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22 de agosto de 2020

COMO ENFRENTAR A SUCESSÃO NAS FAMÍLIAS EMPRESÁRIAS E EMPRESAS


FAMILIARES

INVENTÁRIO
1) Judicial
Conflitos entre os herdeiros
Filhos menores – necessariamente deve ser judicial
Testamento - necessariamente deve ser judicial
Demora
2) Extrajudicial
Sem conflitos entre os herdeiros
Sem filhos menores
Sem testamento
Período: cerca de 30 dias

O alto custo; divisão de bens realizada pelos herdeiros ou pelo


juiz; alta potencialidade de conflitos familiares.
O inventariante como representante do Espólio. O contrato social
da empresa deve ser alterado para o ingresso do Espólio no
quadro societário.
Validação das Decisões da sociedade nos autos, isso traz uma
perda de celeridade nas decisões da empresa. É o retrato da
entrada do Espólio na empresa.
A depender da complexidade pode ser necessária a nomeação de
interventor judicial.

As famílias empresárias são mais complexas que as famílias


tradicionais. Quando há o falecimento de um membro da família
empresária se divide em dois aspectos:
a) Sucessão dos bens patrimoniais – é possível estruturar por
meio de planejamento sucessório
b) Sucessão do poder decisório e de gestão nas empresas
familiares – é necessária a estruturação de governança
familiar para organizar a sucessão do poder decisório.

PLANEJAMENTO SUCESSÓRIO
Três grandes dificuldades:
1) Conflitos familiares na disputa pelo patrimônio - há uma
dificuldade maior quando existem núcleos familiares
distintos;
2) Falta de liquidez – os herdeiros não têm condições de
arcar com os custos do inventário, perda da principal
renda familiar e ausência de recursos para indenizar
eventuais herdeiros, facilitando a dinâmica familiar;
3) Regularização Imobiliária.

O patrimônio familiar é divido 50/50. Legítima, para os


herdeiros necessários e a parte disponível, que pode ser deixado
para qualquer sujeito, de acordo com a vontade.
Não existe exclusão de herdeiro.
O maior cuidado no planejamento sucessório é o respeito à
legítima.
O planejamento sucessório se inicia na escolha do regime de
bens.
1) Comunhão parcial de bens – sub-rogação (substituição) de
bens particulares não comunica. O local adequado é o IRPF.
Se o herdeiro for casado em comunhão parcial, a cessão
direta das cotas comunica. Se não tiver clausula de
bloqueio no contrato social, num processo de divorcio, é
possível que o ex-conjuge ingresse no quadro societário.
Indica-se que seja feita doação e deixando claro que não é
antecipação de legítima, mas sim da parte disponível.
A comunhão parcial é o regime legal no Brasil.
2) Comunhão total de bens – a esposa só tem direito à meação.
O cônjuge sobrevivente não é herdeiro.
3) Separação total de bens – na sucessão por morte o herdeiro
entra no patrimônio particular.

O planejamento sucessório é a definição em vida da distribuição


dos bens aos herdeiros.

Instrumentos jurídicos:
a) Testamento – a necessidade de inventário judicial, não há
brecha para redução tributária e grande potencialidade de
conflitos.
b) Doação direta de bens – quando não se justifica a criação
de holding (quando não é um patrimônio de valor
significativo).
c) Holdings e patrimoniais – volume patrimonial grande,
dinâmica familiar complexa.
Tanto na doação direta, quanto na Holding há o
esvaziamento do inventário e redução da carga tributária.
Elas trazem a oneração do patrimônio.

No usufruto vitalício há a distribuição dos bens, mas o


controle fica com os pais. Possui dois aspectos: A nua
propriedade destituída do poder de usar e usufruir e o
usufruto é o outro aspecto que foi retirado da
propriedade. Há a cessão da propriedade, mas há a
manutenção do poder sobre a propriedade.
A cláusula da incomunicabilidade para impedir que o
cônjuge venha a ter parte daquele patrimônio.
A cláusula da inalienabilidade impede a venda pelo filho
que tem o usufruto.
A cláusula de reversibilidade é incluída na eventualidade
do filho falecer antes dos pais, ensejando no retorno do
patrimônio à esfera patrimonial dos pais.
Não tem muita efetividade no contexto legal brasileiro,
porque o código civil traz que são bens penhoráveis.

Instrumentos financeiros
a) Seguro de vida – no caso de falecimento o prêmio é pago
a empresa.
b) Previdência privada
c) Fundos patrimoniais

Patrimonial – constituída para gerenciar os bens imóveis. O que


caracteriza é a possibilidade de economia tributaria e o
esvaziamento do inventário. Maior proteção patrimonial dada a
segregação do bem da família do bem da empresa. Ainda, a
liquidez alternativa, uma espécie de renda extra. É possível
remunerar os herdeiros que não estão na sociedade. O pai e a mãe
como usufrutuários administradores e os filhos como nú-
proprietários.

Holding (societária) – Empresa que será constituída para ser


sócia em outras empresas operacionais. Economia tributária.
Esvaziamento do inventário, controle do poder decisório
(concentração de todas as decisões do grupo), estruturação da
operação, interessante principalmente no contexto de expansão, o
primeiro horizonte é que naquela empresa os herdeiros também
serão sucessores. Os herdeiros são sócios na holding e não nas
operacionais, isso possibilita que as operacionais siga mais
independente dos conflitos familiares. O distanciamento dos
riscos empresariais da família, isso diminui o risco atrelado ao
CPF da família quanto da exposição. A sucessão da gestão é
concentrada na holding, facilitando o processo.

As custas judiciais no processo de inventário e testamento,


varia de R$ 93,42 – R$ 11.676,72.
O ITCMD (ITD) a tributação é de 8% para inventário e testamento
e de 3,5% para patrimonial e holding.
O ITIV (transferência inter-vivos) incide apenas na patrimonial
– 3%. Existe um espaço legal que permite a imunidade na
incorporação, salvo nas empresas em que há mais de 50% da renda
de compra e venda/locação de imóveis, como no caso da
patrimonial.
A TFF (taxa de fiscalização e funcionamento – municipal) PODE
incidir na holding e na patrimonial. Taxa devida pela pessoa
jurídica. Pode ser cerca de 20 mil anual.
As taxas do cartório de imóveis varia de acordo com o estado,
varia entre R$ 237,66 – R$17.960,64. Não incide na Holding.
A locação a carga tributária é de 27,5% no inventário,
testamento e doação e de 12% na patrimonial.
Na venda, essa carga é de 15% do ganho no inventário, testamento
e doação e de 12% na patrimonial e na holding.

SUCESSÃO DO PODER DECISÓRIO E DE GESTÃO – GOVERNANÇA FAMILIAR

Dados do SEBRAE:
 70% das empresas não sobrevivem à morte do Fundador;
 95% não sobrevivem até a 3ª geração;
 Os ciclos médios são de 24 anos.

1) Diminuição da pessoalidade – o modelo de liderança do


fundador diminui e se transforma;
2) Pulverização do Controle Societário – aumento da
quantidade de sócios e, ainda, parte dos herdeiros não
será de gestores;
3) Demanda por profissionalização a partir da 2ª geração –
essa demanda é clara, muitas vezes essa geração é
resistente à profissionalização;
4) Crescente pressão por liquidez - caixa é pressionado pela
demanda dos novos núcleos familiares.

Cada geração é uma empresa familiar distinta.


Três elementos: propriedade, gestão e família.

Família pode ser:


a) Gestora e proprietária
b) Proprietária e não gestora
c) Não proprietária (não tem ações) e gestora
d) Não gestora e não proprietária

Principais problemas:
 Contaminação da gestão por problemas familiares
 Ingresso de familiares na empresa
 Discordâncias na condução dos negócios e dificuldades na
construção do consenso societário – pulverização
 Escolha dos futuros sucessores/gestores
 Desemprenho dos membros da família à frente da gestão
 Acesso às informações, comunicação e transparência
 Saída de sócios da empresa

 Conselho de família – forum para discutir todas as


questoes da família que possam impactar na empresa. A
grande função é construir um consenso. As decisões
colegiadas gozam de autoridade maior que as individuais.
Sócios fundadores com poder de veto.
 Protocolo familiar – instrumento contratural que vai
disciplinar o Conselho de Família. Não tem caráter
jurídico. Disciplinar o trabalho de familiares, parâmetro
de remuneração, regime de bens obrigatórios para os
membros da familia, poder de veto ou voto afirmativo.
 Family office
 Conselho de administarção – forum estratégico eleito pelos
sócios proprietários que cuida da gestão da empresa.
Auxiliar e fiscalizar a administração da empresa,
desenvolver recursos e as capacidades. Resposabilidade
civil e penal dos administradores.
 Acordo de sócios – Contrato societário e vinculativo a
todos os sócios – sucessão por morte e ingresso de novos
sócios (cláusula de bloqueio), mecanismos de saída de
sócio sem litígio e foro extrajudicial (definido no
contrato social, embora mais caro é mais célere).

Os objetivos são a proteção da família e a perpetuação do


negócio familiar.

O conselho é:
a) a divisão em vida do patrimônimo;
b) a constituição de um Conselho de Família e;
c) um acordo de sócios formalizado, para refletir a dinâmica
familiar e deve ser revisado de tempos em tempos.

Elementos fundamentais à perpetuidade dos negócios.

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