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Violência Doméstica

Para um Projecto de
Intervenção em Rede

João Redondo
Psiquiatra, Coimbra (PORTUGAL)
E-mail: armejoao@gmail.com
Numa REDE é importante que

-  todos saibam de tudo, todos recebam as mesmas informações que circulam na


rede...

-  todos tenham igual responsabilidade de fazer o que acham que devem fazer
frente a determinadas informações que lhes chegam.

-  livre fluxo de informações é condição para se assegurar a transparência.  

                       Carl  Whitaker  (2001)  

João  Redondo,  Psiquiatra,  Coimbra  (PORTUGAL).  E-­‐mail:  armejoao@gmail.com  


1.  O  “produtor  social”  e  os  facilitadores  
- Uma rede pode ser formada por iniciativa espontânea de um grupo de pessoas,
mas geralmente reflecte uma iniciativa de uma organização da sociedade civil ou
do poder público (“produtor social”), com uma intencionalidade explicitada
no momento da formação.

 Á  organização  que  assume  a  proposta  da  organização  de  uma  rede  damos  o  nome  de  “produtor  social”,  que,    
 segundo  Toro  (2001)  é:  “a  pessoa  ou  insJtuição  que  tem  capacidade  de  criar  condições  económicas,    
 organizacionais,  técnicas  e  profissionais  para  que  um  processo  comunicaJvo  aconteça”.    

b) Toda a rede deve ter os seus facilitadores que, na verdade, são também
integrantes da rede assim como o próprio “produtor social”.

 Os  facilitadores  ajudam  a  “promover  a  grupalização;  planear  e  analisar  as  reuniões  da  rede;    
 moderar  o  planeamento  da  rede;  facilitar  a  gestão  das  acções;  promover  a  sustentabilidade  da  rede;    
 facilitar  a  comunicação”  (Schlithler,  2004)  

João  Redondo,  Psiquiatra,  Coimbra  (PORTUGAL).  E-­‐mail:  armejoao@gmail.com  


2.  O  planeamento  ESTRATÉGICO  

a) Violência Doméstica (VD): conceito / modelo de “leitura” e compreensão

b) Análise do “cenário”: diagnóstico da situação  


-  População abrangida pela rede
-  Levantamento da “situação-problema”
-  Mapear recursos / competências dos técnicos (da rede)
-  Avaliar sobre o que é preciso mudar / definir papel central (missão / “ideia-força”) da
Rede / Objectivos

c) Definir Plano de Acção / Estratégias (*)


Definir  as  estratégias  associadas  ao  cumprimento  de  cada  objecJvo.  A  cada  estratégia  corresponderão  várias  
acJvidades  que  serão  implementadas  através  de  planos  de  acção.  Uma  rede  de  combate  à  VD  deverá  
contribuir,  entre  outros  aspectos  para:  

-  Intervir precocemente nas situações geradoras de violência;


-  Interromper o ciclo da VD e o seu consequente agravamento;
-  Oferecer atendimento a vítimas, agressores, familiares;
-  Produzir informações e indicadores que permitam conhecer o problema;
-  Construir propostas e projectos voltados à prevenção deste tipo de violência
-  Reduzir / Eliminar o problema.

João  Redondo,  Psiquiatra,  Coimbra  (PORTUGAL).  E-­‐mail:  armejoao@gmail.com  


(*)  Violência  DomésGca:  ACERCA  DAS  ESTRATÉGIAS  /  PLANO  DE  ACÇÃO  
Tratando-­‐se  de  uma  problemáJca  “mulJfacetada”  defende-­‐se    a  importância  de  uma  intervenção  integrada  e  em  
simultâneo,  que  a  par  com  a  protecção  e    apoio  às  víJmas  de  violência,  também  promova  a  não-­‐violência,  reduza  a  
perpetração  da  violência,  e  as  alterações  das  circunstâncias  e  condições  que  contribuiem  para  a  emergência  da  
violência.    

1.  Intervir a nível dos factores de risco individuais, com modificação progressiva dos comportamentos
de risco individuais;

2.  Influenciar relações pessoais próximas, procurando criar ambientes familiares saudáveis, assim
como possibilitando ajuda profissional e suporte para famílias disfuncionais;

3.  Monitorização de espaços públicos, como escolas, locais de trabalho e bairros, intervindo em
problemas que possam constituir focos de violência;

4.  Combate à discriminação sexual, assim como atitudes e práticas culturais adversas;

5.  Intervenção a nível de factores culturais, sociais e económicos que contribuem para a violência,
incluindo medidas para nivelar as diferenças entre ricos e pobres e assegurar o acesso universal a
bens, serviços e oportunidades.
6. 

World Report on Violence and Health (OMS, 2002)

João  Redondo,  Psiquiatra,  Coimbra  (PORTUGAL).  E-­‐mail:  armejoao@gmail.com  


3.  A  sustentabilidade  da  REDE  
É preciso superar uma cultura de verticalização / hierarquização. Neste enquadramento as actividades
devem ser distribuídas equitativamente, incentivando-se a autonomia e a co-responsabilização. Lutar
contra uma liderança centralizada, uma possível verticalização da rede são tarefas intrínsecas da REDE.  

1.  Os recursos de uma rede estão nela depositados, ou seja, nas pessoas e nas
organizações que a compõem.

2. Assegurar que a rede não perca sua missão

3. Ter presente algumas das seguintes ideias:


a.  Defender uma cultura de horizontalidade;
b.  As actividades devem ser distribuídas equitativamente;
c.  Incentivar a autonomia e a co-responsabilidade;
d.  Mesmo que, por vezes, alguns membros da rede assumam funções incentivadoras do protagonismo,
outros deverão, a médio prazo, serem preparados para isto também;
e. Lutar contra uma liderança centralizada / verticalização da rede.

4. Formalização das Redes?

João  Redondo,  Psiquiatra,  Coimbra  (PORTUGAL).  E-­‐mail:  armejoao@gmail.com  


4.  A  avaliação  da  REDE  
“O trabalho em rede apresenta condições de ser avaliado através da análise de seus princípios
norteadores: horizontalidade, diversidade, autonomia, processo decisório democrático-participativo,
participação activa de todos os integrantes, intercomunicação ampla e transparente”. (Schlithler,
2004).

 Teremos que ter em consideração alguns aspectos relativos à:


- participação: Há interacção e colaboração entre seus membros? Há reconhecimento e legitimidade da rede?
- produção e troca de conteúdos;
- adesão de novos “actores”;
- interactividade e conectividade.      

Os resultados precisam também de ser avaliados em função das políticas públicas


relativamente à temática analisada.

É fundamental INCORPORAR AS VOZES DE QUEM SOFRE nas MUDANÇAS que a


implementar nas diferentes organizações públicas e da sociedade civil.

João  Redondo,  Psiquiatra,  Coimbra  (PORTUGAL).  E-­‐mail:  armejoao@gmail.com  

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