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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

CURSO DE FARMÁCIA

RESUMO DE CRÉDITO DIGITAL ALCALOIDES

ELIZABETH SILVA

Nova Iguaçu

2023
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ALCALOIDES

Os alcaloides são substâncias de baixo peso molecular e representam aproximadamente


20% dos metabólitos secundários em plantas. Até o momento, cerca de 12.000
alcaloides foram isolados de diversos gêneros vegetais. São constituídos por carbono,
hidrogênio e nitrogênio, contendo em geral um anel. Sua biossíntese pode ocorrer a
partir de aminoácidos, mas também há alcaloides derivados de terpenos. Amplamente
distribuído pelo reino vegetal os alcaloides, são substâncias que possuem pelo menos
um átomo de nitrogênio em sua estrutura, principalmente em forma de aminas podendo
ser elas: primárias, secundárias e terciárias, o que confere a elas á característica básica.
O grau de basicidade dos alcaloides varia muito, pois depende das ligações e da posição
do nitrogênio na molécula, e da presença e da localização de outros grupos funcionais.

Classificações: Origem Biossintética e Pelo Tipo de Precursor.

Classificação pela origem biossintética: Se divide em alcaloides verdadeiros: São


aqueles que possuem o átomo de Nitrogênio como parte do anel heterocícliclo.
Protoalcaloides: São aqueles que possuem o átomo de Nitrogênio na cadeia lateral.
Ambos são produzidos a partir de aminoácidos. Já os pseudoalcaloide: Não são
derivados dos aminoácidos.

Pelo tipo de precursor: A classificação pelo tipo de precursor é baseada no aminoácido


(ou outra substância) que origina a biossíntese, fornecendo parte do esqueleto e o
Nitrogênio do alcalóide. Os aminoácidos precursores dos alcaloides são L-aspartico, L-
histidina, L-lisina, L-ornotina, L-tirosina, L-triptofano, ácido antranílico e ácido
nicotínico.

Nas plantas os alcaloides regulam o crescimento vegetal e tem função protetora frente a
predadores.

Propriedades Físico-Quimicas

São encontrados nos tecidos vegetais na forma de sais ácidos orgânicos, esteres ou
combinados com taninos ou açúcares, e são isolados na forma de compostos cristalinos,
amorfos, sem odor e não abundantes. A maioria é caracterizada pelo gosto amargo e por
ser incolor, mas alguns são coloridos, como a colchina e betaína. Os alcalóides em
forma de bases livres são solúveis em solventes orgânicos apolares e em geral baixa
solubilidade em água. Seus sais são solúveis em água e ácidos diluídos e são insolúveis
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ou pouco solúvel em solventes orgânicos. O método de extração se baseia em suas


propriedades físico-químicas, podendo ser utilizados: um utilizando solventes em meio
alcalino e outro em meio ácido. O método de detecção é possível por meio dos reativos
gerais de alcaloides (RGA), com os quais formam turvação e precipitação.

Biossíntese dos Alcaloides: São formados a partir de precursores formados pela via do
acetato e da via chiquimato, mas existem diversos tipos de alcaloides criados por
precursores provenientes de outras vias do metabolismo secundário de plantas

Via do acetato ou Acetil-CoA

A Ornitina (aminoácido) da origem aos alcaloides tropânicos, alcaloides pirrolidínicos,


alcaloides pirrolizidínicos.

Os alcaloides tropânicos são


derivados da L-ornitina e Acetil-CoA,
apresentam em comum uma estrutura
bicíclica (Chamada de anel tropano.),
composta pelos anéis pirrolidina e
piperidina, que possuem orientações α
e β, existindo na forma de 2 isômeros
geométricos

A hiosciamina é enontrada nas plantas normalmente na forma enantiomericamente pura,


durante a extração vegetal e o fracionamento do extrato vegetal, compondo a mistura
racêmica chamada de atropina.

VIA: Acetil-CoA Planta:


Atropa belladona L

Aminoácido de Origem: Tipo de Alcaloide:


Ornitina tropânicos

(d/l-hiosciamina)
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Como ocorre com a hiosciamina, a hioscina, também conhecida como escopolamina, é


racemizada durante o processo de extração vegetal e o fracionamento, porém com
menos facilidade. A forma racêmica da hioscina é chamada de atroscina.

Escapolamina VIA: Acetil-CoA Planta:


Datura stramonium L
Hyoscyamus niger L.

Aminoácido de Origem: Tipo de Alcaloide:


Ornitina Tropânicos

Origem Biossintética:
Alcaloide verdadeiro

VIA: Acetil-CoA Planta:


Erythroxylum coca

Aminoácido de Tipo de Alcaloide:


Origem: Tropânicos
Ornitina

Origem Biossintética:
Alcaloide verdadeiro

A Lisina (aminoácido) dá origem aos alcaloides piperidínicos, alcaloides piridínicos,


alcaloides quinolizidínicos.

VIA: Acetil-CoA Planta:


Nicotiana tabacum L.
Solanaceae

Precursor Aminoácido: Tipo de Alcaloide:


Lisina Piridínicos

Origem Biossintética:
Alcaloide verdadeiro
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Via do Chiquimato

O Triptofano( aminoácidos) dá origem aos alcaloides indólicos e alcaloides


quinolínicos.

A fenilalanina e tirosinas ( aminoácidos) dão origem aos protoalcaloides, alcaloides


isoquinoleicos e alcaloides benzilisoquinoleicos.

Classificação quanto a estrutura:

Produz alcaloides devido a formação do ácido antranílico e dos aminoácidos L-tirosina,


L-fenilalanina e L-triptofano. É a partir do ácido antranílico que os alcaloides
quinolinicos, quinazolínicos e acridínicos são formados.

O ácido antranílico também compõe, depois de reações sequências, o indol-3- glicerol-


fosfato, após a saída do 3- fosfogliceraldeído, forma o indol e em seguida o L-
triptofano por meio de reação enzimática e adição de uma serina.

O triptofano dá origem a alcaloides. Os do tipo indólicos simples, as β carbolinas, os


pirroindólicos e indolterpenoides são formados por meio da composição tendo a
triptamina como intermediário. A partir da DMAPP, à estrutura do L- triptofano dá
origem a biossíntese dos alcaloides do Ergot, uma doença que acomete grãos,
especialmente grãos de centeio, causando toxicidade, seu precursor é ácido (+) -
lisérgico. Apesar da toxicidade, estudos revelam que alguns alcaloides derivados do
ácido (+) - lisérgico possuem ações farmacológicas importantes, sendo usados na
terapia entre eles temos a ergometrina derivado de aminoácidos e a ergotamina derivado
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de peptídeo.O núcleo indólico de alguns intermediários pode sofrer rearranjo e formar


os alcaloides quinolinicos. Nessa classe destacam- se a quinidina e a quinina,
encontradas em várias espécies do gênero Cinchona (Rubiaceae).

O ácido prefênico forma os aminoácidos L-fenilalanina e L-tirosina. Enquanto a L-


fenilalanina dá origem apenas aos alcaloides do tipo das feniletilaminas, a L-tirosina
forma uma grande variedade de classes de alcaloides. Dentre as feniletilaminas
podemos destacar os neurotransmissores dopamina, noradrenalina e adrenalina e os
alcaloides mescalina e efedrina.

A biossíntese da mescalina ocorre com base da L-tirosina. A L-tirosina sofre uma


oxidação, formando a L-dopa, que sofre uma descaboxilação, gerando a dopamina. A
dopamina sofre uma O-metilação e uma hidroxilação aromática, dando origem a
mescalina um alcaloide com propriedades psicoativas e alucinógenas. A mescalina é um
alucinógeno fraco, possui baixo valor de Log P, sendo necessária uma dose maior para
produzir efeitos psicodélico. Um dos seus precursores é o alcaloide
tetrahidroisoquinolinicos anhalamina, anhalonina e anhalonidina. Os átomos de carbono
adicionais das estruturas são oriundos do ácido pirúvico e do ácido glioxílico.

A efedrina é um alcaloide do tipo feniletilamina, produzido a partir da L-fenilalanina. A


L- fenilalanina é metabolização, originando o benzoil-CoA, que sofre uma adição de
ácido pirúvico seguida de descaboxilação, formando uma dicetonas, que sofre uma
transaminação, e depois a (S)-catinona. A redução da cetona forma dois isômeros (1R,
2S) - norefedrina e (1S, 2S) - norpseudoefedrina. Estes sofrem uma N-metilação, e os
isômeros (1R, 2S) - efedrina e (1S, 2S) - pseudoefedrina são formados. A efedrina é

um agonista alfa e beta adrenérgico e intensifica a liberação de norepinefrina nos


neurônios simpáticos. Tem ação descongestionante nasal por causar vasoconstrição na
mucosa é considerado um agente simpaticomimético de ação mista. Sua potência é
menos marcada do que as anfetaminas e a noradrenalina.

Alcaloides Benzoltetrahidroisoquinolínicos e Benziltetrahidroisoquinolínicos


Modificados.

A dopamina reage com o 4-hidroxifenilacetaldeído e compõe o esqueleto de alcaloides


Benzoltetrahidroisoquinolínicos. Ocorrendo mudanças no esqueleto básico forma o
alcaloide do tipo benziltetrahidroisoquinolínicos modificados. A tubocurarina é um
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alcaloide bisbenziltetrahidroisoquinolínico composto a partir de pontes de éter formadas


pelo acoplamento radicalar entre (S)-N- metilcoclaurina e (R)-N-metilcoclaurina. A
tubocurarina é o principal alcaloide presente no curare um veneno, colocado na ponta de
flechas usadas para caçar pelos povos indígenas da Guiana e da Bacia do Amazonas. O
curare é um antagonista competitivo dos receptores nicotínicos da aceticolina. Os
receptores são encontrados nas junções neuromusculares e promovem contração
muscular quando ativados. Uma vez inibido, impede a ligação da acetilcolina ao
receptor causando paralisia muscular, levando à morte por paralisia dos músculos
respiratórios.

Opióides

Quando o esqueleto dos benziltetrahidroisoquinolinico sofre uma modificação estrutural


devido a uma ligação radicalar intramolecular da (R) reticulina. Ela sofre uma
oxidação, seguida de um diradical que se liga a salutaridina, um intermediário que sofre
uma redução na carbonila, seguida de esterificação, formando a tebaína, alcaloide
presente no ópio. A tebaína forma a codeína a partir de reações que envolvem a
formação de carbonila cetônicas provinientes de oxidação, seguida de desidratação e
isomerização, e redução estereoespecífica da carbonila. Seguida de uma desmetilação, a
codeína forma a morfina. A morfina é relativamente hidrofílica, promove forte
analgésia, sendo eficaz para alívio de dores moderadas a severas, causa tolerância e
dependência física e psíquica, doses elevadas podem levar à morte por parada
respiratória. Tebaína tem pouca ação analgésica e leva a crises epiléticas mesmo em
baixas doses, seu precurso é o naloxona (antagonista opiácio).

Heroína é um diacetato de morfina, um analgésico altamente viciante e hipnótico,


possui alto valor de LogP atravessa a barreira hematoencenfalica. A papaverina, na
forma de cloridrato é muito empregada como antespasmotico é obtida por síntese.
Noscapina é um potente antitussígeno para uso pediátrico.

Fenetilisoquinolinas

A dopamina se liga a um esqueleto C6C3 do 4- hidroxidihidrocinamaldeido, ao invés do


C6C2, como ocorre na formação das benziltetrahidroquinolinas. Após reações de
hidroxilaçåo e metilações, gerando como produto final (S) autumnalina, que é o
precursor da colchicina, apesar de ser um alcaloide, não possui caráter básico, seu
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Nitrogênio tem caráter amídico. É utilizada no tratamento da gota e é eficaz, porém


causa muitos efeitos colaterais, que restringe seu uso.

Alcaloides da família Amaryllidaceae

Estão correlacionados mais pela biossíntese do que pela estrutura, são formados por
meio do acoplamento oxidativo intramolecular, e sua biossíntese começa pela
combinação do 3,4- hidroxibenzaldeido com tiramina, decorrentes da feniletilamina e
das tirosinas, respectivamente. Após a formação da 4- O- metilnorbeladina, são
possíveis 3 posições de acoplamento. A galantamina é um exemplo de alcaloide
composto via orto-para.

Alcaloide de Precursores Não Aminoácidos

São formados por meio de reações entre o Aceti-CoA e o Malonil-CoA e a partir de


bases púricas. Nesse grupo se destaca os alcaloides, mono, sesqui, diterpenos,
esteroidais e os alcaloides púricos. Existe ainda os alcaloides imidazolicos, como
representante temos a L-histidina que dá origem aos alcaloides imidazólicos. Um
aminoácido formado a partir da glicose e não da Via do Acetato ou Chiquimato Esses
alcaloides mantêm seu esqueleto carbônico que sofrem reações de transaminação; nesse
grupo temos a (pilocarpina e a pilosina) encontrados nas folhas de jaborandi.

Alcaloides Derivados de Reações de Aminação: A conina é um alcaloide com


estrutura piperidinica que não deriva da L-lisina e sim pelo ácido cáprico, formado pelo
acoplamento entre o acetato e o malonato. Todas as partes da conina são venenosa
devido ao alto teor de alcaloides. Ela é um antagonista da acetilcolina.

Alcaloides Púricos: Os alcaloides purínicos são aqueles derivados da xantina, que


possuem origem biossitética nas bases púricas adenina e guanina. Como representante
temos a cafeína, teobromina e teofilina. Com exceção da cafeína que possui um caráter
básicos as demais são anfóteros

A cafeina estimula o Sistema Nervoso Central, em doses altas pode interferir no efeito
de sedativos como os barbitúricos. A teofilina é utilizada como relaxante muscular. A
teobromina é encontrada no cacau. As xantinas são irritantes para a mucosa gástrica.
Superdosagem pode causar nervosismo, ansiedade e taquicardia. As metilxantinas
inibem a fosfodiesterase, aumentando o AMPc, liberando adrenalina, estimulando o
Sistema Nervoso Central.
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Alcaloides Terpenoides: Podem ter uma grande variedade estrutural, um tipo de


alcaloide dessa classe que se destaca são os do gênero Aconitum (Ranunculaceae) e
Dephinium(Ranunculaceae), as plantas de ambos o generos são altamente tóxicas
devido a presença de diterpenos. A aconitina presente no acônito abre os canais de sódio
fazendo que esses não sejam repolarizados para os músculos e neurônios. Especies da
familia Solanaceae possuem alcaloides esteroidais, como exemplo temos a solasodina e
tomatidina. Normalmente são glicosídeos, mas são tóxicos se ingeridos

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