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1 Integral Duplo

UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE


Faculdade de Ciências – Departamento de Matemática e Informática
———————————————————————————————————————————–
Análise Matemática II - Tronco Comum

1 Integral Duplo
1.1 Resumo Teórico
Definição 1.1. Chama-se integral dupla de uma função contı́nua f (x, y), sobre um domı́nio fechado
e restrito D do plano X0Y, o limite da soma integral dupla corresponde
ZZ XX
f (x, y)dxdy = lim f (xi , yk )∆xi ∆yk (1)
D max ∆xi →0
max ∆yk →0 i k

onde ∆xi = xi+1 − xi , ∆yk = yk+1 − yk e a soma se estende aos valores de i e k para os quais os
pontos (xi , yk ) pertencem ao campo D .
Z 1 Z 1
Exemplo 1.1. Calcular a integral I = dx (x + y)dy
0 x
Resolução: Temos que f (x, y) = x + y e Dxy = {(x, y) : 0 ≤ x ≤ 1, x ≤ y ≤ 1}. Assim,
Z 1 Z 1  Z 1 Z y 
Iy = (x + y)dy dx ou Ix = (x + y)dx dy
0 x 0 0

1 y=1
y2
Z 
Ix = xy + dx
0 2 y=x
Z 1 
x2
  
1 2
= x+ − x + dx
0 2 2
Z 1 
3 2 1
= − x +x+ dx
0 2 2
 x=1
1 3 1 2 1
= − x + x + x
2 2 2 x=0
1
=
2

1.2 Colocação dos limites de integração na integral dupla (Mudança de


ordem de integração)
Mudança de integração tendo o observador, sobre o eixo Ox

Exemplo
Z 2 Z x+91.2. Escreva as equações das linhas que limitam os campos a que se estendem a integral
dx f (x, y)dy, e inverta a ordem de integração.
1 x2
Resolução:

Licenciatura em Engenharias – UEM 1 Alex Marime ©, 2021


1 Integral Duplo 1.3 Mudança de variável em integral dupla

Com observador fixado, sobre o eixo Ox.


Da figura, observamos que a fronterira inferior é
a equação quadrática y = x2 e a superior é a
recta y = x + 9, então x2 ≤ y ≤ x + 9. Como
a projecção de D sobre o eixo Ox é o intervalo
fechado [1, 2], então 1 ≤ x ≤ 2. Temos então que
D = {(x, y) : 1 ≤ x ≤ 2, x2 ≤ y ≤ x + 9}
ZZ
Ix = f (x, y)dydx
D
Z 2 Z x+9 
= f (x, y)dy dx
1 x2
Figura 1: Observador sobre o eixo Ox

Com observador fixado, sobre o eixo Oy.


Da figura, observamos que a fronterira inferior é a recta x = 1
e a superior é a recta x = 2, então 1 ≤ x ≤ 2. Com a
projecção do domı́nio sobre o eixo Oy, temos três domı́nios
parciais, com

D1 = {(x, y) : 1 ≤ y ≤ 4, 1 ≤ x ≤ y},
D2 = {(x, y) : 4 ≤ y ≤ 10, 1 ≤ x ≤ 2} e
D3 = {(x, y) : 10 ≤ y ≤ 11, y − 9 ≤ x ≤ 2}
Figura 2: Observador sobre o eixo Oy

Mudança de integração tendo o observador, sobre o eixo Oy


ZZ ZZ ZZ
Iy = f (x, y)dxdy + f (x, y)dxdy + f (x, y)dxdy
D1 D2 D3
Z 4 Z √y  Z 10 Z 2  Z 11 Z 2 
= f (x, y)dx dy + f (x, y)dx dy + f (x, y)dx dy
1 1 4 1 10 y−9

1.3 Mudança de variável em integral dupla


1.3.1 Integral dupla em coordenadas polares

Integral dupla em coordenadas polares Quando na integral dupla se passa das coordenadas rec-
tangulares x, y para as coordenadas polares r, θ, relacionadas com as primeiras pelas expressões
x = r cos θ, y = r sin θ, verifica-se a fórmula
ZZ ZZ
f (x, y)dxdy = f (r cos θ, r sin θ)rdrdθ. (2)
S S

Se o campo de integração S está limitado pelos raios r = α e r = β (α < β) e pelas curvas


r = r1 (θ) e r = r2 (θ), onde r1 (θ) e r2 (θ) r1 (θ) ≤ r2 (θ) são funções contı́nuas uniformes no segmento
α ≤ θ ≤ β, a integral dupla pode ser calculada pela fórmula
ZZ Z β Z r2 (θ)
F (θ, r)rdrdθ = dθ F (θ, r)rdr
S α r1 (θ)

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1 Integral Duplo 1.4 Aplicações da integral dupla

onde, F (θ, r) = f (r cos θ, r sin θ). Ao calcular a integral


Z β Z r2 (θ)
dθ F (θ, r)rdr
α r1 (θ)

se considera constante a grandeza θ.

1.3.2 Integral dupla em coordenadas curvilineas


No caso mais geral, se f (x, y) é contı́nua e na integral dupla
ZZ
f (x, y)dxdy
S

se quer passar das variáveis x, y às variáveis u, v, relacionadas com aquelas através das expressões
contı́nuas e diferenciáveis x = φ(u, v), y = ψ(u, v), que estabelecem uma correspondência biunı́voca
e contı́nua, em ambos os sentidos entre os pontos de campo S do plano X0Y e os pontos de um
campo determinado S ′ do plano U 0′ V, ao mesmo tempo em que o determinante de Jacob
∂x ∂y
D(x, y) ∂u ∂u
I= = ∂x ∂y
D(u, v) ∂v ∂v

conserva invariável seu sinal no campo S, será válida a fórmula


ZZ ZZ
f (x, y)dxdy = f [φ(u, v), ψ(u, v)] |I|dudv. (3)
S S′
Z a Z βx
Exemplo 1.3. Transformar a integral dx f (x, y) dy, 0 < α < β e a > 0, introduzindo as
0 αx
novas variáveis u = x + y, uv = y.
Resolução: Colocando as variavéis originais x, y em função de u, v temos que
 
x+y = u x = u(1 − v)
⇒ ,
y = uv y = uv
onde o determinante de Jacob é
∂x ∂y
∂u ∂u
1−v v
D(u, v) = ∂x ∂y = =u
∂v ∂v
−u u

x = 0, u = 0
e calculando os limites do integral, para, x = 0, x = 1, y = αx e y = βx obtemos a
x = a, u = 1−v
(
α
y = αx, v = 1+α
e β . Assim,
y = βx, v = 1+β
a β
Z a Z βx Z
1−v
Z
1+β
dx f (x, y) dy = du f [u(1 − v), uv] u dv.
α
0 αx 0 1+α

1.4 Aplicações da integral dupla


1.4.1 Área
Área em coordenadas rectangulares A área de um plano S é igual a
ZZ
Área(S) = dxdy.
S

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1 Integral Duplo 1.4 Aplicações da integral dupla

Se o domı́nio é determinado pelas desigualdades a ≤ x ≤ b, φ(x) ≤ y ≤ ψ(x), onde φ e ψ são


contı́nuas, temos
Z b Z ψ(x)
Área(S) = dx dy,
a φ(x)

Área em coordenadas polares Se o campo S é determinado em coordenadas polares r e φ pelas


desigualdades α ≤ φ ≤ β, 0 ≤ f (φ) ≤ r ≤ F (φ), onde F e f são contı́nuas, temos
ZZ Z β Z F (φ)
Área(S) = rdφdr = dφ rdr.
S α f (φ)

Exemplo 1.4. Calcule, por integral dupla, a área da região D do plano Oxy delimitada pelas curvas
y = x3 , x + y = 0, y = 0
Resolução: Vemos que D está compreendida entre as rectas horizontais y = 0 (eixo) e y = 1.

Considerando uma recta horizontal qualquer no interior de D vemos que ela entra em D em x = 3 y

0≤ y ≤1
e sai de D em x = 2 − y. Entãp temos: Dxy : √3 y ≤
.
x ≤2−y
ZZ
Como a área de D é dada por A(D) = dxdy então:
D

Z 1 Z 2−y
Ay (D) = √
dxdy
0 3 y
1

Z
= 3
(2 − y −
y) dy
0
 1
1 2 3p 3 4
= 2y − y − y
2 4 0
3
= u.a.
4

1.4.2 Volume

O volume V de um cilindróide, limitado por cima pela superfı́cie contı́nua z = f (x, y), por baixo
pelo plano z = 0 e lateralmente pela superfı́cie cilı́ndrica recta que corta o plano X0Y o campo S
limitado, fechado e quadrado, é igual a
ZZ
V = f (x, y)dxdy.
S

Exemplo 1.5. A base de um sólido é a região do plano Oxy delimitada pelo disco x2 + y 2 ≤ a2 , com
a > 0 e a parte superior é a superfı́cie do parabolóide az = x2 + y 2 . Calcule o volume do sólido.
x2 + y 2
Resolução: Seja D o disco x2 + y 2 ≤ a2 e seja z = f (x, y) = ≥ 0, que é contı́nua em D .
a
x2 + y 2
Então o volume do sólido W de base D é z = f (x, y) = , que é dado por
a
ZZ 2
x + y2
ZZ
V (W ) = f (x, y)dxdy = dxdy
D D a

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1 Integral Duplo 1.5 Exercı́cios Resolvidos de Integral Dupla

Passando para coordenadas polares, (x2 + y 2 )dxdy = r2 rdrdθ = r3 drdθ e o disco D transforma-se
0≤ r ≤a
em Drθ : . Logo
0 ≤ θ ≤ 2π
ZZ
1
V (W ) = r3 drdθ
a Drθ
1 2π
Z a
2π a 3
Z Z
3
= dθ r dr = r dr
a 0 0 a 0
 a
2π r4
=
a 4 0
a3 π
= u.v.
4

1.4.3 Aplicações à mecânica


Massa e momentos estáticos das lâminas
Se S é um campo do plano X0Y, ocupado por uma lâmina, e ρ(x, y) é a densidade superficial
desta lâmina no ponto (x, y), então, a massa M da lâmina e seus momentos estáticos Mx e My em
relação aos eixos 0X e 0Y são expressos pelas integrais duplas
ZZ ZZ ZZ
M= ρ(x, y)dxdy, Mx = yρ(x, y)dxdy, My = xρ(x, y)dxdy. (4)
S S S
Se a lâmina é homogênea, então ρ(x, y) = constante.
Coordenadas do centro de gravidade da lâmina:
Se C(x̄, ȳ) é o centro de gravidade de uma lâmina, temos
My Mx
x̄ = , ȳ = ,
M M
onde M é a massa da lâmina e Mx , My , seus momentos estáticos em relação aos eixos das coordenadas.
Se a lâmina é homogênea, então ρ = 1.
Momentos de inércia da lâmina
Os momentos de inércia de uma lâmina em relação aos eixos 0X e 0Y são iguais, respectivamente,
a ZZ ZZ
2
Ix = y ρ(x, y)dxdy, Iy = x2 ρ(x, y)dxdy. (5)
S S
O momento de inércia da lâmina em relação à origem das coordenadas é
ZZ
I0 = (x2 + y 2 )ρ(x, y)dxdy = Ix + Iy . (6)
S

Fazendo ρ = 1, nos momentos de inércia, obtemos os momentos geométricos de inércia das figuras
planas.

1.5 Exercı́cios Resolvidos de Integral Dupla


ZZ
y
1. Fazer a troca de variáveis u = xy e v = , na integral f (x2 + 2y 2 ) dxdy. Sendo D um
x D
plano de xy, no primeiro quadrante, delimitada pelas seguintes curvas xy = 1, xy = 2, y = x
e y = 2x.

r
u
Resolução: Primeiro vamos isolar as variáveis x e y, deste modo x = e y = uv.
v
Achando jacobiano temos que:

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1 Integral Duplo 1.5 Exercı́cios Resolvidos de Integral Dupla

= x1


 y
y = x2

Dxy : ⇒

 y = x

y = 2x



 xy = 1 ⇒u=1 
xy = 2 ⇒u=2 1 ≤ u ≤ 2

Se y , deste modo Suv :

 y=x ⇔ x =1 ⇒v=1 1 ≤ v ≤ 2
y
y = 2x ⇔ x = 2 ⇒ v = 2

∂x ∂y √
1 √v
∂(x, y) ∂u ∂u 2v u 2 uv 1
= ∂y = v
=
∂(u, v) ∂x
∂v ∂v
− √
u
u
√u
2 uv 2v
2v 2 v

ZZ ZZ
2 2 ∂(x, y)
f (x + 2y ) dxdy = f (u, v) dudv
Dxy Suv ∂(u, v)
Z 2 Z 2   1 
u
= du f + 2uv dv
1 1 v 2v
1 2
Z Z 2
1 u 
= du f + 2uv dv
2 1 1 v v

Z a Z √a2 −y2
x2 + y 2 dxdy.

2. Passando as coordenadas polares, calcule o integral
0 0
Resolução:

x = r sin θ
A transformação em coordenadas polares é dada por , onde 0 ≤ θ ≤ 2π. Temos
y = r cos θ
que Jacobiano é
∂x ∂y
∂(x, y) ∂r ∂r
sin θ cos θ
= ∂x ∂y = =r
∂(r, θ) ∂θ ∂θ
r cos θ −r sin θ


0 ≤ y ≤ ap
A integral está definida sobre a região D descrita pelas desigualdades D : .
0 ≤ x ≤ a2 − y 2
p
A fronteira superior de D é a curva x = a2 − y 2 com 0 ≤ y ≤ a e x ≥ 0 que corresponde
à parte da circunferência x2 + y 2 = a2 com 0 ≤ y ≤ a e x ≥ 0. A fronteira inferior de D é
o segmento de recta x = 0 com 0 ≤ y ≤ a. Assim, conforme o Graf. 1. Para variação de y
π
teremos 0 ≤ a cos θ ≤ a, implicando 0 ≤ θ ≤ .
2

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1 Integral Duplo 1.5 Exercı́cios Resolvidos de Integral Dupla

Z a Z √a2 −y2 Z π Z a
2
2 2
r2 · r dr

x +y dxdy = dθ
0 0 0 0
π r4 a
= ·
2 4 0
a4 π
=
8
3. Calcule a área da região D do plano xy delimitada pelas curvas x = y 2 + 1 e x + y = 3.
Resolução: De x = y 2 + 1 e x + y = 3 temos y 2 + y − 2 = 0 donde y = −2 ou y = 1. Logo, as
interseções são (5, −2) e (2, 1). Assim, o esboço da região D estárepresentado na figura abaixo

Vemos que D está compreendida entre as rectas horizontais y = −2 e y = 1. Considerando


uma recta horizontal qualquer no interior de D, diferente do
 eixo x, vemos que ela entra em D
−2 ≤ y ≤ 1
em x = y 2 + 1 e sai de D em x = 3 − y. Então temos D : . Portanto:
y2 + 1 ≤ x ≤ 3 − y
ZZ Z 1 Z 3−y
A(D) = dxdy = dy dx
D −2 y 2 +1
Z 1
= (3 − y − y 2 − 1)dy
−2
9
= u.a.
2

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1 Integral Duplo 1.5 Exercı́cios Resolvidos de Integral Dupla

4. Calcular a área da figura limitada pelas curvas y 2 = 4ax, x + y = 3a, y = 0.


Resolução: A curva y 2 = 4ax passa pelo origem das coordenadas e intersecta a recta x+y = 3a
no ponto (a, 2a) e que esta recta passa pelo (3a, 0) no eixo x e (0, 2a) no eixo y. Se o observador
estiver sobre o eixo x o domı́nio divide-se em duas áreas, conforme vermos na resolução.

Em ordem ao eixo x Em ordem ao eixo y


Z a Z √4ax Z 3a Z 3a−x Z 2a Z 3a−y
A(D) = dx dy + dx dy A(D) = dy 2 dx
y
0
0 0 a 0 4a
2a 
y2
Z a Z 3a 
√ √
Z
=2 a xdx + (3a − x) dx = 3a − y − dy
0 a 0 4a
4 8a3
 
= a2 + 2a2 2
= 6a − 2a − 2
3 12a
10a2 10a 2
= u.a. = u.a.
3 3

5. Calcule o volume do sólido W, no primeiro octante, limitado pelo cilindro parabólico z = 4 − x2


e pelos planos x + y = 2, x = 0, y = 0 e z = 0.
Resolução:

Vamos fazer o esboço, no primeiro octante, da superfı́cie


de equação z = 4 − x2 dita cilindro parabólico.
No plano xz traçamos o arco de parábola z = 4 − x2 ,
com x ≥ 0 e z ≥ 0. Como esta equação não depende da
variável y, então consideramos, por pontos da parábola,
semi-rectas paralelas ao eixo y.

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1 Integral Duplo 1.5 Exercı́cios Resolvidos de Integral Dupla

Agora, vamos fazer o esboço, no primeiro octante, da


porção do plano de equaçõ x + y = 2.
No plano xy traçamos o segmento de recta x + y = 2
que liga A(2, 0, 0) a B(0, 2, 0). Como esta equação não
depende da variável z, então, por pontos do segmento
traçamos paralelas ao eixo z.

Vemos que A(2, 0, 0) e C(0, 2, 4) são pontos comuns às


duas superfı́cies. Então, a curva interseção é a curva ob-
tida ligando esses dois pontos. Considerando que o sólido
é limitado pelos planos x = 0, y = 0 e z = 0, temos que
o esboço de W está representado na figura que se segue.

ZZ
Temos V (W ) = f (x, y)dxdy, onde f (x, y) = 4 − x2 e D é a seguinte região triangular.
D

0≤x≤2
Descrevendo D como Então:
0≤y ≤2−x

ZZ
4 − x2 dxdy

V (W ) =
D
Z 2 Z 2−x
4 − x2 dxdy

=
Z0 2 0

4 − x2 (2 − x)dx

=
Z0 2
x3 − 2x2 − 4x − 8 dx

=
0
20
= u.v.
3
6. A base de um sólido é a região do plano xy delimitada pelo disco x2 + y 2 ≤ a2 , com a > 0 e a
parte superior é a superfı́cie do parabolóide az = x2 + y 2 . Calcule o volume do sólido.
x2 + y 2
Resolução: Seja D o disco x2 + y 2 ≤ a2 e seja z = f (x, y) = ≥ 0, que é contı́nua em
a
x2 + y 2
D. Então o volume do sólido W de base D e o “tecto” z = f (x, y) = é dado por:
a
ZZ 2
x + y2
ZZ
V (W ) = f (x, y)dxdy = dxdy
D D a
ZZ
1
x2 + y 2 dxdy

=
a D

Passando para coordenadas polares, temos x2 + y 2 dxdy = r2 rdrdθ = rdrdθ e o disco D




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1 Integral Duplo 1.5 Exercı́cios Resolvidos de Integral Dupla


0 ≤ θ ≤ 2π
transforma-se em Drθ : . Logo
0≤r≤a
ZZ
1
V (W ) = r3 drdθ
a Drθ
1 2π
Z Z a
= dθ r3 dr
a 0 0
2π a 3
Z
= r dr
a 0
a3 π
= u.v.
2

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2 Integral tripla

2 Integral tripla

2.1 Resumo teorico

Chama-se integral tripla de uma função f (x, y, z), sobre um campo V limitado e fechado, ao limite
da soma tripla

ZZZ XXX
f (x, y, z)dxdydz = lim f (xi , yj , zk )∆xi ∆yj ∆zk (7)
V max ∆xi →0
max ∆yj →0 i j k
max ∆zk →0

O cálculo da integral tripla se reduz a calcular sucessivamente três integrais ordinárias (simples) ou
calcular uma dupla e uma simples.

ZZZ
Exemplo 2.1. Calcule a integral tripla 6xy dV, onde V esta abaixo do plano z = 1 + x + y e
√ V
acima da região do plano xy limitada pelas curvas y = x, y = 0 e x = 1.
Resolução: Temos que, acima da região do plano xy é o plano z = 0, deste modo√0 ≤ z ≤ 1 + x + y,
a parte lateral dos limites de integração, serão dados pelas intersecções de y = x, y = 0 e x = 1,
como é ilustra a Figura.


ZZZ Z 1 Z x Z 1+x+y
6xy dV = 6xy dzdydx
V 0 0 0

Z 1 Z x
=6 xy(1 + x + y)dydx
0 0

Z 1 Z x
=6 (xy + x2 y + xy 2 )dydx
0 0
1 √ x
xy 2 x2 y 2 xy 3
Z 
=6 + + dx
0 2 2 3 0
Z 1 2
x3 x5/2

x
=6 + + dx
0 2 2 3
 3 1 Figura 3: Área lateral pintada entre as curvas
x x4 2x7/2
=6 + +
6 8 21 0
65
= u.v.
28

Z a Z b Z c
Exemplo 2.2. Calcule a integral tripla dx dy (x + y + z) dz
0 0 0
Resolução: Temos que

Dxyz = {(x, y, z) ∈ R3 : 0 ≤ x ≤ a, 0 ≤ y ≤ b, 0 ≤ z ≤ c} e f (x, y, z) = x + y + z

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2 Integral tripla 2.2 Conversão de coordenadas cartesianas (rectangulares)

a b c a Z b z=c
z2
Z Z Z Z
dx dy (x + y + z) dz = dx (x + y)z + dy
0 0 0 0 0 2 z=0
Z a Z b
c2

= dx cx + cy + dy
0 0 2
Z a y=b
cy 2 c2 y
= cxy + + dx
0 2 2 y=0
Z a
b2 c bc2

= bcx + + dx
0 2 2
 2 x=a
x b2 c bc2
= bc + x+ x
2 2 2 x=0
abc
= (a + b + c)
2

2.2 Conversão de coordenadas cartesianas (rectangulares)


Se na integral tripla ZZZ
f (x, y, z)dxdydz
V

é preciso passar das variáveis x, y, z às variáveis u, v, w, relacionadas com as primeiras pelas igualdades
x = φ(u, v, w), y = ψ(u, v, w), z = χ(u, v, w), onde as funções φ, ψ, χ :

1. são contı́nuas, junto com suas derivadas parciais de primeira ordem;

2. estabelecem um correspondência biunı́voca contı́nua em ambos os sentidos entre os pontos do


campo de integração V do espaço 0XY Z e os pontos de um campo determinado V ′ do espaço
0′ U V W ;

3. o determinante funcional destas funções


∂x ∂y ∂z
D(x, y, z) ∂u ∂u ∂u
∂x ∂y ∂z
I= = ∂v ∂v ∂v
D(u, v, w) ∂x ∂y ∂z
∂w ∂w ∂w

conserva invariável seu sinal no campo V ′ quando é válida a fórmula


ZZZ ZZZ
f (x, y, z)dxdydz = f [φ(u, v, w), ψ(u, v, w), χ(u, v, w)] |I|dudvdw,
V V′

2.3 Conversão de coordenadas cartesianas para cilı́ndricas


Conversão de integral tripla para
 coordenadas cilı́ndricas
 x = r cos θ
Temos que (r, φ, z), onde y = r sin θ , obtemos que I = r, com 0 ≤ θ ≤ 2π;
z = z

Exemplo 2.3. Usando as coordenadas cilı́ndricas, determine o volume do sólido delimitado inferi-
ormente pelo plano z = 0 superiormente pelo parabolóide x2 + y 2 + 1 − z = 0 e lateralmente pelo
cilindro x2 + y 2 − 2y = 0.
Resolução: Notemos que o cilindro passa pela origem das coordenadas, com centro em (0, 1) e
raio 1 ocupando completamente o primeiro e segundo quadrantes. Em coordenadas cilı́ndricas é:

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2 Integral tripla 2.4 Conversão de coordenadas cartesianas para esféricas

r2 = 2r sin θ ou r = 2 sin θ portanto em coordenadas cilı́ndricas temos 0 ≤ θ ≤ π, 0 ≤ r ≤


2 sin θ e 0 ≤ z ≤ 1 + r2 .

ZZZ Z π Z 2 sin θ Z 1+r2


dxdydz = dθ rdr dz
V 0 0 0
Z π Z 2 sin θ
r 1 + r2 dr

= dθ
0 0
Z π 2 2 sin θ
r r4
= + dθ
0 2 4 0
Z π
4 sin2 θ 16 sin4 θ

= + dθ
0 2 4
Z π
= (4 − 5 cos 2θ + 2 cos 4θ) dθ
0
= 4π

2.4 Conversão de coordenadas cartesianas para esféricas

Conversão de integral tripla para coordenadas esféricas



 x = ρ sin φ cos θ
Temos que (θ, φ, ρ), onde y = ρ sin φ sin θ , temos I = ρ2 sin φ, com 0 ≤ θ ≤ 2π e 0 ≤ φ ≤
z = ρ cos φ

π.

A conversão de coordenadadas cartesianas para esféricas é dado por:

y r p
ρ 2 = x2 + y 2 + z 2 , tg θ = , tg φ = , r= x2 + y 2 (ou r = ρ sin φ).
x z

2.5 Exercı́cios Resolvidos da Integral Tripla

Z 1 Z 1 Z 1
dz
1. Calcule o valor da seguinte integral dx dy √
0 0 0 x+y+z+1
Resolução: Temos que

1
Dxyz = {(x, y, z) ∈ R3 : 0 ≤ x ≤ 1, 0 ≤ y ≤ 1, 0 ≤ z ≤ 1} e f (x, y, z) = √
x+y+z+1

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2 Integral tripla 2.5 Exercı́cios Resolvidos da Integral Tripla

Z 1 Z 1 Z 1
dz
Z 1 Z 1 p  1
dx dy √ =2 dx x + y + z + 1 dy
0 0 0 x+y+z+1 0 0
0
Z 1 Z 1 p p 
=2 dx x + y + 2 − x + y + 1 dy
0 0

4
Z 1 hp p i 1
= (x + y + 2)3 − (x + y + 1)3 dx
3 0
0
Z 1
4 hp p p i
= (x + 3)3 − 2 (x + 2)3 + (x + 1)3 dx
3 0

8 hp p p i 1
= 5 5
(x + 3) − 2 (x + 2) + (x + 1) 5
15
0
8 h√ 5 √ √  √ √ i
= 4 − 2 35 + 25 − [ 35 − 2 25 + 1
15
8  √ √ 
= 31 + 12 2 − 27 3
15
Z 1 Z 0 Z y2
2. Seja a integral I = dzdydx.
0 −1 0

(a) Esboce o sólido W cujo volume é dado pela integral I .


Resolução: Temos que ZZZ
I= dxdydz
W
com
W = {(x, y, z) ∈ R3 : (x, y) ∈ Dxy e 0 ≤ z ≤ y 2 }
onde
Dxy = {(x, y) ∈ R2 : 0 ≤ x ≤ 1 e − 1 ≤ y ≤ 0}.
O esboço de Dxy , que representa a projecção do sólido W no plano xy está representado
na figura abaixo

Consideremos a porção da superfı́cie z = y 2 , dita cilindro parábolico, que se projecta em


Dxy . Considerando que z varia de 0 a y 2 , obtemos o esboço de W na figura a seguir.
(b) Escreva três outras integrais que sejam iguais à integral I .
Resolução: Como Dxy é um rectângulo então
Z 1 Z 0 Z y2
I= dzdydx.
0 −1 0

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2 Integral tripla 2.5 Exercı́cios Resolvidos da Integral Tripla

Projectando W sobre o plano yz, encontramos Dyz e esboçamos na figura que se segue
Temos
Dyz = {(y, z) ∈ R2 : − 1 ≤ y ≤ 0, 0 ≤ z ≤ y 2 }
ou

Dyz = {(y, z) ∈ R2 : 0 ≤ z ≤ 1, −1 ≤ y ≤ z}.

Considerando um ponto P = (x, y, z) no interior de W e uma recta paralela ao eixo x,


passano por P, orientada no sentido do crescimento de x, vemos que ela entra em W em
x = 0 e sai de W em x = 1. Então 0 ≤ x ≤ 1. Assim:

W = {(x, y, z) ∈ R3 : (y, z) ∈ Dyx e 0 ≤ x ≤ 1}.

Logo
ZZ Z 1
I= dxdydz.
Dyz 0

donde √
Z 0 Z y2 Z 1 Z 1 Z z Z 1
I= dxdydz ou I= dxdydz.
−1 0 0 0 −1 0

3. Calcule o volume do sólido W limitado pelas superfı́cies z = −y, y = x2 − 1 e z = 0.


Resolução: Primeiramente, esboçamos o cilindro parabólico y = x2 − 1. Em seguida, desenha-
mos o plano bissetor z = −y, destacando alguns pontos comuns: A = (0, −1, 1), B = (1, 0, 0) e
C = (−1, 0, 0). Ligamos esses pontos por uma curva que representa a intersecção das duas su-
perfı́cies. Considerando que o sólido é limitado pelo plano z = 0, temos o sólido W representado
na figura que se segue.

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2 Integral tripla 2.5 Exercı́cios Resolvidos da Integral Tripla


−1 ≤ x ≤ 1
Projetando W sobre o plano xy, encontramos a região Drθ : . Por um ponto
x2 − 1 ≤ y ≤ 0
(x, y, z) no interior de W, traçamos uma reta paralela ao eixo z. Essa recta intercepta a fronteira
inferior de W no plano xy onde z = 0 e intercepta a fronteira superior no plano z = −y. Logo,
0 ≤ z ≤ −y. Assim:

W = {(x, y, z) ∈ R3 : (x, y) ∈ Dxy e 0 ≤ z ≤ −y}.

Então:
ZZZ ZZ Z −y
V (W ) = dV = dxdydz
W Dxy 0
ZZ
= (−y)dxdy
Dxy
Z 1Z 0
=− ydydx
−1 x2 −1
Z 1
1 2
= x2 − 1 dx
2 −1
8
= u.v.
15

4. Use uma integral tripla para encontrar o volume do sólido no primeiro octante, limitado pelos
gráficos das equações y 2 + z 2 = 4, x + y = 2, z = 0, y = 0 e x = 0.
Resolução:

Esboço da superfı́cie y 2 + z 2 = 4 (cilindro circular ) com


x, y, z ≥ 0.
No plano yz traçamos o arco da circunferência y 2 +z 2 = 4
com y ≥ 0 e z ≥ 0. Como esta equação não depende da
varável x, então por pontos do arco traçemos semi-rectas
paralelas ao eixo x, com x ≥ 0.

Esboço da superfı́cie x + y = 2 (plano) com x, y, z ≥ 0.


No plano xy traçamos a recta x+y = 2 com x ≥ 0 e y ≥ 0.
Como esta equação não depende da varável z, então por
pontos dos segmentos da recta traçemos paralelas ao eixo
z, com z ≥ 0.

Esboço do sólido W
Observemos que o ponto A = (2, 0, 2) e B = (0, 2, 0) são
comuns às duas superfı́cies. Ligando-os por uma curva
temos a intersecção. Considerando que o sólido é também
limitado pelos planos x = 0, y = 0 e z = 0, temos o esboço
de W na figura ao lado

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2 Integral tripla 2.5 Exercı́cios Resolvidos da Integral Tripla

Temos que: ZZZ


V (W ) = dV.
W

Para calcular a integral, vamos projectar o sólido no plano yz.

Imaginemos uma recta paralela ao eixo x através de W, orientada como o eixo x. Vemos que
ela entra em W em x = 0 e sai de W em x = 2 − y. Então temos:

W = {(x, y, z) ∈ R3 : (y, z) ∈ Dyz e 0 ≤ x ≤ 2 − y}.

Assim: ZZ Z 2−y ZZ
V (W ) = dxdydz = (2 − y)dydz.
Dyz 0 Dyz

Calculemos a integral utlizando coordenadas polares




 y = r cos θ
z = r sin θ

 dydz = rdrdθ

 2
y + z 2 = r2

0≤r≤2
e Drθ : . Então:
0 ≤ θ ≤ π2
ZZ
V (W ) = (2 − r cos θ)rdrdθ
Dyz
π
Z
2
Z 2
= (2r − r2 cos θ)drdθ
0 0
Z π 
2 8
= 4 − cos θ dθ
0 3
 
8
= 2π − u.v.
3

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