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MANUAL DE BLASTER PIROBRÁS

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PERFURAÇÃO DE ROCHAS

BREVE HISTÓRICO DA PERFURAÇÃO DE ROCHAS


No início dos tempos, o trabalho de obtenção de blocos de rocha tinha como
objetivo a construção. Os blocos eram cortados com a utilização de materiais mais
duros, como por exemplo o sílex (quartzo) para a obtenção de blocos de calcário e
arenito.
Com a descoberta dos metais (cobre e, posteriormente, o ferro), os furos na
rocha passaram a ser executados com pequeno giro e percussão (roto-percussão) e com
a aplicação de cunhas para a separação dos blocos.
Em épocas posteriores, com o advento da pólvora, houve uma revolução nas
atividades de mineração. No Brasil, a utilização de blocos de rocha iniciou com a
construção dos fortes portugueses, pois os navios oriundos da metrópole traziam como
lastro pedra de cantaria e, no retorno, levavam matéria-prima, principalmente Pau-
Brasil.

DESENVOLVIMENTO DAS PERFURATRIZES


Perfuratriz Singer: a mais antiga que se tem notícia; era acionada a vapor, com pistão
e broca solidários (1838).
Perfuratriz de Couch: acionada a vapor; primeira perfuratriz com válvula automática e
ação independente da gravidade com rotação própria (1849).
Perfuratriz Fowle: primeira perfuratriz com ligüetas de rotação.
Perfuratriz Leyner: o maior desenvolvimento das perfuratrizes foi obtido por Leyner
em 1897. Apresentava separação de pistão e broca, e introduzia a broca oca com sopro
de ar; porém, a poeira gerada pelo conjunto levou Leyner às portas da falência.
Entretanto, a inovação do conjunto sopro de água sanou o problema. Leyner ainda
introduziu o eixo de catraca, a lubrificação automática e a válvula regulável.
As perfuratrizes percussivas caíram em desuso com o decorrer do tempo.
Os modelos de perfuratrizes mais utilizados nos dias de hoje são as
rotopercussivas, que são aplicadas na maioria dos trabalhos, e as rotativas, que são
utilizadas em grandes serviços, nos quais grandes diâmetros de furação podem ser
usados.
Cabe salientar a existência das perfuratrizes por quebra (tricone bits),
constituídas por três cones montados em roletes. Os cones possuem dentes de carboneto
de tungstênio, que podem ser longos, para rochas brandas, ou curtos, para rochas mais
duras.
Existe, também, a perfuração a plena seção, aplicada em poços de ventilação.
São perfuratrizes de grande porte que podem executar perfurações de até 700m de
profundidade, com diâmetro de 4,3m.

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Perfuratrizes mais usadas atualmente na mineração

Perfuratriz de Coluna Martelete Perfuratriz de Granitos

Perfuratriz Superfície(Martelo) Perfuratrizes de Grande Porte

Ilustração esquemática de uma perfuratriz de grande porte:

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DESENVOLVIMENTO DOS COMPRESSORES
O mais antigo dos compressores é o “pulmão humano”, utilizado, por exemplo,
para avivar braseiros. Um pulmão pode produzir 6m³/h de ar.
O primeiro compressor mecânico foi o “fole”, utilizado na obtenção da liga de
cobre com estanho, para a produção do bronze que era usado, principalmente, na
fabricação de armas.
Compressor de Smeaton: cilindro de sopro acionado por uma roda d’água. Os
compressores de ar mais antigos eram utilizados, principalmente, nas minas de metais e
nas indústrias metalúrgicas.
Compressor do Túnel Mt. Cenis Alpes Suíços: com acionamento hidráulico, foi o
primeiro compressor realmente de sucesso.
Para se ter uma idéia da importância do ar comprimido, ele era utilizado em
motores pneumáticos de até 70KW que serviam para o acionamento de maquinas
operatrizes.
Também era utilizado em relógios pneumáticos, sistemas de remessa, elevadores
e geradores pneumáticos de corrente elétrica que iluminavam restaurantes e hotéis. Paris
era a meca do ar comprimido e o desenvolvimento da energia elétrica ainda rastejava.
Atualmente, os compressores mais usados são os de parafuso rotativo e os com
pistões, que se perpetuaram.

Compressores mais usados nas minerações

Riscos na operação com ar comprimido: Quando se opera com ar comprimido, o


perigo mais eminente é o rompimento da canalização com a conseqüente descarga de ar
comprimido sobre o operário. Para prevenir este tipo de acidente, relacionamos as
seguintes medidas de segurança:
* Verificar se as canalizações de ar comprimido estão em ordem e as conexões bem
ajustadas;

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* Usar as braçadeiras indicadas para as conexões e nunca amarrações de arame;
* Nunca conectar ou desconectar segmentos das redes de ar comprimido sem, antes,
certificar-se de que a válvula de suprimento de ar está fechada;
* Usar ferramentas adequadas no trabalho;
* Não usar ar comprimido em “brincadeiras” ou limpeza do próprio corpo.

PERFURAÇÃO DE ROCHA A CÉU ABERTO

CONCEITOS BÁSICOS
ROCHA: Geologicamente, “rocha” é um material que constitui parte essencial da
crosta terrestre, na superfície ou no subsolo da Terra, formado por um conjunto de
minerais. Contudo, em “perfuração de rochas”, este conceito não é tão extenso, pois se
faz uma distinção entre “rocha” e “solo” (overburden), considerando-se como rocha
apenas as formações geológicas que exigem perfuração para o seu desmonte.
MINÉRIO: É o material valioso objeto de lavra constituído por um agregado de um ou
mais minerais e encontrado naturalmente na crosta terrestre. Os minérios, em geral, são
sólidos. No entanto, o petróleo, a água e o mercúrio apresentam-se no estado líquido,
em condições normais de temperatura e pressão. São substâncias normalmente
exploráveis economicamente.
MINA: É o local de onde se extrai minério.
PEDREIRA: É o local de onde se extraem rochas. As rochas são aproveitadas na
construção civil, na fabricação de cimento, cal, etc. Para fins práticos, em termos de
perfuração, não distinguimos “mina” de “pedreira”.
RESISTÊNCIA DA ROCHA: Como uma determinada rocha pode ser mais dura que
outra, ela também pode tornar a sua perfuração mais difícil. A “resistência da rocha”
indica justamente essa maior ou menor dificuldade de penetração.
PLANO DE FOGO: É o conjunto de elementos ou informações planejadas para se
executar o desmonte de rochas.

PERFURAÇÃO DE ROCHAS
A perfuração de rochas pode ser executada de várias maneiras:
MANUAL: Pode ser feita manualmente, mas com muita dificuldade e baixíssimo
rendimento.
PERCUSSÃO: É um método usado em quase todos os tipos de rocha. Usam-se
ferramentas especiais para variados diâmetros de furos e comprimentos de brocas de
0,4m a 6,4m, chamadas integrais.
ROTAÇÃO: O método rotativo pode ser por “trituração” ou por “corte”. Neste caso, a
energia é transmitida através de um tubo que gira e pressiona o “bit” contra a rocha. Os
“botões” de metal duro são pressionados contra a rocha e a trituram em cavacos, em
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princípio, da mesma maneira que a perfuração por percussão. Normalmente, o diâmetro
dos furos feitos com perfuração rotativa encontra-se no intervalo de 76mm a 165mm. A
perfuração rotativa é aplicável a rochas mais moles, com por exemplo o calcário.
ROTOPERCUSSÃO: Combina as técnicas da perfuração percussiva com as da
rotativa.

FERRAMENTAS DE PERFURAÇÃO
BROCAS MONOBLOCO OU INTEGRAIS: Inicialmente, quase todas as barras de
perfuração eram feitas separadas das coroas. Com a evolução do aço, do metal duro e
das perfuratrizes leves (até 30kg), essa técnica foi tornando-se obsoleta, cedendo lugar à
broca chamada “integral” ou “monobloco”. Como diz o nome, esta broca destinada a
furos de até 42mm de diâmetro é hoje produzida em uma única peça
(composição/características: pastilha, furo central, haste, colar, raio do colar, punho,
alargamento do furo central, superfície de impacto).

Desenho Esquemático:
Broca Monobloco ou Integral

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Composição: 1 - Furo Central; 2 - Superfície de Impacto; 3 - Punho; 4 - Raio do Colar;


5 - Colar; 6 - Haste e 7 - Pastilha.

EQUIPAMENTO SECCIONADO
HASTES DE EXTENSÃO
As hastes seccionadas constituem a parte central e
básica do equipamento seccionado. Estando expostas a
tensões severas de compressão e distensão, além de esforços
Hastes de Extensão de flexão e torção, o aço com que são feitas deve ter
características especiais.
São confeccionadas em seção circular e em seção
hexagonal e apresentam furo central de dimensões variáveis.
As hastes hexagonais tem as roscas recalcadas e depois usinadas. No final de sua
fabricação, recebem uma cementação integral (fully-carburized) ao longo de toda a sua
extensão. Com a haste sextavada e de rosca recalcada (bumped-up thread), obtém-se um
equipamento leve e, portanto, de bom rendimento. Estas hastes, assim tratadas, tem

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melhor resistência que as redondas e, desta forma, vida mais longa frente às hastes das
perfuratrizes pesadas modernas.
As hastes redondas tem as roscas usinadas nas extremidades, recebendo ou não
tratamento térmico. O endurecimento da superfície da rosca é normalmente feito por
cementação ou por nitretação. Elas não são tratadas além da zona da rosca, mantendo o
beneficiamento que receberam de fábrica. Com isto, permitem o re-rosqueamento, ou
seja, a confecção de novas roscas abaixo das antigas quando a rosca original estiver
desgastada.
Os comprimentos das hastes são muito variáveis dependendo do comprimento
da lança (avanço) da perfuratriz. No Brasil, o comprimento mais comum é de 3m, mas
também são usadas nos tamanhos de 1,20m; 1,60m; 1,80m; 2,40m; 3,60m e 4,20m.

LUVAS

Chamam-se luvas as peças que funcionam como


elementos de ligação entre hastes e entre hastes e punhos.
Tem rosca interna do mesmo tipo da haste. Quando
Luvas de Ligação necessário, usam-se as chamadas luvas de redução para ligar
hastes que tenham tipos diferentes de rosca. A luva de rosca
cilíndrica funciona como simples ligação, não transmitindo o
impacto do pistão, pois esta transmissão deve ser feita através
dos topos das hastes. Nas roscas cônicas, a luva participa, absorve e transmite parte
deste impacto.

PUNHOS

O punho é a peça do equipamento seccionado que fica em


contato com a perfuratriz. Numa das extremidades é rosqueado, com
rosca igual à da haste, e na outra extremidade tem a forma que se
adapte à bucha da perfuratriz. Cada tipo de perfuratriz tem sua bucha de
rotação própria e, portanto, apresenta dimensões próprias para o punho
que irá usar.

BITS

O bit, ou coroa, é a peça do equipamento seccionado que


executa o serviço de quebra da rocha e, por isso, é calçado com
pastilhas de metal duro. A forma e a medida dos bits são muito
variáveis. Os bits pequenos, com diâmetro até 45mm, podem ser
fabricados com as pastilhas simples em bisel. Acima deste diâmetro,
fabricam-se bits, normalmente, com quatro pastilhas.
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As vantagens de uma pastilha em bisel são as seguintes:

a) afiação mais simples;


b) menor custo, por conterem menos metal duro;
Bit de
Pastilha Simples c) maior facilidade para serem extraídas de um furo;
d) maior velocidade de perfuração, em virtude de maior
energia por unidade de fio cortante de pastilha;
e) a perfuração de rochas mais duras pode ser feita com
perfuratriz de menor energia de impacto, pela mesma razão do item anterior.

As vantagens de uma pastilha de fio de corte duplo (em cruz ou em x) são as


seguintes:

a) menor desgaste de pastilha;


b) maior metragem perfurada entre afiações;
c) embocamento de furo mais fácil;
d) menor perigo de encravamento em rocha
fraturada;
e) furos mais redondos;
f) menor perigo de quebras prematuras de pastilhas.

Modernamente, observou-se que o trabalho de um bit aumenta do centro para a


periferia e que a distribuição do metal duro deve acompanhar este
aumento; isto é, deve haver mais metal duro na periferia do que no
centro do bit. Assim, surgiram os “bits pipoca”, ou de botão, com um
número grande de pastilhas de seção esférica, cuja vantagem também
reside na grande velocidade de perfuração e na necessidade muito
pequena ou nenhuma de afiação.

Exemplos de Bits de Botão

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Desenho esquemático de um conjunto de ferramentas de perfuração

1 – Split Set Autoperfurante


2 – Placa de Fixação
3 – Bit de Perfuração
4 – Haste de Perfuração
5 – Colar de Impacto
6 – Luva Adaptadora

ACESSÓRIOS
O equipamento de extensão utiliza-se de uma série de acessórios. Podemos
dividi-los em três grupos:

a) acessórios de trabalho:
- chaves de desacoplamento de hastes;
- chaves de desacoplamento de bits;
- equipamento de pesca.

b) acessórios de verificação:
- gabaritos de afiação de bit e broca;
- gabaritos de desgaste de rosca.

c) acessório de afiação e recondicionamento:


- máquinas de afiar bits e brocas;
- ferramentas de re-rosqueamento.

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EXPLOSIVOS

BREVE HISTÓRICO DOS EXPLOSIVOS

A ERA DA PÓLVORA NEGRA


A pólvora negra, inicialmente utilizada pelos chineses para a pirotecnia, foi, sem
dúvida, o primeiro passo para o desenvolvimento de quase uma centena de produtos
hoje conhecidos como explosivos. Depois de passar por algumas modificações, chegou
a ser usada como propelente de projéteis e armamentos em geral.
No fim da idade média, por volta de 1354 d.c., na europa, o
monge Berthold Schwartz produziu uma mistura explosiva
semelhante a dos chineses que passou a ser aplicada, em suas
diversas variações, para fins bélicos, em morteiros, bombardas e todo
tipo de canhões.
O segundo passo foi dado pelo italiano
Ascânio Sobrero em 1847 com a descoberta da
nitroglicerina, que possuia um poder de explosão muitas vezes maior
do que a pólvora, mas não apresentava segurança porque era muito
instável e tornava-se perigosa quando submetida a movimentos
bruscos ou atrito. Todavia, a nitroglicerina abriu as portas para a
invenção da dinamite.

A ERA DA DINAMITE
Em 1865, o sueco Alfred Nobel descobriu um modo de iniciar a nitroglicerina
com uma pequena quantidade de fulminato de mercúrio e produziu,
assim, a primeira espoleta comercial que poderia ser usada como
estopim. No ano seguinte, ele descobriu que a nitroglicerina líquida
absorvida pela “kieselguhr” (diatomácea) poderia ser embalada em
cartuchos de papel. Estava inventada a dinamite, que teve um forte
impacto na revolução industrial, tornando as minas mais econômicas e
fornecendo as necessidades minerais para as indústrias florescentes.
A partir de então, o desenvolvimento cada vez mais veloz da ciência e da
tecnologia fez surgir o TNT, a nitrocelulose e, com esta, a gelatinização da
nitroglicerina e inúmeros explosivos que facilitaram em muito o trabalho dos homens.

A ERA ANFO
O nitrato de amônia foi sintetizado pela primeira vez em
1654, e registrado como um componente em uma mistura de
explosivo em 1840. Porém, foram dois acidentes históricos que
marcaram o início da era dos "blasting agents".
Em setembro de 1921, uma mistura de nitrato e sulfato
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de amônia empedrados pela ação da umidade, foram detonados por dinamites na fábrica
da BASF, em Oppau, na Alemanha. Contudo, a explosão foi tão violenta que a fábrica
foi totalmente destruída junto com 70% das 1000 casas de uma vila próxima; 430
pessoas morreram, e uma cratera de 76m de diâmetro e 15m de profundidade foi aberta.
De outro acidente, nasceu o ANFO (Amonium Nitrate and Fuel Oil), mistura de
nitrato de amônio e óleo diesel, quando o choque entre dois navios carregados com os
dois produtos resultou em incêndio seguido de violenta explosão, que arrasou o porto de
Texas em abril de 1947.
Na metade dos anos 50, o ANFO tornou-se comercialmente disponível e,
rapidamente, tomou o lugar da dinamite, onde possível, porque apresentava baixo custo,
simples fabricação e facilidade no uso. No entanto apresentava dois grandes
inconvenientes: não era sensível à espoleta e não era resistente à água. Os esforços
foram, então, concentrados em busca do explosivo ideal, que tivesse as qualidades do
ANFO e resistisse à água. Várias experiências que sucederam consolidaram o uso do
nitrato como material explosivo de tal forma que, nos dias de hoje, ele tem sido
componente básico de todo explosivo industrial.

SLURRIES
As "slurries", ou lamas explosivas, chegaram ao mercado no final dos anos 50.
Eram resistentes à água e sensíveis à espoleta. Em sua
fabricação entram nitroglicerina, nitrato de amônio,
produtos aluminizados e agentes gelatinizantes, que dão
consistência pastosa à massa explosiva. Essa consistência
permitiu o desenvolvimento de sistemas de carregamento
bombeados. Por outro lado, eram de produção
dispendiosa. Precisavam de sensibilizantes caros e, para o
cliente, significavam altos custos.
Posteriormente, foi desenvolvida a emulsão explosiva, que contém as melhores
propriedades das lamas e superam sua eficiência com um custo de produção menor. São
eficientes, seguras, econômicas, de fácil manuseio e grande desempenho.
A emulsão é explosivos onde a mistura nitrato de amônia e óleo é feita em
presença de água através de emulsificantes, ou tensoativos. São considerados explosivos
de última geração e são, atualmente utilizadas para as mais diversas aplicações.
É embalada em filmes de polietileno, ou, também, pode ser bombeada
diretamente nos furos, quando são utilizados caminhões para efetuar carregamentos em
obras de grande porte.

EXPLOSIVOS INDUSTRIAIS
Explosivo é a substância ou a mistura de substâncias que tem a capacidade de,
ao ser excitada por algum agente externo, decompor-se quimicamente sofrendo
transformações rápidas e violentas, gerando considerável volume de gases e altas
temperaturas e liberando enormes quantidades de energia. O agente externo pode ser

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mecânico (pressão, atrito, vibração, impacto, etc.) ou ainda outro explosivo (espoletas,
boosters ou outros iniciadores).
Devido à alta temperatura de explosão, o volume atingido pelo explosivo pode
chegar a aproximadamente 18.000 vezes o seu volume inicial. Após a explosão, uma
onda de choque percorre a rocha com uma velocidade de 3.000 a 5.000 m/s. O
explosivo utiliza essa energia para arrancar o maciço rochoso que está adiante dele, no
sentido da face livre, ou o de menor resistência.

COMBUSTÃO, DEFLAGRAÇÃO E DETONAÇÃO


A reação química de decomposição do explosivo pode dar-se sob a forma de
combustão, deflagração ou detonação, dependendo das características químicas da
substancia explosiva, bem como das suas condições de iniciação e confinamento.

COMBUSTÃO: É uma reação química de oxidação que, geralmente, ocorre por conta
do oxigênio do ar. O fenômeno acontece em baixas velocidades e tem como exemplo a
queima de um pedaço de carvão.

DEFLAGRAÇÃO: Quando a velocidade da reação de decomposição da substância


explosiva é maior do que no caso anterior, chegando, em alguns casos, até a 1.000 m/s,
ocorre a deflagração. Nesta reação, há a participação não só do oxigênio do ar, mas
também daquele intrínseco à substância. É o caso da decomposição das pólvoras ou
ainda de explosivos mais potentes quando submetidos a condições desfavoráveis de
iniciação ou confinamento.

DETONAÇÃO: É uma reação de decomposição com a participação exclusiva do


oxigênio intrínseco à substância explosiva. Ocorre com velocidades que variam de
1.500 a 9.000 m/s e, em função da quantidade de energia envolvida no processo, vem
sempre acompanhada de uma onda de choque que, com frente de elevada pressão
dinâmica, confere à detonação um grande poder de ruptura.
A onda de choque gerada pela detonação é um intenso pulso de pressão
acompanhado de alta temperatura que causa rápida compressão. A pressão, a densidade
e a temperatura, ou energia, no material que sofre o choque estão relacionadas por uma
função conhecida por “Hugoniot”. Toda substância tem um “Hugoniot”, que é uma
característica do material, assim como a sua cor ou sua resistência elétrica.
A alta temperatura não tem nenhum efeito na maioria dos materiais que sofrem o
choque, mas o calor inicia uma reação química em alguns produtos químicos ou
misturas. Quando um explosivo reage, libera energia que aumenta a temperatura e a
velocidade da reação. Embora alguns explosivos sejam misturas gasosas, a maioria são
sólidos ou líquidos. Quando uma reação química ocorre, os ingredientes são
transformados em gases que, devido à alta densidade e à grande quantidade de energia
disponível, alcançam temperaturas de alguns milhares de graus.

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A energia desenvolvida por uma composição explosiva gera a pressão necessária
para sustentar a pressão de choque que inicia o processo. A velocidade da onda de
choque estabilizada é a velocidade de detonação.

COMPOSIÇÃO QUÍMICA BÁSICA DOS EXPLOSIVOS


Os principais elementos químicos presentes nos explosivos mais comuns
atualmente são: Carbono (C), Hidrogênio (H), Oxigênio (O), Nitrogênio (N).
Outros elementos secundários podem aparecer com um papel específico na
composição de determinados explosivos, seja para diminuir a temperatura de
congelamento, seja para aumentar a temperatura de explosão, ou a quantidade de
energia liberada, etc. São eles: Sódio (Na), Potássio (K), Cloro (Cl), Bário (Ba), Cálcio
(Ca), Alumínio (Al), etc.

PRODUTOS RESULTANTES DAS REAÇÕES QUÍMICAS


Os produtos resultantes da reação química de decomposição do explosivo são
basicamente: Monóxido de Carbono (CO), Dióxido de Carbono (CO2), Óxido Nitroso
(NO), Óxido Nítrico (NO2), Água (H2O), Carbono (C), Oxigênio (O), Nitrogênio (N).
A decomposição ideal ocorre quando os produtos resultantes são apenas N, CO2
e H2O, não havendo sobra de oxigênio ou de óxidos como CO, NO e NO2, que
indicariam a decomposição incompleta do explosivo, sem mencionar a toxidade destes
gases. Por isso, é muito importante a correta formulação química do explosivo. Além de
evitar a produção de gases tóxicos, ela conduz a um maior aproveitamento da energia
termoquímica.

BALANÇO DE OXIGÊNIO
O balanço de oxigênio é um índice que assinala a quantidade deste elemento
presente na composição química do explosivo e serve, ao mesmo tempo, para avaliação
do rendimento energético de decomposição e, também, da possibilidade de formação
dos gases tóxicos.

Reação desbalanceada em Oxigênio:


NH4 NO3 ----- H2 + 2 H2O + 1/2 O2 + 327 Cal/g
Reação balanceada em Oxigênio:
NH4 NO3 + 1/2 C ----- H2 + 2 H2O + 1/2 CO2 + 929 Cal/g
Na segunda reação, que descreve a decomposição do explosivo ANFO, todo o
oxigênio foi consumido, não havendo o aparecimento de gases tóxicos e a quantidade
de energia liberada foi quase três vezes maior do que na primeira reação.

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O balanço de oxigênio (BO) é expresso pela percentagem deste elemento na
decomposição do explosivo. No caso da primeira reação acima, o BO é positivo, pois
ocorreu uma sobra de oxigênio, e seu valor é indicado com BO = + 20%.
Por outro lado, quando a quantidade de oxigênio presente na composição
química é insuficiente para completar a oxidação, ocorre um BO negativo. Portanto, o
BO dos explosivos industriais deve estar sempre em torno do zero, pois, assim, não só
reduz-se a formação de gases tóxicos, como também alcança-se o melhor potencial
energético.
Os exemplos abaixo são Balanços de Oxigênio de alguns explosivos:

TNT (C2H5N3O6) = - 74%


Nitroglicerina (C3H5N3O9) = + 3,5%
Nitrato de Amônio (NH4NO3) = + 20%
Alumínio em pó (Al) = - 89%

PROPRIEDADES DOS EXPLOSIVOS


Os explosivos industriais, em função de suas características físicas e químicas,
apresentam propriedades pelas quais podem ser classificados de diversas formas, entre
as quais, apresentaremos, a seguir, as mais importantes.
Mudanças nas condições de trabalho e métodos de mineração levaram os
fabricantes de explosivos a desenvolver uma gama de produtos que podem ser usados
em aplicações especificas.
Todavia, é importante ressaltar que torna-se difícil a obtenção de informações
precisas do campo das propriedades tais como a resistência à água, velocidade,
sensibilidade e gases. Estes valores são, normalmente, obtidos em laboratório para
informações de catálogos e controle de qualidade. Elas são úteis como comparações de
explosivos que tenham sido avaliados sob o mesmo critério. No entanto, deve-se tomar
cuidado ao comparar dados de explosivos de fabricantes diferentes.
Grau de confinamento, diâmetro do furo, temperatura e idade são variáveis que
afetam o resultado dos testes. Assim, os testes feitos no campo podem não produzir os
mesmos resultados obtidos no laboratório.

FORÇA OU ENERGIA
Força ou energia de um explosivo é a medida da quantidade de energia liberada
por ele na detonação. Ou seja, indica a potência que é desenvolvida e sua capacidade de
realizar trabalho útil. Nem toda energia do explosivo é transformada em trabalho útil.
Uma parte dela é dissipada como calor e luz e outra como “air blast” e vibração do solo.
A energia de um explosivo é realizada de dois modos no material que o
circunda: detonação, ou pressão de choque, resultando em fragmentação; e pressão no
furo, originada pela expansão gasosa responsável pelo deslocamento.
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DENSIDADE
A densidade de um explosivo é expressa por sua massa por unidade de volume,
em gramas por centímetro cúbico. Ela determina a quantidade de carga por unidade de
comprimento da coluna de explosivo. É importante para determinar a sua adequação
para uma dada operação de desmonte.
Um explosivo de alta densidade, no qual a energia da detonação é concentrada,
deve ser usado no caso de desmonte de material duro. Por outro lado, se não se deseja
excessiva fragmentação ou se a rocha é branda, explosivos de baixa densidade deverão
ser usados.
Explosivos não detonam acima de sua densidade crítica. Quando mecanicamente
comprimidos, alguns explosivos entram em sua densidade crítica e retornam à anterior
depois de um determinado tempo. Produtos como ANFO (granulado) mantém-se
comprimidos. Muitos explosivos que contam com bolhas de gás ou ar para detonação
podem ser compactados acima de sua densidade crítica, tanto por pressões hidrostáticas
como por esforços mecânicos. Algumas emulsões baseiam-se em micro balões que
servem como sensibilizantes. Se os micro balões forem rompidos, não haverá retorno e
o explosivo não detonará.

VELOCIDADE DE DETONAÇÃO
A velocidade de detonação (VOD) é a razão com a qual a onda de detonação
propaga-se através do explosivo. A onda começa no ponto de iniciação e evolui a uma
velocidade supersônica. Velocidades típicas estão entre 2.000 e 8.000 m/s. Esta
velocidade é estabilizada e mantém-se quase constante para qualquer tipo de explosivo.
Podemos considerar como explosivo de baixa velocidade todo aquele que detonar com
até 3.000 m/s e de alta velocidade todo aquele que superar este valor.
A VOD difere de um explosivo para outro devido a sua composição, ao tamanho
das partículas e a sua densidade. Também é afetada pelo grau de confinamento e pelo
diâmetro de carga.
Geralmente, explosivos de menor VOD tendem a liberar o gás em um período de
tempo maior quando comparados com explosivos de maior VOD. Explosivos com
menor VOD proporcionam maior lançamento.
Para medição da VOD de explosivos desconfinados, são utilizados o cronógrafo
e o método de D’Autriche.
Cronógrafo: dois dispositivos são inseridos em um cartucho de explosivo,
separados por uma distância conhecida (d) e a pelo menos 75mm distantes da espoleta.
Os dispositivos são os fios duplos que se rompem quando a detonação passa por eles.
Quando o primeiro dispositivo rompe-se, inicia o cronógrafo. Quando o segundo
rompe-se, paraliza o cronógrafo (t). A velocidade é, então, calculada como d/t, em
metros por segundo.
Método de D’Autriche: a VOD de um explosivo pode ser obtida utilizando-se
um cordel detonante com VOD conhecida. No método D’Autriche, as duas
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extremidades do cordel detonante são introduzidas no cartucho a uma distância
conhecida (maior que 150mm). O ponto médio do cordel é colocado em uma
extremidade de uma placa de chumbo com aproximadamente 40cm de comprimento,
32mm de largura e 6mm de espessura. O cordel é posicionado sobre a placa e fixado em
suas extremidades. Quando o explosivo é detonado, uma extremidade do cordel é
iniciada antes da outra. As duas ondas de choque movem-se no cordel em sentidos
opostos, marcando a placa de chumbo quando se encontram. A distância entre o ponto
médio do cordel e a marca na chapa é medida e a VOD calculada.

SENSIBILIDADE
A sensibilidade é avaliada de três formas: sensibilidade à iniciação, sensibilidade
ao impacto e sensibilidade à propagação (air gap).
Sensibilidade à iniciação – Em função de sua maior ou menor estabilidade
química, os explosivos detonantes podem ser mais ou menos sensíveis à iniciação de
explosivos primários. Na prática, procura-se estabelecer, para determinado explosivo
secundário, o mínimo iniciador primário necessário: se é uma espoleta simples número
6 ou número 8, um cordel detonante, um booster, um primer, etc.
Sensibilidade ao impacto – É medida lançando-se um peso de aço sobre uma
quantidade de explosivo em uma plataforma de aço. Os resultados são expressos em
centímetros de altura da queda que inicia o explosivo em 50% dos testes.
Sensibilidade à propagação (Air Gap) – É a máxima distância na qual um
explosivo consegue iniciar a próxima carga. Se o “air gap” for muito baixo, o explosivo
provavelmente não propagará se houverem vazios ou obstáculos na coluna de carga. Por
outro lado, explosivos com “air gap” muito alto podem causar propagação indesejável
entre furos adjacentes.

RESISTÊNCIA À ÁGUA
É a habilidade de um explosivo detonar após ser exposto à água. Os testes
indicam esta habilidade utilizando o iniciador mínimo após sua imersão em água por um
certo número de horas e a uma determinada pressão. Deve-se considerar, também, o
tempo que um explosivo fica carregado no furo. Alguns acessórios, tais como cordel
detonante, estopim e o tubo de choque, tem baixa resistência a penetração de óleo
combustível. O tempo de permanência destes produtos fica limitado, quando são
carregados junto com explosivos granulados ou emulsões.
Quanto à resistência à água, os explosivos industriais podem ser classificados
como:
- Nenhuma
- Boa: não perdem sua sensibilidade mesmo submersos por um período de até 24
horas sob uma pressão hidrostática de até 3 atmosferas.
- Ótima: desenvolvem seu trabalho normal dentro de um intervalo de 72 horas de
submersão, também sob pressão de até 3 atmosferas.

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INFLAMABILIDADE
Alguns produtos entram em combustão facilmente. Outros, só entram em
combustão se for aplicada constantemente uma chama sobre eles.

GASES
Quando o explosivo detona, decompõe-se em estado gasoso. Os principais
componentes são monóxido e dióxido de carbono, óxidos nítrico e nitroso, gás
sulfidrico e oxigênio. Enquanto alguns desses gases dissipam-se rapidamente, outros
permanecem após a detonação. Gases nocivos, especialmente o monóxido de carbono
(CO), são perigosos em ambientes confinados, como minas subterrâneas.
O monóxido de carbono é um gás incolor, inodoro e altamente tóxico. Combina-
se com os glóbulos vermelhos de sangue, destrói suas capacidades de absorção de
oxigênio e envenena a vítima por asfixia. Os sintomas usuais são fraqueza,
desorientação, dor de cabeça, náusea e desmaio, progressivamente.
Os primeiros socorros devem ser dados levando-se a vítima para o ar fresco. Se a
vítima não estiver respirando, aplicar respiração artificial. Em muitos casos, mesmo
após prolongada exposição ao CO, a vítima recompõe-se.
Óxidos de nitrogênio, particularmente o óxido nítrico (NO2), são subprodutos da
detonação. São facilmente reconhecidos pela sua cor e pelo efeito irritante nos olhos,
nariz e garganta. Podem ocorrer lacrimejamento, tosse e, em muitos casos, perda da voz.
Os sintomas não aparecem imediatamente. Uma pessoa pode inalar uma dose maciça e
mortal sem nenhuma indicação imediata de envenenamento. Porém, dificuldades
pulmonares (normalmente, o primeiro sinal) podem ocorrer no dia seguinte e,
geralmente, são diagnosticadas como pneumonia. Assim como pela pneumonia, a morte
pode ocorrer por edema ou embolia.
Os primeiros socorros incluem repouso absoluto, aquecimento e administração
de oxigênio.
O gás sulfídrico é mais tóxico que os óxidos de nitrogênio e é facilmente
detectado por seu odor peculiar, semelhante ao de um ovo podre.

ACESSÓRIOS DE DETONAÇÃO

ESTOPIM
É um condutor de energia constituído de um núcleo de pólvora protegido por fio
ou fita que pode ser ou não alcatroado (com algodão), encerado
ou revestido por plástico. Apresenta-se em duas espécies:
Hidráulico e Comum. O hidráulico possui um revestimento
externo de plástico que proporciona maior resistência à umidade,
devendo resistir a pelo menos 1 hora de imersão em água. Ambos
queimam a razão de 100 s/m a 140 s/m.
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Precauções especiais devem ser tomadas na hora da detonação, ao se acender os
estopins. Se eles não forem todos acendidos a tempo, pode ficar alguma espoleta por
acender, ou até mesmo detonar uma espoleta antes que todo o pessoal possa estar bem
abrigado. A primeira providência para facilitar o acendimento é cortar o estopim
longitudinalmente em um comprimento de 1 cm aproximadamente. Quando as espoletas
são usadas em grande quantidade, nos fogos secundários principalmente, é conveniente
juntar 3 ou 4 estopins próximos em um único feixe para ajudar as pessoas encarregadas
de acendê-los.
Uma prática segura para o acendimento dos estopins consiste em se usar uma
espoleta de aviso. Esta possui um estopim menor que os das demais e é deixada, sem
explosivo, em um canto onde a sua detonação não possa causar danos. Esta espoleta é a
primeira a ser acesa e o tempo de queima do seu estopim indica o tempo máximo de
acendimento das espoletas. Logo que seja ouvida a sua detonação, as pessoas devem
abandonar o acendimento, mesmo que alguns estopins não tenham sido acesos ainda,
para procurar abrigo rapidamente.
Quando se usa espoleta simples, o ideal é que todos os estopins já estejam
queimando dentro dos furos no momento em que o primeiro furo detonar. Do contrário,
a detonação de algum furo poderia lançar algumas pedras que provocassem o corte de
outros estopins ainda não queimados, causando falhas na detonação. Portanto, o tempo
de queima dos estopins dentro dos furos deve ser maior do que o tempo de seu
acendimento pelos homens.

CONECTOR PARA ESTOPIM

O conector para estopim é um tubo de alumínio ranhurado, que contém uma


composição incendiária resistente à água. Serve para transmitir a chama entre o cordão
ignitor e o estopim. Deve ser grampeado (através de amolgamento) no estopim na
mesma forma das espoletas comuns.

CORDÃO IGNITOR

É um cordão fino, flexível e incendiário, que queima com chama vigorosa. É


utilizado para ignição de qualquer número de Piropins (estopins espoletados) com
conectores, eliminando-se, assim, a necessidade de acender cada estopim
individualmente. É resistente à água e permite que se façam tiros seqüenciais usando
estopim.
O cordão ignitor é acoplado ao estopim com o conector de alumínio e facilmente
aceso com fósforo. No caso de ignição seqüencial, é recomendável acoplar os cordões
com pelo menos 50 cm de distância entre um e outro. A chama do cordão ignitor deve
estar em torno de 5 m na frente do tiro que explode para não ser afetado por ele.

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ESPOLETA SIMPLES
Acionadas pelos estopins, elas iniciam as cargas explosivas isoladamente por
meio de explosivos primários. São detonadores
constituídos de uma cápsula de alumínio contendo
uma carga primária, sensível à chama, e uma carga
secundária cuja explosão inicia a detonação da
“massa” explosiva.
O bom funcionamento da espoleta simples
depende da perfeição com que se acopla o
estopim. Enfia-se o estopim até encontrar o
explosivo da espoleta. Depois, faz-se um amolgamento na sua “boca”, nem tão apertado
que possa estrangular a “alma” do estopim, nem tão largo que deixe-o frouxo dentro da
espoleta. Nunca se deve amolgar a espoleta com os dentes, pois essa prática, além de
perigosa, não garante um amolgamento perfeito, que pode ser conseguido com um
alicate amolgador apropriado. Antes de colocar o estopim, devemos cortá-lo no
comprimento suficiente para que as pessoas tenham tempo de sobra para acender todos
os estopins e abrigarem-se de forma segura. Esse comprimento varia conforme o
sistema de acendimento utilizado, mas, geralmente, usa-se 1 metro ou mais. Quando se
vai usar um novo rolo de estopim, deve-se desperdiçar os primeiros 10 cm para prevenir
eventuais falhas de queima por possível penetração de umidade. Não dobre o estopim
desnecessariamente. Não deixe suas pontas dentro d’água.
As espoletas simples devem, de preferência, ser usadas em local seco. Mas
quando isso não for possível, elas devem receber proteção especial contra a entrada de
água, pois o simples amolgamento, normalmente, é insuficiente. O estopim também
deve ser protegido contra a entrada d’água, pois se esta atinge sua alma, mesmo que não
prejudique a sua queima, pode atingir a carga explosiva da espoleta e provocar a sua
falha. Uma maneira de impedir a entrada de umidade pela boca da espoleta é untar o
espaço entre ela e o estopim com uma graxa resistente à água. Também o estopim
precisa ser revestido com graxa, se não dispuser de uma proteção especial contra à água.
ATENÇÃO – PERIGO DE DETONAÇÃO – Nunca bata com a espoleta em lugar
algum, nem bata nela com ferramenta ou algum objeto.
ATENÇÃO – PERIGO DE DETONAÇÃO – Nunca enfie prego, arame ou outro
objeto dentro de uma espoleta simples.
ESCORVA E CARREGAMENTO (INICIADOR PIROPIM)
Escorvar a espoleta é o ato de colocá-la dentro do cartucho de explosivo para
que este possa ser detonado por ela. Uma boa escorva exige que a cápsula seja
introduzida no cartucho de maneira que não possa sair.
O processo de escorvamento mais fácil de uma espoleta simples não é o mais
seguro. Consiste em fazer-se um furo numa das extremidades do cartucho do explosivo
e enfiar a espoleta pelo mesmo. Não é seguro o bastante porque a espoleta fica solta
dento do cartucho. A forma ideal é a de se fazer um furo inclinado perto de uma das
extremidades, enfiar a espoleta e prender o estopim no cartucho por meio de uma fita
adesiva.

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CORDEL DETONANTE

Muitíssimo utilizado, o cordel detonante inicia simultaneamente várias cargas


explosivas. Tem um núcleo explosivo de
alta velocidade (PETN – 7.000m/s)
revestido com camadas de diversos
materiais que lhe proporcionam
confinamento, resistência a ação mecânica
e impermeabilidade.

Como usar o cordel detonante

Introduz-se um ramo do cordel, chamado de derivação ou ramificação, no


explosivo. O ramo é amarrado a uma extensão de cordel no solo chamada linha-tronco,
a qual são presas todas as demais ramificações. À linha-tronco, prende-se uma espoleta
simples ou elétrica. A detonação da espoleta propaga-se por toda a extensão do cordel e
dos cordéis a ele ligados até atingir as cargas explosivas com eles em contato.
O cordel produz um alto impacto na iniciação do explosivo, detonando a coluna
inteira com sua força e velocidade máxima e aumentando o seu rendimento. Por isso, o
cordel é especialmente indicado nas furações de grande diâmetro ou onde haja risco de
interrupção na coluna de explosivo devido a irregularidades na parede dos furos. Seu
uso torna-se indispensável quando é necessário o emprego de cargas escalonadas, ou
para fins de iniciação de misturas a base de nitrato de amônia.
O cordel é bem mais seguro do que as espoletas, pois pode ser manuseado a
vontade, receber impactos e ser friccionado sem perigo de detonação. Também não está
sujeito a possibilidade de detonação prematura por correntes elétricas. Uma das
vantagens do cordel detonante é a possibilidade de ser armazenado por longo período,
mesmo sob temperatura extrema, sem sofrer deterioração. O cordel pode ser
armazenado em depósito juntamente com os demais explosivos.

Preparação de escorvas e carregamento com cordel detonante

O cordel deve ser preso ao primeiro cartucho a descer no furo. Isso, não é
necessário para assegurar a detonação, mas sim para garantir que o cordel será
empurrado até o fundo do furo, ficando, assim, em contato com toda a extensão da
coluna.

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Existem dois métodos para a escorva de cartuchos de grande diâmetro:

No primeiro, faz-se um furo transversal que atravessa totalmente o cartucho a


cerca de 5 cm da ponta e passa-se o cordel por esse furo, dando-se um nó na parte de
cima para impedir que se solte.
No segundo, fazem-se dois furos nas extremidades do cartucho: um na direção
do eixo do cartucho e outro obliquamente de modo a emergir na periferia do mesmo; a
ponta do cordel passa pelo furo obliquo e vai penetrar no furo da outra extremidade. O
cordel fica preso ao cartucho por meio de fita adesiva. Para os cartuchos de pequeno
diâmetro pode ser usado este último processo, porém, sem o furo obliquo.
Depois de descer o primeiro cartucho escorvado, corta-se o cordel, deixando
para fora do furo um comprimento suficiente para ancorá-lo, amarrando-o a um pedaço
de madeira de forma que sua ponta não possa cair no furo. Se houver possibilidade de
entrada de água pelo cordel, sua ponta deverá ser cortada com um excesso de 30 cm.
O cordel deve ficar bem esticado junto a parede do furo enquanto o restante dos
cartuchos é colocado. Em algumas operações, podem ser usadas duas ramificações em
cada furo, uma indo até o fundo e outra até o início da carga explosiva. Este método é
especialmente utilizado quando se trata de explosivos a base de nitrato de amônia.

Emendas e ligações de cordel detonante

A conexão entre
a linha-tronco e a
ramificação deve ficar
bem firme e manter a
segunda em posição
perpendicular à
primeira. Se a
ramificação ou
derivação formar um
ângulo com a linha-
tronco, ou cruzar com a
mesma, pode a
detonação, de acordo
com o sentido em que
se propaga, danificar
esta ramificação antes
de iniciá-la,
provocando a falha do
sistema.

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As conexões podem ser feitas por meio de nós ou conectores especiais
fabricados para este fim. Quando são utilizados nós, há duas maneiras adequadas de
fazê-las.
Se houver possibilidade de penetração de água pelas pontas da ramificação, o
que pode ocorrer por efeito da capilaridade, a conexão deve ser feita com, no mínimo,
30 cm de cordel livres nas extremidades.
Quando o cordel vem com alguma interrupção em sua continuidade, a emenda
deve ser feita por meio de um nó, tendo as pontas fixadas com a fita adesiva.
A espoleta pode ser amarrada ao cordel pelo lado. Coloca-se a espoleta junto ao
cordel e a 30 cm de sua extremidade. Em seguida, passa-se sobre o conjunto uma fita
adesiva, de maneira a prender bem a espoleta junto ao cordel. A espoleta deve ficar
colocada de tal forma que fique apontando para a direção da detonação.
Não é aconselhável, ao prender a espoleta com fita adesiva, deixar algum pedaço
da fita entre a espoleta e o cordel. Isto diminui a sensibilidade do cordel e pode impedir
sua iniciação.
As espoletas devem ser atadas à linha-tronco momentos antes da detonação,
quando as pessoas que não são imprescindíveis à detonação já se retiraram. Muitas
vezes, usa-se prender as espoletas a um pequeno pedaço de cordel, chamado “rabo de
cordel”, o qual só vai ser amarrado à linha-tronco no momento da detonação. Esta praxe
é altamente recomendável, tendo em vista a segurança adicional que propicia.

Esquema de ligação e detonação do cordel

Nas ligações de cordel, é preciso ter sempre em vista um princípio: a linha-


tronco deve ser ligada de tal forma que a detonação tenha sempre dois caminhos para
seguir. Assim, se por qualquer motivo a detonação for interrompida em algum ponto da
linha-tronco, ao vir por outro lado, ela detona todos os furos, evitando falhas.
Se são utilizadas duas fileiras de furos, a linha-tronco deve ser armada de tal
maneira que forme um circuito fechado, garantindo a possibilidade de detonação em
ambos os sentidos.

RETARDO PARA CORDEL DETONANTE

Serve para retardar a iniciação de cargas explosivas escorvadas com cordel


detonante atrasando a propagação de sua detonação por
prazos pré-determinados (esperas).
Quando ocorre a detonação do explosivo dentro de
um furo isolado, dentro de 36 a 4 ms (milissegundos),
aparecem as primeiras fendas na rocha. Após 8 a 10 ms, o
material começa a se desprender, enquanto os gases da
explosão começam a sair entre o tampão e a parede do furo. Este é o momento
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aproximado em que os gases adquirem a sua máxima pressão, a qual decai a medida em
que vão escapando. Depois de 30 a 40ms, as fendas já estão bem mais largas e extensas
e o material começa a se mover. Após 60 a 80ms, toda a rocha a ser rompida pelo fogo
se desprende gradualmente. Naturalmente, estes tempos são aproximados. Conforme a
composição de rocha e o tipo de explosivo, o processo pode durar o dobro ou metade do
tempo indicado.
No momento da detonação, a pressão da onda de detonação atinge um altíssimo
valor, na ordem de 100.000 atm (atmosferas). Este valor, praticamente instantâneo, logo
cai para um valor de cerca de 5.000 atm.
O impacto da primeira pressão provoca uma compressão na rocha que se
transmite ao material adjacente sob a forma de onda com uma velocidade de 2.000 a
4.000 m/s. Esta onda, ao encontrar uma face livre, reflete-se, transformando-se em uma
onda de tração. É esta que vai provocar o aparecimento de fissuras no material, as quais,
mais tarde, vão ser alargadas pela pressão produzida pelo escapamento dos gases.
Vimos como atua sobre a rocha a explosão de um furo isolado. No caso de
vários furos detonarem simultaneamente, os efeitos serão basicamente os mesmos.
Note-se apenas o seguinte:
Se uma linha de furos detona instantaneamente, as ondas de choque que se
propagam na direção desta linha provocarão a quebra do material ao se encontrarem.
A detonação simultânea de vários furos aumenta a intensidade da vibração nas
proximidades dos furos.
Se ocorre a detonação de diversos grupos de furos com intervalos de cerca de
500 ms entre cada grupo, o efeito que isto produz é idêntico ao de várias detonações
isoladas.
É justamente neste ponto que entra a função e a importância dos retardos. A
detonação de cada retardo abre novas frentes para os retardos posteriores e a vibração
provocada por cada um deles é praticamente extinta quando detonam os retardos
seguintes.
Bem diferente, é o caso da aplicação de micro-retardos, que atingem, no máximo
50ms. Com retardos desta ordem, a rocha a ser deslocada por uma detonação ainda não
iniciou ou apenas iniciou o seu movimento quando detonam os furos subseqüentes.
Então, o material lançado por estes últimos ainda encontra parte da rocha desprendida
pela detonação anterior, havendo um entre choque entre os dois.
Por outro lado, a vibração provocada pela detonação de um retardo transmite-se
à rocha a ser desmontada pelo retardo seguinte. Este atua sobre uma rocha em vibração.
Verifica-se, portanto, uma adição dos efeitos de vibração que favorece o fendilhamento
da rocha.
O retardo é composto de um tubo plástico, nas extremidades do qual são fixadas
as linhas do cordel. Dentro do tubo, são colocadas duas cargas explosivas e dois
elementos de retardo.
A detonação de um dos lados do cordel propaga-se à carga explosiva contígua, a
qual acende o elemento de retardo do outro lado. O tempo de queima deste é necessário

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para o retardamento na detonação. Quando o elemento de retardo acaba de queimar,
provoca a detonação imediata da carga de seu lado, a qual se transmite ao resto da linha-
tronco.
Podemos citar como vantagens da utilização de retardos:
- Melhor fragmentação
- Redução de lançamento
- Redução das vibrações
- Aumento da produção
O retardo para cordel é fabricado nos tempos de retardo de 5, 10, 20, 30, 50,
100ms e outros. Esses tempos podem ser identificados
pela cor do retardo: 5 = Azul; 10 = Verde; 20 =
Amarelo; 30 = Laranja; 50 = Vermelho.
O tipo de retardo escolhido dependerá das
condições de detonação e do tipo de efeito que se
deseja como resultado. No caso de se desejar melhoria
na fragmentação, quanto mais dura for a rocha, menor
será o tempo de retardo adequado. Quanto menor o
tempo de retardo, menor também o lançamento. Por
outro lado, quanto maior for o tempo de retardo, menor será a vibração produzida.

SISTEMA DE INICIAÇÃO NÃO ELÉTRICO

É um sistema no qual uma espoleta instantânea ou de retardo é iniciada pela


transmissão de uma
deflagração através de
um tubo plástico.
Devido a sua alta
segurança, é um
substituto ideal para as
espoletas elétricas.
Consiste em uma
alternativa segura
porque é imune à
iniciação acidental por
correntes parasitas,
eletricidade estática ou
impacto. Apresenta,
também, a vantagem de
não produzir ruído, o que é importante nas detonações perto de áreas habitadas. O
sistema não elétrico não dessensibiliza os explosivos granulados por não existir
detonação fora do tubo plástico, aumentando, portanto, a eficiência neste tipo de
detonação.

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REFORÇADOR OU “BOOSTER”

É um explosivo de alta potência utilizado para reforçar a iniciação de explosivos


de baixa sensibilidade e, também, para
assegurar a continuidade da propagação
da onda explosiva ao longo das colunas
de explosivos. Trata-se de uma carga
fundida de pentolite acondicionada em
corpo plástico, que lhe confere segurança
e facilidade de utilização. A iniciação do
reforçador é feita pelo cordel detonante,
que passa através do furo axial.
Normalmente, o reforçador é colocado
no fundo do furo. Entretanto, há casos
em que pode ser mais conveniente a interposição de reforçadores entre camadas de
explosivos, como nas cargas escalonadas.

CARREGAMENTO

Chamamos de “carregamento”, no emprego de explosivos, a operação completa


de colocação de uma carga da maneira desejada, com uma ou mais escorvas, pronta para
ser detonada.
As cargas são colocadas, via de regra, em furos ou túneis de coiote confinadas
com tampões, proporcionando aos explosivos o desenvolvimento da máxima eficiência
em trabalho útil de desmonte do material adjacente. Porém, em certas aplicações, em
decorrência de segurança e da necessidade da rapidez de operação, coloca-se
simplesmente a carga em contato com o material a desmontar, denominando este
método de “João de Barro”, pela semelhança que apresenta com a casa do popular
pássaro, podendo facilmente depreender-se que apenas pequena parte da energia do
explosivo é aproveitada.
O Carregamento de furos não deve ser confiado a pessoas não experimentadas
ou não treinadas em todas as fases que fazem parte do processo de carregamento. Deve-
se, também, presumir que o pessoal envolvido no carregamento esteja suficientemente
preparado quanto ao manuseio e ao armazenamento de explosivos, inclusive quanto às
legislações pertinentes, bem como características de explosivos e acessórios, escorvas e
métodos de desmonte e perfuração de rochas.
Se, por ocasião de uma operação de carregamento, houver formação de uma
tempestade de raios e trovões, seja em serviços a céu aberto ou em certas minas de
subsolo, deve-se de imediato interrompê-la, ao tempo em que o pessoal que se encontrar
na área de periculosidade deverá proteger-se convenientemente, pois, embora sendo
poucas, existem possibilidades dos explosivos serem atingidos diretamente pela
descarga elétrica.
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É conveniente destacar que, se estivermos utilizando escorvas elétricas, a
descarga ocorrida num raio de 8 quilômetros oferece perigo, enquanto que aquela que
caia nas proximidades poderá detonar até todas as espoletas elétricas das escorvas. Não
entraremos em maiores pormenores sobre os riscos levantados, porém, alertamos que o
momento oportuno para evitar acidentes com descargas elétricas atmosféricas é aos
primeiros indícios da formação do “mau tempo”, pois o perigo começa na aproximação
e persiste durante a tempestade.
O carregamento poderá ser quanto a sua forma de execução: Manual ou
Mecânico.

CARREGAMENTO MANUAL

O carregamento manual é feito pelo homem utilizando-se, basicamente, as suas


mãos, com o auxílio de ferramentas manuais, das quais destacamos: o socador, cunhas
de madeira, ganchos para descer cartuchos no fundo dos furos, etc.

Preparação para o carregamento manual:

As condições e a profundidade dos furos devem ser examinados atentamente


antes de iniciar uma operação de carregamento com explosivos. Quando a perfuração
for ascendente e o material resultante da mesma é seco, obtém-se a limpeza dos furos
pela sua queda por gravidade, ou então o material é removido pelo fluxo d’água quando
esta é utilizada, porém o mesmo pode não acontecer quando os furos são horizontais ou
descendentes, necessitando, então, de cuidadosa limpeza, objetivando a utilização
integral do espaço para o preenchimento com explosivos, o que facilita o carregamento.
Restos de rochas deixados nos furos podem causar negas parciais ou totais, em
decorrência de separações entre a carga, ou, então, por, causarem danos ao estopim ou
aos fios das espoletas. Procede-se a limpeza dos furos lançando mão de ar comprimido
ou de água disponíveis nas perfuratrizes, bem como da combinação de ambos quando o
material a retirar é muito pesado. Não havendo a disponibilidade dos mesmos, como
quando empregamos perfuratrizes elétricas rotativas, valemo-nos de movimentos
alternativos envolvendo o trado helicoidal destas. Na indisponibilidade de tais recursos,
recorre-se a uma espécie de colher metálica dotada de um cabo longo com a qual efetua-
se uma raspagem dos furos com razoável aproveitamento.
A colocação da carga requer o uso de um socador, o qual destina-se também a
uma verificação final do furo quanto a obstáculos e a sua própria profundidade, o que
deve ocorrer instantes antes do carregamento, pois desvios, pontos salientes ou cavernas
no furo determinam cuidados especiais como veremos posteriormente.
O socador, também conhecido como soquete, deve ter comprimento suficiente
para atingir o fundo do furo e não deve conter partes metálicas expostas, exceção feita a
alguns tipos aprovados de conexão que fazem a junção de suas seções. Os metais que
provocam centelhas e certos tipos de plásticos não satisfazem para utilização nesta
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ferramenta, pois necessitamos considerar os riscos provenientes da possibilidade de
atrito. O material mais indicado é a madeira dura de fibras retas, devendo os socadores
apresentarem seção redonda ou aproximada de tal, com diâmetro suficientemente
pequeno para penetrar no furo com facilidade. O que mais se adapta no uso geral é da
ordem de 1.1/4” a 1.1/2”, a não ser que os furos sejam muito pequenos. Tal ferramenta
deverá sempre ser conservada em bom estado, principalmente na ponta, que não deverá
ficar rombuda ou aguçada em demasia como conseqüência de muito uso, e uma vez isso
ocorrendo, deve-se cortá-la próximo à ponta e revesti-la com ponteira especial de
borracha ou pano. Existem vários tipos de socadores, dentre eles diversos modelos de
plástico tem sido aprovados para amoldar dinamites em furos.

Cargas para o carregamento manual

Visando facilitar o carregamento, os explosivos são em geral fornecidos em


cartuchos de vários comprimentos, mas usualmente com 8”, 12” e 24”, apresentando
diâmetros variáveis em função dos furos onde serão utilizados. É regra geral desejar
uma densidade de carregamento máxima, pelo menos no fundo do furo, devendo
portanto o diâmetro dos cartuchos ser o maior possível que penetre nos furos com
facilidade, sendo usual uma folga de ¼”, embora existam furos em que se necessite uma
folga maior, principalmente quando os cartuchos forem compridos. Os explosivos
nunca deverão ser retirados dos cartuchos, exceção feita quando o furo esteja
parcialmente obstruído, o que determinará esse procedimento em caráter muito especial,
devendo-se salientar que, nesta hipótese, o risco na operação passará a um grau
sensivelmente maior, pois haverá a possibilidade de ocorrer uma mistura de explosivo
com moinha de rocha no furo.
A operação de compactação da carga explosiva no furo é denominada de
socagem e torna-se grandemente facilitada pela abertura de rasgos longitudinais nos
cartuchos, o que pode ser dispensado quando estes já vierem perfurados da fábrica. Tal
abertura de rasgos consiste em fazer dois cortes longitudinais de 4” a 5” de extensão,
um de cada lado do cartucho, os quais permitam sua abertura no interior do furo, logo
que for colocado com o socador. Na hipótese de que os rasgos estejam muito abertos,
ocorre o risco de derramar-se o explosivo por ocasião do manuseio; face a isto não se
deve rasgar os cartuchos antes do exato momento em que serão utilizados, mesmo
porque, sendo assim armazenados, mais expostos ficarão à inconveniente absorção de
umidade.
Existem condições, em que não é aconselhável a prática dos rasgos, como no
carregamento em furos ásperos ou irregulares, quando os cartuchos deverão ser
mantidos rígidos durante toda a operação para que se obtenha êxito.
Podemos, como regra geral, dizer que o cartucho de maior comprimento
compatível com o diâmetro do furo é o que melhor se comporta no carregamento em
furos irregulares. As dinamites cuja massa é pulverulenta, não devem jamais ser
rasgadas, uma vez que elas podem ser socadas com facilidade de qualquer forma e a
abertura dos rasgos provocaria muito derramamento.

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Ao proceder o carregamento de furos, tanto verticais como horizontais, é
aconselhável colocar mais de dois cartuchos de cada vez socando-se a carga, quando se
desejar a máxima densidade de carregamento. Contudo, essa regra deve ser comprovada
pela experiência e pelos resultados alcançados em cada caso particular. Alguns
explosivos são relativamente pouco sensíveis e toda a carga, incluindo a escorva, deve
ser colocada na abertura do furo e empurrada para o fundo como uma só unidade, o que
proporciona uma coluna contínua, com todos os cartuchos em contato.
Na socagem de uma pequena carga de dinamite, como por exemplo dois
cartuchos, são suficientes duas ou três pancadas leves do socador para se obter uma boa
compactação, sendo que, em alguns casos, uma simples pancada é o bastante; o
encarregado da operação, após certa prática, pode determinar, “sentindo” a ferramenta,
se a carga está suficientemente calcada. Depois que todo o espaço vazio do furo tiver
sido tomado pela carga, qualquer batida adicional do socador não produz beneficio
algum, pelo contrário, pode até ser perigoso, principalmente se a ferramenta for
acionada com muita força.
A escorva nunca deve ser forçada ou socada, mas simplesmente arriada ou
empurrada naturalmente até sua posição, preferencialmente com um cartucho de
explosivo entre a escorva e o soquete, o qual funciona como um amortecedor. Via de
regra, esse cartucho amortecedor pode ser dispensado quando se utiliza um cartucho de
24” de comprimento como escorva.
Quando se faz o carregamento da escorva, é preciso tomar cuidado para que o
estopim ou os fios da espoleta não sejam danificados pela socagem ou por ficarem
espremidos entre o socador e as paredes do furo. No carregamento de furos horizontais,
é preciso manter o estopim ou os fios da espoleta sempre esticados, sendo ainda
conveniente fixá-los ou amarrá-los de modo que fiquem presos à parte superior do furo,
onde há menores possibilidades de serem avariados pela inserção do resto da carga. Os
explosivos soltos granulares podem ser colocados em furos verticais simplesmente
despejando-os de sua embalagem. A escorva deve consistir de um cartucho de dinamite
de, no mínimo, 40% de força, bem acomodado na carga. Geralmente não se faz
necessário a socagem para que seja obtida a máxima densidade de carregamento.
Quando se considera conveniente, os tipos derramáveis podem ser fornecidos em
cartuchos para facilitar o carregamento por exemplo de furos horizontais.
É conveniente considerar também que as dinamites a granel não tem resistência
à água e, portanto, não devem ser empregadas no carregamento de furos úmidos ou com
água, mesmo encartuchados. Tais explosivos podem levar-nos a lançar mão de escorvas
individuais, que podem ser iniciadas com espoletas elétricas ou com cordel detonante,
havendo, neste último caso, necessidade de certificar-se de que todos os cartuchos
estejam individualmente em contato com o mesmo. Uma boa maneira de assegurar tal
contato consiste em abrir furos axiais ou inclinados nos cartuchos, passando o cordel
detonante através dos mesmos antes de colocá-los no furo.
Quando for impossível empurrar o explosivo encartuchado sozinho até o fundo
do furo em decorrência das irregularidades nas suas paredes, pode-se fazê-lo com o
auxílio de uma vara de bambu, a qual é enfiada no cartucho e retirada quando atinge a
posição desejada.

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Procedimento semelhante alcança bons resultados no carregamento de furos
verticais de pequenos diâmetros e profundidade até 6 a 7,5 metros. Já os furos verticais
irregulares de diâmetros pequenos e de profundidade excessiva para tal vara podem ser
carregados satisfatoriamente com auxílio de um pequeno espeto de madeira, em torno
dos 10 cm de comprimento, amarrado a ponta de uma linha ou um fio de cobre fino. O
espeto referido é enfiado no cartucho, seguindo-se a sua descida verticalmente sem
grande dificuldade. Chegando o cartucho à posição desejada, o espeto é sacado por
meio de um movimento brusco do fio.
Nos furos irregulares de pequeno diâmetro, verticais e horizontais é mais prático
proceder-se o carregamento com cartuchos compridos de 12” ou 24” de comprimento.

CARREGAMENTO MECÂNICO

Ao contrário do carregamento manual, neste método de operação, o homem


lança mão de máquinas para sua execução, das quais ele passa a ser um mero operador.
Entretanto, deve-se acrescentar que tais métodos são próprios para detonações de
grandes massas de rocha, quando então apresentam excepcionais condições de
economicidade, bem como de segurança na execução da fase de carregamento.
O carregamento mecânico pode ser:
* por bombeamento;
* por máquinas pneumáticas.
O carregamento por máquinas pneumáticas é utilizado para os agentes
detonantes secos. Ele melhora a performance do explosivo granulado pela pulverização
das partículas, o que dá maior densidade à carga.
Existem os sistemas de alta e baixa pressão:
O tipo de baixa pressão propele as partículas para dentro do furo numa
velocidade baixa e numa alta média de volume, carregando o granulado em sua
densidade de vazamento, isto é, natural, ou levemente acima, com um mínimo de
pedaços rompidos.
O Venturi, ou sistema de alta pressão, propele o granulado numa alta velocidade
e média baixa de volume, pulverizando as partículas e dando à massa carregada
densidade próximo a 1. Os benefícios do carregamento pneumático de alta velocidade
crescem a medida em que o diâmetro do furo aumenta de uma polegada.
Se o furo está “fazendo água”, é necessária uma proteção externa para o
granulado. Entretanto, o carregamento de um furo revestido de plástico não é
recomendado para o trabalho de subsolo por causa das correntes de eletricidade estática
e dos gases tóxicos gerados. Se a proteção de revestimento de plástico com
carregamento pneumático em locais bem ventilados é necessária, um sistema não
elétrico de detonação será escolhido. Isso pelo efeito isolante do revestimento, que
funciona como uma eletricidade estática interrompida.

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TEORIA DA DETONAÇÃO E FRAGMENTAÇÃO

COMPORTAMENTO DE DETONAÇÃO IDEAL

O conceito de um explosivo ideal, como proposto por Chapman e Jouguet,


considera que a VOD de um
sistema de detonação é uma
função somente da
termoquímica do explosivo e da
equação de estado dos produtos
de explosão.
A detonação ideal pode
ser calculada a partir dos
seguintes dados: o calor de
reação da composição, o
comportamento dos produtos, a
VOD, a pressão de detonação, e o valor da quantidade de energia liberada pelos
produtos gasosos em expansão do estado de detonação até um valor final de pressão.
Valores absolutos para a VOD e a energia dependem dos produtos a serem formados, ou
mais corretamente, supostos a serem formados na detonação, e do método utilizado no
modelo de comportamento dos produtos quando submetidos a extremas condições de
temperatura e pressão.

Modelos de detonação aplicam cálculos de detonação ideal por três razões:


- Para fornecer a energia total nos cálculos de razão de carregamento.
- Para fornecer subsídios para o calculo das condições de equilíbrio dentro do furo.
- Para fornecer a VOD.

O cálculo da energia total disponível depende de hipóteses, feitas por teóricos,


sobre os produtos da detonação. Assim, explosivos idênticos tem sido calculados de
modo diferente. A pressão e o volume que seguem os produtos da detonação em sua
expansão podem ser usados para calcular as condições de equilíbrio dentro do furo.
O uso de códigos de detonação ideal no cálculo da VOD para explosivos
comerciais resulta em um grande erro. Enquanto técnicas experimentais com tubo de
cobre e aquário fornecem uma representação precisa do desempenho do explosivo, não
está claro que calibrações baseadas nestas informações podem ser diretamente
extrapoladas para aplicações na detonação de rocha.
Dado que este desempenho geralmente muda com o diâmetro do furo e o grau de
confinamento, parece que a medição no desempenho de um explosivo em um
dispositivo será representativa, desde que um alto grau de modelo físico seja
acrescentado ao teste.
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DETONAÇÃO REAL

Leiper e Du Plessis mostram que explosivos comerciais de pequeno e grande


diâmetro apresentam um comportamento não
ideal. A VOD desses explosivos pode ser
alterada principalmente por mudanças no
diâmetro da carga e no confinamento.
Para explosivos de múltipla fase, a
VOD e o desempenho podem ser afetados
pelo tamanho e pela morfologia das
partículas.
O desempenho de um explosivo,
bombeado ou encartuchado, homogênio ou
heterogênio, pode ser descrito perfeitamente
se o fluxo hidrodinâmico no explosivo e no confinamento puder ser agrupado para
expressar a cinética química que representa a reação exotérmica que ocorre na
composição. Este método tem sido usado para investigar o desempenho de explosivos
comerciais e fornecer uma melhor capacidade de previsão aos modelos de detonação. O
desempenho não ideal de um explosivo pode ser visto tanto na variação da VOD com o
diâmetro da carga, como na divisão da energia entre choque e lançamento durante a
detonação.
Consideremos um explosivo detonado em um furo. Podemos dividir a detonação
em quatro etapas: detonação, propagação das ondas de choque, pressão do gás e
movimento da massa.

DETONAÇÃO

Detonação é o início do processo de cominuição. Os ingredientes de um


explosivo, combustíveis e oxidantes, ao reagirem, são imediatamente convertidos em
gases a altas pressões e temperaturas. A onda de detonação tem sua origem no ponto de
iniciação e viaja através do explosivo em velocidade supersônica. A velocidade de um
explosivo é função da sua composição, seu diâmetro, tamanho da partícula, densidade e
grau de confinamento.
A velocidade a qual nos referimos é a velocidade conhecida por steady-state ou
velocidade nominal do explosivo.
Uma vez que a velocidade de detonação é maior que a velocidade do som no
próprio explosivo, podemos dizer que o explosivo imediatamente à frente da frente da
detonação está totalmente intacto, não tendo sofrido perturbação de nenhuma ordem.

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A onda de choque gerada pela detonação da coluna explosiva atua nas paredes
do furo imprimindo a estas um pulso de compressão. Seria interessante definir aqui o
conceito de impedância acústica de um meio:

Onde, Impedância Acústica (Z) = D x V, sendo:


D = Densidade do Meio
V = Velocidade Sônica do Material
Quando a razão entre as impedâncias acústicas de dois meios for igual a 1
(unidade), haverá uma total transferência da energia do material 1 para o material 2. É
prática comum buscarmos o casamento de impedâncias entre explosivos/rocha para
obtermos a máxima transferência de energia.

PROPAGAÇÃO DAS ONDAS DE CHOQUE

Esta segunda fase acontece imediatamente após ou em conjunto com a


detonação; ela trata da propagação dos esforços pela massa de rocha. Em um furo
padrão com iniciação no fundo, normalmente usado no campo, os esforços são
originados próximos ao ponto de iniciação e progridem concentricamente, enquanto a
detonação progride ao longo da coluna de explosivo.
Podemos visualizar a forma da propagação dos esforços através da figura
abaixo. A pressão próxima à frente do furo subirá momentaneamente ao seu máximo e
cairá exponencialmente. Essa queda brusca acontece em função da expansão da
cavidade ao redor do furo, bem como do resfriamento dos gases. A expansão da
cavidade acontece por escoamento e fluidificação da rocha adjacente, podendo atingir
até duas vezes o diâmetro inicial do furo, dependendo, logicamente, do tipo de
explosivo e do meio detonado.
A onda compressiva, ao progredir concentricamente ao longo do eixo da coluna
explosiva, atua sobre o material a sua frente provocando a movimentação da rocha no
mesmo sentido.
Perpendicularmente a esta frente de compressão, surge um outro componente
conhecido como esforço tangencial que irá abrir fendas radiais. Os esforços de tração e
compressão diminuem a medida que se distanciam do furo, pois a mesma tensão vai,
gradativamente, sendo aplicada a uma superfície maior, bem como se dissipando ao
longo do meio rochoso.
Quando a onda de compressão encontra uma descontinuidade ou interface, parte
da energia é transferida através da descontinuidade e outra parte é refletida ao ponto de
origem. Mais uma vez, o ponto vital na divisão dessa energia é a impedância acústica
dos materiais ao lado da interface.
No desmonte de rocha, quando uma onda de compressão atinge uma interface
rocha/ar, praticamente toda a energia é refletida sob forma de onda de tração.

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Se na hora da reflexão, ou seja, de formação dos esforços de tração, estes forem
superiores à resistência à tração da rocha, logicamente, a mesma romper-se-á criando,
assim, uma nova descontinuidade.
A interação dos esforços de compressão/tração em um meio rochoso é objeto de
intensa pesquisa e considerada de grande importância no processo de cominuição da
rocha.
Para que se utilize devidamente as novas teorias baseadas na interação de
esforços, é fundamental a criação de uma nova geração de retardos ultra precisos na
ordem de décimo de milissegundos.

PRESSÃO DO GÁS

Durante e/ou depois da propagação da onda, os gases com grande pressão e alta
temperatura impõe um campo de tensão que, expandindo-se, aumenta as fendas radiais
penetrando pelas descontinuidades.
Existe alguma controvérsia, nesta fase, com relação ao mecanismo principal de
fragmentação. Alguns acreditam que o trabalho de fratura no meio rochoso está
completo, enquanto outros acreditam estar apenas começando.
De qualquer modo, os gases que penetram pelas descontinuidades são os
responsáveis pelo deslocamento do material fragmentado. Não estão claros os caminhos
exatos que os gases tomam dentro de uma massa rochosa, embora concorde-se que eles
sempre tomarão o caminho da menor resistência. Isto significa que os gases migrarão
primeiro para onde haja fendas, falhas e descontinuidades, bem como para
preenchimentos de materiais com baixa coesão nas suas interfaces.
Se uma descontinuidade ou preenchimento entre o furo e a face livre é
suficientemente grande, os gases de alta pressão, imediatamente, sairão para a
atmosfera, reduzindo rapidamente as pressões totais de confinamento e resultando em
deslocamento reduzido de material fragmentado.
O tempo de confinamento do gás sob pressão dentro da massa rochosa varia
significativamente com:
1 – a quantidade e o tipo de explosivo;
2 – o tipo e a estrutura do material rochoso;
3 – a quantidade e o tipo de tampão;
4 – o afastamento.
Estudos feitos por Chiapetta com o uso de fotografia de alta velocidade
mostraram que o tempo de confinamento do gás antes do princípio do movimento da
massa rochosa varia de 5 a 100 milissegundos.
Em suas análises, ficou evidente que somente afastamentos bem dimensionados
e cargas bem tamponadas podem desenvolver pleno potencial no que se refere à
extensão adicional das fraturas e aos movimentos das massas.
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MOVIMENTO DE MASSA

Movimento de massa dos materiais é o último estágio no processo de quebra. A


maioria da fragmentação já foi completada através das ondas de compressão, ondas de
tração e alargamento das descontinuidades pela ação dos gases.
Entretanto, um pouco mais de fragmentação, embora desprezível, ocorre através
das colisões internas e também quando o material atinge o solo. Geralmente, quanto
maior for a altura da bancada, maior será o tipo de ruptura devido a velocidade de
impacto crescente de fragmentos individuais ao cair no piso da bancada. Similarmente,
o material detonado em filas opostas em um esquema de fogo ligado em Chevrom (V),
sofre colisões frontais podendo resultar em um aumento de fragmentação. Este
fenômeno foi evidenciado e documentado, também, através de fotos de alta velocidade.

EVENTOS DE TEMPO COMBINADOS

Até aqui, a propagação das ondas de choque, a pressão dos gases e o movimento
das massas foram discutidos, de certa forma, como eventos isolados e separados.
Porém, em um ambiente de detonação real, mais de um evento pode ocorrer ao mesmo
tempo.
Considere um único furo vertical em uma bancada em calcário com um iniciador
localizado próximo ao fundo do furo. Assuma-se que o explosivo usado seja o ANFO
com uma carga de coluna de 12 m, com uma velocidade de detonação igual a 4.200 m/s;
e que o material detonado seja calcário, com velocidade de onda sônica de 5.000 m/s e
uma densidade de 2,5 g/cc. Após a iniciação do booster, decorre uma distancia de 2 a 6
diâmetros do furo ao longo da coluna para que se forme uma cabeça de detonação
completa. Quando esta cabeça de detonação completa é formada, ela caminha pela
coluna de explosivo com uma velocidade mais ou menos constante, ou seja, a
velocidade nominal (neste caso, 4.200 m/s).
Em aproximadamente 3 milissegundos, a coluna de 12 m de ANFO estará
completamente detonada.
Dentro destes 3 milissegundos, muitas outras coisas acontecem. Começando no
fundo e progredindo pela coluna, ocorre a expansão do mesmo devido à alta pressão
contra sua parede. Isto produz ondas de pressão compressivas com componentes
tangenciais emanando das paredes do furo e progredindo para fora em todas as direções
com uma velocidade característica da velocidade da onda sônica no calcário.
No exemplo proposto, leva aproximadamente 1 milissegundo para que a onda
de tensão compressiva atravesse os 5 m de afastamento em direção à face livre. Atrás da
propagação da onda de tensão, algumas rupturas radiais começam a se desenvolver na
região da zona pulverizada do furo. Estima-se que a velocidade do desenvolvimento
dessas fraturas seja de 25 a 50% da velocidade sônica do meio.

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Se a intensidade do pulso de tensão compressiva é alta o suficiente, novas
fraturas e/ou extensões de fratura pré-existentes e fendas podem ser iniciadas em
qualquer lugar ao redor da zona pulverizada próxima do furo.
Quando uma onda compressiva atinge a face livre, é imediatamente convertida
em uma onda de tração que inicia na face livre e retorna à origem. Devido às novas
fraturas criadas pela onda de tensão compressiva, a onda de tração demorará um pouco
mais para percorrer a mesma distância de afastamento (5 m). Se o afastamento for
pequeno e a intensidade da onda de tensão refletida for grande, então poderemos ter
alguns lascamentos na face livre ou no topo da bancada, embora nenhum movimento
significativo de massa tenha ocorrido até o momento.
Aos 3 milissegundos após a detonação e a completa reação do explosivo
granulado, a temperatura alta inicial e os gases de alta pressão alcançam um novo
equilíbrio devido à expansão do furo. Ambas, temperatura e pressão, cairão
significativamente resultando em uma redução de 25 a 60% da energia teórica
originalmente disponível. Esta energia restante age na massa rochosa “pré-
condicionada” para movimentá-la na direção da menor resistência.
Fragmentação adicional ocorre neste estágio proveniente da penetração dos
gases nas fendas ou descontinuidades pré-existentes. É neste estágio que algumas
teorias de detonação são contraditórias. Algumas estipulam que o trabalho de fratura
mais significativo é mais completo em cerca de 3 milissegundos devido à interação das
ondas de tensão no material ao redor, enquanto outras defendem que o maior processo
de fraturamento está apenas começando.
Sem levar em conta qual estágio é o real responsável pelo desenvolvimento do
processo de fratura, o movimento da massa ou deslocamento do material ocorre muito
mais tarde devido ao confinamento da pressão do gás dentro da massa rochosa. O
comportamento do movimento de massa depende da resposta do material em conjunção
com o estímulo da pressão dos gases e tensão gerada pelo explosivo. Para cargas e
tampões típicos encontrados no campo, a elevação do topo da bancada ocorre entre 1 e
60 milissegundos, a ejeção do tampão entre 2 a 80 milissegundos e os movimentos da
bancada entre 5 a 100 milissegundos.
As velocidades do empolamento da superfície em volta da região do furo
ocorrem entre 2 a 40 m/s, a ejeção do tampão entre 3 a 400 m/s, e a velocidade das
massas da bancada, entre 2 a 65 m/s.

PLANO DE FOGO

O projeto de desmonte de rocha com utilização de explosivos pode ser


designado de Plano de Fogo. O plano de fogo compreende desde a seleção do explosivo
até a forma de iniciação do desmonte. Qualquer programa de otimização do desmonte
necessita uma clara compreensão dos efeitos dos principais parâmetros do plano de fogo
e de sua cuidadosa aplicação.

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Embora exista uma grande diferença entre os diferentes tipos de rocha
desmontadas nas pedreiras, minas e outras escavações, os princípios aplicados ao plano
de fogo são, na essência, os mesmos. O grau de fragmentação dependerá de:
(a) características da rocha,
(b) propriedades e quantidades de explosivos utilizados,
(c) geometria do desmonte,
(d) tamanho do desmonte,
(e) método e seqüência da iniciação.

A terminologia principal empregada no plano de fogo compreende os


seguintes termos:

1- Face livre – superfície da rocha exposta. Pode ser uma descontinuidade da rocha.

2- Bancada – conformação topográfica dada ao terreno para melhor desempenho do


desmonte de rochas.

3- Altura da face ou altura da bancada (H) – é a distância vertical entre o topo e a


base da bancada.

4- Diâmetro do furo (D) – em geral, o custo de perfuração e desmonte decresce com o


aumento do diâmetro do furo. A relação entre o diâmetro do furo e altura da face
pode ser expressa pela fórmula: D = 0,01 a 0,02 H.

5- Afastamento (B) – é a distância em metros de um furo a mais próxima face livre e


deve ter a seguinte relação aproximada com o diâmetro do furo: B = 25 a 40 D.

6- Espaçamento (S) – é a distância em metros entre furos adjacentes e é medido


perpendicularmente ao afastamento. A relação entre os dois pode ser considerada
pela seguinte fórmula: S = 1 a 1,8 B.

7- Inclinação do furo ( ) – é o ângulo formado entre o plano vertical e a linha do


eixo do furo ou, similarmente, o ângulo formado entre o plano vertical e a face da
bancada. Em geral, furos inclinados permitem uma melhor distribuição dos
explosivos em relação aos furos verticais. Esse ângulo fica geralmente entre 0 e 300.
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8- Subfuração (U) – é a furação extra em profundidade além do nível da base da


bancada. Essa furação adicional tem por objetivo a eliminação de repés na base da
bancada. Em geral U = 8 a 12 D ou U = B/3.

9- Comprimento da carga (L) – corresponde ao comprimento da coluna de


explosivos no furo.

10- Tampão (T) – material inerte colocado entre o explosivo e a boca do furo de
detonação para confinar os gases da explosão. Pode ser água, pó de pedra, areia,
lama ou rocha britada. O tamanho das partículas que compõe o tampão não deve ser
maior que 30 mm. O tampão ótimo pode ser calculado pela seguinte fórmula:

T = (12Z/A) (QS/100)1/3

Aonde,
Z: fator de ultralançamento (1 para desmonte normal e 1,5 para desmonte
controlado);
A: fator da rocha (6 para rocha muito mole e 14 para rocha dura)
Q: massa de explosivos (kg) em 8 diâmetros de furo ou se a carga de coluna é menor
do que 8 D, a massa total de explosivos;
S: resistência ao peso relativa do explosivo (ANFO = 100).

11- Separadores de carga – são utilizados para separar cargas explosivas em um furo.
Procura-se, com essa técnica, assegurar uma melhor distribuição de energia. As
cargas podem ser separadas com rocha britada, areia, cápsulas de água e outros
materiais.

12- Razão de carga ou razão de carregamento (q) – é a razão entre a massa de


explosivos requerida para fragmentar uma dada quantidade de rocha e é
normalmente expressa por kg/m3 ou kg/t.

13- Densidade de carga (Qc) – é a massa de carga distribuída na coluna de um furo e é


expressa em kg/m.

14- Fator energia – significa a quantidade de energia do explosivo requerida para


quebrar uma dada quantidade de rocha. Esse fator varia entre 0,9 MJ/m3 e 2,3
MJ/m3, dependendo do tipo de rocha e do diâmetro do furo.
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15- Razão de acoplamento (Rd) – pode ser definida como a razão dos diâmetros da
coluna de explosivos e do furo e, usualmente, é expressa em percentagem. Por
exemplo, se um furo com diâmetro de 88 mm é carregado com cartuchos de 64 mm
de diâmetro, a razão de acoplamento será Rd = (64/88) x 100 = 73%

A figura ilustra os principais elementos componentes do plano de fogo

Principais elementos de um plano de fogo.

Legenda/Tradução:
Hole Angle = Anglo do Furo Surface Blasting Terminology = Terminologia da área
de detonação

Bench Height = Altura da Bancada Overhang = Resalto, Parte Saliente

Burden = Afastamento Toe = Repé

Spacing = Espaçamento Bench Floor = Andar da Bancada ou Praça

Charge Length (Excluding Subdrill) = Comprimento da Free Face = Face Livre


Coluna Carregada (Excluso Subfuração)

Subdrill = Subfuração Stab Hole = Furo Perfurado

Stemming = Tampão Bench Top = Topo da Bancada

Hole Diameter = Diâmetro do Furo Backbreak = Quebra para trás

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O arranjo das linhas de furo pode ser feito observando-se malhas quadradas ou
no formato de furos alternados ou pé-de-galinha. Caso haja a necessidade de executar-se
o desmonte num corte do tipo V ou com duas faces livres, pode ser adotado o padrão
em chevron. Em geral, recomenda-se a utilização de, no máximo, 5 linhas de furação,
embora também se possa executar desmontes de êxito com um número maior de linhas
de furos.

Padrão de furação em chevron fechado e aberto.

DIMENSIONAMENTO DO PLANO DE FOGO PARA BANCADAS A CÉU


ABERTO
Antes do dimensionamento do desmonte de rocha com utilização de explosivos
ser efetuado, é importante definir claramente quais são os objetivos do desmonte. O
projeto será baseado em experiência prática anterior, fórmulas fundamentais, regras
empíricas e na própria engenharia de desmonte de rocha.

REGRAS EMPÍRICAS

Diâmetro do furo (D) – A escolha do diâmetro de furação é feita a partir dos


equipamentos disponíveis ou que estejam a disposição do empreiteiro. Outro aspecto
observado é uma relação entre o diâmetro do furo e o volume da caçamba do
equipamento de carregamento; Em geral o volume da caçamba (n) em jardas cúbicas é
igual o diâmetro do furo (D) em polegadas, ou seja n = D. Além disso, existe uma
relação entre D e a altura de bancada (H). Em geral, quanto maior o diâmetro do furo
mais alta será a bancada. Recomenda-se a observação das seguintes relações: D
(polegadas) = H (pés) / 10.
Altura da bancada (H) – A altura da bancada dependerá dos equipamentos de
perfuração e de carregamento disponíveis. Além da relação de diâmetro de furo, e altura
de bancada, o porte do equipamento de perfuração tem influência na definição da altura
de bancada; por exemplo, perfuratrizes manuais são recomendadas para bancadas de
altura inferior a 4 metros. Aspectos como segurança e produtividade, igualmente, têm
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que ser levados em consideração. As bancadas podem ser verticais ou inclinadas. Em
geral, bancadas inclinadas são mais seguras; obtém-se uma melhor fragmentação,
diminuição de consumo de explosivos, menor vibração e diminuição de repé.

Para bancadas verticais o comprimento do furo (Hf) será igual a altura da


bancada mais a subfuração, ou seja:

Hf = H + 0,3 B (afastamento)
No caso de bancadas inclinadas, Hf será:
Hf = (H/cos ) + 0,3 B

Afastamento (B) – O afastamento pode ser calculado com base no diâmetro da furação.
Algumas relações usadas para o cálculo do afastamento:
B = 45 D, D em milímetros;
B = 20 a 40 D, D em milímetros;
B (em mm) = D (em polegadas);
B (polegadas) = (0,25 a 0,5) H (metros).
Espaçamento (S) – O espaçamento, geralmente, é definido como uma função do
afastamento. Diversas sugestões são conhecidas:
S = B;
S = 1,15 B;
S=1a2B
Em geral, aumentando-se S e diminuindo-se B, a rocha tenderá a sofrer maior
fragmentação; ao contrário, diminuindo-se S e aumentando-se B, a fragmentação será
menor.
Subfuração (U) – A subfuração pode ser definida com base no valor de afastamento
adotado para a malha de perfuração ou em relação ao D:
U = 0,2 a 0,5 B;
U = 0,3 B;
U = 0,2 a 0,3 B
U = 8 a 12 D

Tampão (T) – O comprimento do tampão poderá ser definido em função do


afastamento ou do diâmetro do furo:
T = 0,7 a 1,3 B;
T = 15 a 25 D
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Razão de carga ou de carregamento (q) – a experiência prática tem fornecido alguns
valores de referência de razão de carga para diversos tipos de rocha:
Andesitos, basaltos, minério de ferro 500 a 700 g/m3
Dolomitos, quartzitos, xistos 350 a 450 g/m3
Arenitos, calcários, folhelhos 200 a 300 g/m3
Carvão 150 a 250 g/m3

Conhecida ou arbitrada a razão de carregamento e conhecido o volume de rocha


deslocado com cada furo, determina-se a carga de explosivo por furo. Conhecido o
número de furos detonados em um fogo, determina-se a carga de explosivo por fogo.
Volume de rocha deslocado por furo (Vf) – o volume de rocha deslocado por cada
furo é calculado pela fórmula: Vf = B x S x H. O volume total de rocha deslocado é
calculado multiplicando-se o número de furos por Vf.
A distribuição de explosivos no furo pode não ser uniforme. O explosivo,
dependendo das necessidades, poderá ser distribuído em 3 seções:
- carga de fundo (cf), com comprimento igual a 1,3 B;
- carga de coluna (cc), com comprimento igual a H – 2B;
- tampão, com comprimento igual a B.
Nesses casos, a carga de fundo terá a seguinte concentração linear: cf (g/m) =
0,8 a 1,0 D2 (mm). A carga de coluna deverá ser de 50 a 70% da cf.

INICIAÇÃO DO DESMONTE
Diversos padrões de iniciação, num desmonte de rocha com utilização de
explosivos constituídos por várias linhas de furos, podem ser definidos dependendo dos
objetivos que se quer alcançar. A figura nos indica um dos modelos utilizados. Uma
iniciação do tipo linha por linha só é efetiva para certas aplicações especializadas, como
por exemplo um desmonte no qual se queira lançamento do material fragmentado.

Padrão de iniciação de um plano de fogo.

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INTERVALOS DE RETARDOS
A utilização de retardos é importante sob vários aspectos. O grau de
fragmentação e lançamento são influenciados significativamente pela posição das faces
livres criadas na detonação. Retardos muito curtos fazem com que as linhas de trás
iniciem antes que o material rochoso dos furos frontais tenha tempo de fragmentar e se
mover. Isso pode provocar sobrequebra da parede traseira ou problemas no pé. Por
outro lado, se o intervalo de tempo entre dois conjuntos de furos é muito longo, há
perigo de corte do fogo. O intervalo ótimo depende do afastamento efetivo e usualmente
varia entre 4 ms/m e 8 ms/m.

Exemplo simplificado de cálculo de plano de fogo para uma bancada a céu aberto
Projetar uma bancada a céu aberto em pedreira de basalto com necessidade de
produção diária de 2.000 m3 de rocha. A perfuratriz disponível é do tipo martelete
montado em carreta de esteiras (DHD).
Com base nesses dados, podemos seguir a seguinte solução para o caso:
1- O primeiro passo é definir a altura da bancada. Dependendo da topografia do terreno
e considerando o tipo de perfuratriz disponível, estabeleceremos a altura da bancada:
para o caso em questão é possível trabalhar-se com furos entre 10 a 30 metros.
Supondo que a topografia permita, adotaremos uma altua de 12 m.

2- O segundo passo é definir-se a inclinação dos furos. Optaremos por trabalhar com
uma inclinação de 15 graus. Além disso, a furação será executada formando um
padrão intercalado com triângulos equilaterais (pé-de-galinha).

3- Definição do diâmetro do furo: em função do equipamento disponível e da altura de


bancada, podemos trabalhar com diâmetro de 4” ou 100 mm.

4- A subfuração será função de D e adotaremos, para esse caso, U = 10 x D = 10 x 100


= 1,0 m.

5- O comprimento do furo será determinado pela fórmula Hf = (H/cos ) + U, ou seja


Hf = (12/0,97) + 0,63 = 12,37 + 1,0 = 13,4 metros.

6- O explosivo a ser escolhido é um ANFO com cartuchos de emulsão como primer.


Assume-se que a densidade do ANFO compactado mais o primer seja de 0,85
g/cm3. A razão de carregamento adotada para a rocha do problema é de 500 g/m 3.
Podemos calcular a densidade de carga pela expressão Qc = D2/1273 em kg/m,
onde  é a densidade do explosivo, ou seja Qc = (0,85 x 10000)/ 1273 = 6,67 kg/m.

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7- O tampão pode ser definido pela expressão T = (12Z/A) (QS/100)1/3 . Como o
basalto é uma rocha dura, adotamos para A o valor de 11. Como precisamos
controlar o ultralançamento de fragmentos de rocha, usamos Z = 1,25 e, para o
ANFO, o S = 100, Q = 8 x 1,0 x 2,65 = 21,2 kg. Dessa forma, T = (12 x 1,25/ 11) x
(21,2 x 100/100)1/3 = 3,8 metros.

8- O comprimento da carga L pode ser calculado pela diferença entre o comprimento


do furo e o tampão. Portanto, L = 13,4 – 3,8 = 9,6 m. Um furo terá como carga de
explosivo 9,6 m x 6,67 kg/m = 64 kg.

9- Para definição do afastamento e do espaçamento, sabemos que cada furo terá 64 kg,
e que S x B = 64 kg / (6,67 kg/m x 0,5 kg/m3) = 19,2 m2; Sabemos, também, que,
para o padrão de furação adotado, a melhor relação entre S e B é 1,15 B = S.
Portanto, 1,15 B2 = 19,2; então B = 4,38 m ou 4,4 metros e, por decorrência, S =
1,15 x B = 5,06 m ou 5m.

10- O volume de rocha desmontado por furo será: Vf = (5 x 4,4 x 12) = 264 metros
cúbicos. Ou seja, para produzirmos 2000 m3 por dia, necessitaremos
aproximadamente 8 furos.

DIMENSIONAMENTO DE PLANO DE FOGO PARA TRINCHEIRAS

Trincheiras são escavadas para atender diversas finalidades, como por exemplo,
passagem de canalizações de água, telefone e cabos, ocorrendo muito freqüentemente
em meio urbano. Dessa forma, cuidados especiais devem ser tomados durante o
desmonte, além dos aspectos inerentes ao próprio projeto serem diferenciados em
relação ao desmonte por bancadas.
Na abertura de trincheiras, a sua largura, em geral, é pequena quando comparada
com sua profundidade. Além disso, a rocha está mais confinada do que nas bancadas,
necessitando uma maior razão de carregamento, alcançando valores tais como 1 a 3
kg/m3. O diâmetro da furação varia entre 38 mm e 88 mm e, geralmente, pode seguir a
seguinte expressão:
D = W/60;
Onde D = diâmetro do furo em mm e W é a largura do corte em mm.

Em locais onde não existem faces livres, é desejável começar-se o desmonte


abrindo um corte menor (tipo caixa) para fornecer as necessárias faces livres.
O mais importante aspecto na abertura de trincheiras é, no entanto, a utilização
de furos inclinados, com inclinação em torno de 10 graus a partir da vertical. A figura
seguinte mostra uma típica seqüência de furação em trincheiras.
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Geralmente, usa-se uma carga concentrada de explosivos no fundo do furo e
com menor densidade na coluna ou mesmo cartuchos de menor diâmetro. O tampão
deve ter comprimento mais ou menos igual ao do afastamento, o qual geralmente varia
entre 0,5 a 1,0 metro. Furos de alívio podem ser utilizados para direcionar a progressão
do desmonte.

Padrão de furação para trincheiras.

DESMONTE SECUNDÁRIO

O desmonte secundário ou fogacho é utilizado quando são formados grandes


blocos de rocha no desmonte primário, os quais não podem ser adequadamente
carregados e transportados para a estação de britagem. Esse tipo de operação não
deveria ser esperada quando o dimensionamento do desmonte de rocha é feito de forma
adequada. Além da demora que isso pode provocar nas operações, seu custo é, em geral,
elevado. Dados práticos em pedreiras indicam um valor aproximado de R$ 1,80 por
tonelada. Esses blocos de rocha também poderão ser fragmentados mecanicamente. As
figuras seguintes mostram as duas formas mais clássicas de efetivar-se o fogacho.

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Desmonte de bloco com furação.

Desmonte de bloco com joão-de-barro.

CONTROLE AMBIENTAL

As técnicas envolvendo a utilização de explosivos para o desmonte de rochas


diferem de outros sistemas de desmonte mecânico disponíveis pelo fato de que a energia
aplicada é liberada num curto espaço de tempo, milissegundos. Caso o processo de
liberação de energia não for adequadamente controlado, há um potencial perigo para o
meio ambiente.
As perturbações ambientais incluem efeitos de ruído ou sobrepressão de ar,
ultralançamentos de fragmentos de rocha, mudanças no perfil natural do terreno,
poeiras, gases e vibrações. Todos os técnicos envolvidos no planejamento e execução de
um plano de desmonte de rochas com utilização de explosivos precisam preocupar-se
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com essas questões, principalmente contra a alegação de danos causados em
decorrências dos fatores anteriormente relacionados. Antes de que os explosivos sejam
utilizados, é boa prática fazer-se um detalhado levantamento de todas as estruturas que
podem estar sujeitas a riscos de danos e manter registro meticuloso de todas as
detonações efetuadas.
A energia potencial dos explosivos pode ser manifestada como calor,
fragmentação de rocha, lançamento de fragmentos de rocha, ruído ou sobrepressão de ar
e vibração no terreno. Dependendo da colocação da carga de explosivos, a percentagem
de distribuição desses fatores pode variar, com exceção da emissão de calor, que será
constante em todas as situações. Por exemplo, se uma determinada quantidade de
explosivos é detonada na superfície do terreno, a maior parte da energia do explosivo
será convertida em ruído ou sobrepressão de ar, enquanto que se a mesma quantidade de
explosivo for detonada em profundidade na rocha, a energia liberada se manifestará
dominantemente como vibração do terreno.

RUÍDO OU SOBREPRESSÃO DE AR

A sobrepressão de ar ou pressão acústica ou ruído provocado por carga


explosiva aumenta rapidamente com o decréscimo de confinamento. Grandes
sobrepressões de ar ou ruídos são causados tanto por carregamentos inadequados, com
conseqüente desperdício de energia no ar, como por detonação de cordel detonante
exposto na superfície do terreno.
As condições ideais para um mínimo efeito de sobrepressão de ar ocorrem
quando a temperatura decresce com altitudes crescentes, causando uma diminuição da
velocidade das ondas sonoras, induzindo a que essas ondas afastem-se do solo. Por
outro lado, se o ar torna-se quente com o aumento da altitude, ocorrerá um aumento na
velocidade das ondas sonoras, provocando o retorno das ondas ao solo por refração. No
caso de ventos fortes numa direção particular, as ondas refratadas são canalizadas no
caminho do vento. Esse fenômeno aumenta a sobrepressão acústica em determinados
pontos.
A sobrepressão de ar ou pressão acústica para cargas não confinadas pode ser
estimada pela fórmula:
p = 185 (R/m ¹/³) -¹,²
aonde,
p: sobrepressão de ar ou pressão acústica (kPa);
m = carga explosiva (kg);
R = distância da carga (m).

Para cargas confinadas em furos, a sobrepressão de ar ou pressão acústica pode


ser estimada por:
p = 3,3 (R/m) ¹/³) -¹,²
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A Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT – em sua NBR 7731,
recomenda que o nível de pressão acústica medido além da área de operação não deve
ultrapassar o valor de 134 decibéis, o que corresponde a uma pressão acústica de 100
Pa. A partir desse valor, poderão ocorrer danos a estruturas.
As principais causas da ocorrência de ruídos indesejáveis nas operações de
desmonte de rochas com uso de explosivos são:
a) uso de cargas superficiais, principalmente em fogo secundário;
b) uso de tampões inadequados;
c) ejeção do fogo resultante de projetos mal concebidos;
d) linhas de cordel detonante expostos em superfície.

ULTRALANÇAMENTO DE FRAGMENTOS DE ROCHA

Ultralançamento de fragmentos de rocha é o termo utilizado para designar


projéteis indesejáveis de rocha desmontada com utilização de explosivos. Para um
determinado tipo de rocha existe uma relação compatível entre a altura da carga de
coluna de explosivos nos furos, o padrão de furação e a razão de carga. Quando essa
relação é comprometida, a energia de gás dos explosivos é violentamente liberada para a
atmosfera e pode projetar fragmentos de rocha. Um tampão adequado pode ter papel
fundamental para impedir essas projeções. Rocha britada (fragmentos angulares) é
recomendada como sendo um tampão ideal e o comprimento do tampão não deve ser
menor que a distância do afastamento.
As principais causas de ultralançamento são: (1) afastamento pequeno; (2) furo
sobrecarregado; (3) problemas com o tampão e (4) grande confinamento.
Em trabalhos de escavação próximos a edificações civis deve-se tomar
precauções especiais. Coberturas na área de detonação são recomendadas. Os principais
materiais a serem utilizados compreendem: pneus, pranchões de madeira, malhas
metálicas, areia, correias transportadoras pesadas e outros materiais.
Poeiras: A poeira é produzida principalmente pelos trabalhos de furação e pode trazer
considerável perturbação em regiões com ventos constantes e fortes. Para diminuir esse
problema, podem ser utilizados coletores de poeira diretamente na unidade de
perfuração ou, então, usar furação por via úmida. O operador deve utilizar máscara
protetora contra poeira. Na detonação da rocha, se o projeto for adequado, pouca poeira
é produzida. No entanto, em trabalhos de demolição ela é inevitável.
Gases: A detonação de explosivos comerciais em condições ideais produz vapor d’agua,
dióxido de carbono e nitrogênio. Entretanto, pequenas quantidades de gases
indesejáveis, tais como monóxido de carbono e óxidos de nitrogênio, conhecidos como
gases tóxicos, são perigosos em espaços confinados como túneis e minas subterrâneas e
menos perigosos em céu aberto. No entanto, mesmo em céu aberto, deve-se tomar
cuidado e evitar exposição aos gases liberados no desmonte. Deve-se dar um tempo
adequado para acessar a área após a detonação.

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VIBRAÇÕES NO TERRENO
Quando uma carga explosiva é detonada em um furo na rocha, uma onda de
pressão é gerada no terreno ao redor desse furo. A medida que essa onda de pressão
afasta-se do furo, forma-se uma onda sísmica ou uma onda de vibração, causando
deslocamento de partículas ao seu redor. Essa oscilação de partículas individuais é
medida para determinar a magnitude da vibração produzida pelo desmonte de rocha
com utilização de explosivos.
Para transmissão de ondas elásticas, a deformação é diretamente proporcional a
velocidade de partícula. Como um dano estrutural, em geral, é relacionado com a
deformação, o uso da velocidade de pico de partícula é aceito como o principal
parâmetro para medidas de vibrações. As três componentes (longitudinal, transversal e
vertical) das ondas sísmicas provocadas pela detonação são medidas com auxílio de
instrumentos chamados sismógrafos. Em alguns países, como o Brasil, prefere-se
utilizar a resultante dessas componentes para avaliar danos causados pelas vibrações. Os
padrões utilizados diferem de país para país.
A velocidade de partícula (PPV) pode ser estimada pela fórmula:
PPV = k / (R/m ¹/²)c
Aonde,
R: distância em metros;
m: carga explosiva em kg;
k: fator de local;
c: constante.
A razão (R/m¹/²) é conhecida como distância escalonada (DE). A distância
escalonada é um parâmetro útil para comparação de resultados de medidas de vibrações.
A medida que os valores de DE aumentam, a magnitude da PPV decresce.
Recomenda-se que, para cada situação, seja construído um gráfico usando papel
log-log onde são colocados os valores medidos em campo de PPV. Nesse gráfico,
coloca-se na abscissa os valores de DE e na ordenada os valores de PPV. Em geral,
desconsiderando-se pequenas variações, o gráfico corresponde a uma linha reta. As
constantes k e c são obtidas, respectivamente, na intersecção da linha de regressão no
eixo da PPV e pelo cálculo da inclinação da linha de regressão. A figura 2 é um
exemplo de um desses gráficos elaborado para 10 medidas. Após ser ajustada a reta para
esses resultados, traça-se outras duas linhas paralelas; a primeira para englobar todos os
pontos no gráfico.
Exemplo: uma estrutura civil muito sensível a vibrações está situada a 300 m de
uma área de detonação. A máxima velocidade de partícula admitida para esse caso é de
5 mm/s. Qual será a carga máxima a ser detonada instantaneamente?
Solução: a partir de um gráfico de DE, traça-se uma linha horizontal
correspondente a PPV de 5 mm/s até atingir-se as linhas de regressão. Com isso obtém-
se 3 valores para a DE: 30, 40 e 50. Como o valor mais seguro corresponde a 50,
observa-se que (R/m¹/²) = 50. Dessa forma, pode-se calcular m, que é a carga máxima

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para gerar aquele valor de PPV, ou seja, a carga máxima de explosivo a ser detonada
por espera. No caso, m = 36 kg.
Segundo a NBR 9653 da ABNT, a velocidade de vibração de partícula resultante
é calculada pela fórmula:
VR = ( (VL)² + (VT)² + (VV)² )0,5
Onde: VL, VT e VV = são, respectivamente, os módulos das velocidades de
vibração medidas de zero a pico, segundo as direções L – longitudinal, T – transversal e
V – vertical, definidas com relação a reta que passa pelo ponto central da detonação e
pelo ponto de medição. Segundo essa mesma norma, a velocidade de partícula
resultante – VR – não deve ultrapassar 15 mm/s. A intensidade das vibrações no terreno
é influenciada pelas propriedades da rocha afetada, destacando-se:
(a) propriedades elásticas do meio, as quais determinam a velocidade de propagação das
ondas sísmicas;
(b) a presença de água;
(c) a topografia;
(d) estruturas geológicas;
(e) características de absorção do meio.

Tabela: Principais fatores que afetam as vibrações no terreno e a sobrepressão de ar


VARIÁVEIS SOBREPRESSÃO DE AR VIBRAÇÕES NO TERRENO
S = Significativo
SM = Significância Moderada S SM I S SM I
I = Insignificante
Carga por retardo X X
Tempo de retardo X X
Afastamento / Espaçamento X X
Tampão X X
Tipo de tampão X X
Ângulo de furação X X
Direção da iniciação X X
Carga por fogo X X
Profundidade da carga X X
Desvio de furação X X
Cordel coberto com terra ou não X X
Vento X X
Temperatura X X

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DESMONTE EM SUBSOLO

UTILIZAÇÃO
* Minerações subterrâneas de carvão, calcário, metálicos (ouro, cobre, etc), entre outras;
* Túneis rodoviários;
* Túneis ferroviários;
* Aquadutos;
* Metrôs, etc.

CONCEITOS BÁSICOS
A perfuração em subsolo, a exemplo da feita ao ar livre, também deve sempre
formar faces livres de modo a melhor utilizar a energia gerada com a expansão dos
gases da detonação. Isso porque os fundamentos do desmonte de rocha na detonação
subterrânea são os mesmos do executado a céu aberto: reflexão das ondas de choque na
face livre seguida de expansão dos gases da detonação.
Como no trabalho subterrâneo o engastamento da rocha a ser desmontada é
maior, há necessidade do emprego de maiores cargas específicas (kg de explosivos / m³
de rocha) para arranque satisfatório.

TÚNEIS
Quando a detonação tem a finalidade de abrir um túnel, é preciso,
gradativamente, gerar o aparecimento de uma cavidade, geralmente na parte central da
seção transversal (face do trabalho). É por essa cavidade, denominada de pilão, que
começa a ocorrer o desprendimento do material. Assim, o pilão corresponderia à face
livre da detonação da bancada.
Tipos de pilão:
a) furos paralelos – pilão em V
b) furos não paralelos – pilão em leque
Imediatamente após a detonação do pilão, detonam-se os furos auxiliares em
uma seqüência tal que ocorra o gradativo alargamento da cavidade aberta inicialmente.
Os furos auxiliares, normalmente, geram resultados bem mais eficientes do que os
pilões devido ao menor engastamento da rocha. Por isso, as concentrações de cargas
explosivas devem ser menores.
Por último, detonam-se os furos de contorno, que como o próprio nome já diz,
define e proporciona o acabamento da seção transversal do túnel. Retira-se a camada
final da rocha procurando causar o mínimo de abalos e/ou trincamentos na rocha
remanescente para não afetar sua estabilidade. Consequentemente, a concentração das
cargas explosivas nos furos de contorno é mais baixa ainda.

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SISTEMAS DE ATAQUE
O sistema de ataque escolhido dependerá dos seguintes fatores:
a) dimensões da seção transversal;
b) tipo de rocha;
c) cronograma a ser obedecido;
d) comprimento do túnel;
e) equipamentos disponíveis;
f) finalidade do túnel.

ATAQUE EM SEÇÃO PLENA


Também conhecido como “sistema inglês”, dá-se pela detonação de toda a seção
de uma só vez. Este sistema possibilita maiores avanços e produção, principalmente nas
seções baixas (até 8 m de altura) e pequena área transversal (até cerca de 60 m²), onde
emprega-se sofisticadas perfuratrizes como as do tipo “jumbo”, plataformas de
carregamento e modernos equipamentos de remoção do material detonado, como as
carregadeiras frontais com descarga contínua. Para túneis com seções maiores, existem
equipamentos especiais, como as plataformas móveis de múltiplas atividades. Porém,
por demandarem mais tempo e terem um custo muito elevado, nestes casos opta-se
normalmente pela solução mais econômica do ataque por galeria piloto.

ATAQUE POR GALERIA PILOTO


Consiste na abertura de uma galeria piloto e o posterior alargamento. Não exige
equipamentos especiais, mas torna mais lento o desenvolvimento dos trabalhos de
escavação. Compõe, juntamente com o ataque em seção plena, a dupla de sistemas mas
comumente utilizada na abertura de túneis.

ATAQUE EM MEIA SEÇÃO SUPERIOR


Usado nos casos em que a rocha é incompetente, necessitando imediato suporte
estrutural, como as técnicas de enfilagem e camboteamento. O material da seção inferior
é removido depois por um processo normal de desmonte em bancada.

SEGURANÇA

SEGURANÇA NO TRABALHO COM EXPLOSIVOS


Um dos pontos mais importantes que devem ser observados em trabalhos de
desmonte com explosivos são as medidas de segurança que devem ser tomadas antes,

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durante e após as detonações. Muitos acidentes tem ocorrido devido à falta de um
planejamento adequado nos trabalhos com explosivos.
Fogo ou calor, choque ou atrito e excitação por influência são os principais
riscos no manuseio com explosivos. Todas as regras de segurança visam,
fundamentalmente, evitar a presença de quaisquer destes riscos junto aos explosivos.

PRINCÍPIOS BÁSICOS DE SEGURANÇA


São três os princípios básicos de segurança no trabalho com explosivos:
1) conhecimento e emprego de todas as regras de segurança conhecidas
O desrespeito ocasional de uma regra, principalmente por intermédio de um
encarregado, levará, fatalmente, à desobediência de outras normas por algum
empregado e isto impedirá a implantação do “espírito de segurança” necessário.
Também é preciso vencer a resistência do pessoal mais antigo, que, muitas vezes, pelo
convívio constante com o explosivo, pode passar a não considerá-lo como deve,
contrariando algumas normas. Se uma regra existe, é porque tem uma finalidade e a sua
desobediência, mais cedo ou mais tarde, trará conseqüências.

2) emprego do mínimo de pessoal e de material


Isto torna-se necessário para limitar as conseqüências de um acidente que venha
a ocorrer. Deve-se, assim, evitar “curiosos” e só operar com o mínimo de explosivos
necessários no momento.

3) seleção de pessoal
Deve-se utilizar apenas pessoas com condições de entender perfeitamente todas
as regras pertinentes ao trabalho com explosivos e que tenham bom senso para nunca
desrespeitá-las. Para justificar isso, basta mencionar que 90% dos acidentes ocorre por
falha humana, fruto de mau treinamento ou de falta de conscientização das normas de
segurança.

PROCEDIMENTOS GERAIS DE SEGURANÇA

I – MEDIDAS DE SEGURANÇA ANTES DO CARREGAMENTO


1 – Preparação da área de detonação
a) delimitar a área de risco;
b) retirar equipamento;
c) retirar e/ou limitar o número de pessoas.

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II – MEDIDAS DE SEGURANÇA DURANTE A PREPARAÇÃO DO FOGO
1 – Horário
a) realizar detonações sempre no mesmo horário;
b) divulgar esse horário;
c) somente uma pessoa deverá ficar responsável pelo sinal do fogo.

2 – Sinalização
a) sirenes, buzinas e apitos;
b) placas de advertência;
c) luz piscante (cor vermelha ou amarela);
d) vigias portando bandeiras vermelhas;
e) cancelas;
f) barricadas;
g) rádio.

3 – Abrigo/Proteção
a) proteção para as pessoas responsáveis pelo fogo;
b) proteção para os equipamentos;
c) proteção para as estruturas;
d) saída do local de risco deve ser planejada. Certificar-se de que o veículo disponível
encontra-se em boas condições.

4 – Acendimento de Estopins
a) não tente acender um número excessivo de estopins;
b) lembre-se de que os estopins deflagram a uma velocidade média 140 s/m;
c) divida o trabalho;
d) não use instrumentos que podem ter sua chama apagada facilmente para acender
estopins;
e) acender estopins com menos de 0,50 m pode ser uma operação suicida;
f) no caso de ter que acender 2 ou mais estopins, use um sistema de alarme que indique
quando você deverá abandonar a área.

5 – Detonação de espoletas elétricas


a) suspenda os trabalhos diante da iminência de tempestades;
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b) cuidado com correntes “parasitas” (externas);
c) mantenha o circuito de detonação isolado da terra e de outros condutores;
d) não deixe as espoletas elétricas próximas de fontes de energia;
e) use galvanômetro específico para testar as espoletas;
f) use corrente suficiente para detonar as espoletas.

III – MEDIDAS DE SEGURANÇA APÓS O FOGO – INSPEÇÕES


1 – Retorno a área de fogo
a) nenhuma pessoa deverá ser autorizada a retornar a área de fogo antes que todos os
gases tóxicos tenham sidos dissipados;
b) nas minerações subterrâneas, o retorno à área de fogo poderá ser abreviado por:
- ventilação adequada;
- pulverização de água sobre a pilha de material desmontado.
c) o tempo de espera para o retorno à área de fogo depende do fato da detonação ter sido
feita a céu aberto ou em subsolo.
O tempo de espera para retorno nas detonações em subsolo dependerá das
condições de ventilação local. Em detonações a céu aberto as condições atmosféricas
favorecem à dissipação rápida da poeira e dos gases. Quando houver falhas no subsolo
ou a céu aberto o retorno deverá ser cuidadoso e retardado.

2 – Verificação de falhas (negas)


a) a constatação de uma falha na detonação poderá ocorrer através do (a):
- resultado do desmonte;
- presença de explosivos não detonados;
- presença de espoletas não detonadas.

b) uma falha pode ser causada por:


- escorvamento mal feito;
- estopim, cordel detonante ou explosivo deteriorado;
- ligações mal feitas;
- avarias no circuito;
- explosor gerando pouca corrente;
- furos roubados;
- outros.

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c) procedimentos de segurança na presença de falhas:


- não tente investigar uma nega imediatamente;
- não permita que os trabalhos de carregamento e furação sejam iniciados sem resolver o
problema antes;
- não tente retirar os explosivos do furo por meios mecânicos. Sugere-se um jato de
água ou ar comprimido mais água para retirar ou dessensibilizá-lo (se for possível);
- cuidados adicionais deverão ser tomados se o explosivo ainda estiver escorvado;
- não se deve fazer furação em locais que possam atingir furos falhados;
- pode-se resolver o problema da falha, introduzindo-se uma nova carga escorvada e
detonando-a;
- não aproveite furos remanescentes para continuar a furação.

3 – Inspeção de tetos/taludes de bancadas


O responsável pela inspeção do fogo deverá alertar as demais pessoas, bem
como os responsáveis pela estabilidade ou não do teto/talude remanescente.

TRANSPORTE, MANUSEIO E ARMAZENAMENTO


Os explosivos industriais oferecem excelentes condições de segurança no
transporte, armazenamento e manuseio. Todavia, por serem materiais explosivos,
necessitam de tratamento cuidadoso para que não venham a causar danos pessoais e
materiais. Para tanto, foram estabelecidas normas relativas ao transporte,
armazenamento, manuseio e destruição destes materiais.

I – TRANSPORTE
A legislação básica de transporte de explosivos no Brasil está contida no R-105.
Neste regulamento, os artigos 206 a 211 abrangem a matéria, de uma maneira global,
tratando do transporte de explosivos por vias terrestres, marítimas e aéreas.
As regras de segurança estabelecidas visam, obviamente, limitar, tanto quanto
possível, os riscos de acidentes, que ocorrem em função principalmente:
- da qualidade do material transportado;
- da quantidade do material transportado;
- da modalidade de embalagem;
- da disposição física da carga;
- das condições de marcha.

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Principais normas a serem observadas:
1 – Ao transportar explosivos ou acessórios, observe cuidadosamente o Regulamento do
Exército R-105;
2 – Ao transportar explosivos ou acessórios, verifique se o veículo que vai transportar a
carga está em boas condições de funcionamento, com bons freios e com os circuitos
elétricos bem isolados para evitar curtos-circuitos;
3 – Coloque sempre dois extintores de incêndio em todo e qualquer veículo que se
destinar ao transporte de explosivos e acessórios;
4 – Se o veículo for do tipo aberto, é recomendável cobrir a carga com uma lona
impermeável;
5 – Ao transportar explosivos ou acessórios, coloque a carga bem arrumada e amarrada,
de preferência, sobre um estrado de madeira;
6 – Ao iniciar a carga ou descarga do veículo, mantenha este sempre freado e bem
calçado;
7 – Faça estas operações de carga e descarga de explosivos ou acessórios com o
máximo cuidado;
8 – Nunca transporte, juntamente com explosivos ou acessórios, cargas tais como: peças
ou ferramentas de metal, óleos, carbureto, gasolina, munições, armas de fogo, ácidos,
produtos corrosivos ou oxidantes, materiais inflamáveis, tambores de ferro cheios ou
vazios;
9 – Nunca dê carona a amigos ou estranhos quando transportando explosivos ou
acessórios;
10 – Nunca carregue, trafegue ou descarregue quando em situações desfavoráveis de
tempo (tempestades, relâmpagos, etc);
11 – Quando transportar explosivos ou acessórios, mais do que nunca, respeite todos os
regulamentos do trânsito;
12 – Quando transportar explosivos ou acessórios, tenha o cuidado de fixar em cada
lado do veículo um aviso com a palavra de advertência “EXPLOSIVO”;
13 – Verifique se o veículo está com o chassi aterrado;
14 – Nunca transporte explosivos e acessórios simultaneamente. Somente o cordel
detonante pode viajar juntamente com os explosivos, separados dos acessórios.
15 – Nunca estacione um veículo carregado com explosivos ou acessórios em locais
habitados, principalmente próximo a escolas, hospitais, igrejas ou postos de
abastecimento;
16 – Respeite sempre todas as normas acima, mesmo quando transportando explosivos
ou acessórios dentro de seu canteiro de obras.
O transporte de explosivos ou acessórios no Brasil, frequentemente, é feito por
vias rodoviárias. Contudo, não existem firmas especializadas para transportar este tipo
de material, de forma que as condições em que este transporte é realizado não são das

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mais satisfatórias. Recomendamos a todos a observância das normas acima e sua
divulgação a todos aqueles envolvidos nesta atividade.

II – ARMAZENAMENTO
O armazenamento de explosivos e acessórios é regulado pelo R-105 de forma
muito rigorosa, abrangente e rica em detalhes.

Operação dos depósitos


Recomendamos, durante as operações de armazenamento, as seguintes medidas
de segurança:
1 – A fim de proteger os depósitos contra incêndios, deve-se manter em torno dos
mesmos uma faixa de terreno limpo com largura mínima de 20 metros;
2 – Não é permitido fumar ou carregar fósforos dentro e nas proximidades dos
depósitos;
3 – Ante a aproximação de tempestade, os depósitos devem ser fechados e o pessoal
afastado para uma distância segura até o término do fenômeno atmosférico;
4 – Os estoques mais antigos devem ser empilhados na frente e consumidos em
primeiro lugar;
5 – As caixas devem ser dispostas em pilhas da seguinte forma:
- alojadas sobre estrados de madeira para isolá-las do piso;
- afastadas das paredes e do teto para assegurar boas condições de circulação do ar;
- separadas entre si para permitir a passagem, entrada e saída de caixas com segurança;
- ter uma altura máxima de 2 metros ou 10 caixas, prevalecendo o menor valor;
- ter o rótulo indicando o nome do produto, as especificações e a data de chegada ao
depósito.
6 – As pilhas devem ser dispostas em filas da seguinte forma:
- afastadas das paredes no mínimo 10 cm, do teto 70 cm, e de outras filas 60 cm;
- ter marcas com letras do alfabeto indicando sua disposição dentro do depósito.
7 – Todos os depósitos devem permanecer trancados quando não estiverem em operação
de carga ou descarga;
8 – Para controle do estoque, sugerimos três tipos de registros:
- registro por depósito;
- registro por produto;
- registro por data de fabricação.
9 – O registro por depósito deve indicar o tipo de produto e suas especificações, sua
disposição e a quantidade estocada;
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10 – O registro por produto fornece de imediato a quantidade em estoque, bem como
sua disposição, e seu movimento de entrada e saída;
11 – O registro por data de fabricação é destinado a controlar o tempo de fabricação dos
produtos em estoque.

III – MANUSEIO
Os materiais explosivos só devem ser manuseados por pessoal especializado. A
observância destas normas contribuem muito para um desempenho eficiente e seguro
quando do emprego de explosivos.
1 – Não use ferramentas de ferro ou aço para abrir caixas contendo explosivos ou
acessórios;
2 – Não risque fósforos, fume ou acenda fogueira junto a explosivos;
3 – Não coloque explosivos ou acessórios em lugares onde fiquem expostos a fogo,
calor excessivo, fagulhas ou impacto;
4 – Não coloque várias caixas de explosivos ou acessórios juntas ou muito próximas.
Deve haver sempre distância entre elas, a fim de dificultar a detonação por propagação
na eventualidade de uma explosão acidental;
5 – Não deixe as sobras de explosivos ou acessórios jogadas de qualquer jeito. Guarde-
as sempre no paiol após o uso;
6 – Não carregue explosivos ou acessórios dentro da camisa ou nos bolsos;
7 – Ao iniciar uma furação, certifique-se de que não existem minas falhadas nas
proximidades. Havendo-as, retire o explosivo das mesmas; sendo isso impossível,
detone-as antes de prosseguir;
8 – Nunca coloque uma broca num furo sem ter absoluta certeza de que não existe
explosivo no seu interior;
9 – Sempre que estiver carregando, coloque os explosivos e os acessórios bem distantes
um do outro;
10 – Não faça carregamento enquanto estiver furando;
11 – Fure os explosivos com furadores de madeira e nunca force uma espoleta a entrar
numa banana de explosivos;
12 – Não inicie um carregamento antes de ter a certeza de que o furo está frio;
13 – Quando for carregar, verifique se o furo está desimpedido até o fundo;
14 – Não force o explosivo, principalmente o cartucho-escorva através de obstruções;
15 – Quando for carregar uma mina, verifique se não está cheia de água;
16 – Nunca prepare as escorvas no dia anterior ao da detonação. As escorvas devem
sempre ser preparadas na hora do uso. Quando uma escorva não for utilizada, desfaça-a
separando o acessório do explosivo. Tome sempre muito cuidado com a escorva;

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17 – Não tente retirar a carga de uma espoleta simples, nem abrir ou arrancar os fios de
uma espoleta elétrica;
18 – Nunca bata com uma espoleta em lugar algum, nem bata com ferramenta ou
qualquer objeto numa espoleta;
19 – Não deixe que pessoas estranhas ao carregamento do fogo se aproximem da área
de trabalho;
20 – Não carregue um fogo (principalmente com espoletas elétricas) quando estiver
trovejando ou relampejando. Todas as pessoas devem afastar-se para lugar seguro;
21 – Não utilizem explosivos ou acessórios molhados ou encharcados, ou que tenham
secado após terem sido molhados;
22 – Faça o serviço de escorva ou de colocação do estopim na espoleta em local isolado;
nunca dentro do paiol de explosivos. Conserve a escorva sempre longe dos demais
explosivos;
23 – Não soque explosivos que não estejam em seu cartucho original, salvo se forem de
tipo fornecido a granel;
24 – Não soque diretamente o cartucho da escorva. Coloque sempre dois cartuchos entre
a escorva e o atacador;
25 – Não puxe os fios da espoleta elétrica;
26 – Use sempre material inerte para o tampão;
27 – Soque bem o tampão;
28 – Use atacadores ou soquetes de madeira para socar explosivo;
29 – Conserve os dois fios da espoleta ligados em curto-circuito antes de ligá-la;
30 – Não utilize espoletas elétricas durante as tempestades (trovões e relâmpagos), nem
perto de linha de transmissão de alta voltagem;
31 – Não deixe as ligações entre espoletas elétricas em contato com o solo;
32 – Não utilize espoletas elétricas muito perto de transmissores de rádio-freqüência;
em caso de dúvida, consulte o fabricante das espoletas;
33 – Nunca deixe os fios de uma espoleta elétrica, ou parte de uma rede elétrica de
detonação, em contato com cabos elétricos, trilhos, torres de transmissão, tubulações ou
qualquer condutor que possa fornecer corrente ou que dê margem a entrada de chamas
correntes extraviadas ou de fuga;
34 – Mantenha fechado o circuito de espoletas depois que este foi completado até a
linha de tiro;
35 – Sempre que ligar o circuito de espoletas à linha de tiro, verifique primeiro se a
linha está desligada e não apresenta voltagem;
36 – Conserve a linha de tiro com fios em curto-circuito;
37 – Use corrente suficiente para detonação;
38 – Não misture em um mesmo circuito, espoletas elétricas de fabricantes diferentes;
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39 – Faça as ligações elétricas bem firmes;
40 – Teste o circuito antes da detonação com galvanômetro ou homímetro de pilha de
cloreto de prata;
41 – Sempre que houver dúvidas sobre a utilização correta de espoletas elétricas,
consulte o Departamento de Assistência Técnica da Pirobrás;
42 – Use máquina detonadora do tipo condensador;
43 – Sempre faça as ligações de Cordel Detonante bem firmes e evite os cruzamentos da
linha tronco sobre as derivações;
44 – Não deixe as extremidades das derivações do Cordel dentro d’água;
45 – Faça um circuito fechado com a linha tronco do Cordel de forma que a detonação
possa chegar a um mesmo ponto por dois caminhos diferentes;
46 – Fixe bem a espoleta no Cordel;
47 – Não dobre o estopim desnecessariamente;
48 – Não deixe as pontas do estopim dentro d’água;
49 – Corte o estopim em pedaços suficientemente longos para que, depois do
acendimento, haja tempo suficiente para alcançar lugar seguro antes da explosão;
50 – Amolgue uma espoleta junto à boca de entrada do estopim, nunca junto à carga
explosiva;
51 – Nunca enfie prego, arame ou outro objeto dentro de espoletas simples;
52 – Corte o estopim em seção reta;
53 – Não tente amolgar uma espoleta sobre o estopim com os dentes. Use sempre o
alicate amolgador apropriado, ou o amolgador de bancada;
54 – Nunca leve explosivos ou outros acessórios quando for acender estopim;
55 – Nunca faça uma detonação sem antes ter absoluta certeza de que todas as pessoas
que se acham nas proximidades da área do fogo estejam bem abrigadas;
56 – Sempre que for detonar interrompa o tráfego de veículos nas proximidades da área
de lançamento;
57 – Não retorne a área da detonação antes da completa dissipação da poeira e da
fumaça;
58 – Não procure investigar a causa de uma falha antes de ter passado uma hora da
detonação;
59 – Recolha aos paióis todos os explosivos e acessórios que por ventura tenham
sobrado de uma detonação;
60 – Nunca deixem explosivos ou acessórios em lugares onde estranhos ou crianças
tenham acesso;

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61 – Sempre que precisar desfazer-se de explosivos ou acessórios não o faça de
qualquer maneira. Consulte as normas sobre destruição de explosivos ou acione o
fabricante.

DESTRUIÇÃO DE EXPLOSIVOS

A destruição de materiais explosivos é também regulamentada pelo R-105.


Completando este assunto, apresentamos abaixo as normas gerais sobre destruição de
explosivos.

APARÊNCIA DOS EXPLOSIVOS DETERIORADOS

As dinamites gelatinosas que absorveram uma quantidade excessiva de umidade


apresentam-se moles e com consistência semelhante a de um mingau. O papel dos
cartuchos costuma apresentar-se acinzentado ou esbranquiçado e, muitas vezes, cristais
de Nitrato de Amônio aparecem do lado de fora dos cartuchos;
A nitroglicerina pode exsudar das gelatinas depois de uma estocagem
prolongada ou insatisfatória, o que vem caracterizar uma situação de perigo. Esse perigo
prolonga-se indefinidamente porque a nitroglicerina não se deteriora. A exsudação da
nitroglicerina é evidenciada pela formação de pequenas bolhas de um líquido claro e
oleoso nas pontas dos cartuchos ou pela apresentação de uma película oleosa na
superfície externa dos cartuchos. Em casos mais pronunciados, a exsudação da
nitroglicerina poderá escorrer dos cartuchos e depositar-se no fundo das caixas.

MANUSEIO DOS EXPLOSIVOS DETERIORADOS

A constatação da ocorrência de dinamites deterioradas é feita através de


inspeção nos depósitos. Tal inspeção deve ser feita mediante o uso de galochas ou
sapatos de borracha para se evitar a fricção com o piso do depósito. Deve-se examinar
rigorosamente o piso do depósito a fim de se localizar traços de nitroglicerina. Em caso
positivo, deve-se lavar o piso com uma solução concentrada de soda cáustica ou
querozene. Tal procedimento dessensibiliza temporariamente a nitroglicerina e permite
o trânsito do pessoal para remover o explosivo deteriorado.
No trabalho com soda cáustica, recomendamos o uso de luvas e botas de
borracha para evitar queimaduras. A movimentação das caixas de explosivos
deteriorados deve ser feita com o maior cuidado possível procurando-se evitar choques
ou atritos com o piso ou outras caixas. Fora do depósito, elas devem ser espalhadas em
leito previamente preparado com serragem, palha ou capim. Caso estas caixas devam
ser transportadas de caminhão para o local da destruição, recomendamos o uso de

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serragem ou outro material amortecedor de forma a isolá-las do piso do caminhão,
assim como umas das outras.

RAZÕES DA DESTRUIÇÃO DE EXPLOSIVOS

Os motivos mais freqüentes para a destruição de explosivos são, entre outros, os


seguintes:
1 – Envelhecimento – Todo explosivo é material perecível, sem dúvida, deteriorar-se-á
ao fim de algum tempo. Os explosivos produzidos pela Pirobrás são garantidos por um
período de 6 meses após a data da fabricação. A partir do vencimento deste período,
recomendamos a sua destruição.
2 – Explosivos desnecessários – Explosivos em bom estado e que não tenham sido
armazenados por períodos superiores aos permitidos podem torna-se desnecessários
face ao término ou à interrupção dos trabalhos ou por erro de previsão na compra.
Nestes casos, se não for possível dar-lhes outro destino recomendamos a sua destruição.
3 – Explosivos danificados no transporte – Os explosivos podem sofrer danos ou
alterações durante o transporte, tanto que por vibração excessiva que causa sua
decomposição, como por danos materiais em suas embalagens, que podem advir de
acidentes com o veículo, ou ainda, por agentes atmosféricos como chuvas ou enchentes.
4 – Explosivos falhados – algumas vezes, durante as operações de desmonte de rocha,
ocorrem falhas de detonação e, como conseqüência, cargas intactas de explosivos ficam
alojadas na rocha ou são lançadas junto com o material fragmentado. Tais explosivos
nunca devem ser usados como cargas para novos desmontes, devendo ser recuperados e
separados para posterior destruição.
Atenção: Toda destruição de material explosivo, por qualquer um dos motivos acima
citados, deve ser acompanhada de autorização do Chefe do SFPC local, que lavrará, por
fim, um Termo de Destruição para ser anexado ao Mapa Trimestral.

PERIGOS NA DESTRUIÇÃO DE EXPLOSIVOS


Os perigos inerentes à destruição de explosivos e acessórios em geral são:
1 – Detonação – Na destruição por queima, mal executada, podem ocorrer detonações
acidentais, inclusive, com o lançamento de resíduos ativos.
2 – Destruição parcial – A destruição mal executada pode resultar ainda na existência
de resíduos ativos após a conclusão dos trabalhos. É importantíssimo que a destruição
seja sempre executada por completo.
ATENÇÃO: Como medida de precaução, recomendamos que, na destruição por
queima, seja sempre considerada a possibilidade de detonação acidental, de forma que
devem ser tomadas todas as medidas de segurança para evitar danos pessoais ou
materiais.

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QUANTIDADES MÁXIMAS À DESTRUIR
As técnicas de destruição aqui recomendadas foram estipuladas para serem
aplicadas a pequenas quantidades de explosivos, um máximo de 25 kg de explosivos de
ruptura subdividido em parcelas de 5 kg, ou um máximo de 1.000 espoletas, ou ainda
150 metros de cordel detonante. Para quantidades maiores, recomendamos a divisão do
lote em pequenas partes que estejam dentro dos limites acima especificados.

PROCESSOS DE DESTRUIÇÃO DE EXPLOSIVOS


Os explosivos em geral podem ser destruídos por queima, detonação, ou
neutralização. Lembramos, por outro lado, que os explosivos nunca devem ser
enterrados, na esperança de que venham a ficar neutralizados com o tempo. Alguns
explosivos podem permanecer ativos mesmo enterrados por muitos anos.

1 – DESTRUIÇÃO POR QUEIMA


A destruição por queima consiste no espalhamento de uma determinada
quantidade do explosivo sobre uma cama previamente preparada, com querozene, de
acordo com as especificações que apresentamos a seguir.

POSICIONAMENTO DA CAMA
O local para elaboração da cama de queima deve ser suficientemente afastado
(mínimo de 700m) de edifícios, estruturas, estradas, logradouros públicos, linhas
elétricas e telefônicas, etc., de forma a garantir a não ocorrência de danos pessoais ou
materiais caso aconteça detonação durante a queima. Outrossim, o local, em um raio de
70 metros, deve estar livre de vegetação para permitir, em caso de detonação acidental,
a busca, pela vizinhança, de material ainda ativo que porventura tenha espalhado-se,
como também evitar a propagação da queima, que poderia causar um incêndio nessas
vizinhanças. O local escolhido deve também ser constituído somente para evitar que, em
caso de detonação acidental, ocorra lançamento de pedras ou estilhaços as áreas
vizinhas.
Quando da queima simultânea de várias camas, estas deverão estar afastadas
entre si pelo menos 10 metros para evitar que alguma detonação acidental propague-se
para a cama vizinha.

PREPARAÇÃO DA CAMA
A cama de queima deve ser feita com cavacos secos ou jornais bem amassados
dispostos em uma camada com 20cm de largura, 3 a 5cm de espessura e comprimento
suficiente para receber 5kg de explosivos de ruptura.
ATENÇÃO: A maior dimensão da cama deve ficar sempre orientada em direção
paralela à direção do vento.

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DISTRIBUIÇÃO DOS EXPLOSIVOS NA CAMA
Cada material explosivo, em função de suas características, deve ser distribuído
de maneira adequada para sua queima. Assim temos:
1 – Explosivos Encartuchados – Colocá-los na cama de forma a ficarem ao longo da
maior dimensão desta com duas linhas de cartuchos em paralelo mas sem se tocarem.
2 – Explosivos a Granel – Espalhá-los sobre a cama em camada fina de cerca de 5 a
6mm.
3 – Cordel Detonante – Distribuir um máximo de 20 pedaços de até 3 metros de
comprimento esticados em uma mesma cama.
4 – Estopim – Proceder da mesma forma indicada para o Cordel Detonante. Em caso de
Estopim Espoletado (Piropim), deve-se primeiro separar as espoletas, que serão
destruídas da maneira indicada adiante.
5 – Mecha de Retardo, Conectores e Acendedores – Espalhá-los em camada única
sobre a cama.
6 – Pólvora Negra – Espalhá-la em faixas de 5cm de largura distantes entre si 3 metros
no mínimo. A queima, neste caso, deverá ser iniciada por rastilho de material
combustível com comprimento mínimo de 10 metros.

IGNIÇÃO DA CAMA
Os materiais explosivos e a cama devem ser bem molhados com querozene (esta
operação pode ser feita com regador) a razão de mais ou menos ¼ de litro por metro de
comprimento de cama, em condições normais. Caso os explosivos estejam muito
úmidos, a distribuição do querozene deverá ser aumentada para até 1 litro por metro de
comprimento da cama.
Prepara-se, em seguida, na face da cama oposta ao vento e no prolongamento do
eixo maior, uma mecha feita com jornal e também regada com querozene. Esta mecha
deve ter comprimento suficiente para permitir que a pessoa que vai acendê-la possa
alcançar um abrigo seguro, andando normalmente, antes que a chama da mecha atinja a
cama. Este comprimento, normalmente, é da ordem de 5m.
Isto feito, isola-se a área e coloca-se vigias em pontos estratégicos para evitar a
aproximação de qualquer pessoa durante o processo de queima. Em seguida, acende-se
o extremo da mecha e retira-se para outro local seguro, conforme as instruções já
citadas. Deixe a cama arder totalmente antes de voltar ao local para fazer as
verificações. Aguarde o arrefecimento das cinzas e do solo para proceder ao exame dos
resíduos da queima. Caso sejam encontrados resíduos ativos, os mesmos deverão ser
recolhidos e distribuídos em uma nova cama onde repetir-se-á toda a operação acima
descrita.

2 – DESTRUIÇÃO POR DETONAÇÃO


Esta técnica é usada para aqueles tipos de explosivos muito sensíveis que não
podem ser destruídos pelo processo de queima. A iniciação da detonação neste processo
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de destruição é feita através de uma carga de escorva. Todavia as espoletas simples,
elétricas e de retardo podem ser destruídas, quando em pequenas quantidades, através da
iniciação por chama, como veremos adiante.

2.1 – DESTRUIÇÃO COM CARGA DE ESCORVA

Os seguintes materiais explosivos podem ser destruídos pelo processo de


detonação.
1 – Explosivos de ruptura – Quando em bom estado, esses materiais, principalmente as
gelatinas e dinamites, podem ser destruídos por detonação.
2 – Propagadores – Cordel Detonante.
3 – Reforçadores – Boosters de Pentolite.
4 – Espoletas – Simples, Elétricas e de Retardo.

Escolha e preparação do local

Recomenda-se que o local apresente um solo macio e que seja escavada uma
vala com pelo menos 60cm de profundidade, 80cm de largura e comprimento suficiente
para acomodar os explosivos.
Coloque os explosivos no fundo da vala e espalhe por cima destes uma boa
quantidade de explosivo escorvado, fazendo com que este último fique em perfeito
contato com os primeiros. No caso de espoletas elétricas ou estopins espoletados
(Piropins) devem ser cortados os fios elétricos ou os estopins (estes serão destruídos por
queima) e toda a carga a ser destruída deve ser coberta por cargas escorvadas.
Recomendamos, também, para minimizar o ruído da detonação, cobrir a vala, em toda a
sua extensão, com areia ou terra.

Detonação da carga

Coloque vigias em todos os acessos; assegure-se de que a zona perigosa está


evacuada; toque os sinais de aviso e comande a detonação; eletricamente (este processo
é mais recomendável) ou através de estopim (neste caso o comprimento deve ser
suficiente para permitir ao Blaster alcançar lugar seguro antes que ocorra a detonação).
Após a detonação, a vala e a área em volta desta devem ser minuciosamente
examinadas para verificar-se a existência de resíduos ativos. Recomendamos que esta
operação seja executada pelo menos 30 minutos após a detonação para permitir que o
solo resfrie-se.
A mesma vala pode ser usada para várias detonações sendo apenas necessário
que se respeite o intervalo mínimo de tempo (acima) para o esfriamento do solo.
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2.2 – DESTRUIÇÃO POR DETONAÇÃO INICIADA POR QUEIMA

Este processo é restrito para os casos de destruição de pequenas quantidades de


espoletas simples, elétricas ou de retardo.

Escolha e preparação do local

A escolha do local é feita dentro dos mesmos critérios já citados. Cave uma vala
pouco profunda (cerca de 20 cm) com largura de mais ou menos 15 cm e comprimento
suficiente para permitir que uma espoleta fique afastada da outra pelo menos 20 cm.
Esta vala deve estar orientada na direção do vento. Encha-a totalmente com cavacos de
madeira ou serragem seca. Espalhe os explosivos mantendo a distância especificada
entre eles. Molhe totalmente a vala com querozene. Faça uma mecha com papel de
jornal, também regada com querozene, coloque-a na extremidade oposta ao vento para
permitir ao Blaster alcançar um abrigo seguro, andando normalmente, antes que a
chama alcance a vala.

Detonação da carga

Coloque vigias em todos os acessos; evacue a área; toque os sinais de aviso;


acenda o extremo da mecha oposto ao vento e retire-se para o local seguro e espere,
após o término das detonações, durante um intervalo de pelo menos 30 minutos para
retornar ao local. Reviste cuidadosamente toda área.
Não volte a usar a mesma vala em novas destruições enquanto as cinzas e o solo
não estiverem totalmente frios.

3 – DESTRUIÇÃO POR DISSOLUÇÃO EM ÁGUA CORRENTE

Este processo só deve ser usado para destruição de Pólvora ou Nitrato de


Amônio, produtos que não contém elementos explosivos não solúveis. As precauções a
serem tomadas, neste caso, são as normais para o caso de manuseio de explosivos em
geral. Ou seja, evitar a ocorrência de detonações acidentais por choque ou faísca.

DESTRUIÇÃO DOS MATERIAIS CONTAMINADOS

Todo o material que esteve em contato com os explosivos deteriorados fica


contaminado e portanto precisa ser destruído. O processo usado é o da combustão, onde

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alguns cuidados especiais devem ser tomados para diminuir o risco de explosão durante
a queima.
Os materiais como cartuchos e caixas de papelão ou madeira, bem como
estrados ou prateleiras de madeira que estiverem impregnados por explosivos, como por
exemplo a nitroglicerina, devem ser molhados com querozene durante 10 dias para
diluir o explosivo, antes de se proceder a queima.

CUIDADO ESPECIAL
Salientamos a atenção necessária quando da execução de qualquer tipo de
destruição de explosivos, no sentido de que sejam tomadas precauções quanto aos gases
emanados desta operação. Estes gases são bastante tóxicos, principalmente o CO
(Monóxido de Carbono) que é venenoso e NO2 (Dióxido de Nitrogênio) que é um
violento irritante das mucosas do corpo humano. O local escolhido para as destruições
deve oferecer boa condição de circulação do ar para que a diluição desses gases na
atmosfera seja rápida e eficiente. Também recomendamos que as pessoas posicionem-se
de tal forma que não sejam envolvidas pelas nuvens de gases ou fumaça durante a
destruição.

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