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Ensino universitário

As universidades ocuparam lugar estratégico nos projetos da ditadura. Primeiramente, porque nelas conviviam e
trabalhavam uma grande quantidade de professores e estudantes que se opunham ao golpe de 1964 e ousavam
desafiá-lo. Em segundo lugar, as universidades possuíam um papel chave na formação das elites intelectuais, políticas
e econômicas do país. Aliás, exatamente por isso o ensino superior atraiu a participação de agências estadunidense,
tanto públicas, como a USAID (United States Agency for International Development), quando privadas, com
destaque para as Fundações Ford e Rockefeller. Em parceria com os militares financiaram muitos projetos
supostamente “modernizadores” nas instituições acadêmico-científicas brasileiras.

Herança da ditadura na universidade

A ditadura nos deixou um sistema universitário que num geral ainda vigora: de um lado um sistema minoritário de
universidades públicas, apoiadas no tripé pesquisa-ensino-extensão, comportando uma elite de pesquisadores e alunos
de maior renda e capital acadêmico/cultural. De outro uma majoritariedade de universidades privadas que em
algumas exceções, não possui nem condições econômicas, nem acadêmicas para alcançar o mesmo patamar do
sistema público, seja na qualidade do ensino ou na realização de pesquisas.

Livros sob censura

Livros são fundamentais para a formação cultural e política da população, para a preservação da memória dos povos e
por serem essenciais para a educação. A ditadura brasileira impôs a censura contra livros que considerava perigosos,
subversivos ou imorais. Ao mesmo tempo foi sustentada a modernização de grandes grupos editoriais, favorecendo a
concentração do poder econômico nas mãos de poucos empresários. Mas para os militares, censurar os livros não era
suficiente, essa ação sucedeu a criação de programas governamentais de compra de livros escolares que favoreceram
determinadas empresas e difundiram manuais alinhados com os valores conservadores.

Citar a Biblioteca proibida de livros que eram censurados devido ao viés mais libertário e de revolta contra o
militarismo.

Revoltas estudantis

O movimento estudantil foi um dos principais protagonistas da luta contra o regime militar no Brasil. Inconformados
com o autoritarismo e a repressão, muitos estudantes tiveram a coragem de enfrentar as forças repressoras, dispostas a
massacrar jovens idealistas e contestadores, ou qualquer um que simpatizasse com ideias consideradas subversivas.
Lutavam por um mundo melhor e mais justo, para tornar realidade seus sonhos revolucionários, defendiam a
liberdade e os direitos humanos.

O Ato Institucional Nº 5 (AI-5), decretado em dezembro de 1968, foi um passo decisivo no endurecimento do regime
militar e acabou por sufocar o movimento estudantil. Prisões, torturas e mortes se tornaram frequentes. Assim, a
atuação política dos estudantes foi ficando cada vez mais inviável no país.

O AI-5 foi levado para dentro das escolas pelo Decreto-lei 477 que proibiu por três anos a matrícula de 245
estudantes considerados subversivos e intimidou outros tantos. Os jovens organizados ofereciam uma grande ameaça
à ditadura.

Em resumo, o lado “modernizador” da ditadura serviu a um modelo econômico e a um projeto de poder autoritário,
mas gerou consequências contraditórias: o aumento da massa crítica de estudantes e professores universitários,
muitos dos quais participaram decisivamente da luta pelas eleições diretas nos anos 1980 e até hoje são árduos
defensores dos direitos humanos e das políticas de “memória, verdade e justiça”

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