Você está na página 1de 6

Explicação de Mateus 19

Acesse http://bibliotecabiblica.blogspot.com.br

19.1-3 — Essa pergunta pode ser perigosa. A resposta de João Batista o levou a
ser preso e resultou na sua morte (Mt 14-3-11). O problema aqui é que a
pergunta foi feita com uma intenção maliciosa, e vemos isso quando o texto diz
“tentando-o”. Eles estavam testando Jesus, e usaram para isso o texto de
Deuteronômio 24.1.

Uma discussão muito comum entre os rabinos era o significado do termo coisa
feia (Dt 24.1); literalmente, a nudez de alguma coisa, que se refere a alguma
indecência, na opinião da maioria. Uma das escolas de pensamento, a escola de
Shammai, era mais rígida e dizia que a única razão para o divórcio era a
imoralidade. O outro ponto de vista, da escola de Hillel, era mais complacente e
cria que tudo que desagradasse o marido era suficiente para provocar o divórcio.
A pergunta aqui parece ter sido feita por alguém que adotou o ponto de vista de
Hillel, já que pelo menos a maneira como ele aborda o tema caminha nessa
direção.

19.4-6 — Jesus evitou a controvérsia Hillel-Shammai e foi diretamente as


Escrituras. Ele nos dá três motivos para a continuidade do casamento: (1) Deus
fez o homem macho e fêmea. Se Ele quisesse que Adão tivesse mais de uma
esposa, poderia e teria criado outras mulheres para Adão. Podemos dizer o
mesmo em relação a um marido para Eva. O Criador “os fez”. Isso significa que o
Criador e Senhor é o único que determina o que é ideal no casamento. (2) Deus
criou o casamento como o elo mais forte nos relacionamentos humanos (Mt
19.5).
Deixara o homem pai e mãe e se unirá a sua mulher.
A linguagem é muito forte aqui. “Deixar” é o mesmo que “abandonar”, e “unir-
se” significa “estar colado a”. O relacionamento mais duradouro na construção da
sociedade não é entre pais e filhos, já que ele é quebrado por ocasião do
casamento (Gn 2.24), mas, sim, o casamento entre homem e mulher. (3) E serão
dois numa só came (conforme Gn 2.24). O elemento fundamental no casamento
e
o contrato ou a aliança (Ml 2.14), e o resultado dessa aliança e a relação sexual. A
união física entre um homem e uma mulher representa a união de duas vidas e o
compromisso um com o outro. É por isso que o adultério é algo muito grave (1
Co 6.16). A união física no casamento é o símbolo da união em várias áreas.
Romper essa união é o mesmo que destruir a unidade da própria vida. Com o
divórcio, o homem separa o que Deus ajuntou.

19.7 — Os acusadores de Jesus encontraram uma brecha na Sua resposta e o


tentaram com outra pergunta.

19.8 — A resposta de Jesus foi que Moisés nunca mandou alguém se divorciar;
Moisés só permitiu. E essa permissão só lhes foi dada por causa da dureza do
coração dos seres humanos. O divórcio nunca esteve nos planos de Deus.

19.9 — Esse versículo traz a tona muitas discussões. Por exemplo, o que significa
a palavra “mulher”? Alguns consideram a lei do divórcio valida somente no
período de noivado, como no caso de José e Maria (Mt 1). Nesse caso, mulher
significa “aquela com quem o homem está noivo”, uma explicação até plausível.
Todavia, Deuteronômio 24.1, cujo contexto histórico é aplicado nitidamente a
discussão em Mateus 19, não está falando do período de noivado. Fala
especificamente do marido que repudia sua mulher quando ambos já vivem
juntos. Outra questão é o significado de “prostituição”.
A palavra aqui (que está dentro do contexto de Deuteronômio 24-1) tem um
sentido amplo e pode referir-se a todo tipo de imoralidade sexual: sexo antes do
casamento, adultério, libertinagem, homossexualidade e até bestialidade. Um
problema muito grande nessa cláusula de exceção e se ela dá direito ao homem
apenas de divorciar-se ou também permissão para que ele se case novamente. É
provável que ambos. Em outras palavras, a imoralidade de um cônjuge não
somente serve como base para o divórcio, mas também da respaldo ao traído para
um novo casamento.

Provavelmente o significado da última parte de Mateus 19.9 é que o homem que


se casa com uma mulher divorciada após ele ter praticado imoralidade comete
adultério ao casar-se com ela. Algo que devemos considerar e que a carta de
divórcio resguardava a mulher. Um marido não podia livrar-se de sua mulher de
qualquer maneira, simplesmente mandando-a embora. Ele precisava ter motivos
para fazer isso e também dar a ela uma carta por escrito. Porém, mesmo que ele
tivesse muitas razões para se divorciar, o melhor seria que isso não acontecesse.

O plano de Deus era que o casamento durasse por toda a vida (Mt 19.8). Não é
por acaso que a passagem sobre o divórcio no capítulo 19 vem logo após a
discussão sobre o perdão no capítulo 18.

19.10 — Nesse ponto, os discípulos entram na discussão. Certamente eles


ficaram surpresos com a opinião inflexível do Senhor. Se o único motivo para o
divórcio era a imoralidade, eles concluem que não convém casar. Mas essa não era
a intenção de Jesus, até porque Deus criou o casamento entre homem e mulher
para o próprio bem deles (Gn2.17).

19.11 — Jesus disse que permanecer solteiro e somente para poucas pessoas.
19.12 — Alguns não se casam porque não tem desejo sexual. Outros não se
casam porque foram castrados. Outros ainda não se casam para servir a Deus; são
os que se fizeram ”eunucos” (l Co 7.7).

19.13-17 — Porque me chamas bom. Pode significar o mesmo que “por que você
esta me perguntando o que é bom?”. O único que pode responder a essa pergunta
sobre a bondade é Deus. Mas o fato de Jesus ter respondido é uma afirmação
silenciosa de Sua deidade.

19.18 — “Quais” na verdade é o mesmo que “quais destes”?

19.18,19 — O Senhor respondeu a pergunta citando a última parte do Decálogo,


enfatizando o quinto mandamento e Levítico 19.18.

19.20-22 — Esses versículos não ensinam que a salvação é pelas obras (Rm
3.23,24; Ef 2.8,9). Ao contrário, Jesus estava provando que o jovem rico estava
errado ao pensar que tinha cumprido a Lei de Deus (Mt 19.20). Se o jovem
amasse seu semelhante como era exigido pela Lei de Moisés (Mt 19.19; Lv
19.18), não teria dificuldade alguma em doar sua riqueza para os pobres.

19.23-26 — E difícil entrar um rico no Reino dos céus. Esse comentário


provocou espanto nos discípulos: Quem poderá pois salvar-se. E que eles
compartilhavam da opinião comum naquela época de que os ricos eram
abençoados por Deus e, no fim, com certeza seriam salvos. Para corrigir esse erro,
Jesus explicou a dificuldade humana que o rico tem de converter-se. Difícil (gr.
duskolos) expressa algo que é penoso de se alcançar, embora não seja impossível.
A ilustração do camelo passando pelo fundo de uma agulha tem sido interpretada
de varias maneiras, como uma corda de pelo de camelo passando pelo buraco de
uma agulha, ou mesmo como um camelo de verdade sendo espremido para passar
por uma porta bem estreita chamada fundo de agulha, que ficava perto da entrada
principal de Jerusalém.
Outra interpretação trataria da absoluta impossibilidade de um camelo (o maior
animal da Palestina) tentar passar literalmente pelo buraco minúsculo de uma
agulha. Essa última é a interpretação mais provável, assemelhando-se a um
provérbio do Talmude sobre o elefante. Observe que eles não estavam em
Jerusalém nessa ocasião. A questão é que a salvação do rico parece humanamente
impossível.

De fato, a humanidade inteira é incapaz de salvar a si mesma e precisa confiar na


eficácia da graça de Deus, pois aos homens é isso impossível, mas a Deus tudo e
possível. A salvação de um pecador rico é um milagre tão grande quanto a
salvação de um pecador pobre. Um e outro só podem ser salvos pela ação de
Deus.

19.23,24 — O comentário de Jesus sobre a salvação do jovem rico era algo difícil
de aceitar por parte de muitos judeus da época porque eles tinham sua própria
teologia da prosperidade. Se alguém era prospero, isso era uma evidência da
benção de Deus sobre ele. Mas além de Mateus 19.23 dizer que é difícil um rico
ser salvo, Mateus 19.24 afirma que isso é tão possível quanto um camelo passar
pelo fundo de uma agulha (Mc 10.25; Lc 18.25).

19.25,26 — A resposta de Cristo é que nenhum ser humano pode salvar a si


mesmo; a salvação vem de Deus (Ef 2.8).

19.27 — Eis que nos deixamos tudo. O que Jesus ensinou ao jovem rico foi
justamente o que Pedro e os outros discípulos haviam feito (Mt 4.18-22). A
pergunta mais apropriada então seria: que receberemos ? Em vez de repreender
Pedro por sua pergunta, que parecia tão egoísta, Jesus lhe garantiu que ele e os
outros discípulos ganhariam cem vezes tanto (v. 29) pelo investimento que
fizeram em vida (Mt 16.24-28).
19.28 — Os apóstolos jamais se esqueceram da promessa de Jesus sobre o lugar
que ocupariam no Seu Reino; isso era algo que ainda estava muito vivo na mente
deles em Atos 1.15-26. Na regeneração aponta para a vinda do Reino prometido
em Daniel 7.13,14. Trono da sua glória. Cristo hoje está assentado a destra do
trono eterno do Pai. Em Seu Reino futuro, Ele ocupará o trono de Davi (Ap
3.21). E, nesse Reino, os doze apóstolos se assentarão sobre doze tronos, para
julgar as doze tribos de Israel.

19.29 — A expressão cem vezes tanto pode representar incontáveis vezes, mas
isso em nada altera sua interpretação ou aplicação. Na família de Deus, se alguém
perde um membro da família, esse membro e substituído inúmeras vezes, ou cem
vezes, pelos servos de Cristo, pois Sua visão é de uma grande família, não de uma
família comum.

19.30 — Esse ditado, ou provérbio, obviamente é semelhante a Mateus 20.16 e


esta ligado a parábola. Ele serve de introdução e é o tema principal da parábola.
Aparece na ordem inversa em Mateus 20.16.

Você também pode gostar