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A cada seis segundos, uma pessoa morre no mundo por Acidente Vascular Cerebral ou, simplesmente,

AVC, segundo a Organização Mundial da Saúde, que refere ainda que, anualmente, 17 milhões de
cidadãos contraem a doença. Já em Moçambique, o Hospital Central de Maputo detecta pelo menos
três casos do AVC por dia.

No tic, tac do relógio, o Acidente Vascular Cerebral (AVC) tira a vida, a pelo menos, uma pessoa em
alguma parte do mundo. Há quatro anos, a doença chegou a Maria Isabel Cuinica, através de uma
simples dor de cabeça.

A Cidade de Maputo tem estado a observar uma tendência crescente do número de casos de Acidente
Vascular Cerebral (AVC), com maior incidência em jovens dos 35 e 49 anos, situação que impõe a
necessidade de reforço das medidas de prevenção.

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SAÚDE

IMPACTO SOCIOECONÔMICO DO ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL (AVC) EM DOENTES E FAMILIARES

HENRIQUES TCHINJENGUE CAPINGANA

20/10/2020

SEM COMENTÁRIOS

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ARTIGO ORIGINAL

CAPIÑALA, Henriques Tchinjengue [1], BETTENCOURT, Miguel Santana [2]

CAPIÑALA, Henriques Tchinjengue. BETTENCOURT, Miguel Santana. Impacto socioeconômico do


Acidente Vascular Cerebral (AVC) em doentes e familiares. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do
Conhecimento. Ano 05, Ed. 10, Vol. 13, pp. 05-40. Outubro de 2020. ISSN: 2448-0959, Link de acesso:
https://www.nucleodoconhecimento.com.br/saude/acidente-vascular-cerebral

RESUMO

Introdução: Acidente vascular cerebral (AVC) é um problema de saúde pública mundial e uma das
maiores causas de incapacidade adquirida em todo o mundo. Objetivo: Estudar o Peso socioeconômico
do AVC em doentes e familiares, seguidos em consulta externa de Neurologia do Hospital Américo
Boavida (HAB) e no Centro de Medicina Física e Reabilitação de Luanda (CMFRL) de junho a agosto de
2013. Métodos: Realizou-se um estudo observacional descritivo transversal, de 56 doentes após AVC,
assistidos no HAB e no CMFR/2013. A amostra foi não probabilística, do tipo conveniência. Os dados
foram recolhidos mediante um formulário bem como o Índice de Barthel (IB) para aferir o grau de
dependência funcional. Resultados: A média das idades foi de 53 anos, sendo que a faixa etária modal
foi de 50-59 anos, o género masculino foi o mais frequente (53,6%), a maioria dos doentes eram casados
(69,6%), desempregados (25%), com o ensino primário feito (37,5%); 80,4% vai a consulta de transporte
público, a maioria referiu ser cuidado pelo cônjuge (67,9%), pelo que 100% dos desempregados foi
devido a sua doença; 50% referiu ter agregados constituídos por 6-8 pessoas; a renda mensal mais
frequente foi de 2-5 salários mínimos (47%), sendo que gastou-se mais pelos exames complementares
de diagnóstico com uma média de 9 844,64 Kz/mês e um total de gastos em média de 28510,71 Kz/mês
e que 25% da amostra gastou mais de 50% da renda mensal pela doença; 44,6% era dependente
moderado. Por último, constatou-se que a maior parte dos que tinham algum grau de dependência ficou
desempregada e gastava mais de 50% da renda mensal do agregado familiar pela doença. Conclusão: O
AVC acomete, frequentemente as pessoas mais carenciadas e, ao mesmo tempo, contribui ainda mais
para a carência socioeconômica.
Palavras Chaves: AVC, Impacto, socioeconômico.

INTRODUÇÃO

CONCEITO DE AVC

Define-se acidente vascular cerebral (AVC) como um conjunto de sinais e sintomas que duram pelo
menos 24h e resultam de lesões cerebrais provocadas por alterações da irrigação sanguínea. (HARRISON
et. al., 2008; GOMES, 2003; ANTÓNIO, 2011; PIRES, 2004; RODGERS, 2004; PEREIRA, 2001; NICOLETTI et.
al., 2000)

EPIDEMIOLOGIA

O AVC é um problema de saúde pública mundial, uma das maiores causas de incapacidade adquirida em
todo o mundo (CORREIA, 2006; CABRAL et. al., 2013) . A prevalência mundial na população geral é
estimada em 0,5% a 0,7% e considera-se a terceira maior causa de morte, após as doenças cardíacas e
cancerígenas (CABRAL et. al., 2013; CHAGAS e MONTEIRO, 2013). Em cada ano, 15 milhões de pessoas
sofrem de AVC. Delas 5 milhões morrem e 5 milhões ficam com incapacidade permanente, impondo-se
um pesado fardo a indivíduos, famílias e comunidade (LOGEN, 2003; ANTÓNIO, 2011). A mortalidade
varia consideravelmente em relação ao grau de desenvolvimento socioeconômico, sendo que cerca de
85% ocorre em países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento e um terço dos casos atinge a parcela
economicamente ativa da população. (CORREIA, 2006) No continente americano a taxa de mortalidade
foi estimada em 59 mortes por 100.000 habitantes. Aproximadamente 730 mil americanos apresentam
um novo AVC ou recorrência a cada ano. Dados recentes sugerem um aumento na incidência. Este
impacto deverá ampliar-se nas próximas décadas, pois espera-se um aumento de 300‰ na população
idosa em países em desenvolvimento nos próximos 30 anos, especialmente na América Latina e na Ásia
(SILVA e COSTA, 2012). O Brasil é o 6º país em número de acidente vascular cerebral, após China, Índia,
Rússia, Estados Unidos e Japão. Entre os países da América Latina, é o país com maior mortalidade por
acidente vascular cerebral tanto em homens como em mulheres. (SÁ, 2013) E de acordo com Ministério
da Saúde brasileiro o AVC é a primeira causa de morte no Brasil (PADILHA, 2011) Ocorrem grandes
diferenças geográficas, étnicas, culturais e socioeconômicas, relativamente a incidência do AVC, nos
bairros da cidade de São Paulo e do Salvador (LOGEN, 2003; GOMES, 2003). Na Europa estima-se que a
taxa de mortalidade por AVC é de 115 mortes por 100.000 habitantes (SILVA e COSTA, 2012). As
estatísticas oficiais mostram que Portugal tem a mais elevada taxa de mortalidade por AVC de entre os
países da Europa Ocidental, onde constitui a primeira causa de morte. É o segundo país com maior
prevalência de entre todos os países da Europa, variando de 1 a 2 casos por 1000 habitantes (ABE, 2010;
PADILHA, 2011) . No qual pode-se dizer que, está calculado que, seis pessoas, em cada hora, sofrem um
AVC, e que duas a três morrem em consequência desta doença, segundo a SPAVC (Sociedade
Portuguesa do Acidente Vascular Cerebral) (ABE, 2010; SILVA e COSTA, 2012) .
A O.M.S. no seu programa global sobre doença (Global Burden of Disease), divulgado em 2008,
apresenta resultados baseados em estimativas, sendo que dois dos quais, afirmam que mais de 85% do
AVC ocorrem nos países com menores recursos, relativamente aos países ricos onde fazem intervenções
preventivas consideráveis para a redução da ocorrência do AVC correspondendo, a nível global, por 10%
de todas as mortes (PADILHA, 2011). Estudos mais recentes revelam que os casos mais fatais de AVC são
mais frequentes na África subsaariana (ANTÓNIO, 2011). Um estudo feito na África do Sul no Hospital
Baragwanth revelou que o AVC constitui cerca de 60% dos casos neurológicos observados naquele
hospital (ANTÓNIO, 2011). Estudos realizados no Zimbabwe e Nigéria mostraram ser elevada a
frequência de AVC hemorrágico, em relação aos países desenvolvidos, facto justificado pela alta
prevalência de HTA nestes países (ANTÓNIO, 2011).

Em Angola ainda não se conhece a real magnitude do impacto socioeconômico das doenças
cerebrovasculares por carência de dados exatos sobre estudos epidemiológicos, mas estudos feitos por
estudantes para trabalhos de fim de curso revelaram uma frequência elevada de AVC (mais o
hemorrágico do que o isquêmico) nos nossos Hospitais. É o caso do estudo feito por Kussola sobre
Morbimortalidade por AVC em 62 doentes admitidos na UCD da CSE( Clínica Sagrada Esperança) em
2008 em que a taxa de letalidade era muito elevada atingindo os 50%, por António no HAB( Hospital
Américo Boavida) em 2011 que revelou uma taxa de letalidade de 24% e por muitos outros realizados
em 1999, 2001, 2003 e 2004 que revelaram ser elevada a frequência de AVC nos nossos Hospitais da
Província de Luanda (ANTÓNIO, 2011).

TIPOS DE AVC

AVC Isquêmico (oclusão de vaso) e hemorrágico (ruptura de vaso).

FATORES DE RISCO

Os fatores de risco podem ser modificáveis e não modificáveis. Encontramos entre os modificáveis,
Hipertensão arterial (HTA), diabetes, tabagismo, cardiopatias, dislipidemia, obesidade, sedentarismo,
alcoolismo, e os fatores socioeconômicos. De entre os não modificáveis encontramos a idade, o género,
a raça, história familiar (ANTÓNIO, 2011; FERREIRA et. al., 2013; CHAVES, 2013)

Quadro nº 3- Grau de dependência


http://www.google.com/url. Acedido aos 17/10/2013 pelas 09:29.

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WSO, Academia de Jornalismo da Organização mundial de AVC. 2012. Disponível em


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[1] Médico, Neurologista, Mestrando da Faculdade de Medicina da Universidade de Campinas.

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