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LITURGIA ON LINE

Padre Emílio, gostaria que o senhor falasse sobre a Benção dos Santos Óleos, o que representa
e as cores para identificá-los. Padre, preciso deste comentário, mas só acho em sites de outras
diocese e gostaria de estar usando o que diz nossa Igreja Particular

Caríssima Edna: vamos lá. Tentarei lhe falar um pouco sobre a riqueza dos símbolos e os óleos
sacramentais ou melhor dos Sacramentos:

O ser humano é, ao mesmo tempo, corporal e espiritual. É matéria e espírito. Sua percepção,
pois, das realidades espirituais depende de imagens e de símbolos, e sua comunicação só é
plenamente objetiva na linha de comunhão. Em todas as civilizações e culturas e em todos os
momentos da história, esse dado antropológico é registrado, sem discussões. O homem
percebe as coisas pela linguagem própria, viva e silenciosa das coisas e se situa ─ ele próprio ─
no mundo do mistério. Tendo consciência de sua realidade transcendente, o homem busca,
pois, a comunhão no mistério, que se dá sobretudo na linguagem silenciosa dos símbolos.

De fato, os símbolos nos mostram, em sua visibilidade, uma realidade que os transcende,
invisível. Falam sempre a linguagem do mistério, apontando para além deles próprios. Por
aqui, pode-se perceber o quanto é útil e necessária na liturgia esta linguagem misteriosa dos
símbolos, e eles não têm, como objetivo, explicar o mistério que se celebra, pois o mistério é
para ser vivido, mais, portanto que ser explicado. A finalidade dos símbolos é adornar, na
linguagem simples das coisas criadas, a expressão profunda do mistério, que é invisível.

Todo símbolo litúrgico deve, pois, mergulhar-nos na grandeza do mistério, sem reduzir este, e
sem banalizá-lo, e, como símbolo, deve ser simples, como simples é toda a criação visível. Sua
principal função, sobretudo na liturgia, é, pois, comunicar-nos aquela verdade inefável, que
brota do mistério de Deus e que, portanto, não se pode comunicar com palavras. Na
participação litúrgica devemos passar da visibilidade do símbolo, isto é, de seu sentido
imediato, de significante, para a sua dimensão mistérica, invisível, atingindo o significado, que
é o objetivo final de toda realidade simbólica. Se o símbolo não nos leva a essa passagem para
um nível superior de crescimento espiritual, ou ele já não tem mais força expressiva, simbólica,
ou somos nós que falhamos na nossa maneira de participar da liturgia. Um exemplo de perda
de significação simbólica podemos citar a batina dos padres, ou o uso do véu na igreja pelas
mulheres. Insistir, em nossa cultura, no uso de tais símbolos litúrgicos, seria forçar uma prática
já inexpressiva e que até causaria espanto em muitas cabeças, para não dizer em toda a
assembléia.

Na liturgia ─ saibamos ─ tudo, pois, é simbólico. E a liturgia é descrita como ação simbólica, no
sentido mais pleno. Desde a assembléia reunida até a pequenina chama da vela que arde, tudo
é expressão simbólica, que nos remete ao abismo do mistério de Deus. Na compreensão desse
dado litúrgico está a beleza de todo ato celebrativo, e de sua consciência brota já a alegria
pascal, como antecipação sacramental das alegrias futuras, definitivas e eternas.

Vejamos então alguma noção dos símbolos do óleo e procuremos descobrir sua
ministerialidade na liturgia.

O ÓLEO: Temos na liturgia os óleos dos Catecúmenos, do Crisma e dos Enfermos, usados
liturgicamente nos sacramentos do Batismo, da Crisma e da Unção dos Enfermos. Nos três
sacramentos, trata-se do gesto litúrgico da unção.

Entre os símbolos sacramentais usados pela Liturgia da Igreja, o óleo simboliza a alegria e o
perfume do Espírito Santo em nós. Assim como o óleo penetra no ungido, assim penetra a
graça divina naquele que foi ungido sacramentalmente.

Aqui vemos que o objeto, no caso, o óleo - além de ele próprio ser um símbolo - faz nascer
uma ação, isto é, o gesto simbólico de ungir.

O óleo tem a finalidade de fazer brilhar o rosto (Sl 103,15) e é símbolo da alegria (Sl 44,8).
Penetrante, sua unção significa a consagração de um ser a Deus, em vista da realeza, do
sacerdócio ou de uma missão profética (Ex 29,7). Mesmo edifícios e objetos são consagrados
com a unção do óleo (Gn 28,18). O ungido por excelência é o Messias, o Cristo, que é o Rei, o
Sumo Sacerdote e o Profeta. Símbolo da alegria e da beleza, sinal de consagração, o óleo é
também o ungüento que alivia as dores e que fortalece os lutadores, tornando-os mais ágeis e
menos vulneráveis.

A Liturgia da Igreja privilegia três óleos, chamando-os de "Santos Óleos": Óleo dos enfermos,
Óleo dos catecúmenos e Óleo do Santo Crisma. Os dois primeiros Santos Óleos são
abençoados e o terceiro, o Óleo Crismal, é consagrado na missa crismal que o Bispo celebra
com todo o seu presbitério na 5ª feira santa pela manhã.

O Óleo dos Catecúmenos concede a força do Espírito Santo àqueles que serão batizados para
que possam ser lutadores de Deus, ao lado de Cristo, contra o Espírito do mal. Este óleo
poderá ser abençoado pelo padre, antes de ser usado. Por motivos pastorais, a unção com o
Óleo Catecumenal poderá ser omitido na celebração do Batismo ou antes da celebração do
mesmo. O batizando é ungido com o óleo dos catecúmenos, no peito.

O Óleo dos Enfermos que, em caso de necessidade poderá ser abençoado pelo padre, antes da
unção do enfermo, é um sinal sensível utilizado pelo sacramento da Unção dos Enfermos, que
traz o conforto e a força do Espírito Santo para o doente no momento de seu sofrimento. O
doente é ungido na fronte e na palma das mãos.

O Santo Crisma é um óleo perfumado utilizado nas unções consacratórias dos seguintes
sacramentos: depois da imersão nas águas do Batismo, o batizado é ungido na fronte; na
Confirmação é o símbolo principal da consagração, também na fronte; depois da Ordenação
Episcopal, sobre a cabeça do novo bispo; depois da ordenação sacerdotal, na palma das mãos
do neo-sacerdote. Também é usado em outros ritos consacratórios, como na dedicação de
uma Igreja, na consagração de um altar, quando o Santo Crisma é espalhado sobre o altar e
sobre as cruzes de consagração que são colocadas nas paredes laterais das igrejas dedicadas
(consagradas). Em todos estes casos, o Santo Crisma recorda a vinda do Espírito Santo que
penetra as pessoas como o óleo impregna a cada um dos que o toca. Ele faz com que pessoas
sejam ungidas com a unção real, sacerdotal e profética de Jesus Cristo.

Os Santos Óleos, de modo particular o Santo Crisma, têm caráter sacramental. Antigamente,
os Óleos eram guardados dentro de um pequeno sacrário, costume este que está voltando em
muitas comunidades, como sinal de respeito.

Tal também acontece com a água: ela supõe e cria o banho lustral, de purificação, como nos
ritos do Batismo e do "lavabo" (abluções), e do "asperges", este em sentido duplo: na missa,
como rito penitencial, e na Vigília do Sábado Santo, como memória pascal de nosso Batismo. A
esses gestos litúrgicos e tantos outros, podemos chamar de "símbolos rituais". A unção com o
óleo atravessa toda a história do Antigo Testamento, na consagração de reis, profetas e
sacerdotes, e culmina no Novo Testamento, com a unção misteriosa de Cristo, o verdadeiro
Ungido de Deus (cf. Is 61,1; Lc 4,18). A palavra Cristo significa, pois, ungido. No caso, o Ungido,
por excelência.

Na antiguidade os lutadores e guerreiros se untavam com óleos, pois acreditavam que essas
substâncias lhes davam forças. Para nós cristãos, os óleos simbolizam o Espírito Santo, aquele
que nos dá força e energia para vivermos o evangelho de Jesus Cristo.

A Bênção dos Santos Óleos, no atual rito da Liturgia Romana, é realizada de forma muito
simples e obedece a seguinte ordem: o Óleo dos Enfermos acontece antes do término da
Oração Eucarística, a bênção do Óleo dos Catecúmenos e a Consagração do Santo Crisma são
feitos depois da comunhão. Por motivos pastorais, existe a possibilidade de que as Bênçãos
sejam realizadas após a Liturgia da Palavra, depois da homilia.

No rito realizado dentro da missa, no momento da apresentação dos dons, os diáconos e, na


falta deles, os presbíteros ou mesmo leigos, levam os óleos ao presbitério com a seguinte
ordem: primeiro, o ministro leva o vaso com perfumes. Em seguida vem o ministro com o óleo
dos catecúmenos, seguido do ministro com o óleo dos enfermos e, por fim, o ministro que traz
o óleo do crisma. É costume que os vasos que contém estes óleos venham cobertos com véus
de cor roxa (óleo dos enfermos), verde (óleo dos catecúmenos) e branco (óleo do crisma).
Cada um dos ministros que traz os vasos com óleos, apresenta-os ao bispo e diz em alta voz:
"eis o óleo do crisma" e assim procedem os demais ministros, cada qual nomeando o
respectivo óleo.

Para a consagração do Santo Crisma, todos os presbíteros reúnem-se ao redor do vaso que
contém o óleo crismal. O bispo prepara os perfumes que serão colocados dentro do óleo do
Crisma e, após misturar o perfume no óleo crismal, sopra sobre o vaso do crisma, como sinal
do sopro do Espírito Santo. Durante a oração consacratória, o bispo e todos os presbíteros
fazem a imposição das mãos, estendendo a mão direita invocando o Espírito Santo, para que
consagre o Crisma.

Espero ter te ajudado um pouco caríssima Edna. Paz e bem e uma Santa Páscoa no Senhor.

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