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11 edição: 2004
Sumário
Editoração e composição:
Suliani Editografia Ltda.
Rua Veríssímo Rosa, 311 Apresentação
90610-280 - Porto Alegre, RS . Martin N. Dreher 9
Fone/fax: (51) 3384 8579 Abertura
E-mail: suliani@via-rs.net Teimo Lauro Muller 11
CONFERÊNCIAS
D771i Dreher, Martin N., org. Imprensa e Imigração Alemã em Santa Catarina
Imigração & imprensa/ org. Martin N.Dreher, Arthur Blásio Rambo e Marcos João Klug 13
Justo Tramontini.- Porto Alegre: EST / São Leopoldo: Instituto Histórico de São
Leopoldo, 2004. Imprensa e Imigração Italiana em Santa Catarina
584p. Roselys Izabel Correa dos Santos 26
ISBN: 857517.051-1
Imigração e Teorias Antropológicas no Brasil (1910-1920)
Conteúdo: Conferências e comunicações apresentadas no XV Simpósio de His- Tania Regina de Luca 35
tória da Imigração e Colonização.
1. Imigração - Imprensa - História - Rio Grande do Sul 2. Colonização - Im- o Almanaque (Kalender) na Imigração Alemã na Argentina, no Brasil e no Chile
prensa - História - Rio Grande do Sul 3. Imprensa - Imigração - História - Rio lmgart Griuzmann 48
Grande do Sul r.Rarnbo, Arthur Blásio, org. n.
Tramontini, Marcos Justo, org. Ill,
Simpósio de História da Imigração e Colonização, XV. IV. Título. A Participação do Imigrante na Imprensa Brasileira
Martin N. Dreher . 91
CDU: 325.14:070(816.5)
325.14:070(091 )
Imprensa e Imigração Alemã
Catalogação..Aglaé Castilho Oliva CRBlO/814
René E. Gertz 100
100 Imigração & Imprensa O Conferências René E. Gertz O Imprensa e imigração alemã 101
forma inequívoca, sua importância e influência na época, não há dúvida de que sentido, Monatsblãtter des Germanischen Bundes, durante a Primeira Guerra, e
ela constitui uma fonte muito importante para o estudo da população de origem Fürs Dritte Reich, nos anos 1930, ambos publicados em Porto Alegre, o primeiro
alemã no período (anos 1920-1930). com a função de defender a causa alemã, o segundo para difundir a ideologia e
Mais importante é outra questão. Há uma enorme diferença entre os jornais e defender o governo nazista na Alemanha.' De outro lado, Aktion, Alann e Das
as revistas quanto ao público a que se destinavam. Talvez do ponto de vista nu- deutsche Buch foram criados, sucessivamente, por um mesmo grupo, também em
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mérico as publicações periódicas das igrejas sejam das mais duradouras e, even- Porto Alegre, para combater o nazismo, na Alemanha e no Brasil.
tualmente, com o maior número de exemplares por edição. Neste ano de 2002, o Mas não há dúvida de que os jornais que se auto-intitulavam políticos eram
Jornal Evangélico Luterano, por exemplo, deixou de publicar um encarte em os mais importantes no sentido de fomentar o estabelecimento da cidadania e de
alemão, língua na qual todo ele foi redigido durante décadas. Considerando-se fazer dos teutos cidadãos plenos do Brasil. Parte da opinião pública brasileira
seu surgimento em 1888, e abstraindo das interrupções durante as guerras mundi- acompanhava o conteúdo aí veiculado; muitas informações sobre a vida política
ais, temos aí um órgão centenário, que teve muita importância para os luteranos, no Brasil podem ser encontradas nesses jornais - eles, às vezes, até fornecem
mas possivelmente não tenha tido nenhuma importância para os católicos, mesmo mais informações do que os jornais de língua portuguesa, porque, em épocas de
os de descendência alemã, nem para os governos em nível municipal, estadual ou crise, não eram censurados como estes. Eles refletem tentativas de unificação da
federal.' Quem consultar a lista de jornais e revistas anexa a este texto verá um população de origem alemã ou dissensões e enfrentamentos internos à comunida-
grande número deles dedicado a um público muito específico. Alguns exemplos: de teu ta; dão o panorama mais amplo sobre a vida local, regional e estadual; re-
medicina alternativa (Die Naturheilkunde), esoterismo (Selbsterziehung), auto- fletem mais claramente posicionamentos frente ao panorama internacional.
ajuda (Alkoholgegner), humor (Der Brummbãr}, gênero (Für die Frau), escotis- O fato de serem políticos não exclui a possibilidade de defenderem causas de
mo (Am Lagerfeuer), esportes (Der Turnerbote; Deutsche Turnblãuer), economia ordem específica, não diretamente política. Os exemplos mais clássicos são os
(Der Landwirt; Die Wirtschaft). jornais Deutsches Volksblatt e Deutsche Posto Ambos se entendiam, inequivoca-
Poder-se-ia sugerir que importantes mesmo eram os jornais políticos. Mas, ·1 mente, como jornais políticos, e como tais agiam. Mas eram simultaneamente
mesmo que essa seja inclusive uma designação adotada pelos próprios, a classifi- destacados representantes de interesses religiosos, e, nessa qualidade, veiculavam
cação do que seja um jornal político em língua alemã não é simples. Tomemos interessantes matérias típicas de um jornal de caráter religioso. No caso do pri-
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dois exemplos. Comparável' ao Jornal Evangélico Luterano (antigo Sonntags- meiro, tratava-se de interesses católicos, no do segundo, de interesses luteranos.
blatt) é o Sankt Paulus Blatt, em termos de longevidade e também - ao menos São também, sobretudo, os jornais políticos os que, normalmente, são referi-
em parte - em termos de conteúdo, em circulação desde 1912. Foi criado como dos quando obras sobre a história da imigração alemã se reportam à imprensa.
órgão oficial da União Popular, organização sócio-econômico-religiosa teuto- Assim, encontramos no famoso Livro do Centenário, de 1924, a seguinte obser-
católica, e como tal apresentava em seu conteúdo temas que, sem sombra de dú- vação: "Colocamos a imprensa na vanguarda do desenvolvimento intelectual" da
vida, eram nitidamente políticos, pois, ao defender os interesses econômicos, so- colônia alemã no Rio Grande do Sul. Mesmo que o autor do texto inclua na sua
ciais e religiosos da população teuto-católica gaúcha, defendia, por definição, referência à imprensa livros e almanaques, não deixa de destacar a importância
questões que, no mínimo, envolviam variáveis políticas. Outro exemplo é o do fundamental dos jornais. Mais adiante, lê-se que "juntamente com a escola alemã,
Mitteilungsblatt der, Liga de Uniões Coloniais, que era o órgão oficial dessa Li- a imprensa constitui a base principal da manutenção da germanidade no Rio
ga, associação sócio-econômica (não confessional) que, porém, tivera como men-
tores intelectuais e líderes, pastores e leigos luteranos, mesmo que teu to-católicos
e, em grau menor, cidadãos de outras origens étnicas fossem sócios também."
Outro caso são os jornais que foram criados, especialmente em tempos de
7 Mesmo um jornal editado em língua portuguesa, fundado em Porto Alegre, em 1914, enquadra-se
crise internacional, para defender a política nacional alemã. Destacam-se, nesse nessa classificação. Era A guerra, que se destinava a divulgar notícias alternativas às das gran-
des agências noticiosas francesas e inglesas sobre o conflito mundial.
5 Sobre a história do jornal, ver WEBER, Bertholdo. ·"90 anos de imprensa evangélica". In: Imigração 8 A respeito do mentor intelectual dessas publicações, cf. GERTZ, René E. Memórias de um imigrante
e colonização alemã [Anais do 3° Simpósio de imigração e colonização alemã no Rio Grande do Sul). anarquista (Friedrich Kniestedi). Porto Alegre: EST, 1989.
Porto Alegre: EST, 1980, p. 294-296. Sobre Deutsches Volksblau, cf. DILLENBURG, Sérgio Roberto. "Deutsches Volksblatt - suga de um
6 Sobre essas organizações, cf. SCHALLENBERGER, Erneldo. O associativismo cristão 170 sul do jornal". Instituto Histórico de São Leopoldo (ed). Anais (vol.lI - 1979-1981). São Leopoldo, s. d., p.
Brasil: a contribuição da Sociedade União Popular e da Liga das Uniões Coloniais para a organiza- 135-151; sobre Deutsche Post, v: GERTZ, René E. O aviador e o carroceiro: política, etnia e reli-
ção e o desenvolvimento social sul-brasileiro. Porto Alegre: PUCRS, 2001 (tese de doutorado). gião no Rio Grande do Sul nos QIIOS 1920. Porto Alegre: EDlPUCRS, 2002, p. 28-50.
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Grande do SUI".1OMas a lista que o autor apresenta como sendo de jornais inclui conservadores, socialistas e nazistas, teu to-brasileiros e imigrantes, mas, sobretu-
apenas jornais políticos. do, católicos e protestantes divulgavam suas idéias através da imprensa periódica,
Cronologicamente, o próximo trabalho de destaque sobre a imigração alemã que inúmeras vezes se tornou cenário de conflitos violentos". Mesmo admitindo
e seus efeitos no Estado foi o de Aurélio Porto, publicado em 1934, por ocasião que "só um trabalho mono gráfico baseado em análises minuciosas poderia pro-
dos festejos dos 110 anos d' O trabalho alemão no Rio Grande do Sul.ll Porto porcionar-nos informações seguras sobre a função que a imprensa teuto-brasileira
não faz mais do que, em uma página e meia, referir os primeiros jornais de língua realmente exerceu no que diz respeito à conservação ou substituição da cultura
alemã surgidos na província e citar alguns dos mais destacados jornalistas de seu originária", Willems emite a opinião conclusiva de que "na maioria das comuni-
tempo. Não há uma avaliação da imprensa nem de sua importância para a popu- dades locais constituídas por colonos teuto-brasileiros o papel da imprensa perió-
lação teuta. dica era bastante restrito". \3
Mesmo não sendo específicos sobre o Rio Grande do Sul, vieram, depois, os Em termos de espaço, também a extensa (806 páginas) e importante obra de
importantes livros de Emílio Willems, numa primeira edição, em 1940, sob o Jean Roche, dos anos 1950, não se detém muito demoradamente no tema impren-
título Assimilação e populações marginais no Brasil: estudo sociológico dos imi- sa - são menos de 6 páginas." Apesar de que o autor a admite como fator de con-
grantes germãnicos e seus descendentes; mais tarde, em 1946, numa edição am- servação da germanidade e como conseqüente fator de construção do grupo teu-
pliada, sob o título A aculturação dos alemães no Brasil: estudo antropológico to-gaúcho, destaca que seu efeito se verificou mais marcante na população urba-
dos imigrantes alemães e seus descendentes no Brasil.12 Partindo do pressuposto na. Admite que os primeiros deputados de sobrenome alemão chegaram à As-
de que a segunda edição é a mais completa e definitiva, observa-se que nela o au- sembléia Provincial estribados, sobretudo, em sua atividade jornalística. Mas vê a
tor atribui um valor restrito aos jornais. Numa perspectiva em que assimilação imprensa de língua alemã entrar num processo de decadência após a morte de
e/ou aculturação ocupam espaço central, há longos e densos capítulos sobre lín- Koseritz, em 1890.15
gua, escola, família, sexo, religião, cultura recreativa e outros temas. A imprensa Entre as obras clássicas sobre a imigração alemã no Brasil como um todo ca-
é remetida a um capítulo em companhia da literatura. Num livro extenso, de 609 be, sem dúvida, lugar de destaque a Carlos Henrique Oberacker Júnior com A
páginas, esses temas ocupam apenas 13 páginas, e a imprensa, especificamente, contribuição teuta para a formação da nação brasileira.16 Mesmo que o livro
apenas sete (pouco mais de 1%). O relativamente pequeno espaço dedicado ao contenha dois capítulos sobre "Alemães e descendentes como promotores do pa-
tema também tem correspondência no conteúdo, quando o autor, de fato, não trimônio intelectual e da vida cultural nacional brasileira" e "Contribuições ale-
atribui muita importância à imprensa no processo de formação da comunidade mãs no campo cultural", não há uma única linha que se dedique, especificamente,
teu to-brasileira. "A extrema instabilidade da grande maioria dos jornais teuto- à imprensa como legado ou como fator de desenvolvimento nos campos intelec-
brasileiros, a sua tiragem insignificante e o baixo grau de periodicidade parecem tual, político ou religioso. Claro, há referências esparsas, quando, por exemplo,
constituir uma prova de que somente em casos excepcionais a imprensa chegou a fala de Koseritz, nominando, evidentemente, sua intensa atividade jornalística.
desempenhar papel vital na cultura teuto-brasileira". Mais adiante lembra que Mas não há nenhuma avaliação explícita da importância da imprensa.
"não havia nenhuma relação entre leitores e redatores, porque os últimos vinham, O Livro do Sesquicentenário, em 1974, não pode ser arrolado como fonte pa-
geralmente, da Alemanha. Daí a atitude dessa imprensa diante dos acontecimen- ra uma avaliação do valor atribuído à imprensa, pois o espaço dedicado a todos
tos dificilmente traduzia a atitude dos leitores". Também aponta para a heteroge- os assuntos é muito exíguo, e assim o texto de Walter Koch, bilíngüe, em duas
neidade entre os diferentes órgãos de imprensa: "As diferenças culturais não po- páginas, se refere muito genericamente ao tema numa perspectiva histórica, arro-
diam deixar de refletir-se também na imprensa. Clericais e anticlericais, liberais,
10 VERBAND Deutscher Vereine (ed.). Hundert Jahre Deutschtum in Rio Grande do Sul. Porto Alegre:
Typographia do Centro, 1924, p. 280 e 291. respectivamente. (Existe uma edição em língua portu- 13 WILLEMS. A aculturação ...•p. 550. 551. 554 e 555. respectivamente. O grifo é meu.
guesa dessa obra. em tradução de Arthur Blasio Rambo: Cem anos de germc.iidade no Rio Grande 14 ROCHE, Jean. O Rio Grande do Sul e a colonização alemã. Porto Alegre: Globo. 1969. p. 658-664.
do Sul: 1824-1924. São Leopoldo: UNISINOS. 1999). 15 Cf. uma opinião divergente a esse respeito em RÜDIGER. Francisco. "Imprensa e esfera pública". In:
11 PORTO. Aurélio. O trabalho alemão no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Est. Graf. S. Terezinha, FISCHER. Luís Augusto; GERTZ. René E. (orgs.). Nós. os teuto-gaúchos. Porto Alegre: Editora da
1934. p. 228-229. Universidade. 1996. p. 131-137.
12
WILLEMS. Emílio. Assimilação e populações marginais 110 Brasil: estudo sociológico dos imigran- 16 Foi utilizada a segunda edição em língua alemã. OBERACKER. Karl H. Jr. Der deutsche Beitrag
tes germãnicos e seus descendentes. São Paulo: Nacional. 1940; WILLEMS. Emílio. A aculturação zum Aujbau der brasilianischen Nation. São Leopoldo: Federação dos Centros Culturais 25 de Julho.
dos alemães no Brasil. São Paulo: Nacional. 1946. 1978.
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lando algumas poucas informações mais detalhadas sobre essa questão após a missão de despertar nos componentes das colônias o sentimento de que eram brasi-
Segunda Guerra e no momento da publicação do texto. 17 leiros descendentes de alemães [...).19
Mas, no contexto dos festejos do sesquicentenário da imigração alemã, apa- Como o autor faz uma análise normativa, a primeira citação coloca a impren-
receu também um livro de Carlos Fouquet sobre O imigrante alemão - mais uma sa numa luz depreciativa. Poderíamos, porém, dizer que, se seus efeitos efetiva-
vez, não específico do Rio Grande do Sul -, que dedica 11 páginas, de um total mente eram os que cita, eles antes demonstram que a influência e a eficácia dessa
de apenas 259, ao tema imprensa, e se detém com algum vagar naquilo que o au- imprensa eram muito grandes; os fatos apontados mostram que ela estava pro-
tor considera influências maléficas e benéficas sobre a população teuta." Vale a fundamente enraizada no cotidiano, mesmo que conflitivo, das comunidades.
pena fazer duas citações um tanto longas para caracterizar a opinião que esse au- Até hoje a obra básica, especifica, sobre a história da imprensa de língua
tor transmite aos seus leitores. A primeira destaca aspectos desagradáveis e dele- alemã no Brasil - mais uma vez: não só no Rio Grande do Sul - continua sendo
térios: uma tese de doutorado de Hans Gehse, publicada em 1931, na Alemanha, sob o
Vezes houve em que os jornalistas não se conseguiram manteralheios ao caso pes- título A imprensa alemã no Brasil, de 1852 até a atualidade?O O autor considera
soal ou à mesquinhez. Desavenças locais e mexericos passaram a figurar em suas co- que três instituições foram fundamentais para a construção de uma sociedade de
lunas. Problemas relativos à política municipal eram alvo de polêmicas, travadas no alemães e descendentes no Brasil: igreja, escola e imprensa. Na sua opinião, a
rude linguajar da roça. Divergências de ordem filosófica, religiosa ou mesmo refe- importância desta está no fato de que ela
rentes à concorrência comercial, eram tratadas em nível baixo, sendo que muita ma-
téria paga das seções "Escreve o leitor" e "A pedido" era vexatória para colônias in- defende os interesses dos imigrantes alemães frente ao governo e frente ao contexto
teiras, inclusive para as urbanas. Os piores anúncios não eram aqueles em que o ma- luso-brasileiro; dentro das colônias mantém vivo o sentimento de pertencimento ao
rido prevenia seus amigos para que não emprestassem dinheiro à mulher fugitiva, ou grupo étnico alemão e estabelece a ligação com a antiga pátria. Além disso, sua im-
os em que um vizinho prevenia a outro para que não invadisse suas terras, pois que portância se estende justamente aos alemães das colônias novas, onde, ao lado de al-
nelas havia instalado arapucas e colocado estrepes, não se responsabilizando pelas gum eventual livro popular trazido por um vendedor ambulante, a Bíblia e o jornal
conseqüências [...[. constituem a única leitura. Para o colono solitário, que haure do jornalzinho que lhe
vem, às vezes, lima vez ao mês pelo correio ou que toma emprestado ao vizinho, to-
A seguir o autor, porém, se dedica àquilo que considera os aspectos positivos dos os seus conhecimentos, para ele esse jornal simplesmente significa aquilo que o
e edificantes dessa imprensa, aspectos que teriam conferido a ela uma importân- livro didático significa para a criança. Deve-se levar isso em consideração se se quer
cia cujos frutos sobreviveriam até nossos dias. A citação a esse respeito é a se- apreender em sua plenitude a importância dos jornais alemães no Brasil e a respon-
guinte: sabilidade que lhes cabe."
Orientavam o leitor de maneira hábil e apropriada a respeito de acontecimentos da O livro de Gehse se divide em quatro partes, assim distribuídas: "Panorama
época, suscitando amor e compreensão em relação à nova pátria, à sua gente, ensi- geral e evolução", "Redatores e editores na imprensa teuto-brasileira", "Evolução
nando-os a enfrentar problemas que lhes apresentava a natureza estranha e o clima a econômica e técnica", "A imprensa teu to-brasileira na vida política, de 1852 até à
que ainda não se haviam habituado, incitando-os a cumprir suas obrigações e escla- atualidade". De 165 páginas de texto propriamente dito, 55 são ocupadas por esse
recendo-os a respeito de seus direitos. Transmitiam uma série de notícias seleciona- último capítulo, dando conta da importância que o autor atribui à imprensa como
das de todo o mundo [...). Assuntos de agricultura, indústria, comércio, ciências, ar- fator político. Conclui que durante os anos 1850 essa imprensa se restringiu a
te, religião ou literatura também eram tratados. Ao lado de contos e romances ale- aceitar de forma acrítica a política imigrantista do governo brasileiro, constituin-
mães, encontrava-se boa literatura..brasileira, em traduções por vezes primorosas.
do a imprensa, às vezes - como no caso do pioneiro Colonist, no Rio Grande do
Mais tarde, em coluna própria, passaram os periódicos a se ocupar do imigrante e a
dar a palavra a seus filhos e netos. Pelo visto, não havia falta de matéria, mas falta de
espaço. Nunca se perderam de vista as colônias, sendo que essa imprensa logrou 19 Ibid., p. 198 e 199, respecti varnente.
20 GEHSE, Hans. Die deutsche Presse in Brasilien VOI! 1852 -bis zur Gegenwart. Asehendorfsche Ver-
despertar-lhes o sentido de autoconsciência, por vezes até com certo exagero, em re-
lagsbuchhandlung, 1931. Lrn bom instrumento de trabalho sobre a imprensa de língua alemã - não só
lação a colônias vizinhas. Se bem que em escala um tanto modesta, teve êxito sua para o Brasil, mas para toda a América - é o livro de ARNDT, Karl J. R. & OLSON. May E. Die
deutsclisprachige Presse der Amerikas, 1732-1968: Geschiclue 1I1ld Bibliographie. Pullach bei
17 Sesquicentenário da imigração alemã - álbum oficial. Porto Alegre: Editora EDEL, 1974, p. 198- München: Verlag Dokurnentation, 1973. Não se trata: no entanto, de um texto analítico. Na parte re-
199. dacional, ao menos no que tange ao Brasil, se restringe a transcrever trechos de outros autores, em
18 FOUQUET, Carlos. O imigrante alemão e seus descendentes no Brasil, 1808-1824-1974. São Pau- especial de Gehse. Seu valor está no arrolamento sistemático dos dados sobre os jornais.
lo/São Leopoldo: Instituto Hans Staden/Federação dos Centros Culturais 25 de Julho, 1974. 21 Gehse, p. 13-14. O grifo é meu.
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Sul -, antes um instrumento para cooptação dos imigrantes para fins escusas do Apesar de não ser exatamente um trabalho sobre imprensa, cabe referir, po-
que uma instância de representação e defesa de seus interesses. Do final dos anos rém, ainda, um estudo acadêmico mais recente, do final da década de 1970, que
1850 até 1864 o autor detecta inícios de uma oposição a essa realidade. Final- tem a ver com o assunto. Trata-se da dissertação de mestrado de Egon Frederico
mente, entre 1864 e 1890 se situaria o auge da era Koseritz; com a defesa da Steyer, intitulada Aspirações da população de origem alemã, no Rio Grande do
igualdade política, do ingresso na vida política brasileira de alemães e descenden- Sul, segundo a imprensa teuto-brasileira (l878-1891)?4 O trabalho aborda o pe-
tes. Os tempos conturbados do início da República teriam trazido consigo uma ríodo final daquilo que Gehse chamou de era Koseritz; período em que a popula-
grande dispersão, justamente por causa do profundo envolvimento político dos ção teuto-gaúcha estaria ocupando de forma planejada seu espaço na vida política
teuto-brasileiros, principalmente no sul, e da diversidade de posições assumidas do Estado. Mesmo que o estudo não seja sobre a imprensa e utilize apenas dois
pelos diferentes jornais. Terminada essa fase, a imprensa teuto-brasileira se teria jornais de Porto Alegre como fonte, apresenta um quadro das questões, demandas
adaptado à tendência geral da política brasileira, com sua descentralização extre- e interesses políticos que são referidos de forma intensa e repetida nas páginas da
ma e concentração da vida política no nível estadual; além disso, se teria visto às imprensa, e que podem ser pressupostos, portanto, como constituindo as preo-
voltas com o problema da crescente difusão da ideologia do perigo alemão. Esse cupações básicas, ao menos de uma parte dessa população. Reforma agrária, polí-
fato lhe causou os maiores transtornos durante a Primeira Guerra. Terminado o tica de transportes, política educacional, naturalização, Gaspar Silveira Martins,
conflito mundial, tiveram de ser gradativamente reconstruídos os ideais de Kose- liberdade de imprensa, liberdade religiosa, segurança e acesso a uma Justiça im-
ritz, no sentido de uma tentativa de incrementar a presença dos teutos na vida po- parcial e eficiente, ecologia são alguns dos temas recorrentes na Deutsche Zei-
lítica. Isso se notou, sobretudo, no Rio Grande do Sul, onde os teu tos marcaram tung e na Koseritz' Deutsche Zeitung, de Porto Alegre, durante a década de 1880.
forte presença na vida política desde os anos 1880; se esse ideal teria, por um la- Feito esse rápido levantamento sobre as referências e as avaliações em torno
do, marcado de forma clara a imprensa gaúcha, não se teria, por outro lado, che- da imprensa de língua alemã no Rio Grande do Sul, podemos constatar, no míni-
gado a um denominador comum a respeito da situação criada na Alemanha com a mo, dois aspectos. Há divergências entre os autores quanto ao valor e à influência
queda da monarquia. dessa imprensa na vida de imigrantes alemães e descendentes no Brasil, e - no
Na Enciclopédia Riograndense, editada por ele próprio, nos anos 1950, nosso caso - no Rio Grande do Sul. Mas todos aqueles autores que lhe atribuem
Klaus Becker inseriu um capítulo sobre a imprensa em língua alemã de 1852 a importância destacam, sobretudo, a influência política - política brasileira. Nes-
1889. Prometeu, no mesmo texto, escrever mais um artigo sobre essa imprensa se sentido, os jornais eram, de fato, jornais brasileiros de língua alemã e repeliam
no período posterior a 1889, mas esse empreendimento, aparentemente, foi aban- com razão a designação de imprensa estrangeira," e, por conseqüência, certa-
donado por alguma razão, pois não encontramos tal escrito nos volumes subse- mente tiveram algum papel na formação cidadã das populações de origem alemã.
qüentes da obra. De qualquer forma, o peso que atribui à imprensa é grande. Deve-se destacar, no entanto, que há também historiadores cuja forma de
Convém assinalar que aponta para a qualidade superior, sob certo aspecto, da im- abordar a imprensa de língua alemã no Brasil podem sugerir a classificação de
prensa de língua alemã em relação à de língua portuguesa, pois mais isenta e "imprensa estrangeira". Dois exemplos ilustram essa possibilidade. Em 1928, o
mais completa. Isso aconteceu, por exemplo, quando Koseritz enviou um corres- jornalista alemão Rudolf Peschke, com atuação na imprensa de língua alemã em
pondente próprio para a Guerra do Paraguai, "pois estava farto das notícias ten- território brasileiro, publicou na revista Der Auslanddeussche, de Stuttgart, um.
denciosas que enchiam a imprensa nacional,,?2 Destaca também a importância da artigo sobre a "imprensa alemã no Brasil".26 Apesar de haver nesse texto referên-
imprensa para a população de origem alemã em geral: cias sobre a imprensa como fator de representação dos interesses da população de
Nestes tempos [até 1889], sem as facilidades das comunicações rápidas que hoje nos
24 STEYER, Egon Frederico. Aspirações da população de origem alemã, no Rio Grande do Sul, segun·
parecem naturais, os moradores das colônias mais afastadas dos grandes centros,
do a imprensa teuto-brasileira (1878·1891). Porto Alegre: PUCRS, 1979 (dissertação de mestrado).
nem que os jornais chegassem atrasados por uma ou duas semanas, pelo menos po- 25 Um exemplo de investida contra a "imprensa estrangeira" do "bloco germânico meridional" encon-
diam acompanhar os principais acontecimentos nacionais e estrangeiros.P tramos em uma campanha de Gustavo Barroso em 1928 (Der Auslanddeutsche, Stuttgart, ano XII, n"
6, 1928, p. 175). No mesmo sentido, cf. o artigo intitulado "Arranjadores de encrencas", do mesmo
Gustavo Barroso, em Correio do Povo, Porto Alegre, 16 de junho de 1934. Caso bem concreto de uti-
lização da expressão "jornal estrangeiro" pode ser encontrado numa referência do Correio do Povo de
28 de setembro de 1928 contra a Deutsche Post, de São Leopoldo, e respectiva reação desta última
22 BECKER, Klaus. "Imprensa em língua alemã (1852-1889)". ln: Enciclopédia Riograndense (vol.Tl). em edição da mesma data.
Canoas: Editora Regional Ltda., 1957, p. 276. 26 Foi utilizado aqui o texto reproduzido em Arndt & Olson, op. cit., p. 98·102. As citações estão nas
23 Ibid., p. 282. páginas 98, 99 e IDO,respectivamente. .
108 Imigração & Imprensa O Conferências René E. Gertz D Imprensa e imigração alemã 109
origem alemã no contexto social e político brasileiros, há frases como: "o signifi- relação à atividade nazista no país. E, nesse sentido, os autores se restringem a
cado da imprensa em língua alemã em relação à política do país [o Brasil] é pe- repetir aquilo que já fora constatado muitos anos antes:
queno". "Só poucos editores e redatores vêm de regiões teu to-brasileiras, fazem Uma orientação através do partido nazista em direção ao Terceiro Reich mostrou-se,
parte do teuto-brasileirismo ...". Em contrapartida, o autor afirma: "Se a impor- por isso, muito restrita, o que não significava que a política da Alemanha fosse rejei-
tância da imprensa alemã no Brasil foi avaliada, acima, como pequena para a po- tada. Pelo contrário, defendia-se e justificava-se também no Brasil aquilo que acon-
lítica do país [Brasil], ela, no entanto, é muito importante para a formação de uma tecia na Alemanha, e assim, por exemplo, também a doutrina racista do nacional-
opinião sobre a Alemanha ...". Enfim, o autor enxerga a imprensa de língua alemã socialismo - ou ao menos alguns de seus elementos - pôde afetar o mundo das idéias.
no Brasil não tanto como uma imprensa brasileira, mas muito mais como uma es- Críticas em relação à política alemã só obtiveram espaço em muito poucas publica-
ções; em geral, o refortalecimento da Alemanha foi saudado com entusiasmo e os
pécie de extensão da imprensa alemã.
procedimentos brutais do Terceiro Reich foram justificados como necessários ou,
Mesmo que num sentido bem diferente, acontece algo comparável com uma
quando isso não era possível, simplesmente negados (p. 488).28
recente tese de doutorado sobre a imprensa de língua alemã na Argentina, no
Brasil e no Chile frente ao nazismo, nos anos 1930. Infelizmente os autores não Essas considerações permitem concluir que os autores abordaram a questão
puderam fazer-se presentes neste evento, para explicitar e defender suas conclu- da imprensa de língua alemã'" sob uma perspectiva muito alemã, como imprensa
sões?' Um dos problemas dos autores - na minha opinião - tem sua origem na "alemã", esquecendo-se de que era uma imprensa brasileira "em língua alemã",
contradição da bibliografia, que eles, aparentemente, não souberam utilizar de onde questões referentes à Alemanha eram tratadas, muito provavelmente, com
forma crítica. Assim, lê-se na página 29 que "uma das características dos descen- freqüência maior do que em jornais de língua portuguesa. Mas esses assuntos não
dentes de alemães da Argentina, do Brasil e do Chile é - apesar de sua grande in- constituíam a razão da existência desses jornais. A preocupação central sempre
fluência em muitos setores econômicos - sua relativa insignificância na vida polí-· foi a realidade política, social, econômica, cultural do Brasil e a inserção de ale-
tica desses países". Mas, já na página 33, lê-se que "a importância político-social mães e teu to-brasileiros nessa realidade:
e econômica da população de fala alemã na América Latina superava em muito Dessa forma, não é possível fazer uma avaliação definitiva a respeito da im-
sua importância numérica". Até prova em contrário, parece haver uma contradi- portância da imprensa a partir das referências a seu respeito na bibliografia sobre
ção flagrante entre as duas afirmações. a imigração alemã. Uma avaliação consistente só poderá ser feita mediante deta-
Mas, vamos à questão da imprensa e do nazismo, cuja análise não deixa de lhadas pesquisas empíricas. Um primeiro passo nesse sentido seria um levanta-
ser afetada por esses pressupostos. Racismo, anti-sernitismo, corporativismo, de- mento sobre a importância numérica das edições dos jornais, para poder estabele-
terminismo, nacionalismo alemão, antibolchevismo, antiliberalismo, tendências cer-se um tipo de "consumo per capita", Hans Gehse, em seu livro, porém, fala
anticapitalistas, condenação do parlamentarismo e dos partidos políticos, insis- da dificuldade de se chegar a números confiáveis. Ele afirma que, apesar das in-
tência numa comunidade étnica (Volksgemeinschaft), organização hierárquica, sistentes perguntas sobre esse assunto aos responsáveis pelos jornais existentes
glorificação da luta, do sacrifício ,e do martírio, além de eventuais concepções an- em torno de 1930, não conseguiu dados numéricos confiáveis.3o Se, por exemplo,
tieclesiásticas e anticristãs (p. 154-155) - praticamente todos esses elementos os não se encontram contestações ao número de 30,000 exemplares do Kalender für
autores afirmam ter encontrado na imprensa de língua alemã dós citados países e, die Deutschen in Brasilien, editado pela firma Rotermund, para as décadas de
assim, chegaram à conclusão de que "a conquista e a penetração da germanidade 1920/30, a situação é bastante diferente quando se trata de definir o número de
pelo nazismo foi facilitada pelas predisposições ideológicas existentes" (p. 485). exemplares da Deutsche Post, editada pela mesma firma. Enquanto Gehse encon-
Mesmo assim, os autores registram o fato empírico de que o nazismo, especifi- trouum dado oficial, público informando sobre 5.000 exemplares para o ano de
camente no Brasil, não só teve um sucesso muito limitado, como foi vigorosa- 1928, fontes de bastidores apontam para apenas 1.800 nas edições diárias e 3.000
mente combatido por vários setores da população teu to-brasileira (p. 393-400). A
explicação arrolada é a de que os teu to-brasileiros tinham vivido alguns anos an-
tes as perseguições da Primeira Guerra e, por isso, se mostravam reticentes em
28 Exatamente essas mesmas constatações haviam sido feitas vários anos antes por GERTZ, René E. O
fascismo no sul do Brasil: germanismo, nazismo e integralismo. Porto Alegre: Mercado Aberto,
1987, p. 80-105.
29 E deve-se destacar que os autores não estão se referindo aos pequenos jornais confessadamente nazis-
27 GAUDIG, Olaf; VEIT, Peter. Der Widerschein des Nazismus: das Bild des Nationalsorialismus in
der deutschsprachigen Presse Argentiniens, Brasiliens 11l1dChiles 1932-1945. Berlim: Wissen- tas, mas sim à grande imprensa que estamos tratando como "política".
30 Gehse, op. cit., p, 95.
schaftlicher Verlag, 1997.
120 Imigração & Imprensa O Conferências René E. Gertz O Imprensa e imigração alemã 121
Schulzeitung (AO), São Leopaldo, 1938;
Schwankende Erdkugel (Die) (1\0), Porto Alegre, 1925;
Schwert des Herrn (AO), Taquara, 1937;
Selbsterziehung (AO), Neu-Württemberg (Panambi), 1916;
Discussões acerca da imprensa nos congressos
Serra-Post (AO), ljuí, 1911; católicos organizados pelos jesuítas alemães
Sonntags-Blatt (AO), Porto Alegre, 1905; _ .46
Sonntagsblatt der Riograndenser Synode 0.0), Sao Le~p~ldo, 18.86, (1898 a 1940)
Sonntagsblatt der Werktiitigen in Sudbrasilien (AO), Glrua, 1931,
Sonntagsstimmen (AO), Porto Alegre, 1925; André Carlos Werle*
Südbrasilianisches Logenblatt (AO), Porto Alegre, 1934;
Tiiglicher Anzeiger (AO), Porto Alegre, 1899;47
Turnerbote (Der) (AO), São Leopoldo, 1933;
----------01----------
Unsere Schule (AO), Porto Alegre, 1933;
Unterm südlicl1e1i KréUZ (AO), São Leopoldo, (1912);
Uruguay-Bote (AO), Porto Alegre, 1933; Um antigo provérbio dizia: "Dize-me com quem andas e eu te
Vaterland (sucessor de Rio Grandeser Vaterland) (AO), Porto Alegre, direi quem és." Hoje em dia acrescento: "Dize-me o que lês e
1919?; eu te direi quem és e o que será de ti !"I
Verlorene Zeit (Die) (AO), Candelária, 1931;
Volksstimme (Die) (AO), Santa Cruz do Sul, 1907;
A presença de padres e religiosos europeus no sul do Brasil, a partir de meados
do século XIX, promoveu significativas mudanças na cultura religiosa, caracteri-
Vorwiirts (AO), Porto Alegre, 1880;
zada pelo que alguns autores denominam de "substituição do tradicional catoli-
Wacht und Weide (AO), Porto Alegre, 1936;
cismo luso-brasileiro pelo catolicismo ultramontano, europeizado e romaniza-
Waltherliga-Bote (Der), (AO), Porto Alegre, 1929;
do"," ou, segundo' a expressão de Arthur Rabuske deram uma nova "fisionomia
Wau-Wau (AO), São Leopoldo, 1914; . ,,3' '
para a Igreja . No que se refere ao Rio Grande do Sul e oeste catarinense, os re-
Wegweiser (Der) (AO), Porto Alegre, 1927;
ligiosos que mais tiveram destaque foram os jesuítas alemães, principalmente de-
Wirtschaft (Die) (AO), Porto Alegre, 1931; . ..
Wochenblatt für die Interessen der Deutschen tn Brasilien (AO), Monte- vido a atividades desenvolvidas junto aos imigrantes da Alemanha. Trata-se de
práticas e instituições que não se referiam abertamente à vida religiosa dos fiéis,
negro, 1907; mas se direcionavam à sua vida social, econômica e cultural."
Zeitung für die Koloniezone (BM), Agudo, 1907;
Zoo Zeitung (AO), Porto Alegre, 1934.
.Mestre (2001) e doutorando (a partir de 2002) pelo Programa de Pós-Graduação em História a Uni-
versidade Federal de Santa Catarina.
METZLER, Hugo. Yerhandiungen der II Generalversammlung der deutschen Katholiken VOIl Rio
Grande do Sul zu Santa Clara. 15-17 Apri11899. Porto Alegre: Typografia do Centro, 1899, p. 44.
WERNET, Augustin. Prefácio. In: SERPA, Élio C. Igreja e poder em Santa Catarina. Florianópolis:
EDUFSC, 1997, p. u.
RABUSKE, SJ, Arthur. Nova fisionomia da Igreja no Rio Grande do Sul a partir de 1850. In. Pesqui-
4 sasHistária, Revista do Instituto Anchietano de Pesquisas, São Leopoldo, n. 25, 1986.
A partir de 1889 formaram-se diversas instituições em torno do imigrante alemão e seu descendente,
que procuravam contemplar todas as esferas de sua vida, na política os jesuítas criaram o Partido Ca-
tólico (oCentro Católico ou o Zentrumsparteir; na esfera econômica organizaram o sistema de crédito
das Caixas Rurais União Popular, ou como os colonos a chamavam. a Sparkasse, inspirada no siste-
ma de crédito desenvolvido pelo alemão Friedrich Wilhelm Raiffeisen (1818-1888); na educação, a
Asso~iação de Professores (Lehrerverein]; formaram a associação de agricultores (Bauernve rein} que
46 Weber indica o ano de 1888 como data de surgimento, na forma de encurte da Deutsche Post (Weber,
a partir de 1912 passou a ser Sociedade União Popular para Alemães, a Yolksverein; criaram as Asso-
loc. cit., p. 295). d . (282) ciações Paroquiais (Pfarreivereine); formaram um núcleo colonial (Colônia Porto Novo) no oeste ca-
47 Hundert Iahre Deutschtum in Rio Grande do Sul indica 190 I como ano e surglmento p. .
André Carlos Werle O Discussões acerca da imprensa nos congressos católicos ... 123
122 Imigração & Imprensa O Conferências