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Análise crítica do capítulo 1 do livro “O Trabalho e as Organizações: Atuações a Partir

da Psicologia”, organizado por Livia de Oliveira Borges e Luciana Mourão.


Aluno: Juan Santos Lisboa / Matrícula 12111psi037 (Turma 90°).

Um indagação necessária
Afinal, qual o compromisso social do psicólogo? Quais práticas e atitudes éticas são
esperadas deste profissional? E por fim, esses conceitos e aspectos estão intrínsecos em sua
atuação ou se faz necessários estabelecer uma definição precisa? Responder esses
questionamentos poderia ser difícil em qualquer campo do saber, mas se tornam ainda mais
complexos ao falarmos de uma ciência tão historicamente polarizada como a psicologia.
Borges e Mourão (2013) apresentam estas indagações no capítulo 1 do livro “O
Trabalho e as Organizações: Atuações a Partir da Psicologia”. Os colaboradores deste
capítulo discutem temas centrais e imprescindíveis na atuação de todo Psicólogo, mas que se
demonstra central no campo da POT (Psicologia Organizacional e do Trabalho):
compromisso social e ético. Desse modo, são apresentadas críticas a POT, confrontando
estereótipos vinculados à imagem dessa área e estimulando reflexões sobre questões
relacionadas à evolução histórica da profissão e sua expansão até aqui.

Contexto sócio-cultural e práticas profissionais


Se a atuação do psicólogo por si só já é repleta de desafios e especificidades, sua
atuação em uma organização apresenta complexidades ainda mais específicas. A POT como
ciência e profissão não ocorre alheio ao campo social, sendo repleta de conflitos e processos
de exclusão, exigindo assim um contínuo processo de reflexão crítica sobre sua prática. Ser
um Psicólogo Organizacional e do Trabalho implica em ter sido exposto a um conjunto de
saberes científicos e tecnológicos com o intuito de estar apto a lidar com as demandas que
surgem a partir do contato social. Contudo, o arcabouço teórico ganha um significado
particular quando exposto a realidade sócio-cultural dos indivíduos e relações, e o impacto do
trabalho na vida do sujeito particular e social.
Posto isto, é inerente que historicamente o exercício da psicologia exigiu dos
profissionais uma olhar específico quanto ao contexto sócio-cultural. Entretanto, essa relação
próxima não implica necessariamente uma atuação pautada em um compromisso social e
ético, ao menos não para todos os profissinais. Assim sendo, imaginar que toda prática do
psicólogo cumpre uma função social implica em afirmar que o conceito de compromisso
social e ético é unânime para toda uma classe de profissionais, o que não encontra respaldo
na literatura e na realidade.
Em seu manifesto “Psicologia do trabalho e das organizações: não atuamos pela
cisão”, a SBPOT (Associação Brasileira de Psicologia Organizacional e do Trabalho)
apresenta informações que vão de encontros a alguns pontos levantados por Borges e Mourão
(2013). A psicologia é marcada pela diversidade teórica e dispersão do saber. Muitas vezes,
essas lutas internas promovem a cisão como única alternativa possível para uma psicologia
supostamente implicada com a efetiva mudança social. Diante disso, se faz necessário uma
dimensão definidora que busque de fato a conceitualização precisa do compromisso social e
ético do psicólogo, esteja ele inserido em uma organização ou não.

POT, compromisso social e caminhos possíveis


A história da POT é marcada por transições. Cada vez mais, esta ciência e profissão
se modifica e se reinventa com o intuito de promover aspectos que rompam com os limites
organizacionais. O texto resenhado apresenta grandes contribuições ao introduzir uma
discussão precisa sobre compromisso ético e social. De modo geral, a ausência de ética foi
um estereótipo erroneamente atribuído aos Psicólogos Organizacionais e do Trabalho,
contudo, essa discussão precisa ser expandida a todos os demais campos de saber
psicológico, uma vez que todas as atuações tem um compromisso social a ser exercido.

Referências
Associação Brasileira de Psicologia Organizacional e do Trabalho. (2009). Psicologia do
trabalho e das organizações: não atuamos pela cisão.
Borges, L. O. & Mourão, L. (Orgs.). (2013). O Trabalho e as Organizações: atuações a partir
da Psicologia. São Paulo: Artmed.

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