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ARRANJO

Sequência de operações intelectuais e físicas que visam à organização dos documentos de um documentos
arquivo ou coleção, de coleção acordo com um plano ou quadro previamente estabelecido. DBTA
Na organização de “arquivos permanentes”, significa ordenar os documentos em fundos, as séries dentro dos
fundos, e, se for conveniente, os itens documentais dentro das séries.
Segundo Bellotto, a operação do arranjo resume - se à ordenação dos conjuntos documentais remanescentes
das eliminações (ditadas pelas tabelas de temporalidade e executadas nos arquivos correntes e intermediários),
obedecendo a critérios que respeitem o caráter orgânico dos conjuntos interna e externamente. Arq. Per.: tratamento
documental. Editora FGV, 2005. Página 136
Conforme Bellotto, se o arquivo permanente visa atender ao pesquisador, pode parecer paradoxal que o
arranjo seja baseado na forma administrativa. Para o historiador seria mais fácil que a ordenação fosse temática,
cronológica ou geográfica. Entretanto, tal ordenação faria desaparecer ou diluiria a percepção da razão de ser do
documento, o que, afinal, o deformaria aos olhos do consulente.
O arranjo documental se baseia em dois métodos, estrutural e funcional, e sua aplicação tem gerado
controvérsias na literatura e na prática arquivística. Contudo, observa-se, tanto na literatura internacional quanto
nacional, que não há a adoção de um método puramente estrutural ou funcional.
Uma das possibilidades de quadro de arranjo é o do tipo estrutural, que é resultado da representação da
estrutura organizacional. A grande desvantagem desse tipo de quadro de arranjo é a instabilidade institucional.
A partir da análise das estruturas, funções ou atividades da entidade produtora e do estudo do acervo,
podemos definir o quadro de arranjo nos arquivos de 3a idade, com as seguintes divisões: Fundo, Grupo ou Seção,
Subgrupo ou Subseção, Série e Subsérie (hierarquicamente o fundo se sobrepõe às demais divisões).

O arranjo (organização) do fundo de arquivo é definido:


• EXTERNAMENTE pela proveniência,
• INTERNAMENTE pelo princípio da ordem original.

As tarefas de arranjo são de 2 tipos:


• INTELECTUAIS: compreendem a análise documental no que tange a sua forma, conteúdo e origem funcional.
• FÍSICAS: referem-se à arrumação dos papéis nos locais adequados, seu empacotamento, entre outras.

O quadro de arranjo é uma ferramenta de organização de documentos na fase permanente. Ele serve para orientar a
organização lógica dos documentos, bem como mostrar as relações do mesmo com as atividades e funções da
instituição geradora (assim como o plano de classificação). Sendo uma ferramenta aplicada na fase permanente, não
serve para a tomada de decisão, pois esses documentos apenas são fontes de pesquisa para estudos históricos.

Conforme Bellotto:
"Para Schellenberg, arranjo é o “processo de agrupamento dos documentos singulares em unidades significativas e o
agrupamento, em relação significativa, de tais unidades entre si". A “relação significativa” a que o autor alude nada
mais é que o princípio da organicidade que prevalece na produção e, consequentemente, na organização do arquivo."

Essa "relação significativa" refere-se ao princípio da organicidade, que diz respeito à relação
natural/orgânica (afinidade) que os documentos possuem entre si — ao laço que une cada documento a todos os
outros produzidos pela mesma entidade, em decorrência das suas atividades.

É a organicidade que permite diferenciar os documentos arquivísticos (orgânicos) de outros documentos não
orgânicos (como os das bibliotecas e museus, que são acumulados de forma artificial, pois não decorrem diretamente
das atividades exercidas por essas instituições).
Porém, ANTES de promover o arranjo desta massa documental (que normalmente está sem classificação) deve ser
realizada as seguintes fases (Bellotto 2004, p. 141):
1. Levantamento da evolução institucional da entidade produtora (=origem que dita o fundo + levantamento
da legislacão que cria e regulamenta o ente + ID das funções e atividades do ente + Tipologia);
2. Prospecção arqueológica documental (será o conjunto de procedimentos obrigatórios, voltados para
a "identificação preliminar", mesmo que de maneira superficial, dos documentos que compõem a massa documental,
de maneira que se possa promover a alienação (=doação/venda/descarte) e a percepção dos vazios
funcionais ocasionados pela baixas permitidas ou pelos desfalques, ou seja, identificação das funções institucionais
que não estão representadas na documentação;
3. Estudo institucional das entidades produtora do material percebido como vazio funcional (estudo mais
detalhado dos vazios funcionais detectados na prospecção arqueológica, de maneira a identificar dados sobre as
entidades ausentes, uma vez, que as lacunas porventura existentes podem vir a ser preenchidas pelo achado de
documentos desaparecidos nestas entidades);
Fundo – Conjunto de documentos de uma mesma proveniência. Um fundo pode ser aberto ou fechado. Fundo aberto
recebe novos documentos, pois a entidade produtora continua em atividade. Fundo fechado não pode receber
acréscimo de documentos, porque a entidade produtora não se encontra mais em atividade.
Arranjo funcional é o arranjo que tem por eixo as funções desempenhadas pela entidade produtora do arquivo.

Arranjo estrutural é o arranjo que tem por eixo a estrutura administrativa da entidade produtora do arquivo.

"Assim, como aponta o professor David Gracy II, o arquivista analisa o material em termos de:

• proveniência;
• história da entidade ou biografia do indivíduo produtor dos documentos;
• origens funcionais - atividades específicas das quais os documentos resultam;
• conteúdo - a extensão dos vários tópicos, eventos e períodos;
• tipos de material.

Conhecedor da origem que dita o fundo; da evolução institucional que lhe permite detectar alterações, acréscimos e
supressões de órgãos internos; das funções que ditam a própria tipologia, será possível ao arquivista organizar
adequadamente o material."
Fonte: Livro Arquivos Permanentes (ed 4, pág 142)

Segundo ALVES (2017, p.54)


“Arranjo é a operação intelectual, com base no princípio da proveniência, desenvolvida para o tratamento de um
fundo, para refletir a estrutura administrativa e as funções exercidas pelas entidades produtoras do fundo. Refere-se
à ordenação dos fundos e dos grupos dentro dos fundos documentais, uns em relação aos outros, e a uma
ordenação das séries dentro dos grupos, e dos itens, dentro das séries (NAGEL, 1991, p.23). ”
Segundo RODRIGUES (2004, p.81-82)
“[...] arranjo deverá permitir a identificação dos documentos que se deseja acessar e o significado dos documentos
relativamente às ações que os geraram. Os princípios arquivísticos – de proveniência, manutenção da ordem original
e integridade ou indivisibilidade - devem ser observados quando se faz o arranjo de um fundo [...]

Arranjo
Processo que na organização de arquivos permanentes, consiste na ordenação - estrutural ou funcional - dos
documentos em fundos, na ordenação das séries dentro dos fundos e, se necessário, dos itens documentais dentro
das séries.
Processo que, na organização de arquivos correntes, consiste em colocar ou distribuir os documentos
numa sequência alfabética, numérica ou alfanumérica, de acordo com o método de arquivamento previamente
adotado. Também denominado classificação.
PAES, Marilena Leite. Arquivo: teoria e prática. 3. ed. rev., ampl. Rio de Janeiro (RJ): Ed. FGV, 1997. p. 24-25.
Ordem original: o arquivo deveria conservar o arranjo dado pela entidade coletiva, pessoa ou família que o produziu.
3) Regras para o arranjo de documentos, segundo a Associação dos Arquivistas Holandeses:
a. Todo conjunto deve ser metodicamente arranjado, em ordem de: procedência, data, número, assunto e
nome;
b. O método de arranjo deve ser sempre baseado na primitiva organização; que corresponde à organização da
entidade que produziu o arquivo
c. No arranjo de um documento deve, portanto, ser estabelecida, tanto quanto possível, a ordem originária;
d. Caso o documento original esteja em boas condições, cópias espalhadas podem ser destruídas;
e. Documentos desaparecidos de um conjunto, quando a ele retornam, podem reassumir o seu lugar, se ficar
bem clara a sua origem.
A partir do estudo do material a ser tratado como conjunto administrativo funcional, chega-se ao quadro de arranjo.
É justamente o estudo do volume documental sob seu aspecto administrativo funcional, ou seja, a relação dos
documentos com as funções e atividades da organização, que dá suporte à formação do quadro de arranjo e dos
respectivos fundos. Lembre-se que os fundos são regidos primordialmente pelo princípio da proveniência e, portanto,
a relação documento-função-atividade é fundamental para a organização dos conjuntos documentais na terceira
idade do ciclo de vida documental.

Bellotto: "Para Schellenberg, arranjo é o "processo de agrupamento dos documentos singulares em unidades
significativas e o agrupamento, em relação significativa, de tais unidades entre si". A "relação significativa" a que o
autor alude nada mais é que o princípio da organicidade que prevalece na produção e, consequentemente, na
organização do arquivo." Fonte: Livro Arquivos Permanentes (ed 4, pág 135)

Classificação e Arranjo.
Ambos têm a finalidade do traduzir visualmente as relações hierárquicas e orgânicas entre as classes definidas para a
organização da documentação. Vale destacar que, no caso de documentação de caráter permanente, as
classes ganham nomes específicos: grupos, subgrupos a séries.

A teoria de fundos, como embasamento metodológico do arranjo e da ordenação dos conjuntos documentais nos
arquivos permanentes e que está universalmente consagrada, teve início na França, em meados do século XIX. (Fonte:
BELLOTTO, 2004)

O método funcional corresponde às funções ou ações de uma entidade coletiva, sendo o procedimento
tradicionalmente mais usado nos arquivos.

Bellotto (2006) afirma que os arquivos não podem dispensar a fixação dos fundos. Essa fixação de fundos, segundo a
autora, muitas vezes não pode ser feito a priori, porém sempre deve ser feita antes de qualquer outro processamento
técnico. Isso significa que se já existe um vasto material a ser arranjado, é a partir de seu estudo como conjunto
administrativo funcional que se vai impor um quadro de arranjo.

O método estrutural refere-se às divisões, aos setores e aos departamentos de uma instituição e, apesar de ser menos
usado, alguns profissionais da área consideram que talvez possa refletir melhor alguns intelectuais das exigências da
classificação arquivística.
Comumente, adota-se a seguinte estrutura de classes para um quadro de arranjo que abrange um fundo documental:

GRUPO: Divisão de um fundo, definida de acordo com o método estrutural e /ou funcional.

SUBGRUPO: Divisão de um grupo, definida em razão da complexidade estrutural e/ou funcional da entidade produtora
de documentos.

SÉRIE: Unidade do quadro de arranjo que corresponde a uma sequência de documentos relativos a mesma
função/atividade ou ao mesmo tipo documental, seja como divisão do fundo, do grupo e do subgrupo.

SUBSSÉRIE: Divisão de uma série, eventualmente utilizada em razão de variantes do tipo documental.

O método por assuntos, que deve se dar apenas a documentos que não são oriundos das funções e atividades
organizacionais, ou seja, documentos de referência ou informacionais, não sendo recomendada para documentos de
arquivos.
GABARITO: D.
BELLOTO, H. L.. Arquivos Permanentes: tratamento documental. 4. Ed.. Rio de Janeiro: Editora Fundação Getúlio
Vargas, 2006.

ÍNDICE - relação sistemática de nomes de pessoas, lugares, assuntos ou datas contidos em documentos ou em
instrumentos de pesquisa, acompanhados das referências para sua localização; o índice poderá ser:
• Complementar a um INVENTÁRO ou CATALOGO ANALÍTICOS (=personalidade complementar)
• Indexar diretamente as unidades de arquivamento/documentos (=personalidade própria).

DESCRIÇÃO ARQUIVÍSTICA
É uma das 7 funções arquivísticas: produção, classificação (arranjo), avaliação, aquisição, descrição,
preservação e difusão. Princípios fundamentais da descrição arquivística: Ordem Original e Proveniência.
Conjunto de procedimentos que, a partir de elementos formais e de conteúdo, permitem a identificação de
documentos e a elaboração de instrumentos de pesquisa”. (CAMARGO; BELLOTTO, 1996, p. 23).
A descrição é a análise pelo arquivista sobre os documentos de arquivo agrupados de forma natural ou
artificial, para sintetizar e resumir a informação neles contida para disponibilizar aos interessados.
Objetivo da Descrição em Arquivos: Segundo a SOCIETY OF AMERICAN ARCHIVISTS (2002), seu propósito é o
de identificar, gerenciar, estabelecer controle intelectual, localizar, explicar o acervo arquivístico e promover o acesso.
Abrange todo elemento de informação.

Princípios da Descrição em Arquivos:


• Primeiro princípio: a descrição depende da classificação.
• Segundo princípio: o de respeito aos fundos.
• Terceiro princípio: feita do geral para o particular.
• Quarto princípio: a descrição evolui durante o “ciclo de vida” dos documentos.
• Quinto princípio: em termos hierárquicos, o fundo é a unidade de descrição mais abrangente.

Fundamentos teóricos:
• Descrição do geral para o particular
• Escolha de prioridades para instrumentos parciais
• Modelos para a descrição = sumário, analítico, verbetes, notações, padronizações
• Estudos técnicos = metodologia e equipe
• Planificação = cronograma e metas-tarefa

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