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Engenharia Civil
Universidade de São Paulo (USP)
236 pag.
Silos:
pressões, fluxo, recomendações para o projeto e
exemplos de cálculo
Giovano Palma
Professor Assistente da Faculdade Assis Gurgacz – Faculdade de Agrimensura, Engenheiro Civil pela
Universidade Federal de Santa Maria em 2002, Mestre em Engenharia de Estruturas pelo SET/EESC/USP em 2005.
Calil e Cheung
INTRODUÇÃO
C
1.1 Definições
A palavra silo tem sua raiz grega “sirus”, que significa lugar escuro-cavernoso. Nos dias
atuais, o significado da palavra silo é de um grande depósito para armazenar cereais, forragens,
etc.
Assim, neste trabalho, definimos silo como construção destinada a armazenar e conservar
qualquer produto industrial ou agrícola. O termo unidade ou conjunto de armazenagem engloba
tanto o silo propriamente dito, como a máquina de transporte, conservação, beneficiamento,
mistura.
130
10 (kg/ha), 10 (ha)
52
10 (toneladas)
6
110 Produção 44 Área plantada
100 40
90 36
80 32
6
2
70 28
60 24
50 20
40 16
30 12
20 8
10 4
- -
1980
1982
1984
1986
1988
1990
1992
1994
1996
1998
2000
2002
2004
2006
1980
1982
1984
1986
1988
1990
1992
1994
1996
1998
2000
2002
2004
2006
Ano Ano
(a) (b)
Figura 1.1 – (a) Evolução da produção em relação ao armazenamento no Brasil. (b) Produtividade e área
plantada no Brasil.
(a) (b)
Figura 1.2 – (a) Grupos de silos elevados e (b) Silo horizontal semi-subterrâneo.
(a) (b)
Figura 1.3 - (a) Silo em tela metálica e tecido e (b) Grupo de silos multicelulares poligonais.
(a) (b)
Figura 1.4 – (a) Dois silos esbeltos elevados de madeira e (b) Silo baixo em elementos pré-moldados de
concreto (silo Buffalo).
A geometria é outro fator de classificação dos silos, podendo ser divididos em:
Silos esbeltos:são aqueles que possuem uma relação entre a altura e o diâmetro
H
maior ou igual a 1,5.
D
H
Silos baixos: são aqueles que possuem uma relação entre a altura e o diâmetro
D
menor que 1,5.
Silos horizontais: são aqueles cuja dimensão longitudinal é preponderante sobre as
outras dimensões.
Quanto à entrada de ar:
Silos herméticos: silos que possuem um impedimento entre a troca de ar do interior
da célula com o exterior.
Silos não-herméticos: silos que permitem a troca de ar com o exterior.
Algumas normas apresentam as relações de classificação de silos quanto à esbeltez, e que está
apresentada na Tabela 1.1.
Australiana
AS3774:1996
H/D <1,0 1,0 H/D 3,0 H/D > 3,0
Européias
PrEN 1991-4:2003
(Draft)
0,4 H/D 1,0 1,0 H/D 2,0 H/D 2,0
DIN 1055-03:2005
Americanas
ACI-313:1991
ANSI/ASAE
H/D <2,0 - H/D > 2,0
EP433:2001
própria na área de silos. Até o momento, foram desenvolvidos os seguintes trabalhos de Mestrado
e Doutorado:
Calil (1978), em sua dissertação de Mestrado “Estudo dos Silos de Madeira a Nível de
Fazendas”, propõe como alternativa para o pequeno produtor a construção de tais estruturas nas
propriedades agrícolas, utilizando madeira tanto como material estrutural quanto de revestimento.
Calil (1984), em sua tese de Doutorado “Sobrepresiones en las Paredes de los Silos para
Almacenamiento de Productos Pulverulentos Cohesivos”, realiza estudo em modelos reduzidos,
determinando os tipos de fluxo de materiais armazenados, a intensidade das pressões de
carregamento e descarga para produtos granulares e para produtos pulverulentos.
Fortes Filho (1985), em sua dissertação de Mestrado “Uma Introdução ao Estudo dos Silos”,
aborda a problemática dos silos de maneira ampla e suficientemente profunda para as aplicações
correntes, apoiando-se em uma análise de estudos teóricos e experimentais realizados por
diversos autores.
Vaz (1987), em sua dissertação de Mestrado "Silos Verticais de Madeira Compensada",
apresenta uma proposta de silos de madeira compensada de seção hexagonal para o pequeno
produtor.
Couto (1989), em sua dissertação de Mestrado "Contribuição ao Estudo dos Silos de
Argamassa Armada para o Armazenamento de Cereais", propõe uma metodologia de dosagem
para argamassa armada, verificando sua viabilidade construtiva em dois silos protótipos cilíndricos.
Esteves (1989), em sua dissertação de Mestrado "Silos Metálicos de Chapa Corrugada",
apresenta estudo teórico e experimental destas unidades com vistas à caracterização dos
materiais e das ligações utilizadas, além de propor uma metodologia de ensaio para a avaliação
dos componentes estruturais.
Calil (1990), em sua tese de Livre - Docência "Recomendações de Fluxo e de Cargas para o
Projeto de Silos Verticais", realiza o estudo das teorias e práticas que envolvem as várias fases de
carregamento e fluxo de produtos armazenados, propondo recomendações para o
armazenamento destes produtos em silos.
Silva (1993)*, em sua tese de Doutorado "Estudo da Variabilidade de Pressões em Silos",
estuda as pressões em silos sob o ponto de vista probabilístico, com ênfase na análise da
variabilidade das propriedades dos produtos armazenados e na variabilidade das pressões.
Milani (1993), em sua tese de Doutorado "Determinação das Propriedades de Produtos
Armazenados para Projeto de Pressões e Fluxo em Silos", apresenta uma metodologia de ensaio
para a determinação das propriedades de produtos armazenados, com base em estudos teóricos e
experimentais utilizando o equipamento de translação "Jenike Shear Cell".
* Tese apresentada à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo sob orientação do Prof. Dr. Carlito Calil Junior.
8
Freitas (2001), em sua tese de doutorado “Estudo teórico e experimental das pressões em
silos cilíndricos de baixa relação altura/diâmetro e fundo plano”, realiza ensaios em um silo-
protótipo e um silo-piloto. Com base nos resultados experimentais, propõe modelos empíricos para
a determinação das pressões horizontais e verticais no fundo plano do silo para esse tipo de
unidade armazenadora.
Andrade Jr. (2002), em sua tese de doutorado “Ação do Vento em Silos Cilíndricos de baixa
relação altura/diâmetro”, realiza estudos teóricos e experimentais em modelos aerodinâmicos e
aeroelásticos sobre as ações do vento em silos, determinando coeficientes aerodinâmicos no
costado e na cobertura.
Palma (2005), em sua tese de mestrado “Pressões e Fluxo em Silos Esbeltos (h/d1,5)”,
realiza estudos teóricos sobre teorias e normas vigentes sobre as pressões e fluxo em silos
esbeltos.
2.1 Importância
Para o entendimento das pressões que ocorrem no silo, é importante, primeiramente,
entender as propriedades físicas dos produtos armazenados e o critério de ruptura adequado a ser
utilizado.
A determinação das propriedades físicas de produtos armazenados é o primeiro passo para
o projeto de fluxo e estrutural de silos e deve ser realizada nas condições mais severas daquelas
esperadas que ocorram em um silo. Mundialmente, o equipamento mais utilizado para essas
determinações é o aparelho de cisalhamento de translação conhecido em nível internacional por
"Jenike Shear Cell".
As propriedades mais importantes são:
Peso específico ;
Granulometria;
Ângulo de repouso do produto r ;
da parede (aço liso, aço rugoso, plásticos, madeira, concreto polido e outros
materiais);
Função fluxo instantânea FF ;
10
Pressão
r
1
w
w
2 A 2 B
w
Líquido
1 1 f h .h
Sólido
(produto)
Altura
Compactação;
Compressibilidade;
Tamanho das partículas;
Ângulo de repouso;
Degradação;
Corrosão;
Abrasão.
da tremonha;
Peso específico compactado c : utilizado para a determinação da taxa de
carregamento.
O outro tipo de peso específico é o de trabalho, e que é definido como:
2
T c a a (1)
c
2.4.2 Compactação
É um processo artificial pelo qual a densidade do produto é aumentada através de impacto,
rolagem, vibração e pressão vertical. Ele é muito importante, pois influencia significantemente no
fluxo e nas pressões de um silo.
12
1
N
h
Produto h
Cc
Note, na Figura 2.2, que a compressibilidade se estabiliza quando a tensão vertical 1 atinge
o limite máximo de C c .
ângulo de atrito interno coincide com o ângulo de repouso e pode ser utilizado para verificações
preliminares.
13
h
r
Fluxo apertado
0,20
Fluxo razoável
0,10 Fluxo
excelente
25 30 35 40 45 50 60 r
2.4.6 Degradação
A degradação, usualmente, ocorre durante o enchimento (carregamento), embora, em
muitos casos, ocorra durante o esvaziamento. Desta forma, alguns produtos que apresentam
14
torrões ou partículas frágeis, podem quebrar e reduzir o tamanho, como um resultado de impacto,
agitação ou atrito entre os grãos.
2.4.7 Corrosão
Alguns produtos atacam quimicamente as superfícies confinantes com os quais estão em
contato. Corrosão é freqüentemente promovida pela acidez ou alcalinidade dos produtos que são
classificados pelo seu valor de PH. Produtos com valor de PH de 1 a 7 são ácidos, onde o valor de
7 corresponde a um produto neutro. Produtos com valor de PH de 7 a 14 são considerados
alcalinos. É importante destacar que o PH é um forte indicativo, porém produtos neutros podem
atacar as superfícies metálicas em alguns casos específicos.
2.4.8 Abrasão
Movimento de um sólido durante o enchimento e o esvaziamento provoca desgaste das
paredes e do fundo do silo. A característica de abrasão de um produto depende da dureza,
tamanho e forma da sua partícula e de sua densidade. Uma das mais fáceis medidas de dureza é
a escala de Moh´s, e é largamente usada para minerais. Ferro e aço estão na faixa de 4 a 8,5,
dependendo de seu nível de escoamento e tratamento térmico. Silos com fluxo de funil
apresentam a vantagem de proteger as paredes devido à zona de produto estacionária.
15
recebeu o nome de “Standart Shear Testing Technique for Particulate Solids Using the Jenike
Shear Cell” (SSTT,1989).
Em resumo, o teste de cisalhamento constitui-se de duas fases. A primeira é a preparação
da amostra para a obtenção do fluxo de estado estável e do pré-cisalhamento para a definição do
lugar geométrico e deslizamento. Na segunda fase do teste, a determinação real das tensões de
cisalhamento é realizada com diferentes valores de tensões normais, menores que os utilizados na
primeira fase, determinando as tensões de cisalhamento necessárias para o deslizamento
(ruptura) do produto.
N
Movimento de
consolidação Tampa
Anel
F Produto
Bulk Solid
Plano de cisalhamento
Figura 2.5 - Ensaio para a determinação das propriedades internas do produto. Adaptado de Schwedes
(2002).
No Brasil, Milani (1993) desenvolveu um importante trabalho com base em estudos teóricos
e experimentais utilizando o equipamento de Jenike, propondo uma metodologia de ensaio para a
determinação das propriedades dos produtos armazenados. Porém, segundo Rotter et al. (1998),
uma descrição completa de todas as propriedades de fluxo é atualmente impossível, pois ainda
não são conhecidos todos os parâmetros que deveriam ser medidos, nem como algumas das
propriedades conhecidas deveriam ser medidas.
estados limites clássico de Mohr-Coulomb, o qual assume a relação linear entre a tensão normal e
a tensão de cisalhamento. Segundo esse critério, admite-se que a ruptura ocorra localmente, uma
vez atingido um valor-limite da tensão de cisalhamento, que é influenciado pela tensão normal
atuante no mesmo plano. A expressão matemática que exprime a condição da ruptura por
deslizamento dos produtos com coesão, é:
f ( ) (3)
f ( ) c . tan(i ) (4)
Onde:
c - coesão;
i - ângulo de atrito interno.
Testes mostram que, para produtos coesivos, o envoltório de resistência real é uma curva
convexa, mostrada na Figura 2.6. A posição do envoltório depende da pressão de consolidação do
produto (as maiores tensões principais durante o estado de deformações permanente), de tempo
de consolidação (Figura 2.7), da umidade e da temperatura. Usualmente, umidade, temperatura e
tempo podem ser considerados constantes para a simplificação na análise das propriedades,
porém não sendo estes desprezíveis.
Øi
ic c
Figura 2.6 - Representação gráfica do critério de ruptura por deslizamento (Mohr-Coulomb). Fonte: Adaptado
de Benink (1989).
Envoltório de resistência tempo (t)
Envoltório de resistência instantâneo
17
. .
E
.
Figura 2.8 – Família de envoltórios (Yield Locus). Fonte: Adaptado de Benink (1989).
Portanto, a determinação das propriedades dos produtos armazenados depende do
conhecimento dos envoltórios de Mohr-Coulomb para ruptura por deslizamento determinado pela
relação entre a tensão de cisalhamento e a tensão normal. Investigando duas condições principais,
o deslizamento interno e o deslizamento com a parede, é possível determinar os principais
parâmetros.
Øi
Figura 2.9 - Modelo de ruptura obtido através do ensaio de cisalhamento direto do produto.
18
Øw
Figura 2.10 - Modo de ruptura obtido através do ensaio de cisalhamento direto com a parede.
Para o projeto e a determinação dos padrões de fluxo, deve-se conhecer a função fluxo (FF)
do material. Para isso é necessária a determinação das resistências inconfinada e confinada com
auxílio do envoltório de resistência de Mohr-Coulomb. A seguir, foram deduzidas pelos autores as
expressões analíticas para determinar as resistências confinada e inconfinada a partir do
envoltório de Mohr-Coulomb para produtos granulares e coesivos obtidos através do ensaio de
cisalhamento direto.
19
1 1 sene
(6)
2 1 sen e
Onde e é o ângulo de atrito efetivo e representa graficamente a linha que sai da origem
envoltório de deslizamento.
ensaio de
efetivo envoltório de envoltório de cisalhamento para
deslizamento deslizamento
produtos coesivos
i
e
c c
Figura 2.11 – Envoltório de deslizamento efetivo. Figura 2.12 – Típico ensaio de cisalhamento em
produtos coesivos.
ensaio de
cisalhamento para
produtos de fluxo-livre
Figura 2.13 - Típico ensaio de cisalhamento em produtos granulares e de fluxo-livre.
ic
c
2
A
Øi
c ic C ic
arctg (i ) 2
ponto de pré-cisalhamento
D ( p ; p )
1c 2 c F
2
A A
Øi 2c ic E G 1c
c 2c 1c 2 c
arctg (i )
2
r 2 p ( p r z ) 2
2
(14)
Substituindo a eq.(9) na eq. (14) tem-se:
21
c
2 2. p 2.
1 2c arctg (i ) 1c 2 c
1 1c
sen i seni
2
2 2
(19)
2
c c
( p p 2. p . )0
2 2
22
i ; i
i
i
c
e
i
1c 2 c
1c
1c 2
Figura 2.16 - Visualização do ângulo de atrito interno i e ângulo de atrito efetivo e .
i r 2 ( i ( z r )) 2 (22)
Igualando as eq. (20) com a eq. (22), tem-se:
tan i . i c 2 r 2 ( i ( z r )) 2
(23)
Renomeando as variáveis, obtém-se uma equação do 2º grau, onde a menor raiz nos dá o
ponto de intersecção das duas funções:
tan 1.
i
2
i
2
2. tan i .c 1c 2 c . i c 2 1c . 2 c 2 c 0
2
(24)
Com isto é possível a determinação da tensão i , substituindo na eq. (24), obtém-se o i e
2 2c 2
1c 2c
( i ( 2c 1c ))
2 2
e arctg (25)
i
23
ponto de pré-cisalhamento
( p ; p )
Øi=Øe
2c
1c
1c 2 c
2
2 c 1c 2. p 2 c 1c
2
1
1 ( p p ) 0
2 2
(26)
sen i seni
2
2 2
2 c 1c 2 c 1c
.seni
2 2 (27)
1c
seni
2 c 1c 2 c 1c
.seni
2 2 1c (28)
2c 2. 2 c
seni 2
24
parede pode ser obtida utilizando o aparelho de ensaio de cisalhamento direto (Jenike Shear
Tester). Neste caso, a base da célula de cisalhamento é substituída por uma amostra do material
da parede que será avaliada. A força de cisalhamento ou a tensão de cisalhamento w , que são
necessárias para mover a célula de cisalhamento com o produto armazenado através do material
da parede, são medidas sob diferentes níveis de tensões normais w .
(Figura 2.18), então a média dos resultados da união dos pontos com a origem fornece o
envoltório de deslizamento com a parede. O ângulo de atrito com a parede w resulta da
inclinação do envoltório de deslizamento com a parede com o eixo . Pode ser determinado pela
relação:
w
w arctan tan W (29)
w
N
Tampa
Anel
F Produto
W ... W
Amostra da parede 1
n
Figura 2.18 - Ensaio para determinação das propriedades do produto coma parede. Fonte: Adaptado de
Jenike (1964).
Note que o envoltório pode apresentar-se com uma curvatura e que isso vai depender da
tensão w . Porém as teorias de fluxo e pressão desprezam a dependência entre ambos.
Moore et. al (1984) investigou o atrito do produto com a parede ondulada (corrugada) através
de ensaio em modelo e concluiu que o atrito é uma função do comprimento vertical projetado da
chapa e do produto ponderado.
Para o caso de paredes de chapa ondulada ou trapezoidal, o coeficiente de atrito efetivo
pode ser um modelo ponderada pelas superfícies de deslizamento.
be bw
ef .tan(e ) . w onde be bw 1 (30)
be bw be bw
onde w é o ângulo de atrito com a parede considerada plana e be e bw representam os
comprimentos relativos dentro de uma onda completa da parede e estão indicados na Figura 2.19.
25
o que representa que 20% do atrito é mobilizado entre os grãos e a chapa e 80% é mobilizado
entre grão-grão.
Figura 2.19 – Dimensões do perfil da chapa de aço. Fonte: Adaptado de PrEN 1991-4:2003.
26
K
passivo
Kp
Ko (repouso)
ativo Ka
27
1mm seriam tão pequenos que mudanças no K e nas pressões laterais seriam difíceis de
detectar.
Tabela 2.1 – Deslocamento relativo para a mobilização do campo de tensões ativo em estruturas de
contenção. Fonte: Adaptado de Bowles (1997).
Tipo de solo e condição Deslocamento necessário
de compactação para desenvolver o estado ativo
Pouco coesivo (denso) 0,001 a 0,002.h
Pouco coesivo (fofo) 0,002 a 0,004.h
Coesivo (firme) 0,01 a 0,02.h
Coesivo (mole) 0,02 a 0,05.h
Uma conclusão preliminar indica que, durante o estágio de enchimento, padrões de pressão
em grandes silos podem ser bem diferentes de modelos de pequenos silos. Essa diferença seria
mais pronunciada devido às imperfeições do silo em tamanho real serem maiores que silos em
pequenos modelos.
Os resultados de medidas de pressão em silos-modelo podem então não ser válidos para
grandes silos e medidas com um material podem não ser válidas para outro material com
propriedades diferentes de compressibilidade.
Não é conhecido ainda se o K é dependente com o tempo; porém, sendo os grãos materiais
vegetais, é esperado que sua reologia siga um comportamento visco elástico. Desta forma não
seria surpresa se uma relaxação de tensões acontecesse. Isto provavelmente reduziria o K p e
aumentaria o K a .
28
Segundo Haaker (1999), o problema com todas as propostas para o parâmetro K é que elas
foram obtidas somente das hipóteses que o material está em estado de deslizamento, e o atrito
com a parede é mobilizado completamente. Estas hipóteses, segundo ele, não são
necessariamente cumpridas na parede vertical da célula.
A seguir, serão apresentadas as principais fórmulas propostas por pesquisadores e normas
após Koenen.
Em 1948, Jaky (apud LOHNES,1993) obteve uma relação para o parâmetro K para o caso
do produto em repouso e parede lisa inflexível:
2
(1 sen e )(1 ( sen e ))
K0 3 (33)
(1 sen e )
que foi simplificada para a forma geralmente usada:
K 0 (1 sen e ) (34)
Walker (1966), assumindo que o produto ensilado está em ruptura e, simultaneamente,
está deslizando ao longo de uma parede rugosa, usou a geometria do círculo de MOHR para
incluir o coeficiente de atrito com a parede, , na equação de relação de pressão, obtendo:
29
cos 2 e
K 0,16 (39)
sene 0,04 w0,05 d 0,11
1
15deg 50deg
LEGENDA:
FRAZER5º( e) 0.9
0.1
0
0 0.16 0.31 0.47 0.63 0.79 0.94 1.1 1.26 1.41 1.57
e
30
Norma européia ENV 1991-4: 2003 - fornece o valor de K em uma tabela para dez produtos
para paredes lisas e rugosas, excluindo o de chapa corrugada. Os valores fornecidos na tabela
variam de 0,40 a 0,55. Para os produtos que não constam nesta tabela, o valor de K pode ser
determinado, experimentalmente, por metodologia definida, em anexo, da norma, (obtenção direta
com a determinação da pressão horizontal e vertical) ou de forma indireta, pela expressão de Jaky,
considerando um coeficiente de segurança igual a 1,1, como a seguir:
geral, é menor que i e sugere valores para o limite inferior e superior de r , para 8 produtos.
Norma britânica BMHB: 1985 - define dois valores para K, sendo um valor inferior
K l 0,25 , para o cálculo das pressões verticais, e um valor superior K u 0,60 , para o cálculo
das pressões horizontais. Especifica que, se a parede é muito rugosa, o valor superior de Ku deve
ser tomado igual a 0,75.
Norma alemã, DIN 1055:2005 - fornece o valor de K, em duas tabelas, para 24 produtos,
variando entre 0,4 e 0,65. Para os produtos não-listados, propõe a forma indireta pela expressão
de Jaky, considerando um coeficiente de segurança igual a 1,2, onde e deverá ser obtido em
31
K p cos 2 w (45)
Ayuga (1995) propõe que, para a obtenção de K de forma indireta, o valor de K seja em
função do tipo de parede:
Para paredes absolutamente lisas, w 0 , adotar a fórmula de Rankine-Koenen,
eq.(31).
Para paredes muito rugosas, onde e w , adotar a fórmula de Hartmann, eq.(36).
32
Figura 2.22 – Esquema do anel de cisalhamento, Figura 2.23 – Teste de cisalhamento biaxial.
denominado “Schulze ring shear tester”. Fonte: Fonte: Adaptado de Schwedes (2002).
Adaptado de Schulze (1996).
33
PROJETO DE FLUXO
C
Experimentos mostram que as pressões nas paredes dependem do fluxo do produto, e, para
um projeto seguro e econômico, ele deve ser determinado ou projetado. Para isso é necessário,
primeiramente, conhecer os principais parâmetros que interferem no correto funcionamento do
fluxo e são descritos a seguir:
1. Tipo do silo;
2. Máximo e mínimo material a ser armazenado;
3. Tolerância de segregação;
4. Necessidade de mistura;
5. Duração de armazenamento;
6. Vazão de descarregamento;
7. Função Fluxo;
8. Fator fluxo.
Condição de fluxo
Fofa
A Figura 3.1, durante cujo fluxo, a densidade do produto é uma função das tensões
principais. Quando as tensões principais são constantes, o produto cisalha sobre densidade
constante. Quando as pressões aumentam, o produto compacta (sofre consolidação), e a
densidade também aumenta. Quando as pressões diminuem, o produto expande, a densidade
diminui, e o fluxo pode prosseguir indefinidamente.
Além disso, o tipo de fluxo determina as características de esvaziamento do material, o tipo
de segregação, a formação ou não de zonas de material sem movimento (estacionárias) e se o silo
pode ser esvaziado completamente. Também determina a distribuição de pressões nas paredes
do silo e a fundação, e a integridade e o custo da construção. A determinação do tipo de fluxo
deve ser feita enquanto o silo está sendo projetado ou selecionado, ou quando são previstas
mudanças em sua estrutura ou na manipulação dos materiais a serem armazenados.
O esvaziamento do silo por gravidade pode ocorrer conforme dois tipos principais de fluxo:
Fluxo de massa;
Fluxo de funil.
bc L
bp
FUNDO PLANO CÔNICA SAÍDA QUADRADA TRANSIÇÃO BISEL PIRAMIDAL CUNHA
que, na prática, é muito menos que a largura do silo. Por essa razão, a tremonha em transição
vem sendo utilizada.
No caso de silos com fluxo de funil, o ângulo de inclinação da tremonha com a vertical é
maior que para fluxo de massa. Portanto, a tremonha, para esse tipo de fluxo, tem menor altura e
pode ser usada em locais onde a altura do silo é limitada. Contudo, geralmente, necessitam de
dispositivos promotores de fluxo como vibradores para restabelecer o fluxo, quando se forma, por
exemplo, uma obstrução como tubo.
TRANSIÇÃO
EFETIVA
ESTACIONÁRIA
ESTACIONÁRIA
CANAL DE FLUXO
ZONA
ZONA
ESTACIONÁRIA
ESTACIONÁRIA
ZONA
ZONA
36
CANAL
DE CANAL
FLUXO DE
CANAL DE FLUXO
FLUXO
CANAL
DE
FLUXO
ESTACIONÁRIA
ESTACIONÁRIA
ESTACIONÁRIA
ESTACIONÁRIA
ESTACIONÁRIA
ESTACIONÁRIA
ZONA
ZONA
ZONA
ZONA
ZONA
ZONA
INTERNO PARALELO INTERNO INCLINADO INTERNO PARALELO INTERNO INCLINADO
CONCÊNTRICO CONCÊNTRICO EXCÊNTRICO EXCÊNTRICO
FLUXO EM TUBO
TRANSIÇÃO
TRANSIÇÃO EFETIVA
EFETIVA
TRANSIÇÃO
EFETIVA
CANAL
CANAL DE
DE FLUXO
FLUXO
ESTACIONÁRIA
ESTACIONÁRIA
ESTACIONÁRIA
ZONA
ESTACIONÁRIA
ZONA
ZONA
CANAL
ZONA
DE
FLUXO
FLUXO MISTO
37
ESTACIONÁRIA
ESTACIONÁRIA
ESTACIONÁRIA
ESTACIONÁRIA
ESTACIONÁRIA
ESTACIONÁRIA
FLUXO FLUXO FLUXO FLUXO
ESTACIONÁRIA
ZONA
ZONA
ZONA
ZONA
ZONA
ZONA
ZONA
ZONA
SILO TIPO MUITO BAIXO SILO BAIXO SILO ESBELTO SILO MUITO ESBELTO
38
Figura 3.8 - Determinação gráfica do tipo de fluxo Fonte: Adaptado de PrEN 1991-4:2003.
Conforme Roberts (1987d), o padrão de fluxo de um silo com fluxo de massa é
razoavelmente fácil de ser reproduzido e determinado, enquanto em um silo com fluxo de funil é
mais difícil de investigar, especialmente se o silo tem várias bocas de descarga, carregamento
excêntrico ou se o produto armazenado está propício a segregar. Portanto, a menos que haja
razão para o contrário, devem ser projetados silos com formas geométricas simples e
carregamento simétrico.
Carson et al. (1993) afirmam que é possível, ou até mesmo provável, que a geometria do
canal de fluxo depende das propriedades que ainda não são habitualmente medidas ( tais como a
dilatação desenvolvida pelo fluxo); por causa disto, a correlação entre as medidas conhecidas para
uma grande faixa de produtos e experimentos é pobre.
Como resultado, as avaliações de fluxo em silos empregam basicamente:
Conhecimento aceito relativo ao contorno entre fluxo de massa e funil.
Observações experimentais de fluxo de funil em modelos e silos reais.
Correlações dessas observações-padrões de fluxo com propriedades simples dos
produtos.
Conceitos mecânicos simples relativos a orientações dos contornos do fluxo interno.
Empirismo, simplicidade e conservadorismo.
Além disso, o processo de enchimento, a distribuição das partículas, padrão de tensão no
silo que afeta o desenvolvimento de coesão, parâmetros de rigidez e resistência do produto, e as
relações de altura, geometria e superfície das paredes do silo afetam consideravelmente o padrão
de fluxo nos silos.
Efeitos de segregação
Diminuição das pressões dinâmicas
radial é reduzido, com a melhora da Desgaste superficial da parede Segregação de sólidos
na região da tremonha
homogeneidade
Efeitos de consolidação com
Campo de tensões mais São necessárias tremonhas mais Menor desgaste superficial da
o tempo podem causar obstruções
previsível profundas parede
no fluxo.
Maior capacidade de
armazenamento, pois não possui Formação de tubos
regiões com produto estagnado.
Picos de pressões na
região de transição efetiva
de consolidação 1 e do tempo t ;
Fator fluxo da tremonha (ff) que depende da geometria, do efetivo ângulo de atrito e
do ângulo de atrito com a parede.
40
mudanças nas propriedades físicas dos produtos para um tempo não conhecido de
armazenamento. Para caracterizar o comportamento de fluxo dos produtos armazenados, a
relação FF da tensão principal de consolidação 1 pela tensão inconfinada de ruptura ic é
utilizada:
1
FF (46)
ic
FF é um indicativo da capacidade do produto em fluir.
Vários números e curvas são necessários para definir com precisão a fluidez de um produto.
Segundo Prescott (2000), a fluidez não pode ser expressa por um valor único ou um índice. A
fluidez é o resultado da combinação das propriedades físicas do produto, as quais afetam o fluxo e
o equipamento usado para manipulação, armazenagem ou processamento do produto. Porém,
para uma rápida análise da fluidez do produto, podem-se tomar os seguintes valores-limites da
Função Fluxo apresentados por Jenike (1964):
FF 2 produtos muito coesivos não fluem;
2 FF 4 produtos coesivos;
4 FF 10 produto que flui facilmente;
FF 10 produto de fluxo livre.
Portanto, quanto maior o valor de FF , melhor é o fluxo do produto armazenado. Cada
produto armazenado tem suas próprias função fluxo e função fluxo com o tempo. Produtos sem
coesão, de fluxo livre, geralmente não causam problemas de fluxo e, obviamente, não possuem
função fluxo.
ic
FFt
FFinstantâneo
1
Figura 3.9 – Função fluxo e função fluxo com o tempo.
41
Alguns materiais não apresentam aumento na resistência inconfinada com o tempo até
mesmo depois de uma semana ou mais de consolidação. Outros produtos, como carvão, podem
continuar aumentando a resistência por anos devido à reação química no local. Já alguns produtos
finos podem não ter praticamente nenhuma resistência à temperatura ambiente e tornar-se bem
resistente em poucas horas de consolidação a altas temperaturas, segundo Gaylord e Gaylord
(1984).
Indutores de fluxo podem fazer com que o material ganhe resistência depois de algum
tempo, e, por causa disso, o tamanho da abertura de saída deve ser projetada para que não exista
a formação de arcos coesivos.
De maneira geral, a capacidade de fluir de alguns produtos armazenados, geralmente grãos
finos (partículas menores que 100 m), torna-se pior com o aumento da umidade e do tempo de
armazenamento, aumentando a possibilidade de ocorrência de obstruções de fluxo.
42
escoar o produto. Para caracterizar o fator fluxo da tremonha, é a relação entre a tensão de
consolidação 1 pela tensão atuando onde um arco estável imaginário 1 ' .
1
ff (47)
1'
Figura 3.10 – Exemplo de gráfico para a determinação do fator fluxo. Fonte: Jenike (1964).
TEORIA DE WALKER (1966)
Walker (1966) propõe as seguintes fórmulas para o fator fluxo baseado em sua teoria de
pressões. E fornece as seguintes expressões para o “fator fluxo”:
1 sene
ff w 45o (48)
1 sene
ff sen2( w ) w 45 (49)
Onde:
2 sene .sen 2( ) tan .1 sene .cos 2( ) (50)
1 senw
w arcsen (51)
2 sene
Os fatores fluxo propostos por Walker (1966) não fornecem os valores para o estado de fluxo
plano, porém podem ser tomados valores um pouco maiores para fluxos planos. De acordo com a
formulação proposta, os menores fatores fluxo são para tremonhas profundas e lisas. Já Jenike
43
(1964) mostra uma inclinação ótima para tremonhas, mostrando que tremonhas mais rasas
diminuem a capacidade do silo fluir. A diferença básica das duas teorias está no fator
sen2 w . Esse fator surge da hipótese de que a falha do arco é pelo deslizamento ao longo
da parede. Jenike (1964), porém, admite que a falha é através do produto, não importando a
profundidade e o ângulo de atrito com a parede. Assim, para temonhas mais profundas e lisas, os
resultados de Walker (1966) são mais consistentes com os dados experimentais. Já a teoria de
Jenike (1964) apresenta melhores resultados para os outros casos.
(54)
2m sen e , s sen( )
X 1 (55)
1 sen e , s s en
[2.(1 cos( )]m . 1 m .s en sen .sen( )1 m
Y (56)
(1 sen e, s ).sen( ) 2 m
Y .(1 sen es )
ff (57)
2. X 1 .F ( ).s en
Onde:
e,s = valor superior do efetivo ângulo de atrito interno;
w,s = valor superior do ângulo de atrito com a parede;
m = 0 para tremonhas retangulares, onde L 30;
m = 1 para tremonhas de eixo simétrico.
Para tremonhas retangulares com L 30, o valor de “m” será encontrado por interpolação
entre 0 e 1.
44
hC (CORPO)
H
zt pv ( z )
h T (TREMONHA)
TUBO
xo
x
Figura 3.12 - Formas de bocas de descarga para silos com fluxo de funil.
Limite inferior
A dimensão mínima da boca de saída será determinada sem a influência do produto
armazenado em cima da tremonha, segundo Haaker (1999).
A dimensão mínima da boca de descarga é dada por:
45
G e . ic ,crit
b f ,min (58)
i
A função G(e) é denominada fator de tubo e pode ser determinada pelo gráfico proposto por
Jenike (1964). O valor dessa função depende do ângulo de atrito interno. A Figura 3.13 apresenta
esse gráfico. A resistência ic inconfinada será determinada através do fator fluxo sugerido por
Haaker (1999), para o caso de formação de tubos, com os gráficos da função fluxo.
(1 sen(e ).G (e )
ff (59)
4.sen(e )
ic
FF
ic,crit
NÃO-FLUXO FLUXO
1
46
Limite superior
Essa sugestão é particularmente igual ao limite inferior, mas assume que a consolidação do
produto depende do carregamento aplicado pelo produto. Serão utilizadas as recomendações de
Rotter (2001).
Para prevenir a formação de tubo, o diâmetro da saída (ou a dimensão da diagonal de uma
saída retangular) deve ser então maior que:
e
ic ,crit 25
b f 0, 71. .e (61)
i
Onde ic ,crit é obtido da função fluxo do produto com a unidade em kPa e utilizando para
1 p v ( x xo ) em kPa (62)
ic
FF
ic,crit
NÃO-FLUXO FLUXO
1 pv ( x xo ) 1
(1 K )
tan( ) (tremonha rasa) (63)
2. w,t
(1 K )
tan( ) (tremonha profunda) (64)
2. w,t
Para tremonhas rasas:
47
(1 K )
eff (67)
2.tan( )
Para tremonhas profundas:
Onde:
d p ( máx ) é o maior diâmetro das partículas do produto.
48
bf
bf bf
ic ic
ic ,crit
ic,crit
Fluxo Não-Fluxo
1
arctan
ff 1
arctan
Não-Fluxo Fluxo ff
1 1
49
ic 1 1 '
1'
ic
1
ic 1'
a resistência do produto no arco ic , nenhum arco estável pode existir. Na Figura 3.18, mostra-se
que isto acontece para h hcr , resultando em um valor mínimo de b f na saída da tremonha para
ensaios de cisalhamento direto ou de outros ensaios. Para a relação entre 1 e 1 ' , uma
consideração mais adiante sobre arcos é necessária.
q .
Rw
w
51
Até agora, a demonstração mostra uma espessura constante para o arco. Jenike (1964)
encontrou outras formas de arcos estáveis, resultando na introdução do fator H .
.b
1 ' (78)
H
Os valores do H são computados e para várias formas de saída. Nestes valores, m já
está incluído.
Figura 3.20 - Determinação da função H() para tremonhas cônicas e em cunha. Fonte: Jenike (1964)
Das expressões (75) e (78) fica evidente que a maior tensão principal no arco 1 ' é uma
função linear da largura b para uma tremonha combinada com um produto. Para o campo de
tensões axissimétrico, Jenike (1964) então assume um campo de tensões radiais. Esse tipo de
campo de tensões implica que a maior tensão principal 1 na parede da tremonha (para um
determinado produto e tremonha) é somente uma função linear da distância do topo da tremonha
imaginária extendida. Para um ângulo de tremonha fixo, isto significa que 1 é uma função linear
da largura b.
Esta relação 1 , conhecida como fator fluxo ff , é calculada por Jenike e outros,
1'
conforme visto anteriormente.
Para que não ocorra a formação de arco estável, o valor mínimo de 1 ' deve ser verificado
na intersecção de ambas as linhas, conforme a Figura 3.18. Este valor é denotado aqui como
ic ,crit . Com a expressão (79), o valor da abertura de saída crítica pode ser agora calculado como:
ic ,crit .H
bf (79)
52
Como é um valor crítico de saída, na prática, o valor atual é sempre aumentado em de 25%
a 30%.
Em uma publicação posterior, Jenike e Johanson (1971) sugerem as seguintes dimensões
de saída:
Para saídas circulares:
2,2. ic ,crit
bf (80)
Para saídas retangulares:
1,3. ic ,crit
bf (81)
da tremonha.
Para silos de fundos planos e tremonhas rasas, a vazão máxima é independente da
geometria da tremonha devido ao fluxo ser interno. Para tremonhas profundas, a vazão depende
da inclinação da tremonha . Em silos com fluxo de funil, pode ocorrer localmente o contrário que
se espera perto da boca. Como resultado, a distinção entre vazões devido ao fluxo de massa ou
fluxo de funil não pode ser estimada precisamente.
A vazão máxima para fluxo por gravidade pode ser estimada, segundo Rotter (2001), por:
Para tremonhas com saídas circulares:
d k .d 2,5
QMáx 0,6. L .G f .
s p
(82)
g
Para tremonhas com saídas retangulares L b :
L k .d b k .d 1, 5
QMáx 0,6. L .G f .
s p s p
(83)
g
onde:
53
tremonha. Isto pode ser calculado pela comparação do ângulo interno da tremonha com a
inclinação do canal de fluxo 0 .
G f 1,0 (84)
Quando o fluxo está em contato com a tremonha (isto é, 0 ):
G f 0, 75.
1 0, 08.cos( )
(85)
sen( )
onde é a inclinação da tremonha.
O ângulo natural do canal de fluxo com a vertical pode ser estimado para um silo esbelto
como:
0 90 e (86)
Para um silo baixo com pequena esbeltez, é:
e
0 45 (87)
2
Em produtos coesivos, a vazão é ligeiramente reduzida. E cai para zero quando ocorre arco,
mas como o fenômeno estático de arco e resposta dinâmica de fluxo são completamente
diferentes, a vazão na qual o fluxo é reduzido provavelmente não é bem estimado por sua coesão,
na formação estável do arco. A hipótese que a vazão reduz linearmente com o aumento da coesão
aparentemente parece ser conservadora.
54
c
i e f ic 1 fc
kN/m³ N/m² N/m² N/m² N/m²
9,24 4626 43 51 19027 16052 50063
9,07 3432 43 52 15796 11629 37865
8,71 2505 43 51 11384 8673 28540
ff 1, 235 .
Com o fator fluxo obtido da tremonha determina-se a tensão critica
cri 18000 N / m² , como mostrado na Figura 3.21.
2, 2.18
Com a eq. 80 determina-se a abertura mínima do orifício. b f 4,54m . Nota-
8, 71
se que este produto é de difícil fluxo e não é possível o esvaziamento por gravidade.
Com isso, é necessário o uso de promotores de fluxo, como o “bin-activator”.
28000
24000
20000
fc (N/m²)
16000
12000
8000
4000
0
0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000 16000 18000
1(N/m²)
55
AÇÕES E COMBINAÇÕES
C
4.1 Contextualização
Toda estrutura deve ser projetada e construída de modo a satisfazer aos seguintes requisitos
básicos de segurança:
a) com probabilidade aceitável - ela deve permanecer adequada ao uso previsto, tendo em
vista o custo de construção admitido e o prazo de referência da duração esperada, e
b) com apropriado grau de confiabilidade - ela deve suportar todas as ações e outras
influências que podem agir durante a construção e durante sua utilização, a um custo razoável de
manutenção.
As ações são as causas que provocam o aparecimento de esforços ou deformações nas
estruturas. As forças são consideradas como ações diretas, e as deformações, impostas como
ações indiretas.
As ações podem ser:
a) ações permanentes - que ocorrem com valores constantes ou de pequena variação em
torno de sua média, durante praticamente toda a vida da construção;
b) ações variáveis - que ocorrem com valores cuja variação é significativa durante a vida da
construção, e
56
c) ações excepcionais - que têm duração extremamente curta e muito baixa probabilidade de
ocorrência durante a vida da construção, mas que devem ser consideradas no projeto de
determinadas estruturas.
- ações do vento: a ação do vento, agindo com seu valor característico, em princípio, é uma
carga de longa duração, devendo ser considerada de acordo com a NBR 6123:1988.
58
Peso específico Ângulo de atrito Efetivo ângulo de atrito Relação entre a pressão
APLICAÇÃO do produto com a parede interno horizontal e vertical
() (w) () (K)
Funil Inferior Superior Inferior -
Tipo de fluxo
Massa Inferior Inferior Superior -
Cálculo da máxima pressão horizontal
Superior Inferior Inferior Superior
na parede do silo, ph
Combinações de Ações
As ações permanentes são consideradas em sua totalidade. Das ações variáveis, são
consideradas apenas as parcelas que produzem efeitos desfavoráveis para a segurança. As ações
variáveis dinâmicas devem ser consideradas em suas posições mais desfavoráveis para a
segurança.
As ações incluídas em cada combinação devem ser consideradas com seus valores
representativos, multiplicados pelos respectivos coeficientes de ponderação das ações.
As Tabelas 4.3 e 4.4 apresentam uma sugestão de combinação das ações em silos e dos
coeficientes de ponderação das ações, respectivamente.
59
Gravitacionais do produto
Pressões iniciais
Impacto de veículo *
Carregamentos
Explosão interna *
acidentais
Carregamento de água devido a um
*
alagamento interno acidental
* Deve ser considerada quando for necer a condição mais crítica
Tabela 4.4 – Coeficientes de ponderação das ações para estados limites últimos e de utilização.
Estado Limite Estado Limite
Ações
Último Utilização
Permanentes 1,4 1,0
pressões estáticas 1,4 1,0
do fluxo 1,4 1,1
produto especiais 1,2 1,1
Térmicas 1,2 1,0
Vento 1,4 1,0
60
simultânea de duas ações características de naturezas diferentes, ambas com seus valores
característicos. Por isso, em cada combinação de ações, uma ação característica variável é
considerada como a principal, entrando com seu valor característico F k , e as demais ações
F d
m
i 1
Gi F Gi, k Q F
n
Q1, k
j 2
0j F Qj, k (88)
em que:
61
F Q1, k - valor característico da ação variável considerada como ação principal para a
combinação considerada, e
na Tabela 4.5.
Em casos especiais, devem ser consideradas duas combinações referentes às ações
permanentes: em uma delas, admite-se que as ações permanentes sejam desfavoráveis e, na
outra, que sejam favoráveis à segurança.
Combinações últimas especiais ou de construção:
Fd Gi FGi ,k Q1, k 0 j , ef FQj ,k
m n
Q
F (89)
i 1
j2
em que:
F Q1, k - valor característico da ação variável considerada como principal para a situação
transitória;
principal F Q1 tiver um tempo de atuação muito pequeno, caso em que 0 j, ef pode ser tomado
F d
i 1
Gi F Gi, k F Q, exc Q
j 1
0 j ,ef F Qj, k (90)
em que:
62
Nessas combinações, todas as ações variáveis atuam com seus valores correspondentes à
classe de longa duração. Essas combinações são expressas por:
m n
F d , uti
i 1
F Gi, k
j 1
2 j F Qj , k (91)
em que, os coeficientes 2 j estão especificados na Tabela 4.5 e . Fd,uti valor de cálculo das
classe de média duração, e as demais ações variáveis atuam com seus valores correspondentes à
classe de longa duração. Essas combinações são expressas por:
m n
F d , uti
i 1
F Gi, k 1F Q1,k
j 2
2 j F Qj , k (92)
as demais ações variáveis atuam com seus valores correspondentes à classe de média duração.
Essas combinações são expressas por:
m n
F d , uti F Gi, k F
i 1
Q1, k 1 j F Qj , k
j 2
(93)
consideradas com valores que, efetivamente, possam existir concomitantemente com a carga
especialmente definida para esta combinação. Na falta de outro critério, as demais ações podem
ser consideradas com seus valores de longa duração. Essas combinações são expressas por:
63
m n
F d , uti
i 1
F Gi, k F Q,especial
j 1
2 j F Qj , k (94)
64
65
p p( F , G, O) (95)
onde F representa as propriedades físicas dos produtos, G representa a geometria e
propriedades estruturais, e O representa os modos de operações.
66
Pressão de esvaziamento
Pressão Lateral
Pressão de armazenamento
t1 t2 t3
Figura 4.1 – Padrão de pressões na parede do silo para um ciclo de carregamento (PHAM,1983).
A Tabela 4.6 apresenta uma lista de fatores associados com os parâmetros que têm sido
relatados na literatura que influenciam nas grandezas envolvidas e afetam a distribuição de
pressões nas paredes dos silos. A interação entre estes grupos de parâmetros produz, com
certeza, um padrão de fluxo que está diretamente relacionado com as pressões.
Infelizmente, ainda não existe um modelo analítico para silos que avalie todos esses
relevantes parâmetros. Os modelos podem somente avaliar uma quantia limitada de fatores para
condições restritas. As pressões nas paredes são avaliadas por um modelo estimado, como a
equação abaixo:
67
Onde: FRN , GRN , ORN são os valores nominais dos parâmetros usados no projeto. Os
modelos de pressão na parede do silo para pestimada e p N necessitam ser os mesmos. Isto também
N .F . p estimada (98)
onde é um fator que converte a pressão em efeitos de solicitação, F é um fator para
incertezas no modelo de carregamento e efeitos de carregamento, e pestimada é o modelo de
pressões nas paredes dos silos definido nas equações acima. Todas as variáveis da eq. (98)
acima são aleatórias.
Analogamente, o valor de nominal de projeto dos efeitos da solicitação é escrito como:
N N N .FN . p N (99)
onde: N e FN são valores nominais de projeto de e F .
N F p estimada
(100)
NN N FN p N
A eq. (100) acima é conveniente para distinguir vários componentes de incerteza nos efeitos
dos esforços:
1. a natural variabilidade dos vários fatores que podem levar em conta no modelo de
p estimada
pressões nas paredes e é refletido no parâmetro ;
pN
2. o problema na transformação da atual distribuição espacial e temporal em uma
F
distribuição de pressão estaticamente equivalente e é refletida no parâmetro ;
FN
3. o problema na conversão da distribuição de pressão em efeitos de esforços é
refletido no parâmetro . E este incluiria a idealização da análise estrutural, a
N
teoria estrutural no projeto e propriedades estruturais do silo. Deste modo, o
68
parâmetro é dependente da estrutura do silo tanto quanto a distribuição de
N
pressões.
Como uma primeira aproximação, a média N e o coeficiente de variação P do efeito dos
N F p estimada
(101)
NN N FN p N
P ( 2 F2 P2 )
N
(102)
Onde N é a média do valor do efeito, e P é o coeficiente de variação de N .
O modelo acima é o modelo probabilístico padrão de carregamento, e tem sido utilizado na
análise de ações acidentais e vento (ELLINGWOOD et. al.,1980).
Os seguintes pontos devem ser notados:
O modelo acima assume uma relação linear entre pressões e efeitos de carga.
Uma aproximação quase-estática para especificação do carregamento está contida.
A distribuição temporal e espacial das pressões está substituída por uma pressão
padrão estática equivalente como dada pelo modelo analítico de pressão.
O modelo de efeitos de carga probabilístico inclui algumas incertezas devido à
análise estrutural. O uso da teoria estrutural é contido na derivação da pressão
padrão estática equivalente.
As hipóteses acima são usuais no projeto de silos, mas não são necessariamente os
métodos mais satisfatórios para o tratamento de carregamentos em silos. O melhor modelo seria
se a pressão equivalente estática padrão fosse uma boa aproximação real das distribuições
espaciais e temporais. Para silos, o modelo é também dependente do tipo de efeitos de carga a
serem considerados.
69
4.K . .
Z 2
D
. K 2
p2 estimada
2 2 Z
(103)
4. K . .
(e D
1) 2
70
e, para ângulo de atrito com a parede w , é de 0,10 a 0,20, como pode ser observado na Tabela
4.7.
Os tipos de rugosidade da parede D1, D2 e D3, constantes na Tabela 4.7, estão indicados
na Tabela 4.8, de acordo com a referida norma australiana.
A norma australiana AS 3774:1996 propõe que, se o produto não está listado em uma
tabela fornecida pela norma, e valores experimentais estão disponíveis, poderão ser utilizadas
técnicas estatísticas para a obtenção do limite superior e inferior ou a adoção do procedimento
seguinte, a partir dos valores médios obtidos X e de um coeficiente de variação transcrito na
71
Tabela 4.8 - Designação da superfície da parede do silo segundo a norma australiana AS 3774-1996.
Rugosidade
Descrição da
Tipo normalisada R a Materiais típicos
superfície
(mm)
72
VENTO EM SILOS
C
73
q 0,613.VK2 (107)
V K Vo .S1 .S 2 .S 3 (108)
74
edificação;
C p coeficiente de pressão total.
(a) (b)
Figura 5.3 – Coeficientes de pressões externos encontrados por Andrade (2002). (a) Para silos com relação
H/D=0,5 com superfície lisa e (b) Para silos com relação H/D=0,5 com superfície rugosa.
Os valores dos coeficientes de arrasto Ca sugeridos pela NBR 6123:1990 são mantidos para
os silos lisos, porque estão em conformidade com os resultados obtidos. Para os cilindros com
colunas externas de relação para a altura da coluna próximas a 0,01.D, é sugerido o valor 0,6,
inferior ao da NBR 6123:1990, que adota 0,7 para a relação 0,02.D. Para relações próximas a
0,08.D, os valores da NBR 6123 (1990) são mantidos. Para relações intermediárias, os
coeficientes podem ser estimados por interpolação linear.
75
(a) (b)
Figura 5.4 – Coeficientes de pressões externos encontrados por Andrade (2002). (a) Para silos com relação
H/D=1,0 com superfície lisa e (b) Para silos com relação H/D=1,0 com superfície rugosa.
Tabela 5.1 – Coeficientes de pressão (Cpe) e de arrasto (Ca) em edificações cilíndricas.
Coeficiente de pressão externa, Cpe
Superfície com
Superfície Lisa
colunas
H H H H
0,5 1,0 0,5 1,0
D D D D
0 0.90 0.85 0.80 0.85
10 0.80 0.80 0.75 0.70
20 0.60 0.50 0.60 0.50
30 0.30 0.20 0.40 0.20
35 0.15 0.00 0.00 0.00
40 0.00 -0.20 -0.30 -0.30
50 -0.40 -0.60 -0.50 -0.65
60 -0.75 -1.00 -0.70 -0.80
70 -1.00 -1.30 -0.80 -0.90
80 -1.14 -1.50 -0.60 -0.70
90 -1.14 -1.50 -0.60 -0.60
100 -0.95 -1.30 -0.50 -0.50
110 -0.39 -1.00 -0.50 -0.50
120 -0.39 -0.60 -0.45 -0.50
140 -0.39 -0.50 -0.40 -0.50
160 -0.39 -0.50 -0.40 -0.50
180 -0.39 -0.50 -0.40 -0.50
D
D
VENTO
Fonte:ANDRADE (2002).
76
(a) (b)
Figura 5.5 - (a) Cpe para cobertura cônica lisa com 27º em silos com H/D=0,5 e (b) Cpe para cobertura cônica
nervurada com 27º em silos com H/D=0,5.
Figura 5.6 - (a) Cpe para cobertura cônica lisa com 27º em silos com H/D=1,0 e (b) Cpe para cobertura cônica
nervurada com 27º em silos com H/D=1,0.
Os coeficientes de pressões internos, segundo a NBR 6123:1988, para o cálculo de
edificações cilíndricas, quando esta for de topo aberto, devem ser adotados os seguintes valores:
h
0,3 C pi 0,8 (110)
d
h
0,3 C pi 0,5 (111)
d
Calil et al.. (1997), bem como a norma australiana AS-3774 recomendam utilizar:
C pi 0,8 (112)
77
E.I .R
2
n.L 2 I Z I z .R 2
Pcr 3 . . .
R L .R I 2.I n.L
4
.R
2
E L n.L
. . (113)
R / t .R n.L 2 t t .R
2
. 2.
.R t z tz n.L
Onde as propriedades por unidade de largura são:
t 2t 3 /(3h 2 ) Área efetiva circunferencial;
t z t 1 2 h 2 / 4b 2 Área efetiva longitudinal (geratriz);
tz t / 1 2 h / 4b
2 2
Área efetiva ao cisalhamento.
I t / 12 / 1 h / 4b
3 2 2 2
Momento de inércia efetivo flexão longitudinal;
I z t / 3 / 1 h / 4b
3 2 2 2
Constante de torção efetiva.
78
1 (2.a12 (n).a23 (n).a13 (n)) (a22 (n).a13 (n) 2 ) a11 (n).a23 (n) 2
Pcr (n) . a33 (n) (114)
R.n² a11 (n).a22 (n) a12 (n) 2
n = número total de ondas no perímetro do cilindro;
m = número total de ondas ao longo da geratriz do cilindro;
l = comprimento da semi-onda;
e = distância do centróide da seção à superfície média da casca cilíndrica;
d = distância entre centróides de duas seções;
t = espessura da casca cilíndrica;
r =raio do cilindro (distância do eixo à superfície média da casca).
79
er
t
d e
r s ds
t
r
(a) (b)
Figura 5.8 –(a) Seção do Enrijecimento com anéis ao longo da geratriz do cilindro, (b) Seção do
enrijecimento com colunas ao longo do perímetro (BRUSH e ALMROTH, 1975).
E
G (115)
2.(1 )
E.t
C (116)
1
E.t 3
D (117)
12.(1 2 )
Js
2.b.t 3
f h.t w3 (118)
3
J r 2. I r (119)
Os termos Cij são os parâmetros dos enrijecedores, adotando-se que a casca e os enrijecedores
são do mesmo material. Os termos C14 e C25 são positivos para enrijecedores externos e
E. As
C14 e s . (122)
ds
E. Ar
C 22 C (123)
dr
E. Ar
C 25 er . (124)
dr
1
C ss .C (125)
2
80
E .I s
C 44 D
(126)
ds
C 45 .D (127)
E .I r
C 55 D (128)
dr
1 G.J s G.J r
C 66 1 .D . (129)
2 ds dr
Os termos aij são os parâmetros de composição das influências dos enrijecedores entre si:
2
.R
a11 (n) C11 . C 33 .n
2
(130)
L
.R
a12 (n) n. .C12 C 33 (131)
L
3
C14 .R .R
a13 (n) . C12 . (132)
R L L
2
.R
a 22 C 33 . n .C 22
2
(133)
L
3
a 23 (n) n.C 22 C 25 (134)
L
C 44 .R
4
.R n .C 55
2 4
a 33 (n) 2 . 2.C 45 C 66 . 2
C 22 2.n 2 .C 25 (135)
R L L R
.R
L.
n
81
Para encontrar a pressão crítica de flambagem, deve-se minimizar a eq. (113) ou (114) para
um respectivo n. Onde n é o número de ondas de flambagem ao redor da circunferência.
Como os dados experimentais de perda de instabilidade devido à pressão do vento são
muito dispersos, segundo Trahair et al. (1983), recomenda-se, para projetos, que seja reduzido o
valor para:
Pc ,d 0, 65.Pcr (136)
Para comparação com o valor da pressão do vento, deve ser elaborada a combinação última
conforme descrito no capítulo anterior.
Quando são especificadas as distribuições das pressões externas, uma pressão média pode
.R
ser calculada para a área de flambagem L. e aplicada como se fosse em toda a
n
circunferência:
2 .z
Ln
4.n
p m . q z .(C pe ( ) C pi ). sin .d .dz (137)
.L 0 0 L
P p.R.hs (138)
No qual, hs é a altura de contribuição das chapas onduladas.
82
T
H
H
C
H
H
Figura 5.10 - Hipóteses simplificadoras para a determinação simplificada das forças na base.
Com a hipótese de que a distribuição de forças horizontais entre pilares varie
proporcionalmente com a seção transversal (tensões uniformes no limite de resistência de
cisalhamento), é possível avaliar a reação horizontal com a eq. (139):
Ftotal
Hi n
. Ai
A
(139)
j
j 1
83
5,25
L 21- altura do cilindro 16 colunas no perímetro de 31,42 m;
r 5 - raio do cilindro
5,25
Espaço entre colunas 1,96 m
L =21,00
A vinculação do silo à base é
considerada fixa (deslocamento
radial e vertical (z) nulos) mas
10,5
z
permitindo-se o giro.
Há anel enrijecedor junto à
cobertura. Considerado como 10,0
parte da estrutura da cobertura. Figura 5.11 – Distribuição das Figura 5.12 – Dimensões e
colunas no Perímetro do Silo partes da estrutura do silo
Os deslocamentos radiais da
base da cobertura são
considerados nulos.
t h = 6.10-3 t
b = 102.10-3
D = 51.10-3 t = 1.10-3 (espessura) d = 150.10-3
d = 45,8.10-3 y x b = 60.10-3 x
D
d
d
t = 2,6.10-3 c = 20.10-3
t = 1,9.10-3
z
c
b
Figura 5.13 – Dimensões da Figura 5.14 - Dimensões da
Seção os Anéis Enrijecedores Chapa corrugada da parede do Figura 5.15 -Dimensões da
silo Seção Transversal das colunas
t 2t 3 /(3h 2 )
t z t 1 2 h 2 / 4b 2
Dados da Seção da Coluna
t / 1 h / 4b
Dados da Seção dos Anéis 2 2 2
tz A = 5,61.10-4 m2
A = 3,95.10-4 m2 Iz h t / 8.1 h / 8b
2 2 2 2
P = 4,40 kg/m
P = 3,12 Kg/m I t / 12 / 1 h / 4b
3 2 2 2 Ix = 195,38.10-8 m4
I = 11,6.10-8 m4 Iy = 28,36.10-8 m4
I z t / 3 / 1 h / 4b
3 2 2 2
x = 1,92.10-2 m
84
t
Área de
Flam bagem e
s ds
m= 2
m= 2
m= 1
85
1º Caso : Análise de Flambagem para Silo de paredes lisas e sem qualquer enrijecimento.
31 10
3
2b t f h t w
3 3
er
26 10
3
es Js Js 0
3 Jr 2I r Jr 0
r
E A s 1 a 12( n ) n C 12 C 33
C 11 C C 33 C L
ds 2
C 14 r 3
C 12 C E I s r
a 13( n ) C 12
C 44 D r L L
ds
2
E A s C 45 D r
C 33 n C 22
2
a 22( n )
C 14 e s L
ds
3
E A r E I r a 23( n ) n C 22 C 25
C 22 C C 55 D L
dr dr
E A r
1 G J s G J r 4 2 n C 55
4
C 25 e r C 66 (1 ) D C 44 r
n
2 C 45 C 66 C 22 2 n C 25
2
2 ds dr a 33( n )
dr r
2 L L r
2
86
n 1 2 20
Com os parâmetros de enrijecimento e de influência entre os
P c( n ) enrijecedores, calcula-se a pressão crítica de flambagem Pc
n= 1 5.40605 minimizando-se a expressão de Pc(n)
0.15811
0.01599
2 a 12( n ) a 23( n ) a 13( n ) a 22( n ) a 13( n ) a 11( n ) a 23( n )
2 2
3 1
2.9992910 P c( n ) a 33( n )
rn
2
a 11( n ) a 22( n ) a 12( n )
2
4
n= 5 8.0904110
2.7895510
4
Obs.: Nesta equação considera-se o modo de flambagem para m=
1.1695710
4
1 (Figura 5.16)
5.9308210
5
3.7035810
5
Análise: O valor mínimo de Pc (n) é obtido para n = 11
n=
2.8559110
5
Pc(11) 2,61.10 Mpa = 26,14 Pa
-5
2.6141310
5
2.6695510
5 Esse valor indica a pressão crítica de flambagem da casca
2.8878410
5
cilíndrica isótropa e de espessura 1 mm. O número de ondas no
3.2062510
5
perímetro é 11.
n=
3.5936310
5
O cilindro é, por hipótese, livre para expandir longitudinalmente
4.0337210
5
(direção da geratriz), ou seja, Nz = 0.
4.5176510
5
5.0403710
5
5.5989410
5
n=
6.1915610
5
Para comparação, também é avaliada a pressão crítica para a expressão simplificada obtida por
Becker e Gerard (1962). Os pesquisadores admitem como simplificações que o coeficiente de
Poisson é zero e que as características das chapas corrugadas podem ser calculadas
equivalentes à uma casca isotrópica. Isto significa que os módulos de elasticidade E = Ez = 2.Gz
( = 0).
87
2.445 10
5
2.469 10
5
88
2º Caso : Análise de Flambagem para Silo de paredes corrugadas e sem qualquer enrijecimento.
y 12
2t
3
I
t 2 2
h
3h
2
1
4b
2
z 5
t 1.852 10
11
I 8.263 10
t 4
t z t z 9.915 10
2 2
h
2 2 3
h t 1 11
1 I z I z 8.404 10
4b
2 12 4b
2
Pc dado em
MPa O valor da pressão crítica aumenta de 24,5 Pa para 483 Pa ( n= 7), ou seja, um
P c( n )
aumento de 20 vezes, aproximadamente, devido somente à corrugação das
0.691
0.088 chapas.
0.014
2.967 10
3
9.817 10
4
5.466 10
4
4.83 10
4
5.375 10
4
6.422 10
4
7.756 10
4
9.3 10
4
1.102 10
3
89
1.9 10
3
150 10
tw tf 3
tf h
90
TEORIAS DE PRESSÔES
C
91
r ph
pv H
Figura 6.1 – Pressões exercidas pelo produto em silos de fundo plano, de acordo com a teoria de Rankine.
De acordo com as seguintes situações em relação à superfície livre do produto, as
formulações para as pressões horizontais e verticais são:
Superfície de topo do produto armazenado é horizontal
Pressão horizontal estática na profundidade z:
p h ( z ) K . .z (140)
1 sen e
K (141)
1 sen e
Pressão vertical estática na profundidade z, abaixo da superfície, é:
p v ( z ) .z (142)
Calil (1987), com base em experimentação em silos cilíndricos de baixa relação
altura/diâmetro ou lado, propõe a modificação do valor de K da teoria de Rankine para a
1 sen 2 e
formulação de Hartmann ( K ), para o caso de silos de chapa de aço corrugada. Esta
1 sen 2 e
proposta será denominada de teoria de Rankine-Calil e é valida para silos onde a superfície livre
92
ph
r
H
pv
Figura 6.2 - Pressões exercidas pelo produto em silos de fundo plano, de acordo com a teoria de Rankine-
Calil.
As formulações teóricas para “bunkers” são dadas para duas condições de armazenamento:
a primeira para silos tremonhas (Figura 6.3b) e a segunda para silos horizontais (Figura 6.3a).
Admitem-se duas condições de armazenamento:
p h ( z ) K . .z (143)
p v ( z ) .z (144)
Onde:
1 sen e
K (145)
1 sen e
A pressão de enchimento normal a uma superfície inclinada é:
pn ( z ) .z sen 2 K cos 2 (146)
2- SE O PRODUTO FORMA UMA SUPERFÍCIE INCLINADA, DE ACORDO COM UM
ÂNGULO DE REPOUSO r
A pressão estática horizontal a uma dada altura é:
pv ( z ) z a0 tan(r ) (148)
E na tremonha, é:
93
pv,d ( z ) C d . pv ( z ) (150)
p h ,d ( z ) C d . p h ( z ) (151)
p n ,d ( z ) C d . p n ( z ) (152)
r
duto
a
Sup
erfíc
h ie d
op
rod
r
uto
z
ht ht z a0
a0
a1 a1
(a) (b)
Figura 6.3 - Silos horizontais - Diagrama de pressão lateral de acordo com a teoria de Rankine.
94
está em um estado ativo. A menor pressão horizontal possível é aquela do estado ativo e, nesse
caso, as formulações obtidas para a pressão horizontal, de atrito, e a vertical são:
Em certos casos, quando pela teoria de Rankine são satisfeitas as condições limites da
Teoria de Coulomb, chega-se a resultados idênticos (por exemplo, quando o w r 0 o
ângulo de atrito com a parede do silo é igual à inclinação do terrapleno, e o tardoz é vertical ( =
900). O valor do empuxo ativo é determinado pelas expressões:
1
Ea . .h 2 .K a (153)
2
E o coeficiente K a é dado por:
cos 2 e
Ka 2
sen( e w ) sen( e r ) (154)
cos w 1
cos w cos e
r
P
90 w
Ea
w
e
h R
P
R
Ea
e
Figura 6.4 – Representação gráfica para o empuxo de acordo com COULOMB (1979).
ph .z.K a (155)
sua teoria de cálculo de empuxo de terra de forma semelhante. A teoria de Airy foi desenvolvida
para as células baixas e altas. Para as baixas, o plano de deslizamento emerge na superfície livre
do produto ensilado antes de atingir qualquer parede da célula. No caso da célula alta, o plano de
deslizamento atinge uma das paredes antes da superfície livre do produto. Na Figura 6.5, são
esquematizados as seções transversais e os planos de deslizamento para definição de sua
formulação teórica.
Fazendo-se o somatório de forças nas direções normal e paralela ao plano de deslizamento,
encontra-se:
C D
W
b
B P
z R
.R H
W .R
R
e
z .R
P H
.R e
96
pressão sobre a parede, e para esse valor de , a derivada de P (z ) em relação a deve ser nula.
97
2
1
p h ( z ) .z (161)
' 1 2
2
. A.z 'Up 1 '.U 1
pv ( z ) .z .z. (162)
A A ' 1 2
2
. '.U 1
Fw '.U .P .z 2 . (163)
2 ' 1 2
e
de cisalhamento que age contra a parede, formando um ângulo igual a , definido
4 3
experimentalmente:
A C
3
e 2
4 3
1
e
98
Entre as duas regiões anteriores, existe a região (2), onde é depositada uma certa
quantidade de produto, não acompanhando o ângulo de repouso e não exercendo nenhuma
influência sobre a parede de contenção.
Com base no plano de ruptura de um maciço, são propostas as seguintes formulações para
o cálculo das pressões laterais nas paredes: são considerados dois casos em que a superfície livre
do maciço é horizontal e outro quando a superfície é inclinada, segundo o ângulo de repouso
natural.
B E
d 2.h. tan e (165)
4 3
Caso 2: A superfície livre de um maciço é inclinada, segundo o ângulo de repouso.
Aqui as equações são definidas, considerando a região (3), correspondente à cunha de
ruptura que se extende a uma distância d’ da parede AB. Essa distância é dada pela equação a
seguir:
99
sen e cos e
d' h 4 3
(166)
2.
sen e
4 3
Os valores dos empuxos devem ser calculados sendo exercidos sobre as paredes de
contenção.
d
3
h 2
1
100
Tabela 6.1 – Resumo dos tipos de superfície e modelos teóricos segundo M. & A. Reimbert.
TIPO DE CARREGAMENTO EQUAÇÃO
Superfície horizontal
2
.h 2 2 e
ph
2 2 e
h
2
.h 2 2 e 2 e
ph 1
2 2 e
h
2
.h 2 2 e 2 e
ph 1
h 2 2 e
z
1
h
p v ( z ) . z.1 c (168)
z0 3
101
.R z
2
102
x
z .dx .dy xz
( xz dx ).dy.dz z
x
y
yz .dx.dz y
z
z .A
z ( yz
yz
dy ).dx.dz z
y
xz .dy .dz
dz
w,c . y . A.dz
z
( z dz ).dx.dy
z z d z d z
z dz A
dz
Figura 6.9 – Equilíbrio estático de uma fatia elementar, proposto por Janssen (1895).
Utilizando o equilíbrio, tem-se:
d z
z . A . A.dz z dz . A y .U . w,c .dz (170)
dz
Substituindo a hipótese da relação constante entre a pressão vertical com a pressão
horizontal e dividindo a expressão por A, obtém-se a equação diferencial ordinária que pode ser
resolvida analiticamente:
d y U
.dz dz y . . w,c .dz (171)
K .dz A
d y
dz
U (172)
K . y . . w,c
A
A d y
dz
U .K . w . A (173)
U . y
U .K . d y
dz
A .A (174)
y
U . w
103
U .K . w .z .A
ln y C1 (175)
A U .
Aplicando as condições de contorno ( z 0; p h 0) ,
.A
C1 ln y0 (176)
U .
w ,c
Reagrupando os termos e substituindo a constante de integração, tem-se:
.A
K . w ,c .U . z
y
U . w,c
e A
(177)
.A
y0
U . w
A
Isolando a pressão horizontal e sabendo que o raio hidráulico é R , obtém-se:
U
K . w ,c . z
.R .R
y ( z ) ph z y0 e R
(178)
w,c w,c
E a pressão vertical é de:
K . w ,c . z
.R
z ( z ) pv z 1 e R
(179)
K . w,c
A pressão de atrito na parede:
w xz yz pw w,c . ph (180)
O parâmetro constante da formulação de Janssen é obtido por:
w,c tan(w,c ) (181)
A pressão de atrito na parede p w causa esforço de compressão na parede e pode ser
integrada verticalmente para o cálculo da força de compressão resultante sobre a parede Pw z
por unidade de perímetro de parede atuando na profundidade z , fornecendo a seguinte equação:
. K . z .U / A
Pw ( z ) w,c . z .dz A / U z
A
w,c .K .U
1 e w ,c A
.z z
U
(182)
ou seja, é igual ao peso total do produto menos a pressão vertical p v .
De acordo com a eq. (179), a pressão vertical aumenta monotônicamente com o aumento da
altura, sendo independente das condições de contorno na saída da tremonha e alcança um valor
assintótico conforme a eq.(183).
.R
Para z pv z (183)
K . w,c
104
Em relação a eq. (178), a pressão lateral p h também aumenta monotônicamente, com o valor
d y K . w ,c .
z
.K .e R (185)
dz
dph
ph z0 . (186)
dz
z z0
R
z0 (187)
K . w,c
ph
dph
dz
z0
105
D
Dz
z0
d z
z
dz '
ptz
dz' n .dV z
pnz
nt
z
seção horizontal de área A da tremonha. Para os casos de tremonha com eixo simétrico e planas a
solução pode ser encontrada, com as relações obtidas geometricamente:
1.dA 1 mt
(191)
A.dz ' z'
U 1 mt
(192)
A z '.tan( )
Substituindo na eq. (191) e eq. (192) na eq. (189), tem-se:
d z
C. z (193)
dz ' z'
Onde, C
106
K .tan(w,t )
C 1 mt . t K t 1 (194)
tan( )
Resolvendo a eq. (193)e utilizando as condições de contorno de tensão inicial no topo da
tremonha z ( z ' H t ) zc ( z H ) , conduz a tensão vertical dada pela eq. (195).
.z '
C 1 C
z' z'
z ' . 1 zc ( z H ). (195)
C 1 Ht Ht
Esta equação é a base para as teorias propostas por Walker (1966), Walters (1973b), Jenike
(1973). Observa-se que para o campo de tensões ativo K t resultará em um valor menor que 1 e
neste caso pode-se adotar para C 1 . Desta forma, a eq. (195) resulta em:
107
sen(e ).sen(1 )
.K (199)
1 sen(e ).cos(1 )
Onde:
sen w
1 w arc cos (200)
2 sen e
tan( )
pnt ,e .z. (201)
tan( ) tan(w )
pt ,te pnt , e .tgw pnt , e . (202)
sen w
2º caso: Se sen e , as pressões na tremonha são dadas por:
sen w 2
1 sen(e ) cos(2 )
pnt ,e .z. (203)
1 sen(e )
108
sen(e ).sen(2 )
pt ,te .z. (204)
1 sen(e )
senw
2 w arcsen (206)
sene
Considerando o equilíbrio de forças verticais numa camada horizontal de produto a uma
distância z’ acima do vértice (ápice) da tremonha e assumindo que a pressão vertical seja
uniformemente distribuída, temos a seguinte equação:
Kw
.hcn z' .hcn z '
pvt , d pv ,tr (207)
K w 1 hcn K w 1 hcn
Onde:
1 mt sene .sen 2 2
Kw . (208)
tan( ) 1 sene .cos 2 2
mt = 0 para tremonhas em cunha;
mt = 1 para tremonhas cônicas ou piramidais;
z ' = distância a partir do vértice da tremonha;
hcn = altura do cone;
sen(w )
2 e w arccos (209)
sen(e )
109
sen(w )
2 e w arccos (210)
sen(e )
Valores maiores de não são considerados, pois WALTERS (1973b) considera que se
ultrapassar esses limites, o fluxo de massa não ocorrerá. Portanto a aplicabilidade dessa teoria
restringe-se a pequenas inclinações de tremonhas, não podendo ser aplicada para a maioria dos
casos na prática.
1
phce
4.tgw
1 e 4 BDce . z (212)
1
pwce 1 e4 BDce . z
4
(213)
Nas quais:
tgw .cos 2 e
BDce (214)
(1 sen 2 e ) 2 sen e
2
3
1 1
3
2 (215)
2
tg
w (216)
tge
1
phcd
4.tan(w )
1 e 4 BDcd . z (218)
1
pwcd 1 e4 BDcd . z
4
(219)
Nas quais:
110
que a tensão horizontal é constante e a tensão de cisalhamento é uma função linear ao longo de y.
w w A+dA
nt
A
nt
A
Walker Walters
(1966) (1973)
Figura 6.12 – Equilíbrio estático de uma fatia elementar de uma tremonha. : Adaptado de Horne e
Nedderman (1978).
Com isso foi obtida a expressão para o C :
B .D
C (1 mt ). wt wt Dwt 1 (222)
tan( )
A eq. (195) pode ser reformulada e expressa por:
.Y .z '
z'
X 1 X 1
z'
y ( z ')
. 1 tr . (223)
X 1 Ht Ht
Onde os valores de Dwt e Bwt pela eq. (228) e (229).
1 sen(w,t )
a , p . w,t sign.arccos (224)
2 2 sen(e )
sen(e ).sen(2.( a , p ))
arctan (225)
1 sen(e ).cos(2.( a , p ))
111
2
tan( )
(226)
tan(e )
mt
2. 1 1 1,5 1 mt
arcsen( )
. 0,5. 1
(227)
3.
cos( ).(1 sen 2 (e )) sign.2. sen 2 (e ) sen 2 ( )
Dwt (228)
cos( ). 1 sen 2 (e ) sign.2. .sen(e )
sen(e ).sen(2( a , p ))
Bwc (229)
1 sen(e ).cos(2( a , p ))
O de X e Y é obtido pela eq. (230) e (231).
B .D
X w (1 mt ). wt wt Dwt 1 (230)
tan( )
Dwt
Yw (231)
1 sen(e ).cos(2.( a , p ))
Bwt .Dwt yc ( z H )
tr . (232)
Bwc .Dwc 1 sen(e ).cos(2. a , p )
Onde:
A tensão yc ( z H ) é calculada para o caso ativo dado pela formulação de Walters
(1973a);
a sign 1 é a direção da tensão principal para o caso estático;
p sign 1 é a direção da tensão principal para o caso dinâmico.
A tensão normal (pressão normal) na parede da tremonha é determinada pela decomposição
de tensões e é expressa pela eq (234)
.Yw .z ' X w 1 X w 1
z' z'
p y ( z ') y ( z ') . 1 tr . (233)
X w 1 Ht Ht
pnt ( z ') nt ( z ') (1 sen(e ).cos(2. a , p ). y ( z ') (234)
O coeficiente Dwt depende do estado de tensões (ativo ou passivo). O coeficiente C muda
de sinal se a , p 90 , o qual pode ocorrer no campo ativo de tensões. Um valor negativo para
de Walker (1966) para pressões nas paredes e neste caso pode ser obtido pela eq. (235).
112
tan( )
pnt ( z ') nt ( z ') . .( H t z ') zc ( z H ) (235)
tan( ) tan(w,t )
Segundo Benink (1989) a eq. (235) deve ser sempre aplicada quando 30 . Lembrando
também que a tensão zc ( z H ) caso ativo no corpo do silo dada pela formulação de
Walters (1973a).
113
a determinação das pressões de fluxo pela energia mínima de deformação necessita da avaliação
de uma envoltória de todos os possíveis picos de pressão.
A determinação das envoltórias da pressão horizontal sob condições de fluxo no corpo do
silo, utilizando a energia mínima de deformação, é bastante simplificada por meio dos gráficos
apresentados por Jenike (1973). Porém, esses gráficos não cobrem algumas formas geométricas
de silos.
Para explicar como as pressões atuam nas paredes da tremonha, Jenike e Johanson (1968)
desenvolveram vários estudos, mostrando que as pressões do produto armazenado dentro da
tremonha tendem a diminuir para zero no vértice da tremonha. Quando essas pressões diminuem
linearmente na tremonha, dá-se o nome de campo radial de pressões. Neste campo, todas as
pressões ao longo de um determinado raio são proporcionais a distância do vértice da tremonha.
Em geral, o campo de pressões radiais na tremonha não concorda com o campo de
pressões do corpo do silo. Na interface desses dois campos, um campo de pressões transitório
desenvolve-se. Esse campo consiste de uma onda de sobrepressão sobreposta as pressões
radiais, que decai rapidamente para o vértice da tremonha.
Essa teoria, além de determinar o campo de tensões que atua na tremonha, também é
utilizada para expressar se o fluxo ocorrerá ao longo das paredes ou não (critério fluxo/não-fluxo).
Conseqüentemente, é até hoje uma das teorias mais usadas para o projeto da tremonha.
Jenike (1987) reescreve a teoria apresentada em 1968 para o campo radial de pressões
devido a erros na determinação das zonas estagnadas em silos com fluxo de funil. Benink (1989)
mostra que as diferenças entre as duas teorias para as tensões na parede de tremonhas cônicas
são pequenas, enquanto, para tremonhas em cunha, as tensões são as mesmas pelas duas
teorias.
Segundo Roberts (1995), na primeira teoria, o contorno entre fluxo de massa e fluxo de funil
foi baseado na condição de que as pressões ao longo da linha central da tremonha se tornam
zero. Na teoria revisada, o contorno é baseado na condição de que a velocidade se torna zero na
parede. Isto levou a novos limites para fluxo de funil, os quais fornecem valores maiores para o
ângulo de inclinação com a vertical da tremonha que aqueles determinados pela teoria anterior,
particularmente para grandes valores do ângulo de atrito com a parede.
Infelizmente, o procedimento proposto por Jenike causa certas dificuldades aos calculistas
para a maioria das situações práticas de projeto. Um dos problemas encontrados é que o método
utiliza vários gráficos, que não cobrem algumas formas geométricas, para a determinação de
alguns dos parâmetros propostos na teoria.
114
A teoria de Jenike et al. (1973) explica o campo de tensões no produto armazenado por meio
da definição de três estados de acordo com o tipo de fluxo:
SILOS COM FLUXO DE MASSA
1. Estático (inicial ou de carregamento, Figura 6.13a – inicialmente, quando o
produto vai sendo carregado para dentro da célula com a saída fechada ou o
alimentador parado, o produto rola um sobre o outro, sedimentando na forma de
um cone. Durante a sedimentação, o produto contrai verticalmente dentro do silo
e principalmente na tremonha. Esse produto encontra-se num estado ativo de
tensões, e a direção da tensão principal maior, 1, tende a alinhar-se com a
vertical. A pressão inicial é representada por Janssen na parte cilíndrica e por
uma distribuição linear na tremonha. Isso assume que o produto é carregado para
dentro do silo sem um impacto significativo e a uma razão relativamente baixa.
2. Em fluxo (dinâmico ou de descarga, Figura 6.13b ) – durante o fluxo, com o
produto fluindo para fora da boca de descarga, ocorre uma expansão vertical e
uma contração lateral, estabelecendo-se um estado passivo de tensões. A
direção da tensão principal maior, 1, tende a alinhar-se com a direção horizontal.
3. Transição (Figura 6.13c) - instantes após a abertura da boca de descarga, ocorre
a passagem do estado ativo para o passivo de tensões. Essa mudança inicia-se
no produto logo acima da boca de descarga e propaga-se para cima em direção a
sua superfície livre. O tempo (fração de segundo) em que os dois estados de
tensão, ativo e passivo, coexistem, é denominado de mudança. No local onde a
mudança ocorre, um pico de pressão (sobrepressão) é exercido sobre as paredes
do silo. Essa sobrepressão de descarga desloca-se para cima, no mínimo até o
nível no qual o canal intercepta o corpo do silo, isto é, no nível da transição em
silos com fluxo de massa e na transição efetiva em silos com fluxo de funil. O
volume preto de produto entre os dois carregamentos não pertence a qualquer
um deles. Acima do nível da mudança, assume-se que o campo de pressões não
é perturbado, portanto o estado de tensões ativo ainda permanece.
Deve ser notado que, quando a descarga do produto é parada, o campo de tensões da
Figura 6.13c permanece. O campo de tensões não retorna àquele da Figura 6.13a, a menos que o
silo seja completamente descarregado e carregado novamente.
Gaylord e Gaylord (1984) mostram que, para um exemplo de e = 50º e w=25º, a pressão
horizontal de fluxo, em silo com fluxo de massa, imediatamente abaixo da transição, é 6,7 vezes a
pressão inicial imediatamente acima. Contudo, se e = 25º e as outras variáveis permanecem as
115
mesmas, a taxa da pressão de pico pela pressão inicial cai para 2,83, conforme Walters (1966), e
para 2,58 conforme Jenike e Johanson (1973). Portanto, os picos de pressão parecem ser muito
sensíveis ao efetivo ângulo de atrito interno.
No caso de tremonhas com fluxo de massa, as cargas iniciais governam o projeto estrutural
da tremonha até aproximadamente 2/3 do fundo, enquanto as cargas de fluxo até o 1/3 final (mais
próximo da transição). Segundo Carson e Jenkyn (1993), para a maioria das tremonhas com fluxo
de massa, seu projeto estrutural pode ser baseado nas cargas iniciais.
116
ph
. p v ce ( z )
. 1 e htr z 1 e htr z 2 1 2
1 (236)
R 1 e htr z 1 e htr z
Obs.: Jenike (1977) recomenda que as pressões dadas pela eq. (236) sejam reduzidas em
15% para levar em conta o fato de que os picos de pressão teóricos são inevitavelmente
arredondados na prática.
Para silos circulares:
2
K (237)
1 K
K
(238)
R
Para silos retangulares:
K (aproxidamente) (239)
(240)
R
117
1 sen e
K (242)
1 sen e
Outra modificação da envoltória dos picos de pressão é necessária devido à pressão
horizontal dada pela eq. (236) reduzir-se para a pressão lateral de Janssen no final do corpo do
silo devido ao produto na tremonha não ter sido levado em consideração na obtenção da equação.
Com efeito, a solução é baseada na suposição de que o fluxo começa a se desenvolver na base
do corpo do silo ao invés da saída da tremonha. Portanto, a envoltória dos picos de pressão,
nesse trecho, é substituída por uma linha vertical abaixo do ponto onde o valor de ph é máximo.
(Figura 6.14).
Para a pressão vertical, Gaylord e Gaylord (1984) recomendam utilizar o seguinte
equacionamento:
pv
1 e
2 z
e z 1 e htr z 1 e htr z (243)
1 e htr
1 e htr
Para a força de compressão sobre a parede, utilizar a eq. (182) reduzida em 15% com a
pressão vertical (pv) dada pela eq. (243).
um valor estático na parte mais baixa da tremonha e que a escolha seja feita para cada altura de
forma a maximizar o valor de pn. O valor de K max é apresentado na forma de gráficos por Jenike
118
tan( )
K K min (246)
tan(w ) tan( )
Substituindo na eq. (245), temos que 0 , sendo que a eq. (244) reduz-se a:
p H
pn .K min . vce ( H t z ') (247)
p p H
pv n . vce ( H t z ') (248)
K min
Condições de Fluxo
A pressão normal na parede da tremonha é dada pela eq. (244) com o valor máximo de K :
K K max (249)
onde K max é obtido de forma gráfica em Jenike (1977) ou pode ser determinado usando as
seguintes equações:
w
B
K max (250)
4 m
q.
Onde:
w Y . 1 sen(e ).cos(2 )
(251)
B 2. X 1 .sen( )
m
t
1 w 1
q . 2 tan( ) tan(w ) (252)
3 4 tan( ) B 1 mt
sen(w )
2 w arc sen (253)
sen(e )
2m sen(e ) sen 2
X 1 (254)
1 sen(e ) sen( )
m
2 1 cos sen sen .sen1 m
1 m
Y (255)
1 sen(e ) sen 2 m
Onde:
mt = 0 para tremonhas em cunha;
mt = 1 para tremonhas cônicas ou piramidais;
z ' = distância a partir do vértice da tremonha;
na eq. (255) o numerador deve ser em radianos.
Obs.: A tensão de cisalhamento é dada por:
119
pt p n .tg w (256)
com as propriedades físicas do produto, geometria e rugosidade das paredes do silo. Em ensaios
realizados num silo-protótipo, Benink (1989) determinou valores entre 30º e 60º, dependendo do
produto armazenado. Freitas (2001), realizando ensaios num silo real utilizando milho como
produto armazenado, encontrou o valor de 30º.
TRANSIÇÃO TRANSIÇÃO
EFETIVA EFETIVA
2.r
f
ESTACIONÁRIA
ESTACIONÁRIA
. e . ph ph
D
K
ZONA
ZONA
ph
pw,t
pn,t
120
24 tan( ) . 1 sen tan( )
qs e s
(258)
16(sen(e ) tan( s ))
para tremonhas de eixo simétrico.
2Y
q
24.sen s X 1 sen s
tan s sen(e ) 1 (259)
X = eq. (254) com s no lugar de .
Y = eq. (255) com s no lugar de .
Sendo dado por:
1
e arc sen cos e (260)
2
FORÇA DE COMPRESSÃO
Pode ser obtida diretamente por meio dos gráficos publicados por Jenike (1973) ou pelo
seguinte equacionamento:
m
Pw max h Ae x Be x N
. (261)
d 2 m L1m 4 d 2(1 m )
M 2(1 ) (262)
0,3 para tremonhas de eixo simétrico.
2
N (263)
M 2(1 m )
h
x m (264)
M R
(265)
1
(.M 1)( N )e x M m ( 1 N )
m
A
(M m 1)e x M m 1 e x (266)
121
B A N (267)
Pressões na Tremonha
Para a determinação das pressões na tremonha, Jenike (1973) assumiu que o campo de
pressões determinado para o corpo do silo se estende para dentro da tremonha.
sen 2 4r
p n p h . cos 2 sen . cos (268)
d
k
1 2r
pt p h . 1 sen . cos (cos 2 sen 2 (269)
k d
Onde:
r = coordenada radial;
p h pressão horizontal de Janssen para z=H.
pn ( z ') t
v
t
1 (270)
ni ni H t
tan(w )
ni 2 1 3 (271)
tan( )
onde:
z' = inicia com valor zero no vértice (ápice) da tremonha;
pv ( z H ) = dado pela equação de Janssen com K = 0,4 e z transição entre o corpo do
silo e a tremonha;
Já para as pressões de esvaziamento em tremonhas cônicas com fluxo de massa, Carson e
Jenkyn (1993) recomendam usar o seguinte equacionamento:
122
H z ' p (z H ) H z'
n f 1
pn ( z ') .K f t v t 1 (272)
n f n H
f t
1
Kf
tan(w ) 1 (273)
1,5 1 tan( )
6. '
B
.tan( )
tan(w )
n f 2 K f 1 3 (274)
tan( )
onde:
pv ( z H ) = dado pela equação de Janssen com K = 0,25 e z transição entre o corpo do
silo e a tremonha;
'
B = é a função radial de tensões é fornecido pelos gráficos do Boletim 123 de Jenike
(1964).
Devido à rápida mudança do estado de tensões que ocorre na transição do corpo do silo
para a tremonha, é esperado um aumento de pressão sobre a parede do corpo do silo. Para levar
em conta essa possibilidade, recomenda-se que o pico de pressão seja estendido ao longo da
parede vertical, como mostrado na Figura 6.16. Carson e Jenkyn (1993) propõem o seguinte
procedimento: primeiramente, desenhar um arco circular centrado no vértice teórico da tremonha
cônica, passando pela linha da base do cone (tremonha). A altura do ponto mais alto do arco é,
aproximadamente, a máxima altura que o pico de pressão alcançaria. A distribuição de pressão
abaixo dessa altura pode ser considerada linear.
ph,pnt
pw
ph
pnt
R pw
Figura 6.16 - Pico de pressão em tremonhas com fluxo de massa. Fonte: CARSON & JENKIN (1993).
123
Para silos com fluxo de funil, é adequado considerar que as pressões de projeto que atuam
normalmente nas paredes da tremonha, são as mesmas que ocorrem durante a condição de
carregamento. Isto presume, é claro, que a dimensão da saída seja tal que não ocorra a formação
de obstruções, e o produto possa ser descarregado.
Para o corpo do silo com fluxo de funil, há duas situações a considerar:
1º) Se o canal de fluxo não intercepta a parede do silo, é seguro assumir que as pressões
atuando contra as paredes serão as mesmas do carregamento (Janssen com K =0,4).
2º) Se o canal de fluxo intercepta a parede do corpo do silo na mesma, altura em toda a
circunferência, então o canal de fluxo é centrado e pode-se assumir o campo de tensão de
Janssen acima da efetiva transição.
Na efetiva transição, onde o canal de fluxo encontra a parede, existe um rápido aumento da
pressão na parede devido à convergência pela qual o produto está passando. Dentro do próprio
canal de fluxo, é razoável assumir que as pressões variarão como se fossem uma tremonha com
fluxo de massa, mas com o ângulo do canal de fluxo e também com o ângulo de atrito com a
parede substituído pelo ângulo de atrito interno. Como essa distribuição de pressão é transmitida
para as paredes do silo, não está muito bem definido. É seguro, mas provavelmente um pouco
conservador, assumir que a pressão que atua nas paredes do corpo do silo, é a mesma pressão
que atua no canal de fluxo.
124
125
Ushitskii e Yan’kov (1989) lembraram que a pressão em meio granular sobre a parede de um
silo tem sido tratada de maneira determinística e estática, e que, contrariamente a esse
tratamento, experimentos têm mostrado a presença de um componente aleatório na pressão a que
se atribui a natureza probabilística dos parâmetros físicos e mecânicos. Apresentaram métodos
para determinar as características probabilísticas de pressão nas paredes do silo, baseados em
resultados de medidas onde o trigo foi utilizado como exemplo. Observaram a alta variabilidade
nos valores de parâmetros, como o peso específico , o ângulo de atrito interno i e o
coeficiente de atrito com a parede w , e constataram que tais valores diferiam dos apresentados
Segundo os autores, a pressão para cada ponto pode ser entendida como tendo dois
componentes: um sistemático e outro aleatório, estando o primeiro relacionado com o produto
armazenado, com a geometria do silo, com as imperfeições geométricas na parede do silo, com a
excentricidade de carregamento e de descarga, e com o padrão de fluxo, e o segundo relacionado
com as variações de pressão em função do tempo, normalmente ignoradas no projeto.
Para todos os experimentos, foram ajustados valores para o coeficiente de atrito com a
parede w e para o coeficiente K , a partir da distribuição de pressão de Janssen. Segundo os
autores, esses ajustes mostraram que há pouca diferença entre armazenamento e descarga,
indicando que altas pressões em um ponto são sempre balanceadas por baixas pressões em
algum outro ponto. Observaram também que os valores ajustados diferiam significativamente entre
os valores obtidos em normas.
Ooi et al. (1990) desenvolveram uma análise estatística a partir de um conjunto de oito
experimentos e incluíram cevada em um silo-protótipo de concreto armado. Esses experimentos
incluíram fases de carregamento, armazenamento e descargas concêntrica e excêntrica. Os dados
experimentais, considerados como observações amostrais de uma população estocástica, foram
sujeitos a uma regressão harmônica.
126
Eles analisaram criticamente as hipóteses que vêm sendo usadas em projetos de silos e
destacaram como deficientes:
127
metodologia pode ser aplicada para a obtenção do campo de pressões em um silo real, com um
custo relativamente baixo.
Campo de pressões baseado na distribuição gama e consequentemente não-homogêneo foi
proposto por Ditlevsen e Berntsen (1999) a partir dos dados obtidos por Munch-Andersen et al.
(1995). Eles justificaram que o campo estocástico empírico baseado na distribuição gama pode
representar melhor a não homogeneidade do campo estocástico apresentado pelo experimento.
Apesar dos estudos de Ditlevsen e Berntsen (1999) serem precisos para o silo em estudo, o
modelo construído para o campo de pressões possuem uma grande complexidade e deve ser
utilizado com cautela para aplicações práticas. Um detalhe importante, é que o campo empírico
construído é valido para silos com as mesmas características do silo de Karpalund na Suiça.
Nesse contexto, é visível que as pressões em silos devem ser estimadas com o auxílio de
uma rigorosa análise estatística e levando-se em consideração as flutuações de pressões devido à
natureza estocástica.
O projeto de silos deve ser conduzido com análises criteriosas para que as pressões não
sejam subestimadas.
128
SILOS BAIXOS
C
7.1 Introdução
No Brasil, embora não se disponha de números exatos, sabe-se que armazenagem na
fazenda é mínima, sendo estimada em torno de 4% a 7%, dependendo da região. Em geral, os
silos utilizados para a armazenagem em fazenda apresentam baixa relação entre a altura do silo e
o seu diâmetro ou lado (0,75 a 1,5) e fundo plano.
O armazenamento em fazenda constitui prática de suma importância, tanto para
complementar a estrutura armazenadora quanto para minimizar as perdas em quantidade e
qualidade a que estão sujeitos os produtos colhidos.
Em geral, os silos utilizados para a armazenagem em fazenda apresentam baixa relação
entre a altura e o seu diâmetro ou lado (0,75 a 1,5) e fundo plano. Isto se justifica pelo grande
aumento da capacidade do silo com o aumento do seu diâmetro e também porque a manipulação
de silos baixos é mais fácil e de menor custo (CALIL JR., 1987).
Podem ser construídos com os mais diversos materiais, como concreto , madeira,
argamassa armada, etc., mas a predominância é a utilização de silos metálicos em chapa
galvanizada corrugada. Segundo Haynal (1989), o silo fabricado em concreto armado torna-se
muito oneroso para o agricultor, principalmente para o de porte médio. Segundo ele, o concreto
armado é mais apropriado para armazéns graneleiros e só é viável economicamente a partir de
uma capacidade de cinco mil toneladas. Com esse tamanho ou mais, seu custo passa a ser
equivalente ao do silo metálico. O silo metálico serve para qualquer tipo de grão, tendo como
vantagem mais destacada a possibilidade de se conseguir uma armazenagem livre de ratos e
pragas, o que não ocorre com os armazéns convencionais, que precisam de desinfecção tanto do
ambiente quanto da sacaria.
Apesar da intensa utilização dessas unidades em todo o mundo, e por serem as mais
produzidas pela indústria, a previsão das pressões exercidas pelo produto armazenado é ainda
divergente entre os pesquisadores e as normas existentes.
As diferentes contribuições em pesquisa e tecnologia, que todos os países têm realizado,
geralmente chegaram ao conhecimento comum dos técnicos pelas diferentes normas de cálculo
129
de silos elaboradas. Neste sentido, é lamentável que o Brasil não disponha de norma própria, com
exceção de duas referências a terminologias para silos de grãos vegetais: TB-374 e TB-377.
As recomendações das normas internacionais para a previsão das pressões devidas ao
produto armazenado, de modo geral, são baseadas em duas fontes: experimentos nos quais as
pressões são medidas em silos reais ou em modelos de silos, e em modelos teóricos. Uma
dificuldade imediata aparece devido ao limitado campo de aplicação dos experimentos disponíveis.
Em particular, muito poucas observações experimentais são avaliáveis para silos de baixa relação
altura/diâmetro ou lado (CALIL JR., 1990), o que, de acordo com Brown e Nielsen (1998),
atualmente, é o tipo de unidade armazenadora que mais necessita de pesquisas, tendo em vista
sua tendência mundial de popularização.
A importância da classificação das estruturas de armazenamento de produtos a granel,
segundo as suas dimensões, está no fato de que, de modo geral, a previsão das pressões
estáticas ou dinâmicas está baseada segundo essa classificação. Embora algumas normas não
façam essa classificação, na maioria das vezes, prevêem pressões diferenciadas em função da
relação H/D. A Tabela 1.1 apresenta a classificação dos silos segundo as suas dimensões, de
acordo com as principais normas internacionais.
Analogamente aos silos altos, os silos cilíndricos de baixa relação altura/diâmetro podem ser
construídos com os mais diversos materiais, mas a grande maioria deste tipo de silo, mesmo em
termos mundiais, são metálicos, de chapa lisa ou corrugada. Podem ser descarregados através de
fluxo por gravidade ou através de meios mecânicos. O fundo pode ser em forma de funil ou plano.
A célula de fundo plano requer menos altura para um determinado volume de material
armazenado. O seu custo inicial é baixo, comparado a outros tipos, e uma das razões pelas quais
a construção pode ser econômica, é que o produto repousa sobre o solo, do qual é isolado apenas
por uma laje impermeável. Isso significa que a fundação é limitada a um anel de concreto sob as
paredes. O recalque do fundo plano resultante das pressões verticais exercidas pelo produto não é
considerado problemático.
130
apresentam menos problemas de estabilidade geral, mas maiores problemas de estabilidade local
(CALIL JR., 1990). As pressões em silos de baixa relação altura/diâmetro são muito afetadas pela
forma da superfície livre do produto armazenado, o que não tem a mesma influência em silos altos.
De modo geral, as normas não levam em conta as implicações desse fato, de modo a se obterem
formulações mais precisas e econômicas (Brown e Nielsen, 1998).
Para silos de baixa relação altura/diâmetro, muitos pesquisadores questionam a validade da
solução de Janssen ou de Reimbert e propõem a solução de Rankine, desenvolvida para uma
parede de contenção de terra de extensão ilimitada (CALIL JR., 1987), ou a solução de Coulomb
(WIJK, 1993). Isto é também reconhecido pelas normas internacionais, como o Eurocode 1991-
4:2003, que indica que as pressões na parede sejam obtidas pela teoria das pressões de terra
para relações altura/diâmetro menores que 0,4.
131
Nível da superfície
de referência
0,79
0,50
CP11
1,65
CP10
h = 8,04
2,40
CP9 CP12
0,80
CP8
0,85
2,30
CP7
1,05 CP6 CP5 CP4 CP3 CP2 CP1
0,15 1,85 1,85 0,50 1,85 1,85 0,15
(a) (b)
Figura 7.1 – (a) Silos em escala real utilizados para as medições e (b) O posicionamento das células de
pressão.
CP9 CP8
CP11
Pressão vertical no fundo do silo - kPa
Região de
Região de
15 sobrepressão
sobrepressão
10 10
0 0
00:00 03:00 06:00 09:00 12:00 15:00 18:00 21:00 24:00 00:00 03:00 06:00 09:00 12:00 15:00 18:00 21:00 24:00
Tempo - horas Tempo - horas
De acordo com a Figura 7.3, pode-se observar no silo real que, sem exceção, todas as
células de pressão registraram aumentos de pressão durante o período de repouso do produto. No
ensaio 1, as células do fundo do silo tiveram um acréscimo de pressão, em média, de 18%, e as
células da parede, de 24%, durante o período de armazenamento. No ensaio 2, o acréscimo de
pressão nas células do fundo do silo foi, em média de 8%, e, nas células da parede, de 26%.
Observa-se, também, para as células do fundo do silo, que os valores medidos pelas células
simétricas variaram durante as fases de carregamento e descarregamento, o que é justificado pela
natureza aleatória das pressões em função da forma de carregamento e do produto armazenado.
Nível da superfície de referência
0
0,79 Legenda
1,29 90
Janssen-m
CP11
Janssen-s
Profundidade - m
Reimbert-m 80
Reimbert-s
Rankine/Calil-m Legenda
70
2,94
Pressão vertical no fundo do silo - kPa
(a) (b)
Figura 7.4 – (a) Pressões horizontais teóricas e experimentais no silo real de enchimento (b) Pressões
verticais teóricas e experimentais no silo real de enchimento.
No gráfico da Figura 7.4, pode-se constatar que os valores obtidos experimentalmente não
apresentaram comportamento assintótico em relação ao eixo da profundidade para a relação h/d
ensaiada e ficaram relativamente próximos dos valores obtidos com o modelo linear de Rankine-
Calil, com os valores médios das propriedades físicas do milho, propriedades essas que possuíam
no momento do ensaio. Embora tenham também ficado relativamente próximos dos valores da
curva limite superior de Janssen e também de Bischara, deve-se observar que a curva limite
superior é aquela que irá produzir a situação mais desfavorável em relação às propriedades dos
produtos, durante toda a vida útil do silo e para o qual deverá ser projetado.
133
CP10 Airy-m
0,66 Rankine/Calil-s CP10
0,84 Airy-s
Airy-m
Profundidade - m
Bischara-m
Airy-s Bischara-s
Bischara-m Valores experimentais
Bischara-s
CP9
1,17 Escala das pressões – 1:20
Valores experimentais CP9
1,26 CP12 1,50
CP12 Escala da profundidade – 1:25
1,35 CP8 1,61
Escala das pressões – 1:20 1,72
CP8
CP7
1,63 Escala da profundidade – 1:25
CP7
1,78 2,12
0 5 10 15
2,27
Pressão horizontal – kPa 0 5 10 15 20
Pressão horizontal – kPa
Legenda
Janssen-m
0,43 Janssen-s
CP11 Reimbert-m
Reimbert-s
Rankine/Calil-m
Rankine/Calil-s
Airy-m
1,00 Airy-s
CP10 Bischara-m
Bischara-s
Profundidade - m
Valores experimentais
Escala das pressões – 1:25
Escala da profundidade – 1:25
CP9
1,79
CP12
1,93
2,07
CP8
CP7
2,56
2,71
0 5 10 15 20 25
Pressão horizontal – kPa
134
curvilíneo dos valores experimentais nas relações H/D=1,25 e H/D=1,49, mas não-assintótico em
relação ao eixo da profundidade.
1 sen 2 e
p h ( z ) K . ..z , com K . (275)
1 sen 2 e
Para a determinação das pressões horizontais em silos 1<H/D<1,5, propõe-se o modelo
empírico baseado no ajuste estatístico dos valores das pressões horizontais obtidas
experimentalmente, como a seguir:
135
D z
ph ( z ) . . 1 e d .cos(e ) (276)
2 w
Considerando o dimensionamento da estrutura do silo pelo método dos estados limites, as
pressões horizontais deverão ser obtidas através da combinação mais desfavorável (limite
superior) e da menos desfavorável (limite inferior) das propriedades físicas do(s) produto(s) a
ser(em) armazenado(s) no silo.
Tendo em vista os resultados obtidos experimentalmente, recomenda-se o coeficiente de
sobrepressão de 1,15 para as pressões horizontais na parede, na condição de descarregamento.
Em relação às pressões verticais na base do silo
As formulações previstas pela norma americana ACI e a norma européia ISO, para a
previsão das pressões verticais na base do silo, não se mostraram adequadas comparativamente
aos valores obtidos experimentalmente, tanto no silo-protótipo quanto nas três relações H/D
ensaiadas com o silo-piloto. O modelo de Janssen, sem nenhuma alteração, proposto pela norma
ACI, apresentou valores menores que os obtidos experimentalmente na região central da base do
silo, em até 49%, na relação H/D=1,49. Tendo em vista os resultados obtidos experimentalmente,
observou-se que a formulação proposta pela norma australiana AS é um pouco conservadora para
a previsão das pressões verticais na região central da base do silo, na relação H/D<1, e, para
relações 1<H/D<1,5, ela não se mostrou adequada, pois apresentou valores inferiores aos obtidos
experimentalmente.
Da observação da conformação do conjunto dos valores experimentais, propõe-se o modelo
empírico para a previsão das pressões verticais em silos com H/D<1,5, com a superfície livre do
produto plana ou não, como a seguir:
y
2
136
2,65m
r 28
H=9,12m
D=10m
ph ,d ( z ) 1,15.0, 60.8,5.z
Lembrando da eq. (30)
be bw
ef .tan(e ) . w onde be bw 1
be bw be bw
Adotando, ef 0,80.tan(30) 0, 20.tan(15) 0,515
pw ( z ) 0,515.0, 60.8,5.z
z z2
Pw ( z ) pw ( z ) 0,551.0, 6.8,5.
0 2
137
SILOS HORIZONTAIS
C
8.1 Introdução
Para atender à demanda de armazenamento e comercialização dos produtos agrícolas e
industriais, a partir da década de 70, foi necessária a expansão da capacidade estática
armazenadora no Brasil. O armazenamento de grandes quantidades de produtos agrícolas e
industriais passou a ser feito em silos horizontais de capacidades estáticas variando entre 20.000
e 100.000 toneladas. A terminologia adotada para essas estruturas gera ainda certa dúvida. Os
silos horizontais são caracterizados por uma dimensão muito maior em relação às demais e
apresentam uma grande vantagem, que é a redução do preço por m3 armazenado, tornando - se
uma alternativa economicamente viável. Além do baixo custo de armazenamento, duas outras
vantagens são apresentadas: a primeira refere-se à simplicidade do sistema estrutural, e a
segunda é que a estocagem é feita a granel, dispensando o uso de sacarias e reduzindo o custo
da mão-de-obra.
8.2 Terminologia
As estruturas horizontais são instaladas nas regiões agrícolas ou mesmo próximas dos
portos marítimos e fluviais, devido à grande área ocupada e ao menor custo imobiliário dos
terrenos, ao contrário das verticais, que se concentram próximas dos centros urbanos, geralmente
nas indústrias.
Devido à não-existência de códigos normativos brasileiros, muitas denominações são dadas
para esse tipo de estrutura, existindo ainda algumas controvérsias sobre a terminologia a ser
adotada. Em algumas regiões, essas unidades são chamadas de armazéns graneleiros ou
simplesmente graneleiros. A denominação armazém surgiu com a utilização das unidades
destinadas para o armazenamento de café em sacarias. Algumas dessas unidades foram
adaptadas para estocar produtos a granel (WEBER, 1995).
Com as inovações construtivas adaptadas aos projetos originais e a otimização das
condições de armazenamento e processamento, essas unidades passaram a ter fundo inclinado e
semiplano, permitindo a descarga dos produtos por gravidade. Com a instalação de cabos de
138
3.5 3.5
9.17
9.17
27°
3.15 3.15
35° 35°
4.3
2.0
2.0
10.6
2.5
2.5
9.0 9.0 9.0 9.0
18 18 36.0
3.5
3.5
9.17
27°
9.17
3.15
35° 3.15
2.0
4.3
2.5
2.5
2.0
36.0 36.0
139
PAREDES
As paredes laterais e frontais são geralmente construídas com pilares e placas pré-
moldadas, formando uma estrutura articulada, ao longo de todo o perímetro, permitindo
acomodações resultantes de possíveis recalques. Essa solução permite abrir mais frentes de
trabalho, sobrepondo as atividades na obra, reduzindo os prazos e os custos das construções. A
proteção contra a entrada de água de chuva é garantida por 3 elementos (beiral do telhado, cordão
de mastique ao longo dos três lados da placa e encaixes da placa com a viga baldrame.
PISO
A execução do piso do silo depende da seção transversal e do tipo de terreno. Para os silos
com fundo tipo “V”, o piso pode ser de concreto simples, sem nenhuma armadura. Para as
unidades de fundo semi - “V” ou semiplano, deve-se construir o piso de dois tipos : nas partes
inclinadas, o piso deve ser igual ao dos silos de fundo “V”, nas partes planas, deverá ser projetado
para suportar o tráfego de veículos do tipo de pás carregadoras, pequenos tratores e até mesmo
caminhões. Para os silos de fundo plano, as mesmas observações feitas para os de fundo semi –
“V” devem seguidas.
Sempre que possível, adota-se o fundo “V” ou duplo “V”, para que a descarga seja feita por
gravidade, reduzindo-se custos operacionais e conservando-se a integridade dos grãos. Os
ângulos de inclinação do piso são adotados para que o escoamento dos produtos ocorra só pela
ação da gravidade. O plano dos pisos laterais deve ter um ângulo mínimo de 35o com o plano
horizontal. Nos oitões, o ângulo deve ser maior ou igual a 450, para que a aresta resultante da
interseção desse piso com a lateral permita ainda o escoamento do produto por gravidade.
Detalhes dessas estruturas são vistos nas Figuras 4 e 5.
FUNDAÇÃO
Os silos superficiais constituem o tipo de estrutura que melhor permite aplicar as cargas
diretamente sobre o terreno. Quanto maior, mais baixo o custo por tonelada armazenada. Mesmo
para terrenos de baixa resistência, tem sido possível projetá-los com fundações diretas. Neste
caso, ocorrerão recalques com variações aproximadamente lineares. As estruturas deverão ser
divididas em trechos, separados por juntas do tipo de dilatação.
A galeria subterrânea é projetada estaticamente, para resistir as cargas da coluna do
cereal, do peso próprio e das pressões do terreno.
COBERTURA
A cobertura, a galeria superior e as estruturas da cobertura e de fechamento dos oitões são
metálicas (Figura 8.3a e Figura 8.3b, projetadas para as ações devidas ao peso próprio, ventos
transversal e longitudinal, carga da galeria superior, cargas de equipamentos e possíveis
140
(a) (b)
Figura 8.3 – (a) Concretagem final do silo de fundo “V” e (b) Vista externa com sistema de carregamento.
COBERTURAS EM MADEIRA
Uma das vantagens da utilização das estruturas de madeira verifica-se no armazenamento
de produtos corrosivos, como os fertilizantes. Um exemplo dessa aplicação é verificada nas
instalações da empresa ULTRAFERTIL, em Cubatão (SP). A estrutura é em pórtico treliçado de
madeira, e a cobertura, em cimento amianto. As paredes laterais são executadas com peças de
madeira serrada apoiadas uma sobre as outras, permitindo um espaço entre as mesmas. A cada 2
m, são fixados pilares para a fixação das peças de madeira. A Figura 7 ilustra esse tipo de
construção.
(a) (b)
Figura 8.4 - (a) Vista interna de um silo para fertilizantes. Pórtico interno e fechamento lateral. (b) cobertura e
paredes externas com fibrocimento (Negrisoli,1997).
141
(a) (b)
Figura 8.5 - – Vista frontal e lateral dos silos de concreto pré-fabricado.
SILOS METÁLICOS PARA CAROÇO DE ALGODÃO
Esse tipo de silo, lançado originalmente nos Estados Unidos pela firma MUSKOGEE IRON
WORKS, foi largamente exportado para o Brasil nas décadas de 1930 e 1950. Todos eles estão
ainda em plena atividade, em diversas fábricas de óleo. Muitos já foram desmontados e
transferidos para outras regiões, onde foram remontados, o que passa a ser uma grande
vantagem de sua aplicação devido à grande mobilidade e funcionalidade. A característica desse
silo, especialmente projetado para o armazenamento de caroço de algodão, é sua forma piramidal
alongada, com telhado de 4 águas e inclinação de 450, acompanhando o talude natural do caroço.
Detalhes dessa instalação são mostrados na Figura 9.
Nesse tipo de silo, outros materiais não apresentam competitividade com as estruturas
metálicas, pois apresentam dimensões de 30 a 45 metros de vão e alturas de 18 a 27 metros. Uma
observação importante constatada é que o preço por tonelada armazenada cai com o aumento dos
vãos; com isso, a aplicação das estruturas metálicas torna-se viável do ponto de vista econômico
em detrimento a outros materiais de construção.
Toda a estrutura é metálica, geralmente constituída de pórticos treliçados e biarticulados
nas bases, não transmitindo momentos nas fundações, o que, sem dúvida, é condição de
economia. Dentro do silo, existe um túnel metálico, formado por cavaletes em forma de letra “A”,
142
3.1
1.13
Carrier Belt
1.77
covering
18.1
Tunnel
3.6
37 Dim. m
143
FUNDAÇÃO
Executada com estacas pré-moldadas, com diâmetro de 60 cm, sendo que, em alguns
casos, essas estacas desceram até 17 metros.
144
podem ser citadas: 1- são herméticas e 2 – por serem elevadas e de grande comprimento (100m),
funcionam como silos de expedição rodoviária, numa lateral, e ferroviária na outra. A grande
desvantagem dessa estrutura reside no preço de construção, como já citado anteriormente.
Figuras 11 e 12.
(a) (b)
Figura 8.8 - Silo horizontal elevado. Sitema de descarga lateral para transporte ferroviário e rodoviário.
8.5 Generalidades
O emprego das unidades armazenadoras horizontais requer um conhecimento de vários
fatores relativos às características construtivas que interferem na escolha do tipo de unidade a ser
executada. Nas regiões produtoras de cereais, os terrenos são de menor custo, resultando numa
preferência pela utilização das unidades horizontais e de silos metálicos de altura máxima igual ao
diâmetro. Em terrenos onde não é possível a escavação tipo “V”, opta-se pelo fundo duplo ou triplo
“V”, aumentando os custos com equipamentos transportadores, mas, em contrapartida, aumenta a
vazão de saída do produto (output).
Na construção de silos horizontais não-elevados, a estrutura metálica participa com 25 a
30% do custo total, em relação ao custo da escavação, concretagem do piso, paredes periféricas e
impermeabilizações, mas mesmo assim, é a melhor opção dentre os materiais de construção.
Alguns técnicos e pesquisadores opõem-se a este tipo de construção devido aos
problemas causados aos produtos, como danos mecânicos e danos devido a quedas e ainda
problemas de processamento, como aeração e termometria. Mas muitos destes problemas estão
sendo sanados com o emprego de novos equipamentos e projetos mais bem executados.
Com o desenvolvimento do MERCOSUL (Mercado Comum do Cone Sul), novos meios de
transporte de grande capacidade de carga, como hidrovias e ferrovias, estão permitindo novas
formas de escoamento da produção com a criação de corredores de exportação entre os países
da América do Sul. Tal fato tem exigido a construção de vários portos e unidades de
armazenamento e abastecimento de grande capacidade para os produtos agrícolas e industriais.
145
146
armazenado estaria em equilíbrio devido ao atrito com a parede. Outros autores, como Caquot e
Kerisel, em 1956, na França, utilizando o círculo de Mohr, demonstraram a relação entre as
pressões laterais e verticais. Durante o carregamento, foram consideradas as pressões ativas de
Rankine e, na descarga, devem ser usadas as pressões passivas.
Algumas teorias, como as de Janssen (1895), Koenen (1896) e Reimbert e Reimbert (1956),
foram usadas, e o desenvolvimento dos projetos indicavam que, para células baixas, deveria ser
usada a teoria para cálculo de empuxo de Terra. Porém recomendava-se que a pressão horizontal
fosse calculada “sem atrito” entre o material armazenado e a parede. Bowles (1997) recomenda a
teoria de Rankine, desde que a célula tenha altura inferior a 7,0 metros e relação entre altura/lado
ou altura/diâmetro menor que 2. A restrição busca impedir, provavelmente, que o efeito das ações
de atrito entre o produto armazenado e as paredes seja significativo. De acordo com Gaylord e
Gaylord (1984), as formulações de Coulomb são adequadas para os silos baixos, e
desconsiderando o atrito entre o produto e a parede, a Teoria de Rankine pode ser aplicada.
Da mesma forma, Ravenet (1984) propõe, para o cálculo das pressões laterais, a teoria de
Coulomb, com restrições, citando que problemas estruturais haviam ocorrido, como a ruptura das
paredes em curtos períodos de operação dessas unidades armazenadoras.
De acordo com Teixeira (1987), as ações provocadas pelo produto armazenado (empuxo)
devem ser avaliadas a partir das pressões laterais nas estruturas consideradas rígidas,
indeslocáveis e deslocáveis, devendo ser verificadas a rigidez da estrutura e sua deslocabilidade
(rotação, translação), bem como a forma da deslocabilidade relativa entre a estrutura e o maciço
do produto armazenado, aplicando as teorias de Coulomb e Rankine.
De acordo com Jarrett et al. (1995), a determinação correta da distribuição e magnitude das
pressões laterais nas paredes de um silo retangular ou quadrado é determinante para a segurança
e economia dos projetos. Vários métodos analíticos foram desenvolvidos para o cálculo das
pressões estáticas nas paredes dos silos, mas são baseados em diferentes hipóteses e são
aplicáveis para casos específicos. A base para a determinação das pressões nas paredes em silos
quadrados ou retangulares está nas teorias de Rankine (1857) ou Coulomb (1776), nos modelos
axissimétricos de Janssen (1895) ou nos dados empíricos de Reimbert e Reimbert (1976).
Negrisoli (1995), propõe uma revisão dos critérios de dimensionamento para os silos
horizontais de grande porte, bem como a avaliação das ações e suas combinações, consideradas
as principais causas de rupturas nas paredes dessas unidades. Após uma avaliação dos projetos
já executados, afirmou que o critério de Rankine é conservador, pois o atrito sempre existe,
podendo ser desprezível apenas para as paredes de pequena altura (h< 2,00 m) ou quando a
parcela dele resultante estiver a favor da segurança.
147
De acordo com Negrisoli (1997), os silos horizontais requerem nos projetos uma análise
criteriosa das ações. Essas devem ser levantadas e combinadas para a condição mais
desfavorável. As ações devido ao peso - próprio, peso dos equipamentos (máquinas, cabos e
correias transportadoras), ventos e outros (recalques diferenciais de apoios, protensão, vibração
de máquinas) devem ser consideradas, mesmo sabendo que suas parcelas de contribuição nas
combinações são inferiores quando comparadas às ações devidas ao produto armazenado.
Atualmente, os projetos de silos horizontais têm se baseado, tradicionalmente, em
experiências anteriores, o que tem levado a soluções conservadoras, devido à falta de
conhecimento das pressões que realmente ocorrem. As dificuldades encontradas pelos projetistas
podem ser verificadas quando novos materiais de construção e métodos de projetos estruturais
conduzem à redução dos fatores de segurança. A ocorrência de número de colapsos estruturais
tem exigido novas investigações das ações atuantes nas estruturas de armazenamento.
No estudo das pressões, três fatores de interesse devem ser destacados: o primeiro é o
econômico, pois várias instalações foram e estão sendo construídas em todo o País e no mundo e
requerem projetos mais elaborados. O segundo é o científico, pois os silos são estruturas
complexas, onde se combinam comportamentos estruturais de diferentes materiais, e mesmo após
uma série de estudos, ainda existem grandes lacunas de conhecimento que estimulam vários
pesquisadores a desenvolverem trabalhos no campo das pressões. O terceiro é o social, pois
vários problemas ocorreram devido ao não-conhecimento do comportamento estrutural das
estruturas de armazenamento. Nosso País é carente de uma norma que indique especificações e
critérios de dimensionamento. Existem apenas duas referências (TB-374 e TB-377) da
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (1990), que tratam sumariamente do
assunto, indicando a terminologia a ser adotada para os diversos tipos de estruturas de
armazenamento.
As normas internacionais apresentam um vasto e avançado estudo no campo dos silos
verticais e fazem recomendações sobre o comportamento das pressões dos produtos
armazenados. Atualmente, no Brasil e no mundo, as pesquisas nesta área estão divididas em três
grupos distintos: os que estudam as ações e deformações em silos reais ou em modelos, os que
se dedicam a melhorar os materiais estruturais construtivos e os que avançam no estudo das
análises estruturais através de elementos finitos.
Ainda existem incertezas consideráveis com relação às pressões que atuam nos silos. Uma
revisão das normas existentes indica grandes diferenças entre as recomendações para as cargas
dos silos. Dessa forma, as contribuições no campo experimental são importantes, servindo como
subsídio para os códigos normativos e confrontação dos refinamentos dos cálculos.
148
(90-r)/2
r
Ângulo de repouso r
(90-r)/2
Figura 8.9 – Definição dos silos de acordo com o plano de ruptura (ACI 313:1991)
Para muitos pesquisadores; as células altas têm a razão entre a sua altura e o diâmetro do
círculo inscrito na seção transversal da célula, igual ou maior que 1,5. Quando a razão é menor
que esse valor, temos as células baixas. A partir dessa definição, podemos aplicar os processos
específicos para a determinação das ações exercidas pelo produto. Essa diferenciação é
importante, pois as teorias aplicadas para silos de células baixas também são adequadas para
silos horizontais, sendo recomendado, para os dois casos, o emprego das teorias de Coulomb e
Rankine. A norma Canadense CFBC (1983), no item 2.2.1.11, trata das ações para os silos
horizontais, propondo uma formulação empírica para o cálculo das pressões laterais. Para os silos
baixos, recomenda, no item 2.2.1.13, a utilização da teoria de Coulomb.
É interessante observar que as normas internacionais ISO 11697 (1995) e a ENV 1991-
4(1993) tratam dos silos baixos de fundo plano, recomendando algumas formulações teóricas,
podendo ser aplicadas para silos horizontais.
Ravenet (1992) considera os silos horizontais como estruturas com características próprias
quanto ao seu dimensionamento, diferenciando-se das teorias clássicas de silos, recomendando
que as pressões nas paredes sejam calculadas de acordo as teorias de Rankine e Coulomb.
A ANSI (1996) utiliza para o cálculo das pressões nas paredes de silos horizontais o
coeficiente K igual a 0,5 e recomenda calcular uma altura efetiva de produto quando se forma um
149
talude natural baseada nos ângulos de repouso e atrito interno do produto, para silos horizontais
de fundo plano.
10
1 8
14
11
2 9
7
6
3 13
12
4
5
16
15
ANSI 96
0,2
AS 3774
valores experimentais 0,3
valores experimentais
valores experimentais
0,4
0,4 valores experimentais
0,5
0,6 0,6
0,7
0,8
0,8
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26
0 2 4 6 8 10
Pressão (kPa) Pressões (kPa)
(a) (b)
Figura 8.11 – (a) Pressões estáticas na parede do modelo (b) (a) Pressões estáticas na parede da tremonha.
Os valores obtidos pelas teorias de Coulomb, Rankine e AS 3774 foram os que mais se
ajustaram aos valores de medições das pressões nas paredes do modelo. Isto pode ser
constatado através dos valores obtidos nas células 1, 2, 7, 8, 9, 10, 13 e 14. Na tremonha,
comparando os valores teóricos com os valores experimentais, podemos constatar que a Teoria de
Walker e o modelo de Safarain & Harris apresentaram valores superiores aos medidos. Os valores
experimentais médios das pressões normais na parede da tremonha variaram de 5,4 a 14 kPa ao
150
longo da altura. Na linha de transição, as melhores estimativas são dadas pelo modelo de Safarian
& Harris e pela norma Australiana para os valores inferiores de pressão; entretanto, ao longo da
altura da tremonha, as pressões estáticas máximas são mais bem estimadas pela teoria de
Walker.
2 Reimbert
ANSI 96
3 AS3774
Linf
Lsup
4
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70
Pressão (kPa)
Figura 8.13 - Gráfico das pressões ativas e valores experimentais na parede do silo horizontal.
151
0 8
Walker Walker
AS 3774
Safarian & Harris
Linf
2 Lsup 6
4 4
6 2
8 0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 0 10 20 30 40 50 60 70
Pressão (kPa) Pressão (kPa)
(a) (b)
Figura 8.14 - (a) – Pressões estáticas normais. (b) – Pressões dinâmicas normais – Tremonha.
Para as pressões nas paredes da tremonha, na condição mais desfavorável, que é a fase
de descarga, a teoria de Walker e a norma Australiana forneceram boas estimativas. Comparando
com os valores de ensaios, a estimativa das pressões na transição é mais compatível com o
método da norma Australiana enquanto para as pressões máximas o método de Walker apresenta
maior compatibilidade com os valores experimentais.
do modelo empírico.
Para o cálculo das pressões estáticas e dinâmicas, na tremonha, recomenda-se o método de
Walker em função dos valores máximos observados. Para a condição dinâmica, devem-se
Ht
considerar os valores máximos a uma altura do vértice da tremonha.
4
152
SILOS ESBELTOS
C
9.1 Introdução
Os primeiros silos altos foram construídos entre 1870 e 1880. Naquela época, os calculistas
pensavam que os produtos armazenados se comportavam como líquidos, projetando as estruturas
para pressões equivalentes aos líquidos. Foi quando, Roberts (1882), efetuando ensaios em
modelos de escala reduzida, estabeleceu a primeira teoria sobre silos, determinando que as
pressões nas paredes não aumentavam linearmente com a profundidade, mas que alguma parcela
do peso do produto armazenado é transferida para as paredes por atrito. Como resultado, as
pressões no fundo e nas paredes, na parte mais baixa de um silo, são menores que as exercidas
por um líquido.
PRODUTO
FLUÍDO GRANULAR
PRODUTO
GRANULAR
FLUÍDO
pressões
As propriedades dos produtos armazenados e dos líquidos são tão diferentes que os
mecanismos de fluxo destas fases são completamente distintos. Segundo Jenike (1964), duas
diferenças fundamentais existem:
produtos armazenados podem transferir esforços de cisalhamento sob condições
estáticas, pois têm ângulo de atrito estático maior que zero, enquanto os líquidos não;
muitos produtos armazenados, quando consolidados, isto é, após uma pressão ter
sido aplicada sobre eles, adquirem resistência devido à coesão e mantêm a sua
forma sobre pressão, enquanto os líquidos não;
Contudo, em 1930, devido aos refinamentos nos materiais de construção e nos métodos de
cálculo estrutural, levando a uma redução dos coeficientes de segurança, ocorreram falhas em um
grande número de silos projetados de acordo com a teoria de Janssen. Essas falhas produziram
várias dúvidas sobre a validade da teoria de Janssen e incentivaram novas investigações sobre o
comportamento dos produtos granulares em silos.
Pesquisadores de vários países começaram novos estudos em modelos reduzidos e em
silos em escala real. Prante et al. apud (JENIKE, 1968), concluíram que as pressões nos silos não
eram constantes, mas variavam entre a condição inicial de carregamento e a condição de fluxo.
Unanimidade foi obtida no que diz respeito que as pressões laterais críticas em silos ocorriam
durante a descarga do silo, e as pressões de fluxo podiam exceder as pressões iniciais por um
fator de até 3 vezes.
Na década de quarenta, na França, os irmãos M. Reimbert e A. Reimbert (1979), conduzindo
ensaios em modelos reduzidos, observaram que a relação entre a pressão horizontal e a pressão
vertical variava com a altura do material e a forma do silo. Em 1976, conduzindo novos
experimentos em silos em escala real e com diferentes geometrias, obtiveram resultados
demonstrando que as pressões de fluxo excediam as iniciais por um fator 2 vezes maior.
Para o estudo das pressões de descarga dos silos, foram muito importantes as contribuições
de Walker (1966), Walters (1973) e Jenike et al. (1968,1973,1977,1985 e 1987), que reforçaram a
idéia de que as pressões ativas se desenvolviam inicialmente durante o carregamento do produto
no silo e que pressões passivas ocorriam durante a descarga.
Na década de setenta, importantes investigações em modelos reduzidos foram feitas na
Espanha por Ravenet (1992). No final dessa mesma década, Jofriet (1983), no Canadá, inicia os
primeiros estudos utilizando o método dos elementos finitos.
Nos anos seguintes, atenção especial foi dada à determinação das propriedades físicas dos
produtos armazenados e também à adaptação das normas aos últimos avanços científicos.
154
155
156
pressão vertical exercida pelo produto armazenado acima da transição da tremonha com o corpo
do silo.
No entanto, as normas de cálculo em silos resolvem de forma prática os problemas
derivados da aplicação das teorias clássicas de cálculo, porém ainda não fornecem qualquer
indicação a respeito das técnicas de cálculo por elementos finitos.
9.3.2 Notações
Para este capítulo, serão utilizadas notações diferentes dos capítulos anteriores que estão
expressas a seguir:
A = área da seção transversal do corpo do silo;
Co = coeficiente de sobrepressão aplicado a pressão horizontal inicial;
Cw = coeficiente de sobrepressão aplicado a pressão ou força de atrito inicial;
D = diâmetro do corpo do silo;
r = raio do corpo do silo;
e = maior valor entre ei e eo;
ei = excentricidade devido ao carregamento;
eo= excentricidade do orifício de esvaziamento;
H = distância do orifício de esvaziamento até a superfície equivalente;
Hc = distância da superfície equivalente até a transição;
Ht = Altura do cone da tremonha;
158
9.3.3 Definições
Superfície equivalente: nível da superfície plana que se obtém para um mesmo volume de
produto armazenado em forma de cone.
Fundo plano: silo com fundo plano ou inclinação inferior a 20º em relação a horizontal
159
160
Figura 9.4 - Determinação gráfica do tipo de fluxo – DIN 1055-6:2004, EUROCODE 1991-4:2003.
A -z.K. w .
U
phc ( z ) . (1-e A
) (278)
μw U
p hc
p vc (279)
K
pwc w . p hc (280)
w tgw (281)
161
integrada verticalmente para o cálculo da força de compressão resultante sobre a parede Pwc z
A A
Pwc ( z ) phc dz A / U z
KU
1 e KzU / A .z pvc (283)
U
p hd C o . p hc (284)
C w 1,1 (287)
Obs.: as cargas resistidas pelos apoios do silo podem ser determinadas do equilíbrio de
força usando a pvc na transição multiplicada pelo fator empírico de 1,2 e pelo peso de produto na
tremonha.
A pressão vertical atuando em silos com fundo plano ( 20º), pode ser determinada por:
pn1 pvo 1, 2 sen 2 ( ) cos 2 ( ) (289)
162
p s 2. p hc (294)
163
A pressão adicional pode ser considerada atuando sobre duas áreas quadradas opostas de
lado: (Figura 9.6).
S 0, 2.Dc (298)
164
3m
Pressões no corpo do silo:
tan(28).1,5 1,5
r 28 9
H 3 tan(30)
3,955
D 3
K 1,1.(1 sen(30)) 0,55
9m Pressões estáticas com a pressão adicional:
1 com phe phc .(1 0,1. )
8,5.0,75 -z.0,55.tan(15)
p he ( z ) 1,1. (1-e 0,75 )
30 TREMONHA
tan(15)
CÖNICA
165
8.11
9.27
0 5.26 10.52 15.78 21.04 26.3 31.56 36.82 42.08
p he( z ) p hd( z ) Pwe( z ) Pwd( z )
166
10.1 Introdução
Com o aumento da competitividade, é necessário que as indústrias otimizem seu processo
para que o tempo de preparação de seu produto seja o mínimo possível. Neste contexto, os silos
multicelulares são uma das alternativas para essa melhoria. Os silos multicelulares podem ser
construídos com diversos materiais e sistemas construtivos, porém, neste capítulo, serão
abordados somente os silos multicelulares metálicos pela sua importância no contexto industrial.
Contudo muito dos conceitos poderão ser aplicados para a confecção de silos com outros
materiais, principalmente no que diz respeito à consideração de cálculo de células cheias e vazias.
parafusando-se ou soldando-se quatro platibandas, formando, dessa forma, uma coluna da união
de duas, três ou quatro paredes de silos prismáticos.
platibanda
platibanda
(a) (b)
Figura 10.1 – (a) Painel de conformação trapezoidal e (b) Painel de conformação ziguezague
Tabela 10.1 - Disposições construtivas dos silos multicelulares prismáticos.
1 2 3 4
C=2,67 C=2,58
C=2,50
168
1 2 3 4
C=4,62 C=4,39
C=4,16
Nas Tabela 10.1 e Tabela 10.2, foram mostrados cada tipo de célula e seu respectivo
coeficiente C, que é a relação entre o número de paredes e o número de células. Deve-se levar
em consideração que uma parede interna é comum a duas células e, quanto maior o número de
paredes internas, maior será a economia e menor o coeficiente C. O coeficiente é máximo para
célula do tipo 1-1.
Os tipos dessa instalação são muito construídos nas indústrias, onde há limitação territorial e
precisa-se do máximo de capacidade de armazenagem com o mínimo de terreno. A mecanização
desses silos é muito simples: basta colocar um transportador superior de carregamento e outro
inferior de descarga, unidos por um elevador de canecas.
As vantagens de um silo multicelular prismático com relação a um silo cilíndrico são:
devido à existência de muitas células, pode-se realizar uma transilagem do produto
armazenado no caso de existirem problemas de aquecimento do produto;
pode-se selecionar o produto a armazenar em célula específica em função das suas
propriedades físicas;
a descarga de um silo multicelular efetua-se por gravidade, enquanto no silo cilíndrico
unicelular, na maioria das vezes, a descarga realiza-se por meio de rosca sem fim,
devido ao alto custo de elevação do silo com o correspondente gasto de energia.
Nessas instalações, aparecem outros fatores que influem no custo final, os quais são:
169
Figura 10.4 – Silos multicelulares construídos por Ravenet (1992) na Espanha em 1968-76.
170
Ravenet (1992) apresenta vários silos construídos na Espanha por sua própria firma (Figura
10.3 e Figura 10.4) e ressalta a importância para plantas industriais onde a qualidade do produto
deve ser garantida.
Ta Tb
Tb
Ta Tma Tmb
Ta
Tb
Tb Ta Tmb
Tma Thb
Tha Thb
Tha
Thb Tha
Thb Tha
Lc
2
Li ph
H' A A
Lc
L0
Li
Lc
2
y
CORTE AA PLANTA MOMENTOS
Figura 10.7 – Esquema de um silo retangular.
O momento de inércia desconsiderando os cantos, segundo o eixo YY, é dado por:
2 1 a2
. t. Lc 2.t . sen 2 ( ) + 2 . Lc 2.t . t 3 t. Lc 2.t .
3
IYY = (305)
12 12 4
O módulo de resistência, segundo eixo o YY, é dado por:
2. Iy y
Wy y = (306)
a
Esforços transmitidos às paredes do silo prismático pelo produto armazenado:
172
Lc
A
Li H' '
b
Lc
O'
1 1 b2
. t . LC -2.t sen 2 ( )+ 2 . LC -2.t t .sen 2 LC -2.t . t .
3 3
I z z= (310)
12 12 4
a a
arc tan e b .sen( ) (311)
H' ' 2.sen( )
O módulo de resistência, segundo o eixo ZZ:
173
Iz z
Wz z = (312)
b
Momento fletor na parede de silos quadrados, devido ao produto armazenado, segundo o
eixo ZZ:
ph .L20 .H''
Mz z= (313)
24
O esforço de tração, devido ao produto armazenado:
p h .L p
T= . H' ' (314)
2
A tensão atuante nas paredes dos silos devido à flexão oblíqua, é dada por:
p h .L20 .H' ' p h .L p .H' '
chapa
= (315)
12 .Wz z 2 .S
FLEXÃO LOCAL
b.t 2
Wxx = (316)
6
A tensão atuante nas paredes dos silos, devido à flexão local, é dada por:
ph .b.L2c ph .L2c
chapa (317)
12. Wxx 2. t 2
Lc
h
H'
b
Lc
H'
175
a
arctan e (90 ) e b L sen( ) (321)
3.h
O módulo de resistência, segundo o eixo zz:
Iz z
Wz z = (322)
b
Para se calcular o momento fletor em silos quadrados, o esforço de tração e a tensão
atuante desse perfil, com relação aos eixos yy e zz, seguem o mesmo princípio utilizado para a
onda trapezoidal.
FLEXÃO LOCAL
O cálculo do módulo de resistência e da tensão atuante de flexão é idêntico ao utilizado
para conformação trapezoidal.
10.5 Comentários
Como as chapas trapezoidais ou ziguezagues possuem espessuras geralmente menor que 8
mm é importante que na verificação desse tipo de silo seja considerada os efeitos de instabilidade
locais e que são normalizadas pela NBR 14762:2001. Porém, apesar disso muito silos foram
176
construídos na Espanha por um dos maiores especialista mundiais, o Dr. Eng. Industrial Juan
Ravenet, nesse sistema construtivo e que recomendava o procedimento descrito pelos item 10.4
sem a consideração da perda de instabilidade local. Com isso, os autores recomendam, em caso
de dúvida do real comportamento das chapas sob ação do produto, a verificação do módulo de
resistência efetivo com a consideração da redução de resistência devido a instabilidade local.
Também é recomendada a utilização de uma espessura mínima de 2 mm para as chapas das
paredes dos silos multicelulares.
21
21
15
10m
21
30
45
30 102 21 81
45
30
21
15
177
2 1 212
. 0,2. 30 2.0, 2 . sen 2 (45) + 2
3
IYY = . 30 2.0, 2 . (0,2)3
t . 30 2.0, 2 . 1737,64cm
4
12 12 4
2.IYY
WYY = 165,489cm3
a
I ZZ 333,346cm 4
I ZZ
WZZ = 44,276cm3
b
FLEXÃO GERAL
FLEXÃO LOCAL
Cálculo do momento de inércia em relação ao eixo XX:
100.0,2 2
Wxx = 0,667cm3
6
Cálculo do momento fletor para flexão local:
F .ph .b . LC
2
1,4.14,55.1.(0,30)2
My y,d= = 0,31kN .m
12 12
Comentários: Pode-se verificar acima que a espessura da chapa deve ser aumentada para
o critério de flexão local. Deve-se lembrar que a flexão geral e desviada estão com tensões
atuantes bem abaixo da resistência de cálculo ao escoamento e isto explica o sucesso da
verificação segundo Ravenet (1992), pois a não determinação da largura efetiva não implicou em
problemas nas centenas de silos dimensionados segundo este critério . Contudo é recomendada a
verificação da largura efetiva e consequentemente do módulo de resistência efetiva para levar em
conta a instabilidade local dos perfis.
179
Silos metálicos e de concreto devem ser analisados separadamente devido aos aspectos
críticos de carregamento do silo diferirem marcadamente. Outros materiais estruturais devem ser
classificados como sendo silos flexíveis de parede fina ou silos rígidos de parede espessa. Deve-
se analisar e entender o efeito do carregamento na estrutura, não apenas na distribuição das
tensões induzidas, mas também o critério apropriado de ruptura e modos correspondentes de
colapso.
Na determinação das pressões em silos, atenção especial deve ser dada às hipóteses dos
cálculos estruturais e o modo associado de ruptura da estrutura do silo.
O aumento das pressões em pequenas partes da estrutura é sempre tratado como se elas
se estendessem em todo o perímetro do silo na mesma profundidade; o que é uma hipótese não
conservadora e, certamente, conduz a interpretações erradas das tensões induzidas na estrutura.
Os silos metálicos quadrados são normalmente do tipo multicelular, de tal modo que existe
uma interação entre as células e todo o conjunto, incluindo a fundação, devendo ser estudados
como um elemento que se vê submetido a cargas locais que produzem deslocamentos elásticos,
afetando outras partes da estrutura.
Nas fundações, ocorrem recalques diferenciais que afetam o resto da estrutura mediante
esforços de tração e momento nos nós dos engastamentos.
O silo metálico quadrado constrói-se com paredes relativamente delgadas, em relação à
espessura, corrugadas para aumentar sua resistência à flexão, e nós de ligações rígidos que
absorvem os momentos de engastamento. As pressões laterais de carregamento e sobrepressões
de descarga, quer sejam uniformes, quer sejam excêntricas, são absorvidas pelas paredes à
flexão, produzindo momentos nos engastamentos que são variáveis em função da variação das
pressões e que produzirão deslocamentos infinitesimais que a inércia da estrutura absorverá.
Essas instalações construíam-se, inicialmente, com tubos de descarga estático para evitar
sobrepressões de descarga, mas problemas estruturais por entupimento desses tubos
abandonaram essa prática.
180
181
z z
Efeitos dominantes
de membrana
Efeitos dominantes
de flexão
ph
ph
D
T ph . T
T 2
T ph .R
EQUAÇÕES DE EQUILÍBRIO
Na Figura 11.2, é apresentado um elemento da parede de um silo cilíndrico, as pressões
atuantes (à esquerda) e os esforços solicitantes (à direita):
z
Nz
r
N z
N z
N
pz
N z
p pn
N
N z
Nz
N z t. z (323)
N t. (324)
N z t. z (325)
Onde:
N z , N = esforços normais;
N z = esforço cisalhante;
N p n .R (326)
N z p
n p (327)
z
183
N z N
z p z (328)
z R.
Tabela 11.1 - Resistência à ruptura na tração de parafusos de aço com qualificação estrutural de acordo
com a ISO.
185
Tabela 11.2 – Resistência à ruptura na tração de parafusos de aço com qualificação estrutural de acordo
com a NBR 14762:2001.
Diâmetro nominal do Resistência à ruptura do parafuso
ESPECIFICAÇÃO TIPO parafuso na tração f up
(d) mm Mpa
6 ,3 d 12 ,5 370
ASTM A307 - grau A Comum
d 12 ,5 415
186
187
188
chapas e bobinas a
SAE 1010 183 330 colunas ou stiffeners
quente ou a frio
construção soldada e
chapas, barras e
ASTM A36 250 400 a 550 parafusada; propósitos
perfis
estruturais em geral
chapas e bobinas a
NBR LNE - 38 375 440 corpo e tremonhas
quente
entre:
A. f y
N t , Rd 1,1 (329)
Ct . An . f u
N t , Rd 1,35 (330)
Onde:
189
An 0,9 A n f d f t ts 2 / 4 g (331)
Para ligações soldadas, considerar An = A. Nos casos em que houver apenas soldas
transversais (soldas de topo), An deve ser considerada igual à área bruta da(s) parte(s)
conectada(s) apenas.
df é a dimensão do furo na direção perpendicular à solicitação;
nf é a quantidade de furos contidos na linha de ruptura analisada;
s é o espaçamento dos furos na direção da solicitação (Figura 11.7);
g é o espaçamento dos furos na direção perpendicular à solicitação (Figura 11.7);
t é a espessura da parte conectada analisada;
Ct é o coeficiente de redução da área líquida, dado por:
CHAPAS COM LIGAÇÕES PARAFUSADAS:
- todos os parafusos da ligação contidos em uma única seção transversal:
190
1 2
e1
e2
1 2
s s
FRd
191
FRd
d
VRd = 0,6.Ap.fup / quando o plano de corte não passa pela rosca (339)
Onde:
= 1,55 para parafusos de alta resistência;
= 1,65 para os parafusos comuns e parafusos de aço sem qualificação estrutural.
192
Em silos de concreto, deve ser dada uma atenção especial às pressões assimétricas que
podem ocasionar momentos circunferenciais na parede do silo. Assim, é recomendado que o silo
possua armadura nas duas faces da parede, com a intenção de minimizar esses efeitos.
D 300
e 10 2,5. (340)
300
Sendo:
e = espessura da parede em cm;
D = diâmetro do silo em cm.
Em função da altura:
H 600
e 10 2,5. (341)
1200
Sendo:
e = espessura da parede em cm;
H = altura do silo em cm.
Com o objetivo de atender as prescrições normativas da NBR 6118:2003, recomenda-se que
as paredes dos silos possuam no mínimo uma espessura de 23cm. Além disso, é sempre
recomendado que o silo possua armadura dupla para absorver possíveis pressões assimétricas ao
longo de todo perímetro.
Desse modo, a armação necessária à segurança será igual a, no caso de tração axial:
193
Td
AS (342)
f yd
onde Nd é a força de tração de serviço majorada pelo coeficiente de proporcionalidade (ou
força normal de cálculo). A força de tração axial de serviço na parede será obtida pela expressão:
Td p h .R (343)
Onde:
Td = força de tração de cálculo;
considerada;
R = raio da seção horizontal do silo.
M
T 0,9.d (345)
S
AS
Onde:
d - altura útil da seção;
194
c) diâmetro das barras (supostas todas nervuradas, com boa aderência); cobrimento das
barras, etc.
Essas expressões empíricas estão na NBR 6118:2003, e, com auxílio delas pode-se verificar
o valor de As e a que foi obtida pelo dimensionamento anterior.
Nos casos em que o carregamento provoca tensões que ultrapassam o estado-limite de
formação de fissuras, a verificação da abertura de fissuras é efetuada em estádio II, que admite
comportamento linear dos materiais e despreza a resistência à tração do concreto. Para essa
verificação, pode-se considerar a relação e entre os módulos de elasticiade do aço e do concreto
igual a 15.
O valor da abertura de fissuras para cada barra tracionada, w, pode ser estimado pelo menor
dentre os obtidos pelas duas expressões seguintes:
i 4 1
w1 . si . 45 .
(2. i 0,75) E si ri 10
w mín (346)
w2 i 3. si 1
. si . .
(2. i 0,75) E si f ct ,m 10
Sendo: si , i , E si , ri
n estádio II;
Asi
ri = taxa de armadura em relação à área de região de envolvimento = ;
Acri
Acri = área da região de envolvimento protegida pela barra i , considerada com um
bloco de seção quadrada de lado 15 , com centro no eixo da barra. Desprezam-se as partes
desse bloco não contidas na seção transversal, e, quando houver superposição de blocos,
consideram-se as barras contidas em um bloco único, definido pelo perímetro externo dos blocos
superpostos;
E si = módulo de elasticidade do aço;
195
As Normas oferecem - como faz a nossa NBR 6118?2003 - alternativa de procedimento mais
simplificado, fixando qual o valor máximo de S sob as cargas de serviço que as barras podem
atingir com garantia de segurança à fissuração, em função de seu diâmetro e supondo que os
cobrimentos satisfazem os valores impostos pela Norma.
Assim, por exemplo, para aberturas de fissuras de 0,3mm:
Tabela 11.4 – Valores máximos de diâmetro e espaçamentos com barras de alta aderência.
196
Muitos dos acidentes ocorridos em silos também são devidos à falta de definição das
responsabilidades e das restrições na utilização das unidades armazenadoras. Por exemplo, é
muito comum projetar um silo para produtos granulares e, posteriormente, o usuário armazenar
produtos pulverulentos no mesmo. Essas informações e responsabilidades devem ser escritas em
um documento. Sugere-se, para este item, a adoção da Norma Britânica (BMHB), pois é a que
melhor apresenta essas informações.
197
armazenado bem como a indicação de sua friabilidade. A menor densidade deve referir-se a
qualquer das condições de carregamento previstas.
O fluxo e as pressões são altamente sensíveis às propriedades dos materiais, e o usuário
deve aceitar a responsabilidade pelas conseqüências em qualquer mudança no uso, incluindo nos
objetivos originais os subseqüentes entendimentos com o projetista.
É de responsabilidade do usuário fornecer também as seguintes informações ao projetista:
(a) Área e altura disponível para a construção do silo;
(b) Quantidade máxima de produto a ser armazenada;
(c) Condições de carregamento e descarga, indicando:
- máxima vazão de carregamento;
- máxima e mínima vazões de descarga;
- se é para a descarga ser contínua e intermitente e o grau de controle necessário;
- os limites de segregação permissíveis;
- o tipo de equipamento de descarga a ser conectado com o silo;
- os perigos associados ao material armazenado, como, por exemplo, toxidade e
propriedades explosivas;
- propriedades corrosivas do material nos estados seco e úmido;
- tendência de formação de revestimento de superfície devida, por exemplo, à tração
eletrostática ou fusão;
- temperaturas máxima e mínima do material a ser armazenado no silo;
- possível contaminação física ou biológica;
- probabilidade de ocorrência de vibrações de máquinas, tráfego ou dispositivos de
descarga;
- instrumentos a serem colocados no silo para medidas;
- se o silo, além do armazenamento, será também usado para esfriar, secar, misturar ou
para outros processos;
- indicar qualquer experiência anterior com o armazenamento do material em questão.
198
199
Acesso
Deve ser especificado no Manual de Projeto e Operação (MPO), que todos os silos devem
ter, pelo menos uma vez por ano, uma inspeção externa e interna.
Para esse propósito, deve haver acessos, incluindo escadas e, onde necessário,
plataformas. As escadas e plataformas de acesso devem ser adequadamente fixadas na estrutura
do silo, e deve-se ter atenção particular com relação à possibilidade de colapso de arcos ou
abóbadas de material. As portas de inspeção devem ter dispositivos de fechamento com chaves.
Na entrada do acesso para a limpeza, devem ser previstos pontos de conexão para outros pontos
seguros ou para passarelas seguras e protetoras.
Inspeção
Na inspeção, deverão ser verificadas as paredes internas e externas (avaliando qualquer
corrosão, fissura, flambagem, etc...), as condições do equipamento de carga e descarga, a
existência de material que possa ter consolidado e, possivelmente, deterioração nas partes do silo,
e qualquer recalque ou danos nas fundações ou colunas. Nos casos de pós perigosos, precisam
ser verificadas as suas decomposições nas várias partes do sistema e o próprio funcionamento de
qualquer equipamento de controle dos mesmos. A inspeção deve também ser feita nos
equipamentos e acessórios de carga e descarga.
Limpeza
Se o material a ser armazenado deteriorar com o tempo, tendendo a grudar ou corroer as
paredes, a parte interna do silo deve ser limpa em intervalos curtos o suficiente para prevenir
cargas estruturais. A rotina para a limpeza deve ser especificada para o usuário, pelo projetista.
Manutenção
É usual para uma boa manutenção, que ela não seja realizada pelo mesmo pessoal que
opera o equipamento. Deve haver um sistema formal para controlar a transferência do
equipamento da operação para a manutenção, isto é, permitir que o sistema funcione. Uma causa
comum de explosões é o uso de soldas ou ferramentas de corte em lugares onde existem pós
explosivos. Para prevenir isto, deve ser adotado um sistema formal que assegure que o lugar seja
limpo ou seu conteúdo tornado não-inflamável, antes que esse trabalho seja executado.
200
Segurança
O projetista deverá indicar as precauções de segurança a serem observadas, de acordo com
os seguintes cuidados:
- explosões;
- escape de pós tóxicos ou nocivos;
- transbordamento;
- acidentes com o pessoal de operação e manutenção;
- coagulação do material seguida por movimento destrutivo ou colapso.
201
Na determinação das pressões no silo, atenção especial deve ser dada às condições
estruturais de cálculo e o modo associado de ruptura na estrutura do silo. O aumento das pressões
em pequenas partes da estrutura tem sido sempre tratado como se elas se estendessem em toda
a volta do silo, no mesmo nível, o que é uma hipótese não-conservadora e certamente conduz a
interpretações erradas das tensões induzidas na estrutura.
Uma importante distinção também precisa ser feita entre silos metálicos e silos de concreto
armado, com relação à resposta estrutural. Os silos de concreto armado são freqüentemente altos,
e seu projeto é conduzido por condições relativamente simples. Os silos metálicos, de todas as
geometrias, têm formas estruturais mais variáveis, pois o projetista tem condições de alterá-las
pelo uso de anéis de rigidez, colunas verticais, ligações por abas ou topo, placas curvas ou
paredes corrugadas e detalhes de suporte.
202
Figura 13.2 – Fissuras devido à tração em 2 silos no Reino Unido. Adaptado de Elghazouli e Rotter (1996).
Além disso, uma ruptura progressiva pode ser produzida por repetidas pressões altas do
variável processo de fluxo, e fissuras são indesejáveis em silos usados para armazenar produtos
que deterioram com a umidade ou produtos que podem ter uma influência corrosiva na armadura.
No ano de 1980, realizou-se na Suécia um estudo de todos os silos de concreto armado do
país (RAVENET, 1983). Os resultados mostraram que 60% apresentavam importantes fissuras e
10% tinham problemas de entrada de água.
As tensões de compressão atuantes em silos de concreto armado são geralmente pequenas
e facilmente resistidas pelo concreto. O tipo de ruptura das paredes de silos de concreto armado é
usualmente por escoamento do aço (normalmente de modo dúctil , dando bastantes avisos de
203
ruptura) ou por perda de vínculos, resultando em ruptura perto dos cantos ou ao longo de parte da
circunferência (não-dúctil, resultando em colapso catastrófico) (Figura 13.3).
204
p2 D
p1 D1 D1
D
0,25 0,50
Momento F. D
2
-0,25
D1
D
0,50
F
0,18
peso específico em kN / m 2 ;
w ângulo de atrito entre o produto armazenado e a parede, em graus.
D D D D
p1 p 2 2. . . tan w . . tan w . . tan w . 2. 1 1 (349)
4 4 4 D
O valor da força F é:
D2 D2 D
F p1 p 2 .D1 . . tan w . 2. 1 1 (350)
4 D D
205
D1
F é máxima para 0,25
D
D1
F 0 para 0,5 (351)
D
D
Fmáx 0,125. . . tan w (352)
4
Se supomos que o valor da força F se concentra em um ponto, o momento vale:
D
M F. (353)
2
O momento máximo valerá:
D
M máx 0,125. . . tan w (354)
8
Em geral, o momento máximo vale:
M máx 0,125.F .D (355)
O momento mínimo:
Mmín 0,090.F .D (356)
Devem-se, portanto, colocar armaduras complementares que nos permitam resistir a estes
momentos e que se somarão às armaduras previstas para suportar os esforços de tração pura.
Nas Figura 13.5-a e Figura 13.5-b, podemos ver duas instalações em concreto armado
moldado em loco e pré-moldado.
(a) (b)
Figura 13.5 – Silo de concreto armado moldado (a) in loco e (b) pré-moldado.
Os tipos de ruptura e procedimentos de cálculo têm conduzido as regras para o cálculo das
pressões na parede em silos de concreto, com ênfase:
a) à máxima pressão normal uniforme e à envoltória destas pressões;
b) às pressões em silos altos, maioria dos silos de concreto e, em parte, devido à diferença
mais significativa, neste caso, entre a máxima pressão normal e as pressões de carregamento;
206
207
208
32,4 C t
Rcrítíco . . . tan w (357)
1 n R
Sendo:
Rcrítico = raio crítico do silo;
C = coeficiente de trabalho do aço na parede do silo;
= densidade do produto armazenado;
t = espessura da parede do silo;
R = raio do silo;
n = coeficiente de poisson;
w = ângulo de atrito do produto armazenado com a parede.
Simplificadamente, com um tipo de carga local, a casca se comporta como se ela consistisse
somente de um painel curvo com largura igual à largura da circunferência de aplicação da carga,
mas com um comprimento igual à altura do silo. No topo do silo, há um anel de rigidez, o painel
atua como uma viga em balanço apoiada; mas, onde o topo é livre, há a tendência de deformar
para fora da circunferência, e a resposta é como uma viga em balanço simples.
Este modelo é supersimplificado, mas serve para ilustrar por que grandes tensões de
compressão aparecem perto da base do silo por concentrações locais de pressão (Figura 13.7). As
tensões axiais são totalmente sensíveis à forma da pressão localizada: se ela é retangular ou na
forma de uma saliência circular, induz a deformações locais para fora da circunferência. Essas
deformações pré-flambagem podem reduzir a resistência à flambagem da parede de maneira
similar às imperfeições geométricas.
ANEL
H/D=7
R/t=900
2.e/M=0,25
b/H=0,50
PICO=2.JANSSEN DEFORMAÇÃO
V
e
JANSSEN
REGIÃO DE FLAMBAGEM
JANSSEN
SILO EXEMPLO
400
ALTAS TENSÕES
TENSÕES LOCAIS
TENSÕES VERTICAIS DE MEMBRANA (MPa)
PODEM CAUSAR
300 FLAMBAGEM
200
100
TENSÕES DE JANSSEN
100
-180 -135 -90 -45 0 45 90 135 180
ÂNGULO CIRCUNFERENCIAL (GRAUS)
Outra importante característica de silos metálicos deve ser notada. Silos metálicos cilíndricos
são freqüentemente estruturas baixas com relação a altura/diâmetro entre 0.5 e 2.0. Para essas
estruturas, a relação entre as pressões horizontais e verticais (K), no produto armazenado, é de
fundamental importância. O uso de K = 0.4 para todos os materiais armazenados (JENIKE et al.,
1973) pode ser justificado para células altas onde K tem pequeno efeito, mas, em silos baixos, é
necessária maior precisão. Além disso, a variação de pressões perto do primeiro contato do sólido
armazenado com a parede afeta significativamente o cálculo, mas não é bem tratado na maioria
das pressões em silos. Também tem sido mostrado (ROTTER, 1983) que carregamento excêntrico
de silos baixos é, muitas vezes, o controlador do caso de carga, mas poucos dados experimentais
são avaliáveis no resultado das pressões nas paredes (CALIL, 1987).
Os modos de ruptura acima mencionados indicam que as recomendações para o cálculo das
pressões na parede em silos metálicos devem enfatizar:
a) as máximas forças acumulativas de atrito nas paredes;
b) a mínima pressão normal coexistente (junto com a máxima força de atrito na parede);
c) as pressões em silos baixos sob carregamento concêntrico e excêntrico;
d) as reduções de carga provenientes da flexibilidade estrutural;
e) a grandeza e a forma precisa do aumento ou diminuição das pressões localizadas na
parede das células.
Quando esses pontos são comparados com os pontos correspondentes relativos aos silos
de concreto, fica claro que são necessárias regras completamente diferentes para esses dois tipos
de estruturas. Os trabalhos de pesquisa, nas últimas duas décadas, em pressão nas paredes dos
silos têm, infortunadamente, dado pouca atenção para a maioria desses pontos.
210
Sobrepressões
O campo de tensões iniciais, que atua nas paredes enquanto o silo está sendo carregado na
condição inicialmente vazio e com a boca de descarga fechada, é totalmente diferente do campo
de tensões dinâmicas que atua quando é realizada alguma descarga do produto armazenado.
Essa diferença nos campos de tensões, entre as situações de carregamento e descarga, leva a
formação de picos de pressões consideráveis que atuam nas paredes do silo na situação de fluxo.
Em silos com fluxo de funil, esses picos de pressão ocorrem geralmente onde o canal de fluxo
encontra a parede (transição efetiva) e em silos com fluxo de massa na transição do corpo do silo
para a tremonha.
As Figura 13.8a,b ilustram o colapso de um silo com fluxo de massa devido não
consideração desses picos de pressão no dimensionamento do anel de transição. Pode-se notar
que a ruptura ocorreu na transição do corpo do silo com a tremonha.
(a) (b)
Figura 13.8 – (a) Destruição da cobertura devido à ação do vento e (b) Amassamento da parede lateral
devido à ação do vento.
Vento
Os modos de ruptura, devidos ao vento, mais comuns nestas estruturas são a ovalização do
corpo do silo devido ao amassamento da parede, sendo a solução a colocação de anéis de rigidez
e o arrancamento dos elementos de fixação do corpo do silo ao anel de concreto.
Segundo Andrade Jr. (2002) os silos cilíndricos têm um desempenho otimizado â a ação do
vento com o posicionamento externo dos montantes. As pressões no entorno do corpo do silo são
aliviadas e, como resultado, o silo está menos suscetível ao amassamento e ao efeito de
ovalização.
211
(a) (b)
Figura 13.9 – (a) Destruição da cobertura devido à ação do vento e (b) Amassamento da parede lateral
devido à ação do vento.
Figura 13.10 – Deformação na chapa de fixação do montante no anel de concreto da fundação devido à
ação do vento.
Compressão axial
Outro caso típico de projeto incorreto é citado por Ravenet (1992), em um silo de 7,00m de
diâmetro e 12,0m de altura. Esse silo deformou-se devido às forças de atrito (Figura 13.11). Este
silo apresentou a deformação por flambagem na altura de 8,00m a partir da base do silo. Segundo
os estudos realizados por Ravenet (1992) os enrijecedores foram insuficientes para resistir a força
de atrito atuante na região da ruptura.
212
213
214
Figura 13.14 – Silos com tirantes internos. Figura 13.15 – Silo deformado devido à ruptura
interna dos tirantes.
(a) (b)
Figura 13.16 – Deformações em silos metálicos.
215
(a) (b)
Figura 13.17 – Silos de madeira maciça.
O segundo trabalho (VAZ, 1987) foi realizado com chapas de madeira compensada, vertical,
geometria hexagonal, sendo as paredes calculadas a partir de um esquema estrutural
especialmente desenvolvido para silos poligonais, onde as chapas compensadas, consideradas
como material plano e ortotrópico, ficaram submetidas, simultaneamente, a esforços de flexão
(ação de placa) e de tração (ação de chapa).
Ambos os silos estudados foram do tipo vertical elevado e com tremonhas de descarga.
O terceiro trabalho (GOMES, 1994) foi realizado com tábuas de madeira, horizontal. O
modelo proposto foi avaliado com a utilização de eucalipto para a execução da superestrutura e
216
pínus para a execução das rampas defletoras. As ligações entre as peças serão executadas com
parafusos e pregos. A cobertura é composta com telhas de fibrocimento, e sua estrutura, em
madeira de eucalipto (tesoura).
13.4 Comentários
Pelo exposto, é muito importante definir inicialmente o tipo de instalação, cilíndrica ou
quadrada, metálica ou de concreto, já que, dessa escolha, depende o cálculo a realizar, levando
em conta os momentos fletores, efeitos de ovalização, flambagem, etc.
É muito importante definir, também, a relação altura-lado do silo e as características mais
gerais do produto a armazenar para poder estabelecer hipóteses de cálculo corretas que permitam
executar uma construção segura e econômica de acordo com as recomendações existentes.
217
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