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Professor Carlos Diniz

História

O Primeiro Reinado no Brasil e o governo de Dom Pedro I


O Primeiro Reinado é o período no qual o país foi governado por D. Pedro I, iniciado
na independência do Brasil e terminado com a abdicação do governante e o início do
Período Regencial.
Já parou para pensar que o nosso país enquanto nação independente está para
completar, daqui alguns anos, dois séculos de idade? Comparando com outras nações
do mundo, o Brasil ainda pode ser considerado “um jovem”. Mas não é por isso que
sua história é menos atribulada e complexa. No Primeiro Reinado ocorreram disputas
pelo poder oficial, guerras, inúmeras mortes e até a renúncia de nosso primeiro
governante.
Da independência ao Primeiro Reinado
Acompanhe o contexto e os principais eventos do Primeiro Reinado e o governo de
Dom Pedro I, desde a independência do Brasil até seu fim com o início do período
regencial.

Apesar de o Brasil ter se tornado independente no ano de 1822, isso não significou
profundas mudanças no modo de vida de boa parte da população. Nossa emancipação
não veio de uma revolução, nosso governante continuou sendo um português e filho
do antigo rei, a escravidão permaneceu até 1888 e a república foi recusada em nome
da monarquia.

Em termos gerais, a independência era praticamente esperada. Ocorreu pela


burguesia brasileira que, temendo o retorno da situação de colônia, pressionou D.
Pedro a desmembrar o território do reino português. Assim começou o Primeiro
Reinado.

Porém, a independência precisou ser garantida em território nacional, e nos focos de


presença portuguesa o poder coercitivo acabou sendo aplicado. O Brasil não contava
com um exército formado, pois recém estava sendo organizada a assembleia
constituinte.

É por conta disso que as tropas utilizadas na movimentação eram de mercenários


ingleses ou pagas com empréstimos da Inglaterra. Esse momento reflete dois aspectos
marcantes do Brasil independente no século XIX: a submissão à economia britânica e
as disputas em torno da centralização e descentralização do poder.
A Constituição de 1824
Professor Carlos Diniz
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As Constituições são a principal legislação de um país. Funcionam como uma coluna


vertebral que liga os princípios da nação à produção de novas leis. Nenhuma norma
pode ser admitida por um governo que contrarie sua Constituição. O Brasil já teve sete
Constituições, e é justamente em torno da primeira que a crise do Primeiro Reinado se
inicia.
Já se falava de uma Constituição para o Brasil antes mesmo do grito do Ipiranga.
Porém, é só no ano de 1823 que a Assembleia Constituinte (momento de construção
das leis mais elementares do país) de fato inicia seus trabalhos. Mas, antes disso, era
necessário saber quem teria voz neste processo.
A decisão favoreceu a elite agrária do Brasil, já que o critério utilizado para qualificar
os membros da assembleia era possuir riqueza anual equivalente a 150 alqueires de
mandioca.
A medida foi escolhida para afastar a população pobre do poder e agradar as elites
brasileiras de forma mais ou menos homogênea, já que a mandioca era um gênero
presente em quase todo território brasileiro.
De início, verifica-se a formação de dois grupos (o que podemos chamar de
“partidos”). De um lado, estavam os brasileiros defensores de um governo mais
controlado e com poderes mais diluídos entre as elites. De outro, estavam os
portugueses, que defendiam um governo centralizado na figura de D. Pedro.
Percebendo o crescimento da exaltação das lideranças brasileiras que exigiam a
limitação dos seus poderes, o imperador resolveu dissolver a assembleia.
O prédio da Câmara dos Deputados foi, então, cercado por soldados e canhões.
Pessoas foram detidas e as atividades encerradas. D. Pedro pediu para que seus
conselheiros redigissem um novo texto constitucional, que foi outorgado por ele no dia
25 de Março de 1824.

O poder Moderador
Na Carta Magna do Primeiro Reinado, os poderes estavam divididos em quatro:
Legislativo, Moderador, Executivo e Judicial. O poder Moderador, alheio e contraposto
à divisão proposta por Montesquieu, servia como um coringa para D. Pedro.
Por meio dele, o imperador poderia anular qualquer decisão das outras esferas,
nomear senadores, dissolver a Câmara dos Deputados e anular as decisões dos
conselhos provinciais.
Se o ato de fechar a assembleia com uso da força e encomendar a Constituição do país
já configuravam atitudes autoritárias, as leis firmavam ainda mais a centralização do
poder. As elites das províncias mais distantes eram as mais insatisfeitas com a
situação.
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Além disso, a escravidão estava mantida e o Brasil ficou dividido em províncias. A


religião oficial era o catolicismo – ainda que outras fossem toleradas – e os bispos
eram nomeados pelo imperador.
Voto censitário
O acesso privilegiado das elites ao poder foi garantido com o voto censitário durante o
Primeiro Reinado. Somente quem comprovasse determinada renda anual poderia
votar ou se candidatar a algum cargo.

Para votar nas assembleias paroquiais, as pessoas deviam comprovar a renda anual de
cem mil réis. Para votar nos deputados, senadores e conselhos de província, a medida
era duzentos mil réis. Para candidatar-se a deputado, o valor era de quatrocentos mil
réis, e para senador eram oitocentos mil réis. Libertos não podiam votar de jeito
nenhum e muitas vezes acabavam sendo cooptados pelo Estado.

Atividade
01. Caracterize o período do Primeiro Reinado do Brasil.

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