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UNIVERSIDADE DO PLANALTO CATARINENSE

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

CESAR EVILASIO DE ALMEIDA BRANCO

REMOÇÃO DE SOLOS MOLES OU INSERVÍVEIS

LAGES
2014
CESAR EVILASIO DE ALMEIDA BRANCO

REMOÇÃO DE SOLOS MOLES OU INSERVÍVEIS

Projeto de Estágio Curricular


Supervisionado Obrigatório do Curso de
Engenharia Civil da Universidade do
Planalto Catarinense – UNIPLAC – como
requisito necessário para obtenção do
grau de Bacharel em Engenharia Civil.

Orientação: Professor, Arquiteto, Gastão


Pericles Lopes Carsten.
Co-Orientador: Engenheiro, Caetano
Palma Neto

LAGES – SC
2014
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Perfil resultante da decomposição e rochas.......................................... 10


Figura 2: Perfil esquemático de ocorrência de solos em ambiente tropical.......... 13
Figura 3: Perfil de solo mostrando os horizontes A, B e C ................................... 14
Figura 4: Ocorrência de solos lateríticos no território brasileiro............................ 15
Figura 5: Retirada de solos moles ou inservíveis ................................................. 17
Figura 6: Rua 31 de março até a Rodovia Federal BR 282 .................................. 19
Figura 7: BR 282 até Avenida Presidente Vargas ................................................ 20
Figura 8: Avenida Presidente Vargas até Avenida Marechal Castelo Branco ...... 21
Figura 9: Avenida Marechal Castelo Branco até a Rua Cirilo Vieira Ramos ........ 22
Figura 10: Escavação de solos moles .................................................................. 25
Figura 11: Retirada de solos moles ...................................................................... 25
Figura 12: Transporte de solos moles .................................................................. 26
Figura 13: Local destinado ao “bota fora”............................................................. 26
Figura 14: Despejo de solos moles no “bota fora” ................................................ 27
Figura 15: Trator de esteira espalhando solos moles no “bota fora” .................... 27
Figura 16: Escavação de solos moles até nível do rio ......................................... 28
Figura 17: Colocação da primeira camada de base ............................................. 28
Figura 18: Retificando o canal do rio .................................................................... 29
Figura 19: Construindo as camadas de base ....................................................... 29
Figura 20: Vista aérea de um trecho da avenida ponte grande ............................ 30
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ...................................................................................................... 5
1 DESCRIÇÃO DO PROBLEMA ................................................................................ 6
1.1 JUSTIFICATIVA .................................................................................................... 6
1.2 CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO E SEU AMBIENTE ............................. 6
1.3 OBJETIVO............................................................................................................. 7
1.3.1 Geral................................................................................................................... 7
1.3.2 Específicos ......................................................................................................... 7
2 REVISÃO DE BIBLIOGRAFIA ................................................................................ 8
2.1 DEFINIÇÕES DE SOLOS ..................................................................................... 8
2.1.1 Solos .................................................................................................................. 8
2.2 SOLOS ORIGEM E COMPOSIÇÃO ..................................................................... 9
2.3 SOLOS RESIDUAIS .............................................................................................. 9
2.4 SOLOS TRANSPORTADOS ............................................................................... 10
2.5 SOLOS ORGÂNICOS ......................................................................................... 12
2.6 SOLOS PEDOGÊNICOS .................................................................................... 12
2.7 SOLOS TROPICAIS ............................................................................................ 13
2.8 SOLOS LATERÍTICOS........................................................................................ 13
2.9 SOLOS SAPROLÍTICOS..................................................................................... 14
2.10 O ESTADO DOS SOLOS .................................................................................. 16
2.10.1 Índices físicos entre as três fases .................................................................. 16
2.11 O QUE SÃO SOLOS MOLES OU INSERVÍVEIS.............................................. 17
2.11.1 Definições....................................................................................................... 17
2.11.2 Remoção de solos moles ............................................................................... 17
3 METODOLOGIA .................................................................................................... 18
3.1 CLASSIFICAÇÃO ................................................................................................ 18
3.2 LEVANTAMENTO DE DADOS ........................................................................... 23
3.3 RELATÓRIO FOTOGRÁFICO ............................................................................ 24
3.4 ACOMPANHAMENTO DA OBRA ....................................................................... 29
4 CRONOGRAMA .................................................................................................... 35
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 36
ANEXO ..................................................................................................................... 37
ANEXO 1: MAPA ILUSTRATIVO DO TRAÇADO DA AV.PONTE GRANDE ............ 38
5

APRESENTAÇÃO

Este relatório de estagio tem a finalidade de acompanhar as obras da nova


avenida que Lages ira receber, trata-se do complexo Ponte Grande, uma obra do
PAC-2, com convênio do Ministério das cidades, Secretaria de Saneamento. O
nome do empreendimento esta definido como: Canalização do Ribeirão Ponte
Grande, execução de canal extravasor no rio caveiras e pavimentação de ruas
laterais marginais ao Ribeirão.O órgão interveniente é a Caixa Econômica Federal.
O foco abordado neste relatório é a questão dos solos inservíveis, sua identificação
e remoção além de sua destinação.
6

1 DESCRIÇÃO DO PROBLEMA

Para que sejam asseguradas as condições de conforto, segurança e


economia na construção de rodovias, além de condicionantes geométricos de
traçado, há que se proceder a investigações de natureza geológica e geotécnica da
região .Os solos encontrados nas margens dos rios, tem em sua composição
matéria orgânica em abundância, carreada pela ação das águas durante anos de
depósitos. Neste caso quando o aterro será executado sobre solos compressíveis,
de pequena capacidade de carga, há que se cuidar da progressiva mobilização de
sua resistência ao cisalhamento. Para que este problema seja minimizado existem
técnicas implementadas na remoção de solos moles, ou inservíveis. Consegue-se
assim o assentamento do aterro sobre uma nova camada mais resistente,
subjacente à argila mole.

1.1 JUSTIFICATIVA

Todas as obras de Engenharia Civil assentam-se sobre o terreno e


inevitavelmente requerem que o comportamento do solo seja devidamente
considerado.

1.2 CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO E SEU AMBIENTE

O Município de Lages, unidade da República Federativa do Brasil e do


Estado de Santa Catarina, tem como fundamentos:
I – A autonomia;
II – A cidadania;
III – A dignidade da pessoa humana;
IV - Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V – O pluralismo político.
7

Todo o poder emana do povo que o exerce por meio de representantes


eleitos ou diretamente, nos termos da Constituição Federal, da Constituição
Estadual e desta Lei Orgânica.
São poderes do município, independentes e harmônicos entre si, o
Legislativo e o Executivo.
São símbolos do Município a bandeira, o hino, o brasão e armas, a árvore
“Araucária angustifólia”(pinheiro).
Constituem objetivos fundamentais do Município:
I – Construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II – Garantir o desenvolvimento local e regional;
III – Contribuir para o desenvolvimento Estadual e Nacional;
IV – Erradicar a pobreza, a marginalização e reduzir as desigualdades
sociais;
V – Promover o bem de todos, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor,
idade ou quaisquer outras formas de discriminação.

1.3 OBJETIVO

1.3.1 Geral

Acompanhar a necessidade da remoção de solos moles ou solos inservíveis.

1.3.2 Específicos

a) Verificar os tipos de solos;


b) Identificar os solos moles ou inservíveis;
c) Verificar a necessidade de remoção;
d) Acompanhar a retirada de solos inservíveis;
e) Acompanhar a reposição de novo material estabilizante;
f) Conhecer as áreas destinadas ao “bota fora”.
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2 REVISÃO DE BIBLIOGRAFIA

2.1 DEFINIÇÕES DE SOLOS

2.1.1 Solos

Termo "solo" vem do latim "solum", e é a porção da superfície terrestre onde


se anda e se constrói etc. Material da crosta terrestre, não consolidado, que
ordinariamente se distingue das rochas, de cuja decomposição em geral provém, por
serem suas partículas desagregáveis pela simples agitação dentro da água
(Dicionário Aurélio).
No âmbito da engenharia rodoviária, considera-se solo todo tipo de material
orgânico ou inorgânico, inconsolidado ou parcialmente cimentado, encontrado na
superfície da terra. Em outras palavras, considera-se como solo qualquer material
que possa ser escavado com pá, picareta, escavadeiras, sem necessidade de
explosivos (DNER, 1996).
Segundo Vargas (1978), para a finalidade específica da engenharia civil, o
termo solo poderia ser definido, considerando-o como todo material da crosta
terrestre que não oferecesse resistência intransponível à escavação mecânica e que
perdesse totalmente toda resistência, quando em contato prolongado com a água.
Este termo é aplicado a materiais da crosta terrestre que servem de suporte, são
arrimados, escavados ou perfurados e utilizados nas obras de engenharia civil. Tais
materiais, por sua vez, reagem sob as fundações e atuam sobre os arrimos e
coberturas, deformam se e resistem a esforços nos aterros e taludes, influenciando
as obras segundo suas propriedades e comportamento.
Para Nogami et al. (2000), os solos são materiais naturais não consolidados,
constituídos de grãos separáveis por processos mecânicos e hidráulicos, de fácil
dispersão em água e que podem ser escavados com equipamentos comuns de
terraplenagem (pá carregadeira, motoescavotransportadora, etc). O solo ainda terá
estrutura artificial quando transportado e/ou compactado mecanicamente, como em
aterros, barragens de terra, reforços do subleito de pavimentos, etc.
9

2.2 SOLOS ORIGEM E COMPOSIÇÃO

Todo o solo tem sua origem imediata ou remota na decomposição das


rochas pela ação das intempéries. A formação originária dos solos depende de pelo
menos cinco fatores:
1 - a natureza da rocha madre;
2 - o clima da região;
3 - o agente intempérico de transporte;
4 - a topografia da região;
5 - os processos orgânicos.
Sob este ponto de vista, segundo Vargas (1978), os solos seriam divididos
em quatro grandes grupos:
1 - residuais;
2 - transportados;
3 - orgânicos;
4 - pedogênicos.

2.3 SOLOS RESIDUAIS

São aqueles provenientes da decomposição e alteração das rochas “in situ”.


Sua composição depende do tipo e da composição mineralógica da rocha original
que lhe deu origem. Todos os tipos de rocha formam solo residual. São bastante
comuns no Brasil, principalmente na região Centro-Sul, em função do clima.
(DNER,1996).
São subdivididos em horizontes e se organizam da superfície para o fundo.
A transição entre um horizonte e o outro é gradativa de modo que a separação entre
eles pode ser arbitrária. Não existe um contato ou limite direto e brusco entre o solo
e a rocha que originou. Em geral tem-se o seguinte esquema, mostrado na Figura 1.
10

Figura 1 - Perfil resultante da decomposição e rochas


Fonte: (DNER, 1996)

- Solo residual maduro: é o solo que perdeu toda a estrutura original da


rocha madre e tornou-se relativamente homogêneo. Não se consegue observar
restos da estrutura da rocha nem de seus minerais.
- Solo de alteração de rocha (Saprolitos): já mostra alguns elementos da
rocha madre, mantendo a estrutura original inclusive veios intrusivos, fissuras,
xistosidade e camadas, mas perdeu totalmente a consistência. Pode ser confundido
com a rocha alterada, porém ao ser pressionado pelos dedos esboroa-se
completamente.
- Rocha alterada: lembra a rocha madre no aspecto. É o horizonte em que a
alteração progrediu, preservando parte da estrutura e dos seus minerais. Sua dureza
ou resistência é inferior à da rocha madre.
- Rocha sã: é a rocha inalterada.

2.4 SOLOS TRANSPORTADOS

São solos sedimentados por um agente transportador. Formam geralmente


depósitos mais inconsolidados e fofos que os solos residuais e tem profundidades
variáveis. De um modo geral são menos homogêneos que os solos residuais.
11

Ocorrem somente em áreas mais restritas enquanto que os residuais são mais
comuns e de ocorrência generalizada (DNER, 1996).
De acordo com a capacidade do agente transportador podem exibir grandes
variações laterais e verticais na sua composição. De acordo com o agente
transportador temos os seguintes tipos: aluviais, coluviais, sedimentos e eólicos.
Os solos de aluvião são aqueles transportados pelas águas e depositados
quando a corrente sofre uma diminuição da velocidade. Quando o transporte é feito
por grandes volumes de água formam-se os terraços aluvionais das margens e as
planícies recentes dos deltas dos grandes rios. A princípio são carregados os
detritos das erosões. Os primeiros a serem depositados são os grandes blocos e
depois os pedregulhos. Ao se perder a velocidade, também vai se perdendo a
capacidade de carrear os sedimentos e então os rios passam a depositar as
camadas de areia e em seguida os grãos de menor diâmetro formandos leitos de
areia fina e silte. Por fim, somente os microcristais de argila permanecem em
suspensão na água e sua sedimentação se dará por floculação (VARGAS,1978).
A variação do regime do rio possibilita o aparecimento de depósitos de
aluviões bastante heterogêneos segundo a granulometria do material. As águas dos
rios em seu caminho para o mar transportam os detritos de erosão e os sedimentam
em camadas, na ordem decrescente de seus diâmetros. Em princípio sedimentam-
se as camadas de pedregulho, depois de areias e siltes e por fim às camadas de
argila. Os cascalhos encontrados ao longo do rio Paraná e usados como agregado
natural para concreto são exemplos de solos de aluvião assim como a argila
cerâmica do rio Tietê em São Paulo (DNER, 1996).
Os solos Coluviais são aqueles cujo agente transportador é a gravidade, que
faz cair massas de solo e rochas ao longo dos taludes. Também são conhecidos por
depósitos de talus. Ocorrem via de regra ao pé de escavações e encostas. Sua
composição depende do tipo de rocha existente nas partes mais elevadas. Estes
solos normalmente são desaconselháveis para projetos de engenharia, pois são
materiais inconsolidados, permeáveis e sujeitos a escorregamentos. (DNER, 1996).
12

2.5 SOLOS ORGÂNICOS

Segundo VARGAS (1978), a formação dos solos orgânicos ocorre pela


impregnação de matéria orgânica em sedimentos preexistentes ou pela
transformação carbonífera de materiais, geralmente, de origem vegetal contida no
material sedimentado.
Uma parte dos produtos da decomposição da matéria orgânica é um produto
escuro e relativamente estável que impregna os solos orgânicos, chamado húmus. E
este só impregna permanentemente solos finos como a argila e silte. Geralmente
são os solos de cor escura das baixadas litorâneas ou das várzeas dos rios
interioranos. Não existem areias grossas ou pedregulhos orgânicos, pois a alta
velocidade de percolação carreia toda matéria orgânica.
Quando há grande deposição de folhas caules e troncos formam-se um solo
fibroso essencialmente de carbono, que se chama turfa, tendo esta uma densidade
menor que os outros solos orgânicos.

2.6 SOLOS PEDOGÊNICOS

Dá-se o nome de evolução pedogênica há uma complexa série de processos


físico químicos e biológicos que governam a formação dos solos da agricultura.
Compreendem a lixiviação do horizonte superficial e concentração de partículas
coloidais no horizonte profundo e Impregnação com húmus do horizonte superficial.
Na engenharia, esta camada recebe o nome de "solo superficial" e têm pouco
interesse técnico. (VARGAS, 1978).
Um outro solo, de grande valor técnico para engenharia, são os chamados
"solos porosos", cuja formação se deve a uma evolução pedogênica em clima
tropical de alternâncias secas (no inverno) e extremamente úmidas (no verão)
resultando assim os solos lateríticos. Estes solos recobrem extensas zonas do Brasil
Centro-Sul e as espessuras podem atingir mais de 10 m.
13

2.7 SOLOS TROPICAIS

São chamados solos tropicais aqueles que apresentam peculiaridades de


propriedades e de comportamento, em decorrência da atuação nos mesmos de
processos geológicos e/ou pedológicos, tipo das regiões tropicais úmidas.
Encontram-se os seguintes solos nas regiões tropicais: lateríticos,
saprolíticos e transportados. Um perfil esquemático da ocorrência desses solos pode
ser visto na Figura 2.

Figura 2 - Perfil esquemático de ocorrência de solos em ambiente tropical


Fonte: (NOGAMI et al., 2000)

2.8 SOLOS LATERÍTICOS

"Later” significa "tijolo" em latim e "ito" significa material Pétreo. São solos
superficiais, típicos das partes bem drenadas das regiões tropicais úmidas,
resultante de uma transformação da parte superior do subsolo pela atuação do
intemperismo.
No processo de laterização há um enriquecimento no solo de óxidos
hidratados de ferro e/ou alumínio e a permanência da caolinita como argilo-mineral
predominante e quase exclusivo, conferindo a estes solos uma coloração típica:
vermelho, amarelo, marrom e alaranjado.
Segundo Nogami et al. (1985 apud MARANGON, 2004), solo laterítico é
definido pelo Comitê de Solos Tropicais da Associação Internacional de Mecânica
14

dos Solos e Engenharia de Fundações (ISSMEF) como aquele que pertence aos
horizontes A (camada mineral com enriquecimento de matéria orgânica) e B
(apresenta máxima expressão de cor, estrutura e/ou que possuem materiais
translocados), de perfis bem drenados, desenvolvidos sob atuação de clima tropical
úmido. Possuem sua fração argila constituída essencialmente de argilominerais do
grupo das caulinitas e de óxidos e hidróxidos de ferro e/ou alumínio o que confere a
estrutura poros e agregações altamente estáveis. Estes solos têm tendência a
possuírem uma grande parcela da sua granulometria menor que 2 mm de diâmetro e
em alguns locais podem apresentar, inseridos em sua constituição, pedregulhos
lateríticos denominados de laterita, que são massas consolidadas, maciças ou
porosas, de mesma mineralogia dos solos lateríticos e que tem sido muito
aproveitadas como materiais de construção rodoviária
Na Figura 3 é mostrado um perfil de solo em corte onde pose-se identificar a
distinção clara entre os horizontes A, B (lateríticos) e C (saprolítico)

Figura 3 – Perfil de solo mostrando os horizontes A, B e C


Fonte: (MARANGON, 2004)

2.9 SOLOS SAPROLÍTICOS

"Sapro" significa "pobre" em latim. São solos que resultam da decomposição


e/ou desagregação "in situ" da rocha matriz pela ação das intempéries (chuvas,
15

insolação, geadas), mantendo ainda de maneira nítida a estrutura da rocha que lhe
deu origem. São solos, genuinamente residuais, isto é, derivam de uma rocha matriz
e as partículas que a constituem permanecem praticamente no mesmo lugar em que
se encontravam em estado Pétreo.
Constituem a parte subjacente à camada de solo superficial laterítico
aparecendo somente na superfície do terreno através de obras executadas pelo
homem ou erosões. São mais heterogêneos e constituídos por uma mineralogia
complexa, contendo frequentemente minerais ainda em fase de decomposição. São
designados também de solos residuais jovens, em contraste com os solos
superficiais lateríticos que seriam maduros.

Figura 4 - Ocorrência de solos lateríticos no território brasileiro


Fonte: (NOGAMI et al., 2000)
16

2.10 O ESTADO DOS SOLOS

2.10.1 Índices físicos entre as três fases

Num solo, só parte do volume total é ocupado pelas partículas sólidas,que


se acomodam formando uma estrutura. O volume restante costuma ser chamado de
vazios, embora esteja ocupado por água ou ar.Deve-se reconhecer, portanto, que o
solo é constituído de três fases: partículas sólidas,água e ar.
O comportamento de um solo depende da quantidade relativa de cada uma
das três fases (sólidos, água e ar).
Em princípio, as quantidades de água e ar podem variar. A evaporação pode
diminuir a quantidade de água, substituindo-a por ar, e a compressão do solo pode
provocar a saída de água e ar, reduzindo o volume de vazios. O solo , no que se
refere as partículas que o constituem, permanece o mesmo,mas seu estado se
altera. As diversas propriedades do solo dependem do estado em que se encontra.
Quando diminui o volume de vazios, por exemplo, a resistência aumenta.
Para identificar o estado do solo, empregam-se índices que correlacionam
os pesos e os volumes das três fases. Estes índices são os seguintes:
• Umidade;
• Índice de vazios;
• Porosidade;
• Grau de saturação;
• Peso específico dos sólidos ou dos grãos;
• Peso específico da água;
• Peso específico natural;
• Peso específico aparente seco;
• Peso específico aparente saturado;
• Peso específico submerso.
17

2.11 O QUE SÃO SOLOS MOLES OU INSEVÍVEIS

2.11.1 Definições

São os depósitos de solos orgânicos, turfas, areias muito fofa ou solos


hidromórficos em geral, passíveis de ocorrerem nos locais a seguir indicados:
a) Zonas alagadiças;
b) Mangue e brejos;
c) Várzea de rios de baixa gradiente hidráulicos;
d) Antigos leitos de cursos d’água;
e) Planícies de sedimentação marinha ou lacustre.

2.11.2 Remoção de solos moles

É o processo de retirada total da camada de solo de baixa resistência ao


cisalhamento, incluindo o transporte e a disposição na forma de “bota fora”. Esta
solução só deve ser empregada quando a camada de solo mole for totalmente
substituída e para espessuras de solos mole inferiores a 4 m, sendo estas condições
necessárias para aplicação desta especificação. Na Figura 5 temos um exemplo de
retirada de solos moles ou inservíveis.

Figura 5: Retirada de solos moles ou inservíveis


Fonte: Prefeitura de Lages – Seplan (2014)
18

3 METODOLOGIA

3.1 CLASSIFICAÇÃO

A execução das duas pistas da avenida ponte grande ligando o bairro


Guarujá até o bairro Caça e Tiro foi nosso palco de pesquisas e observações. Por
tratar-se de uma obra de grande porte, houve a necessidade de limitar a execução
da mesma em trechos bem definidos, facilitando o desenvolvimento dos trabalhos.
Os trechos ficaram assim definidos:
19

1. Da Rua 31 de março até a Rodovia Federal BR-282;

Figura 6: Rua 31 de março até a Rodovia Federal BR 282


Fonte: (GOOGLE, 2014)
20

2. Da BR-282 até Avenida Presidente Vargas;

Figura 7: BR 282 até Avenida Presidente Vargas


Fonte: (GOOGLE, 2014)
21

3. Da Avenida Presidente Vargas até Avenida Mal. Castelo Branco;

Figura 8: Avenida Presidente Vargas até Avenida Marechal Castelo Branco


Fonte: (GOOGLE, 2014)
22

4. Da Avenida Mal. Castelo Branco até a Rua Cirilo Vieira Ramos.

Figura 9: Avenida Marechal Castelo Branco até a Rua Cirilo Vieira Ramos
Fonte: (GOOGLE, 2014)
23

A extensão total da obra é de 6.384,58m e passa pelos seguintes bairros:


• Guarujá;
• Beates;
• Dom Daniel;
• São Sebastião;
• Gethal;
• Ponte Grande;
• Santa Maria;
• Coral;
• Caravagio;
• Ferrovia;
• Popular;
• Várzea;
• Habitação;
• Caça e Tiro
O Decreto de nº 12.051 de 25 de fevereiro de 2011, pelo então prefeito
Renato Nunes de Oliveira, foi o primeiro ato oficial declarando de utilidade publica
para fins de desapropriação amigável ou judicial todo o trecho necessário para
execução dos trabalhos de implantação do complexo Ponte Grande.

3.2 LEVANTAMENTO DE DADOS

A elaboração de dados deste relatório de estagio foi baseado no


acompanhamento diário durante a vigência desta etapa, observando “in loco” as
equipes de trabalho procedendo a cortes e aterros e removendo solos inservíveis e
destinando o material aos bota fora.
A identificação de solos inservíveis, foco principal de nosso estágio, em
primeira análise foi feita pela empresa Prosul, através de sua equipe técnica a qual
estabeleceu um projeto ao longo de todo o trecho por onde passa o traçado da
Avenida Ponte Grande; realizando uma sondagem de solo a cada 50m.
As dificuldades neste sistema empregado para as sondagens foram
inúmeras, pois no meio do caminho onde estavam prospectando o solo existiam
24

muitos obstáculos, como cercas, casas, arvores, banhados, pequenos córregos e


outras benfeitorias que não permitiam um panorama acurado para a previsão do
material de solos mole a ser removido.
Uma situação que também prejudicou o andamento das pesquisas foi a
proibição dos proprietários de imóveis lindeiros ao Rio Ponte Grande, para a
passagem e entrada da equipe em seus terrenos , visando a sondagem do solo.
Outra dificuldade encontrada foi que ao longo dos anos equipes da
Prefeitura realizaram obras no rio Ponte Grande de retificação no traçado do leito do
rio eliminando curvas e meandros, visando tornar mais eficiente o escoamento das
águas. Este trabalho não era de conhecimento da Empresa Prosul, o que levou a um
sub-dimensionamento de solos inservível ocasionado erro na determinação de
volumes de material mole a ser removido. Na prática a quantidade de material a ser
removido ,esta superando muito o projeto inicial.
As quantidades iniciais previstas de escavação e remoção de solos do
projeto foram assim dimensionadas:
• Solos de 1a Categoria: 155.972 m3 (sendo 43.308 m3 de material
inservível, removido do canal);
• Solos de 2ª Categoria: 11.650 m3;
• Solos de 3ª Categoria: 7.707 m3;
• Solos de 1ª Categoria proveniente de empréstimo: 118.747 m3;
• Solos de 2ª Categoria proveniente de empréstimo: 29.383 m3.

3.3 RELATÓRIO FOTOGRÁFICO

Foi feito um relatório fotográfico, proporcionando uma melhor interpretação


e acompanhamento das ações desenvolvidas junto as margens do rio Ponte
Grande.Procuramos obter o melhor ângulo possível para retratar as melhores
imagens e detalhes do cotidiano de uma grande obra.
25

Figura 10: Escavação de solos moles


Fonte: Autor da Pesquisa – (Maio-2014)

Figura 11: Retirada de solos moles


Fonte: Autor da Pesquisa – (Maio-2014)
26

Figura 12: Transporte de solos moles


Fonte: Autor da Pesquisa – (Maio-2014)

Figura 13: Local destinado ao “bota fora”


Fonte: Autor da Pesquisa – (Maio-2014)
27

Figura 14: Despejo de solos moles no “bota fora”


Fonte: Autor da Pesquisa – (Maio-2014)

Figura 15: Trator de esteira espalhando solos moles no “bota fora”


Fonte: Autor da Pesquisa – (Maio-2014)
28

Figura 16: Escavação de solos moles até nível do rio


Fonte: Autor da Pesquisa – (Maio-2014)

Figura 17: Colocação da primeira camada de base


Fonte: Autor da Pesquisa – (Maio-2014)
29

Figura 18: Retificando o canal do rio


Fonte: Prefeitura de Lages – SEPLAN (2014)

Figura 19: Construindo as camadas de base


Fonte: Prefeitura de Lages – SEPLAN (2014)
30

Figura 20: Vista aérea de um trecho da avenida ponte grande


Fonte: Prefeitura de Lages – Seplan- 2014

3.4 ACOMPANHAMENTOS DA OBRA

Durante as visitas deste grande e arrojado empreendimento estivemos na


companhia de técnicos e engenheiros da Prefeitura de Lages, da Empresa Sul
Catarinense, e da Empresa Prosul, recebendo todas as informações pertinentes ao
bom desenvolvimento da obra e benefícios a comunidade. Meu trabalho foi
desenvolvido na parte de acompanhamento das equipes de trabalho, como
observador da obra.
A equipe técnica de engenheiros que acompanham a execução e
fiscalização da obra esta assim definida:
• Caixa Econômica Federal, 02 engenheiros;
• Prefeitura do Município de Lages, 02 engenheiros;
• Empresa Prosul Ltda, 03 engenheiros;
• Empresa Sul Catarinense, 03 engenheiros
A empresa Sul Catarinense, desenvolve seus trabalhos de campo com uma
equipe de 68 funcionários, sendo 03 engenheiros e 68 funcionários. Tem um parque
de maquinas operando com 04 escavadeiras hidráulica, 03 retro escavadeiras, 02
tratores de esteira e 22 caminhões caçamba.
31

O turno de trabalho que a empresa desenvolve de segunda a sexta-feira é


das 07h às 12h e das 13h até 18h; sábado o turno vai das 7h às 12h e das 13h até
as 16h.
As etapas diárias de trabalhos rotineiros de acordo com a metodologia da
empresa estão assim distribuídas: Após prévia identificação de solos inservíveis a
escavadeira hidráulica, começa a retirada de material mole, e vai carregando as
caçambas de acordo com sua capacidade de transporte de carga, ou seja, entre
12m³ a 19m³; sai uma caçamba carregada e entre outra para a mesma operação;
elas transportam o material retirado para um local denominado de “bota fora”, lugar
este já liberado pelos órgãos oficiais de licenciamentos ambientais (Fátima); o ideal
seria que a localização do depósito de material fique o mais próximo possível da
remoção de solos, visando uma economia com transporte; na sequência um trator
de esteira espalha o material basculado pela caçamba deixando a superfície do local
plana e pronta para receber novas e sucessivas cargas até o ponto desejado de
aterro. A escavadeira rebaixa o terreno lindeiro ao rio até atingir o nível do fundo do
leito do mesmo, pois ali a natureza pela ação das forças da água já encontrou
material resistente, compacto e duro.
Após a retirada do material mole é colocado no local agregado graúdo
(pedras) para iniciar a montagem das camadas que irão dar sustentação a camada
final de acabamento asfáltico. As camadas iniciais de base necessitam de uma
atenção especial, pois as caçambas para ter acesso a este novo local de trabalho,
devem passar por um caminho seguro já espalhado e compactado, caso contrário,
sofrerão prejuízos em pneus cortados, furados, e desgaste mecânico acentuado.
As camadas que compõem a estrutura da avenida estão assim classificadas;
• Leito,
• Sub-base (rachão);
• Base de terra decapagem;
• Brita graduada;
• Camada Asfalto.
Observação: O material denominado de decapagem é encontrado nas
pedreiras mais precisamente entre a faixa de terra (matéria orgânica) e a rocha.
Trata-se de um agregado largamente utilizado na estrutura dos pavimentos com
excelentes resultados.
32

As camadas de base em todas as fases são devidamente compactadas de


20 cm em 20 cm, com rolo vibratório de pé de carneiro até atingir o que determina a
norma específica. Se o material compactado estiver acima do grau de umidade
estabelecido, um trator passará um arado sobre este material, visando secar solo e
provocar a evaporação do excesso de umidade encontrada. Se houver previsão de
chuva, este solo é rapidamente selado com rolo liso, a fim de dificultar absorção de
água no solo.
Os materiais que compõem as camadas de base são fornecidos pela
empresa Britagem Gaspar, localizado no Morro Grande, e empresa Britaplan,
localizada na BR-116, lugar denominado de Vista Alegre em Lages-SC.
33

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Historicamente o homem sempre encontrou dificuldades em vencer terrenos


com solos moles ou inservíveis ao longo dos séculos. No Brasil este desafio
começou no inicio do século XX, mais precisamente na baixada santista com a
construção de estradas de ferro e de rodagem.
Em nossa cidade outras avenidas já construídas como são o caso da
Belizário Ramos, Duque de Caxias e Marechal Castelo Branco, passaram por
problemas semelhantes na ocorrência de solos moles ou inservíveis no subleito de
suas bases. A Rua Cirilo Vieira Ramos, localizada nos Bairros Vila Nova e Bom
Jesus é um exemplo real e atual de como solos moles podem danificar a estrutura
de base de uma via pública; a faixa de rolamento esta totalmente ondulada, com
muitos buracos e depressões. O projeto de recuperação da mesma, deve
contemplar primeiramente a remoção de solos moles, drenagem, reposição de
material para compactação em camadas, agregados e o pavimento final (asfalto).
O complexa Ponte Grande é uma extraordinária oportunidade para
estagiários do curso de construção civil e atividades afins, tomarem conhecimentos
das técnicas utilizadas e empregadas, uma situação impar, pois dificilmente Lages
terá outro empreendimento desta magnitude a curto ou médio prazo. É fácil observar
o andamento dos trabalhos, pois a obra é logo ali, sempre perto de um dos 14
bairros por onde o projeto se desenvolve.
A intenção deste estágio foi a de tirar o máximo possível de conhecimento e
experiência, pois é uma condição especial de aprendizado vivenciando diariamente
as máquinas operando num ritmo forte e acelerado, removendo muito material das
margens do rio, transportando ,espalhando em bota fora e trazendo novos
agregados graúdos para formar as camadas de base do futuro pavimento asfáltico.
A execução desta obra irá propiciar a comunidade uma melhor qualidade de
vida, nova área de valorização imobiliária, investimentos na construção civil,
incremento nas instalações comerciais e de prestação de serviços, redução da
poluição ambiental e principalmente criar novas rotas alternativas para desafogar o
nosso tão complicado trânsito. O projeto ainda contempla uma ciclovia, pistas para
caminhadas e um parque linear.
34

Algumas dificuldades existem como a realocação de várias famílias que


residem em áreas de risco, a construção de 200 unidades habitacionais, e as
negociações para o pagamento de indenizações, visando agilizar a liberação de
novas frentes de trabalho para as empreiteiras.
Tudo isto a seu devido tempo esta sendo solucionado, profissionais
competentes resolvem caso a caso, existem recursos federais e municipais e na sua
correta aplicação obteremos uma via ampla, moderna, confortável, econômica e
segura para uso de nossa população.
35

4 CRONOGRAMA

Meses
Atividades Mar Abr Maio Jun
ETAPAS PROJETO ESTÁGIO
1. Definição do tema de estágio X
2. Levantamento de dados X
3. Análise dos resultados X X

4. Conclusão e entrega X
36

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

NORMA RODOVIÁRIA, DNER, PROCEDIMENTOS PRO 381/98. Projetos de aterro


sobre solos moles para obras viárias, 1998.

PINTO, C. S. Curso básico de mecânica dos solos em 16 aulas. 3. ed. São


Paulo: Oficinas de textos, 2006.

MARANGON, M. Proposição de estruturas típicas de pavimentos para região de


minas Gerais utilizando solos lateríticos locais a partir da pedologia,
classificação MCT e resiliência. 2004. (Tese de Doutorado). Programa de
Engenharia Civil. COPPE/UFRJ. Rio de Janeiro/RJ.

NOGAMI, J. S., VILLIBOR, D. F. Pavimentação de baixo custo com solos


lateríticos. São Paulo: Atlas, 1995.

NOGAMI, J. S.; VILLIBOR, D. F.; BELIGNI, M.; CINCERRE, J. R. Pavimentos com


solos lateríticos e gestão de manutenção de vias urbanas. São Paulo: Atlas,
2000.

NOGAMI, J. S. et al. Peculiarities of geothecnical behavior of tropical lateritic and


saprolitic soils. Progress Report. Committee on Tropical Soils of the ISSMFE.
Theme 1, Topic 1.1. Preliminar y Remarkes. ABMS. 1985.

VARGAS, M. Introdução à mecânica dos solos. Rio de Jnaeiro: McGRAW-HILL;


1978.
37

ANEXO
38

ANEXO 1: MAPA ILUSTRATIVO DO TRAÇADO DA AV.PONTE GRANDE

Fonte: Prefeitura de Lages – SEPLAN


39

ANEXO 2: FIGURA ILUSTRATIVA DA AV.PONTE GRANDE

Fonte: (SEPLAN, 2014)


40

ANEXO 3: FIGURA ILUSTRATIVA DA AV.PONTE GRANDE

Fonte: (SEPLAN, 2014)


41

ANEXO 4: FIGURA ILUSTRATIVA DA AV.PONTE GRANDE

Fonte: (SEPLAN, 2014)


42

ANEXO 5: FIGURA ILUSTRATIVA DA AV. PONTE GRANDE

Fonte: (SEPLAN, 2014)


43

ANEXO 6: FIGURA ILUSTRATIVA, SECÃO TRANSVERSAL DA AV. PONTE


GRANDE

Fonte: Prefeitura de Lages (SEPLAN, 2014)

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