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Os caracóis de seus cabelos: experiências de professoras de inglês

em formação continuada. Maria Eugênia Sebba Ferreira de Andrade.


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Ana Carolina Alves.

O texto em análise inicia um capítulo de um estudo acadêmico que


explora questões relacionadas a raça, identidade, racismo e a formação de
professores de línguas. A motivação para o estudo se originou de uma aula
intitulada "Cabelo, Raça e Racismo," ministrada a professores de inglês em
formação continuada na Universidade Federal de Goiás em 2013. A aula
provocou reflexões sobre como as percepções das participantes em relação a
suas identidades raciais se conectam com suas experiências e
relacionamentos com seus cabelos. Além disso, o texto questiona o impacto da
discussão dessas temáticas nas práticas pedagógicas dos futuros professores
de línguas.

O capítulo discute a importância da perspectiva crítica na educação


linguística e como a inclusão de tópicos relacionados à raça, gênero, classe
social e outras diferenças na educação e no ensino de línguas é essencial para
promover a consciência e o respeito às diversidades.

O texto prossegue destacando a necessidade de ir além do


reconhecimento da diversidade e abordar questões identitárias de forma mais
profunda e crítica. A formação de professores deve capacitá-los a lidar com
questões raciais e promover a igualdade social e racial nas salas de aula. Isso
envolve a desconstrução de discursos que perpetuam estereótipos e a
discriminação racial. O estudo propõe uma abordagem educacional antirracista
como parte integrante da formação docente.

A metodologia empregada inclui a realização de uma aula interativa


sobre o tema "Cabelo, Raça e Racismo." Nessa aula, os participantes foram
envolvidos em atividades que envolviam a descrição de seus cabelos, a leitura
e discussão de um texto de bell hooks e reflexões sobre a interseção entre

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Aluna de licenciatura em letras do 4° período do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia de Goiás,
campus Goiânia.
cabelo, raça e identidade. Posteriormente, os participantes foram convidados a
compartilhar suas experiências e perspectivas em relação a esses tópicos.

A análise dos dados revelou uma diversidade de percepções e


sentimentos em relação ao cabelo entre as participantes. Algumas
expressaram satisfação com seus cabelos naturalmente lisos, enquanto outras
com cabelos crespos ou ondulados compartilharam uma variedade de
experiências e emoções relacionadas a seus cabelos. Além disso, o estudo
evidenciou que algumas participantes se identificavam com uma cor/raça
diferente daquela que poderia ser presumida com base na cor de sua pele e
cabelo, demonstrando a complexidade das identidades raciais.

A análise também destacou o impacto do racismo e da discriminação


nas percepções de identidade das participantes. Algumas delas relataram
experiências de discriminação dentro de suas próprias famílias. O estudo
ressalta o papel fundamental do discurso na construção e expressão das
identidades raciais e enfatiza a importância de abordar questões de raça e
identidade nas salas de aula de línguas. O estudo apresentado neste capítulo é
uma investigação qualitativa que explora as experiências e percepções das
participantes em relação a suas identidades raciais e cabelo. As conclusões
ressaltam a complexidade das identidades raciais e a importância de
considerar essas questões em contextos educacionais.

A educação linguística, e a formação de professores de línguas em


particular, deve ir além do ensino meramente comunicativo e metalinguístico. É
fundamental que esses contextos promovam uma educação que leve a uma
convivência com o outro em um espírito de igualdade e justiça social. O estudo
argumenta que questões de raça, identidade e racismo devem ser
incorporadas ao currículo e à formação docente, e destaca a relevância de
explorar essa temática em outras áreas do conhecimento.

Em resumo, o capítulo demonstra que a discussão sobre cabelo, raça e


racismo é fundamental para a formação de professores de línguas, e que a
conscientização e o respeito às diferenças devem ser priorizados. Isso não
apenas enriquece a prática pedagógica, mas também contribui para a
construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

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