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Teorias da Personalidade I

Rafaella de C. Rodrigues Araújo


E: rafaella.araujo@cruzeirodosul.edu.br
1) Freud: vida e obra;
2) Resgate histórico: Charcot e a
hipnose;
3) Estudos com Breuer.
2. Freud: vida e panorama da obra
Sigmund Freud: Vida
• 1856-1939: Freiberg, Alemanha, Viena, Londres.
• Pai: severo e autoritário; Freud sentia-se superior a
ele desde a infância.
• Mãe: conduta de proteção e carinho pelo
primogênito; Freud nutriu amor profundo por ela.
• Alto grau de autoconfiança e ambição (a mãe
orgulhava-se e era convicta de que ele se tornaria
“um grande homem”).
• Oito filhos: rancor de todos e ciúme da mãe.
• Alto grau de inteligência e estimulação pela parte
dos pais.
• Fluente em alemão e hebraico, dominava o latim, o
grego, o francês e o inglês.
• 1884: o episódio da cocaína.
• Freud e seus próprios conflitos sexuais.
• Culpabilização de Martha, sua esposa.
• Seis filhos: Ana Freud, caçula, foi sua única seguidora
na psicanálise.
• Episódios neuróticos.
• A “autopsicanálise” e a avaliação dos seus próprios
sonhos (hostilidade pelo pai e desejos sexuais pela
mãe e filha mais velha).
Freud formulou grande parte de sua teoria em torno dos seus
próprios conflitos neuróticos e experiências na infância
filtradas através da interpretação de seus sonhos. Como
perspicazmente observou: “O paciente mais importante para
mim foi a minha própria pessoa”.
Sigmund Freud: Obra

• 1881: forma-se médico neurologista


• 1885: visita Charcot e inicia estudos sobre histeria
• 1895: publica Estudos sobre a histeria, que se inicia
com o caso de Anna O., ex-paciente de Breuer, em
colaboração com este
• 1900: publica a Interpretação dos sonhos, sua mais
célebre obra, contendo a primeira tópica
• 1905: Três ensaios sobre a teoria da sexualidade
(sexualidade infantil)
• 1906: inicia a colaboração com Carl Jung, de quem tomará
a noção de complexos e a quem chamará de seu “príncipe
herdeiro”
• 1909: conferências na Clark University - “cinco lições da
psicanálise” (histeria, repressão, chistes, erotismo e
transferência).
• 1913: rompimento com Jung e “juramento de fidelidade”
dos membros restantes; publicação de Totem e tabu
• 1920: Além do princípio do prazer (pulsão de morte)
• 1923: O ego e o id, que introduz a segunda tópica
• 1927: O futuro de uma ilusão
• 1930: Mal-estar na civilização
• 1938: fuga para a Inglaterra
• 1939: morre, aos 83 anos
1. Aspectos históricos: Charcot, histeria
e hipnose
Charcot e a hipnose

Jean-Martin Charcot (1825-1893), neurologista no


Hospital de Salpêtrière

Embora não anatômica, neurose tem


sintomatologia definida e precisa: o que afasta a
hipótese de simulação. Seria uma perturbação
fisiológica do sistema nervoso.

Método de Charcot para demonstrar e intervir na


neurose histérica: hipnose, que simularia o estado
mental da histeria
Em 1885, o jovem Freud vai a Paris assistir ao
curso de Charcot, no Hospital Salpêtrière, que
mostrava a histeria como doença funcional e com
sintomatologia bem definida.

Com hipnose, Charcot “instala” e “desinstala”


sintomas histéricos bastante específicos.

Ao produzir a regularidade do quadro histérico


por meio de hipnose, Charcot o leva da psiquiatria
para a neurologia: do manicômio (“asile”) ao
hospital.
Charcot: causas da histeria como traumas físicos e
psíquicos.

Teoria do trauma: o trauma formaria um estado


hipnótico permanente, que se materializava em
paralisias, cegueiras, convulsões, etc.

Conhecendo-se a história do paciente, o médico poderia


tentar localizar o trauma, a fim de “removê-lo”.

Mas as histórias traziam um componente sexual


preponderante, que foi rejeitado por Charcot.

Freud, o trauma e o Édipo.


3. A pré-história da psicanálise
Trauma e ab-reação: colaboração com Breuer

Freud segue a teoria do trauma de Charcot, procurando dar


sugestões hipnóticas para remoção do distúrbio.

A sugestão remove o sintoma, mas não a causa (inconsciente):


Freud então segue Joseph Breuer, na busca pelo remonte da
história rumo ao acontecimento traumático originário.

Breuer, sobre Anna O.: o método catártico e ab-reação


(liberação do afeto ao rememorar o trauma), ambos sob
hipnose (Estudos sobre a histeria, 1893).

Anna O. foi a primeira e única paciente tratada por ele pelo


método catártico.
Trauma e defesa psíquica (ou recalcamento)

Mas é quando Freud abandona a hipnose, que tem


acesso ao mecanismo de defesa (ou recalcamento)
do paciente, que era ocultado pela hipnose.
Consciência do ego
As ideias sob resistência eram de natureza aflitiva DEFESA
(vergonha, autocensura e dor psíquica)
Conteúdo traumático
Defesa: censura, por parte do ego, contra uma ideia
ameaçadora.
Trauma e defesa psíquica

Conversão: mecanismo, típico da histeria, pelo Consciência do ego


qual o conteúdo traumático emerge à DEFESA
consciência, através de um sintoma.
Conteúdo traumático
Trauma e defesa psíquica

1. Existe uma causa (trauma) que precisaria ser


acessado;

2. Porém, esse trauma é vexatório, causa dor,


etc.;
Consciência do ego
3. Por causa disso, existe a defesa (que é
DEFESA
expressa pela resistência do paciente para
acessar aquele conteúdo). Conteúdo traumático

4. Por causa disso – por não vir à tona e não


poder ser, então, solucionado – isso se
transforma em um SINTOMA.
“De posse das noções de resistência, defesa e
conversão, a própria concepção de terapia tinha de ser
modificada. Seu objetivo não poderia mais consistir
simplesmente em produzir a ab-reação do afeto, mas em
tornar conscientes as ideias patogênicas possibilitando
sua elaboração. Nesse momento, começa a se operar a
passagem do método catártico para o método
psicanalítico.” (p. 38)
A sexualidade

Breuer ocultou o motivo do fim do tratamento: transferência e


contratransferência.

O componente sexual da relação de Breuer com Anna O. tinha


sido rejeitado por ambos: Breuer dizia que ela era assexual.

Quando o fato da sexualidade dela se tornou evidente,


Breuer abandonou o caso e fugiu, deixando “cair a chave que
poderia decifrar o grande segredo das neuroses”.

Somando este caso às experiências de Charcot, Freud concluiu


que a excitação neurótica era sexual e conflitiva: este tema
motivará seu rompimento com Breuer.
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