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Teorias da Personalidade I

Rafaella de C. Rodrigues Araújo


E: rafaella.araujo@cruzeirodosul.edu.br
1) Freud: vida e obra;
2) Resgate histórico: Charcot e a
hipnose;
3) Estudos com Breuer.
2. Freud: vida e panorama da obra
Sigmund Freud: Vida
• 1856-1939: Freiberg, Alemanha, Viena, Londres.
• Pai: severo e autoritário; Freud sentia-se superior a
ele desde a infância.
• Mãe: conduta de proteção e carinho pelo
primogênito; Freud nutriu amor profundo por ela.
• Alto grau de autoconfiança e ambição (a mãe
orgulhava-se e era convicta de que ele se tornaria
“um grande homem”).
• Oito filhos: rancor de todos e ciúme da mãe.
• Alto grau de inteligência e estimulação pela parte
dos pais.
• Fluente em alemão e hebraico, dominava o latim, o
grego, o francês e o inglês.
• 1884: o episódio da cocaína.
• Freud e seus próprios conflitos sexuais.
• Culpabilização de Martha, sua esposa.
• Seis filhos: Ana Freud, caçula, foi sua única seguidora
na psicanálise.
• Episódios neuróticos.
• A “autopsicanálise” e a avaliação dos seus próprios
sonhos (hostilidade pelo pai e desejos sexuais pela
mãe e filha mais velha).
Freud formulou grande parte de sua teoria em torno dos seus
próprios conflitos neuróticos e experiências na infância
filtradas através da interpretação de seus sonhos. Como
perspicazmente observou: “O paciente mais importante para
mim foi a minha própria pessoa”.
Sigmund Freud: Obra

• 1881: forma-se médico neurologista


• 1885: visita Charcot e inicia estudos sobre histeria
• 1895: publica Estudos sobre a histeria, que se inicia
com o caso de Anna O., ex-paciente de Breuer, em
colaboração com este
• 1900: publica a Interpretação dos sonhos, sua mais
célebre obra, contendo a primeira tópica
• 1905: Três ensaios sobre a teoria da sexualidade
(sexualidade infantil)
• 1906: inicia a colaboração com Carl Jung, de quem tomará
a noção de complexos e a quem chamará de seu “príncipe
herdeiro”
• 1909: conferências na Clark University - “cinco lições da
psicanálise” (histeria, repressão, chistes, erotismo e
transferência).
• 1913: rompimento com Jung e “juramento de fidelidade”
dos membros restantes; publicação de Totem e tabu
• 1920: Além do princípio do prazer (pulsão de morte)
• 1923: O ego e o id, que introduz a segunda tópica
• 1927: O futuro de uma ilusão
• 1930: Mal-estar na civilização
• 1938: fuga para a Inglaterra
• 1939: morre, aos 83 anos
1. Aspectos históricos: Charcot, histeria
e hipnose
Charcot e a hipnose

Jean-Martin Charcot (1825-1893), neurologista no


Hospital de Salpêtrière

Embora não anatômica, neurose tem


sintomatologia definida e precisa: o que afasta a
hipótese de simulação. Seria uma perturbação
fisiológica do sistema nervoso.

Método de Charcot para demonstrar e intervir na


neurose histérica: hipnose, que simularia o estado
mental da histeria
Em 1885, o jovem Freud vai a Paris assistir ao
curso de Charcot, no Hospital Salpêtrière, que
mostrava a histeria como doença funcional e com
sintomatologia bem definida.

Com hipnose, Charcot “instala” e “desinstala”


sintomas histéricos bastante específicos.

Ao produzir a regularidade do quadro histérico


por meio de hipnose, Charcot o leva da psiquiatria
para a neurologia: do manicômio (“asile”) ao
hospital.
Charcot: causas da histeria como traumas físicos e
psíquicos.

Teoria do trauma: o trauma formaria um estado


hipnótico permanente, que se materializava em
paralisias, cegueiras, convulsões, etc.

Conhecendo-se a história do paciente, o médico poderia


tentar localizar o trauma, a fim de “removê-lo”.

Mas as histórias traziam um componente sexual


preponderante, que foi rejeitado por Charcot.

Freud, o trauma e o Édipo.


3. A pré-história da psicanálise
Trauma e ab-reação: colaboração com Breuer

Freud segue a teoria do trauma de Charcot, procurando dar


sugestões hipnóticas para remoção do distúrbio.

A sugestão remove o sintoma, mas não a causa (inconsciente):


Freud então segue Joseph Breuer, na busca pelo remonte da
história rumo ao acontecimento traumático originário.

Breuer, sobre Anna O.: o método catártico e ab-reação


(liberação do afeto ao rememorar o trauma), ambos sob
hipnose (Estudos sobre a histeria, 1893).

Anna O. foi a primeira e única paciente tratada por ele pelo


método catártico.
Trauma e defesa psíquica (ou recalcamento)

Mas é quando Freud abandona a hipnose, que tem


acesso ao mecanismo de defesa (ou recalcamento)
do paciente, que era ocultado pela hipnose.
Consciência do ego
As ideias sob resistência eram de natureza aflitiva DEFESA
(vergonha, autocensura e dor psíquica)
Conteúdo traumático
Defesa: censura, por parte do ego, contra uma ideia
ameaçadora.
Trauma e defesa psíquica

Conversão: mecanismo, típico da histeria, pelo Consciência do ego


qual o conteúdo traumático emerge à DEFESA
consciência, através de um sintoma.
Conteúdo traumático
Trauma e defesa psíquica

1. Existe uma causa (trauma) que precisaria ser


acessado;

2. Porém, esse trauma é vexatório, causa dor,


etc.;
Consciência do ego
3. Por causa disso, existe a defesa (que é
DEFESA
expressa pela resistência do paciente para
acessar aquele conteúdo). Conteúdo traumático

4. Por causa disso – por não vir à tona e não


poder ser, então, solucionado – isso se
transforma em um SINTOMA.
“De posse das noções de resistência, defesa e
conversão, a própria concepção de terapia tinha de ser
modificada. Seu objetivo não poderia mais consistir
simplesmente em produzir a ab-reação do afeto, mas em
tornar conscientes as ideias patogênicas possibilitando
sua elaboração. Nesse momento, começa a se operar a
passagem do método catártico para o método
psicanalítico.” (p. 38)
A sexualidade

Breuer ocultou o motivo do fim do tratamento: transferência e


contratransferência.

O componente sexual da relação de Breuer com Anna O. tinha


sido rejeitado por ambos: Breuer dizia que ela era assexual.

Quando o fato da sexualidade dela se tornou evidente,


Breuer abandonou o caso e fugiu, deixando “cair a chave que
poderia decifrar o grande segredo das neuroses”.

Somando este caso às experiências de Charcot, Freud concluiu


que a excitação neurótica era sexual e conflitiva: este tema
motivará seu rompimento com Breuer.
Próximas aulas
Teorias da Personalidade I
Rafaella de C. Rodrigues Araújo
E: rafaella.araujo@cruzeirodosul.edu.br
A estrutura do aparelho
psíquico em Freud

1. A primeira tópica (1900)


2. A segunda tópica (1923)
3. Mecanismos de defesa
A primeira tópica
do aparelho
psíquico (1900)
A Interpretação dos Sonhos (1900)

• Relevância e recepção da obra;


• “A interpretação dos sonhos é a via real
que leva ao conhecimento das
atividades inconscientes da mente”
• No sonho, neuróticos e “normais” são
iguais;
• Sonho: a via regia ao inconsciente;
• Importância do relato do sonho;
• A primeira tópica do aparelho psíquico
(cap. VII).
A primeira tópica do aparelho psíquico

Tópica (topos: lugar, posição):


lugares psíquicos.

Sistemas:
• Consciente (Cs): lógica
• Pré-consciente (Pcs): lógica
• Inconsciente (Ics):
simbolismo
Sentido e
interpretação no sonho
• Sonho: forma disfarçada de
realização de desejos;

• Disfarce: proteção contra desejos


ameaçadores;

• Conteúdo manifesto x latente;

• Encontrar o sentido de um sonho é


percorrer o caminho que nos leva
do conteúdo manifesto aos
pensamentos latentes.
Sonho manifesto: distorcido pela censura
(elaboração)

Elaboração do Mecanismos de elaboração:


sonho • Condensação (Verdichtung)
• Deslocamento (Verschiebung)
• Figuração
A realização de desejos
Desejo (Verlangen): ideia, tem que ser
realizado;
Pulsão (Trieb): necessidade, tem que ser
satisfeita;
Matéria-prima dos sonhos são os desejos,
oriundos do Ics.
Conteúdos do Ics são indestrutíveis.
De onde se originam os desejos que se
realizam nos sonhos? 1) Restos diurnos não
satisfeitos; 2) Restos diurnos recalcados; 3)
Desejos que nada têm que ver com a vida
diurna.
Conflito entre sistemas do aparelho
psíquico. As exigências do Ics não são
as mesmas do Pcs/Cs - eles nunca estão
de acordo!
Mas e os sonhos • Ex.: desejos de punição.

desagradáveis? Zuêra é
feio
A quem o sonho deve
Pcs/Cs
proporcionar prazer?
RECALQUE

Ics
Zuêra é
massa
A segunda tópica
do aparelho
psíquico (1923)
A segunda tópica do aparelho psíquico

O ego e o id (Freud, 1923); Ego

Primeira tópica: representações que causam


angústia são recalcadas para o Ics; Consciente
Assim, Freud pensava que o ego estava totalmente Resistência
situado no Pcs/Cs;
Mas os pacientes não demonstravam ter
consciência de que estavam empregando a
resistência;
Conclusão: o ego não é totalmente consciente
Inconsciente
ID
Id: reservatório dos instintos ou pulsões e
da libido;

Princípio do prazer: evitação de dor e


maximização do prazer;

Não tem consciência da realidade;

Processo primário: raciocínio infantil


(primitivo) pelo qual o id tenta
satisfazer os impulsos instintivos.
EGO
Ego: aspecto racional da personalidade,
responsável pela orientação e controle
dos instintos;

O objetivo não é impedir a satisfação,


mas adiá-la ou redirecioná-la;

Princípio da realidade: manipulação do


ambiente de forma prática e realística;

Processo secundário: raciocínio maduro


para lidar com o mundo exterior.

Dois mestres: o id e a realidade.


SUPEREGO
Conceito de certo e errado, adquirido
na infância (5-6 anos); o lado moral da
personalidade.

Base: regras de conduta estipuladas


pelos nossos pais.

Consciência: componente de punição;

Ideal do ego: morais ou ideias;

Superego: implacável, cruel, juiz moral;


inibição das demandas do id.
Mecanismos de defesa
Repressão, negação, regressão, projeção,
racionalização, formação reativa, deslocamento e
sublimação
Repressão e Negação
Ego

ego realidade

Ideia reprimida
Regressão e Projeção

ego mau ego bom

objeto
projeção
Racionalização e
Formação Reativa
Deslocamento e Sublimação
Teorias da Personalidade I
Rafaella de C. Rodrigues Araújo
E: rafaella.araujo@cruzeirodosul.edu.br
Revisitando conceitos
1. Para Freud, o que é o processo de conversão e como ele ocorre?
2. Como é organizado o aparelho psíquico proposto por Freud?
Descreva a primeira e a segunda tópica.
3. Qual é a importância dos sonhos para a psicanálise?
4. Como se dá a elaboração dos sonhos, segundo Freud?
5. O que é o conteúdo manifesto e o conteúdo latente dos sonhos?
6. Se os desejos são realizados nos sonhos, por que temos sonhos que
são desagradáveis?
7. O que Freud quis dizer quando afirmou que o ego fica no meio,
pressionado por instâncias e forças opostas?
Mecanismos de Repressão, negação, regressão, projeção,
defesa racionalização, formação reativa,
deslocamento e sublimação
Repressão
Ego
- É um afastamento involuntário de algo da
consciência, um tipo inconsciente de
esquecimento da existência de algo que nos
traz constrangimento ou sofrimento.
- É o mecanismo de defesa mais importante e
frequentemente utilizado.

“Se algo não está na consciência, se está sendo


reprimido, não é por preguiça ou descaso, é
porque aquilo dói demais e precisou ser
Ideia reprimida reprimido”.
O mecanismo de defesa de Negação
negação está relacionado à
repressão e envolve a
negação da existência de
alguma ameaça externa ou
evento traumático
ocorrido.
ego realidade
Ex: Os pais de uma criança
que morreu podem
continuar a negar a perda,
mantendo o seu quarto
inalterado.
Regressão
A pessoa volta ou regride a um período anterior da
sua vida que foi mais agradável, livre de frustração
e ansiedade.
ego bom
A regressão, em geral, pode envolver umaobjeto
volta a
uma das fases psicossexuais do desenvolvimento
infantil.

- Uma comida da infância?


- Uma série que assistimos muitas vezes?
Ocorre quando uma pessoa
aponta nos outros as Projeção
inclinações que existem nela e
que o superego considera
reprováveis.

Muitos preconceitos estariam


baseados em projeções. Um “eu” mau “eu” bom
grupo poderia projetar em
outro grupo os seus próprios objeto
projeção
impulsos e características
consideradas inaceitáveis.
Pela projeção, as inclinações
internas são projetadas para
fora e vistas como externas.
Racionalização

Uma ação inaceitável que


foi cometida é reconhecida,
mas a intenção por trás da
ação, não. Dessa forma, o
comportamento é
considerado aceitável ou
inevitável, escapando a
desaprovação do superego.
Formação Reativa
• Uma atitude exageradamente oposta ao
desejo recalcado. Ocorre quando uma pessoa
tem inclinações para um comportamento que
ela considera reprovável, então adota o
comportamento que representa exatamente o
oposto daquela inclinação.
• Ou seja, utiliza-se uma máscara social não
apenas para convencimento dos outros, mas,
principalmente, o autoconvencimento.
• Em geral, a formação reativa só é percebida
quando ela falha, ou seja, quando a máscara
cai (ex: quando descobre que uma pessoa
extremamente moralista abusa de pessoas
indefesas).
Redirecionamos um impulso para um
objeto que não seja aquele de
desejo inicial (ex: agressão, desejos
sexuais, etc).
Após levar uma bronca do chefe,
você pode redirecionar sua
agressividade gritando com um
cachorro ao chegar em casa.

Deslocamento
Sublimação
• Uma pulsão é canalizada para uma
possibilidade viável.
• Pela sublimação, ao invés de a
pulsão ser enfrentada, ela é
orientada para outras funções.
• Alguém que tem pulsões agressivas,
pode sublimá-las tornando-se um
bom lutador, médico cirurgião, etc.
• A essência da civilização está na
capacidade de sublimação; ou seja,
de canalizar as energias sexuais e
destrutivas para finalidades nobres
como as literaturas, artes, ciências, e
demais conquistas civilizatórias.
Fulaninho é um recalcado!
INTERVALO
A sexualidade em Freud
• Objeto sexual: o foco da atração sexual;
• Objetivo sexual: o ato a que a pulsão conduz;
A sexualidade
Independem da função procriadora: servem ao prazer sexual;
infantil
Autoerotismo infantil: “o estrato sexual mais primitivo”.
Excitação na boca, ânus, uretra e pele, chupar o dedo, etc.
Zonas erógenas.
As fases psicossexuais
As fases psicossexuais
• Passando de uma fase para a outra: reluta ou necessidades muito
satisfeitas;
As fixações • Parte da libido ou da energia psíquica permanece investida em
uma fase de desenvolvimento.

Fixação: Estado no qual uma parte da libido permanece investida


em uma das fases psicossexuais devido à frustração ou satisfação.
A fase oral
0 aos 2 anos
Objeto: seio/mãe; Objetivo: incorporação
do objeto;
Fase oral precoce (comportamento oral
incorporativo): Sucção e ingestão; Ocorre
primeiro; Estimulação prazerosa (outras
pessoas e comida).
Adulto fixado (oral passiva):
Preocupação com satisfações orais;
Dependência e credulidade.
A fase oral

0 aos 2 anos
Objeto: seio/mãe; Objetivo: incorporação
do objeto;

Fase oral-sádica: Surgimento dos dentes


– dor e frustração: morder, destruir; Amor
e ódio pela mãe;

Adultos fixados: Pessimismo,


agressividade, contestadoras e
sarcásticas. Manipulação e dominação.
A fase anal
2 aos 4 anos
Readaptação e demandas: treianamento de hábitos de
higiene.
Defecação: prazer x interferência na satisfação;
Momento de conflito: controle sobre algo;
Duas reações
1) Desafios às tentativas de regulação; base de
comportamentos hostis na vida adulta.
2) Retenção e busca de atenção; retenção na vida adulta
e conscienciosidade.
A fase fálica

4 aos 7 anos

Novo foco: os genitais; interesse e


exploração nos seus próprios e nos
demais;
Prazer: toque, fantasias e curiosidades
(De onde vem os bebês? Por que
meninos tem pênis e as meninas não?);
Última das fases pré-genitais ou de
infância; conflitos fálicos mais
complexos de serem resolvidos.
Período de latência
Fase oral, anal e fálica: base da
nossa personalidade;

Id, Ego e Superego formados em


torno dos 5 anos;

Período de latência: não é uma fase


psicossexual, o instinto sexual está
temporariamente sublimado (escola,
hobbies, esportes, amizades, etc.);

Até a puberdade.
A fase genital

Última fase psicossexual; início na


puberdade;
Amadurecimento fisiológico e
período menos intenso;
Sanções e tabus, conflito minimizado
pela sublimação;
Freud: pouca preocupação com a
fase adulta;
Bebês motivados por impulsos sexuais?

“Fundamental para a teoria psicossexual é o


impulso sexual da criança. Freud chocou os
seus colegas e o público em geral ao dizer
que os bebês são motivados por impulsos
sexuais. Lembre-se, porém, de que ele não
definiu o sexo de maneira restrita; achava que
a criança é motivada a obter uma forma
difusa de prazer corporal derivado da boca,
do ânus e dos genitais, zonas erógenas que
definem as fases de desenvolvimento durante
os primeiros cinco anos de vida.” (Schultz & Schultz,
2015)
O complexo de Édipo
Conflito básico da fase fálica (4 ou 5 anos);
Desejo inconsciente da criança (pai ou mãe);
Anseio de substituição ou destruição;
Meninos: desejo inconsciente do pela mãe,
acompanhado do anseio de substituir ou
destruir o pai.
Meninas: desejo inconsciente pelo pai,
acompanhado do anseio de substituir ou
destruir a mãe.
Édipo rei: Sófocles, século V a.C.
Nos meninos
• Mãe: objeto de amor; fantasia e
comportamento manifesto do menino;
• Pai: obstáculo, rival, ameaça;
• Relacionamento pai-mãe: a criança
não pode participar; ciúme,
hostilização;
• Temor de vingança por parte do pai;
• Ansiedade de castração: órgão sexual
e a percepção que as meninas não o
tem (fase fálica).
• Resolução: repressão dos desejos,
afeição aceitável, identificação com o
pai, superego instaurado.
Nas meninas
Complexo de Electra*; Sófocles: Electra persuade seu
irmão a matar a mãe, que ela odiava;

Mãe: objeto primário de amor; Pai: objeto de amor na


fase fálica;
Por que a mudança? Reação à descoberta dos genitais;

Culpabilização da mãe por sua “condição”, inveja do pai


e transferência do amor;

“As meninas sentem profundamente a falta de um órgão


sexual que tenha o mesmo valor do órgão masculino. Elas se
consideram inferiores, e essa inveja do pênis é a origem de
uma série de reações femininas características” (Freud, 1925, p. 212).

A inveja do pênis.
Validação científica
Sonhos como expressões
disfarçadas de desejos
reprimidos;

Resolução do Édipo;

Mulheres com superego


subdesenvolvidos;

Fases psicossexuais;

Variáveis edipianas com


dificuldades de
relacionamento e sexuais.
Freud: panorama teórico
• Determinismo x livre-arbítrio: determinismo (somos
produto de pulsões inconscientes);
• Visão pessimista da natureza humana: somos
reprimidos pela cultura;
• Foco no passado, presente ou futuro: passado (a
personalidade é determinada na infância, a
depender da resolução edípica);
• Foco na personalidade normal ou patológica:
patológica;
• Foco no indivíduo ou sociedade: posicionamento
misto;
Carl Jung
Teorias da Personalidade I
Rafaella de C. Rodrigues Araújo
E: rafaella.araujo@cruzeirodosul.edu.br
Carl Jung
• Médica psiquiatra, alagoana;
Nise da Silveira • Humanização do tratamento da doença mental;
resistência a tratamentos violentos e agressivos;
• Arteterapia e oficinas de pintura;
• Parceria com Jung; O “Museu do Inconsciente”;
• “Loucura”, afeto e relacionamentos;
Carl Gustav Jung
★ Kesswil, Suíça, 26 de junho de 1875;

Filho de pastor protestante, filho único por 9 anos;


1900: forma-se em filosofia e medicina (psiquiatria) na
Universidade da Basileia;
1902: doutorado com Eugen Bleuler, em Zurique;
1903: casa-se com Emma, com quem terá cinco filhos;
1904: laboratório experimental, teste de associação de
palavras e criação dos complexos;
Carl Gustav Jung
1907: envia seu livro sobre esquizofrenia para
Freud, e iniciam a amizade e colaboração;

1910: torna-se o primeiro presidente da Sociedade


Psicanalítica Internacional;

1913: Símbolos da Transformação, rompimento com


Freud e criação da psicologia analítica;

1921: Tipos Psicológicos;

1924-1926: visitas a povos indígenas e tradicionais


no México e Quênia;
Carl Gustav Jung
1933: viagem ao Egito e Palestina;

1936: doutor honoris causa em Harvard;

1938: viagem à Índia;

1944: Faculdade de Medicina de Basileia;

1945: doutor honoris causa na Univ. de Genebra;

1955: morte de Emma Jung;

1957-1959: entrevistas para a TV;

✞ Zurique, Suíça, 6 de julho de 1961.


Diferenças com Freud

• Orientado por perguntas, não por respostas

• Salientava a diversidade da história e cultura


como influências da psique

• Conhecimento e ênfase em filosofia e mitologia

• Interesse por fenômenos espirituais/religiosos


Diferenças com Freud

• Confronto dialógico e criativo com o


inconsciente, em vez de interpretação racional;

• Multiplicidade da motivação da energia


psíquica, em vez de apenas sexual;

• Trajetórias de vida e backgrounds histórico-


culturais totalmente distintos;
Mais sobre a vida e
pensamento de Jung

Memórias, sonhos e reflexões (Jung)

O livro vermelho (Jung)

Jung: o mapa da alma (Murray Stein)

Introdução à psicologia junguiana (Calvin Hall e


Vernon Nordby)

Manual de Cambridge para Estudos Junguianos


(Polly Young-Eisendrath e Terence Dawson)
Princípios
Opostos: polaridade de energia (física,
como frio vs calor); energia psíquica e os
opostos das sensações e desejos.

Equivalência: a energia não é perdida,


mas sim transferida (ex: pessoa, hobby,
área de estudo, etc); redistribuição
contínua da energia dentro de uma
personalidade.

Entropia: uniformização de diferenças na


energia; uma tendência ao equilíbrio
dentro da personalidade.
Tipos psicológicos

Atitudes da consciência Funções cognitivas

Extroversão (mundo de fora) Sensação

Introversão (mundo de dentro)


Intuição

Pensamento

Sentimento
Tipos psicológicos

Atitudes da consciência A energia psíquica pode ser


canalizada externamente, para o
mundo exterior, ou internamente,
Extroversão (mundo de fora) para o self.

Introversão (mundo de dentro) Todos têm capacidade para ambas


as atitudes; uma predomina.

A não predominante torna-se parte


do inconsciente.
Tipos psicológicos

Sensação e intuição: não racionais. A Funções cognitivas


sensação reproduz uma experiência
através dos sentidos. A intuição não
surge diretamente de um estimulo Sensação
externo.
Intuição
Pensamento e sentimento: racionais,
julgam as experiências. Pensar Pensamento
envolve julgar conscientemente. A
avaliação feita pela função de
sentimento é expressa em termos de
Sentimento
gostar ou não.
Pensamento extrovertido: Lógico, objetivo, pragmático.
Sentimento extrovertido: Emotivo, sensível, sociável;
Sensação extrovertido: Extrovertido, busca o prazer, adaptável.
Intuição extrovertido: Criativo, capaz de motivar os outros e
aproveitar oportunidades.
Os tipos
psicológicos Pensamento introvertido: Mais interessado em ideias do que nas
pessoas.
Sentimento introvertido: Reservado, não demonstra, mas é
capaz de emoções profundas.
Sensação introvertido: Sem interesse pelo exterior, expressa-se
em buscas estéticas.
Intuição introvertido: concentra-se intensamente na intuição;
• Semelhante ao pré-consciente;

• Reservatório de material que já́ foi consciente,


mas foi esquecido ou reprimido;
Inconsciente • Todos os tipos de experiência;
pessoal • Complexos: agrupamentos; centro ou padrão
emoções, lembranças, percepções e desejos no
inconsciente pessoal, organizado em torno de
um tema comum.
Inconsciente coletivo

• Nível mais profundo e menos acessível;


• Armazenamento coletivo de experiências, enquanto
humanidade;
• Transmite-se de geração em geração;
• Experiências universais tornam-se parte de nossa
personalidade;
• Repositório de experiências ancestrais poderosas;
• Jung ligava a personalidade de cada pessoa ao
passado, não só à infância, mas também à história
da espécie.
Arquétipos
As experiências antigas contidas no inconsciente
coletivo manifestam-se por temas ou padrões
recorrentes que Jung chamou de arquétipos.

Ao serem repetidos na vida de várias gerações


subsequentes, os arquétipos são gravados na nossa
psique e expressos nos nossos sonhos e fantasias.

Persona, a anima e o animus, a sombra e o self.


Persona

• Face pública apresentada aos demais;

• Máscara, representação, externo;

• Necessidade de representar vários papeis;

• Confusão com nossa verdadeira natureza, nos


tornarmos o papel;
Anima e animus
• Bissexualidade psicológica natural;
• Manifestação de características masculinas e
femininas;
• A psique da mulher contém aspectos masculinos (o
arquétipo animus), e a psique do homem contém
aspectos femininos (o arquétipo anima);
• Ambos têm de ser expressos; caso contrário,
unilateralidade da personalidade;
Sombra
• Instintos animais básicos e primitivos;
• Raízes profundas, arquétipo poderoso;
• Comportamentos considerados maldosos e imorais;
• Restringir, superar, defender;
• Dilema: espontaneidade e criatividade;
• Não pode ser totalmente reprimida.
Self
• Unidade, integração e harmonia da
personalidade total;
• Este arquétipo envolve a reunião e o equilíbrio de
todas as partes da personalidade;
• Consciente e inconsciente são assimilados,
buscando equilíbrio para o Self (centro da
personalidade);
Determinismo vs livre-arbítrio:
parcialmente determinista, com espaço
para livre-arbítrio.

Infância: importante, porém não molda


totalmente nossa personalidade
(relevância da meia-idade).

Otimismo: visão mais positiva e


esperançosa da humanidade; somos
motivados pelo crescimento e
desenvolvimento (ampliação do Self);
melhorias também em relação à espécie
humana.
• Associação livre de palavras: Técnica projetiva
na qual a pessoa responde a uma palavra de
estímulo com qualquer palavra que lhe vier à
mente.

• Análise dos sonhos: o “caminho real” para o


inconsciente (mais do que desejos); série de
sonhos relatados durante um período de tempo.

• O Inventário de Tipos Psicológicos Myers-


Briggs (MBTI): elaborado em 1920 por
Katharine Cook Briggs e Isabel Briggs Myers;
muito usado em seleção de pessoal.
Fim

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