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Prefeitura Municipal

de Jacareí/SP
Agente de Desenvolvimento Infantil

Língua Portuguesa
Todo Conteúdo Programático até o Ensino Médio, como por exemplo: Ortografia; Estrutura e Formação das
palavras; Divisão Silábica; Vogais; Semivogais; Gênero, Número; Frases; Sinais de Pontuação; Acentuação;
Fonética e fonologia: Conceitos básicos; Classificação dos fonemas; Relação entre palavras; Uso da crase;
sinônimos, homônimos e antônimos; Fonemas e letras; Substantivo; Adjetivo; Artigo; Numeral; Advérbio;
Verbos; Conjugação de verbos; Pronomes; Preposição; Conjunção; Interjeição; Encontros vocálicos; Encontros
consonantais e dígrafo; Tonicidade das palavras; Sílaba tônica; ................................................................................1
Sujeito e predicado; Formas nominais; Locuções verbais; Termos ligados ao verbo: Adjunto adverbial, Agente
da Passiva, Objeto direto e indireto, Vozes Verbais; Termos Essenciais da Oração; Termos Integrantes da
Oração; Termos Acessórios da Oração; Orações Coordenadas e Subordinadas; Período; .................................. 49
Concordância nominal; Concordância verbal; Regência verbal; Vozes verbais; Regência nominal; Predicação
verbal; Aposto; Vocativo; Derivação e Composição; Uso do hífen; Voz ativa; Voz passiva; Voz reflexiva; Funções
e Empregos das palavras “que” e “se”; Uso do "Porquê"; Prefixos; Sufixos; Afixos; Radicais; Formas verbais
seguidas de pronomes; Flexão nominal e verbal; Emprego de locuções; Sintaxe de Concordância; Sintaxe de
Regência; Sintaxe de Colocação; Comparações; .......................................................................................................... 62
Criação de palavras; Uso do travessão; Discurso direto e indireto; Imagens; Pessoa do discurso; Relações entre
nome e personagem; História em quadrinhos; Relação entre ideias; Intensificações; Personificação; Oposição;
Provérbios; Discurso direto; Onomatopeias; Aliteração; Assonância; Repetições; Relações; Expressões ao pé
da letra; Palavras e ilustrações; Metáfora; Associação de ideias. Denotação e Conotação; Eufemismo;
Hipérbole; Ironia; Prosopopeia; Catacrese; Paradoxo; Metonímia; Elipse; Pleonasmo; Silepse; Antítese;
Sinestesia; Vícios de Linguagem. ................................................................................................................................... 77
ANÁLISE, COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO: Tipos de Comunicação: Descrição; Narração;
Dissertação; Tipos de Discurso; Coesão Textual. ........................................................................................................ 86

Raciocínio Lógico
Avaliação de sequência lógica e coordenação viso-motora, orientação espacial e temporal, formação de
conceitos, discriminação de elementos, reversibilidade, sequência lógica de números, letras, palavras e figuras.
Problemas lógicos com dados, figuras e palitos. .............................................................................................................1
Compreensão do processo lógico que, a partir de um conjunto de hipóteses, conduz, de forma válida, a
conclusões determinadas................................................................................................................................................. 13
Estrutura lógica de relações arbitrárias entre pessoas, lugares, objetos ou eventos fictícios; deduzir novas
informações das relações fornecidas e avaliar as condições usadas para estabelecer a estrutura daquelas
relações. .............................................................................................................................................................................. 18
Compreensão e elaboração da lógica das situações por meio de: raciocínio verbal, raciocínio matemático,
raciocínio quantitativo e raciocínio sequencial. .......................................................................................................... 27

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Conhecimentos Específicos
A importância do brincar ....................................................................................................................................................1
A organização do espaço - creche ......................................................................................................................................8
Algumas ideias e questões importantes a considerar. Cuidados e Conteúdos na creche..................................... 11
Como aproveitar bem o tempo na rotina da creche .................................................................................................... 17
Educação Infantil - lugar de aprendizado ..................................................................................................................... 31
Higiene - os cuidados essenciais na creche .................................................................................................................. 39
Estatuto da Criança e do Adolescente............................................................................................................................ 51
Cuidados de Saúde na creche .......................................................................................................................................... 83
O que significa cuidar de alguém. O educador e os bebês. O que a creche pode ensinar; os bebês nos ensinam;
um dia no berçário da creche .......................................................................................................................................... 85

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LÍNGUA PORTUGUESA

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APOSTILAS OPÇÃO

kK yY
lL zZ
mM wW

Observação: emprega-se também o “ç”, que representa o


fonema /s/ diante das letras: a, o, e u em determinadas palavras.
Todo Conteúdo
Programático até o Ensino Emprego das Letras e Fonemas

Médio, como por exemplo: Emprego das letras K, W e Y


Ortografia; Estrutura e Utilizam-se nos seguintes casos:
Formação das palavras; 1) Em antropônimos originários de outras línguas e seus
derivados. Exemplos: Kant, kantismo; Darwin, darwinismo;
Divisão Silábica; Vogais; Taylor, taylorista.
Semivogais; Gênero, Número;
Frases; Sinais de Pontuação; 2) Em topônimos originários de outras línguas e seus
derivados. Exemplos: Kuwait, kuwaitiano.
Acentuação; Fonética e
fonologia: Conceitos básicos; 3) Em siglas, símbolos, e mesmo em palavras adotadas como
Classificação dos fonemas; unidades de medida de curso internacional. Exemplos: K
(Potássio), W (West), kg (quilograma), km (quilômetro), Watt.
Relação entre palavras; Uso da
crase; sinônimos, homônimos Emprego do X
e antônimos; Fonemas e Se empregará o “X” nas seguintes situações:
1) Após ditongos.
letras; Substantivo; Adjetivo; Exemplos: caixa, frouxo, peixe.
Artigo; Numeral; Advérbio; Exceção: recauchutar e seus derivados.
Verbos; Conjugação de verbos;
2) Após a sílaba inicial “en”.
Pronomes; Preposição; Exemplos: enxame, enxada, enxaqueca.
Conjunção; Interjeição; Exceção: palavras iniciadas por “ch” que recebem o prefixo
Encontros vocálicos; “en-”. Ex.: encharcar (de charco), enchiqueirar (de chiqueiro),
encher e seus derivados (enchente, enchimento, preencher...)
Encontros consonantais e
dígrafo; Tonicidade das 3) Após a sílaba inicial “me-”.
palavras; Sílaba tônica; Exemplos: mexer, mexerica, mexicano, mexilhão.
Exceção: mecha.

4) Se empregará o “X” em vocábulos de origem indígena ou


ORTOGRAFIA africana e em palavras inglesas aportuguesadas.
Exemplos: abacaxi, xavante, orixá, xará, xerife, xampu,
A ortografia1 se caracteriza por estabelecer padrões para a bexiga, bruxa, coaxar, faxina, graxa, lagartixa, lixa, lixo, puxar,
forma escrita das palavras. Essa escrita está relacionada tanto a rixa, oxalá, praxe, roxo, vexame, xadrez, xarope, xaxim, xícara,
critérios etimológicos (ligados à origem das palavras) quanto xale, xingar, etc.
fonológicos (ligados aos fonemas representados).
É importante compreender que a ortografia é fruto de uma Emprego do Ch
convenção. A forma de grafar as palavras é produto de acordos Se empregará o “Ch” nos seguintes vocábulos: bochecha,
ortográficos que envolvem os diversos países em que a língua bucha, cachimbo, chalé, charque, chimarrão, chuchu, chute,
portuguesa é oficial. A melhor maneira de treinar a ortografia é cochilo, debochar, fachada, fantoche, ficha, flecha, mochila,
ler, escrever e consultar o dicionário sempre que houver dúvida. pechincha, salsicha, tchau, etc.

Alfabeto Emprego do G
Se empregará o “G” em:
O alfabeto da língua portuguesa é formado por 26 letras. 1) Substantivos terminados em: -agem, -igem, -ugem.
Cada letra apresenta uma forma minúscula e outra maiúscula. Exemplos: barragem, miragem, viagem, origem, ferrugem.
Veja: Exceção: pajem.

aA nN 2) Palavras terminadas em: -ágio, -égio, -ígio, -ógio, -úgio.


bB oO Exemplos: estágio, privilégio, prestígio, relógio, refúgio.
cC pP
dD qQ 3) Em palavras derivadas de outras que já apresentam “G”.
eE rR Exemplos: engessar (de gesso), massagista (de massagem),
fF sS vertiginoso (de vertigem).
gG tT
hH uU Observação - também se emprega com a letra “G” os
iI vV seguintes vocábulos: algema, auge, bege, estrangeiro, geada,
jJ xX gengiva, gibi, gilete, hegemonia, herege, megera, monge,
rabugento, vagem.

1 www.soportugues.com.br/secoes/fono/fono24.php

Língua Portuguesa 1
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APOSTILAS OPÇÃO

Emprego do J 2) Nos sufixos -ez, -eza, ao formarem substantivos abstratos


Para representar o fonema “j’ na forma escrita, a grafia a partir de adjetivos.
considerada correta é aquela que ocorre de acordo com a Exemplos: inválido – invalidez / limpo – limpeza / macio –
origem da palavra, como por exemplo no caso da na palavra jipe maciez / rígido – rigidez / frio – frieza / nobre – nobreza / pobre
que origina-se do inglês jeep. Porém também se empregará o “J” – pobreza / surdo – surdez.
nas seguintes situações:
3) Nos sufixos -izar, ao formar verbos e -ização, ao formar
1) Em verbos terminados em -jar ou -jear. Exemplos: substantivos.
Arranjar: arranjo, arranje, arranjem Exemplos: civilizar – civilização / hospitalizar –
Despejar: despejo, despeje, despejem hospitalização / colonizar – colonização / realizar – realização.
Viajar: viajo, viaje, viajem
4) Nos derivados em -zal, -zeiro, -zinho, -zinha, -zito, -zita.
2) Nas palavras de origem tupi, africana, árabe ou exótica. Exemplos: cafezal, cafezeiro, cafezinho, arvorezinha, cãozito,
Exemplos: biju, jiboia, canjica, pajé, jerico, manjericão, Moji. avezita.

3) Nas palavras derivadas de outras que já apresentam “J”. 5) Nos seguintes vocábulos: azar, azeite, azedo, amizade,
Exemplos: laranja –laranjeira / loja – lojista / lisonja – buzina, bazar, catequizar, chafariz, cicatriz, coalizão, cuscuz,
lisonjeador / nojo – nojeira / cereja – cerejeira / varejo – proeza, vizinho, xadrez, verniz, etc.
varejista / rijo – enrijecer / jeito – ajeitar.
6) Em vocábulos homófonos, estabelecendo distinção no
Observação - também se emprega com a letra “J” os contraste entre o S e o Z. Exemplos:
seguintes vocábulos: berinjela, cafajeste, jeca, jegue, majestade, Cozer (cozinhar) e coser (costurar);
jeito, jejum, laje, traje, pegajento. Prezar (ter em consideração) e presar (prender);
Traz (forma do verbo trazer) e trás (parte posterior).
Emprego do S
Utiliza-se “S” nos seguintes casos: Observação: em muitas palavras, a letra X soa como Z.
1) Palavras derivadas de outras que já apresentam “S” no Como por exemplo: exame, exato, exausto, exemplo, existir,
radical. Exemplos: análise – analisar / catálise – catalisador / exótico, inexorável.
casa – casinha ou casebre / liso – alisar.
Emprego do Fonema S
2) Nos sufixos -ês e -esa, ao indicarem nacionalidade, título Existem diversas formas para a representação do fonema “S”
ou origem. Exemplos: burguês – burguesa / inglês – inglesa / no qual podem ser: s, ç, x e dos dígrafos sc, sç, ss, xc, xs. Assim
chinês – chinesa / milanês – milanesa. vajamos algumas situações:

3) Nos sufixos formadores de adjetivos -ense, -oso e –osa. 1) Emprega-se o S: nos substantivos derivados de verbos
Exemplos: catarinense / palmeirense / gostoso – gostosa / terminados em -andir, -ender, -verter e -pelir.
amoroso – amorosa / gasoso – gasosa / teimoso – teimosa. Exemplos: expandir – expansão / pretender – pretensão /
verter – versão / expelir – expulsão / estender – extensão /
4) Nos sufixos gregos -ese, -isa, -osa. suspender – suspensão / converter – conversão / repelir –
Exemplos: catequese, diocese, poetisa, profetisa, repulsão.
sacerdotisa, glicose, metamorfose, virose.
2) Emprega-se Ç: nos substantivos derivados dos verbos ter
5) Após ditongos. e torcer.
Exemplos: coisa, pouso, lousa, náusea. Exemplos: ater – atenção / torcer – torção / deter – detenção
/ distorcer – distorção / manter – manutenção / contorcer –
6) Nas formas dos verbos pôr e querer, bem como em seus contorção.
derivados.
Exemplos: pus, pôs, pusemos, puseram, pusera, pusesse, 3) Emprega-se o X: em casos que a letra X soa como Ss.
puséssemos, quis, quisemos, quiseram, quiser, quisera, Exemplos: auxílio, expectativa, experto, extroversão, sexta,
quiséssemos, repus, repusera, repusesse, repuséssemos. sintaxe, texto, trouxe.

7) Em nomes próprios personativos. 4) Emprega-se Sc: nos termos eruditos.


Exemplos: Baltasar, Heloísa, Inês, Isabel, Luís, Luísa, Exemplos: acréscimo, ascensorista, consciência, descender,
Resende, Sousa, Teresa, Teresinha, Tomás. discente, fascículo, fascínio, imprescindível, miscigenação,
miscível, plebiscito, rescisão, seiscentos, transcender, etc.
Observação - também se emprega com a letra “S” os
seguintes vocábulos: abuso, asilo, através, aviso, besouro, brasa, 5) Emprega-se Sç: na conjugação de alguns verbos.
cortesia, decisão, despesa, empresa, freguesia, fusível, maisena, Exemplos: nascer - nasço, nasça / crescer - cresço, cresça /
mesada, paisagem, paraíso, pêsames, presépio, presídio, Descer - desço, desça.
querosene, raposa, surpresa, tesoura, usura, vaso, vigésimo,
visita, etc. 6) Emprega-se Ss: nos substantivos derivados de verbos
terminados em -gredir, -mitir, -ceder e -cutir.
Emprego do Z Exemplos: agredir – agressão / demitir – demissão / ceder –
Se empregará o “Z” nos seguintes casos: cessão / discutir – discussão/ progredir – progressão /
1) Palavras derivadas de outras que já apresentam Z no transmitir – transmissão / exceder – excesso / repercutir –
radical. repercussão.
Exemplos: deslize – deslizar / razão – razoável / vazio –
esvaziar / raiz – enraizar /cruz – cruzeiro. 7) Emprega-se o Xc e o Xs: em dígrafos que soam como Ss.
Exemplos: exceção, excêntrico, excedente, excepcional,
exsudar.

Língua Portuguesa 2
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APOSTILAS OPÇÃO

Atenção - não se esqueça que uso da letra X apresenta Observações:


algumas variações. Observe: 1) No substantivo Bahia, o “h” sobrevive por tradição. Note
1) O “X” pode representar os seguintes fonemas: que nos substantivos derivados como baiano, baianada ou
“ch” - xarope, vexame; baianinha ele não é utilizado.
“cs” - axila, nexo;
“z” - exame, exílio; 2) Os vocábulos erva, Espanha e inverno não possuem a letra
“ss” - máximo, próximo; “h” na sua composição. No entanto, seus derivados eruditos
“s” - texto, extenso. sempre são grafados com h, como por exemplo: herbívoro,
hispânico, hibernal.
2) Não soa nos grupos internos -xce- e -xci-
Exemplos: excelente, excitar. Emprego das Iniciais Maiúsculas e Minúsculas

Emprego do E Inicial Maiúscula


Se empregará o “E” nas seguintes situações: Utiliza-se inicial maiúscula nos seguintes casos:
1) Em sílabas finais dos verbos terminados em -oar, -uar 1) No começo de um período, verso ou citação direta.
Exemplos: magoar - magoe, magoes / continuar- continue,
continues. Disse o Padre Antonio Vieira: “Estar com Cristo em qualquer
lugar, ainda que seja no inferno, é estar no Paraíso.”
2) Em palavras formadas com o prefixo ante- (antes,
anterior). “Auriverde pendão de minha terra,
Exemplos: antebraço, antecipar. Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que à luz do sol encerra
3) Nos seguintes vocábulos: cadeado, confete, disenteria, As promessas divinas da Esperança…”
empecilho, irrequieto, mexerico, orquídea, etc. (Castro Alves)

Emprego do I 2) Nos antropônimos, reais ou fictícios.


Se empregará o “I” nas seguintes situações: Exemplos: Pedro Silva, Cinderela, D. Quixote.
1) Em sílabas finais dos verbos terminados em -air, -oer, -uir.
Exemplos: 3) Nos topônimos, reais ou fictícios.
Cair- cai Exemplos: Rio de Janeiro, Rússia, Macondo.
Doer- dói
Influir- influi 4) Nos nomes mitológicos.
Exemplos: Dionísio, Netuno.
2) Em palavras formadas com o prefixo anti- (contra).
Exemplos: anticristo, antitetânico. 5) Nos nomes de festas e festividades.
Exemplos: Natal, Páscoa, Ramadã.
3) Nos seguintes vocábulos: aborígine, artimanha, chefiar,
digladiar, penicilina, privilégio, etc. 6) Em siglas, símbolos ou abreviaturas internacionais.
Exemplos: ONU, Sr., V. Ex.ª.
Emprego do O/U
A oposição o/u é responsável pela diferença de significado 7) Nos nomes que designam altos conceitos religiosos,
de algumas palavras. Veja os exemplos: comprimento políticos ou nacionalistas.
(extensão) e cumprimento (saudação, realização) soar (emitir Exemplos: Igreja (Católica, Apostólica, Romana), Estado,
som) e suar (transpirar). Nação, Pátria, União, etc.

- Grafam-se com a letra “O”: bolacha, bússola, costume, Observação: esses nomes escrevem-se com inicial
moleque. minúscula quando são empregados em sentido geral ou
- Grafam-se com a letra “U”: camundongo, jabuti, Manuel, indeterminado.
tábua. Exemplo: Todos amam sua pátria.

Emprego do H Emprego Facultativo da Letra Maiúscula


Esta letra, em início ou fim de palavras, não tem valor 1) No início dos versos que não abrem período, é facultativo
fonético. Conservou-se apenas como símbolo, por força da o uso da letra maiúscula, como por exemplo:
etimologia e da tradição escrita. A palavra hoje, por exemplo,
grafa-se desta forma devido a sua origem na forma latina hodie. “Aqui, sim, no meu cantinho,
Assim vejamos o seu emprego: vendo rir-me o candeeiro,
gozo o bem de estar sozinho
1) Inicial, quando etimológico. e esquecer o mundo inteiro.”
Exemplos: hábito, hesitar, homologar, Horácio.
2) Nos nomes de logradouros públicos, templos e edifícios.
2) Medial, como integrante dos dígrafos ch, lh, nh. Exemplos: Rua da Liberdade ou rua da Liberdade / Igreja do
Exemplos: flecha, telha, companhia. Rosário ou igreja do Rosário / Edifício Azevedo ou edifício
Azevedo.
3) Final e inicial, em certas interjeições.
Exemplos: ah!, ih!, eh!, oh!, hem?, hum!, etc. Inicial Minúscula
Utiliza-se inicial minúscula nos seguintes casos:
4) Em compostos unidos por hífen, no início do segundo 1) Em todos os vocábulos correntes da língua portuguesa.
elemento, se etimológico. Exemplos: carro, flor, boneca, menino, porta, etc.
Exemplos: anti-higiênico, pré-histórico, super-homem, etc.

Língua Portuguesa 3
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2) Depois de dois-pontos, não se tratando de citação direta,


Ninguém mais o
usa-se letra minúscula.
espera, porque ele
Exemplo: “Chegam os magos do Oriente, com suas dádivas:
sempre se atrasa.
ouro, incenso, mirra.” (Manuel Bandeira)

3) Nos nomes de meses, estações do ano e dias da semana. Exemplos:


Conjunção de Finalidade
Exemplos: janeiro, julho, dezembro, etc. / segunda, sexta, Não julgues
– equivale a “para que”,
domingo, etc. / primavera, verão, outono, inverno. porque não te
“a fim de que”.
julguem.
4) Nos pontos cardeais.
Exemplos:
Exemplos: “Percorri o país de norte a sul e de leste a oeste.”
Função de substantivo – Não é fácil
/ “Estes são os pontos colaterais: nordeste, noroeste, sudeste,
vem acompanhado de encontrar o porquê de
sudoeste.” Porquê
artigo ou pronome toda confusão.
Dê-me um porquê
Observação: quando empregados em sua forma absoluta,
de sua saída.
os pontos cardeais são grafados com letra maiúscula.
Exemplos: Nordeste (região do Brasil) / Ocidente (europeu)
/Oriente (asiático). 1. Por que (pergunta);
2. Porque (resposta);
Emprego Facultativo da Letra Minúscula 3. Por quê (fim de frase: motivo);
1) Nos vocábulos que compõem uma citação bibliográfica. 4. O Porquê (substantivo).
Exemplos:
Crime e Castigo ou Crime e castigo Emprego de Outras Palavras
Grande Sertão: Veredas ou Grande sertão: veredas
Em Busca do Tempo Perdido ou Em busca do tempo perdido Senão: equivale a “caso contrário”, “a não ser”.
Ex.: Não fazia coisa nenhuma senão criticar.
2) Nas formas de tratamento e reverência, bem como em
nomes sagrados e que designam crenças religiosas. Se não: equivale a “se por acaso não”, em orações adverbiais
Exemplos: condicionais.
Governador Mário Covas ou governador Mário Covas Ex.: Se não houver homens honestos, o país não sairá desta
Papa João Paulo II ou papa João Paulo II situação crítica.
Excelentíssimo Senhor Reitor ou excelentíssimo senhor
reitor Tampouco: advérbio, equivale a “também não”
Santa Maria ou santa Maria Ex.: Não compareceu, tampouco apresentou qualquer
justificativa.
c) Nos nomes que designam domínios de saber, cursos e
disciplinas. Tão pouco: advérbio de intensidade.
Exemplos: Ex.: Encontramo-nos tão pouco esta semana.
Português ou português
Línguas e Literaturas Modernas ou línguas e literaturas Trás ou Atrás: o mesmo que indicação de lugar, são
modernas advérbios.
História do Brasil ou história do Brasil Ex.: O ponto de ônibus fica atrás do shopping.
Arquitetura ou arquitetura
Traz - do verbo trazer.
Emprego do Porquê Ex.: Ele sempre traz flores quando vem me ver.

Vultoso: o mesmo que volumoso.


Orações Interrogativas Exemplo:
Ex.: Fizemos um trabalho vultoso aqui.
(pode ser substituído por: Por que devemos
por qual motivo, por qual nos preocupar com o
Vultuoso: atacado de congestão no rosto.
razão) meio ambiente?
Por Ex.: Sua face está vultuosa e deformada.
Que
Exemplo: Questões
Equivalendo a “pelo Os motivos por
qual” que não respondeu 01. Que mexer o esqueleto é bom para a saúde já virou até
são desconhecidos. sabedoria popular. Agora, estudo levanta hipóteses sobre
........................ praticar atividade física..........................benefícios
Exemplos: para a totalidade do corpo. Os resultados podem levar a novas
Você ainda tem terapias para reabilitar músculos contundidos ou mesmo para
coragem de perguntar .......................... e restaurar a perda muscular que ocorre com o
Por Final de frases e
por quê? avanço da idade.
Quê seguidos de pontuação
Você não vai? Por (Ciência Hoje, março de 2012)
quê?
Não sei por quê! As lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e
respectivamente, com:
Exemplos: (A) porque … trás … previnir
Conjunção que indica A situação agravou- (B) porque … traz … previnir
Porque
explicação ou causa se porque ninguém (C) porquê … tras … previnir
reclamou. (D) por que … traz … prevenir
(E) por quê … tráz … prevenir

Língua Portuguesa 4
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APOSTILAS OPÇÃO

02. Assinale a opção que completa corretamente as É esse morfema comum - o radical - que faz com que as
lacunas da frase abaixo: Não sei o _____ ela está com os olhos consideremos palavras de uma mesma família de significação.
vermelhos, talvez seja _____ chorou. - Nos cognatos o radical é a parte da palavra responsável
(A) porquê / porque; por sua significação principal.
(B) por que / porque;
(C) porque / por que; Afixos: como vimos, o acréscimo do morfema - ar - cria
(D) porquê / por quê; uma nova palavra a partir de escola. De maneira semelhante, o
(E) por que / por quê. acréscimo dos morfemas sub e arização à forma escol
criou subescolarização. Esses morfemas recebem o nome de
03. Considerando a ortografia e a acentuação da norma- afixos.
padrão da língua portuguesa, as lacunas estão, correta e Quando são colocados antes do radical, como acontece
respectivamente, preenchidas por: com sub, os afixos recebem o nome de prefixos. Quando, como
(A) mal ... por que ... intuíto arização, surgem depois do radical os afixos são chamados
(B) mau ... por que ... intuito de sufixos.
(C) mau ... porque ... intuíto - Prefixos e Sufixos, além de operar mudança de classe
(D) mal ... porque ... intuito gramatical, são capazes de introduzir modificações de
(E) mal ... por quê ... intuito significado no radical a que são acrescentados.

04. Assinale a alternativa que preenche, correta e Desinências: quando se conjuga o verbo amar, obtêm-se
respectivamente, as lacunas do trecho a seguir, de acordo com formas como amava, amavas, amava, amávamos, amáveis,
a norma-padrão. amavam. Essas modificações ocorrem à medida que o verbo
Além disso, ___certamente ____entre nós ____do fenômeno vai sendo flexionado em número (singular e plural) e pessoa
da corrupção e das fraudes. (primeira, segunda ou terceira). Também ocorrem se
(A) a … concenso … acerca modificarmos o tempo e o modo do verbo (amava, amara,
(B) há … consenso … acerca amasse, por exemplo).
(C) a … concenso … a cerca Assim, podemos concluir, que existem morfemas que
(D) a … consenso … há cerca indicam as flexões das palavras. Esses morfemas sempre
(E) há … consenço … a cerca surgem no fim das palavras variáveis e recebem o nome de
desinências, no qual podem ser divididos em:
05. Assinale a alternativa cujas palavras se apresentam
flexionadas de acordo com a norma-padrão. a) Desinências nominais: indicam o gênero e o número
(A) Os tabeliãos devem preparar o documento. dos nomes. Para a indicação de gênero, o português costuma
(B) Esses cidadões tinham autorização para portar fuzis. opor as desinências -o/-a: garoto/garota; menino/menina.
(C) Para autenticar as certidãos, procure o cartório local. Para a indicação de número, costuma-se utilizar o
(D) Ao descer e subir escadas, segure-se nos corrimãos. morfema –s, que indica o plural em oposição à ausência de
(E) Cuidado com os degrais, que são perigosos! morfema, que indica o singular: garoto/garotos;
garota/garotas; menino/meninos; menina/meninas.
Gabarito No caso dos nomes terminados em –r e– z, a desinência de
plural assume a forma -es:
01.D/02.B/03.D/4.B/5.D mar/mares;
revólver/revólveres;
ESTRUTURA E FORMAÇÃO DAS PALAVRAS cruz/cruzes.

Observe as seguintes palavras: b) Desinências verbais: em nossa língua, as desinências


escol-a verbais pertencem a dois tipos distintos. Há aqueles que
escol-ar indicam o modo e o tempo (desinências modo-temporais) e
escol-arização aquelas que indicam o número e a pessoa dos verbos
escol-arizar (desinência número-pessoais):
sub-escol-arização cant-á-va-mos
cant-á-sse-is
Percebemos2 que há um elemento comum a todas elas: a cant: radical
forma escol-. Além disso, em todas há elementos destacáveis, cant: radical
responsáveis por algum detalhe de significação. Compare, por -á-: vogal temática
exemplo, escola e escolar: partindo de escola, formou-se -á-: vogal temática
escolar pelo acréscimo do elemento destacável: ar.
Por meio desse trabalho de comparação entre as diversas -va-: desinência modo-temporal(caracteriza o pretérito
palavras que selecionamos, podemos depreender a existência imperfeito do indicativo).
de diferentes elementos formadores. Cada um desses -sse-: desinência modo-temporal (caracteriza o pretérito
elementos formadores é uma unidade mínima de significação, imperfeito do subjuntivo).
um elemento significativo indecomponível, a que damos o -mos: desinência número-pessoal (caracteriza a primeira
nome de morfema. pessoa do plural).
-is: desinência número-pessoal (caracteriza a segunda
Classificação dos Morfemas pessoa do plural).

Radical: há um morfema comum a todas as palavras que Vogal Temática: observe que, entre o radical cant- e as
estamos analisando: escol-. desinências verbais, surge sempre o morfema– a.

2 http://www.brasilescola.com/gramatica/estrutura-e-formacao-de-palavras-
i.htm

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APOSTILAS OPÇÃO

Esse morfema, que liga o radical às desinências, é chamado c) Parassintética: a palavra nova é obtida pelo acréscimo
de vogal temática. Sua função é ligar-se ao radical, constituindo simultâneo de prefixo e sufixo (não posso retirar o prefixo nem
o chamado tema. É ao tema (radical + vogal temática) que se o sufixo que estão ligados ao radical, pois a palavra não
acrescentam as desinências. Tanto os verbos como os nomes “existiria”). Por parassíntese formam-se principalmente
apresentam vogais temáticas. verbos.
En-- -----trist- ----ecer
Vogais Temáticas Nominais: são -a, -e, e -o, quando Prefixo radical sufixo
átonas finais, como em mesa, artista, busca, perda, escola,
triste, base, combate. Nesses casos, não poderíamos pensar que en----- ---tard--- --ecer
essas terminações são desinências indicadoras de gênero, pois prefixo radical sufixo
a mesa, a escola, por exemplo, não sofrem esse tipo de flexão.
É a essas vogais temáticas que se liga a desinência indicadora Outros Tipos de Derivação
de plural: Há dois casos em que a palavra derivada é formada sem
mesa-s, escola-s, perda-s. Os nomes terminados em vogais que haja a presença de afixos. São eles: a derivação regressiva
tônicas (sofá, café, cipó, caqui, por exemplo) não apresentam e a derivação imprópria.
vogal temática.
a) Derivação regressiva: a palavra nova é obtida por
Vogais temáticas verbais: são -a, -e e- i, que caracterizam redução da palavra primitiva. Ocorre, sobretudo, na formação
três grupos de verbos a que se dá o nome de conjugações. de substantivos derivados de verbos.
Assim, os verbos cuja vogal temática é -a pertencem à primeira Por exemplo: A pesca está proibida. (pescar). Proibida a
conjugação; aqueles cuja vogal temática é -e pertencem à caça. (caçar)
segunda conjugação e os que têm vogal temática -i pertencem
à terceira conjugação. b) Derivação imprópria: a palavra nova (derivada) é
obtida pela mudança de categoria gramatical da palavra
primeira conj. segunda conj. terceira conj. primitiva. Não ocorre, pois, alteração na forma, mas tão
govern-a-va estabelec-e-sse defin-i-ra somente na classe gramatical. Por exemplo:
atac-a-va cr-e-ra imped-i-sse Não entendi o porquê da briga. (o substantivo porquê
realiz-a-sse mex-e-rá g-i-mos deriva da conjunção porque)
Seu olhar me fascina! (o verbo olhar tornou-se, aqui,
Vogal ou consoante de ligação: as vogais ou consoantes substantivo)
de ligação são morfemas que surgem por motivos eufônicos,
ou seja, para facilitar ou mesmo possibilitar a leitura de uma Outros processos de formação de palavras
determinada palavra. Temos um exemplo de vogal de ligação - Hibridismo: é a palavra formada com elementos
na palavra escolaridade: o - i - entre os sufixos- ar- e -dade oriundos de línguas diferentes.
facilita a emissão vocal da palavra. Outros exemplos: automóvel (auto: grego; móvel: latim)
gasômetro, alvinegro, tecnocracia, paulada, cafeteira, chaleira, sociologia (socio: latim; logia: grego)
tricota. sambódromo (samba: dialeto africano; dromo: grego)

Processos de Formação de Palavras - Abreviação vocabular: cujo traço peculiar manifesta-se


por meio da eliminação de um segmento de uma palavra no
Composição intuito de se obter uma forma mais reduzida, geralmente
Haverá composição quando se juntarem dois ou mais aquelas mais longas. Vejamos alguns exemplos:
radicais para formar nova palavra. Há dois tipos de metropolitano – metrô
composição: justaposição e aglutinação. extraordinário – extra
a) Justaposição: ocorre quando os elementos que formam otorrinolaringologista – otorrino
o composto são postos lado a lado, ou seja, justapostos. Por telefone – fone
exemplo: Corre-corre, guarda-roupa, segunda-feira, girassol. pneumático – pneu

b) Aglutinação: ocorre quando os elementos que formam - Onomatopeia: consiste em criar palavras, tentando
o composto se aglutinam e pelo menos um deles perde sua imitar sons da natureza ou sons repetidos. Por
integridade sonora. Por exemplo: Aguardente (água + exemplo: zum-zum, cri-cri, tique-taque, pingue-pongue, blá-
ardente), planalto (plano + alto), pernalta (perna + alta), blá-blá.
vinagre (vinho + acre) - Siglas: as siglas são formadas pela combinação das letras
iniciais de uma sequência de palavras que constitui um nome.
Derivação por Acréscimo de Afixos Por exemplo: IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
É o processo pelo qual se obtêm palavras novas Estatística); IPTU (Imposto Predial, Territorial e Urbano).
(derivadas) pela anexação de afixos à palavra primitiva. A As siglas escrevem-se com todas as letras maiúsculas, a não
derivação pode ser: prefixal, sufixal e parassintética. ser que haja mais de três letras e a sigla seja
pronunciável sílaba por sílaba.
a) Prefixal (ou prefixação): a palavra nova é obtida por Por exemplo: Unicamp, Petrobras.
acréscimo de prefixo.
In------ --feliz des----------leal Questões
Prefixo radical prefixo radical
01. Assinale a opção em que todas as palavras se formam
b) Sufixal (ou sufixação): a palavra nova é obtida por pelo mesmo processo:
acréscimo de sufixo. A) ajoelhar / antebraço / assinatura
Feliz---- mente leal------dade B) atraso / embarque / pesca
Radical sufixo radical sufixo C) o jota / o sim / o tropeço
D) entrega / estupidez / sobreviver
E) antepor / exportação / sanguessuga

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APOSTILAS OPÇÃO

02. A palavra “aguardente” formou-se por: Divisão Silábica


A) hibridismo
B) aglutinação A divisão silábica deve ser feita normalmente a partir da
C) justaposição soletração. Usa-se o hífen para marcar a separação silábica.
D) parassíntese
E) derivação regressiva Não se separam:
- Ditongos e Tritongos
03. Que item contém somente palavras formadas por Exemplos: foi-ce, a-ve-ri-guou;
justaposição?
A) desagradável - complemente - Dígrafos: ch, lh, nh, gu, qu.
B) vaga-lume - pé-de-cabra Exemplos: cha-ve, ba-ra-lho, ba-nha, fre-guês, quei-xa;
C) encruzilhada - estremeceu
D) supersticiosa - valiosas - Encontros consonantais que iniciam a sílaba.
E) desatarraxou - estremeceu Exemplos: psi-có-lo-go, re-fres-co;

04. “Sarampo” é: Separam-se:


A) forma primitiva - Vogais dos hiatos.
B) formado por derivação parassintética Exemplos: ca-a-tin-ga, fi-el, sa-ú-de;
C) formado por derivação regressiva
D) formado por derivação imprópria - Letras dos dígrafos: rr, ss, sc, sç xc.
E) formado por onomatopeia Exemplos: car-ro, pas-sa-re-la, des-cer, nas-ço, ex-ce-len-
te;
05. As palavras são formadas através de derivação - Encontros consonantais das sílabas internas, excetuando-
parassintética em se aqueles em que a segunda consoante é l ou r.
A)infelizmente, desleal, boteco, barraco. Exemplos: ap-to, bis-ne-to, con-vic-ção, a-brir, a-pli-car.
B)ajoelhar, anoitecer, entristecer, entardecer.
C)caça, pesca, choro, combate. Acento Tônico
D)ajoelhar, pesca, choro, entristecer.
Ao pronunciar uma palavra de duas ou mais sílabas,
Gabarito percebe-se que há sempre uma sílaba de maior intensidade
sonora em comparação com as demais. Exemplo:

01.B / 02.B / 03.B / 04.C / 05.B Calor - a sílaba lor é a de maior intensidade.
Faceiro - a sílaba cei é a de maior intensidade.
SÍLABA Sólido - a sílaba só é a de maior intensidade.

A sílaba é, normalmente, um grupo de fonemas centrados Classificação da sílaba quanto à intensidade


numa vogal. Toda sílaba é expressa numa só emissão de voz, -Tônica: é a sílaba pronunciada com maior intensidade.
havendo breves pausas entre cada sílaba. - Átona: é a sílaba pronunciada com menor intensidade.
Isso fica mais perceptível quando pronunciamos uma - Subtônica: é a sílaba de intensidade intermediária.
palavra bem pausadamente. Ocorre, principalmente, nas palavras derivadas,
Por isso, intuitivamente, a melhor maneira de separar as correspondendo à tônica da palavra primitiva.
sílabas é falar bem pausadamente a palavra. Exemplo: FO...
NO... LO... GI... A. Percebeu?3 Classificação das palavras quanto à posição da sílaba
Fique sabendo que a base da sílaba é a vogal e, sem ela, não tônica
há sílaba, ok? Há palavras com apenas uma vogal formando De acordo com a posição da sílaba tônica, os vocábulos da
cada sílaba: aí, que se pronuncia a-í (duas sílabas). língua portuguesa que contêm duas ou mais sílabas são
Quanto ao número de sílabas, as palavras classificam-se classificados em:
em: - Oxítonos: são aqueles cuja sílaba tônica é a última. Ex.:
• Monossílabas (uma vogal, uma sílaba): mão. avó, urubu, parabéns.
• Dissílabas (duas vogais, duas sílabas): man-ga. - Paroxítonos: são aqueles cuja sílaba tônica é a penúltima.
• Trissílabas (três vogais, três sílabas): man-guei-ra. Ex.: dócil, suavemente, banana.
• Polissílabas (mais de três vogais, mais de três sílabas): - Proparoxítonos: são aqueles cuja sílaba tônica é a
man-guei-ren-se. antepenúltima. Ex.: máximo, parábola, íntimo.

Ou quem sabe esta: pneu-mo-ul-tra-mi-cros-co-pi-cos-si- Observações:


li-co-vul-ca-no-co-nió-ti-co. - São palavras oxítonas: cateter, mister, Nobel, novel, ruim,
Se eu ainda sei contar, são 20 vogais, logo 20 sílabas. sutil, transistor, ureter.
Quanto à tonicidade, há sílaba tônica (alta intensidade na
pronúncia) e átona (baixa intensidade na pronúncia). Sempre - São palavras paroxítonas: avaro, aziago, boêmia,
há apenas uma (1) sílaba tônica por palavra. Ela se encontra caracteres, cartomancia, celtibero, circuito, decano, filantropo,
em uma das três sílabas finais da palavra (isto é, se a palavra fluido, fortuito, gratuito, Hungria, ibero, impudico, inaudito,
apresentar três sílabas). intuito, maquinaria, meteorito, misantropo, necropsia (alguns
Dica: se houver acento agudo ou circunflexo em uma das dicionários admitem também necrópsia), Normandia, pegada,
vogais, aí estará a sílaba tônica da palavra. policromo, pudico, quiromancia, rubrica, subido (a).

3 PESTANA, Fernando. A Gramática para concursos. Elsevier. 2013..

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APOSTILAS OPÇÃO

- São palavras proparoxítonas: aerólito, bávaro, bímano, 02. Assinale o item em que todas as sílabas estão
crisântemo, ímprobo, ínterim, lêvedo, ômega, pântano, corretamente separadas:
trânsfuga. (A) a-p-ti-dão;
(B) so-li-tá-ri-o;
- As seguintes palavras, entre outras, admitem dupla (C) col-me-ia;
tonicidade: acróbata/acrobata, hieróglifo/hieroglifo, (D) ar-mis-tí-cio;
Oceânia/Oceania, ortoépia/ortoepia, projétil/projetil, (E) trans-a-tlân-ti-co.
réptil/reptil, zângão/zangão.
Leia o texto e responda as questões 03 e 04.
Questões
O Mirante do Sertão
01.
A carta de amor Parque ambiental que, segundo dados da Sudema, possui
aproximadamente 500 hectares de área composta de espécies
No momento em que Malvina ia pôr a frigideira no fogo, de Mata Atlântica e Caatinga, a Serra do Jabre é reconhecida
entrou a cozinheira com um envelope na mão. Isso bastou para pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) como uma das
que ela se tornasse nervosa. Seu coração pôs-se a bater maiores fontes de pesquisas biológicas do país, pois possui
precipitadamente e seu rosto se afogueou. Abriu-o com gesto espécies endêmicas que só existem aqui na reserva ecológica e
decisivo e extraiu um papel verde-mar, sobre o qual se liam, devem ser fruto de estudo para evitar extinção de exemplares
em caracteres energéticos, masculinos, estas palavras: “Você raros da fauna e da flora. O Parque possui 1.197 metros de
será amada...”. altitude e é um observatório natural que permite que os
Malvina empalideceu, apesar de já conhecer o conteúdo visitantes contemplem do alto toda cobertura vegetal
dessa carta verde-mar, que recebia todos os dias, havia já uma acompanhada de relevos e fontes de água dos municípios
semana. Malvina estava apaixonada por um ente invisível, por vizinhos. Uma paisagem rica em belezas naturais, que atrai a
um papel verde-mar, por três palavras e três pontos de atenção de turistas brasileiros e estrangeiros.
reticências: “Você será amada...”. Há uma semana que vivia (...) O Pico do Jabre surpreende por suas belezas, clima
como ébria. agradável e uma visão de encher de entusiasmo e energia
Olhava para a rua e qualquer olhar de homem que se positiva qualquer visitante. Com uma panorâmica de 130 km
cruzasse com o seu, lhe fazia palpitar tumultuosamente o de visão, de onde se pode ver, a olho nu, os Estados do Rio
coração. Se o telefone tilintava, seu pensamento corria célere: Grande do Norte e Pernambuco, o Mirante do Sertão, título
talvez fosse “ele”. Se não conhecesse a causa desse transtorno, mais que merecido, é um dos lugares mais belos da Paraíba,
por certo Malvina já teria ido consultar um médico de doenças com potencialidade para se tornar um dos complexos
nervosas. Mandara examinar por um grafólogo a letra dessa turísticos mais bem visitados do Estado.
carta. Fora em todas as papelarias à procura desse papel (...) Cenário ideal para os praticantes de esportes radicais,
verde-mar e, inconscientemente, fora até o correio ver se o Pico do Jabre atrai turistas de todas as partes do país,
descobria o remetente no ato de atirar o envelope na caixa. equipados com seus acessórios de segurança. A existência de
Tudo em vão. Quem escrevia conseguia manter-se trilhas fechadas é outro atrativo para os desportistas,
incógnito. Malvina teria feito tudo quanto ele quisesse. incansáveis na busca de aventura.
Nenhum empecilho para com o desconhecido. Mas para que O entorno do Parque Estadual do Pico do Jabre abrange
ela pudesse realizar o seu sonho, era preciso que ele se cinco municípios com atividades econômicas voltadas para a
tornasse homem de carne e osso. Malvina imaginava-o alto, agricultura. A turística no meio rural é uma das perspectivas
moreno, com grandes olhos negros, forte e espadaúdo.
para o desenvolvimento desta economia. O Parque Estadual do
O seu cérebro trabalhava: seria ele casado? Não, não o era.
Seria pobre? Não podia ser. Seria um grande industrial? Quem Pico do Jabre, dentro da malha turística do estado da Paraíba,
sabe? com roteiros alternativos envolvendo esportes, cultura,
As cartas de amor, verde-mar, haviam surgido na vida de gastronomia e lazer, traz benefícios a uma população, com a
Malvina como o dilúvio, transformando-lhe o cérebro. geração de mais empregos.
Afinal, no décimo dia, chegou a explicação do enigma. Foi O Parque Ecológico, como atrativo turístico natural desta
uma coisa tão dramática, tão original, tão crível, que Malvina região, faz surgir novos serviços, tais como mateiros, guias,
não teve nem um ataque de histerismo, nem uma crise de taxistas, cozinheiros, dentre outros, os quais estão
cólera. Ficou apenas petrificada. diretamente ligados ao visitante. Os novos empreendimentos
“Você será amada... se usar, pela manhã, o creme de beleza que surgirão, vão gerar recursos utilizados para a adequação
Lua Cheia. O creme Lua Cheia é vendido em todas as farmácias da infraestrutura local. Assim, surgirão novos horizontes para
e drogarias. Ninguém resistirá a você, se usar o creme Lua a região do entorno do Pico do Jabre, contribuindo para
Cheia. permanência de sua população, que não mais migrará em
Era o que continha o papel verde-mar, escrito em enérgicos busca de empregos e melhor qualidade de vida. Com a
caracteres masculinos. preservação da natureza, que está pronta para despertar uma
Ao voltar a si, Malvina arrastou-se até o telefone: nova visão desta atividade tão promissora que é o turismo no
-Alô! É Jorge quem está falando? Já pensei e resolvi casar- meio rural.
me com você. Sim, Jorge, amo-o! Ora, que pergunta! Pode vir. (http://www.matureia.pb.gov.br).
A voz de Jorge estava rouca de felicidade!
E nunca soube a que devia tanta sorte! 03. Assinale a opção em que TODAS as palavras
(André Sinoldi)
apresentam separação de sílaba escrita INCORRETAMENTE.
(A) Am-bi-en-tal - pos-su-i - hec-ta-res
Assinale a opção em que as duas palavras foram (B) A-tlân-ti-ca - caa-tin-ga - pa-ís
corretamente separadas em sílabas. (C) Es-pé-cies - mu-ni-cí-pios -per-ma-nên-cia
(A) in-cóg-ni-to; trans-tor-no (D) A-de-qua-ção - in-can-sá-ve-is - na-tu-rais
(B) in-co-ns-ci-en-te-men-te; é-bria (E) Ma-te-i-ro - pro-mis-so-ra - mei-o
(C) em-pa-li-de-ce-u; a pa-i-xo-na-da
(D) tu-mul-tuo-sa-men-te; e- ni-gma
(E) re-ti-cên-ci-as; em-pe-cil-ho

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APOSTILAS OPÇÃO

04. Algumas palavras do texto estão escritas com acento. (E) n.d.a
Quanto à posição da sílaba tônica, as palavras turística,
agradável e país são RESPECTIVAMENTE: 08. Os vocábulos abaixo aparecem separados em sílabas.
(A) Paroxítona - oxítona - proparoxítona. Assinale aquele em que a separação não obedece às normas do
(B) Proparoxítona - oxítona - paroxítona. sistema ortográfico vigente:
(C) Paroxítona - paroxítona - proparoxítona. (A) car-re-ga-dos;
(D) Proparoxítona - paroxítona - paroxítona. (B) es-tá-tuas;
(E) Proparoxítona - paroxítona - oxítona. (C) cam-ba-Iei-a;
(D) es-pi-ra-is;
05. Leia o texto abaixo e, depois, responda a questão. (E) es-cal-da-vam.

As algas 09. Há erro de divisão silábica em uma das séries.


Assinale-a:
As algas (A) ist-mo, á-gua, pror-ro-gar, trans-a-tlân-ti-co, cai-ais;
das águas salgadas (B) pneu, nup-ci-al, bi-sa-vô, flu-iu, su-bo-fi-ci-al;
são mais amadas, (C) ne-crop-si-a, ru-a, sais, prai-a, cou-sa;
são mais amargas (D) ap-to, de-sá-gua, jói-a, mne-mô-ni-ca, dor;
(E) ad-li-ga-ção, sub-lin-gual, a-ven-tu-ra, sa-ir, ca-í-da.
As algas marinhas
não andam sozinhas, 10. A divisão silábica só não está correta em:
de um reino maravilhoso (A) cor-rup-ção;
são as rainhas. (B) su-bli-nhar;
(C) subs-cri-ção;
As algas muito amigas (D) sé-rie;
inventam cantigas (E) a-ve-ri-gue
pra embalar
os habitantes do mar. Gabarito
01.A / 02.D / 03.C / 04.E / 05.D / 06.E / 07.C / 08.D /
As algas tão sábias 09.A / 10.B
são cheias de lábias
se jogam sem medo FONOLOGIA – ESTRUTURA FONÉTICA
e descobrem
o segredo Fonologia
mais profundo
que há bem no fundo Fonologia4 é o ramo da linguística que estuda o sistema
do mar. sonoro de um idioma. Ao estudar a maneira como os fones ou
fonemas (sons) se organizam dentro de uma língua, classifica-
As algas em seus verdores os em unidades capazes de distinguir significados.
são plantas e são flores. Segundo Saussure, “a fonética é uma ciência histórica, que
Um pouco de tudo: de bichos, de gente, de flores, de Elias analisa acontecimentos, transformações e se move no tempo”.
(José. São Paulo: Paulinas, 1982.) Já a fonologia se coloca fora do tempo, pois o mecanismo da
articulação permanece estável de acordo com a estrutura da
Escolha a alternativa em que a palavra retirada do texto língua em questão.
apresenta-se com a sua correta justificativa de acentuação Dessa forma, dizemos que fonologia nada mais é do que o
gráfica. estudo dos sons. Esses sons, dos quais essa parte da gramática
(A) “águas” – oxítona terminada em ditongo. se ocupa em analisar, são representados pelos fonemas (fono
(B) “sábias” – proparoxítona terminada em ditongo. + ema = unidade sonora distinta).
(C) “lábias” – paroxítona terminada em s. A Fonologia estuda o ponto de vista funcional dos
(D) “há” – monossílaba tônica terminada em a(s). Fonemas.

06. Assinale a alternativa em que a divisão silábica de Estrutura Fonética


todas as palavras está correta:
(A) e – nig – ma / su – bju – gar / rai – nha Fonema
(B) co – lé – gi – o / pror – ro – gar / je – suí – ta O fonema5 é a menor unidade sonora da palavra e exerce
(C) res – sur – gir / su – bli – nhar / fu – gi – u duas funções: formar palavras e distinguir uma palavra da
(D) i – guais / ca- ná – rio / due – lo outra. Veja o exemplo:
(E) in – te – lec – ção / mi – ú – do / sa – guões
C + A + M + A = CAMA. Quatro fonemas (sons) se
07. Dadas as palavras: combinaram e formaram uma palavra. Se substituirmos agora
1) des – a – ten – to o som M por N, haverá uma nova palavra, CANA.
2) sub – es – ti – mar
3) trans – tor – no A combinação de diferentes fonemas permite a formação
de novas palavras com diferentes sentidos. Portanto, os
Constatamos que a separação silábica está correta: fonemas de uma língua têm duas funções bem importantes:
(A) apenas em 1. formar palavras e distinguir uma palavra da outra.
(B) apenas em 2.
(C) apenas em 3. Ex.: mim / sim / gim...
(D) em todas as palavras.

4http://www.soportugues.com.br/secoes/fono/ 5 PESTANA, Fernando. A gramática para concursos públicos. – 1. ed. – Rio de


http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/gramatica/fonologia.htm. Janeiro: Elsevier, 2013.

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APOSTILAS OPÇÃO

Letra - hífen: a letra N representa uma semivogal, pois tem som


A letra é um símbolo que representa um som, é a de I e está apoiada em uma vogal, na mesma sílaba (= hífẽi).
representação gráfica dos fonemas da fala. É bom saber dois - glutens: a letra N representa uma semivogal, pois tem
aspectos da letra: pode representar mais de um fonema ou som de I e está apoiada em uma vogal, na mesma sílaba (=
pode simplesmente ajudar na pronúncia de um fonema. glutẽis).
Por exemplo, a letra X pode representar os sons X - windsurf: a letra W representa uma semivogal, pois tem
(enxame), Z (exame), S (têxtil) e KS (sexo; neste caso a letra X som de U e está apoiada em uma vogal, na mesma sílaba.
representa dois fonemas – K e S = KS). Ou seja, uma letra pode - office boy: a letra Y representa uma semivogal, pois tem
representar mais de um fonema. som de I e está apoiada em uma vogal, na mesma sílaba.
Às vezes a letra é chamada de diacrítica, pois vem à direita
de outra letra para representar um fonema só. Por exemplo, na Quadro de vogais e semivogais
palavra cachaça, a letra H não representa som algum, mas, Fonemas Regras
nesta situação, ajuda-nos a perceber que CH tem som de X, A Apenas VOGAL
como em xaveco. VOGAIS, exceto quando está com A ou
Vale a pena dizer que nem sempre as palavras apresentam quando estão juntas
número idêntico de letras e fonemas. E-O
(Neste caso a segunda é semivogal)
SEMIVOGAIS, exceto quando formam um
Ex.: bola > 4 letras, 4 fonemas hiato ou quando estão juntas
água > 5 letras, 3 fonemas I-U
(Neste caso a letra “I” é vogal)
Quando aparece no final da palavra é
Os fonemas classificam-se em vogais, semivogais e AM SEMIVOGAL.
consoantes. Ex.: Dançam
Quando aparecem no final de palavras são
Vogais EM - EN SEMIVOGAIS.
São fonemas produzidos livremente, sem obstrução da Ex.: Montem / Pólen
passagem do ar. São mais tônicos, ou seja, têm a pronúncia
mais forte que as semivogais. São o centro de toda sílaba. Consoantes
Podem ser orais (timbre aberto ou fechado) ou nasais São fonemas produzidos com interferência de um ou mais
(indicadas pelo ~, m, n). As vogais são A, E, I, O, U, que podem órgãos da boca (dentes, língua, lábios). Todas as demais letras
ser representadas pelas letras abaixo. Veja: do alfabeto representam, na escrita, os fonemas consonantais:
B, C, D, F, G, H, J, K, L, M, N, P, Q, R, S, T, V, W (com som de V,
A: brasa (oral), lama (nasal) Wagner), X, Z.
E: sério (oral), entrada (oral, timbre fechado), dentro
(nasal) Encontros Vocálicos
I: antigo (oral), índio (nasal)
O: poste (oral), molho (oral, timbre fechado), longe (nasal) Como o nome sugere, é o contato entre fonemas vocálicos.
U: saúde (oral), juntar (nasal) Há três tipos:
Y: hobby (oral)
Hiato
Observação: As vogais ainda podem ser tônicas ou átonas. Ocorre hiato quando há o encontro de duas vogais, que
Tônica aquela pronunciada com maior intensidade. Ex.: acabam ficando em sílabas separadas (Vogal – Vogal), porque
café, bola, vidro. só pode haver uma vogal por sílaba.
Átona aquela pronunciada com menor intensidade. Ex.: Ex.: sa-í-da, ra-i-nha, ba-ús, ca-ís-te, tu-cu-mã-í, su-cu-u-
café, bola, vidro. ba, ru-im, jú-ni-or.
Semivogais Ditongo
São as letras “e”, “i”, “o”, “u”, representadas pelos fonemas Existem dois tipos: crescente ou decrescente (oral ou
(e, y, o, w), quando formam sílaba com uma vogal. Ex.: No nasal).
vocábulo “história” a sílaba “ria” apresenta a vogal “a” e a
semivogal “i”. Crescente (SV + V, na mesma sílaba). Ex.: magistério
(oral), série (oral), várzea (oral), quota (oral), quatorze (oral),
Os fonemas semivocálicos (ou semivogais) têm o som de I enquanto (nasal), cinquenta (nasal), quinquênio (nasal).
e U (apoiados em uma vogal, na mesma sílaba). São menos
tônicos (mais fracos na pronúncia) que as vogais. São Decrescente (V + SV, na mesma sílaba). Ex.: item (nasal),
representados pelas letras I, U, E, O, M, N, W, Y. Veja: amam (nasal), sêmen (nasal), cãibra (nasal), caule (oral),
- pai: a letra I representa uma semivogal, pois está apoiada ouro (oral), veia (oral), fluido (oral), vaidade (oral).
em uma vogal, na mesma sílaba.
- mouro: a letra U representa uma semivogal, pois está Tritongo
apoiada em uma vogal, na mesma sílaba. O tritongo é a união de SV + V + SV na mesma sílaba; pode
- mãe: a letra E representa uma semivogal, pois tem som ser oral ou nasal. Ex.: saguão (nasal), Paraguai (oral),
de I e está apoiada em uma vogal, na mesma sílaba. enxáguem (nasal), averiguou (oral), deságuam (nasal), aguei
- pão: a letra O representa uma semivogal, pois tem som de (oral).
U e está apoiada em uma vogal, na mesma sílaba.
- cantam: a letra M representa uma semivogal, pois tem Encontros Consonantais
som de U e está apoiada em uma vogal, na mesma sílaba (=
cantãu). Ocorre quando há um grupo de consoantes sem vogal
- dancem: a letra M representa uma semivogal, pois tem intermediária. Ex.: flor, grade, digno.
som de I e está apoiada em uma vogal, na mesma sílaba (=
dancẽi). Dígrafos: duas letras representadas por um único fonema.
Ex.: passo, chave, telha, guincho, aquilo.

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APOSTILAS OPÇÃO

Os dígrafos podem ser consonantais e vocálicos. apartheid racial e o de 08 castas de classes. Os corpos
- Consonantais: ch (chuva), sc (nascer), ss (osso), sç domesticados revelavam o triste processo de socialização
(desça), lh (filho), xc (excelente), qu (quente), nh (vinho), rr ao desprezo, que tende a só 09 piorar na vida adulta. [...]
(ferro), gu (guerra). PINHEIRO-MACHADO, Rosana. In
- Vocálicos: am, an (tampa, canto), em, en (tempo, vento), http://www.cartacapital.com.br/sociedade/marginalzinh
im, in (limpo, cinto), om, on (comprar, tonto), um, un (tumba, o-a-socializacao-de-uma-elite-vazia-e-covarde- 3514.html
mundo). (acesso em 07/03/16).

Lembre-se: nos dígrafos, as duas letras representam um O sistema fonológico da língua portuguesa falada no
só fonema; nos encontros consonantais, cada letra representa Brasil apresenta alguns embaraços (sobretudo para os
um fonema. alunos) quando se estão estudando as regras de
ortografia. Nesse caso, a palavra “desprezo” (l. 09) pode
Questões ser considerado exemplo desse tipo de dificuldade para o
discente, porque:
01. A palavra que apresenta tantos fonemas quantas são as (A) o fonema [z] em posição intervocálica pode ser
letras que a compõem é: representado pelos grafemas S ou Z.
(A) importância (B) os fonemas [s] e [z] são intercambiáveis quando se
(B) milhares situam na sílaba tônica.
(C) sequer (C) a sibilante sonora [z] se ensurdece quando está
(D) técnica entre duas vogais.
(E) adolescente (D) o fonema [s] em posição mediossilábica tende a
dessonorizar-se.
02. Em qual das palavras abaixo a letra x apresenta não
um, mas dois fonemas? 06. (CASSEMS/MS - Técnico de enfermagem - MS
(A) exemplo CONCURSOS/2016)
(B) complexo
(C) próximos As algas
(D) executivo
(E) luxo As algas
das águas salgadas
03. (Pref. Caucaia/CE - Agente de Suporte a são mais amadas,
Fiscalização - CETREDE/2016) Assinale a opção em que o x são mais amargas
de todos os vocábulos não tem o som de /ks/.
(A) tóxico – axila – táxi. As algas marinhas
(B) táxi – êxtase – exame. não andam sozinhas,
(C) exportar – prolixo – nexo. de um reino maravilhoso
(D) tóxico – prolixo – nexo. são as rainhas.
(E) exército – êxodo – exportar.
As algas muito amigas
04. Indique a alternativa cuja sequência de vocábulos inventam cantigas
apresenta, na mesma ordem, o seguinte: ditongo, hiato, hiato, pra embalar
ditongo. os habitantes do mar.
(A) jamais / Deus / luar / daí
(B) joias / fluir / jesuíta / fogaréu As algas tão sábias
(C) ódio / saguão / leal / poeira são cheias de lábias
(D) quais / fugiu / caiu / história se jogam sem medo
e descobrem
05. (Pref. Fortaleza/CE - Língua Portuguesa - 2016) o segredo
mais profundo
Marginalzinho: a socialização de uma elite vazia e que há bem no fundo
covarde do mar.
Parada em um sinal de trânsito, uma cena capturou
minha atenção e me fez pensar como, ao longo da vida, a As algas em seus verdores
segregação da sociedade brasileira nos bestializa são plantas e são flores.
Um pouco de tudo: de bichos, de gente, de flores, de Elias
01 Era a largada de duas escolas que estavam José. São Paulo: Paulinas, 1982.
situadas uma do lado da outra, separadas por um muro
altíssimo de uma 02 delas. Da escola pública saíam Considerando as palavras mencionadas em cada
crianças correndo, brincando e falando alto. A maioria alternativa, escolha aquela em que há correspondência entre o
estava desacompanhada e dirigia-se 03 ao ponto de número de fonemas e o de letras.
ônibus da grande avenida, que terminaria nas periferias. (A) “há”; “de”.
Era uma massa escura, especialmente quando 04 (B) “bem”; “mar”.
contrastada com a massa mais clara que saía da escola (C) “fundo”; “algas”.
particular do lado: crianças brancas, de mãos dadas com (D) “que”; “são”.
os 05 pais, babás ou seguranças, caminhando duramente
em direção à fila de caminhonetes. Lado a lado, os dois 07. (Pref. João Pessoa/PB - Enfermeiro - AOCP/2018)
grupos não 06 se misturavam. Cada um sabia exatamente Assinale a alternativa em que todas as palavras apresentam
seu lugar. Desde muito pequenas, aquelas crianças tinham dígrafos.
literalmente 07 incorporado a segregação à brasileira, (A) crescente - investir - interesse.
que se caracteriza pela mistura única entre o sistema de (B) estabelecimento - naquela - misterioso.

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APOSTILAS OPÇÃO

(C) dinheiro - criada - naquela. FLEXÃO NOMINAL E VERBAL


(D) crescente - estabelecimento - misterioso.
FLEXÃO NOMINAL
08. (Pref. Belo Horizonte/MG - Professor de Português
- Gestão Concursos) A alternativa em que NÃO há erro de Flexão de número
grafia é: Os nomes (substantivo, adjetivo etc.), de modo geral,
(A) A miscigenação da população brasileira é uma admitem a flexão de número: singular e plural.
idiossincrasia que explica essa fabulosa micelânea de cores. Ex.: animal – animais.
(B) A malfadada seção do Congresso Nacional foi aberta
sem que nenhum deputado se dispusesse a votar as matérias Palavras Simples
da pauta. 1) Na maioria das vezes, acrescenta-se S.
(C) O eminente ator não explicou porque havia chegado Ex.: ponte – pontes / bonito – bonitos.
atrasado à gravação.
(D) Há um quê de solidariedade em todos esses projetos. 2) Palavras terminadas em R ou Z: acrescenta-se ES.
Ex.: éter – éteres / avestruz – avestruzes.
09. Assinale a alternativa em que a palavra “x” não possui Observação: o pronome qualquer faz o plural no meio:
a pronúncia de /ks/: quaisquer.
(A) tóxico
(B) léxico 3) Palavras oxítonas terminadas em S: acrescenta-se ES.
(C) máximo Ex.: ananás – ananases.
(D) prolixo Observação: as paroxítonas e as proparoxítonas são
invariáveis. Ex.: o pires − os pires / o ônibus − os ônibus.
10. (Prefeitura Jaguariúna/SP - Assistente de Gestão
Pública - Orhion Consultoria/2018) 4) Palavras terminadas em IL:
a) átono: trocam IL por EIS. Ex.: fóssil – fósseis.
De Que São Feitos os Dias? b) tônico: trocam L por S. Ex.: funil – funis.

De que são feitos os dias? 5) Palavras terminadas em EL:


- De pequenos desejos, a) átono: plural em EIS. Ex.: nível – níveis.
vagarosas saudades, b) tônico: plural em ÉIS. Ex.: carretel – carretéis.
silenciosas lembranças.
Entre mágoas sombrias, 6) Palavras terminadas em X são invariáveis.
momentâneos lampejos: Ex.: o clímax − os clímax.
vagas felicidades,
inactuais esperanças. 7) Há palavras cuja sílaba tônica avança.
De loucuras, de crimes, Ex.: júnior – juniores / caráter – caracteres.
de pecados, de glórias Observação: a palavra caracteres é plural tanto de
- do medo que encadeia caractere quanto de caráter.
todas essas mudanças.
Dentro deles vivemos, 8) Palavras terminadas em ÃO, ÃOS, ÃES e ÕES.
dentro deles choramos, Fazem o plural, por isso veja alguns muito importantes:
em duros desenlaces a) Em ões: balões, corações, grilhões, melões, gaviões.
e em sinistras alianças... b) Em ãos: pagãos, cristãos, cidadãos, bênçãos, órgãos.
Cecília Meireles, em “Canções”.
Observação: os paroxítonos, como os dois últimos,
Analise as afirmativas a seguir: sempre fazem o plural em ÃOS.
I – Encontro consonantal é a junção de sons consonantais
simultâneos dentro da palavra. Pode ser classificado de acordo c) Em ães: escrivães, tabeliães, capelães, capitães, alemães.
com o modo como se apresenta. d) Em ões ou ãos: corrimões/corrimãos, verões/verãos,
II – Podemos observar encontros consonantais perfeitos anões/anãos
nas palavras “pequenos” e “lampejos”. e) Em ões ou ães: charlatões/charlatães,
III – Podemos observar encontros consonantais guardiões/guardiães, cirugiões/cirurgiães.
imperfeitos nas palavras “dentro”, “mudanças”. f) Em ões, ãos ou ães: anciões/anciãos/anciães,
IV – Encontro vocálico é a união de dois ou mais fonemas ermitões/ermitãos/ermitães.
vocálicos em uma única sílaba ou em sílabas diferentes.
V - Podemos observar ditongos decrescentes nas palavras 9) Plural dos diminutivos com a letra Z
“dias”, “silenciosas” e “mágoas”. Coloca-se a palavra no plural, corta-se o S e acrescenta-se
zinhos (ou zinhas). Exemplo:
Assinale a alternativa CORRETA: Coraçãozinho → corações → coraçõe → coraçõezinhos.
Azulzinha → azuis → azui → azuizinhas.
(A) Apenas as alternativas I e III estão corretas.
(B) Apenas as alternativas I, III e IV estão corretas. 10) Plural com metafonia (ô → ó)
(C) Apenas as alternativas I, III, IV e V estão corretas. Algumas palavras, quando vão ao plural, abrem o timbre
(D) Apenas as alternativas I, II, III, IV e V estão corretas. da vogal o; outras, não. Veja a seguir.

Gabarito Com metafonia singular (ô) e plural (ó)


coro - coros
01.D / 02.B / 03.E / 04.B / 05.A / 06.B / 07.A / 08.D / 09.C corvo - corvos
/ 10.B destroço - destroços
forno - fornos

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APOSTILAS OPÇÃO

fosso - fossos - Quando há dois verbos de sentido oposto. Ex.: o perde-


poço - poços ganha − os perde-ganha.
rogo - rogos - Nas frases substantivas (frases que se transformam em
substantivos). Ex.: O maria-vai-com-as-outras − os maria-vai-
Sem metafonia singular (ô) e plural (ô) com-as-outras.
adorno - adornos
bolso - bolsos Observações:
endosso - endossos - São invariáveis arco-íris, louva-a-deus, sem-vergonha,
esgoto - esgotos sem-teto e sem-terra.
estojo - estojos Ex.: Os sem-terra apreciavam os arco-íris.
gosto - gostos
- Admitem mais de um plural:
11) Casos especiais: pai-nosso − pais-nossos ou pai-nossos
aval − avales e avais padre-nosso − padres-nossos ou padre-nossos
cal − cales e cais terra-nova − terras-novas ou terra-novas
cós − coses e cós salvo-conduto − salvos-condutos ou salvo-condutos
fel − feles e féis xeque-mate − xeques-mates ou xeques-mate
mal e cônsul − males e cônsules
- Casos especiais: palavras que não se encaixam nas regras.
Palavras Compostas o bem-me-quer − os bem-me-queres
Quanto a variação das palavras compostas: o joão-ninguém − os joões-ninguém
o lugar-tenente − os lugar-tenentes
1) Variação de dois elementos: neste caso os compostos o mapa-múndi − os mapas-múndi
são formados por substantivo mais palavra variável (adjetivo,
substantivo, numeral, pronome). Ex.: Flexão de gênero
amor-perfeito − amores-perfeitos
couve-flor − couves-flores Os substantivos e as palavras que o acompanham na frase
segunda-feira − segundas-feiras admitem a flexão de gênero: masculino e feminino. Ex.:
Meu amigo diretor recebeu o primeiro salário.
2) Variação só do primeiro elemento: neste caso quando Minha amiga diretora recebeu a primeira prestação.
há preposição no composto, mesmo que oculto. Ex.: A flexão de feminino pode ocorrer de duas maneiras.
pé-de-moleque − pés-de-moleque
cavalo-vapor − cavalos-vapor (de ou a vapor) 1) Com a troca de o ou e por a. Ex.: lobo – loba / mestre –
mestra.
3) A palavra também irá variar quando o segundo
substantivo determina o primeiro (fim ou semelhança). Ex.: 2) Por meio de diferentes sufixos nominais de gênero,
banana-maçã − bananas-maçã (semelhante a maçã) muitas vezes com alterações do radical. Veja alguns femininos
navio-escola − navios-escola (a finalidade é a escola) importantes:
ateu − ateia
Observações: bispo − episcopisa
- Alguns autores admitem a flexão dos dois elementos, conde − condessa
porém é uma situação polêmica. duque − duquesa
Ex.: mangas-espada (preferível) ou mangas-espadas. frade − freira
ilhéu − ilhoa
- Quando apenas o último elemento varia: judeu − judia
a) Quando os elementos são adjetivos. Ex.: hispano- marajá − marani
americano − hispano-americanos. monje − monja
Observação: a exceção é surdo-mudo, em que os dois pigmeu − pigmeia
adjetivos se flexionam: surdos-mudos.
b) Nos compostos em que aparecem os adjetivos GRÃO, Alguns substantivos são uniformes quanto ao gênero, ou
GRÃ e BEL. Ex.: grão-duque − grão-duques / grã-cruz − grã- seja, possuem uma única forma para masculino e feminino. E
cruzes / bel-prazer − bel-prazeres. podem ser divididos em:
c) Quando o composto é formado por verbo ou qualquer a) Sobrecomuns: admitem apenas um artigo, podendo
elemento invariável (advérbio, interjeição, prefixo etc.) mais designar os dois sexos. Ex.: a pessoa, o cônjuge, a testemunha.
substantivo ou adjetivo. Ex.: arranha-céu − arranha-céus / b) Comuns de dois gêneros: admitem os dois artigos,
sempre-viva − sempre-vivas / super-homem − super-homens. podendo então ser masculinos ou femininos. Ex.: o estudante
d) Quando os elementos são repetidos ou onomatopaicos − a estudante, o cientista − a cientista, o patriota − a patriota.
(representam sons). Ex.: reco-reco − reco-recos / pingue- c) Epicenos: admitem apenas um artigo, designando os
pongue − pingue-pongues / bem-te-vi − bem-te-vis. animais. Ex.: O jacaré, a cobra, o polvo.

Observações: Observações:
- Como se vê pelo segundo exemplo, pode haver alguma - O feminino de elefante é elefanta, e não elefoa. Aliá é
alteração nos elementos, ou seja, não serem iguais. correto, mas designa apenas uma espécie de elefanta.
- Se forem verbos repetidos, admite-se também pôr os dois - Mamão, para alguns gramáticos, deve ser considerado
no plural. Ex.: pisca-pisca − pisca-piscas ou piscas-piscas. epiceno. É algo discutível.
- Há substantivos de gênero duvidoso, que as pessoas
4) Quando nenhum elemento varia. costumam trocar. Veja alguns que convém gravar.
- Quando há verbo mais palavra invariável. Ex.: o cola-tudo Masculinos - Femininos
− os cola-tudo. champanha - aguardente
dó - alface

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APOSTILAS OPÇÃO

eclipse - cal cruel − crudelíssimo


formicida - cataplasma doce − dulcíssimo
grama (peso) - grafite fácil − facílimo
milhar - libido feroz − ferocíssimo
plasma - omoplata fiel − fidelíssimo
soprano - musse geral − generalíssimo
suéter - preá humilde − humílimo
telefonema magro − macérrimo
negro − nigérrimo
- Existem substantivos que admitem os dois gêneros. Ex.: pobre − paupérrimo
diabetes (ou diabete), laringe, usucapião etc. sagrado − sacratíssimo
sério − seriíssimo
Flexão de grau soberbo – superbíssimo

Por razões meramente didáticas, incluo, aqui, o grau entre Questões


os processos de flexão.
1) Assinale a alternativa que apresenta erro de plural.
Grau do substantivo a) o balãozinho – os balõezinhos, o júnior – os juniores
1) Normal ou positivo: sem nenhuma alteração. Ex.: b) o lápis – os lápis, o projetil − os projéteis
chapéu. c) o arroz – os arrozes, o éter – os éteres
d) o mel – os meles, o gol – os goles
2) Aumentativo:
a) Sintético: chapelão; 2) Está mal flexionada em número a palavra:
b) Analítico: chapéu grande, chapéu enorme etc. a) o paul − os pauis
b) o látex − os látex
3) Diminutivo: c) a gravidez − as gravidezes
a) Sintético: chapeuzinho; d) o caráter − os caráteres
b) Analítico: chapéu pequeno, chapéu reduzido etc.
Obs.: Um grau é sintético quando formado por sufixo; 3) Assinale o item em que todas as palavras são
analítico, por meio de outras palavras. masculinas.
a) dinamite, pijama, eclipse
Grau do adjetivo b) grafite, formicida, omoplata
1) Normal ou positivo: João é forte. c) grama (peso), dó, telefonema
d) suéter, faringe, clã
2) Comparativo:
a) De superioridade: João é mais forte que André. (ou do 4) Marque a opção em que todas as palavras são femininas.
que); a) agravante, aguardente, libido
b) De inferioridade: João é menos forte que André. (ou do b) milhar, alface, musse
que); c) cataplasma, lança-perfume, champanha
c) De igualdade: João é tão forte quanto André. (ou como); d) cal, soprano, laringe

3) Superlativo: Respostas
a) Absoluto 1.B/ 2.D /3.C /4.A
Sintético: João é fortíssimo.
Analítico: João é muito forte. (bastante forte, forte demais FLEXÃO VERBAL
etc.)
1) Número: singular ou plural
b) Relativo: Ex.: ando, andas, anda → singular
De superioridade: João é o mais forte da turma. andamos, andais, andam → plural
De inferioridade: João é o menos forte da turma.
2) Pessoas: são três.
Observações: a) A primeira é aquela que fala; corresponde aos pronomes
a) O grau superlativo absoluto corresponde a um aumento eu (singular) e nós (plural).
do adjetivo. Pode ser expresso por um sufixo (íssimo, érrimo Ex.: escreverei, escreveremos.
ou imo) ou uma palavra de apoio, como muito, bastante,
demasiadamente, enorme etc. b) A segunda é aquela com quem se fala; corresponde aos
pronomes tu (singular) e vós (plural).
b) As palavras maior, menor, melhor e pior constituem Ex.: escreverás, escrevereis.
sempre graus de superioridade. Ex.:
O carro é menor que o ônibus. (menor - mais pequeno = c) A terceira é aquela acerca de quem se fala; corresponde
comparativo de superioridade.) aos pronomes ele ou ela (singular) e eles ou elas (plural).
Ele é o pior do grupo. (pior - mais mau = superlativo Ex.: escreverá, escreverão.
relativo de superioridade.)
3) Modos: são três.
c) Alguns superlativos absolutos sintéticos também podem a) Indicativo: apresenta o fato verbal de maneira positiva,
apresentar dúvidas. indubitável. Ex.: vendo.
acre − acérrimo
amargo − amaríssimo b) Subjuntivo: apresenta o fato verbal de maneira
amigo − amicíssimo duvidosa, hipotética. Ex.: que eu venda.
antigo − antiquíssimo

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APOSTILAS OPÇÃO

c) Imperativo: apresenta o fato verbal como objeto de uma Observações:


ordem. Ex.: venda! a) No imperativo não existe a primeira pessoa do singular,
eu; a terceira pessoa é você.
4) Tempos: são três.
a) Presente: falo b) O verbo ser não segue a regra nas pessoas que saem do
presente do indicativo. Eis o seu imperativo:
b) Pretérito: - Afirmativo: sê, seja, sejamos, sede, sejam.
- Perfeito: falei - Negativo: não sejas, não seja, não sejamos, não sejais, não
- Imperfeito: falava sejam.
- Mais-que-perfeito: falara
c) O tratamento dispensado a alguém numa frase não pode
Obs.: O pretérito perfeito indica uma ação extinta; o mudar. Se começamos a tratar a pessoa por você, não podemos
imperfeito, uma ação que se prolongava num determinado passar para tu, e vice-versa.
ponto do passado; o mais-que-perfeito, uma ação passada em Ex.: Pede agora a tua comida. (tratamento: tu)
relação a outra ação, também passada. Ex.: Peça agora a sua comida. (tratamento: você)
Eu cantei aquela música. (perfeito)
Eu cantava aquela música. (imperfeito) d) Os verbos que têm z no radical podem, no imperativo
Quando ele chegou, eu já cantara. (mais-que-perfeito) afirmativo, perder também a letra e que aparece antes da
desinência s.
c) Futuro: Ex.: faze (tu) ou faz (tu)
- Do presente: estudaremos dize (tu) ou diz (tu)
- Do pretérito: estudaríamos
e) Procure ter “na ponta da língua” a formação e o emprego
Obs.: No modo subjuntivo, com relação aos tempos do imperativo. É assunto muito cobrado em concursos
simples, temos apenas o presente, o pretérito imperfeito e o públicos.
futuro (sem divisão). Os tempos compostos serão estudados
mais adiante. Tempos Primitivos e Tempos Derivados
1) O presente do indicativo é tempo primitivo. Da primeira
5) Vozes: são três. pessoa do singular sai todo o presente do subjuntivo.
a) Ativa: o sujeito pratica a ação verbal. Ex.: digo → que eu diga, que tu digas, que ele diga etc.
Ex.: O carro derrubou o poste. dizes
diz
b) Passiva: o sujeito sofre a ação verbal. Obs.: isso não ocorre apenas com os poucos verbos que
- Analítica ou verbal: com o particípio e um verbo auxiliar. não apresentam a desinência o na primeira pessoa do singular.
Ex.: O poste foi derrubado pelo carro. Ex.: eu sou → que eu seja.
eu sei → que eu saiba.
- Sintética ou pronominal: com o pronome apassivador se.
Ex.: Derrubou-se o poste. 2) O pretérito perfeito é tempo primitivo. Da segunda
pessoa do singular saem:
Obs.: Estudaremos bem o pronome apassivador (ou
partícula apassivadora) na sétima lição: concordância verbal. a) o mais-que-perfeito.
Ex.: coubeste → coubera, couberas, coubera, coubéramos,
c) Reflexiva: o sujeito pratica e sofre a ação verbal; aparece coubéreis, couberam.
um pronome reflexivo. Ex.: O garoto se machucou.
b) o imperfeito do subjuntivo.
Formação do Imperativo Ex.: coubeste → coubesse, coubesses, coubesse,
1) Afirmativo: tu e vós saem do presente do indicativo coubéssemos, coubésseis, coubessem.
menos a letra s; você, nós e vocês, do presente do subjuntivo.
Ex.: Imperativo afirmativo do verbo beber c) o futuro do subjuntivo.
Bebo → beba Ex.: coubeste → couber, couberes, couber, coubermos,
bebes → bebe (tu) bebas couberdes, couberem.
bebe beba → beba (você)
bebemos bebamos → bebamos (nós) 3) Do infinitivo impessoal derivam:
bebeis → bebei (vós) bebais
bebem bebam → bebam (vocês) a) o imperfeito do indicativo.
Reunindo, temos: bebe, beba, bebamos, bebei, bebam. Ex.: caber → cabia, cabias, cabia, cabíamos, cabíeis, cabiam.

2) Negativo: sai do presente do subjuntivo mais a palavra b) o futuro do presente.


não. Ex.: caber → caberei, caberás, caberá, caberemos, cabereis,
Ex.: beba caberão.
bebas → não bebas (tu)
beba → não beba (você) c) o futuro do pretérito.
bebamos → não bebamos (nós) Ex.: caber → caberia, caberias, caberia, caberíamos,
bebais → não bebais (vós) caberíeis, caberiam.
bebam → não bebam (vocês)
Assim, temos: não bebas, não beba, não bebamos, não d) o infinitivo pessoal.
bebais, não bebam. Ex.: caber → caber, caberes, caber, cabermos, caberdes,
caberem.

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APOSTILAS OPÇÃO

e) o gerúndio. 7) Aderir, competir, preterir, discernir, concernir, impelir,


Ex.: caber → cabendo. expelir, repelir:
a) presente do indicativo: adiro, aderes, adere, aderimos,
f) o particípio. aderimos, aderem.
Ex.: caber → cabido.
b) presente do subjuntivo: adira, adiras, adira, adiramos,
Tempos Compostos adirais, adiram.
Formam-se os tempos compostos com o verbo auxiliar (ter
ou haver) mais o particípio do verbo que se quer conjugar. Obs.: Esses verbos mudam o e do infinitivo para i na
primeira pessoa do singular do presente do indicativo e em
1) Perfeito composto: presente do verbo auxiliar mais todas do presente do subjuntivo.
particípio do verbo principal.
Ex.: tenho falado ou hei falado → perfeito composto do 8) Aguar, desaguar, enxaguar, minguar:
indicativo tenha falado ou haja falado → perfeito composto do a) presente do indicativo: águo, águas, água; enxáguo,
subjuntivo. enxáguas, enxágua.

2) Mais-que-perfeito composto: imperfeito do auxiliar b) presente do subjuntivo: águe, águes, águe; enxágue,
mais particípio do principal. enxágues, enxágue.
Ex.: tinha falado → mais-que-perfeito composto do
indicativo. 9) Arguir, no presente do indicativo: arguo, argúis, argúi,
tivesse falado → mais-que-perfeito composto do arguimos, arguis, argúem.
subjuntivo.
10) Apaziguar, averiguar, obliquar, no presente do
3) Demais tempos: basta classificar o verbo auxiliar. subjuntivo: apazigúe, apazigúes, apazigúe, apaziguemos,
Ex.: terei falado → futuro do presente composto (terei é apazigueis, apazigúem.
futuro do presente).
11) Mobiliar:
Verbos Irregulares Comuns em Concursos a) presente do indicativo: mobílio, mobílias, mobília,
É importante saber a conjugação dos verbos que seguem. mobiliamos, mobiliais, mobíliam.
Eles estão conjugados apenas nas pessoas, tempos e modos
mais problemáticos. b) presente do subjuntivo: mobílie, mobílies, mobílie,
1) Compor, repor, impor, expor, depor etc.: seguem mobiliemos, mobilieis, mobíliem.
integralmente o verbo pôr.
Ex.: ponho → componho, imponho, deponho etc. 12) Polir, no presente do indicativo: pulo, pules, pule,
pus → compus, repus, expus etc. polimos, polis, pulem.

2) Deter, conter, reter, manter etc.: seguem integralmente 13) Passear, recear, pentear, ladear (e todos os outros
o verbo ter. terminados em ear)
Ex.: tivermos → contivermos, mantivermos etc. a) presente do indicativo: passeio, passeias, passeia,
tiveste → retiveste, mantiveste etc. passeamos, passeais, passeiam.
b) presente do subjuntivo: passeie, passeies, passeie,
3) Intervir, advir, provir, convir etc.: seguem passeemos, passeeis, passeiem.
integralmente o verbo vir.
Ex.: vierem → intervierem, provierem etc. Observações:
vim → intervim, convim etc. - Os verbos desse grupo (importantíssimo) apresentam o
ditongo ei nas formas risotônicas, mas apenas nos dois
4) Rever, prever, antever etc.: seguem integralmente o presentes.
verbo ver. - Os verbos estrear e idear apresentam ditongo aberto.
Ex.: vi → revi, previ etc. Ex.: estreio, estreias, estreia; ideio, ideias, ideia.
víssemos → prevíssemos, antevíssemos etc.
14) Confiar, renunciar, afiar, arriar etc.: verbos regulares.
Observações: Ex.: confio, confias, confia, confiamos, confiais, confiam.
- Como se vê nesses quatro itens iniciais, o verbo derivado
segue a conjugação do seu primitivo. Basta conjugar o verbo Observações:
primitivo e recolocar o prefixo. Há outros verbos que dão - Esses verbos não têm o ditongo ei nas formas risotônicas.
origem a verbos derivados. Por exemplo, dizer, haver e fazer.
Para eles, vale a mesma regra explicada acima. - Mediar, ansiar, remediar, incendiar, odiar e intermediar,
Ex.: eu houve → eu reouve (e não reavi, como normalmente apesar de terminarem em iar, apresentam o ditongo ei.
se fala por aí). Ex.: medeio, medeias, medeia, mediamos, mediais,
medeiam, medeie, medeies, medeie, mediemos, medieis,
- Requerer e prover não seguem integralmente os verbos medeiem.
querer e ver. Eles serão mostrados mais adiante.
15) Requerer: só é irregular na 1ª pessoa do singular do
5) Crer, no pretérito perfeito do indicativo: cri, creste, creu, presente do indicativo e, consequentemente, em todo o
cremos, crestes, creram. presente do subjuntivo.
Ex.: requeiro, requeres, requer
6) Estourar, roubar, aleijar, inteirar etc.: mantém o ditongo requeira, requeiras, requeira
fechado em todos os tempos, inclusive o presente do requeri, requereste, requereu
indicativo. Ex.: A bomba estoura. (e não estóra, como
normalmente se diz).

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APOSTILAS OPÇÃO

16) Prover: conjuga-se como verbo regular no pretérito Chamam-se frases nominais as que se apresentam sem o
perfeito, no mais-que-perfeito, no imperfeito do subjuntivo, no verbo ou seja frases constituídas apenas por nomes,
futuro do subjuntivo e no particípio; nos demais tempos, substantivo, adjetivo e pronome.
acompanha o verbo ver. Exemplo: Cada louco com sua mania.
Ex.: Provi, proveste, proveu; provera, proveras, provera;
provesse, provesses, provesse etc. Tipos de Frases
provejo, provês, provê; provia, provias, provia; proverei, Declarativas: anuncia algo de forma afirmativa ou
proverás, proverá etc. negativa, ou juízo acerca de alguma coisa ou alguém:
Pedro estuda muito. (afirmativa)
17) Reaver, precaver-se, falir, adequar, remir, abolir, Jamais comprarei aquele carro. (negativa)
colorir, ressarcir, demolir, acontecer, doer são verbos
defectivos. Estude o que falamos sobre eles na lição anterior, Interrogativas: pergunta alguma coisa (com ponto de
no item sobre a classificação dos verbos. Ex.: Reaver, no interrogação) ou de forma indireta (sem o ponto de
presente do indicativo: reavemos, reaveis. interrogação).
Por que quebraste o vidro?
Questões Gostaria de comprar uma casa.

1) Marque o erro de flexão verbal. Imperativas: expressa uma ordem, pedido, pode ser
a) Teus amigos só veem problemas na empresa. afirmativa ou negativa.
b) Eles vêm cedo para o trabalho. “Silêncio! Respeite o professor.” (afirmativa)
c) Se nós virmos a solução, a brincadeira perderá a graça. Não faça loucuras. (negativa)
d) Viemos agora tentar um acordo.
Exclamativas: expressa uma admiração, surpresa,
2) Assinale a única forma verbal correta. arrependimento e etc.
a) Tudo que ele contradizer deve ser analisado. Como ela é inteligente!
b) Se o guarda retesse o trânsito, haveria enorme Não acertaram mais!
engarrafamento.
c) Carlos preveu uma desgraça. Optativas: exprimir um desejo.
d) Eu não intervinha no seu trabalho. Deus te acompanhe!
Que você consiga passar no concurso.
3) Aponte a frase sem erro no que toca à flexão verbal.
a) Os funcionários reporam a mercadoria. Imprecativas: uma imprecação (lançar uma praga,
b) Se ele manter a calma, poderá ser aprovado. maldição).
c) Quando eu revesse o processo, acharia o erro. Não conseguindo atingir seu intento, dirigiu maldições
d) Àquela altura, já tínhamos intervindo na conversa. contra seu desafeto.
Maldito seja quem encontrar você.
4) Assinale a frase com erro de flexão verbal.
a) Eu já reouve meu relógio. Atenção: Algumas frases só podem ser entendidas quando
b) Isso não condizeria com meus ideais. compreendemos o contexto em que são empregadas, como por
c) Enquanto depúnhamos, ele procurava novas provas. exemplo em frases que contém ironia, sarcasmo, deboche e
d) Quando contiverdes as emoções, sereis felizes. escárnio. Pois estas as vezes acabam expressando o contrário
do que aparentemente se diz.
5) Assinale a opção que apresenta um verbo que não é
defectivo. Questões
a) polir, abolir
b) adequar, falir 01. Marque apenas as frases nominais:
c) acontecer, doer (A) Que voz estranha!
d) precaver, reaver (B) A lanterna produzia boa claridade.
(C) As risadas não eram normais.
Gabarito (D) Luisinho, não!
1.D / 2.D / 3.B / 4.A / 5.B 02. Classifique as frases em declarativa, interrogativa,
exclamativa, optativa ou imperativa.
Frase (A) Você está bem?
(B) Não olhe; não olhe, Luisinho!
É todo enunciado suficiente por si mesmo para estabelecer (C) Que alívio!
comunicação. Pode expressar um juízo, indicar uma ação, (D) Tomara que Luisinho não fique impressionado!
estado ou fenômeno, transmitir um apelo, uma ordem ou (E) Você se machucou?
exteriorizar emoções6. São exemplos de frases7: (F) A luz jorrou na caverna.
(G) Agora suma, seu monstro!
“Por favor!” (H) O túnel ficava cada vez mais escuro.
“Bom dia, tudo bem com você?”
03. Transforme a frase declarativa em imperativa. Siga o
Os sinais de pontuação são as pausas especiais nas frases, modelo:
e quando ocorre a inversão do sujeito + predicado, a sua Luisinho ficou pra trás. (declarativa)
compreensão depende do contexto. Lusinho, fique para trás. (imperativa)

6 OTHON, Garcia, Comunicação em Prosa Moderna. FGV.2011.

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APOSTILAS OPÇÃO

(A) Eugênio e Marcelo caminhavam juntos. Dois Pontos


(B) Luisinho procurou os fósforos no bolso.
(C) Os meninos olharam à sua volta. 1) Antes de uma citação.
Ex.: Vejamos como Afrânio Coutinho trata este assunto:...
04. Sabemos que frases verbais são aquelas que têm
verbos. Assinale, pois, as frases verbais: 2) Antes de um aposto.
(A) Deus te guarde! Ex.: Três coisas não me agradam: chuva pela manhã, frio à
(B) As risadas não eram normais. tarde e calor à noite.
(C) Que ideia absurda!
(D) O fósforo quebrou – se em três pedacinhos. 3) Antes de uma explicação ou esclarecimento.
(E) Tão preta como o túnel! Ex.: Lá estava a deplorável família: triste, cabisbaixa,
(F) Quem bom! vivendo a rotina de sempre.
(G) As ovelhas são mansas e pacientes.
(H) Que espírito irônico e livre! 4) Em frases de estilo direto. Ex.:
Maria perguntou:
Respostas - Por que você não toma uma decisão?

01. “a” e “d” Ponto de Exclamação

02. a) interrogativa; b) imperativa; c) exclamativa; d) 1) Usa-se para indicar entonação de surpresa, cólera, susto,
optativa; e) interrogativa; f) declarativa; g) imperativa; h) súplica, etc.
declarativa Ex.: - Sim! Claro que eu quero me casar com você!

03. a) Eugênio e Marcelo, caminhem juntos!; b) Luisinho, 2) Depois de interjeições ou vocativos.


procure os fósforos no bolso!; c) Meninos, olhem à sua volta! Ex.: - João! Há quanto tempo!

04. a = guarde / b = eram / d = quebrou / g = são Ponto de Interrogação

PONTUAÇÃO Usa-se nas interrogações diretas e indiretas livres.


“Então? Que é isso? Desertaram ambos?”
Os sinais de pontuação são marcações gráficas que servem (Artur Azevedo)
para compor a coesão e a coerência textual além de ressaltar
especificidades semânticas e pragmáticas. Vejamos as Reticências
principais funções dos sinais de pontuação conhecidos pelo
uso da língua portuguesa.8 1) Indica que palavras foram suprimidas.
Ex.: Comprei lápis, canetas, cadernos...
Ponto
2) Indica interrupção violenta da frase.
1) Indica o término do discurso ou de parte dele. Ex.: Não... quero dizer... é verdade... Ah!
Ex.: Façamos o que for preciso para tirá-la da situação em
que se encontra. / Gostaria de comprar pão, queijo, manteiga 3) Indica interrupções de hesitação ou dúvida
e leite. Ex.: Este mal... pega doutor?

2) Usa-se nas abreviações. 4) Indica que o sentido vai além do que foi dito
Ex.: V.Exª (Vossa Exelencia) , Sr. (Senhor), S.A (Sociedade Ex.: Deixa, depois, o coração falar...
Anonima).
Vírgula
Ponto e Vírgula
Não se usa Vírgula
1) Separa várias partes do discurso, que têm a mesma Separando termos que, do ponto de vista sintático, ligam-
importância. se diretamente entre si:
Ex.: “Os pobres dão pelo pão o trabalho; os ricos dão pelo
pão a fazenda; os de espíritos generosos dão pelo pão a vida; 1) Entre sujeito e predicado.
os de nenhum espírito dão pelo pão a alma...” Todos os alunos da sala foram advertidos.
(Vieira) sujeito predicado
2) Separa partes de frases que já estão separadas por
vírgulas. 2) Entre o verbo e seus objetos.
Ex.: Alguns quiseram verão, praia e calor; outros O trabalho custou sacrifício aos realizadores.
montanhas, frio e cobertor. V.T.D.I .O.D .O.I.

3) Separa itens de uma enumeração, exposição de motivos, 3) Entre nome e complemento nominal; entre nome e
decreto de lei, etc. Ex.: adjunto adnominal.
- Ir ao supermercado; A surpreendente reação do governo contra os sonegadores
- Pegar as crianças na escola; despertou reações entre os empresários.
- Caminhada na praia; adj. adnominal nome adj. adn. Compl. nominal
- Reunião com amigos.

8 http://tudodeconcursosevestibulares.blogspot.com/2013/04/pontuacao-
resumo-com-questoes.html

Língua Portuguesa 18
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APOSTILAS OPÇÃO

Usa-se a Vírgula 03. Os sinais de pontuação estão empregados


1) Para marcar intercalação: corretamente em:
a) Do adjunto adverbial: O café, em razão da sua (A) Duas explicações, do treinamento para consultores
abundância, vem caindo de preço. iniciantes receberam destaque, o conceito de PPD e a
b) Da conjunção: Os cerrados são secos e áridos. Estão construção de tabelas Price; mas por outro lado, faltou falar
produzindo, todavia, altas quantidades de alimentos. das metas de vendas associadas aos dois temas.
c) Das expressões explicativas ou corretivas: As indústrias (B) Duas explicações do treinamento para consultores
não querem abrir mão de suas vantagens, isto é, não querem iniciantes receberam destaque: o conceito de PPD e a
abrir mão dos lucros altos. construção de tabelas Price; mas, por outro lado, faltou falar
das metas de vendas associadas aos dois temas.
2) Para marcar inversão: (C) Duas explicações do treinamento para consultores
a) Do adjunto adverbial (colocado no início da oração): iniciantes receberam destaque; o conceito de PPD e a
Depois das sete horas, todo o comércio está de portas fechadas. construção de tabelas Price, mas por outro lado, faltou falar
b) Dos objetos pleonásticos antepostos ao verbo: Aos das metas de vendas associadas aos dois temas.
pesquisadores, não lhes destinaram verba alguma. (D) Duas explicações do treinamento para consultores
c) Do nome de lugar anteposto às datas: Recife, 15 de maio iniciantes, receberam destaque: o conceito de PPD e a
de 1982. construção de tabelas Price, mas, por outro lado, faltou falar
das metas de vendas associadas aos dois temas.
3) Para separar entre si elementos coordenados (dispostos (E) Duas explicações, do treinamento para consultores
em enumeração): Era um garoto de 15 anos, alto, magro. / A iniciantes, receberam destaque; o conceito de PPD e a
ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e animais. construção de tabelas Price, mas por outro lado, faltou falar
das metas, de vendas associadas aos dois temas.
4) Para marcar elipse (omissão) do verbo: Nós queremos
comer pizza; e vocês, churrasco. 04. Assinale a alternativa em que o período, adaptado da
revista Pesquisa Fapesp de junho de 2012, está correto quanto
5) Para isolar: à regência nominal e à pontuação.
a) O aposto: São Paulo, considerada a metrópole brasileira, (A) Não há dúvida que as mulheres ampliam, rapidamente,
possui um trânsito caótico. seu espaço na carreira científica ainda que o avanço seja mais
b) O vocativo: Ora, Thiago, não diga bobagem. notável em alguns países, o Brasil é um exemplo, do que em
outros.
Questões (B) Não há dúvida de que, as mulheres, ampliam
rapidamente seu espaço na carreira científica; ainda que o
01. Assinale a alternativa em que a pontuação está avanço seja mais notável, em alguns países, o Brasil é um
corretamente empregada, de acordo com a norma-padrão da exemplo!, do que em outros.
língua portuguesa. (C) Não há dúvida de que as mulheres, ampliam
(A) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, rapidamente seu espaço, na carreira científica, ainda que o
embora, experimentasse, a sensação de violar uma intimidade, avanço seja mais notável, em alguns países: o Brasil é um
procurou a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo exemplo, do que em outros.
que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. (D) Não há dúvida de que as mulheres ampliam
(B) Diante, da testemunha o homem abriu a bolsa e, rapidamente seu espaço na carreira científica, ainda que o
embora experimentasse a sensação, de violar uma intimidade, avanço seja mais notável em alguns países - o Brasil é um
procurou a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo exemplo - do que em outros.
que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. (E) Não há dúvida que as mulheres ampliam rapidamente,
(C) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, seu espaço na carreira científica, ainda que, o avanço seja mais
embora experimentasse a sensação de violar uma intimidade, notável em alguns países (o Brasil é um exemplo) do que em
procurou a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo outros.
que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona.
(D) Diante da testemunha, o homem, abriu a bolsa e, 05. Assinale a alternativa em que a frase mantém-se
embora experimentasse a sensação de violar uma intimidade, correta após o acréscimo das vírgulas.
procurou a esmo entre as coisinhas, tentando, encontrar algo (A) Se a criança se perder, quem encontrá-la, verá na
que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. pulseira instruções para que envie, uma mensagem eletrônica
(E) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, ao grupo ou acione o código na internet.
embora, experimentasse a sensação de violar uma intimidade, (B) Um geolocalizador também, avisará, os pais de onde o
procurou a esmo entre as coisinhas, tentando, encontrar algo código foi acionado.
que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. (C) Assim que o código é digitado, familiares cadastrados,
recebem automaticamente, uma mensagem dizendo que a
02. Assinale a opção em que está corretamente indicada a criança foi encontrada.
ordem dos sinais de pontuação que devem preencher as (D) De fabricação chinesa, a nova pulseirinha, chega
lacunas da frase abaixo: primeiro às, areias do Guarujá.
(E) O sistema permite, ainda, cadastrar o nome e o telefone
“Quando se trata de trabalho científico ___ duas coisas de quem a encontrou e informar um ponto de referência
devem ser consideradas ____ uma é a contribuição teórica que o
trabalho oferece ___ a outra é o valor prático que possa ter. Respostas
1.C / 2.C / 3.B / 4.D / 5.E
(A) dois pontos, ponto e vírgula, ponto e vírgula
(B) dois pontos, vírgula, ponto e vírgula; ACENTUAÇÃO
(C) vírgula, dois pontos, ponto e vírgula;
(D) pontos vírgula, dois pontos, ponto e vírgula; Acentuação Tônica
(E) ponto e vírgula, vírgula, vírgula. Implica na intensidade com que são pronunciadas as
sílabas das palavras. Aquela que se dá de forma mais

Língua Portuguesa 19
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APOSTILAS OPÇÃO

acentuada, conceitua-se como sílaba tônica. As demais, como Paroxítonas - acentuam-se as palavras paroxítonas
são pronunciadas com menos intensidade, são denominadas terminadas em:
de átonas. - i, is
De acordo com a tonicidade, as palavras são classificadas táxi – lápis – júri
como oxítona, paroxítona e proparoxítonas, independente de - us, um, uns
levar acento gráfico: vírus – álbuns – fórum
- l, n, r, x, ps
Oxítonas – São aquelas cuja sílaba tônica recai sobre a automóvel – elétron - cadáver – tórax – fórceps
última sílaba. Ex.: café – coração – cajá – atum – caju – papel - ã, ãs, ão, ãos
ímã – ímãs – órfão – órgãos
Paroxítonas – São aquelas em que a sílaba tônica se
evidencia na penúltima sílaba. Ex.: útil – tórax – táxi – leque – Dica: Memorize a palavra LINURXÃO. Repare que essa
retrato – passível palavra apresenta as terminações das paroxítonas que são
acentuadas: L, I N, U (aqui inclua UM), R, X, Ã, ÃO. Assim ficará
Proparoxítonas - São aquelas em que a sílaba tônica se mais fácil a memorização!
evidencia na antepenúltima sílaba. Ex.: lâmpada – câmara –
tímpano – médico – ônibus - ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou não de
“s”. Ex.: água – pônei – mágoa – jóquei
Como podemos observar, mediante todos os exemplos
mencionados, os vocábulos possuem mais de uma sílaba, mas Regras Especiais
em nossa língua existem aqueles com uma sílaba somente, no
qual são os chamados de monossílabos, que quando Os ditongos de pronúncia aberta “ei”, “oi” (ditongos
pronunciados apresentam certa diferenciação quanto à abertos), que antes eram acentuados, perderam o acento de
intensidade. acordo com a nova regra, mas desde que estejam em palavras
Tal diferenciação só é percebida quando os pronunciamos paroxítonas.
em uma dada sequência de palavras. Assim como podemos Cuidado: Se os ditongos abertos estiverem em uma
observar no exemplo a seguir: palavra oxítona (herói) ou monossílaba (céu) ainda são
acentuados. Mas caso não forem ditongos perdem o acento.
“Sei que não vai dar em nada, seus segredos sei de cor.” Ex.:
Antes Agora
Os monossílabos em destaque classificam-se como
assembléia assembleia
tônicos; os demais, como átonos (que, em e de).
idéia ideia
jibóia jiboia
Acentos Gráficos
apóia (verbo apoiar) apoia
Acento agudo (´) – colocado sobre as letras “a”, “i”, “u” e
Quando a vogal do hiato for “i” ou “u” tônicos,
sobre o “e” do grupo “em” - indica que estas letras representam
acompanhados ou não de “s”, haverá acento. Ex.: saída – faísca
as vogais tônicas de palavras como Amapá, caí, público,
– baú – país – Luís
parabéns.
Observação importante: Não serão mais acentuados “i” e
Acento circunflexo (^) – colocado sobre as letras “a”, “e”
“u” tônicos, formando hiato quando vierem depois de
e “o” indica, além da tonicidade, timbre fechado. Ex.: tâmara –
ditongo. Ex.:
Atlântico – pêssego – supôs
Antes Agora
Acento grave (`) – indica a fusão da preposição “a” com
bocaiúva bocaiuva
artigos e pronomes. Ex.: à – às – àquelas – àqueles
feiúra feiura
Trema)¨( – de acordo com a nova regra, foi totalmente
Não se acentuam o “i” e o “u” que formam hiato quando
abolido das palavras. Há uma exceção: é utilizado em palavras
seguidos, na mesma sílaba, de l, m, n, r ou z: Ra-ul, ru-im, con-
derivadas de nomes próprios estrangeiros. Ex.: mülleriano (de
tri-bu-in-te, sa-ir, ju-iz
Müller)
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se estiverem
Til (~) – indica que as letras “a” e “o” representam vogais
seguidas do dígrafo nh: ra-i-nha, ven-to-i-nha.
nasais. Ex.: coração – melão – órgão – ímã
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se vierem
Regras Fundamentais
precedidas de vogal idêntica: xi-i-ta, pa-ra-cu-u-ba
Palavras oxítonas - acentuam-se todas as oxítonas
As formas verbais que possuíam o acento tônico na raiz,
terminadas em: “a”, “e”, “o”, “em”, seguidas ou não do plural(s):
com “u” tônico precedido de “g” ou “q” e seguido de “e” ou “i”
Pará – café(s) – cipó(s) – armazém(s).
não serão mais acentuadas. Ex.:
Essa regra também é aplicada aos seguintes casos:
Antes Agora
apazigúe (apaziguar) apazigue
Monossílabos tônicos - terminados em “a”, “e”, “o”,
argúi (arguir) argui
seguidos ou não de “s”. Ex.: pá – pé – dó – há
O acento pertencente aos encontros “oo” e “ee” foi abolido.
Formas verbais - terminadas em “a”, “e”, “o” tônicos,
Ex.:
seguidas de lo, la, los, las. Ex.: respeitá-lo – percebê-lo – compô-
Antes Agora
lo
crêem creem
vôo voo

Língua Portuguesa 20
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APOSTILAS OPÇÃO

- Agora memorize a palavra CREDELEVÊ. São os verbos 04. Analise atentamente a presença ou a ausência de
que, no plural, dobram o “e”, mas que não recebem mais acento gráfico nas palavras abaixo e indique a alternativa em
acento como antes: CRER, DAR, LER e VER. que não há erro:
(A) ruím - termômetro - táxi – talvez.
Repare: (B) flôres - econômia - biquíni - globo.
1) O menino crê em você (C) bambu - através - sozinho - juiz
Os meninos creem em você. (D) econômico - gíz - juízes - cajú.
2) Elza lê bem! (E) portuguêses - princesa - faísca.
Todas leem bem!
3) Espero que ele dê o recado à sala. 05. Todas as palavras abaixo são hiatos, EXCETO:
Esperamos que os dados deem efeito! (A) saúde
4) Rubens vê tudo! (B) cooperar
Eles veem tudo! (C) ruim
(D) creem
Cuidado! Há o verbo vir: (E) pouco
Ele vem à tarde!
Eles vêm à tarde! Gabarito
1.B / 2.A / 3.B / 4.C / 5.E
Acentuam-se os verbos pertencentes à terceira pessoa do
plural de: SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS
ele tem – eles têm
ele vem – eles vêm (verbo vir) Na língua portuguesa, uma PALAVRA (do latim parabola,
que por sua vez deriva do grego parabolé) pode ser definida
A regra prevalece também para os verbos conter, obter, como sendo um conjunto de letras ou sons de uma língua,
reter, deter, abster. juntamente com a ideia associada a este conjunto.
ele contém – eles contêm
ele obtém – eles obtêm Sinônimos
ele retém – eles retêm
ele convém – eles convêm São palavras de sentido igual ou aproximado, como por
exemplo:
Não se acentuam mais as palavras homógrafas que antes - Alfabeto, abecedário.
eram acentuadas para diferenciá-las de outras semelhantes - Brado, grito, clamor.
(regra do acento diferencial). Apenas em algumas exceções, - Extinguir, apagar, abolir, suprimir.
como: - Justo, certo, exato, reto, íntegro, imparcial.
Pôde (terceira pessoa do singular do pretérito perfeito do
indicativo). Na maioria das vezes não é indiferente usar um sinônimo
Pode (terceira pessoa do singular do presente do pelo outro. Embora irmanados pelo sentido comum, os
indicativo). Ex.: sinônimos diferenciam-se, entretanto, uns dos outros, por
Ela pode fazer isso agora. matizes de significação e certas propriedades que o escritor
Elvis não pôde participar porque sua mãe não deixou. não pode desconhecer. Com efeito, estes têm sentido mais
amplo, aqueles, mais restrito (animal e quadrúpede); uns são
O mesmo ocorreu com o verbo pôr para diferenciar da próprios da fala corrente, desataviada, vulgar, outros, ao invés,
preposição por. Ex.: pertencem à esfera da linguagem culta, literária, científica ou
Faço isso por você. poética (orador e tribuno, oculista e oftalmologista, cinzento e
Posso pôr (colocar) meus livros aqui? cinéreo).
A contribuição Greco-latina é responsável pela existência,
Questões em nossa língua, de numerosos pares de sinônimos. Exemplos:
- Adversário e antagonista.
01. “Cadáver” é paroxítona, pois: - Translúcido e diáfano.
(A) Tem a última sílaba como tônica. - Semicírculo e hemiciclo.
(B) Tem a penúltima sílaba como tônica. - Contraveneno e antídoto.
(C) Tem a antepenúltima sílaba como tônica. - Moral e ética.
(D) Não tem sílaba tônica. - Colóquio e diálogo.
- Transformação e metamorfose.
02. Indique a alternativa em que todas as palavras devem - Oposição e antítese.
receber acento.
(A) virus, torax, ma. O fato linguístico de existirem sinônimos chama-se
(B) caju, paleto, miosotis. sinonímia, palavra que também designa o emprego de
(C) refem, rainha, orgão. sinônimos.
(D) papeis, ideia, latex.
(E) lotus, juiz, virus. Antônimos

03. Em “O resultado da experiência foi, literalmente, São palavras de significação oposta. Exemplos:
aterrador.” a palavra destacada encontra-se acentuada pelo - Ordem e anarquia.
mesmo motivo que: - Soberba e humildade.
(A) túnel - Louvar e censurar.
(B) voluntário - Mal e bem.
(C) até
(D) insólito A antonímia pode originar-se de um prefixo de sentido
(E) rótulos oposto ou negativo. Exemplos: bendizer/maldizer,

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simpático/antipático, progredir/regredir, (aplicar) e infringir (transgredir), osso e ouço, sede (vontade


concórdia/discórdia, explícito/implícito, ativo/inativo, de beber) e cede (verbo ceder), comprimento e cumprimento,
esperar/desesperar, comunista/anticomunista, deferir (conceder, dar deferimento) e diferir (ser diferente,
simétrico/assimétrico, pré-nupcial/pós-nupcial. divergir, adiar), ratificar (confirmar) e retificar (tornar reto,
corrigir), vultoso (volumoso, muito grande: soma vultosa) e
Homônimos vultuoso (congestionado: rosto vultuoso).

São palavras que têm a mesma pronúncia, e às vezes a Polissemia


mesma grafia, mas significação diferente. Exemplos:
- São (sadio), são (forma do verbo ser) e são (santo). Uma palavra pode ter mais de uma significação. A esse fato
- Aço (substantivo) e asso (verbo). linguístico dá-se o nome de polissemia. Exemplos:
Só o contexto é que determina a significação dos - Mangueira: tubo de borracha ou plástico para regar as
homônimos. A homonímia pode ser causa de ambiguidade, por plantas ou apagar incêndios; árvore frutífera; grande curral de
isso é considerada uma deficiência dos idiomas. gado.
O que chama a atenção nos homônimos é o seu aspecto - Pena: pluma, peça de metal para escrever; punição; dó.
fônico (som) e o gráfico (grafia). Daí serem divididos em: - Velar: cobrir com véu, ocultar, vigiar, cuidar, relativo ao
véu do palato.
Homógrafos Heterofônicos Podemos citar ainda, como exemplos de palavras
polissêmicas, o verbo dar e os substantivos linha e ponto, que
Iguais na escrita e diferentes no timbre ou na intensidade têm dezenas de acepções.
das vogais.
- Rego (substantivo) e rego (verbo). Sentido Próprio e Figurado das Palavras
- Colher (verbo) e colher (substantivo).
- Jogo (substantivo) e jogo (verbo). Pela própria definição acima destacada podemos perceber
- Apoio (verbo) e apoio (substantivo). que a palavra é composta por duas partes, uma delas
- Para (verbo parar) e para (preposição). relacionada a sua forma escrita e os seus sons
- Providência (substantivo) e providencia (verbo). (denominada significante) e a outra relacionada ao que ela
- Às (substantivo), às (contração) e as (artigo). (palavra) expressa, ao conceito que ela traz (denominado
- Pelo (substantivo), pelo (verbo) e pelo (contração de significado).
per+o). Em relação ao seu significado as palavras subdividem-se
em:
Homófonos Heterográficos
- Sentido Próprio: é o sentido literal, ou seja, o sentido comum
Iguais na pronúncia e diferentes na escrita. que costumamos dar a uma palavra.
- Acender (atear, pôr fogo) e ascender (subir).
- Concertar (harmonizar) e consertar (reparar, emendar). - Sentido Figurado: é o sentido “simbólico”, “figurado”, que
- Concerto (harmonia, sessão musical) e conserto (ato de podemos dar a uma palavra.
consertar).
- Cegar (tornar cego) e segar (cortar, ceifar). Como exemplo vamos analisar a palavra cobra utilizada em
- Apreçar (determinar o preço, avaliar) e apressar diferentes contextos:
(acelerar). 1) A cobra picou o menino. (cobra = tipo de réptil
- Cela (pequeno quarto), sela (arreio) e sela (verbo selar). peçonhento)
- Censo (recenseamento) e senso (juízo). 2) A sogra dele é uma cobra. (cobra = pessoa desagradável,
- Cerrar (fechar) e serrar (cortar). que adota condutas pouco apreciáveis)
- Paço (palácio) e passo (andar). 3) O cara é cobra em Física! (cobra = pessoa que conhece
- Hera (trepadeira) e era (época), era (verbo). muito sobre alguma coisa, “expert”)
- Caça (ato de caçar), cassa (tecido) e cassa (verbo cassar =
anular). No item 1 aplica-se o termo cobra em seu sentido comum
- Cessão (ato de ceder), seção (divisão, repartição) e sessão (ou literal); nos itens 2 e 3 o termo cobra é aplicado em sentido
(tempo de uma reunião ou espetáculo). figurado.
Podemos então concluir que um mesmo significante (parte
Homófonos Homográficos concreta) pode ter vários significados (conceitos).9

Iguais na escrita e na pronúncia. Denotação e Conotação


- Caminhada (substantivo), caminhada (verbo).
- Cedo (verbo), cedo (advérbio). - Denotação: verifica-se quando utilizamos a palavra com
- Somem (verbo somar), somem (verbo sumir). o seu significado primitivo e original, com o sentido do
- Livre (adjetivo), livre (verbo livrar). dicionário; usada de modo automatizado; linguagem comum.
- Pomos (substantivo), pomos (verbo pôr). Veja este exemplo:
- Alude (avalancha), alude (verbo aludir). Cortaram as asas da ave para que não voasse mais.
Aqui a palavra em destaque é utilizada em seu sentido
Parônimos próprio, comum, usual, literal.

São palavras parecidas na escrita e na pronúncia. Dica: procure associar Denotação com Dicionário, por
Exemplos: coro e couro, cesta e sesta, eminente e iminente, trata-se da definição literal, quando o termo é utilizado em seu
tetânico e titânico, atoar e atuar, degradar e degredar, cético e sentido dicionarístico.
séptico, prescrever e proscrever, descrição e discrição, infligir

9www.tecnolegis.com/estudo-dirigido/oficial-de-justica-tjm-sp/lingua-
portuguesa-sentido-proprio-e-figurado-das-palavras.html

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- Conotação: verifica-se quando utilizamos a palavra com sinistra, entre trágica e imunda, passando-lhes pelos olhos,
o seu significado secundário, com o sentido amplo (ou num longo enxurro de carcaças e molambos...
simbólico); usada de modo criativo, figurado, numa linguagem Nem um rosto viril, nem um braço capaz de suspender uma
rica e expressiva. Veja este exemplo: arma, nem um peito resfolegante de campeador domado:
Seria aconselhável cortar as asas deste menino, antes que mulheres, sem-número de mulheres, velhas espectrais, moças
seja tarde mais. envelhecidas, velhas e moças indistintas na mesma fealdade,
Já neste caso o termo (asas) é empregado de forma escaveiradas e sujas, filhos escanchados nos quadris
figurada, fazendo alusão à ideia de restrição e/ou controle de desnalgados, filhos encarapitados às costas, filhos suspensos
ações; disciplina, limitação de conduta e comportamento. aos peitos murchos, filhos arrastados pelos braços, passando;
crianças, sem-número de crianças; velhos, sem-número de
Questões velhos; raros homens, enfermos opilados, faces túmidas e
mortas, de cera, bustos dobrados, andar cambaleante.
01. McLuhan já alertava que a aldeia global resultante das (CUNHA, Euclides da. Os sertões: campanha de Canudos. Edição Especial. Rio
de Janeiro: Francisco Alves, 1980.)
mídias eletrônicas não implica necessariamente harmonia,
implica, sim, que cada participante das novas mídias terá um
Em qual das alternativas abaixo NÃO há um par de
envolvimento gigantesco na vida dos demais membros, que
sinônimos?
terá a chance de meter o bedelho onde bem quiser e fazer o
(A) Armistício - destruição
uso que quiser das informações que conseguir. A aclamada
(B) Claudicante - manco
transparência da coisa pública carrega consigo o risco de fim
(C) Reveses - infortúnios
da privacidade e a superexposição de nossas pequenas ou
(D) Fealdade - feiura
grandes fraquezas morais ao julgamento da comunidade de
(E) Opilados - desnutridos
que escolhemos participar.
Não faz sentido falar de dia e noite das redes sociais,
03. Atento ao emprego dos Homônimos, analise as
apenas em número de atualizações nas páginas e na
palavras sublinhadas e identifique a alternativa CORRETA:
capacidade dos usuários de distinguir essas variações como
(A) Ainda vivemos no Brasil a descriminação racial. Isso é
relevantes no conjunto virtualmente infinito das
crime!
possibilidades das redes. Para achar o fio de Ariadne no
(B) Com a crise política, a renúncia já parecia eminente.
labirinto das redes sociais, os usuários precisam ter a
(C) Descobertas as manobras fiscais, os políticos irão
habilidade de identificar e estimar parâmetros, aprender a
agora expiar seus crimes.
extrair informações relevantes de um conjunto finito de
(D) Em todos os momentos, para agir corretamente, é
observações e reconhecer a organização geral da rede de que
preciso o bom censo.
participam.
(E) Prefiro macarronada com molho, mas sem estrato de
O fluxo de informação que percorre as artérias das redes
tomate.
sociais é um poderoso fármaco viciante. Um dos neologismos
recentes vinculados à dependência cada vez maior dos jovens
04. Assinale a alternativa em que as palavras podem servir
a esses dispositivos é a “nomobofobia” (ou “pavor de ficar sem
de exemplos de parônimos:
conexão no telefone celular”), descrito como a ansiedade e o
(A) Cavaleiro (Homem a cavalo) - Cavalheiro (Homem
sentimento de pânico experimentados por um número
gentil).
crescente de pessoas quando acaba a bateria do dispositivo
(B) São (sadio) - São (Forma reduzida de Santo).
móvel ou quando ficam sem conexão com a Internet. Essa
(C) Acento (sinal gráfico) - Assento (superfície onde se
informação, como toda nova droga, ao embotar a razão e abrir
senta).
os poros da sensibilidade, pode tanto ser um remédio quanto
(D) Nenhuma das alternativas.
um veneno para o espírito.
(Vinicius Romanini, Tudo azul no universo das redes. Revista USP)
05. Na língua portuguesa, há muitas palavras parecidas,
As expressões destacadas nos trechos - meter o bedelho seja no modo de falar ou no de escrever. A palavra sessão, por
/ estimar parâmetros / embotar a razão - têm sinônimos exemplo, assemelha-se às palavras cessão e seção, mas cada
adequados respectivamente em: uma apresenta sentido diferente. Esse caso, mesmo som,
(A) procurar / gostar de / ilustrar grafias diferentes, denomina-se homônimo homófono.
(B) imiscuir-se / avaliar / enfraquecer Assinale a alternativa em que todas as palavras se encontram
(C) interferir / propor / embrutecer nesse caso.
(D) intrometer-se / prezar / esclarecer (A) taxa, cesta, assento
(E) contrapor-se / consolidar / iluminar (B) conserto, pleito, ótico
(C) cheque, descrição, manga
02. A entrada dos prisioneiros foi comovedora (...) Os (D) serrar, ratificar, emergir
combatentes contemplavam-nos entristecidos.
Surpreendiam-se; comoviam-se. O arraial, in extremis, punha- 06.
lhes adiante, naquele armistício transitório, uma legião A fuga dos rinocerontes
desarmada, mutilada faminta e claudicante, num assalto mais Espécie ameaçada de extinção escapa dos caçadores da
duro que o das trincheiras em fogo. Custava-lhes admitir que maneira mais radical possível – pelo céu.
toda aquela gente inútil e frágil saísse tão numerosa ainda dos
casebres bombardeados durante três meses. Contemplando- Os rinocerontes-negros estão entre os bichos mais visados
lhes os rostos baços, os arcabouços esmirrados e sujos, cujos da África, pois sua espécie é uma das preferidas pelo turismo
molambos em tiras não encobriam lanhos, escaras e de caça. Para tentar salvar alguns dos 4.500 espécimes que
escalavros – a vitória tão longamente apetecida decaía de ainda restam na natureza, duas ONG ambientais apelaram
súbito. Repugnava aquele triunfo. Envergonhava. Era, com para uma solução extrema: transportar os rinocerontes de
efeito, contraproducente compensação a tão luxuosos gastos helicóptero. A ação utilizou helicópteros militares para
de combates, de reveses e de milhares de vidas, o apresamento remover 19 espécimes – com 1,4 toneladas cada um – de seu
daquela caqueirada humana – do mesmo passo angulhenta e habitat original, na província de Cabo Oriental, no sudeste da
África do Sul, e transferi-los para a província de Lampopo, no
norte do país, a 1.500 quilômetros de distância, onde viverão

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longe dos caçadores. Como o trajeto tem áreas inacessíveis de Esse é o caso dele, que chega ao trabalho perguntando
carro, os rinocerontes tiveram de voar por 24 quilômetros. onde é a festa, e chega à festa querendo saber onde é a
Sedados e de olhos vendados (para evitar sustos caso próxima, e chega à próxima festa pedindo táxi para a outra, e
acordassem), os rinocerontes foram içados pelos tornozelos e chega à outra percebendo que era melhor ter ficado na
voaram entre 10 e 20 minutos. Parece meio brutal? Os primeira, e quando chega a casa já está na hora de ir para o
responsáveis pela operação dizem que, além de mais eficiente trabalho.
para levar os paquidermes a locais de difícil acesso, o Ela sempre pertenceu ao segundo tipo de pessoa. Sempre
procedimento é mais gentil. teve tempo de sobra, por isso sempre leu romances longos, e
(BADÔ, F. A fuga dos rinocerontes Superinteressante, 2011.) passou tardes longas vendo pela milésima vez a segunda
temporada de “Grey’s Anatomy” mas, por ter tempo demais,
A palavra radical pode ser empregada com várias acabava sobrando tempo demais para se preocupar com uma
acepções, por isso denomina-se polissêmica. Assinale o hérnia imaginária, ou para tentar fazer as pazes com pessoas
sentido dicionarizado que é mais adequado no contexto acima. que nem sabiam que estavam brigadas com ela, ou escrever
(A) Que existe intrinsecamente num indivíduo ou coisa. cartas longas dentro da cabeça para o ex-namorado, os pais, o
(B) Brusco; violento; difícil. país, ou culpar o sol ou a chuva, ou comentar “e esse calor dos
(C) Que não é tradicional, comum ou usual. infernos?”, achando que a culpa é do mau tempo quando na
(D) Que exige destreza, perícia ou coragem. verdade a culpa é da sobra de tempo, porque se ela não tivesse
tanto tempo não teria nem tempo para falar do tempo.
07. Quando se conheceram, ele percebeu que não adiantava
O gavião correr atrás do tempo porque o tempo sempre vai correr mais
rápido, e ela percebeu que às vezes é bom correr para pensar
Gente olhando para o céu: não é mais disco voador. Disco menos, e pensar menos é uma maneira de ser feliz, e ambos
voador perdeu o cartaz com tanto satélite beirando o sol e a perceberam que a felicidade é uma questão de tempo. Questão
lua. Olhamos todos para o céu em busca de algo mais de ter tempo o suficiente para ser feliz, mas não o bastante
sensacional e comovente – o gavião malvado, que mata para perceber que essa felicidade não faz o menor sentido.
pombas. (Gregório Duvivier. Folha de S. Paulo, 30.11.2015. )
O centro da cidade do Rio de Janeiro retorna assim à
contemplação de um drama bem antigo, e há o partido das É correto afirmar que o título do texto tem sentido
pombas e o partido do gavião. Os pombistas ou pombeiros (A) próprio, indicando os obstáculos que cada personagem
(qualquer palavra é melhor que “columbófilo”) querem matar encontra quando depara com o tempo.
o gavião. Os amigos deste dizem que ele não é malvado tal; na (B) próprio, fazendo referência às reações das pessoas às
verdade come a sua pombinha com a mesma inocência com atitudes das personagens.
que a pomba come seu grão de milho. (C) figurado, indicando que o tempo é intangível, pouco
Não tomarei partido; admiro a túrgida inocência das importando as consequências de subestimá-lo.
pombas e também o lance magnífico em que o gavião se (D) figurado, indicando o contraste na maneira como as
despenca sobre uma delas. Comer pombas é, como diria Saint- personagens se relacionam com o tempo.
Exupéry, “a verdade do gavião”, mas matar um gavião no ar (E) figurado, se associado a “ele”, mas próprio, se associado
com um belo tiro pode também ser a verdade do caçador. a “ela”, pois se trata do tempo real.
Que o gavião mate a pomba e o homem mate alegremente
o gavião; ao homem, se não houver outro bicho que o mate, 09. A entrada dos prisioneiros foi comovedora (...) Os
pode lhe suceder que ele encontre seu gavião em outro combatentes contemplavam-nos entristecidos.
homem. Surpreendiam-se; comoviam-se. O arraial, in extremis,
(Rubem Braga. Ai de ti, Copacabana, 1999.) punhalhes adiante, naquele armistício transitório, uma legião
desarmada, mutilada faminta e claudicante, num assalto mais
O termo gavião, destacado em sua última ocorrência no duro que o das trincheiras em fogo. Custava-lhes admitir que
texto – … pode lhe suceder que ele encontre seu gavião em toda aquela gente inútil e frágil saísse tão numerosa ainda dos
outro homem. –, é empregado com sentido casebres bombardeados durante três meses. Contemplando-
(A) próprio, equivalendo a inspiração. lhes os rostos baços, os arcabouços esmirrados e sujos, cujos
(B) próprio, equivalendo a conquistador. molambos em tiras não encobriam lanhos, escaras e
(C) figurado, equivalendo a ave de rapina. escalavros – a vitória tão longamente apetecida decaía de
(D) figurado, equivalendo a alimento. súbito. Repugnava aquele triunfo. Envergonhava. Era, com
(E) figurado, equivalendo a predador. efeito, contraproducente compensação a tão luxuosos gastos
de combates, de reveses e de milhares de vidas, o apresamento
08. daquela caqueirada humana – do mesmo passo angulhenta e
Contratempos sinistra, entre trágica e imunda, passando-lhes pelos olhos,
num longo enxurro de carcaças e molambos...
Ele nunca entendeu o tédio, essa impressão de que existem Nem um rosto viril, nem um braço capaz de suspender uma
mais horas do que coisas para se fazer com elas. Sempre faltou arma, nem um peito resfolegante de campeador domado:
tempo para tanta coisa: faltou minuto para tanta música, faltou mulheres, sem-número de mulheres, velhas espectrais, moças
dia para tanto sol, faltou domingo para tanta praia, faltou noite envelhecidas, velhas e moças indistintas na mesma fealdade,
para tanto filme, faltou ano para tanta vida. escaveiradas e sujas, filhos escanchados nos quadris
Existem dois tipos de pessoa. As pessoas com mais coisa desnalgados, filhos encarapitados às costas, filhos suspensos
que tempo e as pessoas com mais tempo que coisas para fazer aos peitos murchos, filhos arrastados pelos braços, passando;
com o tempo. crianças, sem-número de crianças; velhos, sem-número de
As pessoas com menos tempo que coisa são as que velhos; raros homens, enfermos opilados, faces túmidas e
buzinam assim que o sinal fica verde, e ficam em pé no avião mortas, de cera, bustos dobrados, andar cambaleante.
esperando a porta se abrir, e empurram e atropelam as outras (CUNHA, Euclides da. Os sertões: campanha de Canudos. Edição Especial. Rio
para entrar primeiro no vagão do trem, e leem livros que de Janeiro: Francisco Alves, 1980.)
enumeram os “livros que você tem que ler antes de morrer” ao
invés de ler diretamente os livros que você tem de ler antes de Em qual dos trechos foi empregada palavra ou expressão
morrer. em sentido conotativo?

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(A) “A entrada dos prisioneiros foi comovedora” Tais termos destacados, em relação à palavra “fruta”, são
(B) “Nem um rosto viril, nem um braço capaz de suspender designados como:
uma arma, nem um peito resfolegante...” (A) hiperônimos.
(C) “Era, com efeito, contraproducente compensação a tão (B) hipônimos.
luxuosos gastos de combates...” (C) cognatos.
(D) “...os arcabouços esmirrados e sujos...” (D) polissêmicos.
(E) “faces túmidas e mortas, de cera, bustos dobrados, (E) parônimos.
andar cambaleante”
02. Destaque de cada grupo o termo hiperônimo:
10. O termo (ou expressão) em destaque, que está (A) militar, soldado, capitão, general
empregado em seu sentido próprio, denotativo, ocorre em: (B) suéter, vestuário, sobretudo, casaco
(A) Estou morta de cansada. (C) motocicleta, velocípede, veículo, patinete
(B) Aquela mulher fala mal de todos na vizinhança! É (D) pastor, padre, vigário, religioso
uma cobra. (E) voleibol, basquetebol, esporte, futebol
(C) Todo cuidado é pouco. As paredes têm ouvidos.
(D) Reclusa desde que seu cachorrinho morreu, Filomena 03. Complete as frases com o hipônimo:
finalmente saiu de casa ontem. (A) O (veículo/ transporte/ carro) atravessou o sinal
(E) Minha amiga é tão agitada! A bateria dela nunca acaba! vermelho.
(B) No trabalho, Jonas tentou consertar a cadeira
Gabarito quebrada, mas ele esqueceu o (a) (ferramenta/ objeto/
01.B /02.A /03.C /04.A /05.A / 06.C / 07.E / 08.D / utensílio) em casa.
09.E / 10.D (C) O (time/ clube/ Fluminense) será o campeão brasileiro
de futebol em 2007.
Hiperonímia e Hiponímia (D) O pobre menino mora na (rua/ avenida/ via).
Tais vocábulos10 estão relacionados ao estudo da 04. “O caminhão atravessou a pista e bateu na mureta de
semântica – ciência que se ocupa do significado das palavras. proteção, o veículo ficou totalmente destruído”. Na frase acima
Nela falando, sempre nos vêm à mente algumas noções a palavra “veículo” representa um caso de:
relacionadas à antonímia, sinonímia, polissemia, paronímia, (A) polissemia;
homonímia, mas quase nunca ouvimos falar da hiperonímia e (B) antonímia;
da hiponímia. (C) hiponímia;
Sendo assim, vejamos um pouco acerca das características (D) hiperonímia;
que as norteiam. Partindo do princípio de que as palavras (E) heteronímia.
estabelecem entre si uma relação de significado, observe este
enunciado: Gabarito
01.B / 02. (A) militar - (B) vestuário - (C) veículo - (D)
Fomos à feira e compramos maçã, banana, abacaxi, melão... religioso - (E) esporte / 03. (A) carro - (B) ferramenta - (C)
Nossa! Como estavam baratas, pois são frutas da estação. Fluminense - (D) rua / 04. D
Atenção aos vocábulos “maçã”, “banana”, “abacaxi”, CRASE
“melão” e também “frutas”, perguntamo-nos: existe alguma
relação entre eles? Toda, não é verdade? Desse modo, ao É de grande importância a crase da preposição “a” com o
observar o conceito de hiperonímia e hiponímia, chegaremos artigo feminino “a” (s), com o “a” inicial dos pronomes
à conclusão pretendida. Assim note que: aquele(s), aquela (s), aquilo e com o “a” do relativo a qual (as
quais).
Hiperonímia11 - como o próprio prefixo já nos indica, esta Na escrita, utilizamos o acento grave ( ` ) para indicar a
palavra confere-nos uma ideia de um todo, sendo que deste crase. O uso apropriado do acento grave depende da
todo se originam outras ramificações, como é o caso de frutas. compreensão da fusão das duas vogais. É fundamental
Palavras e expressões de sentido mais geral. também, para o entendimento da crase, dominar a regência
dos verbos e nomes que exigem a preposição “a”.
Hiponímia - demarcando o oposto do conceito da palavra Aprender a usar a crase, portanto, consiste em aprender a
anterior, podemos afirmar que ela representa cada parte, cada verificar a ocorrência simultânea de uma preposição e um
item de um todo, no caso: maçã, banana, abacaxi, melão. Sim, artigo ou pronome.12 Observe:
essas são palavras hipônimas. Palavras e expressões com Vou a + a igreja.
sentido mais restrito, mas estão associadas ao conjunto maior Vou à igreja.
que são as frutas.
No exemplo acima, temos a ocorrência da preposição “a”,
E frutas? “Frutas” representa, portanto, uma palavra exigida pelo verbo ir (ir a algum lugar) e a ocorrência do artigo
hiperonímia de todas as que a ela se relacionam. “a” que está determinando o substantivo feminino igreja.
Quando ocorre esse encontro das duas vogais e elas se unem,
Questões a união delas é indicada pelo acento grave. Observe outros
exemplos:
01. Os vocábulos destacados em “Na banca da feira da Conheço a aluna.
vinte e cinco, havia cupuaçu, bacuri, taperebá e outras frutas Refiro-me à aluna.
regionais.”, têm relação entre si por possuírem o mesmo
campo semântico, isto é, todos são frutas inclusive típicas da No primeiro exemplo, o verbo é transitivo direto (conhecer
Amazônia. algo ou alguém), logo não exige preposição e a crase não pode

10 https://portugues.uol.com.br/gramatica/hiperonimia-hiponimia.html 12 www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint76.php
11 mundoeducacao.bol.uol.com.br/gramatica/hiperonimia-hiponimia.htm

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ocorrer. No segundo exemplo, o verbo é transitivo indireto à esquerda às turras às vezes à chave
(referir-se a algo ou a alguém) e exige a preposição “a”.
Portanto, a crase é possível, desde que o termo seguinte seja à direita à procura à deriva à toa
feminino e admita o artigo feminino “a” ou um dos pronomes
já especificados. à luz à sombra de à frente de à proporção que

à semelhança de às ordens à beira de


Casos em que a crase NÃO ocorre

1) Diante de substantivos masculinos: Crase diante de Nomes de Lugar


Andamos a cavalo.
Fomos a pé. Alguns nomes de lugar não admitem a anteposição do
artigo “a”. Outros, entretanto, admitem o artigo de modo que
2) Diante de verbos no infinitivo: diante deles haverá crase, desde que o termo regente exija a
A criança começou a falar. preposição “a”. Para saber se um nome de lugar admite ou não
Ela não tem nada a dizer. a anteposição do artigo feminino “a”, deve-se substituir o
termo regente por um verbo que peça a preposição “de” ou
Obs.: como os verbos não admitem artigos, o “a” dos “em”. A ocorrência da contração “da” ou “na” prova que esse
exemplos acima é apenas preposição, logo não ocorrerá crase. nome de lugar aceita o artigo e, por isso, haverá crase. Por
exemplo:
3) Diante da maioria dos pronomes e das expressões de
tratamento, com exceção das formas senhora, senhorita e Vou à França. (Vim da[ de+a] França. Estou na[ em+a]
dona: França.)
Diga a ela que não estarei em casa amanhã. Cheguei à Grécia. (Vim da Grécia. Estou na Grécia.)
Entreguei a todos os documentos necessários. Retornarei à Itália. (Vim da Itália. Estou na Itália)
Ele fez referência a Vossa Excelência no discurso de ontem. Vou a Porto Alegre. (Vim de Porto Alegre. Estou em Porto
Alegre.)
Os poucos casos em que ocorre crase diante dos pronomes
podem ser identificados pelo método: troque a palavra - Minha dica: use a regrinha “Vou A volto DA, crase HÁ; vou
feminina por uma masculina, caso na nova construção surgir a A volto DE, crase PRA QUÊ?”
forma ao, ocorrerá crase. Por exemplo: Ex.: Vou a Campinas. = Volto de Campinas.
Refiro-me à mesma pessoa. Vou à praia. = Volto da praia.
(Refiro-me ao mesmo indivíduo.)
Informei o ocorrido à senhora. - ATENÇÃO: quando o nome de lugar estiver especificado,
(Informei o ocorrido ao senhor.) ocorrerá crase. Veja:
Peça à própria Cláudia para sair mais cedo. Retornarei à São Paulo dos bandeirantes. = mesmo que,
(Peça ao próprio Cláudio para sair mais cedo.) pela regrinha acima, seja a do “VOLTO DE”.

4) Diante de numerais cardinais: Crase diante dos Pronomes Demonstrativos (Aquele (s),
Chegou a duzentos o número de feridos Aquela (s), Aquilo)
Daqui a uma semana começa o campeonato. Haverá crase diante desses pronomes sempre que o termo
regente exigir a preposição “a”. Por exemplo:
Casos em que a crase SEMPRE ocorre
Refiro-me a + aquele atentado.
1) Diante de palavras femininas:
Amanhã iremos à festa de aniversário de minha colega. Preposição Pronome
Sempre vamos à praia no verão.
Ela disse à irmã o que havia escutado pelos corredores.
Refiro-me àquele atentado.
2) Diante da palavra “moda”, com o sentido de “à moda de” O termo regente do exemplo acima é o verbo transitivo
(mesmo que a expressão moda de fique subentendida: indireto referir (referir-se a algo ou alguém) e exige
O jogador fez um gol à (moda de) Pelé. preposição, portanto, ocorre a crase.
Usava sapatos à (moda de) Luís XV.
O menino resolveu vestir-se à (moda de) Fidel Castro. Observe este outro exemplo:
Aluguei aquela casa.
3) Na indicação de horas: O verbo “alugar” é transitivo direto (alugar algo) e não
Acordei às sete horas da manhã. exige preposição. Logo, a crase não ocorre nesse caso.
Elas chegaram às dez horas.
Foram dormir à meia-noite. Crase com os Pronomes Relativos (A Qual, As Quais)
A ocorrência da crase com os pronomes relativos a qual e
4) Em locuções adverbiais, prepositivas e conjuntivas de as quais depende do verbo. Se o verbo que rege esses
que participam palavras femininas. Por exemplo: pronomes exigir a preposição a, haverá crase.
É possível detectar a ocorrência da crase nesses casos
utilizando a substituição do termo regido feminino por um
à tarde às ocultas às pressas à medida que
termo regido masculino. Por exemplo:
à noite às claras às escondidas à força
A igreja à qual me refiro fica no centro da cidade.
à vontade à beça à larga à escuta O monumento ao qual me refiro fica no centro da cidade

às avessas à revelia à exceção de à imitação de Caso surja a forma ao com a troca do termo, ocorrerá a
crase. Veja outros exemplos:

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APOSTILAS OPÇÃO

São normas às quais todos os alunos devem obedecer. estatísticas criminais. Raro ler ____respeito envolvendo
Esta foi a conclusão à qual ele chegou. questões de saúde pública como programas de esclarecimento
e prevenção, de tratamento para dependentes e de
Crase com o Pronome Demonstrativo (a) reintegração desses____ vida. Quantos de nós sabemos o nome
A ocorrência da crase com o pronome demonstrativo “a” de um médico ou clínica ____quem tentar encaminhar um
também pode ser detectada através da substituição do termo drogado da nossa própria família?
regente feminino por um termo regido masculino. Veja: (Ruy Castro, Da nossa própria família. Folha de S.Paulo, 2012)
Minha revolta é ligada à do meu país.
Meu luto é ligado ao do meu país. As lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e
As orações são semelhantes às de antes. respectivamente, com:
Os exemplos são semelhantes aos de antes. (A) aos … à … a … a
(B) aos … a … à … a
Crase com a Palavra Distância (C) a … a … à … à
- Se a palavra distância estiver especificada ou (D) à … à … à … à
determinada, a crase deve ocorrer. Por exemplo: (E) a … a … a … a
Sua casa fica à distância de 100 Km daqui. (A palavra está
determinada) 02. Leia o texto a seguir.
Todos devem ficar à distância de 50 metros do palco. (A Foi por esse tempo que Rita, desconfiada e medrosa, correu
palavra está especificada.) ______ cartomante para consultá-la sobre a verdadeira causa do
procedimento de Camilo. Vimos que ______ cartomante restituiu-
- Se a palavra distância não estiver especificada, a crase lhe ______ confiança, e que o rapaz repreendeu-a por ter feito o
não pode ocorrer. Por exemplo: que fez.
(Machado de Assis. A cartomante. In: Várias histórias. Rio de Janeiro: Globo,
Os militares ficaram a distância. 1997,)
Gostava de fotografar a distância.
Ensinou a distância. Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na
ordem dada:
Observação: por motivo de clareza, para evitar (A) à – a – a
ambiguidade, pode-se usar a crase. Veja: (B) a – a – à
Gostava de fotografar à distância. (C) à – a – à
Ensinou à distância. (D) à – à – a
Dizem que aquele médico cura à distância. (E) a – à – à
Casos em que a ocorrência da crase é FACULTATIVA 03 “Nesta oportunidade, volto ___ referir-me ___ problemas
já expostos ___ V. Sª ___ alguns dias”.
1) Diante de nomes próprios femininos: é facultativo o uso (A) à - àqueles - a - há
da crase porque é facultativo o uso do artigo. Observe: (B) a - àqueles - a - há
Paula é muito bonita; ou A Paula é muito bonita. (C) a - aqueles - à - a
Laura é minha amiga; ou A Laura é minha amiga. (D) à - àqueles - a - a
(E) a - aqueles - à - há
Como podemos constatar, é facultativo o uso do artigo
feminino diante de nomes próprios femininos, então podemos 04. Leia o texto a seguir.
escrever as frases abaixo das seguintes formas:
Entreguei o cartão a Paula; ou Entreguei o cartão à Paula. Comunicação
Entreguei o cartão a Roberto; ou Entreguei o cartão ao
Roberto. O público ledor (existe mesmo!) é sensorial: quer ter um
autor ao vivo, em carne e osso. Quando este morre, há uma
2) Diante de pronome possessivo feminino: é facultativo o queda de popularidade em termos de venda. Ou, quando
uso da crase porque é facultativo o uso do artigo. Observe: teatrólogo, em termos de espetáculo. Um exemplo: G. B. Shaw.
Minha avó tem setenta anos; ou A minha avó tem setenta E, entre nós, o suave fantasma de Cecília Meireles recém está
anos. se materializando, tantos anos depois.
Minha irmã está esperando por você; ou A minha irmã está Isto apenas vem provar que a leitura é um remédio para a
esperando por você. solidão em que vive cada um de nós neste formigueiro. Claro
que não me estou referindo a essa vulgar comunicação festiva
Sendo facultativo o uso do artigo feminino diante de e efervescente.
pronomes possessivos femininos, então podemos escrever as Porque o autor escreve, antes de tudo, para expressar-se.
frases abaixo das seguintes formas: Sua comunicação com o leitor decorre unicamente daí. Por
Cedi o lugar a minha avó; ou Cedi o lugar à minha avó. afinidades. É como, na vida, se faz um amigo.
Cedi o lugar a meu avô; ou Cedi o lugar ao meu avô. E o sonho do escritor, do poeta, é individualizar cada
formiga num formigueiro, cada ovelha num rebanho - para que
3) Depois da preposição até: sejamos humanos e não uma infinidade de xerox infinitamente
Fui até a praia; ou Fui até à praia. reproduzidos uns dos outros.
Acompanhe-o até a porta; ou Acompanhe-o até à porta. Mas acontece que há também autores xerox, que nos
A palestra vai até as cinco horas da tarde; ou A palestra vai invadem com aqueles seus best-sellers...
até às cinco horas da tarde. Será tudo isto uma causa ou um efeito?
Tristes interrogações para se fazerem num mundo que já
Questões foi civilizado.
01. No Brasil, as discussões sobre drogas parecem limitar- (Mário Quintana. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1. ed.,
se ______aspectos jurídicos ou policiais. É como se suas únicas 2005.)
consequências estivessem em legalismos, tecnicalidades e

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APOSTILAS OPÇÃO

Claro que não me estou referindo a essa vulgar comunicação Não se usa o artigo definido:
festiva e efervescente. - antes de pronomes de tratamento iniciados por
O vocábulo a deverá receber o sinal indicativo de crase se possessivos: Vossa Excelência, Vossa Senhoria. Ex.: Vossa
o segmento grifado for substituído por: Alteza estará presente ao debate?
(A) leitura apressada e sem profundidade. - antes de nomes de meses: O campeonato aconteceu em
(B) cada um de nós neste formigueiro. maio de 2002.
(C) exemplo de obras publicadas recentemente. - alguns nomes de países, como Espanha, França,
(D) uma comunicação festiva e virtual. Inglaterra, Itália podem ser construídos sem o artigo,
(E) respeito de autores reconhecidos pelo público. principalmente quando regidos de preposição. Ex.: “Viveu
muito tempo em Espanha.”
05. O Instituto Nacional de Administração Prisional (INAP) - antes de todos / todas + numeral: Eles são, todos
também desenvolve atividades lúdicas de apoio______ quatro, amigos de João Luís e Laurinha.
ressocialização do indivíduo preso, com o objetivo de prepará- - antes de palavras que designam matéria de estudo,
lo para o retorno______ sociedade. Dessa forma, quando em empregadas com os verbos: aprender, estudar, cursar,
liberdade, ele estará capacitado______ ter uma profissão e uma ensinar. Ex.: Estudo Inglês e Cristiane estuda Francês.
vida digna.
(www.metropolitana.com.br. 2012) O uso do artigo é facultativo:
- antes do pronome possessivo: Sua / A sua incompetência
Assinale a alternativa que preenche, correta e é irritante.
respectivamente, as lacunas do texto, de acordo com a norma- - antes de nomes próprios de pessoas: Você já visitou
padrão da língua portuguesa. Luciana / a Luciana?
(A) à … à … à - “Daqui para a frente, tudo vai ser diferente.” (Para a
(B) a … a … à frente: exige a preposição)
(C) a … à … à
(D) à … à ... a Formas combinadas do artigo definido: Preposição + o = ao
(E) a … à … a / de + o, a = do, da / em + o, a = no, na / por + o, a = pelo, pela.

Gabarito Usa-se o artigo indefinido:


1.B / 2.A / 3.B / 4.A / 5.D - para indicar aproximação numérica: Nicole devia ter uns
oito anos.
CLASSES DE PALAVRAS - antes dos nomes de partes do corpo ou de objetos em
pares: Usava umas calças largas e umas botas longas.
Em Classes de Palavras, estudaremos artigo, substantivo, - em linguagem coloquial, com valor intensivo: Rafaela é
adjetivo, numeral, pronome, verbo, advérbio, preposição, uma meiguice só.
interjeição e conjunção. E dentro de cada uma, abordaremos - para comparar alguém com um personagem célebre: Luís
seu emprego e quando houver, sua flexão. August é um Rui Barbosa.

Artigo O artigo indefinido não é usado:


- em expressões de quantidade: pessoa, porção, parte,
É a palavra que acompanha o substantivo, indicando-lhe o gente, quantidade. Ex.: Reservou para todos boa parte do lucro.
gênero e o número, determinando-o ou generalizando-o. Os - com adjetivos como: escasso, excessivo, suficiente. Ex.:
artigos podem ser: Não há suficiente espaço para todos.
Definidos: o, a, os, as; determinam os substantivos, trata de - com substantivo que denota espécie. Ex.: Cão que ladra
um ser já conhecido; denota familiaridade: “A grande reforma não morde.
do ensino superior é a reforma do ensino fundamental e do
médio.” Formas combinadas do artigo indefinido: Preposição de e
Indefinidos: um, uma, uns, umas; Trata-se de um ser em + um, uma = num, numa, dum, duma.
desconhecido, dá ao substantivo valor vago: “...foi chegando
um caboclinho magro, com uma taquara na mão.” (A. Lima) O artigo (o, a, um, uma) anteposto a qualquer palavra
transforma-a em substantivo. O ato literário é o conjunto do
Usa-se o artigo definido: ler e do escrever.
- com a palavra ambos: falou-nos que ambos os culpados
foram punidos. Questões
- com nomes próprios geográficos de estado, país, oceano,
montanha, rio, lago: o Brasil, o rio Amazonas, a Argentina, o 01. (Banestes - Analista Econômico Financeiro - Gestão
oceano Pacífico. Ex.: Conheço o Canadá mas não conheço Contábil - FGV/2018) A frase abaixo em que o emprego do
Brasília. artigo mostra inadequação é:
- depois de todos/todas + numeral + substantivo: Todos (A) Todas as coisas que hoje se creem antiquíssimas já
os vinte atletas participarão do campeonato. foram novas;
- com o superlativo relativo: Mariane escolheu as mais (B) Cuidado com todas as coisas que requeiram roupas
lindas flores da floricultura. novas;
- com a palavra outro, com sentido determinado: Marcelo (C) Todos os bons pensamentos estão presentes no
tem dois amigos: Rui é alto e lindo, o outro é atlético e mundo, só falta aplicá-los;
simpático. (D) Em toda a separação existe uma imagem da morte;
- antes dos nomes das quatro estações do ano: Depois da (E) Alegria de amor dura apenas um instante, mas
primavera vem o verão. sofrimento de amor dura toda a vida.
- com expressões de peso e medida: O álcool custa um real
o litro. (=cada litro)

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APOSTILAS OPÇÃO

02. (IF/AP – Auxiliar em Administração – (C) Apenas I, II e III estão corretas.


FUNIVERSA/2016) (D) Apenas I, II e IV estão corretas.

Gabarito

01.D / 02.E / 03.C / 04.C

Substantivo

É a palavra que dá nomes aos seres. Inclui os nomes de


pessoas, de lugares, coisas, entes de natureza espiritual ou
mitológica: vegetação, sereia, cidade, anjo, árvore, respeito,
criança.

Classificação
- Comuns: nomeiam os seres da mesma espécie. Ex.:
menina, piano, estrela, rio, animal, árvore.
- Próprios: referem-se a um ser em particular. Ex.: Brasil,
América do Norte, Deus, Paulo, Lucélia.
- Concretos: são aqueles que têm existência própria; são
independentes; reais ou imaginários. Ex.: mãe, mar, água, anjo,
alma, Deus, vento, saci.
- Abstrato: são os que não têm existência própria; depende
Internet: <http://educacaoepraxis.blogspot.com.br>.
sempre de um ser para existir. Designam qualidades,
sentimentos, ações, estados dos seres: dor, doença, amor, fé,
No segundo quadrinho, correspondem, respectivamente, a
beijo, abraço, juventude, covardia. Ex.: É necessário alguém ser
substantivo, pronome, artigo e advérbio:
ou estar triste para a tristeza manifestar-se.
(A) “guerra”, “o”, “a” e “por que”.
(B) “mundo”, “a”, “o” e “lá”.
Formação
(C) “quando”, “por que”, “e” e “lá”.
- Simples: são aqueles formados por apenas um radical:
(D) “por que”, “não”, “a” e “quando”.
chuva, tempo, sol, guarda.
(E) “guerra”, “quando”, “a” e “não”.
- Compostos: são os que são formados por mais de dois
radicais: guarda-chuva, girassol, água-de-colônia.
03. (SESAP/RN - Técnico em Enfermagem -
- Primitivos: são os que não derivam de outras palavras;
COMPERVE/2018)
vieram primeiro, deram origem a outras palavras. Ex.: ferro,
Pedro, mês, queijo.
Nas décadas subsequentes, vários estudos
- Derivados: são formados de outra palavra já existente;
correlacionaram os hábitos dos pacientes como fatores de
vieram depois. Ex.: ferradura, pedreiro, mesada, requeijão.
risco para doenças cardiovasculares. Sedentarismo,
- Coletivos: os substantivos comuns que, mesmo no
tabagismo, obesidade, entre outros, aumentam drasticamente
singular, designam um conjunto de seres de uma mesma
as chances de enfarte.
espécie. Ex.:
Com relação à quantidade de artigos no trecho, há
Álbum de fotografias Colmeia de abelhas
(A) cinco. de bispos em
(B) três. Alcateia de lobos Concílio
assembleia
(C) quatro. de textos
(D) dois. Antologia Conclave de cardeais
escolhidos
Arquipélago ilhas Cordilheira de montanhas
04. (Prefeitura Tanguá/RJ - Técnico de Enfermagem -
MS Concursos/2017) Considere as afirmações sobre artigo e Reflexão do Substantivo
numeral e assinale a alternativa correta: Os substantivos apresentam variações ou flexões de gênero
I - Algumas palavras que atendem o substantivo, como um, (masculino/feminino), de número (plural/singular) e de grau
em “um dia”, podem modificar-lhe o sentido. Podemos (aumentativo/diminutivo).
entender a expressão como “um dia qualquer” e também como
“um único dia.” Na primeira situação, a palavra um é artigo; na Gênero (masculino/feminino)
segunda, um é numeral. Na língua portuguesa há dois gêneros: masculino e
II - Artigo é a palavra que antecede o substantivo, feminino. A regra para a flexão do gênero é a troca de o por a,
definindo-o ou indefinindo-o. Numeral é a palavra que ou o acréscimo da vogal a, no final da palavra: mestre, mestra.
expressa quantidade exata de pessoas ou coisas, ou lugar que
elas ocupam numa determinada sequência. Formação do Feminino
III - Os numerais classificam-se em: cardinais (designam O feminino se realiza de três modos:
uma quantidade de seres); ordinais (indicam série, ordem, - Flexionando-se o substantivo masculino: filho, filha /
posição); multiplicativos (expressam aumento proporcional a mestre, mestra / leão, leoa;
um múltiplo da unidade); fracionários (denotam diminuição - Acrescentando-se ao masculino a desinência “a” ou um
proporcional a divisões, frações da unidade). sufixo feminino: autor, autora / deus, deusa / cônsul,
IV - O numeral pode referir-se a um substantivo ou consulesa / cantor, cantora / reitor, reitora.
substituí-lo; no primeiro caso, é numeral substantivo; no - Utilizando-se uma palavra feminina com radical
segundo, numeral adjetivo. diferente: pai, mãe / homem, mulher / boi, vaca / carneiro,
ovelha / cavalo, égua.
(A) Apenas II, III e IV estão corretas.
(B) Apenas I, III e IV estão corretas.

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APOSTILAS OPÇÃO

Substantivos Uniformes Substantivos terminados em ÃO com mais de uma forma


- Epicenos: designam certos animais e têm um só gênero, no plural:
quer se refiram ao macho ou à fêmea. – jacaré macho ou fêmea aldeão, aldeões, aldeãos;
/ a cobra macho ou fêmea. verão, verões, verãos;
- Comuns de dois gêneros: apenas uma forma e designam anão, anões, anãos;
indivíduos dos dois sexos. São masculinos ou femininos. A guardião, guardiões, guardiães;
indicação do sexo é feita com uso do artigo masculino ou corrimão, corrimãos, corrimões;
feminino: o, a intérprete / o, a colega / o, a médium / o, a ancião, anciões, anciães, anciãos;
pianista. ermitão, ermitões, ermitães, ermitãos.
- Sobrecomuns: designam pessoas e têm um só gênero
para homem ou a mulher: a criança (menino, menina) / a Metafonia - apresentam o “o” tônico fechado no singular e
testemunha (homem, mulher) / o cônjuge (marido, mulher). aberto no plural: caroço (ô), caroços (ó) / imposto (ô),
impostos (ó).
Alguns substantivos que mudam de sentido, quando se
troca o gênero: Substantivos que mudam de sentido quando usados no
o lotação (veículo) - a lotação (efeito de lotar); plural: Fez bem a todos (alegria); Houve separação de bens.
o capital (dinheiro) - a capital (cidade); (Patrimônio); Conferiu a féria do dia. (Salário); As férias foram
o cabeça (chefe, líder) - a cabeça (parte do corpo); maravilhosas. (Descanso).
o guia (acompanhante) - a guia (documentação).
Substantivos empregados somente no plural: Arredores,
São masculinos: o eclipse, o dó, o dengue (manha), o belas-artes, bodas (ô), condolências, cócegas, costas, exéquias,
champanha, o soprano, o clã, o alvará, o sanduíche, o clarinete, férias, olheiras, fezes, núpcias, óculos, parabéns, pêsames,
o Hosana, o espécime, o guaraná, o diabete ou diabetes, o tapa, viveres, idos, afazeres, algemas.
o lança-perfume, o praça (soldado raso), o pernoite, o
formicida, o herpes, o sósia, o telefonema, o saca-rolha, o Plural dos Substantivos Compostos
plasma, o estigma.
Somente o segundo (ou último) elemento vai para o plural:
São femininos: a dinamite, a derme, a hélice, a aluvião, a
análise, a cal, a gênese, a entorse, a faringe, a cólera (doença), - palavra unida sem hífen: pontapé = pontapés / girassol
a cataplasma, a pane, a mascote, a libido (desejo sexual), a rês, = girassóis / autopeça = autopeças.
a sentinela, a sucuri, a usucapião, a omelete, a hortelã, a fama, - verbo + substantivo: saca-rolha = saca-rolhas / arranha-
a Xerox, a aguardente. céu = arranha-céus / bate-bola = bate-bolas / guarda-roupa =
guarda-roupas / guarda-sol = guarda-sóis / vale-refeição =
Número (plural/singular) vale-refeições.
Acrescentam-se: - elemento invariável + palavra variável: sempre-viva =
- S – aos substantivos terminados em vogal ou ditongo: sempre-vivas / abaixo-assinado = abaixo-assinados / recém-
povo, povos / feira, feiras / série, séries. nascido = recém-nascidos / ex-marido = ex-maridos / auto-
- S – aos substantivos terminados em N: líquen, liquens / escola = auto-escolas.
abdômen, abdomens / hífen, hífens. Também: líquenes, - palavras repetidas: o reco-reco = os reco-recos / o tico-
abdômenes, hífenes. tico = os tico-ticos / o corre-corre = os corre-corres.
- ES – aos substantivos terminados em R, S, Z: cartaz, - substantivo composto de três ou mais elementos não
cartazes / motor, motores / mês, meses. Alguns terminados em ligados por preposição: o bem-me-quer = os bem-me-queres /
R mudam sua sílaba tônica, no plural: júnior, juniores / caráter, o bem-te-vi = os bem-te-vis / o sem-terra = os sem-terra / o
caracteres / sênior, seniores. fora-da-lei = os fora-da-lei / o João-ninguém = os joões-ninguém
- IS – aos substantivos terminados em al, el, ol, ul: jornal, / o ponto-e-vírgula = os ponto e vírgulas / o bumba meu boi =
jornais / sol, sóis / túnel, túneis / mel, meles, méis. Exceções: os bumba meu bois.
mal, males / cônsul, cônsules / real, réis. - quando o primeiro elemento for: grão, grã (grande), bel:
- ÃO – aos substantivos terminados em ão, acrescenta S: grão-duque = grão-duques / grã-cruz = grã-cruzes / bel-prazer
cidadão, cidadãos / irmão, irmãos / mão, mãos. = bel-prazeres.

Trocam-se: Somente o primeiro elemento vai para o plural:


- ão por ões: botão, botões / limão, limões / portão, portões
/ mamão, mamões. - substantivo + preposição + substantivo: água de colônia
- ão por ãe: pão, pães / charlatão, charlatães / alemão, = águas-de-colônia / mula-sem-cabeça = mulas-sem-cabeça /
alemães / cão, cães. pão-de-ló = pães-de-ló / sinal-da-cruz = sinais-da-cruz.
- il por is (oxítonas): funil, funis / fuzil, fuzis / canil, canis / - quando o segundo elemento limita o primeiro ou dá
pernil, pernis. ideia de tipo, finalidade: samba-enredo = sambas-enredo /
- por eis (paroxítonas): fóssil, fósseis / réptil, répteis / pombo-correio = pombos-correio / salário-família = salários-
projétil, projéteis. família / banana-maçã = bananas-maçã / vale-refeição = vales-
- m por ns: nuvem, nuvens / som, sons / vintém, vinténs / refeição (vale = ter valor de, substantivo+especificador)
atum, atuns.
- zito, zinho - 1º coloca-se o substantivo no plural: balão, Os dois elementos ficam invariáveis quando houver:
balões. 2º elimina-se o S + zinhos.
Balão – balões – balões + zinhos: balõezinhos. - verbo + advérbio: o ganha-pouco = os ganha-pouco / o
Papel – papéis – papel + zinhos: papeizinhos. cola-tudo = os cola-tudo / o bota-fora = os bota-fora
Cão – cães - cãe + zitos: Cãezitos. - os compostos de verbos de sentido oposto: o entra-e-sai
= os entra-e-sai / o leva-e-traz = os leva-e-traz / o vai-e-volta
Alguns substantivos terminados em X são invariáveis = os vai-e-volta.
(valor fonético = cs): os tórax, os tórax / o ônix, os ônix / a fênix,
as fênix / uma Xerox, duas Xerox / um fax, dois fax.

Língua Portuguesa 30
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APOSTILAS OPÇÃO

Os dois elementos, vão para o plural: (A) vulcão, abaixo-assinado;


(B) irmão, salário-família;
- substantivo + substantivo: decreto-lei = decretos-leis / (C) questão, manga-rosa;
abelha-mestra = abelhas-mestras / tia-avó = tias-avós / (D) bênção, papel-moeda;
tenente-coronel = tenentes-coronéis / redator-chefe = (E) razão, guarda-chuva.
redatores-chefes.
- substantivo + adjetivo: amor-perfeito = amores- 02. Assinale a alternativa em que está correta a formação
perfeitos / capitão-mor = capitães-mores / carro-forte = do plural:
carros-fortes / obra-prima = obras-primas / cachorro-quente (A) cadáver – cadáveis;
= cachorros-quentes. (B) gavião – gaviães;
- adjetivo + substantivo: boa-vida = boas-vidas / curta- (C) fuzil – fuzíveis;
metragem = curtas-metragens / má-língua = más-línguas / (D) mal – maus;
- numeral ordinal + substantivo: segunda-feira = (E) atlas – os atlas.
segundas-feiras / quinta-feira = quintas-feiras.
03. A palavra livro é um substantivo
Composto com a palavra guarda só vai para o plural se (A) próprio, concreto, primitivo e simples.
for pessoa: guarda-noturno = guardas-noturnos / guarda- (B) comum, abstrato, derivado e composto.
florestal = guardas-florestais / guarda-civil = guardas-civis / (C) comum, abstrato, primitivo e simples.
guarda-marinha = guardas-marinha. (D) comum, concreto, primitivo e simples.

Plural dos nomes próprios personalizados: os Almeidas 04. Assinale a alternativa em que todos os substantivos são
/ os Oliveiras / os Picassos / os Mozarts / os Kennedys / os masculinos:
Silvas. (A) enigma – idioma – cal;
(B) pianista – presidente – planta;
Plural das siglas, acrescenta-se um s minúsculo: CDs / (C) champanha – dó(pena) – telefonema;
DVDs / ONGs / PMs / Ufirs. (D) estudante – cal – alface;
(E) edema – diabete – alface.
Grau (aumentativo/diminutivo)
Os substantivos podem ser modificados a fim de exprimir 05. Sabendo-se que há substantivos que no masculino têm
intensidade, exagero ou diminuição. A essas modificações é um significado; e no feminino têm outro, diferente. Marque a
que damos o nome de grau do substantivo. Os graus alternativa em que há um substantivo que não corresponde ao
aumentativos e diminutivos são formados por dois processos: seu significado:
(A) O capital = dinheiro;
- Sintético: com o acréscimo de um sufixo aumentativo ou A capital = cidade principal;
diminutivo: peixe – peixão; peixe-peixinho; sufixo inho ou (B) O grama = unidade de medida;
isinho. A grama = vegetação rasteira;
(C) O rádio = aparelho transmissor;
- Analítico: formado com palavras de aumento: grande, A rádio = estação geradora;
enorme, imensa, gigantesca (obra imensa / lucro enorme / (D) O cabeça = o chefe;
carro grande / prédio gigantesco); e formado com as palavras A cabeça = parte do corpo;
de diminuição (diminuto, pequeno, minúscula, casa pequena, (E) A cura = o médico.
peça minúscula, saia diminuta). O cura = ato de curar.

- Sem falar em aumentativo e diminutivo alguns Gabarito


substantivos exprimem também desprezo, crítica, indiferença
em relação a certas pessoas e objetos: gentalha, mulherengo, 01.C / 02.E / 03.D / 04.C / 05.E
narigão, gentinha, coisinha, povinho, livreco.
- Já alguns diminutivos dão ideia de afetividade: filhinho, Adjetivo
Toninho, mãezinha.
- Em consequência do dinamismo da língua, alguns É a palavra variável em gênero, número e grau que
substantivos no grau diminutivo e aumentativo adquiriram modifica um substantivo, atribuindo-lhe uma qualidade,
um significado novo: portão, cartão, fogão, cartilha, folhinha estado, ou modo de ser: laranjeira florida; céu azul; mau tempo.
(calendário). Os adjetivos classificam-se em:
- As palavras proparoxítonas e as palavras terminadas em - simples: apresentam um único radical, uma única palavra
sílabas nasal, ditongo, hiato ou vogal tônica recebem o sufixo em sua estrutura: alegre, medroso, simpático.
zinho(a): lâmpada (proparoxítona) = lampadazinha; irmão - compostos: apresentam mais de um radical, mais de duas
(sílaba nasal) = irmãozinho; herói (ditongo) = heroizinho; baú palavras em sua estrutura: estrelas azul-claras; sapatos
(hiato) = bauzinho; café (voga tônica) = cafezinho. marrom-escuros.
- As palavras terminadas em s ou z, ou em uma dessas - primitivos: são os que vieram primeiro; dão origem a
consoantes seguidas de vogal recebem o sufixo inho: país = outras palavras: atual, livre, triste, amarelo, brando.
paisinho; rapaz = rapazinho; rosa = rosinha; beleza = - derivados: são aqueles formados por derivação, vieram
belezinha. depois dos primitivos: amarelado, ilegal, infeliz,
- Há ainda aumentativos e diminutivos formados por desconfortável.
prefixação: minissaia, maxissaia, supermercado, - pátrios: indicam procedência ou nacionalidade, referem-
minicalculadora. se a cidades, estados, países. Amapá: amapaense; Amazonas:
amazonense ou baré; Anápolis: anapolino; Angra dos Reis:
Questões angrense; Aracajú: aracajuano ou aracajuense; Bahia: baiano.

01. Assinale o par de vocábulos que fazem o plural da Pode-se utilizar os adjetivos pátrios compostos, como:
mesma forma que “balão” e “caneta-tinteiro”: afro-brasileiro; Anglo-americano, franco-italiano, sino-

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japonês (China e Japão); Américo-francês; luso-brasileira; - de superioridade: iguala duas pessoas / coisas sendo que
nipo-argentina (Japão e Argentina); teuto-argentinos uma é mais do que a outra: Minha amiga Manu é mais
(alemão). elegante do que / que eu. (Das duas, a Manu é mais) Podem
ser:
Locução Adjetiva: é a expressão que tem o mesmo valor Analítico: mais bom / mais mau / mais grande / mais
de um adjetivo. É formada por preposição + um substantivo. pequeno: O salário é mais pequeno do que / que justo (salário
Vejamos algumas locuções adjetivas: pequeno e justo). Quando comparamos duas qualidades de um
mesmo ser, podemos usar as formas: mais grande, mais mau,
Angelical de anjo Etário de idade mais bom, mais pequeno.
Abdominal de abdômen Fabril de fábrica Sintético: bom, melhor / mau, pior / grande, maior /
Apícola de abelha Filatélico de selos pequeno, menor: Esta sala é melhor do que / que aquela.
Aquilino de águia Urbano da cidade
- de inferioridade: um elemento é menor do que outro:
Flexões do Adjetivo Somos menos passivos do que / que tolerantes.
Como palavra variável, sofre flexões de gênero, número e
grau: O grau superlativo apresenta característica intensificada.
Pode ser absoluto ou relativo:
Gênero
- Absoluto: atribuída a um só ser; de forma absoluta. Pode
- uniformes: têm forma única para o masculino e o ser:
feminino. Funcionário incompetente = funcionária Analítico: advérbio de intensidade muito, intensamente,
incompetente. bastante, extremamente, excepcionalmente + adjetivo (Nicola é
- biformes: troca-se a vogal “o” pela vogal “a” ou com o extremamente simpático).
acréscimo da vogal “a” no final da palavra: ator famoso = atriz Sintético: adjetivo + issimo, imo, ílimo, érrimo (Minha
famosa / jogador brasileiro = jogadora brasileira. comadre Mariinha é agradabilíssima).

Os adjetivos compostos recebem a flexão feminina apenas - o sufixo -érrimo é restrito aos adjetivos latinos
no segundo elemento: sociedade luso-brasileira / festa cívico- terminados em r; pauper (pobre) = paupérrimo; macer
religiosa / são – sã. (magro) = macérrimo;
Às vezes, os adjetivos são empregados como substantivos - forma popular: radical do adjetivo português + íssimo
ou como advérbios: Agia como um ingênuo. (adjetivo como (pobríssimo);
substantivo: acompanha um artigo). A cerveja que desce - adjetivos terminados em vel + bilíssimo: amável =
redondo. (adjetivo como advérbio: redondamente). amabilíssimo;
- adjetivos terminados em eio formam o superlativo
Número apenas com i: feio = feíssimo / cheio = cheíssimo.
- os adjetivos terminados em io forma o superlativo em
O plural dos adjetivos simples flexiona de acordo com o iíssimo: sério = seriíssimo / necessário = necessariíssimo /
substantivo a que se referem: menino chorão = meninos frio = friíssimo.
chorões / garota sensível = garotas sensíveis.
Usa-se também, no superlativo:
- quando os dois elementos formadores são adjetivos, só o
segundo vai para o plural: questões político-partidárias, olhos - prefixos: maxinflação / hipermercado /
castanho-claros, senadores democrata-cristãos. ultrassonografia / supersimpática.
- composto formado de adjetivo + substantivo referindo-se - expressões: suja à beça / pra lá de sério / duro que nem
a cores, o adjetivo cor e o substantivo permanecem invariáveis, sola / podre de rico / linda de morrer / magro de dar pena.
não vão para o plural: terno azul-petróleo = ternos azul- - adjetivos repetidos: fofinho, fofinho (=fofíssimo) /
petróleo (adjetivo azul, substantivo petróleo); saia amarelo- linda, linda (=lindíssima).
canário = saias amarelo-canário (adjetivo, amarelo; - diminutivo ou aumentativo: cheinha / pequenininha /
substantivo canário). grandalhão / gostosão / bonitão.
- as locuções adjetivas formadas de cor + de + substantivo, - linguagem informal, sufixo érrimo, em vez de íssimo:
ficam invariáveis: papel cor-de-rosa = papéis cor-de-rosa / chiquérrimo, chiquetérrimo, elegantérrimo.
olho cor-de-mel = olhos cor-de-mel.
- são invariáveis os adjetivos raios ultravioleta / alegrias - Relativo: ressalta a qualidade de um ser entre muitos,
sem-par, piadas sem-sal. com a mesma qualidade. Pode ser:
De Superioridade: Wilma é a mais prendada de todas as
Grau suas amigas. (Ela é a mais de todas)
De Inferioridade: Paulo César é o menos tímido dos filhos.
O grau do adjetivo exprime a intensidade das qualidades
dos seres. O adjetivo apresenta duas variações de grau: Questões
comparativo e superlativo.
01. (COMPESA - Analista de Gestão - Advogado -
O grau comparativo é usado para comparar uma FGV/2016) A substituição da oração adjetiva por um adjetivo
qualidade entre dois ou mais seres, ou duas ou mais de valor equivalente está feita de forma inadequada em:
qualidades de um mesmo ser. Pode ser de igualdade, de (A) “Quando você elimina o impossível, o que sobra, por
superioridade e de inferioridade: mais improvável que pareça, só pode ser a verdade”. / restante
(B) “Sábio é aquele que conhece os limites da própria
- de igualdade: iguala duas coisas ou duas pessoas: Sou ignorância”. / consciente dos limites da própria ignorância.
tão alto quão / quanto / como você. (As duas pessoas têm a (C) “A única coisa que vem sem esforço é a idade”. /
mesma altura) indiferente

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(D) “Adoro a humanidade. O que não suporto são as No fragmento acima, os dois adjetivos sublinhados
pessoas”. / insuportável possuem, respectivamente, os valores de
(E) “Com o tempo não vamos ficando sozinhos apenas (A) qualidade e estado.
pelos que se foram: vamos ficando sozinhos uns dos outros”. / (B) estado e relação.
falecidos (C) relação e característica.
(D) característica e qualidade.
02. (SEPOG/RO - Técnico em Tecnologia da Informação (E) qualidade e relação.
e Comunicação - FGV/2018) Temos uma notícia triste: o
coração não é o órgão do amor! Ao contrário do que dizem, não Gabarito
é ali que moram os sentimentos. Puxa, para que serve ele,
afinal? Calma, não jogue o coração para escanteio, ele é 01.C / 02.A / 03.E / 04.A / 05.E
superimportante. “É um órgão vital. É dele a função de
bombear sangue para todas as células de nosso corpo”, explica Numeral
Sérgio Jardim, cardiologista do Hospital do Coração.
O coração é um músculo oco, por onde passa o sangue, e Os numerais exprimem quantidade, posição em uma série,
tem dois sistemas de bombeamento independentes. Com essas multiplicação e divisão. Daí a sua classificação,
“bombas” ele recebe o sangue das veias e lança para as respectivamente, em:
artérias. Para isso contrai e relaxa, diminuindo e aumentando
de tamanho. E o que tem a ver com o amor? “Ele realmente - Cardinal - indica número, quantidade: um, dois, três,
bate mais rápido quando uma pessoa está apaixonada. O corpo quatro, cinco, seis, sete, oito, nove, dez, onze, doze, treze,
libera adrenalina, aumentando os batimentos cardíacos e a catorze ou quatorze, quinze, dezesseis, vinte..., trinta..., cem...,
pressão arterial”. duzentos..., oitocentos..., novecentos..., mil.
(O Estado de São Paulo, 09/06/2012, caderno suplementar, p. 6)
- Ordinal - indica ordem ou posição: primeiro, segundo,
Nas frases “ele é superimportante” e “Ele realmente bate terceiro, quarto, quinto, sexto, sétimo, oitavo, nono, décimo,
mais rápido quando uma pessoa está apaixonada”, há dois décimo primeiro, vigésimo..., trigésimo..., quingentésimo...,
exemplos de variação de grau. sexcentésimo..., septingentésimo..., octingentésimo...,
nongentésimo..., milésimo.
Sobre essas variações, assinale a afirmativa correta.
(A) Apenas na primeira frase há uma variação de grau de - Fracionário - indica uma fração ou divisão: meia, metade,
adjetivo. terço, quarto, décimo, onze avos, doze avos, vinte avos..., trinta
(B) Nas duas ocorrências ocorre o superlativo de adjetivos. avos..., centésimo..., ducentésimo..., trecentésimo..., milésimo.
(C) Apenas na segunda ocorrência ocorre o grau
comparativo do adjetivo. - Multiplicativo - indica a multiplicação de um número:
(D) Na primeira ocorrência, a variação de grau ocorre por dobro, triplo, quádruplo, quíntuplo, sêxtuplo, sétuplo, óctuplo,
meio de um sufixo. nônuplo, décuplo, undécuplo, duodécuplo, cêntuplo.
(E) Apenas na primeira frase há variação de grau.
Os numerais que indicam conjunto de elementos de
03. (Banestes - Técnico Bancário - FGV/2018) O quantidade exata são os coletivos:
adjetivo ilimitado corresponde à locução “sem limites”; a
locução com igual estrutura que NÃO corresponde ao adjetivo BIMESTRE: período de dois meses
abaixo destacado é: CENTENÁRIO: período de cem anos
(A) Os turistas ficaram inertes durante a ação policial / DECÁLOGO: conjunto de dez leis
sem ação; DECÚRIA: período de dez anos
(B) O turista incauto ficou assustado com a ação policial / DEZENA: conjunto de dez coisas
sem cautela; LUSTRO: período de cinco anos
(C) O vocalista da banda saiu ileso do acidente / sem MILÊNIO: período de mil anos
ferimento; MILHAR: conjunto de mil coisas
(D) O presidente da Coreia passou incógnito pela França / NOVENA: período de nove dias
sem ser percebido; QUARENTENA: período de quarenta dias
(E) O novo livro do autor estava ainda inédito / sem editor. QUINQUÊNIO: período de cinco anos
RESMA: quinhentas folhas de papel
SEMESTRE: período de seis meses
04. (Banestes - Analista Econômico Financeiro - Gestão
TRIÊNIO: período de três anos
Contábil - FGV/2018) Na escrita, pode-se optar TRINCA: conjunto de três coisas
frequentemente entre uma construção de substantivo +
locução adjetiva ou substantivo + adjetivo (esportes da água = Algarismos
esportes aquáticos). Arábicos e Romanos, respectivamente: 1-I, 2-II, 3-III, 4-IV,
5-V, 6-VI, 7-VII, 8-VIII, 9-IX, 10-X, 11-XI, 12-XII, 13-XIII, 14-XIV,
O termo abaixo sublinhado que NÃO pode ser substituído 15-XV, 16-XVI, 17-XVII, 18-XVIII, 19-XIX, 20-XX, 30-XXX, 40-
por um adjetivo é: XL, 50-L, 60-LX, 70-LXX, 80-LXXX, 90-XC, 100-C, 200-CC, 300-
(A) A indústria causou a poluição do rio; CCC, 400-CD, 500-D, 600-DC, 700-DCC, 800-DCCC, 900-CM,
(B) As águas do rio ficaram poluídas; 1.000-M.
(C) As margens do rio estão cheias de lama;
(D) Os turistas se encantam com a imagem do rio; Flexão dos Numerais
(E) Os peixes do rio são bem saborosos. Gênero
- os numerais cardinais um, dois e as centenas a partir de
05. (Pref. Paulínia/SP - Engenheiro Agrônomo - duzentos apresentam flexão de gênero: Um menino e uma
FGV/2016) “O povo, ingênuo e sem fé das verdades, quer ao menina foram os vencedores. / Comprei duzentos gramas de
menos crer na fábula, e pouco apreço dá às demonstrações presunto e duzentas rosquinhas.
científicas.” (Machado de Assis)

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- os numerais ordinais variam em gênero: Marcela foi a (A) século III (três)
nona colocada no vestibular. (B) página 102 (cento e dois)
- os numerais multiplicativos, quando usados com o valor (C) 80º (octogésimo)
de substantivos, são variáveis: A minha nota é o triplo da sua. (D) capítulo XI (onze)
(Triplo – valor de substantivo) (E) X tomo (décimo)
- quando usados com valor de adjetivo, apresentam flexão
de gênero: Eu fiz duas apostas triplas na loto fácil. (Triplas 02. Indique o item em que os numerais estão corretamente
valor de adjetivo) empregados:
- os numerais fracionários concordam com os cardinais (A) Ao Papa Paulo seis sucedeu João Paulo primeiro.
que indicam o número das partes: Dois terços dos alunos foram (B) após o parágrafo nono, virá o parágrafo dez.
contemplados. (C) depois do capítulo sexto, li o capítulo décimo primeiro.
- o fracionário meio concorda em gênero e número com o (D) antes do artigo décimo vem o artigo nono.
substantivo no qual se refere: O início do concurso será meio- (E) o artigo vigésimo segundo foi revogado.
dia e meia. (Hora) / Usou apenas meias palavras.
03. (Pref. Chapecó/SC - Procurador Municipal -
Número IOBV/2016) Quanto à classificação dos numerais, os que
- os numerais cardinais milhão, bilhão, trilhão, e outros, indicam o aumento proporcional de quantidade, podendo ter
variam em número: Venderam um milhão de ingressos para a valor de adjetivo ou substantivo são os numerais:
festa do peão. / Somos 180 milhões de brasileiros. (A) Multiplicativos.
- os numerais ordinais variam em número: As segundas (B) Ordinais.
colocadas disputarão o campeonato. (C) Cardinais.
- os numerais multiplicativos são invariáveis quando (D) Fracionários.
usados com valor de substantivo: Minha dívida é o dobro da
sua. (Valor de substantivo – invariável) 04. (Pref. Barra de Guabiraba/PE - IDHTEC/2016)
- os numerais multiplicativos variam quando usados como Assinale a alternativa em que o numeral está escrito por
adjetivos: Fizemos duas apostas triplas. (Valor de adjetivo – extenso corretamente, de acordo com a sua aplicação na frase:
variável) (A) Os moradores do bairro Matão, em Sumaré (SP),
- os numerais fracionários variam em número, temem que suas casas desabem após uma cratera se abrir na
concordando com os cardinais que indicam números das Avenida Papa Pio X. (décima)
partes. (B) O acidente ocorreu nessa terça-feira, na BR-401
- Um quarto de litro equivale a 250 ml; três quartos (quatrocentas e uma)
equivalem a 750 ml. (C) A 22ª edição do Guia impresso traz uma matéria e teve
a sua página Classitêxtil reformulada. (vigésima segunda)
Grau (D) Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem
Na linguagem coloquial é comum a flexão de grau dos ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em
numerais: Já lhe disse isso mil vezes. / Aquele quarentão é um erro, mediante artifício, ardil. (centésimo setésimo primeiro)
“gato”! / Morri com cincão para a “vaquinha”, lá da escola. (E) A Semana de Arte Moderna aconteceu no início do
século XX. (século ducentésimo)
Emprego dos Numerais
- para designar séculos, reis, papas, capítulos, cantos (na 05. (MPE/SP - Oficial de Promotoria I - VUNESP/2016)
poesia épica), empregam-se: os ordinais até décimo: João Paulo
II (segundo), Canto X (décimo), Luís IX (nono); os cardinais O SBT fará uma homenagem digna da história de seu
para os demais: Papa Bento XVI (dezesseis), Século XXI (vinte proprietário e principal apresentador: no próximo dia 12
e um). [12.12.2015] colocará no ar um especial com 2h30 de duração
- se o numeral vier antes do substantivo, usa-se o ordinal. em homenagem a Silvio Santos. É o dia de seu aniversário de
O XX século foi de descobertas científicas. (vigésimo século) 85 anos.
- com referência ao primeiro dia do mês, usa-se o numeral (http://tvefamosos.uol.com.br/noticias)
ordinal: O pagamento do pessoal será sempre no dia primeiro.
- na enumeração de leis, decretos, artigos, circulares, As informações textuais permitem afirmar que, em
portarias e outros textos oficiais, emprega-se o numeral 12.12.2015, Sílvio Santos completou seu
ordinal até o nono: O diretor leu pausadamente a portaria 8ª (A) octogenário quinquagésimo aniversário.
(portaria oitava); emprega-se o numeral cardinal, a partir de (B) octogésimo quinto aniversário.
dez: O artigo 16 não foi justificado. (artigo dezesseis) (C) octingentésimo quinto aniversário.
- enumeração de casa, páginas, folhas, textos, (D) otogésimo quinto aniversário.
apartamentos, quartos, poltronas, emprega-se o numeral (E) oitavo quinto aniversário.
cardinal: Reservei a poltrona vinte e oito. / O texto quatro está
na página sessenta e cinco. Gabarito
- se o numeral vier antes do substantivo, emprega-se o
ordinal. Paulo César é adepto da 7ª Arte. (sétima) 01.A / 02.B / 03.A / 04.C / 05.B
- não se usa o numeral um antes de mil: Mil e duzentos
reais é muito para mim. Pronome
- o artigo e o numeral, antes dos substantivos milhão,
milhar e bilhão, devem concordar no masculino: É a palavra que acompanha ou substitui o nome,
- emprega-se, na escrita das horas, o símbolo de cada relacionando-o a uma das três pessoas do discurso. As três
unidade após o numeral que a indica, sem espaço ou ponto: pessoas do discurso são:
10h20min – dez horas, vinte minutos. 1ª pessoa: eu (singular) nós (plural): aquela que fala ou
emissor;
Questões 2ª pessoa: tu (singular) vós (plural): aquela com quem se
fala ou receptor;
01. Marque o emprego incorreto do numeral:

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3ª pessoa: ele, ela (singular) eles, elas (plural): aquela de - As formas oblíquas o, a, os, as são sempre empregadas
quem se fala ou referente. como complemento de verbos transitivos diretos ao passo
que as formas lhe, lhes são empregadas como complementos
Os pronomes são classificados em: pessoais, de tratamento, de verbos transitivos indiretos: Dona Cecília, querida amiga,
possessivos, demonstrativos, indefinidos, interrogativos e chamou-a. (verbo transitivo direto, VTD); Minha saudosa
relativos. comadre, Nircléia, obedeceu-lhe. (verbo transitivo
indireto,VTI)
Pronomes Pessoais
Os pronomes pessoais dividem-se em: - É comum, na linguagem coloquial, usar o brasileiríssimo
- Retos - exercem a função de sujeito da oração. a gente, substituindo o pronome pessoal nós: A gente deve
- Oblíquos - exercem a função de complemento do verbo fazer caridade com os mais necessitados.
(objeto direto / objeto indireto). São: tônicos com preposição - Chamam-se pronomes pessoais reflexivos os pronomes
ou átonos sem preposição. que se referem ao sujeito: Eu me feri com o canivete. (eu- 1ª
pessoa- sujeito / me- pronome pessoal reflexivo)
Pessoas do Retos Oblíquos - Os pronomes pessoais oblíquos se, si e consigo devem ser
Discurso Átonos Tônicos empregados somente como pronomes pessoais reflexivos e
Singular 1ª pessoa eu me mim, funcionam como complementos de um verbo na 3ª pessoa,
2ª pessoa tu te comigo cujo sujeito é também da 3ª pessoa: Nicole levantou-se com
3ª pessoa ele/ela se, o, a, ti, contigo
elegância e levou consigo (com ela própria) todos os olhares.
lhe si, ele,
consigo
(Nicole- sujeito, 3ª pessoa / levantou- verbo, 3ª pessoa /
Plural 1ª pessoa nós nos nós, se- complemento, 3ª pessoa / levou- verbo, 3ª pessoa /
2ª pessoa vós vos conosco consigo- complemento, 3ª pessoa).
3ª pessoa eles/elas se, os, as, vós, - Os pronomes oblíquos me, te, lhe, nos, vos, lhes (formas de
lhes convosco Objeto Indireto) juntam-se a o, a, os, as (formas de Objeto
si, eles, Direto), assim:
consigo me+o (mo). Ex.: Recebi a carta e agradeci ao jovem, que ma
trouxe.
- Colocados antes do verbo, os pronomes oblíquos da 3ª nos+o (no-lo). Ex.: Venderíamos a casa, se no-la exigissem.
pessoa, apresentam sempre a forma: o, a, os, as: Eu os vi saindo te+o: (to). Ex.: Dei-te os meus melhores dias. Dei-tos.
do teatro. lhe+o: (lho). Ex.: Ofereci-lhe flores. Ofereci-lhas.
- As palavras “só” e “todos” sempre acompanham os vos+o: (vo-lo). E.: Pedi-vos conselho. Pedi vo-lo.
pronomes pessoais do caso reto: Eu vi só ele ontem.
- Colocados depois do verbo, os pronomes oblíquos da 3ª No Brasil, quase não se usam essas combinações (mo, to,
pessoa apresentam as formas: lho, no-lo, vo-lo), são usadas somente em escritores mais
o, a, os, as: se o verbo terminar em vogal ou ditongo oral: sofisticados.
Encontrei-a sozinha. Vejo-os diariamente.
o, a, os, as, precedidos de verbos terminados em: R/S/Z, Pronomes de Tratamento
assumem as formas: lo, Ia, los, las, perdendo, São usados no trato com as pessoas. Dependendo da
consequentemente, as terminações R, S, Z. Preciso pagar ao pessoa a quem nos dirigimos, do seu cargo, idade, título, o
verdureiro. (= pagá-lo); Fiz os exercícios a lápis. (= Fi-los a tratamento será familiar ou cerimonioso.
lápis)
lo, la, los, las: se vierem depois de: eis / nos / vos - Eis a Vossa Alteza - V.A. - príncipes, duques;
prova do suborno. (= Ei-la); O tempo nos dirá. (= no-lo dirá). Vossa Eminência - V.Ema - cardeais;
(eis, nos, vos perdem o S) Vossa Excelência - V.Ex.a - altas autoridades, presidente,
no, na, nos, nas: se o verbo terminar em ditongo nasal: m, oficiais;
ão, õe: Deram-na como vencedora; Põe-nos sobre a mesa. Vossa Magnificência - V.Mag.a - reitores de universidades;
lhe, lhes colocados depois do verbo na 1ª pessoa do plural, Vossa Majestade - V.M. - reis, imperadores;
terminado em S não modificado: Nós entregamoS-lhe a cópia Vossa Santidade - V.S. - Papa;
do contrato. (o S permanece) Vossa Senhoria -V.Sa - tratamento cerimonioso.
nos: colocado depois do verbo na 1ª pessoa do plural, - São também pronomes de tratamento: o senhor, a
perde o S: Sentamo-nos à mesa para um café rápido. senhora, a senhorita, dona, você.
me, te, lhe, nos, vos: quando colocado com verbos - Doutor não é forma de tratamento, e sim título acadêmico.
transitivos diretos (TD), têm sentido possessivo, equivalendo
a meu, teu, seu, dele, nosso, vosso: Os anos roubaram-lhe a Nas comunicações oficiais devem ser utilizados somente
esperança. (sua, dele, dela possessivo) dois fechos:
Respeitosamente: para autoridades superiores, inclusive
Os pronomes pessoais oblíquos nos, vos, e se recebem o para o presidente da República.
nome de pronomes recíprocos quando expressam uma ação Atenciosamente: para autoridades de mesma hierarquia
mútua ou recíproca: Nós nos encontramos emocionados. ou de hierarquia inferior.
(pronome recíproco, nós mesmos). Nunca diga: Eu se apavorei.
/ Eu jà se arrumei; Eu me apavorei. / Eu me arrumei. (certos) - A forma Vossa (Senhoria, Excelência) é empregada
- Os pronomes pessoais retos eu e tu serão substituidos quando se fala com a própria pessoa: Vossa Senhoria não
por mim e ti após preposição: O segredo ficará somente entre compareceu à reunião dos sem-terra? (falando com a pessoa)
mim e ti. - A forma Sua (Senhoria, Excelência ) é empregada quando
- É obrigatório o emprego dos pronomes pessoais eu e tu, se fala sobre a pessoa: Sua Eminência, o cardeal, viajou para
quando funcionarem como sujeito: Todos pediram para eu um congresso. (falando a respeito do cardeal)
relatar os fatos cuidadosamente. (pronome reto + verbo no - Os pronomes de tratamento com a forma Vossa (Senhoria,
infinitivo). Lembre-se de que mim não fala, não escreve, não Excelência, Eminência, Majestade), embora indiquem a 2ª
compra, não anda. pessoa (com quem se fala), exigem que outros pronomes e o

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verbo sejam usados na 3ª pessoa. Vossa Excelência sabe que - para retomar elementos já enunciados, usamos aquele (e
seus ministros o apoiarão. variações) para o elemento que foi referido em 1º Iugar e este
(e variações) para o que foi referido em último lugar. Ex.: Pais
Pronomes Possessivos e mães vieram à festa de encerramento; aqueles, sérios e
São os pronomes que indicam posse em relação às pessoas orgulhosos, estas, elegantes e risonhas.
da fala. - dependendo do contexto os demonstrativos também
servem como palavras de função intensificadora ou
Masculino Feminino depreciativa. Ex.: Júlia fez o exercício com aquela calma!
Singular Plural Singular Plural (=expressão intensificadora). Não se preocupe; aquilo é uma
meu meus minha minhas tranqueira! (=expressão depreciativa)
teu teus tua tuas - as formas nisso e nisto podem ser usadas com valor de
seu seus sua suas então ou nesse momento. Ex.: A festa estava desanimada; nisso,
nosso nossos nossa nossas a orquestra tocou um samba e todos caíram na dança.
vosso vossos vossa vossas
- os demonstrativos esse, essa, são usados para destacar um
seu seus sua suas
elemento anteriormente expresso. Ex.: Ninguém ligou para o
incidente, mas os pais, esses resolveram tirar tudo a limpo.
Emprego dos Pronomes Possessivos
Pronomes Indefinidos
- O uso do pronome possessivo da 3ª pessoa pode
São aqueles que se referem à 3ª pessoa do discurso de
provocar, às vezes, a ambiguidade da frase. Ex.: João Luís disse
modo vago indefinido, impreciso: Alguém disse que Paulo
que Laurinha estava trabalhando em seu consultório. O
César seria o vencedor. Alguns desses pronomes são variáveis
pronome seu toma o sentido ambíguo, pois pode referir-se
em gênero e número; outros são invariáveis.
tanto ao consultório de João Luís como ao de Laurinha. No
Variáveis: algum, nenhum, todo, outro, muito, pouco,
caso, usa-se o pronome dele, dela para desfazer a ambiguidade.
certo, vários, tanto, quanto, um, bastante, qualquer.
- Os possessivos, às vezes, podem indicar aproximações
Invariáveis: alguém, ninguém, tudo, outrem, algo, quem,
numéricas e não posse: Cláudia e Haroldo devem ter seus
nada, cada, mais, menos, demais.
trinta anos.
- Na linguagem popular, o tratamento seu como em: Seu
Emprego dos Pronomes Indefinidos
Ricardo, pode entrar!, não tem valor possessivo, pois é uma
alteração fonética da palavra senhor.
- O indefinido cada deve sempre vir acompanhado de um
- Referindo-se a mais de um substantivo, o possessivo
substantivo ou numeral, nunca sozinho: Ganharam cem
concorda com o mais próximo. Ex.: Trouxe-me seus livros e
dólares cada um. (inadequado: Ganharam cem dólares cada.)
anotações.
- Certo, certa, certos, certas, vários, várias, são indefinidos
- Usam-se elegantemente certos pronomes oblíquos: me,
quando colocados antes dos substantivos, e adjetivos quando
te, lhe, nos, vos, com o valor de possessivos. Vou seguir-lhe os
colocados depois do substantivo: Certo dia perdi o controle da
passos. (os seus passos)
situação. (antes do substantivo= indefinido); Eles voltarão no
- Deve-se observar as correlações entre os pronomes
dia certo. (depois do substantivo=adjetivo).
pessoais e possessivos. “Sendo hoje o dia do teu aniversário,
- Todo, toda (somente no singular) sem artigo, equivale a
apresso-me em apresentar-te os meus sinceros parabéns;
qualquer: Todo ser nasce chorando. (=qualquer ser;
Peço a Deus pela tua felicidade; Abraça-te o teu amigo que te
indetermina, generaliza).
preza.”
- Outrem significa outra pessoa. Ex.: Nunca se sabe o
- Não se emprega o pronome possessivo (seu, sua) quando
pensamento de outrem.
se trata de parte do corpo. Ex.: Um cavaleiro todo vestido de
- Qualquer, plural quaisquer. Ex.: Fazemos quaisquer
negro, com um falcão em seu ombro esquerdo e uma espada
negócios.
em sua, mão. (usa-se: no ombro; na mão)
Locuções Pronominais Indefinidas: são locuções
Pronomes Demonstrativos
pronominais indefinidas duas ou mais palavras que equivalem
Indicam a posição dos seres designados em relação às
ao pronome indefinido: cada qual / cada um / quem quer que
pessoas do discurso, situando-os no espaço ou no tempo.
seja / seja quem for / qualquer um / todo aquele que / um ou
Apresentam-se em formas variáveis e invariáveis.
outro / tal qual (=certo).
este, esta, isto, estes, estas
Pronomes Relativos
Ex.:
Não gostei deste livro aqui. São aqueles que representam, numa 2ª oração, alguma
Neste ano, tenho realizado bons negócios. palavra que já apareceu na oração anterior. Essa palavra da
Esta afirmação me deixou surpresa: gostava de química. oração anterior chama-se antecedente: Comprei um carro que
O homem e a mulher são massacrados pela cultura atual, é movido a álcool e à gasolina. É Flex Power. Percebe-se que o
mas esta é mais oprimida. pronome relativo que, substitui na 2ª oração, o carro, por isso
esse, essa, esses, essas a palavra que é um pronome relativo. Dica: substituir que por
Ex.: o, a, os, as, qual / quais.
Não gostei desse livro que está em tuas mãos. Os pronomes relativos estão divididos em variáveis e
Nesse último ano, realizei bons negócios.
Gostava de química. Essa afirmação me deixou surpresa.
invariáveis.
aquele, aquela, aquilo, aqueles, aquelas Variáveis: o qual, os quais, a qual, as quais, cujo, cujos, cuja,
Ex.: cujas, quanto, quantos;
Não gostei daquele livro que a Roberta trouxe. Invariáveis: que, quem, quando, como, onde.
Tenho boas recordações de 1960, pois naquele ano realizei
bons negócios. Emprego dos Pronomes Relativos
O homem e a mulher são massacrados pela cultura atual,
mas esta é mais oprimida que aquele. - O relativo que, por ser o mais usado, é chamado de
relativo universal. Ele pode ser empregado com referência à
pessoa ou coisa, no plural ou no singular. Ex.: Este é o CD novo
que acabei de comprar; João Adolfo é o cara que pedi a Deus.
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APOSTILAS OPÇÃO

- O relativo que pode ter por seu antecedente o pronome 02. (IF/PA - Auxiliar em Administração -
demonstrativo o, a, os, as. Ex.: Não entendi o que você quis FUNRIO/2016) O emprego do pronome relativo está de
dizer. (o que = aquilo que). acordo com as normas da língua-padrão em:
- O relativo quem refere se a pessoa e vem sempre (A) Finalmente aprovaram o decreto que lutamos tanto
precedido de preposição. Ex.: Marco Aurélio é o advogado a
por ele.
quem eu me referi.
- O relativo cujo e suas flexões equivalem a de que, do qual, (B) Nas próximas férias, minha meta é fazer tudo que tenho
de quem e estabelecem relação de posse entre o antecedente e direito.
o termo seguinte. (cujo, vem sempre entre dois substantivos) (C) Eu aprovaria o texto daquele parecer que o relator
- O pronome relativo pode vir sem antecedente claro, apresentou ontem.
explícito; é classificado, portanto, como relativo indefinido, e (D) Existe um escritor brasileiro que todos os brasileiros
não vem precedido de preposição. Ex.: Quem casa quer casa; nos orgulhamos.
Feliz o homem cujo objetivo é a honestidade; Estas são as (E) Na política, às vezes acontecem traições onde mostram
pessoas de cujos nomes nunca vou me esquecer. muita sordidez.
- Só se usa o relativo cujo quando o consequente é
diferente do antecedente. Ex.: O escritor cujo livro te falei é 03. (Eletrobras/Eletrosul - Técnico de Segurança do
paulista. Trabalho - FCC/2016)
- O pronome cujo não admite artigo nem antes nem depois
de si. Abu Dhabi constrói cidade do futuro, com tudo movido a
- O relativo onde é usado para indicar lugar e equivale a: energia solar
em que, no qual. Ex.: Desconheço o lugar onde vende tudo
mais barato. (= lugar em que) Bem no meio do deserto, há um lugar onde o calor é extremo.
- Quanto, quantos e quantas são relativos quando usados Sessenta e três graus ou até mais no verão. E foi exatamente por
depois de tudo, todos, tanto. Ex.: Naquele momento, a querida causa da temperatura que foi construída em Abu Dhabi uma das
comadre Naldete, falou tudo quanto sabia. maiores usinas de energia solar do mundo.
Os Emirados Árabes estão investindo em fontes energéticas
Pronomes Interrogativos renováveis. Não vão substituir o petróleo, que eles têm de sobra
São os pronomes em frases interrogativas diretas ou por mais 100 anos pelo menos. O que pretendem é diversificar e
indiretas. Os principais interrogativos são: que, quem, qual, poluir menos. Uma aposta no futuro.
quanto: A preocupação com o planeta levou Abu Dhabi a tirar do
- Afinal, quem foram os prefeitos desta cidade? papel a cidade sustentável de Masdar. Dez por cento do
(interrogativa direta, COM o ponto de interrogação) planejado está pronto. Um traçado urbanístico ousado, que
- Gostaria de saber quem foram os prefeitos desta cidade. deixa os carros de fora. Lá só se anda a pé ou de bicicleta. As ruas
(interrogativa indireta, SEM a interrogação) são bem estreitas para que um prédio faça sombra no outro. É
perfeito para o deserto. Os revestimentos das paredes isolam o
Questões calor. E a direção dos ventos foi estudada para criar corredores
de brisa.
01. (CRP 2º Região/PE - Psicólogo Orientador - Fiscal - (Adaptado de: “Abu Dhabi constrói cidade do futuro, com tudo movido a
energia solar”. Disponível
Quadrix/2018) em:http://g1.globo.com/globoreporter/noticia/2016/04/abu-dhabi-constroi-
cidade-do-futuro-com-tudo-movido-energia-solar.html)

Considere as seguintes passagens do texto:


I. E foi exatamente por causa da temperatura que foi
construída em Abu Dhabi uma das maiores usinas de energia
solar do mundo. (1º parágrafo)
II. Não vão substituir o petróleo, que eles têm de sobra por
mais 100 anos pelo menos. (2º parágrafo)
III. Um traçado urbanístico ousado, que deixa os carros de
fora. (3º parágrafo)
IV. As ruas são bem estreitas para que um prédio faça
sombra no outro. (3º parágrafo)

O termo “que” é pronome e pode ser substituído por “o


qual” APENAS em
(A) I e II.
(B) II e III.
(C) I, II e IV.
(D) I e IV.
(E) III e IV.

Em "Mas ele não tinha muitas chances", as palavras


classificam-se, morfologicamente, na ordem em que aparecem,
como
(A) preposição, pronome, advérbio, ação, nome e adjetivo.
(B) conjunção, pronome, advérbio, verbo, pronome e
substantivo.
(C) interjeição, pronome, nome, verbo, artigo e adjetivo.
(D) conector, nome, adjetivo, verbo, pronome e nome.
(E) conjunção, substantivo, advérbio, verbo, advérbio e
adjetivo.

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APOSTILAS OPÇÃO

04. (Pref. Itaquitinga/PE - Assistente Administrativo - esper é o radical do verbo esperar;


IDHTEC/2016) brinc é o radical do verbo brincar.

Se tirarmos as terminações ar, er, ir do infinitivo dos


verbos, teremos o radical desses verbos. Também podemos
antepor prefixos ao radical: desnutrir / reconduzir.

Vogal Temática: é o elemento mórfico que designa a qual


conjugação pertence o verbo. Há três vogais temáticas: 1ª
conjugação: a; 2ª conjugação: e; 3ª conjugação: i.

Tema: é o elemento constituído pelo radical mais a vogal


temática. Ex.: contar - cont (radical) + a (vogal temática) =
tema. Se não houver a vogal temática, o tema será apenas o
radical (contei = cont ei).
O emprego do pronome “aquela” na charge:
Desinências: são elementos que se juntam ao radical, ou
(A) Dá uma conotação irônica à frase.
ao tema, para indicar as flexões de modo e tempo, desinências
(B) Representa uma forma indireta de se dirigir ao casal.
modo temporais e desinências número pessoais.
(C) Permite situar no espaço aquilo a que se refere.
(D) Indica posse do falante.
Contávamos
(E) Evita a repetição do verbo.
Cont = radical
a = vogal temática
05. (Pref. Florianópolis/SC - Auxiliar de Sala -
va = desinência modo temporal
FEPESE/2016) Analise a frase abaixo:
mos = desinência número pessoal
“O professor discutiu............mesmos a respeito da
Flexões Verbais
desavença entre .........e ........ .
Flexão de número e de pessoa: o verbo varia para indicar
o número e a pessoa.
Assinale a alternativa que completa corretamente as
- eu estudo – 1ª pessoa do singular;
lacunas do texto.
- nós estudamos – 1ª pessoa do plural;
(A) com nós - eu - ti
- tu estudas – 2ª pessoa do singular;
(B) conosco - eu - tu
- vós estudais – 2ª pessoa do plural;
(C) conosco - mim - ti
- ele estuda – 3ª pessoa do singular;
(D) conosco - mim - tu
- eles estudam – 3ª pessoa do plural.
(E) com nós - mim - ti
- Algumas regiões do Brasil, usam o pronome tu de forma
Gabarito
diferente da fala culta, exigida pela gramática oficial, ou seja,
tu foi, tu pega, tu tem, em vez de: tu fostes, tu pegas, tu tens.
01.B / 02.C / 03.B / 04.C / 05.E
- O pronome vós aparece somente em textos literários ou
bíblicos.
Verbo
- Os pronomes: você, vocês, que levam o verbo na 3ª
pessoa, é o mais usado no Brasil.
É a palavra que indica ação, movimento, fenômenos da
natureza, estado, mudança de estado. Flexiona-se em:
Flexão de tempo e de modo: os tempos situam o fato ou a
- número (singular e plural);
ação verbal dentro de determinado momento; pode estar em
- pessoa (primeira, segunda e terceira);
plena ocorrência, pode já ter ocorrido ou não. Essas três
- modo (indicativo, subjuntivo e imperativo, formas
possibilidades básicas, mas não únicas, são: presente,
nominais: gerúndio, infinitivo e particípio);
pretérito e futuro.
- tempo (presente, passado e futuro);
- e apresenta voz (ativa, passiva, reflexiva).
O modo indica as diversas atitudes do falante com relação
ao fato que enuncia. São três os modos:
De acordo com a vogal temática, os verbos estão agrupados
- Modo Indicativo: a atitude do falante é de certeza,
em três conjugações:
precisão. O fato é ou foi uma realidade. Apresenta presente,
1ª conjugação – ar: cantar, dançar, pular.
pretérito perfeito, imperfeito e mais que perfeito, futuro do
2ª conjugação – er: beber, correr, entreter.
presente e futuro do pretérito.
3ª conjugação – ir: partir, rir, abrir.
- Modo Subjuntivo: a atitude do falante é de incerteza, de
dúvida, exprime uma possibilidade. O subjuntivo expressa
O verbo pôr e seus derivados (repor, depor, dispor,
uma incerteza, dúvida, possibilidade, hipótese. Apresenta
compor, impor) pertencem a 2ª conjugação devido à sua
presente, pretérito imperfeito e futuro. Ex: Tenha paciência,
origem latina poer.
Lourdes; Se tivesse dinheiro compraria um carro zero;
Quando o vir, dê lembranças minhas.
Elementos Estruturais do Verbo
- Modo Imperativo: a atitude do falante é de ordem, um
As formas verbais apresentam três elementos em sua
desejo, uma vontade, uma solicitação. Indica uma ordem, um
estrutura: radical, vogal temática e tema.
pedido, uma súplica. Apresenta imperativo afirmativo e
Radical: elemento mórfico (morfema) que concentra o
imperativo negativo.
significado essencial do verbo. Observe as formas verbais da
1ª conjugação: contar, esperar, brincar. Flexionando esses
Emprego dos Tempos do Indicativo
verbos, nota-se que há uma parte que não muda, e que nela
- Presente do Indicativo: para enunciar um fato
está o significado real do verbo.
momentâneo. Ex.: Estou feliz hoje. Para expressar um fato que
cont é o radical do verbo contar;

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APOSTILAS OPÇÃO

ocorre com frequência. Ex.: Eu almoço todos os dias na casa de - Futuro: é empregado para indicar um fato hipotético,
minha mãe. Na indicação de ações ou estados permanentes, pode ou não acontecer. Quando você fizer o trabalho, será
verdades universais. Ex.: A água é incolor, inodora, insípida. generosamente gratificado.
- Pretérito Imperfeito: para expressar um fato passado,
não concluído. Ex.: Nós comíamos pastel na feira; Eu cantava 1ª Conjugação –AR
muito bem. Presente: que eu dance, que tu dances, que ele dance, que
- Pretérito Perfeito: é usado na indicação de um fato nós dancemos, que vós danceis, que eles dancem.
passado concluído. Ex.: Cantei, dancei, pulei, chorei, dormi... Pretérito Imperfeito: se eu dançasse, se tu dançasses, se
- Pretérito Mais-Que-Perfeito: expressa um fato passado ele dançasse, se nós dançássemos, se vós dançásseis, se eles
anterior a outro acontecimento passado. Ex.: Nós cantáramos dançassem.
no congresso de música. Futuro: quando eu dançar, quando tu dançares, quando ele
- Futuro do Presente: na indicação de um fato realizado dançar, quando nós dançarmos, quando vós dançardes,
num instante posterior ao que se fala. Ex.: Cantarei domingo quando eles dançarem.
no coro da igreja matriz.
- Futuro do Pretérito: para expressar um acontecimento 2ª Conjugação -ER
posterior a um outro acontecimento passado. Ex.: Compraria Presente: que eu coma, que tu comas, que ele coma, que
um carro se tivesse dinheiro nós comamos, que vós comais, que eles comam.
Pretérito Imperfeito: se eu comesse, se tu comesses, se ele
1ª Conjugação: -AR comesse, se nós comêssemos, se vós comêsseis, se eles
Presente: danço, danças, dança, dançamos, dançais, comessem.
dançam. Futuro: quando eu comer, quando tu comeres, quando ele
Pretérito Perfeito: dancei, dançaste, dançou, dançamos, comer, quando nós comermos, quando vós comerdes,
dançastes, dançaram. quando eles comerem.
Pretérito Imperfeito: dançava, dançavas, dançava,
dançávamos, dançáveis, dançavam. 3ª conjugação – IR
Pretérito Mais-Que-Perfeito: dançara, dançaras, dançara, Presente: que eu parta, que tu partas, que ele parta, que
dançáramos, dançáreis, dançaram. nós partamos, que vós partais, que eles partam.
Futuro do Presente: dançarei, dançarás, dançará, Pretérito Imperfeito: se eu partisse, se tu partisses, se ele
dançaremos, dançareis, dançarão. partisse, se nós partíssemos, se vós partísseis, se eles
Futuro do Pretérito: dançaria, dançarias, dançaria, partissem.
dançaríamos, dançaríeis, dançariam. Futuro: quando eu partir, quando tu partires, quando ele
partir, quando nós partirmos, quando vós partirdes,
2ª Conjugação: -ER quando eles partirem.
Presente: como, comes, come, comemos, comeis, comem.
Pretérito Perfeito: comi, comeste, comeu, comemos, Emprego do Imperativo
comestes, comeram. Imperativo Afirmativo
Pretérito Imperfeito: comia, comias, comia, comíamos, - Não apresenta a primeira pessoa do singular.
comíeis, comiam. - É formado pelo presente do indicativo e pelo presente do
Pretérito Mais-Que-Perfeito: comera, comeras, comera, subjuntivo.
comêramos, comêreis, comeram. - O Tu e o Vós saem do presente do indicativo sem o “s”.
Futuro do Presente: comerei, comerás, comerá, - O restante é cópia fiel do presente do subjuntivo.
comeremos, comereis, comerão.
Futuro do Pretérito: comeria, comerias, comeria, Presente do Indicativo: eu amo, tu amas, ele ama, nós
comeríamos, comeríeis, comeriam. amamos, vós amais, eles amam.
Presente do subjuntivo: que eu ame, que tu ames, que ele
3ª Conjugação: -IR ame, que nós amemos, que vós ameis, que eles amem.
Presente: parto, partes, parte, partimos, partis, partem. Imperativo afirmativo: (X), ama tu, ame você, amemos
Pretérito Perfeito: parti, partiste, partiu, partimos, nós, amai vós, amem vocês.
partistes, partiram.
Pretérito Imperfeito: partia, partias, partia, partíamos, Imperativo Negativo
partíeis, partiam. - É formado através do presente do subjuntivo sem a
Pretérito Mais-Que-Perfeito: partira, partiras, partira, primeira pessoa do singular.
partíramos, partíreis, partiram. - Não retira os “s” do tu e do vós.
Futuro do Presente: partirei, partirás, partirá, partiremos,
partireis, partirão. Presente do Subjuntivo: que eu ame, que tu ames, que ele
Futuro do Pretérito: partiria, partirias, partiria, ame, que nós amemos, que vós ameis, que eles amem.
partiríamos, partiríeis, partiriam. Imperativo negativo: (X), não ames tu, não ame você, não
amemos nós, não ameis vós, não amem vocês.
Emprego dos Tempos do Subjuntivo
Além dos três modos citados (Indicativo, Subjuntivo e
- Presente: é empregado para indicar um fato incerto ou
Imperativo), os verbos apresentam ainda as formas nominais:
duvidoso, muitas vezes ligados ao desejo, à suposição. Ex.:
infinitivo – impessoal e pessoal, gerúndio e particípio.
Duvido de que apurem os fatos; Que surjam novos e honestos
políticos.
- Pretérito Imperfeito: é empregado para indicar uma Infinitivo Impessoal13
condição ou hipótese. Ex.: Se recebesse o prêmio, voltaria à Quando se diz que um verbo está no infinitivo impessoal,
universidade. isso significa que ele apresenta sentido genérico ou indefinido,
não relacionado a nenhuma pessoa, e sua forma é invariável.

13 https://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf69.php

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Assim, considera-se apenas o processo verbal. Ex.: Amar é assumindo a mesma forma do impessoal; nas demais, flexiona-
sofrer. se da seguinte maneira:
Podendo ter valor e função de substantivo. Ex.: Viver é 2ª pessoa do singular: radical + ES. Ex.: teres (tu)
lutar. (= vida é luta); É indispensável combater a corrupção. (= 1ª pessoa do plural: radical + mos. Ex.: termos (nós)
combate à) 2ª pessoa do plural: radical + dês. Ex.: terdes (vós)
O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presente 3ª pessoa do plural: radical + em. Ex.: terem (eles)
(forma simples) ou no passado (forma composta). Ex.: É
preciso ler este livro; Era preciso ter lido este livro. Por exemplo: Foste elogiado por teres alcançado uma boa
Observe que, embora não haja desinências para a 1ª e 3ª colocação.
pessoas do singular (cujas formas são iguais às do infinitivo
impessoal), elas não deixam de referir-se às respectivas Quando se diz que um verbo está no infinitivo pessoal, isso
pessoas do discurso (o que será esclarecido apenas pelo significa que ele atribui um agente ao processo verbal,
contexto da frase). Ex.: Para ler melhor, eu uso estes óculos. flexionando-se.
(1ª pessoa); Para ler melhor, ela usa estes óculos. (3ª pessoa) O infinitivo deve ser flexionado nos seguintes casos:

O infinitivo impessoal é usado: - Quando o sujeito da oração estiver claramente


expresso. Exs.:
- Quando apresenta uma ideia vaga, genérica, sem se Se tu não perceberes isto...
referir a um sujeito determinado. Ex. Querer é poder. Convém vocês irem primeiro.
Fumar prejudica a saúde. É proibido colar cartazes neste O bom é sempre lembrarmos (sujeito desinencial, sujeito
muro. implícito = nós) desta regra.
- Quando tem valor de Imperativo. Ex. Soldados,
marchar! (= Marchai!) Esquerda, volver! - Quando tiver sujeito diferente daquele da oração
- Quando é regido de preposição (geralmente principal. Exs.:
precedido da preposição “de”) e funciona como O professor deu um prazo de cinco dias para os alunos
complemento de um substantivo, adjetivo ou verbo da estudarem bastante para a prova.
oração anterior. Ex.: Eles não têm o direito de gritar assim. Perdoo-te por me traíres.
As meninas foram impedidas de participar do jogo. Eu os O hotel preparou tudo para os turistas ficarem à vontade.
convenci a aceitar. O guarda fez sinal para os motoristas pararem.

No entanto, na voz passiva dos verbos "contentar", - Quando se quiser indeterminar o sujeito (utilizado na
"tomar" e "ouvir", por exemplo, o Infinitivo (verbo auxiliar) terceira pessoa do plural). Exs.:
deve ser flexionado. Exs.: Faço isso para não me acharem inútil.
Eram pessoas difíceis de serem contentadas. Temos de agir assim para nos promoverem.
Aqueles remédios são ruins de serem tomados. Ela não sai sozinha à noite a fim de não falarem mal da sua
Os jogos que você me emprestou são agradáveis de serem conduta.
jogados.
- Quando apresentar reciprocidade ou reflexibilidade
- Nas locuções verbais. Ex.: Queremos acordar bem cedo de ação. Exs.:
amanhã. Eles não podiam reclamar do colégio. Vamos pensar Vi os alunos abraçarem-se alegremente.
no seu caso. Fizemos os adversários cumprimentarem-se com
- Quando o sujeito do infinitivo é o mesmo do verbo da gentileza.
oração anterior. Ex. Eles foram condenados a pagar pesadas Mandei as meninas olharem-se no espelho.
multas. Devemos sorrir ao invés de chorar. Tenho ainda alguns
livros por (para) publicar. Gerúndio
Pode funcionar como adjetivo ou advérbio. Ex.: Saindo de
Observação: quando o infinitivo preposicionado, ou não, casa, encontrei alguns amigos. (Função de advérbio); Nas ruas,
preceder ou estiver distante do verbo da oração principal havia crianças vendendo doces. (Função adjetivo)
(verbo regente), pode ser flexionado para melhor clareza do Na forma simples, o gerúndio expressa uma ação em curso;
período e também para se enfatizar o sujeito (agente) da ação na forma composta, uma ação concluída. Ex.: Trabalhando,
verbal. Exs.: aprenderás o valor do dinheiro; Tendo trabalhado, aprendeu o
Na esperança de sermos atendidos, muito lhe valor do dinheiro.
agradecemos.
Foram dois amigos à casa de outro, a fim de jogarem Particípio
futebol. Quando não é empregado na formação dos tempos
Para estudarmos, estaremos sempre dispostos. compostos, o particípio indica geralmente o resultado de uma
Antes de nascerem, já estão condenadas à fome muitas ação terminada, flexionando-se em gênero, número e grau. Ex.:
crianças. Terminados os exames, os candidatos saíram. Quando o
particípio exprime somente estado, sem nenhuma relação
- Com os verbos causativos "deixar", "mandar" e temporal, assume verdadeiramente a função de adjetivo
"fazer" e seus sinônimos que não formam locução verbal (adjetivo verbal). Ex.: Ela foi a aluna escolhida para
com o infinitivo que os segue. Ex.: Deixei-os sair cedo hoje. representar a escola.
- Com os verbos sensitivos "ver", "ouvir", "sentir" e
sinônimos, deve-se também deixar o infinitivo sem flexão. 1ª Conjugação –AR
Ex.: Vi-os entrar atrasados. Ouvi-as dizer que não iriam à Infinitivo Impessoal: dançar.
festa. Infinitivo Pessoal: dançar eu, dançares tu; dançar ele,
dançarmos nós, dançardes vós, dançarem eles.
Infinitivo Pessoal Gerúndio: dançando.
É o infinitivo relacionado às três pessoas do discurso. Na Particípio: dançado.
1ª e 3ª pessoas do singular, não apresenta desinências,

Língua Portuguesa 40
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APOSTILAS OPÇÃO

2ª Conjugação –ER que, diante dos apuros, como a perda do emprego, algumas
Infinitivo Impessoal: comer. tentem manter o mesmo padrão de vida em lugar de cortar
Infinitivo pessoal: comer eu, comeres tu, comer ele, gastos para se encaixar na nova realidade. Pedir um
comermos nós, comerdes vós, comerem eles. empréstimo para quitar outra dívida é um comportamento
Gerúndio: comendo. recorrente entre os endividados.
Particípio: comido. Para sair do vermelho, aceitar o vício é o primeiro passo.
Uma vez que o devedor reconhece o problema, a próxima
3ª Conjugação –IR etapa é se planejar.
(Felipe Machado e Tatiana Babadobulos, Veja, 04.04.2018. Adaptado)
Infinitivo Impessoal: partir.
Infinitivo pessoal: partir eu, partires tu, partir ele, Assinale a alternativa em que os verbos estão conjugados
partirmos nós, partirdes vós, partirem eles. de acordo com a norma-padrão, em substituição aos trechos
Gerúndio: partindo. destacados na passagem – É comum que, diante dos apuros,
Particípio: partido. como a perda do emprego, algumas tentem manter o mesmo
padrão de vida.
Questões (A) Poderia acontecer que ... mantêm
(B) Pôde acontecer que ... mantessem
01. (UNEMAT - Psicólogo - 2018) (C) Podia acontecer que ... mantivessem
(D) Pôde acontecer que ... manteram
(E) Podia acontecer que ... mantiveram

03. (PC/SP - Escrivão de Polícia - VUNESP/2018) A vida


de Dorinha Duval foi, ____ . O processo ainda não havia ido a
Júri quando a tese da defesa foi mudada. Não seria mais
violenta emoção, mas legítima defesa. Ela não teria atirado no
Disponível marido por ter sido ___ e chamada de velha, mas ______ o marido
https://www.facebook.com/tirasamandinho/photos/a.488361671209144.11396 passou a agredi-la. De fato, o exame pericial de corpo de delito
3.
488356901209621/1568398126538821/?type=3&theater.
realizado em Dorinha constatou a existência de _______ em seu
Acesso em: fev.2018. corpo. A versão da legítima defesa era ______ .
(Luiza Nagib Eluf, A paixão no banco dos réus. Adaptado)
Na tirinha, Fê conversa com Camilo sobre o que ela
considera ser machismo na cerimônia de casamento, enquanto As expressões verbais empregadas em tempo que exprime
Pudim diz a Armandinho que tudo aquilo que a garota a ideia de hipótese são:
questiona é algo natural. (A) seria e teria.
Nas falas atribuídas à menina, o verbo ter aparece em Tem (B) foi e seria.
casamentos [...] (quadro 1) e em [...] essas coisas têm (C) teria e ter sido.
significados! (quadro 2). (D) foi e constatou.
(E) ter sido e passou.
Em relação a esses empregos do verbo ter, assinale a
alternativa correta. 04. (Pref. Itaquitinga/PE - Assistente Administrativo -
(A) Em ambos, o verbo é impessoal. IDHTEC/2016) Morto em 2015, o pai afirma que Jules Bianchi
(B) Ambos estão na terceira pessoa do plural do presente não __________culpa pelo acidente. Em entrevista, Philippe
do modo indicativo. Bianchi afirma que a verdade nunca vai aparecer, pois os
(C) Ambos estão na terceira pessoa do singular do presente pilotos __________ medo de falar. "Um piloto não vai dizer nada
do modo indicativo. se existir uma câmera, mas quando não existem câmeras,
(D) Ambos estão no presente do modo indicativo, embora todos __________ até mim e me dizem. Jules Bianchi bateu com
o primeiro esteja na terceira pessoa do singular e o segundo na seu carro em um trator durante um GP, aquaplanou e não
terceira pessoa do plural. conseguiu __________para evitar o choque.
(E) Ambos estão no presente do modo subjuntivo, embora (http://espn.uol.com.br/noticia/603278_pai-diz-que-pilotos-da-f-1-
temmedo-de-falar-a-verdade-sobre-o-acidente-fatal-de-bianchi)
o primeiro esteja na terceira pessoa do singular e o segundo na
terceira pessoa do plural.
Complete com a sequência de verbos que está no tempo,
modo e pessoa corretos:
02. (PC/SP - Escrivão de Polícia - VUNESP/2018)
(A) Tem – tem – vem - freiar
(B) Tem – tiveram – vieram - frear
O drama dos viciados em dívidas
(C) Teve – tinham – vinham – frenar
(D) Teve – tem – veem – freiar
Apesar dos sinais de recuperação da economia, o número
(E) Teve – têm – vêm – frear
de brasileiros endividados chegou a 61,7 milhões em fevereiro
passado – o equivalente a 40% da população adulta. O número
05. (Prefeitura Florianópolis/SC - Auxiliar de Sala -
é alto porque o hábito de manter as contas em dia não é apenas
FEPESE/2016) Assinale a alternativa em que está correta a
uma questão financeira decorrente do estado geral da
correlação entre os tempos e os modos verbais nas frases
economia – pode ser uma questão comportamental. Por isso,
abaixo.
há grupos especializados que promovem reuniões semanais
(A) A entonação correta ao falarmos colabora com o
com devedores, com a finalidade de trocar experiências sobre
entendimento que o outro tem do assunto tratado e reforçaria
consumo impulsivo e propensão a viver no vermelho. Uma
a nossa persuasão.
dessas organizações é o Devedores Anônimos (DA), que
(B) Para falar bem em público, organize as ideias de acordo
funciona nos mesmos moldes do Alcoólicos Anônimos (AA).
com o tempo que você terá e, antes de falar, ensaie sua
Pertencer a uma classe social mais alta não livra ninguém
apresentação.
do problema. As pessoas de maior renda são justamente as que
(C) A capacidade de os adolescentes virem a falar em
têm maior resistência em admitir a compulsão. Pior. É comum
público, teria dependido dos bons ensinamentos da escola.

Língua Portuguesa 41
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APOSTILAS OPÇÃO

(D) Quem vier a comparar a fala dos jovens de hoje com os Questões
da geração passada, haveria de concluir que os jovens de hoje
leem muito menos. 01. (CISSUL/MG - Condutor Socorrista - IBGP/2017)
(E) O contato visual também é importante ao falar em
público. Passa empatia e envolveria o outro.

Gabarito

01.D / 02.C / 03.A / 04.E / 05.B

Locução Verbal

Uma locução verbal14 é a combinação de um verbo


auxiliar e um verbo principal. Esses dois verbos, aparecendo
juntos na oração, transmitem apenas uma ação verbal,
desempenhando o papel de um único verbo. Exemplo:
Assinale a alternativa que contém uma locução verbal
- estive pensando
extraída do cartum.
- quero sair
(A) Não terão.
- pode ocorrer
(B) Como andar.
- tem investigado
(C) Vai chegar.
- tinha decidido
(D) Todos terão.
Função dos verbos auxiliares nas locuções verbais
02. (CRQ 4ª REGIÃO/SP - Fiscal - QUADRIX)
Apenas o verbo auxiliar é flexionado. Verbo auxiliar é o
que perdendo significado próprio, é utilizado para auxiliar na
conjugação de outro, o verbo principal. Assim, o tempo, o
modo, o número, a pessoa e o aspecto da ação verbal são
indicados pelo verbo auxiliar.

Os auxiliares mais comuns são: “Ter, Haver, Ser e Estar”.


Contudo, outros verbos também atuam como verbos auxiliares
nas locuções verbais, como os verbos poder, dever, querer,
começar a, deixar de, voltar a, continuar a, entre outros.

Função dos verbos principais nas locuções verbais


Nas locuções verbais o verbo auxiliar aparece conjugado e
o principal numa das formas nominais: no gerúndio, no
infinitivo ou no particípio.

Locução verbal com verbo principal no gerúndio


Ex.: Estou escrevendo
verbo auxiliar flexionado: estou
verbo principal no gerúndio: escrevendo

Locução verbal com verbo principal no infinitivo


Ex.: Quero sair Qual forma verbal substituiria, sem causar alteração de
verbo auxiliar flexionado: quero sentido, a locução verbal "vou ter", que aparece no primeiro
verbo principal no infinitivo: sair quadrinho?
(A) "terei".
Locução verbal com verbo principal no particípio (B) "teria".
Ex.: Tinha decidido (C) "tivera".
verbo auxiliar flexionado: tinha (D) "tenha".
verbo principal no particípio: decidido (E) "tinha".

Em todos os exemplos a ideia central é expressa pelo verbo 03. (Pref. João Pessoa/PB - Professor Língua
principal, os verbos auxiliares apenas indicam flexões de Portuguesa - FGV) Uma locução verbal é o conjunto formado
tempo, modo, pessoa, número e voz. Sem os verbos principais, por um verbo auxiliar + um verbo principal, este último
os auxiliares não teriam sentido algum. sempre em forma nominal. Nas frases a seguir as formas
verbais sublinhadas constituem uma locução verbal, à exceção
de uma. Assinale‐a.
(A) Todos podem entrar assim que chegarem.
(B) Se os grevistas querem trabalhar menos, não vou
atendê‐los.
(C) Deixem entrar todos os atrasados.
(D) Elas não sabem cozinhar como antigamente.
(E) A plantação foi‐se expandindo para os lados

14 https://www.conjugacao.com.br/locucao-verbal/

Língua Portuguesa 42
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APOSTILAS OPÇÃO

Gabarito - Bastante - antes de adjetivo, é advérbio, portanto, não vai


para o plural; equivale a muito / a: Aquelas jovens são bastante
01.C / 02.A / 03.C simpáticas e gentis.
- Bastante - antes de substantivo, é adjetivo, portanto vai
Advérbio para o plural, equivale a muitos / as: Contei bastantes estrelas
no céu.
É a palavra invariável que modifica um verbo (Chegou - Não confunda mal (advérbio, oposto de bem) com mau
cedo), um outro advérbio (Falou muito bem), um adjetivo (adjetivo, oposto de bom): Mal cheguei a casa, encontrei-a de
(Estava muito bonita). mau humor.
- Antes de verbo no particípio, diz-se mais bem, mais mal:
De acordo com a circunstância que exprime, o advérbio Ficamos mais bem informados depois do noticiário notumo.
pode ser de: - Em frase negativa o advérbio já equivale a mais: Já não se
Tempo: ainda, agora, antigamente, antes, amiúde fazem professores como antigamente. (=não se fazem mais)
(=sempre), amanhã, breve, brevemente, cedo, diariamente, - Na locução adverbial a olhos vistos (=claramente), o
depois, depressa, hoje, imediatamente, já, lentamente, logo, particípio permanece no masculino plural: Minha irmã Zuleide
novamente, outrora. emagrecia a olhos vistos.
Lugar: aqui, acolá, atrás, acima, adiante, ali, abaixo, além, - Dois ou mais advérbios terminados em mente, apenas no
algures (=em algum lugar), aquém, alhures (= em outro lugar), último permanece mente: Educada e pacientemente, falei a
dentro, defronte, fora, longe, perto. todos.
Modo: assim, bem, depressa, aliás (= de outro modo ), - A repetição de um mesmo advérbio assume o valor
devagar, mal, melhor, pior, e a maior parte dos advérbios que superlativo: Levantei cedo, cedo.
termina em mente: calmamente, suavemente, rapidamente,
tristemente. Palavras e Locuções Denotativas: São palavras
Afirmação: certamente, decerto, deveras, efetivamente, semelhantes a advérbios e que não possuem classificação
realmente, sim, seguramente. especial. Não se enquadram em nenhuma das dez classes de
Negação: absolutamente, de modo algum, de jeito palavras. São chamadas de denotativas e exprimem:
nenhum, nem, não, tampouco (=também não). Afetividade: felizmente, infelizmente, ainda bem. Ex.: Ainda
Intensidade: apenas, assaz, bastante, bem, demais, mais, bem que você veio.
meio, menos, muito, quase, quanto, tão, tanto, pouco. Designação, Indicação: eis. Ex.: Eis aqui o herói da turma.
Dúvida: acaso, eventuamente, por ventura, quiçá, Exclusão: exclusive, menos, exceto, fora, salvo, senão,
possivelmente, talvez. sequer: Ex.: Não me disse sequer uma palavra de amor.
Inclusão: inclusive, também, mesmo, ainda, até, além disso,
Locuçoes Adverbiais: são duas ou mais palavras que têm de mais a mais. Ex.: Também há flores no céu.
o valor de advérbio: às cegas, às claras, às toa, às pressas, às Limitação: só, apenas, somente, unicamente. Ex.: Só Deus é
escondidas, à noite, à tarde, às vezes, ao acaso, de repente, de perfeito.
chofre, de cor, de improviso, de propósito, de viva voz, de Realce: cá, lá, é que, sobretudo, mesmo. Ex.: Sei lá o que ele
medo, com certeza, por perto, por um triz, de vez em quando, quis dizer!
sem dúvida, de forma alguma, em vão, por certo, à esquerda, à Retificação: aliás, ou melhor, isto é, ou antes. Ex.: Irei à
direta, a pé, a esmo, por ali, a distância. Bahia na próxima semana, ou melhor, no próximo mês.
- De repente o dia se fez noite. Explicação: por exemplo, a saber. Ex.: Você, por exemplo,
- Por um triz eu não me denunciei. tem bom caráter.
- Sem dúvida você é o melhor.
Questões
Graus dos Advérbios: o advérbio não vai para o plural, são
palavras invariáveis, mas alguns admitem a flexão de grau: 01. Assinale a frase em que meio funciona como advérbio:
comparativo e superlativo. (A) Só quero meio quilo.
(B) Achei-o meio triste.
Comparativo de: (C) Descobri o meio de acertar.
Igualdade - tão + advérbio + quanto, como: Sou tão feliz (D) Parou no meio da rua.
quanto / como você. (E) Comprou um metro e meio.
Superioridade - Analítico: mais do que. Ex.: Raquel é mais
elegante do que eu. 02. Só não há advérbio em:
- Sintético: melhor, pior que. Ex.: (A) Não o quero.
Amanhã será melhor do que hoje. (B) Ali está o material.
Inferioridade - menos do que: Falei menos do que devia. (C) Tudo está correto.
(D) Talvez ele fale.
Superlativo Absoluto: (E) Já cheguei.
Analítico - mais, muito, pouco,menos: O candidato
defendeu-se muito mal. 03. Qual das frases abaixo possui advérbio de modo?
Sintético - íssimo, érrimo: Localizei-o rapídíssimo. (A) Realmente ela errou.
(B) Antigamente era mais pacato o mundo.
Emprego do Advérbio (C) Lá está teu primo.
- Na linguagem coloquial, familiar, é comum o emprego do (D) Ela fala bem.
sufixo diminutivo dando aos advérbios o valor de superlativo (E) Estava bem cansado.
sintético: agorinha, cedinho, pertinho, devagarinho,
depressinha, rapidinho (bem rápido). Exs.: Rapidinho chegou 04. Classifique a locução adverbial que aparece em
a casa; Moro pertinho da universidade. "Machucou-se com a lâmina".
- Frequentemente empregamos adjetivos com valor de (A) modo
advérbio: A cerveja que desce redondo. (redondamente) (B) instrumento
(C) causa

Língua Portuguesa 43
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APOSTILAS OPÇÃO

(D) concessão embaixo de, em cima de, em frente a, em redor de, graças a,
(E) fim junto a, junto de, perto de, por causa de, por cima de, por trás
de, a fim de, além de, antes de, a par de, a partir de, apesar de,
05. (PC/SP - Investigador de Polícia - VUNESP/2018) através de, defronte de, em favor de, em lugar de, em vez de,
Nos EUA, a psicanálise lembra um pouco certas seitas – as (=no lugar de), ao invés de (=ao contrário de), para com, até a.
ideias do fundador são institucionalizadas e defendidas por - Não confunda locução prepositiva com locução adverbial.
discípulos ferrenhos, mas suas instituições parecem não Na locução adverbial, nunca há uma preposição no final, e sim
responder às necessidades atuais da sociedade. Talvez porque no começo: Vimos de perto o fenômeno do “tsunami”.
o autor das ideias não esteja mais aqui para atualizá-las. (locução adverbial); O acidente ocorreu perto de meu atelier.
Freud era um neurologista, e queria encontrar na Biologia (locução prepositiva)
as bases do comportamento. Como a tecnologia de então não - Uma preposição ou locução prepositiva pode vir com
lhe permitia avançar, passou a elaborar uma teoria, criando a outra preposição: Abola passou por entre as pernas do
psicanálise. Cientista que era, contudo, nunca se apaixonou por goleiro. Mas é inadequado dizer: Proibido para menores de até
suas ideias, revisando sua obra ao longo da vida. Ele chegou a 18 anos; Financiamento em até 24 meses.
afirmar: “A Biologia é realmente um campo de possibilidades
ilimitadas do qual podemos esperar as elucidações mais Combinações e Contrações
surpreendentes. Portanto, não podemos imaginar que Combinação: ocorre quando não há perda de fonemas:
respostas ela dará, em poucos decêndios, aos problemas que a+o, os= ao, aos / a+onde = aonde.
formulamos. Talvez essas respostas venham a ser tais que Contração: ocorre quando a preposição perde fonemas:
farão o edifício de nossas hipóteses colapsar”. Provavelmente, de+a, o, as, os, esta, este, isto = da, do, das, dos, desta, deste,
é sua frase menos citada. Por razões óbvias. disto.
(Galileu, novembro de 2017. Adaptado) - em+ um, uma, uns, umas, isto, isso, aquilo, aquele, aquela,
aqueles, aquelas = num, numa, nuns, numas, nisto, nisso,
Nos trechos – … Talvez porque o autor das ideias não esteja naquilo, naquele, naquela, naqueles.
mais aqui… – ; – … nunca se apaixonou por suas ideias… – ; – A - de+ entre, aquele, aquela, aquilo = dentre, daquele,
Biologia é realmente um campo de possibilidades ilimitadas… daquela, daquilo.
– e – Provavelmente, é sua frase menos citada. –, os advérbios - para+ a = pra.
destacados expressam, correta e respectivamente, A contração da preposição a com os artigos ou pronomes
circunstância de: demonstrativos a, as, aquele, aquela, aquilo recebe o nome de
(A) lugar; tempo; modo; afirmação. crase e é assinalada na escrita pelo acento grave ficando assim:
(B) lugar; tempo; afirmação; dúvida. à, às, àquele, àquela, àquilo.
(C) lugar; negação; modo; intensidade.
(D) afirmação; negação; afirmação; afirmação. Valores das Preposições
(E) afirmação; negação; modo; dúvida.
A
Gabarito (movimento=direção): Foram a Lucélia comemorar os
Anos Dourados.
01.B / 02.C / 03.D / 04.B / 05.B Modo: Partiu às pressas.
Tempo: Iremos nos ver ao entardecer.
Preposição Apreposição a indica deslocamento rápido: Vamos à praia.
(ideia de passear)
É a palavra invariável que liga um termo dependente a um
termo principal, estabelecendo uma relação entre ambos. As Ante
preposições podem ser: essenciais ou acidentais. (diante de): Parou ante mim sem dizer nada, tanta era a
emoção.
As preposições essenciais atuam exclusivamente como Tempo (substituída por antes de): Preciso chegar ao
preposições. São: a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, encontro antes das quatro horas.
entre, para, perante, por, sem, sob, sobre, trás. Exs.: Não dê
atenção a fofocas; Perante todos disse, sim. Após (depois de): Após alguns momentos desabou num
choro arrependido.
As preposições acidentais são palavras de outras classes
que atuam eventualmente como preposições. São: como (=na Até
qualidade de), conforme (=de acordo com), consoante, exceto, (aproximação): Correu até mim.
mediante, salvo, visto, segundo, senão, tirante. Ex.: Agia Tempo: Certamente teremos o resultado do exame até a
conforme sua vontade. (= de acordo com) semana que vem.
Atenção: Se a preposição até equivaler a inclusive, será
- O artigo definido a que vem sempre acompanhado de um palavra de inclusão e não preposição. Os sonhadores amam
substantivo, é flexionado: a casa, as casas, a árvore, as árvores, até quem os despreza. (inclusive)
a estrela, as estrelas. A preposição a nunca vai para o plural e
não estabelece concordância com o substantivo. Ex.: Fiz todo o Com (companhia): Rir de alguém é falta de caridade;
percurso a pé. (não há concordância com o substantivo deve-se rir com alguém.
masculino pé) Causa: A cidade foi destruída com o temporal.
- As preposições essenciais são sempre seguidas dos Instrumento: Feriu-se com as próprias armas.
pronomes pessoais oblíquos: Despediu-se de mim Modo: Marfinha, minha comadre, veste-se sempre com
rapidamente. Não vá sem mim. elegância.

Locuções Prepositivas: é o conjunto de duas ou mais Contra


palavras que têm o valor de uma preposição. A última palavra (oposição, hostilidade): Revoltou-se contra a decisão do
é sempre uma preposição. Veja quais são: abaixo de, acerca de, tribunal.
acima de, ao lado de, a respeito de, de acordo com, dentro de, Direção a um limite: Bateu contra o muro e caiu.

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APOSTILAS OPÇÃO

De (origem): Descendi de pais trabalhadores e honestos.


Lugar: Os corruptos vieram da capital.
Causa: O bebê chorava de fome.
Posse: Dizem que o dinheiro do povo sumiu.
Assunto: Falávamos do casamento da Mariele.
Matéria: Era uma casa de sapé.
A preposição de não deve contrair-se com o artigo, que
precede o sujeito de um verbo. É tempo de os alunos
estudarem. (e não: dos alunos estudarem)

Desde
(afastamento de um ponto no espaço): Essa neblina vem
desde São Paulo. No 3º quadrinho, nas três ocorrências, o sentido da
Tempo: Desde o ano passado quero mudar de casa. preposição “sem” e o das expressões que ela forma são,
respectivamente, de
Em (A) negação e causa.
(lugar): Moramos em Lucélia há alguns anos. (B) adição e condição.
Matéria: As queridas amigas Nilceia e Nadélgia moram em (C) ausência e modo.
Curitiba. (D) falta e consequência.
Especialidade: Minha amiga Cidinha formou-se em Letras. (E) exceção e intensidade.
Tempo: Tudo aconteceu em doze horas.
02. (Pref. Itaquitinga/PE - Técnico em Enfermagem -
Entre (posição entre dois limites): Convém colocar o vidro IDHTEC/2016)
entre dois suportes.
MAMÃ NEGRA (Canto de esperança)
Para
Direção: Não lhe interessava mais ir para a Europa. Tua presença, minha Mãe - drama vivo duma Raça, Drama
Tempo: Pretendo vê-lo lá para o final da semana. de carne e sangue Que a Vida escreveu com a pena dos séculos!
Finalidade: Lute sempre para viver com dignidade. Pelo teu regaço, minha Mãe, Outras gentes embaladas à voz da
A preposição para indica permanência definitiva. Vou ternura ninadas do teu leite alimentadas de bondade e poesia
para o litoral. (ideia de morar) de música ritmo e graça... santos poetas e sábios... Outras
gentes... não teus filhos, que estes nascendo alimárias
Perante (posição anterior): Permaneceu calado perante semoventes, coisas várias, mais são filhos da desgraça: a
todos. enxada é o seu brinquedo trabalho escravo - folguedo... Pelos
teus olhos, minha Mãe Vejo oceanos de dor Claridades de sol-
Por (percurso, espaço, lugar): Caminhava por ruas posto, paisagens Roxas paisagens Mas vejo (Oh! se vejo!...) mas
desconhecidas. vejo também que a luz roubada aos teus [olhos, ora esplende
Causa: Por ser muito caro, não compramos um pendrive demoniacamente tentadora - como a Certeza... cintilantemente
novo. firme - como a Esperança... em nós outros, teus filhos, gerando,
Espaço: Por cima dela havia um raio de luz. formando, anunciando -o dia da humanidade.
(Viriato da Cruz. Poemas, 1961, Lisboa, Casa dos Estudantes do Império)

Sem (ausência): Eu vou sem lenço sem documento.


Em qual das alternativas o acento grave foi mal
empregado, pois não houve crase?
Sob (debaixo de / situação): Prefiro cavalgar sob o luar.
(A) “Milena Nogueira foi pela primeira vez à quadra da
Viveu, sob pressão dos pais.
escola de samba Império Serrano, na Zona Norte do Rio.”
(B) "Os relatos dos casos mostram repetidas violações dos
Sobre
direitos à moradia, a um trabalho digno, à integridade cultural,
(em cima de, com contato): Colocou as taças de cristal
a vida e ao território."
sobre a toalha rendada.
(C) “O corpo de Lucilene foi encontrado próximo à ponte
Assunto: Conversávamos sobre política financeira.
do Moa no dia 11 de maio.”
(D) “Fifa afirma que Blatter e Valcke enriqueceram às
Trás (situação posterior; é preposição fora de uso. É
custas da entidade.”
substituída por atrás de, depois de): Por trás desta carinha
(E) “Doriva saiu e Milton Cruz fez às vezes de técnico até a
vê-se muita falsidade.
chegada de Edgardo Bauza no fim do ano passado.”
Questões
03. (TJ/AL - Analista Judiciário - Oficial de Justiça
Avaliador - FGV/2018)
01. (PC/SP - Papiloscopista Policial - VUNESP/2018)
Além do celular e da carteira, cuidado com as figurinhas
da Copa
Gilberto Porcidônio – O Globo, 12/04/2018

A febre do troca-troca de figurinhas pode estar atingindo


uma temperatura muito alta. Preocupados que os mais afoitos
pelos cromos possam até roubá-los, muitos jornaleiros estão
levando seus estoques para casa quando termina o expediente.
Pode parecer piada, mas há até boatos sobre quadrilhas de
roubo de figurinha espalhados por mensagens de celular.

No texto aparecem três ocorrências da preposição DE.

Língua Portuguesa 45
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APOSTILAS OPÇÃO

1. “troca-troca de figurinhas”; Interjeição


2. “roubo de figurinha”;
3. “mensagens de celular”. É a palavra invariável que exprime emoções, sensações,
estados de espírito ou apelos.
Sobre o emprego dessa preposição nesses casos, é correto
afirmar que: Locução Interjetiva: é o conjunto de duas ou mais
(A) os termos precedidos da preposição DE indicam palavras com valor de uma interjeição: Muito bem! Que pena!
pacientes dos vocábulos anteriores; Quem me dera! Puxa, que legal!
(B) os termos precedidos da preposição DE indicam
agentes dos termos anteriores; Classificaçao das Interjeições e Locuções Interjetivas
(C) os termos “de figurinha” e “de celular” são
complementos dos termos anteriores; As intejeições e as locuções interjetivas são classificadas de
(D) os termos “de figurinhas” e “de celular” são adjuntos acordo com o sentido que elas expressam em determinado
dos vocábulos precedentes; contexto. Assim, uma mesma palavra ou expressão pode
(E) os termos “de figurinhas” e “de figurinha” são exprimir emoções variadas.
complementos dos vocábulos precedentes. Admiração ou Espanto: Oh!, Caramba!, Oba!, Nossa!, Meu
Deus!, Céus!
04. Assinale a alternativa em que a preposição destacada Advertência: Cuidado!, Atenção!, Alerta!, Calma!, Alto!,
estabeleça o mesmo tipo de relação que na frase matriz: Olha lá!
Criaram-se a pão e água. Alegria: Viva!, Oba!, Que bom!, Oh!, Ah!;
(A) Desejo todo o bem a você. Ânimo: Avante!, Ânimo!, Vamos!, Força!, Eia!, Toca!
(B) A julgar por esses dados, tudo está perdido. Aplauso: Bravo!, Parabéns!, Muito bem!
(C) Feriram-me a pauladas. Chamamento: Olá!, Alô!, Psiu!, Psit!
(D) Andou a colher alguns frutos do mar. Aversão: Droga!, Raios!, Xi!, Essa não!, lh!
(E) Ao entardecer, estarei aí. Medo: Cruzes!, Credo!, Ui!, Jesus!, Uh! Uai!
Pedido de Silêncio: Quieto!, Bico fechado!, Silêncio!,
05. (TJ/AL - Técnico Judiciário - FGV/2018) Chega!, Basta!
Saudação: Oi!, Olá!, Adeus!, Tchau!
Ressentimento e Covardia Concordância: Claro!, Certo!, Sim!, Sem dúvida!
Desejo: Oxalá!, Tomara!, Pudera!, Queira Deus! Quem me
Tenho comentado aqui na Folha em diversas crônicas, os dera!
usos da internet, que se ressente ainda da falta de uma
legislação específica que coíba não somente os usos mas os Observe na relação acima, que as interjeições muitas vezes
abusos deste importante e eficaz veículo de comunicação. A são formadas por palavras de outras classes gramaticais:
maioria dos abusos, se praticados em outros meios, seriam Cuidado! Não beba ao dirigir! (cuidado é substantivo).
crimes já especificados em lei, como a da imprensa, que pune
injúrias, difamações e calúnias, bem como a violação dos Questões
direitos autorais, os plágios e outros recursos de apropriação
indébita. 01. Assinale o par de frases em que as palavras destacadas
No fundo, é um problema técnico que os avanços da são substantivo e pronome, respectivamente:
informática mais cedo ou mais tarde colocarão à disposição (A) A imigração tornou-se necessária. / É dever cristão
dos usuários e das autoridades. Como digo repetidas vezes, me praticar o bem.
valendo do óbvio, a comunicação virtual está em sua pré- (B) A Inglaterra é responsável por sua economia. / Havia
história. muito movimento na praça.
Atualmente, apesar dos abusos e crimes cometidos na (C) Fale sobre tudo o que for preciso. / O consumo de
internet, no que diz respeito aos cronistas, articulistas e drogas é condenável.
escritores em geral, os mais comuns são os textos atribuídos (D) Pessoas inconformadas lutaram pela abolição. /
ou deformados que circulam por aí e que não podem ser Pesca-se muito em Angra dos Reis.
desmentidos ou esclarecidos caso por caso. Um jornal ou (E) Os prejudicados não tinham o direito de reclamar. /
revista é processado se publicar sem autorização do autor um Não entendi o que você disse.
texto qualquer, ainda que em citação longa e sem aspas. Em
caso de injúria, calúnia ou difamação, também. E em caso de 02. Assinale o item que só contenha preposições:
falsear a verdade propositadamente, é obrigado pela justiça a (A) durante, entre, sobre
desmentir e dar espaço ao contraditório. (B) com, sob, depois
Nada disso, por ora, acontece na internet. Prevalece a lei do (C) para, atrás, por
cão em nome da liberdade de expressão, que é mais expressão (D) em, caso, após
de ressentidos e covardes do que de liberdade, da verdadeira (E) após, sobre, acima
liberdade. (Carlos Heitor Cony, Folha de São Paulo, 16/05/2006 – adaptado)
03. Observe as palavras grifadas da seguinte frase:
O segmento do texto em que o emprego da preposição EM “Encaminhamos a V. Senhoria cópia autêntica do Edital nº
indica valor semântico diferente dos demais é: 19/82.” Elas são, respectivamente:
(A) “Tenho comentado aqui na Folha em diversas (A) verbo, substantivo, substantivo
crônicas”; (B) verbo, substantivo, advérbio
(B) A maioria dos abusos, se praticados em outros meios”; (C) verbo, substantivo, adjetivo
(C) “... seriam crimes já especificados em lei”; (D) pronome, adjetivo, substantivo
(D) “...a comunicação virtual está em sua pré-história”; (E) pronome, adjetivo, adjetivo
(E) “...ainda que em citação longa e sem aspas”.
04. Assinale a opção em que a locução grifada tem valor
Gabarito adjetivo:
01.C / 02.E / 03.E / 04.C / 05.D

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APOSTILAS OPÇÃO

(A) “Comprei móveis e objetos diversos que entrei a Exemplos:


utilizar com receio.” O caminho é perigoso; vá, pois, com cuidado!
(B) “Azevedo Gondim compôs sobre ela dois artigos.” Estamos nos esforçando, logo seremos recompensados.
(C) “Pediu-me com voz baixa cinquenta mil réis.”
(D) “Expliquei em resumo a prensa, o dínamo, as serras...” 5. Explicativas (explicação)
(E) “Resolvi abrir o olho para que vizinhos sem Que
escrúpulos não se apoderassem do que era delas.” Porque
Porquanto
05. O "que" está com função de preposição na alternativa: Pois (antes do verbo)
(A) Veja que lindo está o cabelo da nossa amiga!
(B) Diz-me com quem andas, que eu te direi quem és. Exemplos:
(C) João não estudou mais que José, mas entrou na Não leia no escuro, que faz mal à vista.
Faculdade. Compre estas mercadorias, pois já estamos ficando sem.
(D) O Fiscal teve que acompanhar o candidato ao banheiro.
(E) Não chore que eu já volto. Conjunções Subordinativas

Gabarito Ligam uma oração principal a uma oração subordinativa,


com verbo flexionado.
01.E / 02.A / 03.C / 04.E / 05.D
1. Integrantes: iniciam a oração subordinada substantiva
Conjunções – Que / Se / Como

Exercem a função de conectar as palavras dentro de uma Exemplos:


oração. Desta forma, elas estabelecem uma relação de Todos perceberam que você estava atrasado.
coordenação ou subordinação e são classificadas em: Aposto como você estava nervosa.
Conjunções Coordenativas e Conjunções Subordinativas.
2. Temporais (Tempo) – Quando / Enquanto / Logo que /
Conjunções Coordenativas Assim que / Desde que
Exemplos:
1. Aditivas (Adição) Logo que chegaram, a festa acabou.
E Quando eu disse a verdade, ninguém acreditou.
Nem
Não só... Mas também 3. Finais (Finalidade) – Para que / A fim de que
Mas ainda Exemplo:
Senão Foi embora logo, a fim de que ninguém o perturbasse.

Exemplos: 4. Proporcionais (Proporcionalidade) – À proporção que


Viajamos e descansamos. / À medida que / Quanto mais ... mais / Quanto menos... menos
Eu não só estudo, mas também trabalho. Exemplos:
À medida que se vive, mais se aprende.
2. Adversativas (posição contrária) Quanto mais se preocupa, mais se aborrece.

Mas 5. Causais (Causa) – Porque / Como / Visto que / Uma vez


Porém que
Todavia Exemplo: Como estivesse doente, não pôde sair.
Entretanto
No entanto 6. Condicionais (Condição) – Se / Caso / Desde que
Exemplos:
Exemplos: Comprarei o livro, desde que esteja disponível.
Ela era explorada, mas não se queixava. Se chover, não poderemos ir.
Os alunos estudaram, no entanto não conseguiram as
notas necessárias. 7. Comparativas (Comparação) – Como / Que / Do que /
Quanto / Que nem
3. Alternativas (alternância) Exemplos:
Os filhos comeram como leões.
Ou, ou A luz é mais veloz do que o som.
Ora, ora
8. Conformativas (Conformidade) – Como / Conforme /
Quer, quer
Segundo
Já, já
Exemplos:
As coisas não são como parecem.
Exemplos: Farei tudo, conforme foi pedido.
Ou você vem agora, ou não haverá mais ingressos.
Ora chovia, ora fazia sol.
9. Consecutivas (Consequência) – Que (precedido dos
termos: tal, tão, tanto...) / De forma que
4. Conclusivas (conclusão)
Exemplos:
Logo A menina chorou tanto, que não conseguiu ir para a escola.
Portanto Ontem estive viajando, de forma que não consegui
Por conseguinte participar da reunião.
Pois (após o verbo)

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APOSTILAS OPÇÃO

10. Concessivas (Concessão) – Embora / Conquanto / 03. (SEDUC/PA - Professor Classe I - Português -
Ainda que / Mesmo que / Por mais que CONSULPLAN/2018)
Exemplos:
Todos gostaram, embora estivesse mal feito. Coisas & Pessoas
Por mais que gritasse, ninguém o socorreu.
Desde pequeno, tive tendência para personificar as coisas.
Questões Tia Tula, que achava que mormaço fazia mal, sempre gritava:
“Vem pra dentro, menino, olha o mormaço!”. Mas eu ouvia o
01. (PC/SP - Papiloscopista Policial - VUNESP/2018) mormaço com M maiúsculo. Mormaço, para mim, era um velho
que pegava crianças! Ia pra dentro logo. E ainda hoje, quando
leio que alguém se viu perseguido pelo clamor público, vejo
com estes olhos o Sr. Clamor Público, magro, arquejante, de
preto, brandindo um guarda-chuva, com um gogó
protuberante que se abaixa e levanta no excitamento da
perseguição. E já estava devidamente grandezinho, pois devia
contar uns trinta anos, quando me fui, com um grupo de
colegas, a ver o lançamento da pedra fundamental da ponte
Uruguaiana-Libres, ocasião de grandes solenidades, com os
presidentes Justo e Getúlio, e gente muita, tanto assim que
fomos alojados os do meu grupo num casarão que creio fosse
a Prefeitura, com os demais jornalistas do Brasil e Argentina.
Era como um alojamento de quartel, com breve espaço entre
as camas e todas as portas e janelas abertas, tudo com os
alegres incômodos e duvidosos encantos, um vulto junto à
minha cama, senti-me estremunhado e olhei atônito para um
tipo de chiru, ali parado, de bigodes caídos, pala pendente e
chapéu descido sobre os olhos. Diante da minha muda
interrogação, ele resolveu explicar-se, com a devida calma:
Na fala do personagem no segundo quadrinho “Apesar da – Pois é! Não vê que eu sou o sereno…
aparência, sou um homem ultramoderno!”, a expressão E eis que, por milésimo de segundo, ou talvez mais, julguei
destacada estabelece entre as informações relação de sentido que se tratasse do sereno noturno em pessoa. [...]
de (Mário Quintana. Caderno H. 5. ed. São Paulo: Globo, 1989, p. 153-154.)
(A) comparação.
(B) finalidade. Após a leitura do texto e considerando seu conteúdo, pode-
(C) consequência. se afirmar quanto ao emprego da conjunção em relação à
(D) conclusão. titulação do texto que o sentido produzido indica
(E) concessão. (A) compensação de um elemento em relação ao outro.
(B) acrescentamento de um elemento em relação ao outro.
02. (Prefeitura Trindade/GO - Auxiliar Administrativo (C) sobreposição do último elemento em detrimento do
- FUNRIO/2016) primeiro.
(D) estabelecimento de uma relação de um elemento para
OMS recomenda ingerir menos de cinco gramas de sal com o outro.
por dia
04. (IF/PE - Técnico em Enfermagem - 2016)
Se você tem o hábito de pegar no saleiro e polvilhar a
comida com umas pitadas de sal, é melhor pensar duas vezes. Crônica da cidade do Rio de Janeiro
A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomendou esta
quinta-feira que um adulto consuma por dia menos de dois No alto da noite do Rio de Janeiro, luminoso, generoso, o
gramas de sódio – ou seja, menos de cinco gramas de sal – para Cristo Redentor estende os braços. Debaixo desses braços os
reduzir os níveis de pressão arterial e as doenças netos dos escravos encontram amparo.
cardiovasculares. Uma mulher descalça olha o Cristo, lá de baixo, e
Pela primeira vez, a OMS faz recomendações também para apontando seu fulgor, diz, muito tristemente:
as crianças com mais de dois anos de idade, para que as - Daqui a pouco não estará mais aí. Ouvi dizer que vão tirar
doenças relacionadas com a alimentação não se tornem Ele daí.
crônicas na idade adulta. Neste caso, a OMS diz que os valores - Não se preocupe – tranquiliza uma vizinha. – Não se
devem ainda ser mais baixos do que os dois gramas de sódio, preocupe: Ele volta.
devendo ser adaptados tendo em conta o tamanho, a idade e A polícia mata muitos, e mais ainda mata a economia. Na
as necessidades energéticas. cidade violenta soam tiros e também tambores: os atabaques,
Teresa Firmino Adaptado de publico.pt/ciencia ansiosos de consolo e de vingança, chamam os deuses
africanos. Cristo sozinho não basta.
Em para reduzir os níveis de pressão arterial e as doenças (GALEANO, Eduardo. O livro dos abraços. Porto Alegre: L&PM Pocket,
cardiovasculares, a palavra para expressa o seguinte 2009.)
significado:
(A) oposição Na construção “A polícia mata muitos, e mais ainda mata a
(B) finalidade economia”, a conjunção em destaque estabelece, entre as
(C) causalidade orações,
(D) comparação (A) uma relação de adição.
(E) temporalidade (B) uma relação de oposição.
(C) uma relação de conclusão.
(D) uma relação de explicação.
(E) uma relação de consequência.

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APOSTILAS OPÇÃO

05. (COPASA - Analista de Saneamento - Administrador Os termos da oração na língua portuguesa são classificados
- FUMARC/2018) em três grandes níveis:
- Termos Essenciais da Oração: Sujeito e Predicado.
Se você não corresponde ao figurino neoliberal é porque - Termos Integrantes da Oração: Complemento Nominal e
sofre de algum transtorno. As doenças estão em moda. Complementos Verbais (Objeto Direto, Objeto indireto e
Respiramos a cultura da medicalização. Não nos perguntamos Agente da Passiva).
por que há tantas enfermidades e enfermos. Esta indagação - Termos Acessórios da Oração: Adjunto Adnominal,
não convém à indústria farmacêutica nem ao sistema cujo Adjunto Adverbial, Aposto e Vocativo.
objetivo primordial é a apropriação privada da riqueza.
Termos Essenciais da Oração
Sobre os itens lexicais destacados no fragmento, estão Dois termos fundamentais da oração: sujeito e predicado.
corretas as afirmativas, EXCETO:
(A) A conjunção “nem” liga dois itens (indústria / sistema) Sujeito Predicado
indicando oposição entre eles.
Felicidade é estar satisfeito.
(B) A conjunção “porque” introduz uma relação de
Os jovens compraram os doces.
causalidade entre as partes do período de que faz a ligação.
(C) O conectivo “se” poderia ser substituído por “caso” e Um carro forte tombou nas ruas.
indica condicionalidade.
(D) O pronome “algum” transfere sua indefinitude ao Sujeito: é equivocado dizer que o sujeito é aquele que
substantivo que acompanha, “transtorno”. pratica uma ação ou é aquele (ou aquilo) do qual se diz alguma
coisa. Ao fazer tal afirmação estamos considerando o aspecto
Gabarito semântico do sujeito (agente de uma ação) ou o seu aspecto
estilístico (o tópico da sentença).
01.E / 02.B / 03.D / 04.B / 05.A Já que o sujeito é depreendido de uma análise sintática,
vamos restringir a definição apenas ao seu papel sintático na
sentença: aquele que estabelece concordância com o núcleo do
predicado.
Sujeito e predicado; Formas Quando se trata de predicado verbal, o núcleo é sempre um
nominais; Locuções verbais; verbo; sendo um predicado nominal, o núcleo é sempre um
Termos ligados ao verbo: nome. 15Tendo assim por características básicas:
- Estabelecer concordância com o núcleo do predicado;
Adjunto adverbial, Agente da - Apresentar-se como elemento determinante em relação
Passiva, Objeto direto e ao predicado;
indireto, Vozes Verbais; - Constituir-se de um substantivo, ou pronome substantivo
ou, ainda, qualquer palavra substantivada. Exemplo:
Termos Essenciais da Oração;
Termos Integrantes da O banco está interditado hoje.
Oração; Termos Acessórios da está interditado hoje: predicado nominal.
interditado: nome adjetivo = núcleo do predicado.
Oração; Orações Coordenadas O banco: sujeito.
e Subordinadas; Período; Banco: núcleo do sujeito - nome masculino singular.

No interior de uma sentença, o sujeito é o termo


determinante, ao passo que o predicado é o termo
Caro(a) Candidato(a), o assunto de Locução Verbal já foi
determinado. Essa posição de determinante do sujeito em
abordado no decorrer da nossa apostila.
relação ao predicado adquire sentido com o fato de ser
possível, na língua portuguesa, uma sentença sem sujeito, mas
Oração
nunca uma sentença sem predicado. Exemplos:
É todo enunciado linguístico dotado de sentido, porém há,
As formigas invadiram minha casa.
necessariamente, a presença do verbo. A oração encerra uma
as formigas: sujeito = termo determinante.
frase (ou segmento de frase), várias frases ou um período,
invadiram minha casa: predicado = termo determinado.
completando um pensamento e concluindo o enunciado
Há formigas na minha casa.
através de ponto final, interrogação, exclamação e, em alguns
há formigas na minha casa: predicado = termo
casos, através de reticências.
determinado.
Em toda oração há um verbo ou locução verbal (às vezes
sujeito: inexistente.
elípticos - ocultos).
Não têm estrutura sintática, portanto não são orações,
O sujeito sempre se manifesta em termos de sintagma
assim não podem ser analisadas sintaticamente frases como:
nominal, isto é, seu núcleo é sempre um nome. Quando esse
nome se refere a objetos da primeira e segunda pessoa, o
Socorro!
sujeito é representado por um pronome pessoal do caso reto
Com licença!
(eu, tu, ele, etc.).
Que rapaz impertinente!
Se o sujeito se refere a um objeto da terceira pessoa, sua
representação pode ser feita através de um substantivo, de um
Na oração as palavras estão relacionadas entre si, como
pronome substantivo ou de qualquer conjunto de palavras,
partes de um conjunto harmônico: elas formam os termos ou
cujo núcleo funcione, na sentença, como um substantivo.
as unidades sintáticas da oração. Cada termo da oração
Exemplos:
desempenha uma função sintática.

15 www.portalsaofrancisco.com.br/portugues/sujeito

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APOSTILAS OPÇÃO

Eu acompanho você até o guichê. - Assinala-se a indeterminação do sujeito usando-se o


eu: sujeito = pronome pessoal de primeira pessoa. verbo na 3ª pessoa do plural, sem referência a qualquer agente
já expresso nas orações anteriores: Na rua olhavam-no com
Vocês disseram alguma coisa? admiração. “De qualquer modo, foi uma judiação matarem a
vocês: sujeito = pronome pessoal de segunda pessoa (tu) moça”.
- Assinala-se a indeterminação do sujeito com um verbo
Marcos tem um fã-clube no seu bairro. ativo na 3ª pessoa do singular, acompanhado do pronome se.
Marcos: sujeito = substantivo próprio. O pronome se, neste caso, é índice de indeterminação do
sujeito. Pode ser omitido junto de infinitivos. Exemplos:
Ninguém entra na sala agora. Aqui paga-se bem.
ninguém: sujeito = pronome substantivo. Devagar se vai ao longe.
Quando se é jovem, a vida é vigorosa.
O andar deve ser uma atividade diária.
o andar: sujeito = núcleo: verbo substantivado nessa - O verbo no infinitivo impessoal, ocorre a indeterminação
oração. do sujeito. Exemplo: É legal assistir a estes filmes clássicos.

Além dessas formas, o sujeito também pode se constituir Normalmente, o sujeito antecede o predicado; todavia, a
de uma oração inteira. Nesse caso, a oração recebe o nome de posposição do sujeito ao verbo é fato corriqueiro em nossa
oração substantiva subjetiva: língua. Exemplo: Da casa próxima apareceu aquela moça. / É
difícil esta situação.
É difícil optar por esse ou aquele doce...
É difícil: oração principal. Sem Sujeito - são enunciados através do predicado, o
optar por esse ou aquele doce: oração substantiva verbo não é atribuído a nenhum sujeito. Construídas com
subjetiva. verbos impessoais na 3ª pessoa do singular: Havia gatos na
sala. / Choveu durante a festa.
O sujeito é constituído por um substantivo ou pronome, ou
por uma palavra ou expressão substantivada. Exemplos: São verbos impessoais: Haver (nos sentidos de existir,
acontecer, realizar-se, decorrer).
O sino era grande. Fazer, passar, ser e estar, com referência ao tempo.
Ela tem uma educação fina. Chover, ventar, nevar, gear, relampejar, amanhecer,
Vossa Excelência agiu com imparcialidade. anoitecer e outros que exprimem fenômenos meteorológicos.

O núcleo (isto é, a palavra base) do sujeito é, pois, um Predicado - é a soma de todos os termos da oração, exceto
substantivo ou pronome. Em torno do núcleo podem aparecer o sujeito e o vocativo. É tudo o que se declara na oração
palavras secundárias (artigos, adjetivos, locuções adjetivas, referindo-se ao sujeito (quando há sujeito). Sempre apresenta
etc.). Exemplo: “Todos os ligeiros rumores da mata tinham um verbo.17 Exemplo:
uma voz para a selvagem filha do sertão.” (José de Alencar)
Victor conhece os amigos do rei.
Classificação dos Sujeitos sujeito: Victor = termo determinante.
Simples - tem um só núcleo, no singular ou plural: O predicado: conhece os amigos do rei = termo determinado.
cachorro tem uma casinha linda.
Composto - apresenta mais de um núcleo: O garoto e a No predicado o núcleo pode ser de dois tipos: um nome,
menina brincavam alegremente. quase sempre um atributo que se refere ao sujeito da oração,
Expresso - está explícito, enunciado: Eu trabalharei ou um verbo (ou locução verbal).
amanhã. Predicado nominal - (seu núcleo significativo é um nome,
Oculto (ou elíptico) - está implícito, não está expresso, substantivo, adjetivo, pronome, ligado ao sujeito por um verbo
funciona como algo que não está claro, porém, no texto está o de ligação).
significado dele: Trabalharei amanhã. (se deduz “eu” a partir Predicado verbal - (seu núcleo é um verbo, seguido, ou
da desinência do verbo). não, de complemento(s) ou termos acessórios). Quando, num
Agente - ação expressa pelo verbo da voz ativa: O garoto mesmo segmento o nome e o verbo são de igual importância,
chutou a bola. ambos constituem o núcleo do predicado e resultam no tipo de
Paciente - recebe os efeitos da ação expressa pelo verbo predicado verbo-nominal (tem dois núcleos significativos:
passivo: A bola é chutada pelo menino. Construíram-se um verbo e um nome). Exemplos:
açudes. (= Açudes foram construídos.)
Agente e Paciente - quando o sujeito realiza a ação Victor era jogador.
expressa por um verbo reflexivo e ele mesmo sofre ou recebe predicado: era jogador.
os efeitos dessa ação: O operário feriu-se durante o trabalho; núcleo do predicado: jogador = atributo do sujeito.
Regina trancou-se no quarto. tipo de predicado: nominal.
Indeterminado - quando não se indica o agente da ação
verbal: Atropelaram uma senhora na esquina. (Quem Predicativo do sujeito - é o nome dado ao núcleo do
atropelou a senhora? Não se diz, não se sabe quem a predicado nominal, é atribuído uma qualidade ou
atropelou.); Come-se bem naquele restaurante (quem come).16 característica ao sujeito. Os verbos de ligação (ser, estar,
parecer, etc.) são a ligação entre o sujeito e o predicado.
Observações: Exemplo:
- Não confunda sujeito indeterminado com sujeito oculto.
- Sujeito formado por pronome indefinido não é A prefeitura comprou várias coisas na licitação.
indeterminado, mas expresso: Ninguém lhe telefonou. predicado: comprou várias coisas na licitação.

16 CEGALLA, Paschoal. Minigramática Língua Portuguesa. Nacional. 2004. 17 PESTANA, Fernando. Gramática para concursos. Elsevier.2011.

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APOSTILAS OPÇÃO

núcleo do predicado: comprou = nova informação sobre o As orações formadas com verbos intransitivos não podem
sujeito “transitar” (= passar) para a voz passiva. 18
tipo de predicado: verbal Verbos intransitivos passam, ocasionalmente, a transitivos
quando construídos com o objeto direto ou indireto. Exemplo:
Os meninos jogavam bola contentes.
predicado: jogavam bola contentes. “Inutilmente a minha alma o chora!” (Cabral do
núcleos do predicado: jogavam = nova informação sobre o Nascimento)
sujeito; contentes = atributo do sujeito. “Depois me deitei e dormi um sono pesado.” (Luís
tipo de predicado: verbo-nominal. Jardim)
“Morrerás morte vil da mão de um forte.” (Gonçalves
Nos predicados verbais e verbo-nominais o verbo é Dias)
responsável também por definir os tipos de elementos que “Inútil tentativa de viajar o passado, penetrar no mundo
aparecerão no segmento. Em alguns casos o verbo sozinho que já morreu...” (Ciro dos Anjos)
basta para compor o predicado (verbo intransitivo).
Em outros casos é necessário um complemento que, Alguns verbos essencialmente intransitivos: anoitecer,
juntamente com o verbo, constituem a nova informação sobre crescer, brilhar, ir, agir, sair, nascer, latir, rir, tremer, brincar,
o sujeito. De qualquer forma, esses complementos do verbo chegar, vir, mentir, suar, adoecer, etc.
não interferem na tipologia do predicado.
Entretanto, é muito comum a elipse (ou omissão) do verbo, Transitivos Diretos: pedem um objeto direto, ou seja,
quando este puder ser facilmente subentendido, em geral por sempre um complemento sem preposição. Alguns verbos
estar expresso ou implícito na oração anterior. Exemplos: deste grupo: julgar, chamar, nomear, eleger, proclamar,
designar, considerar, declarar, adotar, ter, fazer, etc. Exemplos:
“A fraqueza de Pilatos é enorme, a ferocidade dos algozes Comprei um terreno e construí a casa.
inexcedível.” (Machado de Assis) (Está subentendido o verbo “Trabalho honesto produz riqueza honrada.” (Marquês de
é depois de algozes) Maricá)
“Mas o sal está no Norte, o peixe, no Sul” (Paulo Moreira da
Silva) (Subentende-se o verbo está depois de peixe) Dentre os verbos transitivos diretos merecem destaque os
que formam o predicado verbo nominal e se constrói com o
Predicação verbal - tem como núcleo um verbo que complemento acompanhado de predicativo. Exemplos:
transmite ideia de ação, pode ser uma locução verbal (dois Consideramos a situação difícil.
verbos). Alguns verbos, por natureza, têm sentido completo, Fernando trazia os documentos.
podendo, por si mesmos, constituir o predicado: são os verbos Em geral, os verbos transitivos diretos são usados na voz
de predicação completa denominados intransitivos. passiva.
Exemplos: A planta nasceu. / Os meninos correm. Podem receber como objeto direto, os pronomes o, a, os,
as: convido-o, encontro-os, incomodo-a, conheço-as.
Outros verbos, que tem predicação incompleta (sentido Podem ser construídos acidentalmente com preposição, a
incompleto) conhecido como transitivos (precisam de qual lhes acrescenta novo sentido: arrancar da espada; puxar
complemento) Exemplos: Paulo comprou cinco pães. / A casa da faca; pegar de uma ferramenta; tomar do lápis; cumprir
pertence ao Júlio. com o dever;
Alguns verbos transitivos diretos: abençoar, achar, colher,
Observe que, sem os seus complementos, os verbos avisar, abraçar, comprar, castigar, contrariar, convidar,
“comprou” e “pertence” não transmitiriam informações desculpar, dizer, estimar, elogiar, entristecer, encontrar, ferir,
completas, pois ainda fica a dúvida: Comprou o quê? Pertence imitar, levar, perseguir, prejudicar, receber, saldar, socorrer,
a quem? ter, unir, ver, etc.

Os verbos de predicação completa denominam-se de Transitivos Indiretos: são os que reclamam um


intransitivos e os de predicação incompleta de transitivos. complemento regido de preposição, chamado objeto indireto.
Os verbos transitivos subdividem-se em: transitivos Exemplos:
diretos, transitivos indiretos e transitivos diretos e “Ninguém perdoa ao quarentão que se apaixona por uma
indiretos (bitransitivos). adolescente.” (Ciro dos Anjos)
“Populares assistiam à cena aparentemente apáticos e
Além dos verbos transitivos e intransitivos, que encerram neutros.” (Érico Veríssimo)
uma noção definida ou conteúdo significativo, ainda existem
os de ligação, verbos que entram na formação do predicado Observações: Entre os verbos transitivos indiretos
nominal, relacionando o predicativo com o sujeito. importa distinguir os que se constroem com os pronomes
objetivos lhe, lhes. Em geral são verbos que exigem a
Quanto à predicação classificam-se, pois os verbos em: preposição a: agradar-lhe, agradeço-lhe, apraz-lhe, bate-lhe,
Intransitivos: são os que não precisam de complemento, desagrada-lhe, desobedecem-lhe, etc.
pois têm sentido completo. Exemplo: “Três contos bastavam, Entre os verbos transitivos indiretos importa distinguir os
insistiu ele.” (Machado de Assis) que não admitem para objeto indireto as formas oblíquas lhe,
lhes, construindo-se com os pronomes retos precedidos de
Observações: Os verbos intransitivos podem vir preposição: aludir a ele, anuir a ele, assistir a ela, atentar nele,
acompanhados de um adjunto adverbial e mesmo de um depender dele, investir contra ele, não ligar para ele, etc.
predicativo (qualidade, características). Exemplos:
Em princípio, verbos transitivos indiretos não comportam
Fui cedo; Passeamos pela cidade; Cheguei atrasado; a forma passiva. Excetuam-se pagar, perdoar, obedecer, e
Entrei em casa aborrecido. pouco mais, usados também como transitivos diretos.
Exemplos:

18 CEGALLA, Paschoal. Minigramática Língua Portuguesa. Nacional. 2004.

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APOSTILAS OPÇÃO

João paga (perdoa, obedece) o médico. Que linda estava Amélia!


O médico é pago (perdoado, obedecido) por João. Completamente feliz ninguém é.

Há verbos transitivos indiretos, como atirar, investir, Predicativo do Objeto: é o termo que se refere ao objeto
contentar-se, etc., que admitem mais de uma preposição, sem de um verbo transitivo. Exemplos:
mudança de sentido. Outros mudam de sentido com a troca da As paixões tornam os homens felizes.
preposição. Exemplos: Nós julgamos o fato estranho.
Trate de sua vida. (tratar=cuidar).
É desagradável tratar com gente grosseira. (tratar=lidar). Observações: O predicativo objetivo, pode estar regido de
preposição. É facultativo, as vezes. E o predicativo objetivo em
Verbos como aspirar, assistir, dispor, servir, etc., variam de geral se refere ao objeto direto. Em casos especiais, pode
significação conforme sejam usados como transitivos diretos referir-se ao objeto indireto do verbo chamar. Exemplo:
ou indiretos. Chamavam-lhe poeta.
Podemos também antepor o predicativo a seu objeto como
Transitivos Diretos e Indiretos: utilizam com dois por exemplo: O advogado considerava indiscutíveis os
objetos: um direto, outro indireto, ao mesmo tempo. direitos da herdeira. / Julgo inoportuna essa viagem. / “E até
Exemplos: embriagado o vi muitas vezes.” / “Tinha estendida a seus pés
A jornalista fornece informações para os concorrentes. uma planta rústica da cidade.” / “Sentia ainda muito abertos
Oferecemos rosas a nossa amiga. os ferimentos que aquele choque com o mundo me causara.”
Ceda o carro para sua mãe.
Termos Integrantes da Oração
De Ligação: ligam ao sujeito o predicativo, uma palavra. Complementam o sentido de certos verbos e nomes para
Esses verbos, formam o predicado nominal. Exemplos: que a oração fique completa, são chamados de:
A casa é feia.
A carroça está torta. - Complemento Verbais (Objeto Direto e Objeto Indireto);
A menina anda (=está) alegre. - Complemento Nominal;
A vizinha parecia uma mulher virtuosa. - Agente da Passiva.

Observações: os verbos de ligação não servem apenas de Objeto Direto: complementa o sentido de um verbo
anexo, mas exprimem ainda os diversos aspectos sob os quais transitivo direto, não regido por preposição. Dica: faça as
se considera a qualidade atribuída ao sujeito. O verbo ser, por perguntas “o quê?” ou “quem?”. Exemplos:
exemplo, traduz aspecto permanente e o verbo estar, aspecto O menino matou o passarinho. (o menino matou quem ?)
transitório. Exemplos: Geraldo ama Andressa. (Geraldo ama o quê?)
Ele é doente. (aspecto permanente)
Ele está doente. (aspecto transitório). Características do objeto direto:
Muito desses verbos passam à categoria dos intransitivos - Completa a significação dos verbos transitivos diretos;
em frases como por exemplo: Era = existia) uma vez uma - Normalmente, não vem regido de preposição;
princesa.; - Traduz o ser sobre o qual recai a ação expressa por um
Eu não estava em casa. / Fiquei à sombra. / Anda com verbo ativo. Ex. Caim matou Abel.
dificuldades. / Parece que vai chover.19 - Torna-se sujeito da oração na voz passiva. Ex. Abel foi
morto por Caim.
Os verbos, relativamente à predicação, não fixos. Variam
conforme apresentado na frase, a sua regência e sentido O objeto direto pode ser constituído:
podem pertencer a outro grupo. Exemplos: - Por um substantivo ou expressão substantivada: O
O homem anda. (intransitivo) lavrador cultiva a terra; Unimos o útil ao agradável.
O homem anda triste. (de ligação) - Pelos pronomes oblíquos o, a, os, as, me, te, se, nos, vos:
Espero-o na estação; Estimo-os muito; Sílvia olhou-se ao
O cego não vê. (intransitivo) espelho; Não me convidas?; Ela nos chama.; Avisamo-lo a
O cego não vê o obstáculo. (transitivo direto) tempo.; Procuram-na em toda parte.; Meu Deus, eu vos amo.;
“Marchei resolutamente para a maluca e intimei-a a ficar
Predicativo: expressa estado, qualidade ou condição do quieta.”; “Vós haveis de crescer, perder-vos-ei de vista.”
ser ao qual se refere, ou seja, é um atributo. Dois predicativos - Por qualquer pronome substantivo: Não vi ninguém na
são apontados. loja; A árvore que plantei floresceu. (que: objeto direto de
plantei); Onde foi que você achou isso? Quando vira as folhas
Predicativo do Sujeito: exprime um atributo, estado ou do livro, ela o faz com cuidado; “Que teria o homem percebido
modo de ser do sujeito, aparece como verbo de ligação, no nos meus escritos?”
predicado nominal. Exemplos:
O aluno é estudioso e exemplar. Frequentemente transitivam-se verbos intransitivos,
A casa era toda feita de pedras raras. dando-se-lhes por objeto direto uma palavra cognata ou da
mesma esfera semântica. Exemlos:
Outro tipo de predicativo, aparece no predicado verbo- “Viveu José Joaquim Alves vida tranquila e patriarcal.”
nominal. Exemplos: (Vivaldo Coaraci)
José chegou cansado. “Pela primeira vez chorou o choro da tristeza.” (Aníbal
Os meninos chegaram cansados. Machado)
“Nenhum de nós pelejou a batalha de Salamina.”
O predicativo subjetivo pode estar preposicionado; E pode (Machado de Assis)
o predicativo ser antes do sujeito e do verbo. Exemplo: Em tais construções é de rigor que o objeto venha
São horríveis essas coisas! acompanhado de um adjunto.20

19 CEGALLA, Paschoal. Minigramática Língua Portuguesa. Nacional. 2004. 20 PESTANA, Fernando. Gramática para concursos. Elsevier.2011.

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APOSTILAS OPÇÃO

Objeto Direto Preposicionado: antecipado por preposição Objeto Indireto: por meio de uma preposição obrigatória,
não obrigatória. Exemplos: completa o sentido de um verbo transitivo indireto. Dica: faça
Identifiquei a vocês todos naquela foto (quem identifica, às perguntas “para quê, em quê, de quê, ou preposição mais
identifica a algo, o verbo não pede preposição). quem?”
Exemplos:Meu irmão cuidava de toda a sua casa. (cuidava
Em certos casos, o objeto direto, vem precedido de de quê ?) João gosta de goiaba. (gosta do quê ?)
preposição, e ocorrerá:
- Quando o objeto direto é um pronome pessoal tônico: - Transitivos Indiretos: Assisti ao filme; Assistimos à
Deste modo, prejudicas a ti e a ela; “Mas dona Carolina amava festa e à folia; Aludiu ao fato; Aspiro a uma casa boa.
mais a ele do que aos outros filhos.”; “Pareceu-me que Roberto
hostilizava antes a mim do que à ideia.”; “Ricardina lastimava - Transitivos Diretos e Indiretos (na voz ativa ou
o seu amigo como a si própria.”; “Amava-a tanto como a nós”. passiva): Dou graças a Deus; Dedicou sua vida aos doentes e
- Quando o objeto é o pronome relativo quem: “Pedro aos pobres; Disse-lhe a verdade. (Disse a verdade ao moço.)
Severiano tinha um filho a quem idolatrava.”; “Abraçou a
todos; deu um beijo em Adelaide, a quem felicitou pelo O objeto indireto pode ainda acompanhar verbos de outras
desenvolvimento das suas graças.”; “Agora sabia que podia categorias, os quais, no caso, são considerados acidentalmente
manobrar com ele, com aquele homem a quem na realidade transitivos indiretos: A bom entendedor meia palavra basta;
também temia, como todos ali”. Sobram-lhe qualidades e recursos. (lhe=a ele); Isto não lhe
- Quando precisamos assegurar a clareza da frase, evitando convém; A proposta pareceu-lhe aceitável.
que o objeto direto seja tomado como sujeito, impedindo
construções ambíguas: Convence, enfim, ao pai o filho amado; Observações: Há verbos que podem construir-se com dois
“Vence o mal ao remédio.”; “Tratava-me sem cerimônia, como objetos indiretos, regidos de preposições diferentes: Rogue a
a um irmão.”; A qual delas iria homenagear o cavaleiro? Deus por nós; Ela queixou-se de mim a seu pai.; Pedirei para
- Em expressões de reciprocidade, para garantir a clareza ti a meu senhor um rico presente; Não confundir o objeto
e a eufonia da frase: “Os tigres despedaçam-se uns aos direto com o complemento nominal nem com o adjunto
outros.”; “As companheiras convidavam-se umas às outras.”; adverbial; Em frases como “Para mim tudo eram alegrias”,
“Era o abraço de duas criaturas que só tinham uma à outra”. “Para ele nada é impossível”, os pronomes em destaque
- Com nomes próprios ou comuns, referentes a pessoas, podem ser considerados adjuntos adverbiais.
principalmente na expressão dos sentimentos ou por amor da
eufonia da frase: Judas traiu a Cristo; Amemos a Deus sobre O objeto indireto é sempre regido de preposição, expressa
todas as coisas. “Provavelmente, enganavam é a Pedro.”; “O ou implícita. A preposição está implícita nos pronomes
estrangeiro foi quem ofendeu a Tupã”. objetivos indiretos (átonos) me, te, se, lhe, nos, vos, lhes.
- Em construções enfáticas, nas quais antecipamos o objeto Exemplos: Obedece-me. (=Obedece a mim.); Isto te pertence.
direto para dar-lhe realce: A você é que não enganam!; Ao (=Isto pertence a ti.); Rogo-lhe que fique. (=Rogo a você...);
médico, confessor e letrado nunca enganes.; “A este Peço-vos isto. (=Peço isto a vós.). Nos demais casos a
confrade conheço desde os seus mais tenros anos”. preposição é expressa, como característica do objeto indireto:
- Sendo objeto direto o numeral ambos(as): “O aguaceiro Recorro a Deus; Dê isto a (ou para) ele.; Contenta-se com
caiu, molhou a ambos.”; “Se eu previsse que os matava a pouco.; Ele só pensa em si.; Esperei por ti.; Falou contra nós.;
ambos...”. Conto com você.; Não preciso disto.; O filme a que assisti
- Com certos pronomes indefinidos, sobretudo referentes agradou ao público.; Assisti ao desenrolar da luta.; A coisa de
a pessoas: Se todos são teus irmãos, por que amas a uns e que mais gosto é pescar.; A pessoa a quem me refiro você a
odeias a outros?; Aumente a sua felicidade, tornando felizes conhece.; Os obstáculos contra os quais luto são muitos.; As
também aos outros.; A quantos a vida ilude!. pessoas com quem conto são poucas.
- Em certas construções enfáticas, como puxar (ou
arrancar) da espada, pegar da pena, cumprir com o dever, Como atestam os exemplos acima, o objeto indireto é
atirar com os livros sobre a mesa, etc.: “Arrancam das espadas representado pelos substantivos (ou expressões substantivas)
de aço fino...”; “Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da ou pelos pronomes. As preposições que o ligam ao verbo são:
agulha, pegou da linha, enfiou a linha na agulha e entrou a a, com, contra, de, em, para e por.
coser.”; “Imagina-se a consternação de Itaguaí, quando soube
do caso.” Objeto Indireto Pleonástico: sempre representado por um
pronome oblíquo átono para dar ênfase a um objeto indireto
Observações: Nos quatro primeiros casos estudados a que já tem na frase. Exemplos:
preposição é de rigor, nos cinco outros, facultativo; A A mim o que me deu foi pena.”; “Que me importa a mim o
substituição do objeto direto preposicionado pelo pronome destino de uma mulher tísica...? “E, aos brigões, incapazes de
oblíquo átono, quando possível, se faz com as formas o(s), a(s) se moverem, basta-lhes xingarem-se a distância.”
e não lhe, lhes: amar a Deus (amá-lo); convencer ao amigo
(convencê-lo); O objeto direto preposicionado, é obvio, só Complemento Nominal: completa o sentido de um (nome)
ocorre com verbo transitivo direto; Podem resumir-se em três substantivo, de um adjetivo e um advérbio, sempre regido por
as razões ou finalidades do emprego do objeto direto preposição. Exemplos: A defesa da pátria; “O ódio ao mal é
preposicionado: a clareza da frase; a harmonia da frase; a amor do bem, e a ira contra o mal, entusiasmo divino.”; “Ah,
ênfase ou a força da expressão. não fosse ele surdo à minha voz!”

Objeto Direto Pleonástico: aquele que se repete na Observações: O complemento nominal representa o
sequência da frase. Quando queremos dar destaque ou ênfase recebedor, o paciente, o alvo da declaração expressa por um
à ideia contida no objeto direto, colocamo-lo no início da frase nome: amor a Deus, a condenação da violência, o medo de
e depois o repetimos ou reforçamos por meio do pronome assaltos, a remessa de cartas, útil ao homem, compositor de
oblíquo. A esse objeto repetido sob forma pronominal chama- músicas, etc. É regido pelas mesmas preposições usadas no
se pleonástico, enfático ou redundante. Exemplos: objeto indireto. Difere deste apenas porque, em vez de
O pão, Paulo o trazia dentro da sacola. complementar verbos, complementa nomes (substantivos,
Seus cachorros, ele os cuidava em amor. adjetivos) e alguns advérbios em –mente. Os nomes que

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APOSTILAS OPÇÃO

requerem complemento nominal correspondem, geralmente, próximo, etc. O adjunto adnominal formado por locução
a verbos de mesmo radical: amor ao próximo, amar o adjetiva representa o agente da ação, ou a origem, pertença,
próximo ;perdão das injúrias, perdoar as injúrias; obediente qualidade de alguém ou de alguma coisa: o discurso do
aos pais, obedecer aos pais; regresso à pátria, regressar à presidente, aviso de amigo, declaração do ministro,
pátria; etc.21 empréstimo do banco, a casa do fazendeiro, folhas de
árvores, farinha de trigo, beleza das matas, cheiro de
Agente da Passiva: complementa um verbo na voz petróleo, amor de mãe.23
passiva. Sempre representa quem pratica a ação expressa pelo
verbo passivo. Vem regido na maioria das vezes pela Adjunto adverbial: termo que exprime uma circunstância
preposição por, e menos frequentemente pela preposição de: (de tempo, lugar, modo, etc.) ou, em outras palavras, que
O vencedor foi escolhido pelos jurados. modifica o sentido de um verbo, adjetivo ou advérbio.
O menino estava cercado pelo seu pai e mãe. Exemplo: “Meninas numa tarde brincavam de roda na
praça”. O adjunto adverbial é expresso: Pelos advérbios:
O agente da passiva pode ser expresso pelos substantivos Cheguei tarde; Maria é mais alta; Não durma na cabana; Ele
ou pelos pronomes: fala bem, fala corretamente; Talvez esteja enganado.; Pelas
O cão foi atropelado pelo carro. locuções ou expressões adverbiais: Compreendo sem
Este caderno foi rabiscado por mim. esforço.; Saí com meu pai.; Paulo reside em São Paulo.;
Escureceu de repente.
O agente da passiva corresponde ao sujeito da oração na
voz ativa: Observações: Pode ocorrer a elipse da preposição antes
A menina foi penteada pela mãe. (voz passiva) de adjuntos adverbiais de tempo e modo: Aquela noite, não
A mãe penteou a menina. (voz ativa) dormi. (=Naquela noite...); Domingo que vem não sairei. (=No
Ele será acompanhado por ti. (voz passiva) domingo...); Ouvidos atentos, aproximei-me da porta. (=De
ouvidos atentos...); Os adjuntos adverbiais classificam-se de
Observações: Frase de forma passiva analítica sem acordo com as circunstâncias que exprimem: adjunto
complemento agente expresso, ao passar para a ativa, terá adverbial de lugar, modo, tempo, intensidade, causa,
sujeito indeterminado e o verbo na 3ª pessoa do plural: Ele foi companhia, meio, assunto, negação, etc. É importante saber
expulso da cidade. (Expulsaram-no da cidade.); As florestas distinguir adjunto adverbial de adjunto adnominal, de objeto
são devastadas. (Devastam as florestas.); Na passiva indireto e de complemento nominal: sair do mar (ad. adv.);
pronominal não se declara o agente: Nas ruas assobiavam-se água do mar (adj. adn.); gosta do mar (obj. indir.); ter medo
as canções dele pelos pedestres. (errado); Nas ruas eram do mar (compl. nom.).
assobiadas as canções dele pelos pedestres. (certo);
Assobiavam-se as canções dele nas ruas. (certo) Aposto: um termo ou expressão que associa a um nome
anterior, e explica ou esclarece o sentido desse nome.
Termos Acessórios da Oração Geralmente, separado dos outros termos da oração por dois
São os que desempenham na oração uma função pontos, travessão e vírgula.
secundária, qual seja a de caracterizar um ser, determinar os Exemplos:
substantivos, exprimir alguma circunstância. São três os Ontem, segunda-feira, passei o dia com dor de estômago.
termos acessórios da oração: adjunto adnominal, adjunto “Nicanor, ascensorista, expôs-me seu caso de consciência.”
adverbial e aposto. (Carlos Drummond de Andrade)

Adjunto adnominal: é o termo (expressão) que se junta a O núcleo do aposto pode ser expresso por um substantivo
um nome para melhor função especificar, detalhar ou ou por um pronome substantivo. Exemplo:
caracterizar o sentido desse nome (substantivos).22 Exemplo: Os responsáveis pelo projeto, tu e a arquiteta, não podem
Meu irmão veste roupas vistosas. (Meu determina o se ausentar.
substantivo irmão: é um adjunto adnominal – vistosas
caracteriza o substantivo roupas: é também adjunto O aposto não pode ser formado por adjetivos. Nas frases
adnominal). seguintes, por exemplo, não há aposto, mas predicativo do
O adjunto adnominal pode ser expresso: Pelos adjetivos: sujeito. Ex.
água fresca, animal feroz; Pelos artigos: o mundo, as ruas; Audaciosos, os dois surfistas atiraram-se às ondas.
Pelos pronomes adjetivos: nosso tio, este lugar, pouco sal, As borboletas, leves e graciosas, esvoaçavam num balé de
muitas rãs ,país cuja história conheço, que rua? Pelos cores.
numerais: dois pés ,quinto ano; Pelas locuções ou expressões
adjetivas que exprimem qualidade, posse, origem, fim ou outra Os apostos, em geral, têm pausas, indicadas, na escrita, por
especificação: vírgulas, dois pontos ou travessões. Não havendo pausa, não
- presente de rei (=régio): qualidade haverá vírgula, como nestes exemplos:
- livro do mestre, as mãos dele: posse, pertença O romance Tróia; o rio Amazonas; a Rua Osvaldo Cruz; o
- água da fonte, filho de fazendeiros: origem Colégio Tiradentes, etc.
- fio de aço, casa de madeira: matéria “Onde estariam os descendentes de Amaro vaqueiro?”
- casa de ensino, aulas de inglês: fim, especialidade (Graciliano Ramos)

Observações: Não confundir o adjunto adnominal O aposto pode preceder o termo a que se refere, o qual, às
formado por locução adjetiva com complemento nominal. Este vezes, está elíptico. Exemplos:
representa o alvo da ação expressa por um nome transitivo: a Rapaz impulsivo, Mário não se conteve.
eleição do presidente, aviso de perigo, declaração de guerra, Mensageira da ideia, a palavra é a mais bela expressão da
empréstimo de dinheiro, plantio de árvores, colheita de alma humana.
trigo, destruidor de matas, descoberta de petróleo, amor ao

21 CEGALLA, Paschoal. Minigramática Língua Portuguesa. Nacional. 2004. 23 CEGALLA, Paschoal. Minigramática Língua Portuguesa. Nacional. 2004.
22 AMARAL, Emília. Novas Palavras. Editora FTD.2016.

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APOSTILAS OPÇÃO

O aposto, às vezes, refere-se a toda uma oração. Exemplos: (A) “Quem faz um poema abre uma janela.” (Mário
Nuvens escuras borravam os espaços silenciosos, sinal de Quintana)
tempestade iminente. (B) “Toda gente que eu conheço e que fala comigo / Nunca
O espaço é incomensurável, fato que me deixa atônito. teve um ato ridículo / Nunca sofreu enxovalho (...)”
(Fernando Pessoa)
Um aposto refere a outro aposto, às vezes: (C) “Quando Ismália enlouqueceu / Pôs-se na torre a
“Serafim Gonçalves casou-se com Lígia Tavares, filha do sonhar / Viu uma lua no céu, / Viu uma lua no mar.”
velho coronel Tavares, senhor de engenho.” (Ledo Ivo) (Alphonsus de Guimarães)
(D) “Mas, quando responderam a Nhô Augusto: ‘– É a
O aposto pode vir antecedido das expressões explicativas, jagunçada de seu Joãozinho Bem-Bem, que está descendo para
ou da preposição acidental como: a Bahia.’ – ele, de alegre, não se pôde conter.” (Guimarães
Rosa)
Dois países sul-americanos, isto é, a Colômbia e o Chile,
não são banhados pelo mar. 04. “Recebeu o prêmio o jogador que fez o gol”. Nessa frase
o sujeito de “fez”?
O aposto que se refere a objeto indireto, complemento (A) o prêmio;
nominal ou adjunto adverbial vem precedido de preposição: (B) o jogador;
O rei perdoou aos dois: ao fidalgo e ao criado. (C) que;
“Acho que adoeci disso, de beleza, da intensidade das (D) o gol;
coisas.” (Raquel Jardim) (E) recebeu.

Vocativo: termo que exprime um nome, título, apelido, 05. Assinale a alternativa correspondente ao período onde
usado para chamar o interlocutor. há predicativo do sujeito:
(A) como o povo anda tristonho!
“Elesbão? Ó Elesbão! Venha ajudar-nos, por favor!” (Maria (B) agradou ao chefe o novo funcionário;
de Lourdes Teixeira) (C) ele nos garantiu que viria;
“A ordem, meus amigos, é a base do governo.” (Machado (D) no Rio não faltam diversões;
de Assis) (E) o aluno ficou sabendo hoje cedo de sua aprovação.
“Correi, correi, ó lágrimas saudosas!” (Fagundes Varela)
Gabarito
Observação: Profere-se o vocativo com entoação 01.D \ 02.C \ 03.D \ 04.C \ 05.A
exclamativa. Na escrita é separado por vírgula(s). No exemplo
inicial, os pontos interrogativo e exclamativo indicam um Período
chamado alto e prolongado. O vocativo se refere sempre à 2ª
pessoa do discurso, que pode ser uma pessoa, um animal, uma Toda frase com uma ou mais orações constitui um período,
coisa real ou entidade abstrata personificada. Podemos que se encerra com ponto de exclamação, interrogação ou
antepor-lhe uma interjeição de apelo (ó, olá, eh!): reticências.
O período de uma oração pode ser: simples quando só traz
“Tem compaixão de nós, ó Cristo!” (Alexandre Herculano) uma oração, também conhecida como oração absoluta; ou
“Ó Dr. Nogueira, mande-me cá o Padilha, amanhã!” composto quando traz mais de uma oração. Exemplo:
(Graciliano Ramos) Pegou fogo no prédio. (Período simples, oração absoluta.)
“Esconde-te, ó sol de maio ,ó alegria do mundo!” (Camilo Quero que você aprenda. (Período composto.)
Castelo Branco) Existe uma maneira prática de saber quantas orações há
O vocativo é um tempo à parte. Não pertence à estrutura num período, e para isso basta contar os verbos ou locuções
da oração, por isso não se anexa ao sujeito nem ao predicado.24 verbais. Num período haverá tantas orações quantos forem os
verbos ou as locuções verbais neles existentes. Exemplos:
Questões
Pegou fogo no prédio. (um verbo, uma oração)
01. O termo em destaque é adjunto adverbial de Quero que você aprenda. (dois verbos, duas orações)
intensidade em: Está pegando fogo no prédio. (uma locução verbal, uma
(A) pode aprender e assimilar MUITA coisa oração)
(B) enfrentamos MUITAS novidades Deves estudar para poderes vencer na vida. (duas
(C) precisa de um parceiro com MUITO caráter locuções verbais, duas orações)
(D) não gostam de mulheres MUITO inteligentes
(E) assumimos MUITO conflito e confusão Há três tipos de período composto: por coordenação, por
subordinação e por coordenação e subordinação ao mesmo
02. Assinale a alternativa correta: “para todos os males, há tempo (também chamada de período misto).
dois remédios: o tempo e o silêncio”, os termos grifados são
respectivamente: Período Composto por Coordenação – Orações
(A) sujeito – objeto direto; Coordenadas
(B) sujeito – aposto;
(C) objeto direto – aposto; Considere, por exemplo, este período composto:
(D) objeto direto – objeto direto; Passeamos pela praia, / brincamos, / recordamos os
(E) objeto direto – complemento nominal. tempos de infância.
1ª oração: Passeamos pela praia
03. Assinale a alternativa em que o termo destacado é 2ª oração: brincamos
objeto indireto. 3ª oração: recordamos os tempos de infância

24 CEGALLA, Paschoal. Minigramática Língua Portuguesa. Nacional. 2004.

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APOSTILAS OPÇÃO

As três orações que compõem esse período têm sentido enunciado na oração anterior, ou seja, por uma conjunção
próprio e não mantêm entre si nenhuma dependência coordenativa conclusiva.
sintática: elas são independentes. Há entre elas, é claro, uma
relação de sentido, mas, como já dissemos, uma não depende Vives mentindo; logo, não mereces fé.
da outra sintaticamente. Não tenho dinheiro, portanto não posso pagar.
As orações independentes de um período são chamadas de
orações coordenadas (OC), e o período formado só de - Orações coordenadas sindéticas alternativas: ou... ou,
orações coordenadas é chamado de período composto por ora... ora, seja... seja, quer... quer.
coordenação.
Seja mais educado / ou retire-se da reunião!
As orações coordenadas são classificadas em assindéticas OCA OCS Alternativa
e sindéticas.
- As orações coordenadas são assindéticas (OCA) quando Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma
não vêm introduzidas por conjunção. Exemplo: conjunção que estabelece uma relação de alternância ou
Os torcedores gritaram, / sofreram, / vibraram. escolha com referência à oração anterior, ou seja, por uma
OCA OCA OCA conjunção coordenativa alternativa.

“Inclinei-me, apanhei o embrulho e segui.” (Machado de Cale-se agora ou nunca mais fale.
Assis) Ora colocava a luca, ora a retirava.
“A noite avança, há uma paz profunda na casa deserta.”
(Antônio Olavo Pereira) - Orações coordenadas sindéticas explicativas: que,
“O ferro mata apenas; o ouro infama, avilta, desonra.” porque, pois, porquanto.
(Coelho Neto) Vamos andar depressa / que estamos atrasados.
OCA OCS Explicativa
- As orações coordenadas são sindéticas (OCS) quando Observe que a 2ª oração é introduzida por uma conjunção
vêm introduzidas por conjunção coordenativa. Exemplo: que expressa ideia de explicação, de justificativa em relação à
O homem saiu do carro / e entrou na casa. oração anterior, ou seja, por uma conjunção coordenativa
OCA OCS explicativa.

As orações coordenadas sindéticas são classificadas de Não comprei o carro, porque estava muito caro.
acordo com o sentido expresso pelas conjunções Cumprimente-a, pois hoje é o seu aniversário.
coordenativas que as introduzem. E podem ser:
Questões
- Orações coordenadas sindéticas aditivas: e, nem, não
só... mas também, não só... mas ainda. 01. Relacione as orações coordenadas por meio de
Saí da escola / e fui à lanchonete. conjunções:
OCA OCS Aditiva (A) Ouviu-se o som da bateria. Os primeiros foliões
surgiram.
Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma (B) Não durma sem cobertor. A noite está fria.
conjunção que expressa ideia de acréscimo ou adição com (C) Quero desculpar-me. Não consigo encontrá-los.
referência à oração anterior, ou seja, por uma conjunção
coordenativa aditiva. 02. Em: “... ouviam-se amplos bocejos, fortes como o
marulhar das ondas...” a partícula como expressa uma ideia de:
O menino comprou pães e um leite. (A) causa
As crianças não gritavam e nem choravam. (B) explicação
Os celulares não somente instruem mas também (C) conclusão
divertem. (D) proporção
(E) comparação
- Orações coordenadas sindéticas adversativas: mas,
porém, todavia, contudo, entretanto, no entanto. 03. “Entrando na faculdade, procurarei emprego”, oração
sublinhada pode indicar uma ideia de:
Estudei bastante / mas não passei no teste. (A) concessão
OCA OCS Adversativa (B) oposição
(C) condição
Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma (D) lugar
conjunção que expressa ideia de oposição à oração anterior, ou (E) consequência
seja, por uma conjunção coordenativa adversativa.
04. Assinale a sequência de conjunções que estabelecem,
O aluno é estudioso, porém, suas notas são baixas. entre as orações de cada item, uma correta relação de sentido.
“É dura a vida, mas aceitam-na.” (Cecília Meireles) 1. Correu demais, ... caiu.
2. Dormiu mal, ... os sonhos não o deixaram em paz.
- Orações coordenadas sindéticas conclusivas: portanto, 3. A matéria perece, ... a alma é imortal.
por isso, pois, logo. 4. Leu o livro, ... é capaz de descrever as personagens com
detalhes.
Ele me ajudou muito, / portanto merece minha gratidão. 5. Guarde seus pertences, ... podem servir mais tarde.
OCA OCS Conclusiva (A) porque, todavia, portanto, logo, entretanto
(B) por isso, porque, mas, portanto, que
Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma (C) logo, porém, pois, porque, mas
conjunção que expressa ideia de conclusão de um fato (D) porém, pois, logo, todavia, porque
(E) entretanto, que, porque, pois, portanto

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APOSTILAS OPÇÃO

05. Reúna as três orações em um período composto por “Que diria o pai se soubesse disso?” (Carlos Drummond
coordenação, usando conjunções adequadas. de Andrade)
A cápsula do satélite será recuperada, caso a experiência
Os dias já eram quentes. tenha êxito.
A água do mar ainda estava fria.
As praias permaneciam desertas. - Concessivas: expressam ideia ou fato contrário ao da
oração principal, sem, no entanto, impedir sua realização.
Respostas Conjunções: embora, ainda que, apesar de, se bem que, por mais
que, mesmo que.
01. Ouviu-se o som da bateria e os primeiros foliões Ela saiu à noite / embora estivesse doente.
surgiram. OP OSA Concessiva
Não durma sem cobertor, pois a noite está fria. Admirava-o muito, embora (ou conquanto ou posto que
Quero desculpar-me, mas consigo encontrá-los. ou se bem que) não o conhecesse pessoalmente.
Embora não possuísse informações seguras, ainda
02. E\03. C\04. B assim arriscou uma opinião.
Cumpriremos nosso dever, ainda que (ou mesmo
05. Os dias já eram quentes, mas a água do mar ainda quando ou ainda quando ou mesmo que) todos nos
estava fria, por isso as praias permaneciam desertas. critiquem.
Por mais que gritasse, não me ouviram.
Período Composto por Subordinação
Observe os termos destacados em cada uma destas - Conformativas: expressam a conformidade de um fato
orações: com outro. Conjunções: conforme, como (=conforme), segundo.
Vi uma cena triste. (adjunto adnominal) O trabalho foi feito / conforme havíamos planejado.
Todos querem sua participação. (objeto direto) OP OSA Conformativa
Não pude sair por causa da chuva. (adjunto adverbial de
causa) O homem age conforme pensa.
Relatei os fatos como (ou conforme) os ouvi.
Veja, agora, como podemos transformar esses termos em Como diz o povo, tristezas não pagam dívidas.
orações com a mesma função sintática: O jornal, como sabemos, é um grande veículo de
Vi uma cena / que me entristeceu. (oração subordinada informação.
com função de adjunto adnominal)
Todos querem / que você participe. (oração subordinada - Temporais: acrescentam uma circunstância de tempo ao
com função de objeto direto) que foi expresso na oração principal. Conjunções: quando,
Não pude sair / porque estava chovendo. (oração assim que, logo que, enquanto, sempre que, depois que, mal
subordinada com função de adjunto adverbial de causa) (=assim que).
Ele saiu da sala / assim que eu cheguei.
Em todos esses períodos, a segunda oração exerce uma OP OSA Temporal
certa função sintática em relação à primeira, sendo, portanto,
subordinada a ela. Quando um período é constituído de pelo Formiga, quando quer se perder, cria asas.
menos um conjunto de duas orações em que uma delas (a “Lá pelas sete da noite, quando escurecia, as casas se
subordinada) depende sintaticamente da outra (principal), ele esvaziam.” (Carlos Povina Cavalcânti)
é classificado como período composto por subordinação. “Quando os tiranos caem, os povos se levantam.”
As orações subordinadas são classificadas de acordo com a (Marquês de Maricá)
função que exercem: adverbiais, substantivas e adjetivas. Enquanto foi rico, todos o procuravam.
Orações Subordinadas Adverbiais (OSA) - Finais: expressam a finalidade ou o objetivo do que foi
São aquelas que exercem a função de adjunto adverbial da enunciado na oração principal. Conjunções: para que, a fim de
oração principal (OP). São classificadas de acordo com a que, porque (=para que), que.
conjunção subordinativa que as introduz: Abri a porta do salão / para que todos pudessem entrar.
OP OSA Final
- Causais: expressam a causa do fato enunciado na oração
principal. Conjunções: porque, que, como (= porque), pois que, “O futuro se nos oculta para que nós o imaginemos.”
visto que. (Marquês de Maricá)
Não fui à escola / porque fiquei doente. Aproximei-me dele a fim de que me ouvisse melhor.
OP OSA Causal “Fiz-lhe sinal que se calasse.” (Machado de Assis) (que =
para que)
O tambor soa porque é oco. “Instara muito comigo não deixasse de frequentar as
Como não me atendessem, repreendi-os severamente. recepções da mulher.” (Machado de Assis) (não deixasse =
Como ele estava armado, ninguém ousou reagir. para que não deixasse)
“Faltou à reunião, visto que esteve doente.” (Arlindo de
Sousa) - Consecutivas: expressam a consequência do que foi
enunciado na oração principal. Conjunções: porque, que, como
- Condicionais: expressam hipóteses ou condição para a (= porque), pois que, visto que.
ocorrência do que foi enunciado na principal. Conjunções: se, A chuva foi tão forte / que inundou a cidade.
contanto que, a menos que, a não ser que, desde que. OP OSA Consecutiva
Irei à sua casa / se não chover.
OP OSA Condicional Fazia tanto frio que meus dedos estavam endurecidos.
“A fumaça era tanta que eu mal podia abrir os olhos.”
Deus só nos perdoará se perdoarmos aos nossos (José J. Veiga)
ofensores. De tal sorte a cidade crescera que não a reconhecia mais.
Se o conhecesses, não o condenarias.

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APOSTILAS OPÇÃO

As notícias de casa eram boas, de maneira que pude A oração subjetiva geralmente vem:
prolongar minha viagem. - Depois de um verbo de ligação + predicativo, em
construções do tipo é bom ,é útil ,é certo ,é conveniente, etc.
- Comparativas: expressam ideia de comparação com Ex.: É certo que ele voltará amanhã.
referência à oração principal. Conjunções: como, assim como, - Depois de expressões na voz passiva, como sabe-se, conta-
tal como, (tão)... como, tanto como, tal qual, que (combinado se, diz-se, etc. Ex.: Sabe-se que ele saiu da cidade.
com menos ou mais). - Depois de verbos como convir, cumprir, constar, urgir,
Ela é bonita / como a mãe. ocorrer, quando empregados na 3ª pessoa do singular e
OP OSA Comparativa seguidos das conjunções que ou se. Ex.: Convém que todos
participem da reunião.
A preguiça gasta a vida como a ferrugem consome o
ferro.” (Marquês de Maricá) É necessário que você colabore. (= Sua colaboração é
Ela o atraía irresistivelmente, como o imã atrai o ferro. necessária.)
Os retirantes deixaram a cidade tão pobres como vieram. Parece que a situação melhorou.
Como a flor se abre ao Sol, assim minha alma se abriu à Aconteceu que não o encontrei em casa.
luz daquele olhar. Importa que saibas isso bem.

Obs.: As orações comparativas nem sempre apresentam - Oração Subordinada Substantiva Completiva
claramente o verbo, como no exemplo acima, em que está Nominal: É aquela que exerce a função de complemento
subentendido o verbo ser (como a mãe é). nominal de um termo da oração principal. Observe: Estou
convencido de sua inocência. (complemento nominal)
- Proporcionais: expressam uma ideia que se relaciona Estou convencido / de que ele é inocente.
proporcionalmente ao que foi enunciado na principal. OP OSS Completiva Nominal
Conjunções: à medida que, à proporção que, ao passo que,
quanto mais, quanto menos. Sou favorável a que o prendam. (= Sou favorável à prisão
Quanto mais reclamava / menos atenção recebia. dele.)
OSA Proporcional OP Estava ansioso por que voltasses.
Sê grato a quem te ensina.
À medida que se vive, mais se aprende. “Fabiano tinha a certeza de que não se acabaria tão
À proporção que avançávamos, as casas iam rareando. cedo.” (Graciliano Ramos)
O valor do salário, ao passo que os preços sobem, vai
diminuindo. - Oração Subordinada Substantiva Predicativa: é
aquela que exerce a função de predicativo do sujeito da oração
Orações Subordinadas Substantivas principal, vindo sempre depois do verbo ser. Observe: O
As orações subordinadas substantivas (OSS) são importante é sua felicidade. (predicativo)
aquelas que, num período, exercem funções sintáticas O importante é / que você seja feliz.
próprias de substantivos, geralmente são introduzidas pelas OP OSS Predicativa
conjunções integrantes que e se. Elas podem ser: Seu receio era que chovesse. (Seu receio era a chuva.)
Minha esperança era que ele desistisse.
- Oração Subordinada Substantiva Objetiva Direta: é Meu maior desejo agora é que me deixem em paz.
aquela que exerce a função de objeto direto do verbo da oração Não sou quem você pensa.
principal. Observe: O grupo quer a sua ajuda. (objeto direto)
O grupo quer / que você ajude. - Oração Subordinada Substantiva Apositiva: É aquela
OP OSS Objetiva Direta que exerce a função de aposto de um termo da oração
principal. Observe: Ele tinha um sonho a união de todos em
O mestre exigia que todos estivessem presentes. (= O benefício do país. (aposto)
mestre exigia a presença de todos.) Ele tinha um sonho / que todos se unissem em benefício
Mariana esperou que o marido voltasse. do país.
Ninguém pode dizer: Desta água não beberei. OP OSS Apositiva
O fiscal verificou se tudo estava em ordem.
Só desejo uma coisa: que vivam felizes. (Só desejo uma
- Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta: é coisa: a sua felicidade)
aquela que exerce a função de objeto indireto do verbo da Só lhe peço isto: honre o nosso nome.
oração principal. Observe: Necessito de sua ajuda. (objeto “Talvez o que eu houvesse sentido fosse o presságio disto:
indireto) de que virias a morrer...” (Osmã Lins)
Necessito / de que você me ajude. “Mas diga-me uma cousa, essa proposta traz algum
OP OSS Objetiva Indireta motivo oculto?” (Machado de Assis)
As orações apositivas vêm geralmente antecedidas de
Não me oponho a que você viaje. (= Não me oponho à sua dois-pontos. Podem vir, também, entre vírgulas, intercaladas à
viagem.) oração principal. Exemplo: Seu desejo, que o filho
Aconselha-o a que trabalhe mais. recuperasse a saúde, tornou-se realidade.
Daremos o prêmio a quem o merecer.
Lembre-se de que a vida é breve. Observação: Além das conjunções integrantes que e se, as
orações substantivas podem ser introduzidas por outros
- Oração Subordinada Substantiva Subjetiva: é aquela conectivos, tais como quando, como, quanto, etc. Exemplos:
que exerce a função de sujeito do verbo da oração principal. Não sei quando ele chegou.
Observe :É importante sua colaboração. (sujeito) Diga-me como resolver esse problema.
É importante / que você colabore.
OP OSS Subjetiva

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APOSTILAS OPÇÃO

Orações Subordinadas Adjetivas subjuntivo, conforme o caso. A oração reduzida terá a mesma
As orações subordinadas Adjetivas (OSA) exercem a classificação da oração desenvolvida.
função de adjunto adnominal de algum termo da oração
principal. Observe como podemos transformar um adjunto Ao entrar na escola, encontrei o professor de inglês.
adnominal em oração subordinada adjetiva: Quando entrei na escola, / encontrei o professor de
Desejamos uma paz duradoura. (adjunto adnominal) inglês.
Desejamos uma paz / que dure. (oração subordinada OSA Temporal
adjetiva) Ao entrar na escola: oração subordinada adverbial
temporal, reduzida de infinitivo.
As orações subordinadas adjetivas são sempre
introduzidas por um pronome relativo (que , qual, cujo, quem, Precisando de ajuda, telefone-me.
etc.) e podem ser classificadas em: Se precisar de ajuda, / telefone-me.
OSA Condicional
- Subordinadas Adjetivas Restritivas: são restritivas Precisando de ajuda: oração subordinada adverbial
quando restringem ou especificam o sentido da palavra a que condicional, reduzida de gerúndio.
se referem. Exemplo:
O público aplaudiu o cantor / que ganhou o 1º lugar. Acabado o treino, os jogadores foram para o vestiário.
OP OSA Restritiva Assim que acabou o treino, / os jogadores foram para o
vestiário.
Nesse exemplo, a oração que ganhou o 1º lugar especifica OSA Temporal
o sentido do substantivo cantor, indicando que o público não Acabado o treino: oração subordinada adverbial temporal,
aplaudiu qualquer cantor mas sim aquele que ganhou o 1º reduzida de particípio.
lugar. Exemplo:
Observações:
Pedra que rola não cria limo. - Há orações reduzidas que permitem mais de um tipo de
Os animais que se alimentam de carne chamam-se desenvolvimento. Há casos também de orações reduzidas
carnívoros. fixas, isto é, orações reduzidas que não são passíveis de
Rubem Braga é um dos cronistas que mais belas páginas desenvolvimento. Exemplo: Tenho vontade de visitar essa
escreveram. cidade.
“Há saudades que a gente nunca esquece.” (Olegário - O infinitivo, o gerúndio e o particípio não constituem
Mariano) orações reduzidas quando fazem parte de uma locução verbal.
Exemplos:
- Subordinadas Adjetivas Explicativas: são explicativas Preciso terminar este exercício.
quando apenas acrescentam uma qualidade à palavra a que se Ele está jantando na sala.
referem, esclarecendo um pouco mais seu sentido, mas sem Essa casa foi construída por meu pai.
restringi-lo ou especificá-lo. Exemplo: - Uma oração coordenada também pode vir sob a forma
O escritor Jorge Amado, / que mora na Bahia, / lançou um reduzida. Exemplo:
novo livro. O homem fechou a porta, saindo depressa de casa.
OP OSA Explicativa OP O homem fechou a porta e saiu depressa de casa. (oração
coordenada sindética aditiva)
Deus, que é nosso pai, nos salvará. Saindo depressa de casa: oração coordenada reduzida de
Valério, que nasceu rico, acabou na miséria. gerúndio.
Ele tem amor às plantas, que cultiva com carinho. Qual é a diferença entre as orações coordenadas
Alguém, que passe por ali à noite, poderá ser assaltado. explicativas e as orações subordinadas causais, já que ambas
Observação: As explicativas são isoladas por pausas, que podem ser iniciadas por que e porquê? Às vezes não é fácil
na escrita se indicam por vírgulas.25 estabelecer a diferença entre explicativas e causais, mas como
o próprio nome indica, as causais sempre trazem a causa de
Orações Reduzidas algo que se revela na oração principal, que traz o efeito.
Observe que as orações subordinadas eram sempre Note-se também que há pausa (vírgula, na escrita) entre a
introduzidas por uma conjunção ou pronome relativo e oração explicativa e a precedente e que esta é, muitas vezes,
apresentavam o verbo na forma do indicativo ou do imperativa, o que não acontece com a oração adverbial causal.
subjuntivo. Além desse tipo de orações subordinadas há Essa noção de causa e efeito não existe no período
outras que se apresentam com o verbo numa das formas composto por coordenação. Exemplo:
nominais (infinitivo, gerúndio e particípio). Exemplos: Rosa chorou porque levou uma surra. Está claro que a
oração iniciada pela conjunção é causal, visto que a surra foi
Ao entrar na escola, encontrei o professor de inglês. sem dúvida a causa do choro, que é efeito.
(infinitivo) Rosa chorou, porque seus olhos estão vermelhos. O
Precisando de ajuda, telefone-me. (gerúndio) período agora é composto por coordenação, pois a oração
Acabado o treino, os jogadores foram para o vestiário. iniciada pela conjunção traz a explicação daquilo que se
(particípio) revelou na coordena anterior. Não existe aí relação de causa e
efeito: o fato de os olhos de Elisa estarem vermelhos não é
As orações subordinadas que apresentam o verbo numa causa de ela ter chorado.
das formas nominais são chamadas de reduzidas.
Para classificar a oração que está sob a forma reduzida, Ela fala / como falaria / se entendesse do assunto.
devemos procurar desenvolvê-la do seguinte modo: OP OSA Comparativa OSA Condicional
colocamos a conjunção ou o pronome relativo adequado ao
sentido e passamos o verbo para uma forma do indicativo ou

25 CEGALLA, Paschoal. Minigramática Língua Portuguesa. Nacional. 2004.

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APOSTILAS OPÇÃO

Questões - Paula e Renato amam-se.


- Os jovens agrediram-se durante a festa.
01. Na frase: “Maria do Carmo tinha a certeza de que - Os ônibus chocaram-se violentamente.
estava para ser mãe”, a oração destacada é:
(A) subordinada substantiva objetiva indireta Formação da Voz Passiva
(B) subordinada substantiva completiva nominal
(C) subordinada substantiva predicativa A voz passiva pode ser formada por dois processos:
(D) coordenada sindética conclusiva
(E) coordenada sindética explicativa Voz Passiva Analítica: constrói-se da seguinte maneira
(Verbo Ser + particípio do verbo principal).
02. “Na ‘Partida Monção’, não há uma atitude inventada. Há Ex.: A escola será pintada / O trabalho é feito por ele.
reconstituição de uma cena como ela devia ter sido na O agente da passiva geralmente é acompanhado da
realidade.” A oração sublinhada é: preposição por, mas pode ocorrer a construção com a
(A) adverbial conformativa preposição de. Ex.: A casa ficou cercada de soldados.
(B) adjetiva Pode acontecer ainda que o agente da passiva não esteja
(C) adverbial consecutiva explícito na frase. Ex.: A exposição será aberta amanhã.
(D) adverbial proporcional A variação temporal é indicada pelo verbo auxiliar Ser, pois
(E) adverbial causal o particípio é invariável.

03. “Esses produtos podem ser encontrados nos Observe a transformação das frases seguintes:
supermercados com rótulos como ‘sênior’ e com a) Ele fez o trabalho. (pretérito perfeito do indicativo)
características adaptadas às dificuldades para mastigar e para O trabalho foi feito por ele. (pretérito perfeito do
engolir dos mais velhos, e preparados para se encaixar em seus indicativo)
hábitos de consumo”. O segmento “para se encaixar” pode ter b) Ele faz o trabalho. (presente do indicativo)
sua forma verbal reduzida adequadamente desenvolvida em O trabalho é feito por ele. (presente do indicativo)
(A) para se encaixarem.
(B) para seu encaixotamento. Nas frases com locuções verbais, o verbo Ser assume o
(C) para que se encaixassem. mesmo tempo e modo do verbo principal da voz ativa. Observe
(D) para que se encaixem. a transformação da frase seguinte: O vento ia levando as
(E) para que se encaixariam. folhas. (gerúndio); As folhas iam sendo levadas pelo vento.
(gerúndio)
04. A palavra “se” é conjunção integrante (por introduzir É menos frequente a construção da voz passiva analítica
oração subordinada substantiva objetiva direta) em qual das com outros verbos que podem eventualmente funcionar como
orações seguintes? auxiliares: A moça ficou marcada pela doença.
(A) Ele se mordia de ciúmes pelo patrão.
(B) A Federação arroga-se o direito de cancelar o jogo. Voz Passiva Sintética: a voz passiva sintética ou
(C) O aluno fez-se passar por doutor. pronominal constrói-se com o verbo na 3ª pessoa, seguido do
(D) Precisa-se de operários. pronome apassivador “se”: Abriram-se as inscrições para o
(E) Não sei se o vinho está bom. concurso; Destruiu-se o velho prédio da escola. O agente não
costuma vir expresso na voz passiva sintética.
Respostas
01.B \ 02.A \ 03.D \ 04.E Conversão da Voz Ativa na Voz Passiva
Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar
VOZES DOS VERBOS substancialmente o sentido da frase.

Dá-se o nome de voz à forma assumida pelo verbo para Gutenberg inventou a imprensa. (Voz Ativa)
indicar se o sujeito gramatical é agente ou paciente da ação. Gutenberg – sujeito da Ativa
São três as vozes verbais: a imprensa – Objeto Direto
Ativa: quando o sujeito é agente, isto é, pratica a ação
expressa pelo verbo. Ex.: A imprensa foi inventada por Gutenberg (Voz Passiva)
Ele fez o trabalho. A imprensa – Sujeito da Passiva
(ele - sujeito agente) (fez - ação) (o trabalho - objeto por Gutenberg – Agente da Passiva26
paciente)
Passiva: quando o sujeito é paciente, recebendo a ação - Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva, o
expressa pelo verbo. Ex.: sujeito da ativa passará a agente da passiva e o verbo ativo
O trabalho foi feito por ele. assumirá a forma passiva, conservando o mesmo tempo.
(O trabalho - sujeito paciente) (foi feito - ação) (por ele - Exemplos:
agente da passiva) Os mestres têm constantemente aconselhado os alunos.
Reflexiva: há dois tipos de voz reflexiva: Os alunos têm sido constantemente aconselhados pelos
a) Reflexiva: será chamada simplesmente de reflexiva, mestres.
quando o sujeito praticar a ação sobre si mesmo. Ex.: Eu o acompanharei.
- Carla machucou-se. Ele será acompanhado por mim.
- Marcos cortou-se com a faca.
- Roberto matou-se. - Quando o sujeito da voz ativa for indeterminado, não
b) Reflexiva Recíproca: será chamada de reflexiva haverá complemento agente na passiva: Prejudicaram-me; Fui
recíproca, quando houver dois elementos como sujeito: um prejudicado.
pratica a ação sobre o outro, que pratica a ação sobre o
primeiro. Ex.:

26 CEGALA, Domingos. Minigramática Língua Portuguesa. Nacional. 2004.

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APOSTILAS OPÇÃO

- Aos verbos que não são ativos nem passivos ou reflexivos, terráqueas, ao menos faz com que reduzamos nossas
são chamados neutros: O vinho é bom; Aqui chove muito. expectativas.
Uma questão análoga só arranhada por Ward é a da
- Há formas passivas com sentido ativo: inexorabilidade da inteligência. A evolução de organismos
É chegada a hora. (= Chegou a hora.) complexos leva necessariamente à consciência e à
Eu ainda não era nascido. (= Eu ainda não tinha nascido.) inteligência?
És um homem lido e viajado. (= que leu e viajou) Robert Wright diz que sim, mas seu argumento é mais
matemático do que biológico: complexidade engendra
- Inversamente, usamos formas ativas com sentido complexidade, levando a uma corrida armamentista entre
passivo: espécies cujo subproduto é a inteligência.
Há coisas difíceis de entender. (= serem entendidas) Stephen J. Gould e Steven Pinker apostam que não. Para
Mandou-o lançar na prisão. (= ser lançado) eles, é apenas devido a uma sucessão de pré-adaptações e
coincidências que alguns animais transformaram a capacidade
- Os verbos chamar-se, batizar-se, operar-se (no sentido de resolver problemas em estratégia de sobrevivência. Se
cirúrgico) e vacinar-se são considerados passivos, logo o rebobinássemos o filme da evolução e reencenássemos o
sujeito é paciente. processo mudando alguns detalhes do início, seriam grandes
Chamo-me Luís. as chances de não chegarmos a nada parecido com a
Batizei-me na Igreja do Carmo. inteligência.
Operou-se de hérnia. (Hélio Schwartsman. Folha de S. Paulo, 2012)
Vacinaram-se contra a gripe.
...alguns animais transformaram a capacidade de resolver
Questões problemas em estratégia de sobrevivência.

1) (PM/BA - Soldado da Polícia Militar - FCC) Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma
verbal resultante será:
Desde o desenvolvimento da linguagem, há 5.000 anos, a (A) transformam-se.
espécie humana passou a ter seu caminho evolutivo dire- (B) foi transformada.
cionado pela cultura, cujos impulsos foram superando a (C) foram transformados.
limitação da biologia e os açoites da natureza. Foi pela (D) é transformado.
capacidade de pensar e de se comunicar que a humanidade (E) era transformada.
obteve os meios para escapar da fome e da morte prematura.
O atual empuxo tecnológico se acelerou de tal forma que 3) (CRF/SC - Contador - IESES) Assinale a alternativa
alguns felizardos com acesso a todos os recursos disponíveis INCORRETA quanto à classificação das vozes verbais:
na vanguarda dos avanços médicos, biológicos, tecnológicos e (A) Consertam-se bicicletas. (Voz passiva sintética)
metabólicos podem realisticamente pensar em viver em boa (B) Machucou-se com o canivete. (Voz reflexiva)
saúde mental e física bem mais do que 100 anos. O prolon- (C) Estaremos aqui pelos mesmos motivos. (Voz ativa)
gamento da vida saudável, em razão de uma velhice sem doen- (D) Alugaram-se as casas daquele bairro. (Voz passiva
ças, já foi só um exercício de visionários. Hoje é um campo de analítica)
pesquisa dos mais sérios e respeitados.
Robert Fogel, o principal formulador do conceito da 4) (CPTM - Técnico de Licitações - Makiyama)
evolução tecnofísica, e outros estudiosos estão projetando os
limites dessa fabulosa caminhada cultural na qualidade de Amores fakes - ou quem é quem?
vida dos seres humanos. Quando se dedicam a essa tarefa, os
estudiosos esbarram, em primeiro lugar, nas desigualdades de Há alguns anos minha autoestima andava no dedão do pé.
renda e de acesso às inovações. Fazem parte das conjecturas Sofrera uma rejeição terrível. Para compensar, me fartava de
dos estudiosos a questão ambiental e a necessidade urgente de chocolates. Tinha dificuldade até de viajar de avião, porque
obtenção e popularização de novas formas de energia menos está mal, inventa bobagem. Era a época de ouro do Orkut. Criei
agressivas ao planeta. um fake, com um nome charmoso que não revelo nem sob
(Revista Veja, 25 de abril de 2012) tortura. Pesquisei na internet. Capturei umas fotos lindas de
um ator pornô americano. Não usei as explícitas, minha
Transpondo-se a frase “que a humanidade obteve os loucura não chegou a tanto. Botei as melhores sem camisas, de
meios...” para a voz passiva, a forma verbal resultante será: sunga, até uma de terno e óculos. Imaginei uma biografia. Meu
(A) seria obtido. fake era um jovem estudante de arquitetura que parou o curso
(B) tinham obtido. por falta de grana. Inscrevi-me nas comunidades em que
(C) foi obtida. logicamente ele se abrigaria: de arquitetura, decoração, filmes.
(D) teriam sido obtidos. E convidei gente para fazer “amizade”. Para minha surpresa,
(E) foram obtidos. todos topavam sem muitas perguntas. Dali a pouco a página
estava cheia, e os amigos atraíram outros contatos. Nas
2) (TRF 4ª REGIÃO - Analista Judiciário - FCC) mensagens pessoais, contava minha saga, falava sobre minhas
Em um belo artigo, o físico Marcelo Gleiser, analisando a dificuldades financeiras, dizia buscar um grande amor. Em
constatação do satélite Kepler de que existem muitos planetas pouco tempo, tinha uma legião de fãs de ambos os sexos.
com características físicas semelhantes ao nosso, reafirmou Recebi dicas de empregos. Uma garota me convidou para um
sua fé na hipótese da Terra rara, isto é, a tese de que a vida fim de semana em Búzios. (Bem, não sei se era uma jovenzinha,
complexa (animal) é um fenômeno não tão comum no também podia estar me enganando). Um paulista fez
Universo. confidências sobre sua picante vida amorosa e declarou que eu
Gleiser retoma as ideias de Peter Ward expostas de modo era seu melhor amigo. Várias pessoas tentaram marcar
persuasivo em "Terra Rara". Ali, o autor sugere que a vida encontros. Fingia que topava, mas na última hora dava uma
microbiana deve ser um fenômeno trivial, podendo pipocar até desculpa. Por uma questão, mas na última hora dava uma
em mundos inóspitos; já o surgimento de vida multicelular na desculpa. Por uma questão de princípio, nunca deixei ninguém
Terra dependeu de muitas outras variáveis físicas e históricas, esperando. Finalmente, um booker de uma agência de modelos
o que, se não permite estimar o número de civilizações extra
Língua Portuguesa 61
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APOSTILAS OPÇÃO

me convidou para fotos. Eu me senti realizado. Cheguei a me


admirar no espelho, vitorioso: Concordância nominal;
- Consegui! Consegui! Fui convidado para ser modelo. Concordância verbal; Regência
Passado o instante de glória suprema, refleti melhor.
- Mas o convite é para o fake. Aquele corpo não é meu.
verbal; Vozes verbais; Regência
nominal; Predicação verbal;
Só então percebi o grau de piração em que tinha entrado. Aposto; Vocativo; Derivação e
Aquele personagem já se tornara parte de mim. Reagia às Composição; Uso do hífen; Voz
cantadas, aos elogios, como se fossem dirigidos a mim mesmo.
ativa; Voz passiva; Voz reflexiva;
Só que, do outro lado do espelho, havia somente meu velho eu.
Para minha própria saúde mental, abandonei o fake. Um amigo Funções e Empregos das palavras
fez pior. Estava em crise no casamento. Entrou em sites de “que” e “se”; Uso do "Porquê";
relacionamento com um perfil falso. Feminino. Fazia charme, Prefixos; Sufixos; Afixos;
viveu relacionamentos profundos. Radicais; Formas verbais
- Cheguei a ter envolvimento que durou seis meses. O
sujeito nunca suspeitou que eu também fosse homem. Já falava
seguidas de pronomes; Flexão
em termos uma vida juntos! nominal e verbal; Emprego de
locuções; Sintaxe de
É incrível pretender se casar com alguém que só se Concordância; Sintaxe de
conhece virtualmente. Mas acontece.
Regência; Sintaxe de Colocação;
Meu amigo destruiu o perfil e superou a crise matrimonial. Comparações;

Alguns atores globais, de nomes não revelados, se deram


mal. Um safado criou um fake de uma mulher sensual. Não sei Caro(a) Candidato(a), os assuntos Vozes verbais;
como fez tecnicamente, mas usou filmes pornográficos. Os Predicação verbal; Aposto; Vocativo; Derivação e
cativados “conversavam” com a câmera aberta. O vigarista Composição; Voz ativa; Voz passiva; Voz reflexiva; Uso do
gravou tudo. Inclusive o “entusiasmo” dos famosos. Mais tarde, "Porquê"; Prefixos; Sufixos; Afixos; Radicais; Formas
eles receberam o recado para depositar 50 mil em verbais seguidas de pronomes; Flexão nominal e verbal; já
determinada conta. Ou os vídeos seriam expostos na internet. foram abordados no decorrer da nossa apostila.
Conta-se que muitos pagaram. Outros acabaram na web. Sem
nunca contar o que realmente aconteceu, para o mico não ser CONCORDÂNCIA NOMINAL
maior. No mundo dos adolescentes, os fakes se tornaram um
problema. Garotas usam fotos de mulheres adultas, algumas Concordância nominal é que o ajuste que fazemos aos
seminuas. Meninos, de rapazes malhados. Estabelecem demais termos da oração para que concordem em gênero e
relacionamentos com pessoas acima de sua idade. Até fingem número com o substantivo. Teremos que alterar, portanto, o
relações amorosas. Discutem sexo. O encontro ao vivo não artigo, o adjetivo, o numeral e o pronome. Além disso, temos
acontece. Mesmo assim, são experiências que não estão também o verbo, que se flexionará à sua maneira.
preparados para viver. Como aconteceu comigo, fantasiam ser
outra pessoa. Um educador diz: Regra geral: o artigo, o adjetivo, o numeral e o pronome
- É mais comum do que se pensa. Adolescentes e até concordam em gênero e número com o substantivo.
crianças se escondem atrás de fakes. Não é saudável. A pequena criança é uma gracinha. / O garoto que encontrei
Substituem as experiências dessa fase da vida por uma falsa, era muito gentil e simpático.
virtual.
Casos especiais: veremos alguns casos que fogem à regra
Redes sociais como o Facebook estipulam uma idade geral mostrada acima.
mínima para participar. Com os fakes, a proibição torna-se
nula. Viver um personagem pode ser mais agradável que a) Um adjetivo após vários substantivos
enfrentar os desafios da realidade. Embora os adolescentes 1- Substantivos de mesmo gênero: adjetivo vai para o
sejam mais frágeis, isso vale para todas as idades. É um risco plural ou concorda com o substantivo mais próximo.
para o equilíbrio psicológico. Reconheço que fiquei balançado Irmão e primo recém-chegado estiveram aqui. / Irmão
ao me relacionar por meio de um fake. Desisti. Optei pela vida e primo recém-chegados estiveram aqui.
real. Às vezes, confesso, sinto saudades. Visito a página de meu 2- Substantivos de gêneros diferentes: vai para o
personagem. Anos depois, ainda há quem envie poesias plural masculino ou concorda com o substantivo mais
românticas ilustradas com rosas vermelhas. próximo.
Ela tem pai e mãe louros. / Ela tem pai e mãe loura.
Sem dúvida, provoquei algumas paixões. 3- Adjetivo funciona como predicativo: vai
obrigatoriamente para o plural.
A frase “Capturei umas fotos lindas”, está corretamente O homem e o menino estavam perdidos. / O homem e sua
passada para a voz passiva analítica na alternativa: esposa estiveram hospedados aqui.
A) Umas fotos lindas eu capturei.
B) Umas fotos lindas foram capturadas por mim. b) Um adjetivo anteposto a vários substantivos
C) Umas fotos lindas são capturadas por mim. 1- Adjetivo anteposto normalmente concorda com o mais
D) Umas fotos lindas foi capturada por mim. próximo.
E) Umas lindas fotos serão capturadas por mim. Comi delicioso almoço e sobremesa. / Provei deliciosa fruta
e suco.
Gabarito 2- Adjetivo anteposto funcionando como predicativo:
concorda com o mais próximo ou vai para o plural.
01.E / 02.B / 03.D / 04.B/ 05.C Estavam feridos o pai e os filhos. / Estava ferido o pai e os
filhos.

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APOSTILAS OPÇÃO

c) Um substantivo e mais de um adjetivo n) Só


1- antecede todos os adjetivos com um artigo. Falava 1- apenas, somente (advérbio): invariável.
fluentemente a língua inglesa e a espanhola. Só consegui comprar uma passagem.
2- coloca o substantivo no plural. Falava fluentemente as
línguas inglesa e espanhola. 2- sozinho (adjetivo): variável.
d) Pronomes de tratamento Estiveram sós durante horas.
Sempre concordam com a 3ª pessoa. Vossa Santidade
esteve no Brasil. Questões

e) Anexo, incluso, próprio, obrigado 01. Indique o uso INCORRETO da concordância verbal ou
Concordam com o substantivo a que se referem. nominal:
As cartas estão anexas. / A bebida está inclusa. (A) Será descontada em folha sua contribuição sindical.
(B) Na última reunião, ficou acordado que se realizariam
f) Um(a) e outro(a), num(a) e noutro(a) encontros semanais com os diversos interessados no assunto.
Após essas expressões o substantivo fica sempre no (C) Alguma solução é necessária, e logo!
singular e o adjetivo no plural. (D) Embora tenha ficado demonstrado cabalmente a
Renato advogou um e outro caso fáceis. / Pusemos numa e ocorrência de simulação na transferência do imóvel, o pedido
noutra bandeja rasas o peixe. não pode prosperar.
(E) A liberdade comercial da colônia, somada ao fato de D.
g) É bom, é necessario, é proibido João VI ter também elevado sua colônia americana à condição
Essas expressões não variam se o sujeito não vier de Reino Unido a Portugal e Algarves, possibilitou ao Brasil
precedido de artigo ou outro determinante. obter certa autonomia econômica.
É necessário sua presença. / É necessária a sua presença.
É proibido entrada de pessoas não autorizadas. / A entrada 02. Aponte a alternativa em que NÃO ocorre silepse (de
é proibida. gênero, número ou pessoa):
(A) “A gente é feito daquele tipo de talento capaz de fazer
h) Muito, pouco, caro a diferença.”
1- Como adjetivos: seguem a regra geral. (B) Todos sabemos que a solução não é fácil.
Comi muitas frutas durante a viagem. / Pouco arroz é (C) Essa gente trabalhadora merecia mais, pois acordam às
suficiente para mim. cinco horas para chegar ao trabalho às oito da manhã.
(D) Todos os brasileiros sabem que esse problema vem de
2- Como advérbios: são invariáveis. longe...
Comi muito durante a viagem. / Pouco lutei, por isso perdi (E) Senhor diretor, espero que Vossa Senhoria seja mais
a batalha. compreensivo.

i) Mesmo, bastante 03. A concordância nominal está INCORRETA em:


1- Como advérbios: invariáveis (A) A mídia julgou desnecessária a campanha e o
Preciso mesmo da sua ajuda. envolvimento da empresa.
Fiquei bastante contente com a proposta de emprego. (B) A mídia julgou a campanha e a atuação da empresa
desnecessária.
2- Como pronomes: seguem a regra geral. (C) A mídia julgou desnecessário o envolvimento da
Seus argumentos foram bastantes para me convencer. empresa e a campanha.
Os mesmos argumentos que eu usei, você copiou. (D) A mídia julgou a campanha e a atuação da empresa
desnecessárias.
j) Menos, alerta
Em todas as ocasiões são invariáveis. 04. Complete os espaços com um dos nomes colocados nos
Preciso de menos comida para perder peso. / Estamos alerta parênteses.
para com suas chamadas. (A) Será que é ____ essa confusão toda? (necessário/
necessária)
k) Tal Qual (B) Quero que todos fiquem ____. (alerta/ alertas)
“Tal” concorda com o antecedente, “qual” concorda com o (C) Houve ____ razões para eu não voltar lá. (bastante/
consequente. bastantes)
As garotas são vaidosas tais qual a tia. / Os pais vieram (D) Encontrei ____ a sala e os quartos. (vazia/vazios)
fantasiados tais quais os filhos. (E) A dona do imóvel ficou ____ desiludida com o inquilino.
(meio/ meia)
l) Possível
Quando vem acompanhado de “mais”, “menos”, “melhor” ou 05. Quanto à concordância nominal, verifica-se ERRO em:
“pior”, acompanha o artigo que precede as expressões. (A) O texto fala de uma época e de um assunto polêmicos.
A mais possível das alternativas é a que você expôs. (B) Tornou-se clara para o leitor a posição do autor sobre
Os melhores cargos possíveis estão neste setor da empresa. o assunto.
As piores situações possíveis são encontradas nas favelas da (C) Constata-se hoje a existência de homem, mulher e
cidade. criança viciadas.
(D) Não será permitido visita de amigos, apenas a de
m) Meio parentes.
1- Como advérbio: invariável.
Estou meio (um pouco) insegura. Respostas
01.D / 02.D / 03.B / 04. a) necessária b) alerta c)
2- Como numeral: segue a regra geral. bastantes d) vazia e) meio / 05. C
Comi meia (metade) laranja pela manhã.

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APOSTILAS OPÇÃO

CONCORDÂNCIA VERBAL porcentagem: 50% dos funcionários aprovaram a decisão da


diretoria. / 50% do eleitorado apoiou a decisão.
Ao falarmos sobre a concordância verbal, estamos nos Observações:
referindo à relação de dependência estabelecida entre um - Caso o verbo aparecer anteposto à expressão de
termo e outro mediante um contexto oracional. porcentagem, esse deverá concordar com o numeral:
Aprovaram a decisão da diretoria 50% dos funcionários.
Casos Referentes a Sujeito Simples - Em casos relativos a 1%, o verbo permanecerá no
1) Sujeito simples, o verbo concorda com o núcleo em singular: 1% dos funcionários não aprovou a decisão da
número e pessoa: O aluno chegou atrasado. diretoria.
- Em casos em que o numeral estiver acompanhado de
2) O verbo concorda no singular com o sujeito coletivo do determinantes no plural, o verbo permanecerá no plural: Os
singular, o verbo permanece na terceira pessoa do 50% dos funcionários apoiaram a decisão da diretoria.
singular: A multidão, apavorada, saiu aos gritos.
Observação: no caso de o coletivo aparecer seguido de 11) Quando o sujeito estiver representado por pronomes
adjunto adnominal no plural, o verbo permanecerá no singular de tratamento, o verbo deverá ser empregado na terceira
ou poderá ir para o plural: Uma multidão de pessoas saiu aos pessoa do singular ou do plural: Vossas
gritos. / Uma multidão de pessoas saíram aos gritos. Majestades gostaram das homenagens. Vossas Excelência agiu
com inteligência.
3) Quando o sujeito é representado por expressões
partitivas, representadas por “a maioria de, a maior parte de, a 12) Casos relativos a sujeito representado por substantivo
metade de, uma porção de, entre outras”, o verbo tanto pode próprio no plural se encontram relacionados a alguns aspectos
concordar com o núcleo dessas expressões quanto com o que os determinam:
substantivo que a segue: A maioria dos alunos resolveu ficar. - Diante de nomes de obras no plural, seguidos do verbo
/ A maioria dos alunos resolveram ficar. ser, este permanece no singular, contanto que o predicativo
também esteja no singular: Memórias póstumas de Brás
4) No caso de o sujeito ser representado por expressões Cubas é uma criação de Machado de Assis.
aproximativas, representadas por “cerca de, perto de”, o verbo - Nos casos de artigo expresso no plural, o verbo também
concorda com o substantivo determinado por elas: Cerca de permanece no plural: Os Estados Unidos são uma potência
vinte candidatos se inscreveram no concurso de piadas. mundial.
- Casos em que o artigo figura no singular ou em que ele
5) Em casos em que o sujeito é representado pela nem aparece, o verbo permanece no singular: Estados Unidos
expressão “mais de um”, o verbo permanece no singular: Mais é uma potência mundial.
de um candidato se inscreveu no concurso de piadas.
Observação: no caso da referida expressão aparecer Casos Referentes a Sujeito Composto
repetida ou associada a um verbo que exprime reciprocidade, 1) Nos casos relativos a sujeito composto de pessoas
o verbo, necessariamente, deverá permanecer no plural: Mais gramaticais diferentes, o verbo deverá ir para o plural, estando
de um aluno, mais de um professor contribuíram na campanha relacionado a dois pressupostos básicos:
de doação de alimentos. / Mais de um formando se - Quando houver a 1ª pessoa, esta prevalecerá sobre as
abraçaram durante as solenidades de formatura. demais: Eu, tu e ele faremos um lindo passeio.
- Quando houver a 2ª pessoa, o verbo poderá flexionar na
6) O sujeito for composto da expressão “um dos que”, o 2ª ou na 3ª pessoa: Tu e ele sois primos. / Tu e ele são primos.
verbo permanecerá no plural: Paulo é um dos que mais
trabalhar. 2) Nos casos em que o sujeito composto aparecer
anteposto (antes) ao verbo, este permanecerá no plural: O pai
7) Quanto aos relativos à concordância com locuções e seus dois filhos compareceram ao evento.
pronominais, representadas por “algum de nós, qual de vós,
quais de vós, alguns de nós”, entre outras, faz-se necessário 3) No caso em que o sujeito aparecer posposto (depois) ao
nos atermos a duas questões básicas: verbo, este poderá concordar com o núcleo mais próximo ou
- No caso de o primeiro pronome estar expresso no plural, permanecer no plural: Compareceram ao evento o pai e seus
o verbo poderá com ele concordar, como poderá também dois filhos. Compareceu ao evento o pai e seus dois filhos.
concordar com o pronome pessoal: Alguns
de nós o receberemos. / Alguns de nós o receberão. 4) Nos casos relacionados a sujeito simples, porém com
- Quando o primeiro pronome da locução estiver expresso mais de um núcleo, o verbo deverá permanecer no singular:
no singular, o verbo também permanecerá no singular: Algum Meu esposo e grande companheiro merece toda a felicidade do
de nós o receberá. mundo.

8) No caso de o sujeito aparecer representado pelo 5) Casos relativos a sujeito composto de palavras
pronome “quem”, o verbo permanecerá na terceira pessoa do sinônimas ou ordenado por elementos em gradação, o verbo
singular ou poderá concordar com o antecedente desse poderá permanecer no singular ou ir para o plural: Minha
pronome: Fomos nós quem contou toda a verdade para ela. / vitória, minha conquista, minha premiação são frutos de meu
Fomos nós quem contamos toda a verdade para ela. esforço. / Minha vitória, minha conquista, minha premiação é
fruto de meu esforço.
9) Em casos nos quais o sujeito aparece realçado pela
palavra “que”, o verbo deverá concordar com o termo que Questões
antecede essa palavra: Nesta empresa somos nós
que tomamos as decisões. / Em casa sou eu que decido tudo. 01. A concordância realizou-se adequadamente em qual
alternativa?
10) No caso de o sujeito aparecer representado por (A) Os Estados Unidos é considerado, hoje, a maior
expressões que indicam porcentagens, o verbo concordará potência econômica do planeta, mas há quem aposte que a
com o numeral ou com o substantivo a que se refere essa China, em breve, o ultrapassará.

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APOSTILAS OPÇÃO

(B) Em razão das fortes chuvas haverão muitos candidatos (C) Desde que observe cuidados básicos, como obter
que chegarão atrasados, tenho certeza disso. energia por meio de alimentos, os organismos simples podem
(C) Naquela barraca vendem-se tapiocas fresquinhas, pode preservar a vida ao longo do tempo com relativa facilidade.
comê-las sem receio! (D) Alguns animais tem de se adaptar a um ambiente cheio
(D) A multidão gritaram quando a cantora apareceu na de dificuldades para obter a energia necessária a sua
janela do hotel! sobrevivência e nesse processo expõe- se a inúmeras ameaças.
02. Uma pergunta (E) A maioria dos organismos mais complexos possui um
Frequentemente cabe aos detentores de cargos de sistema nervoso muito desenvolvido, capaz de se adaptar a
responsabilidade tomar decisões difíceis, de graves mudanças ambientais, como alterações na temperatura.
consequências. Haveria algum critério básico, essencial, para
amparar tais escolhas? Antonio Gramsci, notável pensador e 04. De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa,
político italiano, propôs que se pergunte, antes de tomar a a concordância verbal está correta em:
decisão: - Quem sofrerá? (A) Ela não pode usar o celular e chamar um taxista, pois
Para um humanista, a dor humana é sempre prioridade a acabou os créditos.
se considerar. (B) Esta empresa mantêm contato com uma rede de táxis
(Salvador Nicola, inédito) que executa diversos serviços para os clientes.
(C) À porta do aeroporto, havia muitos táxis disponíveis
O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se no para os passageiros que chegavam à cidade.
singular para preencher adequadamente a lacuna da frase: (D) Passou anos, mas a atriz não se esqueceu das calorosas
(A) A nenhuma de nossas escolhas ...... (poder) deixar de lembranças que seu tio lhe deixou.
corresponder nossos valores éticos mais rigorosos. (E) Deve existir passageiros que aproveitam a corrida de
(B) Não se ...... (poupar) os que governam de refletir sobre táxi para bater um papo com o motorista.
o peso de suas mais graves decisões.
(C) Aos governantes mais responsáveis não ...... (ocorrer) Respostas
tomar decisões sem medir suas consequências. 01.C / 02.C / 03.E / 04.C
(D) A toda decisão tomada precipitadamente ......
(costumar) sobrevir consequências imprevistas e injustas. REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
(E) Diante de uma escolha, ...... (ganhar) prioridade,
recomenda Gramsci, os critérios que levam em conta a dor Dá-se o nome de regência à relação de subordinação que
humana. ocorre entre um verbo (ou um nome) e seus complementos.
Ocupa-se em estabelecer relações entre as palavras, criando
03. Em um belo artigo, o físico Marcelo Gleiser, analisando frases não ambíguas, que expressem efetivamente o sentido
a constatação do satélite Kepler de que existem muitos desejado, que sejam corretas e claras.
planetas com características físicas semelhantes ao nosso,
reafirmou sua fé na hipótese da Terra rara, isto é, a tese de que Regência Verbal
a vida complexa (animal) é um fenômeno não tão comum no
Universo. A regência verbal estuda a relação que se estabelece entre
Gleiser retoma as ideias de Peter Ward expostas de modo os verbos e os termos que os complementam (objetos diretos
persuasivo em “Terra Rara”. Ali, o autor sugere que a vida e objetos indiretos) ou caracterizam (adjuntos adverbiais).
microbiana deve ser um fenômeno trivial, podendo pipocar até O estudo da regência verbal permite-nos ampliar nossa
em mundos inóspitos; já o surgimento de vida multicelular na capacidade expressiva, pois oferece oportunidade de
Terra dependeu de muitas outras variáveis físicas e históricas, conhecermos as diversas significações que um verbo pode
o que, se não permite estimar o número de civilizações extra assumir com a simples mudança ou retirada de uma
terráqueas, ao menos faz com que reduzamos nossas preposição.
expectativas. Observe:
Uma questão análoga só arranhada por Ward é a da A mãe agrada o filho. -> agradar significa acariciar,
inexorabilidade da inteligência. A evolução de organismos contentar.
complexos leva necessariamente à consciência e à A mãe agrada ao filho. -> agradar significa "causar agrado
inteligência? ou prazer", satisfazer.
Robert Wright diz que sim, mas seu argumento é mais
matemático do que biológico: complexidade engendra Logo, conclui-se que "agradar alguém" é diferente de
complexidade, levando a uma corrida armamentista entre "agradar a alguém".
espécies cujo subproduto é a inteligência.
Stephen J. Gould e Steven Pinker apostam que não. Para Saiba que:
eles, é apenas devido a uma sucessão de pré-adaptações e O conhecimento do uso adequado das preposições é um
coincidências que alguns animais transformaram a capacidade dos aspectos fundamentais do estudo da regência verbal (e
de resolver problemas em estratégia de sobrevivência. Se também nominal). As preposições são capazes de modificar
rebobinássemos o filme da evolução e reencenássemos o completamente o sentido do que se está sendo dito. Veja os
processo mudando alguns detalhes do início, seriam grandes exemplos:
as chances de não chegarmos a nada parecido com a Cheguei ao metrô.
inteligência. Cheguei no metrô.
(Hélio Schwartsman. Folha de S. Paulo, 2012.)

No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no segundo


A frase em que as regras de concordância estão
caso, é o meio de transporte por mim utilizado. A oração
plenamente respeitadas é:
"Cheguei no metrô", popularmente usada a fim de indicar o
(A) Podem haver estudos que comprovem que, no passado,
lugar a que se vai, possui, no padrão culto da língua,
as formas mais complexas de vida - cujo habitat eram oceanos
sentido diferente. Aliás, é muito comum existirem
ricos em nutrientes - se alimentavam por osmose.
divergências entre a regência coloquial, cotidiana de alguns
(B) Cada um dos organismos simples que vivem na
verbos, e a regência culta.
natureza sobrevivem de forma quase automática, sem se
valerem de criatividade e planejamento.

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APOSTILAS OPÇÃO

Para estudar a regência verbal, agruparemos os verbos de a) Consistir - tem complemento introduzido pela
acordo com sua transitividade. A transitividade, porém, não é preposição "em".
um fato absoluto: um mesmo verbo pode atuar de diferentes A modernidade verdadeira consiste em direitos iguais para
formas em frases distintas. todos.

b) Obedecer e Desobedecer - possuem seus complementos


Verbos Intransitivos introduzidos pela preposição "a".
Os verbos intransitivos não possuem complemento. É Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais.
importante, no entanto, destacar alguns detalhes relativos Eles desobedeceram às leis do trânsito.
aos adjuntos adverbiais que costumam acompanhá-los.
a) Chegar, Ir; c) Responder - tem complemento introduzido pela
Normalmente vêm acompanhados de adjuntos adverbiais preposição "a". Esse verbo pede objeto indireto para indicar "a
de lugar. Na língua culta, as preposições usadas para quem" ou "ao que" se responde.
indicar destino ou direção são: a, para. Respondi ao meu patrão.
Fui ao teatro. Respondemos às perguntas.
Adjunto Adverbial de Lugar Respondeu-lhe à altura.
Obs.: o verbo responder, apesar de transitivo indireto
Ricardo foi para a Espanha. quando exprime aquilo a que se responde, admite voz passiva
Adjunto Adverbial de Lugar analítica. Veja: O questionário foi respondido corretamente. /
Todas as perguntas foram respondidas satisfatoriamente.
b) Comparecer;
O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido d) Simpatizar e Antipatizar - Possuem seus complementos
por em ou a. introduzidos pela preposição "com".
Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver o último Antipatizo com aquela apresentadora.
jogo. Simpatizo com os que condenam os políticos que governam
para uma minoria privilegiada.
Verbos Transitivos Diretos
Os verbos transitivos diretos são complementados por Verbos Transitivos Diretos e Indiretos
objetos diretos. Isso significa que não exigem preposição para Os verbos transitivos diretos e indiretos são
o estabelecimento da relação de regência. Ao empregar esses acompanhados de um objeto direto e um indireto. Merecem
verbos, devemos lembrar que os pronomes oblíquos o, a, os, destaque, nesse grupo:
as atuam como objetos diretos. Esses pronomes podem
assumir as formas lo, los, la, las (após formas verbais Agradecer, Perdoar e Pagar
terminadas em -r, -s ou -z) ou no, na, nos, nas (após formas São verbos que apresentam objeto direto
verbais terminadas em sons nasais), enquanto lhe e lhes são, relacionado a coisas e objeto indireto relacionado a pessoas.
quando complementos verbais, objetos indiretos. Veja os exemplos:
São verbos transitivos diretos: abandonar, abençoar, Agradeço aos ouvintes a audiência.
aborrecer, abraçar, acompanhar, acusar, admirar, adorar, Objeto Indireto Objeto Direto
alegrar, ameaçar, amolar, amparar, auxiliar, castigar,
condenar, conhecer, conservar, convidar, defender, eleger, Cristo ensina que é preciso perdoar o pecado ao pecador.
estimar, humilhar, namorar, ouvir, prejudicar, prezar, Objeto Direto Objeto
proteger, respeitar, socorrer, suportar, ver, visitar, dentre Indireto
outros. Paguei o débito ao cobrador.
Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente como Objeto Direto Objeto Indireto
o verbo amar:
Amo aquele rapaz. / Amo-o. - O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito com
Amo aquela moça. / Amo-a. particular cuidado. Observe:
Amam aquele rapaz. / Amam-no. Agradeci o presente. / Agradeci-o.
Ele deve amar aquela mulher. / Ele deve amá-la. Agradeço a você. / Agradeço-lhe.
Perdoei a ofensa. / Perdoei-a.
Obs.: os pronomes lhe, lhes só acompanham esses verbos Perdoei ao agressor. / Perdoei-lhe.
para indicar posse (caso em que atuam como adjuntos Paguei minhas contas. / Paguei-as.
adnominais). Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes.
Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto)
Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram sua carreira) Informar
Conheço-lhe o mau humor! (= conheço seu mau humor) - Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto
indireto ao se referir a pessoas, ou vice-versa.
Verbos Transitivos Indiretos Informe os novos preços aos clientes.
Os verbos transitivos indiretos são complementados por Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os novos
objetos indiretos. Isso significa que esses verbos exigem uma preços)
preposição para o estabelecimento da relação de regência. Os
pronomes pessoais do caso oblíquo de terceira pessoa que - Na utilização de pronomes como complementos, veja as
podem atuar como objetos indiretos são o "lhe", o "lhes", para construções:
substituir pessoas. Não se utilizam os pronomes o, os, a, Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos preços.
as como complementos de verbos transitivos indiretos. Com os Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou sobre
objetos indiretos que não representam pessoas, usam-se eles)
pronomes oblíquos tônicos de terceira pessoa (ele, ela) em
lugar dos pronomes átonos lhe, lhes. Obs.: a mesma regência do verbo informar é usada para os
Os verbos transitivos indiretos são os seguintes: seguintes: avisar, certificar, notificar, cientificar, prevenir.

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APOSTILAS OPÇÃO

Comparar Aspirávamos a melhores condições de vida. (Aspirávamos a


Quando seguido de dois objetos, esse verbo admite as elas)
preposições "a" ou "com" para introduzir o complemento Obs.: como o objeto direto do verbo "aspirar" não é pessoa,
indireto. mas coisa, não se usam as formas pronominais átonas "lhe" e
Comparei seu comportamento ao (ou com o) de uma "lhes" e sim as formas tônicas "a ele (s)", " a ela (s)". Veja o
criança. exemplo:
Aspiravam a uma existência melhor. (= Aspiravam a ela)
Pedir
Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente na Assistir
forma de oração subordinada substantiva) e indireto de - Assistir é transitivo direto no sentido de ajudar, prestar
pessoa. assistência a, auxiliar. Por Exemplo:
Pedi-lhe favores. As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos.
Objeto Indireto Objeto Direto As empresas de saúde negam-se a assisti-los.
- Assistir é transitivo indireto no sentido de ver,
Pedi-lhe que mantivesse em silêncio. presenciar, estar presente, caber, pertencer.
Objeto Indireto Oração Subordinada Substantiva
Objetiva Direta Exemplos:
Assistimos ao documentário.
Saiba que: Não assisti às últimas sessões.
1) A construção "pedir para", muito comum na linguagem Essa lei assiste ao inquilino.
cotidiana, deve ter emprego muito limitado na língua culta. No Obs.: no sentido de morar, residir, o verbo "assistir" é
entanto, é considerada correta quando a intransitivo, sendo acompanhado de adjunto adverbial de
palavra licença estiver subentendida. lugar introduzido pela preposição "em".
Peço (licença) para ir entregar-lhe os catálogos em casa. Assistimos numa conturbada cidade.
Observe que, nesse caso, a preposição "para" introduz uma
oração subordinada adverbial final reduzida de infinitivo Chamar
(para ir entregar-lhe os catálogos em casa). - Chamar é transitivo direto no sentido de convocar,
2) A construção "dizer para", também muito usada solicitar a atenção ou a presença de.
popularmente, é igualmente considerada incorreta. Por gentileza, vá chamar sua prima. / Por favor, vá chamá-
la.
Preferir Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes.
Na língua culta, esse verbo deve apresentar objeto - Chamar no sentido de denominar, apelidar pode
indireto introduzido pela preposição "a". Por Exemplo: apresentar objeto direto e indireto, ao qual se refere
Prefiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideais. predicativo preposicionado ou não.
Prefiro trem a ônibus. A torcida chamou o jogador mercenário.
Obs.: na língua culta, o verbo "preferir" deve ser usado sem A torcida chamou ao jogador mercenário.
termos intensificadores, tais como: muito, antes, mil vezes, um A torcida chamou o jogador de mercenário.
milhão de vezes, mais. A ênfase já é dada pelo prefixo existente A torcida chamou ao jogador de mercenário.
no próprio verbo (pre).
Custar
Mudança de Transitividade versus Mudança de - Custar é intransitivo no sentido de ter determinado valor
Significado ou preço, sendo acompanhado de adjunto adverbial.
Há verbos que, de acordo com a mudança de Frutas e verduras não deveriam custar muito.
transitividade, apresentam mudança de significado. O - No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransitivo ou
conhecimento das diferentes regências desses verbos é um transitivo indireto.
recurso linguístico muito importante, pois além de permitir a Muito custa viver tão longe da família.
correta interpretação de passagens escritas, oferece Verbo Oração Subordinada Substantiva Subjetiva
possibilidades expressivas a quem fala ou escreve. Dentre os Intransitivo Reduzida de Infinitivo
principais, estão:
Custa-me (a mim) crer que tomou realmente aquela
Agradar atitude.
- Agradar é transitivo direto no sentido de fazer carinhos, Objeto Indireto Oração Subordinada Substantiva
acariciar. - Subjetiva Reduzida de Infinitivo
Sempre agrada o filho quando o revê. / Sempre o agrada
quando o revê. Obs.: a Gramática Normativa condena as construções que
Cláudia não perde oportunidade de agradar o gato. / atribuem ao verbo "custar" um sujeito representado por
Cláudia não perde oportunidade de agradá-lo. pessoa. Observe o exemplo abaixo:
- Agradar é transitivo indireto no sentido de causar agrado Custei para entender o problema.
a, satisfazer, ser agradável a. Rege complemento introduzido Forma correta: Custou-me entender o problema.
pela preposição "a".
O cantor não agradou aos presentes. Implicar
O cantor não lhes agradou. - Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos:
a) dar a entender, fazer supor, pressupor
Aspirar Suas atitudes implicavam um firme propósito.
- Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, inspirar b) Ter como consequência, trazer como consequência,
(o ar), inalar. acarretar, provocar
Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o) Liberdade de escolha implica amadurecimento político de
- Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, ter um povo.
como ambição.

Língua Portuguesa 67
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APOSTILAS OPÇÃO

- Como transitivo direto e indireto, significa comprometer, Atentado a, contra


envolver Dúvida acerca de, em, sobre
Implicaram aquele jornalista em questões econômicas. Ojeriza a, por
Obs.: no sentido de antipatizar, ter implicância, é transitivo Bacharel em
indireto e rege com preposição "com". Horror a
Implicava com quem não trabalhasse arduamente. Proeminência sobre
Capacidade de, para
Proceder Impaciência com
- Proceder é intransitivo no sentido de ser decisivo, ter Respeito a, com, para com, por
cabimento, ter fundamento ou portar-se, comportar-se,
agir. Nessa segunda acepção, vem sempre acompanhado de Adjetivos
adjunto adverbial de modo. Acessível a
As afirmações da testemunha procediam, não havia como Diferente de
refutá-las. Necessário a
Você procede muito mal. Acostumado a, com
- Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a Entendido em
preposição" de") e fazer, executar (rege complemento Nocivo a
introduzido pela preposição "a") é transitivo indireto. Afável com, para com
O avião procede de Maceió. Equivalente a
Procedeu-se aos exames. Paralelo a
O delegado procederá ao inquérito. Agradável a
Escasso de
Querer Parco em, de
- Querer é transitivo direto no sentido de desejar, ter Alheio a, de
vontade de, cobiçar. Essencial a, para
Querem melhor atendimento. Passível de
Queremos um país melhor. Análogo a
- Querer é transitivo indireto no sentido de ter afeição, Fácil de
estimar, amar. Preferível a
Quero muito aos meus amigos. Ansioso de, para, por
Ele quer bem à linda menina. Fanático por
Despede-se o filho que muito lhe quer. Prejudicial a
Apto a, para
Visar Favorável a
- Como transitivo direto, apresenta os sentidos de mirar, Prestes a
fazer pontaria e de pôr visto, rubricar. Ávido de
O homem visou o alvo. Generoso com
O gerente não quis visar o cheque. Propício a
- No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como Benéfico a
objetivo, é transitivo indireto e rege a preposição "a". Grato a, por
O ensino deve sempre visar ao progresso social. Próximo a
Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-estar Capaz de, para
público. Hábil em
Relacionado com
Regência Nominal Compatível com
Habituado a
É o nome da relação existente entre um nome (substantivo, Relativo a
adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse nome. Essa Contemporâneo a, de
relação é sempre intermediada por uma preposição. No estudo Idêntico a
da regência nominal, é preciso levar em conta que vários Satisfeito com, de, em, por
nomes apresentam exatamente o mesmo regime dos verbos de Contíguo a
que derivam. Conhecer o regime de um verbo significa, nesses Impróprio para
casos, conhecer o regime dos nomes cognatos. Observe o Semelhante a
exemplo: Verbo obedecer e os nomes correspondentes: todos Contrário a
regem complementos introduzidos pela preposição "a". Veja: Indeciso em
Obedecer a algo/ a alguém. Sensível a
Obediente a algo/ a alguém. Curioso de, por
Insensível a
Apresentamos a seguir vários nomes acompanhados da Sito em
preposição ou preposições que os regem. Observe-os Descontente com
atentamente e procure, sempre que possível, associar esses Liberal com
nomes entre si ou a algum verbo cuja regência você conhece. Suspeito de
Desejoso de
Substantivos Natural de
Admiração a, por Vazio de
Devoção a, para, com, por
Medo a, de Advérbios
Aversão a, para, por - Longe de;
Doutor em - Perto de.
Obediência a

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APOSTILAS OPÇÃO

Obs.: os advérbios terminados em -mente tendem a seguir 05. Leia a tira a seguir.
o regime dos adjetivos de que são formados: paralela a;
paralelamente a; relativa a; relativamente a.27
Questões

01. (Administrador - FCC)


... a que ponto a astronomia facilitou a obra das outras
ciências ...
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que o
grifado acima está empregado em:
(A) ...astros que ficam tão distantes ...
(B) ...que a astronomia é uma das ciências ...
(C) ...que nos proporcionou um espírito ...
(D) ...cuja importância ninguém ignora ...
(E) ...onde seu corpo não passa de um ponto obscuro ... Considerando as regras de regência da norma-padrão da
língua portuguesa, a frase do primeiro quadrinho está
02. (Agente de Apoio Administrativo - FCC) corretamente reescrita, e sem alteração de sentido, em:
... pediu ao delegado do bairro que desse um jeito nos filhos (A) Ter amigos ajuda contra o combate pela depressão.
do sueco. (B) Ter amigos ajuda o combate sob a depressão.
O verbo que exige, no contexto, o mesmo tipo de (C) Ter amigos ajuda do combate com a depressão.
complementos que o grifado acima está empregado em: (D) Ter amigos ajuda ao combate na depressão.
(A) ...que existe uma coisa chamada EXÉRCITO... (E) Ter amigos ajuda no combate à depressão.
(B) ...como se isso aqui fosse casa da sogra?
(C) ...compareceu em companhia da mulher à delegacia... 06. (Escrevente TJ SP - Vunesp) Assinale a alternativa em
(D) Eu ensino o senhor a cumprir a lei, ali no duro... que o período, adaptado da revista Pesquisa Fapesp de junho
(E) O delegado apenas olhou-a espantado com o de 2012, está correto quanto à regência nominal e à pontuação.
atrevimento. (A) Não há dúvida que as mulheres ampliam, rapidamente,
seu espaço na carreira científica ainda que o avanço seja mais
03. (Agente de Defensoria Pública - FCC) notável em alguns países, o Brasil é um exemplo, do que em
... constava simplesmente de uma vareta quebrada em partes outros.
desiguais... (B) Não há dúvida de que, as mulheres, ampliam
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que o rapidamente seu espaço na carreira científica; ainda que o
grifado acima está empregado em: avanço seja mais notável, em alguns países, o Brasil é um
(A) Em campos extensos, chegavam em alguns casos a exemplo!, do que em outros.
extremos de sutileza. (C) Não há dúvida de que as mulheres, ampliam
(B) ...eram comumente assinalados a golpes de machado nos rapidamente seu espaço, na carreira científica, ainda que o
troncos mais robustos. avanço seja mais notável, em alguns países: o Brasil é um
(C) Os toscos desenhos e os nomes estropiados desorientam, exemplo, do que em outros.
não raro, quem... (D) Não há dúvida de que as mulheres ampliam
(D) Koch-Grünberg viu uma dessas marcas de caminho na rapidamente seu espaço na carreira científica, ainda que o
serra de Tunuí... avanço seja mais notável em alguns países - o Brasil é um
(E) ...em que tão bem se revelam suas afinidades com o exemplo - do que em outros.
gentio, mestre e colaborador... (E) Não há dúvida que as mulheres ampliam rapidamente,
seu espaço na carreira científica, ainda que, o avanço seja mais
04. (Agente Técnico - FCC) notável em alguns países (o Brasil é um exemplo) do que em
... para lidar com as múltiplas vertentes da justiça... outros.
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que o da
frase acima se encontra em: 07. (Papiloscopista Policial - VUNESP) Assinale a
(A) A palavra direito, em português, vem de directum, do alternativa correta quanto à regência dos termos em destaque.
verbo latino dirigere... (A) Ele tentava convencer duas senhoras a assumir a
(B) ...o Direito tem uma complexa função de gestão das responsabilidade pelo problema.
sociedades... (B) A menina tinha o receio a levar uma bronca por ter se
(C) ...o de que o Direito [...] esteja permeado e regulado pela perdido.
justiça. (C) A garota tinha apenas a lembrança pelo desenho de
(D) Essa problematicidade não afasta a força das aspirações um índio na porta do prédio.
da justiça... (D) A menina não tinha orgulho sob o fato de ter se
(E) Na dinâmica dessa tensão tem papel relevante o perdido de sua família.
sentimento de justiça. (E) A família toda se organizou para realizar a procura à
garotinha.

08. (Analista de Sistemas - VUNESP) Assinale a


alternativa que completa, correta e respectivamente, as
lacunas do texto, de acordo com as regras de regência.
Os estudos _______ quais a pesquisadora se reportou já
assinalavam uma relação entre os distúrbios da imagem
corporal e a exposição a imagens idealizadas pela mídia.
A pesquisa faz um alerta ______ influência negativa que a
mídia pode exercer sobre os jovens.

27 www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint61.php

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APOSTILAS OPÇÃO

(A) dos … na Consoante


(B) nos … entre a Entretanto, se o prefixo terminar em consoante, não se
(C) aos … para a unem de jeito nenhum.
(D) sobre os … pela Sub-reino
(E) pelos … sob a Ab-rogar
Sob-roda
09. (Analista em Planejamento, Orçamento e Finanças
Públicas - VUNESP) Considerando a norma-padrão da língua, Atenção: quando dois “R” ou “S” se encontrarem,
assinale a alternativa em que os trechos destacados estão permanece a regra geral: letras iguais, SEPARA.
corretos quanto à regência, verbal ou nominal. Super-requintado
(A) O prédio que o taxista mostrou dispunha de mais de Super-realista
dez mil tomadas. Inter-resistente
(B) O autor fez conjecturas sob a possibilidade de haver
um homem que estaria ouvindo as notas de um oboé. Continuamos a usar o Hífen
(C) Centenas de trabalhadores estão empenhados de criar
logotipos e negociar. - Depois dos prefixos “ex-, sota-, soto-, vice- e vizo-”
(D) O taxista levou o autor a indagar no número de Ex.: ex-diretor, ex-hospedeira, sota-piloto, soto-mestre,
tomadas do edifício. vice-presidente, vizo-rei.
(E) A corrida com o taxista possibilitou que o autor
reparasse a um prédio na marginal. - Depois de “pós-, pré- e pró-”, quando tem som forte e
acento.
10. (Assistente de Informática II - VUNESP) Assinale a Ex.: pós-tônico, pré-escolar, pré-natal, pró-labore, pró-
alternativa que substitui a expressão destacada na frase, africano, pró-europeu, pós-graduação.
conforme as regras de regência da norma-padrão da língua e
sem alteração de sentido. - Depois de “pan-”, “circum-”, quando juntos de vogais.
Muitas organizações lutaram a favor da igualdade de Ex.: pan-americano, circum-escola.
direitos dos trabalhadores domésticos.
(A) da Observação:
(B) na 1- “Circunferência” é junto, pois está diante da consoante
(C) pela “F”.
(D) sob a 2- Veja como fica estranha a pronúncia destas palavras
E) sobre a quando não usarmos o hífen: exesposa, sotapiloto,
panamericano, vicesuplente, circumescola.
Respostas
1.D / 2.D / 3.A / 4.A / 5.E / 6.D / 7.A / 8.C / 9.A / 10.C Lembre-se: não se usa o hífen após os prefixos “CO-, RE-,
PRE” (SEM ACENTO).
HÍFEN
Co- Re- Pre-
Regra Geral Coordenar Reedição Preestabelecer
Coordenação Refazer Preexistir
A letra “H” é uma letra sem personalidade, sem som. Em Coordenador Reescrever Prever
“Helena”, não tem som; em “Hollywood”, tem som de “R”. Coobrigar Reutilização
Portanto, não deve aparecer encostado em prefixos: Cooperação Reelaborar
Pré-história Cooperativa Relembrar
Anti-higiênico
Sub-hepático O ideal para memorizar essas regras é conhecer e usar pelo
Super-homem menos uma palavra de cada prefixo. E quando bater a dúvida
de uma palavra, escreva-a duas vezes: numa você usa o hífen,
Letras (Iguais e Diferentes) na outra não e as compare.
A regra informa que: letras iguais, separa e letras Revisão Geral
diferentes, junta.
- Letras iguais, separa com hífen(-);
Separa Junta - Letras diferentes, junta;
Anti-inflamatório Neoliberalismo - O “H” não tem personalidade. Separa (-);
Supra-auricular Extraoficial - O “R” e o “S”, quando estão perto das vogais, são dobrados,
Arqui-inimigo Semicírculo mas não se juntam com consoantes.
Sub-bibliotecário Superintendente
Questões
“R” e “S” terminados em Vogal ou Consoante
01. Assinale a alternativa em que o hífen, conforme o novo
Vogal Acordo, está sendo usado corretamente:
Quanto ao “R” e o “S”, se o prefixo terminar em vogal, a
consoante deverá ser dobrada: (A) Ele fez sua auto-crítica ontem.
Suprarrenal (supra+renal) (B) Ela é muito mal-educada.
Ultrassonografia (ultra+sonografia) (C) Ele tomou um belo ponta-pé.
Minissaia (mini+saia) (D) Fui ao super-mercado, mas não entrei.
Antisséptico (anti+séptico) (E) Os raios infra-vermelhos ajudam em lesões.
Contrarregra (contra+regra)
Megassaia (mega+saia)

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APOSTILAS OPÇÃO

02. Assinale a alternativa errada quanto ao emprego do Ex.: Que delícia esta maça! (=quão)
hífen:
(A) Pelo interfone ele comunicou bem-humorado que faria e) Interjeição
uma superalimentação. Representa surpresa ou exprime emoção. Recebe acento e
(B) Nas circunvizinhanças há uma casa malassombrada. é usado com ponto de exclamação.
(C) Depois de comer a sobrecoxa, tomou um antiácido. Ex.: Quê! Você vai se mudar?
(D) Nossos antepassados realizaram vários anteprojetos.
(E) O autodidata fez uma autoanálise. f) Partícula Expletiva (ou de realce)
É uma expressão desnecessária sintaticamente. Apenas
03. Assinale a opção cuja palavra apresenta erro quanto ao para dar realce.
emprego do hífen: Ex.: Quase que ele foi embora.
(A) ultravioleta
(B) infravermelho g) Conjunção Subordinativa
(C) mal-me-quer - Integrante: inicia a oração subordinada substantiva.
(D) extraordinário Pode ser substituída pelo pronome “isso”.
Ex.: Digo que não voltarei atrás. (= digo isso)
04. Fez um esforço __ para vencer o campeonato __. Qual a
alternativa completa corretamente as lacunas? - Causal: relação de causa e efeito. Pode ser substituída por
(A) sobreumano / interregional “porque”.
(B) sobrehumano / interregional Ex.: Vá devagar que está quase engasgando. (porque)
(C) sobre-humano / inter-regional
(D) sobrehumano / inter-regional - Comparativa: estabelece uma comparação.
(E) sobre-humano / interegional Ex.: Os animais são mais vulneráveis que os homens.

05. Suponha que você tenha que agregar o prefixo sub às - Temporal: indica circunstância de tempo.
palavras que aparecem nas alternativas a seguir. Assinale Ex.: Assim que foi interrogado, ele saiu. (quando)
aquela que tem de ser escrita com hífen:
(A) (sub) chefe - Consecutiva: indica uma consequência.
(B) (sub) entender Ex.: Dormiu tanto que perdeu a hora do trabalho.
(C) (sub) solo
(D) (sub) reptício - Concessiva: indica uma concessão, admite uma
(E) (sub) liminar contradição.
Ex.: Legal que fosse, não tinha amigos.
Gabarito
01.B / 02.B / 03.C / 04.C / 05.D h) Conjunção Coordenativa
- Aditiva: denota a ideia de adição. Pode ser substituída
FUNÇÕES DO "QUE" E DO "SE" pela conjunção “e”.
Ex.: Dize-me com quem andas, que te direi quem és.
Funções do “QUE”
- Explicativa: equivale a “porque”, “pois”. Uma explicação.
Funções Morfológicas Ex.: Não fale isso, que vai ficar chato. (porque)
A palavra “que” pode ser empregada em várias funções
morfológicas, assim vejamos sua classificação: - Adversativa: expressa a ideia de oposição. Pode ser
substituída por “mas”, “porém”, “contudo”.
a) Substantivo Ex.: Outra situação, que não está, deve ser avaliada.
É precedido de artigo ou outro termo que funcione como
adjunto adnominal e recebe acento. - Alternativa: expressa alternância de ideias.
Ex.: Ela tem um certo quê misterioso. Ex.: Uma vez que outra, ele trabalha.

b) Pronome Funções Sintáticas


- Interrogativo: O pronome que pode desempenhar as seguintes funções
Que livros você perdeu? (= quais) sintáticas:
A que restaurante você foi ontem? (= qual)
O que compraste na loja? (= que coisa) a) Sujeito
De que elas comentavam? (= que coisa) Ex.: As compras que estiverem dentro do prazo serão
entregues.
- Indefinido: é precedido por substantivo e equivale a
QUANTO(A). b) Objeto Direto
Ex.: Veja que horas são. (= quantas) Exemplos: A pessoa que falei é meu tio. / O carro que
comprei é veloz.
- Relativo: inicia a oração subordinada adjetiva e pode ser
substituído por: o qual, a qual, os quais, as quais. c) Objeto Indireto
Ex.: O rapaz que te assaltou foi preso. Ex.: Os copos de que preciso estão na mesa.

c) Preposição d) Predicativo
Equivalente à preposição “de”. Ex.: Admiro a grande pessoa que você é.
Ex.: Temos que viajar nas férias. (de)
e) Adjunto Adnominal
d) Advérbio de Intensidade Ex.: A que filme você assistiu ontem?
Aparece antes de adjetivos e equivale a QUÃO.

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APOSTILAS OPÇÃO

f) Complemento Nominal Questões


Ex.: São muitas as qualidades de que o rapaz é competente.
01. (TRT 2ª REGIÃO/SP - Técnico Judiciário -
g) Adjunto adverbial FCC/2018)
Ex.: Esta é a empresa em que trabalhei.
As Três Peneiras
h) Agente da Passiva
Ex.: Este é o rapaz por que fui incomodado. Um rapaz procurou Sócrates e disse-lhe que precisava
contar-lhe algo sobre alguém.
Funções do “SE” Sócrates ergueu os olhos do livro que estava lendo e
perguntou:
Funções Morfológicas − O que você vai me contar já passou pelas três peneiras?
Classificação do “se” quanto suas funções morfológicas: − Três peneiras? − indagou o rapaz.
− Sim! A primeira peneira é a VERDADE. O que você quer
a) Conjunção Subordinativa me contar dos outros é um fato? Caso tenha ouvido falar, a
- Integrante: coisa deve morrer aqui mesmo. Suponhamos que seja verdade.
Ex.: Não sei se vocês já leram Guimarães Rosa. Deve, então, passar pela segunda peneira: a BONDADE. O que
você vai contar é uma coisa boa? Ajuda a construir ou destruir
- Condicional: estabelece uma condição. o caminho, a fama do próximo? Se o que você quer contar é
Ex.: Se você não realizar o trabalho, ficará sem o verdade e é coisa boa, deverá passar ainda pela terceira
pagamento. peneira: a NECESSIDADE. Convém contar? Resolve alguma
coisa? Ajuda a comunidade? Pode melhorar o planeta?
- Concessiva: indica uma concessão, admite uma Arremata Sócrates:
contradição. − Se passou pelas três peneiras, conte! Tanto eu, como você
Ex.: “Se não teceu o Próprio enxoval, ganhou-o, fio a fio, no e seu irmão iremos nos beneficiar. Caso contrário, esqueça e
tear.” enterre tudo. Será uma fofoca a menos para envenenar o
ambiente e fomentar a discórdia entre irmãos, colegas do
- Causal: planeta.
(Disponível em: www.pensador.com/texto_filosofico)
Ex.: "Se não tinha capacidade técnica, não poderia ter sido
contratado."
Nas cinco ocorrências de “que”, em destaque no texto,
verificam-se, respectivamente, as seguintes funções:
b) Conjunção Coordenativa Alternativa (A) pronome relativo, pronome interrogativo, pronome
Ex.: Se há lágrimas, se há risos, o amor brilha nos seus interrogativo, pronome interrogativo, pronome relativo.
lábios. (B) conjunção integrante, pronome relativo, pronome
interrogativo, pronome interrogativo, pronome relativo.
c) Pronome (ou partícula) Apassivador (C) conjunção integrante, pronome relativo, conjunção
Ex.: Alugam-se casas. / Nota-se que o projeto saiu. integrante, conjunção integrante, pronome relativo.
(D) conjunção integrante, pronome relativo, pronome
d) Partícula (ou índice) de indeterminação do sujeito interrogativo, pronome interrogativo, conjunção integrante.
Ex.: Precisa-se de secretárias. / Vive-se discutindo estas (E) pronome relativo, conjunção integrante, conjunção
questões. integrante, pronome interrogativo, conjunção integrante.

e) Parte integrante de verbo 02. “Na ata da reunião, registraram-se todas as opiniões
Ex.: Os meninos orgulharam-se ao ver a aprovação do time. dos presentes.” Assinale a alternativa que apresenta
corretamente a classificação da partícula “SE”:
f) Partícula expletiva ou de realce (junto a verbos (A) índice de indeterminação do sujeito
intransitivos) (B) pronome reflexivo (objeto direto)
Ex.: Achou melhor sentar-se ali. / Ela resolveu associar-se. (C) partícula apassivadora
(D) conjunção subordinativa integrante
g) Pronome (E) palavra de realce
- Reflexivo:
Ex.: O menino cortou-se. 03. No verso “se faz uma jangada”, o SE funciona como:
(A) pronome reflexivo
- Recíproco: (B) índice de indeterminação do sujeito
Ex.: Os noivos abraçaram-se. (C) pronome apassivador
(D) parte integrante do verbo
Funções Sintáticas (E) pronome recíproco
Como pronome, o se pode exercer as seguintes funções
sintáticas: 04. “É um processo que envolve interação profunda entre
mãe e filho...” No trecho, o vocábulo “QUE” é um(a):
a) Objeto direto (A) pronome relativo
Ex.: O menino se arrumava bem. (B) preposição acidental
(C) conjunção subordinativa causal
b) Objeto indireto (D) pronome indefinido
Ex.: Carlos se dispôs a estudar mais. (E) advérbio de intensidade

c) Sujeito (de uma oração infinitiva) 05. Assinale a opção em que “se” funciona como índice de
Ex.: Sentia-se contente com a novidade. indeterminação do sujeito:
(A) Se Tereza não for à festa, também não irei.

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APOSTILAS OPÇÃO

(B) A criança machucou-se na bicicleta.


(C) Trata-se do primeiro e último fundo no Brasil (Revista - Houver vírgula ou pausa antes do verbo: Se passar no
Veja) vestibular em outra cidade, mudo-me no mesmo instante. / Se
(D) Ele impôs-se uma disciplina rigorosa. não tiver outro jeito, alisto-me nas forças armadas.
(E) “Ergueu-se, passou a toalha no rosto” (Lygia Fagundes
Teles) Mesóclise
A mesóclise acontece quando o verbo está flexionado no
Gabarito futuro do presente ou no futuro do pretérito:
01.D / 02.C / 03.C / 04.A / 05.C A prova realizar-se-á neste domingo pela manhã. (= ela se
realizará).
COLOCAÇÃO DOS PRONOMES OBLÍQUOS Far-lhe-ei uma proposta irrecusável. (= eu farei uma
ÁTONOS proposta a você).

De acordo com as autoras Rose Jordão e Clenir Bellezi 28, a Questões


colocação pronominal é a posição que os pronomes pessoais
oblíquos átonos ocupam na frase em relação ao verbo a que se 01. Considerada a norma culta escrita, há correta
referem. substituição de estrutura nominal por pronome em:
São pronomes oblíquos átonos: me, te, se, o, os, a, as, lhe, (A) Agradeço antecipadamente sua Resposta // Agradeço-
lhes, nos e vos. lhes antecipadamente.
O pronome oblíquo átono pode assumir três posições na (B) do verbo fabricar se extraiu o substantivo fábrica. // do
oração em relação ao verbo: verbo fabricar se extraiu-lhe.
1. Próclise: pronome antes do verbo; (C) não faltam lexicógrafos // não faltam-os.
2. Ênclise: pronome depois do verbo; (D) Gostaria de conhecer suas considerações // Gostaria
3. Mesóclise: pronome no meio do verbo. de conhecê-las.
(E) incluindo a palavra ‘aguardo’ // incluindo ela.
Próclise
A próclise é aplicada antes do verbo quando temos: 02. Caso fosse necessário substituir o termo destacado em
- Palavras com sentido negativo: Nada me faz querer sair “Basta apresentar um documento” por um pronome, de acordo
dessa cama. / Não se trata de nenhuma novidade. com a norma-padrão, a nova redação deveria ser
(A) Basta apresenta-lo.
- Advérbios: Nesta casa se fala alemão. / Naquele dia me (B) Basta apresentar-lhe.
falaram que a professora não veio. (C) Basta apresenta-lhe.
(D) Basta apresentá-la.
- Pronomes relativos: A aluna que me mostrou a tarefa não (E) Basta apresentá-lo.
veio hoje. / Não vou deixar de estudar os conteúdos que me
falaram. 03. Em qual período, o pronome átono que substitui o
sintagma em destaque tem sua colocação de acordo com a
- Pronomes indefinidos: Quem me disse isso? / Todos se norma-padrão?
comoveram durante o discurso de despedida. (A) O porteiro não conhecia o portador do embrulho –
conhecia-o
- Pronomes demonstrativos: Isso me deixa muito feliz! / (B) Meu pai tinha encontrado um marinheiro na praça
Aquilo me incentivou a mudar de atitude! Mauá – tinha encontrado-o.
(C) As pessoas relatarão as suas histórias para o registro
- Preposição seguida de gerúndio: Em se tratando de no Museu – relatá-las-ão.
qualidade, o Brasil Escola é o site mais indicado à pesquisa (D) Quem explicou às crianças as histórias de seus
escolar. antepassados? – explicou-lhes.
(E) Vinham perguntando às pessoas se aceitavam a ideia
- Conjunção subordinativa: Vamos estabelecer critérios, de um museu virtual – Lhes vinham perguntando.
conforme lhe avisaram.
04. De acordo com a norma-padrão e as questões
Ênclise gramaticais que envolvem o trecho “Frustrei-me por não ver o
A ênclise é empregada depois do verbo. A norma culta não Escola”, é correto afirmar que
aceita orações iniciadas com pronomes oblíquos átonos. A (A) “me” poderia ser deslocado para antes do verbo que
ênclise vai acontecer quando: acompanha.
(B) “me” deveria obrigatoriamente ser deslocado para
- O verbo estiver no imperativo afirmativo: Amem-se uns antes do verbo que acompanha.
aos outros. / Sigam-me e não terão derrotas. (C) a ê nclise em “Frustrei‐me” é facultativa.
(D) a inclusã o do advé rbio Nã o, no inı́cio da oraçã o
- O verbo iniciar a oração: Diga-lhe que está tudo bem. / “Frustrei-me”, tornaria a pró clise obrigató ria.
Chamaram-me para ser sócio. (E) a ê nclise em “Frustrei‐me” é obrigató ria.

- O verbo estiver no infinitivo impessoal regido da 05. A substituição do elemento grifado pelo pronome
preposição “a”: Naquele instante os dois passaram a odiar-se. correspondente foi realizada de modo INCORRETO em:
/ Passaram a cumprimentar-se mutuamente. (A) que permitiu à civilização = que lhe permitiu
(B) envolveu diferentes fatores = envolveu-os
- O verbo estiver no gerúndio: Não quis saber o que (C) para fazer a dragagem = para fazê-la
aconteceu, fazendo-se de despreocupada. Despediu-se, (D) que desviava a água = que lhe desviava
beijando-me a face. (E) supriam a necessidade = supriam-na

28 http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf42.php http://www.brasilescola.com/gramatica/colocacao-pronominal.htm

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APOSTILAS OPÇÃO

Respostas - O instrumento pela pessoa que o utiliza. Exemplo: Ele


01.D/02.E/03.C/04.D/05.D é bom volante. (= piloto ou motorista).
- O lugar pelo produto. Exemplo: Gosto muito de tomar
FIGURAS DE LINGUAGEM29 um Porto. (= a vinho da cidade do Porto).

Também chamadas de Figuras de Estilo. Podemos - O símbolo ou sinal pela coisa significada. Exemplo: Os
classificá-las em quatro tipos: revolucionários queriam o trono. (= império, o poder).
- Figuras de Palavras (ou tropos);
- Figuras de Harmonia; - A parte pelo todo. Exemplo: Não há teto para os
- Figuras de Construção (ou de sintaxe); necessitados. (= a casa).
- Figuras de Pensamento.
- O indivíduo pela classe ou espécie. Exemplo: Ele foi o
Figuras de Palavra judas do grupo. (= espécie dos homens traidores).

São as que dependem do uso de determinada palavra com - O singular pelo plural. Exemplo: O homem é um animal
sentido novo ou com sentido incomum. Vejamos: racional. (o singular homem está sendo usado no lugar do
plural homens).
Metáfora: é um tipo de comparação (mental) sem uso de
conectivos comparativos, com utilização de verbo de ligação - O gênero ou a qualidade pela espécie. Exemplo: Nós
explícito na frase. Exemplo: mortais, somos imperfeitos. (= seres humanos).
“Sua boca era um pássaro escarlate.” (Castro Alves)
- A matéria pelo objeto. Exemplo: Ele não tem um níquel.
Catacrese: consiste em transferir a uma palavra o sentido (= moeda).
próprio de outra, utilizando-se formas já incorporadas aos
usos da língua. Se a metáfora surpreende pela originalidade da Observação: os últimos 5 casos recebem também o nome
associação de ideias, o mesmo não ocorre com a catacrese, que de Sinédoque.
já não chama a atenção por ser tão repetidamente usada.
Sinédoque: significa a troca que ocorre por relação de
Exemplos: compreensão e que consiste no uso do todo, pela parte do
Batata da perna Azulejo vermelho plural pelo singular, do gênero pela espécie, ou vice-versa.
Pé da mesa Cabeça de alho Exemplo: O mundo é violento. (= os homens)

Comparação ou Símile: é a comparação entre dois Perífrase: é a substituição de um nome por uma expressão
elementos comuns; semelhantes. Normalmente se emprega que facilita a sua identificação.
uma conjunção comparativa: como, tal qual, assim como, que Exemplo: O país do futebol acredita no seu povo. (país do
nem. Exemplo: futebol = Brasil)
“Como um anjo caído, fiz questão de esquecer...” (Legião
Urbana) Figuras de Harmonia

Sinestesia: é a fusão de no mínimo dois dos cinco sentidos São as que reproduzem os efeitos de repetição de sons,
físicos. Exemplos: ou ainda quando se busca representa-los. São elas:
“De amargo e então salgado ficou doce, - Paladar
Assim que teu cheiro forte e lento - Olfato Aliteração: repetição consonantal fonética (som da letra)
Fez casa nos meus braços e ainda leve - Tato geralmente no início da palavra.
E forte e cego e tenso fez saber - Visão Exemplo: “Sonhei que estava sonhando um sonho
Que ainda era muito e muito pouco.” (Legião Urbana) sonhado...” (Martinho da Vila)

Antonomásia: quando substituímos um nome próprio Assonância: repetição da mesma vogal no decorrer de um
pela qualidade ou característica que o distingue. Exemplos: verso ou poema. Exemplo:
O Águia de Haia (= Rui Barbosa) “Sou Ana, da cama
O Pai da Aviação (= Santos Dumont) Da cana, fulana bacana
Sou Ana de Amsterdã.” (Chico Buarque)
Metonímia: troca-se uma palavra por outra com a qual ela
se relaciona. Ocorre a metonímia quando substituímos: Paronomásia: reprodução de sons semelhantes através
- O autor ou criador pela obra. Exemplo: Gosto de ler de palavras de significados diferentes. Exemplos:
Jorge Amado (observe que o nome do autor está sendo usado “Berro pelo aterro pelo desterro
no lugar de suas obras). Berro por seu berro pelo seu erro
Quero que você ganhe que você me apanhe
- O efeito pela causa e vice-versa. Exemplo: Ganho a vida Sou o bezerro gritando mamãe...”
com o suor do meu rosto. (o suor é o efeito ou resultado e está (Caetano Veloso)
sendo usado no lugar da causa, ou seja, o “trabalho”).
Figuras de Construção
- O continente pelo conteúdo. Exemplo: Ela comeu uma
caixa de doces. (= doces). Dizem respeito aos desvios de padrão de concordância
quer quanto à ordem, omissões ou excessos. Dividem-se em:
- O abstrato pelo concreto e vice-versa. Exemplo: A
velhice deve ser respeitada. (= pessoas velhas).

29
SCHICAIR. Nelson M. Gramática do Português Instrumental. 2ª. ed Niterói:
Impetus, 2007.

Língua Portuguesa 74
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APOSTILAS OPÇÃO

Omissão Hipérbato: inversão complexa de termos da frase.


Assíndeto: ocorre por falta ou supressão de conectivos. Exemplos:
Exemplos: "Enquanto manda as ninfas amorosas grinaldas nas
"Saí, bebi, enfim, vivi." (Nel de Moraes) cabeças pôr de rosas." (Camões)
"Vim, vi e venci." (Júlio César) “Enquanto manda as ninfas amorosas pôr grinaldas de
rosas na cabeça.”
Elipse: supressão de vocábulo(s) que são facilmente Sínquise: há uma inversão violenta de distantes partes da
identificável(is). Exemplos: oração. É um hipérbato "hiperbólico". Exemplos:
"(Eu) Queria ser um pássaro dentro da noite." “...entre vinhedo e sebe
"No céu, (há) estrelas que brilham indômitas." corre uma linfa e ele no seu de faia
de ao pé do Alfeu Tarro escultado bebe.”
Zeugma: elipse especial que consiste na supressão de um (Alberto de Oliveira)
termo já, anteriormente, expresso no contexto. Exemplos: “Uma linfa corre entre vinhedo e sebe, e ele bebe no seu
"Nós nos desejamos e (nós) não nos possuímos." Tarro escultado, de faia, ao pé do Alfeu.”
"Foi saqueada a vila, e (foram) assassinados os partidários
dos Filipes." (Camilo Castelo Branco) Quiasmo: inversão de palavras que se repetem. Exemplos:
"Tinha uma pedra no meio do meu caminho. / No meio do meu
Repetição caminho tinha uma pedra."
Anáfora: é a repetição intencional de palavras, no início de (G. D. Andrade)
um período, frase ou verso. Exemplos: Concordância Ideológica
“Eu quase não saio Silepse: é a concordância feita pela ideia, e não através das
Eu quase não tenho amigo prerrogativas das classes das palavras. São três:
Eu quase não consigo
Ficar na cidade sem viver contrariado." a) De Gênero: masculino e feminino não concordam. Ex.:
(Gilberto Gil) "A vítima era lindo e o carrasco estava temerosa quanto à
reação da população."
Polissíndeto: repetição enfática de conjunções Perceba que vítima e carrasco não receberam de seus
coordenativas (geralmente e). Exemplos: adjetivos lindo e temerosa a 'atenção' devida, por quê? Isso se
"E saber, e crescer, e ser, e haver deve à ideia de que os substantivos sobrecomuns designam
E perder, e sofrer, e ter horror." ambos os sexos, e não ambos os gêneros, portanto, por
(Vinícius de Morais) questões estilísticas, o autor do texto preferiu a ideia à regra
gramatical rígida que impõe que adjetivos concordem em
Pleonasmo: repetição da ideia, isto é, redundância gênero com o substantivo, não em sexo.
semântica e sintática, divide-se em:
a) Gramatical: com objetos direto ou indireto redundantes, b) De Número: singular e plural não concordam entre si.
chamam-nos pleonásticos. Exemplos: Ex.: "O esquadrão sobrevoaram o céu azul daquela manhã
"Perdoo-te a ti, meu amor." de verão."
"O carro velho, eu o vendi ontem." Ocorre algo semelhante na silepse de número, apenas se
ressalve que nesses casos o 'desprezo' se dá quanto à
b) Vicioso: deve ser evitado por não acrescentar concordância verbal, afinal, esquadrão é palavra de natureza
informação nova ao que já havia sido dito anteriormente. coletiva (coletivo de aviões) e, mais uma vez por questões
Exemplos: subir para cima; descer para baixo; repetir de novo; estilísticas, o autor preferiu à regra, na qual se baseia a
hemorragia sanguínea; protagonista principal; monopólio Gramática Normativa, o livre voar de suas ideias.
exclusivo.
c) De Pessoa: sujeito e verbo não concordam entre si. Ex.:
Ruptura “A gente não sabemos escolher presidente.”
Anacoluto: a construção do período deixa um ou mais “A gente não sabemos tomar conta da gente."
termos sem função sintática. Dê atenção especial porque o (Ultraje a Rigor)
anacoluto é parecido com o pleonasmo, ou melhor, na Nos casos de silepse de pessoa há, por parte do autor, uma
tentativa de um pleonasmo sintático, muitas vezes, acaba-se clara intromissão, característica do discurso indireto livre,
por criar a ruptura. Exemplo: quando, ao informar, o emissor se coloca como parte da ação.
"Os meus vizinhos, não confio mais neles." - a função
sintática de os meus vizinhos é nula, não há; entretanto, se Figuras de Pensamento
houvesse preposição (Nos meus vizinhos, não confio mais
neles), o termo seria objeto indireto, enquanto neles seria o São recursos de linguagem que se referem ao aspecto
objeto indireto pleonástico. semântico, ou seja, ao significado dentro de um contexto.

Inversão Antítese: é a aproximação de palavras de sentidos


Anástrofe: inversão sintática leve. Exemplos: contrários, antagônicos. Exemplos:
"Tão leve estou que já nem sombra tenho." (ordem "Onde queres prazer, sou o que dói
inversa) (Mário Quintana) E onde queres tortura, mansidão
"Estou tão leve que já não tenho sombra." (ordem direta) Onde, queres um lar, Revolução
E onde queres bandido, sou herói."
Hipálage: inversão de um adjetivo (uma qualidade que (Caetano Veloso)
pertence a um é atribuída a outro substantivo). Exemplos:
“A mulher degustava lânguida cigarrilha.” Paradoxo ou Oximoro: é mais que a aproximação
Lânguida = sensual, portanto lânguida é a mulher, e não a antitética; é a própria ideia que se contradiz. Exemplos:
cigarrilha como faz supor. "O mito é o nada que é tudo." (Fernando Pessoa)
"Em cada olho um grito castanho de ódio." (Dalton Trevisan) "Mas tão certo quanto o erro de seu barco a motor é insistir
Castanhos são os olhos, e não o grito. em usar remos."
(Legião Urbana)

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APOSTILAS OPÇÃO

Apóstrofe: é a evocação, o chamamento. Identifica-se "Ela até que não é feia." -logo, é bonita!
facilmente na função sintática do VOCATIVO. Exemplos: "Você está exagerando. Não subestime a sua inteligência."
"Ó lindo mar verdejante, - porque ela é inteligente.
tuas ondas entoam cantos,
és tu o dono reinante Questões
das brancas marés espumantes..."
(Nel de Moraes) 01. (IF/PA - Assistente em Administração - FUNRIO/2016)
“Quero um poema ainda não pensado, / que inquiete as marés
Perífrase: designação dos objetos, acidentes geográficos, de silêncio da palavra ainda não escrita nem pronunciada, /
indivíduos e outros que não queremos simplesmente nomear. que vergue o ferruginoso canto do oceano / e reviva a ruína
Exemplos: que são as poças d’água. / Quero um poema para vingar minha
"Última Flor do Lácio30, inculta e bela, insônia.” (Olga Savary, “Insônia”)
és a um tempo esplendor e sepultura."
(Olavo Bilac)
Nesses versos finais do poema, encontramos as seguintes
Cidade Luz [z: Paris)
figuras de linguagem:
Veneza Brasileira (= Recife)
(A) silepse e zeugma
Cidade Maravilhosa (= Rio de Janeiro)
(B) eufemismo e ironia.
Rei dos Animais (= leão)
(C) prosopopeia e metáfora.
(D) aliteração e polissíndeto.
Gradação: é uma sequência de palavras ou ideias que
(E) anástrofe e aposiopese.
servem de intensificação numa sequência temporal. Ex.:
"Dissecou-a a tal ponto, e com tal arte, que ela, rota, baça,
02. (IF/PA - Auxiliar em Administração - FUNRIO/2016)
nojenta, vil."
(Raimundo Corrêa)
“Eu sou de lá / Onde o Brasil verdeja a alma e o rio é mar / Eu
sou de lá / Terra morena que eu amo tanto, meu Pará.” (Pe. Fábio
de Melo, “Eu Sou de Lá”)
Ironia: consiste em dizer o oposto do que se pensa, com
intenção sarcástica ou depreciativa. Exemplos:
Nesse trecho da canção gravada por Fafá de Belém,
"A excelente Dona lnácia era mestra na arte de judiar de
encontramos a seguinte figura de linguagem:
criança." (Monteiro Lobato)
(A) antítese.
"Dona Clotilde, o arcanjo do seu filho quebrou minhas
(B) eufemismo.
vidraças."
(C) ironia
(D) metáfora
Hipérbole: é a figura do exagero, a fim de proporcionar
(E) silepse.
uma imagem chocante ou emocionante. Exemplos:
"Rios te correrão dos olhos, se chorares!" (Olavo Bilac)
03. (Pref. de Itaquitinga/PE - Técnico em Enfermagem
"Existem mil maneiras de preparar Neston."
- IDHTEC/2016)
Eufemismo: Figura que atenua ideias desagradáveis ou
MAMÃ NEGRA (Canto de esperança)
penosas. Exemplos:
"E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir
Tua presença, minha Mãe - drama vivo duma Raça, Drama
Deus lhe pague." (Chico Buarque)
de carne e sangue Que a Vida escreveu com a pena dos séculos!
Paz derradeira = morte
Pelo teu regaço, minha Mãe, Outras gentes embaladas à voz da
ternura ninadas do teu leite alimentadas de bondade e poesia
"Aquele homem de índole duvidosa apropriou-se (ladrão)
de música ritmo e graça... santos poetas e sábios... Outras
indevidamente dos meus pertences." (roubou)
gentes... não teus filhos, que estes nascendo alimárias
semoventes, coisas várias, mais são filhos da desgraça: a
Disfemismo: expressão grosseira em lugar de outra,
enxada é o seu brinquedo trabalho escravo - folguedo... Pelos
suave, branda. Exemplo:
teus olhos, minha Mãe Vejo oceanos de dor Claridades de sol-
“Você não passa de um porco ... um pobretão.”
posto, paisagens Roxas paisagens Mas vejo (Oh! se vejo! ...) mas
vejo também que a luz roubada aos teus [olhos, ora esplende
Personificação ou Prosopopeia: Consiste em dar vida a
demoniacamente tentadora - como a Certeza... cintilantemente
seres inanimados. Exemplos:
firme - como a Esperança... em nós outros, teus filhos, gerando,
"O vento beija meus cabelos
formando, anunciando - o dia da humanidade.
As ondas lambem minhas pernas (Viriato da Cruz. Poemas, 1961, Lisboa, Casa dos Estudantes do Império)
O sol abraça o meu corpo."
(Lulu Santos - Nelson Motta)
O poema, Mamã Negra:
(A) É uma metáfora para a pátria sendo referência de um
"Sob o sol respira o mar,
país africano que foi colonizado e teve sua população
dedilhando as ondas, belo olhar.
escravizada.
Faiscando espumas, lágrimas
(B) É um vocativo e clama pelos efeitos negativos da
saúdam sereias amantes:
escravização dos povos africanos.
Te escutam, te amam, te lambem."
(Nel de Moraes)
(C) É a referência resumida a todo o povo que compõe um
país libertado depois de séculos de escravidão.
Reificação: consiste em 'coisificar' os seres humanos. (D) É o sofrimento que acometeu todo o povo que ficou na
Exemplo: "Tia, já botei os candidatos na lista." terra e teve seus filhos levados pelo colonizador.
(E) É a figura do colonizador que mesmo exercendo o
Lítotes: consiste em negar por afirmação ou vice-versa. poder por meio da opressão foi “ninado “ela Mamã Negra.
Exemplos:

30
Flor do Lácio (= Língua Portuguesa)

Língua Portuguesa 76
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APOSTILAS OPÇÃO

04. (Pref. de Florianópolis/SC - Auxiliar de Sala - contexto em que se encontra, assim como as personagens e as
FEPESE/2016) Analise as frases abaixo: condições de produção do texto.
Em um texto narrativo, o autor pode optar por três tipos
1. “Calções negros corriam, pulavam durante o jogo.” de discurso: o discurso direto, o discurso indireto e o discurso
2. A mulher conquistou o seu lugar! indireto livre. Não necessariamente estes três discursos estão
3. Todo cais é uma saudade de pedra. separados, eles podem aparecer juntos em um texto, mas
4. Os microfones foram implacáveis com os novos artistas. dependerá de quem o produziu.
Vejamos cada um deles:
Assinale a alternativa que corresponde correta e
sequencialmente às figuras de linguagem apresentadas: Discurso Direto
(A) metáfora, metonímia, metáfora, metonímia
(B) metonímia, metonímia, metáfora, metáfora Neste tipo de discurso as personagens ganham voz. É o que
(C) metonímia, metonímia, metáfora, metonímia ocorre normalmente em diálogos. Isso permite que traços da
(D) metonímia, metáfora, metonímia, metáfora fala e da personalidade das personagens sejam destacados e
(E) metáfora, metáfora, metonímia, metáfora expostos no texto. O discurso direto reproduz fielmente as
falas das personagens. Verbos como dizer, falar, perguntar,
05. (COMLURB - Técnico de Segurança do Trabalho - entre outros, servem para que as falas das personagens sejam
IBFC/2016) Leia o poema abaixo e assinale a alternativa que introduzidas e elas ganhem vida, como em uma peça teatral.
indica a figura de linguagem presente no texto: Ao ponto que travessões, dois pontos, aspas e exclamações
Amor é fogo que arde sem se ver são muito comuns durante a reprodução destas falas.
Amor é fogo que arde sem se ver; Exemplos:
É ferida que dói e não se sente; “O Guaxinim está inquieto, mexe dum lado pra outro. Eis
É um contentamento descontente; que suspira lá na língua dele - Chente! que vida dura esta de
É dor que desatina sem doer; guaxinim do banhado!...”
(Camões)
“- Mano Poeta, se enganche na minha garupa!”
(A) Onomatopeia
(B) Metáfora Discurso Indireto
(C) Personificação
(D) Pleonasmo O narrador conta a história e reproduz fala, e reações das
Respostas personagens. É escrito normalmente em terceira pessoa.
01.C / 02.D / 03.A / 04.C / 05.B Nesse caso, o narrador se utiliza de palavras suas para
reproduzir aquilo que foi dito pela personagem. Exemplos:

Criação de palavras; Uso do “Elisiário confessou que estava com sono.” (Machado de Assis)
travessão; Discurso direto e “Fora preso pela manhã, logo ao erguer-se da cama, e, pelo
indireto; Imagens; Pessoa do cálculo aproximado do tempo, pois estava sem relógio e
discurso; Relações entre nome mesmo se o tivesse não poderia consultá-la à fraca luz da
masmorra, imaginava podiam ser onze horas.” (Lima Barreto)
e personagem; História em
quadrinhos; Relação entre Passagem do discurso direto para discurso indireto
ideias; Intensificações;
Na passagem do discurso direto para o discurso indireto,
Personificação; Oposição; ocorre mudança nas pessoas do discurso, mudança nos
Provérbios; Discurso direto; tempos verbais, mudança na pontuação das frases e mudança
Onomatopeias; Aliteração; nos advérbios e adjuntos adverbiais.
Assonância; Repetições; Mudança das pessoas do discurso: toda a narrativa que
Relações; Expressões ao pé da se encontre na 1.ª pessoa no discurso direto passa para a 3.ª
letra; Palavras e ilustrações; pessoa no discurso indireto, incluindo nessa mudança não só
o verbo, mas também todos os pronomes que aparecem na
Metáfora; Associação de frase, como os pronomes eu, nós e meu, que passam para
ideias. Denotação e ele/ela, eles/elas e seu no discurso indireto.
Conotação; Eufemismo;
Mudança de tempos verbais nos tempos do indicativo:
Hipérbole; Ironia; o presente no discurso direto passa para pretérito imperfeito
Prosopopeia; Catacrese; no discurso indireto, o pretérito perfeito no discurso direto
Paradoxo; Metonímia; Elipse; passa para pretérito mais-que-perfeito no discurso indireto e
o futuro do presente no discurso direto passa para futuro do
Pleonasmo; Silepse; Antítese; pretérito no discurso indireto.
Sinestesia; Vícios de
Linguagem. Mudança de tempos verbais nos tempos do subjuntivo:
O presente e o futuro no discurso direto passam para pretérito
imperfeito no discurso indireto.

DISCURSO DIRETO, INDIRETO E INDIRETO LIVRE Mudança de tempos verbais no imperativo: o


imperativo no discurso direto passa para pretérito imperfeito
Discurso é a prática humana de construir textos, sejam eles do subjuntivo no discurso indireto.
escritos ou orais. Sendo assim, todo discurso é uma prática
social. A análise de um discurso deve, portanto, considerar o

Língua Portuguesa 77
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APOSTILAS OPÇÃO

Mudança na pontuação das frases: frases interrogativas, Reprodução fiel da fala da personagem, é demarcado pelo
exclamativas e imperativas no discurso direto passam para uso de travessão, aspas ou dois pontos. Nesse tipo de discurso,
frases declarativas no discurso indireto. as falas vêm acompanhadas por um verbo de elocução,
responsável por indicar a fala da personagem.
Mudança nas noções temporais: as noções temporais Ocorre quando o narrador utiliza as próprias palavras para
como ontem, hoje e amanhã no discurso direto passam para no reproduzir a fala de um personagem.
dia anterior, naquele dia e no dia seguinte no discurso indireto. Tipo de discurso misto no qual são associadas as
características de dois discursos para a produção de outro.
Mudança nas noções espaciais: as noções espaciais como Nele a fala da personagem é inserida de maneira discreta no
aqui, aí, este e isto no discurso direto passam para ali, lá, aquele discurso do narrador.
e aquilo no discurso indireto.
Discurso direto: Iremos de férias amanhã. ( ) discurso indireto
Discurso indireto: Eles disseram que iriam de férias no dia ( ) discurso indireto livre
seguinte. ( ) discurso direto

Discurso Indireto Livre (A) 3, 2 e 1.


(B) 2, 3 e 1.
O texto é escrito em terceira pessoa e o narrador conta a (C) 1, 2 e 3.
história, mas as personagens têm voz própria, de acordo com (D) 3, 1 e 2.
a necessidade do autor de fazê-lo. Sendo assim é uma mistura
dos outros dois tipos de discurso e as duas vozes se fundem. 04. “Impossível dar cabo daquela praga. Estirou os olhos
Exemplos: pela campina, achou-se isolado. Sozinho num mundo coberto
“Que vontade de voar lhe veio agora! Correu outra vez com de penas, de aves que iam comê-lo. Pensou na mulher e
a respiração presa. Já nem podia mais. Estava desanimado. Que suspirou. Coitada de Sinhá Vitória, novamente nos
pena! Houve um momento em que esteve quase... quase!” descampados, transportando o baú de folha.”

“Retirou as asas e estraçalhou-a. Só tinham beleza. O narrador desse texto mistura-se de tal forma à
Entretanto, qualquer urubu... que raiva...” (Ana Maria Machado) personagem que dá a impressão de que não há diferença entre
eles. A personagem fala misturada à narração. Esse discurso é
“D. Aurora sacudiu a cabeça e afastou o juízo temerário. chamado:
Para que estar catando defeitos no próximo? Eram todos (A) discurso indireto livre
irmãos. Irmãos.” (Graciliano Ramos)31 (B) discurso direto
(C) discurso indireto
Questões (D) discurso implícito
(E) discurso explícito
01. Sobre o discurso indireto é correto afirmar, EXCETO:
(A) No discurso indireto, o narrador utiliza suas próprias Gabarito
palavras para reproduzir a fala de um personagem. 01.D / 02. C / 03. B / 04.A
(B) O narrador é o porta-voz das falas e dos pensamentos
das personagens. Língua Falada e Língua Escrita
(C) Normalmente é escrito na terceira pessoa. As falas são
iniciadas com o sujeito, mais o verbo de elocução seguido da Não devemos confundir língua com escrita, pois são dois
fala da personagem. meios de comunicação distintos. A escrita representa um
(D) No discurso indireto as personagens são conhecidas estágio posterior de uma língua. A língua falada é mais
através de seu próprio discurso, ou seja, através de suas espontânea, abrange a comunicação linguística em toda sua
próprias palavras. totalidade. Além disso, é acompanhada pelo tom de voz,
algumas vezes por mímicas, incluindo-se fisionomias. A língua
02. Assinale a alternativa que melhor complete o seguinte escrita não é apenas a representação da língua falada, mas sim
trecho: um sistema mais disciplinado e rígido, uma vez que não conta
No plano expressivo, a força da ____________ em _____________ com o jogo fisionômico, as mímicas e o tom de voz do falante.
provém essencialmente de sua capacidade de _____________ o No Brasil, por exemplo, todos falam a língua portuguesa,
episódio, fazendo ______________ da situação a personagem, mas existem usos diferentes da língua devido a diversos
tornando-a viva para o ouvinte, à maneira de uma cena de fatores. Dentre eles, destacam-se:
teatro __________ o narrador desempenha a mera função de
indicador de falas. Fatores regionais: é possível notar a diferença do
(A) narração - discurso indireto - enfatizar - ressurgir – português falado por um habitante da região nordeste e outro
onde; da região sudeste do Brasil. Dentro de uma mesma região,
(B) narração - discurso onisciente - vivificar - demonstrar- também há variações no uso da língua. No estado do Rio
se – donde; Grande do Sul, por exemplo, há diferenças entre a língua
(C) narração - discurso direto - atualizar - emergir - em utilizada por um cidadão que vive na capital e aquela utilizada
que; por um cidadão do interior do estado.
(D) narração - discurso indireto livre - humanizar - imergir
- na qual; Fatores culturais: o grau de escolarização e a formação
(E) dissertação - discurso direto e indireto - dinamizar - cultural de um indivíduo também são fatores que colaboram
protagonizar - em que. para os diferentes usos da língua. Uma pessoa escolarizada
utiliza a língua de uma maneira diferente da pessoa que não
03. Faça a associação entre os tipos de discurso e assinale teve acesso à escola.
a sequência correta.

31
Celso Cunha in Gramática da Língua Portuguesa, 2ª edição

Língua Portuguesa 78
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APOSTILAS OPÇÃO

Fatores contextuais: nosso modo de falar varia de acordo É possível esquecer o interlocutor
com a situação em que nos encontramos: quando conversamos É mais sintética.
com nossos amigos, não usamos os termos que usaríamos se A redundância é um recurso estilístico
estivéssemos discursando em uma solenidade de formatura. Comunicação unilateral.
Ganha em permanência
Fatores profissionais: o exercício de algumas atividades Mais correção na elaboração das frases.
requer o domínio de certas formas de língua chamadas Evita a improvisação
línguas técnicas. Abundantes em termos específicos, essas Pobreza de recursos não-linguísticos; uso de letras, sinais
formas têm uso praticamente restrito ao intercâmbio técnico de pontuação
de engenheiros, químicos, profissionais da área de direito e da É mais precisa e elaborada.
informática, biólogos, médicos, linguistas e outros Ausência de cacoetes linguísticos e vulgarismos
especialistas. O contexto extralinguístico tem menos influência

Fatores naturais: o uso da língua pelos falantes sofre Registros da língua falada
influência de fatores naturais, como idade e sexo. Uma criança
não utiliza a língua da mesma maneira que um adulto, daí Há pelo menos dois níveis de língua falada: a culta ou
falar-se em linguagem infantil e linguagem adulta. padrão e a coloquial ou popular. A linguagem coloquial
também aparece nas gírias, na linguagem familiar, na
Fala linguagem vulgar e nos regionalismos e dialetos.
Essas variações são explicadas por vários fatores:
É a utilização oral da língua pelo indivíduo. É um ato Diversidade de situações em que se encontra o falante:
individual, pois cada indivíduo, para a manifestação da fala, uma solenidade ou uma festa entre amigos.
pode escolher os elementos da língua que lhe convém, Grau de instrução do falante e também do ouvinte.
conforme seu gosto e sua necessidade, de acordo com a Grupo a que pertence o falante. Este é um fator
situação, o contexto, sua personalidade, o ambiente determinante na formação da gíria.
sociocultural em que vive, etc. Desse modo, dentro da unidade Localização geográfica: há muitas diferenças entre o falar
da língua, há uma grande diversificação nos mais variados de um nordestino e o de um gaúcho, por exemplo. Essas
níveis da fala. Cada indivíduo, além de conhecer o que fala, diferenças constituem os regionalismos e os dialetos.
conhece também o que os outros falam; é por isso que somos
capazes de dialogar com pessoas dos mais variados graus de Atenção: o dialeto é a variedade regional de uma língua.
cultura, embora nem sempre a linguagem delas seja Quando as diferenças regionais não são suficientes para
exatamente como a nossa. constituir um dialeto, utiliza-se os termos regionalismos ou
falares para designá-las. E as pichações têm características da
Níveis da fala linguagem falada.

Devido ao caráter individual da fala, é possível observar A língua falada como recurso literário
alguns níveis:
A transcrição da língua falada é um recurso cada vez mais
Nível coloquial-popular: é a fala que a maioria das explorado pela literatura graças à vivacidade que confere ao
pessoas utiliza no seu dia a dia, principalmente em situações texto.
informais. Esse nível da fala é mais espontâneo, ao utiizá-lo, Observe, no trecho seguinte, algumas das características
não nos preocupamos em saber se falamos de acordo ou não da língua falada, tais como o uso de gírias e de expressões
com as regras formais estabelecidas pela língua. populares e regionais; incorreções gramaticais (erros na
conjugação verbal e colocação de pronomes) e repetições:
Nível formal-culto: é o nível da fala normalmente utilizado
pelas pessoas em situações formais. Caracteriza-se por um Exemplo:
cuidado maior com o vocabulário e pela obediência às regras “– Menino, eu nada disto sei dizer. A outro eu não falava,
gramaticais estabelecidas pela língua. mas a ti eu digo. Eu não sei que gosto tem esse bicho de mulher.
Diferenças existentes entre a língua falada e a escrita Eu vi Aparício se pegando nas danças, andar por aí atrás das
outras, contar histórias de namoro. E eu nada. Pensei que fosse
Língua Falada: doença, e quem sabe não é? Cantador assim como eu, Bentinho,
é mesmo que novilho capado. Tenho desgosto. A voz de
Palavra sonora; Domício era de quem falava para se confessar:
Requer a presença dos interlocutores; – Desgosto eu tenho, pra que negar?... “
Ganha em vivacidade; (Pedra Bonita, de José Lins do Rego)
É espontânea e imediata;
Uso de palavras-curinga, de frases feitas; Registros da língua escrita
É repetitiva e redundante;
O contexto extralinguístico é importante; Além dos dois grandes níveis – língua culta e língua
A expressividade permite prescindir de certas regras; coloquial –, os registros escritos são tão distintos quanto as
A informação é permeada de subjetividade e influenciada necessidades humanas de comunicação. Destacam-se, entre
pela presença do interlocutor. outros, os registros jornalísticos, jurídicos, científicos,
literários e epistolares.
Recursos: signos acústicos e extralinguísticos, gestos,
entorno físico e psíquico Fontes:
http://www.soportugues.com.br/secoes/seman/seman4.php
Língua Escrita: http://www.vestibular1.com.br/redacao/red020.htm

Palavra gráfica
É mais objetiva.

Língua Portuguesa 79
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APOSTILAS OPÇÃO

Tirinhas As historias em quadrinhos abordam vários temas nos quais o


professor pode escolher as que melhor satisfazem as
As tirinhas, de acordo com Leide Vilma Pereira Santos são necessidades do seu planejamento.
narativas curtas, desenvolvidas geralmente em três quadros,
no nosso caso são onze quadros, pois esta foi uma tirinha Pesquisa realizada recentemente declarou que, fica mais
especial de Carnaval. Ao leitor, é exigido o conhecimento fácil o processo de aprendizagem e memorização quando
prévio, são caracterizados com o auxilio dos dialogos somados estabelecemos a ligação com o conhecimento prévio do aluno.
a elementos visuais, mais especificamente pela inferência A revista Nova Escola publicou em abril de 1998 uma
sugerida no ultimo quadrinho: alguém deve se sentir como o reportagem intitulada “Quadrinhos poderosa ferramenta
personagem, já que ele se sente como outra pessoa. O desfecho pedagógica” na qual há depoimentos de professores que
inesperado, é o que provoca o efeito de humor. O que reforça a afirmam que 100% dos alunos gostam de historias em
idéia de que a história surpreeende em seu final é a expressão quadrinhos. Portanto, é recomendável o uso em historias em
facial e o que é dito, sugerindo ao leitor um ar de desdém. A quadrinhos, podemos observar na historinha da “Cambada do
fonte de comicidade reside mais nos elementos verbais, o Feioso” fatores que implicam na capacidade de observação e
aspecto visual, embora importante é tido como complementar, expressão, aguça o senso de humor e a leitura critica;
assim a explicação se ancora em elementos linguísticos. correlaciona mensagem verbal e não verbal, assim como
Existem casos que o aspecto visual, sobrepõe-se ao verbal, a também a cultura formal e informal. Alem de conhecer e
fonte da comicidade, está na leitura visual e na inferência que respeitar as variantes linguísticas do português falado
ela permite. Vale mensionar que ocorre narrativas que desvendando as formas coloquiais da linguagem.
apresentam um quadro só e sem diálogos, além de que tem
como elemento mediador ou disjuntor um recurso visual e não
linguísticos. Ainda e tem casos em que os elementos visuais e
verbais trabalham de forma mais harmoniosas sendo ambos
igualmente relevantes.

As tirinhas ajudam a aproximação das informações


cientificam artísticas e históricas da realidade social do aluno,
ajudando a desenvolver melhor a produção de textos. Do
ponto de vista governamental, os quadrinhos são vistos, como
ferramenta bastante atraente para estimular a leitura dos
alunos. O que pode ser comprovado através do MEC, pois o
As tirinhas em quadrinhos, são definidas por Santos mesmo acredita que a inclusão dessas obras, facilita o
(2002), como uma forma de comunicação visual impressa que aprendizado das crianças em temas mais difíceis. É
se soma a elementos verbais para compor uma narrativa. Pode interessante que o professor ofereça a seus alunos, as tirinhas
ser publicada de diversas maneiras, entre elas em formato de ou revistas em quadrinhos e de imagens, como outra opção de
tirinhas, como vemos diariamente nos cadernos de cultura dos formas gráficas para se contar historias e também na
jornais de nosso estado. exemplificação da língua portuguesa usada no cotidiano.

Segundo Santos as tirinhas podem ser apresentadas de Questões


duas forma distintas: A primeira como trecho de uma 01.
narrativa maior em que apenas uma parte da historia é
apresentada ao leitor, o funcionamento seria parecido com o
de uma novela de televisão em que o telespectador vivencia
em doses diárias uma história mais longa. Nas tirinhas, a cada
dia, o leitor lê um pedaço da aventura (servem de exemplo os
personagens de Mandrake e Fantasma entre outros) que em
gera não tem cunho cômico. A segunda é a que nos interessa, é
a tirinha humoristica, como foi chamada pelo autor. Seria uma
história que apresenta uma gag, termo entendido por Santos
como uma piada diaria, dado que na maioria dos casos, é
publicada diariamente pelos jornais. Para explicar esse tipo de
tirinha, vale o texto de Morin (1973)., a autora européia aborda
textos de humor, ou historietas cômicas, como foi traduzido
para o português, tais produções teriam em comum três
funções: A normalização apresentava os personagens, a
locutora de deflagração colocaria o problema a ser resolvido e
a interlocutora de distinção se encarregaria de transitar a
narrativa vigente de um modo sério para o modo cômico. A
mudança de um desfecho “absurdo” o suficiente para causar
humor no interlocutor.

Pode-se compreender, pela interpretação dos


O uso das tirinhas em quadrinhos contribui com o trabalho quadrinhos,que:
do professor em níveis diferentes de ensino, visto que é um
roteiro de fácil acesso aos alunos para entretenimento e lazer. (A) o tucano considera que a atividade de tráfico de
animais silvestres não é, em nada, perigosa ou arriscada.

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APOSTILAS OPÇÃO

(B) o elefante considera que trabalhar é mais arriscado do 03.


que envolver-se no tráfico de animais silvestres.
(C) tanto o elefante quanto o tucano, ainda que
implicitamente, fazem um elogio ao tráfico de animais
silvestres.
(D) o tucano considera que trabalhar é mais perigoso do
que negociar-se com um traficante de animais silvestres.
(E) tucano e elefante disputam quem conseguirá o melhor
valor em dinheiro ao se venderem para traficantes de animais.

02.

Disponível em: <


https://www.google.com.br/search?q=tiras+consumismo >. Acesso
em: 5 fev. 2014.

O conhecimento de que as tiras da Mafalda refletem sobre


a humanidade, a paz e o estado atual do mundo e a aparente
ingenuidade de Miguelito no último quadrinho da tira
contribuem para que o leitor atento
(A) sorria de modo despropositado por se tratar de um
texto humorístico.
(B) tenha uma visão crítica em relação às investidas
consumistas da mídia.
(C) chegue à conclusão de que uma das personagens
exagera em sua interpretação.
(D) perceba que a felicidade propagada consiste em
realizar atividades simples do cotidiano.

04. Observe a tira de Hagar abaixo:

Na tira acima, a palavra GLÓRIA aparece três vezes e foi


usada:
(A) sempre com o mesmo sentido de honra, fama.
(B) na primeira vez como sinônimo de honra/fama e
depois como substantivo próprio;
(C) na primeira vez como adjetivo e depois como
substantivo próprio;
Pode-se afirmar que o personagem Horácio:
(D) sempre como substantivo próprio;
(A) acumulou experiências diante dos percalços para
poder vislumbrar perspectivas mais promissoras.
Respostas
(B) sucumbiu às vicissitudes da vida, deixando-se levar
pelos momentos difíceis por que passava.
01. Resposta D - Quando o personagem elefante faz a
(C) viveu intensamente os dias alegres de sol e não se
pergunta “Você não acha isso ‘muito perigoso’?” para o
preocupou com o que poderia lhe acontecer no futuro.
personagem tucano, obtemos como resposta “Menos do que
(D) reconheceu que os perigos das noites escuras
trabalhar.”, provando, assim, que para o tucano é mais
impediam-no de explorar devidamente os dias de sol.
perigoso trabalhar do que participar do tráfico de animais
(E) manifestou inquietações com o fato de não poder
silvestres.
aproveitar os benefícios dos dias de sol.
02. Resposta A - O personagem Horácio compartilha suas
experiências de dias ruins (noite escura e fria) com o intuito
de evidenciar que eles são passageiros e servem para que
valorizemos os dias bons (dias de sol).

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APOSTILAS OPÇÃO

03. Resposta B - Na segunda fala de Miguelito Se há ideias principais e secundárias, como ocorre relação
constatamos que ele faz uma enumeração das coisas que viu entre elas?
durante as propagandas: passar desodorante, comer salsichas Muitas vezes, a técnica usada é a de explanação de ideias
e comprar máquina de lavar. Em seguida, o mesmo “em cadeia”; ocorre a explanação da ideia básica e, a seguir, o
personagem une tais ações ao fato de ser feliz. Portanto, desdobramento dessa ideia nos parágrafos subsequentes, a
podemos perceber a crítica instaurada contra essa técnica fim de discutir, aprofundar o assunto.
utilizada no marketing, técnica que faz o consumidor acreditar A clareza e a objetividade devem caracterizar a estrutura
que será feliz comprando seu produto. do texto, para que as ideias nela contidas possam atingir o
propósito de sua mensagem. Tal propósito, por sua vez, pode
04. Resposta B - “Em busca de glória” – glória = ser alcançado através dos mecanismos linguísticos que se
substantivo de dois gêneros. Significado: honra, fama, renome, associam às relações de coordenação e subordinação de
celebridade que se alcança pelas virtudes, talentos, boas ações. ideias-conjunções.
“Em busca da Glória” – Glória = substantivo próprio / nome Vejamos, pois, como uma série de enunciados simples,
feminino. coordenados e relacionados pelo sentido, pode articular-se
para formar um período complexo em que haverá uma ideia
Ideias Principais e Ideias Secundárias principal e outras que lhe servirão de suporte:

Em todo argumento ou raciocínio existem ideias que são Júlia chegou ao Chile em 1985.
principais, ou seja, são os pontos destacados desse discurso
pessoal. Ela não contava ainda com seis anos.
Ideias que valorizam determinado ponto de vista.
Entretanto, estas ideias principais contam com o reforço das Ela teve que acompanhar a família.
ideias secundárias, estas últimas que são muito valiosas e
contribuem com aspectos positivos do ponto de vista pessoal. Após a chegada, matriculou-se logo numa escola para
estrangeiros.
Saber distinguir a ideia principal das complementares Ideia mais importante: a chegada de Júlia.
Um dos pontos mais importantes na oratória consiste Admitamos que o fato considerado mais importante seja a
precisamente em saber diferenciar claramente quais são os chegada de Júlia ao Chile. A versão do período poderia ser a
pontos de destaque numa exposição oral e quais são as ideias seguinte:
secundárias para poder contribuir com uma estrutura lógica ‘“Júlia, que não contava ainda com seis anos, chegou em
nesta exposição. 1985 ao Chile, para onde ela teve de acompanhar a família,
matriculando-se numa escola para estrangeiros”.
Contribuir com argumentos Da oração principal “Júlia chegou em 1985 ao Chile”
Do mesmo modo, esta diferenciação também é essencial ao dependem as demais.
aplicar uma das técnicas de estudo mais habituais na
compreensão de um texto: o sublinhado. Ao sublinhar em um Fontes: http://professorvallim.blogspot.com.br/2010/12/interpretacao-de-
texto.html
texto as ideias destacadas com alguma cor chamativa é http://queconceito.com.br/ideias-secundarias
indispensável grifar apenas as informações que são valiosas.
As ideias secundárias de um texto são aquelas que trazem Efeitos de Ironia em Textos
informação complementar, ideias derivadas de um argumento
principal. Atuam como se tratasse de um complemento. A ironia é um instrumento de literatura ou de retórica que
Existe uma relação de ligação entre a ideia principal e a consiste em dizer o contrário daquilo que se pensa, deixando
ideia secundária de um texto, estão relacionadas entre si na entender uma distância intencional entre aquilo que dizemos
qual o significado completo de uma ideia secundária pode ser e aquilo que realmente pensamos. Na Literatura, a ironia é a
compreendido melhor em relação ao ponto de vista principal. arte de gozar com alguém ou de alguma coisa, com vista a obter
Estas ideias têm uma função de reforço na mensagem, como uma reação do leitor, ouvinte ou interlocutor.
também trazem mais justificativas e aspectos concretos à Ela pode ser utilizada, entre outras formas, com o objetivo
mesma. de denunciar, de criticar ou de censurar algo. Para tal, o locutor
descreve a realidade com termos aparentemente valorizantes,
Como identificar a ideia principal do texto mas com a finalidade de desvalorizar. A ironia convida o leitor
O uso das ideias secundárias não significa dar rodeios. ou o ouvinte, a ser ativo durante a leitura, para refletir sobre o
Existe um ponto importante para diferenciar qual é a ideia tema e escolher uma determinada posição.
principal de um texto daquela que é secundária. A ideia A maior parte das teorias de retórica distingue três tipos
principal é aquela que mesmo com a diminuição do parágrafo de ironia: oral, dramática e de situação.
continua tendo o mesmo valor e significado por si só. Em
compensação, não ocorre o mesmo com o resto das ideias. - A ironia oral é a disparidade entre a expressão e a
Esta aprendizagem tem grande valor, uma vez que permite intenção: quando um locutor diz uma coisa, mas pretende
melhorar a compreensão da leitura, da comunicação oral e a expressar outra, ou então quando um significado literal é
ter melhor domínio da linguagem através da expressão escrita contrário para atingir o efeito desejado.
com uma estrutura mais coerente. Por outro lado, esta
compreensão traz mais eficiência para a comunicação. - A ironia dramática (ou sátira) é a disparidade entre a
Para compreendermos um texto é necessário descobrir expressão e a compreensão/cognição: quando uma palavra ou
sua estrutura interna; nela encontraremos ideias principais e uma ação põe uma questão em jogo e a plateia entende o
secundárias e precisamos descobrir como essas ideias se significado da situação, mas a personagem não.
relacionam.
As ideias principais giram em torno do tema central, de um - A ironia de situação é a disparidade existente entre a
assunto-núcleo contida no texto; a ela somam-se as intenção e o resultado: quando o resultado de uma ação é
secundárias, que só são importantes enquanto corroboradas contrário ao desejo ou efeito esperado. Da mesma maneira, a
do tema central. ironia infinita é a disparidade entre o desejo humano e as
duras realidades do mundo externo.

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APOSTILAS OPÇÃO

Exemplo: utilização dela. Os resultados obtidos nessa avaliação não são


__Você está intolerante hoje. de caráter totalmente conclusivo, sua função real é apresentar
__Não diga, meu amor! um panorama sobre a adequação do uso desta figura
semântica. É necessário também ressaltar que como base para
É também um estilo de linguagem caracterizado por essa análise foi utilizado apenas material teórico, ou seja, sem
subverter o símbolo que, a princípio, representa. A ironia nenhuma experiência prática. Por fim busca-se mostrar que a
utiliza-se como uma forma de linguagem pré-estabelecida ironia é uma “arma” que se utilizada de uma maneira
para, a partir e de dentro dela, contestá-la. Foi utilizada por inteligente possui um grande valor. Jornalismo, Literatura,
Sócrates, na Grécia Antiga, como ferramenta para fazer os seus Política e até mesmo em cenas cotidianas como conversas
interlocutures entrarem em contradição, no seu método entre amigos ou no trabalho a ironia se faz presente muitas
socrático. vezes.
Definir essa figura semântica nos leva a percorrer diversos
Leia este trecho escrito por Murilo Mendes: caminhos, pois se trata de algo com múltiplas faces e
“Uma moça nossa vizinha dedilhava admiravelmente mal ao consequentemente com várias teorias e linhas de
piano alguns estudos de Litz”. pensamentos.
Além da velha definição de ironia que é dizer uma coisa e
Observe que a expressão “admiravelmente” é exatamente o dar a entender o contrário pode-se também a definir de outras
oposto do adjetivo posterior “mal”, deixando bastante clara a maneiras como, por exemplo, a busca por dizer algo que venha
presença da ironia ou antífrase, figura de linguagem que a instigar uma série de interpretações subversivas sobre o que
expressa um sentido contrário ao significado habitual. foi dito.
Ter domínio do bom senso e alguma noção sobre ética é
Segundo Pires, existem três tipos de ironia: importante para ser irônico sem ser ofensivo, para ser
“escrachado” e mesmo assim ser inteligente, para usar essa
- asteísmo: quando louva; ferramenta como algo enriquecedor no contexto determinado.
O fato de ser irônico gera muitas controvérsias, certo
- sarcasmo: quando zomba; descontentamento, normalmente ligado a dificuldade de
entendimento dessa figura linguística, o que nos remete a
- antífrase: quando engrandece ideias funestas, erradas, outras questões como raciocínio lógico, senso de humor e
fora de propósito e quando se faz uso carinhoso de termos mente aberta.
ofensivos. A ironia realmente está quase que totalmente interligada
com o humor, dentre as várias formas do mesmo, até pode-se
Veja exemplos na literatura: dizer que é preciso certo refinamento de humor para entender
“Moça linda bem tratada, três séculos de família, burra como grande parte das questões onde se emprega elementos
uma porta: um amor!” (Mário de Andrade) irônicos.
Outra questão importante a ser ressaltada é o fato do
“A excelente dona Inácia era mestra na arte de judiar domínio de contexto/situação para que possa haver uma
crianças”. (Monteiro Lobato) melhor compreensão da ideia que se está tentando passar ao
se expressar ironicamente, havendo isso ocorre uma
Exemplo em textos falados: facilitação maior que vai possibilitar uma melhor interação
“Quem foi o inteligente que usou o computador e apagou entre todas as partes.
tudo o que estava gravado?” A ironia é definida por muitos teóricos como a figura de
“Essa cômoda está tão limpinha que dá para escrever com o linguagem mais interessante que existe, tanto pelo seu caráter
dedo.” ousado e desafiador, mas também pela grande possibilidade
“João é tão experto que travou o carro com a chave dentro.” de enriquecimento da fala e escrita. Seu uso feito de forma
adequada possui uma tendência muito forte de ser o
O contexto é de fundamental importância para a diferencial do trabalho ou situação, sempre tendo em vista
compreensão da ironia, pois, inserindo a situação onde a fala todas essas questões contextuais e as consequências de
foi produzida e a entonação do falante, determinamos em que empregar corretamente esse elemento linguístico. Por se
sentido as palavras estão empregadas. Veja estes exemplos: tratar de um elemento linguístico com uma enorme
“Olá, Carlos. Como você está em forma!” possibilidade de uso nas mais variadas formas, compreender
“Meus parabéns pelo seu belo serviço!” um pouco das questões do surgimento da ironia e das relações
desta com as situações onde é empregada, se torna
As duas frases só podem ser compreendidas ironicamente fundamental, não só para uma melhor compreensão, mas
se a entonação da voz se der nas palavras “forma” e “belo”. também para uma melhor utilização que, assim, terá uma
Entretanto, isso não seria necessário se inseríssemos essas maior tendência de ser melhor absorvida pela outra(s)
afirmações nos seguintes contextos: parte(s) do diálogo.
Frase 1 – Carlos está pesando atualmente 140 quilos. A ironia pode ser considerada o elemento de linguagem
Frase 2 – O funcionário elogiado é um segurança que mais provocador que existe. Seu uso na maioria das vezes visa
dormiu em serviço e, por isso, não viu o meliante que roubou mesmo fazer uso dessas provocações geradas por essa figura
todo o dinheiro da empresa. linguística. Por isso mesmo é necessário muito cuidado ao ser
irônico, pois a compreensão por parte de todos depende
Não seria necessário inserir o contexto na frase 1, se a primeiramente da forma com que a ironia é passada. A
reformularmos da seguinte maneira: observação bem feita do contexto/situação onde está
“Olá, Carlos! Como você está em forma… de baleia!” ocorrendo a atividade é mais do que importante, é
fundamental, caso contrário o tiro pode sair pela culatra, a
Portanto, definimos como ironia a figura de linguagem que arma poderosa pode ter efeito contrário e colocar por água
afirma o contrário do que se quer dizer. abaixo uma série de questões relevantes. Então, ter um
São avaliadas diversas situações onde a ironia se apresenta domínio mesmo que mínimo desses fatos pode ser suficiente
nas suas mais variadas formas, buscando apontar as melhores para uma utilização “correta” e sem maiores perigos. Bom
direções para o uso da mesma e quando se deve evitar a

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APOSTILAS OPÇÃO

senso também é algo totalmente relevante dentro dessas Missing Out – algo equivalente a “medo de perder algo”) estão
questões. tentando explicar o que está por trás do desenvolvimento de
Provocante, ousada, pra muitos até irritante. Esses são aplicativos e dispositivos.
alguns dos muitos adjetivos que são dados a ironia, sendo que 10º. § Em Stanford, por exemplo, foi criado o Persuasive
essa é realmente algo muito complicado de se obter uma Technology Lab (Laboratório de Tecnologia da Persuasão).
definição final, não só pela sua amplitude, mas também pela São estudados nesse centro, por exemplo, os mecanismos que
sua versatilidade. causam essa espécie de “dependência” por parte do usuário
das redes sociais. Os resultados desses estudos acabam
Questões gerando mais aplicativos de persistent routine (rotina
persistente, quase um pleonasmo) ou behavioral loop
01. (Pref. De Matozinhos/MG – Advogado – (comportamento repetitivo), que integram-se à nossa rotina e,
FUMARC/2016) na maioria dos casos, não são produtivos – e sim, distrativos.
11º. § O Instagram talvez venha a ser o melhor exemplo,
O grande paradoxo das redes sociais virtuais definido como um produto habit-forming (ou criador de
Por Vinicius Pereira Colares em 12/02/2016 na edição 889 hábito). É comum conhecer pessoas que, ao acordar, assumem
abrir o aplicativo antes mesmo de sair da cama. Isso se torna,
1º.§ Existe uma contradição inerente ao uso de mídias em curto e médio prazo, o equivalente a despertar toda manhã
digitais. Essa afirmação comprova-se, principalmente, quando e puxar a alavanca de uma máquina de apostas em um cassino.
a ligamos ao smartphones. Ninguém usaria o celular por tanto 12º. § Essa incapacidade de controlar os próprios hábitos
tempo se não acreditasse de verdade nos benefícios dele. implica geralmente na falta de capacidade de controlar as
Poupar tempo, ser mais produtivo e ter acesso à informação próprias emoções. E são esses indivíduos que tentam, com o
em qualquer lugar são alguns dos aspectos positivos citados, uso das redes sociais, apropriar-se de uma imagem idealizada
geralmente. e controlar (ou contrariar) os atos do próximo.
2º. § Ao mesmo tempo, é cada vez mais comum ouvir 13º. § Existem maneiras de tentar mudar isso. Deixar o
relatos, quando estes são sinceros, de donos de smartphones smartphone longe da mesa enquanto faz uma refeição ou sair
que se sentem frustrados com o tempo empreendido nas redes de casa sem o celular no bolso, por exemplo. Mas a melhor e
sociais ou em outros aplicativos inúteis. Na tentativa de 4 mais valiosa dica é de Sherry Turkle: leia (ou releia) Walden,
controlar sua rotina (e imagem), o indivíduo, em sua de Henry David Thoreau.
contemporaneidade, é cada vez mais vulnerável. http://observatoriodaimprensa.com.br/e-noticias/o-
3º. § Desde 2007, com o lançamento do primeiro aparelho grande-paradoxo-das-redes-sociaisvirtuais/ [adaptado]
celular com um sistema operacional próprio totalmente touch-
screen (o primeiro iPhone da Apple), os hábitos mudaram. E As aspas sinalizam ironia em:
mudam-se os hábitos, sabe-se, mudam-se as pessoas. (A) Hoje “a arte da amizade”, diz Turkle, virou a arte de
4º. § A psicóloga e socióloga do MIT (Massachusetts saber dividir a atenção de alguém constantemente – com o
Institute of Technology), Sherry Turkle, analisou a smartphone, por exemplo.
possibilidade de um novo tipo de comunicação estar surgindo (B) O termo fight over text – que significa mais ou menos
com as novas tecnologias. “briga por mensagem de texto” – é extremamente ilustrativo
5º. § As amizades nesse cenário, por exemplo, mudaram. para pensar esse aspecto.
Hoje “a arte da amizade”, diz Turkle, virou a arte de saber (C) São estudados nesse centro, por exemplo, os
dividir a atenção de alguém constantemente – com o mecanismos que causam essa espécie de “dependência” por
smartphone, por exemplo. Quem nunca passou por uma parte do usuário das redes sociais.
situação parecida, de encontrar-se falando consigo mesmo, (D) Termos como Fomo (Fear Of Missing Out – algo
que atire a primeira pedra. equivalente a “medo de perder algo”) estão tentando explicar
6º. § É a possibilidade de repensar um ato que faz com que, o que está por trás do desenvolvimento de aplicativos e
normalmente, um indivíduo não repita um erro. Para alcançar dispositivos.
esse tipo de reflexão, porém, é preciso estar sozinho. Não é
uma regra, mas é sozinho que o sujeito consegue ponderar sua 01. (MRE – Oficial de Chancelaria – FGV/2016)
existência individual e, respectivamente, perceber a
independência daqueles que o cercam. As relações através das No começo era o pé
redes sociais impossibilitam, de certa forma, que tudo isso
aconteça. Sim, no começo era o pé. Se está provado, por descobertas
7º. § O termo fight over text – que significa mais ou menos arqueológicas, que há sete mil anos estes brasis já eram
“briga por mensagem de texto” – é extremamente ilustrativo habitados, pensai nestas legiões e legiões de pés que
para pensar esse aspecto. Um exemplo usado por Turkle: palmilharam nosso território. E pensai nestes passos, primeiro
Adam teve uma discussão séria com sua namorada. Ou melhor, sem destinos, machados de pedra abrindo as iniciais picadas
teve uma fight over text. Em uma situação onde ele seria na floresta. E nos pés dos que subiam às rochas distantes, já
tomado por um surto de pânico, Adam resolve mandar – e esse feitos pedra também, e nos que se enfeitaram de penas e
é o exemplo que a autora dá – uma foto de seu próprio pé receberam as primeiras botas dos conquistadores e as
(risos?) para a namorada. Isso alivia a situação e tudo acaba primeiras sandálias dos pregadores; pés barrentos, nus, ou
bem. enrolados de panos dos caminheiros, pés sobre-humanos dos
8º. § Essa possibilidade de esconder vulnerabilidades bandeirantes que alargaram um império, quase sempre
explica, de certa forma, o crescimento de aplicativos como o arrastando passos e mais passos em chãos desconhecidos, dos
Snapchat (e suas mensagens “fantasmas”) e o Instagram. marinheiros dos barcos primitivos e dos que subiram aos
Nessas redes sociais, o Adam de Turkle é sempre o Adam que mastros das grandes naus. Depois o Brasil se fez sedentário
quer ser. Não é por um acaso que o Facetime, aplicativo da numa parte de seu povo. Houve os pés descalços que
Apple onde os envolvidos conversam por vídeo, não deu tão carregaram os pés calçados, pelas estradas. A moleza das
certo quanto o esperado. 5 sinhazinhas de pequeninos pés redondos, quase dispensáveis
9º. § As mídias digitais e as redes sociais estão pela falta de exercício. E depois das cadeirinhas, das
movimentando uma quantidade cada vez maior de pesquisas carruagens, das redes carregadas por escravos, as primeiras
em torno de suas problemáticas. Termos como Fomo (Fear Of grandes estradas já com postos de montaria organizados, o

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pedágio de vinténs estabelecido já no século XVIII. Mas além Entrei para dentro de casa quando começou a anoitecer.
da abertura dos portos, depois da primeira etapa da Hoje fizeram-me uma surpresa inesperada.
industrialização, com os navios a vapor, as estradas de ferro, o Encontraremos outra alternativa para esse problema.
pé de sete milênios da terra do Brasil ainda faz seu caminho.
(Dinah Silveira de Queiroz) Observação: o pleonasmo é considerado vício de
linguagem quando usado desnecessariamente, no entanto,
“...o pedágio de vinténs estabelecido já no século XVIII"; o quando usado para reforçar a mensagem, constitui uma figura
termo “já" é o que se denomina modalizador, ou seja, através de linguagem.
dele o autor do texto manifesta uma opinião sobre o assunto
abordado. Barbarismo

Nesse caso, falando do pedágio, a autora do texto nos diz É o desvio da norma que ocorre nos seguintes níveis:
que o considera:
(A) uma medida tomada fora de época, pois não havia 1) Pronúncia
estradas dignas desse nome; a) Silabada: erro na pronúncia do acento tônico.
(B) um instrumento injusto de cobrança; Exemplo: Solicitei à cliente sua rúbrica. (rubrica)
(C) um processo demonstrativo de progresso e
organização; b) Cacoépia: erro na pronúncia dos fonemas.
(D) uma cobrança enriquecedora da elite dominante; Exemplo: Estou com poblemas a resolver. (problemas)
(E) uma ironia, diante do atraso do país nos transportes.
c) Cacografia: erro na grafia ou na flexão de uma palavra.
02. (Pref. De Itaquitinga/PE – Psicólogo – Exemplos: Eu advinhei quem ganharia o concurso.
IDHTEC/2016) (adivinhei) / O segurança deteu aquele homem. (deteve)

2) Morfologia
Exemplos: Se eu ir aí, vou me atrasar. (for) / Sou a aluna
mais maior da turma. (maior)

3) Semântica
Exemplo: José comprimentou seu vizinho ao sair de casa.
(cumprimentou)

4) Estrangeirismos
Considera-se barbarismo o emprego desnecessário de
palavras estrangeiras, ou seja, quando já existe palavra ou
O texto: expressão correspondente na língua.
(A) Revela humor e crítica social ao quebrar padrões Exemplos: O show é hoje! (espetáculo) / Vamos tomar um
preestabelecidos sobre o matrimônio. drink? (drinque)
(B) Mostra uma quebra de expectativa entre o início do
texto e o que vem entre parênteses. Também há ironia, já que Solecismo
o tuiteiro declara o contrário do que inicialmente deixou
transparecer. É o desvio de sintaxe, podendo ocorrer nos seguintes
(C) Tem a proposta de ironizar os valores cultivados pela níveis:
sociedade e faz isso estabelecendo uma relação intrínseca
entre posturas contrárias de acordo com o ambiente em que o 1) Concordância
autor está. Exemplo: Haviam muitos alunos naquela sala. (Havia)
(D) Abusa dos recursos expressivos mais comuns,
incluindo o emprego de letras minúsculas para infantilizar a 2) Regência
mensagem contida ao declarar-se incapaz de cozinhar bem. Exemplo: Eu assisti o filme em casa. (ao)
(E) Faz emprego do jogo fonético para confundir o leitor
do twitter que só ao final da leitura é capaz de encontrar 3) Colocação
relações de sentido e referências fora da realidade virtual. Exemplo: Dancei tanto na festa que não aguentei-me em
pé. (não me aguentei em pé)
Gabarito
Ambiguidade ou Anfibologia
01. A / 02. C / 03. B
Ocorre quando, por falta de clareza, há duplicidade de
VÍCIOS DE LINGUAGEM sentido da frase. Exemplos:
Ana disse à amiga que seu namorado havia chegado. (O
Os vícios de linguagem32 costumam ocorrer por descuido, namorado é de Ana ou da amiga?)
ou ainda por desconhecimento das regras por parte do O pai falou com o filho caído no chão. (Quem estava caído
emissor, por isso estudaremos: no chão? Pai ou filho?)

Pleonasmo Vicioso ou Redundância Cacofonia

Diferentemente do pleonasmo tradicional, tem-se Ocorre quando a junção de duas ou mais palavras na frase
pleonasmo vicioso quando há repetição desnecessária de uma provoca som desagradável ou palavra inconveniente.
informação na frase. Exemplos: Exemplos:

32
www.soportugues.com.br/secoes/estil/estil12.php

Língua Portuguesa 85
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APOSTILAS OPÇÃO

Uma mão lava outra. (mamão) tempo, a elementos que compõem uma escola de samba e à
Vi ela na esquina. (viela) situação emocional em que se encontra o autor da mensagem,
Dei um beijo na boca dela. (cadela) com o coração no ritmo da percussão.
Essa palavra corresponde a um:
Eco (A) estrangeirismo, uso de elementos linguísticos
originados em outras línguas e representativos de outras
Ocorre quando há palavras na frase com terminações culturas.
iguais ou semelhantes, provocando dissonância. (B) neologismo, criação de novos itens linguísticos, pelos
Exemplo: A divulgação da promoção não causou comoção mecanismos que o sistema da língua disponibiliza.
na população. (C) gíria, que compõe uma linguagem originada em
determinado grupo social e que pode vir a se disseminar em
Hiato uma comunidade mais ampla.
(D) regionalismo, por ser palavra característica de
Ocorre quando há uma sequência de vogais, provocando determinada área geográfica.
dissonância. (E) termo técnico, dado que designa elemento de área e de
Exemplos: Eu a amo. / Ou eu ou a outra ganhará o atividade.
concurso.
04. Assinale a sequência correta:
Colisão I. O pleonasmo consiste em intensificar o significado de um
elemento do texto por meio da redundância, isto é, da
Ocorre quando há repetição de consoantes iguais ou repetição da ideia já expressa por esse elemento.
semelhantes, provocando dissonância. II. A ambiguidade não pode ser considerada um vício de
Exemplo: Sua saia sujou. linguagem, já que não provoca qualquer tipo de dificuldade
para a interpretação de um texto.
Questões III. O neologismo é um fenômeno linguístico que consiste
na criação de novas palavras ou expressões e não pode ser
01. (Enem) considerado como um vício de linguagem, já que pode ser
No ano passado, o governo promoveu uma campanha a fim empregado com intenções artísticas.
de reduzir os índices de violência. Noticiando o fato, um jornal IV. O arcaísmo consiste no emprego de palavras ou
publicou a seguinte manchete: expressões cuja utilização seja menos frequente na
CAMPANHA CONTRA A VIOLÊNCIA DO GOVERNO DO modalidade escrita e na modalidade oral. É o oposto do
ESTADO ENTRA EM NOVA FASE neologismo, pois está na contramão do movimento criador de
A manchete tem um duplo sentido, e isso dificulta o palavras.
entendimento. Considerando o objetivo da notícia, esse V. Solecismo é uma inadequação na estrutura sintática da
problema poderia ter sido evitado com a seguinte redação: frase com relação à gramática normativa do idioma. Podem
(A) Campanha contra o governo do Estado e a violência subverter as normas da concordância, da regência e da
entram em nova fase. colocação.
(B) A violência do governo do Estado entra em nova fase (A) I, II e III.
de Campanha. (B) II e IV.
(C) Campanha contra o governo do Estado entra em nova (c) I, III, IV e V.
fase de violência. (D) I, II, IV e V.
(D) A violência da campanha do governo do Estado entra (E) III e V.
em nova fase. Gabarito
(E) Campanha do governo do Estado contra a violência
entra em nova fase. 01.E / 02.E / 03.B / 04.C

02.
Todas as sentenças a seguir apresentam duplo sentido, ANÁLISE, COMPREENSÃO E
exceto:
(A) Maria pediu a Márcia para sair. INTERPRETAÇÃO DE TEXTO:
(B) O advogado disse ao réu que suas palavras Tipos de Comunicação:
convenceriam o juiz. Descrição; Narração;
(C) Crianças que comem doce frequentemente têm cáries.
(D) A mala foi encontrada perto do banco. Dissertação; Tipos de
(E) A mãe pediu que o filho dirigisse o carro dela. Discurso; Coesão Textual.
03. (Enem)
Carnavália COMPREENSÃO DO TEXTO
Repique tocou
O surdo escutou Quando Lula disse a Collor no primeiro debate do segundo
E o meu corasamborim turno das eleições presidenciais de 1989: “Eu sabia que você
Cuíca gemeu, será que era meu, quando ela passou por era collorido por fora, mas caiado por dentro.”
mim? Os brasileiros colocaram essa frase no âmbito dos
[...] “discursos da campanha presidencial” e entenderam não “Você
ANTUNES, A.; BROWN, C.; MONTE, M. Tribalistas, 2002 (fragmento).
tem cores fora, mas é revestido de cal por dentro”, mas “Você
No terceiro verso, o vocábulo “corasamborim”, que é a apresenta um discurso moderno e de centro-esquerda, mas é um
junção coração + samba + tamborim, refere-se, ao mesmo reacionário”.33

33
PLATÃO, Fiorin. Lições sobre o Texto. Ática. 2011.

Língua Portuguesa 86
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APOSTILAS OPÇÃO

Observe que há duas operações diferentes no Coerência


entendimento do texto. A primeira é a apreensão, que é a
captação das relações que cada parte mantém com as outras A coerência está diretamente ligada à possibilidade de
no interior do texto. No entanto, ela não é suficiente para estabelecer um sentido para o texto, ou seja, ela é que faz com
entender o sentido integral. Uma pessoa que conhecesse todas que o texto tenha sentido para quem lê. Na avaliação da
as palavras da frase acima, mas não conhecesse o universo dos coerência será levado em conta o tipo de texto. Em um texto
discursos da campanha presidencial, não entenderia o dissertativo, será avaliada a capacidade de relacionar os
significado da frase. Por isso, é preciso colocar o texto dentro argumentos e de organizá-los de forma a extrair deles
do universo discursivo a que ele pertence e no interior do qual conclusões apropriadas; num texto narrativo, será avaliada
ganha sentido. Alguns teóricos chamam “conhecimento de sua capacidade de construir personagens e de relacionar ações
mundo” ao universo discursivo. Na frase acima, collorido e e motivações.
caiado não pertencem ao universo da pintura, mas da vida
política: a primeira palavra refere-se a Collor e ao modo como Tipos de Composição
ele se apresentava, um político moderno e inovador; a segunda
diz respeito a Ronaldo Caiado, político conservador que o Descrição: é representar verbalmente um objeto, uma
apoiava. A essa operação chamamos compreensão. pessoa, um lugar, mediante a indicação de aspectos
característicos, de pormenores individualizantes. Requer
Apreensão + Compreensão = Entendimento do texto observação cuidadosa, para tornar aquilo que vai ser descrito
um modelo inconfundível. Não se trata de enumerar uma série
Para ler e entender um texto é preciso atingir dois níveis de elementos, mas de captar os traços capazes de transmitir
de leitura: informativa e de reconhecimento. uma impressão autêntica. Descrever é mais que apontar, é
A primeira deve ser feita cuidadosamente por ser o muito mais que fotografar. É pintar, é criar. Por isso, impõe-se
primeiro contato com o texto, extraindo-se informações e se o uso de palavras específicas, exatas.
preparando para a leitura interpretativa. Durante a
interpretação grife palavras-chave, passagens importantes; Narração: é um relato organizado de acontecimentos reais
tente ligar uma palavra à ideia central de cada parágrafo. ou imaginários. São seus elementos constitutivos:
A última fase de interpretação concentra-se nas perguntas personagens, circunstâncias, ação; o seu núcleo é o incidente,
e opções de respostas. Marque palavras como não, exceto, o episódio, e o que a distingue da descrição é a presença de
respectivamente, etc., pois fazem diferença na escolha personagens atuantes, que estão quase sempre em conflito. A
adequada. narração envolve:
Retorne ao texto mesmo que pareça ser perda de tempo. - Quem? Personagem;
Leia a frase anterior e posterior para ter ideia do sentido global - Quê? Fatos, enredo;
proposto pelo autor. - Quando? A época em que ocorreram os acontecimentos;
Um texto para ser compreendido deve apresentar ideias - Onde? O lugar da ocorrência;
seletas e organizadas, através dos parágrafos que é composto - Como? O modo como se desenvolveram os
pela ideia central, argumentação e/ou desenvolvimento e a acontecimentos;
conclusão do texto. - Por quê? A causa dos acontecimentos;
A alusão histórica serve para dividir o texto em pontos
menores, tendo em vista os diversos enfoques. Dissertação: é apresentar ideias, analisá-las, é estabelecer
Convencionalmente, o parágrafo é indicado através da um ponto de vista baseado em argumentos lógicos; é
mudança de linha e um espaçamento da margem esquerda. estabelecer relações de causa e efeito. Aqui não basta expor,
Uma das partes bem distintas do parágrafo é o tópico narrar ou descrever, é necessário explanar e explicar. O
frasal, ou seja, a ideia central extraída de maneira clara e raciocínio é que deve imperar neste tipo de composição, e
resumida. quanto maior a fundamentação argumentativa, mais brilhante
Atentando-se para a ideia principal de cada parágrafo, será o desempenho.
asseguramos um caminho que nos levará à compreensão do
texto. Sentidos Próprio e Figurado
Produzir um texto é semelhante à arte de produzir um
tecido. O fio deve ser trabalhado com muito cuidado para que Comumente afirma-se que certas ocorrências de discurso
o trabalho não se perca. O mesmo acontece com o texto. O ato têm sentido próprio e sentido figurado. Geralmente os
de escrever toma de empréstimo uma série de palavras e exemplos de tais ocorrências são metáforas. Assim, em “Maria
expressões amarrando, conectando uma palavra uma oração, é uma flor” diz-se que “flor” tem um sentido próprio e um
uma ideia à outra. O texto precisa ser coeso e coerente. sentido figurado. O sentido próprio é o mesmo do enunciado:
“parte do vegetal que gera a semente”. O sentido figurado é o
Coesão mesmo de “Maria, mulher bela, etc.” O sentido próprio, na
acepção tradicional não é próprio ao contexto, mas ao termo.
É a amarração entre as várias partes do texto. Os principais O sentido tradicionalmente dito próprio sempre
elementos de coesão são os conectivos, vocábulos gramaticais, corresponde ao que definimos aqui como sentido imediato do
que estabelecem conexão entre palavras ou partes de uma enunciado. Além disso, alguns autores o julgam como sendo o
frase. O texto deve ser organizado por nexos adequados, com sentido preferencial, o que comumente ocorre.
sequência de ideias encadeadas logicamente, evitando frases e O sentido dito figurado é o do enunciado que substitui a
períodos desconexos. Para perceber a falta de coesão, a melhor metáfora, e que em leitura imediata leva à mesma mensagem
atitude é ler atentamente o seu texto, procurando estabelecer que se obtém pela decifração da metáfora.
as possíveis relações entre palavras que formam a oração e as O conceito de sentido próprio nasce do mito da existência
orações que formam o período e, finalmente, entre os vários da leitura ingênua, que ocorre esporadicamente, é verdade,
períodos que formam o texto. Um texto bem trabalhado mas nunca mais que esporadicamente.
sintática e semanticamente resultam num texto coeso. Não há muito que criticar na adoção dos conceitos de
sentido próprio e sentido figurado, pois ela abre um caminho
de abordagem do fenômeno da metáfora. O que é passível de
crítica é a atribuição de status diferenciado para cada uma das

Língua Portuguesa 87
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APOSTILAS OPÇÃO

categorias. Tradicionalmente o sentido próprio carrega uma Há quem chame o discurso que admite leitura imediata de
conotação de sentido “natural”, sentido “primeiro”. grau zero da escritura, identificando-a como uma forma mais
Invertendo a perspectiva, com os mesmos argumentos, primitiva de expressão. Esse grau zero não tem realidade, é
poderíamos afirmar que “natural”, “primeiro” é o sentido apenas um pressuposto. Os recursos de Retórica são
figurado, afinal, é o sentido figurado que possibilita a correta anteriores a ele.
interpretação do enunciado e não o sentido próprio. Se o
sentido figurado é o “verdadeiro” para o enunciado, por que Sentido Preferencial
não chamá-lo de “natural”, “primeiro”?
Pela lógica da Retórica tradicional, essa inversão de Para compreender o sentido preferencial é preciso
perspectiva não é possível, pois o sentido figurado está conceber o enunciado descontextualizado ou em contexto de
impregnado de uma conotação desfavorável. O sentido dicionário. Quando um enunciado é realizado em contexto
figurado é visto como anormal e o sentido próprio, não. Ele muito rarefeito, como é o contexto em que se encontra uma
carrega uma conotação positiva, logo, é natural, primeiro. palavra no dicionário, dizemos que ela está
A Retórica tradicional é impregnada de moralismo e descontextualizada. Nesta situação, o sentido preferencial é o
estetização e até a geração de categorias se ressente disso. que, na média, primeiro se impõe para o enunciado. Óbvio, o
Essa tendência para atribuir status às categorias é uma sentido que primeiro se impõe para um receptor pode não ser
constante do pensamento antigo, cuja índole era o mesmo para outro. Por isso a definição tem de considerar o
hierarquizante, sempre buscando uma estrutura piramidal resultado médio, o que não impede que pela necessidade
para o conhecimento, o que se estende até hoje em algumas momentânea consideremos o significado preferencial para
teorias modernas. dado indivíduo.
Ainda hoje, apesar da imparcialidade típica e necessária ao Algumas regularidades podem ser observadas nos
conhecimento científico, vemos conotações de valor sendo significados preferenciais. Por exemplo: o sentido preferencial
atribuídas a categorias retóricas a partir de considerações da palavra porco costuma ser: “animal criado em granja para
totalmente externas a ela. Um exemplo: o retórico que tenha abate”, e nunca o de “indivíduo sem higiene”. Em outras
para si a convicção de que a qualidade de qualquer discurso se palavras, geralmente o sentido que admite leitura imediata se
fundamenta na sua novidade, originalidade, imprevisibilidade, impõe sobre o que teve origem em processos metafóricos,
tenderá a descrever os recursos retóricos como “desvios da alegóricos, metonímicos. Mas esta regra não é geral. Vejamos
normalidade”, pois o que lhe interessa é pôr esses recursos o seguinte exemplo: “Um caminhão de cimento”. O sentido
retóricos a serviço de sua concepção estética. preferencial para a frase dada é o mesmo de “caminhão
carregado com cimento” e não o de “caminhão construído com
Sentido Imediato cimento”. Neste caso o sentido preferencial é o metonímico, o
que contrapõe a tese que diz que o sentido “figurado” não é o
Sentido imediato é o que resulta de uma leitura imediata “primeiro significado da palavra”. Também é comum o sentido
que, com certa reserva, poderia ser chamada de leitura mais usado se impor sobre o menos usado.
ingênua ou leitura de máquina de ler. Para certos termos é difícil estabelecer o sentido
Uma leitura imediata é aquela em que se supõe a existência preferencial. Um exemplo: Qual o sentido preferencial de
de uma série de premissas que restringem a decodificação tais manga? O de fruto ou de uma parte da roupa?
como:
- As frases seguem modelos completos de oração da língua. Questões
- O discurso é lógico.
- Se a forma usada no discurso é a mesma usada para 01. (SEDS/PE - Sargento Polícia Militar -
estabelecer identidades lógicas ou atribuições, então, tem-se, MS/CONCURSOS) O preenchimento adequado da manchete:
respectivamente, identidade lógica e atribuição. “Pelé afirma que a seleção está bem, ______Portugal e Espanha
- Os significados são os encontrados no dicionário. também estão bem preparadas.” faz parte de um recurso de:
- Existe concordância entre termos sintáticos.
- Abstrai-se a conotação. (A) Adequação vocabular.
- Supõe-se que não há anomalias linguísticas. (B) Falta de coesão.
- Abstrai-se o gestual, o entoativo e editorial enquanto (C) Incoerência.
modificadores do código linguístico. (D) Coesão.
- Supõe-se pertinência ao contexto. (E) Coerência.
- Abstrai-se iconias.
- Abstrai-se alegorias, ironias, paráfrases, trocadilhos, etc. 02. (SEDUC/PI - Professor - NUCEP) O sentido da frase:
- Não se concebe a existência de locuções e frases feitas. Equivale dizer, ainda, que nós somos sujeitos de nossa história
- Supõe-se que o uso do discurso é comunicativo. Abstrai- e de nossa realidade, considerando-se a palavra destacada,
se o uso expressivo, cerimonial. continuará inalterado, em:

Admitindo essas premissas, o discurso será indecifrável, (A) Equivale dizer, talvez, que nós somos sujeitos de nossa
ininteligível ou compreendido parcialmente toda vez que nele história e de nossa realidade.
surgirem elipses, metáforas, metonímias, oxímoros, ironias, (B) Equivale dizer, por outro lado, que nós somos sujeitos
alegorias, anomalias, etc. Também passam despercebidas as de nossa história e de nossa realidade.
conotações, as iconias, os modificadores gestuais, entoativos, (C) Equivale dizer, preferencialmente, que nós somos
editoriais, etc. sujeitos de nossa história e de nossa realidade.
Na verdade, não existe o leitor absolutamente ingênuo, que (D) Equivale dizer, novamente, que nós somos sujeitos de
se comporte como uma máquina de ler, o que faz do conceito nossa história e de nossa realidade.
de leitura imediata apenas um pressuposto metodológico. O (E) Equivale dizer, também, que nós somos sujeitos de
que existe são ocorrências eventuais que se aproximam de nossa história e de nossa realidade.
uma leitura imediata, como quando alguém toma o sentido
literal pelo figurado, quando não capta uma ironia ou fica
perplexo diante de um oxímoro.

Língua Portuguesa 88
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APOSTILAS OPÇÃO

03. (TJ/SP - Agente de Fiscalização Judiciária -


VUNESP) (A) próprio, equivalendo a inspiração.
(B) próprio, equivalendo a conquistador.
No fim da década de 90, atormentado pelos chás de cadeira (C) figurado, equivalendo a ave de rapina.
que enfrentou no Brasil, Levine resolveu fazer um (D) figurado, equivalendo a alimento.
levantamento em grandes cidades de 31 países para descobrir (E) figurado, equivalendo a predador.
como diferentes culturas lidam com a questão do tempo. A
conclusão foi que os brasileiros estão entre os povos mais Gabarito
atrasados - do ponto de vista temporal, bem entendido - do
mundo. Foram analisadas a velocidade com que as pessoas 01.D / 02.E / 03.D / 04.E
percorrem determinada distância a pé no centro da cidade, o
número de relógios corretamente ajustados e a eficiência dos
correios. Os brasileiros pontuaram muito mal nos dois INTERPRETAÇÃO DE TEXTO
primeiros quesitos. No ranking geral, os suíços ocupam o
primeiro lugar. O país dos relógios é, portanto, o que tem o A leitura é o meio mais importante para chegarmos ao
povo mais pontual. Já as oito últimas posições no ranking são conhecimento, portanto, precisamos aprender a ler e não
ocupadas por países pobres. apenas “passar os olhos sobre algum texto”. Ler, na verdade, é
O estudo de Robert Levine associa a administração do dar sentido à vida e ao mundo, é dominar a riqueza de
tempo aos traços culturais de um país. "Nos Estados Unidos, qualquer texto, seja literário, informativo, persuasivo,
por exemplo, a ideia de que tempo é dinheiro tem um alto valor narrativo, possibilidades que se misturam e as tornam
cultural. Os brasileiros, em comparação, dão mais importância infinitas. É preciso, para uma boa leitura, exercitar-se na arte
às relações sociais e são mais dispostos a perdoar atrasos", diz de pensar, de captar ideias, de investigar as palavras… Para
o psicólogo. Uma série de entrevistas com cariocas, por isso, devemos entender, primeiro, algumas definições
exemplo, revelou que a maioria considera aceitável que um importantes:
convidado chegue mais de duas horas depois do combinado a
uma festa de aniversário. Pode-se argumentar que os Texto
brasileiros são obrigados a ser mais flexíveis com os horários O texto (do latim textum: tecido) é uma unidade básica de
porque a infraestrutura não ajuda. Como ser pontual se o organização e transmissão de ideias, conceitos e informações
trânsito é um pesadelo e não se pode confiar no transporte de modo geral. Em sentido amplo, uma escultura, um quadro,
público? um símbolo, um sinal de trânsito, uma foto, um filme, uma
(Veja, 02.12.2009) novela de televisão também são formas textuais.
Há emprego do sentido figurado das palavras em:
Interlocutor
É a pessoa a quem o texto se dirige.
(A) ... os brasileiros estão entre os povos mais atrasados...
(B) No ranking geral, os suíços ocupam o primeiro lugar.
Texto-modelo
(C) Os brasileiros ... dão mais importância às relações
“Não é preciso muito para sentir ciúme. Bastam três – você,
sociais...
uma pessoa amada e uma intrusa. Por isso todo mundo sente.
(D) Como ser pontual se o trânsito é um pesadelo...
Se sua amiga disser que não, está mentindo ou se enganando.
(E) ... não se pode confiar no serviço público?
Quem agüenta ver o namorado conversando todo animado
com outra menina sem sentir uma pontinha de não-sei-o-quê?
04. (UNESP - Assistente Administrativo -
(…)
VUNESP/2016)
É normal você querer o máximo de atenção do seu
namorado, das suas amigas, dos seus pais. Eles são a parte
O gavião
mais importante da sua vida.”
Gente olhando para o céu: não é mais disco voador. Disco
(Revista Capricho)
voador perdeu o cartaz com tanto satélite beirando o sol e a
lua. Olhamos todos para o céu em busca de algo mais
Modelo de Perguntas
sensacional e comovente – o gavião malvado, que mata
1) Considerando o texto-modelo, é possível identificar
pombas.
quem é o seu interlocutor preferencial?
O centro da cidade do Rio de Janeiro retorna assim à
Um leitor jovem.
contemplação de um drama bem antigo, e há o partido das
pombas e o partido do gavião. Os pombistas ou pombeiros
2) Quais são as informações (explícitas ou não) que
(qualquer palavra é melhor que “columbófilo”) querem matar
permitem a você identificar o interlocutor preferencial do
o gavião. Os amigos deste dizem que ele não é malvado tal; na
texto?
verdade come a sua pombinha com a mesma inocência com
Do contexto podemos extrair indícios do interlocutor
que a pomba come seu grão de milho.
preferencial do texto: uma jovem adolescente, que pode ser
Não tomarei partido; admiro a túrgida inocência das
acometida pelo ciúme. Observa-se ainda , que a revista
pombas e também o lance magnífico em que o gavião se
Capricho tem como público-alvo preferencial: meninas
despenca sobre uma delas. Comer pombas é, como diria Saint-
adolescentes.
Exupéry, “a verdade do gavião”, mas matar um gavião no ar
A linguagem informal típica dos adolescentes.
com um belo tiro pode também ser a verdade do caçador.
Que o gavião mate a pomba e o homem mate alegremente
09 DICAS PARA MELHORAR A INTERPRETAÇÃO DE
o gavião; ao homem, se não houver outro bicho que o mate,
TEXTOS
pode lhe suceder que ele encontre seu gavião em outro
01) Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do
homem.
(Rubem Braga. Ai de ti, Copacabana, 1999. Adaptado)
assunto;
02) Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa
O termo gavião, destacado em sua última ocorrência no a leitura;
texto – … pode lhe suceder que ele encontre seu gavião em 03) Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto
outro homem. –, é empregado com sentido: pelo menos duas vezes;

Língua Portuguesa 89
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APOSTILAS OPÇÃO

04) Inferir; considerados veículos, com direito de circulação pelas ruas e


05) Voltar ao texto tantas quantas vezes precisar; prioridade sobre os automotores.
06) Não permitir que prevaleçam suas ideias sobre as do Alguns dos motivos pelos quais as pessoas aderem à
autor; bicicleta no dia a dia são: a valorização da sustentabilidade,
07) Fragmentar o texto (parágrafos, partes) para melhor pois as bikes não emitem gases nocivos ao ambiente, não
compreensão; consomem petróleo e produzem muito menos sucata de
08) Verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de cada metais, plásticos e borracha; a diminuição dos
questão; congestionamentos por excesso de veículos motorizados, que
09) O autor defende ideias e você deve percebê-las; atingem principalmente as grandes cidades; o favorecimento
Fonte: http://portuguesemfoco.com/09-dicas-para- da saúde, pois pedalar é um exercício físico muito bom; e a
melhorar-a-interpretacao-de-textos-em-provas/ economia no combustível, na manutenção, no seguro e, claro,
nos impostos.
Não saber interpretar corretamente um texto pode gerar No Brasil, está sendo implantado o sistema de
inúmeros problemas, afetando não só o desenvolvimento compartilhamento de bicicletas. Em Porto Alegre, por
profissional, mas também o desenvolvimento pessoal. O exemplo, o BikePOA é um projeto de sustentabilidade da
mundo moderno cobra de nós inúmeras competências, uma Prefeitura, em parceria com o sistema de Bicicletas SAMBA,
delas é a proficiência na língua, e isso não se refere apenas a com quase um ano de operação. Depois de Rio de Janeiro, São
uma boa comunicação verbal, mas também à capacidade de Paulo, Santos, Sorocaba e outras cidades espalhadas pelo país
entender aquilo que está sendo lido. O analfabetismo funcional aderirem a esse sistema, mais duas capitais já estão com o
está relacionado com a dificuldade de decifrar as entrelinhas projeto pronto em 2013: Recife e Goiânia. A ideia do
do código, pois a leitura mecânica é bem diferente da leitura compartilhamento é semelhante em todas as cidades. Em
interpretativa, aquela que fazemos ao estabelecer analogias e Porto Alegre, os usuários devem fazer um cadastro pelo site. O
criar inferências. Para que você não sofra mais com a análise valor do passe mensal é R$ 10 e o do passe diário, R$ 5,
de textos, elaboramos algumas dicas para você seguir e tirar podendo-se utilizar o sistema durante todo o dia, das 6h às
suas dúvidas. 22h, nas duas modalidades. Em todas as cidades que já
Uma interpretação de texto competente depende de aderiram ao projeto, as bicicletas estão espalhadas em pontos
inúmeros fatores, mas nem por isso deixaremos de contemplar estratégicos.
alguns que se fazem essenciais para esse exercício. Muitas A cultura do uso da bicicleta como meio de locomoção não
vezes, apressados, descuidamo-nos das minúcias presentes está consolidada em nossa sociedade. Muitos ainda não sabem
em um texto, achamos que apenas uma leitura já se faz que a bicicleta já é considerada um meio de transporte, ou
suficiente, o que não é verdade. Interpretar demanda paciência desconhecem as leis que abrangem a bike. Na confusão de um
e, por isso, sempre releia, pois uma segunda leitura pode trânsito caótico numa cidade grande, carros, motocicletas,
apresentar aspectos surpreendentes que não foram ônibus e, agora, bicicletas, misturam-se, causando, muitas
observados anteriormente. Para auxiliar na busca de sentidos vezes, discussões e acidentes que poderiam ser evitados.
do texto, você pode também retirar dele os tópicos frasais Ainda são comuns os acidentes que atingem ciclistas. A
presentes em cada parágrafo, isso certamente auxiliará na verdade é que, quando expostos nas vias públicas, eles estão
apreensão do conteúdo exposto. Lembre-se de que os totalmente vulneráveis em cima de suas bicicletas. Por isso é
parágrafos não estão organizados, pelo menos em um bom tão importante usar capacete e outros itens de segurança. A
texto, de maneira aleatória, se estão no lugar que estão, é maior parte dos motoristas de carros, ônibus, motocicletas e
porque ali se fazem necessários, estabelecendo uma relação caminhões desconhece as leis que abrangem os direitos dos
hierárquica do pensamento defendido, retomando ideias ciclistas. Mas muitos ciclistas também ignoram seus direitos e
supracitadas ou apresentando novos conceitos. deveres. Alguém que resolve integrar a bike ao seu estilo de
Para finalizar, concentre-se nas ideias que de fato foram vida e usá-la como meio de locomoção precisa compreender
explicitadas pelo autor: os textos argumentativos não que deverá gastar com alguns apetrechos necessários para
costumam conceder espaço para divagações ou hipóteses, poder trafegar. De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro,
supostamente contidas nas entrelinhas. Devemos nos ater às as bicicletas devem, obrigatoriamente, ser equipadas com
ideias do autor, isso não quer dizer que você precise ficar preso campainha, sinalização noturna dianteira, traseira, lateral e
na superfície do texto, mas é fundamental que não criemos, à nos pedais, além de espelho retrovisor do lado esquerdo.
revelia do autor, suposições vagas e inespecíficas. Quem lê com
(Bárbara Moreira, http://www.eusoufamecos.net. Adaptado)
cuidado certamente incorre menos no risco de tornar-se um
analfabeto funcional e ler com atenção é um exercício que deve
01. De acordo com o texto, o uso da bicicleta como meio de
ser praticado à exaustão, assim como uma técnica, que fará de
locomoção nas metrópoles brasileiras
nós leitores proficientes e sagazes. Agora que você já conhece
nossas dicas, desejamos a você uma boa leitura e bons estudos!
Fonte: http://portugues.uol.com.br/redacao/dicas-para-uma-boa- (A) decresce em comparação com Holanda e Inglaterra
interpretacao-texto.html devido à falta de regulamentação.
(B) vem se intensificando paulatinamente e tem sido
Questões incentivado em várias cidades.
(C) tornou-se, rapidamente, um hábito cultivado pela
O uso da bicicleta no Brasil maioria dos moradores.
(D) é uma alternativa dispendiosa em comparação com os
A utilização da bicicleta como meio de locomoção no Brasil demais meios de transporte.
ainda conta com poucos adeptos, em comparação com países (E) tem sido rejeitado por consistir em uma atividade
como Holanda e Inglaterra, por exemplo, nos quais a bicicleta arriscada e pouco salutar.
é um dos principais veículos nas ruas. Apesar disso, cada vez
mais pessoas começam a acreditar que a bicicleta é, numa 02. A partir da leitura, é correto concluir que um dos
comparação entre todos os meios de transporte, um dos que objetivos centrais do texto é
oferecem mais vantagens. (A) informar o leitor sobre alguns direitos e deveres do
A bicicleta já pode ser comparada a carros, motocicletas e ciclista.
a outros veículos que, por lei, devem andar na via e jamais na (B) convencer o leitor de que circular em uma bicicleta é
calçada. Bicicletas, triciclos e outras variações são todos mais seguro do que dirigir um carro.

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(C) mostrar que não há legislação acerca do uso da bicicleta E com relação a todas as outras pessoas nas ruas? Algumas
no Brasil. não são apenas maus motoristas, sem condições de dirigir, mas
(D) explicar de que maneira o uso da bicicleta como meio também se engajam num comportamento de risco – algumas
de locomoção se consolidou no Brasil. até agem especificamente para irritar o outro motorista ou
(E) defender que, quando circular na calçada, o ciclista impedir que este chegue onde precisa.
deve dar prioridade ao pedestre. Essa é a evolução de pensamento que alguém poderá ter
antes de passar para a ira de trânsito de fato, levando um
03. Considere o cartum de Evandro Alves. motorista a tomar decisões irracionais.
Dirigir pode ser uma experiência arriscada e emocionante.
Afogado no Trânsito Para muitos de nós, os carros são a extensão de nossa
personalidade e podem ser o bem mais valioso que possuímos.
Dirigir pode ser a expressão de liberdade para alguns, mas
também é uma atividade que tende a aumentar os níveis de
estresse, mesmo que não tenhamos consciência disso no
momento.
Dirigir é também uma atividade comunitária. Uma vez que
entra no trânsito, você se junta a uma comunidade de outros
motoristas, todos com seus objetivos, medos e habilidades ao
volante. Os psicólogos Leon James e Diane Nahl dizem que um
dos fatores da ira de trânsito é a tendência de nos
concentrarmos em nós mesmos, descartando o aspecto
comunitário do ato de dirigir.
(http://iiiconcursodecartumuniversitario.blogspot.com.br)
Como perito do Congresso em Psicologia do Trânsito, o Dr.
James acredita que a causa principal da ira de trânsito não são
Considerando a relação entre o título e a imagem, é correto os congestionamentos ou mais motoristas nas ruas, e sim
concluir que um dos temas diretamente explorados no cartum como nossa cultura visualiza a direção agressiva. As crianças
é aprendem que as regras normais em relação ao
(A) o aumento da circulação de ciclistas nas vias públicas. comportamento e à civilidade não se aplicam quando
(B) a má qualidade da pavimentação em algumas ruas. dirigimos um carro. Elas podem ver seus pais envolvidos em
(C) a arbitrariedade na definição dos valores das multas. comportamentos de disputa ao volante, mudando de faixa
(D) o número excessivo de automóveis nas ruas. continuamente ou dirigindo em alta velocidade, sempre com
(E) o uso de novas tecnologias no transporte público. pressa para chegar ao destino.
Para complicar as coisas, por vários anos psicólogos
04. Considere o cartum de Douglas Vieira. sugeriam que o melhor meio para aliviar a raiva era
descarregar a frustração. Estudos mostram, no entanto, que a
Televisão descarga de frustrações não ajuda a aliviar a raiva. Em uma
situação de ira de trânsito, a descarga de frustrações pode
transformar um incidente em uma violenta briga.
Com isso em mente, não é surpresa que brigas violentas
aconteçam algumas vezes. A maioria das pessoas está
predisposta a apresentar um comportamento irracional
quando dirige. Dr. James vai ainda além e afirma que a maior
parte das pessoas fica emocionalmente incapacitada quando
dirige. O que deve ser feito, dizem os psicólogos, é estar ciente
de seu estado emocional e fazer as escolhas corretas, mesmo
quando estiver tentado a agir só com a emoção.
(Jonathan Strickland. Disponível em: http://carros.hsw.uol.com.br/furia-no-
transito1 .htm. Acesso em: 01.08.2013. Adaptado)

(http://iiiconcursodecartumuniversitario.blogspot.com.br. Adaptado)
05. Tomando por base as informações contidas no texto, é
É correto concluir que, de acordo com o cartum , correto afirmar que
(A) os tipos de entretenimento disponibilizados pelo livro (A) os comportamentos de disputa ao volante acontecem à
ou pela TV são equivalentes. medida que os motoristas se envolvem em decisões
(B) o livro, em comparação com a TV, leva a uma conscientes.
imaginação mais ativa. (B) segundo psicólogos, as brigas no trânsito são causadas
(C) o indivíduo que prefere ler a assistir televisão é alguém pela constante preocupação dos motoristas com o aspecto
que não sabe se distrair. comunitário do ato de dirigir.
(D) a leitura de um bom livro é tão instrutiva quanto (C) para Dr. James, o grande número de carros nas ruas é o
assistir a um programa de televisão. principal motivo que provoca, nos motoristas, uma direção
(E) a televisão e o livro estimulam a imaginação de modo agressiva.
idêntico, embora ler seja mais prazeroso. (D) o ato de dirigir um carro envolve uma série de
experiências e atividades não só individuais como também
Leia o texto para responder às questões: sociais.
(E) dirigir mal pode estar associado à falta de controle das
Propensão à ira de trânsito emoções positivas por parte dos motoristas.

Dirigir um carro é estressante, além de inerentemente Gabarito


perigoso. Mesmo que o indivíduo seja o motorista mais seguro
do mundo, existem muitas variáveis de risco no trânsito, como 1. (B) / 2. (A) / 3. (D) / 4. (B) / 5. (D)
clima, acidentes de trânsito e obras nas ruas.

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TIPOS TEXTUAIS forma, o que será importante ser analisado para um, não será
para outro.
Para escrever um texto, necessitamos de técnicas que A vivência de quem descreve também influencia na hora de
implicam no domínio de capacidades linguísticas. Temos dois transmitir a impressão alcançada sobre determinado objeto,
momentos: o de formular pensamentos (o que se quer dizer) e pessoa, animal, cena, ambiente, emoção vivida ou sentimento.
o de expressá-los por escrito (o escrever propriamente dito).
Fazer um texto, seja ele de que tipo for, não significa apenas Exemplos:
escrever de forma correta, mas sim, organizar ideias sobre (I) “De longe via a aleia onde a tarde era clara e redonda.
determinado assunto. Mas a penumbra dos ramos cobria o atalho.
E para expressarmos por escrito, existem alguns modelos Ao seu redor havia ruídos serenos, cheiro de árvores,
de expressão escrita: Descrição – Narração – Dissertação. pequenas surpresas entre os cipós. Todo o jardim triturado
pelos instantes já mais apressados da tarde. De onde vinha o
Descrição meio sonho pelo qual estava rodeada? Como por um zunido de
abelhas e aves. Tudo era estranho, suave demais, grande
Expõe características dos seres ou das coisas, apresenta demais.”
uma visão;
É um tipo de texto figurativo; (extraído de “Amor”, Laços de Família, Clarice Lispector)
Retrato de pessoas, ambientes, objetos;
Predomínio de atributos; (II) Chamava-se Raimundo este pequeno, e era mole,
Uso de verbos de ligação; aplicado, inteligência tarda. Raimundo gastava duas horas em
Frequente emprego de metáforas, comparações e outras reter aquilo que a outros levava apenas trinta ou cinquenta
figuras de linguagem; minutos; vencia com o tempo o que não podia fazer logo com
Tem como resultado a imagem física ou psicológica. o cérebro. Reunia a isso grande medo ao pai. Era uma criança
fina, pálida, cara doente; raramente estava alegre. Entrava na
Narração escola depois do pai e retiravase antes. O mestre era mais
severo com ele do que conosco.
Expõe um fato, relaciona mudanças de situação, aponta
(Machado de Assis. “Conto de escola”. Contos. 3ed. São
antes, durante e depois dos acontecimentos (geralmente);
Paulo, Ática, 1974, págs. 3132.)
É um tipo de texto sequencial;
Relato de fatos;
Esse texto traça o perfil de Raimundo, o filho do professor
Presença de narrador, personagens, enredo, cenário,
da escola que o escritor frequentava.
tempo;
Deve-se notar:
Apresentação de um conflito; - que todas as frases expõem ocorrências simultâneas (ao
Uso de verbos de ação; mesmo tempo que gastava duas horas para reter aquilo que os
Geralmente, é mesclada de descrições; outros levavam trinta ou cinquenta minutos, Raimundo tinha
O diálogo direto é frequente. grande medo ao pai);
- por isso, não existe uma ocorrência que possa ser
Dissertação considerada cronologicamente anterior a outra do ponto de
vista do relato (no nível dos acontecimentos, entrar na escola
Expõe um tema, explica, avalia, classifica, analisa; é cronologicamente anterior a retirar-se dela; no nível do
É um tipo de texto argumentativo. relato, porém, a ordem dessas duas ocorrências é indiferente:
Defesa de um argumento: o que o escritor quer é explicitar uma característica do menino,
apresentação de uma tese que será defendida, e não traçar a cronologia de suas ações);
desenvolvimento ou argumentação, - ainda que se fale de ações (como entrava, retirava-se),
fechamento; todas elas estão no pretérito imperfeito, que indica
Predomínio da linguagem objetiva; concomitância em relação a um marco temporal instalado no
Prevalece a denotação. texto (no caso, o ano de 1840, em que o escritor frequentava a
escola da Rua da Costa) e, portanto, não denota nenhuma
Carta transformação de estado;
- se invertêssemos a sequência dos enunciados, não
Esse é um tipo de texto que se caracteriza por envolver correríamos o risco de alterar nenhuma relação cronológica
um remetente e um destinatário; poderíamos mesmo colocar o últímo período em primeiro
É normalmente escrita em primeira pessoa, e sempre lugar e ler o texto do fim para o começo: O mestre era mais
visa um tipo de leitor; severo com ele do que conosco. Entrava na escola depois do
É necessário que se utilize uma linguagem adequada pai e retirava-se antes...
com o tipo de destinatário e que durante a carta não se
perca a visão daquele para quem o texto está sendo escrito. Características:
- Ao fazer a descrição enumeramos características,
Descrição comparações e inúmeros elementos sensoriais;
- As personagens podem ser caracterizadas física e
É a representação com palavras de um objeto, lugar, psicologicamente, ou pelas ações;
situação ou coisa, onde procuramos mostrar os traços mais - A descrição pode ser considerada um dos elementos
particulares ou individuais do que se descreve .É qualquer constitutivos da dissertação e da argumentação;
elemento que seja apreendido pelos sentidos e transformado, - é impossível separar narração de descrição;
com palavras, em imagens. - O que se espera não é tanto a riqueza de detalhes, mas sim
Sempre que se expõe com detalhes um objeto, uma pessoa a capacidade de observação que deve revelar aquele que a
ou uma paisagem a alguém, está fazendo uso da descrição. Não realiza;
é necessário que seja perfeita, uma vez que o ponto de vista do - Utilizam, preferencialmente, verbos de ligação. Exemplo:
observador varia de acordo com seu grau de percepção. Dessa “(...) Ângela tinha cerca de vinte anos; parecia mais velha pelo

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desenvolvimento das proporções. Grande, carnuda, sanguínea Exemplo :“A casa velha era enorme, toda em largura, com
e fogosa, era um desses exemplares excessivos do sexo que porta central que se alcançava por três degraus de pedra e
parecem conformados expressamente para esposas da quatro janelas de guilhotina para cada lado. Era feita de pau a
multidão (...)” (Raul Pompéia – O Ateneu); pique barreado, dentro de uma estrutura de cantos e apoios de
- Como na descrição o que se reproduz é simultâneo, não madeira-de-lei. Telhado de quatro águas. Pintada de roxo-
existe relação de anterioridade e posterioridade entre seus claro. Devia ser mais velha que Juiz de Fora, provavelmente
enunciados; sede de alguma fazenda que tivesse ficado, capricho da sorte,
- Devem-se evitar os verbos e, se isso não for possível, que na linha de passagem da variante do Caminho Novo que veio a
se usem então as formas nominais, o presente e o pretério ser a Rua Principal, depois a Rua Direita – sobre a qual ela se
imperfeito do indicativo, dando-se sempre preferência aos punha um pouco de esguelha e fugindo ligeiramente do
verbos que indiquem estado ou fenômeno. alinhamento (...).” (Pedro Nava – Baú de Ossos)
- Todavia deve predominar o emprego das comparações,
dos adjetivos e dos advérbios, que conferem colorido ao texto. Descrição Subjetiva: quando há maior participação da
emoção, ou seja, quando o objeto, o ser, a cena, a paisagem são
A característica fundamental de um texto descritivo é essa transfigurados pela emoção de quem escreve, podendo opinar
inexistência de progressão temporal. Pode-se apresentar, ou expressar seus sentimentos. Ex: “Nas ocasiões de aparato é
numa descrição, até mesmo ação ou movimento, desde que que se podia tomar pulso ao homem. Não só as condecorações
eles sejam sempre simultâneos, não indicando progressão de gritavam-lhe no peito como uma couraça de grilos. Ateneu!
uma situação anterior para outra posterior. Tanto é que uma Ateneu! Aristarco todo era um anúncio; os gestos, calmos,
das marcas linguísticas da descrição é o predomínio de verbos soberanos, calmos, eram de um rei...” (“O Ateneu”, Raul
no presente ou no pretérito imperfeito do indicativo: o Pompéia)
primeiro expressa concomitância em relação ao momento da “(...) Quando conheceu Joca Ramiro, então achou outra
fala; o segundo, em relação a um marco temporal pretérito esperança maior: para ele, Joca Ramiro era único homem, par-
instalado no texto. de-frança, capaz de tomar conta deste sertão nosso, mandando
Para transformar uma descrição numa narração, bastaria por lei, de sobregoverno.”
introduzir um enunciado que indicasse a passagem de um (Guimarães Rosa – Grande Sertão: Veredas)
estado anterior para um posterior. No caso do texto II inicial,
para transformá-lo em narração, bastaria dizer: Reunia a isso Os efeitos de sentido criados pela disposição dos
grande medo do pai. Mais tarde, Iibertou-se desse medo... elementos descritivos:
Como se disse anteriormente, do ponto de vista da
Características Linguísticas: progressão temporal, a ordem dos enunciados na descrição é
O enunciado narrativo, por ter a representação de um indiferente, uma vez que eles indicam propriedades ou
acontecimento, fazer-transformador, é marcado pela características que ocorrem simultaneamente. No entanto, ela
temporalidade, na relação situação inicial e situação final, não é indiferente do ponto de vista dos efeitos de sentido:
enquanto que o enunciado descritivo, não tendo descrever de cima para baixo ou vice-versa, do detalhe para o
transformação, é atemporal. todo ou do todo para o detalhe cria efeitos de sentido distintos.
Na dimensão linguística, destacam-se marcas sintático- Observe os dois quartetos do soneto “Retrato Próprio”, de
semânticas encontradas no texto que vão facilitar a Bocage:
compreensão:
- Predominância de verbos de estado, situação ou Magro, de olhos azuis, carão moreno,
indicadores de propriedades, atitudes, qualidades, usados bem servido de pés, meão de altura,
principalmente no presente e no imperfeito do indicativo (ser, triste de facha, o mesmo de figura,
estar, haver, situar-se, existir, ficar). nariz alto no meio, e não pequeno.
- Ênfase na adjetivação para melhor caracterizar o que é
descrito; Incapaz de assistir num só terreno,
- Emprego de figuras (metáforas, metonímias, mais propenso ao furor do que à ternura;
comparações, sinestesias). bebendo em níveas mãos por taça escura
- Uso de advérbios de localização espacial. de zelos infernais letal veneno.

Recursos: Obras de Bocage. Porto, Lello & Irmão,1968, pág. 497.


- Usar impressões cromáticas (cores) e sensações térmicas.
Ex: O dia transcorria amarelo, frio, ausente do calor alegre do O poeta descreve-se das características físicas para as
sol. características morais. Se fizesse o inverso, o sentido não seria
- Usar o vigor e relevo de palavras fortes, próprias, exatas, o mesmo, pois as características físicas perderiam qualquer
concretas. Ex: As criaturas humanas transpareciam um céu relevo.
sereno, uma pureza de cristal. O objetivo de um texto descritivo é levar o leitor a
- As sensações de movimento e cor embelezam o poder da visualizar uma cena. É como traçar com palavras o retrato de
natureza e a figura do homem. Ex: Era um verde transparente um objeto, lugar, pessoa etc., apontando suas características
que deslumbrava e enlouquecia qualquer um. exteriores, facilmente identificáveis (descrição objetiva), ou
- A frase curta e penetrante dá um sentido de rapidez do suas características psicológicas e até emocionais (descrição
texto. Ex: Vida simples. Roupa simples. Tudo simples. O subjetiva).
pessoal, muito crente. Uma descrição deve privilegiar o uso frequente de
adjetivos, também denominado adjetivação. Para facilitar o
A descrição pode ser apresentada sob duas formas: aprendizado desta técnica, sugere-se que o concursando, após
Descrição Objetiva: quando o objeto, o ser, a cena, a escrever seu texto, sublinhe todos os substantivos,
passagem são apresentadas como realmente são, acrescentando antes ou depois deste um adjetivo ou uma
concretamente. Ex: “Sua altura é 1,85m. Seu peso, 70 kg. locução adjetiva.
Aparência atlética, ombros largos, pele bronzeada. Moreno,
olhos negros, cabelos negros e lisos”.
Não se dá qualquer tipo de opinião ou julgamento.

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Descrição de objetos constituídos de uma só parte: A descrição, ao contrário da narrativa, não supõe ação. É
- Introdução: observações de caráter geral referentes à uma estrutura pictórica, em que os aspectos sensoriais
procedência ou localização do objeto descrito. predominam. Porque toda técnica descritiva implica
- Desenvolvimento: detalhes (lª parte) formato contemplação e apreensão de algo objetivo ou subjetivo, o
(comparação com figuras geométricas e com objetos redator, ao descrever, precisa possuir certo grau de
semelhantes); dimensões (largura, comprimento, altura, sensibilidade. Assim como o pintor capta o mundo exterior ou
diâmetro etc.) interior em suas telas, o autor de uma descrição focaliza cenas
- Desenvolvimento: detalhes (2ª parte) material, peso, ou imagens, conforme o permita sua sensibilidade.
cor/brilho, textura.
- Conclusão: observações de caráter geral referentes a sua Conforme o objetivo a alcançar, a descrição pode ser não-
utilidade ou qualquer outro comentário que envolva o objeto literária ou literária. Na descrição não-literária, há maior
como um todo. preocupação com a exatidão dos detalhes e a precisão
vocabular. Por ser objetiva, há predominância da denotação.
Descrição de objetos constituídos por várias partes:
- Introdução: observações de caráter geral referentes à Textos descritivos não-literários: A descrição técnica é
procedência ou localização do objeto descrito. um tipo de descrição objetiva: ela recria o objeto usando uma
- Desenvolvimento: enumeração e rápidos comentários linguagem científica, precisa. Esse tipo de texto é usado para
das partes que compõem o objeto, associados à explicação de descrever aparelhos, o seu funcionamento, as peças que os
como as partes se agrupam para formar o todo. compõem, para descrever experiências, processos, etc.
- Desenvolvimento: detalhes do objeto visto como um todo Exemplo:
(externamente) formato, dimensões, material, peso, textura, Folheto de propaganda de carro
cor e brilho. Conforto interno - É impossível falar de conforto sem
- Conclusão: observações de caráter geral referentes a sua incluir o espaço interno. Os seus interiores são amplos,
utilidade ou qualquer outro comentário que envolva o objeto acomodando tranquilamente passageiros e bagagens. O Passat
em sua totalidade. e o Passat Variant possuem direção hidráulica e ar
condicionado de elevada capacidade, proporcionando a
Descrição de ambientes: climatização perfeita do ambiente.
- Introdução: comentário de caráter geral. Porta-malas - O compartimento de bagagens possui
- Desenvolvimento: detalhes referentes à estrutura global capacidade de 465 litros, que pode ser ampliada para até 1500
do ambiente: paredes, janelas, portas, chão, teto, luminosidade litros, com o encosto do banco traseiro rebaixado.
e aroma (se houver). Tanque - O tanque de combustível é confeccionado em
- Desenvolvimento: detalhes específicos em relação a plástico reciclável e posicionado entre as rodas traseiras, para
objetos lá existentes: móveis, eletrodomésticos, quadros, evitar a deformação em caso de colisão.
esculturas ou quaisquer outros objetos.
- Conclusão: observações sobre a atmosfera que paira no Textos descritivos literários: Na descrição literária
ambiente. predomina o aspecto subjetivo, com ênfase no conjunto de
associações conotativas que podem ser exploradas a partir de
Descrição de paisagens: descrições de pessoas; cenários, paisagens, espaço; ambientes;
- Introdução: comentário sobre sua localização ou situações e coisas. Vale lembrar que textos descritivos também
qualquer outra referência de caráter geral. podem ocorrer tanto em prosa como em verso.
- Desenvolvimento: observação do plano de fundo
(explicação do que se vê ao longe). Narração
- Desenvolvimento: observação dos elementos mais
próximos do observador explicação detalhada dos elementos A Narração é um tipo de texto que relata uma história real,
que compõem a paisagem, de acordo com determinada ordem. fictícia ou mescla dados reais e imaginários. O texto narrativo
- Conclusão: comentários de caráter geral, concluindo apresenta personagens que atuam em um tempo e em um
acerca da impressão que a paisagem causa em quem a espaço, organizados por uma narração feita por um narrador.
contempla. É uma série de fatos situados em um espaço e no tempo, tendo
mudança de um estado para outro, segundo relações de
Descrição de pessoas (I): sequencialidade e causalidade, e não simultâneos como na
- Introdução: primeira impressão ou abordagem de descrição. Expressa as relações entre os indivíduos, os
qualquer aspecto de caráter geral. conflitos e as ligações afetivas entre esses indivíduos e o
- Desenvolvimento: características físicas (altura, peso, cor mundo, utilizando situações que contêm essa vivência.
da pele, idade, cabelos, olhos, nariz, boca, voz, roupas). Todas as vezes que uma história é contada (é narrada), o
- Desenvolvimento: características psicológicas narrador acaba sempre contando onde, quando, como e com
(personalidade, temperamento, caráter, preferências, quem ocorreu o episódio. É por isso que numa narração
inclinações, postura, objetivos). predomina a ação: o texto narrativo é um conjunto de ações;
- Conclusão: retomada de qualquer outro aspecto de assim sendo, a maioria dos verbos que compõem esse tipo de
caráter geral. texto são os verbos de ação. O conjunto de ações que compõem
o texto narrativo, ou seja, a história que é contada nesse tipo
Descrição de pessoas (II): de texto recebe o nome de enredo.
- Introdução: primeira impressão ou abordagem de As ações contidas no texto narrativo são praticadas pelas
qualquer aspecto de caráter geral. personagens, que são justamente as pessoas envolvidas no
- Desenvolvimento: análise das características físicas, episódio que está sendo contado. As personagens são
associadas às características psicológicas (1ª parte). identificadas (nomeadas) no texto narrativo pelos
- Desenvolvimento: análise das características físicas, substantivos próprios.
associadas às características psicológicas (2ª parte). Quando o narrador conta um episódio, às vezes (mesmo
- Conclusão: retomada de qualquer outro aspecto de sem querer) ele acaba contando “onde” (em que lugar) as
caráter geral. ações do enredo foram realizadas pelas personagens. O lugar
onde ocorre uma ação ou ações é chamado de espaço,

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APOSTILAS OPÇÃO

representado no texto pelos advérbios de lugar. Estrutura:


Além de contar onde, o narrador também pode esclarecer - Apresentação: é a parte do texto em que são
“quando” ocorreram as ações da história. Esse elemento da apresentados alguns personagens e expostas algumas
narrativa é o tempo, representado no texto narrativo através circunstâncias da história, como o momento e o lugar onde a
dos tempos verbais, mas principalmente pelos advérbios de ação se desenvolverá.
tempo. É o tempo que ordena as ações no texto narrativo: é ele - Complicação: é a parte do texto em que se inicia
que indica ao leitor “como” o fato narrado aconteceu. propriamente a ação. Encadeados, os episódios se sucedem,
A história contada, por isso, passa por uma introdução conduzindo ao clímax.
(parte inicial da história, também chamada de prólogo), pelo - Clímax: é o ponto da narrativa em que a ação atinge seu
desenvolvimento do enredo (é a história propriamente dita, momento crítico, tornando o desfecho inevitável.
o meio, o “miolo” da narrativa, também chamada de trama) e - Desfecho: é a solução do conflito produzido pelas ações
termina com a conclusão da história (é o final ou epílogo). dos personagens.
Aquele que conta a história é o narrador, que pode ser
pessoal (narra em 1ª pessoa: Eu) ou impessoal (narra em 3ª Tipos de Personagens:
pessoa: Ele). Os personagens têm muita importância na construção de
Assim, o texto narrativo é sempre estruturado por verbos um texto narrativo, são elementos vitais. Podem ser
de ação, por advérbios de tempo, por advérbios de lugar e principais ou secundários, conforme o papel que
pelos substantivos que nomeiam as personagens, que são os desempenham no enredo, podem ser apresentados direta ou
agentes do texto, ou seja, aquelas pessoas que fazem as ações indiretamente.
expressas pelos verbos, formando uma rede: a própria história A apresentação direta acontece quando o personagem
contada. aparece de forma clara no texto, retratando suas
Tudo na narrativa depende do narrador, da voz que conta características físicas e/ou psicológicas, já a apresentação
a história. indireta se dá quando os personagens aparecem aos poucos e
o leitor vai construindo a sua imagem com o desenrolar do
Elementos Estruturais (I): enredo, ou seja, a partir de suas ações, do que ela vai fazendo e
- Enredo: desenrolar dos acontecimentos. do modo como vai fazendo.
- Personagens: são seres que se movimentam, se
relacionam e dão lugar à trama que se estabelece na ação. - Em 1ª pessoa:
Revelam-se por meio de características físicas ou psicológicas. Personagem Principal: há um “eu” participante que conta
Os personagens podem ser lineares (previsíveis), complexos, a história e é o protagonista.
tipos sociais (trabalhador, estudante, burguês etc.) ou tipos Observador: é como se dissesse: É verdade, pode
humanos (o medroso, o tímido, o avarento etc.), heróis ou anti- acreditar, eu estava lá e vi.
heróis, protagonistas ou antagonistas.
- Narrador: é quem conta a história. - Em 3ª pessoa:
- Espaço: local da ação. Pode ser físico ou psicológico.
- Tempo: época em que se passa a ação. Cronológico: o Onisciente: não há um eu que conta; é uma terceira
tempo convencional (horas, dias, meses); Psicológico: o pessoa.
tempo interior, subjetivo. Narrador Objetivo: não se envolve, conta a história como
sendo vista por uma câmara ou filmadora. Exemplo:
Elementos Estruturais (II):
Personagens Quem? Protagonista/Antagonista
Acontecimento O quê ? Fato Tipos de Discurso:
Tempo Quando? Época em que ocorreu o fato Discurso Direto: o narrador passa a palavra diretamente
Espaço Onde? Lugar onde ocorreu o fato para o personagem, sem a sua interferência.
Modo Como? De que forma ocorreu o fato Discurso Indireto: o narrador conta o que o personagem
Causa Por quê? Motivo pelo qual ocorreu o fato diz, sem lhe passar diretamente a palavra.
Resultado - previsível ou imprevisível. Discurso Indireto-Livre: ocorre uma fusão entre a fala do
Final - Fechado ou Aberto. personagem e a fala do narrador. É um recurso relativamente
recente. Surgiu com romancistas inovadores do século XX.
Esses elementos estruturais combinam-se e articulam-se
de tal forma, que não é possível compreendê-los isoladamente, Sequência Narrativa:
como simples exemplos de uma narração. Há uma relação de
implicação mútua entre eles, para garantir coerência e Uma narrativa não tem uma única mudança, mas várias:
verossimilhança à história narrada. uma coordenasse a outra, uma implica a outra, uma
Quanto aos elementos da narrativa, esses não estão, subordinasse a outra.
obrigatoriamente sempre presentes no discurso, exceto as A narrativa típica tem quatro mudanças de situação:
personagens ou o fato a ser narrado. - uma em que uma personagem passa a ter um querer ou
um dever (um desejo ou uma necessidade de fazer algo);
Existem três tipos de foco narrativo: - uma em que ela adquire um saber ou um poder (uma
- Narrador-personagem: é aquele que conta a história na competência para fazer algo);
qual é participante. Nesse caso ele é narrador e personagem ao - uma em que a personagem executa aquilo que queria ou
mesmo tempo, a história é contada em 1ª pessoa. devia fazer (é a mudança principal da narrativa);
- Narrador-observador: é aquele que conta a história - uma em que se constata que uma transformação se deu e
como alguém que observa tudo que acontece e transmite ao em que se podem atribuir prêmios ou castigos às personagens
leitor, a história é contada em 3ª pessoa. (geralmente os prêmios são para os bons, e os castigos, para os
- Narrador-onisciente: é o que sabe tudo sobre o enredo maus).
e as personagens, revelando seus pensamentos e sentimentos
íntimos. Narra em 3ª pessoa e sua voz, muitas vezes, aparece Toda narrativa tem essas quatro mudanças, pois elas se
misturada com pensamentos dos personagens (discurso pressupõem logicamente. Com efeito, quando se constata a
indireto livre). realização de uma mudança é porque ela se verificou, e ela

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efetuasse porque quem a realiza pode, sabe, quer ou deve fazê- Assim é de grande importância saber se o relato é feito em
la. Tomemos, por exemplo, o ato de comprar um apartamento: primeira pessoa ou terceira pessoa. No primeiro caso, há a
quando se assina a escritura, realiza-se o ato de compra; para participação do narrador; segundo, há uma inferência do
isso, é necessário poder (ter dinheiro) e querer ou dever último através da onipresença e onisciência.
comprar (respectivamente, querer deixar de pagar aluguel ou Quanto à temporalidade, não há rigor na ordenação dos
ter necessidade de mudar, por ter sido despejado, por acontecimentos: esses podem oscilar no tempo, transgredindo
exemplo). o aspecto linear e constituindo o que se denomina “flashback”.
Algumas mudanças são necessárias para que outras se O narrador que usa essa técnica (característica comum no
deem. Assim, para apanhar uma fruta, é necessário apanhar cinema moderno) demonstra maior criatividade e
um bambu ou outro instrumento para derrubá-la. Para ter um originalidade, podendo observar as ações ziguezagueando no
carro, é preciso antes conseguir o dinheiro. tempo e no espaço.

Narrativa e Narração Exemplo - Personagens

Existe alguma diferença entre as duas? Sim. A “Aboletado na varanda, lendo Graciliano Ramos, O Dr.
narratividade é um componente narrativo que pode existir em Amâncio não viu a mulher chegar.
textos que não são narrações. A narrativa é a transformação de Não quer que se carpa o quintal, moço?
situações. Por exemplo, quando se diz “Depois da abolição, Estava um caco: mal vestida, cheirando a fumaça, a face
incentivo use a imigração de europeus”, temos um texto escalavrada. Mas os olhos... (sempre guardam alguma coisa do
dissertativo, que, no entanto, apresenta um componente passado, os olhos).”
narrativo, pois contém uma mudança de situação: do não (Kiefer, Charles. A dentadura postiça. Porto Alegre:
incentivo ao incentivo da imigração europeia. Mercado Aberto, p. 5O)
Se a narrativa está presente em quase todos os tipos de
texto, o que é narração? Exemplo - Espaço
A narração é um tipo de narrativa. Tem ela três
características: Considerarei longamente meu pequeno deserto, a
- é um conjunto de transformações de situação (o texto de redondeza escura e uniforme dos seixos. Seria o leito seco de
Manuel Bandeira – “Porquinho-da-índia”, como vimos, algum rio. Não havia, em todo o caso, como negar-lhe a
preenche essa condição); insipidez.”
- é um texto figurativo, isto é, opera com personagens e
fatos concretos (o texto “Porquinho-da-índia preenche (Linda, Ieda. As amazonas segundo tio Hermann. Porto
também esse requisito); Alegre: Movimento, 1981, p. 51)
- as mudanças relatadas estão organizadas de maneira tal
que, entre elas, existe sempre uma relação de anterioridade e Exemplo - Tempo
posterioridade (no texto “Porquinho-da-índia o fato de ganhar
o animal é anterior ao de ele estar debaixo do fogão, que por “Sete da manhã. Honorato Madeira acorda e lembra-se: a
sua vez é anterior ao de o menino levá-lo para a sala, que por mulher lhe pediu que a chamasse cedo.”
seu turno é anterior ao de o porquinho-da-índia voltar ao
fogão). (Veríssimo, Érico. Caminhos Cruzados. p.4)

Essa relação de anterioridade e posterioridade é sempre Tipologia da Narrativa Ficcional:


pertinente num texto narrativo, mesmo que a sequência linear - Romance
da temporalidade apareça alterada. Assim, por exemplo, no - Conto
romance machadiano Memórias póstumas de Brás Cubas, - Crônica
quando o narrador começa contando sua morte para em - Fábula
seguida relatar sua vida, a sequência temporal foi modificada. - Lenda
No entanto, o leitor reconstitui, ao longo da leitura, as relações - Parábola
de anterioridade e de posterioridade. - Anedota
Resumindo: na narração, as três características explicadas - Poema Épico
acima (transformação de situações, figuratividade e relações
de anterioridade e posterioridade entre os episódios Tipologia da Narrativa NãoFiccional:
relatados) devem estar presentes conjuntamente. Um texto - Memorialismo
que tenha só uma ou duas dessas características não é uma - Notícias
narração. - Relatos
- História da Civilização
Esquema que pode facilitar a elaboração de seu texto
narrativo: Apresentação da Narrativa:
- Introdução: citar o fato, o tempo e o lugar, ou seja, o que - visual: texto escrito; legendas + desenhos (história em
aconteceu, quando e onde. quadrinhos) e desenhos.
- Desenvolvimento: causa do fato e apresentação dos - auditiva: narrativas radiofonizadas; fitas gravadas e
personagens. discos.
- Desenvolvimento: detalhes do fato. - audiovisual: cinema; teatro e narrativas televisionadas.
- Conclusão: consequências do fato.
Dissertação
Caracterização Formal:
Em geral, a narrativa se desenvolve na prosa. O aspecto A dissertação é uma exposição, discussão ou interpretação
narrativo apresenta, até certo ponto, alguma subjetividade, de uma determinada ideia. É, sobretudo, analisar algum tema.
porquanto a criação e o colorido do contexto estão em função Pressupõe um exame crítico do assunto, lógica, raciocínio,
da individualidade e do estilo do narrador. Dependendo do clareza, coerência, objetividade na exposição, um
enfoque do redator, a narração terá diversas abordagens. planejamento de trabalho e uma habilidade de expressão.

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É em função da capacidade crítica que se questionam do texto. Ex: “A principal característica do déspota encontra-
pontos da realidade social, histórica e psicológica do mundo e se no fato de ser ele o autor único e exclusivo das normas e das
dos semelhantes. Vemos também, que a dissertação no seu regras que definem a vida familiar, isto é, o espaço privado. Seu
significado diz respeito a um tipo de texto em que a exposição poder, escreve Aristóteles, é arbitrário, pois decorre
de uma ideia, através de argumentos, é feita com a finalidade exclusivamente de sua vontade, de seu prazer e de suas
de desenvolver um conteúdo científico, doutrinário ou necessidades.”
artístico. - Definição: desenvolve-se pela explicação dos termos que
Observe-se que: compõem o texto.
- o texto é temático, pois analisa e interpreta a realidade - Interrogação: questionamento. Ex: “Volta e meia se faz a
com conceitos abstratos e genéricos (não se fala de um homem pergunta de praxe: afinal de contas, todo esse entusiasmo pelo
particular e do que faz para chegar a ser primeiro ministro, futebol não é uma prova de alienação?”
mas do homem em geral e de todos os métodos para atingir o - Suspense: alguma informação que faça aumentar a
poder); curiosidade do leitor.
- existe mudança de situação no texto (por exemplo, a - Comparação: social e geográfica.
mudança de atitude dos que clamam contra a corrupção da - Enumeração: enumerar as informações. Ex: “Ação à
corte no momento em que se tornam primeiros ministros); distância, velocidade, comunicação, linha de montagem,
- a progressão temporal dos enunciados não tem triunfo das massas, Holocausto: através das metáforas e das
importância, pois o que importa é a relação de implicação realidades que marcaram esses 100 últimos anos, aparece a
(clamar contra a corrupção da corte implica ser corrupto verdadeira doença do século...”
depois da nomeação para primeiro ministro). - Narração: narrar um fato.

Características: Desenvolvimento: é a argumentação da ideia inicial, de


- ao contrário do texto narrativo e do descritivo, ele é forma organizada e progressiva. É a parte maior e mais
temático; importante do texto. Podem ser desenvolvidos de várias
- como o texto narrativo, ele mostra mudanças de situação; formas:
- ao contrário do texto narrativo, nele as relações de - Trajetória Histórica: cultura geral é o que se prova com
anterioridade e de posterioridade dos enunciados não têm este tipo de abordagem.
maior importância o que importa são suas relações lógicas: - Definição: não basta citar, mas é preciso desdobrar a
analogia, pertinência, causalidade, coexistência, ideia principal ao máximo, esclarecendo o conceito ou a
correspondência, implicação, etc. definição.
- a estética e a gramática são comuns a todos os tipos de - Comparação: estabelecer analogias, confrontar
redação. Já a estrutura, o conteúdo e a estilística possuem situações distintas.
características próprias a cada tipo de texto. - Bilateralidade: quando o tema proposto apresenta
pontos favoráveis e desfavoráveis.
São partes da dissertação: Introdução / - Ilustração Narrativa ou Descritiva: narrar um fato ou
Desenvolvimento / Conclusão. descrever uma cena.
- Cifras e Dados Estatísticos: citar cifras e dados
Introdução: em que se apresenta o assunto; se apresenta estatísticos.
a ideia principal, sem, no entanto, antecipar seu - Hipótese: antecipa uma previsão, apontando para
desenvolvimento. Tipos: prováveis resultados.
- Divisão: quando há dois ou mais termos a serem - Interrogação: Toda sucessão de interrogações deve
discutidos. Ex: “Cada criatura humana traz duas almas consigo: apresentar questionamento e reflexão.
uma que olha de dentro para fora, outra que olha de fora para - Refutação: questiona-se praticamente tudo: conceitos,
dentro...” valores, juízos.
- Alusão Histórica: um fato passado que se relaciona a um - Causa e Consequência: estruturar o texto através dos
fato presente. Ex: “A crise econômica que teve início no começo porquês de uma determinada situação.
dos anos 80, com os conhecidos altos índices de inflação que a - Oposição: abordar um assunto de forma dialética.
década colecionou, agravou vários dos históricos problemas - Exemplificação: dar exemplos.
sociais do país. Entre eles, a violência, principalmente a
urbana, cuja escalada tem sido facilmente identificada pela Conclusão: é uma avaliação final do assunto, um
população brasileira.” fechamento integrado de tudo que se argumentou. Para ela
- Proposição: o autor explicita seus objetivos. convergem todas as ideias anteriormente desenvolvidas.
- Convite: proposta ao leitor para que participe de alguma - Conclusão Fechada: recupera a ideia da tese.
coisa apresentada no texto. Ex: Você quer estar “na sua”? Quer - Conclusão Aberta: levanta uma hipótese, projeta um
se sentir seguro, ter o sucesso pretendido? Não entre pelo pensamento ou faz uma proposta, incentivando a reflexão de
cano! Faça parte desse time de vencedores desde a escolha quem lê.
desse momento!
- Contestação: contestar uma ideia ou uma situação. Ex: “É 1º Parágrafo – Introdução
importante que o cidadão saiba que portar arma de fogo não é A. Tema: Desemprego no Brasil.
a solução no combate à insegurança.” Contextualização: decorrência de um processo histórico
- Características: caracterização de espaços ou aspectos. problemático.
- Estatísticas: apresentação de dados estatísticos. Ex: “Em
1982, eram 15,8 milhões os domicílios brasileiros com 2º ao 6º Parágrafo – Desenvolvimento
televisores. Hoje, são 34 milhões (o sexto maior parque de B. Argumento 1: Exploram-se dados da realidade que
aparelhos receptores instalados do mundo). Ao todo, existem remetem a uma análise do tema em questão.
no país 257 emissoras (aquelas capazes de gerar programas) C. Argumento 2: Considerações a respeito de outro dado
e 2.624 repetidoras (que apenas retransmitem sinais da realidade.
recebidos). (...)” D. Argumento 3: Coloca-se sob suspeita a sinceridade de
- Declaração Inicial: emitir um conceito sobre um fato. quem propõe soluções.
- Citação: opinião de alguém de destaque sobre o assunto E. Argumento 4: Uso do raciocínio lógico de oposição.

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7º Parágrafo: Conclusão oferecendo o complemento necessário à afirmação


F. Uma possível solução é apresentada. estabelecida na frase nuclear. Pode-se enumerar, seguindo-se
G. O texto conclui que desigualdade não se casa com os critérios de importância, preferência, classificação ou
modernidade. aleatoriamente.
Exemplo:
É bom lembrarmos que é praticamente impossível opinar
sobre o que não se conhece. A leitura de bons textos é um dos 1- O adolescente moderno está se tornando obeso por
recursos que permite uma segurança maior no momento de várias causas: alimentação inadequada, falta de exercícios
dissertar sobre algum assunto. Debater e pesquisar são sistemáticos e demasiada permanência diante de
atitudes que favorecem o senso crítico, essencial no computadores e aparelhos de Televisão.
desenvolvimento de um texto dissertativo.
2- Devido à expansão das igrejas evangélicas, é grande o
Ainda temos: número de emissoras que dedicam parte da sua programação
Tema: compreende o assunto proposto para discussão, o à veiculação de programas religiosos de crenças variadas.
assunto que vai ser abordado.
Título: palavra ou expressão que sintetiza o conteúdo 3-
discutido. - A Santa Missa em seu lar.
Argumentação: é um conjunto de procedimentos - Terço Bizantino.
linguísticos com os quais a pessoa que escreve sustenta suas - Despertar da Fé.
opiniões, de forma a torná-las aceitáveis pelo leitor. É fornecer - Palavra de Vida.
argumentos, ou seja, razões a favor ou contra uma - Igreja da Graça no Lar.
determinada tese.
4-
Estes assuntos serão vistos com mais afinco - Inúmeras são as dificuldades com que se defronta o
posteriormente. governo brasileiro diante de tantos desmatamentos,
desequilíbrios sociológicos e poluição.
Alguns pontos essenciais desse tipo de texto são: - Existem várias razões que levam um homem a enveredar
- toda dissertação é uma demonstração, daí a necessidade pelos caminhos do crime.
de pleno domínio do assunto e habilidade de argumentação; - A gravidez na adolescência é um problema seríssimo,
- em consequência disso, impõem-se à fidelidade ao tema; porque pode trazer muitas consequências indesejáveis.
- a coerência é tida como regra de ouro da dissertação; - O lazer é uma necessidade do cidadão para a sua
- impõem-se sempre o raciocínio lógico; sobrevivência no mundo atual e vários são os tipos de lazer.
- a linguagem deve ser objetiva, denotativa; qualquer - O Novo Código Nacional de trânsito divide as faltas em
ambiguidade pode ser um ponto vulnerável na demonstração várias categorias.
do que se quer expor. Deve ser clara, precisa, natural, original,
nobre, correta gramaticalmente. O discurso deve ser Comparação: A frase nuclear pode-se desenvolver através
impessoal (evitar-se o uso da primeira pessoa). da comparação, que confronta ideias, fatos, fenômenos e
apresenta-lhes a semelhança ou dessemelhança.
O parágrafo é a unidade mínima do texto e deve Exemplo:
apresentar: uma frase contendo a ideia principal (frase
nuclear) e uma ou mais frases que explicitem tal ideia. “A juventude é uma infatigável aspiração de felicidade; a
Exemplo: “A televisão mostra uma realidade idealizada velhice, pelo contrário, é dominada por um vago e persistente
(ideia central) porque oculta os problemas sociais realmente sentimento de dor, porque já estamos nos convencendo de que
graves. (ideia secundária)”. a felicidade é uma ilusão, que só o sofrimento é real”.
Vejamos: (Arthur Schopenhauer)
Ideia central: A poluição atmosférica deve ser combatida
urgentemente. Causa e Consequência: A frase nuclear, muitas vezes,
encontra no seu desenvolvimento um segmento causal (fato
Desenvolvimento: A poluição atmosférica deve ser motivador) e, em outras situações, um segmento indicando
combatida urgentemente, pois a alta concentração de consequências (fatos decorrentes).
elementos tóxicos põe em risco a vida de milhares de pessoas,
sobretudo daquelas que sofrem de problemas respiratórios: Tempo e Espaço: Muitos parágrafos dissertativos marcam
temporal e espacialmente a evolução de ideias, processos.
- A propaganda intensiva de cigarros e bebidas tem levado
muita gente ao vício. Explicitação: Num parágrafo dissertativo pode-se
- A televisão é um dos mais eficazes meios de comunicação conceituar, exemplificar e aclarar as ideias para torná-las mais
criados pelo homem. compreensíveis.
- A violência tem aumentado assustadoramente nas Exemplo: “Artéria é um vaso que leva sangue proveniente
cidades e hoje parece claro que esse problema não pode ser do coração para irrigar os tecidos. Exceto no cordão umbilical
resolvido apenas pela polícia. e na ligação entre os pulmões e o coração, todas as artérias
- O diálogo entre pais e filhos parece estar em crise contém sangue vermelho-vivo, recém-oxigenado. Na artéria
atualmente. pulmonar, porém, corre sangue venoso, mais escuro e
- O problema dos sem-terra preocupa cada vez mais a desoxigenado, que o coração remete para os pulmões para
sociedade brasileira. receber oxigênio e liberar gás carbônico”.

O parágrafo pode processar-se de diferentes maneiras: Antes de se iniciar a elaboração de uma dissertação, deve
delimitar-se o tema que será desenvolvido e que poderá ser
Enumeração: Caracteriza-se pela exposição de uma série enfocado sob diversos aspectos. Se, por exemplo, o tema é a
de coisas, uma a uma. Presta-se bem à indicação de questão indígena, ela poderá ser desenvolvida a partir das
características, funções, processos, situações, sempre seguintes ideias:

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- A violência contra os povos indígenas é uma constante na enunciados (orações, frases, parágrafos), são preposições,
história do Brasil. conjunções, alguns advérbios e locuções adverbiais.
- O surgimento de várias entidades de defesa das
populações indígenas. Veja algumas palavras e expressões de transição e
- A visão idealizada que o europeu ainda tem do índio seus respectivos sentidos:
brasileiro.
- A invasão da Amazônia e a perda da cultura indígena. - inicialmente (começo, introdução)
- primeiramente (começo, introdução)
Depois de delimitar o tema que você vai desenvolver, deve - antes de tudo (começo, introdução)
fazer a estruturação do texto. - desde já (começo, introdução)
- além disso (continuação)
A estrutura do texto dissertativo constitui-se de: - do mesmo modo (continuação)
- acresce que (continuação)
Introdução: deve conter a ideia principal a ser - ainda por cima (continuação)
desenvolvida (geralmente um ou dois parágrafos). É a - bem como (continuação)
abertura do texto, por isso é fundamental. Deve ser clara e - outrossim (continuação)
chamar a atenção para dois itens básicos: os objetivos do texto - enfim (conclusão)
e o plano do desenvolvimento. Contém a proposição do tema, - dessa forma (conclusão)
seus limites, ângulo de análise e a hipótese ou a tese a ser - em suma (conclusão)
defendida. - nesse sentido (conclusão)
Desenvolvimento: exposição de elementos que vão - portanto (conclusão)
fundamentar a ideia principal que pode vir especificada - afinal (conclusão)
através da argumentação, de pormenores, da ilustração, da - logo após (tempo)
causa e da consequência, das definições, dos dados estatísticos, - ocasionalmente (tempo)
da ordenação cronológica, da interrogação e da citação. No - posteriormente (tempo)
desenvolvimento são usados tantos parágrafos quantos forem - atualmente (tempo)
necessários para a completa exposição da ideia. E esses - enquanto isso (tempo)
parágrafos podem ser estruturados das cinco maneiras - imediatamente (tempo)
expostas acima. - não raro (tempo)
Conclusão: é a retomada da ideia principal, que agora deve - concomitantemente (tempo)
aparecer de forma muito mais convincente, uma vez que já foi - igualmente (semelhança, conformidade)
fundamentada durante o desenvolvimento da dissertação (um - segundo (semelhança, conformidade)
parágrafo). Deve, pois, conter de forma sintética, o objetivo - conforme (semelhança, conformidade)
proposto na instrução, a confirmação da hipótese ou da tese, - quer dizer (exemplificação, esclarecimento)
acrescida da argumentação básica empregada no - rigorosamente falando (exemplificação, esclarecimento)
desenvolvimento.
Ex.: A prática de atividade física é essencial ao nosso
COESÃO cotidiano. Assim sendo, quem a pratica possui uma melhor
qualidade de vida.
Coesão34 é a conexão e a harmonia entre os elementos de
um texto, como descreve Marina Cabral. Percebemos tal - Coesão por referência: existem palavras que têm a
definição quando lemos um texto e verificamos que as função de fazer referência, são elas:
palavras, as frases e os parágrafos estão entrelaçados, um
dando continuidade ao outro. - pronomes pessoais: eu, tu, ele, me, te, os...
- pronomes possessivos: meu, teu, seu, nosso...
Os elementos de coesão determinam a transição de ideias - pronomes demonstrativos: este, esse, aquele...
entre as frases e os parágrafos. - pronomes indefinidos: algum, nenhum, todo...
- pronomes relativos: que, o qual, onde...
Observe a coesão presente no texto a seguir: - advérbios de lugar: aqui, aí, lá...

“Os sem-terra fizeram um protesto em Brasília contra a Ex.: Marcela obteve uma ótima colocação no concurso. Tal
política agrária do país, porque consideram injusta a atual resultado demonstra que ela se esforçou bastante para
distribuição de terras. Porém o ministro da Agricultura alcançar o objetivo que tanto almejava.
considerou a manifestação um ato de rebeldia, uma vez que o
projeto de Reforma Agrária pretende assentar milhares de - Coesão por substituição: substituição de um nome
sem-terra.” (pessoa, objeto, lugar etc.), verbos, períodos ou trechos do
texto por uma palavra ou expressão que tenha sentido
JORDÃO, R., BELLEZI C. Linguagens. São Paulo: Escala Educacional, 2007, p.
566
próximo, evitando a repetição no corpo do texto.

As palavras destacadas têm o papel de ligar as partes do Ex.: Porto Alegre pode ser substituída por “a capital
texto, podemos dizer que elas são responsáveis pela coesão do gaúcha”;
texto. Castro Alves pode ser substituído por “O Poeta dos
Há vários recursos que respondem pela coesão do texto, os Escravos”;
principais são: João Paulo II: Sua Santidade;
Vênus: A Deusa da Beleza.
- Palavras de transição: são palavras responsáveis pela
coesão do texto, estabelecem a interrelação entre os

34
http://brasilescola.uol.com.br/redacao/coesao.htm

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Ex.: Castro Alves é autor de uma vastíssima obra literária. Verdade que uma parcela das debilidades da OMS se
Não é por acaso que o “Poeta dos Escravos” é considerado o explica por problemas financeiros. Só 20% dos recursos da
mais importante da geração a qual representou. entidade vêm de contribuições compulsórias dos países-
membros – o restante é formado por doações voluntárias.
Assim, a coesão confere textualidade aos enunciados A crise econômica mundial se fez sentir também nessa
agrupados em conjuntos. área, e a organização perdeu quase US$ 1 bilhão de seu
orçamento bianual, hoje de quase US$ 4 bilhões. Para
Questões comparação, o CDC dos EUA contou, somente no ano de 2013,
com cerca de US$ 6 bilhões.
01. Bem tratada, faz bem Os cortes obrigaram a OMS a fazer escolhas difíceis. A
agência passou a dar mais ênfase à luta contra enfermidades
Sérgio Magalhães, O Globo globais crônicas, como doenças coronárias e diabetes. O
departamento de respostas a epidemias e pandemias foi
O arquiteto Jaime Lerner cunhou esta frase premonitória: dissolvido e integrado a outros. Muitos profissionais
“O carro é o cigarro do futuro.” Quem poderia imaginar a experimentados deixaram seus cargos.
reversão cultural que se deu no consumo do tabaco? Pesa contra o órgão da ONU, de todo modo, a demora para
Talvez o automóvel não seja descartável tão facilmente. reconhecer a gravidade da situação. Seus esforços iniciais
Este jornal, em uma série de reportagens, nestes dias, mostrou foram limitados e mal liderados.
o privilégio que os governos dão ao uso do carro e o desprezo O surto agora atingiu proporções tais que já não é mais
ao transporte coletivo. Surpreendentemente, houve possível enfrentá-lo de Genebra, cidade suíça sede da OMS.
entrevistado que opinou favoravelmente, valorizando Los Tornou-se crucial estabelecer um comando central na África
Angeles – um caso típico de cidade rodoviária e dispersa. Ocidental, com representantes dos países afetados.
Ainda nestes dias, a ONU reafirmou o compromisso desta Espera-se também maior comprometimento das potências
geração com o futuro da humanidade e contra o aquecimento mundiais, sobretudo Estados Unidos, Inglaterra e França, que
global – para o qual a emissão de CO2 do rodoviarismo é possuem antigos laços com Libéria, Serra Leoa e Guiné,
agente básico. (A USP acaba de divulgar estudo advertindo que respectivamente.
a poluição em São Paulo mata o dobro do que o trânsito.) A comunidade internacional tem diante de si um desafio
O transporte também esteve no centro dos protestos de enorme, mas é ainda maior a necessidade de agir com rapidez.
junho de 2013. Lembremos: ele está interrelacionado com a Nessa batalha global contra o ebola, todo tempo perdido conta
moradia, o emprego, o lazer. Como se vê, não faltam razões a favor da doença.
para o debate do tema.
(Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2014/09/1512104-editorial-
corrida-contra-o-ebola.shtml: Acesso em: 08/09/2014)
“Como se vê, não faltam razões para o debate do tema.”
Assinale a opção em que se indica, INCORRETAMENTE, o
Substituindo o termo destacado por uma oração referente do termo em destaque.
desenvolvida, a forma correta e adequada seria: (A) “quase US$ 1 bilhão de seu orçamento bianual” (5º§) –
(A) para que se debatesse o tema; organização
(B) para se debater o tema; (B) “A agência passou a dar mais ênfase” (6º§) – OMS
(C) para que se debata o tema; (C) “Pesa contra o órgão da ONU”(7º§) – OMS
(D) para debater-se o tema; (D) “Seus esforços iniciais foram limitados” (7º§) –
(E) para que o tema fosse debatido. gravidade da situação
(E) “A comunidade tem diante de si” (10º§) – comunidade
02. “A USP acaba de divulgar estudo advertindo que a internacional
poluição em São Paulo mata o dobro do que o trânsito”.
A oração em forma desenvolvida que substitui correta e 4. Leia o texto para responder a questão.
adequadamente o gerúndio “advertindo” é: As cotas raciais deram certo porque seus beneficiados são,
(A) com a advertência de; sim, competentes. Merecem, sim, frequentar uma
(B) quando adverte; universidade pública e de qualidade. No vestibular, que é o
(C) em que adverte; princípio de tudo, os cotistas estão só um pouco atrás. Segundo
(D) no qual advertia; dados do Sistema de Seleção Unificada, a nota de corte para os
(E) para advertir. candidatos convencionais a vagas de medicina nas federais foi
de 787,56 pontos. Para os cotistas, foi de 761,67 pontos. A
03. Corrida contra o ebola diferença entre eles, portanto, ficou próxima de 3%. IstoÉ
entrevistou educadores e todos disseram que essa distância é
Já faz seis meses que o atual surto de ebola na África mais do que razoável. Na verdade, é quase nada. Se em uma
Ocidental despertou a atenção da comunidade internacional, disciplina tão concorrida quanto medicina um coeficiente de
mas nada sugere que as medidas até agora adotadas para apenas 3% separa os privilegiados, que estudaram em colégios
refrear o avanço da doença tenham sido eficazes. privados, dos negros e pobres, que frequentaram escolas
Ao contrário, quase metade das cerca de 4.000 públicas, então é justo supor que a diferença mínima pode,
contaminações registradas neste ano ocorreram nas últimas perfeitamente, ser igualada ou superada no decorrer dos
três semanas, e as mais de 2.000 mortes atestam a força da cursos. Depende só da disposição do aluno. Na Universidade
enfermidade. A escalada levou o diretor do CDC (Centro de Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), uma das mais conceituadas
Controle e Prevenção de Doenças) dos EUA, Tom Frieden, a do País, os resultados do último vestibular surpreenderam. “A
afirmar que a epidemia está fora de controle. maior diferença entre as notas de ingresso de cotistas e não
O vírus encontrou ambiente propício para se propagar. De cotistas foi observada no curso de economia”, diz Ângela
um lado, as condições sanitárias e econômicas dos países Rocha, pró-reitora da UFRJ. “Mesmo assim, essa distância foi
afetados são as piores possíveis. De outro, a Organização de 11%, o que, estatisticamente, não é significativo”.
Mundial da Saúde foi incapaz de mobilizar com celeridade um (www.istoe.com.br)
contingente expressivo de profissionais para atuar nessas
localidades afetadas.

Língua Portuguesa 100


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Para responder a questão, considere a passagem – A


diferença entre eles, portanto, ficou próxima de 3%.
O pronome eles tem como referente:
(A) candidatos convencionais e cotistas.
(B) beneficiados.
(C) dados do Sistema de Seleção Unificada.
(D) dados do Sistema de Seleção Unificada e pontos.
(E) pontos.

05. Leia os quadrinhos para responder a questão.

Um enunciado possível em substituição à fala do terceiro


quadrinho, em conformidade com a norma- padrão da língua
portuguesa, é:
(A) Se você ir pelos caminhos da verdade, leve um
capacete.
(B) Caso você vá pelos caminhos da verdade, lembra-se de
levar um capacete.
(C) Se você se mantiver nos caminhos da verdade, leve um
capacete.
(D) Caso você se mantém nos caminhos da verdade, lembre
de levar um capacete.
(E) Ainda que você se mantêm nos caminhos da verdade,
leva um capacete.

Respostas

01. C / 02. C / 03. D / 04. A / 05. C

Anotações

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Língua Portuguesa 102


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RACIOCÍNIO LÓGICO

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Série de Fibonacci: Cada termo é igual à soma dos dois


anteriores.

1 1 2 3 5 8 13

Números Primos: Naturais que possuem apenas dois


divisores naturais.

2 3 5 7 11 13 17

Quadrados Perfeitos: Números naturais cujas raízes são


naturais.
Avaliação de sequência
lógica e coordenação viso- 1 4 9 16 25 36 49
motora, orientação espacial e
Sequência de Letras
temporal, formação de As sequências de letras podem estar associadas a uma
conceitos, discriminação de série de números ou não. Em geral, devemos escrever todo o
elementos, reversibilidade, alfabeto (observando se deve, ou não, contar com k, y e w) e
circular as letras dadas para entender a lógica proposta.
sequência lógica de números,
letras, palavras e figuras. ACFJOU
Problemas lógicos com dados,
Observe que foram saltadas 1, 2, 3, 4 e 5 letras e esses
figuras e palitos. números estão em progressão.

ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTU
LÓGICA SEQUENCIAL
B1 2F H4 8L N16 32R T64
Foi pelo processo do raciocínio que ocorreu o
desenvolvimento do método matemático, este considerado Nesse caso, associou-se letras e números (potências de 2),
instrumento puramente teórico e dedutivo, que prescinde de alternando a ordem. As letras saltam 1, 3, 1, 3, 1, 3 e 1 posições.
dados empíricos. Logo, resumidamente o raciocínio pode ser
considerado também um dos integrantes dos mecanismos dos ABCDEFGHIJKLMNOPQRST
processos cognitivos superiores da formação de conceitos e da
solução de problemas. Sequência de Pessoas
Na série a seguir, temos sempre um homem seguido de
Sequências Lógicas duas mulheres, ou seja, aqueles que estão em uma posição
múltipla de três (3º, 6º, 9º, 12º,...) serão mulheres e a posição
As sequências podem ser formadas por números, letras, dos braços sempre alterna, ficando para cima em uma posição
pessoas, figuras, etc. Existem várias formas de se estabelecer múltipla de dois (2º, 4º, 6º, 8º,...). Sendo assim, a sequência se
uma sequência, o importante é que existem pelo menos três repete a cada seis termos, tornando possível determinar quem
elementos que caracterize a lógica de sua formação, entretanto estará em qualquer posição.
algumas séries necessitam de mais elementos para definir sua
lógica.

Sequência de Números

Progressão Aritmética: Soma-se constantemente um Sequência de Figuras


mesmo número. Esse tipo de sequência pode seguir o mesmo padrão visto
na sequência de pessoas ou simplesmente sofrer rotações,
como nos exemplos a seguir.

Progressão Geométrica: Multiplica-se constantemente


um mesmo número.

Sequência de Fibonacci
Incremento em Progressão: O valor somado é que está em O matemático Leonardo Pisa, conhecido como Fibonacci,
progressão. propôs no século XIII, a sequência numérica: (1, 1, 2, 3, 5, 8, 13,
21, 34, 55, 89, …). Essa sequência tem uma lei de formação
simples: cada elemento, a partir do terceiro, é obtido
somando-se os dois anteriores. Veja: 1 + 1 = 2, 2 + 1 = 3, 3 + 2
= 5 e assim por diante. Desde o século XIII, muitos
matemáticos, além do próprio Fibonacci, dedicaram-se ao
estudo da sequência que foi proposta, e foram encontradas

Raciocínio Lógico 1
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APOSTILAS OPÇÃO

inúmeras aplicações para ela no desenvolvimento de modelos 𝑦


Logo: =
(1+√5
= 1,61803398875
explicativos de fenômenos naturais. 𝑎 2
Veja alguns exemplos das aplicações da sequência de
Fibonacci e entenda porque ela é conhecida como uma das Esse número é conhecido como número de ouro e pode ser
maravilhas da Matemática. A partir de dois quadrados de lado representado por:
1, podemos obter um retângulo de lados 2 e 1. Se adicionarmos
a esse retângulo um quadrado de lado 2, obtemos um novo 1 + √5
𝜃=
retângulo 3 x 2. Se adicionarmos agora um quadrado de lado 2
3, obtemos um retângulo 5 x 3. Observe a figura a seguir e veja
que os lados dos quadrados que adicionamos para determinar Todo retângulo e que a razão entre o maior e o menor lado
os retângulos formam a sequência de Fibonacci. for igual a 𝜃 é chamado retângulo áureo como o caso da
fachada do Partenon.

As figuras a seguir possuem números que representam


uma sequência lógica. Veja os exemplos:

Exemplo 1

Se utilizarmos um compasso e traçarmos o quarto de


circunferência inscrito em cada quadrado, encontraremos
uma espiral formada pela concordância de arcos cujos raios
são os elementos da sequência de Fibonacci. A sequência numérica proposta envolve multiplicações
por 4.
6 x 4 = 24
24 x 4 = 96
96 x 4 = 384
384 x 4 = 1536

Exemplo 2

O Partenon que foi construído em Atenas pelo célebre


arquiteto grego Fidias. A fachada principal do edifício, hoje em
ruínas, era um retângulo que continha um quadrado de lado
igual à altura. Essa forma sempre foi considerada satisfatória A diferença entre os números vai aumentando 1 unidade.
do ponto de vista estético por suas proporções sendo chamada 13 – 10 = 3
retângulo áureo ou retângulo de ouro. 17 – 13 = 4
22 – 17 = 5
28 – 22 = 6
35 – 28 = 7

Exemplo 3

Como os dois retângulos indicados na figura são


𝑦 𝑎
semelhantes temos: = (1).
𝑎 𝑏

Como: b = y – a (2).
Substituindo (2) em (1) temos: y2 – ay – a2 = 0.
Resolvendo a equação:
Multiplicar os números sempre por 3.
𝑦=
𝑎(1±√5
em que (
1−√5
< 0) não convém. 1x3=3
2 2
3x3=9
9 x 3 = 27
27 x 3 = 81

Raciocínio Lógico 2
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81 x 3 = 243 Se tal critério for mantido, para obter as figuras


243 x 3 = 729 subsequentes, o total de pontos da figura de número 15 deverá
729 x 3 = 2187 ser:
(A) 69
Exemplo 4 (B) 67
(C) 65
(D) 63
(E) 61

03. O próximo número dessa sequência lógica é: 1000, 990,


970, 940, 900, 850, ...
(A) 800
(B) 790
(C) 780
(D) 770

04. Na sequência lógica de números representados nos


A diferença entre os números vai aumentando 2 unidades.
hexágonos, da figura abaixo, observa-se a ausência de um deles
24 – 22 = 2
que pode ser:
28 – 24 = 4
34 – 28 = 6
42 – 34 = 8
52 – 42 = 10
64 – 52 = 12
78 – 64 = 14

Questões

01. Observe atentamente a disposição das cartas em cada (A) 76


linha do esquema seguinte: (B) 10
(C) 20
(D) 78

05. Uma criança brincando com uma caixa de palitos de


fósforo constrói uma sequência de quadrados conforme
indicado abaixo:

.............
1° 2° 3°

Quantos palitos ele utilizou para construir a 7ª figura?


(A) 20 palitos
(B) 25 palitos
(C) 28 palitos
A carta que está oculta é: (D) 22 palitos

06. Ana fez diversas planificações de um cubo e escreveu


em cada um, números de 1 a 6. Ao montar o cubo, ela deseja
que a soma dos números marcados nas faces opostas seja 7. A
única alternativa cuja figura representa a planificação desse
cubo tal como deseja Ana é:

02. Considere que a sequência de figuras foi construída


segundo um certo critério.

07. As figuras da sequência dada são formadas por partes


iguais de um círculo.

Raciocínio Lógico 3
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Continuando essa sequência, obtém-se exatamente 16


círculos completos na:
(A) 36ª figura
(B) 48ª figura (A) (B) (C) (D) (E)
(C) 72ª figura
(D) 80ª figura 13. Observe que na sucessão seguinte os números foram
(E) 96ª figura colocados obedecendo a uma lei de formação.
08. Analise a sequência a seguir:

Admitindo-se que a regra de formação das figuras Os números X e Y, obtidos segundo essa lei, são tais que X
seguintes permaneça a mesma, pode-se afirmar que a figura + Y é igual a:
que ocuparia a 277ª posição dessa sequência é: (A) 40
(B) 42
(C) 44
(D) 46
(E) 48

14. A figura abaixo representa algumas letras dispostas em


forma de triângulo, segundo determinado critério.
09. Observe a sequência: 2, 10, 12, 16, 17, 18, 19, ... Qual é o
próximo número?
(A) 20
(B) 21
(C) 100
(D) 200

10. Observe a sequência: 3,13, 30, ... Qual é o próximo


número?
Considerando que na ordem alfabética usada são excluídas
(A) 4
as letra “K”, “W” e “Y”, a letra que substitui corretamente o
(B) 20
ponto de interrogação é:
(C) 31
(A) P
(D) 21
(B) O
(C) N
11. Os dois pares de palavras abaixo foram formados
(D) M
segundo determinado critério.
(E) L
LACRAÇÃO  cal
15. Considere que a sequência seguinte é formada pela
AMOSTRA  soma sucessão natural dos números inteiros e positivos, sem que os
LAVRAR  ? algarismos sejam separados.
Segundo o mesmo critério, a palavra que deverá ocupar o 1234567891011121314151617181920...
lugar do ponto de interrogação é:
(A) alar O algarismo que deve aparecer na 276ª posição dessa
(B) rala sequência é:
(C) ralar (A) 9
(D) larva (B) 8
(E) arval (C) 6
(D) 3
12. Observe que as figuras abaixo foram dispostas, linha a (E) 1
linha, segundo determinado padrão.
16. Em cada linha abaixo, as três figuras foram desenhadas
de acordo com determinado padrão.

Segundo o padrão estabelecido, a figura que substitui


corretamente o ponto de interrogação é:

Raciocínio Lógico 4
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Segundo esse mesmo padrão, a figura que deve substituir 21. Na série de Fibonacci, cada termo a partir do terceiro é
o ponto de interrogação é: igual à soma de seus dois termos precedentes. Sabendo-se que
os dois primeiros termos, por definição, são 0 e 1, o sexto
termo da série é:
(A) 2
(B) 3
(A) (B) (C) (C) 4
(D) 5
(E) 6

(D) (E) 22. Nosso código secreto usa o alfabeto A B C D E F G H I J L


M N O P Q R S T U V X Z. Do seguinte modo: cada letra é
17. Observe que, na sucessão de figuras abaixo, os substituída pela letra que ocupa a quarta posição depois dela.
números que foram colocados nos dois primeiros triângulos Então, o “A” vira “E”, o “B” vira “F”, o “C” vira “G” e assim por
obedecem a um mesmo critério. diante. O código é “circular”, de modo que o “U” vira “A” e assim
por diante. Recebi uma mensagem em código que dizia: BSA HI
EDAP. Decifrei o código e li:
(A) FAZ AS DUAS;
(B) DIA DO LOBO;
(C) RIO ME QUER;
(D) VIM DA LOJA;
(E) VOU DE AZUL.
Para que o mesmo critério seja mantido no triângulo da
direita, o número que deverá substituir o ponto de 23. A sentença “Social está para laicos assim como 231678
interrogação é: está para...” é melhor completada por:
(A) 32 (A) 326187;
(B) 36 (B) 876132;
(C) 38 (C) 286731;
(D) 42 (D) 827361;
(E) 46 (E) 218763.

18. Considere a seguinte sequência infinita de números: 3, 24. A sentença “Salta está para Atlas assim como 25435 está
12, 27, __, 75, 108,... O número que preenche adequadamente a para...” é melhor completada pelo seguinte número:
quarta posição dessa sequência é: (A) 53452;
(A) 36, (B) 23455;
(B) 40, (C) 34552;
(C) 42, (D) 43525;
(D) 44, (E) 53542.
(E) 48
25. Repare que com um número de 5 algarismos,
1 1 1
19. Observando a sequência (1, , , , , ...) o próximo
1 respeitada a ordem dada, podem-se criar 4 números de dois
2 6 12 20 algarismos. Por exemplo: de 34.712, podem-se criar o 34, o 47,
numero será: o 71 e o 12. Procura-se um número de 5 algarismos formado
1
(A) pelos algarismos 4, 5, 6, 7 e 8, sem repetição. Veja abaixo
24
alguns números desse tipo e, ao lado de cada um deles, a
(B)
1 quantidade de números de dois algarismos que esse número
30 tem em comum com o número procurado.
1 Número Quantidade de números de 2
(C) dado algarismos em comum
36
48.765 1
1
(D) 86.547 0
40
87.465 2
20. Considere a sequência abaixo:
48.675 1
BBB BXB XXB
XBX XBX XBX O número procurado é:
BBB BXB BXX (A) 87456
(B) 68745
O padrão que completa a sequência é: (C) 56874
(D) 58746
(A) (B) (C) (E) 46875
XXX XXB XXX
XXX XBX XXX 26. Considere que os símbolos  e  que aparecem no
XXX BXX XXB quadro seguinte, substituem as operações que devem ser
efetuadas em cada linha, a fim de se obter o resultado
(D) (E) correspondente, que se encontra na coluna da extrema direita.
XXX XXX 36  4  5 = 14
XBX XBX
48  6  9 = 17
XXX BXX
54  9  7 = ?

Raciocínio Lógico 5
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Para que o resultado da terceira linha seja o correto, o (D) Compreendido entre 700 e 1.000.
ponto de interrogação deverá ser substituído pelo número: (E) Maior que 1.000.
(A) 16
(B) 15 Para responder às questões de números 32 e 33, você deve
(C) 14 observar que, em cada um dos dois primeiros pares de
(D) 13 palavras dadas, a palavra da direita foi obtida da palavra da
(E) 12 esquerda segundo determinado critério. Você deve descobrir
esse critério e usá-lo para encontrar a palavra que deve ser
27. Segundo determinado critério, foi construída a colocada no lugar do ponto de interrogação.
sucessão seguinte, em que cada termo é composto de um
número seguido de uma letra: A1 – E2 – B3 – F4 – C5 – G6 – .... 32. Ardoroso  rodo
Considerando que no alfabeto usado são excluídas as letras K, Dinamizar  mina
Y e W, então, de acordo com o critério estabelecido, a letra que Maratona  ?
deverá anteceder o número 12 é: (A) mana
(A) J (B) toma
(B) L (C) tona
(C) M (D) tora
(D) N (E) rato
(E) O
33. Arborizado  azar
28. Os nomes de quatro animais – MARÁ, PERU, TATU e Asteróide  dias
URSO – devem ser escritos nas linhas da tabela abaixo, de Articular  ?
modo que cada uma das suas respectivas letras ocupe um (A) luar
quadrinho e, na diagonal sombreada, possa ser lido o nome de (B) arar
um novo animal. (C) lira
(D) luta
(E) rara

34. Preste atenção nesta sequência lógica e identifique


quais os números que estão faltando: 1, 1, 2, __, 5, 8, __,21, 34,
55, __, 144, __...
Excluídas do alfabeto as letras K, W e Y e fazendo cada letra
restante corresponder ordenadamente aos números inteiros 35. Uma lesma encontra-se no fundo de um poço seco de
de 1 a 23 (ou seja, A = 1, B = 2, C = 3,..., Z = 23), a soma dos 10 metros de profundidade e quer sair de lá. Durante o dia, ela
números que correspondem às letras que compõem o nome do consegue subir 2 metros pela parede; mas à noite, enquanto
animal é: dorme, escorrega 1 metro. Depois de quantos dias ela
(A) 37 consegue chegar à saída do poço?
(B) 39
(C) 45 36. Quantas vezes você usa o algarismo 9 para numerar as
(D) 49 páginas de um livro de 100 páginas?
(E) 51
37. Quantos quadrados existem na figura abaixo?
Nas questões 29 e 30, observe que há uma relação entre o
primeiro e o segundo grupos de letras. A mesma relação
deverá existir entre o terceiro grupo e um dos cinco grupos
que aparecem nas alternativas, ou seja, aquele que substitui
corretamente o ponto de interrogação. Considere que a ordem
alfabética adotada é a oficial e exclui as letras K, W e Y.

29. CASA: LATA: LOBO: ?


(A) SOCO 38. Retire três palitos e obtenha apenas três quadrados.
(B) TOCO
(C) TOMO
(D) VOLO
(E) VOTO

30. ABCA: DEFD: HIJH: ?


(A) IJLI
(B) JLMJ
(C) LMNL
(D) FGHF
(E) EFGE 39. Qual será o próximo símbolo da sequência abaixo?

31. Os termos da sucessão seguinte foram obtidos


considerando uma lei de formação (0, 1, 3, 4, 12, 13, ...).
Segundo essa lei, o décimo terceiro termo dessa sequência é
um número:
(A) Menor que 200.
(B) Compreendido entre 200 e 400.
(C) Compreendido entre 500 e 700.

Raciocínio Lógico 6
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40. Reposicione dois palitos e obtenha uma figura com 45. Mova um palito e obtenha um quadrado perfeito.
cinco quadrados iguais.

46. Qual o valor da pedra que deve ser colocada em cima


de todas estas para completar a sequência abaixo?

41. Observe as multiplicações a seguir:


12.345.679 × 18 = 222.222.222
12.345.679 × 27 = 333.333.333
... ...
12.345.679 × 54 = 666.666.666

Para obter 999.999.999 devemos multiplicar 12.345.679


por quanto?
47. Mova três palitos nesta figura para obter cinco
42. Esta casinha está de frente para a estrada de terra.
triângulos.
Mova dois palitos e faça com que fique de frente para a estrada
asfaltada.

48. Tente dispor 6 moedas em 3 fileiras de modo que em


cada fileira fiquem apenas 3 moedas.

43. Remova dois palitos e deixe a figura com dois


quadrados.
49. Reposicione três palitos e obtenha cinco quadrados.

44. As cartas de um baralho foram agrupadas em pares, 50. Mude a posição de quatro palitos e obtenha cinco
segundo uma relação lógica. Qual é a carta que está faltando, triângulos.
sabendo que K vale 13, Q vale 12, J vale 11 e A vale 1?

Respostas

01. Resposta: A.
A diferença entre os números estampados nas cartas 1 e 2,
em cada linha, tem como resultado o valor da 3ª carta e, além

Raciocínio Lógico 7
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disso, o naipe não se repete. Assim, a 3ª carta, dentro das 07. Resposta: B.
opções dadas só pode ser a da opção (A). Como na 3ª figura completou-se um círculo, para
completar 16 círculos é suficiente multiplicar 3 por 16: 3. 16 =
02. Resposta: D. 48. Portanto, na 48ª figura existirão 16 círculos.
Observe que, tomando o eixo vertical como eixo de
simetria, tem-se: 08. Resposta: B.
Na figura 1: 01 ponto de cada lado  02 pontos no total. A sequência das figuras completa-se na 5ª figura. Assim,
Na figura 2: 02 pontos de cada lado  04 pontos no total. continua-se a sequência de 5 em 5 elementos. A figura de
Na figura 3: 03 pontos de cada lado  06 pontos no total. número 277 ocupa, então, a mesma posição das figuras que
Na figura 4: 04 pontos de cada lado  08 pontos no total. representam número 5n + 2, com n ∈ N. Ou seja, a 277ª figura
Na figura n: n pontos de cada lado  2.n pontos no total. corresponde à 2ª figura, que é representada pela letra “B”.

Em particular: 09. Resposta: D.


Na figura 15: 15 pontos de cada lado  30 pontos no total. A regularidade que obedece a sequência acima não se dá
por padrões numéricos e sim pela letra que inicia cada
Agora, tomando o eixo horizontal como eixo de simetria, número. “Dois, Dez, Doze, Dezesseis, Dezessete, Dezoito,
tem-se: Dezenove, ... Enfim, o próximo só pode iniciar também com
Na figura 1: 02 pontos acima e abaixo  04 pontos no total. “D”: Duzentos.
Na figura 2: 03 pontos acima e abaixo  06 pontos no total.
Na figura 3: 04 pontos acima e abaixo  08 pontos no total. 10. Resposta: C.
Na figura 4: 05 pontos acima e abaixo  10 pontos no total. Esta sequência é regida pela inicial de cada número. Três,
Na figura n: (n+1) pontos acima e abaixo  2.(n+1) pontos Treze, Trinta,... O próximo só pode ser o número Trinta e um,
no total. pois ele inicia com a letra “T”.

Em particular: 11. Resposta: E.


Na figura 15: 16 pontos acima e abaixo  32 pontos no Na 1ª linha, a palavra CAL foi retirada das 3 primeiras
total. Incluindo o ponto central, que ainda não foi considerado, letras da palavra LACRAÇÃO, mas na ordem invertida. Da
temos para total de pontos da figura 15: Total de pontos = 30 mesma forma, na 2ª linha, a palavra SOMA é retirada da
+ 32 + 1 = 63 pontos. palavra AMOSTRA, pelas 4 primeiras letras invertidas. Com
isso, da palavra LAVRAR, ao se retirarem as 5 primeiras letras,
03. Resposta: B. na ordem invertida, obtém-se ARVAL.
Nessa sequência, observamos que a diferença: entre 1000
e 990 é 10, entre 990 e 970 é 20, entre o 970 e 940 é 30, entre 12. Resposta: C.
940 e 900 é 40, entre 900 e 850 é 50, portanto entre 850 e o Em cada linha apresentada, as cabeças são formadas por
próximo número é 60, dessa forma concluímos que o próximo quadrado, triângulo e círculo. Na 3ª linha já há cabeças com
número é 790, pois: 850 – 790 = 60. círculo e com triângulo. Portanto, a cabeça da figura que está
faltando é um quadrado. As mãos das figuras estão levantadas,
04. Resposta: D. em linha reta ou abaixadas. Assim, a figura que falta deve ter
Nessa sequência lógica, observamos que a diferença: entre as mãos levantadas (é o que ocorre em todas as alternativas).
24 e 22 é 2, entre 28 e 24 é 4, entre 34 e 28 é 6, entre 42 e 34 é As figuras apresentam as 2 pernas ou abaixadas, ou 1 perna
8, entre 52 e 42 é 10, entre 64 e 52 é 12, portanto entre o levantada para a esquerda ou 1 levantada para a direita. Nesse
próximo número e 64 é 14, dessa forma concluímos que o caso, a figura que está faltando na 3ª linha deve ter 1 perna
próximo número é 78, pois: 76 – 64 = 14. levantada para a esquerda. Logo, a figura tem a cabeça
quadrada, as mãos levantadas e a perna erguida para a
05. Resposta: D. esquerda.
Observe a tabela:
Figuras 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 13. Resposta: A.
N° de Palitos 4 7 10 13 16 19 22 Existem duas leis distintas para a formação: uma para a
parte superior e outra para a parte inferior. Na parte superior,
Temos de forma direta, pela contagem, a quantidade de tem-se que: do 1º termo para o 2º termo, ocorreu uma
palitos das três primeiras figuras. Feito isto, basta perceber multiplicação por 2; já do 2º termo para o 3º, houve uma
que cada figura a partir da segunda tem a quantidade de subtração de 3 unidades. Com isso, X é igual a 5 multiplicado
palitos da figura anterior acrescida de 3 palitos. Desta forma, por 2, ou seja, X = 10. Na parte inferior, tem-se: do 1º termo
fica fácil preencher o restante da tabela e determinar a para o 2º termo ocorreu uma multiplicação por 3; já do 2º
quantidade de palitos da 7ª figura. termo para o 3º, houve uma subtração de 2 unidades. Assim, Y
é igual a 10 multiplicado por 3, isto é, Y = 30. Logo, X + Y = 10 +
06. Resposta: A. 30 = 40.
Na figura apresentada na letra “B”, não é possível obter a
planificação de um lado, pois o 4 estaria do lado oposto ao 6, 14. Resposta: A.
somando 10 unidades. Na figura apresentada na letra “C”, da A sequência do alfabeto inicia-se na extremidade direita do
mesma forma, o 5 estaria em face oposta ao 3, somando 8, não triângulo, pela letra “A”; aumenta a direita para a esquerda;
formando um lado. Na figura da letra “D”, o 2 estaria em face continua pela 3ª e 5ª linhas; e volta para as linhas pares na
oposta ao 4, não determinando um lado. Já na figura ordem inversa – pela 4ª linha até a 2ª linha. Na 2ª linha, então,
apresentada na letra “E”, o 1 não estaria em face oposta ao as letras são, da direita para a esquerda, “M”, “N”, “O”, e a letra
número 6, impossibilitando, portanto, a obtenção de um lado. que substitui corretamente o ponto de interrogação é a letra
Logo, podemos concluir que a planificação apresentada na “P”.
letra “A” é a única para representar um lado.
15. Resposta: B.
A sequência de números apresentada representa a lista
dos números naturais. Mas essa lista contém todos os

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algarismos dos números, sem ocorrer a separação. Por 21. Resposta: D.


exemplo: 101112 representam os números 10, 11 e 12. Com Montando a série de Fibonacci temos: 0, 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13,
isso, do número 1 até o número 9 existem 9 algarismos. Do 21, 34... A resposta da questão é a alternativa “D”, pois como a
número 10 até o número 99 existem: 2 x 90 = 180 algarismos. questão nos diz, cada termo a partir do terceiro é igual à soma
Do número 100 até o número 124 existem: 3 x 25 = 75 de seus dois termos precedentes. 2 + 3 = 5
algarismos. E do número 124 até o número 128 existem mais
12 algarismos. Somando todos os valores, tem-se: 9 + 180 + 75 22. Resposta: E.
+ 12 = 276 algarismos. Logo, conclui-se que o algarismo que A questão nos informa que ao se escrever alguma
ocupa a 276ª posição é o número 8, que aparece no número mensagem, cada letra será substituída pela letra que ocupa a
128. quarta posição, além disso, nos informa que o código é
“circular”, de modo que a letra “U” vira “A”. Para decifrarmos,
16. Resposta: D. temos que perceber a posição do emissor e do receptor. O
Na 1ª linha, internamente, a 1ª figura possui 2 “orelhas”, a emissor ao escrever a mensagem conta quatro letras à frente
2ª figura possui 1 “orelha” no lado esquerdo e a 3ª figura para representar a letra que realmente deseja, enquanto que o
possui 1 “orelha” no lado direito. Esse fato acontece, também, receptor, deve fazer o contrário, contar quatro letras atrás
na 2ª linha, mas na parte de cima e na parte de baixo, para decifrar cada letra do código. No caso, nos foi dada a frase
internamente em relação às figuras. Assim, na 3ª linha para ser decifrada, vê-se, pois, que, na questão, ocupamos a
ocorrerá essa regra, mas em ordem inversa: é a 3ª figura da 3ª posição de receptores. Vejamos a mensagem: BSA HI EDAP.
linha que terá 2 “orelhas” internas, uma em cima e outra em Cada letra da mensagem representa a quarta letra anterior de
baixo. Como as 2 primeiras figuras da 3ª linha não possuem modo que:
“orelhas” externas, a 3ª figura também não terá orelhas VxzaB: B na verdade é V;
externas. Portanto, a figura que deve substituir o ponto de OpqrS: S na verdade é O;
interrogação é a 4ª. UvxzA: A na verdade é U;
DefgH: H na verdade é D;
17. Resposta: B. EfghI: I na verdade é E;
No 1º triângulo, o número que está no interior do triângulo AbcdE: E na verdade é A;
dividido pelo número que está abaixo é igual à diferença entre ZabcD: D na verdade é Z;
o número que está à direita e o número que está à esquerda do UvxaA: A na verdade é U;
triângulo: 40 : 5 = 21 - 13 = 8. LmnoP: P na verdade é L;
A mesma regra acontece no 2º triângulo: 42 ÷ 7 = 23 - 17
= 6. 23. Resposta: B.
Assim, a mesma regra deve existir no 3º triângulo: A questão nos traz duas palavras que têm relação uma com
? ÷ 3 = 19 – 7 a outra e, em seguida, nos traz uma sequência numérica. É
? ÷ 3 = 12 perguntado qual sequência numérica tem a mesma ralação
? = 12 x 3 = 36. com a sequência numérica fornecida, de maneira que, a relação
entre as palavras e a sequência numérica é a mesma.
18. Resposta: E. Observando as duas palavras dadas, podemos perceber
Verifique os intervalos entre os números que foram facilmente que têm cada uma 6 letras e que as letras de uma se
fornecidos. Dado os números 3, 12, 27, __, 75, 108, obteve-se os repete na outra em uma ordem diferente. Tal ordem, nada
seguintes 9, 15, __, __, 33 intervalos. Observe que 3x3, 3x5, 3x7, mais é, do que a primeira palavra de trás para frente, de
3x9, 3x11. Logo 3x7 = 21 e 3x 9 = 27. Então: 21 + 27 = 48. maneira que SOCIAL vira LAICOS. Fazendo o mesmo com a
sequência numérica fornecida, temos: 231678 viram 876132,
19. Resposta: B. sendo esta a resposta.
Observe que o numerador é fixo, mas o denominador é
formado pela sequência: 24. Resposta: A.
A questão nos traz duas palavras que têm relação uma com
Primeiro Segundo Terceiro Quarto Quinto Sexto a outra, e em seguida, nos traz uma sequência numérica. Foi
1 1x2=2 2x3=6 3x4= 4x5= 5x6= perguntado qual a sequência numérica que tem relação com a
12 20 30 já dada de maneira que a relação entre as palavras e a
sequência numérica é a mesma. Observando as duas palavras
20. Resposta: D. dadas podemos perceber facilmente que tem cada uma 6 letras
O que de início devemos observar nesta questão é a e que as letras de uma se repete na outra em uma ordem
quantidade de B e de X em cada figura. Vejamos: diferente. Essa ordem diferente nada mais é, do que a primeira
palavra de trás para frente, de maneira que SALTA vira ATLAS.
BBB BXB XXB Fazendo o mesmo com a sequência numérica fornecida temos:
XBX XBX XBX 25435 vira 53452, sendo esta a resposta.
BBB BXB BXX
7B e 2X 5B e 4X 3B e 6X 25. Resposta: E.
Pelo número 86.547, tem-se que 86, 65, 54 e 47 não
Vê-se, que os “B” estão diminuindo de 2 em 2 e que os “X” acontecem no número procurado. Do número 48.675, as
estão aumentando de 2 em 2; notem também que os “B” estão opções 48, 86 e 67 não estão em nenhum dos números
sendo retirados um na parte de cima e um na parte de baixo e apresentados nas alternativas. Portanto, nesse número a
os “X” da mesma forma, só que não estão sendo retirados, coincidência se dá no número 75. Como o único número
estão, sim, sendo colocados. Logo a 4ª figura é: apresentado nas alternativas que possui a sequência 75 é
46.875, tem-se, então, o número procurado.
XXX
XBX 26. Resposta: D.
XXX O primeiro símbolo representa a divisão e o 2º símbolo
1B e 8X representa a soma. Portanto, na 1ª linha, tem-se: 36  4 + 5 =
9 + 5 = 14. Na 2ª linha, tem-se: 48  6 + 9 = 8 + 9 = 17. Com isso,

Raciocínio Lógico 9
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na 3ª linha, ter-se-á: 54  9 + 7 = 6 + 7 = 13. Logo, podemos 33. Resposta: A.


concluir então que o ponto de interrogação deverá ser Na primeira sequência, a palavra “azar” é obtida pelas
substituído pelo número 13. letras “a” e “z” em sequência, mas em ordem invertida. Já as
letras “a” e “r” são as 2 primeiras letras da palavra
27. Resposta: A. “arborizado”. A palavra “dias” foi obtida da mesma forma: As
As letras que acompanham os números ímpares formam a letras “d” e “i” são obtidas em sequência, mas em ordem
sequência normal do alfabeto. Já a sequência que acompanha invertida. As letras “a” e “s” são as 2 primeiras letras da
os números pares inicia-se pela letra “E”, e continua de acordo palavra “asteroides”. Com isso, para a palavras “articular”,
com a sequência normal do alfabeto: 2ª letra: E, 4ª letra: F, 6ª considerando as letras “i” e “u”, que estão na ordem invertida,
letra: G, 8ª letra: H, 10ª letra: I e 12ª letra: J. e as 2 primeiras letras, obtém-se a palavra “luar”.

28. Resposta: D. 34. O nome da sequência é Sequência de Fibonacci. O


Escrevendo os nomes dos animais apresentados na lista – número que vem é sempre a soma dos dois números
MARÁ, PERU, TATU e URSO, na seguinte ordem: PERU, MARÁ, imediatamente atrás dele. A sequência correta é: 1, 1, 2, 3, 5, 8,
TATU e URSO, obtém-se na tabela: 13, 21, 34, 55, 89, 144, 233...

P E R U 35.
M A R A Dia Subida Descida
T A T U 1º 2m 1m
U R S O 2º 3m 2m
3º 4m 3m
O nome do animal é PATO. Considerando a ordem do 4º 5m 4m
alfabeto, tem-se: P = 15, A = 1, T = 19 e 0 = 14. Somando esses 5º 6m 5m
valores, obtém-se: 15 + 1 + 19 + 14 = 49.
6º 7m 6m
29. Resposta: B. 7º 8m 7m
Na 1ª e na 2ª sequências, as vogais são as mesmas: letra 8º 9m 8m
“A”. Portanto, as vogais da 4ª sequência de letras deverão ser 9º 10m ----
as mesmas da 3ª sequência de letras: “O”. A 3ª letra da 2ª
sequência é a próxima letra do alfabeto depois da 3ª letra da Portanto, depois de 9 dias ela chegará na saída do poço.
1ª sequência de letras. Portanto, na 4ª sequência de letras, a 3ª
letra é a próxima letra depois de “B”, ou seja, a letra “C”. Em 36. 09 – 19 – 29 – 39 – 49 – 59 – 69 – 79 – 89 – 90 – 91 –
relação à primeira letra, tem-se uma diferença de 7 letras entre 92 – 93 – 94 – 95 – 96 – 97 – 98 – 99. Portanto, são necessários
a 1ª letra da 1ª sequência e a 1ª letra da 2ª sequência. Portanto, 20 algarismos.
entre a 1ª letra da 3ª sequência e a 1ª letra da 4ª sequência,
deve ocorrer o mesmo fato. Com isso, a 1ª letra da 4ª sequência 37.
é a letra “T”. Logo, a 4ª sequência de letras é: T, O, C, O, ou seja,
TOCO.

30. Resposta: C. = 16
Na 1ª sequência de letras, ocorrem as 3 primeiras letras do
alfabeto e, em seguida, volta-se para a 1ª letra da sequência. Na
2ª sequência, continua-se da 3ª letra da sequência anterior,
formando-se DEF, voltando-se novamente, para a 1ª letra = 09
desta sequência: D. Com isto, na 3ª sequência, têm-se as letras
HIJ, voltando-se para a 1ª letra desta sequência: H. Com isto, a
4ª sequência iniciará pela letra L, continuando por M e N,
voltando para a letra L. Logo, a 4ª sequência da letra é: LMNL.
= 04
31. Resposta: E.
Do 1º termo para o 2º termo, ocorreu um acréscimo de 1
unidade. Do 2º termo para o 3º termo, ocorreu a multiplicação
do termo anterior por 3. E assim por diante, até que para o 7º
termo temos 13 . 3 = 39. 8º termo = 39 + 1 = 40. 9º termo = 40
. 3 = 120. 10º termo = 120 + 1 = 121. 11º termo = 121 . 3 = 363.
12º termo = 363 + 1 = 364. 13º termo = 364 . 3 = 1.092. =01
Portanto, podemos concluir que o 13º termo da sequência é
um número maior que 1.000. Portanto, há 16 + 9 + 4 + 1 = 30 quadrados.

32. Resposta: D. 38.


Da palavra “ardoroso”, retiram-se as sílabas “do” e “ro” e
inverteu-se a ordem, definindo-se a palavra “rodo”. Da mesma
forma, da palavra “dinamizar”, retiram-se as sílabas “na” e
“mi”, definindo-se a palavra “mina”. Com isso, podemos
concluir que da palavra “maratona”. Deve-se retirar as sílabas
“ra” e “to”, criando-se a palavra “tora”.

Raciocínio Lógico 10
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39. Os símbolos são como números em frente ao espelho. 47.


Assim, o próximo símbolo será 88.

40.

48.

41.
12.345.679 × (2×9) = 222.222.222
12.345.679 × (3×9) = 333.333.333
... ...
12.345.679 × (6×9) = 666.666.666 49.
Portanto, para obter 999.999.999 devemos multiplicar
12.345.679 por (9x9) = 81

42.

50.

43.

CALENDÁRIOS

44. Sendo A = 1, J = 11, Q = 12 e K = 13, a soma de cada par Pode-se dizer que Calendário visa atender diversas
de cartas é igual a 14 e o naipe de paus sempre forma par com necessidades tanto civis quanto religiosas para orientações
o naipe de espadas. Portanto, a carta que está faltando é o 6 de espaciais e temporais, além disso, temos as divisões do ano:
espadas. Um ano possui 365 dias (modo padronizado, lembre-se
que temos o ano bissexto) divididos em semanas de 7 dias,
45. assim um ano possui 52 semanas mais 1 dia, com isso lembre-
se que se uma determinado ano começa em uma terça-feira no
ano seguinte começará em uma quarta-feira (se não for
bissexto).
O primeiro dia da semana é o domingo e encerra-se no
sábado (sétimo dia da semana).
O ano é dividido em 12 meses:
Janeiro: 31 dias.
Fevereiro: 28 dias (em ano bissexto possui 29 dias).
Março: 31 dias.
Abril: 30 dias.
Maio: 31 dias.
Junho: 30 dias.
46. Observe que: Julho: 31 dias.
Agosto: 31 dias.
3 6 18 72 360 2160 15120 Setembro: 30 dias.
x2 x3 x4 x5 x6 x7 Outubro: 31 dias.
Novembro: 30 dias.
Portanto, a próxima pedra terá que ter o valor: 15.120 x 8 Dezembro: 31 dias.
= 120.960 Lembre-se: 1 dia possui 24 horas, 1 hora possui 60
minutos e 1 minuto possui 60 segundos.

Raciocínio Lógico 11
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Um ano bissexto é o nome dado ao ano que possui 366 dias Dia da semana Arma secreta fornecida
(52 semanas mais 2 dias). O ano bissexto foi criado para pelo jogo
ajustar o calendário pois um ano não possui exatamente 365 2ªs, 4ªs e 6ªs feiras Bomba colorida
dias e sim 365 dias e 6 horas aproximadamente, e se não 3ªs feiras Doce listrado
houvesse este ajuste as datas não cairiam nas mesmas épocas 5ªs feiras Bala de goma
e estações naturais (primavera, verão, outono e inverno). Domingos Rosquinha gigante

Regras do ano bissexto. Considerando que o dia 1º de janeiro de 2014 foi uma 4ª
feira e que tanto 2014 quanto 2015 são anos de 365 dias, o
Ocorre de 4 em 4 anos. total de bombas coloridas que um jogador terá recebido no
De 100 em 100 anos não é bissexto. biênio formado pelos anos de 2014 e 2015 é igual a
De 400 em 400 anos é bissexto. (A) 312.
A ordem prevalece das últimas para as primeiras. (B) 313.
Por exemplo, 1600 foi um ano bissexto pois é múltiplo de (C) 156.
400, 1500 não foi um ano bissexto pois é múltiplo de 100, 2008 (D) 157.
foi um ano bissexto pois é múltiplo de 4. (E) 43.

Concluindo: Respostas
- 1 ano tem 365 a 366(bissexto) dias; 01. Resposta: D.
- 1 ano está dividido em 12 meses; Vamos enumerar os dias para que possamos ter a
- 1 mês tem de 30 a 31 dias, exceto fevereiro; verdadeira noção do dia que estamos e do dia que queremos.
- 1 dia tem 24 horas. Temos a informação que Depois de amanhã é segunda e que
precisamos saber o dia de ontem, no esquema abaixo temos
Questões uma maneira de visualizar melhor o que queremos:

01 . (IBGE - CESGRANRIO) Depois de amanhã é segunda- Ontem Hoje Amanhã Depois de Amanhã
feira, então, ontem foi Segunda
(A) terça-feira.
(B) quarta-feira. Seguindo a sequência dos dias da semana, temos que
(C) quinta-feira. enumera-los agora para trás:
(D) sexta-feira.
(E) sábado Ontem Hoje Amanhã Depois de Amanhã
Sexta Sábado Domingo Segunda
02. (TRT 18 – Técnico Judiciário – Área Administrativa
- FCC) A audiência do Sr. José estava marcada para uma
segunda-feira. Como ele deixou de apresentar ao tribunal uma
série de documentos, o juiz determinou que ela fosse
Com isso concluímos que ontem é sexta-feira.
remarcada para exatos 100 dias após a data original. A nova
data da audiência do Sr. José cairá em uma
02. Resposta: D.
(A) quinta-feira.
Vamos dividir os 100 dias pela quantidade de dias da
(B) terça-feira.
semana(7) ⇾ 100 dias /7 = 14 semanas + 2 dias. Obtemos 14
(C) sexta-feira.
semanas e 2 dias (resto da divisão). Como após uma semana é
(D) quarta-feira.
segunda de novo, então após 14 semanas cairá em uma
(E) segunda-feira.
segunda, só que como tenho +2 dias, logo:
Segunda-feira + 2 dias = quarta-feira.
03. (IF/RO – Administrador – Makiyama) A Terra leva,
aproximadamente, 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 46
03. Resposta: A.
segundos para dar uma volta completa em torno do Sol. Por
Se nos basearmos no calendário fiscal(4-4-5) chegamos à
isso, nosso calendário, o gregoriano, tem 365 dias divididos em
conclusão que a única alternativa certa é a que contém
12 meses. Assim, a cada 4 anos, um dia é acrescentado ao mês
Fevereiro. Pois os meses de Janeiro e Fevereiro tem sempre 4
de fevereiro para compensar as horas que “sobram” e, então,
domingos os demais nada podemos dizer pois variam de
tem-se um ano bissexto. Em um ano não bissexto, três meses
acordo com o ano.
consecutivos possuem exatamente 4 domingos cada um. Logo,
podemos afirmar que:
04. Resposta: B.
(A) Um desses meses é fevereiro.
Sabe-se que a cada ano todos os dias da semana
(B) Dois desses devem ter 30 dias.
apresentam 52 dias iguais. O dia da semana em que o ano se
(C) Um desses meses deve ser julho ou agosto.
inicia aparece por 53 vezes. Logo, se 2014 iniciou numa
(D) Um desses meses deve ser novembro ou dezembro.
quarta-feira em 2014 teremos 53 quartas feiras, 52 segundas
(E) Dois desses meses devem ter 31 dias.
feiras e 52 sextas feiras.
O ano de 2015 se iniciará numa quinta-feira. Logo, teremos
04. (TRT/2ª Região – Técnico Judiciário – Área
52 quartas feiras, 52 segundas feiras e 52 sextas feiras.
Administrativa - FCC) Um jogo eletrônico fornece, uma vez
Resumindo, teremos: 53 + (5x52) = 53 + 260 = 313.
por dia, uma arma secreta que pode ser usada pelo jogador
para aumentar suas chances de vitória. A arma é recebida
mesmo nos dias em que o jogo não é acionado, podendo ficar
acumulada. A tabela mostra a arma que é fornecida em cada
dia da semana.

Raciocínio Lógico 12
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Todas as PREMISSAS tem uma CONCLUSÃO. Os exemplos


Compreensão do processo acima são considerados silogismos.
lógico que, a partir de um Um argumento de premissas P1, P2, ..., Pn e de conclusão
Q, indica-se por:
conjunto de hipóteses, conduz, P1, P2, ..., Pn |----- Q
de forma válida, a conclusões
determinadas. Argumentos Válidos
Um argumento é VÁLIDO (ou bem construído ou legítimo)
quando a conclusão é VERDADEIRA (V), sempre que as
OBS.: Como sempre seguimos a ordem expressa no premissas forem todas verdadeiras (V). Dizemos, também, que
edital, recomendamos que estude o tópico abaixo antes de um argumento é válido quando a conclusão é uma
estudar este. consequência obrigatória das verdades de suas premissas. Ou
seja:
LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO
A verdade das premissas é incompatível com a falsidade da
No estudo da Lógica Matemática, a dedução formal é a conclusão.
principal ferramenta para o raciocínio válido de um
argumento. Ela avalia de forma genérica as conclusões que a Um argumento válido é denominado tautologia quando
argumentação pode tomar, quais dessas conclusões são assumir, somente, valorações verdadeiras,
válidas e quais são inválidas (falaciosas). Ainda na Lógica independentemente de valorações assumidas por suas
Matemática, estudam-se as formas válidas de inferência de estruturas lógicas.
uma linguagem formal ou proposicional constituindo-se,
assim, a teoria da argumentação. Argumentos Inválidos
Um argumento é um conjunto finito de premissas – Um argumento é dito INVÁLIDO (ou falácia, ou ilegítimo ou
proposições –, sendo uma delas a consequência das demais. mal construído), quando as verdades das premissas são
Tal premissa (proposição), que é o resultado dedutivo ou insuficientes para sustentar a verdade da conclusão.
consequência lógica das demais, é chamada conclusão. Caso a conclusão seja falsa, decorrente das insuficiências
Um argumento é uma fórmula: P1 ∧ P2 ∧ ... ∧ Pn → Q, em geradas pelas verdades de suas premissas, tem-se como
que os Pis (P1, P2, P3...) e Q são fórmulas simples ou conclusão uma contradição (F).
compostas. Nesse argumento, as fórmulas Pis (P1, P2, P3...) são Um argumento não válido diz-se um SOFISMA.
chamadas premissas e a fórmula Q é chamada conclusão.
- A verdade e a falsidade são propriedades das
Conceitos proposições.
Premissas (proposições): são afirmações que podem ser - Já a validade e a invalidade são propriedades inerentes
verdadeiras ou falsas. Com base nelas que os argumentos são aos argumentos.
compostos, ou melhor, elas possibilitam que o argumento seja - Uma proposição pode ser considerada verdadeira ou
aceito. falsa, mas nunca válida e inválida.
- Não é possível ter uma conclusão falsa se as
Inferência: é o processo a partir de uma ou mais premissas são verdadeiras.
premissas se chegar a novas proposições. Quando a inferência - A validade de um argumento depende exclusivamente
é dada como válida, significa que a nova proposição foi aceita, da relação existente entre as premissas e conclusões.
podendo ela ser utilizada em outras inferências.

Conclusão: é a proposição que contém o resultado final da


inferência e que esta alicerçada nas premissas. Para separa as Critérios de Validade de um argumento
premissas das conclusões utilizam-se expressões como “logo, Pelo teorema temos:
...”, “portanto, ...”, “por isso, ...”, entre outras.
Um argumento P1, P2, ..., Pn |---- Q é VÁLIDO se e somente
Sofisma: é um raciocínio falso com aspecto de verdadeiro. se a condicional:
(P1 ^ P2 ^ ...^ Pn) → Q é tautológica.
Falácia: é um argumento inválido, sem fundamento ou
tecnicamente falho na capacidade de provar aquilo que Métodos para testar a validade dos argumentos
enuncia. Estes métodos nos permitem, por dedução (ou inferência),
atribuirmos valores lógicos as premissas de um argumento
Silogismo: é um raciocínio composto de três proposições, para determinarmos uma conclusão verdadeira.
dispostas de tal maneira que a conclusão é verdadeira e deriva Também podemos utilizar diagramas lógicos caso sejam
logicamente das duas primeiras premissas, ou seja, a estruturas categóricas (frases formadas pelas palavras ou
conclusão é a terceira premissa. quantificadores: todo, algum e nenhum).

O argumento é uma fórmula constituída de premissas e Os métodos consistem em:


conclusões (dois elementos fundamentais da argumentação) 1) Atribuição de valores lógicos: o método consiste na
conforme dito no início temos: dedução dos valores lógicos das premissas de um
argumento, a partir de um “ponto de referência inicial” que,
geralmente, será representado pelo valor lógico de uma
premissa formada por uma proposição simples. Lembramos
que, para que um argumento seja válido, partiremos do
pressuposto que todas as premissas que compõem esse
argumento são, na totalidade, verdadeiras.
Para dedução dos valores lógicos, utilizaremos como
auxílio a tabela-verdade dos conectivos.

Raciocínio Lógico 13
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premissa P1 será falsa (5º passo). Lembramos que, sempre


que confirmarmos como falsa a 2ª parte de uma condicional,
devemos confirmar também como falsa a 1ª parte (6º passo),
já que F → F: V.

Exemplos
01. Seja um argumento formado pelas seguintes
premissas: Se Ana vai à festa, então Marta não vai à festa. Se
Paula não fica em casa, então Marta vai à festa. Nem Rita foi à
festa, nem Paula ficou em casa. Portanto, de acordo com os valores lógicos atribuídos,
Sejam as seguintes premissas: podemos obter as seguintes conclusões: “Ana não vai à festa”;
P1: Se Ana vai à festa, então Marta não vai à festa. “Marta vai à festa”; “Paula não fica em casa” e “Rita não foi
P2: Se Paula não fica em casa, então Marta vai à festa. à festa”.
P3: Nem Rita foi à festa, nem Paula ficou em casa.
Inicialmente, reescreveremos a última premissa “P3” na 02. Seja um argumento formado pelas seguintes
forma de uma conjunção, já que a forma “nem A, nem B” pode premissas: Se Pedro é pintor, então Eduardo não é eletricista.
ser também representada por “não A e não B”. Portanto, Saulo é síndico ou Eduardo é eletricista. Paulo é porteiro se, e
teremos: somente se, Saulo não é síndico.
Então, sejam as premissas: Sejam as seguintes premissas:
P1: Se Ana vai à festa, então Marta não vai à festa. P1: Se Pedro é pintor, então Eduardo não é eletricista.
P2: Se Paula não fica em casa, então Marta vai à festa. P2: Saulo é síndico ou Eduardo é eletricista.
P3: Rita não foi à festa e Paula não ficou em casa. P3: Paulo é porteiro se, e somente se, Saulo não é síndico.

Lembramos que, para que esse argumento seja válido, Lembramos que, para que esse argumento seja válido,
todas as premissas que o compõem deverão ser todas as premissas que o compõem deverão ser,
necessariamente verdadeiras. necessariamente, verdadeiras.
P1: Se Ana vai à festa, então Marta não vai à festa: (V) P1: Se Pedro é pintor, então Eduardo não é eletricista: (V)
P2: Se Paula não fica em casa, então Marta vai à festa: (V) P2: Saulo é síndico ou Eduardo é eletricista: (V)
P3: Rita não foi à festa e Paula não ficou em casa: (V) P3: Paulo é porteiro se, e somente se, Saulo não é síndico:
(V)
Nesse caso, não há um “ponto de referência”, ou seja, não Caso o argumento não possua uma proposição simples
temos uma proposição simples que faça parte desse (ponto de referência inicial) ou uma conjunção ou uma
argumento; logo, tomaremos como verdade a conjunção da disjunção exclusiva, então as deduções serão iniciadas pela
premissa “P3”, já que uma conjunção é considerada verdadeira bicondicional, caso exista.
somente quando suas partes forem verdadeiras. Assim, Sendo P3 uma bicondicional, e sabendo-se que toda
teremos a confirmação dos seguintes valores lógicos bicondicional assume valoração verdadeira somente
verdadeiros: “Rita não foi à festa” (1º passo) e “Paula não ficou quando suas partes são verdadeiras ou falsas,
em casa” (2º passo). simultaneamente, então consideraremos as duas partes da
P1: Se Ana vai à festa, então Marta não vai à festa. bicondicional como sendo verdadeiras (1º e 2º passos), por
P2: Se Paula não fica em casa, então Marta vai à festa. dedução.
P1: Se Pedro é pintor, então Eduardo não é eletricista.

Confirmando-se a proposição simples “Saulo não é síndico”


Ao confirmar a proposição simples “Paula não fica em casa”
como verdadeira, então a 1ª parte da disjunção em P2 será
como verdadeira, estaremos confirmando, também, como
valorada como falsa (3º passo). Se uma das partes de uma
verdadeira a 1ª parte da condicional da premissa “P2” (3º
disjunção for falsa, a outra parte “Eduardo é eletricista” deverá
passo).
ser necessariamente verdadeira, para que toda a disjunção
P1: Se Ana vai à festa, então Marta não vai à festa.
assuma valoração verdadeira (4º passo).
P1: Se Pedro é pintor, então Eduardo não é eletricista.

Se a 1ª parte de uma condicional for verdadeira, logo, a 2ª


parte também deverá ser verdadeira, já que uma verdade
implica outra verdade. Assim, concluímos que “Marta vai à Ao confirmar como verdadeira a proposição simples
festa” (4º passo). “Eduardo é eletricista”, então a 2ª parte da condicional em P1
P1: Se Ana vai à festa, então Marta não vai à festa. será falsa (5º passo). Se a 2ª parte de uma condicional for
valorada como falsa, então a 1ª parte também deverá ser
considerada falsa (6º passo), para que seu valor lógico seja
considerado verdadeiro (F → F: V).

Sabendo-se que “Marta vai à festa” é uma proposição


simples verdadeira, então a 2ª parte da condicional da

Raciocínio Lógico 14
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Montando a tabela verdade temos (vamos montar o passo


a passo):
P q r [(p → q) ^ (q → ~r)] → r

V V V V V V V F V

Portanto, de acordo com os valores lógicos atribuídos, V V F V V V V V F


podemos obter as seguintes conclusões: “Pedro não é pintor”;
“Eduardo é eletricista”; “Saulo não é síndico” e “Paulo é V F V V F F F F V
porteiro”.
V F F V F F F V F
Caso o argumento não possua uma proposição simples “ponto
de referência inicial”, devem-se iniciar as deduções pela F V V F V V V F V
conjunção, e, caso não exista tal conjunção, pela disjunção
exclusiva ou pela bicondicional, caso existam. F V F F V V V V F

2) Método da Tabela – Verdade: para resolvermos temos F F V F V F F F V


que levar em considerações dois casos.
1º caso: quando o argumento é representado por uma F F F F V F F V F
fórmula argumentativa.
1º 2º 1º 1º 1º 1º
Exemplo:
A → B ~A = ~B
Para resolver vamos montar uma tabela dispondo todas as P q r [(p → q) ^ (q → ~r)] → r
proposições, as premissas e as conclusões afim de chegarmos
a validade do argumento. V V V V V V V F F V

V V F V V V V V V F

V F V V F F F V F V

V F F V F F F V V F

F V V F V V V F F V

(Fonte: http://www.marilia.unesp.br) F V F F V V V V V F

O caso onde as premissas são verdadeiras e a conclusão


F F V F V F F V F V
é falsa está sinalizada na tabela acima pelo asterisco. Observe
também, na linha 4, que as premissas são verdadeiras e a
F F F F V F F V V F
conclusão é verdadeira. Chegamos através dessa análise que o
argumento não é valido.
1º 2º 1º 1º 3º 1º 1º
2o caso: quando o argumento é representado por uma
sequência lógica de premissas, sendo a última sua conclusão, e
é questionada a sua validade. P q r [(p → q) ^ (q → ~r)] → r
Exemplo:
“Se leio, então entendo. Se entendo, então não V V V V V V F V F F V
compreendo. Logo, compreendo.”
P1: Se leio, então entendo. V V F V V V V V V V F
P2: Se entendo, então não compreendo.
C: Compreendo. V F V V F F F F V F V
Se o argumento acima for válido, então, teremos a seguinte
estrutura lógica (fórmula) representativa desse argumento:
V F F V F F F F V V F
P1 ∧ P2 → C
F V V F V V F V F F V
Representando inicialmente as proposições primitivas
“leio”, “entendo” e “compreendo”, respectivamente, por “p”,
“q” e “r”, teremos a seguinte fórmula argumentativa: F V F F V V V V V V F
P1: p → q
P2: q → ~r F F V F V F V F V F V
C: r
F F F F V F V F V V F
[(p → q) ∧ (q → ~r)] → r ou

1º 2º 1º 4º 1º 3º 1º 1º

Raciocínio Lógico 15
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P q r [(p → q) ^ (q → ~r)] → r 3.6 – Modus Tollens (MT)

V V V V V V F V F F V V

V V F V V V V V V V F F
3.7 – Dilema construtivo (DC)
V F V V F F F F V F V V

V F F V F F F F V V V F

F V V F V V F V F F V V
3.8 – Dilema destrutivo (DD)
F V F F V V V V V V F F

F F V F V F V F V F V V

F F F F V F V F V V F F
3.9 – Silogismo disjuntivo (SD)
1º 2º 1º 4º 1º 3º 1º 5º 1º 1º caso:

Sendo a solução (observado na 5a resolução) uma


contingência (possui valores verdadeiros e falsos), logo, esse
argumento não é válido. Podemos chamar esse argumento de 2º caso:
sofisma embora tenha premissas e conclusões verdadeiras.

Implicações tautológicas: a utilização da tabela verdade


em alguns casos torna-se muito trabalhoso, principalmente
quando o número de proposições simples que compõe o
argumento é muito grande, então vamos aqui ver outros 3.10 – Silogismo hipotético (SH)
métodos que vão ajudar a provar a validade dos argumentos.

3.1 - Método da adição (AD)

3.11 – Exportação e importação.

3.2 - Método da adição (SIMP) 1º caso: Exportação


1º caso:

2º caso: Importação
2º caso:

Produto lógico de condicionais: este produto consiste na


3.3 - Método da conjunção (CONJ) dedução de uma condicional conclusiva – que será a
1º caso: conclusão do argumento –, decorrente ou resultante de
várias outras premissas formadas por, apenas,
condicionais.
Ao efetuar o produto lógico, eliminam-se as proposições
simples iguais que se localizam em partes opostas das
2º caso: condicionais que formam a premissa do argumento,
resultando em uma condicional denominada condicional
conclusiva. Vejamos o exemplo:

3.4 - Método da absorção (ABS)

3.5 – Modus Ponens (MP)

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Nós podemos aplicar a soma lógica em três casos: 3º caso - aplicam-se os procedimentos do 2o caso em,
1º caso - quando a condicional conclusiva é formada pelas apenas, uma parte das premissas do argumento.
proposições simples que aparecem apenas uma vez no Exemplo
conjunto das premissas do argumento. Se Nivaldo não é corintiano, então Márcio é palmeirense.
Exemplo Se Márcio não é palmeirense, então Pedro não é são-paulino.
Dado o argumento: Se chove, então faz frio. Se neva, então Se Nivaldo é corintiano, Pedro é são-paulino. Se Nivaldo é
chove. Se faz frio, então há nuvens no céu .Se há nuvens no corintiano, então Márcio não é palmeirense.
céu ,então o dia está claro. Então as premissas que formam esse argumento são:
Temos então o argumento formado pelas seguintes P1: Se Nivaldo não é corintiano, então Márcio é
premissas: palmeirense.
P1: Se chove, então faz frio. P2: Se Márcio não é palmeirense, então Pedro não é são-
P2: Se neva, então chove. paulino.
P3: Se faz frio, então há nuvens no céu. P3: Se Nivaldo é corintiano, Pedro é são-paulino.
P4: Se há nuvens no céu, então o dia está claro. P4: Se Nivaldo é corintiano, então Márcio não é
palmeirense.
Vamos denotar as proposições simples: Denotando as proposições temos:
p: chover p: Nivaldo é corintiano
q: fazer frio q: Márcio é palmeirense
r: nevar r: Pedro é são paulino
s: existir nuvens no céu Efetuando a soma lógica:
t: o dia está claro
Montando o produto lógico teremos:

Vamos aplicar o produto lógico nas 3 primeiras premissas


Conclusão: “Se neva, então o dia está claro”. (P1,P2,P3) teremos:

Observe que: As proposições simples “nevar” e “o dia está


claro” só apareceram uma vez no conjunto de premissas do
argumento anterior.

2º caso - quando a condicional conclusiva é formada por, Conclusão: “Márcio é palmeirense”.


apenas, uma proposição simples que aparece em ambas as
partes da condicional conclusiva, sendo uma a negação da Referências
outra. As demais proposições simples são eliminadas pelo ALENCAR FILHO, Edgar de – Iniciação a lógica matemática – São Paulo:
processo natural do produto lógico. Nobel – 2002.
Neste caso, na condicional conclusiva, a 1ª parte deverá CABRAL, Luiz Cláudio Durão; NUNES, Mauro César de Abreu - Raciocínio
necessariamente ser FALSA, e a 2ª parte, necessariamente lógico passo a passo – Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.
VERDADEIRA.
Questões
Tome Nota:
Nos dois casos anteriores, pode-se utilizar o recurso 01. (DPU – Agente Administrativo – CESPE/2016)
de equivalência da contrapositiva (contraposição) Considere que as seguintes proposições sejam verdadeiras.
de uma condicional, para que ocorram os devidos • Quando chove, Maria não vai ao cinema.
reajustes entre as proposições simples de uma • Quando Cláudio fica em casa, Maria vai ao cinema.
determinada condicional que resulte no produto lógico • Quando Cláudio sai de casa, não faz frio.
desejado. • Quando Fernando está estudando, não chove.
(p → q) ~q → ~p • Durante a noite, faz frio.
Tendo como referência as proposições apresentadas,
Exemplo julgue o item subsecutivo.
Seja o argumento: Se Ana trabalha, então Beto não estuda. Se Maria foi ao cinema, então Fernando estava estudando.
Se Carlos não viaja, então Beto não estuda. Se Carlos viaja, Ana ( ) Certo ( ) Errado
trabalha.
Temos então o argumento formado pelas seguintes 02. (STJ – Conhecimentos Gerais para o cargo 17 –
premissas: CESPE) Mariana é uma estudante que tem grande apreço pela
P1: Se Ana viaja, então Beto não trabalha. matemática, apesar de achar essa uma área muito difícil.
P2: Se Carlos não estuda, então Beto não trabalha. Sempre que tem tempo suficiente para estudar, Mariana é
P3: Se Carlos estuda, Ana viaja. aprovada nas disciplinas de matemática que cursa na
Denotando as proposições simples teremos: faculdade. Neste semestre, Mariana está cursando a disciplina
p: Ana trabalha chamada Introdução à Matemática Aplicada. No entanto, ela
q: Beto estuda não tem tempo suficiente para estudar e não será aprovada
r: Carlos viaja nessa disciplina.
Montando o produto lógico teremos: A partir das informações apresentadas nessa situação
hipotética, julgue o item a seguir, acerca das estruturas lógicas.
Considerando-se as seguintes proposições: p: “Se Mariana
aprende o conteúdo de Cálculo 1, então ela aprende o conteúdo
de Química Geral”; q: “Se Mariana aprende o conteúdo de
Química Geral, então ela é aprovada em Química Geral”; c:
Conclusão: “Beto não estuda”.

Raciocínio Lógico 17
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“Mariana foi aprovada em Química Geral”, é correto afirmar (A →B) ∧ (B → F)


que o argumento formado pelas premissas p e q e pela Para obtermos um resultado V da 2º premissa, logo B têm
conclusão c é um argumento válido. que ser F:
( ) Certo ( ) Errado (A → B) ∧ (B → F)
(A → F) ∧ (F → F)
03. (Petrobras – Técnico (a) de Exploração de Petróleo (F → F) ∧ (V)
Júnior – Informática – CESGRANRIO) Se Esmeralda é uma Para que a primeira premissa seja verdadeira, é preciso
fada, então Bongrado é um elfo. Se Bongrado é um elfo, então que o “A” seja falso:
Monarca é um centauro. Se Monarca é um centauro, então (A → F) ∧ (V)
Tristeza é uma bruxa. (F → F) ∧ (V)
Ora, sabe-se que Tristeza não é uma bruxa, logo (V) ∧ (V)
(A) Esmeralda é uma fada, e Bongrado não é um elfo. (V)
(B) Esmeralda não é uma fada, e Monarca não é um Então, é possível que o conjunto de premissas seja
centauro. verdadeiro e a conclusão seja falsa ao mesmo tempo, o que nos
(C) Bongrado é um elfo, e Monarca é um centauro. leva a concluir que esse argumento não é válido.
(D) Bongrado é um elfo, e Esmeralda é uma fada
(E) Monarca é um centauro, e Bongrado não é um elfo. 03. Resposta: B.
Vamos analisar cada frase partindo da afirmativa Tristeza
Respostas não é bruxa, considerando ela como (V), precisamos ter como
conclusão o valor lógico (V), então:
01. Resposta: Errado. (4) Se Esmeralda é uma fada(F), então Bongrado é um elfo
A questão trata-se de lógica de argumentação, dadas as (F) → V
premissas chegamos a uma conclusão. Enumerando as (3) Se Bongrado é um elfo (F), então Monarca é um
premissas: centauro (F) → V
A = Chove (2) Se Monarca é um centauro(F), então Tristeza é uma
B = Maria vai ao cinema bruxa(F) → V
C = Cláudio fica em casa (1) Tristeza não é uma bruxa (V)
D = Faz frio Logo:
E = Fernando está estudando Temos que:
F = É noite Esmeralda não é fada(V)
A argumentação parte que a conclusão deve ser (V) Bongrado não é elfo (V)
Lembramos a tabela verdade da condicional: Monarca não é um centauro (V)
Então concluímos que:
A condicional só será F quando a 1ª for verdadeira e a 2ª Esmeralda não é uma fada, e Monarca não é um centauro.
falsa, utilizando isso temos:
O que se quer saber é: Se Maria foi ao cinema, então
Fernando estava estudando. // B → ~E Estrutura lógica de relações
Iniciando temos: arbitrárias entre pessoas,
4º - Quando chove (F), Maria não vai ao cinema. (F) // A →
~B = V – para que o argumento seja válido temos que Quando
lugares, objetos ou eventos
chove tem que ser F. fictícios; deduzir novas
3º - Quando Cláudio fica em casa (V), Maria vai ao cinema informações das relações
(V). // C → B = V - para que o argumento seja válido temos que
Maria vai ao cinema tem que ser V.
fornecidas e avaliar as
2º - Quando Cláudio sai de casa(F), não faz frio (F). // ~C condições usadas para
→ ~D = V - para que o argumento seja válido temos que Quando estabelecer a estrutura
Cláudio sai de casa tem que ser F.
5º - Quando Fernando está estudando (V ou F), não chove
daquelas relações.
(V). // E → ~A = V. – neste caso Quando Fernando está
estudando pode ser V ou F.
1º- Durante a noite(V), faz frio (V). // F → D = V ESTRUTURAS LÓGICAS
Logo nada podemos afirmar sobre a afirmação: Se Maria
foi ao cinema (V), então Fernando estava estudando (V ou Em uma primeira aproximação, a lógica pode ser
F); pois temos dois valores lógicos para chegarmos à entendida como a ciência que estuda os princípios e o métodos
conclusão (V ou F). que permitem estabelecer as condições de validade e
invalidade dos argumentos. Um argumento é uma parte do
02. Resposta: Errado. discurso no qual localizamos um conjunto de uma ou mais
Se o argumento acima for válido, então, teremos a seguinte sentenças denominadas premissas e uma sentença
estrutura lógica (fórmula) representativa desse argumento: denominada conclusão.
P1 ∧ P2 → C Em diversas provas de concursos são empregados toda
Organizando e resolvendo, temos: sorte de argumentos com os mais variados conteúdos: político,
A: Mariana aprende o conteúdo de Cálculo 1 religioso, moral e etc. Pode-se pensar na lógica como o estudo
B: Mariana aprende o conteúdo de Química Geral da validade dos argumentos, focalizando a atenção não no
C: Mariana é aprovada em Química Geral conteúdo, mas sim na sua forma ou na sua estrutura.
Argumento: [(A → B) ∧ (B → C)] ⇒ C
Vamos ver se há a possibilidade de a conclusão ser falsa e Conceito de proposição
as premissas serem verdadeiras, para sabermos se o Chama-se proposição a todo conjunto de palavras ou
argumento é válido: símbolos que expressam um pensamento ou uma ideia de
Testando C para falso: sentido completo. Assim, as proposições transmitem
(A → B) ∧ (B →C) pensamentos, isto é, afirmam, declaram fatos ou exprimem

Raciocínio Lógico 18
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juízos que formamos a respeito de determinados conceitos ou Classificação das proposições


entes. As proposições podem ser classificadas em:
Elas devem possuir além disso: 1) Proposições simples (ou atômicas): são formadas por
- um sujeito e um predicado; um única oração, sem conectivos, ou seja, elementos de
- e por último, deve sempre ser possível atribuir um valor ligação. Representamos por letras minusculas: p, q, r,... .
lógico: verdadeiro (V) ou falso (F).
Preenchendo esses requisitos estamos diante de uma Exemplos:
proposição. O céu é azul.
Vejamos alguns exemplos: Hoje é sábado.
A) Terra é o maior planeta do sistema Solar
B) Brasília é a capital do Brasil. 2) Proposições compostas (ou moleculares): possuem
C) Todos os músicos são românticos. elementos de ligação (conectivos) que ligam as orações,
podendo ser duas, três, e assim por diante. Representamos por
A todas as frases podemos atribuir um valor lógico (V ou letras maiusculas: P, Q, R, ... .
F).
TOME NOTA!!! Exemplos:
Uma forma de identificarmos se uma frase simples é ou O ceu é azul ou cinza.
não considerada frase lógica, ou sentença, ou ainda Se hoje é sábado, então vou a praia.
proposição, é pela presença de:
- sujeito simples: "Carlos é médico"; Observação: os termos em destaque são alguns dos
- sujeito composto: "Rui e Nathan são irmãos"; conectivos (termos de ligação) que utilizamos em lógica
- sujeito inexistente: "Choveu" matemática.
- verbo, que representa a ação praticada por esse sujeito,
e estar sujeita à apreciação de julgamento de ser verdadeira 3) Sentença aberta: quando não se pode atribuir um
(V) ou falsa (F), caso contrário, não será considerada valor lógico verdadeiro ou falso para ela (ou valorar a
proposição. proposição!), portanto, não é considerada frase lógica. São
consideradas sentenças abertas:
Atenção: orações que não tem sujeito, NÃO são a) Frases interrogativas: Quando será prova? - Estudou
consideradas proposições lógicas. ontem? – Fez Sol ontem?
b) Frases exclamativas: Gol! – Que maravilhoso!
Princípios fundamentais da lógica c) Frase imperativas: Estude e leia com atenção. – Desligue
A Lógica matemática adota como regra fundamental três a televisão.
princípios1 (ou axiomas): d) Frases sem sentido lógico (expressões vagas,
paradoxais, ambíguas, ...): “esta frase é verdadeira” (expressão
paradoxal) – O cavalo do meu vizinho morreu (expressão
I – PRINCÍPIO DA IDENTIDADE: uma proposição ambígua) – 2 + 3 + 7
verdadeira é verdadeira; uma proposição falsa é falsa.
4) Proposição (sentença) fechada: quando a proposição
II – PRINCÍPIO DA NÃO CONTRADIÇÃO: uma admitir um único valor lógico, seja ele verdadeiro ou falso,
proposição não pode ser verdadeira E falsa ao mesmo nesse caso, será considerada uma frase, proposição ou
tempo. sentença lógica.

III – PRINCÍPIO DO TERCEIRO EXCLUÍDO: toda Observe os exemplos:


proposição OU é verdadeira OU é falsa, verificamos sempre
um desses casos, NUNCA existindo um terceiro caso. Frase Sujeito Verbo Conclusão
Maria é Maria É (ser) É uma frase
baiana (simples) lógica
Se esses princípios acimas não puderem ser aplicados, Lia e Maria Lia e Maria Têm (ter) É uma frase
NÃO podemos classificar uma frase como proposição. têm dois (composto) lógica
irmãos
Valores lógicos das proposições Ventou Inexistente Ventou É uma frase
Chamamos de valor lógico de uma proposição a verdade, hoje (ventar) lógica
se a proposição é verdadeira (V), e a falsidade, se a proposição Um lindo Um lindo Frase sem NÂO é uma
é falsa (F). livro de livro verbo frase lógica
Consideremos as seguintes proposições e os seus literatura
respectivos valores lógicos: Manobrar Frase sem Manobrar NÂO é uma
a) Brasília é a capital do Brasil. (V) esse carro sujeito frase lógica
b) Terra é o maior planeta do sistema Solar. (F) Existe vida Vida Existir É uma frase
em Marte lógica
A maioria das proposições são proposições contingenciais,
ou seja, dependem do contexto para sua análise. Assim, por Sentenças representadas por variáveis
exemplo, se considerarmos a proposição simples: a) x + 4 > 5;
b) Se x > 1, então x + 5 < 7;
“Existe vida após a morte”, ela poderá ser verdadeira (do c) x = 3 se, e somente se, x + y = 15.
ponto de vista da religião espírita) ou falsa (do ponto de vista
da religião católica); mesmo assim, em ambos os casos, seu valor Observação: Os termos “atômicos” e “moleculares”
lógico é único — ou verdadeiro ou falso. referem-se à quantidade de verbos presentes na frase.
Consideremos uma frase com apenas um verbo, então ela será

1 Algumas bibliografias consideram apenas dois axiomas o II e o III.

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dita atômica, pois se refere a apenas um único átomo (1 verbo (D) Pelé marcou dez gols para a seleção brasileira, também
= 1 átomo); consideremos, agora, uma frase com mais de um podemos atribuir valores lógicos (não estamos considerando
verbo, então ela será dita molecular, pois se refere a mais de a quantidade certa de gols, apenas se podemos atribuir um
um átomo (mais de um átomo = uma molécula). valor de V ou F a sentença).
(E) O que é isto? - como vemos não podemos atribuir
Questões valores lógicos por se tratar de uma frase interrogativa.

01. (Pref. Tanguá/RJ- Fiscal de Tributos – MS CONCEITO DE TABELA VERDADE


CONCURSOS/2017) Qual das seguintes sentenças é
classificada como uma proposição simples? Sabemos que tabela verdade é toda tabela que atribui,
(A) Será que vou ser aprovado no concurso? previamente, os possíveis valores lógicos que as proposições
(B) Ele é goleiro do Bangu. simples podem assumir, como sendo verdadeiras (V) ou
(C) João fez 18 anos e não tirou carta de motorista. falsas (F), e, por consequência, permite definir a solução de
(D) Bashar al-Assad é presidente dos Estados Unidos. uma determinada fórmula (proposição composta).
De acordo com o Princípio do Terceiro Excluído, toda
02. (IF/PA- Auxiliar de Assuntos Educacionais – proposição simples “p” é verdadeira ou falsa, ou seja, possui o
IF/PA/2016) Qual sentença a seguir é considerada uma valor lógico V (verdade) ou o valor lógico F (falsidade).
proposição? Em se tratando de uma proposição composta, a
(A) O copo de plástico. determinação de seu valor lógico, conhecidos os valores
(B) Feliz Natal! lógicos das proposições simples componentes, se faz com base
(C) Pegue suas coisas. no seguinte princípio, vamos relembrar:
(D) Onde está o livro?
(E) Francisco não tomou o remédio.
O valor lógico de qualquer proposição composta
03. (Cespe/UNB) Na lista de frases apresentadas a seguir: depende UNICAMENTE dos valores lógicos das
• “A frase dentro destas aspas é uma mentira.” proposições simples componentes, ficando por eles
• A expressão x + y é positiva. UNIVOCAMENTE determinados.
• O valor de √4 + 3 = 7.
• Pelé marcou dez gols para a seleção brasileira.
• O que é isto? Para determinarmos esses valores recorremos a um
Há exatamente: dispositivo prático que é o objeto do nosso estudo: A tabela
(A) uma proposição; verdade. Em que figuram todos os possíveis valores lógicos da
(B) duas proposições; proposição composta (sua solução) correspondente a todas as
(C) três proposições; possíveis atribuições de valores lógicos às proposições
(D) quatro proposições; simples componentes.
(E) todas são proposições.
Número de linhas de uma Tabela Verdade
Respostas O número de linhas de uma proposição composta depende
do número de proposições simples que a integram, sendo dado
01. Resposta: D. pelo seguinte teorema:
Analisando as alternativas temos:
(A) Frases interrogativas não são consideradas “A tabela verdade de uma proposição composta com n*
proposições. proposições simples componentes contém 2n linhas.” (*
(B) O sujeito aqui é indeterminado, logo não podemos Algumas bibliografias utilizam o “p” no lugar do “n”)
definir quem é ele. Os valores lógicos “V” e “F” se alteram de dois em dois para
(C) Trata-se de uma proposição composta a primeira proposição “p” e de um em um para a segunda
(D) É uma frase declarativa onde podemos identificar o proposição “q”, em suas respectivas colunas, e, além disso, VV,
sujeito da frase e atribuir a mesma um valor lógico. VF, FV e FF, em cada linha, são todos os arranjos binários com
repetição dos dois elementos “V” e “F”, segundo ensina a
02. Resposta: E. Análise Combinatória.
Analisando as alternativas temos:
(A) Não é uma oração composta de sujeito e predicado. Construção da tabela verdade de uma proposição
(B) É uma frase imperativa/exclamativa, logo não é composta
proposição. Para sua construção começamos contando o número de
(C) É uma frase que expressa ordem, logo não é proposição. proposições simples que a integram. Se há n proposições
(D) É uma frase interrogativa. simples componentes, então temos 2n linhas. Feito isso,
(E) Composta de sujeito e predicado, é uma frase atribuimos a 1ª proposição simples “p1” 2n / 2 = 2n -1 valores
declarativa e podemos atribuir a ela valores lógicos. V , seguidos de 2n – 1 valores F, e assim por diante.

03. Resposta: B. Exemplos


Analisemos cada alternativa: 1) Se tivermos 2 proposições temos que 2n =22 = 4 linhas e
(A) “A frase dentro destas aspas é uma mentira”, não 2n – 1 = 22 - 1 = 2, temos para a 1ª proposição 2 valores V e 2
podemos atribuir valores lógicos a ela, logo não é uma valores F se alternam de 2 em 2 , para a 2ª proposição temos
sentença lógica. que os valores se alternam de 1 em 1 (ou seja metade dos
(B) A expressão x + y é positiva, não temos como atribuir valores da 1ª proposição). Observe a ilustração, a primeira
valores lógicos, logo não é sentença lógica. parte dela corresponde a árvore de possibilidades e a segunda
(C) O valor de √4 + 3 = 7; é uma sentença lógica pois a tabela propriamente dita.
podemos atribuir valores lógicos, independente do resultado
que tenhamos

Raciocínio Lógico 20
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APOSTILAS OPÇÃO

proposicionais, semelhantes a aritmética sobre números, de


forma a determinarmos os valores das proposições.

1) Negação ( ~ ): chamamos de negação de uma


proposição representada por “não p” cujo valor lógico é
verdade (V) quando p é falsa e falsidade (F) quando p é
verdadeira. Assim “não p” tem valor lógico oposto daquele de
p.
Pela tabela verdade temos:

(Fonte: http://www.colegioweb.com.br/nocoes-de-logica/tabela-verdade.html)

2) Neste caso temos 3 proposições simples, fazendo os


cálculos temos: 2n =23 = 8 linhas e 2n – 1 = 23 - 1 = 4, temos para Simbolicamente temos:
a 1ª proposição 4 valores V e 4 valores F se alternam de 4 em ~V = F ; ~F = V
4 , para a 2ª proposição temos que os valores se alternam de 2 V(~p) = ~V(p)
em 2 (metade da 1ª proposição) e para a 3ª proposição temos
valores que se alternam de 1 em 1(metade da 2ª proposição). Exemplos
Proposição Negação: ~p
(afirmações): p
Carlos é médico Carlos NÃO é médico
Juliana é carioca Juliana NÃO é carioca
Nicolas está de férias Nicolas NÃO está de férias
Norberto foi NÃO É VERDADE QUE
trabalhar Norberto foi trabalhar

A primeira parte da tabela todas as afirmações são


verdadeiras, logo ao negarmos temos passam a ter como valor
lógico a falsidade.

- Dupla negação (Teoria da Involução): vamos


considerar as seguintes proposições primitivas, p:” Netuno é o
(Fonte: http://www.colegioweb.com.br/nocoes-de-logica/tabela-verdade.html) planeta mais distante do Sol”; sendo seu valor verdadeiro ao
negarmos “p”, vamos obter a seguinte proposição ~p: “Netuno
Vejamos alguns exemplos: NÂO é o planeta mais distante do Sol” e negando novamente a
proposição “~p” teremos ~(~p): “NÃO É VERDADE que Netuno
01. (FCC) Com relação à proposição: “Se ando e bebo, NÃO é o planeta mais distante do Sol”, sendo seu valor lógico
então caio, mas não durmo ou não bebo”. O número de linhas verdadeiro (V). Logo a dupla negação equivale a termos de
da tabela-verdade da proposição composta anterior é igual a: valores lógicos a sua proposição primitiva.
(A) 2;
(B) 4; p ≡ ~(~p)
(C) 8;
(D) 16; Observação: O termo “equivalente” está associado aos
(E) 32. “valores lógicos” de duas fórmulas lógicas, sendo iguais pela
natureza de seus valores lógicos.
Vamos contar o número de verbos para termos a Exemplo:
quantidade de proposições simples e distintas contidas na 1. Saturno é um planeta do sistema solar.
proposição composta. Temos os verbos “andar’, “beber”, “cair” 2. Sete é um número real maior que cinco.
e “dormir”. Aplicando a fórmula do número de linhas temos:
Número de linhas = 2n = 24 = 16 linhas. Sabendo-se da realidade dos valores lógicos das
Resposta D. proposições “Saturno é um planeta do sistema solar” e “Sete é
um número rela maior que cinco”, que são ambos verdadeiros
02. (Cespe/UnB) Se “A”, “B”, “C” e “D” forem proposições (V), conclui-se que essas proposições são equivalentes, em
simples e distintas, então o número de linhas da tabela- termos de valores lógicos, entre si.
verdade da proposição (A → B) ↔ (C → D) será igual a:
(A) 2; 2) Conjunção – produto lógico (^): chama-se de
(B) 4; conjunção de duas proposições p e q a proposição
(C) 8; representada por “p e q”, cujo valor lógico é verdade (V)
(D) 16; quando as proposições, p e q, são ambas verdadeiras e
(E) 32. falsidade (F) nos demais casos.
Simbolicamente temos: “p ^ q” (lê-se: “p E q”).
Veja que podemos aplicar a mesma linha do raciocínio Pela tabela verdade temos:
acima, então teremos:
Número de linhas = 2n = 24 = 16 linhas.
Resposta D.

Estudo dos Operadores e Operações Lógicas


Quando efetuamos certas operações sobre proposições
chamadas operações lógicas, efetuamos cálculos

Raciocínio Lógico 21
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APOSTILAS OPÇÃO

Exemplos 4) Disjunção exclusiva ( v ): chama-se disjunção


(a) exclusiva de duas proposições p e q, cujo valor lógico é
p: A neve é branca. (V) verdade (V) somente quando p é verdadeira ou q é
q: 3 < 5. (V) verdadeira, mas não quando p e q são ambas verdadeiras
V(p ^ q ) = V(p) ^ V(q) = V ^ V = V e a falsidade (F) quando p e q são ambas verdadeiras ou
ambas falsas.
(b) Simbolicamente: “p v q” (lê-se; “OU p OU q”; “OU p OU q,
p: A neve é azul. (F) MAS NÃO AMBOS”).
q: 6 < 5. (F) Pela tabela verdade temos:
V(p ^ q ) = V(p) ^ V(q) = F ^ F = F

(c)
p: Pelé é jogador de futebol. (V)
q: A seleção brasileira é octacampeã. (F)
V(p ^ q ) = V(p) ^ V(q) = V ^ F = F

(d) Para entender melhor vamos analisar o exemplo.


p: A neve é azul. (F) p: Nathan é médico ou professor. (Ambas podem ser
q: 7 é número ímpar. (V) verdadeiras, ele pode ser as duas coisas ao mesmo tempo, uma
V(p ^ q ) = V(p) ^ V(q) = F ^ V = F condição não exclui a outra – disjunção inclusiva).
Podemos escrever:
- O valor lógico de uma proposição simples “p” é indicado Nathan é médico ^ Nathan é professor
por V(p). Assim, exprime-se que “p” é verdadeira (V),
escrevendo: q: Mario é carioca ou paulista (aqui temos que se Mario é
V(p) = V carioca implica que ele não pode ser paulista, as duas coisas
não podem acontecer ao mesmo tempo – disjunção exclusiva).
- Analogamente, exprime-se que “p” é falsa (F), Reescrevendo:
escrevendo: Mario é carioca v Mario é paulista.
V(p) = F
Exemplos
- As proposições compostas, representadas, por exemplo, a) Plínio pula ou Lucas corre, mas não ambos.
pelas letras maiúsculas “P”, “Q”, “R”, “S” e “T”, terão seus b) Ou Plínio pula ou Lucas corre.
respectivos valores lógicos representados por:
V(P), V(Q), V(R), V(S) e V(T). 5) Implicação lógica ou condicional (→): chama-se
proposição condicional ou apenas condicional representada
3) Disjunção inclusiva – soma lógica – disjunção por “se p então q”, cujo valor lógico é falsidade (F) no caso em
simples (v): chama-se de disjunção inclusiva de duas que p é verdade e q é falsa e a verdade (V) nos demais
proposições p e q a proposição representada por “p ou q”, cujo casos.
valor lógico é verdade (V) quando pelo menos uma das
proposições, p e q, é verdadeira e falsidade (F) quando Simbolicamente: “p → q” (lê-se: p é condição suficiente
ambas são falsas. para q; q é condição necessária para p).
Simbolicamente: “p v q” (lê-se: “p OU q”). p é o antecedente e q o consequente e “→” é chamado de
Pela tabela verdade temos: símbolo de implicação.
Pela tabela verdade temos:

Exemplos
(a) Exemplos
p: A neve é branca. (V) (a)
q: 3 < 5. (V) p: A neve é branca. (V)
V(p v q) = V(p) v V(q) = V v V = V q: 3 < 5. (V)
V(p → q) = V(p) → V(q) = V → V = V
(b)
p: A neve é azul. (F) (b)
q: 6 < 5. (F) p: A neve é azul. (F)
V(p v q) = V(p) v V(q) = F v F = F q: 6 < 5. (F)
V(p → q) = V(p) → V(q) = F → F = V
(c)
p: Pelé é jogador de futebol. (V) (c)
q: A seleção brasileira é octacampeã. (F) p: Pelé é jogador de futebol. (V)
V(p v q) = V(p) v V(q) = V v F = V q: A seleção brasileira é octacampeã. (F)
V(p → q) = V(p) → V(q) = V → F = F
(d)
p: A neve é azul. (F) (d)
q: 7 é número ímpar. (V) p: A neve é azul. (F)
V(p v q) = V(p) v V(q) = F v V = V q: 7 é número ímpar. (V)
V(p → q) = V(p) → V(q) = F → V = V

Raciocínio Lógico 22
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6) Dupla implicação ou bicondicional (↔):chama-se


proposição bicondicional ou apenas bicondicional
representada por “p se e somente se q”, cujo valor lógico é
verdade (V) quando p e q são ambas verdadeiras ou falsas
e a falsidade (F) nos demais casos.
Simbolicamente: “p ↔ q” (lê-se: p é condição necessária e Simbolicamente temos: Q: ~ (q v r ^ ~p).
suficiente para q; q é condição necessária e suficiente para p).
Pela tabela verdade temos: R: Ou Luciana estuda ou Carlos dança se, e somente se,
João não bebe.
(p v r) ↔ ~q

Observação: os termos “É falso que”, “Não é verdade que”,


“É mentira que” e “É uma falácia que”, quando iniciam as
frases negam, por completo, as frases subsequentes.
Exemplos
(a)
- O uso de parêntesis
p: A neve é branca. (V)
A necessidade de usar parêntesis na simbolização das
q: 3 < 5. (V)
proposições se deve a evitar qualquer tipo de ambiguidade,
V(p ↔ q) = V(p) ↔ V(q) = V ↔ V = V
assim na proposição, por exemplo, p ^ q v r, nos dá a seguinte
proposições:
(b)
p: A neve é azul. (F)
(I) (p ^ q) v r - Conectivo principal é da disjunção.
q: 6 < 5. (F)
(II) p ^ (q v r) - Conectivo principal é da conjunção.
V(p ↔ q) = V(p) ↔ V(q) = F ↔ F = V
As quais apresentam significados diferentes, pois os
(c)
conectivos principais de cada proposição composta dá valores
p: Pelé é jogador de futebol. (V)
lógicos diferentes como conclusão.
q: A seleção brasileira é octacampeã. (F)
Agora observe a expressão: p ^ q → r v s, dá lugar,
V(p ↔ q) = V(p) ↔ V(q) = V ↔ F = F
colocando parêntesis as seguintes proposições:
a) ((p ^ q) → r) v s
(d)
b) p ^ ((q → r) v s)
p: A neve é azul. (F)
c) (p ^ (q → r)) v s
q: 7 é número ímpar. (V)
d) p ^ (q → (r v s))
V(p ↔ q) = V(p) ↔ V(q) = F ↔ V = F
e) (p ^ q) → (r v s)
Transformação da linguagem corrente para a
Aqui duas quaisquer delas não tem o mesmo significado.
simbólica
Porém existem muitos casos que os parêntesis são suprimidos,
Este é um dos tópicos mais vistos em diversas provas e por
a fim de simplificar as proposições simbolizadas, desde que,
isso vamos aqui detalhar de forma a sermos capazes de
naturalmente, ambiguidade alguma venha a aparecer. Para
resolver questões deste tipo.
isso a supressão do uso de parêntesis se faz mediante a
algumas convenções, das quais duas são particularmente
Sejam as seguintes proposições simples denotadas por “p”,
importantes:
“q” e “r” representadas por:
p: Luciana estuda.
1ª) A “ordem de precedência” para os conectivos é:
q: João bebe.
(I) ~ (negação)
r: Carlos dança.
(II) ^, v (conjunção ou disjunção têm a mesma
precedência, operando-se o que ocorrer primeiro, da esquerda
Sejam, agora, as seguintes proposições compostas
para direita).
denotadas por: “P ”, “Q ”, “R ”, “S ”, “T ”, “U ”, “V ” e “X ”
(III) → (condicional)
representadas por:
(IV) ↔ (bicondicional)
P: Se Luciana estuda e João bebe, então Carlos não dança.
Portanto o mais “fraco” é “~” e o mais “forte” é “↔”.
Q: É falso que João bebe ou Carlos dança, mas Luciana não
estuda.
Logo: Os símbolos → e ↔ têm preferência sobre ^ e v.
R: Ou Luciana estuda ou Carlos dança se, e somente se,
João não bebe.
Exemplo
p → q ↔ s ^ r , é uma bicondicional e nunca uma
O primeiro passo é destacarmos os operadores lógicos
condicional ou uma conjunção. Para convertê-la numa
(modificadores e conectivos) e as proposições. Depois
condicional há que se usar parêntesis:
reescrevermos de forma simbólica, vajamos:
p →( q ↔ s ^ r )
E para convertê-la em uma conjunção:
(p → q ↔ s) ^ r

Juntando as informações temos que, P: (p ^ q) → ~r 2ª) Quando um mesmo conectivo aparece


sucessivamente repetido, suprimem-se os parêntesis,
Continuando: fazendo-se a associação a partir da esquerda.

Q: É falso que João bebe ou Carlos dança, mas Luciana Segundo estas duas convenções, as duas seguintes
estuda. proposições se escrevem:

Raciocínio Lógico 23
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Proposição Nova forma de escrever p q ~ (p ^ ~ q)


a proposição V V V V F F V
((~(~(p ^ q))) v (~p)) ~~ (p ^ q) v ~p V F F V V V F
((~p) → (q → (~(p v r)))) ~p→ (q → ~(p v r)) F V V F F F V
F F V F F V F
- Outros símbolos para os conectivos (operadores lógicos): 4 1 3 2 1
“¬” (cantoneira) para negação (~).
“●” e “&” para conjunção (^). Observe que vamos preenchendo a tabela com os valores
“‫( ”ﬤ‬ferradura) para a condicional (→). lógicos (V e F), depois resolvemos os operadores lógicos
(modificadores e conectivos) e obtemos em 4 os valores
Em síntese temos a tabela verdade das proposições que lógicos da proposição que correspondem a todas possíveis
facilitará na resolução de diversas questões atribuições de p e q de modo que:

P(V V) = V, P(V F) = F, P(F V) = V, P(F F) = V

A proposição P(p,q) associa a cada um dos elementos do


conjunto U – {VV, VF, FV, FF} com um ÚNICO elemento do
conjunto {V,F}, isto é, P(p,q) outra coisa não é que uma função
(Fonte: http://www laifi.com.) de U em {V,F}

Exemplo P(p,q): U → {V,F} , cuja representação gráfica por um


Vamos construir a tabela verdade da proposição: diagrama sagital é a seguinte:
P(p,q) = ~ (p ^ ~q)

1ª Resolução) Vamos formar o par de colunas


correspondentes as duas proposições simples p e q. Em
seguida a coluna para ~q , depois a coluna para p ^ ~q e a
útima contento toda a proposição ~ (p ^ ~q), atribuindo todos
os valores lógicos possíveis de acordo com os operadores
lógicos.
p q ~q p ^~q ~ (p ^ ~q)
V V F F V
V F V V F 3ª Resolução) Resulta em suprimir a tabela verdade
F V F F V anterior as duas primeiras da esquerda relativas às
F F V F V proposições simples componentes p e q. Obtermos então a
seguinte tabela verdade simplificada:
2ª Resolução) Vamos montar primeiro as colunas
correspondentes a proposições simples p e q , depois traçar ~ (p ^ ~ q)
colunas para cada uma dessas proposições e para cada um dos V V F F V
conectivos que compõem a proposição composta. F V V V F
p q ~ (p ^ ~ q) V F F F V
V V V F F V F
V F 4 1 3 2 1
F V
F F Referências
CABRAL, Luiz Cláudio Durão; NUNES, Mauro César de Abreu - Raciocínio
Depois completamos, em uma determinada ordem as lógico passo a passo – Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.
ALENCAR FILHO, Edgar de – Iniciação a lógica matemática – São Paulo:
colunas escrevendo em cada uma delas os valores lógicos. Nobel – 2002.
p q ~ (p ^ ~ q)
V V V V ÁLGEBRA DAS PROPOSIÇÕES
V F V F
F V F V Propriedades da Conjunção: Sendo as proposições p, q e
F F F F r simples, quaisquer que sejam t e w, proposições também
1 1 simples, cujos valores lógicos respectivos são V (verdade) e
F(falsidade), temos as seguintes propriedades:
p q ~ (p ^ ~ q)
V V V F V 1) Idempotente: p ^ p ⇔ p (o símbolo “⇔” representa
V F V V F equivalência).
F V F F V A tabela verdade de p ^ p e p, são idênticas, ou seja, a
F F F V F bicondicional p ^ p ↔ p é tautológica.
1 2 1
p p^p p^p↔p
p q ~ (p ^ ~ q) V V V
V V V F F V F F V
V F V V V F
F V F F F V 2) Comutativa: p ^ q ⇔ q ^ p
F F F F V F A tabela verdade de p ^ q e q ^ p são idênticas, ou seja, a
bicondicional p ^ q ↔ q ^ p é tautológica.
1 3 2 1

Raciocínio Lógico 24
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APOSTILAS OPÇÃO

p q p^q q^p p^q↔q^p 4) Identidade: p v t ⇔ t e p v w ⇔ p


V V V V V A tabela verdade de p v t e p, e p v w e w são idênticas, ou
V F F F V seja, a bicondicional p v t ↔ t e p v w ↔ p são tautológicas.
F V F F V
F F F F V p t w pvt pvw pvt↔t pvw↔p
V V F V V V V
3) Associativa: (p ^ q) ^ r ⇔ p ^ (q ^ r) F V F V F V V
A tabela verdade de (p ^ q) ^ r e p ^ (q ^ r) são idênticas,
ou seja, a bicondicional (p ^ q) ^ r ↔ p ^ (q ^ r) é tautológica. Estas propriedades exprimem que t e w são
respectivamente elemento absorvente e elemento neutro da
p q r p^q (p ^ q) ^ r q^r p ^ (q ^ r) disjunção.
V V V V V V V
V V F V F F F Propriedades da Conjunção e Disjunção: Sejam p, q e r
V F V F F F F proposições simples quaisquer.
V F F F F F F 1) Distributiva:
F V V F F V F - p ^ (q v r) ⇔ (p ^ q) v (p ^ r)
F V F F F F F - p v (q ^ r) ⇔ (p v q) ^ (p v r)
F F V F F F F
A tabela verdade das proposições p ^ (q v r) e (p v q) ^ (p
F F F F F F F
v r) são idênticas, e observamos que a bicondicional p ^ (q v r)
↔ (p ^ q) v (p ^ r) é tautológica.
4) Identidade: p ^ t ⇔ p e p ^ w ⇔ w
A tabela verdade de p ^ t e p, e p ^ w e w são idênticas, ou
p q r qvr p ^ (q v r) p^q p^r (p ^ q) v (p ^ r)
seja, a bicondicional p ^ t ↔ p e p ^ w ↔ w são tautológicas.
V V V V V V V V
V V F V V V F V
p t w p^t p^w p^t↔p p^w↔w
V F V V V F V V
V V F V F V V
V F F F F F F F
F V F F F V V
F V V V F F F F
Estas propriedades exprimem que t e w são F V F V F F F F
respectivamente elemento neutro e elemento absorvente da F F V V F F F F
conjunção. F F F F F F F F

Propriedades da Disjunção: Sendo as proposições p, q e Analogamente temos ainda que a tabela verdade das
r simples, quaisquer que sejam t e w, proposições também proposições p v (q ^ r) e (p v q) ^ (p v r) são idênticas e sua
simples, cujos valores lógicos respectivos são V (verdade) e bicondicional p v (q ^ r) ↔ (p v q) ^ (p v r) é tautológica.
F(falsidade), temos as seguintes propriedades:
A equivalência p ^ (q v r) ↔ (p ^ q) v (p ^ r), exprime que a
1) Idempotente: p v p ⇔ p conjunção é distributiva em relação à disjunção e a
A tabela verdade de p v p e p, são idênticas, ou seja, a equivalência p v (q ^ r) ↔ (p v q) ^ (p v r), exprime que a
bicondicional p v p ↔ p é tautológica. disjunção é distributiva em relação à conjunção.
Exemplo:
p pvp pvp↔p “Carlos estuda E Jorge trabalha OU viaja” é equivalente à
V V V seguinte proposição:
“Carlos estuda E Jorge trabalha” OU “Carlos estuda E Jorge
F F V
viaja”.
2) Comutativa: p v q ⇔ q v p
2) Absorção:
A tabela verdade de p v q e q v p são idênticas, ou seja, a
- p ^ (p v q) ⇔ p
bicondicional p v q ↔ q v p é tautológica.
- p v (p ^ q) ⇔ p
p q pvq qvp pvq↔qvp
A tabela verdade das proposições p ^ (p v q) e p, ou seja, a
V V V V V
bicondicional p ^ (p v q) ↔ p é tautológica.
V F V V V
F V V V V p q pvq p ^ (p v q) p ^ (p v q) ↔ p
F F F F V V V V V V
V F V V V
3) Associativa: (p v q) v r ⇔ p v (q v r)
F V V F V
A tabela verdade de (p v q) v r e p v (q v r) são idênticas, ou
F F F F V
seja, a bicondicional (p v q) v r ↔ p v (q v r) é tautológica.
Analogamente temos ainda que a tabela verdade das
p q r pvq (p v q) v r qvr p v (q v r)
proposições p v (p ^ q) e p são idênticas, ou seja a bicondicional
V V V V V V V
p v (p ^ q) ↔ p é tautológica.
V V F V V V V
V F V V V V V p q p^q p v (p ^ q) p v (p ^ q) ↔ p
V F F V V F V V V V V V
F V V V V V V V F F V V
F V F V V V V F V F F V
F F V F V V V F F F F V
F F F F F F F

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Referências atividades de Mário no referido órgão: P: “Mário dá suporte às
CABRAL, Luiz Cláudio Durão; NUNES, Mauro César de Abreu - Raciocínio
lógico passo a passo – Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.
salas de treinamento e executa scripts de atualização do banco
ALENCAR FILHO, Edgar de – Iniciação a lógica matemática – São Paulo: de dados.”, julgue o item a seguir.
Nobel – 2002.
Simbolizando-se P por A∧B, a negação da proposição P
Questões será a proposição R: “Mário não dá suporte às salas de
treinamento nem executa scripts de atualização do banco de
01. (MEC – Conhecimentos básicos para os Postos dados.”, cuja tabela-verdade é a apresentada abaixo.
9,10,11 e 16 – CESPE)

( )Certo ( )Errado

Respostas
A figura acima apresenta as colunas iniciais de uma tabela-
verdade, em que P, Q e R representam proposições lógicas, e V 01. Resposta: Certo.
e F correspondem, respectivamente, aos valores lógicos P v (Q↔R), montando a tabela verdade temos:
verdadeiro e falso.
Com base nessas informações e utilizando os conectivos R Q P [P v (Q ↔ R) ]
lógicos usuais, julgue o item subsecutivo.
V V V V V V V V
A última coluna da tabela-verdade referente à proposição
lógica P v (Q↔R) quando representada na posição horizontal V V F F V V V V
é igual a V F V V V F F V
V F F F F F F V
F V V V V V F F
F V F F F V F F
( ) Certo ( ) Errado F F V V V F V F
F F F F V F V F
02. (BRDE-Analista de Sistemas, Desenvolvimento de
Sistemas – FUNDATEC) Qual operação lógica descreve a
02. Resposta: D.
tabela verdade da função Z abaixo cujo operandos são A e B?
Observe novamente a tabela abaixo, considere A = p, B = q
Considere que V significa Verdadeiro, e F, Falso.
e Z = condicional.

03. Resposta: E.
Como já foi visto, a disjunção só é falsa quando as duas
(A) Ou.
proposições são falsas.
(B) E.
(C) Ou exclusivo.
04. Resposta: Errado.
(D) Implicação (se...então).
Temos que montar a tabela verdade de P = A∧B, assim
(E) Bicondicional (se e somente se).

03. (EBSERH – Técnico em Citopatologia – INSTITUTO A B P = A∧B


AOCP) Considerando a proposição composta ( p ∨ r ) , é V V V
correto afirmar que V F F
(A) a proposição composta é falsa se apenas p for falsa. F V F
(B) a proposição composta é falsa se apenas r for falsa. F F F
(C) para que a proposição composta seja verdadeira é
necessário que ambas, p e r sejam verdadeiras. Assim a negação de P será:
(D) para que a proposição composta seja verdadeira é ~P = R
necessário que ambas, p e r sejam falsas. F
(E) para que a proposição composta seja falsa é necessário V
que ambas, p e r sejam falsas. V
V
04. (CRM/DF – Assistente Administrativo –
QUADRIX/2018) Considerando que Mário seja assistente de
tecnologia da informação de determinado Conselho Regional
de Medicina (CRM) e a seguinte proposição a respeito das

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Compreensão e elaboração
da lógica das situações por
meio de: raciocínio verbal,
raciocínio matemático,
raciocínio quantitativo e
raciocínio sequencial.

Raciocínio lógico é um processo de estruturação do


Solução: 4 em romanos é IV e 1 em inglês é ONE, logo
pensamento de acordo com as normas da lógica que permite
juntando os dois temos: IVONE.
chegar a uma determinada conclusão ou resolver um
problema. É aquele que se desvincula das relações entre os
CONCEITOS LÓGICOS
objetos e procede da própria elaboração do indivíduo. Surge
através da coordenação das relações previamente criadas
A lógica a qual conhecemos hoje foi definida por
entre os objetos.
Aristóteles, constituindo-a como uma ciência autônoma que se
dedica ao estudo dos atos do pensamento (Conceito, Juízo,
Um raciocínio lógico requer consciência e capacidade de
Raciocínio, Demonstração) do ponto de vista da sua estrutura
organização do pensamento. É possível resolver problemas
ou forma lógica, sem ter em conta qualquer conteúdo material.
usando o raciocínio lógico. No entanto, ele não pode ser
Falar de Lógica durante séculos, era o mesmo que falar da
ensinado diretamente, mas pode ser desenvolvido através da
lógica aristotélica. Apesar dos enormes avanços da lógica,
resolução de exercícios lógicos que contribuem para a
sobretudo a partir do século XIX, a matriz aristotélica persiste
evolução de algumas habilidades mentais.
até aos nossos dias. A lógica de Aristóteles tinha objetivo
Muitas empresas utilizam exercícios de raciocínio lógico
metodológico, a qual tratava de mostrar o caminho correto
para testarem a capacidade dos candidatos.
para a investigação, o conhecimento e a demonstração
científica. O método científico que ele preconizava assentava
Raciocínio lógico matemático ou quantitativo
nos seguintes fases:
O raciocínio lógico matemático ou quantitativo é o
1. Observação de fenômenos particulares;
raciocínio usado para a resolução de alguns problemas e
2. Intuição dos princípios gerais (universais) a que os
exercícios matemáticos. Esses exercícios são
frequentemente usados no âmbito escolar, através de mesmos obedeciam;
3. Dedução a partir deles das causas dos fenômenos
problemas matriciais, geométricos e aritméticos, para que
particulares.
os alunos desenvolvam determinadas aptidões. Este tipo de
raciocínio é bastante usado em áreas como a análise
Por este e outros motivos Aristóteles é considerado o pai
combinatória.
da Lógica Formal.
A lógica matemática (ou lógica formal) estuda a lógica
- Raciocínio analítico (crítico) ou Lógica informal - é a
segundo a sua estrutura ou forma. A lógica matemática
capacidade de raciocinar rapidamente através da percepção.
consiste em um sistema dedutivo de enunciados que tem como
Em concursos exigem bastante senso crítico do candidato e
objetivo criar um grupo de leis e regras para determinar a
capacidade de interpretação, portanto exigem mecanismos
validade dos raciocínios. Assim, um raciocínio é considerado
próprios para a resolução das questões. O raciocínio analítico
válido se é possível alcançar uma conclusão verdadeira a partir
nada mais é que a avaliação de situações através de
de premissas verdadeiras.
interpretação lógica de textos.
Em sentido mais amplo podemos dizer que a Lógica está
Tipos de raciocínio relacionado a maneira específica de raciocinar de forma
acertada, isto é, a capacidade do indivíduo de resolver
problemas complexos que envolvem questões matemáticas, os
Raciocínio Raciocínio Raciocínio sequências de números, palavras, entre outros e de
verbal - consiste espacial - remete abstrato - desenvolver essa capacidade de chegar a validade do seu
na capacidade de para a aptidão para responsável pelo raciocínio.
apreensão e criar e manipular pensamento O estudo das estruturas lógicas, consiste em aprendermos
estruturação de representações abstrato e a a associar determinada preposição ao conectivo
elementos mentais visuais. Está capacidade para correspondente. Mas é necessário aprendermos alguns
verbais, relacionada com a determinar conceitos importantes para o aprendizado.
culminando na capacidade de ligações
formação de visualização e de abstratas entre Exemplos
significados e uma raciocinar em três conceitos através
ordem e relação dimensões. de ideias 01. (Câmara de Aracruz/ES – Agente Administrativo e
entre eles. inovadoras. Legislativo – IDECAN/2016) Analise a lógica envolvida nas
figuras a seguir.

Vejamos um exemplo que roda pela internet e redes sociais, os


quais são chamados de Desafios, os mesmos envolvem o
“raciocínio” para chegarmos ao resultado:

Raciocínio Lógico 27
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APOSTILAS OPÇÃO

A letra que substitui o sinal “?” é: Questões


(A) O.
(B) R. 01. "Abaixar" está para "Curvar" assim como
(C) T. "Continuidade" está para:
(D) W. (A) Intervalo
(B) Frequência
Substituindo as letras pelas posições no alfabeto: (C) Intermitência
C - 3º posição do alfabeto / E - 5º posição do alfabeto / H - (D) Interrupção
8ºposição do alfabeto (E) Suspensão
L- 12º posição do alfabeto / G- 7º posição do alfabeto / S-
19º posição do alfabeto 02. Marcelo tinha 77 figurinhas e Paulo tinha 58. Marcelo
I - 9º posição do alfabeto / K - 11º posição do alfabeto / deu algumas de suas figurinhas para Paulo. Depois dessa
Qual será a letra? doação, é possível que Marcelo e Paulo fiquem,
respectivamente, com as seguintes quantidades de figurinhas:
Após a substituição observamos que a 1ª letra é a diferença (A) 82 e 53
das outras duas: (B) 74 e 62
C (3) E (5) H (8) (C) 68 e 68
L (12) G (7) S (19) (D) 66 e 69
I (9) K (11) ? (E) 56 e 89

8–5=3 03. (SESAU-RO – Farmacêutico – FUNRIO/2017) A soma


19 – 7 = 12 de 10 números é 400. Um desses números é o 44. Assim, avalie
? – 11 = 9 → ? = 9 + 11 → ? = 20 = T. se as seguintes afirmativas são falsas (F) ou verdadeiras (V):
Resposta: C. Ao menos um dos demais 9 números é menor do que 40.
Ao menos três números são menores ou iguais a 39.
02. (Pref. Barbacena/MG – Advogado – FCM/2016) Ao menos um dos números é menor do que 37.
Maria tem três filhos, Bianca, Celi e João, e seis netos, Ana, As afirmativas são respectivamente:
André, Beth, Cláudia, Fernando e Paula. Sabe-se que: (A) F, V e V.
Bianca tem três filhos(as). (B) V, F e V.
Celi tem dois filhos(as). (C) V, F e F.
João tem um(a) filho(a). (D) F, V e F.
Cláudia não tem irmãos. (E) F, F e F.
Beth é irmã de Paula.
André não tem irmãs. 04. (SESAU-RO – Técnico em Informática –
Com essas informações, pode-se afirmar que Ana é FUNRIO/2017) Capitu é mais baixa que Marilu e é mais alta
(A) filha de Celi. que Lulu. Lulu é mais alta que Babalu mas é mais baixa que
(B) prima de Beth. Analu. Marilu é mais baixa que Analu. Assim, a mais alta das
(C) prima de Paula. cinco é:
(D) filha de Bianca. (A) Analu.
(B) Babalu.
Partindo das informações temos: (C) Capitu.
(D) Lulu.
Filhos (3) Netos (6) (E) Marilu.
Bianca (3 filhos(as))
Maria 05. Um terreno retangular será cercado com arames e
Celi (2 filhos (as))
João (1 filho (a)) estacas. Quantas estacas serão necessárias se em cada lado
terá de haver 20 delas?
Netos: André e Fernando (2) (A) 80 estacas.
Netas: Ana, Beth, Claudia, Paula (4) (B) 78 estacas.
- A resposta mais direta é a de Claudia que não tem irmãos, (C) 76 estacas.
(D) 74 estacas.
logo é filha única e só pode ser filha de João.
(E) 72 estacas.
- Depois temos que André não tem irmãs. Logo ele pode ter
irmão, como só tem 2 meninos. André e Fernando são filhos de
Respostas
Celi.
- Observe que sobrou Ana, Beth e Paula que só podem ser
01. Resposta: B
filhas de Bianca.
Analisando as alternativas a única correta é a D. O sinônimo de "Continuidade" é "Frequência".

Referências 02.Resposta: D
ALENCAR FILHO, Edgar de – Iniciação a lógica matemática – São Paulo: Se Marcelo doou figurinhas, então ele ficou com uma
Nobel – 2002. quantidade inferior a que ele possuía, assim sendo considere a
CABRAL, Luiz Cláudio Durão; NUNES, Mauro César de Abreu - Raciocínio
lógico passo a passo – Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.
alternativa D como a correta. Pois se Marcelo ficou com 66,
http://conceito.de/raciocinio-logico significa que ele doou 11, e Paulo recebeu 11, logo 58 + 11 =
http://www.significados.com.br/raciocinio-logico 69.
03. Resposta: C
Se um dos números é 44, os outros nove somam 356.
Dividindo 356 por 9, temos 39,9999.... Logo, podemos ver
que não importa quais são os números, um necessariamente
será menor que 40. Por isso, a afirmativa I é Verdadeira.

Raciocínio Lógico 28
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APOSTILAS OPÇÃO

É possível que menos de 3 números seja menor maior que


39. Por exemplo, 100 + 100 + 100 + 40 + 10 + 2 + 2 + 1 + 1 =
356. Logo, afirmativa II é Falsa.
Como vimos, é possível que os 9 números restantes sejam
iguais a 39,999... ou seja, afirmação III é Falsa.
Gabarito: V, F e F.

04. Resposta: A.
Seja A= Analu, B= Babalu, C= Capitu, L= Lulu e M= Marilu.
Pelo enunciado temos:
M>L
L>B
A>L
A>M.
Portanto a maior de todas é A= Analu.

05. Resposta: C.
Se em cada lado deverá haver 20 estacas, nos quatro lados
do terreno deverá ter 4x20 – 4 = 76 estacas.
Diminuímos 4 porque contando 20 em cada lado as que
estão no canto (vértices) foram contadas duas vezes.

Anotações

Raciocínio Lógico 29
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APOSTILAS OPÇÃO

Raciocínio Lógico 30
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

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APOSTILAS OPÇÃO

cotidianas pelas ações e características do papel assumido,


utilizando-se de objetos substitutos.
A brincadeira favorece a autoestima das crianças,
auxiliando-as a superar progressivamente suas aquisições de
forma criativa. Brincar contribui, assim, para a interiorização
de determinados modelos de adulto, no âmbito de grupos
sociais diversos.
Essas significações atribuídas ao brincar transformam-no
em um espaço singular de constituição infantil.
Nas brincadeiras, as crianças transformam os
A importância do brincar conhecimentos que já possuíam anteriormente em conceitos
gerais com os quais brinca. Por exemplo, para assumir um
determinado papel numa brincadeira, a criança deve conhecer
alguma de suas características.
1Há tempo a brincadeira está presente no universo infantil.
Seus conhecimentos provêm da imitação de alguém ou de
Através dela a criança apropria-se da sua imagem, seu espaço, algo conhecido, de uma experiência vivida na família ou em
seu meio sociocultural, realizando intra e inter-relações. outros ambientes, do relato de um colega ou de um adulto, de
Segundo o Referencial Curricular para a Educação Infantil, cenas assistidas na televisão, no cinema ou narradas em livros
o Brincar é um precioso momento de construção pessoal e etc. A fonte de seus conhecimentos é múltipla, mas estes se
social, é permeado pelo eixo de trabalho denominado encontram, ainda, fragmentados. É no ato de brincar que a
Movimento, no qual a criança movimenta-se construindo criança estabelece os diferentes vínculos entre as
sua moralidade e afetividade perante as situações características do papel assumido, suas competências e as
desafiadoras e significativas presentes no brincar e relações que possuem com outros papéis, tomando
inerentes à produção social do conhecimento. consciência disto e generalizando para outras situações.
De acordo com a educação atual, a criança não deve ser
considerada como um homem em miniatura como acontecia Para brincar é preciso que as crianças tenham certa
antigamente, ao contrário, a criança dever ser considerada independência para escolher seus companheiros e os papéis
como um ser complexo e único provida de direitos e deveres que irão assumir no interior de um determinado tema e
com características próprias dessa etapa de desenvolvimento. enredo, cujos desenvolvimentos dependem unicamente da
vontade de quem brinca.
Brincar 2 Pela oportunidade de vivenciar brincadeiras imaginativas
e criadas por elas mesmas, as crianças podem acionar seus
Para que as crianças possam exercer sua capacidade de pensamentos para a resolução de problemas que lhes são
criar é imprescindível que haja riqueza e diversidade nas importantes e significativos. Propiciando a brincadeira,
experiências que lhes são oferecidas nas instituições, sejam portanto, cria-se um espaço no qual as crianças podem
elas mais voltadas às brincadeiras ou às aprendizagens que experimentar o mundo e internalizar uma compreensão
ocorrem por meio de uma intervenção direta. particular sobre as pessoas, os sentimentos e os diversos
A brincadeira é uma linguagem infantil que mantém um conhecimentos.
vínculo essencial com aquilo que é o “não-brincar”. Se a O brincar apresenta-se por meio de várias categorias de
brincadeira é uma ação que ocorre no plano da imaginação isto experiências que são diferenciadas pelo uso do material ou dos
implica que aquele que brinca tenha o domínio da linguagem recursos predominantemente implicados. Essas categorias
simbólica. Isto quer dizer que é preciso haver consciência da incluem: o movimento e as mudanças da percepção
diferença existente entre a brincadeira e a realidade imediata resultantes essencialmente da mobilidade física das crianças;
que lhe forneceu conteúdo para realizar-se. Nesse sentido, a relação com os objetos e suas propriedades físicas assim
para brincar é preciso apropriar-se de elementos da realidade como a combinação e associação entre eles; a linguagem oral e
imediata de tal forma a atribuir-lhes novos significados. Essa gestual que oferecem vários níveis de organização a serem
peculiaridade da brincadeira ocorre por meio da articulação utilizados para brincar; os conteúdos sociais, como papéis,
entre a imaginação e a imitação da realidade. Toda brincadeira situações, valores e atitudes que se referem à forma como o
é uma imitação transformada, no plano das emoções e das universo social se constrói; e, finalmente, os limites definidos
ideias, de uma realidade anteriormente vivenciada. pelas regras, constituindo-se em um recurso fundamental para
Isso significa que uma criança que, por exemplo, bate brincar. Estas categorias de experiências podem ser agrupadas
ritmicamente com os pés no chão e imagina-se cavalgando um em três modalidades básicas, quais sejam brincar de faz-de-
cavalo, está orientando sua ação pelo significado da situação e conta ou com papéis, considerada como atividade fundamental
por uma atitude mental e não somente pela percepção da qual se originam todas as outras; brincar com materiais de
imediata dos objetos e situações. construção e brincar com regras.

No ato de brincar, os sinais, os gestos, os objetos e os As brincadeiras de faz-de-conta, os jogos de construção e


espaços valem e significam outra coisa daquilo que aparentam aqueles que possuem regras, como os jogos de sociedade
ser. Ao brincar, as crianças recriam e repensam os (também chamados de jogos de tabuleiro), jogos tradicionais,
acontecimentos que lhes deram origem, sabendo que estão didáticos, corporais etc., propiciam a ampliação dos
brincando. conhecimentos infantis por meio da atividade lúdica.
O principal indicador da brincadeira entre as crianças, é o É o adulto, na figura do professor, portanto, que, na
papel que assumem enquanto brincam. Ao adotar outros instituição infantil, ajuda a estruturar o campo das
papéis na brincadeira, as crianças agem frente à realidade de brincadeiras na vida das crianças. Consequentemente é ele que
maneira não literal, transferindo e substituindo suas ações organiza sua base estrutural, por meio da oferta de

1 LUNARDI, K. de O. O BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL. Publicado em 1.Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. -
http://monografias.brasilescola.uol.com.br Brasília: MEC/SEF, 1998.
2 Brasil. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação

Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil- Vol.

Conhecimentos Específicos 1
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APOSTILAS OPÇÃO

determinados objetos, fantasias, brinquedos ou jogos, da personagem, que uma criança pode ser um objeto ou um
delimitação e arranjo dos espaços e do tempo para brincar. animal, que um lugar “faz-de-conta” que é outro. Brincar é,
Por meio das brincadeiras, os professores podem assim, um espaço no qual se pode observar a coordenação das
observar e constituir uma visão dos processos de experiências prévias das crianças e aquilo que os objetos
desenvolvimento das crianças em conjunto e de cada uma manipulados sugerem ou provocam no momento presente.
em particular, registrando suas capacidades de uso das Pela repetição daquilo que já conhecem, utilizando a ativação
linguagens, assim como de suas capacidades sociais e dos da memória, atualizam seus conhecimentos prévios,
recursos afetivos e emocionais que dispõem. ampliando-os e transformando-os por meio da criação de uma
A intervenção intencional baseada na observação das situação imaginária nova. Brincar constitui-se, dessa forma,
brincadeiras das crianças, oferecendo-lhes material adequado, em uma atividade interna das crianças, baseada no
assim como, um espaço estruturado para brincar permite o desenvolvimento da imaginação e na interpretação da
enriquecimento das competências imaginativas, criativas e realidade, sem ser ilusão ou mentira. Também se tornam
organizacionais infantis. Cabe ao professor organizar autoras de seus papéis, escolhendo, elaborando e colocando
situações para que as brincadeiras ocorram de maneira em prática suas fantasias e conhecimentos, sem a intervenção
diversificada para propiciar às crianças a possibilidade de direta do adulto, podendo pensar e solucionar problemas de
escolherem os temas, papéis, objetos e companheiros com forma livre das pressões situacionais da realidade imediata.
quem brincar ou os jogos de regras e de construção, e assim Quando utilizam a linguagem do faz-de-conta, as crianças
elaborarem de forma pessoal e independente suas emoções, enriquecem sua identidade, porque podem experimentar
sentimentos, conhecimentos e regras sociais. outras formas de ser e pensar, ampliando suas concepções
sobre as coisas e pessoas ao desempenhar vários papéis
É preciso que o professor tenha consciência que na sociais ou personagens. Na brincadeira, vivenciam
brincadeira as crianças recriam e estabilizam aquilo que concretamente a elaboração e negociação de regras de
sabem sobre as mais diversas esferas do conhecimento, em convivência, assim como a elaboração de um sistema de
uma atividade espontânea e imaginativa. Nessa perspectiva, representação dos diversos sentimentos, das emoções e das
não se deve confundir situações nas quais se objetivam construções humanas. Isso ocorre porque a motivação da
determinadas aprendizagens relativas a conceitos, brincadeira é sempre individual e depende dos recursos
procedimentos ou atitudes explícitas com aquelas nas quais os emocionais de cada criança que são compartilhados em
conhecimentos são experimentados de uma maneira situações de interação social. Por meio da repetição de
espontânea e destituída de objetivos imediatos pelas crianças. determinadas ações imaginadas que se baseiam nas
Pode-se, entretanto, utilizar os jogos, especialmente àqueles polaridades presença/ausência, bom/mau, prazer/desprazer,
que possuem regras, como atividades didáticas. É preciso, passividade/ atividade, dentro/fora, grande/pequeno,
porém, que o professor tenha consciência que as crianças não feio/bonito etc., as crianças também podem internalizar e
estarão brincando livremente nestas situações, pois há elaborar suas emoções e sentimentos, desenvolvendo um
objetivos didáticos em questão. sentido próprio de moral e de justiça.
De acordo com o Referencial Curricular Nacional para
Educação infantil3, brincar é uma das atividades fundamentais Resgate histórico da Educação Infantil
para o desenvolvimento da identidade e da autonomia. O
fato de a criança, desde muito cedo, poder se comunicar por A Educação Infantil pode ser considerada tipicamente
meio de gestos, sons e mais tarde representar determinado urbana e característica das sociedades industriais, sendo
papel na brincadeira faz com que ela desenvolva sua assim, a pré-escola tem uma história relativamente recente, a
imaginação. Nas brincadeiras as crianças podem desenvolver qual possuía inicialmente fins assistências e não educativos.
algumas capacidades importantes, tais como a atenção, a A primeira Revolução Industrial que transformou as
imitação, a memória, a imaginação. características do mundo do trabalho e causou danos aos
Amadurecem também algumas capacidades de trabalhadores, submetendo-os à máquina de maneira
socialização, por meio da interação e da utilização e impiedosa e desumana, não poupou as crianças que, sendo
experimentação de regras e papéis sociais. mão de obra mais barata que a dos adultos, foram utilizadas
A diferenciação de papéis se faz presente, sobretudo no maciçamente nas fábricas e nas minas de carvão. Desde muito
faz-de-conta, quando as crianças brincam como se fossem o novos tinham de tocar os teares das tecelagens ou empurrar as
pai, a mãe, o filhinho, o médico, o paciente, heróis e vilões etc., vagonetas na profundeza das galerias de mineração,
imitando e recriando personagens observados ou imaginados trabalhavam de 12 a 16 horas por dia, nas condições mais anti-
nas suas vivências. higiênicas que se possam imaginar, e não raro sob a
A fantasia e a imaginação são elementos fundamentais pancadaria dos feitores, para que não dormissem, nem
para que a criança aprenda mais sobre a relação entre as cedessem à distração.
pessoas, sobre o eu e sobre o outro. Uma das primeiras iniciativas para afastar as crianças
No faz-de-conta, as crianças aprendem a agir em função da pobres desse sistema de servidão e dar - lhes atendimento
imagem de uma pessoa, de uma personagem, de um objeto e humanitário em instituições apropriadas foi feita em New
de situações que não estão imediatamente presentes e Lanark por Robert Owens que era um utopista socialista e
perceptíveis para elas no momento e que evocam emoções, criou um modelo de micro sociedade planejada. Embora não
sentimentos e significados vivenciados em outras tenha conseguido atingir seus objetivos, o fracasso da
circunstâncias. Brincar funciona como um cenário no qual as experiência não impediu que suas ideias sobre a assistência
crianças tornam-se capazes não só de imitar a vida como que se devia dar à infância desamparada tivessem em James
também de transformá-la. Os heróis, por exemplo, lutam Buchanam seu mais íntimo colaborador, um entusiasta
contra seus inimigos, mas também podem ter filhos, cozinhar continuador.
e ir ao circo. Em Londres, Buchanam reuniu seguidores, sobretudo
Ao brincar de faz-de-conta, as crianças buscam imitar, entre damas da sociedade inglesa, e deu origem a uma série de
imaginar, representar e comunicar de uma forma específica estabelecimentos de educação infantil, podendo, sem exagero,
que uma coisa pode ser outra, que uma pessoa pode ser uma ser-lhe atribuído o título de pioneiro da pré-escola naquele

3 Brasil. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação 2.Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. -
Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil- Vol Brasília: MEC/SEF, 1998.

Conhecimentos Específicos 2
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APOSTILAS OPÇÃO

país. Eram escolas sui generis (de seu próprio gênero), social e o papel político que a pré-escola desempenha no
destinadas às crianças órfãs e desamparadas, de preferência contexto mais amplo da educação e da sociedade brasileira.
filhas de pais trabalhadores, em cujo programa havia mais
assistencialismo que pedagogia. -Tendência cognitiva: A criança é sujeito que pensa, e a pré-
Na França, onde também houve, principalmente após escola o lugar de tornar as crianças inteligentes. A educação
terríveis revelações do Relatório Villermé, um repentino deve favorecer o desenvolvimento cognitivo.
interesse pela infância abandonada, criaram-se numerosas Essa tendência tem em Jean Piaget e seus discípulos, a mais
instituições, conhecidas como “salles d’ asile”, mantidas por importante de suas fontes inspiradoras. Como epistemólogo,
damas da sociedade. Piaget investiga o processo de construção do conhecimento e
A evolução da Educação Infantil iniciou devido a uma nova realiza, ao longo de sua vida, inúmeras pesquisas sobre o
etapa de construção de concepções sobre a criança. Na Europa, desenvolvimento psicogenético. Piaget utiliza nas suas
com o crescimento da urbanização e a transformação da investigações, o ‘método clínico” que permite o conhecimento
família, a obrigatoriedade do ensino foi tida como de extrema de como a criança pensa e de como constrói as noções sobre o
importância para o desenvolvimento social. mundo físico e social.
A criança começou a ser o centro de interesse educativo Os pressupostos básicos da teoria de Piaget são: o
dos adultos, mas não acontecia o mesmo com as crianças de interacionismo, a ideia de construtivismo sequencial e os
baixa renda, para estas era proposto apenas o aprendizado fatores que segundo ele, interferem no desenvolvimento.
técnico e piedade. Com base em tais pressupostos, a educação na visão
Essa nova visão da infância e da criança influenciou o piagetiana deve possibilitar à criança o desenvolvimento
trabalho dos pioneiros da educação pré-escolar, como amplo e dinâmico durante todos os seus estágios. A escola
Pestalozzi, Decroly, Froebel e Montessori, que buscavam deve, assim, levar em consideração os esquemas de
conciliar o suprimento de carinho, afeto a atividades em prol assimilação da criança, favorecendo a realização de atividades
do seu desenvolvimento. Embora esses autores tivessem desafiadoras que provoquem desequilíbrio (“conflitos
enfoques diferentes concordavam que a criança possuía cognitivos”) e reequilibrações sucessivas, promovendo a
características e necessidades diferentes dos adultos. descoberta e a construção do conhecimento. Nessa construção,
Mesmo assim ainda não era possível verificar um caráter as concepções infantis combinam-se às informações
institucional nas escolas que fosse característico da pré-escola. provenientes do meio, na medida em que o conhecimento não
Foi com Froebel que teve início o surgimento de atividades é concebido apenas como espontaneamente descoberto pela
que exploravam a espontaneidade por meio do jogo, porém, criança, nem como transmitido mecanicamente pelo meio
frente a essa nova concepção houve resistência por parte dos exterior ou pelo adulto, mas como resultado dessa interação
pais e professores uma vez que impedia/modificava o caráter onde o sujeito é sempre ativo.
das tarefas da educação infantil. Assim, os principais objetivos da educação consistem na
Foi apenas no século XX que a Escola Nova impulsionou a formação de homens “criativos, inventivos e descobridores”,
Educação Infantil, nesse período viveu-se um clima de na formação de pessoas críticas e ativas e, fundamentalmente,
renovação, de sensibilidade, abriram - se novas perspectivas. na construção da autonomia. A interdisciplinaridade é
Atualmente, educar no contexto de Educação Infantil é considerada central, ao contrário da fragmentação dos
mais que apenas uma etapa obrigatória de educação no país, é conteúdos existente nos currículos da pedagogia tradicional e
tomar consciência do perfil de cidadão que queremos para racionalista.
compor a sociedade no futuro. Segundo Edgar Faure, “a Há, no entanto, alguns princípios básicos que, em geral,
educação infantil é um requisito prévio essencial de toda orientam a prática pedagógica de uma pré-escola
política educativa e cultura”. fundamentada na teoria de Piaget, a saber:
Sendo assim, a prática pedagógica deve ser conceituada 1) Tudo começa pela ação. As crianças conhecem os
como uma prática social orientada por objetivos, finalidades e objetos, usando-os.
conhecimentos, inserida no contexto da prática social. 2) Toda atividade na pré-escola deve ser representada,
A prática pedagógica é uma dimensão da prática social que permitindo que a criança manifeste seu simbolismo.
pressupõe a relação teoria e prática, e é essencialmente nosso 3) A criança se desenvolve no contato e na interação com
dever, como educadores, a busca necessária das condições à outras crianças: a pré-escola deve sempre promover a
sua realização. O lado objetivo desta prática é constituído pelo realização de atividades em grupo.
conjunto de meios, ou seja, o modo pelo qual as teorias 4) A organização é adquirida através da atividade e não ao
pedagógicas são colocadas em ação pelo professor. contrário. É fazendo a atividade que a criança se organiza.
O que diferencia a teoria e a pratica é o caráter real dos 5) O professor é desafiador da criança: ele cria
meios e instrumentos para que a ação seja realizada e sua “dificuldades” e “problemas”.
finalidade é a transformação real, objetiva, de modo natural ou 6) Na pré-escola é essencial haver um clima de
social para satisfazer determinada necessidade humana. expectativas positivas em relação às crianças.
O currículo que deriva de tais procedimentos tem sempre 7) No currículo da pré-escola informado pela teoria de
como centro as atividades. Desde a sua origem, na Europa, com Piaget as diferentes áreas do conhecimento são integradas.
Froebel e os primeiros jardins de infância, passando por No Brasil os trabalhos de Piaget foram difundidos
Decroly e sua proposta de renovação do ensino e organização principalmente na década de 70. Várias foram às propostas
das atividades escolares em “centros de interesses”, até curriculares implementadas pelos sistemas públicos de
Montessori e sua preocupação com uma “pedagogia científica” ensino. Vários desses projetos, e muitos outros inspirados na
e um “método pedagógico” capazes de orientar eficientemente teoria de Piaget, contêm pressupostos teóricos e orientações
a ação escolar, o fundamental para a Escola Nova é a atividade metodológicas bastante diversificadas, refletindo diferentes
e o seu caráter de jogo. posturas políticas e concepções educacionais.
No Brasil, essa concepção da pré-escola como um “jardim
de infância” foi inaugurado com o movimento da Escola Nova -Tendência Crítica: A pré-escola é lugar de trabalho, a
nas décadas de 20 e 30 do século XX sendo até hoje muito criança e o professor são cidadãos, sujeitos ativos,
difundida, seja na rede pública, seja na particular. Apesar de cooperativos e responsáveis. A educação deve favorecer a
reconhecer a grande contribuição dada pelos educadores que transformação do contexto social.
defendiam essa tendência, é preciso entender seus limites, em A discussão sobre a possibilidade de uma educação pré-
especial por não levarem em consideração a heterogeneidade escolar crítica é muito recente no Brasil. Uma das propostas

Conhecimentos Específicos 3
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APOSTILAS OPÇÃO

pedagógicas que mais tem trazido contribuições dessa - Favorecer a ampliação do processo de construção dos
discussão é a de Celestin Freinet. Influenciado por Rousseau, conhecimentos, valorizando o acesso aos conhecimentos do
Pestalozzi, Ferrire, crítico da escola tradicional e das escolas mundo físico e social;
novas, Freinet foi o criador, na França, do movimento da escola - Enfatizar a participação e a ajuda mútua, possibilitando a
moderna, que atinge atualmente professores de vários países. construção da autonomia e da cooperação.
Seu objetivo básico era desenvolver uma escola popular.
A proposta pedagógica de Freinet centra-se em técnicas, O brincar em sala de aula a partir da perspectiva do
dentre as quais se pode citar: as aulas-passeios; o desenho professor4
livre e o texto livre; a correspondência interescolar; o jornal; o
livro da vida; o dicionário dos pequenos; o caderno-circular Desde que nascemos, aprendemos as regras da vida
para os professores etc. Assim, compreende que a aquisição do brincando. Quando a mãe vai dar sopinha ao filho, faz
conhecimento é fundamental, mas deve ser garantida de forma aviãozinho, trenzinho, enfim, promove uma brincadeira para
significativa e prazerosa. que a criança aprenda e queira se alimentar. Aprendemos a
Considera que a disponibilidade de materiais e espaço contar brincando, contando com nossos pais: “um, dois, feijão
físico bem como a organização da sala e da escola são cruciais com arroz; três, quatro, feijão no prato!”. Essas experiências
para a realização das atividades nas oficinas. Finalmente, a passam a ser fonte de aprendizado e estímulo para outras
avaliação é entendida em três níveis: individual, cooperativa e buscas de conhecimento, porque a criança começa desde
feita pelo professor. muito cedo a mergulhar no universo da brincadeira, da
No que diz respeito, por exemplo, à polêmica fantasia e do faz de conta.
jogo/trabalho, considera-se que o que a criança faz com O brincar faz parte do processo de aprendizagem de todo
intencionalidade (dada por ela própria ou pelo professor) na ser humano, começando na infância e podendo se estender a
escola é trabalho, que nem por isso deixa de ter um aspecto alguns momentos da fase adulta. É interessante notar que,
lúdico (como deseja Freinet). Além disso, há momentos independentemente da idade, a brincadeira pode inserir-se
variados da atividade da criança na escola que o gozo e o como elo do objeto do conhecimento com a aprendizagem,
prazer são os móveis da atividade lúdica, e o jogo (espontâneo possibilitando um conhecimento mais sólido e permanente ao
ou dirigido) é só ludicidade mesmo, isso significa então, que há aprendiz. Por isso, o brincar na sala de aula é extremamente
trabalho (prazeroso) e jogo na escola, tendo ambos aspectos relevante para a aquisição da aprendizagem.
distintos. Sendo assim, o professor tem papel fundamental na
Essa proposta pode ser caracterizada como de tendência organização das situações de aprendizagem de modo a se
crítica com fundamentação psicocultural, abordagem que só tornar o principal responsável pela organização das situações
recentemente começa a ser desenvolvida no Brasil. de aprendizagem, deve saber o valor da brincadeira para o
Privilegiam-se os fatores sociais e culturais, entendendo- desenvolvimento do aluno. Cabe a ele oferecer um espaço que
os como os mais relevantes para o processo educativo. mescle brincadeira com as aulas cotidianas, um ambiente
Coerentes, então, com os fundamentos teóricos, a meta básica favorável à aprendizagem escolar e que proporcione alegria,
é implementar uma pré-escola de qualidade, que reconheça e prazer, movimento e solidariedade no ato de brincar.
valorize as diferenças existentes entre as crianças e, dessa O educador não precisa ensinar a criança a brincar, pois
forma, beneficiar a todas no que diz respeito ao seu este é um ato que acontece espontaneamente, mas sim
desenvolvimento e à construção dos seus conhecimentos. planejar e organizar situações para que as brincadeiras
Para que esse objetivo maior seja concretizado, definem-se ocorram de maneira diversificada, propiciando às crianças a
as seguintes metas educacionais: a construção da autonomia e possibilidade de escolher os temas, papéis, objetos e
da cooperação, o enfrentamento e a solução de problemas, a companheiros com quem brincar. Dessa maneira, poderão
responsabilidade, a criatividade, a formação do autoconceito elaborar de forma pessoal e independente suas emoções,
estável e positivo, a comunicação e a expressão em todas as sentimentos, conhecimentos e regras sociais (Rcnei).
formas, particularmente ao nível da linguagem. É em função O professor - como mediador da aprendizagem -, deve
dessas metas que o currículo é pensado e a prática pedagógica fazer uso de novas metodologias, procurando sempre incluir
desenvolvida. na sua prática as brincadeiras, pois seu objetivo é formar
educandos atuantes, reflexivos, participativos, autônomos,
Nessa concepção, o desenvolvimento infantil pleno e a críticos, dinâmicos e capazes de enfrentar desafios.
aquisição de conhecimentos acontecem simultaneamente, se
caminhamos no sentido de construir a autonomia, a cooperação Breve trajetória histórica da brincadeira
e atuação crítica e criativa.
Entende-se, ainda, que mais importante do que adotar uma A análise da evolução histórica das sociedades humanas
metodologia pré-elaborada é construir, na prática pedagógica, organizadas permite identificar a brincadeira como elemento
aquela metodologia apropriada às necessidades e condições presente a elas. Tanto que, para alguns pesquisadores do tema,
existentes e aos objetivos formulados. Nesse sentido, temos o brincar é classificado como algo inerente ao ser humano,
alguns princípios metodológicos que são: afirmando-o mesmo como aspecto intrínseco ao
- Tomar a realidade das crianças como ponto de partida desenvolvimento, estando inscrito na base das relações
para o trabalho, reconhecendo sua diversidade; sociais. Essa afirmação decorre de estudos como os de Silva e
- Observar as ações infantis e as interações entre as Sousa, que analisaram as pesquisas de Rizzi e Haydt, Redim e
crianças, valorizando essas atividades; Borba.
- Confiar nas possibilidades que todas as crianças têm de Das pesquisas de Rizzi e Haydt foi levada para o homem
se desenvolver e aprender, promovendo a construção de sua primitivo a denominação Homo ludens indicando a sua
autoimagem positiva; capacidade de dedicar-se ao lúdico.
- Propor atividades com sentido, reais e desafiadoras para De acordo com Redim, a brincadeira surge mesclada às
as crianças, que sejam, pois, simultaneamente significativas e atividades do cotidiano e permeando a interação entre a
prazerosas, incentivando sempre a descoberta, a criatividade criança e o adulto nas manifestações religiosas, culturais,
e a criticidade; artísticas e nas celebrações.

4 ZANA, A. O brincar em sala de aula a partir da perspectiva do professor.

Publicado em http://www.educacaopublica.rj.gov.br, 2013.

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Para Borba, a brincadeira insere-se no contexto histórico e O Lúdico e a Aprendizagem


cultural, perpassando tempo, lugar, espaço e estrutura social,
servindo para situar a criança nas redes de relações Os efeitos positivos das brincadeiras começaram a ser
estabelecidas com adultos e outras crianças. investigados pelos pesquisadores que consideram a ação
Lazaretti realizou uma pesquisa teórico-conceitual da obra lúdica como facilitadora para a criança adquirir
de Elkonin, pesquisador da psicologia histórico-cultural, que conhecimentos, habilidades e compreensão do mundo que a
conduziu vários estudos a partir das contribuições de cerca, além de ser um fator importante para as relações com o
Vygotsky sobre o desenvolvimento da brincadeira infantil e outro.
seus efeitos no desenvolvimento humano. Os resultados Para Vygotsky, aprendizado e desenvolvimento estão
encontrados por Elkonin permitem compreender que a inter-relacionados desde o primeiro dia de vida e é enorme a
brincadeira surgiu em uma determinada etapa do influência do brinquedo no desenvolvimento de uma criança,
desenvolvimento da sociedade, no curso da mudança histórica pois o brinquedo cria uma zona de desenvolvimento proximal na
do lugar que a criança ocupa nela. A brincadeira é uma criança. No brinquedo, a criança sempre se comporta além do
atividade social por sua origem, e por isso seu conteúdo é comportamento habitual de sua idade, além do seu
social e é uma forma de vida e atividade da criança para comportamento diário; no brinquedo é como se ela fosse
orientar-se no mundo das ações e relações humanas, dos maior do que é na realidade. Como no foco de uma lente de
problemas e motivos das ações dos indivíduos (Lazaretti). aumento, o brinquedo contém todas as tendências do
Ainda de acordo com as análises de Lazaretti, para Elkonin desenvolvimento. Sob forma condensada, sendo, ele mesmo,
a brincadeira não constitui um ente inato nos seres humanos, uma grande fonte de desenvolvimento.
como algo típico da infância, e não deve ser classificada como É na brincadeira que a criança pode se propor desafios
elemento de satisfação de desejos e/ou fuga da realidade. Ao para além de seu comportamento diário, levantando hipóteses
invés disso, esse estudioso aponta que a ação da criança está e saídas para situações que a realidade lhe impõe. Para
relacionada ao papel que ela ocupa na sociedade. Antunes, inexiste brincadeira sem aprendizagem: por tudo que
A natureza dos jogos infantis só se pode compreender pela se conhece hoje sobre a mente infantil, não mais se duvida de
correlação existente entre eles e a vida da criança na sociedade que é no ato de brincar que toda criança se apropria da
[...]; os povos viveram e vivem em diferentes condições de realidade imediata, atribuindo-lhe significado. Jamais se
acordo com o nível de desenvolvimento social, e tais condições brinca sem aprender.
[...] repercutem na vida das crianças na sociedade, no lugar que Assim sendo, brincar é aprender. Na brincadeira, está a
ocupam entre os adultos e, por essa razão, no caráter de seus base daquilo que, posteriormente, possibilitará à criança
jogos (apud Lazaretti). aprendizagens mais complexas e elaboradas.
Primeiramente, a criança participava de igual para igual Segundo Piaget, a atividade lúdica é o berço obrigatório
com os adultos do mundo do trabalho e não havia muito tempo das atividades intelectuais da criança. Ela não é apenas uma
para ser utilizado com brincadeiras. A sua posição estava forma de desafogo ou algum entretenimento para gastar
relativamente firmada por não haver diferenciação no papel energia das crianças; constitui um meio que enriquece e
desempenhado pela criança e pelo adulto na sociedade. contribui para o desenvolvimento intelectual.
Mas, com o surgimento das máquinas que realizam parte Borba afirma que, “se incorporarmos, de forma efetiva, a
das funções e de mudanças ocorridas nas relações de trabalho ludicidade nas nossas práticas, estaremos potencializando as
e nas relações de produção, a participação da criança na esfera possibilidades de aprender e o investimento e o prazer das
laboral passou a diminuir. O ócio e a exclusão social crianças no processo de conhecer”. Nesse contexto, percebe-se
precisavam ser compensados de alguma forma. É a partir que o brincar assegura a aprendizagem, além de acrescentar
dessa nova configuração social que surge a brincadeira sob o alegria na construção de conhecimentos da criança.
enfoque do jogo de papéis. Lazaretti apresenta a seguinte
conclusão de Elkonin: o caminho de desenvolvimento do jogo O professor como mediador das brincadeiras
vai da ação concreta com os objetos à ação lúdica sintetizada e,
desta, à ação lúdica protagonizada: há colher; dar de comer com O brincar, na perspectiva dos professores, segundo
a colher; dar de comer com a colher à boneca; dar de comer à o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil -
boneca como a mamãe; tal é, de maneira esquemática, o RCNEI refere-se ao papel do professor de estruturar o campo
caminho para o jogo protagonizado. das brincadeiras na vida das crianças, disponibilizando
Esta breve análise histórica da brincadeira é significativa objetos, fantasias, brinquedos ou jogos e possibilitando espaço
para o professor, pois permite que ele compreenda a e tempo para brincar.
importância e a influência do brincar para as crianças de todos O reconhecimento do valor educativo do brincar é de
os tempos. Permite também conhecer como a brincadeira domínio público; é indispensável para a aprendizagem da
acabou sendo disseminada entre os povos. criança. Diante disso, os professores devem inserir a
As brincadeiras presentes na cultura brasileira, por brincadeira no universo escolar, reconhecendo-a como uma
exemplo, foram configuradas a partir das brincadeiras via para se aproximar da criança, com o objetivo de ensinar
trazidas pelos povos que participaram da formação da nossa brincando.
identidade nacional. Alves, citando Kishimoto, discorre sobre Criança e brincadeira fazem uma combinação perfeita. É
a influência portuguesa: os jogos tradicionais recebem forte quase impossível imaginar uma criança que não goste de
influência do folclore, [...] os contos, lendas e histórias que brincar, que não se deixa envolver pela imaginação. Por isso, o
alimentavam o imaginário português se fizeram presentes em brincar consente pensar num ensino e numa aprendizagem
brincadeiras e brinquedos brasileiros. Personagens como mais envolventes e mais próximos do real, pois leva a fazer
a mula-sem-cabeça, a cuca e o bicho-papão, trazidos pelos uma ligação entre a realidade e a fantasia. Por isso, é vital
portugueses, foram incorporados em brincadeiras que vão reconhecer a brincadeira como uma estratégia a mais na sala
desde a bola de gude até o pique ou pega-pega (Alves). de aula; devemos, pois, sempre tomá-la como mais um
São consideráveis as contribuições da cultura africana, por instrumento pedagógico, já que sabemos que a brincadeira
meio dos negros (que foram trazidos como escravos) e dos desenvolve os aspectos físicos e sensoriais, além do
indígenas. Assim, a brincadeira hoje constitui capital histórico desenvolvimento emocional, social e da personalidade da
com potencial evolutivo que o professor não pode deixar criança.
relegado em sua sala de aula. Como disse Carlos Drummond de Andrade: brincar com as
crianças não é perder tempo, é ganhá-lo. Se é triste ver

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meninos sem escola, mais triste ainda é vê-los sentados ao desejo de saber. A criança tem no professor um parceiro
enfileirados em salas sem ar, com exercícios estéreis, sem nessa busca.
valor para a formação do homem. Kishimoto explicita que o jogo educativo tem a vantagem
A brincadeira permite que o aluno expresse suas emoções, de aliar contentamento e aprendizagem. Ele afirma também
e assim o professor passa a ter maior conhecimento da sua que muitos autores, ao tratar dessa temática, tentam conciliar
personalidade, ajudando-o a superar seus limites e a respeitar a tarefa de educar com a necessidade irresistível de brincar.
as regras com disciplina. Nessa junção surge o jogo educativo, um meio de instrução, um
Neste ponto faz-se necessária uma breve consideração dos recurso de ensino para o professor e, ao mesmo tempo, um fim
termos brincadeira, brinquedo e jogo, pois existe muita em si mesmo para a criança que só quer brincar.
confusão em relação a esses termos. Em alguns contextos, são “O jogo transita livremente entre o mundo interno e o
usados como sinônimos. Mas, segundo Dallabona, mundo real”, o que garante à criança a fuga temporária da
brincadeira basicamente se refere à ação de brincar, ao realidade. Tudo se transforma em lúdico para o aluno, mas o
comportamento espontâneo que resulta de uma atividade professor precisa trazer do lúdico a realidade, a verdade
não estruturada; jogo é compreendido como uma subentendida como conhecimento, especialmente o escolar.
brincadeira que envolve regras; brinquedo é utilizado Como afirma Fortuna, “defender o brincar na escola, por
para designar o sentido de objeto de brincar; já a outro lado, não significa negligenciar a responsabilidade sobre
atividade lúdica abrange, de forma mais ampla, os o ensino, a aprendizagem e o desenvolvimento”. É preciso,
conceitos anteriores. nesse aspecto, que o professor busque o equilíbrio entre
O professor precisa ter claro esse conceito para que possa ministrar aulas convencionais, em que recursos como lápis e
articular o lúdico com as situações de aprendizagem. Um caderno precisam fazer parte do cotidiano como forma de
primeiro passo é adequar o tipo de atividade ao conteúdo, preparo para o mundo adulto, e aulas lúdicas.
tempo de aula e características da turma. Ele pode “lançar Por isso, o professor deve utilizar as atividades criativo-
mão” da brincadeira, priorizando o aspecto da lúdicas como suporte do desenvolvimento e da aprendizagem,
espontaneidade, ou o jogo com regras. Tudo depende dos por meio de seus procedimentos, e, nesta circunstância, criar
objetivos estabelecidos. O professor precisa ter cuidado para situações e propor problemas, assumindo sua condição de
não “ficar preso” demais aos objetivos pedagógicos. Isso pode parceiro na interação e sua corresponsabilidade no
resultar numa condução excessiva da brincadeira, na inibição desenvolvimento cognitivo, psicomotor e psicossocial do
da criatividade e da liberdade da criança e, por fim, na aluno.
descaracterização do elemento lúdico empregado. Ao buscar uma rotina que propicie o desenvolvimento
As brincadeiras a serem desenvolvidas com crianças pleno do ser humano, indo além de teorias e conceitos, nada
precisam estar de acordo com a zona de desenvolvimento em melhor que explorar e experimentar. Assim, o lúdico se faz
que elas se encontram. Isso possibilita maior eficácia na uma ferramenta enriquecedora, pois brincando o aluno
construção da aprendizagem. Uma brincadeira ou um jogo expressa suas ideias e pensamentos sobre o mundo que o
raramente são praticados individualmente, e é nessa troca cerca. Dessa maneira, dá pistas ao professor de como
presente na situação de brincar que se promove o crescimento. complementar, no sentido de promover, outros
Para conseguir transpor barreiras conceituais e inserir a conhecimentos, ampliando seu repertório e seu conhecimento
brincadeira nas aulas, Freud sugere ao educador reconciliar- de mundo.
se com a criança que existe dentro de si, “não para ser
novamente criança, mas para compreendê-la e, a partir disso, O brincar na sala de aula
interagir, em uma perspectiva criativa e produtiva, com seus
alunos. [...] Não é necessário ‘ser criança’ para usufruir o A sala de aula pode se transformar também em lugar de
brincar, pois sua herança - a criatividade - subsiste na vida brincadeiras, se o professor conseguir conciliar os objetivos
adulta”. pedagógicos com os desejos do aluno. Para tal, é necessário
De acordo com Fortuna “o que permite a superação desses encontrar o equilíbrio entre o cumprimento de suas funções
dilemas e viabiliza a atividade lúdica na educação é a pedagógicas - ensinar conteúdos e habilidades, ensinar a
redefinição do papel que o adulto, o professor, a escola, a aprender - e psicológicas, contribuindo para o
criança e a cultura desempenham”. Concomitante com isso desenvolvimento da subjetividade, para a construção do ser
está a formação do professor. humano autônomo e criativo - na moldura do desempenho das
Como formar educadores capazes de cultivar o brincar em funções sociais -, preparar para o exercício da cidadania e da
suas aulas? A formação do educador capaz de jogar passa pela vida coletiva, incentivar a busca da justiça social e da igualdade
vivência de situações lúdicas, pela observação do brincar, pelo com respeito à diferença.
entendimento do significado e dos efeitos da brincadeira no Reconstruir conceitos importantes sobre o ato de brincar
estudante, por conhecimentos teóricos sobre e sua importância no contexto escolar é fundamental para a
desenvolvimento da aprendizagem nos seres humanos. Uma prática pedagógica do professor. Se ele busca a formação de
boa formação do professor e boas condições de atuação são os indivíduos dinâmicos, criativos, reflexivos e capazes de
facilitadores para que se resgate o espaço de brincar da criança enfrentar desafios, deve proporcionar condições para que as
no dia a dia da escola. Isso não é tão fácil como muitos crianças brinquem de forma espontânea, dando a elas a
imaginam, pois para conseguir entrar e participar do mundo oportunidade de ter momentos de prazer e alegria no
lúdico da criança é necessário que o educador tenha ambiente escolar, tornando-se autoras de suas próprias
conhecimentos, prática e vontade de ser parceiro da criança criações. Mais uma vez remetendo a Winnicott, quando não
nesse processo. reprimidas, a espontaneidade e a criatividade agem no sentido
de fazer as coisas, de brincar; consequentemente, as crianças
A importância do brincar e da criatividade alcançam a aprendizagem.
Mas o que seria, de fato, uma aula lúdica? Para Fortuna
O professor contemporâneo tem buscado apropriar-se do “uma aula lúdica é uma aula que se assemelha ao brincar”,
brincar, inserindo-o no universo escolar. Como um adulto é ou seja, é uma aula livre, criativa e imprevisível. É aquela
afetivamente importante para a criança, quando acolhe suas que desafia o aluno e o professor, colocando-os como
vivências lúdicas abre um espaço potencial de criação. Com sujeitos do processo pedagógico. A presença da brincadeira
isso, o professor instiga a criança à descoberta, à curiosidade, na escola ultrapassa o ensino de conteúdos de forma lúdica,

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dando aos alunos a oportunidade de aprender sem (C) A brincadeira humana deve ser interpretada como
perceber que o estão. inata.
O brincar estimula a inteligência porque faz com que o (D) A criança pequena não precisa ser iniciada na
indivíduo solte sua imaginação e desenvolva a criatividade, brincadeira
possibilitando o exercício da concentração, da atenção e do
engajamento, proporcionando, assim, desafios e motivação. 02. (SESI/SP- Analista Pedagógico Educação Infantil-
Brincar, jogar, divertir-se na sala de aula constituem UnB-CESPE) As diversas imagens que a televisão transmite
atividades estimulantes tanto para o aluno quanto para o fornecem às crianças conteúdo para suas brincadeiras, nas
professor. Estar aberto para mudar seus paradigmas a quais as crianças atuam como personagens das situações
respeito de sua forma de trabalho é um exercício que o apresentadas na televisão. A esse respeito, assinale a opção
professor precisa fazer. correta.
Não basta dominar as teorias e decidir-se por trabalhar (A) A brincadeira de conteúdo televisivo não surge da
com jogos. É necessário deixar-se ir junto com a brincadeira, imitação servil daquilo que é visto na televisão, mas a partir do
aprender e perceber as diferentes nuances do aprendizado de conjunto de imagens captadas, que devem ser combinadas e
uma turma. Tudo isso implica libertar o seu fazer profissional transformadas no âmbito de uma estrutura lúdica.
das amarras que constrói durante a sua escolarização e sua (B) Na atualidade, a televisão não é uma fornecedora
formação, o que implica um conhecimento pessoal e essencial dos suportes de brincadeiras às crianças.
profissional profundo e muita vontade de mudar, ou seja, de (C) O grande valor da televisão para a infância é oferecer
ver algo ser feito diferentemente. uma referência uniforme para crianças das diversas culturas
São relevantes as atividades lúdicas no desenvolvimento existentes.
infantil, bem como sua função no processo educativo; para que (D) Dificilmente as crianças conseguem se apoderar dos
esse processo de ensino e aprendizagem ocorra de forma temas propostos pela televisão, pois estes estão voltados para
prazerosa, os professores devem estar cientes de seu papel o mundo dos adultos.
nessa fase de construção de conhecimento das crianças. Os 03. (Prefeitura Petrópolis/RJ- Apoio a Educação
educadores, por sua vez, devem se preparar para trabalhar Infantil- DOM CINTRA) Na Educação Infantil, o brinquedo,
com o criar, pois a criatividade deve ser vista como um elo com fins pedagógicos, pode ser considerado como tendo duas
dinâmico e contínuo. Nessa perspectiva, o docente não deve funções primordiais:
ver a criança como receptora passiva de estímulos, mas como (A) lúdica e educativa;
uma pessoa capaz de ação, que interaja, crie e recrie (B) assimilação e apreensão;
possibilidades e novas aprendizagens. (C) construção e interação;
Para os docentes que vêm de uma formação tradicional, (D) prazer e diversão;
não é nada fácil adentrar esse mundo de jogos e brincadeiras (E) exploração e construção.
em sala de aula, tendo em vista que não vivenciaram isso,
talvez por medo de perder o controle e o respeito, pois 04. (Prefeitura Petrópolis/RJ- Apoio a Educação
brincadeira sempre foi vista como algo para a hora do recreio; Infantil- DOM CINTRA) Na Educação Infantil pode-se
sala de aula é um lugar de “coisa séria”. Um dos grandes observar e acompanhar as crianças brincando de “mamãe”,
desafios é, então, tentar se aproximar desse novo paradigma e “fadas” e “super-homem”, isto é, representando papéis. A
se abrir e deixar a criança que está adormecida, sufocada pela brincadeira de “faz-de-conta” é um fenômeno considerado por
sociedade, renascer. Reviver essa criança que existe em cada muitos teóricos como:
um é essencial para que se possa aproximar da criança real. (A) pedagógico;
Neste mundo complexo, com seres únicos que convivem (B) político;
com tanta diversidade em vários contextos e com tantas (C) social;
informações ao seu dispor, com todas as facilidades (D) cultural;
tecnológicas, não se pode ignorar que as relações estão (E) simbólico.
diferentes. No entanto, as brincadeiras continuam a se fazer
presentes na vida de todos os seres humanos, seja por meio 05. (IBC- Professor Educação Infantil- Instituto AOCP)
das tradicionais brincadeiras de roda ou das mais tecnológicas, Sobre o brincar, assinale a alternativa INCORRETA.
como os videogames. (A) Nem toda brincadeira é uma imitação transformada, no
O professor precisa priorizar o lúdico em sua prática plano das emoções e das ideias, de uma realidade
pedagógica, valorizando a liberdade de aprender pelo anteriormente vivenciada.
mecanismo mais simples e mais eficiente: a brincadeira. Para (B) No ato de brincar, os sinais, os gestos, os objetos e os
atingir esse objetivo, ele deve conscientizar-se de que espaços valem e significam outra coisa daquilo que aparentam
necessita realizar estudos e pesquisas sobre temas relativos à ser.
aprendizagem, buscar e testar novas estratégias de ensino que (C) Ao adotar outros papeis na brincadeira, as crianças
atendam adequadamente à necessidade de formação do aluno. agem frente à realidade de maneira não literal, transferindo e
substituindo suas ações cotidianas pelas ações e
Questões características do papel assumido, utilizando-se de objetos
substitutos.
01. (SESI/SP- Analista Pedagógico Educação Infantil- (D) A brincadeira favorece a autoestima das crianças,
UnB-CESPE) Durante muito tempo, a brincadeira foi auxiliando-as a superar progressivamente suas aquisições de
considerada futilidade, cuja única finalidade seria a distração, forma criativa.
o recreio, concepção que se associava à de criança. Foi preciso (E) As experiências de brincar podem ser agrupadas em
que houvesse uma mudança profunda no conceito de criança três modalidades básicas: brincar de faz-de-conta ou com
para que se pudesse associar uma visão positiva às atividades papeis, considerada como atividade fundamental da qual se
espontâneas. Com relação a esse tema, assinale a opção originam todas as outras; brincar com materiais de construção
correta. e brincar com regras.
(A) A brincadeira na infância deve ser vista como um
processo natural.
(B) A brincadeira é um processo de relações
interindividuais, portanto de cultura.

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Respostas crianças as regras do convívio em grupo; se privilegia a


ocupação dos espaços nobres das salas de aula com armários
01. B. / 02. A. / 03. A. / 04. E. / 05. A. (onde somente ele tem acesso), mesas e cadeiras, a concepção
que revela é eminentemente fundamentada em uma prática
pedagógica tradicional.
A organização do espaço - Assim, a pedagogia se faz no espaço realidade e o espaço,
por sua vez, consolida a pedagogia. Na realidade, ele é o retrato
creche da relação pedagógica estabelecida entre crianças e professor.
Ainda exemplificando, em uma concepção educacional que
compreende o ensinar e o aprender em uma relação de mão
A) Introdução única, ou seja, o professor ensina e o aluno aprende, toda a
O dia a dia das creches e pré-escolas é repleto de atividades organização do espaço girará em torno da figura do professor.
organizadas por educadores que, de uma maneira ou de outra, As mesas e as cadeiras ocuparão espaços privilegiados na sala
lidam com o espaço e o tempo a todo o momento. Como de aula, e todas as ações das crianças dependerão de seu
organizar tempos de brincar, de tomar banho, de se alimentar, comando, de sua concordância e aquiescência.
de repousar de crianças de diferentes idades nos espaços das
salas de atividades, do parque, do refeitório, do banheiro, do B) Pressupostos teóricos
pátio? É tarefa dos educadores organizar o espaço e o tempo Os ambientes vivenciados pelo ser humano desde a mais
das escolas infantis, sempre levando em conta o objetivo de tenra idade possuem uma variedade de características que ao
proporcionar o desenvolvimento das crianças. serem observadas e sentidas, promovem diferentes
Barbosa e Horn (2001)5 pesquisam a organização do impressões. Cada indivíduo é um ser único, com suas
espaço e do tempo na escola infantil e afirmam que organizar particularidades e individualidades, ao mesmo tempo que é
o cotidiano das crianças da Educação Infantil pressupõe parte de um grupo social, assim afirma Blower (2008)7.
pensar que o estabelecimento de uma sequência básica de A projeção de espaços que serão habitados e
atividades diárias. É importante que o educador observe o vivenciados pelo ser humano, é tarefa do arquiteto, porém
que as crianças brincam, como estas brincadeiras se é necessário que as informações técnicas incluídas nos
desenvolvem, o que mais gostam de fazer, em que espaços programas arquitetônicos sejam enriquecidas com
preferem ficar, o que lhes chama mais atenção, em que contribuições de outras áreas, dando humanidade ao ato
momentos do dia estão mais tranquilos ou mais agitados. Este de projetar, consolidando a interação indivíduo e
conhecimento é fundamental para que a estruturação ambiente vivenciado. Essas contribuições trazem
espaço-temporal tenha significado. Ao lado disto, também observações importantes com relação à vivência do
é importante considerar o contexto sociocultural no qual homem no ambiente.
se insere e a proposta pedagógica da instituição, que Vygotsky (2007)8 descreve as funções psicológicas
deverão lhe dar suporte. superiores do homem, no processo de desenvolvimento, como
Para as pesquisadoras, no que se refere à organização das um movimento em que o indivíduo deixa de utilizar marcas
atividades no tempo, nas escolas de Educação Infantil, são externas (dos outros) e passa a adotar signos internos
necessários momentos diferenciados, organizados de acordo próprios, as chamadas representações mentais, que
com as necessidades biológicas, psicológicas, sociais e substituem os objetos reais na internalização do pensamento.
históricas das crianças (menores ou maiores). Nesse sentido, O uso das representações mentais liberta o homem do
a organização do tempo nas creches e pré-escolas deve espaço e do tempo presentes e são, segundo Oliveira (1995)9,
considerar as necessidades relacionadas ao repouso, o principal mediador a ser considerado na relação do homem
alimentação, higiene de cada criança, levando-se em conta com o meio ambiente. É através da Percepção Ambiental e da
sua faixa etária, suas características pessoais, sua cultura mediação da interação social que o ser humano toma
e estilo de vida que traz de casa para a escola. Assim como consciência do meio com o qual está interagindo. A forma
o tempo, o espaço também deve ser organizado levando- como o vivencia, numa relação de troca e reciprocidade, o fará
se em conta o objetivo da Educação Infantil de promover estabelecer relações que virão a influenciar seu
o desenvolvimento integral das crianças. comportamento.
Horn (2004)6, escreve que o olhar de um educador atento Por meio das diversas percepções (relativas aos
é sensível a todos os elementos que estão postos em uma sala sentidos e às informações socioculturais), o espaço é
de aula. O modo como organizamos materiais e móveis, e a vivenciado, a percepção ambiental dará lugar às
forma como crianças e adultos ocupam esse espaço e sensações provocadas por elas e que, conjuntamente,
como interagem com ele são reveladores de uma farão parte da concepção do ambiente interiorizado pelo
concepção pedagógica. [...] Ela traduz as concepções de indivíduo.
criança, de educação, de ensino e aprendizagem, bem como Ainda de acordo com Tuan (1980)10, a percepção que o
uma visão de mundo e de ser humano do educador que atua indivíduo terá de determinado objeto é influenciada pela
nesse cenário. sua própria cultura, isto é, está sujeita à sua interpretação
Portanto, qualquer professor tem, na realidade, uma subjetiva, a qual é mediada por experiências e vivências
concepção pedagógica explicitada no modo como planeja suas anteriores aliada ao processo de significação apreendido
aulas, na maneira como se relaciona com as crianças, na forma em seu grupo social. O espaço, uma vez vivenciado e
como organiza seus espaços na sala de aula. Por exemplo, se o experienciado, passa a ser reconhecido como ambiente. A
educador planeja as atividades de acordo com a ideia de que este último, as sensações vividas determinarão
as crianças aprendem através da memorização de conceitos; sentimentos e lhe atribuirão valores; desta forma, o
se mantém uma atitude autoritária sem discutir com as

5 BARBOSA, M. C. S.; HORN, M. G. S. Organização do espaço e do tempo na 8 VIGOTSKY, Lev S. A Formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes,
escola infantil. In: CRAIDY, C.; KAERCHER, G. E. Educação Infantil. Pra que te 2007.
quero? Porto Alegre: Artmed, 2001. 9 OLIVEIRA, Martha K. de - Vygotsky: aprendizado e Desenvolvimento, Um
6 HORN, M. G. S. Sabores, cores, sons, aromas. A organização dos espaços na Processo sócio histórico. Scipione, São Paulo/SP,1995.
Educação Infantil. Porto Alegre: Artmed, 2004. 10 TUAN, Yi-Fu - Topofilia: Um Estudo da Percepção, Atitudes e Valores do
7 BLOWER, Hélide C. S. O Lugar do Ambiente na Educação Infantil: Estudo de Meio ambiente. Ed. Difel, São Paulo, 1980.
Caso na Creche Doutor Paulo Niemeyer. Dissertação de Mestrado.
PROARQ/FAU/UFRJ: Rio de Janeiro, 2008

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espaço, antes sem identidade, passa a ser compreendido desenvolvimento da criança contribuindo para desencadear
como lugar. diversos tipos de acidentes.
O que começa como espaço indiferenciado transforma-se Ao ser inserida no ambiente escolar, a criança precisa
em lugar à medida que o conhecemos melhor e o dotamos de ter um lugar que possa promover o seu desenvolvimento,
valor as ideias de “espaço” e “lugar” não podem ser definidas proporcionando-lhe um ambiente físico, afetivo e social
uma sem a outra. A partir da segurança e estabilidade do lugar satisfatório. Contudo, Rezende e Silva (2002)14 referem
estamos cientes da amplidão, da liberdade e da ameaça do que de um modo geral, as creches e pré-escolas em nosso
espaço, e vice-versa. país vêm sendo nada mais do que locais de guarda da
Pode-se dizer então que a experiência é o fenômeno de criança enquanto sua mãe trabalha, ou na melhor das
transformação do espaço em lugar. Segundo Norberg Shulz hipóteses, locais nos quais a criança pode se alimentar e
(1995)11, “o lugar é um fenômeno qualitativo total que não se entrar em contato com algumas atividades pedagógicas.
pode reduzir a nenhuma de suas propriedades, como as Além disso, a creche muitas vezes pode favorecer a
relações espaciais, sem que se perca de vista sua natureza aquisição de novas afecções para a criança, pois o contato
concreta. com novas situações que podem modificar o seu estado de
Torna-se relevante então, observar como os ambientes de saúde como o convívio social com outras crianças, a
Educação Infantil estão sendo experienciados e percebidos por exposição a patógenos, condições hidro sanitárias do
seus usuários, principalmente as crianças, uma vez que suas ambiente e estrutura física, são fatores contribuintes para
características estarão influindo diretamente essa percepção e o processo saúde/doença da mesma, assim afirmando por
indiretamente contribuindo ou não no sucesso da função Whaley e Wong (1999)15.
formadora e educadora da creche ou pré-escola. Diante disso, há que se observar aspectos
O espaço adquire assim identidade, passa a ser determinantes no processo saúde/doença da criança,
reconhecido como ambiente, através da atribuição de um como estrutura física da creche, higiene, rede de
valor simbólico, que a este é referido por quem o abastecimento e tratamento da água utilizada,
experiência; este ambiente interage com o indivíduo e a alimentação consumida, acessibilidade a produtos
ele proporciona identificação, segurança, equilíbrio e químicos, de limpeza - e o mais importante de todos, a
orientação; ou sentimentos adversos como não atenção direcionada à criança, já que, a mesma
apropriação, medo, insegurança, desequilíbrio e permanece o tempo integral na creche, podendo
desorientação. apresentar situações que possam trazer agravos à saúde
da criança.
C) O ambiente físico da creche influenciando o
processo saúde/doença na primeira infância D) O ambiente escolar (creche) x fatores de riscos para
O ambiente físico, tanto familiar como escolar, é um acidentes
potencial determinante das condições de vida e saúde da O ambiente escolar (creche) tem um relevante papel para
criança, sendo que ambos os ambientes podem oferecer promoção da saúde e prevenção de doenças na criança.
condições favoráveis ao surgimento de doenças e acidentes, Contudo, o contexto escolar pode repercutir de forma
bem como a prevenção dos mesmos. diferenciada, podendo trazer alguns danos à saúde da criança.
Segundo Yamamoto (1999)12, a criança, indivíduo em Os acidentes são uma das principais causas de
permanente modificação biopsiquíca devido aos fenômenos morbimortalidade infantil e estes são condicionados por
do crescimento e desenvolvimento, mantém-se exposta a vários fatores, que podem estar inseridos na própria estrutura
presença de fatores ambientais dentro e fora de sua casa. física do ambiente, bem como, o próprio comportamento das
Especialmente, em nosso meio, as doenças do aparelho crianças, que muitas vezes pode predispor as mesmas a
respiratório, do trato digestivo e as doenças dermatológicas vivenciarem situações de risco, podendo levá-las a acidentes
são exemplos frequentes de alterações da saúde infantil no contexto escolar (creche).
decorrentes da hostilidade do ambiente de vida. Bessa e Vieira (2001)16, em estudo sobre danos de
As crianças, na primeira infância, fase compreendida crianças do pré-escolar e escolar, verificaram que todos os
entre o primeiro e sexto ano de vida, necessitam de maior educadores tinham presenciado na escola situações de
cuidado e atenção, no intuito de alcançarem um acidentes nos pré-escolares e escolares. Barros (2002)17
crescimento e desenvolvimento favorável. Entretanto, o identificaram como principais fatores de risco para acidentes
fato de se encontrarem em fase de maturação dos entre crianças de 04 a 05 anos de idade, dentre outros:
sistemas orgânicos, bem como adquirindo habilidades crianças do sexo masculino, presença de irmãos menores,
locomotoras e manuais, são consideradas mais propensas frequência em creche e/ou escola e residência na periferia
a adquirirem doenças dentre as quais podemos citar a urbana.
diarreia e as infecções respiratórias agudas, que são as No caso deste estudo, investigamos alguns fatores de
principais causas de morbimortalidade infantil em países risco condicionantes a quedas, queimaduras, cortes,
em desenvolvimento. Nesta fase, são comuns, também, sufocação e envenenamento no ambiente escolar.
outros tipos de afecções, tais como: dermatoses, otites, Contudo, constatamos que o ambiente apresenta um
distúrbios nutricionais e acidentes. número mais significativo de fatores de risco que podem
Para Araújo e Vieira (2002)13 o acidente coloca a família, propiciar a quedas e sufocação.
dirigentes escolares e os responsáveis por crianças No que diz respeito a quedas foi constatado a presença
acidentadas, em contato com situações difíceis de entender, de alguns fatores de risco para tal acidente. Dentre estes,
muitas vezes, com graves repercussões e, não raro, frente às podemos citar principalmente o banheiro das crianças. No
ocorrências irreversíveis como o êxito letal. Os fatores de risco momento do banho, são reunidas por volta de 10 crianças e
presentes no ambiente escolar podem comprometer o apenas duas professoras auxiliares. Uma dá o banho nas

11 NORBERG SHULZ, C. Existência, espaço y Arquitetura. Ed. Blume 15 WHALEY, L.F; WONG, D. L. Enfermagem Pediátrica - Elementos essenciais à

Barcelona,1975. intervenção efetiva. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999.


12 YAMAMOTO, R. M. Ambiente físico. In:ISSLER, H.; LEONE, C.; MARCONDES; 16 BESSA, A.G.; VIEIRA, L.J.E. de S. Acidentes em crianças no contexto escolar;

E. Pediatria na atenção primária São Paulo: Sarvier, 1999. uma visão do educador. Rev. Cient. Ciências e saúde. v.14, p.15-20, dez., 2001.
13 ARAÚJO, K. L.; VIEIRA, L.J E. de S. A criança e os fatores de risco no ambiente 17 BARROS, F. et al. Fatores de risco para injúrias acidentais em pré-escolares.

domiciliar e escolar: um ensaio reflexivo. v.11, n.3, p.83-87, set./dez., 2002. Jornal de Pediatria.v.78, n.2, p.97-104, 2002.
14 REZENDE, M. A., SILVA, C. V. Cuidado em creches e pré-escolas segundo os

pressupostos de Mayeroff. Acta Paul. Enf., v.15, n. 4, p.73-78, 2002.

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crianças e a outra as enxuga, impedindo de que as mesmas desenvolvimento, caracterizada pela experimentação ativa,
consigam dar toda atenção as demais crianças que se curiosidade, a falta de noção de perigo, e o seu pensamento
encontram no banheiro. Além de que, o piso é de cerâmica e mágico, de que é o todo poderoso, e por tanto, nada poderá
não há tapetes antiderrapantes e nem barras de proteção nas acontecer consigo mesma, o que só vem a intensificar neste
paredes, as quais são revestidas com azulejos, o que pode período da primeira infância a riscos de acidentes,
favorecer a quedas. E ainda há um outro agravante, que é o repercutindo diretamente na saúde física, mental, social e
próprio comportamento das crianças durante o momento do emocional das crianças.
banho, que ficam empurrando e batendo umas nas outras.
É oportuno salientar que muitas crianças durante o E) O ambiente escolar (creche) x fatores de riscos para
período de 01 a 03 anos encontram-se em fase de aquisição e doenças
aprimoramento da locomoção, refinando sua coordenação A creche pode apresentar alguns fatores de risco que
motora e equilíbrio postural, conforme Sigaud e Veríssimo podem causar agravos externos à saúde das crianças que
(1996)18, o que pode implicar diretamente em desequilíbrio permanecem em tempo integral, podendo levá-las a
durante o banho, pois não tem apoio nas paredes, e o próprio apresentar problemas dermatológicos, respiratórios e
piso é deslizante. gastrointestinais. Que, segundo Whaley e Wong (1999), são
Outro fator que podemos destacar é que, em sala de as afecções que mais acometem as crianças inseridas no
aula, algumas crianças fazem suas necessidades contexto escolar.
fisiológicas na roupa durante o dia, e o piso fica molhado, No que diz respeito aos problemas dermatológicos,
levando-as a brincarem muitas vezes com os dejetos, observamos que muitas das crianças apresentavam
principalmente a urina, podendo escorregar, e causar algumas destas afecções, desde piodermites, escabiose,
traumas, fraturas, dentre outros. Este tipo de pediculose, larva migrans e molusco contagioso,
comportamento é natural, pois, segundo Whaley e Wong verificando a presença não só de fatores de risco para
(1999), são durante os 18 a 24 meses de idade que a estes tipos de doenças, mas também, constatando atitudes
criança irá apresentar condições para controlar os principalmente dos educadores para uma maior
esfíncteres anal e vesical, estabelecendo primeiramente o aquisição destes problemas entre as crianças.
controle das evacuações, devido sua regularidade e pelo O compartilhamento dos utensílios de higiene pessoal,
fato de serem previsíveis com sensações mais fortes, e como toalhas, sabonetes, pentes, escovas de cabelos, entre
posteriormente conseguem controlar as suas micções. todas as crianças, pode causar tais doenças. Apesar de no início
As divisórias de sala de aula apresentam uma estatura do ano letivo, ser solicitado como item de material escolar um
baixa, possibilitando que as crianças subam e pulem para kit para higiene pessoal, é comum professoras não utilizam o
a outra sala, podendo perder o equilíbrio e caírem. utensílio individual para cada criança, pelo contrário, fazem o
Segundo Araújo e Vieira (2002)19, as quedas registram uso do mesmo em todas as crianças, repondo à medida que vai
números elevados de atendimentos ocasionando, desde acabando, o que facilita a proliferação dos microrganismos
escoriações superficiais, fraturas de membros até culminar entre as crianças, intensificando os problemas dermatológicos
com o inevitável óbito, decorrente de traumas cranianos nas mesmas.
severos. De acordo com Collet e Oliveira (2002)20 as doenças da
Com relação à sufocação, os fatores de risco pele, geralmente, originam-se de contato com agentes nocivos,
observados foram os brinquedos pequenos e tais como microrganismos infecciosos, compostos químicos
desmontáveis em peças menores e outros pequenos tóxicos, traumas físicos, fatores hereditários, doenças
objetos ao alcance das crianças. sistêmicas cujas lesões sejam manifestações cutâneas. As
Durante o período na creche, as crianças quando estão dermatites, os eczemas e as infecções bacterianas de pele são
brincando, levam, muitas vezes, os brinquedos à boca, e os problemas dermatológicos mais comuns na infância.
muitos destes são pequenos, o que pode resultar na Vale salientar que quando for constatado que as crianças
aspiração dos mesmos, causando obstrução das vias estão acometidas por algum tipo de doença dermatológica,
respiratórias por corpos estranhos. Apesar das professoras ocorre a separação dos utensílios destas crianças. Mas isto, não
estarem presentes no ambiente em sala de aula, existe um impede que a transmissão dos patógenos já tenha acontecido,
número significativo de crianças, em média 15 a 20 crianças pois tal atitude só é feita quando se constata a presença de
para uma professora, facilitando, de sobremodo, este tipo de sinais mais evidentes pelas professoras.
acidente, pois se torna impossível uma adequada supervisão Com relação aos problemas gastrintestinais,
das crianças em sala de aula. percebemos que os fatores de risco estão intrinsecamente
Deve-se ter inicialmente, o cuidado com o ambiente onde a relacionados com as atitudes das crianças e dos próprios
criança mais permanece, evitando-se pequenos objetos educadores que precisam enfatizar comportamentos
jogados pelo chão ou em outros lugares ao alcance da mesma, preventivos e, consequentemente saudável para
tais como pregos, parafusos, tampas de canetas e similares. prevenção destas doenças no âmbito local.
Deve-se selecionar os brinquedos segundo a idade; para De acordo Ribeiro (1996)21 vários fatores podem levar à
crianças mais novas, por exemplo, aqueles que não contenham criança a apresentar doenças gastrintestinais, dentre estes,
partes pequenas removíveis. podemos citar: a idade, pois as crianças menores são mais
Sendo assim, as crianças que se encontram na primeira susceptíveis, por causa da imunodeficiência de anticorpos,
infância, podem ser consideradas como um dos grupos mais principalmente a Ig A, a constituição anatômica e fisiológica da
vulneráveis para acidentes, devido às limitações que criança, a desnutrição, clima quente, falta de água potável, falta
apresentam com relação aos aspectos físicos, sensoriais, de higiene e falta de recursos adequados no preparo de
psicomotores e cognitivos, os quais serão desenvolvidos com alimentos e desinformação.
o tempo. Vale salientar que muitos dos problemas gastrintestinais
Logo, os comportamentos que foram evidenciados pelas podem levar à criança a apresentar diarreia, e
crianças da creche ocorreram devido à própria fase de consequentemente condicionando-a muitas vezes à

18 SIGAUD, C.H. S.; VERÍSSIMO, M. D. L. O. R. Enfermagem pediátrica: o cuidado 20 OLLET, N.; OLIVEIRA, B. R. G. Enfermagem pediátrica. Goiânia: AB, 2002.
de enfermagem à criança e ao adolescente. São Paulo: EPU, 1996. 21 RIBEIRO, M. O. A criança com diarreia aguda. In: SIGAUD, C.H. S.;
19 ARAÚJO, K. L.; VIEIRA, L.J E. de S. A criança e os fatores de risco no ambiente VERÍSSIMO, M. D. L. O. R. Enfermagem pediátrica: o cuidado de enfermagem à
domiciliar e escolar: um ensaio reflexivo. Texto Contexto Enfermagem. v.11, n.3, criança e ao adolescente. São Paulo: EPU, 1996.
p.83-87, set./dez., 2002.

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desidratação e desnutrição, por isso, o mais importante é um. Se, até então, o trabalhador vendia somente sua própria
desenvolver uma atitude crítica e reflexiva dos cuidados que força de trabalho, passou a vender a força da mulher e dos
devem ser dispensados à criança para que possa aprender a filhos.
desenvolver comportamentos que promovam sua saúde. Na realidade, apesar do aumento significativo do número
de trabalhadores, os homens foram, em parte, substituídos no
Questões trabalho pelas mulheres e pelas crianças, já que a lei fabril
exigia duas turmas trabalhando: uma turma de seis horas e
01. É correto afirmar que organizar o cotidiano das outra de quatro, ou cada uma, cinco horas apenas. Mas os pais
crianças da Educação Infantil pressupõe pensar que o não queriam vender o tempo parcial das crianças mais barato
estabelecimento de uma sequência básica de atividades do que vendiam antes o tempo integral, mesmo que as
diárias. condições de trabalho fossem péssimas. A passagem seguinte
( ) Verdadeiro ( ) Falso evidencia a precariedade do trabalho e a necessidade de
sucumbir aos ditames do capital: “[...] o capital achava nelas, as
02. Dentre os aspectos determinantes no processo de mulheres e moças despidas, muitas vezes em conjunto com
saúde/doença da criança, pode-se destacar: homens, perfeitamente de acordo com seu código moral”.
(A) Estrutura física da creche e água tratada. O nascimento da indústria moderna alterou
(B) Água tratada, higienização correta dos alimentos, profundamente a estrutura social vigente, modificando os
estrutura física e acessibilidade à produtos químicos. hábitos e costumes das famílias, as mães operárias que
(C) Acessibilidade à produtos químicos, higienização não tinham com quem deixar seus filhos, utilizavam o
correta dos alimentos e estrutura física trabalho das conhecidas mães mercenárias. Essas, ao
(D) Estrutura física, água tratada, higienização correta dos optarem pelo não trabalho nas fábricas, vendiam seus
alimentos, acessibilidade à produtos químicos e higiene. serviços para abrigarem e cuidarem dos filhos de outras
(E) Estrutura física da creche, higiene, água tratada, mulheres.
higienização correta dos alimentos, acessibilidade à produtos Em função da crescente participação dos pais no
químicos e o mais importante de todos, a atenção direcionada trabalho das fábricas, fundições e minas de carvão,
à criança. surgiram outras formas de arranjos mais formais de
serviços de atendimento das crianças. Eram organizados
03. Em relação aos problemas gastrintestinais, pode-se por mulheres da comunidade que, na realidade, não
afirmar que os fatores de risco está intrinsecamente tinham uma proposta instrucional formal, mas adotavam
relacionado com as atitudes das crianças. atividades de canto e de memorização de rezas. As
( ) Verdadeiro ( ) Falso atividades relacionadas ao desenvolvimento de bons
hábitos de comportamento e de internalização de regras
Gabarito morais eram reforçadas nos trabalhos dessas voluntárias.
Criou-se uma nova oferta de emprego para as mulheres,
01.Verdadeiro / 02.E / 03.Falso mas aumentaram os riscos de maus tratos às crianças,
reunidas em maior número, aos cuidados de uma única,
pobre e despreparada mulher. Tudo isso, aliado a pouca
Algumas ideias e questões comida e higiene, gerou um quadro caótico de confusão,
importantes a considerar. que terminou no aumento de castigos e muita pancadaria,
a fim de tornar as crianças mais sossegadas e passivas.
Cuidados e Conteúdos na Mais violência e mortalidade infantil.
creche A preocupação das famílias pobres era sobreviver, sendo
assim, os maus tratos e o desprezo pelas crianças tornaram-se
aceitos como regra e costume pela sociedade de um modo
A) A história da Educação Infantil geral. As mazelas contra a infância se tornaram tão comuns
que, por filantropia, algumas pessoas resolveram tomar para
Na Europa, com a transição do feudalismo para o si a tarefa de acolher as crianças desvalidas que se
capitalismo, em que houve a passagem do modo de encontravam nas ruas. A sociedade aplaudiu, uma vez que
produção doméstico para o sistema fabril, e, todos queriam ver as ruas limpas do estorvo e da sujeira
consequentemente, a substituição das ferramentas pelas provocados pelas crianças abandonadas.
máquinas, além da substituição da força humana pela As primeiras instituições na Europa e Estados Unidos
força motriz, provocando toda uma reorganização da tinham como objetivos cuidar e proteger as crianças enquanto
sociedade. O enorme impacto causado pela revolução às mães saíam para o trabalho. Desta maneira, sua origem e
industrial fez com que toda a classe operária se expansão como instituição de cuidados à criança estão
submetesse ao regime da fábrica e das máquinas. Desse associadas à transformação da família, de extensa para
modo, essa revolução possibilitou a entrada em massa da nuclear.
mulher no mercado de trabalho, alterando a forma da Sua origem, na sociedade ocidental, de acordo com Didonet
família cuidar e educar seus filhos. (2001)23, baseia-se no trinômio: mulher-trabalho-criança.
Marx (1986)22, ao discutir a apropriação pelo capital das As creches, escolas maternais e jardins de infância tiveram,
forças de trabalho suplementares, enfatiza que a maquinaria somente no seu início, o objetivo assistencialista, cujo enfoque
permitiu o emprego de trabalhadores sem força muscular e era a guarda, higiene, alimentação e os cuidados físicos das
com membros mais flexíveis, o que possibilitou ao capital crianças.
absorver as mulheres e as crianças nas fábricas. A maquinaria Apesar de seu início estar mais voltado para as questões
estabeleceu um meio de diversificar os assalariados, assistenciais e de custódia, Kuhlmann (2001)24 ressalta que
colocando, nas fábricas, todos os membros da família do essas instituições se preocuparam com questões não só de
trabalhador, independentemente do sexo e da idade de cada cuidados, mas de educação, visto se apresentarem como

22 MARX, Karl. O Capital. l.1, v.1. São Paulo: Bertrand Brasil-Difel, 1986. 24 KUHLMANN JR., Moisés. O jardim de infância e a educação das crianças
23 DIDONET, Vital. Creche: a que veio, para onde vai. In: Educação Infantil: a pobres: final do século XIX, início do século XX. In: MONARCHA, Carlos, (Org.).
creche, um bom começo. Em Aberto/Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educação da infância brasileira: 1875- 1983. Campinas, SP: Autores Associados,
Educacionais. v 18, n. 73. Brasília, 2001. 2001.

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pedagógicas já em seu início. Exemplifica sua defesa com a sentimento filantrópico, caritativo, assistencial é que
“Escola de Principiantes” ou escola de tricotar, criada pelo começou a ser atendida fora da família.
pastor Oberlin, na França em meados de 1769, para crianças Enquanto para as famílias mais abastadas pagavam
de dois a seis anos de idade. Esse pastor criou apenas um uma babá, as pobres se viam na contingência de deixar os
programa de passeios, trabalhos manuais e histórias contadas filhos sozinhos ou colocá-los numa instituição que deles
com gravuras, nos quais suas escolas de tricô tinham como cuidasse. Para os filhos das mulheres trabalhadoras, a
objetivo, por meio do trabalho de mulheres da comunidade, creche tinha que ser de tempo integral; para os filhos de
tomar conta de crianças, ensinando-lhes a ler a bíblia e a operárias de baixa renda, tinha que ser gratuita ou cobrar
tricotar. De acordo com seus objetivos, nesses espaços, as muito pouco; ou para cuidar da criança enquanto a mãe
crianças deveriam aprender diferentes habilidades, como estava trabalhando fora de casa, tinha que zelar pela
adquirir hábitos de obediência, bondade, identificar as saúde, ensinar hábitos de higiene e alimentar a criança. A
letras do alfabeto, pronunciar bem as palavras e assimilar educação permanecia assunto de família. Essa origem
noções de moral e religião. determinou a associação creche, criança pobre e o caráter
Do ponto de vista histórico, a própria literatura traz o assistencial da creche.
jardim de infância como uma instituição exclusivamente É interessante ressaltar que, ao longo das décadas,
pedagógica e que, desde sua origem, teve pouca preocupação arranjos alternativos foram se constituindo no sentido de
com os cuidados físicos das crianças. No entanto, vale ressaltar atender às crianças das classes menos favorecidas. Uma das
que o primeiro Jardim de Infância, criado, em meados de 1840 instituições brasileiras mais duradouras de atendimento à
em Blankenburgo, por Froebel, tinha uma preocupação não só infância, que teve seu início antes da criação das creches, foi a
de educar e cuidar das crianças, mas de transformar a roda dos expostos ou roda dos excluídos. Esse nome provém
estrutura familiar de modo que as famílias pudessem cuidar do dispositivo onde se colocavam os bebês abandonados e era
melhor de seus filhos. composto por uma forma cilíndrica, dividida ao meio por uma
Os estudos que atribuem aos Jardins de Infância uma divisória e fixado na janela da instituição ou das casas de
dimensão educacional e não assistencial, como outras misericórdia. Assim, a criança era colocada no tabuleiro pela
instituições de educação infantil, deixam de levar em mãe ou qualquer outra pessoa da família; essa, ao girar a roda,
conta as evidências históricas que mostram uma estreita puxava uma corda para avisar a rodeira que um bebê acabava
relação entre ambos os aspectos: a que a assistência é que de ser abandonado, retirando-se do local e preservando sua
passou, no final do século XIX, a privilegiar políticas de identidade. Por mais de um século a roda de expostos foi à
atendimento à infância em instituições educacionais e o única instituição de assistência à criança abandonada no Brasil
Jardim de Infância foi uma delas, assim como as creches e e, apesar dos movimentos contrários a essa instituição por
escolas maternais, de acordo com Kuhlmann (1998)25. parte de um segmento da sociedade, foi somente no século XX,
A partir da segunda metade do século XIX, o quadro já em meados de 1950, que o Brasil efetivamente extinguiu-a,
das instituições destinadas à primeira infância era sendo o último país a acabar com o sistema da roda dos
formado basicamente da creche e do jardim de infância ao enjeitados.
lado de outras modalidades educacionais, que foram Ainda no final do século XIX, período da abolição da
absorvidas como modelos em diferentes países. escravatura no país, quando se acentuou a migração para
as grandes cidades e o início da República, houve
B) A educação das crianças: a particularidade iniciativas isoladas de proteção à infância, no sentido de
brasileira combater os altos índices de mortalidade infantil. Mesmo
com o trabalho desenvolvido nas casas de Misericórdia,
Diferentemente dos países europeus, no Brasil, as por meio da roda dos expostos, um número significativo
primeiras tentativas de organização de creches, surgiram de creches foi criado não pelo poder público, mas
com um caráter assistencialista, com o intuito de auxiliar exclusivamente por organizações filantrópicas. Se, por um
as mulheres que trabalhavam fora de casa e as viúvas lado, os programas de baixo custo, voltados para o
desamparadas. Outro elemento que contribuiu para o atendimento às crianças pobres, surgiam no sentido de
surgimento dessas instituições foram as iniciativas de atender às mães trabalhadoras que não tinham onde
acolhimento aos órfãos abandonados que, apesar do apoio da deixar seus filhos, a criação dos jardins de infância foi
alta sociedade, tinham como finalidade esconder a vergonha defendida, por alguns setores da sociedade, por
da mãe solteira, já que as crianças eram sempre filhos de acreditarem que os mesmos trariam vantagens para o
mulheres da corte, pois somente essas tinham do que se desenvolvimento infantil, ao mesmo tempo foi criticado
envergonhar e motivo para se descartar do filho indesejado. por identificá-los com instituições europeias.
Numa sociedade patriarcal, a ideia era criar uma solução As tendências que acompanharam a implantação de
para os problemas dos homens, ou seja, retirar dos mesmos a creches e jardins de infância, no final do século XIX e durante
responsabilidade de assumir a paternidade. Considerando as primeiras décadas do século XX no Brasil, foram: a jurídico-
que, nessa época, não se tinha um conceito bem definido sobre policial, que defendia a infância moralmente abandonada, a
as especificidades da criança, a mesma era concebida como um médico-higienista e a religiosa, ambas tinham a intenção de
objeto descartável, sem valor intrínseco de ser humano, combater o alto índice de mortalidade infantil tanto no interior
conforme defendido por Rizzo (2003)26. da família como nas instituições de atendimento à infância. Na
Fatores como o alto índice de mortalidade infantil, a realidade, cada instituição apresentava as suas justificativas
desnutrição generalizada e o número significativo de para a implantação de creches, asilos e jardins de infância onde
acidentes domésticos, fizeram com que alguns setores da seus agentes promoveram a constituição de associações
sociedade, dentre eles os religiosos, os empresários e assistenciais privadas.
educadores, começassem a pensar num espaço de Devido a muitos fatores, como o processo de
cuidados da criança fora do âmbito familiar. De maneira implantação da industrialização no país, a inserção da
que foi com essa preocupação, ou com esse problema, que mão-de-obra feminina no mercado de trabalho e a
a criança começou a ser vista pela sociedade e com um chegada dos imigrantes europeus no Brasil, os
movimentos operários ganharam força. Eles começaram a

25 KUHLMANN JR., Moisés. Infância e educação infantil: uma abordagem 26 RIZZO, Gilda. Creche: organização, currículo, montagem e funcionamento.

histórica. Porto Alegre: Mediação, 1998. 3. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003.

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se organizar nos centros urbanos mais industrializados e sem prejuízo da proteção integral, assegurando-se-lhes, por lei
reivindicavam melhores condições de trabalho; dentre estas, a ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a
criação de instituições de educação e cuidados para seus filhos. fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral,
Os donos das fábricas, por seu lado, procurando diminuir a espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.
força dos movimentos operários, foram concedendo certos Segundo Ferreira (2000)28, essa Lei é mais do que um
benefícios sociais e propondo novas formas de disciplinar seus simples instrumento jurídico, porque: Inseriu as crianças e
trabalhadores. Eles buscavam o controle do comportamento adolescentes no mundo dos direitos humanos. O ECA
dos operários, dentro e fora da fábrica. Para tanto, vão sendo estabeleceu um sistema de elaboração e fiscalização de
criadas vilas operárias, clubes esportivos e também creches e políticas públicas voltadas para a infância, tentando com
escolas maternais para os filhos dos operários. O fato dos isso impedir desmandos, desvios de verbas e violações
filhos das operárias estarem sendo atendidos em creches, dos direitos das crianças. Serviu ainda como base para a
escolas maternais e jardins de infância, montadas pelas construção de uma nova forma de olhar a criança: uma
fábricas, passou a ser reconhecido por alguns criança com direito de ser criança. Direito ao afeto, direito
empresários como vantajoso, pois mais satisfeitas, as de brincar, direito de querer, direito de não querer,
mães operárias produziam melhor. direito de conhecer, direito de sonhar. Isso quer dizer que
Ao longo das décadas, as poucas conquistas não se fizeram são atores do próprio desenvolvimento.
sem conflitos. Com o avanço da industrialização e o aumento Nos anos seguintes à aprovação do Estatuto da Criança e
das mulheres da classe média no mercado de trabalho, do Adolescente, entre os anos de 1994 a 1996, foi publicado
aumentou a demanda pelo serviço das instituições de pelo Ministério da Educação uma série de documentos
atendimento à infância. importantes intitulados: “Política Nacional de Educação
Infantil”. Tais documentos estabeleceram as diretrizes
C) A Educação Infantil e a Legislação brasileira pedagógicas e de recursos humanos com o objetivo de
expandir a oferta de vagas e promover a melhoria da qualidade
Verifica-se que, até meados do final dos anos setenta, de atendimento nesse nível de ensino: “Critérios para um
pouco se fez em termos de legislação que garantisse a oferta atendimento em creches que respeite os direitos
desse nível de ensino. Já na década de oitenta, diferentes fundamentais das crianças”, que discute a organização e o
setores da sociedade, como organizações não- funcionamento interno dessas instituições; “Por uma política
governamentais, pesquisadores na área da infância, de formação do profissional de educação infantil”, que
comunidade acadêmica, população civil e outros, uniram reafirma a necessidade e a importância de um profissional
forças com o objetivo de sensibilizar a sociedade sobre o qualificado e um nível mínimo de escolaridade para atuar nas
direito da criança a uma educação de qualidade desde o instituições de educação infantil; “Educação infantil:
nascimento. bibliografia anotada” e “Propostas pedagógicas e currículo em
Do ponto de vista histórico, foi preciso quase um educação infantil”. Esses documentos foram importantes no
século para que a criança tivesse garantido seu direito à sentido de garantir melhores possibilidades de organização do
educação na legislação, foi somente com a Carta trabalho dos professores no interior dessas instituições.
Constitucional de 1988 que esse direito foi efetivamente Além da Constituição Federal de 1988, do Estatuto da
reconhecido. Criança e do Adolescente de 1990, destaca-se a Lei de
De acordo com Bittar, Silva e Mota (2003)27 o esforço Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996, que, ao
coletivo dos diversos segmentos visava assegurar na tratar da composição dos níveis escolares, inseriu a educação
Constituição, os princípios e as obrigações do Estado com infantil como primeira etapa da Educação Básica. Essa Lei
as crianças. Assim, foi possível sensibilizar a maioria dos define que a finalidade da educação infantil é promover o
parlamentares e assegurar na Constituição brasileira o direito desenvolvimento integral da criança até 5 (cinco) anos de
da criança à educação. A pressão desses movimentos na idade, complementando a ação da família e da comunidade. De
Assembleia Constituinte possibilitou a inclusão da creche e da acordo com o Ministério da Educação, o tratamento dos vários
pré-escola no sistema educativo ao inserir, na Constituição aspectos como dimensões do desenvolvimento e não áreas
Federal de 1988, em seu em seu artigo 208, o inciso IV, assim: separadas foi fundamental, já que “[...] evidencia a necessidade
“[...] O dever do Estado com a educação será efetivado de se considerar a criança como um todo, para promover seu
mediante a garantia de educação infantil, em creche e pré- desenvolvimento integral e sua inserção na esfera pública”.
escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade, de acordo Desse modo, verifica-se um grande avanço no que diz
com a Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de respeito aos direitos da criança pequena, uma vez que a
2006. A partir dessa Lei, as creches, anteriormente educação infantil, além de ser considerada a primeira
vinculadas à área de assistência social, passaram a ser de etapa da Educação Básica, é um direito da criança e tem o
responsabilidade da educação. Tomou-se por orientação o objetivo de proporcionar condições adequadas para o
princípio de que essas instituições não apenas cuidam das desenvolvimento do bem-estar infantil, como o
crianças, mas devem, prioritariamente, desenvolver um desenvolvimento físico, psicomotor, cognitivo, linguístico,
trabalho educacional. afetivo, ético, estético, cultural e social, complementando
A Constituição representa uma valiosa contribuição na a ação da família e da comunidade. Diante dessa nova
garantia de nossos direitos, visto que, por ser fruto de um perspectiva, três importantes objetivos, devem,
grande movimento de discussão e participação da população necessariamente, coroar essa nova modalidade educacional:
civil e poder público, foi um marco decisivo na afirmação dos
direitos da criança no Brasil. A) Objetivo Social: Associado à questão da mulher
Dois anos após a aprovação da Constituição Federal de enquanto participante da vida social, econômica, cultural e
1988, foi aprovado o Estatuto da Criança e do Adolescente - Lei política;
8.069/90, que, ao regulamentar o art. 227 da Constituição B) Objetivo Educativo: Organizado para promover a
Federal, inseriu as crianças no mundo dos direitos humanos. construção de novos conhecimentos e habilidades da criança;
De acordo com seu artigo 3º, a criança e o adolescente gozam C) Objetivo Político: Associado à formação da cidadania
de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, infantil, em que, por meio deste, a criança tem o direito de falar

27 BITTAR, M; SILVA, J.; MOTA, M. A.C. Formulação e implementação da 28 FERREIRA, Maria Clotilde Rossetti (Org.). Os fazeres na educação infantil.

política de educação infantil no Brasil. In: Educação infantil, política, formação e São Paulo: Cortez, 2000.
prática docente. Campo Grande, MS: UCDB, 2003.

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APOSTILAS OPÇÃO

e de ouvir, de colaborar e de respeitar e ser respeitada pelos e confiança, e o acesso pelas crianças, aos conhecimentos
outros. mais amplos da realidade social e cultural.
Sobre o cuidar, é importante ressaltar que esse deve
Em consonância com a legislação, o Ministério da Educação ser entendido como parte integrante da educação, ou seja:
publicou, em 1998, dois anos após a aprovação da LDB, os cuidar de uma criança em um contexto educativo
documentos “Subsídios para o credenciamento e o demanda a integração de vários campos de
funcionamento das instituições de educação infantil”, que conhecimentos e a cooperação de profissionais de
contribuiu significativamente para a formulação de diretrizes diferentes áreas.
e normas da educação da criança pequena em todo o país, e o Ainda nos anos de 1998 e 1999, o Conselho Nacional de
“Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil”, Educação, aprovou as Diretrizes Curriculares Nacionais para a
com o objetivo de contribuir para a implementação de práticas Educação Infantil, que teve como objetivo direcionar, de modo
educativas de qualidade no interior dos Centros de Educação obrigatório, os encaminhamentos de ordem pedagógica para
Infantil. Este último foi concebido de maneira a servir como esse nível de ensino aos sistemas municipais e estaduais de
um guia de reflexão de cunho educacional sobre os objetivos, educação e as Diretrizes Curriculares para a Formação de
conteúdos e orientações didáticas para os profissionais que Professores da Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino
atuam com crianças de zero a 5 (cinco) anos de idade. Sobre os Fundamental, que também contribuiu para a melhoria de
objetivos gerais da educação infantil, esse documento ressalta ambos os níveis de ensino ao discutir a relevância de uma
que a prática desenvolvida nessas instituições deve se formação altamente qualificada para esses profissionais.
organizar de modo que as crianças desenvolvam as seguintes Barreto (1998)29 ressalta que, apesar do avanço da
capacidades: legislação no que diz respeito ao reconhecimento da
criança à educação nos seus primeiros anos de vida,
A) Desenvolver uma imagem positiva de si, atuando de também é importante considerar os inúmeros desafios
forma cada vez mais independente, com confiança em suas impostos para o efetivo atendimento desse direito, que
capacidades e percepção de suas limitações; podem ser resumidos em duas grandes questões: a de
B) Descobrir e conhecer progressivamente seu próprio acesso e a da qualidade do atendimento. Quanto ao acesso,
corpo, suas potencialidades e seus limites, desenvolvendo e a autora enfatiza que, mesmo tendo havido, nas últimas
valorizando hábitos de cuidado com a própria saúde e bem- décadas, uma significativa expansão do atendimento, a
estar; entrada da criança na creche ainda deixa a desejar, em
C) Estabelecer vínculos afetivos e de troca com adultos e especial porque as crianças de famílias de baixa renda
crianças, fortalecendo sua autoestima e ampliando estão tendo menores oportunidades que as de nível
gradativamente suas possibilidades de comunicação e socioeconômico mais elevado.
interação social; Sobre a qualidade do atendimento, ressalta: As
D) Estabelecer e ampliar cada vez mais as relações sociais, instituições de educação infantil no Brasil, devido à forma
aprendendo aos poucos a articular seus interesses e pontos de como se expandiu, sem os investimentos técnicos e
vista com os demais, respeitando a diversidade e financeiros necessários, apresenta, ainda, padrões
desenvolvendo atitudes de ajuda e colaboração; bastante aquém dos desejados, a insuficiência e
E) Observar e explorar o ambiente com atitude de inadequação de espaços físicos, equipamentos e materiais
curiosidade, percebendo-se cada vez mais como integrante, pedagógicos; a não incorporação da dimensão educativa
dependente e agente transformador do meio ambiente e nos objetivos da creche; a separação entre as funções de
valorizando atitudes que contribuam para sua conservação; cuidar e educar, a inexistência de currículos ou propostas
F) Brincar, expressando emoções, sentimentos, pedagógicas são alguns problemas a enfrentar.
pensamentos, desejos e necessidades;
G) Utilizar as diferentes linguagens (corporal, musical, D) Inserção e adaptação nas instituições de Educação
plástica, oral e escrita) ajustadas às diferentes intenções e Infantil
situações de comunicação, de forma a compreender e ser
compreendido, expressar suas ideias, sentimentos, É comum falarmos em adaptação na Educação Infantil. E,
necessidades e desejos e avançar no seu processo de neste caso, muitas vezes a adaptação vincula-se às
construção de significados, enriquecendo cada vez mais sua experiências de separação. Mas por que realizar adaptação na
capacidade expressiva; Educação Infantil? Na verdade, todos os seres humanos
H) Conhecer algumas manifestações culturais, vivenciam processos de adaptação, de crescimento, de
demonstrando atitudes de interesse, respeito e participação mudança... o processo de adaptação inicia com o nascimento,
frente a elas e valorizando a diversidade. nos acompanha no decorrer de toda a vida e ressurge a cada
nova situação que vivenciamos. Sair de um espaço conhecido
Para que esses objetivos sejam alcançados de modo e seguro, dar um passo à frente e arriscar-se, tendo como
integrado, o Referencial Curricular Nacional para a companhia o desconhecido para o qual precisamos olhar,
Educação Infantil sugere que as atividades devem ser perceber, sentir, avaliar, nos leva às mais diferentes reações:
oferecidas para as crianças não só por meio das permanecer no espaço seguro e protegido, seguir adiante ou
brincadeiras, mas aquelas advindas de situações desistir e voltar atrás.
pedagógicas orientadas. Nesse sentido, a integração entre Falamos em adaptação sempre que enfrentamos uma
ambos os aspectos é relevante no desenvolvimento do situação nova, ou readaptação, quando entramos
trabalho do professor, uma vez que, educar significa, novamente em contato com algo já conhecido, mas por
portanto, propiciar situações de cuidados, brincadeiras e algum tempo distante do nosso convívio diário. Como na
aprendizagens orientadas de forma integrada e que Educação Infantil lidamos com bebês e crianças pequenas,
possam contribuir para o desenvolvimento das em processo de passagem da casa para o mundo mais
capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e amplo, a adaptação ganha ainda mais sentido.
estar com os outros, em uma atitude de aceitação, respeito Ressalte-se que esse período pode ser enfocado sob
diferentes pontos de vista:

29 BARRETO, Ângela M. R. Situação atual da educação infantil no Brasil. In: funcionamento de instituições de educação infantil. v. 2. Coordenação Geral de
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Subsídios para o credenciamento e educação infantil. Brasília: MEC/SEF/COEDI, 1998.

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A) O da criança, pelo significado e emoção despertados O acolhimento é um princípio a ser concretizado em


pela passagem de um espaço seguro e conhecido para outro várias situações que acontecem com as crianças: nos
em que é necessário um investimento afetivo e intelectual para atrasos, no retorno após viagem ou doença, em um
poder estar bem; acidente ou incidente durante o ano letivo. Isto porque o
B) O das famílias, que compartilham a educação da criança acolhimento, para além das datas, materializa a
com a creche/pré-escola; humanização da educação. Vale, portanto, para os
C) O do professor, que recebe uma criança desconhecida e primeiros dias e também ao longo do processo educativo.
ainda tem as outras do grupo para acolher; Apresentamos alguns dos aspectos a serem ponderados
D) O das outras crianças, que estão chegando ou que fazem pela instituição no período de uma adaptação acolhedora:
parte do grupo e precisam encarar o fato de que há mais um
com quem repartir, mas também com quem somar; A) Planejamento coletivo:
E) O da instituição, nos aspectos organizacional e de
gestão, que precisam prever espaço físico, materiais, tempo e É preciso considerar todos os aspectos do período de
recursos humanos capacitados para essa ação. adaptação e todas as suas variáveis, para que ele não seja feito
Não há unanimidade em relação ao termo utilizado de forma espontaneísta ou sem reflexão. Traçar um roteiro de
para nomear o período de ingresso da criança na como se dará a chegada dos alunos (novos ou não) nos
instituição, podendo ser chamado de adaptação, primeiros dias, pensar em tempos, espaços, materiais e
acolhimento e inserção. Como se sabe, a escolha do termo atribuições de cada profissional da escola são aspectos
revela concepções sobre as crianças e o modo de condução fundamentais para garantir a qualidade da adaptação.
do trabalho dos profissionais. É importante que a escola planeje atividades adequadas
Recorrendo à acepção da palavra adaptação, pode-se para esse período, não se distanciando do que o aluno
inferir que é a ação ou efeito de adaptar-se ou tornar-se apto a vivenciará no dia a dia, para que não sejam criadas falsas
fazer algo que comumente não estava em seu contexto sócio expectativas.
histórico. É a capacidade do sujeito em acomodar-se,
apropriar-se, ajustar-se às condições do meio ambiente. Por B) Envolvimento de todos os profissionais:
inserção, é possível depreender que é o ato de inserir,
introduzir, incluir ou integrar. Em síntese, é a capacidade do Cada funcionário dentro de suas atribuições é
sujeito de fazer parte de um contexto. Comumente, falamos em corresponsável pelo processo de adaptação e acolhimento dos
adaptação. Mesmo levando em conta a questão conceitual alunos. Uma reunião tratando do tema e antecipando com o
acima, usaremos a palavra adaptação na perspectiva do grupo situações com as quais terão de lidar nesse período,
acolhimento. possibilitará à equipe escolar a compreensão sobre a
Desta forma, a adaptação deve ser um período em que importância de suas ações para qualificar a chegada e a
linguagens, sentimentos, emoções estejam a serviço da permanência do aluno na escola. Assim, para acolher bem as
liberdade, da autonomia e do prazer e não apenas para o novas crianças e suas famílias, toda equipe da creche,
cumprimento de ordens com o objetivo de disciplinar os professores, equipe de apoio e voluntários, no início do ano
corpos infantis para o modelo escolar tradicional. Dessa letivo, prepara esse momento, planejando suas ações de forma
forma, podemos dizer em uma adaptação que supere apenas a contribuir neste processo de acolhimento.
um momento burocrático e vivenciar a adaptação em uma
perspectiva de acolhida. Todos, crianças e adultos, são C) Participação das famílias e da comunidade:
sensíveis ao acolhimento. Afinal, quem não gosta de ser bem
recebido? A qualidade do acolhimento garante o êxito da A participação efetiva das famílias e da comunidade traz
adaptação. E, para que isso ocorra, fundamental se faz boas contribuições para o processo de adaptação, por diversas
empreender esforços no sentido de compreender que o razões: diminui o medo e a ansiedade (de adultos e crianças),
processo de adaptação exigirá tanto da criança que busca inicia a construção de um vínculo de confiança entre escola e
adequar-se a essa nova realidade social e de seus pais, família, válida para a criança a figura do professor como
quanto do educador e da instituição que precisa preparar- referência e da escola como um lugar seguro. Daí a importância
se para recebê-la. de um planejamento que considere a presença da família e da
Em suma, o estabelecimento de vínculos positivos depende comunidade na escola.
fundamentalmente da forma como a criança e sua família são
acolhidas na escola. Uma adaptação compromissada com o D) Atendimento à diversidade:
acolhimento significa abrir-se ao aconchego, ao bem-
estar, ao conforto físico e emocional, ao amparo. Aqui e em Cada ser humano traz consigo suas vivências, experiências
outros momentos, o ato de educar não se separa do ato de e modelos de convivência. As crianças, assim como os adultos,
cuidar. apresentam manifestações e reações diferentes em cada
Sendo assim, amplia-se o papel e a responsabilidade da contexto. A escola como um todo precisa estar sensível às
instituição educacional nesse momento. Por isto, a forma como manifestações individuais dos alunos, atendendo às suas
cada instituição efetiva o período de adaptação revela a necessidades específicas, que podem se manifestar de forma
concepção de educação e de criança que orientam suas transitória ou permanente, nos casos daqueles que possuam
práticas. O planejamento das atividades é fundamental, alguma necessidade educacional.
para não cair no espontaneísmo e na falta de reflexão e Deixar que a criança mantenha seu jeito de ser, seus rituais
para favorecer o dinamismo e as interações. Pensar como para aos poucos se ajustar ao grupo, proporciona suavidade à
se dará a chegada das crianças (novas ou não) nos transição, sem rupturas bruscas e maior controle do adulto
primeiros dias do calendário escolar, pensar nos tempos, sobre o processo.
materiais e ambientes, nos profissionais e suas
atribuições, nas famílias e suas inseguranças são aspectos E) Consideração dos sentimentos das crianças e dos
importantes para assegurar a qualidade da adaptação. adultos:
Dentro do contexto escolar, manifestações, reações,
sentimentos podem ser de caráter transitório ou permanente. Sentimentos diversos estão presentes no período de
Respeitar os jeitos de ser e estar no mundo e os rituais das adaptação. Os pais ficam angustiados e inseguros por
crianças ajudam em uma transição suave e confiável. deixarem seus filhos com pessoas que não fazem parte de seu

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convívio. A equipe escolar lida com reações diversas das cheirar, um mordedor, ou mesmo o bico da mamadeira a
crianças: choros, birras, quietude excessiva, recusa de que ele está acostumado, ajudará neste processo. Pode-se
alimentos entre outras. Cabe à escola acolher a cada uma mesmo solicitar que a mãe ou responsável pela criança venha,
dessas reações com paciência e intervenções que ajudem a alguns dias antes, ajudar a preparar o berço de seu bebê.
aproximar os alunos da rotina escolar, criando vínculos de Quando o atendimento é de período integral, é
segurança e afeto, estabelecendo ao mesmo tempo, uma recomendável que se estabeleça um processo gradual de
relação de confiança com as famílias através da escuta atenta inserção, ampliando o tempo de permanência de maneira
sobre as várias dúvidas e inquietações trazidas nos horários de que a criança vá se familiarizando aos poucos com o
entrada e saída dos alunos. professor, com o espaço, com a rotina e com as outras
crianças com as quais irá conviver. É importante que se
D.1) Acolhimento das famílias e das crianças na solicite, nos primeiros dias, e até quando se fizer
instituição necessário, a presença da mãe ou do pai ou de alguém
conhecido da criança para que ela possa enfrentar o
A entrada na instituição ambiente estranho junto de alguém com quem se sinta
segura. Quando tiver estabelecido um vínculo afetivo com
O ingresso das crianças nas instituições pode criar o professor e com as outras crianças, é que ela poderá
ansiedade tanto para elas e para seus pais como para os enfrentar bem a separação, sendo capaz de se despedir da
professores. As reações podem variar muito, tanto em relação pessoa querida, com segurança e desprendimento.
às manifestações emocionais quanto ao tempo necessário para Este período exige muita habilidade, por isso, o professor
se efetivar o processo. Algumas crianças podem apresentar necessita de apoio e acompanhamento, especialmente do
comportamentos diferentes daqueles que normalmente diretor e membros da equipe técnica uma vez que ele também
revelam em seu ambiente familiar, como alterações de apetite, está sofrendo um processo de adaptação. Os professores
retorno às fases anteriores do desenvolvimento. precisam ter claro qual é o papel da mãe (ou de quem estiver
Podem, também, adoecer; isolar-se dos demais e criar acompanhando a criança) em seus primeiros dias na
dependência de um brinquedo, da chupeta ou de um paninho. instituição.
As instituições de educação infantil devem ter flexibilidade Os pais podem encontrar dificuldades de tempo para viver
diante dessas singularidades ajudando os pais e as crianças este processo por não poderem se ausentar muitos dias no
nestes momentos. trabalho. Neste caso, seria importante que pudessem estar
A entrevista de matrícula pode ser usada para presentes, ao menos no primeiro dia, e que depois pudessem
apresentar informações sobre o atendimento oferecido, ser substituídos por alguém da confiança da criança.
os objetivos do trabalho, a concepção de educação O choro da criança, durante o processo de inserção,
adotada. Esta é uma boa oportunidade também para que parece ser o fator que mais provoca ansiedade tanto nos
se conheçam alguns hábitos das crianças e para que o pais quanto nos professores. Mas parece haver, também,
professor estabeleça um primeiro contato com as uma crença de que o choro é inevitável e que a criança
famílias. acabará se acostumando, vencida pelo esgotamento físico
Quanto mais novo o bebê, maior a ligação entre mãe e filho. ou emocional, parando de chorar. Alguns acreditam que,
Assim, não é apenas a criança que passa pela adaptação, mas se derem muita atenção e as pegarem no colo, as crianças
também a mãe. Dependendo da família e da criança, outros se tornarão manhosas, deixando-as chorar. Essa
membros como o pai, irmãos, avós poderão estar envolvidos experiência deve ser evitada. Deve ser dada uma atenção
no processo de adaptação à instituição. A maneira como a especial às crianças, nesses momentos de choro, pegando
família vê a entrada da criança na instituição de educação no colo ou sugerindo-lhes atividades interessantes.
infantil tem uma influência marcante nas reações e emoções O professor pode planejar a melhor forma de organizar o
da criança durante o processo inicial. Acolher os pais com suas ambiente nestes primeiros dias, levando em consideração os
dúvidas, angústias e ansiedades, oferecendo apoio e gostos e preferências das crianças, repensando a rotina em
tranquilidade, contribui para que a criança também se sinta função de sua chegada e oferecendo-lhes atividades atrativas.
menos insegura nos primeiros dias na instituição. Ambientes organizados com material de pintura, desenho e
Reconhecer que os pais são as pessoas que mais conhecem modelagem, brinquedos de casinha, baldes, pás, areia e água
as crianças e que entendem muito sobre como cuidá-las pode etc., são boas estratégias.
facilitar o relacionamento. Antes de tudo, é preciso
estabelecer uma relação de confiança com as famílias, E) Efetivando o planejamento no processo de inserção
deixando claro que o objetivo é a parceria de cuidados e / adaptação
educação visando ao bem-estar da criança. Quando há
certo número de crianças para ingressar na instituição, Abordaremos a questão do planejamento, a fim de que as
pode-se fazer uma reunião com todos os pais novos para escolas organizem uma boa acolhida às famílias e alunos para
que se conheçam e discutam conjuntamente suas dúvidas a construção dos primeiros vínculos.
e preocupações.
A) Apresentando a escola:
Os primeiros dias
Muitas escolas têm como prática propor atividades que
No primeiro dia da criança na instituição, a atenção do contem com a participação das famílias nos primeiros dias de
professor deve estar voltada para ela de maneira especial. Este aula para que, juntamente com seus filhos, conheçam os
dia deve ser muito bem planejado para que a criança possa ser espaços, os funcionários e vivenciem algumas das práticas
bem acolhida. É recomendável receber poucas crianças por pedagógicas, como: roda de história, lanche, parque e outros.
vez para que se possa atendê-las de forma individualizada. Esses momentos são bem avaliados, pois trazem segurança
Com os bebês muito pequenos, o principal cuidado será aos pais e, consequentemente, aos seus filhos Entretanto
preparar o seu lugar no ambiente, o seu berço, identificá-lo temos outros desafios a considerar neste período: o que
com o nome, providenciar os alimentos que irá receber, e propor para as famílias que já conhecem a rotina da escola?
principalmente tranquilizar os pais. Como evitar a frustração das crianças cujas famílias trabalham
A permanência na instituição de alguns objetos de e não podem comparecer no período de adaptação? É
transição, como a chupeta, a fralda que ele usa para importante a participação dos familiares nos primeiros dias de

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aula, desde que a equipe escolar considere as circunstâncias (A) significa compreendê-lo como parte integrante da
apontadas acima. Indicamos essa participação em forma de educação.
convite e não como condição para a permanência da criança (B) demanda romper com crenças e valores em torno da
nos primeiros dias de aula. Além disso, cabe à equipe escolar saúde, da educação e do desenvolvimento infantil.
cuidar do planejamento de ações que possibilitem a (C) exige a adoção de procedimentos que visam à
participação das crianças com pessoas que sejam referência promoção da saúde, independente das realidades
para elas, podendo ser algum familiar e, na impossibilidade socioculturais.
destes comparecerem, outra pessoa com quem tenham (D) exige considerar conhecimentos, habilidades e
vínculo. instrumentos restritos à dimensão pedagógica.

B) No ato da matrícula: 3. (Prefeitura de Fortaleza/CE - Assistente da


Educação Infantil Substituto - Prefeitura de Fortaleza/CE -
O acolhimento às famílias e aos alunos se inicia nos 2016) A Educação Infantil tem por finalidade o
primeiros contatos com a escola, na forma como se conversa e desenvolvimento integral da criança em seus aspectos:
se fornecem informações, como são abordados os dados da (A) físico, psicomotor, cognitivo, linguístico, afetivo, ético,
família sem ser invasivo, deixando claro que educação é um estético, cultural e social, complementando a ação da família e
direito e não um “favor” do poder público. Assim é necessário da comunidade.
que os funcionários da secretaria da escola também estejam (B) psicomotor, religioso, lógico-matemático, sócio afetivo,
preparados para atender o público de forma atenciosa e intercultural e de acordo com os valores da família.
informar como a escola funciona, seus horários, início das (C) auto referencial, social, multilinguístico, agnóstico,
aulas e outros esclarecimentos que se fizerem necessários. performativo, histórico e social, segundo a comunidade de
origem da criança.
C) Construção de vínculo com as famílias: (D) afirmativo, crítico, intelectual, emocional, moral e
social, considerando a história e a memória das tradições
É essencial neste processo que a equipe escolar discuta e culturais da família e do entorno.
decida sobre a importância de estreitar os vínculos com as
famílias, obtendo informações relevantes para o trabalho na 4. Nos primeiros dias da criança na instituição de Educação
escola e para os cuidados com os alunos no dia a dia. A forma Infantil, a permanência na instituição de alguns objetos de
e o instrumento que utilizarão devem ser sempre avaliados e transição, como a chupeta, a fralda que ele utiliza para cheirar,
decididos pela equipe escolar e pelas famílias. A reunião com um mordedor são objetos que poderão atrapalhar a adaptação
pais, que neste ano conta com o diferencial da dispensa de aula, por remeter memórias de casa à criança.
possibilitará a organização de diferentes estratégias para ( ) Verdadeiro ( ) Falso
conhecer melhor as famílias e trocar informações sobre os 5. Dois anos após a aprovação da Constituição Federal de
alunos. 1988, foi aprovado o Estatuto da Criança e do Adolescente - Lei
8.069/90. Segundo Ferreira (2000), essa Lei é mais do que um
D) Reunião com pais dos novos alunos da escola: simples instrumento jurídico, porque: Inseriu as crianças e
adolescentes no mundo dos direitos humanos.
Como procedimento para qualificar o início do ano letivo, ( ) Verdadeiro ( ) Falso
algumas escolas realizam uma reunião somente com os pais
dos novos alunos da escola. Esta reunião pode ser feita no ano Gabarito
anterior, logo após as matrículas, objetivando sanar dúvidas
acerca do funcionamento escolar, divulgar o Projeto Político 1. D / 2. A / 3. A / 04. Falso / 05. Verdadeiro
Pedagógico, apresentar a rotina e espaços existentes, orientar
as famílias sobre a importância da preparação dos filhos para
o início das aulas. As estratégias utilizadas podem ser Como aproveitar bem o
diferenciadas: vídeos com a rotina da escola, álbuns de fotos à
disposição dos pais, murais com atividades das crianças,
tempo na rotina da creche
exposição dos projetos desenvolvidos, folders e outros.
30Considerando uma concepção tecnicista de
Questões
currículo, ele é compreendido como sendo a prescrição de
1. (Prefeitura de Alto Piquiri/PR - Educador Infantil - uma grade curricular, ou seja, as áreas de conhecimento a
KLC) Pode-se afirmar que em uma instituição de educação serem trabalhadas, em que séries ou ano trabalhar cada
infantil ou escolar: uma, quais os conteúdos de cada área. Essa concepção,
(A) Não existe ação educativa nem organização. porém traz consigo a ideia de que em cada parte do processo
(B) Tanto a ação educativa quanto a organização estão a de escolarização, é preciso aprender determinados conteúdos
serviço dos funcionários. próprios daquela etapa e que são considerados como pré-
(C) A ação educativa deve estar a serviço da organização requisito para aprender os próximos conteúdos, sempre em
da instituição. determinada sequência pré-estabelecida de forma linear. Na
(D) A organização da instituição deve estar a serviço da educação infantil, por sua vez, essa concepção ainda é bastante
ação educativa. utilizada no modo como se organizam as experiências vividas.
(E) Nenhuma alternativa está correta. Currículo é o modo de organizar as práticas educativas,
refere-se aos espaços, a rotina, aos materiais que
2. (Prefeitura de Betim/MG - Auxiliar Administrativo disponibilizamos para as crianças, as experiências com as
do CIM - Prefeitura de Betim/MG) De acordo com o linguagens verbais e não verbais que lhes serão
Referencial Nacional Curricular para a Educação Infantil, proporcionadas, o modo como vamos recebê-la, nos despedir
contemplar o cuidado na esfera da instituição da educação delas, trocá-las, alimentá-las durante todo o tempo em que se
infantil encontram na instituição.

30 MAUDONNET, J. Currículo na Educação Infantil. 2014.

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A forma como essa prática é realizada carrega consigo um trabalhar juntas e partilhar ideias. Encorajam-se as iniciativas
conjunto de concepções e ideias sobre a finalidade da e as produções de significados das crianças, acreditando que
educação, a maneira como os sujeitos aprendem, o que se isso apoia também o desenvolvimento cognitivo delas. Além
deseja que eles aprendam, que tipo de homem queremos disso, entende-se que os pais são parceiros privilegiados dos
formar e para qual tipo de sociedade. Por isso, trata-se de uma profissionais das instituições educativas, uma vez que a
prática complexa, com diversas perspectivas e pontos de vista. educação e o cuidado das crianças pequenas devem ser
Ele é vivido permanentemente pelos sujeitos em seu processo compartilhados entre os adultos que são suas referências.
de educação, através das condições e contextos concretos. Por As crianças têm hipóteses sobre as coisas do mundo:
serem sujeitos, as crianças atribuem sentido ao que nós a pensam, criam, discutem e atribuem sentido a elas. Mas nem
oferecemos: se manifestam o tempo todo: seja se submetendo, sempre são ouvidas. A chamada “atividade pedagógica” é
se envolvendo, resistindo, aceitando as propostas ou muitas vezes considerada mais importante do que essas
recusando. relações. E a escuta e o diálogo são passos fundamentais para
Tomaz Tadeu da Silva, uma das referências nas reflexões a construção de um currículo para e com a infância.
sobre currículo afirma que “Qual nossa aposta, qual é o nosso As instituições de educação infantil são espaços que podem
lado, nesse jogo? O que vamos produzir no currículo entendido potencializar a ação infantil e valorizar a criança, que ainda é
como prática cultural? Os significados e sentidos, as desvalorizada socialmente - e por consequência os
representações que os grupos dominantes fazem de si e dos trabalhadores que atuam diretamente com ela. Precisamos
outros, as identidades hegemônicas? Vamos fazer do currículo mostrar à sociedade a potência que é a criança, precisamos
um campo fechado, impermeável à produção de significados e desenvolver potencialidades nas crianças de forma em que
de identidades alternativas? Será nosso papel o de conter a possamos “preparar o terreno” para a aprendizagem das
produtividade das práticas de significação que formam o atividades pedagógicas futuramente.
currículo? Ou vamos fazer do currículo um campo aberto que Aprender sobre higiene, aprender como se relacionar com
ele é, um campo de disseminação de sentido, um campo de os outros (sejam eles outras crianças ou educadores),
polissemia, de produção de identidades voltados para o aprender a forma como agir em cada espaço da escola,
questionamento e a crítica? Evidentemente, a resposta é uma aprender a compreender os diferentes momentos da rotina
decisão moral, ética, política de cada um/uma de nós. Temos como a hora de comer, a hora de brincar, a hora de dormir, a
de saber, entretanto, que o resultado do jogo depende da hora de estudar. Tudo isso faz parte da educação infantil e é
decisão de tomarmos partido. O currículo é, sempre e desde já, tarefa do educador. Através dessas atividades, as crianças
um empreendimento ético, um empreendimento político. Não descobrem o outro bem como as formas de relacionar com ele,
há como evitá-lo. descobrem o mundo externo e também as práticas de higiene
Os clássicos da Pedagogia, especialmente Montessori, o que é fundamental para o desenvolvimento pedagógico
Freinet, Pestalozzi e Dewey iniciaram a ideia da educação futuro dessa criança, desde que essa aprendizagem nos
infantil com o pressuposto de que a criança é ativa, deve-se primeiros anos de vida seja prazerosa através de experiências
considerar a observação e o respeito às manifestações infantis compartilhadas e não algo imposto pela instituição de ensino.
e a ideia de que o espaço é educativo embora pareça que a
pedagogia da infância foi se afastando desses referenciais. Um currículo para e com a infância
Lenira Haddad em seu artigo: “Tensões Curriculares na Nos documentos oficias do Ministério da Educação, entre
Educação Infantil” aponta duas grandes perspectivas adotadas eles as Diretrizes Curriculares para a Educação Infantil de
pelos diferentes países que compõe a OECD (Organização de 2009 - DCNs e o documento Práticas Cotidianas na Educação
Cooperação e de Desenvolvimento Econômico) para a Infantil: Bases para a reflexão sobre as orientações
Educação Infantil: currículo prescrito X currículo holístico. curriculares, muitos princípios do currículo holístico
Na perspectiva prescritiva, o principal objetivo da (integral) aparecem. Nas DCNs está posto que o currículo é:
Educação Infantil é a preparação para a escola. A referência é “um conjunto de práticas que buscam articular os saberes
o ensino fundamental. É como se ser professora fosse adotar e experiências das crianças com o patrimônio cultural,
os mesmos procedimentos do referencial de escola que temos artístico, ambiental, cientifico e tecnológico, de modo a
historicamente: dar lição, ensinar letras e números, garantir a promover o desenvolvimento integral da criança”.
ordem. Tem-se uma abordagem mais acadêmica, mais Ou seja, currículo não é aquele que se define a priori, mas
centrada no professor. A aprendizagem sequencial e linear é aquele que é vivenciado com as crianças a partir de seus
uma característica desse tipo de currículo. saberes, manifestações, articulado com aquilo que
Essa concepção prescritiva burocratiza as relações e consideramos importante que elas conhecem do patrimônio
desconsidera o fato de que a criança pequena aprende da humanidade.
experimentando, investigando, brincando, na interação com os O currículo é vivo, é ação, é prática que se manifesta no
adultos - educadores e famílias - e com outras crianças. Muitas cotidiano das nossas ações com as crianças e que articulam
vezes é uma prática de ausência de sentido para as crianças e com quem elas são, o que pensam, o que sabem, com aquilo
para os educadores que precisam controlá-las com frequência. que desejamos que elas aprendam.
Já o currículo holístico tem como pressuposto que a O currículo na Educação Infantil é marcado por linguagens.
aprendizagem se dá ao longo da vida e que o currículo deve As crianças nascem imersas em um mundo com diferentes
apoiar o desenvolvimento e os interesses das crianças. As linguagens e práticas sociais utilizadas para as pessoas se
brincadeiras, as interações e os projetos realizados através da expressarem, se comunicarem entre si e se organizarem
escuta atenta e da consideração das manifestações infantis são socialmente. Na tentativa de entender o mundo que as rodeia,
os pilares desse currículo. Entende-se que a criança é um todo, as crianças também se utilizam dessas linguagens,
é corpo, mente, emoção, criatividade, história e identidade observando, agindo, pensando e interpretando o mundo por
social. As áreas do conhecimento não são excluídas, mas o meio delas.
currículo é aberto e global, trabalha-se a partir de um amplo Linguagem são as diferentes manifestações e práticas
projeto que abarca múltiplas experiências com as diferentes humanas: culturais, científicas, da vida cotidiana. A oralidade e
linguagens (verbais e não verbais). Os projetos envolvem três a escrita são linguagens, assim como os desenhos, os
pilares: linguagem, negociação e comunicação e têm como eixo movimentos corporais, as expressões faciais, a dança, a
a investigação e a construção de hipóteses. música. Todas são imersas em significação, expressão e
O trabalho cooperativo é um forte princípio do currículo comunicação, embora não sejam valorizadas por todas as
holístico. Acredita-se que as crianças aprendem a gostar de culturas da mesma forma.

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A Educação Infantil, juntamente com a família, introduz as completo e indivisível, as divergências estão exatamente no
crianças às práticas sociais humanas, de uma comunidade, de que se entende sobre o que seja trabalhar com cada um desses
um país. Essas práticas culturais devem fazer parte do aspectos.
currículo das crianças desde pequena: como as crianças são Polêmicas sobre cuidar e educar, sobre o papel do afeto na
postas para dormir, como os bebês e crianças são banhados, relação pedagógica e sobre educar para o desenvolvimento ou
do que e como se alimentam, como acontece o desfralde, como para o conhecimento tem-se constituído no pano de fundo
são recebidas na instituição, que brincadeiras brincamos com sobre o qual se constroem as propostas em educação infantil.
elas, que histórias lemos, que músicas são cantadas, como os
aniversários são comemorados, como as danças são dançadas, Fundamentação Legal
quais as palavras escritas, que descobertas científicas são A Constituição do Brasil Seção I - da Educação em seu
realizadas. artigo (205) destaca que: A educação direito de todos e dever
Um aspecto não é mais importante do que o outro. Na do Estado e da família, será promovida e incentivada com a
educação Infantil, cuidar e educar são indissociáveis e colaboração da sociedade, visando pleno desenvolvimento
significam: a garantia da proteção, bem estar e segurança das da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
crianças; a atenção às suas necessidades físicas, afetivas, qualificação para o trabalho.
sociais, cognitivas; e o planejamento de espaços que Já na LDB - Diretrizes e Bases da Educação Nacional - lei
estimulem sua imaginação e agucem sua curiosidade. 9394/96 em seu art. 29 regulamenta a Educação Infantil,
Assim, contar histórias não é mais importante do que definindo-a como a primeira etapa da educação básica.
banhar os bebês, alimentar as crianças não é menos do que Tendo por finalidade o desenvolvimento integral da
viver um projeto e assim por diante, pois todas essas ações são criança até os 5 anos de idade, em seus aspectos físico,
práticas sociais que as crianças vão vivenciando e que fazem psicológico, intelectual e social, complementando a ação da
parte do currículo nessa etapa do desenvolvimento. Por isso, família e da comunidade.
todas precisam ser olhadas, reavaliadas e planejadas. A lei também estabelece que a Educação Infantil seja
oferecida em creches, para crianças de até 3 anos, e em pré-
Currículo da Educação Infantil: Legislação 31 escolas, para crianças de 4 a 5 anos.
Durante muito tempo, as instituições infantis, incluindo as Segundo o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da
brasileiras organizavam seu espaço e sua rotina diária em Educação Básica - FUNDEB (hoje FUNDEF) em seu Art. 60
função de ideias de assistência, de custódia e de higiene da determina que: agora é definitivo, todas as crianças a partir
criança. A década de 1980 passou por um momento de dos seis anos de idade devem estar matriculadas no ensino
ampliação do debate a respeito das funções das instituições fundamental. Portanto a Educação Infantil atenderá crianças
infantis para a sociedade moderna, que teve início com os de 0 a 5 anos e 9 meses.
movimentos populares dos anos de 1970. A implantação de uma verdadeira Educação Infantil
A partir desse período, as instituições passaram a ser precisará contar com a colaboração do sistema de saúde e dos
pensadas e reivindicadas como lugar de educação e cuidados órgãos de assistência social.
coletivos das crianças de zero a seis anos de idade. A responsabilidade deste nível inicial de educação
A abertura política permitia o reconhecimento social pertence aos municípios, mas as empresas são chamadas a
desses direitos manifestados pelos movimentos populares e dividir este encargo, pela obrigação de garantir assistência
por grupos organizados da sociedade civil. A Constituição de gratuita para os filhos e dependentes de seus empregados em
1988 (art.208, e inciso IV), pela primeira vez, na história do creches e pré-escolas, além da prevista com o recolhimento do
Brasil, definiu como direito das crianças de zero a seis anos de salário educação.
idade e dever do Estado o atendimento à infância.
Muitos fatos ocorreram de forma a influenciar estas Diretrizes
mudanças: o desenvolvimento urbano, as reivindicações Educar e cuidar de crianças de 0 a 5 anos supõe definir
populares, o trabalho da mulher, a transformação das funções previamente para que isto será feito e como se desenvolverão
familiares, as ideias de infância e as condições socioculturais as práticas pedagógicas, visando a inclusão das crianças e de
para o desenvolvimento das crianças. suas famílias em uma vida de cidadania plena.
Ao constituir-se em um equipamento só para pobres, As instituições de Educação Infantil são equipamentos
principalmente no caso das instituições de educação infantil, educacionais e não apenas de assistência, nesse sentido, uma
financiadas ou mantidas pelo poder público, significou, em das características da nova concepção de Educação Infantil,
muitas situações, atuar de forma compensatória para sanar as reside na integração das funções de cuidar e educar.
supostas faltas e carências das crianças e de seus familiares. As instituições infantis além de prestar cuidados físicos,
A tônica do trabalho institucional foi pautada por uma criam condições para o seu desenvolvimento cognitivo,
visão que estigmatizava a população de baixa renda. A simbólico, social e emocional. Nela se dão o cuidado e a
concepção educacional era marcada por características educação de crianças que aí vivem, convivem, exploram,
assistencialista, sem considerar as questões de cidadania conhecem, construindo uma visão de mundo e de si mesmas,
ligadas aos ideais de liberdade e igualdade. constituindo-se como sujeitos. Para as crianças pequenas tudo
Modificar essa concepção de educação assistencialista é novo, devendo ser trabalhado e aprendido. Não são
significa atentar para várias questões que vão além dos independentes e autônomas para os próprios cuidados
aspectos legais. Envolve principalmente, assumir as pessoais, precisando ser ajudadas e orientadas a construir
especificidades da educação infantil e rever concepções sobre hábitos e atitudes corretas, bem como estimuladas na fala e no
a infância, as relações entre classes sociais, à responsabilidade aprimoramento de seu vocabulário.
da sociedade e o papel do Estado em relação às crianças O bom relacionamento entre pais, educadores e crianças, é
pequenas. fundamental durante o processo de inserção da criança na vida
Embora haja um consenso sobre a necessidade de que a escolar, além de representar a ação conjunta rumo à
educação, para as crianças pequenas deva promover a consolidação de uma pedagogia voltada pra a infância.
integração entre os aspectos físicos, emocionais, afetivos,
cognitivos e sociais da criança, considerando que esta é um ser

31 Pedagogia ao pé da letra. Proposta Curricular para Educação Infantil.


2013.

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A instituição de Educação Infantil deverá proporcionar às A criança dos três aos cinco anos de idade apresenta seu
crianças momentos que a façam crescer, refletir e tomar desenvolvimento de forma menos acelerada, caracterizado
decisões direcionadas ao aprendizado com coerência e justiça. pelo progresso advindo das fases anteriores.
O desenvolvimento da capacidade de simbolização
Fundamentação filosófico-pedagógica progride através da linguagem, da imaginação, e da imitação.
A educação deve ser essencialmente lúdica, prazerosa, Ela faz uso do repertório cada vez mais rico de símbolos,
fundada nas mais variadas experiências e no prazer de signos, imagens e conceitos para mediar à relação com a
descobrir a vida, colocando as crianças em contato com uma realidade e o mundo social.
variedade de estímulos e experiências que propiciem a ela seu A linguagem é bem desenvolvida, devido a diversificações
desenvolvimento integral. Essas ações são desenvolvidas e de situações, pois amplia a expressão verbal, tendo quase que
fundamentadas numa concepção interdisciplinar e um domínio completo de todos os sons da língua por volta dos
totalizadora. As ações desenvolvidas fundamentam-se nos cinco anos de idade.
seguintes princípios: Centrado nos eixos Formação Pessoal e Social e
1) Educação ativa e relacionada com os interesses, Conhecimento do Mundo, o ensino e a aprendizagem são
necessidades e potencialidades da criança; atividades conjuntas, compartilhadas, que asseguram à
2) Ênfase na aprendizagem através da resolução de criança ir conhecendo e contribuindo, progressivamente com
problemas; o mundo que a envolve, com os objetos, pessoas, sistemas de
3) Ação educativa ligada à vida e não entendida como comunicação, valores, além de ir conhecendo a si mesma.
preparação para a vida; Com o fazer lúdico, pensa reflete e organiza-se para
4) Incentivo da solidariedade e não da concorrência. aprender em dado momento. Estas vivências são
fundamentais para o processo de alfabetização e letramento.
A Estrutura Curricular e Seus Eixos Norteadores Devem-se considerar os conhecimentos que a criança já
A criança desde que nasce é um ser ativo. Possui um possui e suas várias experiências culturais para efetuar a ação
repertório de condutas ou reflexos inatos que lhe permite pedagógica compartilhando, auxiliando a enfrentar novas
interagir com seu meio e experimentar as primeiras perspectivas, mas do modo como à criança vê, apenas
aprendizagens, consistindo nas adaptações que faz às novas orientando e praticando até encontrar o fortalecimento nas
condições de vida. O contato do bebê com o meio humano, relações pessoais, sociais e de conhecimento geral.
transforma essas condutas inatas em respostas complexas. Propor para as crianças um mundo de interação
Aos poucos, assimila novas experiências, integrando-as às que contribuirá para um desenvolvimento emocional, social,
já possui, gerando novas respostas. Este processo de fundamentando-as nas suas formações, e na realidade de cada
adaptação às condições novas que surgem se dá ao longo de um.
toda a infância. Dentro desta perspectiva, a educação para todos constitui
Durante o primeiro ano de vida, a criança constrói um um grande desafio: A Educação Inclusiva que é garantida pela
pensamento essencialmente prático, ligado à ação, a Constituição Federal Brasileira, art. 208, III. A declaração da
percepção e ao desenvolvimento motor. É através dessas ações Salamanca em l994 reafirmou o direito de todos à educação,
que a criança processa informações, constrói conhecimentos e independente de suas diferenças, enfatizando que a educação
se expressa desenvolvendo seu pensamento. para pessoas deficientes também é parte integrante do
Ao final do primeiro ano de vida, as ações das crianças sistema educativo, contemplando uma pedagogia voltada às
passam a ser cada vez mais coordenadas e intencionais. necessidades específicas e adoção de estratégias que se
O desenvolvimento da função simbólica tem importância fizerem necessárias em benefício comum. A LDB 9.394/96,
ao desenvolvimento psicológico e social da criança; artigos 58 e 59 têm também como finalidade concretizar
internalizam funções e capacidade ao longo do seu processo de preceito constitucional e responder ao compromisso com a
desenvolvimento e vão situando e ampliando sua participação “Educação para Todos”. Assume-se assim, o compromisso de
no universo social. uma educação comprometida para a cidadania, considerando
O aperfeiçoamento da linguagem, o aumento do sua diversidade. A educação inclusiva baseia-se na educação
vocabulário deverá ser permeado pela diversidade de condizente com igualdade de direitos e oportunidades em
experiências e oportunidades em contextos significativos para ambiente favorável.
a criança. A participação da família e da criança na instituição, num
No que se refere ao desenvolvimento físico motor, os três esforço conjunto de aprendizagem compartilhada é de suma
primeiros anos de vida, representam a fase em que o importância para aprender a conviver e se relacionar com
crescimento ocorre de maneira mais acelerada. Elas pessoas que possuem habilidades e competências diferentes,
quadruplicam de peso e dobram a altura em relação ao considerando que expressões culturais e sociais são condições
nascimento, adquirindo movimentos voluntários e necessárias para o desenvolvimento de valores éticos, dentro
coordenados. Controlam a posição de seu corpo e o dos preceitos básicos pedagógicos, por isso a estrutura
movimento das pernas, braços e tronco, significa que correm, curricular se apoia nos Eixos Norteadores, que orientam a base
rolam, deitam e tantas outras coisas. educacional que são:
O desenvolvimento motor se dá quando a criança adquire
padrões de movimentos musculares, controle do próprio - Identidade e Autonomia: Busca possibilitar a formação
corpo e habilidades motoras, com as quais alcança da criança a partir das relações sócio-histórico-culturais, de
possibilidades de ação e expressão. Está relacionado com o forma consciente e contextualizada, oferecendo condições
desenvolvimento psíquico, principalmente no primeiro ano de para que elas aprendam a conviver com os outros, em uma
vida. Ao desenvolver a ação motora a criança está construindo atitude básica de respeito e confiança. O trabalho educativo
conhecimento de si própria e do mundo que a cerca. Esta pode assim, criar condições para as crianças conhecerem,
relação construtiva que a criança estabelece com objetos, descobrirem e ressignificarem novos sentimentos, valores,
acontecimentos e pessoas constituirão uma base fundamental ideias, costumes e papéis sociais. A identidade é um conceito
para o seu desenvolvimento cognitivo, afetivo e social. de distinção, a começar pelo nome. A autonomia é a capacidade
Aos três anos, a criança já possui um repertório de de se conduzir e tomar decisões por si próprias, levando em
conhecimentos construídos, a partir de suas experiências. Há conta regras e valores. Identidade e autonomia é resultado da
um desenvolvimento claro das habilidades sociais ampliando construção do próprio cotidiano em sala de educação infantil,
os vínculos afetivos e sua capacidade de participação social. onde a criança necessita estar conhecendo, desenvolvendo e

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utilizando seus recursos pessoais e naturais, para fazer frente sensibilidades, contribuindo para a sustentação de valores e
às diferentes situações que surgirão. normas sociais. É imprescindível que a música faça parte do
currículo, no processo ensino aprendizagem. Escutando,
- Conhecimento de Mundo: Refere-se à construção das cantando, tocando instrumentos e articulando movimentos.
diferentes linguagens pelas crianças e as relações que Para a aquisição da linguagem musical se concretizar, são
estabelecem com os objetos de conhecimento. É importante necessárias ações que envolvam o fazer, o perceber o
que tenham contato com diferentes áreas e sejam instigadas contextualizar. Esta linguagem contempla: Apreciação musical
por questões significativas, para observá-los, explicá-los se e fazer musical.
tenham várias maneiras de compreendê-los e representá-los.
As diferentes linguagens propiciam a interação com o outro, - Linguagem Oral e Escrita: É de grande importância na
emoções e a mediação com a cultura. formação da criança e nas diversas práticas sociais. É
importante considerar a linguagem como um meio de
- Movimento: As crianças se movimentam desde que comunicação, expressão, representação, interpretação e
nascem, adquirindo cada vez maior controle sobre seu próprio modificação da realidade. Promover experiências
corpo. Ao movimentar-se, expressam sentimentos, emoções e significativas de aprendizagem. O convívio com a linguagem
pensamentos, ampliando as possibilidades do uso significativo oral e escrita deve ser compreendido como uma atividade da
de gestos e posturas corporais. O movimento humano, realidade, considerando que as crianças são ativas na
portanto, é mais do que simples deslocamento do corpo no construção de seu conhecimento. Para que ocorra um
espaço. desenvolvimento gradativo é preciso que as capacidades
As maneiras de andar, correr, arremessar, saltar resultam associadas estejam ligadas as competências linguísticas
das interações sociais e da relação dos homens com o meio; são básicas (falar, escutar, praticar leituras e escritas), que serão
movimentos cujos significados têm sido construídos em trabalhadas de forma integrada, diversificada abrangendo
função das diferentes necessidades, interesses e vários conteúdos:
possibilidades corporais humanas presentes nas diferentes -Textos de diversos gêneros (narrativos, informativos e
culturas. Diferentes manifestações dessa linguagem foram poéticos);
surgindo, como a dança, o jogo, as brincadeiras, as práticas -Compreensão e interpretação de textos;
esportivas etc., nas quais se faz uso de diferentes gestos, -Ampliação do vocabulário;
postura e expressões corporais com intencionalidade. Ao -Produção de texto oral e escrito;
brincar, jogar, imitar e criar ritmos e movimentos, as crianças -Função social da escrita;
também se apropriam do repertório da cultura corporal na -Evolução da escrita na humanidade;
qual estão inseridas. -Representação gráfica com diferentes tipos de letras e
O trabalho com movimento contempla a multiplicidade de alfabetos;
funções e manifestações do ato motor, propiciando um amplo -Diferentes funções da escrita; lazer, identificação,
desenvolvimento de aspectos específicos da motricidade das registro, comunicação, informação e organização do
crianças; refletir sobre as atividades no cotidiano acerca das pensamento.
posturas corporais.
As atividades deverão priorizar o desenvolvimento das Nesta perspectiva, a linguagem oral e escrita deve estar
capacidades expressivas e instrumentais do movimento, presente no cotidiano e na prática das instituições de educação
possibilitando a apropriação corporal pelas crianças, de forma infantil.
que possam agir com mais intencionalidade. Devem ser Assim, a linguagem não é um elemento “estático” nem
organizadas num processo contínuo e integradas, que “objetivo”, mas uma construção dinâmica, na qual as pessoas
envolvam múltiplas experiências corporais. Os conteúdos se comunicam para informar, expressar seus sentimentos e
podem ser organizados, dentro do movimento em ideias e compartilhar uma visão de mundo.
expressividade, coordenação e equilíbrio.
- Natureza e Sociedade: A percepção do mundo físico é
- Artes Visuais: A arte visual; expressa, comunica e atribui direta: elas testam o que sabem, tocando, ouvindo,
sentido às sensações, sentimentos e pensamentos. Esta observando, elaborando hipóteses e procurando respostas às
linguagem se faz presente no cotidiano da educação infantil suas indagações. A atitude científica merece ser estimulada
como importante forma de expressão e comunicação humana, por intermédio da observação, experimentação, manipulação
sofrendo influência da cultura onde está inserida. A criança, ao e enriquecidos com conversas e ilustrações. As crianças
ingressar na instituição de ensino, traz consigo suas leituras de adquirem consciência do contexto em que vivem e se esforçam
mundo pelas imagens. Dessa maneira, trabalhar a arte como para entendê-lo, por meio da interação com o meio natural e
geradora de conhecimentos dentro do contexto infantil e, social.
portanto, portadora de um caráter lúdico, torna-se importante Conhecer o mundo implica conhecer as relações entre os
instrumento para o desenvolvimento perceptivo e cognitivo. seres humanos e a natureza, as formas de transformações e
Neste sentido, a arte visual deve se estruturada como uma utilizações dos recursos naturais, a diversidade cultural. Desta
linguagem de códigos próprios e seu ensino deve articular os forma, as crianças adquirem condições de desenvolver formas
seguintes aspectos: Produção: exploração e expressão, por de convivências, atitudes de polidez, respeito, cultivando
meio da prática artística, desenvolvendo um percurso poético valores sociais, intelectuais, morais, artísticos e cívicos, cabe
pessoal; Apreciação: reconhecimento, análise e identificação ao professor se inteirar destes domínios e conhecimentos.
de obras artísticas e de seus autores; Reflexão: compreende a Natureza e Sociedade reúnem aspectos pertinentes ao
obra artística como produto cultural, possibilitando diversas mundo natural e social abordando: grupos sociais (a criança e
interpretações. a família, a criança e a escola, a criança e o contexto social),
seres vivos (seres humanos, animais e vegetais), recursos
- Música: A música é uma organização de sons presentes naturais (agua, solo, ar, luz, astros e estrelas) e fenômenos da
em diversas culturas, compreendidas como linguagem que natureza (marés, trovão, relâmpagos, enchentes, estações do
traduz formas sonoras expressivas de sentimentos, ano e outros).
pensamentos e sensações. Favorece nas crianças a aquisição
de conhecimentos gerais e científicos, desenvolvendo
potencialidades, como: observação, percepção, imaginação e

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- Pensamento Lógico-Matemático: A matemática é uma referência e de identidades no diálogo e reconhecimento da


forma de pensar e organizar experiências, ela busca a ordem e diversidade;
o estabelecimento de padrões, que requerem raciocínio e VIII- incentivem a curiosidade, a exploração, o
resolução de problemas. As crianças estão imersas em um encantamento, o questionamento, a indagação e o
universo no quais os conhecimentos matemáticos fazem parte, conhecimento das crianças em relação ao mundo físico e
elas vivem em um mundo, no qual experimentam, o muito, o social, ao tempo e à natureza;
grande, o pequeno e o acabou. Trazem consigo um IX- promovam o relacionamento e a interação das crianças
entendimento intuitivo dos processos matemáticos e de com diversificadas manifestações de música, artes plásticas e
resolver problemas. O professor deve encorajar a exploração gráficas, cinema, fotografia, dança, teatro, poesia e literatura;
das ideias matemáticas relativas a números, estatística, X- promovam a interação, o cuidado, a preservação e o
geometria e medidas, fazendo com que as crianças conhecimento da biodiversidade e da sustentabilidade da vida
desenvolvam o prazer e a curiosidade pela matemática. No seu na Terra, assim como o não desperdício dos recursos naturais;
processo de desenvolvimento a criança vai criando várias XI- propiciem a interação e o conhecimento pelas crianças
relações entre objetos e situações por ela vivenciadas. das manifestações e tradições culturais brasileiras;
Estabelecem relações cada vez mais complexas que lhes XII- possibilitem a utilização de gravadores, projetores,
permitirão desenvolver noções mais elaboradas. computadores, máquinas fotográficas e outros recursos
A matemática abrange os seguintes conteúdos: número tecnológicos e midiáticos;
(função social do número, noções de quantidade, sistema XIII- promovam práticas nas quais a criança perceba suas
numérico, inteiros, noção de números fracionários); geometria necessidades em oposição às vontades de consumo.
(plana, bidimensional, espacial, tridimensional, medidas de O eixo integrador específico da Educação Infantil - Educar
grandeza, medidas de tempo, medidas de massa, medidas de e cuidar, brincar e interagir - precisa ser considerado
comprimento, medidas de velocidade e medidas de juntamente com os eixos gerais do Currículo da Educação
capacidade); sistema monetário e estatístico (tabelas e Básica: Educação para a Diversidade, Cidadania e Educação em
gráficos). e para os Direitos Humanos e Educação para a
Sustentabilidade.
Eixo Integrador do Currículo da Educação Infantil32 Assim sendo, o trabalho pedagógico com a infância implica
A Resolução nº 5, de 17 de dezembro de 2009, que fixa as considerar esses eixos, ensinando a formar opinião, levando
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, em consideração a base familiar e valores éticos e sociais. O
delibera em seu artigo 9º que as práticas pedagógicas as quais cotidiano escolar está repleto desses eixos concretos,
compõem a proposta curricular da Educação Infantil devem emergentes e que reclamam ações sobre questões, como:
ter como eixos norteadores as interações e a brincadeira. diversidade cultural e biodiversidade, diversidade em relação
Desta forma, ao pensar em educação infantil devemos à religião, orientação sexual e configurações familiares,
pensar como sendo eixo integrador do Currículo da Educação diversidade étnico-racial, inclusão das crianças com
Infantil a junção de elementos e práticas das atividades deficiência, atendimento à heterogeneidade e à singularidade,
desenvolvidas com bebês e também com crianças pré- direito às aprendizagens, infâncias vividas ou roubadas,
escolares, ou seja, educar e cuidar, brincar e interagir. convivências entre as gerações etc.
Tanto no atendimento da creche quanto da pré-escola, a Nesse sentido, é importante a instituição, em seus planos e
elaboração da proposta curricular precisa ser pensada de ações:
acordo com a realidade da instituição: características, -contemplar as particularidades dos bebês e das crianças
identidade institucional, escolhas coletivas e particularidades pequenas, as condições específicas das crianças com
pedagógicas, de modo a estabelecer a integração dessas deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
experiências. Para tanto, é necessário que as instituições, em habilidades/superdotação e a diversidade social, religiosa,
seu projeto político-pedagógico e em suas práticas cotidianas cultural, étnico-racial e linguística das crianças, famílias e
intencionalmente elaboradas: comunidade regional;
I- promovam o conhecimento de si e do mundo por meio -considerar que as crianças do campo possuem seus
da ampliação de experiências sensoriais, expressivas, singulares encantos, modos de ser, de brincar e de se
corporais que possibilitem movimentação ampla, expressão relacionar. As crianças do campo têm rotinas, experiências
da individualidade e respeito pelos ritmos e desejos da estéticas e éticas, ambientais, políticas, sensoriais, afetivas e
criança; sociais próprias. O contexto rural marca possibilidades
II- favoreçam a imersão das crianças nas diferentes distintas de viver a infância;
linguagens e o progressivo domínio por elas de vários gêneros -promover o rompimento das relações de dominação de
e formas de expressão: gestual, verbal, plástica, dramática e diferentes naturezas, tais como: a dominação etária (dos mais
musical; velhos sobre os mais novos ou o contrário); a socioeconômica
III- possibilitem às crianças experiências de narrativas, de (dos mais ricos sobre os mais pobres); a étnico-racial (dos que
apreciação e interação com a linguagem oral e escrita, e se dizem brancos sobre os negros); de gênero (dos homens
convívio com diferentes suportes e gêneros textuais orais e sobre as mulheres); a regional (dos moradores de certa área
escritos; sobre os que nela não habitam); a linguística (dos que
IV- recriem relações quantitativas, medidas, formas e dominam uma forma de falar e escrever que julgam a correta
orientações de espaço temporais em contextos significativos sobre os que se utilizam de outras formas de linguagem
para as crianças; verbal); a religiosa (dos que professam um credo sobre os que
V - ampliem a confiança e a participação das crianças nas não o fazem);
atividades individuais e coletivas; -cumprir os artigos 6º e 7º das DCNEIs, o que significa
VI- possibilitem situações de aprendizagem mediadas para compreender os seres humanos como parte de uma rede de
a elaboração da autonomia das crianças nas ações de cuidado relações. Relações que possibilitam a preservação da Terra, os
pessoal, auto-organização, saúde e bem-estar; processos de autorregulação, novos modos de sociabilidade e
VII- possibilitem vivências éticas e estéticas com outras de subjetividade voltados para as interações solidárias entre
crianças e grupos culturais, que alarguem seus padrões de pessoas, povos, outras espécies;

32SECRETARIA DO ESTADO DE EDUCAÇÃO DO DISTRITO FEDERAL. Currículo

em Movimento da Educação Básica: Educação infantil.

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-compreender que a sustentabilidade depende de novos manifestam desejos e curiosidades de modo bastante
valores, pautados numa ética em que os humanos se peculiares, devem servir de referência e de fonte de decisões
reconheçam como iguais e valorizem a flora, fauna, paisagens, em relação aos fins educacionais, aos métodos de trabalho, à
ecossistemas; gestão das unidades e à relação com as famílias.
-prover condições para a construção de uma cidadania
ativa, o que significa a não conformidade com a estrutura Por outro lado, as instituições de Educação Infantil, assim
social e o sim à luta no sentido de contribuir para a mudança como todas as demais instituições nacionais, devem assumir
social. A instituição educacional pode estabelecer-se como responsabilidades na construção de uma sociedade livre, justa,
lugar de direitos e deveres, ainda que localizada em contextos solidária e que preserve o meio ambiente, como parte do
excludentes e violentos. Mesmo que sejam considerados os projeto de sociedade democrática desenhado na Constituição
múltiplos fatores que levam a certas limitações, a cidadania Federal de 1988 (artigo 3, inciso I). Elas devem ainda trabalhar
ativa pode florescer na instituição de Educação Infantil, espaço pela redução das desigualdades sociais e regionais e a
de contraposição à exclusão social e de produção de uma promoção do bem de todos (artigo 3 incisos II e IV da
sociedade de afirmação de direitos; Constituição Federal). Contudo, esses compromissos a serem
-reconhecer a criança como sujeito de direitos e dizer que perseguidos pelos sistemas de ensino e pelos professores
ela é cidadã desde já e não apenas no futuro. Trabalhar a também na Educação Infantil enfrentam uma série de desafios,
cidadania na infância é colaborar com o presente e o futuro de como a desigualdade de acesso às creches e pré-escolas entre
todos, inclusive por meio da promoção da participação ativa as crianças brancas e negras, ricas e pobres, moradoras do
da criança, ouvindo sua voz e mostrando-lhe seus direitos e meio urbano e rural, das regiões sul/sudeste e norte/nordeste.
responsabilidades; Também as condições desiguais da qualidade da educação
-exercer sua função social de ser o lócus privilegiado do oferecida às crianças em creches e pré-escolas impedem que
saber sistematizado ao materializar o direito ao os direitos constitucionais das crianças sejam garantidos a
conhecimento, como propulsor do desenvolvimento infantil. todas elas. Todos os esforços então se voltam para uma ação
Esse desenvolvimento demanda e é mediado pelas coletiva de superação dessas desigualdades.
aprendizagens. É fruto, portanto, de uma atuação planejada, Em terceiro lugar, as Diretrizes partem de uma definição
qualitativa, afetuosa e compromissada dos profissionais de de currículo e apresentam princípios básicos orientadores de
educação. um trabalho pedagógico comprometido com a qualidade e a
efetivação de oportunidades de desenvolvimento para todas
As novas Diretrizes Curriculares Nacionais para a as crianças. Elas explicitam os objetivos e condições para a
Educação Infantil33 organização curricular, consideram a educação infantil em
O Parecer CNE/CEB nº 20/09 e a Resolução CNE/CEB nº instituições criadas em territórios não-urbanos, a importância
05/09, que definem as DCNEIs, fazem, em primeiro lugar, uma da parceria com as famílias, as experiências que devem ser
clara explicitação da identidade da Educação Infantil, condição concretizadas em práticas cotidianas nas instituições e fazem
indispensável para o estabelecimento de normativas em recomendações quanto aos processos de avaliação e de
relação ao currículo e a outros aspectos envolvidos em uma transição da criança ao longo de sua trajetória na Educação
proposta pedagógica. Eles apresentam a estrutura legal e Básica. Vejamos cada um desses pontos.
institucional da Educação Infantil - número mínimo de horas
de funcionamento, sempre diurno, formação em magistério de Os Objetivos Gerais e a Função Sociopolítica e Pedagógica
todos os profissionais que cuidam e educam as crianças, oferta das Instituições de Educação Infantil
de vagas próximo à residência das crianças, acompanhamento
do trabalho pelo órgão de supervisão do sistema, idade de As novas DCNEIs consideram que a função sociopolítica e
corte para efetivação da matrícula, número mínimo de horas pedagógica das unidades de Educação Infantil inclui
diárias do atendimento - e colocam alguns pontos para sua (Resolução CNE/CEB nº 05/09 artigo 7º):
articulação com o Ensino Fundamental.
A versão institucional proposta nas Diretrizes se a. Oferecer condições e recursos para que as crianças
contrapõe a programas alternativos de atendimento usufruam seus direitos civis, humanos e sociais;
englobados na ideia de educação não-formal. Lembra o b. Assumir a responsabilidade de compartilhar e
Parecer CNE/CEB nº 20/09 que nem toda Política para a complementar a educação e cuidado das crianças com as
Infância, que requer esforços multisetoriais integrados, é uma famílias;
Política de Educação Infantil. Com isso, outras medidas de c. Possibilitar tanto a convivência entre crianças e entre
proteção à infância devem ser buscadas fora do sistema de adultos e crianças quanto à ampliação de saberes e
ensino, embora articuladas com ele, sempre que necessário. conhecimentos de diferentes naturezas;
Em segundo lugar, as Diretrizes expõem o que deve ser d. Promover a igualdade de oportunidades educacionais
considerado como função sociopolítica e pedagógica das entre as crianças de diferentes classes sociais no que se refere ao
instituições de Educação Infantil. Tais pontos refletem grande acesso a bens culturais e às possibilidades de vivência da
parte das discussões na área e apontam o norte que se deseja infância;
para o trabalho com as crianças. e. Construir novas formas de sociabilidade e de subjetividade
A questão pedagógica é tratada pensando que, se a comprometidas com a ludicidade, a democracia, a
Educação Infantil é parte integrante da Educação Básica, como sustentabilidade do planeta e com o rompimento de relações de
diz a Lei nº 9.394/96 em seu artigo 22, cujas finalidades são dominação etária, socioeconômica, étnico-racial, de gênero,
desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum regional, linguística e religiosa.
indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe
meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores, Nessa definição, foram integrados compromissos
essas finalidades devem ser adequadamente interpretadas em construídos na área em diferentes momentos históricos, mas
relação às crianças pequenas. Nessa interpretação, as formas articulados em uma visão inovadora e instigante do processo
como as crianças, nesse momento de suas vidas, vivenciam o educacional. Não só a questão da família foi contemplada,
mundo, constroem conhecimentos, expressam-se, interagem e como também a questão da criança como um sujeito de

33 Texto adaptado de OLIVEIRA, Z. M. R. de. O Currículo na Educação Infantil:

O que Propõem as Novas Diretrizes Nacionais?

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direitos a serem garantidos, incluindo o direito, desde o determinadas datas sem avaliar o sentido e o valor formativo
nascimento, a uma educação de qualidade no lar e em dessas comemorações, e também da ideia de que o saber do
instituições escolares. senso comum é o que deve ser tratado com crianças pequenas.
O foco do trabalho institucional vai em direção à ampliação A definição de currículo defendida nas Diretrizes põe o
de conhecimentos e saberes de modo a promover igualdade de foco na ação mediadora da instituição de Educação infantil
oportunidades educacionais às crianças de diferentes classes como articuladora das experiências e saberes das crianças e os
sociais e ao compromisso de que a sociabilidade conhecimentos que circulam na cultura mais ampla e que
cotidianamente proporcionada às crianças lhes possibilite despertam o interesse das crianças. Tal definição inaugura
perceber-se como sujeitos marcados pelas ideias de então um importante período na área, que pode de modo
democracia e de justiça social, e apropriar-se de atitudes de inovador avaliar e aperfeiçoar as práticas vividas pelas
respeito às demais pessoas, lutando contra qualquer forma de crianças nas unidades de Educação Infantil.
exclusão social. O cotidiano dessas unidades, como contextos de vivência,
A colocação dessa tarefa requer uma forma de organização aprendizagem e desenvolvimento, requer a organização de
dos ambientes de aprendizagem que, na perspectiva do diversos aspectos: os tempos de realização das atividades
sistema de ensino, é orientada pelo currículo. (ocasião, frequência, duração), os espaços em que essas
atividades transcorrem (o que inclui a estruturação dos
Currículo e Proposta Pedagógica na Educação Infantil espaços internos, externos, de modo a favorecer as interações
O debate sobre o currículo na Educação Infantil tem gerado infantis na exploração que fazem do mundo), os materiais
muitas controvérsias entre os professores de creches e pré- disponíveis e, em especial, as maneiras de o professor exercer
escolas e outros educadores e profissionais afins. Além de tal seu papel (organizando o ambiente, ouvindo as crianças,
debate incluir diferentes visões de criança, de família, e de respondendo-lhes de determinada maneira, oferecendo-lhes
funções da creche e da pré-escola, para muitos educadores e materiais, sugestões, apoio emocional, ou promovendo
especialistas que trabalham na área, a Educação Infantil não condições para a ocorrência de valiosas interações e
deveria envolver-se com a questão de currículo, termo em brincadeiras criadas pelas crianças etc.). Tal organização
geral associado à escolarização tal como vivida no ensino necessita seguir alguns princípios e condições apresentados
fundamental e médio e associado à ideia de disciplinas, de pelas Diretrizes.
matérias escolares.
Receosos de importar para a Educação Infantil uma Organização do trabalho pedagógico - materiais,
estrutura e uma organização que têm sido hoje muito ambientes, tempos
criticadas, preferem usar a expressão ‘projeto pedagógico’ Para mediar as aprendizagens promotoras do
para se referir à orientação dada ao trabalho com as crianças desenvolvimento infantil, é preciso tencionar uma ação
em creches ou pré-escolas. Ocorre que hoje todos os níveis da educativa devidamente planejada, efetiva e avaliada. Por isto,
Escola Básica estão repensando sua forma de trabalhar o é imprescindível pensar o tempo, os ambientes e os materiais.
processo de ensino- aprendizagem e rediscutindo suas Ressalte-se, entretanto, que o que determina as aprendizagens
concepções de currículo. Com isso, as críticas em relação ao não são os elementos em si, mas as relações propostas e
modo como a concepção de currículo vinha sendo trabalhada estabelecidas com eles.
nas escolas não ficam restritas aos educadores da Educação Materiais: os materiais compõem as situações de
Infantil, mas são assumidas por vários setores que trabalham aprendizagem quando usados de maneira dinâmica,
no Ensino Fundamental e Médio, etapas que, inclusive, estão apropriada à faixa etária e aos objetivos da intervenção
também revendo suas diretrizes curriculares. pedagógica. Assim, materiais são objetos, livros, impressos de
Por sua vez, nos últimos 20 anos, foram se acumulando modo geral, brinquedos, jogos, papéis, tecidos, fantasias,
uma série de conhecimentos sobre as formas de organização tapetes, almofadas, massas de modelar, tintas, madeiras,
do cotidiano das unidades de Educação Infantil de modo a gravetos, figuras, ferramentas, etc. Podem ser recicláveis,
promover o desenvolvimento das crianças. Finalmente, a industrializados, artesanais, de uso individual e ou coletivo,
integração das creches e pré-escolas no sistema da educação sonoros, visuais, riscantes e/ou manipuláveis, de diferentes
formal impõe à Educação Infantil trabalhar com o conceito de tamanhos, cores, pesos e texturas, com diferentes
currículo, articulando-o com o de projeto pedagógico. propriedades. Entretanto, a intencionalidade pedagógica não
O projeto pedagógico é o plano orientador das ações da pode ignorar ou ir além da capacidade da criança de tudo
instituição. Ele define as metas que se pretende para o transformar, de simbolizar, de desprender-se do mundo dos
desenvolvimento dos meninos e meninas que nela são adultos e ver possibilidades nos restos, nos destroços, no que
educados e cuidados. É um instrumento político por ampliar é desprezado. Significa dizer que as crianças produzem cultura
possibilidades e garantir determinadas aprendizagens e são produto delas, de modo que a interpretação e releitura
consideradas valiosas em certo momento histórico. que a criança faz do mundo e das coisas que estão a sua volta
Para alcançar as metas propostas em seu projeto reverte-se em possibilidades de novos conhecimentos e
pedagógico, a instituição de Educação Infantil organiza seu aprendizagens. Um objeto, um livro, um brinquedo podem
currículo. Este, nas DCNEIs, é entendido como “as práticas oportunizar diferentes ações, permitir a exploração e
educacionais organizadas em torno do conhecimento e em propiciar interações entre as crianças e os adultos. Para tanto,
meio às relações sociais que se travam nos espaços é fundamental que os materiais:
institucionais, e que afetam a construção das identidades das -provoquem, desafiem, estimulem a curiosidade, a
crianças”. O currículo busca articular as experiências e os imaginação e a aprendizagem; fiquem ao alcance da criança,
saberes das crianças com os conhecimentos que fazem parte tanto para serem acessados quanto para serem guardados;
do patrimônio cultural, artístico, científico e tecnológico da -estejam disponíveis para o uso frequente e ativo;
sociedade por meio de práticas planejadas e -não tragam danos à saúde infantil;
permanentemente avaliadas que estruturam o cotidiano das -sejam analisados e selecionados em função das
instituições. aprendizagens e dos possíveis sentidos que as crianças
Esta definição de currículo foge de versões já superadas de possam atribuir-lhes;
conceber listas de conteúdos obrigatórios, ou disciplinas -estejam adequados às crianças com deficiência visual,
estanques, de pensar que na Educação infantil não há auditiva ou física, com transtornos globais, com altas
necessidade de qualquer planejamento de atividades, de reger habilidades / superdotação;
as atividades por um calendário voltado a comemorar

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-contemplem a diversidade social, religiosa, cultural, -permitir a vivência da repetição do conhecido e o contato
étnico-racial e linguística; com a novidade;
-possam ser colhidos e explorados em diversos ambientes, -alternar os momentos de atividades de higiene,
para além das salas de atividades, mas também em pátios, alimentação, repouso; atividades coletivas (entrada, saída,
parques, quadras, jardins, praças, hortas etc; pátio, celebrações, festas); atividades diversificadas
-sejam analisados e selecionados em função das (brincadeiras e explorações individuais ou em grupo);
aprendizagens e de acordo com a idade. atividades coordenadas pelo professor (roda de conversa,
Ambientes: quando planejamos, algumas questões nos hora da história, passeios, visitas, oficinas etc); atividades de
norteiam: que tipos de atividades serão selecionadas, em que livre escolha da criança, ainda que supervisionadas pelos
momentos serão feitas e em que local é mais adequado realizá- profissionais.
las? A depender do espaço físico, podem ser mais qualitativas Aqui, cabe uma breve consideração sobre as possíveis
as aquisições sensoriais e cognitivas das crianças. O espaço é denominações que um currículo pode comportar em relação à
elemento fundamental para o desenvolvimento infantil. E qual organização do trabalho pedagógico: atividades, temas
a relação entre espaço e ambiente? Espaço e ambientes são geradores, projetos, vivências, entre outras. É plausível insistir
elementos indissociáveis, ou seja, um não se constitui sem o que o importante é que essas estratégias adquiram sentido
outro. Dessa forma, apreende-se do termo espaço como as para a criança e não sirvam apenas para mantê-la ocupada,
possibilidades de abstração feita pelo ser humano, sobre um controlada, quieta, soterrada por uma avalanche de tarefas.
determinado lugar, de modo a torná-lo palpável. Já ambiente é Não interessa banir essas denominações (e seus usos) de
constituído por inúmeros significados, que são ressignificados nosso vocabulário e cotidiano. Interessa fazer com que as
pelo sujeito de acordo com suas experiências, vivências e atividades, temas geradores, projetos, vivências e outras
culturas. Os ambientes da Educação Infantil têm como centro práticas sejam res-significadas, sejam objetos de reflexão,
a criança e precisam ser organizados em função de suas colocando as crianças em “situação de aprendizagem”.
necessidades e interesses, inclusive com mobiliário adequado. Interessa, portanto, dialogar historicamente com essas
É interessante que permitam explorações individuais, grupais, práticas, reexaminá-las e restituí-las na organização do
simultâneas, livres e/ou dirigidas pelos profissionais. Para trabalho pedagógico.
tanto, é fundamental que os ambientes sejam organizados para Existem muitas possibilidades de organização do trabalho
favorecer: pedagógico ao longo da jornada diária, semanal, bimestral.
-construção da identidade da criança como agente que Elegemos quatro situações didáticas que podem
integra e transforma o espaço; integrar/articular as linguagens não somente em cada turma,
-desenvolvimento da independência. Por exemplo: tomar mas também no coletivo escolar. Em qualquer uma das
água sozinha, alcançar o interruptor de luz, ter acesso à situações didáticas, cabe levar em consideração os objetivos,
saboneteira e toalhas, circular e orientar-se com segurança conteúdos, materiais, espaços / ambientes, tempos, interesses
pela instituição; e características das crianças. Ou seja, ter sempre em mente:
-amplitude e segurança para que a criança explore seus onde está a criança nas situações de aprendizagem propostas
movimentos corporais (arrastar-se, correr, pular, puxar pelos professores?
objetos, etc.); Atividades permanentes: ocorrem com regularidade
-possibilidades estimuladoras dos sentidos das crianças, (diária, semanal, quinzenal, mensal) e têm a função de
em relação a odores, iluminação, sons, sensação tátil e visual, familiarizar as crianças com determinadas experiências de
entre outros; aprendizagem. Asseguram o contato da criança com rotinas
-observância da organização do espaço para que seja um básicas para a aquisição de certas aprendizagens, visto que a
ambiente estimulante, agradável, seguro, funcional e propício constância possibilita a construção do conhecimento. É
à faixa etária; importante planejar e avaliar com a criança e todos os
-garantia da acessibilidade a crianças e adultos com visão envolvidos no processo como o trabalho foi realizado.
ou locomoção limitada; Sequência de atividades: trata-se de um conjunto de
-organização que evite, ao máximo, acidentes e conflitos; propostas que geralmente obedecem a uma ordem crescente
-renovação periódica mediante novos arranjos no de complexidade. O objetivo é trabalhar experiências mais
mobiliário, materiais e elementos decorativos. específicas, aprendizagens que requerem aprimoramento com
Tempo: as aprendizagens e o desenvolvimento das a experiência. Os planejamentos diários, geralmente, seguem
crianças ocorrem dentro de um determinado tempo. Esse essa organização didática.
tempo é articulado. Ou seja, o tempo cronológico - aquele do Atividades ocasionais: permitem trabalhar com as
calendário - articula-se com o tempo histórico - aquele crianças, em algumas oportunidades, um conteúdo
construído nas relações socioculturais e históricas, - visto que considerado valioso, embora sem correspondência com o que
as crianças carregam e vivenciam as marcas de sua época e de está planejado. Trabalhada de maneira significativa, a
sua comunidade. E ainda podemos falar do tempo vivido, organização de uma situação independente se justifica, a
incorporado por nós como instituição social e que regula nossa exemplo de passeios, visitas pedagógicas, comemorações,
vida, segundo Norbert Elias, quando a criança tem a entre outras.
oportunidade de participar, no cotidiano, de situações que Projetos didáticos: os objetivos são claros, o período de
lidam com duração, periodicidade e sequência, ela consegue realização é determinado, há divisão de tarefas e uma
antecipar fatos, fazer planos e construir sua noção de tempo. É avaliação final em função do pretendido. Suas principais
importante que o planejamento e as práticas pedagógicas características são objetivos mais abrangentes e a existência
levem em conta a necessidade de: de um produto final.
-diminuir o tempo de espera na passagem de uma
atividade para outra;
-evitar esperas longas e ociosas, especialmente ao final da Inserção / Acolhimento / Adaptação
jornada diária; É comum falarmos em adaptação na Educação Infantil. E,
-flexibilizar o período de realização da atividade, ao neste caso, muitas vezes a adaptação vincula-se às
considerar os ritmos e interesses de cada um e/ou dos grupos; experiências de separação. Daí a importância de apreciarmos
-distribuir as atividades de acordo com o interesse e as a adaptação como item a ser contemplado no planejamento
condições de realização individual e coletiva; curricular. Mas por que realizar adaptação na Educação
Infantil? Na verdade, todos os seres humanos vivenciam

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processos de adaptação, de crescimento, de mudança... O orientam suas práticas. O planejamento das atividades é
processo de adaptação inicia já com o nascimento da criança, fundamental, para não cair no espontaneísmo e na falta de
nos acompanha no decorrer de toda a vida e ressurge a cada reflexão e para favorecer o dinamismo e as interações. Pensar
nova situação que vivenciamos. como se dará a chegada das crianças (novas ou não) nos
Fala-se em adaptação todas as vezes que enfrentamos uma primeiros dias do calendário escolar, pensar nos tempos,
situação nova, ou readaptação quando entramos novamente materiais e ambientes, nos profissionais e suas atribuições, nas
em contato com algo já conhecido, mas por algum tempo famílias e suas inseguranças são aspectos importantes para
distante de nosso convívio diário. Como na Educação Infantil assegurar a qualidade da adaptação. Também é bom que as
lidamos com bebês e crianças pequenas, em processo de atividades não se distanciem do dia a dia, evitando criar
passagem da casa para o mundo mais amplo, a adaptação expectativas que não se cumprirão. Ortiz reforça a necessidade
ganha ainda mais sentido. Ressalte-se que esse período pode de considerar a diversidade nesse processo inicial. Dentro do
ser enfocado de diferentes pontos de vista: contexto escolar, manifestações, reações, sentimentos podem
-o da criança, pelo significado e emoção despertados pela ser de caráter transitório ou permanente. Respeitar os jeitos
passagem de um espaço seguro e conhecido para outro em que de ser e estar no mundo e os rituais das crianças ajudam em
é necessário um investimento afetivo e intelectual para poder uma transição suave e confiável.
estar bem; O acolhimento é um princípio a ser concretizado em várias
-o das famílias, que compartilham a educação da criança situações que acontecem com as crianças: nos atrasos, no
com a creche/pré-escola; retorno após viagem ou doença, em um acidente ou incidente
-o do professor, que recebe uma criança desconhecida e durante o ano letivo. Isto porque o acolhimento, para além das
ainda tem as outras do grupo para acolher; datas, materializa a humanização da educação. Vale, portanto,
-o das outras crianças, que estão chegando ou que fazem para os primeiros dias e também ao longo do processo
parte do grupo e precisam encarar o fato de que há mais um educativo. Apresentamos alguns dos aspectos a serem
com quem repartir, mas também com quem somar; ponderados pela instituição no período de uma adaptação
-o da instituição, nos aspectos organizacional e de gestão, acolhedora:
que precisam prever espaço físico, materiais, tempo e recursos -planejamento coletivo;
humanos capacitados para essa ação. -envolvimento de todos os profissionais;
-participação das famílias e da comunidade;
Não há unanimidade em relação ao termo utilizado para -atendimento à diversidade;
nomear o período de ingresso da criança na instituição. Podem -consideração dos sentimentos das crianças e dos adultos.
ser usados os termos adaptação, acolhimento e inserção. Como Mas não nos esqueçamos: a primeira regra é ter os braços
se sabe, a escolha do termo revela concepções sobre as abertos.
crianças e o modo de condução do trabalho dos profissionais.
Recorrendo à acepção da palavra adaptação, pode-se Rotina
inferir que é a ação ou efeito de adaptar-se ou tornar-se apto a É praticamente impossível a reflexão sobre a organização
fazer algo que comumente não estava em seu contexto sócio do tempo na Educação Infantil sem incluir a rotina
histórico. É a capacidade do sujeito em acomodar-se, pedagógica. Entretanto, é importante enfatizar que a rotina é
apropriar-se, ajustar-se às condições do meio ambiente. Por apenas um dos elementos que compõem o cotidiano, como
inserção, é possível depreender que é o ato de inserir, veremos a seguir.
introduzir, incluir ou integrar. Em síntese, é a capacidade do Geralmente, a rotina abrange recepção, roda de
sujeito de fazer parte de um contexto. Comumente, falamos em conversa, calendário e clima, alimentação, higiene,
adaptação. Mesmo levando em conta a questão conceitual atividades de pintura e desenho, descanso, brincadeira
acima, usaremos a palavra adaptação na perspectiva do livre ou dirigida, narração de histórias, entre outras
acolhimento. ações. Ao planejar a rotina de sua sala de aula, o professor
Assim, a adaptação deve ser um período em que deve considerar os elementos: materiais, espaço e tempo,
linguagens, sentimentos, emoções estejam a serviço da bem como os sujeitos que estarão envolvidos nas
liberdade, da autonomia e do prazer e não apenas para o atividades, pois esta deve adequar-se à realidade das
cumprimento de ordens com o objetivo de disciplinar os crianças.
corpos infantis para o modelo escolar tradicional. Para Ortiz Segundo Barbosa a rotina é “a espinha dorsal, a parte fixa
podemos falar em uma adaptação que supere apenas um do cotidiano”, um artefato cultural criado para organizar a
momento burocrático e vivenciar a adaptação em uma cotidianidade. A partir dessa premissa, é importante definir
perspectiva de acolhida. Todos, crianças e adultos, são rotina e cotidiano:
sensíveis ao acolhimento. Afinal, quem não gosta de ser bem
recebido? A qualidade do acolhimento garante o êxito da Rotina: É uma categoria pedagógica que os responsáveis
adaptação. E, para que isso ocorra, fundamental se faz pela educação infantil estruturaram para, a partir dela,
empreender esforços no sentido de compreender que o desenvolver o trabalho cotidiano nas instituições de educação
processo de adaptação exigirá tanto da criança que busca infantil. [...] A importância das rotinas na educação infantil
adequar-se a essa nova realidade social e de seus pais, quanto provêm da possibilidade de constituir uma visão própria como
do educador e da instituição que precisa preparar-se para concretização paradigmática de uma concepção de educação e
recebê-la. de cuidado.
Em suma, o estabelecimento de vínculos positivos
depende fundamentalmente da forma como a criança e sua Cotidiano: [...] refere-se a um espaço-tempo fundamental
família são acolhidas na escola. Uma adaptação para a vida humana, pois tanto é nele que acontecem as
compromissada com o acolhimento significa abrir-se ao atividades repetitivas, rotineiras, triviais, como também ele é
aconchego, ao bem-estar, ao conforto físico e emocional, ao o lócus onde há a possibilidade de encontrar o inesperado,
amparo. onde há margem para a inovação [...].
Aqui e em outros momentos, o ato de educar não se separa
do ato de cuidar. Sendo assim, amplia-se o papel e a José Machado Pais afirma que não se pode reduzir o
responsabilidade da instituição educacional nesse momento. cotidiano ao rotineiro, ao repetitivo e ao a-histórico, pois o
Por isto, a forma como cada instituição efetiva o período de cotidiano é o cruzamento de múltiplas dialéticas entre o
adaptação revela a concepção de educação e de criança que rotineiro e o acontecimento. Bem elaborada, a rotina é o

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caminho para evitar a atividade pela atividade, os rituais reservar tempo para as brincadeiras, sejam livres, sejam
repetitivos, a reprodução de regras, os fazeres automáticos. dirigidas.
Para tanto, é fundamental que a rotina seja dinâmica, flexível, Não se pode ignorar o fato de que muitas das ações da
surpreendente. Barbosa aponta que a rotina inflexível e rotina estão pautadas nas relações de trabalho do mundo
desinteressante pode vir a ser “uma tecnologia de alienação”, adulto. Os horários de lanche, almoço, limpeza das salas,
se não forem levados em consideração o ritmo, a participação, funcionamento da cozinha, as atividades das crianças estão
a relação com o mundo, a realização, a fruição, a liberdade, a sintonizadas de acordo com a produtividade, a organização e a
consciência, a imaginação e as diversas formas de eficácia que estão implicadas em uma organização capitalista.
sociabilidade dos sujeitos nela envolvidos. A rotina é uma Por vezes, as crianças querem ou propõem outros elementos
forma de organizar o coletivo infantil diário e, que transgridem as formalidades da rotina, das jornadas
concomitantemente, espelha o projeto político-pedagógico da integrais ou parciais, dos momentos instituídos pelos
instituição. A rotina é capaz de apresentar quais as concepções profissionais, sejam no sono, na alimentação, na higiene, na
de educação, de criança e de infância se materializam no “hora da atividade”, nas brincadeiras, entre outros.
cotidiano escolar. Com o estabelecimento de objetivos claros e A partir da observação, é possível detectar como as
coerentes, a rotina promove aprendizagens significativas, crianças vivem o cotidiano da instituição. Esses sinais das
desenvolve a autonomia e a identidade, propicia o movimento crianças ajudam a apontar possibilidades que não se limitam
corporal, a estimulação dos sentidos, a sensação de segurança às rotinas formalizadas e dão subsídios para trazer à tona a
e confiança, o suprimento das necessidades biológicas valorização da infância em suas relações e práticas. Os
(alimentação, higiene e repouso). Isto porque a rotina contém profissionais, em muitos momentos, percebem no contato
elementos que podem (ou não) proporcionar o bem-estar e o diário com as crianças que entre elas coexistem necessidades
desenvolvimento cognitivo, afetivo, social, biológico. e ritmos diferentes. Mostram-se preocupados em não
De acordo com o Referencial Curricular Nacional para conseguir atender essa diversidade para que as crianças
Educação Infantil, a rotina deve adequar-se às necessidades possam vivenciá-la. Oscilam entre cumprir a tarefa que é
infantis e não o inverso. Ao observar e documentar uma rotina ordenar e impor a sincronia e, ao mesmo tempo, abrir espaço
(diária ou semanal, por exemplo), algumas reflexões emergem: para deixar aparecerem as individualidades, a simultaneidade,
-Como as atividades são distribuídas ao longo do dia? E da a “desordem”.
semana? Desta forma, vivem cotidianamente um dilema, que é o de
-Com que frequência, em que momento e por quanto respeitar e partilhar a individualidade, a heterogeneidade, os
tempo as crianças brincam? diferentes modos de ser criança ou seguir a rotina
-Quanto do dia é dedicado à leitura de histórias, inclusive estabelecida, cuja tendência é a uniformização, a
para os bebês? homogeneidade, a rigidez que por vezes permeia as práticas
-A duração e a regularidade das atividades têm assegurado educativas. Assim, o grande desafio dos profissionais que
a aquisição das aprendizagens planejadas? atuam na Educação Infantil é o de preconizar novas formas de
-A criança passa muito tempo esperando entre uma e outra intervenção, distinta do modelo de educação fundamental e,
atividade? consequentemente, com sentido educativo próprio. Cresce a
-Como é organizado o horário das refeições? Onde são relevância do planejamento cuidadoso, flexível, reflexivo que
feitas? minimiza o perigo da rotina “cair na rotina”, no pior sentido da
-E os momentos dedicados ao cuidado físico, são previstos expressão: ser monótona, impessoal, sem graça, vazia, sem
e efetivados com que frequência e envolvem quais materiais? sentido para as crianças e até para os profissionais. Para tanto,
-Como o horário diário de atividades poderia ser conflito e tensão são elementos que estarão presentes e
aperfeiçoado, em favor de uma melhor aprendizagem? contrapõem-se a uma prática pedagógica idealizada. Como diz
-Há espaço para o imprevisto, o incidental, a imaginação, o a poeta Elisa Lucinda: “O enredo a gente sempre todo dia tece,
fortuito? o destino aí acontece (...)”.
-As crianças são ouvidas e cooperam na seleção e
organização das atividades da rotina? Datas comemorativas
-Como as interações adulto/criança e criança/criança são A exploração das datas, festejos, eventos comemorativos
contempladas na organização dos tempos, materiais e no calendário da Educação Infantil está bastante naturalizada
ambientes? nas instituições da Educação Infantil. Essas datas são
No caso da jornada em tempo integral, no período da geralmente, a “tradição cívica, religiosa ou escolar”.
manhã devem ser incluídos momentos ativos e calmos, dando Entretanto, a tradição não pode obscurecer a necessidade da
prioridade às atividades cognitivas. As crianças, depois de uma reflexão acerca da comemoração de “dias D”. Sousa adverte ser
noite de sono, estão mais descansadas para ampliar sua fundamental que “as escolas, professores e pais tenham muito
capacidade de concentração e interesse em atividades que claro que é preciso priorizar sempre e entender qual o
envolvem a resolução de problemas. É interessante, também, significado do conjunto dessas experiências para a vida das
incluir atividades físicas no período da manhã, observando o crianças - de todas e de cada uma delas. E não me refiro ao
tempo e a intensidade de calor e sol ou frio. Já o período da futuro da criança apenas, mas principalmente ao seu
tarde, em uma jornada de tempo integral, geralmente acaba presente”. Não nos cabe interditar ou eliminar a comemoração
por concentrar atividades como sono ou repouso, refeições, de datas especiais e a realização de festas. No entanto,
banho, ou seja, as práticas sociais. O que não significa que as propomos que, ao destacá-las no calendário escolar, façamos
Interações com a Natureza e a Sociedade, as Linguagens Oral e algumas reflexões. Entre elas:
Escrita, Digital, Matemática, Corporal, Artística e o Cuidado -Por que a instituição acredita ser válida a mobilização
Consigo e com o Outro não estejam presentes por meio de para celebrar este ou aquele dia?
atividades planejadas para surpreender e motivar em uma -Por que é necessário realizar atividades acerca das datas
sequência temporal que corre o risco da monotonia ou da comemorativas, todos os anos, com poucas variações em torno
“linha de montagem”. Nas jornadas de tempo parcial, por do mesmo tema?
serem mais curtas, as práticas sociais aparecem com menor -As atividades relacionadas à temática ampliam o campo
frequência, ainda que também estejam presentes. As de conhecimento das crianças?
Linguagens, as Interações com a Natureza e a Sociedade e o -Foram atividades escolhidas pelo professor, pelo coletivo
Cuidado Consigo e com o Outro são geralmente o foco do da instituição educacional, pela família ou pelas crianças?
trabalho pedagógico. Também é essencial abrir espaço e

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APOSTILAS OPÇÃO

-Os sentimentos infantis e aprendizagens são levados em longo do ano, utilizar os materiais produzidos pelas
conta? próprias crianças para colorir e significar o espaço da sala
-O trabalho desenvolvido em torno das datas está de aula.
articulado com os objetivos relacionados às aprendizagens?
-Será que as crianças são submetidas, ao longo dos anos Subsídios para a elaboração do currículo na educação
escolares, às mesmas atividades, ações, explicações? infantil
-Consideramos as idades das crianças, seus interesses e Para que se possa cuidar e ao mesmo tempo educar
capacidades ao elegermos as datas comemorativas? crianças através do trabalho pedagógico organizado em
-Fazemos diferentes abordagens para diferentes faixas creches e pré-escola é necessário criar um ambiente que
etárias? transmita segurança, e no qual a criança se sinta segura,
-Interrompemos trabalhos em andamento para incluir satisfeita em suas necessidades, acolhida da forma como é,
datas comemorativas? onde ela consiga se relacionar de forma adequada com suas
-Quais são os critérios para a escolha das datas? Algumas emoções e seus medos, sua raiva, seus ciúmes, sua apatia ou
são mais enfatizadas que outras? Por quê? hiperatividade, e possa construir hipóteses sobre o mundo e
-Os conteúdos e as atividades são problematizados pelos elaborar sua Identidade.
adultos e crianças? A meta do trabalho pedagógico nas instituições de
-Expomos as crianças, ainda que não intencionalmente, à Educação infantil é apoiar as crianças, desde cedo e ao longo
“indústria das festas”? de todas as suas experiências cotidianas, no estabelecimento
-Incentivamos, ainda que não intencionalmente, a cultura de uma relação positiva com a instituição educacional, no
do consumo? fortalecimento de sua autoestima, interesse e curiosidade pelo
-Como são tratados os aspectos culturais destas datas? Sob conhecimento do mundo, na familiaridade com diferentes
qual enfoque? Com qual aprofundamento? linguagens, e na aceitação e acolhimento das diferenças entre
-Quais valores, conceitos, ideologias atravessam essas as pessoas.
celebrações? A fim de garantir às crianças o direito de viver a infância e
Coletivamente, promover a crítica e a reflexão em torno desenvolverem-se; as escolas de educação infantil devem
das datas comemorativas auxilia na problematização de proporcionar situações agradáveis, estimulantes e que
experiências curriculares que, em um primeiro momento, ampliem as possibilidades infantis de cuidar de si e de outrem,
podem parecer “inquestionáveis”. O que importa é tornar de se expressar, comunicar e criar, de organizar pensamentos
datas e festas significativas e lúdicas para a criança, e ideias, de conviver, brincar e trabalhar em grupo, de ter
priorizando-a como centro do planejamento curricular, suas iniciativa e buscar soluções para os problemas e conflitos que
aprendizagens e seu desenvolvimento, sua cidadania. se apresentam às mais diferentes idades, desde muito cedo.
Retomando: ao organizar tempo, ambientes e materiais, o O ambiente deve possibilitar uma variedade de
profissional deve ter em mente a criança concreta. O experiências para exploração ativa e compartilhada por
planejamento curricular deve considerar a riqueza e a crianças e professores, que constroem significações nos
complexidade da primeira etapa da Educação Básica. diálogos que estabelecem.
O campo de aprendizagens que as crianças podem realizar Sendo assim, a organização curricular das instituições de
na Educação Infantil é muito grande. As situações cotidianas Educação Infantil deve considerar alguns desses pontos para
criadas nas creches e pré-escolas podem ampliar as que garanta a eficácia do trabalho. Segundo as Diretrizes, essa
possibilidades das crianças viverem a infância e aprender a organização deve assegurar a educação de modo integral,
conviver, brincar e desenvolver projetos em grupo, expressar- considerando o cuidado como parte integrante do processo
se, comunicar-se, criar e reconhecer novas linguagens, ouvir e educativo, combater o racismo e as discriminações de gênero,
recontar histórias lidas, ter iniciativa para escolher uma socioeconômicas, étnico-raciais e religiosas; conhecer as
atividade, buscar soluções para problemas e conflitos, ouvir culturas plurais que constituem o espaço da creche e da pré-
poemas, conversar sobre o crescimento de algumas plantas escola, a riqueza das contribuições familiares e da
que são por elas cuidadas, colecionar objetos, participar de comunidade, suas crenças e manifestações, e fortalecer formas
brincadeiras de roda, brincar de faz de conta, de casinha ou de de atendimento articuladas aos saberes e às especificidades
ir à venda, calcular quantas balas há em uma vasilha para étnicas, linguísticas, culturais e religiosas de cada comunidade;
distribuí-las pelas crianças presentes, aprender a arremessar dar atenção cuidadosa e exigente às possíveis formas de
uma bola em um cesto, cuidar de sua higiene e de sua violação da dignidade da criança e cumprir o dever do Estado
organização pessoal, cuidar dos colegas que necessitam de com a garantia de uma experiência educativa com qualidade a
ajuda e do ambiente, compreender suas emoções e sua forma todas as crianças na Educação Infantil.
de reagir às situações, construir as primeiras hipóteses, por Com base nessas condições, as DCNEIs apontam que as
exemplo, sobre o uso da linguagem escrita, e formular um instituições de Educação Infantil, na organização de sua
sentido de si mesmas (OLIVEIRA). O que caracteriza uma proposta pedagógica e curricular, necessitam:
instituição de Educação Infantil, que se diferencia de outros de -garantir espaços e tempos para participação, o diálogo e a
locais de convivências, sejam públicos ou privados, é escuta cotidiana das famílias, o respeito e a valorização das
justamente a intencionalidade do projeto educativo, a diferentes formas em que elas se organizam;
especificidade da escola como agência que promove as -trabalhar com os saberes que as crianças vão construindo
aprendizagens. ao mesmo tempo em que se garante a apropriação ou
construção por elas de novos conhecimentos;
Dica: Sempre devemos considerar, na montagem das -considerar a brincadeira como a atividade fundamental
salas de Educação Infantil, os diferentes conhecimentos e nessa fase do desenvolvimento e criar condições para que as
linguagens que compõem o currículo, entre eles a leitura, crianças brinquem diariamente;
escrita matemática, artes, música, ciências sociais e -propiciar experiências promotoras de aprendizagem e
naturais, corpo e movimento. Ter material adequado, consequente desenvolvimento das crianças em uma
intencionalmente selecionado para as atividades contribui frequência regular;
significativamente para o aprendizado. É Importante -selecionar aprendizagens a serem promovidas com as
também ter os nomes das crianças em destaque como na crianças, não as restringindo a tópicos tradicionalmente
latinha de lápis de cor ou giz de cera assim como o varal de valorizados pelos professores, mas ampliando-as na direção
alfabeto, a tabela numérica e o calendário e sempre, ao do aprendizado delas para assumir o cuidado pessoal, fazer

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APOSTILAS OPÇÃO

amigos, e conhecer suas próprias preferências e e de apropriar-se de formas elementares de lidar com
características; quantidades e com medidas deve ser atendida de modo
-organizar os espaços, tempos, materiais e as interações adequado às formas das crianças elaborarem conhecimento de
nas atividades realizadas para que as crianças possam maneira ativa, criativa.
expressar sua imaginação nos gestos, no corpo, na oralidade Todas essas preocupações, além de marcar
e/ou na língua de sinais, no faz de conta, no desenho, na dança, significativamente todas as instituições de Educação Infantil
e em suas primeiras tentativas de escrita; do país, devem ainda estar presentes em três situações que são
-Considerar, no planejamento do currículo, as apontadas nas DCNEIs:
especificidades e os interesses singulares e coletivos dos bebês 1) O compromisso com uma Educação infantil de
e das crianças das demais faixas etárias, vendo a criança em qualidade para todas as crianças não pode deixar de ressaltar
cada momento como uma pessoa inteira na qual os aspectos o trabalho pedagógico com as crianças com deficiência,
motores, afetivos, cognitivos e linguísticos integram-se, transtornos globais de desenvolvimento e altas
embora em permanente mudança; habilidades/superdotação. Em relação a elas, o planejamento
-abolir todos os procedimentos que não reconheçam a das situações de vivência e aprendizagem na Educação Infantil
atividade criadora e o protagonismo da criança pequena e que deve:
promovem atividades mecânicas e não significativas para as -garantir-lhes o direito à liberdade e à participação
crianças; enquanto sujeitos ativos;
-oferecer oportunidade para que a criança, no processo de -ampliar suas possibilidades de ação nas brincadeiras e
elaborar sentidos pessoais, se aproprie de elementos nas interações com as outras crianças, momentos em que
significativos de sua cultura não como verdades absolutas, exercitam sua capacidade de intervir na realidade e participam
mas como elaborações dinâmicas e provisórias; das atividades curriculares com os colegas;
-criar condições para que as crianças participem de -garantir-lhes a acessibilidade de espaços, materiais,
diversas formas de agrupamento (grupos de mesma idade e objetos e brinquedos, procedimentos e formas de
grupos de diferentes idades), formados com base em critérios comunicação a suas especificidades e singularidades;
estritamente pedagógicos, respeitando o desenvolvimento -estruturar os ambientes de aprendizagem de modo a
físico, social e linguístico de cada criança; proporcionar-lhes condições para participar de todas as
-possibilitar oportunidades para a criança fazer propostas com as demais crianças;
deslocamentos e movimentos amplos nos espaços internos e -garantir-lhes condições para interagir com os
externos às salas de referência das turmas e à instituição, e companheiros e com o professor;
para envolver-se em exploração e brincadeiras; -preparar cuidadosamente atividades que tenham uma
-oferecer objetos e materiais diversificados às crianças, função social imediata e clara para elas;
que contemplem as particularidades dos bebês e das crianças -organizar atividades diversificadas em sequências que
maiores, as condições específicas das crianças com deficiência, lhes possibilitem a retomada de passos já dados;
transtornos globais do desenvolvimento e altas -preparar o espaço físico de modo que ele seja funcional e
habilidades/superdotação, e as diversidades sociais, culturais, possibilite locomoções e explorações;
étnico-raciais e linguísticas das crianças, famílias e -cuidar para que elas possam ser ajudadas da forma mais
comunidade regional; conveniente no aprendizado de cuidar de si, o que inclui a
-organizar oportunidades para as crianças brincarem em aquisição de autonomia e o aprendizado de formas de
pátios, quintais, praças, bosques, jardins, praias, e viverem assegurar sua segurança pessoal;
experiências de semear, plantar e colher os frutos da terra, -estabelecer rotinas diárias e regras claras para melhor
permitindo-lhes construir uma relação de identidade, orientá-las;
reverência e respeito para com a natureza; -estimular a participação delas em atividades que
-possibilitar o acesso das crianças a espaços culturais envolvam diferentes linguagens e habilidades, como dança,
diversificados e a práticas culturais da comunidade, tais como canto, trabalhos manuais, desenho etc., e promover-lhes
apresentações musicais, teatrais, fotográficas e plásticas, e variadas formas de contato com o meio externo;
visitas a bibliotecas, brinquedotecas, museus, monumentos, -dar-lhes oportunidade de ter condições instrucionais
equipamentos públicos, parques, jardins. diversificadas - trabalho em grupo, aprendizado cooperativo,
Um tópico já citado anteriormente mas que deve ser uso de tecnologias, diferentes metodologias e diferentes
relembrado aqui para a elaboração da proposta curricular, diz estilos de aprendizagem;
respeito às experiências de aprendizagem que podem ser -oferecer, sempre que necessário, materiais adaptados
promovidas. Elas são descritas no artigo 9º da Resolução para elas terem um melhor desempenho;
CNE/CEB nº5/09 como experiências que podem ser -garantir o tempo que elas necessitam para realizar cada
selecionadas para compor a proposta curricular das unidades atividade, recorrendo a tarefas concretas e funcionais por
de Educação infantil. meio de metodologias de ensino mais flexíveis e
As experiências apontadas visam promover oportunidade individualizadas, embora não especialmente diferentes das
para cada criança conhecer o mundo e a si mesma, aprender a que são utilizadas com as outras crianças;
participar de atividades individuais e coletivas, a cuidar de si e -realizar uma avaliação processual que acompanhe suas
a organizar-se. Visam introduzir as crianças em práticas de aprendizagens com base em suas capacidades e habilidades, e
criação e comunicação por meio de diferentes formas de não em suas limitações, tal como deve ocorrer para qualquer
expressão, tais como imagens, canções e música, teatro, dança criança;
e movimento, assim como a língua escrita e falada, sem -estabelecer contato frequente com suas famílias para
esquecer-se da língua de sinais, que pode ser aprendida por melhor coordenação de condutas, troca de experiências e de
todas as crianças e não apenas pelas crianças surdas. informações.
Conforme as crianças se apropriam das diferentes linguagens, O importante é reconhecer que a Educação Inclusiva só se
que se inter-relacionam, elas ampliam seus conhecimentos efetiva se os ambientes de aprendizagem forem sensíveis às
sobre o mundo e registram suas descobertas pelo desenho, questões individuais e grupais, e neles as diferentes crianças
modelagem, ou mesmo por formas bem iniciais de registro possam ser atendidas em suas necessidades específicas de
escrito. aprendizagem, sejam elas transitórias ou não, por meio de
Também a satisfação do desejo infantil de explorar e ações adequadas a cada situação.
conhecer o mundo da natureza, da sociedade e da matemática,

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2) A Educação infantil deve atender a demanda das 02. (SESI/SP- Supervisor de Ensino- CESPE) O projeto
populações do campo, dos povos da floresta e dos rios, pedagógico-curricular é o instrumento de articulação entre
indígenas e quilombolas por uma educação e cuidado de fins e meios. Ele faz o ordenamento entre todas as atividades
qualidade para seus filhos. O trabalho pedagógico de creches e pedagógicas, curriculares e organizativas da escola, tendo em
pré-escolas instaladas nas áreas onde estas populações vivem vista os objetivos educacionais. Com base nesse pressuposto,
precisa reconhecer a constituição plural das crianças assinale a opção correta.
brasileiras no que se refere à identidade cultural e regional e à (A) A garantia da qualidade social do ensino acarreta a
filiação socioeconômica, étnico-racial, de gênero, regional, crença na possibilidade de educar a todos como condição para
linguística e religiosa. Para tanto ele deve: igualdade e inclusão social.
-estabelecer uma relação orgânica com a cultura, as (B) A reorganização das escolas e as mudanças nas práticas
tradições, os saberes e as identidades das diversas populações; de gestão elevam necessariamente a qualidade da educação e,
-adotar estratégias que garantam o atendimento às por isso, garantem um bom desempenho dos alunos na vida.
especificidades das comunidades do campo, quilombolas, (C) A aferição do desempenho intelectual dos alunos por
ribeirinhas e outras - tais como a flexibilização e adequação no meio de provas e exames no âmbito das escolas é garantia da
calendário, nos agrupamentos etários e na organização de melhoria da qualidade da educação oferecida.
tempos, atividades e ambientes - em respeito às diferenças (D) A qualidade da educação se pauta pela elaboração de
quanto à atividade econômica e à política de igualdade, e sem um projeto pedagógico que seja fruto da articulação de ideias
prejuízo da qualidade do atendimento, com oferta de materiais de um grupo específico apresentado à comunidade escolar.
didáticos, brinquedos e outros equipamentos em
conformidade com a realidade das populações atendidas, 03. (Prefeitura do Natal- Educador Infantil- Comperve-
evidenciando ainda o papel dessas populações na produção de UFRN) As dimensões básicas a serem consideradas nas
conhecimento sobre o mundo. metodologias para operacionalização da proposta curricular
Esta demanda por ampliação da Educação Infantil para na educação infantil são:
além dos territórios urbanos é nova e se integra à preocupação (A) a articulação entre o conhecimento das áreas de
em garantir às populações do campo e indígena, e aos conteúdo, a realidade imediata das crianças e os aspectos
afrodescendentes uma educação que considere os saberes de vinculados à aprendizagem.
cada comunidade, ou grupo cultural, em produtiva interação (B) a articulação da realidade sociocultural das crianças, o
com os saberes que circulam nos centros urbanos, igualmente desenvolvimento motor e os interesses específicos que elas
marcados por uma ampla diversidade cultural. manifestam.
(C) o desenvolvimento de assuntos que podem aglutinar
3) Quando oferecidas, aceitas e requisitadas pelas um trabalho em seu entorno, sem, contudo, estarem
comunidades indígenas, as propostas curriculares na vinculados à realidade sociocultural das crianças.
Educação Infantil devem: (D) o desenvolvimento afetivo, os conteúdos de áreas e os
-proporcionar às crianças indígenas uma relação viva com interesses que as crianças manifestam.
os conhecimentos, crenças, valores, concepções de mundo e as
memórias de seu povo; 04. (INSS- Analista- FUNRIO) O currículo compreendido
-reafirmar a identidade étnica e a língua como elementos como algo não estático, mas dinâmico e concreto, se expressa
de sua constituição; a partir de:
-dar continuidade à educação tradicional oferecida na (A) modelos de protocolos que viabilizarão os
família e articular-se às práticas socioculturais de educação e procedimentos necessários à realização dos conteúdos
cuidado coletivos da comunidade; expressos nas programações.
-adequar calendário, agrupamentos etários e organização (B) práticas com função socializadora e cultural de
de tempos, atividades e ambientes de modo a atender as determinada instituição que concretizam princípios e valores
demandas de cada povo indígena. expressos em seu projeto escrito.
(C) conflitos e interesses de determinados grupos, mas que
Questões necessita garantir a neutralidade dos conhecimentos que
ajudará a disseminar.
01. (Prefeitura de Niterói- Agente Educador Infantil- (D) programações de conteúdos de ensino e de
FEC) A organização do currículo, já na creche e pré- escola tem aprendizagem que expressam os valores e princípios da
sido feita através de projetos didáticos, que são propostos instituição.
como uma estratégia de ensino. Sobre essa abordagem (E) listagens de conteúdos a serem ensinados aos sujeitos
podemos dizer que: do processo, garantindo sua assepsia científica.
(A) Decroly e Montessori foram seus idealizadores;
(B) os chamados centros de interesse são a principal 05. (TJ/RO- Analista Judiciário- CESPE) Um currículo
referência para o trabalho do professor; elaborado conforme a tendência emancipadora de educação
(C) o trabalho se organiza a partir de temas que abrem (A) apresenta lógica temporal rígida e inflexível.
possibilidades para a criança integrar, criar relações e (B) prescreve os conteúdos necessários aos alunos.
entender de forma ampla seu ambiente, atribuindo-lhe (C) privilegia o saber dos alunos como ponto de partida
significados; para a seleção de conteúdo.
(D) a adesão à pedagogia de projetos se deu de forma (D) fundamenta-se nos princípios da administração
intensa porque, didaticamente, organiza os conteúdos a serem científica de Taylor.
transmitidos pelo professor através de temas eleitos pelos (E) valoriza diferentemente as áreas de conhecimento,
próprios alunos que, por isso, mostram se mais interessados e conforme sua importância ou status na sociedade.
participativos;
(E) Piaget foi o grande inspirador da pedagogia de Respostas
projetos, que deve ser desenvolvida sempre levando em conta
as características cognitivas da criança, abrindo, assim, 01. C. / 02. A. / 03. A. / 04. B. / 05. C.
possibilidades para a pesquisa e o desenvolvimento do aluno.

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situações, que fornecerão dados mais precisos sobre ela. Todo


Educação Infantil - lugar de comportamento emerge da situação total que se configura
num dado momento. Sabemos, entretanto, que não há situação
aprendizado sem história: as experiências passadas refletem-se no
momento presente a partir da organização do aqui e agora.
Sabe-se que não é possível estudar as características
Processo de Aprendizagem na Educação Infantil específicas do comportamento de um indivíduo
independentemente das influencias do contexto sociocultural,
A história da educação infantil deve-se assim associar o sempre presentes e dificilmente controladas.
surgimento da mesma em decorrência da história da produção A criança de 4 a 6 anos encontra-se no período da
e da reprodução da vida social de nosso país. Os fundamentos espontaneidade máxima, possui menos limitações internas do
da educação infantil tanto sociais, morais, econômicas, que a criança de 3 anos ou menos e também conhece menos
culturais e políticos da sociedade antiga foram sendo restrições externas socialmente impostas do que conhecerá
superados desde a instauração da sociedade moderna no mais tarde. Devido a essa abertura ela poderá nos dizer muito
século XVI. sobre seu mundo e até sobre o nosso, se nós também
Vale ressaltar que foi no início do século XVII, que surgiram estivermos abertos e receptivos e soubermos olhar, ouvir e
as primeiras preocupações com a educação das crianças apreciar o que ela nos apresenta. Nesse período a criança se
pequenas, onde essas preocupações foram resultantes de encontra na idade das flutuações rápidas: ora é muito
reconhecimento e valorização que elas passaram a ter no meio independente, ora dependente; ora madura, ora imatura; ora
em que viviam. Apesar de uma grande parcela da população simpática, ora antipática; ora afetuosa, ora construtiva; ora
infantil continuar sendo educada segundo a antiga prática de destrutiva e antissocial.
aprendizagem; o surgimento de sentimento de infância O comportamento social do pré-escolar concentra-se em
provocou mudanças no quadro educacional. suas brincadeiras. É brincando que a criança vai, pouco a
A criança precisa envolver-se em um ambiente escolar de pouco, tomando contato com a realidade; na brincadeira ela
modo a sentir-se acolhida e protegida em todos os sentidos, oscila entre o real e o simbólico e tenta descobrir sua própria
para que seja possibilitado seu desenvolvimento em sua identidade e a dos outros. A brincadeira capacita a expressão
totalidade, sem descaracterizar suas origens no seu processo de sentimentos perturbadores, ajudando a criança a aprender
de aprendizagem, e para tanto é necessário que a família, a lidar com eles.
comunidade e escola estejam sempre presentes. Em outras A criança de 4 anos ainda não entende exatamente o que é
palavras, a educação pré-escolar deve visar, antes e sobretudo, participar, revezar e o que significam outros comportamentos
ao desenvolvimento harmonioso da criança em seus aspectos que compreendem vivência em grupo: ela brinca mais ao lado
físico, sócio emocional e intelectual, para que ela consiga ser das outras do que com elas.
tudo o que poderia ser nesse período de sua vida. Aos 5 anos o autocontrole é muito maior, e os sentimentos,
Seu desempenho, sempre colocado à prova, é visto como embora intensos, são transmitidos de maneira mais
motivo de status e aceitação, tanto por parte dos adultos como construtiva. Através de um senso de responsabilidade mais
por seus pares. Passar por uma situação de fracasso ou que maduro, a criança dessa faixa etária já é capaz de tolerar a
coloque sua capacidade em dúvida pode gerar um desconforto frustação e já consegue adiar satisfação de seus desejos.
e um sentimento de desvalorização, que uma vez prolongado Procurando alcançar sua autonomia, apresenta sentimentos
pode gerar problemas mais sérios de adaptação da conduta, confusos; em alguns aspectos é bastante infantil e, em outros,
além de afetar de maneira intensa a confiança e o valor tenta igualar-se aos adultos. Quando está sob tensão é comum
atribuído a si mesmo, Martinelli34. retornar a estágios anteriores de conduta: a tensão provocada
O verdadeiro sentido da educação pré-escolar dever ser o pelos primeiros dias no jardim da infância, por exemplo, pode
de contribuir para o desenvolvimento da criança a fim de que fazê-la querer a chupeta novamente.
esta realize todas as suas possibilidades humanas Por volta dos 6 anos, a criança já consegue ver o mundo
características do período que está vivendo. com mais objetividade. Passa então a aceitar melhor as
Como diz Piaget35, cada vez que ensinamos pessoas, pois nessa idade já existe maior compreensão de suas
prematuramente a uma criança alguma coisa que poderia ter características reais. Os amigos assumem grande importância:
descoberto por si mesma, esta criança foi impedida de são companheiros de brincadeiras e de lutas, ora são heróis,
inventar e, consequentemente, de entender completamente. ora rivais. Nessa idade formam-se grupos por sexo, e é mais
Talvez a maior falha de tais concepções seja o fato de fácil a menina entrar num grupo de meninos do que o menino
negligenciar o desenvolvimento intelectual da criança, no num de meninas. O desenvolvimento da consciência permite à
período em que a carência de estímulos adequados pode criança sentir que algumas regras são aceitas e obedecidas
comprometê-lo seriamente. Não se trata de valorizar um porque ela própria o deseja e não por imposição fora. Ela já
aspecto do desenvolvimento me detrimento dos outros, mas, compreende as regras e as leis do comportamento das pessoas,
sim, de dar ao desenvolvimento intelectual o seu devido lugar mas alguns imprevistos ainda acontecem, como fazer xixi nas
num currículo de educação pré-escolar. calças quando enfrenta situações novas ou se sente ameaçada.
Com 5 ou 6 anos a criança se torna mais tranquila, sua
O comportamento da criança pré-escolar36 identidade mais estabelecida e as bases do caráter e da
personalidade já estão assentadas. Aprende a colaborar e a
O comportamento do ser humano não é alguma coisa que competir ao mesmo tempo, a controlar sua necessidade de
deriva de dentro e se manifesta exteriormente; deriva sempre autoafirmação e a mobilizar seus recursos pessoais para ser
da relação do ser com o conjunto de condições totais e reais. A bem aceita no grupo. Começa a compreender o que é fracasso,
esse conjunto de elementos, fatos, condições e relações o que os adultos e companheiros esperam dela e quando o
chamamos de situação. Para conhecer no comportamento da sucesso depende de seus próprios esforços.
criança pré-escolar é necessário observá-la em diferentes

34 MARTINELLI, S. C. (orgs). Os aspectos afetivos das dificuldades de 35 PIAGET, Jean. “A teoria de Jean Piaget”, in CARMICHAEL Manual de

aprendizagem. IN Dificuldades de aprendizagem no contesto psicopedagógico. Psicologia da Criança. Organizado por Paul H. Mussen. São Paulo: EPU, Editora da
Petrópolis- RJ: Vozes, 2001. USP, 1977.
36 THIESSEN, Maria L. e BEAL, Ana R. Pré-escola, tempo de educar. São Paulo:

Editora Ática, 1993.

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APOSTILAS OPÇÃO

Psicologia da Aprendizagem social para o individual, através de sucessivos estágios de


internalização, com o auxílio de adultos ou de companheiros
A aprendizagem é o processo através do qual a criança se mais experientes.
apropria ativamente do conteúdo da experiência humana,
daquilo que o seu grupo social conhece. Para que a criança Processo Ensino e Aprendizagem: Papel do educador,
aprenda, ela necessitará interagir com outros seres humanos, do educando e da sociedade
especialmente com os adultos e com outras crianças mais
experientes. Nas inúmeras interações em que envolve desde o A educação infantil consiste no desenvolvimento de um
nascimento, a criança vai gradativamente ampliando suas trabalho na formação de crianças, cujo objetivo é que elas se
formas de lidar com o mundo e vai construindo significados tornem aptas para viver numa sociedade democrática,
para as suas ações e para as experiências que vivem. Com o uso multidiversificada e em constante mudança.
da linguagem, esses significados ganham maior abrangência, Na escola consideramos desafiador conseguir adaptar uma
dando origem a conceitos, ou seja, significados partilhados por prática pedagógica que atenda essas necessidades. Então,
grande parte do grupo social. A linguagem, além disso. Irá diversificam-se as atividades visando proporcionar um
integrar-se ao pensamento, formando uma importante base trabalho mais adequado possível. São trabalhadas atividades
sobre a qual se desenvolverá o funcionamento intelectual. O como: hora do conto, da música, do jogo, brincadeira, pintura
pensamento pode ser entendido, desta forma, como um e hora do aprender, entre outras.
diálogo interiorizado. As historinhas infantis são atividades presente em todo o
Objetos e conceitos existem, inicialmente, sob a forma de currículo da infância, quer seja nos espaços escolares ou
eventos externos aos indivíduos. Para se apropriar desses informais. Ao contar uma história a criança no seu mundo
objetos e conceitos é preciso que a criança identifique as imaginário, estará aprendendo sua estrutura e aos poucos,
características, propriedades, e finalidades dos mesmos. A passa a atribuir significado a mesma; por isso a história deve
apropriação pressupõe, portanto, gradativa interiorização. ser envolvente e despertar interesse, para ajudá-la a se
Através desse processo, é possível aprender o significado da desenvolver intelectualmente. Não só as crianças, mas
própria atividade humana, que se encontra sintetizada em adolescentes, jovens e adultos também demonstram grandes
objetos e conceitos. Assim, ao se analisar uma mesa, pode-se interesses pelas histórias. Em sala de aula é comum encontrar
notar que ela resume, em si, anos de trabalho e tecnologia: é a “sacola do conto”, onde ficam guardados os livros infantis
preciso maquinário apropriado para lixar a madeira, para atividades de leitura.
instrumentos como o martelo e chaves de fenda para montá- A recreação torna-se a preferida entre as atividades
la, apetrechos para refiná-la, como lixa e verniz. Entender o educativas. Por seu lúdica é prazerosa pela agitação que é sua
que se significa uma mesa implica conhecer as suas principais característica principal. Por envolver maior quantidade de
características e finalidades - mesa para jogar, comer, estudar pessoas permite a integração e socialização. Os ensinamentos
etc. -, compreendendo o quanto de esforço foi necessário para em atividades recreativas como esperar a vez de jogar, ou
concebe-la e realizá-la. aceitar o perder e o ganhar, são valores que se levam para a
A Psicologia da Aprendizagem estuda o complexo processo vida.
pelo qual as formas de pensar e os conhecimentos existentes Através do desenho e da pintura a criatividade toma forma
numa sociedade são apropriados pela criança. Para que se e colorido, além de serem determinantes para que se
possa entender esse processo é necessário reconhecer a desenvolva a imaginação e constituem aprendizados
natureza social da aprendizagem. Como já foi dito, as significativos.
operações cognitivas (aquelas envolvidas no processo de O educador percebe que, desde bem pequenas, as crianças
conhecer) são sempre ativamente construídas na interação apresentam atitudes de interesse em descobrir o mundo em as
com outros indivíduos. cercam, elas são curiosas e querem respostas a seus porquês,
Em geral, o adulto ou a criança mais experiente fornece assim seu trabalho deve estimular e orientar as experiências
ajuda direta à criança, orientando-a e mostrando-lhe como por elas vividas e trazidas de casa, para que, no seu dia-a-dia,
proceder através de gestos e instruções verbais, em situações elas possam construir seu próprio conhecimento.
interativas. Na interação adulto-criança, gradativamente, a fala O educador deve conhecer e considerar as singularidades
social trazida pelo adulto vai sendo incorporada pela criança e das crianças de diferentes idades, assim como a diversidade de
o seu comportamento passa a ser, então, orientado por uma hábitos, costumes, valores, crenças, etnias das crianças com as
fala interna, que planeja a sua ação. Nesse momento, a fala está quais trabalha respeitando suas diferenças e ampliando suas
fundida com o pensamento da criança, está integrada às suas pautas de socialização. O educador é o mediador entre crianças
operações intelectuais. e os objetos de conhecimento, organizando e propiciando
Reconhece-se, dessa maneira, que as pessoas, em especial espaços e situações de aprendizagens que articulem os
as crianças, aprendem através de ações partilhadas mediadas recursos e capacidades afetivas, emocionais, sociais e
pela linguagem e pela instrução. A interação entre adultos e cognitivas de cada criança aos seus conhecimentos prévios e
crianças, e entre crianças, portanto, é fundamental na aos conteúdos referentes aos diferentes campos de
aprendizagem. A Psicologia da Aprendizagem, aplicada à conhecimento humano, Monteiro37.
educação e ao ensino, busca mostrar como, através da O compromisso maior da educação infantil, hoje, é
interação entre professor e alunos, é possível a aquisição do desenvolver uma prática pedagógica que possibilite a
saber e da cultura acumulados. ampliação dos conhecimentos sobre a natureza, a cultura, a
O papel do professor nesse processo é fundamental. Ele sociedade e todo o processo que envolve o cotidiano dessas
procura estruturar condições para ocorrência de interações crianças.
professor-alunos-objeto de estudo, que levem à apropriação O professor deve ser um guia para o entendimento, alguém
do conhecimento. De maneira geral, portanto, essa visão de que, segundo Bruner38, ajuda o aluno a descobrir por conta
aprendizagem reconhece tanto a natureza social da aquisição própria. É enxergar as crianças como seres pensantes e que
do conhecimento como o papel preponderante que nela tem o seu desenvolvimento pode ocorrer em decorrência das trocas
adulto. Estas considerações, em conjunto, têm sérias de conhecimento entre professor-aluno e aluno-aluno.
implicações para a educação: procede-se, na aprendizagem, do

37 MONTEIRO, Silas Borges. Epistemologia da prática: o professor reflexivo e 38 BRUNER, J. A cultura da educação. Porto Alegre: Artmed, 2001.
a pesquisa colaborativa. In: GHEDIN, Evandro e PIMENTA, Selma. O professor
reflexivo no Brasil: gênese e crítica de um conceito. São Paulo: Cortez, 2002.

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O cuidar e o educar são ações indissociáveis no processo Teorias da Aprendizagem


educacional da criança pequena e está especificidade exige
uma formação diferenciada da qual é a dada a outros níveis de Desenvolvimento Intelectual do Pré-Escolar40
ensino. Portanto, o professor de crianças pequenas difere, em
alguns aspectos, dos demais professore, o que configura uma Desde que o processo de estimulação desenvolvido nas
profissionalidade específica do trabalho docente na educação classes experimentais contribuiu para que grande parte dos
desta fase. Esta singularidade docente deriva das próprias sujeitos passassem mais rapidamente de um estágio de
características da criança, das características dos contextos de desenvolvimento intelectual para outro mais avançado,
trabalho das educadoras e das características do processo e parece-nos necessário analisar as mudanças que ocorrem com
das tarefas desempenhadas por elas, Formosinho.39 tal passagem. Trata-se de descrever o desenvolvimento
A participação da família no desenvolvimento infantil é intelectual em termos das mudanças características de cada
relevante à criança pequena, pois é nesse grupo que fará as um dos estágios.
primeiras observações e experiências, imitando e recebendo O desenvolvimento intelectual é o processo pelo qual as
instruções das pessoas mais experientes de sua cultura, estruturas da inteligência se constroem progressivamente,
aprendendo a fazer perguntas e a obter respostas a uma série através da contínua interação entre o sujeito e o mundo
de questões. Este cotidiano familiar é rico em aprendizado e, externo. Para Piaget, as estruturas que se constroem
consequentemente, em desenvolvimento, pois ambos estão sucessivamente durante o desenvolvimento intelectual são
inter-relacionados. formas de equilíbrio, apresentando cada uma dessas formas
O desenvolvimento da autoestima por meio do exercício da um progresso com relação às que a precederam. O
afetividade é um grande tema transversal e eixo fundamental desenvolvimento intelectual é subdividido conceitualmente
na proposta pedagógica de qualquer curso. Sabe-se hoje que em estágios que obedecem a determinadas características.
aprendemos mais e melhor se o fazemos num clima de Nesse sentido os estágios obedecem a uma ordem sequencial
confiança, de incentivo, de apoio, em meio a relações cordiais necessária, verificando-se em cada um deles o aparecimento
e de acolhimento. de estruturas de conjunto que caracterizam as novas formas
A afetividade dinamiza as interações, as trocas, a busca, os de comportamento que surgem. Tais estruturas de conjunto
resultados positivos. Facilita a comunicação, toca os apresentam ainda um caráter integrativo, visto que são
participantes, promove a união. O clima afetivo prende preparadas por aquelas que as precedem e se integram nas
totalmente, envolve plenamente, multiplica as que as sucedem. Desta forma, as estruturas que determinam o
potencialidades. aparecimento das coordenações dos esquemas sensório-
Por isso, é importante que alunos e professores motores são seguidas pelas estruturas pré-operatórias ou
desenvolvam autoconfiança, autoestima e respeito por si intuitivas, as quais, por sua vez, são seguidas pelas estruturas
mesmos e pelos outros. Assim, será mais fácil aprender e operatórias formais ou lógico-matemáticas. Como essa ordem
comunicar-se com os demais. Sem autoestima, alunos e de sucessão é invariável, as estruturas operatórias concretas
professores não estarão inteiros, plenos para interagir, e se só se cristalizam depois das estruturas pré-operatórias ou
verão como inimigos, quando deveriam ser parceiros. intuitivas e as estruturas operatórias formais só se constroem
A formação histórico-cultural pressupõe afeto, valores, na fase final do desenvolvimento.
desenvolvimento motor, cognitivo, psicomotor da criança. Segundo Piaget, a construção das estruturas da
Essas dimensões, entretanto, jamais, devem ser separadas, ou inteligência ou estruturas cognitivas não pode ser explicada
desintegradas na construção do saber cientifico. São na pelo processo de aprendizagem entendida como uma
verdade, as bases do conhecimento de toda a humanidade. aquisição em função da experiência. Elas se modificam em
Nesse caso as crianças chegam à escola carregando sua função da aprendizagem, mas tais modificações implicam um
história de vida que são seus conhecimentos. Este saber vindo funcionamento não aprendido. Assim, as estruturas evoluem
do cotidiano fomenta a curiosidade de conhecer o que implica ou se desenvolvem a partir desse funcionamento, que não é de
em ampliar seus saberes. Essa história de vida é o motor forma alguma insensível às aquisições exteriores, pois
principal que norteia a vida do indivíduo. Nisto é que está a dependem delas para se concretizar.
importância da contribuição da cultura para a vida escolar. É esse funcionamento que permite ao ser humano adaptar-
Com base nisso é que se pode dizer que os valores trazidos do se ao meio em que vive, através de dois processos
universo familiar podem ser vistos como ponto de partida para fundamentais: o primeiro é o da assimilação ou incorporação
novas aprendizagens. de um elemento do meio exterior (objeto, acontecimento, etc.)
Uma educação que tenha por pressuposto o conhecimento a um esquema sensório-motor ou estrutura do sujeito. O
prévio do educando pode ser visto como um processo segundo processo é a acomodação ou modificação do
alicerçado nas exigências da atualidade e, ao mesmo tempo, esquema, ou de uma estrutura, em função das particularidades
valoriza sua história e os elementos de sua cultura, valoriza do objeto a ser assimilado.
sua identidade. Esses dois processos podem ser facilmente
Todavia, uma proposta sociocultural que tem por base a compreendidos, quando analisamos os comportamentos da
perspectiva Vygostskyana. Onde seu desenvolvimento é criança no estágio sensório-motor. Nesse estágio são os
pautado nas relações sociais oriundas do meio, na qual a esquemas de ação que permitem à criança adaptar-se ao
criança está inserida. Esse conhecimento é construído através mundo. Ao adaptar-se a um objeto novo, a criança aplica sobre
das relações sociais no seio da família, no cotidiano vivido pela ele seus esquemas de ação (olhar, sugar, pegar, balançar, etc.)
criança. e assimila esse objeto a um ou vários destes esquemas. Muitas
Esse saber oriundo no meio social é tão importante para o vezes, entretanto, o objeto, ao ser assimilado, impõe
ensino-aprendizagem que pode ser um norte na formulação de resistência ao sujeito, de maneira que os esquemas de que ele
material pedagógico onde o professor busca relacionar os dispõe não são suficientes para assimilá-lo. Ocorre, então, a
conteúdos trabalhados por meio de uma atividade da acomodação, ou seja, a modificação do esquema, em
atualidade. Visto que faz sentido com a realidade dos decorrência da resistência que o objeto oferece ao ser
estudantes, mas também fomentam para novos saberes.

39 FORMOSINHO, J. O desenvolvimento profissional das educadoras de 40 MANTOVANI DE ASSIS, Orly Z. Uma nova metodologia de educação pré-

infância: entre os saberes e os afetos, entre a sala e o mundo. In: MACHADO, A. L. escolar. São Paulo: Livraria Pioneira Editora, 1979.
de A. (org.) Encontros e desencontros em Educação Infantil. São Paulo: Cortez,
2002.

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assimilado. É no decorrer das assimilações e acomodações que adaptar-se às novas situações, substitui a lógica pelo
um esquema se transforma dando origem a outro. mecanismo da intuição. Esse mecanismo consiste na simples
O meio exerce um papel muito importante nessas interiorização das percepções e dos movimentos, sob a forma
construções oferecendo a matéria-prima para que estas se de imagens representativas e de experiências mentais, que
efetuem. As estruturas novas que se constroem nos diferentes prolongam os esquemas sensório-motores. Diante de um
estágios são, portanto, uma resposta do organismo às problema prático, suas respostas se apoiam nas configurações
estimulações ou solicitações do meio. O meio oferece os perceptivas, ou seja, nas aparências do fato observado.
estímulos aos quais o organismo reage, e disso pode decorrer Desde o estágio sensório-motor são observados
que o ritmo da sucessão dos estágios sofra acelerações ou comportamento que consistem em classificar os objetos
atrasos que dependem do meio em que o sujeito vive. reunindo-os de acordo com suas semelhanças, e em seriá-los
Piaget divide o desenvolvimento intelectual em quatro ou ordená-los segundo suas diferenças. No estágio pré-
grandes estágios. Um estágio sensório-motor que vai do operatório podemos observar uma evolução dos
aparecimento da linguagem, ou seja, até aproximadamente aos comportamentos de classificação e seriação.
2 anos. Um estágio pré-operatório ou da inteligência intuitiva
que se inicia aos 2 anos e termina, aproximadamente, aos 7 Friedrich Froebel42
anos. Um estágio operatório concreto que vai de 7 anos aos 11
anos. Finalmente, o estágio das operações formais que se A pedagogia de Froebel, destinada às crianças menores de
estende, aproximadamente, dos 11 aos 14 anos. 7 anos, sofreu forte influência da pedagogia de Henrique
Considerando o que nos interessa de maneira especial Pestalozzi, na qual determinam a prevalência de uma educação
nesse trabalho, somente serão descritos os estágios que se infantil oficial nos moldes escolarizantes, como também de um
constituíram em objeto de estudo. ensino primário estritamente voltado à intelectualização.
O estágio pré-operatório caracteriza-se, A proposta pedagógica de Froebel foi a grande fonte de
fundamentalmente pela interiorização dos esquemas de ação inspiração daqueles que pretendiam implantar a pré-escola no
construídos anteriormente no estágio sensório-motor. Essa sistema educacional brasileiro e paulista. Ele entende que a
interiorização dos esquemas consiste na representação das espontaneidade como elemento fundamental no processo
ações manifestas da criança. Inicialmente, os instrumentos de educativo. Embora esse conceito tenha sido anunciado por
que a criança dispõe para conhecer o mundo são os esquemas Pestalozzi, o filósofo alemão o desenvolveu mais nitidamente,
de ação. No estágio pré-operatório esses instrumentos se tornando-o o eixo central de sua pedagogia. Por acreditar na
aperfeiçoam transformando-se em manipulações internas da existência de uma força natural que emana do próprio
realidade. Progressivamente, a inteligência prática, favorável à indivíduo, impulsionando-o ao desenvolvimento, defende a
resolução de problemas através da ação, vai sendo substituída educação baseada na liberdade e no respeito às capacidades
pela inteligência representativa. de cada pessoa.
A representação implica a função semiótica ou simbólica Dentre suas importantes revelações sobre a natureza
que consiste na capacidade de diferenciar significantes e infantil, está a admissão de que a criança possui o poder
significados. Com o aparecimento desta função, a criança espontâneo para estabelecer relações entre os objetos,
torna-se capaz de representar um significado (objeto, reconhecendo semelhanças e analogias e atribuindo vida a
acontecimento, etc.) através de um significante diferenciado e todas as coisas.
específico para essa representação, ou seja, a linguagem. A Na compreensão de Froebel sobre o processo de
função semiótica ou simbólica é mais ampla que a linguagem, desenvolvimento da primeira infância, em que intervêm as
pois abrange tanto os signos verbais, que são os significantes manifestações sensoriais e motores, o jogo e a linguagem
convencionais, quanto os símbolos que são individuais. Assim revelam o papel fundamental da simbolização no ato de
sendo, essa função abrange a dimensão individual e a social da conhecer. Segundo o filósofo, somente por meio dos símbolos
significação. a criança pode chegar à verdade dos fatos. O simbolismo
Segundo Piaget41, entre a inteligência representativa e a permite a ela universalizar as ideias, executando a passagem
sensório-motora existem algumas diferenças fundamentais. do mundo simbólico à realidade.
Em primeiro lugar, a inteligência sensório-motora, tal qual um Froebel reconheceu a importância de se pensar o processo
filme em câmara lenta que apresenta sucessivamente uma educativo como meio desencadeador do desejo de aprender e
cena após a outra, não permite uma compreensão simultânea da atividade criadora. Nesse sentido, defendeu o papel
e completa do conjunto dos acontecimentos. De outro lado, a essencial desempenhado pela família, especialmente pela mãe,
inteligência representativa, graças a função semiótica, é capaz nos anos iniciais da vida e, também, uma educação escolar
de abranger simultaneamente, num todo os eventos isolados. apropriada às necessidades da criança. Pensando assim,
Enquanto a inteligência sensório-motora é obrigada a seguir idealizou uma prática pedagógica calcada em atividades
os acontecimentos sem poder ultrapassar a velocidade da espontâneas, cooperativas, produtivas e criativas.
ação, a inteligência representativa evoca o passado, representa Suas convicções acerca da natureza infantil e o
o presente e antecipa o futuro, retirando-os do transcorrer reconhecimento da importância da atividade simbólica da
temporal da ação. Em segundo lugar, essa inteligência se aplica criança fez com que concebesse o jogo como elemento
somente às ações concretas do sujeito e dos objetos, essencial da prática pedagógica. Refere-se a duas naturezas de
comportando distâncias muito pequenas entre ambos. O jogos: os jogos livres, definidos como atividades simbólicas,
campo de aplicação de inteligência representativa amplia-se imitativas, que a criança desenvolve espontaneamente e em
consideravelmente, de maneira a abranger a totalidade do liberdade; e os jogos instrutivos, que implicam a realização de
universo e, libertando-se da realidade concreta, torna possível atividades orientadas - ocupações - com o emprego de
a manipulação simbólica de algo que é invisível e que não pode materiais específicos: bola, cubo, cilindro, etc., denominados
ser representado. Consequentemente, multiplicam-se as dons.
distâncias espaço-temporais entre o sujeito e os objetos, sendo Ele acreditava na multiplicidade de meios educativos e
esta a principal característica da inteligência representativa. demonstrou isso ao compor seu sistema de jogos e atividades
No decorrer deste estágio, até os 7 anos, infantis, em que se combinam os movimentos corporais, as
aproximadamente, a criança permanece pré-lógica, e, para expressões rítmicas e dramáticas, os trabalhos manuais, o

41 PIAGET, Jean. Psicologia da Inteligência. Trad. Por Nathanael C. Caixeiro. 42 FARIA, Ana Lucia G. e MELLO, Suely A. (organizadores). Linguagens infantis,

Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1977a. outras formas de leitura. Campinas: Editora Autores Associados, 2014.

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desenho e a linguagem, pelos contos, poemas e canções, que já bem estabelecidas naquele momento. São resultados de
acompanham os dons e ocupações. processos de desenvolvimento já completados, já
A preocupação exacerbada com o desenvolvimento da consolidados.
intelectualidade infantil, que aparta das formulações do jardim Vygotsky chama a atenção para o fato de que para
de infância o sentido de educação integral consagrado na obra compreender adequadamente o desenvolvimento, devemos
froebeliana, corresponde a uma tendência presente desde os considerar não apenas o nível de desenvolvimento real da
primórdios de identifica-lo como um estágio preparatório da criança, mas também seu nível de desenvolvimento potencial,
escola primária. isto é, sua capacidade de desempenhar tarefas com ajuda de
A proposta de educação infantil relevada na estruturação adultos ou de companheiros mais capazes. Há tarefas que uma
do horário e distribuição dos exercícios, tendo o tempo entre criança não é capaz de realizar sozinha, mas se torna capaz de
as atividades programadas equacionando em pequenos realizar se alguém lhe der instruções, fizer uma demonstração.
fragmentos, indica uma preocupação de reunir, num Essa possibilidade de alteração no desempenho de uma
sucedâneo, lições previamente concebidas, que deveriam ser pessoa pela interferência de outra é fundamental na teoria de
executadas ao longo do período do dia. Não existe aí espaço Vygotsky. Em primeiro lugar porque representa, de fato, um
para as realizações livres e espontâneas da criança. momento do desenvolvimento: não é qualquer indivíduo que
Da mesma forma que a proposta de escola elementar de pode, a partir da ajuda de outro, realizar qualquer tarefa. Isto
Pestalozzi se perdeu com a estreiteza interpretativa de seus é, a capacidade de se beneficiar de uma colaboração de outra
ideais educativos originais, a proposta de pré-escola inspirada pessoa vai ocorrer num certo nível de desenvolvimento, mas
em Froebel não se concretizou no plano da prática. não antes. Uma criança de cinco anos, por exemplo, pode ser
Na perspectiva de Froebel a educação da criança pequena capaz de construir uma torre de cubos sozinha; uma de três
não pretendia ter um caráter de escolarização, contudo, a anos não consegue construí-la sozinha, mas pode conseguir
forma como aconteceu a apropriação de suas ideias, tanto no com a assistência de alguém; uma criança de um ano não
Brasil como em outras partes do mundo, fez com que o jardim conseguiria realizar essa tarefa, nem mesmo com ajuda. Uma
de infância se aproximasse do modelo do ensino escolar e criança que ainda não saber andar sozinha só vai conseguir
tivesse sua prática reduzida aos dons e ocupações e, por andar com a ajuda de um adulto que a segure pelas mãos a
conseguinte, distanciada dos princípios originalmente partir de um determinado nível de desenvolvimento. A ideia
anunciados por Froebel. de nível de desenvolvimento potencial capta, assim, um
momento de desenvolvimento que caracteriza não as etapas já
Lev Vygotsky43 alcançadas, já consolidadas, mas etapas posteriores, nas quais
a interferência de outras pessoas afeta significativamente o
O desenvolvimento humano, o aprendizado e as relações resultado da ação individual.
entre desenvolvimento e aprendizado são temas centrais nos Vygotsky trabalha com a ideia de que na situação escolar a
trabalhos de Vygotsky. Sua preocupação com o intervenção na zona de desenvolvimento proximal da criança
desenvolvimento do homem está presente em toda sua obra. se dá de forma constante e deliberada. A situação escolar é
Vygotsky busca compreender a origem e o desenvolvimento bastante estruturada e explicitamente comprometida com a
dos processos psicológicos ao longo da história da espécie promoção de processos de aprendizado e desenvolvimento.
humana e da história individual. Esse tipo de abordagem, que Porém Vygotsky também trabalha com outro domínio da
enfatiza o processo de desenvolvimento, é chamado de atividade infantil que tem claras relações com o
abordagem genética. desenvolvimento: o brinquedo. Comparada com a situação
Ao lado de sua preocupação constante com a questão do escolar, a situação de brincadeira parece pouco estruturada e
desenvolvimento, Vygotsky enfatiza a importância dos sem função explicita na promoção de processos de
processos de aprendizado. Para ele, desde o nascimento da desenvolvimento. No entanto, o brinquedo também cria uma
criança, o aprendizado está relacionado ao desenvolvimento e zona de desenvolvimento próximas na criança, tendo enorme
é “um aspecto necessário e universal do processo de influência em seu desenvolvimento.
desenvolvimento das funções psicológicas culturalmente O comportamento das crianças pequenas é fortemente
organizadas e especificamente humanas”44. Existe um determinado pelas características das situações concretas em
percurso de desenvolvimento, em parte definido pelo que elas se encontram. Só quando adquirem a linguagem e
processo de maturação do organismo individual, pertencente passam, portanto, a ser capazes de utilizar a representação
à espécie humana, mas é o aprendizado que possibilita o simbólica, é que as crianças vão ter condições de libertar seu
despertar de processos internos de desenvolvimento que, não funcionamento psicológico dos elementos concretamente
fosse o contato do indivíduo com certo ambiente cultural, não presentes no momento atual. Vygotsky exemplifica a
ocorreriam. importância das situações concretas e a fusão que a criança
Normalmente, quando nos referimos ao desenvolvimento pequena faz entre os elementos percebidos e o significado:
de uma criança, o que buscamos compreender é “até onde a quando se pede a uma criança de dois anos que repita a
criança já chegou”, em termos de um percurso que, supomos, sentença “Tânia está de pé” quando Tânia está sentada à sua
será percorrido por ela. Assim, observamos seu desempenho frente, ela mudará a frase para “Tânia está sentada”. Ela não é
em diferentes tarefas e atividades. Quando dizemos que a capaz de operar com um significado contraditório à
criança já sabe realizar determinada tarefa, referimo-nos à sua informação perceptual presente.
capacidade de realiza-la sozinha, sem necessitar da ajuda de No brinquedo a criança comporta-se de forma mais
outras pessoas. avançada do que nas atividades da vida real e também aprende
Vygotsky denomina a capacidade de realizar tarefas de a separar objeto e significado.
forma independente de nível de desenvolvimento real. Para Sendo assim, a promoção de atividades que favoreçam o
ele, o nível de desenvolvimento real da criança caracteriza o envolvimento da criança em brincadeiras, principalmente
desenvolvimento de forma retrospectiva, ou seja, refere-se a aquelas que promovem a criação de situações imaginárias, tem
etapas já alcançadas, já conquistadas pela criança. As funções nítida função pedagógica. A escola e, particularmente, a pré-
psicológicas que fazer parte do nível de desenvolvimento real escola poderiam se utilizar deliberadamente esse tipo de
da criança em determinado momento de sua vida são aquelas

43 OLIVEIRA, Marta K, Vygotsky - Aprendizado e desenvolvimento - Um 44 VYGOTKSY, L. S. A formação social da mente. São Paulo, Martins Fontes,
processo histórico. São Paulo: Editora Scipione, 1993. 1984.

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situações para atuar no processo de desenvolvimento das A imitação é o processo no qual a criança irá vivenciar e
crianças. incorporar os modelos de movimentos corporais presentes no
seu meio e, consequentemente, aprender uma linguagem. Para
Henri Wallon Wallon, a imitação apresenta graus de evolução e quando
passa de um simples gesto para a representação de uma
Na psicogenética de Henri Wallon, a dimensão afetiva está personagem, de um ser preferido ou muitas vezes desejado,
no centro de tudo, tanto do ponto de vista da construção da indica o início da terceira fase do personalismo.
pessoa quanto do conhecimento. Para ele, a afetividade é fator Em síntese, a criança na idade dos 3 aos 6 anos passa por
fundamental no desenvolvimento da pessoa, é por meio dela três momentos distintos de desenvolvimento: oposição,
que o aluno exterioriza seus desejos e suas vontades. sedução e imitação. Esses momentos são marcados pela
Desde pequeno, recém-nascido, o ser humano utiliza a preponderância da afetividade e as relações que vivencia
emoção para comunicar-se com o mundo. O bebê, antes mobilizam para a construção e expressão do seu eu.
mesmo da aquisição da linguagem, estabelece relação com a À luz da teoria de Wallon, Pereira47 conclui que “expressar-
mãe, através de movimentos de expressão, choro, que é uma se significa organizar-se e, ao mesmo tempo, colocar-se em
produção cultural, e os movimentos e gestos são carregados de confronto com o outro, o não eu. A orientação subjetiva e a
significados afetivos, sendo expressões da necessidade predominância expressiva, características deste estágio,
alimentar e do humor. manifestam-se nos diversos domínios que constituem a
Como diz Dantas45, para Wallon, “O ato mental se atividade infantil (...) ficam evidentes no movimento, na fala,
desenvolve a partir do ato motor; personalismo ocorre dos na atividade mental”. Portanto, as oportunidades de expressão
três aos seis anos”. Nesse estágio desenvolve-se a construção do seu eu podem ser asseguradas em propostas pedagógicas
da consciência de si mediante as interações sociais, que valorizem na Educação Infantil as diferentes linguagens.
reorientando o interesse das crianças pelas pessoas. Entre elas se faz presente o movimento.
Henri Wallon foi o primeiro a levar não apenas o corpo da
criança, mas também suas emoções, para dentro da sala de Erro e Aprendizagem
aula. Suas ideias foram baseadas em quatro elementos básicos
que se comunicam o tempo todo: a afetividade, o movimento, No construtivismo, o erro é possível e necessário, isto é, faz
a inteligência e a formação do eu como pessoa. parte do processo. Por isso, o construtivismo defende que as
A afetividade é anterior ao desenvolvimento, e as emoções estruturas, os esquemas, os conceitos, as ideias são criadas,
têm papel predominante no desenvolvimento da pessoa, é por constituídos por um processo de autorregularão.
meio delas que o aluno exterioriza seus desejos e suas Autorregularão significa busca de sintonia. Regulação refere-
vontades. As transformações fisiológicas de uma criança se a aspectos do processo, corrigidos ou mantidos, tendo-se
revelam traços importantes de caráter e personalidade. A em vista os resultados que se quer alcançar. Para Piaget, o erro
raiva, a alegria, o medo, a tristeza tem funções importantes na não interessa o que interessa são as ações física e mental. Erro
relação da criança com o meio, a emoção causa impacto no e acerto são detalhes dessas ações.
outro e tende a se propagar no meio social, pois é altamente Para compreender melhor a evolução da criança em
orgânica. Desta forma, nessa teoria, acredita-se que a direção à superação do erro, Piaget divide o processo de
afetividade é um ponto de partida para o desenvolvimento do desenvolvimento em três níveis:
indivíduo. Nível I - A criança erra porque não possui a estrutura de
Wallon destaca a alternância existente entre as funções pensamento necessária à solução do problema, o que acarreta
razão (cognitiva) e emoção (afetividade), apresentadas no uma possibilidade de compreensão no que lhe é solicitado.
decorrer do desenvolvimento da pessoa. A razão e a emoção Nível II - O erro se apresenta como um problema para a
estão imbricadas, ou seja, uma não acontece sem a outra, mas criança. Após tê-lo cometido, a criança já consegue reconhecer
sempre uma se sobrepõe à outra. que errou. A criança vai fazendo correções em suas estratégias,
A concepção de desenvolvimento de Wallon se caracteriza em função de seus êxitos ou fracassos. O erro aparece então
por uma visão de conjunto, em que os domínios da pessoa como uma “contradição que existe superação”.
(afetividade, cognição e movimento) se alternam em relação à Nível III - O erro é superado enquanto problema. Assim, os
predominância de um sobre o outro numa integração erros anteriores passam a ser considerados nas ações
dinâmica e não linear. Wallon decompõe esse seguintes. A criança adquire uma certa “autonomia”, ou seja, as
desenvolvimento em cinco estágios ou etapas: dúvidas, contradições e dificuldades são agora internas ao
- 1 estágio impulsivo-emocional (0 a 1 ano); sistema, podendo então ser antecipadas, neutralizadas ou
- 2 estágio sensório-motor e projetivo (1 a 3 anos); anuladas.
- 3 estágio personalista (3 a 6 anos);
- 4 estágio categorial (6 a 11 anos) e Portanto, dentro de uma perspectiva construtivista, a
- 5 estágio da puberdade e adolescência (a partir dos 11 avaliação escolar deve distinguir o tipo de erro cometido pela
anos). criança, fornecendo-lhe, assim, condições de superá-los. Estas
condições referem-se aos métodos, técnicas e procedimentos
Para Wallon46 “a escola maternal parece ser perfeitamente de ensino que necessitam ser relacionados em função da
adequada para preparar a emancipação da criança, que vive avaliação que se faz da natureza dos erros de aprendizagem.
encaixada na sua vida familiar onde sabe distinguir mal a sua Neste sentido, para o erro seja superado e o sucesso
personalidade do lugar que aí ocupa e onde a representação alcançado é preciso que o professor o transforme em “algo
que faz de si mesma tem algo de global, de confuso e de instrutivo”.
exclusivo”. É claro que o professor não pode construir pela criança as
Em síntese, Wallon considera a escola, principalmente a suas estruturas do pensamento necessárias à solução das
partir dos 3 anos (início do estágio do personalismo), como um situações, problema que lhe são colocadas, mas pode criar um
ambiente sociocultural de notáveis valores educativos, capaz ambiente de sala de aula propicio ao diálogo que leve a criança
de responder às múltiplas exigências do desenvolvimento a justificar as razões pelas quais adotou um padrão de ação.
infantil.

45 DANTAS, Heloysa. A infância da razão. Uma introdução à psicologia da 47 PEREIRA, M. I. G. O espaço do movimento. Investigação no cotidiano de uma

inteligência de Henri Wallon. São Paulo, Manole, 1990 pré-escola à luz da teoria de Henri Wallon. São Paulo, 1992. Dissertação (Mestrado
46 WALLON, Henry. Psicologia e educação da criança. Lisboa: Veiga, 1979. em Filosofia e História da Educação), Universidade de São Paulo.

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Trata-se de tornar o erro um observável para a criança, a fim sinais podem ser detectados na educação infantil, devendo ser
de que esta tome consciência do mesmo. do conhecimento dos professores e educadores que lidam com
No entanto, isto só será possível se houver uma mudança esta faixa etária. Observação mais criteriosa deve ocorrer
no papel do erro na escola, deixando de significar derrota, naquelas crianças que tiveram problemas no parto,
fracasso e passando a ser encarado como resultado de uma meningites, atrasos motores e de fala/linguagem, déficits
postura de experimentação, onde a criança levanta hipóteses, auditivos ou visuais, problemas severos de comportamento e
planeja uma ação e a põe à prova. história de epilepsia ou traumas cranianos em idades mais
precoces.
Dificuldades e Distúrbios de Aprendizagem Os sinais pré-escolares que devem chamar atenção do
professor são a presença de problemas de fala, trocas de
O começo da vida escolar é um período de desafios para a reconhecimento visual e auditivo de letras, problemas de
criança, pois além de iniciar uma rotina que vise ao coordenação motora, dificuldade para memorizar sequências
seu desenvolvimento pedagógico, ela também precisa passar de letras e números, inabilidade para quebra-cabeças e
por uma fase de adaptação com os coleguinhas, com os espacialidade (não consegue perceber e diferenciar
educadores e, também, com exercícios que a auxiliarão dali em longe/perto, dispor em ordem peças de montagem, confunde
diante como estudante. sequências visuais, etc.), não consegue ter boa coordenação
O aprendizado de um aluno não deve ser visto como algo viso-motora em atividades bimanuais, hiperatividade
pronto e genérico, pois cada criança tem o seu tempo de (agitação psicomotora excessiva e impulsividade), dificuldade
aprendizagem. Uns aprendem rapidamente, outros demoram em seguir ritmos nas apresentações lúdicas ou de dança,
um pouco mais. No entanto, pode haver casos de uma criança problemas de sono e de alimentação. Tais sinais se tornam
que leva muito mais tempo para aprender determinadas mais significativos em casos de crianças nascidas prematuras
coisas. É importante lembrar sempre que existe uma diferença e com baixo peso ao nascer e/ou com histórico de tabagismo,
entre distúrbio de aprendizagem e dificuldade de alcoolismo e uso de drogas ilícitas na gestação. Outras tarefas
aprendizagem. que podem ser aplicadas na pré-escola e que ajudam a apoiar
Os problemas de aprendizagem podem ser classificados esta observação são os testes de habilidades fonológicas,
em sintoma, inibição cognitiva e reativos. Nos dois primeiros testes de nomeação rápida e de identificação de letras.
casos, as origens e causas encontram-se ligadas à estrutura Esta vigilância deve ser rotineira. Não significa
individual e familiar do indivíduo que “fracassa” em aprender. propriamente que a criança terá um transtorno de
No último, relacionam-se ao contexto socioeducativo. Ou seja, aprendizagem, mas pode revelar risco maior e, assim, sinalizar
a questões didáticas, metodológicas, avaliativas, relacionais. É às escolas e creches a intervirem com estimulação cognitiva ou
importante salientar que nos problemas de aprendizagem psicomotora. Além disto, deve ser encaminhada para avaliação
reativos o fracasso escolar pode demandar clínica e interdisciplinar a fim de investigar possíveis causas
redimensionamento que englobe desde órgãos superiores biológicas e/ou ambientais e iniciar um plano estruturado de
responsáveis pela educação no país até as salas de aula. Já nos intervenção ou remedição.
problemas em que os fatores desencadeantes são externos ao
contexto escolar, geralmente há necessidade de uma avaliação Interações e processos de aprendizagem na proposta
especializada para buscar intervenções adequadas. curricular
O primeiro viés a se levar em conta no que tange a
dificuldade de aprendizagem é a importância da As Diretrizes expõem o que deve ser considerado como
multidisciplinaridade integrada, adaptações de currículo, função sociopolítica e pedagógica das instituições de Educação
profissionais comprometidos e situações didáticas que Infantil. Tais pontos refletem grande parte das discussões na
minimizem essa dificuldade. Ou seja, quando nos referimos área e apontam o “norte” que se deseja para o trabalho com as
à dificuldade de aprendizagem, estamos falando sobre um ser crianças.
que possui uma maneira diferente de aprender. A questão pedagógica é tratada pensando que, se a
Se trata de um obstáculo, uma barreira, um sintoma, que Educação Infantil é parte integrante da Educação Básica, como
pode ser de origem tanto cultural quanto cognitiva ou até diz a Lei nº 9.394/96 em seu artigo 22, cujas finalidades são
mesmo emocional. É essencial que o diagnóstico seja feito o desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum
quanto antes, uma vez que há consequências em longo prazo. indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe
É interessante salientar que a maior parte destes meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores,
problemas de dificuldade de aprendizagem podem ser essas finalidades devem ser adequadamente interpretadas em
resolvidos no ambiente escolar, haja vista que se tratam, de relação às crianças pequenas. Nessa interpretação, as formas
questões psicopedagógicas. como as crianças, nesse momento de suas vidas, vivenciam o
A exemplo de transtornos de desenvolvimento, como mundo, constroem conhecimentos, expressam-se, interagem e
o Autismo e o TDAH, os Distúrbios ou Transtornos de manifestam desejos e curiosidades de modo bastante
Aprendizagem (TA) devem ser detectados precocemente a fim peculiares, devem servir de referência e de fonte de decisões
de reduzir, quão cedo possível, as dificuldades e/ou déficits de em relação aos fins educacionais, aos métodos de trabalho, à
pré-requisitos cognitivos nestas crianças para que se gestão das unidades e à relação com as famílias.
encontrem aptas no seu desenvolvimento para iniciarem Mediante o Parecer CNE/CEB nº 20/2009 em seu artigo
o processo de aprendizagem da leitura, escrita e matemática. Art. 8º, diz que a proposta pedagógica das instituições de
É inquestionável que medidas de detecção precoce de Educação Infantil deve ter como objetivo garantir à criança
inabilidades para a aprendizagem apresentam um papel acesso a processos de apropriação, renovação e articulação de
crucial no bom andamento e na motivação desta criança para conhecimentos e aprendizagens de diferentes linguagens,
se empenhar em adquirir competências para se alfabetizar. assim como o direito à proteção, à saúde, à liberdade, à
As pesquisas e as experiências neurocientíficas e confiança, ao respeito, à dignidade, à brincadeira, à
neuropsicológicas tem trazido à tona dados que mostram que convivência e à interação com outras crianças.
crianças que apresentaram história familiar de Dislexia, Desta forma, as instituições de Educação Infantil, assim
Discalculia e TDAH podem herdar tais condições e como todas as demais instituições nacionais, devem assumir
apresentarem nos primeiros 5 anos de vida sinais anormais no responsabilidades na construção de uma sociedade livre, justa,
desenvolvimento que podem sugerir que, futuramente, solidária e que preserve o meio ambiente, como parte do
poderão ter Dificuldades ou Distúrbios de Aprendizagem. Tais projeto de sociedade democrática desenhado na Constituição

Conhecimentos Específicos 37
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Federal de 1988 (artigo 3, inciso I). Elas devem ainda trabalhar uma vivência social diversa da experiência no grupo familiar,
pela redução das desigualdades sociais e regionais e a desempenham importante papel na formação da
promoção do bem de todos (artigo 3 incisos II e IV da personalidade da criança. É bom lembrar, no entanto, que os
Constituição Federal). contextos coletivos de educação para crianças pequenas
As Diretrizes partem de uma definição de currículo e diferem do ambiente familiar e requerem formas de organizá-
apresentam princípios básicos orientadores de um trabalho lo diferentes do modelo de substituto materno, anteriormente
pedagógico comprometido com a qualidade e a efetivação de usado para analisar o trabalho em creches e escolas maternais
oportunidades de desenvolvimento para todas as crianças. A gestão democrática da proposta curricular deve contar
Elas explicitam os objetivos e condições para a organização na sua elaboração, acompanhamento e avaliação, tendo em
curricular, consideram a educação infantil em instituições vista o Projeto Político-pedagógico da unidade educacional,
criadas em territórios não-urbanos, a importância da parceria com a participação coletiva de professoras e professores,
com as famílias, as experiências que devem ser concretizadas demais profissionais da instituição, famílias, comunidade e das
em práticas cotidianas nas instituições e fazem crianças, sempre que possível e à sua maneira.
recomendações quanto aos processos de avaliação e de Para orientar as unidades de Educação Infantil a planejar
transição da criança ao longo de sua trajetória na Educação seu cotidiano, as Diretrizes apontam um conjunto de
Básica. princípios defendidos pelos diversos segmentos ouvidos no
Nos últimos 20 anos, foram se acumulando uma série de processo de sua elaboração e que devem orientar o trabalho
conhecimentos sobre as formas de organização do cotidiano nas instituições de Educação Infantil. Dada sua importância na
das unidades de Educação Infantil de modo a promover o consolidação de práticas pedagógicas que atendam aos
desenvolvimento das crianças. Finalmente, a integração das objetivos gerais da área, eles serão aqui apresentados em
creches e pré-escolas no sistema da educação formal impõe à detalhes. São eles:
Educação Infantil trabalhar com o conceito de currículo,
articulando-o com o de projeto pedagógico. O projeto Princípios éticos - valorização da autonomia, da
pedagógico é o plano orientador das ações da instituição. Ele responsabilidade, da solidariedade e do respeito ao bem
define as metas que se pretende para o desenvolvimento dos comum, ao meio ambiente e às diferentes culturas, identidades
meninos e meninas que nela são educados e cuidados. É um e singularidades.
instrumento político por ampliar possibilidades e garantir
determinadas aprendizagens consideradas valiosas em certo Princípios políticos - garantia dos direitos de cidadania,
momento histórico. do exercício da criticidade e do respeito à ordem democrática.
Para alcançar as metas propostas em seu projeto
pedagógico, a instituição de Educação Infantil organiza seu Princípios estéticos - valorização da sensibilidade, da
currículo. É entendido como “as práticas educacionais criatividade, da ludicidade e da diversidade de manifestações
organizadas em torno do conhecimento e em meio às relações artísticas e culturais.
sociais que se travam nos espaços institucionais, e que afetam
a construção das identidades das crianças”. O currículo busca Organização das experiências de aprendizagem na
articular as experiências e os saberes das crianças com os proposta curricular
conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural,
artístico, científico e tecnológico da sociedade por meio de Na explicitação do ambiente de aprendizagem, é
práticas planejadas e permanentemente avaliadas que necessário pensar um currículo sustentado nas relações, nas
estruturam o cotidiano das instituições. interações e em práticas educacionais intencionalmente
A definição de currículo defendida nas Diretrizes põe o voltadas para as experiências concretas da vida cotidiana, para
foco na ação mediadora da instituição de Educação infantil a aprendizagem da cultura, pelo convívio no espaço da vida
como articuladora das experiências e saberes das crianças e os coletiva e para a produção de narrativas, individuais e
conhecimentos que circulam na cultura mais ampla e que coletivas através de diferentes linguagens.48
despertam o interesse das crianças. Tal definição inaugura As especificidades e os interesses singulares e coletivos
então um importante período na área, que pode de modo dos bebês e das crianças das demais faixas etárias devem ser
inovador avaliar e aperfeiçoar as práticas vividas pelas consideradas no planejamento do currículo, vendo a criança
crianças nas unidades de Educação Infantil. em cada momento como uma pessoa inteira na qual os
O cotidiano dessas unidades, como contextos de vivência, aspectos motores, afetivos, cognitivos e linguísticos integram-
aprendizagem e desenvolvimento, requer a organização de se, embora em permanente mudança. Em relação a qualquer
diversos aspectos: os tempos de realização das atividades experiência de aprendizagem que seja trabalhada pelas
(ocasião, frequência, duração), os espaços em que essas crianças, devem ser abolidos os procedimentos que não
atividades transcorrem (o que inclui a estruturação dos reconhecem a atividade criadora e o protagonismo da criança
espaços internos, externos, de modo a favorecer as interações pequena, que promovam atividades mecânicas e não
infantis na exploração que fazem do mundo), os materiais significativas para as crianças.
disponíveis e, em especial, as maneiras de o professor exercer A organização curricular da Educação Infantil pode ser
seu papel (organizando o ambiente, ouvindo as crianças, estruturar em eixos, centros, campos ou módulos de
respondendo-lhes de determinada maneira, oferecendo-lhes experiências que devem se articular em torno dos princípios,
materiais, sugestões, apoio emocional, ou promovendo condições e objetivos propostos nessa diretriz. Através dessa
condições para a ocorrência de valiosas interações e organização pode-se planejar a realização semanal, mensal e
brincadeiras criadas pelas crianças etc.). Tal organização por períodos mais longos de atividades e projetos fugindo de
necessita seguir alguns princípios e condições apresentados rotinas mecânicas.
pelas Diretrizes. A educação pré-escolar não pode mais ser privilégio de um
Considerar as crianças concretas no planejamento pequeno grupo de crianças. É necessário que sejam tomadas
curricular das instituições de Educação infantil significa medidas decisivas para sua expansão de maneira que todas as
também compreender seus grupos culturais, em particular crianças tenham iguais oportunidades educacionais. Como diz
suas famílias. Creches e pré-escolas, ao possibilitar às crianças Mialaret49, “a educação pré-escolar deve ser uma educação a

48 Ministério da Educação. Educação Integral: Texto-referência para o debate 49 MIALARET, Gaston. A educação Pré-Escolar no Mundo. Lisboa: Moraes

Nacional. Brasília: MEC, 2009. Editores, 1976.

Conhecimentos Específicos 38
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serviço de uma autêntica democratização, onde cada indivíduo Está correto o que se afirmar apenas em:
tenha as mesmas possibilidades de se desenvolver e as (A) I
mesmas hipóteses de ser bem-sucedido”. Mas para (B) I e II.
desempenhar essa função democratizadora, a pré-escola não (C) lI e III.
pode limitar-se a cuidar das crianças, cujas mães trabalham
fora do lar, ou a preparar a criança para a escola de ensino (D) III
básico. Seus objetivos são muito mais amplos. A educação pré- (E) I e III.
escolar deve proporcionar à criança contatos e trocas sociais
que são indispensáveis para sua socialização, e um ambiente 04. (Prefeitura de Cruzeiro/SP - Auxiliar de
educativo que estimule o desenvolvimento de sua inteligência, Desenvolvimento Infantil - Instituto Excelência/2016) Nas
autonomia e criatividade. brincadeiras as crianças podem desenvolver algumas
capacidades importantes, tais como a atenção, a imitação, a
Questões memória, a imaginação. Amadurecem também algumas
capacidades de socialização, por meio da interação e da
01. (Prefeitura de São Luís/MA - Técnico Municipal Nível utilização e experimentação de regras e papéis sociais.
Superior - Psicologia - CESPE/2017) Cada pessoa tem um Sobre a imitação é CORRETO afirmar:
ritmo e um estilo próprio para aprender e uma trajetória única (A) A imitação é resultado da capacidade de a criança
de desenvolvimento. As experiências, as memórias, as observar e aprender com os outros e de seu desejo de se
construções de sentidos de cada sujeito são influenciadas por identificar com eles, ser aceita e de diferenciar-se.
múltiplos fatores pessoais, socioculturais e históricos. A esse (B) A imitação é uma das atividades fundamentais para o
respeito, é correto afirmar que as dificuldades de desenvolvimento da identidade e da autonomia.
aprendizagem dos alunos: (C) A imitação fornece vários indícios quanto ao processo
(A) Estão relacionadas especificamente à indisciplina, por de diferenciação entre o eu e o outro.
deficiências na educação recebida pela criança no ambiente (D) A imitação representa um potente veículo de
familiar. socialização.
(B) Tendem a produzir menos efeitos ao longo do tempo, o
que dispensa a necessidade de intervenção pedagógica. 05. (Prefeitura de Palhoça/SC - Professor de Educação
(C) São barreiras atitudinais, perceptivas ou afetivo Infantil - 2016) Complete as lacunas:
emocionais frente às diferenças interindividuais. Cabe à ______ garantir à criança o acesso a processos de
(D) Requerem adaptações no currículo, na qualificação da _______ e aprendizagens de diferentes linguagens, assim como o
equipe de educadores e nos processos avaliativos. direito à proteção, à saúde, à liberdade, à confiança, ao
(E) Podem ser facilmente diagnosticadas pelos psicólogos respeito, à dignidade, à brincadeira, à convivência e à interação
por meio de testes psicométricos. com outras crianças (CNE/CEB nº 20/2009 em seu artigo Art.
8º).
02. (Prefeitura de São Luís/MA - Técnico Municipal Nível A alternativa que completa as lacunas de forma correta é:
Médio - Cuidador Escolar - CESPE/2017) Acerca dos cuidados (A) Educação infantil \ organização do tempo de forma
com a criança e do processo de educação, assinale a opção rígida, transferência de conhecimentos em formato expositivo.
correta. (B) Educação profissional \ apropriação, renovação e
(A) Educar abrange todos os aspectos da vida do aluno, dos articulação de conhecimentos.
mais elementares até as necessidades mais elaboradas e (C) Educação infantil \ transferência de informações,
intelectualizadas. reprodução de conhecimentos.
(B) Dada a idade das crianças, o processo de educação (D) Educação infantil \ apropriação, renovação e
infantil se resume à transferência de conhecimento do adulto articulação de conhecimentos.
para a criança.
(C) A criança assume o papel de mediadora em seu Gabarito
processo de aprendizagem.
(D) A criança é o sujeito passivo do processo de 01. D / 02. A / 03. E / 04. A / 05. D
conhecimento.
(E) Nos primeiros anos de vida da criança, a educação deve
restringir-se à educação formal. Higiene - os cuidados
03. (Prefeitura de Rio Branco/AC - Cuidador Pessoal -
essenciais na creche
IBADE/2017) Sobre o cuidar e o educar como funções básicas
da Educação Infantil, leia as afirmativas.
I. Cuidar da criança é, sobretudo, dar atenção a ela como Aspectos Históricos e Legais
pessoa que está em um contínuo crescimento e Considerando o ponto de vista histórico, a educação da
desenvolvimento, compreendendo sua singularidade, criança sempre esteve sob a responsabilidade exclusiva da
identificando e respondendo às suas necessidades. família durante séculos, uma vez que era no convívio com os
II. Pensar no cuidar como única forma de 'garantir' a adultos e outras crianças que ela participativa das tradições e
sobrevivência do ser humano é valorizar a ação, aprendia as normas e regras da sua cultura. A trajetória de
fundamentalmente mais ampla e significativa, que envolve Educação Infantil sempre esteve ligada ao conceito de infância
este ato. que o homem construiu ao longo da história, e
III. No processo educacional, respeitam-se os valores consequentemente as políticas voltadas para esta faixa etária.
culturais, artísticos e históricos próprios do contexto social da Na sociedade medieval, segundo Farias50, o sentimento de
criança. infância não existia, por isso não se considerava a criança com
suas características particulares, próprias da sua idade. Ela
era considerada um adulto em miniatura, e, por essa razão,

50 FARIAS, M. (2005) Infância e educação no Brasil nascente. In:

VASCONCELOS, V. M. R. (Org.). Educação da infância: história e política. Rio de


Janeiro: DP&A.

Conhecimentos Específicos 39
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assim que tinha condições de viver sem os cuidados constantes realidade (creche), enfim toda uma nova gama de
de sua mãe ou ama, ingressava na sociedade dos adultos e não ressignificações necessárias e urgentes.
se distinguia destes, participando de jogos e situações de
procedência tipicamente adulta. A Educação Infantil na Nova LDB
Até o século XVII, as condições gerais de higiene e saúde A expressão educação infantil e sua concepção com
eram precárias e certamente a mortalidade infantil era muito primeira etapa da educação básica está agora na lei maior da
grande, por causa da fragilidade das crianças pequenas. A educação do país, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
partir do século XVII, houve uma mudança considerável no Nacional (LDB), sancionada em 20 de dezembro de 1996. Se o
modo de ver a criança. Esta deixou de ser misturada aos direito de 0 a 6 anos à educação em creches e pré-escolas já
adultos e de aprender a vida, diretamente, mediante o contato estava assegurado na Constituição de 1988 e reafirmado no
com eles. Anteriormente via-se a criança como um ser Estatuto da Criança e do Adolescente de 1990, a tradução deste
primitivo, irracional, não pensante. Atribuía-se a ela modos de direito em diretrizes e normas, no âmbito da educação
pensar e sentimentos anteriores à lógica e aos bons costumes. nacional, representa um marco histórico de grande
Era preciso educá-la para desenvolver nela o caráter e a razão. importância para a educação infantil em nosso país.
Na realidade, não podendo compreendê-las naquilo que as A inserção da educação infantil na educação básica, como
caracterizavam, instituiu-se um padrão adulto para sua primeira etapa, é o reconhecimento de que a educação
estabelecer julgamentos, ao invés de entender e aceitar as começa nos primeiros anos de vida e é essencial para o
diferenças e semelhanças das crianças, a originalidade do seu cumprimento de sua finalidade, afirmada no Art. 22 da Lei:
pensamento. Pensava-se nelas como páginas em branco a
serem preenchidas, preparadas para a vida adulta. Tratava-se “a educação básica tem por finalidade desenvolver o
de despertar na criança a responsabilidade do adulto, o educando, assegurar - lhe a formação comum indispensável
sentido de sua dignidade. A criança era menos oposta ao para o exercício da cidadania e fornecer-lhes meios para
adulto, do que preparada para a vida adulta. Essa preparação progredir no trabalho e nos estudos posteriores”.
se fazia em etapas e exigia-se cuidados. Esta foi a concepção da
educação, que trilhou no século XIX. A educação infantil recebeu um destaque na nova LDB,
O fato é que durante um logo período de tempo as inexistente nas legislações anteriores. É tratada na Seção II, do
instituições infantis brasileiras, organizavam seu espaço e sua capítulo II (Da Educação Básica), nos seguintes termos:
rotina diária em função de ideias de assistência, de custódia e
de higiene da criança. A década de 1980 passou por um Art. 29 A educação infantil, primeira etapa da educação
momento de ampliação do debate a respeito das funções das básica, tem com finalidade o desenvolvimento integral da
instituições infantis para a sociedade moderna, que teve início criança até os seis anos de idade, em seus aspectos físico,
com os movimentos populares dos anos 1970. A partir desse psicológico, intelectual e social, complementando a ação da
período, as instituições passaram a ser pensadas e família e da comunidade.
reivindicadas como lugar de educação e cuidados coletivos das
crianças de zero a seis anos. Art. 30 A educação infantil será oferecida em:
É necessário considerar que todo o avanço histórico, I - creches ou entidades equivalentes, para crianças de até
cultural e político é uma conquista decorrente de dura e árdua três anos de idade;
luta do povo. A creche não foi um benefício concedido II - pré-escolas para crianças de quatro a seis anos de idade.
gratuitamente ao povo brasileiro. Foi uma conquista dos
operários que, organizados, passaram a protestar contra as Art. 31 Na educação infantil a avaliação far-se-á mediante
precárias condições de vida e de trabalho. Os empresários acompanhamento e registro de seu desenvolvimento, sem o
procurando enfraquecer os movimentos dos trabalhadores objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino
começaram a conceder algumas creches e escolas maternais fundamental.
para os filhos deles.
Segundo Rizzini51, no Estado de São Paulo, em fins de 1920, Da leitura desses artigos, é importante destacar, além do
a legislação previa a instalação de Escolas Maternais, com a que já comentamos a respeito da educação infantil como
finalidade de prestar cuidados aos filhos dos operários, primeira etapa da educação básica:
preferencialmente junto às fábricas que oferecessem local e - A necessidade de que a educação infantil promova o
alimento para as crianças. As poucas empresas que se desenvolvimento do indivíduo em todos os seus aspectos, de
propunham a atender aos filhos de suas trabalhadoras o forma integral e integrada, constituindo-se no alicerce para o
faziam desde o berçário, ocupando-se também da instalação pleno desenvolvimento do educando. O desenvolvimento
de creches. integral da criança na faixa etária de 0 a 6 anos torna-se
De acordo com Oliveira et al52, somente a Consolidação das imprescindível e inseparável das funções de educar e cuidar.
Leis de Trabalho (CLT) criada por Getúlio Vargas em 1943, é - Sendo a ação da educação infantil complementar à da
que prevê a organização de berçários pelas empresas com a família e à da comunidade, deve estar com essas articuladas, o
intenção de cuidar das crianças no período de amamentação. que envolve a busca constante do diálogo com as mesmas, mas
O direito da criança brasileira à creche, como instituição também implica um papel específico das instituições de
educacional, está garantido, restando, de agora em diante, educação infantil no sentido de ampliação das experiências,
definir, com clareza, seu papel social, a direção educacional, dos conhecimentos da criança, seu interesse pelo ser humano,
metodologia de ação pedagógica e até mesmo a adaptação da pelo processo de transformação da natureza e pela
criança entregue a essas instituições. convivência em sociedade.
É grande o desafio a ser enfrentado pelos profissionais das Além da seção específica sobre a educação infantil, a LDB
creches, tanto em termos de definição de objetivos e função define em outros artigos aspectos relevantes para essa etapa
social em relação às crianças pequenas, estratégias de da educação. Assim, quando trata “Da Organização da
trabalho, condições de trabalho, interação criança-professor, Educação Nacional” (capítulo IV), estabelece o regime de
criança-criança, período de adaptação da criança à nova colaboração entre a União, os Estados e o Municípios na
organização de seus sistemas de ensino. É afirmada a

51 RIZZINI, I. (2000). Assistência à infância no Brasil: uma análise de sua 52 OLIVEIRA, Z. M. et al. (2001). Creches: crianças, faz de conta e Cia.

construção. Rio de Janeiro: Ed. Universitária Santa Úrsula. Petrópolis: Vozes.

Conhecimentos Específicos 40
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responsabilidade principal do município na educação infantil, Cuidar e Educar ou Educar e Cuidar?56


com o apoio financeiro e técnico de esferas federal e estadual. As crianças que frequentam creches vivenciam a
Uma das partes mais importantes da LDB é a que trata Dos socialização primária concomitante com a secundária, ou seja,
Profissionais da Educação. São sete artigos que estabelecem o que antes era de responsabilidade exclusiva das famílias
diretrizes sobre a informação e a valorização destes agora é compartilhado e é parte significativa das funções dos
profissionais. Define o Art. 62 que a “formação de docentes professores. O fenômeno, decorrente da crescente inserção da
para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em mulher no mundo do trabalho formal associada à urbanização
curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e e aos novos arranjos familiares, requer que os professores
institutos superiores de educação, admita para formação ampliem suas competências para cuidar-educar nos diversos
mínima para o exercício do magistério na educação infantil e ciclos de ensino e situações cotidianas.
nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a O cuidar e educar da primeira infância começa pela criação
oferecida em nível médio, na modalidade normal”. de um ambiente facilitador - aqui entendido como um espaço
e as relações nele estabelecidas -, da constituição saudável da
O Papel da Creche na Formação da Criança pessoa. Os bebês humanos nascem com a sensibilidade de
As práticas desenvolvidas entre adultos e crianças de zero olhar, reconhecer e reagir às expressões faciais, gestuais e
a três anos, no contexto das creches, são relações humanas vocais daqueles que cuidam deles. Caso não haja
permeadas por múltiplas influências. Dentre elas, Barreto53, reciprocidade, eles se fecham ao contato, o que significa um
destaca diversos aspectos interligados, tais como: risco para o desenvolvimento saudável.
- os princípios e valores constituídos em uma esfera A relação dialógica entre a pessoa que cuida e a criança
cultural, no interior das famílias e das comunidades locais; constrói relações de apego e o sentido de pertencerem a um
- os movimentos sociais que fortaleceram esta instituição lugar social, processo fundamental para o desenvolvimento da
como um local de referência para mulheres trabalhadoras e identidade que compõe uma fase denominada “socialização
seus filhos; primária”. As crianças que frequentam instituições de
- e, ainda, as contribuições de estudiosos e pesquisadores, educação infantil, desde bebês vivenciam esse processo tanto
que definem tendências teóricas que irão contribuir para a no âmbito da família, seja qual for sua conformação e dinâmica,
construção dos modelos educacionais adotados. como na relação com os professores.
Como decorrência desta determinação diversa, definem-se Embora sejam processos concomitantes, toda criança, por
diferentes funções para as creches no contexto da sociedade mais nova que seja, ao começar a frequentar a creche, traz
brasileira: como recurso que beneficia a mãe trabalhadora, ou consigo uma pré-história (nome, sobrenome, classe social,
como instrumento social para prevenir o fracasso escolar das ocupação e escolaridade dos pais, composição e dinâmica
crianças mais pobres, ou ainda como uma instância educativa, familiar, valores e crenças, histórico de saúde da família), que
que contribuiria para uma sociedade mais justa e um exercício associada às vivências no processo de gestação, nascimento,
de cidadania em prol da população infantil. primeiros cuidados, a torna um ser único, com desejos,
Para Garcia54, o ambiente tem um impacto poderoso na necessidades, ritmos, habilidades e potenciais de
criação das crianças, isso implica na forma como elas vão se desenvolvimento peculiares. Cada família tem vivências,
socializando e adquirindo conhecimento. Em cada fase do conhecimentos, crenças e valores que se expressam nos jeitos
relacionamento entre crianças e família, observa-se muitas de cuidar e educar, que vão sendo percebidos e assimilados
características de prazer e de dificuldade que geram pelas crianças, constituindo um repertório utilizado por elas
comportamentos desorganizados. para lidarem com outras situações de cuidado, em outros
As mudanças que ocorrem durante a infância são mais espaços sociais. Quando as atitudes e procedimentos de
amplas e aceleradas do que qualquer outra que venha a cuidado realizados pelas famílias e professores são muito
ocorrer no futuro. Sendo que dos três aos seis anos as crianças diferentes, é possível o surgimento de conflitos que precisam
vivem a segunda infância, período que corresponde aos anos ser explicitados e negociados, para que as crianças se sintam
pré-escolares. seguras e capazes de lidar com os dois ambientes.
Nesta fase, segundo Rocha et al55, a aparência das crianças Muitos professores podem confirmar, como exemplo da
muda, suas habilidades motoras e mentais florescem e sua prática vivenciada em creches públicas e privadas, que
personalidade torna-se mais complexa. Todos os aspectos do algumas crianças têm dificuldade para aceitar a solicitação do
desenvolvimento físicos, cognitivos e psicossociais continuam professor para retirar o calçado e participar de brincadeiras
interligados. À medida que os músculos passam a ter controle com água ou areia e resistem porque suas mães recomendam
mais consistente, as crianças podem atender mais suas que não fiquem descalças para “não se resfriarem”, ou não
necessidades pessoais, como a higiene, e o vestir-se, ganhando, brinquem com areia porque o “médico disse” que poderia
assim, maior senso de competência e independência. Logo, as causar doenças. Outras famílias orientam suas crianças a não
atividades físicas são importantes. darem descarga no vaso sanitário todas as vezes que fazem
A creche além de desenvolver processos educativos xixi, para economizarem água em suas casas, conflitando com
também precisa oferecer alimentação equilibrada tanto as orientações recebidas nas unidades educacionais. Nestas
quantitativa como qualitativamente, proporcionando situações, os professores precisam ouvir as crianças e famílias,
educação alimentar e nutricional às crianças, amenizando as compreenderem a lógica que orienta suas preocupações,
situações de insegurança alimentar e promovendo o recomendações e práticas de cuidados, para que possam
desenvolvimento e o crescimento infantil. negociar e adequar as dinâmicas e diretrizes no contexto
O cuidar e o educar são indissociáveis, são ações educacional.
intrínsecas, portanto é de fundamental importância que as A forma como o professor identifica a necessidade de troca
instituições de educação infantil incorporem de maneira de fralda ou de uso do sanitário, por uma criança de seu grupo
integrada as funções de cuidar e educar, não mais e cuida dela, contribui para que ela aprenda aos poucos a
diferenciando, nem hierarquizando os profissionais e identificar e nomear as próprias sensações corporais,
instituições que atuam com crianças pequenas ou àqueles que possibilita que ela construa a representação mental de seu
trabalham com as de mais idade. corpo, que aprenda rituais e regras sociais para a convivência
coletiva, como a que determina que eliminemos cocô e xixi em

53BARRETO, A. M. R. (2003). A educação infantil no contexto das políticas 55 ROCHA, J. et al. (2011). Educação Infantil: os desafios das creches no

públicas. Revista equilíbrio entre o cuidar e o educar


54 GARCIA, R. L. (2001). Em defesa da educação infantil. Rio de Janeiro: DPLA 56 Texto adaptado disponível em http://portal.mec.gov.br/

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um lugar determinado, longe daquele que nos alimentamos ou - Alimente os bebês, atenda às necessidades nutricionais,
brincamos e, um pouco mais tarde, que as meninas usem afetivas e de aprendizagens de novos paladares e
sanitários diferentes de meninos. consistências, com base nas recomendações para o processo
As sensações corporais, como as que nos informam que de desmame e nas normas de higiene para ambientes
estamos com vontade de ir ao banheiro ou com fome, ou coletivos;
cansados, são uma importante linguagem que comunica que - Acolha as mães dos lactentes e ofereça condições, para
precisamos parar a atividade do momento para recuperar o que elas conciliem aleitamento e trabalho e sigam regras de
bem-estar, como ir ao sanitário, tomar água, alimentar-se ou higiene para ambientes coletivos;
descansar. As crianças, por meio da mediação do adulto, - Organize as refeições em ambiente higiênico, seguro,
aprendem a identificar e nomear estas sensações e também confortável, belo e que possibilite autonomia, socialização e
como realizar os procedimentos para recuperar o bem-estar boa nutrição a todos os grupos etários;
físico e mental alterado por elas. - Ajude as crianças que recusam alimentos ou que
Pautados na organização da rotina da creche, aprendem apresentem dificuldades para se alimentar sozinhas;
que o dia tem um ritmo marcado pelas variações de - Disponibilize água potável e utensílios limpos
temperatura e claridade, próprios do amanhecer, entardecer, individualizados para que as crianças possam beber água
anoitecer, mas, também pelos rituais culturais de chegada e quando desejarem e sejam incentivadas a fazê-lo durante todo
partida do domicílio e da creche, de início e término das o dia;
brincadeiras (ou trabalho), das refeições e momentos de - Organize a rotina contemplando o banho de sol até às 10
relaxamento e descanso, alternados com rituais de cuidados horas e após às 15 horas (a considerar o clima de cada região),
com o próprio corpo (lavar as mãos antes das refeições sentar- sobretudo dos bebês que dependem dos adultos para
se para comer, alimentar-se de boca fechada para não transportá-los para o solário, estando atenta ao acesso das
engasgar, limpar os dentes após as refeições, retirar o sapato crianças e oferta de água para hidratação e à proteção contra a
para dormir, brincar ao sol ou à sombra). exposição solar excessiva;
As crianças aprendem a cuidar de si ao serem cuidadas. O - Esteja atento ao conforto da criança, ensinando-a a
crescimento físico e a maturação neurológica associados às adequar o vestuário e calçados às brincadeiras, atividades e
interações e às oportunidades oferecidas pelo ambiente clima;
possibilitam o desenvolvimento de habilidades, para que o - Mantenha as salas ventiladas e alterne atividades em
bebê adquira autonomia para mudar de postura e se espaços internos e externos, evitando confinamento;
locomover. - Esteja atento às recomendações sanitárias e legais
Após vivenciar e observar o adulto cuidando dela e de relativas ao espaço versus número de crianças;
outras crianças e tornarem-se mais independentes, elas - Troque as fraldas, ensine as crianças a usar o vaso
começam a imitá-lo, e a criar novas formas de agir e realizar os sanitário e a fazer a higiene pessoal com atitudes acolhedoras,
procedimentos. Cuidam de bonecas, cozinham, oferecem com respeito às peculiaridades do processo de aprendizagem
papinha, mamadeira, às vezes, o peito, como a mãe fazia ou faz e desenvolvimento de cada criança, empregando precauções
com ela. Trocam fraldas, banham, acalantam, colocam no berço padronizadas para evitar transmissão de doenças e acidentes;
para dormir, ajustam a voz semelhante ao que os adultos - Registre e ofereça a medicação oral e tópica prescrita pelo
fazem ao conversar com os bebês, dividem as tarefas. médico ou os cuidados especiais orientados por profissionais
Com base no conceito de Escola Promotora da Saúde da de saúde e que não possam ser interrompidos durante o
Organização Mundial da Saúde e considerando a faixa etária período em que a criança permanece na instituição educativa;
atendida em creches e pré-escolas, é preciso refletir nos - Observe, identifique, informe e procure ajuda nas
indicadores que contribuem para o crescimento e situações em que reconhece que a criança apresenta alteração
desenvolvimento saudável nesses espaços e, ao mesmo tempo, no estado de saúde (febre, traumas, dor, diarreia, cansaço ao
constituem modelos para as crianças aprenderem e respirar, manchas na pele, mal-estar geral, alterações no
incorporarem estilos e modos de vida saudáveis. Para isso, é crescimento e desenvolvimento), de acordo com as diretrizes
necessário que o professor apoiado pelo gestor e pelo da instituição;
coordenador de sua unidade educacional: - Informe o gestor para que ele notifique à Unidade Básica
- Compartilhe os cuidados com as famílias, ouça suas de Saúde, de acordo com a legislação específica, a suspeita de
demandas, registre as recomendações relativas à saúde da crianças ou profissionais da unidade educacional com doenças
criança que requeira observação ou cuidados especiais, transmissíveis ou aumento do número de crianças com
durante o período em que está sob seus cuidados; problemas de saúde;
- Interaja com as crianças, identifique e atenda às - Certifique-se da segurança e higiene dos brinquedos,
necessidades delas de conforto, bem-estar e proteção, de esteiras, almofadas, lençóis, trocadores, banheiras, objetos e
acordo com as potencialidades do desenvolvimento infantil e materiais de uso pessoal e coletivo, segundo as normas
contexto de cada grupo, sem tolher sua participação, as sanitárias especificas para creches e pré-escolas; e
brincadeiras e em outras situações de aprendizagem; - Assegure que as áreas interna e externa estejam
- Auxilie e ensine as crianças a cuidar de si, organize organizadas e seguras para as crianças de todos os grupos,
ambientes adequados ao processo de desenvolvimento das evitando acidentes e disseminação de doenças e ensine o
crianças de forma que a autonomia seja construída sem risco à cuidado com o ambiente
integridade física e psíquica;
- Acompanhe e registre o processo de desenvolvimento Indissociabilidade entre Educar, Cuidar e Brincar57
infantil e reflita com a coordenadora em conjunto com os A reivindicação pela articulação da educação e do cuidado
profissionais de saúde do serviço local, sobre as crianças que na educação infantil caracteriza-se como um processo
apresentem alguma dificuldade de aprendizagem ou de histórico que visou garantir, enquanto afirmação conceitual,
interação com as demais crianças ou com os adultos, um lugar para além da guarda e assistência social. A intenção
procurando meios de ajudá-las em suas necessidades foi demarcar o caráter educativo, legalmente legitimado pela
específicas; Constituição de 1988, a qual consolidou a importância social e
política da educação infantil ao determinar o caráter educativo

57 Texto adaptado de BARBOSA, M. C. S. Práticas Cotidianas na Educação

Infantil

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das instituições voltadas para a atenção às crianças de zero a Brincadeira


seis anos e onze meses. O respeito incondicional ao brincar e à brincadeira é uma
No momento em que a educação infantil passou a ser das mais importantes funções da educação infantil, não
considerada a primeira etapa da Educação Básica, integrando- somente por ser no tempo da infância que essa prática social
se aos sistemas, através da LDBEN de 1996, foi necessário se apresenta com maior intensidade mas, justamente, por ser
interrogar e pensar sua especificidade. Para demarcar sua ela a experiência inaugural de sentir o mundo e experimentar-
“identidade”, seu lugar nas políticas públicas e na Educação se, de aprender a criar e inventar linguagens através do
Básica brasileira, e para retirar a creche da assistência social e exercício lúdico da liberdade de expressão. Assim, não se trata
a pré-escola da “preparação para o ensino fundamental”, foi apenas de um domínio da criança, mas de uma expressão
necessário sublinhar e insistir na indissociabilidade do cultural que especifica o humano.
educar/cuidar, enquanto estratégia política para aproximá- São as primeiras experiências de cuidado corporal que
los, redimensionando a educação da infância. desencadeiam os processos de criação do campo da confiança.
A recorrente presença desse binômio na educação infantil, Essa confiabilidade se manifesta na presença de cuidados
ao longo dos últimos vinte anos, promoveu tanto a atentos e seguros, que protegem o bebê, assim como na
consolidação de algumas concepções, quanto constituiu proposição de um ambiente que favorece o êxito das ações
disputas e também problematizações. Podemos apontar desencadeadas por ele, proporcionado pela constante
alguns consensos em relação à indissociabilidade da expressão proximidade do adulto que responde às solicitações de
educar/cuidar. interação e segue o ritmo do bebê. O importante é que o bebê
Em primeiro lugar, o ato de cuidar ultrapassa processos possa conduzir e o adulto se deixe conduzir, estabelecendo seu
ligados à proteção e ao atendimento das necessidades físicas direito a uma atitude pessoal desde o começo. É esse o
de alimentação, repouso, higiene, conforto e prevenção da dor. princípio da autonomia, porém o adulto, ou qualquer outro
Cuidar exige colocar-se em escuta às necessidades, aos desejos interlocutor, também pode, e deve, oferecer complementos e
e inquietações, supõe encorajar e conter ações no coletivo, desafios. Nessa perspectiva, aprender a “estar só” é uma
solicita apoiar a criança em seus devaneios e desafios, requer conquista da criança, baseada na confiabilidade e no ambiente
interpretação do sentido singular de suas conquistas no grupo, favorável no qual possa se manifestar. Desafiando os limites da
implica também aceitar a lógica das crianças em suas opções e segurança, gradualmente ela encontra nessa confiança a
tentativas de explorar movimentos no mundo. necessária sustentação para abandonar o conforto da proteção
Em segundo lugar, cuidar e educar significa afirmar na e se lançar em sua aventura com o mundo.
educação infantil a dimensão de defesa dos direitos das Antes de brincar com objetos, o bebê brinca consigo
crianças, não somente aqueles vinculados à proteção da vida, mesmo, com a mãe, o pai, os irmãos e outras pessoas. Antes de
à participação social, cultural e política, mas também aos poder segurar algo nas mãos, já brinca de abrir e fechar os
direitos universais de aprender a sonhar, a duvidar, a pensar, olhos, fazendo o mundo aparecer e desaparecer. O bebê, desde
a fingir, a não saber, a silenciar, a rir e a movimentar-se. suas primeiras experiências lúdicas de explorações e
E, finalmente, o ato de educar nega propostas educacionais experimentações sensoriais e motoras, nos mostra uma das
que optam por estabelecer currículos prontos e mais importantes características do brincar e das
estereotipados, visando apenas resultados acadêmicos que brincadeiras: as crianças brincam porque gostam de brincar, e
dificilmente conseguem atender a especificidade dos bebês e é precisamente no divertimento que reside sua liberdade e seu
das crianças bem pequenas como sujeitos sociais, históricos e caráter profundamente estético. Esse divertimento resiste a
culturais, que têm direito à educação e ao bem-estar. toda análise e interpretação lógicas, porque se ancora na
Porém, os consensos apontam também para algumas dinâmica de valorar e significar o vivido através da
críticas ao uso do binômio educar e cuidar. Se insistirmos na imaginação, mostrando que somos mais do que simples seres
afirmação das duas palavras, sugerimos que essas ações sejam racionais.
separadas e possam ser cumpridas por diferentes Brincar, jogar e criar estão intimamente relacionados, pois
profissionais, legitimando a existência de um professor e um iniciam juntos. O brincar é sempre uma experiência criativa,
auxiliar. Os professores, ocupados com o caráter instrucional: uma experiência que consome um espaço e um tempo,
contar histórias, fazer trabalhos, enquanto, no âmbito da configurando uma forma básica de viver. Um momento
assistência, o auxiliar envolvido com as trocas de roupa, a significativo no brincar é aquele da admiração, no qual a
alimentação e a saúde. criança surpreende a si mesma.
Há, ainda, no debate em torno do binômio educar/cuidar, Nas práticas culturais que definem a atividade lúdica em
uma disputa pela obtenção da hegemonia entre os dois termos. cada grupo social, e em cada brincadeira em particular, a
A ascendência do termo cuidado sobre o termo educação surge criança pequena apreende brincando, brincando as
principalmente dos argumentos da filosofia, os quais complexifica e brincando as utiliza em novos contextos,
defendem que todas as relações e interações entre os sujeitos sozinha ou com outras crianças. A presença de uma cultura
pressupõem o cuidado. O cuidado, como modalidade lúdica preexistente torna possível o brincar como uma
específica das relações entre os humanos, é necessário para à atividade cultural que supõe aprendizagens de repertórios e
sobrevivência. Assim, todas as práticas cotidianas são vocabulários que a criança opera de modo singular em suas
cuidados (os cuidados básicos, os cuidados com os ambientes brincadeiras e jogos. Assim, os repertórios e o vocabulário de
coletivos físico, natural e social). Por outro lado, alguns autores jogo disponíveis para os participantes em um determinado
afirmam que os processos educacionais sempre implicam a grupo social compõem a cultura lúdica desse grupo e os
dimensão do cuidado. Esse debate está apenas começando e as repertórios e o vocabulário que um indivíduo conhece
argumentações de ambos os lados são pertinentes e compõem sua própria cultura lúdica.
consistentes. Os artefatos e as brincadeiras ensinadas pelos adultos, e
Alguns autores sugerem que, talvez, o uso da expressão observadas, imitadas e transformadas pelas crianças, tornam-
“cuidados educacionais” ponha sob melhor foco o se o repertório inicial. Assim como a geração adulta é
entendimento da indissociabilidade dessas dimensões. Ações importante na transmissão cultural, as crianças mais velhas
como banhar, alimentar, trocar, ler histórias, propor jogos e também são importantes agentes de divulgação da cultura
brincadeiras e projetos temáticos para se conhecer o mundo lúdica ao apresentarem outros repertórios e outros
são proposições de cuidados educacionais, ou ainda significam vocabulários.
uma educação cuidadosa. A brincadeira é a cultura da infância, produzida por
aqueles que dela participam e acionada pelas próprias

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atividades lúdicas. As crianças aprendem a constituir sua caminhos para as crianças. A compreensão de que a dinâmica
cultura lúdica brincando. Toda cultura é processo vivo de do mundo contemporâneo nos propõe muitas incertezas para
relações, interações e transformações. Isso significa que a o futuro, e que estas somente podem ser parcialmente
experiência lúdica não é transferível, não pode ser solucionadas, torna-se importante pensar a ação educativa em
simplesmente adquirida, fornecida através de modelos sua dinâmica contraditória e viva, pois imersa na cultura. Esta
prévios. Tem que ser vivida, interpretada, co-constituída, por situação exige um grupo de adultos - pais, professores,
cada criança e cada grupo de crianças em um contexto cultural gestores e profissionais - atualizados e atentos às suas opções,
dado por suas tradições e sistemas de significações que tem escolhas e decisões.
que ser interpretados, ressignificados, rearranjados,
recriados, incorporados pelas crianças que nesse contexto Rotina58
chegam. É praticamente impossível a reflexão sobre a organização
Para a constituição de contextos lúdicos é necessário do tempo na Educação Infantil sem incluir a rotina pedagógica.
considerar que as crianças ouvem música e cantam, pintam, Entretanto, é importante enfatizar que a rotina é apenas um
desenham, modelam, constroem objetos, vocalizam poemas, dos elementos que compõem o cotidiano, como veremos a
parlendas e quadrinhas, manuseiam livros e revistas, ouvem e seguir. Geralmente, a rotina abrange recepção, roda de
contam histórias, dramatizam e encenam situações, para conversa, calendário e clima, alimentação, higiene, atividades
brincar e não para comunicar “ideias”. Brincando com tintas, de pintura e desenho, descanso, brincadeira livre ou dirigida,
cores, sons, palavras, pincéis, imagens, rolos, água, exploram narração de histórias, entre outras ações. Ao planejar a rotina
não apenas o mundo material e cultural à sua volta, mas de sua sala de aula, o professor deve considerar os elementos:
também expressam e compartilham imaginários, sensações, materiais, espaço e tempo, bem como os sujeitos que estarão
sentimentos, fantasias, sonhos, ideias, através de imagens e envolvidos nas atividades, pois esta deve adequar-se à
palavras. A compreensão do mundo da criança pequena se faz realidade das crianças.
por meio de relações que estabelece com as pessoas, os Segundo Barbosa59 a rotina é “a espinha dorsal, a parte fixa
objetos, as situações que vivencia, pelo uso de diferentes do cotidiano”, um artefato cultural criado para organizar a
linguagens expressivas (o movimento, o gesto, a voz, o traço, a cotidianidade. A partir dessa premissa, é importante definir
mancha colorida). Nesse processo, as escolhas de materiais, rotina e cotidiano: Rotina - É uma categoria pedagógica que os
objetos e ferramentas que o adulto alcança promovem responsáveis pela educação infantil estruturaram para, a
diferenças no repertório e no vocabulário, na cultura material partir dela, desenvolver o trabalho cotidiano nas instituições
e imaterial na qual a criança está inserida. de educação infantil.
Garantir contextos que ofereçam e favoreçam
oportunidades para cada criança e o grupo explorarem [...] A importância das rotinas na educação infantil provém
diferentes materiais e instrumentos através de suas da possibilidade de constituir uma visão própria como
brincadeiras exige dos estabelecimentos educacionais concretização paradigmática de uma concepção de educação e
planejamento e organização de espaços e tempos que de cuidado (Barbosa). Cotidiano - [...] refere-se a um espaço-
disponibilizem materiais lúdicos. Assim é necessária a tempo fundamental para a vida humana, pois tanto é nele que
presença de brinquedos, de objetos e materialidades que acontecem as atividades repetitivas, rotineiras, triviais, como
possam ser transformados, e também áreas externas também ele é o lócus onde há a possibilidade de encontrar o
destinadas a atividades, lugares desafiadores para o inesperado, onde há margem para a inovação [...].
desenvolvimento de brincadeiras, bem como, de um modo
geral, a preparação de um ambiente físico que convide ao José Machado Pais afirma que não se pode reduzir o
lúdico, às descobertas e à diversidade, e que seja ao mesmo cotidiano ao rotineiro, ao repetitivo e ao a-histórico, pois o
tempo seguro, limpo e confortável, propiciando atividade e o cotidiano é o cruzamento de múltiplas dialéticas entre o
descanso, o movimento e a exploração minuciosa. rotineiro e o acontecimento (Barbosa).
Nosso país, além de ter um patrimônio histórico e um Bem elaborada, a rotina é o caminho para evitar a atividade
patrimônio humano tem também muitas manifestações pela atividade, os rituais repetitivos, a reprodução de regras,
culturais que são nosso patrimônio imaterial. A tradição oral os fazeres automáticos. Para tanto, é fundamental que a rotina
brasileira é rica em lendas, contos, personagens, jogos de rua, seja dinâmica, flexível, surpreendente. Barbosa aponta que a
brinquedos e artefatos feitos com matérias naturais, simples, rotina inflexível e desinteressante pode vir a ser “uma
que se encontram no cotidiano e oferecem traços culturais tecnologia de alienação”, se não forem levados em
importantes na construção do pertencimento social. consideração o ritmo, a participação, a relação com o mundo,
Porém, não bastam espaços, materiais e repertórios a realização, a fruição, a liberdade, a consciência, a imaginação
adequados, há a necessidade da presença de adultos sensíveis, e as diversas formas de sociabilidade dos sujeitos nela
atentos para transformar o ambiente institucional em um local envolvidos.
onde predomina a ludicidade. É necessário que o profissional A rotina é uma forma de organizar o coletivo infantil diário
que atua diretamente com a criança pequena tenha e, concomitantemente, espelha o projeto político-pedagógico
conhecimento sobre a “cultura lúdica”, um amplo repertório da instituição. A rotina é capaz de apresentar quais as
que possa ser oferecido às crianças nas diversas circunstâncias concepções de educação, de criança e de infância se
e, principalmente, compartilhe a alegria, a beleza e a ficção da materializam no cotidiano escolar. Com o estabelecimento de
brincadeira. O adulto, ao ser tocado em seu poder de objetivos claros e coerentes, a rotina promove aprendizagens
reaprender a espantar-se e maravilhar-se, torna este momento significativas, desenvolve a autonomia e a identidade, propicia
de aprendizado, um momento de regozijo entre ele e as o movimento corporal, a estimulação dos sentidos, a sensação
crianças. de segurança e confiança, o suprimento das necessidades
Tal compreensão implica abandonar práticas habituais em biológicas (alimentação, higiene e repouso). Isto porque a
educação, romper com a concepção de educação como rotina contém elementos que podem (ou não) proporcionar o
“fabricação” - dizendo às crianças como devem ser, pensar, bem-estar e o desenvolvimento cognitivo, afetivo, social,
agir e o que devem saber. É o desafio de abandonar a ideia de biológico.
educação como “formatação”, previamente definindo os

58 Texto adaptado produzido pela Secretaria de Estado de Educação do 59 BARBOSA, M. C. S. Por amor e por força: rotinas na educação infantil.

Distrito Federal, disponível em http://www.sinprodf.org.br/wp- Porto Alegre: Artmed, 2006.


content/uploads/2014/03/2-educacao-infantil.pdf

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De acordo com o Referencial Curricular Nacional para A partir da observação, é possível detectar como as
Educação Infantil (1998), a rotina deve adequar-se às crianças vivem o cotidiano da instituição. Esses sinais das
necessidades infantis e não o inverso. Ao observar e crianças ajudam a apontar possibilidades que não se limitam
documentar uma rotina (diária ou semanal, por exemplo), às rotinas formalizadas e dão subsídios para trazer à tona a
algumas reflexões emergem: valorização da infância em suas relações e práticas. Os
- Como as atividades são distribuídas ao longo do dia? E da profissionais, em muitos momentos, percebem no contato
semana? diário com as crianças que entre elas coexistem necessidades
- Com que frequência, em que momento e por quanto e ritmos diferentes. Mostram-se preocupados em não
tempo as crianças brincam? conseguir atender essa diversidade para que as crianças
- Quanto do dia é dedicado à leitura de histórias, inclusive possam vivenciá-la. Oscilam entre cumprir a tarefa que é
para os bebês? ordenar e impor a sincronia e, ao mesmo tempo, abrir espaço
- A duração e a regularidade das atividades têm assegurado para deixar aparecerem as individualidades, a simultaneidade,
a aquisição das aprendizagens planejadas? a “desordem” (Batista60).
- A criança passa muito tempo esperando entre uma e Desta forma, vivem cotidianamente um dilema, que é o de
outra atividade? respeitar e partilhar a individualidade, a heterogeneidade, os
- Como é organizado o horário das refeições? Onde são diferentes modos de ser criança ou seguir a rotina
feitas? estabelecida, cuja tendência é a uniformização, a
- E os momentos dedicados ao cuidado físico, são previstos homogeneidade, a rigidez que por vezes permeia as práticas
e efetivados com que frequência e envolvem quais materiais? educativas. Assim, o grande desafio dos profissionais que
- Como o horário diário de atividades poderia ser atuam na Educação Infantil é o de preconizar novas formas de
aperfeiçoado, em favor de uma melhor aprendizagem? intervenção, distinta do modelo de educação fundamental e,
- Há espaço para o imprevisto, o incidental, a imaginação, o consequentemente, com sentido educativo próprio (Batista).
fortuito? Cresce a relevância do planejamento cuidadoso, flexível,
- As crianças são ouvidas e cooperam na seleção e reflexivo que minimiza o perigo da rotina “cair na rotina”, no
organização das atividades da rotina? pior sentido da expressão: ser monótona, impessoal, sem
- Como as interações adulto/criança e criança/criança são graça, vazia, sem sentido para as crianças e até para os
contempladas na organização dos tempos, materiais e profissionais. Para tanto, conflito e tensão são elementos que
ambientes? estarão presentes e contrapõem-se a uma prática pedagógica
idealizada. Como diz a poeta Elisa Lucinda: “O enredo a gente
No caso da jornada em tempo integral, no período da sempre todo dia tece, o destino aí acontece (...)”.
manhã devem ser incluídos momentos ativos e calmos, dando O campo de aprendizagens que as crianças podem realizar
prioridade às atividades cognitivas. As crianças, depois de uma na Educação Infantil é muito grande. As situações cotidianas
noite de sono, estão mais descansadas para ampliar sua criadas nas creches e pré-escolas podem ampliar as
capacidade de concentração e interesse em atividades que possibilidades das crianças viverem a infância e aprenderem a
envolvem a resolução de problemas. É interessante, também, conviver, brincar e desenvolver projetos em grupo, expressar-
incluir atividades físicas no período da manhã, observando o se, comunicar-se, criar e reconhecer novas linguagens, ouvir e
tempo e a intensidade de calor e sol ou frio. recontar histórias lidas, ter iniciativa para escolher uma
Já o período da tarde, em uma jornada de tempo integral, atividade, buscar soluções para problemas e conflitos, ouvir
geralmente acaba por concentrar atividades como sono ou poemas, conversar sobre o crescimento de algumas plantas
repouso, refeições, banho, ou seja, as práticas sociais. O que que são por elas cuidadas, colecionar objetos, participar de
não significa que as Interações com a Natureza e a Sociedade, brincadeiras de roda, brincar de faz de conta, de casinha ou de
as Linguagens Oral e Escrita, Digital, Matemática, Corporal, ir à venda, calcular quantas balas há em uma vasilha para
Artística e o Cuidado Consigo e com o Outro não estejam distribuí-las pelas crianças presentes, aprender a arremessar
presentes por meio de atividades planejadas para surpreender uma bola em um cesto, cuidar de sua higiene e de sua
e motivar em uma sequência temporal que corre o risco da organização pessoal, cuidar dos colegas que necessitam de
monotonia ou da “linha de montagem”. ajuda e do ambiente, compreender suas emoções e sua forma
Nas jornadas de tempo parcial, por serem mais curtas, as de reagir às situações, construir as primeiras hipóteses, por
práticas sociais aparecem com menor frequência, ainda que exemplo, sobre o uso da linguagem escrita, e formular um
também estejam presentes. As Linguagens, as Interações com sentido de si mesmas (Oliveira61).
a Natureza e a Sociedade e o Cuidado Consigo e com o Outro O que caracteriza uma instituição de Educação Infantil, que
são geralmente o foco do trabalho pedagógico. Também é se diferencia de outros de locais de convivências, sejam
essencial abrir espaço e reservar tempo para as brincadeiras, públicos ou privados, é justamente a intencionalidade do
sejam livres, sejam dirigidas. projeto educativo, a especificidade da escola como agência que
Não se pode ignorar o fato de que muitas das ações da promove as aprendizagens (Ferreira62).
rotina estão pautadas nas relações de trabalho do mundo Dica: Sempre devemos considerar, na montagem das salas
adulto. Os horários de lanche, almoço, limpeza das salas, de Educação Infantil, os diferentes conhecimentos e linguagens
funcionamento da cozinha, as atividades das crianças estão que compõem o currículo, entre eles a leitura, escrita,
sintonizadas de acordo com a produtividade, a organização e a matemática, artes, música, ciências sociais e naturais, corpo e
eficácia que estão implicadas em uma organização capitalista. movimento. Ter material adequado, intencionalmente
Por vezes, as crianças querem ou propõem outros elementos selecionado para as atividades, contribui significativamente
que transgridam as formalidades da rotina, das jornadas para o aprendizado. É Importante também ter os nomes das
integrais ou parciais, dos momentos instituídos pelos crianças em destaque como na latinha de lápis de cor ou giz de
profissionais, sejam no sono, na alimentação, na higiene, na cera, assim como o varal de alfabeto, a tabela numérica e o
“hora da atividade”, nas brincadeiras, entre outros. calendário e sempre, ao longo do ano, utilizar os materiais

60 BATISTA, R. A rotina da creche: entre o proposto e o vivido. In: 24ª - Perspectivas atuais, 2010, Belo Horizonte. Anais do I Seminário Nacional:
Reunião Anual da Anped, 2001, Caxambu. Programa e resumos da 24º Reunião currículo em movimento. Perspectivas atuais. Belo Horizonte: Universidade
Anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação Federal de Minas Gerais, 2010.
(ANPED), 2001. 62 FERREIRA, B. S. Conteúdos na Educação Infantil: tensões contemporâneas.
61 OLIVEIRA, Z. de M. R. de. O currículo na educação infantil: o que propõem Dissertação de mestrado. UFRGS: 2012.
as novas diretrizes nacionais? In: I Seminário Nacional: Currículo em movimento

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produzidos pelas próprias crianças para colorir e significar o O desenvolvimento da inteligência permite, sem dúvida,
espaço da sala de aula. que a motivação possa ser despertada por um número cada
vez maior de objetos ou situações. Todavia, ao longo desse
Afetividade desenvolvimento, o princípio básico permanece o mesmo: a
Falar sobre a afetividade na relação interpessoal afetividade é a mola propulsora das ações, e razão está ao seu
educador/educando é fundamental para o processo de ensino serviço.
aprendizagem e relevante para que o aluno consiga um bom Essa investigação realizou-se por meio de uma pesquisa
desempenho no seu desenvolvimento. bibliográfica para a compreensão da importância da
No dicionário Aurélio, a afetividade é definida como um afetividade na relação professor-aluno em seu processo de
“conjunto de fenômenos psíquicos que manifestam ensino. Além do mais, foi elaborado um questionário com cinco
sentimentos e paixões, acompanhados sempre da impressão questões objetivas, aplicado a dez educadores de uma escola,
de dor, insatisfação, de agrado ou desagrado, de alegria ou de da rede pública de ensino de Patos de Minas.
tristeza” (Ferreira63). Alguns autores como Saltini64 definem a Dessa forma, esta pesquisa tem como objetivo
afetividade como “atitudes, valores, comportamentos moral e conscientizar os educadores sobre a importância do afeto e do
ético, desenvolvimento pessoal, desenvolvimento social, amor para o ato de educar, considerando-os elementos
motivação, interesse e atribuição, ternura, empatia, marcantes na relação pedagógica e na vida do ser humano.
sentimentos e emoções”. É importante mencionar o quanto o mundo de hoje está
Diante das definições citadas, podemos verificar que a globalizado, o que tem levado as pessoas a enfrentar sérios
afetividade pode ser demonstrada por meio de manifestações problemas como a questão cultural, a tecnologia, os problemas
que envolvem emoções, sentimentos e paixões da vida afetiva. financeiros, a separações de pais, e muitos outros, o que acaba
Faz-se necessário, então, que os professores propiciem um refletindo nas crianças, causando transtornos e prejudicando-
clima de cordialidade e respeito mútuo, para que, desta forma, as em seu meio escolar.
os alunos tenham autoestima e obtenham resultado positivo Faz-se importante então o conhecimento por parte do
no aspecto cognitivo na escola e fora dela. professor das dificuldades de aprendizagem do aluno,
Acredita-se que, ainda hoje, muitos educadores não podendo elas estar relacionadas ou não com a emoção.
percebem a importância da afetividade em sua prática Acreditamos que a afetividade é o caminho para se obter bons
pedagógica, levando em consideração somente a transmissão resultados tanto no desenvolvimento emocional quanto social
de conteúdos. Entretanto, sabemos que a educação está além do educando. Para tanto, um professor precisa saber lidar com
do aspecto cognitivo. Sabe-se que existem muitas formas de situações imprevisíveis, que poderão surgir com a criança.
ensinar, pois “o ato de educar só se dá com afeto, só se Assim, para exercer sua função, é preciso que o professor
completa com amor” (Chalita65). não se preocupe apenas com o conhecimento através de
Assim, o interesse em pesquisar sobre o tema da informação, mas também com as necessidades de cada aluno,
afetividade surgiu diante da relação de minhas filhas com ou seja, com seus sentimentos, como amor, afeto e motivação,
algumas professoras, nos anos iniciais do Ensino Fundamental para que assim o aluno sinta desejo de “aprender”. “Um
(muitas vezes percebi a falta de interesse e de prazer delas ao professor que faz a experiência de ser acolhido, na sua
frequentarem as aulas), e também por intermédio das aulas de integridade, com o que é como ser humano, dará novo brilho
Estágio Supervisionado que realizei, quando percebi a falta de ao seu campo de atuação” (Tissato66). Para Wallon67, “o
motivação dos alunos em sala de aula. desenvolvimento da pessoa é uma construção progressiva em
Desse modo, um professor, ao estar em seu ambiente de que se sucedem fases com predominância alternadamente
trabalho, deve conhecer suas funções e levar em consideração afetiva e cognitiva. Cada fase tem um colorido próprio, uma
a importância de ser simpático, sensível e amigo de seus unidade solidária, que é dada pelo predomínio de um tipo de
alunos. Motivando-os assim, com certeza os conduzirá a atividade”.
vencer obstáculos e desafios além de avançar em suas Portanto, a maneira que cada um sente suas emoções é
curiosidades. extremamente pessoal, e deve ser levada em conta a
Portanto, um professor deverá não só passar experiência de vida social e familiar que cada um tem. A escola,
conhecimentos, mas também conseguir despertar interesses e representada pelo professor, deve compreender o aluno em
a atenção das crianças. Para isso acontecer, é preciso que o seu universo, o que é de grande eficácia para seu trabalho
educador pense em algo que estimule e facilite a como educador.
aprendizagem. Conforme Ribeiro, “os alunos aprendem Na perspectiva de Wallon, há cinco estágios de
melhor quando são estimulados pelos professores a construir desenvolvimento do ser humano:
seu próprio conhecimento; portanto, lembre-se: aprender é - Impulsivo-emocional, que abrange o primeiro ano de
adquirir novas formas de ação, é evoluir”. vida: a predominância da afetividade orienta as primeiras
Dessa forma, a importância de se trabalhar a afetividade reações do bebê, as pessoas, as quais intercedem na sua
reside no fato de que a escola deve ser um espaço onde se relação com o mundo físico;
constroem relações humanas, mesmo sabendo que tem sua - Sensório-motor e projetivo, que vai até o terceiro ano: o
função apenas de ensinar conteúdos e de ajudar na formação interesse da criança se volta para a exploração sensório-
de cidadãos. É importante que a instituição se preocupe com o motora do mundo físico. A aquisição da marcha e da preensão
tema da afetividade para que, assim, a relação entre mestre e possibilita-lhe maior autonomia na manipulação de objetos e
aprendiz aconteça em um ambiente de harmonia, e para que a na exploração de espaços, e outro marco fundamental é o
aprendizagem, desse modo, possa fluir com mais facilidade, desenvolvimento da função simbólica e da linguagem;
pensando-se que o desenvolvimento do aluno e a interação - Personalismo, que ocorre dos três aos seis anos, em que
com os pais e professores podem facilitar no processo de a criança forma sua personalidade: a construção da
ensino-aprendizagem. Neste sentido, Dantas, La Taille e consciência de si dá-se por meio das interações sociais,
Oliveira afirmam: reorientando o interesse da criança para as pessoas, definindo
o retorno da predominância das relações afetivas;

63 FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário da Língua Portuguesa. 66 TISSATO, Nara Lúcia. Educação e afeto: importância das relações

São Paulo: Nova Fronteira. (fascículos folha de São Paulo), 1994/1995. interpessoais na orientação pedagógica. Revista do professor. Porto Alegre, 2002.
64 SALTINI, Cláudio J. P. Afetividade & inteligência. Rio de Janeiro: DPA, 1997. 67 WALLON, Henrin. Uma concepção dialética do desenvolvimento infantil. 3
65 CHALITA, Gabriel. Educação: a solução está no afeto. 8 ed. São Paulo: ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1995.
gente, 2001.

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- Categorial: por volta dos seis anos, os progressos professores fazem dos alunos como sendo uma “tabula rasa”,
intelectuais dirigem o interesse da criança para as coisas, para desprovido de origem, histórias, conhecimentos prévios e que,
o conhecimento e conquista do mundo exterior. por consequência, está em sua sala de aula para ouvir
passivamente as informações do detentor do conhecimento,
Dessa forma, é importante a relação entre os atores são as principais fontes geradoras da desmotivação. Com estes
escolares para a formação integral do sujeito, pois muitos procedimentos educacionais a possibilidade de o aluno estar
alunos, quando vão à escola, levam problemas que são ativo ao meio e a ação é totalmente coibida, e desta forma
detectados pelo professor, antes mesmo que na própria acreditamos que a única motivação intrínseca que o aluno
família. Contudo, muitas vezes são constatados, condenados pode ter é a de reagir não aprendendo.
ou esquecidos, rapidamente, em função do conhecimento
formal, do currículo escolar, não se determinando tempo para Entretanto, é importante ressaltar ainda que os
o trabalho com a dimensão afetiva do(a) aluno(a). educadores, como profissionais ligados à educação, atuem
Segundo Chalita, “é importante que o professor tenha conscientes de seu dever, tendo em vista que sua
entusiasmo, paixão, que vibre com as conquistas de cada um responsabilidade se dá pelo fato de estar lidando com pessoas,
de seus alunos, não discrimine ninguém, não se mostre mais exigindo por isso que o processo de ensino seja ministrado
próximo de alguns alunos, deixando os outros à deriva”. Para com seriedade, mas também com afetividade, por ser de suma
o autor, o professor que se busca construir é aquele que importância nesse processo. Para Freire70, ensinar é uma
consegue de verdade ser um educador, que conhece o universo tarefa profissional que, no entanto, exige amorosidade,
do educando, que tenha bom senso, que permita e proporcione criatividade e competências. O processo de ensinar, que
o desenvolvimento da autonomia de seus alunos. De acordo implica o de educar e vice-versa, envolve a paixão do conhecer
com Silva, a escola comete erros porque desconhece as que nos insere numa busca prazerosa, ainda que nada fácil.
características do funcionamento da mente humana em suas Lidamos com gente, com criança, adolescentes ou adultos.
fases de desenvolvimento; erra por não conhecer conteúdos Participamos de sua formação. Ajudamo-las ou prejudicamos
culturais que possam contextualizar concretamente os alunos, nessa busca.
e erra ainda, por desconhecer as histórias de vida de cada um. A afetividade é um aspecto no qual se inserem grandes
A partir desses conceitos, é preciso que a educação manifestações que devem ser praticadas em todo lugar. No
brasileira aponte para políticas públicas que tenham como cotidiano escolar, espaço onde a criança fica maior parte de
meta uma escola de qualidade para todos. Contudo, seu tempo com o professor, na maioria das vezes muitos
percebemos que além dos conteúdos ministrados, para uma conflitos acontecem, levando tanto o educador quanto o aluno
educação de qualidade, o professor deve estar consciente do a desajustes emocionais, como raiva, medo, desespero,
seu papel na relação professor/aluno, bem como dos aspectos angústia, insegurança. Portanto, as emoções dos alunos devem
afetivos para a formação de um cidadão que se relaciona e ser observadas com mais atenção. Por isso, toda criança, assim
interaja com os outros. A afetividade é um sentimento gerador como o adulto, necessita interagir mais fortemente “um com o
de energia que envolve as crianças desde seu nascimento, outro”. Deste modo, é importante entre os seres humanos uma
influenciando em seu processo de aprender, e assim, em sua troca de afetividade que traz grandes benefícios às pessoas,
formação. bem como contribui para que as relações interpessoais
Nesse sentido, o professor deve acolher seu aluno, e isto é aconteçam de modo harmonioso.
uma habilidade fundamental no que se refere às relações Wallon afirma que, nas interações marcadas pela elevação
humanas. Para que isso ocorra, é preciso que o professor mude da temperatura emocional, cabe ao professor “tomar a
sua postura no ato de educar, tendo clareza de que ensinar é iniciativa de encontrar meios para reduzi-las, invertendo a
um gesto que deve ser aplicado através de atos como direção de forças que usualmente se configura: ao invés de se
direcionar, oportunizar, orientar, motivar e construir deixar contagiar pelo descontrole emocional das crianças,
conhecimentos. Deve, também, o educador levar em deve procurar contagiá-las com sua racionalidade”.
consideração o importante desejo do aluno de se Neste viés, a escola, por ser um meio social onde se
autodescobrir para aprender, fator imprescindível no início de constroem diferentes relações, deve propor atividades que
sua aprendizagem significativa. Com isso, promoverá o promovam oportunidades aos alunos de questionar, fazer
desenvolvimento equilibrado dos recursos da inteligência que opções, relatar seus sentimentos positivos ou negativos.
o aluno tem e não apenas da memória. Acerca desse assunto, Cabe ao professor, em seu âmbito de trabalho, propiciar ao
Masseto (apud Kullok68) afirma que quando pensamos em educando situações em que ele participe ativamente das
ensinar, as ideias associativas nos levam a instruir, a atividades e, assim, elaborar conceitos, construir valores para
comunicar conhecimentos ou habilidades, fazer, saber que possa aperfeiçoá-los a partir de seus próprios
mostrar, guiar, orientar, dirigir ações de um professor que conhecimentos. Assim, por meio do diálogo do professor com
aparece como agente principal e responsável pelo ensino. o aluno, a escola será mais atuante e mais significativa na vida
Assim, sabemos que para ocorrer a aprendizagem, é da criança.
preciso que seja em uma relação de amizade, solidariedade e É preciso também, neste momento, que a atitude do
respeito mútuo entre professor e aluno. É preciso que a educador seja bastante equilibrada, sem autoritarismo, mas
afetividade esteja presente em cada momento, nesse processo, sem o professor perca sua autoridade de professor. Para
para que possa promover o desenvolvimento integral e Silva71, para achar o meio termo entre essas posições, o
harmonioso do educando, para assim, facilitar a aprendizagem professor deverá:
através de seus conhecimentos. - Lembrar-se de que seu papel é transformar outra pessoa,
Além do mais, enfatizando a ideia da importância do mas sem moldá-la à sua própria imagem;
ambiente escolar no processo ensino aprendizagem é que - ter atitudes acolhedoras; respeitar o aluno, estar atento
Nogueira69, afirma: ao esforço dele e cultivar sua confiança;
[...] O ambiente escolar na sua forma mais clássica, os - relacionar-se com cada um e ao mesmo tempo com toda
métodos por muitos empregados e a leitura que alguns a turma;

68 KULLOH, Maisa Gomes Brandão. Relação professor/aluno: contribuição à 70 FREIRE, Paulo. Professora sim, tia não: cartas a quem ousa ensinar. 11 ed.

prática pedagógica. Maceió: Edufal, 2002. São Paulo: Olhos D’Água, 2002.
69 NOGUEIRA, Nilbo Ribeiro. Pedagogia dos projetos: uma jornada 71 SILVA, Adriana Vera. Afetividade: será que sua classe enxerga você assim?

interdisciplinar rumo ao desenvolvimento das múltiplas inteligências. São Paulo: Revista Nova Escola, 1996.
Erica, 2001.

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- ser hábil na escolha e apresentação de atividade e afetivos e cognitivos da criança para que, assim, seja capaz de
envolver-se no trabalho junto com a classe; “detectar” se o aluno tem alguma dificuldade no aspecto
- criar estratégias indiretas de controle; cognitivo ou mesmo problemas de ordem afetiva. Assim, o
- ter boas expectativas em relação à turma toda; professor pode fazer intervenções adequadas. Sob esse
- discutir com os colegas, com o orientador e com a própria enfoque é que Weil75 fala que quando surgem problemas de
classe (desde que isso não piore as coisas) os conflitos que incompreensão geral ou localizada em certa matéria, o
você tem com a turma. professor tem de investigar as causas dessas insuficiências,
Desta forma, devemos ressaltar que, no processo da achando caminhos para preencher as lacunas e ajudar os
relação entre sujeitos, é fundamental a busca do alunos.
conhecimento, e isso só será alcançado se houver um processo Desse modo, podemos perceber que a relação afetiva tem
em que haja interação entre professor (ensino) e aluno sua relevância na interação interpessoal das pessoas, bem
(aprendizado), que tem como objetivo produzir mudanças. como do professor/aluno. Vygotsky considera a afetividade de
Segundo Rogers (apud Ribeiro72), mudar o foco do ensino para suma importância no funcionamento psicológico do ser
a facilitação da aprendizagem, ou seja, não se preocupar tanto humano, pois o sentimento pode conduzir à aprendizagem. O
com as coisas que o aluno deve aprender ou com aquilo que vai professor deve ter então uma conduta que conduza seu aluno
ser ensinado, mas sim com o como, por que e quando a um aprendizado que dê prazer à criança, além de despertar
aprendem os alunos, como se ouve e se sente a aprendizagem, sua imaginação e seu gosto pelo aprender.
e quais as suas consequências sobre a vida do aluno. Para Vygotsky, a aprendizagem ocorre: Quando associado
De acordo com o autor, também o professor deve buscar a uma tarefa que é importante para o indivíduo, que de certo
identificar, nos fatores implicados em cada situação, aqueles modo, tem suas raízes no centro da personalidade do
que agem como combustíveis para o agravamento da crise, indivíduo, o pensamento realista da vida, as experiências
tendo em vista a suscetibilidade das manifestações emocionais emocionais, são muito mais significativas do que a imaginação
às reações do meio social. Acredita-se que os ou o devaneio.
encaminhamentos de professor, se adequados, podem influir
decisivamente sobre a redução dos efeitos desagregadores da Alimentação76
emoção. Esta fase é caracterizada pelo amadurecimento da
Contudo, muito se tem discutido hoje sobre a habilidade motora, da linguagem e das habilidades sociais
superficialidade das relações humanas na vida social, em que relacionadas à alimentação, sendo este um grupo vulnerável
as pessoas têm cada vez mais deixado seus sentimentos de que depende dos pais ou responsáveis para receber
lado. O mundo hoje está dominado pelo jogo de interesses, alimentação adequada.
pelo consumismo, pela luta pela sobrevivência, entre outros A fase pré-escolar envolve comportamentos e atitudes que
que têm contribuído para uma humanidade em que há falta de persistirão no futuro, podendo determinar uma vida saudável,
afeto. à medida que um conjunto de ações que envolvem o ambiente
Faz-se necessário, então, que o educador conheça bem seu familiar e escolar forem favoráveis ao estímulo e a garantia de
aluno, no que diz respeito a suas inseguranças, dificuldades, práticas alimentares adequadas.
bem como o contexto de vida em que ele se encontra, suas As creches devem proporcionar condições de garantia
relações familiares, sua relação com os colegas, até mesmo para o desenvolvimento do potencial de crescimento
com seu professor. “Para educar o ser humano é fundamental adequado e a manutenção da saúde integral das crianças,
conhecê-lo profundamente, bem como respeitar seu envolvendo aspectos educacionais, sociais, culturais e
desenvolvimento, tendo a percepção correta de como esse ser psicológicos.
se desenvolve” (Mendonça73). A OMS e o Ministério da Saúde recomendam o aleitamento
Neste sentido, um professor sensato é aquele que tem materno exclusivo por seis meses e complementar até os 2
plena consciência de sua postura dentro da sala de aula, anos ou mais.
levando em consideração sua relação com o aluno. O educador Os benefícios e as vantagens da amamentação devem
deve proporcionar um ambiente harmonioso, numa relação de estimular profissionais da educação e da saúde a utilizarem
respeito e, assim, o desenvolvimento da criança será melhor seus conhecimentos no sentido de promover e apoiar esta
em todos os aspectos. prática.
Além do mais é importante também que o profissional na Nas creches, visando contribuir para a manutenção do
área da educação busque inovar sempre seus conhecimentos a aleitamento materno pelo maior tempo possível, os líquidos
partir dos já adquiridos. Então, o professor na sua prática deverão ser oferecidos as crianças em copos ou colheres.
pedagógica deve realizá-la, observando o aspecto afetivo, Deve-se lembrar que a mãe poderá continuar a amamentar a
deixando seu aluno expor suas ideias, como forma de auxiliar criança em casa, de manhã e à noite e deve-se buscar facilitar
na relação professor aluno e também em sua aprendizagem. esta prática, evitando-se o desmame total da criança.
Assim, Saltini74 diz que “a escola deveria também saber Na impossibilidade do aleitamento materno em tempo
que em função dessas articulações, a relação que o aluno integral, como no caso de lactentes frequentadores de creches
estabelece com o professor é fundamental enquanto elemento em período integral a partir dos 4 meses, há necessidade de
energizante do conhecimento”. algumas orientações:
O autor fala também que o hábito de expor o que sentimos
afetivamente nos dá condições de operar constantemente o A alimentação na creche das crianças de 4 a 12 meses deve
mundo interior das fantasias e dos desejos e constituir-se de:
consequentemente das configurações interiores. Dessa forma, - Menores de 4 meses: apenas alimentação láctea;
é fundamental que a escola, na figura do educador, esteja - Dos 4 aos 8 meses: leite, papa de frutas e papa salgada;
consciente da importância do desenvolvimento dos aspectos

72 RIBEIRO, José Geraldo Gomes da Cruz. Relação professor/aluno: 75 WEIL, Pierre. A criança, o lar e a escola. Rio de Janeiro: Civilização

contribuição à prática pedagógica. Maceió: Edufal, 2002. Brasileira, 1969.


73 MENDONÇA, Mônica Marques. A importância da afetividade na relação 76 Manual de orientação para a alimentação escolar na educação infantil,

professor/aluno. 2005, 36p. Monografia (graduação em Pedagogia). Faculdade ensino fundamental, ensino médio e na educação de jovens e adultos /
de Filosofia, Ciências e Letras de Patos de Minas, Centro Universitário de Patos de [organizadores Francisco de Assis Guedes de Vasconcelos...et al.] - 2. ed. - Brasília:
Minas. PNAE: CECANE-SC, 2012.
74 SALTINI, Claudio J.P. Afetividade e inteligência: a emoção na educação. 3

ed. Rio de Janeiro: DP&A, 1999.

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- Após completar 8 meses: leite, fruta in natura, papa social, bem como a literatura especializada. Contudo o
salgada ou a refeição oferecida às demais crianças; entendimento amplo do que significa essa dimensão e,
- Após completar 12 meses: leite com frutas, pão, cereal ou sobretudo, a organização, as atitudes e os procedimentos
tubérculos, frutas, refeição normal oferecida às demais necessários para sua efetivação com a participação da criança,
crianças da creche. ainda são controversos.
A importância de considerarmos a promoção da saúde e
Após os seis meses de idade, a criança amamentada deve bem-estar das crianças como uma responsabilidade das
receber alimentos, priorizando a inclusão de cereais, instituições educativas em parceria com familiares e serviços
tubérculos, carnes e leguminosas e após completar sete meses de saúde começa pela aceitação do fato de que é impossível
de vida, respeitando-se a evolução da criança, deve-se cuidar e educar crianças sem influenciar ou ser influenciado
priorizar alimentos como arroz, feijão, carne, legumes, pelas práticas sociais relativas à manutenção e recuperação da
verduras e frutas. O mel não deve ser oferecido para crianças saúde e bem-estar dos envolvidos neste processo. Mas para
menores de um ano pelo risco de contaminação. que esta influência seja promotora do crescimento e
Entre os seis e os 12 meses de vida, a criança necessita se desenvolvimento saudáveis em cada contexto sociocultural, é
adaptar aos novos alimentos, cujos sabores, texturas e preciso que os professores e gestores em Educação Infantil
consistências são muito diferentes do leite materno. reflitam criticamente sobre as informações que possuem do
Os profissionais vinculados à elaboração e administração processo saúde-doença das crianças brasileiras, das diversas
das refeições das crianças devem ser capacitados quanto ao e, às vezes, controversas mensagens indiretas e diretas que
preparo e conhecimento adequados relativo ás técnicas recebem via mídia, revistas, jornais e outros meios de
corretas e seguras de elaboração dos alimentos/refeições, bem informação. Desta forma estarão conscientes de que as
como o número e horário das mesmas. escolhas individuais e coletivas ao planejarem, organizarem e
Existem creches onde as crianças permanecem em período operarem a rotina cotidiana relativa às atitudes e aos
integral e por isso, devem receber o lanche da manhã, almoço, procedimentos dos cuidados, às brincadeiras e atividades
lanche da tarde e jantar. O conjunto destas refeições deve educativas (stricto sensus), podem influenciar as práticas
atender, no mínimo, 70% das necessidades nutricionais culturais de cuidado infantil e a saúde individual e coletiva das
diárias das crianças. crianças e da comunidade onde estão inseridas.
Existem crianças que permanecem na creche somente A importância da dimensão do trabalho dos professores
meio período. As crianças que permanecem pela manhã, neste âmbito, é que as crianças que convivem no espaço de
recebem o lanche da manhã e o almoço e as crianças que uma creche ou pré-escola e interagem com os colegas e
permanecem à tarde devem receber o lanche da tarde e o profissionais da unidade, continuam interagindo diariamente
jantar, sendo que este conjunto de duas refeições deve com seus familiares nas comunidades onde residem e com as
atender, no mínimo, 30% das necessidades nutricionais quais se relacionam. Isto implica reconhecer que todos os
diárias das crianças. aspectos dessa diversidade de relações devem ser
considerados, incluindo-se as práticas sociais e as políticas
Restrições Alimentares públicas voltadas à prevenção e ao controle dos problemas de
Na alimentação complementar não devem ser oferecidas saúde prevalentes na comunidade.
preparações contendo sal, açúcar e gordura em excesso. Os As instituições de educação infantil que possibilitam que as
alimentos devem ser de fácil preparação, adquiridos, crianças interajam e tenham acesso a aprendizagens
armazenados e preparados de forma a não apresentar riscos significativas e cuidados profissionais de boa qualidade são
de contaminação. Devem ser ricos em micronutrientes, em possibilidades inegáveis de promoção do desenvolvimento
quantidade adequada a idade da criança, sendo que os integral e relações sociais saudáveis. Por outro lado, a
alimentos consumidos pelos adultos devem ser utilizados e convivência de bebês e crianças pequenas em ambiente
introduzidos gradualmente. coletivo, associada às vezes, ao desmame precoce, pode
Não deve ser oferecido as crianças refrigerantes, sucos aumentar o risco de adquirirem infecções respiratórias,
industrializados, doces em geral, balas, chocolate, sorvetes, gastrointestinais e outras prevalentes em menores de cinco
biscoitos recheados, salgadinhos, enlatados, embutidos. Estes anos, o que requer cuidados e medidas de controle específicos.
alimentos possuem excesso de gordura, açúcar, conservantes Assim, é preciso que os profissionais da educação reconheçam
ou corantes e podem comprometer o crescimento e seu papel na promoção de saúde da criança e que os
desenvolvimento, promover a carências de vitaminas e profissionais de saúde ultrapassem o discurso sobre a creche
minerais, além de aumentarem o risco de doenças como como fator de risco e a reconheçam como rede de apoio efetiva
alergias e obesidade. para a infância brasileira.
É importante considerar que as práticas alimentares são Ao perceber o processo saúde-doença como um estado
adquiridas durante toda a vida, destacando-se os primeiros dinâmico e determinado socialmente, não se justifica o
anos como um período muito importante para o discurso de que na creche e na pré-escola são atendidas
estabelecimento de hábitos alimentares que promovam a apenas crianças saudáveis, pois o limite entre saúde e doença
saúde do indivíduo desde a infância até a idade adulta. é tênue e relativo, sobretudo em uma fase da vida de maior
A escola por sua vez exerce notável influência na formação vulnerabilidade biológica. Isto não significa que as crianças
de crianças e adolescentes constituindo-se num centro de que manifestem eventualmente doenças agudas ou crônicas
convivência e ensino-aprendizagem, onde deve haver um em crise, não necessitem, às vezes, serem temporariamente
envolvimento de toda a comunidade escolar, alunos, afastadas da unidade educacional até que se recuperem e
professores, funcionários, pais e nutricionista, que participem possam conviver em espaço coletivo. Para isto, é preciso
de forma integrada em estratégias e programas de promoção definir e descrever critérios e formar professores para
da alimentação saudável, garantindo assim a qualidade das identificar as situações e seguir as recomendações técnicas
refeições servidas. para inclusão e exclusão temporária daquelas que apresentem
alterações no estado de saúde, evitando o afastamento
Higiene e Saúde desnecessário ou prolongado que nega o direito de todas as
O reconhecimento de que as instituições educacionais crianças à educação infantil.
devem preocupar-se com a saúde e bem-estar das crianças é
expresso em vários documentos publicados no País que “A dimensão do cuidado, no seu caráter ético, é assim
norteiam as políticas públicas de educação, saúde e justiça orientada pela perspectiva de promoção da qualidade e

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sustentabilidade da vida e pelo princípio do direito e da - A política de creche reconhece que os adultos que
proteção integral da criança. O cuidado, compreendido na sua trabalham com as crianças têm direito a condições favoráveis
dimensão necessariamente humana que coloca homens e para seu aperfeiçoamento pessoal, educacional e profissional;
mulheres em relações de intimidade e afetividade, é - A política de creche reconhece a importância da
característico não apenas da Educação Infantil, mas de todos comunicação entre famílias e educadores.
os níveis de ensino. Na Educação Infantil, todavia, a A pessoa responsável pelo cuidado diário da criança
especificidade da criança bem pequena que necessita do precisa de ferramentas para identificar e atender necessidades
professor até adquirir autonomia para os cuidados de si, expõe específicas, ou seja, conhecimento suficiente sobre o
de forma mais evidente a relação indissociável do educar e desenvolvimento humano, sobre a articulação das práticas
cuidar nesse contexto” culturais com procedimentos adequados para ambientes
(Parecer CNE/CEB nº 20/09, que aponta as Diretrizes coletivos, sobre os aspectos legais e éticos do processo de
Curriculares Nacionais de Educação Infantil). cuidar em ambiente educativo.
Outro desafio é o equilíbrio entre cuidado individualizado,
Repouso considerando a dinâmica do tempo e do espaço no coletivo e
Assim como os demais espaços da instituição, o espaço sua articulação com as brincadeiras e atividades diversificadas
destinado a esta faixa etária deve ser concebido como local que têm objetivos educativos específicos. Este desafio é diário
voltado para cuidar e educar crianças pequenas, incentivando e superado pela constante observação, avaliação e
o seu pleno desenvolvimento. As crianças de 0 a 1 ano, com planejamento, ajustando-se os ritmos e reorganizando-se os
seus ritmos próprios, necessitam de espaços para engatinhar, ambientes.
rolar, ensaiar os primeiros passos, explorar materiais É preciso lembrar que os cuidados com a alimentação,
diversos, observar, brincar, tocar o outro, alimentar-se, tomar conforto, proteção, quando organizados e operacionalizados
banho, repousar, dormir, satisfazendo, assim, suas no contexto de diversos países, culturas e grupos sociais,
necessidades essenciais. Recomenda-se que o espaço a elas podem diferenciar-se na forma como permitem a participação
destinado esteja situado em local silencioso, preservado das da criança ou o acesso dela aos objetos, alimentos, ambientes,
áreas de grande movimentação e proporcione conforto resultando em práticas diversas que influem na forma como
térmico e acústico. ela desenvolve habilidades e constrói conhecimentos e como
Espaço destinado ao repouso, contendo berços ou se mantém mais ou menos dependente dos adultos.
similares onde as crianças possam dormir com conforto e Compartilhar cuidados com as famílias implica em
segurança. Recomenda-se que sua área permita o acompanhar o processo de crescimento e desenvolvimento
espaçamento de no mínimo 50 cm entre os berços para infantil, ministrar, observar e registrar a evolução de um
facilitar a circulação dos adultos entre estes. resfriado, a aceitação dos alimentos complementares por um
Sugestões para os aspectos construtivos: 77 lactente que inicia o desmame ou está em processo de
- Piso liso, mas não escorregadio e de fácil limpeza; adaptação na creche; ministrar medicamentos orais ou aplicar
- Janelas com abertura mínima de 1/5 da área do piso, pomadas e cremes para tratamentos que a criança necessite,
permitindo a ventilação e a iluminação natural, visibilidade identificar sinais de mal-estar ou traumas manifestos pelas
para o ambiente externo, com possibilidade de redução da crianças quando sob seus cuidados, acalmando-as e
luminosidade pela utilização de veneziana (ou similar) vedada providenciando os primeiros cuidados, até que sejam
com telas de proteção contra insetos, quando necessário; encaminhadas ao serviço de saúde e prestar os primeiros
- Portas com visores, largas, que possibilitem a integração cuidados diante de uma emergência; ensinar os cuidados com
entre as salas de repouso e de atividades, facilitando o cuidado o corpo para propiciar conforto, segurança e bem-estar.
com as crianças; Para isto, o professor precisa contar com apoio dos
- Paredes pintadas com cores suaves; no caso de gestores e coordenadores que se responsabilizem pelas
iluminação artificial, que seja preferencialmente indireta. parcerias com os serviços de saúde locais e programas de
formação continuada. É preciso refletir com os gestores de
Proteção, bem-estar e desenvolvimento da criança78 cada região do país, envolvendo as Secretarias de Saúde e
- O programa para as creches prevê educação e cuidado de Educação, a viabilidade de cada creche e pré-escola ter o
forma integrada visando, acima de tudo, o bem-estar e o suporte técnico de um enfermeiro e, quando necessário, de
desenvolvimento da criança; outros profissionais de saúde, para compartilhar a formação e
- A melhoria da qualidade dos serviços oferecidos nas supervisão dos professores.
creches é um objetivo do programa;
- As creches são localizadas em locais de fácil acesso, cujo Questões
entorno não oferece riscos à saúde e segurança;
- Os projetos de construção e reforma das creches visam, 01. (UFPR - Prefeitura de Curitiba/PR - Docência I -
em primeiro lugar, o bem-estar e o desenvolvimento da 2016) Em um grupo de berçário, uma das professoras convida
criança; os bebês, que estão envolvidos em situações diversificadas
- A política de creche reconhece que os profissionais são pela sala na companhia das demais professoras, para trocar a
elementos chave para garantir o bem-estar e o fralda. Todo o processo, desde o momento de retirada do bebê
desenvolvimento da criança; da sala para o trocador, é mediado pela fala da professora, que
- As creches dispõem de um número de profissionais pede licença para pegar o bebê e trocá-lo, que enuncia cada
suficiente para educar e cuidar de crianças pequenas; ação que desenvolve de forma antecipada e procura atribuir
- O programa dá importância à formação profissional sentido às expressões e manifestações corporais dos bebês
prévia e em serviço do pessoal, bem como à supervisão; expressando por palavras a sua interpretação. Todo esse
- A formação prévia e em serviço concebe que é função do processo de comunicação da professora com o bebê é
profissional de creche educar e cuidar de forma integrada; importante porque:
- Os profissionais dispõem de conhecimentos sobre (A) No primeiro ano de vida, o bebê utiliza a linguagem não
desenvolvimento infantil; verbal, ou seja, as emoções e intenções são expressas pelo

77 Brasil. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. 78 Critérios para um atendimento em creches que respeite os direitos

Parâmetros básicos de infraestrutura para instituições de educação infantil: fundamentais das crianças / Maria Malta Campos e Fúlvia Rosemberg. - 6.ed.
Encarte 1. Brasília: MEC, SEB, 2006. Brasília: MEC, SEB, 2009.

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APOSTILAS OPÇÃO

corpo e interpretadas pelo adulto. O agir do bebê é estimulado 05. (SEARH/RN - Professor - Pedagogia - Anos Iniciais -
pelo adulto, que reage lhe dando uma resposta. IDECAN/2016) Conceber a criança como o ser social que ela é
(B) A incapacidade do bebê de comunicar aquilo que sente significa, EXCETO:
exige que a professora interprete e atribua sentido de acordo (A) Ocupar um espaço somente geográfico.
com aquilo que intenciona. Assim, o que predomina não são as (B) Pertencer a uma classe social determinada.
emoções e intenções do bebê, mas da professora. (C) Considerar que a criança tem uma história.
(C) A linguagem oral tem caráter genético, de modo que o (D) Estabelecer relações definidas segundo seu contexto
trabalho pedagógico com essa linguagem até pode iniciar de origem.
antes dos dois anos de idade, mas é só a partir dessa idade que
as crianças iniciam o processo de enunciação e Gabarito
desenvolvimento do pensamento, por meio da função
generalizante. 01.A / 02.D / 03.B / 04.C / 05.A
(D) A criança aprende por repetição, tendo em vista que
ela, antes dos dois anos, não capta na linguagem oral uma
intenção presente, bem como o tipo de emoção que
acompanha a fala dirigida a ela. Estatuto da Criança e do
02. (Prefeitura de Betim/MG - Professor de Educação
Adolescente
Infantil) Em relação ao cuidar, é CORRETO afirmar:
(A) Na instituição infantil, o atendente de apoio pedagógico
é o responsável exclusivo pelas trocas de fraldas, LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 199079
acompanhamento das crianças ao banheiro, organização da
hora do sono e alimentação. DISPÕE SOBRE O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO
(B) Embora as crianças tenham necessidades diferentes, os ADOLESCENTE E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS.
horários de sono e repouso devem ser cumpridos por todos, ao
mesmo tempo, a fim de que a instituição se reorganize. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o Congresso
(C) Crianças pequenas gostam de se alimentar sozinhas, Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
mas isso não deve ser incentivado porque podem ocorrer
desperdícios; assim o educador não saberá se a criança está Título I
bem alimentada. Das Disposições Preliminares
(D) A organização dos momentos em que são previstos
cuidados com o corpo, uso dos sanitários e repouso pode Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e
variar, segundo os grupos etários atendidos. ao adolescente.

03. (SEARH/RN - Professor - Pedagogia - Anos Iniciais - Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a
IDECAN/2016) Analise as afirmativas correlatas. pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela
I. “A criança se desenvolve e se socializa em diferentes entre doze e dezoito anos de idade.
espaços." Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se
Portanto excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte
II. “Desenvolvimento e socialização definem o papel da e um anos de idade.
educação infantil."
Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos
Assinale a alternativa correta. fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da
(A) As duas afirmativas são falsas. proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se lhes, por
(B) A primeira afirmativa é verdadeira e a segunda, falsa. lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a
(C) A segunda afirmativa é uma justificativa correta da fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral,
primeira. espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.
(D) As duas afirmativas são verdadeiras, mas não Parágrafo único. Os direitos enunciados nesta Lei aplicam-
estabelecem relação entre si. se a todas as crianças e adolescentes, sem discriminação de
04. (Prefeitura de Betim/MG - Professor de Educação nascimento, situação familiar, idade, sexo, raça, etnia ou cor,
Infantil) A Educação Infantil é um direito das crianças religião ou crença, deficiência, condição pessoal de
brasileiras. Em relação à função das instituições de ensino desenvolvimento e aprendizagem, condição econômica,
infantil, é CORRETO afirmar que: ambiente social, região e local de moradia ou outra condição
(A) Se prestam ao cuidado de crianças de 0 a 2 anos, que diferencie as pessoas, as famílias ou a comunidade em que
substituindo a ação de familiares que não têm disponibilidade vivem. (incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
para cuidar de seus filhos, por falta de renda ou por trabalhar
fora de casa. Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em
(B) Desenvolvem práticas assistencialistas, reforçando a geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a
parceria entre Estado, comunidades carentes e grande capital efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação,
financeiro. à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura,
(C) Atendem populações de 0 a 6 anos, para oferecer à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e
cuidado referente à higiene, à alimentação, à saúde e ao comunitária.
desenvolvimento de atividades psicopedagógicas e lúdicas. Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:
(D) As creches e pré-escolas existem porque atendem a um a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer
direito das famílias, principalmente, das mães trabalhadoras, circunstâncias;
que precisam ser liberadas das tarefas domésticas. b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de
relevância pública;

79http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm. Acesso em
20/08/2018 às 17h28min.

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c) preferência na formulação e na execução das políticas natal, bem como da puérpera que não comparecer às consultas
sociais públicas; pós-parto. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas § 10. Incumbe ao poder público garantir, à gestante e à
relacionadas com a proteção à infância e à juventude. mulher com filho na primeira infância que se encontrem sob
custódia em unidade de privação de liberdade, ambiência que
Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de atenda às normas sanitárias e assistenciais do Sistema Único de
qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, Saúde para o acolhimento do filho, em articulação com o
violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer sistema de ensino competente, visando ao desenvolvimento
atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais. integral da criança. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)

Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os Art. 9º O poder público, as instituições e os empregadores
fins sociais a que ela se dirige, as exigências do bem comum, os propiciarão condições adequadas ao aleitamento materno,
direitos e deveres individuais e coletivos, e a condição peculiar inclusive aos filhos de mães submetidas a medida privativa de
da criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento. liberdade.
§ 1o Os profissionais das unidades primárias de saúde
Título II desenvolverão ações sistemáticas, individuais ou coletivas,
Dos Direitos Fundamentais visando ao planejamento, à implementação e à avaliação de
Capítulo I ações de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno e
Do Direito à Vida e à Saúde à alimentação complementar saudável, de forma contínua.
(Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a proteção à § 2o Os serviços de unidades de terapia intensiva neonatal
vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais deverão dispor de banco de leite humano ou unidade de coleta
públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio de leite humano. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
e harmonioso, em condições dignas de existência.
Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de atenção à
Art. 8o É assegurado a todas as mulheres o acesso aos saúde de gestantes, públicos e particulares, são obrigados a:
programas e às políticas de saúde da mulher e de planejamento I - manter registro das atividades desenvolvidas, através de
reprodutivo e, às gestantes, nutrição adequada, atenção prontuários individuais, pelo prazo de dezoito anos;
humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério e atendimento II - identificar o recém-nascido mediante o registro de sua
pré-natal, perinatal e pós-natal integral no âmbito do Sistema impressão plantar e digital e da impressão digital da mãe, sem
Único de Saúde. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) prejuízo de outras formas normatizadas pela autoridade
§ 1o O atendimento pré-natal será realizado por administrativa competente;
profissionais da atenção primária. (Redação dada pela Lei nº III - proceder a exames visando ao diagnóstico e terapêutica
13.257, de 2016) de anormalidades no metabolismo do recém-nascido, bem como
§ 2o Os profissionais de saúde de referência da gestante prestar orientação aos pais;
garantirão sua vinculação, no último trimestre da gestação, ao IV - fornecer declaração de nascimento onde constem
estabelecimento em que será realizado o parto, garantido o necessariamente as intercorrências do parto e do
direito de opção da mulher. (Redação dada pela Lei nº 13.257, desenvolvimento do neonato;
de 2016) V - manter alojamento conjunto, possibilitando ao neonato
§ 3o Os serviços de saúde onde o parto for realizado a permanência junto à mãe.
assegurarão às mulheres e aos seus filhos recém-nascidos alta VI - acompanhar a prática do processo de amamentação,
hospitalar responsável e contra referência na atenção primária, prestando orientações quanto à técnica adequada, enquanto a
bem como o acesso a outros serviços e a grupos de apoio à mãe permanecer na unidade hospitalar, utilizando o corpo
amamentação. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) técnico já existente. (Incluído pela Lei nº 13.436, de 2017)
§ 4o Incumbe ao poder público proporcionar assistência
psicológica à gestante e à mãe, no período pré e pós-natal, Art. 11. É assegurado acesso integral às linhas de cuidado
inclusive como forma de prevenir ou minorar as consequências voltadas à saúde da criança e do adolescente, por intermédio do
do estado puerperal. Sistema Único de Saúde, observado o princípio da equidade no
§ 5o A assistência referida no § 4o deste artigo deverá ser acesso a ações e serviços para promoção, proteção e
prestada também a gestantes e mães que manifestem interesse recuperação da saúde. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de
em entregar seus filhos para adoção, bem como a gestantes e 2016)
mães que se encontrem em situação de privação de liberdade. § 1o A criança e o adolescente com deficiência serão
(Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) atendidos, sem discriminação ou segregação, em suas
§ 6o A gestante e a parturiente têm direito a 1 (um) necessidades gerais de saúde e específicas de habilitação e
acompanhante de sua preferência durante o período do pré- reabilitação. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
natal, do trabalho de parto e do pós-parto imediato. (Incluído § 2o Incumbe ao poder público fornecer gratuitamente,
pela Lei nº 13.257, de 2016) àqueles que necessitarem, medicamentos, órteses, próteses e
§ 7o A gestante deverá receber orientação sobre aleitamento outras tecnologias assistivas relativas ao tratamento,
materno, alimentação complementar saudável e crescimento e habilitação ou reabilitação para crianças e adolescentes, de
desenvolvimento infantil, bem como sobre formas de favorecer a acordo com as linhas de cuidado voltadas às suas necessidades
criação de vínculos afetivos e de estimular o desenvolvimento específicas. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
integral da criança. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) § 3o Os profissionais que atuam no cuidado diário ou
§ 8o A gestante tem direito a acompanhamento saudável frequente de crianças na primeira infância receberão formação
durante toda a gestação e a parto natural cuidadoso, específica e permanente para a detecção de sinais de risco para
estabelecendo-se a aplicação de cesariana e outras intervenções o desenvolvimento psíquico, bem como para o acompanhamento
cirúrgicas por motivos médicos. (Incluído pela Lei nº 13.257, de que se fizer necessário. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
2016)
§ 9o A atenção primária à saúde fará a busca ativa da Art. 12. Os estabelecimentos de atendimento à saúde,
gestante que não iniciar ou que abandonar as consultas de pré- inclusive as unidades neonatais, de terapia intensiva e de
cuidados intermediários, deverão proporcionar condições para

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a permanência em tempo integral de um dos pais ou VI - participar da vida política, na forma da lei;
responsável, nos casos de internação de criança ou adolescente. VII - buscar refúgio, auxílio e orientação.
(Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da
Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de castigo físico, integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente,
de tratamento cruel ou degradante e de maus-tratos contra abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da
criança ou adolescente serão obrigatoriamente comunicados ao autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos espaços e objetos
Conselho Tutelar da respectiva localidade, sem prejuízo de pessoais.
outras providências legais.
§ 1o As gestantes ou mães que manifestem interesse em Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e
entregar seus filhos para adoção serão obrigatoriamente do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento
encaminhadas, sem constrangimento, à Justiça da Infância e da desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.
Juventude. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
§ 2o Os serviços de saúde em suas diferentes portas de Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de ser
entrada, os serviços de assistência social em seu componente educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento
especializado, o Centro de Referência Especializado de cruel ou degradante, como formas de correção, disciplina,
Assistência Social (Creas) e os demais órgãos do Sistema de educação ou qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos
Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente deverão integrantes da família ampliada, pelos responsáveis, pelos
conferir máxima prioridade ao atendimento das crianças na agentes públicos executores de medidas socioeducativas ou por
faixa etária da primeira infância com suspeita ou confirmação qualquer pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá-
de violência de qualquer natureza, formulando projeto los ou protegê-los.
terapêutico singular que inclua intervenção em rede e, se Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se:
necessário, acompanhamento domiciliar. (Incluído pela Lei nº I - castigo físico: ação de natureza disciplinar ou punitiva
13.257, de 2016) aplicada com o uso da força física sobre a criança ou o
adolescente que resulte em:
Art. 14. O Sistema Único de Saúde promoverá programas de a) sofrimento físico; ou
assistência médica e odontológica para a prevenção das b) lesão;
enfermidades que ordinariamente afetam a população infantil, II - tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma cruel
e campanhas de educação sanitária para pais, educadores e de tratamento em relação à criança ou ao adolescente que:
alunos. a) humilhe;
§ 1º É obrigatória a vacinação das crianças nos casos b) ameace gravemente; ou
recomendados pelas autoridades sanitárias. (Renumerado do c) ridicularize.
parágrafo único pela Lei nº 13.257, de 2016)
§ 2º O Sistema Único de Saúde promoverá a atenção à saúde Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família ampliada, os
bucal das crianças e das gestantes, de forma transversal, responsáveis, os agentes públicos executores de medidas
integral e inter setorial com as demais linhas de cuidado socioeducativas ou qualquer pessoa encarregada de cuidar de
direcionadas à mulher e à criança. (Incluído pela Lei nº 13.257, crianças e de adolescentes, tratá-los, educá-los ou protegê-los
de 2016) que utilizarem castigo físico ou tratamento cruel ou degradante
§ 3º A atenção odontológica à criança terá função educativa como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer
protetiva e será prestada, inicialmente, antes de o bebê nascer, outro pretexto estarão sujeitos, sem prejuízo de outras sanções
por meio de aconselhamento pré-natal, e, posteriormente, no cabíveis, às seguintes medidas, que serão aplicadas de acordo
sexto e no décimo segundo anos de vida, com orientações sobre com a gravidade do caso:
saúde bucal. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário de
§ 4º A criança com necessidade de cuidados odontológicos proteção à família;
especiais será atendida pelo Sistema Único de Saúde. (Incluído II - encaminhamento a tratamento psicológico ou
pela Lei nº 13.257, de 2016) psiquiátrico;
§ 5º É obrigatória a aplicação a todas as crianças, nos seus III - encaminhamento a cursos ou programas de orientação;
primeiros dezoito meses de vida, de protocolo ou outro IV - obrigação de encaminhar a criança a tratamento
instrumento construído com a finalidade de facilitar a detecção, especializado;
em consulta pediátrica de acompanhamento da criança, de risco V - advertência.
para o seu desenvolvimento psíquico. (Incluído pela Lei nº Parágrafo único. As medidas previstas neste artigo serão
13.438, de 2017) aplicadas pelo Conselho Tutelar, sem prejuízo de outras
providências legais.
Capítulo II
Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade Capítulo III
Do Direito à Convivência Familiar e Comunitária
Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao Seção I
respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de Disposições Gerais
desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e
sociais garantidos na Constituição e nas leis. Art. 19. É direito da criança e do adolescente ser criado e
educado no seio de sua família e, excepcionalmente, em família
Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em
aspectos: ambiente que garanta seu desenvolvimento integral. (Redação
I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
comunitários, ressalvadas as restrições legais; § 1º Toda criança ou adolescente que estiver inserido em
II - opinião e expressão; programa de acolhimento familiar ou institucional terá sua
III - crença e culto religioso; situação reavaliada, no máximo, a cada 3 (três) meses, devendo
IV - brincar, praticar esportes e divertir-se; a autoridade judiciária competente, com base em relatório
V - participar da vida familiar e comunitária, sem elaborado por equipe interprofissional ou multidisciplinar,
discriminação; decidir de forma fundamentada pela possibilidade de

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reintegração familiar ou pela colocação em família substituta, § 9º É garantido à mãe o direito ao sigilo sobre o nascimento,
em quaisquer das modalidades previstas no art. 28 desta Lei. respeitado o disposto no art. 48 desta Lei. (Incluído pela Lei nº
(Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) 13.509, de 2017)
§ 2º A permanência da criança e do adolescente em § 10 (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
programa de acolhimento institucional não se prolongará por
mais de 18 (dezoito meses), salvo comprovada necessidade que Art. 19-B. A criança e o adolescente em programa de
atenda ao seu superior interesse, devidamente fundamentada acolhimento institucional ou familiar poderão participar de
pela autoridade judiciária. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de programa de apadrinhamento. (Incluído pela Lei nº 13.509, de
2017) 2017)
§ 3º A manutenção ou a reintegração de criança ou § 1º O apadrinhamento consiste em estabelecer e
adolescente à sua família terá preferência em relação a proporcionar à criança e ao adolescente vínculos externos à
qualquer outra providência, caso em que será esta incluída em instituição para fins de convivência familiar e comunitária e
serviços e programas de proteção, apoio e promoção, nos termos colaboração com o seu desenvolvimento nos aspectos social,
do § 1º do art. 23, dos incisos I e IV do caput do art. 101 e dos moral, físico, cognitivo, educacional e financeiro. (Incluído pela
incisos I a IV do caput do art. 129 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
Lei nº 13.257, de 2016) § 2º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
§ 4º Será garantida a convivência da criança e do § 3º Pessoas jurídicas podem apadrinhar criança ou
adolescente com a mãe ou o pai privado de liberdade, por meio adolescente a fim de colaborar para o seu desenvolvimento.
de visitas periódicas promovidas pelo responsável ou, nas (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
hipóteses de acolhimento institucional, pela entidade § 4º O perfil da criança ou do adolescente a ser apadrinhado
responsável, independentemente de autorização judicial. será definido no âmbito de cada programa de apadrinhamento,
§ 5º Será garantida a convivência integral da criança com a com prioridade para crianças ou adolescentes com remota
mãe adolescente que estiver em acolhimento institucional. possibilidade de reinserção familiar ou colocação em família
(Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) adotiva. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
§ 6º A mãe adolescente será assistida por equipe § 5º Os programas ou serviços de apadrinhamento apoiados
especializada multidisciplinar. (Incluído pela Lei nº 13.509, de pela Justiça da Infância e da Juventude poderão ser executados
2017) por órgãos públicos ou por organizações da sociedade
civil. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
Art. 19-A. A gestante ou mãe que manifeste interesse em § 6º Se ocorrer violação das regras de apadrinhamento, os
entregar seu filho para adoção, antes ou logo após o nascimento, responsáveis pelo programa e pelos serviços de acolhimento
será encaminhada à Justiça da Infância e da Juventude. (Incluído deverão imediatamente notificar a autoridade judiciária
pela Lei nº 13.509, de 2017) competente. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
§ 1º A gestante ou mãe será ouvida pela equipe
interprofissional da Justiça da Infância e da Juventude, que Art. 20. Os filhos, havidos ou não da relação do casamento,
apresentará relatório à autoridade judiciária, considerando ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações,
inclusive os eventuais efeitos do estado gestacional e puerperal. proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à
(Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) filiação.
§ 2º De posse do relatório, a autoridade judiciária poderá
determinar o encaminhamento da gestante ou mãe, mediante Art. 21. O poder familiar será exercido, em igualdade de
sua expressa concordância, à rede pública de saúde e assistência condições, pelo pai e pela mãe, na forma do que dispuser a
social para atendimento especializado. (Incluído pela Lei nº legislação civil, assegurado a qualquer deles o direito de, em
13.509, de 2017) caso de discordância, recorrer à autoridade judiciária
§ 3º A busca à família extensa, conforme definida nos termos competente para a solução da divergência.
do parágrafo único do art. 25 desta Lei, respeitará o prazo
máximo de 90 (noventa) dias, prorrogável por igual período. Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e
(Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse
§ 4º Na hipótese de não haver a indicação do genitor e de destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações
não existir outro representante da família extensa apto a judiciais.
receber a guarda, a autoridade judiciária competente deverá Parágrafo único. A mãe e o pai, ou os responsáveis, têm
decretar a extinção do poder familiar e determinar a colocação direitos iguais e deveres e responsabilidades compartilhados no
da criança sob a guarda provisória de quem estiver habilitado a cuidado e na educação da criança, devendo ser resguardado o
adotá-la ou de entidade que desenvolva programa de direito de transmissão familiar de suas crenças e culturas,
acolhimento familiar ou institucional. (Incluído pela Lei nº assegurados os direitos da criança estabelecidos nesta Lei.
13.509, de 2017) (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
§ 5º Após o nascimento da criança, a vontade da mãe ou de
ambos os genitores, se houver pai registral ou pai indicado, deve Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não
ser manifestada na audiência a que se refere o § 1º do art. 166 constitui motivo suficiente para a perda ou a suspensão do poder
desta Lei, garantido o sigilo sobre a entrega. (Incluído pela Lei familiar.
nº 13.509, de 2017) § 1o Não existindo outro motivo que por si só autorize a
§ 6º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) decretação da medida, a criança ou o adolescente será mantido
§ 7º Os detentores da guarda possuem o prazo de 15 em sua família de origem, a qual deverá obrigatoriamente ser
(quinze) dias para propor a ação de adoção, contado do dia incluída em serviços e programas oficiais de proteção, apoio e
seguinte à data do término do estágio de convivência. (Incluído promoção. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
pela Lei nº 13.509, de 2017) § 2o A condenação criminal do pai ou da mãe não implicará
§ 8º Na hipótese de desistência pelos genitores - manifestada a destituição do poder familiar, exceto na hipótese de
em audiência ou perante a equipe interprofissional - da entrega condenação por crime doloso, sujeito à pena de reclusão, contra
da criança após o nascimento, a criança será mantida com os o próprio filho ou filha.
genitores, e será determinado pela Justiça da Infância e da
Juventude o acompanhamento familiar pelo prazo de 180 (cento Art. 24. A perda e a suspensão do poder familiar serão
e oitenta) dias. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) decretadas judicialmente, em procedimento contraditório, nos

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APOSTILAS OPÇÃO

casos previstos na legislação civil, bem como na hipótese de III - a intervenção e oitiva de representantes do órgão
descumprimento injustificado dos deveres e obrigações a que federal responsável pela política indigenista, no caso de crianças
alude o art. 22. e adolescentes indígenas, e de antropólogos, perante a equipe
interprofissional ou multidisciplinar que irá acompanhar o caso.
Seção II
Da Família Natural Art. 29. Não se deferirá colocação em família substituta a
pessoa que revele, por qualquer modo, incompatibilidade com a
Art. 25. Entende-se por família natural a comunidade natureza da medida ou não ofereça ambiente familiar
formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes. adequado.
Parágrafo único. Entende-se por família extensa ou
ampliada aquela que se estende para além da unidade pais e Art. 30. A colocação em família substituta não admitirá
filhos ou da unidade do casal, formada por parentes próximos transferência da criança ou adolescente a terceiros ou a
com os quais a criança ou adolescente convive e mantém entidades governamentais ou não-governamentais, sem
vínculos de afinidade e afetividade. autorização judicial.

Art. 26. Os filhos havidos fora do casamento poderão ser Art. 31. A colocação em família substituta estrangeira
reconhecidos pelos pais, conjunta ou separadamente, no próprio constitui medida excepcional, somente admissível na
termo de nascimento, por testamento, mediante escritura ou modalidade de adoção.
outro documento público, qualquer que seja a origem da
filiação. Art. 32. Ao assumir a guarda ou a tutela, o responsável
Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o prestará compromisso de bem e fielmente desempenhar o
nascimento do filho ou suceder-lhe ao falecimento, se deixar encargo, mediante termo nos autos.
descendentes.
Subseção II
Art. 27. O reconhecimento do estado de filiação é direito Da Guarda
personalíssimo, indisponível e imprescritível, podendo ser
exercitado contra os pais ou seus herdeiros, sem qualquer Art. 33. A guarda obriga a prestação de assistência material,
restrição, observado o segredo de Justiça. moral e educacional à criança ou adolescente, conferindo a seu
detentor o direito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais.
Seção III § 1º A guarda destina-se a regularizar a posse de fato,
Da Família Substituta podendo ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos
Subseção I procedimentos de tutela e adoção, exceto no de adoção por
Disposições Gerais estrangeiros.
§ 2º Excepcionalmente, deferir-se-á a guarda, fora dos casos
Art. 28. A colocação em família substituta far-se-á mediante de tutela e adoção, para atender a situações peculiares ou suprir
guarda, tutela ou adoção, independentemente da situação a falta eventual dos pais ou responsável, podendo ser deferido o
jurídica da criança ou adolescente, nos termos desta Lei. direito de representação para a prática de atos determinados.
§ 1º Sempre que possível, a criança ou o adolescente será § 3º A guarda confere à criança ou adolescente a condição
previamente ouvido por equipe interprofissional, respeitado seu de dependente, para todos os fins e efeitos de direito, inclusive
estágio de desenvolvimento e grau de compreensão sobre as previdenciários.
implicações da medida, e terá sua opinião devidamente § 4º Salvo expressa e fundamentada determinação em
considerada contrário, da autoridade judiciária competente, ou quando a
§ 2º Tratando-se de maior de 12 (doze) anos de idade, será medida for aplicada em preparação para adoção, o deferimento
necessário seu consentimento, colhido em audiência. da guarda de criança ou adolescente a terceiros não impede o
§ 3º Na apreciação do pedido levar-se-á em conta o grau de exercício do direito de visitas pelos pais, assim como o dever de
parentesco e a relação de afinidade ou de afetividade, a fim de prestar alimentos, que serão objeto de regulamentação
evitar ou minorar as consequências decorrentes da medida. específica, a pedido do interessado ou do Ministério Público.
§ 4º Os grupos de irmãos serão colocados sob adoção, tutela
ou guarda da mesma família substituta, ressalvada a Art. 34. O poder público estimulará, por meio de assistência
comprovada existência de risco de abuso ou outra situação que jurídica, incentivos fiscais e subsídios, o acolhimento, sob a
justifique plenamente a excepcionalidade de solução diversa, forma de guarda, de criança ou adolescente afastado do
procurando-se, em qualquer caso, evitar o rompimento convívio familiar.
definitivo dos vínculos fraternais. § 1º A inclusão da criança ou adolescente em programas de
§ 5o A colocação da criança ou adolescente em família acolhimento familiar terá preferência a seu acolhimento
substituta será precedida de sua preparação gradativa e institucional, observado, em qualquer caso, o caráter
acompanhamento posterior, realizados pela equipe temporário e excepcional da medida, nos termos desta Lei.
interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude, § 2º Na hipótese do § 1º deste artigo a pessoa ou casal
preferencialmente com o apoio dos técnicos responsáveis pela cadastrado no programa de acolhimento familiar poderá
execução da política municipal de garantia do direito à receber a criança ou adolescente mediante guarda, observado o
convivência familiar. disposto nos arts. 28 a 33 desta Lei.
§ 6ºEm se tratando de criança ou adolescente indígena ou § 3º A União apoiará a implementação de serviços de
proveniente de comunidade remanescente de quilombo, é ainda acolhimento em família acolhedora como política pública, os
obrigatório. quais deverão dispor de equipe que organize o acolhimento
I - que sejam consideradas e respeitadas sua identidade temporário de crianças e de adolescentes em residências de
social e cultural, os seus costumes e tradições, bem como suas famílias selecionadas, capacitadas e acompanhadas que não
instituições, desde que não sejam incompatíveis com os direitos estejam no cadastro de adoção. (Incluído pela Lei nº 13.257, de
fundamentais reconhecidos por esta Lei e pela Constituição 2016)
Federal; § 4º Poderão ser utilizados recursos federais, estaduais,
II - que a colocação familiar ocorra prioritariamente no seio distritais e municipais para a manutenção dos serviços de
de sua comunidade ou junto a membros da mesma etnia; acolhimento em família acolhedora, facultando-se o repasse de

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recursos para a própria família acolhedora. (Incluído pela Lei nº § 2º Para adoção conjunta, é indispensável que os adotantes
13.257, de 2016) sejam casados civilmente ou mantenham união estável,
comprovada a estabilidade da família.
Art. 35. A guarda poderá ser revogada a qualquer tempo, § 3º O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis anos mais
mediante ato judicial fundamentado, ouvido o Ministério velho do que o adotando.
Público. § 4º Os divorciados, os judicialmente separados e os ex
companheiros podem adotar conjuntamente, contanto que
Subseção III acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o
Da Tutela estágio de convivência tenha sido iniciado na constância do
período de convivência e que seja comprovada a existência de
Art. 36. A tutela será deferida, nos termos da lei civil, a vínculos de afinidade e afetividade com aquele não detentor da
pessoa de até 18 (dezoito) anos incompletos. guarda, que justifiquem a excepcionalidade da concessão.
Parágrafo único. O deferimento da tutela pressupõe a prévia § 5º Nos casos do § 4º deste artigo, desde que demonstrado
decretação da perda ou suspensão do poder familiar e implica efetivo benefício ao adotando, será assegurada a guarda
necessariamente o dever de guarda. compartilhada, conforme previsto no art. 1.584 da Lei nº 10.406,
de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil
Art. 37. O tutor nomeado por testamento ou qualquer § 6o A adoção poderá ser deferida ao adotante que, após
documento autêntico, conforme previsto no parágrafo único do inequívoca manifestação de vontade, vier a falecer no curso do
art. 1.729 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código procedimento, antes de prolatada a sentença.
Civil, deverá, no prazo de 30 (trinta) dias após a abertura da
sucessão, ingressar com pedido destinado ao controle judicial do Art. 43. A adoção será deferida quando apresentar reais
ato, observando o procedimento previsto nos arts. 165 a 170 vantagens para o adotando e fundar-se em motivos legítimos.
desta Lei.
Parágrafo único. Na apreciação do pedido, serão observados Art. 44. Enquanto não der conta de sua administração e
os requisitos previstos nos arts. 28 e 29 desta Lei, somente sendo saldar o seu alcance, não pode o tutor ou o curador adotar o
deferida a tutela à pessoa indicada na disposição de última pupilo ou o curatelado.
vontade, se restar comprovado que a medida é vantajosa ao
tutelando e que não existe outra pessoa em melhores condições Art. 45. A adoção depende do consentimento dos pais ou do
de assumi-la. representante legal do adotando.
§ 1º O consentimento será dispensado em relação à criança
Art. 38. Aplica-se à destituição da tutela o disposto no art. ou adolescente cujos pais sejam desconhecidos ou tenham sido
24. destituídos do poder familiar.
§ 2º Em se tratando de adotando maior de doze anos de
Subseção IV idade, será também necessário o seu consentimento.
Da Adoção
Art. 46. A adoção será precedida de estágio de convivência
Art. 39. A adoção de criança e de adolescente reger-se-á com a criança ou adolescente, pelo prazo máximo de 90
segundo o disposto nesta Lei. (noventa) dias, observadas a idade da criança ou adolescente e
§ 1º A adoção é medida excepcional e irrevogável, à qual se as peculiaridades do caso. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de
deve recorrer apenas quando esgotados os recursos de 2017)
manutenção da criança ou adolescente na família natural ou § 1º O estágio de convivência poderá ser dispensado se o
extensa, na forma do parágrafo único do art. 25 desta Lei. adotando já estiver sob a tutela ou guarda legal do adotante
§ 2º É vedada a adoção por procuração. durante tempo suficiente para que seja possível avaliar a
§ 3º Em caso de conflito entre direitos e interesses do conveniência da constituição do vínculo.
adotando e de outras pessoas, inclusive seus pais biológicos, § 2º A simples guarda de fato não autoriza, por si só, a
devem prevalecer os direitos e os interesses do adotando. dispensa da realização do estágio de convivência.
(Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) § 2º-A. O prazo máximo estabelecido no caput deste artigo
pode ser prorrogado por até igual período, mediante decisão
Art. 40. O adotando deve contar com, no máximo, dezoito fundamentada da autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº
anos à data do pedido, salvo se já estiver sob a guarda ou tutela 13.509, de 2017)
dos adotantes. § 3º Em caso de adoção por pessoa ou casal residente ou
domiciliado fora do País, o estágio de convivência será de, no
Art. 41. A adoção atribui a condição de filho ao adotado, com mínimo, 30 (trinta) dias e, no máximo, 45 (quarenta e cinco)
os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios, desligando-o dias, prorrogável por até igual período, uma única vez, mediante
de qualquer vínculo com pais e parentes, salvo os impedimentos decisão fundamentada da autoridade judiciária. (Redação dada
matrimoniais. pela Lei nº 13.509, de 2017)
§ 1º Se um dos cônjuges ou concubinos adota o filho do outro, § 3o-A. Ao final do prazo previsto no § 3o deste artigo, deverá
mantêm-se os vínculos de filiação entre o adotado e o cônjuge ser apresentado laudo fundamentado pela equipe mencionada
ou concubino do adotante e os respectivos parentes. no § 4o deste artigo, que recomendará ou não o deferimento da
§ 2º É recíproco o direito sucessório entre o adotado, seus adoção à autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº 13.509, de
descendentes, o adotante, seus ascendentes, descendentes e 2017)
colaterais até o 4º grau, observada a ordem de vocação § 4º O estágio de convivência será acompanhado pela equipe
hereditária. interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude,
preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela
Art. 42. Podem adotar os maiores de 18 (dezoito) anos, execução da política de garantia do direito à convivência
independentemente do estado civil. familiar, que apresentarão relatório minucioso acerca da
§ 1º Não podem adotar os ascendentes e os irmãos do conveniência do deferimento da medida.
adotando. § 5º O estágio de convivência será cumprido no território
nacional, preferencialmente na comarca de residência da
criança ou adolescente, ou, a critério do juiz, em cidade limítrofe,

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respeitada, em qualquer hipótese, a competência do juízo da supervisão e avaliação da equipe técnica da Justiça da Infância
comarca de residência da criança. (Incluído pela Lei nº 13.509, e da Juventude, com apoio dos técnicos responsáveis pelo
de 2017) programa de acolhimento e pela execução da política municipal
de garantia do direito à convivência familiar.
Art. 47. O vínculo da adoção constitui-se por sentença § 5º Serão criados e implementados cadastros estaduais e
judicial, que será inscrita no registro civil mediante mandado do nacional de crianças e adolescentes em condições de serem
qual não se fornecerá certidão. adotados e de pessoas ou casais habilitados à adoção.
§ 1º A inscrição consignará o nome dos adotantes como pais, § 6º Haverá cadastros distintos para pessoas ou casais
bem como o nome de seus ascendentes. residentes fora do País, que somente serão consultados na
§ 2º O mandado judicial, que será arquivado, cancelará o inexistência de postulantes nacionais habilitados nos cadastros
registro original do adotado. mencionados no § 5º deste artigo.
§ 3º A pedido do adotante, o novo registro poderá ser § 7º As autoridades estaduais e federais em matéria de
lavrado no Cartório do Registro Civil do Município de sua adoção terão acesso integral aos cadastros, incumbindo-lhes a
residência. troca de informações e a cooperação mútua, para melhoria do
§ 4º Nenhuma observação sobre a origem do ato poderá sistema.
constar nas certidões do registro. § 8º A autoridade judiciária providenciará, no prazo de 48
§ 5º A sentença conferirá ao adotado o nome do adotante e, (quarenta e oito) horas, a inscrição das crianças e adolescentes
a pedido de qualquer deles, poderá determinar a modificação do em condições de serem adotados que não tiveram colocação
prenome. familiar na comarca de origem, e das pessoas ou casais que
§ 6º Caso a modificação de prenome seja requerida pelo tiveram deferida sua habilitação à adoção nos cadastros
adotante, é obrigatória a oitiva do adotando, observado o estadual e nacional referidos no § 5º deste artigo, sob pena de
disposto nos §§ 1º e 2º do art. 28 desta Lei. responsabilidade.
§ 7º A adoção produz seus efeitos a partir do trânsito em § 9º Compete à Autoridade Central Estadual zelar pela
julgado da sentença constitutiva, exceto na hipótese prevista no manutenção e correta alimentação dos cadastros, com posterior
§ 6º do art. 42 desta Lei, caso em que terá força retroativa à data comunicação à Autoridade Central Federal Brasileira.
do óbito. § 10. Consultados os cadastros e verificada a ausência de
§ 8º O processo relativo à adoção assim como outros a ele pretendentes habilitados residentes no País com perfil
relacionados serão mantidos em arquivo, admitindo-se seu compatível e interesse manifesto pela adoção de criança ou
armazenamento em microfilme ou por outros meios, garantida adolescente inscrito nos cadastros existentes, será realizado o
a sua conservação para consulta a qualquer tempo. encaminhamento da criança ou adolescente à adoção
§ 9º Terão prioridade de tramitação os processos de adoção internacional. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
em que o adotando for criança ou adolescente com deficiência § 11. Enquanto não localizada pessoa ou casal interessado
ou com doença crônica. em sua adoção, a criança ou o adolescente, sempre que possível
§ 10. O prazo máximo para conclusão da ação de adoção e recomendável, será colocado sob guarda de família
será de 120 (cento e vinte) dias, prorrogável uma única vez por cadastrada em programa de acolhimento familiar.
igual período, mediante decisão fundamentada da autoridade § 12. A alimentação do cadastro e a convocação criteriosa
judiciária. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) dos postulantes à adoção serão fiscalizadas pelo Ministério
Público.
Art. 48. O adotado tem direito de conhecer sua origem § 13. Somente poderá ser deferida adoção em favor de
biológica, bem como de obter acesso irrestrito ao processo no candidato domiciliado no Brasil não cadastrado previamente
qual a medida foi aplicada e seus eventuais incidentes, após nos termos desta Lei quando:
completar 18 (dezoito) anos. I - se tratar de pedido de adoção unilateral;
Parágrafo único. O acesso ao processo de adoção poderá ser II - for formulada por parente com o qual a criança ou
também deferido ao adotado menor de 18 (dezoito) anos, a seu adolescente mantenha vínculos de afinidade e afetividade;
pedido, assegurada orientação e assistência jurídica e III - oriundo o pedido de quem detém a tutela ou guarda
psicológica. legal de criança maior de 3 (três) anos ou adolescente, desde que
o lapso de tempo de convivência comprove a fixação de laços de
Art. 49. A morte dos adotantes não restabelece o poder afinidade e afetividade, e não seja constatada a ocorrência de
familiar dos pais naturais. má-fé ou qualquer das situações previstas nos arts. 237 ou 238
desta Lei.
Art. 50. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca § 14. Nas hipóteses previstas no § 13 deste artigo, o
ou foro regional, um registro de crianças e adolescentes em candidato deverá comprovar, no curso do procedimento, que
condições de serem adotados e outro de pessoas interessadas na preenche os requisitos necessários à adoção, conforme previsto
adoção. nesta Lei.
§ 1º O deferimento da inscrição dar-se-á após prévia § 15. Será assegurada prioridade no cadastro a pessoas
consulta aos órgãos técnicos do juizado, ouvido o Ministério interessadas em adotar criança ou adolescente com deficiência,
Público. com doença crônica ou com necessidades específicas de saúde,
§ 2º Não será deferida a inscrição se o interessado não além de grupo de irmãos. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
satisfazer os requisitos legais, ou verificada qualquer das
hipóteses previstas no art. 29. Art. 51. Considera-se adoção internacional aquela na qual o
§ 3º A inscrição de postulantes à adoção será precedida de pretendente possui residência habitual em país-parte da
um período de preparação psicossocial e jurídica, orientado pela Convenção de Haia, de 29 de maio de 1993, Relativa à Proteção
equipe técnica da Justiça da Infância e da Juventude, das Crianças e à Cooperação em Matéria de Adoção
preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela Internacional, promulgada pelo Decreto no3.087, de 21 junho de
execução da política municipal de garantia do direito à 1999, e deseja adotar criança em outro país-parte da
convivência familiar. Convenção. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
§ 4º Sempre que possível e recomendável, a preparação § 1o A adoção internacional de criança ou adolescente
referida no § 3º deste artigo incluirá o contato com crianças e brasileiro ou domiciliado no Brasil somente terá lugar quando
adolescentes em acolhimento familiar ou institucional em restar comprovado:
condições de serem adotados, a ser realizado sob a orientação,

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I - que a colocação em família adotiva é a solução adequada Centrais Estaduais e publicação nos órgãos oficiais de imprensa
ao caso concreto; (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) e em sítio próprio da internet.
II - que foram esgotadas todas as possibilidades de colocação § 3o Somente será admissível o credenciamento de
da criança ou adolescente em família adotiva brasileira, com a organismos que:
comprovação, certificada nos autos, da inexistência de I - sejam oriundos de países que ratificaram a Convenção de
adotantes habilitados residentes no Brasil com perfil compatível Haia e estejam devidamente credenciados pela Autoridade
com a criança ou adolescente, após consulta aos cadastros Central do país onde estiverem sediados e no país de acolhida do
mencionados nesta Lei; (Redação dada pela Lei nº 13.509, de adotando para atuar em adoção internacional no Brasil;
2017) II - satisfizerem as condições de integridade moral,
III - que, em se tratando de adoção de adolescente, este foi competência profissional, experiência e responsabilidade
consultado, por meios adequados ao seu estágio de exigidas pelos países respectivos e pela Autoridade Central
desenvolvimento, e que se encontra preparado para a medida, Federal Brasileira;
mediante parecer elaborado por equipe interprofissional, III - forem qualificados por seus padrões éticos e sua
observado o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 28 desta Lei. formação e experiência para atuar na área de adoção
§ 2º Os brasileiros residentes no exterior terão preferência internacional;
aos estrangeiros, nos casos de adoção internacional de criança IV - cumprirem os requisitos exigidos pelo ordenamento
ou adolescente brasileiro. jurídico brasileiro e pelas normas estabelecidas pela Autoridade
§ 3º A adoção internacional pressupõe a intervenção das Central Federal Brasileira.
Autoridades Centrais Estaduais e Federal em matéria de adoção § 4o Os organismos credenciados deverão ainda:
internacional. I - perseguir unicamente fins não lucrativos, nas condições e
Art. 52. A adoção internacional observará o procedimento dentro dos limites fixados pelas autoridades competentes do
previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei, com as seguintes país onde estiverem sediados, do país de acolhida e pela
adaptações: Autoridade Central Federal Brasileira;
I - a pessoa ou casal estrangeiro, interessado em adotar II - ser dirigidos e administrados por pessoas qualificadas e
criança ou adolescente brasileiro, deverá formular pedido de de reconhecida idoneidade moral, com comprovada formação
habilitação à adoção perante a Autoridade Central em matéria ou experiência para atuar na área de adoção internacional,
de adoção internacional no país de acolhida, assim entendido cadastradas pelo Departamento de Polícia Federal e aprovadas
aquele onde está situada sua residência habitual; pela Autoridade Central Federal Brasileira, mediante
II - se a Autoridade Central do país de acolhida considerar publicação de portaria do órgão federal competente;
que os solicitantes estão habilitados e aptos para adotar, emitirá III - estar submetidos à supervisão das autoridades
um relatório que contenha informações sobre a identidade, a competentes do país onde estiverem sediados e no país de
capacidade jurídica e adequação dos solicitantes para adotar, acolhida, inclusive quanto à sua composição, funcionamento e
sua situação pessoal, familiar e médica, seu meio social, os situação financeira;
motivos que os animam e sua aptidão para assumir uma adoção IV - apresentar à Autoridade Central Federal Brasileira, a
internacional; cada ano, relatório geral das atividades desenvolvidas, bem
III - a Autoridade Central do país de acolhida enviará o como relatório de acompanhamento das adoções internacionais
relatório à Autoridade Central Estadual, com cópia para a efetuadas no período, cuja cópia será encaminhada ao
Autoridade Central Federal Brasileira; Departamento de Polícia Federal;
IV - o relatório será instruído com toda a documentação V - enviar relatório pós-adotivo semestral para a Autoridade
necessária, incluindo estudo psicossocial elaborado por equipe Central Estadual, com cópia para a Autoridade Central Federal
interprofissional habilitada e cópia autenticada da legislação Brasileira, pelo período mínimo de 2 (dois) anos. O envio do
pertinente, acompanhada da respectiva prova de vigência; relatório será mantido até a juntada de cópia autenticada do
V - os documentos em língua estrangeira serão devidamente registro civil, estabelecendo a cidadania do país de acolhida
autenticados pela autoridade consular, observados os tratados para o adotado;
e convenções internacionais, e acompanhados da respectiva VI - tomar as medidas necessárias para garantir que os
tradução, por tradutor público juramentado; adotantes encaminhem à Autoridade Central Federal Brasileira
VI - a Autoridade Central Estadual poderá fazer exigências e cópia da certidão de registro de nascimento estrangeira e do
solicitar complementação sobre o estudo psicossocial do certificado de nacionalidade tão logo lhes sejam concedidos.
postulante estrangeiro à adoção, já realizado no país de § 5º A não apresentação dos relatórios referidos no § 4o deste
acolhida; artigo pelo organismo credenciado poderá acarretar a
VII - verificada, após estudo realizado pela Autoridade suspensão de seu credenciamento.
Central Estadual, a compatibilidade da legislação estrangeira § 6º O credenciamento de organismo nacional ou
com a nacional, além do preenchimento por parte dos estrangeiro encarregado de intermediar pedidos de adoção
postulantes à medida dos requisitos objetivos e subjetivos internacional terá validade de 2 (dois) anos.
necessários ao seu deferimento, tanto à luz do que dispõe esta § 7º A renovação do credenciamento poderá ser concedida
Lei como da legislação do país de acolhida, será expedido laudo mediante requerimento protocolado na Autoridade Central
de habilitação à adoção internacional, que terá validade por, no Federal Brasileira nos 60 (sessenta) dias anteriores ao término
máximo, 1 (um) ano; do respectivo prazo de validade.
VIII - de posse do laudo de habilitação, o interessado será § 8º Antes de transitada em julgado a decisão que concedeu
autorizado a formalizar pedido de adoção perante o Juízo da a adoção internacional, não será permitida a saída do adotando
Infância e da Juventude do local em que se encontra a criança do território nacional.
ou adolescente, conforme indicação efetuada pela Autoridade § 9º Transitada em julgado a decisão, a autoridade
Central Estadual. judiciária determinará a expedição de alvará com autorização
§ 1o Se a legislação do país de acolhida assim o autorizar, de viagem, bem como para obtenção de passaporte, constando,
admite-se que os pedidos de habilitação à adoção internacional obrigatoriamente, as características da criança ou adolescente
sejam intermediados por organismos credenciados. adotado, como idade, cor, sexo, eventuais sinais ou traços
§ 2o Incumbe à Autoridade Central Federal Brasileira o peculiares, assim como foto recente e a aposição da impressão
credenciamento de organismos nacionais e estrangeiros digital do seu polegar direito, instruindo o documento com cópia
encarregados de intermediar pedidos de habilitação à adoção autenticada da decisão e certidão de trânsito em julgado.
internacional, com posterior comunicação às Autoridades

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§ 10. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá, a ainda, na hipótese de, mesmo com decisão, a criança ou o
qualquer momento, solicitar informações sobre a situação das adolescente ser oriundo de país que não tenha aderido à
crianças e adolescentes adotados. Convenção referida, o processo de adoção seguirá as regras da
§ 11. A cobrança de valores por parte dos organismos adoção nacional.
credenciados, que sejam considerados abusivos pela Autoridade
Central Federal Brasileira e que não estejam devidamente Capítulo IV
comprovados, é causa de seu descredenciamento. Do Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer
§ 12. Uma mesma pessoa ou seu cônjuge não podem ser
representados por mais de uma entidade credenciada para Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação,
atuar na cooperação em adoção internacional. visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para
§ 13. A habilitação de postulante estrangeiro ou domiciliado o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho,
fora do Brasil terá validade máxima de 1 (um) ano, podendo ser assegurando-se lhes:
renovada. I - igualdade de condições para o acesso e permanência na
§ 14. É vedado o contato direto de representantes de escola;
organismos de adoção, nacionais ou estrangeiros, com II - direito de ser respeitado por seus educadores;
dirigentes de programas de acolhimento institucional ou III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo
familiar, assim como com crianças e adolescentes em condições recorrer às instâncias escolares superiores;
de serem adotados, sem a devida autorização judicial. IV - direito de organização e participação em entidades
§ 15. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá limitar estudantis;
ou suspender a concessão de novos credenciamentos sempre que V - acesso à escola pública e gratuita próxima de sua
julgar necessário, mediante ato administrativo fundamentado. residência.
Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter
Art. 52-A. É vedado, sob pena de responsabilidade e ciência do processo pedagógico, bem como participar da
descredenciamento, o repasse de recursos provenientes de definição das propostas educacionais.
organismos estrangeiros encarregados de intermediar pedidos
de adoção internacional a organismos nacionais ou a pessoas Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao
físicas. adolescente:
Parágrafo único. Eventuais repasses somente poderão ser I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para
efetuados via Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente e os que a ele não tiveram acesso na idade própria;
estarão sujeitos às deliberações do respectivo Conselho de II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao
Direitos da Criança e do Adolescente. ensino médio;
III - atendimento educacional especializado aos portadores
Art. 52-B. A adoção por brasileiro residente no exterior em de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino;
país ratificante da Convenção de Haia, cujo processo de adoção IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero
tenha sido processado em conformidade com a legislação a cinco anos de idade; (Redação dada pela Lei nº 13.306, de
vigente no país de residência e atendido o disposto na Alínea “c” 2016)
do Artigo 17 da referida Convenção, será automaticamente V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e
recepcionada com o reingresso no Brasil. da criação artística, segundo a capacidade de cada um;
§ 1º Caso não tenha sido atendido o disposto na Alínea “c” do VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições
Artigo 17 da Convenção de Haia, deverá a sentença ser do adolescente trabalhador;
homologada pelo Superior Tribunal de Justiça. VII - atendimento no ensino fundamental, através de
§ 2º O pretendente brasileiro residente no exterior em país programas suplementares de material didático-escolar,
não ratificante da Convenção de Haia, uma vez reingressado no transporte, alimentação e assistência à saúde.
Brasil, deverá requerer a homologação da sentença estrangeira § 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito
pelo Superior Tribunal de Justiça. público subjetivo.
§ 2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder
Art. 52-C. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o público ou sua oferta irregular importa responsabilidade da
país de acolhida, a decisão da autoridade competente do país de autoridade competente.
origem da criança ou do adolescente será conhecida pela § 3º Compete ao poder público recensear os educandos no
Autoridade Central Estadual que tiver processado o pedido de ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais
habilitação dos pais adotivos, que comunicará o fato à ou responsável, pela frequência à escola.
Autoridade Central Federal e determinará as providências
necessárias à expedição do Certificado de Naturalização Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de
Provisório. matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino.
§ 1º A Autoridade Central Estadual, ouvido o Ministério
Público, somente deixará de reconhecer os efeitos daquela Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino
decisão se restar demonstrado que a adoção é manifestamente fundamental comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de:
contrária à ordem pública ou não atende ao interesse superior I - maus-tratos envolvendo seus alunos;
da criança ou do adolescente. II - reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar,
§ 2º Na hipótese de não reconhecimento da adoção, prevista esgotados os recursos escolares;
no § 1º deste artigo, o Ministério Público deverá imediatamente III - elevados níveis de repetência.
requerer o que for de direito para resguardar os interesses da
criança ou do adolescente, comunicando-se as providências à Art. 57. O poder público estimulará pesquisas, experiências e
Autoridade Central Estadual, que fará a comunicação à novas propostas relativas a calendário, seriação, currículo,
Autoridade Central Federal Brasileira e à Autoridade Central do metodologia, didática e avaliação, com vistas à inserção de
país de origem. crianças e adolescentes excluídos do ensino fundamental
obrigatório.
Art. 52-D. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o
país de acolhida e a adoção não tenha sido deferida no país de Art. 58. No processo educacional respeitar-se-ão os valores
origem porque a sua legislação a delega ao país de acolhida, ou, culturais, artísticos e históricos próprios do contexto social da

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criança e do adolescente, garantindo-se a estes a liberdade da II - capacitação profissional adequada ao mercado de


criação e o acesso às fontes de cultura. trabalho.

Art. 59. Os municípios, com apoio dos estados e da União, Título III
estimularão e facilitarão a destinação de recursos e espaços Da Prevenção
para programações culturais, esportivas e de lazer voltadas Capítulo I
para a infância e a juventude. Disposições Gerais

Capítulo V Art. 70. É dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou


Do Direito à Profissionalização e à Proteção no violação dos direitos da criança e do adolescente.
Trabalho
Art. 70-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de quatorze Municípios deverão atuar de forma articulada na elaboração de
anos de idade, salvo na condição de aprendiz. políticas públicas e na execução de ações destinadas a coibir o
uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante e
Art. 61. A proteção ao trabalho dos adolescentes é regulada difundir formas não violentas de educação de crianças e de
por legislação especial, sem prejuízo do disposto nesta Lei adolescentes, tendo como principais ações:
I - a promoção de campanhas educativas permanentes para
Art. 62. Considera-se aprendizagem a formação técnico- a divulgação do direito da criança e do adolescente de serem
profissional ministrada segundo as diretrizes e bases da educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento
legislação de educação em vigor. cruel ou degradante e dos instrumentos de proteção aos direitos
humanos;
Art. 63. A formação técnico-profissional obedecerá aos II - a integração com os órgãos do Poder Judiciário, do
seguintes princípios: Ministério Público e da Defensoria Pública, com o Conselho
I - garantia de acesso e frequência obrigatória ao ensino Tutelar, com os Conselhos de Direitos da Criança e do
regular; Adolescente e com as entidades não governamentais que atuam
II - atividade compatível com o desenvolvimento do na promoção, proteção e defesa dos direitos da criança e do
adolescente; adolescente;
III - horário especial para o exercício das atividades. III - a formação continuada e a capacitação dos profissionais
de saúde, educação e assistência social e dos demais agentes que
Art. 64. Ao adolescente até quatorze anos de idade é atuam na promoção, proteção e defesa dos direitos da criança e
assegurada bolsa de aprendizagem. do adolescente para o desenvolvimento das competências
necessárias à prevenção, à identificação de evidências, ao
Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior de quatorze anos, diagnóstico e ao enfrentamento de todas as formas de violência
são assegurados os direitos trabalhistas e previdenciários. contra a criança e o adolescente;
IV - o apoio e o incentivo às práticas de resolução pacífica de
Art. 66. Ao adolescente portador de deficiência é assegurado conflitos que envolvam violência contra a criança e o
trabalho protegido. adolescente;
V - a inclusão, nas políticas públicas, de ações que visem a
Art. 67. Ao adolescente empregado, aprendiz, em regime garantir os direitos da criança e do adolescente, desde a atenção
familiar de trabalho, aluno de escola técnica, assistido em pré-natal, e de atividades junto aos pais e responsáveis com o
entidade governamental ou não-governamental, é vedado objetivo de promover a informação, a reflexão, o debate e a
trabalho: orientação sobre alternativas ao uso de castigo físico ou de
I - noturno, realizado entre as vinte e duas horas de um dia tratamento cruel ou degradante no processo educativo;
e as cinco horas do dia seguinte; VI - a promoção de espaços inter setoriais locais para a
II - perigoso, insalubre ou penoso; articulação de ações e a elaboração de planos de atuação
III - realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao seu conjunta focados nas famílias em situação de violência, com
desenvolvimento físico, psíquico, moral e social; participação de profissionais de saúde, de assistência social e de
IV - realizado em horários e locais que não permitam a educação e de órgãos de promoção, proteção e defesa dos
frequência à escola. direitos da criança e do adolescente;
Parágrafo único. As famílias com crianças e adolescentes
Art. 68. O programa social que tenha por base o trabalho com deficiência terão prioridade de atendimento nas ações e
educativo, sob responsabilidade de entidade governamental ou políticas públicas de prevenção e proteção.
não-governamental sem fins lucrativos, deverá assegurar ao
adolescente que dele participe condições de capacitação para o Art. 70-B.As entidades, públicas e privadas, que atuem nas
exercício de atividade regular remunerada. áreas a que se refere o art. 71, dentre outras, devem contar, em
§ 1º Entende-se por trabalho educativo a atividade laboral seus quadros, com pessoas capacitadas a reconhecer e
em que as exigências pedagógicas relativas ao desenvolvimento comunicar ao Conselho Tutelar suspeitas ou casos de maus-
pessoal e social do educando prevalecem sobre o aspecto tratos praticados contra crianças e adolescentes.
produtivo. Parágrafo único. São igualmente responsáveis pela
§ 2º A remuneração que o adolescente recebe pelo trabalho comunicação de que trata este artigo, as pessoas encarregadas,
efetuado ou a participação na venda dos produtos de seu por razão de cargo, função, ofício, ministério, profissão ou
trabalho não desfigura o caráter educativo. ocupação, do cuidado, assistência ou guarda de crianças e
adolescentes, punível, na forma deste Estatuto, o injustificado
Art. 69. O adolescente tem direito à profissionalização e à retardamento ou omissão, culposos ou dolosos.
proteção no trabalho, observados os seguintes aspectos, entre
outros: Art. 71. A criança e o adolescente têm direito à informação,
I - respeito à condição peculiar de pessoa em cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos e produtos e
desenvolvimento; serviços que respeitem sua condição peculiar de pessoa em
desenvolvimento.

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Art. 72. As obrigações previstas nesta Lei não excluem da Seção II


prevenção especial outras decorrentes dos princípios por ela Dos Produtos e Serviços
adotados.
Art. 81. É proibida a venda à criança ou ao adolescente de:
Art. 73. A inobservância das normas de prevenção importará I - armas, munições e explosivos;
em responsabilidade da pessoa física ou jurídica, nos termos II - bebidas alcoólicas;
desta Lei. III - produtos cujos componentes possam causar
dependência física ou psíquica ainda que por utilização
Capítulo II indevida;
Da Prevenção Especial IV - fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles que pelo
Seção I seu reduzido potencial sejam incapazes de provocar qualquer
Da informação, Cultura, Lazer, Esportes, Diversões e dano físico em caso de utilização indevida;
Espetáculos V - revistas e publicações a que alude o art. 78;
VI - bilhetes lotéricos e equivalentes.
Art. 74. O poder público, através do órgão competente,
regulará as diversões e espetáculos públicos, informando sobre Art. 82. É proibida a hospedagem de criança ou adolescente
a natureza deles, as faixas etárias a que não se recomendem, em hotel, motel, pensão ou estabelecimento congênere, salvo se
locais e horários em que sua apresentação se mostre autorizado ou acompanhado pelos pais ou responsável.
inadequada.
Parágrafo único. Os responsáveis pelas diversões e Seção III
espetáculos públicos deverão afixar, em lugar visível e de fácil Da Autorização para Viajar
acesso, à entrada do local de exibição, informação destacada
sobre a natureza do espetáculo e a faixa etária especificada no Art. 83. Nenhuma criança poderá viajar para fora da
certificado de classificação. comarca onde reside, desacompanhada dos pais ou responsável,
sem expressa autorização judicial.
Art. 75. Toda criança ou adolescente terá acesso às diversões § 1º A autorização não será exigida quando:
e espetáculos públicos classificados como adequados à sua faixa a) tratar-se de comarca contígua à da residência da criança,
etária. se na mesma unidade da Federação, ou incluída na mesma
Parágrafo único. As crianças menores de dez anos somente região metropolitana;
poderão ingressar e permanecer nos locais de apresentação ou b) a criança estiver acompanhada:
exibição quando acompanhadas dos pais ou responsável. 1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau,
Art. 76. As emissoras de rádio e televisão somente exibirão, comprovado documentalmente o parentesco;
no horário recomendado para o público infanto juvenil, 2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, mãe
programas com finalidades educativas, artísticas, culturais e ou responsável.
informativas. § 2º A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais ou
Parágrafo único. Nenhum espetáculo será apresentado ou responsável, conceder autorização válida por dois anos.
anunciado sem aviso de sua classificação, antes de sua
transmissão, apresentação ou exibição. Art. 84. Quando se tratar de viagem ao exterior, a
autorização é dispensável, se a criança ou adolescente:
Art. 77. Os proprietários, diretores, gerentes e funcionários I - estiver acompanhado de ambos os pais ou responsável;
de empresas que explorem a venda ou aluguel de fitas de II - viajar na companhia de um dos pais, autorizado
programação em vídeo cuidarão para que não haja venda ou expressamente pelo outro através de documento com firma
locação em desacordo com a classificação atribuída pelo órgão reconhecida.
competente.
Parágrafo único. As fitas a que alude este artigo deverão Art. 85. Sem prévia e expressa autorização judicial, nenhuma
exibir, no invólucro, informação sobre a natureza da obra e a criança ou adolescente nascido em território nacional poderá
faixa etária a que se destinam. sair do País em companhia de estrangeiro residente ou
domiciliado no exterior.
Art. 78. As revistas e publicações contendo material
impróprio ou inadequado a crianças e adolescentes deverão ser Parte Especial
comercializadas em embalagem lacrada, com a advertência de Título I
seu conteúdo. Da Política de Atendimento
Parágrafo único. As editoras cuidarão para que as capas que Capítulo I
contenham mensagens pornográficas ou obscenas sejam Disposições Gerais
protegidas com embalagem opaca.
Art. 86. A política de atendimento dos direitos da criança e
Art. 79. As revistas e publicações destinadas ao público do adolescente far-se-á através de um conjunto articulado de
infanto-juvenil não poderão conter ilustrações, fotografias, ações governamentais e não-governamentais, da União, dos
legendas, crônicas ou anúncios de bebidas alcoólicas, tabaco, estados, do Distrito Federal e dos municípios.
armas e munições, e deverão respeitar os valores éticos e sociais
da pessoa e da família. Art. 87. São linhas de ação da política de atendimento:
I - políticas sociais básicas;
Art. 80. Os responsáveis por estabelecimentos que explorem II - serviços, programas, projetos e benefícios de assistência
comercialmente bilhar, sinuca ou congênere ou por casas de social de garantia de proteção social e de prevenção e redução
jogos, assim entendidas as que realizem apostas, ainda que de violações de direitos, seus agravamentos ou reincidências;
eventualmente, cuidarão para que não seja permitida a entrada (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
e a permanência de crianças e adolescentes no local, afixando III - serviços especiais de prevenção e atendimento médico e
aviso para orientação do público. psicossocial às vítimas de negligência, maus-tratos, exploração,
abuso, crueldade e opressão;

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IV - serviço de identificação e localização de pais, socioeducativos destinados a crianças e adolescentes, em regime


responsável, crianças e adolescentes desaparecidos; de:
V - proteção jurídico-social por entidades de defesa dos I - orientação e apoio sócio familiar;
direitos da criança e do adolescente. II - apoio socioeducativo em meio aberto;
VI - políticas e programas destinados a prevenir ou abreviar III - colocação familiar;
o período de afastamento do convívio familiar e a garantir o IV - acolhimento institucional;
efetivo exercício do direito à convivência familiar de crianças e V - prestação de serviços à comunidade;
adolescentes; VI - liberdade assistida;
VII - campanhas de estímulo ao acolhimento sob forma de VII - semiliberdade; e
guarda de crianças e adolescentes afastados do convívio VIII - internação.
familiar e à adoção, especificamente inter-racial, de crianças § 1º As entidades governamentais e não governamentais
maiores ou de adolescentes, com necessidades específicas de deverão proceder à inscrição de seus programas, especificando
saúde ou com deficiências e de grupos de irmãos. os regimes de atendimento, na forma definida neste artigo, no
Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, o
Art. 88. São diretrizes da política de atendimento: qual manterá registro das inscrições e de suas alterações, do que
I - municipalização do atendimento; fará comunicação ao Conselho Tutelar e à autoridade judiciária.
II - criação de conselhos municipais, estaduais e nacional dos § 2º Os recursos destinados à implementação e manutenção
direitos da criança e do adolescente, órgãos deliberativos e dos programas relacionados neste artigo serão previstos nas
controladores das ações em todos os níveis, assegurada a dotações orçamentárias dos órgãos públicos encarregados das
participação popular paritária por meio de organizações áreas de Educação, Saúde e Assistência Social, dentre outros,
representativas, segundo leis federal, estaduais e municipais; observando-se o princípio da prioridade absoluta à criança e ao
III - criação e manutenção de programas específicos, adolescente preconizado pelo caput do art. 227 da Constituição
observada a descentralização político-administrativa; Federal e pelo caput e parágrafo único do art. 4º desta Lei.
IV - manutenção de fundos nacional, estaduais e municipais § 3º Os programas em execução serão reavaliados pelo
vinculados aos respectivos conselhos dos direitos da criança e do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, no
adolescente; máximo, a cada 2 (dois) anos, constituindo-se critérios para
V - integração operacional de órgãos do Judiciário, renovação da autorização de funcionamento:
Ministério Público, Defensoria, Segurança Pública e Assistência I - o efetivo respeito às regras e princípios desta Lei, bem
Social, preferencialmente em um mesmo local, para efeito de como às resoluções relativas à modalidade de atendimento
agilização do atendimento inicial a adolescente a quem se prestado expedidas pelos Conselhos de Direitos da Criança e do
atribua autoria de ato infracional; Adolescente, em todos os níveis;
VI - integração operacional de órgãos do Judiciário, II - a qualidade e eficiência do trabalho desenvolvido,
Ministério Público, Defensoria, Conselho Tutelar e encarregados atestadas pelo Conselho Tutelar, pelo Ministério Público e pela
da execução das políticas sociais básicas e de assistência social, Justiça da Infância e da Juventude;
para efeito de agilização do atendimento de crianças e de III - em se tratando de programas de acolhimento
adolescentes inseridos em programas de acolhimento familiar institucional ou familiar, serão considerados os índices de
ou institucional, com vista na sua rápida reintegração à família sucesso na reintegração familiar ou de adaptação à família
de origem ou, se tal solução se mostrar comprovadamente substituta, conforme o caso.
inviável, sua colocação em família substituta, em quaisquer das
modalidades previstas no art. 28 desta Lei; Art. 91. As entidades não-governamentais somente poderão
VII - mobilização da opinião pública para a indispensável funcionar depois de registradas no Conselho Municipal dos
participação dos diversos segmentos da sociedade. Direitos da Criança e do Adolescente, o qual comunicará o
VIII - especialização e formação continuada dos registro ao Conselho Tutelar e à autoridade judiciária da
profissionais que trabalham nas diferentes áreas da atenção à respectiva localidade.
primeira infância, incluindo os conhecimentos sobre direitos da § 1º Será negado o registro à entidade que:
criança e sobre desenvolvimento infantil; (Incluído pela Lei nº a) não ofereça instalações físicas em condições adequadas
13.257, de 2016) de habitabilidade, higiene, salubridade e segurança;
IX - formação profissional com abrangência dos diversos b) não apresente plano de trabalho compatível com os
direitos da criança e do adolescente que favoreça a princípios desta Lei;
intersetorialidade no atendimento da criança e do adolescente e c) esteja irregularmente constituída;
seu desenvolvimento integral; (Incluído pela Lei nº 13.257, de d) tenha em seus quadros pessoas inidôneas.
2016) e) não se adequar ou deixar de cumprir as resoluções e
X - realização e divulgação de pesquisas sobre deliberações relativas à modalidade de atendimento prestado
desenvolvimento infantil e sobre prevenção da violência. expedidas pelos Conselhos de Direitos da Criança e do
(Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) Adolescente, em todos os níveis.
§ 2º O registro terá validade máxima de 4 (quatro) anos,
Art. 89. A função de membro do conselho nacional e dos cabendo ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do
conselhos estaduais e municipais dos direitos da criança e do Adolescente, periodicamente, reavaliar o cabimento de sua
adolescente é considerada de interesse público relevante e não renovação, observado o disposto no § 1º deste artigo.
será remunerada.
Art. 92. As entidades que desenvolvam programas de
Capítulo II acolhimento familiar ou institucional deverão adotar os
Das Entidades de Atendimento seguintes princípios
Seção I I - preservação dos vínculos familiares e promoção da
Disposições Gerais reintegração familiar;
II - integração em família substituta, quando esgotados os
Art. 90. As entidades de atendimento são responsáveis pela recursos de manutenção na família natural ou extensa;
manutenção das próprias unidades, assim como pelo III - atendimento personalizado e em pequenos grupos;
planejamento e execução de programas de proteção e IV - desenvolvimento de atividades em regime de
coeducação;

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V - não desmembramento de grupos de irmãos; IV - preservar a identidade e oferecer ambiente de respeito e


VI - evitar, sempre que possível, a transferência para outras dignidade ao adolescente;
entidades de crianças e adolescentes abrigados; V - diligenciar no sentido do restabelecimento e da
VII - participação na vida da comunidade local; preservação dos vínculos familiares;
VIII - preparação gradativa para o desligamento; VI - comunicar à autoridade judiciária, periodicamente, os
IX - participação de pessoas da comunidade no processo casos em que se mostre inviável ou impossível o reatamento dos
educativo. vínculos familiares;
§ 1º O dirigente de entidade que desenvolve programa de VII - oferecer instalações físicas em condições adequadas de
acolhimento institucional é equiparado ao guardião, para todos habitabilidade, higiene, salubridade e segurança e os objetos
os efeitos de direito. necessários à higiene pessoal;
§ 2º Os dirigentes de entidades que desenvolvem programas VIII - oferecer vestuário e alimentação suficientes e
de acolhimento familiar ou institucional remeterão à adequados à faixa etária dos adolescentes atendidos;
autoridade judiciária, no máximo a cada 6 (seis) meses, IX - oferecer cuidados médicos, psicológicos, odontológicos e
relatório circunstanciado acerca da situação de cada criança ou farmacêuticos;
adolescente acolhido e sua família, para fins da reavaliação X - propiciar escolarização e profissionalização;
prevista no § 1º do art. 19 desta Lei. XI - propiciar atividades culturais, esportivas e de lazer;
§ 3º Os entes federados, por intermédio dos Poderes XII - propiciar assistência religiosa àqueles que desejarem,
Executivo e Judiciário, promoverão conjuntamente a de acordo com suas crenças;
permanente qualificação dos profissionais que atuam direta ou XIII - proceder a estudo social e pessoal de cada caso;
indiretamente em programas de acolhimento institucional e XIV - reavaliar periodicamente cada caso, com intervalo
destinados à colocação familiar de crianças e adolescentes, máximo de seis meses, dando ciência dos resultados à
incluindo membros do Poder Judiciário, Ministério Público e autoridade competente;
Conselho Tutelar. XV - informar, periodicamente, o adolescente internado
§ 4º Salvo determinação em contrário da autoridade sobre sua situação processual;
judiciária competente, as entidades que desenvolvem XVI - comunicar às autoridades competentes todos os casos
programas de acolhimento familiar ou institucional, se de adolescentes portadores de moléstias infectocontagiosas;
necessário com o auxílio do Conselho Tutelar e dos órgãos de XVII - fornecer comprovante de depósito dos pertences dos
assistência social, estimularão o contato da criança ou adolescentes;
adolescente com seus pais e parentes, em cumprimento ao XVIII - manter programas destinados ao apoio e
disposto nos incisos I e VIII do caput deste artigo. acompanhamento de egressos;
§ 5º As entidades que desenvolvem programas de XIX - providenciar os documentos necessários ao exercício
acolhimento familiar ou institucional somente poderão receber da cidadania àqueles que não os tiverem;
recursos públicos se comprovado o atendimento dos princípios, XX - manter arquivo de anotações onde constem data e
exigências e finalidades desta Lei. circunstâncias do atendimento, nome do adolescente, seus pais
§ 6º O descumprimento das disposições desta Lei pelo ou responsável, parentes, endereços, sexo, idade,
dirigente de entidade que desenvolva programas de acompanhamento da sua formação, relação de seus pertences e
acolhimento familiar ou institucional é causa de sua destituição, demais dados que possibilitem sua identificação e a
sem prejuízo da apuração de sua responsabilidade individualização do atendimento.
administrativa, civil e criminal. § 1º Aplicam-se, no que couber, as obrigações constantes
§ 7º Quando se tratar de criança de 0 (zero) a 3 (três) anos deste artigo às entidades que mantêm programas de
em acolhimento institucional, dar-se-á especial atenção à acolhimento institucional e familiar.
atuação de educadores de referência estáveis e § 2º No cumprimento das obrigações a que alude este artigo
qualitativamente significativos, às rotinas específicas e ao as entidades utilizarão preferencialmente os recursos da
atendimento das necessidades básicas, incluindo as de afeto comunidade.
como prioritárias. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
Art. 94-A. As entidades, públicas ou privadas, que abriguem
Art. 93. As entidades que mantenham programa de ou recepcionem crianças e adolescentes, ainda que em caráter
acolhimento institucional poderão, em caráter excepcional e de temporário, devem ter, em seus quadros, profissionais
urgência, acolher crianças e adolescentes sem prévia capacitados a reconhecer e reportar ao Conselho Tutelar
determinação da autoridade competente, fazendo comunicação suspeitas ou ocorrências de maus-tratos.
do fato em até 24 (vinte e quatro) horas ao Juiz da Infância e da
Juventude, sob pena de responsabilidade. Seção II
Parágrafo único. Recebida a comunicação, a autoridade Da Fiscalização das Entidades
judiciária, ouvido o Ministério Público e se necessário com o
apoio do Conselho Tutelar local, tomará as medidas necessárias Art. 95. As entidades governamentais e não-governamentais
para promover a imediata reintegração familiar da criança ou referidas no art. 90 serão fiscalizadas pelo Judiciário, pelo
do adolescente ou, se por qualquer razão não for isso possível ou Ministério Público e pelos Conselhos Tutelares.
recomendável, para seu encaminhamento a programa de
acolhimento familiar, institucional ou a família substituta, Art. 96. Os planos de aplicação e as prestações de contas
observado o disposto no § 2o do art. 101 desta Lei. serão apresentados ao estado ou ao município, conforme a
origem das dotações orçamentárias.
Art. 94. As entidades que desenvolvem programas de
internação têm as seguintes obrigações, entre outras: Art. 97. São medidas aplicáveis às entidades de atendimento
I - observar os direitos e garantias de que são titulares os que descumprirem obrigação constante do art. 94, sem prejuízo
adolescentes; da responsabilidade civil e criminal de seus dirigentes ou
II - não restringir nenhum direito que não tenha sido objeto prepostos:
de restrição na decisão de internação; I - às entidades governamentais:
III - oferecer atendimento personalizado, em pequenas a) advertência;
unidades e grupos reduzidos; b) afastamento provisório de seus dirigentes;
c) afastamento definitivo de seus dirigentes;

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d) fechamento de unidade ou interdição de programa. indispensável à efetiva promoção dos direitos e à proteção da
II - às entidades não-governamentais: criança e do adolescente;
a) advertência; VIII - proporcionalidade e atualidade: a intervenção deve ser
b) suspensão total ou parcial do repasse de verbas públicas; a necessária e adequada à situação de perigo em que a criança
c) interdição de unidades ou suspensão de programa; ou o adolescente se encontram no momento em que a decisão é
d) cassação do registro. tomada;
§ 1º Em caso de reiteradas infrações cometidas por IX - responsabilidade parental: a intervenção deve ser
entidades de atendimento, que coloquem em risco os direitos efetuada de modo que os pais assumam os seus deveres para com
assegurados nesta Lei, deverá ser o fato comunicado ao a criança e o adolescente;
Ministério Público ou representado perante autoridade X - prevalência da família: na promoção de direitos e na
judiciária competente para as providências cabíveis, inclusive proteção da criança e do adolescente deve ser dada prevalência
suspensão das atividades ou dissolução da entidade. às medidas que os mantenham ou reintegrem na sua família
§ 2º As pessoas jurídicas de direito público e as organizações natural ou extensa ou, se isso não for possível, que promovam a
não governamentais responderão pelos danos que seus agentes sua integração em família adotiva; (Redação dada pela Lei nº
causarem às crianças e aos adolescentes, caracterizado o 13.509, de 2017)
descumprimento dos princípios norteadores das atividades de XI - obrigatoriedade da informação: a criança e o
proteção específica. adolescente, respeitado seu estágio de desenvolvimento e
capacidade de compreensão, seus pais ou responsável devem ser
Título II informados dos seus direitos, dos motivos que determinaram a
Das Medidas de Proteção intervenção e da forma como esta se processa;
Capítulo I XII - oitiva obrigatória e participação: a criança e o
Disposições Gerais adolescente, em separado ou na companhia dos pais, de
responsável ou de pessoa por si indicada, bem como os seus pais
Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente ou responsável, têm direito a ser ouvidos e a participar nos atos
são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei e na definição da medida de promoção dos direitos e de
forem ameaçados ou violados: proteção, sendo sua opinião devidamente considerada pela
I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; autoridade judiciária competente, observado o disposto nos §§
II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável; 1º e 2º do art. 28 desta Lei.
III - em razão de sua conduta.
Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art.
Capítulo II 98, a autoridade competente poderá determinar, dentre outras,
Das Medidas Específicas de Proteção as seguintes medidas:
I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante
Art. 99. As medidas previstas neste Capítulo poderão ser termo de responsabilidade;
aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como substituídas a II - orientação, apoio e acompanhamento temporários;
qualquer tempo. III - matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento
oficial de ensino fundamental;
Art. 100. Na aplicação das medidas levar-se-ão em conta as IV - inclusão em serviços e programas oficiais ou
necessidades pedagógicas, preferindo-se aquelas que visem ao comunitários de proteção, apoio e promoção da família, da
fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários. criança e do adolescente; (Redação dada pela Lei nº 13.257, de
Parágrafo único. São também princípios que regem a 2016)
aplicação das medidas: V - requisição de tratamento médico, psicológico ou
I - condição da criança e do adolescente como sujeitos de psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial;
direitos: crianças e adolescentes são os titulares dos direitos VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio,
previstos nesta e em outras Leis, bem como na Constituição orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
Federal; VII - acolhimento institucional;
II - proteção integral e prioritária: a interpretação e VIII - inclusão em programa de acolhimento familiar;
aplicação de toda e qualquer norma contida nesta Lei deve ser IX - colocação em família substituta.
voltada à proteção integral e prioritária dos direitos de que § 1º O acolhimento institucional e o acolhimento familiar
crianças e adolescentes são titulares; são medidas provisórias e excepcionais, utilizáveis como forma
III - responsabilidade primária e solidária do poder público: de transição para reintegração familiar ou, não sendo esta
a plena efetivação dos direitos assegurados a crianças e a possível, para colocação em família substituta, não implicando
adolescentes por esta Lei e pela Constituição Federal, salvo nos privação de liberdade.
casos por esta expressamente ressalvados, é de responsabilidade § 2º Sem prejuízo da tomada de medidas emergenciais para
primária e solidária das 3 (três) esferas de governo, sem prejuízo proteção de vítimas de violência ou abuso sexual e das
da municipalização do atendimento e da possibilidade da providências a que alude o art. 130 desta Lei, o afastamento da
execução de programas por entidades não governamentais; criança ou adolescente do convívio familiar é de competência
IV - interesse superior da criança e do adolescente: a exclusiva da autoridade judiciária e importará na deflagração,
intervenção deve atender prioritariamente aos interesses e a pedido do Ministério Público ou de quem tenha legítimo
direitos da criança e do adolescente, sem prejuízo da interesse, de procedimento judicial contencioso, no qual se
consideração que for devida a outros interesses legítimos no garanta aos pais ou ao responsável legal o exercício do
âmbito da pluralidade dos interesses presentes no caso concreto contraditório e da ampla defesa.
V - privacidade: a promoção dos direitos e proteção da § 3º Crianças e adolescentes somente poderão ser
criança e do adolescente deve ser efetuada no respeito pela encaminhados às instituições que executam programas de
intimidade, direito à imagem e reserva da sua vida privada; acolhimento institucional, governamentais ou não, por meio de
VI - intervenção precoce: a intervenção das autoridades uma Guia de Acolhimento, expedida pela autoridade judiciária,
competentes deve ser efetuada logo que a situação de perigo na qual obrigatoriamente constará, dentre outros
seja conhecida; I - sua identificação e a qualificação completa de seus pais
VII - intervenção mínima: a intervenção deve ser exercida ou de seu responsável, se conhecidos;
exclusivamente pelas autoridades e instituições cuja ação seja

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APOSTILAS OPÇÃO

II - o endereço de residência dos pais ou do responsável, com familiar e abreviar o período de permanência em programa de
pontos de referência; acolhimento.
III - os nomes de parentes ou de terceiros interessados em tê-
los sob sua guarda; Art. 102. As medidas de proteção de que trata este Capítulo
IV - os motivos da retirada ou da não reintegração ao serão acompanhadas da regularização do registro civil.
convívio familiar. § 1º Verificada a inexistência de registro anterior, o assento
§ 4º Imediatamente após o acolhimento da criança ou do de nascimento da criança ou adolescente será feito à vista dos
adolescente, a entidade responsável pelo programa de elementos disponíveis, mediante requisição da autoridade
acolhimento institucional ou familiar elaborará um plano judiciária.
individual de atendimento, visando à reintegração familiar, § 2º Os registros e certidões necessários à regularização de
ressalvada a existência de ordem escrita e fundamentada em que trata este artigo são isentos de multas, custas e
contrário de autoridade judiciária competente, caso em que emolumentos, gozando de absoluta prioridade.
também deverá contemplar sua colocação em família § 3º Caso ainda não definida a paternidade, será deflagrado
substituta, observadas as regras e princípios desta Lei. procedimento específico destinado à sua averiguação, conforme
§ 5º O plano individual será elaborado sob a previsto pela Lei nº 8.560, de 29 de dezembro de 1992.
responsabilidade da equipe técnica do respectivo programa de § 4º Nas hipóteses previstas no § 3º deste artigo, é
atendimento e levará em consideração a opinião da criança ou dispensável o ajuizamento de ação de investigação de
do adolescente e a oitiva dos pais ou do responsável. paternidade pelo Ministério Público se, após o não
§ 6º Constarão do plano individual, dentre outros: comparecimento ou a recusa do suposto pai em assumir a
I - os resultados da avaliação interdisciplinar; paternidade a ele atribuída, a criança for encaminhada para
II - os compromissos assumidos pelos pais ou responsável; e adoção.
III - a previsão das atividades a serem desenvolvidas com a § 5º Os registros e certidões necessários à inclusão, a
criança ou com o adolescente acolhido e seus pais ou qualquer tempo, do nome do pai no assento de nascimento são
responsável, com vista na reintegração familiar ou, caso seja isentos de multas, custas e emolumentos, gozando de absoluta
esta vedada por expressa e fundamentada determinação prioridade. (Incluído dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
judicial, as providências a serem tomadas para sua colocação § 6º São gratuitas, a qualquer tempo, a averbação requerida
em família substituta, sob direta supervisão da autoridade do reconhecimento de paternidade no assento de nascimento e
judiciária. a certidão correspondente. (Incluído dada pela Lei nº 13.257, de
§ 7º O acolhimento familiar ou institucional ocorrerá no 2016)
local mais próximo à residência dos pais ou do responsável e,
como parte do processo de reintegração familiar, sempre que Título III
identificada a necessidade, a família de origem será incluída em Da Prática de Ato Infracional
programas oficiais de orientação, de apoio e de promoção social, Capítulo I
sendo facilitado e estimulado o contato com a criança ou com o Disposições Gerais
adolescente acolhido.
§ 8º Verificada a possibilidade de reintegração familiar, o Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta descrita
responsável pelo programa de acolhimento familiar ou como crime ou contravenção penal.
institucional fará imediata comunicação à autoridade
judiciária, que dará vista ao Ministério Público, pelo prazo de 5 Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores de
(cinco) dias, decidindo em igual prazo. dezoito anos, sujeitos às medidas previstas nesta Lei.
§ 9º Em sendo constatada a impossibilidade de reintegração Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser
da criança ou do adolescente à família de origem, após seu considerada a idade do adolescente à data do fato.
encaminhamento a programas oficiais ou comunitários de
orientação, apoio e promoção social, será enviado relatório Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança
fundamentado ao Ministério Público, no qual conste a descrição corresponderão as medidas previstas no art. 101.
pormenorizada das providências tomadas e a expressa
recomendação, subscrita pelos técnicos da entidade ou Capítulo II
responsáveis pela execução da política municipal de garantia do Dos Direitos Individuais
direito à convivência familiar, para a destituição do poder
familiar, ou destituição de tutela ou guarda. Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade
§ 10. Recebido o relatório, o Ministério Público terá o prazo senão em flagrante de ato infracional ou por ordem escrita e
de 15 (quinze) dias para o ingresso com a ação de destituição do fundamentada da autoridade judiciária competente.
poder familiar, salvo se entender necessária a realização de Parágrafo único. O adolescente tem direito à identificação
estudos complementares ou de outras providências dos responsáveis pela sua apreensão, devendo ser informado
indispensáveis ao ajuizamento da demanda. (Redação dada pela acerca de seus direitos.
Lei nº 13.509, de 2017)
§ 11. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e o local onde
foro regional, um cadastro contendo informações atualizadas se encontra recolhido serão incontinenti comunicados à
sobre as crianças e adolescentes em regime de acolhimento autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou
familiar e institucional sob sua responsabilidade, com à pessoa por ele indicada.
informações pormenorizadas sobre a situação jurídica de cada Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e sob pena de
um, bem como as providências tomadas para sua reintegração responsabilidade, a possibilidade de liberação imediata.
familiar ou colocação em família substituta, em qualquer das
modalidades previstas no art. 28 desta Lei. Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser
§ 12. Terão acesso ao cadastro o Ministério Público, o determinada pelo prazo máximo de quarenta e cinco dias.
Conselho Tutelar, o órgão gestor da Assistência Social e os Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamentada e
Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente e basear-se em indícios suficientes de autoria e materialidade,
da Assistência Social, aos quais incumbe deliberar sobre a demonstrada a necessidade imperiosa da medida.
implementação de políticas públicas que permitam reduzir o Art. 109. O adolescente civilmente identificado não será
número de crianças e adolescentes afastados do convívio submetido a identificação compulsória pelos órgãos policiais, de

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proteção e judiciais, salvo para efeito de confrontação, havendo o adolescente restitua a coisa, promova o ressarcimento do
dúvida fundada. dano, ou, por outra forma, compense o prejuízo da vítima.
Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, a
Capítulo III medida poderá ser substituída por outra adequada.
Das Garantias Processuais
Seção IV
Art. 110. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade Da Prestação de Serviços à Comunidade
sem o devido processo legal.
Art. 117. A prestação de serviços comunitários consiste na
Art. 111. São asseguradas ao adolescente, entre outras, as realização de tarefas gratuitas de interesse geral, por período
seguintes garantias: não excedente a seis meses, junto a entidades assistenciais,
I - pleno e formal conhecimento da atribuição de ato hospitais, escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem
infracional, mediante citação ou meio equivalente; como em programas comunitários ou governamentais.
II - igualdade na relação processual, podendo confrontar-se Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas conforme as
com vítimas e testemunhas e produzir todas as provas aptidões do adolescente, devendo ser cumpridas durante
necessárias à sua defesa; jornada máxima de oito horas semanais, aos sábados, domingos
III - defesa técnica por advogado; e feriados ou em dias úteis, de modo a não prejudicar a
IV - assistência judiciária gratuita e integral aos frequência à escola ou à jornada normal de trabalho.
necessitados, na forma da lei;
V - direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade Seção V
competente; Da Liberdade Assistida
VI - direito de solicitar a presença de seus pais ou
responsável em qualquer fase do procedimento. Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre que se
afigurar a medida mais adequada para o fim de acompanhar,
Capítulo IV auxiliar e orientar o adolescente.
Das Medidas Socioeducativas § 1º A autoridade designará pessoa capacitada para
Seção I acompanhar o caso, a qual poderá ser recomendada por
Disposições Gerais entidade ou programa de atendimento.
§ 2º A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de
Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a seis meses, podendo a qualquer tempo ser prorrogada, revogada
autoridade competente poderá aplicar ao adolescente as ou substituída por outra medida, ouvido o orientador, o
seguintes medidas: Ministério Público e o defensor.
I - advertência;
II - obrigação de reparar o dano; Art. 119. Incumbe ao orientador, com o apoio e a supervisão
III - prestação de serviços à comunidade; da autoridade competente, a realização dos seguintes encargos,
IV - liberdade assistida; entre outros:
V - inserção em regime de semiliberdade; I - promover socialmente o adolescente e sua família,
VI - internação em estabelecimento educacional; fornecendo-lhes orientação e inserindo-os, se necessário, em
VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI. programa oficial ou comunitário de auxílio e assistência social;
§ 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua II - supervisionar a frequência e o aproveitamento escolar do
capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade da adolescente, promovendo, inclusive, sua matrícula;
infração. III - diligenciar no sentido da profissionalização do
§ 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será adolescente e de sua inserção no mercado de trabalho;
admitida a prestação de trabalho forçado. IV - apresentar relatório do caso
§ 3º Os adolescentes portadores de doença ou deficiência
mental receberão tratamento individual e especializado, em Seção VI
local adequado às suas condições. Do Regime de Semiliberdade

Art. 113. Aplica-se a este Capítulo o disposto nos arts. 99 e Art. 120. O regime de semiliberdade pode ser determinado
100. desde o início, ou como forma de transição para o meio aberto,
possibilitada a realização de atividades externas,
Art. 114. A imposição das medidas previstas nos incisos II a independentemente de autorização judicial.
VI do art. 112 pressupõe a existência de provas suficientes da § 1º São obrigatórias a escolarização e a profissionalização,
autoria e da materialidade da infração, ressalvada a hipótese de devendo, sempre que possível, ser utilizados os recursos
remissão, nos termos do art. 127. existentes na comunidade.
Parágrafo único. A advertência poderá ser aplicada sempre § 2º A medida não comporta prazo determinado aplicando-
que houver prova da materialidade e indícios suficientes da se, no que couber, as disposições relativas à internação.
autoria.
Seção VII
Seção II Da Internação
Da Advertência
Art. 121. A internação constitui medida privativa da
Art. 115. A advertência consistirá em admoestação verbal, liberdade, sujeita aos princípios de brevidade, excepcionalidade
que será reduzida a termo e assinada. e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.
§ 1º Será permitida a realização de atividades externas, a
Seção III critério da equipe técnica da entidade, salvo expressa
Da Obrigação de Reparar o Dano determinação judicial em contrário.
§ 2º A medida não comporta prazo determinado, devendo
Art. 116. Em se tratando de ato infracional com reflexos sua manutenção ser reavaliada, mediante decisão
patrimoniais, a autoridade poderá determinar, se for o caso, que fundamentada, no máximo a cada seis meses.

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§ 3º Em nenhuma hipótese o período máximo de internação Capítulo V


excederá a três anos. Da Remissão
§ 4º Atingido o limite estabelecido no parágrafo anterior, o
adolescente deverá ser liberado, colocado em regime de Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial para
semiliberdade ou de liberdade assistida. apuração de ato infracional, o representante do Ministério
§ 5º A liberação será compulsória aos vinte e um anos de Público poderá conceder a remissão, como forma de exclusão do
idade. processo, atendendo às circunstâncias e consequências do fato,
§ 6º Em qualquer hipótese a desinternação será precedida ao contexto social, bem como à personalidade do adolescente e
de autorização judicial, ouvido o Ministério Público. sua maior ou menor participação no ato infracional.
§ 7º A determinação judicial mencionada no § 1º poderá ser Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a concessão da
revista a qualquer tempo pela autoridade judiciária. remissão pela autoridade judiciária importará na suspensão ou
Art. 122. A medida de internação só poderá ser aplicada extinção do processo.
quando:
I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave Art. 127. A remissão não implica necessariamente o
ameaça ou violência a pessoa; reconhecimento ou comprovação da responsabilidade, nem
II - por reiteração no cometimento de outras infrações prevalece para efeito de antecedentes, podendo incluir
graves; eventualmente a aplicação de qualquer das medidas previstas
III - por descumprimento reiterado e injustificável da em lei, exceto a colocação em regime de semiliberdade e a
medida anteriormente imposta. internação.
§ 1º O prazo de internação na hipótese do inciso III deste
artigo não poderá ser superior a 3 (três) meses, devendo ser Art. 128. A medida aplicada por força da remissão poderá
decretada judicialmente após o devido processo legal. ser revista judicialmente, a qualquer tempo, mediante pedido
§ 2º Em nenhuma hipótese será aplicada a internação, expresso do adolescente ou de seu representante legal, ou do
havendo outra medida adequada. Ministério Público.

Art. 123. A internação deverá ser cumprida em entidade Título IV


exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele destinado Das Medidas Pertinentes aos Pais ou Responsável
ao abrigo, obedecida rigorosa separação por critérios de idade,
compleição física e gravidade da infração. Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou responsável:
Parágrafo único. Durante o período de internação, inclusive I - encaminhamento a serviços e programas oficiais ou
provisória, serão obrigatórias atividades pedagógicas. comunitários de proteção, apoio e promoção da família;
(Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
Art. 124. São direitos do adolescente privado de liberdade, II - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio,
entre outros, os seguintes: orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
I - entrevistar-se pessoalmente com o representante do III - encaminhamento a tratamento psicológico ou
Ministério Público; psiquiátrico;
II - peticionar diretamente a qualquer autoridade; IV - encaminhamento a cursos ou programas de orientação;
III - avistar-se reservadamente com seu defensor; V - obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar
IV - ser informado de sua situação processual, sempre que sua frequência e aproveitamento escolar;
solicitada; VI - obrigação de encaminhar a criança ou adolescente a
V - ser tratado com respeito e dignidade; tratamento especializado;
VI - permanecer internado na mesma localidade ou naquela VII - advertência;
mais próxima ao domicílio de seus pais ou responsável; VIII - perda da guarda;
VII - receber visitas, ao menos, semanalmente; IX - destituição da tutela;
VIII - corresponder-se com seus familiares e amigos; X - suspensão ou destituição do poder familiar.
IX - ter acesso aos objetos necessários à higiene e asseio Parágrafo único. Na aplicação das medidas previstas nos
pessoal; incisos IX e X deste artigo, observar-se-á o disposto nos arts. 23
X - habitar alojamento em condições adequadas de higiene e e 24.
salubridade;
XI - receber escolarização e profissionalização; Art. 130. Verificada a hipótese de maus-tratos, opressão ou
XII - realizar atividades culturais, esportivas e de lazer: abuso sexual impostos pelos pais ou responsável, a autoridade
XIII - ter acesso aos meios de comunicação social; judiciária poderá determinar, como medida cautelar, o
XIV - receber assistência religiosa, segundo a sua crença, e afastamento do agressor da moradia comum.
desde que assim o deseje; Parágrafo único. Da medida cautelar constará, ainda, a
XV - manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de local fixação provisória dos alimentos de que necessitem a criança ou
seguro para guardá-los, recebendo comprovante daqueles o adolescente dependentes do agressor.
porventura depositados em poder da entidade;
XVI - receber, quando de sua desinternação, os documentos Título V
pessoais indispensáveis à vida em sociedade. Do Conselho Tutelar
§ 1º Em nenhum caso haverá incomunicabilidade. Capítulo I
§ 2º A autoridade judiciária poderá suspender Disposições Gerais
temporariamente a visita, inclusive de pais ou responsável, se
existirem motivos sérios e fundados de sua prejudicialidade aos Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e
interesses do adolescente. autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de
zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente,
Art. 125. É dever do Estado zelar pela integridade física e definidos nesta Lei.
mental dos internos, cabendo-lhe adotar as medidas adequadas
de contenção e segurança. Art. 132. Em cada Município e em cada Região
Administrativa do Distrito Federal haverá, no mínimo, 1 (um)
Conselho Tutelar como órgão integrante da administração

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pública local, composto de 5 (cinco) membros, escolhidos pela Parágrafo único. Se, no exercício de suas atribuições, o
população local para mandato de 4 (quatro) anos, permitida 1 Conselho Tutelar entender necessário o afastamento do convívio
(uma) recondução, mediante novo processo de escolha. familiar, comunicará incontinenti o fato ao Ministério Público,
prestando-lhe informações sobre os motivos de tal
Art. 133. Para a candidatura a membro do Conselho Tutelar, entendimento e as providências tomadas para a orientação, o
serão exigidos os seguintes requisitos: apoio e a promoção social da família.
I - reconhecida idoneidade moral;
II - idade superior a vinte e um anos; Art. 137. As decisões do Conselho Tutelar somente poderão
III - residir no município. ser revistas pela autoridade judiciária a pedido de quem tenha
legítimo interesse.
Art. 134. Lei municipal ou distrital disporá sobre o local, dia
e horário de funcionamento do Conselho Tutelar, inclusive Capítulo III
quanto à remuneração dos respectivos membros, aos quais é Da Competência
assegurado o direito a:
I - cobertura previdenciária; Art. 138. Aplica-se ao Conselho Tutelar a regra de
II - gozo de férias anuais remuneradas, acrescidas de 1/3 competência constante do art. 147.
(um terço) do valor da remuneração mensal;
III - licença-maternidade; Capítulo IV
IV - licença-paternidade; Da Escolha dos Conselheiros
V - gratificação natalina.
Parágrafo único. Constará da lei orçamentária municipal e Art. 139. O processo para a escolha dos membros do
da do Distrito Federal previsão dos recursos necessários ao Conselho Tutelar será estabelecido em lei municipal e realizado
funcionamento do Conselho Tutelar e à remuneração e sob a responsabilidade do Conselho Municipal dos Direitos da
formação continuada dos conselheiros tutelares. Criança e do Adolescente, e a fiscalização do Ministério Público.
§ 1º O processo de escolha dos membros do Conselho Tutelar
Art. 135. O exercício efetivo da função de conselheiro ocorrerá em data unificada em todo o território nacional a cada
constituirá serviço público relevante e estabelecerá presunção 4 (quatro) anos, no primeiro domingo do mês de outubro do ano
de idoneidade moral. subsequente ao da eleição presidencial.
§ 2º A posse dos conselheiros tutelares ocorrerá no dia 10 de
Capítulo II janeiro do ano subsequente ao processo de escolha.
Das Atribuições do Conselho § 3º No processo de escolha dos membros do Conselho
Tutelar, é vedado ao candidato doar, oferecer, prometer ou
Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar: entregar ao eleitor bem ou vantagem pessoal de qualquer
I - atender as crianças e adolescentes nas hipóteses previstas natureza, inclusive brindes de pequeno valor.
nos arts. 98 e 105, aplicando as medidas previstas no art. 101, I
a VII; Capítulo V
II - atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando Dos Impedimentos
as medidas previstas no art. 129, I a VII;
III - promover a execução de suas decisões, podendo para Art. 140. São impedidos de servir no mesmo Conselho marido
tanto: e mulher, ascendentes e descendentes, sogro e genro ou nora,
a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação, irmãos, cunhados, durante o cunhadio, tio e sobrinho, padrasto
serviço social, previdência, trabalho e segurança; ou madrasta e enteado.
b) representar junto à autoridade judiciária nos casos de Parágrafo único. Estende-se o impedimento do conselheiro,
descumprimento injustificado de suas deliberações. na forma deste artigo, em relação à autoridade judiciária e ao
IV - encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que representante do Ministério Público com atuação na Justiça da
constitua infração administrativa ou penal contra os direitos da Infância e da Juventude, em exercício na comarca, foro regional
criança ou adolescente; ou distrital.
V - encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua
competência; Título VI
VI - providenciar a medida estabelecida pela autoridade Do Acesso à Justiça
judiciária, dentre as previstas no art. 101, de I a VI, para o Capítulo I
adolescente autor de ato infracional; Disposições Gerais
VII - expedir notificações;
VIII - requisitar certidões de nascimento e de óbito de Art. 141. É garantido o acesso de toda criança ou
criança ou adolescente quando necessário; adolescente à Defensoria Pública, ao Ministério Público e ao
IX - assessorar o Poder Executivo local na elaboração da Poder Judiciário, por qualquer de seus órgãos.
proposta orçamentária para planos e programas de § 1º A assistência judiciária gratuita será prestada aos que
atendimento dos direitos da criança e do adolescente; dela necessitarem, através de defensor público ou advogado
X - representar, em nome da pessoa e da família, contra a nomeado.
violação dos direitos previstos no art. 220, § 3º, inciso II, da § 2º As ações judiciais da competência da Justiça da Infância
Constituição Federal; e da Juventude são isentas de custas e emolumentos, ressalvada
XI - representar ao Ministério Público para efeito das ações a hipótese de litigância de má-fé.
de perda ou suspensão do poder familiar, após esgotadas as
possibilidades de manutenção da criança ou do adolescente Art. 142. Os menores de dezesseis anos serão representados
junto à família natural. e os maiores de dezesseis e menores de vinte e um anos assistidos
XII - promover e incentivar, na comunidade e nos grupos por seus pais, tutores ou curadores, na forma da legislação civil
profissionais, ações de divulgação e treinamento para o ou processual.
reconhecimento de sintomas de maus-tratos em crianças e Parágrafo único. A autoridade judiciária dará curador
adolescentes. especial à criança ou adolescente, sempre que os interesses
destes colidirem com os de seus pais ou responsável, ou quando

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carecer de representação ou assistência legal ainda que Parágrafo único. Quando se tratar de criança ou adolescente
eventual. nas hipóteses do art. 98, é também competente a Justiça da
Infância e da Juventude para o fim de:
Art. 143. E vedada a divulgação de atos judiciais, policiais e a) conhecer de pedidos de guarda e tutela;
administrativos que digam respeito a crianças e adolescentes a b) conhecer de ações de destituição do poder familiar, perda
que se atribua autoria de ato infracional. ou modificação da tutela ou guarda;
Parágrafo único. Qualquer notícia a respeito do fato não c) suprir a capacidade ou o consentimento para o
poderá identificar a criança ou adolescente, vedando-se casamento;
fotografia, referência ao nome, apelido, filiação, parentesco, d) conhecer de pedidos baseados em discordância paterna
residência e, inclusive, iniciais do nome e sobrenome. ou materna, em relação ao exercício do poder familiar;
e) conceder a emancipação, nos termos da lei civil, quando
Art. 144. A expedição de cópia ou certidão de atos a que se faltarem os pais;
refere o artigo anterior somente será deferida pela autoridade f) designar curador especial em casos de apresentação de
judiciária competente, se demonstrado o interesse e justificada queixa ou representação, ou de outros procedimentos judiciais
a finalidade. ou extrajudiciais em que haja interesses de criança ou
adolescente;
Capítulo II g) conhecer de ações de alimentos;
Da Justiça da Infância e da Juventude h) determinar o cancelamento, a retificação e o suprimento
Seção I dos registros de nascimento e óbito.
Disposições Gerais
Art. 149. Compete à autoridade judiciária disciplinar,
Art. 145. Os estados e o Distrito Federal poderão criar varas através de portaria, ou autorizar, mediante alvará:
especializadas e exclusivas da infância e da juventude, cabendo I - a entrada e permanência de criança ou adolescente,
ao Poder Judiciário estabelecer sua proporcionalidade por desacompanhado dos pais ou responsável, em:
número de habitantes, dotá-las de infraestrutura e dispor sobre a) estádio, ginásio e campo desportivo;
o atendimento, inclusive em plantões. b) bailes ou promoções dançantes;
c) boate ou congêneres;
Seção II d) casa que explore comercialmente diversões eletrônicas;
Do Juiz e) estúdios cinematográficos, de teatro, rádio e televisão.
II - a participação de criança e adolescente em:
Art. 146. A autoridade a que se refere esta Lei é o Juiz da a) espetáculos públicos e seus ensaios;
Infância e da Juventude, ou o juiz que exerce essa função, na b) certames de beleza.
forma da lei de organização judiciária local. § 1º Para os fins do disposto neste artigo, a autoridade
judiciária levará em conta, dentre outros fatores:
Art. 147. A competência será determinada: a) os princípios desta Lei;
I - pelo domicílio dos pais ou responsável; b) as peculiaridades locais;
II - pelo lugar onde se encontre a criança ou adolescente, à c) a existência de instalações adequadas;
falta dos pais ou responsável. d) o tipo de frequência habitual ao local;
§ 1º Nos casos de ato infracional, será competente a e) a adequação do ambiente a eventual participação ou
autoridade do lugar da ação ou omissão, observadas as regras frequência de crianças e adolescentes;
de conexão, continência e prevenção. f) a natureza do espetáculo.
§ 2º A execução das medidas poderá ser delegada à § 2º As medidas adotadas na conformidade deste artigo
autoridade competente da residência dos pais ou responsável, deverão ser fundamentadas, caso a caso, vedadas as
ou do local onde sediar-se a entidade que abrigar a criança ou determinações de caráter geral.
adolescente.
§ 3º Em caso de infração cometida através de transmissão Seção III
simultânea de rádio ou televisão, que atinja mais de uma Dos Serviços Auxiliares
comarca, será competente, para aplicação da penalidade, a
autoridade judiciária do local da sede estadual da emissora ou Art. 150. Cabe ao Poder Judiciário, na elaboração de sua
rede, tendo a sentença eficácia para todas as transmissoras ou proposta orçamentária, prever recursos para manutenção de
retransmissoras do respectivo estado. equipe interprofissional, destinada a assessorar a Justiça da
Infância e da Juventude.
Art. 148. A Justiça da Infância e da Juventude é competente
para: Art. 151. Compete à equipe interprofissional dentre outras
I - conhecer de representações promovidas pelo Ministério atribuições que lhe forem reservadas pela legislação local,
Público, para apuração de ato infracional atribuído a fornecer subsídios por escrito, mediante laudos, ou verbalmente,
adolescente, aplicando as medidas cabíveis; na audiência, e bem assim desenvolver trabalhos de
II - conceder a remissão, como forma de suspensão ou aconselhamento, orientação, encaminhamento, prevenção e
extinção do processo; outros, tudo sob a imediata subordinação à autoridade
III - conhecer de pedidos de adoção e seus incidentes; judiciária, assegurada a livre manifestação do ponto de vista
IV - conhecer de ações civis fundadas em interesses técnico.
individuais, difusos ou coletivos afetos à criança e ao Parágrafo único. Na ausência ou insuficiência de servidores
adolescente, observado o disposto no art. 209; públicos integrantes do Poder Judiciário responsáveis pela
V - conhecer de ações decorrentes de irregularidades em realização dos estudos psicossociais ou de quaisquer outras
entidades de atendimento, aplicando as medidas cabíveis; espécies de avaliações técnicas exigidas por esta Lei ou por
VI - aplicar penalidades administrativas nos casos de determinação judicial, a autoridade judiciária poderá proceder
infrações contra norma de proteção à criança ou adolescente; à nomeação de perito, nos termos do art. 156 da Lei no 13.105,
VII - conhecer de casos encaminhados pelo Conselho Tutelar, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil). (Incluído
aplicando as medidas cabíveis. pela Lei nº 13.509, de 2017)

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Capítulo III produzidas e oferecendo desde logo o rol de testemunhas e


Dos Procedimentos documentos.
Seção I § 1º A citação será pessoal, salvo se esgotados todos os meios
Disposições Gerais para sua realização.
§ 2º O requerido privado de liberdade deverá ser citado
Art. 152. Aos procedimentos regulados nesta Lei aplicam-se pessoalmente.
subsidiariamente as normas gerais previstas na legislação § 3º Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de justiça houver
processual pertinente. procurado o citando em seu domicílio ou residência sem o
§ 1º É assegurada, sob pena de responsabilidade, prioridade encontrar, deverá, havendo suspeita de ocultação, informar
absoluta na tramitação dos processos e procedimentos previstos qualquer pessoa da família ou, em sua falta, qualquer vizinho do
nesta Lei, assim como na execução dos atos e diligências dia útil em que voltará a fim de efetuar a citação, na hora que
judiciais a eles referentes. designar, nos termos do art. 252 e seguintes da Lei nº 13.105, de
§ 2º Os prazos estabelecidos nesta Lei e aplicáveis aos seus 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil). (Incluído pela
procedimentos são contados em dias corridos, excluído o dia do Lei nº 13.509, de 2017)
começo e incluído o dia do vencimento, vedado o prazo em dobro § 4º Na hipótese de os genitores encontrarem-se em local
para a Fazenda Pública e o Ministério Público. (Incluído pela Lei incerto ou não sabido, serão citados por edital no prazo de 10
nº 13.509, de 2017) (dez) dias, em publicação única, dispensado o envio de ofícios
para a localização. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
Art. 153. Se a medida judicial a ser adotada não
corresponder a procedimento previsto nesta ou em outra lei, a Art. 159. Se o requerido não tiver possibilidade de constituir
autoridade judiciária poderá investigar os fatos e ordenar de advogado, sem prejuízo do próprio sustento e de sua família,
ofício as providências necessárias, ouvido o Ministério Público. poderá requerer, em cartório, que lhe seja nomeado dativo, ao
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica para qual incumbirá a apresentação de resposta, contando-se o prazo
o fim de afastamento da criança ou do adolescente de sua a partir da intimação do despacho de nomeação.
família de origem e em outros procedimentos necessariamente Parágrafo único. Na hipótese de requerido privado de
contenciosos. liberdade, o oficial de justiça deverá perguntar, no momento da
citação pessoal, se deseja que lhe seja nomeado defensor.
Art. 154. Aplica-se às multas o disposto no art. 214.
Art. 160. Sendo necessário, a autoridade judiciária
Seção II requisitará de qualquer repartição ou órgão público a
Da Perda e da Suspensão do Poder Familiar apresentação de documento que interesse à causa, de ofício ou a
requerimento das partes ou do Ministério Público.
Art. 155. O procedimento para a perda ou a suspensão do
poder familiar terá início por provocação do Ministério Público Art. 161. Se não for contestado o pedido e tiver sido
ou de quem tenha legítimo interesse. concluído o estudo social ou a perícia realizada por equipe
interprofissional ou multidisciplinar, a autoridade judiciária
Art. 156. A petição inicial indicará: dará vista dos autos ao Ministério Público, por 5 (cinco) dias,
I - a autoridade judiciária a que for dirigida; salvo quando este for o requerente, e decidirá em igual prazo.
II - o nome, o estado civil, a profissão e a residência do (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
requerente e do requerido, dispensada a qualificação em se § 1º A autoridade judiciária, de ofício ou a requerimento das
tratando de pedido formulado por representante do Ministério partes ou do Ministério Público, determinará a oitiva de
Público; testemunhas que comprovem a presença de uma das causas de
III - a exposição sumária do fato e o pedido; suspensão ou destituição do poder familiar previstas nos arts.
IV - as provas que serão produzidas, oferecendo, desde logo, 1.637 e 1.638 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código
o rol de testemunhas e documentos. Civil), ou no art. 24 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.509,
de 2017)
Art. 157. Havendo motivo grave, poderá a autoridade § 2º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar a suspensão do § 3º Se o pedido importar em modificação de guarda, será
poder familiar, liminar ou incidentalmente, até o julgamento obrigatória, desde que possível e razoável, a oitiva da criança ou
definitivo da causa, ficando a criança ou adolescente confiado a adolescente, respeitado seu estágio de desenvolvimento e grau
pessoa idônea, mediante termo de responsabilidade. de compreensão sobre as implicações da medida.
§ 1º Recebida a petição inicial, a autoridade judiciária § 4º É obrigatória a oitiva dos pais sempre que eles forem
determinará, concomitantemente ao despacho de citação e identificados e estiverem em local conhecido, ressalvados os
independentemente de requerimento do interessado, a casos de não comparecimento perante a Justiça quando
realização de estudo social ou perícia por equipe devidamente citados. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de
interprofissional ou multidisciplinar para comprovar a presença 2017)
de uma das causas de suspensão ou destituição do poder § 5º Se o pai ou a mãe estiverem privados de liberdade, a
familiar, ressalvado o disposto no § 10 do art. 101 desta Lei, e autoridade judicial requisitará sua apresentação para a oitiva
observada a Lei nº 13.431, de 4 de abril de 2017. (Incluído pela
Lei nº 13.509, de 2017) Art. 162. Apresentada a resposta, a autoridade judiciária
§ 2º Em sendo os pais oriundos de comunidades indígenas, é dará vista dos autos ao Ministério Público, por cinco dias, salvo
ainda obrigatória a intervenção, junto à equipe quando este for o requerente, designando, desde logo, audiência
interprofissional ou multidisciplinar referida no § 1º deste de instrução e julgamento.
artigo, de representantes do órgão federal responsável pela § 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
política indigenista, observado o disposto no § 6º do art. 28 desta § 2º Na audiência, presentes as partes e o Ministério Público,
Lei. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) serão ouvidas as testemunhas, colhendo-se oralmente o parecer
técnico, salvo quando apresentado por escrito, manifestando-se
Art. 158. O requerido será citado para, no prazo de dez dias, sucessivamente o requerente, o requerido e o Ministério Público,
oferecer resposta escrita, indicando as provas a serem pelo tempo de 20 (vinte) minutos cada um, prorrogável por mais
10 (dez) minutos. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)

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APOSTILAS OPÇÃO

§ 3º A decisão será proferida na audiência, podendo a § 4º O consentimento prestado por escrito não terá validade
autoridade judiciária, excepcionalmente, designar data para se não for ratificado na audiência a que se refere o § 1º deste
sua leitura no prazo máximo de 5 (cinco) dias. (Incluído pela Lei artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
nº 13.509, de 2017) § 5º O consentimento é retratável até a data da realização
§ 4º Quando o procedimento de destituição de poder familiar da audiência especificada no § 1o deste artigo, e os pais podem
for iniciado pelo Ministério Público, não haverá necessidade de exercer o arrependimento no prazo de 10 (dez) dias, contado da
nomeação de curador especial em favor da criança ou data de prolação da sentença de extinção do poder familiar.
adolescente. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
§ 6º O consentimento somente terá valor se for dado após o
Art. 163. O prazo máximo para conclusão do procedimento nascimento da criança.
será de 120 (cento e vinte) dias, e caberá ao juiz, no caso de § 7º A família natural e a família substituta receberão a
notória inviabilidade de manutenção do poder familiar, dirigir devida orientação por intermédio de equipe técnica
esforços para preparar a criança ou o adolescente com vistas à interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude,
colocação em família substituta. (Redação dada pela Lei nº preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela
13.509, de 2017) execução da política municipal de garantia do direito à
Parágrafo único. A sentença que decretar a perda ou a convivência familiar. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de
suspensão do poder familiar será averbada à margem do 2017)
registro de nascimento da criança ou do adolescente.
Art. 167. A autoridade judiciária, de ofício ou a requerimento
Seção III das partes ou do Ministério Público, determinará a realização de
Da Destituição da Tutela estudo social ou, se possível, perícia por equipe interprofissional,
decidindo sobre a concessão de guarda provisória, bem como, no
Art. 164. Na destituição da tutela, observar-se-á o caso de adoção, sobre o estágio de convivência.
procedimento para a remoção de tutor previsto na lei processual Parágrafo único. Deferida a concessão da guarda provisória
civil e, no que couber, o disposto na seção anterior. ou do estágio de convivência, a criança ou o adolescente será
entregue ao interessado, mediante termo de responsabilidade.
Seção IV
Da Colocação em Família Substituta Art. 168. Apresentado o relatório social ou o laudo pericial,
e ouvida, sempre que possível, a criança ou o adolescente, dar-
Art. 165. São requisitos para a concessão de pedidos de se-á vista dos autos ao Ministério Público, pelo prazo de cinco
colocação em família substituta: dias, decidindo a autoridade judiciária em igual prazo.
I - qualificação completa do requerente e de seu eventual
cônjuge, ou companheiro, com expressa anuência deste; Art. 169. Nas hipóteses em que a destituição da tutela, a
II - indicação de eventual parentesco do requerente e de seu perda ou a suspensão do poder familiar constituir pressuposto
cônjuge, ou companheiro, com a criança ou adolescente, lógico da medida principal de colocação em família substituta,
especificando se tem ou não parente vivo; será observado o procedimento contraditório previsto nas
III - qualificação completa da criança ou adolescente e de Seções II e III deste Capítulo.
seus pais, se conhecidos; Parágrafo único. A perda ou a modificação da guarda
IV - indicação do cartório onde foi inscrito nascimento, poderá ser decretada nos mesmos autos do procedimento,
anexando, se possível, uma cópia da respectiva certidão; observado o disposto no art. 35.
V - declaração sobre a existência de bens, direitos ou
rendimentos relativos à criança ou ao adolescente. Art. 170. Concedida a guarda ou a tutela, observar-se-á o
Parágrafo único. Em se tratando de adoção, observar-se-ão disposto no art. 32, e, quanto à adoção, o contido no art. 47.
também os requisitos específicos. Parágrafo único. A colocação de criança ou adolescente sob
a guarda de pessoa inscrita em programa de acolhimento
Art. 166. Se os pais forem falecidos, tiverem sido destituídos familiar será comunicada pela autoridade judiciária à entidade
ou suspensos do poder familiar, ou houverem aderido por este responsável no prazo máximo de 5 (cinco) dias.
expressamente ao pedido de colocação em família substituta,
este poderá ser formulado diretamente em cartório, em petição Seção V
assinada pelos próprios requerentes, dispensada a assistência de Da Apuração de Ato Infracional Atribuído a
advogado. Adolescente
§ 1º Na hipótese de concordância dos pais, o juiz: (Redação
dada pela Lei nº 13.509, de 2017) Art. 171. O adolescente apreendido por força de ordem
I - na presença do Ministério Público, ouvirá as partes, judicial será, desde logo, encaminhado à autoridade judiciária.
devidamente assistidas por advogado ou por defensor público,
para verificar sua concordância com a adoção, no prazo Art. 172. O adolescente apreendido em flagrante de ato
máximo de 10 (dez) dias, contado da data do protocolo da infracional será, desde logo, encaminhado à autoridade policial
petição ou da entrega da criança em juízo, tomando por termo competente.
as declarações; e (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) Parágrafo único. Havendo repartição policial especializada
II - declarará a extinção do poder familiar. (Incluído pela Lei para atendimento de adolescente e em se tratando de ato
nº 13.509, de 2017) infracional praticado em coautoria com maior, prevalecerá a
§ 2º O consentimento dos titulares do poder familiar será atribuição da repartição especializada, que, após as
precedido de orientações e esclarecimentos prestados pela providências necessárias e conforme o caso, encaminhará o
equipe interprofissional da Justiça da Infância e da Juventude, adulto à repartição policial própria.
em especial, no caso de adoção, sobre a irrevogabilidade da
medida. Art. 173. Em caso de flagrante de ato infracional cometido
§ 3º São garantidos a livre manifestação de vontade dos mediante violência ou grave ameaça a pessoa, a autoridade
detentores do poder familiar e o direito ao sigilo das policial, sem prejuízo do disposto nos arts. 106, parágrafo único,
informações. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) e 107, deverá:

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APOSTILAS OPÇÃO

I - lavrar auto de apreensão, ouvidos as testemunhas e o termo fundamentado, que conterá o resumo dos fatos, os autos
adolescente; serão conclusos à autoridade judiciária para homologação.
II - apreender o produto e os instrumentos da infração; § 1º Homologado o arquivamento ou a remissão, a
III - requisitar os exames ou perícias necessários à autoridade judiciária determinará, conforme o caso, o
comprovação da materialidade e autoria da infração. cumprimento da medida.
Parágrafo único. Nas demais hipóteses de flagrante, a § 2º Discordando, a autoridade judiciária fará remessa dos
lavratura do auto poderá ser substituída por boletim de autos ao Procurador-Geral de Justiça, mediante despacho
ocorrência circunstanciada. fundamentado, e este oferecerá representação, designará outro
membro do Ministério Público para apresentá-la, ou ratificará o
Art. 174. Comparecendo qualquer dos pais ou responsável, o arquivamento ou a remissão, que só então estará a autoridade
adolescente será prontamente liberado pela autoridade policial, judiciária obrigada a homologar.
sob termo de compromisso e responsabilidade de sua
apresentação ao representante do Ministério Público, no mesmo Art. 182. Se, por qualquer razão, o representante do
dia ou, sendo impossível, no primeiro dia útil imediato, exceto Ministério Público não promover o arquivamento ou conceder a
quando, pela gravidade do ato infracional e sua repercussão remissão, oferecerá representação à autoridade judiciária,
social, deva o adolescente permanecer sob internação para propondo a instauração de procedimento para aplicação da
garantia de sua segurança pessoal ou manutenção da ordem medida socioeducativa que se afigurar a mais adequada.
pública. § 1º A representação será oferecida por petição, que conterá
o breve resumo dos fatos e a classificação do ato infracional e,
Art. 175. Em caso de não liberação, a autoridade policial quando necessário, o rol de testemunhas, podendo ser deduzida
encaminhará, desde logo, o adolescente ao representante do oralmente, em sessão diária instalada pela autoridade
Ministério Público, juntamente com cópia do auto de apreensão judiciária.
ou boletim de ocorrência. § 2º A representação independe de prova pré-constituída da
§ 1º Sendo impossível a apresentação imediata, a autoridade autoria e materialidade.
policial encaminhará o adolescente à entidade de atendimento,
que fará a apresentação ao representante do Ministério Público Art. 183. O prazo máximo e improrrogável para a conclusão
no prazo de vinte e quatro horas. do procedimento, estando o adolescente internado
§ 2º Nas localidades onde não houver entidade de provisoriamente, será de quarenta e cinco dias.
atendimento, a apresentação far-se-á pela autoridade policial.
À falta de repartição policial especializada, o adolescente Art. 184. Oferecida a representação, a autoridade judiciária
aguardará a apresentação em dependência separada da designará audiência de apresentação do adolescente, decidindo,
destinada a maiores, não podendo, em qualquer hipótese, desde logo, sobre a decretação ou manutenção da internação,
exceder o prazo referido no parágrafo anterior. observado o disposto no art. 108 e parágrafo.
§ 1º O adolescente e seus pais ou responsável serão
Art. 176. Sendo o adolescente liberado, a autoridade policial cientificados do teor da representação, e notificados a
encaminhará imediatamente ao representante do Ministério comparecer à audiência, acompanhados de advogado.
Público cópia do auto de apreensão ou boletim de ocorrência. § 2º Se os pais ou responsável não forem localizados, a
autoridade judiciária dará curador especial ao adolescente.
Art. 177. Se, afastada a hipótese de flagrante, houver indícios § 3º Não sendo localizado o adolescente, a autoridade
de participação de adolescente na prática de ato infracional, a judiciária expedirá mandado de busca e apreensão,
autoridade policial encaminhará ao representante do Ministério determinando o sobrestamento do feito, até a efetiva
Público relatório das investigações e demais documentos. apresentação.
§ 4º Estando o adolescente internado, será requisitada a sua
Art. 178. O adolescente a quem se atribua autoria de ato apresentação, sem prejuízo da notificação dos pais ou
infracional não poderá ser conduzido ou transportado em responsável.
compartimento fechado de veículo policial, em condições
atentatórias à sua dignidade, ou que impliquem risco à sua Art. 185. A internação, decretada ou mantida pela
integridade física ou mental, sob pena de responsabilidade. autoridade judiciária, não poderá ser cumprida em
estabelecimento prisional.
Art. 179. Apresentado o adolescente, o representante do § 1º Inexistindo na comarca entidade com as características
Ministério Público, no mesmo dia e à vista do auto de apreensão, definidas no art. 123, o adolescente deverá ser imediatamente
boletim de ocorrência ou relatório policial, devidamente transferido para a localidade mais próxima.
autuados pelo cartório judicial e com informação sobre os § 2º Sendo impossível a pronta transferência, o adolescente
antecedentes do adolescente, procederá imediata e aguardará sua remoção em repartição policial, desde que em
informalmente à sua oitiva e, em sendo possível, de seus pais ou seção isolada dos adultos e com instalações apropriadas, não
responsável, vítima e testemunhas. podendo ultrapassar o prazo máximo de cinco dias, sob pena de
Parágrafo único. Em caso de não apresentação, o responsabilidade.
representante do Ministério Público notificará os pais ou
responsável para apresentação do adolescente, podendo Art. 186. Comparecendo o adolescente, seus pais ou
requisitar o concurso das polícias civil e militar. responsável, a autoridade judiciária procederá à oitiva dos
mesmos, podendo solicitar opinião de profissional qualificado.
Art. 180. Adotadas as providências a que alude o artigo § 1º Se a autoridade judiciária entender adequada a
anterior, o representante do Ministério Público poderá: remissão, ouvirá o representante do Ministério Público,
I - promover o arquivamento dos autos; proferindo decisão.
II - conceder a remissão; § 2º Sendo o fato grave, passível de aplicação de medida de
III - representar à autoridade judiciária para aplicação de internação ou colocação em regime de semiliberdade, a
medida socioeducativa. autoridade judiciária, verificando que o adolescente não possui
advogado constituído, nomeará defensor, designando, desde
Art. 181. Promovido o arquivamento dos autos ou concedida logo, audiência em continuação, podendo determinar a
a remissão pelo representante do Ministério Público, mediante realização de diligências e estudo do caso.

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§ 3º O advogado constituído ou o defensor nomeado, no do término do prazo de que trata o inciso II do § 1º deste artigo.
prazo de três dias contado da audiência de apresentação, (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
oferecerá defesa prévia e rol de testemunhas. § 2º Para efeitos do disposto no inciso I do § 1º deste artigo,
§ 4º Na audiência em continuação, ouvidas as testemunhas consideram-se: (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
arroladas na representação e na defesa prévia, cumpridas as I - dados de conexão: informações referentes a hora, data,
diligências e juntado o relatório da equipe interprofissional, será início, término, duração, endereço de Protocolo de Internet (IP)
dada a palavra ao representante do Ministério Público e ao utilizado e terminal de origem da conexão. (Incluído pela Lei nº
defensor, sucessivamente, pelo tempo de vinte minutos para 13.441, de 2017)
cada um, prorrogável por mais dez, a critério da autoridade II - dados cadastrais: informações referentes a nome e
judiciária, que em seguida proferirá decisão. endereço de assinante ou de usuário registrado ou autenticado
para a conexão a quem endereço de IP, identificação de usuário
Art. 187. Se o adolescente, devidamente notificado, não ou código de acesso tenha sido atribuído no momento da
comparecer, injustificadamente à audiência de apresentação, a conexão.
autoridade judiciária designará nova data, determinando sua § 3º A infiltração de agentes de polícia na internet não será
condução coercitiva. admitida se a prova puder ser obtida por outros meios. (Incluído
pela Lei nº 13.441, de 2017)
Art. 188. A remissão, como forma de extinção ou suspensão
do processo, poderá ser aplicada em qualquer fase do Art. 190-B. As informações da operação de infiltração serão
procedimento, antes da sentença. encaminhadas diretamente ao juiz responsável pela
autorização da medida, que zelará por seu sigilo. (Incluído pela
Art. 189. A autoridade judiciária não aplicará qualquer Lei nº 13.441, de 2017)
medida, desde que reconheça na sentença: Parágrafo único. Antes da conclusão da operação, o acesso
I - estar provada a inexistência do fato; aos autos será reservado ao juiz, ao Ministério Público e ao
II - não haver prova da existência do fato; delegado de polícia responsável pela operação, com o objetivo
III - não constituir o fato ato infracional; de garantir o sigilo das investigações. (Incluído pela Lei nº
IV - não existir prova de ter o adolescente concorrido para o 13.441, de 2017)
ato infracional.
Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, estando o Art. 190-C. Não comete crime o policial que oculta a sua
adolescente internado, será imediatamente colocado em identidade para, por meio da internet, colher indícios de autoria
liberdade. e materialidade dos crimes previstos nos arts. 240, 241, 241-A,
241-B, 241-C e 241-D desta Lei e nos arts. 154-A, 217-A, 218,
Art. 190. A intimação da sentença que aplicar medida de 218-A e 218-B do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de
internação ou regime de semiliberdade será feita: 1940 (Código Penal). (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
I - ao adolescente e ao seu defensor; Parágrafo único. O agente policial infiltrado que deixar de
II - quando não for encontrado o adolescente, a seus pais ou observar a estrita finalidade da investigação responderá pelos
responsável, sem prejuízo do defensor. excessos praticados. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
§ 1º Sendo outra a medida aplicada, a intimação far-se-á
unicamente na pessoa do defensor. Art. 190-D. Os órgãos de registro e cadastro público poderão
§ 2º Recaindo a intimação na pessoa do adolescente, deverá incluir nos bancos de dados próprios, mediante procedimento
este manifestar se deseja ou não recorrer da sentença. sigiloso e requisição da autoridade judicial, as informações
necessárias à efetividade da identidade fictícia criada. (Incluído
Seção V-A pela Lei nº 13.441, de 2017)
(Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) Parágrafo único. O procedimento sigiloso de que trata esta
Da Infiltração de Agentes de Polícia para a Seção será numerado e tombado em livro específico. (Incluído
Investigação de Crimes contra a Dignidade Sexual de pela Lei nº 13.441, de 2017)
Criança e de Adolescente
Art. 190-E. Concluída a investigação, todos os atos
Art. 190-A. A infiltração de agentes de polícia na internet eletrônicos praticados durante a operação deverão ser
com o fim de investigar os crimes previstos nos arts. 240, 241, registrados, gravados, armazenados e encaminhados ao juiz e
241-A, 241-B, 241-C e 241-D desta Lei e nos arts. 154-A, 217-A, ao Ministério Público, juntamente com relatório
218, 218-A e 218-B do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de circunstanciado. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
1940 (Código Penal), obedecerá às seguintes regras: (Incluído Parágrafo único. Os atos eletrônicos registrados citados no
pela Lei nº 13.441, de 2017) caput deste artigo serão reunidos em autos apartados e
I - será precedida de autorização judicial devidamente apensados ao processo criminal juntamente com o inquérito
circunstanciada e fundamentada, que estabelecerá os limites da policial, assegurando-se a preservação da identidade do agente
infiltração para obtenção de prova, ouvido o Ministério Público; policial infiltrado e a intimidade das crianças e dos adolescentes
(Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) envolvidos. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
II - dar-se-á mediante requerimento do Ministério Público ou
representação de delegado de polícia e conterá a demonstração Seção VI
de sua necessidade, o alcance das tarefas dos policiais, os nomes Da Apuração de Irregularidades em Entidade de
ou apelidos das pessoas investigadas e, quando possível, os Atendimento
dados de conexão ou cadastrais que permitam a identificação
dessas pessoas; (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) Art. 191. O procedimento de apuração de irregularidades em
III - não poderá exceder o prazo de 90 (noventa) dias, sem entidade governamental e não-governamental terá início
prejuízo de eventuais renovações, desde que o total não exceda mediante portaria da autoridade judiciária ou representação do
a 720 (setecentos e vinte) dias e seja demonstrada sua efetiva Ministério Público ou do Conselho Tutelar, onde conste,
necessidade, a critério da autoridade judicial. (Incluído pela Lei necessariamente, resumo dos fatos.
nº 13.441, de 2017) Parágrafo único. Havendo motivo grave, poderá a
§ 1º A autoridade judicial e o Ministério Público poderão autoridade judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar
requisitar relatórios parciais da operação de infiltração antes

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liminarmente o afastamento provisório do dirigente da Seção VIII


entidade, mediante decisão fundamentada. Da Habilitação de Pretendentes à Adoção

Art. 192. O dirigente da entidade será citado para, no prazo Art. 197-A. Os postulantes à adoção, domiciliados no Brasil,
de dez dias, oferecer resposta escrita, podendo juntar apresentarão petição inicial na qual conste:
documentos e indicar as provas a produzir. I - qualificação completa;
II - dados familiares;
Art. 193. Apresentada ou não a resposta, e sendo necessário, III - cópias autenticadas de certidão de nascimento ou
a autoridade judiciária designará audiência de instrução e casamento, ou declaração relativa ao período de união estável;
julgamento, intimando as partes. IV - cópias da cédula de identidade e inscrição no Cadastro
§ 1º Salvo manifestação em audiência, as partes e o de Pessoas Físicas;
Ministério Público terão cinco dias para oferecer alegações V - comprovante de renda e domicílio;
finais, decidindo a autoridade judiciária em igual prazo. VI - atestados de sanidade física e mental;
§ 2º Em se tratando de afastamento provisório ou definitivo VII - certidão de antecedentes criminais;
de dirigente de entidade governamental, a autoridade judiciária VIII - certidão negativa de distribuição cível.
oficiará à autoridade administrativa imediatamente superior
ao afastado, marcando prazo para a substituição. Art. 197-B. A autoridade judiciária, no prazo de 48
§ 3º Antes de aplicar qualquer das medidas, a autoridade (quarenta e oito) horas, dará vista dos autos ao Ministério
judiciária poderá fixar prazo para a remoção das Público, que no prazo de 5 (cinco) dias poderá:
irregularidades verificadas. Satisfeitas as exigências, o processo I - apresentar quesitos a serem respondidos pela equipe
será extinto, sem julgamento de mérito. interprofissional encarregada de elaborar o estudo técnico a
§ 4º A multa e a advertência serão impostas ao dirigente da que se refere o art. 197-C desta Lei;
entidade ou programa de atendimento. II - requerer a designação de audiência para oitiva dos
postulantes em juízo e testemunhas;
Seção VII III - requerer a juntada de documentos complementares e a
Da Apuração de Infração Administrativa às Normas de realização de outras diligências que entender necessárias.
Proteção à Criança e ao Adolescente
Art. 197-C. Intervirá no feito, obrigatoriamente, equipe
Art. 194. O procedimento para imposição de penalidade interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude,
administrativa por infração às normas de proteção à criança e que deverá elaborar estudo psicossocial, que conterá subsídios
ao adolescente terá início por representação do Ministério que permitam aferir a capacidade e o preparo dos postulantes
Público, ou do Conselho Tutelar, ou auto de infração elaborado para o exercício de uma paternidade ou maternidade
por servidor efetivo ou voluntário credenciado, e assinado por responsável, à luz dos requisitos e princípios desta Lei.
duas testemunhas, se possível. § 1º É obrigatória a participação dos postulantes em
§ 1º No procedimento iniciado com o auto de infração, programa oferecido pela Justiça da Infância e da Juventude,
poderão ser usadas fórmulas impressas, especificando-se a preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela
natureza e as circunstâncias da infração. execução da política municipal de garantia do direito à
§ 2º Sempre que possível, à verificação da infração seguir- convivência familiar e dos grupos de apoio à adoção
se-á a lavratura do auto, certificando-se, em caso contrário, dos devidamente habilitados perante a Justiça da Infância e da
motivos do retardamento. Juventude, que inclua preparação psicológica, orientação e
estímulo à adoção inter-racial, de crianças ou de adolescentes
Art. 195. O requerido terá prazo de dez dias para com deficiência, com doenças crônicas ou com necessidades
apresentação de defesa, contado da data da intimação, que será específicas de saúde, e de grupos de irmãos. (Redação dada pela
feita: Lei nº 13.509, de 2017)
I - pelo autuante, no próprio auto, quando este for lavrado § 2º Sempre que possível e recomendável, a etapa
na presença do requerido; obrigatória da preparação referida no § 1º deste artigo incluirá
II - por oficial de justiça ou funcionário legalmente o contato com crianças e adolescentes em regime de
habilitado, que entregará cópia do auto ou da representação ao acolhimento familiar ou institucional, a ser realizado sob
requerido, ou a seu representante legal, lavrando certidão; orientação, supervisão e avaliação da equipe técnica da Justiça
III - por via postal, com aviso de recebimento, se não for da Infância e da Juventude e dos grupos de apoio à adoção, com
encontrado o requerido ou seu representante legal; apoio dos técnicos responsáveis pelo programa de acolhimento
IV - por edital, com prazo de trinta dias, se incerto ou não familiar e institucional e pela execução da política municipal de
sabido o paradeiro do requerido ou de seu representante legal. garantia do direito à convivência familiar. (Redação dada pela
Lei nº 13.509, de 2017)
Art. 196. Não sendo apresentada a defesa no prazo legal, a § 3º É recomendável que as crianças e os adolescentes
autoridade judiciária dará vista dos autos do Ministério Público, acolhidos institucionalmente ou por família acolhedora sejam
por cinco dias, decidindo em igual prazo. preparados por equipe interprofissional antes da inclusão em
família adotiva. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
Art. 197. Apresentada a defesa, a autoridade judiciária
procederá na conformidade do artigo anterior, ou, sendo Art. 197-D. Certificada nos autos a conclusão da
necessário, designará audiência de instrução e julgamento. participação no programa referido no art. 197-C desta Lei, a
Parágrafo único. Colhida a prova oral, manifestar-se-ão autoridade judiciária, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas,
sucessivamente o Ministério Público e o procurador do decidirá acerca das diligências requeridas pelo Ministério
requerido, pelo tempo de vinte minutos para cada um, Público e determinará a juntada do estudo psicossocial,
prorrogável por mais dez, a critério da autoridade judiciária, designando, conforme o caso, audiência de instrução e
que em seguida proferirá sentença. julgamento.
Parágrafo único. Caso não sejam requeridas diligências, ou
sendo essas indeferidas, a autoridade judiciária determinará a
juntada do estudo psicossocial, abrindo a seguir vista dos autos

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ao Ministério Público, por 5 (cinco) dias, decidindo em igual Art. 199-A. A sentença que deferir a adoção produz efeito
prazo. desde logo, embora sujeita a apelação, que será recebida
exclusivamente no efeito devolutivo, salvo se se tratar de adoção
Art. 197-E. Deferida a habilitação, o postulante será inscrito internacional ou se houver perigo de dano irreparável ou de
nos cadastros referidos no art. 50 desta Lei, sendo a sua difícil reparação ao adotando.
convocação para a adoção feita de acordo com ordem
cronológica de habilitação e conforme a disponibilidade de Art. 199-B. A sentença que destituir ambos ou qualquer dos
crianças ou adolescentes adotáveis. genitores do poder familiar fica sujeita a apelação, que deverá
§ 1º A ordem cronológica das habilitações somente poderá ser recebida apenas no efeito devolutivo.
deixar de ser observada pela autoridade judiciária nas hipóteses
previstas no § 13 do art. 50 desta Lei, quando comprovado ser Art. 199-C. Os recursos nos procedimentos de adoção e de
essa a melhor solução no interesse do adotando. destituição de poder familiar, em face da relevância das
§ 2º A habilitação à adoção deverá ser renovada no mínimo questões, serão processados com prioridade absoluta, devendo
trienalmente mediante avaliação por equipe interprofissional. ser imediatamente distribuídos, ficando vedado que aguardem,
(Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) em qualquer situação, oportuna distribuição, e serão colocados
§ 3º Quando o adotante candidatar-se a uma nova adoção, em mesa para julgamento sem revisão e com parecer urgente do
será dispensável a renovação da habilitação, bastando a Ministério Público.
avaliação por equipe interprofissional. (Incluído pela Lei nº
13.509, de 2017) Art. 199-D. O relator deverá colocar o processo em mesa
§ 4º Após 3 (três) recusas injustificadas, pelo habilitado, à para julgamento no prazo máximo de 60 (sessenta) dias,
adoção de crianças ou adolescentes indicados dentro do perfil contado da sua conclusão.
escolhido, haverá reavaliação da habilitação concedida. Parágrafo único. O Ministério Público será intimado da data
(Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) do julgamento e poderá na sessão, se entender necessário,
§ 5º A desistência do pretendente em relação à guarda para apresentar oralmente seu parecer.
fins de adoção ou a devolução da criança ou do adolescente
depois do trânsito em julgado da sentença de adoção importará Art. 199-E. O Ministério Público poderá requerer a
na sua exclusão dos cadastros de adoção e na vedação de instauração de procedimento para apuração de
renovação da habilitação, salvo decisão judicial fundamentada, responsabilidades se constatar o descumprimento das
sem prejuízo das demais sanções previstas na legislação vigente. providências e do prazo previstos nos artigos anteriores.
(Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
Capítulo V
Art. 197-F. O prazo máximo para conclusão da habilitação à Do Ministério Público
adoção será de 120 (cento e vinte) dias, prorrogável por igual
período, mediante decisão fundamentada da autoridade Art. 200. As funções do Ministério Público previstas nesta Lei
judiciária. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) serão exercidas nos termos da respectiva lei orgânica.

Capítulo IV Art. 201. Compete ao Ministério Público:


Dos Recursos I - conceder a remissão como forma de exclusão do processo;
II - promover e acompanhar os procedimentos relativos às
Art. 198. Nos procedimentos afetos à Justiça da Infância e da infrações atribuídas a adolescentes;
Juventude, inclusive os relativos à execução das medidas III - promover e acompanhar as ações de alimentos e os
socioeducativas, adotar-se-á o sistema recursal da Lei nº 5.869, procedimentos de suspensão e destituição do poder familiar,
de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil), com as nomeação e remoção de tutores, curadores e guardiães, bem
seguintes adaptações: como oficiar em todos os demais procedimentos da competência
I - os recursos serão interpostos independentemente de da Justiça da Infância e da Juventude;
preparo; IV - promover, de ofício ou por solicitação dos interessados,
II - em todos os recursos, salvo nos embargos de declaração, a especialização e a inscrição de hipoteca legal e a prestação de
o prazo para o Ministério Público e para a defesa será sempre de contas dos tutores, curadores e quaisquer administradores de
10 (dez) dias; bens de crianças e adolescentes nas hipóteses do art. 98;
III - os recursos terão preferência de julgamento e V - promover o inquérito civil e a ação civil pública para a
dispensarão revisor; proteção dos interesses individuais, difusos ou coletivos relativos
IV - (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) à infância e à adolescência, inclusive os definidos no art. 220, §
V - (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) 3º inciso II, da Constituição Federal;
VI - (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) VI - instaurar procedimentos administrativos e, para instruí-
VII - antes de determinar a remessa dos autos à superior los:
instância, no caso de apelação, ou do instrumento, no caso de a) expedir notificações para colher depoimentos ou
agravo, a autoridade judiciária proferirá despacho esclarecimentos e, em caso de não comparecimento
fundamentado, mantendo ou reformando a decisão, no prazo de injustificado, requisitar condução coercitiva, inclusive pela
cinco dias; polícia civil ou militar;
VIII - mantida a decisão apelada ou agravada, o escrivão b) requisitar informações, exames, perícias e documentos de
remeterá os autos ou o instrumento à superior instância dentro autoridades municipais, estaduais e federais, da administração
de vinte e quatro horas, independentemente de novo pedido do direta ou indireta, bem como promover inspeções e diligências
recorrente; se a reformar, a remessa dos autos dependerá de investigatórias;
pedido expresso da parte interessada ou do Ministério Público, c) requisitar informações e documentos a particulares e
no prazo de cinco dias, contados da intimação. instituições privadas;
VII - instaurar sindicâncias, requisitar diligências
Art. 199. Contra as decisões proferidas com base no art. 149 investigatórias e determinar a instauração de inquérito policial,
caberá recurso de apelação. para apuração de ilícitos ou infrações às normas de proteção à
infância e à juventude;

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VIII - zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias Art. 207. Nenhum adolescente a quem se atribua a prática
legais assegurados às crianças e adolescentes, promovendo as de ato infracional, ainda que ausente ou foragido, será
medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis; processado sem defensor.
IX - impetrar mandado de segurança, de injunção e habeas § 1º Se o adolescente não tiver defensor, ser-lhe-á nomeado
corpus, em qualquer juízo, instância ou tribunal, na defesa dos pelo juiz, ressalvado o direito de, a todo tempo, constituir outro
interesses sociais e individuais indisponíveis afetos à criança e de sua preferência.
ao adolescente; § 2º A ausência do defensor não determinará o adiamento
X - representar ao juízo visando à aplicação de penalidade de nenhum ato do processo, devendo o juiz nomear substituto,
por infrações cometidas contra as normas de proteção à ainda que provisoriamente, ou para o só efeito do ato.
infância e à juventude, sem prejuízo da promoção da § 3º Será dispensada a outorga de mandato, quando se
responsabilidade civil e penal do infrator, quando cabível; tratar de defensor nomeado ou, sido constituído, tiver sido
XI - inspecionar as entidades públicas e particulares de indicado por ocasião de ato formal com a presença da
atendimento e os programas de que trata esta Lei, adotando de autoridade judiciária.
pronto as medidas administrativas ou judiciais necessárias à
remoção de irregularidades porventura verificadas; Capítulo VII
XII - requisitar força policial, bem como a colaboração dos Da Proteção Judicial dos Interesses Individuais, Difusos
serviços médicos, hospitalares, educacionais e de assistência e Coletivos
social, públicos ou privados, para o desempenho de suas
atribuições. Art. 208. Regem-se pelas disposições desta Lei as ações de
§ 1º A legitimação do Ministério Público para as ações cíveis responsabilidade por ofensa aos direitos assegurados à criança
previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas mesmas e ao adolescente, referentes ao não oferecimento ou oferta
hipóteses, segundo dispuserem a Constituição e esta Lei. irregular:
§ 2º As atribuições constantes deste artigo não excluem I - do ensino obrigatório;
outras, desde que compatíveis com a finalidade do Ministério II - de atendimento educacional especializado aos
Público. portadores de deficiência;
§ 3º O representante do Ministério Público, no exercício de III - de atendimento em creche e pré-escola às crianças de
suas funções, terá livre acesso a todo local onde se encontre zero a cinco anos de idade (Redação dada pela Lei nº 13.306, de
criança ou adolescente. 2016).
§ 4º O representante do Ministério Público será responsável IV - de ensino noturno regular, adequado às condições do
pelo uso indevido das informações e documentos que requisitar, educando;
nas hipóteses legais de sigilo. V - de programas suplementares de oferta de material
§ 5º Para o exercício da atribuição de que trata o inciso VIII didático-escolar, transporte e assistência à saúde do educando
deste artigo, poderá o representante do Ministério Público: do ensino fundamental;
a) reduzir a termo as declarações do reclamante, VI - de serviço de assistência social visando à proteção à
instaurando o competente procedimento, sob sua presidência; família, à maternidade, à infância e à adolescência, bem como
b) entender-se diretamente com a pessoa ou autoridade ao amparo às crianças e adolescentes que dele necessitem;
reclamada, em dia, local e horário previamente notificados ou VII - de acesso às ações e serviços de saúde;
acertados; VIII - de escolarização e profissionalização dos adolescentes
c) efetuar recomendações visando à melhoria dos serviços privados de liberdade.
públicos e de relevância pública afetos à criança e ao IX - de ações, serviços e programas de orientação, apoio e
adolescente, fixando prazo razoável para sua perfeita promoção social de famílias e destinados ao pleno exercício do
adequação. direito à convivência familiar por crianças e adolescentes.
X - de programas de atendimento para a execução das
Art. 202. Nos processos e procedimentos em que não for medidas socioeducativas e aplicação de medidas de proteção.
parte, atuará obrigatoriamente o Ministério Público na defesa XI - de políticas e programas integrados de atendimento à
dos direitos e interesses de que cuida esta Lei, hipótese em que criança e ao adolescente vítima ou testemunha de violência.
terá vista dos autos depois das partes, podendo juntar (Incluído pela Lei nº 13.431, de 2017)
documentos e requerer diligências, usando os recursos cabíveis. § 1º As hipóteses previstas neste artigo não excluem da
proteção judicial outros interesses individuais, difusos ou
Art. 203. A intimação do Ministério Público, em qualquer coletivos, próprios da infância e da adolescência, protegidos pela
caso, será feita pessoalmente. Constituição e pela Lei.
§ 2º A investigação do desaparecimento de crianças ou
Art. 204. A falta de intervenção do Ministério Público adolescentes será realizada imediatamente após notificação aos
acarreta a nulidade do feito, que será declarada de ofício pelo órgãos competentes, que deverão comunicar o fato aos portos,
juiz ou a requerimento de qualquer interessado. aeroportos, Polícia Rodoviária e companhias de transporte
interestaduais e internacionais, fornecendo-lhes todos os dados
Art. 205. As manifestações processuais do representante do necessários à identificação do desaparecido.
Ministério Público deverão ser fundamentadas.
Art. 209. As ações previstas neste Capítulo serão propostas
Capítulo VI no foro do local onde ocorreu ou deva ocorrer a ação ou omissão,
Do Advogado cujo juízo terá competência absoluta para processar a causa,
ressalvadas a competência da Justiça Federal e a competência
Art. 206. A criança ou o adolescente, seus pais ou originária dos tribunais superiores.
responsável, e qualquer pessoa que tenha legítimo interesse na
solução da lide poderão intervir nos procedimentos de que trata Art. 210. Para as ações cíveis fundadas em interesses
esta Lei, através de advogado, o qual será intimado para todos coletivos ou difusos, consideram-se legitimados
os atos, pessoalmente ou por publicação oficial, respeitado o concorrentemente:
segredo de justiça. I - o Ministério Público;
Parágrafo único. Será prestada assistência judiciária II - a União, os estados, os municípios, o Distrito Federal e os
integral e gratuita àqueles que dela necessitarem. territórios;

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III - as associações legalmente constituídas há pelo menos 4º do art. 20 da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código
um ano e que incluam entre seus fins institucionais a defesa dos de Processo Civil), quando reconhecer que a pretensão é
interesses e direitos protegidos por esta Lei, dispensada a manifestamente infundada.
autorização da assembleia, se houver prévia autorização Parágrafo único. Em caso de litigância de má-fé, a
estatutária. associação autora e os diretores responsáveis pela propositura
§ 1º Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os da ação serão solidariamente condenados ao décuplo das custas,
Ministérios Públicos da União e dos estados na defesa dos sem prejuízo de responsabilidade por perdas e danos.
interesses e direitos de que cuida esta Lei.
§ 2º Em caso de desistência ou abandono da ação por Art. 219. Nas ações de que trata este Capítulo, não haverá
associação legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado adiantamento de custas, emolumentos, honorários periciais e
poderá assumir a titularidade ativa. quaisquer outras despesas.

Art. 211. Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos Art. 220. Qualquer pessoa poderá e o servidor público deverá
interessados compromisso de ajustamento de sua conduta às provocar a iniciativa do Ministério Público, prestando-lhe
exigências legais, o qual terá eficácia de título executivo informações sobre fatos que constituam objeto de ação civil, e
extrajudicial. indicando-lhe os elementos de convicção.

Art. 212. Para defesa dos direitos e interesses protegidos por Art. 221. Se, no exercício de suas funções, os juízos e tribunais
esta Lei, são admissíveis todas as espécies de ações pertinentes. tiverem conhecimento de fatos que possam ensejar a
§ 1º Aplicam-se às ações previstas neste Capítulo as normas propositura de ação civil, remeterão peças ao Ministério Público
do Código de Processo Civil. para as providências cabíveis.
§ 2º Contra atos ilegais ou abusivos de autoridade pública
ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do poder Art. 222. Para instruir a petição inicial, o interessado poderá
público, que lesem direito líquido e certo previsto nesta Lei, requerer às autoridades competentes as certidões e informações
caberá ação mandamental, que se regerá pelas normas da lei do que julgar necessárias, que serão fornecidas no prazo de quinze
mandado de segurança. dias.

Art. 213. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de Art. 223. O Ministério Público poderá instaurar, sob sua
obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela presidência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer pessoa,
específica da obrigação ou determinará providências que organismo público ou particular, certidões, informações, exames
assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento. ou perícias, no prazo que assinalar, o qual não poderá ser
§ 1º Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo inferior a dez dias úteis.
justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao § 1º Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas as
juiz conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia, diligências, se convencer da inexistência de fundamento para a
citando o réu. propositura da ação cível, promoverá o arquivamento dos autos
§ 2º O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na do inquérito civil ou das peças informativas, fazendo-o
sentença, impor multa diária ao réu, independentemente de fundamentadamente.
pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, § 2º Os autos do inquérito civil ou as peças de informação
fixando prazo razoável para o cumprimento do preceito. arquivados serão remetidos, sob pena de se incorrer em falta
§ 3º A multa só será exigível do réu após o trânsito em grave, no prazo de três dias, ao Conselho Superior do Ministério
julgado da sentença favorável ao autor, mas será devida desde o Público.
dia em que se houver configurado o descumprimento. § 3º Até que seja homologada ou rejeitada a promoção de
arquivamento, em sessão do Conselho Superior do Ministério
Art. 214. Os valores das multas reverterão ao fundo gerido público, poderão as associações legitimadas apresentar razões
pelo Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente do escritas ou documentos, que serão juntados aos autos do
respectivo município. inquérito ou anexados às peças de informação.
§ 1º As multas não recolhidas até trinta dias após o trânsito § 4º A promoção de arquivamento será submetida a exame
em julgado da decisão serão exigidas através de execução e deliberação do Conselho Superior do Ministério Público,
promovida pelo Ministério Público, nos mesmos autos, facultada conforme dispuser o seu regimento.
igual iniciativa aos demais legitimados. § 5º Deixando o Conselho Superior de homologar a
§ 2º Enquanto o fundo não for regulamentado, o dinheiro promoção de arquivamento, designará, desde logo, outro órgão
ficará depositado em estabelecimento oficial de crédito, em do Ministério Público para o ajuizamento da ação.
conta com correção monetária.
Art. 224. Aplicam-se subsidiariamente, no que couber, as
Art. 215. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos disposições da Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985.
recursos, para evitar dano irreparável à parte.
Título VII
Art. 216. Transitada em julgado a sentença que impuser Dos Crimes e Das Infrações Administrativas
condenação ao poder público, o juiz determinará a remessa de Capítulo I
peças à autoridade competente, para apuração da Dos Crimes
responsabilidade civil e administrativa do agente a que se Seção I
atribua a ação ou omissão. Disposições Gerais

Art. 217. Decorridos sessenta dias do trânsito em julgado da Art. 225. Este Capítulo dispõe sobre crimes praticados
sentença condenatória sem que a associação autora lhe contra a criança e o adolescente, por ação ou omissão, sem
promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério Público, prejuízo do disposto na legislação penal.
facultada igual iniciativa aos demais legitimados.
Art. 226. Aplicam-se aos crimes definidos nesta Lei as
Art. 218. O juiz condenará a associação autora a pagar ao normas da Parte Geral do Código Penal e, quanto ao processo, as
réu os honorários advocatícios arbitrados na conformidade do § pertinentes ao Código de Processo Penal.

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Art. 227. Os crimes definidos nesta Lei são de ação pública Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem oferece ou
incondicionada. efetiva a paga ou recompensa.

Seção II Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato destinado


Dos Crimes em Espécie ao envio de criança ou adolescente para o exterior com
inobservância das formalidades legais ou com o fito de obter
Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o dirigente de lucro:
estabelecimento de atenção à saúde de gestante de manter Pena - reclusão de quatro a seis anos, e multa.
registro das atividades desenvolvidas, na forma e prazo Parágrafo único. Se há emprego de violência, grave ameaça
referidos no art. 10 desta Lei, bem como de fornecer à ou fraude:
parturiente ou a seu responsável, por ocasião da alta médica, Pena - reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) anos, além da pena
declaração de nascimento, onde constem as intercorrências do correspondente à violência.
parto e do desenvolvimento do neonato:
Pena - detenção de seis meses a dois anos. Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou
Parágrafo único. Se o crime é culposo: registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito ou
Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa. pornográfica, envolvendo criança ou adolescente:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de § 1º Incorre nas mesmas penas quem agencia, facilita,
estabelecimento de atenção à saúde de gestante de identificar recruta, coage, ou de qualquer modo intermedeia a participação
corretamente o neonato e a parturiente, por ocasião do parto, de criança ou adolescente nas cenas referidas no caput deste
bem como deixar de proceder aos exames referidos no art. 10 artigo, ou ainda quem com esses contracena.
desta Lei: § 2o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o agente comete
Pena - detenção de seis meses a dois anos. o crime:
Parágrafo único. Se o crime é culposo: I - no exercício de cargo ou função pública ou a pretexto de
Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa. exercê-la;
II - prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação
Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua liberdade, ou de hospitalidade; ou
procedendo à sua apreensão sem estar em flagrante de ato III - prevalecendo-se de relações de parentesco
infracional ou inexistindo ordem escrita da autoridade consanguíneo ou afim até o terceiro grau, ou por adoção, de
judiciária competente: tutor, curador, preceptor, empregador da vítima ou de quem, a
Pena - detenção de seis meses a dois anos. qualquer outro título, tenha autoridade sobre ela, ou com seu
Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que procede consentimento.
à apreensão sem observância das formalidades legais.
Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou outro
Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável pela registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica
apreensão de criança ou adolescente de fazer imediata envolvendo criança ou adolescente.
comunicação à autoridade judiciária competente e à família do Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
apreendido ou à pessoa por ele indicada:
Pena - detenção de seis meses a dois anos. Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir,
distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive por
Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua meio de sistema de informática ou telemático, fotografia, vídeo
autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou
constrangimento: pornográfica envolvendo criança ou adolescente:
Pena - detenção de seis meses a dois anos. Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem:
Art. 233. Revogado. I - assegura os meios ou serviços para o armazenamento das
fotografias, cenas ou imagens de que trata o caput deste artigo;
Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem justa causa, II - assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de
de ordenar a imediata liberação de criança ou adolescente, tão computadores às fotografias, cenas ou imagens de que trata o
logo tenha conhecimento da ilegalidade da apreensão: caput deste artigo.
Pena - detenção de seis meses a dois anos. § 2o As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 1º deste
artigo são puníveis quando o responsável legal pela prestação
Art. 235. Descumprir, injustificadamente, prazo fixado nesta do serviço, oficialmente notificado, deixa de desabilitar o acesso
Lei em benefício de adolescente privado de liberdade: ao conteúdo ilícito de que trata o caput deste artigo.
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer
Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de autoridade meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro que contenha
judiciária, membro do Conselho Tutelar ou representante do cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou
Ministério Público no exercício de função prevista nesta Lei: adolescente:
Pena - detenção de seis meses a dois anos. Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
§ 1º A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços) se de
Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de quem pequena quantidade o material a que se refere o caput deste
o tem sob sua guarda em virtude de lei ou ordem judicial, com o artigo.
fim de colocação em lar substituto: § 2º Não há crime se a posse ou o armazenamento tem a
Pena - reclusão de dois a seis anos, e multa. finalidade de comunicar às autoridades competentes a
ocorrência das condutas descritas nos arts. 240, 241, 241-A e
Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou pupilo a 241-C desta Lei, quando a comunicação for feita por:
terceiro, mediante paga ou recompensa: I - agente público no exercício de suas funções;
Pena - reclusão de um a quatro anos, e multa. II - membro de entidade, legalmente constituída, que inclua,
entre suas finalidades institucionais, o recebimento, o

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processamento e o encaminhamento de notícia dos crimes criança ou adolescente às práticas referidas no caput deste
referidos neste parágrafo; artigo.
III - representante legal e funcionários responsáveis de § 2º Constitui efeito obrigatório da condenação a cassação
provedor de acesso ou serviço prestado por meio de rede de da licença de localização e de funcionamento do
computadores, até o recebimento do material relativo à notícia estabelecimento.
feita à autoridade policial, ao Ministério Público ou ao Poder
Judiciário. Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor de
§ 3º As pessoas referidas no § 2º deste artigo deverão manter 18 (dezoito) anos, com ele praticando infração penal ou
sob sigilo o material ilícito referido. induzindo-o a praticá-la:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
Art. 241-C. Simular a participação de criança ou adolescente § 1º Incorre nas penas previstas no caput deste artigo quem
em cena de sexo explícito ou pornográfica por meio de pratica as condutas ali tipificadas utilizando-se de quaisquer
adulteração, montagem ou modificação de fotografia, vídeo ou meios eletrônicos, inclusive salas de bate-papo da internet.
qualquer outra forma de representação visual: § 2º As penas previstas no caput deste artigo são
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. aumentadas de um terço no caso de a infração cometida ou
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, induzida estar incluída no rol do art. 1º da Lei nº 8.072, de 25 de
expõe à venda, disponibiliza, distribui, publica ou divulga por julho de 1990.
qualquer meio, adquire, possui ou armazena o material
produzido na forma do caput deste artigo. Capítulo II
Das Infrações Administrativas
Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por
qualquer meio de comunicação, criança, com o fim de com ela Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável por
praticar ato libidinoso. estabelecimento de atenção à saúde e de ensino fundamental,
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. pré-escola ou creche, de comunicar à autoridade competente os
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: casos de que tenha conhecimento, envolvendo suspeita ou
I - facilita ou induz o acesso à criança de material contendo confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente:
cena de sexo explícito ou pornográfica com o fim de com ela Pena - multa de três a vinte salários de referência,
praticar ato libidinoso; aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
II - pratica as condutas descritas no caput deste artigo com
o fim de induzir criança a se exibir de forma pornográfica ou Art. 246. Impedir o responsável ou funcionário de entidade
sexualmente explícita. de atendimento o exercício dos direitos constantes nos incisos II,
III, VII, VIII e XI do art. 124 desta Lei:
Art. 241-E. Para efeito dos crimes previstos nesta Lei, a Pena - multa de três a vinte salários de referência,
expressão “cena de sexo explícito ou pornográfica” compreende aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
qualquer situação que envolva criança ou adolescente em
atividades sexuais explícitas, reais ou simuladas, ou exibição dos Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem autorização
órgãos genitais de uma criança ou adolescente para fins devida, por qualquer meio de comunicação, nome, ato ou
primordialmente sexuais. documento de procedimento policial, administrativo ou judicial
relativo a criança ou adolescente a que se atribua ato
Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou infracional:
entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente arma, Pena - multa de três a vinte salários de referência,
munição ou explosivo: aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos. § 1º Incorre na mesma pena quem exibe, total ou
parcialmente, fotografia de criança ou adolescente envolvido
Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, em ato infracional, ou qualquer ilustração que lhe diga respeito
ainda que gratuitamente, de qualquer forma, a criança ou a ou se refira a atos que lhe sejam atribuídos, de forma a permitir
adolescente, bebida alcoólica ou, sem justa causa, outros sua identificação, direta ou indiretamente.
produtos cujos componentes possam causar dependência física § 2º Se o fato for praticado por órgão de imprensa ou
ou psíquica: emissora de rádio ou televisão, além da pena prevista neste
Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, se o artigo, a autoridade judiciária poderá determinar a apreensão
fato não constitui crime mais grave. da publicação ou a suspensão da programação da emissora até
por dois dias, bem como da publicação do periódico até por dois
Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou números. (Expressão declara inconstitucional pela ADIN 869-2)
entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente fogos de
estampido ou de artifício, exceto aqueles que, pelo seu reduzido Art. 248. (Revogado pela Lei nº 13.431, de 2017)
potencial, sejam incapazes de provocar qualquer dano físico em
caso de utilização indevida: Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres
Pena - detenção de seis meses a dois anos, e multa. inerentes ao poder familiar ou decorrente de tutela ou guarda,
bem assim determinação da autoridade judiciária ou Conselho
Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como tais Tutelar:
definidos no caput do art. 2o desta Lei, à prostituição ou à Pena - multa de três a vinte salários de referência,
exploração sexual aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
Pena - reclusão de quatro a dez anos e multa, além da perda
de bens e valores utilizados na prática criminosa em favor do Art. 250. Hospedar criança ou adolescente desacompanhado
Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente da unidade da dos pais ou responsável, ou sem autorização escrita desses ou da
Federação (Estado ou Distrito Federal) em que foi cometido o autoridade judiciária, em hotel, pensão, motel ou congênere:
crime, ressalvado o direito de terceiro de boa-fé. (Redação dada Pena - multa.
pela Lei nº 13.440, de 2017) § 1º Em caso de reincidência, sem prejuízo da pena de multa,
§ 1º Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o gerente a autoridade judiciária poderá determinar o fechamento do
ou o responsável pelo local em que se verifique a submissão de estabelecimento por até 15 (quinze) dias.

Conhecimentos Específicos 79
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APOSTILAS OPÇÃO

§ 2º Se comprovada a reincidência em período inferior a 30 casais habilitados à adoção e de crianças e adolescentes em


(trinta) dias, o estabelecimento será definitivamente fechado e regime de acolhimento institucional ou familiar.
terá sua licença cassada.
Art. 258-B. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de
Art. 251. Transportar criança ou adolescente, por qualquer estabelecimento de atenção à saúde de gestante de efetuar
meio, com inobservância do disposto nos arts. 83, 84 e 85 desta imediato encaminhamento à autoridade judiciária de caso de
Lei: que tenha conhecimento de mãe ou gestante interessada em
Pena - multa de três a vinte salários de referência, entregar seu filho para adoção:
aplicando-se o dobro em caso de reincidência. Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 (três
mil reais).
Art. 252. Deixar o responsável por diversão ou espetáculo Parágrafo único. Incorre na mesma pena o funcionário de
público de afixar, em lugar visível e de fácil acesso, à entrada do programa oficial ou comunitário destinado à garantia do direito
local de exibição, informação destacada sobre a natureza da à convivência familiar que deixa de efetuar a comunicação
diversão ou espetáculo e a faixa etária especificada no referida no caput deste artigo.
certificado de classificação:
Pena - multa de três a vinte salários de referência, Art. 258-C. Descumprir a proibição estabelecida no inciso II
aplicando-se o dobro em caso de reincidência. do art. 81:
Art. 253. Anunciar peças teatrais, filmes ou quaisquer Pena - multa de R$ 3.000,00 (três mil reais) a R$ 10.000,00
representações ou espetáculos, sem indicar os limites de idade a (dez mil reais);
que não se recomendem: Medida Administrativa - interdição do estabelecimento
Pena - multa de três a vinte salários de referência, duplicada comercial até o recolhimento da multa aplicada.
em caso de reincidência, aplicável, separadamente, à casa de
espetáculo e aos órgãos de divulgação ou publicidade. Disposições Finais e Transitórias

Art. 254. Transmitir, através de rádio ou televisão, Art. 259. A União, no prazo de noventa dias contados da
espetáculo em horário diverso do autorizado ou sem aviso de publicação deste Estatuto, elaborará projeto de lei dispondo
sua classificação: sobre a criação ou adaptação de seus órgãos às diretrizes da
Pena - multa de vinte a cem salários de referência; duplicada política de atendimento fixadas no art. 88 e ao que estabelece o
em caso de reincidência a autoridade judiciária poderá Título V do Livro II.
determinar a suspensão da programação da emissora por até Parágrafo único. Compete aos estados e municípios
dois dias. promoverem a adaptação de seus órgãos e programas às
diretrizes e princípios estabelecidos nesta Lei.
Art. 255. Exibir filme, trailer, peça, amostra ou congênere
classificado pelo órgão competente como inadequado às Art. 260. Os contribuintes poderão efetuar doações aos
crianças ou adolescentes admitidos ao espetáculo: Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional,
Pena - multa de vinte a cem salários de referência; na distrital, estaduais ou municipais, devidamente comprovadas,
reincidência, a autoridade poderá determinar a suspensão do sendo essas integralmente deduzidas do imposto de renda,
espetáculo ou o fechamento do estabelecimento por até quinze obedecidos os seguintes limites:
dias. I - 1% (um por cento) do imposto sobre a renda devido
apurado pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro
Art. 256. Vender ou locar a criança ou adolescente fita de real; e
programação em vídeo, em desacordo com a classificação II - 6% (seis por cento) do imposto sobre a renda apurado
atribuída pelo órgão competente: pelas pessoas físicas na Declaração de Ajuste Anual, observado
Pena - multa de três a vinte salários de referência; em caso o disposto no art. 22 da Lei no 9.532, de 10 de dezembro de 1997.
de reincidência, a autoridade judiciária poderá determinar o § 1º Revogado.
fechamento do estabelecimento por até quinze dias. § 1º-A. Na definição das prioridades a serem atendidas com
os recursos captados pelos fundos nacional, estaduais e
Art. 257. Descumprir obrigação constante dos arts. 78 e 79 municipais dos direitos da criança e do adolescente, serão
desta Lei: consideradas as disposições do Plano Nacional de Promoção,
Pena - multa de três a vinte salários de referência, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à
duplicando-se a pena em caso de reincidência, sem prejuízo de Convivência Familiar e Comunitária e as do Plano Nacional pela
apreensão da revista ou publicação. Primeira Infância. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
§ 2o Os conselhos nacional, estaduais e municipais dos
Art. 258. Deixar o responsável pelo estabelecimento ou o direitos da criança e do adolescente fixarão critérios de
empresário de observar o que dispõe esta Lei sobre o acesso de utilização, por meio de planos de aplicação, das dotações
criança ou adolescente aos locais de diversão, ou sobre sua subsidiadas e demais receitas, aplicando necessariamente
participação no espetáculo: percentual para incentivo ao acolhimento, sob a forma de
Pena - multa de três a vinte salários de referência; em caso guarda, de crianças e adolescentes e para programas de atenção
de reincidência, a autoridade judiciária poderá determinar o integral à primeira infância em áreas de maior carência
fechamento do estabelecimento por até quinze dias. socioeconômica e em situações de calamidade. (Redação dada
pela Lei nº 13.257, de 2016)
Art. 258-A. Deixar a autoridade competente de providenciar § 3º O Departamento da Receita Federal, do Ministério da
a instalação e operacionalização dos cadastros previstos no art. Economia, Fazenda e Planejamento, regulamentará a
50 e no § 11 do art. 101 desta Lei: comprovação das doações feitas aos fundos, nos termos deste
Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 (três artigo.
mil reais). § 4º O Ministério Público determinará em cada comarca a
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas a autoridade forma de fiscalização da aplicação, pelo Fundo Municipal dos
que deixa de efetuar o cadastramento de crianças e de Direitos da Criança e do Adolescente, dos incentivos fiscais
adolescentes em condições de serem adotadas, de pessoas ou referidos neste artigo.

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§ 5º Observado o disposto no § 4º do art. 3º da Lei nº 9.249, III - nome, CNPJ ou Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) do
de 26 de dezembro de 1995, a dedução de que trata o inciso I do doador;
caput: IV - data da doação e valor efetivamente recebido; e
I - será considerada isoladamente, não se submetendo a V - ano-calendário a que se refere a doação.
limite em conjunto com outras deduções do imposto; e § 1o O comprovante de que trata o caput deste artigo pode
II - não poderá ser computada como despesa operacional na ser emitido anualmente, desde que discrimine os valores doados
apuração do lucro real. mês a mês.
§ 2o No caso de doação em bens, o comprovante deve conter
Art. 260-A. A partir do exercício de 2010, ano-calendário de a identificação dos bens, mediante descrição em campo próprio
2009, a pessoa física poderá optar pela doação de que trata o ou em relação anexa ao comprovante, informando também se
inciso II do caput do art. 260 diretamente em sua Declaração de houve avaliação, o nome, CPF ou CNPJ e endereço dos
Ajuste Anual. avaliadores.
§ 1º A doação de que trata o caput poderá ser deduzida até
os seguintes percentuais aplicados sobre o imposto apurado na Art. 260-E. Na hipótese da doação em bens, o doador deverá:
declaração: I - comprovar a propriedade dos bens, mediante
I - (Vetado); documentação hábil;
II - (Vetado); II - baixar os bens doados na declaração de bens e direitos,
III - 3% (três por cento) a partir do exercício de 2012. quando se tratar de pessoa física, e na escrituração, no caso de
§ 2º A dedução de que trata o caput: pessoa jurídica; e
I - está sujeita ao limite de 6% (seis por cento) do imposto III - considerar como valor dos bens doados:
sobre a renda apurado na declaração de que trata o inciso II do a) para as pessoas físicas, o valor constante da última
caput do art. 260; declaração do imposto de renda, desde que não exceda o valor
II - não se aplica à pessoa física que: de mercado;
a) utilizar o desconto simplificado; b) para as pessoas jurídicas, o valor contábil dos bens.
b) apresentar declaração em formulário; ou Parágrafo único. O preço obtido em caso de leilão não será
c) entregar a declaração fora do prazo; considerado na determinação do valor dos bens doados, exceto
III - só se aplica às doações em espécie; e se o leilão for determinado por autoridade judiciária.
IV - não exclui ou reduz outros benefícios ou deduções em
vigor. Art. 260-F. Os documentos a que se referem os arts. 260-D e
§ 3º O pagamento da doação deve ser efetuado até a data de 260-E devem ser mantidos pelo contribuinte por um prazo de 5
vencimento da primeira quota ou quota única do imposto, (cinco) anos para fins de comprovação da dedução perante a
observadas instruções específicas da Secretaria da Receita Receita Federal do Brasil.
Federal do Brasil.
§ 4º O não pagamento da doação no prazo estabelecido no § Art. 260-G. Os órgãos responsáveis pela administração das
3o implica a glosa definitiva desta parcela de dedução, ficando a contas dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente
pessoa física obrigada ao recolhimento da diferença de imposto nacional, estaduais, distrital e municipais devem:
devido apurado na Declaração de Ajuste Anual com os I - manter conta bancária específica destinada
acréscimos legais previstos na legislação. exclusivamente a gerir os recursos do Fundo;
§ 5º A pessoa física poderá deduzir do imposto apurado na II - manter controle das doações recebidas; e
Declaração de Ajuste Anual as doações feitas, no respectivo ano- III - informar anualmente à Secretaria da Receita Federal do
calendário, aos fundos controlados pelos Conselhos dos Direitos Brasil as doações recebidas mês a mês, identificando os
da Criança e do Adolescente municipais, distrital, estaduais e seguintes dados por doador:
nacional concomitantemente com a opção de que trata o caput, a) nome, CNPJ ou CPF;
respeitado o limite previsto no inciso II do art. 260. b) valor doado, especificando se a doação foi em espécie ou
em bens.
Art. 260-B. A doação de que trata o inciso I do art. 260
poderá ser deduzida: Art. 260-H. Em caso de descumprimento das obrigações
I - do imposto devido no trimestre, para as pessoas jurídicas previstas no art. 260-G, a Secretaria da Receita Federal do Brasil
que apuram o imposto trimestralmente; e dará conhecimento do fato ao Ministério Público.
II - do imposto devido mensalmente e no ajuste anual, para
as pessoas jurídicas que apuram o imposto anualmente. Art. 260-I. Os Conselhos dos Direitos da Criança e do
Parágrafo único. A doação deverá ser efetuada dentro do Adolescente nacional, estaduais, distrital e municipais
período a que se refere a apuração do imposto. divulgarão amplamente à comunidade:
I - o calendário de suas reuniões;
Art. 260-C. As doações de que trata o art. 260 desta Lei II - as ações prioritárias para aplicação das políticas de
podem ser efetuadas em espécie ou em bens. atendimento à criança e ao adolescente;
Parágrafo único. As doações efetuadas em espécie devem ser III - os requisitos para a apresentação de projetos a serem
depositadas em conta específica, em instituição financeira beneficiados com recursos dos Fundos dos Direitos da Criança e
pública, vinculadas aos respectivos fundos de que trata o art. do Adolescente nacional, estaduais, distrital ou municipais;
260. IV - a relação dos projetos aprovados em cada ano-
calendário e o valor dos recursos previstos para implementação
Art. 260-D. Os órgãos responsáveis pela administração das das ações, por projeto;
contas dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente V - o total dos recursos recebidos e a respectiva destinação,
nacional, estaduais, distrital e municipais devem emitir recibo por projeto atendido, inclusive com cadastramento na base de
em favor do doador, assinado por pessoa competente e pelo dados do Sistema de Informações sobre a Infância e a
presidente do Conselho correspondente, especificando: Adolescência; e
I - número de ordem; VI - a avaliação dos resultados dos projetos beneficiados com
II - nome, Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) e recursos dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente
endereço do emitente; nacional, estaduais, distrital e municipais.

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APOSTILAS OPÇÃO

Art. 260-J. O Ministério Público determinará, em cada à disposição das escolas e das entidades de atendimento e de
Comarca, a forma de fiscalização da aplicação dos incentivos defesa dos direitos da criança e do adolescente.
fiscais referidos no art. 260 desta Lei.
Parágrafo único. O descumprimento do disposto nos arts. Art. 265-A. O poder público fará periodicamente ampla
260-G e 260-I sujeitará os infratores a responder por ação divulgação dos direitos da criança e do adolescente nos meios de
judicial proposta pelo Ministério Público, que poderá atuar de comunicação social. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
ofício, a requerimento ou representação de qualquer cidadão. Parágrafo único. A divulgação a que se refere o caput será
veiculada em linguagem clara, compreensível e adequada a
Art. 260-K. A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência crianças e adolescentes, especialmente às crianças com idade
da República (SDH/PR) encaminhará à Secretaria da Receita inferior a 6 (seis) anos. (Incluído dada pela Lei nº 13.257, de
Federal do Brasil, até 31 de outubro de cada ano, arquivo 2016)
eletrônico contendo a relação atualizada dos Fundos dos
Direitos da Criança e do Adolescente nacional, distrital, Art. 266. Esta Lei entra em vigor noventa dias após sua
estaduais e municipais, com a indicação dos respectivos publicação.
números de inscrição no CNPJ e das contas bancárias específicas Parágrafo único. Durante o período de vacância deverão ser
mantidas em instituições financeiras públicas, destinadas promovidas atividades e campanhas de divulgação e
exclusivamente a gerir os recursos dos Fundos. esclarecimentos acerca do disposto nesta Lei.

Art. 260-L. A Secretaria da Receita Federal do Brasil Art. 267. Revogam-se as Leis nº 4.513, de 1964, e 6.697, de
expedirá as instruções necessárias à aplicação do disposto nos 10 de outubro de 1979 (Código de Menores), e as demais
arts. 260 a 260-K. disposições em contrário.

Art. 261. A falta dos conselhos municipais dos direitos da Brasília, 13 de julho de 1990; 169º da Independência e 102º
criança e do adolescente, os registros, inscrições e alterações a da República.
que se referem os arts. 90, parágrafo único, e 91 desta Lei serão
efetuados perante a autoridade judiciária da comarca a que FERNANDO COLLOR
pertencer a entidade.
Parágrafo único. A União fica autorizada a repassar aos Questões
estados e municípios, e os estados aos municípios, os recursos
referentes aos programas e atividades previstos nesta Lei, tão 01. (Prefeitura de Sul Brasil/SC - Agente Educativo -
logo estejam criados os conselhos dos direitos da criança e do ALTERNATIVE CONCURSOS/2017) De acordo com o
adolescente nos seus respectivos níveis. Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei n.º 8.069/90, art. 60,
é proibido qualquer trabalho a menores:
Art. 262. Enquanto não instalados os Conselhos Tutelares, as (A) De quatorze anos de idade, inclusive na condição de
atribuições a eles conferidas serão exercidas pela autoridade aprendiz.
judiciária. (B) De quatorze anos de idade, salvo na condição de
aprendiz.
Art. 263. O Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (C) De dezesseis anos de idade, salvo na condição de
(Código Penal), passa a vigorar com as seguintes alterações: aprendiz.
1) Art. 121 ............................................................ (D) De dezesseis anos de idade, inclusive na condição de
§ 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de um terço, aprendiz.
se o crime resulta de inobservância de regra técnica de (E) De dezessete anos de idade, inclusive na condição de
profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato aprendiz.
socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu
ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o 02. (Prefeitura de Sul Brasil/SC - Educador Social -
homicídio, a pena é aumentada de um terço, se o crime é ALTERNATIVE CONCURSOS/2017) De acordo com o
praticado contra pessoa menor de catorze anos. Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei n.º 8.069/90, art. 69,
2) Art. 129 ............................................................... o adolescente tem direito à profissionalização e à proteção no
§ 7ºAumenta-se a pena de um terço, se ocorrer qualquer das trabalho, observados os seguintes aspectos:
hipóteses do art. 121, § 4º. I. Respeito à condição peculiar de pessoa em
§ 8º Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121. desenvolvimento.
3) Art. 136................................................................. II. Capacitação profissional adequada ao mercado de
§ 3º Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado trabalho.
contra pessoa menor de catorze anos. III. Remuneração do adolescente em relação ao trabalho
4) Art. 213 .................................................................. prestado.
Parágrafo único. Se a ofendida é menor de catorze anos: (A) Somente I e III estão corretas.
Pena - reclusão de quatro a dez anos. (B) Somente I e II estão corretas.
5) Art. 214................................................................... (C) Somente II e III estão corretas.
Parágrafo único. Se o ofendido é menor de catorze anos: (D) Somente I está correta.
Pena - reclusão de três a nove anos. (E) Todas estão corretas.

Art. 264. O art. 102 da Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 03. (SEDF - Monitor de Gestão Educacional -
1973, fica acrescido do seguinte item: CESPE/2017) À luz do Estatuto da Criança e do Adolescente
"Art. 102 .................................................................... (ECA) - Lei n.º 8.069/1990 - e da CF, julgue o item seguinte.
6º) a perda e a suspensão do pátrio poder. " Conforme o ECA, professores que submeterem estudantes
sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a
Art. 265. A Imprensa Nacional e demais gráficas da União, constrangimento serão passíveis de detenção de um a seis
da administração direta ou indireta, inclusive fundações meses.
instituídas e mantidas pelo poder público federal promoverão ( ) Certo ( ) Errado
edição popular do texto integral deste Estatuto, que será posto

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04. (SEDF - Monitor de Gestão Educacional - intelectual e social, complementando a ação da família e da
CESPE/2017) À luz do Estatuto da Criança e do Adolescente comunidade” (grifo nosso).
(ECA) - Lei n.º 8.069/1990 - e da CF, julgue o item seguinte. Nesse sentido, a criança estando na escola está sob guarda
Os conselhos tutelares das regiões administrativas do DF e proteção da instituição, para a qual cabe todos os cuidados
são compostos por seis membros indicados pela SEE/DF, com necessários a serem dispensados para o bem estar de cada
mandatos fixos de quatro anos. uma, individual e coletivamente.
( ) Certo ( ) Errado
O diretor, vice-diretor e orientador pedagógico deverão
05. (SEDF - Monitor de Gestão Educacional - orientar os funcionários (professores, educadores infantis,
CESPE/2017) À luz do Estatuto da Criança e do Adolescente secretários, serviços gerais, cozinheiras, inspetor de alunos e
(ECA) - Lei n.º 8.069/1990 - e da CF, julgue o item seguinte. porteiros) sobre a responsabilidade que cabe a cada um
Situação hipotética: Maurício completou quatorze anos de quanto à organização, higienização e conservação do ambiente
idade e deseja trabalhar, mas não quer abandonar seus escolar, bem como, do acompanhamento, vigilância e
estudos. Assertiva: Nesse caso, o direito de proteção especial orientação das crianças no que tange saúde individual e
permite que Maurício seja admitido ao trabalho, cabendo ao coletiva.
Estado garantir seu acesso à escola. O conceito ampliado de saúde vem apontando que apenas
( ) Certo ( ) Errado a ausência aparente de doença não é suficiente para dizer se o
indivíduo está bem ou não, nesse sentido, há que se pensar em
Gabarito todos os aspectos de forma articulada. No espaço escolar, além
da observância às questões ligadas à Vigilância
01.B / 02.B / 03.Errado / 04.Errado / 05.Certo / Epidemiológica, Vigilância Sanitária e Centro de Controle de
Zoonoses, temos que estar atentos às condições de saúde de
cada criança, para que, se for o caso de uma criança adoecer,
Cuidados de Saúde na se acidentar, convulsionar, entre outros, possamos fazer o
atendimento/encaminhamento correto.
creche
Observar os espaços da escola, tendo em vista a prevenção
à Dengue, Leishmaniose, Insetos, e ainda, campanhas de
Diretrizes e orientações às Unidades Escolares da vacinação em crianças e idosos.
Rede Municipal quanto às questões de saúde no espaço Cuidados com a forma de armazenamento e preparação
escolar dos alimentos, evitando intoxicação e prevenção de acidentes
com produtos químicos. Verificação da adequação estrutural
A Cartilha Informativa tem por objetivo subsidiar dos prédios escolares e utilização de EPI - Equipamento de
gestores escolares e professores quanto às situações Proteção Individual pelos funcionários.
referentes à Saúde do Escolar, no que se refere aos Deve-se evitar que animais adentrem e permaneçam no
procedimentos e cuidados cotidianos a serem observados, espaço escolar, evitando a transmissão por agentes
visando a boa saúde, qualidade de vida e bem estar dos alunos hospedeiros. Deve-se evitar ainda a contaminação por
e a prevenção de doenças no espaço escolar, com base no que Escabiose (sarna). Orientações sobre o controle de Caramujos-
está preconizado no Programa Saúde na Escola -PSE. africanos, escorpiões.
Ao apresentarmos as orientações desta cartilha, nos
pautamos no princípio dos direitos humanos e em Saúde na escola
observância às legislações vigentes que amparam esses
direitos. Tem-se que “Direitos Humanos são aqueles direitos Os professores e Educadores Infantis são importantes
fundamentais... que decorre do reconhecimento da dignidade agentes de promoção de saúde, pois tem condições de
de todo ser humano, sem qualquer distinção...” (Maria Victoria desenvolver trabalhos em sala de aula sobre vários temas
Benevides Soares). Nesse sentido, acredita-se que a criança relacionados à saúde e qualidade de vida, possibilitando a
vem para a escola por inteira, com suas potencialidades, mas mudança de atitude por parte dos alunos e estes ainda podem
também com suas fragilidades e que o espaço escolar levar informações para casa, influenciando na saúde da
possibilita aprendizagens em vários aspectos biopsicossociais. família, conforme o que é preconizado pelo PSE.
Ao considerar o processo de crescimento da educação em
saúde na escola, observa-se as legislações vigentes Higiene e alimentação
reafirmando os direitos que cada legislação aponta.
Propiciar que as crianças façam escovação dentaria todos
A Constituição Federal de 1988 rompe com a visão os dias na rotina escolar.
assistencialista de educação infantil e aponta para uma nova
forma de trabalho articulando o “Cuidar e Educar”. Propiciar que o momento de alimentação seja prazeroso,
incentivando a alimentação saudável e a boas maneiras à
O Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA - 1990 tem mesa. Os profissionais de apoio da escola (inspetores, serviços
como grande objetivo a doutrina da proteção integral e trata a gerais e cozinheiras) devem participar desse momento
criança e o adolescente como sujeito de direitos em condição auxiliando os alunos com uma visão cultural positiva do ato de
peculiar de desenvolvimento. alimentar-se.

A Lei 8.080 de 19 de setembro de 1990 que estabelece o Incentive e ensine as crianças a lavarem corretamente as
Sistema Único de Saúde - SUS trata a saúde como direito de mãos, pois mãos sem lavar ou mal lavadas é um importante
todos e dever do estado e da família. veículo da maioria das contaminações, possibilitando infecção
por várias doenças.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB
- 1996, em seu Art. 29 aponta que “O objetivo da educação Incentivar as crianças a lavarem sempre os cabelos, e no
infantil é o desenvolvimento integral da criança até 5 (cinco) caso de cabelos compridos que mantenham, de preferência,
anos de idade em seus aspectos físicos, psicológicos, presos, evitando que transpirem muito e que peguem piolhos.

Conhecimentos Específicos 83
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APOSTILAS OPÇÃO

Orientar as crianças a falar com os pais ou responsáveis responsáveis não chegam, deve-se tentar baixar a febre com
se a cabeça começar a coçar, pois podem estar com piolhos. compressas à temperatura ambiente nas axilas, virilhas e testa.
Para prevenir piolho deve-se passar pente fino todos os dias,
para que, caso um piolho esteja na cabeça ele já saia e não se ECA - Art. 5º - Nenhuma criança ou adolescente será objeto
prolifere. Se pegar piolho, deve-se ir até uma Unidade Básica de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração,
de Saúde - UBS para pegar a medicação gratuita contra violência, crueldade ou opressão, punido na forma da lei
piolhos. Pode-se também recorrer a receitas caseiras com qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos
vinagre, óleo e sal, para facilitar a retirada dos piolhos e fundamentais.
lêndeas.
A criança estando no espaço da escola está sob guarda e
Não se faz USO DE LUVAS para a troca de fraldas de bebês proteção da instituição, sendo que qualquer cuidado que ela
na creche, indica-se uma boa lavagem das mãos antes e depois necessitar está a cargo dos profissionais que lidam com ela.
das trocas, sendo este procedimento mais eficiente na Caso houver negligência nos cuidados, a lei será aplicada.
promoção de saúde. O toque80 terno e amoroso pele com pele
é importantíssimo para o desenvolvimento sadio do bebê, pois Toda criança tem direito de ser amamentada no seio
os neurotransmissores e nervos da pele levam até o sistema materno, com exclusividade, até os seis meses de idade e em
nervoso central informações do tato de forma muito positiva conjunto com outros alimentos até os dois anos. Os
para a saúde mental das crianças. profissionais da escola devem incentivar esta prática, bem
como, possibilitar que a mãe venha até a escola para
Bem estar na escola - Olhar atento amamentar ou receber leite armazenado pela mãe para
alimentar a criança no horário da escola.
O professor ou educador infantil, por estar mais próximo,
conhece o comportamento de cada criança e tem condições de Alergias e Intolerâncias: à lactose, corante,
observar quando a mesma não estiver bem, caso apresente um conservante, entre outros. Procedimento: O gestor da
comportamento diferente do que sempre teve, como aspecto escola deve obter todas as informações junto à família, mas
triste, descaído, pálido, febril, entre outros. Quando o isso não basta, há necessidade de se ter um documento médico
professor ou educador infantil perceber diferenças de ordem que aponte o diagnóstico e os cuidados que a criança precisa
de saúde no comportamento da criança, deve falar com a no espaço escolar. Em caso de necessidade de alimentação
equipe gestora da escola para tomar as seguintes diferenciada, entrar em contato com a Coordenadoria de
providências: comunicar aos pais ou responsáveis para Alimentação Escolar para providências.
esclarecimento do caso. Se for caso de suspeita de alguma
doença infectocontagiosa como: virose, infecção das vias Diabetes: Crianças com diagnóstico médico comprovado
aéreas superiores, conjuntivite, meningites, catapora, entre de diabetes têm o direito de ter o teste de glicemia realizado
outras. Deve-se preencher o encaminhamento81 e entregar por profissional da escola, se for abaixo de 06 anos. Acima
para o responsável solicitando que leve a crianças ao médico e disto, deve ter uma profissional para acompanhamento da
depois traga o encaminhamento preenchido. Se a criança criança no momento em que a mesma for fazer o teste, se esta
estiver com algum diagnóstico indicado pelo médico que conseguir fazê-lo. Com relação à alimentação na escola,
requer afastamento, não receber a criança na escola nesses mediante documento de solicitação médica, enviar ofício para
dias, para não comprometer a saúde das outras crianças. a Coordenadoria de Alimentação Escolar para as providências
Todos os casos em que forem chamadas as famílias ou que que se fizerem necessária.
forem feitas ligações telefônicas para falar sobre o estado de
saúde da criança, registrem o fato, e assinem juntas, ao menos Acidentes: Ao acontecer um acidente na escola, sempre
duas pessoas da escola, e numa próxima vinda dos entre em contato com os pais ou responsáveis. Verifique o
responsáveis à escola, peçam para assinarem a ocorrência. estado da criança, se tiver quebradura “simples”, ligar para a
Catapora - Quando os profissionais da escola tiverem Central de Ambulância - 192, se for fratura exposta, ligar para
informação sobre o primeiro caso, deve-se informar a o Resgate do Corpo de Bombeiros -193. Caso seja um acidente
Vigilância Epidemiológica, trata-se de uma doença altamente simples, com arranhões, apenas higienize o local com água
contagiosa e deverão ser tomadas providências pela V.E., além corrente ou soro fisiológico, usando luvas, e espere os pais.
disso, a criança deverá permanecer afastada da escola pelo Caso a criança apresente mudança de aspecto como: palidez,
tempo determinado pelo médico. moleza, ampliação de abdome, entre outros, chamar
Medicamentos só devem ser administrados na unidade imediatamente o Corpo de Bombeiros, caso os pais não
escolar com receita médica. Se a criança tiver uma receita cheguem até o momento em que o socorro chegar, um
aviada pelo médico com medicação para ser ministrada de 8 profissional da escola deverá acompanhar a criança até o
em 8 horas, principalmente se a criança for de período hospital e sair de lá apenas quando chegar um responsável, ou
integral, a mesma terá o direito de receber a medicação na na ausência deste, um Conselheiro Tutelar.
escola e a escola terá o dever de zelar por este direito dando a
medicação no horário da prescrição, porém, se a medicação for Crise convulsiva em crianças epiléticas: No momento
de 12 em 12 horas, não há necessidade de ser dada na escola, da crise a criança deve ser colocada de lado para respirar
pois a mesma deve ser organizada pela família e dado às 7h da melhor e não engasgar em caso de vômito. Apoie a cabeça para
manhã e às 19h em casa. evitar que se machuque, mas não tente segurá-la caso esteja se
debatendo. Não coloque a mão na boca. Avise a família.
Única e exclusivamente em caso de febre, o analgésico Convulsão por febre: Avisar a família e chamar
indicado pelos pais na entrevista deverá ser ministrado, tendo imediatamente o Resgate do Corpo de Bombeiros - 193.
em vista a prevenção à convulsão febril no espaço da escola.
Porém, anterior a isso, deve-se entrar em contato com os IMUNIZAÇÃO: Todas as crianças de até 5 anos, 11 meses e
responsáveis solicitando a vinda dos mesmos à unidade, se 29 dias devem apresentar na matrícula e rematrícula o
estes puderem vir buscar a criança é o melhor. Enquanto os Atestado de Regularidade de Vacinas. O responsável pela

80 TEXTO - A importância do toque para os bebês: entre luvas e mãos 81 Impresso de articulação entre saúde e educação para encaminhamento às

<http://pedagogiacomainfancia.blogspot.com.br/2013/01/a-importancia-do- crianças que apresentam problemas de saúde no espaço escolar, visando a


toque-para-os-bebes.html> prevenção de doenças individual e coletivamente.

Conhecimentos Específicos 84
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APOSTILAS OPÇÃO

criança deve procurar a Unidade Básica de Saúde mais agressividade se torna excessiva. Quanto a única forma de se
próxima de sua residência levando a criança e a carteira de comunicar com o outro é com agressividade.
vacinação. Será feita uma verificação, se a vacinação estiver em
dia será emitido o atestado, se não, a criança receberá a vacina Crises de agressividade: Crianças que são acompanhadas
que faltar e, aí sim, terá o atestado em mãos. Este é um trabalho por medido psiquiatra ou neurologistas, que apresentarem
articulado entre saúde e educação que tem por objetivo crises de agressividade na escola, terão a necessidade de
auxiliar as famílias na vacinação correta de suas crianças. serem contidas no momento da crise. A contenção exige
cuidado dos profissionais no emprego da “força” necessária
Criança portadora do vírus HIV tem o direito garantido ao para não exagerar. Deve-se pegar a criança de costas para
sigilo82 quanto ao diagnóstico, a família só fala se quiser ou se quem vai contê-la e segurá-la conversando baixo para acalmá-
sentir segurança e confiança na equipe escolar. Neste caso, o la aos poucos, não a deixe solta, pois pode se machucar e
cuidado com a criança deve ser o mesmo que com as outras, machucar outras crianças. Entre em contato com os
pois a contaminação pelo Vírus HIV se dá, basicamente, por responsáveis.
contato com sangue contaminado e por relações sexuais
desprotegidas. Quanto à criança doente de AIDS, cada caso Bullying
deverá ser atendido de acordo com a necessidade, cuidando São atos de violência física ou psicológica provocados pelo
para que não haja discriminação, que é a pior “doença”. Bully (valentão) contra alguém em desvantagem de poder sem
qualquer motivação aparente. O bullying deve ser considerado
Questões relacionadas à saúde mental do escolar como um mecanismo de dominação fundamentado por
O aluno deve visto dentro de um contexto histórico e discriminação, intolerância, violência e preconceitos de classe,
cultural do seu desenvolvimento - emocional, social, cognitivo. etnia e gênero.
Questões relacionadas à saúde mental das crianças e
adolescentes escolares devem ser focos de atenção dos Tipos de bullying
profissionais da educação em parceria com os profissionais de Verbal: Insultar, ofender, falar mal, fazer gozações, colocar
saúde. A escola é um cenário que possibilita a observação apelidos pejorativos, “zoar”.
cotidiana de alguns comportamentos, pois nela transcorre Físico: Bater, chutar, espancar, empurrar, ferir, beliscar,
praticamente toda a infância e grande parte da juventude do destruir ou roubar objetos.
indivíduo83. Percebe-se que as crianças com comportamentos Psicológico: Irritar, humilhar e ridicularizar, excluir,
agressivos têm maiores chances de serem vítimas de isolar, discriminar, intimidar e difamar.
agressões, como a punição física em casa, devendo os Virtual ou Cyberbullying: por meio de celular, filmadora,
profissionais estar atentos a essa possibilidade, para as redes sociais, etc...
devidas providências84.
O ambiente escolar, devido a sua organização, possibilita
observar e constatar mudanças de vários comportamentos, O que significa cuidar de
podendo colaborar, como fonte de informações para os pais, alguém. O educador e os
profissionais de educação e de saúde, no diagnóstico futuro de
algum transtorno. Contudo, é importante cuidar para que bebês. O que a creche pode
crianças não sejam rotuladas com doenças ou transtornos que ensinar; os bebês nos
justifiquem o fracasso escolar. ensinam; um dia no berçário
Determinados aspectos que fazem parte do cotidiano da
escola de educação infantil podem influenciar de maneira da creche
importante o desenvolvimento emocional das crianças.

Adaptação: Momento de transição na vida da criança. O A especificidade do trabalho com os bebês e as


início da vida escola de uma criança é um período muito crianças pequenas85
importante, que merece muito cuidado e atenção, tanto dos
pais quanto da equipe da escola. A educação infantil, como área de estudos da Pedagogia,
tem se preocupado, desde o século XIX, com a educação das
Limites: sim ou não? crianças bem pequenas. Porém, durante muitos anos, os
Toda criança precisa de limites firmes, coerentes, porém estudos e propostas educacionais foram pensados, quase que
com afetividade, pois esses contribuem na qualidade da saúde exclusivamente, para as crianças entre quatro e seis anos. As
mental. propostas educacionais focadas em crianças de dois e três
A família é o primeiro núcleo de convivência da criança anos eram profundamente questionadas tendo em vista que os
onde os limites começam (ou não) a serem trabalhados. Na discursos dominantes afirmavam que os cuidados maternos
escola é importante dar continuidade a esse trabalho seriam o modo adequado de educar os bebês e as crianças bem
contribuindo para o desenvolvimento integral da criança. pequenas. As propostas para bebês ou crianças bem pequenas
eram vistas apenas como necessidades para órfãos ou crianças
Agressividade em situação de risco.
Todo ser humano traz consigo impulsos agressivos que Nos últimos anos a demanda pelo atendimento
fazem parte do seu universo instintivo e estão diretamente educacional de bebês em creches e pré-escolas vem se
relacionados com a luta pela própria sobrevivência. Por essa ampliando. Grande parte do preconceito com relação a essas
razão, a agressividade é um componente emocional que faz instituições está sendo superado, pois os estudos vêm
parte da afetividade de todas as pessoas. Trata-se de uma demonstrando o quanto essa experiência educacional, quando
manifestação absolutamente normal. O problema é quando a realizada em estabelecimentos adequados, traz benefícios

82 A testagem compulsória é injustificável tanto para alunos como para 84 Cartilha Informativa - Diretrizes e orientações gerais às unidades

professores, uma vez que ninguém está obrigado a revelar sua condição de pessoa escolares da Rede Municipal de Ensino quanto aos encaminhamentos junto ao
vivendo com Aids. http://www.pelavidda.org.br/site/index.php/direitos-das- Conselho Tutelar. SACE/2010
pessoas-vivendocom-hivaids/ - Acesso em 30/04/2015. 85 Texto adaptado de BARBOSA, M. C. S. Práticas Cotidianas na Educação
83 Cadernos de Atenção Básica - Saúde Na Escola - Ministério Da Saúde, Infantil Bases para a Reflexão sobre as Orientações Curriculares.
Brasília -DF - 2009

Conhecimentos Específicos 85
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APOSTILAS OPÇÃO

para as crianças e contribui com a educação realizada pelas a mais tenra idade, como também evidenciam a relevância da
escolas e pelas famílias. interlocução com as linguagens simbólicas da família, do
Também os conhecimentos científicos sobre os recém- professor e das demais crianças. A formação das crianças
nascidos e suas capacidades vêm se atualizando no sentido de acontece em processos de interação, negociação com os outros
tirá-los do lugar de seres incapazes de interagir com o mundo. ou por oposição a eles.
Sabemos hoje que os bebês enxergam, reconhecem vozes e Se, nos primeiros anos, as crianças experimentam muitas
contribuem ativamente nos seus processos de aprendizagem. novidades, posteriormente elas começam a consolidar e a
Por exemplo, ao pegar um objeto, um bebê, a partir de um compartilhar seus mundos com os demais. Já falam e gostam
movimento biológico, emotivo e cultural, constrói um gesto. de conversar e relatar histórias, se interessam por produzir
Ela imita e, ao agir, desenvolve a percepção, a memória e a movimentos cada vez mais complexos e por participar de
motricidade que irão se tornar recursos valiosos para seu atividades coletivas, envolvendo várias outras crianças. Nesse
desenvolvimento posterior. O gesto inicial vai sugerindo novos momento, seus atos de linguagem são potentes e podem
modos de compreensão de movimentos como chacoalhar, referir as complexas relações sociais e culturais que desde o
apertar. Finalmente, os bebês começam a ser reconhecidos nascimento estabeleceram com o entorno. Agora, a linguagem
como pessoas potentes que interagem no mundo e aprendem verbal viabiliza que a curiosidade e a descoberta em relação
desde que nascem. aos outros e ao mundo se extravase. Muitas vezes, nos
Não é possível continuar subestimando suas capacidades. estabelecimentos de educação infantil, as crianças, depois dos
Os bebês sabem muitas coisas que nós não reconhecemos três ou quatro anos, são tratadas como “os grandes”. É claro
porque ainda não conseguimos ver, compreender, analisar, ou que, em relação aos bebês, elas já possuem outras
seja, reconhecer como um saber. As suas formas de possibilidades, mesmo assim são pessoas com pouca
comunicação, por exemplo, acontecem através dos gestos, dos experiência e que necessitam apoio.
olhares e dos choros que são movimentos expressivos e que A cultura de pares é aquela produzida no encontro de
constituem os canais de comunicação não verbal com o crianças de idade aproximada. O uso deste conceito surgiu nos
mundo. estudos sobre o desenvolvimento infantil, mostrando a
Muitas vezes nós, adultos, é que não estamos alfabetizados importância da vida em grupo, mesmo para as crianças
nessas linguagens e, portanto, não podemos compreender o pequenas. A palavra “pares” nessa expressão não está ligada à
que falam. O professor como adulto responsável tem o papel ideia de dupla, de par, mas a noção de grupo.
de estar presente, observar e procurar compreender as A expressão “culturas infantis”, de uso mais recente, se
linguagens da criança e responder-lhe adequadamente refere às configurações espaciais e temporais do contexto em
As crianças pequenas, especialmente os bebês, têm um que as crianças vivem com outras crianças, mediadas pela
crescimento muito rápido. Do um ponto de vista orgânico, as cultura. Para as crianças, essas produções lhes possibilitam
crianças, nos primeiros anos de vida, realizam grandes dar sentido ao mundo. As crianças, em suas culturas infantis,
conquistas, como a aquisição da marcha e da linguagem. Esse recompõem a cultura material e simbólica de uma sociedade.
ritmo acelerado de aprendizagens, que geralmente é comum Elas fazem sua releitura do mundo, isso é, leem o mundo
nas crianças (excetuando aquelas que apresentam algum adicionando novos elementos geracionais, recriando-o e
transtorno de desenvolvimento, mas que podem, num ritmo reinventando-o.
mais lento, ou de modo diferenciado, alcançar tais Na educação infantil, a organização do tempo e do espaço
capacidades) também apresenta diferenças que podem ser precisa oferecer a oportunidade de momentos de troca com
pessoais ou culturais. outras crianças e de brincadeiras que efetivamente promovam
As características dos bebês exigem que o dia-a-dia seja aprendizagens, garantindo o desenvolvimento. É necessário
muito bem planejado, pois há um grande dinamismo e lembrar que, se em muitos contextos sociais de nosso país as
diversidade no grupo. Enquanto duas crianças dormem, uma brincadeiras na rua - envolvendo crianças pequenas, bebês,
quer comer, outra brinca ou lê em seus livros-brinquedos e crianças maiores - acontecem cotidianamente, em outros
outro bebê precisa ser trocado. Toda essa diversidade, em uma espaços, como nos apartamentos das regiões centrais das
situação de dependência, exige atenção permanente do adulto grandes cidades, as crianças pequenas vivem sem irmãos ou
à segurança das crianças, através de um conjunto de fatores contato com crianças de idade diferente. Por esse motivo, os
ambientais e relacionais, para efetivamente dar conta das suas estabelecimentos educacionais para crianças pequenas
singularidades. A criação de espaços pedagógicos, de materiais precisam revisar a organização das turmas apenas por faixa
e a construção de situações didáticas que desafiem e etária similar e propiciar oportunidades de interações tanto de
contribuam para o desenvolvimento das crianças exige crianças da mesma idade quanto de crianças de idades
preparo, conhecimento e disponibilidade das professoras. diferentes, na perspectiva de favorecer a transmissão e a
Todo o conhecimento posterior está calcado nas ações que reelaboração das culturas de infância.
as crianças pequenas realizam sobre si e no mundo em suas Algumas perspectivas de compreensão da infância
experiências cotidianas. As primeiras noções sobre o mundo mostram que ela não é apenas um momento no
social se constituem no encontro e nas interações com adultos desenvolvimento das pessoas ou de uma faixa etária
e outras crianças, marcados pelas relações de emoção e afeto e específica. A infância não pode ser vista como uma etapa
pelas oportunidades que as práticas culturais e as linguagens estanque da vida, algo a ser superado ou, ainda, que termina
simbólicas daquela sociedade sugerem. com a juventude. A infância deixa marcas, permanece e habita
As crianças bem pequenas possuem grandes diferenças em os seres humanos ao longo de toda a vida, como uma
relação às crianças maiores. A especificidade das crianças de intensidade, uma presença, um jeito de ser e estar no mundo.
zero a três anos advém de sua totalidade, de sua Como uma reserva de sonhos, de descobertas, de tristezas, de
vulnerabilidade, de sua dependência dos adultos (em especial encanto e entusiasmos.
da família), de seu rápido crescimento e possibilidade de
desenvolvimento, das instituições sociais e educativas, além Educação e Cuidado na Primeira Infância86
de suas formas próprias de conhecer o mundo.
Os avanços científicos nos mostram a importância das O que entendemos por “educação e cuidado da primeira
interações sociais para o desenvolvimento das crianças, desde infância”? A expressão - educação e cuidado da primeira

86TEIXEIRA, G. J. de F. Educação e Cuidado na Primeira Infância: grandes

desafios. Brasília: UNESCO Brasil, OECD, Ministério da Saúde, 2002.

Conhecimentos Específicos 86
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APOSTILAS OPÇÃO

infância (ECPI) - inclui todas as modalidades que condições políticas, econômicas e sociais específicas em
garantem a educação e cuidado das crianças antes da determinado momento ou lugar. Em numerosos casos, a
idade da escolaridade obrigatória, independentemente da ênfase nas próprias crianças decorre de uma política de mais
organização do espaço, do financiamento, dos horários de amplo alcance, seja em relação ao emprego, a família e as
funcionamento ou do conteúdo do programa. Admite-se consequências sociais ou educativas.
comumente que a primeira infância abrange o período do Principais pontos:
nascimento até os 8 anos de idade. No entanto foi observado - As razões para investir na política de ECPI estão
que não se poderia abranger de maneira completa a política e fortemente vinculadas às crenças culturais e sociais sobre as
legislação relativas às crianças de faixa etária abaixo da crianças, ao papel das famílias e do governo, assim como aos
escolaridade obrigatória e do ensino fundamental. Ao mesmo objetivos da ECPI no interior de cada país e entre os diferentes
tempo que se estudou uma faixa etária mais limitada, a atenção países.
voltou-se não só para as questões que dizem respeito à - Em numerosos países a educação e cuidado da primeira
passagem das crianças que ingressam na escola obrigatória, infância deslocam-se do setor privado para o setor público; é
mas também para os serviços extraescolares. dada atenção mais acentuada ao papel complementar das
Na outra extremidade da faixa etária, pareceu importante famílias e aos estabelecimentos de ECPI nos primeiros estágios
incluir as políticas - inclusive a legislação relativa às licenças do desenvolvimento e de aprendizagem das crianças.
maternidade/paternidade - e os serviços destinados às - Numerosos países têm procurado encontrar equilíbrio
crianças com idade inferior a 3 anos, ou seja, uma faixa etária entre as concepções do “aqui e agora” a respeito da infância e
que, frequentemente, tem sido negligenciada nas discussões as que têm em mente o investimento no futuro adulto. Essas
sobre a educação. As pesquisas sobre o cérebro e as ciências diferentes concepções têm importantes consequências para a
da aprendizagem levam a pensar que, no decorrer dos organização da política e dos serviços em cada um dos países
primeiros anos de vida, existem interessantes possibilidades participantes deste estudo.
de estímulo do desenvolvimento e da aprendizagem. Além Além disso, a razão dominante para investir na educação e
disso, foram examinados os vínculos entre ECPI e apoio cuidado da primeira infância sofre a influência de opiniões
familiar, saúde, aprendizagem ao longo da vida, emprego e específicas sobre as crianças, sobre a responsabilidade a ser
políticas de integração social. Esta apresentação parte do assumida para sua educação e cuidado, assim como sobre os
pressuposto de que, nos países-membros da OCDE, se toma objetivos dos estabelecimentos de ECPI. As políticas de ECPI
consciência cada vez mais acentuada de que “educação” e refletem tais suposições - sobretudo, implícitas - que estão
“cuidado” são conceitos inseparáveis que, necessariamente, profundamente inscritas na forma de organização das
deverão ser levados em consideração nos serviços de sociedades e em suas visões sociais e culturais.
qualidade destinados às crianças. Alguns países estabelecem
uma distinção entre “jardim de infância”, que se ocupa das Quem é responsável pela ECPI?
crianças enquanto os pais estão trabalhando, e “educação pré-
escolar” destinada a favorecer o desenvolvimento da criança e As considerações sociais relativas à questão de saber a
prepará-la para se integrar na escola. Na prática, a divisão não quem incumbe a responsabilidade pela educação e cuidado da
é clara na medida em que, em certas estruturas ditas de primeira infância constituem importante fator para
“cuidado”, existem possibilidades de ensino, enquanto as compreendermos a formulação das políticas nos diferentes
estruturas educativas oferecem cuidado às crianças. Tal países. Em outras palavras, quais são os postulados implícitos
terminologia fortalece uma divisão e abordagem incoerentes ou explícitos quanto às responsabilidades respectivas da mãe,
dos serviços que se apoiam em sistemas distintos de pai e outros membros da sociedade quando se trata da
“educação” e “cuidado”; em alguns países, tal situação teve educação e cuidado das crianças? No passado, em numerosos
como resultado a desarticulação entre prática política e países, o postulado dominante era que a educação das crianças
prestação de serviços. Alternativamente, a expressão ECPI dependia do setor privado e não da responsabilidade pública.
indica a abordagem integrada e coerente de uma política e de Os serviços destinados à primeira infância, por conseguinte,
serviços que incluem todas as crianças e seus pais, eram vistos como uma questão que dizia respeito aos pais - ou
independentemente do status profissional ou socioeconômico. seja, na maior parte das vezes, às mães - e não à sociedade;
Essa abordagem reconhece também que tal legislação além disso, não era reconhecido o direito das crianças a seu
poderá satisfazer um amplo leque de objetivos, inclusive o próprio desenvolvimento. Quando a educação das crianças é
atendimento, a aprendizagem e o apoio social. Um amplo vista como uma questão privada, a responsabilidade pública
campo e um alcance global. Uma abordagem integrada e ainda é menor para com as crianças mais novas - a não ser que
coerente da “educação” e do “cuidado”. a família seja considerada em situação “de necessidade”. Isso
ajuda a compreender não só a razão pela qual, historicamente,
Reconhecer as diferentes concepções de criança e os numerosos países reservaram as políticas de ECPI para as
objetivos da ECPI crianças em situação “de risco” ou tendo sofrido maus-tratos,
mas também a razão pela qual só recentemente começaram a
Na maior parte dos países, a política de ECPI é definida por adotar uma abordagem mais universal. Cada Relatório por
uma multiplicidade de objetivos, dentre os quais: País inclui uma discussão mais detalhada relativa às
- facilitar a integração das mães das crianças no mercado concepções dominantes no respectivo país sobre a primeira
do trabalho e conciliar as responsabilidades profissionais e infância e sobre os objetivos de ECPI, baseada no estudo dos
familiares; documentos fornecidos pelos governos e nas discussões com
- apoiar as crianças e as famílias em situação “de risco” e, responsáveis, pesquisadores, profissionais, famílias e outros
ao mesmo tempo, favorecer a igualdade das oportunidades de atores.
acesso à educação e à aprendizagem ao longo da vida; A transformação social refletida pelas novas maneiras de
- ajudar na implantação de ambientes que estimulem o perceber as crianças e a ECPI na República Tcheca ainda que
desenvolvimento global e o bem-estar da criança; os prédios e as estruturas de base das materska skola (ECPI
- facilitar a preparação para o ingresso na escola e para as crianças de 3 a 6 anos) tenham permanecido intactos
favorecer os resultados escolares ulteriores; após 1989, a “revolução de veludo” trouxe em seu bojo
- manter a integração e a coesão sociais. importantes mudanças socioculturais que iriam exercer
A ênfase mais ou menos acentuada dada a estes objetivos profunda influência sobre a visão da educação da primeira
políticos difere entre os países e poderá variar em função das infância. A educação concebida como a obrigação de alguém se

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conformar com um saber monolítico e com normas sociais estar das crianças. Presta-se também uma crescente atenção
cedeu o lugar ao espírito de pesquisa e de inovação. Grandes ao papel dos pais/homens nos primeiros anos de vida dos
esforços foram empreendidos para modificar as relações entre filhos. Entretanto verifica-se uma orientação voltada para uma
os parceiros da educação e atenuar as pressões impostas às nova concepção em que, em vez de ser uma incumbência
crianças nos estabelecimentos de ECPI. Existe uma nova exclusiva da família, a responsabilidade pela educação e
percepção não só da criança como sujeito de direito, mas cuidado da primeira infância deverá ser compartilhada pela
também dos pais como parceiros em pé de igualdade; foram família e pelo poder público. Como está descrito no Relatório
estimuladas abordagens pedagógicas e métodos de trabalho Preparatório da Holanda: ... as concepções sobre a educação e
mais bem adaptados às necessidades e interesses das crianças, a socialização estão passando por mudanças. Ainda que seja
flexibilizadas as rotinas cotidianas dos jardins de infância, atribuída uma importância central e a responsabilidade
abertas classes para grupos de idades mistas e respeitadas as primeira à família no tocante à educação dos filhos, existe uma
necessidades individuais, assim como as diferenças. As tendência voltada para uma nova concepção da socialização
crianças com necessidades especiais estão cada vez mais das crianças como responsabilidade social compartilhada,
integradas nos jardins de infância que, daqui em diante, envolvendo diversos atores, incluindo o poder público. Tal
encontram-se abertos ao público. Esta evolução dos pontos de postura mostra, como exemplo, que existe um novo sentido na
vista teve também como efeito, na República Tcheca, o política do governo, cujo objetivo consiste em criar
surgimento de um grande número de programas inovadores comunidades construtivas com a participação, em pé de
para a primeira infância. Foram adotados programas igualdade, dos cidadãos, profissionais, organizações e governo
estrangeiros, mas existem igualmente numerosos programas (Ministério da Saúde, Ajuda Social e Esporte (VWS)/Ministério
tchecos para as crianças e seus pais que refletem as novas da Educação, Cultura e Ciência).
orientações de valores, além de oferecerem um amplo leque de Em vez de ser considerada como substituta da família, a
escolhas e de atividades. Imersão em uma língua estrangeira, função da ECPI poderá ser vista como diferente - embora
ortofonia, aulas de natação ou em plena natureza, atividades complementar - das famílias. Em Portugal, por exemplo, a lei
esportivas, clubes artísticos e musicais são propostos nos de diretrizes define a educação pré-escolar nos jardins de
jardins de infância dos grandes centros urbanos. Os homens, infância como: ... a primeira etapa da educação básica vista
igualmente, foram convidados a entrar no mundo - como parte de uma educação que irá durar toda a vida e é
anteriormente, feminino - do ensino nos jardins de infância: o complementar à educação fornecida pela família, com a qual
serviço militar pode ser substituído por um serviço como ela deveria estabelecer uma estreita cooperação, a fim de
assistente nas materska skola ou em outros estabelecimentos, estimular uma educação e um desenvolvimento equilibrado da
proporcionando assim uma presença masculina jovem - e criança, tendo em vista sua completa integração na sociedade
outros modelos de identificação - às crianças. Apesar de não como indivíduo autônomo, livre e cooperativo. Sob esta
serem duradouras na medida em que se limitam a seguir a perspectiva, tanto o lar quanto os serviços de ECPI, têm papéis
moda, algumas dessas inovações ocupam, muitas vezes, o muito importantes a desempenhar nos primeiros anos do
tempo que poderia ser utilizado para a formação das crianças. desenvolvimento e de aprendizagem das crianças, que
Além disso, um grande número de pais continua vendo nas poderão se beneficiar dessas duas estruturas. Atualmente, a
materska skola uma alternativa de guarda dos filhos que lhes maior parte das crianças têm necessidade de educação e
permite ter um emprego remunerado. Pode acontecer, aliás, cuidados provenientes de outras pessoas além dos pais,
que alguns Ministérios considerem essa instituição de forma essencialmente porque eles trabalham ou estudam. Além
semelhante, ou seja, como um instrumento a serviço do disso, um grande número de crianças cresce em pequenas
mercado do trabalho. O Ministério da Educação está unidades familiares que consistem em um único adulto, sem
consciente desses pontos de vista e deseja reformar os jardins qualquer irmão ou irmã em casa e tampouco crianças da
de infância de modo que se tornem a primeira etapa do ciclo mesma faixa etária na vizinhança imediata. Muitas crescem em
educativo - um período durante o qual sejam adquiridas um ambiente urbano que as priva de sua liberdade de
importantes competências e se instaurem atitudes pessoais. movimentos. As estruturas de ECPI poderão oferecer um
Por esta razão, começou a trabalhar na preparação de uma atendimento enquanto os pais trabalham, além de um
proposta pedagógica, destinada às materska skola. O novo ambiente no qual as crianças possam passar seus primeiros
programa será não só suficientemente genérico para orientar anos aprendendo e socializando-se, graças às relações que
os jardins de infância a incluírem programas sistemáticos e estabelecem com outras crianças e adultos. A grande maioria
apropriados às crianças, mas também suficientemente flexível dos países reconhecem que os serviços destinados à primeira
para permitir a inovação e a experimentação. O conteúdo infância oferecem a possibilidade de identificar as crianças
educativo será distribuído em cinco esferas: biológica, com necessidades especiais ou as crianças em situação de
psicológica, interpessoal, sociocultural e ambiental. O risco; neste caso, têm a possibilidade de intervir o mais cedo
programa irá definir as competências gerais (pessoais, possível a fim de prevenir ou reduzir as dificuldades ulteriores.
cognitivas e operacionais) que as crianças deverão adquirir Quando a ECPI é vista como dependente do setor público,
nas materska skola, em associação com os comportamentos e os serviços poderão ser considerados como pontos de
conhecimentos a serem assimilados no primeiro ciclo do encontro entre famílias e comunidade, oferecendo um apoio
ensino fundamental. social, em que crianças e adultos têm interesses e uma “voz”
que sejam levados em consideração nos processos de decisão.
Por exemplo, na Dinamarca: A organização do espaço deverá
Questões contextuais da política de ECPI satisfazer uma exigência de atendimento e oferecer um
ambiente educativo estimulante para a criança. Os
Em alguns países, ainda se considera que a participação do estabelecimentos definem o programa em cooperação com as
poder público na educação das crianças esbarra nos direitos e crianças e seus pais para favorecer o desenvolvimento, o bem-
responsabilidades dos pais. No entanto, a abordagem adotada estar e a independência das crianças. Ainda que as crianças
por um crescente número de países sugere que a questão já fiquem em suas casas ou em um serviço organizado, a ECPI
não é de saber se os cuidados dispensados por outras pessoas poderá ajudar os pais a estimular o desenvolvimento e a
seriam menos adequados do que aqueles fornecidos pelos aprendizagem dos filhos. Um grande número de países
pais. Todos os países reconhecem que as mães e os reconheceram que serviços flexíveis para os pais - tais como
pais/homens são os principais responsáveis pelos filhos e que centros, garderies em que é possível entrar sem prevenir, e
o entorno familiar é extremamente importante para o bem- grupos de educação ativa - poderão revelar-se uma importante

Conhecimentos Específicos 88
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ajuda para as famílias com crianças, além de promoverem a Sob o efeito das influências da Convenção das Nações
coesão social. Unidas sobre os Direitos da Criança e pela pesquisa sobre a
sociologia da infância, torna-se cada vez mais claro que as
Quais são os objetivos dos serviços de ECPI? crianças constituem um grupo distinto na sociedade. A ECPI
oferece às crianças a possibilidade de viver na sociedade de
As sociedades diferem, igualmente, em função do grau de seus pares e dos adultos, além de aprenderem o que significa
importância atribuída à infância como período especial que ser cidadão. Como jovens cidadãos, espera-se que façam parte
deve ser apreciado como tal ou como preparação para o futuro. das comunidades sociais e de aprendizagem, como são
Uma concepção comum pretende que as crianças devam ser considerados os estabelecimentos de ECPI. Uma vez mais, de
preparadas para aprender ou ingressar na escola de tal modo acordo com a Convenção das Nações Unidas, os países
que possam, ao final de contas, encontrar seu lugar como participantes deste estudo sublinham o direito das crianças a
trabalhadores em uma economia mundial. Nos países em que expressarem seus pontos de vista, a participarem da escolha e
esta perspectiva é particularmente difundida, as políticas e planejamento das atividades ou, segundo seu grau de
serviços podem sublinhar a importância das experiências de maturidade, a tomarem parte da avaliação dos
qualidade na primeira infância a fim de preparar as crianças estabelecimentos que frequentam. Ainda que o objetivo
para serem bem-sucedidas em sua escolaridade, vida principal da ECPI não consista em exercer influência sobre os
profissional e vida em sociedade. Nesse contexto, é necessário resultados da vida escolar e profissional ulterior, essa
compensar as deficiências que irão marcar as crianças que concepção da infância reconhece que é importante que as
vivem em famílias carentes. Verbas serão destinadas a crianças possuam as competências e as estratégias de
crianças consideradas em situação “de risco” a fim de aprendizagem de que terão necessidade na escola. De fato,
estimular sua capacidade para se tornarem indivíduos como é observado pelo Relatório Preparatório da Suécia, a
autônomos e autossuficientes, além de precaver a sociedade förska que acolhe as crianças com idade inferior a 6 anos: é
contra potenciais gastos advindos da dependência em relação construída a partir da ideia de que a criança é competente e
à assistência social, à delinquência e a outros problemas possui grandes recursos internos, além de ser capaz de
sociais. Ainda que se trate de objetivos essenciais sob uma formular suas próprias teorias do mundo, descobrir e explorar
visão educativa global, urge ter em conta os pontos fortes e as seu entorno imediato e ter confiança em sua própria
potencialidades da primeira infância, assim como suas capacidade. Ressalte-se que as crianças são “aprendizes”
fragilidades, e levar em consideração, seja nas políticas ou nos competentes desde o nascimento. Considerando que
serviços, os interesses das crianças. Enquanto alguns países aprendem em todos os instantes e em todos os aspectos da
têm orientado seus programas em direção a certos grupos, vida cotidiana, a divisão entre “educação” e “cuidado” deixa de
outros assumiram como prioridade o direito de todas as ter sentido. Têm sido envidados esforços para que todas as
crianças a uma educação de alta qualidade desde sua mais crianças - em particular, aquelas necessitadas de um apoio
tenra idade, independentemente do status socioeconômico ou especial - tenham acesso à ECPI. A participação na ECPI é
origens étnicas. considerada como crucial, sobretudo, para as crianças
O acesso universal à ECPI é visto como meio de promover oriundas de grupos étnicos minoritários, a fim de que entrem
a igualdade das oportunidades educativas e garantir que todas em contato o mais cedo possível com a linguagem e as
as crianças - e, em particular, aquelas que têm necessidades tradições do país em que vivem, de tal modo que possam fazer
especiais ou se encontram “em risco” de fracasso escolar - parte da sociedade e não sofram exclusão social ao
possam se beneficiar de condições necessárias para estarem ingressarem na escola ou, mais tarde, na vida profissional.
“prontas a aprender” quando ingressarem na escola de ensino Mesmo que se estime que os serviços de ECPI têm um valor
fundamental. Que a abordagem seja focalizada ou mais a longo prazo para a aprendizagem e o bem-estar das crianças,
universal, o que determina os objetivos dos serviços de ECPI é eles não são concebidos especificamente para preparar as
sempre a criança, como investimento humano fundamental. crianças para a vida futura. Nos países que adotaram essa
Quando a ECPI se empenha a priori em familiarizar as concepção da infância, determinadas tradições de ensino e de
crianças com a educação pré-escolar, corre o risco de sofrer aprendizagem bastante diferentes foram desenvolvidas na
pressões, por parte dos programas escolares, no sentido de ECPI e nas escolas. Recentemente, uma colaboração mais
incitar a ensinar cedo demais certos conhecimentos e estreita entre a ECPI e as escolas traduziu-se por uma
competências particulares, principalmente o domínio da influência pedagógica recíproca entre os dois setores. Não se
leitura, escrita e operações de cálculo. Destarte, corre-se o trata de apresentar uma falsa dicotomia entre o presente e o
risco de negligenciar outras áreas importantes da futuro, entre a criança “tal como é” e a criança “em devir”. De
aprendizagem e do desenvolvimento precoces. A aquisição das fato, um crescente número de países procura equilíbrio entre
técnicas de comunicação é um aspecto essencial da ECPI; no a disponibilização de oportunidades que permitam à criança
entanto, é também importante a maneira de sensibilizar as ser bem-sucedida na etapa seguinte de sua educação e na
crianças em relação aos conceitos de leitura e cálculo, além de idade adulta, por um lado, e, por outro, o valor a ser atribuído
favorecer seu desenvolvimento. Graças às aquisições na área aos estabelecimentos de ECPI como espaços em que as
da educação pré-escolar, reconhece-se daqui em diante o crianças possam viver sua vida no “aqui e agora”. Segundo
quanto é importante despender esforços no sentido de parece, se os países adotarem uma visão da criança como rica
considerar a “criança em sua totalidade” e estimular os novos de possibilidades e capaz de aprender desde o nascimento,
conhecimentos em matéria de leitura e cálculo no âmbito de assim como encararem a infância como uma importante etapa,
um programa integrado. Outra perspectiva consiste em ver na os serviços da ECPI poderão ocupar-se tanto do presente
infância uma importante fase da vida como tal. Segundo o quanto do futuro. É este ponto de vista que se expressa no
Plano de Diretrizes adotado na Noruega: ... a infância como fase Curriculum Framework for Children’s Services da Nova Gales
da vida tem um grande valor intrínseco; além disso, o tempo do Sul, na Austrália: As crianças são consideradas como
livre das crianças, sua própria cultura e seus próprios jogos cidadãos atuais na comunidade.
são fundamentalmente importantes (...) a necessidade de um O investimento nas crianças, em sua aprendizagem e em
controle e de uma gestão do deve constantemente ser seu desenvolvimento, justifica-se pelo fato de que elas são
apreciada em função da necessidade das crianças em relação a valorizadas no presente e não tanto na perspectiva das
suas próprias premissas e com base em seus próprios repercussões futuras. A vivência de uma criança em um
interesses. serviço destinado às crianças é, ao mesmo tempo, a vida e a
preparação para a vida. Temos todos os motivos para acreditar

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que os estabelecimentos de ECPI que adotam essa visão sobre 1996, a criança passou a ser vista como um indivíduo de
a infância estarão desafiando as crianças e fornecer-lhes os direito e em processo de desenvolvimento e o professor,
meios de adquirirem a capacidade necessária para como o coadjuvante nessa jornada. Assim, a Educação
participarem, de um modo geral, da escola, do mercado do Infantil começou a ser enxergada com outro olhar, como o de
trabalho e da vida em sociedade. Ainda que a função primeira Kishimoto: "sobre a importância da Educação Infantil como
dos serviços destinados às crianças mais novas não seja base da educação e do desenvolvimento da criança e o
prepará-las para a escolaridade formal, os profissionais que se conhecimento da mesma através da observação e o registro de
ocupam dessa faixa etária reconhecem que lhes incumbe suas atividades pelo educador".
oferecer às crianças um leque de experiências apropriadas
que, ao ingressarem na escola, lhes permitam ser aprendizes Essa forma de enxergar o professor como sujeito ativo
capazes, autoconfiantes, flexíveis e prontos para acolher novos representa um dos alicerces da sociedade moderna, pois
desafios e relações. Os serviços da primeira infância podem outorga, a ele, a importante função de ensinar. Na concepção
fornecer a todas as crianças uma sólida base de tal modo que atual e na visão de Freire essa função não se limita à
elas possam desenvolver plenamente seu potencial e transferência de conhecimento; ele enxerga a possibilidade de
desempenhar um papel ativo e integral na coletividade e na outorgar ao outro as ferramentas necessárias para a própria
economia. Essa concepção da infância coloca questões difíceis construção e produção do saber.
para a escola: até que ponto ela está preparada para acolher
crianças que são aprendizes competentes? De fato, a partir do Amparados legalmente, os professores da educação
momento em que exploramos as relações entre a ECPI e a infantil reafirmam o seu papel como profissionais da educação,
escola, formulamos questões a respeito dos dois sistemas, do e rejeitam a figura de meros cuidadores de crianças, nas
ponto de vista de cada um sobre a infância, a aprendizagem, o creches e pré-escolas.
saber e a necessidade de encontrar novas óticas, suscetíveis de Com a criação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação
formar a base de uma relação de igualdade. Neste sentido, os (LDB) Nº 9394, de 1996, passou a ser exigido nível superior
anos da primeira infância representam uma parte para os professores da educação básica. Os artigos 62 e 63
fundamental do processo contínuo da aprendizagem ao longo dispõem o seguinte:
de toda a vida.
Art. 62. A formação de docentes para atuar na educação
Questões básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura
plena, admitida, como formação mínima para o exercício do
01. Considere a afirmativa a seguir magistério na educação infantil e nos cinco primeiros anos do
Educação e cuidado da primeira infância inclui todas as ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na
modalidades que garantem a educação e cuidado das crianças modalidade normal.
em idade escolar obrigatória, independentemente da
organização do espaço, do financiamento, dos horários de Art. 63 - Os Institutos Superiores de Educação manterão:
funcionamento ou do conteúdo do programa. I. cursos formadores de profissionais para a educação
( ) Certo ( ) Errado básica, inclusive o curso normal superior, destinado à
formação de docentes para a educação infantil e para as
02. Na maior parte dos países, a política de ECPI é definida primeiras séries do ensino fundamental;
por uma multiplicidade de objetivos, dentre os quais: II. programas de formação pedagógica para portadores
- Facilitar a integração das mães das crianças no mercado de diplomas de educação superior que queiram se dedicar à
do trabalho e conciliar as responsabilidades profissionais e educação básica;
familiares; III. programas de educação continuada para os
- Apoiar as crianças e as famílias em situação “de risco” e, profissionais de educação dos diversos níveis.
ao mesmo tempo, favorecer a igualdade das oportunidades de
acesso à educação e à aprendizagem ao longo da vida; Desse modo, o professor da Educação Infantil se reafirma
- Manter a integração e a coesão sociais. na sua profissão no âmbito político, porém, isso não acontece
( ) Certo ( ) Errado em sala de aula, pois a procura de uma verdadeira identidade
que reafirme sua função e norteie seu fazer pedagógico
Gabarito depende de vários fatores:

01.Errado / 02.Certo De fato, as inúmeras pesquisas realizadas nos últimos


anos, com o objetivo de definir um repertório de
A identidade do profissional na educação infantil87 conhecimentos para a prática pedagógica, podem ser
interpretadas como uma série de incentivos para que o
Historicamente a Educação Infantil teve seu início no docente se conheça enquanto docente, como uma série de
cumprimento de um papel meramente assistencialista voltado tentativas de identificar os constituintes da identidade
às práticas do cuidado da criança, priorizando a necessidade profissional de definir os saberes, as habilidades e as atitudes
daqueles pais trabalhadores que não tinham onde deixar seus envolvidas no exercício do magistério. O que ensinar? Quais
pequenos. Assim, o principal fator para a criação das creches são os saberes, as habilidades e as atitudes mobilizados na
não eram as crianças, senão a condição laboral por parte das ação pedagógica? O que deveria saber todo aquele que planeja
mães. De acordo com Kuhlmann "várias instituições exercer esse ofício?
encontraram na configuração das creches, escolas maternais, A falta do entendimento acerca da identidade pode dar
jardins de infância e orfanatos um modo de legitimarem-se por como resultado o não saber fazer pedagógico na Educação
meio do método assistencialista". Infantil, a exemplo dos embates das concepções entre o cuidar
A partir das mudanças, especialmente dos marcos legais e educar, tão bem expresso por Kuhlmann: "não é à toa que
como a constituição de 1988, as Diretrizes Curriculares ainda hoje se encontrem pedagogos que torçam o nariz com a
Nacionais e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nº 9394 de ideia de que trocar fraldas seja objeto de ocupação de sua

87 NAKANO, A. K. A identidade do profissional na educação infantil. Dourados,


2015.

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ciência". O que dizer da falta da compreensão, por parte do As diretrizes para uma política de recursos humanos
educador, com relação à riqueza de oportunidades de explicitadas no referido documento fundamentam-se em
aprendizagem que as brincadeiras propiciam? alguns pressupostos, entre os quais se destacam:
Para educar a criança na creche é necessário integrar a (1) a educação infantil é a primeira etapa da educação
educação ao cuidado, mas também, a educação, o cuidado e a básica, destina-se às crianças de zero a cinco anos e é
brincadeira. oferecida em creches e pré-escolas, e,
(2) em razão das particularidades desta etapa de
Nessa mesma linha de pensamento, destacamos outro desenvolvimento, a educação infantil deve cumprir duas
aspecto importante para a prática pedagógica - o lúdico: funções complementares e indissociáveis cuidar e educar,
complementando os cuidados e a educação realizados na
[...] a utilização do lúdico como recurso pedagógico na sala família. Assim, o adulto que atua, seja na creche seja na
de aula, pode aparecer como um caminho possível para ir ao pré-escola, deve ser reconhecido como profissional e a ele
encontro da formação integral das crianças e suas devem ser garantidas condições de trabalho, plano de
necessidades. Assim, ao pensar atividades significativas que carreira, salário e formação continuada condizentes com
respondam às necessidades das crianças de forma integrada, o papel que exerce.
articula-se a realidade sociocultural do educando ao processo
de construção de conhecimento, valorizando o acesso aos No que se refere à formação, a Política explicita as
conhecimentos do mundo social. seguintes diretrizes:
Entre os vários saberes que sustentam o fazer pedagógico
e reafirmam a identidade do professor da Educação Infantil, - Formas regulares de formação e especialização, bem
Gauthieri ressalta, dentre todos, a importância da ação como mecanismos de atualização dos profissionais de
pedagógica a partir da compreensão do verdadeiro papel do Educação Infantil deverão ser assegurados.
professor, essa troca de experiências entre os profissionais da - A formação inicial, em nível médio e superior, dos
educação é sumamente rica e esclarecedora no momento de profissionais de Educação Infantil deverá contemplar em seu
exercer a Pedagogia com as crianças. currículo conteúdos específicos relativos a esta etapa
Convém ressaltar que, no fazer diário do professor, a busca educacional.
e os achados cotidianos contribuem também na construção de - A formação do profissional de Educação Infantil, bem
sua identidade, tanto quanto os saberes teóricos, pois o como a de seus formadores, deve ser orientada pelas diretrizes
discernimento da complexidade do conhecimento e a prática expressas neste documento.
levam à autoconfirmação da profissão, que implicará na - Condições deverão ser criadas para que os profissionais
concepção da identidade para o professor da Educação de Educação Infantil que não possuem a qualificação mínima,
Infantil. de nível médio, obtenham na no prazo máximo de 8 (oito)
anos.
Por que e para que uma política de formação do
profissional de educação infantil? Em decorrência dessas diretrizes, uma das ações
prioritárias explicitadas na Política de Educação Infantil é a
88Pretende-se, aqui, explicitar as razões que levaram o promoção da formação e valorização dos profissionais da área,
Departamento de Políticas Educacionais da Secretaria de o que exige acordos e compromissos entre as instâncias que
Educação Fundamental, através da Coordenação Geral de prestam esse serviço, as agências formadoras e as
Educação Infantil, a promover o Encontro Técnico sobre a representações desses profissionais. Ao MEC cabe o papel de
política de formação do profissional que trabalha com a articulação e coordenação, além do apoio técnico e financeiro
educação da criança de zero a cinco anos. a ações desenvolvidas nessa direção.
Para tanto, foram convidados especialistas de renome, Assim, a definição de uma Política de Formação do
profissionais dos sistemas de ensino, de agências de formação Profissional constitui uma das tarefas mais urgentes para a
e de outras organizações que atuam na área e representantes implementação da Política de Educação Infantil, e, como pode
dos Conselhos de Educação de âmbito federal e estadual. ser verificado numa breve análise da situação atual, um
A formação do professor é reconhecidamente um dos importante desafio a ser enfrentado.
fatores mais importantes para a promoção de padrões de Embora não existam informações abrangentes sobre os
qualidade adequados na educação, qualquer que seja o grau ou profissionais que atuam nas creches e pré-escolas do País.
modalidade. No caso da educação da criança menor, vários Especialmente nas primeiras, diagnósticos realizados por
estudos internacionais têm apontado que a capacitação pesquisadores de instituições como a Fundação Carlos Chagas,
específica do profissional é uma das variáveis que maior Instituto de Recursos Humanos João Pinheiro e universidades,
impacto causam sobre a qualidade do atendimento, como mostram que muitos desses profissionais não têm formação
mostrou uma recente revisão da literatura. No Brasil, a adequada, percebem remuneração muito baixa e trabalham
relevância da questão tem levado vários estudiosos e sob condições bastante precárias Mesmo no segmento da pré-
profissionais que atuam na área a promover discussões e escola, é grande o número de profissionais que não possuem
elaborar propostas para a formação do profissional de segundo grau completo e que podem ser considerados leigos,
educação infantil, especialmente daqueles que trabalham em "lato sensu". O percentual de leigos atinge 18.9% dos
creches. professores de pré-escola do País e em alguns estados supera
A importância atribuída ao fator "recursos humanos", para um terço do corpo docente.
o alcance da qualidade, é evidenciada pelo destaque dado à Os professores da educação pré-escolar são, em sua
questão no documento da Política de Educação Infantil maioria (56,6%), formados na habilitação magistério de
proposta pelo MEC e apoiada por órgãos de governo e segundo grau e um percentual maior (17%) tem curso
entidades da Sociedade Civil, em especial as que integram a superior. Não há dados que permitam quantificar, com
Comissão Nacional de Educação Infantil. confiabilidade, aqueles que possuem estudos adicionais à
habilitação magistério ou licenciatura específica para atuar na
área da pré-escola. Sabe-se, entretanto, que a oferta de

88 BARRETO, Ângela. Introdução: por que e para que uma política de formação

do profissional de educação infantil? In: _________. Por uma política de formação do


profissional de educação infantil. Brasília: MEC, 1994.

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formação específica para a educação pré-escolar, tanto no Aspectos gerais da formação de professores para a
nível de segundo grau quanto no superior, apresenta números educação infantil, nos programas de magistério
irrisórios. Em 1990, conforme dados do SEEC/MEC,
concluíram a habilitação de segundo grau para magistério de I - Entendimentos básicos - Educação
pré-escolar 2.844 alunos, em todo o País; no ensino superior,
a licenciatura para pré-primário apresentou, em 1990, 313 A docência e a formação para ela é uma prática de
Concluintes e, em 1991, apenas 261 alunos foram diplomados educação. Entendemos que a educação é um fenômeno
nessa habilitação. humano. Fruto do trabalho do homem nas relações sociais,
constitutivas do existir humano e que tem por finalidade a
A qualidade da formação oferecida é outra questão que produção do humano; a humanização do homem.
merece análise. Estudos têm mostrado que a formação do Nesse sentido, a sociedade construída pelos homens tem
professor da educação básica, nela incluída a pré-escola, deixa frente às crianças e jovens a dupla e indissociável tarefa de
muito a desejar no Brasil. O círculo vicioso "baixa remuneração tomá-los ao mesmo tempo usuários e beneficiários da riqueza
- pouca qualificação" estabelecido na área requer, para que civilizatória historicamente acumulada, bem como partícipes
seja superado, o investimento nos dois lados da equação. No e construtores dessa mesma riqueza Ou seja, prepará-los para
caso da educação infantil, que abrange o atendimento às se elevarem ao nível da civilização atual - suas riquezas e seus
crianças de zero a cinco anos em creches e pré-escolas, problemas - para nela atuar com cidadãos ou, no dizer de
exigindo que o profissional cumpra as funções de cuidar e SCHIMED - KOWAZIK para o incessante projeto de
educar, o desafio da qualidade se apresenta com uma humanidade dos homens.
dimensão maior, pois é sabido que os mecanismos atuais de Nesse sentido a educação é uma prática de toda a
formação não contemplam esta dupla função. E preciso, sociedade. Especialmente, a educação escolar tem por
portanto, conforme explicitado na Política, que formas finalidade possibilitar que nesse processo de humanização os
regulares de formação e especialização, bem como alunos trabalhem os conhecimentos das ciências e da
mecanismos de atualização dos profissionais sejam tecnologia, das artes e da cultura, desenvolvendo as
assegurados e que esta formação seja orientada pelos habilidades para conhecê-los, revê-los, operá-los, transformá-
pressupostos e diretrizes expressos na Política de Educação los e as atitudes necessárias para tornar os conhecimentos
Infantil. cada vez mais direcionados na construção do humano,
Dada à complexidade da questão e a necessidade de que superando, portanto, os determinantes da sub humanização.
decisões sejam tomadas, e assumindo o papel articulador e
coordenador da implementação das políticas educacionais, a Pressuposto na formação de professores
SEF. Com o apoio do Instituto de Recursos Humanos João
Pinheiro, tomou a iniciativa de promover a discussão do tema Tarefa complexa. Não para poucos. Dentre eles, os
com os principais segmentos envolvidos: pesquisadores e professores. Para os que necessitam ser preparados,
especialistas, profissionais de agencias formadoras, dos formados. Uma formação que coloque no início,
sistemas de ensino e de organizações não governamentais que antecipadamente, o resultado das ações que se propõe
atuam na área, representantes do Conselho Federal e dos empreender. O que, em se tratando de formar professores,
Conselhos Estaduais de Educação, técnicos do MEC e membros implica num conhecimento (teórico-prático) da realidade
da Comissão Nacional de Educação Infantil. existente. Este é, pois, o pressuposto básico na formação de
A organização dos temas do Encontro Técnico sobre professores: o conhecimento (teórico-prático) da realidade
Política de Formação do Profissional de Educação Infantil (nesse caso, a educação infantil), antevendo as transformações
visou possibilitar a análise da questão, partindo da discussão necessárias e instrumentalizando-se para nela intervir.
sobre o currículo de Educação Infantil, o perfil e a carreira do Exemplificando: na formação de qualquer professor é
profissional da área e as alternativas para sua formação nos preciso tomar-se o campo de atuação como referência. Isto é.
cursos de segundo grau, supletivo e ensino superior e nos Tomá-lo como uma totalidade, em todas as suas
programas de capacitação em serviço. Para tanto, além dos determinações, evidenciando as contradições nele presentes.
textos produzidos pelos palestrantes e publicados neste texto, O que implica ir para essa realidade municiado teoricamente
foram de fundamental importância os relatos de experiências da realidade que se quer instaurar (que educação infantil é
dos sistemas municipais de educação de Campinas, Curitiba, necessária e porquê, que escola e que professores são
Rio de Janeiro e Blumenau; de universidades, como as federais necessários e com quais conhecimentos e habilidades) que dê
de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul; da Secretaria suporte aos instrumentos de captação e análise do real
Estadual de Educação da Bahia, da Secretaria do Bem-Estar existente, para conhecê-lo nas suas determinações e
Social, do município de São Paulo; e de organizações como o possibilidades para a instauração do novo (resultante do
UNICEF e a AMEPPE (Associação Movimento de Educação confronto entre o ideal - a realidade que se quer; e o real - o
Popular Integral Paulo Englert). O relato sobre o sistema existente).
francês de formação de professores também foi muito útil para
o debate. Historicamente a formação do professor para a educação
A participação de representantes do Conselho Federal de infantil em nosso país foi institucionalizada na Escola Normal
Educação e do Fórum Nacional dos Conselhos Estaduais e Instituto de Educação até os anos 70 e, após, na Habilitação
possibilitou o envolvimento dessas importantes instâncias na Magistério.
discussão de um tema que deverá ser objeto de Ao ensejo das conquistas expressas na Constituição de 88
recomendações e normas emanadas por aquelas instituições. e que apontam para a necessária institucionalização da
O relatório-síntese do Encontro é fruto da contribuição de educação infantil, faz-se oportuna a iniciativa do MEC em
todos os participantes e cumpre, assim, o objetivo de subsidiar articular a Política Nacional, onde se inclui a formação de
o Ministério da Educação e do Desporto, os sistemas de ensino professores.
e as agências formadoras, na formulação de diretrizes e
estratégias para a formação inicial e continuada do II - Aprendendo com os erros - ou a importância da
profissional de Educação Infantil. investigação e análise crítica sobre a formação.

Parece-nos oportuno trazermos à reflexão dos grupos que


ora iniciam um processo sistemático de formação do professor

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para a educação infantil, alguns problemas que marcam a ministrar aulas na habilitação ficou restrita aos cursos
evolução da formação de professores no ensino médio. Assim, superiores de Pedagogia.
num breve panorama, podemos fazer os seguintes registros:
Em coerência com os princípios estabelecidos pela lei, o
1 - Em finais dos anos 60 o Instituto Nacional de Estudos Parecer do Conselho Federal de Educação que versava sobre a
Pedagógicos (INEP) promoveu uma série de estudos e Habilitação Específica para o Magistério (Parecer 3.491/72)
diagnósticos sobre a realidade do ensino Normal, estabelecia que "O currículo apresenta um Núcleo Comum,
evidenciando sua problemática. obrigatório em âmbito nacional, e uma parte de formação
Eny Caldeira, relatando resultados parciais de pesquisa especial, que apresenta o mínimo necessário à habilitação
feita em alguns estados brasileiros, constata que os programas profissional". Este trecho demonstra a dicotomia entre dois
desenvolvidos nos cursos não satisfaziam as necessidades de elementos que deveriam ser indissociáveis.
formação de professores capazes de fazerem frente aos Esta situação agravou-se pela indicação, no mesmo
problemas reais encontrados no ensino primário. Parecer, de que a educação geral "deverá, a partir do segundo
Lúcia Pinheiro constata, sobre a perda de especificidade do ano, oferecer os conteúdos dos quais ele (aluno) se utilizará
Ensino Normal as Escolas Normais e com frequência os diretamente na sua tarefa de educador". Deduz-se desta
próprios Institutos de Educação, vêm funcionando como orientação que o domínio dos conteúdos inerentes ao Núcleo
simples cursos a mais, sem maior significação, dentro de um Comum e destinados à formação geral do aluno ficou restrito
conjunto de cursos médios. Sobre o distanciamento entre ao 1º ano. Assim, reforçou-se a predominância do caráter
cursos de formação e a realidade da escola primária também tecnicista na formação profissional que se observa na Lei
foi diagnosticado: "(...) embora os alunos estudem Psicologia e 5.692.
Sociologia, não adquirem atitude psicológica e sociológica Outro aspecto relevante a assinalar decorre da
adequada para enfrentar, no futuro, problemas concretos, possibilidade, aberta pela Lei 5.692/71, de lecionar até a 6ª
individuais e coletivos, como relações ambiente-criança, série do ensino de 1º grau, aos docentes que tenham sido
família-escola, aluno-professor, vida intelectual-vida afetiva, habilitados pelo 2º, "se a sua habilitação houver sido obtida em
efeitos da personalidade do professor, para adotar os possíveis quatro séries ou, quando em três mediante estudos adicionais
meios de ação que, em cada caso, impõem aos educadores. Ao correspondentes a um ano letivo que incluirão, quando for o
aluno não é dada oportunidade de refletir sobre problemas, os caso, formação pedagógica" (parágrafo1º art. 30).Convém
mais imediatos, relacionados com a escola primária, e que ressaltar aqui que estamos realizando aqui um resgate
estão a exigir soluções.” histórico e que a Lei 5.692/71 foi revogada pela Lei de
A análise crítica, rigorosa e lúcida produzida pelos Diretrizes e Bases 9394/96.
intelectuais educadores no interior do próprio órgão Dessa forma, a Habilitação Específica para o magistério
responsável pela elaboração e/ou execução da política dos podia formar professores que ministrassem aulas desde as
cursos de formação de professores, e aqui brevemente por nós classes de educação infantil - frequentadas por alunos de três
retomada, coloca em evidência os problemas no interior dos anos em diante - até a 6ª série do1º grau. Essa amplitude de
próprios cursos, e nas suas determinações pelo sistema possibilidades, combinada com aquele caráter tecnicista já
escolar/político mais amplo. apontado, resultou em fragmentação ainda maior de um curso,
A deterioração aqui evidenciada no interior das escolas já por si especifico.
normais é produto da deterioração e/ou precariedade do Da associação dessa subdivisão acentuada da Habilitação
sistema de formação de professores como um todo, Especifica para o Magistério com a progressiva desvalorização
especialmente os equívocos da própria institucionalização da profissional que marcou o exercício da docência nas duas
Universidade entre nos. últimas décadas, dentre outros fatores, resultou o
A escola normal (oficial e privada) traduz no seu interior - agravamento da qualidade que se observa no sistema
na sua organização e funcionamento, no seu currículo e nos educacional brasileiro.
programas, nos métodos de formação, nos seus professores A lei não expressou nenhuma preocupação no sentido de
(no trabalho destes) - o não compromisso com a formação do que fossem modificados os conteúdos e nem mesmo a
professor necessário à transformação quantitativa e organização proposta, pautando-a nas reais necessidades que
qualitativa do ensino primário, isto é, a escola normal não a nova clientela do então primário apresentava, nem
estava sendo capaz de formar professores capazes de mecanismos para a articulação entre a Habilitação Magistério
contribuírem com a educação das crianças na escola primária. e as necessidades que estavam colocadas pelo ensino de1º
Contrariamente à tendência que vinha sendo amplamente grau (seis séries iniciais) onde o formado exerceria o
apontada, em finais dos anos 60, de ampliar e configurar a magistério.
especificidade do ensino normal, a Lei 5692, em 1971, ao Se é incorreto imputar-se a então nova lei toda a
modificar a estrutura do ensino primário, secundário e colegial deterioração da formação de professores, uma vez que
para1º e 2º graus, transformou o ensino normal em uma das qualquer lei se efetiva pela ação dos seres humanos, também
habilitações profissionais de 2° grau, agora obrigatoriamente será incorreto não apontar nela os pontos cruciais que
profissionalizante. Na verdade reduziu e resumiu o curso mobilizaram e/ou ajudaram a impulsionar a precariedade do
normal a um apêndice profissionalizante no 2° grau. ensino.
Com a edição da "Lei de Diretrizes e Bases para o Ensino Nessa perspectiva, após a Lei 5.692/71, é possível
de1º grau e 2º graus" (Lei 5.692), em 1971, o curso de identificar as seguintes características da Habilitação
magistério transformou-se em Habilitação Específica para o Magistério:
Magistério, em nível de 2º grau. Com esta mudança extinguiu-
se, em primeiro lugar a formação de "professores regentes" e, a) é uma habilitação a mais no 2º grau, sem identidade
em segundo lugar, descaracterizou-se a estrutura anterior do própria;
curso. b) apresenta-se esvaziada em conteúdo, pois não responde
Em outras palavras: a formação de professores para a nem a uma formação geral adequada, nem a uma formação
docência nas quatro primeiras séries do ensino de primeiro pedagógica consistente;
grau passou a ser realizada através de uma habilitação c) habilitação de "segunda categoria", para onde se dirigem
profissional, dentre as inúmeras outras que foram os alunos com menos possibilidades de fazerem cursos com
regulamentadas. Os antigos institutos de educação, pouco a mais status;
pouco, deixaram de existir, e a formação de professores para

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d) a disciplina "Fundamentos da Educação", não 2 - Apesar desse quadro de precariedade, propostas de


fundamenta, apenas comprime os aspectos sociológicos, superação têm sido colocadas em prática.
históricos, filosóficos, psicológicos e biológicos da educação. O Embasadas em estudos e pesquisas realizadas em
que, na prática, se traduz em "ensinar-se" superficialmente universidades e institutos apresentam alguns pontos de
tudo e/ou apenas aspecto; convergência a que poderíamos denominar de princípios
e) o estágio geralmente se mantém definido como o do norteadores comuns:
antigo curso normal: observação, participação e regência. - que o campo de atuação profissional seja tomado como
Dessa forma, surgem vários problemas: na maioria das vezes referência na formação, ou seja, embase os currículos, os
ele não é realizado; tem sido utilizado como desculpa para se conteúdos e as atividades do curso.
fechar as habilitações do magistério noturnas, com o - portanto, a unidade teoria e prática esteja sempre
argumento de que o aluno desse turno não pode estagiar - o presente na formação. - os cursos precisam se constituir em
que configura um processo de elitização do curso; tem sido projeto pedagógico articulado, traduzindo a proposta
interpretado como a "prática salvadora" onde tudo será educacional (da educação infantil, no caso), - na organização e
aprendido. funcionamento das escolas se trabalhe a diversidade (local,
f) não há nenhuma articulação didática nem de conteúdo regional, peculiaridades) na unidade (proposta educacional).
entre as disciplinas do Núcleo Comum e da parte Nas propostas de superação dos problemas da formação
profissionalizante, e nem entre estas; de professores há o reconhecimento de que a formação do
g) não há nenhuma articulação entre a realidade do ensino professor para a pré-escola deve ocorrer legalmente no ensino
de 1 ° grau e a formação - que profissional se faz necessário médio. No entanto, não apresentam maiores detalhamentos
para alterar a situação que está? - de 3º grau (Pedagogia) que sobre essa especificidade. Talvez essa ausência se explique
forma os professores para a Habilitação Magistério. porque esses estudos privilegiaram a formação de professor
h) a Habilitação Magistério, conforme definida naquela lei, para as séries iniciais, uma vez reconhecida sua importância e
não permite que se formem o professor e menos ainda o precariedade E também porque o avanço histórico e
especialista (4º ano). A formação é toda fragmentada; reconhecimento da instância ainda não estava bem
i) os livros didáticos disponíveis frequentemente configurado como hoje.
transmitem um conhecimento não cientifico, dissociado da Entretanto, reconhecem que o desenvolvimento da criança
realidade sócio -cultural e política, bem como favorecem é um "continuum".
procedimentos de ensino mecanizados e desfocados das
condições reais dos alunos. 3 - Quem atua como professor na educação infantil? Sem
dados precisos mas procedendo a ligeiras observações,
Os cursos superiores que formam os professores para percebe-se que os egressos da Habilitação Magistério acabam
atuarem no 2º grau não têm conseguido prepará-los por assumir essa função. Na realidade adversa, contraditória e
suficientemente; os cursos de bacharelado e licenciatura não desigual em que se realiza a educação em nosso país, o
têm formado os professores para ensinarem solidamente as professor egresso do ensino médio, não raro, se torna
disciplinas de formação geral que compõem o núcleo comum e professor na pré-escola.
nem para prepararem os futuros professores primários para Nesse sentido, é legítimo que o curso inclua no seu projeto
ensinarem os conteúdos da Matemática, História, Geografia, pedagógico (currículo, conteúdos, atividades) a problemática
Ciências e Língua Portuguesa. Os cursos de Pedagogia, por sua da educação infantil. Não como especialização, uma vez que os
vez, não têm preparado o aluno (futuro professor primário) quatro anos são necessários para uma sólida formação do
para alfabetizar, nem para ensinar os conteúdos das professor para as séries iniciais. Uma vez também que a
disciplinas básicas, tampouco lhe tem possibilitado uma especialização requer essa base sólida. Portanto, parece-nos
consciência aguda da realidade na qual vai atuar. que qualquer especialização deva ocorrer após a formação
Essa desarticulação configura as condições precárias de básica do professor. Também porque especializar significa
exercício do magistério, traduzidas, conforme recentes aprofundar estudos, face a um campo de atuação complexa.
pesquisas, nos seguintes aspectos: Por isso, parece-me que incluir a problemática da
educação infantil no curso de formação de professores no
- os professores primários têm formação escolar deficiente ensino médio é uma exigência historicamente necessária.
nas disciplinas do Núcleo Comum e nas disciplinas da
Habilitação; III - Aspectos da Formação de Professores para a
- os professores primários possuem graves deficiências no Educação Infantil
seu processo de alfabetização, comprometendo, desde o início,
a alfabetização de seus alunos; Pelo exposto até o presente consideramos que:
- há excessiva influência de fatores extra educacionais,
como o clientelismo político na alocação dos professores; A educação infantil requer professores especializados,
- inexistência e/ou inadequação de livros, materiais formados em cursos específicos, pautados nos mesmos
didáticos, área física e serviços de supervisão e orientação princípios dos cursos de formação de professores para
pedagógica aos professores em exercício. qualquer nível do ensino. Quais sejam:
- tomar o campo de atuação (educação infantil) como
Se queremos reverter o quadro precário da educação referência para a formação: o currículo, os conteúdos, as
escolar nas séries iniciais, é preciso investir fundo na atividades, a organização, os profissionais necessários. Nesse
modificação dos cursos de forma a assegurar que esse sentido, ser um curso profissionalizante.
professor tenha. - possibilitar que o futuro professor conheça a
problemática e se instrumentalize para atuar na realidade
a) aguda consciência da realidade na qual irá atuar; existente (da educação infantil). Realidade essa que tem
b) sólida fundamentação teórica, que lhe permita ver essa dimensões históricas (institucionais e pessoais: a criança),
realidade e fundamentar os procedimentos técnicos; sociais, políticas, legais.
c) consistente instrumentalização que lhe permita intervir Nesse sentido, ser um curso que desenvolva no futuro
e transformar a realidade professor a habilidade de pesquisar o real.
- explicitar qual a direção de sentido da educação (infantil)
no processo de humanização.

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- instrumentalizar teórica e praticamente o futuro oportunizando a esta o acesso e a apropriação de


professor para ter condições de exercer a dupla e indissociável conhecimentos que não são constituídos espontaneamente no
tarefa de cuidar e promover a criança. ser humano.
Estes quatro tópicos podem vir a ser problematizados nas Também cabe a eles, garantir à criança a expressão de suas
várias disciplinas e atividades que compõem os cursos de ideias, sentimentos e respeitá-la, não a concebendo como ser
formação de professores no ensino médio. incapaz, mas identificando as suas capacidades, a fim de
oferecer a possibilidades de que elas sejam ampliadas,
Programa Pro-Infantil sedimentadas, desenvolvidas na dimensão da individualidade
e da participação cultural e social.
O Pro-Infantil é um curso em nível médio, a distância, na Também é importante salientar o pressuposto de que
modalidade Normal. Destina-se aos profissionais que atuam aqueles que atuam em instituições educativas desempenham
em sala de aula da educação infantil, nas creches e pré-escolas as funções indissociáveis de educar - cuidar.
das redes públicas - municipais e estaduais - e da rede privada,
sem fins lucrativos - comunitárias, filantrópicas ou As pessoas, que têm a responsabilidade de cuidar/
confessionais - conveniadas ou não, sem a formação específica educar crianças nesta faixa etária, desempenham um
para o magistério. papel fundamental no processo de desenvolvimento
O curso, com duração de dois anos, tem o objetivo de infantil, pois servem de intérpretes entre elas e o mundo
valorizar o magistério e oferecer condições de crescimento ao que as cerca. Ao nomearem objetos, organizarem
profissional que atua na educação infantil situações, expressarem sentimentos, os adultos estão
Com material pedagógico específico para a educação a cooperando para que as crianças compreendam o meio
distância, o curso tem a metodologia de apoio à aprendizagem em que vivem e as normas da cultura na qual estão
em um sistema de comunicação que permite ao cursista obter inseridas. Portanto, os diferentes profissionais
informações, socializar seus conhecimentos, compartilhar e envolvidos na Educação Infantil têm uma importante
esclarecer suas dúvidas, recebendo assim uma formação tarefa a cumprir, na tentativa de contribuir para um
consistente. desenvolvimento agradável e sadio. São, portanto,
Ao final do curso, o cursista será capaz de dominar os mediadores entre a criança e o meio.
instrumentos necessários para o desempenho de suas funções
e desenvolver metodologias e estratégias de intervenção No que diz respeito especificamente aos profissionais que
pedagógicas adequadas às crianças da educação infantil. atuam nas salas de aula da Educação Infantil, pesquisas
O Pro-Infantil é uma parceria do Ministério da Educação comprovam que no Brasil a maioria não possui qualificação
com os estados e os municípios interessados. As profissional, portanto, não é professor. Esta função é
responsabilidades são estabelecidas em um acordo de desempenhada por outros profissionais: babás, educadores,
participação, assinado pelas três esferas administrativas. recreacionistas, monitores, atendentes, técnico educacional,
Para participar, o professor interessado deve procurar a estagiários, etc.
secretaria de educação de seu município. Por sua vez, o Embora estes profissionais desempenhem a função de
município interessado deve procurar a secretaria de educação docência, devido à falta de formação específica, podem
de seu estado. desqualificar o processo de ensino aprendizado ofertado pelas
instituições de Educação Infantil.
O currículo do Pro-Infantil está estruturado em seis áreas De acordo com o Ministério da Educação, citado por
temáticas: GARANHANI no Brasil, a formação dos profissionais que
atuam em educação infantil, principalmente em creches,
Base Nacional do Ensino Médio: praticamente inexiste como habilitação especifica.
- Linguagens e Códigos (Língua portuguesa); Assinala-se que algumas pesquisas registram um
- Identidade, Sociedade e Cultura (Sociologia, Filosofia, expressivo número de profissionais que lidam diretamente
Antropologia, História e Geografia); com criança, cuja formação não atinge o ensino fundamental
- Matemática e Lógica; completo. Outros concluíram o ensino médio, mas sem a
- Vida e Natureza (Biologia, Física e Química). habilitação de magistério e, mesmo quem a concluiu não está
adequadamente formado, pois esta habilitação não contempla
Formação Pedagógica: as especificidades da educação infantil.
- Fundamentos da Educação (Fundamentos Para efetivação dessa proposta curricular é fundamental
Sociofilosóficos, Psicologia e História da Educação e da que o trabalho em sala de aula seja realizado pelo PROFESSOR.
Educação Infantil); Para tanto, a formação inicial do professor deve ser
- Organização do Trabalho Pedagógico (Sistema complementada pela formação continuada em serviço, que
Educacional Brasileiro, Bases Pedagógicas do Trabalho em atenda a real necessidade desses profissionais, possibilitando
Educação e Ação Docente na Educação Infantil). que estes ampliem seus conhecimentos, reflitam sobre suas
ações e, consequentemente, redimensionem sua prática para
O perfil dos profissionais de Educação Infantil que o trabalho se efetive, garantindo assim a qualidade do
atendimento, do aprendizado e do desenvolvimento das
89Ao conceber as instituições de Educação Infantil como crianças de zero a cinco anos.
espaços onde ocorre o processo educativo, processo este pelo De acordo com a Abordagem Histórico-Cultural, que
qual os homens apropriam-se do desenvolvimento histórico- fundamenta esta proposta, o professor desempenha o papel de
cultural da humanidade, através das relações que estabelecem mediador entre o conhecimento científico e conhecimento
entre si, todos os profissionais que atuam nessas instituições trazido pelo educando, em todos os níveis e modalidades de
desempenham a função EDUCATIVA. ensino. Entretanto, os professores que atuam na Educação
Aos diferentes profissionais (direção, coordenação Infantil precisam dispor, em suas práticas pedagógicas, de
pedagógica, professores, atendentes e agentes operacionais) algumas características e especificidades.
que atuam no mesmo espaço e exercem diferentes funções,
cabe a importante tarefa de ampliar a experiência da criança,

89 http://www.piraquara.pr.gov.br

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GARANHANI, fundamentada em CANÁRIO, explicita - elaborar e efetivar planos de trabalho docente, que
quatro dimensões essenciais para o professor da privilegiem a brincadeira, as diferentes linguagens e as
Educação Infantil. interações e, através da avaliação, retomá-los, quando
necessário, propondo novos encaminhamentos.
São elas: professor “é um analista simbólico”, o
professor “é um profissional da relação”, o professor “é um É importante ressaltar que essas práticas pedagógicas
artesão” e o professor “é um construtor de sentindo.” devem ocorrer de modo a não fragmentar a criança nas suas
O “professor analista simbólico”, além de conhecer as possibilidades de viver experiências, na sua compreensão do
características do aprendizado e desenvolvimento das mundo feita pela totalidade de seus sentidos, no conhecimento
crianças e dominar os conteúdos que precisam ser que constrói na relação intrínseca entre a razão e emoção,
sistematizados com estas, conhece e compreende a expressão corporal e verbal, experimentação prática e
prática social em que estas estão inseridas e, a partir elaboração conceitual. As práticas envolvidas nos atos de
disso, seleciona e trabalha com conteúdos e metodologias alimentar-se, tomar banho, trocar fraldas e controlar os
adequadas a esta realidade. esfíncteres, na escolha do que vestir, na atenção aos riscos de
O “professor profissional da relação” entende que toda adoecimento mais fácil nessa faixa etária, no âmbito da
criança tem uma história pessoal, que seu Educação Infantil não são apenas práticas que respeitam o
desenvolvimento ocorre numa dimensão cultural, na qual direito da criança de ser bem atendida nesses aspectos, como
ele e a criança estão inseridos. Portanto, o professor deve cumprimento do respeito a sua dignidade como pessoa
estar atento e respeitar as individualidades e humana. Elas são também práticas que respeitam e atendem
características de cada criança nas interações. ao direito da criança de apropriar-se por meio de experiências
O “professor artesão” é aquele que inventa e reinventa corporais, dos modos estabelecidos culturalmente de
práticas que sistematizem os conhecimentos produzidos alimentação e promoção de saúde, de relação com o próprio
e acumulados historicamente, adequadas às corpo e consigo mesma, mediada pelas professoras e
características dessa faixa etária. professores que intencionalmente planejam e cuidam da
O “professor construtor de sentidos” organiza suas organização dessas práticas”. Para que isso se efetive, além de
práticas considerando o que a criança expressa, através empenho pessoal, é necessário a execução de políticas
de diferentes linguagens, a respeito das situações, públicas que garantam condições adequadas de trabalho,
práticas e fatos que vivencia. valorização salarial, ingresso por Concurso Público, formação
inicial mínima em Ensino Médio (Magistério) e formação
A especificidade da docência na Educação Infantil poderá continuada em serviço.
ocorrer pela integração das dimensões acima propostas em
interação com as características elaboradas por Questões
FORMOSINHO. Esta autora defende a ideia de que o professor
da Educação Infantil necessita compreender que a 01. (Prefeitura de Santana do Jacaré/MG - Monitor de
vulnerabilidade e dependência infantil, próprias desta fase de Creche - REIS & REIS) Sobre o perfil do professor na educação
desenvolvimento, exigem dele, dos demais profissionais e dos infantil, assinale a alternativa correta:
responsáveis pela criança, atitudes de cuidado no educar. (A) A implementação e/ou implantação de uma proposta
Segundo GARANHANI “Ser docente na Educação Infantil, curricular de qualidade depende somente dos pais de alunos
com base no perfil apresentado, é ter sempre uma atitude que estudam nas instituições;
investigativa da própria prática e, consequentemente, fazer a (B) Todos os professores e educadores devem agir de
sua elaboração por meio de um processo contínuo de forma indiferente com os alunos, a fim de evitar transtornos;
formação. É ter o compromisso com a profissão escolhida e (C) As alternativas “a”, “b” e “d” estão incorretas;
consciência de que suas intenções e ações contribuem na (D) O trabalho direto com crianças pequenas exige que o
formação humana de nossas crianças ainda pequenas”. professor tenha uma competência polivalente.
Formação humana que se faz pelo acesso aos saberes,
conceitos e práticas de nossa sociedade e que se apresentam 02. (Prefeitura de São Luís/MA - Conhecimentos
como ferramentas de trabalho, pelo respeito às condições de Básicos - CESPE/2017) O planejamento das atividades
aprendizagem que se faz pela oferta de possibilidades didáticas é uma ação do professor que envolve a previsão das
educacionais e, por fim, a clareza de que a professora da atividades a ser realizadas em sala de aula com os alunos. O
pequena infância é uma das profissionais responsáveis por ponto de partida na elaboração desse planejamento é a
proporcionar a conquista da autonomia e da construção de (A) definição dos objetivos que se pretende alcançar.
identidades das crianças pequenas do nosso país. (B) identificação do perfil da turma.
(C) seleção do conteúdo.
Diante do exposto, conclui-se que são práticas que (D) definição dos critérios de avaliação.
fazem parte da função do professor da Educação Infantil: (E) definição dos procedimentos e dos recursos a serem
- promover e compreender a necessidade de um empregados.
período de adaptação das crianças ao espaço e às pessoas;
- planejar e organizar os espaços da instituição; Gabarito
- acolher às crianças e aos familiares, de maneira que
estes se sintam seguras; 01.D / 02.B
- realizar e orientar as crianças nos momentos de
alimentação e higiene;
- acompanhar atentamente o momento do repouso -
sono e proporcionar atividades para as crianças que não
dormem;
- garantir a segurança das crianças em todos os
momentos e espaços da instituição;
- promover a interação entre as crianças e os adultos
da instituição;

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