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1- Análise da estrutura da Feira Agroecológica da UFMT.

A feira é coberta e cada feirante tem seu espaço com mesas expondo seus
produtos agroecológicos. A feira fica no estacionamento do restaurante
universitário da UFMT Campus Cuiabá em frente da praça que contém árvores
e estruturas para pessoas se sentarem, fazer exercícios e aproveitar a fonte com
a logo da UFMT no formato redondo. A estrutura da feira conta com duas tendas
grandes fixas, enquanto a feira ocorre toda sexta-feira a noite.

Imagem 1: Croqui da Feira

2- Os produtos da feira
A feira conta com uma diversidade de produtos agroecológicos, que em sua
maioria são produzidos por eles mesmo, sendo:

a) Artesanato
Chaveiros personalizados, brincos, pulseiras, colares, cerâmica na varias
formas como canecas, xícaras, incensário, bule, cadernos e folhas feito da
bananeira, canetas, miçangas, etc.
b) Alimentos e bebidas
Mel de bananeira, cuca, biscoito, pão, bolo, requeijão de cumbaru, paçoca de
pilão, capuccino de castanha, biomassa de banana, pimenta, temperos, licor,
pastel vegetariano entres outros alimentos vegetarianos.

C) ervas secas, ervas medicinais, ervas de chá

3- Diálogo com as/os feirantes


A feira possui cerca de 10 feirantes, infelizmente não consegui entrevistar cada
um, mas deixo aqui aqueles que consegui conversar.
Feirante 1

a) Gênero
masculino
b) Local de origem
argentina
c) Como é o seu transporte até a feira
Carro com o amigo alemão que vem da chapada
d) Se trabalha com a família ou não
Toda família trabalha com a escola da banana que foi fundada por ele.
e) Quantas feiras participa e local
Apenas essa.
f) Desde quando trabalha nas feiras.
Desde que abriram a feira da ufmt.
g) Se possui outra fonte de renda, e se sim, qual
Apenas a escola da banana.
h) Tipos de produtos que comercializa
Cadernos, pinturas, folhas, sementes, mel. Todos feitos pela bananeira.
i) De onde vem os produtos para comercialização
Chapada dos Guimarães.

Feirante 2

a) Gênero
Feminino e masculino (2 pessoas)
b) Local de origem
Cuiabá
c) Como é o seu transporte até a feira
Carro
d) Se trabalha com a família ou não
O marido trabalha em uma padaria e ela trabalha apenas com a loja de
alimentos veganos que eles mesmo fazem por encomenda.
e) Quantas feiras participa e local
Apenas essa.
f) Desde quando trabalha nas feiras.
Desde que a esposa decidiu criar seu negócio.
g) Se possui outra fonte de renda, e se sim, qual
h) Tipos de produtos que comercializa
São produtos veganos: pasteis, brigadeiros, brownies, bolo, pão e entre
outros.
i) De onde vem os produtos para comercialização
Eles quem produzem.

Feirante 3
a) Gênero
Feminino
b) Local de origem
Cuiabá
c) Como é o seu transporte até a feira
Carro
d) Se trabalha com a família ou não
Apenas ela.
e) Quantas feiras participa e local
Essa e mais outras para exposição.
f) Desde quando trabalha nas feiras.
Desde que encontrou sua paixão na cerâmica.
g) Se possui outra fonte de renda, e se sim, qual
A renda dela é somente da cerâmica.
h) Tipos de produtos que comercializa
Canecas, xícaras, porte de incenso entre outros.
i) De onde vem os produtos para comercialização
Ela que cria e vende.

Feirante 4

j) Gênero
Feminino
k) Local de origem
Rio Grande do Sul
l) Como é o seu transporte até a feira
Carro
m) Se trabalha com a família ou não
A família ajuda.
n) Quantas feiras participa e local
Apenas essa.
o) Desde quando trabalha nas feiras.
Desde que iniciou a feira da ufmt, que antes era na praça as boa esperança.
p) Se possui outra fonte de renda, e se sim, qual
Aposentadoria.
q) Tipos de produtos que comercializa
Pães, cuca, biscoite etc.
r) De onde vem os produtos para comercialização.
Ela que produz.

4- Fotografias do território da Feira


5) Analise

A compreensão do conceito de território e territorialidade desempenha um papel


crucial na análise de espaços sociais, especialmente quando se considera uma feira
ecológica como exemplo. Tanto Raffestin quanto Marcelo Lopes de Souza
contribuíram para enriquecer o debate sobre território, destacando dimensões
distintas desse conceito. Raffestin salienta a relação intrínseca entre território e poder,
enquanto Lopes de Souza amplia essa visão ao incorporar elementos culturais e
simbólicos. Ambos concordam que o território não é uma entidade estática, mas sim
uma construção social dinâmica.

Quando aplicamos essas perspectivas à feira da UFMT, podemos perceber como


esse espaço se torna um microcosmo de complexas relações humanas.
Primeiramente, o conceito de território como campo de relações de poder, conforme
enfatizado por Raffestin, é evidente na feira. Produtores locais frequentemente
enfrentam desafios para proteger seus territórios de produção contra influências
externas, como grandes redes de supermercados. A feira torna-se um campo onde
essas relações de poder se desdobram, com produtores e consumidores exercendo
influência sobre o desenvolvimento e as práticas da feira.

Além disso, o território é um espaço de identidade e cultura, como proposto por


Lopes de Souza. Na feira ecológica, essa dimensão do território se manifesta
claramente. Os produtores locais cultivam alimentos de acordo com métodos
tradicionais e sustentáveis, preservando práticas culturais e conhecimento transmitido
ao longo das gerações. Os consumidores que frequentam a feira também expressam
uma identidade cultural ao apoiar produtos locais e orgânicos, valorizando a conexão
com a terra e a natureza.

A feira ecológica se torna, assim, um lugar de encontro e descoberta, onde


pessoas de diversas origens e culturas se conectam em torno de um objetivo comum:
a busca por alimentos frescos e sustentáveis. É nesse espaço que histórias individuais
ganham vida, como a do feirante argentino que encontrou na baixada cuiabana não
apenas uma fonte de renda, mas também uma maneira de se reconectar com a
natureza. Ou a advogada que canaliza sua paixão pela cerâmica em criações únicas
e acessíveis, compartilhando sua inspiração com os outros.
A feira ecológica se torna, assim, um lugar de encontro e descoberta, onde pessoas de diversas
origens e culturas se conectam em torno de um objetivo comum: a busca por alimentos frescos e
sustentáveis. É nesse espaço que histórias individuais ganham vida, como a do feirante argentino que
encontrou na baixada cuiabana não apenas uma fonte de renda, mas também uma maneira de se
reconectar com a natureza. Ou a advogada que canaliza sua paixão pela cerâmica em criações únicas
e acessíveis, compartilhando sua inspiração com os outros
. Certamente, vou adicionar informações sobre os "territórios flutuantes" em relação ao uso e função
do local onde a feira ocorre, destacando a apropriação do espaço:

Em adição ao debate sobre território e territorialidade, é importante considerar os "territórios


flutuantes" ao analisar o contexto da feira ecológica. Os territórios flutuantes se referem a espaços
que não possuem uma delimitação geográfica fixa, mas são definidos por suas funções e usos
temporários. No caso da feira ecológica, o local onde ocorre se encaixa nessa definição de território
flutuante.

A função desse espaço é transformada temporariamente em um mercado de produtos orgânicos e


sustentáveis durante os dias de feira. O local, que pode ser um estacionamento, uma praça pública ou
outro espaço urbano, é apropriado pelos produtores e expositores, bem como pelos visitantes.
Durante o período da feira, esse território flutuante se torna o epicentro de trocas comerciais e
culturais, onde produtores locais, agricultores orgânicos e consumidores se reúnem.

A apropriação do espaço é uma parte essencial desse conceito. Os produtores locais montam suas
barracas e estandes, criando um ambiente que reflete sua identidade cultural e a natureza de seus
produtos. A feira se torna um espaço onde a comunidade local e os visitantes se apropriam do local,
não apenas para fins comerciais, mas também para a construção de relações sociais e culturais. Esse
território flutuante é moldado pelas atividades e interações que ocorrem durante a feira ecológica.

Ao considerar os territórios flutuantes em relação à feira ecológica, percebemos que o espaço se


transforma em algo mais do que apenas um local físico. Torna-se um ponto focal para a expressão da
cultura, para a promoção da agricultura sustentável e para o fortalecimento da comunidade local. A
apropriação desse espaço temporário é fundamental para a dinâmica da feira, onde as identidades
individuais e coletivas se entrelaçam, destacando ainda mais a complexidade do conceito de território
e territorialidade nesse contexto específico.

A feira ecológica é, portanto, muito mais do que um local de transações


comerciais; é um território de encontro, compartilhamento e construção de identidades
culturais. Ela exemplifica como os conceitos de território e territorialidade podem ser
aplicados em contextos contemporâneos, servindo como um ponto focal para a
preservação da identidade cultural e práticas sustentáveis. Ao fazer isso, a feira nos
lembra da complexidade e da multidimensionalidade do conceito de território,
tornando uma área de estudo rica e relevante para a geografia e outras disciplinas
sociais. Ela demonstra como a geografia humana e os estudos culturais podem ser
aplicados de forma prática e significativa em nosso cotidiano, especialmente em
iniciativas que promovem a sustentabilidade e o respeito pelo ambiente.

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