica, na forma
Constitucional nº 103, de 2019) da lei.
§ 1º Dos recursos mencionados no caput, no mínimo 28% Art. 244. A lei disporá sobre a adaptação dos logradouros, dos
(vinte e oito por cento) serão destinados para o financiamento de edifícios de uso público e dos veículos de transporte coletivo atual-
programas de desenvolvimento econômico, por meio do Banco mente existentes a fim de garantir acesso adequado às pessoas por-
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, com critérios tadoras de deficiência, conforme o disposto no art. 227, § 2º.
de remuneração que preservem o seu valor. (Redação dada pela Art. 245. A lei disporá sobre as hipóteses e condições em que o
Emenda Constitucional nº 103, de 2019) Poder Público dará assistência aos herdeiros e dependentes caren-
§ 2º Os patrimônios acumulados do Programa de Integração tes de pessoas vitimadas por crime doloso, sem prejuízo da respon-
Social e do Programa de Formação do Patrimônio do Servidor sabilidade civil do autor do ilícito.
Público são preservados, mantendo-se os critérios de saque nas Art. 246. É vedada a adoção de medida provisória na regula-
situações previstas nas leis específicas, com exceção da retirada mentação de artigo da Constituição cuja redação tenha sido alte-
por motivo de casamento, ficando vedada a distribuição da rada por meio de emenda promulgada entre 1º de janeiro de 1995
arrecadação de que trata o «caput» deste artigo, para depósito nas até a promulgação desta emenda, inclusive.
contas individuais dos participantes. Art. 247. As leis previstas no inciso III do § 1º do art. 41 e no §
§ 3º Aos empregados que percebam de empregadores que 7º do art. 169 estabelecerão critérios e garantias especiais para a
contribuem para o Programa de Integração Social ou para o perda do cargo pelo servidor público estável que, em decorrência
Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público, até das atribuições de seu cargo efetivo, desenvolva atividades exclusi-
dois salários mínimos de remuneração mensal, é assegurado o vas de Estado.
pagamento de um salário mínimo anual, computado neste valor
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DIREITO CONSTITUCIONAL
Parágrafo único. Na hipótese de insuficiência de desempenho, Ao que parece, a finalidade das normas do ADCT, ou ao menos
a perda do cargo somente ocorrerá mediante processo administra- a principal finalidade, é fazer uma transição pacífica de um ordena-
tivo em que lhe sejam assegurados o contraditório e a ampla de- mento jurídico, à luz de uma Constituição, para outro, à luz de um
fesa. novo Texto Constitucional.
Art. 248. Os benefícios pagos, a qualquer título, pelo órgão res- Para cumprir esse objetivo, a maioria dos seus dispositivos traz
ponsável pelo regime geral de previdência social, ainda que à conta normas temporárias, entretanto a efemeridade não é um requisito
do Tesouro Nacional, e os não sujeitos ao limite máximo de valor para a existência das referidas normas e nem também um pressu-
fixado para os benefícios concedidos por esse regime observarão os posto de validade.
limites fixados no art. 37, XI. Existe a possibilidade de as normas em tela serem alteradas,
Art. 249. Com o objetivo de assegurar recursos para o paga- pois não são Cláusulas Pétreas, entretanto, essas mudanças não po-
mento de proventos de aposentadoria e pensões concedidas aos dem desvirtuar o fim primordial do instituto, além disso, a reforma
respectivos servidores e seus dependentes, em adição aos recursos deve obedecer ao ato jurídico perfeito, não alterando as normas
dos respectivos tesouros, a União, os Estados, o Distrito Federal e que já surtiram os seus efeitos.
os Municípios poderão constituir fundos integrados pelos recursos Por derradeiro, acredita-se que o ADCT foi muito importante
provenientes de contribuições e por bens, direitos e ativos de qual- quando da criação do Texto Maior de 1988, e poderá continuar sen-
quer natureza, mediante lei que disporá sobre a natureza e admi- do, mesmo sofrendo mudanças, desde que as mesmas não agridam
nistração desses fundos. o que parece ser o seu principal fim: evitar que a nossa Constituição
Art. 250. Com o objetivo de assegurar recursos para o paga- Cidadã traga malefícios insuperáveis para o povo brasileiro.
mento dos benefícios concedidos pelo regime geral de previdência
social, em adição aos recursos de sua arrecadação, a União poderá ATO DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS
constituir fundo integrado por bens, direitos e ativos de qualquer Art. 1º. O Presidente da República, o Presidente do Supremo
natureza, mediante lei que disporá sobre a natureza e administra- Tribunal Federal e os membros do Congresso Nacional prestarão o
ção desse fundo. compromisso de manter, defender e cumprir a Constituição, no ato
e na data de sua promulgação.
Brasília, 5 de outubro de 1988 Art. 2º. No dia 7 de setembro de 1993 o eleitorado definirá,
através de plebiscito, a forma (república ou monarquia constitucio-
nal) e o sistema de governo (parlamentarismo ou presidencialismo)
DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS que devem vigorar no País.
§ 1º - Será assegurada gratuidade na livre divulgação dessas
formas e sistemas, através dos meios de comunicação de massa
Não há dúvida de que o ADCT é uma norma constitucional, não cessionários de serviço público.
só porque foi elaborado pelos constituintes de 1988, como também § 2º - O Tribunal Superior Eleitoral, promulgada a Constituição,
em face do fato do mesmo só ser alterado por Emenda Constitu- expedirá as normas regulamentadoras deste artigo.
cional13. Art. 3º. A revisão constitucional será realizada após cinco anos,
Entretanto, se analisada a Constituição de 1988, percebe-se contados da promulgação da Constituição, pelo voto da maioria ab-
que o ADCT foi inserido fora do texto constitucional, tendo, inclusi- soluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral.
ve, uma numeração própria, diferentemente do que acontece, por Art. 4º. O mandato do atual Presidente da República terminará
exemplo, no Código de Processo Civil, no que tange as suas disposi- em 15 de março de 1990.
ções finais e transitórias. § 1º A primeira eleição para Presidente da República após a
Acredita-se que quando o constituinte originário utilizou-se da promulgação da Constituição será realizada no dia 15 de novembro
expressão “transitória”, ele quis dizer que as referidas normas bus- de 1989, não se lhe aplicando o disposto no art. 16 da Constituição.
cavam a transição de um ordenamento jurídico para outro, uma vez § 2º É assegurada a irredutibilidade da atual representação dos
que a Constituição de 1988, decorrente do poder Constituinte ori- Estados e do Distrito Federal na Câmara dos Deputados.
ginário, que, como é sabido, é autônomo, fez com que se passasse § 3º - Os mandatos dos Governadores e dos Vice-Governadores
a ser regido por outra ordem jurídica totalmente desvinculada da eleitos em 15 de novembro de 1986 terminarão em 15 de março de
Constituição anterior. 1991.
As disposições transitórias têm por finalidade estabelecer um § 4º - Os mandatos dos atuais Prefeitos, Vice-Prefeitos e
regime intermediário entre duas leis, permitindo a conciliação das Vereadores terminarão no dia 1º de janeiro de 1989, com a posse
situações jurídicas pendentes com a nova ordem legislativa. dos eleitos.
Daí surge a maior finalidade de uma ADCT, qual seja, fazer um Art. 5º. Não se aplicam às eleições previstas para 15 de novem-
elo de ligação entre duas constituições, evitando, assim, um colapso bro de 1988 o disposto no art. 16 e as regras do art. 77 da Consti-
decorrente da referida transição. tuição.
Desse modo, tendo em vista tudo que foi acima aludido, che- § 1º Para as eleições de 15 de novembro de 1988 será exigido
ga-se à conclusão que os dispositivos do ADCT têm natureza jurídi- domicílio eleitoral na circunscrição pelo menos durante os quatro
ca de normas constitucionais de transição, sejam temporárias ou meses anteriores ao pleito, podendo os candidatos que preencham
não, fazendo parte do chamado Direito Transitório, apesar de que este requisito, atendidas as demais exigências da lei, ter seu registro
se reconhece que muitas de suas regras só vigoram durante certo efetivado pela Justiça Eleitoral após a promulgação da Constituição.
espaço de tempo. § 2º Na ausência de norma legal específica, caberá ao Tribunal
Superior Eleitoral editar as normas necessárias à realização das
eleições de 1988, respeitada a legislação vigente.
13 https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-constitucional/adct-funcao-
-e-interpretacoes-praticas/
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DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 3º Os atuais parlamentares federais e estaduais eleitos § 4º Aos que, por força de atos institucionais, tenham exercido
Vice-Prefeitos, se convocados a exercer a função de Prefeito, não gratuitamente mandato eletivo de vereador serão computados,
perderão o mandato parlamentar. para efeito de aposentadoria no serviço público e previdência
§ 4º O número de vereadores por município será fixado, para social, os respectivos períodos.
a representação a ser eleita em 1988, pelo respectivo Tribunal § 5º A anistia concedida nos termos deste artigo aplica-se aos
Regional Eleitoral, respeitados os limites estipulados no art. 29, IV, servidores públicos civis e aos empregados em todos os níveis de
da Constituição. governo ou em suas fundações, empresas públicas ou empresas
§ 5º Para as eleições de 15 de novembro de 1988, ressalvados mistas sob controle estatal, exceto nos Ministérios militares, que
os que já exercem mandato eletivo, são inelegíveis para qualquer tenham sido punidos ou demitidos por atividades profissionais
cargo, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes interrompidas em virtude de decisão de seus trabalhadores, bem
por consanguinidade ou afinidade, até o segundo grau, ou por como em decorrência do Decreto-Lei nº 1.632, de 4 de agosto
adoção, do Presidente da República, do Governador de Estado, do de 1978, ou por motivos exclusivamente políticos, assegurada a
Governador do Distrito Federal e do Prefeito que tenham exercido readmissão dos que foram atingidos a partir de 1979, observado o
mais da metade do mandato. disposto no § 1º.
Art. 6º. Nos seis meses posteriores à promulgação da Consti- Art. 9º. Os que, por motivos exclusivamente políticos, foram
tuição, parlamentares federais, reunidos em número não inferior cassados ou tiveram seus direitos políticos suspensos no período de
a trinta, poderão requerer ao Tribunal Superior Eleitoral o registro 15 de julho a 31 de dezembro de 1969, por ato do então Presiden-
de novo partido político, juntando ao requerimento o manifesto, o te da República, poderão requerer ao Supremo Tribunal Federal o
estatuto e o programa devidamente assinados pelos requerentes. reconhecimento dos direitos e vantagens interrompidos pelos atos
§ 1º O registro provisório, que será concedido de plano pelo punitivos, desde que comprovem terem sido estes eivados de vício
Tribunal Superior Eleitoral, nos termos deste artigo, defere ao novo grave.
partido todos os direitos, deveres e prerrogativas dos atuais, entre Parágrafo único. O Supremo Tribunal Federal proferirá a deci-
eles o de participar, sob legenda própria, das eleições que vierem a são no prazo de cento e vinte dias, a contar do pedido do interes-
ser realizadas nos doze meses seguintes a sua formação. sado.
§ 2º O novo partido perderá automaticamente seu registro Art. 10. Até que seja promulgada a lei complementar a que se
provisório se, no prazo de vinte e quatro meses, contados de sua refere o art. 7º, I, da Constituição:
formação, não obtiver registro definitivo no Tribunal Superior I - fica limitada a proteção nele referida ao aumento, para qua-
Eleitoral, na forma que a lei dispuser. tro vezes, da porcentagem prevista no art. 6º, “caput” e § 1º, da Lei
Art. 7º. O Brasil propugnará pela formação de um tribunal in- nº 5.107, de 13 de setembro de 1966;
ternacional dos direitos humanos. II - fica vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa:
Art. 8º. É concedida anistia aos que, no período de 18 de se- a) do empregado eleito para cargo de direção de comissões in-
tembro de 1946 até a data da promulgação da Constituição, foram ternas de prevenção de acidentes, desde o registro de sua candida-
atingidos, em decorrência de motivação exclusivamente política, tura até um ano após o final de seu mandato;
por atos de exceção, institucionais ou complementares, aos que fo- b) da empregada gestante, desde a confirmação da gravidez
ram abrangidos pelo Decreto Legislativo nº 18, de 15 de dezembro até cinco meses após o parto.
de 1961, e aos atingidos pelo Decreto-Lei nº 864, de 12 de setem- § 1º Até que a lei venha a disciplinar o disposto no art. 7º, XIX,
bro de 1969, asseguradas as promoções, na inatividade, ao cargo, da Constituição, o prazo da licença-paternidade a que se refere o
emprego, posto ou graduação a que teriam direito se estivessem inciso é de cinco dias.
em serviço ativo, obedecidos os prazos de permanência em ativi- § 2º Até ulterior disposição legal, a cobrança das contribuições
dade previstos nas leis e regulamentos vigentes, respeitadas as ca- para o custeio das atividades dos sindicatos rurais será feita
racterísticas e peculiaridades das carreiras dos servidores públicos juntamente com a do imposto territorial rural, pelo mesmo órgão
civis e militares e observados os respectivos regimes jurídicos. (Re- arrecadador.
gulamento) § 3º Na primeira comprovação do cumprimento das obrigações
§ 1º O disposto neste artigo somente gerará efeitos financeiros trabalhistas pelo empregador rural, na forma do art. 233, após a
a partir da promulgação da Constituição, vedada a remuneração de promulgação da Constituição, será certificada perante a Justiça
qualquer espécie em caráter retroativo. do Trabalho a regularidade do contrato e das atualizações das
§ 2º Ficam assegurados os benefícios estabelecidos neste artigo obrigações trabalhistas de todo o período.
aos trabalhadores do setor privado, dirigentes e representantes Art. 11. Cada Assembleia Legislativa, com poderes constituin-
sindicais que, por motivos exclusivamente políticos, tenham sido tes, elaborará a Constituição do Estado, no prazo de um ano, con-
punidos, demitidos ou compelidos ao afastamento das atividades tado da promulgação da Constituição Federal, obedecidos os prin-
remuneradas que exerciam, bem como aos que foram impedidos de cípios desta.
exercer atividades profissionais em virtude de pressões ostensivas Parágrafo único. Promulgada a Constituição do Estado, caberá
ou expedientes oficiais sigilosos. à Câmara Municipal, no prazo de seis meses, votar a Lei Orgânica
§ 3º Aos cidadãos que foram impedidos de exercer, na vida respectiva, em dois turnos de discussão e votação, respeitado o dis-
civil, atividade profissional específica, em decorrência das Portarias posto na Constituição Federal e na Constituição Estadual.
Reservadas do Ministério da Aeronáutica nº S-50-GM5, de 19 Art. 12. Será criada, dentro de noventa dias da promulgação da
de junho de 1964, e nº S-285-GM5 será concedida reparação de Constituição, Comissão de Estudos Territoriais, com dez membros
natureza econômica, na forma que dispuser lei de iniciativa do indicados pelo Congresso Nacional e cinco pelo Poder Executivo,
Congresso Nacional e a entrar em vigor no prazo de doze meses a com a finalidade de apresentar estudos sobre o território nacional
contar da promulgação da Constituição. e anteprojetos relativos a novas unidades territoriais, notadamente
na Amazônia Legal e em áreas pendentes de solução.

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DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 1º No prazo de um ano, a Comissão submeterá ao Congresso votado extinguir-se-á nessa mesma oportunidade, e os dos outros
Nacional os resultados de seus estudos para, nos termos da dois, juntamente com os dos Senadores eleitos em 1986 nos demais
Constituição, serem apreciados nos doze meses subsequentes, Estados.
extinguindo-se logo após. § 5º A Assembleia Estadual Constituinte será instalada no
§ 2º Os Estados e os Municípios deverão, no prazo de três quadragésimo sexto dia da eleição de seus integrantes, mas não
anos, a contar da promulgação da Constituição, promover, antes de 1º de janeiro de 1989, sob a presidência do Presidente
mediante acordo ou arbitramento, a demarcação de suas linhas do Tribunal Regional Eleitoral do Estado de Goiás, e dará posse, na
divisórias atualmente litigiosas, podendo para isso fazer alterações mesma data, ao Governador e ao Vice-Governador eleitos.
e compensações de área que atendam aos acidentes naturais, § 6º Aplicam-se à criação e instalação do Estado do Tocantins,
critérios históricos, conveniências administrativas e comodidade no que couber, as normas legais disciplinadoras da divisão do Estado
das populações limítrofes. de Mato Grosso, observado o disposto no art. 234 da Constituição.
§ 3º Havendo solicitação dos Estados e Municípios interessados, § 7º Fica o Estado de Goiás liberado dos débitos e encargos
a União poderá encarregar-se dos trabalhos demarcatórios. decorrentes de empreendimentos no território do novo Estado, e
§ 4º Se, decorrido o prazo de três anos, a contar da autorizada a União, a seu critério, a assumir os referidos débitos.
promulgação da Constituição, os trabalhos demarcatórios não Art. 14. Os Territórios Federais de Roraima e do Amapá são
tiverem sido concluídos, caberá à União determinar os limites das transformados em Estados Federados, mantidos seus atuais limites
áreas litigiosas. geográficos.
§ 5º Ficam reconhecidos e homologados os atuais limites § 1º A instalação dos Estados dar-se-á com a posse dos
do Estado do Acre com os Estados do Amazonas e de Rondônia, governadores eleitos em 1990.
conforme levantamentos cartográficos e geodésicos realizados § 2º Aplicam-se à transformação e instalação dos Estados de
pela Comissão Tripartite integrada por representantes dos Estados Roraima e Amapá as normas e critérios seguidos na criação do
e dos serviços técnico-especializados do Instituto Brasileiro de Estado de Rondônia, respeitado o disposto na Constituição e neste
Geografia e Estatística. Ato.
Art. 13. É criado o Estado do Tocantins, pelo desmembramento § 3º O Presidente da República, até quarenta e cinco dias após a
da área descrita neste artigo, dando-se sua instalação no quadragé- promulgação da Constituição, encaminhará à apreciação do Senado
simo sexto dia após a eleição prevista no § 3º, mas não antes de 1º Federal os nomes dos governadores dos Estados de Roraima e do
de janeiro de 1989. Amapá que exercerão o Poder Executivo até a instalação dos novos
§ 1º - O Estado do Tocantins integra a Região Norte e limita- Estados com a posse dos governadores eleitos.
se com o Estado de Goiás pelas divisas norte dos Municípios de § 4º Enquanto não concretizada a transformação em Estados,
São Miguel do Araguaia, Porangatu, Formoso, Minaçu, Cavalcante, nos termos deste artigo, os Territórios Federais de Roraima e do
Monte Alegre de Goiás e Campos Belos, conservando a leste, norte Amapá serão beneficiados pela transferência de recursos prevista
e oeste as divisas atuais de Goiás com os Estados da Bahia, Piauí, nos arts. 159, I, «a», da Constituição, e 34, § 2º, II, deste Ato.
Maranhão, Pará e Mato Grosso. Art. 15. Fica extinto o Território Federal de Fernando de Noro-
§ 2º O Poder Executivo designará uma das cidades do Estado nha, sendo sua área reincorporada ao Estado de Pernambuco.
para sua Capital provisória até a aprovação da sede definitiva do Art. 16. Até que se efetive o disposto no art. 32, § 2º, da Cons-
governo pela Assembleia Constituinte. tituição, caberá ao Presidente da República, com a aprovação do
§ 3º O Governador, o Vice-Governador, os Senadores, os Senado Federal, indicar o Governador e o Vice-Governador do Dis-
Deputados Federais e os Deputados Estaduais serão eleitos, em trito Federal.
um único turno, até setenta e cinco dias após a promulgação § 1º A competência da Câmara Legislativa do Distrito Federal,
da Constituição, mas não antes de 15 de novembro de 1988, a até que se instale, será exercida pelo Senado Federal.
critério do Tribunal Superior Eleitoral, obedecidas, entre outras, as § 2º A fiscalização contábil, financeira, orçamentária,
seguintes normas: operacional e patrimonial do Distrito Federal, enquanto não for
I - o prazo de filiação partidária dos candidatos será encerrado instalada a Câmara Legislativa, será exercida pelo Senado Federal,
setenta e cinco dias antes da data das eleições; mediante controle externo, com o auxílio do Tribunal de Contas do
II - as datas das convenções regionais partidárias destinadas a Distrito Federal, observado o disposto no art. 72 da Constituição.
deliberar sobre coligações e escolha de candidatos, de apresenta- § 3º Incluem-se entre os bens do Distrito Federal aqueles que
ção de requerimento de registro dos candidatos escolhidos e dos lhe vierem a ser atribuídos pela União na forma da lei.
demais procedimentos legais serão fixadas, em calendário especial, Art. 17. Os vencimentos, a remuneração, as vantagens e os
pela Justiça Eleitoral; adicionais, bem como os proventos de aposentadoria que estejam
III - são inelegíveis os ocupantes de cargos estaduais ou munici- sendo percebidos em desacordo com a Constituição serão imedia-
pais que não se tenham deles afastado, em caráter definitivo, seten- tamente reduzidos aos limites dela decorrentes, não se admitindo,
ta e cinco dias antes da data das eleições previstas neste parágrafo; neste caso, invocação de direito adquirido ou percepção de excesso
IV - ficam mantidos os atuais diretórios regionais dos partidos a qualquer título.
políticos do Estado de Goiás, cabendo às comissões executivas na- § 1º É assegurado o exercício cumulativo de dois cargos ou
cionais designar comissões provisórias no Estado do Tocantins, nos empregos privativos de médico que estejam sendo exercidos por
termos e para os fins previstos na lei. médico militar na administração pública direta ou indireta.
§ 4º Os mandatos do Governador, do Vice-Governador, dos § 2º É assegurado o exercício cumulativo de dois cargos ou
Deputados Federais e Estaduais eleitos na forma do parágrafo empregos privativos de profissionais de saúde que estejam sendo
anterior extinguir-se-ão concomitantemente aos das demais exercidos na administração pública direta ou indireta.
unidades da Federação; o mandato do Senador eleito menos Art. 18. Ficam extintos os efeitos jurídicos de qualquer ato le-
gislativo ou administrativo, lavrado a partir da instalação da Assem-
bleia Nacional Constituinte, que tenha por objeto a concessão de
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estabilidade a servidor admitido sem concurso público, da admi- § 1º Os decretos-lei em tramitação no Congresso Nacional e
nistração direta ou indireta, inclusive das fundações instituídas e por este não apreciados até a promulgação da Constituição terão
mantidas pelo Poder Público. seus efeitos regulados da seguinte forma:
Art. 18-A. Os atos administrativos praticados no Estado do To- I - se editados até 2 de setembro de 1988, serão apreciados
cantins, decorrentes de sua instalação, entre 1º de janeiro de 1989 pelo Congresso Nacional no prazo de até cento e oitenta dias a
e 31 de dezembro de 1994, eivados de qualquer vício jurídico e contar da promulgação da Constituição, não computado o recesso
dos quais decorram efeitos favoráveis para os destinatários ficam parlamentar;
convalidados após 5 (cinco) anos, contados da data em que foram II - decorrido o prazo definido no inciso anterior, e não haven-
praticados, salvo comprovada má-fé. (Redação dada pela Emenda do apreciação, os decretos-lei ali mencionados serão considerados
constitucional nº 110, de 2021) rejeitados;
Art. 19. Os servidores públicos civis da União, dos Estados, do III - nas hipóteses definidas nos incisos I e II, terão plena valida-
Distrito Federal e dos Municípios, da administração direta, autár- de os atos praticados na vigência dos respectivos decretos-lei, po-
quica e das fundações públicas, em exercício na data da promul- dendo o Congresso Nacional, se necessário, legislar sobre os efeitos
gação da Constituição, há pelo menos cinco anos continuados, e deles remanescentes.
que não tenham sido admitidos na forma regulada no art. 37, da § 2º Os decretos-lei editados entre 3 de setembro de 1988 e
Constituição, são considerados estáveis no serviço público. a promulgação da Constituição serão convertidos, nesta data, em
§ 1º O tempo de serviço dos servidores referidos neste artigo medidas provisórias, aplicando-se lhes as regras estabelecidas no
será contado como título quando se submeterem a concurso para art. 62, parágrafo único.
fins de efetivação, na forma da lei. Art. 26. No prazo de um ano a contar da promulgação da Cons-
§ 2º O disposto neste artigo não se aplica aos ocupantes de tituição, o Congresso Nacional promoverá, através de Comissão
cargos, funções e empregos de confiança ou em comissão, nem aos mista, exame analítico e pericial dos atos e fatos geradores do endi-
que a lei declare de livre exoneração, cujo tempo de serviço não vidamento externo brasileiro.
será computado para os fins do «caput» deste artigo, exceto se se § 1º A Comissão terá a força legal de Comissão parlamentar de
tratar de servidor. inquérito para os fins de requisição e convocação, e atuará com o
§ 3º O disposto neste artigo não se aplica aos professores de auxílio do Tribunal de Contas da União.
nível superior, nos termos da lei. § 2º Apurada irregularidade, o Congresso Nacional proporá ao
Art. 20. Dentro de cento e oitenta dias, proceder-se-á à revisão Poder Executivo a declaração de nulidade do ato e encaminhará o
dos direitos dos servidores públicos inativos e pensionistas e à atua- processo ao Ministério Público Federal, que formalizará, no prazo
lização dos proventos e pensões a eles devidos, a fim de ajustá-los de sessenta dias, a ação cabível.
ao disposto na Constituição. Art. 27. O Superior Tribunal de Justiça será instalado sob a Pre-
Art. 21. Os juízes togados de investidura limitada no tempo, sidência do Supremo Tribunal Federal.
admitidos mediante concurso público de provas e títulos e que es- § 1º Até que se instale o Superior Tribunal de Justiça, o Supremo
tejam em exercício na data da promulgação da Constituição, adqui- Tribunal Federal exercerá as atribuições e competências definidas
rem estabilidade, observado o estágio probatório, e passam a com- na ordem constitucional precedente.
por quadro em extinção, mantidas as competências, prerrogativas § 2º A composição inicial do Superior Tribunal de Justiça far-
e restrições da legislação a que se achavam submetidos, salvo as se-á:
inerentes à transitoriedade da investidura. I - pelo aproveitamento dos Ministros do Tribunal Federal de
Parágrafo único. A aposentadoria dos juízes de que trata este Recursos;
artigo regular-se-á pelas normas fixadas para os demais juízes es- II - pela nomeação dos Ministros que sejam necessários para
taduais. completar o número estabelecido na Constituição.
Art. 22. É assegurado aos defensores públicos investidos na § 3º Para os efeitos do disposto na Constituição, os atuais
função até a data de instalação da Assembleia Nacional Constituin- Ministros do Tribunal Federal de Recursos serão considerados
te o direito de opção pela carreira, com a observância das garantias pertencentes à classe de que provieram, quando de sua nomeação.
e vedações previstas no art. 134, parágrafo único, da Constituição. § 4º Instalado o Tribunal, os Ministros aposentados do Tribunal
Art. 23. Até que se edite a regulamentação do art. 21, XVI, da Federal de Recursos tornar-se-ão, automaticamente, Ministros
Constituição, os atuais ocupantes do cargo de censor federal conti- aposentados do Superior Tribunal de Justiça.
nuarão exercendo funções com este compatíveis, no Departamento § 5º Os Ministros a que se refere o § 2º, II, serão indicados
de Polícia Federal, observadas as disposições constitucionais. em lista tríplice pelo Tribunal Federal de Recursos, observado o
Parágrafo único. A lei referida disporá sobre o aproveitamento disposto no art. 104, parágrafo único, da Constituição.
dos Censores Federais, nos termos deste artigo. § 6º Ficam criados cinco Tribunais Regionais Federais, a serem
Art. 24. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instalados no prazo de seis meses a contar da promulgação da
editarão leis que estabeleçam critérios para a compatibilização de Constituição, com a jurisdição e sede que lhes fixar o Tribunal
seus quadros de pessoal ao disposto no art. 39 da Constituição e à Federal de Recursos, tendo em conta o número de processos e sua
reforma administrativa dela decorrente, no prazo de dezoito meses, localização geográfica.
contados da sua promulgação. § 7º Até que se instalem os Tribunais Regionais Federais,
Art. 25. Ficam revogados, a partir de cento e oitenta dias da o Tribunal Federal de Recursos exercerá a competência a eles
promulgação da Constituição, sujeito este prazo a prorrogação por atribuída em todo o território nacional, cabendo-lhe promover sua
lei, todos os dispositivos legais que atribuam ou deleguem a órgão instalação e indicar os candidatos a todos os cargos da composição
do Poder Executivo competência assinalada pela Constituição ao inicial, mediante lista tríplice, podendo desta constar juízes federais
Congresso Nacional, especialmente no que tange a: de qualquer região, observado o disposto no § 9º.
I - ação normativa; § 8º É vedado, a partir da promulgação da Constituição, o
II - alocação ou transferência de recursos de qualquer espécie. provimento de vagas de Ministros do Tribunal Federal de Recursos.
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§ 9º Quando não houver juiz federal que conte o tempo Art. 32. O disposto no art. 236 não se aplica aos serviços nota-
mínimo previsto no art. 107, II, da Constituição, a promoção poderá riais e de registro que já tenham sido oficializados pelo Poder Públi-
contemplar juiz com menos de cinco anos no exercício do cargo. co, respeitando-se o direito de seus servidores.
§ 10. Compete à Justiça Federal julgar as ações nela propostas Art. 33. Ressalvados os créditos de natureza alimentar, o valor
até a data da promulgação da Constituição, e aos Tribunais Regionais dos precatórios judiciais pendentes de pagamento na data da pro-
Federais bem como ao Superior Tribunal de Justiça julgar as ações mulgação da Constituição, incluído o remanescente de juros e cor-
rescisórias das decisões até então proferidas pela Justiça Federal, reção monetária, poderá ser pago em moeda corrente, com atuali-
inclusive daquelas cuja matéria tenha passado à competência de zação, em prestações anuais, iguais e sucessivas, no prazo máximo
outro ramo do Judiciário. de oito anos, a partir de 1º de julho de 1989, por decisão editada
§ 11. São criados, ainda, os seguintes Tribunais Regionais pelo Poder Executivo até cento e oitenta dias da promulgação da
Federais: o da 6ª Região, com sede em Curitiba, Estado do Paraná, e Constituição.
jurisdição nos Estados do Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Parágrafo único. Poderão as entidades devedoras, para o cum-
Sul; o da 7ª Região, com sede em Belo Horizonte, Estado de Minas primento do disposto neste artigo, emitir, em cada ano, no exato
Gerais, e jurisdição no Estado de Minas Gerais; o da 8ª Região, com montante do dispêndio, títulos de dívida pública não computáveis
sede em Salvador, Estado da Bahia, e jurisdição nos Estados da para efeito do limite global de endividamento.
Bahia e Sergipe; e o da 9ª Região, com sede em Manaus, Estado do Art. 34. O sistema tributário nacional entrará em vigor a par-
Amazonas, e jurisdição nos Estados do Amazonas, Acre, Rondônia tir do primeiro dia do quinto mês seguinte ao da promulgação da
e Roraima. Constituição, mantido, até então, o da Constituição de 1967, com a
Art. 28. Os juízes federais de que trata o art. 123, § 2º, da Cons- redação dada pela Emenda nº 1, de 1969, e pelas posteriores.
tituição de 1967, com a redação dada pela Emenda Constitucional § 1º Entrarão em vigor com a promulgação da Constituição
nº 7, de 1977, ficam investidos na titularidade de varas na Seção os arts. 148, 149, 150, 154, I, 156, III, e 159, I, «c», revogadas as
Judiciária para a qual tenham sido nomeados ou designados; na disposições em contrário da Constituição de 1967 e das Emendas
inexistência de vagas, proceder-se-á ao desdobramento das varas que a modificaram, especialmente de seu art. 25, III.
existentes. § 2º O Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal
Parágrafo único. Para efeito de promoção por antiguidade, o e o Fundo de Participação dos Municípios obedecerão às seguintes
tempo de serviço desses juízes será computado a partir do dia de determinações:
sua posse. I - a partir da promulgação da Constituição, os percentuais se-
Art. 29. Enquanto não aprovadas as leis complementares relati- rão, respectivamente, de dezoito por cento e de vinte por cento,
vas ao Ministério Público e à Advocacia-Geral da União, o Ministério calculados sobre o produto da arrecadação dos impostos referidos
Público Federal, a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, as Con- no art. 153, III e IV, mantidos os atuais critérios de rateio até a en-
sultorias Jurídicas dos Ministérios, as Procuradorias e Departamen- trada em vigor da lei complementar a que se refere o art. 161, II;
tos Jurídicos de autarquias federais com representação própria e os II - o percentual relativo ao Fundo de Participação dos Estados e
membros das Procuradorias das Universidades fundacionais públi- do Distrito Federal será acrescido de um ponto percentual no exer-
cas continuarão a exercer suas atividades na área das respectivas cício financeiro de 1989 e, a partir de 1990, inclusive, à razão de
atribuições. meio ponto por exercício, até 1992, inclusive, atingindo em 1993 o
§ 1º O Presidente da República, no prazo de cento e vinte dias, percentual estabelecido no art. 159, I, “a”;
encaminhará ao Congresso Nacional projeto de lei complementar III - o percentual relativo ao Fundo de Participação dos Municí-
dispondo sobre a organização e o funcionamento da Advocacia- pios, a partir de 1989, inclusive, será elevado à razão de meio ponto
Geral da União. percentual por exercício financeiro, até atingir o estabelecido no
§ 2º Aos atuais Procuradores da República, nos termos da lei art. 159, I, “b”.
complementar, será facultada a opção, de forma irretratável, entre § 3º Promulgada a Constituição, a União, os Estados, o Distrito
as carreiras do Ministério Público Federal e da Advocacia-Geral da Federal e os Municípios poderão editar as leis necessárias à
União. aplicação do sistema tributário nacional nela previsto.
§ 3º Poderá optar pelo regime anterior, no que respeita às § 4º As leis editadas nos termos do parágrafo anterior
garantias e vantagens, o membro do Ministério Público admitido produzirão efeitos a partir da entrada em vigor do sistema tributário
antes da promulgação da Constituição, observando-se, quanto às nacional previsto na Constituição.
vedações, a situação jurídica na data desta. § 5º Vigente o novo sistema tributário nacional, fica assegurada
§ 4º Os atuais integrantes do quadro suplementar dos a aplicação da legislação anterior, no que não seja incompatível
Ministérios Públicos do Trabalho e Militar que tenham adquirido com ele e com a legislação referida nos §3º e § 4º.
estabilidade nessas funções passam a integrar o quadro da § 6º Até 31 de dezembro de 1989, o disposto no art. 150, III,
respectiva carreira. «b», não se aplica aos impostos de que tratam os arts. 155, I, «a»
§ 5º Cabe à atual Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, e «b», e 156, II e III, que podem ser cobrados trinta dias após a
diretamente ou por delegação, que pode ser ao Ministério Público publicação da lei que os tenha instituído ou aumentado.
Estadual, representar judicialmente a União nas causas de natureza § 7º Até que sejam fixadas em lei complementar, as alíquotas
fiscal, na área da respectiva competência, até a promulgação das máximas do imposto municipal sobre vendas a varejo de
leis complementares previstas neste artigo. combustíveis líquidos e gasosos não excederão a três por cento.
Art. 30. A legislação que criar a justiça de paz manterá os atuais § 8º Se, no prazo de sessenta dias contados da promulgação
juízes de paz até a posse dos novos titulares, assegurando-lhes os da Constituição, não for editada a lei complementar necessária à
direitos e atribuições conferidos a estes, e designará o dia para a instituição do imposto de que trata o art. 155, I, «b», os Estados e
eleição prevista no art. 98, II, da Constituição. o Distrito Federal, mediante convênio celebrado nos termos da Lei
Art. 31. Serão estatizadas as serventias do foro judicial, assim Complementar nº 24, de 7 de janeiro de 1975, fixarão normas para
definidas em lei, respeitados os direitos dos atuais titulares. regular provisoriamente a matéria.
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§ 9º Até que lei complementar disponha sobre a matéria, Art. 37. A adaptação ao que estabelece o art. 167, III, deverá
as empresas distribuidoras de energia elétrica, na condição de processar-se no prazo de cinco anos, reduzindo-se o excesso à base
contribuintes ou de substitutos tributários, serão as responsáveis, de, pelo menos, um quinto por ano.
por ocasião da saída do produto de seus estabelecimentos, ainda Art. 38. Até a promulgação da lei complementar referida no
que destinado a outra unidade da Federação, pelo pagamento do art. 169, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios não
imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias poderão despender com pessoal mais do que sessenta e cinco por
incidente sobre energia elétrica, desde a produção ou importação cento do valor das respectivas receitas correntes.
até a última operação, calculado o imposto sobre o preço então Parágrafo único. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
praticado na operação final e assegurado seu recolhimento ao Municípios, quando a respectiva despesa de pessoal exceder o limi-
Estado ou ao Distrito Federal, conforme o local onde deva ocorrer te previsto neste artigo, deverão retornar àquele limite, reduzindo
essa operação. o percentual excedente à razão de um quinto por ano.
§ 10. Enquanto não entrar em vigor a lei prevista no art. 159, Art. 39. Para efeito do cumprimento das disposições constitu-
I, «c», cuja promulgação se fará até 31 de dezembro de 1989, é cionais que impliquem variações de despesas e receitas da União,
assegurada a aplicação dos recursos previstos naquele dispositivo após a promulgação da Constituição, o Poder Executivo deverá ela-
da seguinte maneira: borar e o Poder Legislativo apreciar projeto de revisão da lei orça-
I - seis décimos por cento na Região Norte, através do Banco mentária referente ao exercício financeiro de 1989.
da Amazônia S.A.; Parágrafo único. O Congresso Nacional deverá votar no prazo
II - um inteiro e oito décimos por cento na Região Nordeste, de doze meses a lei complementar prevista no art. 161, II.
através do Banco do Nordeste do Brasil S.A.; Art. 40. É mantida a Zona Franca de Manaus, com suas carac-
III - seis décimos por cento na Região Centro-Oeste, através do terísticas de área livre de comércio, de exportação e importação, e
Banco do Brasil S.A. de incentivos fiscais, pelo prazo de vinte e cinco anos, a partir da
§ 11. Fica criado, nos termos da lei, o Banco de Desenvolvimento promulgação da Constituição.
do Centro-Oeste, para dar cumprimento, na referida região, ao que Parágrafo único. Somente por lei federal podem ser modifica-
determinam os arts. 159, I, «c», e 192, § 2º, da Constituição. dos os critérios que disciplinaram ou venham a disciplinar a aprova-
§ 12. A urgência prevista no art. 148, II, não prejudica a ção dos projetos na Zona Franca de Manaus.
cobrança do empréstimo compulsório instituído, em benefício das Art. 41. Os Poderes Executivos da União, dos Estados, do Distri-
Centrais Elétricas Brasileiras S.A. (Eletrobrás), pela Lei nº 4.156, de to Federal e dos Municípios reavaliarão todos os incentivos fiscais
28 de novembro de 1962, com as alterações posteriores. de natureza setorial ora em vigor, propondo aos Poderes Legislati-
Art. 35. O disposto no art. 165, § 7º, será cumprido de forma vos respectivos as medidas cabíveis.
progressiva, no prazo de até dez anos, distribuindo-se os recursos § 1º Considerar-se-ão revogados após dois anos, a partir da
entre as regiões macroeconômicas em razão proporcional à popula- data da promulgação da Constituição, os incentivos que não forem
ção, a partir da situação verificada no biênio 1986-87. confirmados por lei.
§ 1º Para aplicação dos critérios de que trata este artigo, § 2º A revogação não prejudicará os direitos que já tiverem
excluem-se das despesas totais as relativas: sido adquiridos, àquela data, em relação a incentivos concedidos
I - aos projetos considerados prioritários no plano plurianual; sob condição e com prazo certo.
II - à segurança e defesa nacional; § 3º Os incentivos concedidos por convênio entre Estados,
III - à manutenção dos órgãos federais no Distrito Federal; celebrados nos termos do art. 23, § 6º, da Constituição de 1967,
IV - ao Congresso Nacional, ao Tribunal de Contas da União e com a redação da Emenda Constitucional nº 1, de 17 de outubro de
ao Poder Judiciário; 1969, também deverão ser reavaliados e reconfirmados nos prazos
V - ao serviço da dívida da administração direta e indireta da deste artigo.
União, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Públi- Art. 42. Durante 40 (quarenta) anos, a União aplicará dos recur-
co federal. sos destinados à irrigação: (Redação dada pela Emenda Constitucio-
§ 2º Até a entrada em vigor da lei complementar a que se nal nº 89, de 2015)
refere o art. 165, § 9º, I e II, serão obedecidas as seguintes normas: I - 20% (vinte por cento) na Região Centro-Oeste; (Redação
I - o projeto do plano plurianual, para vigência até o final do dada pela Emenda Constitucional nº 89, de 2015)
primeiro exercício financeiro do mandato presidencial subsequen- II - 50% (cinquenta por cento) na Região Nordeste, preferen-
te, será encaminhado até quatro meses antes do encerramento do cialmente no Semiárido. (Redação dada pela Emenda Constitucio-
primeiro exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerra- nal nº 89, de 2015)
mento da sessão legislativa; Parágrafo único. Dos percentuais previstos nos incisos I e II
II - o projeto de lei de diretrizes orçamentárias será encami- do caput, no mínimo 50% (cinquenta por cento) serão destinados
nhado até oito meses e meio antes do encerramento do exercício a projetos de irrigação que beneficiem agricultores familiares que
financeiro e devolvido para sanção até o encerramento do primeiro atendam aos requisitos previstos em legislação específica. (Incluído
período da sessão legislativa; pela Emenda Constitucional nº 89, de 2015)
III - o projeto de lei orçamentária da União será encaminhado Art. 43. Na data da promulgação da lei que disciplinar a pesqui-
até quatro meses antes do encerramento do exercício financeiro sa e a lavra de recursos e jazidas minerais, ou no prazo de um ano,
e devolvido para sanção até o encerramento da sessão legislativa. a contar da promulgação da Constituição, tornar-se-ão sem efeito
Art. 36. Os fundos existentes na data da promulgação da Cons- as autorizações, concessões e demais títulos atributivos de direitos
tituição, excetuados os resultantes de isenções fiscais que passem a minerários, caso os trabalhos de pesquisa ou de lavra não hajam
integrar patrimônio privado e os que interessem à defesa nacional, sido comprovadamente iniciados nos prazos legais ou estejam
extinguir-se-ão, se não forem ratificados pelo Congresso Nacional inativos.
no prazo de dois anos.

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Art. 44. As atuais empresas brasileiras titulares de autorização § 3º A isenção da correção monetária a que se refere este
de pesquisa, concessão de lavra de recursos minerais e de aprovei- artigo só será concedida nos seguintes casos:
tamento dos potenciais de energia hidráulica em vigor terão quatro I - se a liquidação do débito inicial, acrescido de juros legais e
anos, a partir da promulgação da Constituição, para cumprir os re- taxas judiciais, vier a ser efetivada no prazo de noventa dias, a con-
quisitos do art. 176, § 1º. tar da data da promulgação da Constituição;
§ 1º Ressalvadas as disposições de interesse nacional previstas II - se a aplicação dos recursos não contrariar a finalidade do
no texto constitucional, as empresas brasileiras ficarão dispensadas financiamento, cabendo o ônus da prova à instituição credora;
do cumprimento do disposto no art. 176, § 1º, desde que, no prazo de III - se não for demonstrado pela instituição credora que o mu-
até quatro anos da data da promulgação da Constituição, tenham o tuário dispõe de meios para o pagamento de seu débito, excluído
produto de sua lavra e beneficiamento destinado a industrialização desta demonstração seu estabelecimento, a casa de moradia e os
no território nacional, em seus próprios estabelecimentos ou em instrumentos de trabalho e produção;
empresa industrial controladora ou controlada. IV - se o financiamento inicial não ultrapassar o limite de cinco
§ 2º Ficarão também dispensadas do cumprimento do disposto mil Obrigações do Tesouro Nacional;
no art. 176, § 1º, as empresas brasileiras titulares de concessão de V - se o beneficiário não for proprietário de mais de cinco mó-
energia hidráulica para uso em seu processo de industrialização. dulos rurais.
§ 3º As empresas brasileiras referidas no § 1º somente poderão § 4º Os benefícios de que trata este artigo não se estendem aos
ter autorizações de pesquisa e concessões de lavra ou potenciais de débitos já quitados e aos devedores que sejam constituintes.
energia hidráulica, desde que a energia e o produto da lavra sejam § 5º No caso de operações com prazos de vencimento
utilizados nos respectivos processos industriais. posteriores à data- limite de liquidação da dívida, havendo interesse
Art. 45. Ficam excluídas do monopólio estabelecido pelo art. do mutuário, os bancos e as instituições financeiras promoverão,
177, II, da Constituição as refinarias em funcionamento no País am- por instrumento próprio, alteração nas condições contratuais
paradas pelo art. 43 e nas condições do art. 45 da Lei nº 2.004, de originais de forma a ajustá-las ao presente benefício.
3 de outubro de 1953. § 6º A concessão do presente benefício por bancos comerciais
Parágrafo único. Ficam ressalvados da vedação do art. 177, § privados em nenhuma hipótese acarretará ônus para o Poder
1º, os contratos de risco feitos com a Petróleo Brasileiro S.A. (Petro- Público, ainda que através de refinanciamento e repasse de
brás), para pesquisa de petróleo, que estejam em vigor na data da recursos pelo banco central.
promulgação da Constituição. § 7º No caso de repasse a agentes financeiros oficiais ou
Art. 46. São sujeitos à correção monetária desde o vencimento, cooperativas de crédito, o ônus recairá sobre a fonte de recursos
até seu efetivo pagamento, sem interrupção ou suspensão, os cré- originária.
ditos junto a entidades submetidas aos regimes de intervenção ou Art. 48. O Congresso Nacional, dentro de cento e vinte dias da
liquidação extrajudicial, mesmo quando esses regimes sejam con- promulgação da Constituição, elaborará código de defesa do con-
vertidos em falência. sumidor.
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se também: Art. 49. A lei disporá sobre o instituto da enfiteuse em imóveis
I - às operações realizadas posteriormente à decretação dos re- urbanos, sendo facultada aos foreiros, no caso de sua extinção, a
gimes referidos no “caput” deste artigo; remição dos aforamentos mediante aquisição do domínio direto, na
II - às operações de empréstimo, financiamento, refinancia- conformidade do que dispuserem os respectivos contratos.
mento, assistência financeira de liquidez, cessão ou sub-rogação de § 1º Quando não existir cláusula contratual, serão adotados os
créditos ou cédulas hipotecárias, efetivação de garantia de depó- critérios e bases hoje vigentes na legislação especial dos imóveis
sitos do público ou de compra de obrigações passivas, inclusive as da União.
realizadas com recursos de fundos que tenham essas destinações; § 2º Os direitos dos atuais ocupantes inscritos ficam
III - aos créditos anteriores à promulgação da Constituição; assegurados pela aplicação de outra modalidade de contrato.
IV - aos créditos das entidades da administração pública ante- § 3º A enfiteuse continuará sendo aplicada aos terrenos de
riores à promulgação da Constituição, não liquidados até 1 de ja- marinha e seus acrescidos, situados na faixa de segurança, a partir
neiro de 1988. da orla marítima.
Art. 47. Na liquidação dos débitos, inclusive suas renegociações § 4º Remido o foro, o antigo titular do domínio direto deverá,
e composições posteriores, ainda que ajuizados, decorrentes de no prazo de noventa dias, sob pena de responsabilidade, confiar à
quaisquer empréstimos concedidos por bancos e por instituições guarda do registro de imóveis competente toda a documentação a
financeiras, não existirá correção monetária desde que o emprésti- ele relativa.
mo tenha sido concedido: Art. 50. Lei agrícola a ser promulgada no prazo de um ano dis-
I - aos micro e pequenos empresários ou seus estabelecimentos porá, nos termos da Constituição, sobre os objetivos e instrumentos
no período de 28 de fevereiro de 1986 a 28 de fevereiro de 1987; de política agrícola, prioridades, planejamento de safras, comercia-
II - ao mini, pequenos e médios produtores rurais no período lização, abastecimento interno, mercado externo e instituição de
de 28 de fevereiro de 1986 a 31 de dezembro de 1987, desde que crédito fundiário.
relativos a crédito rural. Art. 51. Serão revistos pelo Congresso Nacional, através de Co-
§ 1º Consideram-se, para efeito deste artigo, microempresas missão mista, nos três anos a contar da data da promulgação da
as pessoas jurídicas e as firmas individuais com receitas anuais de Constituição, todas as doações, vendas e concessões de terras pú-
até dez mil Obrigações do Tesouro Nacional, e pequenas empresas blicas com área superior a três mil hectares, realizadas no período
as pessoas jurídicas e as firmas individuais com receita anual de até de 1º de janeiro de 1962 a 31 de dezembro de 1987.
vinte e cinco mil Obrigações do Tesouro Nacional. § 1º No tocante às vendas, a revisão será feita com base
§ 2º A classificação de mini, pequeno e médio produtor rural exclusivamente no critério de legalidade da operação.
será feita obedecendo-se às normas de crédito rural vigentes à § 2º No caso de concessões e doações, a revisão obedecerá
época do contrato. aos critérios de legalidade e de conveniência do interesse público.
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DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 3º Nas hipóteses previstas nos parágrafos anteriores, integrar a receita da seguridade social, ressalvados, exclusivamente
comprovada a ilegalidade, ou havendo interesse público, as terras no exercício de 1988, os compromissos assumidos com programas
reverterão ao patrimônio da União, dos Estados, do Distrito Federal e projetos em andamento.
ou dos Municípios. Art. 57. Os débitos dos Estados e dos Municípios relativos às
Art. 52. Até que sejam fixadas as condições do art. 192, são contribuições previdenciárias até 30 de junho de 1988 serão liqui-
vedados: dados, com correção monetária, em cento e vinte parcelas mensais,
I - a instalação, no País, de novas agências de instituições finan- dispensados os juros e multas sobre eles incidentes, desde que os
ceiras domiciliadas no exterior; devedores requeiram o parcelamento e iniciem seu pagamento no
II - o aumento do percentual de participação, no capital de ins- prazo de cento e oitenta dias a contar da promulgação da Consti-
tituições financeiras com sede no País, de pessoas físicas ou jurídi- tuição.
cas residentes ou domiciliadas no exterior. § 1º O montante a ser pago em cada um dos dois primeiros anos
Parágrafo único. A vedação a que se refere este artigo não se não será inferior a cinco por cento do total do débito consolidado e
aplica às autorizações resultantes de acordos internacionais, de re- atualizado, sendo o restante dividido em parcelas mensais de igual
ciprocidade, ou de interesse do Governo brasileiro. valor.
Art. 53. Ao ex-combatente que tenha efetivamente participado § 2º A liquidação poderá incluir pagamentos na forma de
de operações bélicas durante a Segunda Guerra Mundial, nos ter- cessão de bens e prestação de serviços, nos termos da Lei nº 7.578,
mos da Lei nº 5.315, de 12 de setembro de 1967, serão assegurados de 23 de dezembro de 1986.
os seguintes direitos: § 3º Em garantia do cumprimento do parcelamento, os
I - aproveitamento no serviço público, sem a exigência de con- Estados e os Municípios consignarão, anualmente, nos respectivos
curso, com estabilidade; orçamentos as dotações necessárias ao pagamento de seus débitos.
II - pensão especial correspondente à deixada por segundo-te- § 4º Descumprida qualquer das condições estabelecidas para
nente das Forças Armadas, que poderá ser requerida a qualquer concessão do parcelamento, o débito será considerado vencido em
tempo, sendo inacumulável com quaisquer rendimentos recebidos sua totalidade, sobre ele incidindo juros de mora; nesta hipótese,
dos cofres públicos, exceto os benefícios previdenciários, ressalva- parcela dos recursos correspondentes aos Fundos de Participação,
do o direito de opção; destinada aos Estados e Municípios devedores, será bloqueada e
III - em caso de morte, pensão à viúva ou companheira ou de- repassada à previdência social para pagamento de seus débitos.
pendente, de forma proporcional, de valor igual à do inciso anterior; Art. 58. Os benefícios de prestação continuada, mantidos pela
IV - assistência médica, hospitalar e educacional gratuita, ex- previdência social na data da promulgação da Constituição, terão
tensiva aos dependentes; seus valores revistos, a fim de que seja restabelecido o poder aqui-
V - aposentadoria com proventos integrais aos vinte e cinco sitivo, expresso em número de salários mínimos, que tinham na
anos de serviço efetivo, em qualquer regime jurídico; data de sua concessão, obedecendo-se a esse critério de atualiza-
VI - prioridade na aquisição da casa própria, para os que não a ção até a implantação do plano de custeio e benefícios referidos no
possuam ou para suas viúvas ou companheiras. artigo seguinte.
Parágrafo único. A concessão da pensão especial do inciso II Parágrafo único. As prestações mensais dos benefícios atuali-
substitui, para todos os efeitos legais, qualquer outra pensão já con- zadas de acordo com este artigo serão devidas e pagas a partir do
cedida ao ex-combatente. sétimo mês a contar da promulgação da Constituição.
Art. 54. Os seringueiros recrutados nos termos do Decreto-Lei Art. 59. Os projetos de lei relativos à organização da seguridade
nº 5.813, de 14 de setembro de 1943, e amparados pelo Decreto- social e aos planos de custeio e de benefício serão apresentados no
-Lei nº 9.882, de 16 de setembro de 1946, receberão, quando ca- prazo máximo de seis meses da promulgação da Constituição ao
rentes, pensão mensal vitalícia no valor de dois salários mínimos. Congresso Nacional, que terá seis meses para apreciá-los.
§ 1º - O benefício é estendido aos seringueiros que, atendendo a Parágrafo único. Aprovados pelo Congresso Nacional, os planos
apelo do Governo brasileiro, contribuíram para o esforço de guerra, serão implantados progressivamente nos dezoito meses seguintes.
trabalhando na produção de borracha, na Região Amazônica, Art. 60. A complementação da União referida no inciso IV do
durante a Segunda Guerra Mundial. caput do art. 212-A da Constituição Federal será implementada
§ 2º Os benefícios estabelecidos neste artigo são transferíveis progressivamente até alcançar a proporção estabelecida no inciso
aos dependentes reconhecidamente carentes. V do caput do mesmo artigo, a partir de 1º de janeiro de 2021, nos
§ 3º A concessão do benefício far-se-á conforme lei a ser seguintes valores mínimos: (Redação dada pela Emenda Constitu-
proposta pelo Poder Executivo dentro de cento e cinquenta dias da cional nº 108, de 2020)
promulgação da Constituição. I - 12% (doze por cento), no primeiro ano; (Redação dada pela
Art. 54-A. Os seringueiros de que trata o art. 54 deste Ato das Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
Disposições Constitucionais Transitórias receberão indenização, em II - 15% (quinze por cento), no segundo ano; (Redação dada
parcela única, no valor de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais). pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
Art. 55. Até que seja aprovada a lei de diretrizes orçamentárias, III - 17% (dezessete por cento), no terceiro ano; (Redação dada
trinta por cento, no mínimo, do orçamento da seguridade social, pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
excluído o seguro-desemprego, serão destinados ao setor de saúde. IV - 19% (dezenove por cento), no quarto ano; (Redação dada
Art. 56. Até que a lei disponha sobre o art. 195, I, a arrecada- pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
ção decorrente de, no mínimo, cinco dos seis décimos percentuais V - 21% (vinte e um por cento), no quinto ano; (Redação dada
correspondentes à alíquota da contribuição de que trata o Decre- pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
to-Lei nº 1.940, de 25 de maio de 1982, alterada pelo Decreto-Lei VI - 23% (vinte e três por cento), no sexto ano. (Redação dada
nº 2.049, de 1º de agosto de 1983, pelo Decreto nº 91.236, de 8 de pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
maio de 1985, e pela Lei nº 7.611, de 8 de julho de 1987, passa a

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§ 1º A parcela da complementação de que trata a alínea «b» do Art. 64. A Imprensa Nacional e demais gráficas da União, dos
inciso V do caput do art. 212-A da Constituição Federal observará, Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, da administração
no mínimo, os seguintes valores: (Redação dada pela Emenda Cons- direta ou indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo
titucional nº 108, de 2020) Poder Público, promoverão edição popular do texto integral da
I - 2 (dois) pontos percentuais, no primeiro ano; (Redação dada Constituição, que será posta à disposição das escolas e dos cartó-
pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020) rios, dos sindicatos, dos quartéis, das igrejas e de outras instituições
II - 5 (cinco) pontos percentuais, no segundo ano; (Redação representativas da comunidade, gratuitamente, de modo que cada
dada pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020) cidadão brasileiro possa receber do Estado um exemplar da Cons-
III - 6,25 (seis inteiros e vinte e cinco centésimos) pontos per- tituição do Brasil.
centuais, no terceiro ano; (Redação dada pela Emenda Constitucio- Art. 65. O Poder Legislativo regulamentará, no prazo de doze
nal nº 108, de 2020) meses, o art. 220, § 4º.
IV - 7,5 (sete inteiros e cinco décimos) pontos percentuais, no Art. 66. São mantidas as concessões de serviços públicos de
quarto ano; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 108, de telecomunicações atualmente em vigor, nos termos da lei.
2020) Art. 67. A União concluirá a demarcação das terras indígenas
V - 9 (nove) pontos percentuais, no quinto ano; (Redação dada no prazo de cinco anos a partir da promulgação da Constituição.
pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020) Art. 68. Aos remanescentes das comunidades dos quilombos
VI - 10,5 (dez inteiros e cinco décimos) pontos percentuais, no que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade de-
sexto ano. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 108, de finitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos.
2020) Art. 69. Será permitido aos Estados manter consultorias jurídi-
§ 2º A parcela da complementação de que trata a alínea «c» do cas separadas de suas Procuradorias-Gerais ou Advocacias-Gerais,
inciso V do caput do art. 212-A da Constituição Federal observará desde que, na data da promulgação da Constituição, tenham órgãos
os seguintes valores: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº distintos para as respectivas funções.
108, de 2020) Art. 70. Fica mantida atual competência dos tribunais estaduais
I - 0,75 (setenta e cinco centésimos) ponto percentual, no ter- até a mesma seja definida na Constituição do Estado, nos termos do
ceiro ano; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 108, de art. 125, § 1º, da Constituição.
2020) Art. 71. É instituído, nos exercícios financeiros de 1994 e 1995,
II - 1,5 (um inteiro e cinco décimos) ponto percentual, no quar- bem assim nos períodos de 01/01/1996 a 30/06/97 e 01/07/97 a
to ano; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020) 31/12/1999, o Fundo Social de Emergência, com o objetivo de sa-
III - 2 (dois) pontos percentuais, no quinto ano; (Redação dada neamento financeiro da Fazenda Pública Federal e de estabilização
pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020) econômica, cujos recursos serão aplicados prioritariamente no cus-
IV - 2,5 (dois inteiros e cinco décimos) pontos percentuais, no teio das ações dos sistemas de saúde e educação, incluindo a com-
sexto ano. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 108, de plementação de recursos de que trata o § 3º do art. 60 do Ato das
2020) Disposições Constitucionais Transitórias, benefícios previdenciários
Art. 60-A. Os critérios de distribuição da complementação da e auxílios assistenciais de prestação continuada, inclusive liquida-
União e dos fundos a que se refere o inciso I do caput do art. 212-A ção de passivo previdenciário, e despesas orçamentárias associadas
da Constituição Federal serão revistos em seu sexto ano de vigência a programas de relevante interesse econômico e social.
e, a partir dessa primeira revisão, periodicamente, a cada 10 (dez) § 1º Ao Fundo criado por este artigo não se aplica o disposto na
anos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020) parte final do inciso II do § 9º do art. 165 da Constituição.
Art. 61. As entidades educacionais a que se refere o art. 213, § 2º O Fundo criado por este artigo passa a ser denominado
bem como as fundações de ensino e pesquisa cuja criação tenha Fundo de Estabilização Fiscal a partir do início do exercício
sido autorizada por lei, que preencham os requisitos dos incisos I e financeiro de 1996.
II do referido artigo e que, nos últimos três anos, tenham recebido § 3º O Poder Executivo publicará demonstrativo da execução
recursos públicos, poderão continuar a recebê-los, salvo disposição orçamentária, de periodicidade bimestral, no qual se discriminarão
legal em contrário. as fontes e usos do Fundo criado por este artigo.
Art. 62. A lei criará o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural Art. 72. Integram o Fundo Social de Emergência:
(SENAR) nos moldes da legislação relativa ao Serviço Nacional de I - o produto da arrecadação do imposto sobre renda e pro-
Aprendizagem Industrial (SENAI) e ao Serviço Nacional de Apren- ventos de qualquer natureza incidente na fonte sobre pagamentos
dizagem do Comércio (SENAC), sem prejuízo das atribuições dos efetuados, a qualquer título, pela União, inclusive suas autarquias
órgãos públicos que atuam na área. e fundações;
Art. 63. É criada uma Comissão composta de nove membros, II - a parcela do produto da arrecadação do imposto sobre ren-
sendo três do Poder Legislativo, três do Poder Judiciário e três do da e proventos de qualquer natureza e do imposto sobre operações
Poder Executivo, para promover as comemorações do centenário de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos e valores mobiliá-
da proclamação da República e da promulgação da primeira Cons- rios, decorrente das alterações produzidas pela Lei nº 8.894, de 21
tituição republicana do País, podendo, a seu critério, desdobrar-se de junho de 1994, e pelas Leis nºs 8.849 e 8.848, ambas de 28 de
em tantas subcomissões quantas forem necessárias. janeiro de 1994, e modificações posteriores;
Parágrafo único. No desenvolvimento de suas atribuições, a Co- III - a parcela do produto da arrecadação resultante da elevação
missão promoverá estudos, debates e avaliações sobre a evolução da alíquota da contribuição social sobre o lucro dos contribuintes a
política, social, econômica e cultural do País, podendo articular-se que se refere o § 1º do Art. 22 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de
com os governos estaduais e municipais e com instituições públicas 1991, a qual, nos exercícios financeiros de 1994 e 1995, bem assim
e privadas que desejem participar dos eventos. no período de 1º de janeiro de 1996 a 30 de junho de 1997, passa a
ser de trinta por cento, sujeita a alteração por lei ordinária, manti-
das as demais normas da Lei nº 7.689, de 15 de dezembro de 1988;
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IV - vinte por cento do produto da arrecadação de todos os im- § 2º O resultado do aumento da arrecadação, decorrente da
postos e contribuições da União, já instituídos ou a serem criados, alteração da alíquota, nos exercícios financeiros de 1999, 2000 e
excetuado o previsto nos incisos I, II e III, observado o disposto nos 2001, será destinado ao custeio da previdência social.
§§ 3º e 4º; § 3º É a União autorizada a emitir títulos da dívida pública
V - a parcela do produto da arrecadação da contribuição de que interna, cujos recursos serão destinados ao custeio da saúde e
trata a Lei Complementar nº 7, de 7 de setembro de 1970, devida da previdência social, em montante equivalente ao produto da
pelas pessoas jurídicas a que se refere o inciso III deste artigo, a arrecadação da contribuição, prevista e não realizada em 1999.
qual será calculada, nos exercícios financeiros de 1994 a 1995, bem Art. 76. São desvinculados de órgão, fundo ou despesa, até 31
assim nos períodos de 1º de janeiro de 1996 a 30 de junho de 1997 de dezembro de 2023, 30% (trinta por cento) da arrecadação da
e de 1º de julho de 1997 a 31 de dezembro de 1999, mediante a União relativa às contribuições sociais, sem prejuízo do pagamento
aplicação da alíquota de setenta e cinco centésimos por cento, su- das despesas do Regime Geral da Previdência Social, às contribui-
jeita a alteração por lei ordinária posterior, sobre a receita bruta ções de intervenção no domínio econômico e às taxas, já instituídas
operacional, como definida na legislação do imposto sobre renda e ou que vierem a ser criadas até a referida data. (Redação dada pela
proventos de qualquer natureza. Emenda constitucional nº 93, de 2016)
VI - outras receitas previstas em lei específica. § 1º (Revogado).
§ 1º As alíquotas e a base de cálculo previstas nos incisos III e V § 2° Excetua-se da desvinculação de que trata o caput a
aplicar-se-ão a partir do primeiro dia do mês seguinte aos noventa arrecadação da contribuição social do salário-educação a que se
dias posteriores à promulgação desta Emenda. refere o § 5º do art. 212 da Constituição Federal.
§ 2º As parcelas de que tratam os incisos I, II, III e V serão § 3º (Revogado).
previamente deduzidas da base de cálculo de qualquer vinculação § 4º A desvinculação de que trata o caput não se aplica
ou participação constitucional ou legal, não se lhes aplicando o às receitas das contribuições sociais destinadas ao custeio da
disposto nos artigos, 159, 212 e 239 da Constituição. seguridade social. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de
§ 3º A parcela de que trata o inciso IV será previamente 2019)
deduzida da base de cálculo das vinculações ou participações Art. 76-A. São desvinculados de órgão, fundo ou despesa, até
constitucionais previstas nos artigos 153, § 5º, 157, II, 212 e 239 da 31 de dezembro de 2023, 30% (trinta por cento) das receitas dos
Constituição. Estados e do Distrito Federal relativas a impostos, taxas e multas, já
§ 4º O disposto no parágrafo anterior não se aplica aos recursos instituídos ou que vierem a ser criados até a referida data, seus adi-
previstos nos Artigos 158, II e 159 da Constituição. cionais e respectivos acréscimos legais, e outras receitas correntes.
§ 5º A parcela dos recursos provenientes do imposto sobre (Incluído dada pela Emenda constitucional nº 93, de 2016)
renda e proventos de qualquer natureza, destinada ao Fundo Social Parágrafo único. Excetuam-se da desvinculação de que trata o
de Emergência, nos termos do inciso II deste artigo, não poderá caput: (Incluído dada pela Emenda constitucional nº 93, de 2016)
exceder a cinco inteiros e seis décimos por cento do total do I - recursos destinados ao financiamento das ações e serviços
produto da sua arrecadação. públicos de saúde e à manutenção e desenvolvimento do ensino de
Art. 73. Na regulação do Fundo Social de Emergência não po- que tratam, respectivamente, os incisos II e III do § 2º do art. 198
derá ser utilizado o instrumento previsto no inciso V do art. 59 da e o art. 212 da Constituição Federal; (Incluído dada pela Emenda
Constituição. constitucional nº 93, de 2016)
Art. 74. A União poderá instituir contribuição provisória sobre II - receitas que pertencem aos Municípios decorrentes de
movimentação ou transmissão de valores e de créditos e direitos de transferências previstas na Constituição Federal; (Incluído dada
natureza financeira. pela Emenda constitucional nº 93, de 2016)
§ 1º A alíquota da contribuição de que trata este artigo não III - receitas de contribuições previdenciárias e de assistência
excederá a vinte e cinco centésimos por cento, facultado ao Poder à saúde dos servidores; (Incluído dada pela Emenda constitucional
Executivo reduzi-la ou restabelecê-la, total ou parcialmente, nas nº 93, de 2016)
condições e limites fixados em lei. IV - demais transferências obrigatórias e voluntárias entre
§ 2º A contribuição de que trata este artigo não se aplica o entes da Federação com destinação especificada em lei; (Incluído
disposto nos arts. 153, § 5º, e 154, I, da Constituição. dada pela Emenda constitucional nº 93, de 2016)
§ 3º O produto da arrecadação da contribuição de que trata V - fundos instituídos pelo Poder Judiciário, pelos Tribunais de
este artigo será destinado integralmente ao Fundo Nacional de Contas, pelo Ministério Público, pelas Defensorias Públicas e pelas
Saúde, para financiamento das ações e serviços de saúde. Procuradorias-Gerais dos Estados e do Distrito Federal. (Incluído
§ 4º A contribuição de que trata este artigo terá sua exigibilidade dada pela Emenda constitucional nº 93, de 2016)
subordinada ao disposto no art. 195, § 6º, da Constituição, e não Art. 76-B. São desvinculados de órgão, fundo ou despesa, até
poderá ser cobrada por prazo superior a dois anos. 31 de dezembro de 2023, 30% (trinta por cento) das receitas dos
Art. 75. É prorrogada, por trinta e seis meses, a cobrança da Municípios relativas a impostos, taxas e multas, já instituídos ou
contribuição provisória sobre movimentação ou transmissão de va- que vierem a ser criados até a referida data, seus adicionais e res-
lores e de créditos e direitos de natureza financeira de que trata o pectivos acréscimos legais, e outras receitas correntes. (Incluído
art. 74, instituída pela Lei nº 9.311, de 24 de outubro de 1996, mo- dada pela Emenda constitucional nº 93, de 2016)
dificada pela Lei nº 9.539, de 12 de dezembro de 1997, cuja vigência Parágrafo único. Excetuam-se da desvinculação de que trata o
é também prorrogada por idêntico prazo. caput: (Incluído dada pela Emenda constitucional nº 93, de 2016)
§ 1º Observado o disposto no § 6º do art. 195 da Constituição I - recursos destinados ao financiamento das ações e serviços
Federal, a alíquota da contribuição será de trinta e oito centésimos públicos de saúde e à manutenção e desenvolvimento do ensino de
por cento, nos primeiros doze meses, e de trinta centésimos, nos que tratam, respectivamente, os incisos II e III do § 2º do art. 198
meses subsequentes, facultado ao Poder Executivo reduzi-la total e o art. 212 da Constituição Federal; (Incluído dada pela Emenda
ou parcialmente, nos limites aqui definidos. constitucional nº 93, de 2016)
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II - receitas de contribuições previdenciárias e de assistência à § 3º O prazo referido no caput deste artigo fica reduzido
saúde dos servidores; (Incluído dada pela Emenda constitucional nº para dois anos, nos casos de precatórios judiciais originários
93, de 2016) de desapropriação de imóvel residencial do credor, desde que
III - transferências obrigatórias e voluntárias entre entes da comprovadamente único à época da imissão na posse.
Federação com destinação especificada em lei; (Incluído dada pela § 4º O Presidente do Tribunal competente deverá, vencido
Emenda constitucional nº 93, de 2016) o prazo ou em caso de omissão no orçamento, ou preterição ao
IV - fundos instituídos pelo Tribunal de Contas do Município. direito de precedência, a requerimento do credor, requisitar
(Incluído dada pela Emenda constitucional nº 93, de 2016) ou determinar o sequestro de recursos financeiros da entidade
Art. 77. Até o exercício financeiro de 2004, os recursos mínimos executada, suficientes à satisfação da prestação.
aplicados nas ações e serviços públicos de saúde serão equivalen- Art. 79. É instituído, para vigorar até o ano de 2010, no âmbi-
tes: to do Poder Executivo Federal, o Fundo de Combate e Erradicação
I – no caso da União: da Pobreza, a ser regulado por lei complementar com o objetivo
a) no ano 2000, o montante empenhado em ações e serviços de viabilizar a todos os brasileiros acesso a níveis dignos de subsis-
públicos de saúde no exercício financeiro de 1999 acrescido de, no tência, cujos recursos serão aplicados em ações suplementares de
mínimo, cinco por cento; nutrição, habitação, educação, saúde, reforço de renda familiar e
b) do ano 2001 ao ano 2004, o valor apurado no ano anterior, outros programas de relevante interesse social voltados para me-
corrigido pela variação nominal do Produto Interno Bruto – PIB; lhoria da qualidade de vida.
II – no caso dos Estados e do Distrito Federal, doze por cento Parágrafo único. O Fundo previsto neste artigo terá Conselho
do produto da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 155 Consultivo e de Acompanhamento que conte com a participação de
e dos recursos de que tratam os arts. 157 e 159, inciso I, alínea a, e representantes da sociedade civil, nos termos da lei.
inciso II, deduzidas as parcelas que forem transferidas aos respec- Art. 80. Compõem o Fundo de Combate e Erradicação da Po-
tivos Municípios; breza:
III – no caso dos Municípios e do Distrito Federal, quinze por I – a parcela do produto da arrecadação correspondente a um
cento do produto da arrecadação dos impostos a que se refere o adicional de oito centésimos por cento, aplicável de 18 de junho
art. 156 e dos recursos de que tratam os arts. 158 e 159, inciso I, de 2000 a 17 de junho de 2002, na alíquota da contribuição social
alínea b e § 3º. de que trata o art. 75 do Ato das Disposições Constitucionais Tran-
§ 1º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios que apliquem sitórias;
percentuais inferiores aos fixados nos incisos II e III deverão elevá- II – a parcela do produto da arrecadação correspondente a um
los gradualmente, até o exercício financeiro de 2004, reduzida a adicional de cinco pontos percentuais na alíquota do Imposto sobre
diferença à razão de, pelo menos, um quinto por ano, sendo que, Produtos Industrializados – IPI, ou do imposto que vier a substituí-
a partir de 2000, a aplicação será de pelo menos sete por cento. -lo, incidente sobre produtos supérfluos e aplicável até a extinção
§ 2º Dos recursos da União apurados nos termos deste artigo, do Fundo;
quinze por cento, no mínimo, serão aplicados nos Municípios, III – o produto da arrecadação do imposto de que trata o art.
segundo o critério populacional, em ações e serviços básicos de 153, inciso VII, da Constituição;
saúde, na forma da lei. IV – dotações orçamentárias;
§ 3º Os recursos dos Estados, do Distrito Federal e dos V– doações, de qualquer natureza, de pessoas físicas ou jurídi-
Municípios destinados às ações e serviços públicos de saúde e os cas do País ou do exterior;
transferidos pela União para a mesma finalidade serão aplicados VI – outras receitas, a serem definidas na regulamentação do
por meio de Fundo de Saúde que será acompanhado e fiscalizado referido Fundo.
por Conselho de Saúde, sem prejuízo do disposto no art. 74 da § 1º Aos recursos integrantes do Fundo de que trata este
Constituição Federal. artigo não se aplica o disposto nos arts. 159 e 167, inciso IV, da
§ 4º Na ausência da lei complementar a que se refere o art. Constituição, assim como qualquer desvinculação de recursos
198, § 3º, a partir do exercício financeiro de 2005, aplicar-se-á à orçamentários.
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios o disposto § 2º A arrecadação decorrente do disposto no inciso I deste
neste artigo. artigo, no período compreendido entre 18 de junho de 2000 e o
Art. 78. Ressalvados os créditos definidos em lei como de pe- início da vigência da lei complementar a que se refere a art. 79, será
queno valor, os de natureza alimentícia, os de que trata o art. 33 integralmente repassada ao Fundo, preservado o seu valor real, em
deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias e suas com- títulos públicos federais, progressivamente resgatáveis após 18 de
plementações e os que já tiverem os seus respectivos recursos libe- junho de 2002, na forma da lei.
rados ou depositados em juízo, os precatórios pendentes na data Art. 81. É instituído Fundo constituído pelos recursos recebi-
de promulgação desta Emenda e os que decorram de ações iniciais dos pela União em decorrência da desestatização de sociedades de
ajuizadas até 31 de dezembro de 1999 serão liquidados pelo seu economia mista ou empresas públicas por ela controladas, direta
valor real, em moeda corrente, acrescido de juros legais, em pres- ou indiretamente, quando a operação envolver a alienação do res-
tações anuais, iguais e sucessivas, no prazo máximo de dez anos, pectivo controle acionário a pessoa ou entidade não integrante da
permitida a cessão dos créditos. Administração Pública, ou de participação societária remanescente
§ 1º É permitida a decomposição de parcelas, a critério do após a alienação, cujos rendimentos, gerados a partir de 18 de ju-
credor. nho de 2002, reverterão ao Fundo de Combate e Erradicação de
§ 2º As prestações anuais a que se refere o caput deste artigo Pobreza.
terão, se não liquidadas até o final do exercício a que se referem,
poder liberatório do pagamento de tributos da entidade devedora.

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§ 1º Caso o montante anual previsto nos rendimentos c) sociedades anônimas que tenham por objeto exclusivo a
transferidos ao Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza, na aquisição de créditos oriundos de operações praticadas no merca-
forma deste artigo, não alcance o valor de quatro bilhões de reais. do financeiro;
far-se-á complementação na forma do art. 80, inciso IV, do Ato das II - em contas correntes de depósito, relativos a:
disposições Constitucionais Transitórias. a) operações de compra e venda de ações, realizadas em recin-
§ 2º Sem prejuízo do disposto no § 1º, o Poder Executivo tos ou sistemas de negociação de bolsas de valores e no mercado
poderá destinar ao Fundo a que se refere este artigo outras receitas de balcão organizado;
decorrentes da alienação de bens da União. b) contratos referenciados em ações ou índices de ações, em
§ 3º A constituição do Fundo a que se refere o caput, a suas diversas modalidades, negociados em bolsas de valores, de
transferência de recursos ao Fundo de Combate e Erradicação mercadorias e de futuros;
da Pobreza e as demais disposições referentes ao § 1º deste artigo III - em contas de investidores estrangeiros, relativos a entradas
serão disciplinadas em lei, não se aplicando o disposto no art. 165, no País e a remessas para o exterior de recursos financeiros em-
§ 9º, inciso II, da Constituição. pregados, exclusivamente, em operações e contratos referidos no
Art. 82. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios devem inciso II deste artigo.
instituir Fundos de Combate á Pobreza, com os recursos de que tra- § 1º O Poder Executivo disciplinará o disposto neste artigo
ta este artigo e outros que vierem a destinar, devendo os referidos no prazo de trinta dias da data de publicação desta Emenda
Fundos ser geridos por entidades que contem com a participação Constitucional.
da sociedade civil. § 2º O disposto no inciso I deste artigo aplica-se somente às
§ 1º Para o financiamento dos Fundos Estaduais e Distrital, operações relacionadas em ato do Poder Executivo, dentre aquelas
poderá ser criado adicional de até dois pontos percentuais na que constituam o objeto social das referidas entidades.
alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços § 3º O disposto no inciso II deste artigo aplica-se somente a
- ICMS, sobre os produtos e serviços supérfluos e nas condições operações e contratos efetuados por intermédio de instituições
definidas na lei complementar de que trata o art. 155, § 2º, XII, da financeiras, sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários,
Constituição, não se aplicando, sobre este percentual, o disposto sociedades distribuidoras de títulos e valores mobiliários e
no art. 158, IV, da Constituição. sociedades corretoras de mercadorias.
§ 2º Para o financiamento dos Fundos Municipais, poderá Art. 86. Serão pagos conforme disposto no art. 100 da Consti-
ser criado adicional de até meio ponto percentual na alíquota do tuição Federal, não se lhes aplicando a regra de parcelamento esta-
Imposto sobre serviços ou do imposto que vier a substituí-lo, sobre belecida no caput do art. 78 deste Ato das Disposições Constitucio-
serviços supérfluos. nais Transitórias, os débitos da Fazenda Federal, Estadual, Distrital
Art. 83. Lei federal definirá os produtos e serviços supérfluos a ou Municipal oriundos de sentenças transitadas em julgado, que
que se referem os arts. 80, II, e 82, § 2º. preencham, cumulativamente, as seguintes condições:
Art. 84. A contribuição provisória sobre movimentação ou I - ter sido objeto de emissão de precatórios judiciários;
transmissão de valores e de créditos e direitos de natureza financei- II - ter sido definidos como de pequeno valor pela lei de que
ra, prevista nos arts. 74, 75 e 80, I, deste Ato das Disposições Cons- trata o § 3º do art. 100 da Constituição Federal ou pelo art. 87 deste
titucionais Transitórias, será cobrada até 31 de dezembro de 2004. Ato das Disposições Constitucionais Transitórias;
§ 1º Fica prorrogada, até a data referida no caput deste III - estar, total ou parcialmente, pendentes de pagamento na
artigo, a vigência da Lei nº 9.311, de 24 de outubro de 1996, e suas data da publicação desta Emenda Constitucional.
alterações. § 1º Os débitos a que se refere o caput deste artigo, ou
§ 2º Do produto da arrecadação da contribuição social de os respectivos saldos, serão pagos na ordem cronológica de
que trata este artigo será destinada a parcela correspondente à apresentação dos respectivos precatórios, com precedência sobre
alíquota de: os de maior valor.
I - vinte centésimos por cento ao Fundo Nacional de Saúde, § 2º Os débitos a que se refere o caput deste artigo, se ainda
para financiamento das ações e serviços de saúde; não tiverem sido objeto de pagamento parcial, nos termos do art.
II - dez centésimos por cento ao custeio da previdência social; 78 deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, poderão
III - oito centésimos por cento ao Fundo de Combate e Erra- ser pagos em duas parcelas anuais, se assim dispuser a lei.
dicação da Pobreza, de que tratam os arts. 80 e 81 deste Ato das § 3º Observada a ordem cronológica de sua apresentação,
Disposições Constitucionais Transitórias. os débitos de natureza alimentícia previstos neste artigo terão
§ 3º A alíquota da contribuição de que trata este artigo será de: precedência para pagamento sobre todos os demais.
I - trinta e oito centésimos por cento, nos exercícios financeiros Art. 87. Para efeito do que dispõem o § 3º do art. 100 da Consti-
de 2002 e 2003; tuição Federal e o art. 78 deste Ato das Disposições Constitucionais
II - (Revogado). Transitórias serão considerados de pequeno valor, até que se dê a
Art. 85. A contribuição a que se refere o art. 84 deste Ato das publicação oficial das respectivas leis definidoras pelos entes da Fe-
Disposições Constitucionais Transitórias não incidirá, a partir do tri- deração, observado o disposto no § 4º do art. 100 da Constituição
gésimo dia da data de publicação desta Emenda Constitucional, nos Federal, os débitos ou obrigações consignados em precatório judi-
lançamentos: ciário, que tenham valor igual ou inferior a:
I - em contas correntes de depósito especialmente abertas e I - quarenta salários-mínimos, perante a Fazenda dos Estados e
exclusivamente utilizadas para operações de: do Distrito Federal;
a) câmaras e prestadoras de serviços de compensação e de li- II - trinta salários-mínimos, perante a Fazenda dos Municípios.
quidação de que trata o parágrafo único do art. 2º da Lei nº 10.214,
de 27 de março de 2001;
b) companhias securitizadoras de que trata a Lei nº 9.514, de
20 de novembro de 1997;
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Parágrafo único. Se o valor da execução ultrapassar o estabele- § 3º Enquanto não for editada a lei complementar de que trata
cido neste artigo, o pagamento far-se-á, sempre, por meio de pre- o caput, em substituição ao sistema de entrega de recursos nele
catório, sendo facultada à parte exequente a renúncia ao crédito previsto, permanecerá vigente o sistema de entrega de recursos
do valor excedente, para que possa optar pelo pagamento do saldo previsto no art. 31 e Anexo da Lei Complementar nº 87, de 13 de
sem o precatório, da forma prevista no § 3º do art. 100. setembro de 1996, com a redação dada pela Lei Complementar nº
Art. 88. Enquanto lei complementar não disciplinar o disposto 115, de 26 de dezembro de 2002.
nos incisos I e III do § 3º do art. 156 da Constituição Federal, o im- § 4º Os Estados e o Distrito Federal deverão apresentar à
posto a que se refere o inciso III do caput do mesmo artigo: União, nos termos das instruções baixadas pelo Ministério da
I – terá alíquota mínima de dois por cento, exceto para os servi- Fazenda, as informações relativas ao imposto de que trata o art.
ços a que se referem os itens 32, 33 e 34 da Lista de Serviços anexa 155, II, declaradas pelos contribuintes que realizarem operações ou
ao Decreto-Lei nº 406, de 31 de dezembro de 1968; prestações com destino ao exterior.
II – não será objeto de concessão de isenções, incentivos e be- Art. 92. São acrescidos dez anos ao prazo fixado no art. 40 des-
nefícios fiscais, que resulte, direta ou indiretamente, na redução da te Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.
alíquota mínima estabelecida no inciso I. Art. 92-A. São acrescidos 50 (cinquenta) anos ao prazo fixado
Art. 89. Os integrantes da carreira policial militar e os servido- pelo art. 92 deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.
res municipais do ex-Território Federal de Rondônia que, compro- Art. 93. A vigência do disposto no art. 159, III, e § 4º, iniciará
vadamente, se encontravam no exercício regular de suas funções somente após a edição da lei de que trata o referido inciso III.
prestando serviço àquele ex-Território na data em que foi transfor- Art. 94. Os regimes especiais de tributação para microempre-
mado em Estado, bem como os servidores e os policiais militares sas e empresas de pequeno porte próprios da União, dos Estados,
alcançados pelo disposto no art. 36 da Lei Complementar nº 41, de do Distrito Federal e dos Municípios cessarão a partir da entrada em
22 de dezembro de 1981, e aqueles admitidos regularmente nos vigor do regime previsto no art. 146, III, d, da Constituição.
quadros do Estado de Rondônia até a data de posse do primeiro Art. 95. Os nascidos no estrangeiro entre 7 de junho de 1994 e
Governador eleito, em 15 de março de 1987, constituirão, mediante a data da promulgação desta Emenda Constitucional, filhos de pai
opção, quadro em extinção da administração federal, assegurados brasileiro ou mãe brasileira, poderão ser registrados em repartição
os direitos e as vantagens a eles inerentes, vedado o pagamento, a diplomática ou consular brasileira competente ou em ofício de re-
qualquer título, de diferenças remuneratórias. gistro, se vierem a residir na República Federativa do Brasil.
§ 1º Os membros da Polícia Militar continuarão prestando Art. 96. Ficam convalidados os atos de criação, fusão, incorpo-
serviços ao Estado de Rondônia, na condição de cedidos, submetidos ração e desmembramento de Municípios, cuja lei tenha sido publi-
às corporações da Polícia Militar, observadas as atribuições de cada até 31 de dezembro de 2006, atendidos os requisitos estabe-
função compatíveis com o grau hierárquico. lecidos na legislação do respectivo Estado à época de sua criação.
§ 2º Os servidores a que se refere o caput continuarão (Incluído pela Emenda Constitucional nº 57, de 2008).
prestando serviços ao Estado de Rondônia na condição de cedidos, Art. 97. Até que seja editada a lei complementar de que trata
até seu aproveitamento em órgão ou entidade da administração o § 15 do art. 100 da Constituição Federal, os Estados, o Distrito
federal direta, autárquica ou fundacional. Federal e os Municípios que, na data de publicação desta Emenda
Art. 90. O prazo previsto no caput do art. 84 deste Ato das Dis- Constitucional, estejam em mora na quitação de precatórios ven-
posições Constitucionais Transitórias fica prorrogado até 31 de de- cidos, relativos às suas administrações direta e indireta, inclusive
zembro de 2007. os emitidos durante o período de vigência do regime especial ins-
§ 1º Fica prorrogada, até a data referida no caput deste tituído por este artigo, farão esses pagamentos de acordo com as
artigo, a vigência da Lei nº 9.311, de 24 de outubro de 1996, e suas normas a seguir estabelecidas, sendo inaplicável o disposto no art.
alterações. 100 desta Constituição Federal, exceto em seus §§ 2º, 3º, 9º, 10, 11,
§ 2º Até a data referida no caput deste artigo, a alíquota da 12, 13 e 14, e sem prejuízo dos acordos de juízos conciliatórios já
contribuição de que trata o art. 84 deste Ato das Disposições formalizados na data de promulgação desta Emenda Constitucional.
Constitucionais Transitórias será de trinta e oito centésimos por § 1º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios sujeitos ao
cento. regime especial de que trata este artigo optarão, por meio de ato
Art. 91. A União entregará aos Estados e ao Distrito Federal o do Poder Executivo:
montante definido em lei complementar, de acordo com critérios, I - pelo depósito em conta especial do valor referido pelo § 2º
prazos e condições nela determinados, podendo considerar as ex- deste artigo;
portações para o exterior de produtos primários e semielaborados, II - pela adoção do regime especial pelo prazo de até 15 (quin-
a relação entre as exportações e as importações, os créditos de- ze) anos, caso em que o percentual a ser depositado na conta espe-
correntes de aquisições destinadas ao ativo permanente e a efetiva cial a que se refere o § 2º deste artigo corresponderá, anualmente,
manutenção e aproveitamento do crédito do imposto a que se re- ao saldo total dos precatórios devidos, acrescido do índice oficial
fere o art. 155, § 2º, X, a. de remuneração básica da caderneta de poupança e de juros sim-
§ 1º Do montante de recursos que cabe a cada Estado, setenta ples no mesmo percentual de juros incidentes sobre a caderneta de
e cinco por cento pertencem ao próprio Estado, e vinte e cinco por poupança para fins de compensação da mora, excluída a incidência
cento, aos seus Municípios, distribuídos segundo os critérios a que de juros compensatórios, diminuído das amortizações e dividido
se refere o art. 158, parágrafo único, da Constituição. pelo número de anos restantes no regime especial de pagamento.
§ 2º A entrega de recursos prevista neste artigo perdurará, § 2º Para saldar os precatórios, vencidos e a vencer, pelo regime
conforme definido em lei complementar, até que o imposto a que se especial, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios devedores
refere o art. 155, II, tenha o produto de sua arrecadação destinado depositarão mensalmente, em conta especial criada para tal fim,
predominantemente, em proporção não inferior a oitenta por 1/12 (um doze avos) do valor calculado percentualmente sobre
cento, ao Estado onde ocorrer o consumo das mercadorias, bens as respectivas receitas correntes líquidas, apuradas no segundo
ou serviços.
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mês anterior ao mês de pagamento, sendo que esse percentual, III - destinados a pagamento por acordo direto com os credo-
calculado no momento de opção pelo regime e mantido fixo até o res, na forma estabelecida por lei própria da entidade devedora,
final do prazo a que se refere o § 14 deste artigo, será: que poderá prever criação e forma de funcionamento de câmara
I - para os Estados e para o Distrito Federal: de conciliação.
a) de, no mínimo, 1,5% (um inteiro e cinco décimos por cento), § 9º Os leilões de que trata o inciso I do § 8º deste artigo:
para os Estados das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, além I - serão realizados por meio de sistema eletrônico administra-
do Distrito Federal, ou cujo estoque de precatórios pendentes das do por entidade autorizada pela Comissão de Valores Mobiliários
suas administrações direta e indireta corresponder a até 35% (trinta ou pelo Banco Central do Brasil;
e cinco por cento) do total da receita corrente líquida; II - admitirão a habilitação de precatórios, ou parcela de cada
b) de, no mínimo, 2% (dois por cento), para os Estados das precatório indicada pelo seu detentor, em relação aos quais não
regiões Sul e Sudeste, cujo estoque de precatórios pendentes das esteja pendente, no âmbito do Poder Judiciário, recurso ou impug-
suas administrações direta e indireta corresponder a mais de 35% nação de qualquer natureza, permitida por iniciativa do Poder Exe-
(trinta e cinco por cento) da receita corrente líquida; cutivo a compensação com débitos líquidos e certos, inscritos ou
II - para Municípios: não em dívida ativa e constituídos contra devedor originário pela
a) de, no mínimo, 1% (um por cento), para Municípios das re- Fazenda Pública devedora até a data da expedição do precatório,
giões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, ou cujo estoque de precató- ressalvados aqueles cuja exigibilidade esteja suspensa nos termos
rios pendentes das suas administrações direta e indireta correspon- da legislação, ou que já tenham sido objeto de abatimento nos ter-
der a até 35% (trinta e cinco por cento) da receita corrente líquida; mos do § 9º do art. 100 da Constituição Federal;
b) de, no mínimo, 1,5% (um inteiro e cinco décimos por cento), III - ocorrerão por meio de oferta pública a todos os credores
para Municípios das regiões Sul e Sudeste, cujo estoque de preca- habilitados pelo respectivo ente federativo devedor;
tórios pendentes das suas administrações direta e indireta corres- IV - considerarão automaticamente habilitado o credor que sa-
ponder a mais de 35 % (trinta e cinco por cento) da receita corrente tisfaça o que consta no inciso II;
líquida. V - serão realizados tantas vezes quanto necessário em função
§ 3º Entende-se como receita corrente líquida, para os fins do valor disponível;
de que trata este artigo, o somatório das receitas tributárias, VI - a competição por parcela do valor total ocorrerá a critério
patrimoniais, industriais, agropecuárias, de contribuições e de do credor, com deságio sobre o valor desta;
serviços, transferências correntes e outras receitas correntes, VII - ocorrerão na modalidade deságio, associado ao maior vo-
incluindo as oriundas do § 1º do art. 20 da Constituição Federal, lume ofertado cumulado ou não com o maior percentual de de-
verificado no período compreendido pelo mês de referência e os ságio, pelo maior percentual de deságio, podendo ser fixado valor
11 (onze) meses anteriores, excluídas as duplicidades, e deduzidas: máximo por credor, ou por outro critério a ser definido em edital;
I - nos Estados, as parcelas entregues aos Municípios por deter- VIII - o mecanismo de formação de preço constará nos editais
minação constitucional; publicados para cada leilão;
II - nos Estados, no Distrito Federal e nos Municípios, a contri- IX - a quitação parcial dos precatórios será homologada pelo
buição dos servidores para custeio do seu sistema de previdência e respectivo Tribunal que o expediu.
assistência social e as receitas provenientes da compensação finan- § 10. No caso de não liberação tempestiva dos recursos de que
ceira referida no § 9º do art. 201 da Constituição Federal. tratam o inciso II do § 1º e os §§ 2º e 6º deste artigo:
§ 4º As contas especiais de que tratam os §§ 1º e 2º serão I - haverá o sequestro de quantia nas contas de Estados, Distrito
administradas pelo Tribunal de Justiça local, para pagamento de Federal e Municípios devedores, por ordem do Presidente do Tribu-
precatórios expedidos pelos tribunais. nal referido no § 4º, até o limite do valor não liberado;
§ 5º Os recursos depositados nas contas especiais de que II - constituir-se-á, alternativamente, por ordem do Presidente
tratam os §§ 1º e 2º deste artigo não poderão retornar para do Tribunal requerido, em favor dos credores de precatórios, contra
Estados, Distrito Federal e Municípios devedores. Estados, Distrito Federal e Municípios devedores, direito líquido e
§ 6º Pelo menos 50% (cinquenta por cento) dos recursos de que certo, autoaplicável e independentemente de regulamentação, à
tratam os §§ 1º e 2º deste artigo serão utilizados para pagamento compensação automática com débitos líquidos lançados por esta
de precatórios em ordem cronológica de apresentação, respeitadas contra aqueles, e, havendo saldo em favor do credor, o valor terá
as preferências definidas no § 1º, para os requisitórios do mesmo automaticamente poder liberatório do pagamento de tributos de
ano e no § 2º do art. 100, para requisitórios de todos os anos. Estados, Distrito Federal e Municípios devedores, até onde se com-
pensarem;
§ 7º Nos casos em que não se possa estabelecer a precedência III - o chefe do Poder Executivo responderá na forma da legis-
cronológica entre 2 (dois) precatórios, pagar-se-á primeiramente o lação de responsabilidade fiscal e de improbidade administrativa;
precatório de menor valor. IV - enquanto perdurar a omissão, a entidade devedora:
§ 8º A aplicação dos recursos restantes dependerá de opção a a) não poderá contrair empréstimo externo ou interno;
ser exercida por Estados, Distrito Federal e Municípios devedores, b) ficará impedida de receber transferências voluntárias;
por ato do Poder Executivo, obedecendo à seguinte forma, que V - a União reterá os repasses relativos ao Fundo de Participa-
poderá ser aplicada isoladamente ou simultaneamente: ção dos Estados e do Distrito Federal e ao Fundo de Participação
I - destinados ao pagamento dos precatórios por meio do leilão; dos Municípios, e os depositará nas contas especiais referidas no §
II - destinados a pagamento a vista de precatórios não quitados 1º, devendo sua utilização obedecer ao que prescreve o § 5º, am-
na forma do § 6° e do inciso I, em ordem única e crescente de valor bos deste artigo.
por precatório;

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§ 11. No caso de precatórios relativos a diversos credores, em interestadual será partilhado entre os Estados de origem e de des-
litisconsórcio, admite-se o desmembramento do valor, realizado tino, na seguinte proporção: (Incluído pela Emenda Constitucional
pelo Tribunal de origem do precatório, por credor, e, por este, a nº 87, de 2015)
habilitação do valor total a que tem direito, não se aplicando, neste I - para o ano de 2015: 20% (vinte por cento) para o Estado de
caso, a regra do § 3º do art. 100 da Constituição Federal. destino e 80% (oitenta por cento) para o Estado de origem;
§ 12. Se a lei a que se refere o § 4º do art. 100 não estiver II - para o ano de 2016: 40% (quarenta por cento) para o Estado
publicada em até 180 (cento e oitenta) dias, contados da data de de destino e 60% (sessenta por cento) para o Estado de origem;
publicação desta Emenda Constitucional, será considerado, para os III - para o ano de 2017: 60% (sessenta por cento) para o Estado
fins referidos, em relação a Estados, Distrito Federal e Municípios de destino e 40% (quarenta por cento) para o Estado de origem;
devedores, omissos na regulamentação, o valor de: IV - para o ano de 2018: 80% (oitenta por cento) para o Estado
I - 40 (quarenta) salários mínimos para Estados e para o Distrito de destino e 20% (vinte por cento) para o Estado de origem;
Federal; V - a partir do ano de 2019: 100% (cem por cento) para o Estado
II - 30 (trinta) salários mínimos para Municípios. de destino.
§ 13. Enquanto Estados, Distrito Federal e Municípios Art. 100. Até que entre em vigor a lei complementar de que
devedores estiverem realizando pagamentos de precatórios pelo trata o inciso II do § 1º do art. 40 da Constituição Federal, os Mi-
regime especial, não poderão sofrer sequestro de valores, exceto nistros do Supremo Tribunal Federal, dos Tribunais Superiores e do
no caso de não liberação tempestiva dos recursos de que tratam o Tribunal de Contas da União aposentar-se-ão, compulsoriamente,
inciso II do § 1º e o § 2º deste artigo. aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, nas condições do art. 52 da
§ 14. O regime especial de pagamento de precatório previsto Constituição Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 88,
no inciso I do § 1º vigorará enquanto o valor dos precatórios devidos de 2015)
for superior ao valor dos recursos vinculados, nos termos do § 2º, Art. 101. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios que,
ambos deste artigo, ou pelo prazo fixo de até 15 (quinze) anos, no em 25 de março de 2015, se encontravam em mora no pagamento
caso da opção prevista no inciso II do § 1º. de seus precatórios quitarão, até 31 de dezembro de 2029, seus
§ 15. Os precatórios parcelados na forma do art. 33 ou do art. débitos vencidos e os que vencerão dentro desse período, atualiza-
78 deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias e ainda dos pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo Especial
pendentes de pagamento ingressarão no regime especial com o (IPCA-E), ou por outro índice que venha a substituí-lo, depositando
valor atualizado das parcelas não pagas relativas a cada precatório, mensalmente em conta especial do Tribunal de Justiça local, sob
bem como o saldo dos acordos judiciais e extrajudiciais. única e exclusiva administração deste, 1/12 (um doze avos) do va-
§ 16. A partir da promulgação desta Emenda Constitucional, a lor calculado percentualmente sobre suas receitas correntes líqui-
atualização de valores de requisitórios, até o efetivo pagamento, das apuradas no segundo mês anterior ao mês de pagamento, em
independentemente de sua natureza, será feita pelo índice oficial percentual suficiente para a quitação de seus débitos e, ainda que
de remuneração básica da caderneta de poupança, e, para fins variável, nunca inferior, em cada exercício, ao percentual pratica-
de compensação da mora, incidirão juros simples no mesmo do na data da entrada em vigor do regime especial a que se refere
percentual de juros incidentes sobre a caderneta de poupança, este artigo, em conformidade com plano de pagamento a ser anual-
ficando excluída a incidência de juros compensatórios. mente apresentado ao Tribunal de Justiça local. (Redação dada pela
§ 17. O valor que exceder o limite previsto no § 2º do art. 100 Emenda Constitucional nº 109, de 2021)
da Constituição Federal será pago, durante a vigência do regime § 1º Entende-se como receita corrente líquida, para os fins
especial, na forma prevista nos §§ 6º e 7º ou nos incisos I, II e III do § de que trata este artigo, o somatório das receitas tributárias,
8° deste artigo, devendo os valores dispendidos para o atendimento patrimoniais, industriais, agropecuárias, de contribuições e de
do disposto no § 2º do art. 100 da Constituição Federal serem serviços, de transferências correntes e outras receitas correntes,
computados para efeito do § 6º deste artigo. incluindo as oriundas do § 1º do art. 20 da Constituição Federal,
§ 18. Durante a vigência do regime especial a que se refere verificado no período compreendido pelo segundo mês
este artigo, gozarão também da preferência a que se refere o § 6º imediatamente anterior ao de referência e os 11 (onze) meses
os titulares originais de precatórios que tenham completado 60 precedentes, excluídas as duplicidades, e deduzidas: (Incluído pela
(sessenta) anos de idade até a data da promulgação desta Emenda Emenda Constitucional nº 94, de 2016)
Constitucional. I - nos Estados, as parcelas entregues aos Municípios por de-
Art. 98. O número de defensores públicos na unidade jurisdi- terminação constitucional; (Incluído pela Emenda Constitucional nº
cional será proporcional à efetiva demanda pelo serviço da Defen- 94, de 2016)
soria Pública e à respectiva população. II - nos Estados, no Distrito Federal e nos Municípios, a contri-
§ 1º No prazo de 8 (oito) anos, a União, os Estados e o Distrito buição dos servidores para custeio de seu sistema de previdência e
Federal deverão contar com defensores públicos em todas as assistência social e as receitas provenientes da compensação finan-
unidades jurisdicionais, observado o disposto no caput deste artigo. ceira referida no § 9º do art. 201 da Constituição Federal. (Incluído
§ 2º Durante o decurso do prazo previsto no § 1º deste artigo, pela Emenda Constitucional nº 94, de 2016)
a lotação dos defensores públicos ocorrerá, prioritariamente, § 2º O débito de precatórios será pago com recursos
atendendo as regiões com maiores índices de exclusão social e orçamentários próprios provenientes das fontes de receita corrente
adensamento populacional. líquida referidas no § 1º deste artigo e, adicionalmente, poderão
Art. 99. Para efeito do disposto no inciso VII do § 2º do art. 155, ser utilizados recursos dos seguintes instrumentos: (Redação dada
no caso de operações e prestações que destinem bens e serviços pela Emenda constitucional nº 99, de 2017)
a consumidor final não contribuinte localizado em outro Estado, o I - até 75% (setenta e cinco por cento) dos depósitos judiciais
imposto correspondente à diferença entre a alíquota interna e a e dos depósitos administrativos em dinheiro referentes a proces-
sos judiciais ou administrativos, tributários ou não tributários, nos
quais sejam parte os Estados, o Distrito Federal ou os Municípios,
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e as respectivas autarquias, fundações e empresas estatais depen- IV - (revogado). (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
dentes, mediante a instituição de fundo garantidor em montante 109, de 2021)
equivalente a 1/3 (um terço) dos recursos levantados, constituído § 5º Os empréstimos de que trata o inciso III do § 2º deste
pela parcela restante dos depósitos judiciais e remunerado pela artigo poderão ser destinados, por meio de ato do Poder Executivo,
taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia exclusivamente ao pagamento de precatórios por acordo direto
(Selic) para títulos federais, nunca inferior aos índices e critérios com os credores, na forma do disposto no inciso III do § 8º do art.
aplicados aos depósitos levantados; (Redação dada pela Emenda 97 deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. (Incluído
constitucional nº 99, de 2017) pela Emenda Constitucional nº 113, de 2021)
II - até 30% (trinta por cento) dos demais depósitos judiciais da Art. 102. Enquanto viger o regime especial previsto nesta
localidade sob jurisdição do respectivo Tribunal de Justiça, median- Emenda Constitucional, pelo menos 50% (cinquenta por cento)
te a instituição de fundo garantidor em montante equivalente aos dos recursos que, nos termos do art. 101 deste Ato das Disposi-
recursos levantados, constituído pela parcela restante dos depósi- ções Constitucionais Transitórias, forem destinados ao pagamento
tos judiciais e remunerado pela taxa referencial do Sistema Espe- dos precatórios em mora serão utilizados no pagamento segundo
cial de Liquidação e de Custódia (Selic) para títulos federais, nunca a ordem cronológica de apresentação, respeitadas as preferências
inferior aos índices e critérios aplicados aos depósitos levantados, dos créditos alimentares, e, nessas, as relativas à idade, ao estado
destinando-se: (Redação dada pela Emenda constitucional nº 99, de saúde e à deficiência, nos termos do § 2º do art. 100 da Cons-
de 2017) tituição Federal, sobre todos os demais créditos de todos os anos.
a) no caso do Distrito Federal, 100% (cem por cento) desses (Incluído pela Emenda Constitucional nº 94, de 2016)
recursos ao próprio Distrito Federal; (Incluído pela Emenda Consti- § 1º A aplicação dos recursos remanescentes, por opção a
tucional nº 94, de 2016) ser exercida por Estados, Distrito Federal e Municípios, por ato do
b) no caso dos Estados, 50% (cinquenta por cento) desses re- respectivo Poder Executivo, observada a ordem de preferência dos
cursos ao próprio Estado e 50% (cinquenta por cento) aos respec- credores, poderá ser destinada ao pagamento mediante acordos
tivos Municípios, conforme a circunscrição judiciária onde estão diretos, perante Juízos Auxiliares de Conciliação de Precatórios, com
depositados os recursos, e, se houver mais de um Município na redução máxima de 40% (quarenta por cento) do valor do crédito
mesma circunscrição judiciária, os recursos serão rateados entre os atualizado, desde que em relação ao crédito não penda recurso
Municípios concorrentes, proporcionalmente às respectivas popu- ou defesa judicial e que sejam observados os requisitos definidos
lações, utilizado como referência o último levantamento censitário na regulamentação editada pelo ente federado. (Numerado do
ou a mais recente estimativa populacional da Fundação Instituto parágrafo único pela Emenda constitucional nº 99, de 2017)
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); (Redação dada pela § 2º Na vigência do regime especial previsto no art. 101 deste
Emenda constitucional nº 99, de 2017) Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, as preferências
III - empréstimos, excetuados para esse fim os limites de endi- relativas à idade, ao estado de saúde e à deficiência serão atendidas
vidamento de que tratam os incisos VI e VII do caput do art. 52 da até o valor equivalente ao quíntuplo fixado em lei para os fins do
Constituição Federal e quaisquer outros limites de endividamento disposto no § 3º do art. 100 da Constituição Federal, admitido o
previstos em lei, não se aplicando a esses empréstimos a vedação fracionamento para essa finalidade, e o restante será pago em
de vinculação de receita prevista no inciso IV do caput do art. 167 ordem cronológica de apresentação do precatório. (Incluído pela
da Constituição Federal; (Redação dada pela Emenda constitucio- Emenda constitucional nº 99, de 2017)
nal nº 99, de 2017) Art. 103. Enquanto os Estados, o Distrito Federal e os Muni-
IV - a totalidade dos depósitos em precatórios e requisições cípios estiverem efetuando o pagamento da parcela mensal devi-
diretas de pagamento de obrigações de pequeno valor efetuados da como previsto no caput do art. 101 deste Ato das Disposições
até 31 de dezembro de 2009 e ainda não levantados, com o cance- Constitucionais Transitórias, nem eles, nem as respectivas autar-
lamento dos respectivos requisitórios e a baixa das obrigações, as- quias, fundações e empresas estatais dependentes poderão sofrer
segurada a revalidação dos requisitórios pelos juízos dos processos sequestro de valores, exceto no caso de não liberação tempestiva
perante os Tribunais, a requerimento dos credores e após a oitiva dos recursos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 94, de 2016)
da entidade devedora, mantidas a posição de ordem cronológica Parágrafo único. Na vigência do regime especial previsto no art.
original e a remuneração de todo o período. (Incluído pela Emenda 101 deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, ficam
constitucional nº 99, de 2017) vedadas desapropriações pelos Estados, pelo Distrito Federal e pe-
§ 3º Os recursos adicionais previstos nos incisos I, II e IV do los Municípios, cujos estoques de precatórios ainda pendentes de
§ 2º deste artigo serão transferidos diretamente pela instituição pagamento, incluídos os precatórios a pagar de suas entidades da
financeira depositária para a conta especial referida no caput deste administração indireta, sejam superiores a 70% (setenta por cento)
artigo, sob única e exclusiva administração do Tribunal de Justiça das respectivas receitas correntes líquidas, excetuadas as desapro-
local, e essa transferência deverá ser realizada em até sessenta dias priações para fins de necessidade pública nas áreas de saúde, edu-
contados a partir da entrada em vigor deste parágrafo, sob pena de cação, segurança pública, transporte público, saneamento básico e
responsabilização pessoal do dirigente da instituição financeira por habitação de interesse social. (Incluído pela Emenda constitucional
improbidade. (Incluído pela Emenda constitucional nº 99, de 2017) nº 99, de 2017)
§ 4º (Revogado). (Redação dada pela Emenda Constitucional Art. 104. Se os recursos referidos no art. 101 deste Ato das Dis-
nº 109, de 2021) posições Constitucionais Transitórias para o pagamento de precató-
I - (revogado); (Redação dada pela Emenda Constitucional nº rios não forem tempestivamente liberados, no todo ou em parte:
109, de 2021) (Incluído pela Emenda Constitucional nº 94, de 2016)
II - (revogado); (Redação dada pela Emenda Constitucional nº I - o Presidente do Tribunal de Justiça local determinará o se-
109, de 2021) questro, até o limite do valor não liberado, das contas do ente fe-
III - (revogado); (Redação dada pela Emenda Constitucional nº derado inadimplente; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 94,
109, de 2021) de 2016)
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II - o chefe do Poder Executivo do ente federado inadimplente V - da Defensoria Pública da União. (Incluído pela Emenda
responderá, na forma da legislação de responsabilidade fiscal e de Constitucional nº 95, de 2016)
improbidade administrativa; (Incluído pela Emenda Constitucional § 1º Cada um dos limites a que se refere o caput deste artigo
nº 94, de 2016) equivalerá: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 95, de 2016)
III - a União reterá os recursos referentes aos repasses ao Fun- I - para o exercício de 2017, à despesa primária paga no exercí-
do de Participação dos Estados e do Distrito Federal e ao Fundo cio de 2016, incluídos os restos a pagar pagos e demais operações
de Participação dos Municípios e os depositará na conta especial que afetam o resultado primário, corrigida em 7,2% (sete inteiros e
referida no art. 101 deste Ato das Disposições Constitucionais Tran- dois décimos por cento);
sitórias, para utilização como nele previsto; (Incluído pela Emenda II - para os exercícios posteriores, ao valor do limite referen-
Constitucional nº 94, de 2016) te ao exercício imediatamente anterior, corrigido pela variação do
IV - os Estados reterão os repasses previstos no parágrafo úni- Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), publicado
co do art. 158 da Constituição Federal e os depositarão na conta pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, ou de
especial referida no art. 101 deste Ato das Disposições Constitucio- outro índice que vier a substituí-lo, apurado no exercício anterior a
nais Transitórias, para utilização como nele previsto. (Incluído pela que se refere a lei orçamentária. (Redação dada pela Emenda Cons-
Emenda Constitucional nº 94, de 2016) titucional nº 113, de 2021)
Parágrafo único. Enquanto perdurar a omissão, o ente federado § 2º Os limites estabelecidos na forma do inciso IV do caput
não poderá contrair empréstimo externo ou interno, exceto para os do art. 51, do inciso XIII do caput do art. 52, do § 1º do art. 99, do
fins previstos no § 2º do art. 101 deste Ato das Disposições Consti- § 3º do art. 127 e do § 3º do art. 134 da Constituição Federal não
tucionais Transitórias, e ficará impedido de receber transferências poderão ser superiores aos estabelecidos nos termos deste artigo.
voluntárias. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 94, de 2016) (Incluído pela Emenda Constitucional nº 95, de 2016)
Art. 105. Enquanto viger o regime de pagamento de precató- § 3º A mensagem que encaminhar o projeto de lei orçamentária
rios previsto no art. 101 deste Ato das Disposições Constitucionais demonstrará os valores máximos de programação compatíveis
Transitórias, é facultada aos credores de precatórios, próprios ou de com os limites individualizados calculados na forma do § 1º deste
terceiros, a compensação com débitos de natureza tributária ou de artigo, observados os §§ 7º a 9º deste artigo. (Incluído pela Emenda
outra natureza que até 25 de março de 2015 tenham sido inscritos Constitucional nº 95, de 2016)
na dívida ativa dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, § 4º As despesas primárias autorizadas na lei orçamentária
observados os requisitos definidos em lei própria do ente federado. anual sujeitas aos limites de que trata este artigo não poderão
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 94, de 2016) exceder os valores máximos demonstrados nos termos do § 3º
§ 1º Não se aplica às compensações referidas no caput deste deste artigo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 95, de 2016)
artigo qualquer tipo de vinculação, como as transferências a outros § 5º É vedada a abertura de crédito suplementar ou especial
entes e as destinadas à educação, à saúde e a outras finalidades. que amplie o montante total autorizado de despesa primária
(Numerado do parágrafo único pela Emenda constitucional nº 99, sujeita aos limites de que trata este artigo. (Incluído pela Emenda
de 2017) Constitucional nº 95, de 2016)
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios § 6º Não se incluem na base de cálculo e nos limites
regulamentarão nas respectivas leis o disposto no caput deste estabelecidos neste artigo: (Incluído pela Emenda Constitucional nº
artigo em até cento e vinte dias a partir de 1º de janeiro de 2018. 95, de 2016)
(Incluído pela Emenda constitucional nº 99, de 2017) I - transferências constitucionais estabelecidas no § 1º do art.
§ 3º Decorrido o prazo estabelecido no § 2º deste artigo sem 20, no inciso III do parágrafo único do art. 146, no § 5º do art. 153,
a regulamentação nele prevista, ficam os credores de precatórios no art. 157, nos incisos I e II do art. 158, no art. 159 e no § 6º do
autorizados a exercer a faculdade a que se refere o caput deste art. 212, as despesas referentes ao inciso XIV do caput do art. 21,
artigo. (Incluído pela Emenda constitucional nº 99, de 2017) todos da Constituição Federal, e as complementações de que tra-
Art. 106. Fica instituído o Novo Regime Fiscal no âmbito dos tam os incisos V e VII do caput do art. 60, deste Ato das Disposições
Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social da União, que vigorará Constitucionais Transitórias; (Incluído pela Emenda Constitucional
por vinte exercícios financeiros, nos termos dos arts. 107 a 114 des- nº 95, de 2016)
te Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. (Incluído pela II - créditos extraordinários a que se refere o § 3º do art. 167
Emenda Constitucional nº 95, de 2016) da Constituição Federal; (Incluído pela Emenda Constitucional nº
Art. 107. Ficam estabelecidos, para cada exercício, limites in- 95, de 2016)
dividualizados para as despesas primárias: (Incluído pela Emenda III - despesas não recorrentes da Justiça Eleitoral com a realização
Constitucional nº 95, de 2016) de eleições; e (Incluído pela Emenda Constitucional nº 95, de 2016)
I - do Poder Executivo; (Incluído pela Emenda Constitucional nº IV - despesas com aumento de capital de empresas estatais não
95, de 2016) dependentes. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 95, de 2016)
II - do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Jus- V - transferências a Estados, Distrito Federal e Municípios de
tiça, do Conselho Nacional de Justiça, da Justiça do Trabalho, da parte dos valores arrecadados com os leilões dos volumes exceden-
Justiça Federal, da Justiça Militar da União, da Justiça Eleitoral e da tes ao limite a que se refere o § 2º do art. 1º da Lei nº 12.276, de 30
Justiça do Distrito Federal e Territórios, no âmbito do Poder Judiciá- de junho de 2010, e a despesa decorrente da revisão do contrato
rio; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 95, de 2016) de cessão onerosa de que trata a mesma Lei. (Incluído pela Emenda
III - do Senado Federal, da Câmara dos Deputados e do Tribunal Constitucional nº 102, de 2019)
de Contas da União, no âmbito do Poder Legislativo; (Incluído pela § 7º Nos três primeiros exercícios financeiros da vigência do
Emenda Constitucional nº 95, de 2016) Novo Regime Fiscal, o Poder Executivo poderá compensar com
IV - do Ministério Público da União e do Conselho Nacional do redução equivalente na sua despesa primária, consoante os valores
Ministério Público; e (Incluído pela Emenda Constitucional nº 95, estabelecidos no projeto de lei orçamentária encaminhado pelo
de 2016) Poder Executivo no respectivo exercício, o excesso de despesas
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primárias em relação aos limites de que tratam os incisos II a V do II - no exercício de 2023, pela diferença entre o total de preca-
caput deste artigo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 95, de tórios expedidos entre 2 de julho de 2021 e 2 de abril de 2022 e o
2016) limite de que trata o caput deste artigo válido para o exercício de
§ 8º A compensação de que trata o § 7º deste artigo não 2023; e (Incluído pela Emenda Constitucional nº 114, de 2021)
excederá a 0,25% (vinte e cinco centésimos por cento) do limite III - nos exercícios de 2024 a 2026, pela diferença entre o total
do Poder Executivo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 95, de de precatórios expedidos entre 3 de abril de dois anos anteriores e
2016) 2 de abril do ano anterior ao exercício e o limite de que trata o caput
§ 9º Respeitado o somatório em cada um dos incisos de II a IV do deste artigo válido para o mesmo exercício. (Incluído pela Emenda
caput deste artigo, a lei de diretrizes orçamentárias poderá dispor Constitucional nº 114, de 2021)
sobre a compensação entre os limites individualizados dos órgãos § 1º O limite para o pagamento de precatórios corresponderá,
elencados em cada inciso. (Incluído pela Emenda Constitucional nº em cada exercício, ao limite previsto no caput deste artigo, reduzido
95, de 2016) da projeção para a despesa com o pagamento de requisições de
§ 10. Para fins de verificação do cumprimento dos limites de pequeno valor para o mesmo exercício, que terão prioridade no
que trata este artigo, serão consideradas as despesas primárias pagamento. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 114, de 2021)
pagas, incluídos os restos a pagar pagos e demais operações que § 2º Os precatórios que não forem pagos em razão do previsto
afetam o resultado primário no exercício. (Incluído pela Emenda neste artigo terão prioridade para pagamento em exercícios
Constitucional nº 95, de 2016) seguintes, observada a ordem cronológica e o disposto no § 8º des-
§ 11. O pagamento de restos a pagar inscritos até 31 te artigo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 114, de 2021)
de dezembro de 2015 poderá ser excluído da verificação do § 3º É facultado ao credor de precatório que não tenha sido
cumprimento dos limites de que trata este artigo, até o excesso de pago em razão do disposto neste artigo, além das hipóteses
resultado primário dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social do previstas no § 11 do art. 100 da Constituição Federal e sem prejuízo
exercício em relação à meta fixada na lei de diretrizes orçamentá- dos procedimentos previstos nos §§ 9º e 21 do referido artigo,
rias. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 95, de 2016) optar pelo recebimento, mediante acordos diretos perante Juízos
§ 12. Para fins da elaboração do projeto de lei orçamentária Auxiliares de Conciliação de Pagamento de Condenações Judiciais
anual, o Poder Executivo considerará o valor realizado até junho contra a Fazenda Pública Federal, em parcela única, até o final do
do índice previsto no inciso II do § 1º deste artigo, relativo ao ano exercício seguinte, com renúncia de 40% (quarenta por cento) do
de encaminhamento do projeto, e o valor estimado até dezembro valor desse crédito. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 114,
desse mesmo ano. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 113, de de 2021)
2021) § 4º O Conselho Nacional de Justiça regulamentará a atuação
§ 13. A estimativa do índice a que se refere o § 12 deste dos Presidentes dos Tribunais competentes para o cumprimento
artigo, juntamente com os demais parâmetros macroeconômicos, deste artigo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 114, de 2021)
serão elaborados mensalmente pelo Poder Executivo e enviados § 5º Não se incluem no limite estabelecido neste artigo as
à comissão mista de que trata o § 1º do art. 166 da Constituição despesas para fins de cumprimento do disposto nos §§ 11, 20 e
Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 113, de 2021) 21 do art. 100 da Constituição Federal e no § 3º deste artigo, bem
§ 14. O resultado da diferença aferida entre as projeções como a atualização monetária dos precatórios inscritos no exercí-
referidas nos §§ 12 e 13 deste artigo e a efetiva apuração do índice cio. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 114, de 2021)
previsto no inciso II do § 1º deste artigo será calculado pelo Poder § 6º Não se incluem nos limites estabelecidos no art. 107 deste
Executivo, para fins de definição da base de cálculo dos respectivos Ato das Disposições Constitucionais Transitórias o previsto nos §§
limites do exercício seguinte, a qual será comunicada aos demais 11, 20 e 21 do art. 100 da Constituição Federal e no § 3º deste arti-
Poderes por ocasião da elaboração do projeto de lei orçamentária. go. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 114, de 2021)
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 113, de 2021) § 7º Na situação prevista no § 3º deste artigo, para os
Art. 107-A. Até o fim de 2026, fica estabelecido, para cada exer- precatórios não incluídos na proposta orçamentária de 2022, os
cício financeiro, limite para alocação na proposta orçamentária das valores necessários à sua quitação serão providenciados pela
despesas com pagamentos em virtude de sentença judiciária de abertura de créditos adicionais durante o exercício de 2022. (Incluí-
que trata o art. 100 da Constituição Federal, equivalente ao valor do pela Emenda Constitucional nº 114, de 2021)
da despesa paga no exercício de 2016, incluídos os restos a pagar § 8º Os pagamentos em virtude de sentença judiciária de que
pagos, corrigido na forma do § 1º do art. 107 deste Ato das Disposi- trata o art. 100 da Constituição Federal serão realizados na seguinte
ções Constitucionais Transitórias, devendo o espaço fiscal decorren- ordem: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 114, de 2021)
te da diferença entre o valor dos precatórios expedidos e o respec- I - obrigações definidas em lei como de pequeno valor, previs-
tivo limite ser destinado ao programa previsto no parágrafo único tas no § 3º do art. 100 da Constituição Federal; (Incluído pela Emen-
do art. 6º e à seguridade social, nos termos do art. 194, ambos da da Constitucional nº 114, de 2021)
Constituição Federal, a ser calculado da seguinte forma: (Incluído II - precatórios de natureza alimentícia cujos titulares, originá-
pela Emenda Constitucional nº 114, de 2021) rios ou por sucessão hereditária, tenham no mínimo 60 (sessenta)
I - no exercício de 2022, o espaço fiscal decorrente da diferença anos de idade, ou sejam portadores de doença grave ou pessoas
entre o valor dos precatórios expedidos e o limite estabelecido no com deficiência, assim definidos na forma da lei, até o valor equi-
caput deste artigo deverá ser destinado ao programa previsto no valente ao triplo do montante fixado em lei como obrigação de pe-
parágrafo único do art. 6º e à seguridade social, nos termos do art. queno valor; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 114, de 2021)
194, ambos da Constituição Federal; (Incluído pela Emenda Consti- III - demais precatórios de natureza alimentícia até o valor equi-
tucional nº 114, de 2021) valente ao triplo do montante fixado em lei como obrigação de pe-
queno valor; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 114, de 2021)
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 114, de 2021)

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IV - demais precatórios de natureza alimentícia além do valor rivado de sentença judicial transitada em julgado ou de determina-
previsto no inciso III deste parágrafo; (Incluído pela Emenda Consti- ção legal anterior ao início da aplicação das medidas de que trata
tucional nº 114, de 2021) este artigo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)
V - demais precatórios. (Incluído pela Emenda Constitucional § 1º As vedações previstas nos incisos I, III e VI do caput deste
nº 114, de 2021) artigo, quando acionadas as vedações para qualquer dos órgãos
Art. 108. (Revogado pela Emenda Constitucional nº 113, de elencados nos incisos II, III e IV do caput do art. 107 deste Ato das
2021) Disposições Constitucionais Transitórias, aplicam-se ao conjunto
Art. 109. Se verificado, na aprovação da lei orçamentária, que, dos órgãos referidos em cada inciso. (Redação dada pela Emenda
no âmbito das despesas sujeitas aos limites do art. 107 deste Ato Constitucional nº 109, de 2021)
das Disposições Constitucionais Transitórias, a proporção da des- § 2º Caso as vedações de que trata o caput deste artigo sejam
pesa obrigatória primária em relação à despesa primária total foi acionadas para o Poder Executivo, ficam vedadas: (Redação dada
superior a 95% (noventa e cinco por cento), aplicam-se ao respecti- pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)
vo Poder ou órgão, até o final do exercício a que se refere a lei orça- I - a criação ou expansão de programas e linhas de financia-
mentária, sem prejuízo de outras medidas, as seguintes vedações: mento, bem como a remissão, renegociação ou refinanciamento
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021) de dívidas que impliquem ampliação das despesas com subsídios e
I - concessão, a qualquer título, de vantagem, aumento, rea- subvenções; e (Incluído pela Emenda Constitucional nº 95, de 2016)
juste ou adequação de remuneração de membros de Poder ou de II - a concessão ou a ampliação de incentivo ou benefício de
órgão, de servidores e empregados públicos e de militares, exce- natureza tributária. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 95, de
to dos derivados de sentença judicial transitada em julgado ou de 2016)
determinação legal anterior ao início da aplicação das medidas de § 3º Caso as vedações de que trata o caput deste artigo sejam
que trata este artigo; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº acionadas, fica vedada a concessão da revisão geral prevista no
109, de 2021) inciso X do caput do art. 37 da Constituição Federal. (Redação dada
II - criação de cargo, emprego ou função que implique aumento pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)
de despesa; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 95, de 2016) § 4º As disposições deste artigo: (Redação dada pela Emenda
III - alteração de estrutura de carreira que implique aumento Constitucional nº 109, de 2021)
de despesa; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 95, de 2016) I - não constituem obrigação de pagamento futuro pela União
IV - admissão ou contratação de pessoal, a qualquer título, ou direitos de outrem sobre o erário; (Incluído pela Emenda Consti-
ressalvadas: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 109, de tucional nº 109, de 2021)
2021) II - não revogam, dispensam ou suspendem o cumprimento de
a) as reposições de cargos de chefia e de direção que não acar- dispositivos constitucionais e legais que disponham sobre metas
retem aumento de despesa; (Incluído pela Emenda Constitucional fiscais ou limites máximos de despesas; e (Incluído pela Emenda
nº 109, de 2021) Constitucional nº 109, de 2021)
b) as reposições decorrentes de vacâncias de cargos efetivos III - aplicam-se também a proposições legislativas. (Incluído
ou vitalícios; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021) pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)
c) as contratações temporárias de que trata o inciso IX do caput § 5º O disposto nos incisos II, IV, VII e VIII do caput e no § 2º
do art. 37 da Constituição Federal; e (Incluído pela Emenda Consti- deste artigo não se aplica a medidas de combate a calamidade
tucional nº 109, de 2021) pública nacional cuja vigência e efeitos não ultrapassem a sua dura-
d) as reposições de temporários para prestação de serviço mi- ção. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)
litar e de alunos de órgãos de formação de militares; (Incluído pela Art. 110. Na vigência do Novo Regime Fiscal, as aplicações mí-
Emenda Constitucional nº 109, de 2021) nimas em ações e serviços públicos de saúde e em manutenção
V - realização de concurso público, exceto para as reposições de e desenvolvimento do ensino equivalerão: (Incluído pela Emenda
vacâncias previstas no inciso IV; (Incluído pela Emenda Constitucio- Constitucional nº 95, de 2016)
nal nº 95, de 2016) I - no exercício de 2017, às aplicações mínimas calculadas nos
VI - criação ou majoração de auxílios, vantagens, bônus, abo- termos do inciso I do § 2º do art. 198 e do caput do art. 212, da
nos, verbas de representação ou benefícios de qualquer natureza, Constituição Federal; e (Incluído pela Emenda Constitucional nº 95,
inclusive os de cunho indenizatório, em favor de membros de Po- de 2016)
der, do Ministério Público ou da Defensoria Pública, de servidores e II - nos exercícios posteriores, aos valores calculados para as
empregados públicos e de militares, ou ainda de seus dependentes, aplicações mínimas do exercício imediatamente anterior, corrigidos
exceto quando derivados de sentença judicial transitada em julgado na forma estabelecida pelo inciso II do § 1º do art. 107 deste Ato
ou de determinação legal anterior ao início da aplicação das medi- das Disposições Constitucionais Transitórias. (Incluído pela Emenda
das de que trata este artigo; (Redação dada pela Emenda Constitu- Constitucional nº 95, de 2016)
cional nº 109, de 2021) Art. 111. A partir do exercício financeiro de 2018, até o último
VII - criação de despesa obrigatória; e (Incluído pela Emenda exercício de vigência do Novo Regime Fiscal, a aprovação e a exe-
Constitucional nº 95, de 2016) cução previstas nos §§ 9º e 11 do art. 166 da Constituição Federal
VIII - adoção de medida que implique reajuste de despesa obri- corresponderão ao montante de execução obrigatória para o exer-
gatória acima da variação da inflação, observada a preservação do cício de 2017, corrigido na forma estabelecida pelo inciso II do § 1º
poder aquisitivo referida no inciso IV do caput do art. 7º da Cons- do art. 107 deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.
tituição Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 95, de (Incluído pela Emenda Constitucional nº 95, de 2016)
2016) Art. 112. As disposições introduzidas pelo Novo Regime Fiscal:
IX - aumento do valor de benefícios de cunho indenizatório (Incluído pela Emenda Constitucional nº 95, de 2016)
destinados a qualquer membro de Poder, servidor ou empregado
da administração pública e a seus dependentes, exceto quando de-
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DIREITO CONSTITUCIONAL
I - não constituirão obrigação de pagamento futuro pela União dos anteriormente, no prazo máximo de 240 (duzentos e quarenta)
ou direitos de outrem sobre o erário; e (Incluído pela Emenda Cons- prestações mensais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 113,
titucional nº 95, de 2016) de 2021)
II - não revogam, dispensam ou suspendem o cumprimento de § 1º Os Municípios que possuam regime próprio de
dispositivos constitucionais e legais que disponham sobre metas fis- previdência social deverão comprovar, para fins de formalização
cais ou limites máximos de despesas. (Incluído pela Emenda Consti- do parcelamento com o Regime Geral de Previdência Social, de que
tucional nº 95, de 2016) trata este artigo, terem atendido as condições estabelecidas nos
Art. 113. A proposição legislativa que crie ou altere despesa incisos I, II, III e IV do caput do art. 115 deste Ato das Disposições
obrigatória ou renúncia de receita deverá ser acompanhada da es- Constitucionais Transitórias. (Incluído pela Emenda Constitucional
timativa do seu impacto orçamentário e financeiro. (Incluído pela nº 113, de 2021)
Emenda Constitucional nº 95, de 2016) § 2º Os débitos parcelados terão redução de 40% (quarenta por
Art. 114. A tramitação de proposição elencada no caput do cento) das multas de mora, de ofício e isoladas, de 80% (oitenta por
art. 59 da Constituição Federal, ressalvada a referida no seu inci- cento) dos juros de mora, de 40% (quarenta por cento) dos encargos
so V, quando acarretar aumento de despesa ou renúncia de recei- legais e de 25% (vinte e cinco por cento) dos honorários advocatí-
ta, será suspensa por até vinte dias, a requerimento de um quinto cios. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 113, de 2021)
dos membros da Casa, nos termos regimentais, para análise de sua § 3º O valor de cada parcela será acrescido de juros
compatibilidade com o Novo Regime Fiscal. (Incluído pela Emenda equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação
Constitucional nº 95, de 2016) e de Custódia (Selic), acumulada mensalmente, calculados a partir
Art. 115. Fica excepcionalmente autorizado o parcelamento das do mês subsequente ao da consolidação até o mês anterior ao do
contribuições previdenciárias e dos demais débitos dos Municípios, pagamento. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 113, de 2021)
incluídas suas autarquias e fundações, com os respectivos regimes § 4º Não constituem débitos dos Municípios aqueles
próprios de previdência social, com vencimento até 31 de outubro considerados prescritos ou atingidos pela decadência. (Incluído pela
de 2021, inclusive os parcelados anteriormente, no prazo máximo Emenda Constitucional nº 113, de 2021)
de 240 (duzentos e quarenta) prestações mensais, mediante auto- § 5º A Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil e a
rização em lei municipal específica, desde que comprovem ter al- Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, no âmbito de suas
terado a legislação do regime próprio de previdência social para competências, deverão fixar os critérios para o parcelamento
atendimento das seguintes condições, cumulativamente: (Incluído previsto neste artigo, bem como disponibilizar as informações
pela Emenda Constitucional nº 113, de 2021) aos Municípios sobre o montante das dívidas, as formas de
I - adoção de regras de elegibilidade, de cálculo e de reajusta- parcelamento, os juros e os encargos incidentes, de modo a
mento dos benefícios que contemplem, nos termos previstos nos in- possibilitar o acompanhamento da evolução desses débitos. (Incluí-
cisos I e III do § 1º e nos §§ 3º a 5º, 7º e 8º do art. 40 da Constituição do pela Emenda Constitucional nº 113, de 2021)
Federal, regras assemelhadas às aplicáveis aos servidores públicos Art. 117. A formalização dos parcelamentos de que tratam os
do regime próprio de previdência social da União e que contribuam arts. 115 e 116 deste Ato das Disposições Constitucionais Transitó-
efetivamente para o atingimento e a manutenção do equilíbrio fi- rias deverá ocorrer até 30 de junho de 2022 e ficará condicionada à
nanceiro e atuarial; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 113, autorização de vinculação do Fundo de Participação dos Municípios
de 2021) para fins de pagamento das prestações acordadas nos termos de
II - adequação do rol de benefícios ao disposto nos §§ 2º e 3º parcelamento, observada a seguinte ordem de preferência: (Incluí-
do art. 9º da Emenda Constitucional nº 103, de 12 de novembro de do pela Emenda Constitucional nº 113, de 2021)
2019; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 113, de 2021) I - a prestação de garantia ou de contra garantia à União ou os
III - adequação da alíquota de contribuição devida pelos servi- pagamentos de débitos em favor da União, na forma do § 4º do art.
dores, nos termos do § 4º do art. 9º da Emenda Constitucional nº 167 da Constituição Federal; (Incluído pela Emenda Constitucional
103, de 12 de novembro de 2019; e (Incluído pela Emenda Constitu- nº 113, de 2021)
cional nº 113, de 2021) II - as contribuições parceladas devidas ao Regime Geral de
IV - instituição do regime de previdência complementar e ade- Previdência Social; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 113, de
quação do órgão ou entidade gestora do regime próprio de previ- 2021)
dência social, nos termos do § 6º do art. 9º da Emenda Constitu- III - as contribuições parceladas devidas ao respectivo regime
cional nº 103, de 12 de novembro de 2019. (Incluído pela Emenda próprio de previdência social. (Incluído pela Emenda Constitucional
Constitucional nº 113, de 2021) nº 113, de 2021)
Parágrafo único. Ato do Ministério do Trabalho e Previdência, Art. 118. Os limites, as condições, as normas de acesso e os de-
no âmbito de suas competências, definirá os critérios para o par- mais requisitos para o atendimento do disposto no parágrafo único
celamento previsto neste artigo, inclusive quanto ao cumprimento do art. 6º e no inciso VI do caput do art. 203 da Constituição Federal
do disposto nos incisos I, II, III e IV do caput deste artigo, bem como serão determinados, na forma da lei e respectivo regulamento, até
disponibilizará as informações aos Municípios sobre o montante das 31 de dezembro de 2022, dispensada, exclusivamente no exercício
dívidas, as formas de parcelamento, os juros e os encargos inciden- de 2022, a observância das limitações legais quanto à criação, à ex-
tes, de modo a possibilitar o acompanhamento da evolução desses pansão ou ao aperfeiçoamento de ação governamental que acarre-
débitos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 113, de 2021) te aumento de despesa no referido exercício. (Incluído pela Emenda
Art. 116. Fica excepcionalmente autorizado o parcelamento Constitucional nº 114, de 2021)
dos débitos decorrentes de contribuições previdenciárias dos Muni- Art. 119. Em decorrência do estado de calamidade pública pro-
cípios, incluídas suas autarquias e fundações, com o Regime Geral vocado pela pandemia da Covid-19, os Estados, o Distrito Federal,
de Previdência Social, com vencimento até 31 de outubro de 2021, os Municípios e os agentes públicos desses entes federados não po-
ainda que em fase de execução fiscal ajuizada, inclusive os decor- derão ser responsabilizados administrativa, civil ou criminalmente
rentes do descumprimento de obrigações acessórias e os parcela-
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pelo descumprimento, exclusivamente nos exercícios financeiros de 3. FGV - 2022 - PC-AM - Delegado de Polícia - Edital nº 01
2020 e 2021, do disposto no caput do art. 212 da Constituição Fede- Em um período no qual a região norte do País estava sendo
ral. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 119, de 2022) atingida por uma calamidade de grandes proporções da natureza,
Parágrafo único. Para efeitos do disposto no caput deste artigo, um grupo de vinte Senadores subscreveu uma proposta de emenda
o ente deverá complementar na aplicação da manutenção e desen- constitucional, visando a alterar a sistemática afeta à estruturação
volvimento do ensino, até o exercício financeiro de 2023, a diferença dos órgãos de segurança pública. Acresça-se que proposta idêntica
a menor entre o valor aplicado, conforme informação registrada no fora apresentada e rejeitada pelo Senado Federal na mesma legisla-
sistema integrado de planejamento e orçamento, e o valor mínimo tura, mais especificamente no ano anterior.
exigível constitucionalmente para os exercícios de 2020 e 2021. (In- À luz da sistemática constitucional, é correto afirmar que essa
cluído pela Emenda Constitucional nº 119, de 2022) proposta afronta
(A) os limites formais, materiais, circunstanciais e temporais de
Brasília, 5 de outubro de 1988. reforma constitucional.
(B) apenas os limites formais, circunstanciais e temporais de
reforma constitucional.
QUESTÕES (C) apenas os limites circunstancias e temporais de reforma
constitucional.
(D) apenas os limites formais e materiais de reforma constitu-
1. FGV - 2022 - SEFAZ-AM - Auditor de Finanças e Controle do cional.
Tesouro Estadual - Manhã (E) apenas os limites formais de reforma constitucional.
Maria e Joana, estudiosas do Direito Constitucional, travaram
intenso debate a respeito da força normativa das normas progra- 4. FGV - 2022 - SEFAZ-AM - Técnico de Arrecadação de Tributos
máticas, concluindo corretamente, ao fim, que normas dessa na- Estaduais - Manhã
tureza Maria, de nacionalidade portuguesa, tem residência perma-
(A) somente terão força normativa, produzindo algum efeito na nente no Brasil há pouco mais de duas décadas. Como pretende
realidade, após sua integração pela legislação infraconstitucio- concorrer a um cargo eletivo, procurou um(a) advogado(a) e solici-
nal. tou informações a respeito dessa possibilidade.
(B) somente adquirem eficácia após sua integração pela legisla- O(A) advogado(a) respondeu corretamente que Maria, à luz da
ção infraconstitucional, não ostentando, até então, a natureza ordem constitucional, com observância das condicionantes que se-
de verdadeiras normas. jam estabelecidas em tratado internacional,
(C) somente podem ser utilizadas, no controle de constitucio- (A) pode se alistar como eleitora, mas não concorrer a cargo
nalidade, quando inexistir norma de eficácia plena que possa eletivo.
ser utilizada como paradigma de confronto. (B) pode concorrer a qualquer cargo eletivo, em igualdade de
(D) a exemplo de qualquer norma de eficácia contida, não en- condições com o brasileiro nato.
sejam o surgimento de posições jurídicas definitivas, já que seu (C) pode concorrer a cargo eletivo se requerer sua naturaliza-
alcance será delineado pela legislação infraconstitucional. ção de modo concomitante com o alistamento eleitoral.
(E) possuem eficácia, mas de modo limitado, devendo direcio- (D) não pode concorrer a cargo eletivo, pois é, peremptoria-
nar a interpretação dos demais comandos da ordem jurídica, mente, vedado a qualquer estrangeiro o registro de candida-
além de revogar as normas infraconstitucionais preexistentes tura.
que se mostrem incompatíveis com elas. (E) pode concorrer a cargo eletivo, salvo nos casos previstos
na Constituição de 1988, se houver reciprocidade em favor de
2. FGV - 2022 - SEFAZ-AM - Assistente Administrativo da Fazen- brasileiros.
da Estadual
João questionou sua professora de Direito Constitucional a res- 5. FGV - 2022 - Prefeitura de Manaus - AM - Analista de Suporte
peito da classificação, quanto à aplicabilidade e à eficácia, da norma de Tecnologia da Informação
obtida a partir da interpretação do Art. 91, § 2º, da Constituição da Leia os trechos a seguir.
República de 1988, preceito que tem o seguinte teor: “a lei regulará — Todo brasileiro em situação de vulnerabilidade terá direito a
a organização e o funcionamento do Conselho de Defesa Nacional”. uma renda básica familiar, garantida pelo poder público em progra-
A professora respondeu corretamente que se trata de norma ma de transferência de renda.
de eficácia — É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalha-
(A) contida e aplicabilidade direta. dores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interes-
(B) plena e aplicabilidade imediata. ses que devam por meio dele defender.
(C) plena e de aplicabilidade direta.
(D) limitada e de aplicabilidade indireta, de princípio institutivo. Os trechos exemplificam uma espécie de direitos fundamentais
(E) limitada e de aplicabilidade indireta, de natureza programá- classificada como
tica. (A) direitos sociais.
(B) direitos políticos.
(C) direitos individuais.
(D) direitos de nacionalidade.
(E) direitos relativos à existência de partidos políticos.

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6. FGV - 2022 - TJ-DFT - Analista Judiciário - Área Judiciária (C) pode ingressar na casa de Antônio, sem o seu consentimen-
John, de nacionalidade estrangeira e que veio a se naturalizar to, entre outras situações, no caso de desastre ou, durante o
brasileiro, tinha sido condenado, anteriormente, em seu país de dia, por determinação judicial;
origem, em sentença judicial transitada em julgado, pela prática de (D) pode ingressar na casa de Antônio, ainda que sem o seu
crime comum. Após anos de negociação, o seu país de origem ce- consentimento, durante o dia ou à noite, mediante determi-
lebrou tratado de extradição com o Estado brasileiro e requereu a nação judicial;
extradição de John. (E) somente pode ingressar na casa de Antônio, sem o seu con-
À luz da sistemática constitucional, é correto afirmar que John: sentimento, mediante determinação judicial e desde que du-
(A) não pode ser extraditado, pois o Brasil não extradita os seus rante o dia.
nacionais;
(B) não pode ser extraditado, salvo se, previamente, for decla- 9. FGV - 2022 - DPE-MS - Defensor Público Substituto
rada a perda da nacionalidade brasileira; No Estado Ômega estavam situadas extensas bacias hidrográfi-
(C) pode ser extraditado em razão da natureza do crime e do cas, daí decorrendo a existência de inúmeras hidrelétricas, as quais,
momento em que o praticou, sendo-lhe aplicável o tratado de ao ver dos ambientalistas, geravam danos, efetivos ou potenciais,
extradição celebrado posteriormente; ao meio ambiente. Em razão da grande pressão popular, foi apro-
(D) poderia ser extraditado em razão da natureza do crime e do vada a Lei estadual nº XX, que impunha, a todas as concessionárias
momento em que o praticou, mas não lhe é aplicável o tratado de geração de energia elétrica em operação no Estado, a obrigação
de extradição celebrado posteriormente; de promover investimentos na proteção e na preservação dos ma-
(E) poderia ser extraditado, como qualquer nacional, nato ou nanciais hídricos, em percentuais fixados de modo proporcional à
naturalizado, em razão da natureza do crime, mas não lhe é receita auferida no exercício anterior.
aplicável o tratado de extradição celebrado posteriormente. A Lei estadual nº XX é:
(A) constitucional, pois o Estado possui competência concor-
7. FGV - 2022 - SEFAZ-AM - Auditor de Finanças e Controle do rente com a União para legislar sobre meio ambiente;
Tesouro Estadual - Manhã (B) constitucional, pois o federalismo cooperativo impõe que
Um grupo de pessoas, com destacada vida pública e elevado todos os entes federativos adotem medidas em prol do inte-
prestígio social, decidiu adotar as providências necessárias para resse coletivo;
constituir um partido político e lançar candidatos nas eleições que (C) inconstitucional, pois a previsão normativa de como os ope-
seriam realizadas dois anos depois. radores econômicos devem aplicar os recursos auferidos em
Um(a) advogado(a) informou corretamente ao grupo que, ob- sua atividade afronta a livre iniciativa;
servados os demais requisitos estabelecidos pela ordem jurídica, os (D) inconstitucional, pois compete à União explorar o aprovei-
partidos políticos tamento energético dos cursos de água, sendo a concessão re-
(A) adquirem personalidade jurídica com o registro dos seus gida pelos termos do respectivo contrato.
estatutos no Tribunal Superior Eleitoral, sendo a filiação parti-
dária uma condição de elegibilidade. 10. FGV - 2022 - TJ-AP - Juiz de Direito Substituto
(B) adquirem personalidade jurídica na forma da lei civil, de- Com o objetivo de incentivar o desenvolvimento econômico
vendo posteriormente registrar seus estatutos no Tribunal Su- estadual, o governador do Estado X propõe projeto de lei de regula-
perior Eleitoral, sendo a filiação partidária uma condição de mentação de atividade garimpeira e de exploração mineral, simplifi-
elegibilidade. cando o licenciamento ambiental, tornando-o de fase única.
(C) adquirem personalidade jurídica com o registro dos seus Sobre o caso, é correto afirmar que a lei é inconstitucional:
estatutos no Tribunal Superior Eleitoral, sendo a filiação parti- (A) por vício de iniciativa, tendo em vista que a iniciativa de
dária condição de elegibilidade, mas não requisito para o rece- lei de licenciamento ambiental é de competência exclusiva da
bimento de cotas do fundo partidário. Câmara dos Deputados;
(D) adquirem personalidade jurídica com o seu reconhecimen- (B) por vício de competência, tendo em vista que compete pri-
to pelo Tribunal Superior Eleitoral, não sendo a filiação partidá- vativamente à União legislar sobre jazidas, minas, outros recur-
ria uma condição de elegibilidade, mas requisito para o recebi- sos minerais e metalurgia;
mento de cotas do fundo partidário. (C) tendo em vista que atividade garimpeira e de exploração
(E) adquirem personalidade jurídica na forma da lei civil, de- mineral exige licença prévia, licença de fixação, licença de ins-
vendo comunicar o início de atividades ao Tribunal Superior talação, licença de operação e licença de controle ambiental;
Eleitoral, sendo admitidas candidaturas autônomas, sem filia- (D) tendo em vista que novas atividades garimpeiras e de ex-
ção partidária, apenas para o Executivo. ploração mineral são vedadas no Brasil, sendo permitidas ape-
nas as já existentes;
8. FGV - 2022 - MPE-BA - Estagiário de Direito - Edital nº 01 (E) tendo em vista que apenas são permitidas atividades ga-
João, policial militar, recebeu comunicação da corporação, pelo rimpeiras e de exploração mineral em território indígena, com
rádio, no sentido de que deveria comparecer à casa de Antônio e ali prévia aprovação da Funai.
cumprir uma diligência.
À luz da sistemática constitucional, João:
(A) somente pode ingressar na casa de Antônio com o seu con-
sentimento, inexistindo exceção constitucional para a inviolabi-
lidade do domicílio;
(B) por ser policial, pode ingressar na casa de Antônio, ainda
que sem o seu consentimento, desde que durante o dia, veda-
da qualquer atividade noturna;

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11. FGV - 2022 - TJ-AP - Juiz de Direito Substituto (D) não adquiriu ainda estabilidade, que será obtida após três
Ao disciplinar o procedimento a ser observado no julgamento anos de efetivo exercício, ocasião em que só poderá perder o
das contas do chefe do Poder Executivo, o Regimento Interno da cargo, em algumas hipóteses, como em virtude de sindicância
Câmara dos Vereadores do Município Alfa, situado na Região Norte sumária disciplinar, em que lhe seja assegurada ampla defesa.
do país, dispôs o seguinte: (E) não adquiriu ainda estabilidade, que será obtida após três
(1) a Câmara somente julga as contas de governo, não as de anos de efetivo exercício, ocasião em que só poderá perder o
gestão, prevalecendo, em relação às últimas, o juízo de valor do Tri- cargo, em algumas hipóteses, como mediante procedimento
bunal de Contas do respectivo Estado; de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei com-
(2) as contas não impugnadas por qualquer vereador, partido plementar, assegurada ampla defesa.
político ou cidadão, no prazo de sessenta dias, a contar do rece-
bimento do parecer prévio do Tribunal de Contas, são tidas como 14. FGV - 2022 - Prefeitura de Manaus - AM - Advogado
aprovadas; O Tribunal de Contas do Estado Alfa julgou as contas de gestão
(3) o parecer prévio do Tribunal de Contas somente deixará de do Prefeito do Município Beta, situado no interior do Estado. Em
prevalecer pelo voto da maioria de dois terços dos membros da Câ- razão das graves irregularidades detectadas, aplicou-lhe multa e
mara Municipal. realizou a imputação de débito, determinando o ressarcimento do
valor total do prejuízo causado ao Erário.
Considerando a disciplina estabelecida na Constituição da Re- À luz da sistemática constitucional, é correto afirmar que o pro-
pública de 1988 a respeito da matéria, é correto afirmar que: ceder do Tribunal de Contas do Estado Alfa está
(A) apenas o comando 1 é constitucional; (A) certo, salvo se, após a promulgação da Constituição da Re-
(B) apenas o comando 3 é constitucional; pública de 1988, o Município Beta tiver instituído um Tribunal
(C) apenas os comandos 1 e 2 são constitucionais; de Contas Municipal.
(B) certo, pois o Tribunal de Contas deve julgar as contas de
(D) os comandos 1, 2 e 3 são constitucionais;
gestão dos Prefeitos Municipais, limitando-se a emitir parecer
(E) os comandos 1, 2 e 3 são inconstitucionais.
prévio em relação às contas de governo.
(C) errado, pois o julgamento das contas do Prefeito Municipal,
12. FGV - 2022 - SEFAZ-AM - Assistente Administrativo da Fa-
de gestão ou governo, é de competência privativa da Câmara
zenda Estadual Municipal de Beta, não havendo espaço para a manifestação de
Joana, servidora pública federal, por ter preenchido os requi- um órgão estadual, como o Tribunal de Contas.
sitos exigidos, requereu ao setor competente da Administração (D) errado, pois o Tribunal de Contas deveria limitar-se a emitir
Pública Federal a sua aposentadoria voluntária por tempo de con- parecer prévio, e a Câmara Municipal de Beta, órgão compe-
tribuição. tente para o julgamento, só poderia decidir em sentido contrá-
Nesse caso, de acordo com a ordem constitucional, rio ao parecer pelo voto de dois terços dos membros;
(A) deve ser deferido o ato de aposentadoria, que estará sujeito (E) certo, pois é vedada a instituição de Tribunais de Contas pe-
ao posterior registro no Tribunal de Contas. los Municípios, com exceção daqueles preexistentes à Consti-
(B) deve ser deferido o ato de aposentadoria, o qual, em vir- tuição da República de 1988, o que torna o Tribunal de Contas
tude da separação dos poderes, não está sujeito à análise de do Estado competente para o julgamento das contas.
outro órgão.
(C) deve ser colhido o parecer prévio do Tribunal de Contas e, 15. FGV - 2022 - SEFAZ-AM - Auditor de Finanças e Controle do
uma vez sanadas as pendências, deferido o ato de aposenta- Tesouro Estadual - Manhã
doria. Para permitir a ingerência do Poder Legislativo na escolha dos
(D) deve ser apresentada manifestação favorável ao ato de titulares dos cargos que integram os órgãos de cúpula de determi-
aposentadoria, que estará sujeito à posterior aprovação do Tri- nadas autarquias especiais, foi aprovada a Lei federal nº XX.
bunal de Contas.
De acordo com esse diploma normativo, o Senado Federal de-
(E) deve ser deferido o ato de aposentadoria, que está sujeito
veria aprovar previamente a escolha desses agentes, que seria rea-
a parecer do Tribunal de Contas e posterior aprovação do Con-
lizada pelo Presidente da República.
gresso Nacional.
A Lei federal nº XX é
(A) constitucional, pois a lei ordinária pode dispor sobre os
13. FGV - 2022 - SSP-AM - Técnico de Nível Superior
cargos cujos titulares devem ser previamente aprovados pela
Maria é servidora pública ocupante do cargo efetivo de Técnico
referida Casa Legislativa.
de Nível Superior da Secretaria de Segurança Pública do Estado Alfa (B) inconstitucional, pois somente a lei complementar pode
e acaba de completar dois anos de efetivo exercício no cargo. De dispor sobre os cargos cujos titulares devem ser previamente
acordo com as disposições da Constituição da República sobre seu aprovados pela referida Casa Legislativa.
regime jurídico, é correto afirmar que Maria (C) inconstitucional, pois, embora a lei ordinária possa dispor
(A) adquiriu estabilidade, e só perderá o cargo em algumas hi- sobre a matéria, a competência para aprovar a escolha desses
póteses, como mediante processo administrativo em que lhe agentes é do Congresso Nacional, não de uma de suas Casas.
seja assegurada ampla defesa. (D) inconstitucional, por afronta à separação dos poderes, pois,
(B) adquiriu estabilidade, e só perderá o cargo em algumas hi- com exceção das situações expressamente previstas na ordem
póteses, como em virtude de sentença judicial transitada em constitucional, compete privativamente ao Presidente da Re-
julgado. pública realizar as nomeações, sem prévia aprovação.
(C) não adquiriu ainda estabilidade, que será obtida após três (E) constitucional, pois a Lei federal nº XX tão somente repro-
anos de efetivo exercício, ocasião em que só poderá perder o duziu, em parte, a Constituição de 1988, já que qualquer no-
cargo, em algumas hipóteses, como em virtude de sentença ju- meação para órgãos de cúpula da administração indireta deve
dicial recorrível. ser previamente aprovada pelo Senado Federal.

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a solução para o seu concurso!
DIREITO CONSTITUCIONAL
16. FGV - 2021 - Câmara de Aracaju - SE - Analista Legislativo (D) permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica pri-
A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e vada utilize bens, rendas, verbas ou valores públicos transferi-
patrimonial dos órgãos da administração direta do Poder Executivo dos pela Administração Pública à entidade privada mediante
do Município de Aracaju, quanto à legalidade, legitimidade, econo- celebração de parcerias, sem a observância das formalidades
micidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, é exer- legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
cida: (E) 0 admitir, possibilitar ou dar causa a qualquer modificação
(A) pelo Poder Executivo, com auxílio do Ministério Público mu- ou vantagem, inclusive prorrogação contratual, em favor do
nicipal, mediante controle externo; contratado, durante a execução dos contratos celebrados com
(B) pelo Poder Judiciário municipal de Aracaju, com auxílio do a Administração Pública, sem autorização em lei, no edital da
Ministério Público municipal, mediante controle externo; licitação ou nos respectivos instrumentos contratuais, ou, ain-
(C) pelo Poder Legislativo municipal de Aracaju, com auxílio da da, pagar fatura com preterição da ordem cronológica de sua
Controladoria-Geral do Município, mediante controle interno; exigibilidade.
(D) pelo Poder Legislativo municipal de Aracaju, com auxílio do
Tribunal de Contas municipal, mediante controle interno; 19. FGV - 2022 - TCE-TO - Analista Técnico
(E) pela Câmara Municipal de Aracaju, com auxílio do Tribunal Após amplos debates entre seus membros, o Tribunal de Justi-
de Contas do Estado de Sergipe, mediante controle externo. ça do Estado Alfa apresentou uma proposição à Assembleia Legis-
lativa, veiculando o Estatuto da Magistratura do Estado Alfa. Ato
17. FGV - 2022 - SSP-AM - Técnico de Nível Superior contínuo, diversos parlamentares argumentaram com a inconstitu-
O Presidente e o Vice-Presidente da República se encontravam cionalidade formal da respectiva proposição. O relator da matéria
em missão oficial no exterior, daí decorrendo a necessidade de que no âmbito da Comissão de Constituição e Justiça, após analisar os
outra autoridade assumisse o exercício da Presidência. argumentos apresentados, concluiu, corretamente, que:
À luz da sistemática constitucional, a autoridade referida na (A) a forma federativa de Estado autoriza que o Poder Judici-
narrativa será ário de cada ente tenha o seu Estatuto, observados, sempre,
(A) aquela que venha a ser livremente escolhida pelo Presiden- os balizamentos estabelecidos pela Constituição da República
te da República. de 1988;
(B) aquela escolhida pelo Presidente da República entre os Pre- (B) a proposição somente será constitucional se tiver a forma
sidentes do Supremo Tribunal Federal, da Câmara dos Deputa- de proposta de emenda constitucional, que observará os ba-
dos e do Senado Federal. lizamentos estabelecidos pela Constituição da República de
(C) o Presidente da Câmara dos Deputados, o do Senado Fede- 1988;
ral ou o do Supremo Tribunal Federal, nessa ordem, que serão (C) o Estatuto da Magistratura tem sede exclusivamente cons-
chamados ao exercício da Presidência. titucional, não sendo possível que a legislação infraconstitucio-
(D) aquela que venha a ser livremente escolhida pelo Presiden- nal, federal ou estadual, trate da matéria;
te da República, entre os Presidentes do Supremo Tribunal Fe- (D) a proposição somente será constitucional se tiver a forma
deral, da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. de projeto de lei complementar, que complementará as nor-
(E) o Presidente do Congresso Nacional, o da Câmara dos Depu- mas estabelecidas pelo Estatuto Nacional da Magistratura;
tados, o do Senado Federal ou o do Supremo Tribunal Federal, (E) a proposição é inconstitucional, já que a Constituição da Re-
nessa ordem, que serão chamados ao exercício da Presidência. pública de 1988 somente dispõe sobre a existência do Estatuto
Nacional da Magistratura.
18. FGV - 2021 - TCE-AM - Auditor Técnico de Controle Externo
- Área de Ministério Público de Contas 20. FGV - 2018 - TJ-AL - Técnico Judiciário - Área Judiciária
Constitui um crime de responsabilidade: As garantias atribuídas ao Judiciário possuem relevante papel
(A) realizar operação financeira sem observância das normas no cenário da tripartição de Poderes, pois asseguram a necessária
legais e regulamentares ou aceitar garantia insuficiente ou ini- independência ao magistrado, que poderá decidir livremente, sem
dônea; se abalar com qualquer tipo de pressão que venha dos outros Po-
(B) patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado pe- deres.
rante a Administração Pública, dando causa à instauração de De acordo com o texto das Constituições Estadual de Alagoas e
licitação ou à celebração de contrato cuja invalidação venha a Federal, os juízes gozam da garantia da:
ser decretada pelo Poder Judiciário; (A) vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após
(C) deixar de promover ou de ordenar, na forma da lei, o can- três anos de exercício, dependendo a perda do cargo, nesse
celamento, a amortização ou a constituição de reserva para período, de deliberação do Tribunal de Justiça, e, nos demais
anular os efeitos de operação de crédito realizada com inob- casos, de sentença judicial transitada em julgado;
servância de limite, condição ou montante estabelecido em lei; (B) estabilidade, adquirida pelos magistrados após três anos de
efetivo exercício, de maneira que, após tal período, só podem
perder o cargo em virtude de sentença judicial transitada em
julgado;
(C) inamovibilidade, salvo por motivo de interesse publico, por
voto da maioria absoluta do Tribunal de Justiça ou do Conselho
Nacional de Justiça, assegurada a ampla defesa;

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a solução para o seu concurso!
DIREITO CONSTITUCIONAL
(D) irredutibilidade de vencimentos, com remuneração não su- De acordo com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal,
perior a noventa por cento do subsídio dos Ministros do Supre- a lei estadual editada é:
mo Tribunal Federal; (A) constitucional, haja vista que a competência da União para
(E) autonomia financeira, cabendo-lhes promover a fiscalização legislar sobre normas gerais sobre meio ambiente não exclui a
contábil, orçamentária, operacional e patrimonial das entida- competência suplementar dos Estados;
des da administração direta e indireta. (B) inconstitucional materialmente, porque viola o princípio do
desenvolvimento sustentável, e formalmente, pois é compe-
21. FGV - 2021 - Câmara de Aracaju - SE - Procurador Judicial tência privativa da União proteger o meio ambiente e comba-
O procurador-geral de Justiça do Estado Alfa determinou que ter a poluição em qualquer de suas formas;
sua assessoria elaborasse a proposta de lei orçamentária para o (C) inconstitucional materialmente, porque viola os princípios
exercício financeiro seguinte. da prevenção e da precaução, mas é formalmente constitucio-
A proposta assim elaborada, observados os demais trâmites nal, uma vez que a matéria tratada na lei é de competência
internos, deve estar em harmonia com: legislativa comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e
(A) as orientações do Poder Executivo, que analisará a sua con- dos Municípios;
veniência e submeterá ao Poder Legislativo sua versão; (D) constitucional, haja vista que compete à União, aos Estados
(B) a lei de diretrizes orçamentárias e ser encaminhada ao Po- e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre conser-
der Executivo, que a submeterá ao Poder Legislativo; vação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, pro-
(C) o regimento interno da Assembleia Legislativa, órgão para o teção do meio ambiente e controle da poluição;
qual deve ser encaminhada a proposta; (E) inconstitucional, uma vez que é competência privativa da
(D) a lei de diretrizes orçamentárias e ser submetida direta- União legislar sobre jazidas, minas, outros recursos minerais e
mente ao Poder Legislativo; metalurgia, bem como porque a lei tornou menos eficiente a
(E) as orientações do Tribunal de Contas e ser encaminhada ao proteção do meio ambiente ecologicamente equilibrado.
Poder Legislativo.
24. FGV - 2022 - TJ-MS - Analista Judiciário - Área Fim
22. FGV - 2019 - MPE-RJ - Técnico do Ministério Público - Ad- Com o objetivo de coibir os elevados níveis de corrupção de-
ministrativa tectados no âmbito da Administração Pública do Estado Alfa, a As-
De acordo com a Constituição da República de 1988, o Minis- sembleia Legislativa, por iniciativa da totalidade dos seus membros,
tério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdi- aprovou projeto de lei, que veio a ser sancionado pelo governador
cional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica e do do Estado, alterando o Regime Jurídico dos Servidores Públicos. De
regime democrático, sendo exemplo de sua função institucional acordo com a alteração, era vedado o reingresso, no serviço público
promover: estadual, dos servidores demitidos ou exonerados em razão de con-
(A) a ação penal privada e a ação de inconstitucionalidade, na denação administrativa pela prática de desvio, malbaratamento ou
forma da lei; apropriação de recursos públicos.
(B) a representação para fins de intervenção da União e dos Irresignado com o teor das alterações, o sindicato da categoria
Estados, nos casos previstos na referida Constituição; solicitou um pronunciamento de sua assessoria jurídica, a qual con-
(C) a representação da União e dos Estados, para fins de consul- cluiu, corretamente, que a referida lei é:
toria e assessoramento jurídico do Executivo; (A) constitucional, pois não houve vício no processo legislativo,
(D) a orientação jurídica, de forma integral e gratuita, aos ne- além de materializar o direito fundamental à probidade;
cessitados que comprovarem insuficiência de recursos finan- (B) constitucional, pois não houve vício no processo legislativo,
ceiros; além de apenas reproduzir vedação constitucional expressa;
(E) o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção de (C) inconstitucional, pois houve vício de iniciativa no processo
quaisquer direitos e interesses individuais de índole constitu- legislativo e o caráter ilimitado da pena cominada afronta direi-
cional. to fundamental;
(D) inconstitucional, pois, embora não tenha ocorrido vício no
23. FGV - 2022 - TJ-PE - Juiz Substituto processo legislativo, o ilícito a que se refere a alteração deve
Com o escopo de fomentar a atividade econômica com melhor ser objeto de condenação em processo judicial;
aproveitamento de suas riquezas naturais minerais, o Estado Alfa (E) constitucional, pois o vício existente no processo legislativo
editou lei estadual, flexibilizando exigência legal para o desenvolvi- foi superado com a promulgação e as vedações constitucionais
mento de atividade potencialmente poluidora, na medida em que à cominação de certas penas são restritas ao âmbito penal.
criou modalidade mais simplificada e célere de licenciamento am-
biental único que denominou “Licença de Operação Direta”, para 25. FGV - 2022 - PC-RJ - Investigador Policial de 3ª Classe
atividade de lavra garimpeira, inclusive instituindo dispensa para al- João, estudioso do Direito Constitucional e da área de seguran-
guns casos de lavra a céu aberto. A referida lei estadual regulamen- ça pública, deparou-se com a existência de zonas de possível confli-
tou aspectos da atividade garimpeira, nomeadamente, ao estabele- to na atuação da polícia federal e das polícias civis.
cer conceitos a ela relacionados, delimitou áreas para seu exercício Ao fim de suas reflexões, concluiu, corretamente, que, de acor-
e autorizou o uso de azougue (mercúrio) em determinadas condi- do com a sistemática constitucional:
ções, tudo de forma menos restritiva do que a legislação da União. (A) ambas as polícias possuem competência concorrente na
apuração de infrações penais, distinguindo-se apenas em rela-
ção ao ente federativo mantenedor;
(B) as atribuições da polícia federal estão previstas, de maneira
exaustiva, na ordem constitucional, não podendo ser amplia-
das pela lei;

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a solução para o seu concurso!
DIREITO CONSTITUCIONAL
(C) à polícia federal compete apurar as infrações penais pra- 28. FGV - 2022 - TJ-PE - Juiz Substituto
ticadas em detrimento das sociedades de economia mista da Lucas, deputado federal, apresenta uma emenda ao projeto de
União; lei do orçamento anual para ampliar certa dotação orçamentária
(D) à policia federal compete apurar as infrações penais prati- que reputa ter sido contemplada com alocação insuficiente de re-
cadas em detrimento da ordem social; cursos.
(E) à polícia federal compete apurar toda e qualquer infração Para tanto, tal emenda de Lucas deverá indicar os recursos ne-
penal com repercussão interestadual. cessários, que poderão provir de anulação de despesas que incidam
sobre:
26. FGV - 2021 - PC-RJ - Perito Legista (A) serviço da dívida;
Joana, Antônia e Nana, estudiosas das políticas de seguran- (B) dotações para pessoal civil;
ça pública, travaram intenso debate a respeito das competências (C) dotações para encargos com pessoal militar;
constitucionais dos órgãos que atuam nessa área. Joana afirmou (D) restos a pagar não processados de material de consumo;
que compete primordialmente à polícia federal prevenir e reprimir (E) transferências tributárias constitucionais para os Estados,
o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, sem prejuízo da Municípios e Distrito Federal.
atuação de outros órgãos públicos. Antônia defendeu que compete
à polícia civil apurar as infrações penais, ressalvada a competência 29. FGV - 2022 - SSP-AM - Técnico de Nível Superior
dos órgãos da União, incluindo aquelas praticadas pelos integrantes Com o objetivo de combater o desenvolvimento de uma base
da polícia penal. Nana, por sua vez, defendeu que as polícias penais de valores patriarcal, na qual a mulher ocupe uma posição de infe-
estão imediatamente vinculadas ao comandante do batalhão de rioridade, sofrendo constantes violências no ambiente familiar, um
cada área e mediatamente ao governador do Estado ou do Distrito grupo de Deputados Federais apresentou projeto de lei ordinária
Federal, conforme o caso. Considerando a disciplina constitucional: dispondo que as decisões da mulher, na educação dos filhos, teriam
(A) apenas Nana está certa; preeminência, devendo ser sempre acatadas pelo homem.
(B) apenas Antônia está certa; À luz da sistemática constitucional, é correto afirmar que o re-
(C) Joana, Antônia e Nana estão certas; ferido projeto é
(D) Joana, Antônia e Nana estão erradas; (A) constitucional, considerando que a própria Constituição da
(E) apenas Joana e Antônia estão certas. República autoriza o tratamento diferenciado, em prol da mu-
lher, para se construir a igualdade material com o homem.
27. FGV - 2022 - TCE-TO - Auditor de Controle Externo (B) constitucional, considerando que a educação de crianças e
A deputada federal Sônia, ao perceber sérios desequilíbrios na adolescentes deve estar lastreada em uma base de valores hu-
concorrência em determinado setor econômico, solicitou que sua manitária, com preeminência da igualdade de gênero.
assessoria analisasse a compatibilidade, com a ordem constitucio- (C) constitucional, considerando a preeminência da posição
nal, de uma proposição legislativa que estabelecesse critérios espe- materna, no ambiente familiar, nas relações com crianças e
ciais de tributação, aplicáveis em todos os níveis federativos, com o adolescentes.
objetivo de contornar esse quadro, prevenindo tais desequilíbrios. (D) inconstitucional, pois a temática deve ser disciplinada ex-
A assessoria respondeu, corretamente, que tal proposição é: clusivamente em lei complementar, não em lei ordinária.
(A) incompatível com a ordem constitucional, pois o mercado (E) inconstitucional, pois os direitos e deveres afetos à socie-
deve regular a si próprio, não sendo admitida a intervenção es- dade conjugal devem ser exercidos igualmente pelo homem e
tatal; pela mulher.
(B) incompatível com a ordem constitucional, pois, apesar de
ser possível o uso da tributação para fins extrafiscais, isto não 30. FGV - 2022 - MPE-BA - Estagiário de Direito - Edital nº 01
pode afetar a livre iniciativa; Célia pretendia montar um hospital privado no Município Del-
(C) compatível com a ordem constitucional, desde que resguar- ta, iniciativa que, a seu ver, teria plena aceitação junto à população
dada a competência de cada ente federativo para, mediante lei local, sendo grande a expectativa de lucro.
ordinária, buscar igual objetivo; Ao buscar informações a respeito dos balizamentos constitu-
(D) compatível com a ordem constitucional, desde que veicu- cionais a serem observados em iniciativas dessa natureza, foi infor-
lada em lei complementar, o que não afasta a competência da mada, corretamente, de que:
União para, por lei ordinária, buscar igual objetivo; (A) a assistência à saúde é necessariamente pública, pressu-
(E) incompatível com a ordem constitucional, pois normas edi- pondo autorização do Município para a sua exploração privada;
tadas pela União, por força do pacto federativo, não podem (B) a assistência à saúde é livre à iniciativa privada, o que sig-
afetar a competência tributária dos demais entes. nifica dizer que não exige autorização do poder público para
esse fim;
(C) mesmo os hospitais privados devem ser objeto de autoriza-
ção e supervisão do poder público, estando conceitualmente
integrados à rede pública;
(D) a referida iniciativa está condicionada à prévia autorização
das três esferas de governo, considerando o caráter multifede-
rativo do Sistema Único de Saúde;
(E) as instituições privadas de saúde, como a idealizada por Cé-
lia, somente podem atuar em projetos direcionados à obtenção
de lucro, não podendo participar do Sistema Único de Saúde.

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a solução para o seu concurso!
DIREITO CONSTITUCIONAL
31. FGV - 2021 - TJ-SC - Titular de Serviços de Notas e de Regis-
tros - Provimento GABARITO
Maria e Joana, estudiosas do direito público, estabeleceram
intenso debate a respeito da situação daqueles que titularizam ser-
ventias direta ou indiretamente ligadas ao Poder Judiciário. Ao fim,
concluíram que existem (I) as serventias do foro judicial estatizadas, 1 E
cujos titulares estão sujeitos à aposentadoria compulsória; (II) as 2 D
serventias do foro judicial não estatizadas, com titulares nomeados
3 E
em momento anterior à Constituição da República de 1988, remu-
nerados exclusivamente por custas e emolumentos, e que estão 4 E
sujeitos à aposentadoria compulsória; e (III) as serventias extrajudi- 5 A
ciais, cujos titulares recebem delegação após aprovação em concur-
so público, sendo remunerados por emolumentos, e que não estão 6 C
sujeitos à aposentadoria compulsória. 7 B
À luz da sistemática constitucional, está(ão) correta(s) a(s) con- 8 C
clusão(ões):
(A) somente I; 9 D
(B) somente II; 10 B
(C) somente I e III;
11 B
(D) somente II e III;
(E) I, II e III. 12 A
13 E
32. FGV - 2021 - FUNSAÚDE - CE - Advogado
14 D
O Art. 19, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias
(ADCT) dispõe que “Os servidores públicos civis da União, dos Esta- 15 A
dos, do Distrito Federal e dos Municípios, da administração direta, 16 E
autárquica e das fundações públicas, em exercício na data da pro-
mulgação da Constituição, há pelo menos cinco anos continuados, 17 C
e que não tenham sido admitidos na forma regulada no Art. 37 da 18 C
Constituição, são considerados estáveis no serviço público.” 19 E
João, desde 1982, é empregado da Fundação Pública Beta de
direito privado, que não exerce atividade típica de Estado. João 20 C
apresentou pleito administrativo requerendo o reconhecimento 21 B
de seu direito à estabilidade excepcional de que trata o Art. 19 do
22 B
ADCT, que foi indeferido pela Fundação Beta, razão pela qual ajui-
zou ação judicial com o mesmo objetivo, pleiteando também as 23 E
vantagens dele decorrentes. 24 C
De acordo com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal,
a pretensão de João 25 D
(A) merece prosperar, eis que a citada estabilidade especial se 26 E
estende aos servidores e empregados da Administração Dire-
27 D
ta e Indireta, desde que observado o marco temporal de cinco
anos. 28 D
(B) merece prosperar, eis que a citada estabilidade especial se 29 E
estende aos trabalhadores das fundações públicas de direito
público, fundações públicas de direito privado e fundações pri- 30 B
vadas. 31 C
(C) merece prosperar, eis que a citada estabilidade especial se
32 E
estende aos trabalhadores das fundações públicas de direito
público e fundações públicas de direito privado, excluindo-se
apenas as fundações privadas.
(D) não merece prosperar, eis que a citada estabilidade especial
não se estende aos empregados das fundações públicas de di-
reito privado, aplicando-se apenas aos servidores que integram
a Administração Direta.
(E) não merece prosperar, eis que a citada estabilidade espe-
cial não se estende aos empregados das fundações públicas de
direito privado, aplicando-se, em matéria de fundações, tão so-
mente aos servidores das pessoas jurídicas de direito público.

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106
a solução para o seu concurso!
DIREITO ADMINISTRATIVO

TERRITÓRIO: pode ser conceituado como a área na qual o Esta-


ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: PRINCÍPIOS BÁSICOS do exerce sua soberania. Trata-se da base física ou geográfica de um
determinado Estado, seu elemento constitutivo, base delimitada de
autoridade, instrumento de poder com vistas a dirigir o grupo so-
cial, com tal delimitação que se pode assegurar à eficácia do poder
Estado e a estabilidade da ordem.
Conceito, Elementos e Princípios O território é delimitado pelas fronteiras, que por sua vez, po-
Adentrando ao contexto histórico, o conceito de Estado veio a dem ser naturais ou convencionais. O território como elemento do
surgir por intermédio do antigo conceito de cidade, da polis grega Estado, possui duas funções, sendo uma negativa limitante de fron-
e da civitas romana. Em meados do século XVI o vocábulo Estado teiras com a competência da autoridade política, e outra positiva,
passou a ser utilizado com o significado moderno de força, poder que fornece ao Estado a base correta de recursos materiais para
e direito. ação.
O Estado pode ser conceituado como um ente, sujeito de direi-
tos, que possui como elementos: o povo, o território e a soberania. Por traçar os limites do poder soberanamente exercido, o terri-
Nos dizeres de Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino (2010, p. 13), tório é elemento essencial à existência do Estado, sendo, desta for-
“Estado é pessoa jurídica territorial soberana, formada pelos ele- ma, pleno objeto de direitos do Estado, o qual se encontra a serviço
mentos povo, território e governo soberano”. do povo e pode usar e dispor dele com poder absoluto e exclusivo,
O Estado como ente, é plenamente capacitado para adquirir di- desde que estejam presentes as características essenciais das rela-
reitos e obrigações. Ademais, possui personalidade jurídica própria, ções de domínio. O território é formado pelo solo, subsolo, espaço
tanto no âmbito interno, perante os agentes públicos e os cidadãos, aéreo, águas territoriais e plataforma continental, prolongamento
quanto no âmbito internacional, perante outros Estados. do solo coberto pelo mar.
Vejamos alguns conceitos acerca dos três elementos que com-
põem o Estado: A Constituição Brasileira atribui ao Conselho de Defesa Nacio-
nal, órgão de consulta do presidente da República, competência
POVO: Elemento legitima a existência do Estado. Isso ocorre para “propor os critérios e condições de utilização de áreas indis-
por que é do povo que origina todo o poder representado pelo Es- pensáveis à segurança do território nacional e opinar sobre seu
tado, conforme dispões expressamente art. 1º, parágrafo único, da efetivo uso, especialmente na faixa de fronteira e nas relacionadas
Constituição Federal: com a preservação e a exploração dos recursos naturais de qual-
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce quer tipo”. (Artigo 91, §1º, III,CFB/88).
por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos
desta Constituição. Os espaços sobre o qual se desenvolvem as relações sociais
O povo se refere ao conjunto de indivíduos que se vincula juri- próprias da vida do Estado é uma porção da superfície terrestre,
dicamente ao Estado, de forma estabilizada. projetada desde o subsolo até o espaço aéreo. Para que essa porção
Entretanto, isso não ocorre com estrangeiros e apátridas, dife- territorial e suas projeções adquiram significado político e jurídico,
rentemente da população, que tem sentido demográfico e quanti- é preciso considerá-las como um local de assentamento do grupo
tativo, agregando, por sua vez, todos os que se encontrem sob sua humano que integra o Estado, como campo de ação do poder polí-
jurisdição territorial, sendo desnecessário haver quaisquer tipos de tico e como âmbito de validade das normas jurídicas.
vínculo jurídico do indivíduo com o poder do Estado.
SOBERANIA: Trata-se do poder do Estado de se auto adminis-
Com vários sentidos, o termo pode ser usado pela doutrina trar. Por meio da soberania, o Estado detém o poder de regular o
como sinônimo de nação e, ainda, no sentido de subordinação a
seu funcionamento, as relações privadas dos cidadãos, bem como
uma mesma autoridade política.
as funções econômicas e sociais do povo que o integra. Por meio
No entanto, a titularidade dos direitos políticos é determinada
desse elemento, o Estado edita leis aplicáveis ao seu território, sem
pela nacionalidade, que nada mais é que o vínculo jurídico estabe-
estar sujeito a qualquer tipo de interferência ou dependência de
lecido pela Constituição entre os cidadãos e o Estado.
outros Estados.
O Direito nos concede o conceito de povo como sendo o con-
Em sua origem, no sentido de legitimação, a soberania está
junto de pessoas que detém o poder, a soberania, conforme já foi
ligada à força e ao poder. Se antes, o direito era dado, agora é ar-
explicitado por meio do art. 1º. Parágrafo único da CFB/88 dispondo
quitetado, anteriormente era pensado na justiça robusta, agora é
que “Todo poder emana do povo, que exerce por meio de repre-
sentantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”. engendrado na adequação aos objetivos e na racionalidade técnica
necessária. O poder do Estado é soberano, uno, indivisível e emana
do povo. Além disso, todos os Poderes são partes de um todo que
é a atividade do Estado.

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107
a solução para o seu concurso!
DIREITO ADMINISTRATIVO
Como fundamento do Estado Democrático de Direito, nos pa- Governo
râmetros do art.1º, I, da CFB/88), a soberania é elemento essencial Conceito
e fundamental à existência da República Federativa do Brasil. Governo é a expressão política de comando, de iniciativa públi-
A lei se tornou de forma essencial o principal instrumento de ca com a fixação de objetivos do Estado e de manutenção da ordem
organização da sociedade. Isso, por que a exigência de justiça e de jurídica contemporânea e atuante.
proteção aos direitos individuais, sempre se faz presente na vida O Brasil adota a República como forma de Governo e o fede-
do povo. Por conseguinte, por intermédio da Constituição escrita, ralismo como forma de Estado. Em sua obra Direito Administrativo
desde a época da revolução democrática, foi colocada uma trava da Série Advocacia Pública, o renomado jurista Leandro Zannoni,
jurídica à soberania, proclamando, assim, os direitos invioláveis do assegura que governo é elemento do Estado e o explana como “a
cidadão. atividade política organizada do Estado, possuindo ampla discricio-
O direito incorpora a teoria da soberania e tenta compatibilizá- nariedade, sob responsabilidade constitucional e política” (p. 71).
-la aos problemas de hoje, e remetem ao povo, aos cidadãos e à sua É possível complementar esse conceito de Zannoni com a afir-
participação no exercício do poder, o direito sempre tende a preser- mação de Meirelles (1998, p. 64-65) que aduz que “Governo é a
var a vontade coletiva de seu povo, através de seu ordenamento, a expressão política de comando, de iniciativa, de fixação de objetivos
soberania sempre existirá no campo jurídico, pois o termo designa do Estado e de manutenção da ordem jurídica vigente”. Entretanto,
igualmente o fenômeno político de decisão, de deliberação, sendo tanto o conceito de Estado como o de governo podem ser definidos
incorporada à soberania pela Constituição. sob diferentes perspectivas, sendo o primeiro, apresentado sob o
A Constituição Federal é documento jurídico hierarquicamente critério sociológico, político, constitucional, dentre outros fatores.
superior do nosso sistema, se ocupando com a organização do po- No condizente ao segundo, é subdividido em sentido formal sob um
der, a definição de direitos, dentre outros fatores. Nesse diapasão, conjunto de órgãos, em sentido material nas funções que exerce e
a soberania ganha particular interesse junto ao Direito Constitu- em sentido operacional sob a forma de condução política.
cional. Nesse sentido, a soberania surge novamente em discussão, O objetivo final do Governo é a prestação dos serviços públicos
procurando resolver ou atribuir o poder originário e seus limites, com eficiência, visando de forma geral a satisfação das necessida-
entrando em voga o poder constituinte originário, o poder cons- des coletivas. O Governo pratica uma função política que implica
tituinte derivado, a soberania popular, do parlamento e do povo uma atividade de ordem mediata e superior com referência à dire-
como um todo. Depreende-se que o fundo desta problemática está ção soberana e geral do Estado, com o fulcro de determinar os fins
entranhado na discussão acerca da positivação do Direito em deter- da ação do Estado, assinalando as diretrizes para as demais funções
minado Estado e seu respectivo exercício. e buscando sempre a unidade da soberania estatal.

Assim sendo, em síntese, já verificados o conceito de Estado e Administração pública


os seus elementos. Temos, portanto: Conceito
Administração Pública em sentido geral e objetivo, é a ativida-
ESTADO = POVO + TERRITÓRIO + SOBERANIA de que o Estado pratica sob regime público, para a realização dos
interesses coletivos, por intermédio das pessoas jurídicas, órgãos e
Obs. Os elementos (povo + território + soberania) do Estado agentes públicos.
não devem ser confundidos com suas funções estatais que normal- A Administração Pública pode ser definida em sentido amplo e
mente são denominadas “Poderes do Estado” e, por sua vez, são estrito, além disso, é conceituada por Di Pietro (2009, p. 57), como
divididas em: legislativa, executiva e judiciária “a atividade concreta e imediata que o Estado desenvolve, sob re-
Em relação aos princípios do Estado Brasileiro, é fácil encontra- gime jurídico total ou parcialmente público, para a consecução dos
-los no disposto no art. 1º, da CFB/88. Vejamos: interesses coletivos”.
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união Nos dizeres de Di Pietro (2009, p. 54), em sentido amplo, a
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, consti- Administração Pública é subdividida em órgãos governamentais e
tui-se em Estado democrático de direito e tem como fundamentos: órgãos administrativos, o que a destaca em seu sentido subjetivo,
I - a soberania; sendo ainda subdividida pela sua função política e administrativa
II - a cidadania; em sentido objetivo.
III - a dignidade da pessoa humana; Já em sentido estrito, a Administração Pública se subdivide em
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; órgãos, pessoas jurídicas e agentes públicos que praticam funções
V - o pluralismo político. administrativas em sentido subjetivo, sendo subdividida também
na atividade exercida por esses entes em sentido objetivo.
Ressalta-se que os conceitos de soberania, cidadania e pluralis- Em suma, temos:
mo político são os que mais são aceitos como princípios do Estado.
No condizente à dignidade da pessoa humana e aos valores sociais SENTIDO Sentido amplo {órgãos governamentais e órgãos
do trabalho e da livre inciativa, pondera-se que estes constituem as SUBJETIVO administrativos}.
finalidades que o Estado busca alcançar. Já os conceitos de sobera-
nia, cidadania e pluralismo político, podem ser plenamente relacio- SENTIDO Sentido estrito {pessoas jurídicas, órgãos e
nados com o sentido de organização do Estado sob forma política, SUBJETIVO agentes públicos}.
e, os conceitos de dignidade da pessoa humana e os valores sociais SENTIDO Sentido amplo {função política e administrati-
do trabalho e da livre iniciativa, implicam na ideia do alcance de OBJETIVO va}.
objetivos morais e éticos.
SENTIDO Sentido estrito {atividade exercida por esses
OBJETIVO entes}.

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a solução para o seu concurso!
DIREITO ADMINISTRATIVO
Existem funções na Administração Pública que são exercidas Referente à função hermenêutica, os princípios são amplamen-
pelas pessoas jurídicas, órgãos e agentes da Administração que são te responsáveis por explicitar o conteúdo dos demais parâmetros
subdivididas em três grupos: fomento, polícia administrativa e ser- legais, isso se os mesmos se apresentarem obscuros no ato de tute-
viço público. la dos casos concretos. Por meio da função integrativa, por sua vez,
Para melhor compreensão e conhecimento, detalharemos cada os princípios cumprem a tarefa de suprir eventuais lacunas legais
uma das funções. Vejamos: observadas em matérias específicas ou diante das particularidades
a. Fomento: É a atividade administrativa incentivadora do de- que permeiam a aplicação das normas aos casos existentes.
senvolvimento dos entes e pessoas que exercem funções de utilida-
de ou de interesse público. Os princípios colocam em prática as função hermenêuticas e in-
b. Polícia administrativa: É a atividade de polícia administrati- tegrativas, bem como cumprem o papel de esboçar os dispositivos
va. São os atos da Administração que limitam interesses individuais legais disseminados que compõe a seara do Direito Administrativo,
em prol do interesse coletivo. dando-lhe unicidade e coerência.
c. Serviço público: resume-se em toda atividade que a Admi-
nistração Pública executa, de forma direta ou indireta, para satis- Além disso, os princípios do Direito Administrativo podem ser
fazer os anseios e as necessidades coletivas do povo, sob o regime expressos e positivados escritos na lei, ou ainda, implícitos, não po-
jurídico e com predominância pública. O serviço público também sitivados e não escritos na lei de forma expressa.
regula a atividade permanente de edição de atos normativos e con-
cretos sobre atividades públicas e privadas, de forma implementati- — Observação importante:
va de políticas de governo. Não existe hierarquia entre os princípios expressos e implíci-
A finalidade de todas essas funções é executar as políticas de tos. Comprova tal afirmação, o fato de que os dois princípios que
governo e desempenhar a função administrativa em favor do in- dão forma o Regime Jurídico Administrativo, são meramente im-
teresse público, dentre outros atributos essenciais ao bom anda- plícitos.
mento da Administração Pública como um todo com o incentivo das
atividades privadas de interesse social, visando sempre o interesse Regime Jurídico Administrativo: é composto por todos os prin-
público. cípios e demais dispositivos legais que formam o Direito Adminis-
A Administração Pública também possui elementos que a com- trativo. As diretrizes desse regime são lançadas por dois princípios
põe, são eles: as pessoas jurídicas de direito público e de direito centrais, ou supraprincípios que são a Supremacia do Interesse Pú-
privado por delegação, órgãos e agentes públicos que exercem a blico e a Indisponibilidade do Interesse Público.
função administrativa estatal.
— Observação importante:
Pessoas jurídicas de direito público são entidades estatais aco- Conclama a necessidade da sobreposi-
SUPREMACIA DO
pladas ao Estado, exercendo finalidades de interesse imediato da ção dos interesses da coletividade sobre
INTERESSE PÚBLICO
coletividade. Em se tratando do direito público externo, possuem os individuais.
a personalidade jurídica de direito público cometida à diversas na- Sua principal função é orientar a
ções estrangeiras, como à Santa Sé, bem como a organismos inter- INDISPONIBILIDA-
atuação dos agentes públicos para que
nacionais como a ONU, OEA, UNESCO.(art. 42 do CC). DE DO INTERESSE
atuem em nome e em prol dos interes-
No direito público interno encontra-se, no âmbito da adminis- PÚBLICO
ses da Administração Pública.
tração direta, que cuida-se da Nação brasileira: União, Estados, Dis-
trito Federal, Territórios e Municípios (art. 41, incs. I, II e III, do CC).
Ademais, tendo o agente público usufruído das prerrogativas
No âmbito do direito público interno encontram-se, no campo
de atuação conferidas pela supremacia do interesse público, a in-
da administração indireta, as autarquias e associações públicas (art.
disponibilidade do interesse público, com o fito de impedir que tais
41, inc. IV, do CC). Posto que as associações públicas, pessoas jurídi-
prerrogativas sejam utilizadas para a consecução de interesses pri-
cas de direito público interno dispostas no inc. IV do art. 41 do CC,
vados, termina por colocar limitações aos agentes públicos no cam-
pela Lei n.º 11.107/2005,7 foram sancionadas para auxiliar ao con-
sórcio público a ser firmado entre entes públicos (União, Estados, po de sua atuação, como por exemplo, a necessidade de aprovação
Municípios e Distrito Federal). em concurso público para o provimento dos cargos públicos.

Princípios da administração pública Princípios Administrativos


De acordo com o administrativista Alexandre Mazza (2017), Nos parâmetros do art. 37, caput da Constituição Federal, a Ad-
princípios são regras condensadoras dos valores fundamentais de ministração Pública deverá obedecer aos princípios da Legalidade,
um sistema. Sua função é informar e materializar o ordenamento Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência.
jurídico bem como o modo de atuação dos aplicadores e intérpre- Vejamos:
tes do direito, sendo que a atribuição de informar decorre do fato – Princípio da Legalidade: Esse princípio no Direito Administra-
de que os princípios possuem um núcleo de valor essencial da or- tivo, apresenta um significado diverso do que apresenta no Direito
dem jurídica, ao passo que a atribuição de enformar é denotada Privado. No Direito Privado, toda e qualquer conduta do indivíduo
pelos contornos que conferem à determinada seara jurídica. que não esteja proibida em lei e que não esteja contrária à lei, é
Desta forma, o administrativista atribui dupla aplicabilidade considerada legal. O termo legalidade para o Direito Administrativo,
aos princípios da função hermenêutica e da função integrativa. significa subordinação à lei, o que faz com que o administrador deva
atuar somente no instante e da forma que a lei permitir.
— Observação importante: O princípio da legalidade considera
a lei em sentido amplo. Nesse diapasão, compreende-se como lei,
toda e qualquer espécie normativa expressamente disposta pelo
art. 59 da Constituição Federal.

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DIREITO ADMINISTRATIVO
– Princípio da Impessoalidade: Deve ser analisado sob duas
óticas: PODERES ADMINISTRATIVOS: PODER HIERÁRQUICO, PO-
DER DISCIPLINAR, PODER REGULAMENTAR, PODER DE PO-
a) Sob a ótica da atuação da Administração Pública em relação LÍCIA, USO E ABUSO DO PODER
aos administrados: Em sua atuação, deve o administrador pautar
na não discriminação e na não concessão de privilégios àqueles que
o ato atingirá. Sua atuação deverá estar baseada na neutralidade e Poder Hierárquico
na objetividade. Trata-se o poder hierárquico, de poder conferido à autoridade
b) Em relação à sua própria atuação, administrador deve exe- administrativa para distribuir e dirimir funções em escala de seus
cutar atos de forma impessoal, como dispõe e exige o parágrafo órgãos, vindo a estabelecer uma relação de coordenação e subordi-
primeiro do art. 37 da CF/88 ao afirmar que: ‘‘A publicidade dos nação entre os servidores que estiverem sob a sua hierarquia.
atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos A estrutura de organização da Administração Pública é baseada
deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, em dois aspectos fundamentais, sendo eles: a distribuição de com-
dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que carac- petências e a hierarquia.
terizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.’’ Em decorrência da amplitude das competências e das res-
ponsabilidades da Administração, jamais seria possível que toda a
– Princípio da Moralidade: Dispõe que a atuação administrati- função administrativa fosse desenvolvida por um único órgão ou
va deve ser totalmente pautada nos princípios da ética, honestida- agente público. Assim sendo, é preciso que haja uma distribuição
de, probidade e boa-fé. Esse princípio está conexo à não corrupção dessas competências e atribuições entre os diversos órgãos e agen-
na Administração Pública. tes integrantes da Administração Pública.
Entretanto, para que essa divisão de tarefas aconteça de ma-
O princípio da moralidade exige que o administrador tenha
neira harmoniosa, os órgãos e agentes públicos são organizados
conduta pautada de acordo com a ética, com o bom senso, bons
em graus de hierarquia e poder, de maneira que o agente que se
costumes e com a honestidade. O ato administrativo terá que obe-
encontra em plano superior, detenha o poder legal de emitir ordens
decer a Lei, bem como a ética da própria instituição em que o agen-
e fiscalizar a atuação dos seus subordinados. Essa relação de subor-
te atua. Entretanto, não é suficiente que o ato seja praticado apenas
dinação e hierarquia, por sua vez, causa algumas sequelas, como o
nos parâmetros da Lei, devendo, ainda, obedecer à moralidade.
dever de obediência dos subordinados, a possibilidade de o imedia-
to superior avocar atribuições, bem como a atribuição de rever os
– Princípio da Publicidade: Trata-se de um mecanismo de con-
atos dos agentes subordinados.
trole dos atos administrativos por meio da sociedade. A publicidade
está associada à prestação de satisfação e informação da atuação Denota-se, porém, que o dever de obediência do subordinado
pública aos administrados. Via de regra é que a atuação da Admi- não o obriga a cumprir as ordens manifestamente ilegais, advindas
nistração seja pública, tornando assim, possível o controle da socie- de seu superior hierárquico. Ademais, nos ditames do art. 116, XII,
dade sobre os seus atos. da Lei 8.112/1990, o subordinado tem a obrigação funcional de re-
Ocorre que, no entanto, o princípio em estudo não é abso- presentar contra o seu superior caso este venha a agir com ilegali-
luto. Isso ocorre pelo fato deste acabar por admitir exceções pre- dade, omissão ou abuso de poder.
vistas em lei. Assim, em situações nas quais, por exemplo, devam Registra-se que a delegação de atribuições é uma das mani-
ser preservadas a segurança nacional, relevante interesse coletivo e festações do poder hierárquico que consiste no ato de conferir a
intimidade, honra e vida privada, o princípio da publicidade deverá outro servidor atribuições que de âmbito inicial, faziam parte dos
ser afastado. atos de competência da autoridade delegante. O ilustre Hely Lopes
Meirelles aduz que a delegação de atribuições se submete a algu-
Sendo a publicidade requisito de eficácia dos atos administra- mas regras, sendo elas:
tivos que se voltam para a sociedade, pondera-se que os mesmos A) A impossibilidade de delegação de atribuições de um Po-
não poderão produzir efeitos enquanto não forem publicados. der a outro, exceto quando devidamente autorizado pelo texto da
Constituição Federal. Exemplo: autorização por lei delegada, que
– Princípio da Eficiência: A atividade administrativa deverá ser ocorre quando a Constituição Federal autoriza o Legislativo a dele-
exercida com presteza, perfeição, rendimento, qualidade e econo- gar ao Chefe do Executivo a edição de lei.
micidade. Anteriormente era um princípio implícito, porém, hodier- B) É impossível a delegação de atos de natureza política. Exem-
namente, foi acrescentado, de forma expressa, na CFB/88, com a plos: o veto e a sanção de lei;
EC n. 19/1998. C) As atribuições que a lei fixar como exclusivas de determina-
da autoridade, não podem ser delegadas;
São decorrentes do princípio da eficiência: D) O subordinado não pode recusar a delegação;
E) As atribuições não podem ser subdelegadas sem a devida
a. A possibilidade de ampliação da autonomia gerencial, orça- autorização do delegante.
mentária e financeira de órgãos, bem como de entidades adminis- Sem prejuízo do entendimento doutrinário a respeito da dele-
trativas, desde que haja a celebração de contrato de gestão. gação de competência, a Lei Federal 9.784/1999, que estabelece os
ditames do processo administrativo federal, estabeleceu as seguin-
b. A real exigência de avaliação por meio de comissão especial tes regras relacionadas a esse assunto:
para a aquisição da estabilidade do servidor Efetivo, nos termos do • A competência não pode ser renunciada, porém, pode ser
art. 41, § 4º da CFB/88. delegada se não houver impedimento legal;
• A delegação de competência é sempre exercida de forma par-
cial, tendo em vista que um órgão administrativo ou seu titular não
detém o poder de delegar todas as suas atribuições;
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DIREITO ADMINISTRATIVO
• A título de delegação vertical, depreende-se que esta pode Ressalte-se, também, que a relação de hierarquia é inerente
ser feita para órgãos ou agentes subordinados hierarquicamente, e, à função administrativa e não há hierarquia entre integrantes do
a nível de delegação horizontal, também pode ser feita para órgãos Poder Legislativo e do Poder Judiciário no desempenho de suas fun-
e agentes não subordinados à hierarquia. ções típicas constitucionais. No entanto, os membros dos Poderes
Não podem ser objeto de delegação: Judiciário e Legislativo também estão submetidos à relação de hie-
• A edição de atos de caráter normativo; rarquia no que condiz ao exercício de funções atípicas ou adminis-
• A decisão de recursos administrativos; trativas. Exemplo: um juiz de Primeira Instância, não é legalmente
• As matérias de competência exclusiva do órgão ou autorida- obrigado a adotar o posicionamento do Presidente do Tribunal no
de; julgamento de um processo de sua competência, porém, encontra-
-se obrigado, por ditames da lei a cumprir ordens daquela autorida-
Ressalta-se com afinco que o ato de delegação e a sua revo- de quando versarem a respeito do horário de funcionamento dos
gação deverão ser publicados no meio oficial, nos trâmites da lei. serviços administrativos da sua Vara.
Ademais, deverá o ato de delegação especificar as matérias e os po- Por fim, é de suma importância destacar que a subordinação
deres transferidos, os limites da atuação do delegado, a duração e não se confunde com a vinculação administrativa, pois, a subordi-
os objetivos da delegação e também o recurso devidamente cabível nação decorre do poder hierárquico e existe apenas no âmbito da
à matéria que poderá constar a ressalva de exercício da atribuição mesma pessoa jurídica. Já a vinculação, resulta do poder de super-
delegada. visão ou do poder de tutela que a Administração Direta detém so-
O ato de delegação poderá ser revogado a qualquer tempo pela bre as entidades da Administração Indireta.
autoridade delegante como forma de transferência não definitiva Esquematizando, temos:
de atribuições, devendo as decisões adotadas por delegação, men-
cionar de forma clara esta qualidade, que deverá ser considerada
como editada pelo delegado.
No condizente à avocação, afirma-se que se trata de procedi-
mento contrário ao da delegação de competência, vindo a ocor-
rer quando o superior assume ou passa a desenvolver as funções
que eram de seu subordinado. De acordo com a doutrina, a norma
geral, é a possibilidade de avocação pelo superior hierárquico de
qualquer competência do subordinado, ressaltando-se que nesses
casos, a competência a ser avocada não poderá ser privativa do ór-
gão subordinado.
Dispõe a Lei 9.784/1999 que a avocação das competências do
órgão inferior apenas será permitida em caráter excepcional e tem-
porário com a prerrogativa de que existam motivos relevantes e im-
preterivelmente justificados. Poder conferido à autoridade admi-
O superior também pode rever os atos dos seus subordinados, nistrativa para distribuir e dirimir funções
como consequência do poder hierárquico com o fito de mantê-los, PODER em escala de seus órgãos, que estabelece
convalidá-los, ou ainda, desfazê-los, de ofício ou sob provocação do HIERÁRQUICO uma relação de coordenação e subordina-
interessado. Convalidar significa suprir o vício de um ato adminis- ção entre os servidores que estiverem sob
trativo por intermédio de um segundo ato, tornando válido o ato vi- a sua hierarquia.
ciado. No tocante ao desfazimento do ato administrativo, infere-se
que pode ocorrer de duas formas: A edição de atos de caráter normativo
a) Por revogação: no momento em que a manutenção do ato NÃO PODEM SER
válido se tornar inconveniente ou inoportuna; A decisão de recursos administrativos
OBJETO
b) Por anulação: quando o ato apresentar vícios. DE DELEGAÇÃO As matérias de competência exclusiva
No entanto, a utilização do poder hierárquico nem sempre po- do órgão ou autoridade
derá possibilitar a invalidação feita pela autoridade superior dos Por revogação: quando a manutenção
atos praticados por seus subordinados. Nos ditames doutrinários, a do ato válido se tornar inconveniente ou
DESFAZIMENTO
revisão hierárquica somente é possível enquanto o ato não tiver se inoportuna
DO ATO
tornado definitivo para a Administração Pública e, ainda, se houver
ADMINISTRATIVO Por anulação: quando o ator apresen-
sido criado o direito subjetivo para o particular.
tar vícios
Observação importante: “revisão” do ato administrativo não
se confunde com “reconsideração” desse mesmo ato. A revisão de Poder Disciplinar
ato é condizente à avaliação por parte da autoridade superior em O poder disciplinar confere à Administração Pública o poder de
relação à manutenção ou não de ato que foi praticado por seu su- autorizar e apurar infrações, aplicando as devidas penalidades aos
bordinado, no qual o fundamento é o exercício do poder hierárqui- servidores público, bem como às demais pessoas sujeitas à discipli-
co. Já na reconsideração, a apreciação relativa à manutenção do na administrativa em decorrência de determinado vínculo específi-
ato administrativo é realizada pela própria autoridade que confec- co. Assim, somente está sujeito ao poder disciplinar o agente que
cionou o ato, não existindo, desta forma, manifestação do poder possuir vínculo certo e preciso com a Administração, não importan-
hierárquico. do que esse vínculo seja de natureza funcional ou contratual.

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DIREITO ADMINISTRATIVO
Existindo vínculo funcional, infere-se que o poder disciplinar é • Pode ter caráter discricionário em relação à escolha entre
decorrente do poder hierárquico. Em razão da existência de distri- sanções legalmente cabíveis e respectiva gradação.
buição de escala dos órgãos e servidores pertencentes a uma mes-
ma pessoa jurídica, competirá ao superior hierárquico determinar o Poder regulamentar
cumprimento de ordens e exigir daquele que lhe for subordinado, Com supedâneo no art. 84, IV, da Constituição Federal, consiste
o cumprimento destas. Não atendendo o subordinado às determi- o poder regulamentar na competência atribuída aos Chefes do Po-
nações do seu superior ou descumprindo o dever funcional, o seu der Executivo para que venham a editar normas gerais e abstratas
chefe poderá e deverá aplicar as sanções dispostas no estatuto fun- destinadas a detalhar as leis, possibilitando o seu fiel regulamento
cional. e eficaz execução.
Conforme dito, o poder disciplinar também detém o poder de A doutrina não é unânime em relação ao uso da expressão po-
alcançar particulares que mantenham vínculo contratual com o Po- der regulamentar. Isso acontece, por que há autores que, asseme-
der Público, a exemplo daqueles contratados para prestar serviços lhando-se ao conceito anteriormente proposto, usam esta expres-
à Administração Pública. Nesse sentido, como não existe relação de são somente para se referirem à faculdade de editar regulamentos
hierarquia entre o particular e a Administração, o pressuposto para conferida aos Chefes do Executivo. Outros autores, a usam com
a aplicação de sanções de forma direta não é o poder hierárqui- conceito mais amplo, acoplando também os atos gerais e abstra-
co, mas sim o princípio da supremacia do interesse público sobre tos que são emitidos por outras autoridades, tais como: resoluções,
o particular. portarias, regimentos, deliberações e instruções normativas. Há
Denota-se que o poder disciplinar é o poder de investigar e ainda uma corrente que entende essas providências gerais e abs-
punir crimes e contravenções penais não se referem ao mesmo tratas editadas sob os parâmetros e exigências da lei, com o fulcro
instituto e não se confundem. Ao passo que o primeiro é aplicado de possibilitar-lhe o cumprimento em forma de manifestações do
somente àqueles que possuem vínculo específico com a Adminis- poder normativo.
tração de forma funcional ou contratual, o segundo é exercido so- No entanto, em que pese a mencionada controvérsia, prevalece
mente sobre qualquer indivíduo que viole as leis penais vigentes. como estudo e aplicação geral adotada pela doutrina clássica, que
Da mesma forma, o exercício do poder de polícia também não utiliza a expressão “poder regulamentar” para se referir somente à
se confunde com as penalidades decorrentes do poder disciplinar,
competência exclusiva dos Chefes do Poder Executivo para editar
que, embora ambos possuam natureza administrativa, estas deve-
regulamentos, mantendo, por sua vez, a expressão “poder normati-
rão ser aplicadas a qualquer pessoa que esteja causando transtor-
vo” para os demais atos normativos emitidos por outras espécies de
nos ou pondo em risco a coletividade, pois, no poder de polícia,
autoridades da Administração Direta e Indireta, como por exemplo,
denota-se que o vínculo entre a Administração Pública e o adminis-
de dirigentes de agências reguladoras e de Ministros.
trado é de âmbito geral, ao passo que nas penalidades decorrentes
Registra-se que os regulamentos são publicados através de
do poder disciplinar, somente são atingidos os que possuem relação
decreto, que é a maneira pela qual se revestem os atos editados
funcional ou contratual com a Administração.
pelo chefe do Poder Executivo. O conteúdo de um decreto pode ser
Em suma, temos:
1º - Sanção Disciplinar: Possui natureza administrativa; advém por meio de conteúdo ou de determinado regulamento ou, ainda,
do poder disciplinar; é aplicável sobre as pessoas que possuem vín- a pela adoção de providências distintas. A título de exemplo desta
culo específico com a Administração Pública. última situação, pode-se citar um decreto que dá a designação de
2º - Sanção de Polícia: Possui natureza administrativa; advém determinado nome a um prédio público.
do poder de polícia; aplica-se sobre as pessoas que desobedeçam Em razão de os regulamentos serem editados sob forma con-
às regulamentações de polícia administrativa. dizente de decreto, é comum serem chamados de decretos regu-
3º - Sanção Penal: Possui natureza penal; decorre do poder ge- lamentares, decretos de execução ou regulamentos de execução.
ral de persecução penal; aplica-se sobre as pessoas que cometem Podemos classificar os regulamentos em três espécies diferen-
crimes ou contravenções penais. tes:
Por fim, registre-se que é comum a doutrina afirmar que o A) Regulamento executivo;
poder disciplinar é exercido de forma discricionária. Tal afirmação B) Regulamento independente ou autônomo;
deve ser analisada com cuidado no que se refere ao seu alcance c) Regulamento autorizado.
como um todo, pois, se ocorrer de o agente sob disciplina adminis- Vejamos a composição de cada em deles:
trativa cometer infração, a única opção que restará ao gestor será
aplicar á situação a penalidade devidamente prevista na lei, pois, a Regulamento Executivo
aplicação da pena é ato vinculado. Quando existente, a discriciona- Existem leis que, ao serem editadas, já reúnem as condições
riedade refere-se ao grau da penalidade ou à aplicação correta das suficientes para sua execução, enquanto outras pugnam por um re-
sanções legalmente cabíveis, tendo em vista que no direito adminis- gulamento para serem executadas. Entretanto, em tese, qualquer
trativo não é predominável o princípio da pena específica que se re- lei é passível de ser regulamentada. Diga-se de passagem, até mes-
fere à necessidade de prévia definição em lei da infração funcional mo aquelas cuja execução não dependa de regulamento. Para isso,
e da exata sanção cabível. suficiente é que o Chefe do Poder Executivo entenda conveniente
Em resumo, temos: detalhar a sua execução.
O ato de regulamento executivo é norma geral e abstrata. Sen-
Poder Disciplinar do geral pelo fato de não possuir destinatários determinados ou
• Apura infrações e aplica penalidades; determináveis, vindo a atingir quaisquer pessoas que estejam nas
• Para que o indivíduo seja submetido ao poder disciplinar, é situações reguladas; é abstrata pelo fato de dispor sobre hipóteses
preciso que possua vínculo funcional com a administração; que, se e no momento em que forem verificadas no mundo con-
• A aplicação de sanção disciplinar deve ser acompanhada de creto, passarão a gerar as consequências abstratamente previstas.
processo administrativo no qual sejam assegurados o direito ao Desta forma, podemos afirmar que o regulamento possui conteúdo
contraditório e à ampla defesa, devendo haver motivação para que material de lei, porém, com ela não se confunde sob o aspecto for-
seja aplicada a penalidade disciplinar cabível; mal.
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DIREITO ADMINISTRATIVO
O ato de regulamento executivo é constituído por importantes Embora exista uma enorme importância em termos de pratici-
funções. São elas: dade, denota-se que os regulamentos de execução gozam de hie-
rarquia infralegal e não detém o poder de inovar na ordem jurídica,
1.º) Disciplinar a discricionariedade administrativa criando direitos ou obrigações, nem contrariando, ampliando ou
Ocorre, tendo em vista a existência de discricionariedade quan- restringindo as disposições da lei regulamentada. São, em resumo,
do a lei confere ao agente público determinada quantidade de li- atos normativos considerados secundários que são editados pelo
berdade para o exercício da função administrativa. Tal quantidade e Chefe do Executivo com o fulcro de detalhar a execução dos atos
margem de liberdade termina sendo reduzida quando da editação normativos primários elaborados pelas leis.
de um regulamento executivo que estipula regras de observância Dando enfoque à subordinação dos regulamentos executivos à
obrigatória, vindo a determinar a maneira como os agentes devem lei, a Constituição Federal prevê a possibilidade de o Congresso Na-
proceder no fiel cumprimento da lei. cional sustá-los, caso exorbite do poder regulamentar nos parâme-
Ou seja, ao disciplinar por intermédio de regulamento o exer- tros do art. 49, inc. V da CF/88. É o que a doutrina chama de “veto
cício da discricionariedade administrativa, o Chefe do Poder Exe- legislativo”, dentro de uma analogia com o veto que o Chefe do Exe-
cutivo, termina por voluntariamente limitá-la, vindo a estabelecer cutivo poderá apor aos projetos de lei aprovados pelo Parlamento.
autêntica autovinculação, diminuindo, desta forma, o espaço para Pondera-se que a aproximação terminológica possui limitações,
a discussão de casos e fatos sem importância para a administração uma vez que o veto propriamente dito do executivo, pode ocorrer
pública. em função de o Presidente da República entender que o projeto
de lei é incompatível com a Constituição Federal, que configuraria
o veto jurídico, ou, ainda, contrário ao interesse público, que seria
2.º) Uniformizar os critérios de aplicação da lei
o veto político. Por sua vez, o veto legislativo só pode ocorrer por
É interpretada no contexto da primeira, posto que o regula-
exorbitância do poder regulamentar, sendo assim, sempre jurídico.
mento ao disciplinar a forma com que a lei deve ser fielmente cum-
Melhor dizendo, não há como imaginar que o Parlamento venha a
prida, estipula os critérios a serem adotados nessa atividade, fato
sustar um decreto regulamentar por entendê-lo contrário ao inte-
que impede variações significativas nos casos sujeitos à lei aplicada. resse público, uma vez que tal norma somente deve detalhar como
Exemplo: podemos citar o desenvolvimento dos servidores na car- a lei ao ser elaborada pelo próprio Legislativo, será indubitavelmen-
reira de Policial Rodoviário Federal. te cumprida. Destarte, se o Parlamento entende que o decreto edi-
Criadora da carreira de Policial Rodoviário Federal, a Lei tado dentro do poder regulamentar é contrário ao interesse públi-
9.654/1998 estabeleceu suas classes e determinou que a investidu- co, deverá, por sua vez, revogar a própria lei que lhe dá o sustento.
ra no cargo de Policial Rodoviário Federal teria que se dar no padrão Ademais, lembremos que os regulamentos se submetem ao
único da classe de Agente, na qual o titular deverá permanecer por controle de legalidade, de tal forma que a nulidade decorrente da
pelo menos três anos ou até obter o direito à promoção à classe exorbitância do poder regulamentar também está passível de ser
subsequente, nos termos do art. 3.º, § 2.º. reconhecida pelo Poder Judiciário ou pelo próprio Chefe do Poder
A antiguidade e o merecimento são os principais requisitos Executivo no exercício da autotutela.
para que os servidores públicos sejam promovidos. No entanto,
o vocábulo “merecimento” é carregado de subjetivismo, fato que Regulamento independente ou autônomo
abriria a possibilidade de que os responsáveis pela promoção dos Ressalte-se que esta segunda espécie de regulamento, tam-
servidores, alegando discricionariedade, viessem a agir com base bém adota a forma de decreto. Diversamente do regulamento exe-
em critérios obscuros e casuístas, vindo a promover perseguições e cutivo, esse regulamento não se presta a detalhar uma lei, detendo
privilégios. E é por esse motivo que existe a necessidade de regula- o poder de inovar na ordem jurídica, da mesma maneira que uma
mentação dos requisitos de promoção, como demonstra o próprio lei. O regulamento autônomo (decreto autônomo) é considerado
estatuto dos servidores públicos civis federais em seu art. 10, pará- ato normativo primário porque retira sua força exclusivamente e
grafo único da Lei 8.112/1990. diretamente da Constituição.
Com o fulcro de regulamentar a matéria, foi editado o Decreto A Carta Magna de 1988, em sua redação original, deletou a fi-
8.282/2014, que possui como atributo, detalhar os requisitos e es- gura do decreto autônomo no direito brasileiro. No entanto, com
tabelecer os devidos critérios para promoção dos Policiais Rodoviá- a Emenda Constitucional 32/2001, a possibilidade foi novamente
rios Federais, dentre os quais se encontra a obtenção de “resultado inserida na alínea a do inciso VI do art. 84 da CFB/88.
satisfatório na avaliação de desempenho no interstício considerado Mesmo havendo controvérsias, a posição dominante na doutri-
na é no sentido de que a única hipótese de regulamento autônomo
para a progressão”, disposta no art. 4.º, II, “b”. Da mesma forma,
que o direito brasileiro permite é a contida no mencionado dispo-
a expressão “resultado satisfatório” também é eivada de subjetivi-
sitivo constitucional, que estabelece a competência do Presidente
dade, motivo pelo qual o § 3.º do mesmo dispositivo regulamentar
da República para dispor, mediante decreto, sobre organização e
designou que para o efeito de promoção, seria considerado satisfa-
funcionamento da administração federal, isso, quando não implicar
tório o alcance de oitenta por cento das metas estipuladas em ato em aumento de despesa nem mesmo criação ou extinção de órgãos
do dirigente máximo do órgão. públicos.
Assim sendo, verificamos que a discricionariedade do dirigente Por oportuno, registarmos que a autorização que está prevista
máximo da PRF continua a existir, e o exemplo disso, é o estabe- na alínea b do mesmo dispositivo constitucional, para que o Presi-
lecimento das metas. Entretanto, ela foi reduzida no condizente dente da República, mediante decreto, possa extinguir cargos públi-
à avaliação da suficiência de desempenho dos servidores para o cos vagos, não se trata de caso de regulamento autônomo. Cuida-se
efeito de promoção. O que nos leva a afirmar ainda que, diante da de uma xucra hipótese de abandono do princípio do paralelismo
regulamentação, erigiu a existência de vinculação da autoridade ad- das formas. Isso por que em decorrência do princípio da hierarquia
ministrativa referente ao percentual considerado satisfatório para das normas, se um instituto jurídico for criado por intermédio de
o efeito de promoção dos servidores, critério que inclusive já foi determinada espécie normativa, sua extinção apenas poderá ser
uniformizado. veiculada pelo mesmo tipo de ato, ou, ainda, por um de superior
hierarquia.
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Nesse sentido, sendo os cargos públicos criados por lei, nos pa- Entretanto, em decorrência da complexidade das atividades
râmetros do art. 48, inc. X da CFB/88, apenas a lei poderia extingui- técnicas da Administração, contemporaneamente, embora haja
-los pelo sistema do paralelismo das formas. Entretanto, deixando controvérsias em relação ao aspecto da constitucionalidade, a dou-
de lado essa premissa, o legislador constituinte derivado permitiu trina maior tem aceitado que as competências para regular deter-
que, estando vago o cargo público, a extinção aconteça por decreto. minadas matérias venham a ser transferidas pelo próprio legislador
Poderíamos até dizer que foi autorizado um decreto autônomo, mas para órgãos administrativos técnicos. Cuida-se do fenômeno da
nunca um regulamento autônomo, isso posto pelo fato de tal de- deslegalização, por meio do qual a normatização sai da esfera da lei
creto não gozar de generalidade e abstração, não regulamentando para a esfera do regulamento autorizado.
determinada matéria. Cuida-se, nesse sentido, de um ato de efeitos No entanto, o regulamento autorizado não se encontra limita-
concretos, amplamente desprovido de natureza regulamentar. do somente a explicar, detalhar ou complementar a lei. Na verdade,
De forma diversa do decreto regulamentar ou regulamento ele busca a inovação do ordenamento jurídico ao criar normas téc-
executivo, que é editado para minuciar a fiel execução da lei, desta- nicas não contidas na lei, ato que realiza em decorrência de expres-
ca-se que o decreto autônomo ou regulamento independente, en- sa determinação legal.
contra-se sujeito ao controle de constitucionalidade. O que justifica Depreende-se que o regulamento autorizado não pode ser
a mencionada diferenciação, é o fato de o conflito entre um decreto confundido com o regulamento autônomo. Isso ocorre, porque,
regulamentar e a lei que lhe atende de fundamento vir a configurar ao passo que este último retira sua força jurídica da Constituição,
aquele é amplamente dependente de expressa autorização contida
ilegalidade, não cabendo o argumento de que o decreto é inconsti-
na lei. Além disso, também se diverge do decreto de execução por-
tucional porque exorbitou do poder regulamentar. Assim, havendo
que, embora seja um ato normativo secundário que retira sua força
agressão direta à Constituição, a lei, com certeza pode ser conside-
jurídica da lei, detém o poder de inovar a ordem jurídica, ao contrá-
rada inconstitucional, mas não o decreto que a regulamenta. Agora,
rio do que ocorre com este último no qual sua destinação é apenas
em se tratando do decreto autônomo, infere-se que este é norma a de detalhar a lei para que seja fielmente executada.
primária, vindo a fundamentar-se no próprio texto constitucional, Nos moldes da jurisprudência, não é admitida a edição de regu-
de forma a ser possível uma agressão direta à Constituição Federal lamento autorizado para matéria reservada à lei, um exemplo disso
de 1988, legitimando desta maneira, a instauração de processo de é a criação de tributos ou da criação de tipos penais, tendo em vista
controle de constitucionalidade. Assim sendo, podemos citar a lição que afrontaria o princípio da separação dos Poderes, pelo fato de
do Supremo Tribunal Federal: estar o Executivo substituindo a função do Poder Legislativo.
Com efeito, o que é necessário demonstrar, é que o decreto do Entretanto, mesmo nos casos de inexistência de expressa de-
Chefe do Executivo advém de competência direta da Constituição, terminação constitucional estabelecendo reserva legal, tem sido
ou que retire seu fundamento da Carta Magna. Nessa sentido, caso admitida a utilização de regulamentos autorizados, desde que a lei
o regulamento não se amolde ao figurino constitucional, caberá, venha a os autorizar e estabeleça as condições, bem como os limi-
por conseguinte, análise de constitucionalidade pelo Supremo tri- tes da matéria a ser regulamentada. É nesse sentido que eles têm
bunal Federal. Se assim não for, será apenas vício de inconstitucio- sido adotados com frequência para a fixação de normas técnicas,
nalidade reflexa, afastando desta forma, o controle concentrado como por exemplo, daquelas condições determinadas pelas agên-
em ADI porque, como adverte Carlos Velloso: “é uma questão de cias reguladoras.
opção. Hans Kelsen, no debate com Carl Schmitt, em 1929, deixou
isso claro. E o Supremo Tribunal fez essa opção também no controle Regulamentos jurídicos e regulamentos administrativos
difuso, quando estabeleceu que não se conhece de inconstitucio- A ilustre Maria Sylvia Zanella Di Pietro, afirma que é possível
nalidade indireta. Não há falar-se em inconstitucionalidade indireta fazer a distinção entre os regulamentos jurídicos ou normativos e
reflexa. É uma opção da Corte para que não se realize o velho adá- os regulamentos administrativos ou de organização.
gio: ‘muita jurisdição, resulta em nenhuma jurisdição’” (ADI 2.387- Afirma-se que os regulamentos jurídicos ou normativos, criam
0/DF, Rel. Min. Marco Aurélio). regras ou normas para o exterior da Administração Pública, que
Em suma, conforme dito anteriormente, convém relembrar passam a vincular todos os cidadãos de forma geral, como acontece
que o art. 13, I, da Lei 9.784/1999 proíbe de forma expressa a de- com as normas inseridas no poder de polícia. No condizente aos
legação de atos de caráter normativo. No entanto, com exceção a regulamentos administrativos ou de organização, denota-se que es-
tes estabelecem normas sobre a organização administrativa ou que
essa regra, o decreto autônomo, diversamente do que acontece
se relacionam aos particulares que possuem um vínculo específico
com o decreto regulamentar que é indelegável, pode vir a ser ob-
com o Estado, como por exemplo, os concessionários de serviços
jeto de delegação aos Ministros de Estado, ao Procurador Geral da
públicos ou que possuem um contrato com a Administração.
República e ao Advogado
De acordo com a ilustre professora, outra nota que merece
Geral da União, conforme previsão contida no parágrafo único destaque em relação à distinção entre os mencionados institutos,
do art. 84 da Constituição Federal. é a de que os regulamentos jurídicos, pelo fato de se referirem à
liberdade e aos direitos dos particulares sem uma relação especí-
Regulamento autorizado ou delegado fica com a Administração, são, por sua vez, elaborados com menor
Denota-se que além das espécies anteriores de regulamento grau de discricionariedade em relação aos regulamentos adminis-
apresentadas, a doutrina administrativista e jurista também men- trativos.
ciona a respeito da existência do regulamento autorizado ou dele- Esquematicamente, temos:
gado.
De acordo com a doutrina tradicional, o legislador ordinário
ESPÉCIES DE Regulamentos jurídicos ou normativos
não poderá, fora dos casos previstos na Constituição, delegar de
REGULAMENTO
forma integral a função de legislar que é típica do Poder Legislativo, Regulamentos administrativos ou de
QUANTO AOS
aos órgãos administrativos. DESTINATÁRIOS organização

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DIREITO ADMINISTRATIVO
Poder de Polícia Registramos que a Lei em estudo, prevê a possibilidade de em
O poder de polícia é a legítima faculdade conferida ao Estado determinadas situações específicas, quando o interessado inter-
para estabelecer regras restritivas e condicionadoras do exercício romper a prática ou sanar a irregularidade, que haja a suspensão
de direitos e garantias individuais, tendo sempre em vista o inte- do prazo prescricional para aplicação das sanções de polícia, nos
resse público. parâmetros do art. 3.º.
Por fim, denota-se que as determinações contidas na Lei
Limites 9.873/1999 não se aplicam às infrações de natureza funcional e aos
No exercício do poder de polícia, os atos praticados, assim processos e procedimentos de natureza tributária, nos termos do
como todo ato administrativo, mesmo sendo discricionário, está art. 5.º.
eivado de limitações legais em relação à competência, à forma, aos
fins, aos motivos ou ao objeto. Atributos
Ressalta-se de antemão com ênfase, que para que o ato de po- Segundo a maior parte da doutrina, são atributos do poder de
lícia seja considerado legítimo, deve respeitar uma relação de pro- polícia: a discricionariedade, a autoexecutoriedade e a coercibilida-
porcionalidade existente entre os meios e os fins. Assim sendo, a de. Entretanto, vale explicitar que nem todas essas características
medida de polícia não poderá ir além do necessário com o fito de estão presentes de forma simultânea em todos os atos de polícia.
atingir a finalidade pública a que se destina. Imaginemos por exem- Vejamos detalhadamente a definição e atribuição de cada atri-
plo, a hipótese de um estabelecimento comercial que somente pos- buto:
suía licença do poder público para atuar como revenda de roupas,
mas que, além dessa atividade, funcionava como atelier de costura. Discricionariedade
Caso os fiscais competentes, na constatação do fato, viessem a in- Consiste na liberdade de escolha da autoridade pública em re-
terditar todo o estabelecimento, pondera-se que tal medida seria lação à conveniência e oportunidade do exercício do poder de polí-
desproporcional, tendo em vista que, para por fim à irregularidade, cia. Entretanto, mesmo que a discricionariedade dos atos de polícia
seria suficiente somente interditar a parte da revenda de roupas. seja a regra, em determinadas situações o exercício do poder de
Acontece que em havendo eventuais atos de polícia que este- polícia é vinculado e por isso, não deixa margem para que a autori-
jam eivados de vícios de legalidade ou que se demostrem despro- dade responsável possa executar qualquer tipo de opção.
porcionais devem ser, por conseguinte, anulados pelo Poder Judici- Como exemplo do mencionado no retro parágrafo, compare-
ário por meio do controle judicial, ou, pela própria administração mos os atos de concessão de alvará de licença e de autorização,
no exercício da autotutela. respectivamente. Em se tratando do caso do alvará de licença, de-
preende-se que o ato é vinculado, significando que a licença não
Prescrição poderá ser negada quando o requerente estiver preenchendo os
Determina a Lei 9.873/1999 que na Administração Pública Fe- requisitos legais para sua obtenção. Diga-se de passagem, que isso
deral, direta e indireta, são prescritíveis em cinco anos a ação pu- ocorre com a licença para dirigir, para construir bem como para
nitiva para apuração da infração e a aplicação da sanção de polícia, exercer certas profissões, como a de enfermagem, por exemplo. Re-
desde que contados da data da prática do ato ou, em se tratando de ferente à hipótese de alvará de autorização, mesmo o requerente
infração de forma permanente ou continuada, do dia em que tiver atendendo aos requisitos da lei, a Administração Pública poderá ou
cessado (art. 1.º). Entretanto, se o fato objeto da ação punitiva da não conceder a autorização, posto que esse ato é de natureza dis-
Administração também for considerado crime, a prescrição deverá cricionária e está sujeito ao juízo de conveniência e oportunidade
se reger pelo prazo previsto na lei penal em seu art. 1.º, § 2.º. da autoridade administrativa. É o que ocorre, por exemplo, coma
Ademais, a Lei determina que prescreve em cinco anos a ação autorização para porte de arma, bem como para a produção de ma-
de execução da administração pública federal relativa a crédito não terial bélico.
tributário advindo da aplicação de multa por infração à legislação
em vigor, desde que devidamente contados da constituição defini- Autoexecutoriedade
tiva do crédito, nos termos da Lei 9.873/1999, art. 1.º-A, com sua Nos sábios dizeres de Hely Lopes Meirelles, o atributo da auto-
redação incluída pela Lei 11.941/2009. executoriedade consiste na “faculdade de a Administração decidir
Denota-se que a mencionada norma prevê, ainda, a possibi- e executar diretamente sua decisão por seus próprios meios, sem
lidade de prescrição intercorrente, ou seja, aquela que ocorre no intervenção do Judiciário”. Assim, se um estabelecimento comer-
curso do processo, quando o procedimento administrativo vir a fi- cial estiver comercializando bebidas deteriorados, o Poder Público
car paralisado por mais de três anos, desde que pendente de des- poderá usar do seu poder para apreendê-los e incinerá-los, sendo
pacho ou julgamento, tendo em vista que os autos serão arquivados desnecessário haver qualquer ordem judicial. Ocorre, também, que
de ofício ou mediante requerimento da parte interessada, sem que tal fato não impede ao particular, que se sentir prejudicado pelo
haja prejuízo da apuração da responsabilidade funcional decorren- excesso ou desvio de poder, de buscar o amparo do Poder Judiciário
te da paralisação, se for o caso, nos parâmetros do art. 1.º, § 1.º. para fazer cessar o ato de polícia abusivo.
Vale a pena mencionar com destaque que a prescrição da ação Entretanto, denota-se que nem todas as medidas de polícia
punitiva, no caso das sanções de polícia, se interrompe no decurso são dotadas de autoexecutoriedade. A doutrina majoritária afirma
das seguintes hipóteses: que a autoexecutoriedade só pode existir em duas situações, sen-
A) Notificação ou citação do indiciado ou acusado, inclusive por do elas: quando estiver prevista expressamente em lei; ou mesmo
meio de edital; não estando prevista expressamente em lei, se houver situação de
B) ocorrer qualquer ato inequívoco que importe apuração do urgência que demande a execução direta da medida. O que infere
fato; pela decisão condenatória recorrível; que, não sendo cumprido nenhum desses requisitos, o ato de po-
C)Por qualquer ato inequívoco que importe em manifestação lícia autoexecutado será considerado abusivo. Cite-se como exem-
expressa de tentativa de solução conciliatória no âmbito interno da plo, o de ato de polícia que não contém autoexecutoriedade, como
Administração Pública Federal. o caso de uma autuação por desrespeito à normas sanitárias. Nesse
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caso específico, se o poder público tiver a pretensão de cobrar o Esquematizando, temos:
mencionado valor, não poderá fazê-lo de forma direta, sendo ne-
cessário que promova a execução judicial da dívida. ATRIBUTOS DO PODER DE POLÍCIA
A renomada Professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro, afirma
que alguns autores dividem o atributo da autoexecutoriedade em DISCRICIONARIE- AUTOEXECUTORIE-
COERCIBILIDADE
dois, sendo eles: a exigibilidade (privilège du préalable) e a execu- DADE DADE
toriedade (privilège d’action d’office). Nesse diapasão, a exigibili- Liberdade de esco- Faculdade de a Ad-
dade ensejaria a possibilidade de a Administração tomar decisões lha da autoridade ministração decidir e
executórias, impondo obrigações aos administrados mesmo sem a Faz com que o ato
pública em relação executar diretamente
concordância destes, e a executoriedade, que consiste na faculdade seja imposto ao
à conveniência e sua decisão por seus
de se executar de forma direta todas essas decisões sem que haja a particular, concor-
oportunidade do próprios meios, sem
necessidade de intervenção do Poder Judiciário, usando-se, quando dando este, ou não.
exercício do poder intervenção do Judi-
for preciso, do emprego direto da força pública. Imaginemos como de polícia. ciário.
exemplo, um depósito antigo de carros que esteja ameaçado de
desabar. Nessa situação específica, a Administração pode ordenar Uso e abuso de poder
que o proprietário promova a sua demolição (exigibilidade). E não De antemão, depreende-se que o exercício de poder acontece
sendo a ordem cumprida, a própria Administração possui o poder de forma legítima quando desempenhado pelo órgão competente,
de mandar seus servidores demolirem o imóvel (executoriedade). desde que esteja nos limites da lei a ser aplicada, bem como em
Ainda, pelos ensinamentos da ilustre professora, ao passo que atendimento à consecução dos fins públicos.
a exigibilidade se encontra relacionada com a aplicação de meios No entanto, é possível que a autoridade, ao exercer o poder,
indiretos de coação, como a aplicação de multa ou a impossibilida- venha a ultrapassar os limites de sua competência ou o utilize para
de de licenciamento de veículo enquanto não forem pagas as mul- fins diversos do interesse público. Quando isto ocorre, afirma-se
tas de trânsito, a executoriedade irá se consubstanciar no uso de que houve abuso de poder. Ressalta-se que o abuso de poder ocor-
meios diretos de coação, como por exemplo dissolução de reunião, re tanto por meio de um ato comissivo, quando é feita alguma coisa
da apreensão de mercadorias, da interdição de estabelecimento e que não deveria ser feita, quanto por meio de um ato omissivo, por
da demolição de prédio. meio do qual se deixa de fazer algo que deveria ser feito.
Adverte-se, por fim, que a exigibilidade se encontra presente Pode o abuso de poder se dividido em duas espécies, são elas:
em todas as medidas de polícia, ao contrário da executoriedade,
que apenas se apresenta nas hipóteses previstas por meio de lei ou • Excesso de poder: Ocorre a partir do momento em que a au-
em situações de urgência. toridade atua extrapolando os limites da sua competência.
• Desvio de poder ou desvio de finalidade: Ocorre quando a
Coercibilidade autoridade vem a praticar um ato que é de sua competência, po-
É um atributo do poder de polícia que faz com que o ato seja rém, o utiliza para uma finalidade diferente da prevista ou contrária
imposto ao particular, concordando este, ou não. Em outras termos, ao interesse público como um todo.
o ato de polícia, como manifestação do ius imperi estatal, não está Convém mencionar que o ato praticado com abuso de poder
consignado à dependência da concordância do particular para que pode ser devidamente invalidado pela própria Administração por
tenha validade e seja eficaz. Além disso, a coercibilidade é indisso- intermédio da autotutela ou pelo Poder Judiciário, sob controle ju-
ciável da autoexecutoridade, e o ato de polícia só poderá ser autoe- dicial.
xecutável pelo fato de ser dotado de força coercitiva.
Assim sendo, a coercibilidade ou imperatividade, definida
como a obrigatoriedade do ato para os seus destinatários, acaba se ATO ADMINISTRATIVO: CONCEITO, REQUISITOS E ATRIBU-
confundindo com a definição dada de exigibilidade que resulta do TOS; ANULAÇÃO, REVOGAÇÃO E CONVALIDAÇÃO; DISCRI-
desdobramento do atributo da autoexecutoriedade. CIONARIEDADE E VINCULAÇÃO

Poder de polícia originário e poder de polícia delegado


Nos parâmetros doutrinários, o poder de polícia originário é Conceito
aquele exercido pelos órgãos dos próprios entes federativos, tendo Hely Lopes Meirelles conceitua ato administrativo como sendo
como fundamento a própria repartição de competências materiais “toda manifestação unilateral de vontade da Administração Pública
e legislativas constante na Constituição Federal Brasileira de 1988. que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, res-
Referente ao poder de polícia delegado, afirma-se que este faz guardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor
referência ao poder de polícia atribuído às pessoas de direito pú- obrigações aos administrados ou a si própria”.
blico da Administração Indireta, posto que esta delegação deve ser Já Maria Sylvia Zanella Di Pietro explana esse tema, como: “a
feita por intermédio de lei do ente federativo que possua o poder declaração do Estado ou de quem o represente, que produz efeitos
de polícia originário. jurídicos imediatos, com observância da lei, sob regime jurídico de
Como uma das mais claras manifestações do princípio segun- direito público e sujeita a controle pelo Poder Judiciário”.
do o qual o interesse público se sobrepõe ao interesse privado, no O renomado, Celso Antônio Bandeira de Mello, por sua vez,
exercício do poder de polícia, o Estado impõe aos particulares ações explica o conceito de ato administrativo de duas formas. São elas:
e omissões independentemente das suas vontades. Tal possibilida- A) Primeira: em sentido amplo, na qual há a predominância de
de envolve exercício de atividade típica de Estado, com clara ma- atos gerais e abstratos. Exemplos: os contratos administrativos e os
nifestação de potestade (poder de autoridade). Assim, estão pre- regulamentos.
sentes características ínsitas ao regime jurídico de direito público,
o que tem levado o STF a genericamente negar a possibilidade de
delegação do poder de polícia a pessoas jurídicas de direito privado,
ainda que integrantes da administração indireta (ADI 1717/DF).
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DIREITO ADMINISTRATIVO
No sentido amplo, de acordo com o mencionado autor, o ato Atos normativos
administrativo pode, ainda, ser considerado como a “declaração do
Estado (ou de quem lhe faça as vezes – como, por exemplo, um Atos normativos em sentido estrito e propriamente ditos
concessionário de serviço público), no exercício de prerrogativas
públicas, manifestada mediante providências jurídicas complemen- Requisitos
tares da lei a título de lhe dar cumprimento, e sujeitas a controle de A lei da Ação Popular, Lei nº 4.717/1965, aponta a existência
legitimidade por órgão jurisdicional”. de cinco requisitos do ato administrativo. São eles: competência,
B) Segunda: em sentido estrito, no qual acrescenta à definição finalidade, forma, motivo e objeto. É importante esclarecer que a
anterior, os atributos da unilateralidade e da concreção. Desta for- falta ou o defeito desses elementos pode resultar.
ma, no entendimento estrito de ato administrativo por ele expos- De acordo com o a gravidade do caso em consideração, em
ta, ficam excluídos os atos convencionais, como os contratos, por simples irregularidade com possibilidade de ser sanada, invalidan-
exemplo, bem como os atos abstratos. do o ato do ato, ou até mesmo o tornando inexistente.
Embora haja ausência de uniformidade doutrinária, a partir da No condizente à competência, no sentido jurídico, esta palavra
análise lúcida do tópico anterior, acoplada aos estudos dos concei- designa a prerrogativa de poder e autorização de alguém que está
tos retro apresentados, é possível extrair alguns elementos funda- legalmente autorizado a fazer algo. Da mesma maneira, qualquer
mentais para a definição dos conceitos do ato administrativo. pessoa, ainda que possua capacidade e excelente rendimento para
De antemão, é importante observar que, embora o exercício fazer algo, mas não alçada legal para tal, deve ser considerada in-
da função administrativa consista na atividade típica do Poder Exe- competente em termos jurídicos para executar tal tarefa.
cutivo, os Poderes Legislativo e Judiciário, praticam esta função Pensamento idêntico é válido para os órgãos e entidades pú-
de forma atípica, vindo a praticar, também, atos administrativos. blicas, de forma que, por exemplo, a Agência Nacional de Aviação
Exemplo: ao realizar concursos públicos, os três Poderes devem no- Civil (ANAC) não possui competência para conferir o passaporte e
mear os aprovados, promovendo licitações e fornecendo benefícios liberar a entrada de um estrangeiro no Brasil, tendo em vista que o
legais aos servidores, dentre outras atividades. Acontece que em controle de imigração brasileiro é atividade exclusiva e privativa da
todas essas atividades, a função administrativa estará sendo exerci- Polícia Federal.
da que, mesmo sendo função típica, mas, recordemos, não é função Nesse sentido, podemos conceituar competência como sendo
exclusiva do Poder Executivo. o acoplado de atribuições designadas pelo ordenamento jurídico às
Denota-se também, que nem todo ato praticado no exercício pessoas jurídicas, órgãos e agentes públicos, com o fito de facilitar
da função administrativa é ato administrativo, isso por que em inú- o desempenho de suas atividades.
meras situações, o Poder Público pratica atos de caráter privado, A competência possui como fundamento do seu instituto a di-
desvestindo-se das prerrogativas que conformam o regime jurídico visão do trabalho com ampla necessidade de distribuição do con-
de direito público e assemelhando-se aos particulares. Exemplo: a junto das tarefas entre os agentes públicos. Desta forma, a distri-
emissão de um cheque pelo Estado, uma vez que a referida provi- buição de competências possibilita a organização administrativa
dência deve ser disciplinada exclusivamente por normas de direito do Poder Público, definindo quais as tarefas cabíveis a cada pessoa
privado e não público. política, órgão ou agente.
Há de se desvencilhar ainda que o ato administrativo pode ser Relativo à competência com aplicação de multa por infração à
praticado não apenas pelo Estado, mas também por aquele que legislação do imposto de renda, dentre as pessoas políticas, a União
o represente. Exemplo: os órgãos da Administração Direta, bem é a competente para instituir, fiscalizar e arrecadar o imposto e tam-
como, os entes da Administração Indireta e particulares, como bém para estabelecer as respectivas infrações e penalidades. Já em
acontece com as permissionárias e com as concessionárias de ser- relação à instituição do tributo e cominação de penalidades, que
viços públicos. é de competência do legislativo, dentre os Órgãos Constitucionais
Destaca-se, finalmente, que o ato administrativo por não apre- da União, o Órgão que possui tal competência, é o Congresso Na-
sentar caráter de definitividade, está sujeito a controle por órgão cional no que condizente à fiscalização e aplicação das respectivas
jurisdicional. Em obediência a essas diretrizes, compreendemos penalidades.
que ato administrativo é a manifestação unilateral de vontade pro-
veniente de entidade arremetida em prerrogativas estatais ampara- Em relação às fontes, temos as competências primária e secun-
das pelos atributos provenientes do regime jurídico de direito públi- dária. Vejamos a definição de cada uma delas nos tópicos abaixo:
co, destinadas à produção de efeitos jurídicos e sujeitos a controle a) Competência primária: quando a competência é estabeleci-
judicial específico. da pela lei ou pela Constituição Federal.
Em suma, temos: b) Competência Secundária: a competência vem expressa em
ATO ADMINISTRATIVO: é a manifestação unilateral de vontade normas de organização, editadas pelos órgãos de competência pri-
proveniente de entidade arremetida em prerrogativas estatais am- mária, uma vez que é produto de um ato derivado de um órgão ou
paradas pelos atributos provenientes do regime jurídico de direito agente que possui competência primária.
público, destinadas à produção de efeitos jurídicos e sujeitos a con-
trole judicial específico. Entretanto, a distribuição de competência não ocorre de forma
aleatória, de forma que sempre haverá um critério lógico informan-
do a distribuição de competências, como a matéria, o território, a
ATOS ADMINISTRATIVOS EM SENTIDO AMPLO hierarquia e o tempo. Exemplo disso, concernente ao critério da
Atos de Direito Privado matéria, é a criação do Ministério da Saúde.
Atos materiais
Atos de opinião, conhecimento, juízo ou valor
Atos políticos
Contratos

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Em relação ao critério territorial, a criação de Superintendên- Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos
cias Regionais da Polícia Federal e, ainda, pelo critério da hierarquia, administrativos a que foi atribuída como própria, salvo os casos de
a criação do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), delegação e avocação legalmente admitidos.
órgão julgador de recursos contra as decisões das Delegacias da Re- Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não
ceita Federal de Julgamento criação da Comissão Nacional da Ver- houver impedimento legal, delegar parte da sua competência a ou-
dade que trabalham na investigação de violações graves de Direitos tros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquica-
Humanos nos períodos entre 18.09.1946 e 05.10.1988, que resulta mente subordinados, quando for conveniente, em razão de circuns-
na combinação dos critérios da matéria e do tempo. tâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial.
A competência possui como características: Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica-se à
a) Exercício obrigatório: pelos órgãos e agentes públicos, uma delegação de competência dos órgãos colegiados aos respectivos
vez que se trata de um poder-dever de ambos. presidentes.
b) Irrenunciável ou inderrogável: isso ocorre, seja pela vonta- Art. 13. Não podem ser objeto de delegação:
de da Administração, ou mesmo por acordo com terceiros, uma vez I - a edição de atos de caráter normativo;
que é estabelecida em decorrência do interesse público. Exemplo: II - a decisão de recursos administrativos;
diante de um excessivo aumento da ocorrência de crimes graves e III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou autori-
da sua diminuição de pessoal, uma delegacia de polícia não poderá dade.
jamais optar por não mais registrar boletins de ocorrência relativos Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deverão ser publi-
a crimes considerados menos graves. cados no meio oficial.
c) Intransferível: não pode ser objeto de transação ou acordo § 1º O ato de delegação especificará as matérias e poderes
com o fulcro de ser repassada a responsabilidade a outra pessoa. transferidos, os limites da atuação do delegado, a duração e os ob-
Frise-se que a delegação de competência não provoca a transfe- jetivos da delegação e o recurso cabível, podendo conter ressalva
rência de sua titularidade, porém, autoriza o exercício de deter- de exercício da atribuição delegada.
minadas atribuições não exclusivas da autoridade delegante, que § 2º O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela
poderá, conforme critérios próprios e a qualquer tempo, revogar a autoridade delegante.
delegação. § 3º As decisões adotadas por delegação devem mencionar
d) Imodificável: não admite ser modificada por ato do agente, explicitamente esta qualidade e considerar-se-ão editadas pelo de-
quando fixada pela lei ou pela Constituição, uma vez que somente legado.
estas normas poderão alterá-la. Convém registrar que a delegação é ato discricionário, que
e) Imprescritível: o agente continua competente, mesmo que leva em conta para sua prática circunstâncias de índole técnica, so-
não tenha sido utilizada por muito tempo. cial, econômica, jurídica ou territorial, bem como é ato revogável
f) Improrrogável: com exceção de disposição expressa prevista a qualquer tempo pela autoridade delegante, sendo que o ato de
em lei, o agente incompetente não passa a ser competente pelo delegação bem como a sua revogação deverão ser expressamente
mero fato de ter praticado o ato ou, ainda, de ter sido o primeiro a publicados no meio oficial, especificando em seu ato as matérias e
tomar conhecimento dos fatos que implicariam a motivação de sua poderes delegados, os parâmetros de limites da atuação do delega-
prática. do, o recurso cabível, a duração e os objetivos da delegação.

Cabem dentro dos critérios de competência a delegação e a Importante ressaltar:


avocação, que podem ser definidas da seguinte forma: Súmula 510 do STF: Praticado o ato por autoridade, no exercí-
a) Delegação de competência: trata-se do fenômeno por in- cio de competência delegada, contra ela cabe o mandado de segu-
termédio do qual um órgão administrativo ou um agente público rança ou a medida judicial.
delega a outros órgãos ou agentes públicos a tarefa de executar Com fundamento nessa orientação, o STF decidiu no julgamen-
parte das funções que lhes foram atribuídas. Em geral, a delegação to do MS 24.732 MC/DF, que o foro da autoridade delegante não
é transferida para órgão ou agente de plano hierárquico inferior. poderá ser transmitido de forma alguma à autoridade delegada.
No entanto, a doutrina contemporânea considera, quando justifi- Desta forma, tendo sido o ato praticado pela autoridade delegada,
cadamente necessário, a admissão da delegação fora da linha hie- todas e quaisquer medidas judiciais propostas contra este ato deve-
rárquica. rão respeitar o respectivo foro da autoridade delegada.
Considera-se ainda que o ato de delegação não suprime a atri-
buição da autoridade delegante, que continua competente para o Seguindo temos:
exercício das funções cumulativamente com a autoridade a que foi
delegada a função. Entretanto, cada agente público, na prática de a) Avocação: trata-se do fenômeno contrário ao da delegação e
atos com fulcro nos poderes que lhe foram atribuídos, agirá sempre se resume na possibilidade de o superior hierárquico trazer para si
em nome próprio e, respectivamente irá responder por seus atos. de forma temporária o devido exercício de competências legalmen-
Por todas as decisões que tomar. Do mesmo modo, adotando te estabelecidas para órgãos ou agentes hierarquicamente inferio-
cautelas parecidas, a autoridade delegante da ação também pode- res. Diferentemente da delegação, não cabe avocação fora da linha
rá revogar a qualquer tempo a delegação realizada anteriormen- de hierarquia, posto que a utilização do instituto é dependente de
te. Desta maneira, a regra geral é a possibilidade de delegação de poder de vigilância e controle nas relações hierarquizadas.
competências, só deixando esta de ser possível se houver quaisquer Vejamos a diferença entre a avocação com revogação de dele-
impedimentos legais vigentes. gação:

É importante conhecer a respeito da delegação de competên- • Na avocação, sendo sua providência de forma excepcional e
cia o disposto na Lei 9.784/1999, Lei do Processo Administrativo temporária, nos termos do art. 15 da Lei 9.787/1999, a competên-
Federal, que tendo tal norma aplicada somente no âmbito federal, cia é de forma originária e advém do órgão ou agente subordinado,
incorporou grande parte da orientação doutrinária existente, dis- sendo que de forma temporária, passa a ser exercida pelo órgão ou
pondo em seus arts. 11 a 14: autoridade avocante.
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• Já na revogação de delegação, anteriormente, a competên- ABUSO DE AUTORIDADE
cia já era de forma original da autoridade ou órgão delegante, que
achou por conveniência e oportunidade revogar o ato de delega- EXCESSO DE PODER Vício de competência
ção, voltando, por conseguinte a exercer suas atribuições legais por DESVIO DE PODER Desvio de finalidade
cunho de mão própria.
Relativo à finalidade, denota-se que a finalidade pública é uma
Finalmente, adverte-se que, apesar de ser um dever ser exer- das características do princípio da impessoalidade. Nesse diapasão,
cido com autocontrole, o poder originário de avocar competência a Administração não pode atuar com o objetivo de beneficiar ou
também se constitui em regra na Administração Pública, uma vez prejudicar determinadas pessoas, tendo em vista que seu compor-
que é inerente à organização hierárquica como um todo. Entretan- tamento deverá sempre ser norteado pela busca do interesse públi-
to, conforme a doutrina de forma geral, o órgão superior não pode co. Além disso, existe determinada finalidade típica para cada tipo
avocar a competência do órgão subordinado em se tratando de de ato administrativo.
competências exclusivas do órgão ou de agentes inferiores atribu- Assim sendo, identifica-se no ato administrativo duas espécies
ídas por lei. Exemplo: Secretário de Segurança Pública, mesmo es- de finalidade pública. São elas:
tando alguns degraus hierárquicos acima de todos os Delegados da a) Geral ou mediata: consiste na satisfação do interesse públi-
Polícia Civil, não poderá jamais avocar para si a competência para co considerado de forma geral.
presidir determinado inquérito policial, tendo em vista que esta b) Pública específica ou imediata: é o resultado específico pre-
competência é exclusiva dos titulares desses cargos. visto na lei, que deve ser alcançado com a prática de determinado
Não convém encerrar esse tópico acerca da competência sem ato.
mencionarmos a respeito dos vícios de competência que é concei- Está relacionada ao atributo da tipicidade, por meio do qual a
tuado como o sofrimento de algum defeito em razão de problemas lei dispõe uma finalidade a ser alcançada para cada espécie de ato.
com a competência do agente que o pratica que se subdivide em:
a) Excesso de poder: acontece quando o agente que pratica o Destaca-se que o descumprimento de qualquer dessas finali-
ato acaba por exceder os limites de sua competência, agindo além dades, seja geral ou específica, resulta no vício denominado desvio
das providências que poderia adotar no caso concreto, vindo a pra- de poder ou desvio de finalidade. O desvio de poder é vício que não
ticar abuso de poder. O vício de excesso de poder nem sempre po- pode ser sanado, e por esse motivo, não pode ser convalidado.
derá resultar em anulação do ato administrativo, tendo em vista A Lei de Ação Popular, Lei 4.717/1965 em seu art. 2º, parágra-
que em algumas situações será possível convalidar o ato defeituoso. fo único, alínea e, estabelece que “o desvio de finalidade se veri-
b) Usurpação de função: ocorre quando uma pessoa exerce fica quando o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele
atribuições próprias de um agente público, sem que tenha esse previsto, explícita ou implicitamente, na regra de competência”.
atributo ou competência. Exemplo: uma pessoa que celebra casa- Destaque-se que por via de regra legal atributiva de competência
mentos civis fingindo ser titular do cargo de juiz. estatui de forma explícita ou implicitamente, os fins que devem ser
c) Função de fato: ocorre quando a pessoa que pratica o ato seguidos e obedecidos pelo agente público. Caso o ato venha a ser
está irregularmente investida no cargo, emprego ou função pública praticado visando a fins diversos, verificar-se-á a presença do vício
ou ainda que, mesmo devidamente investida, existe qualquer tipo de finalidade.
de impedimento jurídico para a prática do ato naquele momento. O desvio de finalidade, segundo grandes doutrinadores, se ve-
Na função de fato, o agente pratica o ato num contexto que tem rifica em duas hipóteses. São elas:
toda a aparência de legalidade. Por esse motivo, em decorrência da a) o ato é formalmente praticado com finalidade diversa da
teoria da aparência, desde que haja boa-fé do administrado, esta prevista por lei. Exemplo: remover um funcionário com o objetivo
deve ser respeitada, devendo, por conseguinte, ser considerados de punição.
válidos os atos, como se fossem praticados pelo funcionário de fato. b) ocorre quando o ato, mesmo formalmente editado com a
Em suma, temos: finalidade legal, possui, na prática, o foco de atender a fim de inte-
resse particular da autoridade. Exemplo: com o objetivo de perse-
VÍCIOS DE COMPETÊNCIA guir inimigo, ocorre a desapropriação de imóvel alegando interesse
público.
Em determinadas situações
EXCESSO DE PODER
é possível a convalidação Em resumo, temos:
USURPAÇÃO DE FUNÇÃO Ato inexistente
Ato válido, se houver boa-fé Específica ou Imediata e
FUNÇÃO DE FATO
do administrado FINALIDADE PÚBLICA
Geral ou Mediata
Ato praticado com finalidade diver-
sa da prevista em Lei.

e
DESVIO DE FINALIDADE
OU DESVIO DE PODER Ato praticado formalmente com
finalidade prevista em Lei, porém,
visando a atender a fins pessoais
de autoridade.

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Concernente à forma, averígua-se na doutrina duas formas dis- c) quando o motivo é inadequado.
tintas de definição como requisito do ato administrativo. São elas:
A) De caráter mais restrito, demonstrando que a forma é o É de suma importância estabelecer a diferença entre motivo e
modo de exteriorização do ato administrativo. motivação. Vejamos:
B) Considera a forma de natureza mais ampla, incluindo no • Motivo: situação que autoriza ou determina a produção do
conceito de forma apenas o modo de exteriorização do ato, bem ato administrativo. Sempre deve estar previsto no ato administrati-
como todas as formalidades que devem ser destacadas e observa- vo, sob pena de nulidade, sendo que sua ausência de motivo legíti-
das no seu curso de formação. mo ou ilegítimo é causa de invalidação do ato administrativo.
Ambas as acepções estão meramente corretas, cuidando-se • Motivação: é a declinação de forma expressa do motivo, sen-
simplesmente de modos diferentes de examinar a questão, sendo do a declaração das razões que motivaram à edição do ato. Já a mo-
que a primeira analisa a forma do ato administrativo sob o aspecto tivação declarada e expressa dos motivos dos atos administrativos,
exterior do ato já formado e a segunda, analisa a dinâmica da for- via de regra, nem sempre é exigida. Porém, se for obrigatória pela
mação do ato administrativo. lei, sua ausência causará invalidade do ato administrativo por vício
de forma, e não de motivo.
Via de regra, no Direito Privado, o que prevalece é a liberdade Convém ressaltar que a Lei 9.784/1999, que regulamenta o
de forma do ato jurídico, ao passo que no Direito Público, a regra é processo administrativo na esfera federal, dispõe no art. 50, o se-
o formalismo moderado. O ato administrativo não precisa ser reves- guinte:
tido de formas rígidas e solenes, mas é imprescindível que ele seja Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com
escrito. Ainda assim, tal exigência, não é absoluta, tendo em vista indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando:
que em alguns casos, via de regra, o agente público tem a possibi- I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
lidade de se manifestar de outra forma, como acontece nas ordens II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;
verbais transmitidas de forma emergencial aos subordinados, ou, III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção
ainda, por exemplo, quando um agente de trânsito transmite orien- pública;
tações para os condutores de veículos através de silvos e gestos. IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo lici-
Pondera-se ainda, que o ato administrativo é denominado vício tatório;
de forma quando é enviado ou emitido sem a obediência à forma e V - decidam recursos administrativos;
sem cumprimento das formalidades previstas em lei. Via de regra, VI - decorram de reexame de ofício;
considera-se plenamente possível a convalidação do ato adminis- VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão
trativo que contenha vício de forma. No entanto, tal convalidação ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais;
não será possível nos casos em que a lei estabelecer que a forma é VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalida-
requisito primordial à validade do ato. ção de ato administrativo.
Devemos explanar também que a motivação declarada e escri- Prevê a mencionada norma em seu § 1º, que a motivação deve
ta dos motivos que possibilitaram a prática do ato, quando for de ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração
caráter obrigatório, integra a própria forma do ato. Desta maneira, de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, infor-
quando for obrigatória, a ausência de motivação enseja vício de for- mações, decisões ou propostas, que, nesse caso, serão parte inte-
ma, mas não vício de motivo. grante do ato. Tal hipótese é denominada pela doutrina de “motiva-
Porém, de forma diferente, sendo o motivo declinado pela au- ção aliunde” que significa motivação “em outro local”, mas que está
toridade e comprovadamente ilícito ou falso, o vício consistirá no sendo admitida no direito brasileiro.
elemento motivo.
A motivação dos atos administrativos
Motivo É a teoria dos motivos determinantes. Convém explicitar a res-
O motivo diz respeito aos pressupostos de fato e de direito que peito da motivação dos atos administrativo e da teoria dos motivos
estabelecem ou autorizam a edição do ato administrativo. determinantes que se baseia na ideia de que mesmo a lei não exi-
Quando a autoridade administrativa não tem margem para de- gindo a motivação, se o ato administrativo for motivado, ele só terá
cidir a respeito da conveniência e oportunidade para editar o ato validade se os motivos declarados forem verdadeiros.
administrativo, diz-se que este é ato vinculado. No condizente ao
ato discricionário, como há espaço de decisão para a autoridade Exemplo
administrativa, a presença do motivo simplesmente autoriza a prá- A doutrina cita o caso do ato de exoneração ad nutum de ser-
tica do ato. vidor ocupante de cargo comissionado, uma vez que esse tipo de
ato não exige motivação. Entretanto, caso a autoridade competente
Nesse diapasão, existem também o motivo de direito que se venha a alegar que a exoneração transcorre da falta de pontualida-
trata da abstrata previsão normativa de uma situação que ao ser de habitual do comissionado, a validade do ato exoneratório virá
verificada no mundo concreto que autoriza ou determina a prática a ficar na dependência da existência do motivo declarado. Já se o
do ato, ao passo que o motivo de fato é a concretização no mundo interessado apresentar a folha de ponto comprovando sua pontua-
empírico da situação prevista em lei. lidade, a exoneração, seja por via administrativa ou judicial, deverá
Assim sendo, podemos esclarecer que a prática do ato adminis- ser anulada.
trativo depende da presença adjunta dos motivos de fato e de direi- É importante registrar que a teoria dos motivos determinantes
to, posto que para isso, são imprescindíveis à existência abstrata de pode ser aplicada tanto aos atos administrativos vinculados quanto
previsão normativa bem como a ocorrência, de fato concreto que aos discricionários, para que o ato tenha sido motivado.
se integre à tal previsão. Em suma, temos:
De acordo com a doutrina, o vício de motivo é passível de ocor-
rer nas seguintes situações: • Motivo do ato administrativo
a) quando o motivo é inexistente. — Definição: pressuposto de fato e direito que fundamenta a
b) quando o motivo é falso. edição do ato administrativo.
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— Motivo de Direito: é a situação prevista na lei, de forma abs- • Presunção de legitimidade
trata que autoriza ou determina a prática do ato administrativo. Decorre do próprio princípio da legalidade e milita em favor dos
— Motivo de fato: circunstância que se realiza no mundo real atos administrativos. É o único atributo presente em todos os atos
que corresponde à descrição contida de forma abstrata na lei, ca- administrativos. Pelo fato de a administração poder agir somente
racterizando o motivo de direito. quando autorizada por lei, presume-se, por conseguinte que se a
administração agiu e executou tal ato, observando os parâmetros
VÍCIOS DE MOTIVO DO ATO ADMINISTRATIVO legais. Desta forma, em decorrência da presunção de legitimidade,
os atos administrativos presumem-se editados em conformidade
Inexistente com a lei, até que se prove o contrário.
Falso De forma parecida, por efeito dos princípios da moralidade e
da legalidade, quando a administração alega algo, presume-se que
Inadequado
suas alegações são verdadeiras. É o que a doutrina conceitua como
presunção de veracidade dos atos administrativos que se cuida da
• Teoria dos motivos determinantes presunção de que o ato administrativo foi editado em conformida-
— O ato administrativo possui sua validade vinculada aos moti- de com a lei, gerando a desconfiança de que as alegações produzi-
vos expostos mesmo que não seja exigida a motivação. das pela administração são verdadeiras.
— Só é aplicada apenas se o ato conter motivação.
As presunções de legitimidade e de veracidade são elementos
— STJ: “Não se decreta a invalidade de um ato administrativo
e qualificadoras presentes em todos os atos administrativos. No
quando apenas um, entre os diversos motivos determinantes, não
entanto, ambas serão sempre relativas ou juris tantum, podendo
está adequado à realidade fática”.
ser afastadas em decorrência da apresentação de prova em sentido
Objeto contrário. Assim sendo, se o administrado se sentir prejudicado por
O objeto do ato administrativo pode ser conceituado como algum ato que refutar ilegal ou fundado em mentiras, poderá sub-
sendo o efeito jurídico imediato produzido pelo ato. Em outras pala- metê-lo ao controle pela própria administração pública, bem como
vras, podemos afirmar que o objeto do ato administrativo cuida-se pelo Judiciário. Já se o órgão provocado alegar que a prática não
da alteração da situação jurídica que o ato administrativo se propõe está em conformidade com a lei ou é fundada em alegações falsas,
a realizar. Desta forma, no ato impositivo de multa, por exemplo, o poderá proclamará a nulidade do ato, desfazendo os seus efeitos.
objeto é a punição do transgressor. Denota-se que a principal consequência da presunção de vera-
Para que o ato administrativo tenha validade, seu objeto deve cidade é a inversão do ônus da prova. Nesse sentido, relembremos
ser lícito, possível, certo e revestido de moralidade conforme os pa- que em regra, segundo os parâmetros jurídicos, o dever de provar
drões aceitos como éticos e justos. é de quem alega o fato a ser provado. Desta maneira, se o particu-
Havendo o descumprimento dessas exigências, podem incidir lar “X” alega que o particular “Y” cometeu ato ilícito em prejuízo
os esporádicos vícios de objeto dos atos administrativos. Nesse sen- do próprio “X”, incumbe a “X” comprovar o que está alegando, de
tido, podemos afirmar que serão viciados os atos que possuam os maneira que, em nada conseguir provar os fatos, “Y” não poderá
seguintes objetos, seguidos com alguns exemplos: ser punido.

a) Objeto lícito: punição de um servidor público com suspen- • Imperatividade


são por prazo superior ao máximo estabelecido por lei específica. Em decorrência desse do atributo, os atos administrativos são
b) Objeto impossível: determinação aos subordinados para impostos pelo Poder Público a terceiros, independentemente da
evitar o acontecimento de chuva durante algum evento esportivo. concordância destes. Infere-se que a imperatividade é provenien-
c) Objeto incerto: em ato unificado, a suspensão do direito de te do poder extroverso do Estado, ou seja, o Poder Público poderá
dirigir das pessoas que por ventura tenham dirigido alcoolizadas editar atos, de modo unilateral e com isso, constituir obrigações
nos últimos 12 meses, tanto as que tenham sido abordadas por au- para terceiros. A imperatividade representa um traço diferenciado
toridade pública ou flagradas no teste do bafômetro. em relação aos atos de direito privado, uma vez que estes somente
d) Objeto moral: a autorização concedida a um grupo de pes- possuem o condão de obrigar os terceiros que manifestarem sua
soas específicas para a ocupação noturna de determinado trecho
expressa concordância.
de calçada para o exercício da prostituição. Nesse exemplo, o objeto
Entretanto, nem todo ato administrativo possui imperativida-
é tido como imoral.
de, característica presente exclusivamente nos atos que impõem
Atributos do Ato Administrativo obrigações ou restrições aos administrados. Pelo contrário, se o ato
Tendo em vista os pormenores do regime jurídico de direito administrativo tiver por objetivo conferir direitos, como por exem-
público ou regime jurídico administrativo, os atos administrativos plo: licença, admissão, autorização ou permissão, ou, ainda, quan-
são dotados de alguns atributos que os se diferenciam dos atos pri- do possuir conteúdo apenas enunciativo como certidão, atestado
vados. ou parecer, por exemplo, não haverá imperatividade.
Acontece que não há unanimidade doutrinária no condizente
ao rol desses atributos. Entretanto, para efeito de conhecimento, • Autoexecutoriedade
bem como a enumeração que tem sido mais cobrada em concursos Consiste na possibilidade de os atos administrativos serem exe-
públicos, bem como em teses, abordaremos o conceito utilizado cutados diretamente pela Administração Pública, por intermédio de
pela Professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro. meios coercitivos próprios, sem que seja necessário a intervenção
Nos dizeres da mencionada administrativista, os atributos dos prévia do Poder Judiciário.
atos administrativos são: Esse atributo é decorrente do princípio da supremacia do inte-
resse público, típico do regime de direito administrativo, fato que
acaba por possibilitar a atuação do Poder Público no condizente à
rapidez e eficiência.

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No entender de Maria Sylvia Zanella Di Pietro, a autoexecuto- a) Em relação aos destinatários: atos gerais e individuais. Os
riedade somente é possível quando estiver expressamente previs- atos gerais ou normativos, são expedidos sem destinatários deter-
ta em lei, ou, quando se tratar de medida urgente, que não sendo minados ou determináveis e aplicáveis a todas as pessoas que de
adotada de imediato, ocasionará, por sua vez, prejuízo maior ao uma forma ou de outra se coloquem em situações concretas que
interesse público. correspondam às situações reguladas pelo ato. Exemplo: o Regula-
mento do Imposto de Renda.
EXEMPLOS DE ATOS ADMINISTRATIVOS AUTOEXECUTÓRIOS
• Atos individuais ou especiais: são dirigidos a destinatários
Apreensão de mercadorias impróprias para o consumo humano individualizados, podendo ser singulares ou plúrimos. Sendo que
Demolição de edifício em situação de risco será singular quando alcançar um único sujeito determinado e será
plúrimo, quando for designado a uma pluralidade de sujeitos deter-
Internação de pessoa com doença contagiosa
minados em si.
Dissolução de reunião que ameace a segurança
Exemplo:
Por fim, ressalta-se que o princípio da inafastabilidade da pres- O decreto de desapropriação que atinja um único imóvel. Por
tação jurisdicional possui o condão de garantir ao particular que outro lado, como hipótese de ato individual plúrimo, cita-se: o ato
considere que algum direito seu foi lesionado ou ameaçado, possa de nomeação de servidores em forma de lista. Quanto aos desti-
livremente levar a questão ao Poder Judiciário em busca da defesa natários: ATOS GERAIS, ATOS INDIVIDUAIS, SINGULARES PLÚRIMOS
dos seus direitos.
b) Em relação ao grau de liberdade do agente, os atos podem
Tipicidade ser atos vinculados e discricionários.
De antemão, infere-se que a maior parte dos autores não cita • Os atos vinculados são aqueles nos quais a Administração
a tipicidade como atributo do ato administrativo. Isso ocorre pelo Pública fica sem liberdade de escolha, nos quais, desde que com-
fato de tal característica não estabelecer um privilégio da adminis- provados os requisitos legais, a edição do ato se torna obrigatória,
tração, mas sim uma restrição. Se adotarmos o entendimento de nos parâmetros previstos na lei. Exemplo: licença para a construção
que a título de “atributos” devemos estudar as particularidades dos de imóvel.
atos administrativos que os divergem dos demais atos jurídicos, de- • Já os discricionários são aqueles em que a Administração
veremos incluir a tipicidade na lista. Entretanto, se entendermos Pública possui um pouco mais de liberdade para, em consonância
que apenas são considerados atributos as prerrogativas que aca- com critérios subjetivos de conveniência e oportunidade, tomar de-
bam por verticularizar as relações jurídicas nas quais a administra-
cisões quando e como o ato será praticado, com a definição de seu
ção toma parte, a tipicidade não poderia ser considerada.
conteúdo, destinatários, a motivação e a forma de sua prática.
Nos termos da primeira corrente, para a Professora Maria Syl-
via Zanella Di Pietro, a “tipicidade é o atributo pelo qual o ato admi-
c) Em relação às prerrogativas da Administração, os atos admi-
nistrativo deve corresponder a figuras definidas previamente pela
nistrativos podem ser atos de império, de gestão e de expediente.
lei como aptas a produzir determinados resultados”. Assim sendo,
• Atos de império são atos por meio dos quais a Administra-
em consonância com esse atributo, para cada finalidade que a Ad-
ção Pública pratica no uso das prerrogativas tipicamente estatais
ministração Pública pretender alcançar, deverá haver um ato pre-
viamente definido na lei. usando o poder de império para impô-los de modo unilateral e co-
Denota-se que a tipicidade é uma consequência do princípio ercitivo aos seus administrados. Exemplo: interdição de estabeleci-
da legalidade. Esse atributo não permite à Administração praticar mentos comerciais.
atos em desacordo com os parâmetros legais, motivo pelo qual o
atributo da tipicidade é considerado como uma ideia contrária à da d) Em relação aos atos de gestão, são atos por meio dos quais
autonomia da vontade, por meio da qual o particular tem liberda- a Administração Pública atua sem o uso das prerrogativas prove-
de para praticar atos desprovidos de disciplina legal, inclusive atos nientes do regime jurídico administrativo. Exemplo: atos de admi-
inominados. nistração dos bens e serviços públicos e dos atos negociais com os
Ainda nos trâmites com o entendimento exposto, ressalta-se particulares.
que a tipicidade só existe nos atos unilaterais, não se encontran- Quando praticados de forma regular os atos de gestão, passam
do presente nos contratos. Isso ocorre porque não existe qualquer a ter caráter vinculante e geram direitos subjetivos.
impedimento de ordem jurídica para que a Administração venha a
firmar com o particular um contrato inominado desprovido de regu- Exemplo:
lamentação legal, desde que esta seja a melhor maneira de atender Uma autarquia ao alugar um imóvel a ela pertencente, de for-
tanto ao interesse público como ao interesse particular. ma vinculante entre a administração e o locatário aos termos do
contrato, acaba por gerar direitos e deveres para ambos.
Classificação dos Atos Administrativos • Já os atos de expediente são tidos como aqueles que im-
A Doutrina não é uniforme no que condiz à atribuição dada pulsionam a rotina interna da repartição, sem caráter vinculante e
à diversidade dos critérios adotados com esse objetivo. Por esse sem forma especial, cujo objetivo é dar andamento aos processos e
motivo, sem esgotar o assunto, apresentamos algumas classifica- papéis que tramitam internamente nos órgãos públicos.
ções mais relevantes, tanto no que se refere a uma maior utilidade
prática na análise dos regimes jurídicos, tanto pela concomitante Exemplo:
abordagem nas provas de concursos públicos. Um despacho com o teor: “ao setor de contabilidade para as
devidas análises”.

e) Quanto à formação, os atos administrativos podem ser atos


simples, complexos e compostos.
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• O ato simples decorre da declaração de vontade de apenas b) Decreto geral: possui caráter normativo veiculando regras
um órgão da administração pública, pouco importando se esse ór- gerais e abstratas, fato que visa facilitar ou detalhar a correta apli-
gão é unipessoal ou colegiado. Assim sendo, a nomeação de um cação da Lei. Exemplo: o decreto que institui o “Regulamento do
servidor público pelo Prefeito de um Município, será considerada Imposto de Renda”.
como ato simples singular, ao passo que a decisão de um processo c) Decreto individual: seu objetivo é tratar da situação específi-
administrativo por órgão colegiado será apenas ato simples cole- ca de pessoas ou grupos determinados, sendo que a sua publicação
giado. produz de imediato, efeitos concretos.
• O ato complexo é constituído pela manifestação de dois ou
mais órgãos, por meio dos quais as vontades se unem em todos os Exemplo:
sentidos para formar um só ato. Exemplo: um decreto assinado pelo Decreto que declara a utilidade pública de determinado bem
Presidente da República e referendado pelo Ministro de Estado. para fim de desapropriação.
É importante não confundir ato complexo com procedimento Nesse ponto, passaremos a verificar a respeito do decreto re-
administrativo. Nos dizeres de Hely Lopes Meirelles, “no ato com- gulamentar, também designado de decreto de execução. A doutrina
plexo integram-se as vontades de vários órgãos para a obtenção de o conceitua como sendo aquele que introduz um regulamento, não
um mesmo ato, ao passo que no procedimento administrativo pra- permitindo que o seu conteúdo e o seu alcance possam ir além da-
ticam-se diversos atos intermediários e autônomos para a obtenção queles do que é permitido por Lei.
de um ato final e principal”. Por sua vez, o decreto autônomo é aquele que dispõe sobre
matéria não regulada em lei, passando a criar um novo direito. Pon-
f) Em relação ao ato administrativo composto, pondera que dera-se que atualmente, as únicas hipóteses de decreto autônomo
este também decorre do resultado da manifestação de vontade de admitidas no direito brasileiro, são as disposta no art. 84, VI, “a”, da
dois ou mais órgãos. O que o diferencia do ato complexo é o fato de Constituição Federal, incluída pela Emenda Constitucional 32/2001,
que, ao passo que no ato complexo as vontades dos órgãos se unem que predispõe a competência privativa do Presidente da República
para formar um só ato, no ato composto são praticados dois atos, para dispor, mediante decreto, sobre a organização e funcionamen-
to da administração federal, quando não incorrer em aumento de
um principal e outro acessório.
despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos.
Ademais, é importante explicar a definição de Hely Lopes Mei-
• Atos ordinatórios
relles, para quem o ato administrativo composto “é o que resulta da
Os atos administrativos ordinatórios são aqueles que podem
vontade única de um órgão, mas depende da verificação por parte ser editados no exercício do poder hierárquico, com o fulcro de dis-
de outro, para se tornar exequível”. A mencionada definição, em- ciplinar as relações internas da Administração Pública. Detalhare-
bora seja discutível, vem sendo muito utilizada pelas bancas exa- mos aqui os principais atos ordinatórios. São eles: as instruções, as
minadoras na elaboração de questões de provas de concurso pú- circulares, os avisos, as portarias, as ordens de serviço, os ofícios e
blico. Isso ocorreu na aplicação da prova para Assistente Jurídico os despachos.
do DF, elaborada pelo CESPE em 2001, que foi considerado correto Instruções: tratam-se de atos administrativos editados pela
o seguinte tópico: “Ao ato administrativo cuja prática dependa de autoridade hierarquicamente superior, com o fulcro de ordenar a
vontade única de um órgão da administração, mas cuja exequibili- atuação dos agentes que lhes são subordinados. Exemplo: as instru-
dade dependa da verificação de outro órgão, dá-se o nome de ato ções que ordenam os atos que devem ser usados de forma interna
administrativo composto”. na análise do pedido de utilização de bem público formalizado uni-
camente por particular.
Espécies Circulares: são consideradas idênticas às instruções, entretan-
O saudoso jurista Hely Lopes Meirelles propõe que os atos to, de modo geral se encontram dotadas de menor abrangência.
administrativos sejam divididos em cinco espécies. São elas: atos Avisos: tratam-se de atos administrativos que são editados por
normativos, atos ordinatórios, atos negociais, atos enunciativos e Ministros de Estados com o objetivo de tratarem de assuntos corre-
atos punitivos. latos aos respectivos Ministérios.
Portarias: são atos administrativos respectivamente editados
• Atos normativos por autoridades administrativas, porém, diferentes das do chefe do
Os atos normativos são aqueles cuja finalidade imediata é es- Poder Executivo. Exemplo: determinação por meio de portaria de-
miuçar os procedimentos e comportamentos para a fiel execução terminando a instauração de processo disciplinar específico.
da lei, posto que as dispostas e utilizadas por tais atos são gerais, Ordens de serviço: tratam-se de atos administrativos ordena-
não possuem destinatários específicos e determinados, e abstratas, dores da adoção de conduta específica em circunstâncias especiais.
versando sobre hipóteses e nunca sobre casos concretos. Exemplo: ordem de serviço determinadora de início de obra públi-
ca.
Ofícios: são especificamente, atos administrativos que se res-
Em relação à forma jurídica adotada, os atos normativos po-
ponsabilizam pela formalização da comunicação de forma escrita
dem ser:
e oficial existente entre os diversos órgãos públicos, bem como de
a) Decreto: é ato administrativo de competência privativa dos
entidades administrativas como um todo. Exemplo: requisição de
chefes do Poder Executivo utilizados para regulamentar situação
informações necessárias para a defesa do Estado em juízo por meio
geral ou individual prevista na legislação, englobando também de de ofício enviado pela Procuradoria do Estado à Secretaria de Saú-
forma ampla, o decreto legislativo, cuja competência é privativa das de.
Casas Legislativas. Despachos: são atos administrativos eivados de poder decisó-
O decreto é de suma importância no direito brasileiro, moti- rio ou apenas de mero expediente praticados em processos admi-
vo pelo qual, de acordo com seu conteúdo, os decretos podem ser nistrativos. Exemplo: quando da ocorrência de processo disciplinar,
classificados em decreto geral e individual. Vejamos: é emitido despacho especifico determinando a oitiva de testemu-
nhas.
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a solução para o seu concurso!
DIREITO ADMINISTRATIVO
• Atos negociais 3) Parecer vinculante: é o parecer que deve ser elaborado de
Também chamados de atos receptícios, são atos administrati- forma obrigatória contendo teor que vincule a autoridade adminis-
vos de caráter administrativo editados a pedido do particular, com trativa com o dever de acatá-lo.
o fulcro de viabilizar o exercício de atividade específica, bem como a
utilização de bens públicos. Nesse ato, a vontade da Administração b) Certidões: tratam-se de atos administrativos que possuem
Pública é pertinente com a pretensão do particular. Fazem parte o condão de declarar a existência ou inexistência de atos ou fatos
desta categoria, a licença, a permissão, a autorização e a admissão. administrativos. As certidões são atos que retratam a realidade, po-
Vejamos: rém, não são capazes de criar ou extinguir relações jurídicas.
a) Licença: possui algumas características. São elas: *Nota importante: o art. 5, XXXIV, “b”, da Constituição Federal
— Ato vinculado: desde que sejam preenchidos os requisitos consagra o direito de certidão no âmbito de direitos fundamentais,
legais por parte do particular, o Poder Público deverá editar a li- no qual assegura a todo e qualquer cidadão interessado, indepen-
cença; dentemente do pagamento de taxas, “a obtenção de certidões em
— Ato de consentimento estatal: ato por meio do qual a Admi- repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de
nistração se torna conivente com o exercício da atividade privada situações de interesse pessoal”.
como um todo;
— Ato declaratório: ato que reconhece o direito subjetivo do c) Atestados: tratam-se de atos administrativos similares às
particular, vindo a autorizar a habilitação do seu exercício. certidões, posto que também declaram a existência ou inexistência
de fatos. Entretanto, os atestados não se confundem com as cer-
b) Permissão: trata-se de ato administrativo discricionário do- tidões, uma vez que nas certidões, o agente público utiliza-se do
tado da permissão do exercício de atividades específicas realizadas ato de emitir declaração sobre ato ou fato constante dos arquivos
pelo particular ou, ainda, o uso privativo de determinado bem pú- públicos, ao passo que os atestados se incumbem da tarefa de re-
blico. Exemplo: a permissão para uso de bem público específico. tratar fatos que não constam de forma antecipada dos arquivos da
A permissão é dotada de características essenciais. São elas:
Administração Pública.
— Ato de consentimento estatal: ato por meio do qual a Ad-
ministração Pública concorda com o exercício da atividade privada,
d) Apostilamento: tratam-se atos administrativos que possuem
bem como da utilização de bem público por particulares;
o objetivo de averbar determinados fatos ou direitos reconhecidos
— Ato discricionário: ato por intermédio do qual a autoridade
administrativa é dotada de liberdade de análise referente à conve- pela norma jurídica como um todo. Como exemplo, podemos citar
niência e à oportunidade do ato administrativo; o apostilamento, via de regra, feito no verso da última página dos
— Ato constitutivo: ato por meio do qual, o particular possui contratos administrativos, da variação do valor contratual advinda
somente expectativa de direito antes da edição do ato, e não ape- de reajuste previsto no contrato, nos parâmetros do art. 65, § 8.°,
nas de direito subjetivo ao ato. da Lei 8.666/1993, Lei de Licitações.

c) Autorização: é detentora de características iguais às da per- • Atos punitivos


missão, vindo a constituir ato administrativo discricionário permis- Também chamados de atos sancionatórios, os atos punitivos
sionário do exercício de atividade específica pelo particular ou, são aqueles que atuam na restrição de direitos, bem como de in-
ainda, o uso particular de bem público. Da mesma forma que a per- teresses dos administrados que vierem a atuar em desalento com
missão, a autorização possui como características: o ato de consen- a ordem jurídica de modo geral. Entretanto, exige-se, de qualquer
timento estatal, o ato discricionário e o ato constitutivo. forma, o devido respeito à ampla defesa e ao contraditório na edi-
ção de atos punitivos, nos trâmites do art. 5.°, LV, da Constituição
d) Admissão: trata-se de ato administrativo vinculado portador Federal Brasileira, bem como que as sanções administrativas te-
do reconhecimento do direito ao recebimento de serviço público nham previsão legal expressa cumprindo os ditames do princípio
específico pelo particular, que deve ser editado na hipótese na qual da legalidade.
o particular preencha devidamente os requisitos legais Podemos dividir as sanções em dois grupos:
1) Sanções de polícia: de modo geral são aplicadas com supe-
• Atos enunciativos dâneo no poder de polícia, bem como são relacionadas aos particu-
São atos administrativos que expressam opiniões ou, ain- lares em geral. Exemplo: multa de trânsito.
da, que certificam fatos no campo da Administração Pública. A dou- 2) Sanções funcionais ou disciplinares: são aplicadas com em-
trina reconhece como espécies de atos enunciativos: os pareceres, basamento no poder disciplinar aos servidores públicos e às demais
as certidões, os atestados e o apostilamento. Vejamos: pessoas que se encontram especialmente vinculadas à Administra-
a) Pareceres: são atos administrativos que buscam expressar ção Pública. Exemplo: reprimenda imposta à determinada empresa
a opinião do agente público a respeito de determinada questão de
contratada pela Administração.
ordem fática, técnica ou jurídica. Exemplo: no curso de processo de
Em relação aos atos punitivos, pode-se citar como exemplos, as
licenciamento ambiental é apresentado parecer técnico.
multas, as interdições de atividades, as apreensões ou destruições
De forma geral, a doutrina pondera a existência de três espé-
de coisas e as sanções disciplinares. Vejamos resumidamente cada
cies de pareceres. São eles:
1) Parecer facultativo: esta espécie não é exigida pela legislação espécie:
para formulação da decisão administrativa. Ao ser elaborado, não Multas: tratam-se de sanções pecuniárias que são impostas
vincula a autoridade competente; aos administrados.
2) Parecer obrigatório: é o parecer que deve ser necessaria- Interdições de atividades: são atos que proibitivos ou suspen-
mente elaborado nas hipóteses mencionadas na legislação, mas a sivos do exercício de atividades diversas.
opinião nele contida não vincula de forma definitiva a autoridade Apreensão ou destruição de coisas: cuidam-se de sanções
responsável pela decisão administrativa, que pode contrariar o pa- aplicadas pela Administração relacionadas às coisas que colocam a
recer de forma motivada; população em risco.
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DIREITO ADMINISTRATIVO
Ressalta-se que em se tratando de perigo público iminente, a Relativo à sua natureza jurídica, sendo a cassação considerada
autoridade pública deterá o poder de destruir as coisas nocivas à como um ato sancionatório, uma vez que a cassação só poderia ser
coletividade, havendo ou não, processo administrativo prévio, si- proposta contra particulares que tenham sido flagrados pelos agen-
tuação hipotética na qual a ampla defesa será delongada para mo- tes de fiscalização em descumprimento às condições de subsistên-
mento posterior. Entretanto, estando ausente a urgência da medi- cia do ato, bem como por ato revisional que implicasse auditoria,
da, denota-se que a sua aplicação dependerá da formalização feita acoplando até mesmo questões relativas à intercepção de bases
de forma prévia no processo administrativo, situação por intermé- de dados públicas. Vale ressaltar que a cassação e a anulação pos-
dio da qual, a ampla defesa será postergada para momento ulterior. suem efeitos parecidos, porém não são equivalentes, uma vez que
Sanções disciplinares: também chamadas de sanções funcio- a cassação advém do não cumprimento ou alteração dos requisitos
nais, as sanções disciplinares são aplicadas aos servidores públicos necessários para a formação ou manutenção de uma situação jurí-
e aos administrados possuidores de relação jurídica especial com a dica, ao passo que a anulação tem parte quando é verificado que o
Administração Pública, desde que tenha sido constatada a violação defeito do ato ocorreu na formação do ato.
ao ordenamento jurídico, bem como aos termos do negócio jurídi-
co. Um exemplo disso, é a demissão de servidor público que tenha Anulação
cometido falta grave. É a retirada ou supressão do ato administrativo, pelo motivo
*Nota importante: Diferentemente das sanções aplicadas aos de ele ter sido produzido com ausência de conformidade com a lei
e com o ordenamento jurídico. A anulação é resultado do controle
particulares, de modo geral, no exercício do poder de polícia, as
de legalidade ou legitimidade do ato. O controle de legalidade ou
sanções disciplinares são aplicadas no campo das relações de sujei-
legitimidade não permite que se aprofunde na análise do mérito do
ção especial de administrados específicos do poder disciplinar da
ato, posto que, se a Administração contiver por objetivo retirar o
Administração Pública, como é o caso dos servidores e contratados.
ato por razões de conveniência e oportunidade, deverá, por conse-
Ao passo que as sanções de polícia são aplicadas para o exterior guinte, revogá-lo, e não o anular.
da Administração - as chamadas sanções externas - as sanções dis- Diferentemente da revogação, que mantém incidência somen-
ciplinares são aplicadas no interior da Administração Pública, - as te sobre atos discricionários, a anulação pode atingir tanto os atos
denominadas sanções internas. discricionários quanto os vinculados. Isso que é explicado pelo fato
de que ambos deterem a prerrogativa de conter vícios de legalida-
Extinção do ato administrativo de.
Diversas são as causas que causam e determinam a extinção Em relação à competência, a anulação do ato administrativo
dos atos administrativos ou de seus efeitos. No entendimento de viciado pode ser promovida tanto pela Administração como pelo
Celso Antônio Bandeira de Mello, o ato administrativo eficaz poderá Poder Judiciário.
ser extinto pelos seguintes motivos: cumprimento de seus efeitos, Muitas vezes, a Administração anula o seu próprio ato. Quando
vindo a se extinguir naturalmente; desaparecimento do sujeito, isso acontece, dizemos que ela agiu com base no seu poder de au-
vindo a causar a extinção subjetiva, ou sendo do objeto, extinção totutela, devidamente paramentado nas seguintes Súmulas do STF:
objetiva; retirada do ato pelo Poder Público e pela renúncia do be-
neficiário. PODER DE AUTOTUTELA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Nesse tópico trataremos do condizente a outras situações por A Administração Pública pode declarar
SÚMULA 346
meio das quais a extinção do ato administrativo ou de seus efeitos a nulidade dos seus próprios atos.
ocorre pelo fato do Poder Público ter emitido novo ato que surtiu A Administração pode anular seus pró-
efeito extintivo sobre o ato anterior. Isso pode ocorrer nas seguintes prios atos, quando eivados de vícios
situações: que os tornam ilegais, porque deles
não se originam direitos; ou revogá-
Cassação SÚMULA 473 -los, por motivo de conveniência ou
É a supressão do ato pelo fato do destinatário ter descumprido oportunidade, respeitados os direitos
condições que deveriam permanecer atendidas com o fito de dar adquiridos, e ressalvada, em todos os
continuidade à0situação jurídica. Como modalidade de extinção casos, a apreciação judicial.
do ato administrativo, a cassação relaciona-se ao ato que, mesmo
sendo legítimo na sua origem e formação, tornou-se ilegal na sua Assim, percebe-se que o instituto da autotutela pode ser in-
execução. Exemplo: cassação de uma licença para funcionamento vocado para anular o ato administrativo por motivo de ilegalidade,
de hotel que passou a funcionar ilegalmente como casa de prosti- bem como para revogá-lo por razões de conveniência e oportuni-
tuição. dade.
A anulação do ato administrativo pode se dar de ofício ou por
Vale ressaltar que um dos principais requisitos da cassação de provocação do interessado.
um ato administrativo é a preeminente necessidade de sua vincu- Tendo em vista o princípio da inércia Poder Judiciário, no exer-
lação obrigatória às hipóteses previstas em lei ou norma similar. cício de função jurisdicional, este apenas poderá anular o ato admi-
Desta forma, a Administração Pública não detém o poder de de- nistrativo havendo pedido do interessado.
monstrar ou indicar motivos diferentes dos previstos para justificar Destaque-se que a anulação de ato administrativo pela própria
a cassação, estando, desta maneira, limitada ao que houver sido Administração, somente pode ser realizada dentro do prazo legal-
fixado nas referidas leis ou normas similares. Esse entendimento, mente estabelecido. À vista da autonomia administrativa atribuída
em geral, evita que os particulares sejam coagidos a conviver com de forma igual à União, Estados, Distrito Federal e Municípios, cada
extravagante insegurança jurídica, posto que, a qualquer momento uma dessas esferas tem a possibilidade de, observado o princípio
a administração estaria apta a propor a cassação do ato adminis- da razoabilidade e mediante legislação própria, fixar os prazos para
trativo. o exercício da autotutela.
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DIREITO ADMINISTRATIVO
Em decorrência do disposto no art. 54 da Lei 9.784/1999, no Por meio da teoria dualista é admitida a existência de vícios
âmbito federal, em razão do direito de a Administração anular os sanáveis e insanáveis, bem como de atos administrativos nulos e
atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os anuláveis.
destinatários de boa-fé, o prazo de anulação decai em cinco anos, À vista da atual predominância doutrinária, a teoria dualista foi
contados da data em que foram praticados. Infere-se que como tal incorporada formalmente à legislação brasileira. Nesse diapasão, o
norma não possui caráter nacional, não há impedimentos para a art. 55 da Lei 9.784/1999 atribui à Administração pública a possibi-
estipulação de prazos diferentes em outras esferas. lidade de convalidar os atos que apresentarem defeitos sanáveis,
levando em conta que tal providência não acarrete lesão ao interes-
Revogação se público nem prejuízo a terceiros. Embora tal regra seja destinada
É a extinção do ato administrativo válido, promovido pela pró- à aplicação no âmbito da União, o mesmo entendimento tem sido
pria Administração, por motivos de conveniência e oportunidade, aplicado em todas as esferas, tanto em decorrência da existência de
sendo que o ato é suprimido pelo Poder Público por motivações de dispositivo similar nas leis locais, quanto mediante analogia com a
conveniência e oportunidade, sempre relacionadas ao atendimento esfera federal e também com fundamento na prevalência doutriná-
do interesse público. Assim, se um ato administrativo legal e per- ria vigente.
feito se torna inconveniente ao interesse público, a administração Assim, é de suma importância esclarecermos que a jurispru-
pública poderá suprimi-lo por meio da revogação. dência tem entendido que mesmo o ato nulo pode, em determina-
A revogação resulta de um controle de conveniência e oportu- das lides, deixar de ter sua nulidade proclamada em decorrência do
nidade do ato administrativo promovido pela própria Administra- princípio da segurança jurídica.
ção que o editou.
É fundamental compreender que a revogação somente pode
Decadência Administrativa
atingir os atos administrativos discricionários. Isso ocorre por que
O instituto da decadência consiste na perda efetiva de um direi-
quando a administração está à frente do motivo que ordena a prá-
to existente, pela falta de seu exercício, no período de tempo deter-
tica do ato vinculado, ela deve praticá-lo de forma obrigatória, não
lhe sendo de forma alguma, facultada a possibilidade de analisar a minado em lei e também pela vontade das próprias partes e, ainda
conveniência e nem mesmo a oportunidade de fazê-lo. Desta ma- no fim de um direito subjetivo em face da inércia de seu titular, que
neira, não havendo possibilidade de análise de mérito para a edição não ajuizou uma ação constitutiva no prazo estabelecido pela lei.
do ato, essa abertura passará a não existir para que o ato seja des- Celso Antônio Bandeira de Mello considera esse instituto como
feito pela revogação. sendo a “perda do próprio direito, em si, por não o utilizar no prazo
previsto para o seu exercício, evento, este, que sucede quando a
Mesmo não se submetendo a qualquer limite de prazo, a prin- única forma de expressão do direito coincide conaturalmente com
cípio, a revogação do ato administrativo pode ser realizada a qual- o direito de ação”. Ou seja, “quando o exercício do direito se con-
quer tempo. Nesse sentido, a doutrina infere a existência de certos funde com o exercício da ação para manifestá-lo”.
limites ao poder de revogar. Nos dizeres de Maria Sylvia Zanella Di Nos trâmites do artigo 54 da Lei 9.784/99, encontramos o dis-
Pietro12, não são revogáveis os seguintes atos: posto legal sobre a decadência do direito de a administração pú-
a) Os atos vinculados, porque sobre eles não é possível a aná- blica anular seus próprios atos, a partir do momento em que esses
lise de conveniência e oportunidade; vierem a gerar efeitos favoráveis a seus destinatários. Vejamos:
b) Os atos que exauriram seus efeitos, como a revogação não Artigo 54. O direito da administração de anular os atos admi-
retroage e os atos já produziram todos os efeitos que lhe seriam nistrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários
próprios, não há que falar em revogação; é o que ocorre quando decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados,
transcorre o prazo de uma licença concedida ao servidor público, salvo comprovada má-fé.
após o gozo do direito, não há como revogar o ato; § 1° - No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de
c) Quando a prática do ato exauriu a competência de quem o decadência contar-se-á da percepção do primeiro pagamento.
praticou, o que ocorre quando o ato está sob apreciação de autori- § 2° - Considera-se exercício do direito de anular qualquer me-
dade superior, hipótese em que a autoridade inferior que o praticou dida de autoridade administrativa que importe impugnação à vali-
deixou de ser competente para revogá-lo; dade do ato.”
d) Os meros atos administrativos, como certidões, atestados, O mencionado direito de anulação do ato administrativo decai
votos, porque os efeitos deles decorrentes são estabelecidos pela no prazo de cinco anos, contados da data em que o ato foi prati-
lei;
cado. Isso significa que durante esse decurso, o administrado per-
e) Os atos que integram um procedimento, porque a cada
manecerá submetido a revisões ou anulações do ato administrativo
novo ato ocorre a preclusão com relação ao ato anterior;
que o beneficia.
f) Os atos que geram direitos a terceiros, (o chamado direito
Entretanto, após o encerramento do prazo decadencial, o ad-
adquirido), conforme estabelecido na Súmula 473 do STF.
ministrado poderá ter suas relações com a administração consolida-
Convalidação das contando com a proteção da segurança jurídica.
É a providência tomada para purificar o ato viciado, afastando Anote-se que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do
por sua vez, o vício que o maculava e mantendo seus efeitos, inclu- Mandado de Segurança 28.953, adotou o seguinte entendimento
sive aqueles que foram gerados antes da providência saneadora. sobre a matéria na qual o ministro Luiz Fux desta forma esclareceu:
Em sentido técnico, a convalidação gera efeitos ex tunc, uma vez “No próprio Superior Tribunal de Justiça, onde ocupei durante
que retroage à data da edição do ato original, mantendo-lhe todos dez anos a Turma de Direito Público, a minha leitura era exatamente
os efeitos. essa, igual à da ministra Carmen Lúcia; quer dizer, a administração
Sendo admitida a convalidação, a convalidação perderia sua tem cinco anos para concluir e anular o ato administrativo, e não
razão de ser, equivalendo em tudo a uma anulação, apagando os para iniciar o procedimento administrativo. Em cinco anos tem que
efeitos passados, seguida da edição de novo ato que por sua vez, estar anulado o ato administrativo, sob pena de incorrer em deca-
passaria a gerar os seus tradicionais efeitos prospectivos. dência (grifo aditado). Eu registro também que é da doutrina do
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a solução para o seu concurso!
DIREITO ADMINISTRATIVO
Supremo Tribunal Federal o postulado da segurança jurídica e da os vários ministérios e a Casa Civil da Presidência da República; em
proteção da confiança, que são expressões do Estado Democrático âmbito estadual, o Ministério Público e as secretarias estaduais,
de Direito, revelando-se impregnados de elevado conteúdo ético, dentre outros; no âmbito municipal, as secretarias municipais e
social e jurídico, projetando sobre as relações jurídicas, inclusive, as câmaras municipais; na administração indireta federal, as várias
as de Direito Público. De sorte que é absolutamente insustentável agências do Banco do Brasil que são sociedade de economia mista,
o fato de que o Poder Público não se submente também a essa ou do INSS com localização em todos os Estados da Federação.
consolidação das situações eventualmente antijurídicas pelo de- Ocorre que a desconcentração enseja a existência de vários
curso do tempo.” órgãos, sejam eles órgãos da Administração Direta ou das pessoas
Destaca-se que ao afirmar que a Administração Pública dispõe jurídicas da Administração Indireta, e devido ao fato desses órgãos
de cinco anos para anular o ato administrativo, o ministro Luiz Fux estarem dispostos de forma interna, segundo uma relação de su-
promoveu maior confiabilidade na relação entre o administrado e bordinação de hierarquia, entende-se que a desconcentração admi-
Administração Pública, suprimindo da administração o poder de nistrativa está diretamente relacionada ao princípio da hierarquia.
usar abusivamente sua prerrogativa de anulação do ato adminis- Registra-se que na descentralização administrativa, ao invés
trativo, o que proporciona maior equilíbrio entre as partes interes- de executar suas atividades administrativas por si mesmo, o Estado
sadas. transfere a execução dessas atividades para particulares e, ainda a
Em resumo, é de grande importância o posicionamento adota- outras pessoas jurídicas, de direito público ou privado.
do pela Corte Suprema, levando em conta que ao mesmo só tempo, Explicita-se que, mesmo que o ente que se encontre distribuin-
propicia maior segurança jurídica e respeita a regra geral de conta- do suas atribuições e detenha controle sobre as atividades ou ser-
gem do prazo decadencial. viços transferidos, não existe relação de hierarquia entre a pessoa
que transfere e a que acolhe as atribuições.

ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA: ADMINISTRAÇÃO DI- Criação, extinção e capacidade processual dos órgãos públicos
RETA E INDIRETA; CENTRALIZADA E DESCENTRALIZADA; Os arts. 48, XI e 61, § 1º da CFB/1988 dispõem que a criação
AUTARQUIAS, FUNDAÇÕES, EMPRESAS PÚBLICAS, SOCIE- e a extinção de órgãos da administração pública dependem de lei
DADES DE ECONOMIA MISTA de iniciativa privativa do chefe do Executivo a quem compete, de
forma privada, e por meio de decreto, dispor sobre a organização
e funcionamento desses órgãos públicos, quando não ensejar au-
Administração direta e indireta mento de despesas nem criação ou extinção de órgãos públicos
(art. 84, VI, b, CF/1988). Desta forma, para que haja a criação e ex-
A princípio, infere-se que Administração Direta é correspon- tinção de órgãos, existe a necessidade de lei, no entanto, para dis-
dente aos órgãos que compõem a estrutura das pessoas federativas por sobre a organização e o funcionamento, denota-se que poderá
que executam a atividade administrativa de maneira centralizada. O ser utilizado ato normativo inferior à lei, que se trata do decreto.
vocábulo “Administração Direta” possui sentido abrangente vindo a Caso o Poder Executivo Federal desejar criar um Ministério a mais,
compreender todos os órgãos e agentes dos entes federados, tanto o presidente da República deverá encaminhar projeto de lei ao Con-
os que fazem parte do Poder Executivo, do Poder Legislativo ou do gresso Nacional. Porém, caso esse órgão seja criado, sua estrutu-
Poder Judiciário, que são os responsáveis por praticar a atividade ração interna deverá ser feita por decreto. Na realidade, todos os
administrativa de maneira centralizada. regimentos internos dos ministérios são realizados por intermédio
Já a Administração Indireta, é equivalente às pessoas jurídicas de decreto, pelo fato de tal ato se tratar de organização interna do
criadas pelos entes federados, que possuem ligação com as Admi- órgão. Vejamos:
nistrações Diretas, cujo fulcro é praticar a função administrativa de
maneira descentralizada. ÓRGÃO — é criado por meio de lei.
Tendo o Estado a convicção de que atividades podem ser exer- ORGANIZAÇÃO INTERNA — pode ser feita por DECRETO, des-
cidas de forma mais eficaz por entidade autônoma e com persona- de que não provoque aumento de despesas, bem como a criação
lidade jurídica própria, o Estado transfere tais atribuições a particu- ou a extinção de outros órgãos.
lares e, ainda pode criar outras pessoas jurídicas, de direito público ÓRGÃOS DE CONTROLE — Trata-se dos prepostos a fiscalizar e
ou de direito privado para esta finalidade. Optando pela segunda controlar a atividade de outros órgãos e agentes”. Exemplo: Tribu-
opção, as novas entidades passarão a compor a Administração Indi- nal de Contas da União.
reta do ente que as criou e, por possuírem como destino a execução
especializado de certas atividades, são consideradas como sendo Pessoas administrativas
manifestação da descentralização por serviço, funcional ou técnica,
Explicita-se que as entidades administrativas são a própria Ad-
de modo geral.
ministração Indireta, composta de forma taxativa pelas autarquias,
fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia
Desconcentração e Descentralização
mista.
Consiste a desconcentração administrativa na distribuição in-
terna de competências, na esfera da mesma pessoa jurídica. Assim De forma contrária às pessoas políticas, tais entidades, nao são
sendo, na desconcentração administrativa, o trabalho é distribuído reguladas pelo Direito Administrativo, não detendo poder político
entre os órgãos que integram a mesma instituição, fato que ocorre e encontram-se vinculadas à entidade política que as criou. Não
de forma diferente na descentralização administrativa, que impõe existe hierarquia entre as entidades da Administração Pública in-
a distribuição de competência para outra pessoa, física ou jurídica. direta e os entes federativos que as criou. Ocorre, nesse sentido,
Ocorre a desconcentração administrativa tanto na administra- uma vinculação administrativa em tais situações, de maneira que os
ção direta como na administração indireta de todos os entes fede- entes federativos somente conseguem manter-se no controle se as
rativos do Estado. Pode-se citar a título de exemplo de desconcen- entidades da Administração Indireta estiverem desempenhando as
tração administrativa no âmbito da Administração Direta da União, funções para as quais foram criadas de forma correta.
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Pessoas políticas pelo direito privado de maneira prioritária, as empresas estatais
As pessoas políticas são os entes federativos previstos na Cons- prestadoras de serviço público são reguladas, pelo mesmo diploma
tituição Federal. São eles a União, os Estados, o Distrito Federal e os legal, pelo art. 175, de maneira que sua atividade é regida de forma
Municípios. Denota-se que tais pessoas ou entes, são regidos pelo exclusiva e prioritária pelo direito público.
Direito Constitucional, vindo a deter uma parcela do poder político.
Por esse motivo, afirma-se que tais entes são autônomos, vindo a Observação importante: todas as empresas estatais, sejam
se organizar de forma particular para alcançar as finalidades aven- prestadoras de serviços públicos ou exploradoras de atividade eco-
çadas na Constituição Federal. nômica, possuem personalidade jurídica de direito privado.
Assim sendo, não se confunde autonomia com soberania, pois,
ao passo que a autonomia consiste na possibilidade de cada um dos O que diferencia as empresas estatais exploradoras de ativida-
entes federativos organizar-se de forma interna, elaborando suas de econômica das empresas estatais prestadoras de serviço público
leis e exercendo as competências que a eles são determinadas pela é a atividade que exercem. Assim, sendo ela prestadora de serviço
Constituição Federal, a soberania nada mais é do que uma caracte- público, a atividade desempenhada é regida pelo direito público,
rística que se encontra presente somente no âmbito da República nos ditames do artigo 175 da Constituição Federal que determina
Federativa do Brasil, que é formada pelos referidos entes federati- que “incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou
vos. sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação,
a prestação de serviços públicos.” Já se for exploradora de atividade
Autarquias econômica, como maneira de evitar que o princípio da livre con-
As autarquias são pessoas jurídicas de direito público interno, corrência reste-se prejudicado, as referidas atividades deverão ser
criadas por lei específica para a execução de atividades especiais e reguladas pelo direito privado, nos ditames do artigo 173 da Consti-
típicas da Administração Pública como um todo. Com as autarquias, tuição Federal, que assim determina:
a impressão que se tem, é a de que o Estado veio a descentralizar Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a
determinadas atividades para entidades eivadas de maior especia- exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será per-
lização. mitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional
As autarquias são especializadas em sua área de atuação, dan- ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei. § 1º A
do a ideia de que os serviços por elas prestados são feitos de forma lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da socieda-
mais eficaz e venham com isso, a atingir de maneira contundente a
de de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade
sua finalidade, que é o bem comum da coletividade como um todo.
econômica de produção ou comercialização de bens ou de presta-
Por esse motivo, aduz-se que as autarquias são um serviço público
ção de serviços, dispondo sobre:
descentralizado. Assim, devido ao fato de prestarem esse serviço
I – sua função social e formas de fiscalização pelo Estado e pela
público especializado, as autarquias acabam por se assemelhar em
sociedade;
tudo o que lhes é possível, ao entidade estatal a que estiverem ser-
II – a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas priva-
vindo. Assim sendo, as autarquias se encontram sujeitas ao mesmo
das, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, tra-
regime jurídico que o Estado. Nos dizeres de Hely Lopes Meirelles,
balhistas e tributários;
as autarquias são uma “longa manus” do Estado, ou seja, são exe-
III – licitação e contratação de obras, serviços, compras e alie-
cutoras de ordens determinadas pelo respectivo ente da Federação
a que estão vinculadas. nações, observados os princípios da Administração Pública;
As autarquias são criadas por lei específica, que de forma obri- IV – a constituição e o funcionamento dos conselhos de Admi-
gacional deverá ser de iniciativa do Chefe do Poder Executivo do nistração e fiscal, com a participação de acionistas minoritários;
ente federativo a que estiver vinculada. Explicita-se também que V – os mandatos, a avaliação de desempenho e a responsabili-
a função administrativa, mesmo que esteja sendo exercida tipica- dade dos administradores
mente pelo Poder Executivo, pode vir a ser desempenhada, em re-
gime totalmente atípico pelos demais Poderes da República. Em tais Vejamos em síntese, algumas características em comum das
situações, infere-se que é possível que sejam criadas autarquias no empresas públicas e das sociedades de economia mista:
âmbito do Poder Legislativo e do Poder Judiciário, oportunidade na • Devem realizar concurso público para admissão de seus em-
qual a iniciativa para a lei destinada à sua criação, deverá, obriga- pregados;
toriamente, segundo os parâmetros legais, ser feita pelo respectivo • Não estão alcançadas pela exigência de obedecer ao teto
Poder. constitucional;
• Estão sujeitas ao controle efetuado pelos Tribunais de Contas,
Empresas Públicas bem como ao controle do Poder Legislativo;
Sociedades de Economia Mista • Não estão sujeitas à falência;
São a parte da Administração Indireta mais voltada para o di- • Devem obedecer às normas de licitação e contrato adminis-
reito privado, sendo também chamadas pela maioria doutrinária de trativo no que se refere às suas atividades-meio;
empresas estatais. • Devem obedecer à vedação à acumulação de cargos prevista
Tanto a empresas públicas, quanto as sociedades de economia constitucionalmente;
mista, no que se refere à sua área de atuação, podem ser divididas • Não podem exigir aprovação prévia, por parte do Poder Legis-
entre prestadoras diversas de serviço público e plenamente atuan- lativo, para nomeação ou exoneração de seus diretores.
tes na atividade econômica de modo geral. Assim sendo, obtemos
dois tipos de empresas públicas e dois tipos de sociedades de eco- Fundações e outras entidades privadas delegatárias
nomia mista. Identifica-se no processo de criação das fundações privadas,
Ressalta-se que ao passo que as empresas estatais explorado- duas características que se encontram presentes de forma contun-
ras de atividade econômica estão sob a égide, no plano constitu- dente, sendo elas a doação patrimonial por parte de um instituidor
cional, pelo art. 173, sendo que a sua atividade se encontra regida e a impossibilidade de terem finalidade lucrativa.
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O Decreto 200/1967 e a Constituição Federal Brasileira de 1988 Organizações da sociedade civil de interesse público
conceituam Fundação Pública como sendo um ente de direito pre- São conceituadas como pessoas jurídicas de direito privado,
dominantemente de direito privado, sendo que a Constituição Fe- sem fins lucrativos, nas quais os objetivos sociais e normas estatu-
deral dá à Fundação o mesmo tratamento oferecido às Sociedades tárias devem obedecer aos requisitos determinados pelo art. 3º da
de Economia Mista e às Empresas Públicas, que permite autoriza- Lei n. 9.790/1999. Denota-se que a qualificação é de competência
ção da criação, por lei e não a criação direta por lei, como no caso do Ministério da Justiça e o seu âmbito de atuação é parecido com
das autarquias. o da OS, entretanto, é mais amplo. Vejamos:
Entretanto, a doutrina majoritária e o STF aduzem que a Fun- Art. 3º A qualificação instituída por esta Lei, observado em
dação Pública poderá ser criada de forma direta por meio de lei qualquer caso, o princípio da universalização dos serviços, no res-
específica, adquirindo, desta forma, personalidade jurídica de direi- pectivo âmbito de atuação das Organizações, somente será conferi-
to público, vindo a criar uma Autarquia Fundacional ou Fundação da às pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujos
Autárquica. objetivos sociais tenham pelo menos uma das seguintes finalidades:
I – promoção da assistência social;
Observação importante: a autarquia é definida como serviço II – promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio
personificado, ao passo que uma autarquia fundacional é conceitu- histórico e artístico;
ada como sendo um patrimônio de forma personificada destinado III – promoção gratuita da educação, observando-se a forma
a uma finalidade específica de interesse social. complementar de participação das organizações de que trata esta
Lei;
Vejamos como o Código Civil determina: IV – promoção gratuita da saúde, observando-se a forma com-
Art. 41 - São pessoas jurídicas de direito público interno:(...) plementar de participação das organizações de que trata esta Lei;
IV - as autarquias, inclusive as associações públicas; V – promoção da segurança alimentar e nutricional;
V - as demais entidades de caráter público criadas por lei. VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente e
No condizente à Constituição, denota-se que esta não faz dis- promoção do desenvolvimento sustentável; VII – promoção do vo-
tinção entre as Fundações de direito público ou de direito privado. luntariado;
O termo Fundação Pública é utilizado para diferenciar as fundações VIII – promoção do desenvolvimento econômico e social e com-
da iniciativa privada, sem que haja qualquer tipo de ligação com a bate à pobreza;
Administração Pública. IX – experimentação, não lucrativa, de novos modelos sociopro-
No entanto, determinadas distinções poderão ser feitas, como dutivos e de sistemas alternativos de produção, comércio, emprego
por exemplo, a imunidade tributária recíproca que é destinada so- e crédito;
mente às entidades de direito público como um todo. Registra-se X – promoção de direitos estabelecidos, construção de novos
que o foro de ambas é na Justiça Federal. direitos e assessoria jurídica gratuita de interesse suplementar;
XI – promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos hu-
Delegação Social manos, da democracia e de outros valores universais;
Organizações sociais XII – estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias al-
As organizações sociais são entidades privadas que recebem ternativas, produção e divulgação de informações e conhecimentos
o atributo de Organização Social. Várias são as entidades criadas técnicos e científicos que digam respeito às atividades mencionadas
por particulares sob a forma de associação ou fundação que de- neste artigo.
sempenham atividades de interesse público sem fins lucrativos. Ao A lei das Oscips apresenta um rol de entidades que não podem
passo que algumas existem e conseguem se manter sem nenhuma receber a qualificação. Vejamos:
ligação com o Estado, existem outras que buscam se aproximar do Art. 2º Não são passíveis de qualificação como Organizações
Estado com o fito de receber verbas públicas ou bens públicos com da Sociedade Civil de Interesse Público, ainda que se dediquem de
o objetivo de continuarem a desempenhar sua atividade social. Nos qualquer forma às atividades descritas no art. 3º desta Lei:
parâmetros da Lei 9.637/1998, o Poder Executivo Federal poderá I – as sociedades comerciais;
constituir como Organizações Sociais pessoas jurídicas de direito II – os sindicatos, as associações de classe ou de representação
privado, que não sejam de fins lucrativos, cujas atividades sejam de categoria profissional;
dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tec- III – as instituições religiosas ou voltadas para a disseminação
nológico, à proteção e preservação do meio ambiente, à cultura e à de credos, cultos, práticas e visões devocionais e confessionais;
saúde, atendidos os requisitos da lei. Ressalte-se que as entidades IV – as organizações partidárias e assemelhadas, inclusive suas
privadas que vierem a atuar nessas áreas poderão receber a quali- fundações;
ficação de OSs. V – as entidades de benefício mútuo destinadas a proporcionar
Lembremos que a Lei 9.637/1998 teve como fulcro transferir os bens ou serviços a um círculo restrito de associados ou sócios;
serviços que não são exclusivos do Estado para o setor privado, por VI – as entidades e empresas que comercializam planos de saú-
intermédio da absorção de órgãos públicos, vindo a substituí-los de e assemelhados;
por entidades privadas. Tal fenômeno é conhecido como publiciza- VII – as instituições hospitalares privadas não gratuitas e suas
ção. Com a publicização, quando um órgão público é extinto, logo, mantenedoras;
outra entidade de direito privado o substitui no serviço anterior- VIII – as escolas privadas dedicadas ao ensino formal não gra-
mente prestado. Denota-se que o vínculo com o poder público para tuito e suas mantenedoras;
que seja feita a qualificação da entidade como organização social é IX – as Organizações Sociais;
estabelecido com a celebração de contrato de gestão. Outrossim, as X – as cooperativas;
Organizações Sociais podem receber recursos orçamentários, utili-
zação de bens públicos e servidores públicos.

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Por fim, registre-se que o vínculo de união entre a entidade Assim, estas entidades integram o Terceiro Setor pelo fato de
e o Estado é denominado termo de parceria e que para a qualifi- não se enquadrarem inteiramente como entidades privadas e tam-
cação de uma entidade como Oscip, é exigido que esta tenha sido bém porque não integram a Administração Pública Direta ou Indi-
constituída e se encontre em funcionamento regular há, pelo me- reta.
nos, três anos nos termos do art. 1º, com redação dada pela Lei n. Convém mencionar que, como as entidades do Terceiro Setor
13.019/2014. O Tribunal de Contas da União tem entendido que são constituídas sob a forma de pessoa jurídica de direito privado,
o vínculo firmado pelo termo de parceria por órgãos ou entidades seu regime jurídico, normalmente, via regra geral, é de direito pri-
da Administração Pública com Organizações da Sociedade Civil de vado. Acontece que pelo fato de estas gozarem normalmente de
Interesse Público não é demandante de processo de licitação. De algum incentivo do setor público, também podem lhes ser aplicá-
acordo com o que preceitua o art. 23 do Decreto n. 3.100/1999, veis algumas normas de direito público. Esse é o motivo pelo qual a
deverá haver a realização de concurso de projetos pelo órgão es- conceituada professora afirma que o regime jurídico aplicado às en-
tatal interessado em construir parceria com Oscips para que venha tidades que integram o Terceiro Setor é de direito privado, podendo
a obter bens e serviços para a realização de atividades, eventos, ser modificado de maneira parcial por normas de direito público.
consultorias, cooperação técnica e assessoria.

Entidades de utilidade pública


CONSÓRCIOS PÚBLICOS (LEI Nº 11.107/2005)
O Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado trouxe em
seu bojo, dentre várias diretrizes, a publicização dos serviços esta-
tais não exclusivos, ou seja, a transferência destes serviços para o
setor público não estatal, o denominado Terceiro Setor. LEI Nº 11.107, DE 6 DE ABRIL DE 2005
Podemos incluir entre as entidades que compõem o Terceiro
Setor, aquelas que são declaradas como sendo de utilidade pública, Mensagem de veto
os serviços sociais autônomos, como SESI, SESC, SENAI, por exem- (Vide Decreto nº 6.017, de 2007) Dispõe sobre normas gerais
plo, as organizações sociais (OS) e as organizações da sociedade civil de contratação de consórcios públicos e dá outras providências.
de interesse público (OSCIP). O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-
É importante explicitar que o crescimento do terceiro setor cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
está diretamente ligado à aplicação do princípio da subsidiarieda- Art. 1º Esta Lei dispõe sobre normas gerais para a União, os
de na esfera da Administração Pública. Por meio do princípio da Estados, o Distrito Federal e os Municípios contratarem consórcios
subsidiariedade, cabe de forma primária aos indivíduos e às orga- públicos para a realização de objetivos de interesse comum e dá
nizações civis o atendimento dos interesses individuais e coletivos. outras providências.
Assim sendo, o Estado atua apenas de forma subsidiária nas de- § 1º O consórcio público constituirá associação pública ou pes-
mandas que, devido à sua própria natureza e complexidade, não soa jurídica de direito privado.
puderam ser atendidas de maneira primária pela sociedade. Dessa § 2º A União somente participará de consórcios públicos em
maneira, o limite de ação do Estado se encontraria na autossufici- que também façam parte todos os Estados em cujos territórios es-
ência da sociedade. tejam situados os Municípios consorciados.
Em relação ao Terceiro Setor, o Plano Diretor do Aparelho do § 3º Os consórcios públicos, na área de saúde, deverão obede-
Estado previa de forma explícita a publicização de serviços públicos cer aos princípios, diretrizes e normas que regulam o Sistema Único
estatais que não são exclusivos. A expressão publicização significa de Saúde – SUS.
a transferência, do Estado para o Terceiro Setor, ou seja um setor § 4º Aplicam-se aos convênios de cooperação, no que couber,
público não estatal, da execução de serviços que não são exclusivos as disposições desta Lei relativas aos consórcios públicos.(Incluído
do Estado, vindo a estabelecer um sistema de parceria entre o Es- pela Lei nº 14.026, de 2020)
tado e a sociedade para o seu financiamento e controle, como um Art. 2º Os objetivos dos consórcios públicos serão determina-
todo. Tal parceria foi posteriormente modernizada com as leis que dos pelos entes da Federação que se consorciarem, observados os
instituíram as organizações sociais e as organizações da sociedade limites constitucionais.
civil de interesse público. § 1º Para o cumprimento de seus objetivos, o consórcio público
O termo publicização também é atribuído a um segundo sen- poderá:
tido adotado por algumas correntes doutrinárias, que corresponde I – firmar convênios, contratos, acordos de qualquer natureza,
à transformação de entidades públicas em entidades privadas sem receber auxílios, contribuições e subvenções sociais ou econômicas
fins lucrativos. de outras entidades e órgãos do governo;
No que condizente às características das entidades que com- II – nos termos do contrato de consórcio de direito público,
põem o Terceiro Setor, a ilustre Maria Sylvia Zanella Di Pietro enten- promover desapropriações e instituir servidões nos termos de de-
de que todas elas possuem os mesmos traços, sendo eles: claração de utilidade ou necessidade pública, ou interesse social,
realizada pelo Poder Público; e
1. Não são criadas pelo Estado, ainda que algumas delas te- III – ser contratado pela administração direta ou indireta dos
nham sido autorizadas por lei; entes da Federação consorciados, dispensada a licitação.
2. Em regra, desempenham atividade privada de interesse pú- § 2º Os consórcios públicos poderão emitir documentos de
blico (serviços sociais não exclusivos do Estado); cobrança e exercer atividades de arrecadação de tarifas e outros
3. Recebem algum tipo de incentivo do Poder Público; preços públicos pela prestação de serviços ou pelo uso ou outorga
4. Muitas possuem algum vínculo com o Poder Público e, por de uso de bens públicos por eles administrados ou, mediante auto-
isso, são obrigadas a prestar contas dos recursos públicos à Admi- rização específica, pelo ente da Federação consorciado.
nistração
5. Pública e ao Tribunal de Contas;
6. Possuem regime jurídico de direito privado, porém derroga-
do parcialmente por normas direito público;
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§ 3º Os consórcios públicos poderão outorgar concessão, per- IV – dos Municípios e do Distrito Federal, quando o consórcio
missão ou autorização de obras ou serviços públicos mediante au- for constituído pelo Distrito Federal e os Municípios; e
torização prevista no contrato de consórcio público, que deverá V – (VETADO)
indicar de forma específica o objeto da concessão, permissão ou § 2º O protocolo de intenções deve definir o número de votos
autorização e as condições a que deverá atender, observada a legis- que cada ente da Federação consorciado possui na assembléia ge-
lação de normas gerais em vigor. ral, sendo assegurado 1 (um) voto a cada ente consorciado.
Art. 3º O consórcio público será constituído por contrato cuja § 3º É nula a cláusula do contrato de consórcio que preveja
celebração dependerá da prévia subscrição de protocolo de inten- determinadas contribuições financeiras ou econômicas de ente da
ções. Federação ao consórcio público, salvo a doação, destinação ou ces-
Art. 4º São cláusulas necessárias do protocolo de intenções as são do uso de bens móveis ou imóveis e as transferências ou ces-
que estabeleçam: sões de direitos operadas por força de gestão associada de serviços
I – a denominação, a finalidade, o prazo de duração e a sede públicos.
do consórcio; § 4º Os entes da Federação consorciados, ou os com eles con-
II – a identificação dos entes da Federação consorciados; veniados, poderão ceder-lhe servidores, na forma e condições da
III – a indicação da área de atuação do consórcio; legislação de cada um.
IV – a previsão de que o consórcio público é associação pública § 5º O protocolo de intenções deverá ser publicado na impren-
ou pessoa jurídica de direito privado sem fins econômicos; sa oficial.
V – os critérios para, em assuntos de interesse comum, autori- Art. 5º O contrato de consórcio público será celebrado com a
zar o consórcio público a representar os entes da Federação consor- ratificação, mediante lei, do protocolo de intenções.
ciados perante outras esferas de governo; § 1º O contrato de consórcio público, caso assim preveja cláu-
VI – as normas de convocação e funcionamento da assembléia sula, pode ser celebrado por apenas 1 (uma) parcela dos entes da
geral, inclusive para a elaboração, aprovação e modificação dos es- Federação que subscreveram o protocolo de intenções.
tatutos do consórcio público; § 2º A ratificação pode ser realizada com reserva que, aceita
VII – a previsão de que a assembléia geral é a instância máxima pelos demais entes subscritores, implicará consorciamento parcial
do consórcio público e o número de votos para as suas delibera- ou condicional.
ções; § 3º A ratificação realizada após 2 (dois) anos da subscrição do
VIII – a forma de eleição e a duração do mandato do represen- protocolo de intenções dependerá de homologação da assembléia
tante legal do consórcio público que, obrigatoriamente, deverá ser geral do consórcio público.
Chefe do Poder Executivo de ente da Federação consorciado; § 4º É dispensado da ratificação prevista no caput deste artigo
IX – o número, as formas de provimento e a remuneração dos o ente da Federação que, antes de subscrever o protocolo de in-
empregados públicos, bem como os casos de contratação por tem- tenções, disciplinar por lei a sua participação no consórcio público.
po determinado para atender a necessidade temporária de excep- Art. 6º O consórcio público adquirirá personalidade jurídica:
cional interesse público; I – de direito público, no caso de constituir associação pública,
X – as condições para que o consórcio público celebre contrato mediante a vigência das leis de ratificação do protocolo de inten-
de gestão ou termo de parceria; ções;
XI – a autorização para a gestão associada de serviços públicos, II – de direito privado, mediante o atendimento dos requisitos
explicitando: da legislação civil.
a) as competências cujo exercício se transferiu ao consórcio § 1º O consórcio público com personalidade jurídica de direito
público; público integra a administração indireta de todos os entes da Fede-
b) os serviços públicos objeto da gestão associada e a área em ração consorciados.
que serão prestados; § 2º O consórcio público, com personalidade jurídica de direi-
c) a autorização para licitar ou outorgar concessão, permissão to público ou privado, observará as normas de direito público no
ou autorização da prestação dos serviços; que concerne à realização de licitação, à celebração de contratos, à
d) as condições a que deve obedecer o contrato de programa, prestação de contas e à admissão de pessoal, que será regido pela
no caso de a gestão associada envolver também a prestação de ser- Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei
viços por órgão ou entidade de um dos entes da Federação consor- nº 5.452, de 1º de maio de 1943. (Redação dada pela Lei nº 13.822,
ciados; de 2019)
e) os critérios técnicos para cálculo do valor das tarifas e de Art. 7º Os estatutos disporão sobre a organização e o funciona-
outros preços públicos, bem como para seu reajuste ou revisão; e mento de cada um dos órgãos constitutivos do consórcio público.
XII – o direito de qualquer dos contratantes, quando adimplen- Art. 8º Os entes consorciados somente entregarão recursos ao
te com suas obrigações, de exigir o pleno cumprimento das cláusu- consórcio público mediante contrato de rateio.
las do contrato de consórcio público. § 1º O contrato de rateio será formalizado em cada exercício fi-
§ 1º Para os fins do inciso III do caput deste artigo, considera-se nanceiro, e seu prazo de vigência não será superior ao das dotações
como área de atuação do consórcio público, independentemente que o suportam, com exceção dos contratos que tenham por objeto
de figurar a União como consorciada, a que corresponde à soma exclusivamente projetos consistentes em programas e ações con-
dos territórios: templados em plano plurianual.(Redação dada pela Lei nº 14.026,
I – dos Municípios, quando o consórcio público for constituído de 2020)
somente por Municípios ou por um Estado e Municípios com terri- § 2º É vedada a aplicação dos recursos entregues por meio de
tórios nele contidos; contrato de rateio para o atendimento de despesas genéricas, inclu-
II – dos Estados ou dos Estados e do Distrito Federal, quando sive transferências ou operações de crédito.
o consórcio público for, respectivamente, constituído por mais de § 3º Os entes consorciados, isolados ou em conjunto, bem
1 (um) Estado ou por 1 (um) ou mais Estados e o Distrito Federal; como o consórcio público, são partes legítimas para exigir o cumpri-
III – (VETADO) mento das obrigações previstas no contrato de rateio.
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§ 4º Com o objetivo de permitir o atendimento dos dispositivos II – prever procedimentos que garantam a transparência da
da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, o consórcio gestão econômica e financeira de cada serviço em relação a cada
público deve fornecer as informações necessárias para que sejam um de seus titulares.
consolidadas, nas contas dos entes consorciados, todas as despe- § 2º No caso de a gestão associada originar a transferência total
sas realizadas com os recursos entregues em virtude de contrato de ou parcial de encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à con-
rateio, de forma que possam ser contabilizadas nas contas de cada tinuidade dos serviços transferidos, o contrato de programa, sob
ente da Federação na conformidade dos elementos econômicos e pena de nulidade, deverá conter cláusulas que estabeleçam:
das atividades ou projetos atendidos. I – os encargos transferidos e a responsabilidade subsidiária da
§ 5º Poderá ser excluído do consórcio público, após prévia sus- entidade que os transferiu;
pensão, o ente consorciado que não consignar, em sua lei orçamen- II – as penalidades no caso de inadimplência em relação aos
tária ou em créditos adicionais, as dotações suficientes para supor- encargos transferidos;
tar as despesas assumidas por meio de contrato de rateio. III – o momento de transferência dos serviços e os deveres re-
Art. 9º A execução das receitas e despesas do consórcio público lativos a sua continuidade;
deverá obedecer às normas de direito financeiro aplicáveis às enti- IV – a indicação de quem arcará com o ônus e os passivos do
dades públicas. pessoal transferido;
Parágrafo único. O consórcio público está sujeito à fiscalização V – a identificação dos bens que terão apenas a sua gestão e
contábil, operacional e patrimonial pelo Tribunal de Contas compe- administração transferidas e o preço dos que sejam efetivamente
tente para apreciar as contas do Chefe do Poder Executivo repre- alienados ao contratado;
sentante legal do consórcio, inclusive quanto à legalidade, legitimi- VI – o procedimento para o levantamento, cadastro e avaliação
dade e economicidade das despesas, atos, contratos e renúncia de dos bens reversíveis que vierem a ser amortizados mediante recei-
receitas, sem prejuízo do controle externo a ser exercido em razão tas de tarifas ou outras emergentes da prestação dos serviços.
de cada um dos contratos de rateio. § 3º É nula a cláusula de contrato de programa que atribuir ao
Art. 10. (VETADO) contratado o exercício dos poderes de planejamento, regulação e
Parágrafo único. Os agentes públicos incumbidos da gestão de fiscalização dos serviços por ele próprio prestados.
consórcio não responderão pessoalmente pelas obrigações contra- § 4º O contrato de programa continuará vigente mesmo quan-
ídas pelo consórcio público, mas responderão pelos atos praticados do extinto o consórcio público ou o convênio de cooperação que
em desconformidade com a lei ou com as disposições dos respec- autorizou a gestão associada de serviços públicos.
tivos estatutos. § 5º Mediante previsão do contrato de consórcio público, ou de
Art. 11. A retirada do ente da Federação do consórcio público convênio de cooperação, o contrato de programa poderá ser cele-
dependerá de ato formal de seu representante na assembléia geral, brado por entidades de direito público ou privado que integrem a
na forma previamente disciplinada por lei. administração indireta de qualquer dos entes da Federação consor-
ciados ou conveniados.
§ 1º Os bens destinados ao consórcio público pelo consorciado
§ 6º (Revogado).(Redação dada pela Lei nº 14.026, de 2020)
que se retira somente serão revertidos ou retrocedidos no caso de
§ 7º Excluem-se do previsto no caput deste artigo as obrigações
expressa previsão no contrato de consórcio público ou no instru-
cujo descumprimento não acarrete qualquer ônus, inclusive finan-
mento de transferência ou de alienação.
ceiro, a ente da Federação ou a consórcio público.
§ 2º A retirada ou a extinção de consórcio público ou convênio
§ 8º Os contratos de prestação de serviços públicos de sanea-
de cooperação não prejudicará as obrigações já constituídas, inclu-
mento básico deverão observar o art. 175 da Constituição Federal,
sive os contratos, cuja extinção dependerá do pagamento das inde-
vedada a formalização de novos contratos de programa para esse
nizações eventualmente devidas.(Redação dada pela Lei nº 14.026,
fim.(Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020)
de 2020) Art. 14. A União poderá celebrar convênios com os consórcios
Art. 12. A alteração ou a extinção de contrato de consórcio pú- públicos, com o objetivo de viabilizar a descentralização e a presta-
blico dependerá de instrumento aprovado pela assembléia geral, ção de políticas públicas em escalas adequadas.
ratificado mediante lei por todos os entes consorciados. Parágrafo único. Para a celebração dos convênios de que trata
§ 1º Os bens, direitos, encargos e obrigações decorrentes da o caput deste artigo, as exigências legais de regularidade aplicar-se-
gestão associada de serviços públicos custeados por tarifas ou outra -ão ao próprio consórcio público envolvido, e não aos entes federa-
espécie de preço público serão atribuídos aos titulares dos respecti- tivos nele consorciados. (Incluído pela Lei nº 13.821, de 2019)
vos serviços.(Revogado pela Lei nº 14.026, de 2020) Art. 15. No que não contrariar esta Lei, a organização e funcio-
§ 2º Até que haja decisão que indique os responsáveis por cada namento dos consórcios públicos serão disciplinados pela legisla-
obrigação, os entes consorciados responderão solidariamente pe- ção que rege as associações civis.
las obrigações remanescentes, garantindo o direito de regresso em Art. 16. O inciso IV do art. 41 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro
face dos entes beneficiados ou dos que deram causa à obrigação. de 2002 - Código Civil, passa a vigorar com a seguinte redação:
Art. 13. Deverão ser constituídas e reguladas por contrato de “Art. 41. ...................................................................................
programa, como condição de sua validade, as obrigações que um ................................................................................................
ente da Federação constituir para com outro ente da Federação ou IV – as autarquias, inclusive as associações públicas;
para com consórcio público no âmbito de gestão associada em que ........................................................................................” (NR)
haja a prestação de serviços públicos ou a transferência total ou Art. 17. Os arts. 23, 24, 26 e 112 da Lei no 8.666, de 21 de junho
parcial de encargos, serviços, pessoal ou de bens necessários à con- de 1993, passam a vigorar com a seguinte redação:
tinuidade dos serviços transferidos. “Art. 23. ...................................................................................
§ 1º O contrato de programa deverá: ................................................................................................
I – atender à legislação de concessões e permissões de servi- § 8º No caso de consórcios públicos, aplicar-se-á o dobro dos
ços públicos e, especialmente no que se refere ao cálculo de tarifas valores mencionados no caput deste artigo quando formado por
e de outros preços públicos, à de regulação dos serviços a serem até 3 (três) entes da Federação, e o triplo, quando formado por
prestados; e maior número.” (NR)
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DIREITO ADMINISTRATIVO
“Art. 24. ...................................................................................
................................................................................................ SERVIDORES PÚBLICOS: CARGO, EMPREGO E FUNÇÃO
XXVI – na celebração de contrato de programa com ente da PÚBLICOS
Federação ou com entidade de sua administração indireta, para a
prestação de serviços públicos de forma associada nos termos do
autorizado em contrato de consórcio público ou em convênio de Conceito
cooperação. A Constituição Federal Brasileira de 1988 trouxe em seu bojo,
Parágrafo único. Os percentuais referidos nos incisos I e II do várias regras de organização do Estado brasileiro, dentre elas, as
caput deste artigo serão 20% (vinte por cento) para compras, obras concernentes à Administração Pública e seus agentes como um
e serviços contratados por consórcios públicos, sociedade de eco- todo.
nomia mista, empresa pública e por autarquia ou fundação qualifi- A designação “agente público” tem sentido amplo e serve para
cadas, na forma da lei, como Agências Executivas.” (NR) conceituar qualquer pessoa física exercente de função pública, de
“Art. 26. As dispensas previstas nos §§ 2º e 4º do art. 17 e no forma remunerada ou gratuita, de natureza política ou administra-
inciso III e seguintes do art. 24, as situações de inexigibilidade re- tiva, com investidura definitiva ou transitória.
feridas no art. 25, necessariamente justificadas, e o retardamento
previsto no final do parágrafo único do art. 8º desta Lei deverão ser Espécies (classificação)
comunicados, dentro de 3 (três) dias, à autoridade superior, para Maria Sylvia Zanella Di Pietro, entende que quatro são as ca-
ratificação e publicação na imprensa oficial, no prazo de 5 (cinco) tegorias de agentes públicos: agentes políticos, servidores públicos
dias, como condição para a eficácia dos atos. civis, militares e particulares em colaboração com o serviço público.
......................................................................................” (NR)
“Art. 112. ................................................................................ Vejamos cada classificação detalhadamente:
§ 1º Os consórcios públicos poderão realizar licitação da qual,
nos termos do edital, decorram contratos administrativos celebra- Agentes políticos
dos por órgãos ou entidades dos entes da Federação consorciados. Exercem atividades típicas de governo e possuem a incumbên-
§ 2º É facultado à entidade interessada o acompanhamento da cia de propor ou decidir as diretrizes políticas dos entes públicos.
licitação e da execução do contrato.” (NR) Nesse patamar estão inclusos os chefes do Poder Executivo federal,
Art. 18. O art. 10 da Lei no 8.429, de 2 de junho de 1992, passa estadual e municipal e de seus auxiliares diretos, quais sejam, os
a vigorar acrescido dos seguintes incisos: Ministros e Secretários de Governo e os membros do Poder Legisla-
“Art. 10. ................................................................................... tivo como Senadores, Deputados e Vereadores.
................................................................................................ De forma geral, os agentes políticos exercem mandato eletivo,
XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por com exceção dos Ministros e Secretários que são ocupantes de car-
objeto a prestação de serviços públicos por meio da gestão associa- gos comissionados, de livre nomeação e exoneração.
da sem observar as formalidades previstas na lei; Autores como Hely Lopes Meirelles, acabaram por enfatizar de
XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público sem su- forma ampla a categoria de agentes políticos, de forma a transpare-
ficiente e prévia dotação orçamentária, ou sem observar as forma- cer que os demais agentes que exercem, com alto grau de autono-
lidades previstas na lei.” (NR) mia, categorias da soberania do Estado em decorrência de previsão
Art. 19. O disposto nesta Lei não se aplica aos convênios de co- constitucional, como é o caso dos membros do Ministério Público,
operação, contratos de programa para gestão associada de serviços da Magistratura e dos Tribunais de Contas.
públicos ou instrumentos congêneres, que tenham sido celebrados
anteriormente a sua vigência. Servidores Públicos Civis
Art. 20. O Poder Executivo da União regulamentará o disposto De forma geral, servidor público são todas as pessoas físicas
nesta Lei, inclusive as normas gerais de contabilidade pública que que prestadoras de serviços às entidades federativas ou as pessoas
serão observadas pelos consórcios públicos para que sua gestão fi- jurídicas da Administração Indireta em função da relação de traba-
nanceira e orçamentária se realize na conformidade dos pressupos- lho que ocupam e com remuneração ou subsídio pagos pelos co-
tos da responsabilidade fiscal. fres públicos, vindo a compor o quadro funcional dessas pessoas
Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. jurídicas.
Brasília, 6 de abril de 2005; 184º da Independência e 117º da Depreende-se que alguns autores dividem os servidores públi-
República. cos em civis e militares. Pelo fato de termos adotado a classificação
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA aludida por Maria Sylvia Zanella Di Pietro, trataremos os servidores
Márcio Thomaz Bastos militares como sendo uma categoria à parte, designando-os apenas
Antonio Palocci Filho de militares, e, por conseguinte, usando a expressão servidores pú-
Humberto Sérgio Costa Lima blicos para se referir somente aos servidores públicos civis.
Nelson Machado De acordo com as regras e normas pelas quais são regidos, os
José Dirceu de Oliveira e Silva servidores públicos civis podem ser subdivididos da seguinte ma-
neira:

Servidores estatutários: ocupam cargo público e são regidos


ÓRGÃOS PÚBLICOS: CONCEITO, NATUREZA E
pelo regime estatutário.
CLASSIFICAÇÃO
Servidores ou empregados públicos: são os servidores contra-
tados sob o regime da CLT e ocupantes de empregos públicos.
Prezado candidato, o tema supracitado já foi abordado em tó-
picos anteriores

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Servidores temporários: são os contratados por determinado b) Cargos do Poder Judiciário: dos Tribunais de Contas e do
período de tempo com o objetivo de atender à necessidade tem- Ministério Público a lei em questão, partirá de iniciativa dos respec-
porária de excepcional interesse público. Exercem funções públicas, tivos Tribunais ou Procuradores - Gerais em se tratando da criação
mas não ocupam cargo ou emprego público. São regidos por regime de cargos para o Ministério Público.
jurídico especial e disciplinado em lei de cada unidade federativa. c) Cargos do Legislativo: os cargos serão criados, extintos ou
Servidores militares: antes do advento da EC 19/1998, os mi- transformados por atos normativos de âmbito interno desse Poder
litares eram tratados como “servidores militares”. Militares são (Resoluções), sendo sua iniciativa da respectiva Mesa Diretora.
aqueles que prestam serviços às Forças Armadas como a Marinha, Embora sejam criados por lei, os cargos ou funções públicas, se
o Exército e a Aeronáutica, às Polícias Militares ou aos Corpos de estiverem vagos, podem ser extintos por intermédio de lei ou por
Bombeiros Militares dos Estados, Distrito Federal e dos territórios, decreto do chefe do Poder Executivo. No entanto, se o cargo estiver
que estão sob vínculo jurídico estatutário e são remunerados pe- ocupado, só poderá ser extinto por lei.
los cofres públicos. Por estarem submetidos a um regime jurídico
estatutário disciplinado em lei por lei, os militares estão submeti- Os cargos podem ser organizados em carreira ou isolados. Ve-
dos à regras jurídicas diferentes das aplicadas aos servidores civis jamos:
estatutários, justificando, desta forma, o enquadramento em uma Cargos organizados em carreira: são cargos cujos ocupantes
categoria propícia de agentes públicos. podem percorrer várias classes ao longo da sua vida funcional, em
razão do regime de progressão do servidor na carreira.
Destaca-se que a Constituição Federal assegurou aos militares Cargos isolados: não permitem a progressão funcional de seus
alguns direitos sociais conferidos aos trabalhadores de forma geral, titulares.
são eles: o 13º salário; o salário-família, férias anuais remuneradas
com acréscimo ao menos um terço da remuneração normal; licença Em relação às garantias e características especiais que lhe são
à gestante com a duração de 120 dias; licença paternidade e assis- conferidas, os cargos podem ser classificados em vitalícios, efetivos;
tência gratuita aos filhos e demais dependentes desde o nascimen- e comissionados. Vejamos:
to até cinco anos de idade em creches e pré-escolas.
Ademais, os servidores militares estão submetidos por força da Cargos vitalícios e cargos efetivos: oferecem garantia de per-
Constituição Federal a determinadas regras próprias dos servidores manência aos seus ocupantes. De forma geral, a nomeação para es-
públicos civis, como por exemplo: teto remuneratório, irredutibili- ses cargos é dependente de prévia aprovação em concurso público.
dade de vencimentos, dentre outras peculiaridades. Cargos em comissão ou comissionados: de acordo com o art.
Embora haja tais assimilações, aos militares são aplicadas algu- 37, V, da CF, os cargos comissionados se destinam apenas às atri-
mas vedações que constituem direito dos demais agentes públicos, buições de direção, chefia e assessoramento. São ocupados de ma-
como por exemplo, os casos da sindicalização, bem como da greve neira temporária, em função da confiança depositada pela autori-
e, quando estiverem em serviço ativo, da filiação a partidos políti- dade nomeante. A nomeação para esse tipo de cargo não depende
cos. de aprovação em concurso público, podendo a exoneração do seu
ocupante pode ser feita a qualquer tempo, a critério da autoridade
Cargo, Emprego e Função Pública nomeante.
Para que haja melhor organização na Administração Pública, os
servidores públicos são amparados e organizados a partir de qua- Emprego
dros funcionais. Quadro funcional é o acoplado de cargos, empre- Os empregos públicos são entidades de atribuições com o fito
de serem ocupadas por servidores regidos sob o regime da CLT, que
gos e funções públicas de um mesmo ente federado, de uma pessoa
também chamados de celetistas ou empregados públicos.
jurídica da Administração Indireta de ou de seus órgãos internos.
A diferença entre cargo e emprego público consiste no vínculo
que liga o servidor ao Estado. Ressalta-se que o vínculo jurídico do
Cargo
empregado público é de natureza contratual, ao passo que o do ser-
O art. 3º do Estatuto dos Servidores Civis da União da Lei
vidor titular de cargo público é de natureza estatutária.
8.112/1990 conceitua cargo público como “o conjunto de atribui-
No âmbito das pessoas de Direito Público como a União, os
ções e responsabilidades previstas na estrutura organizacional que
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, bem como em suas au-
devem ser cometidas a um servidor”. Via de regra, podemos consi-
tarquias e fundações públicas de direito público, levando em conta
derar o cargo como sendo uma posição na estrutura organizacional
a restauração da redação originária do caput do art. 39 da CF/1988
da Administração Pública a ser preenchido por um servidor público. (ADIn 2135 MC/DF), afirma-se que o regime a ser adotado é o esta-
Em geral, os cargos públicos somente podem ser criados, trans- tutário. Entretanto, é plenamente possível a convivência entre o re-
formados e extinguidos por força de lei. gime estatutário e o celetista relativo aos entes que, anteriormente
Ao Poder Legislativo, caberá, mediante sanção do chefe do Po- à concessão da medida cautelar mencionada, tenham realizado
der Executivo, dispor sobre a criação, transformação e extinção de contratações e admissões no regime de emprego público. No to-
cargos, empregos e funções públicas. cante às pessoas de Direito Privado da Administração Indireta como
Em se tratando de cargos do Poder Legislativo, a criação não as empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações
depende de temos exatos de lei, mas, sim de uma norma que mes- públicas de direito privado, infere-se que somente é possível a exis-
mo possuindo hierarquia de lei, não depende de sanção ou veto do tência de empregados públicos, nos termos legais.
chefe do Executivo. É o que chamamos de Resoluções, que são leis
sem sanção. Função Pública
Função pública também é uma espécie de ocupação de agen-
A despeito da criação de cargos, vejamos: te público. Denota-se que ao lado dos cargos e empregos públicos
a) Cargos do Poder Executivo: a iniciativa é privativa do chefe existem determinadas atribuições que também são exercidas por
desse Poder (CF, art. 61, § 1º, II, “a”). servidores públicos, mas no entanto, essas funções não compõem
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a lista de atribuições de determinado cargo ou emprego público, Ademais, se o candidato for nomeado e não se apresentar para
como por exemplo, das funções exercidas por servidores contrata- posse, no prazo de determinado por lei, não ocorrerá exoneração,
dos temporariamente, em razão de excepcional interesse público, tendo em vista ainda não havia sido investido na qualidade de ser-
com base no art. 37, IX, da CFB/88. vidor. Assim sendo, o ato de nomeação se torna sem efeito, vindo
Esse tipo de servidor ocupa funções temporárias, desempe- a ficar vago o cargo que havia sido ocupado pelo ato de nomeação.
nhando suas funções sem titularizar cargo ou emprego público. Provimento Derivado: o cargo público deverá ser entregue a
Além disso, existem funções de chefia, direção e assessoramento um servidor que já tenha uma relação anterior com a Administra-
para as quais o legislador não cria o cargo respectivo, já que serão ção Pública e que se encontra exercendo funções na carreira em
exercidas com exclusividade por ocupantes de cargos efetivos, nos que pretende assumir o novo cargo. Denota-se que provimento de-
termos do art. 37, V, da CFB/88. rivado somente será possível de ser concretizado, se o agente pro-
vier de outros cargos na mesma carreira em que houve provimento
Observação importante: nos parâmetros do art. 37, V da originário anterior. Não pode haver provimento derivado em outra
CFB/88, da mesma forma que previsto para os cargos em comissão, carreira.
as funções de confiança destinam-se apenas às atribuições de dire- Nesses casos, deverá haver a realização de concurso público
ção, chefia e assessoramento.
de provas ou de provas e títulos, para que se faça novo provimento
originário. A permissão para que o agente ingresse em nova carreira
Regimente Jurídico
por meio de provimento derivado violaria os princípios da isonomia
Provimento
e da impessoalidade, mediante os benefícios oferecidos de forma
Provimento é a forma de ocupação do cargo público pelo ser-
vidor. Além disso, é um ato administrativo por intermédio do qual defesa. Nesse diapasão, vejamos o que estabelece a súmula vincu-
ocorre o preenchimento de cargo, por conseguinte, atribuindo as lante nº 43 do Supremo Tribunal Federal
funções a ele específicas e inerentes a uma determinada pessoa.
Tanto a doutrina quanto a lei dividem as espécies de provimento de Súmula 43 do STF: É inconstitucional toda modalidade de pro-
cargos públicos em dois grupos. São eles: vimento que propicie ao servidor investir-se, sem prévia aprovação
em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que
Provimento originário: é ato administrativo que designa um não integra a carreira na qual anteriormente investido.
cargo a servidor que antes não integrava o quadro de servidores
daquele órgão, ou seja, o agente está iniciando a carreira pública. Assim sendo, analisaremos as espécies de provimento derivado
O provimento originário é a única forma de nomeação reco- permitidas no ordenamento Jurídico Brasileiro e suas característi-
nhecida pelo Ordenamento Jurídico Brasileiro, isso, é claro, ressal- cas específicas. Vejamos:
te-se, dependendo de prévia habilitação em concurso público de
provas ou de provas e títulos, obedecidos, nos termos da lei, a or- Provimento derivado vertical: é a promoção na carreira ense-
dem de classificação e o prazo de sua validade. Destaque-se que o jando a garantia de o servidor público ocupar cargos mais altos, na
momento da nomeação configura discricionariedade do adminis- carreira de ingresso, de forma alternada por antiguidade e mereci-
trador, na qual devem ser respeitados os prazos do concurso públi- mento. Para que isso ocorra, é necessário que ele tenha ingressado,
co, nos moldes do art. 9° e seguintes da Lei 8112/90, devendo, por mediante aprovação em concurso público no serviço público, bem
conseguinte, ainda ser feita uma análise a respeito dos requisitos como mediante assunção de cargo escalonado em carreira.
para a ocupação do cargo. Denota-se que a escolha do servidor a progredir na carreira
Entretanto, uma vez realizada a nomeação do candidato, este deve ser realiza por critérios de antiguidade e merecimento e de
ato não lhe atribui a qualidade de servidor público, mas apenas a forma alternada por critérios de antiguidade e merecimento.
garantia de ocupação do referido cargo. Para que se torne servidor Destaque-se que, intermédio de promoção, não será possível
público, o particular deverá assinar o termo de posse, se submeten- assumir um cargo em outra carreira mais elevada. Como por exem-
do a todas as normas estatuárias da instituição. plo, ao ser promovido do cargo de técnico do Tribunal para o cargo
O provimento do cargo ocorre com a nomeação, mas a inves-
de analista do mesmo órgão. Isso não é possível, uma vez que tal
tidura no cargo acontece com a posse nos termos do art. 7°da Lei
situação significaria a possibilidade de mudança de carreira sem a
8.112/90.
realização de concurso público, o que ensejaria a ascensão que foi
De acordo com a Lei Federal, o prazo máximo para a posse é
abolida pela Constituição Federal de 1988.
de 30 (trinta) dias, contados a partir da publicação do ato de pro-
vimento, nos termos do art. 13, §1°, sendo que, desde haja a devi-
da comprovação, a legislação admite que a posse ocorra por meio Provimento derivado horizontal: trata-se da readaptação dis-
de procuração específica, conforme disposto no art. 13, §3° da lei posta no art. 24 da Lei 8112/90. É o aproveitamento do servidor
8.112/90. em um novo cargo, em decorrência de uma limitação sofrida por
Havendo a efetivação da posse dentro do prazo legal, o ser- este na capacidade física ou mental. Em ocorrendo esta hipótese,
vidor público federal terá o prazo máximo de 15 (dias) dias para o agente deverá ser readaptado vindo a assumir um novo cargo,
iniciar a exercer as funções do cargo, nos trâmites do art. 15, §1° no qual as funções sejam compatíveis com as limitações que sofreu
do Estatuto dos Servidores Públicos da União, das Autarquias e das em sua capacidade laboral, dependendo a verificação desta limita-
Fundações Públicas Federais, Lei 8112/90, sendo que não sendo ção mediante a apresentação de laudo laboral expedido por junta
respeitado este prazo, o agente poderá ser exonerado. Vejamos: médica oficial, que ateste demonstrando detalhadamente a impos-
sibilidade de o agente se manter no exercício de suas atividades de
Art. 15. § 2º - O servidor será exonerado do cargo ou será tor- trabalho.
nado sem efeito o ato de sua designação para função de confiança, Na fase de readaptação ficará garantida o recebimento de ven-
se não entrar em exercício nos prazos previstos neste artigo, ob- cimentos, não podendo haver alteração do subsídio recebido pelo
servado o disposto no art. 18. (Redação dada pela Lei n. 9.527, de servidor em virtude da readaptação.
10.12.97).
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Observação importante: esta modalidade de provimento deri- Isso ocorre, por que a Carta Magna prevê que havendo a ex-
vado independe da existência de cargo vago na carreira, porque ain- tinção ou declaração de desnecessidade de determinado cargo pú-
da que este não exista, o servidor sempre terá direito de ser readap- blico, o servidor público estável ocupante do cargo não deverá ser
tado e poderá exercer suas funções no novo cargo como excedente. demitido ou exonerado, mas sim ser removido para a disponibilida-
Caso não haja nenhum cargo na carreira, com funções compatíveis, de. Nesses casos, o servidor deixará de exercer as funções de forma
o servidor poderá ser aposentado por invalidez. Para que haja rea- temporária, mantendo o vínculo com a administração pública.
daptação, não há necessidade de a limitação ter ocorrido por causa Destaque-se que não há prazo para o término da disponibilida-
do exercício do labor ou da função. A princípio, independentemen- de, porém, por lei, o servidor tem a garantia de que, surgindo novo
te de culpa, o servidor tem direito a ser readaptado. cargo vago compatível com o que ocupava, seu aproveitamento
será obrigatório.
Provimento derivado por reingresso: ocorre quando o servi-
dor de alguma forma, deixou de atuar no labor das funções de cargo Observação importante: o aproveitamento é obrigatório tan-
específico e retorna às suas atividades. Esse provimento pode ocor- to para o poder público quanto para o agente. Isso ocorre porque
rer de quatro formas. São elas: a Administração Pública não pode deixar de executar o aproveita-
mento para nomear novos candidatos, da mesma forma que o ser-
a) Reversão: nos termos do art. 25 da Lei 8.112/90, é o retor- vidor não poderá optar por ficar em disponibilidade, vindo a recu-
no do servidor público aposentado ao exercício do cargo público. sar o aproveitamento.
A reversão pode ocorrer por meio da aposentadoria por invalidez,
quando cessarem os motivos da invalidez. Neste caso, por meio de Vacância
laudo médico oficial, o poder público toma conhecimento de que As situações de vacância são as hipóteses de desocupação do
os motivos que ensejaram a aposentadoria do servidor se tornaram cargo público. Vacância é o termo utilizado para designar cargo pú-
insubsistentes, do que resulta a obrigatoriedade de retorno do ser- blico vago. É um fato administrativo que informa que o cargo públi-
vidor ao cargo. co não está provido e poderá preenchido por novo agente.
A lei dispõe sete hipóteses de vacância. São elas:
Também pode ocorrer a reversão do servidor aposentado de
forma voluntária. Dessa maneira, atendidos os requisitos dispostos a) Aposentadoria: acontece quando mediante ato praticado
em lei, a legislação ordena que havendo interesse da Administração
pela Administração Pública, o servidor público passa para a inati-
Pública, que o servidor tenha requerido a reversão, que a aposenta-
vidade. No Regime Próprio de Previdência do Servidor Público, a
doria tenha sido de forma voluntária, que o agente público já tives-
aposentadoria pode-se dar voluntariamente, compulsoriamente ou
se, antes, adquirido estabilidade quando no exercício da atividade,
por invalidez, devendo ser aprovada pelo Tribunal de Contas para
que a aposentadoria tenha se dado nos cinco anos anteriores à so-
que tenha validade. A aposentadoria pode ocorrer pelas seguintes
licitação e também que haja cargo vago, no momento da petição
maneiras:
de reversão.
• Falecimento
b) Reintegração: trata-se de provimento derivado que requer o
Quando se tratar de fato administrativo alheio ao interesse do
retorno do servidor público estável ao cargo que ocupava anterior-
mente, em decorrência da anulação do ato de demissão. servidor ou da Administração Pública, torna inevitavelmente inviá-
Ocorre a reintegração quando tornada sem validade a demis- vel a ocupação do cargo.
são do servidor estável por decisão judicial ou administrativa, pon-
derando que o reintegrado terá o direito de ser indenizado por tudo • Exoneração
que deixou de ganhar em consequência da demissão ilegal. Acontece sempre que o desfazimento do vínculo com o poder
público ocorre por situação prevista em lei, sem penalidades, dan-
c) Recondução: conforme dispõe o art. 29, da lei 8.112/90, tra- do fim à relação jurídica funcional que havia tido início com a posse.
ta-se a recondução do retorno do servidor ao cargo anteriormente
ocupado por ele, podendo ocorrer em duas hipóteses: Ressalte-se que a exoneração pode ocorrer a pedido do servi-
• Inabilitação em estágio probatório relacionado a outro car- dor, situação na qual, por vontade do agente público, o vínculo se
go: quando o servidor público retorna à carreira anterior na qual restará desfeito e o cargo vago.
já havia adquirido estabilidade, evitando assim, sua exoneração do
serviço público. b) Demissão: será cabível todas as vezes em que o servidor co-
• Reintegração do anterior ocupante: cuida-se de situação ex- meter infração funcional, prevista em lei e será punível com a perda
posta, na situação prática apresentada anteriormente, através da do cargo público. A demissão está disposta na lei 8.112/90 em for-
qual, o servidor público ocupa cargo de outro servidor que é poste- ma de sanção aplicada ao servidor que cometer.
riormente reintegrado. Quaisquer das infrações dispostas no art. 132 que são configu-
radas como condutas consideradas graves. Em determinados casos,
Observação importante: A recondução não gera direito à per- definidos pelo legislador, a demissão proporá de forma automática
cepção de indenização, em nenhuma das duas hipóteses. Assim, o a indisponibilidade dos bens do servidor até que esse faça os de-
servidor público retornará ao cargo de origem, percebendo a remu- vidos ressarcimentos ao erário. Em se tratando de situações mais
neração deste cargo. extremas, o legislador vedará por completo a o retorno do servidor
ao serviço público.
d) Aproveitamento: é retorno do servidor público que se en- A penalidade deverá ser por meio de processo administrativo
contra em disponibilidade, para assumir cargo com funções com- disciplinar no qual se observe o direito ao contraditório e a ampla
patíveis com as que anteriormente exercia, antes de ter extinto o defesa.
cargo que antes ocupava.
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c) Readaptação: é a de investidura do servidor em cargo de Uma questão de suma relevância, é a iniciativa da lei que cria,
atribuições e responsabilidades compatíveis com a limitação que extingue ou transforma cargos. A despeito da criação de cargos, ve-
tenha sofrido em sua capacidade física ou mental, comprovada em jamos:
inspeção minuciosamente realizada por junta médica oficial do ór-
gão competente. Cargos do Poder Executivo: a iniciativa é privativa do chefe
O servidor que for readaptado, assumindo o novo cargo desde desse Poder (CF, art. 61, § 1º, II, “a”).
que seja com funções compatíveis com sua nova situação, deverá
retornar ao cargo anteriormente ocupado. Assim, a readaptação Cargos do Poder Judiciário: dos Tribunais de Contas e do Minis-
ensejará o provimento de um cargo e, por conseguinte, a vacância tério Público a lei em questão, partirá de iniciativa dos respectivos
de outro, acopladas num só ato. Tribunais ou Procuradores - Gerais em se tratando da criação de
cargos para o Ministério Público.
d) Promoção: ocorre no momento em que o servidor público,
por antiguidade e merecimento, alternadamente, passa a assumir Cargos do Legislativo: os cargos serão criados, extintos ou
cargo mais elevado na carreira de ingresso. transformados por atos normativos de âmbito interno desse Poder
(Resoluções), sendo sua iniciativa da respectiva Mesa Diretora.
e) Posse em cargo inacumulável: todas as vezes que o servi-
dor tomar posse em cargo ou emprego público de carreira nova, Embora sejam criados por lei, os cargos ou funções públicas, se
mediante aprovação em concurso público de provas ou de provas estiverem vagos, podem ser extintos por intermédio de lei ou por
e títulos, de forma que o novo cargo não seja acumulável com o decreto do chefe do Poder Executivo. No entanto, se o cargo estiver
primeiro. ocupado, só poderá ser extinto por lei.
Ocorrendo isso, em decorrência da vedação estabelecida pela Os cargos podem ser organizados em carreira ou isolados. Ve-
Carta Magna de acumulação de cargos e empregos públicos, será jamos:
necessária a vacância do cargo anteriormente ocupado. Não fazen-
do o servidor a opção, após a concessão de prazo de dez dias, por Cargos organizados em carreira: são cargos cujos ocupantes
conseguinte, o poder público poderá instaurar, nos termos da lei, podem percorrer várias classes ao longo da sua vida funcional, em
processo administrativo sumário, pugnando na aplicação da penali- razão do regime de progressão do servidor na carreira.
dade de demissão do servidor.
Cargos isolados: não permitem a progressão funcional de seus
Efetividade titulares.
A efetividade não se confunde com a estabilidade. Ao passo
que a estabilidade é a garantia constitucional disposta no art.14, Em relação às garantias e características especiais que lhe são
que garante a permanência no serviço público outorgada ao servi- conferidas, os cargos podem ser classificados em vitalícios, efetivos;
dor que, no ato de nomeação por concurso público para cargo de e comissionados. Vejamos:
provimento efetivo, tenha transposto o período de estágio proba-
tório e aprovado numa avaliação específica e especial de desempe- Cargos vitalícios e cargos efetivos: oferecem garantia de per-
nho, a efetividade é a situação jurídica daquele servidor que ocupa manência aos seus ocupantes. De forma geral, a nomeação para es-
cargo de provimento efetivo. ses cargos é dependente de prévia aprovação em concurso público.
Os cargos de provimento efetivo são aqueles que só podem ser
titularizados por servidores estatutários. Sua nomeação depende Cargos em comissão ou comissionados: de acordo com o art.
explicitamente da aprovação em concurso público. 37, V, da CF, os cargos comissionados se destinam apenas às atri-
Ao ingressar no serviço público, o servidor ao ocupar cargo de buições de direção, chefia e assessoramento. São ocupados de ma-
provimento efetivo, já é considerado um servidor efetivo. Entretan- neira temporária, em função da confiança depositada pela autori-
to, o mencionado servidor efetivo só terá garantida sua permanên- dade nomeante. A nomeação para esse tipo de cargo não depende
cia no serviço público, a estabilidade, depois de três anos de exercí- de aprovação em concurso público, podendo a exoneração do seu
cio, desde que seja aprovado no estágio probatório. ocupante pode ser feita a qualquer tempo, a critério da autoridade
nomeante.
Criação, transformação e extinção de cargos, empregos e fun-
ções Ressalte-se que antes da EC 32/2001, os cargos e as funções
Via de regra, os cargos públicos apenas podem ser criados, públicas só podiam ser extintos por determinação de lei. Entretan-
transformados ou extintos por determinação de lei. Cabe ao Poder to, a mencionada emenda constitucional alterou a redação do art.
Legislativo, com o sancionamento do chefe do Poder Executivo, dis- 84, VI, “b”, da CF, passando a legislar admitindo que o Presidente da
por sobre a criação, transformação e extinção de cargos, empregos República possa extinguir funções ou cargos públicos por meio de
e funções públicas. decreto, quando estes se encontrarem vagos.
Em se tratando de cargos do Poder Legislativo, o processo de O resultado disso, é que, ao aplicar o princípio da simetria, a
criação não depende apenas de lei, mas sim de uma norma que consequência é que os Governadores e Prefeitos, se houver seme-
mesmo apesar de possuir a mesma hierarquia de lei, não está na lhante previsão nas respectivas Constituições Estaduais ou Leis Or-
dependência de deliberação executiva com sanção ou veto do chefe gânicas, também podem extinguir por decreto funções ou cargos
do Executivo. Referidas normas, em geral, são chamadas de Reso- públicos vagos nos Estados, Distrito Federal e Municípios.
luções. Assim sendo, em se restando vagos, os cargos ou funções pú-
Denota-se que é a norma criadora do cargo a responsável pela blicas, embora sejam criados por lei, poderão ser extintos por lei
denominação, as atribuições e a remuneração correspondentes aos ou por decreto do chefe do Poder Executivo. Entretanto, se o cargo
cargos públicos, nos termos da lei. estiver ocupado, só poderá ser extinto através de lei, uma vez que
não se admite a edição de decreto com essa finalidade.

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DIREITO ADMINISTRATIVO
Remuneração Compete de forma privativa ao Supremo Tribunal Federal, aos
A Constituição Federal Brasileira aduz no art. 37, inciso X do art. Tribunais Superiores e aos Tribunais de Justiça propor ao Poder Le-
37, a seguinte redação: gislativo a respectiva remuneração dos seus serviços auxiliares e
dos juízos que lhes forem vinculados, e, ainda a fixação do subsídio
X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que de seus membros e dos Juízes, inclusive dos tribunais inferiores,
trata o § 4.º do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados onde houver (CF, art. 48, XV, e art. 96, II, ‘b ).
por lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, as- Observe-se que a fixação do subsídio dos deputados federais,
segurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distin- dos senadores, do Presidente e do Vice-Presidente da República e
ção de índices; dos Ministros de Estado é da competência exclusiva do Congresso
Nacional e não se encontra sujeita à sanção ou veto do Presiden-
Infere-se que a alteração mais importante trazida a esse dispo- te da República. Nesse sentido específico, em virtude de previsão
sitivo por meio da EC 19/1998, foi a exigência de lei específica para constitucional, a determinação dos aludidos subsídios não é reali-
que seja fixada ou que haja alteração na remuneração em sentido zada por meio de lei, mas sim por intermédio de Decreto Legislativo
amplo de todos os servidores públicos. Isso significa que cada alte- do Congresso Nacional.
ração de remuneração de cargo público deverá ser feita através da Nesse sentido, em relação entendimento do Supremo Tribu-
edição de lei ordinária específica para tratar desse assunto. nal Federal, esse órgão entende que a concessão da revisão geral
anual” a que se refere o inciso X do art. 37 da Constituição deve
O termo “subsídio”, o qual o texto do inciso X do art. 3 7 men- ser efetivada por intermédio de lei de iniciativa privativa do Poder
ciona, é um tipo de remuneração inserida em nosso ordenamento Executivo de cada Federação.
jurídico através da EC 19/1998, que é de medida obrigatória para O inciso X do art. 37 da Constituição Federal em sua parte final,
alguns cargos e facultativa para outros. garante a” revisão geral anual” da remuneração e do subsídio dos
Nos parâmetros do § 4.º do art. 39 da Constituição Federal, “servidores públicos” sempre na mesma data e sem distinção de
o subsídio deverá ser “fixado em parcela única, vedado o acrésci- índices.
mo de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de A Constituição da República em seu texto original, usava os ter-
representação ou outra espécie remuneratória”. No estudo desse mos “servidor público civil” e “servidor público militar”. No entanto,
paramento legal, depreende-se que o subsídio é uma espécie remu- a partir da aprovação da EC 1811998, estas expressões deixaram
neração em sentido amplo. de existir e o texto constitucional passou a se referir aos servidores
Não obstante, a redação do inciso X do art. 3 7 não tenha usado civis, apenas como “servidores públicos” e aos servidores militares,
o termo “vencimento”, convém anotar que este é usado com frequ- apenas como “militares.
ência para indicar a remuneração dos servidores estatutários que Também em seu texto original e primitivo, a Constituição Fe-
não percebem subsídio. deral de 1988 determinava a obrigatoriedade do uso de índices de
Nesse conceito, os “vencimentos”, também são considerados revisão de remuneração idênticos para servidores públicos civis e
um tipo de remuneração em sentido amplo. São compostos pelo para servidores públicos militares (expressões usadas antes da EC
vencimento normal do cargo com o acréscimo das vantagens pecu- 18/1998). Acontece que no atual inciso X do art. 37, que resultou
niárias estabelecidas em lei. da EC 1911998, existe referência apenas a “servidores públicos”, o
Portanto, o disposto no inciso X do art. 37 da CFB/88, ao deter- que leva a entender que o preceito nele contido não pode ser apli-
minar “a remuneração dos servidores públicos e o subsídio”, está, cado aos militares, uma vez que estes não se englobam mais como
em síntese, acoplando as duas espécies remuneratórias, vencimen- espécie do gênero “servidores públicos”.
tos e subsídios que os servidores públicos estatutários podem re- A remuneração dos servidores públicos passa anualmente por
ceber. período revisional. Esse ato também faz parte do contido na EC
Pondera-se que o termo “salário” não é alcançado pelo cita- 19/1998.
do dispositivo, posto que este trata-se do nome usado para o pa- O objetivo da revisão geral anual, ao menos, em tese, possui o
gamento ou quitação de serviços profissionais prestados em uma fulcro de recompor o poder de compra da remuneração do servidor,
relação de emprego quando a mesma é sujeita ao regime traba- devido a inflação que normalmente está em alta. Por não se tratar
lhista, que é controlado e direcionado pela Consolidação das Leis de aumento real da remuneração ou do subsídio, mas somente de
do Trabalho. Assim sendo, entende-se que os empregados públicos um aumento nominal, por esse motivo, é denominado, às vezes, de
recebem salário. “aumento impróprio”.
Dependerá do cargo conforme o dispositivo de lei que o rege,
para que a iniciativa privativa das leis que fixem ou alterem as re- Esclarece-se que a revisão geral de remuneração e subsídio que
munerações e subsídios dos servidores públicos. De acordo com a o dispositivo constitucional em exame menciona, não é implantada
Constituição, atinente às principais hipóteses de iniciativa de leis mediante a reestruturação de algumas carreiras, posto que as re-
que tratem a respeito da remuneração de cargos públicos, pode- estruturações de carreiras não são anuais, nem, tampouco gerais,
mos resumir das seguintes formas: pois se limitam a cargos específicos, além de não manterem ligação
com a perda de valor relativo da moeda nacional. Já a revisão geral,
A iniciativa é privativa do de forma adversa das reestruturações de carreiras, tem o condão
CARGO DO PODER de alcançar todos os servidores públicos estatutários de todos os
Presidente da República
EXECUTIVO FEDERAL Poderes da Federação em que esteja efetuando e deve ocorrer a
(CFB, art. 61, § 1.º, II, “a”);
cada ano.
CARGOS DA CÂMARA a iniciativa é privativa dessa Casa
DOS DEPUTADOS (CFB, art. 51, IV); Registre-se que a remuneração do servidor público é submeti-
CARGOS DO SENADO a iniciativa é privativa dessa Casa (CF, da aos valores mínimo e máximo.
FEDERAL art. 52, XIII); Em relação ao valor mínimo, a Carta Magna predispõe aos ser-
vidores públicos a mesma garantia que é dada aos trabalhadores
em geral, qual seja, a de que a remuneração recebida não pode ser
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DIREITO ADMINISTRATIVO
inferior ao salário mínimo. No entanto, tal garantia se refere ao total Nos trâmites desse dispositivo constitucional, resta-se existen-
da remuneração recebida, e não em relação ao vencimento-base. te um teto geral remuneratório que deve ser aplicado a todos os Po-
Sobre o assunto, o STF deixou regulamentado na Súmula Vinculante deres da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, sendo este,
16. o subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Federal. Além disso,
Ressalta-se que a garantia da percepção do salário mínimo não referente a esse teto geral, existem tetos específicos aplicáveis aos
foi assegurada pela Constituição Federal aos militares. Para o STF, Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios.
a obrigação do Estado quanto aos militares está limitada ao forne- Em se tratando da esfera estadual e distrital, denota-se que a
cimento das condições materiais para a correta prestação do ser- remuneração dos servidores públicos não podem exceder o subsí-
viço militar obrigatório nas Forças Armadas. Para tanto, denota-se dio mensal dos Ministros do STF, bem como, ainda, não pode ultra-
que os militares são enquadrados em um sistema que não se con- passar os limites a seguir:
funde com o que se aplica aos servidores civis, uma vez que estes Na alçada do Poder Executivo: o subsídio do Governador;
têm direitos, garantias, prerrogativas e impedimentos próprios (RE Na alçada do Poder Legislativo: o subsídio dos Deputados Es-
570177/MG). taduais e Distritais;
Na alçada do Poder Judiciário: o subsídio dos Desembargado-
Consolidando o entendimento, enfatiza-se que a Suprema Cor-
res do Tribunal de Justiça, limitado este a 90,25% do subsídio dos
te editou a Súmula Vinculante 6, por meio da qual afirma que “não
Ministros do STF. Infere-se que esse limite também é nos termos da
viola a Constituição o estabelecimento de remuneração inferior ao
Lei, aplicável aos membros do Ministério Público, aos Procuradores
salário mínimo para as praças prestadoras de serviço militar inicial”.
e aos Defensores Públicos, mesmo que estes não integrem o Poder
Judiciário.
Referente ao limite máximo, foi estabelecido o teto remune- Em relação aos Estados e ao Distrito Federal, a Carta Magna, no
ratório pelo art. 37, XI, da CF, com redação dada pela EC 41/2003. art. 37, § 12 com redação incluída pela EC 47/2005, facultou a cada
Vejamos: um desses entes fixar, em sua alçada, um limite remuneratório local
único, sendo ele o subsídio mensal dos Desembargadores do res-
XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, fun- pectivo Tribunal de Justiça que é limitado a 90,25% do subsídio dos
ções e empregos públicos da administração direta, autárquica e Ministros do STF. Se os Estados ou Distrito Federal desejarem ado-
fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos tar o subteto único, deverão realizar tal tarefa por meio de emenda
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de às respectivas Constituições estaduais ou, ainda, à Lei Orgânica do
mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, Distrito Federal. Entretanto, em consonância com a Constituição Fe-
pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativa- deral, o limite local único não deve ser aplicado aos subsídios dos
mente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer ou- Deputados Estaduais e Distritais e dos Vereadores.
tra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, Finalizando, em relação à esfera municipal, a remuneração dos
dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como li- agentes públicos não poder exceder o teto geral e também não
mite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no pode exceder o subsídio do Prefeito que cuida-se do subteto mu-
Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do nicipal.
Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no Registre-se ainda, que a Constituição Federal carrega em seu
âmbito do Poder Legislativo e o subsídio dos Desembargadores do bojo a regra de que “os vencimentos dos cargos do Poder Legislati-
Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco cen- vo e do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo
tésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Poder Executivo” (art. 37, XII, da CF). No entanto, esta norma tem
Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável sido de pouca aplicação, pelo fato de possuir conteúdo genérico, ao
este limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e contrário da previsão inserida no art. 37, XI, da CFB/88, que explici-
aos Defensores Públicos; (Redação dada pela Emenda Constitucio- tamente estabelece limites precisos para os tetos remuneratórios.
nal nº 41, 19.12.2003).
Direitos e deveres
O art. 37, § 11, da CFB/88 também regulamenta o assunto ao
Adentrando ao tópico dos direitos e deveres dos agentes pú-
afirmar que estão submetidos ao teto a remuneração e o subsídio
blicos, com o amparo da Lei 8112/90, que dispõe sobre o regime
dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da adminis-
jurídico único dos servidores públicos civis da União, das autarquias
tração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer
e das fundações públicas federais, é importante explanar que além
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu- do vencimento - base, a lei prevê que o servidor federal poderá re-
nicípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes ceber vantagens pecuniárias, sendo elas:
políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória,
percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pesso- Indenizações
ais ou de qualquer outra natureza. Referente às parcelas de caráter Têm como objetivo ressarcir aos servidores em razão de despe-
indenizatório, estas não serão computadas para efeito de cálculo do sas que tenham tido por motivo do exercício de suas funções. São
teto remuneratório. previstos por determinação legal, os seguintes tipos de indeniza-
ções a serem pagas ao servidor federal:
Perceba que a regra do teto remuneratório também e plena- a) Ajuda de custo: é destinada a compensar as despesas de
mente aplicável às empresas públicas e às sociedades de economia instalação do servidor que, a trabalho em prol do interesse do ser-
mista, e suas subsidiárias, que percebem recursos da União, dos viço público, passar a laborar em nova sede, isso com mudança de
Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios para pagamento de domicílio em caráter permanente.
despesas de pessoal ou de custeio em geral (art. 37, § 9º, da CF).No A ajuda de custo também será devida àquele agente que, não
entanto, se essas entidades não vierem a receber recursos públicos sendo servidor da União, for nomeado para cargo em comissão,
para a quitação de despesas de custeio e de pessoal, seus empre- com mudança de domicílio. Por outro ângulo, não será concedida
gados não estarão submetidos ao teto remuneratório previsto no ajuda de custo ao servidor que em virtude de mandato eletivo se
art. 37, XI, da CF. afastar do cargo, ou vier a reassumi-lo.
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O cálculo pecuniário da ajuda de custo é feito sobre a remune- a) Indenização de transporte: é devida ao servidor que no
ração do servidor, e não pode exceder a importância corresponden- exercício de serviço de interesse público realizar despesas com a
te a três meses de remuneração. utilização de meio próprio de locomoção para a execução de servi-
Referente a cônjuge ou companheiro do servidor beneficiado ços externos, por força das atribuições próprias do cargo (art. 60 da
pela ajuda de custo que também seja servidor e, a qualquer tempo, Lei 8.112/90).
passe a ter exercício na mesma sede do seu cônjuge ou companhei-
ro, não é permitido pela legislação que ocorra o pagamento de uma b) Auxílio - moradia: é o ressarcimento das despesas devida-
segunda ajuda de custo. mente comprovadas e realizadas pelo servidor público com aluguel
Além de receber o valor pago pela ajuda de custo, todas as de moradia ou, ainda com outro meio de hospedagem devidamen-
despesas de transporte do servidor e de sua família, deverão ser te administrado por empresa hoteleira, no decurso do prazo de um
arcadas pela Administração Pública, compreendendo passagem, mês após a comprovação da despesa pelo servidor.
bagagem e bens pessoais.
Falecendo o servidor estando lotado na nova sede, sua família, Para fazer jus ao recebimento do auxílio - moradia, o servidor
por conseguinte, fará jus à ajuda de custo bem como de transporte deverá atender a alguns requisitos cumulativos previstos na lei (art.
para retornar à localidade de origem, no prazo de um ano, contado 60-B). Vejamos:
do óbito. Art. 60-B. Conceder-se-á auxílio - moradia ao servidor se aten-
Com o fito de evitar enriquecimento sem causa, a lei determina didos os seguintes requisitos: (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006).
que o servidor ficará obrigado a restituir a ajuda de custo quando, I - não exista imóvel funcional disponível para uso pelo servidor;
sem se justificar, não se apresentar na nova sede no prazo de 30 (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006).
dias. II - o cônjuge ou companheiro do servidor não ocupe imóvel
funcional; (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006).
Observação importante: O STJ entende que a ajuda de custo III - o servidor ou seu cônjuge ou companheiro não seja ou te-
somente é devida aos servidores que, no interesse da Administra- nha sido proprietário, promitente comprador, cessionário ou promi-
ção, forem removidos ex officio, com fundamento no art. 36, pará- tente cessionário de imóvel no Município aonde for exercer o cargo,
grafo único, I, da Lei 8.112/1990. No entanto, quando a remoção incluída a hipótese de lote edificado sem averbação de construção,
ocorrer em decorrência de interesse particular do servidor, a ajuda nos doze meses que antecederem a sua nomeação; (Incluído pela
de custo não é devida. Assim, por exemplo, se o servidor público Lei nº 11.355, de 2006).
passar a ter exercício em nova sede, com mudança de domicílio em IV - nenhuma outra pessoa que resida com o servidor receba
caráter permanente, por meio de processo seletivo de remoção, auxílio - moradia; (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006).
não terá direito à percepção da verba de ajuda de custo (AgRg no V - o servidor tenha se mudado do local de residência para ocu-
REsp 1.531.494/SC). par cargo em comissão ou função de confiança do Grupo - Direção
e Assessoramento Superiores - DAS, níveis 4, 5 e 6, de Natureza Es-
Diárias pecial, de Ministro de Estado ou equivalentes; (Incluído pela Lei nº
São devidas ao servidor que a serviço, se afastar da sede em 11.355, de 2006).
caráter eventual ou transitório para outro ponto do território nacio- VI - o Município no qual assuma o cargo em comissão ou função
nal ou para o Exterior, que também fará jus a passagens destinadas de confiança não se enquadre nas hipóteses do art. 58, § 3o, em re-
a indenizar as despesas extraordinárias com pousada, alimentação lação ao local de residência ou domicílio do servidor; (Incluído pela
e locomoção urbana. Lei nº 11.355, de 2006).
As diárias são devidas apenas nas hipóteses de deslocamentos VII - o servidor não tenha sido domiciliado ou tenha residido
eventuais ou transitórios. Assim, o servidor não fará jus a diárias se no Município, nos últimos doze meses, aonde for exercer o cargo
o deslocamento da sede constituir exigência permanente do cargo em comissão ou função de confiança, desconsiderando-se prazo in-
(art. 58, § 2º). ferior a sessenta dias dentro desse período; e (Incluído pela Lei nº
Não terá direito a diárias o servidor que se deslocar dentro da 11.355, de 2006).
mesma região metropolitana, aglomeração urbana ou microrregião, VIII - o deslocamento não tenha sido por força de alteração
constituídas por municípios limítrofes e regularmente instituídas, de lotação ou nomeação para cargo efetivo. (Incluído pela Lei nº
ou em áreas de controle integrado mantidas com países limítrofes, 11.355, de 2006).
cuja jurisdição e competência dos órgãos, entidades e servidores IX - o deslocamento tenha ocorrido após 30 de junho de 2006.
brasileiros consideram-se estendidas, salvo se houver pernoite fora (Incluído pela Lei nº 11.490, de 2007).
da sede, hipóteses em que as diárias pagas serão sempre as fixadas Parágrafo único. Para fins do inciso VII, não será considerado o
para os afastamentos dentro do território nacional (art. 58, § 3º). prazo no qual o servidor estava ocupando outro cargo em comissão
A diária será concedida por dia de afastamento, sendo devida relacionado no inciso V. (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006).
pela metade quando o deslocamento não exigir pernoite fora da
sede, ou quando a União custear, por meio diverso, as despesas Gratificações
extraordinárias cobertas por diárias (art. 58, § 1º). São vantagens pecuniárias que constituem acréscimos de esti-
Além disso, o servidor que receber diárias e porventura, não pêndio, que acopladas ao vencimento constituem a remuneração
se afastar da sede, será obrigado a restituí-las em valor integral no do servidor público.
prazo de cinco dias. Em consonância com o art. 61 da Lei 8.112/1990 depreende-se
Da mesma forma, retornando o servidor à sede antes do pre- que, além do vencimento e das indenizações, poderão ser deferidas
visto, também ficará obrigado a devolver as diárias percebidas em aos servidores as seguintes retribuições em forma de gratificações
excesso no prazo de cinco dias. e adicionais:

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a) Retribuição pelo exercício de função de direção, chefia e as- Adicionais
sessoramento: “Ao servidor ocupante de cargo efetivo investido em Adicionais são formas de remuneração do risco à vida e à saúde
função de direção, chefia ou assessoramento, cargo de provimento dos trabalhadores com caráter transitório, enquanto durar a exposi-
em comissão ou de Natureza Especial é devida retribuição pelo seu ção aos riscos de trabalho do servidor. No serviço público, podemos
exercício” (art. 62). O valor dessa retribuição será fixado por lei es- resumi-los da seguinte forma:
pecífica. a) Adicional pelo exercício de atividades insalubres, perigosas
b) Gratificação natalina: equivale ao 13º salário do trabalhador ou penosas: O adicional de insalubridade é devido aos servidores
da iniciativa privada, ou pública sendo calculada à razão de 1/12 da que trabalhem com habitualidade em locais insalubres, que provo-
remuneração a que o servidor fizer jus no mês de dezembro, por cam a deterioração da sua saúde. Em relação ao adicional de pe-
mês de exercício no respectivo ano. Para efeito de pagamento da riculosidade, é devido ao servidor cujas funções que desempenha
gratificação natalina, a fração igual ou superior a 15 dias de exercí- habitualmente colocam em risco a sua vida.
cio será considerada como mês integral. b) Adicional pela prestação de serviço extraordinário: é aquele
c) Adicional pelo exercício de atividades insalubres, perigosas exercido além da jornada ordinária de trabalho do servidor.
ou penosas: O adicional de insalubridade é devido aos servidores Nos termos da Lei 8.112/1990, o serviço extraordinário será
que trabalhem com habitualidade em locais insalubres, que provo- remunerado com acréscimo de 50% em relação à hora normal de
cam a deterioração da sua saúde. Em relação ao adicional de pe- trabalho.
riculosidade, é devido ao servidor cujas funções que desempenha No entanto, somente será permitido serviço extraordinário
habitualmente colocam em risco a sua vida. para atender a situações excepcionais e temporárias, respeitado o
d) Adicional pela prestação de serviço extraordinário: é aquele limite máximo de duas horas por jornada, nos ditames do art.74.
exercido além da jornada ordinária de trabalho do servidor.
c) Adicional noturno: é prestado no horário compreendido en-
Nos termos da Lei 8.112/1990, o serviço extraordinário será
tre 22 horas de um dia e cinco horas do dia seguinte. O servidor que
remunerado com acréscimo de 50% em relação à hora normal de
exercer serviço noturno terá direito a perceber o adicional noturno,
trabalho.
cujo valor corresponderá ao acréscimo de 25% sobre a hora tra-
(art. 73). No entanto, somente será permitido serviço extraor-
dinário para atender a situações excepcionais e temporárias, res- balhada no turno diurno. Além disso, será considerado como uma
peitado o limite máximo de duas horas por jornada (art. 74). hora de serviço noturno o tempo de cinquenta e dois minutos e
e) Adicional noturno: é prestado no horário compreendido en- trinta segundos (art. 75).
tre 22 horas de um dia e cinco horas do dia seguinte. O servidor que d) Adicional de férias: é disposto na Constituição Federal e dis-
exercer serviço noturno terá direito a perceber o adicional noturno, ciplinado no art. 76 do estatuto funcional. Independentemente de
cujo valor corresponderá ao acréscimo de 25% sobre a hora tra- solicitação, será pago ao servidor, por ocasião das suas férias, um
balhada no turno diurno. Além disso, será considerado como uma adicional correspondente a 1/3 da remuneração do período das
hora de serviço noturno o tempo de cinquenta e dois minutos e férias. No caso de o servidor exercer função de direção, chefia ou
trinta segundos (art. 75). assessoramento, ou ocupar cargo em comissão, a respectiva vanta-
f) Adicional de férias: é garantido pela Constituição Federal e gem será considerada no cálculo do adicional de férias.
disciplinado no art. 76 do estatuto funcional. Independentemente e) Adicional de atividade penosa: será devido aos servidores
de solicitação, será pago ao servidor, por ocasião das suas férias, que estejam em exercício de suas funções em zonas de fronteira ou
um adicional correspondente a 1/3 da remuneração do período das em localidades cujas condições de vida o justifiquem, nos termos,
férias. No caso de o servidor exercer função de direção, chefia ou condições e limites fixados em regulamento (art. 71).
assessoramento, ou ocupar cargo em comissão, a respectiva vanta-
gem será considerada no cálculo do adicional de férias. Observação importante: O direito ao adicional de insalubrida-
h) Gratificação por encargo de curso ou concurso: é direito de ou periculosidade cessa com a eliminação das condições ou dos
assegurado ao servidor que, em caráter eventual, se encaixar nas riscos que deram causa a sua concessão (art. 68, § 2º).
hipóteses do art.76-A, tais como: atuar como instrutor em curso O servidor que pelas circunstâncias fizer jus aos adicionais de
de formação, de desenvolvimento ou de treinamento regularmente insalubridade e de periculosidade deverá optar por um deles, não
instituído no âmbito da administração pública federal; participar de podendo perceber ditas vantagens cumulativamente (art. 68, § 1º).
banca examinadora ou de comissão para exames orais, para análise
curricular, para correção de provas discursivas, para elaboração de Férias
questões de provas ou para julgamento de recursos intentados por De modo geral, podemos afirmar que as férias correspondem
candidatos; participar da logística de preparação e de realização de
ao direito do servidor a um período de descanso anual remunerado,
concurso público envolvendo atividades de planejamento, coorde-
por meio do qual, para a maioria dos servidores é de trinta dias.
nação, supervisão, incluídas entre as suas atribuições permanentes
Esse direito do servidor está garantido pela Constituição Federal,
e participar da aplicação, fiscalizar ou avaliar provas de exame ves-
porém, a disciplina do seu exercício pelos servidores estatutários
tibular ou de concurso público ou supervisionar essas atividades.
Vale a pena registrar que, em tempos remotos, a lei contem- federais está inserida nos arts. 77 a 80 da Lei 8.112/1990.
plava o pagamento do adicional por tempo de serviço. Entretanto, Normalmente, o servidor fará jus a trinta dias de férias a cada
o dispositivo legal que previa o mencionado adicional foi revogado. ano, que por sua vez, podem ser acumuladas até o máximo de dois
Contemporaneamente, esta vantagem é paga somente aos servido- períodos, em se tratando de caso de necessidade do serviço, com
res que à época da revogação restavam munidos de direito adquiri- exceção das hipóteses em que haja legislação específica (art. 77).
do à sua percepção. Entretanto, o servidor que opera direta em permanência constante
com equipamentos de raios X ou substâncias radioativas, terá direi-
to ao gozo de 20 dias consecutivos de férias semestrais de atividade
profissional, sendo proibida em qualquer hipótese a acumulação
desses períodos (art. 79).

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DIREITO ADMINISTRATIVO
Observação importante: A lei proíbe que seja levada à conta Art. 83. Poderá ser concedida licença ao servidor por motivo de
de férias qualquer falta ao serviço (art. 77, § 2º). doença do cônjuge ou companheiro, dos pais, dos filhos, do padras-
to ou madrasta e enteado, ou dependente que viva a suas expensas
É interessante salientar que no primeiro período aquisitivo de e conste do seu assentamento funcional, mediante comprovação
férias serão exigidos 12 meses de exercício (art. 77, § 1º); a partir por perícia médica oficial.
daí os períodos aquisitivos de férias são contados por exercício. § 1º A licença somente será deferida se a assistência direta do
Infere-se que o gozo do período de férias é decisão exclusiva- servidor for indispensável e não puder ser prestada simultaneamen-
mente discricionária da administração, que só o fará se compreen- te com o exercício do cargo ou mediante compensação de horário,
der que o pedido atende ao interesse público. na forma do disposto no inciso II do art. 44.
No condizente à remuneração das férias, depreende-se que § 2º A licença de que trata o caput, incluídas as prorrogações,
esta será acrescida do adicional que corresponda a 1/3 incidente poderá ser concedida a cada período de doze meses nas seguintes
sobre a remuneração original. Já o pagamento da remuneração de condições:
férias, com o acréscimo do adicional, poderá ser efetuado até dois I - por até 60 (sessenta) dias, consecutivos ou não, mantida a
dias antes do início do respectivo período do gozo (art. 78). remuneração do servidor;
Havendo parcelamento de gozo do período de férias, o servidor II - por até 90 (noventa) dias, consecutivos ou não, sem remu-
receberá o adicional de férias somente após utilizado o primeiro neração.
período (art. 78, § 5º). § 3º O início do interstício de 12 (doze) meses será contado a
Caso o servidor seja exonerado do cargo efetivo, ou em comis- partir da data do deferimento da primeira licença concedida.
são, terá o direito de receber indenização relativa ao período das § 4º A soma das licenças remuneradas e das licenças não re-
férias a que tiver direito, bem como ao incompleto, na exata pro- muneradas, incluídas as respectivas prorrogações, concedidas em
porção de um doze avos por mês de efetivo exercício, ou, ainda de um mesmo período de 12 (doze) meses, observado o disposto no
fração superior a quatorze dias (art. 78, § 3º). Ocorrendo isso, a § 3o, não poderá ultrapassar os limites estabelecidos nos incisos I
indenização poderá ser calculada com base na remuneração do mês e II do § 2º.
em que for publicado o ato exoneratório (art. 78, § 4º). § 2º A licença de que trata o caput, incluídas as prorrogações,
Observação importante: o STJ vem aplicando de forma pacífica poderá ser concedida a cada período de doze meses nas seguintes
o entendimento de que, ocorrendo vacância, por posse em outro condições:
cargo inacumulável, sem solução de continuidade no tempo de I - por até 60 (sessenta) dias, consecutivos ou não, mantida a
serviço, o direito à fruição das férias não gozadas nem indenizadas remuneração do servidor;
transfere-se para o novo cargo, ainda que este último tenha remu- II - por até 90 (noventa) dias, consecutivos ou não, sem remu-
neração maior (STJ, 5ª Turma, AgRg no Ag 1008567/DF, Rel. Min. neração.
Napoleão Nunes Maia Filho, j. 18.09.2008, DJe 20.10.2008). § 3º O início do interstício de 12 (doze) meses será contado a
partir da data do deferimento da primeira licença concedida.
Via de regra, as férias dos servidores públicos devem ser goza- § 4º A soma das licenças remuneradas e das licenças não re-
das sem quaisquer tipos de interrupção. Entretanto, como exceção, muneradas, incluídas as respectivas prorrogações, concedidas em
a lei estabelece dispositivo que determina que as férias somente um mesmo período de 12 (doze) meses, observado o disposto no
poderão ser interrompidas nas seguintes hipóteses art. 80 da Lei § 3o, não poderá ultrapassar os limites estabelecidos nos incisos I
8112/90: e II do § 2º.
a) calamidade pública; § 2º No deslocamento de servidor cujo cônjuge ou companhei-
b) comoção interna;
ro também seja servidor público, civil ou militar, de qualquer dos
c) convocação para júri, serviço militar ou eleitoral; ou
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí-
d) por necessidade do serviço declarada pela autoridade máxi-
pios, poderá haver exercício provisório em órgão ou entidade da
ma do órgão ou entidade.
Administração Federal direta, autárquica ou fundacional, desde que
para o exercício de atividade compatível com o seu cargo.
Licenças
Art. 85. Ao servidor convocado para o serviço militar será con-
São períodos por meio dos quais o servidor tem direito de se
cedida licença, na forma e condições previstas na legislação espe-
afastar das suas atividades, com ou sem remuneração, de acordo
cífica.
com o tipo de licença.
Parágrafo único. Concluído o serviço militar, o servidor terá até
A Lei 8112/90 prevê várias espécies de licenças, são elas:
Art. 81. Conceder-se-á ao servidor licença: 30 (trinta) dias sem remuneração para reassumir o exercício do car-
I - por motivo de doença em pessoa da família; go.
II - por motivo de afastamento do cônjuge ou companheiro; Art. 86. O servidor terá direito a licença, sem remuneração,
III - para o serviço militar; durante o período que mediar entre a sua escolha em convenção
IV - para atividade política; partidária, como candidato a cargo eletivo, e a véspera do registro
V - para capacitação; de sua candidatura perante a Justiça Eleitoral.
VI - para tratar de interesses particulares; § 1º O servidor candidato a cargo eletivo na localidade onde
VII - para desempenho de mandato classista; desempenha suas funções e que exerça cargo de direção, chefia,
VIII - para tratamento de saúde; assessoramento, arrecadação ou fiscalização, dele será afastado, a
IX - Licença por acidente em serviço (art. 211); partir do dia imediato ao do registro de sua candidatura perante a
X - Licença à Gestante (art. 207); Justiça Eleitoral, até o décimo dia seguinte ao do pleito.
XI - Licença à Adotante (art. 210); § 2º A partir do registro da candidatura e até o décimo dia se-
XII – Licença Paternidade (art. 208). guinte ao da eleição, o servidor fará jus à licença, assegurados os
Nos parâmetros do referido Estatuto, temos a seguinte expla- vencimentos do cargo efetivo, somente pelo período de três meses.
nação:
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DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 87. Após cada quinquênio de efetivo exercício, o servidor mio pela assiduidade de três meses de licença, com a remuneração
poderá, no interesse da Administração, afastar-se do exercício do do cargo efetivo. A legislação vigente à época facultava ao servidor
cargo efetivo, com a respectiva remuneração, por até três meses, gozar a licença ou contar em dobro o período da licença para efeito
para participar de curso de capacitação profissional. de aposentadoria (o que atualmente não é mais possível, já que
Art. 91. A critério da Administração, poderão ser concedidas ao a EC 20/1998 proibiu a contagem de tempo de contribuição fictí-
servidor ocupante de cargo efetivo, desde que não esteja em está- cio para aposentadoria). Entretanto, em análise ao caso específico
gio probatório, licenças para o trato de assuntos particulares pelo daqueles que adquiriram legitimamente o direito antes da supres-
prazo de até três anos consecutivos, sem remuneração. são legal, o STJ entende pacificamente que “o servidor aposentado
Parágrafo único. A licença poderá ser interrompida, a qualquer tem direito à conversão em pecúnia da licença-prêmio não gozada
tempo, a pedido do servidor ou no interesse do serviço. e contada em dobro, sob pena de enriquecimento sem causa da
Art. 92. É assegurado ao servidor o direito à licença sem re- Administração Pública” (AgRg no AREsp 270.708/RN).
muneração para o desempenho de mandato em confederação,
federação, associação de classe de âmbito nacional, sindicato re- Concessões
presentativo da categoria ou entidade fiscalizadora da profissão ou, Três são as espécies de concessão:
ainda, para participar de gerência ou administração em sociedade a) Primeira espécie de concessão: permite ao servidor se au-
cooperativa constituída por servidores públicos para prestar servi- sentar do serviço, sem qualquer prejuízo a sua remuneração, nas
ços a seus membros, observado o disposto na alínea c do inciso VIII seguintes condições (art. 97): por um dia, para doação de sangue;
do art. 102 desta Lei, conforme disposto em regulamento e obser- por dois dias, para se alistar como eleitor; por oito dias consecuti-
vados os seguintes limites: vos em razão de: casamento; falecimento do cônjuge, companhei-
I - para entidades com até 5.000 (cinco mil) associados, 2 (dois) ro, pais, madrasta ou padrasto, filhos, enteados, menor sob guarda
servidores; ou tutela e irmãos.
II - para entidades com 5.001 (cinco mil e um) a 30.000 (trinta b) Segunda espécie de concessão: relacionada à concessão de
mil) associados, 4 (quatro) servidores; horário especial, nas seguintes situações (art. 98): ao servidor estu-
III - para entidades com mais de 30.000 (trinta mil) associados, dante, quando comprovada a incompatibilidade entre o horário es-
8 (oito) servidores. colar e o da repartição, sendo exigida a compensação de horário; ao
§ 1o Somente poderão ser licenciados os servidores eleitos servidor portador de deficiência, quando comprovada a necessida-
para cargos de direção ou de representação nas referidas entida- de por junta médica oficial, independentemente de compensação
des, desde que cadastradas no órgão competente. de horário;ao servidor que tenha cônjuge, filho ou dependente com
§ 2º. A licença terá duração igual à do mandato, podendo ser deficiência, quando comprovada a necessidade por junta médica
renovada, no caso de reeleição. oficial, independentemente da compensação de horário; ao servi-
Art. 202. Será concedida ao servidor licença para tratamento dor que atue como instrutor em curso instituído no âmbito da ad-
de saúde, a pedido ou de ofício, com base em perícia médica, sem
ministração pública federal ou que participe de banca examinadora
prejuízo da remuneração a que fizer jus.
de concursos, vinculado à compensação de horário a ser efetivada
Art. 207. Será concedida licença à servidora gestante por 120
no prazo de até um ano.
(cento e vinte) dias consecutivos, sem prejuízo da remuneração.
c) Terceira espécie de concessão: cuida dos casos relacionados
§ 1º . A licença poderá ter início no primeiro dia do nono mês
à matrícula em instituições de ensino. Por amparo legal, “ao servi-
de gestação, salvo antecipação por prescrição médica.
dor estudante que mudar de sede no interesse da administração é
§ 2º No caso de nascimento prematuro, a licença terá início a
assegurada, na localidade da nova residência ou na mais próxima,
partir do parto.
matrícula em instituição de ensino congênere, em qualquer época,
§ 3º No caso de natimorto, decorridos 30 (trinta) dias do even-
independentemente de vaga” (art. 99). Denota-se que esse benefí-
to, a servidora será submetida a exame médico, e se julgada apta,
reassumirá o exercício. cio se estende também “ao cônjuge ou companheiro, aos filhos, ou
§ 4º No caso de aborto atestado por médico oficial, a servidora enteados do servidor que vivam na sua companhia, bem como aos
terá direito a 30 (trinta) dias de repouso remunerado. menores sob sua guarda, com autorização judicial” (art. 99, pará-
Art. 208. Pelo nascimento ou adoção de filhos, o servidor terá grafo único).
direito à licença-paternidade de 5 (cinco) dias consecutivos.
Art. 209. Para amamentar o próprio filho, até a idade de seis Direito de petição
meses, a servidora lactante terá direito, durante a jornada de tra- De acordo com o art. 104 da Lei 8.112/1990, é direito do servi-
balho, a uma hora de descanso, que poderá ser parcelada em dois dor público, requerer junto aos Poderes Públicos, a defesa de direi-
períodos de meia hora. to ou interesse legítimo.
Art. 210. À servidora que adotar ou obtiver guarda judicial de O direito de petição pode ser manifestado por intermédio de
criança até 1 (um) ano de idade, serão concedidos 90 (noventa) dias requerimento, pedido de reconsideração ou de recurso.
de licença remunerada. Nos termos da Lei, o requerimento deverá ser dirigido à auto-
Parágrafo único. No caso de adoção ou guarda judicial de crian- ridade competente para decidi-lo e encaminhado por intermédio
ça com mais de 1 (um) ano de idade, o prazo de que trata este artigo daquela a que estiver imediatamente subordinado o requerente
será de 30 (trinta) dias. (art. 105).
Art. 211. Será licenciado, com remuneração integral, o servidor Além disso, nos trâmites do art. 106, caberá pedido de reconsi-
acidentado em serviço. deração dirigido à autoridade que houver expedido o ato ou profe-
rido a primeira decisão, não podendo ser renovado.
Observação importante: a licença-prêmio não faz mais parte De acordo com o art. 107 do Estatuto em estudo, caberá re-
do rol dos direitos dos servidores federais e foi suprimida pela Lei curso nas seguintes hipóteses: do indeferimento do pedido de re-
9.527/1997. A licença-prêmio permitia que o servidor, encerrado consideração e das decisões sobre os recursos sucessivamente in-
cada quinquênio ininterrupto de serviço, pudesse gozar, como prê- terpostos.
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DIREITO ADMINISTRATIVO
Nos termos do art. 109, o recurso será dirigido à autoridade TÍTULO I
imediatamente superior à que tiver expedido o ato ou proferido a CAPÍTULO ÚNICO
decisão, e, sucessivamente, em escala ascendente, às demais auto- DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
ridades, sendo encaminhado por intermédio da autoridade a que
estiver imediatamente subordinado o requerente. Dando continui- Art. 1o Esta Lei institui o Regime Jurídico dos Servidores Públi-
dade, o recurso poderá ser recebido com efeito suspensivo, a juízo cos Civis da União, das autarquias, inclusive as em regime especial,
da autoridade competente e em caso de provimento do pedido de e das fundações públicas federais.
reconsideração ou do recurso, os efeitos da decisão retroagirão à Art. 2o Para os efeitos desta Lei, servidor é a pessoa legalmente
data do ato impugnado, nos parâmetros do art. 109, parágrafo úni- investida em cargo público.
co da Lei 8112/90. Art. 3o Cargo público é o conjunto de atribuições e responsabi-
O prazo para interposição de recurso ou de pedido de recon- lidades previstas na estrutura organizacional que devem ser come-
sideração é de 30 dias, a contar da publicação ou da ciência, pelo tidas a um servidor.
interessado, da decisão recorrida (art. 108). Parágrafo único. Os cargos públicos, acessíveis a todos os brasi-
Já o direito de requerer prescreve, nos termos do art. 110, em leiros, são criados por lei, com denominação própria e vencimento
cinco anos, quanto aos atos de demissão e de cassação de aposen- pago pelos cofres públicos, para provimento em caráter efetivo ou
tadoria ou disponibilidade, ou que afetem interesse patrimonial e em comissão.
créditos resultantes das relações de trabalho; em 120 dias, nos de- Art. 4o É proibida a prestação de serviços gratuitos, salvo os
mais casos, exceto quando outro prazo for fixado em lei. casos previstos em lei.

Em relação à prescrição, merece também destaque: TÍTULO II


Art. 112: a prescrição é de ordem pública, não podendo ser re- DO PROVIMENTO, VACÂNCIA, REMOÇÃO, REDISTRIBUIÇÃO E
levada pela administração; o pedido de reconsideração e o recurso, SUBSTITUIÇÃO
quando cabíveis, interrompem a prescrição (art. 111); o prazo de CAPÍTULO I
prescrição será contado da data da publicação do ato impugnado DO PROVIMENTO
ou da data da ciência pelo interessado, quando o ato não for publi- SEÇÃO I
cado (art. 110, parágrafo único da Lei 8112/90). DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 5o São requisitos básicos para investidura em cargo públi-


co:
LEI Nº 8.112/1990 (REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES I - a nacionalidade brasileira;
PÚBLICOS CIVIS DA UNIÃO E ALTERAÇÕES): DISPOSIÇÕES II - o gozo dos direitos políticos;
PRELIMINARES; PROVIMENTO, VACÂNCIA, REMOÇÃO, RE- III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais;
DISTRIBUIÇÃO E SUBSTITUIÇÃO; DIREITOS E VANTAGENS: IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do cargo;
VENCIMENTO E REMUNERAÇÃO, VANTAGENS, FÉRIAS, LI- V - a idade mínima de dezoito anos;
CENÇAS, AFASTAMENTOS, DIREITO DE PETIÇÃO; REGIME VI - aptidão física e mental.
DISCIPLINAR: DEVERES E PROIBIÇÕES, ACUMULAÇÃO, § 1o As atribuições do cargo podem justificar a exigência de
RESPONSABILIDADES, PENALIDADES; PROCESSO AD- outros requisitos estabelecidos em lei.
MINISTRATIVO DISCIPLINAR § 2o Às pessoas portadoras de deficiência é assegurado o direi-
to de se inscrever em concurso público para provimento de cargo
cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência de que são
LEI Nº 8.112, DE 11 DE DEZEMBRO DE 1990 portadoras; para tais pessoas serão reservadas até 20% (vinte por
cento) das vagas oferecidas no concurso.
Texto compilado § 3o As universidades e instituições de pesquisa científica e
Mensagem de veto tecnológica federais poderão prover seus cargos com professores,
Produção de efeito técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo com as normas e os
Partes mantidas pelo Congresso Nacional procedimentos desta Lei. (Incluído pela Lei nº 9.515, de 20.11.97)
(Vide Lei nº 12.702, de 2012) Art. 6o O provimento dos cargos públicos far-se-á mediante ato
(Vide Lei nº 12.855, de 2013) da autoridade competente de cada Poder.
(Vide Lei nº 13.135, de 2015) Art. 7o A investidura em cargo público ocorrerá com a posse.
(Vide Medida Provisória nº 1.132, de 2022) Dispõe Art. 8o São formas de provimento de cargo público:
sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis da União, das I - nomeação;
autarquias e das fundações públicas federais. II - promoção;
PUBLICAÇÃO CONSOLIDADA DA LEI Nº 8.112, DE 11 DE DEZEM- III - ascensão;(Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
BRO DE 1990, DETERMINADA PELO ART. 13 DA LEI Nº 9.527, DE 10 IV - transferência; (Execução suspensa pela RSF nº 46, de 1997)
DE DEZEMBRO DE 1997. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
V - readaptação;
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na- VI - reversão;
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: VII - aproveitamento;
VIII - reintegração;
IX - recondução.

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a solução para o seu concurso!
DIREITO ADMINISTRATIVO
SEÇÃO II § 5o No ato da posse, o servidor apresentará declaração de
DA NOMEAÇÃO bens e valores que constituem seu patrimônio e declaração quanto
ao exercício ou não de outro cargo, emprego ou função pública.
Art. 9o A nomeação far-se-á: § 6o Será tornado sem efeito o ato de provimento se a posse
I - em caráter efetivo, quando se tratar de cargo isolado de pro- não ocorrer no prazo previsto no § 1o deste artigo.
vimento efetivo ou de carreira; Art. 14. A posse em cargo público dependerá de prévia inspe-
II - em comissão, inclusive na condição de interino, para cargos ção médica oficial.
de confiança vagos. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Parágrafo único. Só poderá ser empossado aquele que for jul-
Parágrafo único. O servidor ocupante de cargo em comissão gado apto física e mentalmente para o exercício do cargo.
ou de natureza especial poderá ser nomeado para ter exercício, Art. 15. Exercício é o efetivo desempenho das atribuições do
interinamente, em outro cargo de confiança, sem prejuízo das atri- cargo público ou da função de confiança. (Redação dada pela Lei nº
buições do que atualmente ocupa, hipótese em que deverá optar 9.527, de 10.12.97)
pela remuneração de um deles durante o período da interinidade. § 1o É de quinze dias o prazo para o servidor empossado em
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) cargo público entrar em exercício, contados da data da posse. (Re-
Art. 10. A nomeação para cargo de carreira ou cargo isolado dação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
de provimento efetivo depende de prévia habilitação em concurso § 2o O servidor será exonerado do cargo ou será tornado sem
público de provas ou de provas e títulos, obedecidos a ordem de efeito o ato de sua designação para função de confiança, se não
classificação e o prazo de sua validade. entrar em exercício nos prazos previstos neste artigo, observado o
Parágrafo único. Os demais requisitos para o ingresso e o de- disposto no art. 18. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
senvolvimento do servidor na carreira, mediante promoção, serão § 3o À autoridade competente do órgão ou entidade para onde
estabelecidos pela lei que fixar as diretrizes do sistema de carreira for nomeado ou designado o servidor compete dar-lhe exercício.
na Administração Pública Federal e seus regulamentos.(Redação (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) § 4o O início do exercício de função de confiança coincidirá com
a data de publicação do ato de designação, salvo quando o servi-
SEÇÃO III dor estiver em licença ou afastado por qualquer outro motivo le-
DO CONCURSO PÚBLICO gal, hipótese em que recairá no primeiro dia útil após o término do
impedimento, que não poderá exceder a trinta dias da publicação.
Art. 11. O concurso será de provas ou de provas e títulos, po- (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
dendo ser realizado em duas etapas, conforme dispuserem a lei e o Art. 16. O início, a suspensão, a interrupção e o reinício do exer-
regulamento do respectivo plano de carreira, condicionada a inscri- cício serão registrados no assentamento individual do servidor.
ção do candidato ao pagamento do valor fixado no edital, quando Parágrafo único. Ao entrar em exercício, o servidor apresenta-
indispensável ao seu custeio, e ressalvadas as hipóteses de isenção rá ao órgão competente os elementos necessários ao seu assenta-
nele expressamente previstas. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de mento individual.
10.12.97) (Regulamento) Art. 17. A promoção não interrompe o tempo de exercício, que
Art. 12. O concurso público terá validade de até 2 (dois ) anos, é contado no novo posicionamento na carreira a partir da data de
podendo ser prorrogado uma única vez, por igual período. publicação do ato que promover o servidor. (Redação dada pela Lei
§ 1o O prazo de validade do concurso e as condições de sua nº 9.527, de 10.12.97)
realização serão fixados em edital, que será publicado no Diário Ofi- Art. 18. O servidor que deva ter exercício em outro município
cial da União e em jornal diário de grande circulação. em razão de ter sido removido, redistribuído, requisitado, cedido ou
§ 2o Não se abrirá novo concurso enquanto houver candidato posto em exercício provisório terá, no mínimo, dez e, no máximo,
aprovado em concurso anterior com prazo de validade não expira- trinta dias de prazo, contados da publicação do ato, para a retoma-
do. da do efetivo desempenho das atribuições do cargo, incluído nesse
prazo o tempo necessário para o deslocamento para a nova sede.
SEÇÃO IV (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
DA POSSE E DO EXERCÍCIO § 1o Na hipótese de o servidor encontrar-se em licença ou afas-
tado legalmente, o prazo a que se refere este artigo será contado a
Art. 13. A posse dar-se-á pela assinatura do respectivo termo, partir do término do impedimento. (Parágrafo renumerado e alte-
no qual deverão constar as atribuições, os deveres, as responsabi- rado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
lidades e os direitos inerentes ao cargo ocupado, que não poderão § 2o É facultado ao servidor declinar dos prazos estabelecidos
ser alterados unilateralmente, por qualquer das partes, ressalvados no caput. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
os atos de ofício previstos em lei. Art. 19. Os servidores cumprirão jornada de trabalho fixada em
§ 1o A posse ocorrerá no prazo de trinta dias contados da pu- razão das atribuições pertinentes aos respectivos cargos, respeitada
blicação do ato de provimento.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de a duração máxima do trabalho semanal de quarenta horas e obser-
10.12.97) vados os limites mínimo e máximo de seis horas e oito horas diárias,
§ 2o Em se tratando de servidor, que esteja na data de publi- respectivamente. (Redação dada pela Lei nº 8.270, de 17.12.91)
cação do ato de provimento, em licença prevista nos incisos I, III § 1o O ocupante de cargo em comissão ou função de confiança
e V do art. 81, ou afastado nas hipóteses dos incisos I, IV, VI, VIII, submete-se a regime de integral dedicação ao serviço, observado o
alíneas “a”, “b”, “d”, “e” e “f”, IX e X do art. 102, o prazo será contado disposto no art. 120, podendo ser convocado sempre que houver
do término do impedimento. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de interesse da Administração. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
10.12.97) 10.12.97)
§ 3o A posse poderá dar-se mediante procuração específica. § 2o O disposto neste artigo não se aplica a duração de traba-
§ 4o Só haverá posse nos casos de provimento de cargo por lho estabelecida em leis especiais. (Incluído pela Lei nº 8.270, de
nomeação. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) 17.12.91)
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Art. 20. Ao entrar em exercício, o servidor nomeado para cargo SEÇÃO VII
de provimento efetivo ficará sujeito a estágio probatório por perí- DA READAPTAÇÃO
odo de 24 (vinte e quatro) meses, durante o qual a sua aptidão e
capacidade serão objeto de avaliação para o desempenho do cargo, Art. 24. Readaptação é a investidura do servidor em cargo de
observados os seguinte fatores:(Vide EMC nº 19) atribuições e responsabilidades compatíveis com a limitação que
I - assiduidade; tenha sofrido em sua capacidade física ou mental verificada em ins-
II - disciplina; peção médica.
III - capacidade de iniciativa; § 1o Se julgado incapaz para o serviço público, o readaptando
IV - produtividade; será aposentado.
V- responsabilidade. § 2o A readaptação será efetivada em cargo de atribuições
§ 1o 4 (quatro) meses antes de findo o período do estágio pro- afins, respeitada a habilitação exigida, nível de escolaridade e equi-
batório, será submetida à homologação da autoridade competen- valência de vencimentos e, na hipótese de inexistência de cargo
te a avaliação do desempenho do servidor, realizada por comissão vago, o servidor exercerá suas atribuições como excedente, até a
constituída para essa finalidade, de acordo com o que dispuser a lei ocorrência de vaga. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
ou o regulamento da respectiva carreira ou cargo, sem prejuízo da
continuidade de apuração dos fatores enumerados nos incisos I a V SEÇÃO VIII
do caput deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 11.784, de 2008 DA REVERSÃO
§ 2o O servidor não aprovado no estágio probatório será exo- (REGULAMENTO DEC. Nº 3.644, DE 30.11.2000)
nerado ou, se estável, reconduzido ao cargo anteriormente ocupa-
do, observado o disposto no parágrafo único do art. 29. Art. 25. Reversão é o retorno à atividade de servidor aposenta-
§ 3o O servidor em estágio probatório poderá exercer quais- do:(Redação dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
quer cargos de provimento em comissão ou funções de direção, I - por invalidez, quando junta médica oficial declarar insubsis-
chefia ou assessoramento no órgão ou entidade de lotação, e so- tentes os motivos da aposentadoria; ou (Incluído pela Medida Pro-
mente poderá ser cedido a outro órgão ou entidade para ocupar visória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
cargos de Natureza Especial, cargos de provimento em comissão do II - no interesse da administração, desde que: (Incluído pela
Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, de níveis 6, 5 e Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
4, ou equivalentes. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) a) tenha solicitado a reversão; (Incluído pela Medida Provisória
§ 4o Ao servidor em estágio probatório somente poderão ser nº 2.225-45, de 4.9.2001)
concedidas as licenças e os afastamentos previstos nos arts. 81, b) a aposentadoria tenha sido voluntária; (Incluído pela Medi-
incisos I a IV, 94, 95 e 96, bem assim afastamento para participar da Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
de curso de formação decorrente de aprovação em concurso para c) estável quando na atividade; (Incluído pela Medida Provisó-
outro cargo na Administração Pública Federal.(Incluído pela Lei nº ria nº 2.225-45, de 4.9.2001)
9.527, de 10.12.97) d) a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos anteriores
§ 5o O estágio probatório ficará suspenso durante as licenças e à solicitação; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de
os afastamentos previstos nos arts. 83, 84, § 1o, 86 e 96, bem assim 4.9.2001)
na hipótese de participação em curso de formação, e será retoma- e) haja cargo vago. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-
do a partir do término do impedimento. (Incluído pela Lei nº 9.527, 45, de 4.9.2001)
de 10.12.97) § 1o A reversão far-se-á no mesmo cargo ou no cargo resultan-
te de sua transformação.(Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-
SEÇÃO V 45, de 4.9.2001)
DA ESTABILIDADE § 2o O tempo em que o servidor estiver em exercício será con-
siderado para concessão da aposentadoria. (Incluído pela Medida
Art. 21. O servidor habilitado em concurso público e empossa- Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
do em cargo de provimento efetivo adquirirá estabilidade no servi- § 3o No caso do inciso I, encontrando-se provido o cargo, o ser-
ço público ao completar 2 (dois) anos de efetivo exercício. (prazo 3 vidor exercerá suas atribuições como excedente, até a ocorrência
anos - vide EMC nº 19) de vaga. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
Art. 22. O servidor estável só perderá o cargo em virtude de § 4o O servidor que retornar à atividade por interesse da ad-
sentença judicial transitada em julgado ou de processo administra- ministração perceberá, em substituição aos proventos da aposenta-
tivo disciplinar no qual lhe seja assegurada ampla defesa. doria, a remuneração do cargo que voltar a exercer, inclusive com
as vantagens de natureza pessoal que percebia anteriormente à
SEÇÃO VI aposentadoria. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de
DA TRANSFERÊNCIA 4.9.2001)
§ 5o O servidor de que trata o inciso II somente terá os pro-
§ 2° Será admitida a transferência de servidor ocupante de car- ventos calculados com base nas regras atuais se permanecer pelo
go de quadro em extinção para igual situação em quadro de outro menos cinco anos no cargo. (Incluído pela Medida Provisória nº
órgão ou entidade. (Execução suspensa pela RSF nº 46, de 1997) 2.225-45, de 4.9.2001)
(Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) § 6o O Poder Executivo regulamentará o disposto neste artigo.
(Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
Art. 26. A reversão far-se-á no mesmo cargo ou no cargo resul-
tante de sua transformação. (Revogado pela Medida Provisória nº
2.225-45, de 4.9.2001)
Parágrafo único. Encontrando-se provido o cargo, o servidor
exercerá suas atribuições como excedente, até a ocorrência de
vaga.(Revogado pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
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Art. 27. Não poderá reverter o aposentado que já tiver comple- II - quando, tendo tomado posse, o servidor não entrar em
tado 70 (setenta) anos de idade. exercício no prazo estabelecido.
Art. 35. A exoneração de cargo em comissão e a dispensa de
SEÇÃO IX função de confiança dar-se-á: (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
DA REINTEGRAÇÃO 10.12.97)
I - a juízo da autoridade competente;
Art. 28. A reintegração é a reinvestidura do servidor estável no II - a pedido do próprio servidor.
cargo anteriormente ocupado, ou no cargo resultante de sua trans- Parágrafo único. O afastamento do servidor de função de dire-
formação, quando invalidada a sua demissão por decisão adminis- ção, chefia e assessoramento dar-se-á:(Revogado pela Lei nº 9.527,
trativa ou judicial, com ressarcimento de todas as vantagens. de 10.12.97)
§ 1o Na hipótese de o cargo ter sido extinto, o servidor ficará I - a pedido;(Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
em disponibilidade, observado o disposto nos arts. 30 e 31. II - mediante dispensa, nos casos de: (Revogado pela Lei nº
§ 2o Encontrando-se provido o cargo, o seu eventual ocupante 9.527, de 10.12.97)
será reconduzido ao cargo de origem, sem direito à indenização ou a) promoção;(Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
aproveitado em outro cargo, ou, ainda, posto em disponibilidade. b) cumprimento de prazo exigido para rotatividade na função;
(Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
SEÇÃO X c) por falta de exação no exercício de suas atribuições, segundo
DA RECONDUÇÃO o resultado do processo de avaliação, conforme estabelecido em lei
e regulamento; (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 29. Recondução é o retorno do servidor estável ao cargo d) afastamento de que trata o art. 94. (Revogado pela Lei nº
anteriormente ocupado e decorrerá de: 9.527, de 10.12.97)
I - inabilitação em estágio probatório relativo a outro cargo;
II - reintegração do anterior ocupante. CAPÍTULO III
Parágrafo único. Encontrando-se provido o cargo de origem, o DA REMOÇÃO E DA REDISTRIBUIÇÃO
servidor será aproveitado em outro, observado o disposto no art. SEÇÃO I
30. DA REMOÇÃO

SEÇÃO XI Art. 36. Remoção é o deslocamento do servidor, a pedido ou de


DA DISPONIBILIDADE E DO APROVEITAMENTO ofício, no âmbito do mesmo quadro, com ou sem mudança de sede.
Parágrafo único. Para fins do disposto neste artigo, entende-se
Art. 30. O retorno à atividade de servidor em disponibilidade por modalidades de remoção: (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
far-se-á mediante aproveitamento obrigatório em cargo de atribui- 10.12.97)
ções e vencimentos compatíveis com o anteriormente ocupado. I - de ofício, no interesse da Administração;(Incluído pela Lei nº
Art. 31. O órgão Central do Sistema de Pessoal Civil determina- 9.527, de 10.12.97)
rá o imediato aproveitamento de servidor em disponibilidade em II - a pedido, a critério da Administração; (Incluído pela Lei nº
vaga que vier a ocorrer nos órgãos ou entidades da Administração 9.527, de 10.12.97)
Pública Federal. III - a pedido, para outra localidade, independentemente do in-
Parágrafo único. Na hipótese prevista no § 3o do art. 37, o teresse da Administração: (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
servidor posto em disponibilidade poderá ser mantido sob respon- a) para acompanhar cônjuge ou companheiro, também servi-
sabilidade do órgão central do Sistema de Pessoal Civil da Admi- dor público civil ou militar, de qualquer dos Poderes da União, dos
nistração Federal - SIPEC, até o seu adequado aproveitamento em Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, que foi deslocado no
outro órgão ou entidade. (Parágrafo incluído pela Lei nº 9.527, de interesse da Administração; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
10.12.97) b) por motivo de saúde do servidor, cônjuge, companheiro ou
Art. 32. Será tornado sem efeito o aproveitamento e cassada a dependente que viva às suas expensas e conste do seu assentamen-
disponibilidade se o servidor não entrar em exercício no prazo legal, to funcional, condicionada à comprovação por junta médica oficial;
salvo doença comprovada por junta médica oficial. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
c) em virtude de processo seletivo promovido, na hipótese em
CAPÍTULO II que o número de interessados for superior ao número de vagas,
DA VACÂNCIA de acordo com normas preestabelecidas pelo órgão ou entidade
em que aqueles estejam lotados. (Incluído pela Lei nº 9.527, de
Art. 33. A vacância do cargo público decorrerá de: 10.12.97)
I - exoneração;
II - demissão; SEÇÃO II
III - promoção; DA REDISTRIBUIÇÃO
IV - ascensão;(Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
V - transferência; (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Art. 37. Redistribuição é o deslocamento de cargo de provimen-
VI - readaptação; to efetivo, ocupado ou vago no âmbito do quadro geral de pessoal,
VII - aposentadoria; para outro órgão ou entidade do mesmo Poder, com prévia aprecia-
VIII - posse em outro cargo inacumulável; ção do órgão central do SIPEC, observados os seguintes preceitos:
IX - falecimento. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 34. A exoneração de cargo efetivo dar-se-á a pedido do ser- I - interesse da administração; (Incluído pela Lei nº 9.527, de
vidor, ou de ofício. 10.12.97)
Parágrafo único. A exoneração de ofício dar-se-á: II - equivalência de vencimentos; (Incluído pela Lei nº 9.527,
I - quando não satisfeitas as condições do estágio probatório; de 10.12.97)
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III - manutenção da essência das atribuições do cargo;(Incluído Art. 41. Remuneração é o vencimento do cargo efetivo, acres-
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) cido das vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas em lei.
IV - vinculação entre os graus de responsabilidade e complexi- § 1o A remuneração do servidor investido em função ou cargo
dade das atividades; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) em comissão será paga na forma prevista no art. 62.
V - mesmo nível de escolaridade, especialidade ou habilitação § 2o O servidor investido em cargo em comissão de órgão ou
profissional; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) entidade diversa da de sua lotação receberá a remuneração de
VI - compatibilidade entre as atribuições do cargo e as finalida- acordo com o estabelecido no § 1o do art. 93.
des institucionais do órgão ou entidade. (Incluído pela Lei nº 9.527, § 3o O vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens
de 10.12.97) de caráter permanente, é irredutível.
§ 1o A redistribuição ocorrerá ex officio para ajustamento de § 4o É assegurada a isonomia de vencimentos para cargos de
lotação e da força de trabalho às necessidades dos serviços, inclu- atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo Poder, ou entre ser-
sive nos casos de reorganização, extinção ou criação de órgão ou vidores dos três Poderes, ressalvadas as vantagens de caráter indi-
entidade. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) vidual e as relativas à natureza ou ao local de trabalho.
§ 2o A redistribuição de cargos efetivos vagos se dará mediante § 5o Nenhum servidor receberá remuneração inferior ao salá-
ato conjunto entre o órgão central do SIPEC e os órgãos e entidades rio mínimo. (Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008
da Administração Pública Federal envolvidos. (Incluído pela Lei nº
Art. 42. Nenhum servidor poderá perceber, mensalmente, a
9.527, de 10.12.97)
título de remuneração, importância superior à soma dos valores
§ 3o Nos casos de reorganização ou extinção de órgão ou en-
percebidos como remuneração, em espécie, a qualquer título, no
tidade, extinto o cargo ou declarada sua desnecessidade no órgão
âmbito dos respectivos Poderes, pelos Ministros de Estado, por
ou entidade, o servidor estável que não for redistribuído será co-
locado em disponibilidade, até seu aproveitamento na forma dos membros do Congresso Nacional e Ministros do Supremo Tribunal
arts. 30 e 31.(Parágrafo renumerado e alterado pela Lei nº 9.527, Federal.
de 10.12.97) Parágrafo único. Excluem-se do teto de remuneração as vanta-
§ 4o O servidor que não for redistribuído ou colocado em dis- gens previstas nos incisos II a VII do art. 61.
ponibilidade poderá ser mantido sob responsabilidade do órgão Art. 43. A menor remuneração atribuída aos cargos de carrei-
central do SIPEC, e ter exercício provisório, em outro órgão ou ra não será inferior a 1/40 (um quarenta avos) do teto de remu-
entidade, até seu adequado aproveitamento.(Incluído pela Lei nº neração fixado no artigo anterior. (Revogado pela Lei nº 9.624, de
9.527, de 10.12.97) 2.4.98) (Vide Lei nº 9.624, de 2.4.98)
Art. 44. O servidor perderá:
CAPÍTULO IV I - a remuneração do dia em que faltar ao serviço, sem motivo
DA SUBSTITUIÇÃO justificado; (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
II - a parcela de remuneração diária, proporcional aos atrasos,
Art. 38. Os servidores investidos em cargo ou função de dire- ausências justificadas, ressalvadas as concessões de que trata o art.
ção ou chefia e os ocupantes de cargo de Natureza Especial terão 97, e saídas antecipadas, salvo na hipótese de compensação de ho-
substitutos indicados no regimento interno ou, no caso de omissão, rário, até o mês subseqüente ao da ocorrência, a ser estabelecida
previamente designados pelo dirigente máximo do órgão ou entida- pela chefia imediata. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
de.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Parágrafo único. As faltas justificadas decorrentes de caso
§ 1o O substituto assumirá automática e cumulativamente, fortuito ou de força maior poderão ser compensadas a critério da
sem prejuízo do cargo que ocupa, o exercício do cargo ou função chefia imediata, sendo assim consideradas como efetivo exercício.
de direção ou chefia e os de Natureza Especial, nos afastamentos, (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
impedimentos legais ou regulamentares do titular e na vacância do Art. 45. Salvo por imposição legal, ou mandado judicial, ne-
cargo, hipóteses em que deverá optar pela remuneração de um de- nhum desconto incidirá sobre a remuneração ou provento. (Vide
les durante o respectivo período.(Redação dada pela Lei nº 9.527, Decreto nº 1.502, de 1995) (Vide Decreto nº 1.903, de 1996) (Vide
de 10.12.97) Decreto nº 2.065, de 1996)(Regulamento)(Regulamento)
§ 2o O substituto fará jus à retribuição pelo exercício do cargo
§ 1o Mediante autorização do servidor, poderá haver consig-
ou função de direção ou chefia ou de cargo de Natureza Especial,
nação em folha de pagamento em favor de terceiros, a critério da
nos casos dos afastamentos ou impedimentos legais do titular, su-
administração e com reposição de custos, na forma definida em re-
periores a trinta dias consecutivos, paga na proporção dos dias de
gulamento. (Redação dada pela Lei nº 13.172, de 2015)(Revogado
efetiva substituição, que excederem o referido período. (Redação
dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) pela Medida Provisória nº 1.132, de 2022)
Art. 39. O disposto no artigo anterior aplica-se aos titulares de § 2o O total de consignações facultativas de que trata o § 1o
unidades administrativas organizadas em nível de assessoria. não excederá a 35% (trinta e cinco por cento) da remuneração men-
sal, sendo 5% (cinco por cento) reservados exclusivamente para:
TÍTULO III (Redação dada pela Lei nº 13.172, de 2015) (Vide Lei nº 14.131, de
DOS DIREITOS E VANTAGENS 2021)(Revogado pela Medida Provisória nº 1.132, de 2022)
CAPÍTULO I I - a amortização de despesas contraídas por meio de cartão
DO VENCIMENTO E DA REMUNERAÇÃO de crédito; ou (Incluído pela Lei nº 13.172, de 2015)(Revogado pela
Medida Provisória nº 1.132, de 2022)
Art. 40. Vencimento é a retribuição pecuniária pelo exercício de II - a utilização com a finalidade de saque por meio do cartão
cargo público, com valor fixado em lei. de crédito.(Incluído pela Lei nº 13.172, de 2015) (Revogado pela
Parágrafo único. Nenhum servidor receberá, a título de venci- Medida Provisória nº 1.132, de 2022)
mento, importância inferior ao salário-mínimo.(Revogado pela Me- Art. 46. As reposições e indenizações ao erário, atualizadas até
dida Provisória nº 431, de 2008). (Revogado pela Lei nº 11.784, de 30 de junho de 1994, serão previamente comunicadas ao servidor
2008) ativo, aposentado ou ao pensionista, para pagamento, no prazo
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máximo de trinta dias, podendo ser parceladas, a pedido do inte- tempo, no caso de o cônjuge ou companheiro que detenha também
ressado. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de a condição de servidor, vier a ter exercício na mesma sede. (Reda-
4.9.2001) ção dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 1o O valor de cada parcela não poderá ser inferior ao corres- § 1o Correm por conta da administração as despesas de trans-
pondente a dez por cento da remuneração, provento ou pensão. porte do servidor e de sua família, compreendendo passagem, ba-
(Redação dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) gagem e bens pessoais.
§ 2o Quando o pagamento indevido houver ocorrido no mês § 2o À família do servidor que falecer na nova sede são asse-
anterior ao do processamento da folha, a reposição será feita ime- gurados ajuda de custo e transporte para a localidade de origem,
diatamente, em uma única parcela. (Redação dada pela Medida dentro do prazo de 1 (um) ano, contado do óbito.
Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) § 3o Não será concedida ajuda de custo nas hipóteses de re-
§ 3o Na hipótese de valores recebidos em decorrência de cum- moção previstas nos incisos II e III do parágrafo único do art. 36.
primento a decisão liminar, a tutela antecipada ou a sentença que (Incluído pela Lei nº 12.998, de 2014)
venha a ser revogada ou rescindida, serão eles atualizados até a Art. 54. A ajuda de custo é calculada sobre a remuneração do
data da reposição. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.225- servidor, conforme se dispuser em regulamento, não podendo ex-
45, de 4.9.2001) ceder a importância correspondente a 3 (três) meses.
Art. 47. O servidor em débito com o erário, que for demitido, Art. 54. A ajuda de custo corresponderá ao valor de um mês de
exonerado ou que tiver sua aposentadoria ou disponibilidade cas- remuneração do servidor na origem ou, na hipótese do caput do
sada, terá o prazo de sessenta dias para quitar o débito. (Redação art. 56, ao valor de uma remuneração mensal do cargo em comis-
dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) são.(Redação dada pela Medida Provisória nº 805, de 2017)(Vigên-
Parágrafo único. A não quitação do débito no prazo previsto cia encerrada)
implicará sua inscrição em dívida ativa. (Redação dada pela Medida Art. 54. A ajuda de custo é calculada sobre a remuneração do
Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) servidor, conforme se dispuser em regulamento, não podendo ex-
Art. 48. O vencimento, a remuneração e o provento não serão ceder a importância correspondente a 3 (três) meses.
objeto de arresto, seqüestro ou penhora, exceto nos casos de pres- Art. 55. Não será concedida ajuda de custo ao servidor que se
tação de alimentos resultante de decisão judicial. afastar do cargo, ou reassumi-lo, em virtude de mandato eletivo.
Art. 56. Será concedida ajuda de custo àquele que, não sendo
CAPÍTULO II servidor da União, for nomeado para cargo em comissão, com mu-
DAS VANTAGENS dança de domicílio.
Parágrafo único. No afastamento previsto no inciso I do art. 93,
Art. 49. Além do vencimento, poderão ser pagas ao servidor as a ajuda de custo será paga pelo órgão cessionário, quando cabível.
seguintes vantagens: Art. 57. O servidor ficará obrigado a restituir a ajuda de custo
I - indenizações; quando, injustificadamente, não se apresentar na nova sede no pra-
II - gratificações; zo de 30 (trinta) dias.
III - adicionais.
§ 1o As indenizações não se incorporam ao vencimento ou pro- SUBSEÇÃO II
vento para qualquer efeito. DAS DIÁRIAS
§ 2o As gratificações e os adicionais incorporam-se ao venci-
mento ou provento, nos casos e condições indicados em lei. Art. 58. O servidor que, a serviço, afastar-se da sede em caráter
Art. 50. As vantagens pecuniárias não serão computadas, nem eventual ou transitório para outro ponto do território nacional ou
acumuladas, para efeito de concessão de quaisquer outros acrés-
para o exterior, fará jus a passagens e diárias destinadas a indenizar
cimos pecuniários ulteriores, sob o mesmo título ou idêntico fun-
as parcelas de despesas extraordinária com pousada, alimentação e
damento.
locomoção urbana, conforme dispuser em regulamento. (Redação
dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
SEÇÃO I
§ 1o A diária será concedida por dia de afastamento, sendo de-
DAS INDENIZAÇÕES
vida pela metade quando o deslocamento não exigir pernoite fora
da sede, ou quando a União custear, por meio diverso, as despe-
Art. 51. Constituem indenizações ao servidor:
sas extraordinárias cobertas por diárias. (Redação dada pela Lei nº
I - ajuda de custo;
9.527, de 10.12.97)
II - diárias;
III - transporte. § 2o Nos casos em que o deslocamento da sede constituir exi-
IV - auxílio-moradia. (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006) gência permanente do cargo, o servidor não fará jus a diárias.
Art. 52. Os valores das indenizações estabelecidas nos incisos I § 3o Também não fará jus a diárias o servidor que se deslocar
a III do art. 51, assim como as condições para a sua concessão, serão dentro da mesma região metropolitana, aglomeração urbana ou
estabelecidos em regulamento.(Redação dada pela Lei nº 11.355, microrregião, constituídas por municípios limítrofes e regularmente
de 2006) instituídas, ou em áreas de controle integrado mantidas com países
limítrofes, cuja jurisdição e competência dos órgãos, entidades e
SUBSEÇÃO I servidores brasileiros considera-se estendida, salvo se houver per-
DA AJUDA DE CUSTO noite fora da sede, hipóteses em que as diárias pagas serão sempre
as fixadas para os afastamentos dentro do território nacional.(Inclu-
Art. 53. A ajuda de custo destina-se a compensar as despesas ído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
de instalação do servidor que, no interesse do serviço, passar a ter Art. 59. O servidor que receber diárias e não se afastar da sede,
exercício em nova sede, com mudança de domicílio em caráter per- por qualquer motivo, fica obrigado a restituí-las integralmente, no
manente, vedado o duplo pagamento de indenização, a qualquer prazo de 5 (cinco) dias.
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Parágrafo único. Na hipótese de o servidor retornar à sede em Parágrafo único. Transcorrido o prazo de 8 (oito) anos dentro
prazo menor do que o previsto para o seu afastamento, restituirá as de cada período de 12 (doze) anos, o pagamento somente será re-
diárias recebidas em excesso, no prazo previsto no caput. tomado se observados, além do disposto no caput deste artigo, os
requisitos do caput do art. 60-B desta Lei, não se aplicando, no caso,
SUBSEÇÃO III o parágrafo único do citado art. 60-B. (Incluído pela Lei nº 11.784,
DA INDENIZAÇÃO DE TRANSPORTE de 2008) (Revogado pela Medida provisória nº 632, de 2013) (Revo-
gado pela Lei nº 12.998, de 2014)
Art. 60. Conceder-se-á indenização de transporte ao servidor Art. 60-D. O valor mensal do auxílio-moradia é limitado a vinte
que realizar despesas com a utilização de meio próprio de locomo- e cinco por cento do valor do cargo em comissão, da função de con-
ção para a execução de serviços externos, por força das atribuições fiança ou do cargo de Ministro de Estado ocupado. (Redação dada
próprias do cargo, conforme se dispuser em regulamento. pela Medida Provisória nº 805, de 2017) (Vigência encerrada)
Art. 60-D. O valor mensal do auxílio-moradia é limitado a 25%
SUBSEÇÃO IV (vinte e cinco por cento) do valor do cargo em comissão, função co-
DO AUXÍLIO-MORADIA missionada ou cargo de Ministro de Estado ocupado. (Incluído pela
Lei nº 11.784, de 2008
(INCLUÍDO PELA LEI Nº 11.355, DE 2006)
§ 1o O valor do auxílio-moradia não poderá superar 25% (vinte
e cinco por cento) da remuneração de Ministro de Estado. (Incluído
Art. 60-A. O auxílio-moradia consiste no ressarcimento das des-
pela Lei nº 11.784, de 2008
pesas comprovadamente realizadas pelo servidor com aluguel de
§ 2o Independentemente do valor do cargo em comissão ou
moradia ou com meio de hospedagem administrado por empresa função comissionada, fica garantido a todos os que preencherem
hoteleira, no prazo de um mês após a comprovação da despesa pelo os requisitos o ressarcimento até o valor de R$ 1.800,00 (mil e oito-
servidor. (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006) centos reais). (Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008
Art. 60-B. Conceder-se-á auxílio-moradia ao servidor se aten- § 2o O valor do auxílio-moradia será reduzido em vinte e cinco
didos os seguintes requisitos:(Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006) pontos percentuais a cada ano, a partir do segundo ano de recebi-
I - não exista imóvel funcional disponível para uso pelo servi- mento, e deixará de ser devido após o quarto ano de recebimento.
dor; (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006) (Redação dada pela Medida Provisória nº 805, de 2017) (Vigência
II - o cônjuge ou companheiro do servidor não ocupe imóvel encerrada)
funcional; (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006) § 2o Independentemente do valor do cargo em comissão ou
III - o servidor ou seu cônjuge ou companheiro não seja ou te- função comissionada, fica garantido a todos os que preencherem
nha sido proprietário, promitente comprador, cessionário ou promi- os requisitos o ressarcimento até o valor de R$ 1.800,00 (mil e oito-
tente cessionário de imóvel no Município aonde for exercer o cargo, centos reais). (Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008
incluída a hipótese de lote edificado sem averbação de construção, § 3o O prazo de que trata o § 2o não terá sua contagem sus-
nos doze meses que antecederem a sua nomeação; (Incluído pela pensa ou interrompida na hipótese de exoneração ou mudança de
Lei nº 11.355, de 2006) cargo ou função. (Incluído pela Medida Provisória nº 805, de 2017)
IV - nenhuma outra pessoa que resida com o servidor receba (Vigência encerrada)
auxílio-moradia; (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006) § 4o Transcorrido o prazo de quatro anos após encerrado o pa-
V - o servidor tenha se mudado do local de residência para ocu- gamento do auxílio-moradia, o pagamento poderá ser retomado se
par cargo em comissão ou função de confiança do Grupo-Direção novamente vierem a ser atendidos os requisitos do art. 60-B. (In-
e Assessoramento Superiores - DAS, níveis 4, 5 e 6, de Natureza cluído pela Medida Provisória nº 805, de 2017)(Vigência encerrada)
Especial, de Ministro de Estado ou equivalentes; (Incluído pela Lei Art. 60-E. No caso de falecimento, exoneração, colocação de
nº 11.355, de 2006) imóvel funcional à disposição do servidor ou aquisição de imóvel, o
VI - o Município no qual assuma o cargo em comissão ou fun- auxílio-moradia poderá ser mantido por um mês, limitado ao valor
ção de confiança não se enquadre nas hipóteses do art. 58, § 3o, pago no mês anterior.(Redação dada pela Medida Provisória nº 805,
de 2017)(Vigência encerrada)
em relação ao local de residência ou domicílio do servidor; (Incluído
Art. 60-E. No caso de falecimento, exoneração, colocação de
pela Lei nº 11.355, de 2006)
imóvel funcional à disposição do servidor ou aquisição de imóvel, o
VII - o servidor não tenha sido domiciliado ou tenha residido
auxílio-moradia continuará sendo pago por um mês.(Incluído pela
no Município, nos últimos doze meses, aonde for exercer o cargo
Lei nº 11.355, de 2006)
em comissão ou função de confiança, desconsiderando-se prazo in-
ferior a sessenta dias dentro desse período; e (Incluído pela Lei nº SEÇÃO II
11.355, de 2006) DAS GRATIFICAÇÕES E ADICIONAIS
VIII - o deslocamento não tenha sido por força de alteração
de lotação ou nomeação para cargo efetivo. (Incluído pela Lei nº Art. 61. Além do vencimento e das vantagens previstas nesta
11.355, de 2006) Lei, serão deferidos aos servidores as seguintes retribuições, grati-
IX - (Vide Medida Provisória nº 341, de 2006). ficações e adicionais: (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
IX - o deslocamento tenha ocorrido após 30 de junho de 2006. I - retribuição pelo exercício de função de direção, chefia e as-
(Incluído pela Lei nº 11.490, de 2007) sessoramento;(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Parágrafo único. Para fins do inciso VII, não será considerado o II - gratificação natalina;
prazo no qual o servidor estava ocupando outro cargo em comissão III - adicional por tempo de serviço; (Revogado pela Medida
relacionado no inciso V. (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006) Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
Art. 60-C. O auxílio-moradia não será concedido por prazo su- IV - adicional pelo exercício de atividades insalubres, perigosas
perior a 8 (oito) anos dentro de cada período de 12 (doze) anos. ou penosas;
(Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008) (Revogado pela Medida provi- V - adicional pela prestação de serviço extraordinário;
sória nº 632, de 2013) (Revogado pela Lei nº 12.998, de 2014) VI - adicional noturno;
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DIREITO ADMINISTRATIVO
VII - adicional de férias; Parágrafo único. O servidor fará jus ao adicional a partir do mês
VIII - outros, relativos ao local ou à natureza do trabalho. em que completar o qüinqüênio. (Redação dada pela Lei nº 9.527,
IX - gratificação por encargo de curso ou concurso. (Incluído de 10.12.97) (Revogado pela Medida Provisória nº 2.225-45, de
pela Lei nº 11.314 de 2006) 2001, respeitadas as situações constituídas até 8.3.1999)

SUBSEÇÃO I SUBSEÇÃO IV
DA RETRIBUIÇÃO PELO EXERCÍCIO DE FUNÇÃO DE DIREÇÃO, DOS ADICIONAIS DE INSALUBRIDADE, PERICULOSIDADE OU
CHEFIA E ASSESSORAMENTO ATIVIDADES PENOSAS
(REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 9.527, DE 10.12.97)
Art. 68. Os servidores que trabalhem com habitualidade em lo-
Art. 62. Ao servidor ocupante de cargo efetivo investido em cais insalubres ou em contato permanente com substâncias tóxicas,
função de direção, chefia ou assessoramento, cargo de provimento radioativas ou com risco de vida, fazem jus a um adicional sobre o
em comissão ou de Natureza Especial é devida retribuição pelo seu vencimento do cargo efetivo.
exercício. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) § 1o O servidor que fizer jus aos adicionais de insalubridade e
Parágrafo único. Lei específica estabelecerá a remuneração dos de periculosidade deverá optar por um deles.
cargos em comissão de que trata o inciso II do art. 9o. (Redação § 2o O direito ao adicional de insalubridade ou periculosidade
dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) cessa com a eliminação das condições ou dos riscos que deram cau-
sa a sua concessão.
Art. 62-A. Fica transformada em Vantagem Pessoal Nominal-
Art. 69. Haverá permanente controle da atividade de servido-
mente Identificada - VPNI a incorporação da retribuição pelo exer-
res em operações ou locais considerados penosos, insalubres ou
cício de função de direção, chefia ou assessoramento, cargo de pro-
perigosos.
vimento em comissão ou de Natureza Especial a que se referem os
Parágrafo único. A servidora gestante ou lactante será afastada,
arts. 3º e 10 da Lei no 8.911, de 11 de julho de 1994, e o art. 3o da enquanto durar a gestação e a lactação, das operações e locais pre-
Lei no 9.624, de 2 de abril de 1998. (Incluído pela Medida Provisó- vistos neste artigo, exercendo suas atividades em local salubre e em
ria nº 2.225-45, de 4.9.2001) serviço não penoso e não perigoso.
Parágrafo único. A VPNI de que trata o caput deste artigo so- Art. 70. Na concessão dos adicionais de atividades penosas, de
mente estará sujeita às revisões gerais de remuneração dos servi- insalubridade e de periculosidade, serão observadas as situações
dores públicos federais.(Incluído pela Medida Provisória nº 2.225- estabelecidas em legislação específica.
45, de 4.9.2001) Art. 71. O adicional de atividade penosa será devido aos servi-
dores em exercício em zonas de fronteira ou em localidades cujas
SUBSEÇÃO II condições de vida o justifiquem, nos termos, condições e limites
DA GRATIFICAÇÃO NATALINA fixados em regulamento.
Art. 72. Os locais de trabalho e os servidores que operam com
Art. 63. A gratificação natalina corresponde a 1/12 (um doze Raios X ou substâncias radioativas serão mantidos sob controle per-
avos) da remuneração a que o servidor fizer jus no mês de dezem- manente, de modo que as doses de radiação ionizante não ultra-
bro, por mês de exercício no respectivo ano. passem o nível máximo previsto na legislação própria.
Parágrafo único. A fração igual ou superior a 15 (quinze) dias Parágrafo único. Os servidores a que se refere este artigo serão
será considerada como mês integral. submetidos a exames médicos a cada 6 (seis) meses.
Art. 64. A gratificação será paga até o dia 20 (vinte) do mês de
dezembro de cada ano. SUBSEÇÃO V
Parágrafo único. (VETADO). DO ADICIONAL POR SERVIÇO EXTRAORDINÁRIO
Art. 65. O servidor exonerado perceberá sua gratificação nata-
lina, proporcionalmente aos meses de exercício, calculada sobre a Art. 73. O serviço extraordinário será remunerado com acrés-
remuneração do mês da exoneração. cimo de 50% (cinqüenta por cento) em relação à hora normal de
Art. 66. A gratificação natalina não será considerada para cálcu- trabalho.
lo de qualquer vantagem pecuniária. Art. 74. Somente será permitido serviço extraordinário para
atender a situações excepcionais e temporárias, respeitado o limite
máximo de 2 (duas) horas por jornada.
SUBSEÇÃO III
DO ADICIONAL POR TEMPO DE SERVIÇO
SUBSEÇÃO VI
DO ADICIONAL NOTURNO
Art. 67. O adicional por tempo de serviço é devido à razão de
1% (um por cento) por ano de serviço público efetivo, incidente so- Art. 75. O serviço noturno, prestado em horário compreendido
bre o vencimento de que trata o art. 40. entre 22 (vinte e duas) horas de um dia e 5 (cinco) horas do dia se-
Art. 67. O adicional por tempo de serviço é devido à razão de guinte, terá o valor-hora acrescido de 25% (vinte e cinco por cento),
cinco por cento a cada cinco anos de serviço público efetivo presta- computando-se cada hora como cinqüenta e dois minutos e trinta
do à União, às autarquias e às fundações públicas federais, observa- segundos.
do o limite máximo de 35% incidente exclusivamente sobre o ven- Parágrafo único. Em se tratando de serviço extraordinário, o
cimento básico do cargo efetivo, ainda que investido o servidor em acréscimo de que trata este artigo incidirá sobre a remuneração
função ou cargo de confiança. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de prevista no art. 73.
10.12.97) (Revogado pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 2001,
respeitadas as situações constituídas até 8.3.1999)
Parágrafo único. O servidor fará jus ao adicional a partir do mês
em que completar o anuênio.
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SUBSEÇÃO VII § 3o A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso não se
DO ADICIONAL DE FÉRIAS incorpora ao vencimento ou salário do servidor para qualquer efei-
to e não poderá ser utilizada como base de cálculo para quaisquer
Art. 76. Independentemente de solicitação, será pago ao servi- outras vantagens, inclusive para fins de cálculo dos proventos da
dor, por ocasião das férias, um adicional correspondente a 1/3 (um aposentadoria e das pensões.(Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006)
terço) da remuneração do período das férias.
Parágrafo único. No caso de o servidor exercer função de di- CAPÍTULO III
reção, chefia ou assessoramento, ou ocupar cargo em comissão, a DAS FÉRIAS
respectiva vantagem será considerada no cálculo do adicional de
que trata este artigo. Art. 77. O servidor fará jus a trinta dias de férias, que podem
ser acumuladas, até o máximo de dois períodos, no caso de neces-
SUBSEÇÃO VIII sidade do serviço, ressalvadas as hipóteses em que haja legislação
DA GRATIFICAÇÃO POR ENCARGO DE CURSO OU CONCURSO específica. (Redação dada pela Lei nº 9.525, de 10.12.97) (Vide Lei
(INCLUÍDO PELA LEI Nº 11.314 DE 2006) nº 9.525, de 1997)
§ 1o Para o primeiro período aquisitivo de férias serão exigidos
Art. 76-A. A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso é 12 (doze) meses de exercício.
devida ao servidor que, em caráter eventual: (Incluído pela Lei nº § 2o É vedado levar à conta de férias qualquer falta ao serviço.
11.314 de 2006)(Regulamento) (Vide Decreto nº 11.069, de 2022) § 3o As férias poderão ser parceladas em até três etapas, desde
Vigência que assim requeridas pelo servidor, e no interesse da administração
I - atuar como instrutor em curso de formação, de desenvol- pública. (Incluído pela Lei nº 9.525, de 10.12.97)
vimento ou de treinamento regularmente instituído no âmbito da Art. 78. O pagamento da remuneração das férias será efetuado
administração pública federal; (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006) até 2 (dois) dias antes do início do respectivo período, observan-
II - participar de banca examinadora ou de comissão para exa- do-se o disposto no § 1o deste artigo. (Vide Lei nº 9.525, de 1997)
mes orais, para análise curricular, para correção de provas discur- § 2° No cálculo do abono pecuniário será considerado o valor
sivas, para elaboração de questões de provas ou para julgamento do adicional de férias. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
de recursos intentados por candidatos; (Incluído pela Lei nº 11.314 § 3o O servidor exonerado do cargo efetivo, ou em comissão,
de 2006) perceberá indenização relativa ao período das férias a que tiver di-
III - participar da logística de preparação e de realização de reito e ao incompleto, na proporção de um doze avos por mês de
concurso público envolvendo atividades de planejamento, coorde- efetivo exercício, ou fração superior a quatorze dias.(Incluído pela
nação, supervisão, execução e avaliação de resultado, quando tais Lei nº 8.216, de 13.8.91)
atividades não estiverem incluídas entre as suas atribuições perma- § 4o A indenização será calculada com base na remuneração do
nentes; (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006) mês em que for publicado o ato exoneratório. (Incluído pela Lei nº
IV - participar da aplicação, fiscalizar ou avaliar provas de exa- 8.216, de 13.8.91)
me vestibular ou de concurso público ou supervisionar essas ativi- § 5o Em caso de parcelamento, o servidor receberá o valor
dades . (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006) adicional previsto no inciso XVII do art. 7o da Constituição Fede-
§ 1o Os critérios de concessão e os limites da gratificação de ral quando da utilização do primeiro período. (Incluído pela Lei nº
que trata este artigo serão fixados em regulamento, observados os 9.525, de 10.12.97)
seguintes parâmetros:(Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006) Art. 79. O servidor que opera direta e permanentemente com
I - o valor da gratificação será calculado em horas, observadas a Raios X ou substâncias radioativas gozará 20 (vinte) dias consecuti-
natureza e a complexidade da atividade exercida; (Incluído pela Lei vos de férias, por semestre de atividade profissional, proibida em
nº 11.314 de 2006) qualquer hipótese a acumulação.
II - a retribuição não poderá ser superior ao equivalente a 120 Parágrafo único. O servidor referido neste artigo não fará jus ao
(cento e vinte) horas de trabalho anuais, ressalvada situação de ex- abono pecuniário de que trata o artigo anterior.(Revogado pela Lei
cepcionalidade, devidamente justificada e previamente aprovada nº 9.527, de 10.12.97)
pela autoridade máxima do órgão ou entidade, que poderá autori- Art. 80. As férias somente poderão ser interrompidas por mo-
zar o acréscimo de até 120 (cento e vinte) horas de trabalho anuais; tivo de calamidade pública, comoção interna, convocação para júri,
(Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006) serviço militar ou eleitoral, ou por necessidade do serviço declarada
III - o valor máximo da hora trabalhada corresponderá aos se- pela autoridade máxima do órgão ou entidade. (Redação dada pela
guintes percentuais, incidentes sobre o maior vencimento básico da Lei nº 9.527, de 10.12.97) (Vide Lei nº 9.525, de 1997)
administração pública federal: (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006) Parágrafo único. O restante do período interrompido será goza-
a) 2,2% (dois inteiros e dois décimos por cento), em se tratando do de uma só vez, observado o disposto no art. 77.(Incluído pela Lei
de atividades previstas nos incisos I e II do caput deste artigo; (Re- nº 9.527, de 10.12.97)
dação dada pela Lei nº 11.501, de 2007)
b) 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento), em se tratando CAPÍTULO IV
de atividade prevista nos incisos III e IV do caput deste artigo. (Re- DAS LICENÇAS
dação dada pela Lei nº 11.501, de 2007) SEÇÃO I
§ 2o A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso somente DISPOSIÇÕES GERAIS
será paga se as atividades referidas nos incisos do caput deste ar-
tigo forem exercidas sem prejuízo das atribuições do cargo de que Art. 81. Conceder-se-á ao servidor licença:
o servidor for titular, devendo ser objeto de compensação de carga I - por motivo de doença em pessoa da família;
horária quando desempenhadas durante a jornada de trabalho, na II - por motivo de afastamento do cônjuge ou companheiro;
forma do § 4o do art. 98 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 11.314 de III - para o serviço militar;
2006) IV - para atividade política;
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V - para capacitação;(Redação dada pela Lei nº 9.527, de SEÇÃO IV
10.12.97) DA LICENÇA PARA O SERVIÇO MILITAR
VI - para tratar de interesses particulares;
VII - para desempenho de mandato classista. Art. 85. Ao servidor convocado para o serviço militar será con-
§ 1o A licença prevista no inciso I do caput deste artigo bem cedida licença, na forma e condições previstas na legislação espe-
como cada uma de suas prorrogações serão precedidas de exame cífica.
por perícia médica oficial, observado o disposto no art. 204 desta Parágrafo único. Concluído o serviço militar, o servidor terá até
Lei.(Redação dada pela Lei nº 11.907, de 2009) 30 (trinta) dias sem remuneração para reassumir o exercício do car-
§ 2o O servidor não poderá permanecer em licença da mes- go.
ma espécie por período superior a 24 (vinte e quatro) meses, salvo
nos casos dos incisos II, III, IV e VII. (Revogado pela Lei nº 9.527, de SEÇÃO V
10.12.97) DA LICENÇA PARA ATIVIDADE POLÍTICA
§ 3o É vedado o exercício de atividade remunerada durante o
período da licença prevista no inciso I deste artigo. Art. 86. O servidor terá direito a licença, sem remuneração,
Art. 82. A licença concedida dentro de 60 (sessenta) dias do durante o período que mediar entre a sua escolha em convenção
término de outra da mesma espécie será considerada como pror- partidária, como candidato a cargo eletivo, e a véspera do registro
rogação. de sua candidatura perante a Justiça Eleitoral.
SEÇÃO II § 1o O servidor candidato a cargo eletivo na localidade onde
DA LICENÇA POR MOTIVO DE DOENÇA EM PESSOA DA FAMÍ- desempenha suas funções e que exerça cargo de direção, chefia,
LIA assessoramento, arrecadação ou fiscalização, dele será afastado, a
partir do dia imediato ao do registro de sua candidatura perante a
Art. 83. Poderá ser concedida licença ao servidor por motivo de Justiça Eleitoral, até o décimo dia seguinte ao do pleito. (Redação
doença do cônjuge ou companheiro, dos pais, dos filhos, do padras- dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
to ou madrasta e enteado, ou dependente que viva a suas expensas § 2o A partir do registro da candidatura e até o décimo dia se-
e conste do seu assentamento funcional, mediante comprovação guinte ao da eleição, o servidor fará jus à licença, assegurados os
por perícia médica oficial. (Redação dada pela Lei nº 11.907, de
vencimentos do cargo efetivo, somente pelo período de três meses.
2009)
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 1o A licença somente será deferida se a assistência direta do
servidor for indispensável e não puder ser prestada simultanea-
SEÇÃO VI
mente com o exercício do cargo ou mediante compensação de ho-
DA LICENÇA-PRÊMIO POR ASSIDUIDADE
rário, na forma do disposto no inciso II do art. 44. (Redação dada
DA LICENÇA PARA CAPACITAÇÃO
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
(REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 9.527, DE 10.12.97)
§ 2o A licença de que trata o caput, incluídas as prorrogações,
poderá ser concedida a cada período de doze meses nas seguintes
condições: (Redação dada pela Lei nº 12.269, de 2010) Art. 87. Após cada qüinqüênio de efetivo exercício, o servidor
I - por até 60 (sessenta) dias, consecutivos ou não, mantida a poderá, no interesse da Administração, afastar-se do exercício do
remuneração do servidor; e (Incluído pela Lei nº 12.269, de 2010) cargo efetivo, com a respectiva remuneração, por até três meses,
II - por até 90 (noventa) dias, consecutivos ou não, sem remu- para participar de curso de capacitação profissional. (Redação dada
neração. (Incluído pela Lei nº 12.269, de 2010) pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) (Vide Decreto nº 5.707, de 2006)
§ 3o O início do interstício de 12 (doze) meses será contado a Parágrafo único. Os períodos de licença de que trata o caput
partir da data do deferimento da primeira licença concedida. (Inclu- não são acumuláveis. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
ído pela Lei nº 12.269, de 2010) Art. 88. Não se concederá licença-prêmio ao servidor que, no
§ 4o A soma das licenças remuneradas e das licenças não remu- período aquisitivo:(Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
neradas, incluídas as respectivas prorrogações, concedidas em um I - sofrer penalidade disciplinar de suspensão; (Revogado pela
mesmo período de 12 (doze) meses, observado o disposto no § 3o, Lei nº 9.527, de 10.12.97)
não poderá ultrapassar os limites estabelecidos nos incisos I e II do II - afastar-se do cargo em virtude de:(Revogado pela Lei nº
§ 2o. (Incluído pela Lei nº 12.269, de 2010) 9.527, de 10.12.97)
a) licença por motivo de doença em pessoa da família, sem re-
SEÇÃO III muneração;(Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
DA LICENÇA POR MOTIVO DE AFASTAMENTO DO CÔNJUGE b) licença para tratar de interesses particulares; (Revogado pela
Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 84. Poderá ser concedida licença ao servidor para acompa- c) condenação a pena privativa de liberdade por sentença defi-
nhar cônjuge ou companheiro que foi deslocado para outro ponto nitiva; (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
do território nacional, para o exterior ou para o exercício de manda- d) afastamento para acompanhar cônjuge ou companheiro.
to eletivo dos Poderes Executivo e Legislativo. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 1o A licença será por prazo indeterminado e sem remunera- Parágrafo único. As faltas injustificadas ao serviço retardarão a
ção. concessão da licença prevista neste artigo, na proporção de 1 (um)
§ 2o No deslocamento de servidor cujo cônjuge ou companhei- mês para cada falta. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
ro também seja servidor público, civil ou militar, de qualquer dos Art. 89. O número de servidores em gozo simultâneo de licen-
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí- ça-prêmio não poderá ser superior a 1/3 (um terço) da lotação da
pios, poderá haver exercício provisório em órgão ou entidade da respectiva unidade administrativa do órgão ou entidade. (Revogado
Administração Federal direta, autárquica ou fundacional, desde que pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
para o exercício de atividade compatível com o seu cargo. (Redação Art. 90. (VETADO).
dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
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SEÇÃO VII CAPÍTULO V
DA LICENÇA PARA TRATAR DE INTERESSES PARTICULARES DOS AFASTAMENTOS
SEÇÃO I
Art. 91. A critério da administração, poderá ser concedida ao DO AFASTAMENTO PARA SERVIR A OUTRO ÓRGÃO OU ENTI-
servidor estável licença para o trato de assuntos particulares, pelo DADE
prazo de até 2 (dois) anos consecutivos, sem remuneração.
Art. 91. A critério da Administração, poderá ser concedida ao Art. 93. O servidor poderá ser cedido para ter exercício em ou-
servidor ocupante de cargo efetivo, desde que não esteja em es- tro órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Estados, ou do
tágio probatório, licença para o trato de assuntos particulares pelo Distrito Federal e dos Municípios, nas seguintes hipóteses:(Redação
prazo de até três anos consecutivos, sem remuneração, prorrogá- dada pela Lei nº 8.270, de 17.12.91)(Regulamento)(Vide Decreto nº
vel uma única vez por período não superior a esse limite. (Redação 4.493, de 3.12.2002) (Vide Decreto nº 5.213, de 2004) (Vide Decre-
dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) to nº 9.144, de 2017)
Art. 91. A critério da Administração, poderão ser concedidas ao I - para exercício de cargo em comissão ou função de confiança;
servidor ocupante de cargo efetivo, desde que não esteja em está- (Redação dada pela Lei nº 8.270, de 17.12.91)
gio probatório, licenças para o trato de assuntos particulares pelo II - em casos previstos em leis específicas. (Redação dada pela
prazo de até três anos consecutivos, sem remuneração. (Redação Lei nº 8.270, de 17.12.91)
dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) § 1o Na hipótese do inciso I, sendo a cessão para órgãos ou en-
§ 3° Não se concederá a licença a servidores nomeados, remo- tidades dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, o ônus
vidos, redistribuídos ou transferidos, antes de completarem 2 (dois) da remuneração será do órgão ou entidade cessionária, mantido o
anos de exercício. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) ônus para o cedente nos demais casos. (Redação dada pela Lei nº
Parágrafo único. A licença poderá ser interrompida, a qualquer 8.270, de 17.12.91)
tempo, a pedido do servidor ou no interesse do serviço. (Redação § 2º Na hipótese de o servidor cedido a empresa pública ou
dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) sociedade de economia mista, nos termos das respectivas normas,
optar pela remuneração do cargo efetivo ou pela remuneração do
SEÇÃO VIII cargo efetivo acrescida de percentual da retribuição do cargo em
DA LICENÇA PARA O DESEMPENHO DE MANDATO CLASSISTA comissão, a entidade cessionária efetuará o reembolso das despe-
sas realizadas pelo órgão ou entidade de origem. (Redação dada
Art. 92. E assegurado ao servidor o direito a licença para o de- pela Lei nº 11.355, de 2006)
sempenho de mandato em confederação, federação, associação de § 3o A cessão far-se-á mediante Portaria publicada no Diário
classe de âmbito nacional, sindicato representativo da categoria ou Oficial da União. (Redação dada pela Lei nº 8.270, de 17.12.91)
entidade fiscalizadora da profissão, com a remuneração do cargo § 4o Mediante autorização expressa do Presidente da Repúbli-
efetivo, observado o disposto no art. 102, inciso VIII, alínea c. ca, o servidor do Poder Executivo poderá ter exercício em outro ór-
Art. 92. É assegurado ao servidor o direito à licença sem remu- gão da Administração Federal direta que não tenha quadro próprio
neração para o desempenho de mandato em confederação, federa- de pessoal, para fim determinado e a prazo certo. (Incluído pela Lei
ção, associação de classe de âmbito nacional, sindicato representa- nº 8.270, de 17.12.91)
tivo da categoria ou entidade fiscalizadora da profissão, observado § 5º Aplica-se à União, em se tratando de empregado ou servi-
o disposto na alínea “c” do inciso VIII do art. 102 desta Lei, con- dor por ela requisitado, as disposições dos §§ 1º e 2º deste artigo.
forme disposto em regulamento e observados os seguintes limites: (Redação dada pela Lei nº 10.470, de 25.6.2002)
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) (Regulamento) § 6º As cessões de empregados de empresa pública ou de so-
Art. 92. É assegurado ao servidor o direito à licença sem re- ciedade de economia mista, que receba recursos de Tesouro Na-
muneração para o desempenho de mandato em confederação, cional para o custeio total ou parcial da sua folha de pagamento de
federação, associação de classe de âmbito nacional, sindicato re- pessoal, independem das disposições contidas nos incisos I e II e §§
presentativo da categoria ou entidade fiscalizadora da profissão ou, 1º e 2º deste artigo, ficando o exercício do empregado cedido con-
ainda, para participar de gerência ou administração em sociedade dicionado a autorização específica do Ministério do Planejamento,
cooperativa constituída por servidores públicos para prestar servi- Orçamento e Gestão, exceto nos casos de ocupação de cargo em
ços a seus membros, observado o disposto na alínea c do inciso VIII comissão ou função gratificada. (Incluído pela Lei nº 10.470, de
do art. 102 desta Lei, conforme disposto em regulamento e obser- 25.6.2002)
vados os seguintes limites: (Redação dada pela Lei nº 11.094, de § 7° O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, com
2005) a finalidade de promover a composição da força de trabalho dos
I - para entidades com até 5.000 (cinco mil) associados, 2 (dois) órgãos e entidades da Administração Pública Federal, poderá de-
servidores; (Redação dada pela Lei nº 12.998, de 2014) terminar a lotação ou o exercício de empregado ou servidor, inde-
II - para entidades com 5.001 (cinco mil e um) a 30.000 (trinta pendentemente da observância do constante no inciso I e nos §§ 1º
mil) associados, 4 (quatro) servidores; (Redação dada pela Lei nº e 2º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 10.470, de 25.6.2002) (Vide
12.998, de 2014) Decreto nº 5.375, de 2005)
III - para entidades com mais de 30.000 (trinta mil) associados,
8 (oito) servidores.(Redação dada pela Lei nº 12.998, de 2014) SEÇÃO II
§ 1o Somente poderão ser licenciados os servidores eleitos DO AFASTAMENTO PARA EXERCÍCIO DE MANDATO ELETIVO
para cargos de direção ou de representação nas referidas entida-
des, desde que cadastradas no órgão competente. (Redação dada Art. 94. Ao servidor investido em mandato eletivo aplicam-se
pela Lei nº 12.998, de 2014) as seguintes disposições:
§ 2o A licença terá duração igual à do mandato, podendo ser I - tratando-se de mandato federal, estadual ou distrital, ficará
renovada, no caso de reeleição.(Redação dada pela Lei nº 12.998, afastado do cargo;
de 2014) II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo,
sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração;
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DIREITO ADMINISTRATIVO
III - investido no mandato de vereador: § 3o Os afastamentos para realização de programas de pós-
a) havendo compatibilidade de horário, perceberá as vanta- -doutorado somente serão concedidos aos servidores titulares de
gens de seu cargo, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo; cargos efetivo no respectivo órgão ou entidade há pelo menos qua-
b) não havendo compatibilidade de horário, será afastado do tro anos, incluído o período de estágio probatório, e que não te-
cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração. nham se afastado por licença para tratar de assuntos particulares
§ 1o No caso de afastamento do cargo, o servidor contribuirá ou com fundamento neste artigo, nos quatro anos anteriores à data
para a seguridade social como se em exercício estivesse. da solicitação de afastamento. (Redação dada pela Lei nº 12.269,
§ 2o O servidor investido em mandato eletivo ou classista não de 2010)
poderá ser removido ou redistribuído de ofício para localidade di- § 4o Os servidores beneficiados pelos afastamentos previstos
versa daquela onde exerce o mandato. nos §§ 1o, 2o e 3o deste artigo terão que permanecer no exercício
de suas funções após o seu retorno por um período igual ao do afas-
SEÇÃO III tamento concedido. (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009)
DO AFASTAMENTO PARA ESTUDO OU MISSÃO NO EXTERIOR § 5o Caso o servidor venha a solicitar exoneração do cargo ou
aposentadoria, antes de cumprido o período de permanência pre-
Art. 95. O servidor não poderá ausentar-se do País para estudo visto no § 4o deste artigo, deverá ressarcir o órgão ou entidade, na
ou missão oficial, sem autorização do Presidente da República, Pre- forma do art. 47 da Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990, dos
sidente dos Órgãos do Poder Legislativo e Presidente do Supremo gastos com seu aperfeiçoamento. (Incluído pela Lei nº 11.907, de
Tribunal Federal. (Vide Decreto nº 1.387, de 1995) 2009)
§ 1o A ausência não excederá a 4 (quatro) anos, e finda a mis- § 6o Caso o servidor não obtenha o título ou grau que justificou
são ou estudo, somente decorrido igual período, será permitida seu afastamento no período previsto, aplica-se o disposto no § 5o
nova ausência. deste artigo, salvo na hipótese comprovada de força maior ou de
§ 2o Ao servidor beneficiado pelo disposto neste artigo não caso fortuito, a critério do dirigente máximo do órgão ou entidade.
será concedida exoneração ou licença para tratar de interesse par- (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009)
ticular antes de decorrido período igual ao do afastamento, res- § 7o Aplica-se à participação em programa de pós-graduação
salvada a hipótese de ressarcimento da despesa havida com seu no Exterior, autorizado nos termos do art. 95 desta Lei, o disposto
afastamento. nos §§ 1o a 6o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009)
§ 3o O disposto neste artigo não se aplica aos servidores da
carreira diplomática. CAPÍTULO VI
§ 4o As hipóteses, condições e formas para a autorização de DAS CONCESSÕES
que trata este artigo, inclusive no que se refere à remuneração do
servidor, serão disciplinadas em regulamento.(Incluído pela Lei nº Art. 97. Sem qualquer prejuízo, poderá o servidor ausentar-se
9.527, de 10.12.97) do serviço:
Art. 96. O afastamento de servidor para servir em organismo I - por 1 (um) dia, para doação de sangue;
internacional de que o Brasil participe ou com o qual coopere dar-
II - pelo período comprovadamente necessário para alistamen-
-se-á com perda total da remuneração. (Vide Decreto nº 3.456, de
to ou recadastramento eleitoral, limitado, em qualquer caso, a 2
2000)
(dois) dias; (Redação dada pela Lei nº 12.998, de 2014)
III - por 8 (oito) dias consecutivos em razão de :
SEÇÃO IV
a) casamento;
(INCLUÍDO PELA LEI Nº 11.907, DE 2009)
b) falecimento do cônjuge, companheiro, pais, madrasta ou pa-
DO AFASTAMENTO PARA PARTICIPAÇÃO EM PROGRAMA DE
drasto, filhos, enteados, menor sob guarda ou tutela e irmãos.
PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU NO PAÍS
Art. 98. Será concedido horário especial ao servidor estudante,
Art. 96-A. O servidor poderá, no interesse da Administração, e quando comprovada a incompatibilidade entre o horário escolar e
desde que a participação não possa ocorrer simultaneamente com o da repartição, sem prejuízo do exercício do cargo.
o exercício do cargo ou mediante compensação de horário, afastar- § 1o Para efeito do disposto neste artigo, será exigida a com-
-se do exercício do cargo efetivo, com a respectiva remuneração, pensação de horário no órgão ou entidade que tiver exercício, res-
para participar em programa de pós-graduação stricto sensu em peitada a duração semanal do trabalho. (Parágrafo renumerado e
instituição de ensino superior no País.(Incluído pela Lei nº 11.907, alterado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
de 2009) § 2o Também será concedido horário especial ao servidor por-
§ 1o Ato do dirigente máximo do órgão ou entidade definirá, tador de deficiência, quando comprovada a necessidade por junta
em conformidade com a legislação vigente, os programas de capa- médica oficial, independentemente de compensação de horário.
citação e os critérios para participação em programas de pós-gra- (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
duação no País, com ou sem afastamento do servidor, que serão § 3o As disposições constantes do § 2o são extensivas ao servi-
avaliados por um comitê constituído para este fim. (Incluído pela dor que tenha cônjuge, filho ou dependente com deficiência. (Reda-
Lei nº 11.907, de 2009) ção dada pela Lei nº 13.370, de 2016)
§ 2o Os afastamentos para realização de programas de mestra- § 4o Será igualmente concedido horário especial, vinculado à
do e doutorado somente serão concedidos aos servidores titulares compensação de horário a ser efetivada no prazo de até 1 (um) ano,
de cargos efetivos no respectivo órgão ou entidade há pelo menos ao servidor que desempenhe atividade prevista nos incisos I e II do
3 (três) anos para mestrado e 4 (quatro) anos para doutorado, in- caput do art. 76-A desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.501, de
cluído o período de estágio probatório, que não tenham se afastado 2007)
por licença para tratar de assuntos particulares para gozo de licença Art. 99. Ao servidor estudante que mudar de sede no interesse
capacitação ou com fundamento neste artigo nos 2 (dois) anos an- da administração é assegurada, na localidade da nova residência ou
teriores à data da solicitação de afastamento.(Incluído pela Lei nº na mais próxima, matrícula em instituição de ensino congênere, em
11.907, de 2009) qualquer época, independentemente de vaga.
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DIREITO ADMINISTRATIVO
Parágrafo único. O disposto neste artigo estende-se ao cônjuge Art. 103. Contar-se-á apenas para efeito de aposentadoria e
ou companheiro, aos filhos, ou enteados do servidor que vivam na disponibilidade:
sua companhia, bem como aos menores sob sua guarda, com au- I - o tempo de serviço público prestado aos Estados, Municípios
torização judicial. e Distrito Federal;
II - a licença para tratamento de saúde de pessoal da família do
CAPÍTULO VII servidor, com remuneração, que exceder a 30 (trinta) dias em perí-
DO TEMPO DE SERVIÇO odo de 12 (doze) meses. (Redação dada pela Lei nº 12.269, de 2010)
III - a licença para atividade política, no caso do art. 86, § 2o;
Art. 100. É contado para todos os efeitos o tempo de serviço IV - o tempo correspondente ao desempenho de mandato ele-
público federal, inclusive o prestado às Forças Armadas. tivo federal, estadual, municipal ou distrital, anterior ao ingresso no
Art. 101. A apuração do tempo de serviço será feita em dias, serviço público federal;
que serão convertidos em anos, considerado o ano como de trezen- V - o tempo de serviço em atividade privada, vinculada à Pre-
tos e sessenta e cinco dias. vidência Social;
Parágrafo único. Feita a conversão, os dias restantes, até cento VI - o tempo de serviço relativo a tiro de guerra;
e oitenta e dois, não serão computados, arredondando-se para um VII - o tempo de licença para tratamento da própria saúde que
ano quando excederem este número, para efeito de aposentadoria. exceder o prazo a que se refere a alínea “b” do inciso VIII do art.
(Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) 102.(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 102. Além das ausências ao serviço previstas no art. 97, são § 1o O tempo em que o servidor esteve aposentado será conta-
considerados como de efetivo exercício os afastamentos em virtude do apenas para nova aposentadoria.
de: (Vide Decreto nº 5.707, de 2006) § 2o Será contado em dobro o tempo de serviço prestado às
I - férias; Forças Armadas em operações de guerra.
II - exercício de cargo em comissão ou equivalente, em órgão § 3o É vedada a contagem cumulativa de tempo de serviço
ou entidade dos Poderes da União, dos Estados, Municípios e Dis- prestado concomitantemente em mais de um cargo ou função de
trito Federal; órgão ou entidades dos Poderes da União, Estado, Distrito Federal
III - exercício de cargo ou função de governo ou administração, e Município, autarquia, fundação pública, sociedade de economia
em qualquer parte do território nacional, por nomeação do Presi- mista e empresa pública.
dente da República;
IV - participação em programa de treinamento regularmente CAPÍTULO VIII
instituído, ou em programa de pós-graduação stricto sensu no país, DO DIREITO DE PETIÇÃO
conforme dispuser o regulamento; (Redação dada pela Medida Pro-
visória nº 441, de 2008)(Vide Decreto nº 5.707, de 2006) Art. 104. É assegurado ao servidor o direito de requerer aos
IV - participação em programa de treinamento regularmen- Poderes Públicos, em defesa de direito ou interesse legítimo.
te instituído ou em programa de pós-graduação stricto sensu no Art. 105. O requerimento será dirigido à autoridade compe-
tente para decidi-lo e encaminhado por intermédio daquela a que
País, conforme dispuser o regulamento; (Redação dada pela Lei nº
estiver imediatamente subordinado o requerente.
11.907, de 2009)(Vide Decreto nº 5.707, de 2006)
Art. 106. Cabe pedido de reconsideração à autoridade que hou-
V - desempenho de mandato eletivo federal, estadual, munici-
ver expedido o ato ou proferido a primeira decisão, não podendo
pal ou do Distrito Federal, exceto para promoção por merecimento;
ser renovado.(Vide Lei nº 12.300, de 2010)
VI - júri e outros serviços obrigatórios por lei;
Parágrafo único. O requerimento e o pedido de reconsideração
VII - missão ou estudo no exterior, quando autorizado o afasta-
de que tratam os artigos anteriores deverão ser despachados no
mento, conforme dispuser o regulamento; (Redação dada pela Lei
prazo de 5 (cinco) dias e decididos dentro de 30 (trinta) dias.
nº 9.527, de 10.12.97)(Vide Decreto nº 5.707, de 2006)
Art. 107. Caberá recurso:(Vide Lei nº 12.300, de 2010)
VIII - licença: I - do indeferimento do pedido de reconsideração;
a) à gestante, à adotante e à paternidade; II - das decisões sobre os recursos sucessivamente interpostos.
b) para tratamento da própria saúde, até o limite de vinte e § 1o O recurso será dirigido à autoridade imediatamente supe-
quatro meses, cumulativo ao longo do tempo de serviço público rior à que tiver expedido o ato ou proferido a decisão, e, sucessiva-
prestado à União, em cargo de provimento efetivo; (Redação dada mente, em escala ascendente, às demais autoridades.
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) § 2o O recurso será encaminhado por intermédio da autorida-
c) para o desempenho de mandato classista ou participação de de a que estiver imediatamente subordinado o requerente.
gerência ou administração em sociedade cooperativa constituída Art. 108. O prazo para interposição de pedido de reconsidera-
por servidores para prestar serviços a seus membros, exceto para ção ou de recurso é de 30 (trinta) dias, a contar da publicação ou da
efeito de promoção por merecimento;(Redação dada pela Lei nº ciência, pelo interessado, da decisão recorrida.(Vide Lei nº 12.300,
11.094, de 2005) de 2010)
d) por motivo de acidente em serviço ou doença profissional; Art. 109. O recurso poderá ser recebido com efeito suspensivo,
e) para capacitação, conforme dispuser o regulamento; (Reda- a juízo da autoridade competente.
ção dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Parágrafo único. Em caso de provimento do pedido de reconsi-
f) por convocação para o serviço militar; deração ou do recurso, os efeitos da decisão retroagirão à data do
IX - deslocamento para a nova sede de que trata o art. 18; ato impugnado.
X - participação em competição desportiva nacional ou convo- Art. 110. O direito de requerer prescreve:
cação para integrar representação desportiva nacional, no País ou I - em 5 (cinco) anos, quanto aos atos de demissão e de cassa-
no exterior, conforme disposto em lei específica; ção de aposentadoria ou disponibilidade, ou que afetem interesse
XI - afastamento para servir em organismo internacional de que patrimonial e créditos resultantes das relações de trabalho;
o Brasil participe ou com o qual coopere. (Incluído pela Lei nº 9.527, II - em 120 (cento e vinte) dias, nos demais casos, salvo quando
de 10.12.97) outro prazo for fixado em lei.
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DIREITO ADMINISTRATIVO
Parágrafo único. O prazo de prescrição será contado da data da VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos pre-
publicação do ato impugnado ou da data da ciência pelo interessa- vistos em lei, o desempenho de atribuição que seja de sua respon-
do, quando o ato não for publicado. sabilidade ou de seu subordinado;
Art. 111. O pedido de reconsideração e o recurso, quando cabí- VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem-se a
veis, interrompem a prescrição. associação profissional ou sindical, ou a partido político;
Art. 112. A prescrição é de ordem pública, não podendo ser VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de
relevada pela administração. confiança, cônjuge, companheiro ou parente até o segundo grau
Art. 113. Para o exercício do direito de petição, é assegurada civil;
vista do processo ou documento, na repartição, ao servidor ou a IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de ou-
procurador por ele constituído. trem, em detrimento da dignidade da função pública;
Art. 114. A administração deverá rever seus atos, a qualquer X - participar de gerência ou administração de sociedade priva-
tempo, quando eivados de ilegalidade. da, personificada ou não personificada, exercer o comércio, exceto
Art. 115. São fatais e improrrogáveis os prazos estabelecidos na qualidade de acionista, cotista ou comanditário; (Redação dada
neste Capítulo, salvo motivo de força maior. pela Lei nº 11.784, de 2008
XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto a reparti-
TÍTULO IV ções públicas, salvo quando se tratar de benefícios previdenciários
DO REGIME DISCIPLINAR ou assistenciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou
CAPÍTULO I companheiro;
DOS DEVERES XII - receber propina, comissão, presente ou vantagem de qual-
quer espécie, em razão de suas atribuições;
Art. 116. São deveres do servidor: XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de estado estran-
I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo; geiro;
II - ser leal às instituições a que servir; XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas;
III - observar as normas legais e regulamentares; XV - proceder de forma desidiosa;
IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando manifesta- XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em
mente ilegais; serviços ou atividades particulares;
V - atender com presteza: XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo
a) ao público em geral, prestando as informações requeridas, que ocupa, exceto em situações de emergência e transitórias;
ressalvadas as protegidas por sigilo; XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis
b) à expedição de certidões requeridas para defesa de direito com o exercício do cargo ou função e com o horário de trabalho;
ou esclarecimento de situações de interesse pessoal; XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando solici-
c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública. tado. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em razão do Parágrafo único. A vedação de que trata o inciso X do caput
cargo ao conhecimento da autoridade superior ou, quando houver deste artigo não se aplica nos seguintes casos: (Incluído pela Lei nº
suspeita de envolvimento desta, ao conhecimento de outra autori- 11.784, de 2008
dade competente para apuração; (Redação dada pela Lei nº 12.527, I - participação nos conselhos de administração e fiscal de em-
de 2011) presas ou entidades em que a União detenha, direta ou indireta-
VII - zelar pela economia do material e a conservação do patri- mente, participação no capital social ou em sociedade cooperativa
mônio público; constituída para prestar serviços a seus membros; e(Incluído pela
VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição; Lei nº 11.784, de 2008
IX - manter conduta compatível com a moralidade administra- II - gozo de licença para o trato de interesses particulares, na
tiva; forma do art. 91 desta Lei, observada a legislação sobre conflito de
X - ser assíduo e pontual ao serviço; interesses. (Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008
XI - tratar com urbanidade as pessoas;
XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de poder. CAPÍTULO III
Parágrafo único. A representação de que trata o inciso XII será DA ACUMULAÇÃO
encaminhada pela via hierárquica e apreciada pela autoridade su-
perior àquela contra a qual é formulada, assegurando-se ao repre- Art. 118. Ressalvados os casos previstos na Constituição, é ve-
sentando ampla defesa. dada a acumulação remunerada de cargos públicos.
§ 1o A proibição de acumular estende-se a cargos, empregos
CAPÍTULO II e funções em autarquias, fundações públicas, empresas públicas,
DAS PROIBIÇÕES sociedades de economia mista da União, do Distrito Federal, dos
Estados, dos Territórios e dos Municípios.
Art. 117. Ao servidor é proibido:(Vide Medida Provisória nº § 2o A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica condiciona-
2.225-45, de 4.9.2001) da à comprovação da compatibilidade de horários.
I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia au- § 3o Considera-se acumulação proibida a percepção de venci-
torização do chefe imediato; mento de cargo ou emprego público efetivo com proventos da ina-
II - retirar, sem prévia anuência da autoridade competente, tividade, salvo quando os cargos de que decorram essas remune-
qualquer documento ou objeto da repartição; rações forem acumuláveis na atividade. (Incluído pela Lei nº 9.527,
III - recusar fé a documentos públicos; de 10.12.97)
IV - opor resistência injustificada ao andamento de documento Art. 119. O servidor não poderá exercer mais de um cargo em
e processo ou execução de serviço; comissão, exceto no caso previsto no parágrafo único do art. 9o,
V - promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto nem ser remunerado pela participação em órgão de deliberação
da repartição; coletiva. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
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DIREITO ADMINISTRATIVO
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica à remu- Art. 128. Na aplicação das penalidades serão consideradas a
neração devida pela participação em conselhos de administração e natureza e a gravidade da infração cometida, os danos que dela
fiscal das empresas públicas e sociedades de economia mista, suas provierem para o serviço público, as circunstâncias agravantes ou
subsidiárias e controladas, bem como quaisquer empresas ou enti- atenuantes e os antecedentes funcionais.
dades em que a União, direta ou indiretamente, detenha participa- Parágrafo único. O ato de imposição da penalidade mencionará
ção no capital social, observado o que, a respeito, dispuser legisla- sempre o fundamento legal e a causa da sanção disciplinar.(Incluído
ção específica. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
de 4.9.2001) Art. 129. A advertência será aplicada por escrito, nos casos de
Art. 120. O servidor vinculado ao regime desta Lei, que acumu- violação de proibição constante do art. 117, incisos I a VIII e XIX, e
lar licitamente dois cargos efetivos, quando investido em cargo de de inobservância de dever funcional previsto em lei, regulamenta-
provimento em comissão, ficará afastado de ambos os cargos efe- ção ou norma interna, que não justifique imposição de penalidade
tivos, salvo na hipótese em que houver compatibilidade de horário mais grave. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
e local com o exercício de um deles, declarada pelas autoridades Art. 130. A suspensão será aplicada em caso de reincidência
máximas dos órgãos ou entidades envolvidos. (Redação dada pela das faltas punidas com advertência e de violação das demais proibi-
Lei nº 9.527, de 10.12.97) ções que não tipifiquem infração sujeita a penalidade de demissão,
não podendo exceder de 90 (noventa) dias.
CAPÍTULO IV § 1o Será punido com suspensão de até 15 (quinze) dias o ser-
DAS RESPONSABILIDADES vidor que, injustificadamente, recusar-se a ser submetido a inspe-
ção médica determinada pela autoridade competente, cessando os
Art. 121. O servidor responde civil, penal e administrativamen- efeitos da penalidade uma vez cumprida a determinação.
te pelo exercício irregular de suas atribuições. § 2o Quando houver conveniência para o serviço, a penalidade
Art. 122. A responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou de suspensão poderá ser convertida em multa, na base de 50% (cin-
comissivo, doloso ou culposo, que resulte em prejuízo ao erário ou qüenta por cento) por dia de vencimento ou remuneração, ficando
a terceiros. o servidor obrigado a permanecer em serviço.
§ 1o A indenização de prejuízo dolosamente causado ao erário Art. 131. As penalidades de advertência e de suspensão terão
somente será liquidada na forma prevista no art. 46, na falta de seus registros cancelados, após o decurso de 3 (três) e 5 (cinco)
outros bens que assegurem a execução do débito pela via judicial. anos de efetivo exercício, respectivamente, se o servidor não hou-
§ 2o Tratando-se de dano causado a terceiros, responderá o ver, nesse período, praticado nova infração disciplinar.
servidor perante a Fazenda Pública, em ação regressiva. Parágrafo único. O cancelamento da penalidade não surtirá
§ 3o A obrigação de reparar o dano estende-se aos sucessores efeitos retroativos.
e contra eles será executada, até o limite do valor da herança rece- Art. 132. A demissão será aplicada nos seguintes casos:
bida. I - crime contra a administração pública;
Art. 123. A responsabilidade penal abrange os crimes e contra- II - abandono de cargo;
venções imputadas ao servidor, nessa qualidade. III - inassiduidade habitual;
Art. 124. A responsabilidade civil-administrativa resulta de ato IV - improbidade administrativa;
omissivo ou comissivo praticado no desempenho do cargo ou fun-
V - incontinência pública e conduta escandalosa, na repartição;
ção.
VI - insubordinação grave em serviço;
Art. 125. As sanções civis, penais e administrativas poderão
VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, salvo
cumular-se, sendo independentes entre si.
em legítima defesa própria ou de outrem;
Art. 126. A responsabilidade administrativa do servidor será
VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos;
afastada no caso de absolvição criminal que negue a existência do
IX - revelação de segredo do qual se apropriou em razão do
fato ou sua autoria.
cargo;
Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser responsabilizado civil,
X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio na-
penal ou administrativamente por dar ciência à autoridade superior
ou, quando houver suspeita de envolvimento desta, a outra autori- cional;
dade competente para apuração de informação concernente à prá- XI - corrupção;
tica de crimes ou improbidade de que tenha conhecimento, ainda XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públi-
que em decorrência do exercício de cargo, emprego ou função pú- cas;
blica. (Incluído pela Lei nº 12.527, de 2011) XIII - transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117.
Art. 133. Detectada a qualquer tempo a acumulação ilegal de
CAPÍTULO V cargos, empregos ou funções públicas, a autoridade a que se refere
DAS PENALIDADES o art. 143 notificará o servidor, por intermédio de sua chefia ime-
diata, para apresentar opção no prazo improrrogável de dez dias,
Art. 127. São penalidades disciplinares: contados da data da ciência e, na hipótese de omissão, adotará pro-
I - advertência; cedimento sumário para a sua apuração e regularização imediata,
II - suspensão; cujo processo administrativo disciplinar se desenvolverá nas seguin-
III - demissão; tes fases: (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade; (Vide ADPF I - instauração, com a publicação do ato que constituir a co-
nº 418) missão, a ser composta por dois servidores estáveis, e simultanea-
V - destituição de cargo em comissão; mente indicar a autoria e a materialidade da transgressão objeto da
VI - destituição de função comissionada. apuração(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
II - instrução sumária, que compreende indiciação, defesa e re-
latório; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
III - julgamento. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
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§ 1o A indicação da autoria de que trata o inciso I dar-se-á pelo Art. 138. Configura abandono de cargo a ausência intencional
nome e matrícula do servidor, e a materialidade pela descrição dos do servidor ao serviço por mais de trinta dias consecutivos.
cargos, empregos ou funções públicas em situação de acumulação Art. 139. Entende-se por inassiduidade habitual a falta ao ser-
ilegal, dos órgãos ou entidades de vinculação, das datas de ingresso, viço, sem causa justificada, por sessenta dias, interpoladamente,
do horário de trabalho e do correspondente regime jurídico.(Reda- durante o período de doze meses.
ção dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Art. 140. O ato de imposição da penalidade mencionará sem-
§ 2o A comissão lavrará, até três dias após a publicação do ato pre o fundamento legal e a causa da sanção disciplinar.
que a constituiu, termo de indiciação em que serão transcritas as Art. 140. Na apuração de abandono de cargo ou inassiduidade
informações de que trata o parágrafo anterior, bem como promo- habitual, também será adotado o procedimento sumário a que se
verá a citação pessoal do servidor indiciado, ou por intermédio de refere o art. 133, observando-se especialmente que: (Redação dada
sua chefia imediata, para, no prazo de cinco dias, apresentar defe- pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
sa escrita, assegurando-se-lhe vista do processo na repartição, ob- I - a indicação da materialidade dar-se-á:(Incluído pela Lei nº
servado o disposto nos arts. 163 e 164. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
9.527, de 10.12.97) a) na hipótese de abandono de cargo, pela indicação precisa do
§ 3o Apresentada a defesa, a comissão elaborará relatório con- período de ausência intencional do servidor ao serviço superior a
clusivo quanto à inocência ou à responsabilidade do servidor, em trinta dias;(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
que resumirá as peças principais dos autos, opinará sobre a licitude b) no caso de inassiduidade habitual, pela indicação dos dias de
da acumulação em exame, indicará o respectivo dispositivo legal e falta ao serviço sem causa justificada, por período igual ou superior
remeterá o processo à autoridade instauradora, para julgamento. a sessenta dias interpoladamente, durante o período de doze me-
(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) ses; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 4o No prazo de cinco dias, contados do recebimento do pro- II - após a apresentação da defesa a comissão elaborará rela-
cesso, a autoridade julgadora proferirá a sua decisão, aplicando-se, tório conclusivo quanto à inocência ou à responsabilidade do ser-
quando for o caso, o disposto no § 3o do art. 167. (Incluído pela Lei vidor, em que resumirá as peças principais dos autos, indicará o
nº 9.527, de 10.12.97) respectivo dispositivo legal, opinará, na hipótese de abandono de
§ 5o A opção pelo servidor até o último dia de prazo para defe- cargo, sobre a intencionalidade da ausência ao serviço superior a
sa configurará sua boa-fé, hipótese em que se converterá automa- trinta dias e remeterá o processo à autoridade instauradora para
ticamente em pedido de exoneração do outro cargo. (Incluído pela julgamento. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Lei nº 9.527, de 10.12.97) Art. 141. As penalidades disciplinares serão aplicadas:
§ 6o Caracterizada a acumulação ilegal e provada a má-fé, I - pelo Presidente da República, pelos Presidentes das Casas do
aplicar-se-á a pena de demissão, destituição ou cassação de apo- Poder Legislativo e dos Tribunais Federais e pelo Procurador-Geral
sentadoria ou disponibilidade em relação aos cargos, empregos ou da República, quando se tratar de demissão e cassação de aposen-
funções públicas em regime de acumulação ilegal, hipótese em que tadoria ou disponibilidade de servidor vinculado ao respectivo Po-
der, órgão, ou entidade;
os órgãos ou entidades de vinculação serão comunicados.(Incluído
II - pelas autoridades administrativas de hierarquia imediata-
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
mente inferior àquelas mencionadas no inciso anterior quando se
§ 7o O prazo para a conclusão do processo administrativo disci-
tratar de suspensão superior a 30 (trinta) dias;
plinar submetido ao rito sumário não excederá trinta dias, contados
III - pelo chefe da repartição e outras autoridades na forma dos
da data de publicação do ato que constituir a comissão, admitida
respectivos regimentos ou regulamentos, nos casos de advertência
a sua prorrogação por até quinze dias, quando as circunstâncias o
ou de suspensão de até 30 (trinta) dias;
exigirem. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
IV - pela autoridade que houver feito a nomeação, quando se
§ 8o O procedimento sumário rege-se pelas disposições des-
tratar de destituição de cargo em comissão.
te artigo, observando-se, no que lhe for aplicável, subsidiariamen- Art. 142. A ação disciplinar prescreverá:
te, as disposições dos Títulos IV e V desta Lei. (Incluído pela Lei nº I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com demis-
9.527, de 10.12.97) são, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e destituição de
Art. 134. Será cassada a aposentadoria ou a disponibilidade do cargo em comissão;
inativo que houver praticado, na atividade, falta punível com a de- II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;
missão.(Vide ADPF nº 418) III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto à advertência.
Art. 135. A destituição de cargo em comissão exercido por não § 1o O prazo de prescrição começa a correr da data em que o
ocupante de cargo efetivo será aplicada nos casos de infração sujei- fato se tornou conhecido.
ta às penalidades de suspensão e de demissão. § 2o Os prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam-se
Parágrafo único. Constatada a hipótese de que trata este artigo, às infrações disciplinares capituladas também como crime.
a exoneração efetuada nos termos do art. 35 será convertida em § 3o A abertura de sindicância ou a instauração de processo
destituição de cargo em comissão. disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão final proferida por
Art. 136. A demissão ou a destituição de cargo em comissão, autoridade competente.
nos casos dos incisos IV, VIII, X e XI do art. 132, implica a indisponi- § 4o Interrompido o curso da prescrição, o prazo começará a
bilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, sem prejuízo da ação correr a partir do dia em que cessar a interrupção.
penal cabível.
Art. 137. A demissão ou a destituição de cargo em comissão,
por infringência do art. 117, incisos IX e XI, incompatibiliza o ex-ser-
vidor para nova investidura em cargo público federal, pelo prazo de
5 (cinco) anos. (Vide ADIN 2975)
Parágrafo único. Não poderá retornar ao serviço público fede-
ral o servidor que for demitido ou destituído do cargo em comissão
por infringência do art. 132, incisos I, IV, VIII, X e XI.
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TÍTULO V CAPÍTULO III
DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR DO PROCESSO DISCIPLINAR
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 148. O processo disciplinar é o instrumento destinado a
apurar responsabilidade de servidor por infração praticada no exer-
Art. 143. A autoridade que tiver ciência de irregularidade no cício de suas atribuições, ou que tenha relação com as atribuições
serviço público é obrigada a promover a sua apuração imediata, do cargo em que se encontre investido.
mediante sindicância ou processo administrativo disciplinar, asse- Art. 149. O processo disciplinar será conduzido por comissão
gurada ao acusado ampla defesa. composta de três servidores estáveis designados pela autoridade
§ 1o Compete ao órgão central do SIPEC supervisionar e fisca- competente, observado o disposto no § 3o do art. 143, que indica-
lizar o cumprimento do disposto neste artigo. (Incluído pela Lei nº rá, dentre eles, o seu presidente, que deverá ser ocupante de cargo
9.527, de 10.12.97) (Revogado pela Lei nº 11.204, de 2005) efetivo superior ou de mesmo nível, ou ter nível de escolaridade
§ 2o Constatada a omissão no cumprimento da obrigação a que igual ou superior ao do indiciado. (Redação dada pela Lei nº 9.527,
se refere o caput deste artigo, o titular do órgão central do SIPEC de 10.12.97)
designará a comissão de que trata o art. 149. (Incluído pela Lei nº § 1o A Comissão terá como secretário servidor designado pelo
9.527, de 10.12.97) (Revogado pela Lei nº 11.204, de 2005) seu presidente, podendo a indicação recair em um de seus mem-
§ 3o A apuração de que trata o caput, por solicitação da au- bros.
toridade a que se refere, poderá ser promovida por autoridade de § 2o Não poderá participar de comissão de sindicância ou de
órgão ou entidade diverso daquele em que tenha ocorrido a irre- inquérito, cônjuge, companheiro ou parente do acusado, consan-
gularidade, mediante competência específica para tal finalidade, güíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau.
delegada em caráter permanente ou temporário pelo Presidente da Art. 150. A Comissão exercerá suas atividades com indepen-
República, pelos presidentes das Casas do Poder Legislativo e dos dência e imparcialidade, assegurado o sigilo necessário à elucida-
Tribunais Federais e pelo Procurador-Geral da República, no âmbito ção do fato ou exigido pelo interesse da administração.
do respectivo Poder, órgão ou entidade, preservadas as competên- Parágrafo único. As reuniões e as audiências das comissões te-
cias para o julgamento que se seguir à apuração. (Incluído pela Lei rão caráter reservado.
nº 9.527, de 10.12.97) Art. 151. O processo disciplinar se desenvolve nas seguintes
Art. 144. As denúncias sobre irregularidades serão objeto de fases:
apuração, desde que contenham a identificação e o endereço do I - instauração, com a publicação do ato que constituir a co-
denunciante e sejam formuladas por escrito, confirmada a auten- missão;
ticidade. II - inquérito administrativo, que compreende instrução, defesa
Parágrafo único. Quando o fato narrado não configurar eviden- e relatório;
te infração disciplinar ou ilícito penal, a denúncia será arquivada, III - julgamento.
por falta de objeto. Art. 152. O prazo para a conclusão do processo disciplinar não
Art. 145. Da sindicância poderá resultar: excederá 60 (sessenta) dias, contados da data de publicação do ato
I - arquivamento do processo; que constituir a comissão, admitida a sua prorrogação por igual pra-
II - aplicação de penalidade de advertência ou suspensão de até zo, quando as circunstâncias o exigirem.
30 (trinta) dias; § 1o Sempre que necessário, a comissão dedicará tempo in-
III - instauração de processo disciplinar. tegral aos seus trabalhos, ficando seus membros dispensados do
ponto, até a entrega do relatório final.
Parágrafo único. O prazo para conclusão da sindicância não ex-
§ 2o As reuniões da comissão serão registradas em atas que
cederá 30 (trinta) dias, podendo ser prorrogado por igual período, a
deverão detalhar as deliberações adotadas.
critério da autoridade superior.
Art. 146. Sempre que o ilícito praticado pelo servidor ensejar
SEÇÃO I
a imposição de penalidade de suspensão por mais de 30 (trinta)
DO INQUÉRITO
dias, de demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade,
ou destituição de cargo em comissão, será obrigatória a instauração
Art. 153. O inquérito administrativo obedecerá ao princípio do
de processo disciplinar.
contraditório, assegurada ao acusado ampla defesa, com a utiliza-
ção dos meios e recursos admitidos em direito.
CAPÍTULO II Art. 154. Os autos da sindicância integrarão o processo discipli-
DO AFASTAMENTO PREVENTIVO nar, como peça informativa da instrução.
Parágrafo único. Na hipótese de o relatório da sindicância con-
Art. 147. Como medida cautelar e a fim de que o servidor não cluir que a infração está capitulada como ilícito penal, a autoridade
venha a influir na apuração da irregularidade, a autoridade instau- competente encaminhará cópia dos autos ao Ministério Público, in-
radora do processo disciplinar poderá determinar o seu afastamen- dependentemente da imediata instauração do processo disciplinar.
to do exercício do cargo, pelo prazo de até 60 (sessenta) dias, sem Art. 155. Na fase do inquérito, a comissão promoverá a tomada
prejuízo da remuneração. de depoimentos, acareações, investigações e diligências cabíveis,
Parágrafo único. O afastamento poderá ser prorrogado por objetivando a coleta de prova, recorrendo, quando necessário, a
igual prazo, findo o qual cessarão os seus efeitos, ainda que não técnicos e peritos, de modo a permitir a completa elucidação dos
concluído o processo. fatos.
Art. 156. É assegurado ao servidor o direito de acompanhar o
processo pessoalmente ou por intermédio de procurador, arrolar e
reinquirir testemunhas, produzir provas e contraprovas e formular
quesitos, quando se tratar de prova pericial.
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§ 1o O presidente da comissão poderá denegar pedidos con- § 2o Para defender o indiciado revel, a autoridade instauradora
siderados impertinentes, meramente protelatórios, ou de nenhum do processo designará um servidor como defensor dativo, que de-
interesse para o esclarecimento dos fatos. verá ser ocupante de cargo efetivo superior ou de mesmo nível, ou
§ 2o Será indeferido o pedido de prova pericial, quando a com- ter nível de escolaridade igual ou superior ao do indiciado. (Reda-
provação do fato independer de conhecimento especial de perito. ção dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 157. As testemunhas serão intimadas a depor mediante Art. 165. Apreciada a defesa, a comissão elaborará relatório mi-
mandado expedido pelo presidente da comissão, devendo a segun- nucioso, onde resumirá as peças principais dos autos e mencionará
da via, com o ciente do interessado, ser anexado aos autos. as provas em que se baseou para formar a sua convicção.
Parágrafo único. Se a testemunha for servidor público, a expe- § 1o O relatório será sempre conclusivo quanto à inocência ou
dição do mandado será imediatamente comunicada ao chefe da re- à responsabilidade do servidor.
partição onde serve, com a indicação do dia e hora marcados para § 2o Reconhecida a responsabilidade do servidor, a comissão
inquirição. indicará o dispositivo legal ou regulamentar transgredido, bem
Art. 158. O depoimento será prestado oralmente e reduzido a como as circunstâncias agravantes ou atenuantes.
termo, não sendo lícito à testemunha trazê-lo por escrito. Art. 166. O processo disciplinar, com o relatório da comissão,
§ 1o As testemunhas serão inquiridas separadamente. será remetido à autoridade que determinou a sua instauração, para
§ 2o Na hipótese de depoimentos contraditórios ou que se in- julgamento.
firmem, proceder-se-á à acareação entre os depoentes.
Art. 159. Concluída a inquirição das testemunhas, a comissão SEÇÃO II
promoverá o interrogatório do acusado, observados os procedi- DO JULGAMENTO
mentos previstos nos arts. 157 e 158.
§ 1o No caso de mais de um acusado, cada um deles será ouvi- Art. 167. No prazo de 20 (vinte) dias, contados do recebimento
do separadamente, e sempre que divergirem em suas declarações do processo, a autoridade julgadora proferirá a sua decisão.
sobre fatos ou circunstâncias, será promovida a acareação entre § 1o Se a penalidade a ser aplicada exceder a alçada da autori-
eles. dade instauradora do processo, este será encaminhado à autorida-
§ 2o O procurador do acusado poderá assistir ao interrogatório, de competente, que decidirá em igual prazo.
bem como à inquirição das testemunhas, sendo-lhe vedado inter- § 2o Havendo mais de um indiciado e diversidade de sanções,
ferir nas perguntas e respostas, facultando-se-lhe, porém, reinquiri- o julgamento caberá à autoridade competente para a imposição da
-las, por intermédio do presidente da comissão. pena mais grave.
Art. 160. Quando houver dúvida sobre a sanidade mental do § 3o Se a penalidade prevista for a demissão ou cassação de
acusado, a comissão proporá à autoridade competente que ele seja aposentadoria ou disponibilidade, o julgamento caberá às autorida-
submetido a exame por junta médica oficial, da qual participe pelo des de que trata o inciso I do art. 141.
menos um médico psiquiatra. § 4o Reconhecida pela comissão a inocência do servidor, a au-
Parágrafo único. O incidente de sanidade mental será processa- toridade instauradora do processo determinará o seu arquivamen-
do em auto apartado e apenso ao processo principal, após a expe- to, salvo se flagrantemente contrária à prova dos autos. (Incluído
dição do laudo pericial. pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 161. Tipificada a infração disciplinar, será formulada a indi- Art. 168. O julgamento acatará o relatório da comissão, salvo
ciação do servidor, com a especificação dos fatos a ele imputados e quando contrário às provas dos autos.
das respectivas provas. Parágrafo único. Quando o relatório da comissão contrariar as
§ 1o O indiciado será citado por mandado expedido pelo pre- provas dos autos, a autoridade julgadora poderá, motivadamente,
sidente da comissão para apresentar defesa escrita, no prazo de 10 agravar a penalidade proposta, abrandá-la ou isentar o servidor de
(dez) dias, assegurando-se-lhe vista do processo na repartição. responsabilidade.
§ 2o Havendo dois ou mais indiciados, o prazo será comum e Art. 169. Verificada a ocorrência de vício insanável, a autorida-
de 20 (vinte) dias. de que determinou a instauração do processo ou outra de hierar-
§ 3o O prazo de defesa poderá ser prorrogado pelo dobro, para quia superior declarará a sua nulidade, total ou parcial, e ordenará,
diligências reputadas indispensáveis. no mesmo ato, a constituição de outra comissão para instauração
§ 4o No caso de recusa do indiciado em apor o ciente na cópia de novo processo.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
da citação, o prazo para defesa contar-se-á da data declarada, em § 1o O julgamento fora do prazo legal não implica nulidade do
termo próprio, pelo membro da comissão que fez a citação, com a processo.
assinatura de (2) duas testemunhas. § 2o A autoridade julgadora que der causa à prescrição de que
Art. 162. O indiciado que mudar de residência fica obrigado a trata o art. 142, § 2o, será responsabilizada na forma do Capítulo IV
comunicar à comissão o lugar onde poderá ser encontrado. do Título IV.
Art. 163. Achando-se o indiciado em lugar incerto e não sabido, Art. 170. Extinta a punibilidade pela prescrição, a autoridade
será citado por edital, publicado no Diário Oficial da União e em julgadora determinará o registro do fato nos assentamentos indivi-
jornal de grande circulação na localidade do último domicílio co- duais do servidor.
nhecido, para apresentar defesa. Art. 171. Quando a infração estiver capitulada como crime, o
Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, o prazo para defesa processo disciplinar será remetido ao Ministério Público para ins-
será de 15 (quinze) dias a partir da última publicação do edital. tauração da ação penal, ficando trasladado na repartição.
Art. 164. Considerar-se-á revel o indiciado que, regularmente Art. 172. O servidor que responder a processo disciplinar só
citado, não apresentar defesa no prazo legal. poderá ser exonerado a pedido, ou aposentado voluntariamente,
§ 1o A revelia será declarada, por termo, nos autos do processo após a conclusão do processo e o cumprimento da penalidade, aca-
e devolverá o prazo para a defesa. so aplicada.
Parágrafo único. Ocorrida a exoneração de que trata o parágra-
fo único, inciso I do art. 34, o ato será convertido em demissão, se
for o caso.
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Art. 173. Serão assegurados transporte e diárias: § 2o O servidor afastado ou licenciado do cargo efetivo, sem
I - ao servidor convocado para prestar depoimento fora da sede direito à remuneração, inclusive para servir em organismo oficial
de sua repartição, na condição de testemunha, denunciado ou in- internacional do qual o Brasil seja membro efetivo ou com o qual
diciado; coopere, ainda que contribua para regime de previdência social no
II - aos membros da comissão e ao secretário, quando obriga- exterior, terá suspenso o seu vínculo com o regime do Plano de Se-
dos a se deslocarem da sede dos trabalhos para a realização de mis- guridade Social do Servidor Público enquanto durar o afastamento
são essencial ao esclarecimento dos fatos. ou a licença, não lhes assistindo, neste período, os benefícios do
mencionado regime de previdência. (Incluído pela Lei nº 10.667,
SEÇÃO III de 14.5.2003) (Revogado pela Medida Provisória nº 689, de 2015)
DA REVISÃO DO PROCESSO (Produção de efeito)(Vigência encerrada)
§ 2o O servidor afastado ou licenciado do cargo efetivo, sem
Art. 174. O processo disciplinar poderá ser revisto, a qualquer direito à remuneração, inclusive para servir em organismo oficial
tempo, a pedido ou de ofício, quando se aduzirem fatos novos ou internacional do qual o Brasil seja membro efetivo ou com o qual
circunstâncias suscetíveis de justificar a inocência do punido ou a coopere, ainda que contribua para regime de previdência social no
inadequação da penalidade aplicada. exterior, terá suspenso o seu vínculo com o regime do Plano de Se-
§ 1o Em caso de falecimento, ausência ou desaparecimento do guridade Social do Servidor Público enquanto durar o afastamento
servidor, qualquer pessoa da família poderá requerer a revisão do ou a licença, não lhes assistindo, neste período, os benefícios do
processo. mencionado regime de previdência. (Incluído pela Lei nº 10.667,
§ 2o No caso de incapacidade mental do servidor, a revisão será de 14.5.2003)
requerida pelo respectivo curador. § 3o Será assegurada ao servidor licenciado ou afastado sem
Art. 175. No processo revisional, o ônus da prova cabe ao re- remuneração a manutenção da vinculação ao regime do Plano de
querente. Seguridade Social do Servidor Público, mediante o recolhimento
Art. 176. A simples alegação de injustiça da penalidade não mensal da respectiva contribuição, no mesmo percentual devido
constitui fundamento para a revisão, que requer elementos novos, pelos servidores em atividade, incidente sobre a remuneração total
ainda não apreciados no processo originário. do cargo a que faz jus no exercício de suas atribuições, computan-
Art. 177. O requerimento de revisão do processo será dirigido do-se, para esse efeito, inclusive, as vantagens pessoais. (Incluído
ao Ministro de Estado ou autoridade equivalente, que, se autorizar pela Lei nº 10.667, de 14.5.2003)
a revisão, encaminhará o pedido ao dirigente do órgão ou entidade § 3o Será assegurada ao servidor licenciado ou afastado sem
onde se originou o processo disciplinar. remuneração a manutenção da vinculação ao regime do Plano de
Parágrafo único. Deferida a petição, a autoridade competente Seguridade Social do Servidor Público, mediante o recolhimento
providenciará a constituição de comissão, na forma do art. 149. mensal da contribuição própria, no mesmo percentual devido pelos
Art. 178. A revisão correrá em apenso ao processo originário. servidores em atividade, acrescida do valor equivalente à contri-
Parágrafo único. Na petição inicial, o requerente pedirá dia e buição da União, suas autarquias ou fundações, incidente sobre a
hora para a produção de provas e inquirição das testemunhas que remuneração total do cargo a que faz jus no exercício de suas atri-
arrolar. buições, computando-se, para esse efeito, inclusive, as vantagens
Art. 179. A comissão revisora terá 60 (sessenta) dias para a con- pessoais. (Redação dada pela Medida Provisória nº 689, de 2015)
clusão dos trabalhos. (Produção de efeito)(Vigência encerrada)
Art. 180. Aplicam-se aos trabalhos da comissão revisora, no § 3o Será assegurada ao servidor licenciado ou afastado sem
que couber, as normas e procedimentos próprios da comissão do remuneração a manutenção da vinculação ao regime do Plano de
processo disciplinar. Seguridade Social do Servidor Público, mediante o recolhimento
Art. 181. O julgamento caberá à autoridade que aplicou a pena- mensal da respectiva contribuição, no mesmo percentual devido
lidade, nos termos do art. 141. pelos servidores em atividade, incidente sobre a remuneração total
Parágrafo único. O prazo para julgamento será de 20 (vinte) do cargo a que faz jus no exercício de suas atribuições, computan-
dias, contados do recebimento do processo, no curso do qual a au- do-se, para esse efeito, inclusive, as vantagens pessoais. (Incluído
toridade julgadora poderá determinar diligências. pela Lei nº 10.667, de 14.5.2003)
Art. 182. Julgada procedente a revisão, será declarada sem § 4o O recolhimento de que trata o § 3o deve ser efetuado até
efeito a penalidade aplicada, restabelecendo-se todos os direitos o segundo dia útil após a data do pagamento das remunerações dos
do servidor, exceto em relação à destituição do cargo em comissão, servidores públicos, aplicando-se os procedimentos de cobrança e
que será convertida em exoneração. execução dos tributos federais quando não recolhidas na data de
Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá resultar vencimento.(Incluído pela Lei nº 10.667, de 14.5.2003)
agravamento de penalidade. Art. 184. O Plano de Seguridade Social visa a dar cobertura aos
riscos a que estão sujeitos o servidor e sua família, e compreende
TÍTULO VI um conjunto de benefícios e ações que atendam às seguintes fina-
DA SEGURIDADE SOCIAL DO SERVIDOR lidades:
CAPÍTULO I I - garantir meios de subsistência nos eventos de doença, inva-
DISPOSIÇÕES GERAIS lidez, velhice, acidente em serviço, inatividade, falecimento e re-
clusão;
Art. 183. A União manterá Plano de Seguridade Social para o II - proteção à maternidade, à adoção e à paternidade;
servidor e sua família. III - assistência à saúde.
§ 1o O servidor ocupante de cargo em comissão que não seja, Parágrafo único. Os benefícios serão concedidos nos termos
simultaneamente, ocupante de cargo ou emprego efetivo na admi- e condições definidos em regulamento, observadas as disposições
nistração pública direta, autárquica e fundacional não terá direito desta Lei.
aos benefícios do Plano de Seguridade Social, com exceção da as- Art. 185. Os benefícios do Plano de Seguridade Social do servi-
sistência à saúde.(Redação dada pela Lei nº 10.667, de 14.5.2003) dor compreendem:
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DIREITO ADMINISTRATIVO
I - quanto ao servidor: Art. 187. A aposentadoria compulsória será automática, e de-
a) aposentadoria; clarada por ato, com vigência a partir do dia imediato àquele em
b) auxílio-natalidade; que o servidor atingir a idade-limite de permanência no serviço ati-
c) salário-família; vo.
d) licença para tratamento de saúde; Art. 188. A aposentadoria voluntária ou por invalidez vigorará a
e) licença à gestante, à adotante e licença-paternidade; partir da data da publicação do respectivo ato.
f) licença por acidente em serviço; § 1o A aposentadoria por invalidez será precedida de licença
g) assistência à saúde; para tratamento de saúde, por período não excedente a 24 (vinte
h) garantia de condições individuais e ambientais de trabalho e quatro) meses.
satisfatórias; § 2o Expirado o período de licença e não estando em condi-
II - quanto ao dependente: ções de reassumir o cargo ou de ser readaptado, o servidor será
a) pensão vitalícia e temporária; aposentado.
b) auxílio-funeral; § 3o O lapso de tempo compreendido entre o término da licen-
c) auxílio-reclusão; ça e a publicação do ato da aposentadoria será considerado como
d) assistência à saúde. de prorrogação da licença.
§ 1o As aposentadorias e pensões serão concedidas e mantidas § 4o Para os fins do disposto no § 1o deste artigo, serão con-
pelos órgãos ou entidades aos quais se encontram vinculados os sideradas apenas as licenças motivadas pela enfermidade enseja-
servidores, observado o disposto nos arts. 189 e 224. dora da invalidez ou doenças correlacionadas. (Incluído pela Lei nº
§ 2o O recebimento indevido de benefícios havidos por fraude, 11.907, de 2009)
dolo ou má-fé, implicará devolução ao erário do total auferido, sem § 5o A critério da Administração, o servidor em licença para
prejuízo da ação penal cabível. tratamento de saúde ou aposentado por invalidez poderá ser con-
vocado a qualquer momento, para avaliação das condições que
CAPÍTULO II
ensejaram o afastamento ou a aposentadoria.(Incluído pela Lei nº
DOS BENEFÍCIOS
11.907, de 2009)
SEÇÃO I
Art. 189. O provento da aposentadoria será calculado com ob-
DA APOSENTADORIA
servância do disposto no § 3o do art. 41, e revisto na mesma data e
Art. 186. O servidor será aposentado: (Vide art. 40 da Consti- proporção, sempre que se modificar a remuneração dos servidores
tuição) em atividade.
I - por invalidez permanente, sendo os proventos integrais Parágrafo único. São estendidos aos inativos quaisquer bene-
quando decorrente de acidente em serviço, moléstia profissional fícios ou vantagens posteriormente concedidas aos servidores em
ou doença grave, contagiosa ou incurável, especificada em lei, e atividade, inclusive quando decorrentes de transformação ou re-
proporcionais nos demais casos; classificação do cargo ou função em que se deu a aposentadoria.
II - compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com proven- Art. 190. O servidor aposentado com provento proporcional ao
tos proporcionais ao tempo de serviço; tempo de serviço se acometido de qualquer das moléstias especifi-
III - voluntariamente: cadas no § 1o do art. 186 desta Lei e, por esse motivo, for conside-
a) aos 35 (trinta e cinco) anos de serviço, se homem, e aos 30 rado inválido por junta médica oficial passará a perceber provento
(trinta) se mulher, com proventos integrais; integral, calculado com base no fundamento legal de concessão da
b) aos 30 (trinta) anos de efetivo exercício em funções de ma- aposentadoria. (Redação dada pela Lei nº 11.907, de 2009)
gistério se professor, e 25 (vinte e cinco) se professora, com proven- Art. 191. Quando proporcional ao tempo de serviço, o proven-
tos integrais; to não será inferior a 1/3 (um terço) da remuneração da atividade.
c) aos 30 (trinta) anos de serviço, se homem, e aos 25 (vinte e Art. 192. (Vetado).
cinco) se mulher, com proventos proporcionais a esse tempo; Art. 192. O servidor que contar tempo de serviço para aposen-
d) aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e aos tadoria com provento integral será aposentado: (Mantido pelo Con-
60 (sessenta) se mulher, com proventos proporcionais ao tempo de gresso Nacional) (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97))
serviço. I - com a remuneração do padrão de classe imediatamente su-
§ 1o Consideram-se doenças graves, contagiosas ou incuráveis, perior àquela em que se encontra posicionado; (Mantido pelo Con-
a que se refere o inciso I deste artigo, tuberculose ativa, alienação gresso Nacional) (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira posterior II - quando ocupante da última classe da carreira, com a remu-
ao ingresso no serviço público, hanseníase, cardiopatia grave, do- neração do padrão correspondente, acrescida da diferença entre
ença de Parkinson, paralisia irreversível e incapacitante, espondi- esse e o padrão da classe imediatamente anterior. (Mantido pelo
loartrose anquilosante, nefropatia grave, estados avançados do
Congresso Nacional) (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
mal de Paget (osteíte deformante), Síndrome de Imunodeficiência
Art. 193. (Vetado).
Adquirida - AIDS, e outras que a lei indicar, com base na medicina
Art. 193. O servidor que tiver exercido função de direção, che-
especializada.
fia, assessoramento, assistência ou cargo em comissão, por período
§ 2o Nos casos de exercício de atividades consideradas insalu-
bres ou perigosas, bem como nas hipóteses previstas no art. 71, a de 5 (cinco) anos consecutivos, ou 10 (dez) anos interpolados, po-
aposentadoria de que trata o inciso III, “a” e “c”, observará o dispos- derá aposentar-se com a gratificação da função ou remuneração do
to em lei específica. cargo em comissão, de maior valor, desde que exercido por um pe-
§ 3o Na hipótese do inciso I o servidor será submetido à junta ríodo mínimo de 2 (dois) anos. (Mantido pelo Congresso Nacional)
médica oficial, que atestará a invalidez quando caracterizada a in- (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
capacidade para o desempenho das atribuições do cargo ou a im-
possibilidade de se aplicar o disposto no art. 24. (Incluído pela Lei
nº 9.527, de 10.12.97)
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§ 1° Quando o exercício da função ou cargo em comissão de SEÇÃO IV
maior valor não corresponder ao período de 2 (dois) anos, será in- DA LICENÇA PARA TRATAMENTO DE SAÚDE
corporada a gratificação ou remuneração da função ou cargo em
comissão imediatamente inferior dentre os exercidos. (Mantido Art. 202. Será concedida ao servidor licença para tratamento
pelo Congresso Nacional) (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) de saúde, a pedido ou de ofício, com base em perícia médica, sem
§ 2° A aplicação do disposto neste artigo exclui as vantagens prejuízo da remuneração a que fizer jus.
previstas no art. 192, bem como a incorporação de que trata o art. Art. 203. A licença de que trata o art. 202 desta Lei será conce-
62, ressalvado o direito de opção. (Mantido pelo Congresso Nacio- dida com base em perícia oficial. (Redação dada pela Lei nº 11.907,
nal) (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) de 2009)
Art. 194. Ao servidor aposentado será paga a gratificação nata- § 1o Sempre que necessário, a inspeção médica será realizada
lina, até o dia vinte do mês de dezembro, em valor equivalente ao na residência do servidor ou no estabelecimento hospitalar onde se
respectivo provento, deduzido o adiantamento recebido. encontrar internado.
Art. 195. Ao ex-combatente que tenha efetivamente participa- § 2o Inexistindo médico no órgão ou entidade no local onde se
do de operações bélicas, durante a Segunda Guerra Mundial, nos encontra ou tenha exercício em caráter permanente o servidor, e
termos da Lei nº 5.315, de 12 de setembro de 1967, será concedida não se configurando as hipóteses previstas nos parágrafos do art.
aposentadoria com provento integral, aos 25 (vinte e cinco) anos de 230, será aceito atestado passado por médico particular. (Redação
serviço efetivo. dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 3o No caso do § 2o deste artigo, o atestado somente produ-
SEÇÃO II zirá efeitos depois de recepcionado pela unidade de recursos hu-
DO AUXÍLIO-NATALIDADE manos do órgão ou entidade. (Redação dada pela Lei nº 11.907,
de 2009)
Art. 196. O auxílio-natalidade é devido à servidora por motivo § 4o A licença que exceder o prazo de 120 (cento e vinte) dias
de nascimento de filho, em quantia equivalente ao menor venci- no período de 12 (doze) meses a contar do primeiro dia de afasta-
mento do serviço público, inclusive no caso de natimorto. mento será concedida mediante avaliação por junta médica oficial.
§ 1o Na hipótese de parto múltiplo, o valor será acrescido de (Redação dada pela Lei nº 11.907, de 2009)
50% (cinqüenta por cento), por nascituro. § 5o A perícia oficial para concessão da licença de que trata
§ 2o O auxílio será pago ao cônjuge ou companheiro servidor o caput deste artigo, bem como nos demais casos de perícia ofi-
público, quando a parturiente não for servidora. cial previstos nesta Lei, será efetuada por cirurgiões-dentistas, nas
hipóteses em que abranger o campo de atuação da odontologia.
SEÇÃO III (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009)
DO SALÁRIO-FAMÍLIA Art. 204. A licença para tratamento de saúde inferior a 15
(quinze) dias, dentro de 1 (um) ano, poderá ser dispensada de perí-
Art. 197. O salário-família é devido ao servidor ativo ou ao ina- cia oficial, na forma definida em regulamento. (Redação dada pela
tivo, por dependente econômico. Lei nº 11.907, de 2009)
Parágrafo único. Consideram-se dependentes econômicos para Art. 205. O atestado e o laudo da junta médica não se referirão
efeito de percepção do salário-família: ao nome ou natureza da doença, salvo quando se tratar de lesões
I - o cônjuge ou companheiro e os filhos, inclusive os enteados produzidas por acidente em serviço, doença profissional ou qual-
até 21 (vinte e um) anos de idade ou, se estudante, até 24 (vinte e quer das doenças especificadas no art. 186, § 1o.
quatro) anos ou, se inválido, de qualquer idade; Art. 206. O servidor que apresentar indícios de lesões orgânicas
II - o menor de 21 (vinte e um) anos que, mediante autoriza- ou funcionais será submetido a inspeção médica.
ção judicial, viver na companhia e às expensas do servidor, ou do Art. 206-A. O servidor será submetido a exames médicos perió-
inativo; dicos, nos termos e condições definidos em regulamento. (Incluído
III - a mãe e o pai sem economia própria. pela Lei nº 11.907, de 2009) (Regulamento).
Art. 198. Não se configura a dependência econômica quando o Parágrafo único. Para os fins do disposto no caput, a União e
beneficiário do salário-família perceber rendimento do trabalho ou suas entidades autárquicas e fundacionais poderão: (Incluído pela
de qualquer outra fonte, inclusive pensão ou provento da aposen- Lei nº 12.998, de 2014)
tadoria, em valor igual ou superior ao salário-mínimo. I - prestar os exames médicos periódicos diretamente pelo ór-
Art. 199. Quando o pai e mãe forem servidores públicos e vi- gão ou entidade à qual se encontra vinculado o servidor; (Incluído
verem em comum, o salário-família será pago a um deles; quando pela Lei nº 12.998, de 2014)
separados, será pago a um e outro, de acordo com a distribuição II - celebrar convênio ou instrumento de cooperação ou parce-
dos dependentes. ria com os órgãos e entidades da administração direta, suas autar-
Parágrafo único. Ao pai e à mãe equiparam-se o padrasto, a quias e fundações; (Incluído pela Lei nº 12.998, de 2014)
madrasta e, na falta destes, os representantes legais dos incapazes. III - celebrar convênios com operadoras de plano de assistência
Art. 200. O salário-família não está sujeito a qualquer tributo, à saúde, organizadas na modalidade de autogestão, que possuam
nem servirá de base para qualquer contribuição, inclusive para a autorização de funcionamento do órgão regulador, na forma do art.
Previdência Social. 230; ou(Incluído pela Lei nº 12.998, de 2014)
Art. 201. O afastamento do cargo efetivo, sem remuneração, IV - prestar os exames médicos periódicos mediante contrato
não acarreta a suspensão do pagamento do salário-família. administrativo, observado o disposto na Lei no 8.666, de 21 de ju-
nho de 1993, e demais normas pertinentes. (Incluído pela Lei nº
12.998, de 2014)

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SEÇÃO V § 1o A pensão vitalícia é composta de cota ou cotas permanen-
DA LICENÇA À GESTANTE, À ADOTANTE E DA LICENÇA-PATER- tes, que somente se extinguem ou revertem com a morte de seus
NIDADE beneficiários. (Revogado pela Medida Provisória nº 664, de 2014)
(Vigência)(Revogado pela Lei nº 13.135, de 2015)
Art. 207. Será concedida licença à servidora gestante por 120 § 2o A pensão temporária é composta de cota ou cotas que
(cento e vinte) dias consecutivos, sem prejuízo da remuneração. podem se extinguir ou reverter por motivo de morte, cessação de
(Vide Decreto nº 6.690, de 2008) invalidez ou maioridade do beneficiário.(Revogado pela Medida
§ 1o A licença poderá ter início no primeiro dia do nono mês de Provisória nº 664, de 2014)(Vigência) (Revogado pela Lei nº 13.135,
gestação, salvo antecipação por prescrição médica. de 2015)
§ 2o No caso de nascimento prematuro, a licença terá início a Art. 217. São beneficiários das pensões:
partir do parto. I - o cônjuge; (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
§ 3o No caso de natimorto, decorridos 30 (trinta) dias do even- a) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
to, a servidora será submetida a exame médico, e se julgada apta, b) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
reassumirá o exercício. c) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
§ 4o No caso de aborto atestado por médico oficial, a servidora d) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
terá direito a 30 (trinta) dias de repouso remunerado. e) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
Art. 208. Pelo nascimento ou adoção de filhos, o servidor terá II - o cônjuge divorciado ou separado judicialmente ou de fato,
direito à licença-paternidade de 5 (cinco) dias consecutivos. com percepção de pensão alimentícia estabelecida judicialmen-
Art. 209. Para amamentar o próprio filho, até a idade de seis te;(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
meses, a servidora lactante terá direito, durante a jornada de tra- a) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
balho, a uma hora de descanso, que poderá ser parcelada em dois b) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
períodos de meia hora. c) Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
Art. 210. À servidora que adotar ou obtiver guarda judicial de d) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
criança até 1 (um) ano de idade, serão concedidos 90 (noventa) dias III - o companheiro ou companheira que comprove união está-
de licença remunerada. (Vide Decreto nº 6.691, de 2008) vel como entidade familiar; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
Parágrafo único. No caso de adoção ou guarda judicial de crian- IV - o filho de qualquer condição que atenda a um dos seguin-
ça com mais de 1 (um) ano de idade, o prazo de que trata este artigo tes requisitos: (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
será de 30 (trinta) dias. a) seja menor de 21 (vinte e um) anos; (Incluído pela Lei nº
13.135, de 2015)
b) seja inválido; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
SEÇÃO VI
c) tenha deficiência grave; ou (Redação dada pela Lei nº 13.135,
DA LICENÇA POR ACIDENTE EM SERVIÇO
de 2015)(Vigência)
d) tenha deficiência intelectual ou mental; (Redação dada pela
Art. 211. Será licenciado, com remuneração integral, o servidor
Lei nº 13.846, de 2019)
acidentado em serviço.
V - a mãe e o pai que comprovem dependência econômica do
Art. 212. Configura acidente em serviço o dano físico ou mental
servidor; e(Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
sofrido pelo servidor, que se relacione, mediata ou imediatamente,
VI - o irmão de qualquer condição que comprove dependência
com as atribuições do cargo exercido.
econômica do servidor e atenda a um dos requisitos previstos no
Parágrafo único. Equipara-se ao acidente em serviço o dano:
inciso IV. (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
I - decorrente de agressão sofrida e não provocada pelo servi- § 1o A concessão de pensão aos beneficiários de que tratam os
dor no exercício do cargo; incisos I a IV do caput exclui os beneficiários referidos nos incisos V
II - sofrido no percurso da residência para o trabalho e vice- e VI. (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
-versa. § 2o A concessão de pensão aos beneficiários de que trata o
Art. 213. O servidor acidentado em serviço que necessite de inciso V do caput exclui o beneficiário referido no inciso VI.(Redação
tratamento especializado poderá ser tratado em instituição priva- dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
da, à conta de recursos públicos. § 3o O enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho me-
Parágrafo único. O tratamento recomendado por junta médica diante declaração do servidor e desde que comprovada dependên-
oficial constitui medida de exceção e somente será admissível quan- cia econômica, na forma estabelecida em regulamento.(Incluído
do inexistirem meios e recursos adequados em instituição pública. pela Lei nº 13.135, de 2015)
Art. 214. A prova do acidente será feita no prazo de 10 (dez) § 4º (VETADO).(Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)
dias, prorrogável quando as circunstâncias o exigirem. Art. 218. Ocorrendo habilitação de vários titulares à pensão,
o seu valor será distribuído em partes iguais entre os beneficiários
SEÇÃO VII habilitados. (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
DA PENSÃO § 1o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
§ 2o (Revogado).(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
Art. 215. Por morte do servidor, os seus dependentes, nas hi- § 3o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
póteses legais, fazem jus à pensão por morte, observados os limites Art. 219. A pensão por morte será devida ao conjunto dos de-
estabelecidos no inciso XI do caput do art. 37 da Constituição Fede- pendentes do segurado que falecer, aposentado ou não, a contar da
ral e no art. 2º da Lei nº 10.887, de 18 de junho de 2004. (Redação data: (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019)
dada pela Lei nº 13.846, de 2019) I - do óbito, quando requerida em até 180 (cento e oitenta dias)
Art. 216. As pensões distinguem-se, quanto à natureza, em vi- após o óbito, para os filhos menores de 16 (dezesseis) anos, ou em
talícias e temporárias. (Revogado pela Medida Provisória nº 664, de até 90 (noventa) dias após o óbito, para os demais dependentes;
2014) (Vigência) (Revogado pela Lei nº 13.135, de 2015) (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019)
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II - do requerimento, quando requerida após o prazo previs- III - a cessação da invalidez, em se tratando de beneficiário in-
to no inciso I do caput deste artigo; ou (Redação dada pela Lei nº válido, ou o afastamento da deficiência, em se tratando de benefici-
13.846, de 2019) ário com deficiência, respeitados os períodos mínimos decorrentes
III - da decisão judicial, na hipótese de morte presumida.(Reda- da aplicação das alíneas a e b do inciso VII do caput deste artigo;
ção dada pela Lei nº 13.846, de 2019) (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019)
§ 1º A concessão da pensão por morte não será protelada pela IV - o implemento da idade de 21 (vinte e um) anos, pelo filho
falta de habilitação de outro possível dependente e a habilitação ou irmão; (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
posterior que importe em exclusão ou inclusão de dependente só V - a acumulação de pensão na forma do art. 225;
produzirá efeito a partir da data da publicação da portaria de con- VI - a renúncia expressa; e (Redação dada pela Lei nº 13.135,
cessão da pensão ao dependente habilitado.(Redação dada pela Lei de 2015)
nº 13.846, de 2019) VII - em relação aos beneficiários de que tratam os incisos I a III
§ 2º Ajuizada a ação judicial para reconhecimento da condição do caput do art. 217: (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
de dependente, este poderá requerer a sua habilitação provisória a) o decurso de 4 (quatro) meses, se o óbito ocorrer sem que
ao benefício de pensão por morte, exclusivamente para fins de ra- o servidor tenha vertido 18 (dezoito) contribuições mensais ou se o
teio dos valores com outros dependentes, vedado o pagamento da casamento ou a união estável tiverem sido iniciados em menos de 2
respectiva cota até o trânsito em julgado da respectiva ação, ressal- (dois) anos antes do óbito do servidor;(Incluído pela Lei nº 13.135,
vada a existência de decisão judicial em contrário.(Redação dada de 2015)
pela Lei nº 13.846, de 2019) b) o decurso dos seguintes períodos, estabelecidos de acordo
§ 3º Nas ações em que for parte o ente público responsável pela com a idade do pensionista na data de óbito do servidor, depois de
concessão da pensão por morte, este poderá proceder de ofício à vertidas 18 (dezoito) contribuições mensais e pelo menos 2 (dois)
habilitação excepcional da referida pensão, apenas para efeitos de anos após o início do casamento ou da união estável: (Incluído pela
rateio, descontando-se os valores referentes a esta habilitação das Lei nº 13.135, de 2015)
demais cotas, vedado o pagamento da respectiva cota até o trânsito 1) 3 (três) anos, com menos de 21 (vinte e um) anos de idade;
em julgado da respectiva ação, ressalvada a existência de decisão (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
judicial em contrário. (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019) 2) 6 (seis) anos, entre 21 (vinte e um) e 26 (vinte e seis) anos de
§ 4º Julgada improcedente a ação prevista no § 2º ou § 3º deste idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
artigo, o valor retido será corrigido pelos índices legais de reajusta- 3) 10 (dez) anos, entre 27 (vinte e sete) e 29 (vinte e nove) anos
mento e será pago de forma proporcional aos demais dependentes, de idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
de acordo com as suas cotas e o tempo de duração de seus benefí- 4) 15 (quinze) anos, entre 30 (trinta) e 40 (quarenta) anos de
cios.(Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019) idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
§ 5º Em qualquer hipótese, fica assegurada ao órgão conces- 5) 20 (vinte) anos, entre 41 (quarenta e um) e 43 (quarenta e
sor da pensão por morte a cobrança dos valores indevidamente três) anos de idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
pagos em função de nova habilitação. (Incluído pela Lei nº 13.846, 6) vitalícia, com 44 (quarenta e quatro) ou mais anos de idade.
de 2019) (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
Art. 220. Perde o direito à pensão por morte: (Redação dada § 1o A critério da administração, o beneficiário de pensão cuja
pela Lei nº 13.135, de 2015) preservação seja motivada por invalidez, por incapacidade ou por
I - após o trânsito em julgado, o beneficiário condenado pela deficiência poderá ser convocado a qualquer momento para avalia-
prática de crime de que tenha dolosamente resultado a morte do ção das referidas condições. (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
servidor; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) § 2o Serão aplicados, conforme o caso, a regra contida no inciso
II - o cônjuge, o companheiro ou a companheira se compro- III ou os prazos previstos na alínea “b” do inciso VII, ambos do caput,
vada, a qualquer tempo, simulação ou fraude no casamento ou se o óbito do servidor decorrer de acidente de qualquer natureza
na união estável, ou a formalização desses com o fim exclusivo de ou de doença profissional ou do trabalho, independentemente do
constituir benefício previdenciário, apuradas em processo judicial recolhimento de 18 (dezoito) contribuições mensais ou da compro-
no qual será assegurado o direito ao contraditório e à ampla defesa. vação de 2 (dois) anos de casamento ou de união estável. (Incluído
(Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) pela Lei nº 13.135, de 2015)
Art. 221. Será concedida pensão provisória por morte presumi- § 3o Após o transcurso de pelo menos 3 (três) anos e desde
da do servidor, nos seguintes casos: que nesse período se verifique o incremento mínimo de um ano
I - declaração de ausência, pela autoridade judiciária compe- inteiro na média nacional única, para ambos os sexos, correspon-
tente; dente à expectativa de sobrevida da população brasileira ao nascer,
II - desaparecimento em desabamento, inundação, incêndio ou poderão ser fixadas, em números inteiros, novas idades para os fins
acidente não caracterizado como em serviço; previstos na alínea “b” do inciso VII do caput, em ato do Ministro de
III - desaparecimento no desempenho das atribuições do cargo Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão, limitado o acrésci-
ou em missão de segurança. mo na comparação com as idades anteriores ao referido incremen-
Parágrafo único. A pensão provisória será transformada em vi- to. (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
talícia ou temporária, conforme o caso, decorridos 5 (cinco) anos § 4o O tempo de contribuição a Regime Próprio de Previdência
de sua vigência, ressalvado o eventual reaparecimento do servidor, Social (RPPS) ou ao Regime Geral de Previdência Social (RGPS) será
hipótese em que o benefício será automaticamente cancelado. considerado na contagem das 18 (dezoito) contribuições mensais
Art. 222. Acarreta perda da qualidade de beneficiário: referidas nas alíneas “a” e “b” do inciso VII do caput. (Incluído pela
I - o seu falecimento; Lei nº 13.135, de 2015)
II - a anulação do casamento, quando a decisão ocorrer após a § 5º Na hipótese de o servidor falecido estar, na data de seu
concessão da pensão ao cônjuge; falecimento, obrigado por determinação judicial a pagar alimentos
temporários a ex-cônjuge, ex-companheiro ou ex-companheira, a
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DIREITO ADMINISTRATIVO
pensão por morte será devida pelo prazo remanescente na data do § 2o O pagamento do auxílio-reclusão cessará a partir do dia
óbito, caso não incida outra hipótese de cancelamento anterior do imediato àquele em que o servidor for posto em liberdade, ainda
benefício. (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019) que condicional.
§ 6º O beneficiário que não atender à convocação de que trata § 3o Ressalvado o disposto neste artigo, o auxílio-reclusão será
o § 1º deste artigo terá o benefício suspenso, observado o disposto devido, nas mesmas condições da pensão por morte, aos depen-
nos incisos I e II do caput do art. 95 da Lei nº 13.146, de 6 de julho dentes do segurado recolhido à prisão. (Incluído pela Lei nº 13.135,
de 2015. (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019) de 2015)
§ 7º O exercício de atividade remunerada, inclusive na condi-
ção de microempreendedor individual, não impede a concessão ou CAPÍTULO III
manutenção da cota da pensão de dependente com deficiência in- DA ASSISTÊNCIA À SAÚDE
telectual ou mental ou com deficiência grave. (Incluído pela Lei nº
13.846, de 2019) Art. 230. A assistência à saúde do servidor, ativo ou inativo, e
§ 8º No ato de requerimento de benefícios previdenciários, de sua família compreende assistência médica, hospitalar, odonto-
não será exigida apresentação de termo de curatela de titular ou lógica, psicológica e farmacêutica, terá como diretriz básica o imple-
de beneficiário com deficiência, observados os procedimentos a mento de ações preventivas voltadas para a promoção da saúde e
serem estabelecidos em regulamento.(Incluído pela Lei nº 13.846, será prestada pelo Sistema Único de Saúde – SUS, diretamente pelo
de 2019) órgão ou entidade ao qual estiver vinculado o servidor, ou median-
Art. 223. Por morte ou perda da qualidade de beneficiário, a te convênio ou contrato, ou ainda na forma de auxílio, mediante
respectiva cota reverterá para os cobeneficiários. (Redação dada ressarcimento parcial do valor despendido pelo servidor, ativo ou
pela Lei nº 13.135, de 2015) inativo, e seus dependentes ou pensionistas com planos ou seguros
I - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) privados de assistência à saúde, na forma estabelecida em regula-
II - (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) mento. (Redação dada pela Lei nº 11.302 de 2006)
Art. 224. As pensões serão automaticamente atualizadas na § 1o Nas hipóteses previstas nesta Lei em que seja exigida perí-
mesma data e na mesma proporção dos reajustes dos vencimentos cia, avaliação ou inspeção médica, na ausência de médico ou junta
dos servidores, aplicando-se o disposto no parágrafo único do art. médica oficial, para a sua realização o órgão ou entidade celebra-
189. rá, preferencialmente, convênio com unidades de atendimento do
Art. 225. Ressalvado o direito de opção, é vedada a percepção sistema público de saúde, entidades sem fins lucrativos declaradas
cumulativa de pensão deixada por mais de um cônjuge ou compa- de utilidade pública, ou com o Instituto Nacional do Seguro Social -
nheiro ou companheira e de mais de 2 (duas) pensões. (Redação INSS.(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
dada pela Lei nº 13.135, de 2015) § 2o Na impossibilidade, devidamente justificada, da aplicação
do disposto no parágrafo anterior, o órgão ou entidade promoverá a
SEÇÃO VIII contratação da prestação de serviços por pessoa jurídica, que cons-
DO AUXÍLIO-FUNERAL tituirá junta médica especificamente para esses fins, indicando os
nomes e especialidades dos seus integrantes, com a comprovação
Art. 226. O auxílio-funeral é devido à família do servidor faleci- de suas habilitações e de que não estejam respondendo a processo
do na atividade ou aposentado, em valor equivalente a um mês da disciplinar junto à entidade fiscalizadora da profissão. (Incluído pela
remuneração ou provento. Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 1o No caso de acumulação legal de cargos, o auxílio será pago § 3o Para os fins do disposto no caput deste artigo, ficam a
somente em razão do cargo de maior remuneração. União e suas entidades autárquicas e fundacionais autorizadas a:
§ 2o (VETADO). (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006)
§ 3o O auxílio será pago no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, I - celebrar convênios exclusivamente para a prestação de ser-
por meio de procedimento sumaríssimo, à pessoa da família que viços de assistência à saúde para os seus servidores ou empregados
houver custeado o funeral. ativos, aposentados, pensionistas, bem como para seus respectivos
Art. 227. Se o funeral for custeado por terceiro, este será inde- grupos familiares definidos, com entidades de autogestão por elas
nizado, observado o disposto no artigo anterior. patrocinadas por meio de instrumentos jurídicos efetivamente ce-
Art. 228. Em caso de falecimento de servidor em serviço fora lebrados e publicados até 12 de fevereiro de 2006 e que possuam
do local de trabalho, inclusive no exterior, as despesas de transpor- autorização de funcionamento do órgão regulador, sendo certo
te do corpo correrão à conta de recursos da União, autarquia ou que os convênios celebrados depois dessa data somente poderão
fundação pública. sê-lo na forma da regulamentação específica sobre patrocínio de
autogestões, a ser publicada pelo mesmo órgão regulador, no prazo
SEÇÃO IX de 180 (cento e oitenta) dias da vigência desta Lei, normas essas
DO AUXÍLIO-RECLUSÃO também aplicáveis aos convênios existentes até 12 de fevereiro de
2006;(Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006)
Art. 229. À família do servidor ativo é devido o auxílio-reclusão, II - contratar, mediante licitação, na forma da Lei no 8.666, de
nos seguintes valores: 21 de junho de 1993, operadoras de planos e seguros privados de
I - dois terços da remuneração, quando afastado por motivo de assistência à saúde que possuam autorização de funcionamento do
prisão, em flagrante ou preventiva, determinada pela autoridade órgão regulador;(Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006)
competente, enquanto perdurar a prisão; III - (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006)
II - metade da remuneração, durante o afastamento, em virtu- § 4o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006)
de de condenação, por sentença definitiva, a pena que não deter- § 5o O valor do ressarcimento fica limitado ao total despendido
mine a perda de cargo. pelo servidor ou pensionista civil com plano ou seguro privado de
§ 1o Nos casos previstos no inciso I deste artigo, o servidor terá assistência à saúde.(Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006)
direito à integralização da remuneração, desde que absolvido.
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CAPÍTULO IV Art. 235. Nas contratações por tempo determinado, serão ob-
DO CUSTEIO servados os padrões de vencimentos dos planos de carreira do ór-
gão ou entidade contratante, exceto na hipótese do inciso V do art.
Art. 231. O Plano de Seguridade Social do servidor será custe- 233, quando serão observados os valores do mercado de trabalho.
ado com o produto da arrecadação de contribuições sociais obriga- (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93)
tórias dos servidores ativos dos Poderes da União, das autarquias e
das fundações públicas. (Redação dada pela Lei nº 9.630, de 1998) TÍTULO VIII
(Revogado pela Lei nº 9.783, de 28.01.99) CAPÍTULO ÚNICO
§ 1º A contribuição do servidor, diferenciada em função da re- DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
muneração mensal, bem como dos órgãos e entidades, será fixada
em lei. (Redação dada pela Lei nº 9.630, de 1998)(Revogado pela Lei Art. 236. O Dia do Servidor Público será comemorado a vinte e
nº 9.783, de 28.01.99) oito de outubro.
§ 2º O custeio das aposentadorias e pensões é de responsa- Art. 237. Poderão ser instituídos, no âmbito dos Poderes Exe-
bilidade da União e de seus servidores. (Redação dada pela Lei nº cutivo, Legislativo e Judiciário, os seguintes incentivos funcionais,
9.630, de 1998)(Revogado pela Lei nº 9.783, de 28.01.99) além daqueles já previstos nos respectivos planos de carreira:
I - prêmios pela apresentação de idéias, inventos ou trabalhos
TÍTULO VII que favoreçam o aumento de produtividade e a redução dos custos
CAPÍTULO ÚNICO operacionais;
DA CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA DE EXCEPCIONAL INTERES- II - concessão de medalhas, diplomas de honra ao mérito, con-
SE PÚBLICO decoração e elogio.
Art. 238. Os prazos previstos nesta Lei serão contados em dias
Art. 232. Para atender a necessidades temporárias de excep- corridos, excluindo-se o dia do começo e incluindo-se o do venci-
cional interesse público, poderão ser efetuadas contratações de mento, ficando prorrogado, para o primeiro dia útil seguinte, o pra-
pessoal por tempo determinado, mediante contrato de locação de zo vencido em dia em que não haja expediente.
Art. 239. Por motivo de crença religiosa ou de convicção filo-
serviços.(Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93)
sófica ou política, o servidor não poderá ser privado de quaisquer
Art. 233. Consideram-se como de necessidade temporária de
dos seus direitos, sofrer discriminação em sua vida funcional, nem
excepcional interesse público as contratações que visem a: (Revo-
eximir-se do cumprimento de seus deveres.
gado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93)
Art. 240. Ao servidor público civil é assegurado, nos termos da
I - combater surtos epidêmicos; (Revogado pela Lei nº 8.745, Constituição Federal, o direito à livre associação sindical e os se-
de 9.12.93) guintes direitos, entre outros, dela decorrentes:
II - fazer recenseamento;(Revogado pela Lei nº 8.745, de a) de ser representado pelo sindicato, inclusive como substitu-
9.12.93) to processual;
III - atender a situações de calamidade pública;(Revogado pela b) de inamovibilidade do dirigente sindical, até um ano após o
Lei nº 8.745, de 9.12.93) final do mandato, exceto se a pedido;
IV - substituir professor ou admitir professor visitante, inclusive c) de descontar em folha, sem ônus para a entidade sindical a
estrangeiro;(Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93) que for filiado, o valor das mensalidades e contribuições definidas
V - permitir a execução de serviço por profissional de notória em assembléia geral da categoria.(Revogado pela Medida Provisó-
especialização, inclusive estrangeiro, nas áreas de pesquisa científi- ria nº 873, de 2019) (Vigência encerrada)
ca e tecnológica; (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93) c) de descontar em folha, sem ônus para a entidade sindical a
VI - atender a outras situações de urgência que vierem a ser que for filiado, o valor das mensalidades e contribuições definidas
definidas em lei. (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93) em assembléia geral da categoria.
§ 1° As contratações de que trata este artigo terão dotação es- d) de negociação coletiva; (Mantido pelo Congresso Nacional)
pecífica e obedecerão aos seguintes prazos:(Revogado pela Lei nº (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
8.745, de 9.12.93) e) (Vetado).
I - nas hipóteses dos incisos I, III e VI, seis meses; (Revogado e) de ajuizamento, individual e coletivamente, frente à Justi-
pela Lei nº 8.745, de 9.12.93) ça do Trabalho, nos termos da Constituição Federal. (Mantido pelo
II - na hipótese do inciso II, doze meses;(Revogado pela Lei nº Congresso Nacional) (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
8.745, de 9.12.93) Art. 241. Consideram-se da família do servidor, além do cônju-
III - nas hipóteses dos incisos IV e V, até quarenta e oito meses. ge e filhos, quaisquer pessoas que vivam às suas expensas e cons-
(Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93) tem do seu assentamento individual.
§ 2° Os prazos de que trata o parágrafo anterior são improrro- Parágrafo único. Equipara-se ao cônjuge a companheira ou
gáveis.(Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93) companheiro, que comprove união estável como entidade familiar.
Art. 242. Para os fins desta Lei, considera-se sede o município
§ 3° O recrutamento será feito mediante processo seletivo sim-
onde a repartição estiver instalada e onde o servidor tiver exercício,
plificado, sujeito a ampla divulgação em jornal de grande circula-
em caráter permanente.
ção, exceto nas hipóteses dos incisos III e VI. (Revogado pela Lei nº
8.745, de 9.12.93)
Art. 234. É vedado o desvio de função de pessoa contratada
na forma deste título, bem como sua recontratação, sob pena de
nulidade do contrato e responsabilidade administrativa e civil da
autoridade contratante.(Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93)

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TÍTULO IX Art. 250. O servidor que já tiver satisfeito ou vier a satisfazer,
CAPÍTULO ÚNICO dentro de 1 (um) ano, as condições necessárias para a aposentado-
DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS E FINAIS ria nos termos do inciso II do art. 184 do antigo Estatuto dos Fun-
cionários Públicos Civis da União, Lei n° 1.711, de 28 de outubro de
Art. 243. Ficam submetidos ao regime jurídico instituído por 1952, aposentar-se-á com a vantagem prevista naquele dispositivo.
esta Lei, na qualidade de servidores públicos, os servidores dos Po- (Mantido pelo Congresso Nacional)
deres da União, dos ex-Territórios, das autarquias, inclusive as em Art. 251. Enquanto não for editada a Lei Complementar de que
regime especial, e das fundações públicas, regidos pela Lei nº 1.711, trata o art. 192 da Constituição Federal, os servidores do Banco
de 28 de outubro de 1952 - Estatuto dos Funcionários Públicos Civis Central do Brasil continuarão regidos pela legislação em vigor à data
da União, ou pela Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo da publicação desta lei. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Decreto-Lei nº 5.452, de 1o de maio de 1943, exceto os contrata- Art. 252. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, com
dos por prazo determinado, cujos contratos não poderão ser pror- efeitos financeiros a partir do primeiro dia do mês subseqüente.
rogados após o vencimento do prazo de prorrogação. Art. 253. Ficam revogadas a Lei nº 1.711, de 28 de outubro de
§ 1o Os empregos ocupados pelos servidores incluídos no regi- 1952, e respectiva legislação complementar, bem como as demais
me instituído por esta Lei ficam transformados em cargos, na data disposições em contrário.
de sua publicação. Brasília, 11 de dezembro de 1990; 169o da Independência e
§ 2o As funções de confiança exercidas por pessoas não in- 102o da República.
tegrantes de tabela permanente do órgão ou entidade onde têm FERNANDO COLLOR
exercício ficam transformadas em cargos em comissão, e mantidas Jarbas Passarinho
enquanto não for implantado o plano de cargos dos órgãos ou enti-
dades na forma da lei. LEI Nº 8.112, DE 11 DE DEZEMBRO DE 1990
§ 3o As Funções de Assessoramento Superior - FAS, exercidas
por servidor integrante de quadro ou tabela de pessoal, ficam extin- Dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis da
tas na data da vigência desta Lei. União, das autarquias e das fundações públicas federais.
§ 4o (VETADO).
Partes vetadas pelo Presidente da República e mantidas pelo
§ 5o O regime jurídico desta Lei é extensivo aos serventuários
Congresso Nacional, do Projeto que se transformou na Lei n.° 8.112,
da Justiça, remunerados com recursos da União, no que couber.
de 11 de dezembro de 1990, que “dispõe sobre o Regime Jurídico
§ 6o Os empregos dos servidores estrangeiros com estabilida-
dos Servidores Públicos Civis da União, das autarquias e das funda-
de no serviço público, enquanto não adquirirem a nacionalidade
ções públicas federais”.
brasileira, passarão a integrar tabela em extinção, do respectivo ór-
O PRESIDENTE DO SENADO FEDERAL:
gão ou entidade, sem prejuízo dos direitos inerentes aos planos de
Faço saber que o CONGRESSO NACIONAL manteve, e eu, MAU-
carreira aos quais se encontrem vinculados os empregos.
RO BENEVIDES, Presidente do Senado Federal, nos termos do § 7°
§ 7o Os servidores públicos de que trata o caput deste artigo,
não amparados pelo art. 19 do Ato das Disposições Constitucionais do art. 66 da Constituição, promulgo as seguintes partes da Lei n°
Transitórias, poderão, no interesse da Administração e conforme 8.112, de 11 de dezembro de 1990:
critérios estabelecidos em regulamento, ser exonerados median- “Art. 87 .......................................................................................
te indenização de um mês de remuneração por ano de efetivo ......................................
exercício no serviço público federal. (Incluído pela Lei nº 9.527, de § 1° .............................................................................................
10.12.97) .....................................
§ 8o Para fins de incidência do imposto de renda na fonte e na § 2° Os períodos de licença-prêmio já adquiridos e não gozados
declaração de rendimentos, serão considerados como indenizações pelo servidor que vier a falecer serão convertidos em pecúnia, em
isentas os pagamentos efetuados a título de indenização prevista favor de seus beneficiários da pensão.
no parágrafo anterior. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Art. 192. O servidor que contar tempo de serviço para aposen-
§ 9o Os cargos vagos em decorrência da aplicação do disposto tadoria com provento integral será aposentado:
no § 7o poderão ser extintos pelo Poder Executivo quando conside- I - com a remuneração do padrão de classe imediatamente su-
rados desnecessários. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) perior àquela em que se encontra posicionado;
Art. 244. Os adicionais por tempo de serviço, já concedidos aos II - quando ocupante da última classe da carreira, com a remu-
servidores abrangidos por esta Lei, ficam transformados em anuê- neração do padrão correspondente, acrescida da diferença entre
nio. esse e o padrão da classe imediatamente anterior.
Art. 245. A licença especial disciplinada pelo art. 116 da Lei nº Art. 193. O servidor que tiver exercido função de direção, che-
1.711, de 1952, ou por outro diploma legal, fica transformada em fia, assessoramento, assistência ou cargo em comissão, por perío-
licença-prêmio por assiduidade, na forma prevista nos arts. 87 a 90. do de 5 (cinco) anos consecutivos, ou 10 (dez) anos interpolados,
Art. 246. (VETADO). poderá aposentar-se com a gratificação da função ou remuneração
Art. 247. Para efeito do disposto no Título VI desta Lei, haverá do cargo em comissão, de maior valor, desde que exercido por um
ajuste de contas com a Previdência Social, correspondente ao perí- período mínimo de 2 (dois) anos.
odo de contribuição por parte dos servidores celetistas abrangidos § 1° Quando o exercício da função ou cargo em comissão de
pelo art. 243. (Redação dada pela Lei nº 8.162, de 8.1.91) maior valor não corresponder ao período de 2 (dois) anos, será in-
Art. 248. As pensões estatutárias, concedidas até a vigência corporada a gratificação ou remuneração da função ou cargo em
desta Lei, passam a ser mantidas pelo órgão ou entidade de origem comissão imediatamente inferior dentre os exercidos.
do servidor. § 2° A aplicação do disposto neste artigo exclui as vantagens
Art. 249. Até a edição da lei prevista no § 1o do art. 231, os previstas no art. 192, bem como a incorporação de que trata o art.
servidores abrangidos por esta Lei contribuirão na forma e nos per- 62, ressalvado o direito de opção.
centuais atualmente estabelecidos para o servidor civil da União Art. 231. .....................................................................................
conforme regulamento próprio. ......................................
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§ 1° ............................................................................................. IV - atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e
..................................... boa-fé;
§ 2º O custeio da aposentadoria é de responsabilidade integral V - divulgação oficial dos atos administrativos, ressalvadas as
do Tesouro Nacional. hipóteses de sigilo previstas na Constituição;
Art. 240. ..................................................................................... VI - adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obri-
...................................... gações, restrições e sanções em medida superior àquelas estrita-
a) ................................................................................................ mente necessárias ao atendimento do interesse público;
..................................... VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito que deter-
b) ................................................................................................ minarem a decisão;
..................................... VIII – observância das formalidades essenciais à garantia dos
c) ................................................................................................ direitos dos administrados;
..................................... IX - adoção de formas simples, suficientes para propiciar ade-
d) de negociação coletiva; quado grau de certeza, segurança e respeito aos direitos dos admi-
e) de ajuizamento, individual e coletivamente, frente à Justiça nistrados;
do Trabalho, nos termos da Constituição Federal. X - garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de ale-
Art. 250. O servidor que já tiver satisfeito ou vier a satisfazer, gações finais, à produção de provas e à interposição de recursos,
dentro de 1 (um) ano, as condições necessárias para a aposentado- nos processos de que possam resultar sanções e nas situações de
ria nos termos do inciso II do art. 184 do antigo Estatuto dos Fun- litígio;
cionários Públicos Civis da União, Lei n° 1.711, de 28 de outubro XI - proibição de cobrança de despesas processuais, ressalvadas
de 1952, aposentar-se-á com a vantagem prevista naquele dispo- as previstas em lei;
sitivo.” XII - impulsão, de ofício, do processo administrativo, sem preju-
Senado Federal, 18 de abril de 1991. 170° da Independência e ízo da atuação dos interessados;
103° da República. XIII - interpretação da norma administrativa da forma que me-
lhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada
aplicação retroativa de nova interpretação.
PROCESSO ADMINISTRATIVO (LEI Nº 9.784/1999)
CAPÍTULO II
DOS DIREITOS DOS ADMINISTRADOS

LEI Nº 9.784 , DE 29 DE JANEIRO DE 1999 Art. 3o O administrado tem os seguintes direitos perante a Ad-
ministração, sem prejuízo de outros que lhe sejam assegurados:
Vide Decreto nº 10.882, de 2021 Regula o processo administra- I - ser tratado com respeito pelas autoridades e servidores, que
tivo no âmbito da Administração Pública Federal. deverão facilitar o exercício de seus direitos e o cumprimento de
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na- suas obrigações;
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: II - ter ciência da tramitação dos processos administrativos em
que tenha a condição de interessado, ter vista dos autos, obter có-
CAPÍTULO I pias de documentos neles contidos e conhecer as decisões profe-
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS ridas;
III - formular alegações e apresentar documentos antes da deci-
Art. 1o Esta Lei estabelece normas básicas sobre o processo ad- são, os quais serão objeto de consideração pelo órgão competente;
ministrativo no âmbito da Administração Federal direta e indireta, IV - fazer-se assistir, facultativamente, por advogado, salvo
visando, em especial, à proteção dos direitos dos administrados e quando obrigatória a representação, por força de lei.
ao melhor cumprimento dos fins da Administração.
§ 1o Os preceitos desta Lei também se aplicam aos órgãos dos CAPÍTULO III
Poderes Legislativo e Judiciário da União, quando no desempenho DOS DEVERES DO ADMINISTRADO
de função administrativa.
§ 2o Para os fins desta Lei, consideram-se: Art. 4o São deveres do administrado perante a Administração,
I - órgão - a unidade de atuação integrante da estrutura da Ad- sem prejuízo de outros previstos em ato normativo:
ministração direta e da estrutura da Administração indireta; I - expor os fatos conforme a verdade;
II - entidade - a unidade de atuação dotada de personalidade II - proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé;
jurídica; III - não agir de modo temerário;
III - autoridade - o servidor ou agente público dotado de poder IV - prestar as informações que lhe forem solicitadas e colabo-
de decisão. rar para o esclarecimento dos fatos.
Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos
princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, pro- CAPÍTULO IV
porcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, seguran- DO INÍCIO DO PROCESSO
ça jurídica, interesse público e eficiência.
Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observa- Art. 5o O processo administrativo pode iniciar-se de ofício ou a
dos, entre outros, os critérios de: pedido de interessado.
I - atuação conforme a lei e o Direito; Art. 6o O requerimento inicial do interessado, salvo casos em
II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia to- que for admitida solicitação oral, deve ser formulado por escrito e
tal ou parcial de poderes ou competências, salvo autorização em lei; conter os seguintes dados:
III - objetividade no atendimento do interesse público, vedada I - órgão ou autoridade administrativa a que se dirige;
a promoção pessoal de agentes ou autoridades; II - identificação do interessado ou de quem o represente;
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III - domicílio do requerente ou local para recebimento de co- Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por motivos
municações; relevantes devidamente justificados, a avocação temporária de
IV - formulação do pedido, com exposição dos fatos e de seus competência atribuída a órgão hierarquicamente inferior.
fundamentos; Art. 16. Os órgãos e entidades administrativas divulgarão publi-
V - data e assinatura do requerente ou de seu representante. camente os locais das respectivas sedes e, quando conveniente, a
Parágrafo único. É vedada à Administração a recusa imotivada unidade fundacional competente em matéria de interesse especial.
de recebimento de documentos, devendo o servidor orientar o in- Art. 17. Inexistindo competência legal específica, o processo
teressado quanto ao suprimento de eventuais falhas. administrativo deverá ser iniciado perante a autoridade de menor
Art. 7o Os órgãos e entidades administrativas deverão elaborar grau hierárquico para decidir.
modelos ou formulários padronizados para assuntos que importem
pretensões equivalentes. CAPÍTULO VII
Art. 8o Quando os pedidos de uma pluralidade de interessados DOS IMPEDIMENTOS E DA SUSPEIÇÃO
tiverem conteúdo e fundamentos idênticos, poderão ser formula-
dos em um único requerimento, salvo preceito legal em contrário. Art. 18. É impedido de atuar em processo administrativo o ser-
vidor ou autoridade que:
CAPÍTULO V I - tenha interesse direto ou indireto na matéria;
DOS INTERESSADOS II - tenha participado ou venha a participar como perito, teste-
munha ou representante, ou se tais situações ocorrem quanto ao
Art. 9o São legitimados como interessados no processo admi- cônjuge, companheiro ou parente e afins até o terceiro grau;
nistrativo: III - esteja litigando judicial ou administrativamente com o inte-
I - pessoas físicas ou jurídicas que o iniciem como titulares de ressado ou respectivo cônjuge ou companheiro.
direitos ou interesses individuais ou no exercício do direito de re- Art. 19. A autoridade ou servidor que incorrer em impedimen-
presentação; to deve comunicar o fato à autoridade competente, abstendo-se
II - aqueles que, sem terem iniciado o processo, têm direitos de atuar.
ou interesses que possam ser afetados pela decisão a ser adotada; Parágrafo único. A omissão do dever de comunicar o impedi-
III - as organizações e associações representativas, no tocante a mento constitui falta grave, para efeitos disciplinares.
direitos e interesses coletivos; Art. 20. Pode ser argüida a suspeição de autoridade ou servidor
IV - as pessoas ou as associações legalmente constituídas quan- que tenha amizade íntima ou inimizade notória com algum dos inte-
to a direitos ou interesses difusos. ressados ou com os respectivos cônjuges, companheiros, parentes
Art. 10. São capazes, para fins de processo administrativo, os e afins até o terceiro grau.
maiores de dezoito anos, ressalvada previsão especial em ato nor- Art. 21. O indeferimento de alegação de suspeição poderá ser
mativo próprio. objeto de recurso, sem efeito suspensivo.

CAPÍTULO VI CAPÍTULO VIII


DA COMPETÊNCIA DA FORMA, TEMPO E LUGAR DOS ATOS DO PROCESSO

Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos Art. 22. Os atos do processo administrativo não dependem de
administrativos a que foi atribuída como própria, salvo os casos de forma determinada senão quando a lei expressamente a exigir.
delegação e avocação legalmente admitidos. § 1o Os atos do processo devem ser produzidos por escrito, em
Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não vernáculo, com a data e o local de sua realização e a assinatura da
houver impedimento legal, delegar parte da sua competência a ou- autoridade responsável.
tros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquica- § 2o Salvo imposição legal, o reconhecimento de firma somen-
mente subordinados, quando for conveniente, em razão de circuns- te será exigido quando houver dúvida de autenticidade.
tâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial. § 3o A autenticação de documentos exigidos em cópia poderá
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica-se à ser feita pelo órgão administrativo.
delegação de competência dos órgãos colegiados aos respectivos § 4o O processo deverá ter suas páginas numeradas seqüen-
presidentes. cialmente e rubricadas.
Art. 13. Não podem ser objeto de delegação: Art. 23. Os atos do processo devem realizar-se em dias úteis,
I - a edição de atos de caráter normativo; no horário normal de funcionamento da repartição na qual tramitar
II - a decisão de recursos administrativos; o processo.
III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou autori- Parágrafo único. Serão concluídos depois do horário normal os
dade. atos já iniciados, cujo adiamento prejudique o curso regular do pro-
Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deverão ser publi- cedimento ou cause dano ao interessado ou à Administração.
cados no meio oficial. Art. 24. Inexistindo disposição específica, os atos do órgão ou
§ 1o O ato de delegação especificará as matérias e poderes autoridade responsável pelo processo e dos administrados que dele
transferidos, os limites da atuação do delegado, a duração e os ob- participem devem ser praticados no prazo de cinco dias, salvo mo-
jetivos da delegação e o recurso cabível, podendo conter ressalva tivo de força maior.
de exercício da atribuição delegada. Parágrafo único. O prazo previsto neste artigo pode ser dilatado
§ 2o O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela até o dobro, mediante comprovada justificação.
autoridade delegante. Art. 25. Os atos do processo devem realizar-se preferencial-
§ 3o As decisões adotadas por delegação devem mencionar mente na sede do órgão, cientificando-se o interessado se outro for
explicitamente esta qualidade e considerar-se-ão editadas pelo de- o local de realização.
legado.
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CAPÍTULO IX Art. 32. Antes da tomada de decisão, a juízo da autoridade,
DA COMUNICAÇÃO DOS ATOS diante da relevância da questão, poderá ser realizada audiência pú-
blica para debates sobre a matéria do processo.
Art. 26. O órgão competente perante o qual tramita o processo Art. 33. Os órgãos e entidades administrativas, em matéria
administrativo determinará a intimação do interessado para ciência relevante, poderão estabelecer outros meios de participação de
de decisão ou a efetivação de diligências. administrados, diretamente ou por meio de organizações e associa-
§ 1o A intimação deverá conter: ções legalmente reconhecidas.
I - identificação do intimado e nome do órgão ou entidade ad- Art. 34. Os resultados da consulta e audiência pública e de ou-
ministrativa; tros meios de participação de administrados deverão ser apresen-
II - finalidade da intimação; tados com a indicação do procedimento adotado.
III - data, hora e local em que deve comparecer; Art. 35. Quando necessária à instrução do processo, a audiên-
IV - se o intimado deve comparecer pessoalmente, ou fazer-se cia de outros órgãos ou entidades administrativas poderá ser reali-
representar; zada em reunião conjunta, com a participação de titulares ou repre-
V - informação da continuidade do processo independente- sentantes dos órgãos competentes, lavrando-se a respectiva ata, a
mente do seu comparecimento; ser juntada aos autos.
VI - indicação dos fatos e fundamentos legais pertinentes. Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha ale-
§ 2o A intimação observará a antecedência mínima de três dias gado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a
úteis quanto à data de comparecimento. instrução e do disposto no art. 37 desta Lei.
§ 3o A intimação pode ser efetuada por ciência no processo, Art. 37. Quando o interessado declarar que fatos e dados estão
por via postal com aviso de recebimento, por telegrama ou outro registrados em documentos existentes na própria Administração
meio que assegure a certeza da ciência do interessado. responsável pelo processo ou em outro órgão administrativo, o ór-
§ 4o No caso de interessados indeterminados, desconhecidos gão competente para a instrução proverá, de ofício, à obtenção dos
ou com domicílio indefinido, a intimação deve ser efetuada por documentos ou das respectivas cópias.
meio de publicação oficial. Art. 38. O interessado poderá, na fase instrutória e antes da
§ 5o As intimações serão nulas quando feitas sem observância tomada da decisão, juntar documentos e pareceres, requerer dili-
das prescrições legais, mas o comparecimento do administrado su- gências e perícias, bem como aduzir alegações referentes à matéria
pre sua falta ou irregularidade.
objeto do processo.
Art. 27. O desatendimento da intimação não importa o reco-
§ 1o Os elementos probatórios deverão ser considerados na
nhecimento da verdade dos fatos, nem a renúncia a direito pelo
motivação do relatório e da decisão.
administrado.
§ 2o Somente poderão ser recusadas, mediante decisão fun-
Parágrafo único. No prosseguimento do processo, será garanti-
do direito de ampla defesa ao interessado. damentada, as provas propostas pelos interessados quando sejam
Art. 28. Devem ser objeto de intimação os atos do processo ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou protelatórias.
que resultem para o interessado em imposição de deveres, ônus, Art. 39. Quando for necessária a prestação de informações ou
sanções ou restrição ao exercício de direitos e atividades e os atos a apresentação de provas pelos interessados ou terceiros, serão
de outra natureza, de seu interesse. expedidas intimações para esse fim, mencionando-se data, prazo,
forma e condições de atendimento.
CAPÍTULO X Parágrafo único. Não sendo atendida a intimação, poderá o ór-
DA INSTRUÇÃO gão competente, se entender relevante a matéria, suprir de ofício a
omissão, não se eximindo de proferir a decisão.
Art. 29. As atividades de instrução destinadas a averiguar e Art. 40. Quando dados, atuações ou documentos solicitados ao
comprovar os dados necessários à tomada de decisão realizam-se interessado forem necessários à apreciação de pedido formulado, o
de ofício ou mediante impulsão do órgão responsável pelo proces- não atendimento no prazo fixado pela Administração para a respec-
so, sem prejuízo do direito dos interessados de propor atuações tiva apresentação implicará arquivamento do processo.
probatórias. Art. 41. Os interessados serão intimados de prova ou diligência
§ 1o O órgão competente para a instrução fará constar dos au- ordenada, com antecedência mínima de três dias úteis, mencionan-
tos os dados necessários à decisão do processo. do-se data, hora e local de realização.
§ 2o Os atos de instrução que exijam a atuação dos interessa- Art. 42. Quando deva ser obrigatoriamente ouvido um órgão
dos devem realizar-se do modo menos oneroso para estes. consultivo, o parecer deverá ser emitido no prazo máximo de quin-
Art. 30. São inadmissíveis no processo administrativo as provas ze dias, salvo norma especial ou comprovada necessidade de maior
obtidas por meios ilícitos. prazo.
Art. 31. Quando a matéria do processo envolver assunto de § 1o Se um parecer obrigatório e vinculante deixar de ser emiti-
interesse geral, o órgão competente poderá, mediante despacho do no prazo fixado, o processo não terá seguimento até a respectiva
motivado, abrir período de consulta pública para manifestação de apresentação, responsabilizando-se quem der causa ao atraso.
terceiros, antes da decisão do pedido, se não houver prejuízo para § 2o Se um parecer obrigatório e não vinculante deixar de ser
a parte interessada.
emitido no prazo fixado, o processo poderá ter prosseguimento e
§ 1o A abertura da consulta pública será objeto de divulgação
ser decidido com sua dispensa, sem prejuízo da responsabilidade
pelos meios oficiais, a fim de que pessoas físicas ou jurídicas pos-
de quem se omitiu no atendimento.
sam examinar os autos, fixando-se prazo para oferecimento de ale-
Art. 43. Quando por disposição de ato normativo devam ser
gações escritas.
§ 2o O comparecimento à consulta pública não confere, por previamente obtidos laudos técnicos de órgãos administrativos e
si, a condição de interessado do processo, mas confere o direito estes não cumprirem o encargo no prazo assinalado, o órgão res-
de obter da Administração resposta fundamentada, que poderá ser ponsável pela instrução deverá solicitar laudo técnico de outro ór-
comum a todas as alegações substancialmente iguais. gão dotado de qualificação e capacidade técnica equivalentes.

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Art. 44. Encerrada a instrução, o interessado terá o direito de Art. 49-B. Poderão habilitar-se a participar da decisão coorde-
manifestar-se no prazo máximo de dez dias, salvo se outro prazo for nada, na qualidade de ouvintes, os interessados de que trata o art.
legalmente fixado. 9º desta Lei.(Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
Art. 45. Em caso de risco iminente, a Administração Pública Parágrafo único. A participação na reunião, que poderá incluir
poderá motivadamente adotar providências acauteladoras sem a direito a voz, será deferida por decisão irrecorrível da autoridade
prévia manifestação do interessado. responsável pela convocação da decisão coordenada.(Incluído pela
Art. 46. Os interessados têm direito à vista do processo e a ob- Lei nº 14.210, de 2021)
ter certidões ou cópias reprográficas dos dados e documentos que Art. 49-C. (VETADO).(Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
o integram, ressalvados os dados e documentos de terceiros prote- Art. 49-D. Os participantes da decisão coordenada deverão ser
gidos por sigilo ou pelo direito à privacidade, à honra e à imagem. intimados na forma do art. 26 desta Lei.(Incluído pela Lei nº 14.210,
Art. 47. O órgão de instrução que não for competente para emi- de 2021)
tir a decisão final elaborará relatório indicando o pedido inicial, o Art. 49-E. Cada órgão ou entidade participante é responsável
conteúdo das fases do procedimento e formulará proposta de deci- pela elaboração de documento específico sobre o tema atinente à
são, objetivamente justificada, encaminhando o processo à autori- respectiva competência, a fim de subsidiar os trabalhos e integrar
dade competente. o processo da decisão coordenada.(Incluído pela Lei nº 14.210, de
2021)
CAPÍTULO XI Parágrafo único. O documento previsto no caput deste artigo
DO DEVER DE DECIDIR abordará a questão objeto da decisão coordenada e eventuais pre-
cedentes.(Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
Art. 49-F. Eventual dissenso na solução do objeto da decisão
Art. 48. A Administração tem o dever de explicitamente emitir
coordenada deverá ser manifestado durante as reuniões, de forma
decisão nos processos administrativos e sobre solicitações ou recla-
fundamentada, acompanhado das propostas de solução e de alte-
mações, em matéria de sua competência.
ração necessárias para a resolução da questão.(Incluído pela Lei nº
Art. 49. Concluída a instrução de processo administrativo, a Ad- 14.210, de 2021)
ministração tem o prazo de até trinta dias para decidir, salvo prorro- Parágrafo único. Não poderá ser arguida matéria estranha ao
gação por igual período expressamente motivada. objeto da convocação.(Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
Art. 49-G. A conclusão dos trabalhos da decisão coordenada
CAPÍTULO XI-A será consolidada em ata, que conterá as seguintes informações:(In-
DA DECISÃO COORDENADA cluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
(INCLUÍDO PELA LEI Nº 14.210, DE 2021) I - relato sobre os itens da pauta;(Incluído pela Lei nº 14.210,
de 2021)
Art. 49-A. No âmbito da Administração Pública federal, as de- II - síntese dos fundamentos aduzidos;(Incluído pela Lei nº
cisões administrativas que exijam a participação de 3 (três) ou mais 14.210, de 2021)
setores, órgãos ou entidades poderão ser tomadas mediante deci- III - síntese das teses pertinentes ao objeto da convocação;(In-
são coordenada, sempre que:(Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021) cluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
I - for justificável pela relevância da matéria; e (Incluído pela Lei IV - registro das orientações, das diretrizes, das soluções ou das
nº 14.210, de 2021) propostas de atos governamentais relativos ao objeto da convoca-
II - houver discordância que prejudique a celeridade do proces- ção;(Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
so administrativo decisório.(Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021) V - posicionamento dos participantes para subsidiar futura atu-
§ 1º Para os fins desta Lei, considera-se decisão coordenada ação governamental em matéria idêntica ou similar; e(Incluído pela
a instância de natureza interinstitucional ou intersetorial que atua Lei nº 14.210, de 2021)
de forma compartilhada com a finalidade de simplificar o proces- VI - decisão de cada órgão ou entidade relativa à matéria sujei-
so administrativo mediante participação concomitante de todas as ta à sua competência.(Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
autoridades e agentes decisórios e dos responsáveis pela instrução § 1º Até a assinatura da ata, poderá ser complementada a fun-
técnico-jurídica, observada a natureza do objeto e a compatibilida- damentação da decisão da autoridade ou do agente a respeito de
de do procedimento e de sua formalização com a legislação perti- matéria de competência do órgão ou da entidade representada.(In-
nente.(Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021) cluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
§ 2º (VETADO).(Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
§ 2º (VETADO).(Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
§ 3º A ata será publicada por extrato no Diário Oficial da União,
§ 3º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
do qual deverão constar, além do registro referido no inciso IV do
§ 4º A decisão coordenada não exclui a responsabilidade ori-
caput deste artigo, os dados identificadores da decisão coordenada
ginária de cada órgão ou autoridade envolvida.(Incluído pela Lei nº
e o órgão e o local em que se encontra a ata em seu inteiro teor,
14.210, de 2021) para conhecimento dos interessados.(Incluído pela Lei nº 14.210,
§ 5º A decisão coordenada obedecerá aos princípios da legali- de 2021)
dade, da eficiência e da transparência, com utilização, sempre que
necessário, da simplificação do procedimento e da concentração CAPÍTULO XII
das instâncias decisórias. (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021) DA MOTIVAÇÃO
§ 6º Não se aplica a decisão coordenada aos processos admi-
nistrativos:(Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021) Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com
I - de licitação;(Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021) indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando:
II - relacionados ao poder sancionador; ou(Incluído pela Lei nº I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
14.210, de 2021) II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;
III - em que estejam envolvidas autoridades de Poderes distin- III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção
tos.(Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021) pública;
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IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo lici- § 2o Salvo exigência legal, a interposição de recurso administra-
tatório; tivo independe de caução.
V - decidam recursos administrativos; § 3o Se o recorrente alegar que a decisão administrativa con-
VI - decorram de reexame de ofício; traria enunciado da súmula vinculante, caberá à autoridade prola-
VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão tora da decisão impugnada, se não a reconsiderar, explicitar, antes
ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais; de encaminhar o recurso à autoridade superior, as razões da aplica-
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalida- bilidade ou inaplicabilidade da súmula, conforme o caso. (Incluído
ção de ato administrativo. pela Lei nº 11.417, de 2006).Vigência
§ 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, po- Art. 57. O recurso administrativo tramitará no máximo por três
dendo consistir em declaração de concordância com fundamentos instâncias administrativas, salvo disposição legal diversa.
de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, Art. 58. Têm legitimidade para interpor recurso administrativo:
neste caso, serão parte integrante do ato. I - os titulares de direitos e interesses que forem parte no pro-
§ 2o Na solução de vários assuntos da mesma natureza, pode cesso;
ser utilizado meio mecânico que reproduza os fundamentos das II - aqueles cujos direitos ou interesses forem indiretamente
decisões, desde que não prejudique direito ou garantia dos inte- afetados pela decisão recorrida;
ressados. III - as organizações e associações representativas, no tocante a
§ 3o A motivação das decisões de órgãos colegiados e comis- direitos e interesses coletivos;
sões ou de decisões orais constará da respectiva ata ou de termo IV - os cidadãos ou associações, quanto a direitos ou interesses
escrito.
difusos.
Art. 59. Salvo disposição legal específica, é de dez dias o prazo
CAPÍTULO XIII
para interposição de recurso administrativo, contado a partir da ci-
DA DESISTÊNCIA E OUTROS CASOS DE EXTINÇÃO DO PROCES-
ência ou divulgação oficial da decisão recorrida.
SO
§ 1o Quando a lei não fixar prazo diferente, o recurso adminis-
Art. 51. O interessado poderá, mediante manifestação escrita, trativo deverá ser decidido no prazo máximo de trinta dias, a partir
desistir total ou parcialmente do pedido formulado ou, ainda, re- do recebimento dos autos pelo órgão competente.
nunciar a direitos disponíveis. § 2o O prazo mencionado no parágrafo anterior poderá ser
§ 1o Havendo vários interessados, a desistência ou renúncia prorrogado por igual período, ante justificativa explícita.
atinge somente quem a tenha formulado. Art. 60. O recurso interpõe-se por meio de requerimento no
§ 2o A desistência ou renúncia do interessado, conforme o qual o recorrente deverá expor os fundamentos do pedido de ree-
caso, não prejudica o prosseguimento do processo, se a Administra- xame, podendo juntar os documentos que julgar convenientes.
ção considerar que o interesse público assim o exige. Art. 61. Salvo disposição legal em contrário, o recurso não tem
Art. 52. O órgão competente poderá declarar extinto o proces- efeito suspensivo.
so quando exaurida sua finalidade ou o objeto da decisão se tornar Parágrafo único. Havendo justo receio de prejuízo de difícil ou
impossível, inútil ou prejudicado por fato superveniente. incerta reparação decorrente da execução, a autoridade recorrida
ou a imediatamente superior poderá, de ofício ou a pedido, dar
CAPÍTULO XIV efeito suspensivo ao recurso.
DA ANULAÇÃO, REVOGAÇÃO E CONVALIDAÇÃO Art. 62. Interposto o recurso, o órgão competente para dele
conhecer deverá intimar os demais interessados para que, no prazo
Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quan- de cinco dias úteis, apresentem alegações.
do eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de Art. 63. O recurso não será conhecido quando interposto:
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos. I - fora do prazo;
Art. 54. O direito da Administração de anular os atos adminis- II - perante órgão incompetente;
trativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários III - por quem não seja legitimado;
decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, IV - após exaurida a esfera administrativa.
salvo comprovada má-fé. § 1o Na hipótese do inciso II, será indicada ao recorrente a au-
§ 1o No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de de- toridade competente, sendo-lhe devolvido o prazo para recurso.
cadência contar-se-á da percepção do primeiro pagamento.
§ 2o O não conhecimento do recurso não impede a Administra-
§ 2o Considera-se exercício do direito de anular qualquer me-
ção de rever de ofício o ato ilegal, desde que não ocorrida preclusão
dida de autoridade administrativa que importe impugnação à vali-
administrativa.
dade do ato.
Art. 64. O órgão competente para decidir o recurso poderá con-
Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão
ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que apresen- firmar, modificar, anular ou revogar, total ou parcialmente, a deci-
tarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria Ad- são recorrida, se a matéria for de sua competência.
ministração. Parágrafo único. Se da aplicação do disposto neste artigo puder
decorrer gravame à situação do recorrente, este deverá ser cientifi-
CAPÍTULO XV cado para que formule suas alegações antes da decisão.
DO RECURSO ADMINISTRATIVO E DA REVISÃO Art. 64-A. Se o recorrente alegar violação de enunciado da
súmula vinculante, o órgão competente para decidir o recurso ex-
Art. 56. Das decisões administrativas cabe recurso, em face de plicitará as razões da aplicabilidade ou inaplicabilidade da súmula,
razões de legalidade e de mérito. conforme o caso. (Incluído pela Lei nº 11.417, de 2006).Vigência
§ 1o O recurso será dirigido à autoridade que proferiu a deci- Art. 64-B. Acolhida pelo Supremo Tribunal Federal a reclama-
são, a qual, se não a reconsiderar no prazo de cinco dias, o encami- ção fundada em violação de enunciado da súmula vinculante, dar-
nhará à autoridade superior. -se-á ciência à autoridade prolatora e ao órgão competente para o
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julgamento do recurso, que deverão adequar as futuras decisões § 3o(VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).
administrativas em casos semelhantes, sob pena de responsabiliza- § 4o(VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).
ção pessoal nas esferas cível, administrativa e penal. (Incluído pela Art. 70. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Lei nº 11.417, de 2006). Vigência Brasília 29 de janeiro de 1999; 178o da Independência e 111o
Art. 65. Os processos administrativos de que resultem san- da República.
ções poderão ser revistos, a qualquer tempo, a pedido ou de ofício, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
quando surgirem fatos novos ou circunstâncias relevantes suscetí- Renan Calheiros
veis de justificar a inadequação da sanção aplicada. Paulo Paiva
Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá resultar
agravamento da sanção.
CONTROLE E RESPONSABILIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO:
CAPÍTULO XVI CONTROLE ADMINISTRATIVO; CONTROLE JUDICIAL; CON-
DOS PRAZOS TROLE LEGISLATIVO

Art. 66. Os prazos começam a correr a partir da data da cienti-


ficação oficial, excluindo-se da contagem o dia do começo e incluin- Controle exercido pela Administração Pública (controle inter-
do-se o do vencimento. no)
§ 1o Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil se-
guinte se o vencimento cair em dia em que não houver expediente A princípio, infere-se que a teoria da separação dos poderes
ou este for encerrado antes da hora normal. possui em sua essência, de acordo com Montesquieu, o objetivo
§ 2o Os prazos expressos em dias contam-se de modo contínuo. certo de limitar arbítrios de maneira que venha a proteger os direi-
§ 3o Os prazos fixados em meses ou anos contam-se de data a tos individuais. Isso por que, grande parte dos detentores do Poder
data. Se no mês do vencimento não houver o dia equivalente àque- tende a adquirir mais poder, situação tal, que, caso não esteja sujei-
le do início do prazo, tem-se como termo o último dia do mês. ta a controle, culminará no abuso, ou até no absolutismo.
Art. 67. Salvo motivo de força maior devidamente comprovado, Para evitar esse tipo de distorção, Montesquieu propôs a teoria
os prazos processuais não se suspendem. dos freios e contrapesos, por meio da qual os poderes constituídos
possuem a incumbência de controlar, freando e contrabalanceando
CAPÍTULO XVII as atuações dos demais poderes, de maneira que cada um deles
DAS SANÇÕES tenha autonomia, possua liberdade, porém, uma liberdade sob vi-
gilância. Nesse sentido, o Poder Legislativo edita leis que podem ser
Art. 68. As sanções, a serem aplicadas por autoridade compe- vetadas ou freadas pelo Poder Executivo, que poderá ter seu veto
tente, terão natureza pecuniária ou consistirão em obrigação de fa- derrubado ou freado pelo Poder Legislativo. Ou seja, não concor-
zer ou de não fazer, assegurado sempre o direito de defesa. dando o Executivo com a derrubada de um veto vindo a entender
que a lei aprovada seja inconstitucional, deterá o poder de incumbir
CAPÍTULO XVIII a matéria à análise do Poder Judiciário que irá dirimir o conflito,
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS como por exemplo, uma ADI ajuizada pelo Presidente da Repúbli-
ca. O Judiciário contém os membros de sua cúpula (STF), que são
Art. 69. Os processos administrativos específicos continuarão a indicados pelo chefe de outro Poder, no caso, o Presidente da Repú-
reger-se por lei própria, aplicando-se-lhes apenas subsidiariamente blica, sendo a indicação restrita à aprovação de uma das Casas do
os preceitos desta Lei. Parlamento (Senado Federal), o que acaba por ser uma espécie de
Art. 69-A. Terão prioridade na tramitação, em qualquer órgão controle prévio.
ou instância, os procedimentos administrativos em que figure como Desta maneira, percebe-se que no Estado Democrático de Di-
parte ou interessado: (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009). reito, o próprio ordenamento jurídico dispõe de mecanismos que
I - pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos; possibilitam o controle de toda a atuação do Estado. Tais instru-
(Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009). mentos tem como objetivo, garantir que tal atuação se mantenha
II - pessoa portadora de deficiência, física ou mental; (Incluído sempre consolidada com o direito, visando ao interesse público e
pela Lei nº 12.008, de 2009). mantendo o respeito aos direitos dos administrados.
III – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009). Em relação à localização do órgão de controle, infere-se que
IV - pessoa portadora de tuberculose ativa, esclerose múltipla, pode ser interno ou externo. Vejamos:
neoplasia maligna, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitan- • Controle interno: é realizado por órgãos de um Poder sobre-
te, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anqui- pondo condutas que são praticadas na direção desse mesmo Poder,
losante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da ou, ainda, por um órgão de uma pessoa jurídica da Administração
doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, indireta sobre atos que foram praticados pela própria pessoa jurídi-
síndrome de imunodeficiência adquirida, ou outra doença grave, ca da qual faz parte. No controle interno o órgão controlador encon-
com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a tra-se inserido na estrutura administrativa que deve ser controlada.
doença tenha sido contraída após o início do processo.(Incluído Em alguns casos, o controle interno decorre da hierarquia, pois
pela Lei nº 12.008, de 2009). esta possibilita aos órgãos hierarquicamente superiores controlar
§ 1o A pessoa interessada na obtenção do benefício, juntando os atos praticados pelos que lhe são subordinados. Em resumo, o
prova de sua condição, deverá requerê-lo à autoridade administra- controle interno que venha a depender da existência de hierarquia
tiva competente, que determinará as providências a serem cumpri- entre controlador e controlado, é aquele exercido pelas chefias so-
das. (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009). bre seus subordinados, sendo o tradicional “sistema de controle in-
§ 2o Deferida a prioridade, os autos receberão identificação terno” é organizado por lei incumbida de lhe definir as atribuições,
própria que evidencie o regime de tramitação prioritária. (Incluído não dependendo de hierarquia para o exercício de suas prerroga-
pela Lei nº 12.008, de 2009). tivas.
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• Controle externo: é realizado por órgão estranho à estrutu- é possível que tanto os atos administrativos vinculados quanto os
ra do Poder controlado. Verificamos tal fato, em termos práticos, discricionários venham a apresentar vícios de legalidade ou ilegiti-
quando por exemplo, um Tribunal de Contas Estadual passa a julgar midade, em decorrência dos quais poderão vir a ser anulados pelo
as contas no âmbito dos poderes legislativo ou judiciário. Poder Judiciário quando estiver no exercício do controle jurisdicio-
nal.
Controle Judicial Explicita-se que o controle judicial da Administração, de modo
Registremos, a princípio, que o controle judicial da Administra- geral, é sempre provocado, isso por que ele depende da iniciativa
ção Pública, trata-se daquele exercido pelo Poder Judiciário, quan- de alguma pessoa, que poderá ser física ou jurídica. Qualquer pes-
do em exercício de função jurisdicional, sobre os atos administra- soa que tenha a pretensão de provocar o controle da administração
tivos do Poder Executivo, do Poder Legislativo e do próprio Poder pelo Poder Judiciário, deverá, de antemão, propor judicialmente a
Judiciário. O controle judicial é aquele por meio do qual, o Poder ação cabível para o alcance desse objetivo.
Judiciário, ao exercer de a função jurisdicional, aprecia a juridicida- Por fim, diga-se de passagem, que existem várias espécies de
de que engloba a regularidade, a legalidade e a constitucionalidade ações judiciais que permitem ao Judiciário apreciar lesão ou ame-
da conduta administrativa. aça a direito decorrente de ato administrativo. Exemplos: o habeas
Denota-se que o controle externo da Administração por meio corpus, o habeas data, o mandado de injunção, etc. A relação das
do Poder Judiciário foi majorado e fortalecido pela Constituição ações que dão possibilidade ao controle judicial da Administração
Federal de 1988, tendo previsto novos instrumentos de controle, será sempre a título de exemplificação, tendo em vista que o con-
como por exemplo, o mandado de segurança coletivo, o mandado trole pode ser exercido, inclusive, por intermédio de ação judicial
de injunção e o habeas data. ordinária sem denominação especial ou específica.
O Brasil, contemporaneamente adota o sistema de unidade de
jurisdição, também conhecido por sistema de monopólio de juris- Nota: a Emenda Constitucional 45/2004 ao introduzir no di-
dição ou sistema inglês, por intermédio do qual o Poder Judiciário reito brasileiro o instituto das súmulas vinculantes, inaugurou um
possui a exclusividade da função jurisdicional, vindo a inferir que novo mecanismo de controle judicial da Administração Pública, ato
somente as decisões judiciais fazem coisa julgada em sentido pró- por meio do qual passou-se a admitir o cabimento de reclamação
prio, vindo a tornar-se juridicamente insuscetíveis de serem modi- ao STF contra ato administrativo que contrarie súmulas vinculantes
ficadas. editadas pela Corte Suprema.
Desta maneira, percebe-se que a decisão que é proferida pela
Administração Pública ou, ainda, qualquer ato administrativo en- Controle Legislativo
O controle legislativo é aquele executado pelo Poder Legisla-
contram-se passíveis de revisão pelo Poder Judiciário.
tivo sobre as autoridades e os órgãos dos outros poderes, como
É importante registrar que o fundamento da adoção do siste-
ocorre por exemplo, nos casos de convocação de autoridades com o
ma de unidade jurisdicional no Brasil é a previsão que se encontra
objetivo de prestar esclarecimentos ou, ainda, do controle externo
inserida no art. 5º, XXXV, da CFB/1988, por meio da qual ficou es-
exercido pelo Poder Legislativo auxiliado pelo Tribunal de Contas.
tabelecido que “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário
O controle legislativo, também denominado de controle parla-
lesão ou ameaça a direito”.
mentar, se refere àquele no qual o Poder Legislativo exerce poder
Há países, que de forma diferente do Brasil, adotam o sistema
sobre os atos do Poder Executivo e sobre os atos do Poder Judi-
de dualidade de jurisdição ou sistema do contencioso administrati-
ciário, sendo este último somente no que condiz ao desempenho
vo ou sistema francês. Denota-se que nesses países, a função juris- da função administrativa. Trata-se assim, o controle parlamentar de
dicional é exercida por duas estruturas orgânicas que são regidas um controle externo sobre os demais Poderes.
de forma independente, sendo elas a Justiça Judiciária e a Justiça Infere-se que a estrutura do Poder Legislativo Brasileira deve
Administrativa, posto que cada uma profere decisão com força de ser verificada com atenção às peculiaridades de cada ente federa-
coisa julgada no âmbito de suas competências. do, posto que não somente o princípio da simetria, como também
Referente à Justiça Administrativa, explica-se que no sistema as regras específicas que a Constituição Federal predispõe para os
de dualidade de jurisdição, esta é composta por juízes e tribunais âmbitos federal, estadual, municipal e distrital.
administrativos cuja competência cuida-se em geral, de resolver Em análise ao plano federal, verifica-se que vigora o bicamera-
litígios nos quais o Poder Público seja parte. Pareando a Justiça Ad- lismo federativo, sendo o Poder Legislativo Federal composto por
ministrativa, está a Justiça Judiciária, composta por órgãos do Poder duas Casas: a Câmara dos Deputados que é composta por represen-
Judiciário, tendo competência para julgar com definitividade confli- tantes do povo e o Senado Federal que é composto por represen-
tos que envolvam somente particulares. tantes dos Estados-membros e do Distrito Federal.
Pondera-se que o controle exercido pelo Poder Judiciário, via De acordo com o sistema constitucional, o controle parlamen-
de regra, será sempre um controle de legalidade ou legitimidade do tar pode ser exercido: a) por uma das Casas isoladamente; b) pelas
ato administrativo. No exercício da função jurisdicional, os Magis- duas Casas reunidas em sessão conjunta; c) pela mesa diretora do
trados não apreciam o mérito do ato administrativo, não analisando Congresso Nacional ou de cada Casa; d) pelas comissões do Con-
a conveniência e a oportunidade da prática do ato. gresso Nacional ou de cada Casa.
Devido ao fato de se tratar de um controle de legalidade ou Levando em conta o princípio da simetria de organização, as
de legitimidade, sempre que o ato estiver eivado de algum vício, a regras mencionadas também devem ser aplicadas, no que lhes cou-
decisão judicial será revertida no sentido de anulação do ato admi- ber, ao Poder Legislativo em âmbito estadual, municipal e distrital,
nistrativo que se encontra viciado. Vale enfatizar que não é cabível desde que realizadas as devidas adaptações, principalmente aque-
no exercício da função jurisdicional a revogação do ato administra- las que advém do fato de nos planos estadual, municipal e distrital a
tivo, tendo em vista que esta pressupõe a análise do mérito do ato. organização do Poder Legislativo serem do tipo unicameral.
É de suma importância destacar que o controle judicial possui Com fundamento no princípio da autotutela, o Poder Legislati-
abrangência tanto em relação aos atos vinculados quanto aos dis- vo também possui o poder de exercer o controle interno sobre os
cricionários, posto que ambos devem obedecer aos requisitos de seus próprios atos. Nessa situação, aduz-se que o Poder Legislativo
validade como a competência, a forma e a finalidade. Desta forma, estará realizando um controle administrativo interno. Esse é o mo-
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tivo pelo qual quando falamos no controle parlamentar, estamos exoneração, de ofício, do Procurador-Geral da República antes do
abordando somente o controle externo exercido pelo Poder Legis- término de seu mandato; aprovar previamente, por voto secreto,
lativo. após arguição pública, a escolha de:
Destaca-se que o controle que o Poder Legislativo detém sobre • Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição;
a Administração Pública, encontra-se limitado às hipóteses previs- • Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo Pre-
tas na Constituição Federal. Isso ocorre, por que porque caso con- sidente da República;
trário, haveria inferiorização do princípio da separação dos poderes. • Governador de Território;
Acontece que em razão disso, não podem leis ordinárias, comple- • Presidente e diretores do Banco Central;
mentares ou Constituições Estaduais predispor outras modalidades • Procurador-Geral da República;
de controle diversas das que são previstas na Constituição Federal, • Titulares de outros cargos que a lei determinar.
sob risco de ferir o mesmo princípio. • Aprovar previamente, por voto secreto, após arguição em
De modo geral, a doutrina diferencia dois tipos de controle le- sessão secreta, a escolha dos chefes de missão diplomática de ca-
gislativo: o político e o financeiro. ráter permanente;
O controle financeiro é exercido com o auxílio dos tribunais de 3. Da competência privativa da Câmara dos Deputados (CF,
contas. Já o controle político, alcança aspectos de legalidade e de art. 51): autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração
mérito, vindo a ser preventivo, concomitante ou repressivo, con- de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e
forme o caso. os Ministros de Estado; proceder à tomada de contas do Presiden-
te da República, quando não apresentadas ao Congresso Nacional
Formas de controle político: dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa.
1. Da competência exclusiva do Congresso Nacional (CF, art.
49): resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos inter- 4. Outros controles políticos (CF, art. 50): a Câmara dos Depu-
nacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao tados e o Senado Federal, ou qualquer de suas Comissões, poderão
patrimônio nacional; autorizar o Presidente da República a declarar convocar Ministro de Estado ou quaisquer titulares de órgãos dire-
guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças estrangeiras transi- tamente subordinados à Presidência da República para prestarem,
tem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamen- pessoalmente, informações sobre assunto previamente determina-
te, ressalvados os casos previstos em lei complementar; autorizar do, importando crime de responsabilidade a ausência sem justifi-
o Presidente e o Vice-Presidente da República a se ausentarem do cação adequada; as Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado
País, quando a ausência exceder a quinze dias; aprovar o estado de Federal poderão encaminhar pedidos escritos de informações a Mi-
defesa e a intervenção federal, autorizar o estado de sítio, ou sus- nistros de Estado ou a quaisquer titulares de órgãos diretamente
pender qualquer uma dessas medidas; sustar os atos normativos subordinados à Presidência da República, importando em crime de
do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos responsabilidade a recusa, ou o não atendimento, no prazo de trin-
limites de delegação legislativa; julgar anualmente as contas pres- ta dias, bem como a prestação de informações falsas.
tadas pelo Presidente da República e apreciar os relatórios sobre a Por fim, em relação ao controle político legislativo, cabe espe-
execução dos planos de governo; fiscalizar e controlar, diretamente, cial destaque referente ao controle exercido pelas comissões parla-
ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder Executivo, incluí- mentares de inquérito (CPIs).
dos os da administração indireta; apreciar os atos de concessão e As CPIs são comissões temporárias designadas a investigar fato
renovação de concessão de emissoras de rádio e televisão; aprovar certo e determinado e fazem parte do contexto de uma das funções
iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades nucleares; au- típicas do Parlamento que é a função de fiscalização.
torizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento de De acordo com a Constituição Federal, as comissões parlamen-
recursos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas minerais; aprovar, tares de inquérito possuem poderes de investigação que são pró-
previamente, a alienação ou concessão de terras públicas com área prios das autoridades judiciais, além de outros poderes que estão
superior a dois mil e quinhentos hectares. previstos nos regimentos das Casas Legislativa. As CPIs são criadas
pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, seja em conjun-
2. Da competência privativa do Senado Federal (CF, art. 52): to ou de forma separada mediante pugnação de um terço de seus
processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República membros, com o objetivo de apurar fato determinado e por prazo
nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Esta- certo, sendo que as suas conclusões, quando for preciso, serão en-
do e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica caminhadas ao Ministério Público, para que este órgão promova a
nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles; processar e responsabilidade civil ou criminal dos infratores, nos termos dispos-
julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do tos no art. 58, § 3º da CFB/1988.
Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Em decorrência do exercício dos seus poderes de investigação,
Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da a CPI é dotada de ato próprio, sem a necessidade de autorização
União nos crimes de responsabilidade; autorizar operações exter- judicial para:
nas de natureza financeira, de interesse da União, dos Estados, do • realizar as diligências que entender necessárias;
Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios; fixar, por propos- • convocar e tomar o depoimento de autoridades, inquirir tes-
ta do Presidente da República, limites globais para o montante da temunhas sob compromisso e ouvir indiciados;
dívida consolidada da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos • requisitar de órgãos públicos informações e documentos de
Municípios; dispor sobre limites globais e condições para as opera- qualquer natureza;
ções de crédito externo e interno da União, dos Estados, do Distrito • requerer ao Tribunal de Contas da União a realização de ins-
Federal e dos Municípios, de suas autarquias e demais entidades peções e auditorias que entender necessárias.
controladas pelo Poder Público federal; dispor sobre limites e con- Ademais, conforme decisão do STF, por autoridade própria, a
dições para a concessão de garantia da União em operações de cré- CPI pode sem necessidade de intervenção judicial, porém, sempre
dito externo e interno; estabelecer limites globais e condições para por meio de decisão fundamentada e motivada, observadas todas
o montante da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e as formalidades da legislação, determinar a quebra de sigilo fiscal,
dos Municípios; aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a bancário e de dados do investigado. (MS 23.452/RJ).
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Em esquema básico, temos: forma ampla o controle contábil, financeiro, orçamentário, opera-
cional e patrimonial, levando em conta os aspectos da legalidade,
Financeiro: é exercido com o auxílio dos legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia
tribunais de contas. de receitas.
CONTROLE No campo contábil a análise abrange o registro dos fatos contá-
LEGISLATIVO Político: alcança aspectos de legalidade beis e a elaboração de demonstrativos. Em âmbito financeiro, é veri-
ESPÉCIES e de mérito, vindo a ser preventivo, concomi- ficado o verdadeiro ingresso das receitas, através de comprovantes
tante ou repressivo. de depósito ou transferência de recursos, bem como a realização de
forma efetiva de despesas, vindo a comprovar os seus tradicionais
Controle pelos Tribunais de Contas estágios de licitação, empenho, liquidação e pagamento. Por sua
Previstos na Constituição Federal, os Tribunais de Contas são vez, o controle orçamentário é aquele que acompanha a execução
órgãos com a finalidade de auxiliar o Poder Legislativo na execução do orçamento, que é a legislação em que se encontram as receitas
do exercício do controle externo da Administração Pública. São ór- previstas e também as despesas fixadas. Em referência ao controle
gãos especializados e não integram a estrutura administrativa do operacional, ressaltamos que o mesmo trata de diversos aspectos
Parlamento e também não mantém com ele mantém qualquer es- do desempenho da atividade administrativa, como por exemplo,
pécie de relação hierárquica. numa auditoria operacional, pode ser computado o tempo médio
Denota-se que a Carta Magna de 1988 preservou a estrutura que o usuário usa esperando por atendimento médico em uma uni-
de organização dos Tribunais de Contas vigente nos diversos entes dade do sistema público de saúde. Finalmente, temos o controle
da federação à época de sua promulgação. Com isso, nos termos patrimonial, que cuida da fiscalização do patrimônio público.
do art. 31, § 4º da CFB/1988, tornou-se proibida a criação de novos Analisando a legalidade do controle externo, observamos que
tribunais, conselhos ou órgãos de contas municipais. este investiga se a conduta administrativa está de acordo com as
Em seguimento a essa diretriz, em âmbito federal, temos o TCU diversas normas jurídicas.
(Tribunal de Contas da União); no plano estadual, os Tribunais de O controle de legitimidade atua complementando o controle
Contas dos Estados; no Distrito Federal, o TCDF (Tribunal de Con- de legalidade, permitindo a apreciação de outros aspectos além da
tas do Distrito Federal), sendo que na esfera municipal, percebe-se adequação formal da conduta à legislação pertinente. Nesse diapa-
a organização dos tribunais de contas não ocorre de maneira uni- são, são passíveis de averiguação aspectos como a finalidade do ato
forme. Devido ao fato da maioria dos municípios ter criado até a e a obediência aos princípios constitucionais como a moralidade
CF/1988 o seu próprio Tribunal de Contas, a função de prestar auxí- administrativa, por exemplo.
lio ao Poder Legislativo municipal no exercício do controle externo é Em continuidade, o controle de economicidade é relativo à uti-
normalmente repassada ao Tribunal de Contas do respectivo Estado lização dos recursos de forma racional, uma vez que com ele, pre-
que é dotado de atribuições de controle ao das administrações es- tende-se averiguar se a despesa realizada atende aos aspectos da
tadual e municipal. melhor relação custo-benefício.
Em relação à sua composição, verificamos com afinco que os Destaca-se que o controle externo também investiga se hou-
Tribunais de Contas são órgãos colegiados, com quadro de pessoal ve a aplicação de forma correta das subvenções, que se tratam de
próprio (inspetores, procuradores, analistas, técnicos etc.), sendo transferências de recursos feitas pelo governo com o fito de cobrir
o TCU composto por nove ministros, ao passo que os demais Tri- despesas de custeio das entidades beneficiadas.
As subvenções podem ser de duas espécies. São elas: subven-
bunais de contas são compostos, em regra, por sete conselheiros,
ções sociais e subvenções econômicas.
número sempre observado nos Estados, com exceção do Tribunal
A) Subvenções sociais: são destinadas ao custeio de institui-
de Contas do Município de São Paulo que conta com apenas cinco
ções públicas ou privadas de caráter assistencial ou cultural, que
conselheiros, nos parâmetros do art. 49 da Lei Orgânica daquele
não possuem finalidade lucrativa, nos ditames da Lei 4.320/1964,
Município.
art. 12, § 3º, I.
Embora, não obstante a existência dos chamados “tribunais”
B) Subvenções econômicas: são as destinadas ao custeio de
de contas, as cortes de contas também não exercem jurisdição em
empresas públicas ou privadas de caráter industrial, comercial, agrí-
sentido próprio, isso por que suas decisões não possuem o caráter
cola ou pastoril, nos termos da Lei 4.320/1964, art. 12, § 3º, II.
de definitividade, vindo a sofrer a possibilidade de serem anuladas Registra-se, que o controle externo também se incumbe de
pelo Poder Judiciário. Entretanto, o processo ajuizado com o fito apreciar a regularidade da renúncia de receita. Há vários mecanis-
de anular a decisão da corte de contas é distinto do processo de mos que tornam possível a renúncia de receita, como por exemplo:
natureza administrativa em que foi proferida tal decisão. Desta for- a remissão, o subsídio, a isenção e a modificação da alíquota ou da
ma, o interessado não poderá interpor um recurso para o Judiciário base de cálculo de tributo que implique sua redução.
em desfavor da decisão final do Tribunal de Contas com o fulcro Nos ditames constitucionais, a cargo de Congresso Nacional, o
de reformá-la, mas sim ajuizar processo autônomo perante o órgão controle externo, será exercido com a ajuda do Tribunal de Contas
jurisdicional competente com o objetivo de anular o mencionado da União, ao qual compete, nos parâmetros do art. 71 da CFB/1988:
julgado. A) Apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da
Registra-se que em relação ao controle externo financeiro e República, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em
as atribuições dos tribunais de contas, a Constituição Federal criou sessenta dias a contar de seu recebimento;
um sistema harmonizado de controle, que prevê a existência de um B) Julgar as contas dos administradores e demais responsáveis
controle externo associada a um controle interno executado por por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e in-
cada órgão sobre seus agentes e seus atos. direta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas
O controle exercido pelo Poder Legislativo é uma forma de con- pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa
trolar de maneira externa os atos dos órgãos dos outros Poderes a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao
e das entidades da administração indireta. Esse controle, além de erário público; apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos
controlar a parte financeira dos outros órgãos, também abrange de de admissão de pessoal, a qualquer título, na administração direta
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e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Assim sendo, é por essa razão que grande parte da doutrina
Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em afirma que nessa hipótese, o parecer prévio é relativamente vincu-
comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas lante, não sendo absolutamente vinculante pelo fato de poder ser
e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o superado, porém, como a superação depende de quórum qualifica-
fundamento legal do ato concessório; do, tem-se uma vinculação relativa.
C) Realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Em relação a esse assunto, o STF explicou que a expressão “só
Senado Federal, de Comissão técnica ou de inquérito, inspeções e deixará de prevalecer”, contida no mencionado § 2º, não quer di-
auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacio- zer que o parecer conclusivo do tribunal de contas poderia produ-
nal e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes Legis- zir efeitos imediatos, que se poderiam se tornar permanentes em
lativo, Executivo e caso do silêncio da casa legislativa. Para a Suprema Corte, o parecer
Judiciário, e demais entidades referidas na letra b; do Tribunal de Contas que rejeita as contas do chefe do executivo
D) fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais possui natureza opinativa, só podendo produzir o efeito de inelegi-
de cujo capital social a União participe, de forma direta ou indireta, bilidade do prefeito (LC 64/1990, art. 1º, I, alínea “g”) após transcor-
nos termos do tratado constitutivo; rido o julgamento das contas pela respectiva Câmara de Vereadores
E) Fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela (RE 729.744/MG e RE 848.826/DF).
União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos De outro ângulo, o parecer antecedente emitido pela Corte de
congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município; Contas é indispensável ao julgamento das contas anuais dos Prefei-
F) Prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, tos. Foi justamente por esse motivo que o STF julgou inconstitucio-
por qualquer de suas Casas, ou por qualquer das respectivas Comis- nal dispositivo de constituição estadual que permitia às Câmaras
sões, sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, opera- Legislativas apreciarem as contas anuais prestadas pelos prefeitos,
cional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções independentemente do parecer do Tribunal de Contas do Estado,
realizadas; quando este não fosse oferecido no prazo de 180 dias. (ADI 3.077/
G) Aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa SE).
ou irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, que es- Os Tribunais de Contas possuem competência distinta para jul-
tabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao dano gar as contas dos administradores e demais responsáveis por verba
causado ao erário; pública, bens e valores públicos da administração direta e indireta,
H) Assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as pro- inclusive das fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo
vidências necessárias ao exato cumprimento da lei, se verificada Poder Público, e ainda, as contas dos entes que ensejarem e de-
ilegalidade; rem causa à perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte
I) sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comu- prejuízo ao erário público, nos termos do disposto no art. 71, III da
nicando a decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal; CFB/1988.
J) Representar ao Poder competente sobre irregularidades ou Outro ponto importante a ser destacado, é o fato de que ao
abusos apurados. julgar as contas dos gestores públicos e demais agentes que cau-
sarem danos ao erário, em diversos casos, os tribunais de contas
Observação: As normas retro mencionadas acima relativas ao imputam débito com o objetivo de ressarcir o dano, ou multa com
Tribunal de Contas da União aplicam-se, no que couber, à organi- caráter de punição. Denota-se que decisões das Cortes de Contas
zação, composição e fiscalização dos Tribunais de Contas dos Es- que imputam débito ou multa terão validade de título executivo
tados e do Distrito Federal, bem como dos Tribunais e Conselhos nos termos do art. 71, § 3º da CFB/198. Ou seja, caso a pessoa a
de Contas dos Municípios, onde houver, nos termos do art.75 da quem foi imputada a multa ou o débito não vier a adimplir a refe-
CFB/1988. rida importância dentro do prazo estipulado por lei, poderá sofrer
a cobrança judicial da importância diretamente por intermédio de
Aspectos importantes sobre as atribuições dos Tribunais de uma ação de execução, sendo desnecessário o ajuizamento de uma
Contas ação de conhecimento para rediscutir a matéria que já foi objeto de
Vejamos a diferença entre os atributos de “apreciar contas” e decisão da corte de contas.
“julgar contas”. Pelo fato das decisões definitivas dos tribunais de contas que
Em relação às contas do chefe do Poder Executivo, os Tribu- imputam débito ou aplicam multa terem, por si só, força de títu-
nais de Contas têm atribuição para “apreciá-las”, desde que haja a lo executivo, sua execução independe da inscrição em dívida ati-
emissão de parecer conclusivo, que deverá ser elaborado no prazo va. Entretanto, os entes federados têm o costume de inscrever to-
de 60 dias a contar de seu recebimento (art. 71, I), sendo que é dos os seus créditos passíveis de execução em dívida ativa, o que
competência do Poder ocorre por dois motivos. Em primeiro lugar, por que a inscrição dá
Legislativo julgar as contas de cada ente federado. Desta ma- possibilidade para que a execução siga o rito estabelecido na Lei
neira, as contas anuais do Presidente da República são julgadas pelo 6.830/1980, Lei das Execuções Fiscais, trazendo uma série de van-
Congresso Nacional nos ditames do art. 49, IX, CF/1988; as dos Go- tagens para o exequente. Em segundo lugar, a inscrição acaba por
vernadores, pela Assembleia Legislativa do respectivo Estado; a do submeter o crédito a um controle mais amplo, na medida em que
Governador do Distrito Federal, pela Câmara Legislativa do Distrito ele fica registrado em sistemas informatizados criados para a admi-
Federal; e as contas dos Prefeitos, pelas respectivas câmaras muni- nistração, controle de prazos e cobrança dos valores inscritos.
cipais.
Existe uma particularidade em relação ao parecer que o tribu-
nal de contas do Estado ou do município emite a respeito das con-
tas anuais do chefe do Poder Executivo municipal. Nos termos do
previsto no art. 31, § 2º, da CF/1988, o parecer prévio, emitido pelo
tribunal de contas sobre as contas que o Prefeito deve anualmen-
te prestar, só deixará de prevalecer por decisão de dois terços dos
membros da Câmara Municipal.
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a solução para o seu concurso!
DIREITO ADMINISTRATIVO
A Constituição de 1967, acoplada à Emenda 1, de 1969, foi
RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL DO ESTADO audaz e manteve a responsabilidade objetiva do Estado, fazendo o
acréscimo referente de que a ação regressiva contra o funcionário
ocorreria também nos casos de dolo, e não somente nos casos de
Evolução histórica culpa, como era disposto na Constituição de 1946.
Em âmbito contemporâneo, a Constituição Federal de 1988, no
De início, adentraremos esse módulo respaldando sobre o con- art. 37, § 6º, determina: “As pessoas jurídicas de Direito Público e
ceito de responsabilidade civil do Estado. Consiste esse instituto as de Direito Privado prestadoras de serviços públicos responderão
na obrigação estatal de indenizar os danos patrimoniais, morais ou pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a tercei-
estéticos que os seus agentes, agindo nessa qualidade, causarem a ros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos ca-
terceiros. A responsabilidade civil do Estado pode ser dividida em sos de dolo ou culpa”.
dois grupos: a contratual, que advém da ausência de cumprimento O referido dispositivo constitucional em alusão, trouxe infor-
de cláusulas inclusas em contratos administrativos, e a extracontra- mação inovadora ao ampliar a responsabilidade civil objetiva do
tual ou aquiliana, que alcança as demais situações. Estado, que por sua vez, passou também a alcançar as pessoas jurí-
Em relação à evolução histórica, de acordo com o Professor Cel- dicas de direito privado prestadoras de serviços públicos, como por
so Antônio Bandeira de Mello, a tese da responsabilidade civil do exemplo: as fundações governamentais de direito privado, as em-
Estado sempre foi aceita em forma de princípio amplo. Isso ocorreu presas públicas, sociedades de economia mista, e, ainda qualquer
mesmo no período em que não existia dispositivo de norma espe- pessoa jurídica de direito privado, desde que estejam devidamente
cífica. Para o mencionado autor, desde os primórdios, predominou paramentadas sob delegação do Poder Público e a qualquer título
no Brasil a tese da responsabilidade do Estado com base na teo- para a prestação de serviços públicos.
ria da culpa civil. Logo após, houve o avanço para que houvesse a Esclarece-se, nesse sentido, que a regra da responsabilidade
admissão da culpa pela ausência de serviço. Por fim, chegou-se à civil objetiva não pode ser aplicada aos atos das empresas públicas
aprovação da responsabilidade objetiva do Estado. e das sociedades de economia mista exploradoras de atividade eco-
Nos tempos imperiais, a Constituição de 1824 vigente à épo- nômica, tendo em vista que o art. 173, § 1º, da CF/1988, determina
ca, previa somente a responsabilidade pessoal do agente público, de forma expressa que elas sejam regidas pelas mesmas normas
conforme disposto no art. 179, XXIX: “Os empregados públicos são aplicáveis às empresas privadas. Por consequência, tais entidades
estritamente responsáveis pelos abusos e omissões praticados no estão sujeitas à responsabilidade subjetiva, sendo controladas pe-
exercício de suas funções e por não fazerem efetivamente respon- las normas comuns pertinentes ao Direito Civil.
sáveis aos seus subalternos”. Aduz-se que a aglutinação do art. 37, § 6º, com o art. 5º, X, am-
Ressalta-se, que nesse período, mesmo não existindo previsão bos da CF/1988, leva à conclusão de que a responsabilização estatal
constitucional a respeito da responsabilidade do Estado, a doutrina tem ampla abrangência tanto no condizente ao dano material como
e a jurisprudência compreendiam que existia solidariedade do Esta- o dano moral. Entretanto, a jurisprudência achou por bem ampliar
do em alusão aos atos de seus agentes. as espécies de danos indenizáveis, passando a determinar que o
No art. 82 da Constituição Federal de 1891, no seu art. 82, car-
dano estético se constituiria em uma espécie de dano autônomo
regou e trouxe em seu bojo, dispositivo semelhante ao da Consti-
no qual a indenização poderia ser expressamente cumulada com a
tuição de 1824.
reparação pelos danos materiais e morais.
Em âmbito civilista, o Código Civil de 1916, em seu art. 15, dis-
Ressalta-se que a responsabilidade objetiva do Estado deve se-
pôs: “As pessoas jurídicas de Direito Público são civilmente respon-
guir a teoria do risco administrativo, conforme previsto na CF/1988
sáveis por atos de seus representantes que nessa qualidade causem
e a teoria do risco integral jamais recebeu acolhimento como nor-
danos a terceiros, procedendo de modo contrário ao direito ou fal-
ma ou regra em nenhuma das constituições brasileiras.
tando a dever prescrito em lei, salvo o direito regressivo contra os
No entanto, no ordenamento jurídico brasileiro algumas hipó-
causadores do dano”. Para a doutrina, o entendimento é de que o
referido dispositivo legal consagrava a responsabilidade subjetiva teses em que se aplica a teoria do risco integral foram inseridas.
do Estado tanto no sentido de culpa civil, quanto por ausência de A título de exemplo disso, temos os casos de danos causados por
serviço. acidentes nucleares (CF, art. 21, XXIII, “d”, disciplinado pela Lei
Referente à Constituição de 1934, depreende-se que esta man- 6.453/1977), e, ainda, de danos decorrentes de atentados terroris-
teve a responsabilidade civil subjetiva do Estado, determinando no tas ou atos de guerra contra aeronaves de empresas aéreas brasilei-
art. 171, o seguinte: “Os funcionários públicos são responsáveis so- ras (Leis 10.309/2001 e 10.744/2003).
lidariamente com a Fazenda Nacional, Estadual ou Municipal, por Finalmente, após inúmeras delongas ao longo da história, che-
quaisquer prejuízos decorrentes de negligência, omissão ou abuso ga-se ao Código Civil de 2002 que, em seu art. 43, reitera a mesma
no exercício dos seus cargos”. orientação inserida na Constituição Federal de 1988, suprimindo,
A Carta Magna de 1937, por sua vez, reiterou no art. 158 o mes- no entanto, a alusão à responsabilidade das pessoas jurídicas de
mo dispositivo da Constituição de 1934. direito privado prestadoras de serviço público. Entretanto, ressal-
No condizente à Constituição de 1946, aduz-se que esta repre- ta-se que a omissão, nesse caso, não impede a responsabilização
sentou uma importante e grande inovação no assunto ao introduzir, objetiva dessas pessoas jurídicas, posto que está prevista no texto
por sua vez, a teoria da responsabilidade objetiva do Estado, con- constitucional.
forme ditado no dispositivo a seguir: Ante o exposto, aduz-se que as conclusões a respeito da maté-
ria podem ser resumidas da seguinte maneira:
Art. 194. As pessoas jurídicas de Direito Público Interno são ci- • A teoria da irresponsabilidade civil do Estado nunca foi aceita
vilmente responsáveis pelos danos que os seus funcionários, nessa no direito brasileiro.
qualidade, causem a terceiros. • A evolução legislativa mostra que o ordenamento jurídico pá-
Parágrafo único. Caber-lhes-á ação regressiva contra os funcio- trio previu de início a responsabilidade civil do Estado com base na
nários causadores do dano, quando tiver havido culpa destes. culpa civil, vindo a evoluir para a responsabilidade pela ausência de
trabalho até chegar à responsabilidade objetiva.
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DIREITO ADMINISTRATIVO
• A responsabilidade objetiva do Estado foi inserida no ordena- Adverte-se que a conduta omissa do Estado não é o que causa
mento jurídico brasileiro a partir da Constituição Federal de 1946. diretamente o dano, uma vez que este é proveniente de ato de ter-
• A Constituição Federal de 1988, veio a ampliar a responsabi- ceiro, razão pela qual pode-se afirmar que o dano à vítima não foi
lidade objetiva do Estado, vindo a responsabilizar objetivamente as consequência de forma direta da conduta omissa do agente do Es-
pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público. tado, o que faz inaplicável o artigo 37, § 6º, da CFB/88 às hipóteses
• A Constituição Federal de 1988 consagrou a responsabilidade de omissão do Estado, restando incabível a teoria da responsabili-
por danos morais ou extrapatrimoniais. dade objetiva com base no risco administrativo.
• A responsabilidade objetiva do Estado adotada pela Carta
Magna de 1988, segue a teoria do risco administrativo, sendo que a Responsabilidade por omissão do Estado
teoria do risco integral foi acolhida apenas em situações e hipóteses Atos omissivos são aqueles por meio dos quais o agente pú-
excepcionais. blico deixa de agir e sua omissão, ainda que não venha a causar
• Divergindo da Constituição Federal de 1988, pelo fato de não diretamente o dano, possibilita sua ocorrência.
haver feito referência à responsabilidade objetiva das pessoas jurí- Quando o Estado é omisso no seu dever de agir de acordo com
dicas que prestam serviços ao poder público, o Código Civil de 2002, os parâmetros legais, terá o dever de reparar o prejuízo causado.
prevê também a responsabilidade objetiva do Estado. No entanto, a responsabilidade será aplicada na forma subjetiva,
posto que deverá ser demonstrada a culpa do Estado, ou seja, a
Responsabilidade por ato comissivo do Estado omissão estatal.
De antemão, convém respaldar que responsabilidade civil do Prevalece entre os doutrinadores, apesar de não haver pacifi-
Estado é passível de advir de atos comissivos ou omissivos pratica- cidade doutrinária e nem tampouco nos tribunais, o entendimento
dos por seus agentes. de que a redação do art. 37, § 6º, da CFB/88, só consagra a respon-
Em consonância com o estudo em questão, aduz-se que atos sabilidade objetiva nos atos comissivos.
comissivos são aqueles por meio dos quais o agente público atua de Destaque-se que não é qualquer ato omissivo praticado por
forma positiva causando danos a um terceiro. Exemplo: um condu- agente público que intitula a responsabilidade civil do Estado. A
tor de veículo automotor e servidor do Estado, embriagado e sob o
responsabilização estatal em função de omissivos, ocorre somente
efeito de drogas, dirigindo a serviço, atropela um pedestre.
quando o agente público omisso possui o dever legal de praticar um
Cumpre ressaltar que a teoria adotada em relação à responsa-
determinado ato, e deixa de fazê-lo. Exemplo: em situação hipoté-
bilidade civil do Estado por prática de conduta omissa, não é a mes-
tica, um agente salva-vidas que ao se deparar diante de situação na
ma a ser aplicada à responsabilização por atos comissivos. Infere-se
que o artigo 37, § 6º da Constituição Federal de 1988 é de aplicação qual um banhista está se afogando, permanece inerte, permitindo
restrita em relação aos atos comissivos, sendo, assim, incorreta a que o banhista venha a falecer sem ser socorrido. Nesta situação,
sua invocação nos casos específicos de responsabilidade por omis- o Estado explicitamente será responsabilizado pelo ato de omis-
são estatal. são do agente público, tendo em vista que este tinha o dever legal
de agir, ao menos tentando salvar a vida do banhista e não o fez.
Para melhor entendimento do raciocínio, o artigo 37, § 6º, da Em outro ângulo, aproveitando o mesmo exemplo, se, ao invés do
Constituição Federal, em relação à responsabilidade civil do Estado, guarda salva-vidas, a mencionada omissão fosse praticada por um
dispõe: Analista Judiciário do Tribunal de Justiça de algum Estado da Fede-
ração, o Estado não poderia ser responsabilizado, tendo em vista
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito pri- que ao Analista, não era incumbido o dever legal de tentar salvar
vado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que o banhista.
seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o Não obstante, afirma-se que é inaplicável o uso do artigo 37,
direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. § 6º da Constituição Federal de 1988, bem como da teoria do ris-
co administrativo às lides de responsabilidade civil por omissão do
O mencionado dispositivo, sob plena concordância unânime da Estado.
doutrina e jurisprudência, consagra de forma expressa a responsa- Registre-se ainda, que a responsabilidade civil por omissão
bilidade civil objetiva do Estado. No entendimento desse parâmetro estatal é subjetiva. Isso ocorre, também, devido à inaplicabilidade
Constitucional, a vítima se encontra de forma ampla, dispensada do do artigo 37, § 6º da Constituição Federal, que é a instituidora da
ônus da prova da culpa da Administração, tendo a incumbindo-lhe responsabilidade objetiva aos casos de omissão estatal, o que ense-
somente comprovar o nexo causal entre o ato desta e o prejuízo ja ao entendimento de que a responsabilização do mesmo apenas
sofrido. poderá ser invocada se sua ausência de ação houver sido culposa.
Contudo, ressalta-se que o dispositivo se reporta apenas aos Em outras palavras, aduz-se que a responsabilidade civil do
danos causados pelos agentes das pessoas jurídicas de direito pú- estatal por conduta omissa é subjetiva. Ressalte-se que tal posicio-
blico ou, ainda, das pessoas jurídicas de direito privado que pres- namento já foi referendado por muitos de nossos mais renomados
tam serviço público, não tendo qualquer espécie de alcance às si-
e importantes administrativistas. Ótimos exemplos disso, são Hely
tuações nas quais o dano tenha decorrido de ato de terceiro ou de
Lopes Meirelles e Celso Antônio Bandeira de Mello, sendo desse úl-
fatos advindos de caso fortuito ou força maior.
timo, o esclarecedor ensinamento de que a partir do momento em
Assim sendo, afirma-se que o artigo 37, § 6º, Constituição Fe-
que o dano foi constatado em decorrência de uma omissão do Esta-
deral de 1988, não enseja ao alcance das hipóteses de omissão es-
tatal, posto que, nestas situações, o dano não decorre, exatamente do, sendo pelo serviço que não funcionou, ou, funcionou de forma
da ação de um agente do Estado, mas sim da atitude de um terceiro, ineficientemente ou tardia, aduz-se que caberá a aplicabilidade da
denotando que a omissão do Estado apenas contribui para o resul- teoria da responsabilidade subjetiva. Entretanto, se o Estado não
tado. agiu, não será, por conseguinte, ser ele o autor do dano. E, não sen-
do ele o autor, só será responsabilizado se caso estivesse obrigado
a impedir o dano.

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a solução para o seu concurso!
DIREITO ADMINISTRATIVO
Em alusão ao retro ensinamento, afirma-se que a teoria apli- fuga. Entende o STF que o longo período do tempo entre a fuga e
cada não poderia ser a objetiva, isso porque tal teoria admite a co- o crime faz com que o nexo causal deixe de existir, não sendo mais
brança de responsabilização até mesmo quando o dano é advindo possível imputar ao Estado o dano causado. O tempo que o STF en-
de atuação lícita do Estado. tende como longo, pondera-se que não existe uma tabela de prazos
Nos casos relacionados à omissão estatal, o Estado não é o ver- que regule tal entendimento. O que a Suprema Corte faz é a análise
dadeiro autor do dano, uma vez este o advém de atividade de ter- de casos concretos e específicos.
ceiro. Assim sendo, sua responsabilidade somente poderá ser invo- Causas Excludentes e Atenuantes da Responsabilidade do Es-
cada caso esteja obrigado a agir com o fulcro de impedir que o dano tado
ocorra, isso, em havendo ilegalidade na sua omissão. Resta registrar Dentro do instituto da responsabilidade civil do Estado existem
também, inclusive, que a responsabilidade estatal não poderá ser algumas causas que excluem ou atenuam a sua obrigação de acatar
invocada quando existir a impossibilidade real de impedimento do ou não com tais prerrogativas. Pondera-se que a única circunstân-
dano mediante atuação aplicadora do Estado. cia que explicitamente atenua ou diminui a responsabilidade civil
Por fim, devido ao fato de a responsabilização estatal ocorrer estatal é a existência de culpa concorrente da vítima, comprovan-
apenas quando sua omissão for caracterizada por uma atitude ilíci- do assim a inexistência de culpa exclusiva do Estado. Desta forma,
ta, a Administração não será responsabilizada se houver utilizado e na situação hipotética de colisão entre veículo que pertence a ente
esgotado suas possibilidades e formas de amparo no limite máximo público e a um particular, na qual tenha ocorrido imprudência de
e, mesmo desta forma, não tiver conseguido impedir o dano, posto ambos os condutores, o Estado não responde pela integralidade do
que a Administração Pública somente poderá ser responsabilizada
dano, o que faz por força de lei, com que os prejuízos deverão ser
por danos que estava obrigada a impedir.
rateados na proporção da culpa de cada responsável pelo ato.
Em relação às circunstâncias excludentes da responsabilidade
Requisitos para a demonstração da responsabilidade do es-
do Estado, a doutrina e a jurisprudência consideram as seguintes:
tado
Os requisitos que compõem a estrutura e demarcam o perfil da culpa ou dolo exclusivo da vítima ou de terceiros, caso fortuito e
responsabilidade civil objetiva do Poder Público, são: a alteridade força maior.
do dano; a causalidade material entre o eventus damni e o com-
portamento positivo por ação, ou negativo por omissão do agen- Vejamos:
te público; a oficialidade da atividade causal e lesiva, imputável a
agente público que tenha, nessa condição de servidor, incidido em Culpa ou dolo exclusivo da vítima ou de terceiros
conduta comissiva ou omissiva, isso, independentemente da licitu- É excludente da responsabilidade do Estado, uma vez que afas-
de, ou não, do comportamento funcional e a inexistência de causa ta o nexo causal entre a conduta do agente público e o dano exis-
excludente da responsabilidade do Estado. tente. A esse respeito, é de suma importância ressaltarmos que não
Em suma, os requisitos para a demonstração da responsabi- é cabível a invocação de culpa ou de dolo exclusiva da vítima na
lidade do Estado são necessariamente a conduta a ser praticada hipótese de suicídio de detento. Isso ocorre pelo fato do preso se
pelo agente que poderá ser lícita ou ilícita. Veja-se por exemplo, encontrar sob a custódia do Estado que tem o dever de manter-lhe
no caso de odontologista que realiza cirurgia pertinente à sua área a integridade física e moral, buscando sua total proteção, inclusive
de atuação em hospital público e venha a cometer algum erro, ca- do suicídio. Nesse sentido, o STF entende que o suicídio de detento
racterizado como ato ilícito, ou em campanha de aplicação de flúor é motivo de omissão ilegítima, que por sua vez, gera responsabili-
contra cáries, quando a substância vem a causar situação adversa dade civil objetiva do Estado, que passará a ter o dever de indenizar
irreversível caracterizada como ato lícito, são atos que acabam por por meio de danos morais os familiares do falecido.
gerar danos passíveis de reparação, na forma objetiva. Em algumas situações ocorrem no mundo dos fatos eventos
Para que a responsabilidade objetiva estatal seja configurada, imprevisíveis, extraordinários e de força irresistível, externos à ad-
deve haver um dano, tendo em vista que indenizar é “suprimir o ministração pública e que causam danos aos administrados. Tendo
dano” por meio do adimplemento de uma contraprestação de na- em vista a inexistência de qualquer nexo de causalidade entre a atu-
tureza pecuniária. Isso pode ser tanto dano de efeito moral como a ação administrativa e o prejuízo sofrido pelo terceiro, ter-se-á por
violação à dignidade e à honra, por exemplo, quanto dano material excluída a responsabilidade civil do Estado, não lhe sendo imputado
que cause prejuízo financeiro a outrem. qualquer dever de indenizar.
Assegura-se ainda, que quando houver mera possibilidade de
dano, esta não será passível de indenização. Exemplo: a constru-
Caso fortuito e força maior
ção de um presídio perto de pré-escola. Isso é fato que pode vir a
Boa parte dos doutrinadores denominam consideram esta ex-
causar danos irreparáveis tanto aos alunos, como às suas famílias.
cludente como sendo os eventos naturais, a exemplo das tempes-
Pondera-se também que deve haver o nexo causal, que se trata da
necessária e importante relação de causa e efeito entre a conduta tades, dos furacões, dos raios, dentre outros, vindo a reservar a ex-
praticada pelo agente e o dano causado. Não existindo o nexo cau- pressão “caso fortuito” para os acontecimentos humanos, como os
sal, ou for disseminado por algum fator, estará afastada a responsa- arrastões, as guerras, as greves, etc., ao passo que outros possuem
bilidade do Estado. conceitos opostos, designando a “força maior” para os eventos que
No contexto acima, compreende-se que é insuficiente a de- podem ser imputados aos homens e o “caso fortuito” para os even-
monstração somente do dano e da conduta do Estado. É necessário tos naturais.
e devido também que se prove o nexo causal. Pondera-se que o Supremo Tribunal Federal e o Superior Tri-
bunal de Justiça tem atribuído aos eventos extraordinários, im-
Observação importante: O STF tem entendido que, havendo previsíveis e de força irresistível, ocorridos de forma externa à
fuga de preso na qual o detento se encontre há muito tempo fo- administração pública com causídico de danos aos administrados,
ragido e venha a cometer algum crime, com a geração de dano a a especificidade de excludentes do nexo causal ocorridas entre a
particular, não existe a responsabilidade do Estado, pelo fato de não atuação administrativa e o evento danoso, de modo a impedir a
haver mais nexo causal, interrompido pelo prolongado período de responsabilização estatal pelos prejuízos causados.
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DIREITO ADMINISTRATIVO
Desta maneira, nos julgados de ambos os Tribunais, não exis- Na segunda situação, o terceiro, como vítima do dano, pode-
te a preocupação em diferenciar caso fortuito de força maior, mas rá ajuizar ação em face do Estado, aplicando a responsabilidade
somente a tentativa de averiguar a presença deles em cada caso objetiva, ou do próprio agente público, se valendo nesse caso da
específico do objeto de exame. responsabilidade subjetiva, exceto nos casos em que houver a ado-
Nesse entendimento, o STJ já validou que “somente se afas- ção da teoria da dupla garantia, por meio da qual, a única medida
ta a responsabilidade se o evento danoso resultar de caso fortuito cabível seria o direcionamento da pugnação de reparação em face
ou força maior, ou decorrer de culpa da vítima” (REsp 721.439/RJ), do Estado.
enquanto o STF asseverou que “o princípio da responsabilidade ob- De qualquer maneira, o Estado, ao indenizar a vítima, deterá o
jetiva não se reveste de caráter absoluto, eis que admite o abran- dever de cobrar, de forma regressiva, o valor desembolsado perante
damento e, até mesmo, a exclusão da própria responsabilidade civil o agente público que causou o dano efetivo e que agiu com dolo ou
do Estado, nas hipóteses excepcionais configuradoras de situações culpa.
liberatórias – como o caso fortuito e a força maior – ou evidenciado- Entende-se que o direito de regresso do Estado em face do
ras de ocorrência de culpa atribuível à própria vítima” (RE109.615/ agente público nasce com o pagamento da indenização à vítima.
RJ). Assim sendo, não basta o que ocorra o trânsito em julgado da sen-
tença que condena o Estado na ação indenizatória, posto que o in-
Esquematizando, temos: teresse jurídico para propor a ação regressiva depende em grande
parte do efetivo desfalque nos cofres públicos. Denota-se que caso
CULPA OU DOLO ocorra a propositura da ação regressiva antes do pagamento, pode-
CASO FORTUITO
EXCLUSIVO DA VÍTIMA ria denotar e ensejar o enriquecimento sem causa do Estado.
E FORÇA MAIOR
OU DE TERCEIROS Pondera-se que em fase inicial, a cobrança regressiva em face
O STF e o STJ tem atribuído do agente público deve ocorrer na esfera administrativa. Em se
aos eventos extraordinários, im- tratando de caso de acordo administrativo, o agente deverá, nos
previsíveis e de força irresistível, trâmites legais, providenciar o ressarcimento aos cofres públicos.
ocorridos de forma externa à ad- Restando ausente o acordo, o Poder Público terá o dever de propor
É excludente da respon- a ação regressiva contra o agente público culpado.
ministração pública com causídi-
sabilidade do Estado, uma Apesar de grande parte da doutrina e jurisprudência compre-
co de danos aos administrados,
vez que afastam o nexo cau-
a especificidade de excludentes ender que a ação de ressarcimento proposta pelo Poder Público
sal entre a conduta do agen-
do nexo causal ocorridas entre a em face de seus agentes é definitivamente imprescritível, à vista do
te público e o dano existente
atuação administrativa e o evento disposto na parte final do § 5.° do art. 37 da Constituição Federal,
danoso, de modo a impedir a res- o Supremo Tribunal Federal, em sede de repercussão geral, acabou
ponsabilização estatal pelos preju- por decidir que é prescritível nos trâmites do art. 206, § 3.°, V, do
ízos causados. Código Civil, no prazo de três anos, a ação de reparação de danos à
Fazenda Pública advinda de ilícito civil e de origem de acidente de
Infere-se que o Código Civil brasileiro, no parágrafo único do trânsito, o que não alcança à primeira vista, os ilícitos relacionados
art. 393, determina que “O caso fortuito ou de força maior verifica- às infrações ao direito público, como por exemplo, os de natureza
-se no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impe- penal e os atos de improbidade.
dir.” Percebe-se que, à semelhança das decisões do STF e do STJ, a
referência é a “caso fortuito ou de força maior”, com as expressões Direito de regresso
objeto de tanta discussão acadêmica citadas em conjunto, separa- O parágrafo 6º do art. 37 da Constituição Federal Brasileira pre-
das apenas pela partícula “ou”, como que querendo demonstrar nuncia a responsabilidade civil objetiva das pessoas jurídicas de di-
que, se as consequências são semelhantes, estando regidas pelo
reito público e das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras
mesmo regime jurídico, não há relevância na tentativa de diferen-
de serviços públicos pelos danos que seus agentes, nessa qualida-
ciação.
de, causarem a terceiros. Assegura ainda ao Estado ou a seus pres-
tadores de serviços públicos, o direito de regresso contra o agente
Reparação do dano
Em sentido geral, a reparação do dano pode ser viabilizada na responsável, nos casos em que este aja com dolo ou culpa.
esfera administrativa por meio de acordo administrativo, ou na via Levando em conta os princípios constitucionais da ampla defe-
judicial. sa e do contraditório, o direito de regresso deve ser desempenhado
O agente estatal, na qualidade de agente público, em se tra- e exercido sob o manuseio de ação própria e regressiva, não admi-
tando de caso de dolo ou culpa, pode causar danos ao Estado ou tindo ao Estado efetuar de forma direta o desconto nos subsídios do
a terceiros. servidor, sem o consentimento deste.
Na primeira situação, a responsabilidade deverá ser apurada Existe ainda, a possível hipótese de o servidor reconhecer a
por intermédio de processo administrativo, garantidos a ampla de- sua responsabilidade vindo a optar por recolher espontaneamente
fesa e o contraditório. Comprovada a responsabilidade subjetiva do a quantia devida aos cofres públicos e até mesmo autorizar que o
agente, o adimplemento poderá ser feito de forma espontânea ou, valor venha a ser descontado de seus vencimentos, desde que res-
caso contrário, por medida judicial. peitados os percentuais máximos previstos em lei para essa espécie
No entanto, ressalte-se, que é ilegal usar com imposição o des- de desconto.
conto em folha de pagamento dos agentes públicos de valores re-
ferentes ao ressarcimento ao erário, exceto se houver autorização Sobre o assunto, é importante destacar alguns pontos:
prévia do agente ou procedimento administrativo com a aplicação A) A ação de responsabilização do agente público deduz que o
da ampla defesa e do contraditório. Poder Público tenha indenizado o particular, tanto em virtude de
acordo com o reconhecimento da responsabilidade civil estatal,
como em decorrência de condenação em ação ajuizada pelo lesado.
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DIREITO ADMINISTRATIVO
B) Em ação regressiva, a responsabilidade do agente público é § 2º Considera-se dolo a vontade livre e consciente de alcan-
de natureza subjetiva, às expensas da comprovação de que ele agiu çar o resultado ilícito tipificado nos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei, não
com culpa ou dolo. Desta forma, é possível que o Estado venha a bastando a voluntariedade do agente. (Incluído pela Lei nº 14.230,
indenizar o particular e não reconheça o direito de ser ressarcido de 2021)
pelo servidor responsável. Para isso, basta que não seja comprova- § 3º O mero exercício da função ou desempenho de compe-
do dolo ou culpa advinda desse agente público. tências públicas, sem comprovação de ato doloso com fim ilícito,
C) A parte final do § 5º do art. 37 da CFB/88, pode levar ao afasta a responsabilidade por ato de improbidade administrativa.
entendimento precípuo de que quaisquer e todos as espécies de (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
ações de ressarcimento movidas pelo Poder Público são imprescri- § 4º Aplicam-se ao sistema da improbidade disciplinado nesta
tíveis. Entretanto, o STF, no julgamento do RE 669.069/MG, decidiu, Lei os princípios constitucionais do direito administrativo sanciona-
com repercussão geral, que “é prescritível a ação de reparação de dor. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
danos à fazenda pública decorrentes de ilícito civil. § 5º Os atos de improbidade violam a probidade na organiza-
D)É transmitida aos herdeiros a qualquer tempo, a obrigação ção do Estado e no exercício de suas funções e a integridade do
de ressarcir o Estado, respeitada, sem dúvidas, a possibilidade de patrimônio público e social dos Poderes Executivo, Legislativo e Ju-
prescrição na hipótese de danos decorrentes de ilícito civil, ten- diciário, bem como da administração direta e indireta, no âmbito da
do como limite o valor do patrimônio transferido (art. 5º, XLV, da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. (Incluído
CF/1988). Entretanto, ocorrendo a prescrição da ação regressiva, pela Lei nº 14.230, de 2021)
beneficiará também aos herdeiros, que não poderão mais ser de- § 6º Estão sujeitos às sanções desta Lei os atos de improbida-
mandados pelos danos advindos pelo falecido. de praticados contra o patrimônio de entidade privada que receba
E) O servidor responde pelos seus atos, inclusive após a extin- subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de entes pú-
ção de seu vínculo com a Administração Pública, desde a ação re- blicos ou governamentais, previstos no § 5º deste artigo. (Incluído
gressiva não esteja prescrita. Desta forma, o agente que foi exone- pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 7º Independentemente de integrar a administração indireta,
rado ou demitido, pode, nos trâmites legais, ser obrigado a ressarcir
estão sujeitos às sanções desta Lei os atos de improbidade pratica-
os prejuízos causados ao ente público.
dos contra o patrimônio de entidade privada para cuja criação ou
custeio o erário haja concorrido ou concorra no seu patrimônio ou
Nota – Sobre Súmulas Vinculantes
receita atual, limitado o ressarcimento de prejuízos, nesse caso, à
Súmula 187, STF: A responsabilidade contratual do transpor- repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos. (In-
tador, pelo acidente com o passageiro, não é elidida por culpa de cluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
terceiro, contra o qual tem ação regressiva. § 8º Não configura improbidade a ação ou omissão decorrente
Súmula 188, STF: O segurador tem ação regressiva contra o de divergência interpretativa da lei, baseada em jurisprudência, ain-
causador do dano, pelo que efetivamente pagou, até ao limite pre- da que não pacificada, mesmo que não venha a ser posteriormente
visto no contrato de seguro. prevalecente nas decisões dos órgãos de controle ou dos tribunais
do Poder Judiciário. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
Art. 2º Para os efeitos desta Lei, consideram-se agente público
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA (LEI Nº 8.429/1992) o agente político, o servidor público e todo aquele que exerce, ainda
que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação,
designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou
vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades referi-
LEI Nº 8.429, DE 2 DE JUNHO DE 1992 das no art. 1º desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
Parágrafo único. No que se refere a recursos de origem pública,
Dispõe sobre as sanções aplicáveis em virtude da prática de sujeita-se às sanções previstas nesta Lei o particular, pessoa física
atos de improbidade administrativa, de que trata o § 4º do art. 37 ou jurídica, que celebra com a administração pública convênio, con-
da Constituição Federal; e dá outras providências. (Redação dada trato de repasse, contrato de gestão, termo de parceria, termo de
pela Lei nº 14.230, de 2021) cooperação ou ajuste administrativo equivalente. (Incluído pela Lei
nº 14.230, de 2021)
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, Faço saber que o Congresso Na- Art. 3º As disposições desta Lei são aplicáveis, no que couber,
cional decreta e eu sanciono a seguinte lei: àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou concorra
dolosamente para a prática do ato de improbidade. (Redação dada
CAPÍTULO I pela Lei nº 14.230, de 2021)
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS § 1º Os sócios, os cotistas, os diretores e os colaboradores de
pessoa jurídica de direito privado não respondem pelo ato de im-
Art. 1º O sistema de responsabilização por atos de improbidade probidade que venha a ser imputado à pessoa jurídica, salvo se,
administrativa tutelará a probidade na organização do Estado e no comprovadamente, houver participação e benefícios diretos, caso
em que responderão nos limites da sua participação. (Incluído pela
exercício de suas funções, como forma de assegurar a integridade
Lei nº 14.230, de 2021)
do patrimônio público e social, nos termos desta Lei. (Redação dada
§ 2º As sanções desta Lei não se aplicarão à pessoa jurídica,
pela Lei nº 14.230, de 2021)
caso o ato de improbidade administrativa seja também sanciona-
Parágrafo único. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230,
do como ato lesivo à administração pública de que trata a Lei nº
de 2021) 12.846, de 1º de agosto de 2013. (Incluído pela Lei nº 14.230, de
§ 1º Consideram-se atos de improbidade administrativa as con- 2021)
dutas dolosas tipificadas nos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei, ressalvados Art. 4° (Revogado pela Lei nº 14.230, de 2021)
tipos previstos em leis especiais. (Incluído pela Lei nº 14.230, de Art. 5° (Revogado pela Lei nº 14.230, de 2021)
2021) Art. 6° (Revogado pela Lei nº 14.230, de 2021)
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DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 7º Se houver indícios de ato de improbidade, a autoridade VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de manda-
que conhecer dos fatos representará ao Ministério Público compe- to, de cargo, de emprego ou de função pública, e em razão deles,
tente, para as providências necessárias. (Redação dada pela Lei nº bens de qualquer natureza, decorrentes dos atos descritos no caput
14.230, de 2021) deste artigo, cujo valor seja desproporcional à evolução do patrimô-
Parágrafo único. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, nio ou à renda do agente público, assegurada a demonstração pelo
de 2021) agente da licitude da origem dessa evolução; (Redação dada pela
Art. 8º O sucessor ou o herdeiro daquele que causar dano ao Lei nº 14.230, de 2021)
erário ou que se enriquecer ilicitamente estão sujeitos apenas à VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de con-
obrigação de repará-lo até o limite do valor da herança ou do pa- sultoria ou assessoramento para pessoa física ou jurídica que te-
trimônio transferido. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) nha interesse suscetível de ser atingido ou amparado por ação ou
Art. 8º-A A responsabilidade sucessória de que trata o art. 8º omissão decorrente das atribuições do agente público, durante a
desta Lei aplica-se também na hipótese de alteração contratual, de atividade;
transformação, de incorporação, de fusão ou de cisão societária. IX - perceber vantagem econômica para intermediar a libera-
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) ção ou aplicação de verba pública de qualquer natureza;
Parágrafo único. Nas hipóteses de fusão e de incorporação, a X - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta
responsabilidade da sucessora será restrita à obrigação de repara-
ou indiretamente, para omitir ato de ofício, providência ou declara-
ção integral do dano causado, até o limite do patrimônio transferi-
ção a que esteja obrigado;
do, não lhe sendo aplicáveis as demais sanções previstas nesta Lei
XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens,
decorrentes de atos e de fatos ocorridos antes da data da fusão
rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das en-
ou da incorporação, exceto no caso de simulação ou de evidente
intuito de fraude, devidamente comprovados. (Incluído pela Lei nº tidades mencionadas no art. 1° desta lei;
14.230, de 2021) XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valores
integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no
CAPÍTULO II art. 1° desta lei.
DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
SEÇÃO I SEÇÃO II
DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA QUE IMPOR- DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA QUE CAUSAM
TAM ENRIQUECIMENTO ILÍCITO PREJUÍZO AO ERÁRIO

Art. 9º Constitui ato de improbidade administrativa importan- Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa
do em enriquecimento ilícito auferir, mediante a prática de ato do- lesão ao erário qualquer ação ou omissão dolosa, que enseje, efe-
loso, qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do tiva e comprovadamente, perda patrimonial, desvio, apropriação,
exercício de cargo, de mandato, de função, de emprego ou de ati- malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades
vidade nas entidades referidas no art. 1º desta Lei, e notadamente: referidas no art. 1º desta Lei, e notadamente: (Redação dada pela
(Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) Lei nº 14.230, de 2021)
I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou I - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a indevida
imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica, direta ou indire- incorporação ao patrimônio particular, de pessoa física ou jurídica,
ta, a título de comissão, percentagem, gratificação ou presente de de bens, de rendas, de verbas ou de valores integrantes do acervo
quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser atingido patrimonial das entidades referidas no art. 1º desta Lei; (Redação
ou amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
agente público; II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica pri-
II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para fa- vada utilize bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo
cilitar a aquisição, permuta ou locação de bem móvel ou imóvel, ou patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem a
a contratação de serviços pelas entidades referidas no art. 1° por observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis
preço superior ao valor de mercado;
à espécie;
III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para fa-
III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente desper-
cilitar a alienação, permuta ou locação de bem público ou o forne-
sonalizado, ainda que de fins educativos ou assistências, bens, ren-
cimento de serviço por ente estatal por preço inferior ao valor de
das, verbas ou valores do patrimônio de qualquer das entidades
mercado;
IV - utilizar, em obra ou serviço particular, qualquer bem móvel, mencionadas no art. 1º desta lei, sem observância das formalidades
de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades referidas legais e regulamentares aplicáveis à espécie;
no art. 1º desta Lei, bem como o trabalho de servidores, de empre- IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação de
gados ou de terceiros contratados por essas entidades; (Redação bem integrante do patrimônio de qualquer das entidades referidas
dada pela Lei nº 14.230, de 2021) no art. 1º desta lei, ou ainda a prestação de serviço por parte delas,
V - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta por preço inferior ao de mercado;
ou indireta, para tolerar a exploração ou a prática de jogos de azar, V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem
de lenocínio, de narcotráfico, de contrabando, de usura ou de qual- ou serviço por preço superior ao de mercado;
quer outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de tal vantagem; VI - realizar operação financeira sem observância das normas
VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta legais e regulamentares ou aceitar garantia insuficiente ou inidô-
ou indireta, para fazer declaração falsa sobre qualquer dado técni- nea;
co que envolva obras públicas ou qualquer outro serviço ou sobre VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a obser-
quantidade, peso, medida, qualidade ou característica de mercado- vância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à es-
rias ou bens fornecidos a qualquer das entidades referidas no art. pécie;
1º desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
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VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou de processo § 2º A mera perda patrimonial decorrente da atividade econô-
seletivo para celebração de parcerias com entidades sem fins lucra- mica não acarretará improbidade administrativa, salvo se compro-
tivos, ou dispensá-los indevidamente, acarretando perda patrimo- vado ato doloso praticado com essa finalidade. (Incluído pela Lei nº
nial efetiva; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) 14.230, de 2021)
IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não autoriza-
das em lei ou regulamento; SEÇÃO II-A
X - agir ilicitamente na arrecadação de tributo ou de renda, (REVOGADO PELA LEI Nº 14.230, DE 2021)
bem como no que diz respeito à conservação do patrimônio públi-
co; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) Art. 10-A. (Revogado pela Lei nº 14.230, de 2021)
XI - liberar verba pública sem a estrita observância das normas
pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação irre- SEÇÃO III
gular; DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA QUE ATEN-
XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enri- TAM CONTRA OS PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
queça ilicitamente;
XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço particular, veí- Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta
culos, máquinas, equipamentos ou material de qualquer natureza, contra os princípios da administração pública a ação ou omissão
de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades mencio- dolosa que viole os deveres de honestidade, de imparcialidade e de
legalidade, caracterizada por uma das seguintes condutas: (Reda-
nadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servidor público,
ção dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
empregados ou terceiros contratados por essas entidades.
I - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por
II - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
objeto a prestação de serviços públicos por meio da gestão associa-
III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão
da sem observar as formalidades previstas na lei; (Incluído pela Lei das atribuições e que deva permanecer em segredo, propiciando
nº 11.107, de 2005) beneficiamento por informação privilegiada ou colocando em risco
XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público sem sufi- a segurança da sociedade e do Estado; (Redação dada pela Lei nº
ciente e prévia dotação orçamentária, ou sem observar as formali- 14.230, de 2021)
dades previstas na lei. (Incluído pela Lei nº 11.107, de 2005) IV - negar publicidade aos atos oficiais, exceto em razão de sua
XVI - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a incorpo- imprescindibilidade para a segurança da sociedade e do Estado ou
ração, ao patrimônio particular de pessoa física ou jurídica, de bens, de outras hipóteses instituídas em lei; (Redação dada pela Lei nº
rendas, verbas ou valores públicos transferidos pela administração 14.230, de 2021)
pública a entidades privadas mediante celebração de parcerias, V - frustrar, em ofensa à imparcialidade, o caráter concorrencial
sem a observância das formalidades legais ou regulamentares apli- de concurso público, de chamamento ou de procedimento licitató-
cáveis à espécie; (Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014) (Vigência) rio, com vistas à obtenção de benefício próprio, direto ou indireto,
XVII - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica ou de terceiros; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
privada utilize bens, rendas, verbas ou valores públicos transferidos VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo,
pela administração pública a entidade privada mediante celebração desde que disponha das condições para isso, com vistas a ocultar
de parcerias, sem a observância das formalidades legais ou regula- irregularidades; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
mentares aplicáveis à espécie; (Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014) VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de tercei-
(Vigência) ro, antes da respectiva divulgação oficial, teor de medida política ou
XVIII - celebrar parcerias da administração pública com entida- econômica capaz de afetar o preço de mercadoria, bem ou serviço.
des privadas sem a observância das formalidades legais ou regula- VIII - descumprir as normas relativas à celebração, fiscalização
mentares aplicáveis à espécie; (Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014) e aprovação de contas de parcerias firmadas pela administração pú-
(Vigência) blica com entidades privadas. (Vide Medida Provisória nº 2.088-35,
XIX - agir para a configuração de ilícito na celebração, na fisca- de 2000) (Redação dada pela Lei nº 13.019, de 2014) (Vigência)
lização e na análise das prestações de contas de parcerias firmadas IX - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
pela administração pública com entidades privadas; (Redação dada X - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
XI - nomear cônjuge, companheiro ou parente em linha reta,
pela Lei nº 14.230, de 2021)
colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autori-
XX - liberar recursos de parcerias firmadas pela administração
dade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido
pública com entidades privadas sem a estrita observância das nor-
em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de
mas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação
cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada
irregular. (Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014, com a redação dada na administração pública direta e indireta em qualquer dos Poderes
pela Lei nº 13.204, de 2015) da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, com-
XXI - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) preendido o ajuste mediante designações recíprocas; (Incluído pela
XXII - conceder, aplicar ou manter benefício financeiro ou tribu- Lei nº 14.230, de 2021)
tário contrário ao que dispõem o caput e o § 1º do art. 8º-A da Lei XII - praticar, no âmbito da administração pública e com recur-
Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003. (Incluído pela Lei nº sos do erário, ato de publicidade que contrarie o disposto no § 1º
14.230, de 2021) do art. 37 da Constituição Federal, de forma a promover inequívoco
§ 1º Nos casos em que a inobservância de formalidades legais enaltecimento do agente público e personalização de atos, de pro-
ou regulamentares não implicar perda patrimonial efetiva, não gramas, de obras, de serviços ou de campanhas dos órgãos públi-
ocorrerá imposição de ressarcimento, vedado o enriquecimento cos. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
sem causa das entidades referidas no art. 1º desta Lei. (Incluído
pela Lei nº 14.230, de 2021)

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DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 1º Nos termos da Convenção das Nações Unidas contra a § 1º A sanção de perda da função pública, nas hipóteses dos in-
Corrupção, promulgada pelo Decreto nº 5.687, de 31 de janeiro cisos I e II do caput deste artigo, atinge apenas o vínculo de mesma
de 2006, somente haverá improbidade administrativa, na aplica- qualidade e natureza que o agente público ou político detinha com
ção deste artigo, quando for comprovado na conduta funcional do o poder público na época do cometimento da infração, podendo
agente público o fim de obter proveito ou benefício indevido para o magistrado, na hipótese do inciso I do caput deste artigo, e em
si ou para outra pessoa ou entidade. (Incluído pela Lei nº 14.230, caráter excepcional, estendê-la aos demais vínculos, consideradas
de 2021) as circunstâncias do caso e a gravidade da infração. (Incluído pela
§ 2º Aplica-se o disposto no § 1º deste artigo a quaisquer atos Lei nº 14.230, de 2021)
de improbidade administrativa tipificados nesta Lei e em leis espe- § 2º A multa pode ser aumentada até o dobro, se o juiz conside-
ciais e a quaisquer outros tipos especiais de improbidade adminis- rar que, em virtude da situação econômica do réu, o valor calculado
trativa instituídos por lei. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) na forma dos incisos I, II e III do caput deste artigo é ineficaz para
§ 3º O enquadramento de conduta funcional na categoria de reprovação e prevenção do ato de improbidade. (Incluído pela Lei
que trata este artigo pressupõe a demonstração objetiva da prática nº 14.230, de 2021)
de ilegalidade no exercício da função pública, com a indicação das § 3º Na responsabilização da pessoa jurídica, deverão ser con-
normas constitucionais, legais ou infralegais violadas. (Incluído pela siderados os efeitos econômicos e sociais das sanções, de modo
Lei nº 14.230, de 2021) a viabilizar a manutenção de suas atividades. (Incluído pela Lei nº
§ 4º Os atos de improbidade de que trata este artigo exigem 14.230, de 2021)
lesividade relevante ao bem jurídico tutelado para serem passíveis § 4º Em caráter excepcional e por motivos relevantes devida-
de sancionamento e independem do reconhecimento da produção mente justificados, a sanção de proibição de contratação com o
de danos ao erário e de enriquecimento ilícito dos agentes públicos. poder público pode extrapolar o ente público lesado pelo ato de
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) improbidade, observados os impactos econômicos e sociais das
§ 5º Não se configurará improbidade a mera nomeação ou indi- sanções, de forma a preservar a função social da pessoa jurídica,
cação política por parte dos detentores de mandatos eletivos, sen- conforme disposto no § 3º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 14.230,
do necessária a aferição de dolo com finalidade ilícita por parte do de 2021)
agente. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) § 5º No caso de atos de menor ofensa aos bens jurídicos tute-
lados por esta Lei, a sanção limitar-se-á à aplicação de multa, sem
CAPÍTULO III prejuízo do ressarcimento do dano e da perda dos valores obtidos,
DAS PENAS quando for o caso, nos termos do caput deste artigo. (Incluído pela
Lei nº 14.230, de 2021)
Art. 12. Independentemente do ressarcimento integral do dano § 6º Se ocorrer lesão ao patrimônio público, a reparação do
patrimonial, se efetivo, e das sanções penais comuns e de respon- dano a que se refere esta Lei deverá deduzir o ressarcimento ocorri-
sabilidade, civis e administrativas previstas na legislação específica, do nas instâncias criminal, civil e administrativa que tiver por objeto
está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes os mesmos fatos. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
cominações, que podem ser aplicadas isolada ou cumulativamen- § 7º As sanções aplicadas a pessoas jurídicas com base nesta
te, de acordo com a gravidade do fato: (Redação dada pela Lei nº Lei e na Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013, deverão observar
14.230, de 2021) o princípio constitucional do non bis in idem. (Incluído pela Lei nº
I - na hipótese do art. 9º desta Lei, perda dos bens ou valores 14.230, de 2021)
acrescidos ilicitamente ao patrimônio, perda da função pública, sus- § 8º A sanção de proibição de contratação com o poder público
pensão dos direitos políticos até 14 (catorze) anos, pagamento de deverá constar do Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e Sus-
multa civil equivalente ao valor do acréscimo patrimonial e proibi- pensas (CEIS) de que trata a Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013,
ção de contratar com o poder público ou de receber benefícios ou observadas as limitações territoriais contidas em decisão judicial,
incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que conforme disposto no § 4º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 14.230,
por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, de 2021)
pelo prazo não superior a 14 (catorze) anos; (Redação dada pela Lei § 9º As sanções previstas neste artigo somente poderão ser
nº 14.230, de 2021) executadas após o trânsito em julgado da sentença condenatória.
II - na hipótese do art. 10 desta Lei, perda dos bens ou valores (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta circunstân- § 10. Para efeitos de contagem do prazo da sanção de suspen-
cia, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos até 12 são dos direitos políticos, computar-se-á retroativamente o inter-
(doze) anos, pagamento de multa civil equivalente ao valor do dano valo de tempo entre a decisão colegiada e o trânsito em julgado da
e proibição de contratar com o poder público ou de receber bene- sentença condenatória. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
fícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente,
ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio ma- CAPÍTULO IV
joritário, pelo prazo não superior a 12 (doze) anos; (Redação dada DA DECLARAÇÃO DE BENS
pela Lei nº 14.230, de 2021)
III - na hipótese do art. 11 desta Lei, pagamento de multa civil Art. 13. A posse e o exercício de agente público ficam condicio-
de até 24 (vinte e quatro) vezes o valor da remuneração percebida nados à apresentação de declaração de imposto de renda e proven-
pelo agente e proibição de contratar com o poder público ou de tos de qualquer natureza, que tenha sido apresentada à Secretaria
receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou in- Especial da Receita Federal do Brasil, a fim de ser arquivada no ser-
diretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual viço de pessoal competente. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de
seja sócio majoritário, pelo prazo não superior a 4 (quatro) anos; 2021)
(Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) § 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
IV - (revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
Parágrafo único. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230,
de 2021)
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§ 2º A declaração de bens a que se refere o caput deste arti- § 5º Se houver mais de um réu na ação, a somatória dos valores
go será atualizada anualmente e na data em que o agente público declarados indisponíveis não poderá superar o montante indicado
deixar o exercício do mandato, do cargo, do emprego ou da função. na petição inicial como dano ao erário ou como enriquecimento ilí-
(Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) cito. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 3º Será apenado com a pena de demissão, sem prejuízo de § 6º O valor da indisponibilidade considerará a estimativa de
outras sanções cabíveis, o agente público que se recusar a prestar a dano indicada na petição inicial, permitida a sua substituição por
declaração dos bens a que se refere o caput deste artigo dentro do caução idônea, por fiança bancária ou por seguro-garantia judicial,
prazo determinado ou que prestar declaração falsa. (Redação dada a requerimento do réu, bem como a sua readequação durante a
pela Lei nº 14.230, de 2021) instrução do processo. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 4º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) § 7º A indisponibilidade de bens de terceiro dependerá da de-
monstração da sua efetiva concorrência para os atos ilícitos apu-
CAPÍTULO V rados ou, quando se tratar de pessoa jurídica, da instauração de
DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO E DO PROCESSO JUDI- incidente de desconsideração da personalidade jurídica, a ser pro-
CIAL cessado na forma da lei processual. (Incluído pela Lei nº 14.230, de
2021)
Art. 14. Qualquer pessoa poderá representar à autoridade ad- § 8º Aplica-se à indisponibilidade de bens regida por esta Lei,
ministrativa competente para que seja instaurada investigação des- no que for cabível, o regime da tutela provisória de urgência da Lei
tinada a apurar a prática de ato de improbidade. nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil). (In-
§ 1º A representação, que será escrita ou reduzida a termo e cluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
assinada, conterá a qualificação do representante, as informações § 9º Da decisão que deferir ou indeferir a medida relativa à in-
sobre o fato e sua autoria e a indicação das provas de que tenha disponibilidade de bens caberá agravo de instrumento, nos termos
conhecimento. da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil).
§ 2º A autoridade administrativa rejeitará a representação, em (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
despacho fundamentado, se esta não contiver as formalidades es- § 10. A indisponibilidade recairá sobre bens que assegurem
tabelecidas no § 1º deste artigo. A rejeição não impede a represen- exclusivamente o integral ressarcimento do dano ao erário, sem in-
tação ao Ministério Público, nos termos do art. 22 desta lei. cidir sobre os valores a serem eventualmente aplicados a título de
§ 3º Atendidos os requisitos da representação, a autoridade multa civil ou sobre acréscimo patrimonial decorrente de atividade
determinará a imediata apuração dos fatos, observada a legislação lícita. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
que regula o processo administrativo disciplinar aplicável ao agen- § 11. A ordem de indisponibilidade de bens deverá priorizar ve-
te. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) ículos de via terrestre, bens imóveis, bens móveis em geral, semo-
Art. 15. A comissão processante dará conhecimento ao Minis- ventes, navios e aeronaves, ações e quotas de sociedades simples
tério Público e ao Tribunal ou Conselho de Contas da existência de e empresárias, pedras e metais preciosos e, apenas na inexistência
procedimento administrativo para apurar a prática de ato de im- desses, o bloqueio de contas bancárias, de forma a garantir a sub-
probidade. sistência do acusado e a manutenção da atividade empresária ao
Parágrafo único. O Ministério Público ou Tribunal ou Conselho longo do processo. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
de Contas poderá, a requerimento, designar representante para § 12. O juiz, ao apreciar o pedido de indisponibilidade de bens
acompanhar o procedimento administrativo. do réu a que se refere o caput deste artigo, observará os efeitos
Art. 16. Na ação por improbidade administrativa poderá ser práticos da decisão, vedada a adoção de medida capaz de acarre-
formulado, em caráter antecedente ou incidente, pedido de indis- tar prejuízo à prestação de serviços públicos. (Incluído pela Lei nº
ponibilidade de bens dos réus, a fim de garantir a integral recompo- 14.230, de 2021)
sição do erário ou do acréscimo patrimonial resultante de enrique- § 13. É vedada a decretação de indisponibilidade da quantia de
cimento ilícito. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) até 40 (quarenta) salários mínimos depositados em caderneta de
§ 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) poupança, em outras aplicações financeiras ou em conta-corrente.
§ 1º-A O pedido de indisponibilidade de bens a que se refere (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
o caput deste artigo poderá ser formulado independentemente da § 14. É vedada a decretação de indisponibilidade do bem de
representação de que trata o art. 7º desta Lei. (Incluído pela Lei nº família do réu, salvo se comprovado que o imóvel seja fruto de van-
14.230, de 2021) tagem patrimonial indevida, conforme descrito no art. 9º desta Lei.
§ 2º Quando for o caso, o pedido de indisponibilidade de bens a (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
que se refere o caput deste artigo incluirá a investigação, o exame e Art. 17. A ação para a aplicação das sanções de que trata esta
o bloqueio de bens, contas bancárias e aplicações financeiras man- Lei será proposta pelo Ministério Público e seguirá o procedimento
tidas pelo indiciado no exterior, nos termos da lei e dos tratados comum previsto na Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código
internacionais. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) de Processo Civil), salvo o disposto nesta Lei. (Redação dada pela Lei
§ 3º O pedido de indisponibilidade de bens a que se refere o nº 14.230, de 2021) (Vide ADIN 7042) (Vide ADIN 7043)
caput deste artigo apenas será deferido mediante a demonstração § 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
no caso concreto de perigo de dano irreparável ou de risco ao re- § 2º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
sultado útil do processo, desde que o juiz se convença da probabili- § 3º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
dade da ocorrência dos atos descritos na petição inicial com funda- § 4º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
mento nos respectivos elementos de instrução, após a oitiva do réu § 4º-A A ação a que se refere o caput deste artigo deverá ser
em 5 (cinco) dias. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) proposta perante o foro do local onde ocorrer o dano ou da pessoa
§ 4º A indisponibilidade de bens poderá ser decretada sem a jurídica prejudicada. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
oitiva prévia do réu, sempre que o contraditório prévio puder com- § 5º A propositura da ação a que se refere o caput deste ar-
provadamente frustrar a efetividade da medida ou houver outras tigo prevenirá a competência do juízo para todas as ações poste-
circunstâncias que recomendem a proteção liminar, não podendo a riormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o
urgência ser presumida. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) mesmo objeto. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
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§ 6º A petição inicial observará o seguinte: (Redação dada pela II - condenar o requerido sem a produção das provas por ele
Lei nº 14.230, de 2021) tempestivamente especificadas. (Incluído pela Lei nº 14.230, de
I - deverá individualizar a conduta do réu e apontar os elemen- 2021)
tos probatórios mínimos que demonstrem a ocorrência das hipóte- § 11. Em qualquer momento do processo, verificada a inexis-
ses dos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei e de sua autoria, salvo impossi- tência do ato de improbidade, o juiz julgará a demanda improce-
bilidade devidamente fundamentada; (Incluído pela Lei nº 14.230, dente. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
de 2021) § 12. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
II - será instruída com documentos ou justificação que con- § 13. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
tenham indícios suficientes da veracidade dos fatos e do dolo § 14. Sem prejuízo da citação dos réus, a pessoa jurídica inte-
imputado ou com razões fundamentadas da impossibilidade de ressada será intimada para, caso queira, intervir no processo. (In-
apresentação de qualquer dessas provas, observada a legislação cluído pela Lei nº 14.230, de 2021) (Vide ADIN 7042) (Vide ADIN
vigente, inclusive as disposições constantes dos arts. 77 e 80 da Lei 7043)
nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil). (In- § 15. Se a imputação envolver a desconsideração de pessoa ju-
cluído pela Lei nº 14.230, de 2021) rídica, serão observadas as regras previstas nos arts. 133, 134, 135,
§ 6º-A O Ministério Público poderá requerer as tutelas provisó- 136 e 137 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de
rias adequadas e necessárias, nos termos dos arts. 294 a 310 da Lei Processo Civil). (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil (Inclu- § 16. A qualquer momento, se o magistrado identificar a exis-
ído pela Lei nº 14.230, de 2021), (Vide ADIN 7042) (Vide ADIN 7043) tência de ilegalidades ou de irregularidades administrativas a se-
§ 6º-B A petição inicial será rejeitada nos casos do art. 330 da rem sanadas sem que estejam presentes todos os requisitos para
Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil), a imposição das sanções aos agentes incluídos no polo passivo da
bem como quando não preenchidos os requisitos a que se referem demanda, poderá, em decisão motivada, converter a ação de im-
os incisos I e II do § 6º deste artigo, ou ainda quando manifestamen- probidade administrativa em ação civil pública, regulada pela Lei nº
te inexistente o ato de improbidade imputado. (Incluído pela Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
14.230, de 2021) § 17. Da decisão que converter a ação de improbidade em ação
§ 7º Se a petição inicial estiver em devida forma, o juiz mandará civil pública caberá agravo de instrumento. (Incluído pela Lei nº
autuá-la e ordenará a citação dos requeridos para que a contestem 14.230, de 2021)
no prazo comum de 30 (trinta) dias, iniciado o prazo na forma do § 18. Ao réu será assegurado o direito de ser interrogado sobre
art. 231 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Pro- os fatos de que trata a ação, e a sua recusa ou o seu silêncio não
cesso Civil). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) implicarão confissão. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 8º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) § 19. Não se aplicam na ação de improbidade administrativa:
§ 9º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 9º-A Da decisão que rejeitar questões preliminares suscitadas I - a presunção de veracidade dos fatos alegados pelo autor em
pelo réu em sua contestação caberá agravo de instrumento. (Incluí- caso de revelia; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
do pela Lei nº 14.230, de 2021) II - a imposição de ônus da prova ao réu, na forma dos §§ 1º e
§ 10. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) 2º do art. 373 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de
§ 10-A. Havendo a possibilidade de solução consensual, pode- Processo Civil); (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
rão as partes requerer ao juiz a interrupção do prazo para a contes- III - o ajuizamento de mais de uma ação de improbidade admi-
tação, por prazo não superior a 90 (noventa) dias. (Incluído pela Lei nistrativa pelo mesmo fato, competindo ao Conselho Nacional do
nº 13.964, de 2019) Ministério Público dirimir conflitos de atribuições entre membros
§ 10-B. Oferecida a contestação e, se for o caso, ouvido o autor, de Ministérios Públicos distintos; (Incluído pela Lei nº 14.230, de
o juiz: (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) 2021)
I - procederá ao julgamento conforme o estado do processo, IV - o reexame obrigatório da sentença de improcedência ou
observada a eventual inexistência manifesta do ato de improbida- de extinção sem resolução de mérito. (Incluído pela Lei nº 14.230,
de; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) de 2021)
II - poderá desmembrar o litisconsórcio, com vistas a otimizar a § 20. A assessoria jurídica que emitiu o parecer atestando a
instrução processual. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) legalidade prévia dos atos administrativos praticados pelo adminis-
§ 10-C. Após a réplica do Ministério Público, o juiz proferirá de- trador público ficará obrigada a defendê-lo judicialmente, caso este
cisão na qual indicará com precisão a tipificação do ato de improbi- venha a responder ação por improbidade administrativa, até que a
dade administrativa imputável ao réu, sendo-lhe vedado modificar decisão transite em julgado. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
o fato principal e a capitulação legal apresentada pelo autor. (Inclu- (Vide ADIN 7042) (Vide ADIN 7043)
ído pela Lei nº 14.230, de 2021) (Vide ADIN 7042) (Vide ADIN 7043) § 21. Das decisões interlocutórias caberá agravo de instrumen-
§ 10-D. Para cada ato de improbidade administrativa, deverá to, inclusive da decisão que rejeitar questões preliminares suscita-
necessariamente ser indicado apenas um tipo dentre aqueles pre- das pelo réu em sua contestação. (Incluído pela Lei nº 14.230, de
vistos nos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 14.230, 2021)
de 2021) Art. 17-A. (VETADO): (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 10-E. Proferida a decisão referida no § 10-C deste artigo, as I - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
partes serão intimadas a especificar as provas que pretendem pro- II - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
duzir. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) III - (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 10-F. Será nula a decisão de mérito total ou parcial da ação § 1º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
de improbidade administrativa que: (Incluído pela Lei nº 14.230, de § 2º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
2021) § 3º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
I - condenar o requerido por tipo diverso daquele definido na § 4º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
petição inicial; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) § 5º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
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Art. 17-B. O Ministério Público poderá, conforme as circuns- III - considerar os obstáculos e as dificuldades reais do gestor
tâncias do caso concreto, celebrar acordo de não persecução civil, e as exigências das políticas públicas a seu cargo, sem prejuízo dos
desde que dele advenham, ao menos, os seguintes resultados: (In- direitos dos administrados e das circunstâncias práticas que houve-
cluído pela Lei nº 14.230, de 2021) rem imposto, limitado ou condicionado a ação do agente; (Incluído
I - o integral ressarcimento do dano; (Incluído pela Lei nº pela Lei nº 14.230, de 2021)
14.230, de 2021) IV - considerar, para a aplicação das sanções, de forma isolada
II - a reversão à pessoa jurídica lesada da vantagem indevida ou cumulativa: (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
obtida, ainda que oriunda de agentes privados. (Incluído pela Lei nº a) os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade; (Inclu-
14.230, de 2021) ído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 1º A celebração do acordo a que se refere o caput deste ar- b) a natureza, a gravidade e o impacto da infração cometida;
tigo dependerá, cumulativamente: (Incluído pela Lei nº 14.230, de (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
2021) c) a extensão do dano causado; (Incluído pela Lei nº 14.230,
I - da oitiva do ente federativo lesado, em momento anterior de 2021)
ou posterior à propositura da ação; (Incluído pela Lei nº 14.230, de d) o proveito patrimonial obtido pelo agente; (Incluído pela Lei
2021) nº 14.230, de 2021)
II - de aprovação, no prazo de até 60 (sessenta) dias, pelo ór- e) as circunstâncias agravantes ou atenuantes; (Incluído pela
gão do Ministério Público competente para apreciar as promoções Lei nº 14.230, de 2021)
f) a atuação do agente em minorar os prejuízos e as consequên-
de arquivamento de inquéritos civis, se anterior ao ajuizamento da
cias advindas de sua conduta omissiva ou comissiva; (Incluído pela
ação; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
Lei nº 14.230, de 2021)
III - de homologação judicial, independentemente de o acordo
g) os antecedentes do agente; (Incluído pela Lei nº 14.230, de
ocorrer antes ou depois do ajuizamento da ação de improbidade
2021)
administrativa. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) V - considerar na aplicação das sanções a dosimetria das san-
§ 2º Em qualquer caso, a celebração do acordo a que se refere ções relativas ao mesmo fato já aplicadas ao agente; (Incluído pela
o caput deste artigo considerará a personalidade do agente, a natu- Lei nº 14.230, de 2021)
reza, as circunstâncias, a gravidade e a repercussão social do ato de VI - considerar, na fixação das penas relativamente ao terceiro,
improbidade, bem como as vantagens, para o interesse público, da quando for o caso, a sua atuação específica, não admitida a sua
rápida solução do caso. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) responsabilização por ações ou omissões para as quais não tiver
§ 3º Para fins de apuração do valor do dano a ser ressarcido, concorrido ou das quais não tiver obtido vantagens patrimoniais
deverá ser realizada a oitiva do Tribunal de Contas competente, que indevidas; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
se manifestará, com indicação dos parâmetros utilizados, no prazo VII - indicar, na apuração da ofensa a princípios, critérios obje-
de 90 (noventa) dias. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) tivos que justifiquem a imposição da sanção. (Incluído pela Lei nº
§ 4º O acordo a que se refere o caput deste artigo poderá ser 14.230, de 2021)
celebrado no curso da investigação de apuração do ilícito, no curso § 1º A ilegalidade sem a presença de dolo que a qualifique não
da ação de improbidade ou no momento da execução da sentença configura ato de improbidade. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
condenatória. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) § 2º Na hipótese de litisconsórcio passivo, a condenação ocor-
§ 5º As negociações para a celebração do acordo a que se re- rerá no limite da participação e dos benefícios diretos, vedada qual-
fere o caput deste artigo ocorrerão entre o Ministério Público, de quer solidariedade. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
um lado, e, de outro, o investigado ou demandado e o seu defensor. § 3º Não haverá remessa necessária nas sentenças de que trata
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) esta Lei. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 6º O acordo a que se refere o caput deste artigo poderá con- Art. 17-D. A ação por improbidade administrativa é repressiva,
templar a adoção de mecanismos e procedimentos internos de in- de caráter sancionatório, destinada à aplicação de sanções de ca-
tegridade, de auditoria e de incentivo à denúncia de irregularidades ráter pessoal previstas nesta Lei, e não constitui ação civil, vedado
e a aplicação efetiva de códigos de ética e de conduta no âmbito seu ajuizamento para o controle de legalidade de políticas públicas
da pessoa jurídica, se for o caso, bem como de outras medidas em e para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente
favor do interesse público e de boas práticas administrativas. (Inclu- e de outros interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos.
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
ído pela Lei nº 14.230, de 2021)
Parágrafo único. Ressalvado o disposto nesta Lei, o controle
§ 7º Em caso de descumprimento do acordo a que se refere o
de legalidade de políticas públicas e a responsabilidade de agentes
caput deste artigo, o investigado ou o demandado ficará impedido
públicos, inclusive políticos, entes públicos e governamentais, por
de celebrar novo acordo pelo prazo de 5 (cinco) anos, contado do
danos ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor
conhecimento pelo Ministério Público do efetivo descumprimento. artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico, a qualquer ou-
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) tro interesse difuso ou coletivo, à ordem econômica, à ordem urba-
Art. 17-C. A sentença proferida nos processos a que se refere nística, à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos
esta Lei deverá, além de observar o disposto no art. 489 da Lei nº e ao patrimônio público e social submetem-se aos termos da Lei nº
13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil): (Incluí- 7.347, de 24 de julho de 1985. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
do pela Lei nº 14.230, de 2021) Art. 18. A sentença que julgar procedente a ação fundada nos
I - indicar de modo preciso os fundamentos que demonstram arts. 9º e 10 desta Lei condenará ao ressarcimento dos danos e à
os elementos a que se referem os arts. 9º, 10 e 11 desta Lei, que perda ou à reversão dos bens e valores ilicitamente adquiridos, con-
não podem ser presumidos; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) forme o caso, em favor da pessoa jurídica prejudicada pelo ilícito.
II - considerar as consequências práticas da decisão, sempre (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
que decidir com base em valores jurídicos abstratos; (Incluído pela
Lei nº 14.230, de 2021)

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§ 1º Se houver necessidade de liquidação do dano, a pessoa § 1º Os atos do órgão de controle interno ou externo serão con-
jurídica prejudicada procederá a essa determinação e ao ulterior siderados pelo juiz quando tiverem servido de fundamento para a
procedimento para cumprimento da sentença referente ao ressar- conduta do agente público. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
cimento do patrimônio público ou à perda ou à reversão dos bens. § 2º As provas produzidas perante os órgãos de controle e as
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) correspondentes decisões deverão ser consideradas na formação
§ 2º Caso a pessoa jurídica prejudicada não adote as providên- da convicção do juiz, sem prejuízo da análise acerca do dolo na con-
cias a que se refere o § 1º deste artigo no prazo de 6 (seis) meses, duta do agente. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
contado do trânsito em julgado da sentença de procedência da § 3º As sentenças civis e penais produzirão efeitos em relação à
ação, caberá ao Ministério Público proceder à respectiva liquidação ação de improbidade quando concluírem pela inexistência da con-
do dano e ao cumprimento da sentença referente ao ressarcimento duta ou pela negativa da autoria. (Incluído pela Lei nº 14.230, de
do patrimônio público ou à perda ou à reversão dos bens, sem pre- 2021)
juízo de eventual responsabilização pela omissão verificada. (Incluí- § 4º A absolvição criminal em ação que discuta os mesmos fa-
do pela Lei nº 14.230, de 2021) tos, confirmada por decisão colegiada, impede o trâmite da ação da
§ 3º Para fins de apuração do valor do ressarcimento, deverão qual trata esta Lei, havendo comunicação com todos os fundamen-
ser descontados os serviços efetivamente prestados. (Incluído pela tos de absolvição previstos no art. 386 do Decreto-Lei nº 3.689, de
Lei nº 14.230, de 2021) 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal). (Incluído pela Lei
§ 4º O juiz poderá autorizar o parcelamento, em até 48 (qua- nº 14.230, de 2021)
renta e oito) parcelas mensais corrigidas monetariamente, do débi- § 5º Sanções eventualmente aplicadas em outras esferas deve-
to resultante de condenação pela prática de improbidade adminis- rão ser compensadas com as sanções aplicadas nos termos desta
trativa se o réu demonstrar incapacidade financeira de saldá-lo de Lei. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
imediato. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) Art. 22. Para apurar qualquer ilícito previsto nesta Lei, o Minis-
Art. 18-A. A requerimento do réu, na fase de cumprimento da tério Público, de ofício, a requerimento de autoridade administrati-
sentença, o juiz unificará eventuais sanções aplicadas com outras va ou mediante representação formulada de acordo com o disposto
já impostas em outros processos, tendo em vista a eventual con- no art. 14 desta Lei, poderá instaurar inquérito civil ou procedimen-
tinuidade de ilícito ou a prática de diversas ilicitudes, observado o to investigativo assemelhado e requisitar a instauração de inquérito
seguinte: (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) policial. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
I - no caso de continuidade de ilícito, o juiz promoverá a maior Parágrafo único. Na apuração dos ilícitos previstos nesta Lei,
sanção aplicada, aumentada de 1/3 (um terço), ou a soma das pe- será garantido ao investigado a oportunidade de manifestação por
nas, o que for mais benéfico ao réu; (Incluído pela Lei nº 14.230, escrito e de juntada de documentos que comprovem suas alegações
de 2021) e auxiliem na elucidação dos fatos. (Incluído pela Lei nº 14.230, de
II - no caso de prática de novos atos ilícitos pelo mesmo sujeito,
2021)
o juiz somará as sanções. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
Parágrafo único. As sanções de suspensão de direitos políticos
CAPÍTULO VII
e de proibição de contratar ou de receber incentivos fiscais ou cre-
DA PRESCRIÇÃO
ditícios do poder público observarão o limite máximo de 20 (vinte)
anos. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
Art. 23. A ação para a aplicação das sanções previstas nesta Lei
prescreve em 8 (oito) anos, contados a partir da ocorrência do fato
CAPÍTULO VI
ou, no caso de infrações permanentes, do dia em que cessou a per-
DAS DISPOSIÇÕES PENAIS
manência. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
Art. 19. Constitui crime a representação por ato de improbida- I - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
de contra agente público ou terceiro beneficiário, quando o autor II - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
da denúncia o sabe inocente. III - (revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
Pena: detenção de seis a dez meses e multa. § 1º A instauração de inquérito civil ou de processo adminis-
Parágrafo único. Além da sanção penal, o denunciante está su- trativo para apuração dos ilícitos referidos nesta Lei suspende o
jeito a indenizar o denunciado pelos danos materiais, morais ou à curso do prazo prescricional por, no máximo, 180 (cento e oitenta)
imagem que houver provocado. dias corridos, recomeçando a correr após a sua conclusão ou, caso
Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos direitos não concluído o processo, esgotado o prazo de suspensão. (Incluído
políticos só se efetivam com o trânsito em julgado da sentença con- pela Lei nº 14.230, de 2021)
denatória. § 2º O inquérito civil para apuração do ato de improbidade será
§ 1º A autoridade judicial competente poderá determinar o concluído no prazo de 365 (trezentos e sessenta e cinco) dias corri-
afastamento do agente público do exercício do cargo, do emprego dos, prorrogável uma única vez por igual período, mediante ato fun-
ou da função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida for damentado submetido à revisão da instância competente do órgão
necessária à instrução processual ou para evitar a iminente prática ministerial, conforme dispuser a respectiva lei orgânica. (Incluído
de novos ilícitos. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 2º O afastamento previsto no § 1º deste artigo será de até 90 § 3º Encerrado o prazo previsto no § 2º deste artigo, a ação de-
(noventa) dias, prorrogáveis uma única vez por igual prazo, median- verá ser proposta no prazo de 30 (trinta) dias, se não for caso de ar-
te decisão motivada. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) quivamento do inquérito civil. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
Art. 21. A aplicação das sanções previstas nesta lei independe: § 4º O prazo da prescrição referido no caput deste artigo inter-
I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público, salvo rompe-se: (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
quanto à pena de ressarcimento e às condutas previstas no art. 10 I - pelo ajuizamento da ação de improbidade administrativa;
desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
II - da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de controle II - pela publicação da sentença condenatória; (Incluído pela Lei
interno ou pelo Tribunal ou Conselho de Contas. nº 14.230, de 2021)
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DIREITO ADMINISTRATIVO
III - pela publicação de decisão ou acórdão de Tribunal de Jus-
tiça ou Tribunal Regional Federal que confirma sentença condena- NOVA LEI DE LICITAÇÕES E CONTRATOS DA ADMINISTRA-
tória ou que reforma sentença de improcedência; (Incluído pela Lei ÇÃO PÚBLICA (LEI Nº 14.133/2021)
nº 14.230, de 2021)
IV - pela publicação de decisão ou acórdão do Superior Tribu-
nal de Justiça que confirma acórdão condenatório ou que reforma Princípios
acórdão de improcedência; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) Diante do cenário atual, pondera-se que ocorreram diversas
V - pela publicação de decisão ou acórdão do Supremo Tribunal mudanças na Lei de Licitações. Porém, como estamos em fase
Federal que confirma acórdão condenatório ou que reforma acór- de transição em relação às duas leis, posto que nos dois primei-
dão de improcedência. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) ros anos, as duas se encontrarão válidas, tendo em vista que na
§ 5º Interrompida a prescrição, o prazo recomeça a correr do aplicação para processos que começaram na Lei anterior, deverão
dia da interrupção, pela metade do prazo previsto no caput deste continuar a ser resolvidos com a aplicação dela, e, processos que
artigo. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) começarem após a aprovação da nova Lei, deverão ser resolvidos
§ 6º A suspensão e a interrupção da prescrição produzem efei- com a aplicação da nova Lei.
tos relativamente a todos os que concorreram para a prática do ato Aprovada recentemente, a Nova Lei de Licitações sob o nº.
de improbidade. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) 14.133/2.021, passou por significativas mudanças, entretanto, no
§ 7º Nos atos de improbidade conexos que sejam objeto do que tange aos princípios, manteve o mesmo rol do art. 3º da Lei nº.
mesmo processo, a suspensão e a interrupção relativas a qualquer 8.666/1.993, porém, dispondo sobre o assunto, no Capítulo II, art.
deles estendem-se aos demais. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 5º, da seguinte forma:
2021) Art. 5º Na aplicação desta Lei, serão observados os princípios
§ 8º O juiz ou o tribunal, depois de ouvido o Ministério Público, da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da publicidade,
deverá, de ofício ou a requerimento da parte interessada, reconhe- da eficiência, do interesse público, da probidade administrativa,
cer a prescrição intercorrente da pretensão sancionadora e decre- da igualdade, do planejamento, da transparência, da eficácia, da
tá-la de imediato, caso, entre os marcos interruptivos referidos no segregação de funções, da motivação, da vinculação ao edital, do
§ 4º, transcorra o prazo previsto no § 5º deste artigo. (Incluído pela julgamento objetivo, da segurança jurídica, da razoabilidade, da
Lei nº 14.230, de 2021) competitividade, da proporcionalidade, da celeridade, da economi-
Art. 23-A. É dever do poder público oferecer contínua capacita- cidade e do desenvolvimento nacional sustentável, assim como as
ção aos agentes públicos e políticos que atuem com prevenção ou disposições do Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1.942, (Lei
repressão de atos de improbidade administrativa. (Incluído pela Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro).
nº 14.230, de 2021) O objetivo da Lei de Licitações é regular a seleção da proposta
Art. 23-B. Nas ações e nos acordos regidos por esta Lei, não que for mais vantajosa para a Administração Pública. No condizente
haverá adiantamento de custas, de preparo, de emolumentos, de à promoção do desenvolvimento nacional sustentável, entende-se
honorários periciais e de quaisquer outras despesas. (Incluído pela que este possui como foco, determinar que a licitação seja destina-
Lei nº 14.230, de 2021) da com o objetivo de garantir a observância do princípio constitu-
§ 1º No caso de procedência da ação, as custas e as demais des- cional da isonomia.
pesas processuais serão pagas ao final. (Incluído pela Lei nº 14.230, Denota-se que a quantidade de princípios previstos na lei não
de 2021) é exaustiva, aceitando-se quando for necessário, a aplicação de ou-
§ 2º Haverá condenação em honorários sucumbenciais em tros princípios que tenham relação com aqueles dispostos de forma
caso de improcedência da ação de improbidade se comprovada expressa no texto legal.
má-fé. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) Verificamos, por oportuno, que a redação original do caput do
Art. 23-C. Atos que ensejem enriquecimento ilícito, perda patri-
art. 3º da Lei 8.666/1993 não continha o princípio da promoção do
monial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação de re-
desenvolvimento nacional sustentável e que tal menção expressa,
cursos públicos dos partidos políticos, ou de suas fundações, serão
apenas foi inserida com a edição da Lei 12.349/2010, contexto no
responsabilizados nos termos da Lei nº 9.096, de 19 de setembro de
qual foi criada a “margem de preferência”, facilitando a concessão
1995. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
de vantagens competitivas para empresas produtoras de bens e
serviços nacionais.
CAPÍTULO VIII
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
Princípio da legalidade
Art. 24. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. A legalidade, que na sua visão moderna é chamado também de
Art. 25. Ficam revogadas as Leis n°s 3.164, de 1° de junho de juridicidade, é um princípio que pode ser aplicado à toda atividade
1957, e 3.502, de 21 de dezembro de 1958 e demais disposições de ordem administrativa, vindo a incluir o procedimento licitatório.
em contrário. A lei serve para ser usada como limite de base à atuação do gestor
público, representando, desta forma, uma garantia aos administra-
Rio de Janeiro, 2 de junho de 1992; 171° da Independência e dos contra as condutas abusivas do Estado.
104° da República. No âmbito das licitações, pondera-se que o princípio da lega-
FERNANDO COLLOR lidade é fundamental, posto que todas as fases do procedimento
Célio Borja licitatório se encontram estabelecidas na legislação. Considera-se
que todos os entes que participarem do certame, têm direito pú-
blico subjetivo de fiel observância do procedimento paramentado
na legislação por meio do art. 4° da Lei 8.666/1993, podendo, caso
venham a se sentir prejudicados pela ausência de observância de
alguma regra, impugnar a ação ou omissão na esfera administrativa
ou judicial.
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Diga-se de passagem, não apenas os participantes, mas qual- Princípio da eficiência do interesse público
quer cidadão, pode por direito, impugnar edital de licitação em de- Trata-se de um dos princípios norteadores da administração
corrência de irregularidade na aplicação da lei, vir a representar ao pública acoplado aos da legalidade, finalidade, motivação, razoabili-
Ministério Público, aos Tribunais de Contas ou aos órgãos de con- dade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório,
trole interno em face de irregularidades em licitações públicas, nos da segurança jurídica e do interesse público.
termos dos arts. 41, § 1º, 101 e 113, § 1º da Lei 8666/1993. Assim sendo, não basta que o Estado atue sobre o manto da
legalidade, posto que quando se refere serviço público, é essencial
Princípio da impessoalidade que o agente público atue de forma mais eficaz, bem como que
Com ligação umbilical ao princípio da isonomia, o princípio da haja melhor organização e estruturação advinda da administração
impessoalidade demonstra, em primeiro lugar, que a Administra- pública.
ção deve adotar o mesmo tratamento a todos os administrados que Vale ressaltar que o princípio da eficiência deve estar subme-
estejam em uma mesma situação jurídica, sem a prerrogativa de tido ao princípio da legalidade, pois nunca se poderá justificar a
quaisquer privilégios ou perseguições. Por outro ângulo, ligado ao atuação administrativa agindo de forma contrária ao ordenamento
princípio do julgamento objetivo, registra-se que todas as decisões jurídico, posto que por mais eficiente que seja, ambos os princípios
administrativas tomadas no contexto de uma licitação, deverão ob- devem atuar de forma acoplada e não sobreposta.
servar os critérios objetivos estabelecidos de forma prévia no edital Por ser o objeto da licitação a escolha da proposta mais vanta-
do certame. Desta forma, ainda que determinado licitante venha a josa, o administrador deverá se encontrar eivado de honestidade ao
apresentar uma vantagem relevante para a consecução do objeto cuidar da Administração Pública.
do contrato, afirma-se que esta não poderá ser levada em consi-
deração, caso não haja regra editalícia ou legal que a preveja como Princípio da Probidade Administrativa
passível de fazer interferências no julgamento das propostas. A Lei de Licitações trata dos princípios da moralidade e da pro-
bidade administrativa como formas distintas uma da outra. Os dois
Princípios da moralidade e da probidade administrativa princípios passam a noção de que a licitação deve ser configurada
A Lei 8.666/1993, Lei de Licitações, considera que os princípios pela honestidade, boa-fé e ética, tanto por parte da Administração
da moralidade e da probidade administrativa possuem realidades Pública, como por parte dos licitantes. Desta forma, para que um
distintas. Na realidade, os dois princípios passam a informação de comportamento tenha validade, é necessário que seja legal e esteja
que a licitação deve ser pautada pela honestidade, boa-fé e ética, em conformidade com a ética e os bons costumes.
isso, tanto por parte da Administração como por parte dos entes Existe divergência quanto à distinção entre esses dois princí-
licitantes. Sendo assim, para que um comportamento seja conside- pios. Alguns doutrinadores usam as duas expressões com o mesmo
rado válido, é imprescindível que, além de ser legalizado, esteja nos significado, ao passo que outros procuram diferenciar os conceitos.
ditames da lei e de acordo com a ética e os bons costumes. Exis- O correto é que, enquanto a moralidade se constitui num conceito
tem desentendimentos doutrinários acerca da distinção entre esses vago, a probidade administrativa, ou melhor dizendo, a improbida-
dois princípios. Alguns autores empregam as duas expressões com de administrativa se encontra eivada de contornos definidos na Lei
o mesmo significado, ao passo que outros procuram diferenciar 8.429/1992.
os conceitos. O que perdura, é que, ao passo que a moralidade é
Princípio da igualdade
constituída em um conceito vago e sem definição legal, a probidade
Conhecido como princípio da isonomia, decorre do fato de que
administrativa, ou melhor dizendo, a improbidade administrativa
a Administração Pública deve tratar, de forma igual, todos os licitan-
possui contornos paramentados na Lei 8.429/1992.
tes que estiverem na mesma situação jurídica. O princípio da igual-
dade garante a oportunidade de participar do certame de licitação,
Princípio da Publicidade
todos os que tem condições de adimplir o futuro contrato e proíbe,
Possui a Administração Pública o dever de realizar seus atos pu-
ainda a feitura de discriminações injustificadas no julgamento das
blicamente de forma a garantir aos administrados o conhecimento
propostas.
do que os administradores estão realizando, e também de manei-
Aplicando o princípio da igualdade, o art. 3º, I, da Lei
ra a possibilitar o controle social da conduta administrativa. Em se 8.666/1993, veda de forma expressa aos agentes públicos admitir,
tratando especificamente de licitação, determina o art. 3º, § 3º, da prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação por meio de edital
Lei 8.666/1993 que “a licitação não será sigilosa, sendo públicos e ou convite, as cláusulas que comprometam, restrinjam ou frustrem
acessíveis ao público os atos de seu procedimento, salvo quanto ao o seu caráter de competição, inclusive nos casos de sociedades co-
conteúdo das propostas, até a respectiva abertura”. operativas, e estabeleçam preferências ou diferenças em decorrên-
Advindo do mesmo princípio, qualquer cidadão tem o direito cia da naturalidade, da sede ou do domicílio dos licitantes ou de
de acompanhar o desenvolvimento da licitação, desde que não in- “qualquer outra circunstância impertinente ou irrelevante para o
terfira de modo a atrapalhar ou impedir a realização dos trabalhos específico objeto do contrato”, com ressalva ao disposto nos §§ 5º a
(Lei 8.666/1993, art. 4º, in fine). 12 do mesmo artigo, e no art. 3º da Lei 8.248, de 23.10.1991.
A ilustre Maria Sylvia Zanella Di Pietro esclarece que “a publici- Ante o exposto, conclui-se que, mesmo que a circunstância
dade é tanto maior, quanto maior for a competição propiciada pela restrinja o caráter de competição do certame, se for pertinente ou
modalidade de licitação; ela é a mais ampla possível na concorrên- relevante para o objeto do contrato, poderá ser incluída no instru-
cia, em que o interesse maior da Administração é o de atrair maior mento de convocação do certame.
número de licitantes, e se reduz ao mínimo no convite, em que o O princípio da isonomia não impõe somente tratamento igua-
valor do contrato dispensa maior divulgação. “ litário aos assemelhados, mas também a diferenciação dos desi-
Todo ato da Administração deve ser publicado de forma a for- guais, na medida de suas desigualdades.
necer ao cidadão, informações acerca do que se passa com as ver-
bas públicas e sua aplicação em prol do bem comum e também por
obediência ao princípio da publicidade.

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DIREITO ADMINISTRATIVO
Princípio do Planejamento Princípio da motivação
A princípio, infere-se que o princípio do planejamento se en- O princípio da motivação predispõe que a administração no
contra dotado de conteúdo jurídico, sendo que é seu dever fixar o processo licitatório possui o dever de justificar os seus atos, vindo
dever legal do planejamento como um todo. a apresentar os motivos que a levou a decidir sobre os fatos, com
Registra-se que a partir deste princípio, é possível compreen- a observância da legalidade estatal. Desta forma, é necessário que
der que a Administração Pública tem o dever de planejar toda a haja motivo para que os atos administrativos licitatórios tenham
licitação e também toda a contratação pública de forma adequada sido realizados, sempre levando em conta as razões de direito que
e satisfatória. Assim, o planejamento exigido, é o que se mostre de levaram o agente público a proceder daquele modo.
forma eficaz e eficiente, bem como que se encaixe a todos os outros
princípios previstos na CFB/1.988 e na jurisdição pátria como um Princípio da vinculação ao edital
todo. Trata-se do corolário do princípio da legalidade e da objetivi-
Desta forma, na ausência de justificativa para realizar o pla- dade das determinações de habilidades, que possui o condão de
nejamento adequado da licitação e do contrato, ressalta-se que a impor tanto à Administração, quanto ao licitante, a imposição de
ausência, bem como a insuficiência dele poderá vir a motivar a res- que este venha a cumprir as normas contidas no edital de maneira
ponsabilidade do agente público. objetiva, porém, sempre zelando pelo princípio da competitividade.
Denota-se que todos os requisitos do ato convocatório devem
Princípio da transparência estar em conformidade com as leis e a Constituição, tendo em vista
O princípio da transparência pode ser encontrado dentro da que se trata de ato concretizador e de hierarquia inferior a essas
aplicação de outros princípios, como os princípios da publicidade, entidades.
imparcialidade, eficiência, dentre outros. Nos ditames do art. 3º da Lei nº 8.666/93, a licitação destina-se
Boa parte da doutrina afirma o princípio da transparência não é a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a
um princípio independente, o incorporando ao princípio da publici- seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a pro-
dade, posto ser o seu entendimento que uma das inúmeras funções moção do desenvolvimento nacional sustentável e será processada
do princípio da publicidade é o dever de manter intacta a trans- e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da le-
parência dos atos das entidades públicas. Entretanto, o princípio galidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publi-
da transparência pode ser diferenciado do princípio da publicida- cidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento
de pelo fato de que por intermédio da publicidade, existe o dever convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos.
das entidades públicas consistente na obrigação de divulgar os seus O princípio da vinculação ao instrumento convocatório princí-
atos, uma vez que nem sempre a divulgação de informações é feita pio se destaca por impor à Administração a não acatar qualquer
de forma transparente. proposta que não se encaixe nas exigências do ato convocatório,
O Superior Tribunal de Justiça entende que o “direito à infor- sendo que tais exigências deverão possuir total relação com o obje-
mação, abrigado expressamente pelo art. 5°, XIV, da Constituição to da licitação, com a lei e com a Constituição Federal.
Federal, é uma das formas de expressão concreta do Princípio da
Transparência, sendo também corolário do Princípio da Boa-fé Ob- Princípio do julgamento objetivo
jetiva e do Princípio da Confiança […].” (STJ. RESP 200301612085, O objetivo desse princípio é a lisura do processo licitatório. De
Herman Benjamin – Segunda Turma, DJE DATA:19/03/2009). acordo com o princípio do julgamento objetivo, o processo licitató-
rio deve observar critérios objetivos definidos no ato convocatório,
Princípio da eficácia para o julgamento das propostas apresentadas, devendo seguir de
Por meio desse princípio, deverá o agente público agir de for- forma fiel ao disposto no edital quando for julgar as propostas.
ma eficaz e organizada promovendo uma melhor estruturação por Esse princípio possui o condão de impedir quaisquer interpre-
parte da Administração Pública, mantendo a atuação do Estado tações subjetivas do edital que possam favorecer um concorrente e,
dentro da legalidade. por consequência, vir a prejudicar de forma desleal a outros.
Vale ressaltar que o princípio da eficácia deve estar submetido
ao princípio da legalidade, pois nunca se poderá justificar a atuação Princípio da razoabilidade
administrativa contrária ao ordenamento jurídico, por mais eficien- Trata-se de um princípio de grande importância para o contro-
te que seja, na medida em que ambos os princípios devem atuar de le da atividade administrativa dentro do processo licitatório, posto
maneira conjunta e não sobrepostas. que se incumbe de impor ao administrador, a atuação dentro dos
requisitos aceitáveis sob o ponto de vista racional, uma vez que ao
Princípio da segregação de funções trabalhar na interdição de decisões ou práticas discrepantes do mí-
Trata-se de uma norma de controle interno com o fito de evitar nimo plausível, prova mais uma vez ser um veículo de suma im-
falhas ou fraudes no processo de licitação, vindo a descentralizar o portância do respeito à legalidade, na medida em que é a lei que
poder e criando independência para as funções de execução opera- determina os parâmetros por intermédio dos quais é construída a
cional, custódia física, bem como de contabilização razão administrativa como um todo.
Assim sendo, cada setor ou servidor incumbido de determina- Pondera-se que o princípio da razoabilidade se encontra aco-
da tarefa, fará a sua parte no condizente ao desempenho de fun- plado ao princípio da proporcionalidade, além de manter relação
ções, evitando que nenhum empregado ou seção administrativa com o princípio da finalidade, uma vez que, caso não seja atendida
venha a participar ou controlar todas as fases relativas à execução e a razoabilidade, a finalidade também irá ficar ferida.
controle da despesa pública, vindo assim, a possibilitar a realização
de uma verificação cruzada. Princípio da competitividade
O princípio da segregação de funções, advém do Princípio da O princípio da competição se encontra relacionado à competiti-
moralidade administrativa e se encontra previsto no art. 37, caput, vidade e às cláusulas que são responsáveis por garantir a igualdade
da CFB/1.988 e o da moralidade, no Capítulo VII, seção VIII, item de condições para todos os concorrentes licitatórios. Esse princípio
3, inciso IV, da IN nº 001/2001 da Secretaria Federal de Controle se encontra ligado ao princípio da livre concorrência nos termos do
Interno do Ministério da Fazenda. inciso IV do art. 170 da Constituição Federal Brasileira. Desta manei-
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ra, devido ao fato da lei recalcar o abuso do poder econômico que B) mitigação por condicionantes e compensação ambiental,
pretenda eliminar a concorrência, a lei e os demais atos normativos que serão definidas no procedimento de licenciamento ambiental;
pertinentes não poderão agir com o fulcro de limitar a competitivi- c) utilização de produtos, equipamentos e serviços que, comprova-
dade na licitação. damente, reduzam o consumo de energia e recursos naturais;
Assim, havendo cláusula que possa favorecer, excluir ou infrin- D) avaliação de impactos de vizinhança, na forma da legislação
gir a impessoalidade exigida do gestor público, denota-se que esta urbanística;
poderá recair sobre a questão da restrição de competição no pro- E) proteção do patrimônio cultural, histórico, arqueológico e
cesso licitatório. imaterial, inclusive por meio da avaliação do impacto direto ou indi-
Obs. importante: De acordo com o Tribunal de Contas, não é reto causado pelas obras contratadas;
aceitável a discriminação arbitrária no processo de seleção do con- F) acessibilidade para o uso por pessoas com deficiência ou com
tratante, posto que é indispensável o tratamento uniforme para si- mobilidade reduzida.
tuações uniformes, uma vez que a licitação se encontra destinada
a garantir não apenas a seleção da proposta mais vantajosa para a Princípios correlatos
Administração Pública, como também a observância do princípio Além dos princípios anteriores determinados pela Lei
constitucional da isonomia. Acórdão 1631/2007 Plenário (Sumá- 8.666/1993, a doutrina revela a existência de outros princípios que
rio). também são atinentes aos procedimentos licitatórios, dentre os
quais se destacamos:
Princípio da proporcionalidade
O princípio da proporcionalidade, conhecido como princípio Princípio da obrigatoriedade
da razoabilidade, possui como objetivo evitar que as peculiaridades Consagrado no art. 37, XXI, da CF, esse princípio está disposto
determinadas pela Constituição Federal Brasileira sejam feridas ou no art. 2º do Estatuto das Licitações. A determinação geral é que
suprimidas por ato legislativo, administrativo ou judicial que possa as obras, serviços, compras, alienações, concessões, permissões e
exceder os limites por ela determinados e avance, sem permissão locações da Administração Pública, quando forem contratadas por
no âmbito dos direitos fundamentais. terceiros, sejam precedidas da realização de certame licitatório,
com exceção somente dos casos previstos pela legislação vigente.
Princípio da celeridade
Devidamente consagrado pela Lei nº 10.520/2.002 e conside- Princípio do formalismo
rado um dos direcionadores de licitações na modalidade pregão, o Por meio desse princípio, a licitação se desenvolve de acordo
princípio da celeridade trabalha na busca da simplificação de pro- com o procedimento formal previsto na legislação. Assim sendo, o
cedimentos, formalidades desnecessárias, bem como de intransi- art. 4º, parágrafo único, da Lei 8.666/1993 determina que “o pro-
gências excessivas, tendo em vista que as decisões, sempre que for cedimento licitatório previsto nesta lei caracteriza ato administrati-
possível, deverão ser aplicadas no momento da sessão. vo formal, seja ele praticado em qualquer esfera da Administração
Pública”.
Princípio da economicidade
Sendo o fim da licitação a escolha da proposta que seja mais Princípio do sigilo das propostas
vantajosa para a Administração Pública, pondera-se que é neces- Até a abertura dos envelopes licitatórios em ato público ante-
sário que o administrador esteja dotado de honestidade ao cuidar cipadamente designado, o conteúdo das propostas apresentadas
coisa pública. O princípio da economicidade encontra-se relaciona- pelos licitantes deve ser mantido em sigilo nos termos do art. 43,
do ao princípio da moralidade e da eficiência. § 1º, da Lei 8.666/1993. Deixando claro que violar o sigilo de pro-
Sobre o assunto, no que condiz ao princípio da economicidade, postas apresentadas em procedimento licitatório, ou oportunizar
entende o jurista Marçal Justen Filho, que “… Não basta honestida- a terceiro a oportunidade de devassá-lo, além de prejudicar os de-
de e boas intenções para validação de atos administrativos. A eco- mais licitantes, constitui crime tipificado no art. 94 do Estatuto das
nomicidade impõe adoção da solução mais conveniente e eficiente Licitações, vindo a sujeitar os infratores à pena de detenção, de 2
sob o ponto de vista da gestão dos recursos públicos”. (Justen Filho, (dois) a 3 (três) anos, e multa;
1998, p.66).
Princípio da adjudicação compulsória ao vencedor
Princípio da licitação sustentável Significa que a Administração não pode, ao concluir o procedi-
Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro, “o princípio da susten- mento, atribuir o objeto da licitação a outro agente ou ente que não
tabilidade da licitação ou da licitação sustentável liga-se à ideia de seja o vencedor. Esse princípio, também impede que seja aberta
que é possível, por meio do procedimento licitatório, incentivar a nova licitação enquanto for válida a adjudicação anterior.
preservação do meio ambiente”. Registra-se que a adjudicação é um ato declaratório que ga-
Esse princípio passou a constar de maneira expressa do contido rante ao vencedor que, vindo a Administração a celebrar um con-
na Lei 8.666/1993 depois que o seu art. 3º sofreu alteração pela Lei trato, o fará com o agente ou ente a quem foi adjudicado o objeto.
12.349/2010, que incluiu entre os objetivos da licitação a promoção Entretanto, mesmo que o objeto licitado tenha sido adjudicado, é
do desenvolvimento nacional sustentável. possível que não aconteça a celebração do contrato, posto que a
Da mesma maneira, a Lei 12.462/2011, que institui o Regime licitação pode vir a ser revogada de forma lícita por motivos de in-
Diferenciado de Contratações Públicas (RDC), dispõe o desenvolvi- teresse público, ou anulada, caso seja constatada alguma irregula-
mento nacional sustentável como forma de princípio a ser obser- ridade Insanável.
vado nas licitações e contratações regidas por seu diploma legal.
Assim, prevê a mencionada Lei que as contratações realizadas com Princípio da competitividade
fito no Regime Jurídico Diferenciado de Contratações Públicas de- É advindo do princípio da isonomia. Em outras palavras, ha-
vem respeitar, em especial, as normas relativas ao art. 4º, § 1º: vendo restrição à competição, de maneira a privilegiar determi-
A) disposição final ambientalmente adequada dos resíduos só- nado licitante, consequentemente ocorrerá violação ao princípio
lidos gerados pelas obras contratadas; da isonomia. Por esse motivo, como manifestação do princípio da
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competitividade, tem-se a regra de que é proibido aos agentes pú- De acordo com as regras e normas da Lei 13.303/2016, tais em-
blicos “admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação, presas públicas e sociedades de economia mista não estão dispen-
cláusulas ou condições que comprometam, restrinjam ou frustrem sadas do dever de licitar. Mas estão somente adimplindo tal obriga-
o seu caráter competitivo, inclusive nos casos de sociedades coope- ção com seguimento em procedimentos mais flexíveis e adequados
rativas, e estabeleçam preferências ou distinções em razão da natu- a sua natureza jurídica. Assim sendo, a Lei 8.666/1993 acabou por
ralidade, da sede ou domicílio dos licitantes ou de qualquer outra não mais ser aplicada às estatais e às suas subsidiárias.
circunstância impertinente ou irrelevante para o específico objeto Entretanto, com a entrada em vigor da nova Lei de Licitações de
do contrato”, com exceção do disposto nos §§ 5º a 12 deste art. e nº. 14.133/2.021, advinda do Projeto de Lei nº 4.253/2020, obser-
no art. 3º da Lei 8.248, de 23.10.1991” . va-se que ocorreu um impacto bastante concreto para as estatais
Convém mencionar que José dos Santos Carvalho Filho, enten- naquilo que se refere ao que a Lei nº 13.303/16 expressa ao reme-
de que o dispositivo legal mencionado anteriormente é tido como ter à aplicação das Leis nº 8.666/93 e Lei nº 10.520/02.
manifestação do princípio da indistinção. Nesse sentido, denota-se em relação ao assunto acima que são
pontos de destaque com a aprovação da Nova Lei de Licitações de
Princípio da vedação à oferta de vantagens imprevistas nº. 14.133/2.021:
É um corolário do princípio do julgamento objetivo. No referen- 1) O pregão, sendo que esta modalidade não será mais regula-
te ao julgamento das propostas, a comissão de licitação não poderá, da pela Lei nº 10.520/02, que consta de forma expressa no art. 32,
por exemplo, considerar qualquer oferta de vantagem que não es- IV, da Lei nº 13.303/16;
teja prevista no edital ou no convite, inclusive financiamentos sub- 2) As normas de direito penal que deverão ser aplicadas na
sidiados ou a fundo perdido, nem preço ou vantagem baseada nas seara dos processos de contratação, que, por sua vez, deixarão de
ofertas dos demais licitantes, nos ditames do art. 44, parag. 2°da ser regulados pelos arts. 89 a 99 da Lei nº 8.666/93; e
Lei 8.666/1993. 3) Os critérios de desempate de propostas, sendo que a Lei
nº 13.303/16 dispõe de forma expressa, dentre os critérios de de-
Competência Legislativa sempate contidos no art. 55, inc. III, a adoção da previsão que se
A União é munida de competência privativa para legislar sobre encontra inserida no § 2º do art. 3º da Lei nº 8.666/93, que por sua
normas gerais de licitações, em todas as modalidades, para a admi- vez, passará a ter outro tratamento pela Nova Lei de Licitações.
nistração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, conforme determinação do art. 22, XXVII, Dispensa e inexigibilidade
da CFB/1988. Verificar-se-á a inexigibilidade de licitação sempre que houver
Desse modo, denota-se que de modo geral, as normas edita- inviabilidade de competição. Com a entrada em vigor da Nova Lei
das pela União são de observância obrigatória por todos os entes de Licitações, Lei nº. 14.133/2.021 no art. 74, I, II e III, foi disposto
federados, competindo a estes, editar normas específicas que são as hipóteses por meio das quais a competição é inviável e que, por-
aplicáveis somente às suas próprias licitações, de modo a comple- tanto, nesses casos, a licitação é inexigível. Vejamos:
mentar a disciplina prevista na norma geral sem contrariá-la.
Nessa linha, a título de exemplo, a competência para legislar Art. 74. É inexigível a licitação quando inviável a competição,
supletivamente não permite: a) a criação de novas modalidades li- em especial nos casos de:
citatórias ou de novas hipóteses de dispensa de licitação; b) o esta- I - aquisição de materiais, de equipamentos ou de gêneros ou
belecimento de novos tipos de licitação (critérios de julgamento das contratação de serviços que só possam ser fornecidos por produtor,
propostas); c) a redução dos prazos de publicidade ou de recursos. empresa ou representante comercial exclusivos;
É importante registrar que a EC 19/1998, em alteração ao art.
II - contratação de profissional do setor artístico, diretamente
173, § 1º, da Constituição Federal, anteviu que deverá ser editada
ou por meio de empresário exclusivo, desde que consagrado pela
lei com o fulcro de disciplinar o estatuto jurídico da empresa pú-
crítica especializada ou pela opinião pública;
blica, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que
III - contratação dos seguintes serviços técnicos especializados
explorem atividade econômica de produção ou comercialização de
de natureza predominantemente intelectual com profissionais ou
bens ou de prestação de serviços, sendo que esse estatuto deverá
empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade para
dispor a respeito de licitação e contratação de obras, serviços, com-
serviços de publicidade e divulgação:
pras e alienações, desde que observados os princípios da adminis-
a) estudos técnicos, planejamentos, projetos básicos ou proje-
tração pública.
A mencionada modificação constitucional, teve como objeti- tos executivos;
vo possibilitar a criação de normas mais flexíveis sobre licitação e b) pareceres, perícias e avaliações em geral;
contratos e com maior adequação condizente à natureza jurídica c) assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financeiras
das entidades exploradoras de atividades econômicas, que traba- ou tributárias;
lham sob sistema jurídico predominantemente de direito privado. d) fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou ser-
O Maior obstáculo, é o fato de que essas instituições na maioria das viços;
vezes entram em concorrência com a iniciativa privada e precisam e) patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas;
ter uma agilidade que pode, na maioria das situações, ser prejudi- f) treinamento e aperfeiçoamento de pessoal;
cada pela necessidade de submissão aos procedimentos burocráti- g) restauração de obras de arte e de bens de valor histórico;
cos da administração direta, autárquica e fundacional. h) controles de qualidade e tecnológico, análises, testes e en-
Em observância e cumprimento à determinação da Constitui- saios de campo e laboratoriais, instrumentação e monitoramento
ção Federal, foi promulgada a Lei 13.303/2016, Lei das Estatais, que de parâmetros específicos de obras e do meio ambiente e demais
criou regras e normas específicas paras as licitações que são dirigi- serviços de engenharia que se enquadrem no disposto neste inciso;
das por qualquer empresa pública e sociedade de economia mista IV - objetos que devam ou possam ser contratados por meio de
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Ponde- credenciamento;
ra-se que tais regras forma mantidas pela nova Lei de Licitações, Lei V - aquisição ou locação de imóvel cujas características de ins-
nº: 14.133/2.021 em seu art. 1º, inciso I. talações e de localização tornem necessária sua escolha.
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Em entendimento ao inc. I, afirma-se que o fornecedor exclu- tendem sempre a variam de acordo com seus prazos e ritos espe-
sivo, vedada a preferência de marca, deverá a comprovar a exclu- cíficos como um todo. Com a aprovação da Lei 14.133/2.021 em
sividade por meio de atestado fornecido pelo órgão de registro do seu art. 33, foram criados novos tipos de licitação designados para
comércio do local em que se realizaria a licitação ou a obra ou o a compra de bens e serviços. Sendo eles: menor preço, maior des-
serviço, pelo Sindicato, Federação ou Confederação Patronal, ou, conto, melhor técnica ou conteúdo artístico, técnica e preço, maior
ainda, pelas entidades equivalentes. lance (leilão), maior retorno econômico.
Em relação ao inc. II do referido diploma legal, verifica-se a dis- Vejamos:
pensabilidade da exigência de licitação para a contratação de profis- Menor preço
sionais da seara artística de forma direta ou através de empresário, Trata-se do principal objetivo da Administração Pública que é
levando em conta que este deverá ser reconhecido publicamente. o de comprar pelo menor preço possível. É o critério padrão bási-
Por fim, o inc. III, aduz sobre a contratação de serviços técnicos co e o mais utilizado em qualquer espécie de licitação, inclusive o
especializados, de natureza singular, com profissionais ou empresas pregão. Desta forma, vence, aquele que apresentar o preço menor
de notória especialização, vedada a inexigibilidade para serviços de entre os participantes do certame, desde que a empresa licitante
publicidade e divulgação. atenda a todos os requisitos estipulados no edital.
Nesta espécie de licitação, vencerá a proposta que oferecer e
Ressalta-se que além das mencionadas hipóteses previstas de comprovar maiores vantagens para a Administração Pública, ape-
forma exemplificativa na legislação, sempre que for impossível a nas em questões de valores, o que, na maioria das vezes, termina
competição, o procedimento de inexigibilidade de licitação deverá por prejudicar a população, tendo em vista que ao analisar apenas
ser adotado. a questão de menor preço, nem sempre irá conseguir contratar um
Vale destacar com grande importância, ainda, em relação ao trabalho de qualidade.
inc. III da Nova Lei de Licitações, que nem todo serviço técnico espe-
cializado está apto a ensejar a inexigibilidade de licitação, fato que Maior desconto
se verificará apenas se ao mesmo tempo, tal serviço for de natureza Pondera-se que caso a licitação seja julgada pelo critério de
singular e o seu prestador for dotado de notória especialização. O maior desconto, o preço com o valor estimado ou o máximo aceitá-
serviço de natureza singular é reconhecido pela sua complexidade, vel, deverá constar expressamente do edital. Isso acontece, por que
relevância ou pelos interesses públicos que estiverem em jogo, vin- nessas situações específicas, a publicação do valor de referência da
do demandar a contratação de prestador com a devida e notória Administração Pública é extremamente essencial para que os pro-
especialização. ponentes venham a oferecer seus descontos.
Por sua vez, a legislação considera como sendo de notória Denota-se que o texto de lei determina que a administração li-
especialização, aquele profissional ou empresa que o conceito no citante forneça o orçamento original da contratação, mesmo que tal
âmbito de sua especialidade, advindo de desempenho feito ante- orçamento tenha sido declarado sigiloso, a qualquer instante tanto
riormente como estudos, experiências, publicações, organização, para os órgãos de controle interno quanto externo. Esse fato é de
equipe técnica, ou de outros atributos e requisitos pertinentes com grande importância para a administração Pública, tendo em vista
suas atividades, que permitam demonstrar e comprovar que o seu que a depender do mercado, a divulgação do orçamento original no
trabalho é essencial e o mais adequado à plena satisfação do objeto instante de ocorrência da licitação acarretará o efeito âncora, fazen-
do contrato. do com que os valores das propostas sejam elevados ao patamar
Vale mencionar que em situações práticas, a contratação de mais aproximado possível no que diz respeito ao valor máximo que
serviços especializados por inexigibilidade de licitação tem criado a Administração admite.
várias controvérsias, principalmente quando se refere à contrata-
ção de serviços de advocacia e também de contabilidade. Melhor técnica ou conteúdo artístico
Conforme já estudado, a licitação é tida como dispensada Nesse tipo de licitação, a escolha da empresa vencedora leva
quando, mesmo a competição sendo viável, o certame deixou de em consideração a proposta que oferecer mais vantagem em ques-
ser realizado pelo fato da própria lei o dispensar. Tem natureza dife- tão de fatores de ordem técnica e artística. Denota-se que esta es-
rente da ausência de exigibilidade da licitação dispensável porque pécie de licitação deve ser aplicada com exclusividade para serviços
nesta, o gestor tem a possibilidade de decidir por realizar ou não o de cunho intelectual, como ocorre na elaboração de projetos, por
procedimento. exemplo incluindo-se nesse rol, tanto os básicos como os executi-
A licitação dispensada está acoplada às hipóteses de alienação vos como: cálculos, gerenciamento, supervisão, fiscalização e ou-
de bens móveis ou imóveis da Administração Pública. Em grande tros pertinentes à matéria.
parte das vezes, quando, ao pretender a Administração alienar bens
de sua propriedade, sejam estes móveis ou imóveis, deverá proce- Técnica e preço
der à realização de licitação. No entanto, em algumas situações, em Depreende-se que esta espécie de licitação é de cunho obriga-
razão das peculiaridades do caso especifico, a lei acaba por dispen- tório quando da contratação de bens e serviços na área tecnológica
sar o procedimento, o que é verificado, por exemplo, na hipótese da como de informática e áreas afins, e também nas modalidade de
doação de um bem para outro órgão ou entidade da Administração concorrência, segundo a nova lei de Licitações. Nesse caso espe-
Pública de qualquer esfera de governo. Ocorre que nesse caso, a cífico, o licitante demonstra e apresenta a sua proposta e a docu-
Administração já determinou previamente para qual órgão ou en- mentação usando três envelopes distintos, sendo eles: o primeiro
tidade irá doar o bem. Assim sendo, não existe a necessidade de para a habilitação, o segundo para o deslinde da proposta técnica e
realização do certame licitatório. o terceiro, com o preço, que deverão ser avaliados nessa respectiva
ordem.
Critérios de Julgamento
Os novos critérios de julgamento tratam-se das referências Maior lance (leilão)
que são utilizadas para a avaliação das propostas de licitação. Regis- Nos ditames da nova Lei de Licitações, esse critério se encon-
tra-se que as espécies de licitação encontram-se dotadas de carac- tra restrito à modalidade de leilão, disciplina que estudaremos nos
terísticas e exigências diversas, sendo que as espécies de licitação próximos tópicos.
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Maior retorno econômico Concurso
Registra-se que esse tema se trata de uma das maiores novida- Disposto no art. 30 da Nova Lei de Licitações, esta modalidade
des advindas da Nova Lei de Licitações, pelo fato desse requisito ser de licitação pode ser utilizada para a escolha de trabalho técnico,
um tipo de licitação de uso para licitações cujo objeto e fulcro sejam científico ou artístico. Vejamos o que dispõe a Nova Lei de Licita-
uma espécie de contrato de eficiência. ções:
Assim dispõe o inc. LIII do Art. 6º da Nova Lei de Licitações: Art. 30. O concurso observará as regras e condições previstas
LIII - contrato de eficiência: contrato cujo objeto é a prestação em edital, que indicará:
de serviços, que pode incluir a realização de obras e o fornecimento I - a qualificação exigida dos participantes;
de bens, com o objetivo de proporcionar economia ao contratante, II - as diretrizes e formas de apresentação do trabalho;
na forma de redução de despesas correntes, remunerado o contra- III - as condições de realização e o prêmio ou remuneração a ser
tado com base em percentual da economia gerada; concedida ao vencedor.
Desta forma, depreende-se que a pretensão da Administração Parágrafo único. Nos concursos destinados à elaboração de
não se trata somente da obra, do serviço ou do bem propriamente projeto, o vencedor deverá ceder à Administração Pública, nos ter-
dito, mas sim do resultado econômico que tenha mais vantagens mos do art. 93 desta Lei, todos os direitos patrimoniais relativos ao
advindas dessas prestações, razão pela qual, a melhor proposta de projeto e autorizar sua execução conforme juízo de conveniência e
ajuste trata-se daquela que oferece maior retorno econômico à ma- oportunidade das autoridades competentes.
quina pública.
Leilão
Modalidades Disposto no art. 31 da Nova Lei de Licitações, o leilão poderá
ser cometido a leiloeiro oficial ou a servidor designado pela auto-
De antemão, infere-se que com o advento da nova Lei de Lici- ridade competente da Administração, sendo que seu regulamento
tações de nº. 14.133/2.021, foram excluídas do diploma legal da deverá dispor sobre seus procedimentos operacionais.
Lei 8.666/1.993 as seguintes modalidades de licitação: tomada de Se optar pela realização de leilão por intermédio de leiloeiro
preços, convite e RDC – Lei 12.462/2.011. Desta forma, de acordo oficial, a Administração deverá selecioná-lo mediante credencia-
com a Nova Lei de Licitações, são modalidades de licitação: con- mento ou licitação na modalidade pregão e adotar o critério de jul-
corrência, concurso, leilão, pregão e diálogo competitivo. gamento de maior desconto para as comissões a serem cobradas,
Lembrando que conforme afirmado no início desse estudo, utilizados como parâmetro máximo, os percentuais definidos na lei
pelo fato do ordenamento jurídico administrativo estar em fase de que regula a referida profissão e observados os valores dos bens a
transição em relação às duas leis, posto que nos dois primeiros anos serem leiloados
as duas se encontrarão válidas, tendo em vista que na aplicação O leilão não exigirá registro cadastral prévio, não terá fase de
para processos que começaram na Lei anterior, deverão continuar habilitação e deverá ser homologado assim que concluída a fase
a ser resolvidos com a aplicação dela, e, processos que começarem de lances, superada a fase recursal e efetivado o pagamento pelo
após a aprovação da nova Lei, deverão ser resolvidos com a aplica- licitante vencedor, na forma definida no edital.
ção da nova Lei.
Quaisquer interessados podem participar do leilão. Denota-se
Concorrência que o bem será vendido para o licitante que fizer a oferta de maior
Com fundamento no art. 29 da Lei 14.133/2.021, concorrência lance, o qual deverá obrigatoriamente ser igual ou superior ao valor
é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados que, na de avaliação do bem.
fase inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir os requi- A realização do leilão poderá ser por meio de leiloeiro oficial ou
sitos mínimos de qualificação exigidos no edital para execução de por servidor indicado pela Administração, procedendo-se conforme
seu objeto. os ditames da legislação pertinente.
Em termos práticos, trata-se a concorrência de modalidade
licitatória conveniente para contratações de grande aspecto. Isso Destaca-se ainda, que algumas entidades financeiras da Admi-
ocorre, por que a Lei de Licitações e Contratos dispôs uma espécie nistração indireta executam contratos de mútuo que são garantidos
de hierarquia quando a definição da modalidade de licitação acon- por penhor e que, restando-se vencido o contrato, se a dívida não
tece em razão do valor do contrato. Ocorre que quanto maiores for liquidada, promover-se-á o leilão do bem empenhado que deve-
forem os valores envolvidos, mais altos e maiores serão o nível de rá seguir as regras pertinentes à Lei de licitações.
publicidade bem como os prazos estipulados para a realização do
procedimento. Em alguns casos, não obstante, é permitido uso da Pregão
modalidade de maior publicidade no lugar das de menor publicida- Com fundamento no art. 29 da Nova Lei de Licitações, trata-
de, jamais o contrário. -se o pregão de uma modalidade de licitação do tipo menor preço,
Nesta linha de pensamento, a regra passa a exigir o uso da con- designada ao aferimento de aquisição de bens e serviços comuns.
corrência para valores elevados, vindo a permitir que seja realizada Existem duas maneiras de ocorrência dos pregões, sendo estas nas
a tomada de preços ou concorrência para montantes de cunho in- formas eletrônica e presencial.
termediário e convite (ou tomada de preços ou concorrência), para Pondera-se que a Lei geral que rege os pregões é a Lei
contratos de valores mais reduzidos. Os gestores, na prática, ge- 10.520/02. No entanto, em âmbito federal, o pregão presencial é
ralmente optam por utilizar a modalidade licitatória que seja mais fundamentado e regulamentado pelo Decreto3.555/00, já o pregão
simplificada dentro do possível, de maneira a evitar a submissão a eletrônico, por meio do Decreto 5.450/05.
prazos mais extensos de publicidade do certame. Os referidos decretos, em razão da natureza institucional de
processamento dos pregões, são estabelecidos por meio de regras
diferentes que serão adotadas pelo Poder Público.

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Em âmbito federal, a modalidade pregão é obrigatória para c) a estrutura jurídica ou financeira do contrato.
contratação de serviços e bens comuns. No entanto, o Decreto
5.459/05 determina que a forma eletrônica é, via de regra, prefe- Obs. Importante: § 1º, inc. VIII , Lei 14.133/2021- a Adminis-
rencial. tração deverá, ao declarar que o diálogo foi concluído, juntar aos
Ressalta-se que aqueles que estiverem interessados em partici- autos do processo licitatório os registros e as gravações da fase de
par do pregão presencial, deverão comparecer em hora e local nos diálogo, iniciar a fase competitiva com a divulgação de edital con-
quais deverá ocorrer a Sessão Pública, onde será feito o credencia- tendo a especificação da solução que atenda às suas necessidades
mento, devendo ainda, apresentar os envelopes de proposta, bem e os critérios objetivos a serem utilizados para seleção da proposta
como os documentos pertinentes. mais vantajosa e abrir prazo, não inferior a 60 (sessenta) dias úteis,
Referente ao pregão eletrônico, deverão os interessados fazer para todos os licitantes pré-selecionados na forma do inciso II deste
cadastro no sistema de compras a ser usado pelo ente licitante, vin- parágrafo apresentarem suas propostas, que deverão conter os ele-
do, por conseguinte, cadastrar a sua proposta. mentos necessários para a realização do projeto.
A classificação a respeito das formas de pregão está também
eivada de diferenças. Infere-se que no pregão presencial, o prego- Habilitação, Julgamento e recursos
eiro deverá fazer a seleção de todas as propostas de até 10% acima Habilitação
da melhor proposta e as classificar para a fase de lances. Havendo Com determinação expressa no Capítulo VI da Nova Lei de Lici-
ausência de propostas que venham a atingir esses 10%, restarão tações, art. 62, denota-se que a habilitação se mostra como a fase
selecionadas, por conseguinte, as três melhores propostas. da licitação por meio da qual se verifica o conjunto de informações
Diversamente do que ocorre no pregão eletrônico, levando em e documentos necessários e suficientes para demonstrar a capaci-
conta que todos os participantes são classificados e tem o direito de dade do licitante de realizar o objeto da licitação.
participar da fase na qual ocorrem os lances por meio do sistema, Registra-se no dispositivo legal, que os critérios inseridos foram
dentro dos parâmetros pertinentes ao horário indicado no edital ou renovados pela Nova Lei, como por exemplo, a previsão em lei de
carta convite. aceitação de balanço de abertura.
Inicia-se a fase de lances do pregão presencial com o lance da No que condiz à habilitação econômico-financeira, com supe-
licitação que possui a maior proposta, vindo a seguir, por conse- dâneo legal no art. 68 da Nova Lei, observa-se que possui utilidade
guinte, a lista decrescente até alcançar ao menor valor. para demonstrar que o licitante se encontra dotado de capacidade
É importante destacar que no pregão eletrônico, os lances são para sintetizar com suas possíveis obrigações futuras, devendo a
lançados no sistema na medida em que os participantes vão ofer- mesma ser comprovada de forma objetiva, por intermédio de coefi-
tando, devendo ser sempre de menor valor ao último lance que por cientes e índices econômicos que deverão estar previstos no edital
este foi ofertado. Assim, lances são lançados e registrados no siste- e devidamente justificados no processo de licitação.
ma, até que esta fase venha a se encerrar. De acordo com a Nova lei, os documentos exigidos para a ha-
Desde o início da Sessão, no pregão presencial o pregoeiro de- bilitação são: a certidão negativa de feitos a respeito de falência ex-
verá se informar de antemão, quem são os participantes, tendo em pedida pelo distribuidor da sede do licitante, e, por último, exige-se
vista que estes se identificam no momento do em que fazem o cre- o balanço patrimonial dos últimos dois exercícios sociais, salvo das
denciamento. empresas que foram constituídas no lapso de menos de dois anos.
No pregão eletrônico, até que chegue a fase de habilitação, Registra-se que base legal no art. 66 da referida Lei, habilita-
o pregoeiro não possui a informação sobre quem são os licitantes ção jurídica visa a demonstrar a capacidade de o licitante exercer
participantes, para evitar conluio. direitos e assumir obrigações, e a documentação a ser apresentada
A intenção de recorrer no pregão presencial, deverá por parâ- por ele limita-se à comprovação de existência jurídica da pessoa e,
metros legais, ser manifestada e eivada com as motivações ao final quando cabível, de autorização para o exercício da atividade a ser
da Sessão. contratada.
No pregão eletrônico, havendo a intenção de recorrer, deverá Já o art. 67, dispõe de forma clara a respeito da documentação
de imediato a parte interessada se manifestar, devendo ser regis- exigida para a qualificação técnico-profissional e técnico-operacio-
trado no campo do sistema de compras pertinente, no qual deverá nal. Vejamos:
conter as exposições com a motivação da interposição. Art. 67. A documentação relativa à qualificação técnico-profis-
sional e técnico-operacional será restrita a:
Diálogo competitivo I - apresentação de profissional, devidamente registrado no
Com supedâneo no art. 32 da Nova Lei de Licitações, modali- conselho profissional competente, quando for o caso, detentor de
dade diálogo competitivo é restrita a contratações em que a Admi- atestado de responsabilidade técnica por execução de obra ou ser-
nistração: viço de características semelhantes, para fins de contratação;
Art. 32. A modalidade diálogo competitivo é restrita a contrata- II - certidões ou atestados, regularmente emitidos pelo conse-
ções em que a Administração: lho profissional competente, quando for o caso, que demonstrem
I - vise a contratar objeto que envolva as seguintes condições: capacidade operacional na execução de serviços similares de com-
a) inovação tecnológica ou técnica; plexidade tecnológica e operacional equivalente ou superior, bem
b) impossibilidade de o órgão ou entidade ter sua necessidade como documentos comprobatórios emitidos na forma do § 3º do
satisfeita sem a adaptação de soluções disponíveis no mercado; e art. 88 desta Lei;
c) impossibilidade de as especificações técnicas serem definidas III - indicação do pessoal técnico, das instalações e do apare-
com precisão suficiente pela Administração; lhamento adequados e disponíveis para a realização do objeto da
II - verifique a necessidade de definir e identificar os meios e as licitação, bem como da qualificação de cada membro da equipe téc-
alternativas que possam satisfazer suas necessidades, com desta- nica que se responsabilizará pelos trabalhos;
que para os seguintes aspectos: IV - prova do atendimento de requisitos previstos em lei espe-
a) a solução técnica mais adequada; cial, quando for o caso;
b) os requisitos técnicos aptos a concretizar a solução já defi- V - registro ou inscrição na entidade profissional competente,
nida; quando for o caso;
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VI - declaração de que o licitante tomou conhecimento de to- Registre-se por fim, que a homologação vincula tanto a Admi-
das as informações e das condições locais para o cumprimento das nistração como o licitante, para buscar o aperfeiçoamento do con-
obrigações objeto da licitação. trato.

Julgamento Registro de preços


Sob a vigência do nº. 14.133/2.021, a Nova Lei de Licitações Registro de preços é a modalidade de licitação que se encontra
trouxe em seu art. 33, a nova forma de julgamento, sendo que de apropriada para possibilitar diversas contratações que sejam conco-
agora em diante, as propostas deverão ser julgadas de acordo sob mitantes ou sucessivas, sem que haja a realização de procedimento
os seguintes critérios: de licitação de forma específica para cada uma destas contratações.
1. Menor preço; Registra-se que o referido sistema é útil tanto a um, quanto a
2. Maior desconto; mais órgãos pertencentes à Administração.
3. Melhor técnica ou conteúdo artístico; De modo geral, o registro de preços é usado para compras cor-
4. Técnica e preço; riqueiras de bens ou serviços específicos, em se tratando daqueles
5. Maior lance, no caso de leilão; que não se sabe a quantidade que será preciso adquirir, bem como
6. Maior retorno econômico. quando tais compras estiverem sob a condição de entregas parcela-
Observa-se que os títulos por si só já dão a noção a respeito do das. O objetivo destas ações é evitar que se formem estoques, uma
seu funcionamento, bem como já foram estudados anteriormente vez que estes geram alto custo de manutenção, além do risco de
nesta obra. Entretanto, é possível afirmar que a maior novidade, tais bens vir a perecer ou deteriorar.
trata-se do critério de maior retorno econômico, que é uma espécie Por fim, vejamos os dispositivos legais contidos na Nova lei de
de licitação usada somente para certames cujo objeto seja contrato Lictações que regem o sistema de registro de preços:
de eficiência de forma geral. Art. 82. O edital de licitação para registro de preços observará
Nesta espécie de contrato, busca-se o resultado econômico as regras gerais desta Lei e deverá dispor sobre:
que proporcione a maior vantagem advinda de uma obra, serviço I - as especificidades da licitação e de seu objeto, inclusive a
ou bem, motivo pelo qual, a melhor proposta deverá ser aquela que quantidade máxima de cada item que poderá ser adquirida;
trouxer um maior retorno econômico. II - a quantidade mínima a ser cotada de unidades de bens ou,
no caso de serviços, de unidades de medida;
Recursos III - a possibilidade de prever preços diferentes:
Com base legal no art. 71 da nova Lei de Licitações, não ocor- a) quando o objeto for realizado ou entregue em locais dife-
rendo inversão de fases na licitação, pondera-se que os recursos em rentes;
face dos atos de julgamento ou habilitação, deverão ser apresenta- b) em razão da forma e do local de acondicionamento;
dos no término da fase de habilitação, tendo em vista que tal ato c) quando admitida cotação variável em razão do tamanho do
deverá acontecer em apenas uma etapa. lote;
Caso os licitantes desejem recorrer a despeito dos atos do jul- d) por outros motivos justificados no processo;
IV - a possibilidade de o licitante oferecer ou não proposta em
gamento da proposta e da habilitação, denota-se que deverão se
quantitativo inferior ao máximo previsto no edital, obrigando-se
manifestar de imediato o seu desejo de recorrer, logo após o térmi-
nos limites dela;
no de cada sessão, sob pena de preclusão
V - o critério de julgamento da licitação, que será o de menor
Havendo a inversão das fases com a habilitação de forma pre-
preço ou o de maior desconto sobre tabela de preços praticada no
cedente à apresentação das propostas, bem como o julgamento,
mercado;
afirma-se que os recursos terão que ser apresentados em dois in-
VI - as condições para alteração de preços registrados;
tervalos de tempo, após a fase de habilitação e após o julgamento
VII - o registro de mais de um fornecedor ou prestador de servi-
das propostas.
ço, desde que aceitem cotar o objeto em preço igual ao do licitante
vencedor, assegurada a preferência de contratação de acordo com
Adjudicação e homologação a ordem de classificação;
O Direito Civil Brasileiro conceitua a adjudicação como sendo VIII - a vedação à participação do órgão ou entidade em mais
o ato por meio do qual se declara, cede ou transfere a propriedade de uma ata de registro de preços com o mesmo objeto no prazo de
de uma pessoa para outra. Já o Direito Processual Civil a conceitua validade daquela de que já tiver participado, salvo na ocorrência de
como uma forma de pagamento feito ao exequente ou a terceira ata que tenha registrado quantitativo inferior ao máximo previsto
pessoa, por meio da transferência dos bens sobre os quais incide no edital;
a execução. IX - as hipóteses de cancelamento da ata de registro de preços
Ressalta-se que os procedimentos legais de adjudicação têm e suas consequências
início com o fim da fase de classificação das propostas. Adilson § 1º O critério de julgamento de menor preço por grupo de
Dallari (1992:106), doutrinariamente separando as fases de classi- itens somente poderá ser adotado quando for demonstrada a invia-
ficação e adjudicação, ensina que esta não é de cunho obrigatório, bilidade de se promover a adjudicação por item e for evidenciada a
embora não seja livre. sua vantagem técnica e econômica, e o critério de aceitabilidade de
Podemos conceituar a homologação como o ato que perfaz o preços unitários máximos deverá ser indicado no edital.
encerramento da licitação, abrindo espaço para a contratação. Ho- § 2º Na hipótese de que trata o § 1º deste artigo, observados
mologação é a aprovação determinada por autoridade judicial ou os parâmetros estabelecidos nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 23 desta Lei,
administrativa a determinados atos particulares com o fulcro de a contratação posterior de item específico constante de grupo de
produzir os efeitos jurídicos que lhes são pertinentes. itens exigirá prévia pesquisa de mercado e demonstração de sua
Considera-se que a homologação do processo de licitação re- vantagem para o órgão ou entidade.
presenta a aceitação da proposta. De acordo com Sílvio Rodrigues § 3º É permitido registro de preços com indicação limitada a
(1979:69), a aceitação consiste na “formulação da vontade concor- unidades de contratação, sem indicação do total a ser adquirido,
dante e envolve adesão integral à proposta recebida.” apenas nas seguintes situações:
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DIREITO ADMINISTRATIVO
I - quando for a primeira licitação para o objeto e o órgão ou Por fim, registra-se que em se tratando da obrigatoriedade da
entidade não tiver registro de demandas anteriores; aprovação de espaço aos licitantes interessados no exercício do di-
II - no caso de alimento perecível; reito ao contraditório e à ampla defesa, de forma anterior ao ato
III - no caso em que o serviço estiver integrado ao fornecimento de decisório de revogação e anulação, criou-se de forma tradicio-
de bens. nal diversos debates tanto na doutrina quanto na jurisprudência
§ 4º Nas situações referidas no § 3º deste artigo, é obrigatória nacional. Um exemplo da informação acima, trata-se dos diversos
a indicação do valor máximo da despesa e é vedada a participação julgados que ressalvam a aplicação contida no art. 49, §3º da Lei
de outro órgão ou entidade na ata. 8.666/1.993 nas situações de revogação de licitação antes de sua
§ 5º O sistema de registro de preços poderá ser usado para homologação. Pondera-se que esse entendimento afirma que o
a contratação de bens e serviços, inclusive de obras e serviços de contraditório e a ampla defesa apenas seriam exigíveis quando o
engenharia, observadas as seguintes condições: procedimento de licitação tiver sido concluído.
I - realização prévia de ampla pesquisa de mercado; Obs. Importante: Ainda que em situações por meio das quais é
II - seleção de acordo com os procedimentos previstos em re- considerado dispensável dar a oportunidade aos licitantes do con-
gulamento; traditório e a ampla defesa, a obrigação da administração em mo-
III - desenvolvimento obrigatório de rotina de controle; tivar o ato revogatório não será afastada, uma vez que devendo se
IV - atualização periódica dos preços registrados; ater aos princípios da transparência e da motivação, o gestor por
V - definição do período de validade do registro de preços; força de lei, deverá sempre evidenciar as razões pelas quais foram
VI - inclusão, em ata de registro de preços, do licitante que acei- fundamentadas a conclusão pela revogação do certame, bem como
tar cotar os bens ou serviços em preços iguais aos do licitante vence- os motivos de não prosseguir com o processo licitatório.
dor na sequência de classificação da licitação e inclusão do licitante
que mantiver sua proposta original. Breves considerações adicionais acerca das mudanças no pro-
§ 6º O sistema de registro de preços poderá, na forma de regu- cesso de licitação após a aprovação da Lei 14.133/2.021
lamento, ser utilizado nas hipóteses de inexigibilidade e de dispen- • Com a aprovação da Nova Lei, nos ditames do §2º do art. 17,
sa de licitação para a aquisição de bens ou para a contratação de será utilizada como regra geral, a forma eletrônica de contratação
serviços por mais de um órgão ou entidade. para todos os procedimentos licitatórios.
• Como exceção, caso seja preciso que a forma de contratação
Art. 83. A existência de preços registrados implicará compro-
seja feita presencialmente, o órgão deverá expor os motivos de fato
misso de fornecimento nas condições estabelecidas, mas não obri-
e de direito no processo administrativo, porém, ficará incumbido da
gará a Administração a contratar, facultada a realização de licita-
obrigação de gravar a sessão em áudio e também em vídeo.
ção específica para a aquisição pretendida, desde que devidamente
• O foco da Nova Lei, é buscar o incentivo para o uso do siste-
motivada. ma virtual nos certames, vindo, assim, a dar mais competitividade,
Art. 84. O prazo de vigência da ata de registro de preços será de segurança e isonomia para as licitações de forma geral.
1 (um) ano e poderá ser prorrogado, por igual período, desde que • A Nova Lei de Licitações criou o PNCP (Portal Nacional de
comprovado o preço vantajoso. Contratações Públicas), que irá servir como um portal obrigatório.
Parágrafo único. O contrato decorrente da ata de registro de • Todos os órgãos terão obrigação de divulgar suas licitações,
preços terá sua vigência estabelecida em conformidade com as dis- sejam eles federais, estaduais ou municipais.
posições nela contidas. • Art. 20. Os itens de consumo adquiridos para suprir as de-
mandas das estruturas da Administração Pública deverão ser de
Revogação e anulação da licitação qualidade comum, não superior à necessária para cumprir as finali-
De antemão, em relação à revogação e a anulação do proce- dades às quais se destinam, vedada a aquisição de artigos de luxo.
dimento licitatório, aplica-se o mesmo raciocínio, posto que caso • Art. 95, § 2º É nulo e de nenhum efeito o contrato verbal com
tenha havido vício no procedimento, busca-se por vias legais o a a Administração, salvo o de pequenas compras ou o de prestação
possibilidade de corrigi-lo. Em se tratando de caso de vício que não de serviços de pronto pagamento, assim entendidos aqueles de va-
se possa sanar, ou haja a impossibilidade de saná-lo, a anulação se lor não superior a R$ 10.000,00 (dez mil reais).
impõe. Entretanto, caso não exista qualquer espécie de vício no cer- • São atos da Administração Pública antes de formalizar ou
tame, mas, a contratação tenha sido deixada de ser considerada de prorrogar contratos administrativos: verificar a regularidade fiscal
interesse público, impõe-se a aplicação da revogação. do contratado; consultar o Cadastro Nacional de Empresas idôneas
Nos ditames do art. 62 da Lei nº 13.303/2016, após o início da e suspensas (CEIS) e punidas (CNEP).
fase de apresentação de lances ou propostas, “a revogação ou a • A Nova Lei de Licitações inseriu vários crimes do Código Pe-
anulação da licitação somente será efetivada depois de se conceder nal, no que se refere às licitações, dentre eles, o art. 337-H do Có-
aos licitantes que manifestem interesse em contestar o respectivo digo Penal de 1.940:
ato prazo apto a lhes assegurar o exercício do direito ao contraditó- Art. 337-H. Admitir, possibilitar ou dar causa a qualquer mo-
rio e à ampla defesa”. dificação ou vantagem, inclusive prorrogação contratual, em favor
Já na seara da lei nº 8.666/93, ressalta-se que a norma tratou do contratado, durante a execução dos contratos celebrados com a
Administração Pública sem autorização em lei, no edital da licitação
de limitar a indicar, por meio do art. 49, §3º, que em caso de des-
ou nos respectivos instrumentos contratuais, ou, ainda, pagar fatu-
fazimento do processo licitatório, ficará assegurado o contraditório
ra com preterição da ordem cronológica de sua exigibilidade:
e a ampla defesa.
Pena – reclusão, de 4 (quatro) anos a 8 (oito) anos, e multa.

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Perturbação de processo licitatório Princípio da moralidade
• Os valores fixados na Lei, serão anualmente corrigidos pelo Disposto no art. 37 da CRFB/1988, presta-se a exigir que a atua-
IPCA-E, nos termos do art. 182: O Poder Executivo federal atua- ção administrativa, respeite a lei, sendo ética, leal e séria. Nesse dia-
lizará, a cada dia 1º de janeiro, pelo Índice Nacional de Preços ao pasão, o art. 2. °, parágrafo único, IV, da Lei 9.784/1999 ordena ao
Consumidor Amplo Especial (IPCA-E) ou por índice que venha a subs- administrador nos processos administrativos, a autêntica “atuação
tituí-lo, os valores fixados por esta Lei, os quais serão divulgados no segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé”. Exemplo:
PNCP. a vedação do ato de nepotismo inserido da Súmula Vinculante 13
do STF. Entretanto, o STF tem afastado a aplicação da mencionada
CONTRATOS ADMINISTRATIVOS súmula para os cargos políticos, o que para a doutrina em geral não
parece apropriado, tendo em vista que o princípio da moralidade é
No desempenho da função administrativa, o Poder Público um princípio geral e aplicável a toda a Administração Pública, vindo
empraza diversas relações jurídicas com pessoas físicas e jurídicas, a alcançar, inclusive, os cargos de natureza política.
públicas e privadas. A partir do momento em que tais relações se
constituem por intermédio da manifestação bilateral da vontade Princípio da publicidade
das partes, afirmamos que foi celebrado um contrato da Adminis- Sua função é impor a divulgação e a exteriorização dos atos
tração. do Poder Público, nos ditames do art. 37 da CRFB/1988 e do art.
Denota-se que os contratos da Administração podem ser nas 2. ° da Lei 9.784/1999). Ressalta-se com grande importância que a
formas: transparência dos atos administrativos guarda estreita relação com
Contratos Administrativos: são aqueles comandados pelas o princípio democrático nos termos do art. 1. ° da CRFB/1988), vin-
normas de Direito Público. do a possibilitar o exercício do controle social sobre os atos públicos
Contratos de Direito Privado firmados pela Administração: praticados pela Administração Pública em geral. Denota-se que a
são aqueles comandados por normas de Direito Privado. atuação administrativa obscura e sigilosa é característica típica dos
Estados autoritários. Como se sabe, no Estado Democrático de Di-
Princípios reito, a regra determinada por lei, é a publicidade dos atos estatais,
Princípio da legalidade com exceção dos casos de sigilo determinados e especificados por
Disposto no art. 37 da CRFB/1988, recebe um conceito como lei. Exemplo: a publicidade é um requisito essencial para a produ-
um produto do Liberalismo, que propagava evidente superioridade ção dos efeitos dos atos administrativos, é uma necessidade de mo-
do Poder Legislativo por intermédio da qual a legalidade veio a ser tivação dos atos administrativos.
bipartida em importantes desdobramentos:
1) Supremacia da lei: a lei prevalece e tem preferência sobre os Princípio da eficiência
atos da Administração; Foi inserido no art. 37 da CRFB, por intermédio da EC 19/1998,
2) Reserva de lei: a apreciação de certas matérias deve ser for- com o fito de substituir a Administração Pública burocrática pela
malizada pela legislação, deletando o uso de outros atos de caráter Administração Pública gerencial. O intuito de eficiência está relacio-
normativo. nado de forma íntima com a necessidade de célere efetivação das
Todavia, o princípio da legalidade deve ser conceituado como o finalidades públicas dispostas no ordenamento jurídico. Exemplo:
principal conceito para a configuração do regime jurídico-adminis- duração razoável dos processos judicial e administrativo, nos dita-
trativo, tendo em vista que segundo ele, a administração pública só mes do art. 5.0, LXXVIII, da CRFB/1988, inserido pela EC 45/2004),
poderá ser desempenhada de forma eficaz em seus atos executivos, bem como o contrato de gestão no interior da Administração (art.
agindo conforme os parâmetros legais vigentes. De acordo com o 37 da CRFB) e com as Organizações Sociais (Lei 9.637/1998).
princípio em análise, todo ato que não possuir base em fundamen- Em relação à circulação de riquezas, existem dois critérios que
tos legais é ilícito. garantem sua eficiência:
a) eficiência de Pareto (“ótimo de Pareto”): a medida se torna
Princípio da impessoalidade eficiente se conseguir melhorar a situação de certa pessoa sem pio-
Consagrado de forma expressa no art. 37 da CRFB/1988, possui rar a situação de outrem.
duas interpretações possíveis: b) eficiência de Kaldor-Hicks: as normas devem ser aplicadas
a) igualdade (ou isonomia): dispõe que a Administração Públi- de forma a produzir o máximo de bem-estar para o maior número
ca deve se abster de tratamento de forma impessoal e isonômico de pessoas, onde os benefícios de “X” superam os prejuízos de “Y”).
aos particulares, com o fito de atender a finalidade pública, vedadas Ressalte-se, contudo, em relação aos critérios mencionados
a discriminação odiosa ou desproporcional. Exemplo: art. 37, II, da acima, que a eficiência não pode ser analisada apenas sob o prisma
CRFB/1988: concurso público. Isso posto, com ressalvas ao trata- econômico, tendo em vista que a Administração possui a obrigação
mento que é diferenciado para pessoas que estão se encontram em de considerar outros aspectos fundamentais, como a qualidade do
posição fática de desigualdade, com o fulcro de efetivar a igualdade serviço ou do bem, durabilidade, confiabilidade, dentre outros as-
material. Exemplo: art. 37, VIII, da CRFB e art. 5.0, § 2. °, da Lei pectos.
8.112/1990: reserva de vagas em cargos e empregos públicos para
portadores de deficiência.
b) proibição de promoção pessoal: quem faz as realizações
públicas é a própria entidade administrativa e não são tidas como
feitos pessoais dos seus respectivos agentes, motivos pelos quais
toda a publicidade dos atos do Poder Público deve possuir caráter
educativo, informativo ou de orientação social, nos termos do art.
37, § 1. °, da CRFB: “dela não podendo constar nomes, símbolos
ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades
ou servidores públicos”.

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Princípios da razoabilidade e da proporcionalidade b) interesse público secundário: trata-se do interesse do pró-
Nascido e desenvolvido no sistema da common law da Magna prio Estado, ao estar sujeito a direitos e obrigações, encontra-se
Carta de 1215, o princípio da razoabilidade o princípio surgiu no di- ligando de forma expressa à noção de interesse do erário, imple-
reito norte-americano por intermédio da evolução jurisprudencial mentado através de atividades administrativas instrumentais que
da cláusula do devido processo legal, pelas Emendas 5.’ e 14.’ da são necessárias ao atendimento do interesse público primário.
Constituição dos Estados Unidos, vindo a deixar de lado o seu cará- Exemplos: as atividades relacionadas ao orçamento, aos agentes
ter procedimental (procedural due process of law: direito ao contra- público e ao patrimônio público.
ditório, à ampla defesa, dentre outras garantias processuais) para,
por sua vez, incluir a versão substantiva (substantive due process of Princípio da continuidade
law: proteção das liberdades e dos direitos dos indivíduos contra Encontra-se ligado à prestação de serviços públicos, sendo que
abusos do Estado). tal prestação gera confortos materiais para as pessoas e não pode
Desde seus primórdios, o princípio da razoabilidade vem sendo ser interrompida, levando em conta a necessidade permanente de
aplicado como forma de valoração pelo Judiciário, bem como da satisfação dos direitos fundamentais instituídos pela legislação.
constitucionalidade das leis e dos atos administrativos, demons- Tendo em vista a necessidade de continuidade do serviço pú-
trando ser um dos mais importantes instrumentos de defesa dos blico, é exigido regularidade na sua prestação. Ou seja, prestador
direitos fundamentais dispostos na legislação pátria. do serviço, seja ele o Estado, ou, o delegatório, deverá prestar o
O princípio da proporcionalidade, por sua vez origina-se das te- serviço de forma adequada, em consonância com as normas vigen-
orias jusnaturalistas dos séculos XVII e XVIII, a partir do momento tes e, em se tratando dos concessionários, devendo haver respeito
no qual foi reconhecida a existência de direitos perduráveis ao ho- às condições do contrato de concessão. Em resumo, a continuidade
mem oponíveis ao Estado. Foi aplicado primeiramente no âmbito pressupõe a regularidade, isso por que seria inadequado exigir que
do Direito Administrativo, no “direito de polícia”, vindo a receber, o prestador continuasse a prestar um serviço de forma irregular.
na Alemanha, dignidade constitucional, a partir do momento em Mesmo assim, denota-se que a continuidade acaba por não
que a doutrina e a jurisprudência passaram a afirmar que a propor- impor que todos os serviços públicos sejam prestados diariamente
cionalidade seria um princípio implícito advindo do próprio Estado e em período integral. Na realidade, o serviço público deverá ser
de Direito. prestado sempre na medida em que a necessidade da população
Embora haja polêmica em relação à existência ou não de di- vier a surgir, sendo lícito diferenciar a necessidade absoluta da ne-
ferenças existentes entre os princípios da razoabilidade e da pro- cessidade relativa, onde na primeira, o serviço deverá ser prestado
porcionalidade, de modo geral, tem prevalecido a tese da fungibi- sem qualquer tipo interrupção, tendo em vista que a população ne-
lidade entre os mencionados princípios que se relacionam e forma cessita de forma permanente da disponibilidade do serviço. Exem-
paritária com os ideais igualdade, justiça material e racionalidade, plos: hospitais, distribuição de energia, limpeza urbana, dentre ou-
vindo a consubstanciar importantes instrumentos de contenção dos tros.
excessos cometidos pelo Poder Público.
O princípio da proporcionalidade é subdividido em três Princípio da autotutela
subprincípios: Aduz que a Administração Pública possui o poder-dever de re-
a) Adequação ou idoneidade: o ato praticado pelo Estado será ver os seus próprios atos, seja no sentido de anulá-los por vício de
adequado quando vier a contribuir para a realização do resultado legalidade, ou, ainda, para revogá-los por motivos de conveniência
pretendido. e de oportunidade, de acordo com a previsão contida nas Súmulas
b) Necessidade ou exigibilidade: em decorrência da proibição 346 e 473 do STF, e, ainda, como no art. 53 da Lei 9.784/1999.
do excesso, existindo duas ou mais medidas adequadas para alcan- A autotutela designa o poder-dever de corrigir ilegalidades,
çar os fins perseguidos de interesse público, o Poder Público terá bem como de garantir o interesse público dos atos editados pela
o dever de adotar a medida menos agravante aos direitos funda- própria Administração, como por exemplo, a anulação de ato ilegal
mentais. e revogação de ato inconveniente ou inoportuno.
c) Proporcionalidade em sentido estrito: coloca fim a uma Fazendo referência à autotutela administrativa, infere-se que
típica consideração, no caso concreto, entre o ônus imposto pela esta possui limites importantes que, por sua vez, são impostos ante
atuação do Estado e o benefício que ela produz, motivo pelo qual à necessidade de respeito à segurança jurídica e à boa-fé dos parti-
a restrição ao direito fundamental deverá ser plenamente justifica- culares de modo geral.
da, tendo em vista importância do princípio ou direito fundamental
que será efetivado. Princípios da consensualidade e da participação
Segundo Moreira Neto, a participação e a consensualidade tor-
Princípio da supremacia do interesse público sobre o interes- naram-se decisivas para as democracias contemporâneas, pelo fato
se privado (princípio da finalidade pública) de contribuem no aprimoramento da governabilidade, vindo a fazer
É considerado um pilar do Direito Administrativo tradicional, a praticar a eficiência no serviço público, propiciando mais freios
tendo em vista que o interesse público pode ser dividido em duas contra o abuso, colocando em prática a legalidade, garantindo a
categorias: atenção a todos os interesses de forma justa, propiciando decisões
a) interesse público primário: encontra-se relacionado com a mais sábias e prudentes usando da legitimidade, desenvolvendo a
necessidade de satisfação de necessidades coletivas promovendo responsabilidade das pessoas por meio do civismo e tornando os
justiça, segurança e bem-estar através do desempenho de ativi- comandos estatais mais aceitáveis e mais fáceis de ser obedecidos.
dades administrativas que são prestadas à coletividade, como por Desta forma, percebe-se que a atividade de consenso entre o
exemplo, os serviços públicos, poder de polícia e o fomento, dentre Poder Público e particulares, ainda que de maneira informal, veio a
outros. assumir um importante papel no condizente ao processo de iden-
tificação de interesses públicos e privados que se encontram sob a
tutela da Administração Pública.
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Assim sendo, com a aplicação dos princípios da consensualida- a) ato da Administração suficientemente conclusivo para gerar
de e da participação, a administração termina por voltar-se para a no administrado (afetado) confiança em um dos seguintes casos:
coletividade, vindo a conhecer melhor os problemas e aspirações confiança do afetado de que a Administração atuou corretamente;
da sociedade, passando a ter a ter atividades de mediação para confiança do afetado de que a sua conduta é lícita na relação jurídi-
resolver e compor conflitos de interesses entre várias partes ou ca que mantém com a Administração; ou confiança do afetado de
entes, surgindo daí, um novo modo de agir, não mais colocando o que as suas expectativas são razoáveis;
ato como instrumento exclusivo de definição e atendimento do in- b) presença de “signos externos”, oriundos da atividade admi-
teresse público, mas sim em forma de atividade aberta para a cola- nistrativa, que, independentemente do caráter vinculante, orien-
boração dos indivíduos, passando a ter importância o momento do tam o cidadão a adotar determinada conduta;
consenso e da participação. c) ato da Administração que reconhece ou constitui uma situa-
De acordo com Vinícius Francisco Toazza, “o consenso na toma- ção jurídica individualizada (ou que seja incorporado ao patrimônio
da de decisões administrativas está refletido em alguns institutos jurídico de indivíduos determinados), cuja durabilidade é confiável;
jurídicos como o plebiscito, referendo, coleta de informações, con- d) causa idônea para provocar a confiança do afetado (a con-
selhos municipais, ombudsman, debate público, assessoria externa fiança não pode ser gerada por mera negligência, ignorância ou to-
ou pelo instituto da audiência pública. Salienta-se: a decisão final lerância da Administração); e
é do Poder Público; entretanto, ele deverá orientar sua decisão o e) cumprimento, pelo interessado, dos seus deveres e obriga-
mais próximo possível em relação à síntese extraída na audiência do ções no caso.
interesse público. Nota-se que ocorre a ampliação da participação
dos interessados na decisão”, o que poderá gerar tanto uma “atu- Elementos
ação coadjuvante” como uma “atuação determinante por parte de Aduz-se que sobre esta matéria, a lei nada menciona a respei-
interessados regularmente habilitados à participação” (MOREIRA to, porém, a doutrina tratou de a conceituar e estabelecer alguns
NETO, 2006, p. 337-338). paradigmas. Refere-se à classificação que a doutrina faz do contrato
Desta forma, o princípio constitucional da participação é o pio- administrativo. Desta forma, o contrato administrativo é:
neiro da inclusão dos indivíduos na formação das tutelas jurídico- 1) Comutativo: trata-se dos contratos de prestações certas e
-políticas, sendo também uma forma de controle social, devido aos determinadas. Possui prestação e contraprestação já estabelecidas
seus institutos participativos e consensuais. e equivalentes. Nesta espécie de contrato, as partes, além de rece-
berem da outra prestação proporcional à sua, podem apreciar ime-
Princípios da segurança jurídica, da confiança legítima e da diatamente, verificando previamente essa equivalência. Ressalta-se
boa-fé que o contrato comutativo se encontra em discordância do contrato
Os princípios da segurança jurídica, da confiança legítima e da aleatório que é aquele contrato por meio do qual, as partes se ar-
boa-fé possuem importantes aspectos que os assemelham entre si. riscam a uma contraprestação que por ora se encontra desconheci-
O princípio da segurança jurídica está dividido em dois senti- da ou desproporcional, dizendo respeito a fatos futuros. Exemplo:
dos: contrato de seguro, posto que uma das partes não sabe se terá que
a) objetivo: estabilização do ordenamento jurídico, levando em cumprir alguma obrigação, e se tiver, nem sabe qual poderá ser.
conta a necessidade de que sejam respeitados o direito adquirido, Com referência a esse tipo de contrato, aduz o art. 4 do Decre-
o ato jurídico perfeito e a coisa julgada (art. 5.°, XXXVI, da CRFB); to-Lei n.7.568/2011:
b) subjetivo: infere a proteção da confiança das pessoas rela- Art. 4º A celebração de convênio ou contrato de repasse com
cionadas às expectativas geradas por promessas e atos estatais. entidades privadas sem fins lucrativos será precedida de chama-
mento público a ser realizado pelo órgão ou entidade concedente,
Já o princípio da boa-fé tem sido dividido em duas acepções: visando à seleção de projetos ou entidades que tornem mais eficaz
a) objetiva: diz respeito à lealdade e à lisura da atuação dos o objeto do ajuste. (Redação dada pelo Decreto n. 7.568, de 2011)
particulares; 2) Oneroso: por ter natureza bilateral, comporta vantagens
b) subjetiva: está ligada a relação com o caráter psicológico para ambos os contraentes, tendo em vista que estes sofrem um
daquele que atuou em conformidade com o direito. Esta caracteri- sacrifício patrimonial equivalente a um proveito almejado. Existe
zação da confiança legítima depende em grande parte da boa-fé do um benefício recebido que corresponde a um sacrifício, por meio
particular, que veio a crer nas expectativas que foram geradas pela do qual, as partes gozam de benefícios e deveres. Ocorre de forma
atuação do Estado. contrária do contrato gratuito, como a doação, posto que neste, só
Condizente à noção de proteção da confiança legítima, verifi- uma das partes possui obrigação, que é entregar o bem, já a outra,
ca-se que esta aparece em forma de uma reação frente à utilização não tem.
abusiva de normas jurídicas e de atos administrativos que termi- 3) Formal: é dotado de condições específicas previstas na legis-
nam por surpreender os seus receptores. lação para que tenha validade. A formalização do contrato encon-
Em decorrência de sua amplitude, princípio da segurança jurí- tra-se paramentada no art. 60 Lei 8.666/1993. Denota-se, por opor-
dica, inclui na sua concepção a confiança legítima e a boa-fé, com tuno, que o contrato administrativo é celebrado pela forma escrita,
supedâneo em fundamento constitucional que se encontra implí- nos ditames art. 60, parágrafo único.
cito na cláusula do Estado Democrático de Direito no art. 1.° da
CRFB/1988, na proteção do direito adquirido, do ato jurídico perfei- Características
to e da coisa julgada de acordo com o art. 5.0, XXXVI, da CRFB/1988. A doutrina não é unânime quanto às características dos contra-
Por fim, registra-se que em âmbito infraconstitucional, o tos administrativos. Ainda assim, de modo geral, podemos aduzir
princípio da segurança jurídica é mencionado no art. 2. ° da Lei que são as seguintes:
9.784/1999, vindo a ser caracterizado por meio da confiança legíti-
ma, pressupondo o cumprimento dos seguintes requisitos:

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a solução para o seu concurso!
DIREITO ADMINISTRATIVO
A) Presença da Administração Pública – nos contratos admi- Formalização
nistrativos, a Administração Pública atua na relação contratual na Em regra, os contratos administrativos são precedidos da reali-
posição de Poder Público, por esta razão, é dotada de um rol de zação de licitação, ressalvado nas hipóteses por meio das quais a lei
prerrogativas que acabam por a colocar em posição de hierarquia estabelece a dispensa ou inexigibilidade deste procedimento. Além
diante do particular, sendo que tais prerrogativas se materializam disso, a minuta do futuro contrato a ser firmado pela Administração
nas cláusulas exorbitantes; com o licitante vencedor, constitui anexo do edital de licitação, dele
B) Finalidade pública – do mesmo modo que nos contratos de sendo parte integrante (art. 40, § 2º, III).
direito privado, nos contratos administrativos sempre deverá estar Os contratos administrativos são em regra, formais e escritos.
presente a incessante busca da satisfação do interesse público, sob Registre-se que o instrumento de contrato, á ato obrigatório
pena de incorrer em desvio de poder; nas situações de concorrência ou de tomadas tomada de preços,
C) Procedimento legal – são estabelecidos por meio de lei pro- bem como ainda nas situações de dispensa ou inexigibilidade de
cedimentos de cunho obrigatório para a celebração dos contratos licitação, nas quais os valores contratados estejam elencados nos
administrativos, que contém, dentre outras medidas, autorização limites daquelas duas modalidades licitatórias.
legislativa, justificativa de preço, motivação, autorização pela auto- Aduz-se que nos demais casos, o termo de contrato será facul-
ridade competente, indicação de recursos orçamentários e licita- tativo, fato que enseja à Administração adotar o instrumento con-
ção; tratual ou, ainda, vir a optar por substituí-lo por outro instrumento
D) Bilateralidade – independentemente de serem de direito hábil a documentar a avença, conforme quadro a seguir (art. 62, §
privado ou de direito público, os contratos são formados a partir de 2º):
manifestações bilaterais de vontades da Administração contratante Todo contrato administrativo tem natureza de contrato de ade-
e do particular contratado; são, pois todas as cláusulas contratuais são fixadas pela Adminis-
E) Consensualidade – são o resultado de um acordo de vonta- tração. Contrato de adesão é aquele em que todas as cláusulas são
des plenas e livres, e não de ato impositivo; fixadas por apenas uma das partes, no caso do contrato administra-
F) Formalidade – não basta que haja a vontade das partes para tivo, a Administração.
que o contrato administrativo se aperfeiçoe, sendo necessário o
cumprimento de determinações previstas na Lei 8.666/1993; Prazo
H) Onerosidade – o contrato possui valor econômico conven- Tendo em vista que os contratos administrativos devem ter
cionado; prazo determinado, sua vigência deve ficar adjunta à vigência dos
I) Comutatividade – os contratos exigem equidade das presta- respectivos créditos orçamentários. Assim sendo, em regra, os con-
ções do contratante e do contratado, sendo que estas devem ser tratos terão duração de um ano, levando em conta que esse é o
previamente definidas e conhecidas; prazo de vigência dos créditos orçamentários que são passados aos
J) Caráter sinalagmático – constituído de obrigações recíprocas órgãos e às entidades. Nos ditames da Lei 4.320/1964, o crédito
tanto para a Administração contratante como para o contratado; orçamentário tem duração de um ano, vindo a coincidir com o ano
K) Natureza de contrato de adesão – as cláusulas dos contratos civil.
administrativos devem ser fixadas de forma unilateral pela Admi- Entretanto, o art. 57 da Lei 8.666/1993 determina outras situa-
nistração. ções que não seguem ao disposto na regra acima. Vejamos:
Registra-se que deve constar no edital da licitação, a minuta • Aos projetos cujos produtos estejam contemplados nas me-
do contrato que será celebrado. Desta maneira, os licitantes ao tas estabelecidas no Plano Plurianual, os quais poderão ser prorro-
fazerem suas propostas, estão acatando os termos contratuais es- gados se houver interesse da Administração e desde que isso tenha
tabelecidos pela Administração. Ainda que o contrato não esteja sido previsto no ato convocatório;
precedido de licitação, a doutrina aduz que é sempre a adminis- • À prestação de serviços a serem executados de forma contí-
tração quem estabelece as cláusulas contratuais, pelo fato de estar nua, que poderão ter a sua duração prorrogada por iguais e suces-
vinculada às normas e também ao princípio da indisponibilidade do sivos períodos com vistas à obtenção de preços e condições mais
interesse público; vantajosas para a administração, limitada a sessenta meses; (Reda-
L) Caráter intuitu personae – por que os contratos administrati- ção dada pela Lei nº 9.648, de 1998);
vos são firmados tomando em conta as características pessoais do • Ao aluguel de equipamentos e à utilização de programas de
contratado. Por esta razão, de modo geral, é proibida a subcontra- informática, podendo a duração estender-se pelo prazo de até 48
tação total ou parcial do objeto contratado, a associação do contra- (quarenta e oito) meses após o início da vigência do contrato.
tado com outrem, a cessão ou transferência, total ou parcial, bem De acordo com a Carta Magna, toda programação de longo pra-
como a fusão, cisão ou incorporação, cuja desobediência é motivo zo do Governo tem o dever de estar contida do plano plurianual.
para rescisão contratual (art. 78, VI, Lei 8.666/1993). Entretanto, a Desta maneira, estando o contrato contemplado nessa programa-
regra anterior é amparada pelo art. 72 da mesma lei, que determina ção a longo prazo – PPA –, sua duração será estendida enquanto
a possibilidade de subcontratação de partes de obra, serviço ou for- existir a previsão nessa lei específica.
necimento, até o limite admitido pela Administração. Aduz-se que a Em relação aos serviços contínuos na Administração Pública,
possibilidade de subcontratação é abominada pela doutrina, tendo denota-se que são aqueles que exigem uma permanência do servi-
em vista vez que permite que uma empresa que não participou por ço. Sendo uma espécie de serviço que é mais coerente manter por
meios legais da licitação de forma indireta, acabe contratando com um período maior ao invés de ficar renovando e trocando todos os
o Poder Público, o que ofende o princípio da licitação previsto no anos. Por isso, em razão da Lei n. 12.349/2010, foi acrescentado
art. 37, XXI, da Constituição Federal. mais um dispositivo que determina que o contrato pode ter dura-
ção superior a um ano, que é a regra geral

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DIREITO ADMINISTRATIVO
Alteração Havendo qualquer razão que cause a alteração do contrato sem
Em consonância com o art. 65 da Lei 8.666/1993, Lei de Lici- que o contratado tenha culpa, tal razão terá que ser restabelecida.
tações, a Administração Pública possui o poder de fazer alterações Registra-se que essa garantia é de cunho constitucional. Nesse sen-
durante a execução de seus contratos de maneira unilateral, inde- tido, caso o contrato seja atingido por acontecimentos posteriores
pendentemente da vontade do ente contratado. à sua celebração, vindo a onerar o contratado, o equilíbrio econô-
Infere-se aqui, que o contrato administrativo possui o condão mico-financeiro inicial deverá, nos termos legais que lhe assiste, ser
de ser alterado unilateralmente ou por meio de acordo. Além dis- restabelecido por intermédio da recomposição contratual. Desta
so, ressalte-se que as alterações unilaterais podem ser de ordem maneira, a inexecução sem culpa do contratado virá a acarretar a
qualitativa ou quantitativa. Vejamos o dispositivo legal acerca do revisão contratual, caso tenha havido alteração do equilíbrio eco-
assunto: nômico-financeiro
Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser altera-
dos, com as devidas justificativas, nos seguintes casos: Prorrogação
I - unilateralmente pela Administração: Via regra geral, os contratos administrativos regidos pela Lei
a) quando houver modificação do projeto ou das especifica- 8.666/1993 possuem duração determinada e vinculada à vigência
ções, para melhor adequação técnica aos seus objetivos; dos respectivos créditos orçamentários. No entanto, há exceções a
b) quando necessária a modificação do valor contratual em de- essa regra nas seguintes situações:
corrência de acréscimo ou diminuição quantitativa de seu objeto, a) Quando o contrato se referir à execução dos projetos cujos
nos limites permitidos por esta Lei; produtos estejam contemplados nas metas estabelecidas no Plano
II - por acordo das partes: Plurianual, os quais poderão ser prorrogados se houver interesse
a) quando conveniente a substituição da garantia de execução; da Administração e desde que isso tenha sido previsto no ato con-
b) quando necessária a modificação do regime de execução da vocatório (art. 57, I);
obra ou serviço, bem como do modo de fornecimento, em face de b) Quando o contrato for relativo à prestação de serviços a se-
verificação técnica da inaplicabilidade dos termos contratuais ori- rem executados de forma contínua, que poderão ter a sua duração
ginários; prorrogada por iguais e sucessivos períodos visando à obtenção de
c) quando necessária a modificação da forma de pagamento, preços e condições mais vantajosas para a administração, limitada
por imposição de circunstâncias supervenientes, mantido o valor a 60 meses (art. 57, II);
inicial atualizado, vedada a antecipação do pagamento, com rela- c) No caso do aluguel de equipamentos e da utilização de pro-
ção ao cronograma financeiro fixado, sem a correspondente contra- gramas de informática, podendo a duração estender-se pelo prazo
prestação de fornecimento de bens ou execução de obra ou serviço; de até 48 meses após o início da vigência do contrato (art. 57, IV);
d) para restabelecer a relação que as partes pactuaram inicial- d) Nos contratos celebrados com dispensa de licitação pelos
mente entre os encargos do contratado e a retribuição da adminis- seguintes motivos:
tração para a justa remuneração da obra, serviço ou fornecimento, I) possibilidade de comprometimento da segurança nacional;
objetivando a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro ini- II) para as compras de material de uso das forças armadas,
cial do contrato, na hipótese de sobrevirem fatos imprevisíveis, ou exceto materiais de uso pessoal e administrativo, quando houver
previsíveis porém de consequências incalculáveis, retardadores ou
necessidade de manter a padronização requerida pela estrutura de
impeditivos da execução do ajustado, ou, ainda, em caso de força
apoio logístico naval, aéreo e terrestre;
maior, caso fortuito ou fato do príncipe, configurando álea econô-
III) para o fornecimento de bens e serviços, produzidos ou pres-
mica extraordinária e extracontratual. (Redação dada pela Lei nº
tados no País, que envolvam, cumulativamente, alta complexidade
8.883, de 1994)
tecnológica e defesa nacional;
Desta maneira, percebe-se que o contrato administrativo per-
IV) para contratação de empresas relacionadas à pesquisa e de-
mite de forma regulamentada, que haja alteração em suas cláu-
senvolvimento tecnológico, conforme previsto nos arts. 3º, 4º, 5º e
sulas durante sua execução. Registre-se que contrato não é um
20 da Lei 10.973/2004.
documento rígido e inflexível, tendo em vista que o mesmo pode
sofrer alterações para que venha a se adequar às modificações que Denota-se que esses contratos terão vigência por até 120 me-
forem preciso durante a execução contratual. Além disso, a lei fixa ses, por interesse da Administração (art. 57, V, dispositivo incluído
percentuais por meio dos quais a Administração pode promover al- pela Lei 12.349, de 2010).
terações no objeto do contrato, restando o contratado obrigado a É importante registrar que em se tratando de casos de contra-
acatar as modificações realizadas, desde que dentro dos percentu- tos celebrados com dispensa de licitação por motivos de emergên-
ais fixados pela legislação. cia ou calamidade pública, a duração do contrato deverá se esten-
der apenas pelo período necessário ao afastamento da urgência,
Revisão tendo prazo máximo de 180 dias, contados da ocorrência da emer-
A princípio, denota-se que as causas que justificam a inexecu- gência ou calamidade, vedada a sua prorrogação (art. 24, IV).
ção contratual possuem o condão de gerar apenas a interrupção Embora a lei determine a proibição da prorrogação de contrato
momentânea da execução contratual, bem como a total impos- com fundamento na dispensa de licitação por emergência ou cala-
sibilidade de sua conclusão com a consequente rescisão. Em tais midade pública, ressalta-se que o TCU veio a consolidar entendi-
situações, pelo ato de as situações não decorrem de culpa do con- mento de que pode haver exceções a essa regra em algumas hipó-
tratado, este poderá vir a paralisar a execução de forma que não teses restritas, advindas de fato superveniente, e também, desde
seja considerado descumpridor. Assegurado pela CFB/1988, em seu que a duração do contrato se estenda por período de tempo razo-
art. 37, XXI, o equilíbrio econômico-financeiro da relação contratual ável e suficiente para enfrentar a situação emergencial (AC- 1941-
consiste na manutenção das condições de pagamento estabeleci- 39/07-P).
das quando do início do contrato, de forma que a relação se mante- Em análise ao art. 57, § 3º, da Lei 8.666/1993, percebe-se que
nha estável entre as obrigações do contratado e haja correta e justa este proíbe a existência de contrato administrativo com prazo de
retribuição da Administração pelo fornecimento do bem, execução vigência indeterminado. No entanto, tal regra não é aplicada ao
de obra ou prestação de serviço. contrato de concessão de direito real de uso de terrenos públicos
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DIREITO ADMINISTRATIVO
para finalidades específicas de regularização fundiária de interes- Execução e inexecução
se social, urbanização, industrialização, edificação, cultivo da terra, Por determinação legal a execução do contrato será acompa-
aproveitamento sustentável das várzeas, preservação das comuni- nhada e também fiscalizada por um representante advindo da Ad-
dades tradicionais e seus meios de subsistência ou outras modali- ministração designado, sendo permitida a contratação de terceiros
dades de interesse social em áreas urbanas, que poderá ser firmado para assisti-lo e subsidiá-lo de informações relativas a essa atribui-
por tempo certo ou indeterminado (Decreto-lei 271/1967, art. 7º, ção.
com redação dada pela Lei 11.481/2007). Deverá ser anotado em registro próprio todas as ocorrências
Afirma-se que a princípio, as partes devem se prestar ao fiel pertinentes à execução do contrato, determinando o que for pre-
cumprimento dos prazos previstos nos contratos. Entretanto, exis- ciso à regularização das faltas bem como dos defeitos observados.
tem situações nas quais não é possível o cumprimento da avença no Ressalta-se, que tanto as decisões como as providências que ultra-
prazo originalmente previsto. Ocorrendo isso, a lei admite a prorro- passarem a competência do representante deverão ser requeridas
gação dos prazos contratuais, desde que tal fato seja justificado e a seus superiores em tempo suficiente para a adoção das medidas
autorizado de forma antecedente pela autoridade competente para que se mostrarem pertinentes.
celebrar o contrato, o que é aceito pela norma nos casos em que Em relação ao contratado, deverá manter preposto, admitido
houver (art. 57, § 1º): pela Administração, no local da obra ou serviço, para representá-lo
A) alteração do projeto ou especificações, pela Administração; na execução contratual. O contratado possui como obrigação o de-
B) superveniência de fato excepcional ou imprevisível, estra- ver de reparar, corrigir, remover, reconstruir ou substituir, às suas
nho à vontade das partes, que altere fundamentalmente as condi- custas, no total ou em parte, o objeto do contrato no qual forem
ções de execução do contrato; encontrados vícios, defeitos ou incorreções advindas da execução
C) interrupção da execução do contrato ou diminuição do ritmo ou de materiais empregados.
de trabalho por ordem e no interesse da Administração; aumento Além do exposto a respeito do contratado, este também é res-
das quantidades inicialmente previstas no contrato, nos limites per- ponsável pelos danos causados diretamente à Administração ou a
mitidos por essa Lei;
terceiros, advindos de sua culpa ou dolo na execução contratual,
D) impedimento de execução do contrato por fato ou ato de
não excluindo ou reduzindo essa responsabilidade a fiscalização ou
terceiro reconhecido pela Administração em documento contem-
o acompanhamento por meio do órgão interessado. O contratado
porâneo à sua ocorrência; omissão ou atraso de providências a car-
também se encontra responsável pelos encargos trabalhistas, previ-
go da Administração, inclusive quanto aos pagamentos previstos de
denciários, fiscais e comerciais resultantes da execução do contrato.
que resulte, diretamente, impedimento ou retardamento na exe-
cução do contrato, sem prejuízo das sanções legais aplicáveis aos
Em se tratando da inexecução do contrato, percebe-se que a
responsáveis.
mesma está prevista no art. 77 da Lei de licitações 8.666/93. Veja-
mos:
Renovação
Cuida-se a renovação do contrato da inovação no todo ou em Art. 77 - A inexecução total ou parcial do contrato enseja a sua
parte do ajuste, desse que mantido seu objeto inicial. A finalidade rescisão com as consequências contratuais e as previstas em lei ou
da renovação contratual é a manutenção da continuidade do servi- regulamento.
ço público, tendo em vista a admissão da recontratação direta do
atual contratado, isso, desde que as circunstâncias a justifiquem e Observação importante: Cumpre Ressaltar que a Administra-
permitam seu enquadramento numa das hipóteses dispostas por ção Pública responde solidariamente com o contratado pelos encar-
lei de dispensa ou inexigibilidade de licitação, como acontece por gos previdenciários resultantes da execução do contrato
exemplo, quando o contrato original é extinto, vindo a faltar ínfima
parte da obra, serviço ou fornecimento para concluída, ou quando Pondera-se que a inexecução pode ocorrer de forma parcial ou
durante a execução, surge a necessidade de reparação ou amplia- total, posto que ocorrendo a inexecução parcial de uma das partes,
ção não prevista, mas que pode ser feita pelo pessoal e equipamen- não é observado um prazo disposto em cláusula específica em ha-
tos que já se encontram em atividade. vendo a inexecução total, se o contratado não veio a executar o ob-
Via regra geral, a renovação é realizada por meio de nova lici- jeto do contrato. Infere-se que qualquer dessas situações são passí-
tação, com a devida observância de todas as formalidades legais. veis de propiciar responsabilidade para o inadimplente, resultando
Ocorrendo isso, a lei impõe vedações ao estabelecimento no edital em sanções contratuais e legais proporcionais à falta cometida pela
de cláusulas que venham a favorecer o atual contratado em preju- parte inadimplente, vindo tais sanções a variar desde as multas, a
ízo dos demais concorrentes, com exceção das que prevejam sua revisão ou a rescisão do contrato.
indenização por equipamentos ou benfeitorias que serão utilizados Registre-se que a inexecução do contrato pode ser o resulta-
pelo futuro contratado. do de um ato ou omissão da parte contratada, tendo tal parte agi-
do com negligência, imprudência e imperícia. Podem também ter
Reajuste contratual acontecido causas justificadoras por meio das quais o contratan-
Reajuste contratual é uma das formas de reequilíbrio econô- te tenha dado causa ao descumprimento das cláusulas contratu-
mico-financeiro dos contratos. É caracterizado por fazer parte de ais, vindo a agir sem culpa, podendo se desvencilhar de qualquer
uma fórmula prevista no contrato que é utilizada para proteger os responsabilidade assumida, tendo em vista que o comportamento
contratados dos efeitos inflacionários. ocorreu de forma alheia à vontade da parte.
Infere-se que a Lei 8.666/1993, no art. 55, III, prevê o reajus- Por fim, ressalte-se que a inexecução total ou parcial do contra-
te como cláusula estritamente necessária em todo contrato a que to enseja à Administração Pública o poder de aplicar as sanções de
estabeleça o preço e as condições de pagamento, os critérios, data- natureza administrativa dispostas no art. 87:
-base e periodicidade do reajustamento de preços, os critérios de Art. 87. Pela inexecução total ou parcial do contrato a Adminis-
atualização monetária entre a data do adimplemento das obriga- tração poderá, garantida a prévia defesa, aplicar ao contratado as
ções e a do efetivo pagamento. seguintes sanções:
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DIREITO ADMINISTRATIVO
I – advertência; Revogação
II – multa, na forma prevista no instrumento convocatório ou A questão da possibilidade de desfazimento do processo de
no contrato; licitação e do contrato administrativo por meio da própria Adminis-
III – suspensão temporária de participação em licitação e impe- tração Pública é matéria que não engloba discussões doutrinárias e
dimento de contratar com a Administração, por prazo não superior jurisprudenciais. Inclusive, o controle interno dos atos administra-
a 2 (dois) anos; tivos se encontra baseado no princípio da autotutela, que se trata
IV – declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com do poder - dever da Administração Pública de revogar e anular seus
a Administração Pública enquanto perdurarem os motivos determi- próprios atos, desde que haja justificação pertinente, com vistas a
nantes da punição ou até que seja promovida a reabilitação perante preservar o interesse público, bem como sejam respeitados o devi-
a própria autoridade que aplicou a penalidade, que será concedida do processo legal e os direitos e interesses legítimos dos destinatá-
sempre que o contratado ressarcir a Administração pelos prejuízos rios, conforme determina a Súmula 473 do STF. Vejamos:
resultantes e após decorrido o prazo da sanção aplicada com base Súmula 473 do STF - A administração pode anular seus próprios
no inciso anterior. atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles
não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência
Cláusulas exorbitantes ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada,
De todas as características, essa é a mais importante. As Cláu- em todos os casos, a apreciação judicial.
sulas exorbitantes conferem uma série de poderes para a Adminis- Conforme determinação do art. 49 da Lei Federal 8.666/93,
tração em detrimento do contratado. Mesmo que de forma implíci- assim preceitua quanto ao desfazimento dos processos licitatórios:
ta, se encontram presentes em todos os contratos administrativos.
São também chamadas de cláusulas leoninas, porque só dão Art. 49. A autoridade competente para a aprovação do procedi-
esses poderes para a Administração Pública, consideradas como mento somente poderá revogar a licitação por razões de interesse
exorbitantes porque saem fora dos padrões de normalidade, vindo público decorrente de fato superveniente devidamente compro-
a conferir poderes apenas a uma das partes. vado, pertinente e suficiente para justificar tal conduta, devendo
anulá-la por ilegalidade, de ofício ou por provocação de terceiros,
O contratado não pode se valer das cláusulas exorbitantes ou
mediante parecer escrito e devidamente fundamentado.
leoninas em contrato de direito privado, tendo em vista a ilegali-
Para efeitos de rescisão unilateral do contrato administrativo,
dade de tal ato, posto que é ilegal nesses tipos de contratos, além
por motivos de interesse público, a discricionariedade administra-
disso, as partes envolvidas devem ter os mesmos direitos e obriga-
tiva exige que a questão do interesse público deve ser justificada
ções. Havendo qualquer tipo de cláusula em contrato privado que
em fatos de grande relevância, o que torna insuficiente a simples
atribua direito somente a uma das partes, esta cláusula será ilegal
alegação do interesse público, se restarem ausentes a comprovação
e leonina.
das lesões advindas da manutenção do contrato e das circunstân-
São exemplos de cláusulas exorbitantes: a viabilidade de alte-
cias extraordinárias, bem como dos danos irreparáveis ou de difícil
ração unilateral do contrato por intermédio da Administração, sua
reparação.
rescisão unilateral, a fiscalização do contrato, a possibilidade de
aplicação de penalidades por inexecução e a ocupação, na hipótese Extinção e Consequências
de rescisão contratual. A extinção do contrato administrativo diz respeito ao término
da obrigação vinculada existente entre a Administração e o contra-
Anulação tado, podendo ocorrer de duas maneiras, sendo elas:
Apenas a Administração Pública detém o poder de executar a A) de maneira ordinária, pelo cumprimento do objeto (ex.: na
anulação unilateral. Isso significa que caso o contratado ou outro finalização da construção de instituição pública) ou pelo aconteci-
interessado desejem fazer a anulação contratual, terão que recorrer mento do termo final já previsto no contrato (ex.: a data final de um
às esferas judiciais para conseguir a anulação. A anulação do contra- contrato de fornecimento de forma contínua);
to é advinda de ilegalidade constatada na sua execução ou, ainda, B) de maneira extraordinária, pela anulação ou pela rescisão
na fase de licitação, posto que os vícios gerados no procedimento contratual.
licitatório causam a anulação do contrato. Em relação à extinção ordinária, denota-se que esta não com-
Nos parâmetros do art. 59 da Lei de Licitações, é demonstrado porta maiores detalhamentos, sendo que as partes, ao cumprir suas
que a nulidade não possui o condão de exonerar a Administração obrigações, a consequência natural a ocorrer é a extinção do víncu-
do dever de indenização ao contratado pelo que este houver feito lo obrigacional, sem maiores necessidades de manifestação por via
até a data em que ela for declarada e por outros prejuízos causados administrativa ou judicial.
comprovados, desde que não lhe seja imputável, vindo a promover Já a extinção extraordinária do contrato por meio da anulação,
a responsabilização de quem deu motivo ao ocorrido. Assim sendo, considera-se que a lei prevê consequências diferentes para o caso
caso ocorra anulação, o contratado deverá auferir ganhos pelo que de haver ou não haver culpa do contratado no fato que deu causa à
já executou, pois, caso contrário, seria considerado enriquecimen- rescisão contratual. Existindo culpa do contratado pela rescisão do
to ilícito da Administração Pública. Porém, caso seja o contratado contrato, as consequências são as seguintes (art. 80, I a IV):
que tenha dado causa à nulidade, infere-se que este não terá esse 1) assunção imediata do objeto do contrato, no estado e local
mesmo direito. em que se encontrar, por ato próprio da Administração;
2) ocupação e utilização provisória do local, instalações, equi-
Observação importante: A anulação possui efeito ex tunc, ou pamentos, material e pessoal empregados na execução do contra-
seja, retroativo (voltado para o sentido passado), posto que a lei to, necessários à sua continuidade, que deverá ser precedida de
dispõe que ela acaba por desconstituir os efeitos produzidos e im- autorização expressa do Ministro de Estado competente, ou Secre-
pede que se produzam novos efeitos. tário Estadual ou Municipal, conforme o caso (art. 80, § 3º);
3) execução da garantia contratual, para ressarcimento da Ad-
ministração, e dos valores das multas e indenizações a ela devidos;
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DIREITO ADMINISTRATIVO
4) retenção dos créditos decorrentes do contrato até o limite IV - aumento das quantidades inicialmente previstas no contra-
dos prejuízos causados à Administração. to, nos limites permitidos por esta Lei;
V - impedimento de execução do contrato por fato ou ato de
Em síntese, temos: terceiro reconhecido pela Administração em documento contempo-
râneo à sua ocorrência;
EXTINÇÃO DO CONTRATO ADMINISTRATIVO VI - omissão ou atraso de providências a cargo da Administra-
ção, inclusive quanto aos pagamentos previstos de que resulte, dire-
ORDINÁRIA EXTRAORDINÁRIA tamente, impedimento ou retardamento na execução do contrato,
I –Pelo cumprimento do objeto; sem prejuízo das sanções legais aplicáveis aos responsáveis.
I – Pela anulação; Como se observa, existe previsão explicita na Lei no. 8666/93,
II – Pelo advento do termo final do
II – Pela rescisão. art. 57, § 1º., I, II, III, IV, V, VI, de que o contrato deve ser equilibrado
contrato.
sempre que houver uma das condições dos incisos I a VI, de forma
Equilíbrio Econômico-financeiro que o legislador previu quais as hipóteses que se encaixam para o
Em alusão ao tratamento do equilíbrio econômico - contratual, equilíbrio. Entretanto, não apresenta de forma clara, cabendo ao
a Constituição Federal de 1.988 em seu art. 37, inciso XXI dispõe o administrador agir com legalidade e bom senso nos casos concretos
seguinte: específicos. No entanto, a aludida previsão não se restringe somen-
Art. 37: A administração pública direta e indireta, de qualquer te ao art. 57, § 1º, incisos I, II, III, IV, V e VI da Lei no. 8666/93, tendo
dos poderes da União, dos Estados e dos Municípios obedecerá aos previsão ainda no art. 58 do mesmo diploma legal. Vejamos:
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e Art. 58: O regime jurídico dos contratos administrativos ins-
eficiência e também, ao seguinte: tituído por esta Lei confere à Administração, em relação a eles, a
XXI – ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, prerrogativa de:
serviços, compras e alienações serão contratados mediante proces- I - modificá-los, unilateralmente, para melhor adequação às
so de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos finalidades de interesse público, respeitados os direitos do contra-
os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pa- tado;
gamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos II - rescindi-los, unilateralmente, nos casos especificados no in-
da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação téc- ciso I do art. 79 desta Lei;
nica e econômica, indispensáveis à garantia do cumprimento das III – fiscalizar-lhes a execução;
obrigações. IV - aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou parcial
Denota-se que os mencionados dispositivos determinam que do ajuste;
as condições efetivas da proposta devem ser mantidas, não tendo V - nos casos de serviços essenciais, ocupar provisoriamente
como argumentar de maneira contrária no que diz respeito à le- bens móveis, imóveis, pessoal e serviços vinculados ao objeto do
galidade da modificação do valor contratual original, com o obje- contrato, na hipótese da necessidade de acautelar apuração admi-
tivo de equilibrar o que foi devidamente avençado e pactuado no nistrativa de faltas contratuais pelo contratado, bem como na hipó-
momento da assinatura, bem como ao que foi disposto a pagar a tese de rescisão do contrato Administrativo.
contratante ao contratado. § 1º As cláusulas econômico-financeiras e monetárias dos con-
Isso não quer dizer que toda alteração deveria ser feita para tratos administrativos não poderão ser alteradas sem prévia con-
adicionar valor ao contrato original, tendo em vista que também cordância do contratado.
pode ser para diminuir, isso, desde que se comprove por vias ade- § 2º Na hipótese do inciso I deste artigo, as cláusulas econômi-
quadas que o valor do serviço ou produto contratado se encontra co-financeiras do contrato deverão ser revistas para que se mante-
acima do valor proposto inicialmente, ocasionado por deflação ou nha o equilíbrio contratual.
queda de valores nos insumos, produtos ou serviços, ou até mesmo Assim, o legislador ao repetir no art. 58 da Lei 8666/93 o direi-
em decorrência de uma desvalorização cambial. Além disso, o Po- to ao equilíbrio contratual, fica bastante clara a preocupação em
der Público não tem a obrigação de pagar além do que se propôs, manter a igualdade entre as partes. Note que o parágrafo 2º prevê
nem valor menor ao acordado inicialmente, devendo sempre haver respeito ao direito do contratado, uma vez que é admitido que a
equilíbrio em relação aos pactos contratuais. administração, desde que seja motivos de interesse público se ne-
Os artigos 57, 58 3 65 da Lei 8666/93, aliados aos artigos 9 1e gue a equilibrar um contrato que esteja resultando em prejuízos ao
10 da Lei Federal nº 8987/95, conforme descrição, se completam contratado, desde que o fato do prejuízo se encaixe em uma das
em relação a esse tema e, se referindo ao princípio da legalidade, hipóteses dispostas no art. 57, Lei no. 8666/93. Proposta que não
existe a necessidade de se apreciar os contratos sujeitos aos entes pode ser executada, não é passível de equilíbrio.
públicos. Vejamos: Ante o exposto, acrescenta-se ainda que a Lei 8666/93 destaca
Art. 57: A duração dos contratos regidos por esta Lei ficará o equilíbrio no art. 65, I e II. Vejamos:
adstrita à vigência dos respectivos créditos orçamentários, exceto Art. 65: Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados,
quanto aos relativos: com as devidas justificativas, nos seguintes casos:
§ 1º. Os prazos de início de etapas de execução, de conclusão e I - unilateralmente pela Administração:
de entrega admitem prorrogação, mantidas as demais cláusulas do a) quando houver modificação do projeto ou das especifica-
contrato e assegurada a manutenção de seu equilíbrio econômico- ções, para melhor adequação técnica aos seus objetivos;
-financeiro, desde que ocorra algum dos seguintes motivos, devida- b) quando necessária a modificação do valor contratual em de-
mente autuados em processo: corrência de acréscimo ou diminuição quantitativa de seu objeto,
I - alteração do projeto ou especificações, pela Administração; nos limites permitidos por esta Lei;
II - superveniência de fato excepcional ou imprevisível, estranho II - por acordo das partes:
à vontade das partes, que altere fundamentalmente as condições
de execução do contrato;
III - interrupção da execução do contrato ou diminuição do rit-
mo de trabalho por ordem e no interesse da Administração;
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a solução para o seu concurso!
DIREITO ADMINISTRATIVO
a) quando conveniente a substituição da garantia de execução; Em decorrência de tal diferença de interesses, é que se alude
b) quando necessária a modificação do regime de execução da que nos contratos existem partes e nos convênios existem partíci-
obra ou serviço, bem como do modo de fornecimento, em face de pes.
verificação técnica da inaplicabilidade dos termos contratuais ori-
ginários; De acordo com o art. 116 da Lei 8.666/1993, a celebração de
c) quando necessária a modificação da forma de pagamento, convênio, acordo ou ajuste por meio dos órgãos ou entidades da
por imposição de circunstâncias supervenientes, mantido o valor Administração Pública depende de antecedente aprovação de com-
inicial atualizado, vedada a antecipação do pagamento, com rela- petente plano de trabalho a ser proposto pela organização interes-
ção ao cronograma financeiro fixado, sem a correspondente contra- sada, que deverá conter as seguintes informações:
prestação de fornecimento de bens ou execução de obra ou serviço; A) identificação do objeto a ser executado;
d) para restabelecer a relação que as partes pactuaram inicial- B) metas a serem atingidas;
mente entre os encargos do contratado e a retribuição da Adminis- C) etapas ou fases de execução;
tração para a justa remuneração da obra, serviço ou fornecimento, D) plano de aplicação dos recursos financeiros;
objetivando a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro ini- E) cronograma de desembolso;
cial do contrato, na hipótese de sobrevirem fatos imprevisíveis, ou F) previsão de início e fim da execução do objeto e, bem assim,
previsíveis porém de consequências incalculáveis, retardadores ou da conclusão das etapas ou fases programadas;
impeditivos da execução do ajustado, ou ainda, em caso de força
maior, caso fortuito ou fato do príncipe, configurando álea econô- Em relação à terceirização na esfera da Administração Pública,
mica extraordinária e extracontratual. depreende-se que é exigida do administrador muito cuidado, posto
Verifica-se que o art. 65 determina que, de início, deve haver que, embora haja contrariamento ao art. 71 da Lei 8.666/93, a dívi-
o restabelecimento do que foi pactuado no contrato avençado, da trabalhista das empresas terceirizadas acabam por recair sobre
devendo ser dotados de equilíbrio os encargos, bem como a retri- o órgão tomador dos serviços, que é o que chamamos de respon-
sabilidade subsidiária. Assim sendo, o administrador público deverá
buição da administração para que haja justa remuneração, sendo
exigir garantias, bem como passar a acompanhar o cumprimento
mantidas as condições originais do termo contratual. Em se tratan-
das obrigações trabalhistas advindos da empresa prestadora de ser-
do, especificamente da concessão de serviço público, a Lei 8.987/95
viços, com fito especial quando do encerramento do contrato.
dispõe no art. 9º a revisão de tarifa como uma forma de equilíbrio
Registre-se que a responsabilidade subsidiária pela tomadora
financeiro. Vejamos: dos serviços é o que entende a Justiça do trabalho, com base no
Art. 9º: A tarifa do serviço público concedido será fixada pelo Enunciado nº 331, item IV editado pelo Tribunal Superior do Traba-
preço da proposta vencedora da licitação e preservada pelas re- lho – TST, que aduz:
gras de revisão previstas nesta Lei, no edital e no contrato. § 2º. “O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do
Os contratos poderão prever mecanismos de revisão das tarifas, a empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos
fim de manter-se o equilíbrio econômico-financeiro. § 3º. Ressal- serviços, quanto àquelas obrigações, inclusive quanto aos órgãos da
vados os impostos sobre a renda, a criação, alteração ou extinção administração direta, das autarquias, das fundações públicas, das
de quaisquer tributos ou encargos legais, após a apresentação da empresas públicas e das sociedades de economia mista, desde que
proposta, quando comprovado seu impacto, implicara a revisão da haja participado da relação processual e constem também do título
tarifa, para mais ou para menos, conforme o caso. § 4º. Em haven- executivo judicial.”
do alteração unilateral do contrato que afete o seu inicial equilíbrio Com fulcro no Enunciado retro citado, denota-se que incon-
econômico-financeiro, o poder concedente deverá restabelecê-lo, táveis são as decisões condenatórias à Administração Pública, em
concomitantemente à alteração. relação ao pagamento de obrigações trabalhistas que cabem de for-
Art. 10º. Sempre que forem atendidas as condições do contra- ma original à empresa prestadora de serviços, onerando o erário,
to, considera-se mantido seu equilíbrio econômico-financeiro. vindo a contrariar o que se espera da Terceirização que é a redução
Atentos às fundamentações legais, observamos que parte na de custos à Administração Pública.
inicial da Constituição Federal, verifica-se que na Administração Pú-
blica é possível haver o equilíbrio econômico-financeiro, entretan-
to, há diversas dúvidas a respeito da utilização do ajuste contratual, SERVIÇOS PÚBLICOS. CONCEITO, PRESSUPOSTOS CONSTI-
principalmente pela ausência de conhecimento da legislação, o que TUCIONAIS, REGIME JURÍDICO, PRINCÍPIOS DO SERVIÇO
PÚBLICO, USUÁRIO, TITULARIDADE. DELEGAÇÃO DE SER-
acaba por causar problemas de ordem econômica, tanto em relação
VIÇO PÚBLICO: AUTORIZAÇÃO, PERMISSÃO E CONCES-
ao contratado quanto ao contratante. Registre-se, por fim, que o
SÃO
pacto contratual deve ser mantido durante o período completo de
execução, e o equilíbrio financeiro acaba por se tornar a ferramenta
mais adequada para proporcionar essa condição.
Conceito
De modo geral, não havendo a existência de um conceito legal
Convênios e terceirização
ou constitucional de serviço público, a doutrina se encarregou de
Os convênios podem ser definidos como os ajustes entre o
buscar uma definição para os contornos do instituto, ato que foi re-
Poder Público e entidades públicas ou privadas, nos quais estejam alizado com a adoção, sendo por algumas vezes isolada, bem como
estabelecidos a previsão de colaboração mútua, com o fito de reali- em outras, de forma combinadas, vindo a utilizar-se dos critérios
zação de objetivos de interesse comum. subjetivo, material e formal. Vejamos a definição conceitual de cada
Não obstante, o convênio possua em comum com o contrato em deles:
o fato de ser um acordo de vontades, com este não se confunde.
Denota-se que pelo convênio, os interesses dos signatários são Critério subjetivo
comuns, ao passo que nos contratos, os interesses são opostos e Aduz que o serviço público se trata de serviço prestado pelo
contraditórios. Estado de forma direta.
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a solução para o seu concurso!
DIREITO ADMINISTRATIVO
Critério material Sentido objetivo ou material
Sob esse crivo, serviço público é a atividade que possui como Nesse sentido, a administração pública está coligada à diversas
objetivo satisfazer as necessidades coletivas. atividades que são exercidas pelo Estado, por intermédio de seus
agentes, órgãos e entidades na diligência eficaz da função adminis-
Critério formal trativa estatal.
Segundo esse critério, serviço público é o labor exercido sob Destaque-se, por oportuno, que o vocábulo serviço público
o regime jurídico de direito público denegridor e desmesurado do sempre está se referindo a uma atividade, ou, ainda, a um conjunto
direito comum. de atividades a serem exercidas, sem levar em conta qual o órgão
ou a entidade que as exerce.
Passando o tempo, denota-se que o Estado foi se distanciando Mesmo com os aspectos expostos, boa parte da doutrina ain-
dos princípios liberais, passando a desenvolver também atividades da usa de definições de caráter amplo e restrito do vocábulo ser-
comerciais e industriais, que, diga se de passagem, anteriormente viço público. Para alguns, tal vocábulo se presta a designar todas
eram reservadas somente à iniciativa privada. De outro ângulo, foi as funções do Estado, tendo em vista que nesse rol estão inclusas
verificado em determinadas situações, que a estrutura de organiza- as funções administrativa, legislativa e judiciária. Já outra corrente
ção do Estado não se encontrava adequada à execução de todos os doutrinária, utiliza-se de um conceito com menor amplitude, vindo
serviços públicos. Por esse motivo, o Poder Público veio a delegar a incluir somente as funções administrativas e excluindo, por sua
a particulares com o intuito de responsabilidade, a prestação de al- vez, as funções legislativa e judiciária. Destarte, infere-se que den-
guns serviços públicos. Em outro momento, tais serviços públicos tre aquelas doutrinas que adotam um sentido mais restrito, existem
também passaram a ter sua prestação delegada a outras pessoas ainda as que excluem do conceito atividades importantes advindas
jurídicas, que por sua vez, eram criadas pelo próprio Estado para do exercício do poder de polícia, de intervenção e de fomento.
esse fim específico. Eram as empresas públicas e sociedades de Denota-se com grande importância, que o direito brasileiro
economia mista, que possuem regime jurídico de direito privado, acaba por diferenciar de forma expressa o serviço público e o poder
cujo serviço era mais eficaz para que fossem executados os serviços de polícia. Em campo tributário, por exemplo, no disposto em seus
comerciais e industriais. arts. 77 e 78, o Código Tributário Nacional dispõe do ensino e deter-
Esses acontecimentos acabaram por prejudicar os critérios uti- minação de duas atuações como fatos geradores diversos do tribu-
lizados pela doutrina para definir serviço público como um todo. to de nome taxa. Nesse diapasão de linha diferenciadora, a ESAF, na
Denota-se que o elemento subjetivo foi afetado pelo fato de as pes- aplicação da prova para Procurador do Distrito Federal/2007, veio
soas jurídicas de direito público terem deixado de ser as únicas a a considerar como incorreta a afirmação: “o exercício da atividade
prestar tais serviços, posto que esta incumbência também passou estatal de polícia administrativa constitui a prestação de um serviço
a ser delegada aos particulares, como é o caso das concessionárias, público ao administrado”.
permissionárias e autorizatárias. Já o elemento material foi atingido De forma geral, a doutrina entende que os elementos subjetivo,
em decorrência de algumas atividades que outrora não eram tidas material e formal tradicionalmente utilizados para definir serviço
como de interesse público, mas que passaram a ser exercidas pelo público, continuam de forma ampla a servir a esse propósito, desde
Estado, 8como por exemplo, como se deu com o serviço de loterias. que estejam combinados e harmonizados com o fito de acoplar de
O elemento formal, por sua vez, também foi bastante atingido, na forma correta, as contemporâneas figuras jurídicas que vêm sendo
forma que aduz que nem todos os serviços públicos são prestados inseridas e determinadas pelo legislador com força de lei, com o
sob regime de exclusividade pública, como por exemplo, a aplica- fulcro de oferecer conveniência e utilidades, bem como de atender
ção de algumas normas de direito do consumidor e de direito civil as constantes necessidades da população que sempre acontecem
a contratos feitos entre os particulares e a entidade prestadora de de forma mutante, a exemplo das parcerias público-privadas, das
serviço público de forma geral. OSCIPs e organizações sociais.
Assim sendo, em razão dessas inovações, os autores passaram, Nesse sentido, com o objetivo de reinterpretar o elemento
por sua vez, a comentar em crise na noção de serviço público. Ho- subjetivo em consonância com o atual estágio de evolução do di-
diernamente, os critérios anteriormente mencionados continuam reito administrativo, podemos afirmar que a caracterização de um
sendo utilizados para definir serviço público, porém, não é exigido serviço como público, em tempos contemporâneos passou a não
que os três elementos se façam presentes ao mesmo tempo para exigir mais que a prestação seja realizada pelo Estado, mas apenas
que o serviço possa ser considerado de utilidade pública, passan- que ele passe a deter, nos termos legais dispostos na Constituição
do a existir no campo doutrinário diversas definições, advindas do Federal de 1988, a titularidade de tal serviço. Em relação a esse
uso isolado de um dos elementos ou da combinação existente entre aspecto, destacamos a importância de não vir a confundir a expres-
eles. siva titularidade do serviço com sua efetiva prestação. Registe-se
Registra-se, que além da enorme variedade de definições ad- que o titular do serviço, trata-se do sujeito que detém a atribuição
vindas da combinação dos critérios subjetivo, material e formal, é legal constitucional para vir a prestá-lo. Via de regra, aquele que de-
de suma importância compreendermos que o vocábulo “serviço tém a titularidade do serviço não se encontra obrigado a prestá-lo
público” pode ser considerado sob dois pontos de vista, sendo um de forma direta através de seus órgãos, mas tem o dever legal de
subjetivo e outro objetivo. Façamos um breve estudo de cada um promover-lhe a prestação, de forma direta por meio de seu aparato
deles: administrativo, ou, ainda, mediante a legal delegação a particulares
realizada por meio de concessão, permissão ou autorização.
Sentido objetivo De maneira igual, contemporaneamente, o critério material
Infere-se que tal expressão é usada para fazer alusão ao sujeito considerado de forma isolada não é suficiente para definir um ser-
responsável pela execução da atividade. Exemplo: determinada au- viço como público. Isso ocorre pelo fato de existirem determinadas
tarquia com o dever de prestar de serviços para a área da educação. atividades relativas aos direitos sociais como saúde e educação, por
exemplo, que apenas podem ser enquadradas no conceito quando
forem devidamente prestadas pelo Estado, levando em conta que
a execução desses serviços por particulares deve ser denominada
como serviço privado.
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a solução para o seu concurso!
DIREITO ADMINISTRATIVO
Finalmente, em relação ao critério formal, nos tempos moder- Esquematizando, temos:
nos, infere-se que não é mais necessário que o regime jurídico ao
qual está submetido o serviço público seja realizado de maneira in- Elementos constitutivos dos serviços públicos
tegral de direito público, sendo que em algumas situações, acaba
existindo um sistema híbrido que é formado por regras e normas
de direito público e privado, principalmente em se tratando de caso
de serviços públicos nos quais sua prestação tenha sido delegada a Subjetivo - determina que o serviço público deve ser prestado
terceiros. pelo Estado ou pelos seus entes delegados, ou seja, por pessoas
jurídicas criadas pelo Estado ou por concessões e permissões a
Observação importante: Com o entendimento acima mencio- terceiros para que possam prestá-lo.
nado, a ilustre Professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro acaba por
definir serviço público como sendo toda a atividade material que a
lei atribui ao Estado, para que este a exerça de forma direta ou por Formal - o regime jurídico é de Direito Público, ou parcialmente
intermédio de seus delegados, com o condão de satisfazer de forma público, sob o manto do qual o serviço público deverá ser pres-
concreta as necessidades da coletividade, sob regime jurídico total tado.
ou parcialmente público.

Elementos Constitutivos
Os elementos do serviço público podem ser classificados sob os Material - o serviço público deverá sempre prestar serviços con-
seguintes aspectos: dizentes a uma atividade de interesse público como um todo.
Subjetivo: Por meio do qual o serviço público está sempre sob
a total responsabilidade do Estado. No entanto, registra-se que ao
Estado como um todo, é permitido delegar determinados serviços Subjetivo - é o próprio Estado que escolhe os serviços que são
públicos, desde que sempre por intermediação dos parâmetros da considerados serviços públicos. Como exemplo, podemos citar:
lei e sob regime de concessão ou permissão, bem como por meio de os Correios, a radiodifusão e a energia elétrica, dentre outros
licitação. Denota-se que nesse caso, é o próprio Estado que escolhe serviços pertinentes à Administração Pública.
os serviços que são considerados serviços públicos. Como exem-
plo, podemos citar: os Correios, a radiodifusão e a energia elétrica,
dentre outros serviços pertinentes à Administração Pública. Esse
elemento determina que o serviço público deve ser prestado pelo Formal - poderá haver a permanência do Direito Público ou do
Estado ou pelos seus entes delegados, ou seja, por pessoas jurídi- Direito Privado nos ditames da lei. Porém, em ambas as situa-
cas criadas pelo Estado ou por concessões e permissões a terceiros ções, a responsabilidade será sempre objetiva.
para que possam prestá-lo.

Formal: A princípio, o regime jurídico é de Direito Público, ou Material - por meio da aplicação desse elemento, o objetivo do
parcialmente público, sob o manto do qual o serviço público deverá serviço público será sempre o de satisfazer de forma concreta as
ser prestado. No entanto, quando particulares prestam seus servi- necessidades da coletividade.
ços em conjunto com o Poder Público, ressalta-se que o regime ju-
rídico é considerado como híbrido. Isso por que nesse caso, poderá Regulamentação e Controle
haver a permanência do Direito Público ou do Direito Privado nos Tanto a regulamentação quanto o controle do serviço público
ditames da lei. Porém, em ambas as situações, a responsabilidade são realizados de maneira regular pelo Poder Público. Isso ocorre
será sempre objetiva. em qualquer sentido, ainda que o serviço esteja delegado por con-
cessão, permissão ou autorização, uma vez que nestas situações,
Material: Por intermédio desse elemento, o serviço público de- deverá o Estado manter sua titularidade e, ainda que haja situações
verá sempre prestar serviços condizentes a uma atividade de inte- adversas e problemas durante a prestação, poderá o Poder Público
resse público como um todo. Denota-se que por meio da aplicação interferir para que haja a regularização do seu funcionamento, com
desse elemento, o objetivo do serviço público será sempre o de sa- fundamento sempre na preservação do interesse público.
tisfazer de forma concreta as necessidades da coletividade. Ressalta-se que esses serviços são controlados e também fisca-
lizados pelo Poder Público, que deve intervir em caso de má pres-
tação, sendo que isso é uma obrigação que lhe compete segundo
parâmetros legais.
A esse respeito, dispõe a Lei 8997 de 1995 em seus arts. 3º e
32, respectivamente:
Art. 3º. As concessões e permissões sujeitar-se-ão à fiscalização
pelo poder concedente responsável pela delegação, com a coopera-
ção dos usuários.
Art. 32. O poder concedente poderá intervir na concessão, com
o fim de assegurar a adequação na prestação do serviço, bem como
o fiel cumprimento das normas contratuais, regulamentares e le-
gais pertinentes.

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a solução para o seu concurso!
DIREITO ADMINISTRATIVO
Deve-se registrar também, que outro aspecto que deve ser en- 1. Por meio de outorga ou delegação legal: por meio da qual o
fatizado com destaque em relação à regulamentação e ao contro- Estado cria uma entidade que poderá ser autarquia, fundação pú-
le dos serviços públicos, são os requisitos do serviço e direito dos blica sociedade de economia mista ou empresa pública, transferin-
usuários, sendo que o primeiro deles é a permanência, que possui do-lhe, por meios legais a execução de um serviço público.
como atributo, impor a continuidade do serviço. Logo após, temos 2. Por meio de delegação ou delegação negocial: por intermé-
o requisito da generalidade, por meio do qual, os serviços devem dio da qual, o Poder Público detém o poder de transferir por contra-
ser prestados de maneira uniforme para toda a coletividade. Em se- to ou ato unilateral a execução ampla do serviço, desde que o ente
guida, surge o requisito da eficiência, por intermédio do qual é exi- delegado preste o serviço em nome próprio e por sua conta e risco,
gida a eficaz atualização do serviço público. Em continuidade, vem sob o controle do Estado e dentro da mesma pessoa jurídica.
a modicidade, por meio da qual, infere-se que as tarifas que são co- Esclarece-se ainda, a título de conhecimento, que a delegação
bradas dos usuários devem ser eivadas de valor razoável e por fim, negocial admite a titularidade exclusiva do ente delegante sobre
a cortesia, que por seu intermédio, entende-se que o tratamento o serviço a ser delegado. Em se tratando de serviços nos quais a
com o usuário público em geral, deverá ser oferecido com presteza. titularidade não for exclusiva do Poder Público, como educação e
Havendo descumprimento de quaisquer dos requisitos retro saúde, por exemplo, o particular que tiver a pretensão de exercê-lo
mencionados, afirma-se que o usuário do serviço terá em suas mãos não estará dependente de delegação do Estado, uma vez que tais
o direito pleno de recorrer ao Poder Judiciário para exigir a correta atos de exercício de educação e saúde, quando forem prestados por
prestação desses serviços. Neste mesmo sentido, destaca-se que a particulares, não serão mais considerados como serviços públicos,
greve de servidores públicos, não poderá jamais ultrapassar o direi- mas sim como atividade econômica da iniciativa privada.
to dos usuários dos serviços essenciais, que se tratam daqueles que Em outras palavras, os serviços públicos podem ser executados
por decorrência de sua natureza, colocam a sobrevivência, a vida e nas formas:
a segurança da sociedade em risco se estiverem ausentes. Direta: Quando é prestado pela própria administração pública
por intermédio de seus próprios órgãos e agentes.
Formas de prestação e meios de execução Indireta: Quando o serviço público é prestado por intermé-
O art. 175 da Constituição Federal de 1988 determina, que dio de entidades da Administração Pública indireta ou, ainda, de
compete ao Poder Público, nos parâmetros legais, de forma direta particulares, por meio de delegação, concessão, permissão e au-
ou sob regime de concessão ou permissão a prestação de serviços torização. Esta forma de prestação de serviço, deverá ser sempre
públicos de forma geral. De acordo com esse mesmo dispositivo, as sobrepujada de licitação, formalizada por meio de contrato admi-
concessões e permissões de serviços públicos deverão ser sempre nistrativo, seguida de adesão com prazo previamente estipulado
precedidas de licitação. e que por ato bilateral, buscando somente transferir a execução,
Entretanto, o parágrafo único do art. 175 da Carta Magna dis- porém, jamais a titularidade que deverá sempre permanecer com
põe a implementação de lei para regulamentar as seguintes refe- o poder outorgante.
rências: Em resumo, temos:
I – o regime das empresas concessionárias e permissionárias
de serviços públicos, o caráter especial de seu contrato e de sua
prorrogação, bem como as condições de caducidade, fiscalização e
rescisão da concessão ou permissão;
II – os direitos dos usuários;
III – política tarifária;
IV – a obrigação de manter serviço adequado.
Considera-se que a Lei Federal 8.987/1995, em obediência ao
mandamento constitucional foi editada estabelecendo normas ge-
neralizadas como um todo em matéria de concessão e permissão
de serviços públicos, devendo tais normas, ser aplicáveis à União,
Estados, Distrito Federal e Municípios, da mesma forma que a Lei Transferência da execução do
Federal 9.074/1995, que, embora tenha o condão de estipular re- DESCENTRALIZAÇÃO serviço para outra pessoa física ou
gras especificamente voltadas a serviços de competência da União, jurídica.
trouxe também em seu bojo, pouquíssimas regras gerais que po-
dem ser aplicadas a todos os entes federados. Divisão interna do serviço com
Em relação à forma de prestação dos serviços públicos, depre- DESCONCENTRAÇÃO outros órgãos da mesma pessoa ju-
ende-se que estes podem ser prestados de forma centralizada ou rídica.
descentralizada, sendo a primeira forma caracterizada quando o
serviço público for prestado pela própria pessoa jurídica federativa Delegação
que detém a sua titularidade e a segunda forma, quando, em várias Concessão
situações, o ente político titular de determinado serviço público, Ocorre a delegação negocial de serviços públicos mediante:
embora continue mantendo a sua titularidade, termina por transfe- concessão, permissão ou autorização.
rir a pessoas diferentes e desconhecida à sua estrutura administra- Nesse tópico, não esgotaremos todas as formas de concessões
tiva, a responsabilidade pela prestação. existentes e suas formas de aplicação e execução nos serviços públi-
Lembremos que o ente político, mesmo ao transferir a respon- cos, porém destacaremos as mais importantes e mais cobradas em
sabilidade pela prestação de serviços públicos a terceiros, sempre provas de concursos públicos e áreas afins.
poderá conservar a sua titularidade, fato que lhe garante a manu- Conforme o Ordenamento Jurídico Brasileiro, as concessões de
tenção da competência para regular e controlar a prestação dos serviços públicos podem ser divididas em duas espécies:
serviços delegados a outrem.
A descentralização dos serviços públicos pode ocorrer de duas
maneiras:
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a solução para o seu concurso!
DIREITO ADMINISTRATIVO
1ª) Concessões comuns, que estão sob a égide das leis d) Levar ao conhecimento do poder público e da concessioná-
8.987/1995 e 9.074/1995 e 2ª, que subdividem em: concessão de ria as irregularidades de que tenham conhecimento, referentes ao
serviços públicos e concessão de serviço público precedida da exe- serviço prestado;
cução de obra pública. e) Comunicar às autoridades competentes os atos ilícitos prati-
2ª) Concessões especiais, que são as parcerias público-privadas cados pela concessionária na prestação do serviço;
previstas na Lei 11.079/2004, sujeitas a alguns dispositivos da Lei f) Contribuir para a permanência das boas condições dos bens
8.987/1995. Se subdividindo em duas categorias: concessão patro- públicos pelos quais lhes são prestados os serviços.
cinada e concessão administrativa. Ademais, as concessionárias de serviços públicos, de direito
A concessão comum de serviço público é uma modalidade de público e privado, nos Estados e no Distrito Federal, são legalmente
contrato administrativo por intermédio do qual a Administração Pú- obrigadas a dispor ao consumidor e ao usuário, desde que dentro
blica transfere delegação a pessoa jurídica ou, ainda, a consórcio de do mês de vencimento, o mínimo de seis datas como opção para
empresas a execução de certo serviço público pertencente à sua escolherem os dias de vencimento de seus débitos a serem adim-
titularidade, na qual o concessionário é obrigado, por meio de con- plidos, nos termos do art. 7º-A, da Lei 8.987/1995.
tratos legais a executar o serviço delegado em nome próprio, por 1. Serviço adequado
sua conta e risco, sendo sujeito a controle e fiscalização do poder Os usuários detêm o direito de receber um serviço público
concedente e remunerado através de tarifa paga pelo usuário ou
adequado. Esse direito encontra-se regulamentado pelo seguinte
outra modalidade de remuneração advinda da exploração do ser-
dispositivo:
viço. Exemplo: as receitas adquiridas por empresas de transporte
coletivo que cobram por comerciais constantes na parte traseira
Art. 6º Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação
dos ônibus.
de serviço adequado ao pleno atendimento dos usuários, confor-
Conforme mencionado, existem duas modalidades de conces-
me estabelecido nesta Lei, nas normas pertinentes e no respectivo
são comum, quais sejam: a concessão de serviço público, também
contrato.
conhecida como concessão simples e a concessão de serviço públi-
§ 1º Serviço adequado é o que satisfaz as condições de regula-
co antecedida de execução por meio de obra pública.
A concessão de serviço público ou concessão simples, pode ser ridade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalida-
definida pela lei como a “delegação da prestação de serviço público, de, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas.
feita pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade de
concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que de- Denota-se que além do conhecimento da previsão no citado
monstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e dispositivo, é importante compreendermos o significado prático de
por prazo determinado” (art. 2º, II). cada condição citada, com o objetivo de garantir que cada exigência
Já a concessão de serviço público antecedida de execução de legal seja cumprida para a qualificação do serviço como adequado.
obra pública pode ser como “a construção, total ou parcial, conser- Desta forma, temos:
vação, reforma, ampliação ou melhoramento de quaisquer obras de 1 – Regularidade: exige que os serviços públicos sejam presta-
interesse público, delegada pelo poder concedente, mediante licita- dos de forma a garantir a estabilidade e a manutenção dos requi-
ção, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio sitos essenciais, sendo prestados em perfeita harmonia com a lei e
de empresas que demonstre capacidade para a sua realização, por com o regulamento que disciplina a matéria.
sua conta e risco, de forma que o investimento da concessionária 2 – Continuidade: impõe que o serviço público, uma vez insti-
seja remunerado e amortizado mediante a exploração do serviço tuído, seja prestado de forma permanente e sem interrupção, com
ou da obra por prazo determinado” (art. 2º, III). Como hipótese de exceção de situações de emergência, bem como a que advém de
exemplo, citamos a concessão a particular, vitorioso de processo razões de ordem técnica ou de segurança das instalações elétricas,
licitatório por construção e conservação de rodovia, com o conse- por exemplo.
quente pagamento realizado mediante a cobrança de pedágio aos 3 – Eficiência: refere-se à obtenção de resultados eficazes na
particulares que vierem a utilizar da via. prestação do serviço público, exigindo que o serviço seja realiza-
Pondera-se que a diferença entre as duas modalidades de con- do de acordo com uma adequada relação de custo/benefício, para,
cessão comum está apenas no objeto. Perceba que na concessão com isso, evitar desperdícios.
simples, o objeto do contrato é somente a execução de atividade 4 – Segurança: deverão os serviços públicos respeitar padrões,
que foi caracterizada como sendo serviço público, ao passo que na bem como normas de segurança, de forma a preservar a integri-
concessão de serviço público antecedida da execução de obra pú- dade da população de modo geral e dos equipamentos utilizados.
blica existe uma duplicidade de objeto, sendo que o primeiro deles 5 – Atualidade: possui como foco o impedimento de que o
se refere ao ajuste existente entre o poder concedente e o conces- prestador se encontre alheio às inovações tecnológicas, suprimindo
sionário para que certa obra pública seja executada. Em relação ao o investimento em termos de disponibilização aos usuários das me-
segundo, a prestação do serviço público existe na exploração am- lhorias de qualidade e amplitude do serviço.
plamente econômica do serviço ou da obra. 6 – Generalidade: deve oferecer a garantia de que o serviço
seja ofertado da forma mais abrangente possível.
• Direitos e obrigações dos usuários 7 – Cortesia: o prestador do serviço deverá tratar o usuário de
Nos ditames do art. 7º da Lei 8.987/1995, os direitos e obriga- forma educada e gentil.
ções dos usuários dos serviços públicos delegados são os seguintes: 8 – Modicidade das tarifas: aduz que o valora a ser pago pela
a) Receber serviço adequado; prestação dos serviços, deverá, nos parâmetros legais, ser estabe-
b) Receber do poder concedente e da concessionária informa- lecido de acordo com os padrões de razoabilidade, buscando evitar
ções para a defesa de interesses individuais ou coletivos; que os prestadores de serviços venham o obter lucros extraordiná-
c) Obter e utilizar o serviço, com liberdade de escolha entre rios causando prejuízo aos usuários econômico-financeiros do con-
vários prestadores de serviços, quando for o caso, observadas as trato firmado com a administração.
normas do poder concedente;
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Observação importante: A celebração de qualquer espécie de VII – forma de fiscalização das instalações, dos equipamentos,
contrato de concessão ou permissão de serviço público deve ser dos métodos e práticas de execução do serviço, bem como a indi-
realizada mediante licitação, conforme previsto no art. 175 da Cons- cação dos órgãos competentes para exercê-la; simples e nas con-
tituição Federal. Concernente às concessões, a Lei 8.987/1995 de- cessões de serviço público precedida da execução de obra pública
terminou que a delegação dependerá da realização de prévio pro- (art. 23,caput);
cedimento licitatório para que seja escolhido o concessionário, na VIII – penalidades contratuais e administrativas a que se sujeita
modalidade obrigatória da concorrência. Sendo a modalidade licita- a concessionária e sua forma de aplicação;
tória regulada pela Lei de Licitações e Contratos, Lei 8.666/1993, e IX – casos de extinção da concessão;
tema dos próximos tópicos de estudo, mais adiante, detalharemos X – bens reversíveis;
com maior aprofundamento sobre este importante tema. XI – critérios para o cálculo e a forma de pagamento das indeni-
zações devidas à concessionária, quando for o caso;
Passemos a abordar a respeito do prazo que a Administração XII – condições para prorrogação do contrato;
Pública permite à concessão na execução dos serviços públicos XIII – à obrigatoriedade, forma e periodicidade da prestação de
como um todo. A Lei 8.987/1995 estabelece que a concessão sim- contas da concessionária ao poder concedente;
ples de serviço público ou a concessão de serviço público prece- XIV – exigência da publicação de demonstrações financeiras
dida de obra pública deverá ser realizada por prazo determinado, periódicas da concessionária; e
mas não define quais seriam os limites desse prazo. Assim sendo, XV – o foro e o modo amigável de solução das divergências con-
caberá à lei reguladora específica de cada serviço público, devida- tratuais.
mente editada pelo ente federado detentor de competência para
prestá-lo, aditar definindo qual o prazo de duração do contrato de Cláusulas obrigatórias somente nas concessões de serviços
concessão. Caso o legislador competente não estabeleça qualquer públicos precedidas de obras públicas (art. 23, parágrafo único)
prazo, deverá, por conseguinte, o poder concedente fixá-lo no ato I – estipular os cronogramas físico-financeiros de execução das
da minuta do contrato de concessão, que se encontra afixado como obras vinculadas à concessão; e
anexo no edital da licitação. Denota-se que o prazo deve ser razo- II – exigir garantia do fiel cumprimento, pela concessionária,
ável, de forma a permitir o abatimento dos investimentos a serem das obrigações relativas às obras vinculadas à concessão.
realizados pelo concessionário.
Referente às concessões advindas de parceria público-priva- Cláusulas facultativas (art. 23-A)
da, infere-se que a vigência de tais contratos deverá ser sempre I – o contrato de concessão poderá prever o emprego de meca-
compatível com o abatimento dos investimentos realizados, não nismos privados para resolução de disputas decorrentes ou relacio-
podendo ser sendo inferior a 5 e nem superior a 35 anos, já restan- nadas ao contrato, inclusive a arbitragem, a ser realizada no Brasil
do-se incluído nesse prazo eventual prorrogação nos termos da Lei e em língua portuguesa, nos termos da Lei 9.307, de 23.09.1996;
11.079/2004, art. 5º, I. II – qualquer outra que não seja obrigatória.

Cláusulas do contrato de concessão É importante, demonstrar que o contrato de concessão é firma-


Nos ditames dos arts. 23 e 23-A da Lei 8.987/1995, as cláusu- do tendo em vista, não apenas oferecimento da melhor proposta,
las do contrato de concessão tratam de modo geral sobre o modo, mas incluindo também as características referentes à pessoa con-
a forma e as condições de prestação dos serviços; os direitos e as tratada, devendo o concessionário demonstrar capacidade técnica
obrigações do concedente, do concessionário e dos usuários; os po- e econômico-financeira que faça haver a presunção de que haverá
deres de fiscalização do concedente; a obrigação do concessionário a perfeita execução do serviço. A esse aspecto, a doutrina deno-
de prestar contas; ou e disciplinam aspectos relativos à extinção da mina de contrato firmado intuitu personae, que se trata da prática
concessão. de eventual transferência da concessão para outra pessoa jurídica,
Infere-se que as cláusulas podem ser divididas em: cláusulas bem como do controle societário da concessionária, sem prévia avi-
essenciais obrigatórias em qualquer contrato de concessão, quer so ou autorização do poder concedente, vindo a implicar a caduci-
seja concessão simples, quer seja concessão de serviço público pre- dade que nada mais é do que a extinção da concessão.
cedida de obra pública, cláusulas obrigatórias apenas nos contratos
de concessão de serviço público precedida da execução de obra pú- Intervenção na concessão
blica e cláusulas facultativas. Vejamos, em síntese: A intervenção na concessão encontra-se submetida a um pro-
cedimento formal. De antemão, o poder concedente, por meio de
(São obrigatórias nas concessões): ato do Chefe do Poder Executivo, ao tomar conhecimento da falta
I – objeto, área e prazo da concessão; de adequação da prestação do serviço ou do descumprimento pela
II – modo, forma e condições de prestação do serviço; concessionária das normas pertinentes, edita o decreto de inter-
III – critérios, indicadores, fórmulas e parâmetros definidores venção que deverá conter a designação do interventor, o prazo da
da qualidade do serviço; intervenção e os objetivos e limites da medida nos ditames do le-
IV – preço do serviço, critérios e procedimentos para o reajuste gais pertinentes.
e a revisão das tarifas; Declarada a intervenção por intermédio de decreto, o poder
V – direitos, garantias e obrigações do poder concedente e da concedente deverá, no prazo de até 30 dias, realizar a instauração
concessionária, inclusive os relacionados às previsíveis necessida- de procedimento administrativo com o fito de comprovar as causas
des de futura alteração e expansão do serviço e consequente mo- determinadas na medida e apurar as responsabilidades. Esse proce-
dernização, aperfeiçoamento e ampliação dos equipamentos e das dimento administrativo deverá ser concluído em até 180 dias, sob
instalações; pena de ser considerada inválida a intervenção, nos termos do art.
VI – direitos e deveres dos usuários para obtenção e utilização 33, § 2º da Lei 8987/95.
do serviço;

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Extinção da concessão 5 – Falência ou extinção da empresa concessionária e faleci-
A concessão pode ser extinta por várias causas, colocando mento ou incapacidade do titular, no caso de empresa individual
fim à prestação dos serviços pelo concessionário. O art. 35 da Lei A Lei 8.987/1995, embora a Lei 8.987/95 mencione esse tópico
8.987/1995, prevê de forma expressa algumas causas de extinção como formas de extinção da concessão no art. 35, VI, nada dispõe
da concessão. Sendo elas: o advento do termo contratual; a encam- em relação aos efeitos dessas hipóteses de extinção. No entendi-
pação; a caducidade; a rescisão; a anulação; e a falência ou extinção mento de José dos Santos Carvalho Filho, tais fatos acabam por
da empresa concessionária e falecimento ou incapacidade do titu- provocar a extinção de pleno direito do contrato, pelo fato de que
lar, em se tratando de empresa individual. tornam inviável a execução do serviço público objeto do ajuste.
Pondera-se que além das causas anteriores, previstas na legis-
lação e adotadas pela doutrina, a extinção da concessão de serviço 6 – Desafetação do serviço público
público também pode ocorrer por: desafetação do serviço; distrato; A Lei 8.987/1995 não se refere e nem minucia a desafetação
ou renúncia da concessionária. de serviço público como causa de extinção da concessão. Entretan-
Vejamos: to, no entender de Diógenes Gasparini, a desafetação do serviço
público em decorrência de lei também é hipótese de extinção da
1 – Encampação (ou resgate) concessão, tendo em vista que a desafetação ocorre no momento
Consiste na extinção da concessão em decorrência da retoma- em que uma lei torna público um serviço.
da do serviço pelo poder concedente durante o prazo da concessão,
por motivos de interesse público. 7 – Distrato (acordo)
Mesmo não havendo referência legal à extinção da concessão
por intermédio de acordo ou distrato entre o poder concedente e
2 – Caducidade (ou decadência)
a concessionária, esta hipótese não foi vedada pela legislação. Por
Consiste na extinção do contrato de concessão de serviço pú-
esse motivo, boa parte da doutrina vem admitindo a extinção an-
blico em decorrência de inexecução total ou parcial do contrato,
tecipada da concessão de forma amigável e também consensual.
por razões que devem ser imputadas à concessionária. Poderá ser
declarada pelo poder concedente pelas seguintes maneiras, nos 8 – Renúncia da concessionária
termos do art. 38, § 1º, I a VII: Nesse caso, a lei também não menciona essa hipótese como
A) O serviço estiver sendo prestado de forma inadequada ou maneira de extinção da concessão. Porém, o ilustre Diogo de Figuei-
deficiente, tendo por base as normas, critérios, indicadores e parâ- redo Moreira Neto, a renúncia da concessionária será aceita como
metros definidores da qualidade do serviço; forma de extinção da concessão, a partir do momento em que hou-
B) A concessionária descumprir cláusulas contratuais ou dispo- ver previsão contratual nesse sentido vindo a disciplinar-lhe as de-
sições legais ou regulamentares concernentes à concessão; vidas consequências.
C) A concessionária paralisar o serviço ou concorrer para tan-
to, ressalvadas as hipóteses decorrentes de caso fortuito ou força Nota importante acerca da concessão:
maior; • Outro efeito da extinção da concessão é a assunção imediata
D) A concessionária perder as condições econômicas, técnicas do serviço pelo poder concedente, ficando este autorizado a ocupar
ou operacionais para manter a adequada prestação do serviço con- as instalações e a utilizar todos os bens reversíveis, tendo em vista a
cedido; a concessionária não cumprir as penalidades impostas por necessidade de dar continuidade à prestação do serviço público nos
infrações, nos devidos prazos; parâmetros do art. 35, §§ 2º e 3º.
E) A concessionária não atender a intimação do poder conce- • Independente da causa da extinção da concessão, os bens re-
dente no sentido de regularizar a prestação do serviço; e versíveis que ainda não se encontrem amortizados ou depreciados
F) A concessionária não atender a intimação do poder conce- deverão ser indenizados ao concessionário, sob pena de, se não o
dente para, em 180 dias, apresentar a documentação relativa à re- fizer, haver enriquecimento sem causa do poder concedente.
gularidade fiscal, no curso da concessão, na forma do art. 29 da Lei
8.666, de 21.06.1993. Permissão
O art. 175 da Constituição Federal Brasileira determina que
3 – Rescisão “incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob
De acordo com a Lei 8.987/1995 a rescisão é a forma de ex- regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a
prestação de serviços públicos”.
tinção da concessão, por iniciativa da respectiva concessionária,
Passível de observação, o ditado dispositivo constitucional não
quando esta se encontrar motivada pelo descumprimento de nor-
faz nenhum tipo de referência relativa à autorização de serviços pú-
mas contratuais advindas do poder concedente, nos ditames do art.
blicos. Entretanto, denota-se que existe a admissão da delegação
39. Nesta hipótese, sendo a autoexecutoriedade privilégio aplicável
de serviços públicos por intermédio de autorização com fulcro nos
somente à Administração Pública, para que o concessionário possa art. 21, XI e XII, e art. 223 da Constituição Federal. Desta forma,
rescindir o contrato de concessão, deverá fazê-lo por intermédio de infere-se que a delegação de serviços públicos pode ser realizada
ação judicial, sendo que os serviços prestados pela concessionária por meio de concessão, permissão ou autorização. Tratada anterior-
não deverão ser interrompidos e nem mesmo paralisados em hi- mente, passemos a explorar os demais institutos.
pótese alguma, até que a decisão judicial que determine a rescisão Infere-se que a Lei 8.987/1995 não traz em seu bojo muitos
transite em julgado. dispositivos relacionados à permissão de serviços públicos, vindo
a limitar-se a estabelecer o seu conceito. A permissão de serviço
4 – Anulação público, nos ditames da lei, pode ser conceituada como “a delega-
Trata-se de hipótese de extinção do contrato de concessão em ção, a título precário, mediante licitação, da prestação de serviços
decorrência de vício de legalidade, que pode, via de regra, ser de- públicos, feita pelo poder concedente à pessoa física ou jurídica que
clarado por via administrativa ou judicial. demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e ris-
co” (art. 2º, IV). Já o art. 40 da mesma Lei dispõe:
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Art. 40. A permissão de serviço público será formalizada me- Em síntese, vejamos as principais características da concessão
diante contrato de adesão, que observará os termos desta Lei, das e da permissão de serviços públicos:
demais normas pertinentes e do edital de licitação, inclusive quanto
à precariedade e à revogabilidade unilateral do contrato pelo poder PERMISSÃO DE CONCESSÃO DE
concedente. SERVIÇO PÚBLICO SERVIÇO PÚBLICO
Proveniente do exposto, podemos expor com destaque as prin-
cipais características da permissão de serviço público. São elas: • Forma de delegação de
a) É uma forma de delegação de serviços públicos; serviço público; • Forma de delegação de
b) Deve ser precedida de licitação pública, mas a Lei não de- • Depende de licitação, serviço público;
termina a modalidade licitatória a ser seguida (diferencia-se da mas a lei não • Depende de licitação na
concessão de serviço público que exige a licitação na modalidade • Predetermina a modali- modalidade obrigatória da con-
concorrência); dade licitatória; corrência;
c) É formalizada por meio de um contrato de adesão, de natu- • Possui natureza precária, • Não possui natureza pre-
reza precária, uma vez que a lei prevê que pode ser revogado de havendo controvérsias na dou- cária;
maneira unilateral pelo poder concedente (diferencia-se das con- trina; • Os concessionários só
cessões de serviço público que não possuem natureza precária); e • Os permissionários po- podem ser pessoa jurídica ou
d) Os permissionários podem ser pessoas físicas ou jurídicas dem ser pessoa física ou pessoa consórcio de empresas.
(diferencia-se das concessões de serviço público em razão de os jurídica.
concessionários somente poderem ser pessoa jurídica ou consórcio
de empresas). Autorização
Por motivos importantes relacionados às características ante- De acordo com o entendimento da doutrina, a autorização se
riores, destacamos algumas observações. constitui em ato administrativo unilateral, discricionário e precário
Relativo a primeira, aduz-se que todo contrato administrativo por intermédio do qual, o poder público detém o poder de delegar
é um contrato de adesão, posto que a minuta do contrato deve ser a execução de um serviço público de sua titularidade, possibilitando
redigida pela Administração, bem como integra todos os anexos do que o particular o realize em seu próprio benefício. Nos ditames
edital de licitação apresentado. Desta maneira, aquele que vence a de Hely Lopes Meirelles, “serviços autorizados são aqueles que o
licitação e, por sua vez, assina o contrato, passa a aderir somente ao Poder Público, por ato unilateral, precário e discricionário, consente
que foi estipulado pela Administração Pública, não podendo haver na sua execução por particular para atender a interesses coletivos
discussões sobre as cláusulas contratuais. Assim ocorrendo, tanto a instáveis ou emergência transitória”.
concessão quanto a permissão de serviço público estarão se cons-
tituindo em contrato de adesão, sendo que essa circunstância, não Depreende-se que a autorização de serviço público não é de-
serve para diferenciar os dois institutos. pendente de licitação, posto que esta somente é exigível para a rea-
Direcionado à segunda observação a ser feita, trata-se de uma lização de contrato. Sendo a autorização ato administrativo, enten-
relação à precariedade do vínculo, que de antemão, pode vir a ser de- se que não deverá ser precedida de procedimento licitatório.
extinto a qualquer tempo, havendo ou não indenização. Registra- Entretanto, se houver uma quantidade limitada de autorizações a
se que o texto da lei acabou por usar designação imprópria de re- serem fornecidas e existindo determinada pluralidade de possíveis
vogação do contrato, tendo em vista que este não é revogado, é interessados, em atendimento ao princípio da isonomia, é neces-
rescindido, o que se dá de forma contrária do ato administrativo sário que se faça um processo seletivo para facilitar a escolha dos
que é sujeito à revogação. De qualquer maneira, a precariedade do entes que serão autorizados pelo Poder Público.
vínculo encontra-se relacionada à possibilidade de extinção sem o Caso o ato de autorização seja precário, pode de antemão, ser
pagamento de indenização. revogado a qualquer tempo, desde que seja por motivo de interesse
Pondera-se que todo e qualquer tipo de contrato administra- público, suprimindo o direito à indenização por parte do eventual
tivo, desde que esteja justificado pelo interesse público, pode ser prejudicado. No entanto, a exemplo de exceção, existindo estabele-
rescindido de forma unilateral pela Administração Pública, não con- cimento de prazo para a autorização, ressalta-se que o vínculo aca-
figurando esse aspecto apenas uma particularidade do contrato de ba por perder a precariedade, passando a ser cabível o direito de
permissão de serviços públicos. indenização em se tratando de caso de revogação da autorização.
Infere-se que quando a rescisão do contrato de concessão não Demonstramos, por fim, que embora seja tradição se definir a
for causada pelo concessionário, acarretará em direito a percepção autorização como ato administrativo discricionário, a Lei Geral de
de indenização pelos prejuízos sofridos, uma vez que a concessão é Telecomunicações determina que a autorização de serviço de te-
impreterivelmente celebrada por prazo certo. No tocante à permis- lecomunicações é ato administrativo vinculado, nos parâmetros da
são, existem contradições, pois existem doutrinadores que enten- Lei 9.472/1997, art. 131, § 1º, de forma a não existir possibilidade
dem que a permissão sempre ocorre, via de regra, por prazo certo de a administração denegar a prática da atividade para os particu-
e determinado, ao passo que outros doutrinadores defendem que lares que vierem a preencher devidamente as condições objetivas e
a permissão ocorre, de antemão, por prazo indeterminado, porém, subjetivas necessárias
também admitem que ocorre prazo determinado, desde que tal
dispositivo esteja fixado no edital da correspondente licitação. Essa Classificação
última posição, é a que a Professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro Existem vários critérios adotados para classificar os serviços,
defende, para quem a fixação de prazo de vigência da permissão faz dentre os quais, vale à pena destacar os seguintes:
com que desapareçam as diferenças existentes entre os institutos a) Serviços públicos propriamente ditos (essenciais) e serviços
da permissão e da concessão. Por conseguinte, em se tratando da de utilidade pública (não essenciais)
permissão por prazo determinado, ressalta-se que não existe a pre- Em relação aos serviços públicos propriamente ditos, afirma-
cariedade do vínculo, vindo, desta forma, o permissionário obter o -se que são serviços classificados como essenciais à sobrevivência
direito de indenização quando não der causa à rescisão deste. da sociedade e do próprio Estado. Como exemplo, podemos citar
o serviço de Polícia Judiciária e Administrativa. Tendo em vista que

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tais serviços exigem a prática de atos de império relacionados aos d) Serviços uti singuli (singulares) e uti universi (coletivos)
administrados, denota-se que os mesmos só podem ser prestados Também chamados de serviços singulares ou individuais, os
de forma direta pelo Estado, sem a necessidade de delegação a ter- serviços uti singuli são aqueles cuja finalidade é a satisfação indivi-
ceiros. Concernente aos serviços de utilidade pública, aduz-se que dual e direta das necessidades do indivíduo. Esses serviços têm usu-
são aqueles cuja prestação é de bom proveito à coletividade, tendo ários determinados, sendo, por esse motivo, possível a mensuração
em vista que, mesmo que estes visem a facilitação da vida do indiví- de forma individualizada da utilização de cada usuário. São incluí-
duo na sociedade como um todo, não são considerados essenciais, dos nessa categoria os serviços de fornecimento de água, energia
podendo, por esse motivo, ser executados de forma direta pelo Es- elétrica, telefone, etc. que podem ser remunerados por intermédio
tado ou ter sua prestação delegada a particulares. Exemplo: a água de taxa ou tarifa.
tratada, o transporte coletivo, dentre outros. Os serviços uti universi, também conhecidos como serviços uni-
versais, coletivos ou gerais, são os serviços prestados à coletividade,
b) Serviços próprios e impróprios porém, são usufruídos somente de forma indireta pelos indivíduos.
A classificação de serviços públicos próprios e impróprios é Exemplos: serviço de iluminação pública, defesa nacional, dentre
apresentada com variações de sentido na doutrina. outros. Denota-se que os serviços uti universi, de modo geral são
No entendimento de Maria Sylvia Zanella Di Pietro, a doutri- prestados a usuários indeterminados e indetermináveis, não sendo
na clássica classifica como serviços públicos próprios aqueles que, por esse motivo, passíveis de ter seu uso individualizado. Além disso
em decorrência de sua importância, o Estado passa a assumir como são custeados através de impostos ou contribuições especiais. Por
seus e os coloca em execução de forma direta por intermédio de esse motivo, o STF editou a Súmula 670 (posteriormente convertida
seus agentes, ou, ainda, indireta que ocorre mediante delegação na Súmula Vinculante 41), na qual predomina o entendimento de
a terceiros concessionários ou permissionários. Referente aos ser- que “o serviço de iluminação pública não pode ser remunerado me-
viços públicos impróprios, são aqueles que, embora atendam às diante taxa”, uma vez que se trata de serviço uti universi.
necessidades coletivas, não estão sendo executados pelo Estado,
nas suas formas direta ou indireta, mas estão autorizados, regula- Por fim, ressalta-se que há uma correlação entre a conceitua-
mentados e fiscalizados pelo Poder Público. Exemplo: as institui- ção do serviço como uti universi ou uti singuli e o seu custeio, pois,
ções financeiras, de seguro e previdência privada, dentre outros. quando o serviço é uti singuli, é possível identificar o usuário e men-
Entretanto, a própria autora explica que os serviços considerados cionar a utilização da expressão a “conta” deve ser paga pelo pró-
impróprios pela retro mencionado corrente doutrinária, em sentido prio usuário, mediante o implemento de taxa, preço ou tarifa. Em se
jurídico, sequer poderiam ser considerados serviços públicos, tendo tratando de serviço uti universi, quando não é possível saber quem
em vista que a lei não atribui a sua prestação ao Estado. são os usuários de forma individualizada, pois, o usuário é a “coleti-
Hely Lopes Meirelles ensina que serviços próprios do Estado vidade”, nem quantificar o uso, a “conta” é paga pela coletividade,
“são aqueles que se relacionam intimamente com as atribuições do mediante o recolhimento de impostos ou contribuições especiais.
Poder Público, como: segurança, polícia, higiene e saúde públicos
etc., sendo que para a execução destes, a Administração utiliza de Princípios
seu poder de hierarquia sobre os administrados. Por esse motivo, Os princípios jurídicos solidificam os valores fundamentais da
infere-se que só devem ser prestados por órgãos ou entidades pú- ordem jurídica. Em razão de sua fundamentalidade e abertura lin-
blicas, sem delegação a particulares”. Por sua vez, os serviços im- guística, os princípios se espalham sobre todo o sistema jurídico,
próprios do Estado “são os que não afetam substancialmente as ne- vindo a garantindo-lhe harmonia e coerência.
cessidades da comunidade, mas satisfazem interesses comuns de Os princípios jurídicos são classificados a partir de dois crité-
seus membros, e, por isso, a Administração os presta remunerada- rios. Partindo da amplitude de aplicação no sistema normativo, os
mente, por seus órgãos ou entidades descentralizadas (autarquias, princípios podem ser divididos em três espécies:
empresas públicas, sociedades de economia mista, fundações go- a) Princípios fundamentais: são princípios que representam
vernamentais), ou delega sua prestação a concessionários, permis- as decisões políticas de estrutura do Estado, servindo de base para
sionários ou autorizatários”. todas as demais normas constitucionais, como por exemplo: prin-
cípios republicanos, federativo, da separação de poderes, dentre
c) Serviços administrativos, econômicos (comerciais ou indus- outros;
triais) e sociais b) Princípios gerais: via de regra, se referem a importantes es-
São constituídos por atividades promovidas pelo Poder Público pecificações dos princípios fundamentais, embora possuam menor
com o fulcro de atender às necessidades internas requeridas pela grau de abstração e acabam por se espalhar sobre todo o ordena-
Administração. Também podem preparar outros serviços que deve- mento jurídico. Exemplos: os princípios da isonomia e da legalidade;
rão ser prestados ao público, como por exemplo, as estações expe- c) Princípios setoriais ou especiais: se destinam à aplicação de
rimentais e a imprensa oficial. certo tema, capítulo ou título da Constituição. Exemplos: princípios
Nos ditames da lição de Maria Sylvia Zanella Di Pietro, o serviço da Administração Pública dispostos no art. 37 da CRFB: legalidade,
comercial ou industrial é aquele que a Administração Pública exe- impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
cuta, direta ou indiretamente, com o objetivo de atender às neces-
sidades coletivas de ordem econômica, tendo como supedâneo no Já a segunda classificação, acaba por levar em conta a menção
art. 175 da Constituição Federal, a exemplo dos serviços de teleco- expressa ou implícita dos princípios em seus textos normativos. São
municações, dentre outros. eles:
Já o serviço público social, cuida-se daquele que atende a ne- a) Princípios expressos: são os que se encontram expressa-
cessidades coletivas, em áreas cuja atuação do Estado é considera- mente mencionados no texto da norma. Exemplos: princípios da
da de caráter essencial, a exemplo dos serviços de educação, saúde Administração Pública que são elencados no art. 37 da CRFB);
e previdência. De acordo com a doutrina dominante, tais serviços, b) Princípios implícitos: são os reconhecidos pela doutrina e
quando são prestados pela iniciativa privada não são considerados pela jurisprudência advindo da interpretação sistemática do orde-
como serviços públicos, mas sim como serviços de natureza priva- namento jurídico. Exemplos: princípios da razoabilidade e da pro-
da. porcionalidade, da segurança jurídica.
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DIREITO ADMINISTRATIVO
Em relação ao processo administrativo, denota-se que estes a vedação do ato de nepotismo inserido da Súmula Vinculante 13
são regulados por leis infraconstitucionais e que também elencam do STF. Entretanto, o STF tem afastado a aplicação da mencionada
outros princípios do Direito Administrativo. A nível federal, registra- súmula para os cargos políticos, o que para a doutrina em geral não
-se que o art. 2. ° da Lei 9.784/1999 cita a existência dos seguintes parece apropriado, tendo em vista que o princípio da moralidade é
princípios: legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, propor- um princípio geral e aplicável a toda a Administração Pública, vindo
cionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança a alcançar, inclusive, os cargos de natureza política.
jurídica, interesse público e eficiência.
Princípio da publicidade
Sem qualquer tipo de dependência da quantidade de princípios Sua função é impor a divulgação e a exteriorização dos atos
elencados pelo ordenamento e pela doutrina, podemos destacar, do Poder Público, nos ditames do art. 37 da CRFB/1988 e do art.
para fins de estudo os principais princípios do Direito Administrati- 2. ° da Lei 9.784/1999). Ressalta-se com grande importância que a
vo: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, eficiência, transparência dos atos administrativos guarda estreita relação com
razoabilidade, proporcionalidade, finalidade pública (supremacia o princípio democrático nos termos do art. 1. ° da CRFB/1988), vin-
do interesse público sobre o interesse privado), continuidade, auto- do a possibilitar o exercício do controle social sobre os atos públicos
tutela, consensualidade/participação, segurança jurídica, confiança praticados pela Administração Pública em geral. Denota-se que a
legítima e boa-fé. atuação administrativa obscura e sigilosa é característica típica dos
Vejamos a definição e a importância de cada um deles: Estados autoritários. Como se sabe, no Estado Democrático de Di-
reito, a regra determinada por lei, é a publicidade dos atos estatais,
Princípio da legalidade com exceção dos casos de sigilo determinados e especificados por
Previsto no art. 37 da CRFB/1988, é conceituado como um pro- lei. Exemplo: a publicidade é um requisito essencial para a produ-
duto do Liberalismo, que pregava a superioridade do Poder Legisla- ção dos efeitos dos atos administrativos, é uma necessidade de mo-
tivo na qual a legalidade se divide em dois importantes desdobra- tivação dos atos administrativos.
mentos:
a) supremacia da lei: a lei acaba por prevalecer e tem preferên- Princípio da eficiência
cia sobre os atos da Administração; Foi inserido no art. 37 da CRFB, por intermédio da EC 19/1998,
b) reserva de lei: o tratamento de determinadas matérias deve com o fito de substituir a Administração Pública burocrática pela
ser formalizado pela legislação, excluindo o uso de outros atos com Administração Pública gerencial. O intuito de eficiência está relacio-
caráter normativo. nado de forma íntima com a necessidade de célere efetivação das
Todavia, o princípio da legalidade deve ser conceituado como o finalidades públicas dispostas no ordenamento jurídico. Exemplo:
principal conceito para a configuração do regime jurídico-adminis- duração razoável dos processos judicial e administrativo, nos dita-
trativo, tendo em vista que segundo ele, a administração pública só mes do art. 5.0, LXXVIII, da CRFB/1988, inserido pela EC 45/2004),
poderá ser desempenhada de forma eficaz em seus atos executivos, bem como o contrato de gestão no interior da Administração (art.
agindo conforme os parâmetros legais vigentes. De acordo com o 37 da CRFB) e com as Organizações Sociais (Lei 9.637/1998).
princípio em análise, todo ato que não possuir base em fundamen- Em relação à circulação de riquezas, existem dois critérios que
tos legais é ilícito. garantem sua eficiência:
a) eficiência de Pareto (“ótimo de Pareto”): a medida se torna
Princípio da impessoalidade eficiente se conseguir melhorar a situação de certa pessoa sem pio-
Consagrado de forma expressa no art. 37 da CRFB/1988, possui rar a situação de outrem.
duas interpretações possíveis: b) eficiência de Kaldor-Hicks: as normas devem ser aplicadas de
a) igualdade (ou isonomia): dispõe que a Administração Pública forma a produzir o máximo de bem-estar para o maior número de
deve se abster de tratamento de forma impessoal e isonômico aos pessoas, onde os benefícios de “X” superam os prejuízos de “Y”).
particulares, com o fito de atender a finalidade pública, vedadas a Ressalte-se, contudo, em relação aos critérios mencionados
discriminação odiosa ou desproporcional. Exemplo: art. 37, II, da acima, que a eficiência não pode ser analisada apenas sob o prisma
CRFB/1988: concurso público. Isso posto, com ressalvas ao trata- econômico, tendo em vista que a Administração possui a obrigação
mento que é diferenciado para pessoas que estão se encontram em de considerar outros aspectos fundamentais, como a qualidade do
posição fática de desigualdade, com o fulcro de efetivar a igualdade serviço ou do bem, durabilidade, confiabilidade, dentre outros as-
material. Exemplo: art. 37, VIII, da CRFB e art. 5.0, § 2. °, da Lei pectos.
8.112/1990: reserva de vagas em cargos e empregos públicos para
portadores de deficiência. Princípios da razoabilidade e da proporcionalidade
b) proibição de promoção pessoal: quem faz as realizações Nascido e desenvolvido no sistema da common law da Magna
públicas é a própria entidade administrativa e não são tidas como Carta de 1215, o princípio da razoabilidade o princípio surgiu no di-
feitos pessoais dos seus respectivos agentes, motivos pelos quais reito norte-americano por intermédio da evolução jurisprudencial
toda a publicidade dos atos do Poder Público deve possuir caráter da cláusula do devido processo legal, pelas Emendas 5.’ e 14.’ da
educativo, informativo ou de orientação social, nos termos do art. Constituição dos Estados Unidos, vindo a deixar de lado o seu cará-
37, § 1.°, da CRFB : “dela não podendo constar nomes, símbolos ter procedimental (procedural due process of law: direito ao contra-
ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou ditório, à ampla defesa, dentre outras garantias processuais) para,
servidores públicos” . por sua vez, incluir a versão substantiva (substantive due process of
law: proteção das liberdades e dos direitos dos indivíduos contra
Princípio da moralidade abusos do Estado).
Disposto no art. 37 da CRFB/1988, presta-se a exigir que a atua- Desde seus primórdios, o princípio da razoabilidade vem sendo
ção administrativa, respeite a lei, sendo ética, leal e séria. Nesse dia- aplicado como forma de valoração pelo Judiciário, bem como da
pasão, o art. 2. °, parágrafo único, IV, da Lei 9.784/1999 ordena ao constitucionalidade das leis e dos atos administrativos, demons-
administrador nos processos administrativos, a autêntica “atuação trando ser um dos mais importantes instrumentos de defesa dos
segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé”. Exemplo: direitos fundamentais dispostos na legislação pátria.
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DIREITO ADMINISTRATIVO
O princípio da proporcionalidade, por sua vez origina-se das te- Mesmo assim, denota-se que a continuidade acaba por não
orias jusnaturalistas dos séculos XVII e XVIII, a partir do momento impor que todos os serviços públicos sejam prestados diariamente
no qual foi reconhecida a existência de direitos perduráveis ao ho- e em período integral. Na realidade, o serviço público deverá ser
mem oponíveis ao Estado. Foi aplicado primeiramente no âmbito prestado sempre na medida em que a necessidade da população
do Direito Administrativo, no “direito de polícia”, vindo a receber, vier a surgir, sendo lícito diferenciar a necessidade absoluta da ne-
na Alemanha, dignidade constitucional, a partir do momento em cessidade relativa, onde na primeira, o serviço deverá ser prestado
que a doutrina e a jurisprudência passaram a afirmar que a propor- sem qualquer tipo interrupção, tendo em vista que a população ne-
cionalidade seria um princípio implícito advindo do próprio Estado cessita de forma permanente da disponibilidade do serviço. Exem-
de Direito. plos: hospitais, distribuição de energia, limpeza urbana, dentre ou-
Embora haja polêmica em relação à existência ou não de di- tros.
ferenças existentes entre os princípios da razoabilidade e da pro-
porcionalidade, de modo geral, tem prevalecido a tese da fungibi- Princípio da autotutela
lidade entre os mencionados princípios que se relacionam e forma Aduz que a Administração Pública possui o poder-dever de re-
paritária com os ideais igualdade, justiça material e racionalidade, ver os seus próprios atos, seja no sentido de anulá-los por vício de
vindo a consubstanciar importantes instrumentos de contenção dos legalidade, ou, ainda, para revogá-los por motivos de conveniência
excessos cometidos pelo Poder Público. e de oportunidade, de acordo com a previsão contida nas Súmulas
O princípio da proporcionalidade é subdividido em três 346 e 473 do STF, e, ainda, como no art. 53 da Lei 9.784/1999.
subprincípios: A autotutela designa o poder-dever de corrigir ilegalidades,
a) Adequação ou idoneidade: o ato praticado pelo Estado será bem como de garantir o interesse público dos atos editados pela
adequado quando vier a contribuir para a realização do resultado própria Administração, como por exemplo, a anulação de ato ilegal
pretendido. e revogação de ato inconveniente ou inoportuno.
b) Necessidade ou exigibilidade: em decorrência da proibição Fazendo referência à autotutela administrativa, infere-se que
do excesso, existindo duas ou mais medidas adequadas para alcan- esta possui limites importantes que, por sua vez, são impostos ante
çar os fins perseguidos de interesse público, o Poder Público terá à necessidade de respeito à segurança jurídica e à boa-fé dos parti-
o dever de adotar a medida menos agravante aos direitos funda- culares de modo geral.
mentais.
c) Proporcionalidade em sentido estrito: coloca fim a uma tí- Princípios da consensualidade e da participação
pica consideração, no caso concreto, entre o ônus imposto pela Segundo Moreira Neto, a participação e a consensualidade tor-
atuação do Estado e o benefício que ela produz, motivo pelo qual naram-se decisivas para as democracias contemporâneas, pelo fato
a restrição ao direito fundamental deverá ser plenamente justifica- de contribuem no aprimoramento da governabilidade, vindo a fazer
da, tendo em vista importância do princípio ou direito fundamental a praticar a eficiência no serviço público, propiciando mais freios
que será efetivado. contra o abuso, colocando em prática a legalidade, garantindo a
Princípio da supremacia do interesse público sobre o interesse atenção a todos os interesses de forma justa, propiciando decisões
privado (princípio da finalidade pública) mais sábias e prudentes usando da legitimidade, desenvolvendo a
É considerado um pilar do Direito Administrativo tradicional, responsabilidade das pessoas por meio do civismo e tornando os
tendo em vista que o interesse público pode ser dividido em duas comandos estatais mais aceitáveis e mais fáceis de ser obedecidos.
categorias: Desta forma, percebe-se que a atividade de consenso entre o
a) interesse público primário: encontra-se relacionado com a Poder Público e particulares, ainda que de maneira informal, veio a
necessidade de satisfação de necessidades coletivas promovendo assumir um importante papel no condizente ao processo de iden-
justiça, segurança e bem-estar através do desempenho de ativi- tificação de interesses públicos e privados que se encontram sob a
dades administrativas que são prestadas à coletividade, como por tutela da Administração Pública.
exemplo, os serviços públicos, poder de polícia e o fomento, dentre Assim sendo, com a aplicação dos princípios da consensualida-
outros. de e da participação, a administração termina por voltar-se para a
b) interesse público secundário: trata-se do interesse do pró- coletividade, vindo a conhecer melhor os problemas e aspirações
prio Estado, ao estar sujeito a direitos e obrigações, encontra-se da sociedade, passando a ter a ter atividades de mediação para
ligando de forma expressa à noção de interesse do erário, imple- resolver e compor conflitos de interesses entre várias partes ou
mentado através de atividades administrativas instrumentais que entes, surgindo daí, um novo modo de agir, não mais colocando o
são necessárias ao atendimento do interesse público primário. ato como instrumento exclusivo de definição e atendimento do in-
Exemplos: as atividades relacionadas ao orçamento, aos agentes teresse público, mas sim em forma de atividade aberta para a cola-
público e ao patrimônio público. boração dos indivíduos, passando a ter importância o momento do
consenso e da participação.
Princípio da continuidade De acordo com Vinícius Francisco Toazza, “o consenso na toma-
Encontra-se ligado à prestação de serviços públicos, sendo que da de decisões administrativas está refletido em alguns institutos
tal prestação gera confortos materiais para as pessoas e não pode jurídicos como o plebiscito, referendo, coleta de informações, con-
ser interrompida, levando em conta a necessidade permanente de selhos municipais, ombudsman, debate público, assessoria externa
satisfação dos direitos fundamentais instituídos pela legislação. ou pelo instituto da audiência pública. Salienta-se: a decisão final
Tendo em vista a necessidade de continuidade do serviço pú- é do Poder Público; entretanto, ele deverá orientar sua decisão o
blico, é exigido regularidade na sua prestação. Ou seja, prestador mais próximo possível em relação à síntese extraída na audiência do
do serviço, seja ele o Estado, ou, o delegatório, deverá prestar o interesse público. Nota-se que ocorre a ampliação da participação
serviço de forma adequada, em consonância com as normas vigen- dos interessados na decisão”, o que poderá gerar tanto uma “atu-
tes e, em se tratando dos concessionários, devendo haver respeito ação coadjuvante” como uma “atuação determinante por parte de
às condições do contrato de concessão. Em resumo, a continuidade interessados regularmente habilitados à participação” (MOREIRA
pressupõe a regularidade, isso por que seria inadequado exigir que NETO, 2006, p. 337-338).
o prestador continuasse a prestar um serviço de forma irregular.
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DIREITO ADMINISTRATIVO
Desta forma, o princípio constitucional da participação é o pio-
neiro da inclusão dos indivíduos na formação das tutelas jurídico- BENS PÚBLICOS: REGIME JURÍDICO, CLASSIFICAÇÃO, AD-
-políticas, sendo também uma forma de controle social, devido aos MINISTRAÇÃO, AQUISIÇÃO E ALIENAÇÃO, UTILIZAÇÃO
seus institutos participativos e consensuais. POR TERCEIROS: AUTORIZAÇÃO DE USO, PERMISSÃO DE
USO, CONCESSÃO DE USO, CONCESSÃO DE DIREITO REAL
Princípios da segurança jurídica, da confiança legítima e da bo- DE USO E CESSÃO DE USO. INTERVENÇÃO DO ESTADO NA
a-fé PROPRIEDADE: DESAPROPRIAÇÃO, SERVIDÃO ADMINIS-
Os princípios da segurança jurídica, da confiança legítima e da TRATIVA, TOMBAMENTO, REQUISIÇÃO ADMINISTRATI-
boa-fé possuem importantes aspectos que os assemelham entre si. VA, OCUPAÇÃO TEMPORÁRIA, LIMITAÇÃO ADMINIS-
TRATIVA
O princípio da segurança jurídica está dividido em dois senti-
dos:
Objetivo: estabilização do ordenamento jurídico, levando em Noções Gerais
conta a necessidade de que sejam respeitados o direito adquirido,
o ato jurídico perfeito e a coisa julgada (art. 5.°, XXXVI, da CRFB); A princípio, denota-se que existem controvérsias doutrinárias
Subjetivo: infere a proteção da confiança das pessoas relacio- a respeito do conceito de bem público, vindo, com isso, a existir
nadas às expectativas geradas por promessas e atos estatais. basicamente três posições distintas.
A primeira corrente doutrinária, defendida por José dos Santos
Já o princípio da boa-fé tem sido dividido em duas acepções: Carvalho Filho, entende que são bens públicos apenas aqueles que
Objetiva: diz respeito à lealdade e à lisura da atuação dos par- pertencem às pessoas jurídicas de direito público.
ticulares; Hely Lopes Meirelles, na segunda corrente doutrinária, defen-
Subjetiva: está ligada à relação com o caráter psicológico da- de que bens públicos são todos aqueles que pertencem às pessoas
quele que atuou em conformidade com o direito. Esta caracteriza- jurídicas de Direito Público Interno e às pessoas jurídicas de Direito
ção da confiança legítima depende em grande parte da boa-fé do Privado da Administração Indireta, o que acaba por incluir na cate-
particular, que veio a crer nas expectativas que foram geradas pela goria de bens públicos, todos aqueles que forem de propriedade
atuação do Estado. das empresas públicas e sociedades de economia mista, indepen-
Condizente à noção de proteção da confiança legítima, verifi- dentemente de estas atuarem ou não na prestação de serviço pú-
ca-se que esta aparece em forma de uma reação frente à utilização blico ou na exploração de atividade econômica.
abusiva de normas jurídicas e de atos administrativos que termi- A terceira corrente, defendida por Celso Antônio Bandeira de
nam por surpreender os seus receptores. Mello, sustenta que bens públicos são todos aqueles pertencentes
Em decorrência de sua amplitude, princípio da segurança jurí- às pessoas jurídicas de Direito Público como a União, os Estados,
dica, inclui na sua concepção a confiança legítima e a boa-fé, com o Distrito Federal, os Municípios, e suas respectivas autarquias e
supedâneo em fundamento constitucional que se encontra implí- fundações de direito público, e, ainda aqueles que, embora não
cito na cláusula do Estado Democrático de Direito no art. 1.° da pertencendo a tais pessoas, encontram-se afetados à prestação de
CRFB/1988, na proteção do direito adquirido, do ato jurídico perfei- um serviço público.
to e da coisa julgada de acordo com o art. 5.0, XXXVI, da CRFB/1988. Com o intuito de tentar diminuir as dúvidas relativas à abran-
Por fim, registra-se que em âmbito infraconstitucional, o gência do conceito de bens públicos, o art. 98 do Código Civil, Lei
princípio da segurança jurídica é mencionado no art. 2. ° da Lei 10.406, de 10.01.2002 predispôs que:
9.784/1999, vindo a ser caracterizado por meio da confiança legíti- Art. 98 - são públicos os bens do domínio nacional pertencen-
ma, pressupondo o cumprimento dos seguintes requisitos: tes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros
a) ato da Administração suficientemente conclusivo para gerar são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem.
no administrado (afetado) confiança em um dos seguintes casos: Registra-se que a classificação que possui mais relevo para pro-
confiança do afetado de que a Administração atuou corretamente; vas de certames em geral, é aquela que divide os bens com base
confiança do afetado de que a sua conduta é lícita na relação jurídi- no seu uso. Tal classificação possui fundamento legal no art. 99 do
ca que mantém com a Administração; ou confiança do afetado de Código Civil. Vejamos:
que as suas expectativas são razoáveis; Art. 99. São bens públicos:
b) presença de “signos externos”, oriundos da atividade admi- I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas,
nistrativa, que, independentemente do caráter vinculante, orien- ruas e praças;
tam o cidadão a adotar determinada conduta; II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destina-
c) ato da Administração que reconhece ou constitui uma situa- dos a serviço ou estabelecimento da administração federal, estadu-
ção jurídica individualizada (ou que seja incorporado ao patrimônio al, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias;
jurídico de indivíduos determinados), cuja durabilidade é confiável; III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas
d) causa idônea para provocar a confiança do afetado (a con- jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real,
fiança não pode ser gerada por mera negligência, ignorância ou to- de cada uma dessas entidades.
lerância da Administração); e Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-
e) cumprimento, pelo interessado, dos seus deveres e obriga- -se dominicais os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito
ções no caso. público a que se tenha dado estrutura de direito privado.

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DIREITO ADMINISTRATIVO
Espécies nas condições que a lei estabelecer. Esse tipo de bens, correspon-
Vejamos a especificação de alguns tipos de bens: dem aos bens dominicais, pelo motivo de serem exatamente aque-
Bens de uso comum do povo - são aqueles bens que a Adminis- les que nem se destinam ao público em geral e nem são utilizados
tração Pública os mantém para o uso comum da população, sendo para a prestação de serviços públicos em sentido amplo, não sendo
de uso livre, gratuito ou mediante a cobrança de taxas, no caso de bens de uso especial.
uso anormal ou privativo. Existem doutrinadores que conceituam
esse tipo de bens como bens do domínio público. Observação importante: Pondera-se que os bens patrimoniais
Bens de uso especial ou do Patrimônio Administrativo Indispo- indisponíveis, os de uso especial e os bens de uso comum estão
nível: são bens que destinados à execução dos serviços administra- sujeitos à avaliação patrimonial, sejam eles móveis ou imóveis.
tivos e serviços públicos em geral. Exemplos: os veículos oficiais, as escolas públicas, as universidades
Bens dominicais ou do Patrimônio Disponível: são bens que, públicas, os hospitais públicos, dentre outros. O Código Civil clara-
embora sejam constituídos para o patrimônio público, acabam por mente determina que “os bens públicos de uso comum do povo e
não possuir uma destinação pública determinada ou um fim admi- os de uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem a sua
nistrativo específico. qualificação, na forma que a lei determinar.
Os bens de uso especial podem ser diretos ou indiretos. Veja- Afetação e Desafetação
mos: Trata-se a afetação de preposição de um bem a um determina-
A) Bens de uso especial direto: são os bens que compõem a do destino categorial de uso comum ou especial. Já a desafetação,
máquina estatal. Exemplos: escolas públicas, logradouros onde se é sua retirada do mencionado destino. Nesse sentido, registra-se
localizam as repartições públicas, automóvel oficial, etc. que os bens dominicais são bens não afetados a qualquer destino
B) Bens de uso especial indireto: são aqueles por meio dos público.
quais o ente público não usa os bens diretamente, porém, conserva A afetação ao uso comum pode provir do destino natural do
os mesmos com o intento de garantir proteção a determinado bem bem, como acontece com os mares, rios, ruas, quanto por deter-
jurídico de interesse geral da coletividade. Exemplo: as terras tradi- minação de lei ou por ato administrativo que ordene a aplicação
cionalmente ocupadas pelos índios. de um bem dominical ou de uso especial à utilização pública como
um todo.
Bens Dominicais MELLO, 2006, aduz que “a desafetação dos bens de uso co-
São os bens desincumbidos de qualquer destinação e prontos mum, isto é, seu trespasse para o uso especial ou sua conversão em
para serem utilizados ou alienados ou, também, ter seu uso tres-
bens meramente dominicais, depende de lei ou de ato do Executivo
passado àqueles que por eles se interesse. Infere-se que pertencem
praticado na conformidade dela. É que, possuindo originariamen-
à União, aos Estados-Membros, aos Municípios, ao Distrito Federal,
te destinação natural para o uso comum ou tendo-a adquirido em
às autarquias e fundações públicas. Estas entidades exercem sobre
consequência de ato administrativo que os tenha preposto neste
os bens dominicais poderes de supremacia. Mesmo assim, ponde-
destino, haverão, de toda sorte, neste caso, terminado por assu-
ra-se que a alienação e o trespasse do uso podem exigir o cumpri-
mir uma destinação natural para tal fim. Só um ato de hierarquia
mento, previamente, de determinados requisitos, como avaliação,
jurídica superior, como o é a lei, poderia ulteriormente contrariar
concorrência e licitação.
o destino natural que adquiriram ou habilitar o Executivo a fazê-lo
São exemplos de bens dominicais os terrenos desprovidos de
qualquer afetação de propriedade das mencionadas pessoas públi- (MELLO, 2006, p. 868).
cas, podendo ser utilizados por seus proprietários para todos os fins A desafetação de bem de uso especial, trespassando-o para a
de direito, observadas, especificamente, as legislações dos demais classe dos dominicais, é dependente de lei ou de ato do próprio
entes federados. Desta forma, a União, por exemplo, não pode dar executivo. Vejamos como, por exemplo, o fato da transferência de
a bem dominial de sua propriedade utilização que venha a contra- serviço que se realizava em determinado prédio para outro prédio,
riar a lei municipal de uso e ocupação do solo. restando o primeiro imóvel desligado de qualquer destinação. Infe-
re-se que o que este não pode fazer sem autorização legislativa, é
Quanto à Disponibilidade promover a desativação do próprio serviço instituído por legislação
Em relação à disponibilidade, os bens públicos classificam-se e que nele se prestava. Denota-se também, que um fato da natu-
em: bens indisponíveis por natureza; bens patrimoniais indisponí- reza pode ensejar a passagem de um bem do uso especial para a
veis e bens patrimoniais disponíveis. Vejamos os conceitos de cada categoria dominical. Exemplo: um prédio público que desaba em
um deles: local onde funcionava uma repartição pública.
Bens indisponíveis por natureza: são bens que devido à sua
natureza não patrimonial, não podem ser alienados ou onerados Atributos
pelas entidades a que pertencem. São considerados de natureza Os bens públicos são possuidores de um regime jurídico espe-
não patrimonial e são insuscetíveis de alienação pelo poder pú- cial que os distingue dos bens particulares. As principais caracterís-
blico. São bens de uso comum do povo, sendo bens considerados ticas normativas desse regime diferenciado podem ser resumidas a
absolutamente indisponíveis, como os mares, os rios, as estradas, quatro atributos considerados fundamentais aos bens públicos. São
dentre outros. elas: inalienabilidade, impenhorabilidade, prescritibilidade e não
Bens patrimoniais indisponíveis: deles, o poder público não onerabilidade.
pode dispor, possuem natureza patrimonial, devido ao fato de esta- A inalienabilidade aduz que os bens públicos não podem ser
rem afetados a uma destinação pública específica. São bens possui- vendidos de forma livre. Isso ocorre porque a legislação estabelece
dores de valor patrimonial, mas que não podem ser alienados pelo condições e procedimentos especiais para a venda de tais bens, o
fato de serem utilizados efetivamente pelo Estado para finalidade que incorre em alienabilidade condicionada ao cumprimento das
pública de ordem específica. exigências impostas por lei. Advém da inalienabilidade o entendi-
Bens patrimoniais disponíveis: são bens que possuidores de mento de que os bens públicos não podem ser embargados, hipote-
natureza patrimonial e, pelo fato de não estarem afetados a deter- cados, desapropriados, penhorados, reivindicados, usufruídos, nem
minada finalidade pública, são passíveis de alienação, na forma e objeto de servidão.
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DIREITO ADMINISTRATIVO
O atributo da impenhorabilidade advém do fato de que os bens g) procedimentos de legitimação de posse de que trata o art.
públicos podem ser objeto de constrição judicial. A impenhorabili- 29 da Lei no 6.383, de 7 de dezembro de 1976, mediante iniciativa
dade é uma decorrência da inalienabilidade na medida em que, por e deliberação dos órgãos da Administração Pública em cuja com-
não ser suscetível a alienação ou penhora sobre bem público cons- petência legal inclua-se tal atribuição; (Incluído pela Lei nº 11.196,
titui medida sem utilidade. É importante ressaltar, também, que a de 2005)
impenhorabilidade dos bens públicos é o que justifica a existência h) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de di-
da execução especial contra a Fazenda Pública e da ordem dos pre- reito real de uso, locação ou permissão de uso de bens imóveis de
catórios, nos termos do art., 100 da CFB/88. Pelo fato de os bens uso comercial de âmbito local com área de até 250 m² (duzentos e
do Estado não serem passíveis de penhora, não é possível aplicar à cinquenta metros quadrados) e inseridos no âmbito de programas
cobrança de créditos contra a Fazenda Pública o sistema tradicional de regularização fundiária de interesse social desenvolvidos por ór-
de execução objetivado na constrição judicial de bens do devedor. gãos ou entidades da administração pública; (Incluído pela Lei nº
Infere-se que a impenhorabilidade também se estende aos 11.481, de 2007)
bens de empresas públicas, sociedades de economia mista e con- i) alienação e concessão de direito real de uso, gratuita ou one-
cessionários afetados à prestação de serviços públicos. Em relação à rosa, de terras públicas rurais da União na Amazônia Legal onde
imprescritibilidade, entende-se que os bens públicos não estão sub- incidam ocupações até o limite de 15 (quinze) módulos fiscais ou
metidos à possibilidade de prescrição aquisitiva, ou seja, os bens 1.500ha (mil e quinhentos hectares), para fins de regularização fun-
públicos não estão sujeitos sujeitam à usucapião nos ditames dos diária, atendidos os requisitos legais; (Incluído pela Lei nº 11.952,
arts. 183 e 102 do Código Civil. De acordo com a corrente majori- de 2009)
tária, a imprescritibilidade é atributo de todas as espécies de bens i) alienação e concessão de direito real de uso, gratuita ou
públicos, inclusive dos dominicais. Entretanto, existe uma exceção a onerosa, de terras públicas rurais da União e do Incra, onde inci-
essa regra que se encontra prevista no art. 2° da Lei n6.969/81, que dam ocupações até o limite de que trata o § 1º do art. 6º da Lei
admite a possibilidade de usucapião especial sobre terras devolutas no 11.952, de 25 de junho de 2009, para fins de regularização fun-
localizadas na área rural. diária, atendidos os requisitos legais; e (Redação dada pela Lei nº
13.465, 2017)
Requisitos para a alienação de bens públicos II - quando móveis, dependerá de avaliação prévia e de licita-
A alienação de bens públicos é dependente do cumprimento ção, dispensada esta nos seguintes casos:
de determinadas condições elencadas pelo art. 17 da Lei 8.666/93, a) doação, permitida exclusivamente para fins e uso de interes-
se social, após avaliação de sua oportunidade e conveniência socio-
que variam conforme o tipo de bem e a pessoa a quem pertençam.
econômica, relativamente à escolha de outra forma de alienação;
Vejamos:
b) permuta, permitida exclusivamente entre órgãos ou entida-
Art. 17. A alienação de bens da Administração Pública, subordi-
des da Administração Pública;
nada à existência de interesse público devidamente justificado, será
c) venda de ações, que poderão ser negociadas em bolsa, ob-
precedida de avaliação e obedecerá às seguintes normas:
servada a legislação específica;
I - quando imóveis, dependerá de autorização legislativa para
d) venda de títulos, na forma da legislação pertinente;
órgãos da administração direta e entidades autárquicas e fundacio-
e) venda de bens produzidos ou comercializados por órgãos ou
nais, e, para todos, inclusive as entidades paraestatais, dependerá
entidades da Administração Pública, em virtude de suas finalidades;
de avaliação prévia e de licitação na modalidade de concorrência,
f) venda de materiais e equipamentos para outros órgãos ou
dispensada está nos seguintes casos: entidades da Administração Pública, sem utilização previsível por
a) dação em pagamento; quem deles dispõe.
b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão ou en- § 1o Os imóveis doados com base na alínea b do inciso I deste
tidade da administração pública, de qualquer esfera de governo, artigo, cessadas as razões que justificaram a sua doação, reverterão
ressalvado o disposto nas alíneas f e h; (Redação dada pela Lei nº ao patrimônio da pessoa jurídica doadora, vedada a sua alienação
11.481, de 2007) pelo beneficiário.
b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão ou en- § 2º A Administração também poderá conceder título de pro-
tidade da administração pública, de qualquer esfera de governo, priedade ou de direito real de uso de imóveis, dispensada licitação,
ressalvado o disposto nas alíneas “f”, “h” e “i”; (Redação dada pela quando o uso se destinar: (Redação dada pela Lei nº 11.196, de
Medida Provisória nº 458, de 2009) 2005)
b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão ou en- I - a outro órgão ou entidade da Administração Pública, qual-
tidade da administração pública, de qualquer esfera de governo, quer que seja a localização do imóvel; (Incluído pela Lei nº 11.196,
ressalvado o disposto nas alíneas f, h e i; (Redação dada pela Lei nº de 2005);
11.952, de 2009) II - a pessoa natural que, nos termos da lei, regulamento ou ato
c) permuta, por outro imóvel que atenda aos requisitos cons- normativo do órgão competente, haja implementado os requisitos
tantes do inciso X do art. 24 desta Lei; mínimos de cultura, ocupação mansa e pacífica e exploração direta
d) investidura; sobre área rural situada na Amazônia Legal, superior a 1 (um) mó-
e) venda a outro órgão ou entidade da administração pública, dulo fiscal e limitada a 15 (quinze) módulos fiscais, desde que não
de qualquer esfera de governo; (Incluída pela Lei nº 8.883, de 1994) exceda 1.500ha (mil e quinhentos hectares); (Redação dada pela Lei
f) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de nº 11.952, de 2009)
direito real de uso, locação ou permissão de uso de bens imóveis II - a pessoa natural que, nos termos da lei, de regulamento
residenciais construídos, destinados ou efetivamente utilizados no ou de ato normativo do órgão competente, haja implementado os
âmbito de programas habitacionais ou de regularização fundiária requisitos mínimos de cultura, ocupação mansa e pacífica e explora-
de interesse social desenvolvidos por órgãos ou entidades da admi- ção direta sobre área rural limitada a quinze módulos fiscais, desde
nistração pública; (Redação dada pela Lei nº 11.481, de 2007) que não exceda a 1.500ha (mil e quinhentos hectares); (Redação
dada pela Medida Provisória nº 759, de 2016)
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DIREITO ADMINISTRATIVO
II - a pessoa natural que, nos termos de lei, regulamento ou ato
normativo do órgão competente, haja implementado os requisitos TERCEIRO SETOR: ENTES PARAESTATAIS
mínimos de cultura, ocupação mansa e pacífica e exploração direta
sobre área rural, observado o limite de que trata o § 1o do art. 6o
da Lei no 11.952, de 25 de junho de 2009; (Redação dada pela Lei Prezado candidato, o tema supracitado já foi abordado em
nº 13.465, 2017) tópicos anteriores.
§ 2º-A. As hipóteses do inciso II do § 2o ficam dispensadas de
autorização legislativa, porém submetem-se aos seguintes condi-
cionamentos: (Redação dada pela Lei nº 11.952, de 2009)
I - só se aplica a imóvel situado em zona rural, não sujeito a LEI GERAL DE PROTEÇÃO A DADOS (LEI Nº 13.709/2018)
vedação, impedimento ou inconveniente a sua exploração mediante
atividades agropecuárias; (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005)
II - fica limitada a áreas de até quinze módulos fiscais, vedada a
dispensa de licitação para áreas superiores a esse limite; e (Redação LEI Nº 13.709, DE 14 DE AGOSTO DE 2018
dada pela Medida Provisória nº 422, de 2008).
II – fica limitada a áreas de até quinze módulos fiscais, desde Texto compilado
que não exceda mil e quinhentos hectares, vedada a dispensa de Mensagem de veto
licitação para áreas superiores a esse limite; (Redação dada pela Lei Vigência Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD).
nº 11.763, de 2008) (Redação dada pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigência
II – fica limitada a áreas de até quinze módulos fiscais, desde O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-
que não exceda mil e quinhentos hectares, vedada a dispensa de cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
licitação para áreas superiores a esse limite; (Redação dada pela Lei
nº 11.763, de 2008) CAPÍTULO I
III - pode ser cumulada com o quantitativo de área decorrente DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
da figura prevista na alínea g do inciso I do caput deste artigo, até
o limite previsto no inciso II deste parágrafo. (Incluído pela Lei nº Art. 1º Esta Lei dispõe sobre o tratamento de dados pessoais,
11.196, de 2005) inclusive nos meios digitais, por pessoa natural ou por pessoa jurí-
IV – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.763, de 2008) dica de direito público ou privado, com o objetivo de proteger os
§ 3º Entende-se por investidura, para os fins desta lei: (Redação
direitos fundamentais de liberdade e de privacidade e o livre desen-
dada pela Lei nº 9.648, de 1998)
volvimento da personalidade da pessoa natural.
I - a alienação aos proprietários de imóveis lindeiros de área
Parágrafo único. As normas gerais contidas nesta Lei são de
remanescente ou resultante de obra pública, área esta que se tornar
interesse nacional e devem ser observadas pela União, Estados,
inaproveitável isoladamente, por preço nunca inferior ao da avalia-
Distrito Federal e Municípios.(Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
ção e desde que esse não ultrapasse a 50% (cinquenta por cento) do
Vigência
valor constante da alínea a do inciso II do art. 23 desta lei; (Incluído
Art. 2º A disciplina da proteção de dados pessoais tem como
pela Lei nº 9.648, de 1998)
fundamentos:
II - a alienação, aos legítimos possuidores diretos ou, na falta
destes, ao Poder Público, de imóveis para fins residenciais constru- I - o respeito à privacidade;
ídos em núcleos urbanos anexos a usinas hidrelétricas, desde que II - a autodeterminação informativa;
considerados dispensáveis na fase de operação dessas unidades e III - a liberdade de expressão, de informação, de comunicação
não integrem a categoria de bens reversíveis ao final da concessão. e de opinião;
(Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998) IV - a inviolabilidade da intimidade, da honra e da imagem;
§4º A doação com encargo será licitada e de seu instrumento V - o desenvolvimento econômico e tecnológico e a inovação;
constarão, obrigatoriamente os encargos, o prazo de seu cumpri- VI - a livre iniciativa, a livre concorrência e a defesa do consu-
mento e cláusula de reversão, sob pena de nulidade do ato, sendo midor; e
dispensada a licitação no caso de interesse público devidamente VII - os direitos humanos, o livre desenvolvimento da personali-
justificado; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) dade, a dignidade e o exercício da cidadania pelas pessoas naturais.
§ 5º Na hipótese do parágrafo anterior, caso o donatário ne- Art. 3º Esta Lei aplica-se a qualquer operação de tratamento re-
cessite oferecer o imóvel em garantia de financiamento, a cláusula alizada por pessoa natural ou por pessoa jurídica de direito público
de reversão e demais obrigações serão garantidas por hipoteca em ou privado, independentemente do meio, do país de sua sede ou do
segundo grau em favor do doador. (Incluído pela Lei nº 8.883, de país onde estejam localizados os dados, desde que:
1994) I - a operação de tratamento seja realizada no território nacio-
§ 6º Para a venda de bens móveis avaliados, isolada ou global- nal;
mente, em quantia não superior ao limite previsto no art. 23, inciso II - a atividade de tratamento tenha por objetivo a oferta ou
II, alínea b desta Lei, a Administração poderá permitir o leilão. (In- o fornecimento de bens ou serviços ou o tratamento de dados de
cluído pela Lei nº 8.883, de 1994) indivíduos localizados no território nacional; ou(Redação dada pela
Lei nº 13.853, de 2019)Vigência
III - os dados pessoais objeto do tratamento tenham sido cole-
tados no território nacional.
§ 1º Consideram-se coletados no território nacional os dados
pessoais cujo titular nele se encontre no momento da coleta.
§ 2º Excetua-se do disposto no inciso I deste artigo o tratamen-
to de dados previsto no inciso IV do caput do art. 4º desta Lei.
Art. 4º Esta Lei não se aplica ao tratamento de dados pessoais:
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DIREITO ADMINISTRATIVO
I - realizado por pessoa natural para fins exclusivamente parti- X - tratamento: toda operação realizada com dados pessoais,
culares e não econômicos; como as que se referem a coleta, produção, recepção, classificação,
II - realizado para fins exclusivamente: utilização, acesso, reprodução, transmissão, distribuição, processa-
a) jornalístico e artísticos; ou mento, arquivamento, armazenamento, eliminação, avaliação ou
b) acadêmicos, aplicando-se a esta hipótese os arts. 7º e 11 controle da informação, modificação, comunicação, transferência,
desta Lei; difusão ou extração;
III - realizado para fins exclusivos de: XI - anonimização: utilização de meios técnicos razoáveis e dis-
a) segurança pública; poníveis no momento do tratamento, por meio dos quais um dado
b) defesa nacional; perde a possibilidade de associação, direta ou indireta, a um indi-
c) segurança do Estado; ou víduo;
d) atividades de investigação e repressão de infrações penais; XII - consentimento: manifestação livre, informada e inequívo-
ou ca pela qual o titular concorda com o tratamento de seus dados
IV - provenientes de fora do território nacional e que não sejam pessoais para uma finalidade determinada;
objeto de comunicação, uso compartilhado de dados com agentes XIII - bloqueio: suspensão temporária de qualquer operação
de tratamento brasileiros ou objeto de transferência internacional de tratamento, mediante guarda do dado pessoal ou do banco de
de dados com outro país que não o de proveniência, desde que o dados;
país de proveniência proporcione grau de proteção de dados pesso- XIV - eliminação: exclusão de dado ou de conjunto de dados
ais adequado ao previsto nesta Lei. armazenados em banco de dados, independentemente do proce-
§ 1º O tratamento de dados pessoais previsto no inciso III será dimento empregado;
regido por legislação específica, que deverá prever medidas pro- XV - transferência internacional de dados: transferência de da-
porcionais e estritamente necessárias ao atendimento do interesse dos pessoais para país estrangeiro ou organismo internacional do
público, observados o devido processo legal, os princípios gerais de qual o país seja membro;
proteção e os direitos do titular previstos nesta Lei. XVI - uso compartilhado de dados: comunicação, difusão, trans-
§ 2º É vedado o tratamento dos dados a que se refere o inciso ferência internacional, interconexão de dados pessoais ou trata-
III do caput deste artigo por pessoa de direito privado, exceto em mento compartilhado de bancos de dados pessoais por órgãos e
procedimentos sob tutela de pessoa jurídica de direito público, que entidades públicos no cumprimento de suas competências legais,
serão objeto de informe específico à autoridade nacional e que de- ou entre esses e entes privados, reciprocamente, com autorização
verão observar a limitação imposta no § 4º deste artigo. específica, para uma ou mais modalidades de tratamento permiti-
§ 3º A autoridade nacional emitirá opiniões técnicas ou
das por esses entes públicos, ou entre entes privados;
recomendações referentes às exceções previstas no inciso III
XVII - relatório de impacto à proteção de dados pessoais: docu-
do caput deste artigo e deverá solicitar aos responsáveis relatórios
mentação do controlador que contém a descrição dos processos de
de impacto à proteção de dados pessoais.
tratamento de dados pessoais que podem gerar riscos às liberdades
§ 4º Em nenhum caso a totalidade dos dados pessoais de banco
civis e aos direitos fundamentais, bem como medidas, salvaguardas
de dados de que trata o inciso III do caput deste artigo poderá ser
e mecanismos de mitigação de risco;
tratada por pessoa de direito privado, salvo por aquela que pos-
XVIII - órgão de pesquisa: órgão ou entidade da administração
sua capital integralmente constituído pelo poder público. (Redação
pública direta ou indireta ou pessoa jurídica de direito privado sem
dada pela Lei nº 13.853, de 2019)Vigência
Art. 5º Para os fins desta Lei, considera-se: fins lucrativos legalmente constituída sob as leis brasileiras, com
I - dado pessoal: informação relacionada a pessoa natural iden- sede e foro no País, que inclua em sua missão institucional ou em
tificada ou identificável; seu objetivo social ou estatutário a pesquisa básica ou aplicada de
II - dado pessoal sensível: dado pessoal sobre origem racial ou caráter histórico, científico, tecnológico ou estatístico; e (Redação
étnica, convicção religiosa, opinião política, filiação a sindicato ou a dada pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigência
organização de caráter religioso, filosófico ou político, dado referen- XIX - autoridade nacional: órgão da administração pública res-
te à saúde ou à vida sexual, dado genético ou biométrico, quando ponsável por zelar, implementar e fiscalizar o cumprimento desta
vinculado a uma pessoa natural; Lei em todo o território nacional. (Redação dada pela Lei nº 13.853,
III - dado anonimizado: dado relativo a titular que não possa ser de 2019)Vigência
identificado, considerando a utilização de meios técnicos razoáveis Art. 6º As atividades de tratamento de dados pessoais deverão
e disponíveis na ocasião de seu tratamento; observar a boa-fé e os seguintes princípios:
IV - banco de dados: conjunto estruturado de dados pessoais, I - finalidade: realização do tratamento para propósitos legí-
estabelecido em um ou em vários locais, em suporte eletrônico ou timos, específicos, explícitos e informados ao titular, sem possibi-
físico; lidade de tratamento posterior de forma incompatível com essas
V - titular: pessoa natural a quem se referem os dados pessoais finalidades;
que são objeto de tratamento; II - adequação: compatibilidade do tratamento com as finalida-
VI - controlador: pessoa natural ou jurídica, de direito público des informadas ao titular, de acordo com o contexto do tratamento;
ou privado, a quem competem as decisões referentes ao tratamen- III - necessidade: limitação do tratamento ao mínimo neces-
to de dados pessoais; sário para a realização de suas finalidades, com abrangência dos
VII - operador: pessoa natural ou jurídica, de direito público ou dados pertinentes, proporcionais e não excessivos em relação às
privado, que realiza o tratamento de dados pessoais em nome do finalidades do tratamento de dados;
controlador; IV - livre acesso: garantia, aos titulares, de consulta facilitada e
VIII - encarregado: pessoa indicada pelo controlador e opera- gratuita sobre a forma e a duração do tratamento, bem como sobre
dor para atuar como canal de comunicação entre o controlador, os a integralidade de seus dados pessoais;
titulares dos dados e a Autoridade Nacional de Proteção de Dados V - qualidade dos dados: garantia, aos titulares, de exatidão,
(ANPD);(Redação dada pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigência clareza, relevância e atualização dos dados, de acordo com a ne-
IX - agentes de tratamento: o controlador e o operador; cessidade e para o cumprimento da finalidade de seu tratamento;
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VI - transparência: garantia, aos titulares, de informações cla- § 5º O controlador que obteve o consentimento referido no in-
ras, precisas e facilmente acessíveis sobre a realização do tratamen- ciso I do caput deste artigo que necessitar comunicar ou comparti-
to e os respectivos agentes de tratamento, observados os segredos lhar dados pessoais com outros controladores deverá obter consen-
comercial e industrial; timento específico do titular para esse fim, ressalvadas as hipóteses
VII - segurança: utilização de medidas técnicas e administrati- de dispensa do consentimento previstas nesta Lei.
vas aptas a proteger os dados pessoais de acessos não autorizados § 6º A eventual dispensa da exigência do consentimento não
e de situações acidentais ou ilícitas de destruição, perda, alteração, desobriga os agentes de tratamento das demais obrigações previs-
comunicação ou difusão; tas nesta Lei, especialmente da observância dos princípios gerais e
VIII - prevenção: adoção de medidas para prevenir a ocorrência da garantia dos direitos do titular.
de danos em virtude do tratamento de dados pessoais; § 7º O tratamento posterior dos dados pessoais a que se re-
IX - não discriminação: impossibilidade de realização do trata- ferem os §§ 3º e 4º deste artigo poderá ser realizado para novas
mento para fins discriminatórios ilícitos ou abusivos; finalidades, desde que observados os propósitos legítimos e especí-
X - responsabilização e prestação de contas: demonstração, ficos para o novo tratamento e a preservação dos direitos do titular,
pelo agente, da adoção de medidas eficazes e capazes de compro- assim como os fundamentos e os princípios previstos nesta Lei. (In-
var a observância e o cumprimento das normas de proteção de da- cluído pela Lei nº 13.853, de 2019)Vigência
dos pessoais e, inclusive, da eficácia dessas medidas. Art. 8º O consentimento previsto no inciso I do art. 7º desta Lei
deverá ser fornecido por escrito ou por outro meio que demonstre
CAPÍTULO II a manifestação de vontade do titular.
DO TRATAMENTO DE DADOS PESSOAIS § 1º Caso o consentimento seja fornecido por escrito, esse de-
verá constar de cláusula destacada das demais cláusulas contratu-
SEÇÃO I
ais.
DOS REQUISITOS PARA O TRATAMENTO DE DADOS PESSOAIS
§ 2º Cabe ao controlador o ônus da prova de que o consenti-
mento foi obtido em conformidade com o disposto nesta Lei.
Art. 7º O tratamento de dados pessoais somente poderá ser
§ 3º É vedado o tratamento de dados pessoais mediante vício
realizado nas seguintes hipóteses: de consentimento.
I - mediante o fornecimento de consentimento pelo titular; § 4º O consentimento deverá referir-se a finalidades determi-
II - para o cumprimento de obrigação legal ou regulatória pelo nadas, e as autorizações genéricas para o tratamento de dados pes-
controlador; soais serão nulas.
III - pela administração pública, para o tratamento e uso com- § 5º O consentimento pode ser revogado a qualquer momen-
partilhado de dados necessários à execução de políticas públicas to mediante manifestação expressa do titular, por procedimen-
previstas em leis e regulamentos ou respaldadas em contratos, con- to gratuito e facilitado, ratificados os tratamentos realizados sob
vênios ou instrumentos congêneres, observadas as disposições do amparo do consentimento anteriormente manifestado enquanto
Capítulo IV desta Lei; não houver requerimento de eliminação, nos termos do inciso VI
IV - para a realização de estudos por órgão de pesquisa, garanti- do caput do art. 18 desta Lei.
da, sempre que possível, a anonimização dos dados pessoais; § 6º Em caso de alteração de informação referida nos incisos
V - quando necessário para a execução de contrato ou de pro- I, II, III ou V do art. 9º desta Lei, o controlador deverá informar ao
cedimentos preliminares relacionados a contrato do qual seja parte titular, com destaque de forma específica do teor das alterações,
o titular, a pedido do titular dos dados; podendo o titular, nos casos em que o seu consentimento é exigido,
VI - para o exercício regular de direitos em processo judicial, revogá-lo caso discorde da alteração.
administrativo ou arbitral, esse último nos termos da Lei nº 9.307, Art. 9º O titular tem direito ao acesso facilitado às informações
de 23 de setembro de 1996 (Lei de Arbitragem) ; sobre o tratamento de seus dados, que deverão ser disponibiliza-
VII - para a proteção da vida ou da incolumidade física do titular das de forma clara, adequada e ostensiva acerca de, entre outras
ou de terceiro; características previstas em regulamentação para o atendimento do
VIII - para a tutela da saúde, exclusivamente, em procedimento princípio do livre acesso:
realizado por profissionais de saúde, serviços de saúde ou autori- I - finalidade específica do tratamento;
dade sanitária;(Redação dada pela Lei nº 13.853, de 2019)Vigência II - forma e duração do tratamento, observados os segredos
IX - quando necessário para atender aos interesses legítimos do comercial e industrial;
controlador ou de terceiro, exceto no caso de prevalecerem direi- III - identificação do controlador;
IV - informações de contato do controlador;
tos e liberdades fundamentais do titular que exijam a proteção dos
V - informações acerca do uso compartilhado de dados pelo
dados pessoais; ou
controlador e a finalidade;
X - para a proteção do crédito, inclusive quanto ao disposto na
VI - responsabilidades dos agentes que realizarão o tratamen-
legislação pertinente.
to; e
§ 1º (Revogado).(Redação dada pela Lei nº 13.853, de 2019) VII - direitos do titular, com menção explícita aos direitos conti-
§ 2º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.853, de 2019) Vi- dos no art. 18 desta Lei.
gência § 1º Na hipótese em que o consentimento é requerido, esse
§ 3º O tratamento de dados pessoais cujo acesso é público será considerado nulo caso as informações fornecidas ao titular te-
deve considerar a finalidade, a boa-fé e o interesse público que jus- nham conteúdo enganoso ou abusivo ou não tenham sido apresen-
tificaram sua disponibilização. tadas previamente com transparência, de forma clara e inequívoca.
§ 4º É dispensada a exigência do consentimento previsto
no caput deste artigo para os dados tornados manifestamente pú-
blicos pelo titular, resguardados os direitos do titular e os princípios
previstos nesta Lei.

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a solução para o seu concurso!
DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 2º Na hipótese em que o consentimento é requerido, se hou- § 2º Nos casos de aplicação do disposto nas alíneas “a” e “b”
ver mudanças da finalidade para o tratamento de dados pessoais do inciso II do caput deste artigo pelos órgãos e pelas entidades pú-
não compatíveis com o consentimento original, o controlador de- blicas, será dada publicidade à referida dispensa de consentimento,
verá informar previamente o titular sobre as mudanças de finalida- nos termos do inciso I do caput do art. 23 desta Lei.
de, podendo o titular revogar o consentimento, caso discorde das § 3º A comunicação ou o uso compartilhado de dados pessoais
alterações. sensíveis entre controladores com objetivo de obter vantagem eco-
§ 3º Quando o tratamento de dados pessoais for condição para nômica poderá ser objeto de vedação ou de regulamentação por
o fornecimento de produto ou de serviço ou para o exercício de di- parte da autoridade nacional, ouvidos os órgãos setoriais do Poder
reito, o titular será informado com destaque sobre esse fato e sobre Público, no âmbito de suas competências.
os meios pelos quais poderá exercer os direitos do titular elencados § 4º É vedada a comunicação ou o uso compartilhado entre
no art. 18 desta Lei. controladores de dados pessoais sensíveis referentes à saúde com
Art. 10. O legítimo interesse do controlador somente poderá objetivo de obter vantagem econômica, exceto nas hipóteses rela-
fundamentar tratamento de dados pessoais para finalidades legí- tivas a prestação de serviços de saúde, de assistência farmacêutica
timas, consideradas a partir de situações concretas, que incluem, e de assistência à saúde, desde que observado o § 5º deste artigo,
mas não se limitam a: incluídos os serviços auxiliares de diagnose e terapia, em benefício
I - apoio e promoção de atividades do controlador; e dos interesses dos titulares de dados, e para permitir:   (Redação
II - proteção, em relação ao titular, do exercício regular de seus dada pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigência
direitos ou prestação de serviços que o beneficiem, respeitadas as
I - a portabilidade de dados quando solicitada pelo titular; ou-
legítimas expectativas dele e os direitos e liberdades fundamentais,
(Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigência
nos termos desta Lei.
II - as transações financeiras e administrativas resultantes do
§ 1º Quando o tratamento for baseado no legítimo interesse do
uso e da prestação dos serviços de que trata este parágrafo.(Incluí-
controlador, somente os dados pessoais estritamente necessários
para a finalidade pretendida poderão ser tratados. do pela Lei nº 13.853, de 2019)Vigência
§ 2º O controlador deverá adotar medidas para garantir a § 5º É vedado às operadoras de planos privados de assistência
transparência do tratamento de dados baseado em seu legítimo à saúde o tratamento de dados de saúde para a prática de sele-
interesse. ção de riscos na contratação de qualquer modalidade, assim como
§ 3º A autoridade nacional poderá solicitar ao controlador re- na contratação e exclusão de beneficiários.   (Incluído pela Lei nº
latório de impacto à proteção de dados pessoais, quando o trata- 13.853, de 2019)Vigência
mento tiver como fundamento seu interesse legítimo, observados Art. 12. Os dados anonimizados não serão considerados dados
os segredos comercial e industrial. pessoais para os fins desta Lei, salvo quando o processo de anoni-
mização ao qual foram submetidos for revertido, utilizando exclusi-
SEÇÃO II vamente meios próprios, ou quando, com esforços razoáveis, puder
DO TRATAMENTO DE DADOS PESSOAIS SENSÍVEIS ser revertido.
§ 1º A determinação do que seja razoável deve levar em con-
Art. 11. O tratamento de dados pessoais sensíveis somente po- sideração fatores objetivos, tais como custo e tempo necessários
derá ocorrer nas seguintes hipóteses: para reverter o processo de anonimização, de acordo com as tecno-
I - quando o titular ou seu responsável legal consentir, de forma logias disponíveis, e a utilização exclusiva de meios próprios.
específica e destacada, para finalidades específicas; § 2º Poderão ser igualmente considerados como dados pesso-
II - sem fornecimento de consentimento do titular, nas hipóte- ais, para os fins desta Lei, aqueles utilizados para formação do perfil
ses em que for indispensável para: comportamental de determinada pessoa natural, se identificada.
a) cumprimento de obrigação legal ou regulatória pelo contro- § 3º A autoridade nacional poderá dispor sobre padrões e téc-
lador; nicas utilizados em processos de anonimização e realizar verifica-
b) tratamento compartilhado de dados necessários à execução, ções acerca de sua segurança, ouvido o Conselho Nacional de Pro-
pela administração pública, de políticas públicas previstas em leis teção de Dados Pessoais.
ou regulamentos; Art. 13. Na realização de estudos em saúde pública, os órgãos
c) realização de estudos por órgão de pesquisa, garantida, sem- de pesquisa poderão ter acesso a bases de dados pessoais, que se-
pre que possível, a anonimização dos dados pessoais sensíveis;
rão tratados exclusivamente dentro do órgão e estritamente para
d) exercício regular de direitos, inclusive em contrato e em
a finalidade de realização de estudos e pesquisas e mantidos em
processo judicial, administrativo e arbitral, este último nos termos
ambiente controlado e seguro, conforme práticas de segurança pre-
da Lei nº 9.307, de 23 de setembro de 1996 (Lei de Arbitragem) ;
vistas em regulamento específico e que incluam, sempre que pos-
e) proteção da vida ou da incolumidade física do titular ou de
terceiro; sível, a anonimização ou pseudonimização dos dados, bem como
f) tutela da saúde, exclusivamente, em procedimento realizado considerem os devidos padrões éticos relacionados a estudos e
por profissionais de saúde, serviços de saúde ou autoridade sanitá- pesquisas.
ria; ou  (Redação dada pela Lei nº 13.853, de 2019)Vigência § 1º A divulgação dos resultados ou de qualquer excerto do es-
g) garantia da prevenção à fraude e à segurança do titular, nos tudo ou da pesquisa de que trata o caput deste artigo em nenhuma
processos de identificação e autenticação de cadastro em sistemas hipótese poderá revelar dados pessoais.
eletrônicos, resguardados os direitos mencionados no art. 9º desta § 2º O órgão de pesquisa será o responsável pela segurança
Lei e exceto no caso de prevalecerem direitos e liberdades funda- da informação prevista no caput deste artigo, não permitida, em
mentais do titular que exijam a proteção dos dados pessoais. circunstância alguma, a transferência dos dados a terceiro.
§ 1º Aplica-se o disposto neste artigo a qualquer tratamento § 3º O acesso aos dados de que trata este artigo será objeto de
de dados pessoais que revele dados pessoais sensíveis e que possa regulamentação por parte da autoridade nacional e das autorida-
causar dano ao titular, ressalvado o disposto em legislação especí- des da área de saúde e sanitárias, no âmbito de suas competências.
fica.
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§ 4º Para os efeitos deste artigo, a pseudonimização é o tra- III - transferência a terceiro, desde que respeitados os requisi-
tamento por meio do qual um dado perde a possibilidade de as- tos de tratamento de dados dispostos nesta Lei; ou
sociação, direta ou indireta, a um indivíduo, senão pelo uso de in- IV - uso exclusivo do controlador, vedado seu acesso por tercei-
formação adicional mantida separadamente pelo controlador em ro, e desde que anonimizados os dados.
ambiente controlado e seguro.
CAPÍTULO III
SEÇÃO III DOS DIREITOS DO TITULAR
DO TRATAMENTO DE DADOS PESSOAIS DE CRIANÇAS E DE
ADOLESCENTES Art. 17. Toda pessoa natural tem assegurada a titularidade de
seus dados pessoais e garantidos os direitos fundamentais de liber-
Art. 14. O tratamento de dados pessoais de crianças e de ado- dade, de intimidade e de privacidade, nos termos desta Lei.
lescentes deverá ser realizado em seu melhor interesse, nos termos Art. 18. O titular dos dados pessoais tem direito a obter do con-
deste artigo e da legislação pertinente. trolador, em relação aos dados do titular por ele tratados, a qual-
§ 1º O tratamento de dados pessoais de crianças deverá ser quer momento e mediante requisição:
realizado com o consentimento específico e em destaque dado por I - confirmação da existência de tratamento;
pelo menos um dos pais ou pelo responsável legal. II - acesso aos dados;
§ 2º No tratamento de dados de que trata o § 1º deste artigo, III - correção de dados incompletos, inexatos ou desatualiza-
os controladores deverão manter pública a informação sobre os ti- dos;
pos de dados coletados, a forma de sua utilização e os procedimen- IV - anonimização, bloqueio ou eliminação de dados desneces-
tos para o exercício dos direitos a que se refere o art. 18 desta Lei. sários, excessivos ou tratados em desconformidade com o disposto
§ 3º Poderão ser coletados dados pessoais de crianças sem o nesta Lei;
consentimento a que se refere o § 1º deste artigo quando a coleta V - portabilidade dos dados a outro fornecedor de serviço ou
for necessária para contatar os pais ou o responsável legal, utiliza- produto, mediante requisição expressa, de acordo com a regula-
dos uma única vez e sem armazenamento, ou para sua proteção, e mentação da autoridade nacional, observados os segredos comer-
em nenhum caso poderão ser repassados a terceiro sem o consen- cial e industrial;(Redação dada pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigência
timento de que trata o § 1º deste artigo. VI - eliminação dos dados pessoais tratados com o consenti-
mento do titular, exceto nas hipóteses previstas no art. 16 desta Lei;
§ 4º Os controladores não deverão condicionar a participação
VII - informação das entidades públicas e privadas com as quais
dos titulares de que trata o § 1º deste artigo em jogos, aplicações
o controlador realizou uso compartilhado de dados;
de internet ou outras atividades ao fornecimento de informações
VIII - informação sobre a possibilidade de não fornecer consen-
pessoais além das estritamente necessárias à atividade.
timento e sobre as consequências da negativa;
§ 5º O controlador deve realizar todos os esforços razoáveis
IX - revogação do consentimento, nos termos do § 5º do art.
para verificar que o consentimento a que se refere o § 1º deste ar-
8º desta Lei.
tigo foi dado pelo responsável pela criança, consideradas as tecno-
§ 1º O titular dos dados pessoais tem o direito de peticionar em
logias disponíveis.
relação aos seus dados contra o controlador perante a autoridade
§ 6º As informações sobre o tratamento de dados referidas nacional.
neste artigo deverão ser fornecidas de maneira simples, clara e § 2º O titular pode opor-se a tratamento realizado com funda-
acessível, consideradas as características físico-motoras, percepti- mento em uma das hipóteses de dispensa de consentimento, em
vas, sensoriais, intelectuais e mentais do usuário, com uso de re- caso de descumprimento ao disposto nesta Lei.
cursos audiovisuais quando adequado, de forma a proporcionar a § 3º Os direitos previstos neste artigo serão exercidos mediante
informação necessária aos pais ou ao responsável legal e adequada requerimento expresso do titular ou de representante legalmente
ao entendimento da criança. constituído, a agente de tratamento.
§ 4º Em caso de impossibilidade de adoção imediata da pro-
SEÇÃO IV vidência de que trata o § 3º deste artigo, o controlador enviará ao
DO TÉRMINO DO TRATAMENTO DE DADOS titular resposta em que poderá:
I - comunicar que não é agente de tratamento dos dados e indi-
Art. 15. O término do tratamento de dados pessoais ocorrerá car, sempre que possível, o agente; ou
nas seguintes hipóteses: II - indicar as razões de fato ou de direito que impedem a ado-
I - verificação de que a finalidade foi alcançada ou de que os ção imediata da providência.
dados deixaram de ser necessários ou pertinentes ao alcance da § 5º O requerimento referido no § 3º deste artigo será atendi-
finalidade específica almejada; do sem custos para o titular, nos prazos e nos termos previstos em
II - fim do período de tratamento; regulamento.
III - comunicação do titular, inclusive no exercício de seu direito § 6º O responsável deverá informar, de maneira imediata, aos
de revogação do consentimento conforme disposto no § 5º do art. agentes de tratamento com os quais tenha realizado uso comparti-
8º desta Lei, resguardado o interesse público; ou lhado de dados a correção, a eliminação, a anonimização ou o blo-
IV - determinação da autoridade nacional, quando houver vio- queio dos dados, para que repitam idêntico procedimento, exceto
lação ao disposto nesta Lei. nos casos em que esta comunicação seja comprovadamente impos-
Art. 16. Os dados pessoais serão eliminados após o término de sível ou implique esforço desproporcional.(Redação dada pela Lei
seu tratamento, no âmbito e nos limites técnicos das atividades, nº 13.853, de 2019)Vigência
autorizada a conservação para as seguintes finalidades: § 7º A portabilidade dos dados pessoais a que se refere o inciso
I - cumprimento de obrigação legal ou regulatória pelo contro- V do caput deste artigo não inclui dados que já tenham sido anoni-
lador; mizados pelo controlador.
II - estudo por órgão de pesquisa, garantida, sempre que possí- § 8º O direito a que se refere o § 1º deste artigo também po-
vel, a anonimização dos dados pessoais; derá ser exercido perante os organismos de defesa do consumidor.
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DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 19. A confirmação de existência ou o acesso a dados pesso- II - (VETADO); e
ais serão providenciados, mediante requisição do titular: III - seja indicado um encarregado quando realizarem opera-
I - em formato simplificado, imediatamente; ou ções de tratamento de dados pessoais, nos termos do art. 39 desta
II - por meio de declaração clara e completa, que indique a ori- Lei; e(Redação dada pela Lei nº 13.853, de 2019)Vigência
gem dos dados, a inexistência de registro, os critérios utilizados e a IV - (VETADO).(Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)Vigência
finalidade do tratamento, observados os segredos comercial e in- § 1º A autoridade nacional poderá dispor sobre as formas de
dustrial, fornecida no prazo de até 15 (quinze) dias, contado da data publicidade das operações de tratamento.
do requerimento do titular. § 2º O disposto nesta Lei não dispensa as pessoas jurídicas
§ 1º Os dados pessoais serão armazenados em formato que mencionadas no caput deste artigo de instituir as autoridades de
favoreça o exercício do direito de acesso. que trata a Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011 (Lei de Aces-
§ 2º As informações e os dados poderão ser fornecidos, a cri- so à Informação) .
tério do titular: § 3º Os prazos e procedimentos para exercício dos direitos do
I - por meio eletrônico, seguro e idôneo para esse fim; ou titular perante o Poder Público observarão o disposto em legislação
II - sob forma impressa. específica, em especial as disposições constantes da Lei nº 9.507,
§ 3º Quando o tratamento tiver origem no consentimento do de 12 de novembro de 1997 (Lei do Habeas Data) , da Lei nº 9.784,
titular ou em contrato, o titular poderá solicitar cópia eletrônica in- de 29 de janeiro de 1999 (Lei Geral do Processo Administrativo) ,
tegral de seus dados pessoais, observados os segredos comercial e e da Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011 (Lei de Acesso à
industrial, nos termos de regulamentação da autoridade nacional, Informação) .
em formato que permita a sua utilização subsequente, inclusive em § 4º Os serviços notariais e de registro exercidos em caráter pri-
outras operações de tratamento. vado, por delegação do Poder Público, terão o mesmo tratamento
§ 4º A autoridade nacional poderá dispor de forma diferencia- dispensado às pessoas jurídicas referidas no caput deste artigo, nos
da acerca dos prazos previstos nos incisos I e II do caput deste artigo termos desta Lei.
para os setores específicos. § 5º Os órgãos notariais e de registro devem fornecer acesso
Art. 20. O titular dos dados tem direito a solicitar a revisão de aos dados por meio eletrônico para a administração pública, tendo
decisões tomadas unicamente com base em tratamento automa- em vista as finalidades de que trata o caput deste artigo.
tizado de dados pessoais que afetem seus interesses, incluídas as Art. 24. As empresas públicas e as sociedades de economia
decisões destinadas a definir o seu perfil pessoal, profissional, de
mista que atuam em regime de concorrência, sujeitas ao disposto
consumo e de crédito ou os aspectos de sua personalidade.(Reda-
no art. 173 da Constituição Federal , terão o mesmo tratamento
ção dada pela Lei nº 13.853, de 2019)Vigência
dispensado às pessoas jurídicas de direito privado particulares, nos
§ 1º O controlador deverá fornecer, sempre que solicitadas,
termos desta Lei.
informações claras e adequadas a respeito dos critérios e dos pro-
Parágrafo único. As empresas públicas e as sociedades de eco-
cedimentos utilizados para a decisão automatizada, observados os
nomia mista, quando estiverem operacionalizando políticas pú-
segredos comercial e industrial.
blicas e no âmbito da execução delas, terão o mesmo tratamento
§ 2º Em caso de não oferecimento de informações de que trata
dispensado aos órgãos e às entidades do Poder Público, nos termos
o § 1º deste artigo baseado na observância de segredo comercial e
industrial, a autoridade nacional poderá realizar auditoria para veri- deste Capítulo.
ficação de aspectos discriminatórios em tratamento automatizado Art. 25. Os dados deverão ser mantidos em formato interoperá-
de dados pessoais. vel e estruturado para o uso compartilhado, com vistas à execução
§ 3º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)Vigência de políticas públicas, à prestação de serviços públicos, à descen-
Art. 21. Os dados pessoais referentes ao exercício regular de tralização da atividade pública e à disseminação e ao acesso das
direitos pelo titular não podem ser utilizados em seu prejuízo. informações pelo público em geral.
Art. 22. A defesa dos interesses e dos direitos dos titulares de Art. 26. O uso compartilhado de dados pessoais pelo Poder Pú-
dados poderá ser exercida em juízo, individual ou coletivamente, na blico deve atender a finalidades específicas de execução de políticas
forma do disposto na legislação pertinente, acerca dos instrumen- públicas e atribuição legal pelos órgãos e pelas entidades públicas,
tos de tutela individual e coletiva. respeitados os princípios de proteção de dados pessoais elencados
no art. 6º desta Lei.
CAPÍTULO IV § 1º É vedado ao Poder Público transferir a entidades privadas
DO TRATAMENTO DE DADOS PESSOAIS PELO PODER PÚBLICO dados pessoais constantes de bases de dados a que tenha acesso,
SEÇÃO I exceto:
DAS REGRAS I - em casos de execução descentralizada de atividade pública
que exija a transferência, exclusivamente para esse fim específico
Art. 23. O tratamento de dados pessoais pelas pessoas jurídicas e determinado, observado o disposto na Lei nº 12.527, de 18 de
de direito público referidas no parágrafo único do art. 1º da Lei nº novembro de 2011 (Lei de Acesso à Informação) ;
12.527, de 18 de novembro de 2011 (Lei de Acesso à Informação) , II - (VETADO);
deverá ser realizado para o atendimento de sua finalidade pública, III - nos casos em que os dados forem acessíveis publicamente,
na persecução do interesse público, com o objetivo de executar as observadas as disposições desta Lei.
competências legais ou cumprir as atribuições legais do serviço pú- IV - quando houver previsão legal ou a transferência for respal-
blico, desde que: dada em contratos, convênios ou instrumentos congêneres; ou(In-
I - sejam informadas as hipóteses em que, no exercício de suas cluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
competências, realizam o tratamento de dados pessoais, fornecen- V - na hipótese de a transferência dos dados objetivar exclusi-
do informações claras e atualizadas sobre a previsão legal, a fina- vamente a prevenção de fraudes e irregularidades, ou proteger e
lidade, os procedimentos e as práticas utilizadas para a execução resguardar a segurança e a integridade do titular dos dados, desde
dessas atividades, em veículos de fácil acesso, preferencialmente que vedado o tratamento para outras finalidades. (Incluído pela Lei
em seus sítios eletrônicos; nº 13.853, de 2019)Vigência
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§ 2º Os contratos e convênios de que trata o § 1º deste artigo VII - quando a transferência for necessária para a execução de
deverão ser comunicados à autoridade nacional. política pública ou atribuição legal do serviço público, sendo dada
Art. 27. A comunicação ou o uso compartilhado de dados pes- publicidade nos termos do inciso I do caput do art. 23 desta Lei;
soais de pessoa jurídica de direito público a pessoa de direito priva- VIII - quando o titular tiver fornecido o seu consentimento es-
do será informado à autoridade nacional e dependerá de consenti- pecífico e em destaque para a transferência, com informação prévia
mento do titular, exceto: sobre o caráter internacional da operação, distinguindo claramente
I - nas hipóteses de dispensa de consentimento previstas nesta esta de outras finalidades; ou
Lei; IX - quando necessário para atender as hipóteses previstas nos
II - nos casos de uso compartilhado de dados, em que será dada incisos II, V e VI do art. 7º desta Lei.
publicidade nos termos do inciso I do caput do art. 23 desta Lei; ou Parágrafo único. Para os fins do inciso I deste artigo, as pessoas
III - nas exceções constantes do § 1º do art. 26 desta Lei. jurídicas de direito público referidas no parágrafo único do art. 1º
Parágrafo único. A informação à autoridade nacional de que da Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011 (Lei de Acesso à Infor-
trata o caput deste artigo será objeto de regulamentação.(Incluído mação) , no âmbito de suas competências legais, e responsáveis,
pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigência no âmbito de suas atividades, poderão requerer à autoridade na-
Art. 28. (VETADO). cional a avaliação do nível de proteção a dados pessoais conferido
Art. 29. A autoridade nacional poderá solicitar, a qualquer mo- por país ou organismo internacional.
mento, aos órgãos e às entidades do poder público a realização de Art. 34. O nível de proteção de dados do país estrangeiro ou do
operações de tratamento de dados pessoais, informações específi- organismo internacional mencionado no inciso I do caput do art.
cas sobre o âmbito e a natureza dos dados e outros detalhes do tra- 33 desta Lei será avaliado pela autoridade nacional, que levará em
tamento realizado e poderá emitir parecer técnico complementar consideração:
para garantir o cumprimento desta Lei.  (Redação dada pela Lei nº I - as normas gerais e setoriais da legislação em vigor no país de
13.853, de 2019) Vigência
destino ou no organismo internacional;
Art. 30. A autoridade nacional poderá estabelecer normas
II - a natureza dos dados;
complementares para as atividades de comunicação e de uso com-
III - a observância dos princípios gerais de proteção de dados
partilhado de dados pessoais.
pessoais e direitos dos titulares previstos nesta Lei;
IV - a adoção de medidas de segurança previstas em regula-
SEÇÃO II
mento;
DA RESPONSABILIDADE
V - a existência de garantias judiciais e institucionais para o res-
peito aos direitos de proteção de dados pessoais; e
Art. 31. Quando houver infração a esta Lei em decorrência do
VI - outras circunstâncias específicas relativas à transferência.
tratamento de dados pessoais por órgãos públicos, a autoridade
nacional poderá enviar informe com medidas cabíveis para fazer Art. 35. A definição do conteúdo de cláusulas-padrão contra-
cessar a violação. tuais, bem como a verificação de cláusulas contratuais específicas
Art. 32. A autoridade nacional poderá solicitar a agentes do Po- para uma determinada transferência, normas corporativas globais
der Público a publicação de relatórios de impacto à proteção de da- ou selos, certificados e códigos de conduta, a que se refere o inciso
dos pessoais e sugerir a adoção de padrões e de boas práticas para II do caput do art. 33 desta Lei, será realizada pela autoridade na-
os tratamentos de dados pessoais pelo Poder Público. cional.
§ 1º Para a verificação do disposto no caput deste artigo, de-
CAPÍTULO V verão ser considerados os requisitos, as condições e as garantias
DA TRANSFERÊNCIA INTERNACIONAL DE DADOS mínimas para a transferência que observem os direitos, as garantias
e os princípios desta Lei.
Art. 33. A transferência internacional de dados pessoais so- § 2º Na análise de cláusulas contratuais, de documentos ou de
mente é permitida nos seguintes casos: normas corporativas globais submetidas à aprovação da autoridade
I - para países ou organismos internacionais que proporcionem nacional, poderão ser requeridas informações suplementares ou
grau de proteção de dados pessoais adequado ao previsto nesta Lei; realizadas diligências de verificação quanto às operações de trata-
II - quando o controlador oferecer e comprovar garantias de mento, quando necessário.
cumprimento dos princípios, dos direitos do titular e do regime de § 3º A autoridade nacional poderá designar organismos de cer-
proteção de dados previstos nesta Lei, na forma de: tificação para a realização do previsto no caput deste artigo, que
a) cláusulas contratuais específicas para determinada transfe- permanecerão sob sua fiscalização nos termos definidos em regu-
rência; lamento.
b) cláusulas-padrão contratuais; § 4º Os atos realizados por organismo de certificação poderão
c) normas corporativas globais; ser revistos pela autoridade nacional e, caso em desconformidade
d) selos, certificados e códigos de conduta regularmente emi- com esta Lei, submetidos a revisão ou anulados.
tidos; § 5º As garantias suficientes de observância dos princípios ge-
III - quando a transferência for necessária para a cooperação ju- rais de proteção e dos direitos do titular referidas no caput deste
rídica internacional entre órgãos públicos de inteligência, de inves- artigo serão também analisadas de acordo com as medidas técnicas
tigação e de persecução, de acordo com os instrumentos de direito e organizacionais adotadas pelo operador, de acordo com o previsto
internacional; nos §§ 1º e 2º do art. 46 desta Lei.
IV - quando a transferência for necessária para a proteção da Art. 36. As alterações nas garantias apresentadas como sufi-
vida ou da incolumidade física do titular ou de terceiro; cientes de observância dos princípios gerais de proteção e dos di-
V - quando a autoridade nacional autorizar a transferência; reitos do titular referidas no inciso II do art. 33 desta Lei deverão ser
VI - quando a transferência resultar em compromisso assumido comunicadas à autoridade nacional.
em acordo de cooperação internacional;
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DIREITO ADMINISTRATIVO
CAPÍTULO VI I - o operador responde solidariamente pelos danos causados
DOS AGENTES DE TRATAMENTO DE DADOS PESSOAIS pelo tratamento quando descumprir as obrigações da legislação de
SEÇÃO I proteção de dados ou quando não tiver seguido as instruções lícitas
DO CONTROLADOR E DO OPERADOR do controlador, hipótese em que o operador equipara-se ao con-
trolador, salvo nos casos de exclusão previstos no art. 43 desta Lei;
Art. 37. O controlador e o operador devem manter registro das II - os controladores que estiverem diretamente envolvidos no
operações de tratamento de dados pessoais que realizarem, espe- tratamento do qual decorreram danos ao titular dos dados respon-
cialmente quando baseado no legítimo interesse. dem solidariamente, salvo nos casos de exclusão previstos no art.
Art. 38. A autoridade nacional poderá determinar ao contro- 43 desta Lei.
lador que elabore relatório de impacto à proteção de dados pes- § 2º O juiz, no processo civil, poderá inverter o ônus da prova
soais, inclusive de dados sensíveis, referente a suas operações de a favor do titular dos dados quando, a seu juízo, for verossímil a
tratamento de dados, nos termos de regulamento, observados os alegação, houver hipossuficiência para fins de produção de prova
segredos comercial e industrial. ou quando a produção de prova pelo titular resultar-lhe excessiva-
Parágrafo único. Observado o disposto no caput deste artigo, o mente onerosa.
relatório deverá conter, no mínimo, a descrição dos tipos de dados § 3º As ações de reparação por danos coletivos que tenham
coletados, a metodologia utilizada para a coleta e para a garantia por objeto a responsabilização nos termos do caput deste artigo
da segurança das informações e a análise do controlador com re- podem ser exercidas coletivamente em juízo, observado o disposto
lação a medidas, salvaguardas e mecanismos de mitigação de risco na legislação pertinente.
adotados. § 4º Aquele que reparar o dano ao titular tem direito de regres-
Art. 39. O operador deverá realizar o tratamento segundo as so contra os demais responsáveis, na medida de sua participação
instruções fornecidas pelo controlador, que verificará a observância no evento danoso.
das próprias instruções e das normas sobre a matéria. Art. 43. Os agentes de tratamento só não serão responsabiliza-
Art. 40. A autoridade nacional poderá dispor sobre padrões de dos quando provarem:
interoperabilidade para fins de portabilidade, livre acesso aos da- I - que não realizaram o tratamento de dados pessoais que lhes
dos e segurança, assim como sobre o tempo de guarda dos regis- é atribuído;
tros, tendo em vista especialmente a necessidade e a transparência. II - que, embora tenham realizado o tratamento de dados pes-
soais que lhes é atribuído, não houve violação à legislação de pro-
SEÇÃO II teção de dados; ou
DO ENCARREGADO PELO TRATAMENTO DE DADOS PESSOAIS III - que o dano é decorrente de culpa exclusiva do titular dos
dados ou de terceiro.
Art. 41. O controlador deverá indicar encarregado pelo trata- Art. 44. O tratamento de dados pessoais será irregular quando
mento de dados pessoais. deixar de observar a legislação ou quando não fornecer a segurança
§ 1º A identidade e as informações de contato do encarrega- que o titular dele pode esperar, consideradas as circunstâncias rele-
do deverão ser divulgadas publicamente, de forma clara e objetiva, vantes, entre as quais:
preferencialmente no sítio eletrônico do controlador. I - o modo pelo qual é realizado;
§ 2º As atividades do encarregado consistem em: II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
I - aceitar reclamações e comunicações dos titulares, prestar III - as técnicas de tratamento de dados pessoais disponíveis à
esclarecimentos e adotar providências; época em que foi realizado.
II - receber comunicações da autoridade nacional e adotar pro- Parágrafo único. Responde pelos danos decorrentes da viola-
vidências; ção da segurança dos dados o controlador ou o operador que, ao
III - orientar os funcionários e os contratados da entidade a res- deixar de adotar as medidas de segurança previstas no art. 46 desta
peito das práticas a serem tomadas em relação à proteção de dados Lei, der causa ao dano.
pessoais; e Art. 45. As hipóteses de violação do direito do titular no âmbito
IV - executar as demais atribuições determinadas pelo contro- das relações de consumo permanecem sujeitas às regras de respon-
lador ou estabelecidas em normas complementares. sabilidade previstas na legislação pertinente.
§ 3º A autoridade nacional poderá estabelecer normas comple-
mentares sobre a definição e as atribuições do encarregado, inclusi- CAPÍTULO VII
ve hipóteses de dispensa da necessidade de sua indicação, confor- DA SEGURANÇA E DAS BOAS PRÁTICAS
me a natureza e o porte da entidade ou o volume de operações de SEÇÃO I
tratamento de dados. DA SEGURANÇA E DO SIGILO DE DADOS
§ 4º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigência
Art. 46. Os agentes de tratamento devem adotar medidas de
SEÇÃO III segurança, técnicas e administrativas aptas a proteger os dados
DA RESPONSABILIDADE E DO RESSARCIMENTO DE DANOS pessoais de acessos não autorizados e de situações acidentais ou
ilícitas de destruição, perda, alteração, comunicação ou qualquer
Art. 42. O controlador ou o operador que, em razão do exercí- forma de tratamento inadequado ou ilícito.
cio de atividade de tratamento de dados pessoais, causar a outrem § 1º A autoridade nacional poderá dispor sobre padrões técni-
dano patrimonial, moral, individual ou coletivo, em violação à legis- cos mínimos para tornar aplicável o disposto no caput deste artigo,
lação de proteção de dados pessoais, é obrigado a repará-lo. considerados a natureza das informações tratadas, as característi-
§ 1º A fim de assegurar a efetiva indenização ao titular dos da- cas específicas do tratamento e o estado atual da tecnologia, es-
dos: pecialmente no caso de dados pessoais sensíveis, assim como os
princípios previstos no caput do art. 6º desta Lei.

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DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 2º As medidas de que trata o caput deste artigo deverão ser a) demonstre o comprometimento do controlador em adotar
observadas desde a fase de concepção do produto ou do serviço até processos e políticas internas que assegurem o cumprimento, de
a sua execução. forma abrangente, de normas e boas práticas relativas à proteção
Art. 47. Os agentes de tratamento ou qualquer outra pessoa de dados pessoais;
que intervenha em uma das fases do tratamento obriga-se a ga- b) seja aplicável a todo o conjunto de dados pessoais que este-
rantir a segurança da informação prevista nesta Lei em relação aos jam sob seu controle, independentemente do modo como se reali-
dados pessoais, mesmo após o seu término. zou sua coleta;
Art. 48. O controlador deverá comunicar à autoridade nacional c) seja adaptado à estrutura, à escala e ao volume de suas ope-
e ao titular a ocorrência de incidente de segurança que possa acar- rações, bem como à sensibilidade dos dados tratados;
retar risco ou dano relevante aos titulares. d) estabeleça políticas e salvaguardas adequadas com base em
§ 1º A comunicação será feita em prazo razoável, conforme de- processo de avaliação sistemática de impactos e riscos à privacida-
finido pela autoridade nacional, e deverá mencionar, no mínimo: de;
I - a descrição da natureza dos dados pessoais afetados; e) tenha o objetivo de estabelecer relação de confiança com o
II - as informações sobre os titulares envolvidos; titular, por meio de atuação transparente e que assegure mecanis-
III - a indicação das medidas técnicas e de segurança utilizadas mos de participação do titular;
para a proteção dos dados, observados os segredos comercial e in- f) esteja integrado a sua estrutura geral de governança e esta-
dustrial; beleça e aplique mecanismos de supervisão internos e externos;
IV - os riscos relacionados ao incidente; g) conte com planos de resposta a incidentes e remediação; e
V - os motivos da demora, no caso de a comunicação não ter h) seja atualizado constantemente com base em informações
sido imediata; e obtidas a partir de monitoramento contínuo e avaliações periódi-
VI - as medidas que foram ou que serão adotadas para reverter cas;
ou mitigar os efeitos do prejuízo. II - demonstrar a efetividade de seu programa de governança
§ 2º A autoridade nacional verificará a gravidade do incidente em privacidade quando apropriado e, em especial, a pedido da au-
e poderá, caso necessário para a salvaguarda dos direitos dos ti- toridade nacional ou de outra entidade responsável por promover o
tulares, determinar ao controlador a adoção de providências, tais cumprimento de boas práticas ou códigos de conduta, os quais, de
como: forma independente, promovam o cumprimento desta Lei.
I - ampla divulgação do fato em meios de comunicação; e § 3º As regras de boas práticas e de governança deverão ser pu-
II - medidas para reverter ou mitigar os efeitos do incidente. blicadas e atualizadas periodicamente e poderão ser reconhecidas
§ 3º No juízo de gravidade do incidente, será avaliada eventual e divulgadas pela autoridade nacional.
comprovação de que foram adotadas medidas técnicas adequadas Art. 51. A autoridade nacional estimulará a adoção de padrões
que tornem os dados pessoais afetados ininteligíveis, no âmbito e técnicos que facilitem o controle pelos titulares dos seus dados pes-
nos limites técnicos de seus serviços, para terceiros não autorizados soais.
a acessá-los.
Art. 49. Os sistemas utilizados para o tratamento de dados CAPÍTULO VIII
pessoais devem ser estruturados de forma a atender aos requisitos DA FISCALIZAÇÃO
de segurança, aos padrões de boas práticas e de governança e aos SEÇÃO I
princípios gerais previstos nesta Lei e às demais normas regulamen- DAS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS
tares.
Art. 52. Os agentes de tratamento de dados, em razão das in-
SEÇÃO II frações cometidas às normas previstas nesta Lei, ficam sujeitos às
DAS BOAS PRÁTICAS E DA GOVERNANÇA seguintes sanções administrativas aplicáveis pela autoridade nacio-
nal:(Vigência)
Art. 50. Os controladores e operadores, no âmbito de suas I - advertência, com indicação de prazo para adoção de medi-
competências, pelo tratamento de dados pessoais, individualmente das corretivas;
ou por meio de associações, poderão formular regras de boas práti- II - multa simples, de até 2% (dois por cento) do faturamento da
cas e de governança que estabeleçam as condições de organização, pessoa jurídica de direito privado, grupo ou conglomerado no Brasil
o regime de funcionamento, os procedimentos, incluindo reclama- no seu último exercício, excluídos os tributos, limitada, no total, a
ções e petições de titulares, as normas de segurança, os padrões R$ 50.000.000,00 (cinquenta milhões de reais) por infração;
técnicos, as obrigações específicas para os diversos envolvidos no III - multa diária, observado o limite total a que se refere o in-
tratamento, as ações educativas, os mecanismos internos de super- ciso II;
visão e de mitigação de riscos e outros aspectos relacionados ao IV - publicização da infração após devidamente apurada e con-
tratamento de dados pessoais. firmada a sua ocorrência;
§ 1º Ao estabelecer regras de boas práticas, o controlador e V - bloqueio dos dados pessoais a que se refere a infração até
o operador levarão em consideração, em relação ao tratamento e a sua regularização;
aos dados, a natureza, o escopo, a finalidade e a probabilidade e a VI - eliminação dos dados pessoais a que se refere a infração;
gravidade dos riscos e dos benefícios decorrentes de tratamento de VII - (VETADO);
dados do titular. VIII - (VETADO);
§ 2º Na aplicação dos princípios indicados nos incisos VII e VIII IX - (VETADO).
do caput do art. 6º desta Lei, o controlador, observados a estrutura, X - (VETADO);(Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)(Promulga-
a escala e o volume de suas operações, bem como a sensibilidade ção partes vetadas)
dos dados tratados e a probabilidade e a gravidade dos danos para XI - (VETADO);   (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)(Promul-
os titulares dos dados, poderá: gação partes vetadas)
I - implementar programa de governança em privacidade que, XII - (VETADO).  (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)(Promul-
no mínimo: gação partes vetadas)
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DIREITO ADMINISTRATIVO
X - suspensão parcial do funcionamento do banco de dados a § 7º Os vazamentos individuais ou os acessos não autorizados
que se refere a infração pelo período máximo de 6 (seis) meses, de que trata o caput do art. 46 desta Lei poderão ser objeto de con-
prorrogável por igual período, até a regularização da atividade de ciliação direta entre controlador e titular e, caso não haja acordo, o
tratamento pelo controlador; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) controlador estará sujeito à aplicação das penalidades de que trata
XI - suspensão do exercício da atividade de tratamento dos da- este artigo.(Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigência
dos pessoais a que se refere a infração pelo período máximo de Art. 53. A autoridade nacional definirá, por meio de regulamen-
6 (seis) meses, prorrogável por igual período; (Incluído pela Lei nº to próprio sobre sanções administrativas a infrações a esta Lei, que
13.853, de 2019) deverá ser objeto de consulta pública, as metodologias que orienta-
XII - proibição parcial ou total do exercício de atividades relacio- rão o cálculo do valor-base das sanções de multa. (Vigência)
nadas a tratamento de dados. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) § 1º As metodologias a que se refere o caput deste artigo de-
§ 1º As sanções serão aplicadas após procedimento administra- vem ser previamente publicadas, para ciência dos agentes de trata-
tivo que possibilite a oportunidade da ampla defesa, de forma gra- mento, e devem apresentar objetivamente as formas e dosimetrias
dativa, isolada ou cumulativa, de acordo com as peculiaridades do para o cálculo do valor-base das sanções de multa, que deverão
caso concreto e considerados os seguintes parâmetros e critérios: conter fundamentação detalhada de todos os seus elementos, de-
I - a gravidade e a natureza das infrações e dos direitos pessoais monstrando a observância dos critérios previstos nesta Lei.
afetados; § 2º O regulamento de sanções e metodologias corresponden-
II - a boa-fé do infrator; tes deve estabelecer as circunstâncias e as condições para a adoção
III - a vantagem auferida ou pretendida pelo infrator; de multa simples ou diária.
IV - a condição econômica do infrator; Art. 54. O valor da sanção de multa diária aplicável às infrações
V - a reincidência; a esta Lei deve observar a gravidade da falta e a extensão do dano
VI - o grau do dano; ou prejuízo causado e ser fundamentado pela autoridade nacional.
VII - a cooperação do infrator; Parágrafo único. A intimação da sanção de multa diária deverá
VIII - a adoção reiterada e demonstrada de mecanismos e pro- conter, no mínimo, a descrição da obrigação imposta, o prazo ra-
cedimentos internos capazes de minimizar o dano, voltados ao zoável e estipulado pelo órgão para o seu cumprimento e o valor
tratamento seguro e adequado de dados, em consonância com o da multa diária a ser aplicada pelo seu descumprimento. (Vigência)
disposto no inciso II do § 2º do art. 48 desta Lei;
CAPÍTULO IX
IX - a adoção de política de boas práticas e governança;
DA AUTORIDADE NACIONAL DE PROTEÇÃO DE DADOS (ANPD)
X - a pronta adoção de medidas corretivas; e
E DO CONSELHO NACIONAL DE PROTEÇÃO DE DADOS PESSO-
XI - a proporcionalidade entre a gravidade da falta e a intensi-
AIS E DA PRIVACIDADE
dade da sanção.
SEÇÃO I
§ 2º O disposto neste artigo não substitui a aplicação de san-
DA AUTORIDADE NACIONAL DE PROTEÇÃO DE DADOS (ANPD)
ções administrativas, civis ou penais definidas na Lei nº 8.078, de
11 de setembro de 1990, e em legislação específica. (Redação dada
Art. 55. (VETADO).
pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigência
Art. 55-A. Fica criada a Autoridade Nacional de Proteção de Da-
§ 3º O disposto nos incisos I, IV, V, VI, X, XI e XII do caput deste
dos (ANPD), autarquia de natureza especial, dotada de autonomia
artigo poderá ser aplicado às entidades e aos órgãos públicos, sem técnica e decisória, com patrimônio próprio e com sede e foro no
prejuízo do disposto na Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, Distrito Federal. (Redação dada pela Lei nº 14.460, de 2022)
na Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992, e na Lei nº 12.527, de 18 Art. 55-B. É assegurada autonomia técnica e decisória à ANPD.
de novembro de 2011.(Redação dada pela Lei nº 13.853, de 2019) (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) (Revogado pela Medida Pro-
§ 4º No cálculo do valor da multa de que trata o inciso II do visória nº 1.124, de 2022) (Revogado pela Lei nº 14.460, de 2022)
caput deste artigo, a autoridade nacional poderá considerar o fa- Art. 55-C. A ANPD é composta de:(Incluído pela Lei nº 13.853,
turamento total da empresa ou grupo de empresas, quando não de 2019)
dispuser do valor do faturamento no ramo de atividade empresarial I - Conselho Diretor, órgão máximo de direção;(Incluído pela Lei
em que ocorreu a infração, definido pela autoridade nacional, ou nº 13.853, de 2019)
quando o valor for apresentado de forma incompleta ou não for II - Conselho Nacional de Proteção de Dados Pessoais e da Pri-
demonstrado de forma inequívoca e idônea. vacidade; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
§ 5º O produto da arrecadação das multas aplicadas pela ANPD, III - Corregedoria; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
inscritas ou não em dívida ativa, será destinado ao Fundo de Defesa IV - Ouvidoria; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
de Direitos Difusos de que tratam o art. 13 da Lei nº 7.347, de 24 de V - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.460, de 2022)
julho de 1985, e a Lei nº 9.008, de 21 de março de 1995. (Incluído V-A - Procuradoria; e (Incluído pela Lei nº 14.460, de 2022)
pela Lei nº 13.853, de 2019) VI - unidades administrativas e unidades especializadas neces-
§ 6º (VETADO).(Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)(Promul- sárias à aplicação do disposto nesta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.853,
gação partes vetadas) de 2019)
§ 6º As sanções previstas nos incisos X, XI e XII do caput deste Art. 55-D. O Conselho Diretor da ANPD será composto de 5
artigo serão aplicadas: (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) (cinco) diretores, incluído o Diretor-Presidente. (Incluído pela Lei nº
I - somente após já ter sido imposta ao menos 1 (uma) das san- 13.853, de 2019)
ções de que tratam os incisos II, III, IV, V e VI do caput deste arti- § 1º Os membros do Conselho Diretor da ANPD serão escolhi-
go para o mesmo caso concreto; e (Incluído pela Lei nº 13.853, de dos pelo Presidente da República e por ele nomeados, após apro-
2019) vação pelo Senado Federal, nos termos da alínea ‘f’ do inciso III do
II - em caso de controladores submetidos a outros órgãos e art. 52 da Constituição Federal, e ocuparão cargo em comissão do
entidades com competências sancionatórias, ouvidos esses órgãos. Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, no mínimo, de
(Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) nível 5. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
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DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 2º Os membros do Conselho Diretor serão escolhidos dentre V - apreciar petições de titular contra controlador após com-
brasileiros que tenham reputação ilibada, nível superior de educa- provada pelo titular a apresentação de reclamação ao controlador
ção e elevado conceito no campo de especialidade dos cargos para não solucionada no prazo estabelecido em regulamentação; (Inclu-
os quais serão nomeados. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) ído pela Lei nº 13.853, de 2019)
§ 3º O mandato dos membros do Conselho Diretor será de 4 VI - promover na população o conhecimento das normas e das
(quatro) anos. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) políticas públicas sobre proteção de dados pessoais e das medidas
§ 4º Os mandatos dos primeiros membros do Conselho Diretor de segurança; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
nomeados serão de 2 (dois), de 3 (três), de 4 (quatro), de 5 (cinco) VII - promover e elaborar estudos sobre as práticas nacionais e
e de 6 (seis) anos, conforme estabelecido no ato de nomeação. (In- internacionais de proteção de dados pessoais e privacidade; (Inclu-
cluído pela Lei nº 13.853, de 2019) ído pela Lei nº 13.853, de 2019)
§ 5º Na hipótese de vacância do cargo no curso do mandato de VIII - estimular a adoção de padrões para serviços e produtos
membro do Conselho Diretor, o prazo remanescente será completa- que facilitem o exercício de controle dos titulares sobre seus dados
do pelo sucessor. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) pessoais, os quais deverão levar em consideração as especificida-
Art. 55-E. Os membros do Conselho Diretor somente perderão des das atividades e o porte dos responsáveis; (Incluído pela Lei nº
seus cargos em virtude de renúncia, condenação judicial transitada 13.853, de 2019)
em julgado ou pena de demissão decorrente de processo adminis- IX - promover ações de cooperação com autoridades de prote-
trativo disciplinar. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) ção de dados pessoais de outros países, de natureza internacional
§ 1º Nos termos do caput deste artigo, cabe ao Ministro de ou transnacional; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
Estado Chefe da Casa Civil da Presidência da República instaurar o X - dispor sobre as formas de publicidade das operações de tra-
processo administrativo disciplinar, que será conduzido por comis- tamento de dados pessoais, respeitados os segredos comercial e
são especial constituída por servidores públicos federais estáveis. industrial; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
(Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) XI - solicitar, a qualquer momento, às entidades do poder pú-
§ 2º Compete ao Presidente da República determinar o afas- blico que realizem operações de tratamento de dados pessoais in-
tamento preventivo, somente quando assim recomendado pela forme específico sobre o âmbito, a natureza dos dados e os demais
comissão especial de que trata o § 1º deste artigo, e proferir o jul- detalhes do tratamento realizado, com a possibilidade de emitir pa-
gamento. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) recer técnico complementar para garantir o cumprimento desta Lei;
Art. 55-F. Aplica-se aos membros do Conselho Diretor, após o (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
exercício do cargo, o disposto no art. 6º da Lei nº 12.813, de 16 de XII - elaborar relatórios de gestão anuais acerca de suas ativida-
maio de 2013. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) des; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
Parágrafo único. A infração ao disposto no caput deste artigo XIII - editar regulamentos e procedimentos sobre proteção de
caracteriza ato de improbidade administrativa. (Incluído pela Lei nº dados pessoais e privacidade, bem como sobre relatórios de impac-
13.853, de 2019) to à proteção de dados pessoais para os casos em que o tratamento
Art. 55-G. Ato do Presidente da República disporá sobre a es- representar alto risco à garantia dos princípios gerais de proteção
trutura regimental da ANPD. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) de dados pessoais previstos nesta Lei; (Incluído pela Lei nº 13.853,
§ 1º Até a data de entrada em vigor de sua estrutura regimen- de 2019)
tal, a ANPD receberá o apoio técnico e administrativo da Casa Civil XIV - ouvir os agentes de tratamento e a sociedade em matérias
da Presidência da República para o exercício de suas atividades. (In- de interesse relevante e prestar contas sobre suas atividades e pla-
cluído pela Lei nº 13.853, de 2019) nejamento;(Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
§ 2º O Conselho Diretor disporá sobre o regimento interno da XV - arrecadar e aplicar suas receitas e publicar, no relatório de
ANPD. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) gestão a que se refere o inciso XII do caput deste artigo, o detalha-
mento de suas receitas e despesas; (Incluído pela Lei nº 13.853, de
Art. 55-H. Os cargos em comissão e as funções de confiança da
2019)
ANPD serão remanejados de outros órgãos e entidades do Poder
XVI - realizar auditorias, ou determinar sua realização, no âm-
Executivo federal. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
bito da atividade de fiscalização de que trata o inciso IV e com a
Art. 55-I. Os ocupantes dos cargos em comissão e das funções
devida observância do disposto no inciso II do caput deste artigo,
de confiança da ANPD serão indicados pelo Conselho Diretor e no-
sobre o tratamento de dados pessoais efetuado pelos agentes de
meados ou designados pelo Diretor-Presidente. (Incluído pela Lei
tratamento, incluído o poder público; (Incluído pela Lei nº 13.853,
nº 13.853, de 2019)
de 2019)
Art. 55-J. Compete à ANPD: (Incluído pela Lei nº 13.853, de
XVII - celebrar, a qualquer momento, compromisso com agen-
2019)
tes de tratamento para eliminar irregularidade, incerteza jurídica ou
I - zelar pela proteção dos dados pessoais, nos termos da legis- situação contenciosa no âmbito de processos administrativos, de
lação; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) acordo com o previsto no Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de setembro
II - zelar pela observância dos segredos comercial e industrial, de 1942; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
observada a proteção de dados pessoais e do sigilo das informações XVIII - editar normas, orientações e procedimentos simplifi-
quando protegido por lei ou quando a quebra do sigilo violar os fun- cados e diferenciados, inclusive quanto aos prazos, para que mi-
damentos do art. 2º desta Lei; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) croempresas e empresas de pequeno porte, bem como iniciativas
III - elaborar diretrizes para a Política Nacional de Proteção de empresariais de caráter incremental ou disruptivo que se autode-
Dados Pessoais e da Privacidade; (Incluído pela Lei nº 13.853, de clarem startups ou empresas de inovação, possam adequar-se a
2019) esta Lei; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
IV - fiscalizar e aplicar sanções em caso de tratamento de dados XIX - garantir que o tratamento de dados de idosos seja efetu-
realizado em descumprimento à legislação, mediante processo ad- ado de maneira simples, clara, acessível e adequada ao seu enten-
ministrativo que assegure o contraditório, a ampla defesa e o direi- dimento, nos termos desta Lei e da Lei nº 10.741, de 1º de outubro
to de recurso; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) de 2003 (Estatuto do Idoso);(Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
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DIREITO ADMINISTRATIVO
XX - deliberar, na esfera administrativa, em caráter terminativo, I - as dotações, consignadas no orçamento geral da União, os
sobre a interpretação desta Lei, as suas competências e os casos créditos especiais, os créditos adicionais, as transferências e os re-
omissos; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) passes que lhe forem conferidos; (Incluído pela Lei nº 13.853, de
XXI - comunicar às autoridades competentes as infrações pe- 2019)
nais das quais tiver conhecimento; (Incluído pela Lei nº 13.853, de II - as doações, os legados, as subvenções e outros recursos que
2019) lhe forem destinados; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
XXII - comunicar aos órgãos de controle interno o descumpri- III - os valores apurados na venda ou aluguel de bens móveis e
mento do disposto nesta Lei por órgãos e entidades da administra- imóveis de sua propriedade; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
ção pública federal; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) IV - os valores apurados em aplicações no mercado financeiro
XXIII - articular-se com as autoridades reguladoras públicas das receitas previstas neste artigo;(Incluído pela Lei nº 13.853, de
para exercer suas competências em setores específicos de ativida- 2019)
des econômicas e governamentais sujeitas à regulação; e (Incluído V - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
pela Lei nº 13.853, de 2019) VI - os recursos provenientes de acordos, convênios ou con-
XXIV - implementar mecanismos simplificados, inclusive por tratos celebrados com entidades, organismos ou empresas, públi-
meio eletrônico, para o registro de reclamações sobre o tratamento cos ou privados, nacionais ou internacionais;(Incluído pela Lei nº
de dados pessoais em desconformidade com esta Lei. (Incluído pela 13.853, de 2019)
Lei nº 13.853, de 2019)
VII - o produto da venda de publicações, material técnico, da-
§ 1º Ao impor condicionantes administrativas ao tratamento
dos e informações, inclusive para fins de licitação pública. (Incluído
de dados pessoais por agente de tratamento privado, sejam eles
pela Lei nº 13.853, de 2019)
limites, encargos ou sujeições, a ANPD deve observar a exigência de
Art. 55-M. Constituem o patrimônio da ANPD os bens e os di-
mínima intervenção, assegurados os fundamentos, os princípios e
reitos: (Incluído pela Lei nº 14.460, de 2022)
os direitos dos titulares previstos no art. 170 da Constituição Fede-
I - que lhe forem transferidos pelos órgãos da Presidência da
ral e nesta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
República; e (Incluído pela Lei nº 14.460, de 2022)
§ 2º Os regulamentos e as normas editados pela ANPD devem
II - que venha a adquirir ou a incorporar.(Incluído pela Lei nº
ser precedidos de consulta e audiência públicas, bem como de aná-
14.460, de 2022)
lises de impacto regulatório. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
Art. 56. (VETADO).
§ 3º A ANPD e os órgãos e entidades públicos responsáveis pela
Art. 5 7. (VETADO).
regulação de setores específicos da atividade econômica e gover-
namental devem coordenar suas atividades, nas correspondentes
SEÇÃO II
esferas de atuação, com vistas a assegurar o cumprimento de suas
DO CONSELHO NACIONAL DE PROTEÇÃO DE DADOS PESSO-
atribuições com a maior eficiência e promover o adequado funcio-
AIS E DA PRIVACIDADE
namento dos setores regulados, conforme legislação específica, e o
tratamento de dados pessoais, na forma desta Lei. (Incluído pela Lei
Art. 58. (VETADO).
nº 13.853, de 2019)
Art. 58-A. O Conselho Nacional de Proteção de Dados Pessoais
§ 4º A ANPD manterá fórum permanente de comunicação, in-
e da Privacidade será composto de 23 (vinte e três) representan-
clusive por meio de cooperação técnica, com órgãos e entidades
tes, titulares e suplentes, dos seguintes órgãos: (Incluído pela Lei nº
da administração pública responsáveis pela regulação de setores
13.853, de 2019)
específicos da atividade econômica e governamental, a fim de faci-
I - 5 (cinco) do Poder Executivo federal;(Incluído pela Lei nº
litar as competências regulatória, fiscalizatória e punitiva da ANPD.
13.853, de 2019)
(Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
II - 1 (um) do Senado Federal; (Incluído pela Lei nº 13.853, de
§ 5º No exercício das competências de que trata o caput deste
2019)
artigo, a autoridade competente deverá zelar pela preservação do
III - 1 (um) da Câmara dos Deputados; (Incluído pela Lei nº
segredo empresarial e do sigilo das informações, nos termos da lei.
13.853, de 2019)
(Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
IV - 1 (um) do Conselho Nacional de Justiça; (Incluído pela Lei
§ 6º As reclamações colhidas conforme o disposto no inciso V
nº 13.853, de 2019)
do caput deste artigo poderão ser analisadas de forma agregada, e
V - 1 (um) do Conselho Nacional do Ministério Público; (Incluí-
as eventuais providências delas decorrentes poderão ser adotadas
do pela Lei nº 13.853, de 2019)
de forma padronizada. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
VI - 1 (um) do Comitê Gestor da Internet no Brasil; (Incluído
Art. 55-K. A aplicação das sanções previstas nesta Lei compe-
pela Lei nº 13.853, de 2019)
te exclusivamente à ANPD, e suas competências prevalecerão, no
VII - 3 (três) de entidades da sociedade civil com atuação rela-
que se refere à proteção de dados pessoais, sobre as competências
cionada a proteção de dados pessoais; (Incluído pela Lei nº 13.853,
correlatas de outras entidades ou órgãos da administração pública.
de 2019)
(Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
VIII - 3 (três) de instituições científicas, tecnológicas e de inova-
Parágrafo único. A ANPD articulará sua atuação com outros
ção; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
órgãos e entidades com competências sancionatórias e normativas
IX - 3 (três) de confederações sindicais representativas das
afetas ao tema de proteção de dados pessoais e será o órgão cen-
categorias econômicas do setor produtivo; (Incluído pela Lei nº
tral de interpretação desta Lei e do estabelecimento de normas e
13.853, de 2019)
diretrizes para a sua implementação. (Incluído pela Lei nº 13.853,
X - 2 (dois) de entidades representativas do setor empresarial
de 2019)
relacionado à área de tratamento de dados pessoais; e (Incluído
Art. 55-L. Constituem receitas da ANPD: (Incluído pela Lei nº
pela Lei nº 13.853, de 2019)
13.853, de 2019)
XI - 2 (dois) de entidades representativas do setor laboral. (In-
cluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
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DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 1º Os representantes serão designados por ato do Presidente Art. 62. A autoridade nacional e o Instituto Nacional de Estudos
da República, permitida a delegação. (Incluído pela Lei nº 13.853, e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), no âmbito de suas
de 2019) competências, editarão regulamentos específicos para o acesso a
§ 2º Os representantes de que tratam os incisos I, II, III, IV, V e dados tratados pela União para o cumprimento do disposto no § 2º
VI do caput deste artigo e seus suplentes serão indicados pelos titu- do art. 9º da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Dire-
lares dos respectivos órgãos e entidades da administração pública. trizes e Bases da Educação Nacional) , e aos referentes ao Sistema
(Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), de que trata
§ 3º Os representantes de que tratam os incisos VII, VIII, IX, X a Lei nº 10.861, de 14 de abril de 2004 .(Revogado pela Medida
e XI do caput deste artigo e seus suplentes: (Incluído pela Lei nº Provisória nº 869, de 2018)
13.853, de 2019) Art. 62. A autoridade nacional e o Instituto Nacional de Estudos
I - serão indicados na forma de regulamento; (Incluído pela Lei e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), no âmbito de suas
nº 13.853, de 2019) competências, editarão regulamentos específicos para o acesso a
II - não poderão ser membros do Comitê Gestor da Internet no dados tratados pela União para o cumprimento do disposto no § 2º
Brasil; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) do art. 9º da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Dire-
III - terão mandato de 2 (dois) anos, permitida 1 (uma) recon- trizes e Bases da Educação Nacional) , e aos referentes ao Sistema
dução. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), de que trata a
§ 4º A participação no Conselho Nacional de Proteção de Da- Lei nº 10.861, de 14 de abril de 2004 .
dos Pessoais e da Privacidade será considerada prestação de serviço Art. 63. A autoridade nacional estabelecerá normas sobre a
público relevante, não remunerada. (Incluído pela Lei nº 13.853, de adequação progressiva de bancos de dados constituídos até a data
2019) de entrada em vigor desta Lei, consideradas a complexidade das
Art. 58-B. Compete ao Conselho Nacional de Proteção de Da- operações de tratamento e a natureza dos dados.
dos Pessoais e da Privacidade: (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) Art. 64. Os direitos e princípios expressos nesta Lei não excluem
I - propor diretrizes estratégicas e fornecer subsídios para a ela- outros previstos no ordenamento jurídico pátrio relacionados à ma-
boração da Política Nacional de Proteção de Dados Pessoais e da téria ou nos tratados internacionais em que a República Federativa
Privacidade e para a atuação da ANPD; (Incluído pela Lei nº 13.853, do Brasil seja parte.
de 2019) Art. 65. Esta Lei entra em vigor:(Redação dada pela Lei nº
II - elaborar relatórios anuais de avaliação da execução das 13.853, de 2019)
ações da Política Nacional de Proteção de Dados Pessoais e da Pri- I - dia 28 de dezembro de 2018, quanto aos arts. 55-A, 55-B, 55-
vacidade; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) C, 55-D, 55-E, 55-F, 55-G, 55-H, 55-I, 55-J, 55-K, 55-L, 58-A e 58-B; e
III - sugerir ações a serem realizadas pela ANPD; (Incluído pela (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
Lei nº 13.853, de 2019) I-A – dia 1º de agosto de 2021, quanto aos arts. 52, 53 e 54;
IV - elaborar estudos e realizar debates e audiências públicas (Incluído pela Lei nº 14.010, de 2020)
sobre a proteção de dados pessoais e da privacidade; e (Incluído II - em 3 de maio de 2021, quanto aos demais artigos. (Redação
pela Lei nº 13.853, de 2019) dada pela Medida Provisória nº 959, de 2020) (Convertida na Lei
nº 14.058, de 2020)
V - disseminar o conhecimento sobre a proteção de dados pes-
II - 24 (vinte e quatro) meses após a data de sua publicação,
soais e da privacidade à população. (Incluído pela Lei nº 13.853, de
quanto aos demais artigos.(Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
2019)
Brasília , 14 de agosto de 2018; 197º da Independência e 130º
Art. 59. (VETADO).
da República.
MICHEL TEMER
CAPÍTULO X
Torquato Jardim
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Aloysio Nunes Ferreira Filho
Eduardo Refinetti Guardia
Art. 60. A Lei nº 12.965, de 23 de abril de 2014 (Marco Civil Esteves Pedro Colnago Junior
da Internet) , passa a vigorar com as seguintes alterações: Vigência Gilberto Magalhães Occhi
“Art. 7º .................................................................. Gilberto Kassab
....................................................................................... Wagner de Campos Rosário
X - exclusão definitiva dos dados pessoais que tiver fornecido Gustavo do Vale Rocha
a determinada aplicação de internet, a seu requerimento, ao térmi- Ilan Goldfajn
no da relação entre as partes, ressalvadas as hipóteses de guarda Raul Jungmann
obrigatória de registros previstas nesta Lei e na que dispõe sobre a Eliseu Padilha
proteção de dados pessoais;
..............................................................................” (NR)
“Art. 16. .................................................................
.......................................................................................
II - de dados pessoais que sejam excessivos em relação à finali-
dade para a qual foi dado consentimento pelo seu titular, exceto nas
hipóteses previstas na Lei que dispõe sobre a proteção de dados
pessoais.” (NR)
Art. 61. A empresa estrangeira será notificada e intimada de to-
dos os atos processuais previstos nesta Lei, independentemente de
procuração ou de disposição contratual ou estatutária, na pessoa
do agente ou representante ou pessoa responsável por sua filial,
agência, sucursal, estabelecimento ou escritório instalado no Brasil.
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DIREITO ADMINISTRATIVO
4.ESAF - 2014 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA RE-
QUESTÕES CEITA FEDERAL
Quanto ao ‘local’ em que as licitações serão efetuadas e à divul-
gação das mesmas, assinale a opção correta.
Alternativas
1.ESAF - 2014 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA RE- (A) A lei exige a publicação pela imprensa oficial dos avisos re-
CEITA FEDERAL lacionados com convites.
Considere que o Poder Público conserve a titularidade de de- (B) Não enseja invalidação do certame licitatório caso haja a
terminado serviço público a que tenha transferido a execução à escolha de local inóspito quando todos os potenciais interessa-
pessoa jurídica de direito privado. Nessa situação, a descentraliza- dos tenham acesso ao certame.
ção é denominada: (C) É irrelevante a situação geográfica da repartição interessada
Alternativas nos casos de licitação eletrônica.
(A) por colaboração. (D) A existência de sítio oficial do órgão administrativo na Inter-
(B) funcional. net não impõe a obrigatoriedade da sua utilização para divul-
(C) técnica. gação das licitações, desde que efetuada a publicidade do ato.
(D) geográfca. (E) A fim de evitar nulidade do certame licitatório, é necessária
(E) por serviços. a publicação do edital de abertura em sua integralidade no Di-
ário Oficial Local.
2.ESAF - 2014 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA RE-
CEITA FEDERAL 5.ESAF - 2014 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA RE-
Em se tratando dos Consórcios públicos, Terceiro Setor e o CEITA FEDERAL
disposto na Instrução Normativa SLTI/MPn. 02 de 2008, é correto Nos termos da lei, a Administração Pública Federal observará,
afirmar: em se tratando do processo administrativo, princípios específicos,
Alternativas exceto:
(A) a lei que rege os consórcios públicos prevê dois tipos de Alternativas
contratos a serem firmados pelos entes consorciados: o contra- (A) princípio da segurança jurídica.
to de rateio e o contrato de cooperação. (B) princípio da razoabilidade.
(B) o serviço deverá ser executado obrigatoriamente pelos coo-
(C) princípio da eficiência.
perados, vedando-se qualquer intermediação, quando se tratar
(D) princípio da insignificância.
da contratação de cooperativas.
(E) princípio da motivação.
(C) o terceiro setor compreende as entidades da sociedade civil
de fins públicos e lucrativos coexistindo com o primeiro setor,
6.ESAF - 2014 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA RE-
que é o Estado, e o segundo setor, que é o mercado.
CEITA FEDERAL
(D) é vedado ao consórcio público a possibilidade de ser contra-
Em se tratando da classificação e extinção dos atos administra-
tado pela administração direta ou indireta dos entes da Federa-
tivos, é correto afirmar:
ção consorciados, com dispensa de licitação.
(E) no caso de extinção do consórcio público, os entes consor- Alternativas
ciados responderão subsidiariamente pelas obrigações rema- (A) atos gerais ou normativos são os que se preordenam a re-
nescentes, até que haja decisão que indique os responsáveis gular situações específicas como acontece nos decretos expro-
por cada obrigação. priatórios.
(B) no ius gestionis não há intervenção da vontade dos admi-
3.ESAF - 2014 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA RE- nistrados para sua prática, como acontece nos decretos de re-
CEITA FEDERAL gulamentação.
Nos termos do disposto na Constituição Federal, em se tratan- (C) os atos enunciativos indicam juízos de valor de outros atos
do dos agentes públicos, é correto afirmar: de caráter decisório, como acontece nos pareceres.
Alternativas (D) os atos complexos não se compõem de vontades autôno-
(A) há que se observar, para fins de aferição de isonomia, as mas, embora múltiplas, visto que há somente uma vontade au-
vantagens relativas à natureza do trabalho desempenhado. tônoma, de conteúdo próprio e as demais instrumentais, como
(B) a demissão de servidor estável, ao ser invalidada por sen- acontece no visto.
tença judicial, resulta em colocação do mesmo em disponibili- (E) na cassação há perda dos efeitos jurídicos em virtude de
dade remunerada até o aproveitamento dele em outro cargo. norma jurídica superveniente contrária àquela que respaldava
(C) independentemente da causa da invalidez, a aposentadoria a prática do ato.
por invalidez permanente, devidamente homologada, resultará
em proventos integrais. 7.ESAF - 2014 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA RE-
(D) aos servidores aposentados em determinado cargo, deverá CEITA FEDERAL
ser estendido um benefício concedido a todos os ocupantes do Quanto às formas de aquisição dos Bens Públicos, é correto
referido cargo ainda em atividade. afirmar:
(E) para fins de aposentadoria e disponibilidade, efetuar-se-á Alternativas
a soma dos tempos de serviço federal, estadual, distrital e mu- (A) aluvião é uma das formas de efetivação da acessão.
nicipal. (B) a legislação atual manteve as enfteuses já existentes no an-
tigo Código Civil, por meio das quais o credor obtém o direito
de adquirir os bens praceados.
(C) a arrematação exige a posse do bem por determinado pe-
ríodo e a boa-fé.
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DIREITO ADMINISTRATIVO
(D) o contrato é uma forma de aquisição originária da proprie- Alternativas
dade. (A) 1, 3, 2, 4
(E) os bens desapropriados repassados a terceiros, no caso da (B) 2, 3, 4, 1
reforma agrária, não mais possuem natureza de bens públicos, (C) 3, 2, 1, 4
mesmo que não se dê a transferência. (D) 4, 3, 1, 2
(E) 2, 3, 1, 4
8.ESAF - 2014 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA RE-
CEITA FEDERAL 11.ESAF - 2012 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA RE-
O procedimento licitatório observa vários atos até o encerra- CEITA FEDERAL
mento do certame. Neste sentido,é correto afirmar que o ato que A União, por intermédio de um de seus Ministérios, realizou
atribui ao vencedor o objeto da licitação, encerrando-se o certame,- pregão para a contratação de empresa especializada na prestação
nos termos da lei,é: de serviços de reserva e fornecimento de passagens aéreas.
Alternativas Sagrou-se vencedora no referido pregão a empresa “x”, que se
(A) julgamento. utilizou da prerrogativa de efetuar lance de desempate na condição
(B) homologação. de empresa de pequeno porte, a partir do que prevê a Lei Comple-
(C) contratação. mentar n. 123/2006.
(D) habilitação. Considerando o caso concreto acima narrado, o sistema nor-
(E) adjudicação. mativo sobre licitações e contratos e a jurisprudência recente do
TCU, assinale a opção correta.
9.ESAF - 2012 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA RE-
CEITA FEDERAL - Alternativas
“Todos os gestores públicos estão submetidos ao controle”. (A) Para fins de aferição da receita bruta e do consequente
Esta afirmação é referente ao princípio da enquadramento como empresa de pequeno porte, no caso
de agências de turismo, o cálculo deve ter por parâmetro as
Alternativas comissões e adicionais recebidos pela agência e não a receita
(A) Universalidade. total das vendas efetuadas.
(B) Independência. (B) Para que possa ser favorecida pelas regras especiais esta-
(C) Legalidade. belecidas pela LC 123/06, a empresa precisa estar enquadrada
(D) Imparcialidade. como microempresa, ou empresa de pequeno porte, sendo ir-
(E) Totalidade. relevante o valor de sua receita bruta.
(C) Independentemente da modalidade de licitação, a prefe-
10.ESAF - 2012 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA RE- rência em empate ficto se veridica quando a proposta de uma
CEITA FEDERAL
microempresa – ME, ou empresa de pequeno porte – EPP su-
A coluna I traz características fundamentais dos diversos meios
perar em até 10% o valor daquela de menor valor que não te-
de intervenção do Estado na propriedade. A coluna II relaciona o
nha sido apresentada por licitante também classificada como
nomen iuris de cada um desses institutos.
ME ou EPP.
(D) O preceito constitucional da realização de licitação para as
Correlacione as colunas e, ao final, assinale a opção que apre-
contratações públicas com o objetivo de melhor atendimento
senta a sequência correta para a coluna II.
ao interesse público, assegurado tratamento isonômico entre
os participantes, é incompatível com o tratamento favorecido
às empresas de pequeno porte.
(E) A regularização fiscal tardia significa que a microempresa ou
empresa de pequeno porte podem participar da licitação mes-
mo sem dispor dos documentos comprobatórios de sua regula-
ridade fiscal. Caso venha a obter a vitória, ser-lhe-á assegurada
oportunidade para apresentar a documentação necessária em
momento posterior à contratação.

12.ESAF - 2012 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA RE-


CEITA FEDERAL
Determinado Município da Federação brasileira, quando da
elaboração da sua lei orgânica, fez constar a seguinte norma:

“O Prefeito, o Vice-prefeito, os Vereadores, os ocupantes de


cargos em comissão ou função de confiança, as pessoas ligadas a
qualquer deles por matrimônio ou parentesco, afim ou consanguí-
neo, até o segundo grau, ou por adoção e os servidores e empre-
gados públicos municipais não poderão contratar com o Município,
subsistindo a proibição por mais seis meses após findas as respec-
tivas funções.”
Analise a norma constante da Lei Orgânica, da referida muni-
cipalidade e, à luz da jurisprudência do STF, avalie as questões a
seguir, marcando verdadeiro (V) ou falso (F) para cada uma delas.
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DIREITO ADMINISTRATIVO
Ao final, assinale a opção que contenha a sequência correta. ( ) Não é da competência do TCU, invocando os princípios da
( ) A lei orgânica do município é inconstitucional porque impõe razoabilidade e da proporcionalidade, manifestar-se sobre o mérito
restrições que não foram impostas pelo constituinte no inciso XXI, administrativo, posto que teria sido tomado na órbita da discricio-
do art. 37, nem pela norma geral de que trata o inciso XVII, do art. nariedade a que a lei reserva ao administrador público.
22 da CF. ( ) A análise da discricionariedade administrativa mostra- se vi-
( ) A municipalidade tratou, em sua lei orgânica, de preservar ável para a verificação da sua regularidade em relação às causas,
um princípio guia de toda a atividade estatal: o princípio da morali- aos motivos e à finalidade que ensejam os dispêndios de recursos
dade administrativa. públicos, devendo o gestor público observar os critérios da propor-
( ) A norma constante da lei orgânica em comento homenageia cionalidade e da razoabilidade no exercício de suas funções admi-
o princípio da impessoalidade. nistrativas.
( ) A norma inserta na lei orgânica do referido município fere a ( ) O controle da economicidade envolve questão de mérito
efetiva, real e isonômica competição. para verificar se o órgão procedeu, na aplicação da despesa pública,
de modo mais econômico, atendendo, por exemplo, a uma adequa-
Alternativas da relação custo-benefício.
(A) F, F, F, F
(B) F, V, V, V Alternativas
(C) F, V, V, F (A) F, V, V, V, F
(D) V, V, V, F (B) F, V, F, V, F
(E) F, V, F, F (C) F, V, F, V, V
(D) V, F, F, V, F
13.ESAF - 2012 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA RE- (E) F, F, F, V, V
CEITA FEDERAL
Ex-presidente de uma autarquia sofre tomada de contas espe- 14.ESAF - 2012 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA RE-
cial determinada pelo Tribunal de Contas da União – TCU em razão CEITA FEDERAL
de apuração de denúncia recebida naquele Tribunal. Determinado servidor público cometeu infrações disciplinares,
A autarquia instaurou a tomada de contas especial com a finali- violando os incisos I, II e III do art. 116, c/c o art. 117, incisos IX e XV,
dade de quantificar o montante de recursos gastos com o fretamen- todos da Lei n. 8.112/90 e foi apenado com suspensão de setenta
to de aeronaves (taxi aéreo) pelo seu ex- presidente. e cinco dias.
Tal procedimento resultou na apuração de despesas relativas Entretanto, invocando pareceres da Advocacia-Geral da União
a 59 (cinquenta e nove) voos no período de sua gestão desde sua que consideram compulsória a penalidade de demissão em casos
posse até a data em que foi afastado do cargo. como o acima narrado, foi declarado nulo o julgamento proferido
A comissão condutora da tomada de contas especial, não obs- no processo administrativo disciplinar em questão, considerando
tante as considerações do interessado, concluiu pela ausência de que o referido servidor cometeu falta funcional passível de demis-
motivação para a contratação dos voos realizados. são.
A referida comissão ressaltou também que encontrou repor- Após garantido o devido processo legal, com o contraditório e
tagens de jornais da época do fato, todas juntadas aos autos, noti- ampla defesa que lhes são inerentes, a autoridade julgadora emite
ciando que o então presidente da autarquia, por ter pretensão de portaria, demitindo o servidor público pelas infrações cometidas.
ocupar cargo político, acompanhava o governante do Estado onde Tendo em mente a jurisprudência do STJ sobre a matéria, assi-
a autarquia era sediada em viagens e auxiliava outros governantes nale a opção correta.
em suas respectivas plataformas políticas, com a utilização da au-
tarquia que presidia como “trampolim político”. Alternativas
Endossando o entendimento da comissão de tomada de con- (A) Em caso de dissonância entre a penalidade aplicada e a pe-
tas especial, o TCU considerou que o ex-presidente da referida au- nalidade recomendada em lei ou orientação normativa interna,
tarquia praticou ato antieconômico e julgou pela irregularidade de é possível o agravamento da penalidade imposta ao servidor
suas contas, aplicando-lhe multa. ainda que após o encerramento do respectivo processo disci-
Considerando o caso concreto acima narrado e a jurisprudên- plinar, com julgamento pela autoridade competente.
cia do TCU acerca do seu papel no exercício do controle da adminis- (B) O rejulgamento do processo administrativo disciplinar é
tração pública, avalie as questões a seguir, assinalando falso (F) ou possível não somente quando houver possibilidade de abran-
verdadeiro (V) para cada uma delas, em seguida, marque a opção damento da sanção, mas em alguns casos específicos de agra-
que apresenta a sequência correta. vamento como o narrado no enunciado da questão.
( ) A motivação para a instauração da tomada de contas es- (C) Sempre que caracterizada uma das infrações disciplinares
pecial foi indevida, porquanto invadiu o mérito administrativo, na previstas no art.132 da Lei n. 8.112/90, torna-se compulsória a
medida em que compete ao administrador a escolha do meio de aplicação da pena de demissão.
transporte que melhor lhe aprouver. (D) É inadmissível segunda punição de servidor público, basea-
( ) Quando se examina o interesse público sob a ótica da eco- da no mesmo processo em que se fundou a primeira.
nomicidade, a partir de parâmetros e metas de eficiência, eficácia (E) A anulação parcial do processo para a aplicação de orien-
e efetividade e tendo presente o princípio da razoabilidade, devem tação da Advocacia-Geral da União está correta e equipara-se
ser identificadas as situações em que os administradores públicos a uma anulação por julgamento contrário à prova dos autos.
tenham adotado soluções absurdamente antieconômicas. Caso
seja possível identificar, a partir da razoabilidade essas soluções, a
conclusão é a de que elas são ilegítimas.

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DIREITO ADMINISTRATIVO
15.ESAF - 2012 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA RE- (C) A decisão do STF que determinou a suspensão liminar da
CEITA FEDERAL vigência da norma contida no caput do art. 39 da CF, com a re-
Determinado servidor público federal foi acometido de doen- dação dada pela EC 19/98, ressaltou seus efeitos ex nunc, sub-
ça que, por recomendação de seu médico particular, devidamente sistindo a legislação editada nos termos da emenda declarada
atestada, render-lhe-ia quatro dias de licença para tratamento da suspensa.
própria saúde. (D) Não há direito adquirido a regime jurídico.
(E) Não há que se falar em ilegalidade da demissão por ausên-
O referido servidor afastou-se de suas atividades laborais sem, cia de prévio processo administrativo, uma vez que, à época,
todavia, entregar à chefia imediata o atestado médico para fins de a referida cidadã não estava submetida a regime estatutário.
homologação.
Também não compareceu ao serviço médico do seu local de 17.ESAF - 2012 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA RE-
trabalho durante o afastamento nem nos cinco dias subsequentes CEITA FEDERAL
a ele. A possibilidade jurídica de submeter-se efetivamente qualquer
Tendo em vista que o servidor não foi periciado, nem sequer lesão de direito e, por extensão, as ameaças de lesão de direito a
apresentou atestado médico para que a licença médica pudesse ser algum tipo de controle denomina-se
formalizada, a chefia imediata efetuou o registro das faltas em sua
folha de controle de frequência. Alternativas
Ao final do mês, o referido servidor fora descontado da remu- (A) Princípio da legalidade.
neração correspondente aos dias faltosos. (B) Princípio da sindicabilidade.
Considerando a legislação de pessoal em vigor e a recente juris- (C) Princípio da responsividade.
prudência do STJ, assinale a opção correta. (D) Princípio da sancionabilidade.
(E) Princípio da subsidiariedade.
Alternativas
(A) A limitação temporal para a apresentação do atestado mé- 18.ESAF - 2009 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA RE-
dico para homologação não encontra fundamento na Lei n. CEITA FEDERAL
8.112/90, não podendo ser estabelecida por meio de decreto. O controle externo da administração pública federal é exercido:
(B) Não é possível aplicar a penalidade da falta sem a instaura- Alternativas
ção de prévio processo administrativo disciplinar. (A) pelo Senado Federal.
(C) O desconto pelos dias não trabalhados não pode ser reali- (B) pela Câmara dos Deputados.
zado sem a prévia instauração do processo administrativo dis- (C) pelo Tribunal de Contas da União.
ciplinar. (D) pelo Congresso Nacional, com o auxílio do Tribunal de Con-
(D) É descabida a instauração de processo administrativo disci- tas da União.
plinar quando não se colima a aplicação de sanção de qualquer (E) pelo Tribunal de Contas da União, com o auxílio do sistema
natureza, mas o mero desconto da remuneração pelos dias não de controle interno de cada Poder.
trabalhados.
(E) A compensação de horário não é admitida, em nenhuma 19.ESAF - 2009 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA RE-
hipótese, pela Lei n. 8.112/90. CEITA FEDERAL
João pretende fazer um requerimento, de seu interesse, junto
16.ESAF - 2012 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA RE- à unidade da Secretaria da Receita Federal do Brasil em sua cidade.
CEITA FEDERAL Conforme o que determina a Lei n. 9.784, de 29 de janeiro de 1999,
Determinada cidadã brasileira foi contratada por um conselho assinale a opção que relata a correta conduta.
de fiscalização profissional regional em 07/11/1975, tendo seu con- Alternativas
trato sido rescindido em 02/01/2007. (A) Tratando-se de uma situação urgente, João protocolou seu
requerimento num domingo, pela manhã, junto ao segurança
A cidadã sustenta que sua demissão fora ilegal porquanto goza- do prédio em que funciona a Receita Federal do Brasil em sua
va da estabilidade prevista no art. 19 do Ato das Disposições Cons- cidade, conforme a exceção legal para as hipóteses de emer-
titucionais Transitórias – ADCT, sendo seu vínculo jurídico estatutá- gência.
rio, que lhe garantiria o direito ao prévio processo disciplinar para (B) O servidor da Receita Federal do Brasil negou-se a receber o
fins de demissão. requerimento de João alegando a ausência de reconhecimento
Acerca do caso concreto acima narrado e à luz da jurisprudên- de sua firma pelo cartório competente.
cia do STF e STJ, bem como da disciplina constitucional aplicável aos (C) Tendo em mãos os documentos originais, João solicitou ao
agentes públicos, assinale a opção incorreta. servidor da Receita Federal do Brasil que autenticasse as cópias
que apresentava, tendo sido seu pedido deferido.
Alternativas (D) Após o transcurso de 15 (quinze) dias do protocolo de seu
(A) A estabilidade prevista no art. 19 do ADCT garante o vínculo pedido, João recebeu a intimação para o seu próprio compare-
estatutário, que não permite a perda do cargo público sem o cimento à sede do órgão naquele mesmo dia, com um prazo de
devido processo administrativo disciplinar em que sejam asse- 3 (três) horas para a apresentação.
gurados ao acusado a ampla defesa e o contraditório. (E) Tendo comparecido na data, hora e local marcados, João
(B) O art. 58, §30 da Lei n. 9.649/98, que submetia os empre- alegou a nulidade absoluta da intimação. A autoridade compe-
gados dos conselhos à legislação trabalhista, permaneceu em tente, assim, declarou nulo o ato e determinou que a intimação
vigor enquanto a cidadã manteve sua relação de emprego com fosse realizada novamente.
o referido conselho
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DIREITO ADMINISTRATIVO
20.ESAF - 2009 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA RE- 22.ESAF - 2009 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA RE-
CEITA FEDERAL CEITA FEDERAL
Não se inclui na competência do Tribunal de Contas da União, “Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou
determinada pela Constituição Federal, enquanto órgão auxiliar do sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação,
Congresso Nacional na realização do controle externo da adminis- a prestação de serviços públicos”. Esta é a previsão do caput do art.
tração pública federal: 175 da Constituição Federal. Sobre os serviços públicos, no ordena-
Alternativas mento jurídico brasileiro, analise as assertivas abaixo e assinale a
(A) julgar as contas dos administradores e demais responsáveis opção correspondente.
por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta ( ) Sob o critério formal, serviço público é aquele disciplinado
e indireta. por regime de direito público.
(B) julgar as contas daqueles que derem causa a perda, extra- ( ) Segundo o critério material, serviço público é aquele que
vio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário tem por objeto a satisfação de necessidades coletivas.
público. ( ) O critério orgânico ou subjetivo classifica o serviço como
(C) fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela público pela pessoa responsável por sua prestação, qual seja, o Es-
União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumen- tado.
tos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município. ( ) A concessão e a permissão transferem a titularidade de um
(D) revogar os atos administrativos em que se constate ilegali- serviço público a quem aceitar prestá-lo, mediante licitação.
dade de que resulte prejuízo ao erário, comunicando a decisão ( ) Enquanto a permissão de serviço público, diante de sua
à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal. precariedade, ocorre necessariamente por prazo determinado, a
(E) aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa concessão pode ocorrer por prazo indeterminado.
ou irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, que Alternativas
estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao (A) V, F, V, F, F
dano causado ao erário. (B) F, V, F, F, V
(C) F, F, V, V, F
21.ESAF - 2009 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA RE- (D) V, V, V, F, V
CEITA FEDERAL (E) V, V, V, F, F
Relacione as formas de provimento de cargo público, previstas
no art. 8 o da Lei n. 8.112, de 11 de dezembro de 1990, às suas res- 23.ESAF - 2009 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA RE-
pectivas características. Ao final, assinale a opção correspondente. CEITA FEDERAL
Quanto à competência para a prática dos atos administrativos,
1. nomeação assinale a assertiva incorreta.
2. promoção Alternativas
3. readaptação (A) Não se presume a competência administrativa para a prá-
4. reintegração tica de qualquer ato, necessária previsão normativa expressa.
5. recondução (B) A definição da competência decorre de critérios em razão
da matéria, da hierarquia e do lugar, entre outros.
( ) é caracterizada pelo retorno do servidor estável ao cargo (C) A competência é, em regra, inderrogável e improrrogável.
anteriormente ocupado quando inabilitado em estágio probatório (D) Admite-se, excepcionalmente, a avocação e a delegação de
relativo a outro cargo ou quando o anterior ocupante é reintegrado. competência administrativa pela autoridade superior compe-
( ) é o ato administrativo que materializa o provimento origi- tente, nos limites definidos em lei.
nário. Pode-se dar em comissão ou em caráter efetivo, dependen- (E) Com o ato de delegação, a competência para a prática do
do, neste último caso, de prévia habilitação em concurso público de ato administrativo deixa de pertencer à autoridade delegante
provas ou de provas e títulos, obedecidos a ordem de classificação em favor da autoridade delegada.
e o prazo de sua validade.
( ) é a investidura do servidor em cargo de atribuições e res- 24.ESAF - 2009 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA RE-
ponsabilidades compatíveis com a limitação que tenha sofrido em CEITA FEDERAL
sua capacidade física ou mental verificada em inspeção médica. São elementos nucleares do poder discricionário da adminis-
( ) é caracterizada pelo retorno do servidor estável a seu cargo tração pública, passíveis de valoração pelo agente público:
anteriormente ocupado, ou cargo resultante de sua transformação, Alternativas
após ter sido invalidada sua demissão, com ressarcimento de todas (A) a conveniência e a oportunidade.
as vantagens. (B) a forma e a competência.
( ) é a forma de provimento pela qual o servidor sai de seu (C) o sujeito e a finalidade.
cargo e ingressa em outro situado em classe mais elevada. (D) a competência e o mérito.
Alternativas (E) a finalidade e a forma.
(A) 1, 2, 3, 4, 5
(B) 2, 3, 5, 1, 4 25.ESAF - 2009 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA RE-
(C) 5, 1, 3, 4, 2 CEITA FEDERAL
(D) 3, 4, 2, 1, 5 Quanto à organização administrativa brasileira, analise as as-
(E) 4, 1, 5, 3, 2 sertivas abaixo e assinale a opção correta.
I. A administração pública federal brasileira indireta é composta
por autarquias, fundações, sociedades de economia mista, empre-
sas públicas e entidades paraestatais.
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a solução para o seu concurso!
DIREITO ADMINISTRATIVO
II. Diferentemente das pessoas jurídicas de direito privado, as
entidades da administração pública indireta de personalidade jurí-
ANOTAÇÕES
dica de direito público são criadas por lei específica.
III. Em regra, a execução judicial contra o Instituto Brasileiro do ______________________________________________________
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA en-
quanto autarquia federal está sujeita ao regime de precatórios pre- ______________________________________________________
visto no art. 100 da Constituição Federal, respeitadas as exceções.
IV. A Caixa Econômica Federal enquanto empresa pública é ______________________________________________________
exemplo do que se passou a chamar, pela doutrina do direito admi-
nistrativo, de desconcentração da atividade estatal. ______________________________________________________
V. O Instituto Nacional do Seguro Social - INSS enquanto autar- ______________________________________________________
quia vinculada ao Ministério da Previdência Social está subordinada
à sua hierarquia e à sua supervisão. ______________________________________________________
Alternativas
(A) Apenas os itens I e II estão corretos. ______________________________________________________
(B) Apenas os itens II e III estão corretos.
(C) Apenas os itens III e IV estão corretos. ______________________________________________________
(D) Apenas os itens IV e V estão corretos.
(E) Apenas os itens II e V estão corretos. ______________________________________________________

______________________________________________________

GABARITO ______________________________________________________

______________________________________________________

_____________________________________________________
1 A _____________________________________________________
2 B
______________________________________________________
3 D
______________________________________________________
4 C
5 D ______________________________________________________
6 C ______________________________________________________
7 A
______________________________________________________
8 E
9 A ______________________________________________________

10 E ______________________________________________________
11 A
______________________________________________________
12 C
______________________________________________________
13 C
14 D ______________________________________________________
15 D ______________________________________________________
16 A
______________________________________________________
17 B
18 D ______________________________________________________

19 C ______________________________________________________
20 D ______________________________________________________
21 C
______________________________________________________
22 E
23 E ______________________________________________________
24 A ______________________________________________________
25 B
______________________________________________________

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a solução para o seu concurso!
DIREITO TRIBUTÁRIO

CF, Art. 147. Competem à União, em Território Federal, os im-


COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA postos estaduais e, se o Território não for dividido em Municípios,
cumulativamente, os impostos municipais; ao Distrito Federal ca-
bem os impostos municipais.
Classificação
• Competência Tributária Plena
A doutrina majoritária classifica a competência tributária em: A União poderá instituir e cobrar todos os tributos previstos
na Constituição da República, em caso de criação de Território e
• Competência Privativa não sendo este, subdividido em Municípios. Seria o único caso de
competência tributária plena.
Refere-se à competência para criar impostos atribuída com ex-
clusividade a um ente político. Os impostos tiveram sua competên- Entretanto, ela pode também, no caso de guerra externa ou
cia para instituição definida pela CF de maneira privativa. sua iminência, exercer a bitributação e o bis in idem.
Assim, cabe privativamente a instituição dos seguintes impos-
tos: Exercício da competência tributária
a) À União: IR, II, IE, IOF, IPI, IEG, IGF, ITR, impostos residuais.
b) Aos Estados e DF: IPVA, ITCMD, ICMS. O exercício do poder atribuído é uma faculdade, não uma im-
posição constitucional. Cada ente decide, de acordo com seus cri-
c) Aos Municípios e DF; ISS, IPTU, ITBI. térios de oportunidade e conveniência política, sobre seu exercício.
A lista de impostos dos Estados, DF e Municípios é absoluta- No entanto, importante ressaltar que constituem requisitos es-
mente exaustiva, não podendo instituírem quaisquer outros. Já a senciais da responsabilidade fiscal, a instituição, previsão e efetiva
da União é exemplificativa, já que os impostos residuais permitem arrecadação de todos os tributos da competência constitucional
a criação de uma série de outros impostos por meio de lei comple- do ente da federação (Lei de Responsabilidade Fiscal - LRF, art. 11).
mentar, inclusive permitindo a bitributação1 e o bis in idem2. Isso deve ser entendido com razoabilidade, já que se o tributo for
antieconômico, não há como se entender pela obrigatoriedade de
• Competência Tributária Comum sua instituição.

Além disso, impôs a LRF a proibição de transferências volun-


Ela é comum quando todos os entes federativos podem insti- tárias para os entes federados que deixem de instituir impostos de
tuir os mesmos tributos, como por exemplo as taxas e contribuição sua competência (art. 11, p. único).
de melhoria.
LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS DO PODER DE TRIBUTAR
• Competência Tributária Cumulativa
Prevista no art. 147 da CF/88, refere-se à competência da União
em instituir impostos estaduais nos Territórios, os Municipais, caso • Limitações do poder de tributar
eles não sejam divididos em Municípios, e da competência do DF
Os tributos são criados de acordo com a competência tributária
instituir os impostos municipais em seu território.
que a Constituição Federal atribui à União, Estados, Distrito Federal
e Municípios, de modo que é estabelecido parâmetros que tute-
lam os valores que ela considera relevantes, tais como os direitos
e garantias individuais. Sabe-se, assim, que o poder de tributar do
1 Bitributação é um fenômeno do direito tributário que leva Estado é limitado para que não haja violação dos direitos humanos
à tributação dupla de um mesmo fato gerador, realizada por dois e fundamentais, por isto que a ordem constitucional impões certos
entes diferentes. Ou seja: dois poderes públicos (União, estados e limites ao Estado para a realização de tal atividade3.
municípios, por exemplo) cobram um tributo do contribuinte sobre Limitações ao poder de tributar é o conjunto dos princípios e
a mesma operação. normas que disciplinam os balizamentos da competência tributá-
2 O bis in idem é um fenômeno do direito que consiste na re- ria. Neste prisma, limitação ao poder de tributar consiste em instru-
petição (bis) de uma sanção sobre o mesmo fato (in idem). Ele pode mentos que limitam a competência tributária do fisco, isto é, a deli-
ocorrer em diversas áreas do direito brasileiro, como no ramo do mitação do poder tributário do Estado de criar e arrecadar tributos.
Direito Tributário, quando o mesmo ente tributante cobra um tribu-
to do mesmo contribuinte sobre o mesmo fato gerador várias vezes.
É importante destacar que o bis in idem não pode ser confundido
com a bitributação, que ocorre quando entes distintos realizam a 3 SABBAG, Eduardo. Manual de Direito Tributário. São Paulo:
cobrança do mesmo tributo sobre um mesmo contribuinte. Saraiva, 2012.
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a solução para o seu concurso!
DIREITO TRIBUTÁRIO
Os limites ao poder de tributar, ou seja, o exercício da compe- § 1º A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos previs-
tência tributária desdobra-se nos princípios constitucionais tributá- tos nos arts. 148, I, 153, I, II, IV e V; e 154, II; e a vedação do inciso
rios e nas imunidades. Diante dos princípios e das demais normas III, c, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, III
constantes do texto constitucional, pode-se afirmar que são duas as e V; e 154, II, nem à fixação da base de cálculo dos impostos previs-
principais características do sistema tributário: tos nos arts. 155, III, e 156, I.
I) a rigidez, isto é, a Constituição não fornece ao legislador or-
§ 2º A vedação do inciso VI, «a», é extensiva às autarquias e
dinário a liberdade para desenhar-lhe qualquer traço fundamental,
às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que
uma vez que ela própria determina o campo de cada uma dessas
se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas
pessoas dotadas de competência tributária;
finalidades essenciais ou às delas decorrentes.
II) exaustão e complexidade, onde a Constituição estabelece § 3º As vedações do inciso VI, «a», e do parágrafo anterior
todos os contornos do sistema, pouco relegando à legislação or- não se aplicam ao patrimônio, à renda e aos serviços, relacio-
dinária. nados com exploração de atividades econômicas regidas pelas
Ou seja, a Constituição Federal impõe limites ao poder de tri- normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja
butar, ou seja, limites à invasão patrimonial tendente à percepção contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário,
estatal do tributo. Essas limitações advêm, basicamente, dos prin- nem exonera o promitente comprador da obrigação de pagar
cípios e das imunidades constitucionais tributárias estão inseridas imposto relativamente ao bem imóvel.
nos artigos 150 a 152 da Carta Magna. Vejamos: § 4º As vedações expressas no inciso VI, alíneas «b» e «c»,
compreendem somente o patrimônio, a renda e os serviços,
relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas
Seção II mencionadas.
DAS LIMITAÇÕES DO PODER DE TRIBUTAR § 5º A lei determinará medidas para que os consumidores
sejam esclarecidos acerca dos impostos que incidam sobre mer-
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao con- cadorias e serviços.
tribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos § 6º Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de
Municípios: cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou remissão,
I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça; relativos a impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser con-
cedido mediante lei específica, federal, estadual ou municipal,
II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se en-
que regule exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o
contrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em
correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do dispos-
razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, inde-
to no art. 155, § 2.º, XII, g.
pendentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos
ou direitos; § 7º A lei poderá atribuir a sujeito passivo de obrigação tributá-
III - cobrar tributos: ria a condição de responsável pelo pagamento de imposto ou contri-
a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da buição, cujo fato gerador deva ocorrer posteriormente, assegurada
vigência da lei que os houver instituído ou aumentado; a imediata e preferencial restituição da quantia paga, caso não se
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a realize o fato gerador presumido.
lei que os instituiu ou aumentou; Art. 151. É vedado à União:
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o território
publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto nacional ou que implique distinção ou preferência em relação a Es-
na alínea b; tado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro,
IV - utilizar tributo com efeito de confisco; admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover
o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico entre as diferentes
V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por regiões do País;
meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a co-
brança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder II - tributar a renda das obrigações da dívida pública dos Esta-
Público; dos, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como a remuneração
e os proventos dos respectivos agentes públicos, em níveis superio-
VI - instituir impostos sobre: res aos que fixar para suas obrigações e para seus agentes;
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; III - instituir isenções de tributos da competência dos Estados,
b) templos de qualquer culto; do Distrito Federal ou dos Municípios.
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusi- Art. 152. É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Mu-
ve suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das nicípios estabelecer diferença tributária entre bens e serviços, de
instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, qualquer natureza, em razão de sua procedência ou destino.
atendidos os requisitos da lei;
d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impres- É de se salientar ainda que o Estado não pode agir na seara
são. tributária sem respeitar o contribuinte, de modo a reduzi-lhe a dig-
e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Bra- nidade, a individualidade e a privacidade. O governo não pode, por-
sil contendo obras musicais ou literomusicais de autores brasileiros tanto, sob a justificativa da arrecadação violar a Constitucional, isto
e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros bem como é, violar os princípios constitucionais, que são os instrumentos dos
os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo Direitos Humanos.
na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser.

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a solução para o seu concurso!
DIREITO TRIBUTÁRIO
1 - Se dá quando o fato não se enquadra (não se subsume) ao
IMUNIDADES campo material que se pretende correlacionar;
2 – Ocorre quando o fato não corresponde ao campo territorial
próprio (incompetência territorial);
Imunidade tributária 3 – Situação de “não incidência”, assim qualificados pela pró-
A imunidade ocorre quando a Constituição Federal impede os pria Constituição.
entes de tributar determinadas situações, isso ocorre quando da
delimitação da competência. Imunidades em espécie
Em termos simples, pode-se dizer que a imunidade é o impe-
dimento constitucional de se tributar pessoas, coisas ou situações. • Imunidade Recíproca
Trata-se de hipótese de não incidência. A Imunidade Recíproca está contida na CF, art. 150, IV, ‘a’, é
Difere da isenção porque essa é concedida por meio de lei e é cláusula pétrea, pois protege o pacto federativo. Proíbe que um
exercício de competência, podendo ser definida como a dispensa ente tribute, por meio de imposto, a renda, o patrimônio e os ser-
legal do pagamento. Trata-se de hipótese de exclusão do crédito viço de outro.
tributário, uma vez que impede a formação do mesmo. Como essa regra só é aplicável aos impostos, fica permitido a
Perceba-se que na isenção há o fato gerador abstrato e con- tributação por meio das demais espécies tributárias. Deve-se ob-
creto, porém não haverá o lançamento, uma vez que exclusão im- servar o disposto no § 2º do mesmo dispositivo legal que estende
pede sua feitura. Já na imunidade sequer há fato gerador abstrato, a imunidade para as autarquias e fundações públicas, porém, dife-
portanto não poderá haver sua realização e tampouco lançamento, rentemente dos entes federados, esses órgãos somente terão imu-
isso porque a imunidade é uma limitação constitucional ao poder nidade se seu patrimônio, renda e serviços estiverem vinculados às
de tributar. suas finalidades essenciais.
A isenção ocorre quando, o ente competente para instituir de-
terminado tributo, resolve dispensar do pagamento certas pessoas O § 3º veda a aplicação das imunidades ao patrimônio, à renda
e ou situações. É, portanto, uma faculdade daquele que detém a e aos serviços das empresas ou sociedades que, embora tenham ca-
competência constitucional para instituir o tributo. pital público, se sujeitam às normas de direito privado ou que haja
O rol de imunidades contidos nesse capítulo não é exaustivo, contraprestação ou pagamento pelo usuário. Isso se deve ao fato de
haja vista haver previsão de outras na Constituição Federal. Assim, a própria Constituição proibir a concorrência desleal.
sempre que a CF proibir a tributação de determinada situação ou
pessoa, haverá imunidade. • Imunidade Religiosa

Nem sempre a CF usa as expressões “imune”, “imunidade”. A Imunidade Religiosa se dá devido ao Brasil ser considera-
Muitas vezes as imunidades estão descritas com as seguintes ex- do um estado laico, assim, entendeu por bem o constituinte, não
pressões “não incidem”, “são isentos”. permitir que fossem cobrados impostos das instituições religiosas,
visto que esse poderia ser um meio utilizado para dificultar ou até
Ainda que se utilize a expressão isenção, em se tratando de im- mesmo impedir o exercício de determinada religião.
pedimento constitucional à tributação, haverá imunidade. Vejamos Esse dispositivo deve ser interpretado em conjunto com o § 4º,
o art. 5°, LXXIII que a um só tempo é exemplo de imunidade cons- de sorte que não somente o templo (prédio) seja imune, mas todo
tante fora do rol do art. 150 e exemplo de imunidade veiculada sob patrimônio, renda e serviços relacionados às atividades essenciais
a expressão “isento”: da instituição religiosa.
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação • Imunidade dos Partidos Políticos, Sindicatos de Trabalhado-
popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de res e Entidades Educacionais e Assistenciais sem fins lucrativos
entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa,
ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o Ao conferir imunidade aos partidos políticos, buscou o legisla-
autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus dor constituinte proteger o pluralismo político, necessário para a
da sucumbência. manutenção da democracia. Já as entidades sindicais são imunes
devido à necessidade de efetivar a liberdade de associação sindical,
Distinção entre imunidade, isenção e não incidência prevista constitucionalmente.
Para que as entidades educacionais e assistenciais sem fins lu-
Imunidade é um instituto que será regrado em âmbito cons- crativos gozem da imunidade precisam atender aos requisitos pre-
titucional, ou seja, a dispensa ao pagamento de tributo deve ser vistos em lei complementar, obedecendo ao disposto no art. 146, II,
disciplinado na Constituição Federal. Isenção é uma dispensa legal, CF, além de estar em concordância com o art. 14 do CTN:
isso significa que a desobrigação ao pagamento decorrerá da lei.
Incidência tributária nada mais é do que a situação em que o Art. 14. O disposto na alínea c do inciso IV do artigo 9º é subor-
tributo passa a ser devido por ter ocorrido o fato gerador. A hipóte- dinado à observância dos seguintes requisitos pelas entidades nele
se de incidência tributária representa o momento abstrato, previsto referidas:
em lei, hábil a deflagrar a relação-jurídico tributária4. I – não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de
suas rendas, a qualquer título;
Assim, numa leitura a contrario sensu a não incidência tribu-
II - aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manu-
tária, é a ausência do surgimento da relação jurídico-tributária em
tenção dos seus objetivos institucionais;
face da não ocorrência do fato gerador. Há três situações que carac-
terizam a não-incidência5: III - manterem escrituração de suas receitas e despesas em li-
vros revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatidão.

4 SABBAG, Eduardo. Manual de Direito Tributário. Saraiva.


5 CASSONE, Vittorio, 1999, p.116.
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a solução para o seu concurso!
DIREITO TRIBUTÁRIO
§ 1º Na falta de cumprimento do disposto neste artigo, ou no Eduardo Sabbag6 colaciona em sua obra o conceito de diversos
§ 1º do artigo 9º, a autoridade competente pode suspender a apli- doutrinadores, veja-se:
cação do benefício. Para Rubens Gomes de Souza, o Direito Tributário é “(...) o
§ 2º Os serviços a que se refere a alínea c do inciso IV do artigo ramo do direito público que rege as relações jurídicas entre o Esta-
9º são exclusivamente, os diretamente relacionados com os objeti- do e os particulares, decorrentes da atividade financeira do Estado
vos institucionais das entidades de que trata este artigo, previstos no que se refere à obtenção de receitas que correspondam ao con-
nos respectivos estatutos ou atos constitutivos. ceito de tributo”.
Nos dizeres de Paulo de Barros Carvalho “o Direito Tributário
• Imunidade Cultural é o ramo didaticamente autônomo do Direito, integrado pelo con-
junto de proposições jurídico-normativas, que correspondam, di-
A Imunidade Cultural tem por objetivo facilitar o acesso à cul- reta ou indiretamente, à instituição, arrecadação e fiscalização de
tura, promover a livre manifestação do pensamento, proporcionar tributos”.
a expressão artística, científica e intelectual bem como favorecer o Segundo o entendimento de Hugo de Brito Machado, o Direito
acesso à informação. Tributário é o “ramo do direito que se ocupa das relações entre o
fisco e as pessoas sujeitas a imposições tributárias de qualquer es-
• Imunidade da Música Nacional pécie, limitando o poder de tributar e protegendo o cidadão contra
A Imunidade da Música Nacional foi introduzida pela EC os abusos desse poder.
75/2013, oriunda da aprovação da chamada PEC da Música, que Dos conceitos acima é possível definir o Direito Tributário como
proíbe a tributação de fonogramas e videofonogramas musicais o ramo do Direito que regulamenta a relação entre o Estado e o
desde que produzidos no Brasil e que contenham obras de autores contribuinte de forma a conseguir recursos para a realização dos
brasileiros ou interpretadas por artistas nacionais. A intenção do le- objetivos e obrigações estatais, assegurando ao particular garantias
gislador foi combater à pirataria e facilitar o acesso à cultura. que o protegem contra possíveis arbítrios.

PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS TRIBUTÁRIOS. FONTES DO Natureza Jurídica


DIREITO TRIBUTÁRIO A natureza jurídica do Direito Tributário é de direito público.
Trata-se de ramo do direito público que rege as relações jurídicas
entre o Estado e os contribuintes particulares.
DIREITO TRIBUTÁRIO
Posição e Autonomia
Conceito
O Direito Tributário possui inúmeros princípios próprios, além
O Estado brasileiro tem uma série de obrigações para com seus de forte produção normativa, doutrinária e jurisprudencial pró-
cidadãos, como prestação de serviço de saúde, de educação, segu- prias, razão pela qual se destaca como um ramo jurídico autônomo.
rança pública, etc. Todas essas obrigações são impostas pela Cons-
tituição Federal. Nesse sentido, o Direito Tributário é um ramo autônomo do
Em todo o texto constitucional é possível encontrá-las, porém, Direito, com raiz no Direito Financeiro, dedicado ao estudo das nor-
o legislador constituinte reservou o Título: Da Ordem social espe- mas e princípios que regem os tributos, sua incidência, constituição,
cialmente para declarar e regulamentar os deveres do Estado para obrigação, extinção, exigência e demais aspectos do crédito tribu-
com o cidadão. tário.
Há ainda os objetivos declarados pela Constituição em seu art.
3º, veja-se: Relação com outros Ramos do Direito
Apesar de ser um ramo autônomo do Direito, vale destacar
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Fede- que esta autonomia não é absoluta e sim relativa, já que o Direito
rativa do Brasil: Tributário também se relaciona diretamente com outros ramos do
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; Direito, tais como o Direito Constitucional, Direito Administrativo,
Direito Financeiro, dentre outros, que os auxiliam na aplicação das
II - garantir o desenvolvimento nacional;
normas tributárias.
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desi- É na Constituição Federal que encontramos os fundamentos
gualdades sociais e regionais; para o poder de tributar e as normas que formam o sistema consti-
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, tucional tributário.
raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Já a relação com o Direito Administrativo se traduz através da
atuação do Estado na arrecadação, e fiscalização dos tributos, por
Para alcançar os referidos objetivos bem como cumprir com
meio dos órgãos que compõe a Administração Pública.
suas obrigações, o Estado necessita de recursos. Esses são chama-
O Direito Civil, em seus contratos de compra e venda de bens
dos de receitas quando seu ingresso é definitivo.
imóveis e móveis, transmissão de herança, dentre outros atos, tam-
As receitas podem ser: originárias, quando conseguidas com bém tratam da obrigação de recolher impostos, logo de obrigações
a gestão do próprio patrimônio público (ex: aluguel de prédio pú- tributárias.
blico) e derivadas que são aquelas que derivam da constrição do
O Direito Penal por outro lado, em sua principal relação com
patrimônio do particular, a exemplo dos tributos.
o direito tributário, sanciona criminalmente os ilícitos tributários.
O Direito Tributário é o ramo do direito que positiva, ou seja,
regulamenta a capacitação de recursos por meio de tributos.

6 SABBAG, Eduardo. Manual de Direito Tributário. São Pau-


lo: Saraiva, 2014.
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a solução para o seu concurso!
DIREITO TRIBUTÁRIO
Fontes to deve ser descrito em sua plenitude. Também veiculam, em ma-
téria tributária, deveres instrumentais ou formais (obrigações aces-
A palavra fonte significa origem ou causa de alguma coisa.
sórias). Não há supremacia entre leis ordinárias federais, estaduais
Quando tratamos de fonte do direito tributário nos referimos à ori-
e municipais, todas desfrutam do mesmo status jurídico, diferindo
gem do direito tributário, o ponto de onde provem a norma jurídica.
apenas quanto ao âmbito de aplicação.
Existem dois tipos de fontes do direito tributário: fontes reais ou
- Lei Delegada: depois da criação das Medidas Provisórias, esse
materiais e as fontes formais.
tipo de instrumento normativo caiu em desuso. Nesta espécie nor-
Fontes Reais Ou Materiais Do Direito Tributário mativa o Congresso Nacional transfere competência legislativa para
Considera-se fonte material do direito tributário o substrato o Presidente da República (de ofício ou a pedido), e este dentro da
fático ao qual se atribui uma consequência jurídica. São fontes ma- delegação legislava.
teriais todos os fatos da vida que sofrem a incidência da norma tri- - Medida Provisória: prevista no art. 62 da Constituição Federal
butária, tornando-se fatos jurídicos tributários (fato gerador). de 1988, é a espécie normativa de natureza infraconstitucional que
Os suportes fáticos do direito tributário, em regra, são fatos possui força e eficácia de lei. O Presidente da República, em caso de
de natureza econômica, que revelam capacidade econômica, como relevância e urgência pode editá-la. Após sua criação pelo Chefe do
por exemplo: auferir renda, ser proprietário de um imóvel ou de um Poder Executivo, deve passar pelo crivo do Poder Legislativo, que
automóvel, realizar uma prestação de serviço, industrializar produ- vai decidir se a medida provisória permanecerá no sistema (sen-
tos, importar e exportar mercadorias, pagar salário aos emprega- do convertida em lei) ou será dele excluída. Em matéria tributária,
dos, etc. pode instituir e aumentar tributos.
Essas fontes reais, quando submetidas às fontes formais, ga- - Decretos Legislativos: espécie normativa de competência pri-
nham eficácia jurídica. As fontes formais agregam aos fatos da re- vativa do Congresso Nacional. Importante para o direito tributário
alidade (fontes materiais) consequências jurídicas, transformando por ser o veículo introdutor de normas de tratados e convenções in-
meros fatos em fatos com relevância jurídica, que passam a produ- ternacionais. Quando o Presidente da República, assina um tratado
zir efeitos jurídicos. internacional, suas regras só terão eficácia quando introduzidas no
Como exemplo, temos que auferir renda é um fato da realidade ordenamento jurídico nacional, essa introdução é realizada pelo de-
que revela capacidade econômica, uma lei (fonte formal) institui o creto legislativo. Uma norma de tratado internacional quando entra
imposto de renda, determinando que quem aufere renda tem como no sistema normativo brasileiro, através de um decreto legislativo,
obrigatório o seu pagamento. Ao fato real auferir renda, uma lei tem status de lei ordinária.
(fonte formal) atribuiu uma consequência jurídica: dever de pagar - Resoluções: são atos legislativos pelos quais os órgãos do Po-
um tributo. Esse dever gera inúmeras consequências jurídicas à der Legislativo (Congresso Nacional, Senado Federal e Câmara do
pessoa que aufere a renda. Deputados) exercem suas competências privativas. Em matéria tri-
butária é um exemplo a resolução do Senado Federal que fixa as
Fontes Formais alíquotas mínimas nas operações internas do ICMS (art. 155, § 2º,
V, a da CF).
As fontes formais correspondem ao conjunto das normas no - Tratado internacional: faz parte das atribuições do Presidente
Direito Tributário, estando inseridas no art. 96 do CTN, sob o ró- da República celebrar tratados, convenções e atos internacionais
tulo de “legislação tributária”: “A expressão “legislação tributária” (CF, art. 84, VIII), sujeitos à competência exclusiva do Congresso
compreende as leis, os tratados e as convenções internacionais, os Nacional para resolver definitivamente sobre eles, caso acarretem
decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional (CF,
parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes.” Divi- art. 49, I).
dem-se em dois grupos:
- Fontes Formais Primárias: ato normativo primário, habilitan- Segundo o art. 98 do CTN, “os tratados e as convenções inter-
do-se a inovar no ordenamento jurídico como força primária. nacionais revogam ou modificam a legislação tributária interna, e
serão observados pela que lhes sobrevenha”.
São fontes formais primárias: O art. 96 do Código Tributário Nacional, determina qual o al-
- Texto Constitucional: instrumento primeiro e soberano da or- cance da expressão “legislação tributária”, como fontes principais:
dem normativa, todo o sistema infraconstitucional deve observar “Art. 96. A expressão “legislação tributária” compreende as
os dispositivos constitucionais. É veículo de introdução no sistema leis, os tratados e as convenções internacionais, os decretos e as
de normas de estrutura, de organização e de competência. No caso normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre
específico do direito tributário, abriga normas de competência (que tributos e relações jurídicas a eles pertinentes.”
conferem aos entes políticos o poder de criar tributos), bem como
normas limitativas do poder de tributar. Fontes Formais Secundárias:
- Lei Complementar: tem matéria expressamente prevista na São normas que não introduzem regras inéditas no sistema ju-
Constituição Federal e um quórum de aprovação de maioria abso- rídico, não inovam a ordem jurídica. Acrescem normas ao sistema
luta. Em matéria tributária, a Constituição Federal determinou que jurídico que se embasam em normas jurídicas já existentes.
essa espécie de fonte formal fosse o veículo introdutor de variadas São elas:
normas no sistema, tais como normas gerais, limites, criação de tri- - Decreto Regulamentar ou Regulamento: é de competência
butos, dentre outras. privativa do chefe do Poder Executivo. Visa possibilitar a fiel exe-
- Lei Ordinária: pode tratar de qualquer matéria, exceto aque- cução da lei, não podendo ampliar ou reduzir a disposição da lei a
las que devem ser veiculadas por lei complementar. Difere-se pelo que se refere.
seu quórum de aprovação, que é de maioria simples. É o veículo - Instrução ministerial: de competência dos Ministros de Esta-
mais apto a introduzir no sistema jurídico tributário as normas de do, visa a execução de leis, decretos e regulamentos relativos a res-
incidência dos tributos (aquelas que criam os tributos, determinan- pectiva pasta. Tem vigência apenas no âmbito do Ministério.
do quem deve pagar, porque deve pagar, onde deve pagar, quando - Circular: é norma secundária que tem como objetivo a orde-
deve pagar e quanto deve pagar), é neste diploma legal que o tribu- nação uniforme do serviço administrativo.
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DIREITO TRIBUTÁRIO
- Portaria: regra geral ou individual que o superior edita para Princípio da Uniformidade Geográfica: os tributos cobrados
serem observadas por seus subalternos. pela União devem ser iguais em todo o território nacional, admitida
- Ordem de Serviço: autorização concreta para que funcioná- a concessão de incentivos fiscais destinados à promoção do equilí-
rios determinados, realizem um tipo de serviço específico. brio e desenvolvimento socioeconômico de determinadas regiões
- Ato Normativo: ato expedido pela autoridade administrativa. do País (CF, art. 151, inciso: I);
- Decisão Administrativa: decisão de órgão singular ou coletivo Princípio da Capacidade Contributiva: considera a capacidade
de jurisdição administrativa, ao qual a lei atribua eficácia normativa. econômica individual do contribuinte, assim o tributo será gradu-
- Convênio: é ato normativo executivo infralegal, que expressa, ado conforme a capacidade do contribuinte, com o objetivo de
em matéria tributária, ajuste de vontade entre entes federativos. A proceder à redistribuição de renda, exigindo mais dos contribuintes
CF excepciona o princípio da legalidade, permitindo que certos con- com maior capacidade econômica e reduzindo ou isentando os con-
vênios tenham força de lei, como é o caso da previsão encartada no tribuintes com menor capacidade econômica (CF/88, art. 145, § 1º);
art. 155, § 2º, XII, “g”, segundo o qual, cabe à lei complementar re-
Princípio da Vedação ao Confisco: o tributo cobrado deve ser
gular a forma como, mediante deliberação dos Estados e do Distrito
justo, não podendo configurar-se em um ônus tão elevado que re-
Federal, isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos
presente um confisco da renda ou bem do contribuinte. Constitui-
e revogados.
-se em um limite do poder de tributar concedido pela CF à União,
As fontes secundárias estão tratadas no art. 100 do CTN: Estado, Distrito Federal e Municípios (CF, art. 150, IV);
Princípio da Imunidade Recíproca: a União, os Estados, o Distri-
“Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e to Federal e os Municípios não podem instituir impostos sobre: (a)
das convenções internacionais e dos decretos: patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; (b) templos de qual-
I - os atos normativos expedidos pelas autoridades administra- quer culto; (c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos,
tivas; inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores,
II - as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrati-
administrativa, a que a lei atribua eficácia normativa; vos, atendidos os requisitos da lei; (d) livros, jornais, periódicos e o
papel destinado a sua impressão. (CF, art. 150, VI);
III - as práticas reiteradamente observadas pelas autoridades
administrativas; Princípio da Imunidade de Tráfego / Proibição de Tributos In-
terlocais (CF, art. 150, V; CTN, art. 9º, III): o artigo 150, V da CF/88
IV - os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o estabelece que, sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao
Distrito Federal e os Municípios. contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e
Parágrafo único. A observância das normas referidas neste ar- aos Municípios, estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou
tigo exclui a imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, res-
e a atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo.” salvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas
pelo Poder Público. (Princípio da não limitação ao tráfego de pes-
Princípios gerais soas e bens). Esta regra possui exceções: a) ICMS interestadual; b)
pedágio.
Os princípios constitucionais tributários compõem a delimita-
ção do poder tributário conferido aos entes públicos, prevalecen- Princípio da Transparência: a lei cuidará para que os contribuin-
do sobre todas as normas jurídicas, as quais têm validade apenas tes obtenham esclarecimentos referentes aos impostos incidentes
quando os princípios constitucionais são obedecidos. Esses princí- sobre mercadorias e serviços (CF, art. 150, § 5º);
pios visam à proteção do contribuinte e uma solução interpretativa
para o legislador. Os princípios constitucionais tributários, além de proteger os
interesses dos contribuintes contra excessos de arrecadação dos
Conforme art. 150 da Constituição Federal de 1988, “sem pre- entes públicos, servem de norte aos legisladores para que o Sis-
juízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à tema Tributário Nacional promova sua função básica essencial de
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios”, além das promover a distribuição de renda e o bem estar social.
vedações citadas, apresentam-se outros princípios constitucionais
necessários ao adequado entendimento do Sistema Tributário Bra-
sileiro: CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO DOS TRIBUTOS
Princípio da legalidade: (é vedado) cobrar ou aumentar tributo
sem lei que o estabeleça, ou seja, o imposto será devido apenas
quanto da existência de uma lei que determine sua cobrança ou Conceito
majoração (CF, art. 150, inciso I); A primeira palavra utilizada para a descrição de tributo, foi
Princípio da isonomia tributária (Igualdade): (é vedado) aplicar “prestação”, haja vista que toda obrigação jurídica tem por objeto
tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situ- uma prestação, seja ela de dar, de fazer, de não fazer, etc. Logo, vê-
ação equivalente, ou seja, verifica-se a premissa de que todos são -se que o tributo tem natureza jurídica obrigacional.
iguais perante a lei (CF, art. 150, inciso II); O tributo possui conceito legal expresso no art. 3º do Código
Princípio da irretroatividade tributária: (é vedado) exigir tribu- Tributário Nacional (CTN):
tos em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigên- Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em
cia da lei que os houver instituído ou aumentado. Assim, os fatos moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua san-
geradores serão tributados após a vigência da lei que tenha previsto ção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade
a incidência do imposto (CF, art. 150, inciso: III, alínea: a); administrativa plenamente vinculada.
Princípio da anterioridade da lei (anualidade): (é vedado) exigir O tributo compõe-se de cinco elementos essenciais, quais se-
tributos no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada jam:
a lei que os instituiu ou aumentou (CF, art. 150, inciso: III, alínea: b);
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DIREITO TRIBUTÁRIO
1 O tributo é prestação pecuniária, em moeda, ou cujo valor • Vinculados: são aqueles em que há uma contraprestação es-
que nela se possa exprimir, ou seja, o tributo é uma obrigação men- pecífica por parte do Estado;
surável economicamente, que deve ser cumprida, em regra, em di-
nheiro, na moeda corrente no País, o que exclui o pagamento do • Não Vinculados: o contribuinte tem o dever de pagar o tribu-
tributo por meio do recebimento de coisas ou através da prestação to porque realizou o fato gerador, mas, não receberá nada específi-
de serviços. co por parte do Estado a exemplo dos impostos.
Assim, para que se defina a natureza jurídica do tributo deve-se
A exceção para este elemento é a dação em pagamento, previs- analisar seus elementos e verificar em qual espécie tributária ele se
ta no art. 156, IX, CTN. Por esse instituto é possível que o devedor enquadra. O Código Tributário Nacional adotou a teoria tripartida,
entregue para a Fazenda Pública um bem imóvel a fim de extinguir através da qual, a natureza jurídica do tributo vinculado são as ta-
o crédito tributário. xas ou contribuição de melhoria e dos não vinculados que são os
2 O tributo é uma prestação compulsória, ou seja, na relação impostos.
jurídico-tributária, diferentemente da relação contratual cível, não
cabe manifestação de vontade das partes. Assim, a prestação é Espécies
obrigatória porque decorre da vontade da lei, não cabendo disposi- Existem três principais correntes sobre as espécies de tributos:
ção de vontade das partes. a) Teoria dualista: Para teoria dualista considera-se tributo ape-
nas as taxas e os impostos;
O sujeito deve cumprir com a obrigação tributária não porque
b) Teoria tripartida: Teoria adotada pelo CTN, são espécies de
quer, mas porque realizou o fato gerador e, portanto, incidiu em hi-
tributos, as taxas, os impostos e as contribuições de melhoria;
pótese que a lei determina o cumprimento de obrigação, qual seja,
o pagamento. c) Teoria pentapartida ou quinquipartida: adotada pelo STF,
3 O tributo não deve constituir sanção de ato ilícito e essa ca- engloba-se como tributos, os impostos, as taxas, os empréstimos
racterística deve ser analisada sob dois ângulos: compulsórios, as contribuições de melhoria e as contribuições es-
I- Tributo não é sanção, não é penalidade, não é castigo, logo, peciais.
ele não é instituído para punir o cidadão, ao contrário, o instrumen- Os tributos podem ser de cinco espécies: Imposto, Taxa, Con-
to sancionatório é a multa. tribuição de Melhoria, Empréstimo Compulsório e Contribuições
(especiais).
II- Não se pode tributar ato ilícito, ou seja, não se pode ter por
fato gerador de um tributo um ato ilícito. Isso não significa que a Imposto
renda e os bens que são obtidos por meios ilícitos não estejam su-
jeitos à tributação. Impostos são tributos não vinculados, que tem incidência so-
bre as manifestações de riqueza, por isso, diz-se que os mesmos
4 Todo tributo é uma prestação instituída em lei, em decor- promovem a solidariedade social, afinal, aquele que, de alguma for-
rência do princípio da legalidade e do princípio democrático. Logo, ma manifesta riqueza se obriga a fornecer recursos para o Estado e
somente a lei pode criar um tributo. cumprir com suas obrigações e objetivos.
Alguns doutrinadores preferem dizer que os impostos incidem
De acordo com o princípio da legalidade previsto no art. 5º, II,
sobre fatores econômicos, como a renda, a produção e a proprie-
da Constituição Federal, somente a lei pode obrigar alguém a fazer
dade. Ambas as posições são harmônicas, haja vista que os fatos
ou deixar de fazer alguma coisa. Ora, se o tributo implica em obri-
econômicos nada mais são, do que manifestações de riqueza.
gação, ele somente pode ser instituído mediante lei.
A definição legal de imposto está prevista no art. 16 do CTN:
5 Deve o tributo ser cobrado mediante atividade administra-
tiva plenamente vinculada, o que significa que o agente público Art. 16. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gera-
não exerce nenhum juízo de discricionariedade no que reporta à dor uma situação independente de qualquer atividade estatal espe-
cobrança. Não se pode escolher entre cobrar ou não o tributo, ao cífica, relativa ao contribuinte.
contrário, deve-se total obediência à lei e se é a lei quem determina
a cobrança, o agente obedece. Percebe-se que o próprio conceito de imposto afirma ser esse
um tributo não vinculado. Suas receitas, em regra, também não são
Natureza jurídica vinculadas, cabendo ao administrador público, utilizando os crité-
rios de conveniência e oportunidade, decidir pela melhor destina-
A natureza jurídica do tributo é regulamentada pelo art. 4º do ção, que decorre unicamente da lei.
Código Tributário Nacional:
Embora não se receba contraprestação direta e específica, os
Art. 4º A natureza jurídica específica do tributo é determinada
contribuintes de todos os impostos são beneficiados pela renda ar-
pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para
recadada pelos mesmos, haja vista que essas financiam vários ser-
qualificá-la:
viços públicos como segurança, saúde, educação.
I - a denominação e demais características formais adotadas De acordo com o art. 145, § 1º da Constituição Federal, sempre
pela lei; que for possível os impostos devem respeitar a capacidade contri-
II - a destinação legal do produto da sua arrecadação. butiva:
Da leitura do artigo supracitado, conclui-se que, fato gerador Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
é o elemento que define a natureza jurídica do tributo, não impor- poderão instituir os seguintes tributos:
tando o nome que a ele foi atribuído e nem mesmo o destino da (....);
arrecadação.
Pelo fato gerador, os tributos podem ser classificados como: § 1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal
e serão graduados segundo a capacidade econômica do contri-
buinte, facultado à administração tributária, especialmente para
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DIREITO TRIBUTÁRIO
conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os I - utilizados pelo contribuinte:
direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendi- a) efetivamente, quando por ele usufruídos a qualquer título;
mentos e as atividades econômicas do contribuinte.
b) potencialmente, quando, sendo de utilização compulsória,
Taxa sejam postos à sua disposição mediante atividade administrativa
Taxas são tributos vinculados e de competência comum, pois em efetivo funcionamento;
podem ser instituídos por todos os entes da Federação, desde que II - específicos, quando possam ser destacados em unidades au-
prestem o serviço ou exerçam o poder de polícia7. Tem definição no tônomas de intervenção, de utilidade, ou de necessidades públicas;
art. 145, II da Constituição Federal: III - divisíveis, quando suscetíveis de utilização, separadamente,
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios por parte de cada um dos seus usuários.
poderão instituir os seguintes tributos:
(....); Contribuição de melhoria
II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela A Contribuição de melhoria é um tributo de competência co-
utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e di- mum, assim, todo o ente que fizer uma obra pública que valorize
visíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição; imóveis, é competente para a sua cobrança. Está descrita no art.
Igualmente, as taxas também possuem definição no artigo 77 145, III, da Constituição Federal:
do Código Tributário Nacional: Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Dis- poderão instituir os seguintes tributos:
trito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas (....);
atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.
polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público espe- O fato gerador da contribuição de melhoria é a valorização
cífico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. imobiliária decorrente de obra pública. A contribuição de melhoria
Parágrafo único. A taxa não pode ter base de cálculo ou fato possui dois limites, quais sejam:
gerador idênticos aos que correspondam a imposto nem ser calcu- a) Individual - o contribuinte não pode pagar valor maior que o
lada em função do capital das empresas. quantum da valorização experimentada;

• Poder de Polícia b) Geral - a soma das contribuições não pode ultrapassar o va-
lor total da obra.
O Poder de Polícia é definido pelo Art. 78 do CTN:
A Contribuição de Melhoria tem previsão legal nos artigos 81
Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administra-
e 82 do CTN:
ção pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou li-
berdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos
interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de
costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de
atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como
do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à proprie- limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo
dade e aos direitos individuais ou coletivos. de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado.
Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de Art. 82. A lei relativa à contribuição de melhoria observará os
polícia quando desempenhado pelo órgão competente nos limites seguintes requisitos mínimos:
da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se I - publicação prévia dos seguintes elementos:
de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou des- a) memorial descritivo do projeto;
vio de poder.
b) orçamento do custo da obra;
Pelo poder de polícia os interesses individuais são restringidos c) determinação da parcela do custo da obra a ser financiada
de forma que o bem coletivo seja preservado. É exercido pela polí- pela contribuição;
cia administrativa. d) delimitação da zona beneficiada;
• Serviços Públicos Específicos e Divisíveis, Efetivos ou Poten- e) determinação do fator de absorção do benefício da valori-
ciais zação para toda a zona ou para cada uma das áreas diferenciadas,
nela contidas;
Os serviços públicos são específicos quando o contribuinte II - fixação de prazo não inferior a 30 (trinta) dias, para impug-
sabe o que está pagando. Já para ser divisível é preciso que se pos- nação pelos interessados, de qualquer dos elementos referidos no
sa identificar os usuários daquele serviço, que se possa mensurar inciso anterior;
quem e quanto cada um utilizou daquele serviço.
O serviço efetivo é aquele efetivamente prestado ao contri- III - regulamentação do processo administrativo de instrução
buinte. Já o serviço potencial é aquele posto à disposição do con- e julgamento da impugnação a que se refere o inciso anterior, sem
tribuinte. prejuízo da sua apreciação judicial.
Sobre os serviços dispõe o CTN: § 1º A contribuição relativa a cada imóvel será determinada
Art. 79. Os serviços públicos a que se refere o artigo 77 consi- pelo rateio da parcela do custo da obra a que se refere a alínea c,
deram-se: do inciso I, pelos imóveis situados na zona beneficiada em função
dos respectivos fatores individuais de valorização.
7 Poder de Polícia: é uma atividade administrativa fundamen-
tada no princípio da supremacia do interesse público. O art. 78 do
CTN o define.
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DIREITO TRIBUTÁRIO
§ 2º Por ocasião do respectivo lançamento, cada contribuinte § 2º As contribuições sociais e de intervenção no domínio eco-
deverá ser notificado do montante da contribuição, da forma e nômico de que trata o caput deste artigo:
dos prazos de seu pagamento e dos elementos que integram o I - não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação;
respectivo cálculo.
II - incidirão também sobre a importação de produtos estran-
Empréstimo compulsório geiros ou serviços;
Nessa espécie tributária, o contribuinte é obrigado a emprestar III - poderão ter alíquotas:
dinheiro para o Estado sempre que realizar o fato gerador, em con- a) ad valorem, tendo por base o faturamento, a receita bruta
formidade com o art. 148 da Constituição: ou o valor da operação e, no caso de importação, o valor aduaneiro.
Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir b) específica, tendo por base a unidade de medida adotada.
empréstimos compulsórios:
§ 3º A pessoa natural destinatária das operações de importa-
I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de ca- ção poderá ser equiparada a pessoa jurídica, na forma da lei.
lamidade pública, de guerra externa ou sua iminência;
§ 4º A lei definirá as hipóteses em que as contribuições inci-
II - no caso de investimento público de caráter urgente e de re- dirão uma única vez.
levante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, “b”.
Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de em- Art. 149-A Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir
préstimo compulsório será vinculada à despesa que fundamentou contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do servi-
sua instituição. ço de iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e III.
Os empréstimos compulsórios são tributos de competência pri- Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que
vativa da União, portanto, somente ela pode instituí-los. Para fazer se refere o caput, na fatura de consumo de energia elétrica.
isso, deve utilizar de lei complementar, sob pena de inconstitucio-
nalidade formal. Da leitura dos dispositivos supracitados, extrai-se que a União
é a única competente para instituir as contribuições sociais, as con-
O empréstimo compulsório somente pode ser instituído quan- tribuições de intervenção no domínio econômico e as contribuições
do ocorrerem os motivos descritos nos incisos do artigo supracitado de interesse de categorias profissionais ou econômicas.
e todos os recursos angariados com essa espécie devem ser aplica-
dos na situação que motivou sua instituição, logo, são classificados
como tributos de receita vinculada. TRIBUTOS DE COMPETÊNCIA DA UNIÃO

Contribuições
A União tem competência privativa para legislar sobre os tribu-
O Art. 149 da CF dispõe sobre as contribuições especiais. Ve- tos de abrangência nacional e que são estratégicos para os interes-
jamos: ses da República.
Segundo o art. 153, CF, normalmente a união instituirá os se-
Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribui-
guintes impostos: importação de produtos estrangeiros; exporta-
ções sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse
ção, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados; renda
das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de
e proventos de qualquer natureza; produtos industrializados; ope-
sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts.
rações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores
146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º,
mobiliários; propriedade territorial rural; grandes fortunas, nos ter-
relativamente às contribuições a que alude o dispositivo.
mos de lei complementar.
§ 1º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios Excepcionalmente, conforme art. 154, CF, a união, mediante lei
instituirão, por meio de lei, contribuições para custeio de regime complementar, poderá instituir impostos que não foram previstos
próprio de previdência social, cobradas dos servidores ativos, dos pelo art. 153, e não tenham fato gerador e base de cálculo pró-
aposentados e dos pensionistas, que poderão ter alíquotas pro- prio dos discriminados na CF, e impostos extraordinários no caso de
gressivas de acordo com o valor da base de contribuição ou dos guerra ou na iminência desta.
proventos de aposentadoria e de pensões. (Redação dada pela Compete à União dispor sobre os seguintes tributos:
Emenda Constitucional nº 103, de 2019) — Imposto de Importação (II): recai sobre os produtos estran-
§ 1º-A. Quando houver déficit atuarial, a contribuição or- geiros no Brasil, sendo devido a partir do registro da declaração de
dinária dos aposentados e pensionistas poderá incidir sobre o importação. Sua base de cálculo é o valor aduaneiro da mercadoria,
valor dos proventos de aposentadoria e de pensões que supere o e suas alíquotas variam em função dos produtos importados (bens
salário-mínimo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de considerados essenciais têm alíquotas reduzidas, enquanto bens
2019) considerados supérfluos têm alíquotas mais elevadas).
— Imposto de Exportação (IE): destina-se aos produtos a serem
§ 1º-B. Demonstrada a insuficiência da medida prevista no §
exportados, sendo devido a partir da declaração de exportação. O
1º-A para equacionar o déficit atuarial, é facultada a instituição
IE é cobrado sobre pouquíssimos produtos, de modo a estimular as
de contribuição extraordinária, no âmbito da União, dos servido-
exportações brasileiras.
res públicos ativos, dos aposentados e dos pensionistas. (Incluído
— Imposto de Renda (IR): o Imposto de Renda é devido tanto
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
pelas pessoas físicas (IRPF) quanto pelas jurídicas (IRPJ), sobre ren-
§ 1º-C. A contribuição extraordinária de que trata o § 1º-B das e proveitos de qualquer natureza que tenham sido recebidos a
deverá ser instituída simultaneamente com outras medidas para cada ano.
equacionamento do déficit e vigorará por período determinado,
contado da data de sua instituição. (Incluído pela Emenda Consti-
tucional nº 103, de 2019)

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DIREITO TRIBUTÁRIO
O IR tem ainda uma sistemática de cobrança que prevê reten- § 1º É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e
ções pela fonte pagadora (IRRF), cujo valor pode ser posteriormen- os limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos
te aproveitado pela pessoa que teve parte de seu pagamento reti- enumerados nos incisos I, II, IV e V.
do. Este raciocínio aplica-se tanto a pagamentos efetuados no Brasil § 2º O imposto previsto no inciso III:
quanto a valores remetidos ao Exterior.
— Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI): incide no mo- I - será informado pelos critérios da generalidade, da universa-
mento da saída do produto que sofre industrialização do estabeleci- lidade e da progressividade, na forma da lei;
mento, ou no momento da importação do produto, tendo alíquotas II - (Revogado)
variáveis conforme cada produto. § 3º O imposto previsto no inciso IV:
— Imposto sobre Operações Financeiras (IOF): como o próprio
nome sugere, incide sobre operações financeiras, e conta com alí- I - será seletivo, em função da essencialidade do produto;
quotas variáveis em função da operação financeira efetivada: ope-
rações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores II - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em
mobiliários. cada operação com o montante cobrado nas anteriores;
— Imposto Territorial Rural (ITR): é cobrado dos proprietários III - não incidirá sobre produtos industrializados destinados ao
de áreas rurais, e tem alíquotas variáveis conforme o uso e a loca- exterior.
lização da terra. IV - terá reduzido seu impacto sobre a aquisição de bens de
— Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF): embora conte com capital pelo contribuinte do imposto, na forma da lei.
previsão constitucional desde 1988, ainda não há lei que o tenha
instituído e regulamentado. § 4º O imposto previsto no inciso VI do caput:
— Contribuição Social sobre o Lucro (CSL): incide, juntamente
I - será progressivo e terá suas alíquotas fixadas de forma a
com o Imposto de Renda, sobre o lucro apurado pelas pessoas ju-
desestimular a manutenção de propriedades improdutivas;
rídicas.
— Contribuição Social sobre o Faturamento (COFINS): destina- II - não incidirá sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei,
da ao financiamento da Seguridade Social, incidente sobre o fatura- quando as explore o proprietário que não possua outro imóvel;
mento mensal das empresas. A mesma alíquota incide sobre bens III - será fiscalizado e cobrado pelos Municípios que assim opta-
ou serviços importados, calculado segundo termos fixados pela Re- rem, na forma da lei, desde que não implique redução do imposto
ceita Federal. ou qualquer outra forma de renúncia fiscal.
— Contribuição ao Programa de Integração Social (PIS): incide
§ 5º O ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou
sobre o faturamento e sobre importações.
instrumento cambial, sujeita-se exclusivamente à incidência do
— Contribuição Social ao Instituto Nacional de Seguridade So-
imposto de que trata o inciso V do «caput» deste artigo, devido
cial (INSS): recai sobre a folha de pagamentos do empregador, a car-
na operação de origem; a alíquota mínima será de um por cento,
go deste, e sobre salário de contribuição do empregado.
assegurada a transferência do montante da arrecadação nos se-
— Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante
guintes termos:
(AFRMM): é calculado sobre o valor do frete.

— Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE): I - trinta por cento para o Estado, o Distrito Federal ou o Territó-
existem várias espécies de CIDE, porém a de maior impacto nas rio, conforme a origem;
operações de empresas multinacionais no Brasil é a chamada “CI- II - setenta por cento para o Município de origem.
DE-Royalties”. Trata-se de uma contribuição devida pela pessoa ju- Art. 154. A União poderá instituir:
rídica detentora de licença de uso ou adquirente de conhecimentos
I - mediante lei complementar, impostos não previstos no arti-
tecnológicos, bem como aquela signatária de contratos que impli-
go anterior, desde que sejam não-cumulativos e não tenham fato
quem transferência de tecnologia, firmados com residentes ou do-
gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta Cons-
miciliados no Exterior.
tituição;
Os Impostos da União têm disposição legal na CF, em seus Arti-
II - na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extra-
gos 153 e 154. Vejamos:
ordinários, compreendidos ou não em sua competência tributária,
os quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de
SEÇÃO III sua criação.
DOS IMPOSTOS DA UNIÃO

Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: TRIBUTOS DE COMPETÊNCIA DOS ESTADOS
I - importação de produtos estrangeiros;
II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou na- Impostos dos Estados e do Distrito Federal
cionalizados;
III - renda e proventos de qualquer natureza; A Constituição Federal delega aos Estados e ao Distrito Federal
autonomia para estabelecer determinados tributos dentro de sua
IV - produtos industrializados; circunscrição.
V - operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos Tal capacidade está prevista no art. 155, CF, que incumbe a es-
ou valores mobiliários; tes entes da federação a competência para instituir impostos: de
VI - propriedade territorial rural; transmissão causa mortis e doação de quaisquer bens ou direitos;
VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar. sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre pres-

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a solução para o seu concurso!
DIREITO TRIBUTÁRIO
tações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de III - poderá ser seletivo, em função da essencialidade das mer-
comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no cadorias e dos serviços;
exterior; e sobre a propriedade de veículos automotores. IV - resolução do Senado Federal, de iniciativa do Presidente
Ao Distrito Federal, nos termos do art. 147, caput, cabe tam- da República ou de um terço dos Senadores, aprovada pela maioria
bém os impostos municipais absoluta de seus membros, estabelecerá as alíquotas aplicáveis às
Cabem aos Estados-Membros os impostos estaduais abaixo operações e prestações, interestaduais e de exportação;
elencados:
V - é facultado ao Senado Federal:
— Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD): co-
brado sobre a transmissão de quaisquer bens ou direitos. a) estabelecer alíquotas mínimas nas operações internas, me-
— Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS): diante resolução de iniciativa de um terço e aprovada pela maioria
excetuadas as exportações, incide, em regra, as operações de cir- absoluta de seus membros;
culação de mercadorias (inclusive sobre a prestação de serviços de b) fixar alíquotas máximas nas mesmas operações para resol-
transporte interestadual e intermunicipal) e as operações de co- ver conflito específico que envolva interesse de Estados, mediante
municação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no resolução de iniciativa da maioria absoluta e aprovada por dois ter-
exterior. Sua incidência se dá sempre sobre o valor agregado a cada ços de seus membros;
operação mercantil, respeitada a não cumulatividade. VI - salvo deliberação em contrário dos Estados e do Distrito
Federal, nos termos do disposto no inciso XII, “g”, as alíquotas in-
— Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores
ternas, nas operações relativas à circulação de mercadorias e nas
(IPVA): como explicita o próprio nome do tributo, o IPVA incide so-
prestações de serviços, não poderão ser inferiores às previstas para
bre a propriedade de veículos automotores. Tem alíquota variável
as operações interestaduais;
de Estado a Estado.
VII - nas operações e prestações que destinem bens e serviços
Impostos dos Estados e do Distrito Federal estão elencados no
a consumidor final, contribuinte ou não do imposto, localizado em
Art. 155 da CF:
outro Estado, adotar-se-á a alíquota interestadual e caberá ao Es-
tado de localização do destinatário o imposto correspondente à di-
SEÇÃO IV ferença entre a alíquota interna do Estado destinatário e a alíquota
DOS IMPOSTOS DOS ESTADOS E DO DISTRITO FEDERAL interestadual; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 87, de
2015)
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir im- a) (revogada); (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
postos sobre: 87, de 2015)
I - transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou b) (revogada); (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
direitos; 87, de 2015)
II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre VIII - a responsabilidade pelo recolhimento do imposto corres-
prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal pondente à diferença entre a alíquota interna e a interestadual de
e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se ini- que trata o inciso VII será atribuída: (Redação dada pela Emenda
ciem no exterior; Constitucional nº 87, de 2015)
III - propriedade de veículos automotores. a) ao destinatário, quando este for contribuinte do imposto; (In-
§ 1º O imposto previsto no inciso I: cluído pela Emenda Constitucional nº 87, de 2015)
I - relativamente a bens imóveis e respectivos direitos, compete b) ao remetente, quando o destinatário não for contribuinte do
ao Estado da situação do bem, ou ao Distrito Federal imposto; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 87, de 2015)
II - relativamente a bens móveis, títulos e créditos, compete ao IX - incidirá também:
Estado onde se processar o inventário ou arrolamento, ou tiver do- a)sobre a entrada de bem ou mercadoria importados do exte-
micílio o doador, ou ao Distrito Federal; rior por pessoa física ou jurídica, ainda que não seja contribuinte ha-
III - terá competência para sua instituição regulada por lei com- bitual do imposto, qualquer que seja a sua finalidade, assim como
plementar: sobre o serviço prestado no exterior, cabendo o imposto ao Estado
a) se o doador tiver domicilio ou residência no exterior; onde estiver situado o domicílio ou o estabelecimento do destinatá-
rio da mercadoria, bem ou serviço;
b) se o de cujus possuía bens, era residente ou domiciliado ou
teve o seu inventário processado no exterior; b) sobre o valor total da operação, quando mercadorias forem
fornecidas com serviços não compreendidos na competência tribu-
IV - terá suas alíquotas máximas fixadas pelo Senado Federal;
tária dos Municípios;
§ 2º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte:
X - não incidirá:
I - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em
cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação a) sobre operações que destinem mercadorias para o exterior,
de serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou nem sobre serviços prestados a destinatários no exterior, assegu-
outro Estado ou pelo Distrito Federal; rada a manutenção e o aproveitamento do montante do imposto
cobrado nas operações e prestações anteriores;
II - a isenção ou não-incidência, salvo determinação em contrá-
rio da legislação: b) sobre operações que destinem a outros Estados petróleo, in-
clusive lubrificantes, combustíveis líquidos e gasosos dele derivados,
a) não implicará crédito para compensação com o montante e energia elétrica;
devido nas operações ou prestações seguintes;
c) sobre o ouro, nas hipóteses definidas no art. 153, § 5º;
b) acarretará a anulação do crédito relativo às operações an-
teriores;

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DIREITO TRIBUTÁRIO
d) nas prestações de serviço de comunicação nas modalidades § 5º As regras necessárias à aplicação do disposto no § 4º, in-
de radiodifusão sonora e de sons e imagens de recepção livre e gra- clusive as relativas à apuração e à destinação do imposto, serão es-
tuita; tabelecidas mediante deliberação dos Estados e do Distrito Federal,
XI - não compreenderá, em sua base de cálculo, o montante nos termos do § 2º, XII, g.
do imposto sobre produtos industrializados, quando a operação, § 6º O imposto previsto no inciso III:
realizada entre contribuintes e relativa a produto destinado à in- I - terá alíquotas mínimas fixadas pelo Senado Federal;
dustrialização ou à comercialização, configure fato gerador dos dois II - poderá ter alíquotas diferenciadas em função do tipo e uti-
impostos; lização.
XII - cabe à lei complementar:
a) definir seus contribuintes;
TRIBUTOS DE COMPETÊNCIA DOS MUNICÍPIOS
b) dispor sobre substituição tributária;
c) disciplinar o regime de compensação do imposto;
d) fixar, para efeito de sua cobrança e definição do estabeleci- Impostos dos Municípios
mento responsável, o local das operações relativas à circulação de
mercadorias e das prestações de serviços; Nos termos do art. 156, a Constituição Federal delegou aos
Municípios a competência para instituir os impostos: sobre pro-
e) excluir da incidência do imposto, nas exportações para o ex- priedade predial e territorial urbana; transmissão inter vivos, a
terior, serviços e outros produtos além dos mencionados no inciso qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou
X, “a”; acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de ga-
f) prever casos de manutenção de crédito, relativamente à re- rantia, bem como cessão de direitos à sua aquisição; serviços de
messa para outro Estado e exportação para o exterior, de serviços qualquer natureza, não compreendidos no artigo 155, II, definidos
e de mercadorias; em lei complementar.
g) regular a forma como, mediante deliberação dos Estados e Aos Municípios competem os seguintes tributos:
do Distrito Federal, isenções, incentivos e benefícios fiscais serão — Imposto sobre a propriedade Predial e Territorial Urbana
concedidos e revogados. (IPTU): incidente sobre a propriedade de bens imóveis localizados
h) definir os combustíveis e lubrificantes sobre os quais o im- dentro do perímetro urbano, podendo ter suas alíquotas progressi-
posto incidirá uma única vez, qualquer que seja a sua finalidade, vas de forma a assegurar o cumprimento da função social da pro-
hipótese em que não se aplicará o disposto no inciso X, b; priedade.
— Imposto de Transmissão Inter Vivos de Bens Imóveis (ITBI):
i) fixar a base de cálculo, de modo que o montante do imposto devido na transmissão, por ato oneroso e a qualquer título, por
a integre, também na importação do exterior de bem, mercadoria natureza ou acessão física, de direitos reais sobre imóveis, exceto
ou serviço. os de garantia, bem como cessão de direitos à sua aquisição. Têm
§ 3º À exceção dos impostos de que tratam o inciso II alíquotas variáveis de acordo com a legislação de cada Município.
do caput deste artigo e o art. 153, I e II, nenhum outro imposto po- — Imposto Sobre Serviços de qualquer natureza (ISS): incide
derá incidir sobre operações relativas a energia elétrica, serviços de sobre serviços definidos em lei complementar, excluídos aqueles
telecomunicações, derivados de petróleo, combustíveis e minerais sujeitos ao recolhimento do ICMS (serviços de comunicação e de
do País. transporte interestadual e intermunicipal).
§ 4º Na hipótese do inciso XII, h, observar-se-á o seguinte:
I - nas operações com os lubrificantes e combustíveis derivados — Contribuição para Iluminação Pública (CIP): após um longo
de petróleo, o imposto caberá ao Estado onde ocorrer o consumo; debate jurídico, a Emenda Constitucional 39, de 19 de dezembro de
2002, regularizou tal cobrança.
II - nas operações interestaduais, entre contribuintes, com gás
natural e seus derivados, e lubrificantes e combustíveis não incluí- Os impostos dos Municípios estão previstos na CF, em seu Art.
dos no inciso I deste parágrafo, o imposto será repartido entre os 156, conforme:
Estados de origem e de destino, mantendo-se a mesma proporcio-
nalidade que ocorre nas operações com as demais mercadorias; SEÇÃO V
III - nas operações interestaduais com gás natural e seus deri- DOS IMPOSTOS DOS MUNICÍPIOS
vados, e lubrificantes e combustíveis não incluídos no inciso I deste
parágrafo, destinadas a não contribuinte, o imposto caberá ao Es- Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre:
tado de origem; I - propriedade predial e territorial urbana;
IV - as alíquotas do imposto serão definidas mediante delibera- II - transmissão “inter vivos”, a qualquer título, por ato oneroso,
ção dos Estados e Distrito Federal, nos termos do § 2º, XII, g, obser- de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais
vando-se o seguinte: sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos
a) serão uniformes em todo o território nacional, podendo ser a sua aquisição;
diferenciadas por produto; III - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art.
b) poderão ser específicas, por unidade de medida adotada, 155, II, definidos em lei complementar.
ou ad valorem, incidindo sobre o valor da operação ou sobre o preço IV - (Revogado).
que o produto ou seu similar alcançaria em uma venda em condi- § 1º Sem prejuízo da progressividade no tempo a que se refere
ções de livre concorrência; o art. 182, § 4º, inciso II, o imposto previsto no inciso I poderá:
c) poderão ser reduzidas e restabelecidas, não se lhes aplicando
I – ser progressivo em razão do valor do imóvel;
o disposto no art. 150, III, b.
II – ter alíquotas diferentes de acordo com a localização e o uso
do imóvel.
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DIREITO TRIBUTÁRIO
§ 2º O imposto previsto no inciso II: a) EI – Empresário Individual: O Empresário Individual, abre-
I - não incide sobre a transmissão de bens ou direitos incorpo- viado frequentemente como EI, se diferencia pelo fato de não ter
rados ao patrimônio de pessoa jurídica em realização de capital, sócios e uma das formas mais simples de empreender sozinho. É
nem sobre a transmissão de bens ou direitos decorrente de fusão, possível o EI se enquadrar como ME e EPP e solicitar o enquadra-
incorporação, cisão ou extinção de pessoa jurídica, salvo se, nes- mento no Simples Nacional, como também como Lucro Presumido
ses casos, a atividade preponderante do adquirente for a compra e ou Real.
venda desses bens ou direitos, locação de bens imóveis ou arrenda- b) EIRELI – Empresa Individual de Responsabilidade Limitada:
mento mercantil; Assim como o EI, a EIRELI é um tipo Societário. Mas ao contrário do
II - compete ao Município da situação do bem. Empresário Individual, a EIRELI responde somente sobre o valor do
§ 3º Em relação ao imposto previsto no inciso III do caput deste capital social da Empresa. Ou seja, de forma limitada o que confere
artigo, cabe à lei complementar: uma autonomia patrimonial da Pessoa Física e da Pessoa Jurídica.
Embora tenha vantagens comparado ao EI, o principal entrave é ser
I - fixar as suas alíquotas máximas e mínimas; necessário um capital social mínimo de 100 vezes o salário mínimo
II - excluir da sua incidência exportações de serviços para o ex- vigente. É possível o EIRELI se enquadrar como ME e EPP e solicitar
terior. o enquadramento no Simples Nacional, como também como Lucro
III – regular a forma e as condições como isenções, incentivos e Presumido ou Real.
benefícios fiscais serão concedidos e revogados. c) LTDA – Sociedade Limitada: A Sociedade Limitada é a empre-
sa formada por dois ou mais sócios que atuam de forma limitada
§ 4º (Revogado). ao Capital Social da empresa. Seja para isso no seu bônus, ou seja
a distribuição dos lucros, seja no ônus, no pagamento de dívidas e
SIMPLES débitos. O Capital Social da empresa deve ser totalmente integrali-
zado, por isso, todos os sócios são responsáveis. A empresa é divi-
dida em quotas de acordo com o volume de recursos que os sócios
colocaram na empresa e essa participação que define o “tamanho”
TRIBUTAÇÃO BRASILEIRA
da responsabilidade. Os acordos desta relação societária estão dis-
Lucro Real, Lucro Presumido E Simples Nacional. postos no Contrato Social que é registrado na Junta Comercial. É
Muitas dúvidas surgem na hora de abrir uma empresa. Uma possível a sociedade limitada se enquadrar como ME e EPP e soli-
delas é saber qual regime tributário será aplicado a ela. Afinal, é citar o enquadramento no Simples Nacional, como também como
necessário saber quais são os tipos de impostos que a empresa pre- Lucro Presumido ou Real.
cisará pagar e suas respectivas alíquotas. d) S/A – Sociedade Anônima: Já em uma Sociedade Anônima,
Em primeiro lugar, é necessário entender quais são os tipos de que costuma ter custo de registros e obrigações maiores que o Li-
empresas que se pode abrir no Brasil e seus regimes tributários. mitada. A empresa é dividida em ações ao invés de quotas e o docu-
No Brasil, é possível constituir empresas das mais diversas na- mento que estabelece ela é um Estatuto. As Sociedades Anônimas
turezas jurídicas que variam de acordo com seu porte e enquadra- não poder ser enquadradas como ME, EPP e também não podem
mento tributário. As principais são: optar pelo Simples Nacional.

a) MEI - Microempresário Individual: O MEI foi instituído pela • Lucro Presumido


Lei Complementar nº 128/2008 que alterou a Lei Geral da Micro e Na tributação de empresas pelo Lucro Presumido não importa
Pequena Empresa (Lei Complementar nº 123/2006) cria a figura do (tecnicamente) as despesas ou os custos que tenha, haja vista que
Microempreendedor Individual. Para se enquadrar como MEI, pre- o lucro é determinado por presunção e o Imposto de Renda (IRPJ)
cisa o empreendedor atender as seguintes condições: e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) incidem direta-
i. Tenha faturamento limitado a R$ 81.000,00 por ano mente sobre as Receitas.
ii. Que não participe como sócio, administrador ou titular de Em outras palavras, pode-se dizer que a despeito da empresa
outra empresa apurar prejuízos contábeis, pagará o IRPJ e a CSLL sobre um lucro
iii. Contrate no máximo um empregado presumido.
Para realizar a opção pelo lucro presumido deve ser feito um
iv. Exerça uma das atividades econômicas previstas no Ane- estudo detalhado sobre a lucratividade, sendo que o lucro da ati-
xo XIII, da Resolução do Comitê Gestor do Simples Nacional de nº vidade da empresa deve ser seguramente maior que o Lucro Pre-
94/2011, o qual relaciona todas as atividades permitidas ao MEI sumido pela legislação. A empresa deve ficar atenta que os ganhos
b) ME - Micro Empresa – e EPP - Empresa de Pequeno Porte: de capital, receita financeira, descontos obtidos e demais receitas
São empresas que visam o lucro e que apresentam um faturamento não tem redução do percentual da base de cálculo, devendo ser
anual de até R$360 mil. Já EPP são as empresas que tenham fatura- calculado o Imposto de Renda sobre a totalidade. A opção pelo Lu-
mento anual no limite de R$ 4,8 milhões. cro Presumido se dá mediante o pagamento da DARF, código Lucro
c) Fora do Regime de ME e EPP – As empresas que faturam aci- Presumido, sendo que durante o ano-calendário não pode alterar a
ma de R$ 4,8 milhões por ano já não são mais consideradas como opção para o Lucro Real (art.13, Lei 9.718/98).
ME ou EPP, normalmente estão em forma de Sociedades Limitadas,
mais conhecidas como as Grandes Limitadas ou em forma de Socie- Assim, mesmo que a empresa tenha prejuízo na sua atividade
dades Anônimas, S.A. deve pagar o IRPJ e a CSSL nos quatro trimestres do ano em que
optou pelo presumido.
Escolhido o porte da empresa, MEI, ME ou EPP, vamos aos tipos
societários mais comuns: Requisitos para o Lucro Presumido:
I- Cujo limite de receita bruta total for maior ou igual de R$
78.000.000,00 (setenta e oito milhões de reais), ou a R$ 6.500.000,00
(seis milhões e quinhentos mil reais) multiplicado pelo número de
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a solução para o seu concurso!
DIREITO TRIBUTÁRIO
meses de atividade do ano-calendário anterior, quando inferior a lhida. Não é possível, por exemplo, a empresa optar por recolher
12 (doze) meses, poderá optar pelo regime de tributação com base o IRPJ pelo Lucro Real e a CSLL pelo Lucro Presumido, devem ser a
no lucro presumido mesma forma de recolhimento.
II- Cujas atividades sejam de bancos comerciais, bancos de A base de cálculo para Lucro Presumido a partir de 01.09.2003,
investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, por força do art. 22 da Lei 10.684/2003, e também para cálculo da
sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades CSLL, devida pelas pessoas jurídicas optantes pelo lucro presumido
de crédito imobiliário, sociedades corretoras de títulos, valores mo- corresponderá a:
biliários e câmbio, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, I- 12% da receita bruta nas atividades comerciais, industriais,
empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, em- serviços hospitalares e de transporte
presas de seguros privados e de capitalização e entidades de previ- II- 32% para:
dência privada aberta a) Prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospi-
III- Que tiverem lucros, rendimentos ou ganhos de capital talares e transporte
oriundos do exterior b) Intermediação de negócios
IV- Que, autorizadas pela legislação tributária, usufruam de be-
nefícios fiscais relativos à isenção ou redução do imposto c) Administração, locação ou cessão de bens imóveis, móveis e
V- Que, no decorrer do ano-calendário, tenham efetuado pa- direitos de qualquer natureza
gamento mensal pelo regime de estimativa, na forma do art. 2° da
Lei 9.430 de 1996 PARA CÁLCULO DO PIS E DA COFINS
VI- Que explorem as atividades de prestação cumulativa e con-
tínua de serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de O Cálculo do PIS e COFINS tendo como base a pessoa jurídica
crédito, seleção e riscos, administração de contas a pagar e a rece- optar pelo lucro presumido estará sujeita ao recolhimento respecti-
ber, compras de direitos creditórios resultantes de vendas mercan- vamente nas alíquotas de 0,65% e 3,0%.
tis a prazo ou de prestação de serviços (factoring)
VII- Que explorem as atividades de securitização de créditos • Lucro Real
imobiliários, financeiros e do agronegócio
VIII- Quando for desenquadrado do Simples Nacional por ina- Como o próprio nome sugere, o lucro apurado é o real, ou seja,
dimplência a soma das receitas menos os custos e as despesas irá determinar
o lucro. Não havendo a presunção não há a primeira base para o
IX- Por opção própria do Empresário ou da Sociedade Limitada. cálculo do IRPJ e da CSLL.
Vale dizer que estes dois impostos incidem nas mesmas alíquo-
PARA CÁLCULO DO IMPOSTO DE RENDA DA PESSOA JURÍDICA tas (15% de IRPJ, e 9% de CSLL) diretamente sobre o lucro real. Na-
turalmente, não havendo lucro, não há que se falar em incidência
A base de cálculo do Imposto de Renda das empresas tributa- de IRPJ e CSLL.
das pelo Lucro Presumido, em cada trimestre (31/mar. 30/jun., 30/ A opção pelo Lucro Real Anual, Lucro Real Trimestral será mani-
set. e 31/dez.), será determinada mediante a aplicação dos percen- festado pelo pagamento da 1ª quota de qualquer um dos regimes,
tuais fixados no art. 15 da Lei 9.249/95, de acordo com a atividade mediante DARF, sendo que a legislação não permite mudar a for-
da pessoa jurídica, sobre a receita bruta auferida no trimestre, sen- ma de tributação durante o ano-calendário (art.13, Lei 9.718/98).
do o resultado acrescido de outras receitas, rendimentos e ganho Por isso, é de extrema importância fazer uma análise detalhada de
de capital (art.25, Lei 9.430/96). O Imposto retido na fonte será con- qual é a melhor forma de tributação, antes do pagamento da 1ª
siderado como antecipação do devido no trimestre. quota do Imposto, pois se a empresa optou pelo Lucro Real (anual
Os coeficientes fixados pelo art.15, da Lei nº. 9.249/95 para a ou trimestral) não poderá modificar no ano-calendário para o Lucro
aplicação sobre a receita bruta da atividade são: Presumido e vice-versa.
I- 8% na venda de mercadorias e produtos Lembrando que a opção feita para o Imposto de Renda deve
II- 1,6% na revenda, para consumo, de combustível derivado de ser a mesma para a Contribuição Social Sobre o Lucro.
petróleo, álcool etílico carburante e gás natural
III- 16% na prestação de serviços de transporte, exceto o de Abaixo Tabela de Cálculos do Lucro Real: (Percentual sobre o
cargas que é 8% lucro líquido)
IV- 16% Para atividades exclusivamente de prestação de servi-
IRPJ CSLL PIS** COFINS**
ços em geral pelas pessoas jurídicas com receita bruta anual até R$
120.000,00, exceto serviços hospitalares, de transporte e de profis- 15% 9% 1,65% 7,60%
sões regulamentadas
V- 32% na prestação de serviços ** Permissão de crédito do imposto da compra.
VI- 8% na venda de imóveis de empresas com esse objeto social
PARA CÁLCULO DA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO SIMPLES NACIONAL 8
LÍQUIDO
O Simples Nacional é um regime tributário diferenciado, simpli-
Foi instituída pela Lei nº 7.689/1988. Aplicam-se à CSLL as mes- ficado e favorecido previsto na Lei Complementar nº 123, de 2006,
mas normas de apuração e de pagamento estabelecidas para o im- aplicável às Microempresas e às Empresas de Pequeno Porte, a par-
posto de renda das pessoas jurídicas, mantidas a base de cálculo e tir de 01.07.2007.
as alíquotas previstas na legislação em vigor (Lei nº 8.981, de 1995,
art. 57). Desta forma, além do IRPJ, a pessoa jurídica optante pelo
Lucro Real, Presumido ou Arbitrado deverá recolher a Contribuição
Social sobre o Lucro Presumido (CSLL), também pela forma esco-
8 http://www8.receita.fazenda.gov.br/simplesnacional/
Perguntas/Perguntas.aspx
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a solução para o seu concurso!
DIREITO TRIBUTÁRIO
O art. 12 da referida Lei Complementar define o Simples Na- De 180.000,01 a
cional como um Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tri- 7,30% R$ 5.940,00
360.000,00
butos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de
Pequeno Porte. De 360.000,01 a
9,50% R$ 13.860,00
720.000,00
A Lei Complementar nº 123, de 2006 estabelece normas ge- De 720.000,01 a
rais relativas às Microempresas e às Empresas de Pequeno Porte no 10,70% R$ 22.500,00
1.800.000,00
âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, abrangendo, não só o regime tributário diferenciado De 1.800.000,01 a
14,30% R$ 87.300,00
(Simples Nacional), como também aspectos relativos às licitações 3.600.000,00
públicas, às relações de trabalho, ao estímulo ao crédito, à capitali- De 3.600.000,01 a R$
zação e à inovação, ao acesso à justiça, dentre outros. 19%
4.800.000,00 378.000,00
Para ser uma ME ou EPP, o contribuinte precisa cumprir dois
tipos de requisitos: Anexo II – Fábricas e Indústrias
1. Quanto à natureza jurídica, precisa ser uma sociedade em-
presária, sociedade simples, empresa individual de responsabilida- Quanto des-
Receita Bruta Total em 12
de limitada ou empresário individual; Alíquota contar do valor
meses
recolhido
2. Quanto à receita bruta, precisa observar o limite máximo
anual estabelecido em Lei. Até R$ 180.000,00 4,50% 0
De 180.000,01 a 360.000,00 7,80% R$ 5.940,00
Quanto a esse limite, temos que:
a) Desde janeiro de 2012, a ME precisa ter receita bruta igual De 360.000,01 a 720.000,00 10% R$ 13.860,00
ou inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais); De 720.000,01 a 1.800.000,00 11,20% R$ 22.500,00
b) A partir de janeiro de 2018, a EPP tem receita bruta superior De 1.800.000,01 a
14,70% R$ 85.500,00
a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e igual ou inferior a 3.600.000,00
R$ 4.800.000,00 (quatro milhões e oitocentos mil reais). Base legal: De 3.600.000,01 a
art. 3º, I e II, da Lei Complementar 123, de 2006. 30% R$ 720.000,00
4.800.000,00
Os limites de receita bruta para definição de ME e EPP no ano-
-calendário de início de atividade serão proporcionais ao número Anexo III – Prestadores de Serviços
de meses compreendido entre o início da atividade e o final do res-
pectivo ano-calendário, consideradas as frações de meses como um Quanto descontar
Receita Bruta Total em 12
mês inteiro. Alíquota do valor reco-
meses
A partir de 01/01/2018, os limites proporcionais para ME e EPP lhido
serão, respectivamente, de R$ 30.000,00 e de R$ 400.000,00 mul- Até R$ 180.000,00 6% 0
tiplicados pelo número de meses compreendido entre o início da
De 180.000,01 a 360.000,00 11,20% R$ 9.360,00
atividade e o final do respectivo ano-calendário, consideradas as
frações de meses como um mês inteiro. De 360.000,01 a 720.000,00 13,50% R$ 17.640,00
O Simples Nacional implica o recolhimento mensal, mediante De 720.000,01 a 1.800.000,00 16% R$ 35.640,00
documento único de arrecadação, dos seguintes tributos:
• Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ); De 1.800.000,01 a
21% R$ 125.640,00
• Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI); 3.600.000,00
• Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL); De 3.600.000,01 a
33% R$ 648.000,00
• Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (CO- 4.800.000,00
FINS);
• Contribuição para o PIS/Pasep;
• Contribuição Patronal Previdenciária (CPP);
LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA
• Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercado-
rias e Sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e
Intermunicipal e de Comunicação (ICMS);
Legislação Tributária
• Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS). O art. 96, CTN define, de forma não exaustiva, a amplitude da
Abaixo Tabela de Cálculo do Simples Nacional – 2018. expressão legislação tributária.
Anexo I – Empresas de Comércio9
Como o rol não é exaustivo pode-se concluir que todas as
normas que versem sobre as relações jurídico-tributárias e sobre
Quanto descon-
Receita Bruta Total em 12 tributos integram a legislação tributária, inclusive os convênios, as
Alíquota tar do valor reco-
meses decisões administrativas, etc.
lhido
Até R$ 180.000,00 4% 0 A Constituição Federal traz as normas que disciplinam o Direito
Tributário como um todo. É ela que dá as permissões para a o ente
instituir o tributo, define fatos geradores, entre outros. A Constitui-
9 https://blog.sage.com.br/simples-nacional-2018-confira- ção reserva matérias para a Lei complementar e traça regras para
-as-novas-tabelas-e-limites proteção do contribuinte.
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a solução para o seu concurso!
DIREITO TRIBUTÁRIO
Como dito, a própria Constituição determina que algumas ma- § 1º - Não serão objeto de delegação os atos de competência
térias somente poderão ser veiculadas por meio de Lei Comple- exclusiva do Congresso Nacional, os de competência privativa da
mentar, trata-se de hipótese de reserva legal. Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a matéria reservada
à lei complementar, nem a legislação sobre:
Art. 146. Cabe à lei complementar:
I - organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a
I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, carreira e a garantia de seus membros;
entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
II - nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e
II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar;
eleitorais;
III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tribu- III - planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos.
tária, especialmente sobre: § 2º - A delegação ao Presidente da República terá a forma de
a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em rela- resolução do Congresso Nacional, que especificará seu conteúdo e
ção aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos respecti- os termos de seu exercício.
vos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes;
b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tri- § 3º - Se a resolução determinar a apreciação do projeto pelo
butários; Congresso Nacional, este a fará em votação única, vedada qualquer
emenda.
c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo pratica-
do pelas sociedades cooperativas. O art. 62 da Constituição trata do uso de Medida Provisória e
estabelece algumas limitações. A primeira é que somente pode ser
d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as editada em caso de relevância e urgência. Também não se pode
microempresas e para as empresas de pequeno porte, inclusive re- legislar, por esse meio, matéria reservada à Lei Complementar. Ve-
gimes especiais ou simplificados no caso do imposto previsto no art. ja-se o texto constitucional:
155, II, das contribuições previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13, e da
contribuição a que se refere o art. 239 Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da Re-
Parágrafo único. A lei complementar de que trata o inciso III, pública poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, deven-
d, também poderá instituir um regime único de arrecadação dos do submetê-las de imediato ao Congresso Nacional
impostos e contribuições da União, dos Estados, do Distrito Federal § 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:
e dos Municípios, observado que: I – relativa a:
I - será opcional para o contribuinte; a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políti-
II - poderão ser estabelecidas condições de enquadramento di- cos e direito eleitoral;
ferenciadas por Estado; b) direito penal, processual penal e processual civil;
III - o recolhimento será unificado e centralizado e a distribuição c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a
da parcela de recursos pertencentes aos respectivos entes federa- carreira e a garantia de seus membros;
dos será imediata, vedada qualquer retenção ou condicionamento;
d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e
IV - a arrecadação, a fiscalização e a cobrança poderão ser créditos adicionais e suplementares, ressalvado o previsto no art.
compartilhadas pelos entes federados, adotado cadastro nacional 167, § 3º;
único de contribuintes.
II – que vise a detenção ou sequestro de bens, de poupança
Art. 146-A. Lei complementar poderá estabelecer critérios es- popular ou qualquer outro ativo financeiro;
peciais de tributação, com o objetivo de prevenir desequilíbrios da
concorrência, sem prejuízo da competência de a União, por lei, esta- III – reservada a lei complementar;
belecer normas de igual objetivo. IV – já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso
Nacional e pendente de sanção ou veto do Presidente da República.
As matérias que aqui estão descritas somente podem veicular § 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração
por Lei complementar, contudo, a regra no ordenamento jurídico- de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II,
-tributário é a Lei Ordinária. só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido
A lei ordinária é a espécie normativa mais comum. Em Direito convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada.
Tributário ela é a regra, visto que, devido ao princípio da legalidade, § 3º As medidas provisórias, ressalvado o disposto nos §§ 11
somente a lei em sentido estrito pode instituir e aumentar tributos. e 12 perderão eficácia, desde a edição, se não forem convertidas
O art. 97 fala em lei que deve ser interpretada com lei em sen- em lei no prazo de sessenta dias, prorrogável, nos termos do § 7º,
tido estrito, ou seja, aquela que tem força normativa suficiente para uma vez por igual período, devendo o Congresso Nacional discipli-
inovar o ordenamento jurídico. nar, por decreto legislativo, as relações jurídicas delas decorrentes.
Entende-se por lei em sentido estrito a Lei Ordinária, a Lei Com- § 4º O prazo a que se refere o § 3º contar-se-á da publicação da
plementar e a Medida Provisória. medida provisória, suspendendo-se durante os períodos de recesso
do Congresso Nacional.
A Constituição Federal prevê a possibilidade de o Presidente da § 5º A deliberação de cada uma das Casas do Congresso Na-
República legislar por meio de Lei Delegada, desde que haja autori- cional sobre o mérito das medidas provisórias dependerá de juízo
zação parlamentar, nos moldes do art. 68, CF: prévio sobre o atendimento de seus pressupostos constitucionais.
§ 6º Se a medida provisória não for apreciada em até quarenta
Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da
e cinco dias contados de sua publicação, entrará em regime de ur-
República, que deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacional.
gência, subsequentemente, em cada uma das Casas do Congresso
Nacional, ficando sobrestadas, até que se ultime a votação, todas as
demais deliberações legislativas da Casa em que estiver tramitando.

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a solução para o seu concurso!
DIREITO TRIBUTÁRIO
§ 7º Prorrogar-se-á uma única vez por igual período a vigência Em regra, as decisões administrativas tem efeito somente entre
de medida provisória que, no prazo de sessenta dias, contado de as partes porém, é possível ao ente político, por meio de lei, confe-
sua publicação, não tiver a sua votação encerrada nas duas Casas rir força normativa para essas decisões, quando então, ela vinculará
do Congresso Nacional. a Administração.
§ 8º As medidas provisórias terão sua votação iniciada na Câ- Práticas Reiteradamente Observadas pelas Autoridades Admi-
mara dos Deputados. nistrativas: essas práticas configuram os usos e costumes e somente
§ 9º Caberá à comissão mista de Deputados e Senadores exa- podem ser utilizadas quando meramente interpretativas.
minar as medidas provisórias e sobre elas emitir parecer, antes de
Convênios que Entre Si Venham a Celebrar a União, os Estados,
serem apreciadas, em sessão separada, pelo plenário de cada uma
o Distrito Federal e os Municípios: podem os entes políticos cele-
das Casas do Congresso Nacional.
brar convênios de mútua colaboração visando a melhor administra-
§ 10. É vedada a reedição, na mesma sessão legislativa, de me-
ção dos tributos que a eles competem. Uma vez celebrados esses
dida provisória que tenha sido rejeitada ou que tenha perdido sua
convênios passam a vincular os entes que dele fazem parte.
eficácia por decurso de prazo.
§ 11. Não editado o decreto legislativo a que se refere o § 3º
Abaixo os dispositivos do Código Tributário Nacional sobre o
até sessenta dias após a rejeição ou perda de eficácia de medida
assunto:
provisória, as relações jurídicas constituídas e decorrentes de atos
praticados durante sua vigência conservar-se-ão por ela regidas. TÍTULO I
LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA
§ 12. Aprovado projeto de lei de conversão alterando o texto
CAPÍTULO I
original da medida provisória, esta manter-se-á integralmente em
vigor até que seja sancionado ou vetado o projeto. DISPOSIÇÕES GERAIS
SEÇÃO I
Os Tratados Internacionais são acordos feitos por Nações ou
organismos internacionais e, justamente por isso, produzem efei- DISPOSIÇÃO PRELIMINAR
tos jurídicos. Somente o Presidente da República, representante
Art. 96. A expressão “legislação tributária” compreende as leis,
do Estado brasileiro, pode firmá-los, contudo, cabe ao Congresso
os tratados e as convenções internacionais, os decretos e as normas
Nacional, referendá-los, ou seja, aprova-los por meio de decreto le-
complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e
gislativo para que produza efeitos.
relações jurídicas a eles pertinentes.
Os Decretos somente podem disciplinar a forma de cumpri-
mento da lei que regulam. Seu fundamento de validade é justamen-
SEÇÃO II
te essa lei. Bem por isso, que seu conteúdo e alcance restringem-se
ao dessas leis. LEIS, TRATADOS E CONVENÇÕES INTERNACIONAIS E DECRE-
Os decretos são de competência do Presidente da República TOS
ou do Poder Legislativo, hipótese em que é chamado de Decreto Art. 97. Somente a lei pode estabelecer:
Legislativo. As Resoluções são espécies normativas de competên-
cia privativa da Câmara dos Deputados, do Senado e do Congresso I - a instituição de tributos, ou a sua extinção;
Nacional. II - a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o dis-
posto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65;
O art. 100 do CTN define as normas complementares, vejamos III - a definição do fato gerador da obrigação tributária princi-
cada uma delas pal, ressalvado o disposto no inciso I do § 3º do artigo 52, e do seu
Atos Normativos Expedidos pelas Autoridades Administrativas: sujeito passivo;
Ricardo Alexandre10 assim os define: “são normas editadas pelos IV - a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo,
servidores da administração tributária e visam a detalhar a aplica- ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65;
ção das normas que complementam” [...] “Para orientar a execução
das atividades afetas à administração tributária federal, cada uma V - a cominação de penalidades para as ações ou omissões con-
dessas autoridades possui competência para expedir atos gerais e trárias a seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas;
abstratos (normativos). Tais atos também são hierarquicamente or- VI - as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos
ganizados, de forma que o posicionamento de determinada autori- tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades.
dade administrativa em determinado ponto da escala hierárquica § 1º Equipara-se à majoração do tributo a modificação da sua
da instituição terá como consectário posicionamento semelhante base de cálculo, que importe em torná-lo mais oneroso.
das normas editadas por esta autoridade, quando comparadas com
as normas emanadas das demais autoridades da mesma esfera ad- § 2º Não constitui majoração de tributo, para os fins do dis-
ministrativa”. posto no inciso II deste artigo, a atualização do valor monetário da
respectiva base de cálculo.
Decisões dos Órgãos Singulares ou Coletivos de Jurisdição Ad-
ministrativa, a qual a Lei Atribua Eficácia Normativa: nenhum cida- Art. 98. Os tratados e as convenções internacionais revogam ou
dão é obrigado a concordar com as pretensões do Fisco, justamente modificam a legislação tributária interna, e serão observados pela
por isso é assegurado o direito de se insurgir contra as mesmas. A que lhes sobrevenha.
Constituição Federal prega a ampla defesa e o contraditório. Art. 99. O conteúdo e o alcance dos decretos restringem-se aos
O cidadão pode se insurgir pela via judicial ou pela via adminis- das leis em função das quais sejam expedidos, determinados com
trativa. Assim, os entes são obrigados a instituir órgãos administra- observância das regras de interpretação estabelecidas nesta Lei.
tivos para tal finalidade. Esses podem ser singulares ou colegiados,
quando composto por mais de um julgador.
10 ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário Esquematizado.
São Paulo: Método, 2014.
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a solução para o seu concurso!
DIREITO TRIBUTÁRIO
SEÇÃO III Art. 104. Entram em vigor no primeiro dia do exercício seguinte
NORMAS COMPLEMENTARES àquele em que ocorra a sua publicação os dispositivos de lei, refe-
rentes a impostos sobre o patrimônio ou a renda:
Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e I - que instituem ou majoram tais impostos;
das convenções internacionais e dos decretos:
II - que definem novas hipóteses de incidência;
I - os atos normativos expedidos pelas autoridades administra-
tivas; III - que extinguem ou reduzem isenções, salvo se a lei dispuser
de maneira mais favorável ao contribuinte, e observado o disposto
II - as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição no artigo 178.
administrativa, a que a lei atribua eficácia normativa;
III - as práticas reiteradamente observadas pelas autoridades Aplicação da Legislação Tributária
administrativas;
Quanto à Aplicação da Legislação Tributária, a regra contida no
IV - os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o art. 105 do CTN trata da irretroatividade da lei tributária, ou seja, a
Distrito Federal e os Municípios. lei não se aplica a fatos passados, somente a fatos futuros (que ain-
Parágrafo único. A observância das normas referidas neste ar- da não aconteceram) e a fatos pendentes (ainda não concluídos).
tigo exclui a imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora Estes, podem ser sintetizados em11:
e a atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo. Fatos Geradores não consumados → aplicação imediata;
Fatos Geradores pendentes → aplicação imediata;
(.)
Fatos Geradores consumados → a lei nova não se aplica.
VIGÊNCIA DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA. APLICAÇÃO DA O art. 106 do CTN traz exceções à regra do art. 105, ou seja,
LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA. INTERPRETAÇÃO E INTEGRA- casos em que a lei tributária se aplica a fatos passados. Esse dispo-
ÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA sitivo deve ser interpretado em conjunto com o art. 105, III, “a” da
Constituição, que veda a aplicação da lei tributária a fatos geradores
ocorridos antes de sua vigência quando ela instituir ou aumentar
Vigência da Legislação Tributária tributo.
A Vigência da Legislação Tributária pode ser de duas espécies. A Aplicação da Legislação Tributária tem previsão legal no CTN,
Em se tratando de vigência espacial, a regra é a territorialidade, as- nos Artigos 105 e 106. Vejamos:
sim, a lei de cada ente vigora em seu respectivo território.
Essa regra tem exceção prevista no art. 102, CTN, que são os CAPÍTULO III
convênios de cooperação e as normas gerais da União. APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA
Já a vigência temporal é determinada no próprio corpo da lei,
assim, a lei deve conter previsão de quando entrará em vigor, con-
Art. 105. A legislação tributária aplica-se imediatamente aos
tudo, em sua ausência aplica-se a regra contida na Lei de Introdução
fatos geradores futuros e aos pendentes, assim entendidos aqueles
ao Código Civil, que é de 45 dias. Há que se observar as regras espe-
cuja ocorrência tenha tido início mas não esteja completa nos ter-
cíficas contidas no art. 103 e 104.
mos do artigo 116.
A Vigência da Legislação Tributária tem previsão legal no CTN, Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:
dos Artigos 101 a 104. Vejamos: I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretati-
va, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos
CAPÍTULO II interpretados;
VIGÊNCIA DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA II - tratando-se de ato não definitivamente julgado:
a) quando deixe de defini-lo como infração;
Art. 101. A vigência, no espaço e no tempo, da legislação tribu- b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigên-
tária rege-se pelas disposições legais aplicáveis às normas jurídicas cia de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não
em geral, ressalvado o previsto neste Capítulo. tenha implicado em falta de pagamento de tributo;
Art. 102. A legislação tributária dos Estados, do Distrito Federal c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista
e dos Municípios vigora, no País, fora dos respectivos territórios, nos na lei vigente ao tempo da sua prática.
limites em que lhe reconheçam extraterritorialidade os convênios
de que participem, ou do que disponham esta ou outras leis de nor- Interpretação da Legislação Tributária
mas gerais expedidas pela União.
Art. 103. Salvo disposição em contrário, entram em vigor: A interpretação da lei é o trabalho investigativo que procura
traduzir seu pensamento, sua dicção e seu sentido. É o ato intelec-
I - os atos administrativos a que se refere o inciso I do artigo tual de decifrar o pensamento do legislador, perquirindo a razão
100, na data da sua publicação; que animou suas ideias quando confeccionou aquele instrumento
II - as decisões a que se refere o inciso II do artigo 100, quanto normativo12.
a seus efeitos normativos, 30 (trinta) dias após a data da sua publi-
cação;
III - os convênios a que se refere o inciso IV do artigo 100, na
data neles prevista. 11 ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário Esquematizado. São
Paulo: Método, 2014.
12 SABBAG, Eduardo. Manual de Direito Tributário. São Paulo:
Saraiva, 2014.
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a solução para o seu concurso!
DIREITO TRIBUTÁRIO
Faz-se a interpretação, um mecanismo de tradução da mens Art. 112. A lei tributária que define infrações, ou lhe comina
legislatoris13, em palavras conclusivas de um raciocínio querido e, penalidades, interpreta-se da maneira mais favorável ao acusado,
agora, a decifrar. Assim, interpretar a lei é compreendê-la diante em caso de dúvida quanto:
da pletora de significações possíveis que pressupõe, determinando, I - à capitulação legal do fato;
com exatidão, seu verdadeiro desígnio, ao demarcar os casos todos II - à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natu-
a que se estende sua aplicação. reza ou extensão dos seus efeitos;
O art. 111 do CTN determina que alguns assuntos sejam inter- III - à autoria, imputabilidade, ou punibilidade;
pretados literalmente, ou seja, sem ampliações. Já o art. 112 do
mesmo diploma legal, prega a interpretação mais favorável em caso IV - à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação.
de dúvida.
OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA PRINCIPAL E ACESSÓRIA. FATO
Assim, em havendo dúvidas quanto à aplicação da lei, ela deve GERADOR DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA. SUJEIÇÃO ATIVA E
ser aplicada de forma mais benéfica para o contribuinte. PASSIVA. SOLIDARIEDADE. CAPACIDADE TRIBUTÁRIA. DO-
Integração da Legislação Tributária MICÍLIO TRIBUTÁRIO. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA.
CONCEITO. RESPONSABILIDADE DOS SUCESSORES. RES-
A integração da Legislação Tributária ocorre nos casos de lacu- PONSABILIDADE DE TERCEIROS. RESPONSABILIDADE
nas da lei, quando o aplicador deverá preenchê-la utilizando-se dos POR INFRAÇÕES
elementos previstos no art. 108, CTN.
A Interpretação e Integração da Legislação Tributária tem previ-
são legal no CTN, dos Artigos 107 a 112. Vejamos: Definição e natureza jurídica
A obrigação tributária nasce com a ocorrência do fato gerador.
CAPÍTULO IV Assim, quando o sujeito realiza o comportamento descrito na lei
INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA como fato gerador de um tributo, surge entre ele e o Estado um
vínculo jurídico subjetivo que é chamado de obrigação tributária.
Art. 107. A legislação tributária será interpretada conforme o O fato gerador é, portanto, o elemento nuclear da obrigação
disposto neste Capítulo. tributária ou sua própria natureza jurídica, sem o qual não há que
Art. 108. Na ausência de disposição expressa, a autoridade se falar em obrigação.
competente para aplicar a legislação tributária utilizará sucessiva-
Obrigação principal e acessória
mente, na ordem indicada:
De acordo com o CTN, a obrigação tributária pode ser principal
I - a analogia; ou acessória.
II - os princípios gerais de direito tributário; A obrigação principal é aquela que envolve um pagamento em
III - os princípios gerais de direito público; dinheiro, por isso surge com o fato gerador. É a chamada obrigação
de dar.
IV - a equidade.
Já a obrigação acessória pode ser traduzida como a obrigação
§ 1º O emprego da analogia não poderá resultar na exigência
de fazer, não fazer ou tolerar que se faça.
de tributo não previsto em lei.
Ambas as obrigações decorrem da lei, não sendo necessária a
§ 2º O emprego da equidade não poderá resultar na dispensa vontade do sujeito. Logo, se eu compro uma casa em zona urbana,
do pagamento de tributo devido. realizo o fato gerador do IPTU, portanto, surge a obrigação de pagar
o referido tributo (obrigação principal).
Art. 109. Os princípios gerais de direito privado utilizam-se para Diferentemente do Direito Civil a obrigação acessória não se-
pesquisa da definição, do conteúdo e do alcance de seus institutos, gue a principal. Verdadeiramente elas não guardam relação entre
conceitos e formas, mas não para definição dos respectivos efeitos si, podendo uma existir sem a outra, porém, o descumprimento da
tributários. obrigação acessória faz nascer uma obrigação principal.
Art. 110. A lei tributária não pode alterar a definição, o conte- Matéria referente à Obrigação Tributária está prevista no Art.
údo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, 113 do CTN:
utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória.
pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distri- § 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gera-
to Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências dor, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniá-
tributárias. ria e extingue-se juntamente com o crédito dela decorrente.
Art. 111. Interpreta-se literalmente a legislação tributária que § 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e
disponha sobre: tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas
no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos.
I - suspensão ou exclusão do crédito tributário;
II - outorga de isenção; § 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobser-
III - dispensa do cumprimento de obrigações tributárias aces- vância, converte-se em obrigação principal relativamente à penali-
sórias. dade pecuniária.
13 Pela mens legislatoris, o mesmo legislador pode criar uma Fato gerador
nova lei, alterar ou ampliar a existente, desprezando até mesmo sua Fato Gerador consiste no evento descrito na lei, de caráter abs-
literalidade, mas imbuído da intenção de alcançar realmente os va- trato, que, quando ocorre em concreto, faz surgir uma obrigação
lores que a lei pretende proteger. Opera, pois, como um renovador tributária.
com a intenção de rejuvenescer e fecundar a forma existente para
integrá-la à realidade social.
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a solução para o seu concurso!
DIREITO TRIBUTÁRIO
O Fato Gerador possui previsão legal nos Artigos 114 a 118 do O Sujeito passivo da obrigação tributária é a pessoa obrigada
CTN: ao cumprimento da obrigação principal e acessória. Tais obrigações
têm como objeto o dever de dar, ou seja, realizar o pagamento de
CAPÍTULO II determinado tributo ou penalidade pecuniária, fazer ou deixar de
FATO GERADOR fazer.

Matéria referente ao Sujeito passivo encontra-se no CTN dos


Art. 114. Fato gerador da obrigação principal é a situação defi- Artigos 121 a 123:
nida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência.
Art. 115. Fato gerador da obrigação acessória é qualquer si- CAPÍTULO IV
tuação que, na forma da legislação aplicável, impõe a prática ou a SUJEITO PASSIVO
abstenção de ato que não configure obrigação principal.
SEÇÃO I
Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considera-se DISPOSIÇÕES GERAIS
ocorrido o fato gerador e existentes os seus efeitos:
I - tratando-se de situação de fato, desde o momento em que o Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obri-
se verifiquem as circunstâncias materiais necessárias a que produza gada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária.
os efeitos que normalmente lhe são próprios;
Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz-
II - tratando-se de situação jurídica, desde o momento em que -se:
esteja definitivamente constituída, nos termos de direito aplicável.
I - contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a
Parágrafo único. A autoridade administrativa poderá descon- situação que constitua o respectivo fato gerador;
siderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de
II - responsável, quando, sem revestir a condição de contribuin-
dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza
te, sua obrigação decorra de disposição expressa de lei.
dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os
procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária. Art. 122. Sujeito passivo da obrigação acessória é a pessoa
obrigada às prestações que constituam o seu objeto.
Art. 117. Para os efeitos do inciso II do artigo anterior e salvo
disposição de lei em contrário, os atos ou negócios jurídicos condi- Art. 123. Salvo disposições de lei em contrário, as convenções
cionais reputam-se perfeitos e acabados: particulares, relativas à responsabilidade pelo pagamento de tri-
butos, não podem ser opostas à Fazenda Pública, para modificar a
I - sendo suspensiva a condição, desde o momento de seu im-
definição legal do sujeito passivo das obrigações tributárias corres-
plemento;
pondentes.
II - sendo resolutória a condição, desde o momento da prática
do ato ou da celebração do negócio. Solidariedade
A solidariedade tem contornos próprios no Direito Tributário.
Art. 118. A definição legal do fato gerador é interpretada abs-
Difere da solidariedade do Direito Civil, pois aqui somente cabe a
traindo-se:
solidariedade passiva e não existe a figura da solidariedade consen-
I - da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos sual, logo somente a lei pode determiná-la.
contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do Há dois casos de solidariedade previstas no CTN, vejamos:
seu objeto ou dos seus efeitos;
Art. 124. São solidariamente obrigadas:
II - dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos.
I - as pessoas que tenham interesse comum na situação que
Sujeito ativo constitua o fato gerador da obrigação principal;
II - as pessoas expressamente designadas por lei.
O Sujeito ativo da obrigação tributária é a pessoa jurídica de
direito público, titular da competência para exigir o seu cumprimen- Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não com-
to. porta benefício de ordem.

O CTN traz a previsão legal do sujeito ativo dos Artigos 119 a O primeiro caso é a chamada solidariedade natural e não pre-
120: cisa de lei específica para sua ocorrência. Já no segundo caso a lei
determina quem será solidário independente de esse ter ou não
CAPÍTULO III interesse comum na situação que constitui o fato gerador.
SUJEITO ATIVO Os efeitos da solidariedade vêm descritos no art. 125 do CTN:
Art. 125. Salvo disposição de lei em contrário, são os seguintes
Art. 119. Sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurídica de direi-
os efeitos da solidariedade:
to público, titular da competência para exigir o seu cumprimento.
I - o pagamento efetuado por um dos obrigados aproveita aos
Art. 120. Salvo disposição de lei em contrário, a pessoa jurídica
demais;
de direito público, que se constituir pelo desmembramento territo-
rial de outra, subroga-se nos direitos desta, cuja legislação tributá- II - a isenção ou remissão de crédito exonera todos os obriga-
ria aplicará até que entre em vigor a sua própria. dos, salvo se outorgada pessoalmente a um deles, subsistindo, nes-
se caso, a solidariedade quanto aos demais pelo saldo;
Sujeito passivo
III - a interrupção da prescrição, em favor ou contra um dos
obrigados, favorece ou prejudica aos demais.

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a solução para o seu concurso!
DIREITO TRIBUTÁRIO
Alguns benefícios fiscais podem ser concedidos de forma sub- Não sendo possível a aplicação dessas regras ou sendo o do-
jetiva, ou seja, considerando as características pessoais do sujeito. micílio eleito recusado pela autoridade administrativa, aplica-se a
Nessa hipótese, a pessoa para se beneficiar deve comprovar satisfa- regra do § 1º. Assim:
zer tais condições. É o que acontece, por exemplo, com as isenções a) se o sujeito elegeu seu domicílio e esse não foi recusado:
para as pessoas portadoras de necessidades especiais. esse será seu domicílio;
Se tratando de efeito de solidariedade, se a isenção (dispensa b) em não havendo eleição: aplica-se as regras dos incisos do
legal do pagamento) ou a remissão (perdão) forem concedidas ob- art. 127;
jetivamente, beneficia a todos os devedores solidários, porém se
forem concedidas de forma subjetiva, somente beneficiará aquele c) se as regras dos incisos não forem suficientes ou se a autori-
devedor que comprovar o cumprimento dos requisitos legais. dade administrativa recusar o domicílio eleito: aplica-se o § 1°.

Sendo um dos devedores solidários beneficiado pela isenção Responsabilidade tributária


ou pela remissão, a obrigação tributária subsistirá em relação aos
A responsabilidade tributária é a obrigação legal, assumida
demais, porém deve-se descontar a parte do isento ou remido.
pelo sujeito passivo da relação jurídico-tributária, não diretamente
beneficiado pelo ato praticado, perante o fisco, de pagar o tributo
Capacidade tributária
ou a penalidade pecuniária. O polo passivo da obrigação tributária
A Capacidade Tributária é a aptidão para realizar o fato gerador é composto pelo contribuinte ou pelo responsável.
e ocupar o polo passivo da relação jurídico-tributária. Não guarda O Contribuinte é a pessoa que possui relação direta e pessoal
relação com a capacidade civil, sendo bem mais ampla, veja-se o com o fato gerador, ou seja, que o realiza. Já o responsável é aquele
Art. 126 do CTN a respeito: que, sem revestir a condição de contribuinte, vale dizer, sem ter
Art. 126. A capacidade tributária passiva independe: relação pessoal e direta com o fato gerador respectivo, tem seu vín-
culo com a obrigação decorrente de dispositivo expresso em lei.
I - da capacidade civil das pessoas naturais; Assim, a lei pode, ao atribuir a alguém a responsabilidade tri-
II - de achar-se a pessoa natural sujeita a medidas que impor- butária, liberar o contribuinte; mas pode também atribuir apenas
tem privação ou limitação do exercício de atividades civis, comer- supletiva, isto é, sem liberar o contribuinte; e tanto pode ser total,
ciais ou profissionais, ou da administração direta de seus bens ou como poder ser apenas parcial. Portanto, para haver responsabili-
negócios; dade tributária é preciso dois requisitos: lei e vinculação com o fato
III - de estar a pessoa jurídica regularmente constituída, bastan- gerador.
do que configure uma unidade econômica ou profissional.
O art. 128 do CTN traça as regras gerais sobre responsabilidade
tributária:
Vê-se que, para o Direito Tributário não importa a idade da pes-
soa, nem sua condição mental ou regularidade jurídica, realizando
o fato gerador, a pessoa física ou jurídica torna-se sujeito passivo da CAPÍTULO V
obrigação tributária. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA
SEÇÃO I
Domicílio tributário
DISPOSIÇÃO GERAL
O Domicílio Tributário é o local para onde o Fisco envia suas no-
tificações, determina a repartição competente para o recolhimento
do tributo e onde a pessoa será juridicamente demandada. Art. 128. Sem prejuízo do disposto neste capítulo, a lei pode
O CTN traça as regras no art. 127, leia-se: atribuir de modo expresso a responsabilidade pelo crédito tributário
a terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da respectiva obriga-
Art. 127. Na falta de eleição, pelo contribuinte ou responsável, ção, excluindo a responsabilidade do contribuinte ou atribuindo-a a
de domicílio tributário, na forma da legislação aplicável, considera- este em caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da refe-
-se como tal: rida obrigação.
I - quanto às pessoas naturais, a sua residência habitual, ou,
sendo esta incerta ou desconhecida, o centro habitual de sua ati- • Modalidades de Responsabilidade Tributária
vidade;
A doutrina classifica a responsabilidade tributária em: por
II - quanto às pessoas jurídicas de direito privado ou às firmas substituição e por transferência. Essa última é subdividida em: por
individuais, o lugar da sua sede, ou, em relação aos atos ou fatos sucessão (arts. 130 a 133, CTN), por solidariedade (art. 124, CTN) e
que derem origem à obrigação, o de cada estabelecimento; de terceiros (art. 134, CTN).
III - quanto às pessoas jurídicas de direito público, qualquer de
suas repartições no território da entidade tributante. O CTN divide as hipóteses de responsabilidade em: responsa-
§ 1º Quando não couber a aplicação das regras fixadas em qual- bilidade dos sucessores (arts. 129 a 133), responsabilidade de ter-
quer dos incisos deste artigo, considerar-se-á como domicílio tribu- ceiros (arts. 133 e 134) e responsabilidade por infrações (arts 136
tário do contribuinte ou responsável o lugar da situação dos bens a 138).
ou da ocorrência dos atos ou fatos que deram origem à obrigação.
Responsabilidade dos sucessores
§ 2º A autoridade administrativa pode recusar o domicílio elei-
to, quando impossibilite ou dificulte a arrecadação ou a fiscalização De acordo com o art. 129 do CTN, define-se a regra quanto ao
do tributo, aplicando-se então a regra do parágrafo anterior. marco temporal da transferência da responsabilidade. Percebe-se
assim, que o marco é a data da ocorrência dos eventos que a lei
A regra é que o contribuinte eleja seu domicílio tributário, caso definiu como aptos a gerar a sucessão.
não o faça aplicam-se as regras dos incisos acima.

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a solução para o seu concurso!
DIREITO TRIBUTÁRIO
A responsabilidade do sucessor é modalidade da responsabi- II – parente, em linha reta ou colateral até o 4o (quarto) grau,
lidade por transferência. Vejamos as disposições legais sobre o as- consanguíneo ou afim, do devedor falido ou em recuperação judi-
sunto: cial ou de qualquer de seus sócios; ou
III – identificado como agente do falido ou do devedor em re-
SEÇÃO II cuperação judicial com o objetivo de fraudar a sucessão tributária.
RESPONSABILIDADE DOS SUCESSORES § 3º Em processo da falência, o produto da alienação judicial de
empresa, filial ou unidade produtiva isolada permanecerá em conta
Art. 129. O disposto nesta Seção aplica-se por igual aos créditos de depósito à disposição do juízo de falência pelo prazo de 1 (um)
tributários definitivamente constituídos ou em curso de constituição ano, contado da data de alienação, somente podendo ser utilizado
à data dos atos nela referidos, e aos constituídos posteriormente para o pagamento de créditos extraconcursais ou de créditos que
aos mesmos atos, desde que relativos a obrigações tributárias sur- preferem ao tributário.
gidas até a referida data.
Responsabilidade de terceiros
Art. 130. Os créditos tributários relativos a impostos cujo fato
gerador seja a propriedade, o domínio útil ou a posse de bens imó- O CTN trata dessa temática em dois dispositivos que diferen-
veis, e bem assim os relativos a taxas pela prestação de serviços ciam-se pelo tipo de atuação do terceiro. No art. 134 a atuação é
referentes a tais bens, ou a contribuições de melhoria, subrogam-se regular, ou seja, sem afronta à lei, ao contrato social ou aos estatu-
na pessoa dos respectivos adquirentes, salvo quando conste do títu- tos, já no art. 135 a atuação é irregular. Veja-se:
lo a prova de sua quitação.
Parágrafo único. No caso de arrematação em hasta pública, a SEÇÃO III
sub-rogação ocorre sobre o respectivo preço. RESPONSABILIDADE DE TERCEIROS
Art. 131. São pessoalmente responsáveis:
I - o adquirente ou remitente, pelos tributos relativos aos bens Art. 134. Nos casos de impossibilidade de exigência do cumpri-
adquiridos ou remidos; mento da obrigação principal pelo contribuinte, respondem solida-
riamente com este nos atos em que intervierem ou pelas omissões
II - o sucessor a qualquer título e o cônjuge meeiro, pelos tri-
de que forem responsáveis:
butos devidos pelo de cujus até a data da partilha ou adjudicação,
limitada esta responsabilidade ao montante do quinhão do legado I - os pais, pelos tributos devidos por seus filhos menores;
ou da meação; II - os tutores e curadores, pelos tributos devidos por seus tute-
III - o espólio, pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da lados ou curatelados;
abertura da sucessão. III - os administradores de bens de terceiros, pelos tributos de-
Art. 132. A pessoa jurídica de direito privado que resultar de fu- vidos por estes;
são, transformação ou incorporação de outra ou em outra é respon- IV - o inventariante, pelos tributos devidos pelo espólio;
sável pelos tributos devidos até à data do ato pelas pessoas jurídi- V - o síndico e o comissário, pelos tributos devidos pela massa
cas de direito privado fusionadas, transformadas ou incorporadas. falida ou pelo concordatário;
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se aos casos de VI - os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício, pe-
extinção de pessoas jurídicas de direito privado, quando a explo- los tributos devidos sobre os atos praticados por eles, ou perante
ração da respectiva atividade seja continuada por qualquer sócio eles, em razão do seu ofício;
remanescente, ou seu espólio, sob a mesma ou outra razão social,
VII - os sócios, no caso de liquidação de sociedade de pessoas.
ou sob firma individual.
Parágrafo único. O disposto neste artigo só se aplica, em maté-
Art. 133. A pessoa natural ou jurídica de direito privado que
ria de penalidades, às de caráter moratório.
adquirir de outra, por qualquer título, fundo de comércio ou esta-
belecimento comercial, industrial ou profissional, e continuar a res- Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos corres-
pectiva exploração, sob a mesma ou outra razão social ou sob firma pondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados
ou nome individual, responde pelos tributos, relativos ao fundo ou com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou esta-
estabelecimento adquirido, devidos até à data do ato: tutos:
I - integralmente, se o alienante cessar a exploração do comér- I - as pessoas referidas no artigo anterior;
cio, indústria ou atividade; II - os mandatários, prepostos e empregados;
II - subsidiariamente com o alienante, se este prosseguir na ex- III - os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídi-
ploração ou iniciar dentro de seis meses a contar da data da alie- cas de direito privado.
nação, nova atividade no mesmo ou em outro ramo de comércio,
indústria ou profissão. Responsabilidade por infrações
§ 1º O disposto no caput deste artigo não se aplica na hipótese A responsabilidade por infrações em Direito Tributário inde-
de alienação judicial: pende da intenção do agente, é o que se chama de responsabili-
I – em processo de falência; dade objetiva, porém, em alguns casos o dolo serve como agrava-
II – de filial ou unidade produtiva isolada, em processo de recu- dor da punição. Frise-se que a responsabilidade objetiva é a regra,
peração judicial. contudo, é possível que a lei imponha a responsabilidade subjetiva,
§ 2º Não se aplica o disposto no § 1o deste artigo quando o basta que isso fique expresso.
adquirente for: O termo responsável deve ser entendido em sentido amplo,
visto que a pessoa responsável pela infração é aquela que a come-
I – sócio da sociedade falida ou em recuperação judicial, ou so- teu e que, portanto, deve sofrer a punição.
ciedade controlada pelo devedor falido ou em recuperação judicial;

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a solução para o seu concurso!
DIREITO TRIBUTÁRIO
A penalidade mais comum em Direito Tributário é a multa, mas, Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espon-
nos casos de alguns tributos como o imposto de importação e o im- tânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do
posto de exportação, é possível a aplicação da pena de perdimento tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância
e a proibição de gozo de regimes especiais de tributação. Como se arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do
trata de infração aplica-se o princípio do “in dubio pro reo”, ou seja, tributo dependa de apuração.
em caso de dúvida sobre a caracterização ou não da sonegação, da Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia
fraude ou do conluio, o contribuinte deve ser punido com a multa apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo
mais amena. ou medida de fiscalização, relacionados com a infração.
A regra básica é que as consequências do ato ilícito sejam su-
portadas por aquele que o praticou, logo, em regra, a punição deve
atingir direta e exclusivamente a pessoa física ou jurídica que violou
CRÉDITO TRIBUTÁRIO. CONCEITO. CONSTITUIÇÃO DO CRÉ-
o ordenamento jurídico. Contudo, o art. 137 do CTN traz hipóteses
DITO TRIBUTÁRIO. LANÇAMENTO. MODALIDADES DE LAN-
que o agente que praticou o ato em nome da pessoa jurídica, seja
ÇAMENTO. HIPÓTESES DE ALTERAÇÃO DO LANÇAMENTO.
responsabilizado.
SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO.
Assim, a pessoa jurídica ocupará o polo passivo na qualidade
MODALIDADES. EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. MO-
de contribuinte do tributo e não de responsável pelo ilícito. O inciso
DALIDADES. PAGAMENTO INDEVIDO. EXCLUSÃO DO CRÉ-
I do referido artigo trata dos crimes e contravenções, portanto, das
DITO TRIBUTÁRIO. MODALIDADES. GARANTIAS E PRI-
infrações de ordem criminal.
VILÉGIOS DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
De modo que, todo aquele que cometer um crime tributário
será pessoalmente responsável, a não ser que tenha agido no exer-
cício regular de administração, mandato, função, cargo ou empre-
go, ou no cumprimento de ordem expressa emitida por quem de Constituição de crédito tributário
direito. Já o inciso II cuida das infrações administrativas que tenha o O crédito tributário é o vínculo jurídico, de natureza obrigacio-
dolo como elementar, ou seja, são as infrações em que exige-se do nal, por força do qual o Estado (sujeito ativo) pode exigir do parti-
sujeito passivo uma intenção específica. cular, o contribuinte ou responsável (sujeito passivo), o pagamento
Por fim, o inciso III trata das infrações que decorram direta e do tributo ou da penalidade pecuniária (objeto da relação obriga-
exclusivamente de dolo específico de determinadas pessoas contra cional). Portanto a natureza jurídica do crédito tributário é de uma
aquelas em nome das quais praticam esses atos. Isso ocorre quan- relação obrigacional de direito público.
do, tendo uma pessoa o dever de zelar por outra, não o faz e, pior, Assim, uma vez realizado o fato gerador, surge a obrigação tri-
procura prejudica-la ao praticar um ilícito. butária. Essa obrigação para ser exigível precisa passar pelo lança-
O art. 137 trata da responsabilidade pessoal do agente. A regra mento que é o ato que faz nascer o crédito tributário.
é que aquele que cometeu o ato ilícito deverá suportar suas conse-
quências de forma pessoal. O crédito é decorrente do lançamento e pode ser traduzido
como o direito que tem o Fisco de exigir, do sujeito passivo, o cum-
A Responsabilidade por infrações está prevista dos Artigos 136 primento da obrigação tributária. Vejamos os Art. 139 a 141 do CTN:
a 138 do CTN:
TÍTULO III
SEÇÃO IV
CRÉDITO TRIBUTÁRIO
RESPONSABILIDADE POR INFRAÇÕES
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 136. Salvo disposição de lei em contrário, a responsabilida-
de por infrações da legislação tributária independe da intenção do
agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos Art. 139. O crédito tributário decorre da obrigação principal e
efeitos do ato. tem a mesma natureza desta.
Art. 137. A responsabilidade é pessoal ao agente: Art. 140. As circunstâncias que modificam o crédito tributário,
sua extensão ou seus efeitos, ou as garantias ou os privilégios a ele
I - quanto às infrações conceituadas por lei como crimes ou con- atribuídos, ou que excluem sua exigibilidade não afetam a obriga-
travenções, salvo quando praticadas no exercício regular de admi- ção tributária que lhe deu origem.
nistração, mandato, função, cargo ou emprego, ou no cumprimento
de ordem expressa emitida por quem de direito; Art. 141. O crédito tributário regularmente constituído somente
se modifica ou extingue, ou tem sua exigibilidade suspensa ou ex-
II - quanto às infrações em cuja definição o dolo específico do cluída, nos casos previstos nesta Lei, fora dos quais não podem ser
agente seja elementar; dispensadas, sob pena de responsabilidade funcional na forma da
III - quanto às infrações que decorram direta e exclusivamente lei, a sua efetivação ou as respectivas garantias.
de dolo específico:
a) das pessoas referidas no artigo 134, contra aquelas por Lançamento
quem respondem; O crédito tributário é constituído por meio do lançamento, que
b) dos mandatários, prepostos ou empregados, contra seus possui dupla função, a de declarar a existência de uma obrigação
mandantes, preponentes ou empregadores; tributária e a de constituir o crédito tributário.
c) dos diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídi- No ato do lançamento a autoridade administrativa descreve
cas de direito privado, contra estas. o fato gerador qualitativa e quantitativamente, identifica todos os
elementos da obrigação tributária e, após tudo documentado, pro-

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a solução para o seu concurso!
DIREITO TRIBUTÁRIO
cede à notificação do sujeito passivo. Assim, só se considera devida- Os Artigos 147 e 148 do CTN dispõem sobre essa modalidade:
mente concluído o lançamento após a ciência do devedor por meio
da notificação que pode ser por edital. SEÇÃO II
Matéria referente ao Lançamento encontra-se dos Artigos 142 MODALIDADES DE LANÇAMENTO
a 146 do CTN. Vejamos:
Art. 147. O lançamento é efetuado com base na declaração do
sujeito passivo ou de terceiro, quando um ou outro, na forma da le-
CAPÍTULO II
gislação tributária, presta à autoridade administrativa informações
CONSTITUIÇÃO DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação.
SEÇÃO I § 1º A retificação da declaração por iniciativa do próprio de-
LANÇAMENTO clarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível
mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notifi-
Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa cado o lançamento.
constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o
procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do § 2º Os erros contidos na declaração e apuráveis pelo seu exa-
fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria me serão retificados de ofício pela autoridade administrativa a que
tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujei- competir a revisão daquela.
to passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível.
Art. 148. Quando o cálculo do tributo tenha por base, ou tome
Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é em consideração, o valor ou o preço de bens, direitos, serviços ou
vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. atos jurídicos, a autoridade lançadora, mediante processo regular,
Art. 143. Salvo disposição de lei em contrário, quando o valor arbitrará aquele valor ou preço, sempre que sejam omissos ou não
tributário esteja expresso em moeda estrangeira, no lançamento mereçam fé as declarações ou os esclarecimentos prestados, ou os
far-se-á sua conversão em moeda nacional ao câmbio do dia da documentos expedidos pelo sujeito passivo ou pelo terceiro legal-
ocorrência do fato gerador da obrigação. mente obrigado, ressalvada, em caso de contestação, avaliação
Art. 144. O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato contraditória, administrativa ou judicial.
gerador da obrigação e rege-se pela lei então vigente, ainda que b) Lançamento de ofício
posteriormente modificada ou revogada. O Lançamento de ofício é o tipo de lançamento em que a au-
§ 1º Aplica-se ao lançamento a legislação que, posteriormente toridade administrativa realiza a atividade na totalidade, cabendo
à ocorrência do fato gerador da obrigação, tenha instituído novos ao contribuinte somente o pagamento. Este, pode ser originário,
critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliado os quando a lei assim define ou subsidiário nos casos em que substitui
poderes de investigação das autoridades administrativas, ou ou- uma outra modalidade de lançamento.
torgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste
último caso, para o efeito de atribuir responsabilidade tributária a O Art. 149 do CTN disciplina sobre tal modalidade:
terceiros.
Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela auto-
§ 2º O disposto neste artigo não se aplica aos impostos lança- ridade administrativa nos seguintes casos:
dos por períodos certos de tempo, desde que a respectiva lei fixe
I - quando a lei assim o determine;
expressamente a data em que o fato gerador se considera ocorrido.
II - quando a declaração não seja prestada, por quem de direito,
Art. 145. O lançamento regularmente notificado ao sujeito pas-
no prazo e na forma da legislação tributária;
sivo só pode ser alterado em virtude de:
III - quando a pessoa legalmente obrigada, embora tenha pres-
I - impugnação do sujeito passivo;
tado declaração nos termos do inciso anterior, deixe de atender, no
II - recurso de ofício; prazo e na forma da legislação tributária, a pedido de esclarecimen-
III - iniciativa de ofício da autoridade administrativa, nos casos to formulado pela autoridade administrativa, recuse-se a prestá-lo
previstos no artigo 149. ou não o preste satisfatoriamente, a juízo daquela autoridade;
Art. 146. A modificação introduzida, de ofício ou em consequ- IV - quando se comprove falsidade, erro ou omissão quanto a
ência de decisão administrativa ou judicial, nos critérios jurídicos qualquer elemento definido na legislação tributária como sendo de
adotados pela autoridade administrativa no exercício do lançamen- declaração obrigatória;
to somente pode ser efetivada, em relação a um mesmo sujeito V - quando se comprove omissão ou inexatidão, por parte da
passivo, quanto à fato gerador ocorrido posteriormente à sua in- pessoa legalmente obrigada, no exercício da atividade a que se re-
trodução. fere o artigo seguinte;
VI - quando se comprove ação ou omissão do sujeito passivo,
Modalidades de lançamento
ou de terceiro legalmente obrigado, que dê lugar à aplicação de pe-
São Modalidades de Lançamento: nalidade pecuniária;
a) Lançamento por declaração VII - quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em
O Lançamento por declaração é aquele em que o sujeito passi- benefício daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação;
vo ou um terceiro deve prestar informações para que a autoridade VIII - quando deva ser apreciado fato não conhecido ou não
administrativa possa calcular o montante do tributo, identificar os provado por ocasião do lançamento anterior;
sujeitos da relação e proceder à notificação. É uma modalidade que IX - quando se comprove que, no lançamento anterior, ocorreu
exige a participação do Fisco e do particular. fraude ou falta funcional da autoridade que o efetuou, ou omissão,
pela mesma autoridade, de ato ou formalidade especial.

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a solução para o seu concurso!
DIREITO TRIBUTÁRIO
Parágrafo único. A revisão do lançamento só pode ser iniciada IV - quando se comprove falsidade, erro ou omissão quanto a
enquanto não extinto o direito da Fazenda Pública. qualquer elemento definido na legislação tributária como sendo de
c) Lançamento por homologação declaração obrigatória;
V - quando se comprove omissão ou inexatidão, por parte da
O Lançamento por homologação é a modalidade em que o con- pessoa legalmente obrigada, no exercício da atividade a que se re-
tribuinte calcula e paga antecipadamente o tributo, cabendo ao Fis- fere o artigo seguinte;
co homologar, ou seja, manifestar concordância. Caso discorde há
VI - quando se comprove ação ou omissão do sujeito passivo,
o lançamento de ofício. Caso permaneça silente, após cinco anos,
ou de terceiro legalmente obrigado, que dê lugar à aplicação de pe-
considera-se que houve homologação tácita, conforme o Art. 150
nalidade pecuniária;
do CTN:
VII - quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em
Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto benefício daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação;
aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de VIII - quando deva ser apreciado fato não conhecido ou não
antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade adminis- provado por ocasião do lançamento anterior;
trativa, opera-se pelo ato em que a referida autoridade, tomando IX - quando se comprove que, no lançamento anterior, ocorreu
conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressa- fraude ou falta funcional da autoridade que o efetuou, ou omissão,
mente a homologa. pela mesma autoridade, de ato ou formalidade especial.
§ 1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste
artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior ho- Parágrafo único. A revisão do lançamento só pode ser iniciada
mologação ao lançamento. enquanto não extinto o direito da Fazenda Pública.
§ 2º Não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos Suspensão do crédito tributário
anteriores à homologação, praticados pelo sujeito passivo ou por
terceiro, visando à extinção total ou parcial do crédito. Após constituído o crédito tributário, o fisco pode imediata-
§ 3º Os atos a que se refere o parágrafo anterior serão, porém, mente promover sua execução, já que a constituição o torna líqui-
considerados na apuração do saldo porventura devido e, sendo o do, certo e exigível. Entretanto, existem hipóteses em que a pos-
caso, na imposição de penalidade, ou sua graduação. sibilidade de promoção de atos de cobrança fica suspensa. São as
observadas no Art. 151 do CTN:
§ 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco
anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo CAPÍTULO III
sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considera-se ho-
SUSPENSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
mologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo
se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Hipóteses de Alteração do Lançamento
Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário:
Nos termos do art. 145 do CTN o lançamento só poderá ser
alterado nos seguintes casos: I - moratória;
- impugnação do sujeito passivo; II - o depósito do seu montante integral;
- recurso de ofício; III - as reclamações e os recursos, nos termos das leis regulado-
ras do processo tributário administrativo;
- iniciativa de ofício da autoridade administrativa, nos casos
previstos no artigo 149. IV - a concessão de medida liminar em mandado de segurança.
V – a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em
Impugnação do sujeito passivo: é quando o contribuinte apre- outras espécies de ação judicial;
senta sua defesa ou reclamação na esfera administrativa.
VI – o parcelamento.
A fase litigiosa se inicia com a protocolização da impugnação Parágrafo único. O disposto neste artigo não dispensa o cum-
pelo sujeito passivo. primento das obrigações assessórias dependentes da obrigação
Recurso de ofício: esse recurso dará a possibilidade de “rejulga- principal cujo crédito seja suspenso, ou dela consequentes.
mento” da decisão em primeira instância, na órbita administrativa.
Iniciativa de ofício da autoridade administrativa: o art. 149 traz Causas Suspensivas
hipóteses taxativas da possibilidade de revisão do lançamento.
• Moratória
CTN, art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela A moratória que é a dilação do prazo para o pagamento do tri-
autoridade administrativa nos seguintes casos: buto, pode ser concedida, em caráter geral ou individual. Vejamos
I - quando a lei assim o determine; as normas que o Código Tributário Nacional traça acerca desse ins-
tituto, em seus Artigos 152 a 155:
II - quando a declaração não seja prestada, por quem de direito,
no prazo e na forma da legislação tributária; Art. 152. A moratória somente pode ser concedida:
III - quando a pessoa legalmente obrigada, embora tenha pres- I - em caráter geral:
tado declaração nos termos do inciso anterior, deixe de atender, no a) pela pessoa jurídica de direito público competente para insti-
prazo e na forma da legislação tributária, a pedido de esclarecimen- tuir o tributo a que se refira;
to formulado pela autoridade administrativa, recuse-se a prestá-lo
ou não o preste satisfatoriamente, a juízo daquela autoridade;

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DIREITO TRIBUTÁRIO
b) pela União, quanto a tributos de competência dos Estados, Extinção do crédito tributário
do Distrito Federal ou dos Municípios, quando simultaneamente
concedida quanto aos tributos de competência federal e às obriga- As hipóteses extintivas estão descritas no art. 156 do CTN e são
ções de direito privado; taxativas, somente podendo ser ampliadas mediante Lei comple-
mentar, veja-se:
II - em caráter individual, por despacho da autoridade adminis-
trativa, desde que autorizada por lei nas condições do inciso ante-
rior. CAPÍTULO IV
Parágrafo único. A lei concessiva de moratória pode circuns- EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
crever expressamente a sua aplicabilidade à determinada região do SEÇÃO I
território da pessoa jurídica de direito público que a expedir, ou a MODALIDADES DE EXTINÇÃO
determinada classe ou categoria de sujeitos passivos.
Art. 153. A lei que conceda moratória em caráter geral ou auto- Art. 156. Extinguem o crédito tributário:
rize sua concessão em caráter individual especificará, sem prejuízo I - o pagamento;
de outros requisitos: II - a compensação;
I - o prazo de duração do favor; III - a transação;
II - as condições da concessão do favor em caráter individual; IV - remissão;
III - sendo caso: V - a prescrição e a decadência;
a) os tributos a que se aplica; VI - a conversão de depósito em renda;
b) o número de prestações e seus vencimentos, dentro do prazo VII - o pagamento antecipado e a homologação do lançamento
a que se refere o inciso I, podendo atribuir a fixação de uns e de nos termos do disposto no artigo 150 e seus §§ 1º e 4º;
outros à autoridade administrativa, para cada caso de concessão
em caráter individual; VIII - a consignação em pagamento, nos termos do disposto no
§ 2º do artigo 164;
c) as garantias que devem ser fornecidas pelo beneficiado no
caso de concessão em caráter individual. IX - a decisão administrativa irreformável, assim entendida a
definitiva na órbita administrativa, que não mais possa ser objeto
Art. 154. Salvo disposição de lei em contrário, a moratória so- de ação anulatória;
mente abrange os créditos definitivamente constituídos à data da
lei ou do despacho que a conceder, ou cujo lançamento já tenha X - a decisão judicial passada em julgado.
sido iniciado àquela data por ato regularmente notificado ao sujeito XI – a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e con-
passivo. dições estabelecidas em lei.
Parágrafo único. A moratória não aproveita aos casos de dolo, Parágrafo único. A lei disporá quanto aos efeitos da extinção
fraude ou simulação do sujeito passivo ou do terceiro em benefício total ou parcial do crédito sobre a ulterior verificação da irregula-
daquele. ridade da sua constituição, observado o disposto nos artigos 144
Art. 155. A concessão da moratória em caráter individual não e 149.
gera direito adquirido e será revogado de ofício, sempre que se apu-
re que o beneficiado não satisfazia ou deixou de satisfazer as condi- Causas Extintivas
ções ou não cumprira ou deixou de cumprir os requisitos para a con-
cessão do favor, cobrando-se o crédito acrescido de juros de mora: • Pagamento
I - com imposição da penalidade cabível, nos casos de dolo ou A primeira causa é o pagamento que ocorre quando o sujeito
simulação do beneficiado, ou de terceiro em benefício daquele; passivo entrega ao sujeito ativo o montante correspondente ao cré-
II - sem imposição de penalidade, nos demais casos. dito tributário. Deve ser feito em dinheiro e possui algumas regras
específicas.
Parágrafo único. No caso do inciso I deste artigo, o tempo de-
corrido entre a concessão da moratória e sua revogação não se Segue as regras do CTN para o pagamento, em seus Artigos 157
computa para efeito da prescrição do direito à cobrança do crédito; a 164:
no caso do inciso II deste artigo, a revogação só pode ocorrer antes
de prescrito o referido direito.
SEÇÃO II
Art. 155-A. O parcelamento será concedido na forma e condi- PAGAMENTO
ção estabelecidas em lei específica.
§ 1o Salvo disposição de lei em contrário, o parcelamento do
Art. 157. A imposição de penalidade não ilide o pagamento in-
crédito tributário não exclui a incidência de juros e multas.
tegral do crédito tributário.
§ 2o Aplicam-se, subsidiariamente, ao parcelamento as dispo-
sições desta Lei, relativas à moratória.   Art. 158. O pagamento de um crédito não importa em presun-
§ 3o Lei específica disporá sobre as condições de parcelamento ção de pagamento:
dos créditos tributários do devedor em recuperação judicial. I - quando parcial, das prestações em que se decomponha;
II - quando total, de outros créditos referentes ao mesmo ou a
§ 4o A inexistência da lei específica a que se refere o § 3o deste
outros tributos.
artigo importa na aplicação das leis gerais de parcelamento do ente
da Federação ao devedor em recuperação judicial, não podendo, Art. 159. Quando a legislação tributária não dispuser a respei-
neste caso, ser o prazo de parcelamento inferior ao concedido pela to, o pagamento é efetuado na repartição competente do domicílio
lei federal específica. do sujeito passivo.

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DIREITO TRIBUTÁRIO
Art. 160. Quando a legislação tributária não fixar o tempo do § 2º Julgada procedente a consignação, o pagamento se reputa
pagamento, o vencimento do crédito ocorre trinta dias depois da efetuado e a importância consignada é convertida em renda; julga-
data em que se considera o sujeito passivo notificado do lançamen- da improcedente a consignação no todo ou em parte, cobra-se o
to. crédito acrescido de juros de mora, sem prejuízo das penalidades
Parágrafo único. A legislação tributária pode conceder descon- cabíveis.
to pela antecipação do pagamento, nas condições que estabeleça.
• Compensação
Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é
acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante
da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da A compensação ocorre quando duas pessoas são devedoras e
aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou credoras entre si, por isso é possível o abatimento de uma dívida
em lei tributária. com outra. Eis os dispositivos do CTN a esse respeito:
§ 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora
são calculados à taxa de um por cento ao mês. SEÇÃO IV
DEMAIS MODALIDADES DE EXTINÇÃO
§ 2º O disposto neste artigo não se aplica na pendência de con-
sulta formulada pelo devedor dentro do prazo legal para pagamen-
to do crédito. Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que es-
tipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade ad-
Art. 162. O pagamento é efetuado: ministrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com
créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo
I - em moeda corrente, cheque ou vale postal;
contra a Fazenda pública.
II - nos casos previstos em lei, em estampilha, em papel selado,
Parágrafo único. Sendo vincendo o crédito do sujeito passivo,
ou por processo mecânico.
a lei determinará, para os efeitos deste artigo, a apuração do seu
§ 1º A legislação tributária pode determinar as garantias exi-
montante, não podendo, porém, cominar redução maior que a cor-
gidas para o pagamento por cheque ou vale postal, desde que não
respondente ao juro de 1% (um por cento) ao mês pelo tempo a
o torne impossível ou mais oneroso que o pagamento em moeda
decorrer entre a data da compensação e a do vencimento.
corrente.
§ 2º O crédito pago por cheque somente se considera extinto Art. 170-A. É vedada a compensação mediante o aproveita-
com o resgate deste pelo sacado. mento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passi-
§ 3º O crédito pagável em estampilha considera-se extinto com vo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial.
a inutilização regular daquela, ressalvado o disposto no artigo 150.
§ 4º A perda ou destruição da estampilha, ou o erro no paga- • Transação
mento por esta modalidade, não dão direito a restituição, salvo nos A transação é uma espécie de acordo em que ambas as partes
casos expressamente previstos na legislação tributária, ou naquelas fazem concessões. Está disciplinada no art. 171 do CTN:
em que o erro seja imputável à autoridade administrativa.
Art. 171. A lei pode facultar, nas condições que estabeleça, aos
§ 5º O pagamento em papel selado ou por processo mecânico sujeitos ativo e passivo da obrigação tributária celebrar transação
equipara-se ao pagamento em estampilha. que, mediante concessões mútuas, importe em determinação de li-
tígio e consequente extinção de crédito tributário.
Art. 163. Existindo simultaneamente dois ou mais débitos ven- Parágrafo único. A lei indicará a autoridade competente para
cidos do mesmo sujeito passivo para com a mesma pessoa jurídica autorizar a transação em cada caso.
de direito público, relativos ao mesmo ou a diferentes tributos ou
provenientes de penalidade pecuniária ou juros de mora, a autori- • Remissão
dade administrativa competente para receber o pagamento deter-
minará a respectiva imputação, obedecidas as seguintes regras, na A remissão é o perdão do crédito tributário e é abordado no
ordem em que enumeradas: artigo 172 do CTN:
I - em primeiro lugar, aos débitos por obrigação própria, e em Art. 172. A lei pode autorizar a autoridade administrativa a
segundo lugar aos decorrentes de responsabilidade tributária; conceder, por despacho fundamentado, remissão total ou parcial
II - primeiramente, às contribuições de melhoria, depois às ta- do crédito tributário, atendendo:
xas e por fim aos impostos; I - à situação econômica do sujeito passivo;
III - na ordem crescente dos prazos de prescrição; II - ao erro ou ignorância excusáveis do sujeito passivo, quanto
IV - na ordem decrescente dos montantes. a matéria de fato;
Art. 164. A importância de crédito tributário pode ser consigna- III - à diminuta importância do crédito tributário;
da judicialmente pelo sujeito passivo, nos casos: IV - a considerações de equidade, em relação com as caracterís-
I - de recusa de recebimento, ou subordinação deste ao paga- ticas pessoais ou materiais do caso;
mento de outro tributo ou de penalidade, ou ao cumprimento de V - a condições peculiares a determinada região do território da
obrigação acessória; entidade tributante.
II - de subordinação do recebimento ao cumprimento de exi- Parágrafo único. O despacho referido neste artigo não gera di-
gências administrativas sem fundamento legal; reito adquirido, aplicando-se, quando cabível, o disposto no artigo
III - de exigência, por mais de uma pessoa jurídica de direito 155.
público, de tributo idêntico sobre um mesmo fato gerador.
§ 1º A consignação só pode versar sobre o crédito que o consig-
nante se propõe pagar.
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DIREITO TRIBUTÁRIO
• Decadência SEÇÃO II
A decadência é a perda do direito de promover o lançamento ISENÇÃO
pela inércia e está prevista no art. 173, CTN:
Art. 176. A isenção, ainda quando prevista em contrato, é sem-
Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tri- pre decorrente de lei que especifique as condições e requisitos exigi-
butário extingue-se após 5 (cinco) anos, contados: dos para a sua concessão, os tributos a que se aplica e, sendo caso,
I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lança- o prazo de sua duração.
mento poderia ter sido efetuado; Parágrafo único. A isenção pode ser restrita a determinada re-
II - da data em que se tornar definitiva a decisão que houver gião do território da entidade tributante, em função de condições a
anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. ela peculiares.
Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extingue- Art. 177. Salvo disposição de lei em contrário, a isenção não é
-se definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado extensiva:
da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tribu- I - às taxas e às contribuições de melhoria;
tário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida pre-
paratória indispensável ao lançamento. II - aos tributos instituídos posteriormente à sua concessão.
Art. 178 - A isenção, salvo se concedida por prazo certo e em
• Prescrição função de determinadas condições, pode ser revogada ou modifi-
cada por lei, a qualquer tempo, observado o disposto no inciso III
A prescrição ocorre pela inércia do Estado em propor a Ação do art. 104.
de Execução Fiscal. De acordo com o CTN o prazo é de cinco anos
contados da constituição definitiva do crédito tributário, veja-se: Art. 179. A isenção, quando não concedida em caráter geral, é
efetivada, em cada caso, por despacho da autoridade administrati-
Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve va, em requerimento com o qual o interessado faça prova do preen-
em cinco anos, contados da data da sua constituição definitiva. chimento das condições e do cumprimento dos requisitos previstos
Parágrafo único. A prescrição se interrompe: em lei ou contrato para sua concessão.
I – pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução § 1º Tratando-se de tributo lançado por período certo de tem-
fiscal; po, o despacho referido neste artigo será renovado antes da expi-
ração de cada período, cessando automaticamente os seus efeitos
II - pelo protesto judicial;
a partir do primeiro dia do período para o qual o interessado deixar
III - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor; de promover a continuidade do reconhecimento da isenção.
IV - por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que
importe em reconhecimento do débito pelo devedor. § 2º O despacho referido neste artigo não gera direito adquiri-
do, aplicando-se, quando cabível, o disposto no artigo 155.
Exclusão de crédito tributário
Excluir o crédito tributário significa impedir a sua constituição.
SEÇÃO III
Trata-se de situações em que, não obstante a ocorrência do fato
gerador e o consequente nascimento da obrigação tributária, não ANISTIA
pode haver lançamento, de forma que não surgirá o crédito tribu-
tário. Art. 180. A anistia abrange exclusivamente as infrações come-
tidas anteriormente à vigência da lei que a concede, não se apli-
Somente existem duas hipóteses de exclusão: a anistia e a isen- cando:
ção. A primeira exclui o crédito relativo à penalidade pecuniária, I - aos atos qualificados em lei como crimes ou contravenções e
enquanto a segunda, a tributos. aos que, mesmo sem essa qualificação, sejam praticados com dolo,
Em nenhuma das hipóteses ocorre a dispensa do cumprimento fraude ou simulação pelo sujeito passivo ou por terceiro em bene-
das obrigações acessórias dependentes da obrigação principal cujo fício daquele;
crédito foi excluído. Seguem abaixo os artigos correspondentes do II - salvo disposição em contrário, às infrações resultantes de
CTN: conluio entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas.
Art. 181. A anistia pode ser concedida:
CAPÍTULO V
I - em caráter geral;
EXCLUSÃO DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO
II - limitadamente:
SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS a) às infrações da legislação relativa a determinado tributo;
b) às infrações punidas com penalidades pecuniárias até deter-
Art. 175. Excluem o crédito tributário: minado montante, conjugadas ou não com penalidades de outra
natureza;
I - a isenção;
c) a determinada região do território da entidade tributante,
II - a anistia.
em função de condições a ela peculiares;
Parágrafo único. A exclusão do crédito tributário não dispensa
d) sob condição do pagamento de tributo no prazo fixado pela
o cumprimento das obrigações acessórias dependentes da obriga-
lei que a conceder, ou cuja fixação seja atribuída pela mesma lei à
ção principal cujo crédito seja excluído, ou dela consequente.
autoridade administrativa.

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DIREITO TRIBUTÁRIO
Art. 182. A anistia, quando não concedida em caráter geral, é § 1º A indisponibilidade de que trata o caput deste artigo limi-
efetivada, em cada caso, por despacho da autoridade administrati- tar-se-á ao valor total exigível, devendo o juiz determinar o ime-
va, em requerimento com a qual o interessado faça prova do preen- diato levantamento da indisponibilidade dos bens ou valores que
chimento das condições e do cumprimento dos requisitos previstos excederem esse limite.
em lei para sua concessão.
§ 2º Os órgãos e entidades aos quais se fizer a comunicação de
Parágrafo único. O despacho referido neste artigo não gera di-
que trata o caput deste artigo enviarão imediatamente ao juízo a
reito adquirido, aplicando-se, quando cabível, o disposto no artigo
relação discriminada dos bens e direitos cuja indisponibilidade hou-
155.
verem promovido.
Garantias e privilégios do crédito tributário
Garantias e privilégios são medidas que visam assegurar a sa- SEÇÃO II
tisfação do crédito tributário. Garantias são regras que asseguram PREFERÊNCIAS
direitos.
Em sede tributária, elas facultam a entrada do Estado no patri-
mônio particular para receber a prestação relativa a tributos. São Art. 186. O crédito tributário prefere a qualquer outro, seja
os meios jurídicos assecuratórios que cercam o direito subjetivo do qual for sua natureza ou o tempo de sua constituição, ressalvados
Estado de receber a prestação tributária. os créditos decorrentes da legislação do trabalho ou do acidente de
Enquanto os Privilégios, são as regras que põem o crédito tribu- trabalho.
tário numa posição de vantagem quanto aos demais. Parágrafo único. Na falência:
As garantias previstas no CTN não são taxativas, podendo ou- I – o crédito tributário não prefere aos créditos extraconcursais
tras virem a ser estipuladas em outras leis de acordo com as pecu- ou às importâncias passíveis de restituição, nos termos da lei fali-
liaridades dos tributos a que se refiram. mentar, nem aos créditos com garantia real, no limite do valor do
bem gravado;
As Garantias e Privilégios do Crédito Tributário estão dispostas
no CTN, dos Artigos 183 a 193. Vejamos: II – a lei poderá estabelecer limites e condições para a preferên-
cia dos créditos decorrentes da legislação do trabalho; e
III – a multa tributária prefere apenas aos créditos subordina-
CAPÍTULO VI
dos.
GARANTIAS E PRIVILÉGIOS DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
Art. 187. A cobrança judicial do crédito tributário não é sujeita
SEÇÃO I
a concurso de credores ou habilitação em falência, recuperação ju-
DISPOSIÇÕES GERAIS dicial, concordata, inventário ou arrolamento.
Parágrafo único. O concurso de preferência somente se verifica
Art. 183. A enumeração das garantias atribuídas neste Capítu-
entre pessoas jurídicas de direito público, na seguinte ordem:
lo ao crédito tributário não exclui outras que sejam expressamente
previstas em lei, em função da natureza ou das características do I - União;
tributo a que se refiram. II - Estados, Distrito Federal e Territórios, conjuntamente e pró
Parágrafo único. A natureza das garantias atribuídas ao crédito rata;
tributário não altera a natureza deste nem a da obrigação tributária III - Municípios, conjuntamente e pró rata.
a que corresponda. Art. 188. São extraconcursais os créditos tributários decorren-
tes de fatos geradores ocorridos no curso do processo de falência.
Art. 184. Sem prejuízo dos privilégios especiais sobre determi-
§ 1º Contestado o crédito tributário, o juiz remeterá as par-
nados bens, que sejam previstos em lei, responde pelo pagamento
tes ao processo competente, mandando reservar bens suficientes
do crédito tributário a totalidade dos bens e das rendas, de qualquer
à extinção total do crédito e seus acrescidos, se a massa não puder
origem ou natureza, do sujeito passivo, seu espólio ou sua massa
efetuar a garantia da instância por outra forma, ouvido, quanto à
falida, inclusive os gravados por ônus real ou cláusula de inalienabi-
natureza e valor dos bens reservados, o representante da Fazenda
lidade ou impenhorabilidade, seja qual for a data da constituição do
Pública interessada.
ônus ou da cláusula, excetuados unicamente os bens e rendas que a
lei declare absolutamente impenhoráveis. § 2º O disposto neste artigo aplica-se aos processos de con-
Art. 185. Presume-se fraudulenta a alienação ou oneração de cordata.
bens ou rendas, ou seu começo, por sujeito passivo em débito para
com a Fazenda Pública, por crédito tributário regularmente inscrito Art. 189. São pagos preferencialmente a quaisquer créditos ha-
como dívida ativa. bilitados em inventário ou arrolamento, ou a outros encargos do
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica na hipó- monte, os créditos tributários vencidos ou vincendos, a cargo do de
tese de terem sido reservados, pelo devedor, bens ou rendas sufi- cujus ou de seu espólio, exigíveis no decurso do processo de inven-
cientes ao total pagamento da dívida inscrita. tário ou arrolamento.
Art. 185-A. Na hipótese de o devedor tributário, devidamente Parágrafo único. Contestado o crédito tributário, proceder-se-á
citado, não pagar nem apresentar bens à penhora no prazo legal na forma do disposto no § 1º do artigo anterior.
e não forem encontrados bens penhoráveis, o juiz determinará a Art. 190. São pagos preferencialmente a quaisquer outros os
indisponibilidade de seus bens e direitos, comunicando a decisão, créditos tributários vencidos ou vincendos, a cargo de pessoas jurí-
preferencialmente por meio eletrônico, aos órgãos e entidades que dicas de direito privado em liquidação judicial ou voluntária, exigí-
promovem registros de transferência de bens, especialmente ao re- veis no decurso da liquidação.
gistro público de imóveis e às autoridades supervisoras do mercado Art. 191. A extinção das obrigações do falido requer prova de
bancário e do mercado de capitais, a fim de que, no âmbito de suas quitação de todos os tributos.
atribuições, façam cumprir a ordem judicial.

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DIREITO TRIBUTÁRIO
Art. 191-A. A concessão de recuperação judicial depende da Art. 166. A restituição de tributos que comportem, por sua na-
apresentação da prova de quitação de todos os tributos, observado tureza, transferência do respectivo encargo financeiro somente será
o disposto nos arts. 151, 205 e 206 desta Lei. feita a quem prove haver assumido o referido encargo, ou, no caso
Art. 192. Nenhuma sentença de julgamento de partilha ou ad- de tê-lo transferido a terceiro, estar por este expressamente autori-
judicação será proferida sem prova da quitação de todos os tributos zado a recebê-la.
relativos aos bens do espólio, ou às suas rendas. Art. 167. A restituição total ou parcial do tributo dá lugar à res-
Art. 193. Salvo quando expressamente autorizado por lei, ne- tituição, na mesma proporção, dos juros de mora e das penalidades
nhum departamento da administração pública da União, dos Esta- pecuniárias, salvo as referentes a infrações de caráter formal não
dos, do Distrito Federal, ou dos Municípios, ou sua autarquia, cele- prejudicadas pela causa da restituição.
brará contrato ou aceitará proposta em concorrência pública sem Parágrafo único. A restituição vence juros não capitalizáveis, a
que o contratante ou proponente faça prova da quitação de todos partir do trânsito em julgado da decisão definitiva que a determinar.
os tributos devidos à Fazenda Pública interessada, relativos à ativi- Art. 168. O direito de pleitear a restituição extingue-se com o
dade em cujo exercício contrata ou concorre. decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contados:
Renúncia de receitas tributárias I - nas hipótese dos incisos I e II do artigo 165, da data da extin-
A Renúncia de receitas tributárias ou Renúncia Fiscal, ocor- ção do crédito tributário;
re quando o governo abre mão de receber parte de determinado II - na hipótese do inciso III do artigo 165, da data em que se
imposto cobrado da inciativa privada em prol de um estímulo da tornar definitiva a decisão administrativa ou passar em julgado a
economia ou de programas sociais, que serão desenvolvidos pela decisão judicial que tenha reformado, anulado, revogado ou rescin-
iniciativa privada ou entidades não governamentais. dido a decisão condenatória.
Nesse sentido, em troca, as empresas passam a investir e pa-
Art. 169. Prescreve em dois anos a ação anulatória da decisão
trocinar projetos culturais, por exemplo. Importante ressaltar que
administrativa que denegar a restituição.
tais impostos renunciados podem ser de qualquer esfera do poder
público, ou seja, federal, estadual ou municipal. Parágrafo único. O prazo de prescrição é interrompido pelo iní-
cio da ação judicial, recomeçando o seu curso, por metade, a partir
Além do benefício fiscal em si, a promoção de atividades sociais da data da intimação validamente feita ao representante judicial da
gera marketing positivo para as empresas. Pode-se observar como Fazenda Pública interessada.
exemplo, a Lei de Responsabilidade Fiscal (LC nº 101/2000), em seu
Pelo princípio da proibição de enriquecimento sem causa, não
artigo 14, § 1º:
pode a Fazenda ficar com um pagamento que não lhe pertence, seja
porque o sujeito pagou a maior, seja porque pagou aquilo que não
SEÇÃO II devia.
DA RENÚNCIA DE RECEITA Todo tributo pago indevidamente, deve ser restituído. Proble-
ma surge quando analisamos os tributos classificados como diretos,
Art. 14, § 1º. A renúncia compreende anistia, remissão, subsí- ou seja, aqueles em que o contribuinte de direito (sujeito passivo
dio, crédito presumido, concessão de isenção em caráter não geral, do tributo) transfere o encargo financeiro para o contribuinte de
alteração de alíquota ou modificação de base de cálculo que im- fato (embora não seja sujeito passivo, suporta o ônus financeiro).
plique redução discriminada de tributos ou contribuições, e outros Ex.: o comerciante é contribuinte de direito do ICMS e o consumi-
benefícios que correspondam a tratamento diferenciado. dor o contribuinte de fato, dado que é ele quem acaba por arcar
com o tributo.
PAGAMENTO INDEVIDO Sendo assim, quem tem direito à restituição? O contribuinte
de direito ou quem realmente arcou com a tributação? O problema
existe porque se se reconhecer o direito à restituição ao contribuin-
O pagamento indevido está disciplinado nos arts. 165 a 169 do te de direito, estar-se-á anuindo com o enriquecimento sem causa,
CTN, a saber: que é defeso em nosso ordenamento. Por outro lado, o contribuin-
te de fato não é parte da relação jurídico-tributária, portanto, não
SEÇÃO III pode figurar no polo passivo de uma ação de repetição de indébito.
PAGAMENTO INDEVIDO Caso, se entenda que ninguém tem direito à restituição, o Esta-
do estaria enriquecendo sem causa. O art. 166, acima colacionado,
Art. 165. O sujeito passivo tem direito, independentemente de soluciona a questão ao pregar que terá direito à restituição aquele
prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo, seja qual que provar que arcou com os custos do tributo ou aquele que esti-
for a modalidade do seu pagamento, ressalvado o disposto no § 4º ver autorizado por esse. Assim, ou o comerciante prova que arcou
do artigo 162, nos seguintes casos: com os encargos do ICMS ou, se houve a transferência, ele pega
I - cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou autorização expressa de seus consumidores.
maior que o devido em face da legislação tributária aplicável, ou da Os juros e as multas de mora são calculados sobre o montante
natureza ou circunstâncias materiais do fato gerador efetivamente devido, logo se o montante foi maior que o devido, esses também o
ocorrido; serão, por isso há o direito à restituição também.
II - erro na edificação do sujeito passivo, na determinação da Quando da restituição, o contribuinte tem direito a juros (sim-
alíquota aplicável, no cálculo do montante do débito ou na elabora- ples) e correção monetária sobre o valor que pagou a mais ou in-
ção ou conferência de qualquer documento relativo ao pagamento; devidamente. O parágrafo único do art. 167, CTN, determina que o
termo inicial para a fluência desses é a data do trânsito em julgado
III - reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão con- da decisão que determinar a restituição.
denatória.
Nesse ponto, importante analisar a Súmula Vinculante nº 17:

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DIREITO TRIBUTÁRIO
Súmula Vinculante nº 17. Durante o período previsto no por servidores de carreiras específicas, tendo recursos prioritários
parágrafo 1.º do artigo 100 da Constituição, não incidem juros de para a realização de suas atividades, mediante, inclusive, vinculação
mora sobre os precatórios que nele sejam pagos de receitas de impostos para tais fins.
A fiscalização é atividade indispensável à efetividade da tribu-
Convém esclarecer que o § 1º citado na Súmula, corresponde tação, estando a ela sujeitas todas as pessoas. Ela não se confunde
hoje, ao § 5º do art. 100 da CF14 que determina que o pagamento com o resultado da fiscalização, que pode encerrar em lançamento
dos precatórios apresentados até 1º de julho serão pagos até o final de tributos e imposição de multas.
do exercício financeiro seguinte. Assim, se alguém apresenta pre-
catório até 1º de julho de 2015, o Estado tem até 31 dezembro de Contra a fiscalização regularmente efetivada ninguém pode se
2016 para efetuar o pagamento. Dessa forma, entende o STF que, opor, tendo, inclusive, o dever de facilitá-la, já contra eventuais lan-
se o precatório foi pago nesse período não há fluência de juros de çamentos e aplicações de multas, diferentemente, há vários meios
mora. de impugnação, seja na esfera administrativa ou judicial.
Assim, o valor pago indevidamente ou a maior sofre fluência de • Poderes das Autoridades Fiscais
juros da data do trânsito em julgado da sentença até a inscrição do
precatório. Da inscrição até o pagamento dentro do prazo constitu- Tais poderes são concedidos pelo legislador na exata medida
cional, não há incidência. Os juros voltam a fluir caso o precatório para o eficiente exercício das atividades de fiscalização e arrecada-
não seja pago dentro do prazo previsto. ção, levando em consideração a natureza específica de cada tributo
Já a atualização monetária é devida desde a data do pagamen- ou em caráter geral.
to indevido.
Segundo inteligência do art. 168, CTN, o sujeito tem o prazo de A legislação relativa à fiscalização aplica-se às pessoas naturais
cinco anos para propor a Ação de Repetição de Indébito, contados: ou jurídicas, contribuintes ou não, inclusive às que gozem de imuni-
a) da data da extinção do crédito tributário: quando tratar-se dade tributária ou de isenção de caráter pessoal. Nesse sentido, é o
de cobrança ou pagamento espontâneo do tributo indevido ou a texto do Código Tributário Nacional, dos Artigos 194 a 200:
maior em face da legislação tributária aplicável ou da natureza ou
circunstâncias do fato gerador efetivamente ocorridos; TÍTULO IV
b) da data da extinção do crédito tributário: quando ocorrer ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA
erro na edificação do sujeito passivo, na determinação da alíquota CAPÍTULO I
aplicável, ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato gera- FISCALIZAÇÃO
dor efetivamente ocorridos;

c) da data em que se tornar definitiva a decisão administrati- Art. 194. A legislação tributária, observado o disposto nesta
va ou passar em julgado a decisão judicial que tenha reformado, Lei, regulará, em caráter geral, ou especificamente em função da
anulado, revogado ou rescindido a decisão condenatória: quando natureza do tributo de que se tratar, a competência e os poderes
houve reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão con- das autoridades administrativas em matéria de fiscalização da sua
denatória. aplicação.
Parágrafo único. A legislação a que se refere este artigo apli-
ca-se às pessoas naturais ou jurídicas, contribuintes ou não, inclusi-
ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA. FISCALIZAÇÃO. DÍVIDA ve às que gozem de imunidade tributária ou de isenção de caráter
ATIVA. CERTIDÕES NEGATIVAS pessoal.
Art. 195. Para os efeitos da legislação tributária, não têm apli-
cação quaisquer disposições legais excludentes ou limitativas do
Fiscalização direito de examinar mercadorias, livros, arquivos, documentos, pa-
péis e efeitos comerciais ou fiscais, dos comerciantes industriais ou
As regras sobre a administração tributária se referem às for- produtores, ou da obrigação destes de exibi-los.
malidades acerca dos órgãos e agentes responsáveis pela concre-
tização das normas tributárias. A Emenda Constitucional nº 42/03 Parágrafo único. Os livros obrigatórios de escrituração comer-
previu expressamente na CF/88 que as administrações tributárias cial e fiscal e os comprovantes dos lançamentos neles efetuados se-
são atividades essenciais ao funcionamento do Estado, exercidas rão conservados até que ocorra a prescrição dos créditos tributários
decorrentes das operações a que se refiram.
Art. 196. A autoridade administrativa que proceder ou presidir
14 Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas a quaisquer diligências de fiscalização lavrará os termos necessá-
Federal, Estaduais, Distrital e Municipais, em virtude de sentença rios para que se documente o início do procedimento, na forma da
judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apre- legislação aplicável, que fixará prazo máximo para a conclusão da-
sentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibi- quelas.
da a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentá- Parágrafo único. Os termos a que se refere este artigo serão
rias e nos créditos adicionais abertos para este fim. lavrados, sempre que possível, em um dos livros fiscais exibidos;
quando lavrados em separado deles se entregará, à pessoa sujei-
[...] ta à fiscalização, cópia autenticada pela autoridade a que se refere
§ 5º É obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades de este artigo.
direito público, de verba necessária ao pagamento de seus débitos, Art. 197. Mediante intimação escrita, são obrigados a prestar à
oriundos de sentenças transitadas em julgado, constantes de preca- autoridade administrativa todas as informações de que disponham
tórios judiciários apresentados até 1º de julho, fazendo-se o paga- com relação aos bens, negócios ou atividades de terceiros:
mento até o final do exercício seguinte, quando terão seus valores I - os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício;
atualizados monetariamente.
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a solução para o seu concurso!
DIREITO TRIBUTÁRIO
II - os bancos, casas bancárias, Caixas Econômicas e demais ins- caso da União, e nos Estados e Municípios em suas respectivas sec-
tituições financeiras; cionais, pelo não pagamento de tributo juridicamente constituído e
III - as empresas de administração de bens; esgotadas as exigências de prazos e cobranças.
Em síntese, dívida ativa tributária é aquela que reúne os crédi-
IV - os corretores, leiloeiros e despachantes oficiais;
tos relativos a tributos lançados e não arrecadados. É o crédito da
V - os inventariantes; Fazenda Pública proveniente da obrigação legal relativa a tributos e
VI - os síndicos, comissários e liquidatários; respectivos adicionais e multas.
VII - quaisquer outras entidades ou pessoas que a lei designe,
O Código Tributário Nacional dispõe sobre a matéria dos Arti-
em razão de seu cargo, ofício, função, ministério, atividade ou pro-
gos 201 a 204:
fissão.
Parágrafo único. A obrigação prevista neste artigo não abrange
CAPÍTULO II
a prestação de informações quanto a fatos sobre os quais o infor-
mante esteja legalmente obrigado a observar segredo em razão de DÍVIDA ATIVA
cargo, ofício, função, ministério, atividade ou profissão.
Art. 201. Constitui dívida ativa tributária a proveniente de cré-
Art. 198. Sem prejuízo do disposto na legislação criminal, é ve-
dito dessa natureza, regularmente inscrita na repartição adminis-
dada a divulgação, por parte da Fazenda Pública ou de seus servi-
trativa competente, depois de esgotado o prazo fixado, para paga-
dores, de informação obtida em razão do ofício sobre a situação
mento, pela lei ou por decisão final proferida em processo regular.
econômica ou financeira do sujeito passivo ou de terceiros e sobre a
natureza e o estado de seus negócios ou atividades. Parágrafo único. A fluência de juros de mora não exclui, para os
§ 1º Excetuam-se do disposto neste artigo, além dos casos pre- efeitos deste artigo, a liquidez do crédito.
vistos no art. 199, os seguintes: Art. 202. O termo de inscrição da dívida ativa, autenticado pela
I – requisição de autoridade judiciária no interesse da justiça; autoridade competente, indicará obrigatoriamente:
II – solicitações de autoridade administrativa no interesse da I - o nome do devedor e, sendo caso, o dos corresponsáveis,
Administração Pública, desde que seja comprovada a instauração bem como, sempre que possível, o domicílio ou a residência de um
regular de processo administrativo, no órgão ou na entidade res- e de outros;
pectiva, com o objetivo de investigar o sujeito passivo a que se refe- II - a quantia devida e a maneira de calcular os juros de mora
re a informação, por prática de infração administrativa. acrescidos;
§ 2º O intercâmbio de informação sigilosa, no âmbito da Admi- III - a origem e natureza do crédito, mencionada especificamen-
nistração Pública, será realizado mediante processo regularmente te a disposição da lei em que seja fundado;
instaurado, e a entrega será feita pessoalmente à autoridade solici-
IV - a data em que foi inscrita;
tante, mediante recibo, que formalize a transferência e assegure a
preservação do sigilo. V - sendo caso, o número do processo administrativo de que se
§ 3º Não é vedada a divulgação de informações relativas a: originar o crédito.
I – representações fiscais para fins penais; Parágrafo único. A certidão conterá, além dos requisitos deste
artigo, a indicação do livro e da folha da inscrição.
II – inscrições na Dívida Ativa da Fazenda Pública;
Art. 203. A omissão de quaisquer dos requisitos previstos no
III – parcelamento ou moratória. artigo anterior, ou o erro a eles relativo, são causas de nulidade da
Art. 199. A Fazenda Pública da União e as dos Estados, do Dis- inscrição e do processo de cobrança dela decorrente, mas a nulida-
trito Federal e dos Municípios prestar-se-ão mutuamente assistên- de poderá ser sanada até a decisão de primeira instância, mediante
cia para a fiscalização dos tributos respectivos e permuta de infor- substituição da certidão nula, devolvido ao sujeito passivo, acusado
mações, na forma estabelecida, em caráter geral ou específico, por ou interessado o prazo para defesa, que somente poderá versar so-
lei ou convênio. bre a parte modificada.
Parágrafo único. A Fazenda Pública da União, na forma estabe- Art. 204. A dívida regularmente inscrita goza da presunção de
lecida em tratados, acordos ou convênios, poderá permutar infor- certeza e liquidez e tem o efeito de prova pré-constituída.
mações com Estados estrangeiros no interesse da arrecadação e da Parágrafo único. A presunção a que se refere este artigo é re-
fiscalização de tributos. lativa e pode ser ilidida por prova inequívoca, a cargo do sujeito
Art. 200. As autoridades administrativas federais poderão re- passivo ou do terceiro a que aproveite.
quisitar o auxílio da força pública federal, estadual ou municipal, e
reciprocamente, quando vítimas de embaraço ou desacato no exer- Certidões negativas
cício de suas funções, ou quando necessário à efetivação dê medida
prevista na legislação tributária, ainda que não se configure fato As certidões negativas são documentos aptos a comprovar a
definido em lei como crime ou contravenção. inexistência de débito de determinado contribuinte, de determina-
do tributo ou relativo a determinado período. A inscrição do contri-
Dívida ativa buinte na dívida ativa gera uma certidão positiva de débito do con-
tribuinte (sujeito passivo da obrigação tributária) demonstrando
Pode-se conceituar a Dívida Ativa da Fazenda Pública como o sua inadimplência e determinando prazos e penalidades previstas
conjunto de créditos líquidos e certos que compõe o Ativo Perma- na lei.
nente (após a Medida Provisória 449/2008, o Ativo Permanente
passou a integrar o Ativo Não Circulante). • Certidões Positivas com Efeitos de Negativa (ou Certidão de
Assim, constitui dívida ativa o valor originário de débito, tribu- Regularização)
tário ou não, a favor dos governos em todas as esferas, registrado
com essa chancela na Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, no

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a solução para o seu concurso!
DIREITO TRIBUTÁRIO
São certidões nas quais, apesar da existência de débitos peran- A regra disposta no artigo 197 do CTN disciplina a situação em
te o fisco, o sujeito passivo se encontra regular. Com elas, o sujeito que uma série de indivíduos possuem o dever de prestar informa-
poderá praticar quaisquer atos que dependam da apresentação de ções à autoridade competente, mediante intimação escrita, sobre
certidão negativa. bens, negócios ou atividades de terceiros.
Ocorrem em três situações:
a) Quando os créditos ainda não estiverem vencidos; Art. 197. Mediante intimação escrita, são obrigados a prestar à
b) Quando os créditos estão em curso de cobrança executiva autoridade administrativa todas as informações de que disponham
em que tenha sido efetivada a penhora; com relação aos bens, negócios ou atividades de terceiros:
I - os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício;
c) Quando os créditos estiverem com a exigibilidade suspensa.
II - os bancos, casas bancárias, Caixas Econômicas e demais ins-
O servidor que emitir certidão errada por dolo ou fraude res- tituições financeiras;
ponderá pessoalmente pelo crédito tributário e juros de mora. Se III - as empresas de administração de bens;
emitir errada culposamente, não será responsabilizado.
IV - os corretores, leiloeiros e despachantes oficiais;
Dispõe o CTN sobre o assunto em seus Artigos 205 a 208. Ve- V - os inventariantes;
jamos: VI - os síndicos, comissários e liquidatários;
VII - quaisquer outras entidades ou pessoas que a lei designe,
CAPÍTULO III em razão de seu cargo, ofício, função, ministério, atividade ou pro-
CERTIDÕES NEGATIVAS fissão.
Parágrafo único. A obrigação prevista neste artigo não abrange
Art. 205. A lei poderá exigir que a prova da quitação de deter- a prestação de informações quanto a fatos sobre os quais o infor-
minado tributo, quando exigível, seja feita por certidão negativa, mante esteja legalmente obrigado a observar segredo em razão de
expedida à vista de requerimento do interessado, que contenha to- cargo, ofício, função, ministério, atividade ou profissão.
das as informações necessárias à identificação de sua pessoa, do-
micílio fiscal e ramo de negócio ou atividade e indique o período a O dispositivo elenca uma série dos prováveis informantes que
que se refere o pedido. possuem obrigação de prestar informação ao Fisco. Para os tabe-
Parágrafo único. A certidão negativa será sempre expedida nos liães, escrivães e demais serventuários de ofício; os bancos, casas
termos em que tenha sido requerida e será fornecida dentro de 10 bancárias, Caixas Econômicas e demais instituições financeiras;
(dez) dias da data da entrada do requerimento na repartição. empresas de administração de bens; os corretores, leiloeiros e
Art. 206. Tem os mesmos efeitos previstos no artigo anterior despachantes oficiais; os inventariantes; os síndicos, comissários e
a certidão de que conste a existência de créditos não vencidos, em liquidatários, a obrigação decorre do próprio CTN. Já na hipótese
curso de cobrança executiva em que tenha sido efetivada a penho- do inciso VII, faz-se necessário que a lei especifique a pessoa obri-
ra, ou cuja exigibilidade esteja suspensa. gada a prestar informações em decorrência de suas atividades ou
funções.
Art. 207. Independentemente de disposição legal permissiva,
será dispensada a prova de quitação de tributos, ou o seu suprimen- Oposição do dever de sigilo ao fisco
to, quando se tratar de prática de ato indispensável para evitar a
caducidade de direito, respondendo, porém, todos os participantes De acordo com previsto no parágrafo único do art. 197, algu-
no ato pelo tributo porventura devido, juros de mora e penalidades mas pessoas são obrigadas a guardar segredo sobre certos fatos em
cabíveis, exceto as relativas a infrações cuja responsabilidade seja razão de possuírem certo cargo, oficio, função, ministério, atividade
pessoal ao infrator. ou profissão. Sendo assim, consoante a exegese da norma de tal
Art. 208. A certidão negativa expedida com dolo ou fraude, que dispositivo as pessoas que possuem obrigação de manter o sigilo de
contenha erro contra a Fazenda Pública, responsabiliza pessoal- informações não se submetem ao caput do artigo.
mente o funcionário que a expedir, pelo crédito tributário e juros de Conclui-se, portanto, que o sigilo comercial, profissional e o
mora acrescidos. bancário visam proteger a liberdade e privacidade das pessoas hu-
Parágrafo único. O disposto neste artigo não exclui a responsa- manas e de suas organizações. Por outro lado, o dever de informar
bilidade criminal e funcional que no caso couber. incumbido a terceiros tem como objetivo à defesa do crédito tribu-
tário da Fazenda Pública, visando facilitar a fiscalização das pesso-
as físicas e jurídicas, sujeitos passivos da relação tributária. Neste
SIGILO FISCAL prisma, é de extrema importância a conciliação destes dois valores
pelo Direito.

SIGILO FISCAL E PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES. Dever de sigilo do Fisco

Dentre as obrigações tributárias acessórias, é destacada a obri- O disposto no art. 198 do CTN é no sentido de que a Fazenda
gação de prestar informações à autoridade fiscal, seja no interesse Pública e seus servidores, sem prejuízo do que está inscrito na le-
da fiscalização, seja no interesse da arrecadação de tributos. Tais gislação penal, estão proibidos de divulgar informações, obtidas em
obrigações são devidas pelo próprio sujeito passivo da obrigação decorrência do ofício, sobre a situação econômica ou financeira do
ou por terceiros. sujeito passivo ou de terceiros sobre a natureza e a situação dos
seus negócios ou atividades.

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a solução para o seu concurso!
DIREITO TRIBUTÁRIO
O fundamento é a proteção da privacidade do contribuinte, Art. 199. A Fazenda Pública da União e as dos Estados, do Dis-
uma vez que o Fisco, com tantos poderes, adentra na vida e negó- trito Federal e dos Municípios prestar-se-ão mutuamente assistên-
cios dos cidadãos e como consequência torna-se dono de preciosos cia para a fiscalização dos tributos respectivos e permuta de infor-
segredos, os quais nas mãos de pessoas inescrupulosas podem ser mações, na forma estabelecida, em caráter geral ou específico, por
usados de forma indevida. lei ou convênio.

O parágrafo 1º traz algumas exceções ao caput do artigo em Excesso de exação e responsabilidade pessoal do agente
análise: público.
I – requisição de autoridade judiciária no interesse da justiça; A atividade tributária deve ser desenvolvida dentro dos estrei-
II – solicitações de autoridade administrativa no interesse da tos limites previstos na Constituição e em lei. A cobrança de tributo
Administração Pública, desde que seja comprovada a instauração indevido e/ou a utilização de meio vexatório na cobrança de tributo
regular de processo administrativo, no órgão ou na entidade res- devido são condutas tipificadas como crime de excesso de exação,
pectiva, com o objetivo de investigar o sujeito passivo a que se refe- cuja pena é superior, inclusive, as dos crimes contra a ordem tribu-
re a informação, por prática de infração administrativa. tária.15
Por seu turno o parágrafo 2º do art. 198 trata dos cuidados A definição legal do crime de excesso de exação encontra-se no
de que o intercâmbio de informações sigilosas deve ser realizado, §1º do art. 316 do Código Penal, cuja redação lhe foi dada pelo art.
isto é, mediante processo regularmente instaurado, sendo que a 20 da Lei nº 8.137/90, in verbis: “Se o funcionário exige tributo ou
entrega de informações deve ser feita pessoalmente a autoridade contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando
solicitante mediante recibo. devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei
Há de se ressaltar, também, que o parágrafo 3º autoriza a di- não autoriza: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 8(oito) anos, e multa”.
vulgação de informações relativas a representações fiscais para fins Há duas modalidades do excesso de exação: i) exigência indevi-
penais, inscrições na dívida ativa da Fazenda Pública e parcelamen- da (excesso no modo de exação) e ii) cobrança vexatória ou gravosa
to ou moratória. não autorizada em lei (exação fiscal vexatória).
É considerado um subtipo do crime de concussão e é de ação
Por fim, a Lei Complementar nº 104/2001, acresceu um pará- pública incondicionada. Comportamentos tipificados como crime
grafo único ao artigo 199 do CTN, o qual prevê a possibilidade de de excesso de exação não são admitidos, em especial porque o Es-
troca de informações com Estados estrangeiros, nos limites fixados tado possui mecanismos instrumentais legais de coerção, de forma
em tratados, acordos, ou convênios. a cobrar, dentro da restrita legalidade, do sujeito passivo da obriga-
ção tributária o tributo devido.
Art. 198. Sem prejuízo do disposto na legislação criminal, é ve-
dada a divulgação, por parte da Fazenda Pública ou de seus servi- A Autoridade Fazendária que age ao arrepio da lei, extrapola
dores, de informação obtida em razão do ofício sobre a situação seus deveres e competências funcionais, e imputa um maior ônus
econômica ou financeira do sujeito passivo ou de terceiros e sobre a tributário ao sujeito passivo ou, quando devido o tributo, emprega
natureza e o estado de seus negócios ou atividades. (Redação dada na cobrança meio vexatório ou gravoso, substitui a vontade geral
pela Lcp nº 104, de 2001) da sociedade, expressa na norma positivada, por sua própria vonta-
§ 1o Excetuam-se do disposto neste artigo, além dos casos pre- de, seja por dolo ou culpa. A Autoridade Fazendária, cujas condutas
vistos no art. 199, os seguintes: (Redação dada pela Lcp nº 104, coincidem com o tipo penal do crime de excesso de exação.
de 2001)
I – requisição de autoridade judiciária no interesse da justiça; Auxílio da força pública
(Incluído pela Lcp nº 104, de 2001)
II – solicitações de autoridade administrativa no interesse da O art. 200 do CTN confere uma prerrogativa à Administração
Administração Pública, desde que seja comprovada a instauração Tributária no exercício da fiscalização, consistente na possibilidade
regular de processo administrativo, no órgão ou na entidade res- da requisição do auxílio de força pública pelas autoridades admi-
pectiva, com o objetivo de investigar o sujeito passivo a que se re- nistrativas em caso de embaraço ou desacato no exercício das suas
fere a informação, por prática de infração administrativa. (Incluído funções ou quando necessário à efetivação de medida prevista na
pela Lcp nº 104, de 2001) legislação tributária.
§ 2o O intercâmbio de informação sigilosa, no âmbito da Admi-
nistração Pública, será realizado mediante processo regularmente
CTN:
instaurado, e a entrega será feita pessoalmente à autoridade solici-
tante, mediante recibo, que formalize a transferência e assegure a Art. 200. As autoridades administrativas federais poderão re-
preservação do sigilo. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) quisitar o auxílio da força pública federal, estadual ou municipal,
§ 3o Não é vedada a divulgação de informações relativas a: (In- e reciprocamente, quando vítimas de embaraço ou desacato no
cluído pela Lcp nº 104, de 2001) exercício de suas funções, ou quando necessário à efetivação dê
I – representações fiscais para fins penais; (Incluído pela Lcp nº medida prevista na legislação tributária, ainda que não se confi-
104, de 2001) gure fato definido em lei como crime ou contravenção.
II – inscrições na Dívida Ativa da Fazenda Pública; (Incluído pela
Lcp nº 104, de 2001)
III - parcelamento ou moratória; e (Redação dada pela Lei
Complementar nº 187, de 2021)

IV - incentivo, renúncia, benefício ou imunidade de natureza


tributária cujo beneficiário seja pessoa jurídica. (Incluído pela Lei
15 FERREIRA, Alexandre Henrique Salema. OLIVEIRA, Milena
Complementar nº 187, de 2021)
da Silva. O crime de excesso de exação.http://www.egov.ufsc.br/
portal/conteudo/o-crime-de-excesso-de-exa%C3%A7%C3%A3o
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a solução para o seu concurso!
DIREITO TRIBUTÁRIO
quanto ao contribuinte, já que é colocado à sua disposição um ins-
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL (DECRETO Nº 70.235, trumento eficaz e ágil para análise da exigência a ele imposta. Pres-
DE 6 DE MARÇO DE 1972) ta-se, ainda, ao próprio Poder Judiciário, pois evita a interposição
de demandas judiciais desnecessárias.
Analisando ainda os ensinamentos da doutrina pátria acerca
do tema, extraem-se as seguintes características inerentes ao pro-
PROCESSO ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO
cesso administrativo fiscal:
A Constituição Federal de 1988 trouxe o processo para o rol - controle interno da legalidade do lançamento: a Administra-
das garantias fundamentais do cidadão, por meio dos incisos LIV e ção controla a legalidade de seus próprios atos, podendo até anulá-
LV do artigo 5°, onde preveem que “LIV - ninguém será privado da -los face ao seu poder de autotutela;
liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”; e, “LV - aos - inexistência de uma relação triangular: a Fazenda Pública é,
litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados ao mesmo tempo, parte e julgador;
em geral são assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os - limitação da eficácia das decisões: os órgãos administrativos
meios e recursos a ela inerentes”. julgadores não possuem jurisdição e também não detém compe-
Com tais preceitos garantiu-se aos litigantes o direito constitu- tência para reconhecer a ilegalidade ou a inconstitucionalidade das
cional de discutir, em processo administrativo ou judicial, o seu di- normas tributárias. As decisões administrativas, mesmo que profe-
reito violado. Tal comando constitucional abrange a Administração ridas em última instância, são passíveis de revisão pelo Poder Judi-
Tributária, devendo os fiscos federal, estadual e municipal mante- ciário;
rem órgãos especializados no julgamento do contencioso adminis- - não possui caráter expropriatório: mesmo que a procedência
trativo tributário. do crédito tributário seja decidida em caráter definitivo, no âmbito
administrativo, a administração só poderá executar o patrimônio do
Nesse liame, o doutrinador Hugo de Brito Machado conceitua: sujeito passivo pela via judicial, através de uma ação de execução
fiscal;
A expressão processo administrativo fiscal pode ser usada - a estrutura da administração julgadora é montada dentro do
em sentido amplo e em sentido restrito. Em sentido amplo, tal próprio Poder Executivo. Não há total independência para julgar;
expressão designa o conjunto de atos administrativos tendentes - cada pessoa política, União, Estados, Distrito Federal e Mu-
ao reconhecimento, pela autoridade competente, de uma situa- nicípios, tem capacidade para estabelecer normas acerca de seus
ção jurídica pertinente à relação fisco-contribuinte. Em sentido respectivos processos administrativos fiscais;
estrito, a expressão processo administrativo fiscal designa a es- - é regido pelo Princípio do Informalismo: a principal caracte-
pécie do processo administrativo destinado à administração e rística do informalismo é a não exigência de formas rígidas para sua
exigência do crédito tributário.16 instauração, instrução e decisão, a não ser quando a lei assim o exi-
gir;
Atualmente o processo administrativo tributário vem se con- - obedece ao Princípio da Verdade Material: diferentemente
substanciando em um meio útil na busca da pacificação e do equi- do processo judicial em que vigora o princípio da verdade formal
líbrio da relação jurídica tributária, firmada entre o Estado (sujeito resultante das provas e dos fatos incluídos pelas partes nos autos,
ativo) e contribuinte (sujeito passivo). o que se busca no processo administrativo é a verdade real. Serão
Apesar do processo administrativo fiscal não ter poder jurisdi- consideradas todas as provas e fatos novos, ainda que desfavorá-
cional, a sua existência se justifica e se faz necessária por oferecer, veis à Fazenda Pública.
dentre outras, as seguintes vantagens:
- dispensa formalidades excessivas e complexos ritos proces- Salutar enfatizar que em decorrência do preceito insculpido
suais. O contribuinte não será obrigado a se fazer representar por no artigo 5º, XXXV, da Constituição Federal, a matéria objeto do
intermédio de advogado, como ocorre no processo judicial; processo administrativo pode, a qualquer tempo, ser submetida à
- possibilita à Administração a oportunidade de rever o ato de apreciação do Poder Judiciário, não sendo necessária a formulação
lançamento praticado pelos seus agentes, em conformidade com as prévia do pleito na esfera administrativa.
Súmulas nº 346 e nº 473, editadas pelo Supremo Tribunal Federal -
STF, em observância ao poder de autotutela administrativa; Princípios básicos17.
- é gratuito;
- suspende a exigibilidade do crédito tributário enquanto a Os princípios têm grande importância no sistema jurídico e,
matéria estiver pendente de apreciação nos órgãos julgadores, em igualmente, no subsistema processual tributário, posto que aqui
virtude de impugnação ou recurso administrativo; também informam rumos a serem seguidos para que as decisões
- permite a verificação dos requisitos de liquidez e de certeza proferidas no âmbito do processo administrativo tributário alcan-
inerentes ao crédito tributário, nos termos dos artigos 201 a 204, cem seu fim maior, qual seja, o da efetiva justiça fiscal.
da Lei n. 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Na- Os princípios aplicáveis ao processo administrativo tributário,
cional – CTN) e da Lei nº 6.830, de 22 de setembro de 1980 (Lei de inicialmente deduzidos na doutrina, são encontrados na Constitui-
Execução Fiscal); ção Federal, em regras de direito objetivo que condicionam o fun-
cionamento global do sistema e em atos específicos que os regulam.
- enseja uma decisão mais precisa e especializada, dado o grau
de conhecimento técnico dos julgadores tributários administrati-
vos.
Deste modo, observa-se que o contencioso administrativo
17 Texto adaptado: SILVA, Daniel Sá da. Ação judicial contra
tributário serve tanto ao Fisco, à medida que possibilita a revisão
decisão desfavorável à Fazenda em processo administrativo. Revista
interna do ato administrativo, principalmente o do lançamento,
Jus Navigandi, Teresina, ano 18, n. 3617, 27 maio 2013. Disponível
16 MACHADO, Hugo de Brito. Curso de direito tributário. 29. em: <http://jus.com.br/artigos/24536>. Acesso em: 1 de junho de
ed. São Paulo: Malheiros, 2008. 2015.
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a solução para o seu concurso!
DIREITO TRIBUTÁRIO
a) Legalidade: A legalidade, como princípio de administração d) Devido Processo Legal: Esse princípio tem origem na cláusula
(CF, art. 37, caput), significa que o administrador público está, em due process of law do Direito inglês e norte-americano, conforme
toda a sua atividade funcional, sujeito aos mandamentos da lei e registra a doutrina. Consiste em assegurar ao contribuinte o direito
às exigências do bem comum, e deles não se pode afastar ou des- de não ser privado de seu patrimônio sem a garantia de um proces-
viar, sob pena de praticar ato inválido e expor-se a responsabilidade so desenvolvido na forma estabelecida pela lei.
disciplinar, civil e criminal, conforme o caso. A eficácia de toda ati- Na Constituição Federal de 1988 encontra-se expresso no ar-
vidade administrativa está condicionada ao atendimento da Lei e tigo 5º, LIV, que dispôs: “ninguém será privado da liberdade ou de
do Direito. É o que diz o inc. I do parágrafo único do art. 2º da Lei n. seus bens sem o devido processo legal” e, mais especificamente di-
9.784/99. Com isso, fica evidente que, além da atuação conforme à recionado aos processos judicial e administrativo, no inciso LV, “aos
lei, a legalidade significa, igualmente, a observância dos princípios litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados
administrativos. em geral são assegurados o contraditório e a ampla defesa”. Assim,
Trata-se, aqui, do princípio capital para a configuração do re- verifica-se que é por meio do contraditório e da ampla defesa que
gime jurídico administrativo. É fruto da submissão do Estado à lei, esse princípio se manifesta.
que consagra a ideia de que a Administração Pública só pode ser Representa garantia inerente ao Estado Democrático de Direi-
exercida na conformidade da norma legal, encontrando amparo no to de que ninguém será condenado sem que lhe seja assegurada a
artigo 37 da Constituição Federal. plenitude da defesa. Genericamente, caracteriza-se pela tutela do
Na verdade, esse princípio é tão importante na aplicação do trinômio vida-liberdade-propriedade em seu sentido mais amplo e
Direito Tributário, que o CTN, em seu artigo 142, determinou que genérico. Em sentido processual, a expressão tem significado mais
todos os atos praticados no interesse da atividade administrativa de restrito e compreende a garantia de ampla defesa, o contraditório,
cobrança de tributos sejam estritamente vinculados. Significa que a prévia determinação de competência (juiz natural) e o direito a
o procedimento administrativo tributário deve seguir rigorosamen- uma decisão fundamentada e que ponha fim ao processo.
te as determinações legais, ou seja, a legalidade deve abranger o
desenvolvimento dos atos, objetivando enquadrá-los nos estritos e O princípio do devido processo legal é fundamental, por ser a
precisos termos normativos. base sobre a qual se assentam todos os demais princípios. A inob-
servância aos princípios informadores do processo administrativo
A Lei n° 9.784, de 29 de janeiro de 1999, estabeleceu expressa- tributário (constitucionais, administrativos e processuais específi-
mente em seu art. 2º o atendimento do princípio da legalidade no cos), portanto, em última análise, acaba por desrespeitar o princí-
processo administrativo como dever da Administração. pio do devido processo legal.
b) Contraditório: Previsto na Constituição Federal (art. 5°, inc. e) Duplo grau de jurisdição: Os doutrinadores Neder e López
LV), trata-se de manifestação do princípio do devido processo le- lembram que, não apenas a Constituição (art. 5º, LV), mas, tam-
gal, e decorrente do brocardo latino audiatur et altera pars (ouça-se bém, o Código Tributário Nacional (art. 151, III) e a legislação ordi-
a parte contrária), exprimindo a possibilidade, conferida aos con- nária são plenos de referências que prestigiam a dupla instância no
tendores no processo, de praticar todos os atos tendentes a influir âmbito do processo administrativo fiscal.
no convencimento do juiz. Tem estreita ligação com o princípio da A Lei n° 9.784/1999, por seu turno, estabeleceu que os apelos
igualdade das partes e se traduz na necessidade de se dar conhe- dos administrados fossem apreciados em, pelo menos, duas instân-
cimento da existência da ação e de todos os atos do processo às cias independentes. O artigo 56, parágrafo único, prescreve que o
partes, bem como na possibilidade de estas reagirem aos atos que “recurso será dirigido à autoridade que proferiu a decisão, a qual,
lhes forem desfavoráveis. se não reconsiderar no prazo de cinco dias, o encaminhará à auto-
Os litigantes têm, portanto, direito de deduzirem pretensões e ridade superior”.
defesas, apresentarem provas para demonstrar a existência de seus
direitos e serem ouvidos paritariamente. Destarte, poderá a parte insatisfeita com a decisão prolatada
no processo administrativo ou judicial recorrer a um segundo órgão
Em síntese, o contraditório traduz-se na faculdade da parte de julgador, com igual poder e amplitude de conhecimento do órgão
manifestar sua posição sobre fatos ou documentos, trazidos ao pro- recorrido, possibilitando-se, assim, a eventual reforma da decisão.
cesso, pela outra parte.
f) Segurança Jurídica: Trata-se de princípio geral do direito que
c) Ampla defesa: O princípio da ampla defesa, previsto no artigo informa a manutenção dos atos administrativos geradores de direi-
5º, inciso LV, da Carta Magna, decorre igualmente do princípio do to. Esse princípio encontra-se positivado no preâmbulo do texto
devido processo legal (due process of law) inerente à Constituição constitucional e tem como corolários o princípio da irretroativida-
dos Estados Unidos da América, por meio do qual impera a ideia de de da lei e o respeito ao direito adquirido, à coisa julgada e ao ato
que as partes litigantes transcorram um processo de forma justa. jurídico perfeito, bem como os institutos da prescrição e da deca-
A observância do princípio da ampla defesa garante aos contri- dência.
buintes o exercício do direito da defesa de seus interesses de forma
incondicional e irrestrita, não sendo admitidas quaisquer limita- Discorrendo sobre o tema, Xavier comenta:
ções.
Assim, admitir-se-á a produção de provas e a dedução das ra- [...] as leis tributárias devem ser elaboradas de tal modo
zões da pretensão que se quer ver atendida, a fim de demonstrar que garantam ao cidadão a confiança de que lhe facultam um
cabalmente o direito que foi violado. quadro completo de quais as suas ações ou condutas originado-
ras de encargos fiscais. [...] o princípio da confiança na lei fiscal,
Em síntese, consiste na efetiva participação das partes no pro- como imposição do princípio da segurança jurídica, traduz-se
cesso, prestando os esclarecimentos e juntando as provas necessá- praticamente na possibilidade dada ao contribuinte de conhe-
rias à obtenção de justo julgamento. cer e computar os seus encargos tributários com base direta e
exclusivamente na lei.

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a solução para o seu concurso!
DIREITO TRIBUTÁRIO
Nesse sentido, a Lei n° 9.784/1999 impõe, de modo expresso, No contencioso administrativo tributário a regra é que as pro-
o princípio da segurança como critério a ser obedecido pela admi- vas devem ser apresentadas juntamente com a impugnação ou com
nistração pública federal. O preceito constante do parágrafo único, a manifestação de inconformidade, no devido prazo legal, conforme
inciso XIII, do art. 2° da referida lei, prevê a “interpretação da norma artigo 15 do Decreto n° 70.235/1972. No parágrafo 4° do artigo 16,
administrativa que melhor garanta o atendimento do fim público a a disposição foi repetida, mitigando a regra preclusiva nas circuns-
que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação”. tâncias elencadas nas alíneas de “a” a “c”, quais sejam:
i) demonstração da impossibilidade de sua apresentação opor-
O próprio Código Tributário Nacional segue essa orientação, tuna, por motivo de força maior;
pois estabelece limites para a ação revisora da Administração nos ii) refira-se a fato ou a direito superveniente;
seus artigos 146 e 149. Em outras situações, em razão da seguran-
ça jurídica, o direito estabelece limites temporais ao exercício da iii) destine-se a contrapor fatos ou razões posteriormente tra-
invalidação dos atos administrativos. É o caso do artigo 54 da Lei n° zidas aos autos.
9.784/1999, que prescreve o prazo de cinco anos para a Administra-
Determina ainda o mesmo diploma legal retromencionado, nos
ção invalidar os atos administrativos, viciados de efeitos jurídicos,
parágrafos 5º e 6º do artigo 16, que a juntada de documentos após
favoráveis aos contribuintes por mecanismos internos. Introduz,
a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, me-
portanto, nova regra de decadência, pois a Administração Pública
diante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrên-
não precisa recorrer às vias judiciais para invalidar o ato adminis-
cia de uma das condições acima destacadas. No caso de já ter sido
trativo.
proferida decisão, os documentos apresentados permanecerão nos
g) Direito de Petição: O direito de petição é um direito político, autos para, em se interpondo recurso, serem apreciados pela auto-
que pode ser exercido por qualquer um, pessoa física ou jurídica, ridade julgadora de segunda instância.
sem forma rígida de procedimento para fazer-se valer, caracterizan-
do-se pela informalidade. Basta a identificação do peticionário e o A despeito dessa norma restritiva, em busca da verdade ma-
conteúdo sumário do que se pretende do órgão público destinatá- terial, a atual tendência do Conselho Administrativo de Recursos
rio do pedido. Fiscais - CARF tem sido no sentido de abrandar o rigor da regra,
admitindo o exame de provas a qualquer tempo.
Pode vir exteriorizado por intermédio de petição, no sentido
b) Formalismo moderado: Desse princípio decorre o desape-
estrito do termo, representação, queixa ou reclamação. Para legi-
go às formalidades excessivas e aos complexos ritos processuais. O
timar-se ao direito de petição, não é necessário que tenha sofrido
processo administrativo deve ser simples e informal, sem que isso
gravame pessoal ou lesão de direito, porque se caracteriza como
signifique, obviamente, a inobservância da “forma e de requisitos
direito de participação política, onde está presente o interesse geral
mínimos indispensáveis à regular constituição e segurança jurídica
no cumprimento da ordem jurídica.
dos atos que compõem o processo”.
Deve-se sempre ter em conta que o Estado não possui interes-
Princípios Setoriais Do Processo Administrativo Tributário
se subjetivo nas questões controvertidas no processo, senão para
a) Verdade Material: Esse princípio se efetiva por intermédio certificar-se da validade jurídica dos atos praticados por seus agen-
do exame pormenorizado e da valoração das provas carreadas aos tes. Portanto, ressalvadas as situações em que a lei exija, expressa-
autos pelas partes (tanto pelas autoridades fazendárias quanto pe- mente, certa formalidade, devem ser relevadas pequenas incorre-
los contribuintes). ções de forma, corrigida a instância quando a petição for dirigida à
autoridade diversa da competente para proferir o despacho ou a
Cabe trazer ao estudo a visão do doutrinador Celso Antônio decisão, de maneira a tornar simples o acesso do administrado ao
Bandeira de Mello: processo, desde que não prejudique a sistematização necessária à
sua tramitação.
Deveras, se a Administração tem por finalidade alcançar E é esta a orientação do artigo 2º, inciso IX da Lei 9.784/1999,
verdadeiramente o interesse público fixado na lei, é óbvio que o qual preconiza a “adoção de formas simples, suficientes para pro-
só poderá fazê-lo buscando a verdade material, ao invés de piciar adequado graus de certeza e respeito aos direitos dos admi-
satisfazer-se com a verdade formal, já que esta, por definição, nistrados”.
prescinde do ajuste substancial com aquilo que efetivamente é,
razão por que seria insuficiente para proporcionar o encontro Ainda que não se desprezem algumas formalidades, a regra
com o interesse público substantivo. não é a predeterminação de forma para regularidade do ato pro-
cessual. A exemplo do estabelecido no artigo 154 do Código de Pro-
Assim sendo, se a Administração tem por finalidade alcançar cesso Civil, os atos e termos processuais não dependem de forma
verdadeiramente o interesse público fixado na lei, é óbvio que só determinada, senão quando a lei expressamente o exigir. Ainda as-
poderá fazê-lo buscando a verdade material, ao invés de satisfazer- sim, reputam-se válidos os atos que, realizados de outro modo, lhe
-se com a verdade formal, já que esta, por definição, prescinde do preencham a finalidade essencial.
ajuste substancial com aquilo que efetivamente é, razão por que
seria insuficiente para proporcionar o encontro com o interesse pú- c) Oficialidade: Para Maia, o princípio da oficialidade (impulso
blico substantivo. oficial) resume-se a obrigatoriedade da própria Administração, sob
No tocante às provas, a Administração detém liberdade plena pena de responsabilização dos seus agentes, de ter que executar de
de produzi-las desde que obtidas por meios lícitos. A investigação ofício todos os atos que estejam dentro de sua competência, inde-
dos fatos deve trazer aos autos o que realmente ocorreu, ou seja, pendentemente de provocação do sujeito passivo ou de qualquer
a realidade, ao contrário do processo em que vigora a verdade for- ato ou ordem superior.
mal, onde o julgador deve apreender os fatos que contiverem os
autos.

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a solução para o seu concurso!
DIREITO TRIBUTÁRIO
Contrapõe-se ao princípio da inércia, aplicável ao processo civil O procedimento administrativo tributário pode ser dividido
e que procura preservar a neutralidade do julgador que age apenas em:
quando provocado pelas partes e no limite dos seus pedidos. Nes- a) preventivo,
se caso, a falta de iniciativa das partes enseja o encerramento do b) voluntário e
processo.
A Lei 9.784/1999, artigo 2°, inciso XII, determina a impulsão c) contencioso.
de ofício do processo administrativo, sem prejuízo da iniciativa dos
interessados. Procedimento administrativo tributário preventivo

O Decreto n° 70.235/1972, a seu turno, prescreve, no artigo 18, Dois são os procedimentos administrativos tributários preven-
que a autoridade julgadora pode determinar ex officio a realização tivos: a consulta e a denúncia espontânea.
de diligências ou perícias que entender necessárias.
1. Consulta Tributária. É o procedimento pelo qual o contribuin-
d) Gratuidade: Mello expõe que os procedimentos administra- te indaga ao fisco sobre sua situação legal diante de determinado
tivos fiscais devem ser gratuitos porque são realizados no atendi- fato, de duvidoso entendimento.
mento do interesse do Estado em promover sua autotutela, através 1.1.1. Consulta no âmbito federal. O Decreto n. 70.235/72 e,
dele pretende-se garantir que o procedimento administrativo não mais recentemente, a Lei 9.430/96 e diversas instruções normativas
seja causa de ônus econômicos ao administrado. consignam expressamente o processo de consulta, indicando os re-
No âmbito do processo administrativo federal, o princípio em quisitos para sua instauração, procedimento, julgamento e recurso,
referência fora consagrado no inciso XI, do parágrafo único, do arti- bem como relacionando os seus efeitos e os casos de ineficácia. O
go 2º, da Lei nº 9.784/1999, ao estabelecer a proibição de cobrança CTN, em seu art. 162 e parágrafos, ressalta três dos seus efeitos,
de despesas processuais, ressalvadas as previstas em lei. declarando que, quando formulada dentro do prazo legal para o re-
colhimento do tributo, impede:
Destarte, o princípio da gratuidade resulta na impossibilidade
a) a cobrança dos juros moratórios;
de cobrança de quaisquer despesas processuais, no âmbito do con-
b) a imposição de penalidade; ou
tencioso administrativo tributário, de forma que não sejam impos-
tos obstáculos ao acesso dos administrados à instância administra- c) a aplicação de medidas de garantia.
tiva.
2. Denúncia Espontânea. A ocorrência da denúncia espontânea
e) Objetividade da ação fiscal: O princípio da objetividade não dá-se com base no art. 138 do CTN, que tem a seguinte redação:
permite que se invoque, no curso do processo administrativo fiscal,
outras situações ou tributos não especificados no escopo original “A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea
do procedimento. da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tri-
buto devido e dos juros de mora, ou do depósito da importân-
Emerenciano citado por Janczeski explica:
cia arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montan-
te do tributo dependa de apuração.
[...] O fiscalizado, para poder realizar eficaz defesa, necessi- Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia
ta possuir elementos para poder insurgir-se contra os atos que apresentada após o início de qualquer procedimento adminis-
afetem a órbita de seus direitos públicos subjetivos. Conhecer trativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração”.
as razões constitui-se em garantia mínima para um adequado
exercício de eventual direito de defesa e acesso ao judiciário Assim, “procedendo o contribuinte ao recolhimento do impos-
para impedir eventuais violações. to devido, de forma voluntária e antes de qualquer medida admi-
nistrativa por parte do Fisco, há, pois, de se lhe aplicar o benefício
O Supremo Tribunal Federal homenageou o princípio da obje- da denúncia espontânea nos termos do art. 138, do CTN, afastan-
tividade da ação fiscal em sua Súmula 439, a qual preceitua que: do-se a imposição da multa moratória” (AGRESP 230701/PE, DJ:
“estão sujeitos à fiscalização tributária ou previdenciária quaisquer 20/03/2000, PG:00046, Relator Min. JOSÉ DELGADO, Data da De-
livros comerciais, limitado o exame aos pontos objeto da investiga- cisão 17/02/2000, PRIMEIRA TURMA). Tal benefício ocorre mesmo
ção”. em se tratando de tributo sujeito a lançamento por homologação,
conforme entendimento majoritário do STJ.
No âmbito da Receita Federal do Brasil o procedimento de fis-
Na esfera federal, o parágrafo único do artigo retro citado tor-
calização é instaurado por meio de instrumento específico denomi-
na-se mais maleável a partir da edição da Lei 9.430/96, com a re-
nado Mandado de Procedimento Fiscal, o qual, previamente, define
dação dada a seu art. 47, pelo art. 70 da Lei 9.532/97, à medida em
os limites da ação fiscal a que estará submetido o sujeito passivo,
que permite que se utilize desse benefício até o 20º dia subsequen-
coibindo incidentes arbitrários por parte do agente fiscalizador e
te à data de recebimento do termo de início de fiscalização, somen-
conferindo maior transparência à relação Fisco-contribuinte.
te nos casos de tributos e contribuições previamente declarados.
A súmula 208 do antigo TFR estabelecia, quanto à outra con-
Acepções e espécies
dição estabelecida no caput do artigo transcrito (necessidade de
O processo administrativo tributário deve obedecer ao devido pagamento do valor devido), que “a simples confissão da dívida,
processo legal (due process of law), possuindo as seguintes fases: acompanhada do seu pedido de parcelamento, não configura de-
a) instauração; núncia espontânea”.
b) instrução;
c) defesa; No entanto, esse posicionamento acabou sendo revisto no STJ
d) relatório; (REsp 117.031-SC, DJ 18.08.97; REsp 111.470-SC, DJ 19.05.97 e REsp
168.868-RJ, DJ 26.10.98. EREsp 147.927-RS, Rel. Min. Garcia Vieira,
e) julgamento. em 9.12.1998). Para Hugo de Brito Machado, porém, “admitir-se
que a denúncia espontânea com pedido de parcelamento exclui as
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a solução para o seu concurso!
DIREITO TRIBUTÁRIO
penalidades, é tornar praticamente inúteis as normas que fixam Procedimento Administrativo Tributário Contencioso
prazos para os pagamentos de tributo. É estimular a inadimplência,
frustrando completamente o objetivo específico da norma em tela, Em sentido genérico, o procedimento administrativo conten-
que é o de estimular o pronto pagamento das dívidas tributárias”. cioso é todo sistema de prestação jurisdicional destinado a resolver
A Lei Complementar 104/2001 acrescentou o seguinte dispositivo conflitos emergentes da relação entre o contribuinte e o fisco, den-
ao CTN: tro do próprio âmbito da Administração Pública.

Art. 155-A. O parcelamento será concedido na forma e 1. Procedimento Administrativo Tributário Contencioso Fede-
condição estabelecidas em lei específica. ral.
§ 1º Salvo disposição de lei em contrário, o parcelamento
do crédito tributário não exclui a incidência de juros e multas. É regido pelo Decreto 70.235/72, com a redação conferida pe-
§ 2º Aplicam-se, subsidiariamente, ao parcelamento as dis- las Leis 8.748/93, 9532/97 e MP 1973-57/2000, que dispõe sobre
posições desta Lei, relativas à moratória. o processo administrativo de determinação e exigência de créditos
Assim, é possível excluir a responsabilidade por infrações des- da União.
de que o contribuinte ou o responsável denuncie espontaneamente 1.2. Auto de infração e imposição de multa (AIIM). É o ato de
a infração, pagando o tributo devido atualizado monetariamente, formalização da exigência do crédito tributário. Através da noti-
acrescido de juros de mora, ou efetuando depósito da importância ficação de fiscalização e lançamento de débito (NFLD) leva-se ao
que for arbitrada pela autoridade administrativa, quando o mon- conhecimento do sujeito passivo o fato de ele estar obrigado ao
tante do tributo dependa de apuração, isto antes de qualquer pro- cumprimento da exigência fiscal.
cedimento administrativo referente à infração. 1.3. Defesa e julgamento de primeira instância. A impugnação
Procedimento Administrativo Tributário Voluntário ou defesa da exigência instaura a fase litigiosa do procedimento.
1. Restituição, Compensação e Ressarcimento de Tributos Prazo: trinta dias contados da data em que tiver sido lavrado o auto
de infração (intimação da exigência).
Os arts. 165 a 169 do CTN admitem a restituição do valor do Se o sujeito passivo não impugnar, será declarado revel e a
tributo indevidamente pago, qualquer que seja a modalidade de peça terá continuidade, mesmo sem a sua presença, permanecen-
pagamento. do no órgão preparador, pelo prazo de trinta dias, para cobrança
A restituição do tributo dá margem à restituição, na mesma amigável do crédito tributário, ainda que a impugnação seja parcial.
proporção, dos juros moratórios e multas impostas ao sujeito pas- Esgotado o prazo sem que o crédito tributário tenha sido pago, o
sivo. O valor restituído deverá vir acompanhado de correção mone- órgão preparador declarará o sujeito passivo devedor remisso e o
tária, como tem determinado a jurisprudência predominante (“nos processo será encaminhado à autoridade competente para promo-
casos de devolução do depósito efetuado em garantia de instância ver a cobrança executiva, após a inscrição do valor na dívida ativa
e de repetição de indébito tributário, a correção monetária é calcu- da Fazenda Pública.
lada desde a data do depósito ou do pagamento indevido e incide Apresentada a impugnação, o processo será remetido à Dele-
até o efetivo ressarcimento da importância reclamada” - Súmula 46 gacia da Receita Federal de Julgamento (DRI), se for o caso. Após
do TFR). o julgamento, em sendo esse desfavorável ao contribuinte, será o
1.1. Restituição de impostos indiretos. Art. 166 do CTN: “a resti- mesmo cientificado para que proceda ao pagamento da exigência.
tuição de tributos que comportem, por sua natureza, transferência Se, entretanto, dentro de trinta dias o sujeito passivo não se satis-
do respectivo encargo financeiro somente será feita a quem prove faz com a decisão proferida pela autoridade de primeira instância,
haver assumido o referido encargo, ou, no caso de tê-lo transferido pode recorrer à segunda instância, para pleitear a modificação da
a terceiro, estar por este expressamente autorizado a recebê-la”. decisão, desde que deposite 30% do valor da autuação. Como se
sabe, o STF entendeu a exigência (depósito recursal) constitucional,
2. Compensação. porquanto “não se insere na Carta de 88 a garantia do duplo grau
A Lei 8.383/91, com redação dada pelo art. 58 da Lei 9.096/96, de jurisdição administrativa”.
veio complementar o estatuído no art. 170 do CTN permitindo, em
seu art. 66, ao contribuinte efetuar a compensação, nos casos de 1.4. Recurso voluntário. Na fase recursal, o contencioso fis-
pagamento indevido ou a maior de tributos, mesmo quando re- cal da União é formado pelos Conselhos de Contribuintes, órgãos
sultante de reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão colegiados de composição paritária que decidem controvérsias
condenatória desse valor no recolhimento de importância corres- sobre tributos federais. Portanto, tanto o recurso voluntário do
pondente a períodos subsequentes, desde que a compensação seja contribuinte, quanto o recurso de ofício interposto pela autoridade
efetuada entre tributos da mesma espécie, sendo, entretanto, fa- administrativa serão julgados por estes conselhos, cabendo sem-
cultado ao contribuinte optar pelo pedido de restituição. Posterior- pre a revisão judicial do que decidirem, salvo, segundo alguns, se
mente, por força da Lei 9.430/96, tanto a restituição em espécie desfavorável à Fazenda Pública (de nossa parte, entendemos que,
como a compensação foram estendidos aos casos de ressarcimen- mesmo quando a decisão não é favorável ao Fisco, é possível a sua
to, que pode ser conceituado como modalidade de concessão de revisão judicial. Do contrário, tolhido estaria por completo o direito
benefício fiscal. fundamental de ação, atingindo seu núcleo essencial).

A Lei Complementar 104/2001 acrescentou o seguinte ao CTN: Questão interessante é saber se o Conselho de Contribuintes
“Art. 170-A. É vedada a compensação mediante o aproveitamento pode declarar a inconstitucionalidade de lei ou regulamento. A ma-
de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes téria é controvertida, prevalecendo, contudo, o entendimento de
do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial.” que não é possível ao Conselho de Contribuinte declarar a inconsti-
tucionalidade de atos normativos.

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a solução para o seu concurso!
DIREITO TRIBUTÁRIO
1.5. Julgamento em instância especial. A Câmara Superior de II- Revogado pelo Decreto nº 8.853, de 2016
Recursos Fiscais, órgão colegiado diretamente subordinado ao Mi- Parágrafo único. O servidor que verificar a ocorrência de infra-
nistro de Estado, tem por finalidade o julgamento administrativo, ção à legislação tributária federal e não for competente para forma-
em instância especial, dos litígios fiscais. Trata-se, na verdade, de lizar a exigência decorrente comunicará o fato, em representação
órgão de uniformização de entendimento. Sua competência ocorre circunstanciada, a seu chefe imediato para adoção das providências
em duas situações: necessárias.
a) decisão não unânime da Câmara de Conselho de Contribuin-
Art. 32.  A competência para fiscalizar o cumprimento das obri-
tes, quando for contrária à lei ou à evidência da prova; e
gações principais e acessórias relativas ao Regime Especial Unifica-
b) decisão que der à lei tributária interpretação divergente da do de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Micro-
que lhe tenha dado outra Câmara de Conselho de Contribuintes ou empresas e Empresas de Pequeno Porte - Simples Nacional e para
a própria Câmara Superior de Recursos Fiscais. No primeiro caso, o verificar a ocorrência das hipóteses de exclusão de ofício é da Secre-
recurso é privativo do Procurador da Fazenda Nacional. taria da Receita Federal do Brasil e das Secretarias de Fazenda ou de
Finanças do Estado ou do Distrito Federal, segundo a localização do
Arrolamento Administrativo Tributário. Consiste em mais um estabelecimento, e, tratando-se de prestação de serviços incluídos
instrumento com vistas a garantir o recebimento dos créditos tribu- na competência tributária municipal, a competência será também
tários. Verdadeiro desmembramento da medida cautelar fiscal na do respectivo Município
esfera administrativa, esse instrumento visa estabelecer um contro-
le da evolução patrimonial dos contribuintes, cujo débito para com
SEÇÃO III
o fisco supere a 30% desse patrimônio e que consolidado alcance
um mínimo de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais). DO INÍCIO DO PROCEDIMENTO FISCAL

Sem adquirir o caráter de constrição efetiva dos bens e direitos Art. 33.  O procedimento fiscal tem início com:
sob os quais venha a recair, o arrolamento administrativo determina I - o primeiro ato de ofício, por escrito, praticado por servidor
que se proceda à comunicação de qualquer transferência, oneração competente, cientificado o sujeito passivo da obrigação tributária
e alienação ao órgão da receita da jurisdição do contribuinte. Em ou seu preposto;
termos práticos, esse controle das alterações patrimoniais permiti-
rá a instrução de eventual Medida Cautelar Fiscal dando eficácia a II - a apreensão de mercadorias;
esse instrumento judicial. III - a apreensão de documentos ou de livros; ou
IV - o começo do despacho aduaneiro de mercadoria importa-
Determinação e Exigência Do Crédito Tributário da.
§ 1º O início do procedimento exclui a espontaneidade do su-
O Decreto nº 7.574, de 29 de setembro de 2011, dentre outras jeito passivo em relação aos atos anteriores e, independentemente
providências, regulamenta o processo administrativo de determina- de intimação, a dos demais envolvidos nas infrações verificadas.
ção e exigência dos créditos tributários da União. Desta forma, em § 2º O ato que determinar o início do procedimento fiscal ex-
seguida veremos os dispositivos legais pertinentes ao tema: clui a espontaneidade do sujeito passivo em relação ao tributo, ao
período e à matéria nele expressamente inseridos.
TÍTULO II § 3º Para os efeitos do disposto nos §§ 1º e 2o, os atos referi-
DO PROCESSO DE DETERMINAÇÃO E EXIGÊNCIA DE CRÉDITOS dos nos incisos I, II e III do caput valerão pelo prazo de sessenta dias,
TRIBUTÁRIOS prorrogável, sucessivamente, por igual período contado a partir do
término, com qualquer outro ato escrito que indique o prossegui-
CAPÍTULO I mento dos trabalhos, desde que lavrado e cientificado ao sujeito
DO PROCEDIMENTO FISCAL passivo dentro do prazo anterior.
SEÇÃO I § 4º Para efeitos do disposto no inciso IV do caput, tem-se:
I - por iniciado o despacho aduaneiro de importação na data do
DA APLICAÇÃO NO TEMPO DAS NORMAS PROCEDIMEN- registro da declaração de importação e
TAIS RELATIVAS AO LANÇAMENTO II - por registro da Declaração de Importação a sua numeração
pela Secretaria da Receita Federal do Brasil no Sistema Integrado
Art. 30.  Aplica-se ao lançamento a legislação que, posterior-
de Comércio Exterior - SISCOMEX ou, quando dispensado o registro
mente à ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, tenha
com a utilização desse meio, na forma estabelecida por esse órgão
instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização,
ampliado os poderes de investigação das autoridades fiscais ou ou- Art. 34.  O procedimento de fiscalização será iniciado pela inti-
torgado ao crédito tributário maiores garantias ou privilégios, ex- mação ao sujeito passivo para, no prazo de vinte dias, contados da
ceto, neste último caso, para o efeito de atribuir responsabilidade data da ciência, apresentar as informações e documentos necessá-
tributária a terceiros. rios ao procedimento fiscal, ou efetuar o recolhimento do crédito
tributário constituído
SEÇÃO II § 1º O prazo a que se refere o caput será de cinco dias úteis,
nas situações em que as informações e os documentos solicitados
DA COMPETÊNCIA PARA EFETUAR LANÇAMENTO
digam respeito a fatos que devam estar registrados na escrituração
contábil ou fiscal do sujeito passivo, ou em declarações apresenta-
Art. 31. O lançamento de ofício compete ao Auditor-Fiscal da das à administração tributária.
Receita Federal do Brasil, podendo a exigência do crédito tributário
ser formalizada em auto de infração ou em notificação de lança-
mento. (Redação dada pelo Decreto nº 8.853, de 2016)
I- Revogado pelo Decreto nº 8.853, de 2016
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DIREITO TRIBUTÁRIO
§ 2º Não enseja a aplicação da penalidade prevista no §2º do § 4º A formalização da exigência, na hipótese prevista no § 3o,
art. 44 da Lei no 9.430, de 1996, o desatendimento à intimação para previne a jurisdição e prorroga a competência da autoridade que
apresentar documentos cuja guarda não esteja sob a responsabili- dela primeiro conhecer.
dade do sujeito passivo, ou no caso de impossibilidade material de § 5º O disposto no caput aplica-se também nas hipóteses em
seu cumprimento. que, constatada infração à legislação tributária, dela não resulte
exigência de crédito tributário.
SEÇÃO IV § 6º Os autos de infração e as notificações de lançamento de
DAS DILIGÊNCIAS E DAS PERÍCIAS que trata o caput, formalizados em decorrência de fiscalização re-
lacionada a regime especial unificado de arrecadação de tributos,
poderão conter lançamento único para todos os tributos por eles
Art. 35.  A realização de diligências e de perícias será determi-
abrangidos.
nada pela autoridade julgadora de primeira instância, de ofício ou
a pedido do impugnante, quando entendê-las necessárias para a § 7º O disposto no caput não se aplica às contribuições de que
apreciação da matéria litigada trata o art. 3º da Lei no 11.457, de 2007.
Parágrafo único.  O sujeito passivo deverá ser cientificado do
resultado da realização de diligências e perícias, sempre que novos SUBSEÇÃO II
fatos ou documentos sejam trazidos ao processo, hipótese na qual DO AUTO DE INFRAÇÃO
deverá ser concedido prazo de trinta dias para manifestação.
Art. 39.  O auto de infração será lavrado no local da verificação
Art. 36.  A impugnação mencionará as diligências ou perícias da falta, devendo conter:
que o sujeito passivo pretenda sejam efetuadas, expostos os mo- I - a qualificação do autuado;
tivos que as justifiquem, com a formulação de quesitos referentes
aos exames desejados, e, no caso de perícia, o nome, o endereço e II - o local, a data e a hora da lavratura;
a qualificação profissional de seu perito deverão constar da impug- III - a descrição dos fatos;
nação. IV - a disposição legal infringida e a penalidade aplicável;
§ 1º Deferido o pedido de perícia, ou determinada de ofício V - a determinação da exigência e a intimação para cumpri-la
sua realização, a autoridade designará servidor para, como perito ou impugná-la no prazo de trinta dias, contados da data da ciência;
da União, a ela proceder, e intimará o perito do sujeito passivo a e
realizar o exame requerido, cabendo a ambos apresentar os respec-
tivos laudos em prazo que será fixado segundo o grau de complexi- VI - a assinatura do Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil
dade dos trabalhos a serem executados responsável pela autuação e o número de sua matrícula.
§ 2º Indeferido o pedido de diligência ou de perícia, por terem SUBSEÇÃO III
sido consideradas prescindíveis ou impraticáveis, deverá o indeferi- DA NOTIFICAÇÃO DE LANÇAMENTO
mento, devidamente fundamentado, constar da decisão

§ 3º Determinada, de ofício ou a pedido do impugnante, dili- Art. 40.  A notificação de lançamento será expedida pela unida-
gência ou perícia, é vedado à autoridade incumbida de sua realiza- de da Secretaria da Receita Federal do Brasil encarregada da forma-
ção escusar-se de cumpri-las. lização da exigência, devendo conter:
I - a qualificação do notificado;
Art. 37.  No âmbito da Secretaria da Receita Federal do Brasil, II - o valor do crédito tributário e o prazo para pagamento ou
compete ao Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil a realização impugnação;
de diligências e de perícias
III - a disposição legal infringida, se for o caso; e
SEÇÃO V IV - a assinatura do chefe da unidade da Secretaria da Receita
DA EXIGÊNCIA FISCAL Federal do Brasil que emitir a notificação ou do Auditor-Fiscal da
SUBSEÇÃO I Receita Federal do Brasil por ele designado, mediante delegação de
DA FORMALIZAÇÃO competência, e a indicação de seu cargo ou de sua função e o nú-
mero de matrícula.
Art. 38. A exigência do crédito tributário e a aplicação de pe- Parágrafo único. A notificação de lançamento emitida por pro-
nalidade isolada serão formalizados em autos de infração ou noti- cessamento eletrônico prescinde da assinatura referida no inciso IV
ficações de lançamento, distintos para cada tributo ou penalidade. do caput, obrigatória a identificação do Auditor-Fiscal da Receita
§ 1º Os autos de infração ou as notificações de lançamento, Federal do Brasil que a emitir. (Redação dada pelo Decreto nº 8.853,
em observância ao disposto no art. 25, deverão ser instruídos com de 2016)
todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de pro- SUBSEÇÃO IV
va indispensáveis à comprovação do fato motivador da exigência. DO LANÇAMENTO COMPLEMENTAR
§ 2º Os autos de infração e as notificações de lançamento de
que trata o caput, formalizados em relação ao mesmo sujeito pas- Art. 41.   Quando, em exames posteriores, diligências ou pe-
sivo, podem ser objeto de um único processo, quando a comprova- rícias realizados no curso do processo, forem verificadas incorre-
ção dos ilícitos depender dos mesmos elementos de prova. ções, omissões ou inexatidões, de que resultem agravamento da
§ 3º A formalização de que trata este artigo será válida, mesmo exigência inicial, inovação ou alteração da fundamentação legal
que efetuada por Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil com da exigência, será efetuado lançamento complementar por meio
exercício em unidade da Secretaria da Receita Federal do Brasil com
jurisdição diversa do domicílio tributário do sujeito passivo.

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DIREITO TRIBUTÁRIO
da lavratura de auto de infração complementar ou de emissão de deve comunicar o fato à unidade da Secretaria da Receita Federal
notificação de lançamento complementar, específicos em relação à do Brasil em cuja jurisdição o domicílio tributário do sujeito passivo
matéria modificada estiver
§ 1º O lançamento complementar será formalizado nos casos: § 4º A alienação, oneração ou transferência, a qualquer título,
I - em que seja aferível, a partir da descrição dos fatos e dos dos bens e direitos arrolados, sem o cumprimento da formalidade
demais documentos produzidos na ação fiscal, que o autuante, no prevista no § 3o, autoriza o requerimento de medida cautelar fiscal
momento da formalização da exigência: contra o sujeito passivo.
§ 5º O termo de arrolamento de que trata o § 3º será registra-
a) apurou incorretamente a base de cálculo do crédito tributá- do independentemente de pagamento de custas ou emolumentos:
rio; ou
I - no competente registro imobiliário, relativamente aos bens
b) não incluiu na determinação do crédito tributário matéria
imóveis;
devidamente identificada; ou
II - nos órgãos ou entidades, onde, por força de lei, os bens mó-
II - em que forem constatados fatos novos, subtraídos ao co-
veis ou direitos sejam registrados ou controlados; ou
nhecimento da autoridade lançadora quando da ação fiscal e rela-
cionados aos fatos geradores objeto da autuação, que impliquem III - no Cartório de Títulos e Documentos e Registros Especiais
agravamento da exigência inicial. do domicílio tributário do sujeito passivo, relativamente aos demais
§ 2º O auto de infração ou a notificação de lançamento de que bens e direitos.
trata o caput terá o objetivo de: § 6º As certidões de regularidade fiscal expedidas deverão
conter informações quanto à existência de arrolamento.
I - complementar o lançamento original; ou § 7º Liquidado o crédito tributário que tenha motivado o ar-
II - substituir, total ou parcialmente, o lançamento original nos rolamento antes de seu encaminhamento para inscrição em dívida
casos em que a apuração do quantum devido, em face da legislação ativa da União, o Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil respon-
tributária aplicável, não puder ser efetuada sem a inclusão da ma- sável comunicará o fato ao órgão em que o termo foi registrado
téria anteriormente lançada. para que sejam anulados os efeitos do arrolamento. (Redação dada
§ 3º Será concedido prazo de trinta dias, contados da data da pelo Decreto nº 8.853, de 2016)
ciência da intimação da exigência complementar, para a apresenta- § 8º Liquidado ou garantido, nos termos da Lei no 6.830, de
ção de impugnação apenas no concernente à matéria modificada. 22 de setembro de 1980, o crédito tributário que tenha motivado
§ 4º O auto de infração ou a notificação de lançamento de que o arrolamento, após seu encaminhamento para inscrição em dívida
trata o caput devem ser objeto do mesmo processo em que for tra- ativa da União, a comunicação de que trata o § 8º será feita pela
tado o auto de infração ou a notificação de lançamento comple- autoridade competente da Procuradoria da Fazenda Nacional.
mentados. § 9º Os órgãos de registro público onde os bens e direitos fo-
§ 5º O julgamento dos litígios instaurados no âmbito do pro- ram arrolados dispõem do prazo de trinta dias para liberá-los, con-
cesso referido no § 4º será objeto de um único acórdão. tado da data de protocolo de cópia do documento comprobatório
SUBSEÇÃO V da comunicação aos órgãos fazendários referido no § 3º. (Incluído
pelo Decreto nº 8.853, de 2016)
Do SEGUNDO EXAME DA ESCRITA
§ 10. O disposto neste artigo é aplicável somente se a soma
Art. 42. Em relação ao mesmo exercício, só é possível um segun- dos valores dos créditos tributários for superior a R$ 2.000.000,00
do exame, mediante ordem escrita do Superintendente, do Delega- (dois milhões de reais). (Incluído pelo Decreto nº 8.853, de 2016)
do ou do Inspetor da Receita Federal do Brasil.
Art. 44.   O arrolamento de que trata o art. 43 recairá sobre
SEÇÃO VI bens e direitos suscetíveis de registro público, com prioridade aos
imóveis, e em valor suficiente para cobrir o montante do crédito tri-
DAS MEDIDAS DE DEFESA DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
butário de responsabilidade do sujeito passivo.
SUBSEÇÃO I § 1º O arrolamento somente poderá alcançar outros bens e
DO ARROLAMENTO DE BENS E DIREITOS PARA ACOMPANHA- direitos para fins de complementar o valor referido no caput.
MENTO DO PATRIMÔNIO DO SUJEITO PASSIVO § 2º O Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil poderá, a
requerimento do sujeito passivo, substituir bem ou direito arrolado
Art. 43. O Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil procederá por outro que seja de valor igual ou superior, desde que respeitada
ao arrolamento de bens e direitos do sujeito passivo sempre que o a ordem de prioridade de bens ou direitos a serem arrolados defini-
valor dos créditos tributários de sua responsabilidade for superior a da pela Secretaria da Receita Federal do Brasil e que seja realizada a
trinta por cento do seu patrimônio conhecido. (Redação dada pelo avaliação de bem ou direito arrolado e de bem ou direito substituto,
Decreto nº 8.853, de 2016) nos termos do § 3º. (Redação dada pelo Decreto nº 8.853, de 2016)
§ 1º Se o crédito tributário for formalizado contra pessoa fí- § 3º Fica a critério do sujeito passivo, às expensas dele, re-
sica, no arrolamento devem ser identificados, inclusive, os bens e querer, anualmente, aos órgãos de registro público onde os bens e
direitos em nome do cônjuge, não gravados com a cláusula de in- direitos estiverem arrolados, por petição fundamentada, avaliação
comunicabilidade. dos referidos ativos, por perito indicado pelo próprio órgão de regis-
§ 2º Na falta de outros elementos indicativos, considera-se tro, a identificar o valor justo dos bens e direitos arrolados e evitar,
patrimônio conhecido o valor constante da última declaração de desse modo, excesso de garantia. (Incluído pelo Decreto nº 8.853,
rendimentos apresentada. de 2016)
§ 3º A partir da data da notificação do ato de arrolamento,
mediante entrega de cópia do respectivo termo, o proprietário dos
bens e direitos arrolados, ao transferi-los, aliená-los ou onerá-los,

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DIREITO TRIBUTÁRIO
SUBSEÇÃO II âmbito da unidade de controle até que o referido crédito se torne
DA MEDIDA CAUTELAR FISCAL definitivo na esfera administrativa, respeitado o prazo para cobran-
ça amigável (Lei nº 9.430, de 1996, art. 83).
Art. 45.  A Procuradoria da Fazenda Nacional poderá instaurar Parágrafo único. Caso o crédito tributário correspondente ao
procedimento cautelar fiscal após a constituição do crédito, inclusi- ilícito penal seja integralmente extinto pelo julgamento adminis-
ve no curso da execução judicial da dívida ativa da União trativo ou pelo pagamento, os autos da representação, juntamente
Parágrafo único.   O requerimento da medida cautelar inde- com cópia da respectiva decisão administrativa, quando for o caso,
pende da prévia constituição do crédito tributário quando o sujeito deverão ser arquivados.
passivo: Art. 49. A representação fiscal para fins penais relativa aos
I - notificado pela Fazenda Pública para que proceda ao reco- crimes de contrabando ou descaminho, definidos no art. 334 do
lhimento do crédito tributário, põe ou tenta por seus bens em nome Decreto-Lei nº 2.848, de 1940 - Código Penal, será formalizada em
de terceiros; ou autos separados e protocolizada na mesma data da lavratura do
II - aliena bens ou direitos sem proceder à devida comunicação auto de infração, devendo permanecer na unidade da Secretaria
ao órgão da Fazenda Pública competente, quando exigível em vir- da Receita Federal do Brasil de lavratura até o final do prazo para
tude de lei. impugnação.
§ 1º Se for aplicada a pena de perdimento de bens, inclusive na
hipótese de conversão em multa equivalente ao valor aduaneiro da
SUBSEÇÃO III mercadoria que não seja localizada ou que tenha sido consumida,
Da MEDIDA CAUTELAR FISCAL PREPARATÓRIA a representação de que trata o caput deverá ser encaminhada pela
autoridade julgadora de instância única ao órgão do Ministério Pú-
Art. 46.  Quando a medida cautelar fiscal for concedida em pro- blico Federal que for competente para promover a ação penal, no
cedimento preparatório, deverá a Fazenda Nacional propor a exe- prazo máximo de dez dias, anexando-se cópia da decisão.
cução judicial da dívida ativa no prazo de sessenta dias, contados
da data em que a exigência se tornar irrecorrível na esfera admi- § 2º Não aplicada a pena de perdimento, a representação fiscal
nistrativa para fins penais deverá ser arquivada, depois de incluir nos autos
cópia da respectiva decisão administrativa.
12.4 REPRESENTAÇÃO FISCAL PARA FINS PENAIS.
A representação fiscal para fins penais é o instrumento pelo Art. 50. A Secretaria da Receita Federal do Brasil disciplinará
qual os Auditores-Fiscais da Receita Federal comunicam ao Minis- os procedimentos necessários à execução do disposto nesta Seção.
tério Público Federal fatos que configurem ilícitos penais contra a
ordem tributária, constituindo-se, portanto, em forte arma no com-
Além do decreto acima exposto, temos também outro decreto
bate à sonegação.
que regula o processo administrativo fiscal – o Decreto nº 70.235,
O Decreto nº 7.574, de 29 de setembro de 2011, prevê o seguin- de 6 de março de 1972. Veja o que ele dispõe:
te procedimento para a representação fiscal para fins penais:
DECRETO Nº 70.235, DE 6 DE MARÇO DE 1972.
SEÇÃO VII Dispõe sobre o processo administrativo fiscal, e dá outras pro-
vidências.
DA REPRESENTAÇÃO FISCAL PARA FINS PENAIS
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando das atribuições que lhe
Art. 47. O Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil formali- confere o artigo 81, item III, da Constituição e tendo em vista o dis-
zará representação fiscal para fins penais em autos separados, pro- posto no artigo 2° do Decreto-Lei n. 822, de 5 de setembro de 1969,
tocolizada na mesma data da lavratura do auto de infração, sem- decreta:
pre que, no curso de procedimento de fiscalização de que resulte DISPOSIÇÃO PRELIMINAR
lavratura de auto de infração relativo a tributos administrados pela
Art. 1° Este Decreto rege o processo administrativo de determi-
Secretaria da Receita Federal do Brasil ou decorrente de apreensão
nação e exigência dos créditos tributários da União e o de consulta
de bens sujeitos à pena de perdimento, constatar fato que configu-
sobre a aplicação da legislação tributária federal.
re, em tese:
I - crime contra a ordem tributária tipificado nos arts. 1º ou 2º
da Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990; CAPÍTULO I
II - crime de contrabando ou de descaminho tipificado no art. DO PROCESSO FISCAL
334 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código SEÇÃO I
Penal; ou
DOS ATOS E TERMOS PROCESSUAIS
III - crime contra a Previdência Social tipificado nos arts. 168-A
ou 337-A do Decreto-Lei nº 2.848, de 1940. Art. 2º Os atos e termos processuais, quando a lei não pres-
Art. 48. As representações fiscais para fins penais relativas aos crever forma determinada, conterão somente o indispensável à sua
crimes contra a ordem tributária definidos nos arts. 1º e 2º da Lei nº finalidade, sem espaço em branco, e sem entrelinhas, rasuras ou
8.137, de 1990, e aos crimes contra a Previdência Social, definidos emendas não ressalvadas.
nos arts. 168-A e 337-A do Decreto-Lei nº 2.848, de 1940 - Códi- Parágrafo único. Os atos e termos processuais poderão ser
go Penal acrescentados pela Lei nº 9.983, de 14 de julho de 2000, formalizados, tramitados, comunicados e transmitidos em formato
serão formalizadas e protocolizadas em até dez dias contados da digital, conforme disciplinado em ato da administração tributária.
data da constituição do crédito tributário, devendo permanecer no (Redação dada pela Lei nº 12.865, de 2013)
Art. 3° A autoridade local fará realizar, no prazo de trinta dias,
os atos processuais que devam ser praticados em sua jurisdição, por
solicitação de outra autoridade preparadora ou julgadora.
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a solução para o seu concurso!
DIREITO TRIBUTÁRIO
Art. 4º Salvo disposição em contrário, o servidor executará os § 6o O disposto no caput deste artigo não se aplica às contri-
atos processuais no prazo de oito dias. buições de que trata o art. 3o da Lei no 11.457, de 16 de março de
2007. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009)
SEÇÃO II Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor compe-
DOS PRAZOS tente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente:
I - a qualificação do autuado;
Art. 5º Os prazos serão contínuos, excluindo-se na sua conta- II - o local, a data e a hora da lavratura;
gem o dia do início e incluindo-se o do vencimento. III - a descrição do fato;
Parágrafo único. Os prazos só se iniciam ou vencem no dia de IV - a disposição legal infringida e a penalidade aplicável;
expediente normal no órgão em que corra o processo ou deva ser V - a determinação da exigência e a intimação para cumpri-la
praticado o ato. (Vide Medida Provisória nº 367, de 1993) ou impugná-la no prazo de trinta dias;
VI - a assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou fun-
Art. 6º (Revogado pela Lei nº 8.748, de 1993) ção e o número de matrícula.
Art. 11. A notificação de lançamento será expedida pelo órgão
SEÇÃO III que administra o tributo e conterá obrigatoriamente:
DO PROCEDIMENTO I - a qualificação do notificado;
II - o valor do crédito tributário e o prazo para recolhimento ou
Art. 7º O procedimento fiscal tem início com: (Vide Decreto nº impugnação;
3.724, de 2001) III - a disposição legal infringida, se for o caso;
I - o primeiro ato de ofício, escrito, praticado por servidor com- IV - a assinatura do chefe do órgão expedidor ou de outro ser-
petente, cientificado o sujeito passivo da obrigação tributária ou vidor autorizado e a indicação de seu cargo ou função e o número
seu preposto; de matrícula.
II - a apreensão de mercadorias, documentos ou livros; Parágrafo único. Prescinde de assinatura a notificação de lança-
III - o começo de despacho aduaneiro de mercadoria importa- mento emitida por processo eletrônico.
da. Art. 12. O servidor que verificar a ocorrência de infração à le-
§ 1° O início do procedimento exclui a espontaneidade do sujei- gislação tributária federal e não for competente para formalizar a
to passivo em relação aos atos anteriores e, independentemente de exigência, comunicará o fato, em representação circunstanciada, a
intimação a dos demais envolvidos nas infrações verificadas. seu chefe imediato, que adotará as providências necessárias.
§ 2° Para os efeitos do disposto no § 1º, os atos referidos nos Art. 13. A autoridade preparadora determinará que seja infor-
incisos I e II valerão pelo prazo de sessenta dias, prorrogável, suces- mado, no processo, se o infrator é reincidente, conforme definição
sivamente, por igual período, com qualquer outro ato escrito que da lei específica, se essa circunstância não tiver sido declarada na
indique o prosseguimento dos trabalhos. formalização da exigência.
Art. 8º Os termos decorrentes de atividade fiscalizadora serão Art. 14. A impugnação da exigência instaura a fase litigiosa do
lavrados, sempre que possível, em livro fiscal, extraindo-se cópia procedimento.
para anexação ao processo; quando não lavrados em livro, entre- Art. 14-A. Art. 14-A. No caso de determinação e exigência de
gar-se-á cópia autenticada à pessoa sob fiscalização. créditos tributários da União cujo sujeito passivo seja órgão ou en-
Art. 9o A exigência do crédito tributário e a aplicação de pena- tidade de direito público da administração pública federal, a sub-
lidade isolada serão formalizados em autos de infração ou notifica- missão do litígio à composição extrajudicial pela Advocacia-Geral
ções de lançamento, distintos para cada tributo ou penalidade, os da União é considerada reclamação, para fins do disposto no inciso
quais deverão estar instruídos com todos os termos, depoimentos, III do art. 151 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código
laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação Tributário Nacional. (Incluído pela Lei nº 13.140, de 2015) Vi-
do ilícito. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) gência
§ 1o Os autos de infração e as notificações de lançamento de Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com
que trata o caput deste artigo, formalizados em relação ao mesmo os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão
sujeito passivo, podem ser objeto de um único processo, quando a preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for
comprovação dos ilícitos depender dos mesmos elementos de pro- feita a intimação da exigência.
va. (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 11.941, de 2009)
§ 2º Os procedimentos de que tratam este artigo e o art. 7º, Art. 16. A impugnação mencionará:
serão válidos, mesmo que formalizados por servidor competente I - a autoridade julgadora a quem é dirigida;
de jurisdição diversa da do domicílio tributário do sujeito passivo. II - a qualificação do impugnante;
(Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) III - os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os
§ 3º A formalização da exigência, nos termos do parágrafo an- pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação
terior, previne a jurisdição e prorroga a competência da autoridade dada pela Lei nº 8.748, de 1993)
que dela primeiro conhecer. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993) IV - as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda
§ 4o O disposto no caput deste artigo aplica-se também nas sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a
hipóteses em que, constatada infração à legislação tributária, dela formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim
não resulte exigência de crédito tributário. (Incluído pela Lei nº como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação pro-
11.941, de 2009) fissional do seu perito. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993)
§ 5o Os autos de infração e as notificações de lançamento de V - se a matéria impugnada foi submetida à apreciação judicial,
que trata o caput deste artigo, formalizados em decorrência de fis- devendo ser juntada cópia da petição. (Incluído pela Lei nº 11.196,
calização relacionada a regime especial unificado de arrecadação de 2005)
de tributos, poderão conter lançamento único para todos os tribu- § 1º Considerar-se-á não formulado o pedido de diligência ou
tos por eles abrangidos. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) perícia que deixar de atender aos requisitos previstos no inciso IV
do art. 16. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993)
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DIREITO TRIBUTÁRIO
§ 2º É defeso ao impugnante, ou a seu representante legal, em- § 1º No caso de impugnação parcial, não cumprida a exigência
pregar expressões injuriosas nos escritos apresentados no proces- relativa à parte não litigiosa do crédito, o órgão preparador, antes
so, cabendo ao julgador, de ofício ou a requerimento do ofendido, da remessa dos autos a julgamento, providenciará a formação de
mandar riscá-las. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993) autos apartados para a imediata cobrança da parte não contesta-
§ 3º Quando o impugnante alegar direito municipal, estadual da, consignando essa circunstância no processo original. (Redação
ou estrangeiro, provar-lhe-á o teor e a vigência, se assim o determi- dada pela Lei nº 8.748, de 1993)
nar o julgador. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993) § 2º A autoridade preparadora, após a declaração de revelia e
§ 4º A prova documental será apresentada na impugnação, findo o prazo previsto no caput deste artigo, procederá, em relação
precluindo o direito de o impugnante fazê-lo em outro momen- às mercadorias e outros bens perdidos em razão de exigência não
to processual, a menos que: (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) impugnada, na forma do art. 63. (Redação dada pela Lei nº 8.748,
(Produção de efeito) de 1993)
a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação § 3° Esgotado o prazo de cobrança amigável sem que tenha
oportuna, por motivo de força maior;(Incluído pela Lei nº 9.532, de sido pago o crédito tributário, o órgão preparador declarará o sujei-
1997) (Produção de efeito) to passivo devedor remisso e encaminhará o processo à autoridade
b) refira-se a fato ou a direito superveniente;(Incluído pela Lei competente para promover a cobrança executiva.
nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) § 4º O disposto no parágrafo anterior aplicar-se-á aos casos em
c) destine-se a contrapor fatos ou razões posteriormente trazi- que o sujeito passivo não cumprir as condições estabelecidas para
das aos autos.(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de a concessão de moratória.
efeito) § 5º (Vide Lei nº 8.748, de 1993)
§ 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser
requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se de- Art. 22. O processo será organizado em ordem cronológica e
monstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições terá suas folhas numeradas e rubricadas.
previstas nas alíneas do parágrafo anterior. (Incluído pela Lei nº
9.532, de 1997) (Produção de efeito) SEÇÃO IV
§ 6º Caso já tenha sido proferida a decisão, os documentos DA INTIMAÇÃO
apresentados permanecerão nos autos para, se for interposto re-
curso, serem apreciados pela autoridade julgadora de segunda ins- Art. 23. Far-se-á a intimação:
tância. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) I - pessoal, pelo autor do procedimento ou por agente do órgão
Art. 17. Considerar-se-á não impugnada a matéria que não preparador, na repartição ou fora dela, provada com a assinatura do
tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. (Redação sujeito passivo, seu mandatário ou preposto, ou, no caso de recusa,
dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) com declaração escrita de quem o intimar; (Redação dada pela Lei
Art. 18. A autoridade julgadora de primeira instância determi- nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito)
nará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de II - por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou
diligências ou perícias, quando entendê-las necessárias, indeferin- via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo
do as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observando o sujeito passivo; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Pro-
disposto no art. 28, in fine. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de dução de efeito)
1993) III - por meio eletrônico, com prova de recebimento, mediante:
§ 1º Deferido o pedido de perícia, ou determinada de ofício, (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005)
sua realização, a autoridade designará servidor para, como perito a) envio ao domicílio tributário do sujeito passivo; ou (Incluída
da União, a ela proceder e intimará o perito do sujeito passivo a pela Lei nº 11.196, de 2005)
realizar o exame requerido, cabendo a ambos apresentar os respec- b) registro em meio magnético ou equivalente utilizado pelo
tivos laudos em prazo que será fixado segundo o grau de complexi- sujeito passivo. (Incluída pela Lei nº 11.196, de 2005)
dade dos trabalhos a serem executados.(Redação dada pela Lei nº § 1o Quando resultar improfícuo um dos meios previstos no
8.748, de 1993) caput deste artigo ou quando o sujeito passivo tiver sua inscrição
§ 2º Os prazos para realização de diligência ou perícia poderão declarada inapta perante o cadastro fiscal, a intimação poderá ser
ser prorrogados, a juízo da autoridade. (Redação dada pela Lei nº feita por edital publicado: (Redação dada pela Lei nº 11.941, de
8.748, de 1993) 2009)
§ 3º Quando, em exames posteriores, diligências ou perícias, I - no endereço da administração tributária na internet; (Incluí-
realizados no curso do processo, forem verificadas incorreções, do pela Lei nº 11.196, de 2005)
omissões ou inexatidões de que resultem agravamento da exigência II - em dependência, franqueada ao público, do órgão encarre-
inicial, inovação ou alteração da fundamentação legal da exigência, gado da intimação; ou (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005)
será lavrado auto de infração ou emitida notificação de lançamento III - uma única vez, em órgão da imprensa oficial local. (Incluído
complementar, devolvendo-se, ao sujeito passivo, prazo para im- pela Lei nº 11.196, de 2005)
pugnação no concernente à matéria modificada. (Incluído pela Lei § 2° Considera-se feita a intimação:
nº 8.748, de 1993) I - na data da ciência do intimado ou da declaração de quem
Art. 19. (Revogado pela Lei nº 8.748, de 1993) fizer a intimação, se pessoal;
Art. 20. No âmbito da Secretaria da Receita Federal, a designa- II - no caso do inciso II do caput deste artigo, na data do rece-
ção de servidor para proceder aos exames relativos a diligências ou bimento ou, se omitida, quinze dias após a data da expedição da
perícias recairá sobre Auditor-Fiscal do Tesouro Nacional. (Redação intimação; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção
dada pela Lei nº 8.748, de 1993) de efeito)
Art. 21. Não sendo cumprida nem impugnada a exigência, a III - se por meio eletrônico: (Redação dada pela Lei nº 12.844,
autoridade preparadora declarará a revelia, permanecendo o pro- de 2013)
cesso no órgão preparador, pelo prazo de trinta dias, para cobrança
amigável. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993)
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a) 15 (quinze) dias contados da data registrada no comprovan- I - em primeira instância, às Delegacias da Receita Federal de
te de entrega no domicílio tributário do sujeito passivo; (Redação Julgamento, órgãos de deliberação interna e natureza colegiada da
dada pela Lei nº 12.844, de 2013) Secretaria da Receita Federal; (Redação dada pela Medida Provisó-
b) na data em que o sujeito passivo efetuar consulta no en- ria nº 2.158-35, de 2001) (Vide Medida Provisória nº 232, de 2004)
dereço eletrônico a ele atribuído pela administração tributária, se (Vide Lei nº 8.748, de 1993)
ocorrida antes do prazo previsto na alínea a; ou (Redação dada pela a) aos Delegados da Receita Federal, titulares de Delegacias es-
Lei nº 12.844, de 2013) pecializadas nas atividades concernentes a julgamento de proces-
c) na data registrada no meio magnético ou equivalente utiliza- sos, quanto aos tributos e contribuições administrados pela Secre-
do pelo sujeito passivo; (Incluída pela Lei nº 12.844, de 2013) taria da Receita Federal. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993)
IV - 15 (quinze) dias após a publicação do edital, se este for o (Vide Medida Provisória nº 232, de 2004) (Vide Lei nº 11.119, de
meio utilizado. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) 2005)
§ 3o Os meios de intimação previstos nos incisos do caput des- b) às autoridades mencionadas na legislação de cada um dos
te artigo não estão sujeitos a ordem de preferência. (Redação dada demais tributos ou, na falta dessa indicação, aos chefes da projeção
pela Lei nº 11.196, de 2005) regional ou local da entidade que administra o tributo, conforme
§ 4o Para fins de intimação, considera-se domicílio tributário for por ela estabelecido. (Vide Medida Provisória nº 232, de 2004)
do sujeito passivo: (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) II – em segunda instância, ao Conselho Administrativo de Re-
I - o endereço postal por ele fornecido, para fins cadastrais, à cursos Fiscais, órgão colegiado, paritário, integrante da estrutura do
administração tributária; e (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) Ministério da Fazenda, com atribuição de julgar recursos de ofício
II - o endereço eletrônico a ele atribuído pela administração e voluntários de decisão de primeira instância, bem como recursos
tributária, desde que autorizado pelo sujeito passivo. (Incluído pela de natureza especial. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009)
Lei nº 11.196, de 2005) § 1o O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais será cons-
§ 5o O endereço eletrônico de que trata este artigo somente tituído por seções e pela Câmara Superior de Recursos Fiscais. (Re-
será implementado com expresso consentimento do sujeito passi- dação dada pela Lei nº 11.941, de 2009)
vo, e a administração tributária informar-lhe-á as normas e condi- I – (revogado); (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009)
ções de sua utilização e manutenção. (Incluído pela Lei nº 11.196, II – (revogado); (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009)
de 2005) III – (revogado); (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009)
§ 6o As alterações efetuadas por este artigo serão disciplinadas IV – (revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009)
em ato da administração tributária. (Incluído pela Lei nº 11.196, de § 2o As seções serão especializadas por matéria e constituídas
2005) por câmaras. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009)
§ 7o Os Procuradores da Fazenda Nacional serão intimados § 3o A Câmara Superior de Recursos Fiscais será constituída
pessoalmente das decisões do Conselho de Contribuintes e da Câ- por turmas, compostas pelos Presidentes e Vice-Presidentes das
mara Superior de Recursos Fiscais, do Ministério da Fazenda na ses- câmaras. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009)
são das respectivas câmaras subseqüente à formalização do acór- § 4o As câmaras poderão ser divididas em turmas. (Redação
dão.(Incluído pela Lei nº 11.457, de 2007) (Vigência) dada pela Lei nº 11.941, de 2009)
§ 8o Se os Procuradores da Fazenda Nacional não tiverem sido § 5o O Ministro de Estado da Fazenda poderá criar, nas seções,
intimados pessoalmente em até 40 (quarenta) dias contados da for- turmas especiais, de caráter temporário, com competência para
malização do acórdão do Conselho de Contribuintes ou da Câmara julgamento de processos que envolvam valores reduzidos, que po-
Superior de Recursos Fiscais, do Ministério da Fazenda, os respec- derão funcionar nas cidades onde estão localizadas as Superinten-
tivos autos serão remetidos e entregues, mediante protocolo, à dências Regionais da Receita Federal do Brasil. (Redação dada pela
Procuradoria da Fazenda Nacional, para fins de intimação.(Incluído Lei nº 11.941, de 2009)
pela Lei nº 11.457, de 2007) (Vigência) § 6o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009)
§ 7o As turmas da Câmara Superior de Recursos Fiscais serão
§ 9o Os Procuradores da Fazenda Nacional serão considerados constituídas pelo Presidente do Conselho Administrativo de Recur-
intimados pessoalmente das decisões do Conselho de Contribuintes sos Fiscais, pelo Vice-Presidente, pelos Presidentes e pelos Vice-
e da Câmara Superior de Recursos Fiscais, do Ministério da Fazenda, -Presidentes das câmaras, respeitada a paridade. (Incluído pela Lei
com o término do prazo de 30 (trinta) dias contados da data em que nº 11.941, de 2009)
os respectivos autos forem entregues à Procuradoria na forma do § § 8o A presidência das turmas da Câmara Superior de Recursos
8o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.457, de 2007) (Vigência) Fiscais será exercida pelo Presidente do Conselho Administrativo de
Recursos Fiscais e a vice-presidência, por conselheiro representante
SEÇÃO V dos contribuintes. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009)
DA COMPETÊNCIA § 9o Os cargos de Presidente das Turmas da Câmara Superior
de Recursos Fiscais, das câmaras, das suas turmas e das turmas es-
Art. 24. O preparo do processo compete à autoridade local do peciais serão ocupados por conselheiros representantes da Fazenda
órgão encarregado da administração do tributo. Nacional, que, em caso de empate, terão o voto de qualidade, e
Parágrafo único. Quando o ato for praticado por meio eletrôni- os cargos de Vice-Presidente, por representantes dos contribuintes.
co, a administração tributária poderá atribuir o preparo do processo (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009)
a unidade da administração tributária diversa da prevista no caput § 10. Os conselheiros serão designados pelo Ministro de Esta-
deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) do da Fazenda para mandato, limitando-se as reconduções, na for-
Art. 25. O julgamento do processo de exigência de tributos ma e no prazo estabelecidos no regimento interno. (Incluído pela
ou contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal Lei nº 11.941, de 2009)
compete: (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.158-35, de § 11. O Ministro de Estado da Fazenda, observado o devido
2001) (Vide Decreto nº 2.562, de 1998) processo legal, decidirá sobre a perda do mandato dos conselheiros
que incorrerem em falta grave, definida no regimento interno. (In-
cluído pela Lei nº 11.941, de 2009)
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Art. 26. Compete ao Ministro da Fazenda, em instância espe- § 1° Não se considera como aspecto técnico a classificação fis-
cial: (Vide Medida Provisória nº 449, de 2008) cal de produtos.
I - julgar recursos de decisões dos Conselhos de Contribuintes, § 2º A existência no processo de laudos ou pareceres técnicos
interpostos pelos Procuradores Representantes da Fazenda junto não impede a autoridade julgadora de solicitar outros a qualquer
aos mesmos Conselhos; (Vide Medida Provisória nº 449, de 2008) dos órgãos referidos neste artigo.
II - decidir sobre as propostas de aplicação de equidade apre- § 3º Atribuir-se-á eficácia aos laudos e pareceres técnicos sobre
sentadas pelos Conselhos de Contribuintes. (Vide Medida Provisó- produtos, exarados em outros processos administrativos fiscais e
ria nº 449, de 2008) transladados mediante certidão de inteiro teor ou cópia fiel, nos
Art. 26-A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica seguintes casos: (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção
vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de de efeito)
observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob funda- a) quando tratarem de produtos originários do mesmo fabri-
mento de inconstitucionalidade. (Redação dada pela Lei nº 11.941, cante, com igual denominação, marca e especificação; (Incluído
de 2009) pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito)
§ 1o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) b) quando tratarem de máquinas, aparelhos, equipamentos,
§ 2o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) veículos e outros produtos complexos de fabricação em série, do
§ 3o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) mesmo fabricante, com iguais especificações, marca e modelo. (In-
§ 4o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) cluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito)
§ 5o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) Art. 31. A decisão conterá relatório resumido do processo, fun-
§ 6o O disposto no caput deste artigo não se aplica aos casos damentos legais, conclusão e ordem de intimação, devendo refe-
de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: (Incluído rir-se, expressamente, a todos os autos de infração e notificações
pela Lei nº 11.941, de 2009) de lançamento objeto do processo, bem como às razões de defesa
I – que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão de- suscitadas pelo impugnante contra todas as exigências. (Redação
finitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; (Incluído pela Lei nº dada pela Lei nº 8.748, de 1993)
11.941, de 2009) Art. 32. As inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e
II – que fundamente crédito tributário objeto de: (Incluído pela os erros de escrita ou de cálculos existentes na decisão poderão ser
Lei nº 11.941, de 2009) corrigidos de ofício ou a requerimento do sujeito passivo.
a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do Pro- ART. 33. Da DECISÃO CABERÁ RECURSO VOLUNTÁRIO, TOTAL
curador-Geral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da OU PARCIAL, COM EFEITO SUSPENSIVO, DENTRO DOS TRINTA
Lei no 10.522, de 19 de julho de 2002; (Incluído pela Lei nº 11.941, DIAS SEGUINTES À CIÊNCIA DA DECISÃO.
de 2009)
b) súmula da Advocacia-Geral da União, na forma do art. 43 da § 1o (Revogado pela Lei nº 12.096, de 2009)
Lei Complementar no 73, de 10 de fevereiro de 1993; ou (Incluído § 2o (Incluído pela Lei nº 10.522, de 2002) (Vide Adin nº
pela Lei nº 11.941, de 2009) 1.976-7)
§ 3o O arrolamento de que trata o § 2o será realizado preferen-
c) pareceres do Advogado-Geral da União aprovados pelo Presi- cialmente sobre bens imóveis. (Incluído pela Lei nº 10.522, de 2002)
dente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar nº 73, § 4o O Poder Executivo editará as normas regulamentares ne-
de 10 de fevereiro de 1993. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) cessárias à operacionalização do arrolamento previsto no § 2o. (In-
cluído pela Lei nº 10.522, de 2002)
SEÇÃO VI Art. 34. A autoridade de primeira instância recorrerá de ofício
DO JULGAMENTO EM PRIMEIRA INSTÂNCIA sempre que a decisão:
I - exonerar o sujeito passivo do pagamento de tributo e encar-
gos de multa de valor total (lançamento principal e decorrentes) a
Art. 27. Os processos remetidos para apreciação da autoridade ser fixado em ato do Ministro de Estado da Fazenda. (Redação dada
julgadora de primeira instância deverão ser qualificados e identifi- pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito)
cados, tendo prioridade no julgamento aqueles em que estiverem II - deixar de aplicar pena de perda de mercadorias ou outros
presentes as circunstâncias de crime contra a ordem tributária ou bens cominada à infração denunciada na formalização da exigência.
de elevado valor, este definido em ato do Ministro de Estado da § 1º O recurso será interposto mediante declaração na própria
Fazenda. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção decisão.
de efeito) § 2° Não sendo interposto o recurso, o servidor que verificar
Parágrafo único. Os processos serão julgados na ordem e nos o fato representará à autoridade julgadora, por intermédio de seu
prazos estabelecidos em ato do Secretário da Receita Federal, ob- chefe imediato, no sentido de que seja observada aquela formali-
servada a prioridade de que trata o caput deste artigo. (Incluído dade.
pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) Art. 35. O recurso, mesmo perempto, será encaminhado ao ór-
Art. 28. Na decisão em que for julgada questão preliminar será gão de segunda instância, que julgará a perempção.
também julgado o mérito, salvo quando incompatíveis, e dela cons- ART. 36. Da DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA NÃO CABE PE-
tará o indeferimento fundamentado do pedido de diligência ou pe- DIDO DE RECONSIDERAÇÃO.
rícia, se for o caso. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993)
Art. 29. Na apreciação da prova, a autoridade julgadora forma-
rá livremente sua convicção, podendo determinar as diligências que
entender necessárias.
Art. 30. Os laudos ou pareceres do Laboratório Nacional de
Análises, do Instituto Nacional de Tecnologia e de outros órgãos
federais congêneres serão adotados nos aspectos técnicos de sua
competência, salvo se comprovada a improcedência desses laudos
ou pareceres.
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SEÇÃO VII § 4° (Vide Medida Provisória nº 2.176-79, de 2001)
DO JULGAMENTO EM SEGUNDA INSTÂNCIA Art. 44. A decisão que declarar a perda de mercadoria ou ou-
tros bens será executada pelo órgão preparador, findo o prazo pre-
Art. 37. O julgamento no Conselho Administrativo de Recursos visto no artigo 21, segundo dispuser a legislação aplicável.
Fiscais far-se-á conforme dispuser o regimento interno. (Redação Art. 45. No caso de decisão definitiva favorável ao sujeito pas-
dada pela Lei nº 11.941, de 2009) sivo, cumpre à autoridade preparadora exonerá-lo, de ofício, dos
§ 1º (Revogado pelo Decreto nº 83.304, de 1979) gravames decorrentes do litígio.
§ 2o Caberá recurso especial à Câmara Superior de Recursos
Fiscais, no prazo de 15 (quinze) dias da ciência do acórdão ao inte- CAPÍTULO II
ressado: (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) DO PROCESSO DA CONSULTA
I – (VETADO) (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009)
II – de decisão que der à lei tributária interpretação divergente Art. 46. O sujeito passivo poderá formular consulta sobre dis-
da que lhe tenha dado outra Câmara, turma de Câmara, turma es- positivos da legislação tributária aplicáveis a fato determinado.
pecial ou a própria Câmara Superior de Recursos Fiscais. (Redação (Vide Lei nº 9.430, de 1996)
dada pela Lei nº 11.941, de 2009) Parágrafo único. Os órgãos da administração pública e as en-
§ 3o Caberá pedido de reconsideração, com efeito suspensivo, tidades representativas de categorias econômicas ou profissionais
no prazo de trinta dias, contados da ciência: (Vide Lei nº 11.941, de também poderão formular consulta. (Vide Lei nº 9.430, de 1996)
2009) Art. 47. A consulta deverá ser apresentada por escrito, no do-
I – (revogado); (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) micílio tributário do consulente, ao órgão local da entidade incum-
II – (revogado).(Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) bida de administrar o tributo sobre que versa. (Vide Lei nº 9.430,
de 1996)
Art. 38. O julgamento em outros órgãos da administração fe-
Art. 48. Salvo o disposto no artigo seguinte, nenhum procedi-
deral far-se-á de acordo com a legislação própria, ou, na sua falta,
mento fiscal será instaurado contra o sujeito passivo relativamente
conforme dispuser o órgão que administra o tributo.
à espécie consultada, a partir da apresentação da consulta até o
trigésimo dia subseqüente à data da ciência: (Vide Lei nº 9.430, de
SEÇÃO VIII
1996)
DO JULGAMENTO EM INSTÂNCIA ESPECIAL I - de decisão de primeira instância da qual não haja sido inter-
posto recurso;
Art. 39. Não cabe pedido de reconsideração de ato do Ministro II - de decisão de segunda instância.
da Fazenda que julgar ou decidir as matérias de sua competência. Art. 49. A consulta não suspende o prazo para recolhimento
Art. 40. As propostas de aplicação de equidade apresentadas de tributo, retido na fonte ou autolançado antes ou depois de sua
pelos Conselhos de Contribuintes atenderão às características pes- apresentação, nem o prazo para apresentação de declaração de
soais ou materiais da espécie julgada e serão restritas à dispensa rendimentos. (Vide Lei nº 9.430, de 1996)
total ou parcial de penalidade pecuniária, nos casos em que não Art. 50. A decisão de segunda instância não obriga ao recolhi-
houver reincidência nem sonegação, fraude ou conluio. mento de tributo que deixou de ser retido ou autolançado após a
decisão reformada e de acordo com a orientação desta, no período
Art. 41. O órgão preparador dará ciência ao sujeito passivo da compreendido entre as datas de ciência das duas decisões. (Vide
decisão do Ministro da Fazenda, intimando-o, quando for o caso, a Lei nº 9.430, de 1996)
cumprí-la, no prazo de trinta dias. Art. 51. No caso de consulta formulada por entidade represen-
Art. 42. São definitivas as decisões: tativa de categoria econômica ou profissional, os efeitos referidos
I - de primeira instância esgotado o prazo para recurso voluntá- no artigo 48 só alcançam seus associados ou filiados depois de cien-
rio sem que este tenha sido interposto; tificado o consulente da decisão. (Vide Lei nº 9.430, de 1996)
II - de segunda instância de que não caiba recurso ou, se cabí- Art. 52. Não produzirá efeito a consulta formulada: (Vide Lei
vel, quando decorrido o prazo sem sua interposição; nº 9.430, de 1996)
III - de instância especial. I - em desacordo com os artigos 46 e 47;
Parágrafo único. Serão também definitivas as decisões de pri- II - por quem tiver sido intimado a cumprir obrigação relativa
meira instância na parte que não for objeto de recurso voluntário ao fato objeto da consulta;
ou não estiver sujeita a recurso de ofício. III - por quem estiver sob procedimento fiscal iniciado para
Art. 43. A decisão definitiva contrária ao sujeito passivo será apurar fatos que se relacionem com a matéria consultada;
cumprida no prazo para cobrança amigável fixado no artigo 21, IV - quando o fato já houver sido objeto de decisão anterior,
aplicando-se, no caso de descumprimento, o disposto no § 3º do ainda não modificada, proferida em consulta ou litígio em que te-
mesmo artigo. nha sido parte o consulente;
§ 1º A quantia depositada para evitar a correção monetária do V - quando o fato estiver disciplinado em ato normativo, publi-
crédito tributário ou para liberar mercadorias será convertida em cado antes de sua apresentação;
renda se o sujeito passivo não comprovar, no prazo legal, a propo- VI - quando o fato estiver definido ou declarado em disposição
situra de ação judicial. literal de lei;
§ 2° Se o valor depositado não for suficiente para cobrir o cré- VII - quando o fato for definido como crime ou contravenção
dito tributário, aplicar-se-á à cobrança do restante o disposto no penal;
caput deste artigo; se exceder o exigido, a autoridade promoverá a VIII - quando não descrever, completa ou exatamente, a hipóte-
restituição da quantia excedente, na forma da legislação específica. se a que se referir, ou não contiver os elementos necessários à sua
§ 3° (Vide Medida Provisória nº 2.176-79, de 2001) solução salvo se a inexatidão ou omissão for escusável, a critério da
a) (Vide Medida Provisória nº 2.176-79, de 2001) autoridade julgadora.
b) (Vide Medida Provisória nº 2.176-79, de 2001)
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Art. 53. O preparo do processo compete ao órgão local da enti- CAPÍTULO IV
dade encarregada da administração do tributo. (Vide Lei nº 9.430, DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
de 1996)
Art. 54. O julgamento compete: (Vide Lei nº 9.430, de 1996) Art. 62. Durante a vigência de medida judicial que determinar
I - Em primeira instância: a suspensão da cobrança, do tributo não será instaurado procedi-
a) aos Superintendentes Regionais da Receita Federal, quanto mento fiscal contra o sujeito passivo favorecido pela decisão, relati-
aos tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal, aten- vamente, à matéria sobre que versar a ordem de suspensão. (Vide
dida, no julgamento, a orientação emanada dos atos normativos da Medida Provisória nº 232, de 2004)
Coordenação do Sistema de Tributação; Parágrafo único. Se a medida referir-se a matéria objeto de pro-
b) às autoridades referidas na alínea b do inciso I do artigo 25. cesso fiscal, o curso deste não será suspenso, exceto quanto aos
II - Em segunda instância: atos executórios. (Vide Medida Provisória nº 232, de 2004)
a) ao Coordenador do Sistema de Tributação, da Secretaria da Art. 63. A destinação de mercadorias ou outros bens apreendi-
Receita Federal, salvo quanto aos tributos incluídos na competência dos ou dados em garantia de pagamento do crédito tributário obe-
julgadora de outro órgão da administração federal; decerá às normas estabelecidas na legislação aplicável.
b) à autoridade mencionada na legislação dos tributos, ressal- Art. 64. Os documentos que instruem o processo poderão ser
vados na alínea precedente ou, na falta dessa indicação, à que for restituídos, em qualquer fase, a requerimento do sujeito passivo,
designada pela entidade que administra o tributo. desde que a medida não prejudique a instrução e deles fique cópia
III - Em instância única, ao Coordenador do Sistema de Tributa- autenticada no processo.
ção, quanto às consultas relativas aos tributos administrados pela Art. 64-A. Os documentos que instruem o processo poderão
Secretaria da Receita Federal e formuladas: ser objeto de digitalização, observado o disposto nos arts. 1o e 3º
a) sobre classificação fiscal de mercadorias; da Lei nº 12.682, de 9 de julho de 2012. (Incluído pela Lei nº
b) pelos órgãos centrais da administração pública; 12.865, de 2013)
c) por entidades representativas de categorias econômicas ou Art. 64-B. No processo eletrônico, os atos, documentos e ter-
profissionais, de âmbito nacional. mos que o instruem poderão ser natos digitais ou produzidos por
Art. 55. Compete à autoridade julgadora declarar a ineficácia meio de digitalização, observado o disposto na Medida Provisória
da Consulta. (Vide Lei nº 9.430, de 1996) no 2.200-2, de 24 de agosto de 2001. (Incluído pela Lei nº 12.865,
Art. 56. Cabe recurso voluntário, com efeito suspensivo, de de- de 2013)
cisão de primeira instância, dentro de trinta dias contados da ciên- § 1o Os atos, termos e documentos submetidos a digitalização
cia. (Vide Lei nº 9.430, de 1996) pela administração tributária e armazenados eletronicamente pos-
Art. 57. A autoridade de primeira instância recorrerá de ofício suem o mesmo valor probante de seus originais. (Incluído pela Lei
de decisão favorável ao consulente. (Vide Lei nº 9.430, de 1996) nº 12.865, de 2013)
§ 2o Os autos de processos eletrônicos, ou parte deles, que ti-
Art. 58. Não cabe pedido de reconsideração de decisão proferi-
verem de ser remetidos a órgãos ou entidades que não disponham
da em processo de consulta, inclusive da que declarar a sua ineficá-
de sistema compatível de armazenagem e tramitação poderão ser
cia. (Vide Lei nº 9.430, de 1996)
encaminhados impressos em papel ou por meio digital, conforme
disciplinado em ato da administração tributária. (Incluído pela Lei
CAPÍTULO III nº 12.865, de 2013)
DAS NULIDADES § 3o As matrizes físicas dos atos, dos termos e dos documentos
digitalizados e armazenados eletronicamente, nos termos do § 1o,
Art. 59. São nulos: poderão ser descartadas, conforme regulamento. (Incluído pela Lei
I - os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; nº 13.097, de 2015)
II - os despachos e decisões proferidos por autoridade incom- Art. 65. O disposto neste Decreto não prejudicará a validade
petente ou com preterição do direito de defesa. dos atos praticados na vigência da legislação anterior.
§ 1º A nulidade de qualquer ato só prejudica os posteriores que § 1° O preparo dos processos em curso, até a decisão de pri-
dele diretamente dependam ou sejam consequência. meira instância, continuará regido pela legislação precedente.
§ 2º Na declaração de nulidade, a autoridade dirá os atos alcan- § 2º Não se modificarão os prazos iniciados antes da entrada
çados, e determinará as providências necessárias ao prosseguimen- em vigor deste Decreto.
to ou solução do processo. Art. 66. O Conselho Superior de Tarifa passa a denominar-se 4º
§ 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo Conselho de Contribuintes.
a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julga- Art. 67. Os Conselhos de Contribuintes, no prazo de noventa
dora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprir-lhe a dias, adaptarão seus regimentos internos às disposições deste De-
falta. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993) creto.
Art. 60. As irregularidades, incorreções e omissões diferentes
das referidas no artigo anterior não importarão em nulidade e se- Art. 68. Revogam-se as disposições em contrário.
rão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, Brasília, 6 de março de 1972; 151º da Independência e 84º da
salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na República.
solução do litígio.

Art. 61. A nulidade será declarada pela autoridade competente


para praticar o ato ou julgar a sua legitimidade.

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291
a solução para o seu concurso!
DIREITO TRIBUTÁRIO
(E) A fiscalização e a arrecadação podem ser feitas pela autar-
QUESTÕES quia, mas a cobrança judicial de tributos é ato privativo da Ad-
ministração Direta do ente federado.
4. FGV - Assistente Administrativo da Fazenda Estadual (Sefaz
1. FGV - Notário e Registrador (TJ SC)/Provimento/2021 AM)/2022
Projeto de lei do Município Alfa, do ano de 2021, de iniciativa Na Constituição Federal de 1988, muitos princípios em matéria
da vereadora Maria, propõe a revogação da lei instituidora de certa tributária garantem que os contribuintes não serão surpreendidos
taxa municipal, para produzir efeitos no mesmo dia da publicação pelo Fisco com novas cobranças e venham a ter problemas com seu
da lei. O projeto é aprovado na Câmara Municipal por voto da maio- planejamento financeiro.
ria simples, com obediência às exigências legais para renúncia de Assim, o princípio da anterioridade nonagesimal ou noventena
receitas. Contudo, ao seguir para o prefeito, este vetou a lei sob não se aplica
argumento único de inconstitucionalidade formal do projeto de lei. (A) ao Imposto sobre Propriedade Predial e Territorial Urbana,
Diante desse cenário, é correto afirmar que as razões do veto ao Imposto sobre a Renda e ao Imposto de Importação.
pelo prefeito: (B) ao Imposto de Propriedade Territorial Rural, ao Imposto so-
(A) são adequadas, pois a Constituição da República de 1988 bre a Renda e ao Imposto de Exportação.
reserva ao chefe do Poder Executivo a iniciativa de leis que afe- (C) ao Imposto de Importação, ao Imposto sobre a Renda e ao
tem matéria tributária; Imposto de Exportação.
(B) são adequadas, pois a Constituição da República de 1988 (D) aos Impostos Extraordinários no caso de guerra externa,
exige, para a extinção desse tributo, a votação pelo quórum de ao Imposto de Propriedade Territorial Rural e ao Imposto de
maioria absoluta; Importação.
(C) são adequadas, pois a Constituição da República de 1988 (E) ao Imposto sobre Produtos Industrializados, ao Imposto so-
exige, para a extinção desse tributo, que o projeto de lei seja bre a Renda e ao Imposto sobre Propriedade Predial e Territo-
de iniciativa de ao menos um terço dos membros da Casa Le- rial Urbana.
gislativa;
(D) não são adequadas, pois está presente no caso um vício de 5. FGV - Agente de Tributos Estaduais (SEFAZ BA)/Administra-
inconstitucionalidade material, a saber, a violação do princípio ção e Finanças/2022
da anterioridade tributária; Considere que a União, por meio de decreto do Presidente da
(E) não são adequadas, pois a Constituição da República de República, publicado em abril deste ano, majorou a alíquota do IPI
1988 não exige, para a extinção desse tributo, que o projeto de (Imposto sobre Produtos Industrializados) de diversos produtos,
lei seja de iniciativa do chefe do Poder Executivo. nos limites estabelecidos em lei. A referida alteração entrou em vi-
gor 30 (trinta) dias após a publicação do decreto.
2. FGV - OAB UNIFICADO - Nacional/2020/XXXI Exame Sobre a hipótese descrita, considerados os princípios gerais tri-
Uma lei ordinária federal tratava de direitos do beneficiário de butários, assinale a afirmativa correta.
pensão previdenciária e também previa norma que ampliava, para (A) Houve violação aos princípios da anterioridade anual, da
10 anos, o prazo decadencial para o lançamento dos créditos tribu- anterioridade nonagesimal e da legalidade.
tários referentes a uma contribuição previdenciária federal. (B) Houve violação ao princípio da anterioridade anual; o IPI
A respeito da ampliação de prazo, assinale a afirmativa correta. não se submete ao princípio da anterioridade nonagesimal; e
(A) É inválida, pois, em razão do caráter nacional das contribui- não há violação ao princípio da legalidade.
ções previdenciárias federais, somente poderia ser veiculada (C) O IPI não se submete à anterioridade anual; houve violação
por Resolução do Senado Federal. ao princípio da anterioridade nonagesimal; e não há violação
(B) É inválida, pois somente poderia ser veiculada por Lei Com- ao princípio da legalidade.
plementar. (D) O IPI não se submete ao princípio da anterioridade anual;
(C) É válida, pois o CTN prevê a possibilidade de que o prazo houve violação aos princípios da anterioridade nonagesimal e
geral de 5 anos, nele previsto para a Fazenda Pública constituir da legalidade.
o crédito tributário, seja ampliado por meio de Lei Ordinária (E) O IPI não se submete aos princípios da anterioridade anual
Específica. e nonagesimal; e não há violação ao princípio da legalidade.
(D) É válida, por existir expressa previsão constitucional, espe-
cífica para contribuições de seguridade social, autorizando a 6. FGV - Auditor Fiscal da Receita Estadual (SEFAZ ES)/2021
alteração de prazo de constituição do crédito tributário por Lei No Estado X, foi decretado pelo Governador o estado de cala-
Ordinária. midade pública referente às áreas fortemente afetadas por chuvas
torrenciais. O Governador, por Medida Provisória (MP) estadual,
3. FGV - Auditor Fiscal da Receita Estadual (SEFAZ ES)/2021 também concedeu isenção de IPTU referente às áreas afetadas.
No Estado X, uma lei estadual conferiu poderes à autarquia Diante desse cenário, assinale a afirmativa correta.
estadual gestora do regime próprio de previdência dos servidores (A) Tal isenção é heterônoma, sendo vedada pela Constituição.
estaduais para fiscalizar, arrecadar e inclusive cobrar judicialmente (B) Tal isenção não poderia ser concedida por medida provi-
a contribuição previdenciária dos servidores. sória.
Diante desse cenário, assinale a afirmativa correta. (C) Tal isenção poderia ser concedida por decreto dos prefeitos
(A) A lei estadual pode delegar a chamada capacidade tributá- dos municípios afetados, mas não por ato do Governador.
ria ativa à autarquia. (D) Para que a isenção concedida por MP estadual tivesse vali-
(B) A autarquia estadual, por ser integrante da Administração dade seria necessário o prévio reconhecimento da calamidade
Indireta, não pode arrecadar tributos. pública pela Assembleia Legislativa.
(C) A lei estadual viola a competência tributária do Estado X, (E) Para que a isenção concedida por MP estadual tivesse vali-
conforme estabelecida na Constituição. dade seria necessário o prévio reconhecimento da calamidade
(D) A lei estadual viola a competência tributária do Estado X, pública pelas Câmaras de Vereadores dos municípios afetados.
conforme estabelecida no Código Tributário Nacional.
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DIREITO TRIBUTÁRIO
7. FGV - Assistente Administrativo da Fazenda Estadual (Sefaz 10. FGV - Assistente Administrativo da Fazenda Estadual (Sefaz
AM)/2022 AM)/2022
João dos Santos, entrou com uma ação na Justiça Estadual do Determinado Estado da Federação cria uma universidade esta-
Amazonas requerendo que possa parar de pagar o Imposto sobre dual, como uma autarquia, e passa a oferecer alguns cursos pagos.
Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), além da devolução Sobre esses cursos, haverá incidência do Imposto sobre a Ren-
dos últimos 5 anos, pois na estrada que usa para chegar ao traba- da?
lho, apesar das inúmeras reclamações, há um buraco no asfalto que (A) Não. A autarquia estadual goza da mesma imunidade dos
danifica todos os veículos. Estados em relação ao seu patrimônio e renda.
Sobre a pretensão de João, assinale a afirmativa correta. (B) Sim, pois a autarquia estadual não tem imunidade dos Es-
(A) Não assiste razão a João, pois não se pode cobrar a destina- tados.
ção legal de imposto. (C) Não, pois o ensino universitário está isento de Imposto so-
(B) Sim, assiste razão a João, desde que comprovados os danos. bre a Renda.
(C) Sim, assiste razão a João, desde que comprovadas as recla- (D) Sim. Haverá incidência se houver convênio com particula-
mações na Secretaria competente. res.
(D) Não assiste razão a João, pois só a Associação de Moradores (E) Sim, pois há contraprestação ou pagamento de preços ou
teria legitimidade para entrar com a ação. tarifas pelo usuário.
(E) Sim, assiste razão a João, desde que não tenha recebido
11. FGV - Consultor Legislativo (SEN)/Assessoramento em Orça-
multas no período.
mentos/Orçamento e Direito Financeiro/2022
8. FGV - Técnico Superior Especializado (DPE RJ)/Econo- A sociedade empresária YRTQ impugnou o aumento de alíquo-
mia/2019 ta do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) veiculado pela
Relacione cada imposto listado abaixo com sua respectiva ca- Lei nº 1.234, de 5 de maio de 2022, a qual previu a cobrança da
racterística. nova regra de aumento a partir de setembro de 2022, com seletivi-
1. Imposto de Importação dade dos produtos, não cumulatividade e com previsão da incidên-
2. ITR cia sobre produtos industrializados destinados ao exterior.
3. IPI Pelas informações trazidas, assinale a opção que indica se há
4. ISS motivos para procedência da impugnação.
( ) de competência da União, serve como instrumento da polí- (A) Não, pois o IPI é seletivo e não cumulativo, só precisando
tica de comércio exterior; observar a anterioridade nonagesimal e podendo incidir sobre
( ) de competência federal, classificado como imposto sobre o produtos industrializados destinados ao exterior.
patrimônio e a renda com função “extrafiscal”; a cobrança e a (B) Sim, pois apesar de o IPI ser seletivo, não cumulativo e po-
fiscalização podem ser do município; der incidir sobre produtos industrializados destinados ao exte-
( ) de competência federal, classificado como imposto sobre a rior, o aumento teria que respeitar o princípio da anterioridade
produção e a circulação; alguns setores já se beneficiaram com anual.
sua desoneração; (C) Sim, pois apesar de o IPI ser seletivo, não cumulativo e ter
( ) substituiu os impostos sobre indústrias e profissões e sobre que respeitar a anterioridade nonagesimal, ele não pode inci-
diversões públicas. dir sobre produtos industrializados destinados ao exterior.
A sequência correta é: (D) Sim, pois apesar de o IPI ser seletivo e não cumulativo, não
(A) 1, 2, 3 e 4; pode incidir sobre produtos industrializados destinados ao ex-
(B) 1, 2, 4 e 3; terior e o aumento teria que respeitar o princípio da anteriori-
(C) 1, 3, 2 e 4; dade anual.
(D) 1, 4, 3 e 2; (E) Sim, pois apesar de o IPI ser seletivo e poder incidir sobre
(E) 3, 2, 1 e 4. produtos industrializados destinados ao exterior, o aumento
teria que respeitar o princípio da anterioridade anual e pode
9. FGV - Consultor Legislativo (SEN)/Assessoramento Legislati-
ser cumulativo.
vo/Direito Tributário e Direito Financeiro/2022
Em relação à distinção entre taxa e preço público, analise as 12. FGV - OAB UNIFICADO - Nacional/2021/XXXIII Exame
afirmativas a seguir. Um carregamento de computadores foi abandonado no porto
I. A instituição do preço público não está sujeita ao princípio da pelo importador, que não chegou a realizar o desembaraço adua-
legalidade tributária estrita. neiro dentro do prazo previsto na legislação tributária. Por isso, a
II. O preço público se distingue da taxa pois aquele não ostenta autoridade tributária, após o devido processo legal, aplicou a pena
natureza tributária. de perdimento e realizou leilão para alienação dos computadores.
III. O pedágio cobrado pela efetiva utilização de rodovias con- Diante dessa situação, a base de cálculo do imposto sobre a
servadas pelo Poder Público tem natureza jurídica de preço público. importação incidente na hipótese será o valor
Está correto o que se afirma em (A) de mercado dos bens.
(A) I, apenas. (B) da arrematação.
(B) II, apenas. (C) arbitrado pela autoridade tributária.
(C) II e III, apenas. (D) estimado dos bens, deduzindo-se os custos com armazena-
(D) I e III, apenas. gem e as comissões do leiloeiro público.
(E) I, II e III.
13. FGV - Notário e Registrador (TJ SC)/Provimento/2021
Mário, proprietário de imóvel localizado em área urbana, mas
voltado a finalidades de produção agrícola de hortaliças orgânicas,
celebra promessa de compra e venda por escritura pública com
João, em 2016, transmitindo imediatamente a posse do imóvel e

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DIREITO TRIBUTÁRIO
mantida a mesma exploração, mas sem que a escritura tenha sido formulário próprio.
levada a registro. Em 2020, Mário é surpreendido com cobrança (B) A Resolução violou o princípio tributário da anterioridade
pelo Fisco de imposto incidente sobre a propriedade do imóvel re- anual.
ferente aos anos de 2017, 2018 e 2019. (C) A Resolução violou o princípio tributário da anterioridade
Diante desse cenário, o imposto devido é o: nonagesimal.
(A) ITR, e o promitente vendedor pode ser responsabilizado pe- (D) A Resolução violou o princípio tributário da legalidade.
las dívidas posteriores à lavratura da escritura pública de pro- (E) Somente Decreto do Governador do Estado poderia alterar
messa de compra e venda com transmissão da posse; a sistemática de entrega de declaração do ITCMD.
(B) ITR, mas o promitente vendedor não pode ser responsabi-
17. FGV - Auditor Fiscal de Tributos Estaduais (SEFAZ AM)/2022
lizado pelas dívidas posteriores à lavratura da escritura pública
Na ausência de disposição expressa, a autoridade competente,
de promessa de compra e venda com transmissão da posse;
para aplicar a legislação tributária utilizará, segundo a ordem indi-
(C) IPTU, e o promitente vendedor pode ser responsabilizado
cada, sucessivamente,
pelas dívidas posteriores à lavratura da escritura pública de
(A) analogia, equidade, princípios gerais de Direito Público e
promessa de compra e venda com transmissão da posse;
princípios gerais de Direito Tributário.
(D) IPTU, mas o promitente vendedor não pode ser responsabi-
(B) princípios gerais de Direito Tributário, analogia, princípios
lizado pelas dívidas posteriores à lavratura da escritura pública
gerais de Direito Público e equidade.
de promessa de compra e venda com transmissão da posse;
(C) analogia, princípios gerais de Direito Público, princípios ge-
(E) IPTU, e o promitente vendedor pode ser responsabilizado
rais de Direito Tributário e equidade.
pro rata com o promitente comprador pelas dívidas posteriores
(D) equidade, analogia, princípios gerais de Direito Tributário e
à lavratura da escritura pública de promessa de compra e ven-
princípios gerais de Direito Público.
da com transmissão da posse.
(E) analogia, princípios gerais de Direito Tributário, princípios
14. FGV - Auditor Fiscal de Tributos Estaduais (SEFAZ AM)/2022 gerais de Direito Público e equidade.
Aluísio Soares importou uma guitarra do exterior para sua co-
18. FGV - Assistente Administrativo da Fazenda Estadual (Sefaz
leção e se revoltou ao ter que pagar o ICMS. Ele alega que o instru-
AM)/2022
mento não tem fins comerciais porque ele não toca em público e
Uma loja de roupas femininas estava transportando produtos
não aufere nenhuma renda com este hobby.
de uma de suas filias para outra, tendo sido autuada e multada pela
Avalie se Aloísio terá direito a não pagar o tributo e assinale a
Receita Estadual pela ausência de nota fiscal.
afirmativa correta.
Sobre a cobrança da multa, assinale a afirmativa correta.
(A) O imposto não pode ser cobrado, uma vez provada a falta
(A) Não está correta, por não incidir ICMS na transferência de
de intuito comercial da mercadoria importada.
mercadorias entre estabelecimentos do mesmo titular.
(B) O imposto pode ser cobrado, porque a Receita Estadual não
(B) Está correta por se tratar de obrigação acessória, que pode
tem certeza de que ele nunca usará para fins comerciais.
acarretar multa em caso de descumprimento.
(C) O imposto não pode ser cobrado, já que não aufere renda
(C) Não está correta, pois a atitude correta seria a apreensão
ou presta serviços com tal instrumento.
das mercadorias.
(D) O imposto pode ser cobrado, pois é contribuinte mesmo
(D) Não está correta, pois não é necessária nota fiscal para tal
sem habitualidade ou intuito comercial, quem importa bens do
transferência.
exterior.
(E) Só seria possível se houvesse cobrança de ICMS.
(E) O imposto não pode ser cobrado, desde que ele se compro-
meta a permanecer com o instrumento por cinco anos. 19. FGV - Consultor Legislativo (SEN)/Assessoramento Legislati-
vo/Direito Tributário e Direito Financeiro/2022
15. FGV - Auditor Fiscal de Tributos Estaduais (SEFAZ AM)/2022
Em relação à obrigação tributária, analise as afirmativas a se-
Um importante tributo da competência dos Estados é o Impos-
guir e assinale (V) para a verdadeira e (F) para a falsa.
to sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA ).
( ) A pessoa jurídica imune, por não ser contribuinte do tributo,
Sobre o IPVA, assinale a afirmativa correta.
não tem obrigação de manter documentos, livros e escrita fis-
(A) A alíquota mínima será fixada pelo Senado Federal.
cal de suas atividades.
(B) A alíquota máxima será fixada pelo Senado Federal e a mí-
( ) Não viola o princípio da legalidade tributária ato infralegal
nima por cada Estado.
que atribui ao contribuinte deveres instrumentais com vistas a
(C) Não pode ter alíquota diferenciada, em razão do tipo e da
facilitar a fiscalização tributária.
utilização.
( ) O descumprimento de uma obrigação acessória pode gerar a
(D) A diferença entre alíquota mínima e máxima não pode ex-
aplicação de uma penalidade pecuniária que se converterá em
ceder 100% (cem por cento.
uma obrigação principal.
(E) As alíquotas máximas e mínimas serão fixadas pelo próprio
As afirmativas são, segundo a ordem apresentada, respectiva-
Estado.
mente,
16. FGV - Consultor do Tesouro Estadual (SEFAZ ES)/Ciências (A) V, V e V.
Econômicas/2022 (B) V, F e F.
Resolução do Secretário de Fazenda do Estado Alfa, publicada (C) F, V e F.
em 20/09/2021, determinou que a declaração do Imposto sobre a (D) F, V e V.
Transmissão Causa Mortis e Doação de quaisquer bens ou direitos (E) F, F e F.
(ITCMD) deveria ser entregue pelo sujeito passivo por meio de novo
20. FGV - Técnico Tributário (SEFIN RO)/2018
formulário aprovado em anexo a esta Resolução. A Resolução tam-
Leia o fragmento a seguir.
bém afirmou que produzirá efeitos 60 dias após sua publicação.
Considerar-se-á como __________do contribuinte ou ______o
Diante desse cenário, assinale a afirmativa correta.
lugar da situação dos bens ou da _______ dos atos ou fatos que
(A) A Resolução pode determinar a entrega da declaração em
deram origem_________.
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294
a solução para o seu concurso!
DIREITO TRIBUTÁRIO
Assinale a opção que preenche corretamente as lacunas. 24. FGV - Delegado de Polícia (PC AM)/4ª Classe/2022
(A) domicílio tributário – responsável – ocorrência - à obriga- Em 2022, a Secretaria de Fazenda do Estado Alfa passará a di-
ção. vulgar, em seu sítio eletrônico, algumas informações sobre sujeitos
(B) estabelecimento – substituto - prática – ao fato gerador. passivos de tributos estaduais.
(C) sede – responsável – ocorrência – ao crédito tributário. Acerca desse cenário e à luz do Código Tributário Nacional,
(D) centro de atividade – sucessor – prática – ao débito tribu- avalie se poderão ser divulgadas no sítio eletrônico, sem que haja
tário. quebra indevida de sigilo fiscal, informações relativas a
(E) domicílio tributário – herdeiro – ocorrência – à obrigação. I. representações fiscais para fins penais.
II. inscrições na Dívida Ativa da Fazenda Pública.
21. FGV - Consultor do Tesouro Estadual (SEFAZ ES)/Ciências
III. incentivo, renúncia, benefício ou imunidade de natureza tri-
Contábeis/2022
butária cujo beneficiário seja pessoa jurídica.
O lançamento é a etapa da receita orçamentária que repre-
Está correto o que se afirma em
senta o ato da repartição competente, em que há verificação da
(A) I e II, apenas.
procedência do crédito fiscal, a pessoa que lhe é devedora e a ins-
(B) II e III, apenas.
crição do débito desta. Assinale a opção que indica quando há o
(C) I, II e III.
lançamento por ofício.
(D) II, apenas.
(A) ICMS e IPI.
(E) III, apenas.
(B) IPTU e IPVA.
(C) PIS e COFINS. 25. FGV - Técnico Judiciário (TJ TO)/Apoio Judiciário e Adminis-
(D) IR e CSSL. trativo/2022
(E) ITBI e ITCMD. O secretário de Administração Tributária do Estado Alfa soli-
citou que sua assessoria analisasse a possibilidade de serem com-
22. FGV - Auditor Fiscal Tributário (Paulínia)/2021
partilhados dados dos contribuintes com a secretaria homônima do
A sociedade empresária Construções 100% Ltda., prestadora
Estado Beta, de modo a viabilizar a sua atuação de forma integrada.
de serviços de construção, conservação e reforma a terceiros, dei-
A assessoria respondeu, corretamente, que os referidos dados:
xou de declarar e de pagar ISS, tributo sujeito a lançamento por
(A) podem ser compartilhados, mas apenas na forma da lei,
homologação, relativo a um período de 3 meses.
não a partir do voluntarismo dos órgãos envolvidos;
A respeito desse cenário e à luz do Código Tributário Nacional,
(B) podem ser compartilhados, apenas na forma de lei comple-
o Fisco Municipal poderá exercer seu direito de constituir o crédito
mentar, se disserem respeito a cadastros;
tributário por meio de
(C) são alcançados pelo sigilo, logo, o compartilhamento está
(A) autolançamento, extinguindo-se tal direito após 5 anos con-
condicionado à existência de prévia autorização judicial;
tados da ocorrência do fato gerador.
(D) podem ser livremente compartilhados, independentemen-
(B) lançamento por declaração, extinguindo-se tal direito após
te de sua natureza, o que é determinado pela ordem constitu-
5 anos contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele
cional;
em que o lançamento poderia ter sido efetuado.
(E) podem ser compartilhados, caso digam respeito a cadastros
(C) lançamento por declaração, extinguindo-se tal direito após
e a informações fiscais, o que pode ser feito na forma da lei ou
5 anos contados da ocorrência do fato gerador.
(D) lançamento de ofício, extinguindo-se tal direito após 5 anos convênio.
contados da ocorrência do fato gerador.
(E) lançamento de ofício, extinguindo-se tal direito após 5 anos GABARITO
contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que
o lançamento poderia ter sido efetuado.
1 E
23. FGV - Auditor Fiscal de Tributos Estaduais (SEFIN RO)/2018
Segundo o Código Tributário Nacional, o lançamento é o proce- 2 B
dimento pelo qual a autoridade administrativa verifica a ocorrência 3 A
do fato gerador da obrigação tributária, determina a matéria tri-
butável, calcula o montante do tributo devido, identifica o sujeito 4 C
passivo e, sendo o caso, propõe a aplicação da penalidade cabível. 5 C
Sobre o lançamento, analise as afirmativas a seguir.
I. O envio do carnê de IPTU ao endereço do contribuinte confi- 6 A
gura a notificação presumida do lançamento do tributo. 7 A
II. O lançamento pode ser revisto de ofício pela Fazenda Pú-
8 A
blica, se constatado erro em sua feitura, enquanto não extinto o
direito de lançar. 9 E
III. Ocorrendo o pagamento antecipado do ICMS por parte do 10 E
contribuinte, o prazo decadencial para o lançamento de eventuais
diferenças é de cinco anos a contar do fato gerador. 11 C
Está correto o que se afirma em 12 B
(A) I, apenas.
(B) I e II, apenas. 13 A
(C) I e III, apenas. 14 D
(D) II e III, apenas.
15 A
(E) I, II e III.
16 A

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295
a solução para o seu concurso!
DIREITO TRIBUTÁRIO

17 E ______________________________________________________

18 B ______________________________________________________
19 D ______________________________________________________
20 A
______________________________________________________
21 B
22 E ______________________________________________________
23 E ______________________________________________________
24 C
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25 E
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ANOTAÇÕES ______________________________________________________

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DIREITO PREVIDENCIÁRIO

A competência para legislar sobre Seguridade Social é privativa


ASPECTOS TEÓRICOS E CONCEITUAIS DA SEGURIDADE SO- da União, mas pode ser delegado aos Estados o poder de legislar
CIAL E PREVIDÊNCIA SOCIAL sobre questões específicas.
Previdência Social
Seguridade Social Previdência social é um seguro que se faz durante todo o
período de trabalho de um indivíduo, por meio de contribuições a
A Seguridade Social originou-se no Brasil em 2007, com a fusão
um sistema para que, quando não se esteja mais trabalhando, seja
entre a Secretaria da Receita Previdenciária (SRP) e a Secretaria
possível usufruir o benefício da aposentadoria e, com sua morte,
da Receita Federal (SRF), gerando assim, a Receita Federal do
possa garantir a sobrevivência daqueles que dependiam de sua
Brasil (RFB), a qual ficou responsável, desde então, pelo custeio
renda para sobreviverem por meio da pensão2.
da Seguridade Social. A parte da concessão de benefícios continua
Seu objetivo é assegurar a manutenção da renda do indivíduo
sendo realizada pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS)1.
quando da perda, temporária ou definitiva, de sua capacidade de
A seguridade social no Brasil consiste no conjunto integrado
trabalhar em decorrência de riscos a que todos nós estamos sujeitos,
de ações que visam a assegurar os direitos fundamentais à saúde,
como doença, invalidez, idade avançada, encargos familiares, prisão
à assistência e à previdência social, de iniciativa do Poder Público
ou morte daqueles de quem dependiam economicamente.
e de toda a sociedade, nos termos do artigo 194, da Constituição
A Previdência Social no Brasil é um direito social, previsto no
Federal. Assim, não apenas o Estado atua no âmbito da seguridade
art. 6º da Constituição Federal de 1988 dentre outros direitos sociais
social, pois é auxiliado pelas pessoas naturais e jurídicas de direito
e garantias fundamentais, que garante renda não inferior ao salário
privado, a exemplo daqueles que fazem doações aos carentes e das
mínimo ao trabalhador e a sua família nas situações previstas no
entidades filantrópicas que prestam serviços de assistência social e
art. 201 da Carta Magna, com atualizações vigentes:
de saúde gratuitamente.
A maioria dos princípios informadores da seguridade social Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma do
encontra-se arrolada no artigo 194, da Constituição Federal, sendo Regime Geral de Previdência Social, de caráter contributivo e de
tratados como objetivos do sistema pelo constituinte, destacando- filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio
se que a sua interpretação e grau de aplicação variará dentro financeiro e atuarial, e atenderá, na forma da lei, a: (Redação dada
da seguridade social, a depender do campo de incidência, se no pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
subsistema contributivo (previdência social) ou no subsistema não I - cobertura dos eventos de incapacidade temporária ou
contributivo (assistência social e saúde pública). permanente para o trabalho e idade avançada; (Redação dada pela
Dispõe o Art. 194 da CF/88: Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
II - proteção à maternidade, especialmente à gestante;
Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto
III - proteção ao trabalhador em situação de desemprego
integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade,
involuntário;
destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência
IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos
e à assistência social.
segurados de baixa renda;
Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei,
V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao
organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos:
cônjuge ou companheiro e dependentes, observado o disposto no
I - universalidade da cobertura e do atendimento;
§ 2º.
II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às
§ 1º É vedada a adoção de requisitos ou critérios
populações urbanas e rurais;
diferenciados para concessão de benefícios, ressalvada, nos
III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios
termos de lei complementar, a possibilidade de previsão de idade
e serviços;
e tempo de contribuição distintos da regra geral para concessão de
IV - irredutibilidade do valor dos benefícios;
aposentadoria exclusivamente em favor dos segurados: (Redação
V - equidade na forma de participação no custeio;
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
VI - diversidade da base de financiamento, identificando-se,
I - com deficiência, previamente submetidos a avaliação
em rubricas contábeis específicas para cada área, as receitas e as
biopsicossocial realizada por equipe multiprofissional e
despesas vinculadas a ações de saúde, previdência e assistência
interdisciplinar; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de
social, preservado o caráter contributivo da previdência social;
2019)
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
VII - caráter democrático e descentralizado da administração,
mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores,
dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos
colegiados.
1 https://atualizacoes.editoraferreira.com.br/admin/uploads/arquivos/ 2https://www.cnm.org.br/cms/biblioteca_antiga/08%20Seguridade%20
Material_complementar_Direito_Previdenciario_All_in_One.pdf e%20Previd%C3%AAncia%20Social.pdf
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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
II - cujas atividades sejam exercidas com efetiva exposição Ressalta-se que no Estado contemporâneo, a maior função da
a agentes químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde, ou Previdência Social era a de dar amparo e apoio ao trabalhador em
associação desses agentes, vedada a caracterização por categoria situações de infortúnios sociais, como por exemplo, a incapacidade
profissional ou ocupação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº laborativa, a idade avançada, bem como a ocorrência de óbito ou
103, de 2019) morte, deixando pensão para a sobrevivência de seus dependentes.
(....). A doutrina majoritária afirma que a Inglaterra e a Alemanha
A Previdência Social compreende dois regimes: são os países pioneiros da Previdência Social, posto que por inter-
• Será organizada sob a forma de regime geral (Regime Geral médio de Otto Von Bismarck, foi criado um seguro de assistência
da Previdência Social – RGPS), de caráter contributivo e de filiação social.
obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio Em relação ao Brasil, no ano de 1.824, a Primeira Constituição
financeiro e atuarial; do Império, buscou tratar desse assunto por meio dos denomina-
• Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS) dos servidores dos “Socorros Públicos”, por intermédio dos quais, o Sistema Estatal
públicos e dos militares. ainda não se comprometia e nem se preocupava com o trabalhador
de forma eficaz e contundente, embora mencionasse em seu texto
A competência para legislar sobre Previdência Social é
alguma espécie de proteção.
concorrente entre a União, os Estados e o Distrito Federal:
Já em 1.891, a Constituição da República trouxe em seu bojo a
• Compete à União definir as normas gerais de Previdência
inovação da possibilidade da concessão da aposentadoria por inva-
Social;
lidez aos servidores públicos como um todo, fato que demonstrava
• Os Estados podem suplementar as normas gerais;
que o Brasil, apesar de se encontrar como principiante em tal tare-
• Na falta de normas gerais por parte da União, os Estados
fa, estaria começando a se preocupar com os infortúnios sociais dos
poderão editar normais gerais sobre previdência Social
trabalhadores que se encontravam sob sua proteção.
(Competência Legislativa Plena);
Registra-se que sob a suprema égide da Constituição de 1.891,
• A superveniência de lei federal sobre normas gerais de
foi editada a Lei Eloy Chaves por meio do Decreto-Legislativo nº.
previdência Social suspende a lei estadual editada por meio da
4.682, de 24/01/1923, que criou importantes caixas de aposenta-
Competência Legislativa Plena citada.
dorias e pensões para os trabalhadores ferroviários que concediam
aos empregados a aposentadoria por invalidez, a validez da pensão
SEGURIDADE SOCIAL. ORIGEM E EVOLUÇÃO LEGISLATIVA por morte e, ainda, a aposentadoria ordinária. Entretanto, o Estado
NO BRASIL. CONCEITUAÇÃO. ORGANIZAÇÃO E PRINCÍPIOS não custeava e nem tampouco administrava essas caixas, uma vez
CONSTITUCIONAIS que eram as empresas que administravam e os trabalhadores que
contribuíam.
No decorrer do tempo, outras empresas passaram a criar suas
Origem e Evolução Legislativa no Brasil próprias caixas de aposentadoria, fato que definiu e marcou a déca-
De antemão, ressalta-se que o direito à proteção social do ser da de 20 pela criação de caixas de aposentadoria e pensão, mesmo
humano advinda do Estado, possui sua origem relacionada ao de- sem a intervenção do Estado, situação por intermeio da qual, as
senvolvimento da sua estrutura, bem como acerca da discussão his- caixas continuaram sendo administradas pelas empresas.
tórica sobre quais deveriam ser as suas funções. Pondera-se que a Lei Eloy Chaves, embora não seja considera-
Na seara histórica, ressalta-se que a seguridade social teve iní- da o primeiro diploma legal em vigor sobre o assunto securitário,
cio na Inglaterra no ano de 1.601, com a denominada Poor Law, uma vez que já existia o Decreto-Legislativo nº 3.724/19, dispon-
que significava a “Lei dos Pobres”, ou seja, tratava-se de uma lei do a respeito do seguro obrigatório de acidentes do trabalho com
que buscava amparar de forma contundente aos menos favoreci- vínculo ao Ministério do Trabalho, em razão do desenvolvimento
dos. Naquele período, a Inglaterra passava por uma grande trans- ulterior da previdência, bem como da estrutura interna da Lei Eloy
formação na sociedade, uma vez que ela se encontrava em plena Chaves, esta Lei ficou conhecida como o marco inicial da Previdên-
revolução industrial, por meio da qual os trabalhadores migravam cia Social no Brasil.
da zona rural, vindo a habitar nas cidades com o fito de trabalhar Desde o período do Império, no Brasil, já se encontravam em
nas indústrias. Tendo em vista que as condições de trabalho des- vigor alguns mecanismos de propensão previdenciária. No entan-
ses trabalhadores não eram boas, muitos se tornavam incapazes e to, registra-se que apenas a partir de 1923, com a aprovação da
inválidos para o trabalho, ficando à mercê da própria sorte em de- Lei Eloy Chaves por meio do Decreto Legislativo nº 4.682, de 24 de
corrência do desamparo total do Estado, fatos que acarretava-lhes janeiro de 1923, o Brasil passou a obter um marco jurídico compe-
a ausência de condições para prover o próprio sustento, bem como tente para a aplicação e a atuação do Sistema Previdenciário, que
de suas famílias, e, fez com que muitos passassem a ter óbito pre- à época se compunha das Caixas de Aposentadorias e Pensões, as
maturo, vindo os seus dependentes também a ficar sem qualquer chamadas CAPs.
recurso para sobreviver. Importante: A Lei Eloy Chaves tratava de forma exclusiva e es-
Em virtude da intensa pressão social, no ano de 1.601, a Ingla- pecífica das CAPs das empresas ferroviárias. Isso ocorria pelo fato
terra editou a Poor Law, ou, “Lei dos Pobres”, legislação eivada de de seus sindicatos serem eivados de maior organização, além de
normas e direitos que possuíam como objetivo, fornecer, de modo possuírem maior poder de pressão política. As CAPs possuíam como
geral, um seguro ao trabalhador, momento histórico por meio do objetivo inicial, o apoio aos trabalhadores ferroviários durante o pe-
qual, a doutrina considera que iniciou-se a criação da Seguridade ríodo de inatividade (INSS 2.017).
Social, nascendo com ela, os indícios primordiais de preocupação Extremamente marcada pela criação dos IAPs (Instituto de
do Estado para com o trabalhador. Naquele período, a maior e mais Aposentadoria e Pensão), ressalta-se que na década de 30, estas
marcante preocupação era com os trabalhadores, bem como com classes atendiam categorias de trabalhadores, como por exemplo,
os infortúnios sociais que estes sofriam. o IAP dos marítimos por meio do Decreto nº 22.872 de 29.06.1933
(IAPM). Assim sendo, os IAPs permaneceram no cenário nacional
até a metade da década de 50.

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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Destaque-se com grande importância, o fato da Constituição Devido ao fato de incluir pontos importantes para a garantia da
de 1934 ter sido a primeira a estabelecer a forma tríplice da fonte proteção social, a Previdência descrita na Constituição Federal Bra-
de custeio do Sistema Previdenciária àquele período com contribui- sileira de 1.988 se destaca por ter conseguido incluir importantes
ções do Estado, do empregador e do empregado. pontos para a garantia da proteção social, além de ser vista como
Em síntese temos: uma ação eivada de progresso quando comparada às medidas de
liberalização que vinham sendo tomadas em outros países nesse
período. Entretanto, a Carta Magna passou por algumas reformas
que mudaram os detalhes do seu funcionamento. É o que veremos
no deslindar desse estudo.
Em evolução histórica, na data de 27 de junho de 1.990 foi cria-
do o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, durante a gestão do
presidente Fernando Collor de Melo, por intermédio do Decreto n°
99.350, isso, a partir da incorporação do Instituto de Administração
Importante: No Brasil, a Constituição de 1.946 foi a primeira Financeira da Previdência e Assistência Social – IAPAS com o Insti-
Carta Magna a valer-se do uso da expressão “Previdência Social”, tuto Nacional de Previdência Social – INPS, como autarquia dotada
que veio em substituição à expressão “Seguridade Social”. de vínculo ao Ministério da Previdência e Assistência Social – MPAS.
Reproduzida e aprovada no ano de 1.960, a Lei nº 3.807/1.960 (INSS, 2017).
unificou toda a legislação securitária e por esse motivo acabou sen- Ainda na vigência do governo Collor de Melo, em 1991, ocorreu
do taxada e reconhecida como a Lei Orgânica da Previdência Social a primeira mudança no INSS. Trata-se de medida com a previsão de
(LOPS). que os benefícios levassem em conta a correção monetária, uma
Três anos após, em 1.963, criou-se o Fundo de Assistência e vez que naquele momento, a economia brasileira sofria com a in-
Previdência do Trabalhador Rural, o denominado FUNRURAL com flação. Em 1.998, com a vigência do governo Fernando Henrique,
suas normas estabelecidas e determinadas pelo diploma legal da ocorreram maiores mudanças, posto que foi a partir daquele mo-
Lei nº 4.214/1.963. mento que não seria mais considerado o tempo de serviço do tra-
Já em 1.966, os já retro mencionados Institutos de Aposenta- balhador, mas, sim, o de contribuição para o INSS que foi definido
dorias e Pensões (IAPs), por intermédio do Decreto-Lei nº 72/1.966, como 30 anos para mulheres e 35 para homens. Ademais, a reforma
foram declarados unificados ao Instituto Nacional da Previdência também criou a implantação do fator previdenciário, cálculo que
Social (INPS). seria usado para definir o valor do benefício recebido após a apo-
Criada no ano de 1.967, a Lei nº 5.316, passou a integrar de sentadoria do trabalhador.
forma contundente o seguro de acidentes de trabalho à previdência Em 2.003, com o governo Lula, as mudanças tiveram como foco
social, vindo, desta forma, fazer com que desaparecesse este segu- o funcionalismo público. Assim, a reforma criou um teto para os
ro como ramo à parte. servidores federais e passou a instituir a cobrança da contribuição
Em evolução histórica, partindo para a década de 1.970, a co- para pensionistas e inativos, bem como também, alterou o valor do
bertura previdenciária sofreu grande expansão com a concentração benefício para estes servidores.
de recursos no Governo Federal, principalmente em razão da apro- Ocorre que em meados do ano de 2.010, houve uma crescente
vação das seguintes medidas: preocupação com a necessidade preeminente de uma Reforma da
1. No ano de 1.972, a inclusão dos empregados domésticos; Previdência Brasileira. Isso ocorreu pelo fato de haver crise na segu-
2. No ano de 1.973, houve a regulamentação da inscrição de ridade social, tendo naquele momento como argumento principal,
autônomos em regime de compulsoriedade; a razão de não existirem mais recursos totalmente suficientes para
3. No ano de 1.974, ocorreu a instituição do amparo previden- sustentar as despesas futuras, caso não houvessem significativas
ciário aos maiores de 70 anos de idade, bem como aos inválidos regras de aposentadoria e pensão.
não-segurados, (idade que posteriormente foi significativamente Na gestão da Presidente Dilma Rousseff, em 2015, o congresso
alterada); aprovou uma mudança que buscava alterar a idade de acesso à apo-
4. No ano de 1.976, ocorreu a extensão dos benefícios de pre- sentadoria integral. Isso fez com que a denominada “regra de pon-
vidência e assistência social destinada aos empregadores rurais e tos”, conhecida como 85/95, que levava em consideração a soma da
aos seus dependentes. idade acoplada ao tempo de contribuição. Desta forma, para as mu-
Explicita-se que na década de 1.970, ocorreram importantes lheres, esta soma deveria resultar em 85 anos, e, para os homens,
inovações na legislação previdenciária brasileira que foram legal- em 95 anos de idade, para que os trabalhadores passassem a ter o
mente disciplinadas por diversos diplomas legais, fato que fez surgir direito de receber o benefício integral como um todo.
a necessidade de unificação que ocorreu com a CLPS (Consolidação Entre os anos de 2.016 e 2.018, sob a gestão do Governo Te-
das Leis da Previdência Social), no período de 24/01/1976 através mer, prevaleceu a tentativa de aprovação de uma reforma da Pre-
do Decreto nº 77.077/1.976, vindo a ser criado no ano posterior, o vidência mais radical. Entretanto, a conjuntura nacional colocou
Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social (SINPAS). inúmeras dificuldades à tramitação da proposta na Câmara dos De-
Com o advento histórico da criação e aprovação da Constitui- putados, motivo pelo qual, em 2.019, o governo do Presidente Jair
ção Federal Brasileira de 1.988, foi criado o conceito de “Segurida- Bolsonaro decidiu ter como prioridade, levar adiante a Reforma da
de Social”. A seguridade social se encontrava composta pelas áreas Previdência no país.
da Saúde, Assistência e Previdência Social. Assim sendo, é nesse Aprovada na data de 23 de outubro de 2.019 pela Câmara dos
contexto de importante momento que se estabelece a previdência Deputados e pelo Senado Federal, de forma separada, aprovada
como conhecemos atualmente, que mantém sua compleição de ar- em dois turnos de votação em cada Casa, a Emenda Constitucio-
recadação entre empregadores e empregados, porém, sempre de- nal número 103, conhecida como Nova Previdência, trouxe consigo
legando ao Estado o papel de organizar e distribuir os recursos de inúmeras e significativas modificações ao Sistema Previdenciário
acordo com a legislação vigente como um todo. Brasileiro. Vejamos a respeito desta importante Emenda e suas ino-
vações:

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a solução para o seu concurso!
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
A Emenda Constitucional 103, de 2019 de 20 anos de contribuição, se homem; e, acréscimo de 2 pontos
percentuais para cada ano de contribuição que exceder o tempo de
Breve histórico 15 anos de contribuição, se mulher.
Tramitando no Congresso Nacional no ano de 2.019, a PEC nº. — Sobre o período básico de cálculo (PBC): Nos trâmites do
6/2019, alterou novamente e de forma significativa tanto o RGPS art. 26 da Reforma, para o cálculo dos benefícios, será utilizada a
(Regime Geral de Previdência Social), quanto o RPPS (Regime Pró- média aritmética de forma simples dos salários de contribuição e
prio de Previdência Social) da União. Pondera-se que os regimes das remunerações adotadas como base para contribuições ao RPPS
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios não foram tão afe- e ao RGPS, correspondentes a 100% (cem por cento) do período
tados, uma vez que foram criados tratamentos diferenciados para contributivo, desde a competência de julho de 1.994, ou, ainda,
servidores federais, quando comparados com os demais ocupantes desde o início da contribuição, caso seja posterior a julho de 1.994,
de cargos efetivos dos outros entes Federativos. até a última contribuição efetuada.
Por meio da mencionada PEC, pode-se destacar com ênfase, Importante: Antes da Reforma, utilizava-se a média dos 80%
a criação de idade mínima para as aposentadorias voluntárias do maiores salários de contribuição desde 1994, e, eram dispensados
RGPS, inclusive a aposentadoria “especial”; a alteração do crité- os outros 20% menores.
rio de carência para novos filiados ao RGPS do sexo masculino, de — Da pensão por morte: Foram feitas alterações estabelecen-
15 para 20 anos; a mudança na apuração do salário de benefício, do-se percentuais de cota familiar para o recebimento da pensão
que passa a ser igual à média de todos os salários de contribuição por morte a partir da entrada em vigor da Emenda 103, resguarda-
desde julho de 1994; o critério de cálculo da renda mensal inicial do, desta forma, o direito adquirido aos segurados antes da entra-
das aposentadorias, inclusive a por invalidez, salvo a acidentária; da em vigor dos termos determinados pelo art. 24, §4º da Emenda
a alteração no direito à pensão por morte, auxílio-reclusão e sa- Constitucional 103/2019. Assim, a partir da reforma, a pensionista
lário-família; a previsão de aposentadoria de empregados públicos irá receber somente 50% do valor da aposentadoria recebida pelo
com cessação do vínculo de emprego, inclusive por atingimento da segurado ou servidor, ou, ainda, daquela a que teria direito, caso
idade “compulsória” aplicada a ocupantes de cargos; e regras mais fosse aposentado por incapacidade permanente, que era a antiga
restritivas de acumulação de benefícios, especialmente de aposen- aposentadoria por invalidez na data do óbito, com o acréscimo de
tadoria e pensão, entre outras regras incluídas. 10% por dependente, até o máximo de 100%.
Registra-se que a Reforma da Previdência Social, por meio da
Importante: Antes da Reforma, a Lei 13.135/2.015 havia esta-
Emenda Constitucional 103/2.019 trouxe diversas mudanças relati-
belecido dentre seus pré-requisitos, condições diferenciadas aos
vas à concessão dos benefícios, no tempo de contribuição, no perío-
cônjuges beneficiários da pensão por morte a partir de 2015. Com
do básico de cálculo (PBC), nas alíquotas de contribuição, na pensão
isso, a partir desta data, o cônjuge beneficiário terá direito a um
por morte , na idade mínima mesmo para aqueles que adquirissem
período de forma parcial para o recebimento da pensão, isso, de-
o direito à aposentar-se por tempo de contribuição, dentre outras
pendendo do tempo de contribuição do segurado que faleceu, do
significativas alterações, dentre as quais podem-se destacar:
tempo de casamento ou do tempo de convivência conjugal, bem
— Sobre a idade mínima para aposentadoria: Com a aprova- como da idade do beneficiário.
ção da Emenda Constitucional 103/2019 da Reforma da Previdên-
— Dos professores: Nos trâmites do art. 19, §1º, II da Emenda
cia, que alterou de forma significativa o art. 201, § 7º da CFB, a apo-
Constitucional 103/2019, a carência para a aposentadoria por idade
sentadoria por idade aos segurados do Regime Geral da Previdência
para o professor que comprove 25 anos de exclusiva contribuição
Social (RGPS), será devida ao segurado ao cumprir o tempo de ca-
em efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil
rência, quando este completar: 65 anos de idade, se homem; e 62
e no ensino fundamental e médio será de 57 anos de idade, se mu-
anos de idade, se mulher.
lher; e 60 anos de idade, se homem.
Importante: Os servidores públicos que se encontrem segura-
dos pertencentes ao Regime Próprio de Previdência Social (RPPS),
Importante: Em relação aos professores servidores, além da
via de regra, também se aposentarão com a mesma idade dos ser-
idade exigida acima, estes terão que ter 10 anos de efetivo exercício
vidores do RGPS.
de serviço público, acrescidos de 5 anos no cargo efetivo em que for
concedida a aposentadoria para ambos os sexos.
— Quanto ao tempo de Contribuição: Com a promulgação da
— Sobre as alíquotas de contribuição: Dispõe, em suma, a
EC 103/2019, o tempo mínimo de contribuição para requerer a apo-
nova Portaria nº 477, de 12 de janeiro de 2.021 da SECRETARIA
sentadoria por idade, passou a ser de 15 anos para mulheres e 20
ESPECIAL DE PREVIDÊNCIA E TRABALHO, (SEPRT): a) os benefícios
anos para homens, desde que tenham começado a contribuir para
pagos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS serão reajus-
a Previdência Social após a promulgação da Emenda Constitucional
tados, a partir de 1º de janeiro de 2021, em 5,45% (cinco inteiros
103/2.019.
e quarenta e cinco décimos por cento); partir de 1º de janeiro de
Importante: Antes da Reforma, o tempo mínimo de contribui- 2021, o salário de benefício e o salário de contribuição não poderão
ção tanto para a mulher quanto para o homem, era de 15 anos. En- ser inferiores a R$ 1.100,00 (um mil e cem reais), nem superiores a
tretanto, para os homens que já estão no mercado antes da emen- R$ 6.433,57 (seis mil quatrocentos e trinta e três reais e cinquenta
da começar a vigorar, o tempo de contribuição permanece sendo e sete centavos); b) os valores dos benefícios concedidos ao pesca-
de 15 anos dor, ao mestre de rede e ao patrão de pesca com as vantagens da
— Sobre o valor do salário-de-benefício: Nos trâmites do art. Lei 1.756/1952, deverão corresponder, respectivamente, a 1 (uma),
26, § 2º da Reforma da Previdência (RPREV), o valor do benefício de 2 (duas) e 3 (três) vezes o valor de R$ 1.100,00 (um mil e cem reais),
aposentadoria corresponderá a: 60% da média aritmética corres- acrescidos de 20% (vinte por cento); c) o valor da cota do salário-fa-
pondentes a 100% (cem por cento) do período contributivo desde mília por filho ou equiparado de qualquer condição, até 14 (quator-
a competência julho de 1994 em diante; e acréscimo de 2 pontos ze) anos de idade, ou inválido de qualquer idade, a partir de 1º de
percentuais para cada ano de contribuição que exceder o tempo janeiro de 2021, é de R$ 51,27 (cinquenta e um reais e vinte e sete
centavos) para o segurado com remuneração mensal não superior

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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
a R$ 1.503,25 (um mil quinhentos e três reais e vinte e cinco cen- • Mulher: 30 anos de contribuição + idade em 2019, de forma
tavos); d) o auxílio-reclusão, a partir de 1º de janeiro de 2021, será que a soma totalize 86 pontos;
devido aos dependentes do segurado de baixa renda recolhido à • Homem: 35 anos de contribuição + idade em 2019, de forma
prisão em regime fechado que não receber remuneração da empre- que a soma totalize 96 pontos;
sa e nem estiver em gozo de auxílio por incapacidade temporária, Entretanto, a partir de 1º de janeiro de 2020, a pontuação aci-
pensão por morte, salário-maternidade, aposentadoria ou abono ma foi acrescida a cada ano de 1 (um) ponto, até atingir o limite de:
de permanência em serviço que, no mês de recolhimento à prisão 100 pontos, se mulher; 105 pontos, se for homem.
tenha renda igual ou inferior a R$ 1.503,25 (um mil quinhentos e 2) Idade Mínima + Tempo de Contribuição: Nos trâmites do
três reais e vinte e cinco centavos), independentemente da quanti- art. 16 da EC 103/2019, ao segurado filiado ao RGPS até a data da
dade de contratos e de atividades exercidas, observado o valor de entrada em vigor da referida emenda, estaria assegurado o direito
R$ 1.100,00 (um mil e cem reais), a partir de 1º de janeiro de 2021; à aposentadoria quando se preenchesse, de forma cumulativa, os
dentre outros dispositivos contidos na referida Portaria. seguintes requisitos:
Fator de reajuste dos benefícios concedidos de acordo com • Mulher: 30 anos de contribuição e 56 anos idade em 2019;
as respectivas datas de início, aplicável a partir de janeiro de 2021 • Homem: 35 anos de contribuição e 61 anos idade em 2019.
Entretanto, a retro mencionada regra de transição, estabeleceu
que a partir de 1º de janeiro de 2020, passaria a valer a aplicação
DATA DE INÍCIO DO BENEFÍCIO REAJUSTE (%) de uma tabela progressiva de aumento de idade, mas, sempre man-
Até janeiro de 2020 5,45
tendo o tempo mínimo de contribuição e acrescentando 6 (seis)
Em fevereiro de 2020 5,25
Em março de 2020 5,07 meses a cada ano.
Em abril de 2020 4,88 3) Tempo de Contribuição com Pedágio de 50%: Criada para
Em maio de 2020 5,12 atender aos segurados que com menos de 2 anos, estavam prestes
Em junho de 2020 5,39 a se aposentar por tempo de contribuição, pelas regras anteriores
Em julho de 2020 5,07 à reforma. Da mesma forma como as outras, esta regra só pode
Em agosto de 2020 4,61 ser aplicada aos segurados que já se encontram filiados na data da
Em setembro de 2020 4,23 Reforma.
Em outubro de 2020 3,34
Em novembro de 2020 2,42 Nos parâmetros do art. 17 da Emenda Constitucional 103/2019,
Em dezembro de 2020 1,46 ao segurado que se encontre filiado ao RGPS até a data da entrada
3 em vigor da Emenda Constitucional 103/2019, fica assegurado o
direito à aposentadoria por tempo de contribuição quando preen-
cher, de forma concomitante, os seguintes requisitos:
Tabela de contribuição dos segurados empregado, emprega- • Mulher: 28 anos de contribuição, ou seja, faltando 2 anos
do doméstico e trabalhador avulso, para pagamento de remune- para completar 30 anos;
ração a partir de 1º de Janeiro de 2021 • Homem: 33 anos de contribuição, ou seja, faltando 2 anos
ALÍQUOTA PROGRESSIVA para completar 35 anos.
SALÁRIO-DE-
PARA FINS DE Importante: Tendo em vista que a ambos os segurados faltam
CONTRIBUIÇÃO (R$) somente 2 anos para completar o período mínimo que falta para o
RECOLHIMENTO AO INSS
até 1.100,00 7,5% tempo de contribuição, ambos terão que contribuir os 2 anos que
de 1.100,01 até 2.203,48 9% ainda faltam, acrescidos de mais 50% (pedágio) deste período. Ve-
de 2.203,49 até 3.305,22 12 % jamos:
de 3.305,23 até 6.433,57 14% • Mulher: 3 anos de contribuição (2 anos que faltam + 50% =
4 3 anos);
Importante: As alíquotas devidas pelo segurado empregado, • Homem: 3 anos de contribuição (2 anos que faltam + 50% =
inclusive o doméstico, e pelo trabalhador avulso, serão de: até 1 3 anos).
salário-mínimo = 7,5%; acima de 1 salário-mínimo até R$ 2.000,00 4) Do tempo de contribuição com pedágio de 100%: Da mes-
= 9%; de R$ 2.000,01 até R$ 3.000,00 = 12%; e de R$ 3.000,01 até o ma forma que na terceira regra, (pedágio de 50%), nesse pedágio,
limite do salário de contribuição= 14%. o pagamento do mesmo consiste basicamente na obrigação do se-
— Sobre as regras de transição: Possuem como finalidade, o gurado em contribuir mais 100% do número de meses que faltava
estabelecimento de um período de adaptação ao segurado que ain- para se aposentar, isso sem levar em consideração, a idade do se-
da não possuía o direito adquirido de se aposentar antes da Refor- gurado.
ma da Previdência, mas que se encontrava em posição de expecta- Nos ditames do art. 20 da EC 103/2019, ao segurado ou servi-
tiva do alcance desse direito num curto espaço de tempo. dor público filiado ao RGPS, ou ingressado no serviço público em
A respeito das regras de transição, a Reforma da Previdência cargo efetivo, até a data da entrada em vigor da Emenda Consti-
trouxe cinco regras para fins de aposentadoria. Vejamos: tucional 103/2019, fica assegurado o direito à aposentar-se por
tempo de contribuição quando preencher, de maneira cumulada,
1) Aposentadoria por Pontos: Conforme o art. 15 da EC os seguintes requisitos:
103/2.019, ao segurado filiado ao RGPS até a data da entrada em
vigor da referida emenda, fica assegurado o direito à aposentadoria • Mulher: 57 anos de idade e 30 anos de contribuição;
quando forem preenchidos, de forma concomitante os seguintes • Homem: 60 anos de idade e 35 anos de contribuição;
requisitos: • Servidores: 20 anos de efetivo exercício no serviço público e 5
anos de cargos efetivo em que se der a aposentadoria;
3 https://receita.economia.gov.br/acesso-rapido/tributos/contribuicoes-previ- • Pedágio de 100% ao período adicional de contribuição corres-
denciarias-pj pondente a 100% do tempo que falta para se aposentar na data da
4 https://receita.economia.gov.br/acesso-rapido/tributos/contribuicoes-previ-
entrada em vigor da EC/2.019.
denciarias-pj
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301
a solução para o seu concurso!
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
5) Aposentadoria por idade com 15 Anos de contribuição: I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade
Pondera-se que antes da Reforma esta regra já era existente, en- avançada;
tretanto, houve alteração em relação à idade mínima estabelecida II - proteção à maternidade, especialmente à gestante;
para mulher (62 anos), vindo a manter a idade mínima para o ho- III - proteção ao trabalhador em situação de desemprego invo-
mem (65 anos). luntário;
De acordo com o determinado no art. 18 da EC 103/2019, ao IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos
segurado filiado ao RGPS até a data da entrada em vigor da referida segurados de baixa renda;
emenda, fica assegurado por lei, o direito à aposentadoria quando V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao côn-
preencher, de forma cumulativa, os requisitos a seguir: juge ou companheiro e dependentes, observado o disposto no § 2º.
Machado, conceitua de forma doutrinária, a seguridade social
• Mulher: 60 anos de idade e 15 anos de contribuição;
ou segurança social como sendo um conjunto de políticas sociais
• Homem: 65 anos de idade e 15 anos de contribuição.
cujo fim é amparar e assistir ao cidadão e à sua família em situações
como a velhice, a doença e o desemprego, e cujo princípio funda-
Importante: Frise-se que esta regra de transição estabelece de
mental é a solidariedade (MACHADO, 2019).
forma clara que, a partir de 1º de janeiro de 2020, seria aplicada
uma tabela progressiva de aumento de idade somente para as mu- Por fim, cabe registrar que recentemente, por intermédio da
lheres, sendo acrescentado 6 meses a cada ano, até que venham a Medida Provisória nº. 870/2.019, depois de 56 anos de existência,
atingir 62 anos de idade. o Ministério da Previdência Social deixou de existir no país, sendo
que as suas funções foram delegadas ao Ministério da Economia,
Conceituação conforme determina o art. 31 em seus incisos X e XI do referido
Nos parâmetros legais, a definição de Seguridade Social forne- diploma legal.
cida pela Constituição Federal Brasileira de 1.998 em seu art. 194,
é a seguinte: Organização e Princípios Constitucionais
Art. 194 - A seguridade social compreende um conjunto inte-
grado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, Organização
destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência
No sentido de organização, a Seguridade Social engloba um
e à assistência social.
conceito amplo e com abrangência universal, destinado a todos
A Carta Magna também adverte no mesmo diploma legal, em aqueles que dela venham a precisar, desde que haja previsão legal
seu parágrafo único: a respeito de evento especifico a ser coberto. A seguridade social
Parágrafo único. Compete ao poder público, nos termos da lei, é o gênero por meio do qual são considerados como espécies: a
organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos: Previdência Social, a Assistência Social e a Saúde.
I - universalidade da cobertura e do atendimento; De forma sucinta, entende-se que a Previdência Social vai
II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às po- abranger, em suma, a cobertura de riscos decorrentes de morte,
pulações urbanas e rurais; doença, velhice, invalidez, desemprego e proteção à maternidade,
III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios mediante contribuição pecuniária com a concessão de pensões e
e serviços; aposentadorias, dentre outros fatores pertinentes à matéria em
IV - irredutibilidade do valor dos benefícios; questão.
V - eqüidade na forma de participação no custeio; Denota-se que a Assistência Social se encontra encarregada de
VI - diversidade da base de financiamento; atender aos hipossuficientes, vindo, desta forma, a destinar benefí-
VII - caráter democrático e descentralizado da gestão adminis- cios para pessoas que nunca contribuíram para o sistema previden-
trativa, com a participação da comunidade, em especial de traba- ciário, como no caso da renda mensal vitalícia, por exemplo.
lhadores, empresários e aposentados. Em relação à saúde, verifica-se que esta pretende ofertar uma
Percebe-se, que determinou ainda a Constituição Federal, que política social e econômica com destino à redução de riscos de do-
a seguridade deverá ser financiada por toda a sociedade, tanto de ença e outros infortúnios, vindo a proporcionar ações e serviços
maneira direta como indireta, nos parâmetros da lei, mediante re- próprios para que haja a proteção e a recuperação do cidadão que
cursos advindos dos orçamentos da União, dos Estados, do Distri- esteja necessitando.
to Federal e dos Municípios, bem como das contribuições sociais Registra-se, como marco histórico no Brasil, que as mudanças
pagas pelo empregador, pela empresa e, ainda, da entidade a ela na estrutura administrativa realizadas por meio do governo do Pre-
comparada na forma da lei, sendo incidentes sobre a folha de pa- sidente Michel Temer, em 2016 a Previdência Social veio a perder o
gamentos de salários e de outros rendimentos do trabalho pagos status de Ministério. Por esta razão, nos termos do disposto na Lei
ou creditados a qualquer título relativo à pessoa física que venha n. 13.341/2;016 e alterações posteriores, o INSS passou a integrar
a lhe prestar serviços, mesmo que não exista vínculo empregatício. o Ministério do Desenvolvimento Social. Criou-se ainda uma Secre-
Acrescenta-se também a esse mencionado rol acima, a receita ou o taria de Previdência vinculada ao até então denominado Ministério
faturamento, o lucro percebido tanto pelo trabalhador quanto pe- da Fazenda com a incumbência de promover uma reforma signifi-
los demais assegurados da Previdência Social, não vindo a incidir cativa nas regras de concessão de benefícios do RGPS e também
contribuição sobre a aposentadoria e à pensão concedidas pelo Re- dos RPPS. Contemporaneamente, existe uma Secretaria Especial
gime Geral de Previdência Social que dispõe o art. 201 da CF/1.988. de Previdência e Trabalho, que integra o Ministério da Economia,
Vejamos: Ministério este, que veio a ser o responsável pelas atribuições que
Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de antes eram delegadas ao extinto Ministério da Previdência Social
regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, ob- no Brasil.
servados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, Registra-se, ainda, que o INSS, autarquia que atualmente se en-
e atenderá, nos termos da lei, a: contra vinculada ao Ministério da Economia, por meio do Decreto
n.º 9.746, de 08.04.2019, é organizado de acordo com a seguinte
estrutura:
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a solução para o seu concurso!
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
I – órgãos de assistência direta e imediata ao Presidente do Ins- Os princípios constitucionais da Seguridade Social se en-
tituto Nacional do Seguro Social: contram dispostos no já estudado parágrafo único do art. 194 da
a) Gabinete; CFB/1.988. Vejamos:
b) Assessoria de Comunicação Social; e Art. 194. [...] Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos
termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes
c) Coordenação-Geral de Projetos Estratégicos e Inovação;
objetivos:
II – órgãos seccionais:
I – universalidade da cobertura e do atendimento;
a) Procuradoria Federal Especializada; II – uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às po-
b) Auditoria-Geral; pulações urbanas e rurais;
c) Corregedoria-Geral; III – seletividade e distributividade na prestação dos benefícios
e serviços;
d) Diretoria de Gestão de Pessoas e Administração;
IV – irredutibilidade do valor dos benefícios;
e) Diretoria de Tecnologia da Informação e Inovação; e V – eqüidade na forma de participação no custeio;
f) Diretoria de Integridade, Governança e Gerenciamento de VI – diversidade da base de financiamento, identificando-se,
Riscos; em rubricas contábeis específicas para cada área, as receitas e as
III – órgãos específicos singulares: despesas vinculadas a ações de saúde, previdência e assistência so-
cial, preservado o caráter contributivo da previdência social;
a) Diretoria de Benefícios; e VII – caráter democrático e descentralizado da administração,
b) Diretoria de Atendimento; e mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhado-
IV – unidades descentralizadas: Superintendências Regionais. res, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos
Por fim, no que condiz à organização da Seguridade Social, a Lei colegiados.
dispõe da seguinte forma: Antes de adentrarmos aos princípios, vale à pena registrar de
1) Sistema Nacional de Seguridade Social forma sucinta a existência do princípio da Solidariedade, que embo-
ra não se encontre no rol do art. 194 da CFB/1.998, é tema bastante
2) Instituto Nacional do Seguro Social – INSS cobrado em provas de concurso e áreas afins.
3) Gestão descentralizada Princípio da Solidariedade
4) Conselho Nacional de Previdência – CNP A solidariedade é um princípio que a doutrina previdenciária
5) Conselhos de Previdência Social – CPS reconhece como uma espécie de “princípio geral”, ou, comum a
6) Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS todos. Além disso, a solidariedade constitui-se em um objetivo fun-
7) Conselho Nacional de Previdência Complementar – CNPC damental da República Federativa do Brasil que marca presença no
art. 3º, I da CFB/1.998. Vejamos:
8) Conselho de Recursos da Previdência Social – CRPS Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Fede-
9) Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF rativa do Brasil:
Ante o estudado, passemos, pois, à uma importante e essen- I – construir uma sociedade livre, justa e solidária;
cial análise de cada um dos princípios constitucionais da Seguridade Na seara da seguridade social, a solidariedade está implícita no
Social. teor do caput do art. 195 da CFB/1.998. Analisemos:
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a socie-
Princípios Constitucionais dade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recur-
sos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito
O jurista Miguel Reale, em sua doutrina “Lições Preliminares de Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:
Direito”, trabalha essa classe sob o ponto de ótica lógico, na forma I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada
de enunciados admitidos como condição ou como base de validade na forma da lei, incidentes sobre:
das demais asseverações que fazem parte da composição dada ao a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos
campo do saber. Desta forma, entende-se que as regras ordinárias, ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste ser-
portanto, devem se encontrar dotadas destes princípios, sob pena viço, mesmo sem vínculo empregatício;
de acabarem se tornando letra sem valor legal e, ainda, de serem b) a receita ou o faturamento;
excluídas do ordenamento jurídico. Assim, como exemplo, pode-se c) o lucro;
citar a fixação de uma norma legal que possua o condão de isentar II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência so-
todos os trabalhadores da obrigação legal que estes possuem de cial, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão con-
contribuir para a Seguridade Social, uma vez que tal norma não fa- cedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art.
ria sentido algum, posto que se existe um princípio determinador 201;
da diversidade da base de financiamento legal, e outro, que, por sua III - sobre a receita de concursos de prognósticos.
vez, impõe a lisura no custeio da Seguridade Social. IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem
De forma geral, boa parte da doutrina entende que os prin- a lei a ele equiparar.
cípios não deixam de ser normas jurídicas. Autores como Robert Para um melhor entendimento, vejamos o esquema represen-
Alexy e Daniel Machado da Rocha, afirmam que as normas jurídicas tativo:
são subdivididas em princípios e regras, posto que a diferença entre
estas duas espécies, aduz-se na ideia de que os princípios são for-
mas de mandados de otimização, ao passo que as regras, por sua
vez, são imposições feitas de forma definitiva, vindo a se basear nos
princípios guiadores do sistema, vindo, por esse motivo, os princí-
pios a serem elevados à espécie e categoria de normas bem mais
relevantes do ordenamento jurídico.

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303
a solução para o seu concurso!
DIREITO PREVIDENCIÁRIO

PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE Seletividade e Distributividade na Prestação dos Benefícios e


Serviços
Art.3º, CFB/1.988>>> Art. 195, CFB/1.988>>>
Constituem objetivos A seguridade social será finan- Por meio desse princípio, entende-se de forma explícita que
fundamentais da República ciada por toda a sociedade. nem todos os cidadãos terão direito a todos os benefícios e serviços
Federativa do Brasil: Cons- >>>União; Estados e o DF; oferecidos pela seguridade social. Porém, todos terão direito a pelo
truir uma sociedade justa, Municípios. menos um benefício ou serviço advindo da seguridade social.
livre e solidária. Por intermédio desse princípio, depreende-se que o legislador
deverá estar apto a identificar os riscos e eventualidades geradores
Regista-se que o conceito de financiamento por intermédio de de maior necessidade de proteção da seguridade social, bem como
toda a sociedade, é bastante amplo. Assim sendo, podemos citar trabalhar no estabelecimento de critérios de forma objetiva para
como exemplo clássico: as empresas de modo geral quando con- alcançar e contemplar as camadas sociais que mais necessitarem da
tribuem por intermédio da cota patronal e demais contribuições proteção e auxílio do Estado.
pertinentes. Em relação à distributividade, explica-se que ela se encontra
Conceituada como característica importante de um sistema diretamente relacionada à distribuição de renda, tendo em vista
previdenciário de repartição, como o do Brasil, denota-se que a so- que a atuação do sistema de proteção deve ser distribuída da ma-
lidariedade faz com que sejam ativados os benefícios da geração neira mais ampla possível, além de ser direcionada e levada para as
anterior, posto que quando vierem a se aposentar, terão assegura- pessoas dotadas com maior necessidade, nos trâmites da previsão
dos o direito de ver seus benefícios serem custeados pelas contri- legal vigente, por se tratar de instrumento de justiça social e direito
buições feitas anteriormente pelos mais jovens, vindo, desta forma, de todos os que do auxílio do Estado necessitarem.
a se consolidar a relação.
Adentrando ao tema dos princípios expressos no art. 194, pará- Irredutibilidade do valor dos benefícios
grafo único, da Constituição Federal, temos:
Esse princípio visa garantir aos assegurados que os benefícios
Princípio da universalidade da cobertura e do atendimento
por estes percebidos não podem ter seu valor diminuído, fazendo
Por meio desse princípio, entende-se que a seguridade social referência apenas aos benefícios e não englobando, entretanto, as
deverá por dispositivo legal, ser organizada de forma que possua prestações e nem mesmo os serviços.
total abrangência de todos os riscos ou infortúnios sociais possí- Pondera-se que existem duas correntes doutrinárias a respeito
veis, que se traduz na universalidade da cobertura, que, por sua vez, da imposição do princípio da irredutibilidade da valor dos benefí-
deve ser destinada a todos os cidadãos que possuam domicílio no cios. A primeira, afirma que a restrição determinada por esse prin-
território nacional, que trata-se da universalidade do atendimento. cípio, diz respeito ao valor nominal. Já a segunda corrente, aduz que
Denota-se que a existência do princípio da universalidade da o valor real do benefício não pode ser diminuído. Como exemplo,
cobertura e do atendimento não se compõe de medida plausível pode-se citar o caso específico de um indivíduo que tenha se apo-
que possa justificar a distribuição de todos os pilares da Seguridade sentado com rendimentos iniciais de R$1.580,00 e, mesmo com o
a todos os cidadãos, porém, todos os que possuem domicílio no lapso de tempo de 2 anos, ele ainda continua recebendo o mesmo
território nacional, possuem direito a alguma das diversas formas valor. Nesse período, tudo teve considerável aumento de preços,
de proteção da seguridade como um todo. além da inflação ter aumentado. Assim sendo, verifica-se que o va-
lor nominal do benefício não sofreu redução, tendo permanecido
Uniformidade e Equivalência de Benefícios e Serviços às Po- com o seu valor pecuniário inicial. Entretanto, registre-se de passa-
pulações Urbanas e Rurais gem, que é inegável que o valor real com o poder de compra desse
De antemão, afirma-se que esse importante princípio foi criado indivíduo foi amplamente diminuído. Nesse caso, a resposta para
com o fito de corrigir determinada discriminação histórica, posto ser dada a esse impasse, irá depender de forma total da corrente
que a proteção social dada aos trabalhadores rurais sempre foi, em doutrinária aplicada, uma vez que poderá ser positiva ou negativa.
partes, inferior à proteção gozada pelos urbanos. Denota-se que
bem antes da promulgação da Constituição Federal de 1.988, o tra- Equidade na Forma de Participação no Custeio
balhador rural já se encontrava sujeito a receber valor inferior ao Trata-se esse princípio de uma variação previdenciária do prin-
salário mínimo ao se aposentar. cípio da capacidade contributiva.
Consagrado pelo art. 5º da CFB/1.988, o princípio da isonomia, A lei Orgânica da Seguridade Social de nº. 8.212/1991, que re-
contribuiu para que o legislador julgasse oportuno aplicá-lo tam- gulamenta o custeio da Seguridade Social, possui em seu bojo, va-
bém em relação à seguridade social. Nesse sentido, por isonomia riadas e diversas fontes de arrecadação, tais como: as contribuições
e uniformidade compreende-se que o plano de proteção social dos empregados, dos empregados domésticos, dos empregadores
como um todo, deverá ser o mesmo tanto para os trabalhadores e também das empresas. Ademais, verifica-se que as contribuições
urbanos, quanto para os rurais, tendo esses últimos, os mesmos dos empregados são dotadas de diferentes valores pecuniários de
direitos previdenciários que os primeiros. No que condiz à questão acordo com a renda de cada um deles sendo fixadas, conforme
de equivalência, afirma-se que esta assegura que os benefícios con- já visto em 7,5%, 9%, 12% ou 14%; já a contribuição patronal do
cedidos às populações urbanas e rurais não sejam necessariamente empregador doméstico é de 8%; com referência à contribuição pa-
equivalentes em valor. Isso ocorre devido à sistemática de cálculo tronal das empresas sobre a folha de salários, verifica-se que está
que é aplicado para ambas as categorias, posto que quanto maior firmada em um percentual de 20%.
for o tempo de contribuição, automaticamente, maior será o valor Desta forma, pelo exposto acima, nota-se a aplicação do princí-
da aposentadoria e, quanto mais alto for o valor das contribuições pio da capacidade contributiva de maneira contundente, por meio
do segurado, maior será a sua aposentadoria, dentre outros fatores da qual, quem pode mais, paga mais. Ressalte-se, que força desse
coerentes a serem avaliados em cada caso específico. princípio, o legislador deve levar em consideração, além da capa-

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a solução para o seu concurso!
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
cidade financeira do contribuinte, a atividade laborativa que ele
exerce no momento de estabelecer as fontes e formas de custeio LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA. CONTEÚDO, FONTES, AU-
da seguridade. TONOMIA. APLICAÇÃO DAS NORMAS PREVIDENCIÁRIAS.
VIGÊNCIA, HIERARQUIA, INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO.
Diversidade da Base de Financiamento ORIENTAÇÃO DOS TRIBUNAIS SUPERIORES
Por meio desse princípio, depreende-se que toda a sociedade é
responsável pelo financiamento da seguridade social.
O Diploma legal que ampara esse princípio se encontra regis- Legislação previdenciária
trado no art. 195 da Constituição Federal Brasileira de 1.988, e de- Dentro do direito previdenciário, existem leis específicas
termina de forma clara que a seguridade social deverá ser financia- que determinam o funcionamento dos direitos previstos dentro
da por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos parâmetros da seguridade social. As principais legislações em matéria
estabelecidos por lei, mediante recursos advindos dos orçamentos previdenciária são as seguintes:
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e, ainda Lei nº 8.212, de 24 de julho de 19915: Dispõe sobre a
de contribuições sociais. organização da Seguridade Social, institui Plano de Custeio;
Desta forma, entende-se que o financiamento da segurida-
de social deverá advir de diversas fontes, com o fito de garantir a Lei nº 8.213, de 24 de julho de 19916: Dispõe sobre os Planos
solvência do sistema, com o objetivo de evitar que as crises que de Benefícios da Previdência Social;
ocorrem em determinados setores venha a comprometer de forma Decreto nº 3.048, de 6 de maio de 19997: Aprova o Regulamento
prejudicial a arrecadação, o que deve ser feito com a participação da Previdência Social;
de toda a sociedade, seja de forma direta ou indireta. Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 19938: Dispõe sobre a
Caráter democrático e descentralizado da Administração organização da assistência social;
Decreto nº 6.214, de 26 de setembro de 20079: Regulamenta
Edmilson de Almeida Barros Júnior, conceitua esse princípio o benefício de prestação continuada da assistência social devido à
afirmando que “a Seguridade Social tem administração com cará- pessoa com deficiência e ao idoso de que trata a Lei nº 8.742, de 7
ter democrático e descentralizado mediante gestão quadripartite, de dezembro de 1993, e a Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003,
ou seja, com participação nos órgãos colegiados dos trabalhadores, acresce parágrafo ao art. 162 do Decreto no 3.048, de 6 de maio
dos empregadores, dos aposentados e do governo.” de 1999;
Como exemplo da aplicação desse princípio, pode-se citar o
fato de existirem representantes da União, dos trabalhadores e das Emenda constitucional nº 103, de 12 de novembro de 201910:
empresas, formando uma espécie de colegiado nas Juntas de Re- Altera o sistema de previdência social e estabelece regras de
cursos da Previdência Social, que julgam de maneira definitiva as transição e disposições transitórias.
questões previdenciárias na seara administrativa, tanto no custeio,
quanto na área de benefícios. Conceito, fontes, autonomia
O jurista Fabio Camacho Dell`Amore Torres, subdivide o princí-
pio do caráter democrático e descentralizado da administração em Conceito
duas categorias. São elas:
a) Caráter democrático da gestão administrativa: Possui como Podemos conceituar Legislação Previdenciária como sendo um
foco a aproximação dos cidadãos, quando representados pelos tra- acoplado de normas e atos administrativos que se referem ao bom
balhadores, aposentados e empregadores às organizações e pro- funcionamento do sistema securitário como um todo, onde se alo-
cessos de decisão dos quais dependem seus direitos. Como exem- jam a Constituição, as leis complementares, as leis ordinárias, as
plo, podemos citar a participação dos trabalhadores, aposentados medidas provisórias, os decretos e atos administrativos (instruções
e empregadores no Conselho Nacional da Previdência Social, para normativas, resoluções e portarias) concernentes à seguridade so-
que estes possam sugerir projetos acerca da Previdência Social. cial.
b) Caráter descentralizado da gestão administrativa: É tido Ressalta-se que o art. 22, inc. XXIII da Constituição Federal Bra-
como um conceito de direito administrativo, por meio do qual o sileira, delega competência privativa à União para que esta possa
serviço público descentralizado possui o condão de criar uma pes- legislar sobre o sistema securitário. Porém, esse mesmo diploma
soa jurídica de direito público ou privado, vindo a atribuir a ela a legal dá permissão para que lei complementar possa autorizar aos
titularidade e a execução de determinado serviço público. Estados, bem como o Distrito Federal a legislar sobre o assunto.
Por fim, vale a pena registrar que esse princípio se encontra Já no condizente à Previdência Social, a competência legislativa
dotado de caráter democrático, e, isso, o coloca num patamar que se mostra de forma concorrente. É o que afirma o art. 24, inc. XII, da
busca atingir a justiça como um fim social acessível a todos os ci- CFB/1.988. Vejamos o diploma legal:
dadãos. Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal le-
gislar concorrentemente sobre:
XII - previdência social, proteção e defesa da saúde;
5 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8212cons.htm.

6 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm.

7 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3048.htm.

8 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8742.htm

9 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/decreto/
d6214.htm

10 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/
emc103.htm
Editora
305
a solução para o seu concurso!
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Ressalta-se que a União trata das normas gerais, já os Estados, nização da Seguridade Social; a Lei Orgânica de Benefícios Previden-
o Distrito Federal e os Munícipios podem legislar sobre a matéria, ciários (Lei nº 8.213/91), que dispõe sobre os planos de benefícios
desde que obedeçam as normas de regras gerais. No concernente da Previdência Social;
aos Estados, denota-se que esses entes federativos criaram o seu
próprio regime de Previdência com o fito de amparar seus servido- Fontes Secundárias:
res detentores de cargos efetivos. Assim sendo, o Estado está legis-
lando sobre a matéria como um todo. Entretanto, estará o Estado 1) Doutrinas: são o acoplado de estudos elaborados por juris-
obedecendo ao que está disposto na Constituição Federal de 1.988, tas e demais doutrinadores e aplicadores do Direito, que possuem a
bem como da Lei de Regimes Gerais de Regimes Próprios de Previ- finalidade de classificar, conceituar, fundamentar ou influenciam as
dência, Lei nº 9717/1988. decisões jurídicas no Ordenamento Jurídico Brasileiro.
2) Decretos: São ordens advindas de autoridades superiores ou
Fontes órgãos, que possuem o condão de determinar o cumprimento de
O Direito Previdenciário possui sua base firmada na Consti- uma ou mais resoluções.
tuição Federal Brasileira de 1.988. No vocábulo do ilustre Miguel 3) Costumes: Tratam-se de atos reiterados da sociedade. Pon-
Reale: “Por fonte do direito, designamos os processos ou meios em dera-se que a ocorrência de um ato social que passa a ser usado de
virtude dos quais as regras jurídicas se positivam com legítima for- forma constante e uniforme, mesmo que não se encontre descrito
ça obrigatória, isto é, com vigência e eficácia no contexto de uma de maneira formal nos diplomas legais, poderá influenciar de forma
estrutura normativa”. Assim, entende-se que existe um processo contundente a elaboração de normas jurídicas.
de nítida concretização destas fontes, seja ele de cunho legislativo, 4) Portarias: São documentos de ato administrativo advindos
jurisdicional ou social. de autoridades públicas, que se encontram dotados de instruções a
Um dado importante no deslinde do estudo desse tema, en- respeito da aplicação e vigência de leis ou regulamentos, bem como
contra-se disposto no art. 193 da CFB/1.988, que dispõe: de recomendações de ordem geral, normas de execução de serviço,
Art. 193 - A ordem social tem como base o primado do trabalho ou, ainda qualquer outra determinação que seja da sua competên-
e como objetivo o bem-estar e a justiça social. cia.
Cuida-se o referido artigo, de fonte de lei, bem como de fonte
5) Instruções normativas: São documentos de organização
filosófica inspiradora de todo o sistema de proteção social organiza-
e ordenamento administrativo interno usados com o objetivo de
do pela Constituição Federal Brasileira. Pondera-se que esta fonte
estabelecer diretrizes, criar normas de métodos e procedimentos.
inserida no art. 193, é usada de forma significativa como critério de
Possuem ainda, a função de regulamentar matéria específica usada
interpretação do Direito Previdenciário. Isso significa que as normas
anteriormente, com o fito de coordenar e orientar servidores na
do Direito Previdenciário possuem o dever de subordinar-se a este
maior excelência possível no desempenho de suas atribuições.
foco básico, que se compõe no alcance do bem-estar e da justiça
social. 6) Jurisprudência: Trata-se de um acoplado de decisões e inter-
pretações reiteradas das leis realizado por intermédio dos Tribunais
De modo geral, a doutrina divide e conceitua as fontes do Direi-
superiores com abrangência no território nacional brasileiro.
to Previdenciário como primárias e secundárias. Entende-se como
fontes primárias, aquelas cujo conteúdo é o suficiente para gerar
a regra jurídica, como a Constituição, as Leis ordinárias, leis com- Autonomia
plementares, leis delegadas, bem como os demais atos com força A conceito de autonomia surgiu a partir do acoplado de princí-
de lei. Já como fontes secundárias, afirma-se que são aquelas por pios jurídicos próprios deste ramo, bem como do complexo de nor-
meio das quais não existe a geração de regra jurídica, porém, estas mas e regras que podem ser aplicada a ele.
fontes a interpretam e a aplicam. Exemplos: doutrinas, jurisprudên- De forma didática, com relação à autonomia, pode-se dividir-se
cia, decretos, portarias, instruções normativas e a jurisprudência. o Direito Previdenciário em duas teorias. Vejamos:
Considerando que as fontes do Direito Previdenciário são di- 1 ) Teoria monista: Trata o Direito Previdenciário como se esse
versas, de forma sucinta, pode se considerar que esse ramo do di- fosse uma simples ramificação do Direito do Trabalho. De caráter
reito é composto pelas seguintes fontes: a Constituição, as leis e os histórico, esta teoria surgiu quando o Direito Previdenciário era tra-
demais atos normativos a pertinentes. Vejamos: tado como parte do Direito do Trabalho. Porém, na atualidade, esse
conceito não se encontra mais em vigor.
Fontes Primárias: 2) Teoria Dualista: Considera o Direito Previdenciário como
ramo autônomo, e que não se confunde mais com o Direito do Tra-
1) Constituição: Trata-se de fonte primária do Direito Previden- balho. Esta teoria foi inserida no diploma legal da Constituição Fe-
ciário, uma vez que ela é a base de todo o Direito Previdenciário deral de 1.988, que tratou de separar o módulo do tema Trabalho
no país. Com supedâneo no art. 194 da CFB/1.988, esse dispositivo do módulo do tema Seguridade Social, e se encontra em uso na
legal inaugura o Capítulo II da Carta Magna, que dispõe de forma atualidade. Assim sendo, o Direito Previdenciário Brasileiro é consi-
explícita sobre a seguridade social no território nacional em suas derado autônomo.
três vertentes: a saúde, a previdência social e a assistência social. Mesmo com a Constituição Federal tendo adotado a teoria au-
2) Leis: Englobam um rol extenso. Pondera-se que na atuali- tônoma em seu texto, a autonomia do Direito Previdenciário ain-
dade, na seara do Direito Previdenciário, além da CFB/1.988, são da não encontrou pacificidade entre os doutrinadores, posto que
fontes primárias do Direito Previdenciário: a Lei complementar nº alguns adotam o entendimento de que o surgimento do Direito
108/2001, que dispõe sobre os planos de benefícios e entidades de Previdenciário ocorreu a partir da segmentação do Direito Admi-
Previdência Complementar; a Lei complementar nº 109/2001, que nistrativo, devido à organização estatal da proteção social. Outros,
dispõe sobre o regime de Previdência Complementar; a Lei Orgâni- já consideram o Direito Previdenciário como sendo uma evolução
ca da Seguridade Social (Lei nº 8.212/91), que dispõe sobre a orga- do Direito do Trabalho. Além disso, registra-se que existe, também,
a linha de doutrinadores que tratam o Direito Previdenciário como
ramo autônomo, desde o seu surgimento, tendo em vista que des-
Editora
306
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a solução para o seu concurso!
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
de os tempos antigos, os conceitos e princípios previdenciários são Hierarquia
conhecidos, sendo alguns até de criação anteriores ao próprio Direi-
Ocorrerá a hierarquia entre as normas, apenas quando a vali-
to do Trabalho como um todo.
dade de norma específica depender de outra norma superior, na
Divergências doutrinárias à parte, o que prevalece, no entanto
qual a primeira irá depender de forma completa da maneira de cria-
é o entendimento de que o Direito Previdenciário Brasileiro é au-
ção da norma superior como um todo.
tônomo com fulcro na teoria dualista que foi inserida no diploma
Pondera-se que a Constituição é hierarquicamente superior às
legal da Constituição Federal de 1.988 em seu art. 201, que separou
demais normas, tendo em vista que o processo de validade destas
o módulo do tema Trabalho do módulo do tema Seguridade Social,
se encontra regulado pela primeira, no caso, a Constituição. Assim,
e se encontra em uso na atualidade. Desta forma, o Direito Previ-
logo abaixo da Constituição Federal, encontram-se os demais pre-
denciário Brasileiro é considerado autônomo.
ceitos legais com campos diversos, como: leis complementares, leis
ordinárias, decretos-lei, medidas provisórias, leis delegadas, decre-
Aplicação das normas previdenciárias
tos legislativos e também as resoluções. Vejamos o gráfico explica-
tivo:
Vigência
Considera-se vigência, o período contado a partir do momento
em que a norma entra em vigor, até o momento em que esta norma
passa pelo processo de revogação, ou, ainda, em que se acaba o
prazo prescrito para sua duração.
O art. 1º da Lei de Introdução às normas do Direito Brasilei-
ro, LINDB, Decreto-Lei nº. 4.657/42, aduz que uma lei começa a ter
vigência em todo o país 45 dias depois de publicada, salvo se a lei
dispuser de outro modo.
Considera-se vacatio legis, o período compreendido entre a
data da publicação da lei até sua entrada em vigor. Ressalta-se que
durante o vacatio legis, a norma já se encontra eivada de validade
e também já pertence ao ordenamento jurídico, porém, ainda não
possui vigência.
Denota-se que validade e vigência não podem ser confundidas,
posto que deve se levar em consideração que uma norma pode ter
eficácia de validade sem estar vigente, embora, de qualquer modo,
a norma vigente seja sempre válida. Assim sendo, infere-se que a norma superior é o fundamento
De modo geral, via de regra, a norma vigente é sempre eficaz de validade da norma imediatamente inferior, vindo a norma su-
e apta a produzir efeitos. Entretanto, nem sempre isso acontece, perior prevalecer sobre a norma inferior, conforme se demonstra
como é o caso do contido no art. 196 em seu parágrafo único que abaixo:
dispõe que “a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido 1º) Constituição Federal e emendas constitucionais;
mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do ris- 2º) Lei Complementar, lei ordinária, medida provisória, lei de-
co de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário legada, decretos legislativos, resoluções do Senado e tratados in-
às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.” ternacionais;
É importante salientar que a eficácia da norma jurídica pode ser 3º) Decretos (são editados pelo Presidente da República);
subdividida em relação ao tempo e ao espaço da seguinte forma: 4º) Portarias (são expedidas pelo Ministro da Previdência ou
• Eficácia no Tempo: Refere-se à entrada da lei em vigor. De da Fazenda);
modo geral, as disposições securitárias costumam entrar em vigor 5º) Outras normas internas da administração. Exemplos: ins-
na data da publicação da lei e com eficácia imediata. Entretanto, truções normativas, ordens de serviço, dentre outras.
determinados dispositivos contidos no Plano de Custeio e no de Be- Importante:
nefícios, precisam ser complementados pelo regulamento, fato que • Os tratados internacionais, via de regra, possuem status de
acarreta a possibilidade de que apenas a partir da existência deste lei ordinária.
regulamento é que poderão ter plena eficácia. Um exemplo clássico • Os tratados e convenções internacionais sobre direitos hu-
disso, é o fato de no momento de edição das Leis 8.212 e 8.213/91, manos aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois
ter acontecido de muitos de seus dispositivos só terem entrado em turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão
vigor com a edição de suas regulamentações por intermédio dos equivalentes às emendas constitucionais (CFB/1.988, art. 5º, § 3º).
Decretos 356 e 357 somente no ano de 1.991. • Os tratados, convenções e outros acordos internacionais de
Merece destaque o fato do parágrafo 6º do artigo 195 da Cons- que Estado estrangeiro ou organismo internacional e o Brasil sejam
tituição Federal de 1.988, estabelecer em seu bojo, que as contri- partes, e que versem sobre matéria previdenciária, serão interpre-
buições sociais com destino ao custeio da Seguridade Social, apenas tados como lei especial. (Art. 85-A da Lei 8.212/91).
entram em vigor após 90 dias da data da publicação da lei que as
houver instituído ou modificado.
Interpretação
• Eficácia no Espaço: Esse dispositivo faz referência ao terri-
tório em que a norma será aplicada. Aqui, vale registrar que em Esta espécie de aplicação da norma previdenciária decorre da
consonância com as regras determinadas pelo Plano de Custeio e análise da norma jurídica que irá ser aplicada aos casos concretos
Benefícios e outras especificações referentes à matéria, a lei de Se- de forma geral. São formas de interpretação da norma jurídica:
guridade Social é aplicada em todo o território brasileiro e possui
eficácia tanto para os cidadãos nacionais quanto para os estrangei-
ros que nele habitam.

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307
a solução para o seu concurso!
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
1) Forma gramatical ou literal (verba legis): Trata-se de norma Orientação dos tribunais superiores
verificadora do sentido do texto gramatical da norma jurídica a ser Em matéria previdenciária, são principais entendimentos dos
aplicada, por meio da qual, analisa-se o alcance das palavras obs- tribunais superiores:
truídas ou encerradas no texto da lei;
STF11
2) Forma lógica (mens legis): Estabelecedora de uma conexão
SÚMULA 6
entre os vários textos legais que serão interpretados;
A revogação ou anulação, pelo Poder Executivo, de
3) Forma teleológica ou finalística: Esta forma explica que a in-
aposentadoria, ou qualquer outro ato aprovado pelo Tribunal de
terpretação será dada ao dispositivo legal de acordo com o objetivo
Contas, não produz efeitos antes de aprovada por aquele Tribunal,
aspirado pelo legislador;
ressalvada a competência revisora do Judiciário.
4) Forma sistemática: Aqui, a interpretação será dada ao dis-
SÚMULA 10
positivo legal em consonância com a análise dos sistemas no qual
está inserido, dando interpretação ao conjunto e não apenas a um O tempo de serviço militar conta-se para efeito de
dispositivo de forma isolada; disponibilidade e aposentadoria do servidor público estadual.
5) Forma extensiva ou ampliativa: Atribui-se um sentido mais SÚMULA 36
amplo para a norma que será interpretada de forma mais abrangen- Servidor vitalício está sujeito à aposentadoria compulsória, em
te do que ele normalmente teria; razão da idade.
6) Forma restritiva ou limitativa: Atribui-se um sentido mais SÚMULA 37
restrito e limitado à interpretação da norma jurídica; Não tem direito de se aposentar pelo Tesouro Nacional
7) Forma histórica: Aqui, o Direito advém de um processo evo- o servidor que não satisfizer as condições estabelecidas na
lutivo por meio do qual existe a necessidade de analisar a evolução legislação do serviço público federal, ainda que aposentado pela
histórica dos fatos com o pensamento do legislador à época da edi- respectiva instituição previdenciária, com direito, em tese, a duas
ção da lei, levando em conta sua exposição de mensagens, motivos, aposentadorias.
dentre outros aspectos; SÚMULA 38
8) Forma autêntica: É executada pelo órgão que editou a nor- Reclassificação posterior à aposentadoria não aproveita ao
ma e que irá declarar o seu real sentido, o seu alcance e o seu con- servidor aposentado.
teúdo por intermédio de outra norma jurídica. É também denomi-
SÚMULA 217
nada interpretação legal ou legislativa.
Tem direito de retornar ao emprego, ou ser indenizado em caso
Por fim, registra-se que no Direito da Seguridade Social, vigora
de recusa do empregador, o aposentado que recupera a capacidade
a aplicação da norma mais favorável ao segurado na interpretação
de trabalho dentro de cinco anos, a contar da aposentadoria, que se
do texto do diploma legal, uma vez que esta aplicação na maioria
torna definitiva após esse prazo.
das vezes, é disciplinada pela própria lei.
SÚMULA 230
Integração A prescrição da ação de acidente do trabalho conta-se do
exame pericial que comprovar a enfermidade ou verificar a natureza
Integração na Legislação Previdenciária, significa que o intér-
da incapacidade.
prete se encontra autorizado a agir de forma que possa suprir as
lacunas existentes na norma jurídica através do uso sistemático de SÚMULA 235
técnicas jurídicas. Estas técnicas são a analogia e a equidade, lem- É competente para a ação de acidente do trabalho a Justiça
brando que também podem ser utilizados os princípios gerais de cível comum, inclusive em segunda instância, ainda que seja parte
Direito e a Doutrina de maneira geral. Vejamos as técnicas: autarquia seguradora.
1)Técnica da analogia: É aplicada a lei que possui o condão de SÚMULA 236
regular um caso semelhante, como por exemplo, o disposto no art.
Em ação de acidente do trabalho, a autarquia seguradora não
40, § 4º da CFB/1.998 que dispõe:
tem isenção de custas.
§ 4º - É vedada a adoção de requisitos e critérios diferencia- SÚMULA 241
dos para a concessão de aposentadoria aos abrangidos pelo regime
A contribuição previdenciária incide sobre o abono incorporado
de que trata este artigo, ressalvados, nos termos definidos em leis
ao salário.
complementares, os casos de servidores
I - portadores de deficiência; SÚMULA 372
II - que exerçam atividades de risco; A L. 2.752, de 10.4.56, sobre dupla aposentadoria, aproveita,
III - cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais quando couber, a servidores aposentados antes de sua publicação.
que prejudiquem a saúde ou a integridade física. SÚMULA 382
A vida em comum sob o mesmo teto, more uxório, não é
2) Técnica da equidade: É utilizada tanto para amenizar quanto
indispensável à caracterização do concubinato.
para humanizar o direito. O juiz, ou, outra autoridade equivalen-
te, quando autorizados a decidir por meio da equidade, aplicarão SÚMULA 450
a norma que estabeleceriam como se fossem o legislador da lei São devidos honorários de advogado sempre que vencedor o
em questão. A equidade relativa ao Direito Previdenciário pode ser beneficiário de justiça gratuita.
exemplificada por meio do parágrafo único, inciso VI do art. 194
da CFB/1.988, que dispõe que compete ao Poder Público, nos ter-
mos da lei, organizar a seguridade social, com base em objetivos
específicos, sendo um deles a equidade na forma de participação
no custeio. 11 https://www.stf.jus.br/arquivo/cms/jurisprudenciaSumula/anexo/
Enunciados_Sumulas_STF_1_a_736_Completo.pdf
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a solução para o seu concurso!
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
SÚMULA 501 SÚMULA 89
Compete à Justiça ordinária estadual o processo e o julgamento, A ação acidentária prescinde do exaurimento da via
em ambas as instâncias, das causas de acidente do trabalho, ainda administrativa.
que promovidas contra a União, suas autarquias, empresas públicas SÚMULA 110
ou sociedades de economia mista.
A isenção do pagamento de honorários advocatícios, nas ações
SÚMULA 512 acidentárias, é restrita ao segurado.
Não cabe condenação em honorários de advogado na ação de SÚMULA 111
mandado de segurança.
Os honorários advocatícios, nas ações previdenciárias, não
SÚMULA 530 incidem sobre as prestações vencidas após a sentença.
Na legislação anterior ao art. 4º da Lei nº 4.749, de 12-8-1965, SÚMULA 226
a contribuição para a previdência social não estava sujeita ao limite
O Ministério Público tem legitimidade para recorrer na ação
estabelecido no art. 69 da Lei nº 3.807, de 26 de agosto de 1960,
de acidente do trabalho, ainda que o segurado esteja assistido por
sobre o 13º salário a que se refere o art. 3º da Lei nº 4.281, de
advogado.
8-11- 63.
DIREITO PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR INVALIDEZ
SÚMULA 567
SÚMULA 557
A constituição, ao assegurar, no § 3º do art. 102, a contagem
integral do tempo de serviço público federal, estadual ou municipal A renda mensal inicial (RMI) alusiva ao benefício de
para os efeitos de aposentadoria e disponibilidade não proíbe à aposentadoria por invalidez precedido de auxílio-doença será
União, aos Estados e aos Municípios mandarem contar, mediante apurada na forma do art. 36, § 7º, do Decreto n. 3.048/1999,
lei, para efeito diverso, tempo de serviço prestado a outra pessoa observando-se, porém, os critérios previstos no art. 29, § 5º, da Lei
de direito público interno. n. 8.213/1991, quando intercalados períodos de afastamento e de
atividade laboral.
SÚMULA 612
SÚMULA 576
Ao trabalhador rural não se aplicam, por analogia, os benefícios
previstos na Lei nº 6367, de 19/10/76. Ausente requerimento administrativo no INSS, o termo inicial
para a implantação da aposentadoria por invalidez concedida
SÚMULA 613
judicialmente será a data da citação válida.
Os dependentes de trabalhador rural não têm direito à pensão
DIREITO PREVIDENCIÁRIO - AUXÍLIO-ACIDENTE
previdenciária, se o óbito ocorreu anteriormente à vigência da Lei
Complementar nº 11/71. SÚMULA 146
SÚMULA 644 O segurado, vítima de novo infortúnio, faz jus a um único
benefício somado ao salário de contribuição vigente no dia do
Ao titular do cargo de procurador de autarquia não se exige a
acidente.
apresentação de instrumento de mandato para representá-la em
juízo. SÚMULA 507
SÚMULA 651 A acumulação de auxílio-acidente com aposentadoria
pressupõe que a lesão incapacitante e a aposentadoria sejam
A medida provisória não apreciada pelo Congresso Nacional
anteriores a 11/11/1997, observado o critério do art. 23 da Lei
podia, até a EC 32/2001, ser reeditada dentro do seu prazo de
n. 8.213/1991 para definição do momento da lesão nos casos de
eficácia de trinta dias, mantidos os efeitos de lei desde a primeira
doença profissional ou do trabalho.
edição.
DIREITO PREVIDENCIÁRIO - AUXÍLIO-SUPLEMENTAR
SÚMULA 659
SÚMULA 44
É legítima a cobrança da COFINS, do PIS e do FINSOCIAL sobre as
operações relativas a energia elétrica, serviços de telecomunicações, A definição, em ato regulamentar, de grau mínimo de disacusia,
derivados de petróleo, combustíveis e minerais do País. não exclui, por si só, a concessão do benefício previdenciário.
SÚMULA 689 DIREITO PREVIDENCIÁRIO - DÉBITO PREVIDENCIÁRIO
O segurado pode ajuizar ação contra a instituição previdenciária SÚMULA 148
perante o juízo federal do seu domicílio ou nas varas federais da Os débitos relativos a benefício previdenciário, vencidos e
Capital do Estado-Membro. cobrados em juízo após a vigência da Lei nr. 6.899/81, devem ser
SÚMULA 726 corrigidos monetariamente na forma prevista nesse diploma legal.
Para efeito de aposentadoria especial de professores, não se SÚMULA 204
computa o tempo de serviço prestado fora da sala de aula. Os juros de mora nas ações relativas a benefícios previdenciários
STJ12 incidem a partir da citação válida.
DIREITO PREVIDENCIÁRIO - AÇÃO ACIDENTÁRIA DIREITO PREVIDENCIÁRIO - PENSÃO POR MORTE
SÚMULA 15 SÚMULA 336
Compete à Justiça Estadual processar e julgar os litígios A mulher que renunciou aos alimentos na separação judicial
decorrentes de acidente do trabalho tem direito à pensão previdenciária por morte do ex-marido,
comprovada a necessidade econômica superveniente.
SÚMULA 340
A lei aplicável à concessão de pensão previdenciária por morte
12 https://www.stj.jus.br/docs_internet/jurisprudencia/tematica/download/ é aquela vigente na data do óbito do segurado.
SU/RamosDoDireito/SumulasSTJ_Ramos.pdf
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a solução para o seu concurso!
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
SÚMULA 416
É devida a pensão por morte aos dependentes do segurado REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL. PRINCÍPIOS E
que, apesar de ter perdido essa qualidade, preencheu os requisitos OBJETIVOS
legais para a obtenção de aposentadoria até a data do seu óbito.
DIREITO PREVIDENCIÁRIO - PREVIDÊNCIA PRIVADA
SÚMULA 289 Regime Geral de Previdência Social
A restituição das parcelas pagas a plano de previdência privada O Sistema Previdenciário Brasileiro é composto por três
deve ser objeto de correção plena, por índice que recomponha a regimes13:
efetiva desvalorização da moeda. → Regime Geral de Previdência Social (RGPS): é um regime
SÚMULA 290 público administrado pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS),
que engloba os trabalhadores da iniciativa privada e servidores não
Nos planos de previdência privada, não cabe ao beneficiário a filiados a regimes próprios;
devolução da contribuição efetuada pelo patrocinador.
→ Regime Próprio de Previdência Social (RPPS): como o
SÚMULA 291 nome diz, é um regime público específico para servidores públicos
A ação de cobrança de parcelas de complementação de concursados, titulares de cargo efetivo; e
aposentadoria pela previdência privada prescreve em cinco anos. → Regime de Previdência Complementar (RPC): que é
SÚMULA 427 um regime privado, complementar à previdência pública e de
A ação de cobrança de diferenças de valores de complementação contribuição facultativa, com a finalidade de suprir a necessidade
de aposentadoria prescreve em cinco anos contados da data do de renda adicional na aposentadoria.
pagamento. O Regime Geral de Previdência Social (RGPS) tem a seguinte
SÚMULA 505 previsão legal:
A competência para processar e julgar as demandas que têm Lei nº 8.212/1991 – Plano de Custeio da Previdência (PCPS), Lei
por objeto obrigações decorrentes dos contratos de planos de nº 8.213/1991 – Plano de Benefícios da Previdência Social (PBPS)
previdência privada firmados com a Fundação Rede Ferroviária de e Decreto nº 3.048/1999 – Regulamento da Previdência Social
Seguridade Social - REFER é da Justiça estadual. (RPS), que regulamenta o PCPS e o PBPS. Por imposição da EC nº
103/2019 – Reforma da Previdência, futuras Leis Complementares
SÚMULA 563 federais estabelecerão: a disciplina das aposentadorias especiais
O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às entidades e do tempo de contribuição dos professores (art. 201, §§ 1º e 8º,
abertas de previdência complementar, não incidindo nos contratos CF/1988); a cobertura de benefícios não programados, inclusive
previdenciários celebrados com entidades fechadas. os decorrentes de acidente do trabalho, que poderá ser atendida
DIREITO PREVIDENCIÁRIO - SALÁRIO DE BENEFÍCIO concorrentemente pelo RGPS e pelo setor privado (art. 201, §10,
CF/1988); e vedações, regras e condições para a acumulação de
SÚMULA 159
benefícios previdenciários (art. 201, §15, CF/1988).
O benefício acidentário, no caso de contribuinte que perceba Principal regime previdenciário na ordem interna, o RGPS
remuneração variável, deve ser calculado com base na média abrange obrigatoriamente todos os trabalhadores da iniciativa
aritmética dos últimos doze meses de contribuição. privada, ou seja: os trabalhadores que possuem relação de emprego
DIREITO PREVIDENCIÁRIO - SALÁRIO DE CONTIBUIÇÃO regida pela Consolidação das Leis do Trabalho (empregados urbanos,
SÚMULA 456 mesmo os que estejam prestando serviço a entidades paraestatais,
os aprendizes e os temporários), pela Lei Complementar nº
É incabível a correção monetária dos salários de contribuição
150/2015 (empregados domésticos); e pela Lei nº 5.889/1973
considerados no cálculo do salário de benefício de auxílio-doença,
(empregados rurais) os trabalhadores autônomos, eventuais ou não;
aposentadoria por invalidez, pensão ou auxílio-reclusão concedidos
os empresários, empresários individuais e microempreendedores
antes da vigência da CF/1988.
individuais ou sócios de empresas e prestadores de serviços
DIREITO PREVIDENCIÁRIO - TRABALHO RURAL remunerados por “pro labore”; trabalhadores avulsos; pequenos
SÚMULA 149 produtores rurais e pescadores artesanais trabalhando em regime
A prova exclusivamente testemunhal não basta a comprovação de economia familiar; e outras categorias de trabalhadores, como
da atividade rurícola, para efeito da obtenção de benefício garimpeiros, empregados de organismos internacionais, sacerdotes
previdenciário. etc. Segundo estudos, atinge cerca de 86% da população brasileira
amparada por algum regime de previdência.
SÚMULA 242
É regido pela Lei nº 8.213/1991, intitulada “Plano de Benefícios
Cabe ação declaratória para reconhecimento de tempo de da Previdência Social”, sendo de filiação compulsória e automática
serviço para fins previdenciários. para os segurados obrigatórios, permitindo, ainda, que pessoas que
SÚMULA 272 não estejam enquadradas como obrigatórios e não tenham regime
O trabalhador rural, na condição de segurado especial, sujeito próprio de previdência se inscrevam como segurados.
à contribuição obrigatória sobre a produção rural comercializada, No Regime Geral é possível ainda a adesão de cidadãos que
somente faz jus à aposentadoria por tempo de serviço, se recolher não exerçam trabalho remunerado, mas que podem se filiar à
contribuições facultativas. Previdência de maneira facultativa (não-obrigatória) a partir da
inscrição formalizada com o pagamento da primeira contribuição
SÚMULA 577
sem atraso (segurados facultativos).
É possível reconhecer o tempo de serviço rural anterior ao
documento mais antigo apresentado, desde que amparado em
convincente prova testemunhal colhida sob o contraditório. 13https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-br/assuntos/previdencia-
complementar/mais-informacoes/arquivos/pbefrgps.pdf
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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Princípios e objetivos Com efeito, não é mais possível a discriminação negativa em
Reforçando o caráter contributivo da previdência social, o art. desfavor das populações rurais como ocorreu no passado, pois
1º da Lei nº 8.213/91 inaugura a regulamentação do regime geral agora os benefícios e serviços da seguridade social deverão tratar
de previdência social (RGPS), destacando, conforme preceitua o isonomicamente os povos urbanos e rurais.
art. 201 da Constituição Federal, os principais riscos sociais a serem Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e
protegidos pelo sistema. serviços
A previdência social, desenvolvida para garantir proteção A seletividade deverá lastrear a escolha feita pelo legislador
aos trabalhadores em geral, garante renda aos trabalhadores dos benefícios e serviços integrantes da seguridade social, bem
em situação de risco, bem como proporcionando um destacado como os requisitos para a sua concessão, conforme as necessidades
mecanismo de redistribuição de renda. sociais e a disponibilidade de recursos orçamentários, funcionando
Vejamos o art. 2º da Lei nº 8.213/91: como limitadora da universalidade da seguridade social.
Art. 2º A Previdência Social rege-se pelos seguintes princípios Por seu turno, a distributividade coloca a seguridade social
e objetivos: como sistema realizador da justiça social, consectário do Princípio
I - universalidade de participação nos planos previdenciários; da Isonomia, sendo instrumento de desconcentração de riquezas,
II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às pois devem ser agraciados com as prestações da seguridade social
populações urbanas e rurais; especialmente os mais necessitados.
III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios; Irredutibilidade do valor dos benefícios
IV - cálculo dos benefícios considerando-se os salários-de-
Por este princípio, decorrente da segurança jurídica, não será
contribuição corrigidos monetariamente;
possível a redução do valor nominal de benefício da seguridade
V - irredutibilidade do valor dos benefícios de forma a preservar-
social, vedando-se o retrocesso securitário.
lhes o poder aquisitivo;
VI - valor da renda mensal dos benefícios substitutos do salário- Equidade na forma de participação no custeio
de-contribuição ou do rendimento do trabalho do segurado não O custeio da seguridade social deverá ser o mais amplo possível,
inferior ao do salário mínimo; mas precisa ser isonômico, devendo contribuir de maneira mais
VII - previdência complementar facultativa, custeada por acentuada para o sistema aqueles que dispuserem de mais recursos
contribuição adicional; financeiros, bem como os que mais provocarem a cobertura da
VIII - caráter democrático e descentralizado da gestão seguridade social.
administrativa, com a participação do governo e da comunidade, Além de ser corolário do Princípio da Isonomia, é possível
em especial de trabalhadores em atividade, empregadores e concluir que esta norma principiológica também decorre do
aposentados. Princípio da Capacidade Contributiva, pois a exigência do pagamento
Parágrafo único. A participação referida no inciso VIII deste das contribuições para a seguridade social deverá ser proporcional
artigo será efetivada a nível federal, estadual e municipal. à riqueza manifestada pelos contribuintes desses tributos.
Regulamentado pelo Parágrafo Único do art. 194 da Constituição Diversidade da base de financiamento
Federal e tendo como finalidade destacar os principais valores e O financiamento da seguridade social deverá ter múltiplas
objetivos que devem reger o sistema, buscando direcioná-lo para os fontes, a fim de garantir a solvibilidade do sistema, para se evitar
fins públicos pelos quais ele foi criado, o art. 2º da Lei 8.213/91 traz que a crise em determinados setores comprometa demasiadamente
o rol de princípios que fundamentam a legislação previdenciária: a arrecadação, com a participação de toda a sociedade, de forma
Universalidade da cobertura e do atendimento direta e indireta.
A seguridade social deverá atender a todos os necessitados, Caráter Democrático e Descentralizado da administração,
especialmente através da assistência social e da saúde pública, que mediante gestão Quadripartite
são gratuitas, pois independem do pagamento de contribuições A gestão da seguridade social será quadripartite, de índole
diretas dos usuários (subsistema não contributivo da seguridade democrática e descentralizada, envolvendo os trabalhadores,
social). Ao revés, a previdência terá a sua universalidade limitada os empregadores, os aposentados e o Poder Público, seguindo
por sua necessária contributividade, vez que o gozo das prestações a tendência da moderna administração pública na inserção de
previdenciárias apenas será devido aos segurados (em regra, membros do corpo social nos seus órgãos colegiados, a teor do
aqueles que exercem atividade laborativa remunerada) e aos seus artigo 194, parágrafo único, inciso VII, da Constituição Federal.
dependentes, pois no Brasil o sistema previdenciário é contributivo Na verdade, este princípio é decorrência da determinação
direto. contida no artigo 10, da Constituição, que assegura a participação
Logo, a universalidade previdenciária é mitigada, haja vista dos trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos
limitar-se aos beneficiários do seguro, não atingindo toda a públicos em que seus interesses profissionais ou previdenciários
população. sejam objeto de discussão e deliberação.
Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às
populações urbanas e rurais
Cuida-se de corolário do Princípio da Isonomia no sistema de O CONSELHO NACIONAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL (CNPS)
seguridade social, que objetiva o tratamento isonômico entre povos
urbanos e rurais na concessão das prestações da seguridade social.
Enquanto os benefícios são obrigações de pagar quantia certa, os
serviços são obrigações de fazer prestados no âmbito do sistema Em concordância com o art. 3º da Lei 8.213/91, o Conselho
securitário. Nacional de Previdência Social – CNPS, configura-se como um
órgão superior de deliberação colegiada e tem como principal
objetivo estabelecer o caráter democrático e descentralizado
da administração, em cumprimento ao disposto no art. 194 da

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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Constituição, preconizando uma gestão quadripartite, com a
participação do Governo, dos trabalhadores em atividade, dos LEI Nº 8.212, DE 24 DE JULHO DE 1991, EM SEU ENFOQUE
empregadores e dos aposentados. JURÍDICO, ATUALIZADA ATÉ A DATA DO EDITAL (LEI DO
CUSTEIO)
O art. 5º da Lei 8.213/91 estabelece uma obrigatoriedade de
colaboração entre os órgãos da administração pública, de forma
que o Conselho Nacional de Previdência Social possa exercer A Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 dispõe sobre a organiza-
suas prerrogativas e funções com as informações e os subsídios ção da seguridade social, instituindo o plano de custeio. De acordo
necessários ao cumprimento de suas responsabilidades. Vejamos: com a mesma e com a CF/88, define-se seguridade social como um
Art. 5º Compete aos órgãos governamentais: conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e
I - prestar toda e qualquer informação necessária ao adequado da sociedade destinadas a assegurar direitos relativos à saúde, à
cumprimento das competências do CNPS, fornecendo inclusive previdência e à assistência social.
estudos técnicos; Referida lei, juntamente com a Lei nº 8.213/1991 consideram-
II - encaminhar ao CNPS, com antecedência mínima de 2 (dois) -se recepcionadas como leis complementares nos pontos reserva-
meses do seu envio ao Congresso Nacional, a proposta orçamentária dos a esse tipo de ato legislativo; nos pontos não reservados à lei
da Previdência Social, devidamente detalhada. complementar e que não contrariam o novo texto constitucional e
A Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993 dispõe sobre a as disposições contidas no corpo da própria EC nº 103/2019, os Pla-
organização da Assistência Social. Através de seu Art. 17, o CNAS, nos de Custeio e de Benefícios foram recepcionadas pela Reforma
órgão superior de deliberação colegiada, vinculado à estrutura da Previdência e permanecem vigentes como leis ordinárias.
do Órgão da Administração Pública Federal responsável pela Para regulamentar com maior precisão o RGPS, existem algu-
coordenação da Política Nacional de Assistência Social, cujos mas leis que tratam de tópicos específicos da contribuição e re-
membros, nomeados pelo Presidente da República, têm mandato cebimento dos benefícios. A Lei 8.212/91 traz dispositivos sobre
de 2 anos, permitida uma única recondução por igual período. o custeio do regime pelo contribuinte, abordando as prestações e
Vejamos: contraprestações e estabelecendo limites, prazos e requisitos para
Art. 17. Fica instituído o Conselho Nacional de Assistência o fornecimento dos recursos financeiros. Vejamos os dispositivos
Social (CNAS), órgão superior de deliberação colegiada, vinculado gerais sobre o financiamento:
à estrutura do órgão da Administração Pública Federal responsável
pela coordenação da Política Nacional de Assistência Social, cujos Art. 10. A Seguridade Social será financiada por toda sociedade,
membros, nomeados pelo Presidente da República, têm mandato de forma direta e indireta, nos termos do art. 195 da Constituição
de 2 (dois) anos, permitida uma única recondução por igual período. Federal e desta Lei, mediante recursos provenientes da União, dos
§ 1º O Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) é Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de contribuições
composto por 18 (dezoito) membros e respectivos suplentes, cujos sociais.
nomes são indicados ao órgão da Administração Pública Federal Art. 11. No âmbito federal, o orçamento da Seguridade Social é
responsável pela coordenação da Política Nacional de Assistência composto das seguintes receitas:
Social, de acordo com os critérios seguintes: I - receitas da União;
I - 9 (nove) representantes governamentais, incluindo 1 (um) II - receitas das contribuições sociais;
representante dos Estados e 1 (um) dos Municípios; III - receitas de outras fontes.
II - 9 (nove) representantes da sociedade civil, dentre (....).
representantes dos usuários ou de organizações de usuários, das
entidades e organizações de assistência social e dos trabalhadores LEI Nº 8.212, DE 24 DE JULHO DE 1991
do setor, escolhidos em foro próprio sob fiscalização do Ministério
Público Federal. Dispõe sobre a organização da Seguridade Social, institui
§ 2º O Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) é Plano de Custeio, e dá outras providências.
presidido por um de seus integrantes, eleito dentre seus membros,
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-
para mandato de 1 (um) ano, permitida uma única recondução por
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
igual período.
§ 3º O Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) contará LEI ORGÂNICA DA SEGURIDADE SOCIAL
com uma Secretaria Executiva, a qual terá sua estrutura disciplinada
em ato do Poder Executivo. TÍTULO I
§ 4º Os Conselhos de que tratam os incisos II, III e IV do art. CONCEITUAÇÃO E PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS
16, com competência para acompanhar a execução da política de
assistência social, apreciar e aprovar a proposta orçamentária, Art. 1º A Seguridade Social compreende um conjunto integrado
em consonância com as diretrizes das conferências nacionais, de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, desti-
estaduais, distrital e municipais, de acordo com seu âmbito de nado a assegurar o direito relativo à saúde, à previdência e à assis-
atuação, deverão ser instituídos, respectivamente, pelos Estados, tência social.
pelo Distrito Federal e pelos Municípios, mediante lei específica. Parágrafo único. A Seguridade Social obedecerá aos seguintes
princípios e diretrizes:
a) universalidade da cobertura e do atendimento;
b) uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às po-
pulações urbanas e rurais;
c) seletividade e distributividade na prestação dos benefícios
e serviços;
d) irredutibilidade do valor dos benefícios;
e) eqüidade na forma de participação no custeio;
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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
f) diversidade da base de financiamento; TÍTULO V
g) caráter democrático e descentralizado da gestão administra- DA ORGANIZAÇÃO DA SEGURIDADE SOCIAL
tiva com a participação da comunidade, em especial de trabalhado-
res, empresários e aposentados. Art. 5º As ações nas áreas de Saúde, Previdência Social e As-
sistência Social, conforme o disposto no Capítulo II do Título VIII
TÍTULO II da Constituição Federal, serão organizadas em Sistema Nacional de
DA SAÚDE Seguridade Social, na forma desta Lei.
Art. 6º (Revogado pela Medida Provisória nº 2.216-37, de
Art. 2º A Saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido 2001).
mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do ris- Art. 7º (Revogado pela Medida Provisória nº 2.216-37, de
co de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário 2001).
às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. Art. 8º As propostas orçamentárias anuais ou plurianuais da
Parágrafo único. As atividades de saúde são de relevância pú- Seguridade Social serão elaboradas por Comissão integrada por 3
blica e sua organização obedecerá aos seguintes princípios e dire- (três) representantes, sendo 1 (um) da área da saúde, 1 (um) da
trizes: área da previdência social e 1 (um) da área de assistência social.
a) acesso universal e igualitário; Art. 9º As áreas de Saúde, Previdência Social e Assistência So-
b) provimento das ações e serviços através de rede regionaliza- cial são objeto de leis específicas, que regulamentarão sua organi-
da e hierarquizada, integrados em sistema único; zação e funcionamento.
c) descentralização, com direção única em cada esfera de go-
verno; TÍTULO VI
d) atendimento integral, com prioridade para as atividades pre- DO FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL
ventivas; INTRODUÇÃO
e) participação da comunidade na gestão, fiscalização e acom-
panhamento das ações e serviços de saúde; Art. 10. A Seguridade Social será financiada por toda socieda-
f) participação da iniciativa privada na assistência à saúde, obe- de, de forma direta e indireta, nos termos do art. 195 da Constitui-
decidos os preceitos constitucionais. ção Federal e desta Lei, mediante recursos provenientes da União,
dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de contribuições
TÍTULO III sociais.
DA PREVIDÊNCIA SOCIAL Art. 11. No âmbito federal, o orçamento da Seguridade Social é
Art. 3º A Previdência Social tem por fim assegurar aos seus composto das seguintes receitas:
beneficiários meios indispensáveis de manutenção, por motivo de I - receitas da União;
incapacidade, idade avançada, tempo de serviço, desemprego invo- II - receitas das contribuições sociais;
luntário, encargos de família e reclusão ou morte daqueles de quem III - receitas de outras fontes.
dependiam economicamente. Parágrafo único. Constituem contribuições sociais:
Parágrafo único. A organização da Previdência Social obedece- a) as das empresas, incidentes sobre a remuneração paga
rá aos seguintes princípios e diretrizes: ou creditada aos segurados a seu serviço; (Vide art. 104 da lei nº
a) universalidade de participação nos planos previdenciários, 11.196, de 2005)
mediante contribuição; b) as dos empregadores domésticos;
b) valor da renda mensal dos benefícios, substitutos do salário- c) as dos trabalhadores, incidentes sobre o seu salário-de-con-
-de-contribuição ou do rendimento do trabalho do segurado, não tribuição; (Vide art. 104 da lei nº 11.196, de 2005)
inferior ao do salário mínimo; d) as das empresas, incidentes sobre faturamento e lucro;
c) cálculo dos benefícios considerando-se os salários-de-contri- e) as incidentes sobre a receita de concursos de prognósticos.
buição, corrigidos monetariamente; CAPÍTULO I
d) preservação do valor real dos benefícios; DOS CONTRIBUINTES
e) previdência complementar facultativa, custeada por contri-
buição adicional. SEÇÃO I
DOS SEGURADOS
TÍTULO IV
DA ASSISTÊNCIA SOCIAL Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as se-
guintes pessoas físicas:
Art. 4º A Assistência Social é a política social que provê o aten- I - como empregado:
dimento das necessidades básicas, traduzidas em proteção à famí- a) aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural à em-
lia, à maternidade, à infância, à adolescência, à velhice e à pessoa presa, em caráter não eventual, sob sua subordinação e mediante
portadora de deficiência, independentemente de contribuição à remuneração, inclusive como diretor empregado;
Seguridade Social. b) aquele que, contratado por empresa de trabalho temporá-
Parágrafo único. A organização da Assistência Social obedecerá rio, definida em legislação específica, presta serviço para atender
às seguintes diretrizes: a necessidade transitória de substituição de pessoal regular e per-
a) descentralização político-administrativa; manente ou a acréscimo extraordinário de serviços de outras em-
b) participação da população na formulação e controle das presas;
ações em todos os níveis. c) o brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil
para trabalhar como empregado em sucursal ou agência de empre-
sa nacional no exterior;
d) aquele que presta serviço no Brasil a missão diplomática ou
a repartição consular de carreira estrangeira e a órgãos a ela subor-
dinados, ou a membros dessas missões e repartições, excluídos o
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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
não-brasileiro sem residência permanente no Brasil e o brasileiro h) a pessoa física que exerce, por conta própria, atividade eco-
amparado pela legislação previdenciária do país da respectiva mis- nômica de natureza urbana, com fins lucrativos ou não; (Incluído
são diplomática ou repartição consular; pela Lei nº 9.876, de 1999).
e) o brasileiro civil que trabalha para a União, no exterior, em VI - como trabalhador avulso: quem presta, a diversas empre-
organismos oficiais brasileiros ou internacionais dos quais o Brasil sas, sem vínculo empregatício, serviços de natureza urbana ou rural
seja membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo definidos no regulamento;
se segurado na forma da legislação vigente do país do domicílio; VII – como segurado especial: a pessoa física residente no imó-
f) o brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil vel rural ou em aglomerado urbano ou rural próximo a ele que, in-
para trabalhar como empregado em empresa domiciliada no exte- dividualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com
rior, cuja maioria do capital votante pertença a empresa brasileira o auxílio eventual de terceiros a título de mútua colaboração, na
de capital nacional; condição de: (Redação dada pela Lei nº 11.718, de 2008).
g) o servidor público ocupante de cargo em comissão, sem vín- a) produtor, seja proprietário, usufrutuário, possuidor, assen-
culo efetivo com a União, Autarquias, inclusive em regime especial, tado, parceiro ou meeiro outorgados, comodatário ou arrendatário
e Fundações Públicas Federais; (Alínea acrescentada pela Lei n° rurais, que explore atividade: (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008).
8.647, de 13.4.93) 1. agropecuária em área de até 4 (quatro) módulos fiscais; ou
h) (Execução suspensa pela Resolução do Senado Federal nº (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008).
26, de 2005) 2. de seringueiro ou extrativista vegetal que exerça suas ativi-
i) o empregado de organismo oficial internacional ou estrangei- dades nos termos do inciso XII do caput do art. 2o da Lei no 9.985,
ro em funcionamento no Brasil, salvo quando coberto por regime de 18 de julho de 2000, e faça dessas atividades o principal meio de
próprio de previdência social; (Incluído pela Lei nº 9.876, de 1999). vida; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008).
j) o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou munici- b) pescador artesanal ou a este assemelhado, que faça da pes-
pal, desde que não vinculado a regime próprio de previdência so- ca profissão habitual ou principal meio de vida; e (Incluído pela Lei
cial; (Incluído pela Lei nº 10.887, de 2004). nº 11.718, de 2008).
II - como empregado doméstico: aquele que presta serviço de c) cônjuge ou companheiro, bem como filho maior de 16 (de-
natureza contínua a pessoa ou família, no âmbito residencial desta, zesseis) anos de idade ou a este equiparado, do segurado de que
em atividades sem fins lucrativos; tratam as alíneas a e b deste inciso, que, comprovadamente, traba-
III - (Revogado pela Lei nº 9.876, de 1999). lhem com o grupo familiar respectivo. (Incluído pela Lei nº 11.718,
IV - (Revogado pela Lei nº 9.876, de 1999). de 2008).
V - como contribuinte individual: (Redação dada pela Lei nº § 1o Entende-se como regime de economia familiar a atividade
9.876, de 1999). em que o trabalho dos membros da família é indispensável à pró-
a) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade pria subsistência e ao desenvolvimento socioeconômico do núcleo
agropecuária, a qualquer título, em caráter permanente ou tempo- familiar e é exercido em condições de mútua dependência e cola-
rário, em área superior a 4 (quatro) módulos fiscais; ou, quando em boração, sem a utilização de empregados permanentes. (Redação
área igual ou inferior a 4 (quatro) módulos fiscais ou atividade pes- dada pela Lei nº 11.718, de 2008).
queira, com auxílio de empregados ou por intermédio de prepos- § 2º Todo aquele que exercer, concomitantemente, mais de
tos; ou ainda nas hipóteses dos §§ 10 e 11 deste artigo; (Redação uma atividade remunerada sujeita ao Regime Geral de Previdência
dada pela Lei nº 11.718, de 2008). Social é obrigatoriamente filiado em relação a cada uma delas.
b) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade de § 3o (Revogado): (Redação dada pela Lei nº 11.718, de 2008).
extração mineral - garimpo, em caráter permanente ou temporário, I – (revogado); (Redação dada pela Lei nº 11.718, de 2008).
diretamente ou por intermédio de prepostos, com ou sem o auxílio II – (revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.718, de 2008).
de empregados, utilizados a qualquer título, ainda que de forma § 4º O aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social-R-
não contínua; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). GPS que estiver exercendo ou que voltar a exercer atividade abran-
c) o ministro de confissão religiosa e o membro de instituto de gida por este Regime é segurado obrigatório em relação a essa ati-
vida consagrada, de congregação ou de ordem religiosa; (Redação vidade, ficando sujeito às contribuições de que trata esta Lei, para
dada pela Lei nº 10.403, de 2002). fins de custeio da Seguridade Social. (Parágrafo acrescentado pela
d) revogada; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). Lei nº 9.032, de 28.4.95).
e) o brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo ofi- § 5º O dirigente sindical mantém, durante o exercício do man-
cial internacional do qual o Brasil é membro efetivo, ainda que lá dato eletivo, o mesmo enquadramento no Regime Geral de Previ-
domiciliado e contratado, salvo quando coberto por regime próprio dência Social-RGPS de antes da investidura. (Parágrafo acrescenta-
de previdência social; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). do pela Lei nº 9.528, de 10.12.97)
f) o titular de firma individual urbana ou rural, o diretor não § 6o Aplica-se o disposto na alínea g do inciso I do caput ao
empregado e o membro de conselho de administração de socieda- ocupante de cargo de Ministro de Estado, de Secretário Estadual,
de anônima, o sócio solidário, o sócio de indústria, o sócio gerente Distrital ou Municipal, sem vínculo efetivo com a União, Estados,
e o sócio cotista que recebam remuneração decorrente de seu tra- Distrito Federal e Municípios, suas autarquias, ainda que em regime
balho em empresa urbana ou rural, e o associado eleito para cargo especial, e fundações. (Incluído pela Lei nº 9.876, de 1999).
de direção em cooperativa, associação ou entidade de qualquer na- § 7o Para serem considerados segurados especiais, o cônjuge
tureza ou finalidade, bem como o síndico ou administrador eleito ou companheiro e os filhos maiores de 16 (dezesseis) anos ou os
para exercer atividade de direção condominial, desde que recebam a estes equiparados deverão ter participação ativa nas atividades
remuneração; (Incluído pela Lei nº 9.876, de 1999). rurais do grupo familiar. (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008).
g) quem presta serviço de natureza urbana ou rural, em caráter § 8o O grupo familiar poderá utilizar-se de empregados contra-
eventual, a uma ou mais empresas, sem relação de emprego; (Inclu- tados por prazo determinado ou trabalhador de que trata a alínea g
ído pela Lei nº 9.876, de 1999). do inciso V do caput deste artigo, à razão de no máximo 120 (cento
e vinte) pessoas por dia no ano civil, em períodos corridos ou in-
tercalados ou, ainda, por tempo equivalente em horas de trabalho,
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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
não sendo computado nesse prazo o período de afastamento em VIII – atividade artística, desde que em valor mensal inferior
decorrência da percepção de auxílio-doença. (Redação dada pela ao menor benefício de prestação continuada da Previdência Social.
Lei nº 12.873, de 2013) (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008).
§ 9o Não descaracteriza a condição de segurado especial: (In- § 11. O segurado especial fica excluído dessa categoria: (Incluí-
cluído pela Lei nº 11.718, de 2008). do pela Lei nº 11.718, de 2008).
I – a outorga, por meio de contrato escrito de parceria, meação I – a contar do primeiro dia do mês em que: (Incluído pela Lei
ou comodato, de até 50% (cinqüenta por cento) de imóvel rural cuja nº 11.718, de 2008).
área total não seja superior a 4 (quatro) módulos fiscais, desde que a) deixar de satisfazer as condições estabelecidas no inciso VII
outorgante e outorgado continuem a exercer a respectiva atividade, do caput deste artigo, sem prejuízo do disposto no art. 15 da Lei
individualmente ou em regime de economia familiar; (Incluído pela no 8.213, de 24 de julho de 1991, ou exceder qualquer dos limites
Lei nº 11.718, de 2008). estabelecidos no inciso I do § 9o deste artigo; (Incluído pela Lei nº
II – a exploração da atividade turística da propriedade rural, in- 11.718, de 2008).
clusive com hospedagem, por não mais de 120 (cento e vinte) dias b) enquadrar-se em qualquer outra categoria de segurado obri-
ao ano; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008). gatório do Regime Geral de Previdência Social, ressalvado o dispos-
III – a participação em plano de previdência complementar to nos incisos III, V, VII e VIII do § 10 e no § 14 deste artigo, sem
instituído por entidade classista a que seja associado, em razão da prejuízo do disposto no art. 15 da Lei no 8.213, de 24 de julho de
condição de trabalhador rural ou de produtor rural em regime de 1991; (Redação dada pela Lei nº 12.873, de 2013)
economia familiar; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008). c) tornar-se segurado obrigatório de outro regime previdenciá-
IV – ser beneficiário ou fazer parte de grupo familiar que tem rio; e (Redação dada pela Lei nº 12.873, de 2013)
algum componente que seja beneficiário de programa assistencial d) participar de sociedade empresária, de sociedade simples,
oficial de governo; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008). como empresário individual ou como titular de empresa individual
V – a utilização pelo próprio grupo familiar, na exploração da de responsabilidade limitada em desacordo com as limitações im-
atividade, de processo de beneficiamento ou industrialização arte- postas pelo § 14 deste artigo; (Incluído pela Lei nº 12.873, de 2013)
sanal, na forma do § 11 do art. 25 desta Lei; e (Incluído pela Lei nº (Produção de efeito)
11.718, de 2008). II – a contar do primeiro dia do mês subseqüente ao da ocor-
VI - a associação em cooperativa agropecuária ou de crédito rência, quando o grupo familiar a que pertence exceder o limite de:
rural; e (Redação dada pela Lei nº 13.183, de 2015) (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008).
VII - a incidência do Imposto Sobre Produtos Industrializados a) utilização de trabalhadores nos termos do § 8o deste artigo;
- IPI sobre o produto das atividades desenvolvidas nos termos do (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008).
§ 14 deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.873, de 2013) (Produção b) dias em atividade remunerada estabelecidos no inciso III do
de efeito) § 10 deste artigo; e (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008).
VIII - a participação em programas e ações de pagamento por c) dias de hospedagem a que se refere o inciso II do § 9o deste
serviços ambientais. (Incluído pela Lei nº 14.119, de 2021) artigo. (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008).
§ 10. Não é segurado especial o membro de grupo familiar que § 12. Aplica-se o disposto na alínea a do inciso V do caput des-
possuir outra fonte de rendimento, exceto se decorrente de: (Inclu- te artigo ao cônjuge ou companheiro do produtor que participe da
ído pela Lei nº 11.718, de 2008). atividade rural por este explorada. (Incluído pela Lei nº 11.718, de
I – benefício de pensão por morte, auxílio-acidente ou auxílio- 2008).
-reclusão, cujo valor não supere o do menor benefício de prestação § 13. O disposto nos incisos III e V do § 10 e no § 14 deste arti-
continuada da Previdência Social; (Incluído pela Lei nº 11.718, de go não dispensa o recolhimento da contribuição devida em relação
2008). ao exercício das atividades de que tratam os referidos dispositivos.
II – benefício previdenciário pela participação em plano de pre- (Redação dada pela Lei nº 12.873, de 2013)
vidência complementar instituído nos termos do inciso IV do § 9o § 14. A participação do segurado especial em sociedade em-
deste artigo; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008). presária, em sociedade simples, como empresário individual ou
III - exercício de atividade remunerada em período não supe- como titular de empresa individual de responsabilidade limitada de
rior a 120 (cento e vinte) dias, corridos ou intercalados, no ano civil, objeto ou âmbito agrícola, agroindustrial ou agroturístico, conside-
observado o disposto no § 13 deste artigo; (Redação dada pela Lei rada microempresa nos termos da Lei Complementar no 123, de 14
nº 12.873, de 2013) de dezembro de 2006, não o exclui de tal categoria previdenciária,
IV – exercício de mandato eletivo de dirigente sindical de orga- desde que, mantido o exercício da sua atividade rural na forma do
nização da categoria de trabalhadores rurais; (Incluído pela Lei nº inciso VII do caput e do § 1o, a pessoa jurídica componha-se apenas
11.718, de 2008). de segurados de igual natureza e sedie-se no mesmo Município ou
V – exercício de mandato de vereador do município onde de- em Município limítrofe àquele em que eles desenvolvam suas ati-
senvolve a atividade rural, ou de dirigente de cooperativa rural vidades. (Incluído pela Lei nº 12.873, de 2013) (Produção de efeito)
constituída exclusivamente por segurados especiais, observado o § 15. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.873, de 2013) (Produ-
disposto no § 13 deste artigo; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008). ção de efeito)
VI – parceria ou meação outorgada na forma e condições es- Art. 13. O servidor civil ocupante de cargo efetivo ou o militar
tabelecidas no inciso I do § 9o deste artigo; (Incluído pela Lei nº da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, bem
11.718, de 2008). como o das respectivas autarquias e fundações, são excluídos do
VII – atividade artesanal desenvolvida com matéria-prima pro- Regime Geral de Previdência Social consubstanciado nesta Lei, des-
duzida pelo respectivo grupo familiar, podendo ser utilizada maté- de que amparados por regime próprio de previdência social. (Reda-
ria-prima de outra origem, desde que a renda mensal obtida na ati- ção dada pela Lei nº 9.876, de 1999).
vidade não exceda ao menor benefício de prestação continuada da § 1o Caso o servidor ou o militar venham a exercer, concomi-
Previdência Social; e (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008). tantemente, uma ou mais atividades abrangidas pelo Regime Geral
de Previdência Social, tornar-se-ão segurados obrigatórios em rela-
ção a essas atividades. (Incluído pela Lei nº 9.876, de 1999).
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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
§ 2o Caso o servidor ou o militar, amparados por regime pró- § 2º Os recursos oriundos da majoração das contribuições pre-
prio de previdência social, sejam requisitados para outro órgão ou vistas nesta Lei ou da criação de novas contribuições destinadas à
entidade cujo regime previdenciário não permita a filiação nessa Seguridade Social somente poderão ser utilizados para atender as
condição, permanecerão vinculados ao regime de origem, obedeci- ações nas áreas de saúde, previdência e assistência social.
das as regras que cada ente estabeleça acerca de sua contribuição.
(Incluído pela Lei nº 9.876, de 1999). CAPÍTULO III
Art. 14. É segurado facultativo o maior de 14 (quatorze) anos de DA CONTRIBUIÇÃO DO SEGURADO
idade que se filiar ao Regime Geral de Previdência Social, mediante SEÇÃO I
contribuição, na forma do art. 21, desde que não incluído nas dis- DA CONTRIBUIÇÃO DOS SEGURADOS EMPREGADO,
posições do art. 12. EMPREGADO DOMÉSTICO E TRABALHADOR AVULSO
SEÇÃO II Art. 20. A contribuição do empregado, inclusive o doméstico, e
DA EMPRESA E DO EMPREGADOR DOMÉSTICO a do trabalhador avulso é calculada mediante a aplicação da corres-
Art. 15. Considera-se: pondente alíquota sobre o seu salário-de-contribuição mensal, de
I - empresa - a firma individual ou sociedade que assume o ris- forma não cumulativa, observado o disposto no art. 28, de acordo
co de atividade econômica urbana ou rural, com fins lucrativos ou com a seguinte tabela: (Redação dada pela Lei n° 9.032, de 28.4.95)
não, bem como os órgãos e entidades da administração pública di- (Vide Lei Complementar nº 150, de 2015)
reta, indireta e fundacional; Salário-de-contribuição Alíquota em %
II - empregador doméstico - a pessoa ou família que admite a
seu serviço, sem finalidade lucrativa, empregado doméstico. até 249,80 8,00
Parágrafo único. Equiparam-se a empresa, para os efeitos desta de 249,81 até 416,33 9,00
Lei, o contribuinte individual e a pessoa física na condição de pro-
de 416,34 até 832,66 11,00
prietário ou dono de obra de construção civil, em relação a segura-
do que lhe presta serviço, bem como a cooperativa, a associação ou
(Valores e alíquotas dados pela Lei nº 9.129, de 20.11.95) 4
a entidade de qualquer natureza ou finalidade, a missão diplomáti-
ca e a repartição consular de carreira estrangeiras. (Redação dada § 1º Os valores do salário-de-contribuição serão reajustados,
pela Lei nº 13.202, de 2015) a partir da data de entrada em vigor desta Lei, na mesma época e
com os mesmos índices que os do reajustamento dos benefícios de
CAPÍTULO II
prestação continuada da Previdência Social.(Redação dada pela Lei
DA CONTRIBUIÇÃO DA UNIÃO n° 8.620, de 5.1.93)
Art. 16. A contribuição da União é constituída de recursos adi- § 2º O disposto neste artigo aplica-se também aos segurados
cionais do Orçamento Fiscal, fixados obrigatoriamente na lei orça- empregados e trabalhadores avulsos que prestem serviços a micro-
mentária anual. empresas. (Parágrafo acrescentado pela Lei n° 8.620, de 5.1.93)
Parágrafo único. A União é responsável pela cobertura de even- SEÇÃO II
tuais insuficiências financeiras da Seguridade Social, quando de-
DA CONTRIBUIÇÃO DOS SEGURADOS CONTRIBUINTE
correntes do pagamento de benefícios de prestação continuada da
INDIVIDUAL E FACULTATIVO.
Previdência Social, na forma da Lei Orçamentária Anual.
Art. 17. Para pagamento dos encargos previdenciários da
(Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999).
União, poderão contribuir os recursos da Seguridade Social referi-
dos na alínea “d” do parágrafo único do art. 11 desta Lei, na forma Art. 21. A alíquota de contribuição dos segurados contribuinte
da Lei Orçamentária anual, assegurada a destinação de recursos individual e facultativo será de vinte por cento sobre o respectivo
para as ações desta Lei de Saúde e Assistência Social. (Redação dada salário-de-contribuição. (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999).
pela Lei nº 9.711, de 1998). I - revogado; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999).
Art. 18. Os recursos da Seguridade Social referidos nas alíneas II - revogado. (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999).
“a”, “b”, “c” e “d” do parágrafo único do art. 11 desta Lei poderão § 1º Os valores do salário-de-contribuição serão reajustados,
contribuir, a partir do exercício de 1992, para o financiamento das a partir da data de entrada em vigor desta Lei , na mesma época e
despesas com pessoal e administração geral apenas do Instituto Na- com os mesmos índices que os do reajustamento dos benefícios de
cional do Seguro Social-INSS, do Instituto Nacional de Assistência prestação continuada da Previdência Social. (Redação dada pela Lei
Médica da Previdência Social-INAMPS, da Fundação Legião Brasilei- nº 9.711, de 1998). (Renumerado pela Lei Complementar nº 123,
ra de Assistência-LBA e da Fundação Centro Brasileira para Infância de 2006).
e Adolescência. § 2o No caso de opção pela exclusão do direito ao benefício de
Art. 19. O Tesouro Nacional repassará mensalmente recursos aposentadoria por tempo de contribuição, a alíquota de contribui-
referentes às contribuições mencionadas nas alíneas “d” e “e” do ção incidente sobre o limite mínimo mensal do salário de contribui-
parágrafo único do art. 11 desta Lei, destinados à execução do Or- ção será de: (Redação dada pela Lei nº 12.470, de 2011)
çamento da Seguridade Social. (Redação dada pela Lei nº 9.711, de I - 11% (onze por cento), no caso do segurado contribuinte in-
1998). dividual, ressalvado o disposto no inciso II, que trabalhe por conta
§ 1º Decorridos os prazos referidos no caput deste artigo, as própria, sem relação de trabalho com empresa ou equiparado e do
dotações a serem repassadas sujeitar-se-ão a atualização monetá- segurado facultativo, observado o disposto na alínea b do inciso II
ria segundo os mesmos índices utilizados para efeito de correção deste parágrafo; (Incluído pela Lei nº 12.470, de 2011)
dos tributos da União. II - 5% (cinco por cento): (Incluído pela Lei nº 12.470, de 2011)
a) no caso do microempreendedor individual, de que trata o
art. 18-A da Lei Complementar no 123, de 14 de dezembro de 2006;
e (Incluído pela Lei nº 12.470, de 2011) (Produção de efeito)

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b) do segurado facultativo sem renda própria que se dedique autônomos de seguros privados e de crédito e entidades de previ-
exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua residência, dência privada abertas e fechadas, além das contribuições referidas
desde que pertencente a família de baixa renda. (Incluído pela Lei neste artigo e no art. 23, é devida a contribuição adicional de dois
nº 12.470, de 2011) vírgula cinco por cento sobre a base de cálculo definida nos incisos
§ 3o O segurado que tenha contribuído na forma do § 2o deste I e III deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). (Vide
artigo e pretenda contar o tempo de contribuição correspondente Medida Provisória nº 2.158-35, de 2001).
para fins de obtenção da aposentadoria por tempo de contribuição § 2º Não integram a remuneração as parcelas de que trata o §
ou da contagem recíproca do tempo de contribuição a que se refe- 9º do art. 28.
re o art. 94 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, deverá com- § 3º O Ministério do Trabalho e da Previdência Social poderá al-
plementar a contribuição mensal mediante recolhimento, sobre o terar, com base nas estatísticas de acidentes do trabalho, apuradas
valor correspondente ao limite mínimo mensal do salário-de-contri- em inspeção, o enquadramento de empresas para efeito da con-
buição em vigor na competência a ser complementada, da diferen- tribuição a que se refere o inciso II deste artigo, a fim de estimular
ça entre o percentual pago e o de 20% (vinte por cento), acrescido investimentos em prevenção de acidentes.
dos juros moratórios de que trata o § 3o do art. 5o da Lei no 9.430, § 4º O Poder Executivo estabelecerá, na forma da lei, ouvido o
de 27 de dezembro de 1996. (Redação dada pela Lei nº 12.470, de Conselho Nacional da Seguridade Social, mecanismos de estímulo
2011) (Produção de efeito) às empresas que se utilizem de empregados portadores de defici-
§ 4o Considera-se de baixa renda, para os fins do disposto na ências física, sensorial e/ou mental com desvio do padrão médio.
alínea b do inciso II do § 2o deste artigo, a família inscrita no Cadas- § 5º (Revogado pela Lei nº 10.256, de 2001).
tro Único para Programas Sociais do Governo Federal - CadÚnico § 6º A contribuição empresarial da associação desportiva que
cuja renda mensal seja de até 2 (dois) salários mínimos. (Redação mantém equipe de futebol profissional destinada à Seguridade So-
dada pela Lei nº 12.470, de 2011) cial, em substituição à prevista nos incisos I e II deste artigo, corres-
§ 5o A contribuição complementar a que se refere o § 3o deste ponde a cinco por cento da receita bruta, decorrente dos espetácu-
artigo será exigida a qualquer tempo, sob pena de indeferimento do los desportivos de que participem em todo território nacional em
benefício. (Incluído pela Lei nº 12.507, de 2011) qualquer modalidade desportiva, inclusive jogos internacionais, e
de qualquer forma de patrocínio, licenciamento de uso de marcas
CAPÍTULO IV
e símbolos, publicidade, propaganda e de transmissão de espetá-
DA CONTRIBUIÇÃO DA EMPRESA culos desportivos. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.528, de
Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguri- 10.12.97).
dade Social, além do disposto no art. 23, é de: 6 § 7º Caberá à entidade promotora do espetáculo a responsa-
I - vinte por cento sobre o total das remunerações pagas, devi- bilidade de efetuar o desconto de cinco por cento da receita bruta
das ou creditadas a qualquer título, durante o mês, aos segurados decorrente dos espetáculos desportivos e o respectivo recolhimen-
empregados e trabalhadores avulsos que lhe prestem serviços, des- to ao Instituto Nacional do Seguro Social, no prazo de até dois dias
tinadas a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclu- úteis após a realização do evento. (Parágrafo acrescentado pela Lei
sive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os nº 9.528, de 10.12.97).
adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços § 8º Caberá à associação desportiva que mantém equipe de
efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empre- futebol profissional informar à entidade promotora do espetáculo
gador ou tomador de serviços, nos termos da lei ou do contrato ou, desportivo todas as receitas auferidas no evento, discriminando-
ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença -as detalhadamente. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.528, de
normativa. (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). 10.12.97).
II - para o financiamento do benefício previsto nos arts. 57 e 58 § 9º No caso de a associação desportiva que mantém equipe
da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, e daqueles concedidos em de futebol profissional receber recursos de empresa ou entidade,
razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente a título de patrocínio, licenciamento de uso de marcas e símbolos,
dos riscos ambientais do trabalho, sobre o total das remunerações publicidade, propaganda e transmissão de espetáculos, esta última
pagas ou creditadas, no decorrer do mês, aos segurados emprega- ficará com a responsabilidade de reter e recolher o percentual de
dos e trabalhadores avulsos: (Redação dada pela Lei nº 9.732, de cinco por cento da receita bruta decorrente do evento, inadmiti-
1998). da qualquer dedução, no prazo estabelecido na alínea “b”, inciso I,
a) 1% (um por cento) para as empresas em cuja atividade pre- do art. 30 desta Lei. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.528, de
ponderante o risco de acidentes do trabalho seja considerado leve; 10.12.97).
b) 2% (dois por cento) para as empresas em cuja atividade pre- § 10. Não se aplica o disposto nos §§ 6º ao 9º às demais asso-
ponderante esse risco seja considerado médio; ciações desportivas, que devem contribuir na forma dos incisos I e
c) 3% (três por cento) para as empresas em cuja atividade pre- II deste artigo e do art. 23 desta Lei. (Parágrafo acrescentado pela
ponderante esse risco seja considerado grave. Lei nº 9.528, de 10.12.97).
III - vinte por cento sobre o total das remunerações pagas ou § 11. O disposto nos §§ 6º ao 9º deste artigo aplica-se à asso-
creditadas a qualquer título, no decorrer do mês, aos segurados ciação desportiva que mantenha equipe de futebol profissional e
contribuintes individuais que lhe prestem serviços; (Incluído pela atividade econômica organizada para a produção e circulação de
Lei nº 9.876, de 1999). bens e serviços e que se organize regularmente, segundo um dos
IV (Execução suspensa pela Resolução do Senado Federal nº tipos regulados nos arts. 1.039 a 1.092 da Lei nº 10.406, de 10 de
10, de 2016) janeiro de 2002 - Código Civil. (Redação dada pela Lei nº 11.345,
§ 1o No caso de bancos comerciais, bancos de investimentos, de 2006).
bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de § 11-A. O disposto no § 11 deste artigo aplica-se apenas às
crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imo- atividades diretamente relacionadas com a manutenção e admi-
biliário, sociedades corretoras, distribuidoras de títulos e valores nistração de equipe profissional de futebol, não se estendendo
mobiliários, empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de
crédito, empresas de seguros privados e de capitalização, agentes
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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
às outras atividades econômicas exercidas pelas referidas socie- § 4o O disposto neste artigo não se aplica às sociedades coope-
dades empresariais beneficiárias. (Incluído pela Lei nº 11.505, de rativas e às agroindústrias de piscicultura, carcinicultura, suinocul-
2007). tura e avicultura. (Incluído pela Lei nº 10.256, de 2001).
§ 12. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.170, de 2000). § 5o O disposto no inciso I do art. 3o da Lei no 8.315, de 23
§ 13. Não se considera como remuneração direta ou indire- de dezembro de 1991, não se aplica ao empregador de que trata
ta, para os efeitos desta Lei, os valores despendidos pelas entida- este artigo, que contribuirá com o adicional de zero vírgula vinte
des religiosas e instituições de ensino vocacional com ministro de e cinco por cento da receita bruta proveniente da comercialização
confissão religiosa, membros de instituto de vida consagrada, de da produção, destinado ao Serviço Nacional de Aprendizagem Rural
congregação ou de ordem religiosa em face do seu mister religioso (SENAR). (Incluído pela Lei nº 10.256, de 2001).
ou para sua subsistência desde que fornecidos em condições que § 6o Não se aplica o regime substitutivo de que trata este artigo
independam da natureza e da quantidade do trabalho executado. à pessoa jurídica que, relativamente à atividade rural, se dedique
(Incluído pela Lei nº 10.170, de 2000). apenas ao florestamento e reflorestamento como fonte de maté-
§ 14. Para efeito de interpretação do § 13 deste artigo: (Incluí- ria-prima para industrialização própria mediante a utilização de
do pela Lei nº 13.137, de 2015) processo industrial que modifique a natureza química da madeira
I - os critérios informadores dos valores despendidos pelas en- ou a transforme em pasta celulósica. (Incluído pela Lei nº 10.684,
tidades religiosas e instituições de ensino vocacional aos ministros de 2003).
de confissão religiosa, membros de vida consagrada, de congrega- § 7o Aplica-se o disposto no § 6o ainda que a pessoa jurídica
ção ou de ordem religiosa não são taxativos e sim exemplificativos; comercialize resíduos vegetais ou sobras ou partes da produção,
(Incluído pela Lei nº 13.137, de 2015) desde que a receita bruta decorrente dessa comercialização repre-
II - os valores despendidos, ainda que pagos de forma e mon- sente menos de um por cento de sua receita bruta proveniente da
tante diferenciados, em pecúnia ou a título de ajuda de custo de comercialização da produção. (Incluído pela Lei nº 10.684, de 2003).
moradia, transporte, formação educacional, vinculados exclusiva- Art. 22B. As contribuições de que tratam os incisos I e II do
mente à atividade religiosa não configuram remuneração direta ou art. 22 desta Lei são substituídas, em relação à remuneração paga,
indireta. (Incluído pela Lei nº 13.137, de 2015) devida ou creditada ao trabalhador rural contratado pelo consórcio
§ 15. Na contratação de serviços de transporte rodoviário de simplificado de produtores rurais de que trata o art. 25A, pela con-
carga ou de passageiro, de serviços prestados com a utilização de tribuição dos respectivos produtores rurais, calculada na forma do
trator, máquina de terraplenagem, colheitadeira e assemelhados, art. 25 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 10.256, de 2001).
a base de cálculo da contribuição da empresa corresponde a 20% Art. 23. As contribuições a cargo da empresa provenientes do
(vinte por cento) do valor da nota fiscal, fatura ou recibo, quando faturamento e do lucro, destinadas à Seguridade Social, além do
esses serviços forem prestados por condutor autônomo de veículo disposto no art. 22, são calculadas mediante a aplicação das seguin-
rodoviário, auxiliar de condutor autônomo de veículo rodoviário, tes alíquotas:
bem como por operador de máquinas. (Incluído pela Lei nº 13.202, I - 2% (dois por cento) sobre sua receita bruta, estabelecida se-
de 2015) gundo o disposto no § 1º do art. 1º do Decreto-lei nº 1.940, de 25
§ 16. Conforme previsto nos arts. 106 e 110 da Lei nº 5.172, de de maio de 1982, com a redação dada pelo art. 22, do Decreto-lei
25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional), o disposto no nº 2.397, de 21 de dezembro de 1987, e alterações posteriores; 9
§ 14 deste artigo aplica-se aos fatos geradores anteriores à data de II - 10% (dez por cento) sobre o lucro líquido do período-base,
vigência da Lei nº 13.137, de 19 de junho de 2015, consideradas nu- antes da provisão para o Imposto de Renda, ajustado na forma do
las as autuações emitidas em desrespeito ao previsto no respectivo art. 2º da Lei nº 8.034, de 12 de abril de 1990. 10
diploma legal. (Incluído pela Lei nº 14.057, de 2020) § 1º No caso das instituições citadas no § 1º do art. 22 desta
Art. 22A. A contribuição devida pela agroindústria, definida, Lei, a alíquota da contribuição prevista no inciso II é de 15% (quinze
para os efeitos desta Lei, como sendo o produtor rural pessoa ju- por cento). 11
rídica cuja atividade econômica seja a industrialização de produção § 2º O disposto neste artigo não se aplica às pessoas de que
própria ou de produção própria e adquirida de terceiros, incidente trata o art. 25.
sobre o valor da receita bruta proveniente da comercialização da
CAPÍTULO V
produção, em substituição às previstas nos incisos I e II do art. 22
desta Lei, é de: (Incluído pela Lei nº 10.256, de 2001). DA CONTRIBUIÇÃO DO EMPREGADOR DOMÉSTICO
I - dois vírgula cinco por cento destinados à Seguridade Social; Art. 24. A contribuição do empregador doméstico incidente so-
(Incluído pela Lei nº 10.256, de 2001). bre o salário de contribuição do empregado doméstico a seu servi-
II - zero vírgula um por cento para o financiamento do benefício ço é de: (Redação dada pela Lei nº 13.202, de 2015)
previsto nos arts. 57 e 58 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, e I - 8% (oito por cento); e (Incluído pela Lei nº 13.202, de 2015)
daqueles concedidos em razão do grau de incidência de incapacida- II - 0,8% (oito décimos por cento) para o financiamento do se-
de para o trabalho decorrente dos riscos ambientais da atividade. guro contra acidentes de trabalho. (Incluído pela Lei nº 13.202, de
(Incluído pela Lei nº 10.256, de 2001). 2015)
§ 1o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.256, de 2001). Parágrafo único. Presentes os elementos da relação de em-
§ 2o O disposto neste artigo não se aplica às operações relati- prego doméstico, o empregador doméstico não poderá contratar
vas à prestação de serviços a terceiros, cujas contribuições previ- microempreendedor individual de que trata o art. 18-A da Lei Com-
denciárias continuam sendo devidas na forma do art. 22 desta Lei. plementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, sob pena de ficar
(Incluído pela Lei nº 10.256, de 2001). sujeito a todas as obrigações dela decorrentes, inclusive trabalhis-
§ 3o Na hipótese do § 2o, a receita bruta correspondente aos tas, tributárias e previdenciárias. (Incluído pela Lei nº 12.470, de
serviços prestados a terceiros será excluída da base de cálculo da 2011)
contribuição de que trata o caput. (Incluído pela Lei nº 10.256, de
2001).

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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
CAPÍTULO VI § 11. Considera-se processo de beneficiamento ou industriali-
DA CONTRIBUIÇÃO DO PRODUTOR RURAL E DO zação artesanal aquele realizado diretamente pelo próprio produ-
PESCADOR tor rural pessoa física, desde que não esteja sujeito à incidência do
Imposto Sobre Produtos Industrializados – IPI. (Incluído pela Lei nº
(Alterado pela Lei nº 8.398, de 7.1.92) 11.718, de 2008).
§ 12. Não integra a base de cálculo da contribuição de que tra-
Art. 25. A contribuição do empregador rural pessoa física, em ta o caput deste artigo a produção rural destinada ao plantio ou
substituição à contribuição de que tratam os incisos I e II do art. 22, reflorestamento, nem o produto animal destinado à reprodução ou
e a do segurado especial, referidos, respectivamente, na alínea a do criação pecuária ou granjeira e à utilização como cobaia para fins de
inciso V e no inciso VII do art. 12 desta Lei, destinada à Seguridade pesquisas científicas, quando vendido pelo próprio produtor e por
Social, é de: (Redação dada pela Lei nº 10.256, de 2001). quem a utilize diretamente com essas finalidades e, no caso de pro-
I - 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento) da receita bruta duto vegetal, por pessoa ou entidade registrada no Ministério da
proveniente da comercialização da sua produção; (Redação dada Agricultura, Pecuária e Abastecimento que se dedique ao comércio
pela Lei nº 13.606, de 2018) (Produção de efeito) de sementes e mudas no País. (Incluído pela Lei nº 13.606, de 2018)
II - 0,1% da receita bruta proveniente da comercialização da (Produção de efeito)
sua produção para financiamento das prestações por acidente do § 13. O produtor rural pessoa física poderá optar por contribuir
trabalho. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). (Vide deci- na forma prevista no caput deste artigo ou na forma dos incisos I e
são-STF Petição nº 8.140 - DF) II do caput do art. 22 desta Lei, manifestando sua opção mediante o
§ 1º O segurado especial de que trata este artigo, além da con- pagamento da contribuição incidente sobre a folha de salários rela-
tribuição obrigatória referida no caput, poderá contribuir, facultati- tiva a janeiro de cada ano, ou à primeira competência subsequente
vamente, na forma do art. 21 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº ao início da atividade rural, e será irretratável para todo o ano-ca-
8.540, de 22.12.92) lendário. (Incluído pela Lei nº 13.606, de 2018) (Produção de efeito)
§ 2º A pessoa física de que trata a alínea “a” do inciso V do art. § 14. Considera-se receita bruta proveniente da comercializa-
12 contribui, também, obrigatoriamente, na forma do art. 21 desta ção da produção o valor da fixação de preço repassado ao coopera-
Lei. (Redação dada pela Lei nº 8.540, de 22.12.92) do pela cooperativa ao qual esteja associado, por ocasião da reali-
§ 3º Integram a produção, para os efeitos deste artigo, os pro- zação do ato cooperativo de que trata o art. 79 da Lei nº 5.764, de
dutos de origem animal ou vegetal, em estado natural ou subme- 16 de dezembro de 1971, não compreendidos valores pagos, credi-
tidos a processos de beneficiamento ou industrialização rudimen- tados ou capitalizados a título de sobras, os quais não representam
tar, assim compreendidos, entre outros, os processos de lavagem, preço ou complemento de preço. (Incluído pela Lei nº 13.986, de
limpeza, descaroçamento, pilagem, descascamento, lenhamento, 2020)
pasteurização, resfriamento, secagem, fermentação, embalagem, § 15. Não se considera receita bruta, para fins de base de cálcu-
cristalização, fundição, carvoejamento, cozimento, destilação, moa- lo das contribuições sociais devidas pelo produtor rural cooperado,
gem e torrefação, bem como os subprodutos e os resíduos obtidos a entrega ou o retorno de produção para a cooperativa nas opera-
por meio desses processos, exceto, no caso de sociedades coope- ções em que não ocorra repasse pela cooperativa a título de fixação
rativas, a parcela de produção que não seja objeto de repasse ao de preço, não podendo o mero retorno caracterizar permuta, com-
cooperado por meio de fixação de preço. (Redação dada pela Lei nº pensação, dação em pagamento ou ressarcimento que represente
13.986, de 2020) valor, preço ou complemento de preço. (Incluído pela Lei nº 13.986,
§ 4o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.718, de 2008). de 2020)
§ 5º (VETADO) (Incluído pela Lei n º 8.540, de 22.12.92) § 16. Aplica-se ao disposto no caput e nos §§ 3º, 14 e 15 des-
§ 6º (Revogado pela Lei nº 10.256, de 2001). te artigo o caráter interpretativo de que trata o art. 106 da Lei nº
§ 7º (Revogado pela Lei nº 10.256, de 2001). 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional). (In-
§ 8º (Revogado pela Lei nº 10.256, de 2001). cluído pela Lei nº 13.986, de 2020)
§ 9o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.256, de 2001). Art. 25A. Equipara-se ao empregador rural pessoa física o con-
§ 10. Integra a receita bruta de que trata este artigo, além dos sórcio simplificado de produtores rurais, formado pela união de
valores decorrentes da comercialização da produção relativa aos produtores rurais pessoas físicas, que outorgar a um deles poderes
produtos a que se refere o § 3o deste artigo, a receita proveniente: para contratar, gerir e demitir trabalhadores para prestação de ser-
(Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008). viços, exclusivamente, aos seus integrantes, mediante documento
I – da comercialização da produção obtida em razão de contra- registrado em cartório de títulos e documentos. (Incluído pela Lei
to de parceria ou meação de parte do imóvel rural; (Incluído pela nº 10.256, de 2001).
Lei nº 11.718, de 2008). § 1o O documento de que trata o caput deverá conter a identi-
II – da comercialização de artigos de artesanato de que trata o ficação de cada produtor, seu endereço pessoal e o de sua proprie-
inciso VII do § 10 do art. 12 desta Lei; (Incluído pela Lei nº 11.718, dade rural, bem como o respectivo registro no Instituto Nacional de
de 2008). Colonização e Reforma Agrária - INCRA ou informações relativas a
III – de serviços prestados, de equipamentos utilizados e de parceria, arrendamento ou equivalente e a matrícula no Instituto
produtos comercializados no imóvel rural, desde que em atividades Nacional do Seguro Social – INSS de cada um dos produtores rurais.
turística e de entretenimento desenvolvidas no próprio imóvel, in- (Incluído pela Lei nº 10.256, de 2001).
clusive hospedagem, alimentação, recepção, recreação e atividades § 2o O consórcio deverá ser matriculado no INSS em nome do
pedagógicas, bem como taxa de visitação e serviços especiais; (In- empregador a quem hajam sido outorgados os poderes, na forma
cluído pela Lei nº 11.718, de 2008). do regulamento. (Incluído pela Lei nº 10.256, de 2001).
IV – do valor de mercado da produção rural dada em pagamen- § 3o Os produtores rurais integrantes do consórcio de que trata
to ou que tiver sido trocada por outra, qualquer que seja o motivo o caput serão responsáveis solidários em relação às obrigações pre-
ou finalidade; e (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008). videnciárias. (Incluído pela Lei nº 10.256, de 2001).
V – de atividade artística de que trata o inciso VIII do § 10 do § 4o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.256, de 2001).
art. 12 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008).

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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
CAPÍTULO VII III - para o contribuinte individual: a remuneração auferida em
DA CONTRIBUIÇÃO SOBRE A RECEITA DE CONCURSOS uma ou mais empresas ou pelo exercício de sua atividade por conta
DE PROGNÓSTICOS própria, durante o mês, observado o limite máximo a que se refere
o § 5o; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999)
Art. 26. Constitui receita da Seguridade Social a contribuição IV - para o segurado facultativo: o valor por ele declarado, ob-
social sobre a receita de concursos de prognósticos a que se refere servado o limite máximo a que se refere o § 5o. (Incluído pela Lei
o inciso III do caput do art. 195 da Constituição Federal. (Redação nº 9.876, de 1999).
dada pela Lei nº 13.756, de 2018) § 1º Quando a admissão, a dispensa, o afastamento ou a falta
§ 1o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.756, de 2018) do empregado ocorrer no curso do mês, o salário-de-contribuição
§ 2o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.756, de 2018) será proporcional ao número de dias de trabalho efetivo, na forma
§ 3o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.756, de 2018) estabelecida em regulamento.
§ 4o O produto da arrecadação da contribuição será destinado § 2º O salário-maternidade é considerado salário-de-contribui-
ao financiamento da Seguridade Social. (Incluído pela Lei nº 13.756, ção.
de 2018) § 3º O limite mínimo do salário-de-contribuição corresponde
§ 5o A base de cálculo da contribuição equivale à receita auferi- ao piso salarial, legal ou normativo, da categoria ou, inexistindo
da nos concursos de prognósticos, sorteios e loterias. (Incluído dada este, ao salário mínimo, tomado no seu valor mensal, diário ou ho-
pela Lei nº 13.756, de 2018) rário, conforme o ajustado e o tempo de trabalho efetivo durante o
§ 6o A alíquota da contribuição corresponde ao percentual vin- mês. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97)
culado à Seguridade Social em cada modalidade lotérica, conforme § 4º O limite mínimo do salário-de-contribuição do menor
previsto em lei. (Incluído pela Lei nº 13.756, de 2018) aprendiz corresponde à sua remuneração mínima definida em lei.
CAPÍTULO VIII § 5º O limite máximo do salário-de-contribuição é de Cr$
170.000,00 (cento e setenta mil cruzeiros), reajustado a partir da
DAS OUTRAS RECEITAS
data da entrada em vigor desta Lei, na mesma época e com os mes-
Art. 27. Constituem outras receitas da Seguridade Social: mos índices que os do reajustamento dos benefícios de prestação
I - as multas, a atualização monetária e os juros moratórios; continuada da Previdência Social. 12
II - a remuneração recebida por serviços de arrecadação, fisca- § 6º No prazo de 180 (cento e oitenta) dias, a contar da data de
lização e cobrança prestados a terceiros; publicação desta Lei, o Poder Executivo encaminhará ao Congresso
III - as receitas provenientes de prestação de outros serviços e Nacional projeto de lei estabelecendo a previdência complementar,
de fornecimento ou arrendamento de bens; pública e privada, em especial para os que possam contribuir acima
IV - as demais receitas patrimoniais, industriais e financeiras; do limite máximo estipulado no parágrafo anterior deste artigo.
V - as doações, legados, subvenções e outras receitas eventu- § 7º O décimo-terceiro salário (gratificação natalina) integra o
ais; salário-de-contribuição, exceto para o cálculo de benefício, na for-
VI - 50% (cinqüenta por cento) dos valores obtidos e aplicados ma estabelecida em regulamento. (Redação dada pela Lei n° 8.870,
na forma do parágrafo único do art. 243 da Constituição Federal; de 15.4.94)
VII - 40% (quarenta por cento) do resultado dos leilões dos § 8o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)
bens apreendidos pelo Departamento da Receita Federal; a) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)
VIII - outras receitas previstas em legislação específica. b) (VETADO) (Incluída pela Lei nº 9.528, de 10.12.97)
Parágrafo único. As companhias seguradoras que mantêm o c) (Revogado pela Lei nº 9.711, de 1998).
seguro obrigatório de danos pessoais causados por veículos auto- § 9º Não integram o salário-de-contribuição para os fins desta
motores de vias terrestres, de que trata a Lei nº 6.194, de dezembro Lei, exclusivamente: (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97)
de 1974, deverão repassar à Seguridade Social 50% (cinqüenta por a) os benefícios da previdência social, nos termos e limites le-
cento) do valor total do prêmio recolhido e destinado ao Sistema gais, salvo o salário-maternidade; (Redação dada pela Lei nº 9.528,
Único de Saúde-SUS, para custeio da assistência médico-hospitalar de 10.12.97).
dos segurados vitimados em acidentes de trânsito. b) as ajudas de custo e o adicional mensal recebidos pelo aero-
nauta nos termos da Lei nº 5.929, de 30 de outubro de 1973;
CAPÍTULO IX c) a parcela “in natura” recebida de acordo com os programas
DO SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO de alimentação aprovados pelo Ministério do Trabalho e da Previ-
Art. 28. Entende-se por salário-de-contribuição: dência Social, nos termos da Lei nº 6.321, de 14 de abril de 1976;
I - para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração au- d) as importâncias recebidas a título de férias indenizadas e
ferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos respectivo adicional constitucional, inclusive o valor corresponden-
rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, du- te à dobra da remuneração de férias de que trata o art. 137 da Con-
rante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a solidação das Leis do Trabalho-CLT; (Redação dada pela Lei nº 9.528,
sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de de 10.12.97).
utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer e) as importâncias: (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 1997)
pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposi- 1. previstas no inciso I do art. 10 do Ato das Disposições Consti-
ção do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do tucionais Transitórias; (Incluído pela Lei nº 9.528, de 1997)
contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou 2. relativas à indenização por tempo de serviço, anterior a 5 de
sentença normativa; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) outubro de 1988, do empregado não optante pelo Fundo de Garan-
II - para o empregado doméstico: a remuneração registrada na tia do Tempo de Serviço-FGTS; (Incluído pela Lei nº 9.528, de 1997)
Carteira de Trabalho e Previdência Social, observadas as normas a 3. recebidas a título da indenização de que trata o art. 479 da
serem estabelecidas em regulamento para comprovação do vínculo CLT; (Incluído pela Lei nº 9.528, de 1997)
empregatício e do valor da remuneração; 4. recebidas a título da indenização de que trata o art. 14 da
Lei nº 5.889, de 8 de junho de 1973; (Incluído pela Lei nº 9.528, de
1997)
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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
5. recebidas a título de incentivo à demissão; (Incluído pela Lei ção profissional e tecnológica de empregados, nos termos da Lei nº
nº 9.528, de 1997) 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e: (Redação dada pela Lei nº
6. recebidas a título de abono de férias na forma dos arts. 143 e 12.513, de 2011)
144 da CLT; (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998). 1. não seja utilizado em substituição de parcela salarial; e (In-
7. recebidas a título de ganhos eventuais e os abonos expres- cluído pela Lei nº 12.513, de 2011)
samente desvinculados do salário; (Redação dada pela Lei nº 9.711, 2. o valor mensal do plano educacional ou bolsa de estudo,
de 1998). considerado individualmente, não ultrapasse 5% (cinco por cento)
8. recebidas a título de licença-prêmio indenizada; (Redação da remuneração do segurado a que se destina ou o valor corres-
dada pela Lei nº 9.711, de 1998). pondente a uma vez e meia o valor do limite mínimo mensal do sa-
9. recebidas a título da indenização de que trata o art. 9º da lário-de-contribuição, o que for maior; (Incluído pela Lei nº 12.513,
Lei nº 7.238, de 29 de outubro de 1984; (Redação dada pela Lei nº de 2011)
9.711, de 1998). u) a importância recebida a título de bolsa de aprendizagem
f) a parcela recebida a título de vale-transporte, na forma da garantida ao adolescente até quatorze anos de idade, de acordo
legislação própria; com o disposto no art. 64 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990;
g) a ajuda de custo, em parcela única, recebida exclusivamente (Incluída pela Lei nº 9.528, de 10.12.97)
em decorrência de mudança de local de trabalho do empregado, v) os valores recebidos em decorrência da cessão de direitos
na forma do art. 470 da CLT; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de autorais; (Incluída pela Lei nº 9.528, de 10.12.97)
10.12.97). x) o valor da multa prevista no § 8º do art. 477 da CLT. (Incluída
h) as diárias para viagens; (Redação dada pela Lei nº 13.467, pela Lei nº 9.528, de 10.12.97)
de 2017) y) o valor correspondente ao vale-cultura. (Incluído pela Lei nº
i) a importância recebida a título de bolsa de complementação 12.761, de 2012)
educacional de estagiário, quando paga nos termos da Lei nº 6.494, z) os prêmios e os abonos. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
de 7 de dezembro de 1977; aa) os valores recebidos a título de bolsa-atleta, em conformi-
j) a participação nos lucros ou resultados da empresa, quando dade com a Lei no 10.891, de 9 de julho de 2004. (Incluído pela Lei
paga ou creditada de acordo com lei específica; nº 13.756, de 2018)
l) o abono do Programa de Integração Social-PIS e do Progra- § 10. Considera-se salário-de-contribuição, para o segurado
ma de Assistência ao Servidor Público-PASEP; (Incluída pela Lei nº empregado e trabalhador avulso, na condição prevista no § 5º do
9.528, de 10.12.97) art. 12, a remuneração efetivamente auferida na entidade sindical
m) os valores correspondentes a transporte, alimentação e ou empresa de origem. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.528,
habitação fornecidos pela empresa ao empregado contratado para de 10.12.97)
trabalhar em localidade distante da de sua residência, em canteiro § 11. Considera-se remuneração do contribuinte individual que
de obras ou local que, por força da atividade, exija deslocamento e trabalha como condutor autônomo de veículo rodoviário, como au-
estada, observadas as normas de proteção estabelecidas pelo Mi- xiliar de condutor autônomo de veículo rodoviário, em automóvel
nistério do Trabalho; (Incluída pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) cedido em regime de colaboração, nos termos da Lei nº 6.094, de 30
n) a importância paga ao empregado a título de complementa- de agosto de 1974, como operador de trator, máquina de terraple-
ção ao valor do auxílio-doença, desde que este direito seja exten- nagem, colheitadeira e assemelhados, o montante correspondente
sivo à totalidade dos empregados da empresa; (Incluída pela Lei nº a 20% (vinte por cento) do valor bruto do frete, carreto, transporte
9.528, de 10.12.97) de passageiros ou do serviço prestado, observado o limite máximo
o) as parcelas destinadas à assistência ao trabalhador da a que se refere o § 5o. (Incluído pela Lei nº 13.202, de 2015)
agroindústria canavieira, de que trata o art. 36 da Lei nº 4.870, de Art. 29. (Revogado pela Lei nº 9.876, de 1999).
1º de dezembro de 1965; (Incluída pela Lei nº 9.528, de 10.12.97)
CAPÍTULO X
p) o valor das contribuições efetivamente pago pela pessoa ju-
rídica relativo a programa de previdência complementar, aberto ou DA ARRECADAÇÃO E RECOLHIMENTO DAS
fechado, desde que disponível à totalidade de seus empregados e CONTRIBUIÇÕES
dirigentes, observados, no que couber, os arts. 9º e 468 da CLT; (In- Art. 30. A arrecadação e o recolhimento das contribuições ou
cluída pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) de outras importâncias devidas à Seguridade Social obedecem às
q) o valor relativo à assistência prestada por serviço médico ou seguintes normas: (Redação dada pela Lei n° 8.620, de 5.1.93)
odontológico, próprio da empresa ou por ela conveniado, inclusive I - a empresa é obrigada a:
o reembolso de despesas com medicamentos, óculos, aparelhos a) arrecadar as contribuições dos segurados empregados e
ortopédicos, próteses, órteses, despesas médico-hospitalares e ou- trabalhadores avulsos a seu serviço, descontando-as da respectiva
tras similares; (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017) remuneração;
r) o valor correspondente a vestuários, equipamentos e outros b) recolher os valores arrecadados na forma da alínea a deste
acessórios fornecidos ao empregado e utilizados no local do traba- inciso, a contribuição a que se refere o inciso IV do art. 22 desta
lho para prestação dos respectivos serviços; (Incluída pela Lei nº Lei, assim como as contribuições a seu cargo incidentes sobre as
9.528, de 10.12.97) remunerações pagas, devidas ou creditadas, a qualquer título, aos
s) o ressarcimento de despesas pelo uso de veículo do empre- segurados empregados, trabalhadores avulsos e contribuintes indi-
gado e o reembolso creche pago em conformidade com a legisla- viduais a seu serviço até o dia 20 (vinte) do mês subsequente ao da
ção trabalhista, observado o limite máximo de seis anos de idade, competência; (Redação dada pela Lei nº 11.933, de 2009). (Produ-
quando devidamente comprovadas as despesas realizadas; (Incluí- ção de efeitos).
da pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) (Vide Medida Provisória nº 1.116, c) recolher as contribuições de que tratam os incisos I e II do
de 2022) art. 23, na forma e prazos definidos pela legislação tributária federal
t) o valor relativo a plano educacional, ou bolsa de estudo, que vigente;
vise à educação básica de empregados e seus dependentes e, desde
que vinculada às atividades desenvolvidas pela empresa, à educa-
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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
II - os segurados contribuinte individual e facultativo estão obri- XII – sem prejuízo do disposto no inciso X do caput deste artigo,
gados a recolher sua contribuição por iniciativa própria, até o dia o produtor rural pessoa física e o segurado especial são obrigados a
quinze do mês seguinte ao da competência; (Redação dada pela Lei recolher, diretamente, a contribuição incidente sobre a receita bru-
nº 9.876, de 1999) ta proveniente: (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008).
III - a empresa adquirente, consumidora ou consignatária ou a a) da comercialização de artigos de artesanato elaborados com
cooperativa são obrigadas a recolher a contribuição de que trata o matéria-prima produzida pelo respectivo grupo familiar; (Incluído
art. 25 até o dia 20 (vinte) do mês subsequente ao da operação de pela Lei nº 11.718, de 2008).
venda ou consignação da produção, independentemente de essas b) de comercialização de artesanato ou do exercício de ativida-
operações terem sido realizadas diretamente com o produtor ou de artística, observado o disposto nos incisos VII e VIII do § 10 do
com intermediário pessoa física, na forma estabelecida em regula- art. 12 desta Lei; e (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008).
mento; (Redação dada pela Lei nº 11.933, de 2009). (Produção de c) de serviços prestados, de equipamentos utilizados e de pro-
efeitos). dutos comercializados no imóvel rural, desde que em atividades
IV - a empresa adquirente, consumidora ou consignatária ou a turística e de entretenimento desenvolvidas no próprio imóvel, in-
cooperativa ficam sub-rogadas nas obrigações da pessoa física de clusive hospedagem, alimentação, recepção, recreação e atividades
que trata a alínea “a” do inciso V do art. 12 e do segurado especial pedagógicas, bem como taxa de visitação e serviços especiais; (In-
pelo cumprimento das obrigações do art. 25 desta Lei, independen- cluído pela Lei nº 11.718, de 2008).
temente de as operações de venda ou consignação terem sido rea- XIII – o segurado especial é obrigado a arrecadar a contribui-
lizadas diretamente com o produtor ou com intermediário pessoa ção de trabalhadores a seu serviço e a recolhê-la no prazo referido
física, exceto no caso do inciso X deste artigo, na forma estabelecida na alínea b do inciso I do caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº
em regulamento; (Redação dada pela Lei 9.528, de 10.12.97) (Vide 11.718, de 2008).
decisão-STF Petição nº 8.140 - DF) § 1º Revogado pela Lei nº 9.032, de 28.4.95.
V - o empregador doméstico fica obrigado a arrecadar e a reco- § 2o Se não houver expediente bancário nas datas indicadas:
lher a contribuição do segurado empregado a seu serviço e a par- (Redação dada pela Lei nº 11.933, de 2009). (Produção de efeitos).
cela a seu cargo, até o vigésimo dia do mês seguinte ao da compe- I - no inciso II do caput, o recolhimento deverá ser efetuado
tência; (Redação dada pela Medida Provisória nº 1.110, de 2022) até o dia útil imediatamente posterior; e (Redação dada pela Lei nº
Produção de efeitos 13.202, de 2015)
VI - o proprietário, o incorporador definido na Lei nº 4.591, de II - na alínea b do inciso I e nos incisos III, V, X e XIII do caput,
16 de dezembro de 1964, o dono da obra ou condômino da uni- até o dia útil imediatamente anterior. (Redação dada pela Lei nº
dade imobiliária, qualquer que seja a forma de contratação da 13.202, de 2015)
construção, reforma ou acréscimo, são solidários com o construtor, § 3º Aplica-se à entidade sindical e à empresa de origem o dis-
e estes com a subempreiteira, pelo cumprimento das obrigações posto nas alíneas “a” e “b” do inciso I, relativamente à remuneração
para com a Seguridade Social, ressalvado o seu direito regressivo do segurado referido no § 5º do art. 12. (Parágrafo acrescentado
contra o executor ou contratante da obra e admitida a retenção de pela Lei nº 9.528, de 10.12.97).
importância a este devida para garantia do cumprimento dessas § 4o Na hipótese de o contribuinte individual prestar serviço a
obrigações, não se aplicando, em qualquer hipótese, o benefício de uma ou mais empresas, poderá deduzir, da sua contribuição men-
ordem; (Redação dada pela Lei 9.528, de 10.12.97) sal, quarenta e cinco por cento da contribuição da empresa, efe-
VII - exclui-se da responsabilidade solidária perante a Segurida- tivamente recolhida ou declarada, incidente sobre a remuneração
de Social o adquirente de prédio ou unidade imobiliária que realizar que esta lhe tenha pago ou creditado, limitada a dedução a nove
a operação com empresa de comercialização ou incorporador de por cento do respectivo salário-de-contribuição. (Incluído pela Lei
imóveis, ficando estes solidariamente responsáveis com o constru- nº 9.876, de 1999).
tor; § 5o Aplica-se o disposto no § 4o ao cooperado que prestar
VIII - nenhuma contribuição à Seguridade Social é devida se a serviço a empresa por intermédio de cooperativa de trabalho. (In-
construção residencial unifamiliar, destinada ao uso próprio, de tipo cluído pela Lei nº 9.876, de 1999).
econômico, for executada sem mão-de-obra assalariada, observa- § 6o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.202, de 2015)
das as exigências do regulamento; § 7o A empresa ou cooperativa adquirente, consumidora ou
IX - as empresas que integram grupo econômico de qualquer consignatária da produção fica obrigada a fornecer ao segurado es-
natureza respondem entre si, solidariamente, pelas obrigações de- pecial cópia do documento fiscal de entrada da mercadoria, para
correntes desta Lei; fins de comprovação da operação e da respectiva contribuição pre-
X - a pessoa física de que trata a alínea “a” do inciso V do art. videnciária. (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008).
12 e o segurado especial são obrigados a recolher a contribuição de § 8o Quando o grupo familiar a que o segurado especial estiver
que trata o art. 25 desta Lei no prazo estabelecido no inciso III deste vinculado não tiver obtido, no ano, por qualquer motivo, receita
artigo, caso comercializem a sua produção: (Redação dada pela Lei proveniente de comercialização de produção deverá comunicar a
9.528, de 10.12.97) ocorrência à Previdência Social, na forma do regulamento. (Incluído
a) no exterior; (Incluído pela Lei 9.528, de 10.12.97) pela Lei nº 11.718, de 2008).
b) diretamente, no varejo, ao consumidor pessoa física; (Incluí- § 9o Quando o segurado especial tiver comercializado sua pro-
do pela Lei 9.528, de 10.12.97) dução do ano anterior exclusivamente com empresa adquirente,
c) à pessoa física de que trata a alínea “a” do inciso V do art. 12; consignatária ou cooperativa, tal fato deverá ser comunicado à Pre-
(Incluído pela Lei 9.528, de 10.12.97) vidência Social pelo respectivo grupo familiar. (Incluído pela Lei nº
d) ao segurado especial; (Incluído pela Lei 9.528, de 10.12.97) 11.718, de 2008).
XI - aplica-se o disposto nos incisos III e IV deste artigo à pessoa Art. 31. A empresa contratante de serviços executados median-
física não produtor rural que adquire produção para venda no vare- te cessão de mão de obra, inclusive em regime de trabalho tem-
jo a consumidor pessoa física. (Incluído pela Lei 9.528, de 10.12.97) porário, deverá reter 11% (onze por cento) do valor bruto da nota
fiscal ou fatura de prestação de serviços e recolher, em nome da
empresa cedente da mão de obra, a importância retida até o dia 20
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(vinte) do mês subsequente ao da emissão da respectiva nota fiscal VI – comunicar, mensalmente, aos empregados, por intermé-
ou fatura, ou até o dia útil imediatamente anterior se não houver dio de documento a ser definido em regulamento, os valores reco-
expediente bancário naquele dia, observado o disposto no § 5o do lhidos sobre o total de sua remuneração ao INSS. (Incluído pela Lei
art. 33 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.933, de 2009). (Pro- nº 12.692, de 2012)
dução de efeitos). § 1o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009)
§ 1o O valor retido de que trata o caput deste artigo, que deve- § 2o A declaração de que trata o inciso IV do caput deste artigo
rá ser destacado na nota fiscal ou fatura de prestação de serviços, constitui instrumento hábil e suficiente para a exigência do crédito
poderá ser compensado por qualquer estabelecimento da empresa tributário, e suas informações comporão a base de dados para fins
cedente da mão de obra, por ocasião do recolhimento das contri- de cálculo e concessão dos benefícios previdenciários. (Redação
buições destinadas à Seguridade Social devidas sobre a folha de dada pela Lei nº 11.941, de 2009)
pagamento dos seus segurados. (Redação dada pela Lei nº 11.941, § 3o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009)
de 2009) § 4o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009)
§ 2o Na impossibilidade de haver compensação integral na for- § 5o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009)
ma do parágrafo anterior, o saldo remanescente será objeto de res- § 6o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009)
tituição. (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998). § 7o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009)
§ 3o Para os fins desta Lei, entende-se como cessão de mão- § 8o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009)
-de-obra a colocação à disposição do contratante, em suas depen- § 9o A empresa deverá apresentar o documento a que se refere
dências ou nas de terceiros, de segurados que realizem serviços o inciso IV do caput deste artigo ainda que não ocorram fatos gera-
contínuos, relacionados ou não com a atividade-fim da empresa, dores de contribuição previdenciária, aplicando-se, quando couber,
quaisquer que sejam a natureza e a forma de contratação. (Redação a penalidade prevista no art. 32-A desta Lei.
dada pela Lei nº 9.711, de 1998). § 10. O descumprimento do disposto no inciso IV do caput
§ 4o Enquadram-se na situação prevista no parágrafo anterior, deste artigo impede a expedição da certidão de prova de regulari-
além de outros estabelecidos em regulamento, os seguintes servi- dade fiscal perante a Fazenda Nacional. (Redação dada pela Lei nº
ços: (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998). 11.941, de 2009)
I - limpeza, conservação e zeladoria; (Incluído pela Lei nº 9.711, § 11. Em relação aos créditos tributários, os documentos com-
de 1998). probatórios do cumprimento das obrigações de que trata este arti-
II - vigilância e segurança; (Incluído pela Lei nº 9.711, de 1998). go devem ficar arquivados na empresa até que ocorra a prescrição
III - empreitada de mão-de-obra; (Incluído pela Lei nº 9.711, relativa aos créditos decorrentes das operações a que se refiram.
de 1998). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009)
IV - contratação de trabalho temporário na forma da Lei no § 12. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.692, de 2012)
6.019, de 3 de janeiro de 1974. (Incluído pela Lei nº 9.711, de 1998). Art. 32-A. O contribuinte que deixar de apresentar a declara-
§ 5o O cedente da mão-de-obra deverá elaborar folhas de ção de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo
pagamento distintas para cada contratante. (Incluído pela Lei nº fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será inti-
9.711, de 1998). mado a apresentá-la ou a prestar esclarecimentos e sujeitar-se-á às
§ 6o Em se tratando de retenção e recolhimento realizados na seguintes multas: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009).
forma do caput deste artigo, em nome de consórcio, de que tratam I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) infor-
os arts. 278 e 279 da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, apli- mações incorretas ou omitidas; e (Incluído pela Lei nº 11.941, de
ca-se o disposto em todo este artigo, observada a participação de 2009).
cada uma das empresas consorciadas, na forma do respectivo ato II – de 2% (dois por cento) ao mês-calendário ou fração, inci-
constitutivo. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) dentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que
Art. 32. A empresa é também obrigada a: integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou
I - preparar folhas-de-pagamento das remunerações pagas ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o
creditadas a todos os segurados a seu serviço, de acordo com os disposto no § 3o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009).
padrões e normas estabelecidos pelo órgão competente da Segu- § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II
ridade Social; do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia
II - lançar mensalmente em títulos próprios de sua contabilida- seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e
de, de forma discriminada, os fatos geradores de todas as contri- como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não-apre-
buições, o montante das quantias descontadas, as contribuições da sentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação
empresa e os totais recolhidos; de lançamento. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009).
III – prestar à Secretaria da Receita Federal do Brasil todas as § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas se-
informações cadastrais, financeiras e contábeis de seu interesse, na rão reduzidas: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009).
forma por ela estabelecida, bem como os esclarecimentos necessá- I – à metade, quando a declaração for apresentada após o pra-
rios à fiscalização; (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) zo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou (Incluído pela
IV – declarar à Secretaria da Receita Federal do Brasil e ao Con- Lei nº 11.941, de 2009).
selho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS, II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação
na forma, prazo e condições estabelecidos por esses órgãos, dados da declaração no prazo fixado em intimação. (Incluído pela Lei nº
relacionados a fatos geradores, base de cálculo e valores devidos da 11.941, de 2009).
contribuição previdenciária e outras informações de interesse do § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: (Incluído pela Lei
INSS ou do Conselho Curador do FGTS; (Redação dada pela Lei nº nº 11.941, de 2009).
11.941, de 2009) I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratando-se de omissão de de-
V – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.403, de 2002). claração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previ-
denciária; e (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009).
II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos. (Incluído
pela Lei nº 11.941, de 2009).
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Art. 32-B. Os órgãos da administração direta, as autarquias, as § 7o O recolhimento do valor do FGTS na forma deste artigo
fundações e as empresas públicas da União, dos Estados, do Distrito será creditado diretamente em conta vinculada do trabalhador, as-
Federal e dos Municípios, cujas Normas Gerais de Direito Financeiro segurada a transferência dos elementos identificadores do recolhi-
para elaboração e controle dos orçamentos estão definidas pela Lei mento ao agente operador do fundo. (Incluído pela Lei nº 12.873,
no 4.320, de 17 de março de 1964, e pela Lei Complementar no 101, de 2013) (Vigência)
de 4 de maio de 2000, ficam obrigados, na forma estabelecida pela § 8o O ato de que trata o § 1o regulará a compensação e a
Secretaria da Receita Federal do Brasil do Ministério da Fazenda, a restituição dos valores dos tributos e dos encargos trabalhistas re-
apresentar: (Incluído pela Lei nº 12.810, de 2013) colhidos, no documento único de arrecadação, indevidamente ou
I - a contabilidade entregue ao Tribunal de Controle Externo; e em montante superior ao devido. (Incluído pela Lei nº 12.873, de
(Incluído pela Lei nº 12.810, de 2013) 2013) (Vigência)
II - a folha de pagamento. (Incluído pela Lei nº 12.810, de 2013) § 9o A devolução de valores do FGTS, depositados na conta
Parágrafo único. As informações de que trata o caput deverão vinculada do trabalhador, será objeto de norma regulamentar do
ser apresentadas até o dia 30 de abril do ano seguinte ao encerra- Conselho Curador e do Agente Operador do Fundo de Garantia do
mento do exercício. (Incluído pela Lei nº 12.810, de 2013) Tempo de Serviço. (Incluído pela Lei nº 12.873, de 2013) (Vigência)
Art. 32-C. O segurado especial responsável pelo grupo familiar § 10. O produto da arrecadação de que trata o § 3o será cen-
que contratar na forma do § 8o do art. 12 apresentará as informa- tralizado na Caixa Econômica Federal. (Incluído pela Lei nº 12.873,
ções relacionadas ao registro de trabalhadores, aos fatos geradores, de 2013) (Vigência)
à base de cálculo e aos valores das contribuições devidas à Previ- § 11. A Caixa Econômica Federal, com base nos elementos
dência Social e ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS e identificadores do recolhimento, disponíveis no sistema de que tra-
outras informações de interesse da Secretaria da Receita Federal do ta o caput deste artigo, transferirá para a Conta Única do Tesouro
Brasil, do Ministério da Previdência Social, do Ministério do Traba- Nacional os valores arrecadados dos tributos e das contribuições
lho e Emprego e do Conselho Curador do FGTS, por meio de sistema previstas nos incisos X, XII e XIII do caput do art. 30. (Incluído pela
eletrônico com entrada única de dados, e efetuará os recolhimen- Lei nº 12.873, de 2013) (Vigência)
tos por meio de documento único de arrecadação. (Incluído pela Lei § 12. A impossibilidade de utilização do sistema eletrônico re-
nº 12.873, de 2013) (Vigência) ferido no caput será objeto de regulamento, a ser editado pelo Mi-
§ 1o Os Ministros de Estado da Fazenda, da Previdência Social nistério da Fazenda e pelo Agente Operador do FGTS. (Incluído pela
e do Trabalho e Emprego disporão, em ato conjunto, sobre a pres- Lei nº 12.873, de 2013) (Vigência)
tação das informações, a apuração, o recolhimento e a distribuição § 13. A sistemática de entrega das informações e recolhimen-
dos recursos recolhidos e sobre as informações geradas por meio tos de que trata o caput poderá ser estendida pelas autoridades
do sistema eletrônico e da guia de recolhimento de que trata o previstas no § 1o para o produtor rural pessoa física de que trata a
caput. (Incluído pela Lei nº 12.873, de 2013) (Vigência) alínea a do inciso V do caput do art. 12. (Incluído pela Lei nº 12.873,
§ 2o As informações prestadas no sistema eletrônico de que de 2013) (Vigência)
trata o caput têm caráter declaratório, constituem instrumento há- § 14. Aplica-se às informações entregues na forma deste artigo
bil e suficiente para a exigência dos tributos e encargos apurados e o disposto no §2o do art. 32 e no art. 32-A. (Incluído pela Lei nº
substituirão, na forma regulamentada pelo ato conjunto que prevê 12.873, de 2013) (Vigência)
o § 1o, a obrigatoriedade de entrega de todas as informações, for- Art. 33. À Secretaria da Receita Federal do Brasil compete
mulários e declarações a que está sujeito o grupo familiar, inclusive planejar, executar, acompanhar e avaliar as atividades relativas à
as relativas ao recolhimento do FGTS. (Incluído pela Lei nº 12.873, tributação, à fiscalização, à arrecadação, à cobrança e ao recolhi-
de 2013) (Vigência) mento das contribuições sociais previstas no parágrafo único do art.
§ 3º O segurado especial de que trata o caput fica obrigado a 11 desta Lei, das contribuições incidentes a título de substituição e
arrecadar, até o vigésimo dia do mês seguinte ao da competência: das devidas a outras entidades e fundos. (Redação dada pela Lei nº
(Redação dada pela Medida Provisória nº 1.110, de 2022) Produção 11.941, de 2009).
de efeitos § 1o É prerrogativa da Secretaria da Receita Federal do Brasil,
I - as contribuições previstas nos incisos X, XII e XIII do caput do por intermédio dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil, o
art. 30; (Redação dada pela Medida Provisória nº 1.110, de 2022) exame da contabilidade das empresas, ficando obrigados a prestar
Produção de efeitos todos os esclarecimentos e informações solicitados o segurado e os
II - os valores referentes ao FGTS; e (Redação dada pela Medida terceiros responsáveis pelo recolhimento das contribuições previ-
Provisória nº 1.110, de 2022) Produção de efeitos denciárias e das contribuições devidas a outras entidades e fundos.
III - os encargos trabalhistas sob a sua responsabilidade. (Re- (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009).
dação dada pela Medida Provisória nº 1.110, de 2022) Produção § 2o A empresa, o segurado da Previdência Social, o serven-
de efeitos tuário da Justiça, o síndico ou seu representante, o comissário e
§ 4o Os recolhimentos devidos, nos termos do § 3o, deverão o liquidante de empresa em liquidação judicial ou extrajudicial
ser pagos por meio de documento único de arrecadação. (Incluído são obrigados a exibir todos os documentos e livros relacionados
pela Lei nº 12.873, de 2013) (Vigência) com as contribuições previstas nesta Lei. (Redação dada pela Lei nº
§ 5o Se não houver expediente bancário na data indicada no 11.941, de 2009).
§ 3o, o recolhimento deverá ser antecipado para o dia útil imedia- § 3o Ocorrendo recusa ou sonegação de qualquer documen-
tamente anterior. (Incluído pela Lei nº 12.873, de 2013) (Vigência) to ou informação, ou sua apresentação deficiente, a Secretaria da
§ 6o Os valores não pagos até a data do vencimento sujeitar-se- Receita Federal do Brasil pode, sem prejuízo da penalidade cabível,
-ão à incidência de acréscimos e encargos legais na forma prevista lançar de ofício a importância devida. (Redação dada pela Lei nº
na legislação do Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer 11.941, de 2009).
Natureza para as contribuições de caráter tributário, e conforme o § 4o Na falta de prova regular e formalizada pelo sujeito passi-
art. 22 da Lei no 8.036, de 11 de maio de 1990, para os depósitos do vo, o montante dos salários pagos pela execução de obra de cons-
FGTS, inclusive no que se refere às multas por atraso. (Incluído pela trução civil pode ser obtido mediante cálculo da mão de obra em-
Lei nº 12.873, de 2013) (Vigência) pregada, proporcional à área construída, de acordo com critérios
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estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, cabendo § 2o (Revogado) (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009).
ao proprietário, dono da obra, condômino da unidade imobiliária Art. 38. (Revogado pela Lei nº 11.941, de 2009)
ou empresa corresponsável o ônus da prova em contrário. (Redação Art. 39. O débito original e seus acréscimos legais, bem como
dada pela Lei nº 11.941, de 2009). outras multas previstas em lei, constituem dívida ativa da União,
§ 5º O desconto de contribuição e de consignação legalmente promovendo-se a inscrição em livro próprio daquela resultante das
autorizadas sempre se presume feito oportuna e regularmente pela contribuições de que tratam as alíneas a, b e c do parágrafo único
empresa a isso obrigada, não lhe sendo lícito alegar omissão para se do art. 11 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.457, de 2007).
eximir do recolhimento, ficando diretamente responsável pela im- (Vigência)
portância que deixou de receber ou arrecadou em desacordo com § 1º (Revogado pela Lei nº 11.501, de 2007).
o disposto nesta Lei. § 2º É facultado aos órgãos competentes, antes de ajuizar a co-
§ 6º Se, no exame da escrituração contábil e de qualquer outro brança da dívida ativa de que trata o caput deste artigo, promover o
documento da empresa, a fiscalização constatar que a contabilida- protesto de título dado em garantia, que será recebido pro solven-
de não registra o movimento real de remuneração dos segurados a do. (Redação dada pela Lei nº 11.457, de 2007). (Vigência)
seu serviço, do faturamento e do lucro, serão apuradas, por aferição § 3o Serão inscritas como dívida ativa da União as contribui-
indireta, as contribuições efetivamente devidas, cabendo à empre- ções que não tenham sido recolhidas ou parceladas resultantes das
sa o ônus da prova em contrário. informações prestadas no documento a que se refere o inciso IV
§ 7o O crédito da seguridade social é constituído por meio de do art. 32 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.457, de 2007).
notificação de lançamento, de auto de infração e de confissão de (Vigência)
valores devidos e não recolhidos pelo contribuinte. (Redação dada Art. 40. (VETADO).
pela Lei nº 11.941, de 2009). Art. 41. (Revogado pela Lei nº 11.941, de 2009)
§ 8o Aplicam-se às contribuições sociais mencionadas neste Art. 42. Os administradores de autarquias e fundações públi-
artigo as presunções legais de omissão de receita previstas nos §§ cas, criadas e mantidas pelo Poder Público, de empresas públicas e
2o e 3o do art. 12 do Decreto-Lei no 1.598, de 26 de dezembro de de sociedades de economia mista sujeitas ao controle da União, dos
1977, e nos arts. 40, 41 e 42 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, que se encontrarem
1996. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). em mora, por mais de 30 (trinta) dias, no recolhimento das contri-
Art. 34. (Revogado pela Lei nº 11.941, de 2009) buições previstas nesta Lei, tornam-se solidariamente responsáveis
Art. 35. Os débitos com a União decorrentes das contribuições pelo respectivo pagamento, ficando ainda sujeitos às proibições do
sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 art. 1º e às sanções dos arts. 4º e 7º do Decreto-lei nº 368, de 19 de
desta Lei, das contribuições instituídas a título de substituição e das dezembro de 1968.
contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entida- Art. 43. Nas ações trabalhistas de que resultar o pagamento
des e fundos, não pagos nos prazos previstos em legislação, serão de direitos sujeitos à incidência de contribuição previdenciária, o
acrescidos de multa de mora e juros de mora, nos termos do art. 61 juiz, sob pena de responsabilidade, determinará o imediato reco-
da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. (Redação dada pela lhimento das importâncias devidas à Seguridade Social. (Redação
Lei nº 11.941, de 2009). dada pela Lei n° 8.620, de 5.1.93)
I – (revogado): (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). § 1o Nas sentenças judiciais ou nos acordos homologados em
a) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). que não figurarem, discriminadamente, as parcelas legais relativas
b) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). às contribuições sociais, estas incidirão sobre o valor total apurado
c) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). em liquidação de sentença ou sobre o valor do acordo homologado.
II – (revogado): (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009).
a) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). § 2o Considera-se ocorrido o fato gerador das contribuições
b) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). sociais na data da prestação do serviço. (Incluído pela Lei nº 11.941,
c) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). de 2009).
d) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). § 3o As contribuições sociais serão apuradas mês a mês, com
III – (revogado): (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). referência ao período da prestação de serviços, mediante a apli-
a) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). cação de alíquotas, limites máximos do salário-de-contribuição e
b) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). acréscimos legais moratórios vigentes relativamente a cada uma
c) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). das competências abrangidas, devendo o recolhimento ser efetua-
d) (revogada). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). do no mesmo prazo em que devam ser pagos os créditos encontra-
§ 1o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). dos em liquidação de sentença ou em acordo homologado, sendo
§ 2o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). que nesse último caso o recolhimento será feito em tantas parcelas
§ 3o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). quantas as previstas no acordo, nas mesmas datas em que sejam
§ 4o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). exigíveis e proporcionalmente a cada uma delas. (Incluído pela Lei
Art. 35-A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às con- nº 11.941, de 2009).
tribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplica-se o disposto no art. § 4o No caso de reconhecimento judicial da prestação de ser-
44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. (Incluído pela Lei viços em condições que permitam a aposentadoria especial após
nº 11.941, de 2009). 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos de contribuição,
Art. 36. (Revogado pela Lei n° 8.218, de 29.8.91). serão devidos os acréscimos de contribuição de que trata o § 6o do
Art. 37. Constatado o não-recolhimento total ou parcial das art. 57 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991. (Incluído pela Lei nº
contribuições tratadas nesta Lei, não declaradas na forma do art. 32 11.941, de 2009).
desta Lei, a falta de pagamento de benefício reembolsado ou o des- § 5o Na hipótese de acordo celebrado após ter sido proferida
cumprimento de obrigação acessória, será lavrado auto de infração decisão de mérito, a contribuição será calculada com base no valor
ou notificação de lançamento. (Redação dada pela Lei nº 11.941, do acordo. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009).
de 2009).
§ 1o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009).
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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
§ 6o Aplica-se o disposto neste artigo aos valores devidos ou § 1º A prova de inexistência de débito deve ser exigida da em-
pagos nas Comissões de Conciliação Prévia de que trata a Lei no presa em relação a todas as suas dependências, estabelecimentos e
9.958, de 12 de janeiro de 2000. (Incluído pela Lei nº 11.941, de obras de construção civil, independentemente do local onde se en-
2009). contrem, ressalvado aos órgãos competentes o direito de cobrança
Art. 44. (Revogado pela Lei nº 11.501, de 2007). de qualquer débito apurado posteriormente.
Art. 45. (Revogado pela Lei Complementar nº 128, de 2008) § 2º A prova de inexistência de débito, quando exigível ao in-
Art. 45-A. O contribuinte individual que pretenda contar como corporador, independe da apresentada no registro de imóveis por
tempo de contribuição, para fins de obtenção de benefício no Regi- ocasião da inscrição do memorial de incorporação.
me Geral de Previdência Social ou de contagem recíproca do tempo § 3º Fica dispensada a transcrição, em instrumento público ou
de contribuição, período de atividade remunerada alcançada pela particular, do inteiro teor do documento comprobatório de inexis-
decadência deverá indenizar o INSS. (Incluído pela Lei Complemen- tência de débito, bastando a referência ao seu número de série e
tar nº 128, de 2008) data da emissão, bem como a guarda do documento comprobató-
§ 1o O valor da indenização a que se refere o caput deste artigo rio à disposição dos órgãos competentes.
e o § 1o do art. 55 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, corres- § 4º O documento comprobatório de inexistência de débito po-
ponderá a 20% (vinte por cento): (Incluído pela Lei Complementar derá ser apresentado por cópia autenticada, dispensada a indicação
nº 128, de 2008) de sua finalidade, exceto no caso do inciso II deste artigo.
I – da média aritmética simples dos maiores salários-de-contri- § 5º O prazo de validade da certidão expedida conjuntamente
buição, reajustados, correspondentes a 80% (oitenta por cento) de pela Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil e pela Procu-
todo o período contributivo decorrido desde a competência julho radoria-Geral da Fazenda Nacional do Ministério da Economia, re-
de 1994; ou (Incluído pela Lei Complementar nº 128, de 2008) ferente aos tributos federais e à dívida ativa da União por elas ad-
II – da remuneração sobre a qual incidem as contribuições para ministrados, será de até 180 (cento e oitenta) dias, contado da data
o regime próprio de previdência social a que estiver filiado o inte- de emissão da certidão, prorrogável, excepcionalmente, pelo prazo
ressado, no caso de indenização para fins da contagem recíproca determinado em ato conjunto dos referidos órgãos. (Redação dada
de que tratam os arts. 94 a 99 da Lei no 8.213, de 24 de julho de pela Lei nº 14.148, de 2021)
1991, observados o limite máximo previsto no art. 28 e o disposto § 6º Independe de prova de inexistência de débito:
em regulamento. (Incluído pela Lei Complementar nº 128, de 2008) a) a lavratura ou assinatura de instrumento, ato ou contrato
§ 2o Sobre os valores apurados na forma do § 1o deste arti- que constitua retificação, ratificação ou efetivação de outro anterior
go incidirão juros moratórios de 0,5% (cinco décimos por cento) ao para o qual já foi feita a prova;
mês, capitalizados anualmente, limitados ao percentual máximo de b) a constituição de garantia para concessão de crédito rural,
50% (cinqüenta por cento), e multa de 10% (dez por cento). (Incluí- em qualquer de suas modalidades, por instituição de crédito públi-
do pela Lei Complementar nº 128, de 2008) ca ou privada, desde que o contribuinte referido no art. 25, não seja
§ 3o O disposto no § 1o deste artigo não se aplica aos casos de responsável direto pelo recolhimento de contribuições sobre a sua
contribuições em atraso não alcançadas pela decadência do direito produção para a Seguridade Social;
de a Previdência constituir o respectivo crédito, obedecendo-se, em c) a averbação prevista no inciso II deste artigo, relativa a imó-
relação a elas, as disposições aplicadas às empresas em geral. (In- vel cuja construção tenha sido concluída antes de 22 de novembro
cluído pela Lei Complementar nº 128, de 2008) de 1966.
Art. 46. (Revogado pela Lei Complementar nº 128, de 2008) d) o recebimento pelos Municípios de transferência de recur-
sos destinados a ações de assistência social, educação, saúde e em
CAPÍTULO XI
caso de calamidade pública. (Incluído pela Lei nº 11.960, de 2009)
DA PROVA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO e) a verbação da construção civil localizada em área objeto
Art. 47. É exigida Certidão Negativa de Débito-CND, fornecida de regularização fundiária de interesse social, na forma da Lei no
pelo órgão competente, nos seguintes casos: (Redação dada pela 11.977, de 7 de julho de 2009. (Incluído pela Lei nº 12.424, de 2011)
Lei nº 9.032, de 28.4.95). § 7º O condômino adquirente de unidades imobiliárias de obra
I - da empresa: de construção civil não incorporada na forma da Lei nº 4.591, de
a) na contratação com o Poder Público e no recebimento de 16 de dezembro de 1964, poderá obter documento comprobatório
benefícios ou incentivo fiscal ou creditício concedido por ele; (Vide de inexistência de débito, desde que comprove o pagamento das
Medida Provisória nº 958, de 2020) (Vide Lei nº 13.999, de 2020) contribuições relativas à sua unidade, conforme dispuser o regu-
(Vide Medida Provisória nº 975, de 2020). (Vide Medida Provisória lamento.
nº 1.028, de 2021). (Vide Lei nº 14.179, de 2021) § 8º (Revogado pela Lei nº 11.941, de 2009)
b) na alienação ou oneração, a qualquer título, de bem imóvel Art. 48. A prática de ato com inobservância do disposto no arti-
ou direito a ele relativo; go anterior, ou o seu registro, acarretará a responsabilidade solidá-
c) na alienação ou oneração, a qualquer título, de bem móvel ria dos contratantes e do oficial que lavrar ou registrar o instrumen-
de valor superior a Cr$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil to, sendo o ato nulo para todos os efeitos.
cruzeiros) incorporado ao ativo permanente da empresa; 19 § 1º Os órgãos competentes podem intervir em instrumento
d) no registro ou arquivamento, no órgão próprio, de ato rela- que depender de prova de inexistência de débito, a fim de autorizar
tivo a baixa ou redução de capital de firma individual, redução de sua lavratura, desde que o débito seja pago no ato ou o seu paga-
capital social, cisão total ou parcial, transformação ou extinção de mento fique assegurado mediante confissão de dívida fiscal com o
entidade ou sociedade comercial ou civil e transferência de contro- oferecimento de garantias reais suficientes, na forma estabelecida
le de cotas de sociedades de responsabilidade limitada; (Redação em regulamento.
dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). § 2º Em se tratando de alienação de bens do ativo de empresa
II - do proprietário, pessoa física ou jurídica, de obra de cons- em regime de liquidação extrajudicial, visando à obtenção de recur-
trução civil, quando de sua averbação no registro de imóveis, salvo sos necessários ao pagamento dos credores, independentemente
no caso do inciso VIII do art. 30. do pagamento ou da confissão de dívida fiscal, o Instituto Nacional
do Seguro Social-INSS poderá autorizar a lavratura do respectivo
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a solução para o seu concurso!
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
instrumento, desde que o valor do crédito previdenciário conste, Parágrafo único. O Instituto Nacional do Seguro Social-INSS rei-
regularmente, do quadro geral de credores, observada a ordem vindicará os valores descontados pela empresa de seus emprega-
de preferência legal. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.639, de dos e ainda não recolhidos.
25.5.98). Art. 52. Às empresas, enquanto estiverem em débito não ga-
§ 3º O servidor, o serventuário da Justiça, o titular de serventia rantido com a União, aplica-se o disposto no art. 32 da Lei no 4.357,
extrajudicial e a autoridade ou órgão que infringirem o disposto no de 16 de julho de 1964. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009).
artigo anterior incorrerão em multa aplicada na forma estabelecida I – (revogado); (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009).
no art. 92, sem prejuízo da responsabilidade administrativa e pe- II – (revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009).
nal cabível. (Parágrafo renumerado e alterado pela Lei nº 9.639, de Parágrafo único. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941,
25.5.98). de 2009).
Art. 53. Na execução judicial da dívida ativa da União, suas au-
TÍTULO VII
tarquias e fundações públicas, será facultado ao exeqüente indicar
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS bens à penhora, a qual será efetivada concomitantemente com a
Art. 49. A matrícula da empresa será efetuada nos termos e citação inicial do devedor.
condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Bra- § 1º Os bens penhorados nos termos deste artigo ficam desde
sil. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). logo indisponíveis.
I – (revogado); (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). § 2º Efetuado o pagamento integral da dívida executada, com
II – (revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). seus acréscimos legais, no prazo de 2 (dois) dias úteis contados da
§ 1o No caso de obra de construção civil, a matrícula deverá citação, independentemente da juntada aos autos do respectivo
ser efetuada mediante comunicação obrigatória do responsável por mandado, poderá ser liberada a penhora, desde que não haja outra
sua execução, no prazo de 30 (trinta) dias, contado do início de suas execução pendente.
atividades, quando obterá número cadastral básico, de caráter per- § 3º O disposto neste artigo aplica-se também às execuções já
manente. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). processadas.
a) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). § 4º Não sendo opostos embargos, no caso legal, ou sendo eles
b) (revogada). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). julgados improcedentes, os autos serão conclusos ao juiz do feito,
§ 2o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). para determinar o prosseguimento da execução.
§ 3o O não cumprimento do disposto no § 1o deste artigo su- Art. 54. Os órgãos competentes estabelecerão critério para a
jeita o responsável a multa na forma estabelecida no art. 92 desta dispensa de constituição ou exigência de crédito de valor inferior
Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). ao custo dessa medida.
§ 4º O Departamento Nacional de Registro do Comércio Art. 55. (Revogado pela Lei nº 12.101, de 2009)
(DNRC), por intermédio das Juntas Comerciais, e os Cartórios de Art. 56. A inexistência de débitos em relação às contribuições
Registro Civil de Pessoas Jurídicas prestarão, obrigatoriamente, ao devidas ao Instituto Nacional do Seguro Social-INSS, a partir da pu-
Ministério da Economia, ao INSS e à Secretaria da Receita Federal blicação desta Lei, é condição necessária para que os Estados, o
do Brasil todas as informações referentes aos atos constitutivos e Distrito Federal e os Municípios possam receber as transferências
alterações posteriores relativos a empresas e entidades neles regis- dos recursos do Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Fe-
tradas. (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019) deral-FPE e do Fundo de Participação dos Municípios-FPM, celebrar
§ 5o A matrícula atribuída pela Secretaria da Receita Federal do acordos, contratos, convênios ou ajustes, bem como receber em-
Brasil ao produtor rural pessoa física ou segurado especial é o do- préstimos, financiamentos, avais e subvenções em geral de órgãos
cumento de inscrição do contribuinte, em substituição à inscrição ou entidades da administração direta e indireta da União.
no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica – CNPJ, a ser apresentado § 1o (Revogado pela Medida Provisória no 2187-13, de 2001).
em suas relações com o Poder Público, inclusive para licenciamento (Renumerado do parágrafo único e Incluído pela Lei nº 12.810, de
sanitário de produtos de origem animal ou vegetal submetidos a 2013)
processos de beneficiamento ou industrialização artesanal, com as § 2o Os recursos do FPE e do FPM não transferidos em decor-
instituições financeiras, para fins de contratação de operações de rência da aplicação do caput deste artigo poderão ser utilizados
crédito, e com os adquirentes de sua produção ou fornecedores de para quitação, total ou parcial, dos débitos relativos às contribui-
sementes, insumos, ferramentas e demais implementos agrícolas. ções de que tratam as alíneas a e c do parágrafo único do art. 11
(Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008). desta Lei, a pedido do representante legal do Estado, Distrito Fede-
§ 6o O disposto no § 5o deste artigo não se aplica ao licencia- ral ou Município. (Incluído pela Lei nº 12.810, de 2013)
mento sanitário de produtos sujeitos à incidência de Imposto sobre Art. 57. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios serão,
Produtos Industrializados ou ao contribuinte cuja inscrição no Ca- igualmente, obrigados a apresentar, a partir de 1º de junho de
dastro Nacional de Pessoa Jurídica – CNPJ seja obrigatória. (Incluído 1992, para os fins do disposto no artigo anterior, comprovação de
pela Lei nº 11.718, de 2008). pagamento da parcela mensal referente aos débitos com o Instituto
Art. 50. Para fins de fiscalização do INSS, o Município, por in- Nacional do Seguro Social-INSS, existentes até 1º de setembro de
termédio do órgão competente, fornecerá relação de alvarás para 1991, renegociados nos termos desta Lei.
construção civil e documentos de “habite-se” concedidos. (Redação Art. 58. Os débitos dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni-
dada pela Lei nº 9.476, de 1997) cípios para com o Instituto Nacional do Seguro Social-INSS, existen-
Art. 51. O crédito relativo a contribuições, cotas e respectivos tes até 1º de setembro de 1991, poderão ser liquidados em até 240
adicionais ou acréscimos de qualquer natureza arrecadados pelos (duzentos e quarenta) parcelas mensais.
órgãos competentes, bem como a atualização monetária e os ju- § 1º Para apuração dos débitos será considerado o valor ori-
ros de mora, estão sujeitos, nos processos de falência, concordata ginal atualizado pelo índice oficial utilizado pela Seguridade Social
ou concurso de credores, às disposições atinentes aos créditos da para correção de seus créditos. (Renumerado pela Lei nº 8.444, de
União, aos quais são equiparados. 20.7.92)

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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
§ 2º As contribuições descontadas até 30 de junho de 1992 dos Art. 68. O Titular do Cartório de Registro Civil de Pessoas Natu-
segurados que tenham prestado serviços aos Estados, ao Distrito rais remeterá ao INSS, em até 1 (um) dia útil, pelo Sistema Nacional
Federal e aos Municípios poderão ser objeto de acordo para parce- de Informações de Registro Civil (Sirc) ou por outro meio que venha
lamento em até doze meses, não se lhes aplicando o disposto no § a substituí-lo, a relação dos nascimentos, dos natimortos, dos ca-
1º do artigo 38 desta Lei. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 8.444, samentos, dos óbitos, das averbações, das anotações e das retifi-
de 20.7.92). cações registradas na serventia. (Redação dada pela Lei nº 13.846,
Art. 59. O Instituto Nacional do Seguro Social-INSS implantará, de 2019)
no prazo de 90 (noventa) dias a contar da data da publicação desta § 1º Para os Municípios que não dispõem de provedor de co-
Lei, sistema próprio e informatizado de cadastro dos pagamentos nexão à internet ou de qualquer meio de acesso à internet, fica au-
e débitos dos Governos Estaduais, do Distrito Federal e das Prefei- torizada a remessa da relação em até 5 (cinco) dias úteis. (Redação
turas Municipais, que viabilize o permanente acompanhamento e dada pela Lei nº 13.846, de 2019)
fiscalização do disposto nos arts. 56, 57 e 58 e permita a divulgação § 2º Para os registros de nascimento e de natimorto, consta-
periódica dos devedores da Previdência Social. rão das informações, obrigatoriamente, a inscrição no Cadastro de
Art. 60. O pagamento dos benefícios da Seguridade Social será Pessoas Físicas (CPF), o sexo, a data e o local de nascimento do re-
realizado por intermédio da rede bancária ou por outras formas de- gistrado, bem como o nome completo, o sexo, a data e o local de
finidas pelo Ministério da Previdência Social. (Redação dada pela nascimento e a inscrição no CPF da filiação. (Redação dada pela Lei
Lei nº 11.941, de 2009). nº 13.846, de 2019)
Parágrafo único. (Revogado pela Medida Provisória nº 2.170- § 3º Para os registros de casamento e de óbito, constarão das
36, de 2001). informações, obrigatoriamente, a inscrição no CPF, o sexo, a data e
Art. 61. As receitas provenientes da cobrança de débitos dos o local de nascimento do registrado, bem como, acaso disponíveis,
Estados e Municípios e da alienação, arrendamento ou locação de os seguintes dados: (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019)
bens móveis ou imóveis pertencentes ao patrimônio do Instituto I - número do cadastro perante o Programa de Integração So-
Nacional do Seguro Social-INSS, deverão constituir reserva técnica, cial (PIS) ou o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor
de longo prazo, que garantirá o seguro social estabelecido no Plano Público (Pasep); (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)
de Benefícios da Previdência Social. II - Número de Identificação do Trabalhador (NIT); (Incluído
Parágrafo único. É vedada a utilização dos recursos de que trata pela Lei nº 13.846, de 2019)
este artigo, para cobrir despesas de custeio em geral, inclusive as III - número de benefício previdenciário ou assistencial, se a
decorrentes de criação, majoração ou extensão dos benefícios ou pessoa falecida for titular de qualquer benefício pago pelo INSS;
serviços da Previdência Social, admitindo-se sua utilização, excep- (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)
cionalmente, em despesas de capital, na forma da lei de orçamento. IV - número de registro da Carteira de Identidade e respectivo
Art. 62. A contribuição estabelecida na Lei nº 5.161, de 21 de órgão emissor; (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)
outubro de 1966, em favor da Fundação Jorge Duprat Figueiredo V - número do título de eleitor; (Incluído pela Lei nº 13.846, de
de Segurança e Medicina do Trabalho-FUNDACENTRO, será de 2% 2019)
(dois por cento) da receita proveniente da contribuição a cargo da VI - número e série da Carteira de Trabalho e Previdência Social
empresa, a título de financiamento da complementação das presta- (CTPS). (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)
ções por acidente do trabalho, estabelecida no inciso II do art. 22. § 4º No caso de não haver sido registrado nenhum nascimento,
Parágrafo único. Os recursos referidos neste artigo poderão natimorto, casamento, óbito ou averbações, anotações e retifica-
contribuir para o financiamento das despesas com pessoal e admi- ções no mês, deverá o Titular do Cartório de Registro Civil de Pes-
nistração geral da Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança soas Naturais comunicar este fato ao INSS até o 5º (quinto) dia útil
e Medicina do Trabalho-Fundacentro. (Parágrafo acrescentado pela do mês subsequente. (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019)
Lei nº 9.639, de 25.5.98) § 5º O descumprimento de qualquer obrigação imposta neste
artigo e o fornecimento de informação inexata sujeitarão o Titular
TÍTULO VIII
do Cartório de Registro Civil de Pessoas Naturais, além de outras
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS penalidades previstas, à penalidade prevista no art. 92 desta Lei e
CAPÍTULO I à ação regressiva proposta pelo INSS, em razão dos danos sofridos.
DA MODERNIZAÇÃO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)
Art. 68-A. A lavratura de procuração pública e a emissão de
Art. 63. (Revogado pela Medida Provisória nº 2.216-37, de sua primeira via para fins exclusivos de recebimento de benefícios
2001). previdenciários ou assistenciais administrados pelo INSS são isentas
Art. 64. (Revogado pela Medida Provisória nº 2.216-37, de do pagamento das custas e dos emolumentos. (Incluído pela Lei nº
2001). 14.199, de 2021)
Art. 65. (Revogado pela Medida Provisória nº 2.216-37, de Art. 69. O INSS manterá programa permanente de revisão da
2001). concessão e da manutenção dos benefícios por ele administrados,
Art. 66. (Revogado pela Medida Provisória nº 2.216-37, de a fim de apurar irregularidades ou erros materiais. (Redação dada
2001). pela Lei nº 13.846, de 2019)
Art. 67. Até que seja implantado o Cadastro Nacional do Traba- § 1º Na hipótese de haver indícios de irregularidade ou erros
lhador-CNT, as instituições e órgãos federais, estaduais, do Distrito materiais na concessão, na manutenção ou na revisão do benefí-
Federal e municipais, detentores de cadastros de empresas e de cio, o INSS notificará o beneficiário, o seu representante legal ou o
contribuintes em geral, deverão colocar à disposição do Instituto seu procurador para apresentar defesa, provas ou documentos dos
Nacional do Seguro Social-INSS, mediante a realização de convê- quais dispuser, no prazo de: (Redação dada pela Lei nº 13.846, de
nios, todos os dados necessários à permanente atualização dos ca- 2019)
dastros da Previdência Social. I - 30 (trinta) dias, no caso de trabalhador urbano; (Incluído
pela Lei nº 13.846, de 2019)

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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
II - 60 (sessenta) dias, no caso de trabalhador rural individual IV-A - as instituições financeiras deverão, obrigatoriamente,
e avulso, agricultor familiar ou segurado especial. (Incluído pela Lei envidar esforços a fim de facilitar e auxiliar o beneficiário com ida-
nº 13.846, de 2019) de igual ou superior a 80 (oitenta) anos ou com dificuldade de lo-
§ 2º A notificação a que se refere o § 1º deste artigo será feita: comoção, de forma a evitar ao máximo o seu deslocamento até a
(Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019) agência bancária e, caso isso ocorra, dar-lhe preferência máxima de
I - preferencialmente por rede bancária ou por meio eletrônico, atendimento, para diminuir o tempo de permanência do idoso no
conforme previsto em regulamento; (Incluído pela Lei nº 13.846, recinto e evitar sua exposição a aglomeração; (Incluído pela Lei nº
de 2019) 14.199, de 2021)
II - por via postal, por carta simples, considerado o endereço IV-B - a instituição financeira, quando a prova de vida for nela
constante do cadastro do benefício, hipótese em que o aviso de re- realizada, deverá enviar as informações ao INSS, bem como divulgar
cebimento será considerado prova suficiente da notificação; (Inclu- aos beneficiários, de forma ampla, todos os meios existentes para
ído pela Lei nº 13.846, de 2019) efetuar o procedimento, especialmente os remotos, a fim de evitar
III - pessoalmente, quando entregue ao interessado em mãos; o deslocamento dos beneficiários; e (Incluído pela Lei nº 14.199,
ou (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019) de 2021)
IV - por edital, nos casos de retorno com a não localização do V - o INSS poderá bloquear o pagamento do benefício enca-
segurado, referente à comunicação indicada no inciso II deste pará- minhado às instituições financeiras até que o beneficiário realize
grafo. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019) a prova de vida, permitida a liberação do pagamento automatica-
§ 3º A defesa poderá ser apresentada pelo canal de atendimen- mente pela instituição financeira. (Redação dada pela Lei nº 14.199,
to eletrônico do INSS ou na Agência da Previdência Social do domi- de 2021)
cílio do beneficiário, na forma do regulamento. (Redação dada pela § 9º O recurso de que trata o § 5º deste artigo não terá efeito
Lei nº 13.846, de 2019) suspensivo. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)
§ 4º O benefício será suspenso nas seguintes hipóteses: (Reda- § 10. Apurada irregularidade recorrente ou fragilidade nos pro-
ção dada pela Lei nº 13.846, de 2019) cedimentos, reconhecida na forma prevista no caput deste artigo
I - não apresentação da defesa no prazo estabelecido no § 1º ou pelos órgãos de controle, os procedimentos de análise e con-
deste artigo; (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019) cessão de benefícios serão revistos, de modo a reduzir o risco de
II - defesa considerada insuficiente ou improcedente pelo INSS. fraude e concessão irregular. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)
(Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019) § 11. Para fins do disposto no § 8º deste artigo, preservados a
§ 5º O INSS deverá notificar o beneficiário quanto à suspensão integridade dos dados e o sigilo eventualmente existente, o INSS:
do benefício de que trata o § 4º deste artigo e conceder-lhe prazo (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)
de 30 (trinta) dias para interposição de recurso. (Incluído pela Lei nº I - terá acesso a todos os dados biométricos mantidos e ad-
13.846, de 2019) ministrados pelos órgãos públicos federais; e (Incluído pela Lei nº
§ 6º Decorrido o prazo de 30 (trinta) dias após a suspensão 13.846, de 2019)
a que se refere o § 4º deste artigo, sem que o beneficiário, o seu II - poderá ter, por meio de convênio, acesso aos dados biomé-
representante legal ou o seu procurador apresente recurso admi- tricos: (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)
nistrativo aos canais de atendimento do INSS ou a outros canais a) da Justiça Eleitoral; e (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)
autorizados, o benefício será cessado. (Incluído pela Lei nº 13.846, b) de outros entes federativos. (Incluído pela Lei nº 13.846, de
de 2019) 2019)
§ 7º Para fins do disposto no caput deste artigo, o INSS poderá Art. 70. Os beneficiários da Previdência Social, aposentados
realizar recenseamento para atualização do cadastro dos beneficiá- por invalidez, ficam obrigados, sob pena de sustação do pagamento
rios, abrangidos os benefícios administrados pelo INSS, observado do benefício, a submeterem-se a exames médico-periciais, estabe-
o disposto no § 8º deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 14.199, lecidos na forma do regulamento, que definirá sua periodicidade e
de 2021) os mecanismos de fiscalização e auditoria.
§ 8º Aquele que receber benefício realizará anualmente, no Art. 71. O Instituto Nacional do Seguro Social-INSS deverá rever
mês de aniversário do titular do benefício, a comprovação de vida, os benefícios, inclusive os concedidos por acidente do trabalho, ain-
preferencialmente por meio de atendimento eletrônico com uso de da que concedidos judicialmente, para avaliar a persistência, ate-
biometria, ou outro meio definido pelo INSS que assegure a identi- nuação ou agravamento da incapacidade para o trabalho alegada
ficação inequívoca do beneficiário, implementado pelas instituições como causa para a sua concessão.
financeiras pagadoras dos benefícios, observadas as seguintes dis- Parágrafo único. Será cabível a concessão de liminar nas ações
posições: (Redação dada pela Lei nº 14.199, de 2021) rescisórias e revisional, para suspender a execução do julgado res-
I - a prova de vida e a renovação de senha serão efetuadas pelo cindendo ou revisando, em caso de fraude ou erro material com-
beneficiário, preferencialmente no mesmo ato, mediante identifica- provado. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.032, de 28 4.95).
ção por funcionário da instituição financeira responsável pelo paga- Art. 72. O Instituto Nacional do Seguro Social-INSS promoverá,
mento, quando não realizadas por atendimento eletrônico com uso no prazo de 180 (cento e oitenta) dias a contar da publicação desta
de biometria; (Redação dada pela Lei nº 14.199, de 2021) Lei, a revisão das indenizações associadas a benefícios por aciden-
II - a prova de vida poderá ser realizada por representante legal tes do trabalho, cujos valores excedam a Cr$ 1.700.000,00 (um mi-
ou por procurador do beneficiário, legalmente cadastrado no INSS; lhão e setecentos mil cruzeiros).
(Redação dada pela Lei nº 14.199, de 2021) Art. 73. O setor encarregado pela área de benefícios no âmbi-
III - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.199, de 2021) to do Instituto Nacional do Seguro Social-INSS deverá estabelecer
IV - os órgãos competentes deverão dispor de meios alternati- indicadores qualitativos e quantitativos para acompanhamento e
vos que garantam a realização da prova de vida do beneficiário com avaliação das concessões de benefícios realizadas pelos órgãos lo-
idade igual ou superior a 80 (oitenta) anos ou com dificuldade de cais de atendimento.
locomoção, inclusive por meio de atendimento domiciliar quando
necessário; (Redação dada pela Lei nº 14.199, de 2021)

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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Art. 74. Os postos de benefícios deverão adotar como prática Art. 82. A Auditoria e a Procuradoria do Instituto Nacional do
o cruzamento das informações declaradas pelos segurados com os Seguro Social-INSS deverão, a cada trimestre, elaborar relação das
dados de cadastros de empresas e de contribuintes em geral quan- auditorias realizadas e dos trabalhos executados, bem como dos re-
do da concessão de benefícios. sultados obtidos, enviando-a a apreciação do Conselho Nacional da
Art. 75. (Revogado pela Lei nº 9.711, de 1998). Seguridade Social.
Art. 76. O Instituto Nacional do Seguro Social-INSS deverá pro- Art. 83. O Instituto Nacional do Seguro Social-INSS deverá im-
ceder ao recadastramento de todos aqueles que, por intermédio de plantar um programa de qualificação e treinamento sistemático
procuração, recebem benefícios da Previdência Social. de pessoal, bem como promover a reciclagem e redistribuição de
§ 1º O documento de procuração deverá ser revalidado, anual- funcionários conforme as demandas dos órgãos regionais e locais,
mente, nos termos de norma definida pelo INSS. (Incluído pela Lei visando a melhoria da qualidade do atendimento e o controle e a
nº 14.199, de 2021) eficiência dos sistemas de arrecadação e fiscalização de contribui-
§ 2º Na hipótese de pagamento indevido de benefício a pessoa ções, bem como de pagamento de benefícios.
não autorizada, ou após o óbito do titular do benefício, a instituição Art. 84. (Revogado pela Medida Provisória nº 2.216-37, de
financeira é responsável pela devolução dos valores ao INSS, em 2001).
razão do descumprimento das obrigações a ela impostas por lei ou
CAPÍTULO II
por força contratual. (Incluído pela Lei nº 14.199, de 2021)
DAS DEMAIS DISPOSIÇÕES
Art. 77. (Revogado pela Medida Provisória nº 2.216-37, de
2001). Art. 85. O Conselho Nacional da Seguridade Social será instala-
Art. 78. O Instituto Nacional do Seguro Social-INSS, na forma da do no prazo de 30 (trinta) dias após a promulgação desta Lei.
legislação específica, fica autorizado a contratar auditorias exter- Art. 85-A. Os tratados, convenções e outros acordos interna-
nas, periodicamente, para analisar e emitir parecer sobre demons- cionais de que Estado estrangeiro ou organismo internacional e o
trativos econômico-financeiros e contábeis, arrecadação, cobrança Brasil sejam partes, e que versem sobre matéria previdenciária, se-
e fiscalização das contribuições, bem como pagamento dos benefí- rão interpretados como lei especial. (Incluído pela Lei nº 9.876, de
cios, submetendo os resultados obtidos à apreciação do Conselho 1999).
Nacional da Seguridade Social. Art. 86. (Revogado pela Medida Provisória nº 2.216-37, de
Art. 79. (Revogado pela Lei nº 9.711, de 1998). 2001).
Art. 80. Fica o Instituto Nacional do Seguro Social-INSS obriga- Art. 87. Os orçamentos das pessoas jurídicas de direito público
do a: e das entidades da administração pública indireta devem consignar
I – enviar às empresas e aos seus segurados, quando solicitado, as dotações necessárias ao pagamento das contribuições da Segu-
extrato relativo ao recolhimento das suas contribuições; (Redação ridade Social, de modo a assegurar a sua regular liquidação dentro
pela Lei nº 12.692, de 2012) do exercício.
II - (Revogado pela Lei nº 11.941, de 2009) Art. 88. Os prazos de prescrição de que goza a União aplicam-se
III - emitir e enviar aos beneficiários o Aviso de Concessão de à Seguridade Social, ressalvado o disposto no art. 46.
Benefício, além da memória de cálculo do valor dos benefícios con- Art. 89. As contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c
cedidos; do parágrafo único do art. 11 desta Lei, as contribuições instituídas
IV - reeditar versão atualizada, nos termos do Plano de Benefí- a título de substituição e as contribuições devidas a terceiros so-
cios, da Carta dos Direitos dos Segurados; mente poderão ser restituídas ou compensadas nas hipóteses de
V - divulgar, com a devida antecedência, através dos meios de pagamento ou recolhimento indevido ou maior que o devido, nos
comunicação, alterações porventura realizadas na forma de contri- termos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Fede-
buição das empresas e segurados em geral; ral do Brasil. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009).
VI - descentralizar, progressivamente, o processamento eletrô- § 1o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009).
nico das informações, mediante extensão dos programas de infor- § 2o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009).
matização de postos de atendimento e de Regiões Fiscais. § 3o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009).
VII - disponibilizará ao público, inclusive por meio de rede pú- § 4o O valor a ser restituído ou compensado será acrescido de
blica de transmissão de dados, informações atualizadas sobre as re- juros obtidos pela aplicação da taxa referencial do Sistema Especial
ceitas e despesas do regime geral de previdência social, bem como de Liquidação e de Custódia – SELIC para títulos federais, acumula-
os critérios e parâmetros adotados para garantir o equilíbrio finan- da mensalmente, a partir do mês subsequente ao do pagamento
ceiro e atuarial do regime. (Incluído pela Lei nº 10.887, de 2004). indevido ou a maior que o devido até o mês anterior ao da compen-
§ 1º O Ministério do Trabalho e Previdência divulgará, men- sação ou restituição e de 1% (um por cento) relativamente ao mês
salmente, o resultado financeiro do Regime Geral de Previdência em que estiver sendo efetuada. (Redação dada pela Lei nº 11.941,
Social, no qual considerará: (Incluído pela Lei nº 14.360, de 2022) de 2009).
I - para fins de aferição do equilíbrio financeiro do regime, as § 5o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009).
renúncias previdenciárias em adição às receitas realizadas; e (Inclu- § 6o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009).
ído pela Lei nº 14.360, de 2022) § 7o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009).
II - para os demais fins, apenas as receitas efetivamente arreca- § 8o Verificada a existência de débito em nome do sujeito pas-
dadas e as despesas orçamentárias e financeiras efetivamente liqui- sivo, o valor da restituição será utilizado para extingui-lo, total ou
dadas e pagas. (Incluído pela Lei nº 14.360, de 2022) parcialmente, mediante compensação. (Incluído pela Lei nº 11.196,
§ 2º Para fins de apuração das renúncias previdenciárias de que de 2005).
trata o inciso I do § 1º deste artigo, serão consideradas as informa- § 9o Os valores compensados indevidamente serão exigidos
ções prestadas pela Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil com os acréscimos moratórios de que trata o art. 35 desta Lei. (In-
do Ministério da Economia. (Incluído pela Lei nº 14.360, de 2022) cluído pela Lei nº 11.941, de 2009).
Art. 81. (Revogado pela Lei nº 11.941, de 2009) § 10. Na hipótese de compensação indevida, quando se com-
prove falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo, o
contribuinte estará sujeito à multa isolada aplicada no percentual
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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
previsto no inciso I do caput do art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de do um horizonte temporal de, no mínimo, 20 (vinte) anos, consi-
dezembro de 1996, aplicado em dobro, e terá como base de cálculo derando hipóteses alternativas quanto às variáveis demográficas,
o valor total do débito indevidamente compensado. (Incluído pela econômicas e institucionais relevantes.
Lei nº 11.941, de 2009). Art. 97. Fica o Instituto Nacional do Seguro Social-INSS auto-
§ 11. Aplica-se aos processos de restituição das contribuições rizado a proceder a alienação ou permuta, por ato da autoridade
de que trata este artigo e de reembolso de salário-família e salário- competente, de bens imóveis de sua propriedade considerados
-maternidade o rito previsto no Decreto no 70.235, de 6 de março desnecessários ou não vinculados às suas atividades operacionais.
de 1972. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97).
§ 12. O disposto no § 10 deste artigo não se aplica à compensa- § 1º Na alienação a que se refere este artigo será observado o
ção efetuada nos termos do art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezem- disposto no art. 18 e nos incisos I, II e III do art. 19, da Lei nº 8.666,
bro de 1996. (Incluído pela Lei nº 13.670, de 2018) de 21 de junho de 1993, alterada pelas Leis nºs 8.883, de 8 de junho
Art. 90. O Conselho Nacional da Seguridade Social, dentro de de 1994, e 9.032, de 28 de abril de 1995. (Parágrafo acrescentado
180 (cento e oitenta) dias da sua instalação, adotará as providên- pela Lei nº 9.528, de 10.12.97).
cias necessárias ao levantamento das dívidas da União para com a § 2º (VETADO na Lei nº 9.528, de 10.12.97).
Seguridade Social. Art. 98. Nas execuções fiscais da dívida ativa do INSS, o leilão
Art. 91. Mediante requisição da Seguridade Social, a empresa judicial dos bens penhorados realizar-se-á por leiloeiro oficial, in-
é obrigada a descontar, da remuneração paga aos segurados a seu dicado pelo credor, que procederá à hasta pública:(Redação dada
serviço, a importância proveniente de dívida ou responsabilidade pela Lei nº 9.528, de 10.12.1997).
por eles contraída junto à Seguridade Social, relativa a benefícios I - no primeiro leilão, pelo valor do maior lance, que não po-
pagos indevidamente. derá ser inferior ao da avaliação; (Incluído pela Lei nº 9.528, de
Art. 92. A infração de qualquer dispositivo desta Lei para a 10.12.1997).
qual não haja penalidade expressamente cominada sujeita o res- II - no segundo leilão, por qualquer valor, excetuado o vil. (In-
ponsável, conforme a gravidade da infração, a multa variável de Cr$ cluído pela Lei nº 9.528, de 10.12.1997).
100.000,00 (cem mil cruzeiros) a Cr$ 10.000.000,00 (dez milhões de § 1º Poderá o juiz, a requerimento do credor, autorizar seja par-
cruzeiros), conforme dispuser o regulamento. 24 celado o pagamento do valor da arrematação, na forma prevista
Art. 93. (Revogado o caput pela Lei nº 9.639, de 25.5.98.) para os parcelamentos administrativos de débitos previdenciários.
Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 11.941, de 2009) (Incluído pela Lei nº 9.528, de 10.12.1997).
Art. 94. (Revogado pela Lei nº 11.501, de 2007). § 2º Todas as condições do parcelamento deverão constar do
Art. 95. Caput. Revogado. (Redação dada pela Lei nº 9.983, de edital de leilão. (Incluído pela Lei nº 9.528, de 10.12.1997).
2000). § 3º O débito do executado será quitado na proporção do valor
a) revogada; (Redação dada pela Lei nº 9.983, de 2000). de arrematação. (Incluído pela Lei nº 9.528, de 10.12.1997).
b) revogada; (Redação dada pela Lei nº 9.983, de 2000). § 4º O arrematante deverá depositar, no ato, o valor da primei-
c) revogada; (Redação dada pela Lei nº 9.983, de 2000). ra parcela. (Incluído pela Lei nº 9.528, de 10.12.1997).
d) revogada; (Redação dada pela Lei nº 9.983, de 2000). § 5º Realizado o depósito, será expedida carta de arrematação,
e) revogada; (Redação dada pela Lei nº 9.983, de 2000). contendo as seguintes disposições: (Incluído pela Lei nº 9.528, de
f) revogada; (Redação dada pela Lei nº 9.983, de 2000). 10.12.1997).
g) revogada; (Redação dada pela Lei nº 9.983, de 2000). a) valor da arrematação, valor e número de parcelas mensais
h) revogada; (Redação dada pela Lei nº 9.983, de 2000). em que será pago; (Incluído pela Lei nº 9.528, de 10.12.1997).
i) revogada; (Redação dada pela Lei nº 9.983, de 2000). b) constituição de hipoteca do bem adquirido, ou de penhor,
j) revogada. (Redação dada pela Lei nº 9.983, de 2000). em favor do credor, servindo a carta de título hábil para registro da
§ 1o Revogado. (Redação dada pela Lei nº 9.983, de 2000). garantia; (Incluído pela Lei nº 9.528, de 10.12.1997).
§ 2º A empresa que transgredir as normas desta Lei, além das c) indicação do arrematante como fiel depositário do bem
outras sanções previstas, sujeitar-se-á, nas condições em que dis- móvel, quando constituído penhor; (Incluído pela Lei nº 9.528, de
puser o regulamento: 10.12.1997).
a) à suspensão de empréstimos e financiamentos, por institui- d) especificação dos critérios de reajustamento do saldo e
ções financeiras oficiais; das parcelas, que será sempre o mesmo vigente para os parcela-
b) à revisão de incentivos fiscais de tratamento tributário es- mentos de débitos previdenciários. (Incluído pela Lei nº 9.528, de
pecial; 10.12.1997).
c) à inabilitação para licitar e contratar com qualquer órgão ou § 6º Se o arrematante não pagar, no vencimento, qualquer das
entidade da administração pública direta ou indireta federal, esta- parcelas mensais, o saldo devedor remanescente vencerá antecipa-
dual, do Distrito Federal ou municipal; damente, que será acrescido em cinqüenta por cento de seu valor a
d) à interdição para o exercício do comércio, se for sociedade título de multa, e, imediatamente inscrito em dívida ativa e execu-
mercantil ou comerciante individual; tado. (Incluído pela Lei nº 9.528, de 10.12.1997).
e) à desqualificação para impetrar concordata; § 7º Se no primeiro ou no segundo leilões a que se refere o
f) à cassação de autorização para funcionar no país, quando caput não houver licitante, o INSS poderá adjudicar o bem por cin-
for o caso. qüenta por cento do valor da avaliação. (Incluído pela Lei nº 9.528,
§ 3o Revogado. (Redação dada pela Lei nº 9.983, de 2000). de 10.12.1997).
§ 4o Revogado. (Redação dada pela Lei nº 9.983, de 2000). § 8º Se o bem adjudicado não puder ser utilizado pelo INSS, e
§ 5o Revogado. (Redação dada pela Lei nº 9.983, de 2000). for de difícil venda, poderá ser negociado ou doado a outro órgão
Art. 96. O Poder Executivo enviará ao Congresso Nacional, anu- ou entidade pública que demonstre interesse na sua utilização. (In-
almente, acompanhando a Proposta Orçamentária da Seguridade cluído pela Lei nº 9.528, de 10.12.1997).
Social, projeções atuariais relativas à Seguridade Social, abrangen-

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a solução para o seu concurso!
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
§ 9º Não havendo interesse na adjudicação, poderá o juiz do maneira obrigatória ao Regime Geral de Previdência Social (RGPS),
feito, de ofício ou a requerimento do credor, determinar sucessi- ou a qualquer outro regime previdenciário, nos parâmetros do art.
vas repetições da hasta pública. (Incluído pela Lei nº 9.528, de 14 da Lei de Custeio e do art. 13 da Lei de Benefícios.
10.12.1997). Assim sendo, pondera-se que existem duas espécies de segura-
§ 10. O leiloeiro oficial, a pedido do credor, poderá ficar como dos: os obrigatórios e os facultativos.
fiel depositário dos bens penhorados e realizar a respectiva remo-
Segurados obrigatórios
ção. (Incluído pela Lei nº 9.528, de 10.12.1997).
§ 11. O disposto neste artigo aplica-se às execuções fiscais da Pode-se conceituar como segurados obrigatórios, aqueles que
Dívida Ativa da União. (Incluído pela Lei nº 10.522, de 2002). possuem o dever de contribuir de forma compulsória para a Seguri-
Art. 99. O Instituto Nacional do Seguro Social-INSS poderá con- dade Social e que possuem como direito, os benefícios pecuniários
tratar leiloeiros oficiais para promover a venda administrativa dos que a lei assegura para a sua categoria. São exemplos de benefícios
bens, adjudicados judicialmente ou que receber em dação de paga- desta categoria: as pensões, as aposentadorias, os auxílios, o salá-
mento. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). rio-família e o salário-maternidade, bem como os serviços de rea-
Parágrafo único. O INSS, no prazo de sessenta dias, providen- bilitação profissional e serviço social, estando esses dois últimos, a
ciará alienação do bem por intermédio do leiloeiro oficial. (Incluído encargo da Previdência Social.
pela Lei nº 9.528, de 10.12.1997). Ressalta-se que o requisito básico para que uma pessoa tenha
Art. 100. (Revogado pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) a condição de segurado do RGPS, nos termos do disposto no art.
Art. 101. (Revogado pela Medida Provisória nº 2.187-13, de 12 da Lei n. 8º212/1.991 e do art. 11 da Lei n. 8.213/1.991, é o de
2001). ser pessoa física, tendo em vista que é inaceitável a existência de
Art. 102. Os valores expressos em moeda corrente nesta Lei segurado como pessoa jurídica. Ademais, o segundo requisito para
serão reajustados nas mesmas épocas e com os mesmos índices ser segurado obrigatório é a prática do exercício de uma atividade
utilizados para o reajustamento dos benefícios de prestação conti- laborativa, remunerada e lícita, posto que o exercício de atividade
nuada da Previdência Social. (Redação dada pela Medida Provisória com objeto ilícito, não encontra respaldo ou proteção no Ordena-
nº 2.187-13, de 2001). mento Jurídico Brasileiro.
§ 1o O disposto neste artigo não se aplica às penalidades pre- Pondera-se que o segurado obrigatório deverá exercer pelo
vistas no art. 32-A desta Lei. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). menos uma atividade remunerada, seja ela com vínculo emprega-
§ 2o O reajuste dos valores dos salários-de-contribuição em tício, urbano, rural ou doméstico, e, também, que esta atividade
decorrência da alteração do salário-mínimo será descontado por esteja sob regime jurídico público estatutário, seja como trabalha-
ocasião da aplicação dos índices a que se refere o caput deste arti- dor autônomo ou outro trabalho que possa ser a este equiparado,
go. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). como trabalhador avulso, empresário ou segurado especial. Com
Art. 103. O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de relação à atividade exercida, registra-se que ela pode tanto de na-
60 (sessenta) dias a partir da data de sua publicação. tureza urbana como rural.
Art. 104. Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação. É importante salientar que mesmo que o segurado exerça suas
Art. 105. Revogam-se as disposições em contrário. atividades em outro país, nas condições acima, estará amparado
A Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, em sua integralidade pela Previdência Social, nas condições previstas em lei.
e atualizada, encontra-se disponível em: Importante: Independente da nacionalidade do indivíduo, este
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8212cons.htm encontra amparo para a filiação ao RGPS, bem como pode se en-
quadrar como segurado obrigatório, tendo em vista que é permiti-
do aos estrangeiros que tenham domicílio fixo no Brasil o ingresso
SEGURADOS OBRIGATÓRIOS. FILIAÇÃO E INSCRIÇÃO. a esse direito, desde que o trabalho tenha sido desenvolvido no
CONCEITO, CARACTERÍSTICAS E ABRANGÊNCIA DE: EM- Brasil, ou, ainda em repartições diplomáticas brasileiras no exterior.
PREGADO, EMPREGADO DOMÉSTICO, EMPRESÁRIO, CON- Registra-se, que existe também a possibilidade de a pessoa físi-
TRIBUINTE INDIVIDUAL, EQUIPARADO AO CONTRIBUINTE ca ser reconhecida como segurado obrigatório do RGPS, caso exer-
INDIVIDUAL, MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI), ça atividade trabalhista no exterior e a contratação seja realizada
TRABALHADOR AVULSO E SEGURADO ESPECIAL E SE- em território brasileiro, ou, ainda em decorrência de tratados ou
GURADO FACULTATIVO acordos internacionais firmados pelo Brasil. É o que a Lei brasileira
chama de critério da extraterritorialidade em face da aplicação do
princípio da universalidade do atendimento àqueles que necessi-
Nos parâmetros do art. 12 e seus parágrafos da Lei n. 8.212, de tam de seguridade social.
1.991, e art. 11 e parágrafos da Lei n. 8.213, de 1991, é segurado Em relação ao disposto no art. 12 da Lei 8.212/1.991 e do art.
da Previdência Social de forma obrigatória, a pessoa física deten- 11 da Lei 8.213/1.991, afirma-se que são considerados segurados
tora do exercício de atividade remunerada, efetiva ou eventual, de obrigatórios da Previdência Social:
natureza urbana ou rural, com ou sem vínculo de emprego, seja a
título precário ou não, e, também aquele que a lei define como tal, Lei 8.212/1.991:
observadas, caso seja preciso, as exceções previstas no texto legal, Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as se-
ou, ainda, aquele que exerceu alguma das atividades retro mencio- guintes pessoas físicas:
nadas no período imediatamente anterior ao chamado “período de
I - como empregado:
graça”.
a) aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural à em-
Além disso, considera-se também como segurado, o indivíduo presa, em caráter não eventual, sob sua subordinação e mediante
que, embora não exerça atividade remunerada, opta por se filiar de remuneração, inclusive como diretor empregado;
forma facultativa e espontânea à Previdência Social, vindo a contri-
buir para o custeio das prestações sem se encontrar vinculado de

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a solução para o seu concurso!
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
b) aquele que, contratado por empresa de trabalho temporá- j) o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou munici-
rio, definida em legislação específica, presta serviço para atender pal, desde que não vinculado a regime próprio de previdência social;
à necessidade transitória de substituição de pessoal regular e per- II - como empregado doméstico: aquele que presta serviço de
manente ou a acréscimo extraordinário de serviços de outras em- natureza contínua a pessoa ou família, no âmbito residencial desta,
presas; em atividades sem fins lucrativos;
c) o brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil
Por fim, explicita-se que o reconhecimento do indivíduo como
para trabalhar como empregado em sucursal ou agência de empre-
segurado do Regime de Previdência Social é uma condição funda-
sa nacional no exterior;
mental para que este possa usufruir dos direitos advindos de tal
d) aquele que presta serviço no Brasil a missão diplomática ou
natureza. Entretanto, em se tratando das relações informais de tra-
a repartição consular de carreira estrangeira e a órgãos a ela subor-
balho, nem sempre o trabalhador consegue demonstrar de forma
dinados, ou a membros dessas missões e repartições, excluídos o
eficaz e inequívoca tal qualidade. No entanto, nas situações por
não-brasileiro sem residência permanente no Brasil e o brasileiro
meio das quais o indivíduo necessitar comprovar sua condição de
amparado pela legislação previdenciária do país da respectiva mis-
trabalhador mediante os procedimentos administrativos ou judi-
são diplomática ou repartição consular;
ciais pertinentes, tais situações não são aceitas como impedimen-
e) o brasileiro civil que trabalha para a União, no exterior, em
to para que este requeira seus benefícios, sendo inadmissível que
organismos oficiais brasileiros ou internacionais dos quais o Brasil
o cidadão seja impedido de ter acesso às prestações, ou seja, de
seja membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo
forma permanente, por não possuir condições de demonstrar de
se segurado na forma da legislação vigente do país do domicílio;
forma imediata, ou apresentar sua carteira de trabalho assinada,
f) o brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil
como acontece sempre com frequência. Por isso, terá o indivíduo,
para trabalhar como empregado em empresa domiciliada no exte-
o direito de requerer o que entender de direito, tendo garantido o
rior, cuja maioria do capital votante pertença a empresa brasileira
direito de provar sua condição de segurado, caso seja preciso.
de capital nacional;
g) o servidor público ocupante de cargo em comissão, sem vín- Filiação e inscrição
culo efetivo com a União, Autarquias, inclusive em regime especial,
Conceitua-se filiação, o início da relação jurídica que existe
e Fundações Públicas Federais;
entre o segurado e o Regime Geral de Previdência Social (RGPS).
Lei 8.213/1991: Afirma-se que de modo geral e, via de regra, a filiação é uma de-
Art. 11. São segurados obrigatórios da Previdência Social as se- corrência automática do exercício de atividade remunerada do tra-
guintes pessoas físicas: balhador. Assim, denota-se que a filiação acontece no momento no
I - como empregado: qual o empregador faz o registro na CTPS do empregado por meio
a) aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural à em- do contrato de trabalho pactuado entre ambos.
presa, em caráter não eventual, sob sua subordinação e mediante Registra-se que a filiação não é dependente de manifestação
remuneração, inclusive como diretor empregado; de vontade, tendo em vista que o segurado obrigatório não possui o
b) aquele que, contratado por empresa de trabalho temporá- direito de optar ou não por ser filiado à Previdência Social, uma vez
rio, definida em legislação específica, presta serviço para atender que ela ocorre de forma compulsória, como ordena o caput do art.
à necessidade transitória de substituição de pessoal regular e per- 201 da Constituição Federal Brasileira de 1.988. Vejamos:
manente ou a acréscimo extraordinário de serviços de outras em- Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma do
presas; Regime Geral de Previdência Social, de caráter contributivo e de fi-
c) o brasileiro ou o estrangeiro domiciliado e contratado no liação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio
Brasil para trabalhar como empregado em sucursal ou agência de financeiro e atuarial, e atenderá, na forma da lei a [...].
empresa nacional no exterior; Assim sendo, todo aquele que esteja exercendo de maneira si-
d) aquele que presta serviço no Brasil a missão diplomática ou multânea, mais de uma atividade remunerada que se encontre su-
a repartição consular de carreira estrangeira e a órgãos a elas su- jeita ao RGPS, é filiado de forma obrigatória em relação a cada uma
bordinados, ou a membros dessas missões e repartições, excluídos desta atividades. Entretanto, uma exceção à filiação obrigatória que
o não-brasileiro sem residência permanente no Brasil e o brasileiro se trata da filiação do segurado facultativo, uma vez que ela não é
amparado pela legislação previdenciária do país da respectiva mis- advinda do exercício de atividade remunerada, levando em conta
são diplomática ou repartição consular; que em regra, o segurado facultativo não é praticante do exercício
e) o brasileiro civil que trabalha para a União, no exterior, em de atividade remunerada. Assim, a filiação não ocorrerá de forma
organismos oficiais brasileiros ou internacionais dos quais o Brasil automática e o interessado deverá se manifestar para que possa se
seja membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo filiar. É o que afirma o art. 11, § 3º do RPS:
se segurado na forma da legislação vigente do país do domicílio; Art. 11. [...] § 3º. A filiação na qualidade de segurado facultativo
f) o brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil representa ato volitivo, gerando efeito somente a partir da inscrição
para trabalhar como empregado em empresa domiciliada no exte- e do primeiro recolhimento, não podendo retroagir e não permitin-
rior, cuja maioria do capital votante pertença a empresa brasileira do o pagamento de contribuições relativas a competências anterio-
de capital nacional; res à data da inscrição, ressalvado o § 3º do art. 28.
g) o servidor público ocupante de cargo em comissão, sem vín- É a partir da filiação que o indivíduo pode ser considerado se-
culo efetivo com a União, Autarquias, inclusive em regime especial, gurado e passa a ter direitos à proteção previdenciária, bem como
e Fundações Públicas Federais. (Incluída pela Lei nº 8.647, de 1993) a ter a obrigação de contribuir para o RGPS. No entanto, para isso,
h) o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou munici- existem alguns pré-requisitos básicos que merecem destaque. Ve-
pal, desde que não vinculado a regime próprio de previdência social; jamos:
i) o empregado de organismo oficial internacional ou estrangei- • 16 (dezesseis) anos, como regra geral;
ro em funcionamento no Brasil, salvo quando coberto por regime
próprio de previdência social;

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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
• 14 (quatorze) anos, desde que na condição de menor apren- § 6º A comprovação dos dados pessoais e de outros elementos
diz (Constituição Federal art. 7º, XXXII e Decreto n. 3.048/1999, art. necessários e úteis à caracterização do segurado poderá ser exigida
18, § 2º); e 18 (dezoito) anos para filiação como empregado do- pelo INSS, a qualquer tempo, para fins de atualização cadastral, in-
méstico. clusive para a concessão de benefício.
Obs. importante>>> É vedada a contratação de menor de 18 Ante o exposto, depreende-se que a inscrição ocorre median-
(dezoito) anos para desempenho de trabalho doméstico, nos parâ- te o registro contratual eletrônico realizado no sistema, sendo por
metros do disposto na Convenção no 182, de 1999, da Organização isso, um ato formal que ocorre após a filiação. A filiação ocorre no
Internacional do Trabalho (OIT) e com o Decreto no 6.481, de 12 de momento do ato da assinatura da CTPS, já a inscrição, ocorre com o
junho de 2008. registro do contrato no sistema.
Porém, a idade mínima para filiação ao RGPS, sem especificar a Importante: caso o segurado seja exercente de mais de uma
categoria de segurado é de 16 anos, exceto como menor aprendiz. atividade remunerada, ele será inscrito em relação a ambas, tendo
Assim, caso não seja trabalhador doméstico, a idade mínima para se o dever de contribuir sobre os rendimentos de ambas. O mesmo
filiar, é de 16 anos, e, sendo doméstico, 18 anos de idade. vale para a filiação, conforme previsão do art. 11, § 2º da LBPS.
No condizente à inscrição do segurado, afirma-se que se trata E, mais: Via de regra, a inscrição deverá ocorrerá após a filiação,
de um ato formal por intermédio do qual o segurado é cadastrado salvo para o segurado facultativo, cuja filiação requer a inscrição e o
no RGPS, vindo a ocorrer após a filiação, salvo quanto ao segura- pagamento da primeira contribuição previdenciária.
do facultativo, posto que para este, a inscrição ocorre de maneira
Conceito, características e abrangência: empregado, empre-
anterior à filiação. O art. 18 do RPS, é claro em relação ao assunto.
gado doméstico, contribuinte individual, trabalhador avulso e se-
Vejamos:
gurado especial
Art. 18. Considera-se inscrição de segurado para os efeitos da
previdência social o ato pelo qual o segurado é cadastrado no RGPS, Conceito, Características e abrangência
por meio da comprovação dos dados pessoais, da seguinte forma:
De antemão, podemos conceituar a previdência social, ou Re-
I – empregado – pelo empregador, por meio da formalização do
gime Geral de Previdência Social (RGPS), como sendo um seguro
contrato de trabalho e, a partir da obrigatoriedade do uso do Siste-
público que garante renda para os trabalhadores na aposentadoria
ma de Escrituração Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias
para a manutenção de sua subsistência, ou de seus dependentes.
e Trabalhistas – eSocial, instituído pelo Decreto n. 8.373, de 11 de
A Previdência Social possui como função, substituir a renda do
dezembro de 2014, ou do sistema que venha a substituí-lo, por meio
segurado quando ele não se encontra mais capacitado para traba-
do registro contratual eletrônico realizado nesse Sistema;
lhar, tanto em situações de doença quanto por idade avançada, ma-
II – trabalhador avulso – pelo cadastramento e pelo registro
ternidade, ou, nos casos de riscos sociais como acidente e prisão.
no órgão gestor de mão de obra, no caso de trabalhador portuário,
A Previdência Social pode ser caracterizada principalmente
ou no sindicato, no caso de trabalhador não portuário, e a partir
pela contribuição mensal a que se encontra o segurado incumbido
da obrigatoriedade do uso do e Social, ou do sistema que venha
de realizar mensalmente para ter direito à proteção, sendo desta
a substituí-lo, por meio do cadastramento e do registro eletrônico
forma o segurado obrigado a contribuir é contribuir mensalmente
realizado nesse Sistema;
com o INSS, sendo que o valor será descontado em folha de pa-
III – empregado doméstico – pelo empregador, por meio do re-
gamento para os segurados assalariados. Já em relação aos segu-
gistro contratual eletrônico realizado no e Social;
rados facultativos, eles não precisam recolher o INSS, mas podem
IV – contribuinte individual:
recolher de maneira facultativa para preservar os direitos previden-
a) por ato próprio, por meio do cadastramento de informações
ciários que lhes são pertinentes, como pensões, aposentadorias e
para identificação e reconhecimento da atividade, hipótese em que
auxílio-doença.
o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS poderá solicitar a apre-
Outra característica marcante da Previdência Social, é o fato de
sentação de documento que comprove o exercício da atividade de-
esta, ao inverso do que acontece com a saúde e a assistência social,
clarada;
adotar sistema de caráter contributivo e obrigatório, motivo pelo
b) pela cooperativa de trabalho ou pela pessoa jurídica a quem
qual, somente quem para ela contribui e atende às condições pre-
preste serviço, no caso de cooperados ou contratados, respectiva-
vistas em lei pode auferir dos benefícios previstos.
mente, se ainda não inscritos no RGPS; e
A Previdência Social, abrange, dentre outros fatores, aos se-
c) pelo MEI, por meio do sítio eletrônico do Portal do Empre-
guintes benefícios concedidos ao trabalhador:
endedor;
1. Salário-maternidade: É direito de quem dá à luz ou adota
V – segurado especial – preferencialmente, pelo titular do gru-
uma criança. Em se tratando das trabalhadoras de empresas priva-
po familiar que se enquadre em uma das condições previstas no
das, o valor deverá ser pelo empregador, por se tratar de direito tra-
inciso VII do caput do art. 9º, hipótese em que o INSS poderá so-
balhista. O INSS, porém, fica responsável pelo pagamento de MEIs
licitar a apresentação de documento que comprove o exercício da
para as empregadas domésticas e outros contribuintes que adotam.
atividade declarada, observado o disposto no art. 19-D; e
2. Auxílio-doença: É atribuído ao contribuinte que se encontrar
VI – segurado facultativo – por ato próprio, por meio do cadas-
temporariamente incapacitado para o trabalho por motivos de do-
tramento de informações pessoais que permitam a sua identifica-
ença ou por acidente. Para que receba esse benefício, o contribuin-
ção, desde que não exerça atividade que o enquadre na categoria
te deverá por perícia médica, e, caso se comprove a necessidade
de segurado obrigatório.
do benefício, o empregador deverá arcar com os primeiros 15 dias
§ 3º Todo aquele que exercer, concomitantemente, mais de
de afastamento, ficando o INSS responsável pelo restante do paga-
uma atividade remunerada sujeita ao Regime Geral de Previdência
mento.
Social será obrigatoriamente inscrito em relação a cada uma delas.
3. Auxílio-reclusão: Fornece suporte para a família do contri-
[...]
buinte que se encontrar privado de sua liberdade. Para fazer jus ao
§ 5º Presentes os pressupostos da filiação, admite-se a inscri-
auxílio, é necessário que o preso seja contribuinte do INSS e com-
ção post mortem do segurado especial.
provar sua última renda com um valor pecuniário igual ou inferior
§ 5º-B Não será admitida a inscrição post mortem de segurado
ao estabelecido pela previdência. Quem recebe o valor são os seus
contribuinte individual e nem de segurado facultativo.
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a solução para o seu concurso!
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
dependentes, sendo que o tempo de sua duração pode variar de Empregado Doméstico
acordo com a idade do indivíduo, bem com o tempo total de contri-
Dispõe o inciso II do art. 11 da LBPS:
buição feito por ele.
Art. 11. São segurados obrigatórios da Previdência Social as se-
4. Pensão por morte: é concedida aos dependentes do segura-
guintes pessoas físicas: [...]
do que vier a óbito. Estão aptos, segundo a lei para receber esse be-
II – como empregado doméstico: aquele que presta serviço de
nefício: o cônjuge ou companheiro; os filhos e enteados com menos
natureza contínua a pessoa ou família, no âmbito residencial desta,
de 21 anos; os pais com dependência econômica; e os irmãos com
em atividades sem fins lucrativos;
menos de 21 anos e economicamente dependentes.
Desta forma, em entendimento ao dispositivo citado acima, o
5. Benefícios assistenciais: São benefícios definidos por legis-
trabalho deve se dar na residência do empregador e em atividade
lações específicas, como o benefício assistencial ao idoso ou à pes-
sem fins lucrativos.
soa com deficiência. Existe ainda, a pensão especial em virtude de
O conceito de empregado doméstico abrange diversos requi-
hanseníase, o seguro para pescador artesanal, a pensão especial da
sitos, tais como: serviço de natureza contínua, por meio do qual é
síndrome da Talidomida, etc.
preciso que o trabalho seja habitual e frequente. Desta forma, uma
Pondera-se que os segurados obrigatórios podem ser classifi-
faxineira que é contratada sem os requisitos mencionados acima,
cados em:
não é considerada empregada doméstica.
Empregado Em relação à diarista, o judiciário firmou o entendimento de
que o trabalho executado por ela, se for prestado com habituali-
Nos ditames do art. 3º da Consolidação das Leis do Trabalho,
dade a partir de três dias por semana, configura relação e vínculo
(CLT), empregado é a pessoa física que presta serviços de natureza
empregatício, o que faria da diarista, uma empregada doméstica.
não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante o
Importante: Se uma diarista atender em uma mesma residên-
recebimento de salário.
cia até dois dias por semana, ela não é considerada doméstica.
Porém, em se tratando do conceito de empregado adotado
Porém, se atender a partir de três dias, é considerada empregada
pela Legislação do RGPS, pondera-se que alcança ao trabalhador
doméstica.
urbano e ao rural que se encontrem submetidos a contrato de tra-
Com o objetivo de regulamentar a PEC das Domésticas, a Lei
balho, cujos requisitos são: ser pessoa física e realizar o trabalho de
Complementar nº 150/2.015 trouxe em seu art. 1º uma definição
forma personalíssima; prestar serviço de natureza não eventual; ter
mais detalhada dessa figura. Vejamos o que determina o art. 1º
o objetivo de receber salário pelo serviço prestado; trabalhar sob
desta lei:
subordinação do empregador.
Na relação de emprego, conforme os parâmetros legais, o tra- Art. 1º - Ao empregado doméstico, assim considerado aquele
balhador possui o acesso a todos os direitos trabalhistas, tais como que presta serviços de forma contínua, subordinada, onerosa e pes-
por exemplo, a anotação do registro na Carteira do Trabalho, FGTS, soal e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à família, no âmbito
13° salário e férias, dentre outros. residencial destas, por mais de 2 (dois) dias por semana, aplica-se
Registra-se que para ser reconhecido como serviço prestado, o disposto nesta Lei. Parágrafo único. É vedada a contratação de
não é preciso que as atividades diárias do empregado sejam prati- menor de 18 (dezoito)anos para desempenho de trabalho domés-
cadas de forma diária, tendo em vista que a prestação de serviços tico, de acordo com a Convenção no 182, de 1999, da Organização
em caráter eventual também possui vínculo com o empregador, Internacional do Trabalho (OIT) e com o Decreto no 6.481, de 12 de
bastando, para isso que haja a configuração da relação de emprego, junho de 2008.
bem como que a relação trabalhista não tenha sido eventual. Compreende-se em interpretação ao art. 1º, que se encon-
Movimentando um conflito relativo à ótica previdenciária, a Lei tram presentes os requisitos de serviço contínuo, sem finalidade
nº. 13.467/2.017, prevê o “trabalho intermitente”, justamente por lucrativa, no âmbito residencial de pessoa ou família. Entretanto, o
haver a preservação da qualidade de segurado desses trabalhado- legislador complementar acrescentou a esse rol, a necessidade de
res como um todo. Entretanto, com previsão legal nos arts. 443 e subordinação e relação entre patrão e empregado. Assim, a simples
452-A da referida lei, existe a hipótese conceituada no § 3° do art. prestação de favor, não encontra respaldo legal de vínculo domés-
443. Vejamos: tico.
[...] §3º - Considera-se como intermitente e o contrato de tra- Dado o conceito disposto pela Lei Complementar n. 150/2.015,
balho no qual a prestação de serviços, com subordinação, não é adotado pelo RGPS, registra-se por fim, que permanecem em vigor
contínua, ocorrendo com alternância de períodos de prestação de os dispositivos da LBPS ou LOCSS que definem de forma clara essa
serviços e inatividade, determinados em horas, dias ou meses, inde- categoria de segurados. Assim, desde que sejam preenchidos os re-
pendentemente do tipo de atividade do empregado e do emprega- quisitos supra mencionados, aduz-se que podem ser empregados
dor, exceto para aeronautas, regidos por legislação própria. domésticos, além dos faxineiros, os jardineiros, os cozinheiros, os
motoristas e os caseiros.
Vale ressaltar com grande importância, que a Constituição Fe-
deral Brasileira de 1.988 trouxe em seu bojo, a equiparação dos Contribuinte individual
direitos trabalhistas e previdenciários de trabalhadores rurais aos
Esse tipo de segurado, se refere à pessoa que trabalha na pres-
dos urbanos, sendo que entre eles, se destacou a extensão do FGTS
tação de serviços de natureza eventual para empresas, sem possuir
(Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). Entretanto, houve, nesse
com estas vínculo empregatício, ou seja, trabalha por conta própria,
período, lapso do prazo prescricional que só passou por equipara-
vindo desta maneira a recolher de modo individual suas contribui-
ção após a aprovação da Emenda Constitucional 28/2000.
ções.
Por fim, com ressalva às igualdades trazidas pela Constituição,
Em tempos remotos, esta categoria de segurados era conhe-
deve-se aplicar ao trabalhador rural os dispositivos legais contidos
cida como trabalhador autônomo, porém, na contemporaneidade,
da Lei 5.889/1.973 e do Decreto 73.626/1974, que foram criados
seguindo a análise do art. 11 da Lei nº 8.213 /1.991, é conhecida
para regulamentar as relações individuais e coletivas de trabalho
como contribuinte individual. Vejamos o que dispõe o art. 11 da
rural, nas particularidades relativas ao trabalho executado por esse
referida lei:
trabalhador.

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a solução para o seu concurso!
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Art. 11 - São segurados obrigatórios da Previdência Social as Trabalhador avulso
seguintes pessoas físicas:
É considerado trabalhador avulso, seja ele sindicalizado, ou
[...] V – como contribuinte individual:
não, aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural para di-
a) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade
versas empresas, ou, entes equiparados, desde que não haja víncu-
agropecuária, a qualquer título, em caráter permanente ou tempo-
lo empregatício, mas que haja intermediação de forma obrigatória
rário, em área superior a 4 (quatro) módulos fiscais; ou, quando em
do órgão gestor de mão de obra, nos parâmetros do determinado
área igual ou inferior a 4 (quatro) módulos fiscais ou atividade pes-
na Lei n. 12.815/2.013, ou, ainda, do sindicato da categoria espe-
queira, com auxílio de empregados ou por intermédio de prepostos;
cífica.
ou ainda nas hipóteses dos §§ 9º e 10 deste artigo;
O inciso VI do art. 11 da LBPS, aduz que:
b) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade
Art. 11 - São segurados obrigatórios da Previdência Social as
de extração mineral – garimpo, em caráter permanente ou tempo-
seguintes pessoas físicas: [...]
rário, diretamente ou por intermédio de prepostos, com ou sem o
auxílio de empregados, utilizados a qualquer título, ainda que de VI – como trabalhador avulso: quem presta, a diversas empre-
forma não contínua; sas, sem vínculo empregatício, serviço de natureza urbana ou rural
c) o ministro de confissão religiosa e o membro de instituto de definidos no Regulamento;
vida consagrada, de congregação ou de ordem religiosa; Em interpretação ao retro mencionado inciso, entende-se que
d) (Revogado pela Lei n. 9.876, de 26.11.1999); a prestação de serviços sem a existência de vínculo empregatício
e) o brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo ofi- é uma atividade que possui o condão de identificar o contribuinte
cial internacional do qual o Brasil é membro efetivo, ainda que lá individual, desde que sejam definidos no Regulamento, fato que fa-
domiciliado e contratado, salvo quando coberto por regime próprio cilita para que se defina se o trabalhador é avulso, ou não.
de previdência social; Já o art. 9º da LBPS, dispõe:
f) o titular de firma individual urbana ou rural, o diretor não Art. 9º - São segurados obrigatórios da previdência social as
empregado e o membro de conselho de administração de socieda- seguintes pessoas físicas: [...]
de anônima, o sócio solidário, o sócio de indústria, o sócio gerente VI – como trabalhador avulso – aquele que: a) sindicalizado ou
e o sócio cotista que recebam remuneração decorrente de seu tra- não, preste serviço de natureza urbana ou rural a diversas empre-
balho em empresa urbana ou rural, e o associado eleito para cargo sas, ou equiparados, sem vínculo empregatício, com intermediação
de direção em cooperativa, associação ou entidade de qualquer na- obrigatória do órgão gestor de mão de obra, nos termos do disposto
tureza ou finalidade, bem como o síndico ou administrador eleito na Lei n. 12.815, de 5 de junho de 2013, ou do sindicato da catego-
para exercer atividade de direção condominial, desde que recebam ria, assim considerados:
remuneração; 1. o trabalhador que exerça atividade portuária de capatazia,
De antemão, em suma, merecem destaque alguns pontos im- estiva, conferência e conserto de carga e vigilância de embarcação
portantes das alíneas citadas acima. Sendo que com fulcro na re- e bloco;
dação da alínea “a”, depreende-se que são requisitos importantes 2. o trabalhador de estiva de mercadorias de qualquer nature-
para a classificação como contribuinte individual, a extensão da za, inclusive carvão e minério;
propriedade rural e o auxílio de empregados/prepostos. Ressalta-se 3. o trabalhador em alvarenga (embarcação para carga e des-
também, que o cônjuge ou companheiro mencionado do produtor carga de navios);
rural a que se refere a alínea, também é classificado como segurado 4. o amarrador de embarcação;
obrigatório como contribuinte individual, desde que mantenha sua 5. o ensacador de café, cacau, sal e similares;
participação na atividade rural. 6. o trabalhador na indústria de extração de sal;
Merece destaque também, a alínea “e”, que afirma que se o 7. o carregador de bagagem em porto;
segurado trabalhar para organismo oficial internacional, será con- 8. o prático de barra em porto;
siderado contribuinte individual. Porém, se trabalhar para a União 9. o guindasteiro; e
em organismo oficial internacional, será considerado empregado. 10. o classificador, o movimentador e o empacotador de mer-
Assim, entende-se que aquele que trabalha para a União e não pos- cadorias em portos; e
sui amparo por regime próprio de previdência, é considerado como b) exerça atividade de movimentação de mercadorias em geral,
segurado do RGPS como empregado. nos termos do disposto na Lei n. 12.023, de 27 de agosto de 2009,
Abaixo, com o objetivo de melhor fixação e entendimento, com em áreas urbanas ou rurais, sem vínculo empregatício, com inter-
base na alínea “e”, vejamos uma das hipóteses de enquadramento mediação obrigatória do sindicato da categoria, por meio de acordo
como segurado empregado: ou convenção coletiva de trabalho, nas atividades de:
1. cargas e descargas de mercadorias a granel e ensacados,
e) o brasileiro civil que trabalha costura, pesagem, embalagem, enlonamento, ensaque, arrasto,
para a União, no exterior, em organis- posicionamento, acomodação, reordenamento, reparação de car-
mos oficiais brasileiros ou internacionais ga, amostragem, arrumação, remoção, classificação, empilhamen-
EMPREGADO dos quais o Brasil seja membro efetivo, to, transporte com empilhadeiras, paletização, ova e desova de va-
ainda que lá domiciliado e contratado, gões, carga e descarga em feiras livres e abastecimento de lenha
salvo se segurado na forma da legislação em secadores e caldeiras;
vigente do país do domicílio; 2. operação de equipamentos de carga e descarga; e
e) o brasileiro civil que trabalha no 3. pré-limpeza e limpeza em locais necessários às operações ou
exterior para organismo oficial interna- à sua continuidade.
CONTRIBUINTE cional do qual o Brasil é membro efetivo, Ante a exposição de lei acima, aduz-se que existem diferenças
INDIVIDUAL ainda que lá domiciliado e contratado, entre o contribuinte individual e avulso, que se trata da necessidade
salvo quando coberto por regime pró- de intermediação do órgão gestor de mão de obra, ou do sindicato
prio de previdência social; específico da categoria e, caso não haja esta intermediação, resul-
taria em um contribuinte individual. Ressalta-se, ainda, que o fato
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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
de não existir vínculo empregatício, também se faz indispensável, pastoril ou hortifrutigranjeira, individualmente ou em regime de
tendo em vista que caso haja contrato de trabalho, teremos o que economia familiar, sem utilização de mão de obra assalariada de
caracteriza um empregado. qualquer espécie;
V – comodatário: aquele que, comprovadamente, explora a ter-
Segurado especial
ra pertencente a outra pessoa, por empréstimo gratuito, por tempo
Estabelecida a partir da redação do art. 195, § 8º, da Consti- determinado ou não, para desenvolver atividade agrícola, pastoril
tuição Federal Brasileira, esta categoria enseja a determinação ao ou hortifrutigranjeira;
legislador para que aplique tratamento diferenciado para os traba- VI – condômino: aquele que se qualifica individualmente como
lhadores que, laborando por conta própria em sistema de economia explorador de áreas de propriedades definidas em percentuais;
familiar, consigam retirar seu sustento por meio das pequenas pro- VII – pescador artesanal ou assemelhado: aquele que, indivi-
duções de trabalho. dualmente ou em regime de economia familiar, faz da pesca sua
Registra-se que o retro mencionado dispositivo constitucional, profissão habitual ou meio principal de vida, desde que:
ordena que a base de cálculo das contribuições à Seguridade Social a) não utilize embarcação;
do segurado especial seja o produto da comercialização daquilo que b) utilize embarcação de até seis toneladas de arqueação bru-
ele produziu, vindo a criar, desta forma, uma regra diferente para a ta, ainda que com auxílio de parceiro;
participação no custeio como um todo. Isso acontece pelo fato des- c) na condição, exclusiva, de parceiro outorgado, utilize embar-
ses segurados realizarem atividades instáveis durante o ano, como cação de até dez toneladas de arqueação bruta;
nos períodos de temporadas de pesca, colheitas de safras, dentre VIII – mariscador: aquele que, sem utilizar embarcação pes-
outros aspectos. queira, exerce atividade de captura ou de extração de elementos
De acordo com a nova redação conferida ao art. 11, VII da Lei n. animais ou vegetais que tenham na água seu meio normal ou mais
8.213/1991 considera-se segurado especial: frequente de vida, na beira do mar, no rio ou na lagoa;
Art. 11. São segurados obrigatórios da Previdência Social as se- IX – índios em via de integração ou isolado: aqueles que, não
guintes pessoas físicas: [...] podendo exercer diretamente seus direitos, são tutelados pelo ór-
gão regional da Fundação Nacional do Índio (FUNAI).
VII – como segurado especial: a pessoa física residente no imó-
Importante: Em decorrência da decisão proferida nos autos da
vel rural ou em aglomerado urbano ou rural próximo a ele que, indi-
Ação Civil Pública n. 2008.71.00.024546-2/RS14, o INSS passou a
vidualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com o
considerar como segurado especial o índio devidamente reconhe-
auxílio eventual de terceiros, na condição de:
cido pela FUNAI, bem como o artesão que utilize matéria-prima ad-
a) produtor, seja proprietário, usufrutuário, possuidor, assen-
vinda de extrativismo vegetal, não importando a localidade onde
tado, parceiro ou meeiro outorgados, comodatário ou arrendatário
morem ou realizem suas atividades, se tornando sem relevância a
rurais, que explore atividade:
definição de indígena aldeado, índio isolado ou índio integrado, ín-
1. agropecuária em área de até 4 (quatro) módulos fiscais; dio em vias de integração, dentre outras pertinências, desde que
2. de seringueiro ou extrativista vegetal que exerça suas ativi- estes estejam exercendo suas atividades rurais em sistema de eco-
dades nos termos do inciso XII do caput do art. 2º da Lei n. 9.985, nomia familiar, vindo a comprovar que essas atividades são o seu
de 18 de julho de 2000, e faça dessas atividades o principal meio principal meio de sustento próprio e de seus dependentes.
de vida; Por fim, é importante destacar também, que serão considera-
b) pescador artesanal ou a este assemelhado que faça da pes- dos segurados especiais aqueles que integram a entidade familiar
ca profissão habitual ou principal meio de vida; e que exerçam a atividade rural, porém, o motivo de algum dos in-
c) cônjuge ou companheiro, bem como filho maior de 16 (de- tegrantes não realizar o trabalho em sistema de economia familiar,
zesseis) anos de idade ou a este equiparado, do segurado de que não descaracteriza a condição dos demais familiares. É o que dispõe
tratam as alíneas a e b deste inciso, que, comprovadamente, tra- Súmula nº 41 da TNU (Turma Nacional de Uniformização). Vejamos:
balhem com o grupo familiar respectivo.
Súmula 41 - “A circunstância de um dos integrantes do núcleo
São consideradas similares as atividades a de pescador artesa- familiar desempenhar atividade urbana não implica, por si só, a
nal, o caranguejeiro, o mariscador, o pescador de tartarugas, dentre descaracterização do trabalhador rural como segurado especial,
outras pertinentes. condição que deve ser analisada no caso concreto”.
Ressalta-se que em consonância com as definições das conco- Segurado facultativo: conceito, características, filiação e ins-
mitantes Instruções Normativas expedidas pelo INSS em questão crição
de procedimentos nas linhas de Benefícios e Arrecadação, são con-
siderados: Conceito e características
I – produtor: aquele que, proprietário ou não, desenvolve ati-
vidade agrícola, pastoril ou hortifrutigranjeira, por conta própria, Trata-se o segurado facultativo da pessoa que se encontrando
individualmente ou em regime de economia familiar; em situação que a lei a desconsiderar como segurado obrigatório,
II – parceiro: aquele que, comprovadamente, tem contrato de optar por contribuir para a Previdência Social. Pondera-se que de-
parceria com o proprietário da terra ou detentor da posse e desen- verá ter mais de 16 anos, conforme exige o Decreto n. 3.048/99,
volve atividade agrícola, pastoril ou hortifrutigranjeira, partilhando bem como que não poderá estar filiado ou inscrito a nenhum outro
o lucro conforme o ajuste; regime de Previdência, segundo a determinação do art. 11, § 2º do
III – meeiro: aquele que, comprovadamente, tem contrato com Regulamento.
o proprietário da terra ou detentor da posse e da mesma forma Vejamos o que dispõe o art. 11 do Decreto nº. 3.048/1.999,
exerce atividade agrícola, pastoril ou hortifrutigranjeira, dividindo que aprova o Regulamento da Previdência Social, e dá outras pro-
os rendimentos auferidos; vidências:
IV – arrendatário: aquele que, comprovadamente, utiliza a ter-
ra, mediante pagamento de aluguel, em espécie ou in natura, ao
proprietário do imóvel rural, para desenvolver atividade agrícola,

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a solução para o seu concurso!
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Art. 11. É segurado facultativo o maior de dezesseis anos de Admite-se a filiação na qualidade de segurado facultativo das
idade que se filiar ao Regime Geral de Previdência Social, mediante pessoas físicas que não exerçam nenhum tipo de atividade remu-
contribuição, na forma do art. 199, desde que não esteja exercendo nerada, desde que não sejam participantes de regime próprio de
atividade remunerada que o enquadre como segurado obrigatório previdência social, dentre outros:
da previdência social. a) da dona de casa;
Assim, percebe-se que a filiação ao RGPS somente é permitida b) do síndico de condomínio, desde que não remunerado;
a partir dos 16 anos, com exceção do menor aprendiz, que possui a c) do estudante;
opção de ser filiado a partir dos 14 anos de idade. d) do brasileiro que acompanha cônjuge que presta serviço no
Dispõe o art. 11 do Decreto nº 3.048/1.999: exterior;
Art. 11. É segurado facultativo o maior de dezesseis anos de e) daquele que deixou de ser segurado obrigatório da Previdên-
idade que se filiar ao Regime Geral de Previdência Social, mediante cia Social;
contribuição, na forma do art. 199, desde que não esteja exercendo f) do membro de conselho tutelar de que trata o art. 132 da Lei
atividade remunerada que o enquadre como segurado obrigatório nº 8.069, de 1990, quando não remunerado e desde que não esteja
da previdência social. vinculado a qualquer regime de Previdência Social;
§ 1º Podem filiar-se facultativamente, entre outros: g) do bolsista e o estagiário que prestam serviços a empresa, de
I - aquele que se dedique exclusivamente ao trabalho domés- acordo com a Lei nº 11.788, de 2008;
tico no âmbito de sua residência; (Redação dada pelo Decreto nº h) do bolsista que se dedica em tempo integral à pesquisa, cur-
10.410, de 2020). so de especialização, pós-graduação, mestrado ou doutorado, no
II - o síndico de condomínio, quando não remunerado; Brasil ou no exterior, desde que não esteja vinculado a qualquer re-
III - o estudante; gime de Previdência Social;
IV - o brasileiro que acompanha cônjuge que presta serviço no i) do presidiário que não exerce atividade remunerada nem es-
exterior; teja vinculado a qualquer regime de Previdência Social;
V - aquele que deixou de ser segurado obrigatório da previdên- j) do brasileiro residente ou domiciliado no exterior, salvo se fi-
cia social; liado a regime previdenciário de país com o qual o Brasil mantenha
VI - o membro de conselho tutelar de que trata o art. 132 da acordo internacional;
Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, quando não esteja vinculado a k) do segurado recolhido à prisão sob regime fechado ou semia-
qualquer regime de previdência social; berto, que, nesta condição, preste serviço, dentro ou fora da unida-
VII - o estagiário que preste serviços a empresa nos termos do de penal, a uma ou mais empresas, com ou sem intermediação da
disposto na Lei nº 11.788, de 2008; (Redação dada pelo Decreto nº organização carcerária ou entidade afim, ou que exerce atividade
10.410, de 2020). artesanal por conta própria; e
VIII - o bolsista que se dedique em tempo integral a pesquisa, l) do beneficiário de auxílio-acidente ou de auxílio suplementar,
curso de especialização, pós-graduação, mestrado ou doutorado, desde que simultaneamente não esteja exercendo atividade que o
no Brasil ou no exterior, desde que não esteja vinculado a qualquer filie obrigatoriamente ao RGPS.
regime de previdência social; Registra-se que o segurado afastado temporariamente de suas
IX - o presidiário que não exerce atividade remunerada nem atividades, poderá fazer contribuição como segurado facultativo,
esteja vinculado a qualquer regime de previdência social; (Redação desde que não esteja recebendo remuneração no período de afas-
dada pelo Decreto nº 7.054, de 2009) tamento e não esteja exercendo outra atividade que o torne vin-
X - o brasileiro residente ou domiciliado no exterior; (Redação culado ao RGPS ou a regime próprio. Um exemplo disso, é o caso
dada pelo Decreto nº 10.410, de 2020). de um empregado que esteja com o contrato de trabalho para a
XI - o segurado recolhido à prisão sob regime fechado ou se- realização de curso de capacitação profissional, como por exemplo,
mi-aberto, que, nesta condição, preste serviço, dentro ou fora da os professores que fazem cursos de mestrado ou doutorado no país
unidade penal, a uma ou mais empresas, com ou sem intermedia- ou até mesmo foram do território nacional.
ção da organização carcerária ou entidade afim, ou que exerce ati- Importantes: Na condição de segurado facultativo em ato voli-
vidade artesanal por conta própria. (Incluído pelo Decreto nº 7.054, tivo, filiação é um ato que gera efeitos após realizada a inscrição e
de 2009) o primeiro recolhimento, ato que não permite retroagir e também
XII - o atleta beneficiário da Bolsa-Atleta não filiado a regime não permite o pagamento de contribuições relacionadas a compe-
próprio de previdência social ou não enquadrado em uma das hi- tências anteriores à data da inscrição.
póteses previstas no art. 9º. (Incluído pelo Decreto nº 10.410, de — A filiação facultativa é permitida aos maiores de 16 anos e
2020). sem emprego, podendo ser efetivada após a inscrição e o recolhi-
Importantes: A dona de casa que não contribui para o INSS não mento da primeira contribuição.
é considerada uma segurada facultativa. Mas, caso opte por iniciar Em relação à inscrição, poderão se inscrever, cidadãos que não
suas contribuições, poderá vir a ser. exerçam atividade remunerada, como desempregados, donas de
— O estudante não praticante de qualquer atividade de vin- casa, estudantes, dentre outras categorias. A inscrição deverá ser
culação obrigatória, caso venha a se inscrever como facultativo e feita na Previdência Social na categoria de segurado facultativo. Re-
iniciar as suas contribuições, passará a ser considerado facultativo. alizada a inscrição, mediante contribuição, o segurado terá por lei,
Entretanto, se ele exercer atividade remunerada, será um contri- garantidos alguns direitos, como o auxílio-doença, o salário-mater-
buinte individual. nidade, aposentadoria, dentre outros.
— Aquele que se encontra preso e que não exerce atividade re- Pondera-se que segurado facultativo poderá contribuir de duas
munerada nem esteja vinculado a qualquer regime de previdência maneiras, sendo que a primeira, seria pelo plano normal, que con-
social, poderá se inscrever como segurado facultativo. cede direito a todos os benefícios previdenciários; e, a segunda,
seria por meio da contribuição pelo Plano Simplificado, por meio
Filiação e inscrição
da qual, o segurado possuirá o direito a todos os benefícios da Pre-
vidência Social, salvo à aposentadoria por tempo de contribuição.
Importantes: Art. 11 do Decreto-lei nº. 3.048/1.999:
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a solução para o seu concurso!
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
§ 2º É vedada a filiação ao Regime Geral de Previdência Social, a) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade
na qualidade de segurado facultativo, de pessoa participante de agropecuária, a qualquer título, em caráter permanente ou
regime próprio de previdência social, salvo na hipótese de afasta- temporário, em área, contínua ou descontínua, superior a quatro
mento sem vencimento e desde que não permitida, nesta condição, módulos fiscais; ou, quando em área igual ou inferior a quatro
contribuição ao respectivo regime próprio. módulos fiscais ou atividade pesqueira ou extrativista, com auxílio
§ 3º A filiação na qualidade de segurado facultativo represen- de empregados ou por intermédio de prepostos; ou ainda nas
ta ato volitivo, gerando efeito somente a partir da inscrição e do hipóteses dos §§ 8º e 23 deste artigo;
primeiro recolhimento, não podendo retroagir e não permitindo o b) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade
pagamento de contribuições relativas a competências anteriores à de extração mineral - garimpo -, em caráter permanente ou
data da inscrição, ressalvado o § 3º do art. 28. temporário, diretamente ou por intermédio de prepostos, com ou
§ 4º Após a inscrição, o segurado facultativo somente poderá sem o auxílio de empregados, utilizados a qualquer título, ainda que
recolher contribuições em atraso quando não tiver ocorrido perda de forma não contínua;
da qualidade de segurado, conforme o disposto no inciso VI do art. c) o ministro de confissão religiosa e o membro de instituto de
13. vida consagrada, de congregação ou de ordem religiosa;
d) o brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo
Trabalhadores excluídos do Regime Geral
oficial internacional do qual o Brasil é membro efetivo, ainda que lá
Se encaixam nesta categoria, os cidadãos que não exercem ati- domiciliado e contratado, salvo quando coberto por regime próprio
vidade remunerada que faz com que sejam segurados obrigatórios, de previdência social;
e optaram por não efetuar recolhimentos como segurados faculta- e) desde que receba remuneração decorrente de trabalho na
tivos. Pondera-se que esta categoria não foi excluída do RGPS, po- empresa: (Redação dada pelo Decreto nº 10.410, de 2020).
rém, optou por não participar dele. 1. o empresário individual e o titular de empresa individual de
Assim sendo, registra-se que excluídos do RGPS e impedidos responsabilidade limitada, urbana ou rural; (Incluído pelo Decreto
de nele ingressar, são os servidores públicos civis da União, dos Es- nº 10.410, de 2020).
tados, do Distrito Federal e dos Municípios, desde que participam 2. o diretor não empregado e o membro de conselho de
de regime próprio de previdência, incluindo nesta categoria, os mi- administração de sociedade anônima; (Incluído pelo Decreto nº
litares. 10.410, de 2020).
Desta forma, vejamos o que determina o art. 12 da LBPS: 3. o sócio de sociedade em nome coletivo; e (Incluído pelo
Art. 12. O servidor civil ocupante de cargo efetivo ou o militar Decreto nº 10.410, de 2020).
da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, bem 4. o sócio solidário, o sócio gerente, o sócio cotista e o
como o das respectivas autarquias e fundações, são excluídos do administrador, quanto a este último, quando não for empregado
Regime Geral de Previdência Social consubstanciado nesta Lei, des- em sociedade limitada, urbana ou rural; (Incluído pelo Decreto nº
de que amparados por regime próprio de previdência social. 10.410, de 2020).
§ 1º Caso o servidor ou o militar venham a exercer, concomitan- f) o diretor não empregado e o membro de conselho de
temente, uma ou mais atividades abrangidas pelo Regime Geral de administração na sociedade anônima; (Revogado pelo Decreto nº
Previdência Social, tornar-se-ão segurados obrigatórios em relação 10.410, de 2020).
a essas atividades. g) (Revogado pelo Decreto nº 10.410, de 2020).
§ 2º Caso o servidor ou o militar, amparados por regime pró- h) o sócio gerente e o sócio cotista que recebam remuneração
prio de previdência social, sejam requisitados para outro órgão ou decorrente de seu trabalho na sociedade por cotas de
entidade cujo regime previdenciário não permita a filiação, nessa responsabilidade limitada, urbana ou rural; (Incluída pelo Decreto
condição, permanecerão vinculados ao regime de origem, obedeci- nº 3.265, de 1999)
das as regras que cada ente estabeleça acerca de sua contribuição. h) (Revogado pelo Decreto nº 10.410, de 2020).
Por fim, aduz-se que essa exclusão ocorre em relação ao exer- i) o associado eleito para cargo de direção em cooperativa,
cício do cargo público civil ou militar. Assim, caso o servidor público associação ou entidade de qualquer natureza ou finalidade, bem
civil ou militar venha a exercer outra atividade que o encaixe como como o síndico ou administrador eleito para exercer atividade de
segurado obrigatório, ele deverá participar do RGPS em virtude des- direção condominial, desde que recebam remuneração;
se trabalho, nos parâmetros art. 12, § 1º da LBPS. j) quem presta serviço de natureza urbana ou rural, em caráter
Contribuinte Individual eventual, a uma ou mais empresas, sem relação de emprego;
l) a pessoa física que exerce, por conta própria, atividade
Os segurados anteriormente denominados como empresário,
econômica de natureza urbana, com fins lucrativos ou não;
trabalhador autônomo e equiparado a trabalhador autônomo, a
m) o aposentado de qualquer regime previdenciário nomeado
partir de 29 de novembro de 1999, com a Lei nº 9.876/1999, foram
magistrado classista temporário da Justiça do Trabalho, na forma
considerados uma única categoria e passaram a ser chamados de
dos incisos II do § 1º do art 111 ou III do art 115 ou do parágrafo
Contribuinte Individual. Os contribuintes individuais são segurados
único do art. 116 da Constituição Federal, ou nomeado magistrado
obrigatórios da Previdência Social.
da Justiça Eleitoral, na forma dos incisos II do art. 119 ou III do § 1º
O Inciso V e o parágrafo 15, do artigo 9º, do Regulamento da
do art. 120 da Constituição Federal;
Previdência Social, aprovado pelo Decreto nº 3.048/99 classificam
n) o cooperado de cooperativa de produção que, nesta condição,
todos àqueles que são considerados contribuintes individuais. Ve-
presta serviço à sociedade cooperativa mediante remuneração
jamos:
ajustada ao trabalho executado; e (Incluída pelo Decreto nº 4032,
Art. 9º São segurados obrigatórios da previdência social as
de 2001)
seguintes pessoas físicas:
o) (Revogado);
(....);
p) o Microempreendedor Individual - MEI de que tratam os
V - como contribuinte individual:
arts 18-A e 18-C da Lei Complementar no 123, de 14 de dezembro
de 2006, que opte pelo recolhimento dos impostos e contribuições
abrangidos pelo Simples Nacional em valores fixos mensais;
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a solução para o seu concurso!
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
q) o médico participante do Projeto Mais Médicos para o Brasil, XIX - o artesão de que trata a Lei nº 13.180, de 22 de outubro de
instituído pela Lei nº 12.871, de 22 de outubro de 2013, exceto 2015, desde que não se enquadre em outras categorias de segurado
na hipótese de cobertura securitária específica estabelecida por obrigatório do RGPS em relação à referida atividade. (Incluído pelo
organismo internacional ou filiação a regime de seguridade social Decreto nº 10.410, de 2020)
em seu país de origem, com o qual a República Federativa do Brasil Empresas
mantenha acordo de seguridade social; (Incluído pelo Decreto nº
Empresa, para fins previdenciários, é o empresário ou a socie-
10.410, de 2020).
dade que assume o risco de atividade econômica urbana ou rural,
r) o médico em curso de formação no âmbito do Programa
com fins lucrativos ou não, bem como os órgãos e entidades da ad-
Médicos pelo Brasil, instituído pela Lei nº 13.958, de 18 de dezembro
ministração pública direta ou indireta. Dentre essas, destacam-se:
de 2019; (Incluído pelo Decreto nº 10.410, de 2020).
a) a empresa de trabalho temporário - a pessoa jurídica urbana,
(....);
cuja atividade consiste em colocar à disposição de outras empresas,
§ 15 Enquadram-se nas situações previstas nas alíneas “j” e “l”
temporariamente, trabalhadores qualificados, por ela remunerados
do inciso V do caput, entre outros:
e assistidos, ficando obrigada a registrar a condição de temporário
I - aquele que trabalha como condutor autônomo de veículo
na Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) do trabalhador;
rodoviário, inclusive como taxista ou motorista de transporte
b) a administração pública - administração direta ou indireta da
remunerado privado individual de passageiros, ou como operador
União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, abran-
de trator, máquina de terraplenagem, colheitadeira e assemelhados,
gendo, inclusive, as entidades com personalidade jurídica de direi-
sem vínculo empregatício; (Redação dada pelo Decreto nº 10.410,
to privado sob o controle do poder público e as fundações por ele
de 2020).
mantidas;
II - aquele que exerce atividade de auxiliar de condutor
c) a instituição financeira - pessoa jurídica pública, ou privada,
autônomo de veículo rodoviário, em automóvel cedido em regime
que tenha como atividade principal ou acessória a intermediação
de colaboração, nos termos da Lei nº 6094, de 30 de agosto de 1974;
ou a aplicação de recursos financeiros próprios ou de terceiros, em
III - aquele que, pessoalmente, por conta própria e a seu risco,
moeda nacional ou estrangeira, autorizada pelo Banco Central do
exerce pequena atividade comercial em via pública ou de porta em
Brasil, ou por Decreto do Poder Executivo, a funcionar no território
porta, como comerciante ambulante, nos termos da Lei nº 6586, de
nacional.
6 de novembro de 1978;
Equiparam-se a empresa, para os efeitos previdenciários, o
IV - o trabalhador associado a cooperativa que, nessa qualidade,
contribuinte individual e a pessoa física na condição de proprietário
presta serviços a terceiros;
ou dono de obra de construção civil, em relação a segurado que lhe
V - o membro de conselho fiscal de sociedade por ações;
presta serviço, bem como a cooperativa, a associação ou a entidade
VI - aquele que presta serviço de natureza não contínua, por
de qualquer natureza ou finalidade, a missão diplomática e a repar-
conta própria, a pessoa ou família, no âmbito residencial desta, em
tição consular de carreira estrangeiras (art. 15 da Lei nº 8.212/1991
atividade sem fins lucrativos, até dois dias por semana; (Redação
com redação dada pela Lei nº 13.202/2015).
dada pelo Decreto nº 10.410, de 2020).
VII - o notário ou tabelião e o oficial de registros ou registrador, Microempreendedor individual – MEI
titular de cartório, que detêm a delegação do exercício da atividade O Decreto nº 3.048/99 classifica o Microempreendedor indivi-
notarial e de registro, não remunerados pelos cofres públicos, dual – MEI. Vejamos:
admitidos a partir de 21 de novembro de 1994; Art. 9º São segurados obrigatórios da previdência social as
VIII - aquele que, na condição de pequeno feirante, compra seguintes pessoas físicas:
para revenda produtos hortifrutigranjeiros ou assemelhados; (....);
IX - a pessoa física que edifica obra de construção civil; § 26. É considerado microempreendedor individual - MEI o
X - o médico residente de que trata a Lei nº 6932, de 7 de julho empresário individual a que se refere o art. 966 da Lei nº 10.406,
de 1981 de 2002 - Código Civil, ou o empreendedor que exerça as atividades
XI - o pescador que trabalha em regime de parceria, meação de industrialização, comercialização e prestação de serviços no
ou arrendamento, em embarcação de médio ou grande porte, nos âmbito rural, que tenha auferido receita bruta no ano-calendário
termos da Lei nº 11959, de 2009; imediatamente anterior até o limite estabelecido no art. 18-A
XII - o incorporador de que trata o art. 29 da Lei nº 4591, de 16 da Lei Complementar nº 123, de 2006, que tenha optado pelo
de dezembro de 1964 Simples Nacional e não esteja impedido de optar pela sistemática
XIII - o bolsista da Fundação Habitacional do Exército contratado de recolhimento a que se refere a alínea “p” do inciso V do caput.
em conformidade com a Lei nº 6855, de 18 de novembro de 1980; e (Incluído pelo Decreto nº 10.410, de 2020)
XIV - o árbitro e seus auxiliares que atuam em conformidade
com a Lei nº 9615, de 24 de março de 1998
XV - o membro de conselho tutelar de que trata o art. 132 da Lei CONCEITO, CARACTERÍSTICAS, FILIAÇÃO E INSCRIÇÃO DE:
nº 8069, de 13 de julho de 1990, quando remunerado; DEPENDENTES
XVI - o interventor, o liquidante, o administrador especial e o
diretor fiscal de instituição financeira, empresa ou entidade referida
no § 6º do art. 201; (Redação dada pelo Decreto nº 10.410, de 2020). Filiação e Inscrição
XVII - o transportador autônomo de cargas e o transportador
autônomo de cargas auxiliar, nos termos do disposto na Lei nº Filiação e inscrição não podem ser confundidas, pois aconte-
11.442, de 5 de janeiro de 2007; (Incluído pelo Decreto nº 10.410, cem em momentos distintos, conforme veremos a seguir. A filiação
de 2020) decorre automaticamente do exercício de atividade remunerada
XVIII - o repentista de que trata a Lei nº 12.198, de 14 de janeiro para os segurados obrigatórios e da inscrição formalizada com o
de 2010, desde que não se enquadre na condição de empregado, pagamento da primeira contribuição para o segurado facultativo14.
prevista no inciso I do caput, em relação à referida atividade; e
14 https://repositorio.animaeducacao.com.br/bitstream/
(Incluído pelo Decreto nº 10.410, de 2020)
ANIMA/15783/1/TRABALHO%20DE%20CONCLUS%C3%83O%20
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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
A filiação seria a relação jurídica que liga uma pessoa natural à c) equiparado a filho - certidão judicial de tutela e, em se
União/Previdência Social, bem como ao Instituto Nacional do Segu- tratando de enteado, certidão de casamento do segurado e de
ro Social, que tem o condão de inclui-la na condição de segurada, nascimento do dependente, observado o disposto no § 3º do art. 16;
tendo a eficácia de gerar obrigações (a exemplo do pagamento das II - pais - certidão de nascimento do segurado e documentos de
contribuições previdenciárias) e direitos (como a percepção dos be- identidade dos mesmos; e
nefícios e serviços). III - irmão - certidão de nascimento.
Sendo assim, pode-se afirmar que filiação é um vínculo jurídico
Diante do exposto, destaca-se que a principal diferença entre
entre o segurado e o RGPS, vínculo do qual decorre direitos e obri-
filiação e inscrição é quanto ao momento em que ambas ocorrem,
gações de ambas as partes. Para ter direito aos benefícios previden-
sendo a primeira um vínculo jurídico entre o segurado e o RGPS,
ciários, o segurado deve contribuir.
enquanto a segunda, é a formalização dessa filiação.
Já o RGPS tem o dever de pagar os benefícios e prestar os ser-
viços previdenciários, observando os requisitos legais e ainda, tem Sujeitos
o direito de exigir o pagamento das contribuições previdenciárias Segurados e dependentes são sujeitos ativos da relação jurídica
devidas pelo segurado. cujo objeto seja o recebimento de prestação de natureza previden-
Por outro lado, a inscrição nada mais é que a formalização des- ciária.
sa filiação, na qual o segurado fornece os dados necessários para Beneficiários
sua identificação à Previdência Social. Inscrição é o ato pelo qual
São beneficiários do RGPS os segurados da previdência social
o segurado e o dependente são cadastrados no Regime Geral de
(obrigatórios e facultativos) e seus dependentes. Os beneficiários
Previdência Social, mediante comprovação dos dados pessoais e de
do RGPS estão elencados na Lei nº 8.213/91.
outros elementos necessários e úteis à sua caracterização.
O art. 18 do Decreto nº 3.048/99, dispõe em seus incisos algu- Segurados
mas exigências para a inscrição dos segurados, como: É segurado da previdência social, nos termos do art. 9º e seus
Art. 18. parágrafos do Decreto nº 3.048/99, de forma compulsória, a pes-
[...] soa física que exerce atividade remunerada, efetiva ou eventual, de
I - empregado - pelo empregador, por meio da formalização do natureza urbana ou rural, com ou sem vínculo de emprego, a título
contrato de trabalho e, a partir da obrigatoriedade do uso do Sistema precário ou não, bem como aquele que a lei define como tal, obser-
de Escrituração Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e vadas, quando for o caso, as exceções previstas no texto legal, ou
Trabalhistas - eSocial, instituído pelo Decreto nº 8.373, de 11 de exerceu alguma atividade determinada, no período imediatamente
dezembro de 2014, ou do sistema que venha a substituí-lo, por meio anterior ao chamado “período de graça”. Também é segurado aque-
do registro contratual eletrônico realizado nesse Sistema; (Redação le que se filia facultativa e espontaneamente à Previdência Social,
dada pelo Decreto nº 10.410, de 2020). contribuindo para o custeio das prestações sem estar vinculado
II - trabalhador avulso - pelo cadastramento e pelo registro no obrigatoriamente ao Regime Geral de Previdência – RGPS ou a ou-
órgão gestor de mão de obra, no caso de trabalhador portuário, tro regime previdenciário qualquer.
ou no sindicato, no caso de trabalhador não portuário, e a partir Os segurados estão nos termos do artigo 9º do Decreto nº
da obrigatoriedade do uso do eSocial, ou do sistema que venha a 3.048/99. Dentre os requisitos acima elencados, pode-se destacar
substituí-lo, por meio do cadastramento e do registro eletrônico a pessoa física que pratica atividade com remuneração ou aqueles
realizado nesse Sistema; (Redação dada pelo Decreto nº 10.410, de que se filiam de forma espontânea à previdência social. Ainda, den-
2020). tro do grupo dos segurados, têm-se os segurados obrigatórios e os
III - empregado doméstico - pelo empregador, por meio do segurados facultativos, que serão diferenciados a seguir.
registro contratual eletrônico realizado no eSocial; (Redação dada Quanto aos segurados obrigatórios, em regra, se enquadram as
pelo Decreto nº 10.410, de 2020). pessoas que exercem atividade laboral remunerada no Brasil, exce-
V - segurado especial - preferencialmente, pelo titular do grupo to os servidores públicos efetivos e militares já vinculados a Regime
familiar que se enquadre em uma das condições previstas no inciso Próprio de Previdência Social, instituído pela entidade política que
VII do caput do art. 9º, hipótese em que o INSS poderá solicitar a se encontrem vinculados. A lei nº 8.213/91 traz o rol dos segurados
apresentação de documento que comprove o exercício da atividade obrigatórios.
declarada, observado o disposto no art. 19-D; e (Redação dada pelo Os segurados facultativos, estão classificados no art. 11, §1º
Decreto nº 10.410, de 2020). do decreto nº 3.048/99. Com base no artigo 14, da Lei 8.212/91,
VI - segurado facultativo - por ato próprio, por meio do o segurado facultativo é a pessoa natural que não trabalha e obje-
cadastramento de informações pessoais que permitam a sua tiva uma proteção previdenciária, filiando-se ao RGPS mediante a
identificação, desde que não exerça atividade que o enquadre na inscrição formalizada e o ulterior pagamento da contribuição pre-
categoria de segurado obrigatório. (Redação dada pelo Decreto nº videnciária.
10.410, de 2020). Com relação aos segurados, são previstos os seguintes benefí-
cios: Aposentadoria por incapacidade permanente, Aposentadoria
Ainda, sobre a inscrição dos dependentes, há previsão legal no
por idade e tempo de contribuição, Aposentadoria Especial, Auxí-
art. 22 do mesmo decreto, vejamos:
lio-doença, Salário-família, Salário-maternidade e Auxílio-acidente.
Art. 22. A inscrição do dependente do segurado será promovida
quando do requerimento do benefício a que tiver direito, mediante Dependentes
a apresentação dos seguintes documentos:
I - para os dependentes preferenciais: Para a seguridade social, dependentes são aquelas pessoas que
a) cônjuge e filhos - certidões de casamento e de nascimento; embora não estejam contribuindo, a Lei de Benefícios elenca como
b) companheira ou companheiro - documento de identidade possíveis beneficiários do RGPS, levando em consideração o vínculo
e certidão de casamento com averbação da separação judicial ou familiar com o segurado do regime, fazendo jus às seguintes pres-
divórcio, quando um dos companheiros ou ambos já tiverem sido tações: pensão por morte, auxílio-reclusão, serviço social e reabili-
casados, ou de óbito, se for o caso; e tação profissional. Os dependentes são denominados beneficiários
DE%20CURSO.pdf indiretos do Regime Geral de Previdência Social.
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a solução para o seu concurso!
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Fala-se em beneficiários indiretos pelo modo como adquirem o Todavia, vale lembrar que se eventualmente o servidor público
direito à proteção previdenciária. Enquanto os segurados adquirem efetivo ou o militar venham a exercer, concomitantemente, outra
a condição de beneficiário por ato próprio (exercendo atividade atividade abrangida pelo RGPS, em relação a essa atividade será
remunerada prevista em lei ou contribuindo, caso não exerça ati- considerado segurado obrigatório.
vidade remunerada), o direito dos dependentes fica condicionado
à existência da qualidade de segurado de quem dependem econo-
micamente. EMPRESA E EMPREGADOR DOMÉSTICO: CONCEITO PREVI-
Desse modo, afirma-se que os dependentes são denominados DENCIÁRIO
beneficiários indiretos pelo modo com que adquirem a seguran-
ça advinda do regime previdenciário, enquanto os segurados, são
aqueles que adquirem essa condição por ato próprio, de forma vo- Quando se fala na expressão “empresa”, a primeira ideia que
luntária. se tem, é em relação ao conceito na seara cível. De acordo com o
ilustre civilista Fábio Ulhôa Coelho, empresa é uma atividade eco-
Ordem de vocação
nômica organizada para a produção ou circulação de bens ou servi-
Os dependentes são divididos em classes, ou seja, cada inciso ços. Entretanto, na seara previdenciária, o conceito de empresa se
do art. 16 da Lei nº 8.213 representa uma classe. Essas classes for- mostra um pouco mais amplo.
mam a ordem de vocação previdenciária, visto que a existência de
dependentes de qualquer das classes do referido artigo exclui do A lei de Planos de Benefícios da Previdência Social, Lei nº.
direito às prestações os das classes seguintes. 8.213/1.991, (LBPS), regula a matéria pertinente ao assunto, bem
Por exemplo: se determinado segurado casado ajudava na ma- como dispõe sobre outras providências, incluindo o conceito de
nutenção de sua mãe, com o seu falecimento, somente o cônjuge empregador doméstico como um todo. Vejamos o disposto no art.
sobrevivente terá direito à pensão, uma vez que é dependente da 15 do referido diploma legal:
classe I e a mãe é dependente da classe II. Art. 15 . Consideram-se:
Importante salientar que a dependência econômica da classe I, I - empresa - a firma individual ou sociedade que assume o ris-
indicada pelo inciso I do art. 16 da Lei nº 8.213/91, é presumida. Já co de atividade econômica urbana ou rural, com fins lucrativos ou
a dependência econômica das demais classes deve ser devidamen- não, bem como os órgãos e entidades da administração pública di-
te comprovada, conforme redação dada pelo art. 16, §4º, vejamos: reta, indireta ou fundacional;
II - empregador doméstico - a pessoa ou família que admite a
“A dependência econômica das pessoas indicadas no inciso I é seu serviço, sem finalidade lucrativa, empregado doméstico.
presumida e a das demais deve ser comprovada”. Percebe-se que no âmbito do Direito Previdenciário, o conceito
Prova da condição de empresa abrange, além da questão de ser uma firma ou uma so-
ciedade que assume o risco de atividade econômica, o alcance aos
Os dependentes apenas adquirem a proteção previdenciária se
órgãos e entidades da Administração Pública direta, indireta bem
houver a comprovação da dependência econômico-financeira entre
como da fundacional.
eles e um segurado. No art. 16 da Lei nº 8.213 tem-se o rol de de-
Em relação ao empregador doméstico, registra-se que este
pendentes, vejamos:
possui como atributo principal e marcante a não existência de finali-
Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de Previdência
dade lucrativa. Vejamos o conceito legal devidamente paramentado
Social, na condição de dependentes do segurado:
pelo art. 15 da LOCSS da Lei n. 8.212/1991:
I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não
Art. 15. Considera-se:
emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um)
I – empresa – a firma individual ou sociedade que assume o
anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou
risco de atividade econômica urbana ou rural, com fins lucrativos
deficiência grave;
ou não, bem como os órgãos e entidades da administração pública
II - os pais;
direta, indireta e fundacional;
III - o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de
II – empregador doméstico – a pessoa ou família que admite a
21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual
seu serviço, sem finalidade lucrativa, empregado doméstico.
ou mental ou deficiência grave.
Parágrafo único. Equiparam-se a empresa, para os efeitos desta
Contudo, os dependentes precisam comprovar a dependência Lei, o contribuinte individual e a pessoa física na condição de pro-
econômica do segurado, a fim de que possam usufruir dos benefí- prietário ou dono de obra de construção civil, em relação a segura-
cios como dependentes. do que lhe presta serviço, bem como a cooperativa, a associação ou
a entidade de qualquer natureza ou finalidade, a missão diplomáti-
ca e a repartição consular de carreira estrangeiras. (Redação dada
TRABALHADORES EXCLUÍDOS DO REGIME GERAL pela Lei nº 13.202, de 2015).
Ressalta-se que o disposto por lei, trata-se da regra geral. En-
tretanto, pondera-se que existe a situação daqueles que são equi-
parados à empresa, que são o contribuinte individual e a pessoa
Pela sistemática previdenciária, são excluídos do RGPS os tra- física na condição de proprietário ou dono de obra de construção
balhadores que possuem Regime Próprio de Previdência Privada. civil, em relação a segurado que lhe presta serviço, a cooperativa,
Os exemplos clássicos de tais trabalhadores são: a associação ou a entidade de qualquer natureza ou finalidade, a
• Militares, desde que estejam incluídos em um regime próprio missão diplomática e a repartição consular de carreira estrangeiras.
de previdência. Deve-se, no entanto, levar em conta que todos esses entes se en-
• Servidores públicos, desde que estejam incluídos em um regi- contram sujeitos às mesmas obrigações previdenciárias das empre-
me previdenciário específico para os estatuários federais, estaduais sas de modo geral no território pátrio.
e municipais. Assim sendo, em resumo, temos:

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a solução para o seu concurso!
DIREITO PREVIDENCIÁRIO

SÃO EQUIPARADOS A EMPRESA Receita da União

O contribuinte individual e a pessoa física na condição de De antemão, registra-se que a Seguridade Social deverá ser fi-
proprietário ou dono de obra de construção civil, em relação a nanciada por meio de toda a sociedade, nos termos do art. 195,
segurado que lhe presta serviços. caput da CFB/1.988, devendo tal financiamento ocorrer de forma
direta e indireta, nos termos legais, com recursos advindos dos or-
A cooperativa, a associação ou a entidade eivada de qual- çamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí-
quer natureza ou finalidade, estando inclusa a missão diplomáti- pios, bem como das contribuições sociais de modo geral.
ca e a Repartição Consular de carreiras estrangeiras. Registra-se que existe regra adequada, nos conformes do art.
Obs. Todos esses entes acima citados, se encontram sujeitos 165, § 5º, III, da CFB/1.988, por meio da qual, a lei orçamentária
às mesmas obrigações previdenciárias das empresas de modo anual compreenderá “o orçamento da seguridade social, abrangen-
geral. do todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da administração
direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e
Ante o exposto, pode-se citar como exemplo, um mestre-de-o-
mantidos pelo Poder Público”.
bras que trabalha por conta própria como contribuinte individual,
O que ocorre na realidade, é que a União não possui, uma con-
sendo que nesse caso, será considerado, como uma empresa no
tribuição social efetiva. Isso ocorre pelo fato de ela participar com
que condiz aos fins previdenciários, em relação ao auxiliar de pe-
atribuição de dotações do seu orçamento diretamente para a Se-
dreiro, sendo que as respostas e consequências dessa regra se en-
guridade Social, orçamentos esses que são fixados de forma obri-
contram relacionadas com a parte de custeio previdenciário.
gatória na Lei Orçamentária anual. Ademais, a União é a autêntica
responsável pela cobertura de eventuais faltas de recursos da Se-
FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL. RECEITAS DA guridade em decorrência do pagamento de benefícios advindos de
UNIÃO. RECEITAS DAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS: DOS SE- prestação continuada pela previdência social, nos termos do art. 16
GURADOS, DAS EMPRESAS, DO EMPREGADOR DOMÉS- da Lei n. 8.212/1991.
TICO, DO PRODUTOR RURAL, DO CLUBE DE FUTEBOL Pondera-se que não existe um percentual mínimo definido a
PROFISSIONAL, DE CONCURSOS DE PROGNÓSTICOS E DE ser designado à Seguridade Social, da maneira como ocorre com
OUTRAS FONTES. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. CONCEITO. a educação, nos conformes do art. 212 da CFB/1.988, levando em
PARCELAS INTEGRANTES E PARCELAS NÃO INTEGRANTES. conta que esse percentual se constitui em uma parcela aleatória de
LIMITES MÍNIMO E MÁXIMO. SALÁRIO-BASE: ENQUADRA- modo geral.
MENTO, FRACIONAMENTO, PROGRESSÃO E REGRESSÃO. O jurista Wladimir Novaes Martinez, aduz que ficar o Estado
PROPORCIONALIDADE. REAJUSTAMENTO. ARRECADA- e particularmente a União, na retaguarda das obrigações assumi-
ÇÃO E RECOLHIMENTO DAS CONTRIBUIÇÕES DESTI- das pela Previdência Social, ou seja, deixando a sociedade como
NADAS À SEGURIDADE SOCIAL. OBRIGAÇÕES DA última garantia dos recursos financeiros essenciais às prestações,
EMPRESA E DEMAIS CONTRIBUINTES. PRAZO DE é uma tomada de posição de índole filosófica, posto que a União
RECOLHIMENTO garante a Previdência Social. Assim sendo, tem-na socializada e sob
sua administração, lesionando a ideia de o seguro social ser um em-
Com previsão no art. 195 da CFB/1.988, o financiamento da preendimento dos trabalhadores de modo geral. Na realidade, caso
Seguridade Social é conceituado como um dever de modo geral, aconteça de os recursos obtidos pelas contribuições não serem su-
imposto à toda a sociedade, seja de maneira direta ou indireta, me- ficientes, a sociedade poderá ser chamada por intermédio do orça-
diante recursos advindos dos orçamentos da União, dos Estados, do mento da União, a contribuir um pouco mais.
Distrito Federal, dos Municípios e também das contribuições sociais Entretanto, visto por outro ângulo, a União pode também vir
de forma geral. a se socorrer-se dos benefícios da Seguridade Social para adim-
Ressalta-se, que o estilo de financiamento da Seguridade So- plir com seus encargos previdenciários. Para isso, denote-se que
cial disposto na Constituição Federal foi feito com base no sistema a União se encontra autorizada a utilizar-se dos recursos advindos
contributivo, tendo por esse motivo, o Poder Público marcante par- das contribuições que incidem sobre o faturamento e o lucro, nos
ticipação no orçamento da Seguridade, sob a preeminente entrega parâmetros do art. 17 da Lei nº. 8.212/1.991, sob a redação da Lei
de recursos advindos dos orçamentos tanto da União, quanto dos nº. 9.711/1998.
demais entes da Federação, com o fito de cobrir eventuais insufi- Por fim, registre-se que os recursos da Seguridade Social tam-
ciências do sistema, e, de ainda, fazer frente às diversas despesas bém podem ser usados para custear despesas com o pessoal e a
decorrentes de seus próprios encargos previdenciários, recursos administração geral do INSS, exceto os advindos da arrecadação da
humanos e também dos materiais empregados como um todo. contribuição sobre concursos de prognósticos, uma vez que o des-
Com receita própria, pondera-se que o orçamento da Seguri- tino destes é apenas para o custeio dos benefícios e serviços que
dade Social não se confunde com a receita tributária federal, que são prestados pela Seguridade Social, nos ditames do art. 18 da Lei
se trata daquela que possui destino unicamente para as prestações n. 8.212/1991.
da Seguridade Social nas searas da Saúde Pública, da Previdência Receita das contribuições sociais
Social e da Assistência Social, com as devidas obediências à LDO (Lei
de Diretrizes Orçamentárias). Por esse motivo, deverá o orçamento A princípio, infere-se que a CFB/1.988 dispôs sobre as contri-
ser objeto de deliberação conjunta entre os órgãos competentes buições sociais no capítulo reservado ao Sistema Tributário Nacio-
que são os seguintes: Conselho Nacional de Previdência Social, Con- nal, determinando de forma expressa no art. 149, normas gerais
selho Nacional de Assistência Social e Conselho Nacional de Saúde. a respeito da Instituição, e, por conseguinte, no art. 195, sobre as
Importante: A gestão dos recursos é descentralizada por área normas especiais relacionadas às contribuições para a Seguridade
de atuação. Social Brasileira.
A título de conhecimento, prevaleceu na doutrina e na jurispru-
dência tributárias a teoria da tripartição, por meio da qual os tribu-
tos eram divididos em impostos, taxas e contribuições de melhoria.

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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Na contemporaneidade, esta teoria ainda é defendida por parte da Em relação aos MEIs, ressalta-se que esta classe, também aca-
doutrina, mas, atualmente a maior parte da doutrina adota a teoria ba contribuindo em cima do valor do mínimo, porém, com alíquota
pentapartida, que se divide os tributos: em impostos empréstimos diferente no percentual de 5%, havendo, ainda, a possibilidade de-
compulsórios (art. 148 da CFB/1.988), taxas, contribuições de me- les poderem complementar a alíquota para no máximo 20%, caso
lhoria (art. 145 da Constituição) e contribuições especiais (artigos optem por buscar a obtenção de uma aposentadoria melhor.
149 e 149-A da CFB/1.988). Além disso a teoria pentapartida tam- A contribuição dos segurados especiais é realizada sobre o va-
bém se trata da teoria adotada pelo STF (Supremo Tribunal Fede- lor de sua receita bruta da produção rural.
ral), que tem decidido de maneira concomitante que os impostos No caso dos segurados facultativos, pelo fato de não exercerem
compulsórios e as contribuições especiais são considerados espé- nenhuma atividade remunerada, porém, caso desejem ser cobertos
cies tributárias autônomas. pelos benefícios da Previdência Social, é necessário que façam o
A respeito das contribuições especiais, denota-se que possuem recolhimento previdenciário de forma voluntária. Exemplos: os de-
como fulcro o custeamento das atividades sociais do Estado, como sempregados e os estudantes.
a saúde, a educação, a previdência social, dentre outros. Em rela- No condizente aos segurados facultativos, aduz-se que esta
ção às contribuições sociais, no termos do art. 149 da CFB/1.988, categoria não pode ser segurada de um Regime Próprio de Previ-
afirma-se que elas são tributos cobrados da população, cabendo à dência Social, porém, suas contribuições podem ser feitas de ma-
União instituir as contribuições especiais, tendo em vista que os Es- neira igual à dos contribuintes individuais que em geral é de 20%
tados, o DF e os Municípios só possuem permissão da Constituição sobre um valor declarado pelo próprio segurado, desde que seja
para instituir contribuições cobradas de seus servidores, com de- em quantia que varie entre o salário-mínimo e o Teto do INSS. No
signação ao custeio de seus regimes próprios de Previdência Social. entanto, existe ainda, a possibilidade do facultativo contribuir com
Também é da União a competência de instituir as contribuições so- uma alíquota de 11% sobre o salário mínimo.
ciais, bem como a competência para fazer arrecadações, sendo que Importante: Há alguns tipos de segurados que por se encaixa-
quem faz é a Secretaria da Receita Federal do Brasil. rem no conceito de baixa-renda, poderão contribui com uma alí-
Importante: A regra de a Secretaria da Receita Federal do Bra- quota de 5% sobre o valor do salário mínimo.
sil fazer arrecadações por delegação da União, foi aplicada desde
Das empresas
2.007, posto que nesse ano, a Lei nº. 11.457/2.007 fez a fusão da
Secretaria da Receita Previdenciária e da Secretaria da Receita Fe- Por força de determinação do art. 195 da CFB/1.988, as empre-
deral. sas são grandes financiadoras da Seguridade Social. Assim sendo,
Antes da aprovação da referida lei, era o INSS que fazia a arre- vale a pena rever esse artigo. Vejamos:
cadação exercida pelos Auditores Fiscais da Previdência Social, que Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a socie-
com a unificação desses órgãos, passaram a ser integrados aos Au- dade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recur-
ditores Fiscais da Receita Federal. sos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:
Dos segurados
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada
Segurados obrigatórios são todos os trabalhadores que exer- na forma da lei, incidentes sobre:
cem alguma espécie de atividade remunerada. a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos
Assim sendo, eles se encontram obrigados a contribuir para a ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste ser-
Previdência Social, pelo fato de receberem remuneração pelo tra- viço, mesmo sem vínculo empregatício;
balho executado. b) a receita ou o faturamento;
Nesta categoria, temos diversos tipos de trabalhadores. Veja- c) o lucro;
mos: II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência so-
• Empregados registrados na CLT; cial, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão con-
• Empregados domésticos; cedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art.
• Trabalhadores avulsos; 201;
• Segurados especiais; III - sobre a receita de concursos de prognósticos.
• Contribuintes individuais, incluindo nesta subcategoria os mi- IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem
croempreendedores individuais, os chamados MEI. a lei a ele equiparar.
Ressalta-se que a contribuição destes trabalhadores não ocorre Ressalta-se que o trabalho executado pelos segurados cria para
de forma igual para toda a categoria, sendo que para os emprega- a empresa, a obrigação de remunerá-los, bem como é sobre o valor
dos CLT, empregados domésticos e trabalhadores avulsos, a contri- dessa remuneração que incide a contribuição patronal, vindo, as-
buição é cobrada de forma direta, tendo como base o salário que sim, a gerar a base de cálculo de contribuição desses segurados. O
esses trabalhadores recebem, sendo que o desconto previdenciário recolhimento da contribuição dos segurados deverá ser executado
incide de forma direta na folha de pagamento e pelo próprio em- até o dia 20 do mês seguinte ao que se refere a remuneração, ou,
pregador. ainda, um dia antes, se o dia 20 não tiver expediente bancário.
No que condiz aos contribuintes individuais, afirma-se que es- Importante: Sobre o mencionado no retro parágrafo, ponde-
tes contribuem com uma alíquota no valor de 20% sobre um valor ra-se que não é no mês seguinte ao pagamento da remuneração.
entre o salário-mínimo, (R$ 1.100,00 em 2.021) e o Teto segundo o Assim, caso o segurado tenha laborado em abril, a contribuição da
INSS, (R$ 6.433,57 em 2021). empresa deve se dar até o dia 20 de maio, não importando se o
Denota-se que existe a possibilidade desta categoria contribuir salário foi pago em abril ou no início de maio, tendo em vista que o
com uma alíquota de 11% em cima do mínimo também. Entretanto, que importa é a prestação do serviço com o exercício da atividade
esses trabalhadores terão direito apenas a uma aposentadoria no remunerada.
valor do salário-mínimo. Entretanto, não existe apenas esta forma de contribuição no
que condiz às empresas, posto que em decorrência do princípio da
Equidade na Forma de Participação no Custeio contido na Constitui-
ção Federal, por meio do qual, quem pode mais, paga mais e quem
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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
pode menos, deverá o legislador garantir a aplicabilidade desse Registra-se que em relação à análise do FAP (Fator Acidentário
dispositivo. Assim, em decorrência desse princípio, existem regras de Prevenção), esse fator foi implantado a partir do ano de 2007,
variadas, bases de cálculo distintas e alíquotas diferentes. Vejamos com a função de auxiliar as empresas que são buscadoras da redu-
em síntese: ção dos acidentes de trabalho, bem como a pressionar, mediante
1. Da Contribuição da Empresa sobre a Remuneração dos Se- o aumento da contribuição, aquelas empresas que pouco ou nada
gurados Empregado e Avulso: O recolhimento pela empresa deverá fazem nesse sentido, e nem, tampouco se preocupam com a segu-
ser de 20% sobre o total das remunerações devendo, nos ditames rança do trabalhador. Com previsão legal no artigo 202-A do Regime
legais do art. 22, inc. I da LOCSS, ser pagas, devidas ou creditadas de Previdência social, trata-se o FAP de um multiplicador eivado de
a esses segurados, no decorrer do mês, lembrando que em decor- variáveis entre o índice de 0,5 e 2,0, atribuído pelo Ministério da
rência da EFPC, a contribuição patronal não poderá sofrer limitação Economia por empresa. O FAP possui incidência sobre as alíquotas
ao teto. de 1, 2 ou 3%, podendo reduzi-las em até 50%, ou as aumentando
2. Sobre a contribuição da empresa sobre a remuneração em até 100%, em decorrência do desempenho da empresa no con-
dos segurados contribuintes individuais prestadores de serviço: A dizente à sua respectiva atividade.
empresa deverá nos moldes do art. 22, inc. III da LOCSS, recolher Importante: O FAP é calculado com base nos índices de gravi-
20% sobre o total das remunerações pagas ou creditadas aos con- dade como:
tribuintes individuais que lhe prestem serviços. Registre-se que a • Morte, incapacidade permanente ou temporária;
cooperativa de trabalho, nos moldes do art. 201, § 19 do RPS não se • De frequência pela quantidade de ocorrências; e
encontra sujeita a essa contribuição, tendo em vista que ela paga de • De custo (valor e duração dos benefícios acidentários) dos
forma distribuída ou creditada aos seus cooperados, sob a forma de acidentes de trabalho da empresa.
título de remuneração ou retribuição pelos serviços os segurados Prevista no art. 57 da LBPS, existe a contribuição adicional ao
tenham por seu intermédio, prestado a empresas. SAT (Seguro de Acidente do Trabalho), que se predispõe de forma
3. Sobre a contribuição destinada ao Financiamento da Apo- específica ao custeio da aposentadoria especial. Denota-se que esta
sentadoria Especial e dos Benefícios Acidentários: Com determi- contribuição será devida, uma vez cumprida a carência exigida por
nação legal expressa no art. 22, II, da LOCSS é bastante conhecida lei, ao segurado que tiver trabalhado sujeito a condições especiais
pelas siglas SAT do Seguro de Acidentes do Trabalho, RAT dos Riscos que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante 15 (quin-
Ambientais do Trabalho ou GILRAT (Grau de incidência de Incapa- ze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos.
cidade Laborativa decorrente dos Riscos Ambientais do Trabalho). Em atenção ao parágrafo 6º do art. 57 da LBPS, aduz-se que
Assim, a contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade o SAT, benefício previsto no artigo 57, será financiado com os re-
Social, além do disposto no art. 23, é de: a) 1% (um por cento) para cursos provenientes da contribuição de que trata o inciso II do art.
as empresas em cuja atividade preponderante o risco de acidentes 22 da Lei n. 8.212, de 24 de julho de 1991, cujas alíquotas serão
do trabalho seja considerado leve; b) 2% (dois por cento) para as acrescidas de doze, nove ou seis pontos percentuais, conforme a
empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja conside- atividade exercida pelo segurado a serviço da empresa, permitindo
rado médio; c) 3% (três por cento) para as empresas em cuja ativi- a concessão de aposentadoria especial após quinze, vinte ou vinte e
dade preponderante esse risco seja considerado grave. O benefício cinco anos de contribuição, respectivamente. Posto que o parágrafo
previsto nos artigos 57 e 58 é o da aposentadoria especial. 7º do referido artigo, trata exclusivamente sobre a incidência da re-
Importante: A empresa só recolhe essa contribuição adicional muneração do segurado sujeito às condições especiais referidas no
sobre o total das remunerações pagas a segurados empregados caput do art. 57 retro mencionadas.
e avulsos, tendo em vista que a contribuição adicional não incide Desta forma, ao passo que a alíquota SAT – ou RAT, ou GILRAT –
sobre a remuneração dos contribuintes individuais que estejam a encontra incidência sobre a folha de salários da empresa de forma
serviço da empresa, porque eles não possuem direito a benefícios total, essa contribuição adicional incide de maneira exclusiva sobre
acidentários. a remuneração dos segurados que se encontram sujeitos ao traba-
A respeito da atividade preponderante, o Regime de Previ- lho sob condições especiais.
dência Social em seu art. 202, § 3º, aduz que esta categoria que se
Do empregador doméstico
considera preponderante em relação à atividade que ocupa na em-
presa que possui maior número de segurados empregados e traba- Nos ditames do art. 15, II da LOCSS, empregador doméstico é a
lhadores avulsos. Assim, deverá a empresa fazer o enquadramento pessoa ou família que admite a seu serviço, sem finalidade lucrati-
com fulcro na relação de atividades preponderantes, que se encon- va, empregado doméstico. Por outro ângulo, sob a ótica da LOCSSS,
tra disposto no Anexo V do RPS no art. 202 em seu parágrafo 4º, em seu art. 12, II, empregado doméstico é aquele que presta servi-
que poderá ser revisionado a qualquer tempo pela Receita Federal. ço de natureza contínua à pessoa ou família, no âmbito residencial
Sobre os motivos da atividade preponderante ser aferida, por desta, em atividades sem fins lucrativos.
força de lei, em cada estabelecimento da entidade empresarial, Registra-se, que com base nos conceitos de empregador e em-
desde que estas empresas possuam CNPJ distintos, é firme a posi- pregado domésticos, pode ser encontrada a principal diferença ad-
ção do STJ com a edição da súmula 351 do STJ, editada no ano de vinda da Legislação previdenciária entre os empregados domésticos
2008. Vejamos: e os demais segurados empregados.
STJ – Súmula 351 – “A alíquota de contribuição para o Seguro Nesse sentido, pelo fato dos empregadores domésticos não au-
de Acidente do Trabalho (SAT) é aferida pelo grau de risco desenvol- ferirem nenhum tipo de retorno financeiro por meio do trabalho
vido em cada empresa, individualizada pelo seu CNPJ, ou pelo grau daqueles que lhes prestam serviços domésticos, se torna inviável
de risco da atividade preponderante quando houver apenas um cobrar dos empregadores domésticos as mesmas contribuições que
registro. Essa contribuição segue a regra geral dos recolhimentos são exigíveis das empresas.
empresariais, o que significa que deve ser paga até o dia 20 do mês Em relação ao recolhimento de alíquotas, dentre outros tribu-
seguinte ao da competência, antecipando-se para o dia útil imedia- tos, a Lei Complementar n. 150 trouxe ao ordenamento jurídico,
tamente anterior, se não houver expediente bancário no dia 20”. a regulamentação da PEC das Domésticas por meio da qual criou-
-se o “simples doméstico”, que trata de um sistema de pagamento

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a solução para o seu concurso!
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
único de diversas contribuições que dizem respeito ao empregado acoplada à GILRAT de 1, 2 ou 3%, devendo manifestar sua opção
doméstico. Assim sendo, vejamos como a mencionada lei regula- anualmente, demonstrando e fazendo o recolhimento sobre a folha
menta esta questão em seus arts. 34 e 35: de salários de janeiro, ou, ainda, sobre a folha do primeiro mês de
Art. 34. O Simples Doméstico assegurará o recolhimento men- trabalho no ano do início de seu exercício de labor.
sal, mediante documento único de arrecadação, dos seguintes va- Do clube de futebol profissional
lores: [...]
Trata-se esta categoria da contribuição da associação desporti-
II – 8% (oito por cento) de contribuição patronal previdenciária
va que mantém equipe de time de futebol profissional. Esta contri-
para a seguridade social, a cargo do empregador doméstico, nos
buição possui como função, tratar dos assuntos de substituição da
termos do art. 24 da Lei n. 8.212, de 24 de julho de 1991;
cota patronal e da GILRAT. Desta forma, esta categoria deixará de
III – 0,8% (oito décimos por cento) de contribuição social para
contribuir com 20% sobre a folha de salários, mais 1, 2 ou 3%, sendo
financiamento do seguro contra acidentes do trabalho;
que a associação desportiva que mantém equipe de futebol profis-
IV – 8% (oito por cento) de recolhimento para o FGTS;
sional deverá recolher, por sua vez, uma única contribuição, de 5%
V – 3,2% (três inteiros e dois décimos por cento), na forma do
relativo à receita bruta advinda dos espetáculos desportivos de que
art. 22 desta Lei;
participe em todo o país e em qualquer tipo de modalidade despor-
e VI – imposto sobre a renda retido na fonte de que trata o
tiva, inclusive em jogos internacionais, quaisquer formas de patrocí-
inciso I do art. 7º da Lei n. 7.713, de 22 de dezembro de 1988, se in-
nio, de licenciamento de uso de marcas e símbolos, de publicidade,
cidente. [...] § 2º A contribuição e o imposto previstos nos incisos I e
de propaganda e de transmissão de espetáculos desportivos, nos
VI do caput deste artigo serão descontados da remuneração do em-
termos do art. 22, §6º da LOCSS. Denota-se que a citada contribui-
pregado pelo empregador, que é responsável por seu recolhimento.
ção, constitui motivo de cláusula substitutiva da cota patronal que
§ 7º O recolhimento mensal, mediante documento único de arreca-
incide sobre a remuneração de empregados, bem como de avulsos
dação, e a exigência das contribuições, dos depósitos e do imposto,
e também do GILRAT. Assim, caso a associação desportiva venha a
nos valores definidos nos incisos I a VI do caput, somente serão de-
contratar os serviços de um contribuinte individual, terá o dever
vidos após 120 (cento e vinte) dias da data de publicação desta Lei.
de recolher 20% sobre a remuneração paga com o tempo de prazo
Art. 35. O empregador doméstico é obrigado a pagar a remu-
de recolhimento de no máximo dois dias úteis após a realização do
neração devida ao empregado doméstico e a arrecadar e a recolher
evento, cabendo à associação desportiva prestar as devidas infor-
a contribuição prevista no inciso I do art. 34, assim como a arreca-
mações pertinentes de forma minuciosa à entidade promotora a
dar e a recolher as contribuições, os depósitos e o imposto a seu
respeito de todas as receitas auferidas no evento.
cargo discriminados nos incisos II, III, IV, V e VI do caput do art. 34,
Em relação à contribuição com incidência sobre as receitas
até o dia 7 do mês seguinte ao da competência.
adquiridas com patrocínio, licenciamento de uso de marcas e sím-
Ante o exposto, entende-se que o empregador doméstico con- bolos, publicidade, propaganda e transmissão de espetáculos des-
tribui com alíquota no valor total de 20%. E, ainda, que a cota patro- portivos, pondera-se que deverá ser recolhida pela empresa ou en-
nal e o GILRAT, por sua vez, incidem sobre o salário de contribuição tidade pagadora. Nessa hipótese, o recolhimento deverá ser pela
percebido pelo empregado doméstico, já o FGTS e a multa do FGTS, regra geral de todas as empresas até o dia 20 do mês seguinte ao
incidem sobre a remuneração. da competência, ou, ainda, no dia útil imediatamente anterior, caso
Importante: De acordo com o inc. VIII do art. 216 do RPS, du- não haja expediente bancário no dia 20.
rante o período da licença-maternidade da empregada doméstica, Com a intenção de adequar a contribuição previdenciária dos
o INSS é o responsável pelo adimplemento do salário-maternidade. clubes de futebol, a Previdência Social realizou algumas mudanças
No entanto, o empregador doméstico permanece responsável, nes- na legislação. Vejamos:
se período, pelo recolhimento das contribuições que estão sob o • Sendo associação desportiva com equipe de futebol amador,
seu encargo, como a cota patronal, o GILRAT, o FGTS e a Multa do deverá seguir a regra geral das empresas.
FGTS. • Caso seja associação desportiva com equipe de basquetebol
Do produtor rural profissional, deverá seguir a regra geral das empresas.
• Sendo associação desportiva com equipe de futebol profis-
Denota-se, de antemão, que os trabalhadores rurais não são sional e de outros esportes, poderá se beneficiar da contribuição
detentores de rendimentos com prazos regulares, tendo em vista diferenciada.
que são dependentes dos períodos de plantio, das variações climá-
ticas e também das safras que planejam. Por esse motivo, a lei os Sobre a receita de concursos de prognósticos
desobriga de terrem que contribuir mensalmente. Desta maneira, Concursos de prognósticos são concursos de sorteios de núme-
apenas serão devidas as contribuições no instante da venda da pro- ros, aposta e de loterias. Pode-se incluir nesse rol, as apostas reali-
dução agrícola. zadas em reuniões hípicas de âmbito federal, estadual, do Distrito
Entretanto, após ser realizada a venda da safra, as alíquotas Federal e também dos municípios.
devidas pelo trabalhador rural serão as seguintes: Pondera-se que essa contribuição é constituída a partir da re-
• 1,2% da receita bruta da comercialização da produção, com ceita auferida nos concursos de prognósticos, sorteios e loterias,
destino à previdência social, posto que esta alíquota, veio em subs- sendo multiplicada pela alíquota fixada pelos parâmetros legais.
tituição à contribuição incidente sobre a remuneração dos empre- Essa contribuição encontra-se prevista art. 195, III, da CFB/1.988 e é
gados que em regra é de 20%; regulada pelos artigos 26 da LOCSS e 212 do RPS. Entretanto, infor-
• 0,1% para o SAT/RAT/GILRAT, que veio em substituição às ma-se nesse estudo que o RPS se encontra fora de atualização neste
alíquotas de 1, 2 ou 3% devidas pelas demais empresas como um ponto, pelo fato de não terem sido incorporadas nele as alterações
todo. que a Lei n. 13.756/2018 determinou por meio do art. 26 da LOCSS.
Registra-se, que pelo fato do empregador rural pessoa física, Por fim, pondera-se que a Lei n. 13.756 fixa alíquotas diversas
ser encaixado como contribuinte individual dentro dos parâmetros que variam de 0,25% a 17,32%, a depender do tipo de loteria.
da LOCSS, no art. 25, § 2º, é facultado-lhe vir a contribuir da mesma
maneira que as empresas em geral, sendo a cota catronal de 20%,

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a solução para o seu concurso!
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Receitas de outras fontes violação à Constituição Federal em seu art.194, § único, posto que
ao ferir o princípio da equidade da participação no custeio, passa a
Sobre esta categoria, dispõe de forma clara o art. 27 da LOCSS:
exigir contribuição maior aos que auferem menor rendimento.
Art. 27. Constituem outras receitas da Seguridade Social:
I – as multas, a atualização monetária e os juros moratórios; Parcelas integrantes e parcelas não-integrantes
II – a remuneração recebida por serviços de arrecadação, fisca-
Parcelas integrantes são as os valores pecuniários sobre os
lização e cobrança prestados a terceiros;
quais deverá incidir a alíquota de contribuição previdenciária de
III – as receitas provenientes de prestação de outros serviços e
forma geral. Já as parcelas não-integrantes, podem ser considera-
de fornecimento ou arrendamento de bens;
dos os valores pecuniários sobre os quais não são incidentes a con-
IV – as demais receitas patrimoniais, industriais e financeiras;
tribuição previdenciária.
V – as doações, legados, subvenções e outras receitas even-
De modo geral, compõem as parcelas integrantes as que são
tuais;
de natureza remuneratória, que se referem aos pagamentos que se
VI – 50% (cinquenta por cento) dos valores obtidos e aplicados
destinam à retribuição do labor como um todo.
na forma do parágrafo único do art. 243 da Constituição Federal;
No tocante às parcelas não-integrantes, ressalta-se que a ideia
Salário de contribuição segundo a qual, as verbas indenizatórias ou de ressarcimento não
são integrantes do sistema de alíquotas de contribuição previden-
Conceito ciária, tem prevalecido como regra geral. Entretanto, existem algu-
mas ressalvas que se encontram previstas na lei e também reconhe-
Trata-se do valor usado como base de cálculo para a incidência
cidas nos Tribunais pertinentes.
das alíquotas das contribuições previdenciárias dos segurados, ex-
Importante: Pondera-se que a remuneração que é tida como
ceto a do segurado especial.
base de cálculo da contribuição da empresa não é totalizante, pos-
O salário de contribuição constitui-se em um dos elementos
to que as mesmas verbas que não são passíveis de incidência da
de cálculo da contribuição previdenciária, com especial medida do
contribuição do empregado, também não poderão ser objeto de
valor por meio da qual é aplicada a alíquota de contribuição, vindo,
contribuição da empresa.
desta forma, a obter-se o montante da contribuição de todos os
tipos de segurados empregados. Limites máximo e mínimo
Registra-se que no sistema utilizado pelo ordenamento jurídico
O Salário de contribuição se encontra dividido dentro de um
brasileiro, não é viável se ater apenas à finalidade arrecadatória das
limite mínimo e de um limite máximo.
contribuições, para fazer frente às despesas públicas, posto que,
Nos ditames do art. 28, § 3º, da Lei n. 8.212/91, o limite mí-
ao ser realizada a contribuição conforme manda a lei, sua base de
nimo do salário de contribuição é correspondente ao piso salarial,
cálculo deverá ser avaliada e considerada também para fins de cál-
legal ou normativo, da categoria ou, caso este não exista, ao salário
culo do benefício, de acordo com o previsto no art. 201, § 11, da
mínimo, sendo que será tomado no seu valor mensal, diário ou por
CFB/1.988. Vejamos:
horas, de acordo com o que foi ajustado, bem como o tempo de
§11 – Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título,
trabalho efetivado durante o decorrer do mês. Assim, o limite máxi-
serão incorporados ao salário para efeito de contribuição previden-
mo se encontra correspondente ao teto da previdência social que é
ciária e consequente repercussão em benefícios, nos casos e na for-
reajustado pelo INPC de forma anual.
ma da lei.
Assim sendo, considera-se de suma importância, fixar com pre- Salário-base: enquadramento, fracionamento, progressão e
cisão, não somente o salário de contribuição, mas também que seja regressão
levado em conta a época em que esse salário foi, ou deveria ter
Anteriormente, a escala de salários-base era composta por dez
sido pago pelo tomador do serviço do segurado, de forma que este
diferentes classes. A primeira correspondente ao valor mínimo so-
consiga receber o valor que lhe é devido a título de benefício previ-
bre o qual o segurado deve contribuir, ou seja, igual a um salário
denciário de modo correto.
mínimo, e a última, ao valor máximo do salário-de-contribuição
Ressalta-se que o limite mínimo do salário de contribuição para
(quando da edição da Lei nº 8.213/91, correspondente a dez salá-
os segurados contribuinte individual e facultativo, é corresponden-
rios mínimos).
te ao valor do salário mínimo. Já para os segurados empregados,
Os valores da escala eram reajustados na mesma data e com os
incluindo nesta classe, o doméstico e também o trabalhador avul-
mesmos índices que os do reajustamento dos benefícios de pres-
so, corresponde ao piso salarial legal ou ao normativo da categoria,
tação continuada (Art. 29, § 1º, da Lei nº 8.212/91, hoje, revogado
e, caso não exista este, corresponderá ao valor do salário mínimo,
pela Lei nº 9.876, de 1999, que dispõe sobre a contribuição previ-
tomado seu valor mensal, diário ou horário, conforme o ajustado
denciária do contribuinte individual, o cálculo do benefício, altera
e o tempo de trabalho efetivo no decorrer do mês, nos termos do
dispositivos das Leis nos 8.212 e 8.213).
disposto no § 3º do art. 28 da Lei n. 8.212/1991.
Os segurados sujeitos à escala de salários-base contribuíam
Ponto bastante importante nesse estudo e que merece desta-
sobre o valor constante da classe na qual estiverem enquadrados,
que, é o referente à A EC 103/2019 e o limite mínimo do salário
independentemente do valor efetivo de seus rendimentos. Nesse
de contribuição, tendo em vista que em relação à necessidade de
caso, pela dificuldade que representaria a verificação dos ganhos do
observância do limite mínimo do salário de contribuição, a EC n.
segurado, optou o legislador por lançar mão da ficção representada
103/2019 determinou no art. 195, § 14, norma que aduz que o se-
pelo salário-base.
gurado apenas terá reconhecida como tempo de contribuição ao
O tempo de serviço do contribuinte individual, anterior ou pos-
RGPS a competência cuja contribuição ocorra de tempo igual ou de
terior à Lei nº 8.213/91, somente pode ser computado para fins de
lapso superior à contribuição mínima mensal que a lei exige para a
concessão de aposentadoria, mediante a comprovação do recolhi-
sua categoria, tendo por esse motivo, assegurado para si o acopla-
mento das contribuições previdenciárias.
mento de contribuições. Ocorre que tal regra se encontra dotada de

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a solução para o seu concurso!
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Até a vigência da Lei nº 9.876/99, o segurado autônomo con-
tribuía segundo a escala de salários-base prevista, de início, nos
artigos 76, II e III da Lei nº 3.807/60, art. 13 da Lei nº 5.890/73 e,
posteriormente, nos artigos 28, III, c/c o art. 29 da Lei nº 8.212/91.
Observa-se que na época, o segurado poderia regredir para
qualquer classe inferior e retornar quando lhe fosse conveniente,
desde que observasse os requisitos na parte final do parágrafo 12
do artigo 29. Assim, a possibilidade de o segurado recolher contri-
buições em atraso e, uma vez cumprindo o interstício (embora fa-
zendo o pagamento em atraso), progredir na escala de salário-base,
tendo recolhido o número de contribuições exigidas para a classe
anterior, mesmo que a destempo, ao contrário, não era afastada
pelo texto legal. Reajustamento
Com a lei nº 8212/91, fica a contribuição do segurado: Sobre o reajustamento do salário-de-contribuição, dispõe o
art. art. 20 § 1º do Decreto-Lei 3.048/99:
Art. 20. A contribuição do empregado, inclusive o doméstico,
§ 1º. Os valores do salário-de-contribuição serão reajustados,
e a do trabalhador avulso é calculada mediante a aplicação da
a partir da data de entrada em vigor desta Lei, na mesma época e
correspondente alíquota sobre o seu salário-de-contribuição
com os mesmos índices que os do reajustamento dos benefícios de
mensal, de forma não cumulativa, observado o disposto no art. 28,
prestação continuada da Previdência Social.
de acordo com a seguinte tabela:
Dispõe ainda art. 40:
Com a reforma da Previdência de 2019, as alíquotas de contri- Art. 40. É assegurado o reajustamento dos benefícios para
buição passaram a ser progressivas, ou seja, cobradas apenas sobre preserva-lhes, em caráter permanente, o valor real da data de sua
a parcela do salário que se enquadrar em cada faixa, conforme mos- concessão.
tra a tabela abaixo, atualizada em 2022:
§ 1º Os valores dos benefícios em manutenção serão reajusta-
Salário de Contribuição Alíquota dos, anualmente, na mesma data do reajuste do salário mínimo, pro
Até R$ 1.212,00 7,50%
R$ 1.212,01 até R$ 2.427,35 9,00% rata, de acordo com suas respectivas datas de início ou do último
R$ 2.427,36 até R$ 3.641,03 12,00% reajustamento, com base no índice Nacional de Preços ao Consumi-
R$ 3.641,04 até R$ 7.087,22 14,00%
dor – INPC, apurado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística – IBGE. (Redação dada pelo Decreto nº 6.042, de 2007).
Art. 21. A alíquota de contribuição dos segurados contribuinte
individual e facultativo será de vinte por cento sobre o respectivo Desta forma, com as devidas atualizações anuais, temos:
salário-de-contribuição.
No tocante à contribuição do empregado, a partir da Emenda
Constitucional 103/2019, são adotadas alíquotas progressivas de
7,5%, 9%, 12% e 14%, de acordo com o valor do salário de contri-
buição, conforme previsão do art. 11 da mencionada Emenda, e art.
195, inciso II da Constituição Federal.
A alíquota de contribuição dos segurados contribuinte indivi-
dual e facultativo é de 20% (vinte por cento) sobre o respectivo sa-
lário de contribuição, consoante art. 21 da Lei 8.212/1991.
Proporcionalidade
Arrecadação e recolhimento das contribuições destinadas à
Sobre a proporcionalidade, vejamos o que dispõe o art. 214, seguridade social
§1º do Decreto-Lei 3.048/99:
§ 1ª Quando a admissão, a dispensa, o afastamento ou a falta Ocorre a arrecadação no momento em que o contribuinte
do empregado, inclusive o doméstico, ocorrer no curso do mês, o segurado cumpre o seu adimplemento com a contribuição social
salário-se-contribuição será proporcional ao número de dias efe- devida junto ao Estado. Em relação ao recolhimento, infere-se que
tivamente trabalhados, observadas as normas estabelecidas pelo ocorre quando o agente arrecadador transfere os valores arrecada-
instituto Nacional do Seguro Social. do para o Tesouro Nacional.
É importante frisar que na atualidade, em relação às alíquotas Competência do INSS e da Secretaria da Receita Federal do
de contribuição do INSS, estas passaram por um reajuste que tam- Brasil
bém teve reflexo na tabela de contribuição dos trabalhadores para
o INSS. Assim sendo, entende-se que a contribuição dos segurados Em tempos remotos, o órgão responsável por controlar a arre-
empregados, do trabalhador avulso e do trabalhador doméstico, no cadação das contribuições previdenciárias, bem como sua cobrança
que condiz aos fatos geradores ocorridos a partir da competência era o INSS, que também se responsabilizava pela concessão e pela
janeiro de 2.021, deverá ser calculada de forma proporcional ao sa- manutenção dos benefícios previdenciários. Entretanto, em 2007, a
lário recebido pelo trabalhador, com a aplicação da correspondente Lei nº. 11.457/2.007 tratou de unificar a Secretaria da Receita Fe-
alíquota sobre o salário de contribuição percebido mensalmente, deral e a Secretaria da Receita Previdenciária, vindo a criar, desta
porém, de forma progressiva, conforme os dados dispostos abaixo: forma, a Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB). A partir da
promulgação da referida lei, passou a RFB a ser a responsável por
planejar, executar, acompanhar e avaliar as atividades relativas à
tributação, à arrecadação, à fiscalização, à cobrança e ao recolhi-
mento das contribuições sociais com destino ao financiamento da

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a solução para o seu concurso!
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Seguridade Social, das contribuições que são incidentes a título de e) Recolher o Programa de Integração Social e o Programa de
substituição, bem como das devidas a outras entidades e fundos de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PIS/PASEP), a Con-
modo geral. tribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) e a
Assim sendo, infere-se que é função da RFB, por meio dos Au- Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), na forma e nos pra-
ditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil (AFRFB), realizar o devi- zos definidos pela legislação tributária federal vigente.
do exame da contabilidade das empresas de modo geral. Por esse Em atenção às alíneas c e d, vejamos o entendimento:
motivo, as empresas, os segurados da Previdência Social de modo • Em relação à alínea C, entende-se que a expressão “mês
geral, bem como outros se encontram obrigados por força de Lei, seguinte ao da competência” significa que o pagamento se refere
a demonstrar todos os documentos e livros relacionados com as ao mês antecedente. Desta forma, aduz-se que a contribuição in-
contribuições destinadas à Seguridade Social, que estejam sem eu cidente sobre o valor que foi adimplido pelos serviços prestados
poder, e, ainda, prestar todos os esclarecimentos e informações so- na vigência do mês de janeiro deverá ser recolhida até o dia 20 de
licitados por esse órgão, sob pena de caso haja recusa ou sonegação fevereiro.
de qualquer documento ou informação, ou, ainda a sua apresen- • Já em relação à alínea D, trata-se do recolhimento da cota
tação de forma deteriorada, a RFB poderá, sem prejuízo da pena- patronal que são os 20% que encontram a cargo da empresa. Pon-
lidade cabível, lançar de ofício a importância devida, nos trâmites derando que a previsão anterior se incumbia da arrecadação e re-
legais. colhimento da contribuição dos segurados, e que era apurada sob
Havendo ausência de provas formalizadas pelo sujeito passi- os critérios da incidência, sobre seu salário de contribuição, das alí-
vo, ressalta-se que o montante dos salários pagos pela execução quotas progressivas dispostas no art. 198 do Regulamento da Previ-
de obra de construção civil, por exemplo, poderá ser adquirido dência Social, sob o Decreto n. 3.048/19990.
pela RFB, mediante cálculo da mão de obra que ali foi empregada, Dando continuidade ao nosso estudo, infere-se que a empresa
proporcional à área construída, de acordo com critérios estabeleci- adquirente, consumidora ou consignatária ou a cooperativa são res-
dos pela RFB, cabendo, nos trâmites legais, ao proprietário, dono pectivamente, obrigadas a recolher a contribuição que incide sobre
da obra, condômino da unidade imobiliária ou, ainda, da empresa a comercialização da produção do produtor rural como pessoa física
corresponsável pela construção, o ônus da prova em contrário, nos e do segurado especial, até o dia 20 (vinte) do mês subsequente
termos da lei. ao da operação de venda ou consignação da produção, não impor-
Desta maneira, observa-se que após a promulgação da referida tando se essas operações foram realizadas de forma direta com o
lei, restou ao INSS, tratar sobre a concessão e a manutenção de produtor ou, também, com o intermediário pessoa física.
benefícios previdenciários, vindo, desta forma, a se tornar esta, a Já o produtor rural como pessoa jurídica, se encontra obrigado
sua principal atividade. Além disso, o art. 5º da lei nº. 11.457/2007, a recolher as contribuições que incidirem sobre o montante total
atribuiu ao INSS outras responsabilidades. Vejamos: da receita bruta advinda da comercialização da sua produção rural,
Art. 5º. Além das demais competências estabelecidas na legis- até o dia 20 (vinte) do mês subsequente ao da operação de venda
lação que lhe é aplicável, cabe ao INSS: da sua produção.
Registra-se que a entidade sindical remuneradora dirigente
I – emitir certidão relativa a tempo de contribuição;
que mantém a qualidade de segurado contribuinte individual, se
II – gerir o Fundo do Regime Geral de Previdência Social;
encontra, nos termos da Lei, obrigada a recolher a contribuição re-
III – calcular o montante das contribuições referidas no art. 2º
lativa a esse segurado individual, e, ainda, as parcelas a seu cargo,
desta Lei e emitir o correspondente documento de arrecadação,
até o dia 20 (vinte) do mês seguinte ao da competência vigente.
com vistas no atendimento conclusivo para concessão ou revisão
No tocante à entidade sindical remuneradora do dirigente que
de benefício requerido.
mantém a qualidade de segurado empregado, de trabalhador avul-
Em alusão ao texto do inciso III, quanto às contribuições a que
so, ou de licenciado da empresa, aduz-se, que esta é obrigada a
se referem, tratam-se daquelas que chamamos de forma exclusiva
recolher a contribuição desses agentes acrescidas das parcelas a
de contribuições previdenciárias.
seu cargo, até o dia 20 (vinte) do mês seguinte ao da competência
Obrigações da Empresa e demais contribuintes vigente.
Relativo à empresa remuneradora de empregado licenciado
A respeito das obrigações da empresa, assim dispõe o art. 30
para exercer mandato de dirigente sindical, a lei diz que ela é obri-
da Lei 8.212/1.991:
gada a recolher a contribuição desse empregado e as parcelas a seu
Art 30. A empresa é obrigada a:
cargo, até o dia 20 (vinte) do mês seguinte ao da competência vi-
a) Arrecadar as contribuições dos segurados empregados a seu
gente.
serviço, descontando-as da respectiva remuneração, e recolher es-
Por fim, em alusão à empresa contratadora de serviços execu-
ses valores até o dia 20 (vinte) do mês seguinte ao da competência;
tados com cessão de mão de obra, incluindo os empregados con-
b) Arrecadar as contribuições dos segurados trabalhadores
tratados em regime de trabalho temporário, afirma-se que ela se
avulsos a seu serviço, descontando-as da respectiva remuneração,
encontra obrigada a reter 11% do valor bruto da nota fiscal ou da
e recolher esses valores até o dia 20 (vinte) do mês seguinte ao da
fatura de prestação de serviços, recolhendo, ainda, em nome da
competência;
empresa que cedeu a mão de obra, a importância que foi retida até
c) Arrecadar as contribuições dos segurados contribuintes indi-
o dia 20 (vinte) do mês subsequente ao da emissão da nota fiscal
viduais a seu serviço, descontando-as da respectiva remuneração,
ou do documento correspondente, ou até o dia útil imediatamente
e recolher esses valores até o dia 20 (vinte) do mês seguinte ao da
anterior, caso não haja expediente bancário naquela data.
competência;
Em relação aos demais contribuintes, registra-se que o segu-
d) Recolher as contribuições a seu cargo incidentes sobre as
rado contribuinte individual, ao exercer atividade econômica por
remunerações pagas, devidas ou creditadas, a qualquer título, aos
conta própria, ou trabalhar como prestador de serviços à pessoa
segurados empregados, trabalhadores avulsos e contribuintes in-
física ou a outro contribuinte individual, seja produtor rural pessoa
dividuais a seu serviço até o dia 20 (vinte) do mês seguinte ao da
física, ou, ainda, quando referir a brasileiro civil que executa labor
competência;
no exterior para organismo oficial internacional do qual o Brasil seja
membro efetivo, seja em missão diplomática ou repartição consular
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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
de carreira estrangeiras, e, por último o facultativo, se encontram • Prazo para a contribuição da empresa incidente sobre a folha
obrigados a fazer o recolhimento da sua contribuição por vias de de salários.
iniciativa própria, respeitando o prazo de até o dia quinze do mês • Prazo sobre a contribuição da receita bruta da comercializa-
seguinte àquele segundo o qual, as contribuições se referirem, vin- ção da produção por meio de todas as vias rurais, sendo:
do a prorrogar o vencimento para o dia útil subsequente, no caso de • A do produtor rural pessoa física, da empresa adquirente,
não existir expediente bancário no dia quinze. do segurado especial, da pessoa física que adquire produção rural
Importante: Faculta-se aos contribuintes individual e facultati- para venda no varejo, dentre outros, contribuição de 11% do valor
vo, cujos sistemas de contribuição sejam iguais ao salário mínimo bruto da nota fiscal ou da fatura de prestação de serviços realiza-
vigente, optar pelo recolhimento de forma trimestral das contribui- dos mediante cessão de mão de obra; contribuição de 5% sobre a
ções previdenciárias, com a data de vencimento para o dia quinze receita de forma bruta de patrocínios, licenciamentos, publicidade,
do mês seguinte ao de cada trimestre civil, vindo a prorrogar o ven- propaganda e de transmissão de espetáculos desportivos de asso-
cimento para o pagamento para o dia útil subsequente, em caso de ciação desportiva que mantém equipe de futebol profissional de
não ter expediente bancário no dia quinze forma geral.
Dando continuidade ao nosso estudo, verifica-se que o produ- E, por último, temos:
tor rural como pessoa física e o segurado especial, se encontram • Prazo para pagamento até o dia 20 de dezembro, podendo
por força de lei, obrigados a recolher a contribuição que incide so- antecipar-se o vencimento para o primeiro dia útil anterior, caso
bre a receita bruta do comércio de sua produção rural até o dia 20 não haja atendimento bancário no dia 20.
(vinte) do mês subsequente ao da operação de venda da safra, caso • Prazo para a contribuição das empresas com incidência sobre
a sua produção seja comercializada como adquirente domiciliado o 13º salário, sempre até o dia 20, nos termos do art. 216, § 1º do
no exterior, de forma direta, no varejo, para consumidor pessoa fí- RPS, pois o pagamento se dá sempre até o dia 20 do mês de dezem-
sica, ou, a outro produtor rural pessoa física e, ainda, a outro segu- bro, podendo antecipar-se o vencimento para o dia útil imediata-
rado especial. mente anterior, caso não exista atendimento bancário no dia vinte.
Em alusão ao segurado especial, segundo os ditames do art. 12, • Prazo para pagamento até o dia 07 do mês seguinte ao da
§ 8º da LOCSS, que venha a contratar trabalhador temporário ou competência, sendo esta contribuição adequada ao segurado
contribuinte individual, esse tipo de segurado se encontra obrigado especial que, nos parâmetros do art. 12, § 8º da LOCSS, venha a
a recolher as contribuições preditas acima, sobre a receita bruta, contratar empregado temporário ou contribuinte individual, com
e mais a contribuição que incidir sobre a remuneração dos traba- incidência sobre a receita bruta da comercialização da produção,
lhadores que estejam a seu serviço, acrescidos do FGTS e também acrescida da contribuição sobre a receita de forma bruta do comér-
dos encargos trabalhistas até o dia 07 (sete) do mês seguinte ao da cio de artigos de artesanato, atividade artística, dentre outros itens,
competência vigente. com o acréscimo da contribuição que incide sobre a remuneração
A pessoa física que não seja produtor rural, mas que obtém dos trabalhadores que estejam a seu serviço, bem como dos valores
produção de segurado especial ou produtor rural pessoa física para do FGTS e dos demais encargos trabalhistas.
a execução de venda, no varejo e a consumidor pessoa física, ain- • Prazo para a contribuição do empregador doméstico, nos ter-
da que de modo temporário, é obrigada a recolher a contribuição mos da LC nº. 150/2015: cota patronal, acrescida da contribuição
sobre a receita bruta advinda da comercialização da produção rural do empregado doméstico, do FGTS e da GILRAT e também da reser-
até o dia 20 (vinte) do mês seguinte. va para a multa do pagamento do FGTS. Em relação à contribuição
Por fim, em relação ao empregador doméstico, afirma-se que do 13º salário, afirma-se que é paga no dia 07 do mês subsequente,
se encontra obrigado, por força de lei a arrecadar a contribuição do sendo no dia 07 de janeiro.
segurado empregado que esteja a seu serviço e a fazer o seu reco- • Prazo para pagamento até 2 dias úteis depois do aconteci-
lhimento, recolhê-la, bem como da parcela que esteja a seu cargo, o mento de eventos em geral, deve-se contribuir com 5% sobre a
FGTS, a GILRAT e a reserva para a multa do pagamento do FGTS até receita bruta advinda da realização de espetáculos desportivos de
o dia sete do mês seguinte ao da competência, e, ainda, recolher, associações desportivas que mantém equipes de futebol profissio-
durante a vigência do período de licença-maternidade da emprega- nal em geral.
da doméstica que se encontre a seu serviço, todas as contribuições
Recolhimento fora do prazo: juros, multa e atualização mo-
mencionadas acima, com ressalva à contribuição do empregado,
netária
posto que esta é descontada pelo INSS durante o ato do pagamento
do benefício. O art. 35 da Lei 8.212/1.991, determina que os débitos com a
União advindos das contribuições sociais previdenciárias, das con-
Prazo de recolhimento
tribuições instituídas a título de substituição e das contribuições
Para cada espécie de contribuinte, existe um prazo determina- devidas a terceiros, não pagos nos prazos previstos em legislação,
do por lei para que sejam feitos os recolhimentos previdenciários. deverão ser acrescidos de multa de mora e juros de mora.
Pondera-se que a legislação estabelece prazos diferenciados o para Prevê ainda, a referida Lei, que a respeito das contribuições so-
recolhimento das contribuições previdenciárias. Passemos a uma ciais previdenciárias que se encontrarem em atraso, incidirão juros
breve análise desses prazos. de mora, com cálculos com base na taxa Selic, acumulada mensal-
Em uma primeira acepção, temos: mente, a partir do primeiro dia do mês subsequente ao vencimen-
• Prazo para o pagamento até o dia 15 do mês seguinte ao da to do prazo até o mês anterior ao do pagamento, fato que caso o
competência, com prorrogação do vencimento para o primeiro dia pagamento seja feito no mesmo mês do vencimento, não haverá a
útil seguinte, caso não exista atendimento bancário no dia 15. incidência de juros de mora.
Em uma segunda acepção, temos: Registra-se que no Brasil, utiliza-se a taxa SELIC que se trata da
• Prazo para a Contribuição do facultativo, com opção para pa- taxa média ajustada dos financiamentos de modo diário e que são
gamento até o dia 20 do mês posterior ao da competência, vindo apurados através do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia
a adiantar o vencimento para o primeiro dia útil anterior, caso não (SELIC) para os títulos federais.
haja atendimento bancário no dia 20.

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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
A SELIC é adquirida mediante o cálculo da taxa média pondera- a implicar com o restabelecimento do montante da multa que se
da com o ajuste das operações de financiamento por um dia, posto encontra proporcional ao valor da receita não adimplida e que vier
que a taxa SELIC caracteriza a remuneração das instituições finan- a exceder o valor alcançado com a garantia apresentada.
ceiras nas operações realizadas com títulos públicos. Normalmente Importante: As reduções se encontram em ordem decrescente,
a SELIC também é usada como uma espécie de índice por meio da vejamos:
qual as taxas de juros no Brasil se delimitam. Trata-se de importante • Nos 30 dias do lançamento, haverá o percentual com acrésci-
um instrumento de política monetária usado pelo bastante comen- mo de 50% para pagar e 40% para parcelar o débito.
tado COPOM (Comitê de Política Monetária) com a finalidade de • Nos 30 dias da decisão de primeira instância, haverá o per-
controlar os juros no país. centual com acréscimo de 30% para pagar e 20% para parcelar o
De encontro ao art. 61 da Lei nº. 9.430/1996, percebe-se em débito.
estudo ao caput, que os débitos para com a União advindos de tri-
butos e contribuições administrados pela RFB que não são pagos
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA: CONCEITO, NATUREZA
nos prazos determinados na legislação específica, deverão ser pa-
JURÍDICA E CARACTERÍSTICAS. APLICAÇÃO NA CONSTRU-
gos com o acréscimo de multa de mora, calculada sobre a base da
ÇÃO CIVIL, NA CESSÃO DE MÃO DE OBRA E EM GRUPO
taxa de trinta e três centésimos por cento por dia de atraso. A refe-
ECONÔMICO
rida multa deverá ser será calculada a partir do primeiro dia subse-
quente ao do vencimento do prazo, até o dia em que ocorrer o seu
pagamento. Assim sendo, ocorre que ela fica limitada a 20%. No Direito Tributário, a solidariedade é uma situação que ocor-
Obs. importante: Deixando o contribuinte de realizar o paga- re na responsabilidade tributária, quando há mais de um sujeito
mento do seu débito de forma espontânea, caberá à fiscalização re- passivo (contribuinte) de uma mesma obrigação tributária (poste-
alizar o lançamento de ofício, por meio do qual, cobra-se o tributo, riormente convertida em crédito tributário pelo lançamento), cada
com o acréscimo de multa de 75% do montante devido, nos termos qual obrigado pelo total dessa dívida junto ao Estado. Já quanto
da Lei n. 9.430/1996, art. 44, I. Lembrando que esse percentual po- ao caso de solidariedade na Legislação Previdenciária, tem-se que:
derá ser duplicado para 150%, caso seja comprovada sonegação,
fraude ou conluio nos ditames do art. 44, § 1º da referida lei. O proprietário, o incorporador definido na Lei nº 4.591/1964
Deixando o sujeito passivo de atender, no prazo determinado (Lei das Incorporações Imobiliárias), o dono da obra ou condômino
por Lei, à intimação de autoridade competente, com o fito de pres- da unidade imobiliária cuja contratação da construção, reforma ou
tar esclarecimentos, apresentar a documentação técnica, dentre acréscimo não envolva CMO (cessão de mão de obra), são solidá-
outras ordens, aduz-se que os percentuais serão aumentados em rios com o construtor, e este e aqueles com a subempreiteira, pelo
50%, vindo a totalizar 112,5% ou 225%, segundo o art. 44, § 2º, cumprimento das obrigações para com a Seguridade Social, ressal-
sendo que nesse caso específico, não será cobrada a multa de mora. vado o seu direito regressivo contra o executor ou contratante da
Em alusão à multa de mora, registra-se que se trata de uma obra e admitida a retenção (11%) de importância a este devida para
multa um pouco menos severa que a multa de ofício, posto que garantia do cumprimento dessas obrigações, não se aplicando, em
pode ser aplicada nos casos de pagamento de forma espontânea do qualquer hipótese, o benefício de ordem15.
débito pelo contribuinte. De forma esquematizada:
Ressalta-se caso o contribuinte adimpla em dias com o seu dé-
bito, ou venha a requerer compensação ou parcelamento, existem
algumas reduções em razão do prazo, que estão dispostas no art. 6º
da Lei 8.218/1.991:
Art. 6 - Será concedida redução da multa de lançamento de ofí-
cio nos seguintes percentuais:
I – 50% (cinquenta por cento), se for efetuado o pagamento ou
a compensação no prazo de 30 (trinta) dias, contado da data em
que o sujeito passivo foi notificado do lançamento;
II – 40% (quarenta por cento), se o sujeito passivo requerer o
parcelamento no prazo de 30 (trinta) dias, contado da data em que https://atualizacoes.editoraferreira.com.br/admin/uploads/arquivos/
foi notificado do lançamento; Material_complementar_Direito_Previdenciario_All_in_One.pdf
III – 30% (trinta por cento), se for efetuado o pagamento ou a Outros casos de solidariedade previstos na Legislação Previ-
compensação no prazo de 30 (trinta) dias, contado da data em que denciária:
o sujeito passivo foi notificado da decisão administrativa de primei- • As empresas que integram Grupo Econômico de qualquer
ra instância; natureza, bem como os produtores rurais integrantes do Consórcio
IV – 20% (vinte por cento), se o sujeito passivo requerer o par- Simplificado, respondem entre si, solidariamente, pelas obrigações
celamento no prazo de 30 (trinta) dias, contado da data em que decorrentes de legislação previdenciária;
foi notificado da decisão administrativa de primeira instância. Se a • O Operador Portuário e o OGMO (Órgão Gestor de Mão de
autoridade julgadora de primeira instância recorrer à segunda ins- Obra) são solidariamente responsáveis pelo pagamento das contri-
tância administrativa e seu recurso for provido, vale a previsão de buições previdenciárias e demais obrigações, inclusive acessórias,
redução de 30% para pagamento/compensação e 20% para parce- devidas à Seguridade Social, arrecadadas pela Receita Federal do
lamento. Brasil, relativamente à requisição de mão de obra de trabalhador
Denota-se que há casos em que o contribuinte pugna pelo avulso, vedada a invocação do benefício de ordem;
parcelamento do débito, porém, não adimple com o pagamento.
Nesses casos, poderá haver a rescisão do parcelamento, motivada
pelo descumprimento das regras que o regulam, vindo desta forma, 15 https://atualizacoes.editoraferreira.com.br/admin/uplo-
ads/arquivos/Material_complementar_Direito_Previdenciario_All_
in_One.pdf
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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
• Os administradores de autarquias e fundações públicas, cria- § 5º O contratado deverá elaborar folha de pagamento e Guia
das ou mantidas pelo Poder Público, de empresas públicas e de de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e
sociedades de economia mista sujeitas ao controle da União, dos Informações à Previdência Social distintas para cada estabelecimento
Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, que se encontrarem ou obra de construção civil da empresa contratante do serviço
em mora por mais de 30 dias, no recolhimento das contribuições § 6º A empresa contratante do serviço deverá manter em boa
previstas na legislação previdenciária, tornam-se solidariamente guarda, em ordem cronológica e por contratada, as correspondentes
responsáveis pelo respectivo pagamento. notas fiscais, faturas ou recibos de prestação de serviços, Guias da
De acordo com o Decreto 3048/99: Previdência Social e Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia
Seção II do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social com
comprovante de entrega
Da Retenção e da Responsabilidade Solidária
§ 7º Na contratação de serviços em que a contratada se obriga
Art. 219 A empresa contratante de serviços executados a fornecer material ou dispor de equipamentos, fica facultada ao
mediante cessão ou empreitada de mão-de-obra, inclusive em contratado a discriminação, na nota fiscal, fatura ou recibo, do valor
regime de trabalho temporário, deverá reter onze por cento do correspondente ao material ou equipamentos, que será excluído
valor bruto da nota fiscal, fatura ou recibo de prestação de serviços da retenção, desde que contratualmente previsto e devidamente
e recolher a importância retida em nome da empresa contratada, comprovado
observado o disposto no § 5º do art. 216. § 8º Cabe ao Instituto Nacional do Seguro Social normatizar a
§ 1º Exclusivamente para os fins deste Regulamento, entende- forma de apuração e o limite mínimo do valor do serviço contido
se como cessão de mão-de-obra a colocação à disposição do no total da nota fiscal, fatura ou recibo, quando, na hipótese do
contratante, em suas dependências ou nas de terceiros, de parágrafo anterior, não houver previsão contratual dos valores
segurados que realizem serviços contínuos, relacionados ou não correspondentes a material ou a equipamentos
com a atividade fim da empresa, independentemente da natureza e § 9º Na impossibilidade de haver compensação integral na
da forma de contratação, inclusive por meio de trabalho temporário própria competência, o saldo remanescente poderá ser compensado
na forma da Lei nº 6019, de 3 de janeiro de 1974, entre outros. nas competências subsequentes, inclusive na relativa à gratificação
§ 2º Enquadram-se na situação prevista no caput os seguintes natalina, ou ser objeto de restituição, não sujeitas ao disposto no §
serviços realizados mediante cessão de mão-de-obra: 3º do art. 247
I - limpeza, conservação e zeladoria; § 10 Para fins de recolhimento e de compensação da
II - vigilância e segurança; importância retida, será considerada como competência aquela a
III - construção civil; que corresponder à data da emissão da nota fiscal, fatura ou recibo
IV - serviços rurais; § 11 As importâncias retidas não podem ser compensadas com
V - digitação e preparação de dados para processamento; contribuições arrecadadas pelo Instituto Nacional do Seguro Social
VI - acabamento, embalagem e acondicionamento de produtos; para outras entidades
VII - cobrança; § 12º O percentual previsto no caput será acrescido de
VIII - coleta e reciclagem de lixo e resíduos; quatro, três ou dois pontos percentuais, relativamente aos serviços
IX - copa e hotelaria; prestados pelos segurados empregado, cuja atividade permita a
X - corte e ligação de serviços públicos; concessão de aposentadoria especial, após quinze, vinte ou vinte e
XI - distribuição; cinco anos de contribuição, respectivamente
XII - treinamento e ensino;
Art. 220 O proprietário, o incorporador definido na Lei nº 4591,
XIII - entrega de contas e documentos;
de 1964, o dono da obra ou condômino da unidade imobiliária cuja
XIV - ligação e leitura de medidores;
contratação da construção, reforma ou acréscimo não envolva
XV - manutenção de instalações, de máquinas e de
cessão de mão-de-obra, são solidários com o construtor, e este e
equipamentos;
aqueles com a subempreiteira, pelo cumprimento das obrigações
XVI - montagem;
para com a seguridade social, ressalvado o seu direito regressivo
XVII - operação de máquinas, equipamentos e veículos;
contra o executor ou contratante da obra e admitida a retenção de
XVIII - operação de pedágio e de terminais de transporte;
importância a este devida para garantia do cumprimento dessas
XIX - operação de transporte de passageiros, inclusive nos casos
obrigações, não se aplicando, em qualquer hipótese, o benefício de
de concessão ou sub-concessão;
ordem
XX - portaria, recepção e ascensorista;
§ 1º Não se considera cessão de mão-de-obra, para os fins
XXI - recepção, triagem e movimentação de materiais;
deste artigo, a contratação de construção civil em que a empresa
XXII - promoção de vendas e eventos;
construtora assuma a responsabilidade direta e total pela obra ou
XXIII - secretaria e expediente;
repasse o contrato integralmente
XXIV - saúde; e
§ 2º O executor da obra deverá elaborar, distintamente para
XXV - telefonia, inclusive telemarketing
cada estabelecimento ou obra de construção civil da empresa
§ 3º Os serviços relacionados nos incisos I a V também estão
contratante, folha de pagamento, Guia de Recolhimento do Fundo
sujeitos à retenção de que trata o caput quando contratados
de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social
mediante empreitada de mão-de-obra
e Guia da Previdência Social, cujas cópias deverão ser exigidas pela
§ 4º O valor retido de que trata este artigo deverá ser
empresa contratante quando da quitação da nota fiscal ou fatura,
destacado na nota fiscal, fatura ou recibo de prestação de serviços,
juntamente com o comprovante de entrega daquela Guia
sendo compensado pelo respectivo estabelecimento da empresa
§ 3º A responsabilidade solidária de que trata o caput será
contratada quando do recolhimento das contribuições destinadas
elidida:
à seguridade social devidas sobre a folha de pagamento dos
segurados

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a solução para o seu concurso!
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
I - pela comprovação, na forma do parágrafo anterior, do Art. 224 Os administradores de autarquias e fundações
recolhimento das contribuições incidentes sobre a remuneração dos públicas, criadas ou mantidas pelo Poder Público, de empresas
segurados, incluída em nota fiscal ou fatura correspondente aos públicas e de sociedades de economia mista sujeitas ao controle
serviços executados, quando corroborada por escrituração contábil; da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, que
e se encontrarem em mora por mais de trinta dias, no recolhimento
II - pela comprovação do recolhimento das contribuições das contribuições previstas neste Regulamento, tornam-se
incidentes sobre a remuneração dos segurados, aferidas solidariamente responsáveis pelo respectivo pagamento, ficando
indiretamente nos termos, forma e percentuais previstos pelo ainda sujeitos às proibições do art. 1º e às sanções dos arts 4º e 7º
Instituto Nacional do Seguro Social do Decreto-lei nº 368, de 19 de dezembro de 1968
III - pela comprovação do recolhimento da retenção permitida Art. 224-A O disposto nesta Seção não se aplica à contratação
no caput deste artigo, efetivada nos termos do art. 219 de serviços por intermédio de cooperativa de trabalho
§ 4º Considera-se construtor, para os efeitos deste
Regulamento, a pessoa física ou jurídica que executa obra sob sua
responsabilidade, no todo ou em parte ISENÇÕES E PARCELAMENTOS DE CONTRIBUIÇÕES: RE-
Art. 221 Exclui-se da responsabilidade solidária perante a QUISITOS, MANUTENÇÃO E PERDA
seguridade social o adquirente de prédio ou unidade imobiliária
que realize a operação com empresa de comercialização ou com
incorporador de imóveis definido na Lei nº 4591, de 1964, ficando Isenções
estes solidariamente responsáveis com o construtor, na forma
A possibilidade de isenções quanto à obrigação das contri-
prevista no art. 220
buições para a Seguridade Social está prevista no art. 195, § 7º da
Art. 221-A. O instituto da responsabilidade solidária não se Constituição Federal:
aplica à administração pública direta, autárquica e fundacional,
quando contratante de serviços, inclusive de obra de construção “§ 7º São isentas de contribuição para a seguridade social
civil, reforma ou acréscimo, independentemente da forma de as entidades beneficentes de assistência social que atendam às
contratação. (Incluído pelo Decreto nº 10.410, de 2020) exigências estabelecidas em lei”.
Parágrafo único. A administração pública contratante de
O direito à isenção de contribuições sociais é reconhecido por
serviços, inclusive de construção civil executados por meio de cessão
lei às entidades beneficentes de assistência social (EBAS) que cum-
de mão de obra ou empreitada parcial, efetuará a retenção prevista
pram determinados requisitos. A doutrina entende tal “isenção”
no art. 219. (Incluído pelo Decreto nº 10.410, de 2020)
como imunidade tributária, pois enquanto a mesma se consubs-
Art. 222. As empresas que integram grupo econômico de tancia na limitação constitucional ao poder de tributar do Estado,
qualquer natureza, bem como os produtores rurais integrantes do aquela se consubstancia na exclusão do crédito tributário prevista
consórcio simplificado de que trata o art. 200-A, respondem entre no art. 175, I do CTN, ou seja, na imunidade o crédito tributário se-
si, solidariamente, pelas obrigações decorrentes do disposto neste quer existe, enquanto na isenção o crédito tributário existe, mas a
Regulamento. própria lei infraconstitucional dispensa o seu pagamento.
Art. 222-A. As empresas integrantes de consórcio constituído Conforme dispõe a CF/1988, são isentas (imunes) de contribui-
nos termos do disposto nos art. 278 e art. 279 da Lei nº 6.404, de ção para a Seguridade Social
15 de dezembro de 1976, respondem pelas contribuições devidas, as Entidades Beneficentes de Assistência Social (EBAS) que
em relação às operações praticadas pelo consórcio, na proporção atendam às exigências (requisitos) estabelecidas em lei (Lei
de sua participação no empreendimento. (Incluído pelo Decreto nº 12.101/2009).
10.410, de 2020) contribuições sociais patronais
§ 1º O consórcio que realizar a contratação, em nome próprio, A Lei complementar nº 187, de 16 de dezembro de 2021 dispõe
de pessoas jurídicas e físicas, com ou sem vínculo empregatício, sobre a certificação das entidades beneficentes e regula os proce-
poderá efetuar a retenção das contribuições e cumprir as respectivas dimentos referentes à imunidade de contribuições à seguridade so-
obrigações acessórias, hipótese em que as empresas consorciadas cial de que trata o § 7º do art. 195 da Constituição Federal; altera as
serão solidariamente responsáveis. (Incluído pelo Decreto nº Leis nºs 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacio-
10.410, de 2020) nal), e 9.532, de 10 de dezembro de 1997; revoga a Lei nº 12.101,
§ 2º Na hipótese de a retenção das contribuições ou o de 27 de novembro de 2009, e dispositivos das Leis nºs 11.096, de
cumprimento das obrigações acessórias relativas ao consórcio ser 13 de janeiro de 2005, e 12.249, de 11 de junho de 2010. Vejamos:
realizado por sua empresa líder, as empresas consorciadas também
serão solidariamente responsáveis. (Incluído pelo Decreto nº Art. 1º Esta Lei Complementar regula, com fundamento no
10.410, de 2020) inciso II do caput do art. 146 e no § 7º do art. 195 da Constituição
§ 3º O disposto neste artigo abrange as contribuições Federal, as condições para limitação ao poder de tributar da União
destinadas a outras entidades e fundos, além da multa por atraso em relação às entidades beneficentes, no tocante às contribuições
no cumprimento das obrigações acessórias. (Incluído pelo Decreto para a seguridade social.
nº 10.410, de 2020) Art. 2º Entidade beneficente, para os fins de cumprimento
Art. 223 O operador portuário e o órgão gestor de mão-de-obra desta Lei Complementar, é a pessoa jurídica de direito privado, sem
são solidariamente responsáveis pelo pagamento das contribuições fins lucrativos, que presta serviço nas áreas de assistência social,
previdenciárias e demais obrigações, inclusive acessórias, devidas de saúde e de educação, assim certificada na forma desta Lei
à seguridade social, arrecadadas pelo Instituto Nacional do Seguro Complementar.
Social, relativamente à requisição de mão-de-obra de trabalhador
avulso, vedada a invocação do benefício de ordem

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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Art. 3º Farão jus à imunidade de que trata o § 7º do art. 195 § 3º Os dirigentes, estatutários ou não, não respondem, direta
da Constituição Federal as entidades beneficentes que atuem nas ou subsidiariamente, pelas obrigações fiscais da entidade, salvo se
áreas da saúde, da educação e da assistência social, certificadas nos comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação.
termos desta Lei Complementar, e que atendam, cumulativamente, Art. 4º A imunidade de que trata esta Lei Complementar
aos seguintes requisitos: abrange as contribuições sociais previstas nos incisos I, III e IV do
I - não percebam seus dirigentes estatutários, conselheiros, caput do art. 195 e no art. 239 da Constituição Federal, relativas a
associados, instituidores ou benfeitores remuneração, vantagens ou entidade beneficente, a todas as suas atividades e aos empregados e
benefícios, direta ou indiretamente, por qualquer forma ou título, demais segurados da previdência social, mas não se estende a outra
em razão das competências, das funções ou das atividades que lhes pessoa jurídica, ainda que constituída e mantida pela entidade à
sejam atribuídas pelos respectivos atos constitutivos; qual a certificação foi concedida.
II - apliquem suas rendas, seus recursos e eventual superávit
Art. 5º As entidades beneficentes deverão obedecer ao princípio
integralmente no território nacional, na manutenção e no
da universalidade do atendimento, vedado dirigir suas atividades
desenvolvimento de seus objetivos institucionais;
exclusivamente a seus associados ou categoria profissional.
III - apresentem certidão negativa ou certidão positiva com
efeito de negativa de débitos relativos aos tributos administrados CAPÍTULO II
pela Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil e pela DOS REQUISITOS PARA A CERTIFICAÇÃO DA ENTIDADE
Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, bem como comprovação BENEFICENTE
de regularidade do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS); Seção I
IV - mantenham escrituração contábil regular que registre as Disposições Preliminares
receitas e as despesas, bem como o registro em gratuidade, de Art. 6º A certificação será concedida à entidade beneficente
forma segregada, em consonância com as normas do Conselho que demonstre, no exercício fiscal anterior ao do requerimento
Federal de Contabilidade e com a legislação fiscal em vigor; a que se refere o art. 34 desta Lei Complementar, observado o
V - não distribuam a seus conselheiros, associados, instituidores período mínimo de 12 (doze) meses de constituição da entidade,
ou benfeitores seus resultados, dividendos, bonificações, o cumprimento do disposto nas Seções II, III e IV deste Capítulo,
participações ou parcelas do seu patrimônio, sob qualquer forma ou de acordo com as respectivas áreas de atuação, sem prejuízo do
pretexto, e, na hipótese de prestação de serviços a terceiros, públicos disposto no art. 3º desta Lei.
ou privados, com ou sem cessão de mão de obra, não transfiram a § 1º A entidade que atue em mais de uma das áreas a que se
esses terceiros os benefícios relativos à imunidade prevista no § 7º refere o art. 2º desta Lei Complementar deverá manter escrituração
do art. 195 da Constituição Federal; contábil segregada por área, de modo a evidenciar as receitas, os
VI - conservem, pelo prazo de 10 (dez) anos, contado da data custos e as despesas de cada atividade desempenhada.
de emissão, os documentos que comprovem a origem e o registro § 2º Nos processos de certificação, o período mínimo de
de seus recursos e os relativos a atos ou a operações realizadas que cumprimento dos requisitos de que trata este artigo poderá ser
impliquem modificação da situação patrimonial; reduzido se a entidade for prestadora de serviços por meio de
VII - apresentem as demonstrações contábeis e financeiras contrato, de convênio ou de instrumento congênere com o Sistema
devidamente auditadas por auditor independente legalmente Único de Saúde (SUS), com o Sistema Único de Assistência Social
habilitado nos Conselhos Regionais de Contabilidade, quando (Suas) ou com o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas
a receita bruta anual auferida for superior ao limite fixado pelo (Sisnad), em caso de necessidade local atestada pelo gestor do
inciso II do caput do art. 3º da Lei Complementar nº 123, de 14 de respectivo sistema.
dezembro de 2006; Parcelamentos
VIII - prevejam, em seus atos constitutivos, em caso de dissolução
ou extinção, a destinação do eventual patrimônio remanescente a Referente aos parcelamentos, de acordo com o Decreto nº
entidades beneficentes certificadas ou a entidades públicas. 10.410 de 30 de junho de 2020, que altera o Regulamento da Pre-
§ 1º A exigência a que se refere o inciso I do caput deste artigo vidência Social, aprovado pelo Decreto nº 3.048, de 6 de maio de
não impede: 1999, vejamos:
I - a remuneração aos dirigentes não estatutários;
II - a remuneração aos dirigentes estatutários, desde que Art. 19-C, § 3º Na hipótese de o débito ser objeto de
recebam remuneração inferior, em seu valor bruto, a 70% (setenta parcelamento, o período correspondente ao parcelamento somente
por cento) do limite estabelecido para a remuneração de servidores será computado para fins de concessão de benefício no RGPS e de
do Poder Executivo federal, obedecidas as seguintes condições: emissão de certidão de tempo de contribuição para fins de contagem
a) nenhum dirigente remunerado poderá ser cônjuge ou parente recíproca após a comprovação da quitação dos valores devidos.
até o terceiro grau, inclusive afim, de instituidores, de associados,
de dirigentes, de conselheiros, de benfeitores ou equivalentes da
entidade de que trata o caput deste artigo; e CRIMES CONTRA A SEGURIDADE SOCIAL
b) o total pago a título de remuneração para dirigentes pelo
exercício das atribuições estatutárias deverá ser inferior a 5 (cinco)
vezes o valor correspondente ao limite individual estabelecido para Moldado sob a forma de repartição, o Sistema de Seguridade
a remuneração dos servidores do Poder Executivo federal. Social Brasileiro é constituído por imposições em forma de condu-
§ 2º O valor das remunerações de que trata o § 1º deste tas, que proíbem atos que venham a desrespeitar as normas esta-
artigo deverá respeitar como limite máximo os valores praticados tais que regem o seu funcionamento. Assim sendo, uma vez desres-
pelo mercado na região correspondente à sua área de atuação e peitada a norma estatal em vigência, incorrerá o agente na prática
deverá ser fixado pelo órgão de deliberação superior da entidade, de ato ilícito.
registrado em ata, com comunicação ao Ministério Público, no caso Registra-se que a Lei n. 8.212/1991 dispunha no art. 95, as nor-
das fundações. mas penais que tipificavam os crimes contra a Seguridade Social.
Entretanto, essas regras vigoraram até o ano 2000, mas, a partir
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a solução para o seu concurso!
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
daí, entrou em vigor a Lei nº. 9.983/2.000, que passou dar novo Em relação à diferença existente entre a apropriação indébita
rumo à matéria, e, pelo fato de se tratar de lei mais benéfica, possui previdenciária e a penal, entende Andréas Eisele: “Dentre as diver-
aplicação retroativa, nos parâmetros exigidos pelo art. 2º, parágrafo gências entre as hipóteses, podem ser indicadas: a) a irrelevância
único do Código Penal Brasileiro. da eventual existência de situação de posse (pelo agente) do obje-
Assim, utilizando também de outras eventuais atualizações que to material sobre o qual recairá a conduta; b) a desnecessidade da
tenham ocorrido sobre o assunto, aduz-se que são crimes contra a presença da intenção apropriativa do objeto, por parte do sujeito; e
Previdência Social todos aqueles por meio dos quais, ocorre quan- c) a titularidade da propriedade do objeto, que pertence ao próprio
do existe a percepção de benefícios previdenciários mediante frau- sujeito (motivo pelo qual a ‘coisa’ sobre a qual recai a conduta não
de, abuso, má-fé, dentre outros atributos pertinentes, sendo que é alheia’)”.
esses crimes também poderão ser qualificados com diminuição ou Aduz-se, também, que a nova lei usou de inovação ao descre-
aumentos de pena conforme a Legislação pertinente. ver a conduta como “deixar de recolher contribuições à Previdência
Social” e não mais à Seguridade Social, conforme previa o art. 95, d,
Apropriação indébita previdenciária
da Lei n. 8.212/1991.
Registra-se de antemão, que o art. 168-A, que foi acrescentado Em análise ao inciso II do art. 168-A, entende-se que a conduta
ao Código Penal através da Lei n. 9.983/2000, dispondo de forma de delito ali disposta, diz respeito ao infrator que por ventura deixar
detalhada sobre o aumento de condutas ilícitas que são atribuídas de recolher as contribuições integrantes da escrituração contábil
aos contribuintes que, de alguma maneira, visam à sonegação fiscal em forma de despesas, ou aquelas que foram transferidas para o
no país. Desta forma, denota-se que o legislador procurou aperfei- custo do produto ou serviço, tendo em vista que nesse caso, o con-
çoar o tipo legal que existia por meio do art. 95 da Lei n. 8.212/1991, tribuinte de fato é o consumidor final. Justificando-se, assim, o tipo
passando a chamá-lo de Apropriação Indébita Previdenciária. Abai- penal, pois é admissível que a pessoa que não foi capaz de aguentar
xo, vejamos a redação dada por lei a esse crime: o encargo da relação econômica, venha a se tornar omissa em reco-
Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contri- lher a contribuição para os cofres da Previdência Social.
buições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou con- Em relação ao inciso, III do mencionado diploma legal, denota-
vencional: -se que a conduta típica é o fato de deixar de pagar benefício devido
a segurado, quando os respectivos valores já foram reembolsados
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
pela Previdência Social. Podem ocorrer esses casos, em situações
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem deixar de:
pelas quais a empresa é responsável, de forma direta pelo adimple-
I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância
mento do benefício, como por exemplo, na entrega do salário-fa-
destinada à previdência social que tenha sido descontada de paga-
mília e também nos casos em que existe convênio com o INSS para
mento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do público;
este fim, dentre outros fatores pertinentes ao assunto.
II – recolher contribuições devidas à previdência social que te-
Abaixo, temos uma breve síntese acerca das características
nham integrado despesas contábeis ou custos relativos à venda de
desse tipo penal:
produtos ou à prestação de serviços;
Importante: Em relação à constitucionalidade da penalização
III – pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas
da conduta de omissão de recolhimento de contribuições previden-
cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à empresa pela pre-
ciárias, denota-se que é questionada sob a alegação de preeminen-
vidência social.
te ofensa ao art. 5º, LXVII, da CFB/1.988 e ao Pacto de São José da
Em entendimento ao referido dispositivo, verifica-se que o
Costa Rica, do qual o Brasil é signatário, que proíbem a prisão por
legislador impôs a sanção do crime de apropriação indébita pre-
dívida.
videnciária a todo aquele que deixar de repassar ou de recolher,
• O tipo objetivo da apropriação indébita previdenciária é ca-
dentro do prazo legal, contribuições ou qualquer valor que tenha
racterizado como crime omissivo próprio, tendo em vista que é
como destino a Previdência Social e que tenha sido descontado do
advindo da inércia do sujeito ativo ao omitir ato que a Lei Penal
adimplemento pecuniário efetuado aos segurados, bem como a
ordena ou obriga que seja realizado.
terceiros ou, ainda, que tenham sido arrecadadas do público. Entra
• O elemento subjetivo do tipo da apropriação indébita pre-
nesse rol, a ausência de recolhimento de contribuições que porven-
videnciária é o dolo genérico, a vontade plenamente livre e cons-
tura tenham integrado despesas contábeis, ou, custos relacionados
ciente de não se recolher a contribuição que é devida aos cofres da
para a venda de produtos e também para a prestação de serviços.
Previdência Social, mas que foi descontada dos empregados.
Pondera-se que o crime de Apropriação Indébita Previdenci-
• Para que seja configurado o delito da apropriação indébita
ária e suas penas, também é aplicado ao agente que se eximir de
previdenciária, não é necessário qualquer outro elemento subjetivo
pagar benefício devido a segurado, quando ocorrer de o respectivo
senão o próprio dolo (deixar de repassar) extraível do tipo.” (STJ).
valor já tiver sido repassado e reembolsado à empresa pela Previ-
Sujeito ativo: Nos termos do art. 225, §3º, da CFB/1.988, so-
dência Social.
mente a pessoa física possui a capacidade de delinquir nesse tipo
Assim, depreende-se que o objetivo dessa norma é evitar a so-
penal.
negação fiscal, vindo desta forma, a inibir o desvio de contribuições
Sujeito passivo: Em substituição ao INSS, o sujeito passivo des-
destinadas ao financiamento da Seguridade Social, bem como pres-
se delito passou a ser a União, desde a criação da Receita Federal do
tar tutela à manutenção financeira das ações que buscam garantir
Brasil pela Lei nº. 11.457/2007, a quem cabe realizar a arrecadação
e assegurar os direitos à saúde, à previdência e à assistência social.
e fiscalização dos valores retidos e arrecadados que não são repas-
Ressalta-se que a conduta de nome apropriação indébita pre-
sados à Seguridade Social.
videnciária, não pode ser confundida com a apropriação indébita
comum que se encontra disposta no art. 168 do Código Penal, cuja Crime continuado
figura típica consiste em:
Ressalta-se que a omissão quanto ao recolhimento de contri-
Art. 168. Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a pos- buições previdenciárias, em geral, acontece de maneira contínua,
se ou a detenção: tendo em vista que a ausência de recolhimento, geralmente ocorre
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. por vários meses e até anos, vindo a incidir a regra contida no art.
71 do Código Penal Brasileiro. Assim sendo, é justo que o aumen-
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a solução para o seu concurso!
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
to de pena previsto pela continuidade do delito deverá ser dosado Modificação ou alteração não autorizada de sistema de infor-
pelo juiz, que levará em conta a quantidade de meses em que não mações
foi feito o recolhimento das contribuições.
Dentre os crimes que se encontram relacionados ao sistema
A respeito da continuidade delitiva, o Supremo Tribunal Fede-
eletrônico e à informática, encontra-se também, o de modificação
ral firmou a edição da Súmula nº. 711, dispondo:
ou alteração não autorizada de sistema de informações. O art. 313-
STF – Súmula 711 - “A lei penal mais grave aplica-se ao crime
B do Código Penal, assim o define:
continuado ou ao crime permanente se a sua vigência é anterior à
Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de infor-
cessação da continuidade ou da permanência”.
mações ou programa de informática sem autorização ou solicitação
Prisão por dívida de autoridade competente:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Dentre esses tópicos estudados, de acordo com os juristas
Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até a
Castro e Lazzari, registra-se a importância de mencionar a Lei nº.
metade se da modificação ou alteração resulta dano para a Admi-
8.866/1.994, que dispunha ser depositário da Fazenda Pública, o
nistração Pública ou para o administrado.
indivíduo que a legislação tributária ou previdenciária determinava
O ilustre jurista Baltazar Júnior conceitua as condutas delituo-
a obrigação de reter ou receber de terceiro e recolher aos cofres
sas da seguinte maneira: “Modificar tem aqui o sentido de instalar
públicos impostos, taxas e contribuições, inclusive à Seguridade
um novo sistema ou programa, ou seja, substituir ou trocar por um
Social. Assim sendo, com fulcro no § 2º do art. 1º da referida lei,
outro programa.” Ao passo que “Alterar é modificar o programa ou
que tratava como depositário infiel o indivíduo que não entregasse
sistema existente.”
aos cofres públicos os valores por ele arrecadados, foi esteada a
Ressalta-se que são aplicadas a esse delito, as mesmas consi-
revogação do art. 95, alínea d, da Lei nº. 8.212/1991. Entretanto,
derações que foram feitas ao delito de inserção de dados falsos em
tal esse entendimento não repercutiu, tendo em vista que a Lei nº.
sistema de informações já estudado. Porém, afirma-se com veraci-
8.866/1994 pertence ao âmbito do Direito Civil, e não tornou descri-
dade, que as penas aplicadas ao crime em comento, são menos se-
minalizada a conduta disposta no art. 95, d, da Lei nº. 8.212/1991.
veras que as aplicadas àquele, tendo em vista que as consequências
Para resolver o assunto, o TRF da 4ª Região promoveu a edição
do tipo se encontram dotadas de menor gravidade.
da Súmula nº. 65, que assim determina:
No entanto, registra-se que as penas poderão ser atenuadas
TRF 4ª Região – Súmula 65 - “A pena decorrente do crime de
em situações de dano para a Administração Pública, bem como
omissão de recolhimento de contribuições previdenciárias não
para os administrados, que, por sua vez, são por lei, considerados
constitui prisão por dívida”.
os sujeitos passivos do crime.
Assim, na mesma direção, foi consolidado pelo Supremo Tribu-
nal Federal o entendimento de que o agente que se enquadra no Sonegação de contribuição previdenciária
art. 168-A do Código Penal, não se encontrará submetido à prisão
Esse delito pode ser tipificado legalmente pelas seguintes con-
civil por dívida, porém, terá que responder pela prática dos delitos
dutas:
que cometer.
Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social previdenciá-
Inserção de dados falsos em sistema de informações ria e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas:
Trata-se esse tema de um delito cometido por intermédio de I – omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento
meios eletrônicos, por meio do qual, o sujeito passivo é a Adminis- de informações previsto pela legislação previdenciária segurados
tração Pública. É o que demonstra a redação do art. 313-A: empregado, empresário, trabalhador avulso ou trabalhador autô-
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inser- nomo ou a este equiparado que lhe prestem serviços;
ção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corre- II – deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da conta-
tos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administra- bilidade da empresa as quantias descontadas dos segurados ou as
ção Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para devidas pelo empregador ou pelo tomador de serviços;
outrem ou para causar dano: III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferidos,
remunerações pagas ou creditadas e demais fatos geradores de
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
contribuições sociais previdenciárias:
Registra-se que esse delito teve sua inserção no Código Penal
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
pelo Título XI, que trata dos Crimes contra a Administração Pública,
O delito de sonegação de contribuição previdenciária é um
em seu Capítulo I – Dos Crimes Praticados por Funcionário Público
crime praticado por particular contra a Previdência Social, sendo
contra a Administração Pública.
que o elemento do tipo é a vontade livre e consciente de sonegar
O crime de inserção de dados falsos em sistema de informa-
contribuição previdenciária, mediante a omissão de procedimentos
ções é considerado como um peculato eletrônico que possui como
contábeis obrigatórios.
sujeito ativo somente o servidor público, porém, é admitida, a par-
A respeito da consumação e da competência para julgamento
ticipação de particular para a sua consumação.
desse delito, existe uma interessante decisão do STJ. Vejamos:
Pondera-se, por fim, que a conduta foi instituída com o obje-
Decidiu a 3ª Seção do STJ que: “O delito previsto no art. 337-A
tivo de punir o servidor que usa do seu poder no cargo que ocupa
do Código Penal consuma-se com a supressão ou redução da contri-
para inserir, alterar ou excluir dados dos sistemas informatizados
buição previdenciária e acessórios, sendo o objeto jurídico tutelado
ou, ainda, banco de dados da Previdência Social com o objetivo de
a Seguridade Social. A competência para processar e julgar o cri-
auferir vantagem ilícita para si ou para outros.
me de sonegação de contribuição previdenciária é fixada pelo local
da consumação do delito, conforme previsto no art. 70 do Código
de Processo Penal” (CC 200901070341, Rel. Min. Arnaldo Esteves
Lima, DJE 29.3.2010).

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a solução para o seu concurso!
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Vejamos abaixo, em síntese, as principais características rela- I – na folha de pagamento ou em documento de informações
tivas a esse delito: que seja destinado a fazer prova perante a Previdência Social, pes-
soa que não possua a qualidade de segurado obrigatório;
• De acordo com a súmula vinculante nº. 24 do STF, por se tra-
II – na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado
tar de crime material, exige-se a constituição definitiva do crédito
ou em documento que deva produzir efeito perante a Previdência
tributário previamente à propositura da ação penal que aduz que
Social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita;
“Não se tipifica crime material contra a ordem tributária, previsto
III – em documento contábil ou em qualquer outro documento
no art. 1º, incisos I a IV, da Lei nº 8.137/90, antes do lançamento
relacionado com as obrigações da empresa perante a Previdência
definitivo do tributo”.
Social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter constado.
• Para o delito de sonegação de contribuição previdenciária,
Ressalta-se que referidas condutas eram consideradas crimino-
as causas de extinção de punibilidade são as mesmas que as da
sas pelo art. 95, nas alíneas g, h e i da Lei n. 8.212/1991, entretanto,
conduta tipificada no art. 168-A, à exceção do perdão judicial pelo
sem pena para os infratores. Desta forma, o novo dispositivo penal
pagamento após a ação fiscal e antes do oferecimento da denún-
surgiu para fazer correção a essa distorção, vindo a instituir penas
cia, hipótese que foi vetada pelo Poder Executivo ao sancionar a lei.
mais duras que variam de 02 (dois) a 06 (seis) anos, além de multa.
(Castro e Lazzari, 2.020).
Assim, nos conformes do § 4º da contemporânea redação do
• Existem regras especiais para a aplicação da pena. Porém, é
art. 297 do Código Penal, incorrerá nas mesmas penas aquele que
facultado ao juiz deixar de aplicar a pena, ou aplicar apenas a pena
omitir, nos documentos mencionados no § 3º, nome do segurado
de multa, caso o agente seja primário e possua bons antecedentes,
e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do contrato de
desde que o valor das contribuições devidas, incluindo nesse rol os
trabalho ou de prestação de serviços.
acessórios, possua valor igual ou inferior ao estabelecido pela Pre-
vidência Social.
Divulgação de informações sigilosas ou reservadas Violação de sigilo funcional

O art. 153 do Código Penal Brasileiro determina ser criminoso o Ao sujeito ativo do delito de violação de sigilo funcional, o Códi-
ato de divulgação de segredo, dispondo que constitui crime “Divul- go Penal estabeleceu pena de detenção, de seis meses a dois anos,
gar alguém, sem justa causa, conteúdo de documento particular ou ou multa, se o fato não constituiu crime mais grave. Além disso, a
de correspondência confidencial, de que é destinatário ou detentor, Lei nº. 9.983/2000 determinou que incorre nas penas desse artigo
e cuja divulgação possa produzir dano a outrem”. No entanto, a re- aquele que:
dação desse dispositivo passou por alterações por meio da Lei nº. I – permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e em-
9.983/2000, com o objetivo de oferecer proteção aos sistemas e préstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de pessoas
bancos de dados da Administração Pública. não autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da
Vejamos o dispositivo legal: Administração Pública;
II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito (art. 325, § 1º).
Art. 153.
Desta maneira, se da ação ou omissão advir dano à Administra-
§ 1º-A. Divulgar, sem justa causa, informações sigilosas ou re- ção Pública ou a outrem, a pena passará a ser de reclusão, de dois a
servadas, assim definidas em lei, contidas ou não nos sistemas de seis anos, e multa (art. 325, § 2º).
informações ou banco de dados da Administração Pública:
Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Equiparação a funcionário público
§ 1º (parágrafo único original). De antemão, verifica-se que o conceito real de funcionário pú-
§ 2º Quando resultar prejuízo para a Administração Pública, a blico inserido no art. 327 do Código Penal foi ampliado. Com a re-
ação penal será incondicionada. dação contemporânea do § 1º desse dispositivo legal, passou-se a
Ressalta-se, que a pena prevista anteriormente no Código Pe- equipar a funcionário público, aquele que exercer cargo, emprego
nal Brasileiro para o crime de divulgação de segredo, era a com de- ou função em entidade paraestatal, bem como aquele que trabalha
tenção de um a seis meses, ou multa, sendo que somente se sub- para empresa que presta serviços de forma contratada ou conve-
meteria a procedimento, mediante representação do ofendido. Já niada para a execução específica da Administração Pública.
pela redação atualizada, a pena foi elevada, sendo que poderá che- Havendo essa modificação, ressalta-se que foi incluído no con-
gar a até 04 (quatro) anos de detenção, acrescida de multa. Desta ceito de funcionário público, aquele que trabalha para empresa
forma, a ação penal passou a ser considerada como incondicionada prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução
em caso de causação de dano à Administração Pública. de atividade típica da Administração Pública, como os estagiários,
Falsidade Documental os serventes, os vigilantes, dentre outros.

Nesta seara, verifica-se que o art. 296 do Código Penal, que Estelionato previdenciário
dispõe sobre a falsidade documental, recebeu mais um inciso no Esse crime se encontra disposto no art. 171, § 3º, do Código Pe-
§ 1º, sendo que a partir do momento da vigência da nova lei, será nal. Sua conduta tipificada é “Obter, para si ou para outrem, vanta-
aplicada a pena de reclusão, de dois a seis anos, acrescida de multa, gem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em
a quem alterar, falsificar ou fazer uso indevido de marcas, logotipos, erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento”.
siglas ou quaisquer outros símbolos utilizados ou identificadores de Ocorre que em relação à pena de reclusão de um a cinco anos
órgãos ou entidades da Administração Pública de um modo geral. e multa, prevista no caput do art. 171 do CP, deverá ser majorada
Falsificação de documento público em um terço por se tratar de crime praticado contra a Autarquia
Previdenciária.
Para a recepção desta categoria delituosa, foi inserido art. 297 Infelizmente, esse crime vem acontecendo com frequência nos
do Código Penal, o § 3º, para determinar que se implica na pena casos de agentes que fazem uso de documentação falsa para sacar
de reclusão de dois a seis anos, e multa, aquele que insere ou faz em contas alheias, valores depositados em nome de outras pessoas
inserir: a título de benefício previdenciário.

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a solução para o seu concurso!
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Nos dizeres do jurista José Paulo Baltazar Júnior, na maior parte LIVRO IV
das vezes, o autor se trata de um intermediário ou de um despa- DAS PENALIDADES EM GERAL
chante de benefícios e, não raro ex-servidor da Previdência Social
TÍTULO I
que é conhecedor do funcionamento da Autarquia:
“Assim, no específico caso do estelionato contra a previdência, DAS RESTRIÇÕES
o segurado, se tiver ciência da fraude, colaborando e aderindo à Art. 279 A empresa que transgredir as normas deste
conduta do intermediário, poderá ser partícipe ou coautor, depen- Regulamento, além de outras sanções previstas, sujeitar-se-á às
dendo de cada hipótese, como acima referido. Caso o segurado se- seguintes restrições:
quer tenha ciência da fraude, não poderá ser condenado. Exempli- I - suspensão de empréstimos e financiamentos, por instituições
fica-se com a hipótese do segurado denunciado por estelionato que financeiras oficiais;
relata, no interrogatório, a entrega de suas carteiras profissionais II - revisão de incentivo fiscal de tratamento tributário especial;
ao intermediário, que informou ter ele direito ao benefício, vindo III - inabilitação para licitar e contratar com qualquer órgão
a receber, alguns meses depois, a carta de concessão de aposen- ou entidade da administração pública direta ou indireta federal,
tadoria do INSS, negando saber não contava com tempo suficiente estadual, do Distrito Federal ou municipal;
para se aposentar. Tal tese mais será admissível quando o acusado IV - interdição para o exercício do comércio, se for sociedade
for pessoa simples e houver contagem de tempo de benefício rural mercantil ou comerciante individual;
e urbano, ou conversão de tempo especial, ou vários contratos de V - desqualificação para impetrar concordata; e
trabalho, caso em que há dificuldades em determinar a existência VI - cassação de autorização para funcionar no País, quando
do direito. Ao contrário, se o segurado praticamente jamais traba- for o caso
lhou registrado, é difícil admitir que não tenha ciência da fraude. Se Art. 280 A empresa em débito para com a seguridade social
os honorários do despachante de benefícios, forem muito elevados não pode:
há indício de que o segurado tem ciência da fraude. Como se vê, é I - distribuir bonificação ou dividendo a acionista; e
questão a ser apurada concretamente.” (CASTRO E LAZZARI, 2.020). II - dar ou atribuir cota ou participação nos lucros a sócio cotista,
De acordo com o entendimento do STF, esse crime se encontra diretor ou outro membro de órgão dirigente, fiscal ou consultivo,
eivado de natureza permanente, posto que a sua consumação sem- ainda que a título de adiantamento
pre se renova a cada recebimento mensal.
TÍTULO II
Entendida a gravidade do assunto, o prazo prescricional deve-
rá ser contado a partir do fim do recebimento do benefício irregu- DAS INFRAÇÕES E DAS PENALIDADES
lar e acordo com o HC 116.816, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJe de CAPÍTULO I
4.3.2013. DOS CRIMES
Por fim, registra-se a importante disposição da Súmula nº. 82
do TRF da 4ª Região: Art. 281 (Revogado)
TRF 4ª Região – Súmula 82 - “É inaplicável o princípio da insig- CAPÍTULO II
nificância ao estelionato cometido em detrimento de entidade de DA APREENSÃO DE DOCUMENTOS
direito público.” Art. 282 A seguridade social, por meio de seus órgãos
competentes, promoverá a apreensão de comprovantes de
INFRAÇÕES À LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA arrecadação e de pagamento de benefícios, bem como de quaisquer
documentos pertinentes, inclusive contábeis, mediante lavratura do
competente termo, com a finalidade de apurar administrativamente
A infração à legislação previdenciária pode acarretar diversos a ocorrência dos crimes previstos em lei
tipos de penalidades e restrições aos cumprimentos que descum- Parágrafo único O Instituto Nacional do Seguro Social e a
prirem as suas determinações. De acordo com o artigo 279 do De- Secretaria da Receita Federal estabelecerão normas específicas
creto n° 3.048/1999, às empresas que descumprirem poderão ser para:
aplicadas, dentre outras penalidades, as seguintes restrições: I - apreensão de comprovantes e demais documentos;
- suspensão de empréstimos e financiamentos, por instituições II - apuração administrativa da ocorrência de crimes;
financeiras oficiais; III - devolução de comprovantes e demais documentos;
- revisão de incentivo fiscal de tratamento tributário especial; IV - instrução do processo administrativo de apuração;
- inabilitação para licitar e contratar com qualquer órgão ou en- V - encaminhamento do resultado da apuração referida no
tidade da administração pública direta ou indireta federal, estadual, inciso IV à autoridade competente; e
do Distrito Federal ou municipal; VI - acompanhamento de processo judicial
- interdição para o exercício do comércio, se for sociedade mer-
CAPÍTULO III
cantil ou comerciante individual;
- desqualificação para impetrar concordata; e DAS INFRAÇÕES
- cassação de autorização para funcionar no País, quando for Art. 283 Por infração a qualquer dispositivo das Leis nos 8212 e
o caso. 8213, ambas de 1991, e 10666, de 8 de maio de 2003, para a qual
Já conforme o artigo 280 do Decreto n° 3.048/1999, a empresa não haja penalidade expressamente cominada neste Regulamento,
com débitos com a Previdência Social não pode distribuir bonifica- fica o responsável sujeito a multa variável de R$ 636,17 (seiscentos
ção ou dividendo a acionista e dar ou atribuir cota ou participação e trinta e seis reais e dezessete centavos) a R$ 63617,35 (sessenta
nos lucros a sócio cotista, diretor ou outro membro de órgão diri- e três mil, seiscentos e dezessete reais e trinta e cinco centavos),
gente, fiscal ou consultivo, ainda que a título de adiantamento. conforme a gravidade da infração, aplicando-se-lhe o disposto nos
Alguns artigos da legislação têm previsão específica de pena- arts 290 a 292, e de acordo com os seguintes valores:
lidades e multas a serem aplicadas em caso de infração. Vejamos: I - a partir de R$ 636,17 (seiscentos e trinta e seis reais e
dezessete centavos) nas seguintes infrações:

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a solução para o seu concurso!
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
a) deixar a empresa de preparar folha de pagamento das redução de capital social, cisão total ou parcial, transformação ou
remunerações pagas, devidas ou creditadas a todos os segurados extinção de entidade ou sociedade comercial ou civil e transferência
a seu serviço, de acordo com este Regulamento e com os demais de controle de cotas de sociedades de responsabilidade limitada;
padrões e normas estabelecidos pelo Instituto Nacional do Seguro g) deixar o servidor, o serventuário da Justiça ou o titular de
Social; serventia extrajudicial de exigir documento comprobatório de
b) deixar a empresa de se matricular no Instituto Nacional inexistência de débito do proprietário, pessoa física ou jurídica, de
do Seguro Social, dentro de trinta dias contados da data do início obra de construção civil, quando da averbação de obra no Registro
de suas atividades, quando não sujeita a inscrição no Cadastro de Imóveis;
Nacional da Pessoa Jurídica; h) deixar o servidor, o serventuário da Justiça ou o titular de
c) deixar a empresa de descontar da remuneração paga aos serventia extrajudicial de exigir documento comprobatório de
segurados a seu serviço importância proveniente de dívida ou inexistência de débito do incorporador, quando da averbação de
responsabilidade por eles contraída junto à seguridade social, obra no Registro de Imóveis, independentemente do documento
relativa a benefícios pagos indevidamente; apresentado por ocasião da inscrição do memorial de incorporação;
d) deixar a empresa de matricular no Instituto Nacional do i) deixar o dirigente da entidade da administração pública direta
Seguro Social obra de construção civil de sua propriedade ou ou indireta de consignar as dotações necessárias ao pagamento das
executada sob sua responsabilidade no prazo de trinta dias do início contribuições devidas à seguridade social, de modo a assegurar a
das respectivas atividades; sua regular liquidação dentro do exercício;
e) deixar o Titular de Cartório de Registro Civil de Pessoas j) deixar a empresa, o servidor de órgão público da administração
Naturais de comunicar ao Instituto Nacional do Seguro Social, até direta e indireta, o segurado da previdência social, o serventuário
o dia dez de cada mês, a ocorrência ou a não-ocorrência de óbitos, da Justiça ou o titular de serventia extrajudicial, o síndico ou
no mês imediatamente anterior, bem como enviar informações seu representante, o comissário ou o liquidante de empresa em
inexatas, conforme o disposto no art. 228; liquidação judicial ou extrajudicial, de exibir os documentos e livros
f) deixar o dirigente dos órgãos municipais competentes de relacionados com as contribuições previstas neste Regulamento
prestar ao Instituto Nacional do Seguro Social as informações ou apresentá-los sem atender às formalidades legais exigidas ou
concernentes aos alvarás, “habite-se” ou documento equivalente, contendo informação diversa da realidade ou, ainda, com omissão
relativos a construção civil, na forma do art. 226; e de informação verdadeira;
g) deixar a empresa de efetuar os descontos das contribuições l) deixar a entidade promotora do espetáculo desportivo de
devidas pelos segurados a seu serviço; efetuar o desconto da contribuição prevista no § 1º do art. 205;
h) deixar a empresa de elaborar e manter atualizado perfil m) deixar a empresa ou entidade de reter e recolher a
profissiográfico abrangendo as atividades desenvolvidas pelo contribuição prevista no § 3º do art. 205;
trabalhador e de fornecer a este, quando da rescisão do contrato de n) deixar a empresa de manter laudo técnico atualizado com
trabalho, cópia autêntica deste documento; e (Incluída pelo Decreto referência aos agentes nocivos existentes no ambiente de trabalho
nº 4862, de 2003) de seus trabalhadores ou emitir documento de comprovação de
II - a partir de R$ 6361,73 (seis mil trezentos e sessenta e um efetiva exposição em desacordo com o respectivo laudo; e
reais e setenta e três centavos) nas seguintes infrações: o) (Revogada pelo Decreto nº 4882, de 2003)
a) deixar a empresa de lançar mensalmente, em títulos próprios § 1º Considera-se dirigente, para os fins do disposto neste
de sua contabilidade, de forma discriminada, os fatos geradores de Capítulo, aquele que tem a competência funcional para decidir
todas as contribuições, o montante das quantias descontadas, as a prática ou não do ato que constitua infração à legislação da
contribuições da empresa e os totais recolhidos; seguridade social
b) deixar a empresa de apresentar ao Instituto Nacional do § 2º A falta de inscrição do segurado sujeita o responsável à
Seguro Social e à Secretaria da Receita Federal os documentos multa de R$ 1254,89 (mil, duzentos e cinquenta e quatro reais e
que contenham as informações cadastrais, financeiras e contábeis oitenta e nove centavos), por segurado não inscrito
de interesse dos mesmos, na forma por eles estabelecida, ou os § 3º As demais infrações a dispositivos da legislação, para
esclarecimentos necessários à fiscalização; as quais não haja penalidade expressamente cominada, sujeitam
c) deixar o servidor, o serventuário da Justiça ou o titular de o infrator à multa de R$ 636,17 (seiscentos e trinta e seis reais e
serventia extrajudicial de exigir documento comprobatório de dezessete centavos)
inexistência de débito, quando da contratação com o poder público Art. 284 A infração ao disposto no inciso IV do caput do art. 225
ou no recebimento de benefício ou de incentivo fiscal ou creditício; sujeitará o responsável às seguintes penalidades administrativas:
d) deixar o servidor, o serventuário da Justiça ou o titular de I - valor equivalente a um multiplicador sobre o valor mínimo
serventia extrajudicial de exigir o documento comprobatório de previsto no caput do art. 283, em função do número de segurados,
inexistência de débito, quando da alienação ou oneração, a qualquer pela não apresentação da Guia de Recolhimento do Fundo de
título, de bem imóvel ou direito a ele relativo; Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social,
e) deixar o servidor, o serventuário da Justiça ou o titular de independentemente do recolhimento da contribuição, conforme
serventia extrajudicial de exigir a apresentação do documento quadro abaixo:
comprobatório de inexistência de débito na alienação ou oneração,
a qualquer título, de bem móvel incorporado ao ativo permanente
da empresa, de valor superior a R$ 15904,18 (quinze mil novecentos
e quatro reais e dezoito centavos);
f) deixar o servidor, o serventuário da Justiça ou o titular de
serventia extrajudicial de exigir documento comprobatório de
inexistência de débito no registro ou arquivamento, no órgão próprio,
de ato relativo a baixa ou redução de capital de firma individual,

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a solução para o seu concurso!
DIREITO PREVIDENCIÁRIO

II - cem por cento do valor devido relativo à contribuição não declarada, limitada aos valores previstos no inciso I, pela apresentação
da Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social com dados não correspondentes
aos fatos geradores, seja em relação às bases de cálculo, seja em relação às informações que alterem o valor das contribuições, ou do valor
que seria devido se não houvesse isenção ou substituição, quando se tratar de infração cometida por pessoa jurídica de direito privado
beneficente de assistência social em gozo de isenção das contribuições previdenciárias ou por empresa cujas contribuições incidentes sobre
os respectivos fatos geradores tenham sido substituídas por outras;
III - cinco por cento do valor mínimo previsto no caput do art. 283, por campo com informações inexatas, incompletas ou omissas,
limitada aos valores previstos no inciso I, pela apresentação da Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e
Informações à Previdência Social com erro de preenchimento nos dados não relacionados aos fatos geradores.
§ 1º A multa de que trata o inciso I, a partir do mês seguinte àquele em que o documento deveria ter sido entregue, sofrerá acréscimo
de cinco por cento por mês calendário ou fração.
§ 2º O valor mínimo a que se refere o inciso I será o vigente na data da lavratura do auto-de-infração.
Art. 285 A infração ao disposto no art. 280 sujeita o responsável à multa de cinquenta por cento das quantias que tiverem sido pagas
ou creditadas, a partir da data do evento.
Art. 286 A infração ao disposto no art. 336 sujeita o responsável à multa variável entre os limites mínimo e máximo do salário-de-
contribuição, por acidente que tenha deixado de comunicar nesse prazo.
§ 1º Em caso de morte, a comunicação a que se refere este artigo deverá ser efetuada de imediato à autoridade competente.
§ 2º A multa será elevada em duas vezes o seu valor a cada reincidência.
§ 3º A multa será aplicada no seu grau mínimo na ocorrência da primeira comunicação feita fora do prazo estabelecido neste artigo,
ou não comunicada, observado o disposto nos arts 290 a 292.
Art. 287 Pelo descumprimento das obrigações contidas nos incisos V e VI do caput do art. 225, e verificado o disposto no inciso III do
caput do art. 266, será aplicada multa de R$ 99,74 (noventa e nove reais e setenta e quatro centavos) a R$ 9974,34 (nove mil, novecentos
e setenta e quatro reais e trinta e quatro centavos), para cada competência em que tenha havido a irregularidade
Parágrafo único O descumprimento das disposições constantes do art. 227 e dos incisos V e VI do caput do art. 257, sujeitará a
instituição financeira à multa de:
I - R$ 22165,20 (vinte e dois mil, cento e sessenta e cinco reais e vinte centavos), no caso do art. 227;
II - R$ 110826,01 (cento e dez mil, oitocentos e vinte e seis reais e um centavo), no caso dos incisos V e VI do caput do art. 257
Art. 288 O descumprimento do disposto nos §§ 19 e 20 do art. 225 sujeitará o infrator à multa de:
I - R$ 173,00 (cento e setenta e três reais) a R$ 1730,00 (um mil setecentos e trinta reais), no caso do § 19; e
II - R$ 345,00 (trezentos e quarenta e cinco reais) a R$ 3450,00 (três mil quatrocentos e cinquenta reais), no caso do § 20
Art. 289 O dirigente de órgão ou entidade da administração federal, estadual, do Distrito Federal ou municipal responde pessoalmente
pela multa aplicada por infração a dispositivos deste Regulamento, sendo obrigatório o respectivo desconto em folha de pagamento,
mediante requisição dos órgãos competentes e a partir do primeiro pagamento que se seguir à requisição
Parágrafo único: Ao disposto neste artigo não se aplica a multa de que trata o inciso III do art. 239
CAPÍTULO IV
DAS CIRCUNSTÂNCIAS AGRAVANTES DA PENALIDADE
Art. 290 Constituem circunstâncias agravantes da infração, das quais dependerá a gradação da multa, ter o infrator:
I - tentado subornar servidor dos órgãos competentes;
II - agido com dolo, fraude ou má-fé;
III - desacatado, no ato da ação fiscal, o agente da fiscalização;
IV - obstado a ação da fiscalização; ou
V - incorrido em reincidência
Parágrafo único Caracteriza reincidência a prática de nova infração a dispositivo da legislação por uma mesma pessoa ou por seu
sucessor, dentro de cinco anos da data em que se tornar irrecorrível administrativamente a decisão condenatória, da data do pagamento
ou da data em que se configurou a revelia, referentes à autuação anterior
CAPÍTULO V
DAS CIRCUNSTÂNCIAS ATENUANTES DA PENALIDADE
Art 291 (Revogado)

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a solução para o seu concurso!
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
CAPÍTULO VI 2. (CRMV/SP - Analista de Suporte de Gestão Recursos Huma-
DA GRADAÇÃO DAS MULTAS nos – QUADRIX/2022) Com base na Lei n° 8.212/1991, julgue o item.
A seguridade social será financiada exclusivamente pela União.
Art. 292 As multas serão aplicadas da seguinte forma:
(...) Certo
I - na ausência de agravantes, serão aplicadas nos valores
(...) Errado
mínimos estabelecidos nos incisos I e II e no § 3º do art. 283 e nos
arts 286 e 288, conforme o caso; 3. (FUB - Assistente Social - CESPE/CEBRASPE/2022) Em relação
II - as agravantes dos incisos I e II do art. 290 elevam a multa à seguridade social no Brasil, julgue o item subsequente.
em três vezes; São objetivos da seguridade social a universalidade do atendi-
III - as agravantes dos incisos III e IV do art. 290 elevam a multa mento e a seletividade na prestação dos serviços.
em duas vezes; (...) Certo
IV - a agravante do inciso V do art. 290 eleva a multa em três (...) Errado
vezes a cada reincidência no mesmo tipo de infração, e em duas
4. (Câmara de Barretos/SP – Advogado - VUNESP) É correto
vezes em caso de reincidência em infrações diferentes, observados
afirmar, com base nas Súmulas do Supremo Tribunal Federal e/ou
os valores máximos estabelecidos no caput dos arts 283 e 286,
do Superior Tribunal de Justiça, que
conforme o caso; e
(A) a lei aplicável à concessão de pensão previdenciária por
V - (Revogado)
morte é aquela vigente na data do óbito do segurado.
Parágrafo único. Na aplicação da multa a que se refere o art.
(B) a mulher que renunciou aos alimentos na separação judicial
288, aplicar-se-á apenas as agravantes referidas nos incisos III a V
não tem direito à pensão previdenciária por morte do ex-ma-
do art. 290, as quais elevam a multa em duas vezes
rido.
Art. 293 Constatada a ocorrência de infração a dispositivo deste
(C) é inconstitucional a incidência da contribuição previdenciá-
Regulamento, será lavrado auto-de-infração com discriminação
ria sobre o décimo-terceiro salário.
clara e precisa da infração e das circunstâncias em que foi praticada,
(D) é inconstitucional a inclusão de sócios e administradores de
contendo o dispositivo legal infringido, a penalidade aplicada e os
sociedades e titulares de firmas individuais como contribuintes
critérios de gradação, e indicando local, dia e hora de sua lavratura,
obrigatórios da previdência social.
observadas as normas fixadas pelos órgãos competentes.
(E) o segurado pode ajuizar eventual ação contra a instituição
§ 1º Recebido o auto-de-infração, o autuado terá o prazo de trinta
previdenciária somente perante as varas federais da Capital do
dias, a contar da ciência, para efetuar o pagamento da multa de ofício
Estado-Membro em que possua domicílio.
com redução de cinquenta por cento ou impugnar a autuação.
§ 2º Impugnada a autuação, o autuado, após a ciência da 5. (Prefeitura de Várzea Paulista/SP - Procurador Jurídico - VU-
decisão de primeira instância, poderá efetuar o pagamento da NESP) De acordo com o posicionamento sumulado do Superior Tri-
multa de ofício com redução de vinte e cinco por cento, até a data bunal de Justiça, a ação de cobrança de diferenças de valores de
limite para interposição de recurso. complementação de aposentadoria, contados da data do pagamen-
§ 3º O recolhimento do valor da multa, com redução, implica to, prescreve em
renúncia ao direito de impugnar ou de recorrer. (A) 2 anos.
§ 4º Apresentada impugnação, o processo será submetido à (B) 5 anos.
autoridade competente, que decidirá sobre a autuação, cabendo (C) 10 anos.
recurso na forma da Subseção II da Seção II do Capítulo Único do (D) 15 anos.
Título I do Livro V deste Regulamento. (E) 30 anos.
§ 5º (Revogado).
6. (CRMV/SP - Analista de Suporte de Gestão Recursos Huma-
§ 6º (Revogado).
nos – QUADRIX/2022) Com base na Lei n° 8.212/1991, julgue o item.
A Previdência Social tem por fim assegurar aos seus benefici-
ários os meios indispensáveis de manutenção, por motivo de inca-
QUESTÕES pacidade, idade avançada, tempo de serviço, desemprego involun-
tário, encargos de família e reclusão ou morte, daqueles de quem
dependiam economicamente.
1. (CONDESUS/RS - Assessor Jurídico – OBJETIVA/2022) Em (...) Certo
conformidade com a Lei nº 8.212/1990, referente à seguridade so- (...) Errado
cial, assinalar a alternativa CORRETA: 7. (Polícia Federal - Delegado de Polícia Federal - CESPE/CE-
(A) A seguridade social compreende um conjunto integrado de BRASPE/2021) No que se refere ao financiamento da seguridade
ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, des- social, julgue o item subsequente.
tinado a assegurar o direito relativo ao mercado de trabalho. Para a execução do orçamento da seguridade social, o tesou-
(B) As ações nas áreas de saúde, previdência social e assistência ro nacional deve repassar mensalmente os recursos referentes às
social serão organizadas em um Sistema Nacional de Segurida- contribuições sociais incidentes sobre a receita de concursos de
de Social. prognósticos.
(C) A seguridade social será financiada por toda sociedade, de (...) Certo
forma direta e indireta, mediante recursos provenientes unica- (...) Errado
mente da União e de contribuições sociais.
(D) A seguridade social tem como um dos seus princípios e de 8. (Prefeitura de Gaspar/SC - Procurador Municipal – IE-
suas diretrizes a centralidade na gestão administrativa. SES/2021) Considerando o art. 2º da Lei Nº 8.213/91, responda a
questão:
A Previdência Social rege-se pelos seguintes princípios e obje-
tivos, EXCETO:
(A) Universalidade de participação nos planos previdenciários;
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a solução para o seu concurso!
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
e uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às po- sentantes dos empregadores.
pulações urbanas e rurais. (D) sete representantes da sociedade civil, sendo quatro repre-
(B) Previdência complementar facultativa, custeada por contri- sentantes dos trabalhadores em atividades.
buição adicional; e gestão administrativa centralizada no gover- (E) onze representantes da sociedade civil, sendo quatro repre-
no federal. sentantes dos aposentados e pensionistas.
(C) Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios;
13. (TRF/2ª REGIÃO - Analista Judiciário – FCC/2012) Com rela-
e cálculo dos benefícios considerando-se os salários-de-contri-
ção ao Conselho Nacional de Previdência Social - CNPS considere:
buição corrigidos monetariamente.
I. O Conselho Nacional de Previdência Social é composto por
(D) Irredutibilidade do valor dos benefícios de forma a preser-
representante do Governo Federal e da Sociedade Civil totalizando
var-lhes o poder aquisitivo; e valor da renda mensal dos bene-
onze membros em sua composição.
fícios substitutos do salário-de-contribuição ou do rendimento
II. O Conselho Nacional de Previdência Social possui, na sua
do trabalho do segurado não inferior ao do salário-mínimo.
composição, três membros representantes dos aposentados e pen-
9. (TC/DF – Procurador - CESPE/CEBRASPE/2021) Acerca de sionistas.
prestações previdenciárias e de princípios da seguridade social e de III. Os membros do Conselho Nacional de Previdência Social e
seu custeio, julgue o item que se segue. seus respectivos suplentes serão nomeados pelo Presidente da Re-
A previsão constitucional do financiamento pelo Estado e pela pública.
sociedade — por meio das contribuições para a previdência social IV. O Conselho Nacional de Previdência Social reunir-se-á, or-
— atende ao princípio da diversidade na base do financiamento dinariamente, uma vez a cada quinze dias, por convocação de seu
previdenciário. Presidente.
(...) Certo De acordo com a Lei n 8.213/91, está correto o que consta APE-
(...) Errado NAS em
(A) II, III e IV.
10. (TCE/RJ - Analista de Controle Externo - CESPE/CEBRAS-
(B) I, II e III.
PE/2021) Acerca da seguridade social e seus princípios, julgue o
(C) II e III.
item a seguir.
(D) I e IV.
O princípio da universalidade de cobertura e do atendimento é
(E) I e II.
próprio da previdência social, de maneira que não se aplica à saúde
e à assistência social. 14. (TRT/16ª REGIÃO/(MA) - Juiz do Trabalho Substituto – TR-
(...) Certo T/16R) São atribuições do Conselho Nacional de Previdência Social-
(...) Errado -CNPS, EXCETO:
(A) Estabelecer diretrizes gerais e apreciar as decisões de políti-
11. (PauliPrev/SP - Procurador Autárquico – VUNESP/2018)
cas aplicáveis à Previdência Social.
Em relação ao Conselho Nacional de Previdência Social – CNPS, as-
(B) Participar, acompanhar e avaliar sistematicamente a gestão
sinale a alternativa que está de acordo com o disposto na Lei nº
previdenciária.
8.213/1991.
(C) Elaborar e aprovar seu orçamento anual.
(A) Os membros do CNPS e seus respectivos suplentes serão
(D) Acompanhar e apreciar, através de relatórios gerenciais por
nomeados pelo Presidente da República, tendo os represen-
ele definidos, a execução dos planos, programas e orçamentos
tantes titulares da sociedade civil mandato de 4 (quatro) anos,
no âmbito da Previdência Social.
sendo vedada a recondução.
(E) Apreciar a prestação de contas anual a ser remetida ao Tri-
(B) Compete ao Conselho Nacional de Previdência Social – CNPS
bunal de Contas da União, podendo, se for necessário, contra-
apreciar e aprovar as propostas orçamentárias da Previdência
tar auditoria externa.
Social, antes de sua consolidação na proposta orçamentária da
Seguridade Social.
(C) O CNPS reunir-se-á, ordinariamente, uma vez a cada trimes- 15. (DPE/SE - Defensor Público - CESPE/CEBRASPE/2022) No
tre, por convocação de seu Presidente, não podendo ser adiada Regime Geral de Previdência Social (RGPS), o trabalhador que pres-
a reunião por mais de 15 (quinze) dias se houver requerimento ta serviço de natureza urbana, em caráter eventual, a uma ou mais
nesse sentido da maioria dos conselheiros. empresas, sem relação de emprego, é um segurado
(D) Os representantes dos trabalhadores em atividade, dos (A) facultativo.
aposentados, dos empregadores e de seus respectivos suplen- (B) autônomo.
tes serão escolhidos mediante votação aberta realizada nos (C) empregado.
sindicatos. (D) especial.
(E) Aos membros do CNPS, enquanto representantes dos traba- (E) contribuinte individual.
lhadores em atividade, é assegurada a estabilidade no empre-
16. (EMGEPRON - Advogado – SELECON/2021) De acordo com
go até dois anos após o término do mandato, somente poden-
a Lei nº 8.212/91, é segurado obrigatório como contribuinte indivi-
do ser demitidos por motivo de falta grave.
dual da Previdência Social:
12. (SEGEP/MA - Técnico Previdenciário – FCC/2018) Estabele- (A) a pessoa física que exerce, por conta própria, atividade eco-
ce a Lei n° 8.213/1991, a instituição do Conselho Nacional de Previ- nômica de natureza urbana, com fins lucrativos ou não.
dência Social – CNPS, órgão superior de deliberação colegiada, que (B) aquele que, como empregado, presta serviço de natureza
terá dentre seus membros urbana ou rural à empresa, em caráter não eventual, sob su-
(A) nove representantes da sociedade civil, sendo cinco repre- bordinação e mediante remuneração, inclusive como diretor
sentantes dos trabalhadores em atividade. empregado.
(B) nove representantes da sociedade civil, sendo três repre- (C) o brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Bra-
sentantes dos aposentados e pensionistas. sil para trabalhar como empregado em sucursal ou agência de
(C) sete representantes da sociedade civil, sendo dois repre- empresa nacional no exterior.
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a solução para o seu concurso!
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
(D) aquele que, contratado por empresa de trabalho temporá- 21. (CODEVASF - Assessor Jurídico – CESPE/CEBRASPE/2021)
rio, definida em legislação específica, presta serviço para aten- Acerca da contagem recíproca de tempo de serviço, custeio pre-
der à necessidade transitória de substituição de pessoal regu- videnciário e regime geral de previdência social (RGPS), julgue o
lar e permanente ou a acréscimo extraordinário de serviços de próximo item.
outras empresas. Para efeito de custeio do RGPS, as alíquotas aplicadas aos sa-
lários de contribuições dos segurados empregados são as mesmas
17. (PGE/CE - Procurador do Estado - CESPE/CEBRASPE/2021) É
alíquotas aplicadas aos salários de contribuições dos segurados
segurado facultativo do regime geral de previdência social
contribuintes individuais.
(A) o servidor público ocupante de cargo em comissão, sem
(...) Certo
vínculo efetivo.
(...) Errado
(B) o estudante de ensino superior.
(C) o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou muni- 22. (Receita Federal - Analista Tributário da Receita Federal -
cipal, desde que não vinculado a regime próprio de previdência ESAF) Na busca da efetiva arrecadação da contribuição social, a le-
social. gislação previdenciária de custeio dispõe sobre a responsabilidade
(D) o ministro de confissão religiosa. solidária. Sabendo que a solidariedade nunca é presumida, resul-
tando da lei ou da vontade das partes, assinale a assertiva incorreta
18. (EMGEPRON - Advogado – SELECON/2021) De acordo com
com relação às pessoas solidárias pelo cumprimento das obrigações
a Lei nº 8.212/91, é segurado obrigatório como contribuinte indivi-
para com a Seguridade Social decorrentes de obra.
dual da Previdência Social:
(A) O proprietário.
(A) a pessoa física que exerce, por conta própria, atividade eco-
(B) O incorporador
nômica de natureza urbana, com fins lucrativos ou não.
(C) O fiscal de obras da prefeitura.
(B) aquele que, como empregado, presta serviço de natureza
(D) A empresa de comercialização de imóveis.
urbana ou rural à empresa, em caráter não eventual, sob su-
(E) O construtor.
bordinação e mediante remuneração, inclusive como diretor
empregado. 23. (Receita Federal - Analista Tributário da Receita Federal -
(C) o brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Bra- ESAF) Nos termos do Regulamento da Previdência Social, analise
sil para trabalhar como empregado em sucursal ou agência de as assertivas a respeito das obrigações acessórias de retenção e
empresa nacional no exterior. responsabilidade solidária da contribuição social, assinalando a in-
(D) aquele que, contratado por empresa de trabalho temporá- correta.
rio, definida em legislação específica, presta serviço para aten- (A) As empresas que integram grupo econômico cuja matriz
der à necessidade transitória de substituição de pessoal regu- tem sede em Brasília respondem entre si, solidariamente, pelas
lar e permanente ou a acréscimo extraordinário de serviços de obrigações decorrentes do disposto no Regulamento da Previ-
outras empresas. dência Social.
(B) A empresa contratante de serviços executados mediante
19. (TIMBOPREV/SC - Técnico Previdenciário – FURB/2021) No
cessão ou empreitada de mão-de-obra deverá reter onze por
Regime Geral de Previdência Social, são considerados dependentes
cento do valor bruto da nota fiscal, fatura ou recibo de pres-
do segurado:
tação de serviços e recolher a importância retida em nome da
I- O cônjuge, a companheira ou companheiro.
empresa contratada.
II- O filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21
(C) Considera-se construtor, para os efeitos do Regulamento da
(vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual
Previdência Social, a pessoa física ou jurídica que executa obra
ou mental ou deficiência grave.
sob sua responsabilidade, no todo ou em parte.
III- Os pais.
(D) O proprietário, o incorporador definido na Lei nº 4.591, de
IV- O irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de
1964, o dono da obra ou condômino da unidade imobiliária
21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência inte- cuja contratação da construção, reforma ou acréscimo não en-
lectual ou mental ou deficiência grave. volva cessão de mão-de-obra, são solidários com o construtor.
V- O sogro ou sogra, desde que residam na mesma residência e (E) Exclui-se da responsabilidade solidária perante a seguridade
comprovem dependência econômica com o segurado. social o adquirente de prédio ou unidade imobiliária que reali-
É correto o que se afirma em: ze a operação com empresa de comercialização.
(A) I, II e III, apenas.
24. (FUB - Assistente Social – CESPE/CEBRASPE/2022) Em rela-
(B) II, IV e V, apenas.
ção à seguridade social no Brasil, julgue o item subsequente.
(C) I, II, III e IV, apenas.
O financiamento da seguridade social é de responsabilidade
(D) III e IV, apenas.
dos entes federativos, com isenção da contribuição do trabalhador
(E) I, II, III, IV e V.
quando este for o beneficiário das ações.
20. (PGE/CE - Procurador do Estado - CESPE/CEBRASPE/2021) (...) Certo
O salário de contribuição no regime geral de previdência social (...) Errado
(A) é indiferente para a apuração e cálculo do salário de bene-
25. (AL/CE - Analista Legislativo - CESPE) Com relação à previ-
fício.
dência, julgue os itens abaixo:
(B) corresponde sempre ao valor final do benefício, calculado
O equilíbrio financeiro e atuarial é a chave da sobrevivência de
segundo suas respectivas regras legais de apuração.
qualquer regime de previdência social público ou privado, do que se
(C) representa exatamente o mesmo valor da contribuição so-
depreende que nenhum benefício ou serviço da seguridade social
cial vertida para o sistema previdenciário.
poderá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente
(D) possui sempre um limite máximo, sendo este entendido
fonte de custeio total.
como o teto do valor suscetível à aplicação da alíquota previ-
(...) Certo
denciária.
(...) Errado
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363
a solução para o seu concurso!
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
26. (TRT/22ª Região/(PI) - Juiz do Trabalho – TRT/22/PI) A Pre- ______________________________________________________
vidência Social, observados os critérios que preservem o equilíbrio
financeiro e atuarial, nos termos da lei, visa: ______________________________________________________
(A) ao amparo das crianças e adolescentes carentes.
(B) à garantia de um salário mínimo mensal à pessoa portadora ______________________________________________________
de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios
______________________________________________________
de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua
família. ______________________________________________________
(C) à proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescên-
cia e à velhice. ______________________________________________________
(D) à proteção ao trabalhador em situação de desemprego in-
voluntário. ______________________________________________________
(E) à promoção da integração ao mercado de trabalho.
______________________________________________________

GABARITO ______________________________________________________

______________________________________________________

1 B ______________________________________________________
2 ERRADO ______________________________________________________
3 CERTO
______________________________________________________
4 A
5 B ______________________________________________________
6 CERTO ______________________________________________________
7 CERTO
______________________________________________________
8 B
______________________________________________________
9 CERTO
10 ERRADO ______________________________________________________
11 B ______________________________________________________
12 B
______________________________________________________
13 C
14 C ______________________________________________________

15 E ______________________________________________________
16 A
______________________________________________________
17 B
______________________________________________________
18 A
19 C ______________________________________________________
20 D ______________________________________________________
21 ERRADO
______________________________________________________
22 C
23 A ______________________________________________________

24 ERRADO ______________________________________________________
25 CERTO ______________________________________________________
26 D
______________________________________________________

______________________________________________________
ANOTAÇÕES
______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ _____________________________________________________
______________________________________________________
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a solução para o seu concurso!
CONTABILIDADE GERAL

Externos - Esses usuários costumam analisar qual situação da


CONTABILIDADE. CONCEITO, OBJETO, OBJETIVOS, CAMPO empresa no mercado, eles procuram saber quais as condições fi-
DE ATUAÇÃO E USUÁRIOS DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL. nanceiras da empresa, tem capacidade de cumprir com suas obri-
PRINCÍPIOS gações para realizar operações de crédito (score), se estão em dia
com suas obrigações tributárias. Resumindo, os usuários externos
precisão saber se empresa está cumprindo com os seus compromis-
Conceito sos para que assim possam negociar.
Contabilidade é ciência social que registra fenômenos financei- • Concorrentes;
ros e econômicos que estão atrelados com PATRIMÔNIO (bens, di- • Bancos;
reitos e obrigações) da entidade (pode ser pessoa física ou jurídica; • Fornecedores;
exemplo empresa, organização ou cia). Gerar relatórios com inter- • Governo; e
pretação das mudanças que ocorreram com patrimônio da empresa • Investidores.
e auxiliando na tomada de decisões pelos usuários.
Funções da Contabilidade
As principais funções na contabilidade é:
Objetivo
• Registrar os fatos ocorridos identificado na escrituração em
Objetivo da Contabilidade é estudar e compreender o patrimô-
livros contábeis;
nio, que é formado por:
• Organizar adequar sistema para empresa, exemplo, arquiva-
• BENS – prédios, veículos, máquinas, estoque, etc;
mento de documentos físicos ou eletrônicos;
• DIREITOS – contas a receber (exemplo, cliente que efetua o
• Demonstrar, expor por meio de relatórios a situações econô-
pagamento) que pode ser de curto ou longo prazo;
mica, com base nos dados adquiridos no registro, exemplo elaborar
• OBRIGAÇÕES – contas a pagar (exemplo, boletos de fornece-
balanço das contas contábeis;
dores, empréstimos) que são em curto ou longo prazo;
• Analisar as demonstrações com finalidade de apuração de
resultado, exemplo análise do balanço patrimonial;
E com identificação das alterações do patrimônio expor os da-
• Acompanhar o planejamento financeiro definidos após aná-
dos aos usuários ligados a entidade (internos e externos) para de-
lise dos resultados. Normalmente fica uma equipe responsável por
senvolver objetivos a organização.
controlar o desempenho dos eventos financeiro, e verificando se os
planos estabelecidos estão sendo cumpridos e se existe necessida-
Finalidade de de ajustes.
Contabilidade tem finalidade de organizar, analisar e mensu-
rar a riqueza da empresa. Com coleta e registro das mudanças do Princípios Contábeis
patrimônio, é possível visualizar o desenvolvimento da organização A contabilidade é estudo das mudanças econômicas por acom-
junto ao mercado. panhar as alterações do mercado é definida como ciência social, e
Além de acompanhar os resultados, compreendendo os da- para manter confiabilidade e segurança sobre estes estudos surgi
dos financeiro é possível a tomada de decisão pelos usuários da os Princípios Fundamentas da Contabilidade. Resumindo, os princí-
entidade. Com atual cenário econômico no mundo, a contabilidade pios são como “leis” para regulamentar os conhecimentos técnicos
passou a ser importante direcionador de estratégias definindo dire- e nenhum órgão (como Banco Central, Receita Federal ou Comitê
trizes a serem tomadas pelas empresas. de Pronunciamentos Contábeis) pode ultrapassá-las.
Os princípios contábeis foram elaborados pela Resolução do
Usuários CFC (Conselho Federal de Contabilidade) nº 750, de 29/12/1993
Com as informações contábeis analisadas e registradas, os da- (posteriormente alterado pela Resolução nº 1282/2010), e nº 774,
dos para criação de medidas ficam adequadas para os usuários in- de 16/12/1994. São eles:
ternos e externos. Que são: — Princípio da Entidade – reconhece que o patrimônio da em-
Internos – São aqueles que estão ligados diretamente com presa é independente dos patrimônios dos sócios. Objetivo é dife-
empresa, que precisam acompanhar o crescimento, rentabilidade, renciar as contas da pessoa física, no caso dos proprietários, das
verificar a criação de projetos. Com os dados os usuários internos contas da pessoa jurídica (entidade).
podem saber o melhor momento de expansão da empresa, como — Princípio da Continuidade – determina a continuidade das
criação de filial; aumentar folha de pagamento; aumenta ou dimi- atividades da entidade, considerando as mudanças patrimoniais,
nuição dos lucros. classificando e avaliando de forma quantitativa e qualitativa. Exem-
• Sócios e proprietários; plo, é confirmação que a contabilidade vai manter os registros atua-
• Acionista; lizados das mutações financeiras durante tempo de vida da entida-
• Empregados; de.
• Administradores. — Princípio da Oportunidade – afirma que os registros finan-
ceiros devem ser computados no mesmo tempo que são realizadas.
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a solução para o seu concurso!
CONTABILIDADE GERAL
Exemplo:
Empresa fez compra de matéria prima no dia 25/04/2021 por R$ 50.000,00. Essa movimentação deve ser lançada no livro:
Data: 25/04/2021 D - Estoque
C - Banco 50.000,00

Obs.: D – DÉBITO
C - CRÉDITO

— Princípio do Registro pelo valor Original – considera os registros dos verdadeiros valores dos componentes do patrimônio fiéis as
transações e configuração em moeda nacional.

Usando o exemplo acima, no momento de registrar o valor da compra correto, identificar os descontos, e no caso de moeda estran-
geira, dever realizar a conversão para moeda do país.
— Princípio da atualização monetária - este princípio estabelece que os valores originais do patrimônio devam sempre ser atualizados,
e utilizando indexadores econômicos para ajustar conforme moeda nacional.

— Princípio da Prudência – procurar medidas aceitáveis e que não sofram grandes impactos no patrimônio, seria cautela para que as
ações realizadas não prejudiquem o Patrimônio Líquido da empresa. Exemplo, seria controlar os gastos mensais para que isso não interfira
no lucro no fechamento do balanço.

Todos esses princípios tem intenção de ajudar o contabilista salvar- guarda informações ligados a entidade. Por tanto o contador se-
guindo esses princípios auxilia os gestores e sócios na realização de tomadas de decisão mantendo segurança financeira, realiza atividades
dentro da conduta ética do profissional de contabilidade.

Patrimônio
Patrimônio é conjunto de bens, direitos e obrigações de uma empresa. Bens e direitos são denominados como ATIVO e as obrigações
denominados PASSIVO, junto com passivo inclui o PQTRIMÔNIO LIQUIDO.

▪ Ativos
Onde constitui os direitos e bens da empresa e é identificada no lado esquerdo do Balanço Patrimonial.
Os bens são classificados como Tangíveis (que são materiais), exemplo carro, computador, e bens Intangíveis (não são materiais),
exemplo: no hall, marcas e patentes.
Direitos é tudo que é de direito da empresa, exemplo, é direito da empresa receber seus dividendos, manter conta bancária e que
pode ser mensurado.
No ativo é identificado as seguintes contas:
• Caixa;
• Banco;
• Estoque;
• Duplicatas a receber;
• Imobilizado.

▪ Passivos
Representado pelas obrigações da empresa, conhecidas como as dívidas, que pode ser boleto, cobranças, empréstimos, folha de pa-
gamento, recolhimento de tributos. O passivo fica no lado direito do Balanço Patrimonial, e com o total somado das obrigações tem que
igualar ao valor do total do ativo. Exemplo:

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366
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CONTABILIDADE GERAL
As contas do passivo são classificadas em Circulante, Exigível As Normas Brasileiras de Contabilidade classificam-se em Pro-
a longo prazo e Patrimônio Líquido. No circulante é identificado as fissionais e Técnicas.
obrigações de curto prazo (mensais):
• Fornecedores; As Normas Profissionais estabelecem regras de exercício pro-
• Alugueis a pagar; fissional e classificam-se em:
• Salários a pagar; NBC PG-Geral
• Impostos a pagar. NBC PA-do Auditor Independente
NBC PP - do Perito Contábil
As contas do exigível a longo prazo, são os que tem mais de
um ano: As Normas Técnicas estabelecem conceitos doutrinários, re-
• Empréstimos a longo prazo; gras e procedimentos aplicados de Contabilidade e classificam-se
• Financiamento. em:

Patrimônio Liquido NBC TG-Geral


Patrimônio Líquido pode ser identificado como riqueza liquida Normas Completas
da empresa, é a dedução entre o ativo e passivo e as contas, são: Normas Simplificadas para PMEs
• Capital Social; Normas Específicas
• Reserva de Capital;
• Lucros Acumulados. NBC TSP-do Setor Público
NBC TA-de Auditoria Independente de Informação Contábil His-
Todas as contas identificadas a cima representa o patrimônio tórica
da empresa e agrupadas formam o demonstrativo BALANÇO PATRI- NBC TASP-de Auditoria de Informação Contábil Histórica Aplicá-
MONIAL, onde o profissional de contabilidade irá informar a evolu- vel ao Setor Público
ção financeira da instituição frequentemente seguindo os princípios NBC TR-de Revisão de Informação Contábil Histórica
contábeis: NBC TO-de Asseguração de Informação Não Histórica
• Princípio da Entidade; NBC TSC-de Serviço Correlato
• Princípio da Continuidade; NBC TI-de Auditoria Interna
• Princípio da Oportunidade; NBC TP-de Perícia
• Princípio do Registro pelo valor Original;
• Princípio da atualização monetária; e Cada NBC categorizada é subdividida em dezenas de normas
• Princípio da Prudência. que tratam de assuntos específicos, exemplo : a NBC TA-de Audito-
ria Independente de Informação Contábil Histórica possui inúmeras
Desta forma a contabilidade como uma ciência constitui de normas que tratam de assuntos relacionados a auditoria.
princípios éticos para evitar irregularidades e distorções dos fatos
contábeis, isso faz com que exista uma padronização na apresenta- RESOLUÇÃO CFC N.º 1.328/111
ção da movimentação financeira das organizações.
Dispõe sobre a Estrutura das Normas Brasileiras de Contabili-
dade
NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE EMANADAS O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no exercício de suas
PELO CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE (CFC) atribuições legais e regimentais, e com fundamento no disposto na
alínea “f” do art. 6º do Decreto-Lei n.º 9.295/46, alterado pela Lei
n.º 12.249/10,
A Estrutura das Normas Brasileiras de Contabilidade está regula- CONSIDERANDO o processo de convergência das Normas Brasi-
mentada na Resolução CFC nº. 1.328/11. leiras de Contabilidade aos padrões internacionais;
CONSIDERANDO que a técnica legislativa utilizada no desenvol-
Revisão NBC vimento das Normas Brasileiras de Contabilidade, quando compa-
O documento Revisão NBC altera, inclui e exclui texto das nor- rada com a linguagem utilizada nas normas internacionais, pode
mas vigentes. Esse documento foi criado pela Resolução CFC n. º significar, ou sugerir, a eventual adoção de diferentes procedimen-
1.548/2018. Assim, a partir de outubro de 2018, as alterações em tos técnicos no Brasil;
normas passam a obedecer esse novo padrão que está resumido CONSIDERANDO que os organismos internacionais da profissão,
abaixo: responsáveis pela edição das normas internacionais, estão atuali-
Quando a alteração é total, ou seja, dá-se nova redação à nor- zando e editando novas normas, de forma continuada;
ma, a sigla e o número da norma é mantido e a nova redação é CONSIDERANDO a necessidade de redefinição e revisão da atual
identificada pela letra R + o número sequencial. estrutura das Normas Brasileiras de Contabilidade, de forma que ela
Quando a alteração é parcial, é editado o documento Revisão se apresente alinhada e convergente aos padrões internacionais,
NBC e as alterações, inclusões e exclusões são incorporadas às res- RESOLVE:
pectivas normas, mantendo a sigla da norma alterada. Art. 1º As Normas Brasileiras de Contabilidade editadas pelo
Conselho Federal de Contabilidade (CFC) devem seguir os mesmos
Vigência padrões de elaboração e estilo utilizados nas normas internacionais
A vigência encontra-se sempre antes da data e da assinatura da e compreendem as Normas propriamente ditas, as Interpretações
norma, interpretação, comunicado e Revisão NBC. Técnicas e os Comunicados Técnicos.
1 https://www1.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2011/001328
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a solução para o seu concurso!
CONTABILIDADE GERAL
Art. 2º As Normas Brasileiras de Contabilidade classificam-se tants (Ifac) e recepcionadas pela Organização Internacional de Enti-
em Profissionais e Técnicas. dades Fiscalizadoras Superiores (INTOSAI). (alterado pela Resolução
Parágrafo único. As Normas Brasileiras de Contabilidade, sejam CFC n.º 1.601/2020)
elas Profissionais ou Técnicas, estabelecem preceitos de conduta Parágrafo único. As normas de que trata o inciso I do caput são
profissional e padrões e procedimentos técnicos necessários para o segregadas em:
adequado exercício profissional. a) Normas completas que compreendem as normas editadas
Art. 3º As Normas Brasileiras de Contabilidade Profissionais se pelo CFC a partir dos documentos emitidos pelo CPC que estão con-
estruturam conforme segue: vergentes com as normas do IASB, numeradas de 00 a 999;
I-Geral-NBC PG-são as Normas Brasileiras de Contabilidade apli- b) Normas simplificadas para PMEs que compreendem a norma
cadas indistintamente a todos os profissionais de Contabilidade; de PME editada pelo CFC a partir do documento emitido pelo IASB,
II-do Auditor Independente-NBC PA-são as Normas Brasileiras bem como as ITs e os CTs editados pelo CFC sobre o assunto, nume-
de Contabilidade aplicadas, especificamente, aos contadores que rados de 1000 a 1999;
atuam como auditores independentes; c) Normas específicas que compreendem as ITs e os CTs edita-
III-do Auditor Interno-NBC PI-são as Normas Brasileiras de Con- dos pelo CFC sobre entidades, atividades e assuntos específicos,
tabilidade aplicadas especificamente aos contadores que atuam numerados de 2000 a 2999.
como auditores internos; Art. 5º A Interpretação Técnica tem por objetivo esclarecer a
IV-do Perito-NBC PP-são as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicação das Normas Brasileiras de Contabilidade, definindo regras
aplicadas especificamente aos contadores que atuam como peritos e procedimentos a serem aplicados em situações, transações ou ati-
contábeis. vidades específicas, sem alterar a substância dessas normas.
Art. 4º As Normas Brasileiras de Contabilidade Técnicas se estru- Art. 6º O Comunicado Técnico tem por objetivo esclarecer as-
turam conforme segue: suntos de natureza contábil, com a definição de procedimentos a
I-Geral-NBC TG-são as Normas Brasileiras de Contabilidade con- serem observados, considerando os interesses da profissão e as de-
vergentes com as normas internacionais emitidas pelo Internatio- mandas da sociedade.
nal Accounting Standards Board (IASB); e as Normas Brasileiras de Art. 7º As Normas são identificadas conforme segue:
Contabilidade editadas por necessidades locais, sem equivalentes I-a Norma Brasileira de Contabilidade é identificada pela sigla
internacionais; NBC, seguida das letras conforme disposto nos arts. 3º e 4º, nume-
II-do Setor Público-NBC TSP-são as Normas Brasileiras de Con- ração específica em cada agrupamento, seguido de hífen e denomi-
tabilidade aplicadas ao Setor Público, convergentes com as Normas nação. Por exemplo: NBC PA 290-“Denominação”; NBC TG 01-“De-
Internacionais de Contabilidade para o Setor Público, emitidas pela nominação”;
International Federation of Accountants (IFAC); e as Normas Brasi- II-a Interpretação Técnica é identificada pela sigla IT, seguida da
leiras de Contabilidade aplicadas ao Setor Público editadas por ne- letra ou letras e numeração do grupo a que pertence conforme dis-
cessidades locais, sem equivalentes internacionais; posto nos arts. 3º e 4º, seguida de hífen e denominação. Por exem-
III-de Auditoria Independente de Informação Contábil Históri- plo: ITG 01-“Denominação”; ITSP 01-“Denominação”.
ca-NBC TA-são as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas à III-o Comunicado Técnico é identificado pela sigla CT, seguida
Auditoria convergentes com as Normas Internacionais de Auditoria da letra ou letras e numeração do grupo a que pertence conforme
Independente emitidas pela IFAC; disposto nos arts. 3º e 4º, seguido de hífen e denominação. Por
IV-de Revisão de Informação Contábil Histórica-NBC TR-são as exemplo: CTG 01-“Denominação”; CTSP 01-“Denominação”.
Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas à Revisão convergen- IV-As Normas, Interpretações e Comunicados alterados devem
tes com as Normas Internacionais de Revisão emitidas pela IFAC; ser identificados pela letra “R” de revisão, seguida do número da
V-de Asseguração de Informação Não Histórica-NBC TO-são as revisão realizada. (Incluído pela Resolução CFC n.º 1.443/13) (Revo-
Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas à Asseguração con- gado pela Resolução CFC n.º 1.548/2018)
vergentes com as Normas Internacionais de Asseguração emitidas Art. 7-A. Para alteração de Norma Brasileira de Contabilidade,
pela IFAC; de Interpretação Técnica e de Comunicado Técnico, serão observa-
VI-de Serviço Correlato-NBC TSC-são as Normas Brasileiras de dos os seguintes casos e condições:
Contabilidade aplicadas aos Serviços Correlatos convergentes com I-alteração total: nos casos de alteração redacional de toda a
as Normas Internacionais para Serviços Correlatos emitidas pela norma, interpretação ou comunicado, deverá ser mantida a sigla e
IFAC; identificada a nova redação pela letra “R”, seguida do número se-
VII-de Auditoria Interna-NBC TI-são as Normas Brasileiras de quencial (Ex: NBC PA 290 (R1); ITG 01 (R1); CTG 01 (R1)).
Contabilidade aplicáveis aos trabalhos de Auditoria Interna; II-alteração parcial: nos casos de alteração, exclusão ou inclu-
VIII-de Perícia-NBC TP-são as Normas Brasileiras de Contabilida- são de item(ns) da norma, interpretação ou comunicado, deverá ser
de aplicáveis aos trabalhos de Perícia; editado documento denominado “Revisão NBC” seguido da nume-
IX-de Auditoria Governamental-NBC TAG-são as Normas Bra- ração inicial 01 e seguintes (Ex: Revisão NBC 01, Revisão NBC 02,
sileiras de Contabilidade aplicadas à Auditoria Governamental Revisão NBC 03, ...).
convergentes com as Normas Internacionais de Auditoria Gover- § 1º A alteração, inclusão e revogação de dispositivo deverão ser
namental emitidas pela Organização Internacional de Entidades consolidadas na respectiva norma, fazendo referência à “Revisão
Fiscalizadoras Superiores (INTOSAI). NBC”, sem alterar a sigla da norma modificada.
IX-de Auditoria de Informação Contábil Histórica Aplicável ao § 2º O dispositivo alterado ou revogado deve ser tachado,
Setor Público-NBC TASP-são as Normas Brasileiras de Contabilidade permanecendo no corpo da norma alterada.
Aplicáveis à Auditoria de Informação Contábil Histórica Aplicadas à § 3º As alterações incluídas na norma não alteram a letra “R +
Auditoria do Setor Público convergentes com as Normas Internacio- numeração” na sigla de normas vigentes. (Incluído pela Resolução
nais de Auditoria emitidas pela International Federation of Accoun- CFC n.º 1.548/2018)

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a solução para o seu concurso!
CONTABILIDADE GERAL
Art. 8º As Normas Brasileiras de Contabilidade, com exceção dos Comunicados Técnicos, devem ser submetidas à audiência pública
com duração mínima de 30 (trinta) dias.
Art. 9º A inobservância às Normas Brasileiras de Contabilidade constitui infração disciplinar sujeita às penalidades previstas nas alíneas
de “c” a “g” do art. 27 do Decreto-Lei n.º 9.295/46, alterado pela Lei n.º 12.249/10, e ao Código de Ética Profissional do Contador.
Art. 10. As Normas Brasileiras de Contabilidade, tanto as Profissionais quanto as Técnicas, editadas pelo Conselho Federal de Conta-
bilidade continuarão vigendo com a identificação que foi definida nas Resoluções CFC n.º 751/93, n.º 1.156/09 e n.º 1.298/10 até serem
alteradas ou revogadas mediante a emissão de novas normas em conformidade com as disposições previstas nesta Resolução.
Art. 11. Fica revogada a Resolução CFC n.º 1.298/10, publicada no D.O.U., Seção 1, de 21/9/2010.
Art. 12. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 18 de março de 2011.


Contador Juarez Domingues Carneiro
Presidente
Ata CFC n.º 948

Caro(a) Candidato(a), as normas são um assunto extenso, aqui fizemos apenas apresentamos cada uma. Para obter maiores informa-
ções e detalhes de todas as Normas Brasileiras de Contabilidade, acesse o site do CFC: https://cfc.org.br/tecnica/normas-brasileiras-de-
-contabilidade/

CONCEITOS, FORMA DE AVALIAÇÃO, EVIDENCIAÇÃO, NATUREZA, ESPÉCIE E ESTRUTURA

CONCEITOS
Contabilidade é a ciência social que estuda, analisa e controla todos os registros que movimentam e permitem a variação do patrimô-
nio de uma entidade. Essa entidade pode ser pessoa física ou jurídica, além de organizações sem fins lucrativos e governo.
Os registros e lançamentos contábeis apresentados através de relatórios, possibilitam aos gestores tomar decisões futuras mais asser-
tivas. Para isso dispões de alguns conteúdos fundamentais:
• Objeto: O estudo do patrimônio (conjunto de Bens, Direitos e Obrigações) das entidades.
• Objetivo: Controle do patrimônio e análise de suas alterações ao longo de um período.
• Finalidade: Gerar informações aos seus usuários (público de interesse), facilitando a tomada de decisão.

FORMA DE AVALIAÇÂO
A avaliação de ativos e passivos é feita através de bases de mensuração. Mensuração inicial é aquela em que em que se passa pelos
passos de como registrar e depois, a mensuração subsequente.
A mensuração inicial será realizada através pelo custo da aquisição ou pelo valor justo.
No custo de aquisição estarão englobados todos os gastos necessários para a logística desde que arcados pelo comprador. Para o
recebimento de uma doação, a mensuração ocorrerá através de um valor justo.
Já na forma subsequente, será necessário fazer uma nova mensuração, assim o registro não acontecerá de maneira que um ativo seja
registrado por um valor além do justo. É o tipo de mensuração que fornece informações relevantes e tempestivas, auxiliando a tomada de
decisão dos usuários.

EVIDENCIAÇÃO
A evidenciação é o conjunto das demonstrações contábeis que apresentam a situação da entidade, como o Balanço Patrimonial, a DRE
(Demonstração dos Resultados do Exercício), DFC (Demonstração dos Fluxos de Caixa), DMPL (Demonstrações das Mutações do Patrimô-
nio Líquido), DVA (Demonstração do Valor Adicionado) e DRA (Demonstração do Resultado Abrangente) e Notas Explicativas.
É através desse processo que são retiradas as informações necessárias para a tomada de decisão e demais informações para os usu-
ários da contabilidade.

NATUREZA
Na Contabilidade a escrituração é responsável pelos registros de todos os fatos contábeis, através de lançamentos de Débitos e Crédi-
tos, conforme as contas contábeis. Assim, cada conta contábil tem uma natureza.
A natureza contábil apresenta a “explicação” da origem das contas, que pode ser devedora ou credora.
As contas de Ativo e Despesas tem sua natureza devedora, pois apresentam onde foram aplicados os recursos. Já as contas do Passivo,
Patrimônio Líquido e Receitas, são de natureza credora, explicando a origem dos recursos.

Contas Patrimoniais Natureza Variação - Aumento Variação Redução


Ativo Devedora Débito Crédito
Passivo Credora Crédito Débito
Contas de Resultado Natureza Variação - Aumento Variação Redução
Receita Credora Crédito
Despesa Devedora Débito
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ESPÉCIE E ESTRUTURA Fatos Modificativos ou Quantitativos
A estrutura conceitual básica da contabilidade, com base no Os FATOS MODIFICATIVOS, como o próprio nome já diz, modi-
CPC 00, que é o pronunciamento contábil; apresenta as ferramen- ficam alguma coisa. No caso, eles alteram a SITUAÇÃO LÍQUIDA da
tas para os relatórios contábeis, que devem representar fielmente empresa (seu PATRIMÔNIO LÍQUIDO), aumentando ou diminuindo
a situação econômica das entidades. Suas principais características seu valor por meio de operações que envolvem contas de receitas e
são a relevância e a apresentação fidedigna. de despesas. São exemplos deste tipo de operações:
 Relevância – É o conjunto de informações necessárias
para tomada de decisão de todos os usuários, mas principalmente - Receitas Obtidas por Serviços Prestados:
os gestores. (+) Aumenta o Ativo na conta Caixa/Bancos
 Apresentação fidedigna – É de extrema importância que (+) Altera o Patrimônio Líquido na conta Receita
todos os números apresentados pelos relatórios contábeis estejam D – Caixa/Bancos
representando o mais próximo possível da situação real da entida-
C – Receita de Prestação de Serviços R$2.000,00
de, sem erros.
- Pagamento de Despesa:
ATOS E FATOS ADMINISTRATIVOS (-) Altera o Patrimônio Líquido, na conta Despesa.
(-) Diminui Ativo na conta Caixa/Bancos.
D – Despesa
C – Caixa/Bancos R$ 800,00
Atos Administrativos - Devemos entender por ATOS ADMINIS-
TRATIVOS ou CONTÁBIL aqueles que não modificam quaisquer ele-
- Apropriação de Despesas:
mentos do PATRIMÔNIO.
(-) Altera o Patrimônio Líquido na conta Despesa
Como exemplo trivial deste tipo de procedimento, tem-se a elei-
(+) Aumenta Passivo na Contas a Pagar
ção da diretoria de uma empresa.
D – Despesa com Energia Elétrica
C- Energia Elétrica a Pagar R$ 300,00
Fatos Administrativos ou Contábeis - Os FATOS ADMINISTRATI-
VOS são aqueles que provocam modificações no patrimônio. Classi-
Fatos Mistos ou Compostos
ficam-se em FATOS PERMUTATIVOS, MODIFICATIVOS e MISTOS.
Os fatos mistos ou compostos são uma combinação dos permu-
tativos e dos modificativos, podendo ainda provocar efeitos aumen-
Fatos Permutativos, Qualitativos ou Compensativos
tativos ou diminutivos. São exemplos deste tipo de fatos:
O termo “permutativo” significa troca, mudança de valor ou de
posição, intercâmbio. Assim, são considerados permutativos aque-
No caso de Fato Misto Aumentativo:
les fatos que provocam trocas entre elementos do PATRIMÔNIO,
- Recebimento de Duplicata com Juros.
tais como bens por bens, bens obrigações, direitos por bens, etc.
Ocorre aumento no Ativo pela entrada de dinheiro, diminuição
Para fins de ilustração, elencamos quatro exemplos de fatos
do Ativo pela baixa da conta Cliente e aumento no PL dos juros, por
permutativos:
se caracterizarem Receita.
D - Duplicatas 1.200,00
Compra à Vista de Mercadoria:
C - Clientes 1.000,00
(+) Aumenta ativo na conta Mercadoria
C - Juros Recebidos 200,00
(-) Diminui Ativo conta Caixa/Bancos
D – Mercadoria
No caso de Fato Misto Diminutivo:
C – Caixa/Bancos R$1.200,00
- Pagamento de uma Duplicata com Juros
Ocorre a diminuição do Passivo pela quitação da obrigação, di-
Compra a Prazo de Mercadoria:
minuição no Ativo pela saída de dinheiro e diminuição no PL pelo
(+) Aumenta Ativo na conta Mercadoria
pagamento dos juros ser uma Despesa.
(+) Aumenta Passivo na conta Fornecedores
D - Fornecedores 1.000,00
D – Mercadoria
D - Juros Passivos 200,00
C – Fornecedores R$1.500,00
C - Caixa 1.200,00
Pagamento de Fornecedores:
Dica: Variações do Patrimônio Líquido ocorrem quando há
(-) Diminui Passivo na conta Fornecedores
investimento de Capital feito por sócios ou acionistas na entidade
(-) Diminui Ativo na Conta Caixa/Bancos)
ou através do resultado apurado entre a diferente da Receita e da
D – Fornecedores
Despesa. Enquanto as Receitas aumentam o Patrimônio Líquido, as
C – Caixa/Bancos R$1.500,00 despesas diminuem o Patrimônio Líquido.
Aumento de Capital, com o Saldo da Conta Reserva de Capital:
(-) Diminui Patrimônio Líquido na conta Reserva de Capital RESUMO DOS FATOS ADMINISTRATIVOS
(+) Aumenta Patrimônio Líquido na conta Capital Fato Contábil Conta Debitada Conta Creditada
D – Reserva de Capital Permutativo Patrimonial Patrimonial
C – Capital R$1.000,00
(+ Ativo ou – (- Ativo ou
Passivo) +Passivo)

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CONTABILIDADE GERAL

(- Patrimônio (+ Patrimônio Livro Razão


Líquido) Líquido) O Livro Razão registra, também, todos os fatos, só que dan-
do ênfase às contas que compõem o patrimônio. É esse livro que
Modificativo Patrimonial Receita permite conhecer a movimentação de débito e crédito de cada ele-
Aumentativo (+ Ativo ou – (+ Resultado) mento que compõe o patrimônio da empresa
Passivo)
Modificativo Despesa Patrimonial De acordo com o Código Civil:
- A escrituração será feita em idioma e moeda corrente nacio-
Diminutivo (- Resultado) (- Ativo) nais e em forma contábil, por ordem cronológica de dia, mês e ano,
Misto Patrimonial Patrimonial e sem intervalos em branco, nem entrelinhas, borrões, rasuras emen-
Receita das ou transportes para as margens (art. 1.183 do Código Civil).
Aumentativo (+ Ativo ou – (+ Resultado) - Admite-se a escrituração resumida do Diário, com totais que
Passivo) não excedam o período de 30 dias, relativamente a contas cujas
operações sejam numerosas ou realizadas fora da sede do estabele-
Misto Patrimonial e Patrimonial
cimento, desde que utilizados livros auxiliares regulamente auten-
Despesa
ticados, para registro individualizado e conservados os documentos
Diminutivo (- Resultado) (- Ativo) que permitam a sua perfeita verificação (art. 1.184, § 1º, do Código
Civil).

LIVROS CONTÁBEIS OBRIGATÓRIOS Livros Auxiliares


- Livro de Inventário: tem a finalidade de registrar os bens de
consumo, as mercadorias, as matérias-primas e outros materiais
Atualmente, com a utilização do Sistema Público de Escritura- que se achem estocados nas datas em que forem levantados os ba-
ção Digital (SPED), e da Escrituração Contábil Digital (ECD), também lanços.
conhecida como SPED Contábil, há livros contábeis em forma digital No Livro de Inventário deverão ser arrolados, com especifica-
(para as empresas obrigadas ao SPED Contábil) e livros contábeis ções que facilitem sua identificação, as mercadorias, os produtos
em forma não digital (impresso em papel). manufaturados, as matérias-primas, os produtos em fabricação e os
Os livros contábeis obrigatórios em forma não digital, como o bens em almoxarifado existentes na data do balanço patrimonial le-
Livro Diário e o Livro Razão, devem possuir as seguintes formalida- vantado ao fim de cada período de apuração (Lei 154/47, artigo 2°,
des extrínsecas: § 2°, e Lei 6.404/1976, artigo 183, inciso II, e 8.541/1992, artigo 3°).
- Devem ser encadernados;
- As suas folhas devem ser numeradas sequencialmente; - Livro Registro de Duplicatas: este livro foi estabelecido pelo
- Devem conter termo de abertura e termo de encerramento artigo 19 da Lei 5.474/1968, sendo obrigatório para o vendedor
assinados pelo titular ou representante legal da entidade e que efetuar vendas com prazo de pagamento igual ou superior a
pelo profissional da contabilidade regularmente habilitado no 30 (trinta) dias.
Conselho Regional de Contabilidade. No Registro de Duplicatas serão escrituradas, cronologicamen-
Já os livros contábeis obrigatórios em forma digital, como o Li-
te, todas as duplicatas emitidas, com o número de ordem, data e
vro Diário e o Livro Razão, devem possuir as seguintes formali-
valor das faturas originárias e data de sua expedição; nome e domi-
dades extrínsecas:
cílio do comprador; anotações das reformas; prorrogações e outras
- Devem ser assinados digitalmente pela entidade e pelo profis-
circunstâncias necessárias.
sional da contabilidade regularmente habilitado;
- Devem ser autenticados no registro público competente
(exemplo: Juntas Comerciais) - Livro de Entrada de Mercadorias: destina-se ao registo, em
No caso de escrituração contábil digital (ECD), não há a neces- ordem cronológica, das mercadorias adquiridas e recebidas pelas
sidade de impressão e encadernação dos livros. Contudo, o ar- empresas.
quivo magnético autenticado pelo registro público competente Nele também são registradas as entradas de bens de qualquer
deve ser mantido pela entidade. espécie, inclusive os que se destinam a uso ou consumo.
Vejamos a seguir os tipos de livros Contábeis.
- Livro de Saída de Mercadorias: registram-se, em ordem cro-
Livro Diário nológica, as vendas de mercadorias ou de produtos, bem como
No Livro Diário devem ser registradas, em ordem cronológica toda e qualquer saída, inclusive de bens móveis da empresa.
rigorosa, com individualização, clareza e referência ao documento
comprobatório do lançamento, todas as operações ocorridas na - Livro de Registro de Prestação de Serviços: é obrigatório
entidade e quaisquer outros fatos que provoquem variação patri- perante o fisco municipal, podendo ser utilizado como auxiliar do
moniais. Diário, pois nele registram-se todas as operações de serviços, in-
As principais características do livro Diário são: obrigatório (exi- dividualizando as respectivas Notas Fiscais em ordem cronológica.
gido pelo Código Civil); principal (registra todos os fatos contábeis);
comum (para todas as empresas) e cronológico (fatos contábeis re- Regras Gerais2
gistrados em ordem cronológica). Independentemente de os livros contábeis serem opcionais ou
As demonstrações contábeis devem ser transcritas no Livro Diá- obrigatórios, observando as diretrizes que os regem, algumas reso-
rio, completando-se com as assinaturas do titular ou de represen- luções devem ser seguidas sempre. Elas asseguram a idoneidade do
tante legal da entidade e do profissional da contabilidade legalmen-
te habilitado. 2 https://blog.sage.com.br/livros-contabeis-o-que-sao-e-para-que-servem-2/
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que é registrado em cada livro, dando a certeza de que não houve
e nem haverá adulteração de lançamentos e garantindo a padroni- DOCUMENTAÇÃO CONTÁBIL
zação das emissões.
Ressaltando que nenhum destes livros pode conter rasuras
ou qualquer tipo de adição ou alteração de dados após a emissão DOCUMENTAÇÃO CONTÁBIL
do sistema de gestão contábil. Além de sempre respeitarem a or- A documentação contábil representa o conjunto dos principais
dem cronológica e de alguns serem abertos e encerrados por ter- documentos de uma empresa. utilizados no momento da escritu-
mos, os documentos-base da escrituração devem ser idôneos de ração e formalização dos registros contábeis que são originários de
acordo com as leis fiscais. Todas essas normas certificam o atendi- acontecimentos como vendas, compras, prestação de serviços etc.
mento dos livros contábeis às resoluções legais de exatidão e boa-fé Para isso, tais documentos não podem conter erros ou rasuras e
da escrituração. Além disso, também garantem a eles a qualidade precisam de arquivamento correto e de fácil acesso.
de serem instrumentos úteis à gestão empresarial. Existem diversos documentos contábeis, ao mais importantes
são:
LIVROS FISCAIS  Comprovantes de despesas diversas: Conta de energia
Geralmente, esses livros são exigidos pelos órgãos fiscais muni- elétrica, água, aluguel, condomínio, telefone, internet etc.
cipais, estaduais e federal, e por meio deles é possível obter todas Suas informações estarão disponíveis nos principais de-
informações fiscais da organização. Eles devem seguir uma forma- monstrativos contábeis, como balanço patrimonial, DFC,
tação padronizada, constando: identificação; numeração do livro; DRE etc.
 Notas fiscais: Por meio desses documentos será possível
encadernação; termos de abertura e encerramento; assinatura do
comprovar a compra e venda de produtos ou serviços,
representante da empresa; assinatura de um contador competente.
apresentando o faturamento e todas as operações passí-
A obrigatoriedade do livro fiscal na instituição vai depender do
veis de tributação.
regime tributário escolhido.  Extratos das movimentações bancárias: Documentos que
apresentam a movimentação financeira diária da entida-
Os livros fiscais mais utilizados: de, também são considerados documentos contábeis pois
Registro de Entradas: Nele consta todos os documentos refe- registram as receitas e despesas, além de compor os de-
rentes à entrada de mercadorias, patrimônios e serviços pela em- monstrativos contábeis.
presa que contribui com o Imposto sobre Circulação de Mercado-  Documentos trabalhistas: Informações sobre os funcioná-
rias e Serviços (ICMS). rios e da rotina do Departamento Pessoal, como folha de
pagamento, recibos de pagamentos de salários e demais
Registro de Saídas: Livro onde consta todos os documentos verbas pertinentes aos contratados com carteira assinada,
referentes à saída de mercadorias, patrimônios e serviços pela em- contratos de trabalho, guia de recolhimento de FGTS etc.
presa que contribui com o Imposto sobre Circulação de Mercado-  Guias de impostos, taxas e tributos diversos: GPS, DAS,
rias e Serviços (ICMS). DARF, IPTU etc.

Registro de Inventário: Livro utilizado para os lançamentos de


todo o estoque no momento da realização do balanço. VARIAÇÃO DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO. RECEITA, DESPESA,
GANHOS E PERDAS. ITENS PATRIMONIAIS. CONTEÚDO,
Registro de Recebimento de Impressos Fiscais e Termos de CONCEITOS, ESTRUTURA, FORMAS DE AVALIAÇÃO E CLAS-
Ocorrências: Livro para registro de Autorização de Impressão de SIFICAÇÃO DOS ITENS PATRIMONIAIS DO ATIVO, DO PAS-
Documentos Fiscais – AIDF, e também utilizado para anotações do SIVO E DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Fisco em caso de eventuais fiscalizações.

Registro de Apuração de IPI: Esse é o livro onde são feitos to- O Patrimônio de uma entidade é o conjunto de Bens, Direitos e
dos os lançamentos das operações de débitos e créditos referentes Obrigações, sendo também conhecidos como Ativo, Passivo e Patri-
ao Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). mônio Líquido.

Registro de Apuração de ICMS: Neste livro são feitos todos os Ativo3


lançamentos das operações de débitos e créditos referentes ao Im- O Ativo faz parte das Contas Patrimoniais e compreende o
posto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). conjunto de Bens e Direitos da organização (entidade, empresa),
possuindo valores econômicos e podendo ser convertido em
Escrituração dinheiro (proporcionando ganho para a empresa).
Normalmente, a escrituração dos livros fiscais é feita pelos É a parte positiva da posição patrimonial e identifica onde os
contribuintes, por meio do Sistema Público de Escrituração Digital recursos foram aplicados. Representa os benefícios presentes e
(SPED). Mas, como já mencionado antes, isso vai depender das ca- futuros para a empresa.
racterísticas e regime tributário da empresa. As contas do Ativo são classificadas em ordem decrescente do
O SPED foi criado para facilitar o envio das informações de grau de liquidez (de acordo com a rapidez com que podem ser con-
modo mais simples e padronizado. Isso facilita muito para o Fisco vertidas em dinheiro).
— já que ele tem um controle mais efetivo e o cruzamento de dados É um recurso controlado pela entidade como resultado
se torna mais seguro — e para os gestores, que podem se beneficiar de eventos passados e do qual se espera que resultem, no
utilizando dos próprios dados enviados no SPED. futuro, benefícios econômicos para a entidade. Ou seja, deve
ser compreendido como o conjunto de recursos financeiros e
3 http://www.socontabilidade.com.br/conteudo/BP_ativo8.php
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econômicos que são administrados de forma a gerarem mais Estoque: São as mercadorias para serem revendidas que a em-
recursos financeiros e econômicos. A finalidade de uma empresa presa possui. Essa conta registra o valor dos estoques na data do
é o lucro, e o Ativo é a aplicação de bens e direitos de modo a fechamento do balanço. São contas deste grupo:
produzir lucro. Estoque de Produtos Acabados - produtos cujo processo de
Para que algo possa ser considerado um ativo, é necessário fabricação foi concluído e já se encontram em condições de venda.
que ele cumpra quatro requisitos: constituir bem ou direito para a Estoque de Mercadoria para Revenda - compreende as merca-
empresa, ser de propriedade, posse ou controle da sociedade, ser dorias adquiridas para comercialização.
mensurável monetariamente e trazer benefícios (ou expectativa de Estoque de Produtos em Elaboração - são classificados todos
benefícios) para a empresa. O dinheiro é o ativo por excelência, pois os produtos que, no fechamento do balanço, ainda se encontram
é o meio de troca da economia e sua liquidez é plena. em fase de produção. Compreende todos os custos aplicados nes-
As contas deste grupo não se encerram com a apuração do re- ses produtos. Em empresas prestadoras de serviços, essa conta é
sultado do exercício e podem ser debitadas ou creditadas, sendo o chamada de Serviços em Andamento.
saldo sempre devedor (com exceção das Contas redutoras do ati-
vo). Outros Créditos: São as contas a receber que não se enquadram
O Ativo se divide em duas partes: Ativo Circulante e Ativo Não nos grupos anteriores, sendo contas de curto prazo, assim como as
Circulante. demais do Ativo Circulante.
Impostos a Recuperar - impostos pagos no ato da compra de
Ativo Circulante mercadorias, incidentes sobre as compras realizadas. Denomina-se a
recuperar pois quando ocorrer a vendas das mercadorias, o valor
O Ativo Circulante agrupa dinheiro e tudo o que será transfor-
de imposto pago será reduzido dos Impostos a recolher (referente
mado em dinheiro rapidamente. São contas que estão constante-
à venda de mercadorias). Desta forma, a empresa pagará apenas a
mente em giro, movimento, circulação.
diferença de valor, diminuindo o imposto das compras do imposto
Neste grupo são registrados os bens e direitos que a empresa
das vendas. São contas de impostos a recuperar: ICMS; PIS; COFINS;
consegue realizar (transformar) em dinheiro até o final do exercício IPI e outros.
seguinte, ou seja, no curto prazo. Adiantamento a Funcionários - nesta conta devemos juntar
todas as operações de créditos a funcionários por adiantamentos
Abaixo algumas contas do Ativo Circulante: concedidos por conta de salários, de despesas, de empréstimos
Disponibilidades: Compreendem valores existentes em Caixa e outros. Quando chegar o dia de pagamento de cada um destes
e Bancos, assim como as aplicações de curtíssimo prazo e liquidez itens, o valor que constar de adiantamento deverá ser reduzido do
absoluta. Significa o que está disponível para a empresa, podendo valor a ser pago pela empresa. São contas de adiantamento a fun-
ser utilizado a qualquer momento e para qualquer fim. As contas cionários: Adiantamento para viagens; Adiantamento de salários;
deste grupo estão a todo instante sendo movimentadas (entra e Adiantamento de férias e 13º salário, entre outros.
sai dinheiro)
Caixa - dinheiro existente (em espécie) na empresa, sendo o Ativo Não Circulante
item de maior liquidez (rapidez com que pode ser convertido em São registrados os direitos que serão realizados (transformados
dinheiro). Quando for necessário usar este dinheiro, ele estará à em dinheiro) após o final do exercício seguinte (longo prazo), assim
disposição na própria empresa. como os bens de uso (veículos, máquinas, etc.) e de renda da em-
Banco - nessa conta são registrados os recursos depositados presa (aluguéis, imóveis para vendas, etc.).
em contas-correntes de livre movimentação. As contas de livre mo- Ou seja, no Não Circulante são incluídos todos os bens de natu-
vimentação são as contas bancárias cujo saldo pode ser sacado ime- reza duradoura destinados ao funcionamento normal da sociedade
diatamente pelo cliente, no todo ou em parte. São as contas que a e do seu empreendimento, assim como os direitos exercidos com
empresa usa para fins de compras (com cheque ou cartão), vendas
essa finalidade.
(recebimentos de compras parceladas), empréstimos, etc.
Realizável a Longo Prazo: São classificados neste grupo as
Créditos: São direitos que a empresa tem a receber. Fazem parte
contas de bens e direitos da empresa cujas realizações se darão
deste grupo as contas:
no longo prazo (após o término do exercício seguinte). Também
Duplicatas a Receber / Clientes - valores a receber decorrentes
estão inseridas neste grupo as contas de direitos sem prazo
das vendas efetuadas pela empresa. Esta conta é usada quando o
de vencimento. Ou seja, quando não se determina o prazo de
cliente compra e leva o produto ainda sem ter pago o valor total
que deve (compra a crédito com cartão ou com cheque pré-datado, vencimento do direito, em contabilidade, entende-se como de
compra parcelada a curto prazo). Ou seja, são valores ainda não longo prazo. São contas de natureza devedora, assim como as do
recebidos decorrentes de vendas de mercadorias. Ativo Circulante.
Títulos a Receber - são representados, na maioria das vezes, Aplicações Financeiras de Longo Prazo - aplicações que a em-
por notas promissórias. Esses títulos podem ser originários de du- presa faz, mas que só terá o direito de retirar o dinheiro aplicado
plicatas não pagas no vencimento, cujos valores renegociados pas- após um prazo de 12 meses
sam a ser representados por notas promissórias ou por outro título Duplicadas a Receber a Longo Prazo - também conhecida
equivalente com prazo de vencimento dilatado, conforme acordo como Clientes de longo prazo, são valores a receber decorrentes
entre as partes. Representam também valores de empréstimos a das vendas efetuadas pela empresa a longo prazo.
receber de terceiros e de vendas não ligadas às operações normais
da empresa, tais como vendas de investimentos como ações, de- Investimentos: No grupo Investimentos são classificadas as par-
bêntures, imóveis, etc. ticipações e aplicações financeiras de caráter permanente, com o
objetivo de gerar rendimentos para a empresa de forma que esses
bens e direitos não sejam destinados à manutenção das atividades
normais da companhia.
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Obra de Arte - as obras de arte existentes na empresa são um As contas do Passivo podem ser debitadas ou creditadas, mas o
tipo de investimento, sendo elas desvinculadas da atividade princi- seu saldo será sempre credor, com exceção das contas redutoras do
pal da empresa. Para que uma obra de arte seja classificada como Passivo. Essas contas não se encerram com a apuração do resultado
investimento, a empresa não deve ter a intenção de vendê-la. do exercício.
Investimentos e Ouro - uma forma de investimento (aplicação) O Passivo compreende as origens de recursos representados
que tem por objetivo gerar lucro para a empresa. pelas obrigações para com terceiros, resultantes de eventos ocor-
Participações Societárias - são participações (investimentos) ridos que exigirão ativos para a sua liquidação.
em outras sociedades (coligadas e controladas) que não são des- Já o passivo, simplificadamente, evidencia toda a obrigação
tinadas à venda. A empresa não deve ter a intenção de se desfazer (dívida) que a empresa tem com terceiros, por exemplo: contas a
destes investimentos em um horizonte previsível. Ou seja, são par- pagar, fornecedores de matéria-prima à prazo, impostos a pagar,
ticipações em outras empresas obtidas com o objetivo de mantê-las financiamentos, empréstimos, etc. O Passivo é uma obrigação exigí-
em caráter permanente para se obter o controle societário ou por vel, isto é, no momento em que a dívida vencer, será exigida (recla-
interesses econômicos, como por exemplo, fonte permanente de
mada) a liquidação da mesma. Por isso é mais adequado chamá-lo
renda. Se a empresa comprar a participação esperando sua valori-
Passivo Exigível.
zação para vendê-la, ela deve ser registrada no Realizável a longo
prazo. São elas: Investimentos em coligadas; Investimentos em con-
Passivo Circulante
troladas.
Neste grupo, classificam-se as contas que representam obriga-
Imobilizado: No Imobilizado são classificados os bens e direitos ções da empresa para com terceiros no curso do exercício seguinte.
de natureza permanente que serão utilizados para a manutenção Ex.: Salários a Pagar, Fornecedores, Impostos a Pagar, Empréstimos
das atividades normais da empresa, servindo a sua estrutura. A em- Bancários etc.
presa não pretende vender os seus bens e direitos, ou seja, não São as obrigações (dívidas) exigíveis que deverão ser pagas até
há intenção de transformá-los em dinheiro. Caracterizam-se por se o fim do exercício seguinte.
apresentarem na forma tangível (bens corpóreos). Neste grupo são escrituradas as obrigações da entidade, inclusi-
Imóveis - são os imóveis que fazem parte da empresa e que po- ve financiamentos para aquisição de direitos do ativo não-circulan-
dem ser usados para o desenvolvimento das atividades necessárias. te, quando se vencerem no exercício seguinte. No caso de o ciclo
Fazem parte: Terrenos, Edificações, etc. operacional da empresa ter duração maior que a do exercício social,
Máquinas e Equipamentos - são as máquinas e equipamentos a concepção terá por base o prazo desse ciclo.
que a empresa usa para desenvolver as suas atividades. Fornecedores – Fornecedores; Duplicatas a pagar; Energia elé-
Veículos - são os carros, motos, camionetes, caminhões, etc. trica, entre outros
que são usados para o desenvolvimento da companhia, seja para Obrigações Trabalhistas – INSS, FGTS, PIS, Salários, entre ou-
entrega de produtos, deslocamento dos funcionários e para qual- tros
quer outra atividade da empresa. Empréstimos e Financiamentos – Empréstimos e financiamen-
tos a curto prazo.
Intangível: São Intangíveis os bens que não podem ser tocados Obrigações Tributárias – IRRF, PIS, COSINF, IR, ICMS, ISS, entre
ou vistos, já que são incorpóreos (não tem corpo). Eles possuem outros.
valor econômico mas carecem de substância física (material), tendo Provisões e Encargos das Provisões – Provisão para 13٥, FGTS,
o valor patrimonial nos direitos de propriedade imaterial que são INSS, Férias, entre outros
conferidos a seus possuidores. Outras Obrigações.
Softwares – Sistemas de aplicativos
Marcas e Patentes - É o nome que a empresa utiliza nos seus Passivo Não Circulante
produtos e serviços. São conhecidos e reconhecidos pelos seus Neste grupo são escrituradas as obrigações da entidade, inclu-
fornecedores e clientes. Patentes são de propriedades incorpóreas sive financiamentos para aquisição de direitos do ativo não-circu-
e de uso exclusivo, ou seja, significa prevenir que os competidores lante, quando se vencerem após o exercício seguinte. No caso de o
copiem ou vendam a sua invenção ou criação ciclo operacional da empresa ter duração maior que a do exercício
social, a concepção terá por base o prazo desse ciclo.
Licenças Exigível a Longo Prazo – Fornecedores a longo prazo; Financia-
Direitos Autorais mentos a longo prazo, entre outros
Direitos de Exploração de Serviços Públicos Resultados de Exercícios Futuros - Neste grupo, classificam-se
as contas que representam obrigações da empresa para com ter-
Passivo4 ceiros, com vencimento após o curso do exercício seguinte (longo
O Passivo faz parte das Contas Patrimoniais e compreende prazo).
as obrigações da organização, entidade ou empresa para com
terceiros, por sua natureza e por sua expressão monetária. Patrimônio Líquido5
É a parte negativa do Patrimônio e identifica a origem dos O Patrimônio Líquido é formado pelo grupo de contas que regis-
recursos aplicados. As contas representam os recursos de tra o valor contábil pertencente aos acionistas ou quotistas.
terceiros que foram usados e são classificadas segundo a ordem A partir de 01.01.2008, por força da Lei 11.638/2007, para as
decrescente de exigibilidade (são classificadas de acordo com o seu sociedades por ações, a divisão do patrimônio líquido será realizada
vencimento, através do curto e longo prazo). da seguinte maneira:
Ou seja, o Passivo se classifica de acordo com o prazo de reali- a) Capital Social - O capital social representa os valores recebi-
zação das obrigações. dos pela empresa, em forma de subscrição ou por ela gerados. A in-
tegralização do capital poderá ser feita por meio de moeda corrente
ou bens e direitos.
4 http://www.socontabilidade.com.br/conteudo/BP_passivo.php 5 http://www.portaldecontabilidade.com.br/guia/pl.htm
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b) Reservas de Capital - A reserva de capital abrange as seguin- Receita Financeira8
tes subcontas: São considerados como receita financeira, para fins tributários:
- Reserva de Correção Monetária do Capital Realizado; 1) Os juros recebidos, os descontos obtidos, o lucro na opera-
- Reserva de Ágio na Emissão de Ações; ção de reporte, o prêmio de resgate de títulos ou debêntures e os
- Reserva de Alienação de Partes Beneficiárias; rendimentos nominais relativos a aplicações financeiras de renda
- Reserva de Alienação de Bônus de Subscrição; fixa, auferidos pela empresa no período de apuração, compõem as
- Reserva de Prêmio na Emissão de Debêntures; (excluída des- receitas financeiras e como tal deverão ser incluídas no lucro opera-
de 01.01.2008, por força da Lei 11.638/2007) cional. Tais receitas, quando derivados de operações ou títulos com
- Reserva de Doações e Subvenções para Investimento; (excluí- vencimento posterior ao encerramento do período de apuração,
da desde 01.01.2008, por força da Lei 11.638/2007) poderão ser rateados pelos períodos a que competirem.
- Até 31.12.2007, a Reserva de Incentivo Fiscal. A partir de 2) A atualização monetária dos valores de tributos pagos indevi-
01.01.2008, respectiva reserva passa a fazer parte do grupo de Re- damente ou a maior, bem como saldos negativos de IRPJ e CSLL, su-
servas de Lucros. jeitos à taxa de juros Selic a partir do mês seguinte ao do pagamento
c) Ajustes de Avaliação Patrimonial - é o resultado do valor indevido/ou a maior e, no caso de Saldo Negativo de IRPJ e CSLL, a
da avaliação dos bens em relação ao seu valor justo. O valor justo partir do mês seguinte ao do fechamento do período de apuração
é a quantia pela qual um ativo pode ser trocado, ou um passivo (trimestral ou anual).
liquidado, por duas partes dispostas a isso e independentes entre si 3) As variações monetárias dos direitos de crédito e das
d) Reservas de Lucros - As reservas de lucros são constituídas obrigações do contribuinte em função da taxa de câmbio ou de
pelos lucros obtidos pela empresa, retidos com finalidade específi- índices ou coeficientes aplicáveis por disposição legal ou contratual
ca. Os lucros retidos com finalidade específica e classificados nesta serão consideradas para efeitos da legislação do Imposto de Renda,
conta são transferidos da conta de “Lucros ou Prejuízos Acumula- como receitas financeiras, quando for o caso (Lei 9.718/98, art. 9°).
dos”. 4) Os juros sobre capital próprio (TJLP) - Lei 9.249/1995, artigo
e) Ações em Tesouraria - As ações ou quotas adquiridas pela 9°.
companhia ou sociedade limitada serão registradas em conta Para efeito de apuração do IRPJ e da CSLL, as receitas financei-
específica redutora do Patrimônio Líquido, intitulada «ações ou ras são receitas tributáveis tanto para as pessoas jurídicas que ado-
quotas em tesouraria” tem o Lucro Presumido quanto para as que tributam pelas regras
f) Prejuízos Acumulados - Os lucros ou prejuízos representam do Lucro Real.
resultados acumulados obtidos, que foram retidos sem finalidade
específica (quando lucros) ou estão à espera de absorção futura Despesa Financeira9
(quando prejuízos). São consideradas despesas financeiras os juros pagos ou incor-
ridos, os quais serão dedutíveis como custos ou despesa operacio-
Adiantamentos para Aumento de Capital: Adiantamentos au- nais observadas às seguintes normas (RIR/1999, art. 374):
mento de capital são os valores recebidos pela empresa por meio Os juros pagos antecipadamente, os descontos de títulos de
de seus acionistas ou de seus quotistas, onde são destinados e uti- créditos e o deságio concedido na colocação de debêntures ou tí-
lizados como futuro aporte de capital da organização. O Contador tulos de crédito, deverão ser apropriados proporcionalmente ao
estar atento, pois caso o valor do adiantamento seja efetivamente tempo decorrido (pro rata tempore), nos períodos de apuração a
utilizado para tal situação, deve ser registrado no Patrimônio Líqui- que competirem;
do. Havendo a hipótese deste valor ser devolvido a quotistas ou Os juros de empréstimos contraídos para financiar a aquisição
acionista, o mesmo deve ser lançando no Passivo Não Circulante. ou construção de bens do ativo permanente, incorridos durante as
fases de construção e pré-operacional, podem ser registrados no
Receita e Despesa ativo diferido, para serem amortizados.
Receita6 é a entrada bruta de benefícios econômicos durante o A partir de 01 /01/1999, as variações monetárias dos direitos
período que ocorre no curso das atividades ordinárias de uma em- de créditos e das obrigações do contribuinte, em função da taxa
presa, quando tais entradas resultam em aumento do patrimônio de câmbio ou de índices ou coeficientes aplicáveis por disposição
líquido, excluídos aqueles decorrentes de contribuições dos pro- legal ou contratual, serão consideradas, para efeitos da legislação
prietários, acionistas ou cotistas. do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido
Nas contas do grupo de receitas7 são registrados todos os (e também da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS), como
valores que são recebidos pela empresa. Estes valores podem despesas financeiras, quando passivas (Lei nº 9.718, de 1998, art.
ser provenientes da operação direta da empresa, como venda de 9 º e 17, inciso II).
produtos, mercadorias ou serviços, ou ainda podem ser receitas
não operacionais, como juros recebidos ou até mesmo da venda de Despesa é saída ou decréscimo de recursos econômicos durante
um ativo não mais utilizado. o período, que ocorre no curso das atividades ordinárias de uma
empresa, excluídas as reduções patrimoniais decorrentes de
pagamento de recursos efetuados aos proprietários, acionistas ou
cotistas.
O grupo de despesas é composto pelas contas onde são regis-
tradas todas os desembolsos realizados pela organização, como pa-
gamento de funcionários e fornecedores, compra de matéria-prima
ou equipamentos, pagamento por serviços de terceiros etc.
8 http://www.portaltributario.com.br/artigos/conceito-tributario-receitas-financeiras.
6 http://www.portaldecontabilidade.com.br/ibracon/npc14.htm htm
7 https://www.treasy.com.br/blog/o-que-classificacao-contabil-ativo-passivo-recei- 9 https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/educacao/despesas-finan-
ta-e-despesa ceiras/38869
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375
a solução para o seu concurso!
CONTABILIDADE GERAL
Investimentos A DRE representa um desafio até mesmo para os profissionais
Em termos económicos, é o capital que é aplicado com o intuito de contabilidade, já que é uma bastante complexa. Porém, o 1º pas-
de obter alguns rendimentos a prazo. Esta aplicação é uma escolha so para tornar tudo mais claro é entender a finalidade da apuração
de um benefício imediato por um futuro incerto. Empresas tendem do resultado do exercício.
a fazer investimentos com determinada frequência, onde alguns
são necessárias para o funcionamento quotidiano, como compra de Lucro x Prejuízo
equipamentos de imobilizado, por exemplo. Outros investimentos O objetivo da DRE é determinar se uma empresa está obtendo
são realizados com o propósito de obter lucros no futuro, como por lucros ou prejuízos a partir das suas atividades, listando as opera-
exemplo, a compra de máquinas e equipamentos que permitem au- ções que alteram o patrimônio líquido contábil, tanto positivamen-
xiliar no processo produtivo. te (receitas) como negativamente (despesas).
Tudo parece bastante simples se pensarmos que é só pegar o
valor das receitas e subtrair as despesas. Entretanto, a empresa
APURAÇÃO DOS RESULTADOS pode vender um produto neste mês e só receber o pagamento da-
qui alguns meses, da mesma forma que existem vendas parceladas.
Quando a empresa faz um investimento (por exemplo, a compra
A demonstração ou apuração do resultado do exercício (DRE) é de produtos para o estoque), é difícil determinar quanto esse inves-
uma demonstração contábil que cruza receitas, custos e resultados timento trouxe de resultado, já que os produtos não são vendidos
com o objetivo de determinar o resultado líquido em um período no mesmo mês — e, mesmo que sejam, o pagamento nem sempre
de tempo. entra de imediato.
Empreender envolve uma série de coisas boas e também mui- O mesmo vale para as despesas, que muitas vezes são difíceis
tos desafios, afinal, a lista de novos aprendizados para quem está de identificar, pois nem sempre são provenientes apenas da compra
começando é grande e apuração do resultado do exercício é a mais de mercadorias. Existem itens como aluguel, refeições, horas extras
importante delas. Entre as habilidades a serem aprendidas, existe a e diversos outros.
necessidade de organizar o financeiro da empresa. Sem ela, qual- Por todas essas questões, a DRE é uma ferramenta capaz de de-
quer empreendedor pode quebrar ou entrar em crise em pouco monstrar com exatidão qual foi o resultado líquido (lucro) obtido
tempo. por uma empresa dentro de um determinado período.
A melhor ferramenta para medir a rentabilidade de uma organi-
zação é a DRE: Demonstração ou Apuração do Resultado do Exercí- DICA: Vale lembrar que as empresas pagam impostos como o
cio. Essa técnica permite saber quanto foi seu lucro no último mês Imposto de Renda da pessoa jurídica e a Contribuição Social sobre
ou nos últimos 6 meses, por exemplo. Consequentemente, pode o lucro líquido. Esses tributos são calculados em cima do lucro apu-
revelar o futuro do negócio e mostrar se ele está crescendo ou se rado pela DRE.
está tendo prejuízos. Ou seja, se houver algum erro na apuração, consequentemente
existirá um erro no pagamento dos impostos. Nesse caso, a empre-
Conceito sa sempre sairá perdendo. Se o erro na apuração do lucro for para
A demonstração ou apuração do resultado do exercício (DRE) é menos, o imposto pago também será menor e a empresa estará su-
uma demonstração contábil que cruza receitas, custos e resultados jeita a uma multa da Receita Federal ou qualquer outro órgão fiscal.
com o objetivo de determinar o resultado líquido em um período de Se o erro for para mais, a empresa acabará desperdiçando dinheiro,
tempo. De forma simplificada, é um resumo financeiro que aponta o que também é totalmente indesejado.
se a empresa teve lucro ou prejuízo. O termo “resultado” represen-
ta as contas de receita (dinheiro que entra) e de gastos (despesas e Incorporação e Distribuição de Lucros
custos). O DRE é elaborado anualmente para prestação de contas, A incorporação de lucros é uma das diversas formas para au-
mas pode ser feito mensalmente pela administração da empresa mentar o capital social das empresas.
para acompanhar os resultados. Sob perspectiva fiscal, é tratado no artigo 41 do Regulamento
Segundo a legislação brasileira, a apuração do resultado do do Imposto de Renda - RIR/1999. O regulamento afasta a incidência
exercício apresentada anualmente deve detalhar: do imposto de renda sobre os valores decorrentes de aumento de
- A receita bruta das vendas de produtos e serviços, as deduções capital mediante a incorporação de reservas ou lucros, desde que
(descontos) das vendas, os abatimentos e os impostos; apurados:
- A receita líquida das vendas de produtos e de serviços, o custo
das mercadorias vendidas ou dos serviços prestados e o lucro bruto; DECRETO Nº 3.000, DE 26 DE MARÇO DE 1999.
- Todas as despesas operacionais, como as despesas com as ven-
das, as financeiras, as deduzidas das receitas, as despesas gerais e CAPÍTULO II
as administrativas; RENDIMENTOS ISENTOS OU NÃO TRIBUTÁVEIS
- O lucro ou o prejuízo operacional, as outras despesas e as re-
ceitas; Seção I
- O resultado do exercício antes do Imposto de Renda e a provi- Rendimentos Diversos
são para o imposto;
- As participações de empregados, debêntures, partes benefi- Seção III
ciárias e administradores mesmo na forma de instrumentos finan- Incorporação de Reservas ou Lucros ao Capital
ceiros, e de fundos ou instituições de assistências e previdência de
empregados; Art. 41.  Não estão sujeitos à incidência do imposto os valores
- O lucro ou o prejuízo líquido do exercício e o seu montante por decorrentes de aumento de capital mediante a incorporação de re-
ação do capital social. servas ou lucros apurados:
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a solução para o seu concurso!
CONTABILIDADE GERAL
I - de 1º de janeiro de 1989 a 31 de dezembro de 1992, que - Os lucros registrados na reserva de lucros a realizar, quando
tenham sido tributados na forma do art. 35 da Lei nº 7.713, de realizados e se não tiverem sido absorvidos por prejuízos em exer-
1988 (Lei nº 7.713, de 1988, art. 6º, inciso XVII, alínea «a»); cícios subsequentes, deverão ser acrescidos ao primeiro dividendo
II - no ano-calendário de 1993, por pessoas jurídicas tributadas declarado após a realização.” (Art. 202, inciso III)
com base no lucro real (Lei nº 8.383, de 1991, art. 75); - Os lucros que deixarem de ser distribuídos nos termos do § 4º
III - de 1º de janeiro de 1994 a 31 de dezembro de 1995, obser- serão registrados como reserva especial e, se não absorvidos por
vado o disposto no art. 3º da Lei nº 8.849, de 1994, com as modifi- prejuízos em exercícios subsequentes, deverão ser pagos como di-
cações da Lei nº 9.064, de 20 de junho de 1995; videndo assim que o permitir a situação financeira da companhia”
IV - a partir de 1º de janeiro de 1996, por pessoas jurídicas tribu- (Art. 202, §5º)
tadas com base no lucro real, presumido ou arbitrado (Lei nº 9.249,
de 1995, art. 10). O dividendo obrigatório pode também deixar de ser distribuído,
Parágrafo único.  No caso do inciso IV, o lucro a ser incorporado ou pode ser distribuído por um valor inferior ao determinado no es-
pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro presumido ou tatuto social da entidade ou na lei, por decisão soberana e unânime
arbitrado deverá ser apurado em balanço. da Assembleia Geral de Acionistas de:
- companhia aberta, se com registro na CVM exclusivamente
Quando o lucro da pessoa jurídica10 não tributado em virtude para captação de recursos por debêntures não conversíveis em
de isenção ou redução do imposto de renda, apurado com base ações; ou
no lucro da exploração, pode ser distribuído aos sócios, desde - companhia fechada, exceto se controlada por companhia
que deduzido do correspondente imposto de renda não pago. aberta registrada na CVM para captação de recursos por meio de
Portanto, o valor que deixar de ser pago em virtude dessas isenções qualquer valor mobiliário que não seja uma debênture não conver-
ou reduções, não poderá ser distribuído aos sócios e constituirá sível em ações (Art. 202, §3º).
reserva de capital da pessoa jurídica, que somente poderá ser
utilizada para absorção de prejuízos ou aumento de capital. Segundo a IAS 1011 – Eventos após o período de relatório quan-
Considera-se distribuição do valor do imposto a restituição de do forem declarados dividendos após o período de relatório, porém
capital aos sócios, em casos de redução do capital social, até o mon- antes da autorização para emissão das demonstrações financeiras,
tante do aumento com incorporação da reserva. Considera-se, tam- os dividendos não devem ser reconhecidos como passivo no final
bém, distribuição do valor do imposto a partilha do acervo líquido do período. Tal tratamento é devido, pois os critérios de uma obri-
da sociedade dissolvida, até o valor do saldo da reserva de capital. gação presente segundo a IAS 37 – Provisões, passivo contingente
e ativo contingente não são atendidos. De acordo com a IAS 37 a
Dividendos obrigação presente existe quando existe uma obrigação legal que
Conforme a ITG 08 (R1) Contabilização da Proposta de Pagamen- faça a entidade não ter outra alternativa realista a não ser liquidar
to de Dividendos - a legislação societária brasileira, Lei nº. 6.404/76, a obrigação.
determina a distribuição de dividendo obrigatório aos acionistas
por meio do artigo 202: Vamos a um pequeno exemplo:
“Art. 202. Os acionistas têm direito de receber como dividendo Alpha declara em 20 de fevereiro de 2010 que vai distribuir R$
obrigatório, em cada exercício, a parcela dos lucros estabelecida no 5 milhões em dividendos referentes ao exercício findo em 31 de de-
estatuto ou, se este for omisso, a importância determinada de acor- zembro de 2009, a data de autorização para emissão das demons-
do com as seguintes normas…” trações financeiras é 10 de março de 2010. Segundo o estatuto
social de Alpha, o dividendo mínimo obrigatório a ser distribuído
A lei societária prevê que o dividendo obrigatório pode deixar corresponde a 10% do lucro líquidos após impostos. O lucro líquido
de ser distribuído ou pode ser distribuído por valor inferior ao de- de Alpha em 2009 foi de $ 20 milhões.
terminado no estatuto social da entidade, quando não houver lu-
cro realizado em montante suficiente (art. 202, inciso II). Quando Assim, a obrigação de pagamento de 10% do lucro líquido (R$ 2
o dividendo obrigatório, devido por força do estatuto social ou da milhões) atende aos requisitos para o reconhecimento do passivo,
própria lei, excede o montante do lucro líquido do exercício realiza- porém qualquer montante acima do mínimo obrigatório (R$ 3 mi-
do financeiramente, pode a parcela não distribuída ser destinada à lhões) não deve ser reconhecido no passivo, sendo reconhecido em
constituição da reserva de lucros a realizar. conta patrimonial (i.e. dividendo adicional proposto).
A lei societária ainda prevê que o dividendo obrigatório pode
deixar de ser distribuído quando os órgãos da administração infor- Reservas de Capital
marem à Assembleia Geral Ordinária ser ele incompatível com a A Reserva de capital, são consideradas contribuições dos pro-
situação financeira da companhia (art. 202, § 4º). É uma discricio- prietários, sócios, acionistas, ou de terceiros que investem no pa-
nariedade conferida por lei aos administradores com vistas a evitar trimônio de uma determinada empresa por meio da compra dos
o comprometimento da gestão de caixa e equivalente de caixa da seus títulos.
entidade, desde que observadas outras condicionantes legais. A São apresentados como reserva de capital os valores que não
parcela dos lucros não distribuída deve ser destinada à constituição representam receitas, mas sim uma origem de capital que não exige
de reserva especial. uma contrapartida de entrega de bens ou prestação de serviços. É
Em ambos os casos, o procedimento estabelecido em lei é a por esta razão que não devem transitar por contas de resultado,
retenção de lucros por meio da constituição de reservas de lucros pois não são tributadas.
que poderão não necessariamente ser destinadas ao pagamento de
dividendos, já que poderão vir a ser absorvidas por prejuízos em
exercícios subsequentes. Consta na lei: 11 http://ifrsbrasil.com/outros-assuntos/diversos/exemplo-pratico-pagamento-de-
10 http://www.crcba.org.br/boletim/edicoes/tfis.htm -dividendos-e-a-ias-10
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a solução para o seu concurso!
CONTABILIDADE GERAL
Fluxo de Caixa Conhecer a Receita Operacional Líquida - Receita Operacional
Muitos empreendedores acreditam que o lucro da empresa é Líquida = Receita Operacional Bruta – Deduções da Receita Bruta,
identificado no fluxo de caixa, mas esse é um equívoco. sendo que:
O fluxo de caixa registra as movimentações financeiras, mos- - A Receita Operacional Bruta é formada por: Vendas de Produ-
trando se a empresa pagou todas as contas do período e se faltou tos + Vendas de Mercadorias + Prestação de Serviços;
ou sobrou dinheiro. Porém, fechar o caixa no vermelho — ou seja, - E as Deduções da Receita Bruta são formadas por: Devoluções
faltar dinheiro para pagar as contas — não quer dizer que a empre- de Vendas + Abatimentos + Impostos e Contribuições Incidentes so-
sa não dá lucro. A organização pode ter altos valores em direitos a bre Vendas.
receber, por exemplo.
Muitas vezes, a ausência de dinheiro no caixa pode acontecer Conhecer o Resultado Operacional Bruto
devido ao aumento do volume de compra (para abastecer o esto- Resultado Operacional Bruto = Receita Operacional Líquida –
que, digamos) devido a um aumento nas vendas. Pode ser que a Custos das Vendas
Sendo que:
empresa esteja vendendo à prazo, mas comprando à vista.
- Os Custos das Vendas são formados por: Custo dos Produtos
Daí a importância de analisar a situação por meio da apuração
Vendidos + Custo das Mercadorias + Custo dos Serviços Prestados
do resultado do exercício. Só ela vai mostrar se a empresa está
efetivamente operando com lucro, ajudando a encontrar falhas de
Conhecer o Resultado Operacional antes do Imposto de Renda
gestão que podem ir desde a precificação até os custos e despesas e da Contribuição Social sobre o Lucro
variáveis. Resultado Operacional pré-IR/Contribuição Social = Resultado
Operacional Bruto – Despesas Operacionais – Despesas Financeiras
Elaboração da Apuração dos Resultados Líquidas – Outras Receitas e Despesas
Antes de entrarmos em um exemplo de apuração do resultado Sendo que:
do exercício, é importante compreender alguns conceitos e defini- - As Despesas Operacionais são formadas por: Despesas Com
ções básicas das variáveis que estarão contidas na própria DRE. Vendas + Despesas Administrativas;
- Ativo: representa todos os bens, os direitos e os valores a rece- - As Despesas Financeiras Líquidas são formadas por: (Despe-
ber de uma entidade. Por exemplo: dinheiro em caixa, mercadorias sas Financeiras – Receitas Financeiras) + (Variações Monetárias e
e depósitos bancários; Cambiais Passivas – Variações Monetárias e Cambiais Ativas);
- Passivo: representa todas as obrigações financeiras de uma - As Outras Receitas e Despesas são formadas por: (Resultado
empresa junto a terceiros, ou seja, todas as dívidas contraídas, con- da Equivalência Patrimonial) + (Venda de Bens e Direitos do Ativo
tas a pagar, fornecedores etc; Não Circulante – Custo da Venda de Bens e Direitos do Ativo Não
- Patrimônio líquido: representa o registro de valor que os pro- Circulante).
prietários de uma empresa têm aplicado no negócio;
- Receita: são os grupos de contas que registram as operações Conhecer o Lucro Líquido antes das participações
que levam ao aumento do patrimônio, como aumento de dinheiro Lucro Líquido Antes das Participações = Resultado Operacional
ou de direitos, como contas a receber; pré-IR/Contribuição Social – Provisão para Imposto de Renda e Con-
- Custos: são grupos de contas que registram as operações que tribuição Social Sobre o Lucro
causam uma redução no patrimônio. Vale lembrar que os custos
estão sempre diretamente associados às vendas, ou seja, um custo Conhecer o Resultado Líquido do Exercício
ocorre quando há diminuição de um ativo por meio de uma venda Resultado Líquido do Exercício = Lucro Líquido Antes das Par-
(por exemplo: a diminuição do número de mercadorias); ticipações – Empregados, Partes Beneficiárias, Participações de
- Despesas: são grupos de contas que registram as operações Administradores, Debêntures, Fundos de Previdência e Assistência
para Empregados.
que levam a uma redução no patrimônio. É importante se atentar
para o fato de que as despesas não estão diretamente associadas às
Lançamentos Contábeis
vendas, diferenciando-se dos custos por essa característica. Ainda
assim, também representam a diminuição de um ativo, geralmente
Por ocasião da compra de matéria prima:
dinheiro. D - Estoque de MP
C - Fornecedores
Custo x Despesa
- Custo: Ao vender uma mercadoria, a empresa faz a entrega e Por ocasião da provisão da Mão de Obra (salário):
tem a diminuição de um ativo (mercadorias). Em contrapartida, re- D - Salários
cebe dinheiro pela venda. Ou seja, nessa operação há um custo de C - Salários a pagar
mercadoria vendida, já que a saída da mercadoria está diretamente
associada à venda que foi feita Por ocasião de início da produção:
- Despesa: Por outro lado, o pagamento de uma conta (aluguel, D - Estoque de Produto em elaboração
por exemplo) também causa a diminuição de um ativo (dinheiro), C - Estoque de MP
mas não está associada a uma venda. Afinal, a conta do aluguel será C - Salários
paga mesmo que a empresa não efetue nenhuma venda
Por ocasião de término da produção:
Etapas para a Apuração do Resultado do Exercício D - Estoque de Produtos Acabados
São 5 etapas para a apuração do resultado do exercício, sendo C - Estoque de Produtos em elaboração
que o Resultado Líquido do Exercício é o valor que deve ser identifi-
cado ao final do processo.

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a solução para o seu concurso!
CONTABILIDADE GERAL
Por ocasião da venda:
D - CPV REGIMES DE APURAÇÃO
C - Estoque de Produtos Acabados

Dica: Apresentaremos os lançamentos contábeis referente a REGIMES DE APURAÇÃO (DOS RESULTADOS)


distribuição de lucros: Os regimes de apuração da contabilidade são relacionados ao
Exemplificando que uma sociedade empresária limitada momento em que despesas e receitas são reconhecidas. Temos en-
apurou lucro apurado no fechamento do Demonstrativo de R$ tão, o os regimes de caixa e de competência para orientar nosso
150.000,00 e cujo contrato social preveja distribuição de lucros de entendimento na contabilidade.
50% (R$ 75.000,00): Em algumas situações nas empresas, existe um desequilíbrio
D – Lucros Acumulados (Patrimônio Líquido) R$ 150.000,00 entre a data da venda e do recebimento, por exemplo; para minimi-
C – Lucros a Pagar (Passivo Circulante) R$ 75.000,00 zar alguma perda, é necessário encontrar o regime mais adequado
C – Reserva de Lucros (Patrimônio Líquido) R$ 75.000,00 a entidade. É fundamental levar em consideração as características
dos dois regimes:
No Momento do Pagamento
D – Lucros a Pagar (Passivo Circulante) • Regime de competência:
C – Caixa/Bancos (Ativo Circulante – disponibilidades) R$ o Trata do fato propriamente dito,
75.000,00 o a receita será registrada quando ocorre,
o a despesa será contabilizada no momento em
É fundamental lembrar que a Demonstração do Resultado do que é consumida,
Exercício (DRE) está prevista na lei brasileira e deve ser apresentada o está ligado ao regime econômico, que revela a
pelas empresas anualmente. Portanto, o 1º cuidado a ser tomado condição do resultado da empresa demonstrado
é a realização periódica da apuração, evitando que a empresa seja na DRE (Demonstração dos Resultados do Exercí-
punida por essa omissão. cio), dentro de um período analisado,
Em 2º lugar, é importante recordar que a empresa está sujeita a o exige a comparação das receitas com as despe-
multas e medidas judiciais caso efetue de forma equivocada o paga- sas relacionadas; pois toda receita obtida terá
mento de impostos. Como os impostos são justamente calculados um custo ou uma despesa associada, por exem-
sobre o lucro, a DRE deve ser executado com precisão para que ne- plo:
nhuma consequência negativa venha a ocorrer. a) Venda de mercadorias R$ 2.000,00
Além disso, obviamente, uma empresa que negligencia a DRE
b) Custo das Mercadorias Vendidas - R$ 700,00
está sujeita a complicações financeiras por não conhecer o real de-
sempenho da organização. Isso prejudica imensamente a tomada c) Apuração do resultado = R$ 1.300,00
de decisões, podendo levar a companhia à falência ou a uma grave
crise. • Regime de caixa:
Atualmente, a maior parte das empresas opta por utilizar um o Trata da movimentação de valores,
software para ajudar na gestão financeira. Esses programas são o a receita será registrada no período em que foi
conhecidos como sistemas de gestão e, ao contrário do que muita recebida,
gente pensa, não são de uso exclusivo das grandes organizações.
o a despesa será contabilizada quando foi paga,
o está vinculado ao sistema financeiro da empre-
Pelo contrário: existem softwares desenvolvidos especialmente
sa,
para auxiliar as pequenas e médias empresas a organizar sua conta-
o é exposto na DFC (Demonstração do Fluxo de
bilidade no cotidiano da rotina corporativa. Caixa), que apresenta a movimentação (aumen-
Hoje em dia são raras as empresas que optam por fazer toda a to ou redução do período) do caixa através das
sua contabilidade manualmente. No caso da DRE, o próprio sistema
de gestão se encarrega de zerar as contas de resultado e fazer a
transferência para o Patrimônio Líquido, facilitando muito o proces- CAIXA
so e ajudando a prevenir erros.
Uma das vantagens de contar com um sistema de gestão é
que não há necessidade de investir em infraestrutura (como com- Receitas e despesas são reconhecidas quando acontece a en-
putadores e equipe) se o software for totalmente armazenado na trada ou saída de dinheiro, independente de quando houve o fato
de origem.
nuvem. Assim não é preciso se preocupar com instalações. Isso
No caso de uma compra parcelada em três vezes (15, 30 e 45
também traz mais segurança para os dados da empresa, além de
dias), o momento do lançamento contábil será a data do pagamen-
possibilitar o acesso via internet de qualquer lugar para os usuários
to da primeira parcela, seguida da segunda e da terceira; todos em
cadastrados. datas diferentes.
Uma das dificuldades da contabilidade e da DRE em si é a visua-
lização dos dados, que nem sempre é clara ou rápida de ser feita,
podendo levar a erros. Os softwares de gestão financeira exibem COMPETÊNCIA
informações em tempo real, de forma visual e objetiva. Assim os
profissionais da equipe otimizam seu trabalho, já que não precisam
gastar tempo com pesquisas e análises. Um software é capaz de COMPETÊNCIA
gerar gráficos de resultados com muita eficiência, facilitando a vi- As despesas e receitas são reconhecidas quando ocorrem, ou
sualização dos dados, o controle financeiro e, consequentemente, a seja, a partir do momento em que a nota fiscal é emitida; indepen-
tomada de decisões dentro da empresa. dente do seu pagamento ou recebimento, por isso, esse regime é
conhecido como aquele associado ao calendário.
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a solução para o seu concurso!
CONTABILIDADE GERAL
Embora até se perceba alguns dos valores transacionados, ve-
ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL rifica-se que o método das partidas simples é imperfeito, pois ele
não revela dados suficientes para tomadas de decisão racionais. Por
esta razão este método não é mais utilizado.
As mutações do Patrimônio, tanto no aspecto qualitativo como
no quantitativo, precisam ser acompanhadas através de um sistema Importante:
lógico de anotações, um sistema que não apenas registre apenas Podemos conceituar Débito e Crédito da seguinte forma:
os fatos ou as mutações mas que, ao mesmo tempo produza infor- DEBITO significa registrar em uma de conta determinado valor
mações que orientem o administrador na tomada de decisões. Este que representa um Bem ou um Direito ou ainda para diminuir seu
registro contábil recebe o nome de Lançamento ou Partida. valor, se a conta representar uma obrigação.
A técnica de se fazer esse registro para dele extrair informações CREDITO significa registrar em uma conta determinado valor
é que constitui a escrituração. que represente uma obrigação ainda para diminuir seu valor se a
Escrituração é a técnica de se manter sob registros escritos – a conta representar um Bem ou Direito.
que chamamos de lançamentos ou partidas – o controle dos ele-
mentos que compõem um Patrimônio. Partidas Dobradas13
Para que essa escrituração aconteça é necessário: Este método foi desenvolvido pelo frade veneziano Luca Pacioli
a) existência de símbolos escritos que representem os diversos na Itália do século XV – e hoje universalmente aceito dando início a
componentes patrimoniais; uma nova fase para a contabilidade como disciplina.
b) livros adaptados à Técnica Contábil; A propagação deste método, àquela época fez desabrochar as-
c) utilização de método e linguagem próprios; sim a chamada Escola Contábil Italiana, que dominou o cenário das
d) observância a princípios e convenções usualmente aceitos; práticas contábeis até o início do século XX.
e) documentação legal que comprove a ocorrência do fato ob- É também conhecido como método da causa e efeito ou mé-
jeto de registro. todo da origem e aplicação. É o método utilizado na contabilidade
para a elaboração das demonstrações contábeis.
Métodos de Escrituração Esse método consiste no fato de que um débito efetuado em
O método de escrituração é o meio pelo qual procedemos os uma ou mais contas deve corresponder a um crédito equivalente
registros de fatos contábeis. em uma ou mais contas, de maneira que a soma dos valores dos
Embora os fatos contábeis possam ser escriturados de diversas débitos seja igual à soma dos valores dos créditos, ou seja, não há
maneiras, todas elas derivam de dois métodos fundamentais: o das devedor sem credor correspondente. A todo débito corresponde
Partidas Simples e o das Partidas Dobradas. um crédito de igual valor e vice-versa. Se aumentar de um lado,
deve consequentemente aumentar do outro lado também.
Método das Partidas Simples12 Utilizamos da ferramenta de razonetes14 para desenvolver o
Por ser incompleto e deficiente, este método encontra-se em método das partidas dobradas.
desuso. Nele, é registrado somente as operações realizadas com Exemplos:
pessoas, excluindo o registro de elementos do patrimônio e do re-
sultado.
As únicas contas controladas contabilmente são Caixa e as con-
tas representativas dos agentes correspondentes (terceiros com os
quais mantemos relações de débito e crédito). Todos os itens do
patrimônio e do resultado (mercadorias, imóveis, máquinas, des-
pesas, receitas, etc.) são controlados extracontabilmente. Apenas
uma das operações débito (D) ou crédito (C) é contabilizada nele.
As contas do Ativo, quando debitadas, aumentam de valor e
Como exemplo desse método, suponha-se um pequeno agri- quando creditadas diminuem de valor.
cultor, sem muita preocupação em controlar efetivamente os seus
haveres, realiza os seguintes lançamentos:

Operação Lançamento
Venda à vista de sua Lança uma entrada de di-
produção. nheiro, isto é, debita o caixa.
Compra à vista de semen- Lança uma saída de di-
tes. nheiro, isto é, credita o caixa.
Vai ao Banco X e toma Lança uma dívida, isto é,
algum dinheiro emprestado. credita o Banco X.
Vende a prazo para a Lança como valor a rece-
Cooperativa Y. ber, isto é, debita a Coopera-
tiva Y. 13 GONÇALVES, E. C.; BAPTISTA, A. E. Contabilidade geral. 4. ed. São Paulo:
Atlas, 1998.
14 Razonete é uma representação gráfica em forma de “T” utilizada por contadores,
12 GONÇALVES, E. C.; BAPTISTA, A. E. Contabilidade geral. 4. ed. São sendo um instrumento didático para o desenvolvimento do raciocínio contábil.
Paulo: Atlas, 1998.
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CONTABILIDADE GERAL
As contas do Passivo e Patrimônio Líquido quando debitadas diminuem de valor e quando creditadas aumentam de valor.

Processos de Escrituração
Processo é a maneira pela qual se realiza uma operação, segundo determinadas normas.
O processo eletrônico que é utilizado atualmente, utiliza a memória do computador para armazenar todas as informações contábeis
anteriores, devidamente sistematizadas através das contas próprias.
Os novos lançamentos são introduzidos por digitação e processados pela máquina, que poderá, a qualquer tempo, fornecer o saldo e a
movimentação de cada conta, o Balancete de Verificação, o Balanço Patrimonial, a Demonstração do Resultado do Exercício, entre outras.

Balancete de Verificação
O Balancete de verificação é uma planilha onde são feitos todos os lançamentos a débito e crédito, para então fazer a verificação se os
totais lançados são iguais, devendo sempre ser igual ao valor lançado a débito e ao valor lançado a crédito no saldo final.

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CONTABILIDADE GERAL
Após fazer os lançamentos nos razonetes, deve-se apurar o saldo final das contas e fazer a verificação para saber se os lançamentos
estão corretos. Uma forma de fazer esta verificação é através do Balancete de Verificação.
Exemplo:

Balancete de Verificação
Débito Crédito Saldo
Contas 50,00 - Débito Cré-
dito
Caixa 30,00 50,00 - -
Mercadorias 40,00 - 30,00 -
Equipamentos - - 40,00 -
Fornecedores - 20,00 - 20,00
Capital 120,00 50,00 - 50,00
Totais 120,00 120,00 - -

No método das partidas dobradas um débito efetuado em uma ou mais contas devem corresponder a um crédito equivalente em uma
ou mais contas, de maneira que a soma dos valores dos débitos seja igual à soma dos valores dos créditos.
Portanto, como corolários15∗ do método das partidas dobradas temos os seguintes:
a) a soma dos débitos é sempre igual à soma dos créditos;
b) a soma dos saldos devedores é sempre igual à soma dos saldos credores;
c) as aplicações de capital, registradas a débito das contas ativas, são sempre iguais à soma dos capitais fornecidos ao patrimônio,
creditados nas contas passivas, na qual será o Ativo sempre igual ao Passivo;
d) a diferença entre a soma dos bens e dos direitos e a soma das obrigações indica a posição líquida patrimonial, que representa o
crédito do titular e se chama patrimônio líquido;
e) as despesas sempre debitadas, contribuem para a redução do patrimônio líquido; e
f) as receitas, sempre creditadas, contribuem para o aumento do patrimônio líquido.

Interpretação Técnica Geral - ITG 2000 (R1)


O Conselho Federal de Contabilidade CFC, emitiu em 2014 a ITG 2000 (R1) que estabelece critérios e procedimentos a serem adotados
pelas entidades no processo de escrituração contábil. Abaixo traremos a ITG para análise.

ITG 2000 (R1) – ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL16

Objetivo
1. Esta Interpretação estabelece critérios e procedimentos a serem adotados pela entidade para a escrituração contábil de seus fatos
patrimoniais, por meio de qualquer processo, bem como a guarda e a manutenção da documentação e de arquivos contábeis e a respon-
sabilidade do profissional da contabilidade.

Alcance
2. Esta Interpretação deve ser adotada por todas as entidades, independente da natureza e do porte, na elaboração da escrituração
contábil, observadas as exigências da legislação e de outras normas aplicáveis, se houver.

Formalidades da escrituração contábil


3. A escrituração contábil deve ser realizada com observância aos Princípios de Contabilidade.
4. O nível de detalhamento da escrituração contábil deve estar alinhado às necessidades de informação de seus usuários. Nesse
sentido, esta Interpretação não estabelece o nível de detalhe ou mesmo sugere um plano de contas a ser observado. O detalhamento dos
registros contábeis é diretamente proporcional à complexidade das operações da entidade e dos requisitos de informação a ela aplicáveis
e, exceto nos casos em que uma autoridade reguladora assim o requeira, não devem necessariamente observar um padrão pré-definido.

5. A escrituração contábil deve ser executada:


a) Em idioma e em moeda corrente nacionais;
b) Em forma contábil;
c) Em ordem cronológica de dia, mês e ano;
d) Com ausência de espaços em branco, entrelinhas, borrões, rasuras ou emendas; e
e) Com base em documentos de origem externa ou interna ou, na sua falta, em elementos que comprovem ou evidenciem fatos con-
tábeis.
15∗ Afirmação deduzida de uma verdade já demonstrada
16 http://www1.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2014/ITG2000(R1)
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CONTABILIDADE GERAL
6. A escrituração em forma contábil de que trata o item 5 deve 15. Quando o Livro Diário e o Livro Razão forem gerados por
conter, no mínimo: processo que utilize fichas ou folhas soltas, deve ser adotado o re-
a) Data do registro contábil, ou seja, a data em que o fato con- gistro “Balancetes Diários e Balanços”.
tábil ocorreu;
b) Conta devedora; 16. No caso da entidade adotar processo eletrônico ou me-
c) Conta credora; canizado para a sua escrituração contábil, os formulários de folhas
d) Histórico que represente a essência econômica da transação soltas, devem ser numerados mecânica ou tipograficamente e enca-
ou o código de histórico padronizado, neste caso baseado em tabela dernados em forma de livro.
auxiliar inclusa em livro próprio;
e) Valor do registro contábil; 17. Em caso de escrituração contábil em forma digital, não
f) Informação que permita identificar, de forma unívoca, todos há necessidade de impressão e encadernação em forma de livro,
os registros que integram um mesmo lançamento contábil. porém o arquivo magnético autenticado pelo registro público com-
petente deve ser mantido pela entidade.
7. O registro contábil deve conter o número de identificação
do lançamento em ordem sequencial relacionado ao respectivo do- 18. Os registros auxiliares, quando adotados, devem obede-
cumento de origem externa ou interna ou, na sua falta, em elemen- cer aos preceitos gerais da escrituração contábil.
tos que comprovem ou evidenciem fatos contábeis.
19. A entidade é responsável pelo registro público de livros
8. A terminologia utilizada no registro contábil deve expressar contábeis em órgão competente e por averbações exigidas pela le-
a essência econômica da transação. gislação de recuperação judicial, sendo atribuição do profissional de
contabilidade a comunicação formal dessas exigências à entidade.
9. Os livros contábeis obrigatórios, entre eles o Livro Diário e o
Livro Razão, em forma não digital, devem revestir-se de formalida- Escrituração contábil de filial
des extrínsecas, tais como: 20. A entidade que tiver unidade operacional ou de negócios,
a) Serem encadernados; quer como filial, agência, sucursal ou assemelhada, e que optar por
b) Terem suas folhas numeradas sequencialmente; sistema de escrituração descentralizado, deve ter registros contá-
c) Conterem termo de abertura e de encerramento assinados beis que permitam a identificação das transações de cada uma des-
pelo titular ou representante legal da entidade e pelo profissional sas unidades.
da contabilidade regularmente habilitado no Conselho Regional de
Contabilidade. 21. A escrituração de todas as unidades deve integrar um úni-
co sistema contábil.
10. Os livros contábeis obrigatórios, entre eles o Livro Diário e
o Livro Razão, em forma digital, devem revestir-se de formalidades 22. A opção por escrituração descentralizada fica a critério da
extrínsecas, tais como: entidade.
a) Serem assinados digitalmente pela entidade e pelo profissio-
nal da contabilidade regularmente habilitado; 23. Na escrituração descentralizada, deve ser observado o
b) Quando exigível por legislação específica, serem autenti- mesmo grau de detalhamento dos registros contábeis da matriz.
cados no registro público ou entidade competente. (Alterada pela
ITG 2000 (R1)) 24. As contas recíprocas relativas às transações entre matriz e
unidades, bem como entre estas, devem ser eliminadas quando da
11. Admite-se o uso de códigos e/ou abreviaturas, nos históri- elaboração das demonstrações contábeis da entidade.
cos dos lançamentos, desde que permanentes e uniformes, devendo
constar o significado dos códigos e/ou abreviaturas no Livro Diário 25. As despesas e as receitas que não possam ser atribuídas
ou em registro especial revestido das formalidades extrínsecas de às unidades devem ser registradas na matriz e distribuídas para as
que tratam os itens 9 e 10. unidades de acordo com critérios da administração da entidade.

12. A escrituração contábil e a emissão de relatórios, peças, Documentação contábil


análises, demonstrativos e demonstrações contábeis são de atribui- 26. Documentação contábil é aquela que comprova os fatos
ção e de responsabilidade exclusivas do profissional da contabilida- que originam lançamentos na escrituração da entidade e com-
de legalmente habilitado. preende todos os documentos, livros, papéis, registros e outras pe-
ças, de origem interna ou externa, que apoiam ou componham a
13. As demonstrações contábeis devem ser transcritas no escrituração.
Livro Diário, completando-se com as assinaturas do titular ou de
representante legal da entidade e do profissional da contabilidade 27. A documentação contábil é hábil quando revestida das
legalmente habilitado. características intrínsecas ou extrínsecas essenciais, definidas na
legislação, na técnica-contábil ou aceitas pelos “usos e costumes”.
Livro diário e livro razão
14. No Livro Diário devem ser lançadas, em ordem cronoló- 28. Os documentos em papel podem ser digitalizados e arma-
gica, com individualização, clareza e referência ao documento pro- zenados em meio magnético, desde que assinados pelo responsável
bante, todas as operações ocorridas, e quaisquer outros fatos que pela entidade e pelo profissional da contabilidade regularmente ha-
provoquem variações patrimoniais. bilitado, devendo ser submetidos ao registro público competente.

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CONTABILIDADE GERAL
Contas de compensação A estrutura do lançamento tem por alicerce o secular método
29. Contas de compensação constituem sistema próprio para das “partidas dobradas”, segundo o qual todo débito corresponde a
controle e registro dos fatos relevantes que resultam em assunção um crédito de mesmo valor, ou seja: em todo lançamento contábil
de direitos e obrigações da entidade cujos efeitos materializar-se-ão são utilizadas no mínimo duas contas - uma para débito, outra para
no futuro e que possam se traduzir em modificações no patrimônio crédito do mesmo valor.
da entidade. Dissemos “no mínimo” porque há inúmeros casos em que o lan-
çamento contém, por exemplo, uma conta a débito e duas a crédito.  
30. Exceto quando de uso mandatório por ato de órgão regu- Mas, nesse caso, a soma das duas contas creditadas será sem-
lador, a escrituração das contas de compensação não é obrigatória. pre exatamente igual ao valor lançado na conta debitada.
Nos casos em que não forem utilizadas, a entidade deve assegu-
rar-se que possui outros mecanismos que permitam acumular as O método das partidas dobradas é a razão pela qual, na Con-
informações que de outra maneira estariam controladas nas contas tabilidade, a soma de todos os valores debitados é sempre igual à
de compensação. soma de todos os valores creditados.
E é também por isso que, no Balanço Patrimonial, o total do
Retificação de lançamento contábil Ativo é sempre igual ao total do Passivo.
31. Retificação de lançamento é o processo técnico de corre-
ção de registro realizado com erro na escrituração contábil da enti- No dia-a-dia das empresas ocorrem operações simples18 (como
dade e pode ser feito por meio de: o pagamento de uma conta de consumo de energia elétrica no pra-
a) Estorno; zo) e outras bem mais complexas, que envolvem lançamentos mais
b) Transferência; e sofisticados (por exemplo: pagamento, com juros, de duplicata, par-
c) Complementação. te em dinheiro e parte mediante emissão de cheque). Para registrar
qualquer fato contábil existem quatro fórmulas (ou modalidades)
32. Em qualquer das formas citadas no item 31, o histórico do de lançamentos, a saber:
lançamento deve precisar o motivo da retificação, a data e a locali- 1ª fórmula: caracteriza-se pela simplicidade. Requer uma conta
zação do lançamento de origem. devedora e uma conta credora e pode ser assim representada (pa-
gamento de duplicata de fornecedor, no prazo):
33. O estorno consiste em lançamento inverso àquele feito er- 2ª fórmula: modalidade de lançamento de complexidade inter-
roneamente, anulando-o totalmente. mediária, que requer uma conta devedora e duas ou mais contas
credoras.
34. Lançamento de transferência é aquele que promove a 3ª fórmula: igualmente de complexidade intermediária, esta
regularização de conta indevidamente debitada ou creditada, por fórmula requer duas ou mais contas devedoras e apenas uma cre-
meio da transposição do registro para a conta adequada. dora.
4ª fórmula: menos usual e mais complexa do que as anterio-
35. Lançamento de complementação é aquele que vem pos- res, requer duas ou mais contas devedoras e duas ou mais contas
teriormente complementar, aumentando ou reduzindo o valor an- credoras
teriormente registrado.
Débito e Crédito19
36. Os lançamentos realizados fora da época devida devem As palavras Débito e Crédito, na linguagem contábil, têm signi-
consignar, nos seus históricos, as datas efetivas das ocorrências e a ficados muito diferentes daqueles que têm na linguagem cotidiana.
razão do registro extemporâneo. É errado associar o débito e o crédito da contabilidade, com
“subtração” e “adição” do financeiro. O correto é associá-los aos
Em razão dessa alteração, as disposições não alteradas des- termos Destino e Origem, respectivamente.
ta Interpretação são mantidas e a sigla da ITG 2000, publicada no
DOU, Seção 1, de 22.3.11, passa a ser ITG 2000 (R1). Debitar significa anotar na coluna do Débito de uma conta,
para aumentar o seu valor (se a conta representa um Bem ou um
A alteração desta Interpretação entra em vigor na data de sua Direito), ou para diminuir seu valor (se a conta representa uma
publicação.
obrigação).
Brasília, 5 de dezembro de 2014.
Creditar significa registrar uma importância na coluna de Crédito
Contador José Martonio Alves Coelho
de uma conta, para aumentar seu valor (se a conta representa uma
Presidente
obrigação), ou para diminuir seu valor (se a conta representa um
Bem ou Direito).
LANÇAMENTOS CONTÁBEIS
Há duas formas de os lançamentos contábeis serem feitos:

D – Estoques
Lançamento contábil17 é a forma como a Contabilidade registra
C – Bancos
os fatos que afetam (ou que possam vir a afetar) o patrimônio da
empresa.

18 http://teoriascontabeis.blogspot.com.br/2009/09/o-lancamento-contabil-e-for-
ma-como.html
17 http://www.iob.com.br/noticiadb.asp?area=contabil&noticia=37114 19 http://www.socontabilidade.com.br/conteudo/deb_cred.php
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CONTABILIDADE GERAL
2ª a) Estorno - é utilizado quando ocorre duplicidade de um mes-
Estoques mo lançamento contábil (quando o contabilista faz o mesmo lança-
a Bancos mento duas vezes) ou por erro de lançamento da conta debitada
ou da conta creditada na escrituração das entidades, fazendo um
No primeiro caso, “D” e “C” significam débito e crédito, respec- lançamento inverso àquele feito erroneamente, anulando-o total-
tivamente. Já no segundo caso, o “a” sinaliza crédito, sem a necessi- mente.
dade de colocar a letra “D” antes da conta Estoque. Tem-se por mais A correção, no caso de duplicidade, é simples. Deve-se efetuar
usada a primeira opção. apenas o estorno do lançamento feito a mais. Se o caso for erro de
Débito é a aplicação de recurso, enquanto Crédito é a origem do lançamento, estornamos conforme o exemplo a seguir.
recurso aplicado. Ou seja, quando um contador faz um lançamento
a débito em uma conta, significa que o dinheiro, o bem ou o serviço Exemplo: A empresa Alfa adquiriu uma mesa para escritório do
destina-se àquela conta. Agora, quando ele faz um lançamento a fornecedor ModelOffice no valor de $4.000,00 e a pagará a prazo.
crédito em uma conta, significa que o dinheiro, o bem ou o serviço Lançamento efetuado:
teve origem naquela conta. D- Máquinas e equipamentos - $4.000,00
C- Banco - $4.000,00
Por exemplo: Uma empresa comprou um terreno do valor de H.: Vlr referente aquisição de mesa p/ escritório, conforme NF
$80.000,00. Para pagar à vista, foi usado o dinheiro disponível nº589 do Fornecedor Model Office.
no caixa da empresa. Lançamos o registro destas duas contas da
seguinte forma: Estorno total:
D- Imóveis (O terreno teve destino na conta em questão, já D- Banco - $4.000,00
que faz parte dos imóveis da empresa.) C- Máquinas e equipamentos - $4.000,00
C- Caixa (O lançamento teve origem na conta Caixa, já que foi H.: Vlr referente estorno do lançamento feito em xx/xx/20x1,
pago à vista com o dinheiro da empresa.) referente compra de uma mesa para escritório.

Se uma conta recebe algo ou assume o compromisso de entre- Lançamento correto:


gar algo, é debitada. Se uma conta entrega algo ou adquire o direito D- Móveis e utensílios - $4.000,00
de receber algo, é creditada. C- Fornecedores - $4.000,00
H.: Vlr referente compra de mesa para escritório, conforme NF
CONTAS NATU- AUMEN- DIMINUI- nº589 do Fornecedor Model Office.
REZA TOS ÇÕES
b) Lançamento Retificativo - serve para retificar as contas lan-
Ativo Devedora D C çadas erradamente e para estornar parte do lançamento, corrigin-
Passivo Credora C D do registros feitos por importância maior. No caso de o valor ser
Despesa Devedora D C lançado maior do que é, a correção pode ser feita estornando todo
o lançamento e depois fazendo o lançamento no valor correto, ou
Receita Credora C D então estornando apenas a diferença dos valores.
Patrimônio Credora C D
Líquido Exemplo: A empresa Alfa adquiriu um veículo do fornecedor Au-
toCar no valor de $60.000,00 à vista em dinheiro.
Correção de Lançamentos20 Lançamento efetuado:
A escrituração feita nos livros contábeis não deve conter inter- D- Veículos - $80.000,00
valos em branco, entrelinhas, borrões, rasuras, emendas ou trans- C- Caixa - $80.000,00
portes para as margens. Entretanto, ao desenvolver suas ativida- H.: Vlr referente compra de veículo, conforme NF nº290 do For-
des profissionais, o ser humano pode cometer enganos durante o necedor AutoCar.
processo de escrituração. Estes erros podem ocorrer de diversas
formas: Estorno da diferença:
- Lançamento de valor incorreto; D- Caixa - $20.000,00
- Borrões ou rasuras na escrituração; C- Veículos - $20.000,00
- Espaço em branco; H.: Vlr referente estorno de parte do lançamento lançado à
- Lançamentos em duplicidade de valor; maior no dia xx/xx/20x1, referente compra de veículo, conforme NF
- Inversão das contas; nº290 do Fornecedor AutoCar.
- Erro na redação de histórico;
- Entre Outros. c) Lançamento Complementar - serve para complementar um
lançamento feito de importância menor. No caso de o valor ser lan-
Quando os erros acontecem, eles devem ser declarados na es- çado menor do que é, a correção pode ser feita através do estorno
crituração mediante retificação através de estorno, lançamento re- total e posterior lançamento correto, ou do lançamento comple-
tificativo, lançamento complementar, lançamento de transferência mentar apenas da diferença do valor lançado para o que de fato é
ou ressalva (por profissional qualificado). correto.

20 http://www.socontabilidade.com.br/conteudo/erros_escrit.php
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CONTABILIDADE GERAL
Exemplo: A empresa Alfa adquiriu um veículo do fornecedor Au- f) Omissão de lançamentos - A omissão se dá por esquecimen-
toCar no valor de $60.000,00 à vista em dinheiro. to. Ex.: Na época apropriada, o contabilista deixou de efetuar o re-
Lançamento efetuado: gistro de um fato, por um motivo qualquer. Passado algum tempo,
D- Veículos - $6.000,00 ele verificou a omissão. Neste caso, a correção é simples. Basta efe-
C- Caixa - $6.000,00 tuar o registro do fato no dia em que se verificou a omissão, men-
H.: Vlr referente compra de veículo, conforme NF nº290 do For- cionando, no histórico, a data de sua efetiva ocorrência e o motivo
necedor AutoCar. do atraso.
Quando a omissão implicar falta de recolhimento de impostos,
Lançamento complementar: a empresa deverá providenciar os devidos recolhimentos, esponta-
D- Veículos - $54.000,00 neamente, acrescidos dos encargos correspondentes.
C- Caixa - $54.000,00
H.: Vlr referente complemento da importância lançada à menor Exemplos de Lançamentos21
no dia xx/xx/20x1, referente compra de veículo, conforme NF nº290 Lançamento de abertura de uma Empresa (Patrimônio Líqui-
do Fornecedor AutoCar. do)
CAPITAL SUBSCRITO
d) Lançamento de Transferência - regulariza o lançamento da Pela subscrição do capital dos Sócios “A” e “B”:
conta debitada ou creditada indevidamente, através da transposi- D – Capital Social a Integralizar (PL)
ção do valor para a conta adequada. C – Capital Social Subscrito (PL)........................R$ (Valor Total)
– Transferência: é o lançamento que promove a regularização
da conta indevidamente debitada ou creditada, através da transpo- Integralização do Capital Subscrito em Dinheiro dos Sócios “A”
sição do valor para a conta adequada; e “B”
C – Capital Social (PL)
Exemplo: A empresa Alfa adquiriu uma mesa para escritório do D – Caixa (AC)............................R$ (Valor Total)
fornecedor Model Office no valor de $4.000,00 e a pagará a prazo.
Lançamento efetuado: Lançamento de compra de mercadoria (Despesa)22
D- Máquinas e equipamentos - $4.000,00 D – Estoque (Ativo)
C- Fornecedores - $4.000,00 D – ICMS a Recuperar (Ativo)
H.: Vlr referente aquisição de mesa p/ escritório, conforme NF D – PIS a Recuperar (Ativo)
nº589 do Fornecedor Model Office. D – COFINS a Recuperar (Ativo)
C – Fornecedores (Passivo)
Lançamento de transferência:
D- Móveis e utensílios - $4.000,00 Lançamento de venda de mercadoria (Receita)
C- Máquinas e equipamentos - $4.000,00 D – Clientes (Ativo Circulante – Contas a receber)
H.: Vlr referente transferência da importância lançada erronea- C – Faturamento Bruto (Resultado – Receita de vendas)
mente no dia xx/xx/20x1, em conta de Máquinas e equipamentos.
D – ICMS sobre Vendas (Conta de Resultado – Deduções da re-
e) Ressalva - quando se tratar de um erro de redação obser- ceita)
vado antes mesmo do encerramento do respectivo lançamento, a C – ICMS a Recolher (Passivo Circulante – Impostos a recolher)
retificação ocorre no próprio histórico. Ou seja, se o erro for veri-
ficado antes de se terminar de redigir o histórico do lançamento, D – PIS sobre Vendas (Resultado – Dedução da receita)
basta se utilizar de alguma expressão do tipo: “digo”, “isto é”, “ou C – PIS a Recolher (Passivo Circulante – Impostos a recolher)
melhor”, “aliás”, “em tempo”, etc. Vejamos um exemplo:
D – COFINS sobre Vendas (Resultado – Dedução da receita)
D – Veículos R$20.000,00 C – COFINS a Recolher (Passivo Circulante – Impostos a reco-
C – Caixa R$ 20.000,00 lher)
H.: Referente à compra de um computador, digo, de um auto-
móvel conforme nota fiscal nº 00053. Lançamento de outras despesas à vista
D – Honorários contábeis
Nos casos de borrões, rasuras, lacunas, saltos de linhas ou de C – Caixa
páginas, a ressalva deve ser assinada por profissional registrado no
CRC (Conselho Regional de Contabilidade). Os borrões, falhas de PAGAMENTO DE ALUGUEL
impressão e outros erros que comprometam a autenticidade do D – Aluguéis
Livro Diário, poderão ser sanados através de declaração, assinada C - Caixa
pelo contador, tornando sem efeito aquela folha e refazendo, a se-
guir, os lançamentos ali contidos. Lançamentos da folha de pagamento (Provisão)
D – Folha de Pagamento (Resultado – Despesa com pessoal)
C – Salários e Ordenados a Pagar (Passivo Circulante – Obriga-
ções trabalhistas)

21 http://accountingfundaments.blogspot.com.br/p/alguns-exemplos-de-lancamen-
tos.html
22 http://www.comocontabilizar.com.br/como-contabilizar-folha-de-pagamento/
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CONTABILIDADE GERAL
D – Provisão de Férias (Passivo Circulante – Provisões traba- Lançamentos de depreciação, amortização e exaustão
lhistas) D – Depreciação (Resultado)
C – Salários e Ordenados a Pagar (Passivo Circulante – Obriga- C – Depreciação Acumulada (Redutora Ativo Imobilizado)
ções trabalhistas)
D – Amortização (Resultado)
D – Provisão 13º Salário (Passivo Circulante – Provisões traba- C – Amortização Acumulada (Redutora Ativo Imobilizado)
lhistas)
C – Salários e Ordenados a Pagar (Passivo Circulante – Obriga- D – Exaustão (Resultado)
ções trabalhistas) C – Exaustão Acumulada (Redutora Ativo Imobilizado)

D – Provisão 13º Salário (Passivo Circulante – Provisões traba- PRINCIPAIS TAXAS DE DEPRECIAÇÃO
lhistas) Imóveis: taxa anual de 4%; vida útil de 25 anos.
C – FGTS a Recolher (Passivo Circulante – Encargos trabalhistas Instalações: taxa anual de 10%; vida útil de 10 anos.
a pagar) Máquinas e Equipamentos: taxa anual de 10%; vida útil de 10
anos.
D – FGTS sobre Folha de Pagamento (Resultado – Despesa com Móveis e Utensílios: taxa anual de 10%; vida útil de 10 anos.
encargos trabalhistas) Veículos: taxa anual de 20%; vida útil de 5 anos.
C – FGTS a Recolher (Passivo Circulante – Encargos trabalhistas Equipamentos de Informática: taxa anual de 20%; vida útil de 5
a pagar) anos.

D – INSS a Recolher (Passivo Circulante – Encargos trabalhistas Lançamentos de lucros ou prejuízo (Reservas)
a pagar) Prejuízos
C – Salários e Ordenados a Pagar (Passivo Circulante – Obriga- D – Lucros ou Prejuízos Acumulados (Patrimônio Líquido) - Pre-
ções trabalhistas) juízo
C – Resultado do Exercício (Conta de Resultado)
Lançamentos da folha de pagamento
D – Salários e Ordenados a Pagar (Passivo Circulante – Obriga- D – Reservas de Lucros (Patrimônio Líquido) – Absorção do Pre-
ções trabalhistas) juízo
C – Banco Conta Movimento (Ativo Circulante – Disponibilida- C – Lucros ou Prejuízos Acumulados (Patrimônio Líquido)
des)
Lucros
D – FGTS a Recolher (Passivo Circulante – Encargos trabalhistas D – Lucros Acumulados (Patrimônio Líquido)
a pagar) C – Lucros a Pagar (Passivo Circulante)
C – Banco Conta Movimento (Ativo Circulante – Disponibilida- C – Reserva de Lucros (Patrimônio Líquido)
des)
D – Lucros a Pagar (Passivo Circulante)
D – INSS a Pagar (Passivo Circulante – Encargos trabalhistas a C – Caixa/Bancos (Ativo Circulante – disponibilidades)
pagar)
C – Banco Conta Movimento (Ativo Circulante – Disponibilida-
des) CONTAS PATRIMONIAIS, RESULTADO

Lançamentos de aplicações financeiras e investimentos


D – Aplicações Financeiras de Renda Variável (Ativo Circulante O patrimônio é uma realidade econômica formada de bens, di-
ou Realizável a Longo Prazo) – No ato da aplicação reitos e obrigações de variadas naturezas. Cada um desses elemen-
C – Banco c/movimento (Ativo Circulante – Disponibilidades) tos constitui uma individualidade que precisa ser representada por
um demonstrativo. Para isso, adotamos nomes que representam os
D – Bancos Conta Movimento (Ativo Circulante – disponibilida- elementos e as mutações sofridas pelo patrimônio ao longo de um
des) – No ato do resgate da aplicação determinado período.
D – IRRF a Recuperar (Ativo Circulante – impostos a recuperar) Essa representação é chamada de CONTA23, nome através do
C – Aplicações Financeiras de Renda Variável (Ativo Circulante qual representa um ou mais elementos do Patrimônio e que tam-
ou Realizável a Longo Prazo) bém designa as alterações por qual passa a riqueza efetiva da em-
C – Rendimentos de Aplicações Financeiras (Conta de Resulta- presa, seu Patrimônio Líquido.
do – receitas financeiras) A função da conta é representar a variação patrimonial que um
fato24 promove no patrimônio da empresa. Todo fato mensurável
Lançamentos de Ativo Imobilizado em dinheiro é representado por uma conta.
D – Máquinas e Equipamentos (Ativo Imobilizado) É através das contas que a contabilidade consegue exercer o
C – Fornecedores (Passivo Circulante) seu papel. Todos os acontecimentos que ocorrem diariamente na
empresa como: compras, vendas, pagamentos, recebimentos, etc.,
D – Fornecedores (Passivo Circulante) são registrados pela contabilidade em contas próprias.
C – Banco Conta Movimento (Ativo Circulante – disponibilida- 23 http://www.socontabilidade.com.br/conteudo/contas2.php
des) 24 FATOS contábeis ou administrativos são aqueles que provocam modificações
no patrimônio.
Editora
387
a solução para o seu concurso!
CONTABILIDADE GERAL
Teoria das Contas b) Contas de Resultado - são as receitas e despesas do período,
Ao longo da história da contabilidade, a classificação das con- que devem ser encerradas no final do exercício financeiro para que
tas tem dividido os doutrinadores entre várias respostas, resultan- se apure o resultado da empresa. Representado na forma de lucro
do em formas diferentes de classificação e interpretação. Fazendo ou prejuízo que será incorporado ao Patrimônio através da conta
surgir assim várias teorias para justificar os diferentes critérios ado- Prejuízos Acumulados (quando o resultado for negativo), ou Reser-
tados quanto as classificações. Entre as teorias apresentadas, três va de Lucros (quando o resultado for positivo). São acontecimentos
delas se tornaram as mais importantes: Teoria Personalista; Teoria que modificam a situação líquida da empresa e representam varia-
Materialista e Teoria Patrimonialista. ções no Patrimônio da entidade. Estas contas não fazem parte do
Balanço Patrimonial, mas permitem que o resultado do exercício
Teoria Personalista - as contas podem ser representadas por seja apurado.
pessoas com as quais são mantidas relações jurídicas, ou seja, que
se relacionam com a entidade em termos de débito e crédito. Todos Funcionalidades das Contas Patrimoniais
os débitos efetuados nas contas dessas pessoas representam suas Quanto a funcionalidade, as contas são divididas em:
responsabilidades, enquanto todos os créditos representam seus ‐ Contas Unilaterais - são aquelas que sofrem variações so-
direitos em relação ao titular do Patrimônio. mente em um sentido, com registro a débito ou a crédito. Ex.: as
Por essa teoria, as contas são classificadas segundo a natureza contas de receitas serão via de regra creditadas e as de despesas
da relação jurídica que essas pessoas mantêm com o titular do Pa- debitadas.
trimônio.
‐ Contas Bilaterais - são aquelas que sofrem variações nos dois
Nesta teoria, temos três tipos de contas que representas essas sentidos, aceitando tanto registro de débito quanto de crédito. Ex.:
pessoas: Caixa, Banco, Duplicatas a receber, entre outras. Podendo apresen-
a) Proprietários: consiste nos responsáveis pelas contas do pa- tar tanto saldo devedor quanto credor. Quando apresenta saldo
trimônio líquido e suas variações, como receitas e despesas. São, devedor, é chamada de Conta Bilateral Ativa e quando apresenta
portanto, contas dos proprietários: Capital social, Receita de ven- saldo credor, é chamada de Conta Bilateral Passiva.
das, Custo da mercadoria vendida (CMV), Imposto sobre Circulação
de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre vendas, Devoluções de ven- ‐ Contas de compensação - conforme a Interpretação Técnica
das, Receitas financeiras, Reserva legal, etc.; Geral - ITG 2000 (R1)25 – ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL, itens:
b) Agentes consignatários: consiste nos responsáveis pelas 29. Contas de compensação constituem sistema próprio para
contas a quem a entidade confia a guarda os bens que estão repre- controle e registro dos fatos relevantes que resultam em assunção
sentadas no Ativo. São, portanto, contas dos agentes consignatá- de direitos e obrigações da entidade cujos efeitos materializar-se-ão
rios: Caixa, Banco, Veículos, Móveis, Terrenos, etc.; no futuro e que possam se traduzir em modificações no patrimônio
c) Agentes correspondentes: consiste nos responsáveis pelas da entidade.
contas que representam os direitos a receber do Ativo ou obriga- 30. Exceto quando de uso mandatório por ato de órgão regula-
ções a pagar do Passivo. São terceiros, que se situam na posição dor, a escrituração das contas de compensação não é obrigatória.
de devedor ou credor da entidade, como por exemplo, Clientes e Nos casos em que não forem utilizadas, a entidade deve assegu-
Fornecedores. rar-se que possui outros mecanismos que permitam acumular as
informações que de outra maneira estariam controladas nas contas
Teoria Materialista – se opõe a teoria personalista. Defenden- de compensação.
do que as contas representam entradas e saídas de valores e não
simples relações de débito e crédito entre pessoas, excluindo as Atributos Conceituas das Contas
relações com terceiros. Uma visão mais econômica do que vem a São características próprias que as distinguem de outras contas
ser a conta e sua relação entre a entidade é material e não pessoal, do plano de contas. Os atributos podem ser decorrentes de concei-
sendo que a conta só deve existir enquanto houver também o ele- tos teóricos, da lei ou do sistema operacional utilizado.
mento material por ela representado. a) Código: estrutura numérica que identifica cada uma das con-
tas que compõem o plano de contas;
As contas dividem-se em: b) Título / Nome: designação que identifica o objeto de uma
a) Integrais ou Elementares - são aquelas representadas pelos conta;
bens, direitos e obrigações da entidade, ou seja, Ativo e Passivo. c) Função: descrição da natureza dos atos e fatos registráveis
na conta;
b) Diferenciais ou Derivadas: são aquelas representadas pelo d) Natureza do Saldo: identifica se a conta tem saldo devedor,
Patrimônio Líquido, das receitas e despesas da entidade. credor ou ambos.

Teoria Patrimonialista - é a teoria adotada no Brasil. Segundo - Conta Devedora: possui saldo predominantemente devedor;
esta teoria, o objeto de estudo da ciência contábil é o Patrimônio de - Conta Credora: possui saldo predominantemente credor;
uma entidade. A contabilidade tem como finalidade controlar este - Conta Mista / Híbrida: possui saldo devedor ou credor.
patrimônio e apurar o resultado das empresas.
Estas contas se classificam em:
a) Contas Patrimoniais - são aquelas que representam o Ativo
(Bens e Direitos) e o Passivo (Obrigações e Patrimônio Líquido). São
elas que representam o Patrimônio da empresa, através do Balanço
Patrimonial. 25 http://www1.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2014/IT-
G2000(R1)
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CONTABILIDADE GERAL
– Mistos aumentativos: envolvem duas ou mais contas
FATOS CONTÁBEIS. PERMUTATIVOS, MODIFICATIVOS E patrimoniais e uma ou mais contas de receita (venda com lucro,
MISTOS aumenta PL). Ex.: recebimento de duplicatas com juros, pagamento
de duplicatas com desconto, reforma de dívida com desconto,
vendas com lucro, pagamentos de obrigações com desconto, etc.
Fatos contábeis (ou fatos administrativos) são ocorrências que
têm por efeito a alteração da composição do Patrimônio, seja em
seu aspecto qualitativo ou em seu aspecto quantitativo.
São todos os eventos que ocorrem na empresa, passíveis de
se determinar um valor monetário. O registro de um fato contábil
pode ou não alterar o valor do Patrimônio Líquido da empresa.
– Mistos diminutivos: envolvem duas ou mais contas
Classificam-se em três grupos: Fatos contábeis permutativos
patrimoniais e uma ou mais contas de despesa (venda com
(qualitativos ou compensativos), Fatos contábeis modificativos (ou
prejuízo, diminui PL). Ex.: recebimento de duplicatas com desconto,
quantitativos) e Fatos contábeis mistos (ou compostos).
pagamentos de duplicatas com juros, reforma de dívida com juros,
etc.
Permutativos, Qualitativos ou Compensativos
São fatos que acarretam uma troca (permuta) entre elementos
do ativo, do passivo, ou de ambos, porém sem provocar alteração
no Patrimônio Líquido, alterando apenas a composição qualitativa
dos elementos pertencentes ao Patrimônio. Ex.: compra de uma
máquina à vista – ocorre a permuta de um bem (dinheiro) por outro
bem (máquina), ambos elementos do ativo. Os fatos contábeis alteram o Patrimônio sob seus dois
aspectos básicos: o qualitativo e o quantitativo. Ao analisar os
fatos permutativos, observa-se que estes provocam variações
estritamente qualitativas, isto é, modifica-se apenas a natureza
dos elementos patrimoniais envolvidos. Já os fatos modificativos
e os fatos mistos geram mudanças reais na expressão monetária
da situação líquida, ou seja, provocam variações de natureza
quantitativa.

OBS.: Não confunda fato com ato administrativo. O ato


Modificativos ou Quantitativos administrativo, ao contrário do fato administrativo, não produz
São fatos que alteram a composição do Patrimônio e de imediato qualquer alteração no Patrimônio e não deve ser
modificam para mais (modificativos aumentativos) ou para menos registrado na contabilidade. Se contabilizado, é chamado de
(modificativos diminutivos) a situação líquida da empresa. operação extra-patrimonial (conta de compensação). Encarregar
– Modificativos aumentativos: Envolvem uma conta um empregado a desempenhar determinada tarefa constitui um
patrimonial e uma conta de receita, aumentando o Patrimônio ATO ADMINISTRATIVO. Agora, pagar a ele o seu salário define um
Líquido (PL). Ex.: Receita de vendas, receita de aluguel, etc. FATO ADMINISTRATIVO, pois estará alterando o Patrimônio da
entidade.

Fonte: https://www.socontabilidade.com.br/conteudo/diario.php

DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
– Modificativos diminutivos: Envolvem uma conta patrimonial
e uma conta de despesa, diminuindo o Patrimônio Líquido (PL). Ex.:
pagamento de despesas em geral, etc. As Demonstrações Contábeis são uma representação monetá-
ria, estruturada, da posição patrimonial e financeira de uma enti-
dade. Representada através de determinado período, por meio das
transações realizadas pela entidade. No qual tem como objetivo,
de modo geral, fornecer informações sobre a posição patrimonial,
financeira e de resultados da entidade.
Assim fazem parte das demonstrações contábeis os seguintes
Mistos ou Compostos
itens:
São os que envolvem simultaneamente um fato permutativo
Balanço Patrimonial;
(qualitativo) e um fato modificativo (quantitativo), alterando o Demonstração de Resultado do Exercício;
Patrimônio Líquido (PL), ou seja, a troca de elemento patrimonial Demonstração do Resultado Abrangente;
com lucro ou prejuízo. Demonstração do Fluxo de Caixa;
Demonstração da Mutação do Patrimônio Líquido;
Demonstração do Valor Adicionado – se exigida regularmente
por algum órgão regulador;
Notas explicativas às Demonstrações Contábeis.
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CONTABILIDADE GERAL
Informações muito úteis para o processo de tomada de deci- Ativo28
sões, assim como para uma ampla variedade de usuários como: só- Compreende os bens, os direitos e as demais aplicações de re-
cios/acionistas, governo, investidores, dentre outros. cursos controlados pela entidade, capazes de gerar benefícios eco-
nômicos futuros, originados de eventos ocorridos.
Balanço Patrimonial26 - Ativo Circulante: São todas as contas que espera-se que se-
jam realizadas ou consumidas durante o curso do exercício social
O Balanço Patrimonial, dentre todas as demonstrações con- seguinte a apresentação do Balanço Patrimonial.
tábeis, é uma das mais importantes para desvendar e evidenciar, a) Disponibilidades (também chamada de Caixa e Equivalentes
quantitativa e qualitativamente o patrimônio de uma empresa, haja de Caixa) - as principais contas que encontramos neste grupo são o
vista que, todas as informações que são reveladas e as decisões es- Caixa (caixa físico, dinheiro, cédulas e moedas), os saldos de contas
tratégicas que eventualmente são tomadas, advém dele. Contudo, correntes e as aplicações financeiras de liquidez imediata (àquelas
trata-se de uma informação estática, e que pode ser modificada no que possam ser convertidas em dinheiro e que estejam sujeitas a
dia seguinte de sua divulgação, por ser elaborado de acordo com um risco insignificante, no prazo máximo de 90 dias);
determinado período. b) Contas a Receber - neste grupo são reunidas, principalmen-
te, as contas que representam direitos de receber por vendas ou
Dica: A Estática Patrimonial é o estudo do patrimônio quando serviços prestados relacionados ao Objeto Social da empresa, isto
considerado sem movimento, em um determinado momento, ou é, a atividade operacional da empresa. Suas contrapartidas são con-
seja, nos seus elementos, nos componentes e nos valores. Procura tas de resultados, que são registradas não no Balanço Patrimonial,
ainda demonstrar num dado momento a estrutura e a composição mas encerradas na Demonstração de Resultados do Exercício. Tam-
patrimonial da empresa. bém é comum visualizarmos neste grupo a conta “provisão para
devedores duvidosos – uma conta redutora do ativo circulante”,
A legislação preconiza a elaboração e fechamento do balanço que representam, grosso modo, aquelas duplicatas ou faturas que a
patrimonial no último dia do exercício da empresa, para atender empresa percebe que dificilmente conseguirá receber;
a legislação fiscal, instituição financeira ou terceiros. Porém pode c) Estoques - os estoques alocados no Ativo Circulante são es-
ser elaborado mensalmente ou semestralmente de acordo com sua sencialmente os estoques de mercadorias, materiais de uso e con-
necessidade. sumo, matérias primas, produtos em fabricação e produtos acaba-
Ressaltando que quando, em circunstâncias excepcionais, a dos. Entretanto, nada impede que a empresa constitua outros tipos
data do exercício social de uma entidade mudar e as demonstra- de estoques;
ções contábeis forem apresentadas por um período mais longo ou d) Títulos, Valores Mobiliários e Bens - neste grupo devem ser
mais curto que um ano, deve-se divulgar, além do período abrangi- alocadas as aplicações financeiras não alocadas em Disponibilida-
do pelas demonstrações contábeis, as seguintes informações: des e com prazos de vencimento/resgate até o fim do exercício se-
- Livro Razão27 para um período diferente de um ano; e
guinte a data de apresentação do Balanço; e os ativos destinados à
- O fato de que os valores comparativos entre os períodos apre-
venda, que não sejam estoques e espera-se que sejam realizados
sentados para as demonstrações do resultado, das mutações do pa-
no curso do exercício seguinte à apresentação do balanço;
trimônio líquido e dos fluxos de caixa (ou das origens e aplicações
e) Despesas Antecipadas - aqui devem ser alocadas todas as
de recursos), bem com as notas explicativas relacionadas a essas
demonstrações, não são comparáveis. contas que representam pagamentos efetuados por serviços ainda
não recebidos ou consumidos integralmente, e que o serão (pre-
A legislação determina que, no balanço, as contas sejam classi- sumidamente) pagas ao longo do próximo exercício, por exemplo:
ficadas segundo os elementos do patrimônio que registram, agru- seguros pagos à vista, mas que ainda possui vigência por meses se-
padas de modo a facilitar o conhecimento e a análise da situação guintes;
financeira da entidade. f) Ativos Especiais - aqui se alocam aqueles ativos que geram ou
O balanço patrimonial é composto e representado graficamen- podem gerar benefícios econômicos para a empresa, como exem-
te pelos seguintes grupos de contas: plos deste tipo de ativo: os direitos de transmissão de um filme, os
Ativo: que compreende os bens, os direitos e as demais aplica- direitos de uso de um software, a seção de direitos autorais, etc.
ções de recursos controlados pela entidade, capazes de gerar bene-
fícios econômicos futuros, originados de eventos ocorridos - Ativo Não Circulante: São incluídos todos os bens de natureza
Passivo: que compreende as origens de recursos representa- duradoura destinados ao funcionamento normal da sociedade e do
dos pelas obrigações para com terceiros, resultantes de eventos seu empreendimento, assim como os direitos exercidos com essa
ocorridos que exigirão ativos para sua liquidação finalidade.
Patrimônio Líquido: que compreende os recursos próprios da a) Ativo Realizável a Longo Prazo - neste grupo são classifica-
Entidade, onde seu valor é a diferença positiva entre o valor do Ati- dos os ativos com mesma natureza dos Ativos Circulantes, mas que,
vo e o valor do Passivo. entretanto, serão realizados ou consumidos apenas após o término
do exercício seguinte à apresentação do Balanço. Vale ressaltar que
sua classificação é residual em relação aos demais grupos de contas
do Ativo Não Circulante, ou seja, classificam-se aqui os ativos que
não puderem ser classificados nos demais grupos do Ativo Não Cir-
26 RODRIGUES, Adenir Ortiz; PROENÇA, André Eduardo de; BUSCH, Cleber culante (Investimentos, Imobilizado e Intangível) e apenas se não
Marcel; GARCIA, Edino Ribeiro; TODA, William Haruo – Planejamento Contábil e puderem ser classificados neles;
Reorganização Societária – 2ª ed. São Paulo: IOB, 2013
27 O Livro Razão é fundamental para processo contábil e exigido por legislação para
empresas tributadas pelo Imposto de Renda. Este livro agrega as contas patrimoniais do
Balanço Patrimonial e da Demonstração do Resultado do Exercício, contas de ativo, passivo
e patrimônio líquido e também de receitas e despesas. 28 http://contadores.cnt.br/noticias/artigos/2016/07/11/classificacao-de-ativos.html
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CONTABILIDADE GERAL
b) Investimentos - neste grupo devem ser classificados os imó- c) Obrigações Tributárias de Longo Prazo: incluindo parce-
veis que a empresa eventualmente possua com a finalidade de lo- las relativas a programas de refinanciamento de dívidas fiscais e
cação ou valorização e as participações em sociedades coligadas, previdenciárias (como o REFIS), acrescidos dos encargos legais pre-
controladas e controladas em conjunto; vistos pelo regime de competência;
c) Imobilizado - aqui devem ser alocadas todas as contas que d) Debêntures e outras obrigações: as contratuais exigíveis
representem bens materiais (corpóreos, tangíveis) que sejam man- após o exercício seguinte;
tidos pela empresa com a finalidade de produção ou fornecimento e) Receitas Diferidas: menos os custo e despesas relativas às
de mercadorias e serviços, para locação, ou para fins administrati- respectivas receitas (antigo agrupamento de Resultados de Exer-
vos, e que se espera utilizar para além do exercício seguinte à apre- cícios Futuros), incluindo as receitas à prazo ou em prestações de
sentação do balanço. São exemplos: terrenos, edifícios, máquinas unidades imobiliárias em construção.
e equipamentos, móveis e utensílios, veículos, instalações, com-
putadores, etc. Por determinação do (Comitê de Pronunciamentos - Patrimônio Líquido: Corresponde à riqueza de uma organiza-
Contábeis - CPC 06 (R2) – Operações de Arrendamento Mercantil, ção, o que ela possui descontadas as contas que precisa pagar. Ele
devem-se alocar aqui também os arrendamentos financeiros; representa a fonte interna de recursos da empresa e o quanto seus
d) Intangível - neste grupo devem ser alocados os direitos que proprietários têm investido na companhia.
tenham por objeto bens incorpóreos ligados à manutenção da em- a) Capital Social - discrimina o montante subscrito e a parcela
presa ou exercidos com esta finalidade, inclusive, o fundo de co- ainda não realizada por sócios e acionistas;
mércio. b) Reservas de Capital - são recursos obtidos pela empresa que
não possuem vínculo com a formação de lucro. São decorrentes,
Passivo por exemplo, do reembolso ou compra de ações, da incorporação
Compreende os saldos das obrigações devidas pela empresa. ao capital e do pagamento de dividendos a ações preferenciais,
dentro outros;
- Passivo Circulante29: São as obrigações da empresa, inclusive c) Ajustes de Avaliação Patrimonial - as contrapartidas de au-
financiamentos para aquisição de bens e direitos do Ativo Não mentos ou diminuições de elementos do ativo e do passivo que não
Circulante, cujo vencimento ocorrerá no exercício seguinte, foram computadas no exercício, em decorrência da sua reavaliação,
incluindo dívidas com fornecedores, matéria prima, tributos a desde que sigam as regras legais;
pagar, aluguel, água, energia elétrica, etc. d) Reservas de Lucros - valores da apropriação de parte dos lu-
a) Obrigações com funcionários: relativas a salários, participa- cros em decorrência da lei ou da vontade do proprietário;
ções nos resultados, férias a pagar, abonos pecuniários e outras ver- e) Ações em Tesouraria - é uma conta redutora do patrimônio
bas de natureza trabalhista líquido que registra o valor das ações da companhia adquiridas pela
b) Provisões: de Férias e 13º Salário, incluindo os respectivos própria empresa;
encargos sociais e adicional de 1/3 de férias f) Prejuízos Acumulados - registros de prejuízos acumulados e
c) Obrigações Tributárias: inclusive parcelas a vencerem a cur- ainda não cobertos.
to prazo relativas a programas de refinanciamento de dívidas fiscais
e previdenciárias (como o REFIS), FGTS e outros encargos de natu- Exemplo de Balanço Patrimonial:
reza tributária, incluindo multa e juros ATIVO PASSIVO
d) Fornecedores: (incluindo juros, multas e outras obrigações
contratuais, pelo regime de competência) ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE
e) Instituições Financeiras: empréstimos, financiamentos e sal- ATIVO NÃO CIRCULAN- PASSIVO NÃO CIRCULANTE
dos devedores bancários, incluindo cheques pré-datados e valores TE
dos limites de crédito de contas correntes utilizadas Realizável a Longo Passivo Exigível a Longo
f) Créditos: de sócios, acionistas, diretores e empresas coliga- Prazo Prazo
das e controladas, quando sua liquidação estiver estipulada para o
exercício seguinte Investimentos PATRIMÔNIO LIQUIDO
Imobilizado Capital Social
- Passivo Não Circulante30: São escrituradas as obrigações da Intangível Reserva de Capital
entidade, inclusive financiamentos para aquisição de direitos do ati-
vo não-circulante, quando se vencerem após o exercício seguinte. Ajuste de Avaliação Patri-
monial
Normalmente tais obrigações correspondem a valores exigíveis a
partir do 13º mês seguinte ao do exercício social. Reserva de Lucros
a) Instituições Financeiras: parcelas de empréstimos e finan- Ações em Tesouraria
ciamentos, incluindo os respectivos juros e encargos contratuais
Prejuízos Acumulados
decorridos, vencíveis após o exercício seguinte ao do fechamento
de balanço (ou seja, a partir do 13º mês do encerramento do exer-
DICA: O Balanço Patrimonial e sua estrutura está discriminado
cício);
na Lei das S.A. - Lei 6404/76 Artigo 178 SEÇÃO III.
b) Créditos: de sócios, acionistas, diretores e empresas coliga-
das e controladas, quando sua liquidação estiver estipulada após o
exercício seguinte;

29 http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/passivo-circulante.htm
30 http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/passivo-nao-circulante.htm
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a solução para o seu concurso!
CONTABILIDADE GERAL
Demonstração do Resultado do Exercício31 Custos dos Produtos, das Mercadorias ou dos Serviços Ven-
É na Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) que apare- didos
cerão todas as contas de Receitas e Despesas do período, que são Os custos a serem atribuídos como CMV, CSP ou CPV no exercí-
contas transitórias, ou seja, ao final do período de apuração estarão cio devem ser correspondentes às receitas de vendas dos produtos
com seus saldos zerados. e serviços reconhecidos como tal no mesmo período, obedecendo
A DRE tem por objetivo evidenciar a situação econômica da ao princípio da competência.
entidade em um determinado período por meio da apuração do
resultado do exercício (lucro ou prejuízo) Cálculo do Custo da Mercadoria Vendida – CMV
Além disso, a DRE é uma demonstração dedutiva e dinâmica, CMV= EI + C – EF
mostrando o cálculo do resultado do exercício, enquanto o Balanço
Patrimonial é uma é uma demonstração estática, pois mostra a si- Onde:
tuação patrimonial em um dado momento. CMV = Custo das Mercadorias Vendidas
Portando, a demonstração do resultado destina-se a evidenciar EI = Estoque Inicial
a composição do resultado formado em determinado período de C = Compras
operações da entidade. As demonstrações do resultado do período EF = Estoque Final (inventário final)
devem, no mínimo, obedecer as determinações legais e as seguin-
tes rubricas: Cálculo do Custo do Serviço Prestado (CSP)
CSP = Sin + (MO + GDS + GIS) – Sfi
Receitas
Receita Operacional Bruta: é a somatória de todas as vendas Onde:
ou serviços que foram efetuados e que tenham sido faturados, ou CSV = Custo dos Serviços Vendidos
seja, que tenham gerado a emissão de uma nota fiscal em determi- Sin = Saldo Inicial dos Serviços em Andamento
nado período, obedecendo ao princípio da competência. MO = Mão de Obra Direta aplicada nos serviços vendidos
Dedução da Receita Bruta: são representadas pelas contas de GDS = Gastos Diretos (locação de equipamentos, subcontrata-
devolução (vendas canceladas), abatimentos, descontos comerciais ções, etc.) aplicados nos serviços vendidos
e impostos incidentes sobre venda de produtos ou serviços. Para
efeito de análise, as receitas não são demonstradas de forma líqui- GIS = Gastos Indiretos (luz, mão de obra indireta, depreciações
da, ou seja, registram-se as receitas na forma bruta e, em separado, de equipamentos, etc.) aplicados nos serviços vendidos
suas respectivas deduções: Sfi = Saldo Final dos Serviços em Andamento
- Devolução ou Vendas Canceladas: correspondem à anulação
de valores registrados como receita, decorrentes do cancelamen- Cálculo do Custo do Produto Vendido – (CPV)
to de vendas, devoluções totais ou parciais, quebras ou avarias na CPV = EI + (In + MO + GGF) – EF
mercadoria vendida, pela não concretização da entrega dos produ-
tos ou pela má qualidade na prestação de serviços. Onde:
- Abatimentos: também conhecidos como descontos incon- CPV = Custo dos Produtos Vendidos
dicionais, são concedidos aos clientes quando, após a entrega do EI = Estoque Inicial
produto, este apresenta defeitos de qualidade, caracterizados por In = Insumos (matérias primas, materiais de embalagem e ou-
quebras ou avarias, por exemplo. Esses descontos não podem ser tros materiais) aplicados nos produtos vendidos
confundidos com descontos financeiros, nem tampouco com des- MO = Mão de Obra Direta aplicada nos produtos vendidos
contos de preço de venda (promoções). GGF = Gastos Gerais de Fabricação (aluguéis, energia, depre-
- Impostos Incidentes sobre Vendas de Produtos e Prestação ciações, mão de obra indireta, etc.) aplicada nos produtos vendidos
de Serviços: também serão deduzidos da receita bruta, pois são os EF = Estoque Final (inventário final)
que guardam proporcionalidade com o preço da venda efetuada ou
do serviço prestado. São exemplos de impostos incidentes sobre o Lucro Bruto
faturamento: IPI - Imposto sobre produtos Industrializados (União); De acordo com o artigo 187, item II, da Lei nº 6.404/76, deve
PIS - Programa de Integração Social (União); COFINS - Contribuição ser computado na DRE o custo das mercadorias e serviços vendidos
para Financiamento da Seguridade Social (União); ICMS - Imposto ou prestados no exercício, que deduzido das receitas corresponden-
sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre tes, gera o Lucro Bruto.
Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal,
Despesas com Vendas, Gerais, Administrativas e Outras Des-
de Comunicação e Energia Elétrica (Estado); ISSQN - Imposto sobre pesas e Receitas Operacionais
Serviços de Qualquer Natureza (Município). Despesas de Vendas: Têm a função de registrar as despesas
Receita Operacional Líquida: Constitui a base de cálculo para com a comercialização dos produtos, mercadorias ou serviços
a análise das receitas efetivamente realizadas pela empresa em de- para atender aos objetivos da empresa. São alguns exemplos de
terminado período. Evidencia o valor da venda líquida de bens e despesas com vendas: despesas com pessoal de vendas; marketing;
serviços, oriundos da atividade da empresa, subtraindo as dedu- distribuição; administrativo interno de vendas; comissões sobre
ções incidentes sobre a receita bruta (faturamento). vendas; propaganda e publicidade; garantia de produtos; despesas
com estimativas de perdas com duplicatas derivadas de vendas a
prazo (provisão para devedores duvidosos), etc.
Despesas Administrativas: Representam os gastos pagos ou
incorridos necessários para arcar com despesas para a gestão ou
direção da empresa. Sua função é registrar, em cada conta espe-
cífica, as despesas com a administração do negócio para atender
31 MORAES, Júnior, José Jayme – Contabilidade Geral, Contabilidade Avançada aos objetivos da empresa. Dentre as despesas administrativas mais
e Análise das Demonstrações Contábeis – 5ª ed – Rio de Janeiro – Impetus, 2016.
comuns, temos: honorários da administração; salários e encargos
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392
a solução para o seu concurso!
CONTABILIDADE GERAL
do pessoal administrativo; despesas legais e judiciais; material de O saldo remanescente integrará o Patrimônio Líquido da em-
escritório; depreciação de móveis e utensílios; seguro do escritório; presa nas contas Reservas de Lucros - caso ocorra lucro - e Prejuízos
energia elétrica; telefone, etc. Acumulados - caso ocorra prejuízo, no qual compõe os seguintes
Despesas Operacionais: Segundo a Lei das S.A. – Lei 6.404/76, itens:
as despesas operacionais correspondem ao esforço financeiro ne- - Resultado líquido após tributos das operações descontinua-
cessário para que a empresa possa funcionar, ou seja, financiar suas das;
atividades de vendas, produção e prestação de serviços. Constituem - Resultado após os tributos decorrente da mensuração ao va-
as despesas pagas ou incorridas no período (princípio da competên- lor justo menos despesas de vendas ou na baixa dos ativos ou do
cia). Não estão relacionadas a elas aquelas alocadas na fabricação grupo de ativo à disposição para venda que constituem a unidade
de produtos ou na prestação dos serviços, pois estas compõem os operacional descontinuada;
custos das mercadorias ou dos serviços. - Resultado líquido do exercício.

Ganho de Equivalência Patrimonial DICAS:


Resultados Financeiros Líquidos: O art. 187 da Lei das S.A. – Lei - Resultado do período é o total das receitas deduzido das des-
nº 6.404/76 define como despesas operacionais as despesas finan- pesas, exceto os itens reconhecidos como outros resultados abran-
ceiras deduzidas das receitas, ou seja, as receitas financeiras deve- gentes ao patrimônio líquido;
rão ser compensadas das despesas financeiras. - Operação descontinuada corresponde ao componente da
Ex.: Valor das Receitas Financeiras – Valor das Despesas Finan- entidade que foi baixado ou está classificado como mantido para
ceiras = Valor dos Resultados Financeiros Líquidos. venda e:
a) Representa uma importante linha separada de negócios ou
Receitas Financeiras - São receitas geradas em função de: área geográfica de operações;
- Descontos obtidos; b) É parte integrante de um único plano coordenado para
- Juros recebidos; venda de uma importante linha separada de negócios ou área
- Rendimentos de aplicações financeiras (fundos de investi- geográfica de operações;
mentos, por exemplo). c) É uma empresa controlada adquirida exclusivamente com
objetivo de revenda, ou seja, são ativos imobilizados que a empresa
Perda de Equivalência Patrimonial de uma linha separada de negócios ou área geográfica de opera-
Despesas Financeiras - São caracterizadas por serem despesas ções que ficaram obsoletos ou descontinuados e foram colocados à
decorrentes da necessidade de Capital de Giro ou do financiamento venda, ou um investimento de aquisição de uma empresa controla-
do Ativo: da adquirida com o objetivo de revenda.
- Juros pagos;
- Descontos concedidos; Exemplo de DRE:
- Despesas bancárias (IOF, manutenção da conta corrente, den-
tre outras, por exemplo)
RECEITA OPERACIONAL BRUTA
Resultado antes das Receitas e Despesas Financeiras Vendas de Produtos
São as chamadas atividades acessórias do objetivo social da
empresa. Compõem-se de itens que não são provenientes da ati- Vendas de Mercadorias
vidade fim da empresa, tais como: participação nos resultados de Prestação de Serviços
coligadas e controladas pelo método de equivalência patrimonial; (-) DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA
dividendos e rendimentos de outros investimentos; amortização de
ágio ou deságio de investimentos; vendas diversas que não corres- Devoluções de Vendas
pondem à atividade fim da empresa (venda de sucatas). Abatimentos
Impostos e Contribuições Incidentes sobre Vendas
Resultado operacional antes do Imposto de Renda (IR) e Con-
tribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) - lucro ou prejuízo: o (=) RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA
resultado obtido até este ponto na DRE constitui base de cálculo da (-) CUSTOS DAS VENDAS
Provisão para Imposto de Renda e da Provisão para Contribuição
Social. Caso o resultado obtido seja negativo, caracterizando prejuí- Custo dos Produtos Vendidos
zo em sua movimentação, não haverá incidência de IR e CSLL. Para Custo das Mercadorias
o cálculo do imposto de renda a pagar, que deverá ser recolhido
pela empresa, a base de cálculo (lucro tributável) é denominada Custo dos Serviços Prestados
Lucro Real, que será obtido mediante a escrituração do livro fiscal (=) RESULTADO OPERACIONAL BRUTO
denominado LALUR - Livro de apuração do Lucro Real. Nesse livro,
registram-se os ajustes necessários (adições e exclusões ou com- (-) DESPESAS OPERACIONAIS
pensações) de acordo com a legislação vigente. Despesas Com Vendas
- Participações e Contribuições: após a apuração do “Resultado
depois do IR e CSLL”, deve-se calcular e deduzir outras participa- Despesas Administrativas
ções do resultado, tais como dos empregados, administradores e (-) DESPESAS FINANCEIRAS LÍQUIDAS
de assistência ou previdência do empregado. Essas participações
normalmente estão previstas no estatuto da empresa. Despesas Financeiras
- Resultado líquido do exercício (lucro ou prejuízo): o Resultado (-) Receitas Financeiras
Líquido corresponde ao resultado final do exercício “à disposição”
dos proprietários (sócios ou acionistas) que, apoiados em determi- Variações Monetárias e Cambiais Passivas
nações legais e estatutárias, determinam a forma como será feita a (-) Variações Monetárias e Cambiais Ativas
sua distribuição.
OUTRAS RECEITAS E DESPESAS

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393
a solução para o seu concurso!
CONTABILIDADE GERAL

Resultado da Equivalência Patrimonial Outros Resultados Abrangentes33


O resultado abrangente total é composto do resultado líquido
Venda de Bens e Direitos do Ativo Não Circulante do exercício, dos outros resultados abrangentes e dos ajustes de re-
(-) Custo da Venda de Bens e Direitos do Ativo Não Circu- classificação. Portanto, todas as modificações do patrimônio líquido
lante não provenientes de transações de capital com os sócios são consi-
deradas outros resultados abrangentes, exceto o resultado líquido
(=) RESULTADO OPERACIONAL ANTES DO IMPOSTO DE
do exercício e os ajustes de reclassificação.
RENDA E DA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL E SOBRE O LUCRO Dessa forma, resumidamente, compõem os outros resultados
(-) Provisão para Imposto de Renda e Contribuição Social abrangentes:
Sobre o Lucro - Reserva de reavaliação;
(=) LUCRO LÍQUIDO ANTES DAS PARTICIPAÇÕES - Ganhos e perdas na conversão de demonstrações contábeis
de operações no exterior;
(-) Debêntures, Empregados, Participações de Administra- - Ganhos e perdas atuariais em planos de pensão;
dores, Partes Beneficiárias, Fundos de Assistência e Previdên- - Ajustes de avaliação patrimonial na mensuração a valor justo
cia para Empregados de ativos financeiros disponíveis para venda;
(=) RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO - Ajustes de avaliação patrimonial referente à efetiva parcela
de ganhos ou perdas de instrumentos de hedge em hedge de fluxo
Demonstração do Resultado Abrangente (DRA)32 de caixa.
Foi através do Pronunciamento Técnico CPC 26 (R1) Apresen-
tação das Demonstrações Contábeis, onde surgiu a determinação Na prática, o resultado abrangente34 visa apresentar os ajustes
para apresentação da demonstração de resultado abrangente. efetuados no Patrimônio Líquido como se fosse um lucro da empre-
A entidade deve, apresentar as receitas e despesas do período sa. Por exemplo, a conta ajuste da avaliação patrimonial registra as
na demonstração do resultado do exercício, mas todas as outras modificações de ativos e passivos a valor justo, que pelo princípio
variações ocorridas no patrimônio, como por exemplo ajustes de da competência não entram na DRE; no entanto, no lucro abrangen-
te estas variações serão computadas, a fim de apresentar o lucro o
reavaliação, variações cambiais, alguns ajustes de instrumentos fi-
mais próximo da realidade econômica da empresa.
nanceiros entre outros, que poderão alterar em determinado tem-
A entidade deve divulgar em notas explicativas os ajustes de
po o resultado do período ou diretamente os Lucros ou Prejuízos, reclassificação relativos aos componentes dos outros resultados
deverão ser apresentados como Outros Resultados Abrangentes, abrangentes.
dentro do DRA.
A DRA refere-se a soma do resultado do período com a soma Exemplo de DRA:
dos outros resultados abrangentes, não fazendo parte do conjunto
de demonstrações contábeis exigidos pela Lei das S.A., sendo inclu-
ESTRUTURA DA DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO ABRAN-
ída posteriormente pelo CPC, conforme já citado, e em decorrência
GENTE (DRA)
das mudanças na convergência às normas internacionais.
A DRA, deve incluir as seguintes rubricas: Resultado Líquido do Exercício
- Resultado Líquido do Período; (+/-) Outros Resultados Abrangentes:
- Parcela dos outros resultados abrangentes de empresas inves- 1 – Reservas de Reavaliação:
tidas reconhecida por meio do método de equivalência patrimonial; (-) Realização de Reserva de Reavaliação
(+) Tributos Sobre Realização da Reserva de Reavaliação
- Cada item dos outros resultados abrangentes classificados
2 – Plano de Pensão – Benefícios a Empregados
conforme sua natureza;
(+/-) Ganhos e Perdas Atuariais em Planos de Previdência
- Resultado abrangente do período;
Complementar
(+/-) Tributos Sobre Ganhos e Perdas Atuariais
Podemos dizer que o resultado abrangente é a mutação que 3 – Ajustes de Conversão das Demonstrações Contábeis
ocorre no patrimônio líquido durante um determinado período, (+/-) Ganhos e Perdas de conversão das Demonstrações Contá-
onde resulta de transações e outros eventos, os quais não são deri- beis para o Exterior
vados de transações com os sócios, ou seja, é o resultado do exercí- (+/-) Tributos Sobre Ajustes de Conversão das Demonstrações
cio adicionado de ganhos ou perdas que eram reconhecidas direta Contábeis para o Exterior
e temporariamente na DMPL. 4 – Ajustes de Avaliação Patrimonial – Ativos Financeiros
A demonstração do resultado abrangente inicia com o resul- (+/-) Ganhos e Perdas na Remuneração de Ativos Financeiros
tado líquido e inclui os outros resultados abrangentes, dos quais Disponíveis para Venda
são correspondente às mutações do patrimônio líquido que não (+/-) Tributos Sobre Ajustes de Instrumentos Financeiros
representam receitas e despesas realizadas pelo princípio da com- 5 – Ajustes de Avaliação Patrimonial – Instrumentos de Hedge
petência, dessa forma podendo causar variações em períodos sub- (+/-) Resultado Abrangente de Empresas Investidas Reconheci-
sequentes. das pelo Método da Equivalência Patrimonial
(=) Resultado Abrangente do Período
Parcela dos Sócios da Controladora
Parcela dos Sócios não Controladores
33 SANTOS, J. L. [et al.]. Manual de Práticas Contábeis: Aspectos Societários e
Tributários: 2.ª Ed. Atualizada pela Lei n° 11.941/09 e pelas normas do CPC. São
Paulo: Atlas, 2011.
34 Conteúdo na Íntegra. LUNELLI, R. L. DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO
32 Moraes Junior, José Jayme – Contabilidade Geral, contabilidade avançada e ABRANGENTE - <http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/demonstra-
análise das demonstrações contábeis – 5 ed. Niterói-RJ – Impetus – 2016. caoresultadoabrangente.htm>.
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a solução para o seu concurso!
CONTABILIDADE GERAL
Demonstração dos Fluxos de Caixa – DFC35 Exemplo de DFC:
A partir de Janeiro de 2008, com as alterações da Lei das S.A. MÉTODO DIRETO MÉTODO INDIRETO
(6.404/76), pela Lei nº 11.638/2007, a Demonstração de Fluxo de Atividades Operacionais Atividades Operacionais
Caixa (DFC) passou a ser obrigatória para as sociedades por ações (+) Recebimento de Lucro líquido do Exercício
(abertas ou fechadas). clientes (+) Depreciação
De acordo com o pronunciamento técnico CPC 26 (R1) – Apre- (-) Pagamento de contas (+/-) Variação no Circulan-
sentação das Demonstrações Contábeis – a informação sobre flu- (-) Pagamento de despe- te (Capital de Giro) Fluxo de
xos de caixa proporciona aos usuários das demonstrações contá- sas operacionais Caixa das Atividades Opera-
beis uma base para avaliar a capacidade de a entidade gerar caixa (-) Pagamento de Im- cionais
e equivalentes de caixa e as necessidades da entidade para utilizar postos Atividades de Financia-
esses fluxos de caixa. Fluxo de Caixa das Ativi- mento
A DFC controlará a variação do disponível da empresa em de- dades Operacionais (+/-) Novos empréstimos
terminado período. Ela é a única demonstração contábil a ser ela- Atividades de Financia- de curto e longo prazos
borada pela entidade, sem a utilização do regime de competência. mento (+) Aumento de capital
A elaboração da DFC utiliza o regime de caixa. (+/-) Novos empréstimos (-) Despesas financeiras
de curto e longo prazos (-) Pagamentos de divi-
Dentre os principais benefícios no uso da DFC, vale destacar: (+) Aumento de capital dendos
a) Avaliação das opções de investimentos; (-) Despesas financeiras Fluxo de Caixa das Ativi-
b) Avaliação dos saldos presentes e futuros do caixa; (-) Pagamentos de Divi- dades de Financiamento
c) Analise da capacidade da empresa em gerar fluxo de caixa dendos Atividades de Investimen-
positivo, como na situação de pagar dívidas, distribuir dividendos e Fluxo de Caixa das Ativi- tos
a necessidade de captações externas; dades de Financiamento (+/-) Aquisição de Imobi-
d) Verificar a razão das diferenças entre lucro líquido e geração Atividades de Investi- lizado
de caixa. mentos (+/-) Outros Investimentos
(+/-) Aquisição de Imo- Fluxo de Caixa das Ativi-
bilizado dades de Investimentos
A DFC é dividida em três contas36:
(+/-) Outros Investimen- (+/-) Caixa inicial
1) Atividades Operacionais: é o caixa gerado nas operações
tos Resultado do Caixa Final
da empresa menos as despesas e gastos decorrentes da
Fluxo de Caixa das Ativi-
industrialização, comercialização ou prestação de serviços da dades de Investimentos
companhia. (+/-) Caixa inicial
Resultado do Caixa Final
2) Atividades de Investimentos: onde examina a grande quanti-
dade de dinheiro que a empresa dispende com despesas de capital, Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido – DMPL37
como por exemplo, aquisição de imóveis, automóveis ou qualquer É a demonstração destinada a evidenciar as mudanças, em na-
outro ativo que tenha o objetivo de manter o negócio funcionando. tureza e valor, ocorridas no Patrimônio Líquido da entidade, num
Faz parte também o controle de outras empresas e de movimenta- determinado período de tempo, ou seja, a DMPL não se limita ape-
ções em aplicações financeiras. nas a demonstrar as mutações da conta “Lucros Acumulados” ou
da conta “Prejuízos Acumulados”. Ela demonstra as mutações de
3) Atividades de financiamento: representa as entradas de todas as contas do patrimônio líquido, consequentemente a DLPA
empréstimos e financiamentos de curto prazo e as saídas de paga- (Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados) está contida na
mentos destas dívidas e pagamentos dos proventos aos acionistas. DMPL.
Dessa maneira quando quitar um empréstimo bancário, deve apa-
recer como saída do fluxo de caixa, sendo este negativo. O mesmo A DMPL discriminará:
acontece com o pagamento de dividendos aos acionistas. Já quan- - Os saldos no início do período;
do ocorre a captação de dívida, o contador fica na obrigação de lan- - Os ajustes dos exercícios anteriores;
çar esses recursos na forma de um número positivo de entrada no - As revisões e transferências de reservas de lucro;
caixa da empresa. - Os aumentos de capital, discriminado sua natureza;
- A redução de capital;
DICA: De acordo com o § 6. ° do art. 176 da Lei n° 11.638/07, - As destinações do lucro do período;
a companhia fechada com patrimônio líquido, na data do balanço, - As reavaliações de ativos e sua realização, líquida do efeito
não superior a R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais) não será dos impostos correspondentes;
obrigada à elaboração e publicação da demonstração dos fluxos de - O resultado líquido do período;
caixa. - As compensações de prejuízos;
- Os lucros distribuídos;
- Os saldos no final do período.

35 MORAES, Júnior, José Jayme – Contabilidade Geral, Contabilidade Avançada


e Análise das Demonstrações Contábeis – 5ª ed – Rio de Janeiro – Impetus : 37 MORAES, Júnior, José Jayme – Contabilidade Geral, Contabilidade Avançada
2016. e Análise das Demonstrações Contábeis – 5ª ed – Rio de Janeiro – Impetus :
36 https://www.sunoresearch.com.br/artigos/demonstrativo-fluxo-de-caixa/ 2016.
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395
a solução para o seu concurso!
CONTABILIDADE GERAL
Apesar da Lei nº 6.404/76 não obrigar a divulgação da DMPL, tornando-a apenas facultativa, esse demonstrativo passou a ser obriga-
do para as empresas de capital aberto por exigência da CVM nº 59 de 1986.
De acordo com o CPC 26 (R1) – Apresentação das Demonstrações Contábeis – a entidade deve apresentar a DMPL, que incluem as
seguintes informações.
a) O resultado abrangente do período, apresentando separadamente o montante total atribuível aos proprietários da entidade con-
troladora e o montante correspondente à participação de não controladores;
b) Para cada componente do patrimônio líquido, os efeitos da aplicação retrospectiva ou da reapresentação retrospectiva, reconheci-
do de acordo com o CPC 23 – Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa e Retificação de Erro;
c) Para cada componente do patrimônio líquido, a conciliação do saldo no início e no final do período, demonstrando-se separada-
mente as mutações decorrentes:
- Do resultado líquido;
- De cada item dos outros resultados abrangentes;
- De transações com os proprietários realizadas na condição de proprietário, demonstrando separadamente suas integralizações e as
distribuições realizadas, bem como modificações nas participações em controladas que não implicaram perda do controle. Informação a
ser apresentada na DMPL ou nas notas explicativas.
Para cada componente do patrimônio líquido, a entidade deve apresentar, ou na DMPL ou nas notas explicativas, uma análise dos
outros resultados abrangentes por item.
As contas que formam o Patrimônio Líquido podem apresentar diversas variações:

Alteram o patrimônio líquido


- Acréscimo pelo lucro ou redução pelo prejuízo líquido do exercício;
- Redução por dividendos;
- Acréscimo por integralização de capital;
- Acréscimo pelo recebimento de valor que exceda o valor nominal das ações integralizadas ou o preço de emissão das ações sem
valor nominal;
- Acréscimo pelo valor da alienação de partes beneficiárias e bônus de subscrição;
- Redução por ações próprias adquiridas ou acréscimo por sua venda;
- Acréscimo ou redução por ajuste de exercícios anteriores.

Não alteram o patrimônio líquido


- Aumento de capital com utilização de lucros ou reservas;
- Apropriação de lucro líquido do exercício reduzindo a conta Lucro Acumulados para formação de reservas, como Reserva Legal, Re-
serva de Lucros a Realizar, Reserva para Contingência e outras;
- Reversões de reservas patrimoniais para a conta de Lucros ou Prejuízos Acumulados;
- Compensação de Prejuízos com Reservas.

Assim podemos destacar as seguintes destinações:


a) Reserva legal - tem a finalidade de garantir a integridade do Capital Social e somente poderá ser utilizada para compensar prejuízos
ou aumentar o Capital. Do Lucro Líquido do Exercício, 5% serão aplicados, antes de qualquer destinação, na constituição da Reserva legal,
que não excederá 20% do Capital Social.
A companhia poderá deixar de constituir reserva legal no exercício em que o saldo dessa reserva, acrescido do montante das reservas
de capital, exceder 30% do Capital Social;
b) Reservas estatutárias - são criadas pelo estatuto da empresa e possuem regras claras, que indicam, de modo preciso e completo, a
sua finalidade (destino) e fixam os critérios que determinam a parcela anual dos lucros líquidos a serem destinados à sua constituição. O
estatuto também determina o limite máximo da reserva;
c) Reserva para contingência - a assembleia geral poderá, por proposta dos órgãos da administração, destinar parte do Lucro Líquido à
formação de reserva com a finalidade de compensar, em exercício futuro, a administração do lucro decorrente de perda julgada provável,
cujo valor possa ser estimado. Como exemplo, temos: geadas ou secas, cheias ou inundações, etc.
A constituição da Reserva é opcional, e a proposta da administração deverá indicar a causa da perda prevista e justificar, com as razões
de prudência, a sua constituição.
Essa Reserva deixará de ser constituída e será revertida no exercício em que deixarem de existir as razões que justificaram a sua cons-
tituição;
d) Reserva orçamentária - também conhecida como Reserva para Expansão, tem a finalidade de garantir o investimento em expansão
da empresa quando previsto no orçamento de capital; deverá ser aprovada em Assembleia geral;
e) Reserva de lucros a realizar - no exercício em que os lucros a realizar ultrapassarem o total deduzido dos valores destinados às
Reservas legal, estatutária, contingência e orçamentária, a Assembleia geral poderá, por proposta dos órgãos da administração, destinar o
excesso à constituição de Reserva de lucros a realizar;
f) Resultado Líquido do Exercício (atual) - resultado Líquido do Exercício apurado na DRE do exercício;
g) Proposta de destinação do lucro do período - a destinação do resultado do exercício atual nas reservas;
h) Saldo Final do Período - saldo de todas as contas do patrimônio líquido ao final do exercício atual.

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CONTABILIDADE GERAL
Exemplo de DMPL:

RESERVAS DE LUCROS
Histórico Capital Reservas Reserva Para Reserva Reserva Reserva de Lucros Lucros Total
Realizado de Capital Contingência Estatutária Legal a Realizar Acumulados
Saldo em 31.12. Exercício
Anterior
Ajustes de Exercícios Ante-
riores:
Efeitos de mudança de crité-
rios contábeis
Retificação de erros de exer-
cícios anteriores
Aumento de Capital:
Com lucros e reservas
Por subscrição realizada
Reversões de Reservas:
De contingências
De lucros a realizar
Lucro Líquido do Exercício:
Proposta de Destinação do
Exercício:
Reserva para contingência
Reserva legal
Reserva estatutária
Reserva de lucros para
expansão
Reserva de lucros a realizar
Outras reservas
Dividendos a distribuir (R$
por ação)
Saldo em 31.12.Exercício
Atual

Demonstração do Valor Adicionado – DVA38


A partir de 01/01/2008, com a alteração da Lei das S.A., pela Lei nº 11.638/2007. A Demonstração do Valor Adicionado (DVA) passou
a ser obrigatória para as sociedades por ações abertas.
As sociedades por ações de capital aberto, e outras entidades que a lei assim estabelecer, devem elaborar a DVA e apresenta-la como
parte das demonstrações contábeis divulgadas a fim de cada exercício social. É recomendado, entretanto, a sua elaboração por todas as
entidades que divulgam demonstrações contábeis.
Além disso, as sociedades de grande porte, ainda que não constituídas sob a forma de sociedades por ações, são obrigadas a elabora-
ções de demonstrações financeiros, que deverão sofrer auditoria independente.

As seguintes companhias são obrigadas à elaboração do DVA:


- Sociedades por ações abertas;
- Sociedades de grande porte.

A principal função da DVA é identificar e divulgar o valor da riqueza gerada por uma entidade e a forma pela qual essa riqueza foi dis-
tribuída entre os diversos setores que contribuíram, direta ou indiretamente, para sua geração, ou seja, é destinada a evidenciar, de forma
concisa, os dados e informações do valor da riqueza gerada pela entidade em determinado período e a sua distribuição.
As informações devem ser extraídas da contabilidade e os valores informados devem ter como base o princípio da competência. O
valor adicionado constitui-se das receitas obtidas pela empresa em razão de suas atividades deduzidas dos custos dos bens e serviços
adquiridos de terceiros para geração dessas receitas. O que demonstra a contribuição da empresa para a geração de riqueza da economia,
resultado do esforço conjugado de todos os seus fatores de produção.

38 MORAES, Júnior, José Jayme – Contabilidade Geral, Contabilidade Avançada e Análise das Demonstrações Contábeis – 5ª ed – Rio de Janeiro – Impetus : 2016.
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A DVA apresenta uma posição dinâmica e evidencia os aspec- Perda e recuperação de valores ativos: inclui valores relativos a
tos econômico e social do valor adicionado. Sob a ótica econômica, ajustes por avaliação a valor de mercado de estoques, imobilizados,
expressa o desempenho da entidade na geração da riqueza e a sua investimentos, etc. Também devem ser incluídos os valores reco-
eficiência na utilização dos fatores de produção, comparando os va- nhecidos no resultado do período, tanto na constituição quanto na
lores de saída com os valores de entrada. Sob o ponto de vista social reversão de provisão para perdas por desvalorização de ativos;
Depreciação, amortização e exaustão: inclui a despesa ou o
(integra o balanço social), demostra a riqueza gerada pela empresa custo contabilizado no período.
e a forma de sua distribuição no encerramento de determinado pe- Resultado de equivalência patrimonial: o resultado da equiva-
ríodo, contendo a participação dos empregados, do governo, dos lência pode representar receita ou despesa; se despesa, deve ser
agentes financiadores, dos acionistas, da parcela retida pela em- considerado como redução ou valor negativo;
presa, entre outros. Receitas financeiras: inclui todas as receitas financeiras, inclusi-
A elaboração da DVA consolidada deve basear-se nas demons- ve as variações cambiais ativas, independentemente de sua origem;
trações consolidadas e evidenciar a participação dos sócios não Outras receitas: inclui os dividendos relativos a investimentos
controladores, devendo proporcionar aos usuários das demonstra- avaliados ao custo, aluguéis, direitos de franquia, etc.
ções contábeis informações relativas à riqueza criada pela entida-
de, em determinado período e a forma como tais riquezas foram Distribuição da Riqueza
distribuídas. A segunda parte da DVA deve apresentar de forma detalhada,
A distribuição da riqueza criada deve ser detalhada, minima- como a riqueza obtida pela entidade foi distribuída. Os principais
mente, da seguinte forma: componentes dessa distribuição estão apresentados a seguir:
- Pessoal e encargos; Remuneração direta: representada pelos valores relativos a
salários, 13.º salário, honorários da administração (inclusive os
- Impostos, taxas e contribuições;
pagamentos baseados em ações), férias, comissões, horas extras,
- Juros e aluguéis; participação de empregados nos resultados, etc;
- Juros sobre o capital próprio (JCP) e dividendos; Benefícios: representados pelos valores relativos à assistência
- Lucros retidos/prejuízos do exercício. médica, alimentação, transporte, planos de aposentadoria, etc.;
FGTS: representado pelos valores depositados em conta vincu-
As informações contábeis contidas na demonstração são de lada dos empregados;
responsabilidade técnica de contabilista registrado no Conselho Impostos, taxas e contribuições: valores relativos ao imposto
Regional de Contabilidade, devendo ser consistente com a demons- de renda, contribuição social sobre o lucro, contribuições ao INSS
tração do resultado e conciliada em registros auxiliares mantidos (incluídos aqui os valores do Seguro de Acidentes do Trabalho) que
pela empresa. sejam ônus do empregador, bem como os demais impostos e con-
tribuições a que a empresa esteja sujeita. Para os impostos com-
A demonstração deve ser objeto de revisão ou auditoria, se a
pensáveis, tais como ICMS, IPI, PIS e COFINS, devem ser conside-
entidade possuir auditores externos independentes que revisem ou rados apenas os valores devidos ou já recolhidos, e representam
auditem suas Demonstrações Contábeis. a diferença entre os impostos e contribuições incidentes sobre as
Os principais componentes da riqueza criada estão apresenta- receitas e os respectivos valores incidentes sobre os itens conside-
dos a seguir nos seguintes itens: rados como “insumos adquiridos de terceiros”;
- Receitas; Tributos Federais: inclui os tributos devidos à União, inclusive
- Insumos Adquiridos de Terceiros; aqueles que são repassados no todo ou em parte aos Estados, Mu-
- Distribuição da Riqueza; nicípios, Autarquias etc., tais como: IRPJ, CSSL, IPI, CIDE, PIS, CO-
- Ajustes de Exercícios Anteriores; FINS. Inclui também a contribuição sindical patronal;
- Ativos Construídos pela Empresa para uso próprio; Tributos Estaduais: inclui os tributos devidos aos Estados, inclu-
- Distribuição de Lucros Relativos a Exercícios Anteriores. sive aqueles que são repassados no todo ou em parte aos Municí-
pios, Autarquias etc., tais como o ICMS e o IPVA;
Tributos Municipais: inclui os tributos devidos aos Municípios,
Receitas
inclusive aqueles que são repassados no todo ou em parte às Au-
Venda de mercadorias, produtos e serviços: inclui os valores tarquias, ou quaisquer outras entidades, tais como o ISS e o IPTU;
dos tributos incidentes sobre essas receitas (por exemplo, ICMS, Remuneração de capitais de terceiros: valores pagos ou credi-
IPI, PIS e COFINS), ou seja, corresponde ao ingresso bruto ou fatu- tados aos financiadores externos de capital;
ramento bruto, mesmo quando na demonstração do resultado tais Juros: inclui as despesas financeiras, inclusive as variações
tributos estejam fora do cômputo dessas receitas; cambiais passivas, relativas a quaisquer tipos de empréstimos e fi-
Outras receitas - da mesma forma que o item anterior, inclui os nanciamentos junto a instituições financeiras, empresas do grupo
tributos incidentes sobre essas receitas; ou outras formas de obtenção de recursos. Inclui os valores que
Provisão para créditos de liquidação duvido: inclui os valores tenham sido capitalizados no período;
Aluguéis: inclui os aluguéis (inclusive as despesas com arren-
relativos à constituição e reversão dessa provisão.
damento operacional) pagos ou creditados a terceiros, inclusive os
acrescidos aos ativos;
Insumos Adquiridos de Terceiros Outras Riquezas: inclui outras remunerações que configurem
Custo dos produtos, das mercadorias e dos serviços vendidos: transferência de riqueza a terceiros, mesmo que originadas em ca-
inclui os valores de matéria-prima adquiridas junto a terceiros e pital intelectual, tais como royalties, franquia, direitos autorais, etc.;
contidas no custo do produto vendido, das mercadorias e dos servi- Remuneração de capitais próprios: valores relativos à remune-
ços vendidos adquiridos de terceiros; não inclui gastos com pessoal ração atribuída aos sócios e acionistas;
próprio; Juros sobre o capital próprio (JCP) e dividendos: inclui os valo-
Materiais, energia, serviços de terceiros e outros: inclui valores res pagos ou creditados aos sócios e acionistas por conta do resulta-
relativos às despesas originadas da utilização desses bens, utilida- do do período, ressalvando-se os valores dos JCP transferidos para
des e serviços adquiridos junto a terceiros, como por exemplo: nos conta de reserva de lucros. Devem ser incluídos apenas os valores
valores dos custos dos produtos e mercadorias vendidos, materiais, distribuídos com base no resultado do próprio exercício, desconsi-
serviços, energia, etc;

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a solução para o seu concurso!
CONTABILIDADE GERAL
derando-se os dividendos distribuídos com base em lucros acumu- Referido procedimento de reconhecimento dos valores gastos
lados de exercícios anteriores, uma vez que já foram tratados como no período como outras receitas, além de aproximar do conceito
“lucros retidos” no exercício em que foram gerados; econômico de valor adicionado, evita controles complexos adicio-
Lucros retidos e prejuízos do exercício: inclui os valores relativos nais, que podem ser custosos, durante toda a vida útil econômica
ao lucro do exercício destinados às reservas, inclusive os JCP quan- do ativo.
do tiverem esse tratamento; nos casos de prejuízo, esse valor deve
ser incluído com sinal negativo;
As quantias destinadas aos sócios e acionistas na forma de Distribuição de Lucros Relativos a Exercícios Anteriores
Juros sobre o Capital Próprio: JCP, independentemente de serem A Demonstração do Valor Adicionado está estruturada para ser
registrados como passivo (JCP a pagar) ou como reserva de lucros, elaborada a partir da Demonstração do Resultado do período. As-
devem ter o mesmo tratamento dado aos dividendos no que diz sim, há uma estreita vinculação entre essas duas demonstrações, a
respeito ao exercício a que devem ser imputados; qual deve servir para sustentação da consistência entre elas. Mas
Alguns casos especiais, como por exemplo: depreciação de ela tem também uma interface com a Demonstração dos Lucros ou
itens reavaliados ou avaliados ao valor justo (fair value); a reava- Prejuízos Acumulados na parte em que movimentações nesta conta
liação de ativos e a avaliação de ativos ao seu valor justo provocam dizem respeito à distribuição do resultado do exercício apurado na
alterações na estrutura patrimonial da empresa e, por isso, normal- demonstração própria.
mente requerem o registro contábil dos seus efeitos tributários; os
resultados da empresa são afetados sempre que houver a realiza- A entidade é livre, dentro dos limites legais, para distribuir seus
ção dos respectivos ativos reavaliados ou avaliados ao valor justo. lucros acumulados, sejam eles oriundos do próprio exercício ou
Quando a realização de determinado ativo ocorrer pelo pro- de exercícios anteriores. Porém, pela vinculação referida no item
cesso normal de depreciação, por consequência, a DVA também anterior, os dividendos que compõem a riqueza distribuída pela
é afetada. Assim, no momento da realização da reavaliação ou da entidade devem se restringir exclusivamente à parcela relativa aos
avaliação ao valor justo, deve-se incluir esse valor como “outras re- resultados do próprio período; os relativos a lucros de períodos an-
ceitas” na DVA, bem como se reconhecem os respectivos tributos teriores não são considerados, pois já figuraram como lucros reti-
na linha própria de impostos, taxas e contribuições. dos naqueles respectivos períodos.
Ajustes de Exercícios Anteriores Substituição Tributária
Os ajustes de exercícios anteriores, decorrentes de efeitos A legislação brasileira, por meio de dispositivos legais próprios,
provocados por erro imputável a exercício anterior ou da mudança permite a transferência de responsabilidade tributária a um tercei-
de critérios contábeis que vinham sendo utilizados pela entidade, ro, desde que vinculado ao fato gerador do tributo. Essa transferên-
devem ser adaptados na demonstração de valor adicionado rela- cia de responsabilidade, que pode ser total ou parcial e tem como
tiva ao período mais antigo apresentado para fins de comparação, finalidade precípua a garantia de recolhimento do tributo, é efetiva-
bem como os demais valores comparativos apresentados, como se da de duas formas: progressiva e regressiva.
a nova prática contábil estivesse sempre em uso ou o erro fosse A substituição tributária progressiva ocorre com a antecipação
corrigido. do pagamento do tributo que só será devido na operação seguinte.
Do ponto de vista do substituto tributário (normalmente fabricante
Ativos Construídos pela Empresa para uso Próprio ou importador), deve-se incluir o valor do “imposto antecipado” no
A construção de ativos dentro da própria empresa para seu faturamento bruto e depois apresentá-lo como dedução desse fatu-
próprio uso é procedimento comum. Nessa construção diversos fa- ramento para se chegar à receita bruta.
tores de produção são utilizados, inclusive a contratação de recur- No caso da substituição tributária regressiva, por exemplo,
sos externos (por exemplo, materiais e mão de obra terceirizada) e quando o comerciante realiza operação com produtor rural e é
a utilização de fatores internos como mão de obra, com os conse- responsável pelo recolhimento do tributo, podem ocorrer duas si-
quentes custos que essa contratação e utilização provocam. Para tuações: no caso de o comerciante ter direito ao crédito na opera-
elaboração da DVA, essa construção equivale à produção vendida ção seguinte, quando o valor do tributo recolhido deve ser tratado
para a própria empresa, e por isso seu valor contábil integral precisa como impostos a recuperar, na DVA o valor dos impostos incidentes
ser considerado como receita. A mão de obra própria alocada é con- sobre as vendas deve ser considerado pelo valor total, uma vez que
siderada como distribuição dessa riqueza criada, e eventuais juros foi recolhido pelo próprio comerciante; se este não fizer jus ao cré-
ativados e tributos também recebem esse mesmo tratamento. Os dito do tributo, o valor recolhido deve ser tratado como custo dos
gastos com serviços de terceiros e materiais são apropriados como estoques.
insumos.
À medida que tais ativos entram em operação, a geração de Exemplo de DVA
resultados deles recebe tratamento idêntico aos resultados gerados
por qualquer outro ativo adquirido de terceiros; portanto, sua de-
preciação também deve receber igual tratamento. Estrutura da Demonstração do Valor Adicionado – DVA
Para evitar o desmembramento das despesas de depreciação, 1 – RECEITAS
na elaboração da DVA, entre os componentes que serviram de base
1.1) Vendas de mercadorias, produtos e serviços
para o respectivo registro do ativo construído internamente (mate-
riais diversos, mão de obra, impostos, aluguéis e juros), os valores 1.2) Outras receitas
gastos nessa construção devem, no período da construção, ser tra- 1.3) Receitas Relativas à construção de ativos próprios
tados como Receitas relativas à construção de ativos próprios. Da 1.4) Provisão para créditos de liquidação duvidosa – Re-
mesma forma, os componentes de seu custo devem ser alocados versão/(Constituição)
na DVA seguindo-se suas respectivas naturezas.
2 – INSUMOS ADQUIRIDOS DE TERCEIROS
(Inclui os valores de impostos – ICMS, IPI, PIS e COFINS)

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CONTABILIDADE GERAL

2.1) Custos dos produtos, das mercadorias e dos serviços BP - Balanço Patrimonial40
vendidos O Balanço Patrimonial, dentre todas as demonstrações con-
tábeis é uma das mais importantes para desvendar e evidenciar,
2.2) Materiais, energia, serviços de terceiros e outros quantitativa e qualitativamente o patrimônio, haja vista, todas as
2.3) Perda/Recuperação de valores ativos informações que são reveladas e as decisões estratégicas que even-
2.4) Outras (especificar) tualmente são tomadas. Contudo, trata-se de uma informação es-
tática e que pode ser modificada no dia seguinte de sua divulgação.
3- VALOR ADICIONADO BRUTO (1-2) A legislação preconiza a elaboração e fechamento do balanço
4- DEPRECIAÇÃO, AMORTIZAÇÃO E EXAUSTÃO patrimonial no último dia do exercício, entretanto, para atender a
5- VALOR ADICIONADO LÍQUIDO PRODUZIDO PELA ENTI- legislação fiscal ou até mesmo terceiros, instituição financeira, o
DADE (3-4) balanço patrimonial poderá ser elaborado mensalmente ou semes-
tralmente.
6- VALOR ADICIONADO RECEBIDO EM TRANSFERÊNCIA Quando, em circunstâncias excepcionais, a data do exercício
6.1) Resultado de equivalência patrimonial social de uma entidade mudar e as demonstrações contábeis forem
6.2) Receitas financeiras apresentadas por uma período mais longo ou mais curto que um
ano, deve-se divulgar, além do período abrangido pelas demonstra-
6.3) Outras
ções contábeis, as seguintes informações:
7- VALOR ADICIONADO TOTAL A DISTRIBUIR (5+6) - Razão para um período diferente de um ano e;
- O fato de que os valores comparativos entre os períodos apre-
8- DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO (*)
sentados para as demonstrações do resultado, das mutações do pa-
8.1) Pessoal trimônio líquido e dos fluxos de caixa (ou das origens e aplicações
8.1.1- Remuneração direta de recursos), bem com as notas explicativas relacionadas a essas
demonstrações, não são comparáveis.
8.1.2- Benefícios
8.1.3- FGTS A legislação determina que, no balanço, as contas sejam classi-
ficadas segundo os elementos do patrimônio que registram, agru-
8.2) Impostos, taxas e contribuições
padas de modo a facilitar o conhecimento e a análise da situação
8.2.1- Federais financeira da entidade.
8.2.2- Estaduais O balanço patrimonial é composto e representado graficamen-
te pelos seguintes grupos-contas:
8.2.3- Municipais
- Ativo: que compreende os bens, os direitos e as demais aplica-
8.3) Remuneração de capitais de terceiros ções de recursos controlados pela entidade, capazes de gerar bene-
8.3.1- Juros fícios econômicos futuros, originados de eventos ocorridos
- Passivo: que compreende as origens de recursos represen-
8.3.2- Aluguéis tados pelas obrigações para com terceiros, resultantes de eventos
8.3.3- Outras ocorridos que exigirão ativos para sua liquidação
- Patrimônio Líquido: que compreende os recursos próprios da
8.4) Remuneração de Capitais Próprios Entidade, e seu valor é a diferença positiva entre o valor do Ativo e
8.4.1- Juros sobre o Capital Próprio o valor do Passivo.
8.4.2- Dividendos O balanço patrimonial deve incluir rubricas que apresentem os
8.4.3- Lucros retidos/Prejuízo do exercício montantes das principais contas ou grupo de contas, se aplicável,
8.4.4- Participação dos não controladores nos lucros reti- em ordem decrescente de liquidez ou exigibilidade, que normal-
dos (só p/ consolidação) mente inclui o seguinte:

Ativo41
Ativo Circulante – São todas as contas que espera-se que se-
BALANÇO PATRIMONIAL, DEMONSTRAÇÃO DO RESULTA- jam realizadas ou consumidas durante o curso do exercício social
DO DO EXERCÍCIO, DEMONSTRAÇÃO DE LUCROS OU PRE- seguinte a apresentação do Balanço Patrimonial.
JUÍZOS ACUMULADOS, DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES - Disponibilidades (também chamada de Caixa e Equivalentes
DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO, DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS de Caixa) - as principais contas que encontramos neste grupo são o
DE CAIXA E DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO Caixa (caixa físico, dinheiro, cédulas e moedas), os saldos de contas
correntes e as aplicações financeiras de liquidez imediata (àquelas
que possam ser convertidas em dinheiro e que estejam sujeitas a
um risco insignificante, no prazo máximo de 90 dias);
As Demonstrações Contábeis são uma representação monetá- - Contas a Receber - neste grupo são reunidas, principalmente,
ria estruturada da posição patrimonial e financeira em determinada as contas que representam direitos de receber por vendas ou ser-
data e das transações realizadas por uma entidade no período findo viços prestados relacionados ao Objeto Social da empresa, isto é, a
nessa data. O objetivo das demonstrações contábeis de uso geral atividade operacional da empresa. Suas contrapartidas são contas
é fornecer informações sobre a posição patrimonial e financeira, o de resultados, que são registradas não no Balanço Patrimonial, mas
resultado e o fluxo financeiro de uma entidade, que são úteis para
uma ampla variedade de usuários na tomada de decisões.39 40 RODRIGUES, Adenir Ortiz; PROENÇA, André Eduardo de; BUSCH, Cleber
Marcel; GARCIA, Edino Ribeiro; TODA, William Haruo – Planejamento Contábil e
Reorganização Societária – 2ª ed. São Paulo: IOB, 2013
39 IBRACON (NPC 27) 41 http://contadores.cnt.br/noticias/artigos/2016/07/11/classificacao-de-ativos.html
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CONTABILIDADE GERAL
encerradas na Demonstração de Resultados do Exercício. Também Passivo
é comum visualizarmos neste grupo a conta “provisão para devedo- Passivo Circulante42 – São as obrigações da empresa, inclusive
res duvidosos – uma conta redutora do ativo circulante”, que repre- financiamentos para aquisição de bens e direitos e direitos do Ativo
sentam, grosso modo, aquelas duplicatas ou faturas que a empresa Não Circulante, cujo vencimento ocorrerá no exercício seguinte,
percebe que dificilmente conseguirá receber; incluindo dívidas com fornecedores, matéria prima, tributos a
- Estoques (CPC 16) - os estoques alocados no Ativo Circulante pagar, aluguel, água, energia elétrica, etc.
são essencialmente os estoques de mercadorias, materiais de uso - Obrigações com funcionários - relativas a salários, participa-
e consumo, matérias primas, produtos em fabricação e produtos ções nos resultados, férias a pagar, abonos pecuniários e outras ver-
acabados. Entretanto, nada impede que a empresa constitua bas de natureza trabalhista
outros tipos de estoques; - Provisões: de Férias e 13º Salário, incluindo os respectivos en-
- Títulos, Valores Mobiliários e bens - neste grupo devem ser cargos sociais e adicional de 1/3 de férias
alocadas as aplicações financeiras não alocadas em Disponibilida- - Obrigações Tributárias - inclusive parcelas a vencerem a curto
des e com prazos de vencimento/resgate até o fim do exercício se- prazo relativas a programas de refinanciamento de dívidas fiscais e
guinte a data de apresentação do Balanço; e os ativos destinados à previdenciárias (como o REFIS), FGTS e outros encargos de natureza
venda, que não sejam estoques e espera-se que sejam realizados tributária, incluindo multa e juros
no curso do exercício seguinte à apresentação do balanço; - Fornecedores - (incluindo juros, multas e outras obrigações
- Despesas Antecipadas - aqui devem ser alocadas todas as con- contratuais, pelo regime de competência)
tas que representam pagamentos efetuados por serviços ainda não - Instituições Financeiras - empréstimos, financiamentos e sal-
recebidos ou consumidos integralmente, e que o serão (presumida- dos devedores bancários, incluindo cheques pré-datados e valores
mente) pagas ao longo do próximo exercício, por exemplo: seguros dos limites de crédito de contas correntes utilizadas
pagos à vista, mas que ainda possui vigência por meses seguintes; e - Créditos - de sócios, acionistas, diretores e empresas coliga-
- Ativos Especiais - aqui se alocam aqueles ativos que geram ou das e controladas, quando sua liquidação estiver estipulada para o
podem gerar benefícios econômicos para a empresa, como exem- exercício seguinte
plos deste tipo de ativo: os direitos de transmissão de um filme, os
direitos de uso de um softwares, a seção de direitos autorais, etc. Passivo Não Circulante43 – São escrituradas as obrigações da
entidade, inclusive financiamentos para aquisição de direitos do
Ativo Não Circulante - São incluídos todos os bens de natureza ativo não-circulante, quando se vencerem após o exercício seguin-
duradoura destinados ao funcionamento normal da sociedade e do te. Normalmente tais obrigações correspondem a valores exigíveis
seu empreendimento, assim como os direitos exercidos com essa a partir do 13º mês seguinte ao do exercício social.
finalidade. - Instituições Financeiras - parcelas de empréstimos e financia-
- Ativo Realizável a Longo Prazo (art. 179, II, Lei 6.404/76) - mentos, incluindo os respectivos juros e encargos contratuais de-
neste grupo são classificados os ativos com mesma natureza dos corridos, vencíveis após o exercício seguinte ao do fechamento de
Ativos Circulantes, mas que, entretanto, serão realizados ou consu- balanço (ou seja, a partir do 13º mês do encerramento do exercício)
midos apenas após o término do exercício seguinte à apresentação - Créditos - de sócios, acionistas, diretores e empresas coliga-
do Balanço. Vale ressaltar que sua classificação é residual em rela- das e controladas, quando sua liquidação estiver estipulada após o
ção aos demais grupos de contas do Ativo Não Circulante, ou seja, exercício seguinte
classificam-se aqui os ativos que não puderem ser classificados nos - Obrigações Tributárias de longo prazo - incluindo parcelas re-
demais grupos do Ativo Não Circulante (Investimentos, Imobilizado lativas a programas de refinanciamento de dívidas fiscais e previ-
e Intangível) e apenas se não puderem ser classificados neles; denciárias (como o REFIS), acrescidos dos encargos legais previstos
- Investimentos (art. 179, III, Lei 6.404/76) - neste grupo devem pelo regime de competência
ser classificados os imóveis que a empresa eventualmente possua - Debêntures e outras obrigações - as contratuais exigíveis após
com a finalidade de locação ou valorização (CPC 28), e as participa- o exercício seguinte
ções em sociedades coligadas (art. 243, §1ª, Lei 6.404/76), contro- - Receitas Diferidas - menos os custo e despesas relativas às res-
ladas (art. 243, §2ª, Lei 6.404/76) e controladas em conjunto (CPC pectivas receitas (antigo agrupamento de Resultados de Exercícios
19); Futuros), incluindo as receitas à prazo ou em prestações de unida-
- Imobilizado (CPC 27 e art. 179, IV, Lei 6.404/76) - aqui de- des imobiliárias em construção
vem ser alocadas todas as contas que representem bens materiais
(corpóreos, tangíveis) que sejam mantidos pela empresa com a fi- Patrimônio Líquido
nalidade de produção ou fornecimento de mercadorias e serviços, Corresponde à riqueza de uma organização, o que ela possui
para locação, ou para fins administrativos, e que se espera utilizar descontadas as contas que precisa pagar. Ele representa a fonte in-
para além do exercício seguinte à apresentação do balanço. São terna de recursos da empresa e o quanto seus proprietários têm
exemplos: terrenos, edifícios, máquinas e equipamentos, móveis e investido na companhia.
utensílios, veículos, instalações, computadores, etc. Por determina- - Capital social - discrimina o montante subscrito e a parcela
ção do CPC 06, devem-se alocar aqui também os arrendamentos ainda não realizada por sócios e acionistas.
financeiros; e - Reservas de capital - são recursos obtidos pela empresa que
- Intangível (CPC 04) - neste grupo devem ser alocados os direi- não possuem vínculo com a formação de lucro. São decorrentes,
tos que tenham por objeto bens incorpóreos ligados à manutenção por exemplo, do reembolso ou compra de ações, da incorporação
da empresa ou exercidos com esta finalidade, inclusive, o fundo de ao capital e do pagamento de dividendos a ações preferenciais,
comércio (art. 179, VI, Lei 6.404/76). dentro outros.

42 http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/passivo-circulante.htm
43 http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/passivo-nao-circulante.htm
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CONTABILIDADE GERAL
- Ajustes de avaliação patrimonial - as contrapartidas de au- - Despesas com vendas, gerais, administrativas e outras despe-
mentos ou diminuições de elementos do ativo e do passivo que não sas e receitas operacionais
foram computadas no exercício, em decorrência da sua reavaliação, - Parcela dos resultados da empresa investidas reconhecidas
desde que sigam as regras legais. por meio do método de equivalência patrimonial (ganho de equiva-
- Reservas de lucros - valores da apropriação de parte dos lucros lência patrimonial e perda de equivalência patrimonial)
- Resultado antes das receitas e despesas financeiras
em decorrência da lei ou da vontade do proprietário. - Despesas e receitas financeiras
- Ações em tesouraria - é uma conta redutora do patrimônio - Resultados antes dos tributos sobre o lucro
líquido que registra o valor das ações da companhia adquiridas pela - Despesa com tributo sobre o lucro
própria empresa. - Resultado líquido das operações continuadas
- Prejuízos acumulados - registros de prejuízos acumulados e - Valor líquido dos seguintes itens:
ainda não cobertos. a) Resultado líquido após tributos das operações descontinua-
das
Exemplo de Balanço Patrimonial: b) Resultado após os tributos decorrente da mensuração ao va-
lor justo menos despesas de vendas ou na baixa dos ativos ou do
grupo de ativo à disposição para venda que constituem a unidade
ATIVO PASSIVO operacional descontinuada
ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE c) Resultado líquido do exercício

ATIVO NÃO CIRCULANTE PASSIVO NÃO CIRCULAN- Importante: Resultado do período é o total das receitas dedu-
TE zido das despesas, exceto os itens reconhecidos como outros resul-
Realizável a Longo Prazo Passivo Exigível a Longo tados abrangentes ao patrimônio líquido.
Prazo Operação descontinuada corresponde ao componente da enti-
dade que foi baixado ou está classificado como mantido para venda
Investimentos PATRIMÔNIO LIQUIDO e:
Imobilizado Capital Social - Representa uma importante linha separada de negócios ou
área geográfica de operações
Intangível Reserva de Capital
- É parte integrante de um único plano coordenado para venda
Ajuste de Avaliação Patri- de uma importante linha separada de negócios ou área geográfica
monial de operações
- É uma controlada adquirida exclusivamente com objetivo de
Reserva de Lucros
revenda
Ações em Tesouraria
Prejuízos Acumulados Ou seja, são ativos imobilizados que a empresa de uma linha
separada de negócios ou área geográfica de operações que ficaram
Importante: O Balanço Patrimonial e sua estrutura está discri- obsoletos ou descontinuados e foram colocados à venda ou um in-
minado na Lei das S.A. - Lei 6404/76 Artigo 178 SEÇÃO III vestimento em controlada adquirido com o objetivo de revenda.

DRE - Demonstração do Resultado do Exercício44 Receita operacional bruta


É na Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) que apare- A Receita Bruta de uma empresa é a somatória de todas as ven-
cerão todas as contas de Receitas e Despesas do período, que são das ou serviços que foram efetuados e que tenham sido faturados,
contas transitórias, ou seja, ao final do período de apuração estarão ou seja, que tenham gerado a emissão de uma nota fiscal em deter-
com seus saldos zerados. minado período, obedecendo ao princípio da competência.
A DRE tem por objetivo evidenciar a situação econômica da
Dedução da receita bruta
entidade em um determinado período por meio da apuração do
As Deduções da Receita Bruta são representadas pelas contas
resultado do exercício (lucro ou prejuízo)
de devolução (vendas canceladas), abatimentos, descontos comer-
Além disso, a DRE é uma demonstração dedutiva e dinâmica,
ciais e impostos incidentes sobre venda de produtos ou serviços.
mostrando o cálculo do resultado do exercício, enquanto o Balanço
Para efeito de análise, as receitas não são demonstradas de forma
Patrimonial é uma é uma demonstração estática, pois mostra a si-
líquida, ou seja, registram-se as receitas na forma bruta e, em sepa-
tuação patrimonial em um dado momento.
rado, suas respectivas deduções.
Portando, a demonstração do resultado destina-se a evidenciar
- Devolução ou vendas canceladas - correspondem à anulação
a composição do resultado formado em determinado período de
de valores registrados como receita, decorrentes do cancelamen-
operações da entidade.
to de vendas, devoluções totais ou parciais, quebras ou avarias na
De acordo com o pronunciamento CPC 26 (R1) – Apresenta-
mercadoria vendida, pela não concretização da entrega dos produ-
ção das Demonstrações Contábeis, aprovado pela Resolução CPF nº
tos ou pela má qualidade na prestação de serviços.
1.185/2009, alterado pela Resolução CFC nº 1.376/2011, a demons-
- Abatimentos - também conhecidos como descontos incon-
tração do resultado do período deve, no mínimo, indicar as seguin-
dicionais, são concedidos aos clientes quando, após a entrega do
tes rubricas, obedecidas também as determinações legais.
produto, este apresenta defeitos de qualidade, caracterizados por
- Receitas quebras ou avarias, por exemplo. Esses descontos não podem ser
- Custos dos produtos, das mercadorias ou dos serviços ven- confundidos com descontos financeiros, nem tampouco com des-
didos contos de preço de venda (promoções).
- Lucro bruto
44 MORAES, Júnior, José Jayme – Contabilidade Geral, Contabilidade Avançada
e Análise das Demonstrações Contábeis – 5ª ed – Rio de Janeiro – Impetus : 2016
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a solução para o seu concurso!
CONTABILIDADE GERAL
- Impostos incidentes sobre vendas de produtos e prestação de Lucro bruto ou resultado bruto
serviços - também serão deduzidos da receita bruta, pois são os que De acordo com o artigo 187, item II, da Lei nº 6.404/76, deve
guardam proporcionalidade com o preço da venda efetuada ou do ser computado na DRE o custo das mercadorias e serviços vendidos
serviço prestado. São exemplos de impostos incidentes sobre o fa- ou prestados no exercício, que deduzido das receitas corresponden-
turamento: tes, gera o Lucro Bruto.
IPI - Imposto sobre produtos Industrializados (União);
PIS - Programa de Integração Social (União); Despesas operacionais
COFINS - Contribuição para Financiamento da Seguridade So- Segundo a Lei das S.A. – Lei 6.404/76, as despesas operacionais
cial (União); correspondem ao esforço financeiro necessário para que a empresa
ICMS - Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mer- possa funcionar, ou seja, financiar suas atividades de vendas, pro-
cadorias e sobre Prestação de Serviços de Transporte Interestadual dução e prestação de serviços. Constituem as despesas pagas ou
e Intermunicipal, de Comunicação e Energia Elétrica (Estado); incorridas no período (princípio da competência). Não estão rela-
ISSQN - Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (Muni- cionadas a elas aquelas alocadas na fabricação de produtos ou na
cípio). prestação dos serviços, pois estas compõem os custos das merca-
dorias ou dos serviços.
Receita operacional líquida
Constitui a base de cálculo para a análise das receitas efetiva- Despesas de Vendas
mente realizadas pela empresa em determinado período. Evidencia Têm a função de registrar as despesas com a comercialização
o valor da venda líquida de bens e serviços, oriundos da atividade dos produtos, mercadorias ou serviços para atender aos objetivos
da empresa, subtraindo as deduções incidentes sobre a receita bru- da empresa. São alguns exemplos de despesas com vendas:
ta (faturamento). - Despesas com pessoal de vendas
- Marketing
Custos - Distribuição
Os custos a serem atribuídos como CMV, CSP ou CPV no exercí- - Administrativo interno de vendas
cio devem ser correspondentes às receitas de vendas dos produtos - Comissões sobre vendas
- Propaganda e publicidade
e serviços reconhecidos como tal no mesmo período, obedecendo - Garantia de produtos
ao princípio da competência. - Despesas com estimativas de perdas com duplicatas deriva-
das de vendas a prazo (provisão para devedores duvidosos), etc.
Cálculo do Custo da Mercadoria Vendida – CMV
CMV= EI + C – EF Despesas administrativas
Representam os gastos pagos ou incorridos necessários para
Onde: arcar com despesas para a gestão ou direção da empresa. Sua fun-
CMV = Custo das Mercadorias Vendidas ção é registrar, em cada conta específica, as despesas com a admi-
EI = Estoque Inicial nistração do negócio para atender aos objetivos da empresa. Den-
C = Compras tre as despesas administrativas mais comuns, temos;
EF = Estoque Final (inventário final) - Honorários da administração
- Salários e encargos do pessoal administrativo
Cálculo do Custo do Serviço Prestado (CSP) - Despesas legais e judiciais
CSP = Sin + (MO + GDS + GIS) – Sfi - Material de escritório
- Depreciação de móveis e utensílios
Onde: - Seguro do escritório
CSV = Custo dos Serviços Vendidos - Energia elétrica
- Telefone, etc.
Sin = Saldo Inicial dos Serviços em Andamento
MO = Mão de Obra Direta aplicada nos serviços vendidos Resultados financeiros líquidos
GDS = Gastos Diretos (locação de equipamentos, subcontrata- O art. 187 da Lei das S.A. – Lei nº 6.404/76 define como despe-
ções, etc.) aplicados nos serviços vendidos sas operacionais as despesas financeiras deduzidas das receitas, ou
GIS = Gastos Indiretos (luz, mão de obra indireta, depreciações seja, as receitas financeiras deverão ser compensadas das despesas
de equipamentos, etc.) aplicados nos serviços vendidos financeiras.
Sfi = Saldo Final dos Serviços em Andamento (=) Resultados Financeiros Líquidos
(+) Receitas Financeiras
Cálculo do Custo do Produto Vendido – (CPV)
(-) Despesas Financeiras
CPV = EI + (In + MO + GGF) – EF
Receitas Financeiras
Onde: São receitas geradas em função de:
CPV = Custo dos Produtos Vendidos - Descontos obtidos
EI = Estoque Inicial - Juros recebidos
In = Insumos (matérias primas, materiais de embalagem e ou- - Rendimentos de aplicações financeiras (fundos de investi-
tros materiais) aplicados nos produtos vendidos mentos, por exemplo).
MO = Mão de Obra Direta aplicada nos produtos vendidos
GGF = Gastos Gerais de Fabricação (aluguéis, energia, depre-
ciações, mão de obra indireta, etc.) aplicada nos produtos vendidos
EF = Estoque Final (inventário final)

Editora
403
a solução para o seu concurso!
CONTABILIDADE GERAL
Despesas Financeiras Custo dos Produtos Vendidos
São caracterizadas por serem despesas decorrentes da necessi-
dade de Capital de Giro ou do financiamento do Ativo: Custo das Mercadorias
- Juros pagos Custo dos Serviços Prestados
- Descontos concedidos
- Despesas bancárias (IOF, manutenção da conta corrente, den- (=) RESULTADO OPERACIONAL BRUTO
tre outras, por exemplo) (-) DESPESAS OPERACIONAIS
Despesas Com Vendas
Outras Receitas e Despesas Operacionais
São as chamadas atividades acessórias do objetivo social da Despesas Administrativas
empresa. Compõem-se de itens que não são provenientes da ativi- (-) DESPESAS FINANCEIRAS LÍQUIDAS
dade fim da empresa, tais como:
- Participação nos resultados de coligadas e controladas pelo Despesas Financeiras
método de equivalência patrimonial (-) Receitas Financeiras
- Dividendos e rendimentos de outros investimentos
Variações Monetárias e Cambiais Passivas
- Amortização de ágio ou deságio de investimentos
- Vendas diversas que não correspondem à atividade fim da (-) Variações Monetárias e Cambiais Ativas
empresa (venda de sucatas). OUTRAS RECEITAS E DESPESAS
Resultado operacional antes do Imposto de Renda (IR) e Con- Resultado da Equivalência Patrimonial
tribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) - lucro ou prejuízo Venda de Bens e Direitos do Ativo Não Circulante
O resultado obtido até este ponto na DRE constitui base de cál-
(-) Custo da Venda de Bens e Direitos do Ativo Não Circu-
culo da Provisão para Imposto de Renda e da Provisão para Contri-
lante
buição Social. Caso o resultado obtido seja negativo, caracterizando
prejuízo em sua movimentação, não haverá incidência de IR e CSLL. (=) RESULTADO OPERACIONAL ANTES DO IMPOSTO DE
Para o cálculo do imposto de renda a pagar, que deverá ser re- RENDA E DA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL E SOBRE O LUCRO
colhido pela empresa, a base de cálculo (lucro tributável) é denomi- (-) Provisão para Imposto de Renda e Contribuição Social
nada Lucro Real, que será obtido mediante a escrituração do livro Sobre o Lucro
fiscal denominado LALUR - Livro de apuração do Lucro Real. Nesse
(=) LUCRO LÍQUIDO ANTES DAS PARTICIPAÇÕES
livro, registram-se os ajustes necessários (adições e exclusões ou
compensações) de acordo com a legislação vigente. (-) Debêntures, Empregados, Participações de Administra-
dores, Partes Beneficiárias, Fundos de Assistência e Previdên-
Participações e Contribuições cia para Empregados
Após a apuração do “Resultado depois do IR e CSLL”, deve-se (=) RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO
calcular e deduzir outras participações do resultado, tais como dos
empregados, administradores e de assistência ou previdência do
empregado. Essas participações normalmente estão previstas no NOTAS EXPLICATIVAS ÀS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS.
estatuto da empresa. CONTEÚDO, FORMA DE APRESENTAÇÃO E EXIGÊNCIAS LE-
GAIS DE INFORMAÇÕES
Resultado líquido do exercício (lucro ou prejuízo)
O Resultado Líquido corresponde ao resultado final do exercício
“à disposição” dos proprietários (sócios ou acionistas) que, apoia- O Balanço Patrimonial e as demais demonstrações contábeis
dos em determinações legais e estatutárias, determinam a forma serão complementados por notas explicativas e outros quadros ana-
como será feita a sua distribuição. O saldo remanescente integrará líticos ou demonstrações contábeis necessárias ao esclarecimento
o Patrimônio Líquido da empresa nas contas Reservas de Lucros - da situação patrimonial e dos resultados do exercício. Portanto, as
caso ocorra lucro - e Prejuízos Acumulados - caso ocorra prejuízo. notas explicativas fazem parte das demonstrações contábeis e são
obrigatórias, devendo apresentar:
Exemplo de DRE: a) Apresentar informações sobre a base de preparação das de-
monstrações financeiras e das práticas contábeis específicas sele-
cionadas e aplicadas para negócios e eventos significativos;
RECEITA OPERACIONAL BRUTA b) Divulgar as informações exigidas pelas práticas contábeis
Vendas de Produtos adotadas no Brasil que não estejam apresentadas em nenhuma ou-
tra parte das demonstrações financeiras;
Vendas de Mercadorias
c) Fornecer informações adicionais não indicadas nas próprias
Prestação de Serviços demonstrações financeiras e consideradas necessárias para uma
apresentação adequada;
(-) DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA
d) Indicar:
Devoluções de Vendas - Os principais critérios de avaliação dos elementos patrimo-
Abatimentos niais, especialmente estoques, dos cálculos de depreciação, amor-
tização e exaustão, de constituição de provisões para encargos ou
Impostos e Contribuições Incidentes sobre Vendas riscos, e dos ajustes para atender a perdas prováveis na realização
(=) RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA de elementos do ativo;
- Os investimento em outras sociedades, quando relevantes;
(-) CUSTOS DAS VENDAS - O aumento de valor de elementos do ativo resultantes de no-
vas avaliações;
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404
a solução para o seu concurso!
CONTABILIDADE GERAL
- O ônus constituídos sobre elementos do ativo, as garantias a) A Demonstração das Origens e Apli-
prestadas a terceiros e outras responsabilidades eventuais ou con- cações de Recursos - DOAR foi extinta;
tingentes; b) Torna-se obrigatória a elaboração e publicação da Demonstração
- A taxa de juros, as datas de vencimento e as garantias das dos Fluxos de Caixa - DFC e da Demonstração do Valor Adicionado – DVA;
obrigações a longo prazo; c) A DFC não é obrigatória às pessoas jurídicas com patrimô-
- O número, espécie e classes das ações do capital social; nio líquido inferior a R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais);
- As opções de compra de ações outorgadas e exercidas no d) A DVA é exigida para todas as companhias abertas;
exercício;
e) O Ativo Permanente agora possui um novo grupo chamado “Intangí-
- Os ajustes de exercício anteriores;
- Os eventos subsequentes à data de encerramento do exercí- vel”, além dos já existentes “Investimentos”, “Imobilizado” e “Diferido”;
cio que tenham, ou possam vir a ter, efeito relevantes sobre a situa- f) Fora extinta a “Reserva de Reavaliação” que deu lugar a conta “Ajus-
ção financeira e os resultados futuros da companhia. tes de Avaliação Patrimonial” que possui características diferentes;
g) Ainda no Patrimônio líquido, fora incluí-
Complementação às Demonstrações Financeiras do também a rubrica “Ações em Tesouraria”;
No momento da publicação das Demonstrações Financeiras, as h) Foram extintas as reservas de capital “Prêmio Recebido na Emissão
Sociedades por Ações deverão informar aos usuários desses relató- de Debêntures” e “Doações e Subvenções para Investimentos”, sen-
rios os seguintes dados adicionais: do esta última, controlada na conta “Reserva de Incentivos Fiscais” e
- Relatório da diretoria (ou administração); poderá ser excluída da base de cálculo dos dividendos obrigatórios;
- Mudanças futuras previstas. i) A conta “Lucros e Prejuízos Acumulados”, deixa de exis-
tir, dando lugar a conta “Prejuízos Acumulados”, assim o re-
a) Relatório da diretoria (ou administração) sultado positivo deve ser controlado nas contas de reservas
Após a identificação da empresa, na publicação das Demons- de lucros ou destinado de acordo com a determinação social.
j) Ocorreram alterações para a avaliação dos inves-
trações Financeiras, destaca-se, em primeiro plano, o Relatório da
timentos pelo Método da Equivalência Patrimo-
Administração, em que a diretoria dará ênfase às informações nor-
nial que agora, não mais precisam ser relevantes.
malmente de caráter não financeiro (não monetário). As principais
Além das alterações relacionadas, foram adequados os critérios de
informações são:
avaliação dos ativos e passivos, a fim de contemplar os novos gru-
- dados estatísticos diversos; pos de contas. A Comissão de Valores Mobiliários – CVM, deverá
- indicadores de produtividade; elaborar normas de acordo com os padrões internacionais que tor-
- desenvolvimento tecnológico; nar-se-ão obrigatórias para as sociedades abertas e grandes empre-
- a empresa no contexto socioeconômico; sas e poderão ser observadas pelas demais sociedades.
- políticas diversas: recursos humanos, exportação, etc.;
- expectativas com relação ao futuro; Alterações através da Lei nº 11.941/2009
- dados do orçamento de capital; Com as novas condições contábeis, débitos sob a gestão da Se-
- projetos de expansão; cretaria da Receita Federal e pendências com a Procuradoria Geral
- desempenho em relação aos concorrentes, etc. da Fazenda Nacional, incluindo saldos de programas anteriores de
REFIS, PAES e PAEX; trariam oportunidade do parcelamento em até
b) Mudanças futuras previstas 180 (cento e oitenta) meses.
Os administradores da companhia aberta são obrigados a co- Também poderão ser parcelados os débitos decorrentes do
municar imediatamente à Bolsa de Valores e a divulgar pela im- aproveitamento indevido de créditos do Imposto sobre Produtos
prensa qualquer deliberação da assembleia geral ou dos órgãos Industrializados - IPI oriundos da aquisição de matérias-primas,
de administração da companhia ou qualquer outro fato relevante material de embalagem e produtos intermediários relacionados na
ocorrido em seus negócios, que possa influir de modo ponderável Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados -
na decisão dos investidores. TIPI, aprovada pelo Decreto 6.006/2006, com incidência de alíquota
0 (zero) ou como não-tributados.
O parcelamento aplica-se aos créditos constituídos ou não,
AJUSTES, CLASSIFICAÇÕES E AVALIAÇÕES DOS ITENS PA- inscritos ou não em Dívida Ativa da União, mesmo em fase de exe-
TRIMONIAIS EXIGIDOS PELAS NOVAS PRÁTICAS CONTÁ- cução fiscal já ajuizada, inclusive os que foram indevidamente apro-
BEIS ADOTADAS NO BRASIL TRAZIDAS PELA LEI FEDERAL veitados na apuração do IPI.
Nº 11.638/07 E SUAS ALTERAÇÕES E LEI FEDERAL Nº Poderão ser pagas ou parceladas as dívidas vencidas até 30 de
11.941/09 E SUAS ALTERAÇÕES novembro de 2008, de pessoas físicas ou jurídicas, consolidadas
pelo sujeito passivo, com exigibilidade suspensa ou não, inscritas ou
não em dívida ativa, consideradas isoladamente, mesmo em fase
de execução fiscal já ajuizada, ou que tenham sido objeto de parce-
As Leis nº 11.638/2007 e nº 11.941/2009 foram criadas para
lamento anterior, não integralmente quitado, ainda que cancelado
alterar a Lei nº 6.404/76, conhecida como a Lei das SAs.
por falta de pagamento, assim considerados:
A Lei nº 11.638/2007, publicada na Edição Extra do Diário Oficial
I - os débitos inscritos em Dívida Ativa da União, no âmbito da
da União de 28.12.207, passando a vigorar a partir de 01/01/2008.
Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional;
Com a legislação contábil atualizada, foram necessárias mudanças
II - os débitos relativos ao aproveitamento indevido de crédito
importantes; pois a contabilidade brasileira deveria se adequar aos
de IPI;
padrões internacionais.
III - os débitos decorrentes das contribuições sociais previstas
Mudanças muito benéficas também, pois essa relação com o
nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 da Lei 8.212, de
exterior, facilitaria negociações globais e a entrada de investimen-
24 de julho de 1991, das contribuições instituídas a título de subs-
tos estrangeiros.
Com o novo conjunto de regras, alterações fundamentais se fi-
zeram necessárias, conforme o destaque a seguir:
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405
a solução para o seu concurso!
CONTABILIDADE GERAL
tituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas Os estoques estão representados basicamente por: mercado-
outras entidades e fundos, administrados pela Secretaria da Receita rias para revenda, produtos acabados, produtos em elaboração,
Federal do Brasil; e matérias-primas, almoxarifado, importações em andamento e
IV - os demais débitos administrados pela Secretaria da Receita adiantamentos a fornecedores de estoques, observando-se que se-
Federal do Brasil. rão também considerados:
Podem ser parcelados os débitos de Contribuição para o Fi- a) os itens existentes fisicamente em estoques, excluindo-se
nanciamento da Seguridade Social - COFINS das sociedades civis de aqueles que estão fisicamente na empresa, mas não são de pro-
prestação de serviços profissionais relativos ao exercício de profis- priedade da empresa, tais como aqueles recebidos em consigna-
são legalmente regulamentada a que se referia o Decreto-Lei 2.397, ção, para conserto, etc.
de 21 de dezembro de 1987, revogado pela Lei 9.430, de 27 de de- b) os itens adquiridos, mas que estão em trânsito, (compras
zembro de 1996. em trânsito) para as instalações da empresa, com cláusula FOB no
Redução de multa e juros - Os débitos que não foram objeto de
ponto de embarque, na data do balanço;
parcelamentos anteriores poderão ser pagos ou parcelados com até
c) os itens de propriedade da empresa que estão em poder de
100% de redução da multa e 45% de juros.
Prazo de opção - A opção pelo pagamento a vista ou pelos par- terceiros para conserto, consignação, beneficiamento ou armaze-
celamentos dos débitos, deverá ser efetivada até o último dia útil namento;
de novembro de 2009. d) itens em trânsito para um cliente com cláusula FOB no des-
Utilização de prejuízos fiscais - As empresas que optarem pelo tino;
pagamento ou parcelamento dos débitos tributários poderão liqui- Por outro lado, não devem ser incluídos na conta estoque, na
dar os valores correspondentes a multa, de mora ou de ofício, e a data do balanço:
juros moratórios, inclusive as relativas a débitos inscritos em dívida a) as compras em trânsito, quando as condições são de sua en-
ativa, com a utilização de prejuízo fiscal e de base de cálculo negati- trega na fábrica ou em outro lugar designado pela empresa (FOB-
va da contribuição social sobre o lucro líquido próprios. -destino);
O valor a ser utilizado será determinado mediante a aplicação b) as mercadorias recebidas de terceiros em consignação, de-
sobre o montante do prejuízo fiscal e da base de cálculo negativa pósito, etc.;
das alíquotas de 25% (vinte e cinco por cento) e 9% (nove por cen- c) os materiais comprados, mas sujeitos a aprovação, que so-
to), respectivamente. mente serão integrados ao estoque após a aprovação.
*Prezado aluno, é muito importante a leitura das Leis na
íntegra, não deixe de consultá-las nos links abaixo: Classificação Contábil dos Estoques
Leis nº 11.638/2007 O termo “estoque” refere-se a todos os bens tangíveis manti-
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarin- dos para venda ou uso próprio no curso ordinário de negócio, bens
tegra?codteor=785083 em processo de produção para venda ou para uso próprio ou que
Lei nº 11.941/2009 se destinam ao consumo na produção de mercadorias para venda
ou uso próprio.
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarinte-
Seguindo o conceito de liquidez, o subgrupo estoques classifi-
gra;jsessionid=FD2DD097F4503843F5E7BD8F9AA20F5C.proposico-
ca-se no Circulante, após o subgrupo Outros Créditos.
esWebExterno2?codteor=679240&filename=LegislacaoCitada+-PL-
Todavia, poderão haver casos de empresas que tenham esto-
V+13/2009+%253D%253E+MPV+462/2009
ques cuja realização ultrapasse o exercício seguinte, assim deve ha-
ver a reclassificação dos estoques para o Realizável a Longo Prazo,
ESTOQUES. TIPOS DE INVENTÁRIOS, CRITÉRIOS E MÉTO- em conta à parte.
DOS DE AVALIAÇÃO
-Produtos Acabados: Nessa conta são registrados os produtos
terminados e oriundos da própria fabricação da empresa, dispo-
nível para venda, podendo ser estocados na fábrica, depósitos de
ESTOQUES CONTÁBIL45
terceiros ou filiais.
Os estoques representam um dos ativos mais importantes da
Essa conta é debitada pela transferência da conta produtos em
empresa e, por isso, a sua correta determinação no início e no fim
elaboração e creditada por ocasião das vendas ou transferências
do período contábil é essencial para apuração do lucro líquido do
para outro estabelecimento da empresa.
exercício.
-Mercadorias Para Revenda: Representa os produtos adquiri-
Itens Integrantes dos Estoques
dos de terceiros para revenda, acabados e que não sofrem nenhum
A contabilização das compras de itens dos estoques deve ocor-
processo de transformação na empresa.
rer no momento da transmissão do direito de propriedade dos mes-
mos. Assim, para determinar se os itens integram ou não a conta de
-Matérias-Primas: Engloba todos os materiais a serem utiliza-
estoques, deve-se ter em conta o direito de sua propriedade, e não
dos ou transformados no processo produtivo.
a sua posse física.
-Material de Embalagem: Abriga os itens de estoque que se
destinam à embalagem ou acondicionamento dos produtos para
45 Manual de Contabilidade. Disponível em: https://www.google.com.br/
venda.
url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&cad=rja&uact=8&ved=0CB0Q-
FjAAahUKEwjgqr7l4PvGAhXGmYAKHU22AGQ&url=http%3A%2F%2Fwww.
ccontabeis.com.br%2FTrabalho%2FManual%2520de%2520Contabilidade_Par-
-Manutenção e Suprimento: Nessa conta são registrados os
te_I.doc&ei=oV-2VaDWBMazggTN7IKgBg&usg=AFQjCNG9Eqgc_ZQmny-
valores relativos aos estoques de peças para manutenção de má-
t-ZBUqkzJMA-Yl4A&sig2=EBDzx8HkqZbhlxsack1aSw&bvm=bv.98717601,d.eXY. quinas, equipamentos, edifícios, etc., que serão utilizados em con-
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a solução para o seu concurso!
CONTABILIDADE GERAL
sertos. No caso de troca de peças mediante baixa da peça anterior, Para fins fiscais, esta provisão passou a ser indedutível para efei-
o valor das peças será agregado ao imobilizado e não apropriado to de apuração do lucro real a partir de 01.01.96 (Lei nº 9.249/95,
como despesas. art. 13, I).

-Importação em Andamento: Serão registrados nessa conta os -Provisão Para Perdas em Estoques: As quebras e perdas co-
custos incorridos relativos às importações em andamento de maté- nhecidas em estoques ou calculados por estimativa, relativas a es-
rias-primas ou itens destinados ao estoque. toques obsoletos ou que se perdem ou evaporam no processo pro-
dutivo, podem ser ajustadas mediante a constituição da provisão
- Almoxarifado e Bens de Consumo Eventual: Nessa conta são para perdas em estoques, classificada com redutora do subgrupo
registrados itens de estoque de consumo geral, tais como: material estoques, tendo como contrapartida uma conta de despesa no re-
de escritório, produtos de higiene, produtos para alimentação dos sultado, não dedutível para efeitos fiscais.
funcionários, etc.
É comum as empresas lançarem tais valores como despesas no Critérios de Avaliação dos Estoques
momento da compra, mantendo à parte, um controle quantitativo, Para elaboração de balanços e apuração de resultados são ne-
uma vez que tais itens, na maioria das vezes, representam uma cessários o levantamento e a avaliação dos estoques de mercado-
quantidade muito grande de itens, mas de pequeno valor, não rias para revenda, matérias-primas, materiais de embalagem, pro-
afetando os resultados. dutos acabados e produtos em elaboração da pessoa jurídica.
Poderá ser registrado diretamente como custo de produção a De acordo com o item II do artigo 183 da Lei das S/A, “os direi-
aquisição de bens de consumo eventual, cujo valor não exceda a 5% tos que tiverem por objeto mercadoria e produtos do comércio da
(cinco por cento) do custo total dos produtos vendidos no exercício companhia, assim como matéria-prima, produtos em fabricação e
social anterior. bens em almoxarifado, serão avaliados pelo custo de aquisição ou
Bens de consumo eventual são aqueles de uso imprevisível ou produção, deduzido da provisão para ajustá-lo ao valor de mercado
de frequência irregular ou esporádica no processo produtivo, tais quando este for inferior”.
como (PN CST nº 70/79): A apuração e determinação dos custos dos estoques é um dos
a) materiais destinados a restaurar a integridade ou a apresen- aspectos mais complexos da área contábil, não só pelo fato de ser
tação de produtos danificados; um ativo significativo, mas pelo reflexo que produz na apuração dos
b) materiais e produtos químicos para testes; resultados.
c) produtos químicos e outros materiais para remoção de im-
purezas de recipientes utilizados no processo produtivo; Composição do Custo de Aquisição
d) embalagens especiais utilizadas, por exemplo, para atender O custo de mercadorias para revenda, assim como o das maté-
determinadas necessidades de transporte; rias-primas e outros bens de produção compreende, além do valor
e) produtos para retificar deficiências reveladas pelas matérias- pago ao fornecedor, o valor correspondente ao transporte (fretes)
-primas ou produtos intermediários; e seguro e dos tributos devidos na aquisição ou na importação, ex-
f) materiais destinados ao reparo de defeitos ocorridos durante cluídos os impostos recuperáveis através de crédito na escrita fiscal.
a produção; As mercadorias ou bens importados têm seu custo avaliado por
g) produtos a serem utilizados em serviço especial de manu- todos os valores dispendidos até a data da entrada no estabeleci-
tenção. mento importador, tais como taxas bancárias, gastos com desemba-
raço aduaneiro, honorários de despachante, etc.
-Adiantamento a Fornecedores: Os adiantamentos efetuados
a fornecedores de matéria-prima ou produto para revenda são re- Apuração do Custo
gistrados nessa conta; a baixa será efetuada por ocasião do efetivo Como regra geral, a pessoa jurídica deverá promover ao final
recebimento, registrando-se o custo total na correspondente conta de cada exercício, o levantamento e avaliação dos estoques, ado-
do estoque, e caso haja saldo a pagar, na conta fornecedores, no tando-se os seguintes critérios, conforme o caso:
passivo circulante. a) pelo custo médio ponderado; ou
b) pelo custo dos bens adquiridos ou produzidos mais recente-
-Provisão Para Ajuste do Estoque ao Valor de Mercado: O cus- mente (PEPS - primeiro a entrar, primeiro a sair);
to de aquisição ou produção dos bens existentes na data do balan- c) pelo preço de venda, subtraída a margem de lucro;
ço deverá ser ajustado ao valor de mercado, mediante a constitui- d) pelo custo da última mercadoria que entrou - UEPS - último
ção de uma provisão, quando este for menor, que será classificada a entrar, primeiro a sair.
como conta redutora do subgrupo estoques.
Para constituição da provisão é necessário que se especifique, Observe-se que não é permitida, pela legislação do Imposto de
item por item, os bens que, comprovadamente, estejam com preço Renda, a avaliação dos estoques pelo método UEPS - último a en-
de mercado inferior ao seu custo. trar, primeiro a sair.
Segundo o artigo 183 da Lei das Sociedades por Ações (Lei nº
6.404/76), considera-se valor de mercado: I - Custo Médio Ponderado
a) das matérias-primas e dos bens em almoxarifado, o preço Este sistema consiste em avaliar o estoque pelo custo médio
pelo qual possam ser repostos, mediante compra no mercado; e de aquisição, apurado em cada entrada de mercadorias ou matéria-
b) dos bens ou direitos destinados à venda, o preço líquido de -prima, ponderado pelas quantidades adicionadas e pelas anterior-
realização mediante venda no mercado, deduzidos os impostos e mente existentes.
demais despesas necessárias para a venda, e a margem de lucro. Demonstramos, na ficha de estoque, abaixo, o método de ava-
liação pelo custo médio:

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a solução para o seu concurso!
CONTABILIDADE GERAL

Data Histórico ENTRADAS SAÍDAS SALDO


Quant Custo Total R$ Quant Custo Total R$ Quant Custo Total R$
Histórico R$ Médio R$ Médio R$
05.06 Compra 20 50.00 1.000,00 - - - 20 50,00 1.000,00
12.06 Compra 20 55,00 1.100,00 - - - 40 52,50 2.100,00
18.06 Venda - - - 10 52,50 525,00 30 52,50 1.575,00
28.06 Compra 20 100,00 2.000,00 - - - 50 71,50 3.575,00
30.06 Venda - - - 30 71,50 2.145,00 20 71,50 1.430,00
Totais 60 - 4.100,00 40 - 2.670,00 20 71,50 1.430,00

De acordo com o PN CST nº 06/79, o Fisco admite que as saídas sejam registradas unicamente no final do mês, desde que avaliadas ao
preço médio, sem considerar a baixa para fins de cálculo daquele custo médio.
Assim, com base nos dados da ficha de estoque anterior, teremos:

Data Histórico ENTRADAS SAÍDAS SALDOS


Quant. Custo Total R$ Quant. Custo Total R$ Quant. Custo Total R$
Unitário Unitário Unitário
R$ R$ R$
05.06 Compra 20 50,00 1.000,00 - - - 20 50,00 1.000,00
12.06 Compra 20 55,00 1.100,00 - - - 40 52,50 2.100,00
28.06 Compra 20 100,00 2.000,00 - - - 60 68,34 4.100,00
30.06 Vendas no - - - 40 68,34 2.733,60 20 68,34 1.366,40
Mês
Totais 60 4.100,00 40 2.733,60 20 68,34 1.366,40
II - PEPS - Primeiro a Entrar, Primeiro a Sair
Por este método, as saídas do estoque são avaliadas pelos respectivos custos de aquisição, pela ordem de entrada, resultando que o
estoque ficará sempre avaliado aos custos das aquisições mais recentes (últimas compras).
Neste caso, a ficha de estoque mostraria os seguintes valores:

Data Histórico ENTRADAS SAÍDAS SALDO


Quant. Custo Total R$ Quant. Custo Total Quant. Custo Uni- Total
Unitário Unitário R$ tário R$ R$
R$ R$
05.06 Compra 20 50,00 1.000,00 - - - 20 50,00 1.000,00
12.06 Compra 20 55,00 1.100,00 - - - 20 50,00 1.000,00
20 55,00 1.100,00
______ ________
40 2.100,00
18.06 Venda 10 50,00 500,00 10 50,00 500,00
20 55,00 1.100,00
____ ________
30 1.600,00
28.06 Compra 20 100,00 2.000,00 10 50,00 500,00
20 55,00 1.100,00
20 100,00 2.000,00
_____ _______
50 3.600,00
30.06 Venda 10 50,00 500,00
20 55,00 1.100,00
____ _______
30 1.600,00
20
100,00
2.000,00
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CONTABILIDADE GERAL
III - Preço de Venda, Subtraída a Margem de Lucro Os gastos relativos às devoluções de compras ou vendas, tais
Admite-se, ainda, que se proceda a avaliação dos estoques de como fretes, seguro, etc., serão tratados como despesas operacio-
mercadorias a preço de venda, subtraída a margem de lucro, em- nais, não sendo agregados ao custo.
bora entendemos não ser o melhor critério, mas é também aceito b) Contagem Física para Ajuste dos Saldos
pela legislação fiscal. A empresa que possuir registro permanente de estoques só es-
Tendo em vista que a margem de lucro corresponde à diferença tará obrigada a ajustar os saldos contábeis, pelo confronto com a
entre o preço de venda e o custo de aquisição ou produção dos contagem física, ao final do exercício.
bens, não pode o contribuinte atribuir uma margem de lucro qual-
quer para avaliação dos estoques, uma vez que tal procedimento Empresa que não mantém registro permanente de estoques:
pode implicar numa superavaliação ou subavaliação dos valores e, A pessoa jurídica que não possuir registro permanente de esto-
consequentemente, na majoração dos resultados ficando sujeito a ques deverá promover, ao final de cada exercício, o levantamento
possíveis questionamentos fiscais. físico dos seus estoques, sendo que os estoques encontrados serão
IV - Quadro Comparativo das Avaliações Apresentadas avaliados pelo preço praticado nas compras mais recentes, cons-
De conformidade com os critérios de avaliação de estoque apre- tantes das notas fiscais de aquisição, excluídos os impostos quando
sentados e uma receita líquida de vendas de R$ 10.000,00, pode- recuperáveis (IPI/ICMS).
mos fazer as seguintes comparações:
I - Custo das Mercadorias Vendidas - CMV
CUSTO MÉDIO PONDERADO A apuração do custo das mercadorias vendidas está diretamen-
te relacionada aos estoques da empresa, pois representa a baixa
SAÍDAS SAÍDAS REGIS- PEPS efetuada nas contas dos estoques por vendas realizadas no período.
REGISTRADAS TRADAS NO Quando o controle de estoques é feito mediante contagem
DIARIAMENTE FINAL DO MÊS física, o custo das mercadorias vendidas ou das matérias-primas
RECEITA 10.000,00 10.000,00 10.000,00 utilizadas no processo de produção é obtido através da seguinte
LÍQUIDA DE operação:
VENDAS CMV = EI + C - EF (custo das mercadorias vendidas = estoque
(-) CUSTO DAS 2.670,00 2.733,60 2.100,00 inicial mais compras do período, menos estoque final)
MERCADO- Onde:
RIAS VENDI-
DAS CMV = Custo das Mercadorias Vendidas
EI = Estoque Inicial
(=) LUCRO 7.330,00 7.266,40 7.900,00
BRUTO C = Compras
EF = Estoque Final (inventário final)
ESTOQUE 1.430,00 1.366,40 2.000,00
FINAL II - Resultado Com Mercadorias - RCM
O resultado com mercadorias surge do confronto entre as ven-
Registro Permanente de Estoques das efetuadas e o custo das mercadorias vendidas.
No caso de controle permanente de estoques, deverão ser ob- Se o valor das vendas for maior do que o CMV, pode-se dizer
servados os seguintes procedimentos: que houve um lucro bruto.
Se o valor das vendas for menor do que o CMV, pode-se dizer
I - Critérios a Observar que houve um prejuízo com mercadorias.
O registro permanente de estoques pode ser feito em livros, fi- O resultado com mercadorias pode ser apurado através da
chas ou em formulários contínuos emitidos por processamento de equação:
dados, sendo que os modelos são de livre escolha da empresa e RCM = V - CMV
cujos saldos serão transpostos para o livro Registro de Inventário. Onde:
Os registros deverão ser feitos em ordem cronológica, sendo RCM = Resultado Com Mercadorias
aberta uma ficha para cada espécie de bem a controlar. V = Vendas
O custo das mercadorias vendidas ou das matérias-primas utili- CMV = Custo das Mercadorias Vendidas
zadas na produção deverá corresponder ao total dos valores lança-
dos durante o período na coluna “saídas”. Avaliação Dos Produtos em Processo e Acabados
a) Devoluções
Ocorrendo devoluções, tanto de compras como de vendas efe- Custeio por Absorção
tuadas, deverão ser adotados os seguintes procedimentos: O custo dos estoques dos produtos em processo e acabados
- no caso de devolução de compras, serão registradas na ficha deve incluir todos os custos diretos como matéria-prima, mão de
de estoque na coluna “entradas” de forma negativa (entre parênte- obras e outros, e os indiretos como gastos gerais de fabricação, ne-
ses), pelo mesmo valor lançado por ocasião da aquisição; cessários para colocação do produto em condições de venda.
- no caso de devolução de vendas, serão registrados na ficha de No custeio por absorção, os custos de produção incorridos, dire-
estoque na coluna “saídas”, também de forma negativa, pelo mes- tos ou indiretos são atribuídos ao produto final, observando-se que:
mo valor da saída correspondente. a) os custos relativos à matéria-prima e materiais diretos, serão
Observe-se que o lançamento da devolução implica em ajuste apropriados com base nos custos apurados da forma mencionada
do custo médio, uma vez que este fato altera o saldo físico e mone- no tópico 17.5.1.
tário do estoque.

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b) os custos relativos à mão-de-obra correspondem aos salários Importante:
e encargos do pessoal que trabalha diretamente na fabricação do Os materiais diretos, que são utilizados no processo de produ-
produto; ção possuem como base de apropriação seu valor histórico de aqui-
c) os gastos gerais de fabricação correspondem aos demais cus- sição, entretanto durante a sua utilização, alguns problemas podem
tos incorridos na produção tais como: energia, seguros, deprecia- ser encontrados dos quais podem ser:
ção, almoxarifado, supervisão, etc.). - avaliação;
- controle;
Centros de Custo - programação.
A definição clara dos centros de custos é fundamental para apu-
ração e controle dos gastos e para a manutenção de um sistema de Todas as três são de extrema importância na classificação dos
custo eficiente. custos de matérias.
A classificação possui as finalidades de:
- facilitar a apuração dos gastos relacionados com o trabalho Etapas para a Apuração do Custo
realizado em cada setor, facilitando, posteriormente, a sua apro- A primeira etapa consiste na classificação dos custos por natu-
priação por produto; reza. Esta separação deve ser analisada cuidadosamente, com o ob-
- caracterizar a responsabilidade pelos gastos ocorridos em cada jetivo de detectar possíveis variações significativas.
setor. Nessa análise efetuamos a verificação da adequação dos gastos
com os volumes de produção do mês corrente.
Os centros de custos são constituídos por setores ou áreas da Para efetuar essa análise a contabilidade de custos faz uso de
empresa que executam atividades homogêneas e que permitem a métodos de comparação e estatísticos.
apuração dos gastos dessa atividade. Falhas nessa análise poderão conduzir a erros na apuração do
Os centros de custos são classificados em produtivos (diretos) custo do produto, cuja descoberta e correção posterior poderá
ou não produtivos (indiretos), também chamados auxiliares. acarretar perda de tempo.
Geralmente, essas duas classificações se relacionam à produ- A segunda etapa consiste em transferir os custos dos setores de
ção. Os não produtivos, em uma classificação mais ampla, incluem apoio ou auxiliares aos setores produtivos.
os setores administrativos e comerciais. O setores que realizam trabalhos diretamente relacionados aos
A identificação e o tratamento a ser dado ao respectivo gasto produtos possuem dois componentes no custo: o dele próprio e o
deve levar em consideração as necessidades posteriores de análise dos setores de apoio.
do ponto de vista gerencial e de controle. Com esse objetivo, a clas- Um dos maiores problemas dos sistemas de custeio é o de como
sificação pode ser mais detalhada. transferir esse custo dos setores de apoio aos setores diretos.
A classificação dos centros de custos deve ser consistente com O método adotado para as transferências de custo é o do rateio
a estrutura da organização. Esta classificação deve ser definida es- de gastos, que para ser realizado exige que as atividades desses cen-
pecificamente de acordo com as condições, peculiaridades e conve- tros de apoio possam ser medidas através de unidades, mediante as
niências de cada empresa, devendo refletir uma decisão conjunta quais se possa conhecer a quantidade total de atividade executada.
entre o responsável pelo custo e a administração. As unidades de medida mais comumente empregadas são a ho-
Para atender o que dispõe a legislação do Imposto de Renda ra-homem, a hora-máquina, o quilograma, o metro, o litro, o volu-
(custeio por absorção), os gastos devem ser apurados em três gru- me das peças produzidas, etc.
pos: material direto ou matéria-prima, mão-de-obra direta e gastos Para a transferência dos setores de apoio ou auxiliares para os
gerais de fabricação. diretos devemos, inicialmente, efetuar uma análise dos serviços
O controle por centros de custo deve ser exercido sobre a mão- prestados pelos diversos setores indiretos aos outros setores de
-de-obra direta e sobre os gastos gerais de fabricação, para auxiliar apoio ou mesmo aos setores comerciais e administrativos.
na análise das variações e nas explicações sobre o comportamento Cuidados especiais deverão também ser tomados quando os
dos custos. setores de apoio, como de manutenção, executam trabalhos com
A classificação dos centros de custos deve ser comunicada a to- características de Ativo Imobilizado. Os seus custos deverão ser
dos os setores da empresa, de forma que todos tenham conheci- transferidos a esses ativos.
mento de como se pretende apurar e controlar os gastos. Após as análises dos serviços prestados por todos os centros de
A indicação do número do centro de custo passa a ser obrigató- custos de apoio, é possível estabelecer critérios para a transferência
ria em toda documentação destinada a indicar uma despesa. Nessa desses custos aos demais setores, principalmente aos centros dire-
etapa, a contabilidade geral ou de custo passa a desempenhar a tos. Essa é a principal característica do custeio por absorção. Todos
tarefa importante de treinar os envolvidos nessa classificação. os custos da fábrica deverão ser absorvidos no custo do produto e
O plano de contas deverá ser estruturado de forma em que to- daí transferidos para os estoques de produtos.
dos os custos estejam separados por sua natureza específica e pela Uma vez definidos os critérios poderemos efetuar a transferên-
sua aplicação (direto, fixo, indireto) e, também, deverá ter as contas cia dos custos dos setores de apoio para os diversos setores rece-
englobadas de acordo com os critérios definidos pelo controle or- bedores.
çamentário. A legislação do Imposto de Renda dispõe que o sistema de custo
A legislação fiscal deixa a critério da empresa decidir pela apu- deverá ser integrado com o sistema de contabilidade e essa inte-
ração diária desses gastos na dependência da complexidade de sua gração é representada pelo registro na contabilidade de todas as
obtenção, principalmente quanto à folha de pagamento. etapas da apuração do custeio, inclusive as transferências entre os
A apuração mensal é obrigatória para fins de custeio por absor- setores.
ção, incluindo os custos fixos e variáveis.

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CONTABILIDADE GERAL
Para possibilitar essa contabilização deveremos ter no plano de b.2) por certificado de autoridade competente, nos casos de in-
contas centros de custo e contas contábeis de natureza credora, cêndios, inundações ou outros eventos semelhantes;
para serem utilizadas como ponte entre um setor e outro quando b.3) mediante laudo de autoridade fiscal chamada a certificar a
das transferências de gastos. destruição de bens obsoletos, invendáveis ou danificados, quando
A transferência adequada ao custo de produção depende tam- não houver valor residual apurável.
bém da análise e seleção da base de rateio mais adequada para
cada setor. Sucatas e Subprodutos
Os tipos mais utilizados para atribuição de gastos por produtos As sucatas e os subprodutos são as sobras, pedaços, resíduos,
são: aparas e outros materiais derivados da atividade industrial que têm
- bases representando unidade de produção: como característica nascerem do processo da produção. A diferen-
- número de itens produzidos; ça entre um e outro reside no fato de que a sucata não tem um
- números de metros, galões, etc; mercado garantido de comercialização e os preços bastante incer-
- bases representando elementos de custo: tos enquanto os subprodutos têm condições de demanda e de pre-
- custo da mão-de-obra direta; ços bons.
- custo do material; Contabilmente, os custos incorridos nos bens sucateados devem
- custo do material e da mão-de-obra direta; ser agregados aos custos de fabricação dos produtos bons aprovei-
- bases representando tempo de processamento: tados. No caso de sucatas que não sejam relativas ao processo de
- horas de mão-de-obra direta; produção, os seus custos devem ser retirados do custo de produção
- horas-máquina. e lançados como perdas no resultado do período. Os estoques de
sucata a serem comercializados existirá fisicamente, devendo ser
Custo Padrão controlado pela empresa, no entanto, não terá valor contábil. Por
Esse método de custeio, geralmente utilizado por grandes em- ocasião da comercialização das sucatas, o valor da receita será reco-
presas, com operações de grande volume ou com linhas de monta- nhecido nesse momento no resultado no subgrupo “outras receitas
gem que envolvem muitas peças, consiste em que o custo de cada operacionais”.
produto é predeterminado, antes da produção, com base nas espe- No tocante aos subprodutos, por possuírem mercado estável e
cificações dos produtos, componentes do custo e condições de pro- preço de venda previsível, tais itens devem ser avaliados ao valor
dução. Dessa forma, os estoques são apurados com base em custos líquido de realização e considerado como redução do custo de pro-
unitários padrão e comparado com os custos de reais apurados, re- dução do período em que surgiram.
gistrando-se as diferenças em contas de variação. Por valor líquido de realização de um subproduto deve ser en-
A legislação fiscal aceita que a empresa apure custos com base tendido como o valor bruto menos os impostos incidentes sobre
em padrões pré-estabelecidos (custo padrão ou “standard”), como essa venda, menos as despesas de comercialização como comis-
instrumento de controle de gestão, desde que observado o seguin- sões, taxas de entrega.
te: (PN CST nº 06/79): Quando a empresa comercializar os subprodutos, terá um valor
a) que o padrão preestabelecido incorpore todos os elementos efetivo de venda e atribuirá como redutor dessas receitas o valor
constitutivos do custeio por absorção; dos estoques dos subprodutos e a diferença líquida será registrada
b) as variações de custos (negativas e positivas) sejam distribuí- como outras receitas/despesas operacionais”, conforme o caso.
das aos produtos de modo que a avaliação final dos estoques não
discrepe da que seria obtida com o emprego do custo real; Amostras
c) as variações de custos sejam identificadas em nível de item Quando a empresa efetuar a distribuição de amostras ou outros
final de estoque, de forma a permitir a verificação do critério de itens similares, os valores dispendidos na aquisição ou produção de
neutralidade do sistema adotado de custos sobre a valoração dos tais itens não devem ser registrados em conta de estoque, e sim,
inventários. lançados diretamente às despesas no resultado.

Quebras e Perdas de Estoque Estoque de Produtos Rurais


É normal no processo produtivo ocorrerem quebras e perdas Os estoques de mercadorias fungíveis destinadas à venda pode-
de estoque como é o caso de aparas e rebarbas de matéria-prima, rão ser avaliadas pelo valor de mercado, quando esse for o costume
evaporação de produtos químicos, etc. Nesse caso, os valores mercantil aceito pela técnica contábil (§ 4º do art. 183 da Lei das
relativos a quebras e perdas, serão agregados ao custo normal de S/A.
produção, sempre que normais e relativas ao processo produtivo, Assim, os estoques de produtos agrícolas, animais e extrativos
e serão lançados como despesas ao resultado do período, se forem poderão ser avaliados aos preços correntes de mercado, conforme
esporádicas e anormais. as práticas usuais em cada tipo de atividade.
Nesse sentido, a legislação do Imposto de Renda estabelece que Por preço corrente de mercado entende-se que seria o valor
integrará também o custo o valor (art. 291 do RIR/99): pelo qual tais estoques podem ser vendidos a terceiros na época do
a) das quebras e perdas razoáveis, de acordo com a natureza do balanço. Nesse caso a diferença apurada entre o valor de mercado
bem e da atividade, ocorridas na fabricação, no transporte e ma- e o valor contábil é acrescida ou diminuída do valor dos estoques,
nuseio; tendo como contrapartida uma conta de resultado.
b) das quebras ou perdas de estoque por deterioração e obso- A definição de valor de mercado pode ser encontrada em re-
lescência ou pela ocorrência de riscos não cobertos por seguros, vistas especializadas, bolsa de mercadorias, etc. A pauta de valores
desde que comprovada: fiscais serve de parâmetro para avaliação ao preço de mercado.
b.1) por laudo ou certificado de autoridade sanitária ou de se-
gurança, que especifique e identifique as quantidades destruídas
ou inutilizadas e as razões da providência;
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CONTABILIDADE GERAL
Compras Com Preço a Fixar Produtos em Elaboração
De acordo com o Manual “Normas e Práticas Contábeis no Brasil a) por uma vez e meia (150%) o maior custo das matérias-primas
- Fipecafi”, os estoques relativos a compras com preço a fixar, geral- adquiridas no período-base (sem ICMS/IPI quando recuperáveis);
mente produtos agrícolas, são contabilizados pelo custo estimado, b) 80% (oitenta por cento) do valor dos produtos acabados, de-
até que seja fixado o preço efetivo, quando é efetuado o ajuste nas terminado segundo o critério do item II;
contas Estoques e/ou Custo das Mercadorias/Produtos Vendidos,
referente à parcela já baixada do estoque. Produtos Acabados
70% (setenta por cento) do maior preço de venda do período-
Aspectos Fiscais -base, sem inclusão do IPI, mas com ICMS incluso (PN CST nº 14/81).
A legislação do Imposto de Renda faz várias referências aos es- A utilização desse critério apresenta grandes distorções na apu-
toques e sua avaliação. Examinamos alguns desses aspectos. ração do resultado, uma vez que a percentagem de 70% é bastante
Periodicidade de Escrituração: O custo das mercadorias vendi- elevada e, nesse caso, supervaloriza o estoque de materiais em pro-
das e os bens de produção serão determinados com base em re- cessamento e de produtos acabados no encerramento do período-
gistro permanente de estoques ou no valor do estoque existente, -base. Essa supervalorização, em algumas situações, poderá fazer
de acordo com o livro Registro de Inventário, escriturado no fim de com que o custo dos produtos vendidos apresente-se negativo. É
cada trimestre ou ao término do ano-calendário, conforme o caso. comum o custo dos produtos vendidos apresentar valor negativo
a) Lucro Real quando existir grande quantidade de estoque de produtos acaba-
As pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real deverão dos em decorrência de vendas reduzidas. Neste caso, o custo dos
efetuar o levantamento e a avaliação dos seus estoques ao final de produtos vendidos deverá ser considerado igual a zero.
cada período de apuração dos resultados. Assim, a empresa fica
obrigada a escriturar o livro Registro de Inventário ao final de cada Avaliação de Estoque Por Arbitramento - Produtos Acabados -
trimestre, se apurar o lucro real trimestralmente, ou somente em Maior Preço de Venda
31 de dezembro, no caso de pagamento do Imposto de Renda men- No caso de avaliação do estoque de produtos acabados pelo cri-
sal sobre base de cálculo estimada. tério do arbitramento, a determinação do maior preço de venda,
em algumas situações, tem causado algumas dúvidas para valori-
No entanto, se a empresa mantiver registro permanente de es- zação do estoque.
toques, somente estará obrigada a ajustar os saldos contábeis pelo Note-se que o inciso II do artigo 296 do RIR/99 faz referência à
confronto com a contagem física, ao final do período de apuração expressão “maior preço de venda no período-base”. Pode ocorrer,
relativo ao mês de dezembro de cada ano-calendário. por exemplo, que determinado produto não tenha sido vendido no
b) Lucro Presumido período-base.
As empresas tributadas com base no lucro presumido devem Neste caso, embora a legislação do Imposto de Renda seja omis-
proceder ao levantamento e a avaliação dos estoques em 31 de sa, entendemos que poderá ser utilizado como parâmetro o maior
dezembro, uma vez que estão obrigadas a escriturar, nessa data, o preço de venda praticado no período-base imediatamente anterior.
livro Registro de Inventário. A situação adquire maior grau de complexidade no caso de pro-
duto novo que ainda não foi vendido. Em princípio, poderíamos
Avaliação de Estoque Com Base em Sistema de Custo Integra- afirmar que o produto novo seria avaliado a custo zero, uma vez
do e Coordenado que não existe parâmetro para aplicarmos a regra do arbitramento.
A empresa que mantiver sistema de contabilidade de custos, Entretanto, entendemos que, no caso vertente, deve existir um pro-
integrado com o restante da escrituração, poderá utilizar os custos cedimento lógico, buscando-se, inclusive, o preço do referido pro-
apurados contabilmente para avaliação dos estoques de produtos duto no mercado. Aliás, a nosso ver, esse referencial estaria correto.
em fabricação e acabados, para fins de apuração do imposto. A questão apresenta-se, ainda, mais complexa, quando se tratar
Considera-se sistema de contabilidade de custo integrado e de produto novo e inédito, ou seja, sem referencial no mercado.
coordenado com o restante da escrituração aquele: Neste caso, a nosso ver, a valorização desse produto poderia ser
a) apoiado em valores originados da escrituração contábil (ma- feita com base nos custos das matérias-primas utilizadas na sua fa-
téria-prima, mão-de-obra direta, custos gerais de fabricação); bricação. De qualquer modo, e diante da omissão da legislação do
b) que permite determinação contábil, ao fim de cada mês, do Imposto de Renda, recomendamos que seja formulada consulta ao
valor dos estoques de matérias-primas e outros materiais, produtos Fisco.
em elaboração e produtos acabados; Os critérios impostos pela legislação são arbitrários, visando pe-
c) apoiado em livros auxiliares, ou fichas, ou formulários con- nalizar as empresas que não mantêm uma contabilidade adequada
tínuos, ou mapas de apropriação ou rateio, tidos em boa guarda e de custos, não sendo no entanto, aceitáveis para fins contábeis, pe-
de registros coincidentes com aqueles constantes da escrituração las distorções que provocam no resultado da empresa.
principal;
d) que permite avaliar os estoques existentes na data de encer- Escrituração do Livro Registro de Inventário
ramento do exercício segundo os custos efetivamente incorridos. Devido a obrigatoriedade da escrituração do livro Registro de
Inventário, pelas empresas, perante a legislação fiscal, examinare-
Arbitramento do Valor do Estoque de Produtos Acabados e em mos, nesse tópico, alguns aspectos relativos a escrituração desse
Elaboração livro.
Caso a escrituração do contribuinte não atenda os requisitos
mencionados no tópico anterior, ou seja, não haja integração e
coordenação da contabilidade de custos com o resto da escritura-
ção, os estoques deverão ser avaliados (art. 296 do RIR/99):

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Pessoas Jurídicas Obrigadas a Escrituração Normas Para Escrituração do Livro Registro de Inventário
As pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real e àquelas
optantes pelo regime de tributação com base no lucro presumido I - Normas Gerais
ficam obrigadas a escriturar o livro Registro de Inventário, obser- No livro Registro de Inventário deverão ser arrolados, com espe-
vando as normas e prazos abordados neste trabalho. cificações que facilitem sua identificação, as mercadorias, os produ-
I - Pessoa Jurídica Tributada Com Base no Lucro Real tos manufaturados, as matérias-primas, os produtos em fabricação
a) quando o imposto de renda for calculado com base no lucro e os bens em almoxarifado existentes na data do encerramento de
real apurado trimestralmente, o livro Registro de Inventário deve cada período-base de apuração do lucro real (mensal ou trimestral),
ser escriturado até a data prevista para o pagamento do imposto ou no caso de empresa tributada pelo lucro presumido, no último
devido no trimestre a que se referir o inventário, ou seja, até o últi- dia do ano-calendário (art. 261 do RIR/99).
mo dia útil do mês seguinte; Os bens serão relacionados e avaliados de acordo com os crité-
b) quando o imposto mensal for calculado por estimativa (pre- rios admitidos pela legislação do Imposto de Renda. Vale lembrar
sunção de lucros), o livro Registro de Inventário deverá ser escritu- que os bens devem ser discriminados, individualmente, com espe-
rado até a data fixada para a entrega tempestiva da Declaração de cificações que indiquem a sua natureza, unidade, quantidade, valor
Rendimentos que tiver por base o balanço a que se referir o inven- unitário e valor total de cada um, bem como o valor global por agru-
tário. pamento (IN SRF nº 81/86).

II - Pessoa Jurídica Tributada Com Base no Lucro Presumido II - Empresas Editoras


No caso das pessoas jurídicas que optarem pela tributação de- As empresas editoras devem fazer constar de seu inventário os
finitiva com base no lucro presumido, entendemos que o Registro fascículos não comercializados por falta ou esgotamento de merca-
de Inventário deverá ser escriturado até a data estabelecida para a do, e os que tenham recebido em restituição pelos mesmos motivos,
entrega da Declaração de Rendimentos do ano-calendário a que se observando-se o seguinte (Portaria MF nº 496/77):
referir o inventário. a) quando se tratar de fascículos obsoletos, assim considerados
aqueles que tenham sido rejeitados pelo mercado e, em decorrên-
Modelo a Ser Utilizado: Não existe um modelo prescrito para cia, não mais figurem nas vendas normais de empresa, poderão ser
o livro Registro de Inventário. De acordo com o § 1º do art. 260 do computados no livro Registro de Inventário com valor zero, desde
RIR/99, o contribuinte poderá: que, no prazo de trinta dias, contado da data do balanço, a empresa
- criar modelo próprio; comunique a ocorrência à repartição da Secretaria da Receita Fede-
- adotar livro exigido por outra lei fiscal; ral de sua jurisdição;
- substituir o livro por série de fichas numeradas; b) a empresa deve manter o estoque em condições de ser veri-
- utilizar sistema de processamento de dados. ficado e, caso pretenda, antes da auditoria fiscal inutilizar, destruir
ou vender os fascículos como matéria-prima para reaproveitamen-
Utilização do Modelo 7, do Sinief (IPI/ICMS): A pessoa jurídica to industrial, deve fazer nova comunicação à Secretaria da Receita
poderá utilizar o livro Registro de Inventário, modelo 7, de que trata Federal, até dez dias antes de se desfazer, total ou parcialmente o
o Convênio Sinief/70, que é exigido pela legislação do ICMS e do IPI. estoque.
No entanto, para que seja viável manter e escriturar um único livro
Registro de Inventário que satisfaça, concomitantemente, às legis- III - Empresas Que Exploram Atividade Imobiliária
lações do Imposto de Renda e do ICMS e IPI, é indispensável que as A pessoa jurídica cuja atividade econômica seja a compra e
pessoas jurídicas façam, nesse modelo, as adaptações necessárias venda de imóveis, desmembramento ou loteamento de terrenos,
capazes de torná-lo apto a atender aos ditames de cada legislação incorporação imobiliária e construção de prédio para venda, deve-
específica (PN CST nº 5/86). rão fazer constar do livro Registro de Inventário todos os imóveis
destinados à venda em estoque, por ocasião do levantamento do
Utilização de Fichas Numeradas: As pessoas jurídicas obrigadas balanço, discriminados do seguinte modo (IN SRF Nº 94/79):
a escriturar o livro Registro de Inventário, poderão substituí-lo por
fichas numeradas, mecânica ou tipograficamente. a) os imóveis adquiridos para venda, um por um;
Ressalte-se, no entanto, que a utilização de fichas para registro b) os terrenos oriundos de desmembramento ou loteamento,
de movimentação de estoques não supre a exigência do livro Regis- por conjunto de lotes com idêntica dimensão ou por quadras, quan-
tro de Inventário (PN CST nº 500/70). do referentes a um mesmo empreendimento; ou então terreno por
terreno, se assim preferir o contribuinte;
Utilização de Sistema de Processamento de Dados: O livro Re- c) as edificações resultantes de incorporação imobiliária, inclu-
gistro de Inventário poderá ser escriturado mediante utilização de sive respectivos terrenos, por conjunto de unidades autônomas com
sistema de processamento de dados, em formulários contínuos nu- idêntica área de construção e o mesmo padrão de acabamento,
merados em ordem seqüencial mecânica ou tipograficamente. conquanto se refiram a um mesmo empreendimento; ou, então,
De acordo com o PN CST nº 11/85, após o processamento, os unidade por unidade, se assim preferir o contribuinte;
impressos deverão ser destacados e encadernados em forma de d) os prédios construídos para venda e respectivos terrenos, pré-
livro, lavrados os termos de abertura e de encerramento e submeti- dio por prédio.
do à autenticação do órgão competente.
Ressalte-se, ainda, que de acordo com a IN SRF nº 84/79, a exi-
gência do registro permanente de estoque não dispensa o contri-
buinte da obrigação de possuir e escriturar o livro Registro de Inven-

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CONTABILIDADE GERAL
tário, sendo função daquele subsidiar este, principalmente no que II - Época em Que Deve Ser Procedida a Legalização
se refere à determinação do custo e discriminação dos imóveis em O Registro de Inventário, seja em forma de livro ou folhas pre-
estoque por ocasião do balanço. viamente encadernadas e numeradas tipograficamente, seja em
série de fichas, deverá ser legalizado antes do início de sua escri-
IV - Procedimentos na Escrituração do Livro Modelo 7 turação. Para tanto, ressalvada a hipótese de início de atividade,
No caso da pessoa jurídica utilizar unicamente o livro Registro a autenticação de livro novo se fará mediante a exibição daquele
de Inventário, modelo 7, do Sinief, deverá fazer as adaptações ne- a ser encerrado, por estar totalmente esgotado ou em vias de se
cessárias capazes de torná-lo apto a atender às exigências do IPI/ esgotar, entendendo como tal aquele cujas folhas em branco não
ICMS e do Imposto de Renda, observando o seguinte (PN CST nº comportem a totalidade dos bens a serem arrolados por ocasião de
5/86): um determinado balanço (PN CST nº 5/86).
a) deverão ser acrescentados os bens cujo arrolamento não é Observe-se, no entanto, que a IN DNRC nº 54/96 estabeleceu,
exigido pela legislação do IPI/ICMS, (bens em almoxarifado) mas o é no art. 13, que a autenticação de instrumentos de escrituração in-
perante a legislação do Imposto de Renda; depende da apresentação de outros livros ou fichas anteriormente
b) deverão acrescentar o valor unitário dos bens em conformi- autenticados.
dade com a legislação do Imposto de Renda, quando diferente dos No caso de processamento eletrônico de dados, quando o livro
critérios previstos na legislação do IPI/ICMS. Tal acréscimo é autori- ou fichas são substituídos por formulários contínuos, a autenticação
zado pelo § 12, do artigo 63, do próprio Convênio SINIEF/70, como será procedida após a escrituração, mediante termos de abertura e
“outras indicações”. encerramento com as especificações abordadas no tópico seguinte.
c) o valor do ICMS recuperável, a ser excluído do valor dos esto-
ques, para efeito do Imposto de Renda, poderá ser destacado, item III - Requisitos Para Autenticação
por item, na coluna “observações” do livro modelo 7, uma vez que Os instrumentos de escrituração das empresas mercantis, exce-
as legislações do IPI/ICMS não contemplam essa exclusão. to as microfichas, deverão ter suas folhas sequencialmente numera-
das, tipograficamente, em se tratando de livros e conjunto de folhas
V - Empresas Com Mais de um Estabelecimento ou folhas soltas, mecânica ou tipograficamente no caso de folhas
Considerando que cada estabelecimento contribuinte do IPI/ contínuas e conterão termo de abertura e encerramento apostos,
ICMS está obrigado a manter e escriturar o livro Modelo 7, com as respectivamente, no anverso da primeira e no verso da última ficha
especificações previstas no Convênio SINIEF/70, observados os pro- ou folha numerada, observando-se o seguinte (IN DNRC nº 54/96):
cedimentos descritos nas letras “a” a “c” do item anterior, é admi-
tido que a matriz, no caso de contabilidade descentralizada, após a) termo de abertura:
arrolar os bens em seu poder, adicione por totais, grupo a grupo, os No termo de abertura deverá constar:
inventários de cada dependência que mantenha contabilidade não - nome empresarial;
centralizada (PN CST nº 5/86). - Número de Identificação do Registro de Empresas - NIRE e a
Neste caso, a matriz estará obrigada, quando solicitada pela au- data do arquivamento dos atos constitutivos;
toridade tributária, a apresentar, juntamente com o livro Diário, o - o local da sede ou filial;
livro Registro de Inventário dos demais estabelecimentos, os quais - a finalidade a que se destina o instrumento de escrituração
serão tidos como livros auxiliares, uma vez que as operações ne- mercantil;
les consignadas não se encontram lançadas, pormenorizadamente, - o número de ordem do livro ou conjunto de folhas e a
nos livros da matriz (PN CST nº 5/86). quantidade de folhas;
- o número de inscrição no CGC-MF.
Falta da Escrituração do Livro Registro de Inventário
As pessoas jurídicas que não escriturarem o livro Registro de In- b) termo de encerramento:
ventário ficam sujeitas ao arbitramento do lucro pela autoridade No termo de encerramento deverá constar:
fiscal (art. 530 do RIR/99). - nome empresarial;
- o fim a que se destinou o instrumento escriturado;
Legalização do Livro Registro de Inventário - o número de ordem do livro ou conjunto de folhas e a
quantidade de folhas escrituradas.
I - Registro e Autenticação
O livro Registro de Inventário ou as fichas que o substituírem c) assinatura pelo titular ou representante legal
serão registrados e autenticados pelo Departamento Nacional do Os termos de abertura e encerramento serão datados e assi-
Registro do Comércio ou pelas Juntas Comerciais ou repartições en- nados pelo titular de firma mercantil individual, administrador de
carregadas de Registro do Comércio (PN CST nº 5/86). sociedade mercantil ou representante legal e por contabilista le-
Quando o livro ou fichas que o substituam pertencerem a socie- galmente habilitado, com indicação do número de sua inscrição no
dades civis, o registro e autenticação serão efetuados pelo Cartório Conselho Regional de Contabilidade - CRC.
de Registro de Títulos e Documentos ou de Registro Civil das Pessoas Não havendo contabilista habilitado na localidade onde se situa
Jurídicas, onde se acharem registrados os atos constitutivos da pró- a sede da empresa, os termos de abertura e de encerramento serão
pria sociedade (PN CST Nº 5/86). assinados, apenas, pelo titular de firma individual, administrador de
Observe-se que os contribuintes do IPI/ICMS que adaptarem o sociedade mercantil ou representante legal.
livro Registro de Inventário, Modelo 7, ao exigido pela legislação do
Imposto de Renda, deverão submetê-lo a registro nos órgãos men- Guarda e Conservação do Livro
cionados acima, uma vez que, o visto do Fisco estadual, não supre A pessoa jurídica é obrigada a conservar em ordem o livro Regis-
o registro exigido pela legislação do Imposto de Renda (PN CST nº tro de Inventário, enquanto não prescritas eventuais ações que lhes
5/86). sejam pertinentes.
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a solução para o seu concurso!
CONTABILIDADE GERAL
Caso ocorra extravio, deterioração ou destruição do livro ou fi- Fórmula do CMV: (Apuração dos custos)
chas do Registro de Inventário, a pessoa jurídica fará publicar em CMV = EI + C + CA – DC – EF
jornal de grande circulação do local de seu estabelecimento, aviso CMV – custo da mercadoria vendida
concernente ao fato e deste dará minuciosa informação, dentro de EI – estoque inicial
48 horas, ao órgão competente do Registro do Comércio, remeten- C – compras
do cópia da comunicação ao órgão da Secretaria da Receita Federal CA – custo acessório (fretes, seguros, carga e descarga)
de sua jurisdição (§ 1º do art. 264 do RIR/99). DC – devoluções de compras
EF – estoque final

APURAÇÃO DO CUSTO DAS MERCADORIAS VENDIDAS, Exemplo:


TRATAMENTO CONTÁBIL DOS TRIBUTOS INCIDENTES EM Em determinada empresa, os saldos das contas em 31/12/X1,
OPERAÇÕES DE COMPRAS E VENDAS foram:
Estoque mercadorias: R$ 5.000
Compras de mercadorias: R$ 20.000
OPERAÇÕES COM MERCADORIAS Vendas de mercadorias: R$ 23.000
Mercadorias são os bens que uma empresa adquiri com esto- Estoque final: R$ 12.000
que para poder revender, são assim chamadas de “bens de venda”.
Para que possamos registrar as Operações com Mercadorias, Então:
devemos então utilizar as contas Compras e Vendas (Método da CMV = EI + C + CA – DC – EF
Conta Desdobrada). CMV = 5.000 + 20.000 + 0 – 0 – 12.000
De acordo com as Normas Contábeis existem dois métodos a CMV = 13.000
serem utilizados no registro das Operações com Mercadorias, que
são: Resultado Simplificado da Conta Mercadorias
Conta Mista – consiste na utilização de uma só conta para poder Aqui serão apurados os resultados das Contas Mercadorias para
ser chamada de Estoque de Mercadorias (Estoque Inicial e Estoque podermos identificar se a empresa obteve lucro ou prejuízo.
Final).
Conta Desdobrada – consiste em desdobrar a conta de merca- O resultado da negociação com as mercadorias pode ser apurado
dorias em quantas forem necessárias para que se possa contabilizar na DRE (Demonstração de Resultado do Exercício), onde é chamado
cada tipo de fato que envolva as operações com mercadorias. Resultado Bruto com mercadorias e é obtido através da equação:
Independentemente do método utilizado pela empresa ela po-
derá adotar um dos seguintes sistemas: RCM = V – DV – CMV
Inventário Periódico: acontece quando a empresa efetua uma RCM – resultado com circulação de mercadorias
venda sem um controle do estoque, deixando assim de registrar o V – vendas
custo das Mercadorias Vendidas naquele momento, portanto o va- DV – devolução de vendas
lor do estoque somente será conhecido no final do período, após CMV – custo da mercadoria vendida
uma contagem física de todas as mercadorias existentes (inventá-
rio). Exemplo:
Inventário Permanente: a empresa controla de maneira rotinei- Usando os mesmo dados do exemplo anterior para cálculo do
ra o Estoque de Mercadorias, a cada compra feita, o custo da res- RMC:
pectiva compra será acrescido do Estoque, a cada venda efetuada, RCM = V – DV – CMV
o custo da venda é diminuído do estoque. RCM = 23.000 – 0 – 13.000
RCM = 10.000
IMPORTANTE:
A Apuração Contábil consiste nos lançamentos feitos no ra- Sendo o RCM positivo, significa que o valor das vendas de mer-
zonetes e livros contábeis. A Apuração Extra Contábil consiste na cadorias foi superior ao custo das respectivas Mercadorias Vendi-
apuração dos valores com mercadorias, utilizando apenas fórmulas das; isto corresponde a lucro.
matemáticas, como por exemplo a Fórmula do CMV que veremos Esse lucro apurado nas vendas de mercadorias denomina-se Lu-
logo abaixo. cro Bruto do Exercício.
Sendo o RCM negativo, significa que o valor das vendas de mer-
Custo da Mercadoria Vendida cadorias foi inferior ao custo das respectivas mercadorias vendidas;
É o custo da mercadoria que foi vendida no período. Para que se isto corresponde a prejuízo. Esse prejuízo apurado nas vendas de
possa calcular o CMV (custo da mercadoria vendida) não é preciso mercadorias denomina-se Prejuízo Sobre Vendas.
se ter o preço de venda. Apuração Contábil
Para eu a empresa possa analisar o CMV, apenas soma-se o es- Para facilitar a contabilização do resultado da Conta Mercado-
toque inicial juntamente com suas compras e subtrai do estoque rias, tanto no Diário como no Razão ou nos Razonetes, podemos
final. tomar, como roteiro, as duas fórmulas apresentadas (CMV e RCM).
O CMV é uma despesa e na apuração do resultado será deduzi- Acompanhe:
do da receita líquida de vendas.

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CONTABILIDADE GERAL
1º Passo: Reconstituição dos Razonetes Vendas de Mercadorias RCM
Exemplo: (4) 23.000 23.000 (4)
Em determinada empresa, os saldos das contas em 31/12/X1,
foram: Para transferência do saldo do CMV para o RCM, basta transferir
Estoque de Mercadorias – R$ 5.000 para os razonetes, debitando R$ 13.000 na conta Resultado da Con-
Compras Mercadorias – R$ 20.000 ta Mercadorias (RCM) e creditando o mesmo valor na conta Custo
Vendas de Mercadorias – R$ 23.000 das Mercadorias Vendidas (CMV). Oposição das contas no razonete
Observe os Razonetes das três contas movimentadas durante o fica assim:
período, com seus respectivos saldos.
RCM CMV
Estoque de Mercadorias Compras de Mercadorias (5) 13.000 13.000 (5)
5.000 20.000 23.000(4)
10.000
Vendas Mercadorias
23.000 Contabilizações de Algumas Operações que Afetam Vendas e
Compras
2º Passo: Contabilização do CMV Devoluções e Abatimentos
Para contabilizarmos a apuração do Custo das Mercadorias Ven- Quando um comerciante se vê prejudicado ao receber certa
didas, devemos transferir os saldos de todas as contas que integram mercadoria cujo tipo, qualidade, preço, de outra característica es-
a fórmula do CMV para a respectiva Conta Custo das Mercadorias teja em desacordo com seu pedido ou com a nota fiscal, ou mesmo
Vendidas (CMV). com as condições físicas que deveriam cercar o produto, pode ele
Inicialmente, será lançado no Razonete da Conta Custo das Mer- adotar uma das seguintes medidas.
cadorias Vendidas (CMV), no lado débito, a importância de R$ 5.000 a) devolver a mercadoria, total ou parcialmente;
e, em seguida, lançará no razonete da Conta Estoque de Mercado- b) solicitar um abatimento (desconto) não vendedor
rias, no lado do crédito, R$ 5.000. A questão das “devoluções” e dos “abatimentos” pode ser ana-
lisada sob ângulos: a empresa como compradora das mercadorias
CMV Estoque de Mercadorias que revende e a empresa como vendedora dessas últimas.
(1) 5.000 5.000 (1) Fretes e Seguros Sobre Compra
São importâncias pagas diretamente ao fornecedor de uma em-
Para transferirmos o saldo da Conta Compras de Mercadorias presa, ou a uma empresa transportadora, referentes a Despesas
para a conta Custo das Mercadorias Vendidas (CMV), lançaremos, com seguros e transporte de mercadorias do estabelecimento do
no débito, R$ 20.000; e no razonete da conta Compras de Mercado- fornecedor até a empresa que as comprou.
rias, lançaremos, no crédito, também R$ 20.000.
Notas:
CMV Compras de Mercadorias • Os valores dos fretes e dos seguros calculados sobre as ven-
(1) 5.000 20.0002 (2) das, quando correram por conta do fornecedor (vendedor), deverão
(2) 20.000 ser contabilizados em contas representativas de Despesas Opera-
Supondo que o Estoque Final, apurado através do inventário fí- cionais, classificadas no grupo das Despesas com vendas. Portanto,
sico realizado em 31/12/X1, tenha sido de R$ 12.000. esses gastos não interferem no valor das vendas de mercadorias.
Para que possamos registrar o valor do Estoque Final. Debita- Lembrando que estamos tratando somente dos fatos que interfe-
mos a Conta Estoque de Mercadorias que no razonete estava ze- rem nos valores das compras e das vendas de mercadorias.
rada, para que, a partir deste momento, ela passe a representar o • Como os saldos das contas Vendas Anuladas, Abatimentos so-
Estoque de Mercadorias nesta data. bre Vendas, interferem no valor das vendas, eles serão transferidos
Para transcrevermos nos razonetes, lançamos a importância de para a conta RCM, no final do Exercício, por ocasião da apuração do
R$ 12.000 a débito na Conta Estoque de Mercadorias e a crédito da resultado Bruto.
conta Custo das Mercadorias Vendidas (CMV). Impostos e Taxas Sobre Venda
Os Impostos ou Taxas Sobre Vendas incidem sobre vendas e
Estoque de Mercadorias CMV guardam proporcionalidade com preço de venda. Portanto quanto
(1) 5.000 12.000 (3) maior for a venda, maior será os impostos ou taxas sobre vendas,
(2) 20.000 por outro lado, se a empresa nada vender, não serão gerados im-
(3)12.000 postos e taxas sobre vendas.

3º Passo: Contabilização do RCM São considerados Impostos sobre vendas:


O critério é o mesmo adotado para contabilização do CMV: as IPI (Imposto Sobre Produtos Industrializados) – de competência
contas deverão ser transferidas na mesma ordem em que se en- da União (Governo Federal). A alíquota do IPI varia de acordo com
contram na respectiva fórmula do RMC. Para isso basta debitar a o produto, ou seja, tratando-se de produtos de primeira necessida-
importância de R$ 23.000 no razonete da conta Vendas de Merca- de, a alíquota é baixa ou até mesmo zero (produtos alimentícios,
dorias e creditar a mesma importância na conta Resultado da Conta vestuário, calçados, matéria-prima básica, etc), tratando-se de pro-
Mercadorias (RCM). Veja: dutos supérfluos, a alíquota é elevada, podendo chegar, como é o
caso de cigarros, próximos dos 400%. Outros produtos de alíquotas
elevadas são: bebidas alcoólicas, perfumes, automóveis, etc.

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CONTABILIDADE GERAL
ICMS (Imposto Sobre Operações Relativas à Circulação de Mer- Receita Bruta Caixa/Clientes
cadorias e Sobre Prestação de Serviços de Transporte Interestadual 70.000.000 70.000.000
e Intermunicipal e de Comunicação) – de competência dos Estados
e do Distrito Federal, alguns impostos vendas que eram de compe- Em seguida, destaca-se contabilmente o ICMS:
tência da União foram, com a Constituição de 1988, para o alcance
do ICMS (por exemplo: Imposto Único Sobre Energia Elétrica, Im- D: ICMS Sobre Vendas 12.600.000
posto Único Sobre Minerais, Imposto Sobre Combustíveis e Lubri- C: ICMS à Recolher 12.600.000
ficantes). O ICMS incide, também, sobre a entrada de mercadorias
importadas, ainda que se trate de bens destinados ao consumo ou A Receita Líquida é evidenciada da seguinte maneira:
ao ativo imobilizado das empresas.
ISSQN (Imposto Sobre Serviço de Qualquer Natureza) – de com- Apuração do ICMS a Recolher
petência dos Municípios e do Distrito Federal, por este não possuir Na venda da mercadoria foi destacada o ICMS recebido do com-
municípios. As alíquotas variam de acordo com as legislações muni- prador da mercadoria de R$ 12.600.000, que deve ser recolhido ao
cipais e de acordo com a natureza dos serviços. estado.
IVVC (Imposto Sobre Vendas a Varejo de Combustíveis) – de Todavia, quando da compra da mercadoria para revenda, foi
competência dos Municípios e do Distrito Federal, foi criado com a adiantado um pagamento do ICMS. Portanto, será descontada
Constituição de 1988. Entre os contribuintes do IVVC podem estar aquela quantia já paga, uma vez que o ICMS é um imposto não
as empresas distribuidoras, quando efetuarem tal tipo de venda. cumulativo, então ele é abatido a cada operação.
São Taxas guardam proporcionalidade com Vendas:
PIS (Programa de Integração Social) – quando calculado pela ICMS pago na Compra 9.000.000
aplicação de uma alíquota sobre a soma das receitas que entram no ICMS recebido na Venda 9.000.000 (1)
cálculo do lucro operacional (Líquido) delas podendo ser excluídos
alguns valores, tais como: as Vendas Canceladas, as Devoluções de ICMS a recuperar 19.000.000
Vendas, os Descontos Incondicionais, o IPI as reversões de Provi- ICMS a recolher 12.600.000
sões e Recuperações de créditos.
Cofins (Contribuição Para Financiamento da Seguridade Social) Saldo devido
3.600.000
Alguns Aspectos Contábeis do ICMS
Portanto, a empresa deve Recolher aos cofres públicos R$
Na Compra 3.600.000, já que R$ 9.000.000 foram pagos no momento da com-
De acordo com a Legislação Fiscal, deve ser excluído do custo de pra ao fornecedor. Esta parcela será destacada no Passivo Circulan-
aquisição de mercadorias para revenda e de matéria-prima o mon- te – ICMS a Recolher R$ 3.600.00, como uma obrigação.
tante do ICMS recuperável, destacado em Nota Fiscal. Tal procedi- Caso a empresa não venda a mercadoria adquirida, ou venda
mento implica registrar em conta própria de “ICMS a Recuperar”. somente parte dela, haveria saldo na conta ICMS a Recuperar que
A base de cálculo do ICMS é o preço da mercadoria. Assim se comporia o Ativo Circulante como um direito.
determinada empresa comercial adquiri uma mercadoria para re-
venda por R$ 50.000.000 a Nota Fiscal terá os seguintes destaques: Tratamento do IPI nas Empresas Comerciais
Uma empresa comercial, quando adquiri produtos de uma in-
A Contabilização é: dústria, para o IPI e o ICMS. No entanto, normalmente a empresa
comercial só recuperará o ICMS, já que é cobrado do seu cliente.
D: Compra de Mercadorias 41.000.000 Como o IPI, normalmente, não é cobrado pela empresa comercial,
D: ICMS à Recuperar 9.000.000 não há recuperação. Portanto, o IPI caracteriza custo para empresa.

C: Fornecedores/Caixa 50.000.000 Alguns Aspectos Contábeis do PIS Sobre Faturamento


O Programa de Integração Social (PIS) é uma contribuição que
O ICMS pago (ou a Pagar) por ocasião da Compra caracteriza-se as empresas em geral devem recolher, mensalmente, ao Governo
como um adiantamento da empresa adquirente, já que os impos- Federal.
tos sobre vendas são cobrados do consumidor e não da empresa. A base de cálculo da contribuição é o valor do faturamento, ex-
Esta é apenas depositária ou um veículo de arrecadação. Portanto, cluídos os valores relativos às Vendas Canceladas, aos Descontos In-
a empresa tem o direito de recuperar o ICMS pago a seu fornecedor. condicionais Concedidos, às Receitas decorrentes da venda do ativo
imobilizado e outros, conforme estabelece a Legislação própria.
Na Venda
Quando a venda se realiza, a empresa comercial deverá tam- Exemplo:
bém cobrar o ICMS do comprador da mercadoria. Uma empresa compra mercadorias a prazo no valor de R$
Suponha-se que esta mesma mercadoria seja vendida por R$ 3.500, com uma alíquota de PIS de 1,65%. E efetua uma venda de
70.000.000 a vista. Na emissão da Nota Fiscal haveria os seguintes mercadorias a vista no valor de R$ 8.000, com uma alíquota de PIS
destaques: de 1,75%
No Momento da venda, ao contrário da compra, o ICMS (assim
como os outros Impostos Sobre Vendas) comporá a Receita Bruta, Compra…………………………..3.500
devendo ser deduzido, em seguida, para apuração da Receita Lí- (-) PIS (3.500 x 1,65% = 57,75)
quida: 3.500 - 57,75
(=) 3.442,25
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CONTABILIDADE GERAL
D-Fornecedores 3.500
C- Compras 3.442.25 QUESTÕES
C-PIS a Recuperar 57,75

Venda…………………………….8.000 1. (FGV - 2013 - CONDER - Contador) • O patrimônio líqui-


(-) PIS (8.000 x 1,75% = 140) do inicial de uma empresa de economia mista era composto por
8.0000 - 140 $600.000 de Capital integralizado, $100.000 de Reserva Legal e $
(=) 7.860 10.000 de Reserva para futuro aumento de capital, apresentando
uma situação líquida de propriedade total dos ativos onde todos
Receita de Venda 8.000 os valores estão concentrados no ativo de giro.
• No final do ano foi apurado um lucro líquido do exercício
D - PIS 140 de$500.000 gerado exclusivamente por operações de curto prazo
C - PIS a Recolher 140 a vencer no próximo exercício financeiro.
• Na assembléia geral ordinária foi decidido que a empresa
Alguns Aspectos Contábeis da Cofins constituirá a reserva de lucro obrigatória destinando 50% de divi-
A Contribuição para financiamento da Seguridade Social (Co- dendos declarados a distribuir no início do ano subsequente e o
fins) foi criada pelo Governo federal com a finalidade de carrear saldo remanescente do lucro seria transferido para a reserva para
recursos para aplicação na área social. futuro aumento de capital.
O valor dessa contribuição é calculada no final de cada mês, me-
diante a aplicação de uma alíquota (taxa) sobre o faturamento do A variação dos saldos inicial e final do Patrimônio Líquido evi-
respectivo mês. denciado na demonstração das mutações do patrimônio líquido
do exercício findo é:
Exemplo: (A) $240.000.
Uma empresa compra mercadorias a prazo no valor de R$ (B) $250.000.
3.500, com uma alíquota de Cofins de 7,6%. E efetua uma venda (C) $260.000.
de mercadorias a vista no valor de R$ 8.000, com uma alíquota de (D) $262.500.
Cofins de 7,6%. (E) $265.000.

Compra……………………….3.500 2. (CESPE - 2014 - CADE - Contador) Com relação a princípios


(-) Cofins (3.500 x 7,6% = 266) de contabilidade sob a perspectiva do setor público, campo de
3.500 - 266 aplicação, regime contábil, sistemas de contabilidade federal, pa-
(=) 3.234 trimônio e suas variações, julgue o item a seguir.
As variações patrimoniais qualitativas são representadas por
D - Fornecedores 3.500 alterações do patrimônio público, sem que haja variação do patri-
C -Compras 3.234 mônio líquido.
C - Cofins a Recuperar 266 ( ) CERTO
( ) ERRADO
Venda………………………….8.000
(-) Cofins (8.000 x 7,6% = 608) 3. (IDECAN - 2016 - UERN - Contador) Na contabilidade os da-
8.000 - 608 dos constantes do Balanço Patrimonial são melhor interpretados
(=) 7.392 por meio das demonstrações contábeis que explicam a realidade
de suas contas. De acordo com o exposto correlacione, adequada-
Receita de Venda 8.000 mente, as colunas de acordo com a função de cada demonstração
apresentada.
D (-) Cofins 608 1. DRE.
C - Cofins a Recolher 608 2. DMPL.
3. DOAR.
4. DFC.
5. DLPAC.

( ) Variação da conta lucros acumulados.


( ) Aumento ou diminuição do Patrimônio Líquido.
( ) Variação das disponibilidades.
( ) Variação do capital circulante líquido.
( ) Variação das contas do patrimônio líquido.

A sequência está correta em:


(A) 1, 3, 2, 5, 4.
(B) 5, 1, 4, 3, 2.
(C) 4, 5, 3, 1, 2.
(D) 3, 1, 2, 4, 5.

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CONTABILIDADE GERAL
4. (CESGRANRIO - 2012 - TERMOBAHIA - Técnico de Supri- 9. (IBADE - 2019 - DEPASA - AC - Contador) Sobre os princi-
mento de Bens e Serviços - Júnior) No que diz respeito à variação pais livros contábeis exigidos pelas Normas que estabelecem aos
do patrimônio, o fato administrativo que envolve apenas as con- empresários e à sociedade empresária a obrigação de seguir um
tas patrimoniais e que não modifica o patrimônio líquido é o sistema de contabilidade com base na escrituração uniforme de
(A) misto seus livros contábeis, indique a alternativa correta:
(B)quantitativo (A) Diário e Contas Correntes.
(C) modificativo (B) Razão e Contas Correntes.
(D) permissivo (C) Livro de Inventário e Razão.
(E) permutativo (D) Livro Caixa e Contas a Pagar.
(E) Livro Diário e Razão.
5. (CESPE - 2019 - SLU-DF - Analista de Gestão de Resíduos
Sólidos - Ciências Contábeis) Com relação ao reconhecimento, à 10. (CESPE - 2013 - BACEN - Técnico - Suporte Administrativo)
avaliação, à mensuração e à escrituração de itens patrimoniais A respeito de teoria contábil, livros e registros dos fatos contábeis
passivos e do patrimônio líquido, julgue o item seguinte. e método das partidas dobradas, julgue os itens a seguir.
A conta ajuste de avaliação patrimonial, integrante do patri- O livro de apuração do lucro real é um livro contábil auxiliar,
mônio líquido, registra a variação de valor justo de instrumen- no qual os fatos contábeis são registrados por tipo de conta.
tos patrimoniais designados ao valor justo em outros resultados ( ) CERTO
abrangentes (VJORA) e será creditada quando ocorrer variação ( ) ERRADO
positiva desse valor justo.
( ) CERTO 11. (ESAF - 2004 - CGU - Analista de Finanças e Controle -
( ) ERRADO Área - Auditoria e Fiscalização - Prova 3) O nosso Ativo Imobiliza-
do consta apenas de Equipamento adquirido por R$ 60.000,00,
6. (VUNESP - 2014 - TJ-SP - Titular de Serviços de Notas e de em abril de 2002, e Veículo comprado em julho do mesmo ano,
Registros - Remoção) Ressalvadas as inexatidões materiais e as por R$ 45.000,00, com utilização imediata.
irregularidades constatáveis documentalmente, uma escritura Para fins de apropriar o desgaste físico, nós consideramos a
pública somente pode ser retificada vida útil de 10 anos e 5 anos, respectivamente, com valor residual
(A) mediante uma ordem judicial, tanto no âmbito administra- de 20%. O encargo de depreciação contabilizado no exercício so-
tivo quanto no âmbito jurisdicional. cial de aquisição (2002) foi no valor de
(B) por outra escritura, com o comparecimento das mesmas (A) R$ 4.500,00
partes que, na primeira, manifestaram sua vontade e participa- (B) R$ 6.600,00
ram do negócio jurídico instrumentalizado. (C) R$ 7.200,00
(C) a escritura pública é um ato jurídico perfeito e acabado e, (D) R$ 8.400,00
portanto, não admite retificação (E) R$ 12.500,00
(D) mediante uma ordem judicial, desde que no âmbito juris-
dicional 12. (ESAF - 2004 - CGU - Analista de Finanças e Controle - Área
- Auditoria e Fiscalização - Prova 3) Sobre o Plano de Contas da
7. (VUNESP - 2014 - TJ-SP - Titular de Serviços de Notas e de Administração Federal, não podemos afirmar que:
Registros - Remoção) Quanto à lavratura de escrituras públicas, (A) é composto também de uma tabela de eventos.
deverá o Tabelião de Notas observar as normas a seguir, exceto: (B) desdobra-se em 9 (nove) níveis, relativos a 12 (doze) dígitos,
(A) manifestação clara da vontade das partes, excluída a dos indo desde “Classe” até “Conta Corrente”.
intervenientes. (C) na Tabela de Contas Correntes, constam campos específicos
(B) referência ao cumprimento das exigências legais e fiscais para “Nota de Empenho” e para “Fonte de Recursos”.
inerentes à legitimidade do ato (D) são classificadas como “Exigível a Longo Prazo” aquelas
(C) assinatura das partes e dos demais comparecentes ou, caso obrigações que são exigíveis após o término do exercício finan-
não possam ou não saibam escrever, de outras pessoas capa- ceiro seguinte.
zes, que assinarão a rogo e no lugar daqueles, cujas impressões (E) possui como conta do ativo a Conta Única do Tesouro Na-
digitais, no entanto, deverão ser colhidas mediante emprego cional.
de coletores de impressões digitais, vedada a utilização de tinta
para carimbo. 13. (ESAF - 2006 - CGU - Analista de Finanças e Controle -
(D) assinatura do Tabelião de Notas ou a de seu substituto legal Área - Correição - Prova 2) A respeito do Balanço Orçamentário é
correto afirmar, exceto que
8. (MS CONCURSOS - 2018 - Câmara de Cabixi - RO - Conta- (A) apresenta a receita prevista e a despesa fixada.
dor) Nos livros contábeis é que são registrados os fatos contábeis. (B) o confronto da receita realizada com a despesa realizada
O livro diário apresenta as características apontadas em qual al- demonstra o resultado orçamentário.
ternativa? (C) a receita e a despesa são apresentadas por categoria eco-
(A) Obrigatório, secundário e cronológico. nômica.
(B) Facultativo, principal e sistemático. (D) não evidencia o fluxo financeiro da entidade no exercício.
(C) Facultativo, secundário e sistemático. (E) evidencia o resultado patrimonial da entidade.
(D) Obrigatório, principal e cronológico.

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14. (FAU - 2019 - IF-PR - Professor - Ciências Contábeis) A Lei Assinale a alternativa correta.
Federal nº 11.638 de 28 de dezembro de 2007 instituiu modifica- (A) Somente a proposição V está correta.
ções na Contabilidade das Companhias em consonância com as (B) Somente as proposições II e III estão corretas.
normas internacionais de contabilidade. Assinale a única alterna- (C) Somente a proposição I, está correta.
tiva que não apresenta uma alteração na legislação brasileira que (D) Somente as proposições III e IV estão corretas.
versa sobre contabilidade: (E) Somente as proposições II e IV estão corretas.
(A) As aplicações em instrumentos financeiros destinadas à
negociação ou disponíveis para venda, inclusive derivativos, e 17. (FGV - 2013 - CONDER - Contador) Quanto aos efeitos dos
em direitos e títulos de créditos, classificados no ativo circulan- regimes de caixa e de competência, analise as afirmativas a seguir.
te ou no realizável a longo prazo serão avaliados pelo valor de I. O lucro ou prejuízo final apurado na demonstração do re-
custo de aquisição ou valor de emissão, atualizado conforme sultado do exercício por competência do período terá sempre o
disposições legais ou contratuais. mesmo valor da variação de caixa das atividades de operações
(B) A Demonstração do Valor Adicionado representa o valor evidenciado na demonstração do fluxo de caixa.
da riqueza gerada pela companhia, a sua distribuição entre os II. Uma receita de prestação de serviço recebida antecipada-
elementos que contribuíram para a geração dessa riqueza, tais mente altera o saldo de caixa sem alterar imediatamente o resul-
como empregados, financiadores, acionistas, governo e outros, tado do período em razão do fato gerador da receita por compe-
bem como a parcela da riqueza não distribuída. tência somente ocorrer quando da efetiva prestação do serviço.
(C) Dispensa da elaboração da Demonstração dos Fluxos de III. Uma despesa paga antecipadamente envolve somente
Caixa as companhias fechadas com patrimônio líquido inferior contas patrimoniais sendo apropriada a conta de resultado so-
a dois milhões de reais na data do balanço. mente no momento do consumo dessa transação.
(D) Divisão do patrimônio líquido em capital social, reservas
de capital, ajustes de avaliação patrimonial, reservas de lucros, Assinale:
ações em tesouraria e prejuízos acumulados. (A) se somente a afirmativa I estiver correta.
(E) Serão classificadas como ajustes de avaliação patrimonial, (B) se somente a afirmativa II está correta.
enquanto não computadas no resultado do exercício em obedi- (C) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
ência ao regime de competência, as contrapartidas de aumen- (D) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
tos ou diminuições de valor atribuído a elementos do ativo e do (E) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
passivo, em decorrência da sua avaliação a preço de mercado.
18. (IF-ES - 2019 - IF-ES - Técnico em Contabilidade) A empre-
15. (FEMPERJ - 2012 - TCE-RJ - Analista de Controle Externo - sa Cia. Sucesso vendeu no mês X1 $ 40.000, dos quais $ 22.000
Controle Externo) Os regimes de caixa e competência são também recebeu à vista e o restante receberá a prazo, no mês X2. As des-
conhecidos como regime financeiro e econômico, tendo em vista pesas no mês X1 foram de $ 28.000, sendo que $ 14.000 foram
a abordagem com que cada um reconhece e apropria receitas e pagos à vista e o restante será pago no mês X2. Considerando as
despesas. A esse respeito, é correto afirmar que: informações apresentadas, assinale a alternativa que apresenta o
(A) no regime de caixa, as despesas devem ser apropriadas de Resultado Líquido do mês X1 pelos Regimes de Caixa e Competên-
acordo com a venda efetuada no período; cia, respectivamente:
(B) no regime de competência, as receitas são reconhecidas (A) $ 20.000 e $ 12.000
proporcionalmente às vendas do período; (B) $ 32.000 e $ 26.000
(C) no regime de caixa, as despesas incorridas, mas não pagas (C) $ 10.000 e $ 2.000
dentro do exercício, provocam um passivo menor e um lucro (D) $ 8.000 e $ 12.000
maior comparativamente ao que seria apresentado pelo regi- (E) $ 8.000 e $ 6.000
me de competência;
(D) no regime de caixa, as despesas incorridas, mas não pagas 19. (AL/CE – ANALISTA LEGISLATIVO/CIÊNCIAS CONTÁBEIS –
dentro do exercício, provocam um ativo maior e um passivo SUPERIOR – CESPE – 2021) De acordo com o Pronunciamento Téc-
menor comparativamente ao que seria apresentado pelo regi- nico CPC 00(R2) – Estrutura Conceitual para Relatório Financeiro, a
me de competência; elaboração do relatório financeiro, para fins gerais, deve priorizar a
(E) no regime de competência, as despesas devem ser apro- prestação de informações financeiras que sejam úteis para a toma-
priadas de acordo com seu pagamento ou desembolso. da de decisões de
(A) investidores e credores, existentes e potenciais.
16. (TJ-SC - 2011 - TJ-SC - Analista Administrativo) Analise as (B) administradores e membros de conselhos fiscais.
proposições abaixo sobre o regime contábil governamental ado- (C) órgãos reguladores e fiscalizadores.
tado no Brasil. (D) profissionais da contabilidade e auditores independentes.
I - Utiliza-se o regime contábil misto: caixa para a arrecadação (E) pessoas do público em geral, sem distinção.
das receitas e competência para a realização das despesas.
II - São três os regimes adotados no Brasil: caixa, competência 20. (PREFEITURA DE SÃO JOÃO DEL REI/MG – TÉCNICO EM CON-
e prudência. TABILIDADE – MÉDIO – IBGP – 2021) O objeto da contabilidade é o
III - Utiliza-se somente o regime de competência. patrimônio, que é definido como o conjunto de bens, direitos e obri-
IV - São dois: o de competência para a arrecadação das recei- gações, mensuráveis monetariamente e vinculados a uma entidade.
tas e o de caixa para a realização das despesas. Nesse contexto, é CORRETO afirmar que o Balanço Patrimonial é
V - São dois: o de prudência para as despesas e o de compe- a representação gráfica do patrimônio, e tecnicamente evidencia:
tência para as receitas.

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(A) A situação patrimonial da entidade em uma determinada (A) É obrigatória a escrituração do livro razão por qualquer pes-
data. soa jurídica.
(B) O resultado econômico decorrente da gestão patrimonial (B) A escrituração do livro razão deverá ser individualizada,
em um determinado período. obedecendo-se à ordem cronológica das operações.
(C) O saldo da equação patrimonial da entidade em uma deter- (C) O livro razão, com escrituração sintética, é auxiliar do livro
minada data. diário.
(D) Os aspectos estático e dinâmico do patrimônio da entidade. (D) São dispensados no livro razão os termos de abertura e de
encerramento.
21. (PC/SE – ESCRIVÃO DE POLÍCIA – MÉDIO – CESPE – 2021) Com (E) As entidades comerciais que adotem escrituração completa
relação aos conceitos fundamentais da contabilidade e seu meca- estão obrigadas a autenticar o livro razão.
nismo de registro de fatos administrativos, julgue o item que segue.
Contabilidade é a ciência que estuda, interpreta e registra as va- 26. (DPU - Contador - CESPE) A respeito dos componentes patri-
riações expressas na equação fundamental do patrimônio, as quais moniais e dos fatos contábeis, julgue o item a seguir.
afetam a situação líquida patrimonial. O recebimento de vendas a prazo é considerado um fato contá-
( ) CERTO bil permutativo, visto que ele não provoca alterações no patrimônio
( ) ERRADO líquido da entidade e modifica apenas a composição do ativo circu-
lante com o aumento das disponibilidades.
22. (FUNSAÚDE/CE – TÉCNICO EM CONTABILIDADE – MÉDIO – ( ) CERTO
FGV – 2021) O campo de atuação da Contabilidade é muito amplo e ( ) ERRADO
abrange diferentes segmentos. Com relação às finalidades de cada
segmento, assinale a afirmativa correta. 27. (Prefeitura de Niterói/RJ - Contador - COSEA) Das operações
(A) A Contabilidade de Custos é utilizada exclusivamente pela que alteram a estrutura contábil do patrimônio líquido de uma em-
Contabilidade Gerencial. presa, a que NÃO gera nem aumento nem diminuição do total do
(B) A Contabilidade Gerencial abrange as informações a serem patrimônio líquido é
fornecidas aos tomadores de decisão, isto é, às pessoas inter- (A) constituição de dividendos a pagar
nas à organização. (B) aproveitamento de reserva de lucros para aumento de ca-
pital social.
(C) A Contabilidade Fiscal tem como objetivo orientar investi-
(C) encerramento de exercício com apuração de prejuízos.
dores e credores na decisão de onde alocar seus recursos.
(D) aumento de capital por aporte.
(D) A Contabilidade Financeira é utilizada internamente para
(E) encerramento de exercício com apuração de lucros.
decisões sobre a produção de novos produtos.
(E) A Contabilidade Pública objetiva fornecer informação ao
28. (TJ/SP - Contador Judiciário - VUNESP) Passivo é:
Governo, principalmente à Secretaria da Receita Federal do
(A) uma obrigação presente da entidade, derivada de eventos
Brasil.
já ocorridos, cuja liquidação se espera que resulte em saída de
recursos da entidade capazes de gerar benefícios econômicos.
23. (IMBEL – CONTADOR – SUPERIOR – FGV – 2021) Assinale a (B) uma obrigação possível que resulta de eventos passados e
opção que indica a situação em que a receita mensal contabilizada cuja existência será confirmada apenas pela ocorrência ou não
pelo Regime de Competência e pelo Regime de Caixa é a mesma.   de um ou mais eventos futuros incertos, mas que está total-
(A) Venda a prazo de passagem aérea para ser utilizada ime- mente sob controle da entidade.
diatamente. (C) um evento futuro que cria uma coobrigação legal ou não
(B) Venda de curso mensal de informática, cujo pagamento formalizada que faça com que a entidade não tenha nenhuma
ocorre no último dia útil do mês das aulas. alternativa realista senão liquidar ou postergar essa obrigação.
(C) Venda à vista de plano trimestral em uma academia. (D) uma obrigação presente ou passada da entidade, deriva-
(D) Venda à vista de assinatura anual de revista. da de eventos ocorridos ou a incorrer, cuja liquidação poderá
(E) Recebimento de dinheiro por encomenda de roupa que fi- ocorrer por pagamento ou troca com ativos.
cará pronta em dois meses. (E) uma obrigação provável resultante de eventos presentes e
cuja existência será confirmada apenas pela ocorrência ou não
24. (TRT 10ª Região - Analista Judiciário - CESPE) O balanço pa- de um ou mais eventos futuros certos e pela saída de recursos
trimonial e o de resultado econômico devem ser lançados no livro da entidade ou mesmo pela troca por ativos.
razão. Ambos têm de ser assinados por técnico em ciências contá-
beis legalmente habilitado e pelo empresário ou sociedade empre- 29. (CEGAS – Assistente Técnico – Administrativo e Financeiro –
sária. IESES) O lucro líquido de uma organização é apresentado em qual
( ) CERTO demonstração contábil?
( ) ERRADO (A) Demonstração do Resultado do Exercício.
(B) Demonstração de Fluxo de Caixa.
25. (TRE/BA - Técnico Judiciário - CESPE) A pessoa jurídica tri- (C) Balanço Patrimonial.
butada com base no lucro real deverá manter o livro razão ou fi- (D) Inventário Periódico.
chas utilizadas para resumir e totalizar, por conta ou subconta, os
lançamentos efetuados no livro diário. Com relação ao livro razão,
assinale a opção correta.

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30. (UFG – Auditor – CS-UFG) A partir do conhecimento das re-
ceitas e despesas, pode-se estruturar a Demonstração de Resulta-
ANOTAÇÕES
do, que tem como objetivo principal apresentar, de forma vertical
resumida, ______________________________________________________
(A)O resultado apurado em relação ao conjunto de operações
realizadas num determinado período. ______________________________________________________
(B)A capacidade da entidade de pagar seus empregados e pro-
porcionar-lhes outros benefícios. ______________________________________________________
(C)O rendimento vinculado às políticas tributárias e de distri-
______________________________________________________
buição de lucros e dividendos.
(D)A decisão de manter ou vender um investimento em ações ______________________________________________________
resultantes de operações financeiras.
______________________________________________________

GABARITO ______________________________________________________

______________________________________________________
1 C ______________________________________________________
2 CERTO
______________________________________________________
3 B
______________________________________________________
4 E
5 CERTO ______________________________________________________
6 B ______________________________________________________
7 A
______________________________________________________
8 D
9 E ______________________________________________________

10 ERRADO ______________________________________________________
11 C
______________________________________________________
12 B
______________________________________________________
13 E
14 A ______________________________________________________
15 C ______________________________________________________
16 C
______________________________________________________
17 E
18 E ______________________________________________________

19 A ______________________________________________________
20 A _____________________________________________________
21 CERTO
_____________________________________________________
22 B
23 B ______________________________________________________
24 ERRADO ______________________________________________________
25 B
______________________________________________________
26 CERTO
______________________________________________________
27 B
28 A ______________________________________________________
29 A ______________________________________________________
30 A
______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________
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