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O PODER DO SONHO

1. Antropologia cultural 2. Filosofia

Ano: 2021

:ISBN: 9798723787438

Tumiak Edições

Direitos reservados: Kaká Werá


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SUMÁRIO

I – SONHO, CONSCIÊNCIA E ATENÇÃO

2: OS QUATRO ESTADOS DE CONSCIÊNCIA

3– REPRESENTAÇÕES DA ALMA E PERSONALIDADE

4: COMO ENTENDER O QUE O SONHO ESTÁ DI

3 - O SONHO E A LINGUAGEM DOS PÁSSAROS

4 : SONHO, MEMÓRIA E CURA

5 O SISTEMA TRINO DO SER E OS CORPOS DE MEMÓRIAS

6 –SONHOS E EXPANSÃOI DE CONSCIÊNCIA

7–SONHO E PROPÓSITO

8: O CAMINHO DE MANIFESTAÇÃO DO PROPÓSITO


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SOBRE ESTE LIVRO:

Este livro aborda a temática dos sonhos como um estado da consciência que
nos proporciona: restauração psicofísica, cura psíquica, conexão com outros
planos de vida e o coloca também como uma linguagem de comunicação
entre alma e personalidade cuja compreensão é uma arte a ser apreendida.

Podemos nos conectar mais conscientemente com a dimensão onírica e isto


nos auxilia em nossa jornada pessoal de autoconhecimento e
aprimoramento do ser. Os antigos terapeutas xamãs utilizavam dessa
dimensão como recurso de autocura (no sentido de liberação de crenças
limitantes impostas pelo subconsciente) e para ampliar a compreensão dos
diversos níveis de realidade.
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APRESENTAÇÃO:

A presença humana pela Terra desde as primeiras


manifestações de sua existência nos revela a grande importância
que os sonhos têm no destino de culturas. Podemos percebê-la nos
livros sagrados antigos, nos desenhos arqueológicos ancestrais,
nas memórias tradicionais dos diversos povos.

A proposta deste livro é tratar do poder do sonho como uma


linguagem da alma, do inconsciente pessoal e coletivo, a partir de
referências baseadas em sabedorias indígenas, mas dentro de uma
abordagem transdisciplinar e holística.

Para a antiga tradição tupi a vida é uma realidade provisória,


potente, impulsionada pelo espírito do tempo e seus regentes: as
inteligências da natureza, que promovem a vida nas formas. O ser
humano também é veículo de determinadas qualidades e
princípios que tem o poder de interferir na co-criação do mundo
exterior e “cria” uma realidade pessoal, utilizando-se do mesmo
sistema do sonho.

Quando fechamos os olhos - a porta dos sentidos -, nós


abrimos uma outra a que chamamos de estado onírico. Mas para a
tradição Tupi , este estágio é tão real quanto a vida material onde
vivenciamos experiências.

Esta dimensão intermediária, que para o senso comum tem


como algo diáfano, é também um nível de realidade possível,
segundo a antiga sabedoria tupi. Passamos um terço de nossas
vidas em estado de sonho, mas conscientemente não
aproveitamos em vigília as possibilidades e potencialidades que
esta dimensão nos proporciona. Com certeza, através da ajuda de
neurociência, da biologia e das tradições milenares de sabedoria
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poderemos ampliar muito o domínio e a clareza sobre este terreno.

Apresento aqui o sonho a partir de uma visão de mundo de


uma sabedoria milenar, com suas representações arquetípicas e
cosmovisões, fazendo pontes e comparações com aspectos da
psicologia e da neurociência pois o conhecimento exposto tem
uma atualidade que ultrapassa limitações temporais e culturais.

I – SONHO, CONSCIÊNCIA E ATENÇÃO

“O Grande Espírito dorme no reino mineral, sonha no reino vegetal,


desperta no reino animal e torna-se presente no reino humano.”
(sabedoria oriental)

Me lembro como se fosse hoje daquele dia em que visitei uma


aldeia do povo kamaiurá e o pajé Takuman me disse: “ o humano
ainda não existe, é um ser em construção. Não está pronto e
acabado, é um sonho do Grande Espírito”– filosofava olhando para
o céu, me ensinando que seguimos a vida como parte de uma idéia
ou imagem do Criador.

Estamos a caminho de nos humanizarmos e isso só será


possível através de uma longa jornada de aprendizado, na qual
necessitamos crescer e amadurecer, do ponto de vista da
consciência. Enquanto essa maturidade consciencional não é
adquirida, ainda não somos totalmente humanos, pois é destino
nosso sermos aquilo que o Criador é: realizadores de sonhos.

Para a cultura kamaiurá o ser humano ainda é meio bicho e


meio gente, está ligado a um determinado animal. Estamos a
caminho de uma possível humanide. O desejo do Criador é
expressar-se através no reino humano de um modo consciente.
Para ele, nós representamos a possibilidade de sermos a presença
dele nesta terra sagrada, a que chamamos mundo material, em
estado de vigília.
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Por isso é preciso primeiro apontar que o tema do sonho não


existe descolado do estudo da consciência, há a necessidade de
observarmos que a Vida, com “V” maiúsculo se expressa na
dimensão do tempo-espaço da Mãe Terra através de quatro
estados conscienciais: sono, sonho, vigília e presença.

A consciência transita por estes níveis, e no caso do ser


humano, tem um comportamento de se fixar (ficar atenta)
predominantemente em um deles. Paa o xamanismo tupi as
tendências de fixação em um ou outro estado se relaciona com as
influencias do sol ou da lua no indivíduo.

Akan-kuaracy – atenção solar

Akan-jacy – atenção lunar

Akan-guatá – atenção integrada.

Aqui convém comentar que akan-guatá é a palavra que


corresponde a cocar, a coroa de plumas, usada pelos caciques.
Cocar é um vocábulo guatemalteca. A palavra para cocar em tupi é
akan-guatá e aquele que porta na cabeça o akan-guatá é
denominado akan-guatara, o cacique.

A palavra cacique hoje está corrompida do seu sentido mais


sagrado e profundo, pois ela tem o valor imemorial de representar
a pessoa que conseguiu integrar o aspecto solar e lunar da sua
consciência e alcançou a inteireza de si mesmo.

Para isso é necessário conhecer, compreender e lapidar os


quatro estados dela: sono, sonho, vigília e presença. Eles estão
disponíveis em nós como um conjunto de potenciais a serem
expressos e ao mesmo tempo presentes em nossos corpos,
reunidos em energias/forças emanadas pela Mãe Terra, Avô Sol,
Avó Lua.

De um modo prático, as diferenças entre os três graus de


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atenção em relação a consciência é a seguinte:

Consciência dominante na primeira atenção – É um estado da


consciência focada no mundo material, mundo da mensuração,
mundo exterior.

Consciência dominante na segunda atenção – Está focada no


mundo interno, subjetivo, psíquico, que é o lugar de passagem
para as outras dimensões.

Consciência dominante na terceira atenção – É a consciência


focada em integrar as outras duas dimensões (primeira e segunda
atenção).

2: OS QUATRO ESTADOS DE CONSCIÊNCIA:

- Sobre o estado de consciência de vigília

Assim, além da questão das três qualidades de “atenções”, o


ser que somos “veleja” entre quatro aspectos básicos da ciência de
si mesmo: vigília, presença, sono e sonho.

No estado de consciência de vigília estamos voltados para o


mundo exterior, a ciência caracteriza como o “ centro ordinário de
consciência onde há a manifestação da atividade perceptivo-
sensorial e motora voluntária” . A relação predominante é com os
cinco sentidos e o mundo objetivo. Trata da relação do indivíduo
com o ambiente e a capacidade de mensuração. Ocorre uma
sensação de separação entre o eu interior e o mundo exterior. O
indivíduo está acordado, realizando uma atividade.
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- Sobre o estado de consciência de presença

A presença é o propósito do ser. Nela os centros que


coordenam as funções do corpo, das emoções e da mente estão
em alinhamento, há mais facilidade de foco e de condução do fluxo
emocional. Desenvolve-se gradualmente um nível de reflexão e de
percepção mais ampla de sua própria existência. Há o despertar e o
aprofundamento da auto-observação, de percepção da essência
inspirando as atividades e a “não-atividade”. Esta é a verdadeira
expansão consciencional, pois o indivíduo mantêm a atenção
sustentada e direciona conscientemente, seus pensamentos,
sentimentos e motivações.

O sonho como uma escola nos possibilita desvendar os


mistérios da segunda atenção, o que nos permite iluminar a
ignorância sobre nós mesmos, pois:

- Enquanto permanecermos inconscientes de nós mesmos, mais


dependemos de seguir modelos, fatos, forças e energias do mundo
exterior, ou aquilo que chamamos de destino.

- Quanto mais conscientes de nós mesmos, temos maior domínio e


excelência, em relação aos modelos, forças, fatos e energias do
mundo exterior e, nos tornamos senhores, regentes de nosso
destino.

- O caminho da plenitude exige o aprofundamento e a amplitude


em direção à tomada de consciência do mundo interior.

Neste sentido, o sonho é um portal que dá acesso à


possibilidade de conhecermos mais a história da segunda atenção.
Aborda a nossa dimensão psíquica, mas também aquilo que é
chamado de inconsciente e nos abre para o mistério de outros
planos ou níveis de realidade.
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1) Sobre o estado de consciência do sono

Quando observamos o que a ciência nos diz sobre o sono


verificamos que entre suas funções, tem como missão a
restauração e desintoxicação do organismo e no jovem ainda é
responsável pelo cresimento e desenvolvimento do corpo.

Na mitologia tupi, curiosamente existe uma divindade


chamada Kerava, sob o auspício do Divino Mistério, Nhamandú,
que tem a mesma tarefa. Essa deusa representa o aspecto do
“Imensurável”! que se manifesta como escuro, o vazio da noite,
que oferece seu elixir para a renovação do corpo.

Ela é muito reverenciada pois se as tarefas de desintoxicação


não forem feitas, dormimos mal e como consequência a nossa
vitalidade e imunidade diminui. Quando nós não nos permitimos
receber através do repouso o escuro da noite, possivelmente
acabamos tendo o distúrbio da insônia.

Claro, há inúmeras causas para a insônia, derivadas do modo


de vida contemporâneo, na qual o ritmo acelerado do cotidiano e a
agitação sensorial da noite, promovida pelas luzes artificiais,
aparelhos tecnológicos e outros estímulos externos, dificultam o
ato natural de entrar em estado de repouso para o sono
restaurador. Precisamos nos agasalhar na profundidade do escuro
para que nossa luz vital se restabeleça. A noite é um portal em
direção a luz e não uma oposição.

Nós somos emanações luminosas, desdobradas de


Nhamandú, circunscritos provisoriamente nesta forma chamada
corpo, que é vulnerável na dimensão material em que ela habita.
Por isso necessita ser renovada e restaurada, através de Kerava (a
deusa do sono), caso contrário a alma não suportaria viver na
limitação da forma.
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O que mais a ciência nos diz sobre a insônia? Que


precisamente ela ocorre pelas seguintes causas:

- Estresse – preocupações com trabalho, saúde, finanças ou família,


podem manter a mente ativa durante a noite, dificultando o sono.
Eventos como divórcio ou perda de emprego também podem levar
a esse quadro.

- Condições médicas – a insônia pode fazer parte dos sintomas de


outros problemas de saúde, como apneia do sono, síndrome das
pernas inquietas, dor crônica, depressão, entre outras.

- Medicamentos – alguns medicamentos contêm cafeína e outros


estimulantes que podem atrapalhar o sono.

- Maus hábitos – horários irregulares para dormir, fazer uso do


álcool, aparelhos eletrônicos antes de dormir, podem interferir no
desempenho do sono.

Existe um estudo do Instituto de Neurociência da Holanda,


que diz que há cinco tipos diferentes de insônia. Segundo a Dra.
Tessa Blanken, responsável por essa pesquisa, nós sempre
consideramos que o distúrbio do sono é um só, mas na verdade há
cinco variações e elas têm diferença entre si.

– Pessoas neuróticas. Quem tem tendência a se sentir tenso e


ansioso e, mostrou isso nas altas pontuações;

– Pessoas moderadamente estressadas, que têm forte resposta à


recompensa e acontecimentos positivos;

– E são moderadamente estressados, mas não respondem


fortemente a recompensas e acontecimentos positivos;

– Só um pouquinho estressados, mas têm alta sensibilidade a


acontecimentos estressantes;
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– Estes são basicamente os tranquilões. Eles também são só um


pouquinho estressados e apresentam baixíssimas reações a
acontecimentos estressantes.

2) Sobre o estado de consciência do sonho

Depois dessa fase do sono, o que acontece então na


dimensão do sonho?

A primeira coisa que sonhar nos proporciona, é também uma


purificação, uma liberação daquilo que vamos chamar de limpeza
de resíduos psíquicos; que podem ser muitas coisas: a tensão do
dia a dia, preocupações do cotidiano, exacerbação do campo
mental (pensamentos, digressões), etc.

Mas também liberação de resíduos psíquicos, de questões do


nosso inconsciente, subconsciente que acontece na primeira fase
da sua tarefa. Depois o sonho vai ganhando dimensões que vão se
sutilizando, em direção a um momento chamado “mbaé-kua”, que
é uma serenização, uma preparação para que o nosso Nheng
(alma) penetre num determinado ponto.

Existem algumas camadas até a entrada nesse portal e uma


delas é a sensorial, regida pelo elemento terra, mais densa, quando
ainda atravessamos alguns resíduos psíquicos, questões do
cotidiano.

A segunda camada é regida pelo elemento água, quando se


passa por conteúdos psicoemocional; onde a tônica são os
sentimentos contidos que se apresentam.

Na terceira camada se faz a travessia pela dimensão mental,


de onde imagens e símbolos se personificam ou plasmam, sob a
regência do elemento ar.

Na quarta camada, ja em estabilidade o Nheng então se


desdobra. O corpo continua recebendo seu trabalho de
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desintoxicação ser enquanto a alma passa a vivenciar experiências


em diferentes planos de existência.
Essa fase exige para cada um de nós uma determinada
compreensão e conexão, porque varia de acordo com aspectos da
consciência que queremos ou estamos vivenciando em nosso
momento de vida.
Em cada um destes estágios do sonho e de passagem para
outros níveis, existe também uma divindade que cuida. Ao todo
são quatro e são chamadas de Nhandejaras. São os
arquétipos/entidades assim nomeadas pela cultura tupi:

Tupancy-ru-etê – atua na desintoxicação e restauração do


organismo; elemento terra

Yacy-ru-etê – atua na purificação psíquica das emoções; elemento


água.

Jakairá-ru-etê – atua no alinhamento e elevação de padrões


vibratórios para que o nosso Nheng possa fazer a viagem ou as
viagens em diferentes planos, níveis e dimensões do mundo do
meio; elemento ar.
Karai-ru-etê – atua na liberação de energias que geraram formas-
pensamento para permitir o livre fluxo da consciência.
A palavra nhandejara significa nossos senhores. São os
regentes que cuidam da estrutura física, anímica (de alma) e
espiritual em cada indivíduo em seus três corpos:
O corpo bô – físico/material
O corpo nheng - vibracional, corpo alma.
O corpo avá, - o corpo de luz
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3– REPRESENTAÇÕES DA ALMA E PERSONALIDADE

Na tradição Tupi, se diz que a existência no plano material da


vida causou m cada um de nós uma espécie de divisão. A
encarnação produziu duas de nós mesmos, chamados de
Nhanderekey e Nhanderuvuçu.

Nhanderekei representa a face exterior do ser, a


personalidade ou ego, chamado na tradição tupi de irmão mais
novo. Nhanderuvuçu representa o nheng, a essência, a alma,
chamado de nosso irmão mais velho. Existir produziu uma espécie
de cisão, onde um atua de modo mais inconsciente e o outro de
modo mais consciente em cada um de nós.

Através do sonho estas partes se comunicam, pois um irmão


prefere o estado de vigília e sua atenção e referência está
totalmente no mundo mensurável; enquanto o outro prefere o
imensurável que aguarda após a dimensão onírica, com seus
portais e suas camadas a serem experenciadas.

Para a sabedoria ancestral os planos de vida ocorrem vários


níveis e dimensões e são conhecidos como o desdobramento do
sagrado mistério. De um modo geral se reconhece sete planos de
existência e a dimensão onírica se apresenta como uma parte
daquilo que nestas correntes de sabedoria chama de plano astral.

O nheng, (alma) após a fase do sono, costuma vivenciar


experiências em processos de liberação de resíduos psíquicos. No
entanto, pode ser que esse nheng vá um pouco mais longe e atinja
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uma dimensão diferenciada, onde as experiências se traduzem de


modo abstrato ou simbólico para a nossa razão.

Então ocorre uma comunicação entre as partes. como a alma


tem a capacidade de viajar por diferentes planos mais sutis, ela
transmite informações para o ego-personalidade, que nem sempre
são compreendidas pelo alto simbolismo que ela impõe.

Após o período de purificação psíquica a alma penetra


diversas camadas em busca de um alimento sutil e se dirige até a
fonte para sua nutrição que vem das forças da natureza: das
energias da terra,da água, do fogo e do ar. Formam o néctar
energético-vibracional em cada camada ou campo que atravessa a
noite. Dessa maneira a experiência do sonho é também uma
necessidade de nutrição da alma, que é vivificadas pelas energias
da terra no plano físico, da água no plano emocional, do fogo no
plano espiritual, do ar no plano mental

Esse plano mais abstrato é tão indescritível para nossa


consciência racional, que quando despertamos não nos lembramos
de nada. Então aquelas noites em que nós temos um sono bem
profundo e acordamos, estamos muito bem, revigorados, é
justamente porque nossa alma atravessou o portal do sonho, foi ao
âmago e trouxe desse divino mistério toda a nutrição numinosa e
vitalidade anímica.

Na verdade, nós deveríamos fazer isso naturalmente, todas as


noites, no entanto, quando determinadas culturas humanas
deixaram de ser mais conectadas com o modo de vida natural,
também causou interferência no padrão de sono e sonho e passou
a seguir uma dinâmica conturbada.

A comunicação entre alma e personalidade se dá por analogia


e pelo símbolo. Nhanderucuçu, a alma transmite para Nhanderykei,
o ego: imagens, cenas, situações, coisas e fatos.
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A tendência é que a cada camada que a alma atravessa tenha


uma referência simbólica ligada ao elemento de seu próprio
campo.Um exemplo: se estivemos na camada emocional os
objetos desta região nos reportará a água; como a chuva, o rio,
animais aquáticos etc.

Nos planos mais próximos ao emocional e ao físico-material,


normalmente temos aqueles sonhos onde vivenciamos
experiências como se estivéssemos no mundo físico e nos
percebemos em um personagem desse lugar.

4: COMO ENTENDER O QUE O SONHO ESTÁ DIZENDO

Existem diversas formas de interpretação, temos até


dicionários de sonhos. Na minha percepção, todas essas maneiras
são leituras possíveis daquilo que o nheng (alma) quer nos
transmitir.

Muitas vezes ouvimos expressões como: sonhar com coisas


boas ou ruins é porque ocorrerá coisas boas ou ruins. Pode ser e
pode não ser. Pode ser, porque cada objeto no sonho realmente é
como parte de um alfabeto que a alma impõe. Existem objetos,
cujo significado é universal e outros cujo sentido é mais pessoal.

Por exemplo (aleatório), li uma vez em um almanaque que:


sonhar que caem os dentes, significa que haverá morte de um
parente próximo? Pode ser que esse significado no inconsciente
coletivo sirva para uma determinada cultura, mas pode ser que não
para uma outra parte não faça sentido. A alma se utiliza de
recursos baseados em imagens internas do acervo da cada pessoa.

Como, então escutar esse irmão mais velho, que é a alma?


Um método que tenho utilizado há diversos anos é primeiro
discernir aquilo que tem um significado universal e o que para tem
um sentido mais pessoal. Algumas interpretações de signos,
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símbolos, objetos, fatos e coisas, realmente podem ter um mesmo


sentido para todo mundo, mas também somos diferentes culturas
na terra, em cada uma vai ter sua especificidade, assim como cada
indivíduo tem a sua.

Aprendi com o povo Krahô, em 1994. Todos os dias pela


manhã eles têm uma prática que se chama ‘roda do sonho’. A
comunidade se reúne em círculo e cada um que tenha sonhado
naquela noite, conta seu sonho.

O Krahô não interpreta. A finalidade de falar o que sonhou é


para que o grupo faça algumas reflexões e através da própria
expressão do narrador facilita insights internos, que leva á
compreensão.

PRÁTICA 1: PARA LEMBRAR DO SONHO

Vamos então a uma primeira prática para lembrar do sonho:

- Ao acordar pela manhã, não faça movimento brusco, porque isso


dificulta lembrar-se daquilo que sonhou. Procure despertar sem
auxílio externo, como o de um relógio por exemplo. Permaneça de
olhos fechados pelo menos entre 5 a 10 minutos para trazer a
memória do sonho. Muitas vezes não lembramos de nossos sonhos
porque acordamos agitados, levantamo-nos rápido, ou somos
acordados abruptamente. Anote tudo o que lhe chamar a atenção
no sonho. Mas se não lembrar de nada, não fique triste, também é
normal. Veja se acordou com boa disposição para a sua manhã ou se
não há essa boa disposição. Isso vai lhe dar uma pista se você
conseguiu ou não atravessar as camadas necessárias para a
restauração pessoal.

Essa prática vai permitir primeiro aprender a recordar. Não


interprete ainda. Antes de mais nada, recorde.

No entanto é necessário cuidar do sono e para isso algumas dicas:


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atividades físicas regulares, alimentação correta para a noite,


acolher o escuro do quarto e meditação da terra: apaziguamento
sensorial.

Para facilitar o preparo do sonho, você também pode experenciar


uma prática vibracional que eu faço em determinados momentos
como uma maneira de conectar mais conscientemente com o
processo. Sugiro fazê-la primeiro, por três dias, para observar-se e
investigar determinadas etapas do período sono/sonho. Além disso
vai te fazer bem porque proporciona um alinhamento corpo-alma-
mente antes de dormir.

5 - O SONHO E A LINGUAGEM DOS PÁSSAROS

Cada experiência que vivenciamos em nossa trajetória de vida


vai dando criação a uma linguagem própria, onde um fato é
associado a uma sensação, uma situação a uma emoção e uma
imagem a um sentido. Isto vai formando aos poucos um alfabeto
anímico e íntimo, tornando-se uma comunicação de alma.

As experiências coletivas, familiares, nacionais, planetária,


também criam uma linguagem simbólica de modo que partilhamos
de uma comunicação anímica universal, supra cultural. Portanto, se
compreendermos o sentido maior de determinadas imagens
simbólicas e arquetípicas, conseguimos ler mais claramente seu
significado. Daí a máxima de Plotino:“ Tudo é símbolo, o sábio é
quem o lê em tudo”

Os alfabetos das culturas humanas do passado e do presente


são criadas a partir de referências simbólicas, que adquiriam
sentidos específicos em determinados contextos. O sonho
também é uma expressão de linguagem que pode vir da alma
(nheng) e até mesmo do Grande Mistério Divino para o nosso “eu”
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encarnado (irmão mais novo) a que chamamos de


ego/personalidade.

Na sabedoria ancestral, o propósito maior dos sonhos é


integrar as duas partes em nós: o “eu” exterior e o “eu” interior e
para que isso aconteça é necessário aprender uma linguagem que
nos possibilite a conexão com estas partes.

Essa comunicação é analógica e simbólica e a chamamos aqui


de linguagem dos pássaros – guyrá nheng – que nos potencializa
para ter discernimento mais apurado, compreender-nos melhor em
nossos aspectos interiores. Ver quais as partes que são sustentada
por medos, traumas, crenças distorcidas de si e qual é verdadeira,
genuína, potente.

Quem tem dificuldade de acessar as dimensões interiores, ou


de ancorar/aterrar sua presença no mundo material, tanto um
quanto outro, tem uma deficiência a ser corrigida. Não se trata de
negar o irmão mais novo (eu-personalidade) em detrimento do
irmão mais velho (alma ou eu-espiritual). Se trata de dar a cada um
o seu lugar e atenção merecida pois cada uma dessas partes
participa da jornada da lapidação do ser que somos.

Um passo para nossa autorrealização é equilibrar essas duas


partes e se temos dificuldade para vivenciar nossa experiência
terrena encarnada, seja porque o mundo é terrível, ou nos oferece
riscos, se escolhemos estar aqui agora nesta vida terrena foi uma
decisão que nós mesmos oportunizamos para aprimoramento de
nossa consciência.

Aprender a linguagem o sonho ajuda a integrar centros de


percepção. Enquanto o irmão mais novo ajuda a mensurar,
contextualizar, discriminar, o irmão mais velho ajuda a evocar
sensações, sentimentos, intuição, inspiração e sintetizar conteúdo.
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Na medida em que nos separamos de nosso eu interno, a


essência, a linguagem deixou de ser simbólica e sintética e passou
a ser discriminativa e horizontal, com o tempo nos distanciou de
um livre conexão com a fonte de nós mesmos.

Não dá para falar de sonho, entrar na compreensão maior


dele, se não retornarmos a linguagem da síntese e dos símbolos.
No sonho, cada cena, cada objeto, cada personagem é como uma
sílaba ou palavra que traz uma leitura possível de acordo com o
sentido naquilo que está exposto.

Em sonhos, existem dois aspectos de interpretação simbólica


a serem considerados: uma simbologia que é pessoal e uma que é
do inconsciente coletivo. A investigação do sonho nos permite
verificar que algo que pode significar uma determinada coisa para
uma pessoa e para outra pode ter outro tipo de sentido nos seus
acervos internos de memória.

Cada um de nós constrói uma linguagem íntima, pessoal de


acordo com os fatos, as situações e experiência na vida. Além de
atribuirmos significados às vivências, desde a infância, também
temos os sentidos que trazemos de nossa própria ancestralidade.
Por isso a leitura de um sonho requer fazer essa leitura simbólica
pessoal, e também em sintonia com o que é universal.

Existem dimensões de um sonho, que quando aparece um


determinado objeto, ele pode estar ligado a um sentido mais
universal. Por exemplo, um arco e uma flecha que têm sentido
ligado a uma determinada cultura, mas arco e flecha são também
símbolos universais, dependendo da posição em que apareçam
num sonho, terá o mesmo sentido para todos nós.

Com o passar do tempo, quanto mais nos tornarmos


conscientes de nossos sonhos, mais vamos conseguir distinguir
uma coisa da outra. Mas o principal é dizer que não dá para se ter
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um entendimento profundo de um sonho, independentemente de


nossa cultura pessoal, se não estudarmos essa simbologia
universal, esses arquétipos universais. O estudo e o entendimento
desta linguagem vão trabalhando uma certa musculatura de nossa
consciência anímica, avivando certa compreensão mais profunda
que está dentro de nós.

Mas para conhecermos melhor a nossa própria linguagem


interior é muito importante compreender e reconhecer o princípio,
como dito no poema de Pessoa: “Tudo é símbolo e analogia”,
inclusive todas as situações, coisas e fatos que nos acontecem
exteriormente, depois que passa, quando revivemos aquela coisa,
cena, fato, se transforma num código pessoal de linguagem e a
nossa alma, nosso ser interno, usa em alguns momentos esse
mesmo sentido evocado para nos orientar, revelar algo.

Uma chave importante nesta comunicação, é que boa parte


das imagens em nossos sonhos podem ser traduções para
sensações e sentimentos. Isso se deve ao fato de que estas são as
camadas do ser mais adensadas no mundo material e são as
funções psíquicas mais reprimidas ou controladas pela cultura
humana pelo menos até o século XX. Quando surge o racionalismo,
o cartesianismo como funções privilegiadas para serem
desenvolvidas e consideradas, as funções sensoriais e emocionais
se retraem no cotidiano físico/material e “explodem” as vezes no
mundo onírico.

PRÁTICA 2: DA LINGUAGEM DOS PÁSSAROS: A ARTE DE LER OS


SONHOS

A próxima prática trata de começarmos a fazer a nossa leitura dos


nossos sonhos. Convém repetir a anterior para promover o
alinhamento das camadas e corpos que nos estruturam. Sugiro
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tomar um banho relaxante antes de dormir, utilizando o elemento


água com a consciência de que ele promove não somente a
purificação do corpo físico, mas também do seu corpo emocional
que corresponde a camada dos sentimentos. Além disso o elemento
água nos faculta a profundidade da percepção. Sugiro que não seja
um banho de água quente demais e nem fria. Um banho morno e
relaxante, restaurador, e por que não, também rejuvenescedor.
Faça isso como um rito pessoal sagrado. Deixe um caderno e caneta
para anotações ao lado, na cabeceira e pela manhã, após acordar
cuidadosamente, siga a proposta da tabela abaixo:
TABELA PARA LEITURA DO SONHO: APRENDENDO A LINGUAGEM DOS PÁSSAROS

SENSAÇÃO SENTIMENTO PENSAMENTO INTUIÇÃO SÍNTESE

(terra) (água) (ar) (fogo) (segunda


atenção)

SITUAÇÃO

OBJETOS

CENA

CENÁRIO

PERSONAGENS

SÍMBOLOS

DESCRIÇÃO

(primeira
atenção)
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1. Anote objetos presentes em seu sonho. Depois, por ordem,


anote qualquer sensação, sentimento que eventualmente tenha lhe
causado. Em seguida pense sobre isso e por fim deixe emergir,
naturalmente qualquer eventual insight. Depois tente lembrar a
situação ou a circunstância em que o objeto se encontrava, mas
somente se isso for relevante.

2. Anote cenas do sonho. Depois repita o mesmo procedimento.


Anote qualquer sensação, sentimento que eventualmente tenha lhe
causado. Em seguida pense sobre isso e por fim deixe emergir
naturalmente qualquer eventual insight

3. Anote cenário e repita o procedimento acima.

4. Anote personagens e repita o procedimento acima

5. Anote símbolos e repita o procedimento acima

6. Agora olhe para todo o conjunto e os detalhes e descreva o


sonho com os possíveis sentidos que faz para você.

7. Por fim, agora faça uma síntese do sonho, a partir de toda a


reflexão. Podendo começar com a seguinte frase: “Para mim, este
sonho me diz que.......... “

6 : SONHO, MEMÓRIA E CURA

O sonho nos possibilita conectar as memórias em nossos


corpos e curá-las. Que tipo de memórias? No mundo de baixo, na
dimensão material do tempo/espaço, memória é muitas vezes só
uma lembrança. Ela é também é um agregado de energia, que tem
vida própria, no mundo do meio, na dimensão psico-emocional;
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enquanto no mundo do alto aquilo que chamamos de memória é


uma emanação viva de energia-luz.

Por isso para a cultura tupi toda memória é um espírito. O


sonho pode justamente curar aquelas ruins, negativadas, e outras
que se expressam pelas crenças que bloqueiam ou limitam do fluxo
evolutivo das pessoas.

Muitas vezes, quando determinadas crenças são trazidas para


a mente para serem remodeladas ou extintas, até podemos
reconhecê-las, mas não conseguimos nos libertar dela. É preciso de
liberar da energia vibratória que ela agrega, que no mundo do
meio, correspondente ao nosso mundo psíquico, se presentificam
no oceano vibratório desta camada da existência.

Os Nhandejaras, que estão na nossa natureza interior e


exterior fazem a costura e conexões dos mundos visíveis e
invisíveis. Por isso são tão necessários e imprescindíveis de serem
compreendidos para que possamos cada vez mais acioná-los em
operações de reordenamento de nossa psiquê pela dimensão
onírica. Toda memória tem a presença dos quatro: Fogo, na
construção ou destruição de uma ideia/imagem, água na
modelação, o ar na vivificação e expansão e a terra no
adensamento e concretude sensorial pois ele agrega a energia.

Num trabalho de cura pelo sonho eles são invocados, porque


fazem a purificação psíquica. Os elementos agregam, movimentam
e desagregam a matriz numinosa da vida.

Determinadas memórias se tornam padrões agregados


negativados que atuam em nossos corpos desvitalizando,
roubando energia etérica, ocupando o centro ou a atenção de
nossa mente, emoção ou mesmo órgão psicofísico ou físico.

São eles:
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Atsiguás – forma pensamento negativa – quando você diz: eu


não sou capaz de fazer tal coisa, eu não sou capaz de....

Quando você faz uma afirmação negativa para si ou para


alguém, está criando um atsiguá. Aquilo que no mundo de baixo é
só uma afirmação negativa, no mundo do meio é um agregado
vibratório que cria uma vida própria, mas que se alimenta da
energia etérica do próprio corpo mental, emocional ou mesmo
físico dependendo da qualidade agregada.

Uma crença, muitas vezes pode ser um atsiguá. Uma forma


pensamento negativa incrustrada na sua psiquê/alma e ela rouba e
sequestra a energia de sua atenção, sua vitalidade, da presença e
precisa ser liberada.

Outro tipo de mau espírito é o Anguery, que se relaciona com


o sentir/sentimento.

Por exemplo: aconteceu algo num passado remoto que


causou muita mágoa. A situação passou, mas você continua
carregando aquela tristeza/mágoa (má água) no seu coração, na
sua alma. Aquilo se torna um espírito vivo negativo. Um agregado
energético dentro de você. E ele fica adormecido, quieto, no
entanto quando no mundo de baixo acontece alguma coisa que
dispara aquele gatilho, memória, essa situação emerge e conecta
com suas sensações, sentimentos, como se fosse aqui, agora. E
rouba sua energia e causa uma desestruturação.

Karon – casca astral do inconsciente – é algo que vem do


inconsciente pessoal ou coletivo. É algo que não foi
necessariamente você que criou. Diferente dos anteriores, gerados
através de uma experiência de vida, ou algo negativo, ou até pode
vir de nossos antepassados.

Já o Karon é conectado do inconsciente coletivo. É uma notícia,


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uma informação, um fato ou uma situação que de certa maneira


toda família humana reconhece e se identifica.

Maku – eu-contrário (sabotador/sombra) é algo um pouco mais


complexo se torna presente dentro de nós. Aquela parte de nós
mesmos que nos sabota. Às vezes aparece como o crítico interno,
a vítima interna. Veste-se de inúmeras maneiras, dependendo da
pessoa ou da situação do momento.

Esses são os “maus espíritos” que nós podemos cuidar ou


curar nos sonhos. A dimensão onírica é um portal que nos conecta
a alma (nheng) com o “eu superior” e permite emergir dos
subterrâneos de nós mesmos, dessas dimensões subconscientes
uma verdadeira “população” de memórias.

Estes “maus espíritos” assim chamados, na verdade, também


surgem em decorrência do uso indevido da energia dos
Nhandejaras porque o que vivifica e modela esses espírito
negativos são os próprios elementos obedecendo o comando de
nossos desejos, anseios, preocupações, sentimentos,
pensamentos.

Devemos recorrer aos Nhandejaras para que dissolvam


determinados agregados na memória justamente porque é da
energia deles que estes são adensados e é por essa mesma matriz
energética que podem ser desagregados e dissolvidos.

Um exemplo básico para termos uma noção: o elemento


terra agrega a energia da sensação que porventura foi qualificada
como rejeição. A água agrega a emoção que por acaso foi
qualificada como tristeza, o ar – agrega pensamento qualificado
como medo e o fogo agrega a energia ígnea qualificada como raiva
ou mesmo o ódio. Essas qualidades não foram criadas por si só
pelos elementos, mas sim pelo ser humano; mas são os elementos
que as vivificam.
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Os quatro elementos são neutros. Eles são os modeladores.


Agregam e desagregam. Respondem a um determinado comando,
intento que está ligado a que vem em decorrência de certa
inconsciência ou ignorância e reatividade em determinados
eventos ocorridos na vida.

Nós acabamos cometendo o erro de agregar essas energias


para determinadas situações, coisas e fatos que nós nem
queremos nem desejamos, no entanto nos identificamos com
aquilo que nos causa desagradabilidade e que por algum motivo
agregou-se ao nosso campo (aura) pessoal.

A ligação com determinados padrões surgem ou de forma


inconsciente, ou instintiva e emocional ou mesmo semi consciente.
Por isso que a maior parte das memórias que estãoem certo
subterrâneo interior, foram criadas através de experiências fortes
ocorridas e às vezes elas vêm como herança de ancestralidade e vai
formando um conjunto chamado de yvirá-nhenry – um enredo
interno que carregamos e que não temos total consciência de
todas essas memórias que portamos no campo mais sutil.

PRÁTICA 4: PURIFICAÇÃO E CURA

Apresento aqui três técnicas ou práticas que podem nos ajudar.

. Nhemporã – invocação/oração. Não é um pedido, mas uma


invocação durante a noite, com muito respeito, muita humildade,
para os Nhandejaras que purifiquem, limpem seu subconsciente,
inconsciente.

Invocação porque existe um acordo entre a nossa alma e os


Nhandejaras, que toda vez que invocar, eles atendem prontamente.
É um acordo de alma.

É como se os Nhandejaras fossem os nossos avós e nossos pais e a


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alma fosse o filho. O filho reconhece uma dificuldade e pede ao pai


que o acuda e cuide disso para ele.

Para a sabedoria ancestral os Nhandejaras são carinhosamente


chamados de Espírito da terra, da água, do fogo e do ar, nossos
avós e pais de alma.

A invocação não é no tom de um pedinte, um mendicante. Você


invoca como um respeito e reconhecimento do poder da ação deles.
É uma oração que se faz quando o sono estiver vindo, conforme
segue:

“ Sagrados espíritos da água, da terra, do fogo e do ar, purifiquem


os anguerys, os pensamentos e emoções negativas e as memórias
de crenças distorcidas de mim mesmo, arraigadas no meu
inconsciente hoje enquanto meu corpo de restaura e se renova. “

Porã hei – é um som que você emite reconhecendo o poder


vibratório do som. Se você já exercita alguma prática oriental, esse
som pode ser o OM, mas na tradição Tupi, fazemos o I.A.O. O som
das vogais formam um escaneamento mental, emocional e de nosso
centro de vitalidade e do subconsciente. Nesse momento, após fazer
o IAO, você faz a invocação e se tiver algo bem específico que você
queira curar, esse é o momento de pedir:

“ Sagrados espíritos da água da terra, do fogo e do ar, peço pela


cura de___________”
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5 O SISTEMA TRINO DO SER E OS CORPOS DE MEMÓRIAS

A comunicação entre as partes mais sutis e a parte material


do ser leva em consideração o acervo interior de memórias que
cada um de nós possui em cada um de nossos corpos que nos
estruturam. Na sabedoria ancestral o conjunto destes corpos é
chamado de “avanhembô”.
Avanhembô – O trino corpo de memórias

Avá – corpo luminoso do ser – mundo do alto – memórias


arquetípicas de relevância mental consciente ou inconsciente.

Nheng – corpo anímico do ser – mundo do meio – memórias


simbólicas, de relevância emocional consciente ou inconsciente

Bô – corpo subconsciente do ser – mundo de baixo – memórias


de crenças estruturantes mental/emocional de raízes profundas
culturais/familiares e pessoais.

No contexto da sabedoria ancestral tupi, é importante


entendermos a definição de memória para cada dimensão do ser em
seu mundo (plano de vida):

Mundo de baixo – memória é lembrança, recordação.


Mundo do meio – memória é um agregado vibratório de
energia condensada que nosso corpo sensorial acolhe
como emoção/sentimento.
Mundo do alto – memória é uma emanação viva de um
arquétipo

O Trabalho dos Nhandejaras:

Os Nhandejaras atuam na construção/criação,


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modelação, vivificação e cristalização de memórias.

Criação/Destruição- elemento fogo - Karaí

Modelação/fluidificação – elemento água - Yacy

Vivificação/Expansão – elemento ar - Jakairá

Cristalização/Concretude – elemento terra - Tupancy

Os Nhandejaras nos ajudam na purificação de resíduos psíquicos


através do sonho, liberando quatro tipos de energias mal
qualificadas:

. Atsiguá – forma pensamento

. Anguery – forma sentimento

. Karon – casca astral do inconsciente, agregados energéticos de


memórias e seres

. Maku – eu-contrário (sabotador), uma determinada energia de


oposição nascida de preocupações e dúvidas.
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O sonho torna-se um espaço de cura psíquica justamente pela


oportunidade e possibilidade de, na frouxidão do corpo que a
dimensão do sono nos permite, nosso ser se abre para o trabalho
sutil e predominantemente inconsciente dos Nhandejaras.

Quando algo de um cunho traumático é retirado de nossa


dimensão interior, podemos reativar imagens/cenas que
despertam determinadas sensações/sentimentos que agregam tais
situações marcantes em nossos registros internos. Cada elemento
que é a expressão de um Nhandejara, libera por assim dizer, aquilo
que está perturbando seu espaço correspondente:

Terra – libera sensação de rejeição cristalizada no subconsciente

Água – libera sensação de tristeza ou sentimentos secundários


agregada no corpo emocional.

Ar – libera sensação de medo ou preocupações habitadas no


corpo mental

Fogo – libera sensação de raiva cristalizada em qualquer das


camadas/corpos do ser.

Podemos ajudar muito a nós mesmos entrando em conexão


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consciente com essas forças/inteligências da natureza que nos


regem e nos estruturam. A primeira prática sugerida permite um
diálogo consciente com cada um de nossas partes internas e isto
potencializa o trabalho espiritual destes seres. É importante saber
que as forças da natureza estão presentes em nossas vidas de três
maneiras:

1. De dentro para fora como forças/inteligências que cuidam


dos nossos corpos, quer saibamos ou não disso.

2. De fora para dentro como forças/energias que percorrem o


mundo exterior realizando silenciosamente a tarefa de pôr em
movimento a vida em todas as suas formas de expressão.

3. Da supra-consciência para o desenvolvimento da consciência


individual através da laboração das funções psíquicas em cada um
de nós.

SOBRE OS SONHOS RECORRENTES E PESADELOS

Como podemos compreender os sonhos recorrentes?. Embora não


seja uma regra fechada, se ele envolve perseguição é um possível
indicador de:

Maku (eu contrário) uma subpersonalidade. Sabotagem

Karon – uma entidade astral representando cobrança de dívida


(karma)

Karon – uma sintonia (identificação, apego) com algo relacionado


ao sistema de crenças do inconsciente coletivo

Normalmente quando se tem um sonho recorrente, alguns


até desde criança, é um indicador de que algo em seu interior,
ainda não foi superada, resolvida e o sonho quer mostrar que você
ainda não transcendeu.

Um dos temas de sonhos recorrentes (experiência e


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vivências) é a perseguição, que pode ser indicador de auto


sabotagem ou a sub personalidade (psicologia) que é uma
egrégora, uma energia, uma parte de algo que foi autocriado em
virtude de algumas características de experiências geradas que
conectam com seu campo de memória, essa parte de seu ser, e de
certa forma.

Maku é uma energia que se qualifica como uma entidade nos


nossos sonhos, na linguagem da psicologia, chamada de
subpersonalidade.

Karon – cascão astral. Energia, entidade astral ou inteligência


astral que aparece no sonho como cobrança de dívida, no sentido
de karma, algo que tem que ser equilibrado em sua história
pessoal. E tem um tipo de karon que é uma autocriação, que
normalmente vem ligado ao nosso sistema de crenças
subconsciente ou do inconsciente coletivo.

Por isso é muito importante prestar atenção aos sonhos


recorrentes e as pessoas que os têm, antes de dormir, podem se
preparar e dizer ao seu próprio coração: hoje eu me abro para um
entendimento dessa situação.

Eles estão inseridos naquele momento das fases em que


nossa alma atravessa entre o período do sono e do sonho,
lembrando que uma das fases é a de liberação psíquica.

Um pesadelo pode indicar algumas possibilidades:

. Liberação de lixo psíquico (imagens desconexas, fragmentadas)


as sensações/emoções liberadas como raiva, medo, ódio,
possivelmente foi o caminho que sua alma encontrou para limpar
seu campo/corpo emocional.

. Vivência de um sub plano do inconsciente coletivo – trata-se de


um plano ao qual normalmente nos conectamos ou por
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identificação ou às vezes você está indo realizar uma tarefa ou uma


missão, porque nós enquanto alma, diferente de nossa
personalidade que às vezes pode ser egóica, a essência de nossa
alma é o puro altruísmo, puro serviço e nossas almas se prestam a
tarefas maiores, regidas por uma hierarquia de seres do mundo do
alto, da luz e eventualmente nossa alma vai a um sub mundo, um
sub plano umbralino, prestar algum tipo de serviço, do qual
trazemos uma memória dessa situação.

Tais vivências podem ser derivadas de: identificação/ resgate/


serviço – o pesadelo também pode ser de algo de seu ser, um
fragmento de sua alma,muito importante ou o cumprimento de um
karma, tarefa.

Essas são circunstâncias em que os pesadelos acontecem,


mas não se trata de uma regra fechada, como já foi dito. Pode ser
que haja situações fora destes apontamentos, mas normalmente
ou é um resgate de algo de nós mesmos, ou uma experiência de
limpeza psíquica que acumulamos ou uma missão/tarefa de alma. A
partir do momento que você sabe disso, quando acontecer, você
vai saber identificar.

PRÁTICA DE ALINHAMENTO VIBRATÓRIO PARA BONS SONHOS

Essa prática consiste em:

Inspirar profundamente e expressar o som da vogal “I”, verificando


a vibração deste som sendo emanada do seu centro frontal. Esta
vibração fará uma espécie de escaneamento do centro mental.

Inspirar novamente e na expiração expressar o som da vogal “A”,


verificando a vibração deste som sendo emanada do centro do
coração e se abrindo pelo peito e tórax. Esta vibração fará uma
espécie de escaneamento do centro emocional.
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Inspirar novamente e na expiração expressar o som da vogal “O”,


verificando a vibração deste som se abrindo a partir do plexo solar.
Esta vibração fará uma espécie de escaneamento do centro de
identidade e vitalidade do seu “eu”.

Em seguida procure fazer uma respiração de quatro tempos, que


consiste em: inspirar, reter, expirar, ficar um pequeno instante sem
respirar. Faça isso pelo menos três vezes e depois coloque-se em
uma posição que costumo chamar de espreita; de auto observação.

Observar sensações e dizer mentalmente (Eu libero tensões dia.


Entrego a Tupancy)

Observar emoções e dizer mentalmente (eu libero sentimentos do


dia. Entrego a Yacy),

Observar pensamentos – (eu libero os maus pensamentos do dia,


entrego a Jakairá.

4. Visualizar a luz suave envolvendo, do centro do coração para


todo o corpo)

5. Eu atravesso o portal da renovação para o sagrado despertar do


Ser que eu sou.

Deitar-se e repousar. Pode continuar visualizando uma certa luz


dourada como uma lua cheia te envolvendo se quiser.

8 –SONHOS E EXPANSÃOI DE CONSCIÊNCIA

Vamos abordar neste capítulo os sonhos a partir de uma


percepção mais ampliada da cosnciência. Uma das características
atribuídas ao xamanismo é que este sistema possui “ferramentas”
que nos possibilita entrar em estados alterados de consciência.

O xamanismo nos convoca a reconhecer aquilo que já falamos


anteriormente, que na sabedoria tolteca é chamado de “segunda
atenção” e “terceira atenção”, que basicamente é a expansão para
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uma consciência mais interiorizada, não somente no sentido


psíquico, mas também na percepção de planos e níveis
dimensionais diversos.

Para este estudo costumo relacionar a consciência da seguinte


maneira:

1) Estado alterado de consciência; refletindo uma certa


fragmentação ou limitação de si mesmo.

2) Estado dissonante de consciência – aspecto mais doentio,


desintegrado da consciência

3) Estado integrado de consciência – objetivo de nós todos,


alinharmos a nossa consciência nos três mundos (físico, emocional,
mental) e caminhar para um aprendizado da transcendência.

O que é preciso fazer para que possamos integrar consciência


e ir em direção a uma expansão verdadeira, não uma fantasia de
nosso ego?

Para caminharmos com a consciência em expansão, é


necessário haver um alinhamento entre os quatro estados
fundamentais da consciência e cada um deles tem que estar em
seu ponto de equilíbrio: sono, sonho, vigília e presença.

Algumas tradições sagradas (orientais ou das Américas) falam


que esses quatro estados de consciência, por sua vez têm um
leque de abrangência que envolve de 9 a 30 níveis de consciência.
Há até uma linha do budismo que reconhece 33 níveis. Autores da
neurociência, da psicologia dizem sete.

Por isso que não é fácil integrar a consciência, pois o “ser”


fica velejando entre esses níveis e na maior parte de nossas vidas
faz isso de um modo inconsciente, navega cego ou semicego de si
mesmo.
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Na minha experiência, para se expandir a consciência tem que


haver um certo trabalho de lapidação do nosso eu anímico,
estruturado em funções de percepção que fazem a ponte entre a
alma e a personalidade. Para isso há que se purificar as camadas do
ser.
A depender de uma cultura específica, as funções psíquicas,
que são as quatro direções da alma serão representadas por
determinados arquétipos. O que importa aqui é reconhecer que
internamente, de um ponto central de nós mesmos, se desdobra
canais por onde o desenvolvimento da consciência ocorre,
ramificando diversos tipos de inteligências.

A percepção, por outro lado, é o reconhecimento dado pelo


sujeito com base nas informações das sensações, emoções,
pensamentos, intuições apreendidas. Na dimensão material é a
maneira como ocorre a interpretação por parte do indivíduo, do
que foi captado pelos sentidos. É um processo que pode ser
influenciado por fatores fisiológicos e psicológicos, tanto quanto
por questões externas como aspectos culturais e sociais.

Quando os centros perceptivos estão em ordem e harmonia,


consequentemente é um facilitador para que nossa consciência se
expanda em direção a um campo maior de reconhecimento de
algo. A conexão com o mundo do alto, com o Divino Mistério, é a
verdadeira expansão, mas para isso, é preciso que as quatro
camadas (terra, água, fogo e ar) estejam em ordem, congruência e
em atividade equânime.

AS QUATRO CAMADAS DA PERCEPÇÃO

Primeira camada. Elemento Terra.


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Diz respeito às sensações. Todo o campo sensorial está ligado


arquetipicamente/simbolicamente ao elemento terra,
correspondendo à função sensação em essência e essa é a camada
na qual precisamos dedicar uma primeira atenção, porque nos põe
em contato com o mundo exterior, a partir dos cinco sentidos. O
campo sensorial e físico, o lado de dentro da pele, o de fora são as
ramificações do elemento terra em sua função sensação.

Por isso, grande dos trabalhos de purificação nos sonhos, tem


a ver com a harmonização dessa primeira camada, porque a nossa
terra, no sentido sensório, é muito afetada. Está poluída, porque
nossos cinco sentidos são estimulados constantemente a se
conectarem com determinadas sensações que nos trazem
“interesses” que na verdade nos desviam de uma conexão.

A sociedade humana utiliza essa sensibilidade para chamar a


atenção do consumo de coisas. Nossos cinco sentidos estão o
tempo todo sendo absorvidos, sequestrados para necessidades
que nem sempre são necessárias

O elemento terra em nós é que gera três experiências:


agradável, desagradável e neutra. Delas nasce o desejo, do qual
resulta em: atração, repulsão. Ou ele agrega ou desagrega. Ou
identifica, ou desentifica. Ou satisfaz ou gera insatisfação e,
consequentemente, como diz a filosofia budista, é desse ponto
que se dá a cristalização de desejos que vão gerar determinados
apegos que vão nos desestruturar.

Dependendo da situação, podem ser criadas situações


terríveis que modelam dependências/vícios. Por isso, muitas
filosofias se debruçam sobre o assunto, para reeducar o desejo em
uma direção mais saudável.

Por isso vale insistir no seguinte: essa camada da nossa terra,


precisa ser muito cuidada e purificada diariamente e, naquele
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primeiro estágio entre o sono e o sonho, é o momento em que


acontece este trabalho de renovação da nossa terra.

Da limpeza de determinadas situações ou experiências que


foram densificadas e não são boas, podendo gerar um mau
espírito – um atsiguá/uma memória negativa, que é a cristalização
de algo que fica ou em nosso subconsciente pessoal, ou conecta
com o inconsciente coletivo; é que construímos aos poucos uma
clara consciência.

Não é possível uma serena expansão se essa primeira camada


estiver poluída. Por isso que certa linhagem de xamãs dedicam boa
parte de sua atividade em apresentar determinadas técnicas e
práticas para fazer a purificação dessa primeira camada, tendo o
sonho ocmo aliado.

Mas existem ainda outras artes como as visualizações, as


nhemporãs (orações), ritos em torno de uma fogueira, este
último, através do calor do fogo e um intento, também purifica
essa camada de que vimos falando.

As defumações utilizadas pelos pajés, jogando fumaça de


ervas sobre a pele das pessoas, banho, especialmente o banho de
cachoeira, todos são excelentes formas de purificar essa nossa
camada mais densa onde estão as toxinas físicas e as memórias
incrustadas nessa camada terra.

Segunda camada. Elemento Água.

Para que haja a expansão da consciência verdadeira, sem se


desviar do caminho, há que se purificar também a segunda
camada, que é o elemento água. O elemento água é o nosso avô,
nossa avó que cuidam dos nossos sentimentos, nossas emoções.

Importantíssimo cuidar dessa camada num nível físico quando


tomamos um banho, que pode ser transformado num rito sagrado,
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fazendo inclusive uma oração.

No sonho, quando é que purificamos essa camada?

Determinados pesadelos em que se libera medo, raiva,


tristeza, em que as emoções são afloradas.

Sonhos com arquétipo da água presente, mar, cachoeira,


oceano, nos quais emoções são liberadas durante eles são
importantes para a purificação dessa segunda camada.

Tradições milenares, orientais e de outros povos, nos


lembram que temos cinco emoções básicas: alegria, tristeza,
medo, raiva e repugnância e que elas geram centenas de
sentimentos, que são normais de serem sentidos. O problema é
quando se cristaliza uma situação que tenha ocorrido e que aquilo
se transforma num mau espírito – um anguery – que começa a
roubar atenção e desvitalizar. Isso precisa ser purificado e o estado
onírico permite esse trabalho.

A psicologia nos ajuda a entender a relação entre emoção e


sentimento, que são praticamente a mesma coisa, mas a emoção
vem e vai e o sentimento é mais duradouro. O sentimento não tem
nada de errado, mesmo que seja ele um sentimento de ódio. O
problema é quando se torna parte integrante do ser,
transformando-se num espírito, uma presença na sua camada e
isso precisa ser purificado.

Terceira camada. Elemento Ar.

Na sequência, temos a camada do ar, que é justamente


aquela que trabalha pensamentos e é chamado de aivy, que faz o
elo entre os mundos e purificá-la através do sonho, nos ajuda a
limpar o nosso sistema de crenças.

No sonho, os elementos dessa terceira camada, surgem como


personagens ou pessoas e muitas vezes na linguagem onírica
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representam extensões de si mesmo enquanto determinados


antagonistas são materialização/personificação do sistema de
crenças. Então quando aparecem no sonho, certamente são
indicativos de que estão procurando liberar.

No sonho, literalmente o pensamento modela exatamente


aquilo que está consumindo você, roubando energia. Isso é que se
chama karon, quando uma experiência modela uma imagem que
por sua vez atua neste nível, operando dissabores.

Quarta camada. Elemento Fogo

Algumas características dessa camada:

. Faculdade ou ato de perceber, discernir ou reconhecer coisas,


independentemente de raciocínio ou de análise.

. Forma de conhecimento direta, clara e imediata, capaz de


investigar objetos pertencentes ao campo intelectual, uma
dimensão metafísica ou a uma realidade concreta.

. Conexão com o mundo do alto

É a camada do espírito do fogo em nós. Os sonhos nos quais


nós nos conectamos com esse campo, com essa dimensão mais
sutil de nós mesmos, a dica é observar se você não se vê. mas sabe
que está lá, compondo cenários arquetípicos. Sinaliza que está
sintonizado com o campo intuitivo.

Indica uma consciência ampliada para conteúdos mandálicos.


Normalmente esse tipo de sonhos que trazem uma simbologia
complexa, nos conectam com algo que provoca uma emoção
diferente, de um sentimento superior que chamamos de aguyjé, de
plenitude, serenidade ou até mesmo de amor, afeto, afeição, numa
qualidade maior.

A travessia dessas quatro camadas, é cotidiana, diuturna.


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Estamos aqui falando de pessoas no seu estado natural, porque


infelizmente uma certa parcela da sociedade vive uma rotina
conturbada, ou deverasmente acelerada para os padrões da
natureza.

Ter um bom sono é por si só uma ação curativa e


restauradora diária que as forças e inteligências sutis e espirituais
da natureza nos proporciona. Quando penetramos na dimensão do
sonho, a travessia destas camadas leva a expandir a consciência e
após estas quatro fases podemos entrar nos planos superiores,
onde possivelmente nos conectamos com arquétipos ou mesmo
com nenhum tipo de imagem ou símbolo cognoscível.

Alguns indivíduos que desenvolveram hábitos contemplativos


conecta suprasensações, como bem-aventurança e graça,a própria
paz e harmonia. Claro que não precisamos dormir para atingir este
estados, mas dito aqui podemos relacionar também com o sagrado
da serenidade em seus profundos estágios.

Por isso proponho a seguir uma prática meditativa para fazer


acordado. Ela nos permite trabalhar conscientemente a
“musculatura” da expansão da consciência para os níveis de
serenidade e harmonia, onde basicamente é conectar com
referências simbólicas atraindo nossa atenção em direção a uma
sintonia mais refinada de nós mesmos.

PRÁTICA 5: DA EXPANSÃO DA CONSCIÊNCIA

Essa é uma experiência meditativa a partir de algumas


imagens propostas. Mas primeiro disponha o seu corpo em uma
posição que permita uma postura de atenção e presença. Você pode
se sentar da maneira que sentir mais propícia para isso.

Respire pausadamente. Enquanto isso pode ainda focar no seu


corpo através de um alongamento ou liberação de tensões. Destine
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alguns minutos para sentir a presença deste corpo como a casa do


ser que você é.

Inicie sua viagem de expansão de consciência. Primeiro observe a


sua camada sensorial, que é o corpo e o que os sentidos externos
percebem: olfato, audição, paladar, sensação exterior, e em relação
a visão, de olhos fechados observe simplesmente por enquanto sem
se prender a nenhuma imagem.

Agora passe o seu foco de atenção para perceber possíveis emoções


ou sentimentos, independentes de que elas sejam boas ou ruins.
Permita o fluxo delas através de você. Pode ser que este momento
seja de neutralidade emocional, isto também faz parte. O
importante neste momento é perceber-se como um fluxo.

Agora você irá focar no primeiro fogo, que é perceber a sua


temperatura no corpo, o calor que vibra através de você e que te
mantem em equilíbrio. Depois conecte com o centro de sua
presença, que é o coração. Escute o ritmo das batidas. Sinta o
coração.

Agora conecte-se com o ar, que preenche e esvazia os pulmões. De


um modo mais sutil, transporta pensamentos, imagens, ideias. Essa
é sua camada mental. Deixem possíveis pensamentos seguirem seu
fluxo.

Agora observe sua tela mental. Traga a primeira imagem definida


por você, que neste caso será a de um beija-flor voando parado no
ar. Crie essa imagem. Deixe emergir o sentido, o significado que ela
possa ter para você e se detenha nela por pelo menos um minuto.

Agora mude para a imagem de uma montanha. Imagine uma


montanha. Você pode escolher observar uma montanha ou escalar
uma montanha. Depois deixe emergir o que uma montanha
representa para você.
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A imagem pode nos inspirar e comunicar para nossa terra interior


uma sensação de apaziguamento, de serenidade por exemplo.

Após seu tempo interior, que pode ser um minuto ou mais, traga a
imagem de uma árvore. Pode ser uma floresta. Mas sugiro escolher
uma árvore. Retenha sua atenção por pelo menos um minuto. Deixe
emergir o que ela representa neste momento para você.

Agora deixe sua tela mental esvaziar-se de imagens. Permita-se


visualizar o nada, o vazio, e repousar somente na respiração. Deixe-
se assim por um ou mais minutos.

Após essa experiência, retornar ao aqui e agora respirando


profundamente, por pelo menos três vezes.

Após essa prática, você fará a noite a experiencia do sonho lúcido.


Você escolherá aquilo que quer sonhar.

Para isso, deve ser refeita a auto-observação, que é uma prática de


espreita de cada camada. Elas devem estar num padrão harmônico.
Ao atravessar as camadas, se em alguma delas perceber algo
travado, é indicativo de que precisa ser efetuada a liberação do
incômodo e então deve-se: inspirar dizendo – eu libero agora este
incômodo, essa situação, essa dificuldade de concentrar. Quando
você verbaliza um intento, está dando um comando para que esse
elemental do seu corpo (terra, água, fogo, ar) possa ajudá-lo a se
purificar.

Depois de passar pela camada do fogo, esvaziar-se e nesse


momento do vazio, formular a escolha daquilo que se queira
sonhar. Por exemplo, a solução para um problema pessoal, cura de
algo, entendimento de um momento, compreensão de um ciclo ou
até algo básico que você pense ser um tema que através da reflexão
e análise, você possa resolver por si mesmo. É até interessante fazer
a experiência para aprender a dominar a prática de escolher o
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sonho.

Pela manhã, revisar e anotar o sonho, sem o compromisso de TER


que lembrar, se não lembrar não se preocupe. Repita o
procedimento na noite seguinte.

9–SONHO E PROPÓSITO

Vimos que o sono nos restaura dentro de um processo que


envolve uma atividade que eu chamo de inteligência anímica sob a
ação dos Nhandejaras, nossos regentes vibratório-espirituais.
Também vimos que a alma fala pelos códigos sensoriais,
emocionais, simbólicos e arquetípicos formando o que costumo
denominar de uma comunicação anímica, metaforicamente
chamada também de “a linguagem dos pássaros.”

Quando lidamos com as pessoas e personalidades no sonho,


normalmente são extensões de nós mesmos onde traz uma
representação de acordo com o que ela significa para nós. Cada
uma traduz uma parte/aspecto de nóse até uma subpersonalidade
dependendo da situação. É esse conjunto de cenas, objetos,
cenários, pessoas, paisagem que promove a comunicação onírica.

Neste capítulo vou focar o sonho em uma fase em que nós


decidimos lucidamente o que queremos sonhar e como uma
gestação ou laboração de uma manifestação, pois podemos ser
protagonistas e determinar nossas realidades, pois ela é tecida da
mesma matriz onírica.

A palavra propósito (do latim propositu-“intenção”) significa


deliberação; resolução; decisão e intento; projecto; quer dizer,
ainda, fim; mira e juízo; prudência. A antiga sabedoria indígena,
particularmente nas tradições: Tupi e Tolteca, fazem uso de uma
prática chamada de “desenvolvimento do intento” que se
relaciona com justamente com tornar-se hábil na arte do propósito
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de manifestação de algo. Essa palavra também nos conduz a


refletirmos sobre a habilidade da escolha.

Surge então uma pergunta para este tema: sabemos


escolher? Na verdade, nós dificilmente decidimos claramente nossa
jornada de vida. Isso sedá devido a um desalinhamento
desequilíbrio entre os quatro estados de consciência: sono, sonho,
presença e vigília; o trabalho invisível e espiritual dos nhandejaras e
em nós mesmos.

Por exemplo, existe um tipo de falso estado de vigília que é


reconhecida na psicologia transpessoal como “normose”, a
patologia da normalidade, que é um estado de pseudoconsciência
que se caracteriza por uma rotina vazia de sentido maior para a
própria vida, submersa na roda da sobrevivência estritamente e
reflete uma espécie de apatia consciencional.

Todos nós em algum grau temos dificuldade de fazer escolhas, que


de maneira geral, são:

- Escolha subconsciente – os ancestrais escolhem por você

- Escolha inconsciente – o mundo de fora escolhe por você

- Escolha normótica – a cultura de massa escolhe por você

- Escolha semi-consciente – seus padrões de crenças arraigados


escolhem por você.

As grandes escolas de filosofia e espiritualidade dizem que o


ser humano decidiu encarnar para exercitar o livre arbítrio que é a
liberdade de escolha. No entanto ao mesmo tempo que desejamos
e achamos que temos tal liberdade não significa que saibamos
utilizar, e uma das maiores provas disso é o mundo em que
vivemos e a maneira como sociedade humana de um modo geral
se porta nele.
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Escolher significa possibilidade de decidir em função da


própria vontade, isenta de qualquer condicionamento, motivo ou
causa impositiva determinante. Seguramente, a humanidade tal
como está, não é a que desejamos, mas embora não tendo sido
desejada conscientemente por nós, é resultado das escolhas de
uma coletividade. Fazer a escolha certa por vezes é descolar de
determinados padrões coletivos aos quais também estamos
inseridos.

Como não sabemos escolher, não sabemos onde queremos


chegar. Isso vale para a criança, jovem, adulto e até aos anciões.
Desenvolver a habilidade do intento, ancorar um propósito claro é
dos temas mais importantes para cada um de nós,
independentemente da cultura, povo, raça, nação, credo etc.

Mas de onde vem essa dificuldade de ter clareza e


discernimento? Uma das causas diz respeito ao conflito ancestral
entre os dois irmãos: nhanderikey – o irmão mais novo (a
personalidade) ; e nhanderuvuçu - o irmão mais velho (a alma).

NHANDERYKEY, o irmão mais novo quer:

- Nutrir-se de satisfação/prazer

- Ação e atuação

- Atender as necessidades básicas

- Dar prioridade a si, seus parceiros, seu grupo social

- Foco ativo; estado de consciência de sono e de sonho

- Foco passivo: não é protagonista no estado de consciência de vigília


e presença (dividido entre o passado e o futuro).

NHANDERUVUÇU, o irmão mais velho,que é alma quer:

- Inspirar-se/entusiasmar-se/criar
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- Nutrir-se de vazio e de silêncio

- Atender àquilo que tem sentido mais profundo

- Dar prioridade à co-criação, empatia, compaixão, serviço

- Foco ativo: estado de consciência de vigília e presença

- Foco passivo: estado de consciência de sono e sonho (imaginação


e fantasia)

A personalidade ou ego, nosso irmão mais novo e a essência,


o irmão mais velho brigam entre si para serem os regentes das
nossas atitudes. Há um conflito de interesses e quem acaba
vencendo em boa parte da vida é o irmão mais novo – a
personalidade e não nossa essência.

Na tradição oriental, há um ditado que diz que a


personalidade ou ego, é um péssimo rei, mas é um ótimo servidor.
Ocorre então que em nossas trajetórias pessoais, muitas vezes a
posição se inverte e aquele que deveria ser rei, que é nossa
essência, se torna escravo e aquele que deveria ser o servidor,
nossa personalidade, se torna o rei e isso gera muitas dificuldades
na condução de nossas escolhas, porque o ego não sabe escolher,
ele sabe manter padrões instalados.

O irmão mais velho tem o foco na segunda atenção e é nela


que ele se conecta com o mundo do alto, de onde vem a inspiração
para entusiasmar-se, co-criar com o Grande Espírito. Sua atenção
se dá na direção de atender aquilo que faz um sentido profundo
para nós mesmos, que vem de nosso íntimo.

O irmão mais velho é o desperto, com foco na divina


presença, e quer também fazer parte da vigília.Quando colocamos
esses dois senhores com suas características, a tradição Tupi diz
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que devemos conseguir uma forma de fazê-los conviver em


equilíbrio, mas isso varia para cada um de nós, que é quem vai ditar
o que interessa ressaltar em cada um deles.

O grande desafio é fazê-los caminhar de mãos dadas para


alcançarmos um alinhamento de propósito. A tendência do irmão
mais novo quando ele não tem consciência de si mesmo, é
movimentar-se pelas crenças subconscientes, pelas vozes
ancestrais e pelos traumas obscuros que fazem parte de todos nós.
Consequentemente seu poder de propósito fica muito difuso e
enfraquecido.

O irmão mais velho, nossa essência sagrada, tem a tendência,


quando se de sermos propositivos, e quanto maior consciência
desenvolvemos, melhor nos tornamos regentes do próprio destino
e gradativamente vamos tomando conscientes dos padrões de
crença e reconhecendo como cocriadores responsáveis por nossos
movimentos.

Ao mesmo tempo em que buscamos equilíbrio entre os dois


irmãos, aquele que inspira o comando da vida, é o mais velho,
nossa essência, que abre para clareza e discernimento destes
arquétipos em um triângulo: consciência-essência-personalidade.

O Mundo do Alto é o coração do propósito. Vibram ali as


emanações superiores da sabedoria, serenidade, graça; que são
captadas no Mundo do Meio como alegria, paz. Se manifestam no
Mundo de Baixo como respiração correta, rítmica, flexibilidade do
corpo, estabilidade física, organismo saudável e clareza na
expressão.

Mas como o sonho poderia nos ajudar nessa história, de


promover a tomada das rédeas e estabelecendo o equilíbrio entre
as partes, nos tornando mais conscientes de nós mesmos?
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A experiência através da condução feita na prática anterior,


em que uma investigação rápida das quatro camadas nos
possibilitou conhecer e liberar questões, padrões e energias ligadas
a cada uma delas, mostra como podemos nos tornar conscientes
da atuação essas dimensões dentro de nós.

Quanto mais consciente do cuidado com as camadas que nos


permeiam, facilitamos também para que determinadas energias
(as dos quatro elementos) nos mantenham em estabilidade. Entrar
em conexão com essas camadas vai nos ajudar paulatinamente a
lapidar nossos canais de percepção ou funções psíquicas, desde as
mais sutis que residem no Mundo do Alto,

Conectar com o sutil centro de emanação das correntes da


vida de modo consciente e termos a palpabilidade das camadas
mais básicas em nós: campo sensorial, emocional, mental, que
carregam memórias inevitavelmente ampliará a clareza em nosso
processo de estabelecer escolhas adequadas

Nós somos, em essência, serenidade sustentada por amor e


sabedoria. que não são qualidades que adquirimos ou construímos.
É o que somos. No entanto, no dia a dia, em virtude de situações,
coisas e fatos, nos arremessam do reconhecimento desse lugar
sereno no interior de cada um de nós e colocados na primeira
atenção de nossas percepções, relegadas aos cinco sentidos
externos.

Muitos de nós pensamos que ocasionalmente expressamos


alegria, serenidade ou plenitude, mas os antigos mestres dizem
que não. Que nós somos plenitude, amor, serenidade, sabedoria.
A questão é que não escolhemos ficar nesse lugar de um modo
mais frequente. Oscilamos entre as camadas e padrões de crenças
arraigados.

O que acontece também com cada um de nós é que muitas


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vezes as nossas escolhas estão ainda ligadas a vozes de crenças


ancestrais (pais, avós, bisavós). Outras vezes são de tendências
culturais que conduzem escolhas. O nosso poder de escolha, ao
mesmo tempo que é livre, está também condicionado a essas
vozes.

PRÁTICA 6: DO PROPÓSITO E MANIFESTAÇÃO

Vamos fazer uma prática para desenvolvimento do propósito que


começa com uma oração para nos centrar:

‘Eu Sou a Presença que após a restauração do meu


corpo físico, emocional e mental, no repouso merecido, serve ao
propósito sagrado maior que habita em mim mesmo como uma
semente que brota e se expande agora.’

Nessa oração acima, por exemplo, quando vibramos e damos uma


direção para o que eu quero, consequentemente nos conectamos de
maneira consciente com esse propósito maior que é Amor,
Sabedoria e Poder co-criativo.

A palavra “eu” traz a princípio, o foco em cada um de nós, que a


pronúncia (num sentido diferente do eu egóico), magnetizando,
atraindo para si a energia de todos os quatro Nhandejaras
(sensorial, emocional, mental e etérica), porque a energia dos
quatro elementos, responde àquilo que é vibrado – isso é uma chave
e, quando falamos/oramos, estamos vibrando. Aquilo que nós
somos é o fundamento cocriador que atua através da palavra
vibrada, do poder do som. Este é um ensinamento dos grandes
mestres da humanidade.

Qualquer outra coisa dita depois do Eu, qualifica aquilo que você
quer magnetizar. Assim o Eu atrai e o que vem depois dele,
qualifica.

Por exemplo: Se é dito – eu sou um idiota, idiota é uma qualidade.


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‘Eu Sou a Presença’ – presença é a palavra é o estado de consciência


que nos conecta com o irmão mais velho, que é co-criativo, ligado
ao Mundo do Alto, que traz serenidade, paz, que traz a qualidade
emanatoria da vida.

Por isso que essa oração inicia com – Eu Sou a Presença. Com essa
expressão, colocamos o irmão mais novo no lugar dele como
servidor e o irmão mais velho no lugar dele como operador da vida.

E essa oração é chave para nos conectarmos com o propósito maior


e com o propósito pessoal.

‘Eu Sou a Presença que acolhe a inspiração da verdade maior que


me habita e traz com o amanhecer a clareza e o discernimento para
a ação correta e o lúcido propósito.’

Esta segunda nhemporã é para conectar com o nosso ser sagrado,


nosso íntimo, nossa essência sagrada – Nhenderuvuçu – o irmão
mais velho.

Ela nos conecta com o sentido maior de nossa vida, do ciclo em que
nos encontramos. Por mais que já tenhamos descoberto o sentido
maior de nossa vida, nunca é demais invocar mais clareza.

8: O CAMINHO DE MANIFESTAÇÃO DO PROPÓSITO

Cada experiência que vivenciamos em nossa trajetória de vida


vai dando criação a uma linguagem própria, onde um fato é
associado a uma sensação, uma situação passa a ser associada a
uma emoção, e uma imagem é associada a um sentido. Isto vai
formando pouco a pouco um alfabeto anímico e íntimo, tornando-
se uma linguagem de alma.

As experiências coletivas familiares, nacionais, planetárias,


também criam uma dinâmica simbólica de modo que também
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partilhamos de uma comunicação anímica planetária, universal,


supra cultural. Portanto, se acessamos o sentido universal de
determinados símbolos em determinados cenários em contextos
oníricos, conseguimos compreender seu significado para nós, para
uma comunidade e até mesmo uma nação. São os chamados
sonhos premonitórios ou proféticos, que para mim pelo menos
significa uma capacidade de captação de extensas camadas da
consciência coletiva ou do inconsciente coletivo, em uma
denominação mais junguiana.

Em relação a sonhos premonitórios, particularmente não


acredito que significa que inevitavelmente irá acontecer, mas que
está fortemente no campo da possibilidade para tal. Se mudamos o
estado mental, emocional, atitudes e hábitos, mudamos o campo.

Essa capacidade de sonho para o coletivo na minha


experiência é mais rara fora de uma vida tribal como a das culturas
indígenas, que é facilitado justamente pelo modo de vida mais
coletivizado e pelo desenvolvimento de uma consciência de
pertencimento mais abrangente, que envolve os reinos mineral,
vegetal, animal e humano.

Quando a gente sonha com uma pessoa querida ou com um


grupo de amigos necessariamente não significa dizer que o sonho
é para eles. Temos que ver o que eles representam para nós, essa é
a base da linguagem dos pássaros, é de nós que estamos falando
normalmente nos sonhos.

Por fim, a arte de sonhar também inclui materializar,


manifestar. Ter um sonho na vida que seja congruente com um
propósito de alma é algo extremamente poderoso, pois as forças e
inteligências da natureza rapidamente trabalham para este tipo de
expressão. Por isso encerro desejando que cada um que ler estes
apontamentos possam conectar e manifestar os propósitos mais
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sublimes e sagrados em suas vidas! Assim é.

PRÁTICA PARA MANIFESTAÇÃO DO SONHO

O caminho é vertical. Todo fato que se expressa na forma,


atravessa os três mundos. No mundo do alto, emanação, primeiro
manifestamos um propósito e podemos criar um propósito quando
imaginamos, idealizamos. Isso acontece com cada um de nós o
tempo todo, só que fazemos isso de modo inconsciente. O padrão
da consciência em nós é: Imaginamos, modelamos e por fim
expressamos.

Mundo do alto – emanação – imaginar – idealizar

Mundo do meio – modelação – sentir – qualificar

Mundo de baixo – manifestação – expressar

Então, para a prática de clareza de propósito devemos seguir


da seguinte maneira:

- Verbalizar, oralmente ou mentalmente as duas orações acima,


antes de dormir.

- No primeiro dia – entoar a primeira – ‘Treinamento em propósito


no sonho’

- No segundo dia – entoar a segunda – ‘Treinamento em clareza no


sonho’

No terceiro dia – imaginar o que se idealiza como propósito


para o momento (construir um cenário mental, sentir-se nele e dar
qualidades a ele. Depois entregue essa intenção ao Grande Mistério
para que no cotidiano, ele permita a expressão, manifestação, que
pode vir na forma de planejamento, ideias, insights ou a coisa já
acontecendo.

Quando despertar, ficar atento ao que vem como impulso para


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expressar. Esse exercício só deve ser feito no terceiro dia e aí, após
essa prática, seguirá durante a noite (a partir do quarto dia) escutar
em si mesmo se será necessário repetir as orações, visualizar ou
modelar.

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SOBRE O AUTOR:

Kaká Werá é escritor de origem tapuia, notório saber em


antropologia cultural por seu trabalho de pesquisa em tradições
sapienciais dos povos ancestrais do Brasil. Professor responsável
pela cátedra indígena na Unipaz (Universidade Internacional da
Paz) e terapeuta membro do CIT (Colégio Internacional dos
Terapeutas) e tem uma expressiva atuação no empreendedorismo
social.

Nos últimos 30 anos tem atuado também com desenvolvimento de


pessoas através de imersões, workshops, vivências e seminários no
Brasil e no exterior, com foco em autoconhecimento,
autoliderança, cooperatividade, desenvolvimento de comunidades
e ancestralidade.

Autor de oito livros dos quais três traduzidos para o inglês, alemão
e francês abordando a temática da sabedoria ancestral como
caminho para o autoconhecimento e sustentabilidade.
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