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1. Definição
A gestação e o pré-natal são janelas de oportunidade para que o sistema de saúde se
aproxime das pacientes e atue na promoção e recuperação da saúde das mesmas. Para isso, é
fundamental a compreensão de todos os envolvidos no processo assistencial da importância da
sua atuação e da necessidade de aliarem o conhecimento técnico para tal visando garantir o bem-
estar do binômio materno-fetal.
A organização dos processos de atenção durante o pré-natal inclui a estratificação de risco
obstétrico visando a redução da mortalidade materna e buscando que cada gestante receba o
cuidado necessário às suas demandas, por equipes com nível de especialização e de qualificação
adequados.
Os critérios de risco gestacional deverão ser avaliados na primeira consulta de pré-natal
através da anamneses, exame físico geral, exame ginecológico e obstétrico. A avaliação deverá
ser dinâmica e contínua durante todo o pré-natal, sendo revisitada a cada consulta.
Segundo Manual do Ministério da Saúde de pré-natal, alguns contextos organizam a rede
de assistência considerando níveis intermediários de risco obstétrico. Essas mulheres devem ser
acompanhadas em conjunto com a atenção primária em saúde (APS) com suporte de uma
unidade de pré-natal de risco intermediário com a presença de médico obstetra e equipe
multidisciplinar especialista em obstetrícia. Essa equipe de especialistas será responsável por
realizar o matriciamento dessas pacientes e compartilhamento do cuidado.
Assim, devemos deixar claro, que conforme preconizado pelo Ministério da Saúde a APS
não deve deixar de assistir a gestante ainda que esta esteja sendo acompanhada em outro
equipamento de saúde, pois é no território que as relações sociais e demandas ocorrem. É no
território que a gestante vive e onde deve ser compreendida e cuidada, é onde as mulheres
devem permanecer com suas famílias e a comunidade do entorno e, idealmente, é onde devem
receber os cuidados necessários.
2. Objetivo
O objetivo desse protocolo é definir os critérios de encaminhamento ao pré-natal de risco
intermediário garantindo o adequado encaminhamento das gestantes que apresentem maior
probabilidade de apresentar eventos adversos à saúde.
PROTOCOLO INSTITUCIONAL
3. Indicação e Contraindicação
3.1 Indicação
Gestantes com risco gestacional intermediário a seguir:
- Hipertensão arterial crônica leve;
- Diabetes gestacional controlada com dieta;
- Infecção do trato urinário de repetição;
- Obesidade grau I e II;
- Anemia moderada;
3.2 Contraindicação
Gestantes que não se enquadrem nos critérios acima.
4. Responsáveis
PROTOCOLO INSTITUCIONAL
7. Descrição do procedimento
- Em casos de não localização da paciente através dos números de contato informados, é feito
contato com a Unidade de Saúde à qual a paciente pertence, para que a convocação seja feita.
7.2 CONDUTAS
7.2.1 HIPERTENSÃO ARTERIAL CRÔNICA
- Todas as pacientes com diagnóstico prévio de hipertensão arterial sistêmica ou que apresentem
duas aferições de pressão arterial, com intervalo de pelo menos 4 horas entre elas, maior ou igual
a 140 x 90 mmhg antes de 20 semanas de gravidez. Se pressão arterial maior ou igual 160 x 90
mmhg esse intervalo deverá ser de 15 min, se mantiver valores elevados de pressão encaminhar
imediatamente a maternidade.
Na 1ª consulta no PN intermediário:
- Verificar curva pressórica, alvo pressão sistólica entre 140 a 110 mmhg e diastólica 85 a 80
mmhg, se pressão arterial maior do que isso aumentar metildopa a cada pelo menos 1 semana.
Aumentar 250 mg/dia semanalmente até bons controles pressóricos, não ultrapassar a dose de
2g/dia;
- Caso seja necessário associar um 2º anti hipertensivo para manter meta pressórica encaminhar
ao ACEG;
- Manter AAS até 36 semanas de gestação e Cálcio até o parto;
PROTOCOLO INSTITUCIONAL
Repetir trimestralmente os exames laboratoriais para pacientes com HAC juntamente com
exames de rotina de pré-natal;
2º trimestre 24 a 28 semanas
3º trimestre 34 semanas
- Glicemia de jejum entre 92 mg/dl e 125 mg/dl (inclusive estes valores) nos exames de primeiro
trimestre;
- Teste de Tolerância Oral à Glicose com 75g de dextrosol realizado entre 24 e 28 semanas
alterado, conforme descrito abaixo:
Jejum: maior ou igual a 92 mg/dl e/ou
1 hora após 75 g de dextrosol: maior ou igual a 180 mg/dl e/ ou
2 horas após 75 g de dextrosol: maior ou igual a 153 mg/dl.
ATENÇÃO: o pedido de exame deve ser realizado para os três horários mencionados (escrever
na SADT: TOTG 75g 3 medidas: jejum, 1 hora após e 2 horas após) e uma única alteração já
justifica o diagnóstico e encaminhamento para o pré-natal de risco intermediário.
ATENÇÃO: Pacientes com TOTG (1 hora ou 2 horas) maior que 200 mg/dl serão encaminhadas
diretamente ao pré-natal de alto risco.
Condutas:
- Encaminhar com perfil glicêmico nos seguintes horários: Jejum e 1 h após café, 1h após almoço
e 1h após jantar;
- Solicitar TSH;
- Orientar exercício físico, pelo menos 30 min 3 vezes na semana, e dieta pobre em carboidrato e
rica em proteína.
Obs: as gestantes que mantiverem o perfil glicêmico adequado apenas com dieta, continuarão no
pré-natal intermediário. Se descontrole glicêmico, as pacientes serão encaminhadas ao pré-natal
de alto risco (ACEG);
Na 1ª consulta no PN intermediário:
- Verificar controle glicêmico, sendo a meta glicemia de jejum entre 90 a 95 mg/dl e 1 hora após
as refeições entre 130 a 140 mg/dl
PROTOCOLO INSTITUCIONAL
- Se mais do que 20 a 30% dos valores alterados encaminhar ao ACEG ou PN HU para iniciar
insulina;
- Agendar Ultrassom morfológico de 1º trimestre entre 11 e 13 semanas, ultrassom morfológico de
2º trimestre com 20 a 24 semanas e ultrassom obstétrico entre 28 e 30 semanas e outro entre 34
e 36 semanas;
- Se alteração no ultrassom morfológico ou obstétrico encaminhar ao ACEG/HU MFF/DM;
- Agendar avaliação nutricional e fisioterapêutica;
- Retorno conforme calendário de consultas a seguir:
Repetir trimestralmente os exames laboratoriais para pacientes com DMG juntamente com
exames de rotina de pré-natal;
2º trimestre 24 a 28 semanas
3º trimestre 34 semanas
Condutas:
- Se a paciente não estiver em uso, iniciar antibioticoprofilaxia com nitrofurantoína 100 mg a noite
ou cefalexina 500mg a noite até 36 semanas de gestação;
- Solicitar urocultura 5 dias após o fim do tratamento.
- CID: N110, O230
Na 1ª consulta no PN intermediário:
- Verificar resultados de uroculturas e antibiograma;
- Se urocultura resistente a cefalexina usar nitrofurantoina para profilaxia ou o contrário;
- Verificar se a paciente realizou urocultura de controle após o fim dos tratamentos, 1 semana
após;
- Manter antibioticoprofilaxia até 36 semanas;
- Retorno conforme calendário de consultas a seguir:
Repetir trimestralmente urina 1 e urocultura com antibiograma juntamente com exames de rotina
de pré - natal;
2º trimestre 24 a 28 semanas
3º trimestre 34 semanas
TABELA IMC:
IMC CLASSIFICAÇÃO
< 18,5 KG/M2 Baixo peso
18,5 a 24,9 kg/m2 Peso habitual
25 a 29,9 kg/m2 Sobrepeso
30 a 34,9 kg/m2 Obesidade grau I
35 a 39,9 kg/m2 Obesidade grau II
> 40,0 kg/m2 Obesidade grau III
Fonte: Atalah et al. Revista Médica de Chile, 1997. In: Fagundes AA, et al. Ministério da Saúde, 2004
Na 1ª consulta no PN intermediário:
- Manter AAS até 36 semanas de gestação e Carbonato de Cálcio até o parto;
- Manter vigilância pressórica pelo menos 1 vez por semana com manguito adequado;
- Verificar exames para rastreio de diabetes gestacional;
- Agendar avaliação com nutricionista para orientações sobre dieta e ganho de peso;
- Agendar avaliação com fisioterapeuta;
- Retorno conforme calendário de consultas a seguir:
2º trimestre 24 a 28 semanas
3º trimestre 34 semanas
Condutas:
- Solicitar eletroforese de hemoglobina, ferro sérico, ferritina, transferrina, TIBC, DHL, vitamina
B12 e ácido fólico.
- Solicitar parasitológico de fezes, pesquisa de sangue oculto nas fezes;
- CID O990, D571, D569, D580, D582
Na 1ª consulta no PN intermediário:
PROTOCOLO INSTITUCIONAL
2º trimestre 24 a 28 semanas
3º trimestre 34 semanas
10. Registro
Todas as consultas deverão ser registradas no Sistema e-SUS PEC.
Todo o atendimento médico e de enfermagem deve ser anotado no cartão de pré-natal da
gestante.
Os exames de imagem e/ou laboratoriais devem ser solicitados em formulários próprios
disponíveis no Sistema e-SUS PEC.
Os encaminhamentos devem ser preenchidos em formulários próprios disponíveis no Sistema e-
SUS PEC.
Elaboração Padronização
PROTOCOLO INSTITUCIONAL
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Bruna Elias Parreira
Ginecologista e Obstetra
Área de atuação Gestação de Alto risco
Aprovação