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2022
Marcia Reis
Anísio Teixeira, que comandava órgãos de pesquisa – INEP, CAPES – defendia a escola
pública, universal e gratuita para todos. Em palestra feita em 1956 em Ribeirão Preto,
ele discursa a favor dessa ideia o que gera uma reação violenta do deputado e padre
Fonseca e Silva, pois o Congresso impugnou três propostas ligadas ao ensino religioso:
remuneração dos professores de religião, aumento de sua carga horária e contagem
de pontos desses professores para concurso de ingresso na carreira docente (SAVIANI,
2019, p.346-7), tentando associar Anísio Teixeira e as propostas de Dewey do
marxismo. Tal investida não recebe o apoio esperado por parte da ABE que emite
parecer, em 1957, atestando que não havia incompatibilidade no discurso proferido
por Teixeira em 1956, em São Paulo, e que não existia relação entre os princípios e
métodos de John Dewey e a doutrina de determinismo econômico.
Anísio Teixeira, no entanto, não teve trégua, mas continuou defendendo seus
ideais, reforçando que não defendia o monopólio do Estado na educação, mas, sim, de
uma escola pública e gratuita para todos. A Igreja Católica continua se sentindo
ameaçada e continuam propagando a noção de que os defensores dessa tal escola
para todos são comunistas e adeptos do socialismo.
À medida que a pedagogia nova ganhava espaço, a relação dela com a Igreja foi
se modificando. Alguns críticos/religiosos reconheciam a validade de algumas ideias e
assumiam também integrantes de movimentos de renovação pedagógica, o que
contribui para a renovação da pedagogia católica, refletindo, de certo modo, a
predominância da concepção humanista moderna (representada pelos Pioneiros da
Educação Nova).
SAVIANI, Demerval. História das ideias pedagógicas no Brasil. Campinas, SP: Autores
Associados, 2019.