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BIOPSICOLOGIA

2º ANO, 1º SEMESTRE
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

INTRODUÇÃO À BIOPSICOLOGIA
• O que é a biopsicologia?
Estudo das bases biológicas do comportamento (i.e., perspetiva biológica do
comportamento). Compreender o comportamento e a cognição (memória, perceção,
atenção, etc.) em termos dos seus substratos biológicos. Disciplina das Neurociências (o
estudo científico do sistema nervoso); os biopsicólogos são neurocientistas que
pretendem estudar como é o que cérebro produz comportamentos. Como é que o
cérebro produz fenómenos psicológicos? (memórias, perceções, pensamentos,
aprendizagens, emoções, linguagem...). Existem vários nomes alternativos para este
campo científico: Biologia do Comportamento, Neurociências do Comportamento, ou
Psicobiologia...

• Enquadramento da biopsicologia nas neurociências:


Disciplinas das Neurociências relevantes para a Biopsicologia:
a) Neuroanatomia: Estudo das estruturas do sistema nervoso;
b) Neuroquímica: Estudo das bases químicas da atividade neuronal;
c) Neuropatologia: Estudo das perturbações do sistema nervoso;
d) Neurofarmacologia: Estudo dos efeitos das drogas na atividade neuronal;
e) Neurofisiologia: Estudo da atividade fisiológica do sistema nervoso;
f) Neuroendocronologia: Estudo das interações entre o sistema nervoso e o
sistema endócrino;
g) Neuroimagiologia: Desenvolvimento de técnicas que medem acontecimentos
cerebrais.

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• Abordagens da biopsicologia:
Psicologia Fisiológica:
a) Estuda os mecanismos neuronais do comportamento através de manipulações
diretas do sistema nervoso em condições de laboratório controladas (e.g.,
lesões, estimulação elétrica);
b) Investigação básica;
c) Psicofarmacologia
d) Manipula o sistema nervoso farmacologicamente;
e) Estuda o efeito de drogas no comportamento e como é que estas mudanças são
mediadas por mudanças na atividade neuronal;
f) Investigação básica ou aplicada.

Neuropsicologia:
a) Estuda as alterações comportamentais que ocorrem em humanos após lesão
cerebral;
b) Recorre a estudos de caso e desenhos quase-experimentais;
c) Investigação aplicada.

Psicofisiologia:
a) Estuda a relação entre a atividade fisiológica e os processos psicológicos;
b) Mede a atividade cerebral em humanos com métodos não-invasivos (EEG);
c) Outros medidas: tensão muscular, ritmo cardíaco, dilatação das pupilas, e
condução eléctrica, etc...

Neurociências Cognitivas:
a) Divisão mais recente da Biopsicologia;
b) Estuda as bases neuronais dos processos cognitivos complexos, geralmente em
humanos;
c) Utiliza métodos não-invasivos como as recentes técnicas de imagem cerebral
funcional;

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Psicologia Comparativa:
a) Estuda factores evolutivos e genéticos no comportamento;
b) Estudos de laboratório assim como estudos com animais no seu ambiente
natural (etologia).

• Revisão histórica:
Renascimento (fins do século XIII e meados do século XVII). Em 1633, René
Descartes, propõe o conceito de reflexos e nervos. Afirma que a mente/consciência está
localizada na glândula pineal.
Dualismo – existência de dois mundo: um material (corpo) e um não material
(mente).
Franz Joseph Gall (1796). Frenologia ou Teoria das Bossas: Tentou estabelecer
uma relação entre a configuração externa do cérebro e certas dimensões ou "faculdades
psicológicas”
Paul Broca (1861) – Caso Leborgne. Estabeleceu uma correlação entre uma
dificuldade em encontrar “imagens motoras” (afasia motora ou de expressão) e lesões
no terço posterior da circunvolução frontal inferior esquerda (área de Broca).
Carl Wernicke (1874). Estabeleceu uma
correlação entre uma dificuldade em encontrar
“imagens auditivas” (afasia sensorial ou de
recepção) e lesões no terço posterior da
circunvolução temporal superior esquerda (área de
Wernicke).

Jules Déjerine (1890): Afirmou que pequenas lesões no cérebro podiam destruir
seletivamente a capacidade para ler ou para escrever, sem interferir com outros
aspectos do discurso ou outras funções cognitivas.

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Korbinian Broadmann (1909): Identificou 52 regiões


distintas (i.e., caracterizadas por diferentes tipos de células),
através da análise da organização celular do córtex.

O Caso Phineas Gage (1848):

Trabalhava num caminho de ferro e ao existir uma


explosão um ferro atravessou a sua cabeça na zona orbito-
frontal apresentando problemas em termos do
comportamento e de tomada de decisão. Concluindo, a zona
orbito-frontal é importante para o comportamento humano.

Lobotomia Pré-frontal - Egas Moniz – 1936:


Objetivo: melhorar (modificar) comportamentos resistentes a outras
terapêuticas (alvo: doentes do foro psiquiátrico como os obsessivo-compulsivos e
esquizofrenia).
Apesar de minimizar determinados comportamentos (e.g. agressividade e
sintomas compulsivos), a lobotomia pode introduzir outros comportamentos
indesejáveis, tais como, excitabilidade, impulsividade, labilidade afectiva, falta de
iniciativa e profunda apatia, etc.

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O estudo das relações cérebro-comportamento antes e após os métodos de imagem

Cérebro e comportamento:
O estímulo chega ao cérebro (lobo temporal) através do olho. Depois temos que
reconhecer a imagem e tomar a decisão (lobo frontal). O lobo frontal aciona os
mecanismos motores que levam a informação até à medula espinal. O lobo frontal
comunica com a amígdala que produz a sensação de felicidade. Se as coisas são
correram bem, tem de voltar ao lobo frontal para descobrir o que correu mal na tomada
de decisão.

• A investigação em biopsicologia:
A investigação pode variar ao longo de três dimensões:
a) Sujeitos humanos vs. não-humanos;
b) Estudos experimentais vs. não-experimentais (quase- experimentais ou estudos
de caso);
c) Investigação aplicada vs. básica.

Sujeitos humanos vs. não-humanos:

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Experimentais & Não-experimentais:


A investigação em Biopsicologia envolve estudos experimentais e não
experimentais (estudos quase-experimentais e estudos de caso)

Experimentais:
a) Método usado pelos cientistas para estudar relações de causa efeito;
b) Quando um grupo de sujeitos é testado para uma determinada condição
(desenho entre-sujeitos);
c) Quando o mesmo grupo de sujeitos é testado para múltiplas condições
(desenho intra-sujeitos).
d) Variáveis: Variáveis independentes: são manipuladas pelo experimentador;
estas manipulações produzem diferentes condições de tratamento na
experiência. Variáveis dependentes: refletem o comportamento do sujeito; é o
que a experiência mede.
e) Numa experiência bem delineada, o experimentador pode concluir que qualquer
diferença na variável dependente é causada pela variável independente.

Não-experimentais:
a) Por vezes é impossível conduzir experiências onde se possa controlar a condição
que se pretende estudar; por exemplo, se estão envolvidos sujeitos humanos,
pode ser impossível, por razões éticas, atribuir um grupo a uma determinada
condição;
b) Em desenhos quase-experimentais, os investigadores examinam os sujeitos em
situações reais onde os sujeitos se auto selecionam para determinadas
condições (e.g., excessivo consumo de álcool);
c) O aspeto mais negativo dos estudos quase-experimentais é que apesar dos
investigadores poderem examinar a relação entre as variáveis de interesse (e.g.,
consumo de álcool e dano cerebral), por vezes, há variáveis parasitas;
d) Estes estudos não permitem estabelecer relações diretas de causa-efeito.
Exemplo: os investigadores não podem atribuir aleatoriamente os sujeitos a um
grupo controlo e a um grupo que consome álcool, e depois expor um grupo a 10 anos

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de consumo alcoólico para analisar se o álcool provoca danos cerebrais; em vez disso,
têm que comparar cérebros de alcoólicos e não-alcoólicos do mundo real. Problema:
como os sujeitos podem não se distribuir por cada grupo de forma aleatória, há muitas
diferenças que podem contribuir para as diferenças encontradas na variável
dependente. (e.g., lesão cerebral causada por uma dieta empobrecida, lesão cerebral
por acidente, outros consumos de drogas, etc.)

Não-experimentais:
a) Um outro tipo de estudo não-experimental são os estudos de caso;
b) Os estudos de caso incidem apenas num sujeito;
c) O problema deste tipo de estudo é a generalização, ou seja, em que medida os
resultados nos informam sobre a população em geral.
Os estudos quase-experimentais e os estudos de caso dão-nos, no entanto,
contribuições científicas muito válidas, sobretudo quando são um complemento a outro
tipo de investigações.

Investigação básica vs. investigação aplicada:


Investigação Básica é motivada essencialmente pela curiosidade do investigador;
é motivada pelo desejo de perceber como as coisas funcionam; no futuro permite
resolver grandes questões.
Investigação Aplicada recorre aos conhecimentos obtidos na investigação básica
para responder a questões específicas.

• Conclusão:
Os Biopsicólogos estudam as bases biológicas do comportamento recorrendo a
diferentes métodos e perspetivas; o ponto forte da Biopsicologia é atribuído a esta
diversidade.

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ANATOMIA DO SISTEMA NERVOSO


• As principais divisões do sistema nervoso:
Sistema nervoso periférico:
Sistema Nervoso Somático - Parte do SNP que está em interacção com o
ambiente exterior:
a) Neurónios sensoriais (aferentes) - Transportam informação recebida pelos
órgãos sensoriais até à medula espinal e ao cérebro (pele, músculos,
articulações, olhos, ouvidos).
b) Neurónios motores (eferentes) - Transportam a informação do cérebro para o
exterior através dos músculos esqueléticos.

Sistema Nervoso Autónomo - Parte do SNP que está é responsável por regular o
ambiente interno.
a) Neurónios aferentes - Transportam informação recebida pelos órgãos internos
para o SNC.
b) Neurónios eferentes - Transportam a informação do SNC para os órgãos
internos.

O sistema nervoso autónomo subdivide-se em:


a) Sistema Nervoso Simpático – Neste, os órgãos encontram-se em atividade (ex:
emoção).
b) Sistema Nervoso
Parasimpático – Repõe a
homeostasia no organismo,
isto é, coloca os valores
normais.

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• Meninges, ventrículos:
O líquido cérebroespinal circula na
medula espinal, sendo produzido nos
ventrículos.

Meninges:
a) Duramater;
b) Aracnóide;
c) Piamater.

• Substância branca e substância cinzenta:


Substância cinzenta – corpos celulares dos neurónios.
Substância branca – axónios mielinizados, devido à bainha de mielina.

• As direções e planos do sistema nervoso:

Anterior e posterior são relativos. Ventral – baixo. Dorsal – cima. Lateral – para fora
(mais externo). Medial – Para meio (mais interno).

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Corte Horizontal (estrutura meio). Corte Sagital (vertical). Corte Coronal (parte detrás).

Vistas no sistema nervoso:


Central Sulcus – sulco central ou rego de Rolando, divide o frontal e o parietal.
Lateral fissue – Sulco lateral, divide o temporal e o frontal.
Há na totalidade quatro lobos:
a) Frontal;
b) Occipital;
c) Parietal;
d) Temporal.
Entre os lobos existe a fissura longitudinal.

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• A espinal medula:
Controla os movimentos dos membros e do tronco. Recebe e processa
informação sensorial da pele, articulações e músculos dos membros e tronco.

Canal central – Onde circula o liquido cérebroespinal.


Parte branca ou cinzenta depende se é parte dos neurónios ou axónios.

• As cinco principais divisões do cérebro:


Durante o crescimento as várias divisões vão-se desenvolvendo, construindo as
outras estruturas cerebrais.

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Mielencéfalo:
Cérebro posterior.
Medula Oblongata ou Bulbo Raquidiano - Inclui
diversos centros responsáveis por funções
autonómicas vitais como a digestão, respiração e
controlo do ritmo cardíaco.
Formação Reticular - Regulação do sono, atenção,
movimento, respiração, circulação sanguínea e
função cardíaca.

Metencéfalo:
Protuberância - Transmite informação relacionada com
o movimento dos hemisférios cerebrais para o cerebelo.
Cerebelo - Ligado ao tronco cerebral através de umas
fibras chamadas peduncúlos. O cerebelo modula a força
e o alinhamento dos movimentos e está envolvido na
aprendizagem de competências motoras.

Mesencéfalo:
Tectum - Parte dorsal do cérebro médio, tem
duas partes: o colículo inferior (função auditiva)
e o colículo superior (função visual).
Tegmentum - Periaqueduto cinzento: matéria
cinzenta situada à volta do aqueduto cerebral, é
uma área de especial interesse porque medeia
os efeitos analgésicos. Substancia nigra e
núcleo vermelho que são ambos componentes
importantes dos sistema sensorio-motor.

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Tronco cerebral:
Medula Oblongata/Bulbo Raquidiano;
Formação Reticular; Protuberância; Cerebelo; Mesencéfalo.

Diencéfalo:
Tálamo - Processa toda a informação que vai para o córtex cerebral vinda da medula
espinal e tronco cerebral. Cada região/núcleo do tálamo vai comunicar com uma parte
específica do cérebro.

Hipotálamo - Regula as funções autonómicas, endócrinas


e viscerais. Composto por vários núcleos e controla o
sistema endócrino através da glândula pituitária.

Telencéfalo:
Neo-córtex - É formado pelos hemisférios cerebrais.
Estruturas Sub-corticais:
a) Sistema Límbico - Envolvido no processamento das emoções.
b) Gânglios da base - Participam na regulação do desempenho motor e memórias
implícitas.

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• Hemisférios Cerebrais:

• Sulcos:

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• Circunvoluções:

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• Sistema Límbico:

A amígdala encontra-se localizada na ponta do hipocampo, sendo responsável


pelo processamento emocional. O hipocampo é responsável pela memória. É através da
fórnix que o hipotálamo se liga ao lobo frontal.

• Gânglios da Base:

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SULCOS E CIRCUNVOLUÇÕES
• Sulcos:

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• Circunvoluções:

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A CONDUÇÃO NEURONAL E A TRANSMISSÃO SINÁPTICA


• Células do sistema nervoso:
Neurónios: unidade básica do sistema nervoso. São células especializadas na
receção, condução e transmissão de sinais eletroquímicos.
Células da Glia: desempenham um papel de suporte e têm um papel importante
durante o desenvolvimento do SN.

• Neurónio:
Corpo celular (ou soma): centro
metabólico do neurónio. Tem no seu
interior, como qualquer outra célula do
organismo, o núcleo que contém o
material genético (cromossomas)
portador das instruções que controlam
a produção de proteínas necessárias
para o funcionamento do neurónio.

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Dendrites: arborizações muito finas que constituem o aparelho recetor do


neurónio, recolhendo a informação proveniente de outras células, ou seja, recebem
impulsos nervosos dos neurónios adjacentes.
Axónio: prolongamento único de dimensão muito variável. O axónio representa
a unidade de condução do neurónio. Além disso, assegura a passagem das moléculas
fabricadas no núcleo até à sua terminação (transporte axónico).
Membrana neuronal: com 2 camadas de moléculas de lípidos que separa o
espaço intracelular do espaço extracelular.

Bainha de mielina: isola os axónios e aumenta a sua eficácia na transmissão do


impulso elétrico. Faz com que a comunicação entre axónios seja eficaz:
a) A velocidade de condução do impulso nervoso está ligada a uns estreitamentos
periódicos da bainha de mielina: Nódulos de Ranvier (zona do axónio sem bainha
de mielina).
Terminais sinápticos: parte final do axónio que contém substâncias –
neurotransmissores – que permitem aos neurónios comunicar entre eles.
Fenda sináptica: espaço entre o neurónio pré-sináptico e pós-sináptico. Há
movimentos de passagem de neurotransmissores pela fenda sináptica, que provocam
modificações na célula pós-sináptica.
a) Neurotransmissores são substâncias químicas que desencadeiam alterações na
célula pós-sináptica.

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Classes de neurónios – classificação pela forma:


Existem neurónios com várias
morfologias dependendo da área do
cérebro onde se localiza e que função
desempenha, e se tem mais
comunicação ou não (maiores ou
menores e se são arborizados).

Neurónio Bipolar – Existem


dois prolongamentos a sair do núcleo.
Neurónio Interneural (medula
espinal) – Conduzem o impulso
nervoso entre neurónios.

Classes de neurónios – classificação pela função:


Neurónios sensoriais ou aferentes: transmitem o impulso nervoso dos órgãos
recetores para o SNC.
Recetores: células especializadas nos órgãos dos sentidos que detetam
mudanças físicas ou químicas, e transformam estes acontecimentos em impulsos que
viajam através dos neurónios sensoriais.
Neurónios motores ou eferentes: transmitem o sinal do cérebro ou da medula
espinal para os órgãos efetores, nomeadamente músculos e glândulas.
Interneurónios: recebem o sinal dos neurónios sensoriais e enviam os impulsos
para outros interneurónios ou para os neurónios motores. Os interneurónios
encontram-se sobretudo no cérebro, olhos e medula espinal.

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• Células da glia:
Importantes durante o período de
desenvolvimento do SNC. Permitem um
suporte estrutural. Permitem uma melhor
condução do impulso elétrico. As células de
Schwann (SNP) e os oligodendrócitos (SNC)
produzem a bainha de mielina

Astrócitos e microglia: Transportam alimentos dos vasos sanguíneos para os


neurónios.

Oligodendrócitos: Produzem a
bainha de mielina no Sistema
Nervoso Central.
Células de Schwann: Produzem a
bainha de mielina no Sistema
Nervoso Periférico.

• A condução do impulso elétrico e a transmissão sináptica:


O potencial de repouso:
No seu estado de repouso o neurónio está
polarizado. A diferença de potencial da membrana é
na ordem dos -70 mV (milivoltes).
Quando o neurónio não está a comunicar está
em potencial de repouso. Quando o neurónio está a
começar a ação está em potencial de ação.
A diferença de potencial entre exterior e o interior da célula é negativo. O interior
é mais negativo relativamente ao exterior (neurónio polarizado).

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Porque é que o neurónio está polarizado no seu estado de repouso?


Esta diferença de concentrações é possível pela
interação de 4 fatores:
a) Diferentes gradientes químicos;
b) Diferentes gradientes elétricos;
c) Permeabilidade seletiva da membrana neuronal
(só deixa passar substância em determinadas
condições, no estado ativo; semipermeável);
d) Bomba de sódio-potássio (quando são abertas
libertam substâncias que modificam o potencial
de repouso do neurónio).

Diferentes gradientes químicos e elétricos: No estado de repouso a membrana

celular mantém fora da célula iões de sódio carregados positivamente (Na+) e no

interior da célula vários iões de potássio (K+).


Bomba de sódio-potássio: Alguns
iões podem ser transportados ativamente
(gasto de energia) através da membrana
celular. Isto é feito por pequenas moléculas
chamadas bombas iónicas. A bomba mais
importante é a bomba de sódio- potássio.

Permeabilidade seletiva da membrana neuronal: A membrana neuronal é

permeável aos iões de Na+, Cl- e K+, contudo a permeabilidade da membrana aos
diferentes iões é diferente:

a) K+ - alta permeabilidade;

b) Cl- - permeabilidade menor do que a do K+;

c) Na+ - pouca permeabilidade.

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Iões: partículas/átomos carregadas + ou -.


Canais iónicos: parte da membrana celular especializada na passagem de
determinado ião

Este estado, onde existe esta diferença de gradiente ou voltagem, é o estado


chamado de potencial de repouso. O sinal nervoso (ou impulso elétrico) é uma
consequência da modificação do potencial de repouso.

O potencial de ação:
Despolarização – Não existe diferença entre o interior e o exterior do neurónio.

O potencial de ação é uma modificação temporária do potencial de membrana


que ocorre quando a membrana se torna subitamente permeável aos iões de sódio

(Na+) e aos iões de potássio (K+) ou aos iões de (Cl-). O processo que dá origem ao
potencial de ação chama-se despolarização (redução do potencial elétrico) e
corresponde à passagem, no interior do neurónio, de uma carga negativa de -70
milivolts para uma carga positiva de +50 mV. O processo de despolarização que se
repete ao longo do axónio é o chamado impulso nervoso.

Quando moléculas de neurotransmissores chegam à célula pós-sináptica pode


acontecer uma de duas coisas (depende do neurotransmissor e do recetor):

Potencial excitatório

Potencial inibitório

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Célula muito mais positiva;


deixa de estar polarizada

Despolarização da membrana (o potencial de membrana torna-se mais positivo):

de -70 mV para -67 mV) – Potenciais pós-sinápticos excitatórios EPSP (entrada de Na+;
entram através dos canias de voltagem, pois a membrana é permeável ao sódio.
Hiperpolarização da membrana (o potencial de membrana torna-se ainda mais
negativo: de -70 mV para -72 mV) – Potenciais pós-sinápticos inibitórios IPSP (entrada

de Cl- ou saída de K+). Quando o neurónio fica mais negativo.


Se a soma de despolarizações e hiperpolarizações que chega ao cilindroeixo é
suficiente para despolarizar a membrana até esta chegar ao seu limiar de excitação – -
65mV – gera-se um potencial de ação.

O potássio sai
Torna-se mais
negativa

Torna-se mais
positiva Entrada do
sódio

Um só neurónio pode receber inúmeros potenciais pós-sinápticos. O neurónio


tem que combinar e somar uma série de sinais individuais – integração.
O potencial de ação é uma modificação temporária do potencial de membrana

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que ocorre quando a membrana de -70 mV para 50 mV.


Se o limiar de excitação não for atingido, o fenómeno eléctrico permanece
localizado e não se propaga. A propagação do impulso eléctrico obedece à lei do tudo
ou nada. É quando a diferença entre o interior e o exterior deixa de ser -70mv e passa
para 50 mv.

Condução do potencial de ação:


Período Refratário: após o
potencial de ação, o
neurónio, fica
temporariamente insensível
a estimulação. Este período
é responsável por manter a
direção do potencial de ação apenas num sentido.

Neurotransmissores – Neutralizados no núcleo, transportados pelos microtubos


para as vesículas sinápticas, onde são armazenadas.

• Transmissão sináptica:
O impulso elétrico desloca-se através do axónio e chega ao terminal sináptico,
estimulando as vesículas sinápticas que aí se encontram. As vesículas, quando
estimuladas, libertam certas substâncias - Neurotransmissores

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Os neurotransmissores são
substâncias químicas responsáveis pela
transmissão do impulso elétrico entre a
célula pré-sináptica e a célula pós-sináptica
(desencadeiam alterações na célula pós-
sinátitica).
Os neurotransmissores quando se
difundem na fenda sináptica ligam-se a
moléculas recetoras que estão na membrana
celular do neurónio pós-sináptico.
Esta ligação vai provocar uma mudança de potencial no neurónio pós-sináptico,
isto é, provocam uma resposta elétrica na célula pós-sináptica.
Exocitose: processo pelo qual o neurotransmissor é libertado. As vesículas
sinápticas fundem-se com a membrana do neurónio pré-sináptico e libertam o seu
conteúdo (neurotransmissor) para a fenda sináptica.
Um neurotransmissor a encaixar
num recetor e dá-se a libertação de
potássio (resposta).
Fenómeno de chave-fechadura:
existem recetores específicos para
neurotransmissores específicos. Existe
mais do que um tipo de recetor para um
neurotransmissor especifico.

O neurotransmissor quando não liga com o recetor volta a ser reabsorvido no


botão sináptico - recaptação, ou então é destruído na fenda sináptica por enzimas

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especializadas na sua destruição – degradação enzimática.


O neurotransmissor pode não encaixar no recetor e fica na fenda sináptica e
pode ser destruído pela célula que o enviou.

Neurotransmissores:

Acetilcolina: presente nos neurónios motores, junção neuromuscular, etc...


a) Perda deste neurotransmissor na doença de Alzheimer;
b) Importante para a memória e aprendizagem;
c) Movimentos voluntários dos músculos.

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Dopamina (catecolanima): presente nos gânglios da base e lóbulo frontal.


a) Envolvido nos movimentos voluntários – doença de Parkinson (baixas
concentrações deste neurotransmissor);
b) Esquizofrenia (altas concentrações deste neurotransmissor);
a. Os fármacos vão tentar diminuir este neurotransmissor.
c) Envolvido na emoção e pensamento.

Noradrenalina: presente no sistema límbico sobretudo no hipotálamo e no


cérebro médio e, em geral, nas estruturas cerebrais que exercem a sua ação no sistema
nervoso autónomo. É o neurotransmissor mais importante na aprendizagem e aspetos
emocionais. A sua ação tem sobretudo um efeito de excitação corporal: quanto maior a
concentração de Noradrenalina maior a excitação.
Consoante o neurotransmissor é a área do cérebro que atua. Existem circuitos
neuronais privilegiados/específicos para cada neurotransmissor.

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Serotonina: presente nos circuitos neuronais relacionados com o ciclo vigília-


sono e regulação da temperatura. Os antidepressivos aumentam a atividade deste
neurotransmissor.

Glutamato e Aspartato: são ambos neurotransmissores excitatórios, sendo o


Glutamato o que existe em maior quantidade no cérebro.
Os recetores de Glutamato NMDA estão envolvidos na aprendizagem e
memória, mas também na morte celular.
GABA e Glicina: são ambos neurotransmissores inibitórios, sendo o GABA o que
existe em maior quantidade no cérebro. A baixa concentração de GABA pode causar
ataques epiléticos.

A ação das drogas nas sinapses:


Para estudar os neurotransmissores e o comportamento, os investigadores
administram aos participantes (humanos ou não-humanos) drogas que tem um efeito
particular nos neurotrasmissores e avaliam o efeito das drogas no comportamento.
Drogas agonistas: promovem a atividade dos neurotransmissores
Drogas antagonistas: inibem os efeitos dos neurotransmissores

Agonistas: drogas que aumentam o efeito do neurotransmissor através de


diferentes mecanismos:
a) Bloqueando a sua recaptação;

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b) Contractuando na enzima “destruidora” aumentando a quantidade do


precursor disponível (eliminando a enzima);
c) Substância necessária à síntese química do neurotransmissor.

Antagonistas: drogas que impedem a ação do neurotransmissor operando


através de mecanismos contrários ao das agonistas:
a) Aumentam a recaptação (diminuem a quantidade das drogas);
b) Aumentam as enzimas “destruidoras”;
c) Reduzem os precursores disponíveis;
d) Bloqueiam o recetor.

Exemplos de drogas agonistas:


Cocaína: aumenta a atividade da dopamina e da noradrenalina bloqueando a sua
recaptação. Os efeitos psicológicos são: euforia, perda de apetite, e insónia.
Benzodiazepinas: aumenta o efeito de receção nos recetores para o GABA. Tem
efeitos ansiolíticos, sedativos e anticonvulsivos.

Exemplos de drogas antagonistas:


Atropina: bloqueia a receção da acetilcolina pelos recetores. Perturba a memória
e os movimentos.
Curare: bloqueia a receção da acetilcolina pelos recetores. Paralisia de músculos

Exemplos da ação das drogas na sinapse colinérgica: Exemplos de drogas agonistas da


acetilcolina:
Veneno da aranha viúva negra: promove a libertação de acetilcolina. A excitação
causada pela acetilcolina é suficiente para causar paralisia e morte.
Nicotina: estimula os recetores de nicotínicos da acetilcolina, funcionando com
um agonista da acetilcolina. A nicotina liga-se aos recetores nicotínicos no mesmo sítio
que a acetilcolina.

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BIOPSICOLOGIA
2º ANO, 1º SEMESTRE
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

Exemplos de drogas antagonistas da acetilcolina:


Curare: atua nos recetores nicotínicos da acetilcolina, bloqueando os seus
recetores.
Paralisia dos músculos – antagonista dos recetores nicotínicos da acetilcolina
Botox: bloqueia a libertação de acetilcolina na junção neuromuscular,
funcionando como um antagonista (causa a paralisia dos músculos).

MÉTODOS DE IMAGEM CEREBRAL


Gall – Apalpava a cabeça para realizar o estudo das mesmas à 1º Método cientifico.
Estimulação cortical – Colocação de eletros, de cabeça aberta, durante a realização de
tarefas.

Mapa funcional (1957). Baseado em dados provenientes da técnica de


estimulação cortical e de sujeitos com lesões cerebrais (a partir da sua autópsia).

• Métodos de neuroimagem:
Estruturais:
a) Tomografia Axial Computorizada(TAC) (década de 70);
b) Ressonância Magnética(RM) (década de 80):
a. Permite ver a estrutura do cérebro.

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BIOPSICOLOGIA
2º ANO, 1º SEMESTRE
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

Funcionais:
a) Tomografia de Emissão de Positrões (PET);
b) Ressonância Magnética Funcional (fMRI);
c) Estimulação Magnética Transcraniana (TMS) à mais recente:
a. Permite criar uma lesão temporariamente através da colocação, na parte
exterior do cérebro, de um estimulador.
b. Não é preciso ter a cabeça aberta.
d) Eletroencefalograma (EEG):
a. Ritmo da atividade do cérebro e surgem potenciais evocados.
e) Magnetoencefalografia (MEG):
a. Permite ver como o cérebro funciona quando realiza uma tarefa
cognitiva e quais as áreas envolvidas.

• Estruturais:
Tomografia Axial Computorizada (TAC):
a) Permite localizar uma lesão, ver a sua extensão, medir a atrofia cerebral,
assimetrias cerebrais e volumes cerebrais de áreas de interesse (ROI).
Ressonância Magnética (RM):
a) Maior exatidão das imagens comparado com a TAC;
b) Permite construir imagens tridimensionais;
c) Contraindicado em indivíduos portadores de materiais metálicos.

Ressonância magnética:
Ressonância Magnética é uma tecnologia médica de imagem que utiliza um forte
campo magnético e ondas de radiofrequência para produzir imagens detalhadas dos
órgãos internos e tecidos.

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BIOPSICOLOGIA
2º ANO, 1º SEMESTRE
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

Esta técnica pode ser usada para investigar praticamente todas as partes do
corpo, sendo frequentemente usada para examinar o cérebro, articulações e discos da
coluna vertebral. A mais avançada tecnologia para o exame de lesões cerebrais,
lombares e tumores. Produz excelentes imagens de tecidos moles e órgãos vitais.
Um exame de Ressonância Magnética não envolve radiações.

Técnica de morfometria baseada em volumes (VBM):


Permite detetar diferenças locais na densidade da
substância branca e cinzenta no cérebro.
Feita a partir de uma camara de RM. Desenvolvida
através da ressonância magnética. Permite comparar a
substância branca entre dois grupos.

Imagem por Tensor de Difusão – Difusor Tensor Imaging (DTI):


A Imagem de Tensor de Difusão (ITD) permite medir e
caracterizar aspetos microestruturais da matéria branca do
cérebro humano vivo (volume e orientação de fibras).
Estudo: medir se a substância branca existente entre a
área de Wernike e a área de Broca é semelhante nos disléxicos
e nos sujeitos normais.

Aplicações:
a) Identificação clínica da patologia cerebral (localizar uma lesão, ver a sua
extensão, medir a atrofia e as assimetrias cerebrais).
b) Estudos volumétricos
Desvantagens:
a) Defeitos associados (co-laterais) – lesão pode afectar diferentes processos
cognitivos que não os diretamente afetados pela lesão (prejudica a correlação
lesão comportamento).
b) Quando se faz estudos de investigação.

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BIOPSICOLOGIA
2º ANO, 1º SEMESTRE
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

Vantagens da aplicação dos métodos funcionais: não estão dependentes dos


acidentes naturais para se estudar a cognição; revelam quais são os sistemas cerebrais
neuronais necessários e suficientes para uma determinada tarefa; e proporcionam
informações sobre os mecanismos envolvidos na recuperação funcional de doentes.

Aplicações dos métodos estruturais no estudo da


cognição:
A – Tomografia.
B – RM (melhor definição).
C – RM (corte sagital).
D – RM (reconstrução tridimensional).
Mapa desenvolvido por Ana Damásio.

Imagens cerebrais – investigações estruturais:

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BIOPSICOLOGIA
2º ANO, 1º SEMESTRE
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

Estudo sobre a morfologia do corpo caloso. Cada região do corpo caloso faz a
transferência de informação entre os vários lobos. O corpo caloso dos iletrados é mais
pequeno do que o dos sujeitos normais.
Menos transferência, nos disléxicos, logo
menor corpo caloso.

• Funcionais:

RMF – Mede alterações do nivels de oxigenação.


PET – Mede o consumo de glucose, através da introdução (ingeta-se) uma
substância radioativa e mede-se a quantidade dessa substância. Só se pode realizar uma
PET por ano e só se pode fazer 12 tarefas e é caro (limitações).
Executar determinado comportamento, tem determinadas atividades envolvidas
e essa área envolvida vai trabalhar mais e vou ter mais consumo de sangue, logo existe
maior volume sanguíneo mas também de oxigénio e glucose.

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BIOPSICOLOGIA
2º ANO, 1º SEMESTRE
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

Neuroimagem funcional através da tomografia de emissão de positrões – TEP (PET –


Positron Emission Tomography):
Permite colocar em evidência a atividade
metabólica do cérebro, e estudar as variações
regionais dessa atividade durante a execução de
tarefas específicas.
Quem faz um PET, tem que fazer uma
RMf para depois se sobrepor as imagens das
duas térmicas.
A series of two PET scans. A scan was
done when the volunteer’s eyes were either open (left) or closed (right). Areas of high
activity are indicated by reds and yellows. For example, notice the high level of activity
in the visual cortex of the occipital lobe when the subject’s eyes were open.

Questões metodológicas:
Tem que se ter sempre uma situação
de controlo e depois realizar-se a
subtração. Subtrai-se o grupo
experimental (específico) do grupo de
controle (geral/normal).
Existe variabilidade individual e, por
isso, realiza-se uma média das diferenças.

The paired-image subtraction

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BIOPSICOLOGIA
2º ANO, 1º SEMESTRE
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

technique, which is commonly employed in cognitive neuroscience. Here we see that


the brain of a subject is generally active when the subject looks at a flickering
checkerboard pattern (visual stimulation condition). However, if the activity that
occurred when the subject stared at a blank screen (control situation) is subtracted, it
becomes apparent that the perception of the flashing checkerboard pattern was
associated with an increase in activity that was largely restricted to the occipital lobe.
The individual difference images of five subjects were averaged to produce the mean
difference image. (PET scans courtesy of Marcus Raichle, Mallinckrodt Institute of
Radiology, Washington University Medical Center.)

Principais limitações do TEP na perspetiva do psicólogo:


a) O uso de substâncias radioativas limita o número de vezes que o sujeito pode ser
testado:
a. Apenas uma vez e fazer apenas 12 tarefas.
b) A resolução espacial é limitada:
a. Relativamente à RM.
c) Os designs experimentais são em bloco:
a. Dar conjuntos de palavras e de pseudopalavras, enquanto na RMf podem
ser individualmente.

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BIOPSICOLOGIA
2º ANO, 1º SEMESTRE
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

Ressonância magnética funcional (RMf, fMRI – funcional magnetic ressonance


imaging):
Deteta alterações hemodinâmicas
associadas à atividade cerebral.
Vantagem:
a) A não utilização de radioatividade e, como
tal, ser possível fazer mais medidas da atividade
cognitiva por sujeito;
b) Permite obter imagens estruturais e funcionais;
c) A sua resolução espacial é melhor comparada com o PET;
Desvantagens: múltiplos artefactos que podem ser introduzidos nas imagens
pelo movimento da face, o que impede a utilização de paradigmas que impliquem o uso
da linguagem verbal.

Functional magnetic resonance image (fMRI). This image illustrates the areas of
cortex that became more active when the volunteers observed strings of letters and
were asked to specify which strings were words; in the control condition, subjects
viewed strings of asterisks (Kiehl et
al., 1999). This fMRI illustrates
surface activity; but images of
sections through the brain can also
be displayed. (Courtesy of Kent
Kiehl and Peter Liddle, Department
of Psychiatry, University of British
Columbia.)

Vantagens dos métodos funcionais:


Vantagens relativamente aos métodos estruturais:
a) Estudar o cérebro normal: Não está dependente dos acidentes naturais para
estudar a cognição;
b) Indica quais são as áreas cerebrais envolvidas numa função cognitiva;

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BIOPSICOLOGIA
2º ANO, 1º SEMESTRE
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

c) Permite estudar casos únicos.


Diagnóstico de patologias degenerativas.
Estudo dos mecanismos de recuperação/reorganização após a lesão cerebral.

• As bases cerebrais da leitura e a dislexia:


As compreensões dos mecanismos
envolvidos na leitura têm sido
fundamentais para compreender e
reabilitar a dislexia
A utilização dos métodos
funcionais nos mecanismos de
reorganização neuronal e funcional

TMS – Estimulação Magnética Transcraniana:


Procedimento onde é colocado um estimulador/coil na superfície do crânio para
estimular o córtex adjacente (induz/altera comportamentos). Não é uma medida da
atividade neuronal, mas um bom método experimental para alterar a atividade
neuronal (pode ativar ou desativar determinadas estruturas).

Quando coloca o estimulador na área de Broca a pessoa começa a gaguejar.


Permite simular o que acontece no cérebro se houver uma lesão. Se for só com a
colocação do estimulador é mais ao calhas/segas. Se colocar o estimulador dentro de
uma câmara de RM consigo saber com mais precisão o local de estimulação.

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BIOPSICOLOGIA
2º ANO, 1º SEMESTRE
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

Vantagens e desvantagens da TMS:


a) A grande vantagem desta técnica em relação ao PET e à fMRI é que permite
estabelecer relações de causa efeito entre áreas cerebrais e as funções
cognitivas;
b) Por exemplo, com a FMRI é possível observar que, durante uma tarefa onde os
participantes observam fotografias com carga emocional negativa, a
circunvolução do cíngulo está ativa, no entanto não permite comprovar que é a
atividade no cíngulo que causa a reação emocional provocada pelas fotografias;
c) No entanto são ainda colocadas questões acerca da segurança deste método,
profundidade do efeito e quais mecanismos de disfunção neuronal envolvidos.

• Vantagens dos métodos de imagem:


a) Estudar o cérebro normal e, portanto, não está dependente dos acidentes
naturais;
b) Indica quais são as áreas necessárias e suficientes envolvidas em tarefas;
c) Permite estudar casos únicos;
d) Diagnóstico de patologias degenerativas;
e) Estudo dos mecanismos de recuperação/reorganização após a lesão cerebral.

• Métodos funcionais que registam a atividade elétrica do cérebro – EEG e MEG:


Como a atividade das células nervosas tem uma natureza eletroquímica é
possível, com instrumentos adequados e sensíveis, medir as mudanças na atividade

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BIOPSICOLOGIA
2º ANO, 1º SEMESTRE
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

eléctrica do cérebro.
A localização espacial destes métodos não é boa (em comparação com outros
métodos), mas em contrapartida tem uma boa localização temporal. Não permitem
saber em que parte do cérebro ocorreu a lesão; não diz a região ao certo. Permite saber
quando ocorreu a lesão.

Eletroencefalograma (EEG):
Técnica que recolhe os sinais elétricos emitidos pelos neurónios. Medir as
mudanças que ocorrem na atividade elétrica do cérebro e a partir daqui formam os
potenciais evocados (PE).

Potencial médio Evocado (PE):


O PE consiste numa mudança breve do sinal de EEG em reposta a um estímulo
sensorial. Por exemplo, em resposta a um barulho breve, o padrão de EEG no córtex
auditivo altera-se.
Como os potenciais são pequenos, e por vezes difíceis de detetar no meio da
atividade do EEG, é necessário apresentar o estímulo de uma forma repetida e calcular
uma média cerebral da atividade.
Mudança breve do EEG devido à apresentação de um estimulo. Quando o objeto
é a cores o nosso cérebro reage mais depressa do que quando o objeto é a preto e
branco.

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BIOPSICOLOGIA
2º ANO, 1º SEMESTRE
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

Vantagens:
Sensíveis aos tempos de processamento da informação. São relevantes para
determinar se uma operação cognitiva ocorre antes ou depois de outra, e qual o tempo
que demora a processar.
Sei que a N milissegundos, após a apresentação breve de um estímulo, dá-se a
mudança de um conjunto de elétricos do cérebro. Tem que se apresentar o estimulo a
um conjunto de indivíduos para verificar se a zona de elétricos estimulada é a mesma e
dá-se a mesma mudança.

Exemplo: Paradigma: verificação de frases (acuidade e tempo de reposta)


Frases que violam a sintaxe produzem um ERP – P600. Frases que violam a
semântica produzem um ERP - N400.

Magnetoencefalografia (MEG):
Técnica que recolhe campos magnéticos gerados pela atividade elétrica (tira a
vantagem do facto de as correntes elétricas dos neurónios gerarem pequenos campos
magnéticos). Superior ao EEG em termos de localização espacial da atividade.
Permite ver o que acontece à atividade cerebral quando apresento um estímulo.
Recolhe campos magnéticos ocorridos durante a atividade neuronal. Paradigmas
semelhantes aos PE e resultados iguais ao EEG.

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BIOPSICOLOGIA
2º ANO, 1º SEMESTRE
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

• Resolução temporal e espacial dos métodos:


Todas as técnicas têm
resolução temporal e espacial
diferentes: umas são
melhores e na resolução
temporal e pior na resolução
espacial; e outras são
melhores na resolução
espacial e piores na resolução
temporal.

DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL


• Neurodesenvolvimento:
Neurodesenvolvimento:
a) Um processo sempre em curso; o sistema nervoso é “plástico”;
b) A experiência desempenha um papel importante;
c) Consequências quando algo corre mal (genética, lesão, ausência de
estimulação).

Fases do desenvolvimento:
Ovo + Esperma = zigoto.
O desenvolvimento dos neurónios passa por 5 fases:
a) Desenvolvimento do tubo neuronal;
b) Proliferação neuronal;
c) Migração e agregação;
d) Crescimento do axónio e formação das sinapses;
e) Morte neuronal e rearranjo sináptico.

O cérebro emerge do tubo neural (3 semanas):


O embrião tem três camadas:
a) Ectoderme - SN e superfície da pele.

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BIOPSICOLOGIA
2º ANO, 1º SEMESTRE
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

b) Endoderme - Órgãos internos (aparelho digestivo, aparelho respiratório, etc.).


c) Mesoderme - Esqueleto e estrutura muscular.
Começa o seu desenvolvimento às 3 semanas de gestação.

Pode existir problemas na gestação quando não se desenvolvem hemisférios,


tronco cerebral, e isso é visível na ecografia.
• Etapas do Desenvolvimento do Sistema Nervos Pré e Pós-Natal:
a) Neurogénese;
b) Migração celular;
c) Diferenciação celular;
d) Sinaptogénese;
e) Morte neuronal;
f) Rearranjo sináptico.

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BIOPSICOLOGIA
2º ANO, 1º SEMESTRE
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

Neurogénese:
Primeira etapa. Quando as células se começam a dividir.

Migração e proliferação celular:


Segunda etapa. Quando nascem as células têm logo um lugar/região específica
para onde migrar. Quando o neurónio começa a migrar para as zonas mais externas
precisa das células da Glia pra essa migração, tendo estas um papel importante nesta
etapa.

Diferenciação celular:
Terceira etapa. Cada célula vai ter características
diferentes de acordo com a área que vai migrar e a função
que desempenham.
Esta fase é exclusiva do desenvolvimento pré-
natal.

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BIOPSICOLOGIA
2º ANO, 1º SEMESTRE
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

Sinaptogénese:
Quarta etapa. Começam a comunicar umas células com as outras, criando as
sinapses e começando a formação de dendrites e axónios. É o córtex visual que numa
fase inicial desenvolve mais sinapses, apesar de
depois do nascimento ser o córtex auditivo o
mais desenvolvido.
A maior mudança que ocorre nas células
cerebrais é a formação e o crescimento de
axónios, dendrites e sinapses - sinaptogénese.

Morte neuronal:
Quinta etapa. Acontecimento normal do
período pós-natal.
A morte neuronal é um processo normal
durante o desenvolvimento cerebral, principalmente
durante o desenvolvimento pós-natal.

Rearranjo sináptico:
Sexta etapa. No inicio é caótico, mas
depois as sinapses começam a ser mais
sincronizadas.
The effect of neuron death and synapse
rearrangement on the selectivity of synaptic
transmission. The synaptic contacts of each
axon become focused on a smaller number of
cells.

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BIOPSICOLOGIA
2º ANO, 1º SEMESTRE
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

• Desenvolvimento pós-natal:
Há medida que os meses vão aumentando, a densidade também vai sendo
maior.

• Células da glia e mielinização:


As células da glia continuam a proliferar depois do nascimento. A maior fase de
mielinização ocorre logo após o nascimento.
As células da Glia são importantes para a formação de mielina (que acontece
logo após o nascimento).

O desenvolvimento pré-natal caracteriza-se por processos de proliferação,


migração e diferenciação das células, de tal forma que vão dar origem a determinadas

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BIOPSICOLOGIA
2º ANO, 1º SEMESTRE
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

estruturas cerebrais.
O desenvolvimento pós-natal caracteriza-se por um aumento de sinapses,
dendrites e processos de mielinização:
a) Nunca devido a um aumento de neurónios (com exceção do bolbo olfativo e do
hipocampo)
No período pós-natal, além dos fenómenos de natureza aditiva ocorrem outros
de natureza regressiva, ou seja, algumas ligações sinápticas deixam de existir -
Fenómenos progressivos e regressivos.

• Fatores que interferem no desenvolvimento cerebral:


Fatores de ordem genética – Fatores intrínsecos.
Fatores de ordem interna como os níveis hormonais, exposição a produtos
tóxicos, nutrição, experiências particulares, etc. - Fatores extrínsecos

• Efeito das experiências precoces no neurodesenvolvimento (exemplos):


a) Privação visual precoce:
a. Menor número de sinapses e dendrites no córtex visual.
b) Ambiente enriquecido:
a. Córtex mais expeço;
b. Maior desenvolvimento dendrítico;
c. Mais sinapses por neurónio.

• Fatores intrínsecos – hereditariedade:


Gene - unidade fundamental da hereditariedade. E é formado por uma sequência
específica de ácidos nucleicos (DNA, RNA). É a sequência das bases do DNA que
constituem o código genético (adenina, guanina, timina e citosina).
O facto de diferentes arranjos das bases serem possíveis dá ao DNA a capacidade
para expressar muitas mensagens genéticas diferentes.
Cromossoma é uma longa sequência de DNA, que contém vários genes.
No ato da conceção o ser humano recebe 23 cromossomas do pai e 23

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BIOPSICOLOGIA
2º ANO, 1º SEMESTRE
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

cromossomas da mãe. Os 46 cromossomas formam 23 pares que são duplicados cada


vez que a célula se divide.

O núcleo humano contem 46 cromossomas: 23 derivam do


pai e 23 derivam da mãe. O sexo é determinado pelos
cromossomas sexuais (X e o Y)

• Fenótipo vs. Genótipo:


Genótipo - são as informações hereditárias do
individuo contidas no genoma.
Fenótipo - são as características observáveis do
indivíduo como, por exemplo, o comportamento. Resulta da
expressão dos genes do organismo, da influência de fatores
ambientais e da possível interação entre os dois.

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BIOPSICOLOGIA
2º ANO, 1º SEMESTRE
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

• Genes recessivos vs. Genes dominantes:

Quanto maior a mutação, maior a doença.


Recessivo – É preciso dois alelos para se manifestar, se existir só um a pessoa é
portadora.
Dominante – Basta uma cópia desse para a doença ou característica se
manifestar.

A abordagem genética do comportamento e perturbações de desenvolvimento de


origem genética:
Os genes influenciam o nosso desenvolvimento (características), mas também o
nosso desenvolvimento cognitivo e de personalidade. Isto é estudado até a idade adulta
para ver se o meio influencia o desenvolvimento. Os genes homozigóticos partilham
100% do seu material genético, apresentando uma correlação mais alta – demonstrando
que a genética influencia, visto que se isto não acontece-se a correlação era mais baixa
– do que em gémeos heterozigóticos (50%).

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BIOPSICOLOGIA
2º ANO, 1º SEMESTRE
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

• Genética e capacidade cognitivas:


A correlação entre pares biológicos é sempre maior e se existisse uma grande
influência do meio esta correlação não era tão elevada.

• Perturbações do neurodesenvolvimento:
Ocorrem devido a defeitos no programa genético, trauma e produtos tóxicos

Síndroma alcoólico fetal:


Se a mãe beber excessivamente álcool, o seu
filho pode ter um mau desenvolvimento do
corpo caloso.

Classificação das perturbações de desenvolvimento de origem genética:


Perturbações relacionadas com um único gene - Perturbações que são causadas
pela mutação de um único gene ou par de genes (por exemplo, Fenilcetonúria – PKU, X
Frágil).
Perturbações cromossómicas - Cromossoma inteiro (Síndrome de Down) ou
segmentos de um cromossoma (Síndrome de Williams) que faltam ou estão duplicados.
Perturbações Poligénicas - Conhecidas como multifatoriais ou complexas, pois
são causadas por múltiplos genes herdados (autismo, dislexia).

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BIOPSICOLOGIA
2º ANO, 1º SEMESTRE
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

Fenilcetonúria – PKU:
Mutação do gene (PAH) localizado no cromossoma 12. O defeito é causado pela
ausência de uma enzima necessária à metabolização da fenilalanina (aminoácido
presente na comida). A fenilalanina em excesso causa lesões cerebrais.
Os efeitos cognitivos desta perturbação são em regiões sensíveis às alterações
nos níveis de dopamina: córtex pré-frontal. O gene disfuncional só causa lesão cerebral
na presença de fenilalanina: Interação entre genes e o ambiente.
O teste do pezinho já deteta esta enzima. Esta enzima pode ser diminuída na
ingestão de menos alimentos que a contenham.

Síndrome do X-Frágil:
A síndrome do X frágil é a causa herdada mais comum de atraso mental. É
causada pela mutação do gene FMR1 localizado no cromossoma X (envolvido na
formação das dendrites dos neurónios). A incidência nos homens é superior.
Caracteriza-se por perturbações mentais (de moderadas a graves) e por
características faciais anormais (face longa, orelhas largas, etc.).
Anatomicamente, mostram um córtex mais pequeno, núcleo caudado,
hipocampo e ventrículos maiores.

Síndrome de Down:
Síndroma de Down (mongoloidismo): trissomia do cromossoma 21 (possui um
cromossoma extra não sexual).
As capacidades visuo-espaciais estão relativamente mantidas e a linguagem
muito alterada (sobretudo nos aspetos expressivos). A capacidade de aquisição
(aprendizagem) e retenção (memória) e recuperação estão muito comprometidas.
Sofrem de problemas cardíacos.
Um gene codifica muita informação e relativamente a vários aspetos, logo a
modificação de um gene implica mudanças em várias áreas.

A área da amígdala e do hipocampo é mais pequena, o que desenvolve mais dificuldades


de aprendizagem.

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BIOPSICOLOGIA
2º ANO, 1º SEMESTRE
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

Síndroma de Williams:
Linguagem, comportamento social e reconhecimento de faces mantido; outras
funções cognitivas como, por exemplo, as funções visuo-construtivas, visuo-espaciais,
motoras, processamento da aritmética e
planeamento alterados. Perturbações físicas
como problemas cardiovasculares,
perturbações nos tecidos conjuntivos e
características craniofaciais muito típicas.
Resultados anatómicos: o volume
cerebral e a substância branca mais reduzidos.
Identificado o cromossoma 7.

Autismo:
Incapacidade em estabelecer relações sociais; interesses bizarros; e alterações
profundas na linguagem, nas capacidades de comunicação (principalmente nos aspetos
pragmáticos) e um repertório de interesses e atividades muito restrito.
Causas: genéticas – provavelmente multigénicas (possivelmente uma alteração
no cromossoma 15); virais; intoxicações.
Estudos Neuropsicológicos: perfil cognitivo compatível com alterações do córtex
frontal. Falham com frequência em provas que avaliam as funções executivas.
Estudos de Imagem: atraso na maturação dos lobos frontais e reação anormal
do córtex cerebral a estimulações sensoriais.
Estudos anatómicos: diferenças
anatómicas em regiões como o sistema
límbico e lobo frontal, cerebelo, tronco
cerebral e tálamo.

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BIOPSICOLOGIA
2º ANO, 1º SEMESTRE
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

Dislexia de desenvolvimento:
Dislexia: perturbação que se manifesta por uma dificuldade em aprender a ler,
apesar da instrução convencional, inteligência adequada e, oportunidade sociocultural.
a) É uma dificuldade específica na presença de uma inteligência normal;
b) É um defeito cognitivo e não de comportamento;
c) Pode ser de origem genética, ou seja, há familiares com o mesmo problema.
Pode associar-se a sinais neurológicos ligeiros (dificuldades no reconhecimento
dos dedos e confusão direito-esquerdo).
Estudos Neuropsicológicos: dificuldade em desenvolver representações
fonológicas segmentais (problemas de consciência fonológica e de memória fonológica).
Estudos de Imagem: ausência de um funcionamento coordenado entre a área de
Wernicke, circunvolução angular (necessárias à análise fonológica) e a área de Broca
(necessária à produção fonológica).
Estudos anatómicos: organização celular anómala nas áreas posteriores
cerebrais (área de Wernicke e área parietal inferior e posterior).
Corpo caloso mais pequeno nas áreas que fazem a ligação entre os lobos
parietais e temporais.

Perturbações de desenvolvimento vs. perturbações adquiridas:


Perturbações adquiridas:
a) O desenvolvimento foi normal até a um determinado período;
b) Existe uma lesão que afeta o Sistema Nervoso Central;
c) Perda de uma ou mais capacidades previamente adquiridas.

Perturbações de desenvolvimento:
a) Emergem durante o período de desenvolvimento;
b) Não existe uma lesão neurológica “evidente”;
c) Podem estar associadas a perturbações genéticas.

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BIOPSICOLOGIA
2º ANO, 1º SEMESTRE
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

• Fatores extrínsecos – Efeitos da Experiência:


Os programas genéticos do neurodesenvolvimento não atuam no vacum. A
experiência de um individuo molda o seu desenvolvimento cerebral.
O efeito de uma determinada experiência no desenvolvimento depende da
altura em que ela ocorre: Períodos Críticos e Períodos Sensitivos.
Neuroplasticidade – Forma como os circuitos neuronais mudam e se
reorganizam em resposta a determinadas circunstâncias, sejam elas de natureza interna
ou externa (e.g., resposta à experiência, lesão cerebral).

Plasticidade – Capacidade do nosso cérebro de ajustar os seus circuitos em


determinada experiência. A experiência pode aumentar o numero das sinapses e pode
existir um aumento da mielina (substância branca).

Efeitos da experiência no neurodesenvolvimento durante a infância:


Eu recebo informação do olho esquerdo e mais informação do olho direito
levando à ocorrência de estimulação dando-se várias sinapses.
Quanto mais pequena for
a lesão e quanto mais jovem for o
doente maior será a
reorganização neuronal, na
recuperação da função, após a
lesão cerebral.

O estudo de sujeitos que sofreram lesões


cerebrais precoces e as repercussões no
desenvolvimento.
A linguagem passa do hemisfério
esquerdo para o direito à dá-se uma
reorganização cerebral.

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BIOPSICOLOGIA
2º ANO, 1º SEMESTRE
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

Efeitos da experiência no cérebro adulto – neuroplasticidade no adulto:


Estudo de populações
específicas (ex.: músicos à
desenvolvimento maior da área auditiva
e motora). Com os métodos de imagem
posso inferir de forma direta sobre uma
experiência. Através da utilização
desses métodos posso ver o aumento
do volume cerebral, visto que o aumento das dendrites não é possível de se verificar
(não existe um teste que mede isso). O desenvolvimento do volume ocorre nas zonas
específicas que são ativadas na realização de determinada experiência.
Os músicos profissionais e amadores têm um aumento da substância cinzenta na
área pré-central e na circunvalação de Heschl comparativamente com os não-músicos.
Este aumento pode ser explicado pelo treino, descartando-se, assim, a hipótese
genética.

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