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PERFURAÇÃO DE ROCHAS
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MANUAL DE BLASTER PIROBRÁS
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Perfuratrizes mais usadas atualmente na mineração
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DESENVOLVIMENTO DOS COMPRESSORES
O mais antigo dos compressores é o “pulmão humano”, utilizado, por exemplo,
para avivar braseiros. Um pulmão pode produzir 6m³/h de ar.
O primeiro compressor mecânico foi o “fole”, utilizado na obtenção da liga de
cobre com estanho, para a produção do bronze que era usado, principalmente, na
fabricação de armas.
Compressor de Smeaton: cilindro de sopro acionado por uma roda d’água. Os
compressores de ar mais antigos eram utilizados, principalmente, nas minas de metais e
nas indústrias metalúrgicas.
Compressor do Túnel Mt. Cenis Alpes Suíços: com acionamento hidráulico, foi o
primeiro compressor realmente de sucesso.
Para se ter uma idéia da importância do ar comprimido, ele era utilizado em
motores pneumáticos de até 70KW que serviam para o acionamento de maquinas
operatrizes.
Também era utilizado em relógios pneumáticos, sistemas de remessa, elevadores
e geradores pneumáticos de corrente elétrica que iluminavam restaurantes e hotéis. Paris
era a meca do ar comprimido e o desenvolvimento da energia elétrica ainda rastejava.
Atualmente, os compressores mais usados são os de parafuso rotativo e os com
pistões, que se perpetuaram.
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* Usar as braçadeiras indicadas para as conexões e nunca amarrações de arame;
* Nunca conectar ou desconectar segmentos das redes de ar comprimido sem, antes,
certificar-se de que a válvula de suprimento de ar está fechada;
* Usar ferramentas adequadas no trabalho;
* Não usar ar comprimido em “brincadeiras” ou limpeza do próprio corpo.
CONCEITOS BÁSICOS
ROCHA: Geologicamente, “rocha” é um material que constitui parte essencial da
crosta terrestre, na superfície ou no subsolo da Terra, formado por um conjunto de
minerais. Contudo, em “perfuração de rochas”, este conceito não é tão extenso, pois se
faz uma distinção entre “rocha” e “solo” (overburden), considerando-se como rocha
apenas as formações geológicas que exigem perfuração para o seu desmonte.
MINÉRIO: É o material valioso objeto de lavra constituído por um agregado de um ou
mais minerais e encontrado naturalmente na crosta terrestre. Os minérios, em geral, são
sólidos. No entanto, o petróleo, a água e o mercúrio apresentam-se no estado líquido,
em condições normais de temperatura e pressão. São substâncias normalmente
exploráveis economicamente.
MINA: É o local de onde se extrai minério.
PEDREIRA: É o local de onde se extraem rochas. As rochas são aproveitadas na
construção civil, na fabricação de cimento, cal, etc. Para fins práticos, em termos de
perfuração, não distinguimos “mina” de “pedreira”.
RESISTÊNCIA DA ROCHA: Como uma determinada rocha pode ser mais dura que
outra, ela também pode tornar a sua perfuração mais difícil. A “resistência da rocha”
indica justamente essa maior ou menor dificuldade de penetração.
PLANO DE FOGO: É o conjunto de elementos ou informações planejadas para se
executar o desmonte de rochas.
PERFURAÇÃO DE ROCHAS
A perfuração de rochas pode ser executada de várias maneiras:
MANUAL: Pode ser feita manualmente, mas com muita dificuldade e baixíssimo
rendimento.
PERCUSSÃO: É um método usado em quase todos os tipos de rocha. Usam-se
ferramentas especiais para variados diâmetros de furos e comprimentos de brocas de
0,4m a 6,4m, chamadas integrais.
ROTAÇÃO: O método rotativo pode ser por “trituração” ou por “corte”. Neste caso, a
energia é transmitida através de um tubo que gira e pressiona o “bit” contra a rocha. Os
“botões” de metal duro são pressionados contra a rocha e a trituram em cavacos, em
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princípio, da mesma maneira que a perfuração por percussão. Normalmente, o diâmetro
dos furos feitos com perfuração rotativa encontra-se no intervalo de 76mm a 165mm. A
perfuração rotativa é aplicável a rochas mais moles, com por exemplo o calcário.
ROTOPERCUSSÃO: Combina as técnicas da perfuração percussiva com as da
rotativa.
FERRAMENTAS DE PERFURAÇÃO
BROCAS MONOBLOCO OU INTEGRAIS: Inicialmente, quase todas as barras de
perfuração eram feitas separadas das coroas. Com a evolução do aço, do metal duro e
das perfuratrizes leves (até 30kg), essa técnica foi tornando-se obsoleta, cedendo lugar à
broca chamada “integral” ou “monobloco”. Como diz o nome, esta broca destinada a
furos de até 42mm de diâmetro é hoje produzida em uma única peça
(composição/características: pastilha, furo central, haste, colar, raio do colar, punho,
alargamento do furo central, superfície de impacto).
Desenho Esquemático:
Broca Monobloco ou Integral
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EQUIPAMENTO SECCIONADO
HASTES DE EXTENSÃO
As hastes seccionadas constituem a parte central e
básica do equipamento seccionado. Estando expostas a
tensões severas de compressão e distensão, além de esforços
Hastes de Extensão de flexão e torção, o aço com que são feitas deve ter
características especiais.
São confeccionadas em seção circular e em seção
hexagonal e apresentam furo central de dimensões variáveis.
As hastes hexagonais tem as roscas recalcadas e depois usinadas. No final de sua
fabricação, recebem uma cementação integral (fully-carburized) ao longo de toda a sua
extensão. Com a haste sextavada e de rosca recalcada (bumped-up thread), obtém-se um
equipamento leve e, portanto, de bom rendimento. Estas hastes, assim tratadas, tem
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melhor resistência que as redondas e, desta forma, vida mais longa frente às hastes das
perfuratrizes pesadas modernas.
As hastes redondas tem as roscas usinadas nas extremidades, recebendo ou não
tratamento térmico. O endurecimento da superfície da rosca é normalmente feito por
cementação ou por nitretação. Elas não são tratadas além da zona da rosca, mantendo o
beneficiamento que receberam de fábrica. Com isto, permitem o re-rosqueamento, ou
seja, a confecção de novas roscas abaixo das antigas quando a rosca original estiver
desgastada.
Os comprimentos das hastes são muito variáveis dependendo do comprimento
da lança (avanço) da perfuratriz. No Brasil, o comprimento mais comum é de 3m, mas
também são usadas nos tamanhos de 1,20m; 1,60m; 1,80m; 2,40m; 3,60m e 4,20m.
LUVAS
PUNHOS
BITS
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Desenho esquemático de um conjunto de ferramentas de perfuração
ACESSÓRIOS
O equipamento de extensão utiliza-se de uma série de acessórios. Podemos
dividi-los em três grupos:
a) acessórios de trabalho:
- chaves de desacoplamento de hastes;
- chaves de desacoplamento de bits;
- equipamento de pesca.
b) acessórios de verificação:
- gabaritos de afiação de bit e broca;
- gabaritos de desgaste de rosca.
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EXPLOSIVOS
A ERA DA DINAMITE
Em 1865, o sueco Alfred Nobel descobriu um modo de iniciar a nitroglicerina
com uma pequena quantidade de fulminato de mercúrio e produziu,
assim, a primeira espoleta comercial que poderia ser usada como
estopim. No ano seguinte, ele descobriu que a nitroglicerina líquida
absorvida pela “kieselguhr” (diatomácea) poderia ser embalada em
cartuchos de papel. Estava inventada a dinamite, que teve um forte
impacto na revolução industrial, tornando as minas mais econômicas e
fornecendo as necessidades minerais para as indústrias florescentes.
A partir de então, o desenvolvimento cada vez mais veloz da ciência e da
tecnologia fez surgir o TNT, a nitrocelulose e, com esta, a gelatinização da
nitroglicerina e inúmeros explosivos que facilitaram em muito o trabalho dos homens.
A ERA ANFO
O nitrato de amônia foi sintetizado pela primeira vez em
1654, e registrado como um componente em uma mistura de
explosivo em 1840. Porém, foram dois acidentes históricos que
marcaram o início da era dos "blasting agents".
Em setembro de 1921, uma mistura de nitrato e sulfato
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de amônia empedrados pela ação da umidade, foram detonados por dinamites na fábrica
da BASF, em Oppau, na Alemanha. Contudo, a explosão foi tão violenta que a fábrica
foi totalmente destruída junto com 70% das 1000 casas de uma vila próxima; 430
pessoas morreram, e uma cratera de 76m de diâmetro e 15m de profundidade foi aberta.
De outro acidente, nasceu o ANFO (Amonium Nitrate and Fuel Oil), mistura de
nitrato de amônio e óleo diesel, quando o choque entre dois navios carregados com os
dois produtos resultou em incêndio seguido de violenta explosão, que arrasou o porto de
Texas em abril de 1947.
Na metade dos anos 50, o ANFO tornou-se comercialmente disponível e,
rapidamente, tomou o lugar da dinamite, onde possível, porque apresentava baixo custo,
simples fabricação e facilidade no uso. No entanto apresentava dois grandes
inconvenientes: não era sensível à espoleta e não era resistente à água. Os esforços
foram, então, concentrados em busca do explosivo ideal, que tivesse as qualidades do
ANFO e resistisse à água. Várias experiências que sucederam consolidaram o uso do
nitrato como material explosivo de tal forma que, nos dias de hoje, ele tem sido
componente básico de todo explosivo industrial.
SLURRIES
As "slurries", ou lamas explosivas, chegaram ao mercado no final dos anos 50.
Eram resistentes à água e sensíveis à espoleta. Em sua
fabricação entram nitroglicerina, nitrato de amônio,
produtos aluminizados e agentes gelatinizantes, que dão
consistência pastosa à massa explosiva. Essa consistência
permitiu o desenvolvimento de sistemas de carregamento
bombeados. Por outro lado, eram de produção
dispendiosa. Precisavam de sensibilizantes caros e, para o
cliente, significavam altos custos.
Posteriormente, foi desenvolvida a emulsão explosiva, que contém as melhores
propriedades das lamas e superam sua eficiência com um custo de produção menor. São
eficientes, seguras, econômicas, de fácil manuseio e grande desempenho.
A emulsão é explosivos onde a mistura nitrato de amônia e óleo é feita em
presença de água através de emulsificantes, ou tensoativos. São considerados explosivos
de última geração e são, atualmente utilizadas para as mais diversas aplicações.
É embalada em filmes de polietileno, ou, também, pode ser bombeada
diretamente nos furos, quando são utilizados caminhões para efetuar carregamentos em
obras de grande porte.
EXPLOSIVOS INDUSTRIAIS
Explosivo é a substância ou a mistura de substâncias que tem a capacidade de,
ao ser excitada por algum agente externo, decompor-se quimicamente sofrendo
transformações rápidas e violentas, gerando considerável volume de gases e altas
temperaturas e liberando enormes quantidades de energia. O agente externo pode ser
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mecânico (pressão, atrito, vibração, impacto, etc.) ou ainda outro explosivo (espoletas,
boosters ou outros iniciadores).
Devido à alta temperatura de explosão, o volume atingido pelo explosivo pode
chegar a aproximadamente 18.000 vezes o seu volume inicial. Após a explosão, uma
onda de choque percorre a rocha com uma velocidade de 3.000 a 5.000 m/s. O
explosivo utiliza essa energia para arrancar o maciço rochoso que está adiante dele, no
sentido da face livre, ou o de menor resistência.
COMBUSTÃO: É uma reação química de oxidação que, geralmente, ocorre por conta
do oxigênio do ar. O fenômeno acontece em baixas velocidades e tem como exemplo a
queima de um pedaço de carvão.
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A energia desenvolvida por uma composição explosiva gera a pressão necessária
para sustentar a pressão de choque que inicia o processo. A velocidade da onda de
choque estabilizada é a velocidade de detonação.
BALANÇO DE OXIGÊNIO
O balanço de oxigênio é um índice que assinala a quantidade deste elemento
presente na composição química do explosivo e serve, ao mesmo tempo, para avaliação
do rendimento energético de decomposição e, também, da possibilidade de formação
dos gases tóxicos.
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O balanço de oxigênio (BO) é expresso pela percentagem deste elemento na
decomposição do explosivo. No caso da primeira reação acima, o BO é positivo, pois
ocorreu uma sobra de oxigênio, e seu valor é indicado com BO = + 20%.
Por outro lado, quando a quantidade de oxigênio presente na composição
química é insuficiente para completar a oxidação, ocorre um BO negativo. Portanto, o
BO dos explosivos industriais deve estar sempre em torno do zero, pois, assim, não só
reduz-se a formação de gases tóxicos, como também alcança-se o melhor potencial
energético.
Os exemplos abaixo são Balanços de Oxigênio de alguns explosivos:
FORÇA OU ENERGIA
Força ou energia de um explosivo é a medida da quantidade de energia liberada
por ele na detonação. Ou seja, indica a potência que é desenvolvida e sua capacidade de
realizar trabalho útil. Nem toda energia do explosivo é transformada em trabalho útil.
Uma parte dela é dissipada como calor e luz e outra como “air blast” e vibração do solo.
A energia de um explosivo é realizada de dois modos no material que o
circunda: detonação, ou pressão de choque, resultando em fragmentação; e pressão no
furo, originada pela expansão gasosa responsável pelo deslocamento.
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DENSIDADE
A densidade de um explosivo é expressa por sua massa por unidade de volume,
em gramas por centímetro cúbico. Ela determina a quantidade de carga por unidade de
comprimento da coluna de explosivo. É importante para determinar a sua adequação
para uma dada operação de desmonte.
Um explosivo de alta densidade, no qual a energia da detonação é concentrada,
deve ser usado no caso de desmonte de material duro. Por outro lado, se não se deseja
excessiva fragmentação ou se a rocha é branda, explosivos de baixa densidade deverão
ser usados.
Explosivos não detonam acima de sua densidade crítica. Quando mecanicamente
comprimidos, alguns explosivos entram em sua densidade crítica e retornam à anterior
depois de um determinado tempo. Produtos como ANFO (granulado) mantém-se
comprimidos. Muitos explosivos que contam com bolhas de gás ou ar para detonação
podem ser compactados acima de sua densidade crítica, tanto por pressões hidrostáticas
como por esforços mecânicos. Algumas emulsões baseiam-se em micro balões que
servem como sensibilizantes. Se os micro balões forem rompidos, não haverá retorno e
o explosivo não detonará.
VELOCIDADE DE DETONAÇÃO
A velocidade de detonação (VOD) é a razão com a qual a onda de detonação
propaga-se através do explosivo. A onda começa no ponto de iniciação e evolui a uma
velocidade supersônica. Velocidades típicas estão entre 2.000 e 8.000 m/s. Esta
velocidade é estabilizada e mantém-se quase constante para qualquer tipo de explosivo.
Podemos considerar como explosivo de baixa velocidade todo aquele que detonar com
até 3.000 m/s e de alta velocidade todo aquele que superar este valor.
A VOD difere de um explosivo para outro devido a sua composição, ao tamanho
das partículas e a sua densidade. Também é afetada pelo grau de confinamento e pelo
diâmetro de carga.
Geralmente, explosivos de menor VOD tendem a liberar o gás em um período de
tempo maior quando comparados com explosivos de maior VOD. Explosivos com
menor VOD proporcionam maior lançamento.
Para medição da VOD de explosivos desconfinados, são utilizados o cronógrafo
e o método de D’Autriche.
Cronógrafo: dois dispositivos são inseridos em um cartucho de explosivo,
separados por uma distância conhecida (d) e a pelo menos 75mm distantes da espoleta.
Os dispositivos são os fios duplos que se rompem quando a detonação passa por eles.
Quando o primeiro dispositivo rompe-se, inicia o cronógrafo. Quando o segundo
rompe-se, paraliza o cronógrafo (t). A velocidade é, então, calculada como d/t, em
metros por segundo.
Método de D’Autriche: a VOD de um explosivo pode ser obtida utilizando-se
um cordel detonante com VOD conhecida. No método D’Autriche, as duas
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extremidades do cordel detonante são introduzidas no cartucho a uma distância
conhecida (maior que 150mm). O ponto médio do cordel é colocado em uma
extremidade de uma placa de chumbo com aproximadamente 40cm de comprimento,
32mm de largura e 6mm de espessura. O cordel é posicionado sobre a placa e fixado em
suas extremidades. Quando o explosivo é detonado, uma extremidade do cordel é
iniciada antes da outra. As duas ondas de choque movem-se no cordel em sentidos
opostos, marcando a placa de chumbo quando se encontram. A distância entre o ponto
médio do cordel e a marca na chapa é medida e a VOD calculada.
SENSIBILIDADE
A sensibilidade é avaliada de três formas: sensibilidade à iniciação, sensibilidade
ao impacto e sensibilidade à propagação (air gap).
Sensibilidade à iniciação – Em função de sua maior ou menor estabilidade
química, os explosivos detonantes podem ser mais ou menos sensíveis à iniciação de
explosivos primários. Na prática, procura-se estabelecer, para determinado explosivo
secundário, o mínimo iniciador primário necessário: se é uma espoleta simples número
6 ou número 8, um cordel detonante, um booster, um primer, etc.
Sensibilidade ao impacto – É medida lançando-se um peso de aço sobre uma
quantidade de explosivo em uma plataforma de aço. Os resultados são expressos em
centímetros de altura da queda que inicia o explosivo em 50% dos testes.
Sensibilidade à propagação (Air Gap) – É a máxima distância na qual um
explosivo consegue iniciar a próxima carga. Se o “air gap” for muito baixo, o explosivo
provavelmente não propagará se houverem vazios ou obstáculos na coluna de carga. Por
outro lado, explosivos com “air gap” muito alto podem causar propagação indesejável
entre furos adjacentes.
RESISTÊNCIA À ÁGUA
É a habilidade de um explosivo detonar após ser exposto à água. Os testes
indicam esta habilidade utilizando o iniciador mínimo após sua imersão em água por um
certo número de horas e a uma determinada pressão. Deve-se considerar, também, o
tempo que um explosivo fica carregado no furo. Alguns acessórios, tais como cordel
detonante, estopim e o tubo de choque, tem baixa resistência a penetração de óleo
combustível. O tempo de permanência destes produtos fica limitado, quando são
carregados junto com explosivos granulados ou emulsões.
Quanto à resistência à água, os explosivos industriais podem ser classificados
como:
- Nenhuma
- Boa: não perdem sua sensibilidade mesmo submersos por um período de até 24
horas sob uma pressão hidrostática de até 3 atmosferas.
- Ótima: desenvolvem seu trabalho normal dentro de um intervalo de 72 horas de
submersão, também sob pressão de até 3 atmosferas.
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INFLAMABILIDADE
Alguns produtos entram em combustão facilmente. Outros, só entram em
combustão se for aplicada constantemente uma chama sobre eles.
GASES
Quando o explosivo detona, decompõe-se em estado gasoso. Os principais
componentes são monóxido e dióxido de carbono, óxidos nítrico e nitroso, gás
sulfidrico e oxigênio. Enquanto alguns desses gases dissipam-se rapidamente, outros
permanecem após a detonação. Gases nocivos, especialmente o monóxido de carbono
(CO), são perigosos em ambientes confinados, como minas subterrâneas.
O monóxido de carbono é um gás incolor, inodoro e altamente tóxico. Combina-
se com os glóbulos vermelhos de sangue, destrói suas capacidades de absorção de
oxigênio e envenena a vítima por asfixia. Os sintomas usuais são fraqueza,
desorientação, dor de cabeça, náusea e desmaio, progressivamente.
Os primeiros socorros devem ser dados levando-se a vítima para o ar fresco. Se a
vítima não estiver respirando, aplicar respiração artificial. Em muitos casos, mesmo
após prolongada exposição ao CO, a vítima recompõe-se.
Óxidos de nitrogênio, particularmente o óxido nítrico (NO2), são subprodutos da
detonação. São facilmente reconhecidos pela sua cor e pelo efeito irritante nos olhos,
nariz e garganta. Podem ocorrer lacrimejamento, tosse e, em muitos casos, perda da voz.
Os sintomas não aparecem imediatamente. Uma pessoa pode inalar uma dose maciça e
mortal sem nenhuma indicação imediata de envenenamento. Porém, dificuldades
pulmonares (normalmente, o primeiro sinal) podem ocorrer no dia seguinte e,
geralmente, são diagnosticadas como pneumonia. Assim como pela pneumonia, a morte
pode ocorrer por edema ou embolia.
Os primeiros socorros incluem repouso absoluto, aquecimento e administração
de oxigênio.
O gás sulfídrico é mais tóxico que os óxidos de nitrogênio e é facilmente
detectado por seu odor peculiar, semelhante ao de um ovo podre.
ACESSÓRIOS DE DETONAÇÃO
ESTOPIM
É um condutor de energia constituído de um núcleo de pólvora protegido por fio
ou fita que pode ser ou não alcatroado (com algodão), encerado
ou revestido por plástico. Apresenta-se em duas espécies:
Hidráulico e Comum. O hidráulico possui um revestimento
externo de plástico que proporciona maior resistência à umidade,
devendo resistir a pelo menos 1 hora de imersão em água. Ambos
queimam a razão de 100 s/m a 140 s/m.
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Precauções especiais devem ser tomadas na hora da detonação, ao se acender os
estopins. Se eles não forem todos acendidos a tempo, pode ficar alguma espoleta por
acender, ou até mesmo detonar uma espoleta antes que todo o pessoal possa estar bem
abrigado. A primeira providência para facilitar o acendimento é cortar o estopim
longitudinalmente em um comprimento de 1 cm aproximadamente. Quando as espoletas
são usadas em grande quantidade, nos fogos secundários principalmente, é conveniente
juntar 3 ou 4 estopins próximos em um único feixe para ajudar as pessoas encarregadas
de acendê-los.
Uma prática segura para o acendimento dos estopins consiste em se usar uma
espoleta de aviso. Esta possui um estopim menor que os das demais e é deixada, sem
explosivo, em um canto onde a sua detonação não possa causar danos. Esta espoleta é a
primeira a ser acesa e o tempo de queima do seu estopim indica o tempo máximo de
acendimento das espoletas. Logo que seja ouvida a sua detonação, as pessoas devem
abandonar o acendimento, mesmo que alguns estopins não tenham sido acesos ainda,
para procurar abrigo rapidamente.
Quando se usa espoleta simples, o ideal é que todos os estopins já estejam
queimando dentro dos furos no momento em que o primeiro furo detonar. Do contrário,
a detonação de algum furo poderia lançar algumas pedras que provocassem o corte de
outros estopins ainda não queimados, causando falhas na detonação. Portanto, o tempo
de queima dos estopins dentro dos furos deve ser maior do que o tempo de seu
acendimento pelos homens.
CORDÃO IGNITOR
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ESPOLETA SIMPLES
Acionadas pelos estopins, elas iniciam as cargas explosivas isoladamente por
meio de explosivos primários. São detonadores
constituídos de uma cápsula de alumínio contendo
uma carga primária, sensível à chama, e uma carga
secundária cuja explosão inicia a detonação da
“massa” explosiva.
O bom funcionamento da espoleta simples
depende da perfeição com que se acopla o
estopim. Enfia-se o estopim até encontrar o
explosivo da espoleta. Depois, faz-se um amolgamento na sua “boca”, nem tão apertado
que possa estrangular a “alma” do estopim, nem tão largo que deixe-o frouxo dentro da
espoleta. Nunca se deve amolgar a espoleta com os dentes, pois essa prática, além de
perigosa, não garante um amolgamento perfeito, que pode ser conseguido com um
alicate amolgador apropriado. Antes de colocar o estopim, devemos cortá-lo no
comprimento suficiente para que as pessoas tenham tempo de sobra para acender todos
os estopins e abrigarem-se de forma segura. Esse comprimento varia conforme o
sistema de acendimento utilizado, mas, geralmente, usa-se 1 metro ou mais. Quando se
vai usar um novo rolo de estopim, deve-se desperdiçar os primeiros 10 cm para prevenir
eventuais falhas de queima por possível penetração de umidade. Não dobre o estopim
desnecessariamente. Não deixe suas pontas dentro d’água.
As espoletas simples devem, de preferência, ser usadas em local seco. Mas
quando isso não for possível, elas devem receber proteção especial contra a entrada de
água, pois o simples amolgamento, normalmente, é insuficiente. O estopim também
deve ser protegido contra a entrada d’água, pois se esta atinge sua alma, mesmo que não
prejudique a sua queima, pode atingir a carga explosiva da espoleta e provocar a sua
falha. Uma maneira de impedir a entrada de umidade pela boca da espoleta é untar o
espaço entre ela e o estopim com uma graxa resistente à água. Também o estopim
precisa ser revestido com graxa, se não dispuser de uma proteção especial contra à água.
ATENÇÃO – PERIGO DE DETONAÇÃO – Nunca bata com a espoleta em lugar
algum, nem bata nela com ferramenta ou algum objeto.
ATENÇÃO – PERIGO DE DETONAÇÃO – Nunca enfie prego, arame ou outro
objeto dentro de uma espoleta simples.
ESCORVA E CARREGAMENTO (INICIADOR PIROPIM)
Escorvar a espoleta é o ato de colocá-la dentro do cartucho de explosivo para
que este possa ser detonado por ela. Uma boa escorva exige que a cápsula seja
introduzida no cartucho de maneira que não possa sair.
O processo de escorvamento mais fácil de uma espoleta simples não é o mais
seguro. Consiste em fazer-se um furo numa das extremidades do cartucho do explosivo
e enfiar a espoleta pelo mesmo. Não é seguro o bastante porque a espoleta fica solta
dento do cartucho. A forma ideal é a de se fazer um furo inclinado perto de uma das
extremidades, enfiar a espoleta e prender o estopim no cartucho por meio de uma fita
adesiva.
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CORDEL DETONANTE
O cordel deve ser preso ao primeiro cartucho a descer no furo. Isso, não é
necessário para assegurar a detonação, mas sim para garantir que o cordel será
empurrado até o fundo do furo, ficando, assim, em contato com toda a extensão da
coluna.
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A conexão entre
a linha-tronco e a
ramificação deve ficar
bem firme e manter a
segunda em posição
perpendicular à
primeira. Se a
ramificação ou
derivação formar um
ângulo com a linha-
tronco, ou cruzar com a
mesma, pode a
detonação, de acordo
com o sentido em que
se propaga, danificar
esta ramificação antes
de iniciá-la,
provocando a falha do
sistema.
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As conexões podem ser feitas por meio de nós ou conectores especiais
fabricados para este fim. Quando são utilizados nós, há duas maneiras adequadas de
fazê-las.
Se houver possibilidade de penetração de água pelas pontas da ramificação, o
que pode ocorrer por efeito da capilaridade, a conexão deve ser feita com, no mínimo,
30 cm de cordel livres nas extremidades.
Quando o cordel vem com alguma interrupção em sua continuidade, a emenda
deve ser feita por meio de um nó, tendo as pontas fixadas com a fita adesiva.
A espoleta pode ser amarrada ao cordel pelo lado. Coloca-se a espoleta junto ao
cordel e a 30 cm de sua extremidade. Em seguida, passa-se sobre o conjunto uma fita
adesiva, de maneira a prender bem a espoleta junto ao cordel. A espoleta deve ficar
colocada de tal forma que fique apontando para a direção da detonação.
Não é aconselhável, ao prender a espoleta com fita adesiva, deixar algum pedaço
da fita entre a espoleta e o cordel. Isto diminui a sensibilidade do cordel e pode impedir
sua iniciação.
As espoletas devem ser atadas à linha-tronco momentos antes da detonação,
quando as pessoas que não são imprescindíveis à detonação já se retiraram. Muitas
vezes, usa-se prender as espoletas a um pequeno pedaço de cordel, chamado “rabo de
cordel”, o qual só vai ser amarrado à linha-tronco no momento da detonação. Esta praxe
é altamente recomendável, tendo em vista a segurança adicional que propicia.
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para o retardamento na detonação. Quando o elemento de retardo acaba de queimar,
provoca a detonação imediata da carga de seu lado, a qual se transmite ao resto da linha-
tronco.
Podemos citar como vantagens da utilização de retardos:
- Melhor fragmentação
- Redução de lançamento
- Redução das vibrações
- Aumento da produção
O retardo para cordel é fabricado nos tempos de retardo de 5, 10, 20, 30, 50,
100ms e outros. Esses tempos podem ser identificados
pela cor do retardo: 5 = Azul; 10 = Verde; 20 =
Amarelo; 30 = Laranja; 50 = Vermelho.
O tipo de retardo escolhido dependerá das
condições de detonação e do tipo de efeito que se
deseja como resultado. No caso de se desejar melhoria
na fragmentação, quanto mais dura for a rocha, menor
será o tempo de retardo adequado. Quanto menor o
tempo de retardo, menor também o lançamento. Por
outro lado, quanto maior for o tempo de retardo, menor será a vibração produzida.
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REFORÇADOR OU “BOOSTER”
CARREGAMENTO
CARREGAMENTO MANUAL
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MANUAL DE BLASTER PIROBRÁS
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Ao proceder o carregamento de furos, tanto verticais como horizontais, é
aconselhável colocar mais de dois cartuchos de cada vez socando-se a carga, quando se
desejar a máxima densidade de carregamento. Contudo, essa regra deve ser comprovada
pela experiência e pelos resultados alcançados em cada caso particular. Alguns
explosivos são relativamente pouco sensíveis e toda a carga, incluindo a escorva, deve
ser colocada na abertura do furo e empurrada para o fundo como uma só unidade, o que
proporciona uma coluna contínua, com todos os cartuchos em contato.
Na socagem de uma pequena carga de dinamite, como por exemplo dois
cartuchos, são suficientes duas ou três pancadas leves do socador para se obter uma boa
compactação, sendo que, em alguns casos, uma simples pancada é o bastante; o
encarregado da operação, após certa prática, pode determinar, “sentindo” a ferramenta,
se a carga está suficientemente calcada. Depois que todo o espaço vazio do furo tiver
sido tomado pela carga, qualquer batida adicional do socador não produz beneficio
algum, pelo contrário, pode até ser perigoso, principalmente se a ferramenta for
acionada com muita força.
A escorva nunca deve ser forçada ou socada, mas simplesmente arriada ou
empurrada naturalmente até sua posição, preferencialmente com um cartucho de
explosivo entre a escorva e o soquete, o qual funciona como um amortecedor. Via de
regra, esse cartucho amortecedor pode ser dispensado quando se utiliza um cartucho de
24” de comprimento como escorva.
Quando se faz o carregamento da escorva, é preciso tomar cuidado para que o
estopim ou os fios da espoleta não sejam danificados pela socagem ou por ficarem
espremidos entre o socador e as paredes do furo. No carregamento de furos horizontais,
é preciso manter o estopim ou os fios da espoleta sempre esticados, sendo ainda
conveniente fixá-los ou amarrá-los de modo que fiquem presos à parte superior do furo,
onde há menores possibilidades de serem avariados pela inserção do resto da carga. Os
explosivos soltos granulares podem ser colocados em furos verticais simplesmente
despejando-os de sua embalagem. A escorva deve consistir de um cartucho de dinamite
de, no mínimo, 40% de força, bem acomodado na carga. Geralmente não se faz
necessário a socagem para que seja obtida a máxima densidade de carregamento.
Quando se considera conveniente, os tipos derramáveis podem ser fornecidos em
cartuchos para facilitar o carregamento por exemplo de furos horizontais.
É conveniente considerar também que as dinamites a granel não tem resistência
à água e, portanto, não devem ser empregadas no carregamento de furos úmidos ou com
água, mesmo encartuchados. Tais explosivos podem levar-nos a lançar mão de escorvas
individuais, que podem ser iniciadas com espoletas elétricas ou com cordel detonante,
havendo, neste último caso, necessidade de certificar-se de que todos os cartuchos
estejam individualmente em contato com o mesmo. Uma boa maneira de assegurar tal
contato consiste em abrir furos axiais ou inclinados nos cartuchos, passando o cordel
detonante através dos mesmos antes de colocá-los no furo.
Quando for impossível empurrar o explosivo encartuchado sozinho até o fundo
do furo em decorrência das irregularidades nas suas paredes, pode-se fazê-lo com o
auxílio de uma vara de bambu, a qual é enfiada no cartucho e retirada quando atinge a
posição desejada.
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Procedimento semelhante alcança bons resultados no carregamento de furos
verticais de pequenos diâmetros e profundidade até 6 a 7,5 metros. Já os furos verticais
irregulares de diâmetros pequenos e de profundidade excessiva para tal vara podem ser
carregados satisfatoriamente com auxílio de um pequeno espeto de madeira, em torno
dos 10 cm de comprimento, amarrado a ponta de uma linha ou um fio de cobre fino. O
espeto referido é enfiado no cartucho, seguindo-se a sua descida verticalmente sem
grande dificuldade. Chegando o cartucho à posição desejada, o espeto é sacado por
meio de um movimento brusco do fio.
Nos furos irregulares de pequeno diâmetro, verticais e horizontais é mais prático
proceder-se o carregamento com cartuchos compridos de 12” ou 24” de comprimento.
CARREGAMENTO MECÂNICO
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TEORIA DA DETONAÇÃO E FRAGMENTAÇÃO
DETONAÇÃO REAL
DETONAÇÃO
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A onda de choque gerada pela detonação da coluna explosiva atua nas paredes
do furo imprimindo a estas um pulso de compressão. Seria interessante definir aqui o
conceito de impedância acústica de um meio:
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Se na hora da reflexão, ou seja, de formação dos esforços de tração, estes forem
superiores à resistência à tração da rocha, logicamente, a mesma romper-se-á criando,
assim, uma nova descontinuidade.
A interação dos esforços de compressão/tração em um meio rochoso é objeto de
intensa pesquisa e considerada de grande importância no processo de cominuição da
rocha.
Para que se utilize devidamente as novas teorias baseadas na interação de
esforços, é fundamental a criação de uma nova geração de retardos ultra precisos na
ordem de décimo de milissegundos.
PRESSÃO DO GÁS
Durante e/ou depois da propagação da onda, os gases com grande pressão e alta
temperatura impõe um campo de tensão que, expandindo-se, aumenta as fendas radiais
penetrando pelas descontinuidades.
Existe alguma controvérsia, nesta fase, com relação ao mecanismo principal de
fragmentação. Alguns acreditam que o trabalho de fratura no meio rochoso está
completo, enquanto outros acreditam estar apenas começando.
De qualquer modo, os gases que penetram pelas descontinuidades são os
responsáveis pelo deslocamento do material fragmentado. Não estão claros os caminhos
exatos que os gases tomam dentro de uma massa rochosa, embora concorde-se que eles
sempre tomarão o caminho da menor resistência. Isto significa que os gases migrarão
primeiro para onde haja fendas, falhas e descontinuidades, bem como para
preenchimentos de materiais com baixa coesão nas suas interfaces.
Se uma descontinuidade ou preenchimento entre o furo e a face livre é
suficientemente grande, os gases de alta pressão, imediatamente, sairão para a
atmosfera, reduzindo rapidamente as pressões totais de confinamento e resultando em
deslocamento reduzido de material fragmentado.
O tempo de confinamento do gás sob pressão dentro da massa rochosa varia
significativamente com:
1 – a quantidade e o tipo de explosivo;
2 – o tipo e a estrutura do material rochoso;
3 – a quantidade e o tipo de tampão;
4 – o afastamento.
Estudos feitos por Chiapetta com o uso de fotografia de alta velocidade
mostraram que o tempo de confinamento do gás antes do princípio do movimento da
massa rochosa varia de 5 a 100 milissegundos.
Em suas análises, ficou evidente que somente afastamentos bem dimensionados
e cargas bem tamponadas podem desenvolver pleno potencial no que se refere à
extensão adicional das fraturas e aos movimentos das massas.
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MOVIMENTO DE MASSA
Até aqui, a propagação das ondas de choque, a pressão dos gases e o movimento
das massas foram discutidos, de certa forma, como eventos isolados e separados.
Porém, em um ambiente de detonação real, mais de um evento pode ocorrer ao mesmo
tempo.
Considere um único furo vertical em uma bancada em calcário com um iniciador
localizado próximo ao fundo do furo. Assuma-se que o explosivo usado seja o ANFO
com uma carga de coluna de 12 m, com uma velocidade de detonação igual a 4.200 m/s;
e que o material detonado seja calcário, com velocidade de onda sônica de 5.000 m/s e
uma densidade de 2,5 g/cc. Após a iniciação do booster, decorre uma distancia de 2 a 6
diâmetros do furo ao longo da coluna para que se forme uma cabeça de detonação
completa. Quando esta cabeça de detonação completa é formada, ela caminha pela
coluna de explosivo com uma velocidade mais ou menos constante, ou seja, a
velocidade nominal (neste caso, 4.200 m/s).
Em aproximadamente 3 milissegundos, a coluna de 12 m de ANFO estará
completamente detonada.
Dentro destes 3 milissegundos, muitas outras coisas acontecem. Começando no
fundo e progredindo pela coluna, ocorre a expansão do mesmo devido à alta pressão
contra sua parede. Isto produz ondas de pressão compressivas com componentes
tangenciais emanando das paredes do furo e progredindo para fora em todas as direções
com uma velocidade característica da velocidade da onda sônica no calcário.
No exemplo proposto, leva aproximadamente 1 milissegundo para que a onda
de tensão compressiva atravesse os 5 m de afastamento em direção à face livre. Atrás da
propagação da onda de tensão, algumas rupturas radiais começam a se desenvolver na
região da zona pulverizada do furo. Estima-se que a velocidade do desenvolvimento
dessas fraturas seja de 25 a 50% da velocidade sônica do meio.
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Se a intensidade do pulso de tensão compressiva é alta o suficiente, novas
fraturas e/ou extensões de fratura pré-existentes e fendas podem ser iniciadas em
qualquer lugar ao redor da zona pulverizada próxima do furo.
Quando uma onda compressiva atinge a face livre, é imediatamente convertida
em uma onda de tração que inicia na face livre e retorna à origem. Devido às novas
fraturas criadas pela onda de tensão compressiva, a onda de tração demorará um pouco
mais para percorrer a mesma distância de afastamento (5 m). Se o afastamento for
pequeno e a intensidade da onda de tensão refletida for grande, então poderemos ter
alguns lascamentos na face livre ou no topo da bancada, embora nenhum movimento
significativo de massa tenha ocorrido até o momento.
Aos 3 milissegundos após a detonação e a completa reação do explosivo
granulado, a temperatura alta inicial e os gases de alta pressão alcançam um novo
equilíbrio devido à expansão do furo. Ambas, temperatura e pressão, cairão
significativamente resultando em uma redução de 25 a 60% da energia teórica
originalmente disponível. Esta energia restante age na massa rochosa “pré-
condicionada” para movimentá-la na direção da menor resistência.
Fragmentação adicional ocorre neste estágio proveniente da penetração dos
gases nas fendas ou descontinuidades pré-existentes. É neste estágio que algumas
teorias de detonação são contraditórias. Algumas estipulam que o trabalho de fratura
mais significativo é mais completo em cerca de 3 milissegundos devido à interação das
ondas de tensão no material ao redor, enquanto outras defendem que o maior processo
de fraturamento está apenas começando.
Sem levar em conta qual estágio é o real responsável pelo desenvolvimento do
processo de fratura, o movimento da massa ou deslocamento do material ocorre muito
mais tarde devido ao confinamento da pressão do gás dentro da massa rochosa. O
comportamento do movimento de massa depende da resposta do material em conjunção
com o estímulo da pressão dos gases e tensão gerada pelo explosivo. Para cargas e
tampões típicos encontrados no campo, a elevação do topo da bancada ocorre entre 1 e
60 milissegundos, a ejeção do tampão entre 2 a 80 milissegundos e os movimentos da
bancada entre 5 a 100 milissegundos.
As velocidades do empolamento da superfície em volta da região do furo
ocorrem entre 2 a 40 m/s, a ejeção do tampão entre 3 a 400 m/s, e a velocidade das
massas da bancada, entre 2 a 65 m/s.
PLANO DE FOGO
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Embora exista uma grande diferença entre os diferentes tipos de rocha
desmontadas nas pedreiras, minas e outras escavações, os princípios aplicados ao plano
de fogo são, na essência, os mesmos. O grau de fragmentação dependerá de:
(a) características da rocha,
(b) propriedades e quantidades de explosivos utilizados,
(c) geometria do desmonte,
(d) tamanho do desmonte,
(e) método e seqüência da iniciação.
1- Face livre – superfície da rocha exposta. Pode ser uma descontinuidade da rocha.
10- Tampão (T) – material inerte colocado entre o explosivo e a boca do furo de
detonação para confinar os gases da explosão. Pode ser água, pó de pedra, areia,
lama ou rocha britada. O tamanho das partículas que compõe o tampão não deve ser
maior que 30 mm. O tampão ótimo pode ser calculado pela seguinte fórmula:
T = (12Z/A) (QS/100)1/3
Aonde,
Z: fator de ultralançamento (1 para desmonte normal e 1,5 para desmonte
controlado);
A: fator da rocha (6 para rocha muito mole e 14 para rocha dura)
Q: massa de explosivos (kg) em 8 diâmetros de furo ou se a carga de coluna é menor
do que 8 D, a massa total de explosivos;
S: resistência ao peso relativa do explosivo (ANFO = 100).
11- Separadores de carga – são utilizados para separar cargas explosivas em um furo.
Procura-se, com essa técnica, assegurar uma melhor distribuição de energia. As
cargas podem ser separadas com rocha britada, areia, cápsulas de água e outros
materiais.
15- Razão de acoplamento (Rd) – pode ser definida como a razão dos diâmetros da
coluna de explosivos e do furo e, usualmente, é expressa em percentagem. Por
exemplo, se um furo com diâmetro de 88 mm é carregado com cartuchos de 64 mm
de diâmetro, a razão de acoplamento será Rd = (64/88) x 100 = 73%
Legenda/Tradução:
Hole Angle = Anglo do Furo Surface Blasting Terminology = Terminologia da área
de detonação
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O arranjo das linhas de furo pode ser feito observando-se malhas quadradas ou
no formato de furos alternados ou pé-de-galinha. Caso haja a necessidade de executar-se
o desmonte num corte do tipo V ou com duas faces livres, pode ser adotado o padrão
em chevron. Em geral, recomenda-se a utilização de, no máximo, 5 linhas de furação,
embora também se possa executar desmontes de êxito com um número maior de linhas
de furos.
REGRAS EMPÍRICAS
Hf = H + 0,3 B (afastamento)
No caso de bancadas inclinadas, Hf será:
Hf = (H/cos ) + 0,3 B
Afastamento (B) – O afastamento pode ser calculado com base no diâmetro da furação.
Algumas relações usadas para o cálculo do afastamento:
B = 45 D, D em milímetros;
B = 20 a 40 D, D em milímetros;
B (em mm) = D (em polegadas);
B (polegadas) = (0,25 a 0,5) H (metros).
Espaçamento (S) – O espaçamento, geralmente, é definido como uma função do
afastamento. Diversas sugestões são conhecidas:
S = B;
S = 1,15 B;
S=1a2B
Em geral, aumentando-se S e diminuindo-se B, a rocha tenderá a sofrer maior
fragmentação; ao contrário, diminuindo-se S e aumentando-se B, a fragmentação será
menor.
Subfuração (U) – A subfuração pode ser definida com base no valor de afastamento
adotado para a malha de perfuração ou em relação ao D:
U = 0,2 a 0,5 B;
U = 0,3 B;
U = 0,2 a 0,3 B
U = 8 a 12 D
INICIAÇÃO DO DESMONTE
Diversos padrões de iniciação, num desmonte de rocha com utilização de
explosivos constituídos por várias linhas de furos, podem ser definidos dependendo dos
objetivos que se quer alcançar. A figura nos indica um dos modelos utilizados. Uma
iniciação do tipo linha por linha só é efetiva para certas aplicações especializadas, como
por exemplo um desmonte no qual se queira lançamento do material fragmentado.
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INTERVALOS DE RETARDOS
A utilização de retardos é importante sob vários aspectos. O grau de
fragmentação e lançamento são influenciados significativamente pela posição das faces
livres criadas na detonação. Retardos muito curtos fazem com que as linhas de trás
iniciem antes que o material rochoso dos furos frontais tenha tempo de fragmentar e se
mover. Isso pode provocar sobrequebra da parede traseira ou problemas no pé. Por
outro lado, se o intervalo de tempo entre dois conjuntos de furos é muito longo, há
perigo de corte do fogo. O intervalo ótimo depende do afastamento efetivo e usualmente
varia entre 4 ms/m e 8 ms/m.
Exemplo simplificado de cálculo de plano de fogo para uma bancada a céu aberto
Projetar uma bancada a céu aberto em pedreira de basalto com necessidade de
produção diária de 2.000 m3 de rocha. A perfuratriz disponível é do tipo martelete
montado em carreta de esteiras (DHD).
Com base nesses dados, podemos seguir a seguinte solução para o caso:
1- O primeiro passo é definir a altura da bancada. Dependendo da topografia do terreno
e considerando o tipo de perfuratriz disponível, estabeleceremos a altura da bancada:
para o caso em questão é possível trabalhar-se com furos entre 10 a 30 metros.
Supondo que a topografia permita, adotaremos uma altua de 12 m.
2- O segundo passo é definir-se a inclinação dos furos. Optaremos por trabalhar com
uma inclinação de 15 graus. Além disso, a furação será executada formando um
padrão intercalado com triângulos equilaterais (pé-de-galinha).
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7- O tampão pode ser definido pela expressão T = (12Z/A) (QS/100)1/3 . Como o
basalto é uma rocha dura, adotamos para A o valor de 11. Como precisamos
controlar o ultralançamento de fragmentos de rocha, usamos Z = 1,25 e, para o
ANFO, o S = 100, Q = 8 x 1,0 x 2,65 = 21,2 kg. Dessa forma, T = (12 x 1,25/ 11) x
(21,2 x 100/100)1/3 = 3,8 metros.
9- Para definição do afastamento e do espaçamento, sabemos que cada furo terá 64 kg,
e que S x B = 64 kg / (6,67 kg/m x 0,5 kg/m3) = 19,2 m2; Sabemos, também, que,
para o padrão de furação adotado, a melhor relação entre S e B é 1,15 B = S.
Portanto, 1,15 B2 = 19,2; então B = 4,38 m ou 4,4 metros e, por decorrência, S =
1,15 x B = 5,06 m ou 5m.
10- O volume de rocha desmontado por furo será: Vf = (5 x 4,4 x 12) = 264 metros
cúbicos. Ou seja, para produzirmos 2000 m3 por dia, necessitaremos
aproximadamente 8 furos.
Trincheiras são escavadas para atender diversas finalidades, como por exemplo,
passagem de canalizações de água, telefone e cabos, ocorrendo muito freqüentemente
em meio urbano. Dessa forma, cuidados especiais devem ser tomados durante o
desmonte, além dos aspectos inerentes ao próprio projeto serem diferenciados em
relação ao desmonte por bancadas.
Na abertura de trincheiras, a sua largura, em geral, é pequena quando comparada
com sua profundidade. Além disso, a rocha está mais confinada do que nas bancadas,
necessitando uma maior razão de carregamento, alcançando valores tais como 1 a 3
kg/m3. O diâmetro da furação varia entre 38 mm e 88 mm e, geralmente, pode seguir a
seguinte expressão:
D = W/60;
Onde D = diâmetro do furo em mm e W é a largura do corte em mm.
DESMONTE SECUNDÁRIO
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CONTROLE AMBIENTAL
RUÍDO OU SOBREPRESSÃO DE AR
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VIBRAÇÕES NO TERRENO
Quando uma carga explosiva é detonada em um furo na rocha, uma onda de
pressão é gerada no terreno ao redor desse furo. A medida que essa onda de pressão
afasta-se do furo, forma-se uma onda sísmica ou uma onda de vibração, causando
deslocamento de partículas ao seu redor. Essa oscilação de partículas individuais é
medida para determinar a magnitude da vibração produzida pelo desmonte de rocha
com utilização de explosivos.
Para transmissão de ondas elásticas, a deformação é diretamente proporcional a
velocidade de partícula. Como um dano estrutural, em geral, é relacionado com a
deformação, o uso da velocidade de pico de partícula é aceito como o principal
parâmetro para medidas de vibrações. As três componentes (longitudinal, transversal e
vertical) das ondas sísmicas provocadas pela detonação são medidas com auxílio de
instrumentos chamados sismógrafos. Em alguns países, como o Brasil, prefere-se
utilizar a resultante dessas componentes para avaliar danos causados pelas vibrações. Os
padrões utilizados diferem de país para país.
A velocidade de partícula (PPV) pode ser estimada pela fórmula:
PPV = k / (R/m ¹/²)c
Aonde,
R: distância em metros;
m: carga explosiva em kg;
k: fator de local;
c: constante.
A razão (R/m¹/²) é conhecida como distância escalonada (DE). A distância
escalonada é um parâmetro útil para comparação de resultados de medidas de vibrações.
A medida que os valores de DE aumentam, a magnitude da PPV decresce.
Recomenda-se que, para cada situação, seja construído um gráfico usando papel
log-log onde são colocados os valores medidos em campo de PPV. Nesse gráfico,
coloca-se na abscissa os valores de DE e na ordenada os valores de PPV. Em geral,
desconsiderando-se pequenas variações, o gráfico corresponde a uma linha reta. As
constantes k e c são obtidas, respectivamente, na intersecção da linha de regressão no
eixo da PPV e pelo cálculo da inclinação da linha de regressão. A figura 2 é um
exemplo de um desses gráficos elaborado para 10 medidas. Após ser ajustada a reta para
esses resultados, traça-se outras duas linhas paralelas; a primeira para englobar todos os
pontos no gráfico.
Exemplo: uma estrutura civil muito sensível a vibrações está situada a 300 m de
uma área de detonação. A máxima velocidade de partícula admitida para esse caso é de
5 mm/s. Qual será a carga máxima a ser detonada instantaneamente?
Solução: a partir de um gráfico de DE, traça-se uma linha horizontal
correspondente a PPV de 5 mm/s até atingir-se as linhas de regressão. Com isso obtém-
se 3 valores para a DE: 30, 40 e 50. Como o valor mais seguro corresponde a 50,
observa-se que (R/m¹/²) = 50. Dessa forma, pode-se calcular m, que é a carga máxima
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para gerar aquele valor de PPV, ou seja, a carga máxima de explosivo a ser detonada
por espera. No caso, m = 36 kg.
Segundo a NBR 9653 da ABNT, a velocidade de vibração de partícula resultante
é calculada pela fórmula:
VR = ( (VL)² + (VT)² + (VV)² )0,5
Onde: VL, VT e VV = são, respectivamente, os módulos das velocidades de
vibração medidas de zero a pico, segundo as direções L – longitudinal, T – transversal e
V – vertical, definidas com relação a reta que passa pelo ponto central da detonação e
pelo ponto de medição. Segundo essa mesma norma, a velocidade de partícula
resultante – VR – não deve ultrapassar 15 mm/s. A intensidade das vibrações no terreno
é influenciada pelas propriedades da rocha afetada, destacando-se:
(a) propriedades elásticas do meio, as quais determinam a velocidade de propagação das
ondas sísmicas;
(b) a presença de água;
(c) a topografia;
(d) estruturas geológicas;
(e) características de absorção do meio.
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DESMONTE EM SUBSOLO
UTILIZAÇÃO
* Minerações subterrâneas de carvão, calcário, metálicos (ouro, cobre, etc), entre outras;
* Túneis rodoviários;
* Túneis ferroviários;
* Aquadutos;
* Metrôs, etc.
CONCEITOS BÁSICOS
A perfuração em subsolo, a exemplo da feita ao ar livre, também deve sempre
formar faces livres de modo a melhor utilizar a energia gerada com a expansão dos
gases da detonação. Isso porque os fundamentos do desmonte de rocha na detonação
subterrânea são os mesmos do executado a céu aberto: reflexão das ondas de choque na
face livre seguida de expansão dos gases da detonação.
Como no trabalho subterrâneo o engastamento da rocha a ser desmontada é
maior, há necessidade do emprego de maiores cargas específicas (kg de explosivos / m³
de rocha) para arranque satisfatório.
TÚNEIS
Quando a detonação tem a finalidade de abrir um túnel, é preciso,
gradativamente, gerar o aparecimento de uma cavidade, geralmente na parte central da
seção transversal (face do trabalho). É por essa cavidade, denominada de pilão, que
começa a ocorrer o desprendimento do material. Assim, o pilão corresponderia à face
livre da detonação da bancada.
Tipos de pilão:
a) furos paralelos – pilão em V
b) furos não paralelos – pilão em leque
Imediatamente após a detonação do pilão, detonam-se os furos auxiliares em
uma seqüência tal que ocorra o gradativo alargamento da cavidade aberta inicialmente.
Os furos auxiliares, normalmente, geram resultados bem mais eficientes do que os
pilões devido ao menor engastamento da rocha. Por isso, as concentrações de cargas
explosivas devem ser menores.
Por último, detonam-se os furos de contorno, que como o próprio nome já diz,
define e proporciona o acabamento da seção transversal do túnel. Retira-se a camada
final da rocha procurando causar o mínimo de abalos e/ou trincamentos na rocha
remanescente para não afetar sua estabilidade. Consequentemente, a concentração das
cargas explosivas nos furos de contorno é mais baixa ainda.
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SISTEMAS DE ATAQUE
O sistema de ataque escolhido dependerá dos seguintes fatores:
a) dimensões da seção transversal;
b) tipo de rocha;
c) cronograma a ser obedecido;
d) comprimento do túnel;
e) equipamentos disponíveis;
f) finalidade do túnel.
SEGURANÇA
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durante e após as detonações. Muitos acidentes tem ocorrido devido à falta de um
planejamento adequado nos trabalhos com explosivos.
Fogo ou calor, choque ou atrito e excitação por influência são os principais
riscos no manuseio com explosivos. Todas as regras de segurança visam,
fundamentalmente, evitar a presença de quaisquer destes riscos junto aos explosivos.
3) seleção de pessoal
Deve-se utilizar apenas pessoas com condições de entender perfeitamente todas
as regras pertinentes ao trabalho com explosivos e que tenham bom senso para nunca
desrespeitá-las. Para justificar isso, basta mencionar que 90% dos acidentes ocorre por
falha humana, fruto de mau treinamento ou de falta de conscientização das normas de
segurança.
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II – MEDIDAS DE SEGURANÇA DURANTE A PREPARAÇÃO DO FOGO
1 – Horário
a) realizar detonações sempre no mesmo horário;
b) divulgar esse horário;
c) somente uma pessoa deverá ficar responsável pelo sinal do fogo.
2 – Sinalização
a) sirenes, buzinas e apitos;
b) placas de advertência;
c) luz piscante (cor vermelha ou amarela);
d) vigias portando bandeiras vermelhas;
e) cancelas;
f) barricadas;
g) rádio.
3 – Abrigo/Proteção
a) proteção para as pessoas responsáveis pelo fogo;
b) proteção para os equipamentos;
c) proteção para as estruturas;
d) saída do local de risco deve ser planejada. Certificar-se de que o veículo disponível
encontra-se em boas condições.
4 – Acendimento de Estopins
a) não tente acender um número excessivo de estopins;
b) lembre-se de que os estopins deflagram a uma velocidade média 140 s/m;
c) divida o trabalho;
d) não use instrumentos que podem ter sua chama apagada facilmente para acender
estopins;
e) acender estopins com menos de 0,50 m pode ser uma operação suicida;
f) no caso de ter que acender 2 ou mais estopins, use um sistema de alarme que indique
quando você deverá abandonar a área.
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I – TRANSPORTE
A legislação básica de transporte de explosivos no Brasil está contida no R-105.
Neste regulamento, os artigos 206 a 211 abrangem a matéria, de uma maneira global,
tratando do transporte de explosivos por vias terrestres, marítimas e aéreas.
As regras de segurança estabelecidas visam, obviamente, limitar, tanto quanto
possível, os riscos de acidentes, que ocorrem em função principalmente:
- da qualidade do material transportado;
- da quantidade do material transportado;
- da modalidade de embalagem;
- da disposição física da carga;
- das condições de marcha.
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Principais normas a serem observadas:
1 – Ao transportar explosivos ou acessórios, observe cuidadosamente o Regulamento do
Exército R-105;
2 – Ao transportar explosivos ou acessórios, verifique se o veículo que vai transportar a
carga está em boas condições de funcionamento, com bons freios e com os circuitos
elétricos bem isolados para evitar curtos-circuitos;
3 – Coloque sempre dois extintores de incêndio em todo e qualquer veículo que se
destinar ao transporte de explosivos e acessórios;
4 – Se o veículo for do tipo aberto, é recomendável cobrir a carga com uma lona
impermeável;
5 – Ao transportar explosivos ou acessórios, coloque a carga bem arrumada e amarrada,
de preferência, sobre um estrado de madeira;
6 – Ao iniciar a carga ou descarga do veículo, mantenha este sempre freado e bem
calçado;
7 – Faça estas operações de carga e descarga de explosivos ou acessórios com o
máximo cuidado;
8 – Nunca transporte, juntamente com explosivos ou acessórios, cargas tais como: peças
ou ferramentas de metal, óleos, carbureto, gasolina, munições, armas de fogo, ácidos,
produtos corrosivos ou oxidantes, materiais inflamáveis, tambores de ferro cheios ou
vazios;
9 – Nunca dê carona a amigos ou estranhos quando transportando explosivos ou
acessórios;
10 – Nunca carregue, trafegue ou descarregue quando em situações desfavoráveis de
tempo (tempestades, relâmpagos, etc);
11 – Quando transportar explosivos ou acessórios, mais do que nunca, respeite todos os
regulamentos do trânsito;
12 – Quando transportar explosivos ou acessórios, tenha o cuidado de fixar em cada
lado do veículo um aviso com a palavra de advertência “EXPLOSIVO”;
13 – Verifique se o veículo está com o chassi aterrado;
14 – Nunca transporte explosivos e acessórios simultaneamente. Somente o cordel
detonante pode viajar juntamente com os explosivos, separados dos acessórios.
15 – Nunca estacione um veículo carregado com explosivos ou acessórios em locais
habitados, principalmente próximo a escolas, hospitais, igrejas ou postos de
abastecimento;
16 – Respeite sempre todas as normas acima, mesmo quando transportando explosivos
ou acessórios dentro de seu canteiro de obras.
O transporte de explosivos ou acessórios no Brasil, frequentemente, é feito por
vias rodoviárias. Contudo, não existem firmas especializadas para transportar este tipo
de material, de forma que as condições em que este transporte é realizado não são das
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mais satisfatórias. Recomendamos a todos a observância das normas acima e sua
divulgação a todos aqueles envolvidos nesta atividade.
II – ARMAZENAMENTO
O armazenamento de explosivos e acessórios é regulado pelo R-105 de forma
muito rigorosa, abrangente e rica em detalhes.
III – MANUSEIO
Os materiais explosivos só devem ser manuseados por pessoal especializado. A
observância destas normas contribuem muito para um desempenho eficiente e seguro
quando do emprego de explosivos.
1 – Não use ferramentas de ferro ou aço para abrir caixas contendo explosivos ou
acessórios;
2 – Não risque fósforos, fume ou acenda fogueira junto a explosivos;
3 – Não coloque explosivos ou acessórios em lugares onde fiquem expostos a fogo,
calor excessivo, fagulhas ou impacto;
4 – Não coloque várias caixas de explosivos ou acessórios juntas ou muito próximas.
Deve haver sempre distância entre elas, a fim de dificultar a detonação por propagação
na eventualidade de uma explosão acidental;
5 – Não deixe as sobras de explosivos ou acessórios jogadas de qualquer jeito. Guarde-
as sempre no paiol após o uso;
6 – Não carregue explosivos ou acessórios dentro da camisa ou nos bolsos;
7 – Ao iniciar uma furação, certifique-se de que não existem minas falhadas nas
proximidades. Havendo-as, retire o explosivo das mesmas; sendo isso impossível,
detone-as antes de prosseguir;
8 – Nunca coloque uma broca num furo sem ter absoluta certeza de que não existe
explosivo no seu interior;
9 – Sempre que estiver carregando, coloque os explosivos e os acessórios bem distantes
um do outro;
10 – Não faça carregamento enquanto estiver furando;
11 – Fure os explosivos com furadores de madeira e nunca force uma espoleta a entrar
numa banana de explosivos;
12 – Não inicie um carregamento antes de ter a certeza de que o furo está frio;
13 – Quando for carregar, verifique se o furo está desimpedido até o fundo;
14 – Não force o explosivo, principalmente o cartucho-escorva através de obstruções;
15 – Quando for carregar uma mina, verifique se não está cheia de água;
16 – Nunca prepare as escorvas no dia anterior ao da detonação. As escorvas devem
sempre ser preparadas na hora do uso. Quando uma escorva não for utilizada, desfaça-a
separando o acessório do explosivo. Tome sempre muito cuidado com a escorva;
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17 – Não tente retirar a carga de uma espoleta simples, nem abrir ou arrancar os fios de
uma espoleta elétrica;
18 – Nunca bata com uma espoleta em lugar algum, nem bata com ferramenta ou
qualquer objeto numa espoleta;
19 – Não deixe que pessoas estranhas ao carregamento do fogo se aproximem da área
de trabalho;
20 – Não carregue um fogo (principalmente com espoletas elétricas) quando estiver
trovejando ou relampejando. Todas as pessoas devem afastar-se para lugar seguro;
21 – Não utilizem explosivos ou acessórios molhados ou encharcados, ou que tenham
secado após terem sido molhados;
22 – Faça o serviço de escorva ou de colocação do estopim na espoleta em local isolado;
nunca dentro do paiol de explosivos. Conserve a escorva sempre longe dos demais
explosivos;
23 – Não soque explosivos que não estejam em seu cartucho original, salvo se forem de
tipo fornecido a granel;
24 – Não soque diretamente o cartucho da escorva. Coloque sempre dois cartuchos entre
a escorva e o atacador;
25 – Não puxe os fios da espoleta elétrica;
26 – Use sempre material inerte para o tampão;
27 – Soque bem o tampão;
28 – Use atacadores ou soquetes de madeira para socar explosivo;
29 – Conserve os dois fios da espoleta ligados em curto-circuito antes de ligá-la;
30 – Não utilize espoletas elétricas durante as tempestades (trovões e relâmpagos), nem
perto de linha de transmissão de alta voltagem;
31 – Não deixe as ligações entre espoletas elétricas em contato com o solo;
32 – Não utilize espoletas elétricas muito perto de transmissores de rádio-freqüência;
em caso de dúvida, consulte o fabricante das espoletas;
33 – Nunca deixe os fios de uma espoleta elétrica, ou parte de uma rede elétrica de
detonação, em contato com cabos elétricos, trilhos, torres de transmissão, tubulações ou
qualquer condutor que possa fornecer corrente ou que dê margem a entrada de chamas
correntes extraviadas ou de fuga;
34 – Mantenha fechado o circuito de espoletas depois que este foi completado até a
linha de tiro;
35 – Sempre que ligar o circuito de espoletas à linha de tiro, verifique primeiro se a
linha está desligada e não apresenta voltagem;
36 – Conserve a linha de tiro com fios em curto-circuito;
37 – Use corrente suficiente para detonação;
38 – Não misture em um mesmo circuito, espoletas elétricas de fabricantes diferentes;
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39 – Faça as ligações elétricas bem firmes;
40 – Teste o circuito antes da detonação com galvanômetro ou homímetro de pilha de
cloreto de prata;
41 – Sempre que houver dúvidas sobre a utilização correta de espoletas elétricas,
consulte o Departamento de Assistência Técnica da Pirobrás;
42 – Use máquina detonadora do tipo condensador;
43 – Sempre faça as ligações de Cordel Detonante bem firmes e evite os cruzamentos da
linha tronco sobre as derivações;
44 – Não deixe as extremidades das derivações do Cordel dentro d’água;
45 – Faça um circuito fechado com a linha tronco do Cordel de forma que a detonação
possa chegar a um mesmo ponto por dois caminhos diferentes;
46 – Fixe bem a espoleta no Cordel;
47 – Não dobre o estopim desnecessariamente;
48 – Não deixe as pontas do estopim dentro d’água;
49 – Corte o estopim em pedaços suficientemente longos para que, depois do
acendimento, haja tempo suficiente para alcançar lugar seguro antes da explosão;
50 – Amolgue uma espoleta junto à boca de entrada do estopim, nunca junto à carga
explosiva;
51 – Nunca enfie prego, arame ou outro objeto dentro de espoletas simples;
52 – Corte o estopim em seção reta;
53 – Não tente amolgar uma espoleta sobre o estopim com os dentes. Use sempre o
alicate amolgador apropriado, ou o amolgador de bancada;
54 – Nunca leve explosivos ou outros acessórios quando for acender estopim;
55 – Nunca faça uma detonação sem antes ter absoluta certeza de que todas as pessoas
que se acham nas proximidades da área do fogo estejam bem abrigadas;
56 – Sempre que for detonar interrompa o tráfego de veículos nas proximidades da área
de lançamento;
57 – Não retorne a área da detonação antes da completa dissipação da poeira e da
fumaça;
58 – Não procure investigar a causa de uma falha antes de ter passado uma hora da
detonação;
59 – Recolha aos paióis todos os explosivos e acessórios que por ventura tenham
sobrado de uma detonação;
60 – Nunca deixem explosivos ou acessórios em lugares onde estranhos ou crianças
tenham acesso;
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61 – Sempre que precisar desfazer-se de explosivos ou acessórios não o faça de
qualquer maneira. Consulte as normas sobre destruição de explosivos ou acione o
fabricante.
DESTRUIÇÃO DE EXPLOSIVOS
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serragem ou outro material amortecedor de forma a isolá-las do piso do caminhão,
assim como umas das outras.
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QUANTIDADES MÁXIMAS À DESTRUIR
As técnicas de destruição aqui recomendadas foram estipuladas para serem
aplicadas a pequenas quantidades de explosivos, um máximo de 25 kg de explosivos de
ruptura subdividido em parcelas de 5 kg, ou um máximo de 1.000 espoletas, ou ainda
150 metros de cordel detonante. Para quantidades maiores, recomendamos a divisão do
lote em pequenas partes que estejam dentro dos limites acima especificados.
POSICIONAMENTO DA CAMA
O local para elaboração da cama de queima deve ser suficientemente afastado
(mínimo de 700m) de edifícios, estruturas, estradas, logradouros públicos, linhas
elétricas e telefônicas, etc., de forma a garantir a não ocorrência de danos pessoais ou
materiais caso aconteça detonação durante a queima. Outrossim, o local, em um raio de
70 metros, deve estar livre de vegetação para permitir, em caso de detonação acidental,
a busca, pela vizinhança, de material ainda ativo que porventura tenha espalhado-se,
como também evitar a propagação da queima, que poderia causar um incêndio nessas
vizinhanças. O local escolhido deve também ser constituído somente para evitar que, em
caso de detonação acidental, ocorra lançamento de pedras ou estilhaços as áreas
vizinhas.
Quando da queima simultânea de várias camas, estas deverão estar afastadas
entre si pelo menos 10 metros para evitar que alguma detonação acidental propague-se
para a cama vizinha.
PREPARAÇÃO DA CAMA
A cama de queima deve ser feita com cavacos secos ou jornais bem amassados
dispostos em uma camada com 20cm de largura, 3 a 5cm de espessura e comprimento
suficiente para receber 5kg de explosivos de ruptura.
ATENÇÃO: A maior dimensão da cama deve ficar sempre orientada em direção
paralela à direção do vento.
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DISTRIBUIÇÃO DOS EXPLOSIVOS NA CAMA
Cada material explosivo, em função de suas características, deve ser distribuído
de maneira adequada para sua queima. Assim temos:
1 – Explosivos Encartuchados – Colocá-los na cama de forma a ficarem ao longo da
maior dimensão desta com duas linhas de cartuchos em paralelo mas sem se tocarem.
2 – Explosivos a Granel – Espalhá-los sobre a cama em camada fina de cerca de 5 a
6mm.
3 – Cordel Detonante – Distribuir um máximo de 20 pedaços de até 3 metros de
comprimento esticados em uma mesma cama.
4 – Estopim – Proceder da mesma forma indicada para o Cordel Detonante. Em caso de
Estopim Espoletado (Piropim), deve-se primeiro separar as espoletas, que serão
destruídas da maneira indicada adiante.
5 – Mecha de Retardo, Conectores e Acendedores – Espalhá-los em camada única
sobre a cama.
6 – Pólvora Negra – Espalhá-la em faixas de 5cm de largura distantes entre si 3 metros
no mínimo. A queima, neste caso, deverá ser iniciada por rastilho de material
combustível com comprimento mínimo de 10 metros.
IGNIÇÃO DA CAMA
Os materiais explosivos e a cama devem ser bem molhados com querozene (esta
operação pode ser feita com regador) a razão de mais ou menos ¼ de litro por metro de
comprimento de cama, em condições normais. Caso os explosivos estejam muito
úmidos, a distribuição do querozene deverá ser aumentada para até 1 litro por metro de
comprimento da cama.
Prepara-se, em seguida, na face da cama oposta ao vento e no prolongamento do
eixo maior, uma mecha feita com jornal e também regada com querozene. Esta mecha
deve ter comprimento suficiente para permitir que a pessoa que vai acendê-la possa
alcançar um abrigo seguro, andando normalmente, antes que a chama da mecha atinja a
cama. Este comprimento, normalmente, é da ordem de 5m.
Isto feito, isola-se a área e coloca-se vigias em pontos estratégicos para evitar a
aproximação de qualquer pessoa durante o processo de queima. Em seguida, acende-se
o extremo da mecha e retira-se para outro local seguro, conforme as instruções já
citadas. Deixe a cama arder totalmente antes de voltar ao local para fazer as
verificações. Aguarde o arrefecimento das cinzas e do solo para proceder ao exame dos
resíduos da queima. Caso sejam encontrados resíduos ativos, os mesmos deverão ser
recolhidos e distribuídos em uma nova cama onde repetir-se-á toda a operação acima
descrita.
Recomenda-se que o local apresente um solo macio e que seja escavada uma
vala com pelo menos 60cm de profundidade, 80cm de largura e comprimento suficiente
para acomodar os explosivos.
Coloque os explosivos no fundo da vala e espalhe por cima destes uma boa
quantidade de explosivo escorvado, fazendo com que este último fique em perfeito
contato com os primeiros. No caso de espoletas elétricas ou estopins espoletados
(Piropins) devem ser cortados os fios elétricos ou os estopins (estes serão destruídos por
queima) e toda a carga a ser destruída deve ser coberta por cargas escorvadas.
Recomendamos, também, para minimizar o ruído da detonação, cobrir a vala, em toda a
sua extensão, com areia ou terra.
Detonação da carga
A escolha do local é feita dentro dos mesmos critérios já citados. Cave uma vala
pouco profunda (cerca de 20 cm) com largura de mais ou menos 15 cm e comprimento
suficiente para permitir que uma espoleta fique afastada da outra pelo menos 20 cm.
Esta vala deve estar orientada na direção do vento. Encha-a totalmente com cavacos de
madeira ou serragem seca. Espalhe os explosivos mantendo a distância especificada
entre eles. Molhe totalmente a vala com querozene. Faça uma mecha com papel de
jornal, também regada com querozene, coloque-a na extremidade oposta ao vento para
permitir ao Blaster alcançar um abrigo seguro, andando normalmente, antes que a
chama alcance a vala.
Detonação da carga
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alguns cuidados especiais devem ser tomados para diminuir o risco de explosão durante
a queima.
Os materiais como cartuchos e caixas de papelão ou madeira, bem como
estrados ou prateleiras de madeira que estiverem impregnados por explosivos, como por
exemplo a nitroglicerina, devem ser molhados com querozene durante 10 dias para
diluir o explosivo, antes de se proceder a queima.
CUIDADO ESPECIAL
Salientamos a atenção necessária quando da execução de qualquer tipo de
destruição de explosivos, no sentido de que sejam tomadas precauções quanto aos gases
emanados desta operação. Estes gases são bastante tóxicos, principalmente o CO
(Monóxido de Carbono) que é venenoso e NO2 (Dióxido de Nitrogênio) que é um
violento irritante das mucosas do corpo humano. O local escolhido para as destruições
deve oferecer boa condição de circulação do ar para que a diluição desses gases na
atmosfera seja rápida e eficiente. Também recomendamos que as pessoas posicionem-se
de tal forma que não sejam envolvidas pelas nuvens de gases ou fumaça durante a
destruição.
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