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Pretendo deixar nessas linhas meus sentimentos e pensamentos da forma mais

clara que eu conseguir, serei verdadeira nas minhas palavras e vou aqui buscar
expressar como me sinto, independente de ter razão ou não nesses sentimentos.
Penso que algumas das coisas que serão ditas podem te deixar mal, mas espero que
vc perceba que em nenhum momento minha intenção será te ferir ou lhe fazer mal
de alguma forma, só me abrir colocando meus sentimentos e pensamentos para fora.
O que venho sentindo ultimamente é que estou presa num ciclo e isso vem me
incomodando, me cansando, pois sempre tentei ver a vida como degraus, que a gente
segue, que a gente sobe ou que a gente segue em frente e se constitui planejando,
subindo, evoluindo, construindo e conquistando coisas novas. Tento seguir a vida
criando objetivos, alcançando eles e seguindo para outros novos, mas sinto que
algumas partes da minha vida vêm se repetindo, como um jogo de videogame com
fases muito parecidas, com objetivos e jogos iguais em cenários diferentes, em
algumas situações sinto que não estou passando de fase, apenas jogando o mesmo
jogo.
Você me diz que sente que quando as inquietações são minhas eu as trato com
mais urgência, q sente que suas inquietações eu costumo minimizar e não levar em
conta e que eu preciso entender e me adaptar às suas condições e limitações (essa
pelo menos é a minha leitura das suas reinvindicações), mas o que eu vejo é que eu
venho apresentando, por anos, reclamações muito parecidas sobre as mesmas
questões e que venho tentando nesses anos adaptar essas demandas à vc ... seja
sentando pra conversar, escrevendo pra vc, fazendo relatório detalhado sobre o que
e como fazer tal coisa, estipulando prazos para que tal coisa fosse resolvida,
organizando horários pra vc, mandando mensagens diárias com meus pedidos e por
fim, com as outras alternativas esgotadas, brigando e chorando. Vou usar aqui como
exemplo a situação das roupas, pois foi uma coisa q vc usou como exemplo em nossa
última conversa:
- Vc comentou que na última vez deu conta da situação das roupas, eu concordo,
mas a reclamação das roupas é uma coisa que vem se arrastando há anos, não meses.
Então eu não consigo entender quando vc compara uma situação como a das roupas
que vc só deu conta agora, depois de muito tempo, com a minha questão dos panos
de chão, uma reclamação que vc faz já tem um tempo, não estou aqui dizendo q não
estou errada nisso, mas eu sei que sua reclamação dos panos de chão são recentes se
comparadas ao tempo que eu reclamo das roupas (em Saracuruna isso já era uma
questão entre a gente). Pra mim é uma comparação que não bate! E vc usa como
exemplo sobre as urgências das minhas questões, o que torna ainda pior usar essa
situação como argumento.
Outra situação que quero usar como exemplo é a questão da sala:
- Vc cria caos e bagunça nos espaços onde está. Isso é fato! E eu deixei os dois
quartos pra vc usar na expectativa de deixar pelo menos a sala organizada, abri mão
de ter um espaço só meu pra vc conseguir se organizar melhor, te falei isso tantas
vezes, te pedi, te ajudei a organizar seus espaços, arrumava suas coisas com
frequência (parei depois que vi que em dois dias o caos do que eu arrumava voltava),
comprei caixas organizadoras, prateleiras, armários, potinhos, organizei tudo pra vc
com carinho... Fiz tudo o q estava ao meu alcance pra vc ter seus espaços de trabalho
e deixar pelo menos o cômodo da sala livre e organizado... não consegui!
Eu não gosto de abrir a porta de casa depois de um dia corrido de trabalho e
ver as coisas fora do lugar, ver móveis que não fazem parte da decoração daquele
espaço, ver coisas de trabalho suas espalhadas nesse ambiente. Sinto que não tenho
um local que fique harmonizado na casa, sinto que não sou respeitada nas minhas
demandas... e isso vem se arrastando faz anos. Não consigo entender quando vc diz
que pra mim as coisas devem ser urgentes quando vira e mexe me vejo batendo nas
mesmas teclas por longos períodos.
Mas onde quero chegar com esses exemplos é que, pra mim, tanto a situação
das roupas, quanto a situação da sala entram numa mesma questão que eu pontuo
com vc nesses 12 anos: organização dos espaços da casa. Esse é o primeiro ciclo em
que me vejo presa, hora a reclamação é por roupas que vc deixa no sofá e ficam por
lá durante dias até eu recolher e colocar pra lavar, hora, por uma tarefa que te pedi
pra fazer e vc só fez depois de eu muito pedir ou acabar explodindo e brigando, hora
uma coisa que vc começou e não terminou e tenho que repetir o pedido por várias e
várias vezes... isso cansa, e o fato de agora vc dar conta de uma coisa ou outra não
apaga o cansaço de um histórico de anos eu tendo q conviver e arrumar estratégias
para te ajudar para que tal situação seja resolvida, agora eu estou cansada e
consequentemente sem paciência, pois pra mim, os problemas domésticos da gente
não tem meses, ou alguns anos, eles vem se mantendo durante a maior parte do
nosso casamento e só trocando de cenário. Claro que vc mudou, melhorou e algumas
questões foram sanadas, mas mesmo assim ainda me vejo com uma questão ou outra
em pauta dentro desse assunto e geralmente elas demoram a ser resolvidas e me
desgastam.
No fim o que interpreto disso tudo e das palavras que ouço de vc nas suas
pontuações é que quando existe uma questão que me incomoda, eu por precisar
entender suas limitações, acabo por repetir o pedido vária vezes e de diferentes
formas, preciso buscar diferentes jeitos de me comunicar sobre tal questão, preciso
encontrar meios de tentar te ajudar a superar aquilo, preciso pesquisar, tentar
organizar uma agenda, fazer diferentes combinados com vc até encontrar um que se
encaixe, às vezes abrir mão ou eu mesma adaptar para que o que eu desejo aconteça,
preciso ficar responsável por te lembrar ou te ajudar a buscar meios de se lembrar ou
algumas vezes me cansar e explodir depois de muitas tentativas frustradas para
conseguir de vc o q eu preciso, mas quando a situação é inversa e eu apresento
dificuldade ou esquecimento de tal questão q te incomoda, quando é necessário vc
fazer alguns desses movimentos de me lembrar ou me ajudar a cumprir tal questão,
a coisa rapidamente se torna cansativa pra vc, sua paciência se acaba rápido e vc diz
que eu não estou levando vc em conta ou coloca em questão a situação do meu
pedestal que vc vem pontuando com frequência.
Vc quando está com fome se torna uma pessoa mal humorada e grossa, já
tivemos momentos de vc me tratar mal, sem motivo, pelo simples fato de estar com
fome.... pois te digo que meu cansaço me torna uma pessoa sem paciência, pois
entendo que venho estendendo minha paciência por muitos anos e é mais que normal
ela um dia acabar.
Em fim, não concordo quando vc diz que pra mim minhas demandas tem mais
peso que as suas, simplesmente pq minhas demandas geralmente se estendem por
muito tempo e hj em dia eu não tenho mais recursos pra lidar com elas e nem
paciência para tal.
É cansativo ter que pedir e explicar que o espaço da sala é um espaço comum,
que eu me dediquei pra decorar e que eu preciso que esteja em ordem quando eu
chegar em casa pra me sentir acolhida no meu lar, pra me sentir bem, feliz por ter
chegado, satisfeita com a casa que tenho e o que construí.
Umas das pontuações que vc trás é a sua linguagem do amor, aponta q eu não
busco atender essa demanda sua, conversamos sobre isso e eu percebi que preciso
passar a dar mais atenção à detalhes que para mim se encaixavam na rotina básica do
dia e por isso me passavam desapercebidos para assim conseguir atender suas
demandas de palavras de afirmação, me comprometi a melhorar e tenho me policiado
nessa questão. Percebi que antes minhas investidas como colar papeis pela casa com
frases afirmativas pra vc ou te apoiar nos seus projetos da melhor forma q eu
conseguir não estavam alcançando suas necessidades, que vc precisa q eu me atente
para as pequenas coisas e fale pra vc verbalmente quando alguma coisa estiver indo
no caminho certo, me comprometi a fazer.
Então sobre a questão da linguem do amor parei agora para pensar sobre as
minhas linguagens e se estavam sendo atendidas e percebi que também vejo uma
lacuna nessa questão uma vez q minha linguagem principal é serviços. Não me vejo
atendida quando peço pra que as roupas sejam dobradas até tal dia pq vou precisar e
mesmo depois de pedir o mesmo favor por dois dias seguidos na data em questão
minha solicitação não foi atendida, minha linguagem do amor não é falada se preciso
me desgastar para ter um pedido de determinado serviço concluído. Usei aqui as
roupas como exemplo por ser uma situação mais recente, poderia ser qualquer outra
situação que já vivenciamos nesses moldes.
Um outro pedido meu é que me leve pra passear, não peço nada custoso, te
mando vários vídeos no Instagram com sugestões, mas se o movimento de organizar
as coisas pra gente sair não partir de mim, a coisa não acontece, esse é um serviço q
eu peço e q não vejo ser feito, lembro de quando vc estava namorando a Bruna,
organizando passeios, alguns deles que eu já havia dado anteriormente como
sugestões pra vc fazer comigo ou quando vc começou a conhecer outras pessoas pelo
aplicativo, combinava passeio na praia ou CCBB... Quando foi a última vez q vc me
convidou pra dar um passeio com vc, que não fosse uma data de aniversário ou
comemoração pontual, mesmo eu te apresentando isso como uma demanda q me faz
falta?
Vc diz que antes a gente conseguia conversar e resolver as coisas, pois eu te falo
que antes eu tinha paciência pra falar, pedir, buscar novas alternativas para os
problemas e tudo o mais, então a gente conseguia conversar melhor, mas ao meu ver
nem tudo a gente conseguia resolver com essas conversas, visto que, para mim,
algumas questões são as mesmas de sempre ou muito parecidas com outras que
achávamos já superadas... então não foram resolvidas. Hoje em dia não tenho mais a
mesma disposição para pontuar novamente as mesmas questões e tentar adaptar e
tentar criar estratégias e mudar nossa rotina e tentar organizar e etc.
Eu não consigo ver as coisas do jeito que vc coloca, como se para mim as
questões fossem mais urgentes ou mais importantes, que eu não tento me adaptar às
suas demandas, que eu minimizo as situações quando é vc quem as trás... não vejo
isso, não concordo com isso, o que eu vejo sou eu por anos tentando entender,
tentando adaptar, tentando te ajudar, tentando te impulsionar, tentando te cuidar,
tentando te dar conforto, tentando te ajudar a se entender, tentando te ajudar a
crescer, tentando te fazer conquistar as coisas, tentando proporcionar meios de vc
conseguir o q quer, abrindo mão de espaços e coisas minhas para te ajudar e apoiar,
tentando buscar meios de adaptar minha fala e postura pra conseguir melhorar o q te
incomoda. Vc falou em diversas situações sobre eu estar num pedestal, que pedestal
é esse se eu não dou um passo sem te colocar nos meus planos, sem te incluir nas
conquistas, sem considerar vc naquilo que pretendo fazer?
O outro ciclo em que me encontro e que me sinto cansada em estar é sobre sua
situação de trabalho e seus projetos de vida. Eu vejo vc com um potencial enorme,
capaz de fazer e realizar qualquer coisa, te considero de longe a pessoa mais
inteligente q eu conheço, admiro sua capacidade em aprender tudo com tanta
facilidade e fazer tudo o q se propõe com maestria e não entendo como as coisas não
caminham pra frente. O ciclo é sempre esse: vc se propõe a fazer alguma coisa, um
curso, uma faculdade, um empreendimento , foca nisso por um tempo e eu embarco
com vc no seu objetivo, te ajudo a pesquisar sobre, financio o que for preciso pra vc,
pago mensalidade, sustento a casa, banco sua locomoção, compro materiais, te ajudo
a organizar a agenda ou espaços ou as estruturas que vc vai necessitar para concluir
aquilo, me organizo financeiramente para te ajudar e te manter durante todo o seu
processo e no fim as coisas não se concluem, frustrando minhas expectativas e me
rendendo grandes danos financeiros. Eu não tive nesses anos nenhuma devolutiva nas
coisas que financiei. Imagino que para vc essa situação também seja frustrante, mas
nessa carta pretendo me ater somente à minhas questões e pensamentos.
Consequentemente por causa da situação relacionada aos seus projetos e
trabalhos nossa situação financeira fica atrelada a esse ciclo, me vejo, por todos esses
anos, além de dar conta sozinha das nossas necessidades diárias em toda a sua
completude, ainda financiando seus projetos e suas demandas médicas e tenho que
organizar minha renda sem saber quando, quanto e como vc entrará na participação
dos gastos, ou seja, não consigo me organizar financeiramente para o futuro, pois não
tenho certeza de nada da sua parte. Quando vc mudou pra nossa atual casa eu disse
que não pagaria algumas coisas, me organizei para tal e hj me vejo novamente tendo
que bancar tudo sozinha, nossas contas em comum, minhas contas e suas contas.
Nesses 12 anos posso dizer, com certeza, que foram somente 2 ou 3 anos com vc
dando algum suporte financeiro e estou me cansando disso, quero viajar, sair, gastar
meu dinheiro com minhas futilidades, quero ter a escolha de sair da direção e não me
sentir presa a esse cargo e não consigo. Quando isso vai acontecer? Com quanto e
quando vc pretende dar um suporte financeiro em casa? Queria muito ter
planejamentos particulares para o meu futuro e ter a segurança de que esses
planejamentos serão concluídos, isso me faz falta e confesso que está me adoecendo.
Na minha cabeça, depois de 12 anos e tantos investimentos era pra gente
conseguir fazer uma viagem legal por ano nas férias e mais uma ou duas menores em
período de feriados, termos um dinheiro aplicado e poder pagar uma pessoa pra
limpeza e comida, era esse o meu planejamento de vida, mas vejo a gente ainda muito
longe dessa realidade e não sei mensurar quando vamos chegar nesse patamar que
estipulei pra nós, pois não tenho nenhuma previsão da sua parte sobre quando e
quanto vou poder contar com sua participação na renda da família. É só uma
expectativa que carrego.
Fico com muito medo da nossa velhice também, aposentadoria, doença,
remédios, essa é uma fase péssima da vida e devemos nos planejar e poupar pra isso
de agora, por isso busquei e financiei advogada para te auxiliar nas questões
burocráticas da sua vida, quero ter dinheiro para investir e termos uma velhice segura,
mas para tal preciso de estabilidade e parceria sua.
Vc em algumas situações me perguntou se eu pesquiso sobre autismo e TDAH
e me fez essas perguntas geralmente num tom crítico, como se eu não me importasse
com isso, mas acontece que eu pesquiso, leio, ouço podcast, passei a seguir um monte
de gente que trata dessas questões, tanto autismo, quanto TDAH em adultos, quanto
boderline e bipolaridade e que tanto seus psicólogos e qualquer profissional que
tenha te atendido vieram pq eu fui buscar, ligar e marcar pra vc, cheguei a indicar pra
vc páginas e podcasts para seguir, já te mandei algumas publicações.... ouvir de vc a
pergunta se eu procuro me informar sobre esses temas e no tom que vc faz as
perguntas me faz pensar sobre como vc me vê, e como minha dedicação e parceria
são percebidas por vc.
Conviver com o outro é sempre um exercício, nós não estamos na cabeça do
outro e não enxergamos o mundo da mesma forma, então sei que nem todas as
atitudes e comportamentos serão entendidos de primeira, e muitas vezes me vejo
sem entender o q acontece com vc, como com os projetos que vc inicia e não conclui,
as vezes observo vc e as escolhas que vc faz e me interrogo sobre como vc determina
suas prioridades e isso me inquieta. Imagino que vc tb se veja em situações que não
consegue entender minhas escolhas ou simplesmente não concordar com tal atitude
minha, seria estranho se isso não ocorresse.
Posso usar como exemplos sobre a questão de como vc conduz suas escolhas e
projetos com a situação do eletricista q foi um problema recente entre nós: passei o
dia em busca de contatos pra resolver a situação de parte elétrica da casa, fiz um
combinado com a dona da casa, dei meu jeito de tentar adiantar a solução de um
problema que estava te deixando mal e deixei pra vc marcar, visto que não estou em
casa e vc saberia melhor os horários pra isso, uma situação que pra mim era urgente,
pois era a raiz das suas reclamações e de vc estar mal e não vi o seu movimento em
findar o problema, mesmo vc estando mal, não entendo vc não dar o último passo pra
resolver a questão, para dar fim ao q estava criando o seu mal estar. Minha atitude
inicial foi não falar nada, esperar vc ficar melhor pra conversar, mas não tenho como
fingir q está tudo bem, sei q se tem alguma coisa me tirando a paz, seja na minha
feição ou nos meus movimentos, em alguma situação vou acabar evidenciando q não
estou bem, q estou incomodada, vc percebeu q eu estava diferente e veio me
interrogar.... Aí como faz? Minto e digo q está tudo bem quando não está? Apresento
pra vc minhas inquietações? Digo q converso com vc depois e te deixo mais ansiosa e
angustiada?
Uma situação que vem me angustiando bastante é com a sua faculdade, vc
optou por voltar e fiquei feliz com essa sua decisão. Eu vejo que vc está bem, tenho
visto vc saindo de casa pra conhecer pessoas novas, em situações q sei q pra um
ansioso ou um autista seriam um problema, como é o caso de ir para a casa de pessoas
desconhecidas, tenho visto vc se colocando nessas situações que poderiam lhe causar
desconforto e conseguindo lidar sem apresentar problemas e não consigo entender
muito bem pq vc não foi ainda pra faculdade, lugar onde vc se destacou devido ao seu
potencial, me pego vendo seus movimentos com relação à faculdade e penso se vc
não está caminhando novamente para uma auto sabotagem, que é comum no seu
histórico de vida. Isso me deixa ansiosa, inquieta e sem saber como agir pra te ajudar.
Ainda sobre minhas observações sobre suas prioridades, tentei de algumas
formas te ajudar a organizar a rotina tanto do seu trabalho, dos seus estudos, quanto
das demandas de casa, já fiz horários pra vc, já sentei contigo pra gente fechar uma
lista e organizar as tarefas, já tentei te mandar diariamente por zap as demandas do
dia, mas com o feedback seu vimos q minhas tentativas não surtiram efeito positivo,
mas isso não é o q me incomoda, a questão aqui é q me mantive à sua disposição pra
te ajudar, te pedi pra adiantar uma lista das suas demandas, pedi pra vc me passar o
que pra vc seria mais eficaz e depois de um bom tempo ainda não recebi devolutiva
sua desses pedidos, não vi vc me procurar para organizar um momento pra gente
sentar ou não recebi de vc uma lista, uma carta ou qualquer outra coisa que pudesse
me ajudar a entender o q vc está pensando ou precisando para eu poder te ajudar
nessa demanda. Te mandei algumas coisas q vi no Instagram das páginas q venho
seguindo e também não recebi devolutivas suas se o q propus seria válido pra vc. Vejo
essas questões como urgentes e não posso fazer nada sem antes ter de vc o q lhe pedi,
mas continuo à sua disposição pra ajudar. Ficar à sua disposição pra ajudar e não ter
devolutivas pra dar continuidade tb me consome, me cria expectativas, me cansa.
Junto a isso percebo que carrego algumas mágoas de uma situação que para
mim foi uma grande quebra de confiança: a casa de Saracuruna. Me mudei com vc pra
lá, me dediquei por anos, financiei toda uma transformação para termos o nosso lar,
do nosso jeito, confiando na segurança que vc havia me dado, acho que ainda não
superei ouvir de vc q tudo o q havíamos combinado não seria levado em conta, mesmo
eu te dizendo que não pretendia te cobrar nada naquela época e que sabia da sua
condição, mas que queria somente uma segurança pro futuro acertarmos da forma q
acordamos. Vejo que não superei isso, ficou um rombo na confiança, uma mancha.
Eu às vezes me pergunto se outra pessoa no meu lugar estaria tão disponível,
paciente e dedicada por tanto tempo e sinceramente acho que não. Escrevendo essa
carta percebo que venho perdendo minha motivação e consequentemente minha
paciência e disposição assim como perdi tb um pouco da confiança e às vezes me sinto
culpada por não ter a mesma disposição de antes.
Eu não estou também me colocando como o alecrim dourado, sem falhas, sem
erros, sem contradições, tenho consciência da minha humanidade e sei que devo ter
escorregadas com vc que nem mesmo sei q cometi e q vc deve guardar no coração,
assumo aqui também minha dificuldade em mudar, admito que é sempre um
processo longo complicado para mim, visto que antes de iniciar uma mudança eu
preciso entender qual a necessidade dessa mudança e o que venho fazendo de errado
ou me prejudicando ou prejudicando o outro com a determinada atitude em questão,
para a partir daí compreender meus gatilhos para tal comportamento e quais as ações
q tenho q seguir pra tal mudança.
Então quando vc aponta pra mim questões como eu estar num pedestal ou que
eu não levo suas demandas em consideração eu sinceramente não consigo enxergar
isso, pois o q vejo é tão ao contrário disso tudo, então o q mudar? Sobre meus gatilhos
quando a questão é o meu comportamento ultimamente o q vejo aqui é meu cansaço
e falta de paciência, mas nessas questões eu não consigo ver mudança a partir de uma
ação pontualmente minha, preciso de vc pra isso. Deixei nessa carta tudo o q vem me
consumindo, me cansando.
Quero ressaltar aqui que seus períodos de baixa, sua ansiedade, sua depressão
não entram nas minhas considerações aqui, por mais que na maioria das vezes eu
ainda não saiba lidar com esses momentos, não são essas as questões que me
inquietam e me consomem.
Vejo que nossas diferenças, que antes tínhamos como complemento uma da
outra, estão começando a ter um peso negativo na forma como nos relacionamos.
Desenvolvemos uma estrutura de se relacionar no casamento onde eu fazia os planos
e colocava as coisas pra frente enquanto vc dava suporte para dar conta de
determinadas demandas, acho q essa organização me sobrecarregou e tirou de vc a
auto confiança, vc expos isso no passado, reivindicou não ficar mais em segundo plano
nas nossas demandas e eu concordo que esse esquema inicial precisa ser mudado,
mas infelizmente não vejo sucesso na nossa busca por mudanças estruturais na nossa
relação.
Não sei muito bem o que sugerir ou dizer a partir daqui, sei q ainda me sinto
sobrecarregada e frustrada com algumas coisas, mas consigo ainda nutrir expectativas
de melhora, mas agora sem ideias ou sugestões para alcançar os objetivos.

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