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Ele era de uma família rica. Sua mãe, Ane Sørensdatter Lund Kierkegaard foi a
segunda esposa de seu pai, Michael Pedersen Kierkegaard. Eles se conheceram porque Ane
era empregada doméstica de Michael e sua primeira esposa. Michael casou-se com Ane
depois que sua primeira esposa morreu. Ane, a mãe, mulher muito simples, tinha quarenta e
quatro anos, o pai cinquenta e seis. “Eu era o filho da velhice” – dirá mais tarde Kierkegaard.
Søren Kierkegaard é o mais novo de sete irmãos. Porém, apenas ele e outro irmão
chegaram a viver mais de trinta anos.
Søren Kierkegaard
➔ Entre 1841 e 1846, Kierkegaard fez uma série de publicações onde expunha
suas opiniões filosóficas.
➔ Entre 1847 e 1855, publicou mais uma série de livros que possuíam dois focos
de crítica: a sociedade moderna (de sua época) e a Igreja da Dinamarca (a
instituição – também conhecida como Igreja Nacional Dinamarquesa ou Igreja
Evangélica Luterana na Dinamarca).
Søren Kierkegaard
Durante sua carreira ele escreveu textos críticos sobre religião organizada,
cristianismo, moralidade, ética, psicologia, e filosofia da religião, mostrando um gosto
particular por figuras de linguagem como a metáfora, a ironia e a alegoria.
Grande parte do seu trabalho filosófico aborda as questões de como alguém vive
sendo um "único indivíduo", priorizando a realidade humana concreta sobre o
pensamento abstrato e destacando a importância da escolha e do comprometimento
pessoal.
Søren Kierkegaard
Os livros que Kierkegaard escreveu podem ser lidos como expressões do existir,
que encontram paralelos com sua vida pessoal, embora não se tenha acordo com
respeito a essa questão. Mas certamente podem ser compreendidos como metáforas
que refletem a vida em si, ou seja, a própria existência. Sendo assim, suas obras
reportam às dimensões do existir.
No entanto, Kierkegaard não é de fácil compreensão, pois ele mesmo afirma que
a sua vocação era de "fazer as coisas mais difíceis" e de "criar dificuldades em todas
as partes" (KIERKEGAARD, citado por JOLIVET, 1952, p.17).
Søren Kierkegaard
Havia nele uma clivagem psíquica que o tornava incapaz de enganar quem o
cercava, fazendo-o parecer cheio de vida e alegria, ao passo que, nos bastidores de
sua alma, houve sempre dentro dele uma criança a chorar.
A causa dessa melancolia não é evidentemente unívoca. A predisposição para o
humor depressivo era amplamente compartilhada pela família. Mas a esse
fundamento fisiológico, hoje reconhecido, somava-se o tormento de uma história.
Søren Kierkegaard
Para um autor que viveu pouco (até os 42 anos), escreveu muito: seus escritos foram
organizados em 22 volumes e mais cinco mil páginas de diários, totalizando mais de 10 mil
páginas.
Tendo nascido em uma pequena cidade provinciana, no centro intelectual da
Escandinávia, teve algumas aulas com Schelling, o que lhe causou muito interesse.
Respondeu a Hegel, tentando demonstrar que a vida, ou a existência, não pode ser restrita
por um sistema. Foi esta defesa da categoria da "vida", em contraste com a valorização do
"racional", que colocou Kierkegaard na vanguarda do debate existencialista.
Søren Kierkegaard
Seu principal objetivo não era construir uma filosofia que buscasse uma
essência, como em Platão, Spinoza e Hegel (WAHL, 1949 [1947], p.2), mas sim
discorrer acerca da existência concreta (FEIJOO; PROTASIO, 2011) e com a
temática do tornar-se cristão, visto que ele mesmo afirma que toda a sua obra se
relaciona com o cristianismo e com um tornar-se cristão (KIERKEGAARD, 2002,
p.24).
Søren Kierkegaard
➔ O alcance de sua obra, no entanto, não ficou limitado ao seu século ou país, tendo
influenciado grandemente muitos pensadores atuais;
➔ Após o declínio dos valores iluministas, quando os sistemas filosóficos racionais (dos
"pensadores objetivos", na terminologia kierkegaardiana) não mais demonstravam
compreender os fatos que aconteciam no mundo, tal como a Primeira e a Segunda
Guerra Mundial.
Søren Kierkegaard
Sobre os pseudônimos:
➔ Cada um de seus pseudônimos possui características diferentes e são destinados a leitores diferentes.
➔ Feijoo (2007) afirma que Kierkegaard "precisava mostrar-se de modo a agradar o outro, assim, ganhando o
seu interesse, poderia então avançar em seu plano" (FEIJOO, 2007, p. 111).
➔ Brandt (1963) afirma que por meio dos escritos pseudônimos, a "sua intenção era de demonstrar uma série
de diferentes pontos de vista sobre a vida, o que ele também chamou de ‘Estágios da Vida', por autores
fictícios" (BRANDT, 1963, p.23).
➔ A fim de organizar a sua estratégia de comunicação indireta, Kierkegaard utiliza-se de pseudônimos para
assinar o conteúdo de suas obras, elaboradas de acordo com critérios estéticos, éticos e religiosos da
existência humana.
Kierkegaard propôs a noção de que
a verdade está na subjetividade,
que a existência verdadeira é
alcançada pela intensidade do
sentimento
(WAHL, 1949 [1947], p. 4).
Søren Kierkegaard
À filosofia dita séria, Kierkegaard nada teria a dizer, já que, como afirma
mesmo Sartre, sua filosofia é uma antifilosofia, e sua crítica é como um
grito do indivíduo existente contra a opressão acachapante da Razão.
Na próxima aula…
Vamos falar dos conceitos de Kierkegaard:
JANZEN, Marcos Ricardo; HOLANDA, Adriano. Elementos para uma psicologia no pensamento
de Søren Kierkegaard. Estud. pesqui. psicol., Rio de Janeiro , v. 12, n. 2, p. 572-596, ago. 2012 .
Disponível em
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812012000200015&lng
=pt&nrm=iso>.