O modelo ecológico sugere que, para evitar a violência, é necessário agir em
diferentes níveis ao mesmo tempo, e a prioridade deve ser a prevenção primária da violência, isto é, medidas para evitar que as violações ao direito da criança e do adolescente aconteçam. A utilização desse modelo pelos serviços de saúde pode contribuir para a melhor definição das competências de cada ponto de atenção, bem como para identificar os serviços que são essenciais para a continuidade do cuidado de crianças, adolescentes e suas famílias em situação de violências no território.
A promoção de espaços participativos que envolvam conjuntamente profissionais,
crianças, adolescentes e suas famílias pode facilitar o estabelecimento de vínculos de confiança com os profissionais e com os serviços. Dessa forma, esse público tem melhores condições para revelar as circunstâncias das situações de violências vividas, que dificilmente seriam relatadas ou identificadas pelo serviço. (P. 21)
Para acolher as crianças e os adolescentes em situação de violências de
forma participativa nos serviços de saúde, é necessário: • valorizar os relatos de casos sofridos ou presenciados; • estimular a criação de espaços de encontros e socialização; • levar em consideração seus relatos na construção do diagnóstico situacional sobre a violência; • apoiar o desenvolvimento de iniciativas próprias de comunicação através de várias mídias; • orientar para que se tornem promotores da cultura de paz junto aos seus colegas; • incentivar sua participação em debates, fóruns e conferências. Em resumo, é muito importante incluir e envolver crianças, adolescentes e famílias como sujeitos da ação no enfrentamento das situações de violência. No caso dos serviços de saúde, isso deve ser feito logo na chegada da criança ou do adolescente para o atendimento
Dez passos para o planejamento das ações e estratégias para a implemen
tação da Linha de Cuidado: 1. Identificar o público específico para o qual as ações se destinam. 2. Definir os objetivos da ação e/ou intervenção. 3. Identificar os serviços/dispositivos para a realização da ação/inter venção. 4. Estabelecer fluxos, protocolos/linhas de cuidado que melhor res pondam às necessidades do público. 5. Identificar/selecionar os profissionais que devem ser envolvidos em cada etapa da atividade. 6. Definir o tempo/prazo para que cada ação seja cumprida. 7. Estabelecer cronograma com a periodicidade de atividades/atendi mentos/encontros com os participantes da estratégia e da rede de atenção. 8. Identificar os meios de divulgação das ações que atingem um pú- blico amplo. 9. Definir/adotar instrumento de monitoramento do processo. 10. Construir indicadores de monitoramento e avaliação.
Serviços cujos gestores e profissionais se preocupam em elaborar um
plano de ação para o enfrentamento da violência contra crianças e adolescentes dão um passo importante para o cumprimento dos dispositivos legais e para a efetivação das políticas públicas de garantia de direitos desse público.
Como fazer o diagnóstico situacional?
O primeiro passo é identificar quais as informações disponíveis e as prioridades a
serem tratadas no serviço. Para isso, é necessário levantar dados como: estatísticas demográficas, socioeconômicas e sobre as violências na região ou localidade; consultar análises já realizadas sobre as diversas formas de violências e suas manifestações na comunidade; e localizar serviços ou redes de serviços que possam apoiar o atendimento realizado pelos profissionais de saúde. Há, ainda, questões específicas dos serviços de saúde que precisam ser vistas no diagnóstico situacional: os mecanismos de atuação dos profissionais diante dos casos de violência; os sentimentos e as reações mais comuns vivenciados por eles; como se dão os processos de identificação, de registro e de notificação dos casos; e uma síntese sobre as principais fragilidades e fortalezas do atendimento, realizada conjuntamente por gestores e profissionais da unidade.
Programa de Integridade no contexto da Lei Distrital 6.112, de 02 de fevereiro de 2018: aplicação de política pública anticorrupção para o fortalecimento da cidadania