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Livro Silos - Ações e Cálculo

Engenharia Civil
Universidade de São Paulo (USP)
236 pag.

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE ESTRUTURAS

Silos:
pressões, fluxo, recomendações para o projeto e
exemplos de cálculo

Prof. Tit. Carlito Calil Junior


Engº Civil Msc. Andrés Batista Cheung

São Carlos, maio de 2007

Editora: Escola de Engenharia de São Carlos - USP

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EDITORES

Carlito Calil Junior é Professor Titular da Escola de Engenharia de São


Carlos e Chefe do Departamento de Engenharia de Estruturas da
Universidade de São Paulo. Formado em Engenharia Civil pela Escola de
Engenharia de Piracicaba em 1975, mestre em Engenharia de Estruturas pela
USP em 1978, Doutor em Engenharia Industrial pela Universidade
Politécnica de Catalunia – Espanha em 1982, e realizou estágios de pós-
doutorado nas Universidades de Twente-Holanda (1988), Braunschweig-
Alemanha(1988) e Forest Products Laboratory – Estados Unidos(2000-
2001).

Prof. Calil é coordenador da Comissão de Estudos CE 02:102.10 da Associação Brasileira de


Normas Técnica –ABNT, Presidente por dois mandatos e membro Fundador do Instituto
Brasileiro da Madeira e das Estruturas de Madeira. É o representante do Brasil na International
Association of Wood Products Societies (IAWPS) – Japan e na International Association for
Bridge and Structural Engineering – USA.

Prof. Calil oferece regularmente a disciplina de pós-graduação: “PROJETO E CONSTRUÇÃO


DE SILOS VERTICAIS: AÇÕES E FLUXO” no Programa de Mestrado e Doutorado em
Engenharia de Estruturas da EESC-USP.

Andrés Batista Cheung é doutorando pelo Departamento de Engenharia de


Estruturas da EESC/USP. Formado em Engenharia Civil pela Universidade
Federal de Mato Grosso do Sul em 2000, Mestre em Engenharia de Estruturas
pela Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo em
2003. É integrante da Comissão de Estudos CE 02:201.10 da Associação
Brasileira de Normas Técnica – ABNT. É participante do grupo de estudos
em silos coordenado pelo Prof. Calil.

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AUTORES

Andrés Batista Cheung


Doutorando pelo Departamento de Engenharia de Estruturas da EESC/USP, Engenheiro Civil pela Universidade
Federal de Mato Grosso do Sul em 2000, Mestre em Engenharia de Estruturas pelo SET/EESC/USP em 2003.

Ari Antonio Negrisoli


Sócio e Diretor Técnico da ENGESILOS - Consultoria e Projetos de Engenharia S/C Ltda. de São Paulo,
Engenheiro Civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo em 1966.

Carlito Calil Júnior


Professor Titular do Departamento de Engenharia de Estruturas da EESC/USP, Engenheiro Civil pela Escola de
Engenharia de Piracicaba em 1975, Mestre em Engenharia de Estruturas pelo SET/EESC/USP em 1978, Doutor em
Engenharia Industrial pela Escola Técnica Superior de Engenheiros Industriais de Barcelona da Universidade Politécnica
de Catalunia em 1982.

Edna das Graças Assunção Freitas


Professora Adjunta do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UFRRJ, Engenheira Civil pela Universidade
Federal do Rio de Janeiro em 1976, Bacharel em Matemática pela UFRJ em 1985, Mestre em Engenharia Civil pela UFF em
1996, Doutora em Engenharia de Estruturas pelo SET/EESC/USP em 2001.

Ernani Carlos de Araujo


Professor Associado do Departamento de Engenharia Civil da Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro
Preto, Engenheiro Civil pela UFOP em 1980, Mestre em Engenharia de Estruturas pelo SET/EEESC/USP em 1993. Doutor
em Engenharia de Estruturas pelo SET/EEESC/USP em 1997.

Francisco Carlos Gomes.


Professor adjunto da Universidade Federal de Lavras - MG. Engenheiro Agrícola pela Escola Superior de
Agricultura de Lavras em 1988. Mestre em Engenharia de Estruturas pelo SET/EEESC/USP em 1996. Doutor em
Engenharia de Estruturas pela EEESC/USP em 2000.

Giovano Palma
Professor Assistente da Faculdade Assis Gurgacz – Faculdade de Agrimensura, Engenheiro Civil pela
Universidade Federal de Santa Maria em 2002, Mestre em Engenharia de Estruturas pelo SET/EESC/USP em 2005.

José Wallace Barbosa do Nascimento


Professor Associado do Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Campina Grande
(UFCG), Engenheiro Agrícola pela UFCG em 1984, Mestre em Engenheiro Agrícola pela UFCG em 1990, Doutor em
Engenharia de Estruturas pelo SET/EESC/USP em 1996.

Luciano Jorge de Andrade Junior


Engenheiro Sênior da Kepler Weber Industrial, Engenheiro Civil pela Universidade Federal de Alagoas em 1995,
Mestre em Engenharia de Estruturas pelo SET/EESC/USP em 1998, Doutor em Engenharia Civil pelo SET/EESC/USP em
2002 com programa sanduíche na Inglaterra pelo CNPq junto à Cranfield University em 2001.

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PREFÁCIO

As estruturas de armazenagem são de fundamental importância para o armazenamento


de produtos agrícolas e industriais e, infelizmente, ainda não existe no País uma norma
brasileira para regulamentar o projeto e a construção dessas estruturas. Além disso, são
poucos os trabalhos nacionais que tratam o assunto do ponto de vista estrutural, abordando
principalmente as ações induzidas pelos produtos em silos.
Estas notas de aula foram especialmente realizadas para o curso de Estruturas para
Armazenagem realizado na Universidade Estadual de Londrina e mostra os principais tópicos
referentes ao projeto estrutural e de fluxo em silos, com ênfase ao projeto dos principais tipos
de estruturas de armazenagem de produtos agrícolas e industriais e com base nos trabalhos
desenvolvidos na Escola de Engenharia de São Carlos – USP. Com isso, pretende-se
contribuir com o desenvolvimento do estudo em silo, fornecendo um material atualizado em
normas e pesquisadores internacionais.
Os autores pretendem também, com esta publicação, adequá-la ao mercado nacional de
silos, pois estes vêm sendo empregados com muita freqüência no armazenamento de produtos
agrícolas. A maioria das informações corresponde a trabalhos de mestrado e doutorado
desenvolvidos no SET/EESC/USP sob a orientação do Prof. Dr. Carlito Calil Junior. Os autores
reconhecem e agradecem ao Engº Giovano Palma, pela contribuição no capítulo de pressões
em silos esbeltos, à Profª Edna das Graças Assunção Freitas (UFRRJ), pela contribuição no
capítulo sobre pressões em silos baixos, ao Prof. José Wallace B. do Nascimento (UFPB) e ao
Prof. Ernani Carlos de Araújo (UFOP), no capítulo de projetos de silos multicelulares, ao Engº
Luciano Jorge de Andrade (KEPLER-WEBER), pela contribuição no capítulo de ações devido
ao vento em silos e ao Prof. Francisco Carlos Gomes, pela contribuição no capítulo sobre silos
horizontais. Maiores detalhes podem ser encontrados nestes trabalhos que estão referenciados
na bibliografia.

São Carlos, outubro de 2005

Calil e Cheung

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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..............................................................................................................................................3
1.1 DEFINIÇÕES .......................................................................................................................................................3
1.2 IMPORTÂNCIA ECONÔMICA ................................................................................................................................3
1.3 TIPOS DE SILOS ..................................................................................................................................................4
1.4 ESTUDOS REALIZADOS NA ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS (USP)....................................................6
2 PROPRIEDADES FÍSICAS DO PRODUTO ARMAZENADO..............................................................10
2.1 IMPORTÂNCIA ..................................................................................................................................................10
2.2 ESCOLHA DAS AMOSTRAS ................................................................................................................................10
2.3 ESTADO DE TENSÃO DO PRODUTO DENTRO DE UM SILO ...................................................................................11
2.4 FATORES QUE INFLUENCIAM NAS PROPRIEDADES FÍSICAS DO PRODUTO E DO FLUXO .......................................11
2.5 ENSAIO DE CISALHAMENTO DIRETO MODIFICADO POR JENIKE .........................................................................15
2.6 OUTROS EQUIPAMENTOS PARA OBTENÇÃO DAS PROPRIEDADES FISÍCAS ..........................................................32
3 PROJETO DE FLUXO................................................................................................................................34
3.1 TIPOS DE TREMONHAS .....................................................................................................................................35
3.2 TIPOS DE FLUXO ...............................................................................................................................................36
3.3 OBSTRUÇÕES DE FLUXO ...................................................................................................................................40
3.4 OBSTRUÇÃO DO TIPO “TUBO” ........................................................................................................................44
3.5 OBSTRUÇÃO DO TIPO “ARCO” ........................................................................................................................48
3.6 POTENCIAL DE VAZÃO NOS SILOS ....................................................................................................................53
3.7 EXEMPLO DE PROJETO DE FLUXO .....................................................................................................................54
4 AÇÕES E COMBINAÇÕES .......................................................................................................................56
4.1 CONTEXTUALIZAÇÃO ......................................................................................................................................56
4.2 CLASSES DE CARREGAMENTO .........................................................................................................................57
4.3 AÇÕES EM SILOS ..............................................................................................................................................57
4.4 TRATAMENTO DA VARIABILIDADE DAS PROPRIEDADES FÍSICAS.......................................................................64
4.5 VARIABILIDADE DOS PARÂMETROS .................................................................................................................71
5 VENTO EM SILOS......................................................................................................................................73
5.1 PRINCIPAIS EFEITOS A SEREM VERIFICADOS .....................................................................................................73
5.2 PRESSÃO CAUSADA PELO VENTO......................................................................................................................74
5.3 COEFICIENTES DE PRESSÃO ..............................................................................................................................75
5.4 SOLUÇÃO GERAL DA PRESSÃO DE FLAMBAGEM ELÁSTICA PARA CILINDROS ORTOTRÓPICOS COM E SEM
ENRIJECIMENTO SUBMETIDOS À PRESSÃO UNIFORME ......................................................................................78
5.5 FORÇA NOS ANÉIS ENRIJECEDORES ..................................................................................................................82
5.6 MÉTODOS SIMPLIFICADOS PARA A AVALIAÇÃO DAS FUNDAÇÕES ....................................................................82
5.7 EXEMPLO DE OBTENÇÃO DA PRESSÃO CRÍTICA DE FLAMBAGEM DO SILO .........................................................83
6 TEORIAS DE PRESSÔES ..........................................................................................................................91
6.1 TEORIA DE RANKINE........................................................................................................................................92
6.2 TEORIA DE COULOMB ......................................................................................................................................94
6.3 TEORIA DE AIRY ..............................................................................................................................................95
6.4 TEORIA DE M. E A. REIMBERT PARA CÉLULAS BAIXAS ....................................................................................98
6.5 TEORIA DE M. E A. REIMBERT PARA CÉLULAS ALTAS ....................................................................................101
6.6 MODELO DE JANSSEN (1895)......................................................................................................................102
6.7 MODELO DE WALKER (1966)......................................................................................................................104
6.8 MODELO DE WALTERS (1973) ....................................................................................................................104
6.9 TEORIA DE JENIKE & JOHANSON (1968, 1973) ........................................................................................104
6.10 RECOMENDAÇÕES DE CARSON E JENKYN (1993) .....................................................................................104
6.11 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE OS MODELOS DE PRESSÕES ......................................................................104
7 SILOS BAIXOS..........................................................................................................................................104
7.1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................................104
7.2 PRESSÕES EM SILOS CILÍNDRICOS DE BAIXA RELAÇÃO ALTURA/DIÂMETRO ................................................104

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7.3 PRESSÕES PARA SILOS DE BAIXA RELAÇÃO ALTURA/DIÂMETRO E FUNDO PLANO SEGUNDO AS PRINCIPAIS
NORMAS INTERNACIONAIS ............................................................................................................................ 104
7.4 ESTUDOS REALIZADOS POR FREITAS (2001) ............................................................................................... 104
7.5 PROPOSTA DE CÁLCULO DE PRESSÕES EM SILOS BAIXOS, FREITAS (2001) ..................................................... 104
7.6 EXEMPLO DE CÁLCULO .................................................................................................................................. 104
8 SILOS HORIZONTAIS ............................................................................................................................ 104
8.1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................. 104
8.2 TERMINOLOGIA ............................................................................................................................................. 104
8.3 CARASTERÍSTICAS CONSTRUTIVAS ............................................................................................................... 104
8.4 SILOS HORIZONTAIS ELEVADOS ..................................................................................................................... 104
8.5 GENERALIDADES ........................................................................................................................................... 104
8.6 COMENTÁRIOS SOBRE AS PRESSÕES .............................................................................................................. 104
8.7 ENSAIOS REALIZADOS POR GOMES (2000) .................................................................................................. 104
8.8 RECOMENDAÇÃO DO CÁLCULO DE PRESSÕES EM SILOS HORIZONTAIS, GOMES (2000) ................................ 104
9 SILOS ESBELTOS.................................................................................................................................... 104
9.1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................. 104
9.2 ALGUNS COMENTÁRIOS SOBRE AS PRESSÕES EM SILOS ESBELTOS ................................................................. 104
9.3 RECOMENDAÇÃO PARA O CÁLCULO DE PRESSÕES EM SILOS ESBELTOS, PALMA (2005)............................... 104
9.4 SILO EXEMPLO ............................................................................................................................................... 104
10 SILOS MULTICELULARES METÁLICOS....................................................................................... 104
10.1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................. 104
10.2 SISTEMA CONSTRUTIVO ................................................................................................................................. 104
10.3 ALGUNS TIPOS DE SILOS MULTICELULARES ................................................................................................... 104
10.4 TÓPICOS DE DIMENSIONAMENTO ................................................................................................................... 104
10.5 COMENTÁRIOS............................................................................................................................................... 104
10.6 EXEMPLO DE UM SILO UNICELULAR ............................................................................................................... 104
11 TÓPICOS DE DIMENSIONAMENTO................................................................................................... 104
11.1 MODELOS DE ANÁLISE ESTRUTURAL ............................................................................................................. 104
11.2 DIMENSIONAMENTO DE SILOS METÁLICOS CILÍNDRICOS ............................................................................... 104
11.3 DIMENSIONAMENTO DE SILOS CILÍNDRICOS DE CONCRETO............................................................................ 104
12 REQUISITOS PARA PROJETO............................................................................................................. 104
12.1 INFORMAÇÕES A SEREM FORNECIDAS PELO USUÁRIO ................................................................................... 104
12.2 INFORMAÇÕES A SEREM FORNECIDAS PELO PROJETISTA ............................................................................... 104
13 EXPERIÊNCIA EM SILOS ..................................................................................................................... 104
13.1 SILOS DE CONCRETO ARMADO...................................................................................................................... 104
13.2 SILOS METÁLICOS ......................................................................................................................................... 104
13.3 SILOS DE MADEIRA. ...................................................................................................................................... 104
13.4 COMENTÁRIOS............................................................................................................................................... 104
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................................................... 104
GLOSSÁRIO ................................................................................................................................................................. 104

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CAAPPÍÍTTU O
ULLO

INTRODUÇÃO
C

1.1 Definições
A palavra silo tem sua raiz grega “sirus”, que significa lugar escuro-cavernoso. Nos dias
atuais, o significado da palavra silo é de um grande depósito para armazenar cereais, forragens,
etc.
Assim, neste trabalho, definimos silo como construção destinada a armazenar e conservar
qualquer produto industrial ou agrícola. O termo unidade ou conjunto de armazenagem engloba
tanto o silo propriamente dito, como a máquina de transporte, conservação, beneficiamento,
mistura.

1.2 Importância econômica


Sendo o Brasil um país com características agrícolas, um dos principais pontos na economia
são o armazenamento e o beneficiamento dos produtos agrícolas. O armazenamento de produtos
em silos é considerado uma solução de grande viabilidade devido à economia de espaço físico,
mão-de-obra e custo de transporte, assim como a possibilidade de conservação do produto
ensilado.
Uma unidade armazenadora, tecnicamente projetada e bem conduzida, apresenta
vantagens, como:
 obtenção de um produto mais bem conservado, longe do ataque de insetos e ratos;
 estocagem racional, segura e, principalmente, econômica, tendo em vista que o
produtor que armazena a granel comercializa também a granel, economizando, com
isso, gastos significantes com sacaria e mão-de-obra ocupada para o ensacamento;
 economia do transporte, uma vez que os preços dos fretes aumentam durante o
período da safra;
 diminuição do custo do transporte, pela eliminação de impurezas e excesso de água
pela secagem.
 formação de um estoque regulador dos preços de mercado;
3

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CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO

 concentração de grandes quantidades de produto em áreas relativamente pequenas;


 proteção da indústria contra as flutuações no preço das matérias-primas;
No Brasil, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB, 2006), a capacidade
de armazenagem ainda é menor que a capacidade produtiva (Figura 1.1), sendo que o ideal é que
o país tenha capacidade de armazenar a produção de, pelo menos, 2 anos consecutivos.

130

10 (kg/ha), 10 (ha)
52
10 (toneladas)

120 Armazenamento 48 Produtividade

6
110 Produção 44 Área plantada
100 40
90 36
80 32
6

2
70 28
60 24
50 20
40 16
30 12
20 8
10 4
- -

1980

1982

1984

1986

1988

1990

1992

1994

1996

1998

2000

2002

2004

2006
1980

1982

1984

1986

1988

1990

1992

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1996

1998

2000

2002

2004

2006

Ano Ano
(a) (b)
Figura 1.1 – (a) Evolução da produção em relação ao armazenamento no Brasil. (b) Produtividade e área
plantada no Brasil.

1.3 Tipos de silos


Os silos são divididos quanto ao material estrutural empregado, devido à construção em
relação ao solo e pela sua forma geométrica.
Os silos são construídos com os mais diversos materiais, como concreto armado, concreto
protendido, chapas metálicas (lisas, corrugadas e trapezoidais), madeira, alvenaria, argamassa
armada, fibras, plásticos e outros.
Quanto à construção em relação ao solo, pode-se dividir em 3 grupos:
 Silos elevados ou aéreos: são caracterizados por serem construídos acima do nível
do solo.
 Silos subterrâneos: são aqueles em que os compartimentos para a estocagem se
localizam abaixo do nível do solo. São construções mais simples que os silos
elevados, porém são mais suscetíveis à infiltração de água e têm um esvaziamento
mais difícil.
 Silos semi-subterrâneos: são um tipo intermediário entre os dois tipos anteriores.

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CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO

(a) (b)
Figura 1.2 – (a) Grupos de silos elevados e (b) Silo horizontal semi-subterrâneo.

(a) (b)
Figura 1.3 - (a) Silo em tela metálica e tecido e (b) Grupo de silos multicelulares poligonais.

(a) (b)
Figura 1.4 – (a) Dois silos esbeltos elevados de madeira e (b) Silo baixo em elementos pré-moldados de
concreto (silo Buffalo).
A geometria é outro fator de classificação dos silos, podendo ser divididos em:

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CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO

 Silos esbeltos:são aqueles que possuem uma relação entre a altura e o diâmetro

H
  maior ou igual a 1,5.
D
H
 Silos baixos: são aqueles que possuem uma relação entre a altura e o diâmetro  
D
menor que 1,5.
 Silos horizontais: são aqueles cuja dimensão longitudinal é preponderante sobre as
outras dimensões.
Quanto à entrada de ar:
 Silos herméticos: silos que possuem um impedimento entre a troca de ar do interior
da célula com o exterior.
 Silos não-herméticos: silos que permitem a troca de ar com o exterior.
Algumas normas apresentam as relações de classificação de silos quanto à esbeltez, e que está
apresentada na Tabela 1.1.

Tabela 1.1 – Classificação dos silos quanto à esbeltez.


CLASSIFICAÇÃO
NORMA MEDIANAMENTE
BAIXOS ESBELTOS
ESBELTOS

Australiana
AS3774:1996
H/D <1,0 1,0 H/D  3,0 H/D > 3,0

Européias
PrEN 1991-4:2003
(Draft)
0,4 H/D 1,0 1,0 H/D  2,0 H/D  2,0
DIN 1055-03:2005
Americanas
ACI-313:1991
ANSI/ASAE
H/D <2,0 - H/D > 2,0
EP433:2001

Canadense H/D 1,0 ou H/D > 1,0 e


2 - 2
CFBC:1983 H/D < tan (e/2+/4) H/D tan (e/2+/4)

h - Altura total do silo com a tremonha;


dc - Diâmetro do corpo do silo.

1.4 Estudos realizados na Escola de Engenharia de São Carlos (USP)


No Brasil, o Departamento de Engenharia de Estruturas (SET), da Escola de Engenharia de
São Carlos (EESC), da Universidade de São Paulo (USP), possui uma linha de pesquisa com o
intuito de aprimorar o conhecimento, comprovar as teorias existentes e desenvolver tecnologia

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CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO

própria na área de silos. Até o momento, foram desenvolvidos os seguintes trabalhos de Mestrado
e Doutorado:
Calil (1978), em sua dissertação de Mestrado “Estudo dos Silos de Madeira a Nível de
Fazendas”, propõe como alternativa para o pequeno produtor a construção de tais estruturas nas
propriedades agrícolas, utilizando madeira tanto como material estrutural quanto de revestimento.
Calil (1984), em sua tese de Doutorado “Sobrepresiones en las Paredes de los Silos para
Almacenamiento de Productos Pulverulentos Cohesivos”, realiza estudo em modelos reduzidos,
determinando os tipos de fluxo de materiais armazenados, a intensidade das pressões de
carregamento e descarga para produtos granulares e para produtos pulverulentos.
Fortes Filho (1985), em sua dissertação de Mestrado “Uma Introdução ao Estudo dos Silos”,
aborda a problemática dos silos de maneira ampla e suficientemente profunda para as aplicações
correntes, apoiando-se em uma análise de estudos teóricos e experimentais realizados por
diversos autores.
Vaz (1987), em sua dissertação de Mestrado "Silos Verticais de Madeira Compensada",
apresenta uma proposta de silos de madeira compensada de seção hexagonal para o pequeno
produtor.
Couto (1989), em sua dissertação de Mestrado "Contribuição ao Estudo dos Silos de
Argamassa Armada para o Armazenamento de Cereais", propõe uma metodologia de dosagem
para argamassa armada, verificando sua viabilidade construtiva em dois silos protótipos cilíndricos.
Esteves (1989), em sua dissertação de Mestrado "Silos Metálicos de Chapa Corrugada",
apresenta estudo teórico e experimental destas unidades com vistas à caracterização dos
materiais e das ligações utilizadas, além de propor uma metodologia de ensaio para a avaliação
dos componentes estruturais.
Calil (1990), em sua tese de Livre - Docência "Recomendações de Fluxo e de Cargas para o
Projeto de Silos Verticais", realiza o estudo das teorias e práticas que envolvem as várias fases de
carregamento e fluxo de produtos armazenados, propondo recomendações para o
armazenamento destes produtos em silos.
Silva (1993)*, em sua tese de Doutorado "Estudo da Variabilidade de Pressões em Silos",
estuda as pressões em silos sob o ponto de vista probabilístico, com ênfase na análise da
variabilidade das propriedades dos produtos armazenados e na variabilidade das pressões.
Milani (1993), em sua tese de Doutorado "Determinação das Propriedades de Produtos
Armazenados para Projeto de Pressões e Fluxo em Silos", apresenta uma metodologia de ensaio
para a determinação das propriedades de produtos armazenados, com base em estudos teóricos e
experimentais utilizando o equipamento de translação "Jenike Shear Cell".

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CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO

Fassoni (1994), em sua dissertação de Mestrado "Sistema Construtivo Modular em Madeira


para Silos Horizontais", apresenta proposta de projeto de silo horizontal de madeira utilizando
peças maciças e chapas de compensado, com ênfase na pré-fabricação.
Gomes (1994), em sua dissertação de Mestrado "Silos para Armazenamento de Laranjas 1",
propõe o projeto e detalhes construtivos de um silo-protótipo, utilizando madeiras de
reflorestamento para o armazenamento de laranjas, tanto em nível de fazendas como de
indústrias.
Manfrin (1994), em sua dissertação de Mestrado “Um Estudo dos Silos para Açúcar:
Propriedades Físicas do Material Armazenado, Recomendações Construtivas, Normativas e
Análise Estrutural”, analisa as condições ideais que o açúcar deve apresentar para uma adequada
armazenagem, bem como avalia a distribuição dos esforços solicitantes a partir do confronto entre
uma análise discreta, tratando a estrutura como um conjunto de pilares e vigas curvas, e de outra
contínua, na qual a estrutura da parede é tratada como casca.
Nascimento (1996), em sua tese de Doutorado "Estudo de Silos Prismáticos para Fábricas
de Ração", desenvolve estudo teórico e experimental de painéis metálicos com conformação
ziguezague horizontal, fornecendo subsídios técnicos para projetos de silos prismáticos metálicos
para uso industrial.
Araújo (1997), em sua tese de Doutorado "Estudo Teórico Experimental de Tremonhas
Piramidais para Silos Metálicos Elevados", realiza estudos para a determinação dos esforços em
tremonhas enrijecidas e não-enrijecidas por análise analítica, numérica e experimental,
confrontando os métodos utilizados.
Andrade Jr. (1998), em sua dissertação de Mestrado “Análise Estrutural das Chapas
Metálicas de Silos e de Reservatórios Cilíndricos”, procura dispor conceitos claros e distintos do
comportamento e dos fenômenos de perda de estabilidade do equilíbrio de reservatórios e silos
metálicos, bem como estabelece configurações estruturais que apresentam maiores riscos à perda
da estabilidade da estrutura e fornece relações de diâmetro/espessura e de diâmetro/altura em
que é possível evitar os problemas advindos da perda de estabilidade do equilíbrio.
Gomes (2000), em sua tese de doutorado “Estudo Teórico e Experimental das Ações em
Silos Horizontais”, compara resultados teóricos com os obtidos por meio de medições diretas das
pressões em um modelo-piloto e um silo horizontal em escala real, com a relação entre as
pressões horizontais e verticais, K. Com base nos resultados obtidos, propõe um novo método de
cálculo fundamentado em um modelo empírico para a determinação das pressões horizontais
nessas unidades.

* Tese apresentada à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo sob orientação do Prof. Dr. Carlito Calil Junior.
8

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CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO

Freitas (2001), em sua tese de doutorado “Estudo teórico e experimental das pressões em
silos cilíndricos de baixa relação altura/diâmetro e fundo plano”, realiza ensaios em um silo-
protótipo e um silo-piloto. Com base nos resultados experimentais, propõe modelos empíricos para
a determinação das pressões horizontais e verticais no fundo plano do silo para esse tipo de
unidade armazenadora.
Andrade Jr. (2002), em sua tese de doutorado “Ação do Vento em Silos Cilíndricos de baixa
relação altura/diâmetro”, realiza estudos teóricos e experimentais em modelos aerodinâmicos e
aeroelásticos sobre as ações do vento em silos, determinando coeficientes aerodinâmicos no
costado e na cobertura.
Palma (2005), em sua tese de mestrado “Pressões e Fluxo em Silos Esbeltos (h/d1,5)”,
realiza estudos teóricos sobre teorias e normas vigentes sobre as pressões e fluxo em silos
esbeltos.

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CAAPPÍÍTTU O
ULLO

PROPRIEDADES FÍSICAS DO PRODUTO ARMAZENADO


C

2.1 Importância
Para o entendimento das pressões que ocorrem no silo, é importante, primeiramente,
entender as propriedades físicas dos produtos armazenados e o critério de ruptura adequado a ser
utilizado.
A determinação das propriedades físicas de produtos armazenados é o primeiro passo para
o projeto de fluxo e estrutural de silos e deve ser realizada nas condições mais severas daquelas
esperadas que ocorram em um silo. Mundialmente, o equipamento mais utilizado para essas
determinações é o aparelho de cisalhamento de translação conhecido em nível internacional por
"Jenike Shear Cell".
As propriedades mais importantes são:
 Peso específico   ;

 Granulometria;
 Ângulo de repouso do produto  r  ;

 Ângulo estático de atrito interno  i  ;

 Efetivo ângulo de atrito interno  e  ;

 Ângulo cinemático (dinâmico) de atrito  w  entre o produto armazenado e o material

da parede (aço liso, aço rugoso, plásticos, madeira, concreto polido e outros
materiais);
 Função fluxo instantânea FF  ;

 Fator fluxo da tremonha  ff  .

2.2 Escolha das amostras


As amostras a serem usadas para os testes devem representar os extremos relevantes para
as propriedades do produto para fluxo e pressão no silo. As amostras devem, portanto, cobrir para
cada produto a ser armazenado no silo:

10

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 umidade máxima e mínima;


 dimensões médias das maiores e menores partículas, se a dimensão das partículas
do produto armazenado variar significantemente com o tempo;
 uma amostra fresca e uma armazenada para o tempo máximo de armazenamento
esperado no silo se são esperadas mudanças apreciáveis no armazenamento;
 extremos de outras condições que são favoráveis a afetar a coesão e as
propriedades de fluxo do material a armazenar.
Em todos os casos de dúvida ou dificuldades, deverá haver consultas entre o usuário e o
projetista/construtor e a participação de especialistas para resolver essas dificuldades especiais. A
importância de uma escolha correta nas amostras não deve ser ignorada.

2.3 Estado de tensão do produto dentro de um silo


Pode-se notar, no ponto A, que o estado de tensão tem componentes de tensão principais
normais e tangenciais. A diferença que existe entre os produtos armazenados e os fluidos, é que
os produtos armazenados são capazes de transmitir tensões de atrito entre os grãos e nas
paredes. Já os fluidos possuem somente o estado de tensão hidrostática. Esse fato muda
consideravelmente as pressões exercidas nas paredes dos silos quando comparadas com os
fluidos, conforme ilustrado na Figura 2.1.

Pressão
r

1
 w
w
2 A 2 B
w
 Líquido
1 1 f h    .h

Sólido
(produto)

Altura

Figura 2.1 - Estado de tensão em dois pontos do produto.

2.4 Fatores que influenciam nas propriedades físicas do produto e do


fluxo
Diversos fatores influenciam nas propriedades dos produtos armazenados. Os principais
fatores que são abordados mundialmente, são:
 Peso específico;
11

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 Compactação;
 Compressibilidade;
 Tamanho das partículas;
 Ângulo de repouso;
 Degradação;
 Corrosão;
 Abrasão.

2.4.1 Peso específico


O peso específico de um produto é afetado pelo nível de tensão atuante no ponto
considerado. Ele depende se o produto possui alto grau de compactação, pois, se a dependência
existir, provavelmente, teremos um peso específico em função do grau de compressibilidade do
produto. O peso específico é dividido em dois tipos principais:
 Peso específico aerado  a  : utilizado para a determinação da capacidade do silo e

da tremonha;
 Peso específico compactado  c  : utilizado para a determinação da taxa de

carregamento.
O outro tipo de peso específico é o de trabalho, e que é definido como:

   
2

T  c a a (1)
c

2.4.2 Compactação
É um processo artificial pelo qual a densidade do produto é aumentada através de impacto,
rolagem, vibração e pressão vertical. Ele é muito importante, pois influencia significantemente no
fluxo e nas pressões de um silo.

2.4.3 Compressibilidade (consolidação)


Compressibilidade é a medida da mudança de volume do sólido causado pela mudança nas
componentes de tensões atuantes, e é definido como:
c a 
Cc   1 a (2)
c c

12

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1
N

h

Produto h

Cc

Figura 2.2 – Esquema do ensaio de compressibilidade e comportamento da compressibilidade de um


produto.

Note, na Figura 2.2, que a compressibilidade se estabiliza quando a tensão vertical  1 atinge

o limite máximo de C c .

O coeficiente de compressibilidade fornece ao engenheiro uma indicação da capacidade do


sólido de fluir. Alguns são os fatores que afetam a compressibilidade:
 Granulometria;
 Resistência individual dos grãos;
 Umidade do produto;
 Densidade;
 Tempo de ação das tensões confinantes.

2.4.4 Tamanhos das partículas


Materiais granulares são geralmente não-coesivos e de fluxo livre. Os pulverolentos
apresentam características de dificuldade de fluxo devido à coesão. Um dos fatores que
contribuem para a coesão, é a presença de pó, e é definida pelo ensaio granulométrico.

2.4.5 Ângulo de repouso


Quando é colocamos um produto em um recipiente e o deixamos cair em queda livre até
uma superfície horizontal, ele formará um volume com a superfície. O ângulo formado entre a
superfície do produto e a horizontal é chamado ângulo de repouso, podendo inferir sobre o ângulo
de atrito interno e o fluxo do produto. A altura de queda livre e a rugosidade da superfície
influenciam na determinação do valor do ângulo e devem ser seguidas por procedimentos padrões
da literatura. É recomendado que a superfície seja bem rugosa e que a altura de queda livre esteja
entre  partícula  h  10cm . Alguns autores dizem que, para produtos granulares de fluxo livre, o

ângulo de atrito interno coincide com o ângulo de repouso e pode ser utilizado para verificações
preliminares.
13

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h
r

Figura 2.3 - Determinação do ângulo de repouso.


O ângulo de repouso é uma indicação do potencial do produto em fluir. Uma avaliação feita
por Carr (1969), de resultados de testes em mais de 3.500 amostras de produtos secos, contribuiu
para os gráficos que relacionam o ângulo de repouso e o coeficiente de compressibilidade.
Cc
Fluxo extremamente difícil
0,40
Fluxo muito difícil
0,35
Fluxo difícil
0,25

Fluxo apertado
0,20
Fluxo razoável

0,15 Fluxo bom

0,10 Fluxo
excelente

25 30 35 40 45 50 60 r

Figura 2.4 - Região aproximada de condições de fluxo a partir do r e Cc .

2.4.6 Degradação
A degradação, usualmente, ocorre durante o enchimento (carregamento), embora, em
muitos casos, ocorra durante o esvaziamento. Desta forma, alguns produtos que apresentam

14

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CAPÍTULO 2 - PROPRIEDADES FÍSICAS DO PRODUTO ARMAZENADO

torrões ou partículas frágeis, podem quebrar e reduzir o tamanho, como um resultado de impacto,
agitação ou atrito entre os grãos.

2.4.7 Corrosão
Alguns produtos atacam quimicamente as superfícies confinantes com os quais estão em
contato. Corrosão é freqüentemente promovida pela acidez ou alcalinidade dos produtos que são
classificados pelo seu valor de PH. Produtos com valor de PH de 1 a 7 são ácidos, onde o valor de
7 corresponde a um produto neutro. Produtos com valor de PH de 7 a 14 são considerados
alcalinos. É importante destacar que o PH é um forte indicativo, porém produtos neutros podem
atacar as superfícies metálicas em alguns casos específicos.

2.4.8 Abrasão
Movimento de um sólido durante o enchimento e o esvaziamento provoca desgaste das
paredes e do fundo do silo. A característica de abrasão de um produto depende da dureza,
tamanho e forma da sua partícula e de sua densidade. Uma das mais fáceis medidas de dureza é
a escala de Moh´s, e é largamente usada para minerais. Ferro e aço estão na faixa de 4 a 8,5,
dependendo de seu nível de escoamento e tratamento térmico. Silos com fluxo de funil
apresentam a vantagem de proteger as paredes devido à zona de produto estacionária.

2.5 Ensaio de cisalhamento direto modificado por Jenike


Diversos autores vêm estudando o comportamento dessas propriedades nas fases de
operação de um silo (carregamento, armazenamento e descarga). Jenike (1964), em busca de
uma forma adequada de medir tais propriedades, analisou inicialmente a aplicabilidade de
equipamentos de teste utilizados em solos. Diante de resultados considerados insatisfatórios,
decidiu desenvolver um aparelho denominado “Jenike Shear Cell” (Figura 2.5), que vem sendo
utilizado e ainda consagrado para a determinação das propriedades físicas dos materiais. O
aparelho é baseado no ensaio de cisalhamento direto de solos, porém alguns procedimentos de
consolidação da amostra (torção ou twist) foram adicionados para representar o comportamento
do produto dentro das estruturas de armazenamento. Com o intuito de avaliar a confiabilidade e a
reprodutibilidade das medidas das propriedades de fluxo, um grupo denominado “Working Party on
the Mechanics of Particulate Solids (1989)” da Federação Européia de Engenheiros Químicos,
coordenou vários ensaios com o aparelho de Jenike. Após detalhada análise dos resultados
experimentais e da experiência dos membros da WPMPS, foi elaborado novo procedimento-
padrão de teste, o qual fornece instruções detalhadas para a operação do aparelho de Jenike, que

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recebeu o nome de “Standart Shear Testing Technique for Particulate Solids Using the Jenike
Shear Cell” (SSTT,1989).
Em resumo, o teste de cisalhamento constitui-se de duas fases. A primeira é a preparação
da amostra para a obtenção do fluxo de estado estável e do pré-cisalhamento para a definição do
lugar geométrico e deslizamento. Na segunda fase do teste, a determinação real das tensões de
cisalhamento é realizada com diferentes valores de tensões normais, menores que os utilizados na
primeira fase, determinando as tensões de cisalhamento necessárias para o deslizamento
(ruptura) do produto.
N
Movimento de
consolidação Tampa

Anel

F Produto
Bulk Solid

Plano de cisalhamento

Figura 2.5 - Ensaio para a determinação das propriedades internas do produto. Adaptado de Schwedes
(2002).
No Brasil, Milani (1993) desenvolveu um importante trabalho com base em estudos teóricos
e experimentais utilizando o equipamento de Jenike, propondo uma metodologia de ensaio para a
determinação das propriedades dos produtos armazenados. Porém, segundo Rotter et al. (1998),
uma descrição completa de todas as propriedades de fluxo é atualmente impossível, pois ainda
não são conhecidos todos os parâmetros que deveriam ser medidos, nem como algumas das
propriedades conhecidas deveriam ser medidas.

2.5.1 Critério de resistência (Yield Locus)


Para entender as propriedades de produtos de armazenamento, é necessário estudar os
critérios de resistência que apresentam comportamento similar aos solos com algumas
particularidades sobre o estado de tensão. Os produtos armazenados podem seguir o critério de
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estados limites clássico de Mohr-Coulomb, o qual assume a relação linear entre a tensão normal e
a tensão de cisalhamento. Segundo esse critério, admite-se que a ruptura ocorra localmente, uma
vez atingido um valor-limite da tensão de cisalhamento, que é influenciado pela tensão normal
atuante no mesmo plano. A expressão matemática que exprime a condição da ruptura por
deslizamento dos produtos com coesão, é:
  f ( ) (3)
f ( )  c   . tan(i ) (4)
Onde:
c - coesão;
i - ângulo de atrito interno.
Testes mostram que, para produtos coesivos, o envoltório de resistência real é uma curva
convexa, mostrada na Figura 2.6. A posição do envoltório depende da pressão de consolidação do
produto (as maiores tensões principais durante o estado de deformações permanente), de tempo
de consolidação (Figura 2.7), da umidade e da temperatura. Usualmente, umidade, temperatura e
tempo podem ser considerados constantes para a simplificação na análise das propriedades,
porém não sendo estes desprezíveis.

Envoltório de Mohr-Coulomb Envoltório de resistência real


 ( )  c   .tg (i )

Øi

ic c 
Figura 2.6 - Representação gráfica do critério de ruptura por deslizamento (Mohr-Coulomb). Fonte: Adaptado
de Benink (1989).
Envoltório de resistência tempo (t)


Envoltório de resistência instantâneo

ic,i ic,t c,i 


Figura 2.7 - Representação gráfica do critério com a influência do tempo. Fonte: Adaptado de Benink (1989).

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Segundo Benink (1989), a hipótese da normalidade das taxas de deformação plásticas


admite um vetor com componente direção negativa para todos os estados à esquerda do ponto E,
os quais resultam na expansão do produto. Uma dilatação contínua é fisicamente impossível, a
qual significa que o envoltório encolhe até alcançar o ponto final do outro envoltório. Hipótese que,
durante o fluxo estável, a mudança de volume não ocorrerá, a situação das taxas de deformações
plásticas representada pelo ponto E (Figura 2.8). Isto explica o fato de a onda de pressão ocorrer
no início do fluxo de expansão e após o fluxo estável de encolhimento, porém o que fisicamente é
impossível pela inexistência de tração.
/2

.

. pl
pl

. .
E

.

Figura 2.8 – Família de envoltórios (Yield Locus). Fonte: Adaptado de Benink (1989).
Portanto, a determinação das propriedades dos produtos armazenados depende do
conhecimento dos envoltórios de Mohr-Coulomb para ruptura por deslizamento determinado pela
relação entre a tensão de cisalhamento e a tensão normal. Investigando duas condições principais,
o deslizamento interno e o deslizamento com a parede, é possível determinar os principais
parâmetros.

Pontos obtidos no ensaio de cisalhamento direto

Ponto na condição de fluxo estável

Øi

Figura 2.9 - Modelo de ruptura obtido através do ensaio de cisalhamento direto do produto.

18

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CAPÍTULO 2 - PROPRIEDADES FÍSICAS DO PRODUTO ARMAZENADO

Pontos obtidos no ensaio de cisalhamento direto com a parede

Øw

Figura 2.10 - Modo de ruptura obtido através do ensaio de cisalhamento direto com a parede.
Para o projeto e a determinação dos padrões de fluxo, deve-se conhecer a função fluxo (FF)
do material. Para isso é necessária a determinação das resistências inconfinada e confinada com
auxílio do envoltório de resistência de Mohr-Coulomb. A seguir, foram deduzidas pelos autores as
expressões analíticas para determinar as resistências confinada e inconfinada a partir do
envoltório de Mohr-Coulomb para produtos granulares e coesivos obtidos através do ensaio de
cisalhamento direto.

2.5.2 Ângulo de atrito interno i  e Ângulo de atrito efetivo  e 


Produtos granulares desconsolidados não possuem resistência, mas ganham resistência por
meio da consolidação e do confinamento quando estão armazenados no silo. Os produtos ganham
um acréscimo de resistência da mesma maneira. Cada um apresentará um ganho diferente de
resistência em função da tensão principal  . De maneira geral, os produtos apresentam um
envoltório convexo para baixo, e a curvatura é mais acentuada para o ponto de tensões com
baixos valores. O ângulo de atrito interno é um dos parâmetros do critério de resistência e é mais
acentuado para produtos sem coesão. A relação entre as tensões principais no produto de massa
semi-infinita é dada por:

 1 1  seni 2.c cos i


  . (5)
 2 1  seni  2 1  seni
Onde c é a coesão, que varia com o grau de consolidação. A inequação representa um
estado elástico de tensões, e a igualdade, um estado plástico.
Medidas experimentais de tensões principais durante o fluxo mostram que a relação entre
 1 /  2 é praticamente constante para grandes valores de tensão  1 e é dado por:

19

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 1 1  sene
 (6)
 2 1  sen e
Onde  e é o ângulo de atrito efetivo e representa graficamente a linha que sai da origem

com ângulo  e e tangencia o círculo de MOHR, e o envoltório resultante é chamado de efetivo

envoltório de deslizamento.

ensaio de
efetivo envoltório de envoltório de cisalhamento para
deslizamento deslizamento
produtos coesivos

i

e
c c


Figura 2.11 – Envoltório de deslizamento efetivo. Figura 2.12 – Típico ensaio de cisalhamento em
produtos coesivos.

ensaio de
cisalhamento para
produtos de fluxo-livre


Figura 2.13 - Típico ensaio de cisalhamento em produtos granulares e de fluxo-livre.

2.5.3 Resistências  ic ; 1c ;  2c  para os produtos coesivos


Os produtos coesivos são aqueles que apresentam, além do atrito interno entre os grãos,
uma coesão entre as partículas que fornecem a ele um acréscimo de resistência devido à coesão.
O critério de ruptura proposto por Mohr-Coulomb é adequado para os produtos coesivos, pois tem
a parcela de resistência coesiva como mostrada na eq. (4).

 ic
c
2

A
Øi
c  ic C  ic 
arctg (i ) 2

Figura 2.14 - Determinação da tensão de compressão inconfinada para produtos coesivos.


20

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CAPÍTULO 2 - PROPRIEDADES FÍSICAS DO PRODUTO ARMAZENADO

A determinação da tensão de compressão inconfinada é diretamente obtida pela eq. (8),


utilizando o triângulo ABC.
 ic
seni  2
(7)
c 
 ic
arctg (i ) 2
c
seni 
 ic arctg (i ) (8)

2 1  seni

ponto de pré-cisalhamento
D ( p ; p )
 1c   2 c F
2

A A
Øi  2c  ic E G  1c 
c  2c  1c   2 c
arctg (i )
2

Figura 2.15 - Determinação da tensão de compressão confinada (estado duplo de tensões).


Renomeadas as variáveis para facilitar o desenvolvimento das deduções tem-se:
 1c   2c
r (9)
2
c
 (10)
arctg (i )
z   2c (11)
Utilizando o triângulo com vértices ADE:
r
seni  (12)
zr
r  r.seni  .seni
z (13)
seni
Utilizando o triângulo EFG:

r 2   p  ( p  r  z ) 2
2
(14)
Substituindo a eq.(9) na eq. (14) tem-se:

21

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2.r. p 2.r. p .seni 2. p ..seni 2.r 2


 p   p  2.r. p 
2 2
   
seni seni seni seni
2.r .seni 2.r..seni
2
r r .seni r..seni r 2 .seni
2 2
       (15)
seni seni sen 2i sen 2i sen 2i sen 2i
r 2 .sen 2i r..sen 2i r..seni r..sen 2i 2 .sen 2i
     0
sen 2i sen 2i sen 2i sen 2i sen 2i
Agrupando termos com r 2 ,

2.r 2 2.r 2 .seni r2 r 2 .seni r 2 .seni


    
seni seni sen 2i sen 2i sen 2i
2.r 2 .seni  2.r 2 .sen 2i  r 2  r 2 .seni  r 2 .seni  r 2 .sen 2i
 (16)
sen 2i
 r 2 .sen 2i  r 2  1 
 r 2   1
sen i
2
 sen i
2

agrupando termos com r :
2.r. p2.r..seni r..seni r..sen 2i r..seni r..sen 2i
      
seni seni sen 2i sen 2i sen 2i sen 2i
 2.r. p .seni  2.r..sen 2i  r..seni  r..sen 2i  r..seni  r..sen 2i
 (17)
sen 2i
 2.r. p .seni  2.r..seni  2. p  2. 
 r  
sen 2i  sen i 
agrupando os termos independentes:
2. p ..seni 2 .sen 2i
 p  p 
2 2
   p   p  2. p .  2
2 2
(18)
seni sen i
2

Assim, com a resolução da equação de 2ºgrau, obtém-se a solução fechada do problema de


determinação das tensões principais confinadas.

 c 
2 2. p  2. 
 1      2c   arctg (i )    1c   2 c 
  1   1c     
 sen i   seni  
2
  2 2 
  (19)
 
2
c  c 
  ( p   p  2. p .    )0
2 2

arctg (i )  arctg (i ) 


Após a determinação dos círculos de Mohr, é necessária a determinação do ângulo de atrito
efetivo, pois, para produtos coesivos, esta coesão pode fornecer, para casos especiais, condições
favoráveis, e a adoção do ângulo de atrito efetivo torna-se necessária. O plano crítico de

22

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CAPÍTULO 2 - PROPRIEDADES FÍSICAS DO PRODUTO ARMAZENADO

deslizamento efetivo é obtido saindo da origem e tangenciando o círculo de estado de tensões


principais  1c ;  2c  como os raios determinados pela eq. (19). Na Figura 2.16, é representado

graficamente o plano de estado crítico de deslizamento efetivo.


 i ; i 
i

i

c
e

i
 1c   2 c
 1c 
 1c 2

Figura 2.16 - Visualização do ângulo de atrito interno i  e ângulo de atrito efetivo  e  .

Para encontrar o ponto de intersecção da reta com o círculo, desenvolvem-se as expressões


abaixo.
A equação do plano crítico de deslizamento efetivo é dada por:
 i  tan e . i (20)
 c
tan i  i (21)
i
A equação do estado de tensão é dada por, com as substituições de variáveis:

 i  r 2  ( i  ( z  r )) 2 (22)
Igualando as eq. (20) com a eq. (22), tem-se:

tan i . i  c 2  r 2  ( i  ( z  r )) 2
(23)
Renomeando as variáveis, obtém-se uma equação do 2º grau, onde a menor raiz nos dá o
ponto de intersecção das duas funções:

tan    1.
i
2
i
2
 2. tan  i .c   1c   2 c . i  c 2   1c . 2 c   2 c  0
2
(24)
Com isto é possível a determinação da tensão  i , substituindo na eq. (24), obtém-se o  i e

com isso é possível a obtenção do ângulo de atrito efetivo  e :

   2    2c 2 
 1c 2c
 ( i  ( 2c  1c )) 
 2 2 
 e  arctg   (25)
 i 
 
 

23

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CAPÍTULO 2 - PROPRIEDADES FÍSICAS DO PRODUTO ARMAZENADO

2.5.4 Resistências  1c ;  2c  para produtos granulares


Os produtos granulares são aqueles que apresentam, na grande maioria, somente o atrito
interno entre os grãos. Dessa maneira, a parcela de coesão não é incorporada no critério de
ruptura, sendo o critério expresso somente pela tensão de cisalhamento em função da tensão de
confinamento. Obviamente, para produtos granulares, não será obtida a resistência inconfinada,
sendo obtida somente a resistência confinada. Segundo Gaylord e Gaylord (1984), para produtos
granulares, o ângulo de atrito interno é aproximadamente igual ao ângulo de atrito efetivo, porém
isto não é uma verdade absoluta, pois pode depender da forma das partículas do produto e de
outros parâmetros.

ponto de pré-cisalhamento

( p ; p )

Øi=Øe

 2c
 1c 
 1c   2 c
2

Figura 2.17 - Determinação da tensão de compressão confinada para produtos granulares.


Logo, admitindo c  0 na eq. (19) e com a resolução da equação de 2ºgrau, obtém-se o raio
do círculo e, com as eqs. (27) e (28), é possível determinar a tensão principal inferior e a superior
do estado confinado:

   2 c   1c   2. p    2 c   1c 
2
 1
  1           ( p   p )  0
2 2
(26)
 sen i   seni  
2
  2 2 
  2 c   1c    2 c   1c 
  .seni
 2   2  (27)
 1c 
seni
  2 c   1c    2 c   1c 
  .seni
 2   2      1c  (28)
 2c   2. 2 c 
seni  2 

2.5.5 Ângulo de atrito cinemático (dinâmico) com a parede  w 


As pressões dentro de um produto no silo são dependentes do coeficiente de atrito  entre
o sólido e a parede do silo. A determinação do ângulo de atrito do produto armazenado com a

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CAPÍTULO 2 - PROPRIEDADES FÍSICAS DO PRODUTO ARMAZENADO

parede pode ser obtida utilizando o aparelho de ensaio de cisalhamento direto (Jenike Shear
Tester). Neste caso, a base da célula de cisalhamento é substituída por uma amostra do material
da parede que será avaliada. A força de cisalhamento ou a tensão de cisalhamento  w , que são

necessárias para mover a célula de cisalhamento com o produto armazenado através do material
da parede, são medidas sob diferentes níveis de tensões normais  w .

Se os pares de valores medidos (  w ,  w ) são plotados em um diagrama  w versus  w

(Figura 2.18), então a média dos resultados da união dos pontos com a origem fornece o
envoltório de deslizamento com a parede. O ângulo de atrito com a parede  w resulta da

inclinação do envoltório de deslizamento com a parede com o eixo  . Pode ser determinado pela
relação:

w 
 w  arctan    tan W (29)
 w 

N
Tampa

Anel

F Produto

W ... W
Amostra da parede 1
n

Figura 2.18 - Ensaio para determinação das propriedades do produto coma parede. Fonte: Adaptado de
Jenike (1964).
Note que o envoltório pode apresentar-se com uma curvatura e que isso vai depender da
tensão  w . Porém as teorias de fluxo e pressão desprezam a dependência entre ambos.

Moore et. al (1984) investigou o atrito do produto com a parede ondulada (corrugada) através
de ensaio em modelo e concluiu que o atrito é uma função do comprimento vertical projetado da
chapa e do produto ponderado.
Para o caso de paredes de chapa ondulada ou trapezoidal, o coeficiente de atrito efetivo
pode ser um modelo ponderada pelas superfícies de deslizamento.
be bw
ef  .tan(e )  . w onde be  bw  1 (30)
be  bw be  bw
onde  w é o ângulo de atrito com a parede considerada plana e be e bw representam os

comprimentos relativos dentro de uma onda completa da parede e estão indicados na Figura 2.19.

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CAPÍTULO 2 - PROPRIEDADES FÍSICAS DO PRODUTO ARMAZENADO

É importante observar que a proporção de deslizamento entre o produto em relação a parede e o


comprimento de produto estagnado deve ser obtido experimentalmente. Moore et. al (1984)
obtiveram valores para o trigo para vários níveis de tensão de consolidação e velocidade de
deslizamento, e ao final do estudo detectaram que o coeficiente de atrito é ponderada com a
superfície que fica estagnada.
O PrEN 1991-4:2003 recomenda para as chapas onduladas um valor de bw /  be  bw   0, 20 ,

o que representa que 20% do atrito é mobilizado entre os grãos e a chapa e 80% é mobilizado
entre grão-grão.

Figura 2.19 – Dimensões do perfil da chapa de aço. Fonte: Adaptado de PrEN 1991-4:2003.

A norma inglesa propõe que, se  w  i  3 , então o valor a adotar para o coeficiente de

atrito interno é   seni , que é o valor proposto por Jenike.

2.5.6 Relação entre as pressões horizontais e verticais (K)


A relação entre as pressões verticais e as horizontais pode ser relacionada por uma
constante chamada de (K). Porém esta constante depende do movimento lateral entre o material
armazenado e a parede. A figura mostra o comportamento da constante em relação aos
deslocamentos relativos da parede:

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K
 
passivo
Kp

Ko (repouso)

ativo Ka

externo Movimento interno


Parede

Figura 2.20 – Comportamento do K em relação aos movimentos relativos da contenção.


O valor inferior representa o estado ativo, e o valor superior representa o estado passivo. Os
dois limites são funções do ângulo de atrito interno e do ângulo de atrito com a parede. As
fórmulas podem ser retiradas do círculo de Mohr.
Se o ângulo de atrito com a parede é zero, as equações tornam-se:
1  sen e
Ka  (31)
1  sen e
1  sen e
Kp  (32)
1  sen e
Enquanto K a e K p podem ser determinados teoricamente, este não é o caso com os

valores intermediários de K quando o material está no estado de elástico.


De acordo com Terzaghi (1943), os movimentos necessários para desenvolver totalmente o
estado passivo ou ativo na areia são de 1 a 2mm, embora o valor de K possa ser alcançado com
pequenos movimentos 0,05 a 0,1mm. Para produtos granulares, os movimentos requeridos não
são bem conhecidos. A primeira hipótese é que seriam movimentos maiores do que para as
areias.
Bowles (1997) fornece os deslocamentos necessários para que o estado ativo seja
mobilizado em estruturas de contenção de solos com altura h (Tabela 2.1). Observa-se que existe
uma faixa de valores e que os valores dependem do tipo de solo e grau de compactação.
Nilsson (1986) concluiu que os deslocamentos em um silo grande (diâmetro D=6m, altura
H=12m), durante o estágio de enchimento, seriam grandes o suficiente para promover movimentos
relativos de tal magnitude que, completamente ou quase completamente, mobilizariam, em regiões
do silo, condições de estado tanto ativo como passivo. Já em pequenos modelos de silos (D=1m,
H=3m), a fatia vertical, e conseqüentemente, também os máximos movimentos laterais de 0,01 a

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1mm seriam tão pequenos que mudanças no K e nas pressões laterais seriam difíceis de
detectar.

Tabela 2.1 – Deslocamento relativo para a mobilização do campo de tensões ativo em estruturas de
contenção. Fonte: Adaptado de Bowles (1997).
Tipo de solo e condição Deslocamento necessário
de compactação para desenvolver o estado ativo
Pouco coesivo (denso) 0,001 a 0,002.h
Pouco coesivo (fofo) 0,002 a 0,004.h
Coesivo (firme) 0,01 a 0,02.h
Coesivo (mole) 0,02 a 0,05.h
Uma conclusão preliminar indica que, durante o estágio de enchimento, padrões de pressão
em grandes silos podem ser bem diferentes de modelos de pequenos silos. Essa diferença seria
mais pronunciada devido às imperfeições do silo em tamanho real serem maiores que silos em
pequenos modelos.
Os resultados de medidas de pressão em silos-modelo podem então não ser válidos para
grandes silos e medidas com um material podem não ser válidas para outro material com
propriedades diferentes de compressibilidade.
Não é conhecido ainda se o K é dependente com o tempo; porém, sendo os grãos materiais
vegetais, é esperado que sua reologia siga um comportamento visco elástico. Desta forma não
seria surpresa se uma relaxação de tensões acontecesse. Isto provavelmente reduziria o K p e

aumentaria o K a .

Em vários trabalhos de pesquisa e normas, são sugeridas diferentes recomendações para


calcular a relação de pressão. Na maioria dessas recomendações, o parâmetro K é determinado
somente com o conhecimento do ângulo de atrito interno. Em algumas relações, o ângulo de atrito
com a parede é levado também em conta. Na maioria das muitas diferentes recomendações
existentes, pode ser visto que ainda há muita incerteza para calcular a relação de pressão. Ao lado
do ângulo de atrito interno e o ângulo de atrito com a parede, experiências mostraram que os
valores das pressões e do parâmetro K relacionado a elas dependem de quase quarenta fatores
que podem agrupar-se em seis grupos primários (KAMINSKI e WIRSKA, 1998):
 as propriedades físico-químicas do produto granular;
 a forma e dimensões do silo;
 o tipo de fluxo do produto durante o descarregamento do silo;
 as características das operações tecnológicas;
 o efeito de tempo e parâmetros térmicos e de umidade;
 a interação entre a estrutura de silo e o produto granular.

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CAPÍTULO 2 - PROPRIEDADES FÍSICAS DO PRODUTO ARMAZENADO

Segundo Haaker (1999), o problema com todas as propostas para o parâmetro K é que elas
foram obtidas somente das hipóteses que o material está em estado de deslizamento, e o atrito
com a parede é mobilizado completamente. Estas hipóteses, segundo ele, não são
necessariamente cumpridas na parede vertical da célula.
A seguir, serão apresentadas as principais fórmulas propostas por pesquisadores e normas
após Koenen.
Em 1948, Jaky (apud LOHNES,1993) obteve uma relação para o parâmetro K para o caso
do produto em repouso e parede lisa inflexível:
2
(1  sen e )(1  ( sen e ))
K0  3 (33)
(1  sen e )
que foi simplificada para a forma geralmente usada:

K 0  (1  sen e ) (34)
Walker (1966), assumindo que o produto ensilado está em ruptura e, simultaneamente,
está deslizando ao longo de uma parede rugosa, usou a geometria do círculo de MOHR para
incluir o coeficiente de atrito com a parede, , na equação de relação de pressão, obtendo:

1  sen 2e  2 ( sen 2e   w 2 cos 2 e )


K (35)
4  2  cos 2 e
Hartmann, em 1966 (apud LOHNES,1993), usando teoria elástica para calcular Ka para
silos de paredes rugosas, obteve:
1  sen 2 e
Ka  (36)
1  sen 2e
Outra expressão para K é dada por Frazer:
1
K
1  sen  e 2sene
2
tg 2 w (37)
 1 2
cos 2  e cos 2 e tg e
Porém, essa equação é válida para paredes que sejam tão rugosas que os grãos do
produto armazenado deslizam uns sobre os outros em lugar de deslizar sobre a parede da célula,
como é o caso dos silos metálicos de paredes de chapa de aço corrugado.
Bischara et al. (1983), através de uma fórmula não-linear do método dos elementos finitos,
afirmam que a relação entre pressões, K, é um parâmetro constante para um determinado tipo de
silo e um dado produto, e propõem diferentes fórmulas para o parâmetro K em função da
granulometria do produto, como a seguir:
(a) Para produtos cujo diâmetro máximo é menor ou igual a 2,5mm:

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CAPÍTULO 2 - PROPRIEDADES FÍSICAS DO PRODUTO ARMAZENADO

cot g 2e 0,15


K  0,16 (38)
 w0,08 d 0,17
(b) Para produtos cujo diâmetro máximo é maior que 2,5mm:

cos 2 e
K  0,16 (39)
sene  0,04  w0,05 d 0,11

1
15deg 50deg
LEGENDA:
FRAZER5º( e) 0.9

FRAZER15º( e) 0.8 JAKYS –JAKY simplificado


WALKER5º( e) 0.7
WALKER5º - WALKER com   5º
WALKER15º - WALKER com   15º
WALKER15º( e) 0.6
FRAZER5º - FRAZER com   5º
KOENEN ( e) 0.5 FRAZER15º - FRAZER com   15º
HARTMAM ( e)
0.4
JAKYS( e)
0.3
JAKY( e)
0.2

0.1

0
0 0.16 0.31 0.47 0.63 0.79 0.94 1.1 1.26 1.41 1.57
e

Figura 2.21 – Comparação dos valores de K segundo vários pesquisadores.


Alguns autores, vê a causa das discrepâncias na determinação dos valores do parâmetro K,
no caráter estocástico das pressões, na falta de bons equipamentos de medição, e vê dificuldades
no desenvolvimento de um modelo numérico que incorpore o caráter estocástico do fenômeno das
pressões.
Como foi visto anteriormente, as normas estrangeiras propõem, em tabelas próprias,
valores para o parâmetro K para alguns produtos listados ou indicam fórmulas matemáticas para a
sua obtenção, fornecendo os valores dos parâmetros envolvidos, ou para o caso dos parâmetros
envolvidos serem obtidos experimentalmente.
Norma australiana AS3774: 1996 - adota a fórmula de Walker para a determinação do valor
de K, limitando K como maior ou igual a 0,35, ou seja:

1  sen 2e  2 ( sen 2e   w 2 .cos 2 e )


K  0,35 com w = tgw (40)
4  w 2  cos 2 e
A norma australiana fornece, em tabela própria, os valores do limite inferior e superior para i
para 23 produtos e o respectivo w em função da rugosidade da parede (paredes polidas, lisas e
rugosas) e propõe, em anexo, a obtenção de , para o caso de silos de parede de chapa de aço
corrugada.

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CAPÍTULO 2 - PROPRIEDADES FÍSICAS DO PRODUTO ARMAZENADO

Norma européia ENV 1991-4: 2003 - fornece o valor de K em uma tabela para dez produtos
para paredes lisas e rugosas, excluindo o de chapa corrugada. Os valores fornecidos na tabela
variam de 0,40 a 0,55. Para os produtos que não constam nesta tabela, o valor de K pode ser
determinado, experimentalmente, por metodologia definida, em anexo, da norma, (obtenção direta
com a determinação da pressão horizontal e vertical) ou de forma indireta, pela expressão de Jaky,
considerando um coeficiente de segurança igual a 1,1, como a seguir:

K  1,1.(1  sene ) (41)


Norma européia ISO 11697:1997 - fornece o valor de K, em uma tabela, para 5 classes de
produtos, apenas para paredes lisas. Os valores fornecidos na tabela variam de 0,30 a 0,75. Para
os produtos que não constam nessa tabela, o valor de K pode ser determinado,
experimentalmente, semelhantemente ao proposto pela norma ENV, ou de forma indireta pela eq.
(41).
Norma americana ACI 313-91 - 1991 – propõe, para o valor de K, a fórmula de Koenen,
equação 7, substituindo o ângulo de atrito interno  e pelo ângulo de repouso  r , que, de modo

geral, é menor que i e sugere valores para o limite inferior e superior de  r , para 8 produtos.
Norma britânica BMHB: 1985 - define dois valores para K, sendo um valor inferior
K l  0,25 , para o cálculo das pressões verticais, e um valor superior K u  0,60 , para o cálculo
das pressões horizontais. Especifica que, se a parede é muito rugosa, o valor superior de Ku deve
ser tomado igual a 0,75.
Norma alemã, DIN 1055:2005 - fornece o valor de K, em duas tabelas, para 24 produtos,
variando entre 0,4 e 0,65. Para os produtos não-listados, propõe a forma indireta pela expressão
de Jaky, considerando um coeficiente de segurança igual a 1,2, onde  e deverá ser obtido em

ensaio de cisalhamento direto, como o tipo Jenike:

K  1,2.(1  sene ) (42)


Segundo a norma, o fator 1,2 foi escolhido para garantir que, em pequenas alturas do
produto armazenado, ou seja, na parte superior do silo, resultem curvas de pressões mais
completas.
Norma canadense, CFBC:1983 -somente fornece o valor de K, em uma tabela, para oito
produtos, em função da rugosidade da parede. Para produtos granulares, apresenta o valor de 0,4
para paredes lisas e 0,6 para paredes rugosas.
Norma francesa SNBATI: 1975 - define dois valores para K, em função dos estados de
carregamento e descarregamento central.

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CAPÍTULO 2 - PROPRIEDADES FÍSICAS DO PRODUTO ARMAZENADO

Para o carregamento do silo, adota a seguinte expressão:


1  msen e
Ka  cos 2 W (43)
1  msen e
sendo:

m  1  (tg w / tg e ) 2 (44)


Para o descarregamento do silo, adota a seguinte expressão:

K p  cos 2  w (45)
Ayuga (1995) propõe que, para a obtenção de K de forma indireta, o valor de K seja em
função do tipo de parede:
 Para paredes absolutamente lisas,  w  0 , adotar a fórmula de Rankine-Koenen,

eq.(31).
 Para paredes muito rugosas, onde  e   w , adotar a fórmula de Hartmann, eq.(36).

 Para os casos intermediários adotar, a fórmula francesa, eqs. (43) e (44).


Segundo Lohnes (1993), claramente, não existe nenhum acordo completo sobre o que
constitui um valor apropriado para o parâmetro K, e poucos dados experimentais estão disponíveis
para a comparação com cálculos teóricos. Também, segundo ele, a hipótese de o produto
armazenado estar em ruptura parece irracional para cargas estáticas, e sugere K  K 0 (eq. (34))

para produtos que estão confinados mas não em ruptura.

2.6 Outros equipamentos para obtenção das propriedades fisícas


Schwedes e Schulze (1990) fazem um trabalho experimental separando os equipamentos
em 2 grupos: os ensaios de obtenção direta e os de medida indireta. Ao final do trabalho eles
afirmam que o equipamento triaxial fornece resultados com maior exatidão, pois obtém as relações
tensão deformação do material. Já o anel de cisalhamento fornece boas propriedades do produto
em fluxo, pois permite altas velocidades de deslocamento angular, e consequentemente reproduz
mais fielmente o fluxo. Eles afirmam que não devem ser realizados ensaios com amostra
inconfinada, pois estes não são adequados para a avaliação das propriedades físicas.

32

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CAPÍTULO 2 - PROPRIEDADES FÍSICAS DO PRODUTO ARMAZENADO

Figura 2.22 – Esquema do anel de cisalhamento, Figura 2.23 – Teste de cisalhamento biaxial.
denominado “Schulze ring shear tester”. Fonte: Fonte: Adaptado de Schwedes (2002).
Adaptado de Schulze (1996).

Desta forma, a maior desvantagem do equipamento de Jenike é a baixa velocidade do


cisalhamento (2,5mm / min) e um limite de deslocamento de (5mm) . Com isso alguns
equipamentos vêm sendo propostos (Figura 2.22 e Figura 2.23) para produtos que necessitem de
deslocamentos superiores aos obtidos pelo equipamento de Jenike (SCHULZE, 1996). Porém
apesar de avanços nos equipamentos de ensaio, ainda hoje, o aparelho de Jenike é o mais
utilizado para caracterização das propriedades dos produtos armazenados e por isso será utilizado
nesta pesquisa.

33

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CAAPPÍÍTTU O
ULLO

PROJETO DE FLUXO
C

Experimentos mostram que as pressões nas paredes dependem do fluxo do produto, e, para
um projeto seguro e econômico, ele deve ser determinado ou projetado. Para isso é necessário,
primeiramente, conhecer os principais parâmetros que interferem no correto funcionamento do
fluxo e são descritos a seguir:
1. Tipo do silo;
2. Máximo e mínimo material a ser armazenado;
3. Tolerância de segregação;
4. Necessidade de mistura;
5. Duração de armazenamento;
6. Vazão de descarregamento;
7. Função Fluxo;
8. Fator fluxo.

O fluxo de um produto é consideravelmente afetado pela sua característica de dilatância.


Poucos testes são capazes de quantificar essa propriedade durante o fluxo, embora, deva ser
notado que um produto alcança uma densidade elevada na estrutura de armazenamento. Isto irá
requerer uma grande dilatação para fluir e, provavelmente, fluirá em pequenos canais de fluxo. Já
os produtos que permanecem fofos após impactos de enchimento, tendem a fluir com grandes
dimensões de canais de fluxo e podem alcançar condições de fluxo de massa fora dos contornos
definidos pela teoria de Jenike (1964).
1  2
Muito compactado
(dilatação)

Condição de fluxo

Fofa

Figura 3.1 – Gráficos que representam a dilatação da amostra.


34

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CAPÍTULO 3- PROJETO DE FLUXO

A Figura 3.1, durante cujo fluxo, a densidade do produto é uma função das tensões
principais. Quando as tensões principais são constantes, o produto cisalha sobre densidade
constante. Quando as pressões aumentam, o produto compacta (sofre consolidação), e a
densidade também aumenta. Quando as pressões diminuem, o produto expande, a densidade
diminui, e o fluxo pode prosseguir indefinidamente.
Além disso, o tipo de fluxo determina as características de esvaziamento do material, o tipo
de segregação, a formação ou não de zonas de material sem movimento (estacionárias) e se o silo
pode ser esvaziado completamente. Também determina a distribuição de pressões nas paredes
do silo e a fundação, e a integridade e o custo da construção. A determinação do tipo de fluxo
deve ser feita enquanto o silo está sendo projetado ou selecionado, ou quando são previstas
mudanças em sua estrutura ou na manipulação dos materiais a serem armazenados.
O esvaziamento do silo por gravidade pode ocorrer conforme dois tipos principais de fluxo:
 Fluxo de massa;
 Fluxo de funil.

3.1 Tipos de tremonhas


Existem várias geometrias de tremonha que podem ser escolhidas para o sistema de
armazenamento. As tremonhas são divididas em dois tipos:
 Tremonha de fluxo plano;
 Tremonha de fluxo axissimétrico.

bc L
bp
FUNDO PLANO CÔNICA SAÍDA QUADRADA TRANSIÇÃO BISEL PIRAMIDAL CUNHA

Figura 3.2 – Tipos mais comuns de tremonha.


Segundo Jenike (1964), as tremonhas em cunha (fluxo plano) permitem inclinações um
pouco maiores (geralmente de 8º a 10º) para produtos com as mesmas propriedades. Portanto, a
tremonha em cunha necessita de menor altura quando comparada com a tremonha cônica. Além
disso, a dimensão da boca de saída bc para a tremonha cônica é normalmente maior que a largura
bp para a tremonha em cunha. A desvantagem da tremonha em cunha é que a abertura de
descarga tem comprimento igual à largura do silo. O comprimento mínimo da abertura é L = 3 bp,
35

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CAPÍTULO 3- PROJETO DE FLUXO

que, na prática, é muito menos que a largura do silo. Por essa razão, a tremonha em transição
vem sendo utilizada.
No caso de silos com fluxo de funil, o ângulo de inclinação da tremonha com a vertical é
maior que para fluxo de massa. Portanto, a tremonha, para esse tipo de fluxo, tem menor altura e
pode ser usada em locais onde a altura do silo é limitada. Contudo, geralmente, necessitam de
dispositivos promotores de fluxo como vibradores para restabelecer o fluxo, quando se forma, por
exemplo, uma obstrução como tubo.

3.2 Tipos de fluxo


Para o projeto da tremonha, deve-se caracterizar o tipo de fluxo que está ocorrendo.
Segundo Calil Jr. (1990), o tipo de fluxo caracteriza o descarregamento do produto, o tipo de
segregação, a formação ou não de zonas de produto sem movimento e se o silo pode ser
esvaziado completamente. Determina, também, a distribuição das pressões nas paredes do silo e
fundação, e a integridade e custo da construção.
O fluxo é dividido em dois tipos distintos (Figura 3.3):
FLUXO DE FUNIL: Caracteriza-se pela formação de um canal de fluxo, alinhado com a boca
de descarga, cercado por uma zona na qual o produto permanece estático (zona parada ou
estagnada).
FLUXO DE MASSA: Este padrão de fluxo é o ideal e deve ser obtido sempre que possível.
Caracteriza-se pelo fato de que todas as partículas do produto armazenado estão em movimento
durante a operação de descarga. Desde o instante inicial da descarga, nenhuma partícula
permanece na sua posição original, todas elas se movem, o que impede a formação de zonas
estacionárias.

TODO O PRODUTO TODO O PRODUTO


EM MOVIMENTO CANAL DE FLUXO EM MOVIMENTO

TRANSIÇÃO
EFETIVA
ESTACIONÁRIA

ESTACIONÁRIA

CANAL DE FLUXO
ZONA

ZONA

ESTACIONÁRIA

ESTACIONÁRIA
ZONA

ZONA

FLUXO EM TUBO FLUXO MISTO

FLUXO DE MASSA FLUXO DE FUNIL

Figura 3.3 – Principais tipos de fluxo.

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CAPÍTULO 3- PROJETO DE FLUXO

CANAL
DE CANAL
FLUXO DE
CANAL DE FLUXO
FLUXO

CANAL
DE
FLUXO
ESTACIONÁRIA

ESTACIONÁRIA

ESTACIONÁRIA

ESTACIONÁRIA

ESTACIONÁRIA

ESTACIONÁRIA
ZONA

ZONA

ZONA

ZONA

ZONA

ZONA
INTERNO PARALELO INTERNO INCLINADO INTERNO PARALELO INTERNO INCLINADO
CONCÊNTRICO CONCÊNTRICO EXCÊNTRICO EXCÊNTRICO
FLUXO EM TUBO

Figura 3.4 – Tipos de fluxo em tubo possíveis em um silo.

TRANSIÇÃO
TRANSIÇÃO EFETIVA
EFETIVA
TRANSIÇÃO
EFETIVA
CANAL
CANAL DE
DE FLUXO
FLUXO
ESTACIONÁRIA
ESTACIONÁRIA

ESTACIONÁRIA
ZONA

ESTACIONÁRIA
ZONA

ZONA

CANAL
ZONA

DE
FLUXO

CONCÊNTRICO COMPLETAMENTE PARCIALMENTE


TRANSIÇÃO DESIGUAL EXCÊNTRICO EXCÊNTRICO

FLUXO MISTO

Figura 3.5 – Tipos de fluxo misto em um silo.


É importante lembrar que a saída excêntrica em silos com fluxo misto e em tubo provoca
carregamentos assimétricos que são muito problemáticos para silos metálicos devido à pequena
espessura das paredes e que, mesmo para saídas concêntricas, a transição efetiva pode não
ocorrer na mesma altura em todo o perímetro. A Figura 3.6 mostra o efeito da esbeltez no fluxo do
silo e induz a uma interpretação diferenciada no cálculo das pressões para silos de diferentes
geometrias.

37

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CAPÍTULO 3- PROJETO DE FLUXO

CANAL CANAL CANAL CANAL


DE DE DE DE
ESTACIONÁRIA

ESTACIONÁRIA

ESTACIONÁRIA

ESTACIONÁRIA

ESTACIONÁRIA

ESTACIONÁRIA

ESTACIONÁRIA
FLUXO FLUXO FLUXO FLUXO

ESTACIONÁRIA
ZONA

ZONA

ZONA

ZONA

ZONA

ZONA

ZONA

ZONA
SILO TIPO MUITO BAIXO SILO BAIXO SILO ESBELTO SILO MUITO ESBELTO

Figura 3.6 – Efeitos da esbeltez no fluxo do silo.


Cabe salientar que as principais normas internacionais apresentam geralmente dois gráficos
para a determinação do tipo de fluxo que irá ocorrer no silo. Esses gráficos fornecem o tipo de
fluxo em função do ângulo ou do coeficiente de atrito com a parede, da inclinação das paredes da
tremonha e do tipo de tremonha (geralmente, cônicas ou em cunha concêntricas).
A seguir, são apresentados os gráficos para a determinação do tipo de fluxo conforme as
normas estudadas. Na escolha do ângulo  , deve sempre diminuir 3 para se obter um padrão
de fluxo seguro, devido às incertezas embutidas no processo.

Figura 3.7 – Determinação gráfica do tipo de fluxo. Fonte: Adaptado de AS 3774:1996.

38

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CAPÍTULO 3- PROJETO DE FLUXO

Figura 3.8 - Determinação gráfica do tipo de fluxo Fonte: Adaptado de PrEN 1991-4:2003.
Conforme Roberts (1987d), o padrão de fluxo de um silo com fluxo de massa é
razoavelmente fácil de ser reproduzido e determinado, enquanto em um silo com fluxo de funil é
mais difícil de investigar, especialmente se o silo tem várias bocas de descarga, carregamento
excêntrico ou se o produto armazenado está propício a segregar. Portanto, a menos que haja
razão para o contrário, devem ser projetados silos com formas geométricas simples e
carregamento simétrico.
Carson et al. (1993) afirmam que é possível, ou até mesmo provável, que a geometria do
canal de fluxo depende das propriedades que ainda não são habitualmente medidas ( tais como a
dilatação desenvolvida pelo fluxo); por causa disto, a correlação entre as medidas conhecidas para
uma grande faixa de produtos e experimentos é pobre.
Como resultado, as avaliações de fluxo em silos empregam basicamente:
 Conhecimento aceito relativo ao contorno entre fluxo de massa e funil.
 Observações experimentais de fluxo de funil em modelos e silos reais.
 Correlações dessas observações-padrões de fluxo com propriedades simples dos
produtos.
 Conceitos mecânicos simples relativos a orientações dos contornos do fluxo interno.
 Empirismo, simplicidade e conservadorismo.
Além disso, o processo de enchimento, a distribuição das partículas, padrão de tensão no
silo que afeta o desenvolvimento de coesão, parâmetros de rigidez e resistência do produto, e as
relações de altura, geometria e superfície das paredes do silo afetam consideravelmente o padrão
de fluxo nos silos.

3.2.1 Vantagens e desvantagens do tipo de fluxo


Cada tipo de fluxo tem suas vantagens e desvantagens. A Tabela 3.1 mostra as principais
características dos tipos de fluxo conduzindo a uma escolha coerente com o sistema desejado de
armazenamento e processo.
39

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CAPÍTULO 3- PROJETO DE FLUXO

Tabela 3.1 – Comparação entre os padrões de fluxo.


FLUXO DE MASSA FLUXO DE FUNIL
Vantagens Desvantagens Vantagens Desvantagens

Altas tensões na transição


Vazão regular Menor altura da tremonha Flutuações na vazão
da tremonha

Efeitos de segregação
Diminuição das pressões dinâmicas
radial é reduzido, com a melhora da Desgaste superficial da parede Segregação de sólidos
na região da tremonha
homogeneidade
Efeitos de consolidação com
Campo de tensões mais São necessárias tremonhas mais Menor desgaste superficial da
o tempo podem causar obstruções
previsível profundas parede
no fluxo.

Toda capacidade é utilizada Maior energia de elevação Grande caso de collapsos

As partículas devem resistir Redução da capacidade de


à queda livre de alturas maiores armazenagem

Maior capacidade de
armazenamento, pois não possui Formação de tubos
regiões com produto estagnado.

Picos de pressões na
região de transição efetiva

3.3 Obstruções de fluxo


A formação de uma obstrução de fluxo deve-se ao fato de que o produto armazenado
adquire resistência suficiente para suportar seu próprio peso, devido à consolidação do produto.
Existem basicamente 2 tipos de obstruções de fluxo: arco e tubo. Assume-se que, durante a
descarga do produto, se nenhuma dessas duas obstruções ocorrerem, um fluxo satisfatório
acontecerá.
Essas obstruções causam sérios danos aos silos e principalmente para a tremonha, pois,
quando rompem, atuam como um pistão, comprimindo o ar existente na tremonha, levando a
danos na boca de descarga e paredes laterais.
As obstruções vão depender principalmente das propriedades físicas do produto, da
geometria e dos materiais constituintes.
 Função fluxo (FF) que depende da resistência inconfinada  ic  , da tensão principal

de consolidação  1  e do tempo t  ;

 Fator fluxo da tremonha (ff) que depende da geometria, do efetivo ângulo de atrito e
do ângulo de atrito com a parede.

3.3.1 Função Fluxo (FF)


No projeto de um silo, a Função Fluxo deve ser conhecida sob as mais severas condições
para prevenção de problemas de fluxo. Os produtos geralmente estão em altas umidades, altas
temperaturas e são armazenados por um longo período de tempo. Geralmente é difícil estimar

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CAPÍTULO 3- PROJETO DE FLUXO

mudanças nas propriedades físicas dos produtos para um tempo não conhecido de
armazenamento. Para caracterizar o comportamento de fluxo dos produtos armazenados, a
relação FF da tensão principal de consolidação  1 pela tensão inconfinada de ruptura  ic é

utilizada:
1
FF  (46)
 ic
FF é um indicativo da capacidade do produto em fluir.
Vários números e curvas são necessários para definir com precisão a fluidez de um produto.
Segundo Prescott (2000), a fluidez não pode ser expressa por um valor único ou um índice. A
fluidez é o resultado da combinação das propriedades físicas do produto, as quais afetam o fluxo e
o equipamento usado para manipulação, armazenagem ou processamento do produto. Porém,
para uma rápida análise da fluidez do produto, podem-se tomar os seguintes valores-limites da
Função Fluxo apresentados por Jenike (1964):
FF  2 produtos muito coesivos não fluem;
2  FF  4 produtos coesivos;
4  FF  10 produto que flui facilmente;
FF  10 produto de fluxo livre.
Portanto, quanto maior o valor de FF , melhor é o fluxo do produto armazenado. Cada
produto armazenado tem suas próprias função fluxo e função fluxo com o tempo. Produtos sem
coesão, de fluxo livre, geralmente não causam problemas de fluxo e, obviamente, não possuem
função fluxo.
 ic
FFt

FFinstantâneo

1
Figura 3.9 – Função fluxo e função fluxo com o tempo.

41

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CAPÍTULO 3- PROJETO DE FLUXO

Alguns materiais não apresentam aumento na resistência inconfinada com o tempo até
mesmo depois de uma semana ou mais de consolidação. Outros produtos, como carvão, podem
continuar aumentando a resistência por anos devido à reação química no local. Já alguns produtos
finos podem não ter praticamente nenhuma resistência à temperatura ambiente e tornar-se bem
resistente em poucas horas de consolidação a altas temperaturas, segundo Gaylord e Gaylord
(1984).
Indutores de fluxo podem fazer com que o material ganhe resistência depois de algum
tempo, e, por causa disso, o tamanho da abertura de saída deve ser projetada para que não exista
a formação de arcos coesivos.
De maneira geral, a capacidade de fluir de alguns produtos armazenados, geralmente grãos
finos (partículas menores que 100 m), torna-se pior com o aumento da umidade e do tempo de
armazenamento, aumentando a possibilidade de ocorrência de obstruções de fluxo.

3.3.2 Fator Fluxo da Tremonha (ff)


Outro importante parâmetro para o estudo da fluidez dos produtos armazenados é o fator de
fluxo da tremonha ( ff ) que, diferentemente da Função Fluxo do produto ( FF ), é uma propriedade
do conjunto silo (geometria e ângulo de atrito com a parede) e do produto. Para calcular o fator de
fluxo do sistema, é necessário conhecer: o efetivo ângulo de atrito interno do produto  e  , o

ângulo de atrito do produto com a parede  w  , a geometria e a inclinação da tremonha   .

TEORIA DE JENIKE (1964)


Existem diversas proposições de determinação do fator fluxo, sendo uma das mais
importantes para a determinação do fator fluxo a teoria do campo de tensões radiais de Jenike
(1964). A teoria do campo de tensões radiais determina perto da saída da tremonha o campo de
tensões durante o esvaziamento. Esta implica que a tensão e a velocidade em um ponto dado são
estacionárias. Jenike (1964) introduziu o critério fluxo e não-fluxo para prever a mínima dimensão
necessária da saída da tremonha para prever as obstruções por arcos coesivos. Porém esta teoria
recai em um sistema de equações diferenciais parciais ordinárias e requer um método numérico de
resolução.
Tais resoluções foram publicadas por Jenike, para silos de diferentes geometrias, na forma
de gráficos denominados gráficos de fatores de fluxo. Assim como a Função Fluxo ( FF ), o fator
fluxo da tremonha ( ff ) também é usado para indicar a fluidez do produto armazenado. Porém, ao
contrário da Função Fluxo, quanto mais baixo seu valor, melhor é a capacidade da tremonha de

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CAPÍTULO 3- PROJETO DE FLUXO

escoar o produto. Para caracterizar o fator fluxo da tremonha, é a relação entre a tensão de
consolidação  1 pela tensão atuando onde um arco estável imaginário  1 ' .

1
ff  (47)
1'

Figura 3.10 – Exemplo de gráfico para a determinação do fator fluxo. Fonte: Jenike (1964).
TEORIA DE WALKER (1966)
Walker (1966) propõe as seguintes fórmulas para o fator fluxo baseado em sua teoria de
pressões. E fornece as seguintes expressões para o “fator fluxo”:
1  sene
ff    w  45o (48)

1  sene
ff  sen2(  w )   w  45 (49)

Onde:
  2 sene .sen 2(   )  tan  .1  sene .cos 2(   )  (50)
1  senw 
 w  arcsen  (51)
2  sene 
Os fatores fluxo propostos por Walker (1966) não fornecem os valores para o estado de fluxo
plano, porém podem ser tomados valores um pouco maiores para fluxos planos. De acordo com a
formulação proposta, os menores fatores fluxo são para tremonhas profundas e lisas. Já Jenike

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CAPÍTULO 3- PROJETO DE FLUXO

(1964) mostra uma inclinação ótima para tremonhas, mostrando que tremonhas mais rasas
diminuem a capacidade do silo fluir. A diferença básica das duas teorias está no fator
sen2   w  . Esse fator surge da hipótese de que a falha do arco é pelo deslizamento ao longo
da parede. Jenike (1964), porém, admite que a falha é através do produto, não importando a
profundidade e o ângulo de atrito com a parede. Assim, para temonhas mais profundas e lisas, os
resultados de Walker (1966) são mais consistentes com os dados experimentais. Já a teoria de
Jenike (1964) apresenta melhores resultados para os outros casos.

TEORIA DE ENSTAD (1975)


m 1 m
 65   200 
F        (52)
 130     200   
 sen(w,s ) 
2  w,s  arcsen 
 sen( )  (53)
 e,s 

    (54)

2m sen e , s  sen(    ) 
X   1 (55)
1  sen e , s  s en   
[2.(1  cos( )]m . 1 m .s en    sen  .sen( )1 m
Y (56)
(1  sen e, s ).sen( ) 2 m
Y .(1  sen es )
ff  (57)
2.  X  1 .F ( ).s en  
Onde:
e,s = valor superior do efetivo ângulo de atrito interno;
w,s = valor superior do ângulo de atrito com a parede;
m = 0 para tremonhas retangulares, onde L  30;
m = 1 para tremonhas de eixo simétrico.
Para tremonhas retangulares com L  30, o valor de “m” será encontrado por interpolação
entre 0 e 1.

3.4 Obstrução do tipo “TUBO”


A Figura 3.11 mostra esse tipo de obstrução. Normalmente, ocorre em silos com fluxo de
funil. Se a consolidação do produto aumenta com o tempo de armazenagem, o risco da formação
do tubo também aumenta.

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CAPÍTULO 3- PROJETO DE FLUXO

hC (CORPO)
H
zt pv ( z )

h T (TREMONHA)

TUBO
xo
x

Figura 3.11 – Tipo de obstrução em tubo.


O tubo é uma obstrução do canal de fluxo, no qual o produto tem descarregamento, mas,
logo após, o fluxo é interrompido. Tubos são bastante comuns em silos com fluxo de funil contendo
produtos coesivos. Para entender a formação de tubo, é necessário conhecer os fatores que
afetam o seu aparecimento.
A formação de tubos estáveis depende do desenvolvimento da coesão no produto, mas a
condição de tensão e a geometria de um produto estável para tubo são diferentes daqueles que
originam o arco, resultando em um critério de fluxo e não-fluxo diferente.
Para prevenir a formação de tubos, é necessário que a abertura da boca de saída tenha a
dimensão mínima.

Figura 3.12 - Formas de bocas de descarga para silos com fluxo de funil.
Limite inferior
A dimensão mínima da boca de saída será determinada sem a influência do produto
armazenado em cima da tremonha, segundo Haaker (1999).
A dimensão mínima da boca de descarga é dada por:

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CAPÍTULO 3- PROJETO DE FLUXO

G e  . ic ,crit
b f ,min  (58)
i
A função G(e) é denominada fator de tubo e pode ser determinada pelo gráfico proposto por
Jenike (1964). O valor dessa função depende do ângulo de atrito interno. A Figura 3.13 apresenta
esse gráfico. A resistência  ic inconfinada será determinada através do fator fluxo sugerido por

Haaker (1999), para o caso de formação de tubos, com os gráficos da função fluxo.
(1  sen(e ).G (e )
ff  (59)
4.sen(e )

Figura 3.13 - Determinação da função G(i). Fonte: Jenike (1961).


Mclean (1985) propõe a seguinte expressão empírica para G(i):

G i   0, 7502.e0,0387e (60)

 ic
FF
 ic,crit

NÃO-FLUXO FLUXO

1

Figura 3.14 – Critério de fluxo e não-fluxo.

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CAPÍTULO 3- PROJETO DE FLUXO

Limite superior
Essa sugestão é particularmente igual ao limite inferior, mas assume que a consolidação do
produto depende do carregamento aplicado pelo produto. Serão utilizadas as recomendações de
Rotter (2001).
Para prevenir a formação de tubo, o diâmetro da saída (ou a dimensão da diagonal de uma
saída retangular) deve ser então maior que:
e
 ic ,crit  25 
b f  0, 71. .e (61)
i
Onde  ic ,crit é obtido da função fluxo do produto com a unidade em kPa  e utilizando para

tensão de consolidação  1 obtida por:

 1  p v ( x  xo ) em kPa  (62)

 ic
FF
 ic,crit

NÃO-FLUXO FLUXO

 1  pv ( x  xo ) 1

Figura 3.15 – Obtenção do  ic ,crit para o critério de fluxo e não-fluxo.

(1  K )
tan( )  (tremonha rasa) (63)
2. w,t
(1  K )
tan( )  (tremonha profunda) (64)
2. w,t
Para tremonhas rasas:

 s .ht  z '   z '  


n n
 z'
pv  .        pvt   (65)
n  1  ht   ht    ht 
 
n  2.a.eff .cot( ) (66)

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CAPÍTULO 3- PROJETO DE FLUXO

(1  K )
eff  (67)
2.tan( )
Para tremonhas profundas:

 s .ht  z '   z '  


n n
 z'
pv  .        pvt   (68)
n  1  ht   ht    ht 
 
n  2.( Ff . w,t .cot( )  Ff  1) (69)
1  a. w,t .cot( )
Ff  (70)
1   w,t .cot( )
Onde a está entre 0  a  1 , e para verificar tubos pode ser tomado como 0,9.
s peso específico (limite superior) do produto;

K relação entre as pressões verticais e horizontais;


 w ,t coeficiente de atrito com a parede da tremonha.

3.5 Obstrução do tipo “ARCO”


Partindo do tipo de fluxo, outro requisito que o projetista deve garantir é que ocorra um fluxo
sem distúrbios na tremonha. A principal fonte de obstrução de fluxo é a ocorrência de arcos
estáveis, formados acima da saída e resultando em fluxo irregular ou em um bloqueio total do
fluxo. Nos casos de produtos não-coesivos (em geral maiores e em grãos), o arco é formado pelo
travamento de uma pequena quantidade de partículas. Para estes tipos de produtos, o arco pode
ser evitado pela escolha da menor dimensão.
Haaker (1999) sugere:

b f  (5  7).d p ( máx ) (71)


Rotter (2001) sugere para partículas esféricas:

b f  6.d p ( máx ) e b f  25,4cm (72)


Para partículas angulares:

b f  8.d p ( máx ) e b f  25,4cm (73)

Onde:
d p ( máx ) é o maior diâmetro das partículas do produto.

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CAPÍTULO 3- PROJETO DE FLUXO

bf

bf bf

ARCO MECÂNICO ARCO COESIVO ARCO COESIVO

Figura 3.16 – Tipos de formação de arcos.


Uma observação interessante é que, em tremonha em cunha, forma-se o arco, e em
tremonha de eixo simétrico, é formada a abóbada.
No caso de produtos coesivos, onde a coesão não pode ser desprezada comparada às
forças de gravidade, regras simples não são mais válidas para prever o fenômeno de formação de
arcos.
Jenike (1964), Enstad (1981) e Benink (1989) têm derivado critérios que permitem,
dependendo da geometria da tremonha e das propriedades de fluxo de produtos coesivos, estimar
valores mínimos para a saída da tremonha que não tenha a formação de arcos estáveis acima da
saída. Isto então é chamado de critério de fluxo e não-fluxo:

 ic  ic
 ic ,crit
 ic,crit

Fluxo Não-Fluxo
 1 
arctan  
 ff   1 
arctan 
Não-Fluxo Fluxo  ff 
1 1

Figura 3.17 – Critério de Fluxo e Não-Fluxo.

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CAPÍTULO 3- PROJETO DE FLUXO

 ic  1  1 '

1'

 ic
1

ic 1'

Figura 3.18 – Estado de tensões que mostram a formação de arcos estáveis.

 1 é a tensão principal de consolidação no produto;


 ic é a resistência do produto inconfinado, e ela é dependente da tensão de consolidação
1;
 1 ' é a tensão principal atuando em um arco estável hipotético (arco), o qual pode formar-se
dentro de um silo.
O critério de fluxo e não-fluxo estabelece que, quando a tensão atuando no arco  1 ' excede

a resistência do produto no arco  ic , nenhum arco estável pode existir. Na Figura 3.18, mostra-se

que isto acontece para h  hcr , resultando em um valor mínimo de b f na saída da tremonha para

prevenir formação de arcos.


A relação entre  1 e  ic é conhecida como função-fluxo (FF) e pode ser retirada dos

ensaios de cisalhamento direto ou de outros ensaios. Para a relação entre  1 e  1 ' , uma
consideração mais adiante sobre arcos é necessária.

Teoria da formação de arcos em silos


Hipóteses simplificadoras:
 A saída da tremonha é simétrica.
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CAPÍTULO 3- PROJETO DE FLUXO

 O produto acima do arco não tem influência nas tensões do arco.


 A espessura vertical do arco  é pequena e constante, e, conseqüentemente (com
peso específico constante), o peso do arco aumenta linearmente com o vão.
Fazendo o equilíbrio do arco para tremonhas planas e negligenciando os efeitos dinâmicos:

q   .

Rw

w

Figura 3.19 – Equilíbrio do arco estável.

2.Rw .sen(w   )  b. . (74)


A tensão no arco:
Rw
1 '  (75)
cos(w   ).
Substituindo (75) em (74):
 .b  .b
1 '   (76)
2.cos(w   ) sen(w   ). sen 2.(w   )
Para o caso axissimétrico, uma expressão semelhante pode ser derivada; introduzindo um
fator m, dando a possibilidade de combinar ambos os casos.
 .b
1 '  (77)
m.sen 2.(w   )
m0 fluxo plano.
m 1 fluxo axissimétrico.
Para sen 2.(w   )  1 , o valor de  1 ' é mínimo; desta forma, na prática, o termo de

sen 2.(w   ) é freqüentemente omitido como em favor da segurança.

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CAPÍTULO 3- PROJETO DE FLUXO

Até agora, a demonstração mostra uma espessura constante para o arco. Jenike (1964)
encontrou outras formas de arcos estáveis, resultando na introdução do fator H   .

 .b
1 '  (78)
H  
Os valores do H   são computados e para várias formas de saída. Nestes valores, m já

está incluído.

Figura 3.20 - Determinação da função H() para tremonhas cônicas e em cunha. Fonte: Jenike (1964)

Das expressões (75) e (78) fica evidente que a maior tensão principal no arco  1 ' é uma
função linear da largura b para uma tremonha combinada com um produto. Para o campo de
tensões axissimétrico, Jenike (1964) então assume um campo de tensões radiais. Esse tipo de
campo de tensões implica que a maior tensão principal  1 na parede da tremonha (para um
determinado produto e tremonha) é somente uma função linear da distância do topo da tremonha
imaginária extendida. Para um ângulo de tremonha fixo, isto significa que  1 é uma função linear
da largura b.

 
Esta relação  1  , conhecida como fator fluxo  ff  , é calculada por Jenike e outros,
1' 
conforme visto anteriormente.
Para que não ocorra a formação de arco estável, o valor mínimo de  1 ' deve ser verificado
na intersecção de ambas as linhas, conforme a Figura 3.18. Este valor é denotado aqui como
 ic ,crit . Com a expressão (79), o valor da abertura de saída crítica pode ser agora calculado como:

 ic ,crit .H  
bf  (79)

52

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CAPÍTULO 3- PROJETO DE FLUXO

Como é um valor crítico de saída, na prática, o valor atual é sempre aumentado em de 25%
a 30%.
Em uma publicação posterior, Jenike e Johanson (1971) sugerem as seguintes dimensões
de saída:
Para saídas circulares:
2,2. ic ,crit
bf  (80)

Para saídas retangulares:
1,3. ic ,crit
bf  (81)

3.6 Potencial de Vazão nos silos


Metodologia ROTTER (2001)
A vazão do sólido de um silo é mais bem controlada utilizando correias transportadoras,
roscas ou outros equipamentos de controle. Porém é necessário conhecer a máxima vazão que
um silo é capaz de fluir.
A máxima vazão de um silo é independente tanto da altura de armazenamento do sólido no
silo como o do raio do silo. A vazão para fluxo livre de grandes partículas ( d p  0,4mm ) depende

principalmente da dimensão da boca de saída, do diâmetro médio da partícula d p e da geometria

da tremonha.
Para silos de fundos planos e tremonhas rasas, a vazão máxima é independente da
geometria da tremonha devido ao fluxo ser interno. Para tremonhas profundas, a vazão depende
da inclinação da tremonha  . Em silos com fluxo de funil, pode ocorrer localmente o contrário que
se espera perto da boca. Como resultado, a distinção entre vazões devido ao fluxo de massa ou
fluxo de funil não pode ser estimada precisamente.
A vazão máxima para fluxo por gravidade pode ser estimada, segundo Rotter (2001), por:
Para tremonhas com saídas circulares:

d  k .d  2,5

QMáx  0,6. L .G f .
s p
(82)
g
Para tremonhas com saídas retangulares L  b  :

L  k .d b  k .d  1, 5

QMáx  0,6. L .G f .
s p s p
(83)
g

onde:
53

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CAPÍTULO 3- PROJETO DE FLUXO

L = Valor característico inferior do peso específico;

b = menor dimensão da boca (m);


dp = diâmetro médio das partículas;

g = aceleração da gravidade ( 9,81m / s 2 );

ks = constante de forma da partícula;


= 1,6 para partículas próximas ao formato esférico;
= 2,4 para partículas muito angulares.
O fator G f depende se o fluxo na boca de saída está em contato localmente com a

tremonha. Isto pode ser calculado pela comparação do ângulo interno da tremonha  com a
inclinação do canal de fluxo  0 .

Quando o fluxo é interno (isto é,    0 ):

G f  1,0 (84)
Quando o fluxo está em contato com a tremonha (isto é,    0 ):

G f  0, 75.
1  0, 08.cos( ) 
(85)
sen( )
onde  é a inclinação da tremonha.
O ângulo natural do canal de fluxo com a vertical pode ser estimado para um silo esbelto
como:

 0  90  e (86)
Para um silo baixo com pequena esbeltez, é:
e
 0  45  (87)
2
Em produtos coesivos, a vazão é ligeiramente reduzida. E cai para zero quando ocorre arco,
mas como o fenômeno estático de arco e resposta dinâmica de fluxo são completamente
diferentes, a vazão na qual o fluxo é reduzido provavelmente não é bem estimado por sua coesão,
na formação estável do arco. A hipótese que a vazão reduz linearmente com o aumento da coesão
aparentemente parece ser conservadora.

3.7 Exemplo de projeto de fluxo


Determine a inclinação da tremonha cônica e a mínima abertura do orifício de saída para que
o silo tenha fluxo de massa para as propriedades do produto fornecidas na Tabela 3.2.

54

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CAPÍTULO 3- PROJETO DE FLUXO

Tabela 3.2 – Propriedades do produto (Farelo de carne).

 c
i e f ic 1 fc
kN/m³ N/m² N/m² N/m² N/m²
9,24 4626 43 51 19027 16052 50063
9,07 3432 43 52 15796 11629 37865
8,71 2505 43 51 11384 8673 28540

w  15  20  w  0, 268  0,364


 Por meio da Figura 3.7 observa-se que uma inclinação   15 obtém-se fluxo de
massa.
 Pela Teoria de Enstad: F    0, 0499 ,   33,387 , X  28,144 , Y  4,872 e

ff  1, 235 .
 Com o fator fluxo obtido da tremonha determina-se a tensão critica
 cri  18000 N / m² , como mostrado na Figura 3.21.
2, 2.18
 Com a eq. 80 determina-se a abertura mínima do orifício. b f   4,54m . Nota-
8, 71
se que este produto é de difícil fluxo e não é possível o esvaziamento por gravidade.
Com isso, é necessário o uso de promotores de fluxo, como o “bin-activator”.

28000

24000

20000
fc (N/m²)

16000

12000

8000

4000

0
0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000 16000 18000

 1(N/m²)

Figura 3.21 - Determinação da tensão crítica para o farelo de carne.

55

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CAAPPÍÍTTU O
ULLO

AÇÕES E COMBINAÇÕES
C

Atualmente, há a tendência mundial de elaboração de projetos estruturais, adotando o


critério de dimensionamento nos estados limites com o objetivo da realização de projetos mais
seguros e econômicos. Assim, faz-se necessária a determinação mais precisa das ações que
atuam nas estruturas dos silos. Tomando como base a Norma Brasileira de Ações e Segurança
nas Estruturas (NBR 8681), classificaram-se as ações para silos nos três grupos citados. Por falta
da norma brasileira de ações em silos, propõe-se que sejam adotadas as recomendações da AS
3774:1996 para combinações de ações em projetos de silos. As combinações citadas não serão
consideradas como regra geral, mas como referência para que os projetistas sejam alertados para
circunstâncias especiais de combinações e como ponto de partida para uma discussão ampla que,
no futuro, possa ser incluída na elaboração de uma norma brasileira de projeto de silos.

4.1 Contextualização
Toda estrutura deve ser projetada e construída de modo a satisfazer aos seguintes requisitos
básicos de segurança:
a) com probabilidade aceitável - ela deve permanecer adequada ao uso previsto, tendo em
vista o custo de construção admitido e o prazo de referência da duração esperada, e
b) com apropriado grau de confiabilidade - ela deve suportar todas as ações e outras
influências que podem agir durante a construção e durante sua utilização, a um custo razoável de
manutenção.
As ações são as causas que provocam o aparecimento de esforços ou deformações nas
estruturas. As forças são consideradas como ações diretas, e as deformações, impostas como
ações indiretas.
As ações podem ser:
a) ações permanentes - que ocorrem com valores constantes ou de pequena variação em
torno de sua média, durante praticamente toda a vida da construção;
b) ações variáveis - que ocorrem com valores cuja variação é significativa durante a vida da
construção, e

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CAPÍTULO 4 - AÇÕES E COMBINAÇÕES

c) ações excepcionais - que têm duração extremamente curta e muito baixa probabilidade de
ocorrência durante a vida da construção, mas que devem ser consideradas no projeto de
determinadas estruturas.

4.2 Classes de Carregamento


Um carregamento é especificado pelo conjunto das ações que têm probabilidade não-
desprezível de atuação simultânea. Em cada tipo de carregamento, as ações devem ser
combinadas de diferentes maneiras, a fim de serem determinados os efeitos mais desfavoráveis
para a estrutura.
A classe de carregamento de qualquer combinação de ações é definida pela duração
acumulada prevista para a ação variável tomada como a ação variável principal na combinação
considerada. As classes de carregamento estão especificadas na Tabela 4.1:

Tabela 4.1 – Classes de carregamento.

Ação variável principal da combinação


Classes de carregamento
Ordem de grandeza da duração
Duração acumulada
acumulada da ação característica
Permanente Permanente vida útil da construção
Longa duração Longa duração mais de 6 meses
Média duração Média duração 1 semana a 6 meses
Curta duração Curta duração menos de 1 semana
Duração instantânea Duração instantânea muito curta

4.3 Ações em Silos


No projeto de silos, devem ser consideradas as seguintes ações:

4.3.1 Ações permanentes


As ações permanentes são constituídas pelo peso próprio da estrutura, da plataforma e
dos equipamentos mecânicos instalados na cobertura e suspensos pela tremonha.

4.3.2 Ações variáveis


Devem ser consideradas, pelo menos, as três ações variáveis de naturezas diferentes:
- pressões devidas ao produto armazenado: essas pressões são consideradas como cargas
de longa duração. Elas podem ser divididas em três tipos: pressões estáticas de carregamento do
produto, pressões dinâmicas de descarregamento (fluxo) centrado ou excêntrico e outras ações
especiais, tais como: pressões de insuflação de ar, dilatação térmica do produto, etc.;
- ações térmicas: as ações térmicas são consideradas como cargas de média duração e
incluem os efeitos climáticos e os efeitos do armazenamento de produtos quentes, e
57

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CAPÍTULO 4 - AÇÕES E COMBINAÇÕES

- ações do vento: a ação do vento, agindo com seu valor característico, em princípio, é uma
carga de longa duração, devendo ser considerada de acordo com a NBR 6123:1988.

4.3.3 Ações excepcionais


Devem ser consideradas, pelo menos, as duas ações excepcionais:
- impacto de veículos: quando não for prevista proteção adequada de colisão de veículos
com a estrutura de suporte ou com o silo, forças de impacto apropriadas devem ser aplicadas à
estrutura, e
- pressão de explosão de pós: os silos podem ser usados para armazenar produtos que
podem causar explosões. Essas devem ser evitadas ou limitadas pela incorporação de aberturas
de ventilação de ar e pelo cálculo da estrutura para resistir a alguma sobrepressão de explosão
quando isto for julgado necessário. Essa pressão pode ser maior que 1 MPa.

4.3.4 Recomendações dos Valores Característicos para as Propriedades dos


Produtos
As propriedades físicas dos produtos armazenados podem mudar com o tempo de
armazenamento. As combinações mais desfavoráveis dessas propriedades dependem do efeito da
ação considerada, sendo necessário definir seus limites superior e inferior.
Densidade do produto armazenado
A densidade do produto deve ser determinada para o maior valor possível em condições
normais de operação.
Ângulo de atrito com a parede
O ângulo de atrito do produto com a parede, usado para calcular as pressões e as trações
nas paredes, deve ser o valor característico superior ou o valor característico inferior de acordo
com a aplicação. O valor apropriado para cada situação é dado na Tabela 1.
Ângulo efetivo de atrito interno
O ângulo efetivo de atrito interno do produto, usado para calcular as pressões e as trações
nas paredes, deve ser o valor característico superior ou o valor característico inferior de acordo
com a aplicação. O valor apropriado para cada situação é dado na Tabela 2.
Relação entre a pressão horizontal e a vertical - K
A relação entre a pressão horizontal e a vertical (K), usada para calcular as pressões nas
paredes, deve ser o valor característico superior ou o valor característico inferior de acordo com a
aplicação. O valor apropriado para cada situação é dado na Tabela 2.

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CAPÍTULO 4 - AÇÕES E COMBINAÇÕES

Análise da consistência das propriedades físicas dos produtos


Para qualquer combinação de carregamento, deve-se estabelecer uma consistência das
propriedades físicas dos produtos. Por exemplo, o ângulo de atrito com a parede não pode ser
adotado maior do que o ângulo efetivo de atrito interno.
Recomenda-se a determinação dos valores superior e inferior dos ângulos efetivos de atrito
interno e do atrito do produto com a parede, utilizando-se da metodologia proposta por Milani
(1993).

Tabela 4.2 – Limites apropriados para as propriedades físicas (AS3774:1996).

Peso específico Ângulo de atrito Efetivo ângulo de atrito Relação entre a pressão
APLICAÇÃO do produto com a parede interno horizontal e vertical
() (w) () (K)
Funil Inferior Superior Inferior -
Tipo de fluxo
Massa Inferior Inferior Superior -
Cálculo da máxima pressão horizontal
Superior Inferior Inferior Superior
na parede do silo, ph

Cálculo da máxima pressão vertical, pv Superior Inferior Superior Inferior

Força máxima de atrito na parede do


Superior Superior Inferior Superior
silo, pw

Força vertical máxima na tremonha Superior Inferior Superior Inferior

Combinações de Ações

As ações permanentes são consideradas em sua totalidade. Das ações variáveis, são
consideradas apenas as parcelas que produzem efeitos desfavoráveis para a segurança. As ações
variáveis dinâmicas devem ser consideradas em suas posições mais desfavoráveis para a
segurança.
As ações incluídas em cada combinação devem ser consideradas com seus valores
representativos, multiplicados pelos respectivos coeficientes de ponderação das ações.
As Tabelas 4.3 e 4.4 apresentam uma sugestão de combinação das ações em silos e dos
coeficientes de ponderação das ações, respectivamente.

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CAPÍTULO 4 - AÇÕES E COMBINAÇÕES

Tabela 4.3 – Combinações das ações em silos (AS3774,1996).


Classificação dos carregamentos Combinações de carregamentos
Grupo das ações Descrição das ações 1 2 3
Peso próprio do silo, suportes estruturais, componentes
Carregamentos permanentes
mecânicos e equipamentos

Gravitacionais do produto

Pressões iniciais

Pressões devido ao fluxo


Forças devido o sistema de transporte reagindo sobre o
silo (alimentadores, correias e etc.)
Carregamentos
Sobrecarga de pessoas em plataformas e telhados
normais em serviço

Pressão ou sucção interna oriunda de gás

Forças devido a restrição dos apoios

Impacto causado pela queda de produtos

Forças de estruturas anexadas *

Pressões dinâmicas do vento *

Carregamentos devido aos efeitos de temperatura *


Carregamentos
ambientais
Carregamentos devido aos deslocamentos diferenciais *

Inchamento do produto armazenado *

Impacto de veículo *
Carregamentos
Explosão interna *
acidentais
Carregamento de água devido a um
*
alagamento interno acidental
* Deve ser considerada quando for necer a condição mais crítica

Tabela 4.4 – Coeficientes de ponderação das ações para estados limites últimos e de utilização.
Estado Limite Estado Limite
Ações
Último Utilização
Permanentes 1,4 1,0
pressões estáticas 1,4 1,0
do fluxo 1,4 1,1
produto especiais 1,2 1,1
Térmicas 1,2 1,0
Vento 1,4 1,0

Valores reduzidos de combinação ( o F k )

Os valores reduzidos de combinação são determinados a partir dos valores característicos


pela expressão  o F k e são empregados nas condições de segurança relativas a estados limites

últimos, quando existem ações variáveis de diferentes naturezas.

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CAPÍTULO 4 - AÇÕES E COMBINAÇÕES

Os valores  o F k levam em conta que é muito baixa a probabilidade de ocorrência

simultânea de duas ações características de naturezas diferentes, ambas com seus valores
característicos. Por isso, em cada combinação de ações, uma ação característica variável é
considerada como a principal, entrando com seu valor característico F k , e as demais ações

variáveis de naturezas diferentes entram com seus valores reduzidos de combinação  o F k .

Valores reduzidos de utilização


Na verificação da segurança relativa a estados limites de utilização, as ações variáveis são
consideradas com valores correspondentes às condições de serviço, empregando-se os valores
frequentes, ou de média duração, calculados pela expressão  1 F k , e os valores quase

permanentes, ou de longa duração, calculados pela expressão  2 F k .

Fatores de combinação e fatores de utilização


Os valores usuais estão especificados na Tabela 4.5.

Tabela 4.5 - Fatores de combinação e de utilização.


Ações em silos 0 1 2
Variações uniformes de
temperatura em relação à 0,60 0,50 0,30
média anual local

Pressão dinâmica do vento 0,60 0,20 0

Pressões devidas ao produto


1,00 0,90 0,80
armazenado

Deformações impostas 0,70 0,50 0,30

Combinações de Ações em Estados Limites Últimos


Combinações últimas normais

F d 
m

i 1
 Gi F Gi, k  Q F 
n

Q1, k 
j 2
0j F Qj, k  (88)

em que:

F d - valor de cálculo das ações;


F Gi, k - valor característico das ações permanentes;

61

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CAPÍTULO 4 - AÇÕES E COMBINAÇÕES

F Q1, k - valor característico da ação variável considerada como ação principal para a

combinação considerada, e

 0 j F Qj, k - valores reduzidos de combinação das demais ações variáveis, determinados

na Tabela 4.5.
Em casos especiais, devem ser consideradas duas combinações referentes às ações
permanentes: em uma delas, admite-se que as ações permanentes sejam desfavoráveis e, na
outra, que sejam favoráveis à segurança.
Combinações últimas especiais ou de construção:

 
Fd   Gi FGi ,k  Q1, k   0 j , ef FQj ,k 
m n

Q
F (89)

 
i 1
j2

em que:

F Gi, k - valor característico das ações permanentes;

F Q1, k - valor característico da ação variável considerada como principal para a situação

transitória;

 0 j, ef - igual ao fator  0j adotado nas combinações normais, salvo quando a ação

principal F Q1 tiver um tempo de atuação muito pequeno, caso em que  0 j, ef pode ser tomado

com o correspondente  2 j dado na Tabela 4.5.


Combinações últimas excepcionais:
m n

F d 
i 1
 Gi F Gi, k  F Q, exc Q
j 1
 0 j ,ef F Qj, k (90)

em que:

F Q, exc - valor da ação transitória excepcional.

Combinações de Ações em Estados Limites de Utilização


Combinações de longa duração
As combinações de longa duração são consideradas no controle usual das deformações
das estruturas.

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CAPÍTULO 4 - AÇÕES E COMBINAÇÕES

Nessas combinações, todas as ações variáveis atuam com seus valores correspondentes à
classe de longa duração. Essas combinações são expressas por:
m n

F d , uti 
i 1
F Gi, k  
j 1
 2 j F Qj , k (91)

em que, os coeficientes  2 j estão especificados na Tabela 4.5 e . Fd,uti valor de cálculo das

ações no estado limite de utilização.


Combinações de média duração
As combinações de média duração são consideradas quando o controle das deformações é
particularmente importante, como no caso de existirem materiais frágeis não-estruturais ligados à
estrutura.
Nessas condições, a ação variável principal FQ1 atua com seu valor correspondente à

classe de média duração, e as demais ações variáveis atuam com seus valores correspondentes à
classe de longa duração. Essas combinações são expressas por:
m n

F d , uti 
i 1
F Gi, k  1F Q1,k  
j 2
 2 j F Qj , k (92)

em que, os coeficientes  1 e  2 encontram-se na Tabela 4.5.


Combinações de curta duração
As combinações de curta duração, também ditas combinações raras, são consideradas
quando, para a construção, for particularmente importante impedir defeitos decorrentes das
deformações da estrutura.
Nessas combinações, a ação variável principal F Q1 atua com seu valor característico, e

as demais ações variáveis atuam com seus valores correspondentes à classe de média duração.
Essas combinações são expressas por:
m n

F d , uti  F Gi, k  F
i 1
Q1, k  1 j F Qj , k
 
j 2
(93)

em que os coeficientes  1 estão dados na Tabela 4.5.


Combinações de duração instantânea
As combinações de duração instantânea consideram a existência de uma ação variável
especial F Q, especial que pertence à classe de duração imediata. As demais ações variáveis são

consideradas com valores que, efetivamente, possam existir concomitantemente com a carga
especialmente definida para esta combinação. Na falta de outro critério, as demais ações podem
ser consideradas com seus valores de longa duração. Essas combinações são expressas por:

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CAPÍTULO 4 - AÇÕES E COMBINAÇÕES

m n

F d , uti 
i 1
F Gi, k  F Q,especial  
j 1
 2 j F Qj , k (94)

em que os coeficientes  2 encontram-se na Tabela 4.5.

4.4 Tratamento da variabilidade das propriedades físicas


Para que o projeto de um silo seja seguro e econômico, o primeiro passo é conhecer as
forças que agem sobre o sistema. Para isso, além das que normalmente solicitam uma estrutura,
tais como peso próprio, peso de equipamentos, vento, sismos e recalques, aparecem em silos as
ações provocadas por operações como: enchimento (carregamento), armazenamento e
esvaziamento (descarga), que ocorrem ao longo de toda a vida útil da estrutura.
No que diz respeito à segurança nas estruturas, a variabilidade das ações é considerada
como um fator determinante. Inserindo-se o conceito de confiabilidade estrutural, que é objeto de
estudos em várias áreas da engenharia e que, em silos, é um parâmetro a ser considerado no
projeto para a caracterização da probabilidade de ruína.
Geralmente, o que se observa em silos é que a variabilidade dos parâmetros envolvidos no
cálculo das pressões demonstra a necessidade de se aplicar um tratamento probabilístico. Mas,
apesar de a natureza variável das pressões ser largamente conhecida e reportada na literatura,
não há evidências de que qualquer uma das normas existentes sobre o assunto tenha partido de
uma base probabilística para seu cálculo estrutural. É importante lembrar que as pressões variam
no espaço e no tempo, e que os silos são uma das estruturas que apresentam o maior número de
ruínas no mundo (CALIL, 1989).
As pressões em silos são fortemente afetadas pelas propriedades físicas do produto. As
propriedades, como ângulo de atrito com a parede e densidade, mudam a forma das curvas de
pressões laterais e verticais. Assim, quando são realizados ensaios, são obtidos parâmetros
afetados pela qualidade do ensaio realizado e pela variabilidade da metodologia empregada.
Uma importante observação foi feita por Schwedes (1983), comparando os interesses da
engenharia de processo com os da engenharia civil no que diz respeito à determinação do ângulo
de atrito com a parede; ele observou que, para combinações idênticas entre produto armazenado
e parede, as medidas desse parâmetro podem variar em até mais de 10º. Sugeriu que, para o
coeficiente de atrito com a parede, seja considerado um intervalo de variação.
Alguns autores afirmam que as propriedades determinadas nos produtos armazenados
talvez ainda não sejam suficientes para descrever o comportamento dos produtos, porém são
aquelas atualmente obtidas que apresentam os melhores resultados nas determinações das
pressões. Para a determinação de algumas outras propriedades importantes desconhecidas, seria

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CAPÍTULO 4 - AÇÕES E COMBINAÇÕES

necessária a mudança de critério de ruptura de Mohr-Coulomb para incorporação de novos


parâmetros.
Calil (1984 -1985) determinou, a partir de dados experimentais de pressão obtidos em um
modelo de silo, os ângulos de atrito interno e os ângulos de atrito do produto armazenado com a
parede e analisou sua variação em função da relação entre altura do produto armazenado e o lado
da seção transversal do modelo. E verificou entre as relações de altura/lado 3,0 e 1,5 que existe
uma anomalia na determinação das cargas em silos. Neste intervalo, segundo o autor, os ângulos
passam de um valor constante para uma variação linear e, à medida que diminui o valor do ângulo
de atrito interno, aumenta o valor do ângulo de atrito com a parede.
Conforme Freitas (2001), tendo em vista que as propriedades dos produtos armazenados em
silos variam durante a vida útil do silo, e considerando o critério de dimensionamento dos estados
limites, Calil (1997) propõe, de acordo com a norma australiana AS 3774:1996, que, em termos de
projeto, deverão ser determinados dois limites para cada parâmetro, de modo a delimitar a sua
faixa de variação e, com isso, obter-se as combinações mais desfavoráveis para cada caso. Esses
limites são o menor valor possível (limite inferior) e o maior valor possível (limite superior) para o
parâmetro considerado durante a vida útil do silo.
Porém, mesmo realizando o envoltório dos parâmetros para a obtenção das maiores
pressões, esse procedimento pode levar a um erro na estimativa da probabilidade de ruína, pois
todos os parâmetros seguem algum tipo de distribuição e devem ter seu valor inferior e superior
determinado por uma probabilidade de ocorrência aceitável e compatível com a probabilidade de
ruína adotado para o silo.
Chung e Verna (1989), em estudo experimental sobre coeficientes de atrito estático e
dinâmico, verificaram que os efeitos de umidade e do tipo de superfície foram significativos.
Segundo o estudo, a umidade influenciou mais no atrito estático e na superfície mais o atrito
dinâmico.
Blight (1990) investigou o comportamento do coeficiente de atrito com a parede, levando em
consideração o efeito de diferentes rugosidades e da presença de descontinuidades nas paredes
causadas por dobras, soldas, sobreposições, etc. Um importante estudo foi feito verificando a
compressibilidade dos produtos armazenados em silos. E observou que, embora os métodos de
cálculo utilizados, tais como o de Janssen e outros similares, não levem em consideração essa
influência, a maioria dos produtos sólidos é mais ou menos compressível, afetando,
significativamente, parâmetros de projeto. Constatou que os métodos de projeto existentes, tais
como o da Norma Americana ACI 313 e o da sua similar alemã DIN 1055, omitem as análises
resultantes da compressibilidade do produto armazenado, o que levou a concluir que materiais

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CAPÍTULO 4 - AÇÕES E COMBINAÇÕES

armazenados com alto grau de compressibilidade ou alto grau de consolidação resultam em


valores incorretos de pressões.
Britton e Moysey (1986) observaram que o peso específico do produto armazenado em um
silo é função da sua umidade, das sobrepressões existentes em um silo, do tempo de
armazenamento, da taxa de carregamento, do modo de carregamento e da altura de queda do
produto. Constataram que os valores reais desse parâmetro, em geral, divergem dos
estabelecidos pela Comissão de Grãos do Canadá (Canadá Grain Comission) ou pelo
Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (United States Department of Agriculture).
Recomendaram que, para projeto, um aumento médio de 6% sobre os tais valores deve ser
considerado.
No Brasil, Silva (1993) estuda a variabilidade de pressões em silos sob o ponto de vista
probabilístico, dando ênfase na análise da variabilidade das propriedades dos produtos
armazenados, na variabilidade das pressões em silos com o desenvolvimento de modelos
estatísticos baseado nos ensaios em escala reduzida, realizados por CALIL (1984). E de acordo
com Silva (1993), a variabilidade espacial e temporal das pressões devidas aos produtos
armazenados em silos impede que sejam calculadas com certeza e precisão absolutas.
Segundo Pham (1983), os carregamentos em silos devido a produtos são afetados pela
natureza aleatória das variáveis envolvidas e têm sido estudados com bastante freqüência na
literatura internacional. Uma característica importante na análise é o tratamento das ações e
resistências, como distribuições de probabilidades para a avaliação da confiabilidade.
O conceito de índice de confiabilidade é usado como uma medida da segurança estrutural.
Essa medida leva em consideração a variabilidade tanto das ações quanto das resistências,
segundo Ellingwood (1980). Esse conceito deve ser utilizado nas novas normas de ações que
conduzirão em níveis satisfatórios de segurança.

4.4.1 FORMULAÇÃO GERAL


Pressões nas paredes dos silos
As pressões nas paredes devido a produtos armazenados são variáveis espaciais e
temporais. Durante sua vida útil, um silo sofre uma série de ciclos de enchimento-armazenamento-
descarga no qual as distribuições de pressões são dependentes do tempo. Em geral, a pressão p
é uma função dos seguintes grupos de parâmetros:

p  p( F , G, O) (95)
onde F representa as propriedades físicas dos produtos, G representa a geometria e
propriedades estruturais, e O representa os modos de operações.

66

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CAPÍTULO 4 - AÇÕES E COMBINAÇÕES

Pressão de esvaziamento

Pressão Lateral
Pressão de armazenamento

Enchimento Armazenamento Esvaziamento

t1 t2 t3

Figura 4.1 – Padrão de pressões na parede do silo para um ciclo de carregamento (PHAM,1983).
A Tabela 4.6 apresenta uma lista de fatores associados com os parâmetros que têm sido
relatados na literatura que influenciam nas grandezas envolvidas e afetam a distribuição de
pressões nas paredes dos silos. A interação entre estes grupos de parâmetros produz, com
certeza, um padrão de fluxo que está diretamente relacionado com as pressões.

Tabela 4.6 – Fatores que influenciam na variabilidade dos produtos armazenados.

Propriedades dos produtos Propriedades dos Silos Operação


Densidade do produto Altura do enchimento Velocidade de enchimento
Ângulo de atrito interno Forma da seção transversal Velocidade de esvaziamento
Ângulo de atrito com a parede Geometria do esvaziamento Método de intervenção no fluxo
Tamanho da partícula e distribuição Obstrução interna Método de enchimento
Propriedades elásticas Rigidez das paredes Método de esvaziamento
Resistência ao cisalhamento Rugosidade da parede Excentricidade do enchimento
Coesão Excentricidade do esvazimento
Consolidação
Umidade
Temperatura

Infelizmente, ainda não existe um modelo analítico para silos que avalie todos esses
relevantes parâmetros. Os modelos podem somente avaliar uma quantia limitada de fatores para
condições restritas. As pressões nas paredes são avaliadas por um modelo estimado, como a
equação abaixo:

pestimada  pestimada ( FR , GR , OR ) (96)


onde: FR , GR , OR são restritos aos subgrupos de fatores de F,G,O mostrados na Tabela 4.6
em negrito.
Os valores nominais de projeto das pressões nas paredes p N são:

pN  p N ( FRN , GRN , ORN ) (97)

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CAPÍTULO 4 - AÇÕES E COMBINAÇÕES

Onde: FRN , GRN , ORN são os valores nominais dos parâmetros usados no projeto. Os

modelos de pressão na parede do silo para pestimada e p N necessitam ser os mesmos. Isto também

demonstra que o valor de p e pestimada é aleatório, enquanto p N é um valor especificado.

Efeito das pressões nas solicitações


O efeito de solicitações N (esforço normal, etc.) é relacionado com os modelos de pressão
pestimada através da relação:

N   .F . p estimada (98)
onde  é um fator que converte a pressão em efeitos de solicitação, F é um fator para
incertezas no modelo de carregamento e efeitos de carregamento, e pestimada é o modelo de

pressões nas paredes dos silos definido nas equações acima. Todas as variáveis da eq. (98)
acima são aleatórias.
Analogamente, o valor de nominal de projeto dos efeitos da solicitação é escrito como:

N N   N .FN . p N (99)
onde:  N e FN são valores nominais de projeto de  e F .

Com as equações (98) e (99), tem-se:

 N     F  p estimada 
       (100)
 NN  N  FN  p N 
A eq. (100) acima é conveniente para distinguir vários componentes de incerteza nos efeitos
dos esforços:
1. a natural variabilidade dos vários fatores que podem levar em conta no modelo de

 p estimada 
pressões nas paredes e é refletido no parâmetro   ;
 pN 
2. o problema na transformação da atual distribuição espacial e temporal em uma

 F 
distribuição de pressão estaticamente equivalente e é refletida no parâmetro   ;
 FN 
3. o problema na conversão da distribuição de pressão em efeitos de esforços é

  
refletido no parâmetro   . E este incluiria a idealização da análise estrutural, a
N 
teoria estrutural no projeto e propriedades estruturais do silo. Deste modo, o

68

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CAPÍTULO 4 - AÇÕES E COMBINAÇÕES

  
parâmetro   é dependente da estrutura do silo tanto quanto a distribuição de
N 
pressões.
Como uma primeira aproximação, a média N e o coeficiente de variação  P do efeito dos

esforços N são obtidos pelas eqs. (101) e (102):

 N     F  p estimada 
       (101)
 NN  N  FN  p N 
 P  ( 2   F2   P2 )
N
(102)
Onde N é a média do valor do efeito, e  P é o coeficiente de variação de N .
O modelo acima é o modelo probabilístico padrão de carregamento, e tem sido utilizado na
análise de ações acidentais e vento (ELLINGWOOD et. al.,1980).
Os seguintes pontos devem ser notados:
 O modelo acima assume uma relação linear entre pressões e efeitos de carga.
 Uma aproximação quase-estática para especificação do carregamento está contida.
A distribuição temporal e espacial das pressões está substituída por uma pressão
padrão estática equivalente como dada pelo modelo analítico de pressão.
 O modelo de efeitos de carga probabilístico inclui algumas incertezas devido à
análise estrutural. O uso da teoria estrutural é contido na derivação da pressão
padrão estática equivalente.
As hipóteses acima são usuais no projeto de silos, mas não são necessariamente os
métodos mais satisfatórios para o tratamento de carregamentos em silos. O melhor modelo seria
se a pressão equivalente estática padrão fosse uma boa aproximação real das distribuições
espaciais e temporais. Para silos, o modelo é também dependente do tipo de efeitos de carga a
serem considerados.

4.4.2 MÉTODO PROPOSTO POR PHAM (1983)


 F   p estimado 
É possível obter uma estimativa do fator combinado  .  , usando os seguintes
 FN   pN 
passos:
 Ajuste uma distribuição de pressões do tipo Janssen para os dados experimentais,
usando K e  como parâmetros de ajuste.

69

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CAPÍTULO 4 - AÇÕES E COMBINAÇÕES

 Inclua a variabilidade “natural (experimental)” em K e  devido às propriedades dos


materiais armazenados.
Para a obtenção da variabilidade combinada pode-se aproximar pela eq.

4.K . .
Z 2
D

.  K   2 
 p2 estimada
  2   2  Z
(103)
4. K .  .
(e D
 1) 2

As estimativas da variabilidade acima são baseadas principalmente nos dados avaliados


experimentalmente. Para casos onde os dados experimentais são inadequados, tornar-se
necessária a estimativa da variabilidade de modelos de projeto simplificados (como o de Janssen)
em um modelo teórico de distribuição de pressões muito mais complexo ( como os de Jenike). Por
exemplo, se a distribuição de pressões instantânea (JENIKE e JOHANSON, 1968) é realística,
então pode ser usada em conjunto com dados experimentais para estimar a variabilidade
associada com o uso da distribuição de pressões equivalente de Janssen. Para cada aplicação, os
seguintes pontos devem ser notados:
1. A mudança das pressões no modelo de Jenike impõe altos momentos e anel
tracionado no ponto de transição. Esses efeitos localizados não são adequadamente
cobertos pela carga distribuída equivalente de Janssen, particularmente se a hipótese
elástica para o projeto for utilizada.
2. O problema de (1) pode ser superado pela especificação de um carregamento
concentrado no anel adicional nas pressões para o projeto elástico.
3. Uma carga distribuída equivalente só pode ser suficiente para um projeto de
combinações últimas considerando que a adequada ductibilidade está presente, isto
é, se o critério de ruptura não for sensível com o tipo de distribuição de carregamento.
Os modelos probabilísticos acima fornecem um meio no qual dados adicionais e modelos
teóricos de carregamento do silo podem ser incorporados. Os modelos fornecem os dados
necessários para o cálculo de índices de confiabilidade como uma medida integral de segurança
estrutural.
Por exemplo, os dados do item 4.4.2 podem ser usados para calcular os índices de
confiabilidade para silos. Pode ser mostrado que, para condição de carregamento, o índice de
segurança é aproximadamente 3 e, para a condição de descarga, é aproximadamente 2. Para
edifícios construídos com o mesmo critério estrutural (ACI 1977), o índice de segurança é
aproximadamente 3 para carregamentos móveis e aproximadamente 2 para carregamentos de
vento (ELLINGWOOD et al. , 1980).

70

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CAPÍTULO 4 - AÇÕES E COMBINAÇÕES

4.5 Variabilidade dos parâmetros


Como para o modelo de incerteza são necessárias as avaliações das variabilidades, neste
item, serão mostrados alguns resultados de variabilidade encontrada na literatura.
A norma australiana AS 3774:1996 informa que, em geral, o coeficiente de variação para o
peso específico   é aproximadamente 0,10; para o ângulo atrito efetivo  e  , é entre 0,10 e 0,25,

e, para ângulo de atrito com a parede  w  , é de 0,10 a 0,20, como pode ser observado na Tabela

4.7.
Os tipos de rugosidade da parede D1, D2 e D3, constantes na Tabela 4.7, estão indicados
na Tabela 4.8, de acordo com a referida norma australiana.
A norma australiana AS 3774:1996 propõe que, se o produto não está listado em uma
tabela fornecida pela norma, e valores experimentais estão disponíveis, poderão ser utilizadas
técnicas estatísticas para a obtenção do limite superior e inferior ou a adoção do procedimento
 
seguinte, a partir dos valores médios obtidos X e de um coeficiente de variação   transcrito na

Tabela 3. O limite superior da propriedade, X s é obtido pela expressão:

X s  X (1,0  1,89. ) (104)


e o limite inferior, X i , pela expressão:

X i  X (0,2  0,3. log ) (105)

Tabela 4.7 – Valores sugeridos de coeficiente de variação pela AS 3774:1996.


Coeficiente de variação cov ()

Ângulo efetivo de atrito


Ângulo de atrito na parede w 
Tipo de produto
interno Rugosidade
e  Tipo D1 Tipo D2 Tipo D3
Alumínio 0,20 0,10 0,10 0,10
Cevada 0,10 0,20 0,10 0,10
Cimento 0,15 0,10 0,10 0,10
Carvão negro 0,25 0,20 0,15 0,20
Carvão marrom 0,25 0,15 0,10 0,20
Areia seca 0,15 0,20 0,10 0,15
Farinha (de trigo) 0,20 0,10 0,10 0,15
Cinza volante 0,15 0,15 0,15 0,15
Cal hidratada 0,15 0,15 0,15 0,15
Calcário em pó 0,25 0,20 0,10 0,15
Milho 0,10 0,20 0,15 0,10
Açúcar 0,15 0,20 0,20 0,20
Trigo 0,10 0,20 0,15 0,10

71

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CAPÍTULO 4 - AÇÕES E COMBINAÇÕES

Tabela 4.8 - Designação da superfície da parede do silo segundo a norma australiana AS 3774-1996.
Rugosidade
Descrição da
Tipo normalisada R a Materiais típicos
superfície
(mm)

Aço inoxidável polido, plástico de polietileno extrusado de alta peso


D1 Polido 0,01 a 1
específico, aço carbono galvanizado, alumínio.

Aço inoxidável decapado, plástico de polietileno moldado no local de alta


D2 Liso 1 a 10 peso específico, aço carbono pintado, aço carbono com leve ferrugem
de superfície, azulejos cerâmicos lisos, concreto liso.

concreto aparente áspero, aço-carbono corroído, azulejos cerâmicos


D3 Rugoso 10 a 1000
grosseiros.

paredes com corrugação horizontal, chapas com nervuras horizontais,


D4 Corrugado > 1000
paredes não padronzadas com grandes saliências

72

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CAAPPÍÍTTU O
ULLO

VENTO EM SILOS
C

O vento é um fenômeno natural que varia, em intensidade e direção, aleatoriamente no


tempo e espaço. Ao encontrar uma estrutura, essa variação se intensifica e esse fenômeno
aleatório causa ações sobre a estrutura também aleatórias e, portanto de difícil tratamento.
A ação do vento em silos, especialmente quando vazios, tem sido responsável por inúmeros
acidentes. Os silos cilíndricos metálicos são os que mais têm sofrido com a ação do vento.

5.1 Principais efeitos a serem verificados


Em silos, deve-se garantir que o vento não causará os modos de ruptura mostrados nas Figura 5.1
e Figura 5.2:

Figura 5.1 – Falha por arrancamento da cobertura e ovalização da seção.


Para esse modo de falha, deve-se projetar o silo contra o arrancamento da cobertura
superior e dimensionar as chapas onduladas a resistirem à flambagem elástica com a possível
colocação de anéis enrijecedores.

73

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CAPÍTULO 5 - VENTO EM SILOS

Figura 5.2 - Falha por tombamento do silo, devido à força de arrasto.


Para garantir a estabilidade global, devem ser verificadas as forças de arrancamento nos
chumbadores do silo bem como o dimensionamento da placa de base corretamente para os
efeitos alavancas.

5.2 Pressão causada pelo vento


A norma brasileira (NBR 6123:1990) considera que a força do vento depende da diferença
de pressão nas faces opostas (externa e interna) da parte da edificação em estudo e adota:

p  C pe  C pi. .q (106)


Sendo:

q  0,613.VK2 (107)

V K  Vo .S1 .S 2 .S 3 (108)

p  C pe  C pi. .0,613.V K2  C p .0,613.V K2 (109)


Onde:
p  diferença de pressão nas faces opostas;

C pe  coeficiente de pressão externo;

C pi  coeficiente de pressão interno;

q pressão dinâmica, em N/m²;

VK  velocidade característica do vento, em m/s;

V0  velocidade básica do vento, em m/s;

S1  fator que considera a topografia;

S2  fator que considera a rugosidade do terreno e a altura (onde atua o vento);

74

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CAPÍTULO 5 - VENTO EM SILOS

S3  fator estatístico que considera o grau de segurança requerido e a vida útil da

edificação;
C p  coeficiente de pressão total.

5.3 Coeficientes de pressão


Os coeficientes de pressão, C pe e C pi , são coeficientes adimensionais que consideram as

dimensões e a forma da estrutura. Os valores desses coeficientes são determinados


experimentalmente em túneis de vento. Andrade (2002), após realização de ensaios em túnel de
vento, recomendou os coeficientes de pressão externos para silos lisos e com colunas externas.
Segundo Andrade (2002), é vantajoso o posicionamento das colunas externamente, porque
reduz pela metade as pressões nas laterais do corpo cilíndrico. Um ônus seria o acréscimo da
força de arrasto, mas isso não aumenta a ancoragem do silo significativamente em relação ao
benefício de se ter um alívio das pressões nas laterais do silo.

(a) (b)
Figura 5.3 – Coeficientes de pressões externos encontrados por Andrade (2002). (a) Para silos com relação
H/D=0,5 com superfície lisa e (b) Para silos com relação H/D=0,5 com superfície rugosa.

Os valores dos coeficientes de arrasto Ca sugeridos pela NBR 6123:1990 são mantidos para
os silos lisos, porque estão em conformidade com os resultados obtidos. Para os cilindros com
colunas externas de relação para a altura da coluna próximas a 0,01.D, é sugerido o valor 0,6,
inferior ao da NBR 6123:1990, que adota 0,7 para a relação 0,02.D. Para relações próximas a
0,08.D, os valores da NBR 6123 (1990) são mantidos. Para relações intermediárias, os
coeficientes podem ser estimados por interpolação linear.
75

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CAPÍTULO 5 - VENTO EM SILOS

(a) (b)
Figura 5.4 – Coeficientes de pressões externos encontrados por Andrade (2002). (a) Para silos com relação
H/D=1,0 com superfície lisa e (b) Para silos com relação H/D=1,0 com superfície rugosa.
Tabela 5.1 – Coeficientes de pressão (Cpe) e de arrasto (Ca) em edificações cilíndricas.
Coeficiente de pressão externa, Cpe
Superfície com
Superfície Lisa
 colunas
H H H H
 0,5  1,0  0,5  1,0
D D D D
0 0.90 0.85 0.80 0.85
10 0.80 0.80 0.75 0.70
20 0.60 0.50 0.60 0.50
30 0.30 0.20 0.40 0.20
35 0.15 0.00 0.00 0.00
40 0.00 -0.20 -0.30 -0.30
50 -0.40 -0.60 -0.50 -0.65
60 -0.75 -1.00 -0.70 -0.80
70 -1.00 -1.30 -0.80 -0.90
80 -1.14 -1.50 -0.60 -0.70
90 -1.14 -1.50 -0.60 -0.60
100 -0.95 -1.30 -0.50 -0.50
110 -0.39 -1.00 -0.50 -0.50
120 -0.39 -0.60 -0.45 -0.50
140 -0.39 -0.50 -0.40 -0.50
160 -0.39 -0.50 -0.40 -0.50
180 -0.39 -0.50 -0.40 -0.50
D
D

VENTO 

Fonte:ANDRADE (2002).

76

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CAPÍTULO 5 - VENTO EM SILOS

A norma brasileira não apresenta valores para os coeficientes de pressão externos na


cobertura cônica. Com base nos resultados obtidos, são propostas as distribuições dos
coeficientes de pressão externa em coberturas cônicas, que estão apresentadas nas Figura 5.5 e
5.6. Essas distribuições servem para o cálculo das forças localizadas nas coberturas cônicas lisas
e nervuradas, com fios de altura 0,01.b.

(a) (b)
Figura 5.5 - (a) Cpe para cobertura cônica lisa com 27º em silos com H/D=0,5 e (b) Cpe para cobertura cônica
nervurada com 27º em silos com H/D=0,5.

Figura 5.6 - (a) Cpe para cobertura cônica lisa com 27º em silos com H/D=1,0 e (b) Cpe para cobertura cônica
nervurada com 27º em silos com H/D=1,0.
Os coeficientes de pressões internos, segundo a NBR 6123:1988, para o cálculo de
edificações cilíndricas, quando esta for de topo aberto, devem ser adotados os seguintes valores:
h
 0,3  C pi  0,8 (110)
d
h
 0,3  C pi  0,5 (111)
d
Calil et al.. (1997), bem como a norma australiana AS-3774 recomendam utilizar:

C pi  0,8 (112)

77

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CAPÍTULO 5 - VENTO EM SILOS

5.4 Solução geral da pressão de flambagem elástica para cilindros


ortotrópicos com e sem enrijecimento submetidos à pressão
uniforme
As estruturas dos silos, por serem esbeltas, poderão entrar em colapso através da
instabiliade local ou global da estrutura. As paredes do silo, submetidas à ação do vento, quando
vazio, poderão entrar em colapso devido à ação das pressões radiais não-uniformes.
As propriedades da casca ortotrópica são calculadas para equivaler às propriedades de
uma casca isotrópica e estão definidas por unidade de comprimento.
Becker e Gerard (1962) indicam para o cálculo aproximado da pressão de flambagem de
cilindros ortotrópicos para E  E z  2Gz (  0) ,submetidos à pressão radial uniforme
compressiva externa, a equação:

E.I   .R 
2
 n.L 2 I Z I z   .R 2 
Pcr  3 .   .   .    
R  L    .R  I 2.I  n.L  
4
  .R 
2  
E  L   n.L 
 .  . (113)
R / t   .R   n.L  2 t t   .R  
2

  .  2.    
  .R  t z tz  n.L  
Onde as propriedades por unidade de largura são:
t  2t 3 /(3h 2 ) Área efetiva circunferencial;

  
t z  t 1   2 h 2 / 4b 2 Área efetiva longitudinal (geratriz);


tz  t / 1   2 h / 4b 
2 2
Área efetiva ao cisalhamento.

E propriedades de flexão por unidade de largura:


   
I z  h 2 t / 8 . 1   2 h 2 / 8b 2 Momento de inércia efetivo flexão circunferencial;

I  t / 12 / 1   h / 4b 
3 2 2 2
Momento de inércia efetivo flexão longitudinal;

I z  t / 3 / 1   h / 4b 
3 2 2 2
Constante de torção efetiva.

78

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CAPÍTULO 5 - VENTO EM SILOS



Figura 5.7 – Detalhe da ondulação.


A expressão de Becker e Gerard (1962) mostra-se mais simples de ser calculada e com
boa aproximação do valor calculado pela teoria ortotrópica; vale salientar que essa fórmula
somente se aplica a silos de chapas corrugadas e sem enrijecedores.
Para levar em conta os enrijecedores circunferenciais, deve ser utilizada a formulação
apresentada por Brush e Almroth, (1975), que contém uma formulação para contabilizar os
enrijecedores.
HIPÓTESES:
 O cilindro é livre para se expandir longitudinalmente;
r
 A solução para o deslocamento radial é do tipo w  k sen m x. sen n mm ,ké
L
constante , m,n = 1,2,3...
 Subscritos: r – indica anel ("ring"); s - coluna ("stringer").
Com os parâmetros de enrijecimento e de influência entre os enrijecedores, calcula-se a
pressão crítica de flambagem Pcr minimizando-se a eq. (114) de Pcr(n):

1  (2.a12 (n).a23 (n).a13 (n))  (a22 (n).a13 (n) 2 )  a11 (n).a23 (n) 2 
Pcr (n)  .  a33 (n)   (114)
R.n²  a11 (n).a22 (n)  a12 (n) 2 
n = número total de ondas no perímetro do cilindro;
m = número total de ondas ao longo da geratriz do cilindro;
l = comprimento da semi-onda;
e = distância do centróide da seção à superfície média da casca cilíndrica;
d = distância entre centróides de duas seções;
t = espessura da casca cilíndrica;
r =raio do cilindro (distância do eixo à superfície média da casca).

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CAPÍTULO 5 - VENTO EM SILOS

er

t
d e
r s ds

t
r

(a) (b)
Figura 5.8 –(a) Seção do Enrijecimento com anéis ao longo da geratriz do cilindro, (b) Seção do
enrijecimento com colunas ao longo do perímetro (BRUSH e ALMROTH, 1975).
E
G (115)
2.(1   )
E.t
C (116)
1 
E.t 3
D (117)
12.(1   2 )

Js 
2.b.t 3
f  h.t w3  (118)
3
J r  2. I r (119)
Os termos Cij são os parâmetros dos enrijecedores, adotando-se que a casca e os enrijecedores
são do mesmo material. Os termos C14 e C25 são positivos para enrijecedores externos e

negativos para enrijecedores internos:


E. As
C11  C  (120)
ds
C12   .C (121)

 E. As 
C14  e s .  (122)
 ds 
E. Ar
C 22  C  (123)
dr
 E. Ar 
C 25  er .  (124)
 dr 
 1  
C ss   .C (125)
 2 
80

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CAPÍTULO 5 - VENTO EM SILOS

 E .I s 
C 44  D   
 (126)
 ds 
C 45   .D (127)

 E .I r 
C 55  D    (128)
 dr 
1  G.J s G.J r 
C 66  1   .D  .   (129)
2  ds dr 
Os termos aij são os parâmetros de composição das influências dos enrijecedores entre si:
2
  .R 
a11 (n)  C11 .   C 33 .n
2
(130)
 L 
  .R 
a12 (n)  n. .C12  C 33  (131)
 L 
3
C14   .R    .R 
a13 (n)  .   C12 .  (132)
R  L   L 
2
  .R 
a 22  C 33 .   n .C 22
2
(133)
 L 
3
 
a 23 (n)  n.C 22  C 25   (134)
L
C 44   .R 
4
   .R   n .C 55
2 4
a 33 (n)  2 .   2.C 45  C 66 .   2
 C 22  2.n 2 .C 25 (135)
R  L    L   R

 .R
L.
n

m=1 m=2 m=2


H L

n=8 n=8 n=4

CILINDRO CILINDRO CILINDRO


ISÓTROPO ENRIJECIDO ENRIJECIDO

Figura 5.9 – Configurações de flambagem nos Silos Cilíndricos.

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CAPÍTULO 5 - VENTO EM SILOS

Para encontrar a pressão crítica de flambagem, deve-se minimizar a eq. (113) ou (114) para
um respectivo n. Onde n é o número de ondas de flambagem ao redor da circunferência.
Como os dados experimentais de perda de instabilidade devido à pressão do vento são
muito dispersos, segundo Trahair et al. (1983), recomenda-se, para projetos, que seja reduzido o
valor para:

Pc ,d  0, 65.Pcr (136)
Para comparação com o valor da pressão do vento, deve ser elaborada a combinação última
conforme descrito no capítulo anterior.
Quando são especificadas as distribuições das pressões externas, uma pressão média pode
 .R
ser calculada para a área de flambagem L. e aplicada como se fosse em toda a
n
circunferência:

2   .z 
Ln
 4.n 
p m   .  q z .(C pe ( )  C pi ). sin  .d .dz (137)
  .L  0 0  L 

5.5 Força nos anéis enrijecedores


Quando o anel de enrijecimento é tratado como um anel isolado submetido às pressões
uniformes de compressão. É recomendado que a força no anel seja determinada usando a teoria
de membrana. Dessa forma os enrijecedores circunferenciais são submetidos à pressão do vento,
com a pressão determinada pela eq. (137). A efetiva força circunferencial de compressão P pode
ser determinada por:

P  p.R.hs (138)
No qual, hs é a altura de contribuição das chapas onduladas.

5.6 Métodos simplificados para a avaliação das fundações


Um silo vazio, sob a ação de um vento forte, além das deformações nas paredes, que são
estudadas pelas teorias de membrana e flexão das células, também pode tombar, caso suas
fundações sejam arrancadas do solo.
Para evitar que isso aconteça, deve-se avaliar a reação máxima de tração sobre a fundação
(apenas pelo efeito do vento) e compará-la com a parcela de peso próprio (do silo vazio),
correspondente à fundação em estudo. Se o peso próprio for superado pela reação de tração, o
silo deverá tombar sob a ação do vento.

82

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CAPÍTULO 5 - VENTO EM SILOS

É comum o uso de métodos simplificados para avaliar as reações da fundação, que


geralmente equilibram o momento e a força de translação (cortante), advindas da ação do vento,
com possíveis reações da fundação, lançando mão de hipótese simplificadoras nesta tarefa.
Calil et al. (1997), em seu item 7.3, faz um bom apanhado desses métodos. O leitor mais
interessado no assunto poderá recorrer a esses estudos.
Gaylord e Gaylord (1984) apresentam um exemplo bem interessante de processo
aproximado:

T
H
H
C

H
H

Figura 5.10 - Hipóteses simplificadoras para a determinação simplificada das forças na base.
Com a hipótese de que a distribuição de forças horizontais entre pilares varie
proporcionalmente com a seção transversal (tensões uniformes no limite de resistência de
cisalhamento), é possível avaliar a reação horizontal com a eq. (139):

Ftotal
Hi  n
. Ai
A
(139)
j
j 1

Com a hipótese de que, em pilares de mesma seção transversal, a distribuição de forças


verticais entre os pilares varie linearmente (seções planas permanecem planas durante a flexão), é
possível avaliar a reação vertical em cada pilar, como pode ser visto na Figura 5.10.

5.7 Exemplo de obtenção da pressão crítica de flambagem do silo


Cálculo da pressão externa uniforme de flambagem elástica, Pc, de uma casca cilíndrica
com enrijecedores externos ou internos distribuídos uniformemente ao longo da geratriz e da
circunferência do cilindro. Deve-se minimizar a expressão Pc(n) em relação a n.

83

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CAPÍTULO 5 - VENTO EM SILOS

5.7.1 DADOS DO SILO, MATERIAL E CONSTANTES DE CÁLCULO


Unidades: m, Mpa
Colunas
(Outras unidades são definidas 2,5
Anéis
quando necessário)

5,25
L 21- altura do cilindro 16 colunas no perímetro de 31,42 m;

r 5 - raio do cilindro

5,25
Espaço entre colunas  1,96 m

L =21,00
A vinculação do silo à base é
considerada fixa (deslocamento 
radial e vertical (z) nulos) mas

10,5
z
permitindo-se o giro.
Há anel enrijecedor junto à
cobertura. Considerado como 10,0
parte da estrutura da cobertura. Figura 5.11 – Distribuição das Figura 5.12 – Dimensões e
colunas no Perímetro do Silo partes da estrutura do silo
Os deslocamentos radiais da
base da cobertura são
considerados nulos.

t h = 6.10-3 t
b = 102.10-3
D = 51.10-3 t = 1.10-3 (espessura) d = 150.10-3
d = 45,8.10-3 y x b = 60.10-3 x
D

d
d

t = 2,6.10-3 c = 20.10-3
t = 1,9.10-3
z
c

 b
Figura 5.13 – Dimensões da Figura 5.14 - Dimensões da
Seção os Anéis Enrijecedores Chapa corrugada da parede do Figura 5.15 -Dimensões da
silo Seção Transversal das colunas
t  2t 3 /(3h 2 )
  
t z  t 1   2 h 2 / 4b 2
Dados da Seção da Coluna

 t / 1   h / 4b 
Dados da Seção dos Anéis 2 2 2
tz  A = 5,61.10-4 m2
 A = 3,95.10-4 m2 Iz  h t / 8.1   h / 8b 
2 2 2 2
 P = 4,40 kg/m
 P = 3,12 Kg/m I  t / 12 / 1   h / 4b 
3 2 2 2  Ix = 195,38.10-8 m4
 I = 11,6.10-8 m4  Iy = 28,36.10-8 m4
I z  t / 3 / 1   h / 4b 
3 2 2 2
 x = 1,92.10-2 m

84

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CAPÍTULO 5 - VENTO EM SILOS

Dados do material (comuns a todas as peças


metálicas da estrutura) Cálculo de Constantes
E
 0.3 coeficiente de Poisson G G  8.077 10
4
2( 1  )
Et
E 210000 Módulo de Young C C  230.769
2
1 
E t
3
D 5
2 D  1.923 10
12 1 

5.7.2 CONFIGURAÇÕES DE FLAMBAGEM PARA SILOS COM E SEM


ENRIJECIMENTO
n = número total de ondas no perímetro do cilindro er
m = número total de ondas ao longo da geratriz do cilindro
l = comprimento da semi-onda
e = distância do centróide da seção à superfície média da casca Figura 5.17 - Seção do
cilíndrica Enrijecimento com anéis
d
d = distância entre centróides de duas seções r ao longo da geratriz do
t = espessura da casca cilíndrica cilindro (BRUSH e
r =raio do cilindro(distância do eixo à superfície média da casca) t ALMROTH, 1975)

OBS.: 1 O cilindro é livre para expandir longitudinalmente;


2 A solução para o deslocamento radial é do tipo
r
w  k sen m x. sen n mm , k é constante , m,n = 1,2,3...
L
3 Subscritos: r – indica anel ("ring"); s - coluna ("stringer")

t
Área de
Flam bagem e
s ds
m= 2

m= 2
m= 1

n= 8 n= 8 n= 4 Figura 5.18 - Seção do enrijecimento com


colunas ao longo do perímetro (BRUSH &
ALMROTH 1975)
Cilindro Cilindro Cilindro
I sot rópo Enrij ecido Enrij ecido

Figura 5.16 –Configurações de Flambagem nos Silos Cilíndricos

85

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CAPÍTULO 5 - VENTO EM SILOS

1º Caso : Análise de Flambagem para Silo de paredes lisas e sem qualquer enrijecimento.

Dados dos Anéis enrijecedores Dados dos enrijecedores na geratriz (colunas):


As 0- área (m2) área da seção da coluna
Ar 0
2 r da seção do anel
ds d s  1.963 distância entre duas
16 dr 10.5
distância entre dois anéis
colunas consecutivos
60 10 150 10
3 3
Is 0 b h tf 0 tw tf Ir 0

31 10
3
2b t f h t w
3 3
er
26 10
3
es Js Js  0
3 Jr 2I r Jr 0

Parâmetros de Cálculo de Pc (n) (BRUSH e ALMROTH 1975)

Os termos Cij são os parâmetros dos Os termos aij são os parâmetros de


enrijecedores, adotando-se que a casca e os composição das influências dos enrijecedores
enrijecedores são do mesmo material. entre si.
Os termos C14 e C25 são positivos para
2
enrijecedores externos e negativos para  r
C 11 C 33 n
2
a 11( n )
L
enrijecedores internos.

 r 
E A s 1   a 12( n ) n C 12 C 33
C 11 C C 33 C L
ds 2

C 14   r 3
C 12  C E I s   r
a 13( n ) C 12
C 44 D r L L
ds

2
E A s C 45  D  r
C 33 n  C 22
2
a 22( n )
C 14 e s L
ds

3
E A r E I r a 23( n ) n  C 22 C 25

C 22 C C 55 D L
dr dr

E A r 
1 G J s G J r 4 2 n  C 55
4
C 25 e r C 66 (1  ) D C 44   r
 n 
2  C 45 C 66  C 22 2  n  C 25
2
2 ds dr a 33( n )
dr r
2 L L r
2

86

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CAPÍTULO 5 - VENTO EM SILOS

n 1  2  20
Com os parâmetros de enrijecimento e de influência entre os
P c( n ) enrijecedores, calcula-se a pressão crítica de flambagem Pc
n= 1 5.40605 minimizando-se a expressão de Pc(n)
0.15811
0.01599
2  a 12( n )  a 23( n )  a 13( n ) a 22( n )  a 13( n ) a 11( n )  a 23( n )
2 2
 3 1 
2.9992910 P c( n ) a 33( n )

rn
2
a 11( n )  a 22( n ) a 12( n )
2
 4
n= 5 8.0904110

2.7895510
4
Obs.: Nesta equação considera-se o modo de flambagem para m=

1.1695710
4
1 (Figura 5.16)

5.9308210
5


3.7035810
5
Análise: O valor mínimo de Pc (n) é obtido para n = 11
n= 
2.8559110
5
Pc(11)  2,61.10 Mpa = 26,14 Pa
-5


2.6141310
5


2.6695510
5 Esse valor indica a pressão crítica de flambagem da casca

2.8878410
5
cilíndrica isótropa e de espessura 1 mm. O número de ondas no

3.2062510
5
perímetro é 11.
n= 
3.5936310
5
O cilindro é, por hipótese, livre para expandir longitudinalmente

4.0337210
5
(direção da geratriz), ou seja, Nz = 0.

4.5176510
5


5.0403710
5


5.5989410
5

n= 
6.1915610
5

Para comparação, também é avaliada a pressão crítica para a expressão simplificada obtida por
Becker e Gerard (1962). Os pesquisadores admitem como simplificações que o coeficiente de
Poisson  é zero e que as características das chapas corrugadas podem ser calculadas
equivalentes à uma casca isotrópica. Isto significa que os módulos de elasticidade E = Ez = 2.Gz
( = 0).

87

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CAPÍTULO 5 - VENTO EM SILOS

As propriedades da casca ortotrópica são calculadas para eqüivaler às propriedades de


uma casca isotrópica e estão definidas por unidade de comprimento.

t Área efetiva circunferencial I Momento de inércia efetivo flexão


t  2t 3 /(3h 2 ) longitudinal
   
I z  h 2 t / 8 . 1   2 h 2 / 8b 2
tz Área efetiva longitudinal (geratriz) Iz Momento de inércia efetivo flexão
  
t z  t 1   2 h 2 / 4b 2 circunferencial
   
I   t 3 / 12 / 1   2 h 2 / 4b 2
tz Área efetiva ao cisalhamento Iz Constante de torção efetiva
  
tz  t / 1   2 h 2 / 4b 2    
I z  t 3 / 3 / 1   2 h 2 / 4b 2

Para o caso de casca cilíndrica com espessura constante:

t = t = tz = tz I = Iz = Iz/4  t3/12

Para o exemplo em questão, ou seja, casca isótropa de espessura 1 mm:


t 0.001 tz t E 210000 L 21 t
3 11
Iz I Iz I z  8.333 10
12 11
I   8.333 10
t z t t t r 5 n 1  2  12 I z 4I z 10
I z  3.333 10

Análise: O valor mínimo de Pc(n) é obtido para n = 11


P c( n )
n= 1 5.406 Pc(11)  2,45.10-5 Mpa = 24,50 Pa
0.158
0.016 Esse valor é muito próximo ao valor obtido com a formulação ortotrópica de Brush e
2.999 10
3
Almroth (1975) 26,14 Pa.
n= 5 8.087 10 4
2.784 10
4 Conclusão: A expressão de Becker e Gerard (1962) mostra-se mais simples de ser
1.163 10
4
calculada e com boa aproximação do valor calculado pela teoria ortotrópica; vale
5.841 10
5
salientar que esta fórmula somente se aplica a silos de chapas corrugadas e sem
3.59 10
5
enrijecedores.
n= 2.716 10
5

2.445 10
5

2.469 10
5

88

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CAPÍTULO 5 - VENTO EM SILOS

2º Caso : Análise de Flambagem para Silo de paredes corrugadas e sem qualquer enrijecimento.

Comparando-se as expressões de pressão crítica dadas, a equação de Becker e Gerard


(1962) é a mais simples e pode ser aplicada ao caso de cascas corrugadas sem enrijecimento.

E 210000 h 0.006 b 0.102 t 0.001 2 2


h t   h
2
9
r 5 Iz 1 I z  4.538 10
2 2 8 4b
2
 h 3
L 21 tz t 1 t z  1.009 10
4b
2
n 1  2  12 t
3

y 12
2t
3
I
t 2 2
 h
3h
2
1
4b
2
z 5
t   1.852 10
11
I   8.263 10
 t 4
t z t  z  9.915 10
2 2
 h
2 2 3
 h t  1 11
1 I z I  z  8.404 10
4b
2 12 4b
2

Pc dado em
MPa O valor da pressão crítica aumenta de 24,5 Pa para 483 Pa ( n= 7), ou seja, um
P c( n )
aumento de 20 vezes, aproximadamente, devido somente à corrugação das
0.691
0.088 chapas.
0.014
2.967 10
3

9.817 10
4

5.466 10
4

4.83 10
4

5.375 10
4

6.422 10
4

7.756 10
4

9.3 10
4

1.102 10
3

Para o mesmo silo, considerando-se os enrijecedores verticais (colunas) e posicionando-se


um anel a 10,5 m do solo, o valor da pressão crítica é 79,58 kN/m2.

89

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CAPÍTULO 5 - VENTO EM SILOS

Unidades: m, MPa Dados dos Anéis P c( n )


L 21- altura do cilindro, r 5 - raio do cilindro n= 1 0.22918
4 enrjecedores A r 3.9510 4
 0.3 E 210000 G  8.077 10 0.08768
5 dr 10.5 0.08057
t   1.852 10 - espessura da parede do cilindro
0.07965
r - indica anel ("ring") s - indica coluna 2b t f
3
h t w
3
n= 5 0.07958
("stringer") Js 0.07972
10 3 0.07993
C  4.274 D  1.222 10
11.6 10 25 10
8 3
Ir er 0.0802
Dados dos enrijecedores na geratriz (colunas): 0.08051
Jr 2I r
2 r n= 0.08087
5.61 10
4
As ds d s  1.963
16 7 0.08125
J r  2.32 10 0.08168
28.36 10 19 10
8 3
60 10
3 10
Is es b J s  6.173 10

1.9 10
3
150 10
tw tf 3
tf h

90

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CAAPPÍÍTTU O
ULLO

TEORIAS DE PRESSÔES
C

As pressões são geradas devido a processos operacionais no silo, como carregamento,


armazenamento e descarregamento. Para cada uma dessas etapas, existe um comportamento
diferente para o silo, sendo de vital importância separar cada etapa para se efetuarem análises
estruturais.
Após anos de investigações sucessivas em laboratórios internacionais, surgiram diversas
formulações empíricas, semi-empíricas e analíticas para descrever o comportamento para as mais
diversas situações de pressões em silos.
Muitos pesquisadores estudaram pressões em silos, consagrando algumas formulações.
Janssen (1895), Airy (1897), Reimbert et al. (1943), Jenike e Johanson (1968), Walker (1969),
Walters (1973), Jenike et al. (1973) e Carson & Jenkyn (1993) são alguns dos pesquisadores que
contribuíram historicamente para o estudo das pressões laterais, desenvolvendo diversas
metodologias para avaliar distribuições de pressões, comparando esses valores com os valores
obtidos experimentalmente.
Porém, apesar desses estudos, alguns dos fatores ainda permanecem sem resposta, pois
diversas são as variáveis que afetam o comportamento estrutural dos silos. Para o estudo
completo das pressões em silos, seriam necessários diversos estudos analisando as pressões nos
silos com as características estocásticas de diversas variáveis, como:
 Propriedades físicas do produto armazenado;
 Material empregado na construção das paredes do silo;
 Tipo de fluxo do sistema;
 Forma da tremonha;
 Altura e forma do carregamento;
 Geometria espacial do silo;
 Imperfeições geométricas da parede do silo;
 Temperatura e umidade, etc.
Serão apresentadas as principais teorias de pressões em silos baixos e esbeltos.

91

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CAPÍTULO 6 - TEORIAS DE PRESSÔES

6.1 Teoria de Rankine


Nessa teoria, publicada em 1857, o pesquisador analisa o estado de tensão em um maciço
granular, fofo, não-coesivo e semi-infinito. “Sua análise foi baseada na hipótese de que uma
deformação no solo é suficiente para provocar uma mobilização da resistência de atrito e produzir
um estado ativo, se o solo sofre expansão, e um estado passivo, se ele sofre uma compressão”,
Gaioto (1979). Segundo Safarian e Harris (1985), esse método não é muito preciso para silos de
baixa relação altura/diâmetro, tendo em vista que ignora as condições de contorno desse tipo de
unidade armazenadora, e a força de atrito nas paredes é considerada nula. A Figura 6.1 apresenta
as pressões exercidas pelo produto e parâmetros envolvidos para silos de baixa relação
altura/diâmetro e fundo plano, de acordo com a teoria de Rankine.

r ph

pv H

Figura 6.1 – Pressões exercidas pelo produto em silos de fundo plano, de acordo com a teoria de Rankine.
De acordo com as seguintes situações em relação à superfície livre do produto, as
formulações para as pressões horizontais e verticais são:
Superfície de topo do produto armazenado é horizontal
Pressão horizontal estática na profundidade z:

p h ( z )  K . .z (140)
1  sen e
K (141)
1  sen e
Pressão vertical estática na profundidade z, abaixo da superfície, é:

p v ( z )   .z (142)
Calil (1987), com base em experimentação em silos cilíndricos de baixa relação
altura/diâmetro ou lado, propõe a modificação do valor de K da teoria de Rankine para a
1  sen 2 e
formulação de Hartmann ( K  ), para o caso de silos de chapa de aço corrugada. Esta
1  sen 2 e
proposta será denominada de teoria de Rankine-Calil e é valida para silos onde a superfície livre

92

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CAPÍTULO 6 - TEORIAS DE PRESSÔES

do produto é plana ou não. Nesse caso, a profundidade z é obtida a partir da superfície de


referência, conforme a Figura 6.2.

ph
r

H
pv

Figura 6.2 - Pressões exercidas pelo produto em silos de fundo plano, de acordo com a teoria de Rankine-
Calil.
As formulações teóricas para “bunkers” são dadas para duas condições de armazenamento:
a primeira para silos tremonhas (Figura 6.3b) e a segunda para silos horizontais (Figura 6.3a).
Admitem-se duas condições de armazenamento:

1 – SE A SUPERFÍCIE DO PRODUTO É HORIZONTAL, TEMOS A SEGUINTE


EXPRESSÃO PARA O CÁLCULO DAS PRESSÕES:

p h ( z )  K . .z (143)

p v ( z )   .z (144)
Onde:
1  sen e
K (145)
1  sen e
A pressão de enchimento normal a uma superfície inclinada é:


pn ( z )   .z sen 2    K cos 2    (146)
2- SE O PRODUTO FORMA UMA SUPERFÍCIE INCLINADA, DE ACORDO COM UM
ÂNGULO DE REPOUSO  r 
A pressão estática horizontal a uma dada altura é:

ph ( z )   .z.cos 2 (r ) (147)


A pressão estática vertical a uma dada altura é:

pv ( z )    z  a0 tan(r )  (148)
E na tremonha, é:

pn ( z )   .sen 2   .  z  a0 .tan(r )    .z.sen 2   .cos 2   (149)

93

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CAPÍTULO 6 - TEORIAS DE PRESSÔES

As pressões de projeto são :

pv,d ( z )  C d . pv ( z ) (150)

p h ,d ( z )  C d . p h ( z ) (151)

p n ,d ( z )  C d . p n ( z ) (152)

Onde, C d é o coeficiente de sobrepressão, e para produtos de fluxo livre, C d  1,0 e, para

produtos coesivos, C d  1,25 .


a
Sup
erfíc
ie do
pro

r
duto

a
Sup
erfíc
h ie d
op
rod
r
uto
z

ht  ht  z a0
a0

a1 a1

(a) (b)

Figura 6.3 - Silos horizontais - Diagrama de pressão lateral de acordo com a teoria de Rankine.

6.2 Teoria de Coulomb


Segundo Bowles (1997), um dos métodos pioneiros para estimativa de pressões de solos
sobre uma contenção foi Coulomb que partiu das seguintes hipóteses:
1. Solo é isotrópico e homogêneo e possui atrito interno e coesão.
2. A superfície de ruptura é plana.
3. A resistência de atrito interno é distribuída uniformemente ao longo da superfície de
ruptura, e o coeficiente de atrito interno é tan(i ) .

4. A cunha de falha é um corpo rígido sofrendo translação.


5. Existe atrito com a parede, isto é, como a cunha se move para baixo, ela promove
uma força de atrito com a parede.
6. A falha é um estado plano de deformações, isto é, considera uma fatia unitária de um
comprimento infinito de contenção.
Na sua teoria publicada em 1776, Coulomb considerou a existência de atrito entre o material
e a parede de contenção e, como na solução de Rankine e Janssen, é assumido que o maciço

94

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CAPÍTULO 6 - TEORIAS DE PRESSÔES

está em um estado ativo. A menor pressão horizontal possível é aquela do estado ativo e, nesse
caso, as formulações obtidas para a pressão horizontal, de atrito, e a vertical são:
Em certos casos, quando pela teoria de Rankine são satisfeitas as condições limites da
Teoria de Coulomb, chega-se a resultados idênticos (por exemplo, quando o  w   r    0 o

ângulo de atrito com a parede do silo é igual à inclinação do terrapleno, e o tardoz é vertical ( =
900). O valor do empuxo ativo é determinado pelas expressões:
1
Ea  . .h 2 .K a (153)
2
E o coeficiente K a é dado por:

cos 2  e
Ka  2
 sen( e   w ) sen( e   r )  (154)
cos  w 1  
 cos  w cos  e 

r
P

  90    w
Ea

w
e
h R
P

R
Ea 
    e

Figura 6.4 – Representação gráfica para o empuxo de acordo com COULOMB (1979).

ph   .z.K a (155)

6.3 Teoria de Airy


W. Airy, em 1897, desenvolveu uma teoria para o cálculo da força horizontal nas paredes.
Aplicou-a no cálculo e construção de silos de madeira, aço e concreto armado, utilizando vários
produtos agrícolas. Foi o primeiro a definir silos baixos e silos altos, e analisou o caso específico
de silos horizontais. Para determinar essa força, Airy estabeleceu o equilíbrio de uma cunha de
material ABC de espessura unitária, onde atuam as seguintes forças: o peso da cunha, a reação
da massa de material restante, atuando na superfície livre de deslizamento, considerando que, ao
longo desse plano, a resistência ao cisalhamento deve estar totalmente mobilizada, e a reação da
parede sobre a massa, ensilada. Coulomb empregou a definição de planos de deslizamento em
95

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CAPÍTULO 6 - TEORIAS DE PRESSÔES

sua teoria de cálculo de empuxo de terra de forma semelhante. A teoria de Airy foi desenvolvida
para as células baixas e altas. Para as baixas, o plano de deslizamento emerge na superfície livre
do produto ensilado antes de atingir qualquer parede da célula. No caso da célula alta, o plano de
deslizamento atinge uma das paredes antes da superfície livre do produto. Na Figura 6.5, são
esquematizados as seções transversais e os planos de deslizamento para definição de sua
formulação teórica.
Fazendo-se o somatório de forças nas direções normal e paralela ao plano de deslizamento,
encontra-se:

R  Psen  (W   ' P ) cos  (156)

R  P cos   W   ' P sen (157)


onde :  : ângulo que o plano de deslizamento forma com a horizontal e que corresponde à
máxima força lateral;
P : força horizontal na parede da célula, distribuída por unidade de comprimento do
perímetro da seção transversal da massa ensilada;
R : componente na direção perpendicular ao plano de deslizamento da força reativa do
maciço sobre o plano de deslizamento da cunha de espessura unitária;
W : peso da cunha do produto;
  tan e é o coeficiente de atrito interno efetivo;
   tan  w é o coeficiente de atrito do produto com a parede.
b

C D

W
b

B P
z R
 .R H
W .R
R
e
z  .R
P H
 .R e
 

CÉLULA BAIXA CÉLULA ALTA

Figura 6.5 – Planos de deslizamento do produto armazenado.

96

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CAPÍTULO 6 - TEORIAS DE PRESSÔES

O valor de P (z ) é encontrado a partir da forma da cunha, variando , que exerce a máxima

pressão sobre a parede, e para esse valor de , a derivada de P (z ) em relação a  deve ser nula.

O valor da pressão máxima horizontal e a fórmula que permite obter P (z ) em função da

profundidade, são dadas pelas expressões, obtidas a partir do valor da tan():


 tg  
P( z )  .z 2 (158)
2tg 1   '     'tg
1  2
tg     (159)
  '
Airy, em um segundo estudo, chegou à seguinte formulação a partir de simplificações para o
cálculo das pressões horizontais na parede da célula. Para células baixas ele obteve:
2
 .z 2  1

ph ( z)  (160)
 
2     ,  1  2 
 
onde :
p h (z ) pressão horizontal na parede da célula, distribuída por unidade de comprimento do
perímetro da seção transversal da massa ensilada;
 peso específico do material ensilado;
  tan  e é o coeficiente de atrito interno efetivo;
   tan  w é o coeficiente de atrito do produto com a parede.
De acordo com Gray e Manning (1973), Safarian e Harris (1985) e Roberts (1995), a eq.
(160) deve ser modificada, considerando na determinação das pressões horizontais o cálculo da
dp h
variação da pressão horizontal com a profundidade . Na equação anterior, a força está sendo
dz
aplicada na profundidade z, o que não é correto. No equilíbrio da cunha do produto, ocorre uma
sobreposição entre várias cunhas tomadas individualmente, o que fornece resultados
diferenciados aos dados experimentais. Filho (1985) observou que, para silos com relação da
altura do produto armazenado e altura da célula maior que 4, os valores da força vertical
decrescem com o aumento da profundidade. A diferença entre o peso do material armazenado, a
uma dada profundidade, e o somatório das forças causadas pelo atrito entre o produto até essa
profundidade fornece-nos o equilíbrio de forças na direção vertical. O valor da força vertical é
menor que o calculado pela equação de Airy se houvesse a sobreposição, pois, nesse somatório,
calcula-se a influência do volume comum às várias cunhas de uma vez. Dessa forma, as equações
das pressões horizontal e vertical, no caso de células baixas, são dadas a seguir:

97

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CAPÍTULO 6 - TEORIAS DE PRESSÔES

2
 1 
p h ( z )   .z   (161)
     '   1   2 
 
2
 . A.z   'Up 1   '.U  1 
pv ( z )    .z  .z.  (162)
A  A      '  1   2 
  
2
 . '.U  1 
Fw   '.U .P  .z 2 .  (163)
2      '   1   2 
 

6.4 Teoria de M. e A. Reimbert para células baixas


Os irmãos Reimbert calcularam, a partir de dados experimentais e deduções teóricas, as
pressões laterais estáticas para células horizontais, baseados na teoria formulada em 1956.
Considerando os silos horizontais de grandes dimensões, comprimento e largura em relação à
altura, o problema foi determinar as forças que agem sobre as paredes.
Segundo a teoria dos muros de arrimo, a primeira hipótese é que a distribuição do empuxo é
proporcionalmente linear com a variação da altura. No segundo estudo, em 1987, os autores
lançam uma segunda hipótese, estabelecendo que a distribuição dos empuxos sobre as paredes
verticais é hiperbólica em função da altura do produto ensilado. Desta forma, a distribuição das
pressões em função da altura é linear para paredes consideradas indefinidas (silos horizontais).
Para os silos divididos em células, essa relação é considerada hiperbólica (silos verticais).
O equilíbrio de um maciço sustentado por uma parede vertical está compreendido em três
regiões, mostradas na Figura 6.6. A primeira região (1) corresponde ao ângulo de atrito interno
efetivo  e e não influencia no empuxo exercido sobre a parede. A região (3) representa o prisma

 e
de cisalhamento que age contra a parede, formando um ângulo igual a  , definido
4 3
experimentalmente:
A C

3
 e 2

4 3
1

e

Figura 6.6 - Representação do equilíbrio de uma cunha de um maciço granular.

98

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CAPÍTULO 6 - TEORIAS DE PRESSÔES

Entre as duas regiões anteriores, existe a região (2), onde é depositada uma certa
quantidade de produto, não acompanhando o ângulo de repouso e não exercendo nenhuma
influência sobre a parede de contenção.
Com base no plano de ruptura de um maciço, são propostas as seguintes formulações para
o cálculo das pressões laterais nas paredes: são considerados dois casos em que a superfície livre
do maciço é horizontal e outro quando a superfície é inclinada, segundo o ângulo de repouso
natural.

Caso 1: A superfície livre do maciço é horizontal


Considerando o maciço da figura abaixo, consideremos os prismas de ruptura relativos em
cada um dos muros AB e DE, definindo um região central, que não influencia no valor dos
empuxos sobre cada muro. O valor da pressão horizontal é dado pela eq. (164):
A C F D

 

B E

Figura 6.7 – Superfícies de ruptura.


Os ângulos formados entre as paredes e o plano ruptura, ABC e DEF, são dados pela
 e
expressão    .
4 3
2
 .h 2    2 e 
ph    (164)
2    2 e 
em função da equação anterior, deduz-se que:

  
d  2.h. tan  e  (165)
4 3 
Caso 2: A superfície livre de um maciço é inclinada, segundo o ângulo de repouso.
Aqui as equações são definidas, considerando a região (3), correspondente à cunha de
ruptura que se extende a uma distância d’ da parede AB. Essa distância é dada pela equação a
seguir:

99

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CAPÍTULO 6 - TEORIAS DE PRESSÔES

  
sen  e  cos  e
d' h 4 3 
(166)
  2. 
sen  e 
4 3 
Os valores dos empuxos devem ser calculados sendo exercidos sobre as paredes de
contenção.
d

3
h 2
1

Figura 6.8 – Definição da cunha de ruptura para superfície inclinada.


O valor da pressão é dado pela equação :
2
 .h 2    2 e   2 e 
ph    1   (167)
2    2 e    
Segundo a teoria, não se consideram as sobrepressões de descarga. Dessa forma,
recomenda-se calcular as paredes sem majorar os valores de pressão dados pelas equações
anteriores.
O emprego das equações de M. & A. Reimbert pode ser resumido, em função das seguintes
condições de carregamento das paredes, mostradas nos esquemas da Tabela 05, a seguir.

100

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CAPÍTULO 6 - TEORIAS DE PRESSÔES

Tabela 6.1 – Resumo dos tipos de superfície e modelos teóricos segundo M. & A. Reimbert.
TIPO DE CARREGAMENTO EQUAÇÃO
Superfície horizontal

2
 .h 2    2 e 
ph   
2    2 e 
h

Superfície inclinada ascendente

2
 .h 2    2 e   2 e 
ph    1  
2    2 e    
h

Superfície inclinada descendente

2
 .h 2    2 e   2 e 
ph    1  
h 2    2 e    

6.5 Teoria de M. e A. Reimbert para células altas


Os irmãos Reimbert calcularam, a partir da análise dos ensaios em silos modelo de fundo
plano, que:

  z 
1
h 
 
p v ( z )   . z.1    c  (168)
  z0  3

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CAPÍTULO 6 - TEORIAS DE PRESSÔES

 .R   z  
2

ph ( z)  .1  1    (169)


   z0  
 
Onde:

hc  altura do cone superior de carregamento;


z  distância debaixo da base do cone de carregamento;
 R   hc 
z 0      .
  .K   3 
C
Para silos de seção transversal poligonal o valor de z 0 é R  , onde C é o perímetro do
4.
polígono, porém atualmente o raio hidráulico é usado na eq. (169). Eles notaram que suas
fórmulas atendiam apenas à condição de carregamento. Eles discutiram sobre os coeficientes de
sobrepressão, porém não recomendam nenhum valor para as pressões de esvaziamento. Os
resultados obtidos pelas eqs. (168) e (169), para silos com esbeltez alta, são muito próximos dos
obtidos pela expressão de Janssen (1895), porém, para silos baixos, o modelo dos Reimberts
fornece valores mais altos de pressão.

6.6 Modelo de JANSSEN (1895)


Janssen, em 1895, propôs uma formulação através do equilíbrio estático de uma camada
elementar considerando a contribuição do atrito lateral desenvolvido nas paredes. Esse modelo é
válido somente para a condição de carregamento, pois é deduzido através do equilíbrio estático.
Porém a expressão, como é conhecida atualmente, foi deduzida por Ketchum (1919) com a
hipótese de que a relação entre as pressões horizontais e verticais é constante com a
profundidade. Outro conceito atribuído a Ketchum (1919) foi a dedução da equação diferencial
para qualquer seção transversal, ficando somente em função do raio hidráulico.
Essa teoria continua sendo utilizada até hoje pela maioria das normas internacionais de silos
para o cálculo da pressão estática ou inicial de carregamento em silos de seções cilíndricas e
poligonais. Até mesmo para o cálculo das pressões dinâmicas, isto é, durante o fluxo, um dos
métodos mais utilizados pelas mesmas é aplicar coeficientes, chamados de sobrepressão, aos
valores obtidos para a condição estática.
As hipóteses simplificadoras dessa teoria são:
- A pressão horizontal é constante no plano horizontal.
- O valor de  w (ângulo de atrito do produto com a parede) é constante.

- O peso específico do produto é uniforme (   .g ) .

102

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CAPÍTULO 6 - TEORIAS DE PRESSÔES

- As paredes do silo são totalmente rígidas.


- A relação entre as pressões horizontais e verticais, K , é constante em toda a altura do
silo, sendo:

x
 z .dx .dy  xz
( xz  dx ).dy.dz z
x
y
 yz .dx.dz y

z
 z .A
z ( yz 
 yz
dy ).dx.dz z
y
 xz .dy .dz

dz
w,c . y  . A.dz

 z
( z  dz ).dx.dy
z  z  d z  d z 
 z  dz  A
 dz 

Figura 6.9 – Equilíbrio estático de uma fatia elementar, proposto por Janssen (1895).
Utilizando o equilíbrio, tem-se:

 d z 
 z . A   . A.dz    z  dz  . A   y .U . w,c .dz (170)
 dz 
Substituindo a hipótese da relação constante entre a pressão vertical com a pressão
horizontal e dividindo a expressão por A, obtém-se a equação diferencial ordinária que pode ser
resolvida analiticamente:
d y U
 .dz  dz   y . . w,c .dz (171)
K .dz A
d y
dz 
 U  (172)
K .    y . . w,c 
 A 
A d y
dz 
U .K . w   . A  (173)
 U .   y 
 
U .K . d y
 dz  
A   .A  (174)
  y 
 U . w 

103

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CAPÍTULO 6 - TEORIAS DE PRESSÔES

U .K . w .z   .A 
  ln    y   C1 (175)
A  U . 
Aplicando as condições de contorno ( z  0; p h  0) ,

  .A 
C1  ln    y0  (176)
 U . 
 w ,c 
Reagrupando os termos e substituindo a constante de integração, tem-se:
 .A
 K .  w ,c .U . z
 y
U . w,c
e A
 (177)
 .A
  y0
U . w
A
Isolando a pressão horizontal e sabendo que o raio hidráulico é R  , obtém-se:
U
 K .  w ,c . z
 .R   .R 
 y ( z )  ph  z     y0  e R
(178)
 w,c   w,c 
E a pressão vertical é de:
 K .  w ,c . z
 .R  
 z ( z )  pv  z   1  e R
 (179)
K . w,c  
A pressão de atrito na parede:
 w   xz   yz  pw   w,c . ph (180)
O parâmetro  constante da formulação de Janssen é obtido por:
 w,c  tan(w,c ) (181)
A pressão de atrito na parede p w causa esforço de compressão na parede e pode ser

integrada verticalmente para o cálculo da força de compressão resultante sobre a parede Pw z 
por unidade de perímetro de parede atuando na profundidade z , fornecendo a seguinte equação:

   . K . z .U / A 
Pw ( z )   w,c .  z .dz   A / U  z 
A
 w,c .K .U
1  e w ,c  A
    .z   z 
 U
 (182)

ou seja, é igual ao peso total do produto menos a pressão vertical p v .

De acordo com a eq. (179), a pressão vertical aumenta monotônicamente com o aumento da
altura, sendo independente das condições de contorno na saída da tremonha e alcança um valor
assintótico conforme a eq.(183).
 .R
Para z    pv   z  (183)
K . w,c

104

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CAPÍTULO 6 - TEORIAS DE PRESSÔES

Em relação a eq. (178), a pressão lateral p h também aumenta monotônicamente, com o valor

assintótico conforme a eq. (184).


 .R
Para z    ph   y  (184)
 w,c
Ou seja, o valor da pressão lateral independe da magnitude da constante K. O que representa
que para silos muito esbeltos somente o peso específico e o ângulo de atrito com a parede são
variáveis que afetam as pressões a partir de uma altura z0 .

A variável z0 é altura correspondente ao plano tangente no ponto z  0 que corta o valor

assintótico. Sendo assim é obtido:

d y  K .  w ,c .
z
  .K .e R (185)
dz

dph
ph  z0 . (186)
dz
z z0
R
z0  (187)
K . w,c
ph
dph
dz
z0

Figura 6.10 – Representação do estudo dos valores assintótico da pressão de Janssen.


As principais teorias existentes de pressões em tremonhas são baseadas no equilíbrio de
uma fatia elementar produto submetido a uma tensão inicial na parte superior como mostrado na
Figura 6.11. Apesar desta proposição de equilíbrio na tremonha não ter sido proposta por Janssen
(1895), a dedução baseia-se na mesma idéia do equilíbrio de uma faixa de sólido e é possível
obter as pressões verticais e normais nas tremonhas, segundo Walker (1966).

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CAPÍTULO 6 - TEORIAS DE PRESSÔES

D
Dz
 z0

d  z
 z 
dz '

ptz
dz' n  .dV z
pnz
 nt
 z

Figura 6.11 – Equilíbrio estático de uma fatia elementar de uma tremonha.


Do equilíbrio de uma fatia elementar (Figura 6.11) vem:
d ( A. z )   . A.dz ' U . nt .(tan( )  tan(w,t )).dz '  0 (188)
Onde:
U  perímetro da fatia elementar .
Dividindo a eq. (188) por dz ' e A , obtém-se:

d z  1.dA U .(tan( )  tan(w,t )) 


  .Kt  . z    0 (189)
dz '  A.dz ' A 
 nt
Kt  (190)
 z
Onde K t é a relação entre a tensão na parede e a tensão média vertical ao longo de uma

seção horizontal de área A da tremonha. Para os casos de tremonha com eixo simétrico e planas a
solução pode ser encontrada, com as relações obtidas geometricamente:
1.dA 1  mt
 (191)
A.dz ' z'
U 1  mt
 (192)
A z '.tan( )
Substituindo na eq. (191) e eq. (192) na eq. (189), tem-se:
d z 
 C. z   (193)
dz ' z'
Onde, C

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CAPÍTULO 6 - TEORIAS DE PRESSÔES

 K .tan(w,t ) 
C  1  mt  .  t  K t  1 (194)
 tan(  ) 
Resolvendo a eq. (193)e utilizando as condições de contorno de tensão inicial no topo da
tremonha  z ( z '  H t )   zc ( z  H ) , conduz a tensão vertical dada pela eq. (195).

 .z '  
C 1 C
 z'   z' 
 z '  . 1       zc ( z  H ).   (195)
C 1   Ht    Ht 

Esta equação é a base para as teorias propostas por Walker (1966), Walters (1973b), Jenike
(1973). Observa-se que para o campo de tensões ativo K t resultará em um valor menor que 1 e

neste caso pode-se adotar para C  1 . Desta forma, a eq. (195) resulta em:

6.7 Modelo de WALKER (1966)


A teoria de Walker para o estudo de fluxo fornece-nos as tensões na massa de um produto
granular ou pulverulento em tremonhas e ainda os fatores críticos que asseguram a continuidade
do fluxo gravitacional. O campo de tensões durante o fluxo de massa foi deduzido considerando
que as forças agem numa camada elementar e ao longo da parede da tremonha e do corpo do
silo. Quando consideramos o arco ou abóbada, assume-se que a resistência do grão ou pó é
função somente das tensões locais que prevalecem até a ocorrência do fluxo. Na tremonha, o
produto é considerado sobreconsolidado, o que possibilita a formação de arcos.
A teoria de Walker (1966) é bastante precisa para os cálculos no estado estático e dinâmico
nas paredes da tremonha e no corpo do silo. No estado dinâmico, essa teoria baseia-se nas
seguintes hipóteses:
1- As direções das tensões principais, maior e menor, estão no plano vertical próximo à
seção da parede, e estas definem o escorregamento do produto, independentemente da terceira
tensão principal, perpendicular a este plano.
2- O produto deve escorregar e ser capaz de deslocar, independentemente das variações
transversais da tremonha.
3- O produto é de fluxo livre e, para fins de projeto, o silo é dimensionado para fluxo de
massa.
4- Supõe-se que as pressões verticais sobre o mesmo plano horizontal são constantes.
Admitindo-se as duas primeiras hipóteses, as tensões no produto adjacente à parede da
tremonha podem ser representadas pelo Círculo de Mohr, que tangencia o lugar geométrico de
escorregamento do produto. A partir da terceira hipótese, as tensões nas paredes devem ser
representadas por um ponto do lugar geométrico de escorregamento da parede.

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CAPÍTULO 6 - TEORIAS DE PRESSÔES

6.7.1 Pressões estáticas no corpo do silo


Walker assumiu que o campo inicial de pressões no corpo do silo é um campo ativo de
Rankine, mas com o coeficiente de empuxo (relação entre pressões) dado pelo efetivo ângulo de
atrito interno. Sendo as pressões iniciais dadas por:
p vc ,e   .z (196)
p hc ,e  K . p vc ,e (197)
Onde:
1  sen e
K (198)
1  sen e

6.7.2 Pressões dinâmicas de esvaziamento no corpo do silo


Já, para o caso da descarga, Walker assume que o campo ativo de Rankine, estabelecido
durante o carregamento, é alterado durante o fluxo devido ao atrito do produto com a parede.
Walker mostrou, por meio do equilíbrio de uma camada horizontal do produto e da
geometria do círculo de Mohr, que as pressões pvc , d e phc , d são dadas pelas equações de

Janssen com K dado por:

sen(e ).sen(1 )
 .K  (199)
1  sen(e ).cos(1 )
Onde:

  sen w 
1   w  arc cos   (200)
2  sen e 

6.7.3 Pressões estáticas na tremonha


No campo de tensões na tremonha, admite-se que a pressão principal maior está na
vertical. Dois casos são considerados:
senw
1º caso: Se sene  , as pressões na tremonha são dadas por:
sen w  2 

tan( )
pnt ,e   .z. (201)
tan( )  tan(w )
pt ,te  pnt , e .tgw  pnt , e . (202)
sen w
2º caso: Se sen e  , as pressões na tremonha são dadas por:
sen w  2 
1  sen(e ) cos(2 )
pnt ,e   .z. (203)
1  sen(e )

108

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CAPÍTULO 6 - TEORIAS DE PRESSÔES

sen(e ).sen(2 )
pt ,te   .z. (204)
1  sen(e )

6.7.4 Pressões dinâmicas de esvaziamento na tremonha


Walker admitiu que o produto na tremonha esteja num estado de deslizamento e promova
as maiores pressões possíveis sobre a parede da tremonha.
pnt ,d 1  sen(e ).cos( 2 )
 (205)
pvt ,d 1  sen(e ).cos  2   2 
Onde:

 senw 
 2  w  arcsen  (206)
 sene 
Considerando o equilíbrio de forças verticais numa camada horizontal de produto a uma
distância z’ acima do vértice (ápice) da tremonha e assumindo que a pressão vertical seja
uniformemente distribuída, temos a seguinte equação:
Kw
 .hcn z'   .hcn  z ' 
pvt , d    pv ,tr    (207)
K w  1 hcn  K w  1  hcn 
Onde:

1  mt sene .sen  2   2 
Kw  . (208)
tan( ) 1  sene .cos  2   2 
mt = 0 para tremonhas em cunha;
mt = 1 para tremonhas cônicas ou piramidais;
z ' = distância a partir do vértice da tremonha;
hcn = altura do cone;

pv ,tr = pressão vertical dinâmica na transição.

6.8 Modelo de WALTERS (1973)


Walters (1973a,1973b) aprofunda o estudo realizado por Walker em 1966 para silos com
fluxo de massa, analisando as tensões desenvolvidas durante o carregamento e aquelas durante a
descarga nas paredes verticais dos silos . A grande vantagem do uso de sua teoria é que é
necessária apenas a determinação do ângulo de atrito com a parede e do efetivo ângulo de atrito
interno para usar seus equacionamentos.
Sua teoria pode ser aplicada para o menor dos seguintes limites:

 sen(w ) 
2    e  w  arccos   (209)
 sen(e ) 

109

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CAPÍTULO 6 - TEORIAS DE PRESSÔES

 sen(w ) 
2  e  w  arccos   (210)
 sen(e ) 
Valores maiores de  não são considerados, pois WALTERS (1973b) considera que se 
ultrapassar esses limites, o fluxo de massa não ocorrerá. Portanto a aplicabilidade dessa teoria
restringe-se a pequenas inclinações de tremonhas, não podendo ser aplicada para a maioria dos
casos na prática.

6.8.1 Pressões estáticas no corpo do silo


1
pvce 
4.BDce

1  e 4 BDce . z  (211)

1
phce 
4.tgw

1  e 4 BDce . z  (212)

1

pwce  1  e4 BDce . z
4
 (213)
Nas quais:

tgw .cos 2 e
BDce  (214)
(1  sen 2 e )  2 sen e
2
 3

   1  1   
3
2  (215)
2
 tg 
   w  (216)
 tge 

6.8.2 Pressões dinâmicas no corpo do silo


1
pvcd 
4 BDcd

1  e 4 BDcd . z  (217)

1
phcd 
4.tan(w )

1  e 4 BDcd . z  (218)

1

pwcd  1  e4 BDcd . z
4
 (219)
Nas quais:

tan(w ).cos 2 (e )


BDcd  (220)
(1  sen 2 (e ))  2. .sen(e )
  eq. (215).
  eq. (216).

110

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CAPÍTULO 6 - TEORIAS DE PRESSÔES

6.8.3 Pressões na transição


BDcd
Walters sugere que a relação seja usada como fator de segurança aplicado às
BDce
pressões sobre a parede para determinar os picos de pressão na mudança. Portanto:
BDcd
p h tr ,c  . p h ce htr  (221)
BDce
Walters (1973b) considerou a fatia elementar mais representativa com o acréscimo
infinitesimal da área como mostrado na Figura 6.12. A expressão de Dwt é baseada na hipótese

que a tensão horizontal é constante e a tensão de cisalhamento é uma função linear ao longo de y.

w w A+dA

 nt
A
 nt
A

 

Walker Walters
(1966) (1973)

Figura 6.12 – Equilíbrio estático de uma fatia elementar de uma tremonha. : Adaptado de Horne e
Nedderman (1978).
Com isso foi obtida a expressão para o C :

 B .D 
C  (1  mt ).  wt wt  Dwt  1 (222)
 tan( ) 
A eq. (195) pode ser reformulada e expressa por:

 .Y .z ' 
 z'  
X 1 X 1
 z' 
 y ( z ')  
. 1      tr .   (223)
X 1   Ht    Ht 
 
Onde os valores de Dwt e Bwt pela eq. (228) e (229).

1   sen(w,t )  
 a , p  .   w,t  sign.arccos    (224)
2 2  sen(e )  
 sen(e ).sen(2.(   a , p )) 
  arctan   (225)
1  sen(e ).cos(2.(   a , p )) 

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CAPÍTULO 6 - TEORIAS DE PRESSÔES

2
 tan( ) 
   (226)
 tan(e ) 
mt
 2. 1  1   1,5    1 mt

     arcsen(  )  
 . 0,5.  1   
   (227)
 3.   
   
 
cos( ).(1  sen 2 (e ))  sign.2. sen 2 (e )  sen 2 ( )
Dwt  (228)
cos( ). 1  sen 2 (e )   sign.2. .sen(e )
sen(e ).sen(2(   a , p ))
Bwc  (229)
1  sen(e ).cos(2(   a , p ))
O de X e Y é obtido pela eq. (230) e (231).
 B .D 
X w  (1  mt ).  wt wt  Dwt  1 (230)
 tan( ) 
Dwt
Yw  (231)
1  sen(e ).cos(2.(   a , p ))
Bwt .Dwt  yc ( z  H )
 tr  . (232)
Bwc .Dwc 1  sen(e ).cos(2. a , p )
Onde:
A tensão  yc ( z  H ) é calculada para o caso ativo dado pela formulação de Walters

(1973a);
 a  sign  1 é a direção da tensão principal para o caso estático;
 p  sign  1 é a direção da tensão principal para o caso dinâmico.
A tensão normal (pressão normal) na parede da tremonha é determinada pela decomposição
de tensões e é expressa pela eq (234)

 .Yw .z '  X w 1 X w 1
 z'   z' 
p y ( z ')   y ( z ')  . 1       tr .   (233)
X w 1   Ht    Ht 

pnt ( z ')   nt ( z ')  (1  sen(e ).cos(2. a , p ). y ( z ') (234)
O coeficiente Dwt depende do estado de tensões (ativo ou passivo). O coeficiente C muda

de sinal se    a , p  90 , o qual pode ocorrer no campo ativo de tensões. Um valor negativo para

C como já explanado, resulta em um aumento infinito de tensões veticais próximo ao orifício, o


qual é fisicamente impossível. Seguindo a recomendação de Benink (1989) é proposto que a
tensão vertical aumente hidrostaticamente se    a , p  90 . Isto pode ser derivado das expressão

de Walker (1966) para pressões nas paredes e neste caso pode ser obtido pela eq. (235).
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CAPÍTULO 6 - TEORIAS DE PRESSÔES

tan( )
pnt ( z ')   nt ( z ')  . .( H t  z ')   zc ( z  H )  (235)
tan( )  tan(w,t )
Segundo Benink (1989) a eq. (235) deve ser sempre aplicada quando   30 . Lembrando
também que a tensão  zc ( z  H )  caso ativo no corpo do silo dada pela formulação de

Walters (1973a).

6.9 Teoria de JENIKE & JOHANSON (1968, 1973)


As pesquisas desenvolvidas por Andrew W. Jenike e Jerry R. Johanson formam a base da
teoria de armazenamento e fluxo dos produtos armazenados. Por meio de estudos, identificaram e
definiram os dois principais tipos de fluxo, estabeleceram critérios para o fluxo, determinaram as
principais propriedades físicas dos produtos armazenados, assim como projetaram equipamentos
para suas medições, além de desenvolver teorias para determinar as ações atuantes sobre as
paredes dos silos.
Para determinar as ações atuantes na descarga do produto, Jenike et al. (1973) utilizaram a
segunda lei da termodinâmica, a qual declara que a energia interna de um sistema tende a ser
minimizada. No entanto, Jenike et al. (1973) mostram por meio de experimentos, que as pressões
iniciais sobre a parede do cilindro são mais bem representadas pelo campo de Janssen, o qual
possui energia de deformação definida.
Durante o fluxo do produto no corpo do silo, a presença de pequenas imperfeições nas
paredes causa grandes mudanças nas pressões e na energia de deformação. Essas imperfeições
controlam a formação de camadas de contorno nas paredes do corpo do silo. Em muitos casos, as
camadas são instáveis e de curta duração. A formação de uma camada causa uma mudança no
campo de Janssen para o campo de energia mínima, sendo que sua dissolução causa o retorno
para o campo de Janssen, ou seja, onde as camadas de contorno não foram formadas ou foram
dissolvidas, o campo inicial de tensões de Janssen pode ser aplicado. Porém, nos locais onde as
camadas de contorno existem, ocorrem picos de pressão que se aproximam da energia mínima de
deformação. Portanto, as pressões de fluxo são determinadas assumindo que a energia de
deformação dentro do produto armazenado em fluxo tende para um mínimo.
A mudança entre esses campos de tensões ocorre a alguma profundidade no corpo do silo.
Portanto, o campo inicial de tensões de Janssen pode ser aplicado entre o topo do corpo do silo e
a mudança; abaixo desse nível, deve ser aplicado o campo de tensões pela energia mínima de
deformação.
Como a mudança do campo de tensões estático para o dinâmico pode ocorrer para
pequenas imperfeições nas paredes, a localização da mudança é de difícil determinação. Portanto

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CAPÍTULO 6 - TEORIAS DE PRESSÔES

a determinação das pressões de fluxo pela energia mínima de deformação necessita da avaliação
de uma envoltória de todos os possíveis picos de pressão.
A determinação das envoltórias da pressão horizontal sob condições de fluxo no corpo do
silo, utilizando a energia mínima de deformação, é bastante simplificada por meio dos gráficos
apresentados por Jenike (1973). Porém, esses gráficos não cobrem algumas formas geométricas
de silos.
Para explicar como as pressões atuam nas paredes da tremonha, Jenike e Johanson (1968)
desenvolveram vários estudos, mostrando que as pressões do produto armazenado dentro da
tremonha tendem a diminuir para zero no vértice da tremonha. Quando essas pressões diminuem
linearmente na tremonha, dá-se o nome de campo radial de pressões. Neste campo, todas as
pressões ao longo de um determinado raio são proporcionais a distância do vértice da tremonha.
Em geral, o campo de pressões radiais na tremonha não concorda com o campo de
pressões do corpo do silo. Na interface desses dois campos, um campo de pressões transitório
desenvolve-se. Esse campo consiste de uma onda de sobrepressão sobreposta as pressões
radiais, que decai rapidamente para o vértice da tremonha.
Essa teoria, além de determinar o campo de tensões que atua na tremonha, também é
utilizada para expressar se o fluxo ocorrerá ao longo das paredes ou não (critério fluxo/não-fluxo).
Conseqüentemente, é até hoje uma das teorias mais usadas para o projeto da tremonha.
Jenike (1987) reescreve a teoria apresentada em 1968 para o campo radial de pressões
devido a erros na determinação das zonas estagnadas em silos com fluxo de funil. Benink (1989)
mostra que as diferenças entre as duas teorias para as tensões na parede de tremonhas cônicas
são pequenas, enquanto, para tremonhas em cunha, as tensões são as mesmas pelas duas
teorias.
Segundo Roberts (1995), na primeira teoria, o contorno entre fluxo de massa e fluxo de funil
foi baseado na condição de que as pressões ao longo da linha central da tremonha se tornam
zero. Na teoria revisada, o contorno é baseado na condição de que a velocidade se torna zero na
parede. Isto levou a novos limites para fluxo de funil, os quais fornecem valores maiores para o
ângulo de inclinação com a vertical da tremonha que aqueles determinados pela teoria anterior,
particularmente para grandes valores do ângulo de atrito com a parede.
Infelizmente, o procedimento proposto por Jenike causa certas dificuldades aos calculistas
para a maioria das situações práticas de projeto. Um dos problemas encontrados é que o método
utiliza vários gráficos, que não cobrem algumas formas geométricas, para a determinação de
alguns dos parâmetros propostos na teoria.

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CAPÍTULO 6 - TEORIAS DE PRESSÔES

A teoria de Jenike et al. (1973) explica o campo de tensões no produto armazenado por meio
da definição de três estados de acordo com o tipo de fluxo:
SILOS COM FLUXO DE MASSA
1. Estático (inicial ou de carregamento, Figura 6.13a – inicialmente, quando o
produto vai sendo carregado para dentro da célula com a saída fechada ou o
alimentador parado, o produto rola um sobre o outro, sedimentando na forma de
um cone. Durante a sedimentação, o produto contrai verticalmente dentro do silo
e principalmente na tremonha. Esse produto encontra-se num estado ativo de
tensões, e a direção da tensão principal maior, 1, tende a alinhar-se com a
vertical. A pressão inicial é representada por Janssen na parte cilíndrica e por
uma distribuição linear na tremonha. Isso assume que o produto é carregado para
dentro do silo sem um impacto significativo e a uma razão relativamente baixa.
2. Em fluxo (dinâmico ou de descarga, Figura 6.13b ) – durante o fluxo, com o
produto fluindo para fora da boca de descarga, ocorre uma expansão vertical e
uma contração lateral, estabelecendo-se um estado passivo de tensões. A
direção da tensão principal maior, 1, tende a alinhar-se com a direção horizontal.
3. Transição (Figura 6.13c) - instantes após a abertura da boca de descarga, ocorre
a passagem do estado ativo para o passivo de tensões. Essa mudança inicia-se
no produto logo acima da boca de descarga e propaga-se para cima em direção a
sua superfície livre. O tempo (fração de segundo) em que os dois estados de
tensão, ativo e passivo, coexistem, é denominado de mudança. No local onde a
mudança ocorre, um pico de pressão (sobrepressão) é exercido sobre as paredes
do silo. Essa sobrepressão de descarga desloca-se para cima, no mínimo até o
nível no qual o canal intercepta o corpo do silo, isto é, no nível da transição em
silos com fluxo de massa e na transição efetiva em silos com fluxo de funil. O
volume preto de produto entre os dois carregamentos não pertence a qualquer
um deles. Acima do nível da mudança, assume-se que o campo de pressões não
é perturbado, portanto o estado de tensões ativo ainda permanece.
Deve ser notado que, quando a descarga do produto é parada, o campo de tensões da
Figura 6.13c permanece. O campo de tensões não retorna àquele da Figura 6.13a, a menos que o
silo seja completamente descarregado e carregado novamente.
Gaylord e Gaylord (1984) mostram que, para um exemplo de e = 50º e w=25º, a pressão
horizontal de fluxo, em silo com fluxo de massa, imediatamente abaixo da transição, é 6,7 vezes a
pressão inicial imediatamente acima. Contudo, se e = 25º e as outras variáveis permanecem as
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CAPÍTULO 6 - TEORIAS DE PRESSÔES

mesmas, a taxa da pressão de pico pela pressão inicial cai para 2,83, conforme Walters (1966), e
para 2,58 conforme Jenike e Johanson (1973). Portanto, os picos de pressão parecem ser muito
sensíveis ao efetivo ângulo de atrito interno.
No caso de tremonhas com fluxo de massa, as cargas iniciais governam o projeto estrutural
da tremonha até aproximadamente 2/3 do fundo, enquanto as cargas de fluxo até o 1/3 final (mais
próximo da transição). Segundo Carson e Jenkyn (1993), para a maioria das tremonhas com fluxo
de massa, seu projeto estrutural pode ser baseado nas cargas iniciais.

Figura 6.13 - Estados de Tensão – Fluxo de Massa


A seguir, apresenta-se a teoria de Jenike para a determinação das pressões, baseando-se
principalmente nas suas publicações de 1968, 1973 e 1977.

6.9.1 Pressões no Corpo do Silo


Condições Estáticas

Recomenda-se utilizar o equacionamento proposto por Janssen (1895) com K  0,4 .


Condições de Fluxo
A Figura 6.13c ilustra a distribuição de pressão para a situação na qual o produto abaixo da
mudança está expandindo verticalmente no desenvolvimento do canal de fluxo, enquanto o
produto acima está ainda na condição inicial (Janssen). O pico de pressão resultante na mudança
é determinado por meio da minimização da energia de deformação recuperável no campo de fluxo
abaixo da mudança. A solução é dada por Jenike et al. (1973) na forma de 3 equações
simultâneas. Contudo, segundo Gaylord e Gaylord (1984), elas podem ser simplificadas para o
seguinte equacionamento para ph:

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CAPÍTULO 6 - TEORIAS DE PRESSÔES

ph
 . p v ce ( z )



  
  . 1   e  htr  z   1   e  htr  z   2 1   2 
 1   (236)
R 1   e htr  z   1   e  htr  z 

Obs.: Jenike (1977) recomenda que as pressões dadas pela eq. (236) sejam reduzidas em
15% para levar em conta o fato de que os picos de pressão teóricos são inevitavelmente
arredondados na prática.
Para silos circulares:

2
K (237)
1 K
K
 (238)
R
Para silos retangulares:
  K (aproxidamente) (239)

 (240)
R

Figura 6.14 – Pressões em silo com fluxo de massa.


A envoltória dos picos de pressão é encontrada por meio da determinação dos picos de
pressão (ph) em vários níveis (z). Porém, a equação 85 não resulta igual a zero para z=0. De
acordo com Jenike (1977), isto é devido ao efeito de a mudança não se manifestar na região em
que z=d. Jenike (1977) recomenda que, para valores de z  d , onde d é o diâmetro do corpo do
silo ou largura, as pressões na parede sejam determinadas pela multiplicação da equação de
Janssen por 1,5 com K dado pelo maior valor de:
K  0,4 (241)

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CAPÍTULO 6 - TEORIAS DE PRESSÔES

1  sen  e
K (242)
1  sen  e
Outra modificação da envoltória dos picos de pressão é necessária devido à pressão
horizontal dada pela eq. (236) reduzir-se para a pressão lateral de Janssen no final do corpo do
silo devido ao produto na tremonha não ter sido levado em consideração na obtenção da equação.
Com efeito, a solução é baseada na suposição de que o fluxo começa a se desenvolver na base
do corpo do silo ao invés da saída da tremonha. Portanto, a envoltória dos picos de pressão,
nesse trecho, é substituída por uma linha vertical abaixo do ponto onde o valor de ph é máximo.
(Figura 6.14).
Para a pressão vertical, Gaylord e Gaylord (1984) recomendam utilizar o seguinte
equacionamento:

pv

1   e
2 z
 
 e z   1   e  htr  z   1   e  htr  z   (243)
 1   e htr
 1   e htr

Para a força de compressão sobre a parede, utilizar a eq. (182) reduzida em 15% com a
pressão vertical (pv) dada pela eq. (243).

6.9.2 Pressões na Tremonha


Jenike et al. (1973) desenvolveram um procedimento para o cálculo das pressões na
tremonha, sendo em 1977 alterado, recomendando o seguinte equacionamento:
 z '  p  H  H  z '  
pn  K .    vce  t    (244)
   1    1   Ht  

 tan(w )  
  1  m   1   K  1 (245)
 tan( )  
Cabe salientar que a eq. (244) é similar ao equacionamento proposto por
pn
Walker (eq. (205) e (207) ) com K equivalente à relação na eq. (205), H correspondendo
pv
ao Kw e pvt ao hc na eq. (207).
Jenike (1977) recomenda que K varie de um valor máximo de fluxo K max na transição para

um valor estático na parte mais baixa da tremonha e que a escolha seja feita para cada altura de
forma a maximizar o valor de pn. O valor de K max é apresentado na forma de gráficos por Jenike

em função de e,  e w.


Condições Estáticas
Para essa condição, o valor de K deve ser o valor mínimo:

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CAPÍTULO 6 - TEORIAS DE PRESSÔES

tan( )
K  K min  (246)
tan(w )  tan( )
Substituindo na eq. (245), temos que   0 , sendo que a eq. (244) reduz-se a:

 p H  
pn   .K min .  vce  ( H t  z ')  (247)
  
p  p H  
pv  n   .  vce  ( H t  z ')  (248)
K min   
Condições de Fluxo
A pressão normal na parede da tremonha é dada pela eq. (244) com o valor máximo de K :
K  K max (249)
onde K max é obtido de forma gráfica em Jenike (1977) ou pode ser determinado usando as

seguintes equações:

 
 w 
 B 
K max  (250)
  4 m 
 q.   
   
Onde:

 w Y . 1  sen(e ).cos(2  ) 
 (251)
B 2.  X  1 .sen( )
m
 
t
1   w  1 
q  . 2    tan( )  tan(w )    (252)
 3  4 tan( )    B  1  mt 
 sen(w ) 
2  w  arc sen   (253)
 sen(e ) 
2m sen(e )  sen  2     
X   1 (254)
1  sen(e )  sen( ) 
m
2 1  cos            sen   sen  .sen1 m     
1 m

Y (255)
1  sen(e )  sen 2 m     
Onde:
mt = 0 para tremonhas em cunha;
mt = 1 para tremonhas cônicas ou piramidais;
z ' = distância a partir do vértice da tremonha;
na eq. (255) o numerador     deve ser em radianos.
Obs.: A tensão de cisalhamento é dada por:

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CAPÍTULO 6 - TEORIAS DE PRESSÔES

pt  p n .tg w (256)

SILOS COM FLUXO DE FUNIL


Quando o fluxo começa, o produto acima da boca de descarga expande verticalmente para
cima, formando um canal de fluxo dentro de uma massa parada de produto (Figura 6.15). Se o silo
é suficientemente alto, o cone expande para as paredes cilíndricas do silo. Nas paredes em
contato com a massa parada de produto, as pressões são amortecidas e, na região onde o canal
de fluxo intercepta a parede (transição efetiva), desenvolvem-se picos de pressão. Como o local
da transição efetiva ainda não está completamente compreendido, é necessário levar em
consideração, no cálculo das pressões, a envoltória dos picos de pressão em toda a altura da
parede do silo.
Em vários silos altos, geralmente com H/D>5, é possível assumir que a posição mais alta da
transição efetiva nunca alcançara o topo do corpo do silo. Nesse caso, a região superior do silo
pode ser projetada como para silos com fluxo de massa.
Para silos com H/D<2, Jenike (1973) sugere que seja usada a equação de Janssen, pois o
canal de fluxo raramente intercepta a parede, e, mesmo se isso ocorrer, o pico de pressão seria
insignificante.
O ângulo de inclinação do funil desenvolvido na descarga  S (Figura 6.15) varia de acordo

com as propriedades físicas do produto, geometria e rugosidade das paredes do silo. Em ensaios
realizados num silo-protótipo, Benink (1989) determinou valores entre 30º e 60º, dependendo do
produto armazenado. Freitas (2001), realizando ensaios num silo real utilizando milho como
produto armazenado, encontrou o valor de 30º.

TRANSIÇÃO TRANSIÇÃO
EFETIVA EFETIVA

2.r
f
ESTACIONÁRIA

ESTACIONÁRIA

. e . ph ph
D
K
ZONA

ZONA

 ph
pw,t
pn,t

Figura 6.15 - Equilíbrio na parede da tremonha Fonte: Adaptado Jenike (1973).

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CAPÍTULO 6 - TEORIAS DE PRESSÔES

6.9.3 Pressões no Corpo do Silo


PRESSÃO DE PICO NA TRANSIÇÃO EFETIVA
Deve ser determinado para vários valores de z com o objetivo de determinar a envoltória
dos picos de pressão. Jenike (1973) apresenta para 2<h/d<5 gráficos para a determinação dos
picos de pressão que também podem ser obtidos pela seguinte equação:
p h ( z )  . p v ( z ) (257)
sendo:
pv (z )  equação de Janssen com k = 0,4


 24 tan( )    . 1  sen  tan( ) 
qs e s
(258)
16(sen(e )  tan( s ))
para tremonhas de eixo simétrico.

  2Y 
q 
24.sen  s    X  1 sen  s 
 tan  s   sen(e )   1 (259)

X = eq. (254) com s no lugar de .
Y = eq. (255) com s no lugar de .
Sendo  dado por:
1
  e  arc sen  cos e   (260)
2

FORÇA DE COMPRESSÃO
Pode ser obtida diretamente por meio dos gráficos publicados por Jenike (1973) ou pelo
seguinte equacionamento:
m
Pw max    h Ae x  Be  x  N 
  .   (261)
d 2 m L1m 4 d 2(1  m ) 
 
M  2(1   ) (262)
  0,3 para tremonhas de eixo simétrico.
2
N (263)
M 2(1 m )
h
x m (264)
M R

 (265)
1 
 (.M  1)( N )e  x  M m (  1  N )
m
A

(M m  1)e x  M m  1 e  x  (266)

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CAPÍTULO 6 - TEORIAS DE PRESSÔES

B  A  N (267)
Pressões na Tremonha
Para a determinação das pressões na tremonha, Jenike (1973) assumiu que o campo de
pressões determinado para o corpo do silo se estende para dentro da tremonha.

 sen 2    4r 
p n  p h .  cos 2      sen  . cos   (268)
  d 
 k 
 1  2r 
pt  p h .  1 sen  . cos    (cos 2   sen 2   (269)
 k  d 
Onde:
r = coordenada radial;
p h  pressão horizontal de Janssen para z=H.

6.10 Recomendações de CARSON e JENKYN (1993)


Em 1993, preocupados com o grande número de acidentes ocorridos em silos, devidos à
incorreta determinação das condições de carregamento pelos projetistas, Carson e Jenkyn (1993)
descrevem procedimentos a serem seguidos para o projeto de silos.
Segundo os autores, se o ponto de carregamento do silo coincide com a linha central do silo,
as cargas desenvolvidas sobre as paredes do silo serão geralmente menores que aquelas
induzidas pelo fluxo e, portanto, de menor interesse para o projeto estrutural. Se por alguma razão
existe interesse em considerar essas cargas, utilizar o equacionamento proposto por Janssen com
K = 0,4.
Para o caso de tremonhas cônicas, não importando o tipo de fluxo que ocorre durante a
descarga, as pressões iniciais ou de carregamento que atuam normalmente nas paredes da
tremonha, são dadas por:
 H  z '  p ( z  H ) H  z'  
ni 1

pn ( z ')    t
 v
 t
1    (270)
 ni   ni  H t  

 tan(w ) 
ni  2 1  3 (271)
 tan( ) 
onde:
z' = inicia com valor zero no vértice (ápice) da tremonha;
pv ( z  H ) = dado pela equação de Janssen com K = 0,4 e z  transição entre o corpo do
silo e a tremonha;
Já para as pressões de esvaziamento em tremonhas cônicas com fluxo de massa, Carson e
Jenkyn (1993) recomendam usar o seguinte equacionamento:
122

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CAPÍTULO 6 - TEORIAS DE PRESSÔES

 H  z '  p (z  H ) H   z'  
n f 1

pn ( z ')   .K f  t  v  t  1    (272)
 n f   n  H
 f   t  
1
Kf 
 
  tan(w )  1  (273)
1,5  1  tan( )  
 

 6.  ' 
B  
.tan( ) 

 tan(w ) 
n f  2 K f 1  3 (274)
 tan( ) 
onde:
pv ( z  H ) = dado pela equação de Janssen com K = 0,25 e z  transição entre o corpo do
silo e a tremonha;
'
B = é a função radial de tensões é fornecido pelos gráficos do Boletim 123 de Jenike
(1964).
Devido à rápida mudança do estado de tensões que ocorre na transição do corpo do silo
para a tremonha, é esperado um aumento de pressão sobre a parede do corpo do silo. Para levar
em conta essa possibilidade, recomenda-se que o pico de pressão seja estendido ao longo da
parede vertical, como mostrado na Figura 6.16. Carson e Jenkyn (1993) propõem o seguinte
procedimento: primeiramente, desenhar um arco circular centrado no vértice teórico da tremonha
cônica, passando pela linha da base do cone (tremonha). A altura do ponto mais alto do arco é,
aproximadamente, a máxima altura que o pico de pressão alcançaria. A distribuição de pressão
abaixo dessa altura pode ser considerada linear.

ph,pnt
pw
ph

pnt
R pw

Figura 6.16 - Pico de pressão em tremonhas com fluxo de massa. Fonte: CARSON & JENKIN (1993).

123

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CAPÍTULO 6 - TEORIAS DE PRESSÔES

Para silos com fluxo de funil, é adequado considerar que as pressões de projeto que atuam
normalmente nas paredes da tremonha, são as mesmas que ocorrem durante a condição de
carregamento. Isto presume, é claro, que a dimensão da saída seja tal que não ocorra a formação
de obstruções, e o produto possa ser descarregado.
Para o corpo do silo com fluxo de funil, há duas situações a considerar:
1º) Se o canal de fluxo não intercepta a parede do silo, é seguro assumir que as pressões
atuando contra as paredes serão as mesmas do carregamento (Janssen com K =0,4).
2º) Se o canal de fluxo intercepta a parede do corpo do silo na mesma, altura em toda a
circunferência, então o canal de fluxo é centrado e pode-se assumir o campo de tensão de
Janssen acima da efetiva transição.
Na efetiva transição, onde o canal de fluxo encontra a parede, existe um rápido aumento da
pressão na parede devido à convergência pela qual o produto está passando. Dentro do próprio
canal de fluxo, é razoável assumir que as pressões variarão como se fossem uma tremonha com
fluxo de massa, mas com o ângulo do canal de fluxo e também com o ângulo de atrito com a
parede substituído pelo ângulo de atrito interno. Como essa distribuição de pressão é transmitida
para as paredes do silo, não está muito bem definido. É seguro, mas provavelmente um pouco
conservador, assumir que a pressão que atua nas paredes do corpo do silo, é a mesma pressão
que atua no canal de fluxo.

6.11 Algumas considerações sobre os modelos de pressões


Alguns pesquisadores vêm estudando o comportamento dos silos reais de concreto armado
e metálico, para tentarem calibrar os modelos desenvolvidos com as pressões obtidas
experimentalmente. Contudo este processo é um problema complicado devido a problemas de
falhas nas teorias desenvolvidas que não contemplam diversos fatores importantes.
Um dos trabalhos que iniciaram esse campo de pesquisas foi de Nielsen e Kristiansen
(1980), que investigaram em um silo-protótipo com 46 m de altura e 7 m de diâmetro e em um silo-
modelo construído com 5m de altura e 0,7m de diâmetro as distribuições de pressões em um silo
carregado com cevada. Do trabalho, os autores concluíram que a distribuição de pressões em um
silo carregado com cevada por uma entrada excêntrica não é descrita pela formulação de Janssen.
Uma das maneiras encontradas para solucionar os problemas de incompatibilidade das
pressões teóricas e experimentais vem sendo adotar coeficientes parciais de sobrepressão para
cada condição de carregamento e descarga. Calil (1985) desenvolveu um trabalho experimental a
fim de verificar o comportamento das pressões laterais de carregamento e descarga. Foi utilizado
um silo-modelo onde as pressões foram determinadas em função da relação altura do

124

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CAPÍTULO 6 - TEORIAS DE PRESSÔES

carregamento e lado do silo, e do tipo de descarga (central e excêntrica). O produto armazenado


foi o alpiste. Com base nos experimentos, o autor apresentou valores máximos e mínimos para os
valores de coeficientes de sobrepressão a serem aplicados às pressões obtidas pela fórmula de
Janssen.
Wilms (1985) apresentou um procedimento de cálculo para estabelecer o campo de tensões
no interior e nas paredes de um silo, utilizando para isso o Método das Características que,
segundo o autor, possibilita resolver equações diferenciais que descrevem o campo de tensões
sem lançar mão de hipóteses simplificadoras sobre as distribuições de pressões, como acontece
nos métodos clássicos.
Rotter et al. (1986 apud SILVA,1993), discorreram em seu trabalho sobre deficiências dos
vários métodos propostos para cálculo de pressões em silos. Três fatores foram apontados:

1. A utilização de tratamentos teóricos que assumem um comportamento isotrópico e


homogêneo do produto e uma geometria perfeita dos silos;

2. A não-inclusão de considerações estatísticas ou probabilísticas;

3. A pouca atenção dada ao controle de considerações de projeto estrutural e aos modos de


ruptura de estruturas de silos e reservatórios.

Stoffers (1988 apud SILVA,1993), mencionou o caráter estocástico da resistência e das


cargas em silos. Citou a necessidade de se utilizar um processo probabilístico para a análise
desses dois fatores o qual permita verificar a importância das diversas variáveis envolvidas.
Especificamente em relação às cargas, o autor observou que seu comportamento é, hoje, apenas
parcialmente conhecido devido a fatores como: a complexidade do comportamento do fluxo do
produto a ser armazenado, a enorme variedade de produtos existentes, a natureza estocástica das
cargas exercidas pelo produto, equipamentos de medida não apropriados para a obtenção dos
valores de pressão durante a descarga: estudos realizados a nível nacional e até local que tornam
pequena a aceitabilidade dos resultados internacionalmente.
Pham (1989) discutiu em seu trabalho a natureza das ações em silos e definiu que as cargas
têm um comportamento com uma pressão média e uma flutuação aleatória, mostrando a
importância do estudo visando à confiabilidade estrutural. Observou, também, que é necessário
um tratamento probabilístico de cargas em silos, tendo em vista que uma avaliação racional da
segurança estrutural e que a determinação de fatores de carga para uso em projeto estrutural
somente podem ser alcançadas quando métodos probabilísticos são usados na definição das
cargas.

125

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CAPÍTULO 6 - TEORIAS DE PRESSÔES

Ushitskii e Yan’kov (1989) lembraram que a pressão em meio granular sobre a parede de um
silo tem sido tratada de maneira determinística e estática, e que, contrariamente a esse
tratamento, experimentos têm mostrado a presença de um componente aleatório na pressão a que
se atribui a natureza probabilística dos parâmetros físicos e mecânicos. Apresentaram métodos
para determinar as características probabilísticas de pressão nas paredes do silo, baseados em
resultados de medidas onde o trigo foi utilizado como exemplo. Observaram a alta variabilidade
nos valores de parâmetros, como o peso específico   , o ângulo de atrito interno i  e o

coeficiente de atrito com a parede   w  , e constataram que tais valores diferiam dos apresentados

em normas. Observaram, ainda, que as distribuições probabilísticas de  , i e  w diferem da

distribuição normal para algumas das quantidades analisadas.


Realizaram ainda uma análise rigorosa, onde as estatísticas da pressão foram calculadas,
utilizando o Método de Monte Carlo, considerando três situações:

1.  , e e  com distribuição normal e estatisticamente independentes;

2.  , e e  com distribuição não-normal e estatisticamente independentes;

3.  , e e  com distribuição normal e correlacionados.

Segundo os autores, a pressão para cada ponto pode ser entendida como tendo dois
componentes: um sistemático e outro aleatório, estando o primeiro relacionado com o produto
armazenado, com a geometria do silo, com as imperfeições geométricas na parede do silo, com a
excentricidade de carregamento e de descarga, e com o padrão de fluxo, e o segundo relacionado
com as variações de pressão em função do tempo, normalmente ignoradas no projeto.
Para todos os experimentos, foram ajustados valores para o coeficiente de atrito com a
parede  w e para o coeficiente K , a partir da distribuição de pressão de Janssen. Segundo os

autores, esses ajustes mostraram que há pouca diferença entre armazenamento e descarga,
indicando que altas pressões em um ponto são sempre balanceadas por baixas pressões em
algum outro ponto. Observaram também que os valores ajustados diferiam significativamente entre
os valores obtidos em normas.
Ooi et al. (1990) desenvolveram uma análise estatística a partir de um conjunto de oito
experimentos e incluíram cevada em um silo-protótipo de concreto armado. Esses experimentos
incluíram fases de carregamento, armazenamento e descargas concêntrica e excêntrica. Os dados
experimentais, considerados como observações amostrais de uma população estocástica, foram
sujeitos a uma regressão harmônica.
126

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CAPÍTULO 6 - TEORIAS DE PRESSÔES

Eles analisaram criticamente as hipóteses que vêm sendo usadas em projetos de silos e
destacaram como deficientes:

1. A não-consideração das variações aleatórias ou sua consideração parcial pelo uso de


valores extremos das propriedades do produto armazenado;

2. A consideração de que, embora existam as variações de pressão em torno da


circunferência, essas não são importantes;

3. As variações na pressão de um carregamento para outro podem ser consideradas


adotando-se a maior pressão medida;

4. As pressões durante a descarga acompanham um padrão similar ao das pressões de


carregamento, porém majoradas por um coeficiente denominado fator de sobrepressão ou
multiplicador de fluxo;

5. Um único evento é o mais crítico para o projeto.

Segundo os autores, a tendência hoje é resumir os resultados de um grande número de


experimentos e traçar uma envoltória com as pressões máximas obtidas em cada nível, ignorando-
se todos os demais dados que permitiriam descrever o comportamento não-simétrico das
pressões.
Munch-Andersen et al. (1995) realizaram medidas de pressão na parede de um silo de
concreto para as pressões de esvaziamento. Foram encontradas grandes flutuações nas
pressões. Com isso construíram um modelo estocástico empírico de pressões para diminuir as
flutuações adicionando uma parcela sistemática por meio da interpolação entre os parâmetros
estatísticos das células analisadas.
Ditlevsen. e Munch-Andersen (1995) utilizaram a teoria da correlação para construir um
campo gaussiano com interpolação dos parâmetros média e variância de cada célula. Foi adotada
uma distribuição Log-Normal para os parâmetros após plotar em um papel de probabilidade
normal.
Stoffers (1998) questionou desde os métodos empregados para as medidas experimentais,
bem como o tratamento probabilístico dos resultados e a aceitabilidade dos ensaios realizados em
nível internacional. Mostrou o comportamento estocástico das pressões tanto de enchimento como
de esvaziamento, alegando que este é um fator decisivo no projeto de silos.
Chen, Rotter e Ooi (1998) construíram um campo de pressões assimétricas baseados nas
deformações obtidas em um silo real instrumentado com rosetas de deformações. Com isso, foram
obtidas as 3 componentes de deformação e as 3 curvaturas. Ao final do trabalho, concluíram que a

127

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CAPÍTULO 6 - TEORIAS DE PRESSÔES

metodologia pode ser aplicada para a obtenção do campo de pressões em um silo real, com um
custo relativamente baixo.
Campo de pressões baseado na distribuição gama e consequentemente não-homogêneo foi
proposto por Ditlevsen e Berntsen (1999) a partir dos dados obtidos por Munch-Andersen et al.
(1995). Eles justificaram que o campo estocástico empírico baseado na distribuição gama pode
representar melhor a não homogeneidade do campo estocástico apresentado pelo experimento.
Apesar dos estudos de Ditlevsen e Berntsen (1999) serem precisos para o silo em estudo, o
modelo construído para o campo de pressões possuem uma grande complexidade e deve ser
utilizado com cautela para aplicações práticas. Um detalhe importante, é que o campo empírico
construído é valido para silos com as mesmas características do silo de Karpalund na Suiça.
Nesse contexto, é visível que as pressões em silos devem ser estimadas com o auxílio de
uma rigorosa análise estatística e levando-se em consideração as flutuações de pressões devido à
natureza estocástica.
O projeto de silos deve ser conduzido com análises criteriosas para que as pressões não
sejam subestimadas.

128

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CAAPPÍÍTTU O
ULLO

SILOS BAIXOS
C

7.1 Introdução
No Brasil, embora não se disponha de números exatos, sabe-se que armazenagem na
fazenda é mínima, sendo estimada em torno de 4% a 7%, dependendo da região. Em geral, os
silos utilizados para a armazenagem em fazenda apresentam baixa relação entre a altura do silo e
o seu diâmetro ou lado (0,75 a 1,5) e fundo plano.
O armazenamento em fazenda constitui prática de suma importância, tanto para
complementar a estrutura armazenadora quanto para minimizar as perdas em quantidade e
qualidade a que estão sujeitos os produtos colhidos.
Em geral, os silos utilizados para a armazenagem em fazenda apresentam baixa relação
entre a altura e o seu diâmetro ou lado (0,75 a 1,5) e fundo plano. Isto se justifica pelo grande
aumento da capacidade do silo com o aumento do seu diâmetro e também porque a manipulação
de silos baixos é mais fácil e de menor custo (CALIL JR., 1987).
Podem ser construídos com os mais diversos materiais, como concreto , madeira,
argamassa armada, etc., mas a predominância é a utilização de silos metálicos em chapa
galvanizada corrugada. Segundo Haynal (1989), o silo fabricado em concreto armado torna-se
muito oneroso para o agricultor, principalmente para o de porte médio. Segundo ele, o concreto
armado é mais apropriado para armazéns graneleiros e só é viável economicamente a partir de
uma capacidade de cinco mil toneladas. Com esse tamanho ou mais, seu custo passa a ser
equivalente ao do silo metálico. O silo metálico serve para qualquer tipo de grão, tendo como
vantagem mais destacada a possibilidade de se conseguir uma armazenagem livre de ratos e
pragas, o que não ocorre com os armazéns convencionais, que precisam de desinfecção tanto do
ambiente quanto da sacaria.
Apesar da intensa utilização dessas unidades em todo o mundo, e por serem as mais
produzidas pela indústria, a previsão das pressões exercidas pelo produto armazenado é ainda
divergente entre os pesquisadores e as normas existentes.
As diferentes contribuições em pesquisa e tecnologia, que todos os países têm realizado,
geralmente chegaram ao conhecimento comum dos técnicos pelas diferentes normas de cálculo

129

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CAPÍTULO 7 - SILOS BAIXOS

de silos elaboradas. Neste sentido, é lamentável que o Brasil não disponha de norma própria, com
exceção de duas referências a terminologias para silos de grãos vegetais: TB-374 e TB-377.
As recomendações das normas internacionais para a previsão das pressões devidas ao
produto armazenado, de modo geral, são baseadas em duas fontes: experimentos nos quais as
pressões são medidas em silos reais ou em modelos de silos, e em modelos teóricos. Uma
dificuldade imediata aparece devido ao limitado campo de aplicação dos experimentos disponíveis.
Em particular, muito poucas observações experimentais são avaliáveis para silos de baixa relação
altura/diâmetro ou lado (CALIL JR., 1990), o que, de acordo com Brown e Nielsen (1998),
atualmente, é o tipo de unidade armazenadora que mais necessita de pesquisas, tendo em vista
sua tendência mundial de popularização.
A importância da classificação das estruturas de armazenamento de produtos a granel,
segundo as suas dimensões, está no fato de que, de modo geral, a previsão das pressões
estáticas ou dinâmicas está baseada segundo essa classificação. Embora algumas normas não
façam essa classificação, na maioria das vezes, prevêem pressões diferenciadas em função da
relação H/D. A Tabela 1.1 apresenta a classificação dos silos segundo as suas dimensões, de
acordo com as principais normas internacionais.
Analogamente aos silos altos, os silos cilíndricos de baixa relação altura/diâmetro podem ser
construídos com os mais diversos materiais, mas a grande maioria deste tipo de silo, mesmo em
termos mundiais, são metálicos, de chapa lisa ou corrugada. Podem ser descarregados através de
fluxo por gravidade ou através de meios mecânicos. O fundo pode ser em forma de funil ou plano.
A célula de fundo plano requer menos altura para um determinado volume de material
armazenado. O seu custo inicial é baixo, comparado a outros tipos, e uma das razões pelas quais
a construção pode ser econômica, é que o produto repousa sobre o solo, do qual é isolado apenas
por uma laje impermeável. Isso significa que a fundação é limitada a um anel de concreto sob as
paredes. O recalque do fundo plano resultante das pressões verticais exercidas pelo produto não é
considerado problemático.

7.2 Pressões em Silos Cilíndricos de Baixa Relação Altura/Diâmetro


De modo geral, as normas internacionais adotam a teoria de Janssen e/ou de A & M
Reimbert para a previsão das pressões estáticas, considerando coeficientes de sobrepressão para
a obtenção das pressões dinâmicas, analogamente aos silos altos, como também apresentam
algumas simplificações para o cálculo das pressões, diferentemente dos silos altos.
Na verdade, pouco é conhecido sobre a magnitude e a distribuição da pressão normal à
parede em silos baixos. Do ponto de vista técnico, os silos de baixa relação altura/diâmetro

130

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CAPÍTULO 7 - SILOS BAIXOS

apresentam menos problemas de estabilidade geral, mas maiores problemas de estabilidade local
(CALIL JR., 1990). As pressões em silos de baixa relação altura/diâmetro são muito afetadas pela
forma da superfície livre do produto armazenado, o que não tem a mesma influência em silos altos.
De modo geral, as normas não levam em conta as implicações desse fato, de modo a se obterem
formulações mais precisas e econômicas (Brown e Nielsen, 1998).
Para silos de baixa relação altura/diâmetro, muitos pesquisadores questionam a validade da
solução de Janssen ou de Reimbert e propõem a solução de Rankine, desenvolvida para uma
parede de contenção de terra de extensão ilimitada (CALIL JR., 1987), ou a solução de Coulomb
(WIJK, 1993). Isto é também reconhecido pelas normas internacionais, como o Eurocode 1991-
4:2003, que indica que as pressões na parede sejam obtidas pela teoria das pressões de terra
para relações altura/diâmetro menores que 0,4.

7.3 Pressões para silos de baixa relação altura/diâmetro e fundo plano


segundo as principais normas internacionais
As normas, geralmente, propõem formulações para as pressões exercidas pelos produtos
armazenados nas paredes e fundo de silos de baixa relação altura/diâmetro diferenciada dos silos
altos, bem como pressões adicionais para levar em conta o efeito de pressões assimétricas,
inevitáveis, mesmo em silos com carregamento concêntrico e de eixo simétrico, e que são
dependentes das características do produto e imperfeições na geometria do silo construído.
Em geral, a formulação básica para a previsão das pressões é obtida da teoria de Janssen,
mas algumas normas propõem alterações na formulação original, como no caso da norma inglesa
BMHB-1985 ou considerando uma região linearizada na parte superior do carregamento, como no
caso das normas européias ENV-1995 e ISO-1997 e da australiana AS-1996. A norma DIN-1987 e
a americana ACI-1991, para o caso das pressões horizontais e de atrito, não alteram a formulação
de Janssen.

7.4 Estudos realizados por FREITAS (2001)


FREITAS (2001) propõe um método de cálculo de silos baixos após realizar ensaios em um
silo em escala real e um silo-piloto em tamanho reduzido, com o objetivo de medir, por meio de
células de pressão, as pressões verticais no fundo do silo e nas paredes laterais. Os ensaios
foram capazes de obter as pressões dinâmicas dos silos no momento do esvaziamento e, com
isso, propor valores de coeficientes de sobrepressão para os silos baixos em relação às pressões
estáticas do produto.

131

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CAPÍTULO 7 - SILOS BAIXOS

Nível da superfície
de referência
0,79
0,50
CP11
1,65
CP10

h = 8,04
2,40
CP9 CP12
0,80
CP8
0,85

2,30
CP7
1,05 CP6 CP5 CP4 CP3 CP2 CP1
0,15 1,85 1,85 0,50 1,85 1,85 0,15

(a) (b)
Figura 7.1 – (a) Silos em escala real utilizados para as medições e (b) O posicionamento das células de
pressão.

(a) Células do fundo (b) Células da parede


Figura 7.2 – Instalação das células de pressão no silo-piloto.
Carregamento Descarregamento
CP9
CP7
Carregamento Descarregamento
30 30 CP10
Pressão vertical no fundo do silo - kPa

CP9 CP8
CP11
Pressão vertical no fundo do silo - kPa

CP10 Período de CP9


CP12
25 Período de CP11 repouso CP10
repouso CP11
CP12
CP12
20 20

Região de
Região de
15 sobrepressão
sobrepressão
10 10

0 0

00:00 03:00 06:00 09:00 12:00 15:00 18:00 21:00 24:00 00:00 03:00 06:00 09:00 12:00 15:00 18:00 21:00 24:00
Tempo - horas Tempo - horas

(a) Ensaio 1 (b) Ensaio 2


Figura 7.3 – Silo-protótipo - Pressões dinâmicas nas células da parede.
132

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CAPÍTULO 7 - SILOS BAIXOS

De acordo com a Figura 7.3, pode-se observar no silo real que, sem exceção, todas as
células de pressão registraram aumentos de pressão durante o período de repouso do produto. No
ensaio 1, as células do fundo do silo tiveram um acréscimo de pressão, em média, de 18%, e as
células da parede, de 24%, durante o período de armazenamento. No ensaio 2, o acréscimo de
pressão nas células do fundo do silo foi, em média de 8%, e, nas células da parede, de 26%.
Observa-se, também, para as células do fundo do silo, que os valores medidos pelas células
simétricas variaram durante as fases de carregamento e descarregamento, o que é justificado pela
natureza aleatória das pressões em função da forma de carregamento e do produto armazenado.
Nível da superfície de referência
0

0,79 Legenda
1,29 90
Janssen-m
CP11
Janssen-s
Profundidade - m

Reimbert-m 80
Reimbert-s
Rankine/Calil-m Legenda
70
2,94
Pressão vertical no fundo do silo - kPa

CP10 Rankine/Calil-s ENV


Airy-m 60
ISO
Airy-s DIN
Bischara-m AS
50 ACI
Bischara-s
m.h
Valores experimentais u.h
40
CP9
5,34 Valores
CP12
5,74 30 experimentais
6,14 Escala das pressões – 1:50
CP8
Escala da profundidade – 1:100 20 Escala das pressões
CP7 1:125
6,99
10
CP1 CP2 CP3 CP4 CP5 CP6
8,04 00 82
0 5 10 15 20 25 30 35 40 0,15 2,00 3,85 4,35 6,20 8,05
Cota - m
Pressão horizontal – kPa

(a) (b)
Figura 7.4 – (a) Pressões horizontais teóricas e experimentais no silo real de enchimento (b) Pressões
verticais teóricas e experimentais no silo real de enchimento.

No gráfico da Figura 7.4, pode-se constatar que os valores obtidos experimentalmente não
apresentaram comportamento assintótico em relação ao eixo da profundidade para a relação h/d
ensaiada e ficaram relativamente próximos dos valores obtidos com o modelo linear de Rankine-
Calil, com os valores médios das propriedades físicas do milho, propriedades essas que possuíam
no momento do ensaio. Embora tenham também ficado relativamente próximos dos valores da
curva limite superior de Janssen e também de Bischara, deve-se observar que a curva limite
superior é aquela que irá produzir a situação mais desfavorável em relação às propriedades dos
produtos, durante toda a vida útil do silo e para o qual deverá ser projetado.

133

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CAPÍTULO 7 - SILOS BAIXOS

Nível da superfície de referência Nível da superfície de


0 0 referência
Legenda
Janssen-m
Janssen-m Janssen-s
0,28 Janssen-s 0,36 Reimbert-m
CP11 CP11
Reimbert-m Reimbert-s
Reimbert-s Rankine/Calil-m
Rankine/Calil-m Rankine/Calil-s
Profundidade -

CP10 Airy-m
0,66 Rankine/Calil-s CP10
0,84 Airy-s
Airy-m

Profundidade - m
Bischara-m
Airy-s Bischara-s
Bischara-m Valores experimentais
Bischara-s
CP9
1,17 Escala das pressões – 1:20
Valores experimentais CP9
1,26 CP12 1,50
CP12 Escala da profundidade – 1:25
1,35 CP8 1,61
Escala das pressões – 1:20 1,72
CP8
CP7
1,63 Escala da profundidade – 1:25
CP7
1,78 2,12
0 5 10 15
2,27
Pressão horizontal – kPa 0 5 10 15 20
Pressão horizontal – kPa

(a) H/D=0.98 (b) H/D=1,25


Figura 7.5 – Pressões horizontais e experimentais de enchimento.
Nível da superfície de
0 referência

Legenda
Janssen-m
0,43 Janssen-s
CP11 Reimbert-m
Reimbert-s
Rankine/Calil-m
Rankine/Calil-s
Airy-m
1,00 Airy-s
CP10 Bischara-m
Bischara-s
Profundidade - m

Valores experimentais
Escala das pressões – 1:25
Escala da profundidade – 1:25

CP9
1,79
CP12
1,93
2,07
CP8

CP7
2,56

2,71
0 5 10 15 20 25
Pressão horizontal – kPa

Figura 7.6 – Pressões horizontais teóricas e experimentais de enchimento – H/D=1,49.


A partir dos gráficos da Figura 7.4, pode-se observar que os modelos de Airy, Janssen e M e
R Reimbert não se mostraram adequados aos valores obtidos experimentalmente para as
pressões horizontais na parede do silo, na região correspondente, aproximadamente, ao último
terço da altura (CP7, CP8, CP12, CP9). Os valores obtidos com o modelo linear de Rankine-Calil
se afastam muito dos valores experimentais, à medida que aumentou a relação h/d. Considerando
as curvas para relação H/D ensaiada, obtida com os valores médios das propriedades da areia,
valores esses que possuíam no momento do ensaio, o modelo de Bischara (1983) mostrou-se
bastante ajustado aos valores experimentais. Na relação H/D=0,98 (Figura 7.4a), analogamente ao
ensaio com o silo-protótipo, o modelo de Rankine-Calil mostrou-se bastante adequado para a
previsão teórica das pressões para relações H/D<1. Observa-se, também, certo comportamento

134

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CAPÍTULO 7 - SILOS BAIXOS

curvilíneo dos valores experimentais nas relações H/D=1,25 e H/D=1,49, mas não-assintótico em
relação ao eixo da profundidade.

7.5 Proposta de cálculo de pressões em silos baixos, Freitas (2001)


A análise comparativa realizada com as principais normas internacionais mostrou a
existência de diferenças bastante significativas entre os valores obtidos, considerando a
combinação mais desfavorável das propriedades dos produtos. Na condição estática, ocorreram
diferenças de até 32%, enquanto, na dinâmica, de até 77%.
Os modelos de Airy, Janssen e M e A Reimbert não se mostraram adequados para a
previsão das pressões horizontais na parede do silo na situação de carregamento, tanto no silo-
protótipo quanto em nenhuma das relações H/D ensaiadas no silo piloto. No silo protótipo, os
valores experim-entais chegaram a ser maiores que os obtidos com os modelos acima citados:
136, 70 e 48%, respectivamente. No silo-piloto, os valores experimentais foram maiores que os
modelos de Airy, Janssen e M & A Reimbert, em média, para as três relações ensaiadas: 103, 67 e
54%, respectivamente.
A maioria das normas internacionais adota a teoria de Janssen para a determinação das
pressões horizontais, mesmo para silos de baixa relação altura/diâmetro ou, como no caso da
norma inglesa, que adota uma formulação semelhante à de M & A Reimbert, resultando que
nenhuma delas se mostrou adequada para a previsão das pressões horizontais, sobretudo no
terço inferior da parede do silo, tanto no silo-protótipo quanto no silo-piloto, nas três relações
ensaiadas. Considerando a combinação mais desfavorável das propriedades dos produtos, na
profundidade máxima, os valores experimentais chegaram a ser maiores que os obtidos com as
normas analisadas, em até 110% no silo-protótipo e, no silo-piloto, de até 53%, na relação =0,98;
43%, na relação =1,25, e 46%, na relação H/D=1,49. As diferenças percentuais acima obtidas
entre os valores teóricos e experimentais são uma das razões do grande número de acidentes
com silos de baixa relação altura/diâmetro que ocorrem em todo o mundo.
Tendo em vista os valores experimentais obtidos tanto no silo-protótipo quanto no silo-piloto
para a relação H/D=0,98, recomenda-se a adoção do modelo linear de Rankine-Calil para silos
com relações H/D1, isto é:

1  sen 2 e
p h ( z )  K . ..z , com K  . (275)
1  sen 2 e
Para a determinação das pressões horizontais em silos 1<H/D<1,5, propõe-se o modelo
empírico baseado no ajuste estatístico dos valores das pressões horizontais obtidas
experimentalmente, como a seguir:

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CAPÍTULO 7 - SILOS BAIXOS

D   z

ph ( z )  . . 1  e d  .cos(e ) (276)
2 w  
Considerando o dimensionamento da estrutura do silo pelo método dos estados limites, as
pressões horizontais deverão ser obtidas através da combinação mais desfavorável (limite
superior) e da menos desfavorável (limite inferior) das propriedades físicas do(s) produto(s) a
ser(em) armazenado(s) no silo.
Tendo em vista os resultados obtidos experimentalmente, recomenda-se o coeficiente de
sobrepressão de 1,15 para as pressões horizontais na parede, na condição de descarregamento.
Em relação às pressões verticais na base do silo
As formulações previstas pela norma americana ACI e a norma européia ISO, para a
previsão das pressões verticais na base do silo, não se mostraram adequadas comparativamente
aos valores obtidos experimentalmente, tanto no silo-protótipo quanto nas três relações H/D
ensaiadas com o silo-piloto. O modelo de Janssen, sem nenhuma alteração, proposto pela norma
ACI, apresentou valores menores que os obtidos experimentalmente na região central da base do
silo, em até 49%, na relação H/D=1,49. Tendo em vista os resultados obtidos experimentalmente,
observou-se que a formulação proposta pela norma australiana AS é um pouco conservadora para
a previsão das pressões verticais na região central da base do silo, na relação H/D<1, e, para
relações 1<H/D<1,5, ela não se mostrou adequada, pois apresentou valores inferiores aos obtidos
experimentalmente.
Da observação da conformação do conjunto dos valores experimentais, propõe-se o modelo
empírico para a previsão das pressões verticais em silos com H/D<1,5, com a superfície livre do
produto plana ou não, como a seguir:

  y 
2

pv (h)   .h 1  0,9    onde x varia de –R a R e


y = 0 no centro do silo (277)
  D  
Pelos resultados obtidos experimentalmente, recomenda-se o coeficiente de sobrepressão
de 1,1 para as pressões verticais na base do silo, na condição de descarregamento.

7.6 Exemplo de cálculo


Seguindo as recomendações de Freitas (2001), serão calculadas as pressões em um silo de
chapa ondulada de relação H / D  1, 0 , mostrado na Figura 7.7 .

Propriedades Físicas:   8,5kN / m ³ r  28 e  30 w  15

Geometria: D  10m e H  7,35m

136

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CAPÍTULO 7 - SILOS BAIXOS

2,65m
r  28

H=9,12m

D=10m

Figura 7.7 – Silo exemplo.


tan(28).5
9,12 
H 3
  1, 00
D 10
1  sen 2 (30)
K  0, 60
1  sen 2 (30)
ph ,e ( z )  0, 60.8,5.z

ph ,d ( z )  1,15.0, 60.8,5.z
Lembrando da eq. (30)
be bw
ef  .tan(e )  . w onde be  bw  1
be  bw be  bw
Adotando, ef  0,80.tan(30)  0, 20.tan(15)  0,515

pw ( z )  0,515.0, 60.8,5.z
z z2
Pw ( z )   pw ( z )  0,551.0, 6.8,5.
0 2

Tabela 7.1 – Resultados obtidos.


ph,e ph,d pw Pw
z
kN/m² kN/m² kN/m² kN/m
0 0,0 0,0 0,0 0,0
2 10,2 11,7 5,3 5,6
4 20,4 23,5 10,5 22,5
6 30,6 35,2 15,8 50,6
8 40,8 46,9 21,0 89,9
10 51,0 58,7 26,3 140,5

137

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CAAPPÍÍTTU O
ULLO

SILOS HORIZONTAIS
C

8.1 Introdução
Para atender à demanda de armazenamento e comercialização dos produtos agrícolas e
industriais, a partir da década de 70, foi necessária a expansão da capacidade estática
armazenadora no Brasil. O armazenamento de grandes quantidades de produtos agrícolas e
industriais passou a ser feito em silos horizontais de capacidades estáticas variando entre 20.000
e 100.000 toneladas. A terminologia adotada para essas estruturas gera ainda certa dúvida. Os
silos horizontais são caracterizados por uma dimensão muito maior em relação às demais e
apresentam uma grande vantagem, que é a redução do preço por m3 armazenado, tornando - se
uma alternativa economicamente viável. Além do baixo custo de armazenamento, duas outras
vantagens são apresentadas: a primeira refere-se à simplicidade do sistema estrutural, e a
segunda é que a estocagem é feita a granel, dispensando o uso de sacarias e reduzindo o custo
da mão-de-obra.

8.2 Terminologia
As estruturas horizontais são instaladas nas regiões agrícolas ou mesmo próximas dos
portos marítimos e fluviais, devido à grande área ocupada e ao menor custo imobiliário dos
terrenos, ao contrário das verticais, que se concentram próximas dos centros urbanos, geralmente
nas indústrias.
Devido à não-existência de códigos normativos brasileiros, muitas denominações são dadas
para esse tipo de estrutura, existindo ainda algumas controvérsias sobre a terminologia a ser
adotada. Em algumas regiões, essas unidades são chamadas de armazéns graneleiros ou
simplesmente graneleiros. A denominação armazém surgiu com a utilização das unidades
destinadas para o armazenamento de café em sacarias. Algumas dessas unidades foram
adaptadas para estocar produtos a granel (WEBER, 1995).
Com as inovações construtivas adaptadas aos projetos originais e a otimização das
condições de armazenamento e processamento, essas unidades passaram a ter fundo inclinado e
semiplano, permitindo a descarga dos produtos por gravidade. Com a instalação de cabos de

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CAPÍTULO8 - SILOS HORIZONTAIS

termometria para o controle da aeração e a umidade da massa de grãos, essas estruturas


passaram a ter “status” de silos. Negrisoli (1997) emprega a terminologia “silos horizontais” apenas
para as unidades elevadas, enquanto as demais são denominadas armazéns graneleiros.
Neste trabalho, são descritas as unidades de acordo com a terminologia proposta pela ABNT
(1990), TB – 377. De acordo com essa terminologia, o silo horizontal é uma “estrutura que se
desenvolve segundo o eixo horizontal”.
As características construtivas aqui descritas estão de acordo com os projetos desenvolvidos
pelo Engenheiro Ary Negrisoli (Engesilos – Consultoria e Projetos SC) e com as observações
feitas pelos autores durante as visitas realizadas nas instalações. A classificação sugerida a seguir
é proposta pelos autores, na expectativa de definir a terminologia mais coerente, facilitando a
compreensão do leitor em relação a estas unidades armazenadoras.

8.3 Carasterísticas Construtivas


8.3.1 Silos horizontais não-elevados
Estas estruturas de armazenamento apresentam seção transversal de acordo com o formato
do piso (plano, semiplano ou semi - V, V e duplo V e, em alguns casos, até triplo V), e ainda
quanto à sua instalação em relação ao nível do terreno (térreos, enterrados, semi - enterrados),
limitando-se a sua escolha à capacidade pretendida, topografia do terreno, limitações da área, tipo
de terreno, nível do lençol freático e, finalmente, o tipo de produto a ser armazenado.

3.5 3.5

9.17
9.17

27°
3.15 3.15
35° 35°
4.3
2.0
2.0

10.6

2.5
2.5
9.0 9.0 9.0 9.0

18 18 36.0

Figura 8.1 - Silo com fundo V e duplo V.

3.5
3.5
9.17

27°
9.17

3.15
35° 3.15
2.0

4.3

2.5
2.5
2.0

18 18 9.0 18.0 9.0

36.0 36.0

Figura 8.2 - Silo com fundo plano e semiplano.

139

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CAPÍTULO8 - SILOS HORIZONTAIS

PAREDES
As paredes laterais e frontais são geralmente construídas com pilares e placas pré-
moldadas, formando uma estrutura articulada, ao longo de todo o perímetro, permitindo
acomodações resultantes de possíveis recalques. Essa solução permite abrir mais frentes de
trabalho, sobrepondo as atividades na obra, reduzindo os prazos e os custos das construções. A
proteção contra a entrada de água de chuva é garantida por 3 elementos (beiral do telhado, cordão
de mastique ao longo dos três lados da placa e encaixes da placa com a viga baldrame.
PISO
A execução do piso do silo depende da seção transversal e do tipo de terreno. Para os silos
com fundo tipo “V”, o piso pode ser de concreto simples, sem nenhuma armadura. Para as
unidades de fundo semi - “V” ou semiplano, deve-se construir o piso de dois tipos : nas partes
inclinadas, o piso deve ser igual ao dos silos de fundo “V”, nas partes planas, deverá ser projetado
para suportar o tráfego de veículos do tipo de pás carregadoras, pequenos tratores e até mesmo
caminhões. Para os silos de fundo plano, as mesmas observações feitas para os de fundo semi –
“V” devem seguidas.
Sempre que possível, adota-se o fundo “V” ou duplo “V”, para que a descarga seja feita por
gravidade, reduzindo-se custos operacionais e conservando-se a integridade dos grãos. Os
ângulos de inclinação do piso são adotados para que o escoamento dos produtos ocorra só pela
ação da gravidade. O plano dos pisos laterais deve ter um ângulo mínimo de 35o com o plano
horizontal. Nos oitões, o ângulo deve ser maior ou igual a 450, para que a aresta resultante da
interseção desse piso com a lateral permita ainda o escoamento do produto por gravidade.
Detalhes dessas estruturas são vistos nas Figuras 4 e 5.
FUNDAÇÃO
Os silos superficiais constituem o tipo de estrutura que melhor permite aplicar as cargas
diretamente sobre o terreno. Quanto maior, mais baixo o custo por tonelada armazenada. Mesmo
para terrenos de baixa resistência, tem sido possível projetá-los com fundações diretas. Neste
caso, ocorrerão recalques com variações aproximadamente lineares. As estruturas deverão ser
divididas em trechos, separados por juntas do tipo de dilatação.
A galeria subterrânea é projetada estaticamente, para resistir as cargas da coluna do
cereal, do peso próprio e das pressões do terreno.
COBERTURA
A cobertura, a galeria superior e as estruturas da cobertura e de fechamento dos oitões são
metálicas (Figura 8.3a e Figura 8.3b, projetadas para as ações devidas ao peso próprio, ventos
transversal e longitudinal, carga da galeria superior, cargas de equipamentos e possíveis

140

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CAPÍTULO8 - SILOS HORIZONTAIS

recalques das fundações. Geralmente, a estrutura de cobertura é em arco treliçado articulado.


Existem exemplos com grandes vãos em concreto, tais como o Terminal de açúcar de Recife e o
Terminal de Sumaré e ainda estruturas em madeira laminada colada, bastante difundidas na
Europa. As telhas, geralmente, são de alumínio ou de aço galvanizado.

(a) (b)
Figura 8.3 – (a) Concretagem final do silo de fundo “V” e (b) Vista externa com sistema de carregamento.
COBERTURAS EM MADEIRA
Uma das vantagens da utilização das estruturas de madeira verifica-se no armazenamento
de produtos corrosivos, como os fertilizantes. Um exemplo dessa aplicação é verificada nas
instalações da empresa ULTRAFERTIL, em Cubatão (SP). A estrutura é em pórtico treliçado de
madeira, e a cobertura, em cimento amianto. As paredes laterais são executadas com peças de
madeira serrada apoiadas uma sobre as outras, permitindo um espaço entre as mesmas. A cada 2
m, são fixados pilares para a fixação das peças de madeira. A Figura 7 ilustra esse tipo de
construção.

(a) (b)
Figura 8.4 - (a) Vista interna de um silo para fertilizantes. Pórtico interno e fechamento lateral. (b) cobertura e
paredes externas com fibrocimento (Negrisoli,1997).

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CAPÍTULO8 - SILOS HORIZONTAIS

COBERTURA E PAREDES PRÉ – MOLDADAS


Algumas estruturas de armazenamento foram executadas em placas pré-moldadas em
concreto armado (cobertura e paredes), apresentando grandes problemas de infiltração. Algumas
unidades, como a construída em Sumaré (SP), estão sendo usadas para o armazenamento de
trigo e milho, e, de acordo com os técnicos operadores da Companhia, facilitam o escoamento e a
expedição do produto, pois apresentam fundo duplo V. As figuras 8a e 8b ilustram este tipo de
unidade.

(a) (b)
Figura 8.5 - – Vista frontal e lateral dos silos de concreto pré-fabricado.
SILOS METÁLICOS PARA CAROÇO DE ALGODÃO
Esse tipo de silo, lançado originalmente nos Estados Unidos pela firma MUSKOGEE IRON
WORKS, foi largamente exportado para o Brasil nas décadas de 1930 e 1950. Todos eles estão
ainda em plena atividade, em diversas fábricas de óleo. Muitos já foram desmontados e
transferidos para outras regiões, onde foram remontados, o que passa a ser uma grande
vantagem de sua aplicação devido à grande mobilidade e funcionalidade. A característica desse
silo, especialmente projetado para o armazenamento de caroço de algodão, é sua forma piramidal
alongada, com telhado de 4 águas e inclinação de 450, acompanhando o talude natural do caroço.
Detalhes dessa instalação são mostrados na Figura 9.
Nesse tipo de silo, outros materiais não apresentam competitividade com as estruturas
metálicas, pois apresentam dimensões de 30 a 45 metros de vão e alturas de 18 a 27 metros. Uma
observação importante constatada é que o preço por tonelada armazenada cai com o aumento dos
vãos; com isso, a aplicação das estruturas metálicas torna-se viável do ponto de vista econômico
em detrimento a outros materiais de construção.
Toda a estrutura é metálica, geralmente constituída de pórticos treliçados e biarticulados
nas bases, não transmitindo momentos nas fundações, o que, sem dúvida, é condição de
economia. Dentro do silo, existe um túnel metálico, formado por cavaletes em forma de letra “A”,

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CAPÍTULO8 - SILOS HORIZONTAIS

revestido de chapas metálicas abrigando correias transportadoras de descarga que atravessam


todo o comprimento do silo. Na parte superior, existe um lanternim que abriga a correia
transportadora de carregamento.
O carregamento se faz por meio de correias transportadoras, ao longo de um espigão ou
por meio de elevadores instalados em torres metálicas e ligadas ao lanternim por meio de galeria
em estrutura metálica.
As paredes periféricas com cerca de 4 metros de altura, são constituídas de chapas
metálicas corrugadas, apoiadas em longarinas.

3.1
1.13
Carrier Belt
1.77

covering

18.1
Tunnel

3.6
37 Dim. m

Figura 8.6 - Esquema de um silo metálico para armazenamento de sementes de algodão.

8.4 Silos horizontais elevados


8.4.1 Silos búfalo
As primeiras unidades foram construídas, no Brasil, com tecnologia importada do Canadá,
através da extinta CIBRAZEM, hoje CONAB, chamados silos Buffalo. Existem cinco unidades,
sendo que duas foram construídas nas cidades de Uberaba e Uberlândia, com capacidades de
25.000 e 100.000 toneladas, respectivamente. As unidades são multicelulares, e o sistema
construtivo e estrutural é em concreto aparente pré–moldado. A unidade aqui descrita refere-se à
unidade da cidade de Uberaba.

143

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CAPÍTULO8 - SILOS HORIZONTAIS

FUNDAÇÃO
Executada com estacas pré-moldadas, com diâmetro de 60 cm, sendo que, em alguns
casos, essas estacas desceram até 17 metros.

Figura 8.7 - vista das instalações de um silo BUFFALLO (modelo canadense).


ESTRUTURA PRINCIPAL
É constituída por sete células de armazenamento. As colunas, em concreto aparente, foram
fundidas ao longo das células. As vigas são em concreto aparente pré-moldado com ferragem de
espera nas pontas de emenda, com pilares e paredes.
O local onde se encontram os transportadores de arraste (redlers), as correias
transportadoras e os elevadores de canecas está situado abaixo do nível do solo, em uma região
de terreno saturado, o que provoca infiltrações, havendo a necessidade de bombeamento de água.
As células de armazenamento são retangulares, com fundo duplo V, elevadas, que
permitem a descarga por gravidade. Nas células de serviço, a laje de cobertura e de piso tem
inclinação de 580 e são compostas por placas retangulares pré-moldadas montadas, sobre as
vigas. No interior das células, estão instaladas placas pré-moldadas defletoras, sobre vigas
intermediárias, que diminuem a altura de queda do produto e, conseqüentemente, os danos
mecânicos dos grãos.
As paredes são formadas por placas em concreto pré-moldado cujas dimensões base –
altura são 3,20 e 1,30m, e espessura de 70mm.

8.4.2 Silos de parede e coberturas monolíticas


A CEAGESP construiu quatro unidades com estruturas moldadas no local. A estrutura é
composta por placas pré-moldadas nas lajes de cobertura e formas trepantes nas paredes. Outros
dois silos foram construídos com as lajes de cobertura moldada no local, tonando a estrutura
monolítica. O problema de infiltração de algumas unidades só foi resolvido com execução de
cobertura com telhas de aço galvanizado sobre a laje. Duas grandes vantagens destas instalações

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CAPÍTULO8 - SILOS HORIZONTAIS

podem ser citadas: 1- são herméticas e 2 – por serem elevadas e de grande comprimento (100m),
funcionam como silos de expedição rodoviária, numa lateral, e ferroviária na outra. A grande
desvantagem dessa estrutura reside no preço de construção, como já citado anteriormente.
Figuras 11 e 12.

(a) (b)
Figura 8.8 - Silo horizontal elevado. Sitema de descarga lateral para transporte ferroviário e rodoviário.

8.5 Generalidades
O emprego das unidades armazenadoras horizontais requer um conhecimento de vários
fatores relativos às características construtivas que interferem na escolha do tipo de unidade a ser
executada. Nas regiões produtoras de cereais, os terrenos são de menor custo, resultando numa
preferência pela utilização das unidades horizontais e de silos metálicos de altura máxima igual ao
diâmetro. Em terrenos onde não é possível a escavação tipo “V”, opta-se pelo fundo duplo ou triplo
“V”, aumentando os custos com equipamentos transportadores, mas, em contrapartida, aumenta a
vazão de saída do produto (output).
Na construção de silos horizontais não-elevados, a estrutura metálica participa com 25 a
30% do custo total, em relação ao custo da escavação, concretagem do piso, paredes periféricas e
impermeabilizações, mas mesmo assim, é a melhor opção dentre os materiais de construção.
Alguns técnicos e pesquisadores opõem-se a este tipo de construção devido aos
problemas causados aos produtos, como danos mecânicos e danos devido a quedas e ainda
problemas de processamento, como aeração e termometria. Mas muitos destes problemas estão
sendo sanados com o emprego de novos equipamentos e projetos mais bem executados.
Com o desenvolvimento do MERCOSUL (Mercado Comum do Cone Sul), novos meios de
transporte de grande capacidade de carga, como hidrovias e ferrovias, estão permitindo novas
formas de escoamento da produção com a criação de corredores de exportação entre os países
da América do Sul. Tal fato tem exigido a construção de vários portos e unidades de
armazenamento e abastecimento de grande capacidade para os produtos agrícolas e industriais.
145

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CAPÍTULO8 - SILOS HORIZONTAIS

No Brasil, a iniciativa privada tem investido na construção de unidades armazenadoras


horizontais, armazenando e processando os produtos, mantendo uma infra-estrutura em nível de
cooperativa, assegurando a qualidade da produção.

8.6 Comentários sobre as pressões


As fórmulas de Janssen, e mais tarde a de Reimbert e Reimbert, foram bastante usadas para
o projeto de silos verticais de produtos granulares. Ambas são usadas considerando o equilíbrio
estático; entretanto, observou-se que as pressões de descarga eram maiores que as pressões
estáticas de carga, obtendo um coeficiente de sobrepressão entre 1,76 e 2,39. Vários
pesquisadores propuseram coeficientes de sobrepressão, informando que as pressões de
descarga poderiam ser de 2 a 4 vezes o valor das pressões de carregamento em silos verticais;
Bergau e Kastenius obtiveram valores de coeficientes de 2,1; 2,4 e 2,8 em ensaios realizados em
silos reais de concreto armado e metálicos; Pamelar obteve um coeficiente de 1,5. Gaylord e
Gaylord (1984) comprovaram essas variações dos valores dos coeficientes.
No ano de 1930, houve uma redução geral dos coeficientes de segurança devido ao
aperfeiçoamento dos materiais de construção e refinamentos nas análises, conduzindo a um
grande número de observações de falhas e a extensas investigações na Europa e Estados Unidos.
A partir de 1960, alguns especialistas obtiveram valores do coeficiente de sobrepressão entre 2,4 e
2,7. A norma DIN 1055, Walker, Safarian, Pieper, entre outros, obtiveram valores entre 1,7 e 2,4.
Especialistas russos chegaram a valores de 1,65 e 2,4. Na década de 70, os valores obtidos pela
DIN 1055, ACI 313, foram de 1,15 e 2,3 (RAVENET, 1980).
Enquanto na Europa e Estados Unidos se desenvolvia um vasto conhecimento sobre os silos
verticais, no Brasil, as estruturas horizontais passaram a ser construídas. Nos anos de 1977 e
1978, com a expansão da rede armazenadora, os primeiros projetos executados no Brasil,
baseados nas publicações de Reimbert e Reimbert em 1943, conduziram a soluções práticas para
os problemas de sobrepressão para células baixas e para silos de células altas. Adequando-se às
condições locais, vários projetos foram desenvolvidos e construídos, e, a partir daí, os projetistas
começaram a indagar sobre a aplicabilidade das diversas teorias para o cálculo dos silos
horizontais.
Jaky (1948), desenvolveu estudos das pressões laterais em silos horizontais, empregando,
entre eles, a teoria do empuxo de terra de Coulomb e Rankine. Para a determinação das pressões
laterais, foram derivadas as equações de pressão lateral, obtendo uma função do tipo linear até
uma dada profundidade. Para determinar as pressões laterais, foi considerado o equilíbrio de uma
seção reta do silo de espessura infinitesimal, adotando que o peso dessa porção de produto

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CAPÍTULO8 - SILOS HORIZONTAIS

armazenado estaria em equilíbrio devido ao atrito com a parede. Outros autores, como Caquot e
Kerisel, em 1956, na França, utilizando o círculo de Mohr, demonstraram a relação entre as
pressões laterais e verticais. Durante o carregamento, foram consideradas as pressões ativas de
Rankine e, na descarga, devem ser usadas as pressões passivas.
Algumas teorias, como as de Janssen (1895), Koenen (1896) e Reimbert e Reimbert (1956),
foram usadas, e o desenvolvimento dos projetos indicavam que, para células baixas, deveria ser
usada a teoria para cálculo de empuxo de Terra. Porém recomendava-se que a pressão horizontal
fosse calculada “sem atrito” entre o material armazenado e a parede. Bowles (1997) recomenda a
teoria de Rankine, desde que a célula tenha altura inferior a 7,0 metros e relação entre altura/lado
ou altura/diâmetro menor que 2. A restrição busca impedir, provavelmente, que o efeito das ações
de atrito entre o produto armazenado e as paredes seja significativo. De acordo com Gaylord e
Gaylord (1984), as formulações de Coulomb são adequadas para os silos baixos, e
desconsiderando o atrito entre o produto e a parede, a Teoria de Rankine pode ser aplicada.
Da mesma forma, Ravenet (1984) propõe, para o cálculo das pressões laterais, a teoria de
Coulomb, com restrições, citando que problemas estruturais haviam ocorrido, como a ruptura das
paredes em curtos períodos de operação dessas unidades armazenadoras.
De acordo com Teixeira (1987), as ações provocadas pelo produto armazenado (empuxo)
devem ser avaliadas a partir das pressões laterais nas estruturas consideradas rígidas,
indeslocáveis e deslocáveis, devendo ser verificadas a rigidez da estrutura e sua deslocabilidade
(rotação, translação), bem como a forma da deslocabilidade relativa entre a estrutura e o maciço
do produto armazenado, aplicando as teorias de Coulomb e Rankine.
De acordo com Jarrett et al. (1995), a determinação correta da distribuição e magnitude das
pressões laterais nas paredes de um silo retangular ou quadrado é determinante para a segurança
e economia dos projetos. Vários métodos analíticos foram desenvolvidos para o cálculo das
pressões estáticas nas paredes dos silos, mas são baseados em diferentes hipóteses e são
aplicáveis para casos específicos. A base para a determinação das pressões nas paredes em silos
quadrados ou retangulares está nas teorias de Rankine (1857) ou Coulomb (1776), nos modelos
axissimétricos de Janssen (1895) ou nos dados empíricos de Reimbert e Reimbert (1976).
Negrisoli (1995), propõe uma revisão dos critérios de dimensionamento para os silos
horizontais de grande porte, bem como a avaliação das ações e suas combinações, consideradas
as principais causas de rupturas nas paredes dessas unidades. Após uma avaliação dos projetos
já executados, afirmou que o critério de Rankine é conservador, pois o atrito sempre existe,
podendo ser desprezível apenas para as paredes de pequena altura (h< 2,00 m) ou quando a
parcela dele resultante estiver a favor da segurança.

147

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CAPÍTULO8 - SILOS HORIZONTAIS

De acordo com Negrisoli (1997), os silos horizontais requerem nos projetos uma análise
criteriosa das ações. Essas devem ser levantadas e combinadas para a condição mais
desfavorável. As ações devido ao peso - próprio, peso dos equipamentos (máquinas, cabos e
correias transportadoras), ventos e outros (recalques diferenciais de apoios, protensão, vibração
de máquinas) devem ser consideradas, mesmo sabendo que suas parcelas de contribuição nas
combinações são inferiores quando comparadas às ações devidas ao produto armazenado.
Atualmente, os projetos de silos horizontais têm se baseado, tradicionalmente, em
experiências anteriores, o que tem levado a soluções conservadoras, devido à falta de
conhecimento das pressões que realmente ocorrem. As dificuldades encontradas pelos projetistas
podem ser verificadas quando novos materiais de construção e métodos de projetos estruturais
conduzem à redução dos fatores de segurança. A ocorrência de número de colapsos estruturais
tem exigido novas investigações das ações atuantes nas estruturas de armazenamento.
No estudo das pressões, três fatores de interesse devem ser destacados: o primeiro é o
econômico, pois várias instalações foram e estão sendo construídas em todo o País e no mundo e
requerem projetos mais elaborados. O segundo é o científico, pois os silos são estruturas
complexas, onde se combinam comportamentos estruturais de diferentes materiais, e mesmo após
uma série de estudos, ainda existem grandes lacunas de conhecimento que estimulam vários
pesquisadores a desenvolverem trabalhos no campo das pressões. O terceiro é o social, pois
vários problemas ocorreram devido ao não-conhecimento do comportamento estrutural das
estruturas de armazenamento. Nosso País é carente de uma norma que indique especificações e
critérios de dimensionamento. Existem apenas duas referências (TB-374 e TB-377) da
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (1990), que tratam sumariamente do
assunto, indicando a terminologia a ser adotada para os diversos tipos de estruturas de
armazenamento.
As normas internacionais apresentam um vasto e avançado estudo no campo dos silos
verticais e fazem recomendações sobre o comportamento das pressões dos produtos
armazenados. Atualmente, no Brasil e no mundo, as pesquisas nesta área estão divididas em três
grupos distintos: os que estudam as ações e deformações em silos reais ou em modelos, os que
se dedicam a melhorar os materiais estruturais construtivos e os que avançam no estudo das
análises estruturais através de elementos finitos.
Ainda existem incertezas consideráveis com relação às pressões que atuam nos silos. Uma
revisão das normas existentes indica grandes diferenças entre as recomendações para as cargas
dos silos. Dessa forma, as contribuições no campo experimental são importantes, servindo como
subsídio para os códigos normativos e confrontação dos refinamentos dos cálculos.

148

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CAPÍTULO8 - SILOS HORIZONTAIS

8.6.1 Pressões em células baixas


Quando mencionamos as características geométricas das estruturas com base nas
dimensões ou relações entre elas, muitos pesquisadores definem as unidades de armazenamento
de diversas formas. De acordo com a ACI – 313 (1991), as células altas e baixas são diferenciadas
a partir do plano de ruptura do produto armazenado, como ilustra a Figura 8.9.
BUNKER SILO

Plano de ruptura Plano de ruptura


Topo do produto

(90-r)/2

r

Ângulo de repouso r
(90-r)/2

Figura 8.9 – Definição dos silos de acordo com o plano de ruptura (ACI 313:1991)
Para muitos pesquisadores; as células altas têm a razão entre a sua altura e o diâmetro do
círculo inscrito na seção transversal da célula, igual ou maior que 1,5. Quando a razão é menor
que esse valor, temos as células baixas. A partir dessa definição, podemos aplicar os processos
específicos para a determinação das ações exercidas pelo produto. Essa diferenciação é
importante, pois as teorias aplicadas para silos de células baixas também são adequadas para
silos horizontais, sendo recomendado, para os dois casos, o emprego das teorias de Coulomb e
Rankine. A norma Canadense CFBC (1983), no item 2.2.1.11, trata das ações para os silos
horizontais, propondo uma formulação empírica para o cálculo das pressões laterais. Para os silos
baixos, recomenda, no item 2.2.1.13, a utilização da teoria de Coulomb.
É interessante observar que as normas internacionais ISO 11697 (1995) e a ENV 1991-
4(1993) tratam dos silos baixos de fundo plano, recomendando algumas formulações teóricas,
podendo ser aplicadas para silos horizontais.
Ravenet (1992) considera os silos horizontais como estruturas com características próprias
quanto ao seu dimensionamento, diferenciando-se das teorias clássicas de silos, recomendando
que as pressões nas paredes sejam calculadas de acordo as teorias de Rankine e Coulomb.
A ANSI (1996) utiliza para o cálculo das pressões nas paredes de silos horizontais o
coeficiente K igual a 0,5 e recomenda calcular uma altura efetiva de produto quando se forma um

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CAPÍTULO8 - SILOS HORIZONTAIS

talude natural baseada nos ângulos de repouso e atrito interno do produto, para silos horizontais
de fundo plano.

8.7 Ensaios realizados por GOMES (2000)


Gomes (2000), após realizar ensaios em um silo em escala real e um silo-piloto em tamanho
reduzido com o objetivo de medir, por meio de células de pressão, as ações de enchimento e
esvaziamento no fundo do silo e nas paredes laterais, faz uma proposta no cálculo de pressões
em silos horizontais.

10

1 8
14

11
2 9
7
6
3 13

12
4
5
16
15

Figura 8.10 - Disposição das células no modelo piloto.


0,0
Safarian & Harris Walker
0,0 Rankine Safarian & Harris
Coulomb 0,1 AS 3774
Altura do produto (m)

Airy valores experimentais


Reimbert 0,2 valores experimentais
Altura da tremonha (m)

ANSI 96
0,2
AS 3774
valores experimentais 0,3
valores experimentais
valores experimentais
0,4
0,4 valores experimentais

0,5

0,6 0,6

0,7

0,8
0,8
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26
0 2 4 6 8 10
Pressão (kPa) Pressões (kPa)

(a) (b)
Figura 8.11 – (a) Pressões estáticas na parede do modelo (b) (a) Pressões estáticas na parede da tremonha.
Os valores obtidos pelas teorias de Coulomb, Rankine e AS 3774 foram os que mais se
ajustaram aos valores de medições das pressões nas paredes do modelo. Isto pode ser
constatado através dos valores obtidos nas células 1, 2, 7, 8, 9, 10, 13 e 14. Na tremonha,
comparando os valores teóricos com os valores experimentais, podemos constatar que a Teoria de
Walker e o modelo de Safarain & Harris apresentaram valores superiores aos medidos. Os valores
experimentais médios das pressões normais na parede da tremonha variaram de 5,4 a 14 kPa ao

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CAPÍTULO8 - SILOS HORIZONTAIS

longo da altura. Na linha de transição, as melhores estimativas são dadas pelo modelo de Safarian
& Harris e pela norma Australiana para os valores inferiores de pressão; entretanto, ao longo da
altura da tremonha, as pressões estáticas máximas são mais bem estimadas pela teoria de
Walker.

Figura 8.12 - Disposição das células de pressão no silo horizontal.


0
Safarian & Harris
1 Rankine
Coulomb
Airy
Altura efetiva do produto (m)

2 Reimbert
ANSI 96
3 AS3774
Linf
Lsup
4

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70
Pressão (kPa)

Figura 8.13 - Gráfico das pressões ativas e valores experimentais na parede do silo horizontal.

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CAPÍTULO8 - SILOS HORIZONTAIS

0 8
Walker Walker
AS 3774
Safarian & Harris

Altura acima do vértice da tremonha (m)


1 Valores de ensaios
AS 3774
Altura da tremonha (m)

Linf
2 Lsup 6

4 4

6 2

8 0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 0 10 20 30 40 50 60 70
Pressão (kPa) Pressão (kPa)

(a) (b)
Figura 8.14 - (a) – Pressões estáticas normais. (b) – Pressões dinâmicas normais – Tremonha.
Para as pressões nas paredes da tremonha, na condição mais desfavorável, que é a fase
de descarga, a teoria de Walker e a norma Australiana forneceram boas estimativas. Comparando
com os valores de ensaios, a estimativa das pressões na transição é mais compatível com o
método da norma Australiana enquanto para as pressões máximas o método de Walker apresenta
maior compatibilidade com os valores experimentais.

8.8 Recomendação do cálculo de pressões em silos horizontais,


GOMES (2000)
Considerando os valores experimentais obtidos e a variabilidade encontrada para as
propriedades dos produtos nas normas internacionais, recomendam-se os limites inferiores e
superiores para o valor de K : 0,25  K  0,55 no corpo do silo e K : 0,60  K  0,80 para a
tremonha. Esses intervalos abrangem também as sobrepressões devidas ao fluxo do produto
durante a descarga.
Para as pressões nas paredes dos silos horizontais, recomenda-se utilizar a expressão
baseada em empuxos de solos: ph   .z.K , com os valores de K definidos no item anterior a partir

do modelo empírico.
Para o cálculo das pressões estáticas e dinâmicas, na tremonha, recomenda-se o método de
Walker em função dos valores máximos observados. Para a condição dinâmica, devem-se
Ht
considerar os valores máximos a uma altura do vértice da tremonha.
4

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CAAPPÍÍTTU O
ULLO

SILOS ESBELTOS
C

9.1 Introdução
Os primeiros silos altos foram construídos entre 1870 e 1880. Naquela época, os calculistas
pensavam que os produtos armazenados se comportavam como líquidos, projetando as estruturas
para pressões equivalentes aos líquidos. Foi quando, Roberts (1882), efetuando ensaios em
modelos de escala reduzida, estabeleceu a primeira teoria sobre silos, determinando que as
pressões nas paredes não aumentavam linearmente com a profundidade, mas que alguma parcela
do peso do produto armazenado é transferida para as paredes por atrito. Como resultado, as
pressões no fundo e nas paredes, na parte mais baixa de um silo, são menores que as exercidas
por um líquido.

PRODUTO
FLUÍDO GRANULAR
PRODUTO
GRANULAR
FLUÍDO

pressões

Figura 9.1 – Diferença entre líquidos e sólidos na distribuição de pressões.


Janssen (1895), estabelece pela primeira vez a equação para o cálculo de pressões em um
silo, ao considerar o equilíbrio de forças em uma parte elementar da massa ensilada. Sua teoria
mudou, em poucos anos, o conceito de cálculo de pressões em silos, sendo até hoje utilizada,
inclusive pelas normas internacionais.
Essa teoria serviu de base para as primeiras normas de cálculo e para as pesquisas
posteriores que se realizaram. Nos anos seguintes, uma grande transição para o campo
experimental foi realizada por Prante e Jamieson apud (JENIKE, 1968).
153

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CAPÍTULO 9 - SILOS ESBELTOS

As propriedades dos produtos armazenados e dos líquidos são tão diferentes que os
mecanismos de fluxo destas fases são completamente distintos. Segundo Jenike (1964), duas
diferenças fundamentais existem:
 produtos armazenados podem transferir esforços de cisalhamento sob condições
estáticas, pois têm ângulo de atrito estático maior que zero, enquanto os líquidos não;
 muitos produtos armazenados, quando consolidados, isto é, após uma pressão ter
sido aplicada sobre eles, adquirem resistência devido à coesão e mantêm a sua
forma sobre pressão, enquanto os líquidos não;
Contudo, em 1930, devido aos refinamentos nos materiais de construção e nos métodos de
cálculo estrutural, levando a uma redução dos coeficientes de segurança, ocorreram falhas em um
grande número de silos projetados de acordo com a teoria de Janssen. Essas falhas produziram
várias dúvidas sobre a validade da teoria de Janssen e incentivaram novas investigações sobre o
comportamento dos produtos granulares em silos.
Pesquisadores de vários países começaram novos estudos em modelos reduzidos e em
silos em escala real. Prante et al. apud (JENIKE, 1968), concluíram que as pressões nos silos não
eram constantes, mas variavam entre a condição inicial de carregamento e a condição de fluxo.
Unanimidade foi obtida no que diz respeito que as pressões laterais críticas em silos ocorriam
durante a descarga do silo, e as pressões de fluxo podiam exceder as pressões iniciais por um
fator de até 3 vezes.
Na década de quarenta, na França, os irmãos M. Reimbert e A. Reimbert (1979), conduzindo
ensaios em modelos reduzidos, observaram que a relação entre a pressão horizontal e a pressão
vertical variava com a altura do material e a forma do silo. Em 1976, conduzindo novos
experimentos em silos em escala real e com diferentes geometrias, obtiveram resultados
demonstrando que as pressões de fluxo excediam as iniciais por um fator 2 vezes maior.
Para o estudo das pressões de descarga dos silos, foram muito importantes as contribuições
de Walker (1966), Walters (1973) e Jenike et al. (1968,1973,1977,1985 e 1987), que reforçaram a
idéia de que as pressões ativas se desenvolviam inicialmente durante o carregamento do produto
no silo e que pressões passivas ocorriam durante a descarga.
Na década de setenta, importantes investigações em modelos reduzidos foram feitas na
Espanha por Ravenet (1992). No final dessa mesma década, Jofriet (1983), no Canadá, inicia os
primeiros estudos utilizando o método dos elementos finitos.
Nos anos seguintes, atenção especial foi dada à determinação das propriedades físicas dos
produtos armazenados e também à adaptação das normas aos últimos avanços científicos.

154

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CAPÍTULO 9 - SILOS ESBELTOS

Atualmente, segundo Ayuga (1995), estão se diversificando os trabalhos de pesquisa, mas


coexistem três grupos claramente diferenciados: os que estudam as ações e deformações em silos
reais ou em modelos reduzidos; os que se dedicam a melhorar os modelos de comportamento dos
materiais, e os que avançam no estudo dos esforços estruturais, tanto estáticos como dinâmicos, e
no estudo dos detalhes, normalmente baseando-se no método dos elementos finitos.

9.2 Alguns comentários sobre as pressões em silos esbeltos


Apesar dos avanços no cálculo das ações do produto armazenado em silos, ainda existem
muitos pontos a serem esclarecidos, especialmente com respeito ao esvaziamento do produto.
A pressão de pico da formulação de Jenike considera altos esforços de tração no anel, no
ponto da transição. Esses efeitos, devidos à ação do produto armazenado, não são
adequadamente considerados na distribuição de pressão quando se utiliza o equacionamento de
Janssen, particularmente se é pretendido um projeto no regime elástico. Esses picos, algumas
vezes maiores que as pressões no corpo do silo, são levados em conta pelas normas, por meio da
adoção de pressões localizadas na transição do corpo do silo com a tremonha.
Além de ter a simplicidade de uma equação analítica, o equacionamento de Janssen é
apontado por muitos pesquisadores, como Jenike e Johanson (1973), Arnold et al. (1980), Benink
(1989), Carson e Jenkin (1993), entre outros, como o que melhor descreve as pressões de
carregamento. Como desvantagem, pode-se citar a não-validade na determinação das pressões
de descarga na seção da tremonha.
Para as pressões de descarga, ainda não há consenso entre os pesquisadores sobre qual
teoria é a mais adequada para determinar corretamente as pressões. Concordância existe no
sentido de que as pressões de descarga dependem do tipo de fluxo (massa ou funil) que se
desenvolve durante a retirada do produto do silo.
A aplicação da teoria de Walters (1973) restringe-se a pequenas inclinações de tremonhas
devido aos valores limites de  que validam sua teoria, portanto não pode ser aplicada para a
maioria dos casos na prática. Isso explica, também, a ausência de comparações com essa teoria
em artigos publicados.
Outro ponto relevante refere-se ao fato de que o comportamento de fluxo e de pressões é
condicionado pelas propriedades físicas dos produtos armazenados. Portanto, recomenda-se que,
para cada produto a ser armazenado, sejam realizados ensaios de caracterização, pois os custos
com os ensaios são irrisórios, tendo em vista o custo de uma instalação de armazenamento. Já os
custos para a recuperação de uma estrutura, que não foi corretamente projetada, são
incalculáveis.

155

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CAPÍTULO 9 - SILOS ESBELTOS

As recomendações propostas pelas normas internacionais são baseadas na teoria de


Janssen (1895) para as estimativas das pressões iniciais ou de carregamento. Cabe salientar que
o fato de todas as normas utilizarem a formulação de Janssen, não implica que elas apresentem
as mesmas pressões de carregamento para um mesmo produto armazenado, pois a equação de
Janssen é função de três variáveis: peso específico, coeficiente de atrito com a parede e relação
entre as pressões horizontais e verticais.
Tendo em vista a complexidade das teorias sobre silos para a determinação das pressões de
descarga, as normas estudadas utilizam coeficientes de sobrepressão, aplicados às pressões
estáticas para a determinação das pressões dinâmicas. Além disso, algumas normas
recomendam, também, a adoção de pressões adicionais a fim de levar em conta o efeito de
possíveis pressões assimétricas.
Para simplificar o cálculo e facilitar o desenvolvimento do projeto, as normas DIN 1055-6 e
EUROCODE 1 permitem a adoção de um método simplificado que consiste na adoção de um
coeficiente de ponderação das ações.
Devido às diversas incertezas, principalmente das propriedades do produto armazenado, as
normas variam muito na definição dos valores dos coeficientes de sobrepressão, resultando em
pressões bastante diferenciadas em todo o silo.
Sabe-se que o ponto crítico em silos com fluxo de funil é a transição efetiva, porém nenhuma
norma analisada fornece sua localização. Apenas a norma AS apresenta formulação para o ponto
mais baixo onde ela pode ocorrer.
Os métodos de cálculo apresentados para a determinação das pressões estão sujeitos a
algumas limitações, com pequenas variações entre as normas, como: relação altura/diâmetro,
dimensão máxima das partículas do produto armazenado, pequenas cargas de impacto no
carregamento, excentricidade máxima da abertura da saída, produto de fluxo livre, entre outras.
Outra constatação diz respeito ao fato de que a maioria das normas apresenta em tabela
própria os valores de , w e K para alguns produtos. Para produtos não tabelados na norma
considerada, ou no caso de as propriedades físicas do produto terem sido determinadas
experimentalmente, o valor de K será obtido através de equacionamentos próprios de cada norma.
Com o objetivo de levar em consideração possíveis mudanças nas propriedades físicas do
produto armazenado, as normas analisadas procuram estabelecer combinações com alguns
parâmetros, obtendo os máximos carregamentos de projeto, cobrindo esses efeitos.
O cálculo das pressões exercidas na tremonha é um fenômeno que não é completamente
compreendido, sendo, portanto, um método semi-empírico o utilizado pela maioria das normas. O
método nada mais é do que a soma das pressões devidas ao peso do produto na tremonha e da

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CAPÍTULO 9 - SILOS ESBELTOS

pressão vertical exercida pelo produto armazenado acima da transição da tremonha com o corpo
do silo.
No entanto, as normas de cálculo em silos resolvem de forma prática os problemas
derivados da aplicação das teorias clássicas de cálculo, porém ainda não fornecem qualquer
indicação a respeito das técnicas de cálculo por elementos finitos.

9.3 Recomendação para o cálculo de pressões em silos esbeltos,


PALMA (2005)
Com base no estudo desenvolvido por Palma (2005), propõe-se a adoção das
recomendações propostas pela norma DIN 1055-6 – 2000 para a avaliação das pressões
adicionais e da norma EUROCODE 1/Part 4 – 1995 para a determinação das pressões de
carregamento e esvaziamento em silos verticais esbeltos (H/D>1.5), pelos seguintes motivos:
 são as normas mais utilizadas atualmente na determinação das pressões devidas ao
produto armazenado;
 englobam o efeito de pressões assimétricas (adicionais) tanto no carregamento como
no esvaziamento. Além disso, facilitam a sua determinação ao propor um
procedimento simplificado, sendo que a norma DIN1055-6 não limita sua aplicação
em função do diâmetro do silo;
 tanto a norma DIN1055-6 como, principalmente, o EUROCODE 1/Part 4 foram
conservadoras tanto para as pressões horizontais no corpo do silo como para as
pressões na tremonha.

9.3.1 Campo de Aplicação


As recomendações constantes nesta proposta apresentam as seguintes limitações:
 no carregamento do produto, as cargas de impacto devem ser mínimas;
 o diâmetro máximo das partículas do produto armazenado deve ser menor que 0,03
vez o diâmetro do silo;
 o produto armazenado deve ser de fluxo livre;
 a excentricidade devido ao carregamento (ei) ou da boca de descarga (eo) deve ser
menor que 0,25 vez o diâmetro do silo.
Devem ser obedecidos os seguintes limites geométricos:
 relação altura/diâmetro deve ser menor que 10;
 a altura do silo deve ser menor que 100 m;
 o diâmetro do silo deve ser menor que 50 m;
 cada silo será projetado para uma determinada gama de produtos.
157

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CAPÍTULO 9 - SILOS ESBELTOS

Figura 9.2 – Notações.

9.3.2 Notações
Para este capítulo, serão utilizadas notações diferentes dos capítulos anteriores que estão
expressas a seguir:
A = área da seção transversal do corpo do silo;
Co = coeficiente de sobrepressão aplicado a pressão horizontal inicial;
Cw = coeficiente de sobrepressão aplicado a pressão ou força de atrito inicial;
D = diâmetro do corpo do silo;
r = raio do corpo do silo;
e = maior valor entre ei e eo;
ei = excentricidade devido ao carregamento;
eo= excentricidade do orifício de esvaziamento;
H = distância do orifício de esvaziamento até a superfície equivalente;
Hc = distância da superfície equivalente até a transição;
Ht = Altura do cone da tremonha;
158

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CAPÍTULO 9 - SILOS ESBELTOS

Km = valor médio da razão da pressão horizontal pela pressão vertical;


Ki = valor inferior da razão da pressão horizontal pela pressão vertical;
Ks = valor superior da razão da pressão horizontal pela pressão vertical;
phc= pressão horizontal de carregamento no corpo do silo devido ao produto armazenado;
phd = pressão horizontal de descarga no corpo do silo devido ao produto armazenado;
pn, pni = pressão normal em relação a parede da tremonha, i = 1, 2, 3;
pwc = pressão de atrito de carregamento no corpo do silo devido ao produto armazenado;
pwd = pressão de atrito de descarga no corpo do silo devido ao produto armazenado;
pvc = pressão vertical de carregamento devido ao produto armazenado;
pvo = pressão vertical de carregamento na transição;
pvd = pressão vertical de descarga devido ao produto armazenado;
pvb = pressão vertical na base de silos com fundo plano;
pae = pressão adicional no carregamento;
pad = pressão adicional na descarga;
ps = pressão na transição para silos com fluxo de massa;
Pwc = força de atrito de carregamento devido ao produto armazenado;
Pwd = força de atrito de descarga devido ao produto armazenado;
s = dimensão da área de atuação da pressão adicional;
x = parâmetro utilizado para calcular as pressões na tremonha;
z = profundidade abaixo da superfície equivalente no carregamento máximo;
 = inclinação da parede da tremonha com a vertical;
 = coeficiente de amplificação da pressão adicional;
 = peso especifico do produto armazenado;
m = valor médio do coeficiente de atrito com a parede;
i = valor inferior do coeficiente de atrito com a parede;
s = valor superior do coeficiente de atrito com a parede;
e = efetivo ângulo de atrito interno;
w = ângulo de atrito com a parede;

9.3.3 Definições

Superfície equivalente: nível da superfície plana que se obtém para um mesmo volume de
produto armazenado em forma de cone.
Fundo plano: silo com fundo plano ou inclinação inferior a 20º em relação a horizontal

159

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CAPÍTULO 9 - SILOS ESBELTOS

Padrão de fluxo: a forma do produto fluir quando o fluxo está estabelecido;


Produto de fluxo livre: produto não coesivo;
Fluxo de funil: padrão de fluxo no qual o canal de fluxo se desenvolve, cercado por uma
zona de produto estático. O canal de fluxo pode interceptar a parede ou estender-se até a
superfície livre do produto.
Fluxo de massa: padrão de fluxo no qual todas as partículas do produto armazenado estão
em movimento durante a operação de descarga.
Tremonha: fundo do silo com paredes inclinadas superior a 20º com a horizontal.
Pressão Localizada: pressão concentrada que ocorre na transição do corpo do silo para a
tremonha durante a descarga.
Pressão Adicional: pressão local atuante sobre uma determinada área em qualquer parte
da parede do silo.
Silo: estrutura de contenção utilizada para armazenamento de produtos em geral.
Silo esbelto: silo onde H/D 1,5.
Silo baixo: silo onde H/D  1,5.

9.3.4 Padrões de Fluxo


A descarga do produto armazenado por gravidade pode ocorrer conforme dois tipos
principais de fluxo: por fluxo de massa e fluxo de funil (Figura 9.3). O padrão de fluxo que vai
ocorrer depende principalmente das propriedades físicas do produto, assim como da geometria e
rugosidade da superfície da tremonha.

Figura 9.3 – Padrões de fluxo.


O padrão de fluxo que poderá ocorrer na retirada do produto armazenado do silo, pode ser
estimado pelos gráficos ilustrados na Figura 9.4.

160

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CAPÍTULO 9 - SILOS ESBELTOS

Figura 9.4 - Determinação gráfica do tipo de fluxo – DIN 1055-6:2004, EUROCODE 1991-4:2003.

9.3.5 Valores limites das propriedades dos produtos armazenados


Para levar em consideração a variabilidade das propriedades do produto armazenado e para
obter os valores que representam o extremo dessas propriedades, recomenda-se que os valores
do coeficiente de atrito com a parede (w) e da relação entre a pressão horizontal e a pressão
vertical (K) tenham seus valores médios aumentados por um fator de modificação de 1,15 ou
diminuídos por um fator de 0,9. Esses fatores são aplicados para produzir a combinação de
carregamento mais desfavorável sobre a estrutura. Portanto, para o cálculo dos máximos
carregamentos de projeto, devem ser realizadas as combinações apresentadas na Tabela 9.1, dos
parâmetros K e w

Tabela 9.1 – Combinações dos parâmetros  e K.


Pressão a
K 
ser determinada
ph,max 1,15.Km 0,90.m
pv,max 0,90.Km 0,90.m
Pw,max 1,15.Km 1,15.m

9.3.6 Pressões de Carregamento


Após o carregamento do silo, as pressões podem ser calculadas por:

 A -z.K. w .
U
phc ( z )  . (1-e A
) (278)
μw U
p hc
p vc  (279)
K
pwc   w . p hc (280)

Onde o parâmetro  é obtido por:

 w  tgw (281)

161

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CAPÍTULO 9 - SILOS ESBELTOS

Sendo o valor empírico para o parâmetro K dado pela seguinte relação:

K  1,1.(1  sen(e )) (282)


A pressão de atrito na parede p wc causa esforço de compressão na parede e pode ser

integrada verticalmente para o cálculo da força de compressão resultante sobre a parede Pwc  z 

por unidade de perímetro de parede atuando na profundidade z , resultando a seguinte equação:

 A  A
Pwc ( z )    phc dz   A / U  z 
 KU
 
1  e   KzU / A     .z  pvc  (283)
  U

9.3.7 Pressões de Esvaziamento (dinâmicas)


Os coeficientes de sobrepressão foram modificados para que fornecesse valores mais
realistas e próximos da norma prEN 1991-4:2003. Com isso, as pressões de esvaziamento podem
ser determinadas multiplicando-se as pressões de carregamento (eqs. (284) e (285)) por
coeficientes de sobrepressão Cw e Co:

p hd  C o . p hc (284)

Pwd  C w .Pwc (285)


Nas quais:

Co  1, 45  0, 02.(e  30º )  1, 45 (286)

C w  1,1 (287)
Obs.: as cargas resistidas pelos apoios do silo podem ser determinadas do equilíbrio de
força usando a pvc na transição multiplicada pelo fator empírico de 1,2 e pelo peso de produto na
tremonha.
A pressão vertical atuando em silos com fundo plano (  20º), pode ser determinada por:

p vb  1,2. pvc (288)

9.3.8 Pressões estáticas na Tremonha


As pressões normais na tremonha podem ser calculadas pela soma dos carregamentos
devidos ao enchimento da tremonha (pn1 e pn2) e pelos carregamentos resultantes da sobrecarga
vertical diretamente acima da transição (pn3).
Em silos com fluxo de massa, uma pressão normal uniforme (ps) será aplicada na transição
do corpo do silo com a tremonha. (Figura 9.5)


pn1  pvo 1, 2 sen 2 ( )  cos 2 ( )  (289)

162

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CAPÍTULO 9 - SILOS ESBELTOS

pn 2  1, 2. pvo sen2 ( ) (290)


A  .K
pn 3  3, 0. . cos 2 ( ) (291)
U  w ,t
x
pn  pn 3  pn 2   pn1  pn 2  (292)
lh
pt  . pn (293)

9.3.9 Pressões dinâmicas na Tremonha


Para fluxo de funil, as pressões dinâmicas são calculadas sem o acréscimo de ps. Para as
tremonhas com fluxo de massa deve ser adicionada as pressões estáticas na tremonha a pressão
adicional ps.

p s  2. p hc (294)

Figura 9.5 – Pressões sobre a tremonha. Fonte: Eurocode PrEN 1991-4.

9.3.10 Pressões Adicionais


A adoção de pressões adicionais deve-se ao fato de que pressões assimétricas são
inevitáveis, mesmo para silos com carregamento concêntrico e simetria axial, sendo dependentes
das propriedades do produto armazenado e das imperfeições na geometria das paredes da
tremonha e do silo. Do mesmo modo, heterogeneidade e mudanças probabilísticas no produto
armazenado podem contribuir para flutuações na zona de fluxo. Por estas razões, os silos devem
ser projetados para resistir às pressões assimétricas, tendo especial atenção aos momentos de
flexão induzidos por estas pressões.
A pressão adicional pode ser considerada atuando sobre qualquer parte do silo, no
carregamento e na descarga, sendo determinadas pelas seguintes equações:

163

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CAPÍTULO 9 - SILOS ESBELTOS

p ac  0,2.. p hc (carregamento) (295)

p ad  0,2.. p hd (descarga) (296)


onde  é dado por:
e
  1, 0  4. (297)
Dc
e = maior valor entre ei e eo .

A pressão adicional pode ser considerada atuando sobre duas áreas quadradas opostas de
lado: (Figura 9.6).

S  0, 2.Dc (298)

Figura 9.6 – Aplicação da pressão adicional.

9.3.11 Procedimento Simplificado


Dada a incerteza da atuação das pressões adicionais, permite-se utilizar uma aproximação,
que consiste em afetar as pressões atuantes por um coeficiente de ponderação.
Para silos de concreto, silos com enrijecedores circunferenciais e silos seção transversal não
circular, as pressões podem ser determinadas por:

p hc  p hc .(1  0,2. ) (299)

p hd  p hd .(1  0,2. ) (300)


Para silos de parede fina com seção circular, as pressões podem ser determinadas por:

p hc  p hc .(1  0,1. ) (301)

p hd  p hd .(1  0,1. ) (302)

164

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CAPÍTULO 9 - SILOS ESBELTOS

Pwc  Pwc .(1  0,2. ) (303)

Pwd  Pwd .(1  0,2. ) (304)

9.4 Silo exemplo


Calculo das pressões de enchimento e de fluxo para o silo esbelto com a seção transversal
circular mostrado na Figura 9.7. Utilizando o procedimento simplificado para as pressões
adicionais.
Propriedades Físicas:   8,5kN / m³ r  28 e  30 w,c  15 w,t  15

3m
Pressões no corpo do silo:
tan(28).1,5 1,5
r  28 9
H 3 tan(30)
  3,955
D 3
K  1,1.(1  sen(30))  0,55
9m Pressões estáticas com a pressão adicional:
  1 com phe  phc .(1  0,1. )

 8,5.0,75 -z.0,55.tan(15)

p he ( z )  1,1.  (1-e 0,75 ) 
  30 TREMONHA
 tan(15) 
CÖNICA

Pwe ( z )  1, 2.0, 75.  8,5.z  pvc 

Figura 9.7 – Silo exemplo.

Pressões dinâmicas com a pressão adicional: pn 2  1, 2. pvo sen2 (15)


Co  1, 45  0, 02.(30  30º )  1, 45 e C w  1,1 3 8, 5.0,55
pn 3  3, 0. . cos 2 (15)
4 tan(15)
 8,5.0,75 -z.0,55.tan(15)

p hd ( z )  1,35.1,1.  (1-e 0,75 ) 
x
 tan(15)  pn  pn 3  pn 2   pn1  pn 2 
lh
Pwd ( z )  1,1.1, 2.0, 75  8,5.z  pvc  -(0,265+9).0,55.tan(15)
8, 5.0,75
pvo  (1-e 0,75
)
Pressões dinâmicas na tremonha: tan(15)
-(0,265+9).0,55.tan(15)
8, 5.0,75 p s  2. p hc
pvo  (1-e 0,75
)
tan(15).0,55
pt  tan(15). pn

pn1  pvo 1, 2 sen (15)  cos (15)
2 2

165

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CAPÍTULO 9 - SILOS ESBELTOS

Tabela 9.2 - Pressões estáticas e dinâmicas no


corpo do silo.
1.16 ph,e ph,d Pwe Pwd
z
kN/m² kN/m² kN/m kN/m
2.32 0 0,00 0,00 0,00 0,00
1 4,67 6,77 0,71 0,78
z 2 8,51 12,33 2,65 2,91
3.47
z 3 11,66 16,90 5,61 6,17
4 14,25 20,66 9,41 10,35
z 4.63
5 16,37 23,74 13,89 15,28
z 6 18,12 26,28 18,94 20,84
5.79 7 19,56 28,36 24,46 26,90
8 20,74 30,07 30,35 33,39
6.95 9 21,71 31,47 36,56 40,22

8.11

9.27
0 5.26 10.52 15.78 21.04 26.3 31.56 36.82 42.08
p he( z )  p hd( z )  Pwe( z )  Pwd( z )

Figura 9.8 – Pressões estáticas e dinâmicas no corpo


do silo.

5.8 Tabela 9.3 - Pressões dinâmicas na tremonha.


5.07 pnt,d pt,d
x
kN/m² kN/m²
4.35 0,0 21,87 5,86
3.62 0,5 24,79 6,64
x 1,0 27,71 7,43
2.9 1,5 30,63 8,21
x
2,0 33,55 8,99
2.17
2,5 36,47 9,77
1.45 3,0 39,38 10,55
3,5 42,30 11,34
0.72 4,0 45,22 12,12
4,5 48,14 12,90
0 12.5 25 37.5 50 62.5 75 87.5 100 4,9 50,472 13,524
p n( x)  p t ( x) 5,5 93,853 14,462

Figura 9.9 – Pressões dinâmicas na tremonha.

166

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CAPÍTULO
SILOS MULTICELULARES METÁLICOS

10.1 Introdução
Com o aumento da competitividade, é necessário que as indústrias otimizem seu processo
para que o tempo de preparação de seu produto seja o mínimo possível. Neste contexto, os silos
multicelulares são uma das alternativas para essa melhoria. Os silos multicelulares podem ser
construídos com diversos materiais e sistemas construtivos, porém, neste capítulo, serão
abordados somente os silos multicelulares metálicos pela sua importância no contexto industrial.
Contudo muito dos conceitos poderão ser aplicados para a confecção de silos com outros
materiais, principalmente no que diz respeito à consideração de cálculo de células cheias e vazias.

10.2 Sistema construtivo


O sistema construtivo consiste numa pré-fabricação de painéis metálicos para as paredes na
indústria que, mediante a conformação horizontal, ofereça a resistência suficiente para suportar as
pressões exercidas pelos produtos armazenados. Não obstante as diversas soluções de
conformação das paredes propostas até o momento, somente dois tipos progrediram e são
utilizados nas construções de grandes silos (RAVENET, 1990):
 Conformação trapezoidal: a Figura 10.1a mostra o tipo de conformação com um
ângulo na parede inclinada, variando de 45 a 60 graus. Para manter a rigidez da
chapa dobrada, colocam-se platibandas soldadas em suas extremidades. Esse tipo
de conformação é utilizado em silos para armazenamento de produtos granulares de
fácil descarga.
 Conformação ziguezague: na Figura 10.1b, vemos o tipo de conformação com o
ângulo da parede inclinada de 70 a 72 graus. Esse tipo de conformação é utilizado
em silos para armazenamento de produtos pulverulentos coesivos.
Nas duas soluções já apresentadas, a distância entre as conformações, assim como a
largura dos painéis dependem do fabricante, do país e/ou da norma. Os painéis são fabricados
com as platibandas na indústria por meio de soldagem. A montagem é realizada in situ,
167

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CAPÍTULO 10 - SILOS MULTICELULARES METÁLICOS

parafusando-se ou soldando-se quatro platibandas, formando, dessa forma, uma coluna da união
de duas, três ou quatro paredes de silos prismáticos.

platibanda

platibanda

(a) (b)
Figura 10.1 – (a) Painel de conformação trapezoidal e (b) Painel de conformação ziguezague
Tabela 10.1 - Disposições construtivas dos silos multicelulares prismáticos.

1 2 3 4

C=4 C=3,5 C=3,33 C=3,25

C=3 C=2,83 C=2,75

C=2,67 C=2,58

C=2,50

168

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CAPÍTULO 10 - SILOS MULTICELULARES METÁLICOS

Tabela 10.2 - Disposições construtivas dos silos multicelulares octogonal.

1 2 3 4

C=8 C=7,5 C=7,33 C=7,25

C=5,60 C=5,13 C=4,91

C=4,62 C=4,39

C=4,16

Nas Tabela 10.1 e Tabela 10.2, foram mostrados cada tipo de célula e seu respectivo
coeficiente C, que é a relação entre o número de paredes e o número de células. Deve-se levar
em consideração que uma parede interna é comum a duas células e, quanto maior o número de
paredes internas, maior será a economia e menor o coeficiente C. O coeficiente é máximo para
célula do tipo 1-1.
Os tipos dessa instalação são muito construídos nas indústrias, onde há limitação territorial e
precisa-se do máximo de capacidade de armazenagem com o mínimo de terreno. A mecanização
desses silos é muito simples: basta colocar um transportador superior de carregamento e outro
inferior de descarga, unidos por um elevador de canecas.
As vantagens de um silo multicelular prismático com relação a um silo cilíndrico são:
 devido à existência de muitas células, pode-se realizar uma transilagem do produto
armazenado no caso de existirem problemas de aquecimento do produto;
 pode-se selecionar o produto a armazenar em célula específica em função das suas
propriedades físicas;
 a descarga de um silo multicelular efetua-se por gravidade, enquanto no silo cilíndrico
unicelular, na maioria das vezes, a descarga realiza-se por meio de rosca sem fim,
devido ao alto custo de elevação do silo com o correspondente gasto de energia.
Nessas instalações, aparecem outros fatores que influem no custo final, os quais são:

169

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CAPÍTULO 10 - SILOS MULTICELULARES METÁLICOS

 a construção de um recinto superior para colocação e inspeção da maquinaria;


 a elevação do corpo do silo sobre pilares e a suspensão das tremonhas para se
conseguir descarga por gravidade, encontrando-se toda a instalação sobre a cota 0.

10.3 Alguns tipos de silos multicelulares


Os silos multicelulares podem ser fabricados com as mais diversas geometrias, mas
geralmente são elaborados com forma retangular (Figura 10.2). Porém podem ser construídos com
a forma hexagonal que possui uma distribuição de tensões melhor que o retangular. Entretanto,
possui um coeficiente C maior que os de células retangulares.

RETANGULAR OCTOGONAL CIRCULAR

Figura 10.2 – Opções de geometria de células.

Figura 10.3 – Silo multicelular retangular e octogonal.

Figura 10.4 – Silos multicelulares construídos por Ravenet (1992) na Espanha em 1968-76.

170

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CAPÍTULO 10 - SILOS MULTICELULARES METÁLICOS

Ravenet (1992) apresenta vários silos construídos na Espanha por sua própria firma (Figura
10.3 e Figura 10.4) e ressalta a importância para plantas industriais onde a qualidade do produto
deve ser garantida.

10.4 Tópicos de dimensionamento


10.4.1 Geometria dos silos prismáticos
O sistema estrutural é analisado e projetado considerando-se os esforços de tração,
compressão e momento fletor, devido à ação do produto armazenado, como mostra a Figura 10.6
e Figura 10.6.
Comumente, o plano da chapa é calculado para o vão entre os enrijecedores
intermediários, que podem ser verticais ou horizontais. As chapas podem ser consideradas como
articuladas ou engastadas entre os enrijecedores.

Figura 10.5 – Sistema estrutural de um silo de paredes de chapas lisas.


a
b

Ta Tb
Tb
Ta Tma Tmb
Ta
Tb
Tb Ta Tmb
Tma Thb
Tha Thb
Tha
Thb Tha
Thb Tha

Figura 10.6 – Forças de tração existente no corpo e tremonha em silos prismáticos.


171

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CAPÍTULO 10 - SILOS MULTICELULARES METÁLICOS

10.4.2 Espessuras de Chapas nas Paredes de Ondas Trapezoidais


Ravenet (1992) recomenda fazer um estudo dos três tipos de flexões que podem ocorrer
nas paredes dos silos durante o armazenamento de produtos agrícolas, que são:
 flexão geral no vão entre colunas sob efeito de empuxo horizontal do produto
armazenado;
 flexão oblíqua entre colunas, sob o efeito da resultante do empuxo horizontal e da
força de atrito do produto armazenado sobre a parede;
 flexão local das superfícies verticais ou inclinadas das conformações sob os efeitos
do empuxo e da força de atrito definidos anteriormente.
As teorias dos pequenos deslocamentos (TPD) e a dos grandes deslocamentos (TGD)
podem ser usadas para o dimensionamento das placas de paredes das tremonhas. A diferença
nos cálculos não é muito grande para placas relativamente espessas, mas pode ser considerável
para placas relativamente finas (GAYLORD e GAYLORD, 1984).
FLEXÃO GERAL DAS PAREDES
Na Figura 10.7 é apresentado o perfil da onda trapezoidal.
a
a
y Lp

Lc
2

Li ph

H' A A
Lc
L0

Li
Lc
2

y
CORTE AA PLANTA MOMENTOS
Figura 10.7 – Esquema de um silo retangular.
O momento de inércia desconsiderando os cantos, segundo o eixo YY, é dado por:

2  1 a2 
. t.  Lc  2.t  . sen 2 ( ) + 2 . Lc  2.t  . t 3  t.  Lc  2.t  . 
3
IYY =  (305)
12  12 4 
O módulo de resistência, segundo eixo o YY, é dado por:
2. Iy y
Wy y = (306)
a
Esforços transmitidos às paredes do silo prismático pelo produto armazenado:

172

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CAPÍTULO 10 - SILOS MULTICELULARES METÁLICOS

O momento fletor máximo ( L0  Lp ) para silos retangulares unicelulares, devido ao produto

armazenado, é dado por:


p h . L20
My y = . H' (307)
12
O esforço de tração na parede, devido ao produto armazenado, é dado por:
p h .L p
T= . H' (308)
2
A tensão atuante nas paredes dos silos, devido à flexão e à tração, é dada pela expressão:

p h .L2p .H' p h .L0 .H'


 chapa
= + (309)
12 Wy y 2A

FLEXÃO OBLÍQUA NAS PAREDES


É mostrado na Figura 10.8 o perfil da onda trapezoidal com eixo ZZ que corresponde ao
módulo de menor resistência.
a
z

Lc

A
Li H' '

b
Lc

O'

Figura 10.8 – Onda trapezoidal com eixo ZZ.


O momento de inércia do perfil trapezoidal, segundo o eixo ZZ, é dado pela expressão:

1  1 b2 
. t . LC -2.t  sen 2 (   )+ 2  .  LC -2.t  t .sen 2   LC -2.t  . t . 
3 3
I z z= (310)
12  12 4
a a
  arc tan e b .sen(   ) (311)
H' ' 2.sen( )
O módulo de resistência, segundo o eixo ZZ:

173

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CAPÍTULO 10 - SILOS MULTICELULARES METÁLICOS

Iz z
Wz z = (312)
b
Momento fletor na parede de silos quadrados, devido ao produto armazenado, segundo o
eixo ZZ:

ph .L20 .H''
Mz z= (313)
24
O esforço de tração, devido ao produto armazenado:
p h .L p
T= . H' ' (314)
2
A tensão atuante nas paredes dos silos devido à flexão oblíqua, é dada por:
p h .L20 .H' ' p h .L p .H' '
 chapa
=  (315)
12 .Wz z 2 .S

FLEXÃO LOCAL

Figura 10.9 – Flexão local.


O módulo de resistência em um metro de comprimento de onda vale:

b.t 2
Wxx = (316)
6
A tensão atuante nas paredes dos silos, devido à flexão local, é dada por:

ph .b.L2c ph .L2c
 chapa   (317)
12. Wxx 2. t 2

10.4.3 Espessuras de Chapas nas Paredes de Ondas Ziguezague


FLEXÃO GERAL SOBRE AS PAREDES
A Figura 10.10 mostra o perfil da onda ziguezague com eixo yy
O momento de inércia do perfil abaixo, segundo o eixo yy:
2
Iyy= .t .(Lc-2.t)3 .cos 2 ( ) (318)
12
174

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CAPÍTULO 10 - SILOS MULTICELULARES METÁLICOS

O módulo de resistência, segundo o eixo yy:


2. Iy y
Wy y = (319)
a
y

Lc
 h

H'

Figura 10.10 – Perfil com conformação ziguezague com eixo yy.


FLEXÃO OBLÍQUA NA PAREDE COM ONDA ZIGUEZAGUE
A Figura 10.11 mostra o perfil da onda ziguezague com o eixo zz.

b
 

Lc


H'
 

Figura 10.11 – Perfil da onda ziguezague com o eixo zz.


O momento de inércia da conformação ziguezague, segundo o eixo zz:
1 1
.t.  2. 2.t-Lc   .sen 2 ( )+ . t .  2.t-Lc   . sen 2 (    )
3 3
I zz = (320)
12 12
onde:

175

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CAPÍTULO 10 - SILOS MULTICELULARES METÁLICOS

 a 
  arctan   e   (90   )   e b  L sen( ) (321)
 3.h 
O módulo de resistência, segundo o eixo zz:
Iz z
Wz z = (322)
b
Para se calcular o momento fletor em silos quadrados, o esforço de tração e a tensão
atuante desse perfil, com relação aos eixos yy e zz, seguem o mesmo princípio utilizado para a
onda trapezoidal.
FLEXÃO LOCAL
O cálculo do módulo de resistência e da tensão atuante de flexão é idêntico ao utilizado
para conformação trapezoidal.

10.4.4 Interação entre células


Em silos prismáticos multicelulares existirá uma interação entre os esforços solicitantes das
células. Ou seja, o projetista deverá supor hipóteses de célula vazia ou cheia e analisar a interação
mais desfavorável entre as células. Existem muito poucos estudos feitos sobre a rigidez dos nós
que transmitem o efeito de interação entre as células para silos metálicos multicelulares. Acredita-
se que exista uma semi-rigidez nos nós que transmitem os esforços de interação entre as células.
Porém, para efeito de projetos, é considerada a interação completa entre as células. Para maiores
detalhes, consultar a literatura Calil et al. (1997).

Figura 10.12 – Exemplo de interação entre as células.

10.5 Comentários
Como as chapas trapezoidais ou ziguezagues possuem espessuras geralmente menor que 8
mm é importante que na verificação desse tipo de silo seja considerada os efeitos de instabilidade
locais e que são normalizadas pela NBR 14762:2001. Porém, apesar disso muito silos foram

176

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CAPÍTULO 10 - SILOS MULTICELULARES METÁLICOS

construídos na Espanha por um dos maiores especialista mundiais, o Dr. Eng. Industrial Juan
Ravenet, nesse sistema construtivo e que recomendava o procedimento descrito pelos item 10.4
sem a consideração da perda de instabilidade local. Com isso, os autores recomendam, em caso
de dúvida do real comportamento das chapas sob ação do produto, a verificação do módulo de
resistência efetivo com a consideração da redução de resistência devido a instabilidade local.
Também é recomendada a utilização de uma espessura mínima de 2 mm para as chapas das
paredes dos silos multicelulares.

10.6 Exemplo de um silo unicelular


Com o objetivo de ilustrar os procedimentos sugeridos por Ravenet (1992) é calculado o silo
quadrado multicelular (com uma célula, mostrado na Figura 10.13) esbelto com paredes
trapezoidais.
Propriedades Físicas:   8,5kN / m³ r  28 e  35 w,c  15 w,t  15 t  2mm f y  250Mpa
1,80m

21

21

15

10m
21
30
45

30 102 21 81

45
30
21

15

Figura 10.13 – Esquema do silo multicelular (com uma célula).

Pressões no corpo do silo:


Pressões estáticas com a pressão adicional:
K  1,1.(1  sen(30))  0, 469
  1 com phe  phc .(1  0, 2. )
Cálculo do coeficiente de atrito efetivo ef :
 8,5.0,45 -z.0,469.0,486

be bw p he ( z )  1, 2.  .(1-e 0,45 ) 
ef  .tan(e )  . w onde be  bw  1  0,486 
be  bw be  bw
Pwe ( z )  1, 2.0, 45.  8,5.z  pvc 
72 30
ef  .tan(30)  .tan(15) =0,486
72  30 72  30

177

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CAPÍTULO 10 - SILOS MULTICELULARES METÁLICOS

Tabela 10.3 – Resultados de pressão.


Pressões dinâmicas com a pressão adicional:
ph,e ph,d Pwe Pwd
z
Co  1, 45  0, 02.(35  30º )  1,55 e C w  1,1 kN/m² kN/m² kN/m kN/m
0 0,00 0,00 0,00 0,00
 8,5.0,45 -z.0,469.0,486
 1 3,75 5,82 0,99 1,09
p hd ( z )  1,55.1, 2.  (1-e 0,45 )  2 6,02 9,32 3,41 3,75
 0,486  3 7,38 11,44 6,69 7,36
4 8,20 12,71 10,49 11,54
5 8,70 13,48 14,61 16,07
Pwd ( z )  1,1.1, 2.0, 45  8,5.z  pvc  6 8,99 13,94 18,91 20,80
7 9,17 14,22 23,33 25,66
8 9,28 14,39 27,82 30,60
9 9,35 14,49 32,34 35,58
10 9,39 14,55 36,90 40,59

Cálculo do momento de inércia em relação ao eixo YY:

2 1 212 
. 0,2.  30  2.0, 2  . sen 2 (45) + 2    
3
IYY =  . 30  2.0, 2 . (0,2)3
 t . 30  2.0, 2 .   1737,64cm
4

12  12 4 
2.IYY
WYY =  165,489cm3
a

Cálculo do momento de inércia em relação ao eixo ZZ:


a
b .sen(   )  7,53cm
2.sen( )
1 1 7,532 
I ZZ  .0, 2.(30  2.0, 2)3 .sen(45  14,534) 2  2.  .(30  2.0, 2)3 .0, 2.sen(14,534) 2  0, 2.(30  2.0, 2). 
12 12 4 

I ZZ  333,346cm 4
I ZZ
WZZ =  44,276cm3
b

FLEXÃO GERAL

Cálculo do esforço de tração de cálculo para flexão geral:


 F .ph,d .Lp 1,4.14,55.1,8
Td = . H'= .1, 02  18,70kN
2 2
Cálculo do momento fletor para flexão geral:

 F .ph . L20 1,4.14,55.(1,8)2


My y,d= . H'= .1, 02  5,61kN .m
12 12
178

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CAPÍTULO 10 - SILOS MULTICELULARES METÁLICOS

Cálculo da tensão atuante de cálculo:


M yy,d Td 561 18, 70 25
 = +  +  3,653kN/cm²<  22, 72kN / cm²(ok !)
 21 
chapa
Wy y A 165,489 1,1
2.(30-2.0,2)+2. .0, 2 
 cos( 45 ) 
FLEXÃO DESVIADA
Cálculo do esforço de tração de cálculo para flexão desviada:
 F .ph,d .Lp 1,4.14,55.1,8
Td = . H''= .0,81  18,33kN
2 2
Cálculo do momento fletor para flexão desviada:

 F .ph . L20 1,4.14,55.(1,8)2


My y,d= . H'= .0,81  2,23kN .m
12 24
Cálculo da tensão atuante de cálculo:
M zz,d Td 223 18,33 25
 = +  +  5,259kN/cm²<  22, 72kN / cm²(ok !)
 21 
chapa
Wzz A 44,276 1,1
2.(30-2.0,2)+1. .0, 2 
 cos( 45 ) 

FLEXÃO LOCAL
Cálculo do momento de inércia em relação ao eixo XX:

100.0,2 2
Wxx =  0,667cm3
6
Cálculo do momento fletor para flexão local:

 F .ph .b .  LC 
2
1,4.14,55.1.(0,30)2
My y,d= =  0,31kN .m
12 12

Cálculo da tensão atuante de cálculo:


M xx,d 31 25
 chapa
=   22,916kN/cm²<  22, 72kN / cm ² ( NÃO OK !)
Wxx 0, 667 1,1

Comentários: Pode-se verificar acima que a espessura da chapa deve ser aumentada para
o critério de flexão local. Deve-se lembrar que a flexão geral e desviada estão com tensões
atuantes bem abaixo da resistência de cálculo ao escoamento e isto explica o sucesso da
verificação segundo Ravenet (1992), pois a não determinação da largura efetiva não implicou em
problemas nas centenas de silos dimensionados segundo este critério . Contudo é recomendada a
verificação da largura efetiva e consequentemente do módulo de resistência efetiva para levar em
conta a instabilidade local dos perfis.

179

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CAAPPÍÍTTU O
ULLO
TÓPICOS DE DIMENSIONAMENTO
C

Silos metálicos e de concreto devem ser analisados separadamente devido aos aspectos
críticos de carregamento do silo diferirem marcadamente. Outros materiais estruturais devem ser
classificados como sendo silos flexíveis de parede fina ou silos rígidos de parede espessa. Deve-
se analisar e entender o efeito do carregamento na estrutura, não apenas na distribuição das
tensões induzidas, mas também o critério apropriado de ruptura e modos correspondentes de
colapso.
Na determinação das pressões em silos, atenção especial deve ser dada às hipóteses dos
cálculos estruturais e o modo associado de ruptura da estrutura do silo.
O aumento das pressões em pequenas partes da estrutura é sempre tratado como se elas
se estendessem em todo o perímetro do silo na mesma profundidade; o que é uma hipótese não
conservadora e, certamente, conduz a interpretações erradas das tensões induzidas na estrutura.
Os silos metálicos quadrados são normalmente do tipo multicelular, de tal modo que existe
uma interação entre as células e todo o conjunto, incluindo a fundação, devendo ser estudados
como um elemento que se vê submetido a cargas locais que produzem deslocamentos elásticos,
afetando outras partes da estrutura.
Nas fundações, ocorrem recalques diferenciais que afetam o resto da estrutura mediante
esforços de tração e momento nos nós dos engastamentos.
O silo metálico quadrado constrói-se com paredes relativamente delgadas, em relação à
espessura, corrugadas para aumentar sua resistência à flexão, e nós de ligações rígidos que
absorvem os momentos de engastamento. As pressões laterais de carregamento e sobrepressões
de descarga, quer sejam uniformes, quer sejam excêntricas, são absorvidas pelas paredes à
flexão, produzindo momentos nos engastamentos que são variáveis em função da variação das
pressões e que produzirão deslocamentos infinitesimais que a inércia da estrutura absorverá.
Essas instalações construíam-se, inicialmente, com tubos de descarga estático para evitar
sobrepressões de descarga, mas problemas estruturais por entupimento desses tubos
abandonaram essa prática.

180

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CAPÍTULO 11 - TÓPICOS DE DIMENSIONAMENTO

A colocação de tirantes interiores para reduzir o vão da parede é válida para o


armazenamento de produtos granulares, mas pode ser muito perigoso para o armazenamento de
produtos pulverulentos coesivos.
Silos construídos com espessuras de parede insuficientes e destinados ao armazenamento
de produtos granulares podem apresentar deformações ao longo da parede. Se forem
armazenados produtos pulverulentos coesivos, a deformação da parede é pontual e devida à
caída de abóbadas. As caídas de abóbadas em silos com altura superior a 15 metros podem
originar deformações na parte baixa, para fora, e deformações por depressões na parte alta do
silo, para dentro (CALIL,1982).
Quando parte do silo metálico é solicitada à tração biaxial (como nas tremonhas), a parede
comporta-se de maneira dúctil, e um completo mecanismo plástico precisa desenvolver-se antes
da ruptura. Elevadas pressões localizadas nas paredes são, então, redistribuídas antes que ocorra
um colapso estrutural.
Os modos de ruptura indicam que as recomendações para o cálculo das pressões nas
paredes dos silos metálicos devem enfatizar:
 as máximas forças acumulavas de atrito nas paredes;
 a mínima pressão normal coexistente com a máxima força de atrito na parede;
 as pressões em silos baixos sob carregamento concêntrico e excêntrico;
 as reduções de carga provenientes da flexibilidade estrutural;
 a grandeza e a forma precisa do aumento ou diminuição das pressões localizadas na
parede das células.
Quando os pontos são comparados com aqueles correspondentes, relativos aos silos de
concreto, fica claro que são necessárias regras completamente diferentes para os dois tipos de
estruturas. Os trabalhos de pesquisas nas últimas duas décadas, em pressões nas paredes dos
silos, têm demonstrado pouca atenção à maioria desses pontos.

11.1 Modelos de análise estrutural


Em silos, na maioria das vezes, são aplicadas duas teorias de análise estrutural mais
simplificada que um procedimento mais geral de casca. A teoria de membrana utiliza somente o
equilíbrio estático e ignora toda a flexão da parede. A teoria de flexão de cascas axissimétricas
que incluem os efeitos de flexão meridionais, porém desprezando o efeito de momentos gerados
por carregamentos axissimétricos.

181

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CAPÍTULO 11 - TÓPICOS DE DIMENSIONAMENTO

11.1.1 Teoria de membrana


A teoria de membrana é satisfatória para um momento inicial de projeto, incluindo a
determinação aproximada das forças nos anéis, enrijecedores e elementos de suporte. Perto das
restrições, mudança de seção da parede e regiões de forças concentradas, a teoria de membrana
é um erro, e os efeitos de flexão local devem ser avaliados.
Quando um silo é submetido a um carregamento simétrico com o respectivo eixo, a teoria de
membrana, usualmente, fornece uma análise satisfatória para pontos distantes dos contornos,
apoios, junções e pontos de carregamento:
D D

z z
Efeitos dominantes
de membrana

Efeitos dominantes
de flexão

ph

ph

D
T  ph . T
T 2
T  ph .R

Figura 11.1 – Teoria de membrana e efeitos de flexão devido às restrições.


Um estudo bem detalhado da Teoria de Membrana, para silos, foi apresentado por Rotter
(1985a). Desse estudo, apresenta-se a seguir um resumo da teoria, cuja aplicação fornece os
esforços nas paredes de um silo cilíndrico. O leitor mais interessado deverá recorrer aos estudos
de Rotter (1985a).
182

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CAPÍTULO 11 - TÓPICOS DE DIMENSIONAMENTO

EQUAÇÕES DE EQUILÍBRIO
Na Figura 11.2, é apresentado um elemento da parede de um silo cilíndrico, as pressões
atuantes (à esquerda) e os esforços solicitantes (à direita):

z

Nz
r

N z
N z
N
pz

N z
p pn

N

N z
Nz

Figura 11.2 – Elemento da parede de um silo cilíndrico.


Os esforços solicitantes, admitindo-se que as tensões sejam constantes ao longo da
espessura da parede, são definidos como:

N z  t. z (323)

N  t.  (324)

N z  t. z (325)
Onde:
N z , N  = esforços normais;

N z = esforço cisalhante;

t = espessura da parede do silo;


 z ,  = tensões normais;
 z = tensão cisalhante.

Equilibrando-se os esforços com as pressões atuantes, obtém-se:

N   p n .R (326)
N z p
  n  p (327)
z 

183

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CAPÍTULO 11 - TÓPICOS DE DIMENSIONAMENTO

N z N
  z  p z (328)
z R.

11.1.2 Teoria de flexão das células axissimétricas


Um estudo bem detalhado da Teoria de Flexão das Células, para silos, foi apresentado por
Rotter (1985b). Desse estudo, apresenta-se a seguir um breve esboço dessa teoria, cuja aplicação
fornece os esforços nas paredes de um silo cilíndrico. O leitor mais interessado no assunto deverá
recorrer aos estudos de Rotter (1985b) e aos de Ansourian (1985b), que apresenta uma análise
analítica e numérica dessa teoria.

11.2 Dimensionamento de silos metálicos cilíndricos


No dimensionamento de silos cilíndrico metálicos, deverão ser verificados vários modos de
ruptura. Deverá ser dada atenção especial às chapas tracionadas, aos montantes comprimidos
pela força de atrito, às ligações montante chapa e à cobertura. Nesse item, será dada uma
atenção aos modos de ruptura referente à ruptura das chapas por tração bem como às ligações.

11.2.1 Tipos de parafusos


Existem basicamente 2 classes de parafusos no mercado:
 Parafusos comuns;
 Parafusos de alta resistência.
Parafusos comuns
São parafusos feitos com aço a baixo carbono e, por não possuírem nenhum tratamento
especial, são mais econômicos e largamente utilizados em ligações estruturais. Para proteção
contra a corrosão, esses parafusos podem ser zincados ou bicromatizados.

Figura 11.3 – Parafuso comum.


Esses parafusos transferem os esforços de cisalhamento diretamente por contato entre o
parafuso e as superfícies internas dos furos das chapas (Figura 13.3). São normalmente utilizados
em estruturas sujeitas a cargas estáticas. Nesta categoria, estão os parafusos ASTM A307
(OWENS & CHEAL, 1989).
184

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CAPÍTULO 11 - TÓPICOS DE DIMENSIONAMENTO

Parafusos de alta resistência


São parafusos feitos com aço a médio carbono, com aço-liga ou que passaram por
tratamento térmico. Portanto, sua resistência à tração pode ser várias vezes maior do que a dos
parafusos comuns.
Esses parafusos são apertados contra as partes a serem unidas até adquirirem uma alta
tensão de tração. As partes unidas dessa maneira são impedidas de se deslocarem quando
solicitadas por tração devido à alta pressão de atrito desenvolvida pelo aperto (Figura 11.4). Nessa
categoria estão os parafusos ASTM A325 e ASTM A490 (OWENS & CHEAL, 1989).

Figura 11.4 – Parafusos de alta resistência.


Previsões especiais são necessárias para assegurar o aperto adequado dos parafusos.
Devido à alta protensão e rigidez sob cargas de cisalhamento, esses parafusos são adequados
para o uso em condições de cargas alternadas ou de fadiga. A galvanização pode ser usada para
evitar os problemas de corrosão.
Os parafusos de alta resistência podem também ser usados para trabalhar somente devido
ao contato. Neste caso, a carga de cisalhamento é absorvida pela haste do parafuso que se apóia
sobre os lados do furo da chapa de união.
Nos silos, normalmente, são utilizados os parafusos de alta resistência, e as características
de resistência são dadas na Tabela 11.2

Tabela 11.1 - Resistência à ruptura na tração de parafusos de aço com qualificação estrutural de acordo
com a ISO.

Dim. Nom. Protensão fy fup


Classe Material
(mm) (MPa)min. (MPa)min. (MPa)min.

4.6 M5 a M100 aço carbono e médio carbono 225 240 400


aço médio carbono; o produto é
8.8 (A325, tipo 1) M16 a M36 600 660 830
temperado
aço resistente à corrosão atmosférica; o
10.9 (A490, tipo 3) M12 a M36 830 940 1040
produto é temperado

185

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CAPÍTULO 11 - TÓPICOS DE DIMENSIONAMENTO

Tabela 11.2 – Resistência à ruptura na tração de parafusos de aço com qualificação estrutural de acordo
com a NBR 14762:2001.
Diâmetro nominal do Resistência à ruptura do parafuso
ESPECIFICAÇÃO TIPO parafuso na tração f up
(d) mm Mpa
6 ,3  d  12 ,5 370
ASTM A307 - grau A Comum
d  12 ,5 415

ISO 898 - grau 4.6 Comum d  6 ,0 400


ASTM A325 Alta resistência 12 ,5  d  38 825
ASTM A354 (grauBD) Alta resistência d  6 ,3 1035

ASTM A394 (tipo 0) Comum 12 ,5  d  25 510


ASTM A394 (tipos1,2 e 3) Alta resistência 12 ,5  d  25 825

ASTM A449 Alta resistência d  6 ,3 825


ASTM A490 Alta resistência 12 ,5  d  38 1035
ISO 7411 - grau 8.8 Alta resistência d  6 ,0 800
ISO 7411 - grau 10.9 Alta resistência d  6 ,0 1000

Atualmente, parafusos, porcas e arruelas tendem a ser fabricados obedecendo a normas


internacionais (ISO - International Organization for Standardization), embora as normas nacionais
sejam usadas como complementação de documentos.
Pela ISSO, as propriedades mecânicas dos parafusos são definidas pelo código “X.Y”. O
“X” equivale a 1/100 da resistência última à tração do parafuso em MPa, e o “Y” equivale a 10
vezes a relação entre a resistência ao escoamento e a resistência última, ou seja, 10. f y / f u .  
Nem todas as designações fornecem valores exatos, mas, em ordem de grandeza, dão razoáveis
aproximações.

11.2.2 Tipos de aços


Do ponto de vista estrutural, as propriedades mais importantes dos aços são: a resistência
ou limite de escoamento, resistência última ou limite de resistência à tração, módulo de
elasticidade e módulo tangente, ductilidade, soldabilidade, resistência à fadiga (YU, 1991).
O termo “aços estruturais” engloba todos os aços que, devido às suas propriedades
mecânicas, são adequados para o uso em elementos que suportam cargas.
A resistência das peças em “aço estrutural” dependem do limite de escoamento. O termo
“limite de escoamento” é genérico e indica que o aço tem uma tensão de escoamento definida por
um limite específico ou tem uma tensão de escoamento convencional.
Aços produzidos pela laminação a quente possuem patamar de escoamento (Figura 11.5a).
Para esse tipo de aço, o limite de escoamento é definido pelo nível no qual a curva tensão-
deformação torna-se horizontal.

186

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CAPÍTULO 11 - TÓPICOS DE DIMENSIONAMENTO

Figura 11.5 – Diagramas típicos tensão-deformação para aços estruturais.


Por outro lado, aços laminados a frio não apresentam patamar de escoamento, ou seja, o
escoamento é gradual (Figura 11.5b) (YU, 1991).
Para aços sem patamar de escoamento, o limite de escoamento é determinado através de
um valor “n” convencionado internacionalmente. “Quando o desvio da proporcionalidade é
expressa em termos de um aumento da deformação, tem-se o chamado “limite de desvio (offset)
n”, isto é, o limite “n”, neste caso, é calculado por meio de um aumento de n% na deformação,
após a fase elástica. Geralmente, o valor “n” é especificado para 0.2% (para os metais e ligas
metálicas em geral), o que significa uma deformação plástica de 0.002, por unidade de
comprimento, depois que ultrapassa o limite de proporcionalidade (Figura 11.6)” (SOUZA, 1982).
Atualmente, encontram-se disponíveis aços que possuem tensões de escoamentos entre
170 e 690 MPa.
O módulo de elasticidade “ E ” é definido pelo ângulo do trecho reto da curva tensão-
deformação. Por outro lado, o módulo tangente “ Et ” é definido pela declividade da tangente à

curva tensão-deformação em qualquer ponto da mesma (Figura 11.5b).

187

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CAPÍTULO 11 - TÓPICOS DE DIMENSIONAMENTO

Figura 11.6 – Limite de escoamento para aço sem patamar de escoamento.


A ductilidade do material é conceituada como sendo a capacidade do mesmo em manter
elevada a sua capacidade de deformação plástica antes da ruptura. A ductilidade é importante
para os materiais estruturais, pois permite uma redistribuição das altas tensões localizadas,
freqüentemente encontradas nas proximidades de furos ou de outras mudanças abruptas de
geometria. Ela também é uma condição requerida no processo de dobramento das peças
estruturais.
A soldabilidade é a capacidade de um aço ser soldado satisfatoriamente, livre de crateras e
permitindo a execução de ligações sem dificuldade na penetração do metal da solda. Essas
condições dependem basicamente da composição química do aço e do processo de soldagem
utilizado.
A fadiga ocorre quando um elemento estrutural está sujeito a tensões repetidas ou cíclicas,
podendo vir a romper mesmo nos casos em que a solicitação máxima aplicada seja inferior à
resistência ao escoamento do material (YU, 1991).
AÇOS PARA SILOS
A escolha do tipo de aço a ser utilizado dependerá das propriedades mecânicas requeridas,
do tipo de aplicação e da norma a ser utilizada.
Quanto a espessuras de chapas, as Normas Brasileiras disponíveis são: a “Norma para
Projeto e Execução de Estruturas de Aço de Edifícios NBR 8800:1986” e a “Norma para
Dimensionamento de estruturas de aço constituídas por perfis formados a frio - Procedimento NBR
14762:2001”. A primeira limita a espessura mínima das chapas em 3 milímetros, e a segunda
limita a espessura no intervalo entre 1 e 8 milímetros.
Essas normas regulamentam a utilização de aços especificados nacionalmente ou pela
norma ASTM ( American Society for Testing and Materials).

188

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CAPÍTULO 11 - TÓPICOS DE DIMENSIONAMENTO

Os aços especificados pela SAE (Society of Automotive Engineers), utilizados na indústria


mecânica, não são regulamentados pelas Normas Brasileiras anteriores. No entanto, por vezes,
esses aços são utilizados em construções civis.
Na Tabela 11.3, são apresentados alguns dos principais tipos de aços utilizados em silos,
seja fazendo parte da estrutura do silo propriamente dito, seja de sua estrutura de sustentação.

Tabela 11.3 – Aços para silos.


Tipos de aços utilizados em silos
Propriedades Mecânicas
Tipos fy fu Aplicações Produto
(MPa) (MPa)
chapas e bobinas a
SAE 1008 172 309 colunas, stiffeners
quente ou a frio

chapas e bobinas a
SAE 1010 183 330 colunas ou stiffeners
quente ou a frio

construção soldada e
chapas, barras e
ASTM A36 250 400 a 550 parafusada; propósitos
perfis
estruturais em geral

perfis formados a frio;


ASTM A570 chapas ou bobinas a
232 366 construção soldada ou
quente
Grau C parafusada
chapas finas para uso bobinas a frio ou a
ABNT CF-24 240 370 estrutural quente

chapas finas para uso bobinas a frio ou a


ABNT CF-26 260 420 estrutural quente

ZAR 345 345 430 corpo e tremonhas chapas ou bobinas

corpo de silos e chapas ou bobinas a


SAC - 50  343  461 estrutural quente

chapas e bobinas a
NBR LNE - 38  375  440 corpo e tremonhas
quente

11.2.3 Estado-limite de tração na chapa


Para a verificação do estado-limite de tração de chapas parafusadas, recorre-se à NBR
14762:2001.
A força normal de tração resistente de cálculo N t , Rd deve ser tomada como o menor valor

entre:
A. f y
N t , Rd     1,1 (329)

Ct . An . f u
N t , Rd     1,35 (330)

Onde:

189

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CAPÍTULO 11 - TÓPICOS DE DIMENSIONAMENTO

A é a área bruta da seção transversal da barra;


An é a área líquida da seção transversal da barra, dada por:
Para ligações parafusadas, devem ser analisadas as prováveis linhas de ruptura (Figura 5a),
sendo a seção crítica aquela correspondente ao menor valor da área líquida. A área líquida da
seção de ruptura analisada deve ser calculada por:


An  0,9 A  n f d f t  ts 2 / 4 g  (331)
Para ligações soldadas, considerar An = A. Nos casos em que houver apenas soldas
transversais (soldas de topo), An deve ser considerada igual à área bruta da(s) parte(s)
conectada(s) apenas.
df é a dimensão do furo na direção perpendicular à solicitação;
nf é a quantidade de furos contidos na linha de ruptura analisada;
s é o espaçamento dos furos na direção da solicitação (Figura 11.7);
g é o espaçamento dos furos na direção perpendicular à solicitação (Figura 11.7);
t é a espessura da parte conectada analisada;
Ct é o coeficiente de redução da área líquida, dado por:
CHAPAS COM LIGAÇÕES PARAFUSADAS:
- todos os parafusos da ligação contidos em uma única seção transversal:

Ct = 2,5(d/g)  1,0 (332)


- dois parafusos na direção da solicitação, alinhados ou em ziguezague:

Ct = 0,5 + 1,25(d/g)  1,0 (333)


- três parafusos na direção da solicitação, alinhados ou em ziguezague

Ct = 0,67 + 0,83(d/g)  1,0 (334)


- quatro ou mais parafusos na direção da solicitação, alinhados ou em ziguezague:

Ct = 0,75 + 0,625(d/g)  1,0 (335)


d é o diâmetro nominal do parafuso.
Em casos de espaçamentos diferentes, tomar sempre o maior valor de g para cálculo de Ct;
Nos casos em que o espaçamento entre furos g for inferior à soma das distâncias entre os
centros dos furos de extremidade às respectivas bordas, na direção perpendicular à solicitação (e1
+ e2), Ct deve ser calculado substituindo g por e1 + e2.
Havendo um único parafuso na seção analisada, Ct deve ser calculado tomando-se g como a
própria largura bruta da chapa. Nos casos de furos com disposição em ziguezague, com g inferior
a 3d, Ct deve ser calculado tomando-se g igual ao maior valor entre 3d e a soma e1 + e2.

190

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CAPÍTULO 11 - TÓPICOS DE DIMENSIONAMENTO

1 2
e1

e2

1 2
s s

Figura 11.7 – Geometria da ligação.

11.2.4 Estado-limite das ligações parafusadas


ESPAÇAMENTOS MÍNIMOS
A distância livre entre as bordas de dois furos adjacentes não deve ser inferior a 2d, e a
distância da borda de um furo à extremidade do elemento conectado não deve ser inferior a d,
onde d é o diâmetro nominal do parafuso.
ESPAÇAMENTOS MÁXIMOS
Em ligações constituídas por cobrejuntas sujeitas à compressão, a distância entre os centros
de dois parafusos adjacentes ou entre o centro do parafuso à borda da cobrejunta, na direção da
solicitação, deve ser inferior a 1,37t(E/fy)0,5 onde t é a espessura da cobrejunta e fy é a resistência
ao escoamento do aço da cobrejunta.
RASGAMENTO ENTRE FUROS OU ENTRE FURO E BORDA
A força resistente de cálculo ao rasgamento FRd deve ser calculada por:
e

FRd

FRd = t.e.fu /  ( = 1,35) (336)


Onde:
fu é a resistência à ruptura do aço (metal-base);
t é a espessura do elemento conectado analisado;
e é a distância, tomada na direção da força, do centro do furo-padrão à borda mais
próxima do furo adjacente ou à extremidade do elemento conectado.
PRESSÃO DE CONTATO (ESMAGAMENTO)
A força resistente de cálculo ao esmagamento FRd deve ser calculada por:

191

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CAPÍTULO 11 - TÓPICOS DE DIMENSIONAMENTO

FRd
d

FRd = 2,4.d.t.fu /  ( = 1,35) (337)


Onde:
fu é a resistência à ruptura do aço (metal-base);
d é o diâmetro nominal do parafuso;
t é a espessura do elemento conectado analisado.
FORÇA CORTANTE NO PARAFUSO
A força cortante resistente de cálculo VRd do parafuso, por plano de corte, deve ser calculada
por:

VRd = 0,45.Ap.fup /  quando o plano de corte passa pela rosca (338)

VRd = 0,6.Ap.fup /  quando o plano de corte não passa pela rosca (339)
Onde:
 = 1,55 para parafusos de alta resistência;
 = 1,65 para os parafusos comuns e parafusos de aço sem qualificação estrutural.

11.2.5 Estado-limite dos montantes


Deve ser verificado o montante à compressão simples, conforme a NBR 14762:2001.
Existem muitas dúvidas a respeito do comprimento de flambagem do montante comprimido. É
comum, na prática de projetos de silos, admitir o comprimento entre chapas, porém essa
metodologia deve ser adotada com ressalvas.

11.3 Dimensionamento de silos cilíndricos de concreto


O dimensionamento dos elementos tracionados de concreto armado, como as paredes de
um silo cilíndrico, deverá satisfazer a duas condições distintas, prevalecendo, ao fim do
procedimento, as armações que resultam maiores. Essas duas condições distintas são:
 Estado-limite último (parede à tração);
 Estado-limite de utilização (fissuração).

192

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CAPÍTULO 11 - TÓPICOS DE DIMENSIONAMENTO

Em silos de concreto, deve ser dada uma atenção especial às pressões assimétricas que
podem ocasionar momentos circunferenciais na parede do silo. Assim, é recomendado que o silo
possua armadura nas duas faces da parede, com a intenção de minimizar esses efeitos.

11.3.1 Determinação da espessura das paredes de silo cilíndrico


Existem na literatura algumas fórmulas práticas para a determinação das espessuras das
paredes de silo cilíndrico de concreto armado. A maioria dos autores recomenda que, quando os
silos são construídos com formas deslizantes, a espessura da parede não deverá ser inferior a 15
cm, sempre que utilizado armadura simples, e não menor que 23 cm quando utilizado armadura
dupla. A espessura resistente mínima a considerar em qualquer parede resistente de um silo
cilíndrico será 10 cm.
Ravenet (1990) sugere as seguintes espessuras:
 Em função do diâmetro:

 D  300 
e  10  2,5.  (340)
 300 
Sendo:
e = espessura da parede em cm;
D = diâmetro do silo em cm.
 Em função da altura:

 H  600 
e  10  2,5.  (341)
 1200 
Sendo:
e = espessura da parede em cm;
H = altura do silo em cm.
Com o objetivo de atender as prescrições normativas da NBR 6118:2003, recomenda-se que
as paredes dos silos possuam no mínimo uma espessura de 23cm. Além disso, é sempre
recomendado que o silo possua armadura dupla para absorver possíveis pressões assimétricas ao
longo de todo perímetro.

11.3.2 Segurança ao estado-limite último (da parede à tração)


Nesse estado-limite, o pressuposto é que a ruptura se dará em seção já fissurada e que,
nessas circunstâncias, apenas a armação resistirá à força de tração; as ações de serviço serão
majoradas por coeficiente de proporcionalidade, que, em nossa Norma, é igual a 1,4, e a tensão
no aço será igual ao f yd .

Desse modo, a armação necessária à segurança será igual a, no caso de tração axial:
193

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CAPÍTULO 11 - TÓPICOS DE DIMENSIONAMENTO

Td
AS  (342)
f yd
onde Nd é a força de tração de serviço majorada pelo coeficiente de proporcionalidade (ou
força normal de cálculo). A força de tração axial de serviço na parede será obtida pela expressão:

Td  p h .R (343)
Onde:
Td = força de tração de cálculo;

p hd = pressão horizontal de descarregamento do material ensilado, à profundidade

considerada;
R = raio da seção horizontal do silo.

11.3.3 Segurança ao estado-limite de utilização relativo à fissuração


Nesse estado-limite, apesar de as ações serem as de serviço (sem majoração), o
pressuposto acima de que as armações resistem sozinhas às forças de tração, continua
prevalecendo (dada a grande fragilidade da resistência do concreto à tração). O que muda
fundamentalmente agora é que esse dimensionamento é basicamente empírico, fundamentado em
ensaios, e suas expressões não refletem claramente uma condição teórica como a expressão
acima, na qual é fácil perceber que lá está uma condição teórica de equilíbrio de forças.
No dimensionamento à fissuração, são levados em conta os seguintes parâmetros:
a) em primeiro lugar, a abertura de fissuras que não se deseja superar. No caso de silos em
que não se exija estanqueidade, o valor dessa abertura é da ordem de 0,30mm. No caso de
exigência de estanqueidade (material ensilado muito úmido), essa abertura é da ordem de
0,15mm;
b) a tensão na armação sob a força T de serviço. Como toda a força é absorvida pela
armadura, essa tensão será:
T
S  (344)
AS
Havendo um momento M atuante na seção, permite-se que o valor da tensão na armadura
seja avaliada pela teoria clássica (seção fissurada), simplificadamente pela expressão:

 M 
T  0,9.d  (345)
S   
AS
Onde:
d - altura útil da seção;

194

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CAPÍTULO 11 - TÓPICOS DE DIMENSIONAMENTO

c) diâmetro das barras (supostas todas nervuradas, com boa aderência); cobrimento das
barras, etc.
Essas expressões empíricas estão na NBR 6118:2003, e, com auxílio delas pode-se verificar
o valor de As e a que foi obtida pelo dimensionamento anterior.
Nos casos em que o carregamento provoca tensões que ultrapassam o estado-limite de
formação de fissuras, a verificação da abertura de fissuras é efetuada em estádio II, que admite
comportamento linear dos materiais e despreza a resistência à tração do concreto. Para essa
verificação, pode-se considerar a relação  e entre os módulos de elasticiade do aço e do concreto

igual a 15.
O valor da abertura de fissuras para cada barra tracionada, w, pode ser estimado pelo menor
dentre os obtidos pelas duas expressões seguintes:

 i   4  1
w1  . si .  45 .
 (2. i  0,75) E si   ri  10
w  mín (346)
 w2  i  3. si 1
. si . .
 (2. i  0,75) E si f ct ,m 10
Sendo:  si , i , E si ,  ri

i = diâmetro da barra que protege a região de envolvimento considerada;

 si = é a tensão de tração no centro de gravidade da armadura considerada, calculada

n estádio II;

 Asi 
 ri = taxa de armadura em relação à área de região de envolvimento =   ;
 Acri 
Acri = área da região de envolvimento protegida pela barra  i , considerada com um

bloco de seção quadrada de lado 15  , com centro no eixo da barra. Desprezam-se as partes
desse bloco não contidas na seção transversal, e, quando houver superposição de blocos,
consideram-se as barras contidas em um bloco único, definido pelo perímetro externo dos blocos
superpostos;
E si = módulo de elasticidade do aço;

i = coeficiente de conformação superficial da armadura considerada, igual a 1,5 para

barras de alta aderência e 1 para barras lisas;


2
f ct ,m = resistência média do concreto à tração, admitida igual a 0,3.3 f ck .

195

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CAPÍTULO 11 - TÓPICOS DE DIMENSIONAMENTO

As Normas oferecem - como faz a nossa NBR 6118?2003 - alternativa de procedimento mais
simplificado, fixando qual o valor máximo de  S sob as cargas de serviço que as barras podem

atingir com garantia de segurança à fissuração, em função de seu diâmetro e supondo que os
cobrimentos satisfazem os valores impostos pela Norma.
Assim, por exemplo, para aberturas de fissuras de 0,3mm:

Tabela 11.4 – Valores máximos de diâmetro  e espaçamentos com barras de alta aderência.

Tensão na barra Concreto Armado


S  max s max
(Mpa) (mm) (cm)
160 32,0 30,0
200 25,0 25,0
240 20,0 20,0
280 12,5 15,0
320 10,0 10,0
360 8,0 6,0
Deve ser lembrado que, sendo a tração axial (sem momento), as armações devem,
necessariamente, ser dividas igualmente nas duas faces da parede.

196

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CA
C O
ULLO
APPÍÍTTU REQUISITOS PARA PROJETO

Muitos dos acidentes ocorridos em silos também são devidos à falta de definição das
responsabilidades e das restrições na utilização das unidades armazenadoras. Por exemplo, é
muito comum projetar um silo para produtos granulares e, posteriormente, o usuário armazenar
produtos pulverulentos no mesmo. Essas informações e responsabilidades devem ser escritas em
um documento. Sugere-se, para este item, a adoção da Norma Britânica (BMHB), pois é a que
melhor apresenta essas informações.

12.1 Informações a serem Fornecidas pelo Usuário


12.1.1 Objetivos.
O usuário deverá estipular seus objetivos para o silo ou silos requeridos, incluindo os
seguintes fatores e outros relevantes, além das possíveis mudanças no uso:
(a) - armazenamento com descarga infreqüente;
(b) - armazenamento com descarga freqüente e contínua;
(c) - descarga para transporte (rodovia ou ferrovia);
(d) - descarga para processo ou empacotamento;
(e) - importância de a descarga ser controlada e/ou com possíveis paradas.

12.1.2 Responsabilidade do Projetista


Deve ser de responsabilidade do projetista assegurar que a informação a ele fornecida seja
detalhada o suficiente para o perfeito projeto, e que a integridade do fluxo e da estrutura do silo
será mantida sobre a variação total das condições de uso e propriedades dos materiais fornecidos
pelo usuário, garantindo que as condições de manutenção e operação colocadas no Manual de
Operação e projeto (MOP) sejam observadas.

12.1.3 Materiais a Serem Manipulados


O usuário deve indicar a natureza de todos os materiais a serem armazenados no silo e
deve, para cada material, fixar as umidades mínima e máxima, a distribuição das dimensões das
partículas mais grossas e mais finas, e as densidades mais alta e mais baixa do material

197

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CAPÍTULO 12 - REQUISITOS PARA PROJETO

armazenado bem como a indicação de sua friabilidade. A menor densidade deve referir-se a
qualquer das condições de carregamento previstas.
O fluxo e as pressões são altamente sensíveis às propriedades dos materiais, e o usuário
deve aceitar a responsabilidade pelas conseqüências em qualquer mudança no uso, incluindo nos
objetivos originais os subseqüentes entendimentos com o projetista.
É de responsabilidade do usuário fornecer também as seguintes informações ao projetista:
(a) Área e altura disponível para a construção do silo;
(b) Quantidade máxima de produto a ser armazenada;
(c) Condições de carregamento e descarga, indicando:
- máxima vazão de carregamento;
- máxima e mínima vazões de descarga;
- se é para a descarga ser contínua e intermitente e o grau de controle necessário;
- os limites de segregação permissíveis;
- o tipo de equipamento de descarga a ser conectado com o silo;
- os perigos associados ao material armazenado, como, por exemplo, toxidade e
propriedades explosivas;
- propriedades corrosivas do material nos estados seco e úmido;
- tendência de formação de revestimento de superfície devida, por exemplo, à tração
eletrostática ou fusão;
- temperaturas máxima e mínima do material a ser armazenado no silo;
- possível contaminação física ou biológica;
- probabilidade de ocorrência de vibrações de máquinas, tráfego ou dispositivos de
descarga;
- instrumentos a serem colocados no silo para medidas;
- se o silo, além do armazenamento, será também usado para esfriar, secar, misturar ou
para outros processos;
- indicar qualquer experiência anterior com o armazenamento do material em questão.

12.2 Informações a serem Fornecidas pelo Projetista


12.2.1 Manual de Projeto e Operação
O projetista do silo deverá fornecer ao usuário um manual contendo toda a informação
necessária para operação eficiente e segura, e manutenção do silo. Esse documento poderá ser
menos detalhado para silos com pequenas dimensões (< 100 m3 de capacidade).
Todas as informações fornecidas pelo usuário devem ser colocadas no manual.

198

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CAPÍTULO 12 - REQUISITOS PARA PROJETO

12.2.2 Projeto para a Integridade do Fluxo


O projetista deverá indicar para que tipo de fluxo e para qual produto o silo foi projetado, e as
condições de operação e manutenção a serem observadas, com a finalidade de evitar dificuldades
no fluxo. Isto deve incluir pelo menos o seguinte:
- o produto ou produtos a serem armazenados;
- se o projeto é baseado em testes de cisalhamento, os limites dos ângulos efetivos de atrito
interno e de atrito com a parede;
- limites na distribuição das dimensões das partículas;
- limites na umidade (incluindo colocação de água) e umidade do ar;
- limites na densidade;
- limites no tempo de armazenamento;
- limites na temperatura;
- limites no método e vazão de carregamento;
- limites na vazão de descarga;
- conexão com o equipamento de descarga;
- tipo e modo de operação de aditivos de fluxo, se houver;
- limites na restrição de qualquer fluxo, como registros ou válvulas rotatórias;
- limites nas mudanças da superfície interna das paredes do silo, previstas ou não (por
exemplo, a corrosão);
- limites na excentricidade de descarga;
- quaisquer características que conduzam a deixar resíduos do material no silo;
- características de segurança;
- características especiais para o fluxo de produtos destinados à alimentação humana.

12.2.3 Projeto para a Integridade da Estrutura


Para a integridade do projeto, o projetista deverá especificar, pelo menos, o seguinte:
- o método ou métodos usados na determinação das pressões no silo;
- quaisquer pressões adicionais levadas em consideração, como as devidas a carregamento
excêntrico, cargas dinâmicas, aditivos de descarga, etc...;
- qualquer compensação para a pressão de explosão;
- quaisquer limites nas modificações estruturais, tanto para o carregamento como para a
descarga dos materiais;
- fatores de segurança utilizados, incluindo corrosão e abrasão, se aplicáveis.

199

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CAPÍTULO 12 - REQUISITOS PARA PROJETO

12.2.4 Acesso, Inspeção, Limpeza e Manutenção


O projetista deverá indicar a manutenção requerida para a estrutura, os métodos e a
freqüência de inspeção, e o critério a ser aplicado.

Acesso
Deve ser especificado no Manual de Projeto e Operação (MPO), que todos os silos devem
ter, pelo menos uma vez por ano, uma inspeção externa e interna.
Para esse propósito, deve haver acessos, incluindo escadas e, onde necessário,
plataformas. As escadas e plataformas de acesso devem ser adequadamente fixadas na estrutura
do silo, e deve-se ter atenção particular com relação à possibilidade de colapso de arcos ou
abóbadas de material. As portas de inspeção devem ter dispositivos de fechamento com chaves.
Na entrada do acesso para a limpeza, devem ser previstos pontos de conexão para outros pontos
seguros ou para passarelas seguras e protetoras.
Inspeção
Na inspeção, deverão ser verificadas as paredes internas e externas (avaliando qualquer
corrosão, fissura, flambagem, etc...), as condições do equipamento de carga e descarga, a
existência de material que possa ter consolidado e, possivelmente, deterioração nas partes do silo,
e qualquer recalque ou danos nas fundações ou colunas. Nos casos de pós perigosos, precisam
ser verificadas as suas decomposições nas várias partes do sistema e o próprio funcionamento de
qualquer equipamento de controle dos mesmos. A inspeção deve também ser feita nos
equipamentos e acessórios de carga e descarga.
Limpeza
Se o material a ser armazenado deteriorar com o tempo, tendendo a grudar ou corroer as
paredes, a parte interna do silo deve ser limpa em intervalos curtos o suficiente para prevenir
cargas estruturais. A rotina para a limpeza deve ser especificada para o usuário, pelo projetista.
Manutenção
É usual para uma boa manutenção, que ela não seja realizada pelo mesmo pessoal que
opera o equipamento. Deve haver um sistema formal para controlar a transferência do
equipamento da operação para a manutenção, isto é, permitir que o sistema funcione. Uma causa
comum de explosões é o uso de soldas ou ferramentas de corte em lugares onde existem pós
explosivos. Para prevenir isto, deve ser adotado um sistema formal que assegure que o lugar seja
limpo ou seu conteúdo tornado não-inflamável, antes que esse trabalho seja executado.

200

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CAPÍTULO 12 - REQUISITOS PARA PROJETO

Segurança
O projetista deverá indicar as precauções de segurança a serem observadas, de acordo com
os seguintes cuidados:
- explosões;
- escape de pós tóxicos ou nocivos;
- transbordamento;
- acidentes com o pessoal de operação e manutenção;
- coagulação do material seguida por movimento destrutivo ou colapso.

201

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CAAPPÍÍTTU O
ULLO
C EXPERIÊNCIA EM SILOS

Na determinação das pressões no silo, atenção especial deve ser dada às condições
estruturais de cálculo e o modo associado de ruptura na estrutura do silo. O aumento das pressões
em pequenas partes da estrutura tem sido sempre tratado como se elas se estendessem em toda
a volta do silo, no mesmo nível, o que é uma hipótese não-conservadora e certamente conduz a
interpretações erradas das tensões induzidas na estrutura.
Uma importante distinção também precisa ser feita entre silos metálicos e silos de concreto
armado, com relação à resposta estrutural. Os silos de concreto armado são freqüentemente altos,
e seu projeto é conduzido por condições relativamente simples. Os silos metálicos, de todas as
geometrias, têm formas estruturais mais variáveis, pois o projetista tem condições de alterá-las
pelo uso de anéis de rigidez, colunas verticais, ligações por abas ou topo, placas curvas ou
paredes corrugadas e detalhes de suporte.

13.1 Silos de Concreto Armado.


Os silos de concreto armado são, em geral, relativamente espessos (R/t ~ 25-60). Como
resultado, as paredes são solicitadas por grandes momentos originados por restrições de apoios e
variações locais de carga. Uma segunda conseqüência disto, é que as paredes respondem ao
material armazenado de uma maneira rígida. As pressões na parede são, então, similares àquelas
exercidas nas paredes de reservatórios rígidos.
O concreto tem pouca resistência à tração e, portanto, ações de tração na parede do silo
devem ser resistidas pela armadura, e podem ser esperadas grandes fissuras se isto não ocorrer.
Estas fissuras podem não ter conseqüências catastróficas (Figura 13.1 e Figura 13.2), pois a
estrutura de casca é muito redundante, e as fissuras somente reduzem a rigidez de um
mecanismo paralelo. As fissuras também podem ser produzidas por recalques diferenciais da
fundação, mudanças bruscas de temperatura ao longo do ano e retrações, dependendo do
processo construtivo.

202

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CAPÍTULO 13- EXPERIÊNCIA EM SILOS

Figura 13.1 - Fissuras em silos de concreto.

Figura 13.2 – Fissuras devido à tração em 2 silos no Reino Unido. Adaptado de Elghazouli e Rotter (1996).
Além disso, uma ruptura progressiva pode ser produzida por repetidas pressões altas do
variável processo de fluxo, e fissuras são indesejáveis em silos usados para armazenar produtos
que deterioram com a umidade ou produtos que podem ter uma influência corrosiva na armadura.
No ano de 1980, realizou-se na Suécia um estudo de todos os silos de concreto armado do
país (RAVENET, 1983). Os resultados mostraram que 60% apresentavam importantes fissuras e
10% tinham problemas de entrada de água.
As tensões de compressão atuantes em silos de concreto armado são geralmente pequenas
e facilmente resistidas pelo concreto. O tipo de ruptura das paredes de silos de concreto armado é
usualmente por escoamento do aço (normalmente de modo dúctil , dando bastantes avisos de

203

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CAPÍTULO 13- EXPERIÊNCIA EM SILOS

ruptura) ou por perda de vínculos, resultando em ruptura perto dos cantos ou ao longo de parte da
circunferência (não-dúctil, resultando em colapso catastrófico) (Figura 13.3).

Figura 13.3 – Colapso de um silo de concreto.


Devido às fissuras mudarem a rigidez relativa dos diferentes caminhos das cargas na
estrutura de concreto, os silos de concreto geralmente respondem de um modo que corresponde
às hipóteses de projeto. Portanto, o projeto tradicional é feito calculando a armadura
circunferencial para resistir às tensões de membrana ou anelares, supondo cada seção da altura
do silo como um anel. As tensões de membrana de compressão oriundas das forças de atrito são
facilmente resistidas pela compressão no concreto. Recentes modificações desse procedimento de
projeto para permitir descarga excêntrica (SAFARIAN e HARRIS,1985), recomendam que a
armadura seja disposta em duas camadas, para resistir os momentos fletores circunferenciais.
Seções horizontais da parede do silo são solicitadas por compressão, e são menos suscetíveis a
fissuras de flexão. Essa pode ser uma razão da pouca atenção que é dada aos momentos fletores
verticais ou resistência à flexão. Como conseqüência, a estrutura tende a desenvolver pequenas
trincas horizontais e transmite sua carga para a ação de anel, como foi previsto no cálculo.
Esses momentos podem ser calculados da seguinte maneira (SAFARIAN e HARRIS, 1985):
Consideremos que o diâmetro do fluxo de conduto seja D1 (Figura 13.4). O silo tem, ao

longo da circunferência, uma pressão p 2 maior que a pressão p1 no interior do conduto de


descarga.

204

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CAPÍTULO 13- EXPERIÊNCIA EM SILOS

p2 D

p1 D1 D1
D
0,25 0,50

Momento F. D
2

-0,25

D1
D
0,50
F

0,18

Figura 13.4 – Pressões em silos com esvaziamento excêntrico.

O valor máximo da pressão p1 , considerando um valor do coeficiente de sobrepressão igual


a 2 (já que a massa está em movimento), vale:
D1
p1  2. . . tan  w  (347)
4
O valor da pressão referente ao resto da massa que se encontra em repouso, vale :
D
p2   . . tan  w  (348)
4
Sendo:
p1  pressão dinâmica no conduto de diâmetro D1 em kN / m 2 ;

p 2  pressão estática no silo de diâmetro D em kN / m 2 ;

  peso específico em kN / m 2 ;
 w  ângulo de atrito entre o produto armazenado e a parede, em graus.

D D  D  D 
p1  p 2  2. . . tan  w    . . tan  w     . . tan  w . 2. 1  1 (349)
4 4  4  D 
O valor da força F é:

D2  D2 D 
F   p1  p 2 .D1   . . tan  w . 2. 1  1  (350)
4  D D

205

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CAPÍTULO 13- EXPERIÊNCIA EM SILOS

D1
F é máxima para  0,25
D
D1
F  0 para  0,5 (351)
D
D
Fmáx  0,125. . . tan  w  (352)
4
Se supomos que o valor da força F se concentra em um ponto, o momento vale:
D
M  F. (353)
2
O momento máximo valerá:
D
M máx  0,125. . . tan  w  (354)
8
Em geral, o momento máximo vale:
M máx  0,125.F .D (355)
O momento mínimo:
Mmín  0,090.F .D (356)
Devem-se, portanto, colocar armaduras complementares que nos permitam resistir a estes
momentos e que se somarão às armaduras previstas para suportar os esforços de tração pura.
Nas Figura 13.5-a e Figura 13.5-b, podemos ver duas instalações em concreto armado
moldado em loco e pré-moldado.

(a) (b)
Figura 13.5 – Silo de concreto armado moldado (a) in loco e (b) pré-moldado.
Os tipos de ruptura e procedimentos de cálculo têm conduzido as regras para o cálculo das
pressões na parede em silos de concreto, com ênfase:
a) à máxima pressão normal uniforme e à envoltória destas pressões;
b) às pressões em silos altos, maioria dos silos de concreto e, em parte, devido à diferença
mais significativa, neste caso, entre a máxima pressão normal e as pressões de carregamento;

206

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CAPÍTULO 13- EXPERIÊNCIA EM SILOS

c) momentos fletores circunferenciais induzidos por pressões que variam ao longo da


circunferência.
Os trabalhos de pesquisa nas últimas duas décadas sobre pressões em silos têm seguido
amplamente essa ênfase.

13.2 Silos Metálicos


13.2.1 Silos Cilíndricos
É menos fácil fazer recomendações sobre silos metálicos do que sobre silos de concreto
devido à variabilidade de parâmetros já mencionada. Entretanto, a mesma estratégia de cálculo
para silos de concreto mencionada não pode ser aplicada devido à consideração preponderante
ser geralmente ruptura por flambagem (ROTTER,1985).
Os silos metálicos são, usualmente, finas estruturas em casca (250<R/t<2000). Cascas finas
são estruturas eficientes, transmitindo suas cargas predominantemente por tensões no plano ou
na membrana. Silos metálicos, geralmente, respondem flexivelmente às altas e localizadas
pressões do produto armazenado. Como as altas pressões observadas em ensaios durante a
descarga podem ser relacionadas à rigidez das paredes, os silos metálicos não precisam ter o
grande coeficiente de sobrepressão usado para silos de concreto. Pesquisas neste campo ainda
estão em um relativo estágio preliminar.
Quando parte do silo metálico é solicitada à tração biaxial (como nas tremonhas), a parede
comporta-se de uma maneira dúctil, e um completo mecanismo plástico precisa desenvolver-se
antes da ruptura. Elevadas pressões localizadas na parede são então redistribuídas antes que
ocorra um colapso estrutural.
Entretanto, quando a parede é solicitada por tensões de compressão, em pelo menos uma
direção, torna-se propícia a ruptura por flambagem. Em silos cilíndricos, sem colunas, solicitados
pelas típicas distribuições de Janssen, Walker ou Jenike, é fácil mostrar que a ruptura, como uma
conseqüência de excessivas pressões internas, é somente o modo determinante perto do topo do
silo. Além disso, a espessura da parede nesta região é geralmente controlada por detalhes
construtivos que impõem uma espessura mínima de parede.
Para a maioria das paredes do silo, a flambagem sob compressão axial tende a ser
predominante da espessura das paredes.
Como a flambagem por compressão axial não é usualmente um modo de ruptura frágil, a
maior tensão de compressão local precisa ser encontrada. Quando as pressões na parede estão
em padrão simples de eixo simétrico (constante ao longo da circunferência a um certo nível),
essas compressões axiais são somente devidas ao atrito com a parede, superposição de cargas e

207

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CAPÍTULO 13- EXPERIÊNCIA EM SILOS

condições desiguais de apoios. Ignorando a última condição (usualmente não considerada no


cálculo), a força de arrasto de atrito do produto granular sobre a parede é a principal consideração
de cálculo. A preocupação com pressões normais de pico na mudança , nas teorias de Walters
(1973) e Jenike et al. (1973), conseqüentemente tende a enfatizar os aspectos errados das cargas
nas paredes de silos metálicos. A carência de rupturas por fraturas em silos metálicos em serviço
enfatiza esta observação.
A resistência de uma casca cilíndrica em flambagem sob compressão axial é aumentada
substancialmente quando a casca é pressurizada internamente: quanto maior a pressão, maior se
torna a resistência. O calculista, que desejar utilizar esta vantagem na resistência, precisa estimar
a menor pressão interna que pode existir com a compressão axial na parede. Embora esse fato
seja reconhecido na Norma Além (DIN 1055), ele tem recebido muito pouca atenção dos teóricos e
experimentadores em pressões em silos, que têm principalmente tentado definir as pressões
máximas na parede.
A segunda causa de compressão axial que conduz à ruptura por flambagem em silos
metálicos cilíndricos é das pressões que variam ao longo da circunferência em certa altura (Figura
13.6). A distribuição de pressões desse tipo é normalmente associada pelo calculista por descarga
excêntrica (JENIKE, 1967), mas pode também ser devida à variação ao acaso das pressões
durante o esvaziamento, e são especificadas na Norma Além, (DIN 1055). Não é suficiente
calcular o silo para ter resistência adequada à tração circunferencial para suportar a maior pressão
esperada simultaneamente em todos os pontos: isto assume o tipo de carregamento errado e
implica a indução de compressões axiais.

Figura 13.6 – Flambagem em silo metálicos.


Jenike (1967) faz um estudo onde determina o raio crítico de um silo metálico de chapa lisa
em função da espessura da parede com a suposição da solicitação de descarga excêntrica. O
valor encontrado para o raio crítico é:

208

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CAPÍTULO 13- EXPERIÊNCIA EM SILOS

 32,4   C   t 
Rcrítíco   . . . tan  w  (357)
1 n      R 
Sendo:
Rcrítico = raio crítico do silo;
C = coeficiente de trabalho do aço na parede do silo;
 = densidade do produto armazenado;
t = espessura da parede do silo;
R = raio do silo;
n = coeficiente de poisson;
 w = ângulo de atrito do produto armazenado com a parede.
Simplificadamente, com um tipo de carga local, a casca se comporta como se ela consistisse
somente de um painel curvo com largura igual à largura da circunferência de aplicação da carga,
mas com um comprimento igual à altura do silo. No topo do silo, há um anel de rigidez, o painel
atua como uma viga em balanço apoiada; mas, onde o topo é livre, há a tendência de deformar
para fora da circunferência, e a resposta é como uma viga em balanço simples.
Este modelo é supersimplificado, mas serve para ilustrar por que grandes tensões de
compressão aparecem perto da base do silo por concentrações locais de pressão (Figura 13.7). As
tensões axiais são totalmente sensíveis à forma da pressão localizada: se ela é retangular ou na
forma de uma saliência circular, induz a deformações locais para fora da circunferência. Essas
deformações pré-flambagem podem reduzir a resistência à flambagem da parede de maneira
similar às imperfeições geométricas.
ANEL
H/D=7
R/t=900
2.e/M=0,25
b/H=0,50

PICO=2.JANSSEN DEFORMAÇÃO
V
e

JANSSEN

REGIÃO DE FLAMBAGEM
JANSSEN

SILO EXEMPLO
400

ALTAS TENSÕES
TENSÕES LOCAIS
TENSÕES VERTICAIS DE MEMBRANA (MPa)

PODEM CAUSAR
300 FLAMBAGEM

200

100
TENSÕES DE JANSSEN

100
-180 -135 -90 -45 0 45 90 135 180
ÂNGULO CIRCUNFERENCIAL (GRAUS)

TENSÕES VERTICIAIS NA PAREDE PRÓXIMA


A BASE DO SILO

Figura 13.7 – Concentrações locais de pressão.


209

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CAPÍTULO 13- EXPERIÊNCIA EM SILOS

Outra importante característica de silos metálicos deve ser notada. Silos metálicos cilíndricos
são freqüentemente estruturas baixas com relação a altura/diâmetro entre 0.5 e 2.0. Para essas
estruturas, a relação entre as pressões horizontais e verticais (K), no produto armazenado, é de
fundamental importância. O uso de K = 0.4 para todos os materiais armazenados (JENIKE et al.,
1973) pode ser justificado para células altas onde K tem pequeno efeito, mas, em silos baixos, é
necessária maior precisão. Além disso, a variação de pressões perto do primeiro contato do sólido
armazenado com a parede afeta significativamente o cálculo, mas não é bem tratado na maioria
das pressões em silos. Também tem sido mostrado (ROTTER, 1983) que carregamento excêntrico
de silos baixos é, muitas vezes, o controlador do caso de carga, mas poucos dados experimentais
são avaliáveis no resultado das pressões nas paredes (CALIL, 1987).
Os modos de ruptura acima mencionados indicam que as recomendações para o cálculo das
pressões na parede em silos metálicos devem enfatizar:
a) as máximas forças acumulativas de atrito nas paredes;
b) a mínima pressão normal coexistente (junto com a máxima força de atrito na parede);
c) as pressões em silos baixos sob carregamento concêntrico e excêntrico;
d) as reduções de carga provenientes da flexibilidade estrutural;
e) a grandeza e a forma precisa do aumento ou diminuição das pressões localizadas na
parede das células.
Quando esses pontos são comparados com os pontos correspondentes relativos aos silos
de concreto, fica claro que são necessárias regras completamente diferentes para esses dois tipos
de estruturas. Os trabalhos de pesquisa, nas últimas duas décadas, em pressão nas paredes dos
silos têm, infortunadamente, dado pouca atenção para a maioria desses pontos.

13.2.2 Silos Cilíndricos com chapas onduladas enrijecidas


Este sistema de construção baseia-se fundamentalmente na pré-fabricação de chapas com
conformações a frio que introduzem rigidez transversal ao sistema. Porém, a resistência à
compressão é diminuída o que é contrabalanceado com o enrijecimento longitudinal que é obtido
por introdução de perfis longitudinais. Geralmente as ondas possuem uma configuração senoidal
que é obtida pelo processo de calandragem. Existem diversos modos de ruptura desses tipos de
silos como:
 Ruptura por tração por sobrepressões ou desconhecimento das pressões em
silos;
 Ruptura por compressão axial;
 Deformações devido aos efeitos do vento;

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CAPÍTULO 13- EXPERIÊNCIA EM SILOS

Sobrepressões
O campo de tensões iniciais, que atua nas paredes enquanto o silo está sendo carregado na
condição inicialmente vazio e com a boca de descarga fechada, é totalmente diferente do campo
de tensões dinâmicas que atua quando é realizada alguma descarga do produto armazenado.
Essa diferença nos campos de tensões, entre as situações de carregamento e descarga, leva a
formação de picos de pressões consideráveis que atuam nas paredes do silo na situação de fluxo.
Em silos com fluxo de funil, esses picos de pressão ocorrem geralmente onde o canal de fluxo
encontra a parede (transição efetiva) e em silos com fluxo de massa na transição do corpo do silo
para a tremonha.
As Figura 13.8a,b ilustram o colapso de um silo com fluxo de massa devido não
consideração desses picos de pressão no dimensionamento do anel de transição. Pode-se notar
que a ruptura ocorreu na transição do corpo do silo com a tremonha.

(a) (b)
Figura 13.8 – (a) Destruição da cobertura devido à ação do vento e (b) Amassamento da parede lateral
devido à ação do vento.
Vento
Os modos de ruptura, devidos ao vento, mais comuns nestas estruturas são a ovalização do
corpo do silo devido ao amassamento da parede, sendo a solução a colocação de anéis de rigidez
e o arrancamento dos elementos de fixação do corpo do silo ao anel de concreto.
Segundo Andrade Jr. (2002) os silos cilíndricos têm um desempenho otimizado â a ação do
vento com o posicionamento externo dos montantes. As pressões no entorno do corpo do silo são
aliviadas e, como resultado, o silo está menos suscetível ao amassamento e ao efeito de
ovalização.

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CAPÍTULO 13- EXPERIÊNCIA EM SILOS

A Figura 13.9a ilustra o colapso da estrutura metálica de suporte do equipamento de


transporte de um silo parcialmente cheio ocasionando a destruição da cobertura e
conseqüentemente o colapso do silo. Já a Figura 13.9b ilustra o amassamento da parede lateral
(corpo do silo) pela ovalização da seção transversal produzida pelo carregamento assimétrico da
força de arrasto do vento. Na Figura 13.10 observa-se a deformação na chapa de fixação do
montante ao anel de concreto da fundação devido à ação do vento.

(a) (b)
Figura 13.9 – (a) Destruição da cobertura devido à ação do vento e (b) Amassamento da parede lateral
devido à ação do vento.

Figura 13.10 – Deformação na chapa de fixação do montante no anel de concreto da fundação devido à
ação do vento.
Compressão axial
Outro caso típico de projeto incorreto é citado por Ravenet (1992), em um silo de 7,00m de
diâmetro e 12,0m de altura. Esse silo deformou-se devido às forças de atrito (Figura 13.11). Este
silo apresentou a deformação por flambagem na altura de 8,00m a partir da base do silo. Segundo
os estudos realizados por Ravenet (1992) os enrijecedores foram insuficientes para resistir a força
de atrito atuante na região da ruptura.

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CAPÍTULO 13- EXPERIÊNCIA EM SILOS

Figura 13.11 – Flambagem de um silo de chapa ondulado enrijecido.

13.2.3 Silos Quadrados


Os silos metálicos quadrados (RAVENET, 1978) são normalmente do tipo multicelular
(Figura 13.12), de tal modo que existe uma interação entre as células e todo o conjunto, incluindo
a fundação, devendo ser estudados como um elemento que se vê submetido a cargas locais que
produzem deslocamentos elásticos, afetando o resto da estrutura.

Figura 13.12 – Silos metálicos quadrados multicelulares.


Nas fundações, ocorrem recalques diferenciais que afetam o resto da estrutura mediante
esforços de tração e momento nos nós dos engastamentos.
O silo metálico quadrado constrói-se com paredes relativamente delgadas, em relação à
espessura, e corrugadas para aumentar sua resistência à flexão e nós de ligações rígidos que

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CAPÍTULO 13- EXPERIÊNCIA EM SILOS

absorvem os momentos de engastamento. As pressões laterais de carregamento e sobrepressões


de descarga, quer sejam uniformes quer excêntricas, são absorvidas pelas paredes à flexão,
produzindo momentos nos engastamentos que são variáveis em função da variação das pressões
e que produzirão deslocamentos infinitesimais que a inércia da estrutura absorverá.
Essas instalações construíam-se inicialmente com tubos de descarga estáticos para evitar
sobrepressões de descarga. Na Figura 13.13, pode-se ver uma célula avariada em fase de
reparação com tubo de descarga estático perfurado e situado junto à parede.

Figura 13.13 – Silo com tubo de descarga estático.


A colocação de tirantes interiores para reduzir o vão da parede (
Figura 13.14), é válida para o armazenamento de produtos granulares, mas pode ser muito
perigoso para o armazenamento de produtos pulverulentos coesivos, tal como se pode ver na
Figura 13.15.

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CAPÍTULO 13- EXPERIÊNCIA EM SILOS

Figura 13.14 – Silos com tirantes internos. Figura 13.15 – Silo deformado devido à ruptura
interna dos tirantes.

Silos construídos com espessuras de parede insuficientes e destinados ao armazenamento


de produtos granulares podem apresentar deformações ao longo da parede (Figura 13.16-a). Se
são armazenados produtos pulverulentos coesivos, a deformação da parede é pontual e devida à
caída de abóbadas . As caídas de abóbadas em silos com altura superior a 15 metros podem
originar deformações na parte baixa, para fora, e deformações por depressões na parte alta do
silo, para dentro (CALIL,1982), (Figura 13.16-a e Figura 13.16-b).

(a) (b)
Figura 13.16 – Deformações em silos metálicos.

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CAPÍTULO 13- EXPERIÊNCIA EM SILOS

13.3 Silos de Madeira.


Os silos de madeira são geralmente estruturas de armazenamento de pequena capacidade
(se comparados com silos de concreto e metálicos), normalmente construídos em fazendas com a
finalidade da solução para o armazenamento da produção do pequeno agricultor.
Considerando as atividades docentes e de pesquisa do autor na área de madeiras e de
estruturas de madeira, foram até o momento desenvolvidos quatro trabalhos a nível de mestrado
em silos de madeira (CALIL, 1978; VAZ, 1987; GOMES, 1994 e FASSONI, 1994).
As soluções estruturais dos trabalhos apresentados foram bastante diferentes entre si, sendo
o primeiro (CALIL, 1978) vertical, de geometria cilíndrica, paredes formadas de tábuas verticais,
encaixe macho e fêmea, usadas como elemento de vedação e responsáveis pela resistência à
compressão das cargas de atrito na parede; e anéis de madeira como elementos de resistência à
tração e rigidez transversal para os efeitos de vento e ovalizações decorrentes de problemas na
excentricidade no fluxo de descarga, (Figura 13.17-a).

(a) (b)
Figura 13.17 – Silos de madeira maciça.
O segundo trabalho (VAZ, 1987) foi realizado com chapas de madeira compensada, vertical,
geometria hexagonal, sendo as paredes calculadas a partir de um esquema estrutural
especialmente desenvolvido para silos poligonais, onde as chapas compensadas, consideradas
como material plano e ortotrópico, ficaram submetidas, simultaneamente, a esforços de flexão
(ação de placa) e de tração (ação de chapa).
Ambos os silos estudados foram do tipo vertical elevado e com tremonhas de descarga.
O terceiro trabalho (GOMES, 1994) foi realizado com tábuas de madeira, horizontal. O
modelo proposto foi avaliado com a utilização de eucalipto para a execução da superestrutura e

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CAPÍTULO 13- EXPERIÊNCIA EM SILOS

pínus para a execução das rampas defletoras. As ligações entre as peças serão executadas com
parafusos e pregos. A cobertura é composta com telhas de fibrocimento, e sua estrutura, em
madeira de eucalipto (tesoura).

13.4 Comentários
Pelo exposto, é muito importante definir inicialmente o tipo de instalação, cilíndrica ou
quadrada, metálica ou de concreto, já que, dessa escolha, depende o cálculo a realizar, levando
em conta os momentos fletores, efeitos de ovalização, flambagem, etc.
É muito importante definir, também, a relação altura-lado do silo e as características mais
gerais do produto a armazenar para poder estabelecer hipóteses de cálculo corretas que permitam
executar uma construção segura e econômica de acordo com as recomendações existentes.

217

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CAPÍTULO 13- EXPERIÊNCIA EM SILOS

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GLOSSÁRIO

1. Ângulo de atrito com a parede: inclinação do lugar geométrico de deslizamento


com a parede.
2. Ângulo de repouso: o máximo ângulo do talude do produto medido com a
horizontal.
3. Canal de fluxo: canal é aquela parte da massa do produto onde ocorre o fluxo
quando a boca de descarga é aberta ou acionado o alimentador.
4. Compactação: o processo de redução do volume por aplicação de tensões.
5. Consolidação crítica: um produto está consolidado criticamente em relação à
tensão normal aplicada, quando ele desliza sem mudanças na densidade e em
estado de tensão constante.
6. Consolidação: o processo de aumentar a resistência de um produto.
7. Corpo do silo: parte do silo, geralmente de forma geométrica, cilíndrica ou
poligonal.
8. Deformação plástica (ou fluxo): deformação irreversível quando se retira a tensão.
9. Deslizamento: deformação plástica do produto.
10. Eixo simétrico: o termo eixo simétrico é comumente usado para descrever a
geometria do silo ou tremonha. Silos e tremonhas de eixo simétrico têm seção
transversal circular ou poligonal eqüilateral com relação ao eixo vertical.
11. Estado crítico de deslizamento: estado de tensão a que o produto está submetido
localmente, que corresponde ao deslizamento do produto.
12. Fator fluxo (ff): relação entre a tensão de consolidação para o produto em fluxo
pela tensão, atuando onde um arco estável imaginário, formado por partículas do
produto, é sustentado pelas paredes da tremonha.
13. Fluxo de funil: tipo de fluxo caracterizado pela formação de um canal de fluxo,
alinhado com a boca de descarga, cercado por uma zona na qual o produto
permanece estático (zona parada ou estagnada).
14. Fluxo de massa: tipo de fluxo caracterizado pelo fato de que todas as partículas
do produto armazenado estão em movimento durante a operação de descarga.
15. Fluxo: movimento do produto.
16. Função fluxo (FF): relação da tensão inconfinada de deslizamento versus tensão
de consolidação.

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17. Lugar geométrico de deslizamento: linha dos estados críticos de deslizamento.
yield locus: um ponto representativo de um estado crítico de deslizamento.
18. Sub consolidação: um produto está sub consolidado em relação à tensão normal
aplicada, quando o deslizamento é acompanhado por um aumento da densidade
e da tensão cisalhante
19. Super consolidação: um produto está super consolidado em relação à tensão
normal aplicada, quando o deslizamento é acompanhado por um aumento da
densidade e da tensão cisalhante.
20. Tensão de consolidação (1): máxima resistência ao deslizamento em
compressão com o confinamento.
21. Tensão inconfinada de deslizamento (fc): resistência ao deslizamento em
compressão simples, significando a tensão-limite de compressão sem
confinamento.
22. Tensão principal: tensão normal atuando no plano onde não existe tensão de
cisalhamento.
23. Transição efetiva: lugar onde ocorre o pico de pressão em silos com fluxo de funil.
24. Transição: lugar onde ocorre o pico de pressão em silos com fluxo de massa.
25. Tremonha: parte inferior do silo, normalmente apresenta forma geométrica cônica.

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