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Recensão Crítica

Ton Koopman. Dietrich Buxtehude’s Organworks: A Practical Help. The Musical


Times, Mar., 1991, Vol. 132, No.1777 (Mar.,1991), pp.148-153.

por Jessica Carole Reis

“Dietrich Buxtehude’s Organworks: A practical Help” é um artigo, escrito por Ton


Koopman. Foi publicado em um dos principais jornais académicos sobre música clássica-
The Musical Times, em Março de 1991. Faz parte do volume 132, número 1777 e tem
cinco páginas (pp. 148-153). O tema principal deste artigo é a música para órgão do
Buxtehude, um dos compositores mais importantes da sua época, e os vários problemas
que aparecem ao estudar e ao tocar as suas obras.

Ton Koopman (1944) estudou órgão, cravo e musicologia em Amesterdão. Atraído


especialmente por instrumentos antigos e fascinado pelo estilo antigo, Koopman
concentrou os seus estudos em música Barroca, com a particular atenção a J.S.Bach and
Buxtehude. Koopman tem sido um defensor da música do Dieterich Buxtehude. Em 2005
Ton embarcou na gravação das maiores obras de Buxtehude. Esta edição consiste em 30
CDs. Ton Koopman é presidente da International Dieterich Buxtehude Society.
“In studying and/or perfoming Buxtehude’s great, incredibly rich, and vast organ
repertory, many problems arise…”

Segundo Ton Koopman esta foi a principal razão que o levou a realizar este artigo que
tem, antes de mais, um sentido pedagógico permitindo ao leitor uma aprendizagem
fundamentada sobre questões técnicas, e por outro lado questões mais direcionadas para
as edições e fontes usadas.
Sobre as fontes das obras de Buxtehude, Koopman afirma que não existe qualquer tipo
de autógrafo deixado. Devido a essa questão somos obrigados a confiar em cópias escritas
em tabulatura. Essas cópias feitas por alunos do próprio Buxtehude, assim como um dos
principais amigos do J.S.Bach, Johann Gottfried Walther que em uma carta escrita afirma
que estava obcecado com os autógrafos em tabulatura do Buxtehude.
Também J.S.Bach fez as suas cópias das obras do compositor que tanto o inspirou, hoje
em dia ainda existem nove dessas cópias.
Ton Koopman acredita que é difícil conseguir reconstruir o urtext perfeito, porque
existem várias fontes diferentes, com detalhes muito distintos. Afirma também que o mais
importante é seguir a fonte em que mais acreditamos, e tentar não misturar duas versões
diferentes criando uma nossa.
Para o autor é importante sabermos que a música de Buxtehude é de caracter livre, muitas
vezes improvisada, conhecido por Stylus phantasticus, por esses motivos é normal que
existam algumas passagens com diferentes ritmos, movimentos de vozes irregulares,
dissonâncias entre outas coisas. Com isto não podemos concluir que seja um erro de
edição, mas sim a maneira do compositor se expressar e criar um efeito especial para
todos os ouvintes.

Na época do compositor, até à invenção da eletricidade, todo os organistas estavam


habituados a tocar em um clavicórdio ou até mesmo um cravo.
Por esse motivo a literatura de órgão, cravo e clavicórdio não difere muito no estilo. Em
relação à escolha de instrumento para cada obra é subjetiva, existe uma exceção que é
quando a obra apresenta “pedaliter”, sendo assim a obra seria tocada no órgão.
O autor afirma que é uma questão de escolha e gosto pessoal.
Sobre questões mais técnicas, como dedilhação e pedaling, Koopman afirma que no
tempo do Buxtehude o desenvolvimento do Stylus Phantasticus fez com que a dedilhação
fosse uma mistura de early fingering e uma dedilhação mais prática, dependo sempre da
articulação necessária. Porém também sugere sempre que possível o uso de early
fingering, caso isto não funcione, qualquer dedilhação é correta se criar o efeito
necessário, dando sempre prioridade à articulação da obra.
Sobre o pedaling era unicamente o usado as pontas, criando assim uma clara articulação.

Sobre registação, um aspeto muito importante na música para órgão, uma das questões
mais postas é quantas vezes temos de mudar a registação enquanto tocamos? O autor
responde, o máximo que o organista conseguir por ele próprio, se não conseguir é porque
está a mudar em demasia. Koopman afirma “With varied touches, beautiful
ornamentation, and diverse articulation, enough stop-changes, great variety of speed,
enjoying dissonances, being adventurousness, you will taste the music by Buxtehude
more than you expect.”

Ton Koopman afirmou que “Since the book by K. Snyder on Buxtehude we know exactly
that Buxtehude had his organ retuned in Werckmeister's new temperament in 1683:

'In that year both his organs were retuned, which took 36 days. From a letter to
Werckmeister we learn about Buxtehude giving his congratulations to Werckmeister on
his new tuning.' “

Neste artigo Koopman também ajuda a entender qual versão é a mais fiável para seguir,
ele afirma que nem sempre as edições mais antigas são as mais importantes, e que as
edições mais recentes serão as mais modernas.

Para concluir o autor aconselha “Never forget to have fun with Buxtehude's Stylus
Phantasticus.”

O artigo apresentado é um documento bastante útil na actualidade, e bastante relevante


para a performance da música de Buxtehude.
Ton Koopman tem a mesma ideia sobre a performance de música antiga como muitos
outros músicos e musicólogos, como por exemplo Jacques van Oortmenson ou também
Jon Laukvik, ambos afirmam que por exemplo a articulação neste estilo musical tem uma
predominância superior. A meu ver o artigo do Ton Koopman é bastante metódico,
dividido em vários assuntos pertinentes e onde normalmente existem mais dúvidas, e tem
uma função bastante útil para todos os organistas interessados em tocar este género
musical.

Koopman teve como referências documentos mais antigos, quase todos do século XVII.

Bibliografia: K. J. Snyder, Dietrich Buxtehude: Organist in Lubeck, Schirmer Books,


New York.

J. G. Walther, Briefe, herausgegeben von Ki. Beckmann und H. J. Schulze, (VEB


Verlag, Leipzig).

G. Karstadt, Thematisch-Systematisches Verzeichnis von D. Buxtehude, (Breit- kopf


Verlag, Wiesbaden).
W. Neumann, H. J. Schulze, Bachdokumente 1-3, (Barenreiter, Kassel).
K1. Beckmann, 'Tekstkritische opmerkingen bij Buxtehude's Praludium in d klein'
(trans. P. Peeters), Het Orgel (vol. 85, nos. 2 and 3).
J. Mattheson, Der vollkommene Capellmeister (1739). Critica Musica (1722).
Grundlage einer Ehren-Pforte (1740).
L. Mizler, Musikalische,Bibliothek (1739-1754).
J. S. Petri, Anleitung zur praktischen Musik (1782).
D. G. Tuirk, Von den wichtigsten Plichten eines Organisten (1787).
J. H. Knecht, Vollstdindige Orgelschule (1795).
J. H. Kittel, Der angehende praktische Organist (1801-08). Vierstimmage Choriile mit
Vorspielen (1803).
A. Werckmeister, Orgelprobe (1681). Musicalische Temperatur (1691).
P. Cima, Partito de ricercari (1606).
M. A. Rossi, Toccate e correnti (1657).

Bibliografia:
Koopman, Ton (1991). Dietrich Buxtehude’s Organworks: A pratical help. The Musical
Times,
Laukvik, Jon (1996). Historical Perfomance Practice in Organ Playing – Part 1, The
Baroque and classical periods, Carus.
Van Oortmerssen (2002). Organ Technique. Goteborg Organ Art Center.
Arnold Dolmetsch (1915). The interpretation of the Music of the XVII and XVIII
Centuries (London: Novello and Oxford University Press).

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