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Não há autoridade condicionada que se torna autoridade como resultado de atos outros
além daqueles do sujeito que irá mante-la.
- Análise fenomenológica exclui a possibilidade de se tornar uma autoridade através do
efeito de um contrato social. A pretensão de uma total e absoluta autoridade do todos
sobre as partes, da maioria sobre a minoria, apenas toma forma a partir do momento
quando a vontade a geral deixou de ter caráter divino (ou ideloógico, interpretado por
líderes espirituais), e a ideia for concebida de que "a vontade geral é expressa pela
vontade da meioria". p. 19
- Abordagem de Kojève segue uma abordagem fenomenológica, com metafísica e
ontologia. Concepção da autoridade que é, necessariamente, social e histórica,
implicada pela possibilidade de reação, em relação a uma sociedade, ou ainda melhor, a
um estado, que pode ser religioso, político e etc. Kojève pensa que a base da autoridade
pertence a uma modificação da entidade (humana ou histórica) do tempo. p. 20
- Importante: Autoridade e relação com o tempo // o tempo da autoridade é relacionado
com a primazia do futuro de tal forma que a autoridade por excelência é aquela do líder
revolucionário (seja movido por motivos políticos, religiosos, etc), com um "projeto"
universal. Mas o fato é que o tempo tem indubitavelmente, o valor de uma
autoridade...em todos os tres modos: "The primacy of the (‘venerable’) past speaks for
itself. Arendt has argued this point in terms of foundation and tradition. The passing
time, which, added to the belief and imagination of men, founds the compulsory
character of customs, is also a basis of the legitimacy both of a people and of monarchs.
From this common foundation may result disputes over frontiers or identity that are
subsequently overcome in the further course of events. There is in fact also for Kojève
an authority of the future, that of ‘tomorrow’s man’, that of the ‘young’. As for the
authority of the present, it is lived on a daily basis, as with ‘fashion’ for instance, or
more generally, with the ‘ “real presence” of something in the world … as opposed to
the “poetic” unreality of the past and the “utopian” unreality of the future’. What is
revealed here is the primary importance of metaphysical analysis and the taking into
account of temporality. ‘[A]ll these “temporal” Authorities are set against the Authority
of eternity … the negation of Time’ – that is to say, one of its modes of time. The key
question that presents itself at that point is whether the Authority of eternity is a ‘sui
generis Authority’ or a direct ‘manifestation’ of the metaphysical bases of the four
‘pure’ types of Authority’ [pp. 49–50]. Kojève believes that this second analysis is
correct, which leads to a fundamental conclusion asserting the primacy of eternity." p.
21
- Poder do juíz é isolado em relação aos outros tres, e considerado superir a eles. p. 22
- Nenhuma das quatro teorias filosóficas (Hegel, Aristóteles, Platão e Escolástica)
montaram uma análise ontológica satisfatória, já que cada uma foi concebida como
universal, e assim, não cobriram as quatro noções de autoridade em uma teoria geral, o
que para Kojève é indicativo da inadequação de suas bases ontológicas. p. 23
- Três poderes, três modos temporais- autoridade do líder baseado no futuro; autoridade
do mestre baseado no presente; e autoridade do juíz baseado no passado. Mas deveria
essa trindade ser mantida a qualquer custo? Nós podemos considerar um movimento em
direção tanto a retração, quanto a expansão, já que há poderes que não se encaixam
nessas estruturas familiares pré-estabelecidas. Em todos os casos, autoridade implica ao
mesmo tempo um poder a resistir mas também uma ausência de resistência - melhor,
uma obediencia, mesmo que, usando essa noção que o autor raramente avoca, nós
estamos adicionando algo na sua linha de pensamento. p. 25
- Kojève acha curioso que o problema e a noção de autoridade tenha sido pouco
estudada. As questões pertencentes a transferência de autoridade e sua gênese tem sido a
principal preocupação, enquanto a "verdadeira" essência desse fenômeno raramente
atraiu qualquer tipo de atenção. Não podemos dizer, no entanto, que não há teoria de
autoridade. Kojève afirma que podemos distinguir em 4 (essencialmente diferentes e
irredutíveis) teorias que foram propostas ao longo da história:
1) Teoria teológica ou teocrática;
2) Teoria de Platão
3) Teoria aristotélica
4) Teoria hegeliana (VER NO TEXTO AS DESCRIÇÕES). P. 30
- Todas essas teorias são exclusivas. Elas reconhecem apenas um tipo de autoridade - a
que elas mesmas descrevem, e veem no fenômeno "autoritário" nada mais do que uma
manifestação de simples e pura força. Porém, Kojève afirma que reduzir a autoridade a
força é antes negar ou ignorar a existência da própria autoridade. p. 31
- Kojève afirma que não pretende apresentar uma teoria completa e definitiva de
autoridade, mas antes, que devemos formular problemas e indicar direções gerais no
sentido de suas soluções. p. 33
- Há autoridade apenas se há movimento (real ou possível), mudança e ação.
A autoridade é mantida apenas sobre o que pode 'reagir', ou seja, o que pode mudar de
acordo com o que ou quem representa ('personifica', realiza ou exerce) Autoridade. E,
obviamente, a Autoridade pertence à pessoa que pode efetuar a mudança e não à pessoa
sujeita à mudança: a Autoridade é essencialmente ativa e não passiva. Portanto,
podemos dizer que o verdadeiro "apoio" de qualquer autoridade é necessariamente um
agente no sentido próprio e forte do termo, ou seja, um agente que é considerado livre e
consciente (e, portanto, um ser divino ou um ser humano, e nunca algo como um
animal, por exemplo). // RELACIONAR COM LATOUR PORQUE HOJE OS
ATORES NÃO-HUMANOS TÊM AÇÃO. p. 34
- É possível ter autoridade ao executar uma ordem dada por outra pessoa. Supõe-se,
porém, que o agente investido de autoridade entenda essa ordem e aceite-a livremente:
um gramofone que transmite as palavras do líder não tem autoridade em si mesmo. O
ser investido de autoridade é então necessariamente um agente, e o ato autoritário é
sempre um ato absoluto (consciente e livre).
No entanto, o ato autoritário se distingue de todos os outros atos por o fato de não
encontrar oposição da pessoa ou pessoas para as quais é direcionado. Por sua vez, isso
pressupõe tanto a possibilidade de se opor a ela como a renúncia consciente e voluntária
de realizar essa possibilidade.
A autoridade é, portanto, necessariamente uma relação (entre agente e paciente): é um
fenômeno essencialmente social (e não individual); deve haver pelo menos dois para
que a Autoridade exista. Portanto, a autoridade é a possibilidade de um agente agir
sobre os outros (ou sobre outro) sem que esses outros reajam contra ele, apesar de ser
capaz de fazê-lo. Ou ainda: agindo com a Autoridade, o agente pode mudar o ser
humano externo dado sem sofrer uma repercussão dessa ação, ou seja, sem ele próprio
mudar como resultado de sua ação.
Se a ordem dada provoca uma discussão, ou seja, força quem a dá a fazer algo ele
mesmo - ou seja, se envolver em uma discussão - em função dessa ordem, então não há
autoridade. p. 35
- Ou ainda, finalmente: autoridade é a possibilidade de agir sem comprometer (no
sentido amplo do termo).
b) Esta definição mostra claramente que o fenômeno da Autoridade é relacionado ao
fenômeno do Direito. De fato: tenho direito a algo quando posso fazê-lo sem encontrar
uma oposição (reação), sendo esta última possível em princípio.
Qualquer autoridade é necessariamente uma autoridade reconhecida; não reconhecer a
autoridade é negá-la e, portanto, destruí-la. p. 36
- A ação 'legal' ou 'legítima' também pode ser uma ação 'autoritária': tudo o que é
necessário para que isso aconteça é que a atualização de possíveis 'reações' seja (livre e
conscientemente) renunciada. (Nesse caso, o Direito exerce uma Autoridade, mantendo-
se um Direito na medida em que exista uma força capaz de realizá-lo, se necessário - ou
seja, se o Direito deixar de exercer sua Autoridade. Em suma, o Direito tem autoridade
apenas para aqueles que o 'reconhecem', mas continua sendo um direito mesmo para
aqueles que estão sujeitos a ele sem 'reconhecê-lo'.
3- autoridade do líder sobre a equipe: " γ) The Authority of the Leader (dux, Duce,
Führer, leader,2 and so on) over the Band. (Variants: the Authority of the Superior –
director, officer, and so on – over the Subordinate – employer, soldier, and so on; the
Authority of the Master over the Pupil; the Authority of the Scholar, the Technician,
and so on; the Authority of the Soothsayer, the Prophet, and so on.)"
4- autoridade do juíz: δ) The Authority of the Judge. (Variants: the "Authority of the
Arbitrator; the Authority of the Supervisor, the Moderator, and so on; the Authority of
the Confessor; the Authority of the Just or honest man – and so on.)" p. 41
- Autoridade do mestre sobre o escravo // Hegel: Consequentemente, é possível dizer
que a Autoridade do Mestre sobre o Escravo é semelhante à Autoridade do Homem
sobre a besta e a Natureza em geral, com uma diferença: […] o 'animal' está consciente
de sua inferioridade e a aceita livremente. É precisamente por esta razão que existe
Autoridade neste caso: o Escravo renuncia consciente e voluntariamente à oportunidade
que ele tem de reagir contra a ação do Mestre; ele faz isso porque sabe que essa criação
coloca sua vida em risco e porque ele não quer aceitar esse risco. A teoria de Hegel é,
portanto, de fato uma teoria da Autoridade. E, de fato, explica o porquê da Autoridade
do Mestre sobre o Escravo. Portanto, é uma teoria precisa desse tipo particular de
autoridade (pura). Mas é inadequado para os outros tipos de autoridade. p. 43
- Teoria de Aristóteles, é apresentada como teoria do mestre, mas na verdade pode ser
aplicada a teoria do líder: "Vamos agora avançar para a teoria de Aristóteles. Também é
apresentado como uma teoria da maestria. Mas, na realidade, isso se aplica a um tipo
completamente diferente de Autoridade. Segundo Aristóteles, o Mestre tem o direito de
exercer uma Autoridade sobre o Escravo, porque ele pode antecipar, enquanto o último
apenas percebe as necessidades imediatas e é guiado exclusivamente por elas. É,
portanto, se gostarmos, a Autoridade dos "inteligentes" sobre os "impensados". A
pessoa que percebe que vê menos bem e menos longe do que outro
e prontamente se deixa levar ou guiar por essa outra pessoa. A teoria de Aristóteles se
aplica ao caso da Autoridade do Líder em relação à Banda: é responsável pela
Autoridade do duque, o Duce, o Führer, o líder político e assim por diante. p. 44
- É semelhante à Autoridade do Mestre sobre o aluno: o aluno
renuncia a todas as reações contra os atos do Mestre, porque ele acha que este já está em
uma posição que alcançará apenas muito mais tarde: o Mestre está mais avançado do
que ele. As mesmas observações se aplicam no caso da Autoridade do Erudito ou do
Técnico, e assim por diante: eles veem o fundo das coisas, enquanto os não instruídos
veem apenas a superfície: nesse sentido, veem melhor do que o último, têm uma visão
mais ampla. e visão mais profunda das coisas. Daí vem a capacidade de prever eventos.
Tal habilidade sempre confirmou (e até criou) a Autoridade do Acadêmico. p. 45-46
- Aristóteles ainda tem a autoridade do profeta, do oraculo.
A Autoridade do Juíz não reside em seu amplo conhecimento da lei: sua Autoridade
reside exclucivamente em sua justiça. É, assim, relacionado a teoria de Platão. Segundo
Platão, toda Autoridade é - ou pelo menos deveria ter sido fundada em Justiça ou
Eqüidade. Todas as outras formas de Autoridade são ilegítimas. O que significa, na
prática, que são instáveis, não duráveis, momentâneas, efêmeras, acidentais. Eles não
são nada além de pseudo-autoridades. Na realidade, todo poder que não depende da
Justiça também não se baseia em nenhuma Autoridade no sentido apropriado do
termo.Portanto, não há dúvida que sua teoria é falsa em sua exclusão de outras formas
de Autoridade. p. 46
- Justiça pode servir como a fundação de uma Autoridade sui generis (já que ela pode
contrabalancear ou destruir) // Platão estava errado somente em negar a existencia
independente dos outros tres tipos de autoridade. p. 47
- Importante para a Internett // autoridade do árbitro (é um tipo de autoridade do juíz e
implica um senso de autoridade por incoporar um senso de impacialidade e justiça):
"This can be clearly seen in the variant of the Authority of the Arbiter (which is, to tell
the truth, not a variant, but the pure type; it is the Authority of the Judge that is a variant
of the Authority of the Arbiter). If we do not react against the acts (‘judgements’) of an
Arbiter (freely chosen), it is because we assume his impartiality, that is to say, precisely
the fact that he embodies, so to speak, Justice. Thus, the ‘Just’ or ‘Honest’ man
possesses an unquestionable Authority, even if he does not hold the position of an
Arbiter. Generally speaking, the potentia of impartiality, of objectivity,
disinterestedness, and so on, always gives rise to an Authority [...] " p. 48
- Teoria escolástica e autoridade do pai // de acordo com essa teoria, toda autoridade
(humana) tem uma essencia divina. Tendo em vista que Deus encarna o summum da
autoridade, não é supresa que achamos na teoria teológica todos os quatro tipos puros
que Kojève enumerou, principalmente a do pai, já que Deus é tambem nosso "Pai" p. 49
- A noção de 'Deus Pai' é evidente no momento em que Deus é considerado o Criador
do Mundo e do Homem (ou seja, nas teologias judaico-cristãs e islâmicas). Na medida
em que a teoria escolástica explicava ou "justificava" a autoridade divina pela noção de
"Deus Pai", ela adotou, portanto, a idéia de criação. Deus é o 'pai' dos homens porque os
efetivamente os 'gerou' criando '. E, na medida em que os homens entenderam que são
obra de Deus, abandonam a ilusão vã da possibilidade de uma reação contra os atos
divinos: eles 'reconhecem' a Autoridade divina que, como autoridade (e não apenas
como 'potência', força), é nada além desse "reconhecimento" (ou seja, a renúncia
consciente e voluntária das "reações"). p. 50
- Autoridade do pai e sua relação com o princípio de hereditariedade (relação de causa e
efeito na autoridade). p. 51
Podemos dizer, através dessa relação de causa e efeito, que a Autoridade do Pai (e suas
variantes) podem ser explicadas pelo fato (real ou suposto) da impossibilidade (ou,
melhor, da renuncia voluntária e consciente) de qualquer reação da parte do
"efeito"contra aquele que "causou" a ação. p. 53
- O casp mais puro de Autoridade do Pai, considerada como a autoridade da causa sobre
o efeito é, talvez, a autoridade que o autor (no sentido amplo do termo) tem sobre seu
trabalho. p. 52
- Resumindo: 4 tipos irredutíveis de autoridade:
Pai (causa) / escolástica
Mestre (risco) / Hegel
Líder (projeto - predição) / Aristóteles
Juíz (equidade, justiça) / Platão
Os casos concretos de autoridade são sempre complexos: todos os quatro tipos puros
são combinados. Mas podemos distingui-los em termos de predominancia de um ou
vários desses tipos puros. Parece que a autoridade que fornece a base para outra tem a
maior predominancia. p. 53
- Autoridade total - engloba todos os 4 tipos de autoridade.
Autoridade seletiva - engloba um, dois ou tres tipos de autoridade. p. 54
- Autoridade relativa: quando nenhum dos atos de seus possuidores induzem a uma
reação. Autoridade absoluta, no sentido forte da palavra, nunca é realizada de fato.
Apenas Deus a possui (ou deveria possuir).
Autoridade relativa: podem ser classificadas de acordo com sua relativa "grandeza", ou
seja, a relação entre o número de todos os atos e o número de atos que não induzem
nenhuma "reação" (mesmo que apenas sob o pretexto de dúvida ou discussão).
Transmissão por eleição: quando o candidato é designado por uma pessoa ou pessoas
que não têm Autoridade ou têm uma Autoridade de outro tipo (um Juiz nomeado por
um Líder, por exemplo). Nesse caso, há genuinamente a eleição, ou seja, uma escolha
(das melhores), uma vez que o candidato não pode derivar sua Autoridade da pessoa
que o elegeu, porque este último não tem autoridade, portanto o candidato só tem a
agradecer por ela (a eleição nada mais é do que revelar seu "valor", ou seja, sua
Autoridade). p. 67
- Em sua essencia, autoridade implica em geração espontanea. Qualquer forma de
transmissão de autoridade sempre a dimunui, até um certo ponto.
Autoridade do Juiz é a que menos tende a transmissão. Para ter a verdadeira autoridade
do juiz, seus representantes sempre devem aproveirar o beneficio de uma autoridade
espontanea encontrada em sua justiça pessoal (equidade, honestidade).
Transmissão da autoridade do pai é mais adequada a transmissão por hereditariedade.
A autoridade do mestre pode ser mais bem transmitida através da eleição.
A autoridade do líder é mais adequada a nomeação (pela pessoa que possui a autoridade
do líder), já que o líder supostamente preve o futuro, ele deverá saber anteriormente o
comportamento da pessoa que ele irá nomeae, de maneira que essa nomeação
reconhecida pelo líder possa, em princípio, transmitir autoridade além daquela do líder.
p. 69
- Autoridade é essencialmente um fenomeno humano (não-natural), o que significa que
é social e histórico. Autoridade pressupõe uma sociedade. E uma sociedade pressupõe (e
implica) numa história (e não apenas na evolução biológica e natural). Em outras
palavras, a Autoridade pode apenas se manifestar (se tornar um fenomeno) em um
mundo com estrutura temporal. A fundação metafísica da autoridade, portanto, é a
modificação da entidade "Tempo" (a ser entendido como um tempo histórico e humano,
com o ritmo futuro, passado, presente, em oposição ao tempo natural, com
predominancia do presente na esfera física, ou o passado na esfera biológica). '//
explicar melhor através de Koselleck. p. 71
Não há dúvida, para Kojève que o Tempo tem, portanto, o valor de uma Autoridade:
"First of all, the Past. A Past is always ‘venerable’; tampering with it is ‘sacrilegious’; to
neglect it is ‘inhuman’. The Authority of an institution has always been ‘justified’
(explained) by its antiquity (especially in pagan Antiquity). Similarly, the seniority of a
family, of a State, has always been not only a title of glory, but also a very real
foundation of Authority.
But there is, on the other hand, an equally indisputable Authority, that of the Future.
The ‘man of the future’ has an Authority from the mere fact of having ‘everything
before him’. It is from the Future they embody that the ‘young’ derive their Authority,
which, at times, can be considerable. We recognise voluntarily the Authority of the
‘man oftomorrow’
Finally, the Present itself has an Authority as Present. We want to be up to date,10 we
do not want to be ‘behind the times’. The enormous – and ‘tyrannical’ – Authority of
‘fashion’ is an Authority of the Present, of the ‘actual’. The Authority of the ‘man of the
moment’ pertains to the fact that it is he, par excellence, who represents ‘actuality’, the
Present, the ‘real presence’ of something in the world (Hegel’s Gegenwart), as opposed
to the ‘poetic’ unreality of the past and the ‘utopian’ unreality of the future.". p. 71-72
- Por outro lado, todas essas autoridades temporais estão postas opostas a autoridade da
eternidade (a qual os representantes de Deus derivam sua autoridade). Se o eterno tem
autoridade é apenas em oposição ao temporal, ou seja, em relação ao último. Eternidade
é nada mais do que a negação do tempo, e depende dele; se relaciona negativamente
com as autoridades do passado, presente e futuro. Assim, há a autoridade da eternidade
e a autoridade do tempo em seus tres modos. p. 72
- Autoridade do juiz é nada mais do que uma variante da autoridade do eterno, ou seja,
uma manifestação autoritária do Eterno e sua relação com o Tempo. A Autoridade do
Juiz é resistente a qualquer forma de 'sucessão', ou seja, a qualquer forma de
'temporalização', uma vez que, em certo sentido, está fora do Tempo: considera-se que
existe sempre, e se não puder, desaparece completamente (para surgir espontaneamente
mais uma vez), em vez de "passar" (sem descontinuidade) para algo posterior. As outras
três Autoridades, ao contrário, parecem "persistir" no Tempo, e sua "transmissão" nada
mais faz do que manifestar sua essência temporal. p. 73
- Eternidade em sua relação com o tempo é, portanto, a base metafísica da autoridade do
juíz. Quanto as outras 4 formas puras de autoridade, elas tem como sua base metafífica
(humana), o tempo. A autoridade do pai tem sua manifestação no passado
respectivamente (hereditariedade); o líder, devido a nomeação opera sob a ideia de
futuro (futuro comportamento do será nomeado); o mestre, devido a seu caráter de
eleição e que é ela que importa, pertence ao presente. p. 74
- Elaboração da explicação dos tres tempos e associação com os tipos de autoridade:
"The Past which exerts an Authority over me is a historic Past; it is my Past, that is to
say the Past that is the ‘cause’ of my Present and the ‘basis’ of my Future; it is the Past
that is held to determine the Present with the Future in mind. [...] The Future exerts an
Authority only in so far as it is my future, the historic future, which determines the
Present (or is assumed to determine it), while maintaining its links with the Past. In
other words, the Future exerts an Authority only in so far as it ‘manifests’ itself in the
guise of a project (conceived in the present with the future in mind, and based on
knowledge about the past)." p. 75
- "We notice therefore a ‘real presence’ of the Past and the Future in the Present, which
has Authority: it is a Present that arises from the Past and is expecting the Future. But
such a (human or ‘historic’) Present is nothing other than action in the strong sense of
the term, the action that realises in the present the memory of the past as well as the
project of the future. " p. 76
- Para Kojève, a análise metafísica justifica a análise fenomenológica no sentido que
explica por que há necessariamente 4 tipos irredutíveis de autoridade, e apenas 4.
Também permite controlar e retificar a descrição analítica de cada tipo "puro" (e cada
variante) e os links que conectam uns aos outros. Consequentemente, nos permite
compreender e "justificar " as consequencias políticas, morais e psicológicas que podem
ser deduzidas da análise fenomenológica do fenomeno da Autoridade. p. 77
- Devemos dizer, no entanto, que nenhuma das quatro teorias da Autoridade implica
uma análise ontológica profunda e precisa. Certamente, todas essas teorias ascendem ao
nível ontológico (partindo do nível fenomenológico e do metafísico). Mas precisamente
porque cada uma dessas teorias foi concebida como uma teoria universal, reconhecendo
apenas um tipo de Autoridade e confundindo-a com a própria Autoridade, suas análises
ontológicas só poderiam ser incompletas e errôneas. (Mais precisamente, são as
imprecisões das ontologias dos autores dessas teorias que as levaram a realizar análises
fenomenológicas incompletas, não vendo no complexo fenômeno da Autoridade nada
além do aspecto que correspondeu à sua concepção unilateral de Ser.) p. 79
- Assim, a análise ontológica do fenômeno completo (isto é, quádruplo) da Autoridade
pode permitir-nos elaborar uma ontologia completa, e não mais fragmentária, como foi
o caso de todas as propostas até agora.
Além disso, um fenômeno tão importante quanto o da Autoridade não deve ser
negligenciado em estudos ontológicos. De fato, o trabalho deve ser realizado de maneira
perpétua: descida da ontologia (assumida como definitiva) ao fenômeno; depois
ascensão da fenomenologia (assumida como definitiva) em direção ao Ser enquanto Ser.
Esta é a única maneira pela qual podemos esperar chegar um dia às fenomenologias,
metafísica e ontologias - ou seja, uma filosofia - que é realmente definitiva, ou seja,
verdadeira de maneira absoluta. p. 80