Você está na página 1de 6

Cateterismo Vesical de Demora Masculino

Introdução:
Cateterismo vesical de demora masculino é um procedimento invasivo o qual consiste na
introdução de uma sonda ou cateter de látex ou silicone estéril através da uretra para o interior
da bexiga, por meio de técnica asséptica. De acordo com a Resolução 680/2021, para
oferecer mais segurança ao paciente, além do enfermeiro ou médico deve haver a presença
obrigatória do técnico em enfermagem. O procedimento somente será realizado quando
houver indicação absoluta de seu uso e prescrito pelo médico. Dentre as indicações estão os
pacientes que requerem rigoroso controle do débito urinário, os com problemas neurológicos,
como lesões medulares ou bexiga neurogênica, os com manifestações crônicas de déficits
cognitivos, incontinência ou deficiência física e aqueles que necessitam de cirurgia de bexiga
ou com obstrução urinária.

Objetivo:

• Realizar controle rigoroso de diurese;


• Administrar medicamentos ou líquido;
• Realizar irrigação vesical;
• Promover a drenagem urinaria;
• Realizar investigação diagnóstica;
• Promover proteção das lesões perineais, sacrais e vulvares do contato com a urina;

Profissionais Responsáveis:

• Médico: Realização do procedimento;


• Enfermeiro: Realização do procedimento;
• Técnico de enfermagem: Auxiliar no preparo e abertura do material.

Instalação de Cateter Vesical de Demora Masculino


Descrição Técnica:
Material

• Prescrição médica;
• Equipamento de Proteção Individual (EPIs) (avental,gorro, máscara cirúrgica, óculos
de proteção);
• Biombo;
• Mesa auxiliar;
• Material para higiene íntima com clorexidina aquosa;
• Material de cateterismo vesical (cuba rim, cuba redonda, pinça Pean, gazes estéreis
e campo de algodão estéril fenestrado);
• Clorexidina tópico aquosa;
• Seringas de 20ml com ponta deslizante;
• Agulha 40 x 12 mm para aspiração;
• Sonda uretral estéril (Tipo Foley sendo a numeração compatível com o meato uretral
do usuário);
• Coletor sistema fechado com válvula antirreflexo;
• Luva estéril;
• Luva de procedimento;
• Lidocaína gel a 2% (conforme recomendação da ANVISA);
• Ampola de água destilada;
• Gazes;
• Adesivo hipoalergênico;
• Materiais para higiene íntima se paciente em condições de maior sujidade (água,
sabão, compressa de pano ou gaze);

Descrição do procedimento:
1. Conferir a realização do procedimento com a prescrição médica;
2. Checar a identificação do paciente;
3. Realizar higienização das mãos;
4. Reunir o material;
5. Idenficar-se e explicar o procedimento para o paciente e/ou acompanhante;
6. Promover privacidade, utilizando biombos ou local reservado;
7. Paramentar-se com Equipamentos de Proteção Individual (EPI).
8. Calçar luvas de procedimento;
9. Posicionar adequadamente o paciente para o procedimento em decúbito dorsal;
10. Realizar higienização da genitália com solução de clorexidina aquosa;
11. Retirar luvas de procedimento;
12. Realizar higienização das mãos;
13. Solicitar a ajuda de um técnico em enfermagem para execução do procedimento;
14. Calçar luvas estéreis;
15. Com a ajuda de um técnico em enfermagem, abrir o campo de algodão estéril sobre
a mesa auxiliar;
16. Abrir a bandeja de cateterismo e dispor os materiais estéreis, o cateter Foley, seringa,
agulha, sistema coletor fechado e gazes sobre o campo de algodão estéril, utilizando
técnica asséptica;
17. Tirar o êmbolo da seringa de 20 ml;
18. Pedir ao técnico em enfermagem que coloque a lidocaína gel a 2% dentro da seringa
de 20 ml, de forma que ele não toque no material estéril;
19. Recolar o êmbolo e retirar o ar da seringa;
20. Solicitar ao técnico em enfermagem que está ajudando para colocar a solução
antisséptica na cuba estéril, mantendo uma distância segura para evitar
contaminação;
21. Aspirar água destilada com seringa de 20 ml com agulha 40 x 12 mm, com ajuda do
técnico em enfermagem;
22. Testar o cuff e a válvula da sonda instilando a água destilada, observando o volume
indicado pelo fabricante, esvaziando após o teste;
23. Conectar a sonda ao coletor de urina sistema fechado, fechar o clamp de drenagem
que fica no final da bolsa e certifique-se que o clamp do circuito próximo da sonda
esteja aberto;
24. Manter a sonda protegida dentro do invólucro;
25. Montar a pinça com a gaze embebida em solução de clorexidina, procedendo à
antissepsia;
26. Realizar a antissepsia começando pela região supra púbica, do distal para o proximal
e de cima para baixo. Usar a gaze como se tivesse dois lados e desprezar após o uso;
27. A seguir realizar a antissepsia, primeiro da região inguinal distal e proximal
respectivamente, com movimentos de cima para baixo, de dentro para fora e na raiz
das coxas, de cima para baixo em movimento único, de dentro para fora;
28. Na região pubiana os movimentos são de cima para baixo, do distal para a próxima
segurando a base do pênis com a mão não dominante, fazer a antissepsia do corpo
do pênis, com a mão dominante, com movimentos no sentido longitudinal, de cima
para baixo, sempre utilizando uma gaze para cada movimento;
29. Tracionar o prepúcio para baixo e realizar a antissepsia da glande com movimentos
circulares;
30. Por último fazer a antissepsia no meato uretral;
31. Utilizar cada lado da gaze apenas uma única vez;
32. Dobrar uma gaze no sentido longitudinal e envolver o corpo do pênis;
33. Com uma nova gaze embebida em clorexidina tópica deixe protegendo o meato
uretral;
34. Colocar o campo fenestrado deixando exposto o pênis;
35. Tracionar o pênis perpendicularmente ao corpo (90º) para retificação da uretra;
36. Introduzir lidocaína a 2%, contida na seringa de 20 ml, no meato uretral e faça uma
leve pressão;
37. Esperar o efeito anestésico da lidocaína gel a 2% por 3 a 5 minutos e retire a pressão
sobre a glande;
38. Introduzir o cateter de Foley até o “Y” no meato uretral, lentamente, observando o
retorno urinário;
39. Injetar água destilada com seringa de 20 ml, quantidade determinada pelo fabricante;
40. Testar se o cateter está fixado puxando-o delicadamente até apresentar resistência;
41. Retirar os campos de algodão;
42. Fixar cateter na região supra púbica (hipogástrica) do paciente com adesivo
hipoalergênico;
43. Prender o coletor na parte inferior da cama, em suporte apropriado;
44. Deixar a paciente confortável no leito;
45. Retirar e desprezar em lixeira para resíduo infectante os materiais descartáveis
utilizados e os perfuro cortantes no local indicado (caixa coletora), deixando o local
em ordem;
46. Encaminhar para o expurgo da unidade os materiais de uso permanente, desprezando
os resíduos neste local;
47. Identificar a bolsa coletora do sistema fechado com data, número do cateter e nome
do profissional;
48. Retirar luvas estéreis;
49. Realizar higienização das mãos;
50. Checar o procedimento na prescrição médica;
51. Identificar na bolsa coletora: profissional que realizou o procedimento, data, hora e
número do cateter;
52. Realizar as anotações no prontuário do paciente (número do cateter utilizado, volume
drenado, características da diurese, intercorrências);

Retirada do Cateter Vesical de Demora Masculino


Descrição Técnica:
Material
• 1 seringa de 20ml;
• 1 pacote de gazes;
• 1 par de luvas para procedimentos;
• Recipiente para lixo, máscara e óculos.

Descrição do procedimento:
1. Explicar, orientar o usuário sobre o procedimento a ser realizado;
2. Preparar o material a ser utilizado;
3. Higienizar as mãos;
4. Calçar as luvas;
5. Remover a fita de fixação da sonda, cuidadosamente;
6. Desinsuflar totalmente, o balão com auxílio da seringa;
7. Remover lentamente, o cateter;
8. Realizar higiene íntima;
9. Organizar o ambiente;
10. Retirar as luvas e higienizar as mãos;
11. Registrar todo o procedimento executado, bem como tempo de permanência da sonda
e alterações existentes;
12. Desprezar o resíduo em local apropriado.

Indicação e Contraindicação:

Indicação:
A decisão do uso do cateterismo vesical de demora deve ser feita através de prescrição
médica, com base em indicação clínica criteriosa, por exemplo:

• Impossibilidade de micção espontânea;


• Instabilidade hemodinâmica com necessidade de monitorização rigorosa do débito
urinário;
• Tratamento de pacientes do sexo feminino com lesão por pressão estágio IV, ou com
cicatrização comprometida;
• Pacientes em pós-operatório de cirurgias de grande porte;
• Drenagem vesical por obstrução crônica;
• Disfunção vesical (bexiga neurogênica);
• Drenagem vesical após cirurgias urológicas e pélvicas;
• Medida de diurese em pacientes graves;
• Assegurar a higiene perineal e o conforto de pacientes incontinentes de urina e
comatosos.

Contraindicação:

• Infecção do trato urinário em curso;


• Paciente com estenose da uretra;
• Trauma uretral;
• Cirurgia de reconstrução uretral.
Diagnósticos de Enfermagem:

• Risco de desequilíbrio eletrolítico;


• Volume de líquido excessivo;
• Risco de volume de líquidos desequilibrado;
• Eliminação urinária prejudicada;
• Incontinência urinária associada à incapacidade;
• Retenção urinária;
• Mobilidade física prejudicada.

Cuidados de Enfermagem:

• Manter a privacidade do paciente e expor somente o necessário para realização do


procedimento;
• Em paciente com sonda vesical de demora fazer cuidadosa higiene do meato uretral
com água e sabão neutro uma vez ao dia e sempre que necessário;
• Se houver resistência na introdução da sonda, interrompa o procedimento e
comunique ao médico para conduta;
• Se não retornar urina, verifique o posicionamento do cateter e se não estiver na uretra,
repita o procedimento usando novo cateter estéril;
• Certificar-se que a cateter não esteja tracionado;
• O coletor deve ser mantido sempre abaixo do nível da bexiga para que a urina drene
por gravidade, sem o risco de refluxo;
• Utilizar rigorosamente o sistema de drenagem fechado;
• Sempre que houver violação do sistema, todo conjunto cateter / sistema de drenagem
deve ser trocado;
• Para retirar a sonda vesical de demora deve-se desinsuflar o cuff;
• A diurese deve ser desprezada da bolsa coletora, quando o volume estiver com 2/3
da capacidade total ou a cada 6 horas;
• Quando for necessário elevar a bolsa acima do nível da bexiga, clampear o sistema
de drenagem;
• Manter o sistema pérvio, evitando dobras ou tensões no tubo extensor e garantir que
o clamp de drenagem esteja sempre aberto;
• Antes da passagem, pergunte sobre os antecedentes urológicos como doenças da
próstata, traumas uretrais, uretrite, cirurgia prévia e sondagem anterior.
• Utilizar sempre um tubo de lidocaína novo;
• Avaliar periodicamente a necessidade de permanência do cateter vesical de demora;
• Trocar todo o sistema quando houver desconexão, quebra da técnica asséptica ou
vazamento;
• Não permitir que a bolsa coletora toque o chão.
• Medicamentos podem ser administrados via sonda vesical de demora, mas é
importante seguir algumas recomendações para garantir a segurança e eficácia do
tratamento. Alguns medicamentos, como os que são irritantes para a mucosa uretral,
não devem ser administrados por essa via.

Observações:
• Recomenda-se a permanência do cateter vesical de demora o menor tempo possível,
com tempo máximo recomendável de até 24 horas, exceto em caso de cirurgias
urológicas. Sendo assim, necessário haver avaliação médica para o uso ou a retirada
do cateter vesical de demora;
• O tempo de permanência do cateter vesical de demora maior que dez dias eleva as
chances de complicações e sequelas como infecções de repetição ou recorrentes,
prostatites, epididimites, pielonefrite e infecção urinária.
• A remoção precoce do cateter de demora em pacientes cirúrgicos está associada a
menor risco de ITU e menor tempo de internação

Resolução do Coren:
Resolução 450/2013 (Cofen).
Resolução 680/2021 (Cofen).

Conclusão:
Conclui-se que, o cateterismo vesical de demora masculino é um procedimento privativo do
enfermeiro, porém é indispensável a presença do técnico de enfermagem para auxiliar a
realização da técnica. Esse procedimento só deve ser realizado quando houver indicação
absoluta e prescrição médica. É um procedimento invasivo o qual consiste na introdução de
um cateter vesical estéril pela uretra de forma a se alocar no interior da bexiga realizando
assim o esvaziamento da mesma. Algumas das indicações são: Impossibilidade de micção
espontânea; Instabilidade hemodinâmica com necessidade de monitorização rigorosa do
débito urinário; Pacientes em pós-operatório de cirurgias de grande porte. É importante
ressaltar que os cuidados com o cateter vesical e bolsa coletora deve se manter após a
instalação. Manter a privacidade do paciente e expor somente o necessário para o
procedimento é indispensável.

Referências:
Cateterismovesicaldedemora.pdf (www.gov.br)
pop-denf-016-cateterismo-vesical-de-demora-masculino.pdf (www.gov.br)
pop-003-denf-cateterismo-vesical-de-demora-masculino.pdf (www.gov.br)
POP-26-–-Cateterismo-Vesical-de-Demora.pdf (fmsc.rs.gov.br)
Cateterismo vesical no paciente masculino - PEBMED
Resumo: Cateterismo vesical de alívio e de demora | Ligas - Sanar Medicina

Você também pode gostar