História da Psicanálise

sexta-feira, 27 de agosto de 2021 11:05

Charcot através da hipnose, percebeu que situações traumáticas antecediam a
constituição dos sintomas histéricos, Freud, após essa observação de Charcot junto
com a experiência terapêutica de Breuer com Anna O. (paciente histérica de Breuer
onde vários de seus sintomas tinham relação com alguns traumas vivenciados), tentou
compreender mais como os traumas psíquicos tinham relação com os sintomas
histéricos, desenvolvendo assim a "Teoria do Trauma".
• Teoria do Trauma: os sintomas apresentados pelas pacientes com histeria eram
explicados pela presença de um trauma na vida delas.
• Trauma: uma experiência negativa que causa afetos de medo, susto ou vergonha
e que a pessoa encontra dificuldade para se expressar ou reagir diante de tal
situação, seja por palavras, pensamentos ou atos.
• Dores Histeria x Dores Orgânicas:
- não tem alterações orgânicas, ou seja, não há nenhum indicativo orgânico
que explica os sintomas citados pelas pacientes.
- está ligada a eventos traumáticos ocorridos próximos ao sintomas relatados.
- a dor histérica vai seguir o inconsciente e não o organismo, pois quando se
tem dores orgânicas (decorrido de uma lesão, por exemplo) você consegue
descrever com mais precisão onde está a dor, a intensidade etc., coisa que
as pacientes histéricas não conseguiam expressar com precisão.
- um paciente que sofre de dores orgânicas irá explicá-las de modo calmo.

Para Freud, a ação traumática tinha dois momentos:

• Primeiro: a pessoa, ainda criança, era vítima de uma experiência negativa
(geralmente de caráter sexual).
• Segundo: na puberdade, quando a pessoa passava por algum acontecimento e
que por associação lhe remetia ao episódio traumático vivenciado.
Sendo assim, a causa dos sintomas histéricos seria a reminiscência (lembrança,
recordação), onde o passado não é traumático, mas a lembrança dele sim. Mas logo
Freud abandonou essa teoria após perceber que a maioria de seus pacientes, quando
criança, haviam imaginado a vivência traumática (com isso, vemos a importância da
fantasia na vida da pessoa, como substituto do fato).

Teoria do Conflito Psíquico

Essa teoria vem logo após a Teoria do Trauma e diz respeito a duas forças opostas
que atuam no sujeito, conhecidas como recalque e resistência.
O mecanismo da histeria está relacionado ao aparecimento de um desejo violento, que
se opõem aos outros desejos do sujeito e suas aspirações morais, produzindo um
conflito onde o recalque e a resistência entram em ação.
• Recalque: o desejo violento e todas as lembranças associadas a ele é expulso da
consciência indo direto para o inconsciente.
• Resistência: força que impede o desejo violento e suas representações de vir a
consciência, os mantendo no inconsciente.

Por volta de 1886, quando Freud começou a atender, o mesmo resolveu aplicar um
método de tratamento aprendido com Dr. Breuer, chamado "Método Catártico", o
mesmo método usado em Anna O. (neste período ainda predominava a Teoria do
Trauma).
• Método Catártico: sob hipnose, fazia-se o paciente lembrar e contar a época do
surgimento dos sintomas histéricos, em uma tentativa de localizar um possível
trauma que estivesse associado a origem dos sintomas.

Havia a necessidade de hipnotizar porque em estado normal os pacientes tinham

dificuldades em falar sobre a origem dos sintomas (ou porque não se lembravam, ou
porque não queriam discutir/aprofundar o assunto). Com o Método Catártico, além de
contar e relembrar o que causou os sintomas, o paciente podia descarregar a emoção
que no momento do trauma não pode ser manifestada.
Porém com o tempo Freud resolveu abandonar a hipnose por dois motivos: primeiro
porque ele acreditava que a hipnose tinha um caráter místico e incerto e segundo
porque nem todos os seus pacientes eram hipnotizáveis. Resolvendo em seguida atuar
com seus pacientes em estado normal de consciência lhes pedindo para contar tudo o
que se lembrasse e quando o paciente não se recordasse mais de nada, ele lhes
pressionava a testa e dizia que iria ter a recordação exata daquilo que ainda não se
lembrava. Técnica essa que logo mais foi abandonada também, pois era muito
cansativa e Freud percebeu que nem sempre o paciente queria revelar o que estava
em sua mente, apesar do abandono da técnica, Freud criou a teoria do recalque e da
resistência.
• Bernheim, através de estudos sobre o sonambulismo, conseguiu descobrir que
pacientes que eram submetidos a hipnose não perdiam suas lembranças do
ocorrido traumático depois da hipnose, pois se fosse fortemente questionado, ele
passava a se recordar gradualmente.

Após Freud abandonar o método de fazer pressão na cabeça de seus pacientes, ele
resolveu adotar um novo método, conhecido por associação livre. Nesse método, o
psicanalista convida o paciente a expressar tudo o que está em sua mente
(pensamentos, sonhos, fantasias, desejos, etc), mesmo que parecesse errado ou que o
paciente sinta-se envergonhado. Para Freud, as ideias nunca deixam nossa mente,
estão sempre presentes. Portanto, era pedido ao paciente a renuncia de toda e
qualquer crítica para que conseguisse expor, sem seleção, tudo o que viesse à sua
mente, porque ao eliminar e trabalhar as resistências, os conteúdos inconsciente
poderão surgir.
• O desejo vem antes da moral, sendo assim, a moral recalca o desejo.
• A psicanálise trabalha com a moral individual de cada indivíduo, claro que a moral
social pode afetar a moral do indivíduo, mas o importante mesmo é a do indivíduo,
jamais do social.

Página 1 de Psicanálise e Constituição do Sujeito