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5 - Biossíntese de alcaloides

As plantas biossintetisam alcaloides com atividade


terapêutica
Tipos de alcaloides
aminoácidos
As plantas biossíntetisam alcalóides a partir de
precursores, usando enzimas únicas

• Na década de 1950 a biossíntese de alcalóides tornou-se uma ciência


experimental, uma vez que foram disponibilizadas moléculas orgânicas
marcadas radioativamente.

• Estas experiências estabeleceram claramente que os alcalóides são na


maioria dos casos, formados a partir de L-aminoácidos (por exemplo,
triptofano, tirosina, fenilalanina, lisina e arginina), quer isoladamente ou
em combinação com um esteróide secoiridóide (por exemplo,
secologanina) , ou outro tipo de terpenóide.

• Uma ou duas transformações podem converter estes aminoácidos de


metabolitos primários em substratos para o metabolismo altamente
específico que é a síntese de alcalóides.
• Embora não esteja completamente elucidado como é que a maioria dos
12.000 alcalóides conhecidos são sintetizados nas plantas, vários
sistemas investigados podem servir como exemplos dos tipos de
transformações enzimáticas que existem na biossíntese de alcalóides.

• A ajmalicina é um alcalóide que deriva do L-triptofano. Este foi o


primeiro alcalóide para o qual a via de biossíntese foi descrita ao nível
enzimático.

• Nesse estudo foram utilizadas culturas em suspensão de células


vegetais de C. roseus.

Catharanthus roseus
• Nas plantas, a biossíntese
de ajmalicina e de mais
1800 alcalóides
monoterpenóides começa
com a descarboxilação do
aminoácido L-triptofano
pela triptofano descarboxi
lase para formar
triptamina.

• Em seguida, a triptamina,
por ação da estrictosidina
sintase, é condensada
estereoespecificamente
com o secoiridóide
secologanina (derivada do
geraniol após vários
passos enzimáticos) para
formar 3α-estrictosidina
• A estrictosidina pode
então ser enzimatica-
mente permutada de
forma específica para
cada espécie de modo a
formar uma multiplici-
dade de estruturas
diferentes

• A elucidação da formação
enzimática de ajmalicina
pela utilização de
culturas de células
vegetais lançou as bases
para a análise de vias
biossintéticas mais
complexas, como as que
conduzem a dois outros
alcalóides monoterpe-
nóides derivados do L-
triptofano, a ajmalina e a
vindolina.
 A via de síntese da berberina está completamente
elucidada
• A berberina é um alcalóide
tetrabenzilisoquinoleínico
com ação antimicrobiana. A
sua via de biossintese foi
elucidada a partir de culturas
de células em suspensão de
Berberis.

• Esta via exemplifica o papel


de enzimas altamente
específicas para o substrato e
da compartimentalização na
biossíntese de alcalóides.

Berberis sp.
• A biossíntese de alcalóides tetrahidrobenzilisoquinolinicos em plantas
começa no citosol com uma matriz de reações que gera o primeiro
alcalóide tetrabenzilisoquinoleínico, a (S)-norcoclaurina.

• A formação deste composto ocorre a partir de duas moléculas de L-


tirosina. Uma é descarboxilada para formar tiramina ou é o substrato de
uma fenol oxidase para formar L-dopa.

• A dopamina pode então ser formada por descarboxilação de L-dopa ou


pela ação de uma fenol oxidase sobre a tiramina.

• A determinação de quais destas duas vias é predominante numa planta


é difícil porque todas as enzimas estão presentes nos extratos.

• A benzil (S)-norcoclaurina é formada por transaminação da segunda


molécula de L-tirosina originando p-hidroxifenilpiruvato, que é em
seguida descarboxilado em p-hidroxifenilacetaldeído.
• A dopamina e o p-
hidroxifenilacetaldeído
são, em seguida,
condensados de modo
a formar (S)-
norcoclaurina.

• Uma série de reações


de metilação e
oxidação originam o
intermediário da
biossíntese de
alcaloides, (S)-
reticulina.
• Em Berberis, o grupo N-metilo da (S)-reticulina é oxidado formando
uma ligação com o C-8 de (S)-escoulerina.

• A via específica da (S)-escoulerina prossegue com uma O-metilação e


formação de (S)-tetrahidrocolumbamina.

• O 3-O-metil da tetrahidrocolumbamina é convertido em (S)-canadina


pela canadina sintase, uma P450 citocromo-oxidase microssomal.

• O passo final na biossíntese da berberina é catalisado pela (S)-tetra-


hidroprotoberberina oxidase, uma enzima que contém uma flavina
ligada de forma covalente.

• O alcalóide berberina (produto final) acumula-se no vacúolo central das


células de Berberis.

• As enzimas berberina-”bridge” e (S) tetraprotoberberina oxidase estão


compartimentadas em conjunto em vesículas aparentemente derivadas
do retículo endoplasmático liso.
• Cada uma destas enzimas consome 1 mole de O2 e produz 1 mol de
H2O2 por mole de berberina formada.

• Globalmente, o decurso das reações a partir de 2 mol de L-tirosina


para 1 mol de berberina consome 4 mol de S-adenosilmetionina (SAM)
e 2 mol de NADPH.

A elucidação de outras vias biossintéticas de alcalóides


está a avançar

• Na papoila da california
Eschscholzia californica também
foram identificadas, isoladas e
caracterizadas as enzimas que
catalisam a biossíntese do
alcalóide macarpina

Eschscholzia californica
• A maioria das enzimas
da biossíntese de
morfina na papoila do
ópio são conhecidas

Papaver somniferum
• Têm sido feitos progressos na compreensão
das enzimas envolvidas na formação da
escopolamina em Hyoscyamus niger e de
furofolina-I em Ruta graveolens.

Hyoscyamus niger

Ruta graveolens
• Vários estudos têm mostrado que as transformações químicas
necessárias à biossíntese de alcalóides são catalisadas por enzimas
altamente regio- e estereo- específicas para substratos que apenas
existem em determinadas espécies.

• Estas enzimas não parecem participar no metabolismo primário.

• Por exemplo, as monoxigenases e oxidases da biossíntese de


alcalóides dependentes do citocromo P450 diferem das
monooxigenases e oxidases hepáticas de mamíferos também
dependentes do citocromo P450.

• Ao contrário das enzimas individuais dos mamíferos, as quais


partilham um mecanismo catalítico comum e modificam uma ampla
gama de substratos, as enzimas das plantas são altamente específicas
para o substrato e catalisam reações anteriormente desconhecidas no
reino vegetal.
6 – Extração, identificação e quantificação
de alcaloides
Extração de alcaloides com solvente miscível com a água
Extração de alcaloides com água acidulada
Identificação e Quantificação

Colorimetria
Foto HPLC

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