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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ-UFPI


PRÓ-REITORIA DE ENSINO DE PÓS-GRADUAÇÃO
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E LETRAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA DO BRASIL
Campos Universitário Ministro Petrônio Portela, Bairro Ininga, Teresina, Piauí, CEP
64049-550 Tel.: (86) 3215-5973 Email: mhistbrasil@gmail.com

031.979.253-60

DITADURA CIVIL-MILITAR NO PIAUÍ:


A RESISTÊNCIA DO MOVIMENTO ESTUDANTIL (1968-1980)

Área de concetração: História do Brasil.


Linha de Pesquisa: História, Cidade, Memória e Trabalho.
Possiveis Orientadores: Johny Santana de Araújo / Francisco de Assis Sousa
Nascimento.

TERESINA-PI

2020
031.979.253-60

DITADURA CIVIL-MILITAR NO PIAUÍ:


A RESISTÊNCIA DO MOVIMENTO ESTUDANTIL (1968-1980)

O projeto apresentado na seleção do Mestrado em História


do Brasil, pela Universidade Federal do Piauí – UFPI, na
obtenção de ter a aprovação neste, orientado pelo Professor
Doutor Johny Santana de Araújo.

TERESINA – PI

2020
SUMÁRIO

1. TEMA E SUA DELIMITAÇÃO ................................................................................ 3


1.1 Tema ........................................................................................................................ 3
1.2 Delimitação do tema ............................................................................................... 3
2. RESUMO ...................................................................................................................... 4
3. APRESENTAÇÃO ....................................................................................................... 5
4. JUSTIFICATIVA ......................................................................................................... 7
5. OBJETIVOS ................................................................................................................. 9
5.1 Objetivo Geral ........................................................................................................ 9
5.2 Objetivos Específicos..............................................................................................9
6. QUESTÕES DE PESQUISA .................................................................................... 10
7. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................ 11
8. METODOLOGIA ...................................................................................................... 14
9. REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 15
3

1. TEMA E SUA DELIMITAÇÃO


1.1. Tema

Ditadura Civil-Militar no Piauí: A resistência do movimento estudantil.

1.2. Delimitação do Tema

Movimento Estudantil em Teresina no final da década de 60 e a década de


70 – Resistência a Ditadura Civil-Militar no Piauí –
4

2. RESUMO:

O Movimento Estudantil, especificamente no Piauí, no periodo do Regime Civil-Militar, através


de arquivos da SIAN (Sistema de Informações do Arquivo Naional), como arquivos achados
neste sistema do Dops e do SNI (Serviço Nacional de Informação), assim como fontes
bibliográficas, Jornais, e fontes orais, é o estudo deste projeto de pesquisa, procurando entender
como os estudantes através de movimentos se comportaram diante do Regime Civil-Militar que
estava ocorrendo no país, onde o Movimento será analisado no contexto de 1968 a 1980 em
Teresina, pois o auge deste movimento no âmbito nacional se deu em 1968, assim objetivo tem
o intuito de compreender quais foram às ideias politicas que influenciaram os estudantes e as
possiveis censuras sofridas; este se constitui como um movimento de luta contra o Regime
Civil-militar, assim representado por aqueles que efetivamente militavam com manifestações
estudantis. O Movimento Estudantil Secundarista Nacional estava unido com a União Nacional
dos Estudantes - UNE, abordando os mesmos de maneira a localizar os pontos em comum, e a
articulação entre estes e o Movimento Estudantil aqui em Teresina, além das Militâncias. Sendo
que terá um olhar sobre as perspectivas de cada um dos lados, trazendo um diálogo com toda
conjuntura que já rege este tipo de temática.

PALAVRAS – CHAVE: Movimento Estudantil. Regime Civil - Militar. Dops. SNI. SIAN.
Movimento de Luta. UNE.
5

3. APRESENTAÇÃO:

O pré-projeto proposto tem a intenção de discorrer sobre o Movimento Estudantil


em Teresina, através de uma busca das fontes na SIAN, que se tem do Dops e do SNI e
fontes sobre o próprio movimento estudantil em si, bem como matérias de Jornais, e fontes
orais, fontes bibliográficas, mostrando se havia manifestações ou não contra o Regime
Civil-Militar, pois no ano de 1968 se teve o auge de Manifestações Estudantis pelo Brasil,
com isso serão utilizados arquivos do Sistema Nacional de Informação, alguns do Dops
(Departamento de Ordem Política e Social), entrevistas com pessoas que fizeram parte
desta época que participaram de certo modo deste Movimento Estudantil, trazendo como
ocorriam as articulações do movimento, como era a reunião deles e como os mesmos
faziam suas reivindicações ou se apenas lutavam apenas em prol de interesses para eles e
não contrário à dicotomia que estava ocorrendo no país através do Regime Civil-Militar.
Assim a decisão de investigar essa temática foi na intenção de resgatar a importância deste
Movimento Estudantil, como sua singularidade, que era de simplesmente não abrir mão de
reivindicar seus direitos, bem como suas particularidades definidas, e se houve ou não um
levante contra o Regime Civil-Militar que estava ocorrendo no período.
No período da metade da década de 1960 e toda a década de 1970, que será
trabalhado já se encontrava na metade do Regime Civil-Militar, que marcou esta época,
devido à rigidez dos Presidentes Militares, que não aceitavam nenhum tipo de manifestação
popular que fosse contrária aos seus interesses, como exemplo, os Movimentos Estudantis
que de certa forma eram contra as opressões desses governos, onde estes fizeram bater de
frente no âmbito nacional contra as opressões do mesmo, assim despertando meu interesse
sobre a temática. O cenário da Capital Teresina estava sobre um processo de modernização
urbana, isto se deu através de alguns governos que foram vistos como autoritários, que no
recorte trabalhado se passaram no Governo do estado do Piauí os Políticos, Helvidio Nunes
de Barros, Joao Turio Monteiro Santana, João Clímaco de Almeida e Alberto Tavares
Silva.
Assim essa abordagem é de suma relevância para se observar uma breve conexão
com o passado, e nos remeter de como eram ativos os estudantes dessa época em relação
aos seus interesses coletivamente através de suas militâncias. Serão pesquisados fatos que
ocorreram no período, além de questionamento de como esse Movimento se deu na Capital,
isto no recorte do final da década de 1960 e a década de 1970, visando compreender que
nesta época além dos Movimentos Nacionais que estavam ocorrendo contra o Regime
6

Civil-Militar. Buscando também fazer uma observação se em Teresina, havia algo


semelhante do que estava ocorrendo no âmbito nacional, assim buscando compreender se
os nossos estudantes estavam se mobilizando contra ou estavam a favor do Regime,
buscando também saber se houve por partes deles uma iniciativa de combate contra algum
tipo de repressão, que poderia ter ocorrido pelos Militares, pois estes tinham uma visão de
quem tivesse algum aspecto ou fosse simpatizante ao comunismo, deveriam ser “presos”,
“censurados” e ate “perseguidos” e “mortos”, e observar a ligação deste Movimento, com
os demais que ocorriam nacionalmente, como a mais influente das Militâncias Estudantis
que era a UNE – União Nacional dos Estudantes, bem como UBES (União Brasileira dos
Estudantes Secundaristas).
Segundo o autor Jesualdo Cavalcante Barros1, em sua obra Tempos de contar - o
que vi e sofri nos idos de 1964, o ensino secundarista em Teresina na primeira metade da
década de 1960 limitava-se em apenas três estabelecimentos, o Liceu Piauiense,
oficialmente denominado de Colégio Estadual Zacarias de Góes e Vasconcelos, a Escola
Normal Antonino Freire e a Escola Industrial do Piauí, hoje o IFPI (BARROS, 2006, p.
115). Barros ainda discorre que na época funcionava no Liceu apenas um grêmio
estudantil, o Grêmio Cultural Zacarias de Góes, sempre dirigido por alunos do diurno.
Segundo o mesmo em março de 1958, nos primeiros dias de aula, achamos que tal de
pendência deveria cessar e resolvemos partir para a criação de nosso próprio grêmio,
entidade que congregasse exclusivamente os alunos do noturno (BARROS, 2006, p. 117).
Esta colocação de Barros, faz nos percebemos que um pouco antes da década de 60 já se
havia articulações de grêmios estudantis, com isso trazendo uma possível fenda para a
temática abordada, para se obter o resultado desejado, buscando mostra os aspectos do
Movimento aqui em Teresina, onde o governo da época era ligado ao Regime Militar, e de
certa forma o apoiava.
Assim trazendo indagações de como os estudantes se articulavam entre eles em prol
dos seus interesses que se configurava no final da década de 1960 e a década de 1970.
Então levantemos os seguintes questionamentos: qual era o olhar dos estudantes sobre o
regime Civil-militar? Quais ideias politicas que os influenciaram? Como era a organização
do Dops em Teresina? Assim estas perguntas serão respondidas neste projeto pesquisa,
através do embasamento de fontes.

1
Foi estudante do Liceu Piauiense, onde fez parte do primeiro grêmio estudantil da instituição, posteriormente se
formou em Ciências Jurídicas e Sociais na Faculdade de Direito do Piauí, teve uma vida politica ativa no estado
do Piauí, onde atualmente se encontra aposentado, além de ser escritor.
7

4. JUSTIFICATIVA:

Esse trabalho tem como intuito analisar, os aspectos do Movimento Estudantil,


assim discutindo se a pesquisa tem um embasamento sobre a temática trabalhada, pois
ainda não foram analisados os aspectos sobre como se deu a conjuntura do Movimento
Estudantil na Capital no período proposto neste trabalho, onde alguns trabalhos já feitos
discorrem uma temática semelhante, mas com uma perspectiva e visão diferente e anos
diferentes, como exemplo a dissertação de Mestrado da autora Ana Rosa Sudário2,
intitulada de “Falas, Imagens, Escritos e Risos: Uma História e Memoria do Movimento
Estudantil Universitário em Teresina (1979-1984)”, onde segundo ela, seu trabalho é
voltado para as questões sobre o movimento universitário e suas articulações contra o
Regime Civil-Militar, bem como o Movimento dentro da própria Universidade, isto em
relação às questões conjunturais no âmbito de exigir seus direitos dentro da mesma.
Segundo a autora Marylu Oliveira, em seu livro “Contra a Foice e o Martelo”,
discorre que qualquer tipo de reclamação, reivindicação, manifestação, protesto, poderia ser
confundido como atos comunistas (OLIVEIRA, 2007, p.35); tendo que a mesma ainda
discorre que participação em movimentos populares, militância no movimento estudantil e
pratica politica partidária, de uma forma mais populista, eram atos ou ações subversivas
(OLIVEIRA, 2007, p.36).
Com isso a pesquisa tem o intuito de levantar dados sobre o ME, no que tange sua
militância e resistência em Teresina, buscando saber se os mesmo poderiam ter tido caráter
de ações “subversivas”, assim podendo ser considerados comunistas, isto através de seus
atos, que estabeleciam através de seus comportamentos diante ao Regime Civil-Militar, ou
simplesmente eram “passivos” em relação ao Governo da época. Tendo sua
representatividade através de entidades estudantis, com isso a análise será posta em relação
às entidades “representativas”, bem com a abordagem do orgão Dops em Teresina,
buscando uma perspectiva entre ambos. Este projeto tem como referências fontes
bibliográficas, sendo que também se utilizara jornais, arquivos do SIAN e fontes orais, para
assim forma um embasamento da pesquisa.

A relevância deste projeto é discutir como era o comportamento e a militância

2
Possui graduação em Licenciatura Plena em História pela Universidade Federal do Piauí - UFPI (1990) e
graduação em Licenciatura Plena em Educação Artística pela Universidade Federal do Piauí - UFPI (1983). Tem
mestrado em Historia do Brasil pela Universidade Federal do Piauí - UFPI (2008). Tem experiência profissional e
acadêmica no ensino de Artes, Ensino e Pesquisa em História e Educação. Professora aposentada da Educação
Básica. Atua como docente do Ensino Superior desde 2000 em cursos de graduação e pós-graduação nas
modalidades presencial e a distância.
8

destes jovens estudantes contra o Regime Civil-Militar. Para se ter uma ideia da
magnitude desta temática, pode ser visto na escrita da autora Maria Aparecida de Aquino3
em seu livro “Censura, Imprensa e Estado Autoritário (1968-1978)” que discorre o
seguinte fato:

As notícias censuradas referentes à mobilização dos estudantes começam a


aparecer a partir de março de 1974. Dizem respeito basicamente à
reclamações dos alunos contra as condições de ensino (particularmente no
ensino superior), envolvendo, inclusive, críticas às reitorias das
universidades pelas dificuldades que, geralmente, criam para a participação
dos alunos nas decisões a serem tomadas nos campi. Além disso, surgem
protestos dos alunos contra o aumento das anuidades e o preço das refeições
cobradas nos restaurantes estudantis (APARECIDA, 1999, p.77).

Isso remete que as questões das notícias que se atrelavam aos estudantes começaram a
aparecer em 1974, sendo que antes disso já era noticiado em jornais Nacionais e Estaduais as
partituras dos movimentos estudantis, sendo algumas delas envolvendo criticas as reitorias
das Universidades, etc.

3
Possui graduação em História pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São
Paulo (FFLCH/USP - 1974), graduação em Educação Artística pelas Faculdades Integradas Alcântara Machado
(1975), mestrado em História Social pela FFLCH/USP, (1990), doutorado em História Social pela FFLCH/USP
(1994) E pós-doutorado pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar - 2016). Foi coordenadora do Programa
de Pós-graduação em História Social do Departamento de História da FFLCH/USP.
9

5. OBJETIVOS:

5.1. Objetivo Geral:

 Analisar o Movimento Estudantil em Teresina, através de uma conjuntura das


Entidades e o próprio movimento, analisando de como se formou uma militância e
uma resistência contra o Regime Civil-Militar.

5.2. Objetivos Específicos:

 Discutir como se deu a formação do Movimento Estudantil 1968 a 1980, através das
suas partituras das Entidades estudantis, na Capital, vendo se houve mesmo um
movimento estudantil resistênte ao Regime.
 Identificar como se organizam e se estruturaram em sua Militância contra ou a favor
do Regime Civil-Militar em Teresina.
 Analisar os aspectos das “censuras” sofridas por este Movimento Estudantil em
Teresina, ou apenas houve pacificidade do mesmo sobre forma de apoio ao Regime
Civil-Militar.
 Abordar as questões relacionadas ao Dops, Doi-Codi e a SNI, na conjuntura dos
aspectos relacionados ao período do regime Civil-Militar no Piauí.
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6. QUESTÕES DE PESQUISA:

 Como se estruturou o Movimento Estudantil em Teresina, através das Entidades


Estudantis no final década de 1960 e na década de 1970? Havia também uma ligação
com os Movimentos nacionais?
 Como se deu a estruturação e organização do ME em Teresina contra o Regime Civil-
Militar? Será se houve?
 Houve aspectos de “censuras” contra este Movimento Estudantil em Teresina pelo
Regime Civil-Militar? Se houve, como ocorreu?
 Houve movimento estudantil em Teresina? Se houve, foi através das Entidades
estudantis?
 O Dops no Piauí exercceu um papel repressor como nos desmais lugares do país?
 Existiu um Doi-Codi ativo no Piauí? Se houve, como se deu sua representação no
Estado?
11

7. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Ao trabalha com o tema Movimento Estudantil em Teresina, além das fontes
bibliográficas sobre esse movimento na capital nos arquivos aqui encontrados, arquivos
encontrados no SIAN, Jornais, também nos remeteremos a trabalha com as Fontes Orais,
onde para a autora Verena Alberti:

A história oral é uma metodologia de pesquisa e de constituição de fontes


para o estudo da história contemporânea surgida em meados do século
XX, após a invenção do gravador a fita. Ela consiste na realização de
entrevistas gravadas com indivíduos que participaram de, ou
testemunharam, acontecimentos e conjunturas do passado e do presente
(VERENA, 2005, p. 155). 4

Além das fontes orais, serão utilizadas fontes de Jornais da época, que possibilitem
mostrar a atuação do Movimento Estudantil na Capital, mostrando se houve ou não
manifestação por parte destes contraria ao Regime Civil-Militar ou a favor do mesmo, na
época estudada, onde para Tania Regina de Luca:

O estatuto da imprensa sofreu deslocamento fundamental ainda na década


de 1970: ao lado da História da imprensa e por meio da imprensa, o
próprio jornal tornou-se objeto da pesquisa histórica. A tese de
doutoramento de Arnaldo Contier, Imprensa e ideologia em São Paulo
(1973), já indicava esse caminho ao valer-se da Linguística e da Semântica
para estudar o vocabulário político-social presente num conjunto de
jornais publicados entre o fim do Primeiro Reinado e o início da Regência
(1827 e 1835) e identificar os matizes da ideologia dominante num
momento de acirrada disputa pelo controle dos quadros políticos e
burocráticos da nação recém-independente (REGINA, 2005, p. 118)5.

Outra questão é o acervo de documentos que serão trabalhados no que concerne as


questões atreladas aos Dops, a SNI e o Doi-Codi, onde os arquivos são retirados do SIAN,
com isso ao se trabalhar com arquivos documentados, podemos ver através da escrita de
Carlos Barcellar em seu texto “Fontes Documentais-Uso e mau uso dos arquivos” que
discorre o seguinte:

4
Texto que faz parte de uma organização feita pela autora Carla Pinsky, onde é intitulada de Fontes Históricas.
Este texto Alberti discorre sobre o inicio de como se deu as Fontes Orais e o desenvolvimento de sua utilização
como fonte para o historiador.
5
Texto que faz parte de uma organização feita pela autora Carla Pinsky, onde é intitulada de Fontes Históricas.
Este texto Tania Regina discorre sobre o inicio de como se deu a utilização dos impressos, como exemplo os
jornais como fonte e o desenvolvimento de sua utilização como fonte para o historiador.
12

A documentação produzida nas esferas do Poder Executivo é


normalmente encontrada nos arquivos municipais e estaduais, e no
Arquivo Nacional (CARLOS, 2005, p. 27).

No sentido de estudo dessa temática pode ver que o Movimento Estudantil, no final
da década de 60 e metade da década de 70 a um caráter de movimento social e político, que
isso ver nas palavras do autor Antônio José Medeiros6:

Só florescem movimentos sociais onde se forma uma sociedade civil


como espaço em que grupos e classes sociais diferentes confrontam e
acomodam seus interesses e ideais e onde essa mesma sociedade, em
pluralidade, se afirma como o solo em que se funda o estado
legitimo. (MEDEIROS, 1996, P. 102).

Com isso, pode se perceber que o Movimento Estudantil, se formou através das
questões que estavam ocorrendo no país, ou seja, em 1964 foi implantado no Brasil o
Regime Civil-Militar, onde se teve início de um confronto entre os interesses e ideais da
sociedade, este confronto ficar maior no ano de 1968, isto estava ocorrendo à grosso modo
em todo âmbito nacional.
Para o autor Zuenir Ventura (1988), os jovens no ano de 1968, participaram dos
acontecimentos que ocorriam no país de uma forma intensa, que não se tinha visto na
história, com o mesmo diz:

[...] poucas – certamente nenhuma depois dela [geração de 68] – lutaram


tão radicalmente por seu projeto, ou por sua utopia. Ela experimentou os
limites de todos os horizontes: políticos, sexuais, comportamentais,
existenciais, sonhando em aproxima-los todos. (VENTURA, 1988, p. 14).7

Para José Medeiros (1996), no Piauí como no Brasil, apenas o movimento estudantil
conseguiu manter-se organizado e, além de resistir à proposta de reforma Universitária
anunciada pelo novo governo, tornou-se o principal centro de resistência ao regime
autoritário, onde os secundaristas viram sua entidade – a UPES, dirigida por estudantes “de

6
Fragmento de um dos capítulos do Livro Movimentos Sociais e Participação Política, onde o autor discorre
sobre as varias formas de movimentos sociais e os aspectos no âmbito da participação politica, onde este se
remete em sua obra as questões sobre os movimentos estudantis, tanto Secundaristas como Universitário.
7
No livro 1968: o ano que não terminou, o autor discorre sobre a juventude que se mobilizou para conseguir
seus interesses e sua utopia, mostrando todos os horizontes que essa geração de 68 pode experimenta neste ano.
13

certa idade”, tutelados pelos órgãos de segurança, tendo que alguns grêmios estudantis e
grupos informais é que se engajavam na luta democrática.
O Movimento estudantil, era visto como ato de pessoas “subversivas”, onde os que
constituíam os grêmios estudantis ou entidades estudantis, em Teresina, que fizeram
manifestações contra o Regime, foram apelidados de subversivo, um exemplo disso foi o
autor Jesualdo Cavalcante que foi presidente do grêmio estudantil no Colégio Liceu
Piauiense, além de ter presidido a União Piauiense dos Estudantes Secundaristas (Upes).
Segundo o autor João Batista Vale Junior:

A escala do processo de radicalização que se deu a partir da aproximação


da UNE e da UBES com movimentos, entidades e agremiações partidárias
que expressavam o ideário de esquerda foi sentido, no ambiente social
piauiense, como motivo para o reforço da vigilância e alerta em relação à
salvaguarda dos valores políticos tradicionalmente cultivados na mesma,
contra o que sentia ser a ameaça da subversão desagregadora do espirito
cívico e dos valores familiares. (VALE JUNIOR, 2010, p. 119).8

A partir dos autores acima citados percebesse que o Movimento Estudantil, de fato
teve suas articulações em detrimento de seus interesses reivindicados, mas que esses
tiveram que lutar contra o Regime que foi instalado no país, onde o movimento estudantil
no âmbito nacional se manifestou de forma intensa contra este através da UBES, além
daqueles que faziam parte da camada Universitária, que se deu através da UNE – União
Nacional dos Estudantes.
Por fim, ao se relatar sobre essa temática, podemos ver as questões do ambinto
Político atrelado com as mudanças que afetam uma sociedade, assim o autor René Remond,
discorre que,

A história, cujo objeto precipuo é observar as mudanças que afetam a


sociedade eque tem por missão propor explicações para elas, não escapa
elaprópria à mudança. Existe, portanto uma história da história que
carrega o rastro das transformações da sociedade e reflete as grandes
oscilações do movimento de ideias (REMOND, 2003, p. 13).

Sendo que em Teresina o Movimento não foi tão intenso como nos demais locais do
Brasil, mas teve uma conjuntura de aspectos, que através de movimentos estudantis e
entidades que se articularam para que se tivesse uma manifestação em prol aos seus
interesses de uma sociedade “democrática”.

8
Em sua tese de doutorado, o autor João Batista Vale Júnior, discorre sobre os movimentos estudantis ocorridos
em Teresina, analisando de como estes se deram para uma mobilização, mais este enfatiza mais o movimento
estudantil Universitário, bem como mostrando as facetas deste movimento como sua cultura politica, etc.
14

8. METODOLOGIA

Este trabalho foi desenvolvido com sua metodologia baseada na abordagem de


arquivos coletados no SIAN, da História Oral e na análise de uma bibliográfia que reflete o
Movimento Estudantil em Teresina, além da temática sobre o Regime Civil-Militar. Por
meio dessa metodologia compreendi os acontecimentos históricos que englobam este
período da História do Brasil, onde foi delimitado na Capital Teresina, trazendo as questões
dos Movimentos Estudantis, que se manifestaram contra o Regime Civil-Militar, mesmo
sendo que na cidade por ter um porte médio, a violência contra o movimento não foi da
mesma intensidade que as outras regiões do país, mais mesmo assim que fosse considerado
subversivo fazia com que seu futuro fosse incerto, assim tendo como ponto fundamental a
questão de como este Movimento se articulou em relação ao Regime Civil-Militar.
O projeto pesquisa terá duas etapas, onde a primeira etapa esta relacionadas ao
levantamento de fontes bibliografias que tragam embasamento para a mesma, como
pensamentos de teóricos sobre o assunto, bem como os arquivos coletados do SIAN, já a
segunda etapa será feita através de recortes dois jornais da capital, além de alguns relatos
através de entrevistas de pessoas que fizeram parte do Movimento Estudantil, através de
entidades estudantis na Capital, com isso teremos o entendimento de como se houve o
mesmo e suas articulações contra o Regime Civil-Militar que foi instalo no país. Desta
forma, por busca a análise Histórica deste Movimento em Teresina, com varias fontes e
referências bibliográficas, acredito que o contato com os autores que trataram sobre o
Movimento Estudantil no geral, proporcionou-me um esclarecimento maior e me
oportunizou a compreensão deste Movimento, isto no final da década de 60 e a década de
70, meando a década de 80.
Dentro dessa perspectiva teremos um estudo desenvolvido de caráter qualitativo e
quantitativo, onde através dos estudos sobre a temática é que fará o projeto ser realizado
com sucesso, trazendo ao leitor os aspectos articuladores da temática, enfatizando de como
isto ocorreu de forma sucinta em Teresina. Desta forma alguns autores pesquisados
remetem sobre essa questão, um deles é Jesualdo Cavalcante Barros, que nos remete as
questões do grêmio estudantil ao qual fez parte no período do Regime Civil-Militar,
mostrando suas articulações para conseguir concretiza os interesses que o Movimento
Estudantil, através de manifestações contra este Regime Civil-Militar.
15

9. REFEÊNCIAS

 AQUINO, Maria Aparecida de. Censura, Imprensa e Estado autoritário (1968-


1978): o exercício cotidiano da dominação e da resistência: O Estado de São Paulo e
Movimento/ Bauru: EDUSC, 1999.
 ALBERTI, Verena. Fontes Orais – História dentro da História. In: PINSKY, Carla
Bassanezi (Org.). Fontes Históricas. São Paulo: Contexto, 2005. P. 155-202.
 BARCELLAR, Carlos. Fontes Documentais-Uso e mau uso dos arquivos. In: PINSKY,
Carla Bassanezi (Org.). Fontes Históricas. São Paulo: Contexto, 2005. p. 23-79.

 BARROS, Jesualdo Cavalcanti. Tempo de Contar: o que vi e sofri nos idos de 1964.
Teresina: Gráfica do Povo, 2006.
 LUCA, Tania Regina. História dos, nos e por meio dos Periódicos. In: PINSKY, Carla
Bassanezi (Org.). Fontes Históricas. São Paulo: Contexto, 2005. P. 111-153.
 MEDEIROS, Antônio José. Movimentos Sociais e Participação Política. Teresina:
CEPAC, 1996.
 OLIVEIRA, Marylu. Contra Foice e o Martelo: Considerações sobre o discurso
anticomunista piauiense no período de 1959-1969: Uma analise a partir do jornal “O
Dia”. Teresina: Fundação Cultural Monsenhor Chaves, 2007.
 REMOND, René. Por uma nova história Política. Tradução: Dora Rocha. 2. Ed. Rio
de Janeiro: Editora FGV, 2003.
 SUDÁRIO, Ana Rosa. Falas, imagens, escritos e risos: Uma História e Memoria do
Movimento Estudantil Universitário em Teresina (1979-1984). 2008. 158 f.
Dissertação (Mestrado em História do Brasil) – Programa de Mestrado em História.
Universidade Federal do Piauí. Teresina. 2008.
 VALE JUNIOR, João Batista. Longe Demais das Capitais? Cultura politica,
distinção e Movimento Estudantil no Piauí (1935-1984). 2010. 311 f. Tese (Doutorado
em História Social) – Programa de Pós-Graduação em História. Universidade Federal
Fluminense. Rio de Janeiro. 2010.
 VENTURA, Zuenir. 1968: O ano que não terminou – a aventura de uma geração. Rio
de Janeiro: Nova Fronteira, 1988.

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