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CAPÍTULO 1 - O QUE É UM FATO SOCIAL

Durkheim inicia o capítulo de sua obra procurando explicar o que


compoe os fatos sociais, o que são e porque são chamados assim.

Os fatos sociais compõem praticamento todos os "fenomenos no interior


da sociedade" (p. 1, 2014) possuem características especiais que se resumem
em maneiras de agir e pensar e sentir exteriores ao indivíduo, eles também
possuem uma espécie de poder de coerção. O autor reconhece que as ideias e
suas tendências não são elaboradas pelo indivíduo sozinho mas o que o
influencia, vem de fora. Porém, Durkheim admite que nem toda coerção social
exclui a personalidade individual. O que constitui os fatos sociais são crenças,
tendências e as práticas de um grupo.

Os fatos sociais não se encontram no meio biologico e não são


passados geneticamente, ele perpetuam por meio da linguagem, do boca a
boca, da escrita e da educação. O autor buscou encontrar o estado de pureza
dos fatos sociais, isto é, saber identifica-los isoladamente. As taxas e dados
estatisticos são a chave para a partir de todos os casos particulares ocorrer a
produção de um fenomeno comum que determina a taxa. O fato social é um
estado de alma coletiva

Um fato sociais se reconhece pelo poder de coerção


externa que exerce ou é capaz de exercer sob os indivíduos e
a presença desse poder se reconhece seja pela existencia de
alguma sanção determinada, seja pela resistência que o fato
opõe a toda tentatica individual de fazer-lhe violência. (p.10, 2014)

Durkheim destaca que o fato social existe independentemente das


formas individuais que assume ao difundir-se. Os fatos compõe maneiras de
fazer e maneiras de ser coletivas.

CAPÍTULO II – REGRAS RELATIVAS À OBSERVAÇÃO DOS FATOS


SOCIAIS

Durkheim inicia este capítulo denotando o que seria a primeira e mais


fundamental regra para se observar os fatos sociais: considera-los como
coisas. Após essa definição, o autor aborda o conceito de reflexão: algo que
veio antes da ciência e ultrapassa a pura percepção. Essa reflexão é fruto da
própria vivência, uma vez que o homem não pode viver em meio às coisas sem
formar a respeito delas, ideias, perante as quais esse irá regular sua conduta.
É da reflexão que nasce o que levamos a considerar como “realidade”, uma
“realidade” completa de prenoções e que serve não de forma analítica
científica, mas sim de forma prática. “Produtos da experiência vulgar, servem
para colocar nossas ações em harmonia com o mundo que nos cerca, são
formados pela prática e para ela.” (p. 16, 2014). Fica claro que este método
não poderia dar resultados objetivos, logo, tais noções não podem ser
substitutos para o que Durkheim coloca como coisa. Ele segue o capítulo como
uma espécie de crítica Spencer e Comte, apresentando argumentações para
denominar a sociologia criada pelos mesmos como “pré-científica”, uma vez
que esta é imbuída das tais prenoções ocorridas no campo da ideia, sendo
criada uma espécie de análise ideológica. Durkheim ainda demonstra que o
estudo da moral, da riqueza, da economia e dos valores, é mais ideológico do
que científico, refutando os métodos utilizados pelos mesmos para chegar em
noções como a “lei” da oferta e da procura.

A partir disso, Durkheim coloca em oposição ao que é analisado por


esses estudos, o fenômeno social, que, sendo coisa, deve ser tratado como
uma, isto é, entende-los com a qualidade de “data” que constituem o ponto de
partida da ciência. Para isso, é preciso considerar os fenômenos sociais em si
mesmos, separados do sujeito que os executa e da ideia que este sujeito tem
do mesmo, estudá-los como coisas exteriores pois é assim que eles se
apresentam a nós. Não devemos, para escapar da análise ideológica recheada
de prenoções, presumir o caráter convencional de uma prática ou de uma
instituição. Devemos então utilizar nossas experiências, ao proceder da forma
anteriormente especificada, para constatarmos, após uma observação mais
atenta dos caracteres de constância e regularidade, os sintomas da sua
objetividade. Reconhece-se essa objetividade uma vez que estes fatos sociais,
como coisas, apresentam uma resistência a sua mudança: não mudam pela
nossa simples vontade e são como moldes nos quais somos obrigados a vazar
nossas ações de uma forma que não depende de nós.
Ao tentarmos alcançar a objetividade necessária para executar o
procedimento científico sociológico, encontramos uma dificuldade para
assegurar a realização da verdade. Para nos desatinarmos do espírito dentro
da observação, Durkheim propõe que o estudioso se submeta a uma disciplina
rigorosa, pautada nas regras por ele assim formuladas:
1) “É preciso descartar sistematicamente todas as prenoções.” (p. 32, 2014).
Esta seria a base todo conhecimento científico, desde Descartes e sua dúvida
metódica. Na sociologia, Durkheim vê esta tarefa como difícil uma vez que
tendemos a nos apaixonar por nossas crenças políticas e religiosas, o que é
transferido para o modo como concebemos e a explicamos, e ao realizar o
trabalho científico, deve-se abstrair essa paixão. “O sentimento é objeto de
ciência, não o critério da verdade científica” (p. 35, 2014).

2) Enquanto a regra precedente se baseia numa negativa, essa “ensina” o


sociólogo como se apoderar dos fatos sociais para um estudo objetivo do
mesmo. Como toda investigação científica tem por objeto um determinado
grupo de fenômenos correspondentes a uma definição, o primeiro passo do
sociólogo deve ser, portanto, definir as coisas que ele trata a fim de que ele
mesmo saiba o que está em questão. Esta definição, para que seja objetiva,
deve partir das propriedades que são inerentes aos fenômenos e não conter
nada do espírito. Ora, no momento inicial da pesquisa, as únicas propriedades
que podem ser visualizadas são as suficientemente exteriores para se
mostrarem visíveis, e apesar de não tão essenciais quanto aos caracteres
profundos desse fenômeno, estes são desconhecidos por ora e assim não
podem ser antecipados, uma vez que esta antecipação conteria prenoções do
espírito, assim, é nas primeiras (aquelas exteriores) que deve ser buscada
essa definição.

“Por outro lado, é claro que essa definição deverá compreender, sem
exceção nem distinção, todos os fenômenos que apresentam
igualmente esses mesmos caracteres, pois não temos nenhuma
razão e nenhum meio de escolher entre eles. Essas propriedades
são, então, tudo o que sabemos do real; em consequência, elas
devem determinar soberanamente a maneira como os fatos devem
ser agrupados.” (p. 36, 2014)

Aonde chegamos na regra: “Jamais tomar por objeto de pesquisas


senão um grupo de fenômenos previamente definidos por certos caracteres
exteriores que lhes são comuns, e compreender na mesma pesquisa todos os
que correspondem a essa definição” (p.36, 2014).

Por este método, o sociólogo, desde o princípio, tem contato direto com
a realidade e assim, o modo como os fatos são classificados não depende dele
nem de sua propensão de espírito, mas da natureza das coisas, podendo esta
classificação ser mostrada, reconhecida e atestada por todo mundo. Ao
proceder desta forma, nota-se a necessidade de novos conceitos que se
afastem do vulgar, novas denominações, conceitos novos apropriados às
necessidades da ciência e expressos com uma terminologia especial, para que
assim esta definição consiga abranger o conjunto de fenômenos que, com suas
características comuns, sejam o objeto da pesquisa bem definido.
Assim chegamos na terceira e última regra, na qual, ao buscarmos essa
definição para uma nova conceituação, precisamos ser o mais objetivo
possíveis, o que no caso do fato social, será mais fácil quanto mais
completamente separado das refrações individuais causadas por este. Temos
então, 3) “Quando, portanto, o sociólogo empreende a exploração uma ordem
qualquer de fatos sociais, ele deve esforçar-se em considera-los por um lado
em que estes se apresentem isolados de suas manifestações individuais”.

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