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Angola registou cerca de 7.

200 mortes por AVC em 2015


Angola registou, em 2015, cerca de 7.200 mortes por Acidentes Vasculares
Cerebrais (AVC), do tipo isquémico e hemorrágico, e 11.490 novos casos da
doença, divulgou hoje o Ministério da Saúde angolano.
Isto, assim escrito, pode até induzir a que se pense num desabafo, mas a verdade
é que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o AVC é a segunda maior
causa de morte no mundo, ficando atrás da doença isquémica cardíaca. Juntas,
elas mataram 15,6 milhões de pessoas em 2016 e lideram o ranking mundial nos
últimos 15 anos.
De acordo com especialistas, sendo provocado pelo rompimento ou obstrução de
um vaso sanguíneo no cérebro, o AVC é uma emergência médica, pelo que o
tempo é fundamental para evitar possíveis sequelas graves. Eles apontam que
cada minuto sem ajuda médica corresponde a 1,9 milhão de neurónios a menos.
Médicos neurologistas afirmam que 90% dos casos estão ligados a factores que
podem ser modificados. A doença pode ser evitada, sendo para tal necessário
controlar a pressão alta, fazer exercícios físicos moderados cinco vezes na semana,
ter uma dieta saudável e balanceada, com mais frutas e verduras e menos sal,
reduzir o colesterol, manter o peso adequado, não fumar e evitar exposição
passiva ao tabaco, reduzir a ingestão de álcool, identificar e tratar da fibrilação
atrial, evitar diabetes e, claro, conhecendo mais sobre o AVC.

Doença negligenciada
O facto  de o AVC afectar, sobretudo, pessoas da terceira idade, sendo a principal
causa de morte no mundo de indivíduos acima dos 60 anos de idade, concorre
para que seja negligenciada, tanto pela população, como pelas autoridades da
maioria dos países.
Essa é a razão pela qual a doença seja referida com mais acuidade apenas por
ocasião do 29 de Outubro, Dia do Acidente Vascular Cerebral (AVC), quando se
trata de facto de um caso de saúde pública. Temos aqui de fazer mea culpa e dizer
que nós mesmos, embora já tenhamos passado por essa situação, somos levados
a encará-la de ânimo leve, sendo essa, talvez, a razão por não termos abordado o
assunto na devida ocasião – ou talvez entendamos ser já altura de nos
esquecermos um pouco de tudo o que passou.
Em Angola, no ano passado, registaram-se à volta de 11.500 casos de AVC dos
tipos isquêmico e hemorrágico. O número tem subido gradativamente. Em 2015,
houve 7.200 mortes devido à doença.
A nível global, ocorreram em 2015 cerca de 5.4 milhões de óbitos, 14.2 milhões de
novos casos e uma prevalência de 79.5 milhões de casos. Projecta-se que em 2030,
o número de mortes seja em torno dos 10 milhões, sete milhões das quais nos
estados em desenvolvimento.
Nos países pobres, sobretudo os africanos, os governos estão de tal forma
atascados com a malária, a tuberculose e o VIH-Sida, que lhes falta recursos para
combater o tabagismo de forma mais séria e eficaz.
O AVC isquémico é provocado pelo bloqueio/obstrução de uma artéria,
vulgarmente conhecido por “trombose”, ao passo que o hemorrágico é provocado
pela ruptura do vaso, por isso denominado “derrame cerebral”. Embora menos
frequente que o primeiro (cerca de 15 por cento), é potencialmente mais grave.

Uma doença sem dor e silenciosa


De acordo com a World Stroke Organization o AVC mata 6,2 milhões de
pessoas no mundo a cada ano. Estima-se, por exemplo, que 17,3 milhões
de pessoas morreram de doenças cardiovasculares em 2008,
representando 30% de todas as mortes no mundo. Dessas, estima-se que
7,3 milhões foram devido a doenças coronárias e 6,2 milhões foram devido
ao AVC.
Diz ainda a instituição que responde pelos AVC no Mundo que a doença
mata mais pessoas a cada ano do que, por exemplo, a Sida, tuberculose e
malária juntos. Em 2008, as mortes relacionadas com a Sida atingiram 2,0
milhões (1.7 a 2.4 milhões); 1,8 milhões de pessoas morreram de
tuberculose, em 2008, incluindo 500 mil pessoas com Sida; houve 247
milhões de casos de malária em 2006, causando aproximadamente um
milhão de mortes. Crianças são, igualmente, vítimas do AVC, num grupo no
qual se incluem recém-nascidos.
A maioria dos AVC não causa dor. Oitenta por cento deles são isquémicos,
causados por um coágulo de sangue que obstrui uma artéria do cérebro e,
geralmente, não causam dor. O AVC interrompe o oxigénio para uma parte
do cérebro e, por isso, as células do cérebro começam a morrer, mas,
geralmente não é doloroso. Apenas 20% dos AVC são causados por
sangramento dentro do cérebro, tipo de AVC geralmente muito doloroso.
A cada dois segundos, alguém, no mundo está a sofrer um AVC. A
estimativa é de que ocorrem 30 novos AVC a cada 60 segundos em todo o
mundo. A maioria referidas como AVC “silenciosos” e são os tipos mais
comuns de AVC. A palavra “silencioso” é, contudo, um equívoco. Quando as
pessoas com AVC “silencioso” são examinadas, nota-se-lhes déficits
neuropsicológicos e neurológicos sutis.
Um artigo do Estudo de Framingham sugere que 1 em cada 10 indivíduos
sem AVC prévio, com média de idade de cerca de 62 anos tem um AVC
“silencioso”. Se ignorados, pequenos AVC poderiam significar um grande
problema. Um AVC subclínico (“silencioso”) está associado com  a  maior
probabilidade em dar origem a outros e a ter um com sintomas e/ou
demência. A  combinação de AVC subclínico e Alzheimer subclínico pode ser
uma base para a associação de AVC e demência, uma vez que o risco de
desenvolver um ou ambos é de 1 em cada 3.
Cerca de 80% das pessoas que têm um AVC vivem em países de baixo e
médio desenvolvimento. O ónus do AVC afecta desproporcionalmente
pessoas que vivem em países com poucos recursos. De 2000 a 2008, as
taxas globais de novos AVC (incidência) em países de baixo e médio
desenvolvimento superou as de países de alto desenvolvimento em 20 por
cento.
A incidência do AVC está a crescer e que uma carga desproporcional tem
sido identificada em países com recursos limitados, onde a consciência da
prevenção, cuidados e apoio é menor. Hoje, dois terços de todas as pessoas
que sofreram um AVC vivem em países em desenvolvimento, onde os
sistemas de saúde já são desafiados ao limite.
O AVC é a segunda principal causa de morte de pessoas com idade acima
de 60 anos. De acordo com a OMS, o AVC é a principal causa de morte em
pessoas acima de 60 anos e a quinta principal causa em pessoas com
idades entre 15-59. A maioria das pessoas não reconhecem os primeiros
sintomas da doença.
De facto, aproximadamente 70% dos pacientes não reconhecem
correctamente o Acidente Isquémico Transitório (AIT) ou AVC, 30%
demoram mais de 24 horas para procurar atendimento médico,
independentemente da idade, sexo, classe social ou nível educacional, e
aproximadamente 30% dos AVC recorrentes precoces dão-se antes do
paciente procurar assistência. Sem educação pública mais eficaz da
população, o potencial de prevenção não é possível.
A pressão alta é o principal factor de risco para o AVC. É muito importante
saber se há factores como hipertensão arterial, diabetes ou colesterol alto.
A doença também é a principal causa de incapacidade em todo o mundo.
De acordo com a revista The Lancet, o AVC é a segunda causa de
incapacidade em países de baixo e médio desenvolvimento. A demência é a
primeira.

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