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Assistência de Enfermagem a pessoa com

eliminação urinária prejudicada ou com


Retenção Urinária
(NANDA 2021-2023)
- Cateterismo vesical -

Flávia Canatto
Maio/2022
Cateterismo vesical
• O cateterismo vesical consiste na instalação de um cateter desde uretra até
a bexiga com a finalidade de drenar urina ou instilar a bexiga.
• Trata-se de um procedimento de alta complexidade.
• A Resolução nº 450/2013, publicada pelo COFEN - Conselho Federal de
Enfermagem, estabelece as competências da equipe de Enfermagem em
relação ao procedimento de Sondagem Vesical (introdução de cateter estéril,
através da uretra até a bexiga, para drenar a urina).
• Segundo o Parecer Normativo, aprovado pela Resolução, a inserção de
cateter vesical é função privativa do Enfermeiro, em função dos seus
conhecimentos científicos e do caráter invasivo do procedimento, que
envolve riscos ao pessoa, como infecções do trato urinário e trauma uretral
ou vesical.
Cateterismo vesical
 Aproximadamente 16-25% dos pessoas de um hospital serão submetidos a cateterismo
vesical, de alívio ou de demora, em algum momento de sua hospitalização;
 O tempo de permanência do cateter vesical é o fator crucial para colonização e
infecção (bacteriana e fúngica).
 O crescimento bacteriano inicia-se após a instalação do cateter, numa proporção de 5-
10% ao dia, e estará presente em todos os pessoas ao final de quatro semanas. O
potencial risco para ITU associado ao cateter intermitente é menor, sendo de 3,1% e
quando na ausência de cateter vesical de 1,4%.
 Os mecanismos de contágio mais comuns são:
 Contaminação no momento da sondagem, por microorganismos da região perineal.
 Através das mãos dos profissionais de saúde.
 Por soluções antissépticas contaminadas, instrumental, etc.
 Migração retrógrada dos microorganismos pela luz do catéter

Biofilme no lumen do cateter após 24


horas de instalação
Tipos de cateter
Um cateter é um tubo oco fino que pode ser inserido na bexiga através do
uretra ou região suprapúbica.
1. Cateter unidirecional
 Possui apenas um canal para
drenagem, não possui balão e está
disponível em versões não revestidas.
 Esse tipo de cateter não se destina a
permanecer na bexiga por um longo
período de tempo, mas é usado para:
1. Cateterismo intermitente e coleta de
urina representativa da bexiga
2. Tratamento de estenose uretral
3. Instilação de drogas na bexiga (cateter
de instilação com Luer-lock)
4. Investigações urodinâmicas e outras
investigações
5. Cateterização suprapúbica sem balão
Tipos de cateter
2. Cateter de duas vias

 Cateter de demora com um balão para


garantir o seu lugar na bexiga.
 Uma via é usada para urina e um para
o balão.
 Cateter de Foley é atualmente o
dispositivo mais utilizado para o
tratamento da disfunção urinária.
Tipos de cateter
O tamanho do cateter é marcado na via do balonete.
A cor relacionada ao tamanho é estabelecida através de um sistema internacional
Os diâmetros são dimensionados pela escala francesa (Fr), sendo que cada Fr
equivale a 0,33 mm.
Indicação para instalação do cateter vesical
Intermitente ou de Alívio:
É a introdução de um cateter reto, longo o suficiente para chegar a bexiga. É retirado
imediatamente após o esvaziamento da bexiga.
 Retenção urinária (bexiga palpável, proeminente)
 Esvaziamento da bexiga para procedimento cirúrgicos e/ou
diagnóstico
 Obtenção de urina asséptica para exame

Permanente ou Demora:
O cateter instalado permanece localizado no interior da bexiga por tempo maior e a urina é
acondicionada em um saco coletor adaptado a sonda. Essa sistema é caracterizado como
sistema fechado e não deve ser interropido em nenhuma hipótese.
 Monitoramento de débito urinário horário
 Irrigação vesical

SPRINGHOUSE, 2010
POTTER, PERRY, 2010
MATERIAL NECESSÁRIO:
EPI (Avental, Gorro, Máscara, Óculos, Luva de procedimento ), Foco iluminador ou lanterna
Material para higiene externa da genitália, Oleado ou impermeável

Cateterismo vesical de alívio Cateterismo vesical de demora


 Bandeja contendo:  Bandeja contendo:
 Kit de cateterismo vesical (contendo 1 cuba  Kit de cateterismo vesical (contendo 1 cuba
rim, 1 cuba redonda, 1 pinça cheron ou similar, rim, 1 cuba redonda, 1 pinça cheron ou similar,
2 campos simples ou compressas * 2 campos simples ou compressas
 Antisséptico aquosa  Antisséptico aquosa
 1 pacote de compressa de gaze estéril (10  1 pacote de compressa de gaze estéril (10
unidades) unidades)
 Luva estéril  Luva estéril
 Lidocaína geléia (Tubo fechado)  Seringa descartável 20 ml (ou qualquer outra
 Agulha descartável 40 X 12 com bico, sem rosca)
 Cateter uretral de calibre apropriado  Agulha descartável 40 X 12 (2)
 Cálice graduado  Água destilada ampola de 10 ml (2)
 Lidocaína geléia (tubo fechado)
 3 fitas de esparadrapo grandes
 Cateter Foley de calibre apropriado
 Bolsa coletora de urina de drenagem fechado
Bandeja de cateterismo vesical
Cateterismo Vesical de alivio - Procedimento
 Reunir o material sobre a mesa auxiliar
 Explicar o procedimento a pessoa
 Proteger o leito com biombos
 Lavar as mãos
 Calçar a luva de procedimentos
 Posicionar a pessoa em decúbito dorsal
 Posicionar a comadre e realizar a higiene íntima, externa com água e sabão
 Secar a região e desprezar o material.
 Retirar a luva de procedimento e desprezá-la
 Lavar as mãos novamente
 Cortar as fitas de esparadrapo e fixá-las na borda da bandeja, previamente desinfetado
com álcool 70%
 Afastar os membros inferiores
 Abrir o pacote de cateterismo vesical sobre o leito, através das suas 4 pontas, próximo a
região genital da pessoa
 Abrir a agulha, a gaze e o cateter no interior do campo estéril.
 Aplicar o antisséptico na cuba redonda, que se encontra dentro da bandeja
 Com auxílio da agulha de grande calibre (40x12) furar o lacre da bisnaga de lidocaína
geléia. Embeber algumas gazes com o lubrificante
 Calçar a luva estéril
SPRINGHOUSE, 2010
MULHER

 Com auxílio da pinça, realizar a antissepsia com gazes


embebidas em antisseptico aquoso, do monte pubiano,
grandes lábios, pequenos lábios e meato uretral,
unidirecionalmente no sentido antero-posterior, utilizando
uma boneca de gaze para cada um dos locais
individualmente.

 Posicionar os campos esterilizados/compressas sobre as


regiões inguinais direita e esquerda, sobrepondo-se uma a
outra na superfície da cama

 Localizar a uretra, afastando os pequenos lábios

 Introduzir o cateter pela uretra, até que haja eliminação de


urina

 Coletar todo o volume urinário na cuba-rim

SPRINGHOUSE, 2010
HOMEM
 posicioná-lo em decúbito dorsal

 realizar a antissepsia com gazes embebidas em


antísseptico aquoso, do monte pubiano, bolsa
escrotal, corpo do pênis .
 Segurar o pênis perpendicularmente ao corpo,
com a mão não dominante, afastando o prepúcio
e finalizar com o meato uretral

 Posicionar os campos esterilizados/compressas


sobre as regiões inguinais direita e esquerda,
sobrepondo-se uma a outra na superfície da
cama

 Com o pênis em posição perpendicular ao


abdome, introduzir o cateter pela uretra até que
haja eliminação de urina

 Coletar todo o volume urinário na cuba-rim

SPRINGHOUSE, 2010
 Para homens e mulheres:

 Ao término do fluxo urinário, retirar delicadamente o cateter e secar a


região com as gazes
 Desprezar o material em saco de lixo auxiliar e retirar as luvas
estéreis
 Deixar a pessoa confortável
 Recolher o material do quarto, mantendo a unidade organizada
 Calçar as luvas de procedimento
 Medir o volume urinário no cálice graduado e desprezar a urina
 Higienizar as mãos
 Checar a prescrição médica e anotar o procedimento realizado no
prontuário da pessoa, assim como o volume, o aspecto e a
coloração da urina.

Carmagnani et. al. (2017)


Cateterismo Vesical de demora - Procedimento
 Reunir o material sobre a mesa auxiliar
 Explicar o procedimento ao pessoa
 Proteger o leito com biombos
 Lavar as mãos
 Calçar a luva de procedimentos
 Posicionar o pessoa em decúbito dorsal
 Posicionar a comadre e realizar a higiene íntima, externa com água e
sabão
 Secar a região e desprezar o material.
 Retirar a luva de procedimento e desprezá-la
 Lavar as mãos novamente
 Cortar as fitas de esparadrapo e fixá-las na borda da bandeja,
previamente desinfetado com álcool à 70%
 Afastar os membros inferiores
 Abrir o pacote de cateterismo vesical sobre o leito, através das suas 4
pontas, próximo a região genital do cliente
SPRINGHOUSE, 2010
 Abrir a seringa, uma das agulhas, a gaze, o cateter e o saco coletor de urina
no interior do campo estéril. Manter as ampolas de água destilada fora do
campo.
 Aplicar o antisséptico aquoso na cuba redonda, que se encontra dentro da
bandeja
 Abrir a agulha que ficou fora do campo cuidadosamente e furar o lacre da
bisnaga de lidocaína geléia. Embeber algumas gazes com o lubrificante
 Calçar a luva estéril
 Testar o balonete do cateter (de acordo com a especificação do fabricante),
conectando apenas o bico da seringa na via específica (geralmente a
colorida. Em geral, o volume está impresso na extensão distal da sonda
utilizada para insuflar o balão
 Conectar seringa e agulha e aspirar a água destilada.
 Aspirar todo o líquido e reservar a seringa no campo estéril
 Conectar o cateter foley ao saco coletor. Liberar o
clamp desta conexão para que a urina possa fluir
para o interior da bolsa coletora. Fechar o clamp de
saída da bolsa, para que não haja extravasamento
da urina da bolsa para o ambiente.
 Lubrificar o cateter utilizando gaze embebida em
lidocaína geléia da porção distal para proximal
MULHER

 Com auxílio da pinça, realizar a antissepsia com


gazes embebidas em antisseptico aquoso, do monte
pubiano, grandes lábios, pequenos lábios e meato
uretral, unidirecionalmente no sentido antero-
posterior, utilizando uma boneca de gaze para cada
um dos locais individualmente.

 Posicionar os campos esterilizados/compressas


sobre as regiões inguinais direita e esquerda,
sobrepondo-se uma a outra na superfície da cama

 Localizar a uretra, afastando os pequenos lábios

 Introduzir o cateter pela uretra, até que haja


eliminação de urina através da conexão,
aprofundando mais um pouco o catéter

SPRINGHOUSE, 2010
•Conectar a seringa no local destinado ao
balonete, localizado na porção proximal e inflar o
balonete

•Fixar o cateter na superfície da pele com


esparadrapo ou adesivo na face medial da coxa,
utilizando as três tiras de esparadrapo

•Pendurar a bolsa abaixo do nível da bexiga,


mantendo o circuito por cima do corpo, para evitar
lesão por pressão relacionada a dispositivos
médicos

SPRINGHOUSE, 2010
HOMEM

 posicioná-lo em decúbito dorsal

 realizar a antissepsia com gazes embebidas


em antísseptico aquoso, do monte pubiano,
bolsa escrotal, corpo do pênis .
 Segurar o pênis perpendicularmente ao
corpo, com a mão não dominante, afastando
o prepúcio e finalizar com o meato uretral

 Posicionar os campos
esterilizados/compressas sobre as regiões
inguinais direita e esquerda, sobrepondo-se
uma a outra na superfície da cama

SPRINGHOUSE, 2010
•Com o pênis em posição perpendicular ao abdome,
introduzir o cateter foley pela uretra até que haja
eliminação de urina, aprofundando mais um pouco o
com a mão dominante

•Conectar a seringa no local destinado ao balonete,


localizado na porção proximal e inflar o balonete

•Fixar o cateter na superfície da pele com esparadrapo


ou adesivo na região localizada entre o hipogastro e a
região inguinal, utilizando as três tiras de esparadrapo.

•Pendurar a bolsa abaixo do nível da bexiga, mantendo


o circuito por cima do corpo, para evitar lesão por
pressão relacionada a dispositivos médicos
Cuidados de Enfermagem
 Após a inserção, fixar o cateter de modo seguro e que não permita tração ou movimentação (A-III)*;
 Manter o sistema de drenagem fechado e estéril (A-I);
 Não desconectar o cateter ou tubo de drenagem, exceto se a irrigação for necessária (A-I);
 Trocar todo o sistema quando ocorrer desconexão, quebra da técnica asséptica ou vazamento (B-III);
 Para exame de urina, coletar pequena amostra através de aspiração de urina com agulha estéril após
desinfecção do dispositivo de coleta (A-III); levar a amostra imediatamente ao laboratório para cultura.
 Manter o fluxo de urina desobstruído (A-II);
 Esvaziar a bolsa coletora regularmente, utilizando recipiente coletor individual e evitar contato do tubo de
drenagem com o recipiente coletor (A-II);
 Manter sempre a bolsa coletora abaixo do nível da bexiga (A-III);
 Não há recomendação para uso de antissépticos tópicos ou antibióticos aplicados ao cateter, uretra ou
meato uretral (A-I);
 Realizar a higiene rotineira do meato e sempre que necessário (A-I).
 Não é necessário fechar previamente o cateter antes da sua remoção (II).

ANVISA, 2017
*nível de evidência
Cuidados com a retirada do cateter

 Observar prescrição para retirada;


 Bandeja contendo: luvas de procedimento,
gaze, seringa de 20 ml;
 Após a retirada do cateter, observe e anote a
primeira micção espontânea.
 Oriente a pessoa sobre a possibilidade de
ardor ao urinar ou de retenção urinária.

Carmagnani et. al. (2017)


Técnica
 Higienize as mãos
 Calce as luvas de procedimento
 Certifique-se que o saco coletor esteja vazio (caso não esteja esvazie o
mesmo)
 Retire a fixação do cateter e cubra a região de forma que somente a
área ao redor da sonda fique exposta.
 Se houver sujidade ou crostas ao redor do cateter, realize higiene local.
 Conecte a seringa na via que possui a válvula de insuflação do balão e
aspire todo o volume.
 Retire o cateter lentamente, até a completa saída.
 Seque a região com gazes.
 Despreze os materiais descartáveis e as luvas de Procedimento
 Higienize as mãos
 Registre o procedimento
Videos sugeridos

 https://youtu.be/ory5opksoGg
 https://youtu.be/qCofMxv1YRI

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